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Numero do processo: 10882.900925/2008-93
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 13 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Sep 10 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2001
ISENÇÃO. RECEITAS. ZONA FRANCA DE MANAUS.
As receitas decorrentes de vendas mercadorias e serviços e/ ou de serviços para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus para consumo e/ ou industrialização, realizadas até a data de 21/12/2000 estavam sujeitas ao PIS, tornando-se isenta dessa contribuição somente a partir de 22/12/2000.
RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO.
A Cofins apurada e paga sobre as receitas de vendas de mercadorias para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus, efetivamente internalizadas naquela zona franca, a partir de 22/12/2000, constitui indébito tributário passível de restituição/compensação.
Recurso Especial do Procurador Negado
Numero da decisão: 9303-002.647
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos, Joel Miyazaki e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Maria Teresa Martínez López e Susy Gomes Hoffmann votaram pelas conclusões. A Conselheira Nanci Gama apresentará declaração de voto com as conclusões da maioria.
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente Substituto
Rodrigo da Costa Pôssas - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2001 ISENÇÃO. RECEITAS. ZONA FRANCA DE MANAUS. As receitas decorrentes de vendas mercadorias e serviços e/ ou de serviços para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus para consumo e/ ou industrialização, realizadas até a data de 21/12/2000 estavam sujeitas ao PIS, tornando-se isenta dessa contribuição somente a partir de 22/12/2000. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. A Cofins apurada e paga sobre as receitas de vendas de mercadorias para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus, efetivamente internalizadas naquela zona franca, a partir de 22/12/2000, constitui indébito tributário passível de restituição/compensação. Recurso Especial do Procurador Negado
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2001 ISENÇÃO. RECEITAS. ZONA FRANCA DE MANAUS. As receitas decorrentes de vendas mercadorias e serviços e/ ou de serviços para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus para consumo e/ ou industrialização, realizadas até a data de 21/12/2000 estavam sujeitas ao PIS, tornandose isenta dessa contribuição somente a partir de 22/12/2000. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. A Cofins apurada e paga sobre as receitas de vendas de mercadorias para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus, efetivamente internalizadas naquela zona franca, a partir de 22/12/2000, constitui indébito tributário passível de restituição/compensação. Recurso Especial do Procurador Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos, Joel Miyazaki e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Maria Teresa Martínez López e Susy Gomes Hoffmann votaram pelas conclusões. A Conselheira Nanci Gama apresentará declaração de voto com as conclusões da maioria. Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente Substituto AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 09 25 /2 00 8- 93 Fl. 141DF CARF MF Impresso em 10/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 01/06/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente e m 10/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10882.900925/200893 Acórdão n.º 9303002.647 CSRFT3 Fl. 142 2 Rodrigo da Costa Pôssas Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra acórdão proferido pela Quarta Câmara da Terceira Seção do CARF, que deu provimento, por maioria de votos, ao Recurso Voluntário, sob a seguinte ementa: NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE. Não cabe à Administração suprir, por meio de diligências, mesmo em seus arquivos internos, má instrução probatória realizada pelo contribuinte. Sua denegação, pois, não constitui cerceamento do direito de defesa que possa determinar a nulidade da decisão nos termos dos arts. 59 e 60 do Decreto 70.235/72. COFINS. BASE DE CÁLCULO. VENDAS A EMPRESA LOCALIZADA NA ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO. Nos termos do art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ADCT, da Constituição de 1988, a Zona Franca de Manaus ficou mantida "com suas características de área de livre comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, por vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição". Entre as "características" que tipificam a Zona Franca destacase esta de que trata o art. 4º do Decretolei 288/67, segundo o qual "a exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro". Portanto, urante o período previsto no art. 40 do ADCT e enquanto não alterado ou revogado o art. 4º do DL 288/67, há de se considerar que, conceitualmente, as exportações para a Zona Franca de Manaus são, para efeitos fiscais, exportações para o exterior. Logo, a isenção relativa à COFINS e ao PIS é extensiva à mercadoria destinada à Zona Franca de Manaus. Recurso Voluntário Provido É o relatório. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 10/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 01/06/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente e m 10/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10882.900925/200893 Acórdão n.º 9303002.647 CSRFT3 Fl. 143 3 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram todos cumpridos e respeitadas a formalidades previstas no RICARF. O presente recurso trata do aspecto temporal da isenção concedida em relação às contribuições sociais – PIS e Cofins – apuradas e pagas sobre as receitas de vendas de mercadorias para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus, efetivamente internalizadas naquela zona franca. A exigência dessa contribuição, naquele período, estava regulada pela Lei nº 9.718, de 1998, que assim dispunha: “Art. 2º As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. §1º (revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) §2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) III os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo; (Revogado pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IV a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 10/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 01/06/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente e m 10/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10882.900925/200893 Acórdão n.º 9303002.647 CSRFT3 Fl. 144 4 (...).” Posteriormente, o assunto foi tratado na edição da Medida Provisória (MP) nº 1.8586, de 29 de junho de 1999, e reedições até a MP nº 2.03724, de 23 de novembro de 2000. O art. 14, caput e parágrafos, adiante transcritos, que redefiniram as regras de desoneração das referidas contribuições, assim dispõem: “Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de fevereiro de 1999, são isentas da Cofins as receitas: (...); II da exportação de mercadorias para o exterior; (...). § 2º As isenções previstas no caput e no parágrafo anterior não alcançam as receitas de vendas efetuadas: I a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus, na Amazônia Ocidental ou em área de livre comércio; (...)” (destaques não originais) Portanto, de conformidade com estes dispositivos legais, as receitas decorrentes de vendas efetuadas para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus, até a data de 21 de dezembro de 2000, não gozavam da isenção da Cofins. Assim, para as receitas auferidas até aquela data, a contribuição apurada e recolhida mensalmente pela recorrente era devida, não se constituindo em indébito tributário passível de restituição/compensação, conforme seu entendimento. No entanto, para os períodos de competência subsequentes, as receitas decorrentes de vendas de mercadorias destinadas a empresas localizadas naquela zona França e que efetivamente foram nela internadas passaram a gozar da isenção dessa contribuição, por força da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na ADIN nº 2.348, impetrada pelo Governo do Estado do Amazonas. Naquela ADIN, em sessão plenária de 7 de dezembro de 2000, o STF deferiu Medida Cautelar suspendendo, “ex nunc”, a eficácia da expressão “na Zona Franca de Manaus”, até então contida no inciso I do § 2º do art. 14 da Medida Provisória nº 2.03724, de 23 de novembro de 2000. Em face desta decisão, o Poder Executivo editou a MP nº 2.03725, de 21 de dezembro de 2000 (atualmente MP nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001), na qual foi suprimida a expressão “na Zona Franca de Manaus” do inciso I do § 2º do art. 14, assim dispondo: “Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...); II da exportação de mercadorias para o exterior; § 1º São isentas da contribuição para o PIS/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do caput. Fl. 144DF CARF MF Impresso em 10/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 01/06/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente e m 10/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10882.900925/200893 Acórdão n.º 9303002.647 CSRFT3 Fl. 145 5 § 2º As isenções previstas no caput e no § 1º não alcançam as receitas de vendas efetuadas: I a empresa estabelecida na Amazônia Ocidental ou em área de livre comércio; (...).” Dessa forma, concluise que a isenção da Cofins até então vedada pelo § 2º, inciso I do art. 14 da MP nº 1.8586, de 29/06/1999, e reedições até a MP nº 2.03724, de 23/11/2000, sobre as receitas de vendas de mercadorias para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus, com a reedição daquela MP sob o nº 2.03725, em 21/12/2000, dando nova redação àquele dispositivo, dessa vez, excluindo a vedação de isenção sobre receitas de vendas para aquela zona franca, essas passaram a gozar da isenção, nos termos dessa MP, art. 14, c/c o DecretoLei nº 288, de 26/02/1967, art. 4º, que assim dispõe: “Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro.” A título de informação, este é também o entendimento da própria Secretaria da Receita Federal manifestado nas Soluções de Consulta nºs 102; 113 e 135, por meio da Superintendência da Receita Federal em São Paulo, publicadas no Diário Oficial da União (DOU) de 08 e 28 de junho de 2001. Assim, a contribuição apurada e recolhida pela recorrente sobre as receitas de vendas mercadorias para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus, para os fatos geradores ocorridos a partir de dezembro de 2000, constitui indébito tributário passível de restituição/compensação. Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto pela PGFN. Rodrigo da Costa Possas Declaração de Voto Conselheira Nanci Gama A presente declaração de voto se faz necessária para consignar que não obstante a concordância com a conclusão a que o Conselheiro relator chegou em seu voto, quanto os fundamentos, ao menos em parte, o mesmo não ocorre. Fl. 145DF CARF MF Impresso em 10/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 01/06/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente e m 10/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10882.900925/200893 Acórdão n.º 9303002.647 CSRFT3 Fl. 146 6 Isto porque, com fundamento no artigo 4º do DecretoLei n° 288/1967, combinado com a previsão contida no artigo 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, as receitas provenientes de vendas a Zona Franca de Manaus jamais poderiam ser tributadas pela Cofins ou pelo PIS. E o posicionamento aqui defendido pode ser sintetizado pelo entendimento do Ministro Teori Albino Zavascki, quando do julgamento do REsp. 1084.380/RS, em 29.03.09, segundo o qual: “Nos termos do art. 40 do ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, da Constituição de 1988, a Zona Franca de Manaus ficou mantida “com suas características de área de livre comercio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, por 25 ano, a partir da promulgação da Constituição”. Ora, entre as “características” que tipificam a ZAFM destacase esta de que trata o art. 4º do Decreto Lei 288/67, segundo o qual “a exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na ZFM, ou reexportação pra o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro”. Portanto, durante o período previsto no art. 40 do ADCT e enquanto não alterado ou revogado o art. 4º do DL 288/67, há de se considerar que, conceitualmente, as exportações para a ZFM são, para efeitos fiscais, exportações para o exterior. Logo, a isenção relativa à COFINS e ao PIS é extensiva à mercadoria destinada à ZF. Essas razões é que justificam o posicionamento daqueles que votaram com pelas conclusões. Nanci Gama Fl. 146DF CARF MF Impresso em 10/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 01/06/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/05/2015 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente e m 10/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 14485.003296/2007-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri May 22 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/07/1999 a 30/03/2007
AI. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Realizado o lançamento de modo a garantir ao contribuinte a perfeita compreensão da obrigação imposta, com a clara e precisa demonstração da ocorrência do fato gerador da multa aplicada, de modo que este possa exercer plenamente o seu direito de defesa, não subiste ofensa ao disposto no art. 142 do CTN.
MULTA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO E OCORRÊNCIA DE DECLARAÇÃO INCORRETA OU OMISSA EM RELAÇÃO A FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES. COMPARAÇÃO DA MULTA MAIS BENÉFICA. DISPOSITIVO APLICÁVEL.
Havendo lançamento de ofício e ocorrendo simultaneamente declaração de fatos geradores na GFIP com erros ou omissões, a multa aplicada com base na legislação revogada deve ser comparada com aquela prevista no art. 35-A da Lei n. 8.212/1991, para definição da norma mais benéfica.
DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE N. 08 DO STF. ART. 173, I, do CTN. É de 05 (cinco) anos o prazo decadencial para o lançamento do crédito tributário relativo a contribuições previdenciárias, sobretudo em se tratando do lançamento de obrigações acessórias, como in casu.
REPLEG. INCLUSÃO DO NOME DOS RESPONSÁVEIS LEGAIS PELA PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. AUSÊNCIA. DOCUMENTO MERAMENTE INFORMATIVO. A indicação dos responsáveis pela empresa no relatório REPLEG, tido pela legislação como um dos anexos dos Auto de Infração previdenciário, não enseja o reconhecimento de responsabilidade pessoal pelo débito lançado daqueles que ali foram listados.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2401-003.521
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) rejeitar a preliminar de nulidade; e b) declarar a decadência até a competência 11/2001, inclusive o 13º salário de 2001. e II) no mérito, dar provimento parcial para que a multa seja limitada a 75% da contribuição não declarada menos a multa aplicada sobre as contribuições previdenciárias no AI relativo à exigência da obrigação principal. Vencidos os conselheiros Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Igor Araújo Soares (relator) e Carolina Wanderley Landim, que votaram por dar provimento parcial em maior extensão, aplicando para o cálculo da multa o disciplinado no art. 32-A da Lei nº 8.212/91. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo.
Elaine Cristina Monteiro E Silva Vieira Presidente (na data da formalização, conforme Ordem de Serviço nº.01/2013 CARF.)
Igor Araújo Soares - Relator.
Kleber Ferreira de Araújo Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: IGOR ARAUJO SOARES
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FATOS GERADORES Recorrente VALLMARG CONFECÇÕES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/07/1999 a 30/03/2007 AI. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Realizado o lançamento de modo a garantir ao contribuinte a perfeita compreensão da obrigação imposta, com a clara e precisa demonstração da ocorrência do fato gerador da multa aplicada, de modo que este possa exercer plenamente o seu direito de defesa, não subiste ofensa ao disposto no art. 142 do CTN. MULTA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO E OCORRÊNCIA DE DECLARAÇÃO INCORRETA OU OMISSA EM RELAÇÃO A FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES. COMPARAÇÃO DA MULTA MAIS BENÉFICA. DISPOSITIVO APLICÁVEL. Havendo lançamento de ofício e ocorrendo simultaneamente declaração de fatos geradores na GFIP com erros ou omissões, a multa aplicada com base na legislação revogada deve ser comparada com aquela prevista no art. 35A da Lei n. 8.212/1991, para definição da norma mais benéfica. DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE N. 08 DO STF. ART. 173, I, do CTN. É de 05 (cinco) anos o prazo decadencial para o lançamento do crédito tributário relativo a contribuições previdenciárias, sobretudo em se tratando do lançamento de obrigações acessórias, como in casu. REPLEG. INCLUSÃO DO NOME DOS RESPONSÁVEIS LEGAIS PELA PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. AUSÊNCIA. DOCUMENTO MERAMENTE INFORMATIVO. A indicação dos responsáveis pela empresa no relatório REPLEG, tido pela legislação como um dos anexos dos Auto de Infração previdenciário, não enseja o reconhecimento de responsabilidade pessoal pelo débito lançado daqueles que ali foram listados. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 48 5. 00 32 96 /2 00 7- 12 Fl. 1305DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 14/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) rejeitar a preliminar de nulidade; e b) declarar a decadência até a competência 11/2001, inclusive o 13º salário de 2001. e II) no mérito, dar provimento parcial para que a multa seja limitada a 75% da contribuição não declarada menos a multa aplicada sobre as contribuições previdenciárias no AI relativo à exigência da obrigação principal. Vencidos os conselheiros Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Igor Araújo Soares (relator) e Carolina Wanderley Landim, que votaram por dar provimento parcial em maior extensão, aplicando para o cálculo da multa o disciplinado no art. 32A da Lei nº 8.212/91. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. Elaine Cristina Monteiro E Silva Vieira – Presidente (na data da formalização, conforme Ordem de Serviço nº.01/2013 – CARF.) Igor Araújo Soares Relator. Kleber Ferreira de Araújo – Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 1306DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 14/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 14485.003296/200712 Acórdão n.º 2401003.521 S2C4T1 Fl. 2.401 3 Relatório Tratase de recurso de voluntário interposto por VALLMARG CONFECÇÕES LTDA, em face do acórdão de fls. 100, por meio do qual foi mantida parcialidade da multa lançada no Auto de Infração n. 37.146.0735, por ter a recorrente apresentado GFIP sem a informação de todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias a que estava sujeita. O lançamento compreende as competências de 02/1999 a 03/2007, com a ciência do contribuinte acerca do lançamento efetivada em 31/09/2007 (fls. 01). Consta do relatório fiscal que os valores não informados foram obtidos em comparação das GFIP’s com folhas de pagamento e documentação contábil apresentada pelo contribuinte. Do acórdão de primeira instância depreendese que a multa aplicada foi relevada parcialmente no período de 01/2005 a 03/2007. Em seu recurso sustenta a nulidade do presente Auto de Infração, pois não preenche os requisitos obrigatórios elencados nos artigos 640 e 663 da instrução normativa srp n°. 03/2005, já que o TIAF não está presente como um dos seus anexos. Também sustenta a nulidade pelo fato do Auto de Infração não descrever a contento a natureza e imputação da infração cometida. Acrescenta que deve ser afastada a responsabilização dos sócios pelo crédito tributário, levada a efeito pelo REPLEG, o qual, mesmo possuindo mero caráter indicativo, conforme apontado pelo acórdão de primeira instância, fere os princípios da legalidade e ampla defesa. Defende que o benefício da atenuação da multa deve ser aplicado a todas as competências lançadas no auto de Infração, uma vez que apresentou as guias do período de 04/1999 a 09/2004 no prazo da impugnação. Por fim alega estar decadente o lançamento com base no art. 150, 4o do CTN. Sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, vieram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 1307DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 14/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 Voto Vencido Conselheiro Igor Araújo Soares, Relator CONHECIMENTO Tempestivo o recurso, dele conheço. PRELIMINARES Nulidade da NFLD A recorrente defende que o lançamento está eivado de nulidade, tendo em vista que a autoridade lançadora desrespeitou aquilo o que descrito nos artigos 660 e 663, ambos da IN INSS 03/2005, uma vez que não colacionou ao Auto de Infração peças imprescindíveis a atividade do lançamento. Sem razão. O lançamento foi levado a efeito em observância ao que determina a legislação, especialmente aquilo o que disposto no art. 142 do CTN, de modo que a recorrente teve plena e inequívoca ciência de todos os fundamentos de fato e direito que ensejaram a necessidade da constituição do crédito tributário, especialmente, uma vez que a recorrente teve ciência de todos os Anexos do Auto de Infração, seja mesmo os TIAFs e o MPF respectivo. O relatório fiscal da infração e de aplicação dos consectários legais cabíveis apontaram de forma clara e inequívoca os fundamentos que justificaram a cobrança, o seu período, bem como esclareceu a forma de cálculo da multa, de modo que fora garantindo à recorrente o pleno exercício de seu direito de defesa e ao contraditório. Assim reza o art. 142 do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Ademais, conforme fora devidamente concluído pelo v. acórdão de primeira instância, o contribuinte fora devidamente cientificado de todo o conteúdo e anexos do Auto de Infração, não havendo que se falar em planilha de consolidação da multa, como documento essencial ao lançamento, uma vez que sequer o relatório fiscal fez alusão a referido documento. Dessa forma, rejeito a preliminar de nulidade. Decadência Fl. 1308DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 14/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 14485.003296/200712 Acórdão n.º 2401003.521 S2C4T1 Fl. 2.402 5 Quanto a decadência, há de se levar em consideração, que o Supremo Tribunal Federal, entendendo que apenas lei complementar pode dispor sobre prescrição e decadência em matéria tributária, em observância aquilo que disposto no artigo 146, III, “b”, da Constituição Federal, à unanimidade de votos, negou provimento aos Recursos Extraordinários nº 556.664, 559.882, 559.943 e 560.626, em decisão plenária que declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n. 8.212/91, os quais concediam à Previdência Social o prazo de 10 (dez) anos para a constituição de seus créditos. Na mesma assentada, inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, o STF editou a Súmula Vinculante de n º 8, cujo teor é o seguinte: Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Dessa forma, em observância ao que disposto no artigo 103A e parágrafos da Constituição Federal, inseridos pela Emenda Constitucional nº 45/2004, as súmulas vinculantes, por serem de observância e aplicação obrigatória pelos entes da administração pública direta e indireta, devem ser aplicadas por este Eg. Conselho de Contribuintes, in verbis: “Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Logo, inaplicável o prazo de 10 (dez) anos para a aferição da decadência no âmbito das contribuições previdenciárias, resta necessário, para a solução da demanda, a aplicação das normas legais relativas à decadência e constantes no Código Tributário Nacional, a saber, dentre os artigos 150, § 4º ou 173, I, diante da verificação, caso a caso, se tenha ou não havido dolo, fraude, simulação ou o recolhimento de parte dos valores das contribuições sociais objeto da NFLD, conforme mansa e pacífica orientação desta Eg. Câmara. As contribuições previdenciárias são tributos lançados por homologação, motivo pelo qual, em regra, devem observar o previsto no art. 150, § 4º do CTN. Dessa forma, verificado o pagamento antecipado, mesmo que parcial, observarseá a regra de extinção inscrita no art. 156, inciso VII do CTN, que condiciona o acerto do lançamento efetuado pelo contribuinte a ulterior homologação por parte de Fisco. Ao revés, caso não exista pagamento, não há o que ser homologado, motivo que enseja a incidência do disposto no art. 173, inciso I do CTN, hipótese na qual o crédito tributário será extinto em função do previsto no art. 156, inciso V do CTN. No caso dos autos, no entanto, estamos diante de situação fática na qual foram descontadas contribuições dos empregados e estas não vieram a ser repassadas aos cofres públicos em época própria. Fl. 1309DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 14/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 No caso dos autos, em se tratando de obrigação acessória, a toda evidência deve ser aplicado aquilo o que disposto no art. 173, Id do CTN. Considerando que o lançamento se reporta às competência de 06/1997 a 09/2004, tendo sido o contribuinte cientificado em 27/12/2007, acolho a preliminar para declarar que somente foram atingidas pela decadência as competências lançadas até 11/2001, inclusive o 13º salário. Passo ao mérito. MÉRITO Neste aspecto, a recorrente pede a exclusão da pessoa de Marcelo Simões Abraão do REPLEG, sustentando, ainda ser ilegal a indicação de pessoas físicas como responsáveis pelo débito lançado. Sobre o assunto, não vejo outra conclusão, senão concordar com o que já restou decidido sobre o assunto pelo v. acórdão de primeira instância. Da análise dos contratos sociais e estatutos, verificou a DRJ que o Sr. Marcelo Simões Abraão é diretor da empresa recorrente, sendo o responsável por sua administração. Todavia, mesmo que não fosse, a indicação de seu nome no Relatório REPLEG, não tem o condão de atribuir ao mesmo qualquer responsabilidade pelo lançamento do crédito tributário em questão, não podendo ser considerado, neste momento, como sujeito passivo da relação jurídicotributária objeto do presente lançamento. Assim, pela mera indicação de seu nome no relatório REPLEG, não poderão as pessoas ali listadas vir a ser responsabilizadas pessoalmente pelos débitos objeto de cobrança na presente NLFD, já que o relatório é instrumento meramente informativo. Assim, rejeito o pedido. Pedido de Relevação da Multa Sobre o assunto, verificase que a ora recorrente apresentou com a sua impugnação as GFIP´s que entendeu serem passíveis de comprovar a correção da totalidade da falta, em respeito ao que determinado pelo art. 291, §1o do Decreto 3.048/99. Sobre o assunto, assim se manifestou o v. acórdão de primeira instância: 40. No caso dos presentes autos verificase que o infrator formulou o pedido de relevação da multa, que é primário e que não incorreu em nenhuma circunstância agravante da infração, tendo corrigido a falta relativa As infrações das competências 01/2005 a 03/2007 ainda durante a ação fiscal, razão pela qual a multa relativa A. esta ocorrências/competências foi atenuada no momento da lavratura do presente AI. Em seu recurso sustenta ter corrigido a totalidade da falta, juntando aos autos uma série de GFIP´s que defende deixaram de ser consideradas pela fiscalização, pois foram enviadas durante o prazo de defesa e possuem o condão de corrigir a totalidade da falta lançada. Fl. 1310DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 14/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 14485.003296/200712 Acórdão n.º 2401003.521 S2C4T1 Fl. 2.403 7 Fato é que, tais guias somente foram juntadas no presente momento processual, de modo que por este motivo já se demonstra que a recorrente não observou aquilo o que determinado pelo próprio artigo 291 do Decreto 3.048/99, qual seja, de comprovar a correção da falta dentro de seu prazo de impugnação. Assim, afasto o pedido. Alterações trazidas pela Lei 11.941/09 No caso dos autos, mesmo em não tendo sido objeto de discussão trazida no bojo do recurso voluntário, tenho que, em razão das alterações trazidas a lume pela Lei 11.941/09, existe matéria de ofício a ser analisada por esta Eg. Turma. E tal reconhecimento se justifica tão somente pelo fato de que no caso dos autos, seja o lançamento, quanto o acórdão e o recurso voluntário, foram produzidos e/ou interpostos antes da vigência da Lei supracitada, de modo que não se trata de caso no qual a sistemática de aplicação e recálculo da multa veio a ser aplicada e tal questão deixou de ser objeto de recurso da parte. Logo, sobre o assunto, a Lei 11.941/09 acrescentou na Lei 8.212/91 os artigos 32A e 35A, os quais dispõem o seguinte: “Art.32A.O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do art. 32 no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no §3o; e II de R$ 20,00 (vinte reais)para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas §1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento §2o Observado o disposto no § 3o, as multas serão reduzidas: I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II a setenta e cinco por cento, se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação §3o A multa mínima a ser aplicada será de: I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos”. Fl. 1311DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 14/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 “Art. 35A Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996”. Por sua vez, o art. 35A faz remição ao art. 44 da Lei 9.430/96, que assim dispõe: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ No caso dos autos, tratase de auto de infração no qual fora lançada multa pelo descumprimento de obrigação acessória relativa à apresentação de GFIP’s com informações inexatas relativamente a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias a que estaria sujeito o contribuinte. Das alterações levadas a efeito, a disposição contida no art. 32A da Lei 8.212/91, é específica para os casos de GFIP com informações inexatas ou mesmo omissões apuradas pela fiscalização, assim devendo ser consideradas as informações relativas aos fatos geradores de contribuições previdenciárias, motivo pelo qual entendo deva ser, no presente caso, o dispositivo legal aplicável, conforme determinado pelo art. 106, III, “c” do Código Tributário Nacional, que determina a aplicação retroativa da Lei nova, quando dispuser sobre penalidades e que possa vir a ser mais benéfica ao acusado, no caso o contribuinte. Ante todo o exposto, voto no sentido de rejeitar a preliminar de nulidade, acolher a preliminar de decadência para excluir do lançamento as competências até 11/2001, inclusive o 13º salário, e, no mérito em DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso tão somente para determinar de ofício o recálculo da multa aplicada pelo art. 32A da Lei 8.212/91. É como voto. Igor Araújo Soares Fl. 1312DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 14/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 14485.003296/200712 Acórdão n.º 2401003.521 S2C4T1 Fl. 2.404 9 Voto Vencedor Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo – Redator Designado Com todas as vênias, ouso discordar do Ilustre Relator quanto à norma a ser aplicada para comparação da multa mais benéfica. Para mim há de se lançar mão do art. 35A da Lei n. 8.212/1991 e não o 32A da mesma Lei, como encaminhou o Relator. De fato, com o advento da Medida Provisória MP n. 449/2008, convertida na Lei n. 11.941/2009, houve profunda alteração no cálculo das multas decorrentes de descumprimento das obrigações acessórias relacionadas à GFIP. Na sistemática anterior, a infração de omitir fatos geradores em GFIP era punida com a multa correspondente a cem por cento da contribuição não declarada, ficando a penalidade limita a um teto calculado em função do número de segurados da empresa. Quanto havia lançamento da obrigação principal relativo aos fatos geradores não declarados, o sujeito passivo ficava também sujeito à aplicação da multa de mora nos créditos lançados, num percentual do valor principal que variava de acordo com a fase processual do lançamento, ou seja, quanto mais cedo o contribuinte quitava o débito, menor era a multa imposta. Com a nova legislação, há duas sistemáticas de aplicação da multa. Inexistindo o lançamento das contribuições, aplicase apenas a multa de ofício prevista no art. 32A da Lei n. 8.212/1991, que é calculada a partir de um valor fixo para cada grupo de 10 informações incorretas ou omitidas, nos seguintes termos: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (...) Todavia pelo art. 35A da mesma Lei, também introduzido pela Lei n. 11.941/2009, ocorrendo o lançamento da obrigação principal, a penalidade decorrente do erro ou omissão na GFIP fica incluída na multa de mora constante no crédito constituído. Deixa, assim, de haver cumulação de multa punitiva e multa moratória, condensandose ambas em valor único. Vejam o diz o dispositivo: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 1313DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 14/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 10 É que o art. 44, I, da Lei n. 9.430/19961 prevê que, havendo declaração inexata ou omissa de tributo, acompanhado da falta de recolhimento do mesmo, devese aplicar a multa ali especificada. Como já exposto, nessas situações, a multa agora é una para ambas as infrações, descumprimento das obrigações principal e acessória. Diante das considerações acima expostas, não há como se aplicar na situação em tela o art. 32A da Lei n. 8.212/1991, como consta do voto do Relator, posto que houve na espécie lançamento das contribuições correlatas. A situação sob enfoque pede a aplicação do art. 35A da mesma Lei, o qual pode ou não ser mais benéfico ao contribuinte, posto que, para os casos em que o teto para aplicação da multa previsto na legislação revogada fica muito abaixo do valor da contribuição não declarada, há a possibilidade do valor da penalidade aplicada com fulcro na sistemática legal anterior situarse num patamar inferior àquela calculada com base na norma atual. Nesse sentido, deve o órgão responsável pelo cumprimento da decisão recalcular o valor da penalidade, posto que o critério atual pode ser mais benéfico para o contribuinte, de forma a prestigiar o comando contido no art. 106, II, “c”, do CTN2. Devese, então, verificar, competência a competência, se a multa calculada nos termos do art. 44, I, da Lei n.º 9.430/1996 (75% da contribuição não declarada), deduzidas as multas aplicadas nas NFLD correlatas, resulta em valor mais benéfico ao contribuinte, tendose em conta que, em algumas competências, a penalidade aplicada foi limitada ao teto legal, nos termos do demonstrativo de fls. 78/79. Conclusão Voto então pelo provimento parcial do recurso para que se aplique a multa mais favorável ao contribuinte na comparação entre o cálculo efetuado de acordo com o art. 44, I, da Lei n. 9.430/1996 e aquele constante do auto de infração. 1 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) 2 Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: (...) c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Fl. 1314DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 14/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 14485.003296/200712 Acórdão n.º 2401003.521 S2C4T1 Fl. 2.405 11 Fl. 1315DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 14/04/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 10675.000834/2001-25
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jul 30 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 1997
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL
RURAL ITR
ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL/UTILIZAÇÃO LIMITADA. EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE DE AVERBAÇÃO DA ÁREA TRIBUTADA ATÉ A DATA DO FATO GERADOR
A comprovação da área de reserva legal, para efeito de sua exclusão na base de cálculo do ITR, não depende de averbação até a data do fato gerador da respectiva área.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-003.411
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Marcelo Oliveira. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente à época da formalização
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
(Assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Júnior, Redator-Designado AD HOC para formalização do voto vencedor.
EDITADO EM: 28/07/2015
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Adriano Gonzales Silverio (suplente convocado), Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ÁREA DE RESERVA LEGAL/UTILIZAÇÃO LIMITADA. EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE DE AVERBAÇÃO DA ÁREA TRIBUTADA ATÉ A DATA DO FATO GERADOR A comprovação da área de reserva legal, para efeito de sua exclusão na base de cálculo do ITR, não depende de averbação até a data do fato gerador da respectiva área. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Marcelo Oliveira. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 08 34 /2 00 1- 25 Fl. 243DF CARF MF Impresso em 30/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/07/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/07/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO, Assinado digitalmente em 29/07/2015 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente à época da formalização (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora (Assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Júnior, RedatorDesignado AD HOC para formalização do voto vencedor. EDITADO EM: 28/07/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Adriano Gonzales Silverio (suplente convocado), Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire. Relatório Tratase de glosa da ARL – Área de Reserva Legal, relativamente ao ITR – Imposto Territorial Rural do exercício de 1997. Em sessão plenária de 26/03/2009, foi julgado o Recurso Voluntário nº 136.046, prolatandose o Acórdão nº 310100.027, assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 1997 ITR EXERCÍCIO 1997 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DECLARAÇÃO DO CONTRIBUINTE REVISÃO DO LANÇAMENTO PELA DRJ FALTA DE INTERESSE EM RECORRER. Carece de interesse recursal o contribuinte que busca ver reconhecida área de preservação permanente superior à declarada em sua DITR, já tendo a DRJ procedido à revisão do lançamento e excluído tais áreas da tributação. ÁREA DE RESERVA LEGAL AVERBAÇÃO FALTA DE PREVISÃO LEGAL COMPROVAÇÃO DOCUMENTAÇÃO IDÔNEA – PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Fl. 244DF CARF MF Impresso em 30/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/07/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/07/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO, Assinado digitalmente em 29/07/2015 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR Processo nº 10675.000834/200125 Acórdão n.º 9202003.411 CSRFT2 Fl. 10 3 A exigência da averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel à data de ocorrência do fato gerador como condição para o gozo de isenção tributária não possui amparo legal. Aplicação retroativa do § 7° do art. 10 da Lei n° 9.939/96, com a redação dada pela MP 2.16667, de 24/08/01. Precedentes. Em homenagem ao princípio da verdade material, a averbação da área de reserva legal, corroborada por documentação expedida pela Polícia Militar Ambiental do Estado de Minas Gerais, é meio idôneo para comprovar a existência da área de reserva legal. Recurso Voluntário Provido.” Cientificada do acórdão em 16/03/2010 (fls. 134), a Fazenda Nacional interpôs, em 17/03/2010, o Recurso Especial de fls. 136 a 179, visando discutir as seguintes matérias: admissibilidade de prova apresentada apenas na fase recursal (preclusão); necessidade de averbação tempestiva da ARL – Área de Reserva Legal. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o despacho nº 2200 00.016, de 25/01/2011 (fls. 184 a 185). No apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese: Quanto à alegação de preclusão o Colegiado acolheu documentos apresentados somente em sede recursal, sem a demonstração de impossibilidade de apresentação na Impugnação, consoante previsto no § 4º, do art. 16, do Decreto nº 70.235, de 1972; o dispositivo legal acima proíbe a juntada extemporânea de provas, mas prevê as situações excepcionais que justificariam a sua apresentação; caberia ao Contribuinte, mediante provas robustas e não meras alegações, ilidir o lançamento, porém mediante apresentação no momento processual oportuno. Quanto à averbação da ARL – Área de Reserva Legal a averbação da ARL – Área de Reserva Legal somente ocorreu em 09/12/2003 (fls. 104/verso), posteriormente ao fato gerador, em 1º/01/1997; ainda que se comprove a existência material da ARL – Área de Reserva Legal, como não foi atendido o art. 16 da Lei nº 4.771, de 1965, e disposições complementares (§ 8º), incidirá imposto caso a averbação não tenha sido providenciada antes da ocorrência do fato gerador. Ao final, a Fazenda Nacional pede o conhecimento e provimento do recurso. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 30/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/07/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/07/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO, Assinado digitalmente em 29/07/2015 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR 4 Cientificado do acórdão, do Recurso Especial e do despacho que lhe deu seguimento em 12/15/2011 (fls. 191), o Contribuinte ofereceu, em 27/05/2011, as Contrarrazões de fls. 195 a 198, alegando, em resumo: a prova do direito pleiteado já estava carreada aos autos desde a Impugnação; o acolhimento da prova juntada na fase recursal (por atraso nos procedimentos dos órgãos competentes) está previsto na letra “a”, do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972; há de se considerar também que foi entregue tempestivamente o ADA – Ato Declaratório Ambiental (fls. 35/36), no qual foram declaradas as áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal. Ao final, o Contribuinte pede o não provimento do recurso, com a manutenção do decidido no acórdão recorrido. Voto Vencido Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir acerca dos demais pressupostos de admissibilidade. Tratase de glosa da ARL – Área de Reserva Legal, relativamente ao ITR – Imposto Territorial Rural, relativamente ao ITR – Imposto Territorial Rural do exercício de 1997. A Fazenda Nacional alega preclusão e visa rediscutir a aceitação da ARL. Quanto à primeira matéria – admissibilidade de prova apresentada apenas na fase recursal (preclusão) – a Fazenda Nacional alega que não teria sido demonstrada a impossibilidade de apresentação da prova na Impugnação, consoante previsto no § 4º, do art. 16, do Decreto nº 70.235, de 1972. Ao apelo foi dado seguimento, por meio do Despacho nº 2200.016, de 25/01/2012 (fls. 184/185), no qual foi examinado o paradigma indicado – Acórdão nº 20218.463. Confirase o respectivo trecho do despacho: “Quanto à admissibilidade da prova apresentada na fase recursal, de fato, há uma divergência de entendimento entre as posições esposadas pelo acórdão recorrido, que admitiu a prova apresentada após a impugnação, e o acórdão recorrido (SIC), que se fixa no entendimento de que a prova somente pode ser apresentada na impugnação, salvo exceções previstas no PAF.” O trecho do despacho de admissibilidade acima transcrito demonstra que a divergência jurisprudencial foi estabelecida sob a premissa de que, ao contrário do que ocorrera no paradigma, no acórdão recorrido foram aceitas provas apresentadas após a impugnação, sem que se comprovasse tratarse de uma das exceções previstas em lei. Ora, compulsandose o acórdão recorrido, constatase que em momento algum se ventila tal premissa, de sorte que a conclusão constante do exame de admissibilidade resultou de juízo de valor levado a cabo pelo próprio examinador, o que enseja a verificação mais acurada do caso concreto, a ver se efetivamente teria sido configurado o alegado dissídio Fl. 246DF CARF MF Impresso em 30/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/07/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/07/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO, Assinado digitalmente em 29/07/2015 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR Processo nº 10675.000834/200125 Acórdão n.º 9202003.411 CSRFT2 Fl. 11 5 interpretativo. Ressaltese que se trata de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando, presente a similitude fática, são adotadas soluções diversas. Assim, é necessário que as situações fáticas retratadas nos acórdãos recorrido e paradigma sejam analisadas, com o objetivo de perquirir se a apresentação de provas na fase de Recurso Voluntário caracterizaria ou não uma das exceções previstas em lei. No caso do paradigma analisado no despacho de admissibilidade – Acórdão 20218.463 – tratase de Pedido de Ressarcimento de Crédito Presumido de IPI, conforme o relatório a seguir colacionado: “Tratase de pedido de ressarcimento de crédito presumido do IPI previsto nas Leis n2s 9.363/96 e 10.276/2001. Analisando as informações fornecidas pela interessada, verificouse uma falta de consistência, especificamente entre os valores de insumos e a receita gerada pela exportação das mercadorias produzidas, além de terem sido deixados em branco diversos campos do DCP. O pedido foi parcialmente deferido, ocorrendo a glosa em decorrência de irregularidades no sistema de estoque da empresa, que não foi capaz de comprovar regularidade, exatidão e legalidade dos valores pretendidos. Foi apresentado manifestação de inconformidade, na qual é alegado que: portarias e resoluções não podem confrontar com normas de hierarquia superior, como a Lei n29.363/96; a verdade material deve nortear o procedimento administrativo, havendo, portanto, a possibilidade de juntar documentos relevantes ao feito em qualquer momento e instância processual; são apresentados novos demonstrativos de apuração do crédito presumido do IPI. Um ano após sua manifestação, a interessada apresenta novo pedido de ressarcimento do crédito presumido do IPI, instruído com documentos, alegando adequação do cálculo à legislação vigente. Solicita a suspensão da análise da suspensão da manifestação de inconformidade para que o processo seja remetido em diligência para a origem. Remetidos os autos à DRJ em Ribeirão Preto SP, foi o indeferimento mantido, pelos seguintes fundamentos: refutase a possibilidade de se discutir a inconstitucionalidade de leis; há a necessidade de utilização de sistema integrado de custos, ou, alternativamente, aplicação do método PEPS, o que não foi feito pela interessada; Fl. 247DF CARF MF Impresso em 30/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/07/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/07/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO, Assinado digitalmente em 29/07/2015 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR 6 a interessada expressamente afirma que o sistema de controle que utiliza não é capaz de afirmar com exatidão as informações necessárias a seu pedido; não foram juntados provas capazes de atestar o alegado, mesmo tendo sido intimada a fazêlo, e mesmo após ter obtido prorrogação de prazo para tal. Inconformada, a interessada apresenta recurso voluntário, no qual alega que, devido ao princípio da verdade material, deve ser permitida a produção de provas em qualquer momento do processo, inocorrendo a preclusão.” (grifei) Em síntese, no paradigma ocorreu o seguinte: as informações fornecidas pelo Contribuinte, quando do protocolo do pedido, apresentaram inconsistências, além da verificação de campos em branco, no documento básico integrante do pleito (DCP); assim, foram efetuadas glosas, razão pela qual foi apresentada Manifestação de Inconformidade, contendo novos demonstrativos de cálculo; um ano após a Manifestação de Inconformidade, o contribuinte apresentou novo pedido, acompanhado de nova documentação, solicitando suspensão da análise do pedido anterior, para que fosse realizada diligência à Repartição de Origem; o pedido foi atendido, porém as novas provas também foram consideradas insuficientes pela DRJ, razão pela qual foi mantida a decisão anterior; após tudo isso, o contribuinte voltou a protestar pela apresentação de novas provas, o que não foi admitido em sede de Recurso Voluntário. Confirase o voto vencedor do aresto: “Tendo em vista que a contribuinte descumpriu o disposto no § 4º do art. 16 do Decreto 112 70.235/72, não possuindo em ordem os livros e demais elementos contábeis, e sendo certo que as provas posteriormente apresentadas não se enquadram nas situações das alíneas do prefalado § 42, tenho que está correta a decisão recorrida, nada havendo a se reformar. "§ 4º. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos." Logo, como a fiscalização apontou diversas irregularidades que inviabilizam o pedido da interessada, e como a mesma não se desincumbiu do ônus da prova, que permitiria o deferimento de seu pedido, hei por bem negar provimento ao recurso.” Fl. 248DF CARF MF Impresso em 30/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/07/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/07/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO, Assinado digitalmente em 29/07/2015 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR Processo nº 10675.000834/200125 Acórdão n.º 9202003.411 CSRFT2 Fl. 12 7 Com efeito, no caso desse paradigma, não há como aplicarse qualquer das hipóteses de exceção ao § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, conforme está evidenciado no relatório já transcrito, do qual se destaca o seguinte trecho: “ não foram juntados provas capazes de atestar o alegado, mesmo tendo sido intimada a fazêlo, e mesmo após ter obtido prorrogação de prazo para tal.” Destarte, conforme se deduz da leitura do paradigma, tratase de procedimento em que ao contribuinte foram dadas várias oportunidades de comprovar suas alegações, inclusive especificandose, antes da decisão da DRJ, quais as provas que lograriam confirmar a procedência de seu pedido, aceitandose documentos e sobre eles realizandose diligência após um ano da apresentação da Manifestação de Inconformidade. Quanto ao acórdão recorrido, a situação fática nele retratada em nada se assemelha à do paradigma. Tratase de exigência, em face de Inventariante, do ITR – Imposto Territorial Rural do exercício de 1997, tendo em vista glosa da ARL – Área de Reserva Legal, em relação a qual foi apresentado ADA – Ato Declaratório Ambiental tempestivo. A glosa foi mantida pela falta de averbação na matrícula do imóvel e, obviamente que em face de tal exigência, o Contribuinte tentou obter algum tipo de comprovação, no sentido da existência da Reserva Legal, trazendo aos autos um BO – Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, datado de 11/05/2006 (fls. 88/89). Destarte, ao tempo da Impugnação, apresentada em 22/05/2001, o Contribuinte sequer dispunha de tal documento, portanto tratase claramente de prova superveniente. Assim, entendo que, com todas as vênias, não foi correta a conclusão do despacho de admissibilidade, que deu seguimento ao Recurso Especial nesta parte, uma vez que o acórdão recorrido não foi proferido sob a premissa de descumprimento ao art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235, de 1972. Assim, na verdade não existe divergência jurisprudencial entre ele e o paradigma representado pelo Acórdão 20218.463, o que existe é ausência de similitude fática entre os dois julgados, daí as soluções diversas. Diante do exposto, não conheço da primeira matéria suscitada pela Fazenda Nacional – admissibilidade de prova apresentada apenas na fase recursal (preclusão). Relativamente à segunda matéria suscitada – necessidade de averbação tempestiva da ARL – Área de Reserva Legal – não há óbice quanto ao seu conhecimento, razão pela qual passo ao mérito. Quanto à ARL – Área de Reserva Legal, há um requisito específico para a sua exclusão da tributação do ITR, qual seja, a averbação tempestiva no registro de imóveis competente. Tal obrigação encontra amparo na Lei nº 4.771, de 1965 (Código Florestal), com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 1989. Destarte, ao fazer referência à Lei Ambiental, a Lei nº 9.393, de 1996, na verdade condiciona a exclusão da tributação da ARL – Área de Reserva Legal à averbação tempestiva no respectivo registro de imóveis. Fl. 249DF CARF MF Impresso em 30/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/07/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/07/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO, Assinado digitalmente em 29/07/2015 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR 8 Assim, a Lei nº 4.771, de 1965 (Código Florestal), com as alterações da Lei nº 7.803, de 1989, determinava a averbação da ARL Área de Reserva Legal, conforme a seguir: “Art. 16 (...) § 2.º A reserva legal, assim entendida a área de, no mínimo, 20% (vinte por cento) de cada propriedade, onde não é permitido o corte raso, deverá ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área”. (grifei) Como o lançamento se reporta à data de ocorrência do fato gerador do tributo (art. 144 do CTN) e, no que tange ao ITR, este foi fixado em 1º de janeiro de cada ano (art. 1º da Lei nº. 9.393, de 1996), a averbação da ARL deve ser providenciada até esta data. No caso em apreço, tratandose do ITR do exercício de 1997, a averbação deveria ter sido providenciada até 1º/01/1997, o que só foi providenciado em 22/04/2003 (fls.. 124/verso). Quanto ao Boletim de Ocorrência de 11/05/2006 (fls. 88/89), entendo que este não supre a exigência legal de averbação, que é ato constitutivo do direito ora alegado. Diante do exposto, conheço parcialmente do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, na parte conhecida, doulhe provimento. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 250DF CARF MF Impresso em 30/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/07/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/07/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO, Assinado digitalmente em 29/07/2015 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR Processo nº 10675.000834/200125 Acórdão n.º 9202003.411 CSRFT2 Fl. 13 9 Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior, RedatorDesignado AD HOC para formalização do voto vencedor. Pelo fato do ConselheiroRedator designado, Alexandre Naoki Nishioka, não mais compor o colegiado da 2ª Turma da CSRF, eu, Heitor de Souza Lima Junior, fui nomeado para formalização do presente Acórdão. Faço notar, todavia, que o Conselheiro que subscreve o presente voto vencedor não participava deste Colegiado à época do julgamento do Recurso Especial e da conseqüente prolação do Acórdão aqui formalizado. Destarte, na presente formalização, limitome a, ressalvada minha posição pessoal sobre o tema, registrar que o então ConselheiroRedator inicialmente designado entendeu que a averbação da Reserva Legal à margem do Registro de Imóveis teria natureza declaratória, sendo desnecessária sua averbação até a data de ocorrência do fato gerador, com a posterior averbação produzindo efeitos extunc. Assim, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Júnior RedatorDesignado AD HOC para formalização do voto vencedor. Fl. 251DF CARF MF Impresso em 30/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/07/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 28/07/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO, Assinado digitalmente em 29/07/2015 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 11128.006407/2006-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 30 00:00:00 UTC 2010
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Data do fato gerador: 05/07/2004
CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA
Não houve cerceio ao direito de defesa porque, embora a peça impugnatória tenha pedido a realização de perícia, não se logrou êxito em demonstrar a necessidade da providência, condição expressamente prevista no art. 18 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993.
CONCOMITÂNCIA AÇÃO JUDICIAL E PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
A propositura de qualquer ação judicial pelo contribuinte importa em renúncia à instância administrativa. Isso porque, uma vez transitada em julgado, a decisão judicial deve ser cumprida pelo Poder Executivo, sobrepondo-se àquilo que será ou que já tenha sido decidido em sede administrativa, por força do princípio da intangibilidade da coisa julgada. Inteligência da Súmula nº 1 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Recurso voluntário não conhecido.
Crédito tributário mantido
Numero da decisão: 3102-00.770
Decisão: ACORDAM os membros da 1ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário.
Matéria: II/IE/IPIV - ação fiscal - insufiência apuração/recolhimento
Nome do relator: Beatriz Veríssimo de Sena
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Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 05/07/2004 CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA Não houve cerceio ao direito de defesa porque, embora a peça impugnatória tenha pedido a realização de perícia, não se logrou êxito em demonstrar a necessidade da providência, condição expressamente prevista no art. 18 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993. CONCOMITÂNCIA AÇÃO JUDICIAL E PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL A propositura de qualquer ação judicial pelo contribuinte importa em renúncia à instância administrativa. Isso porque, uma vez transitada em julgado, a decisão judicial deve ser cumprida pelo Poder Executivo, sobrepondose àquilo que será ou que já tenha sido decidido em sede administrativa, por força do princípio da intangibilidade da coisa julgada. Inteligência da Súmula nº 1 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Recurso voluntário não conhecido. Crédito tributário mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário. Fl. 272DF CARF MF Emitido em 14/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA, 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERR A DE CASTRO Processo nº 11128.006407/200624 Acórdão n.º 3102000.770 S3‐C1T2 Fl. 2 2 LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Presidente BEATRIZ VERÍSSIMO DE SENA Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros José Fernandes do Nascimento, Ricardo Paulo Rosa, Luciano Pontes Maya Gomes e Nanci Gama. Relatório O processo trata de autos de infração lavrados prevenir a decadência, lançando diferenças não recolhidas a título de PIS/PASEPimportação e COFINSImportação. A matéria de fundo encontrase em discussão perante o Poder Judiciário. Quanto à COFINS, assim se manifesta a autoridade judicial na antecipação de tutela, na fl.46: FL. 46 "ISTO POSTO, com base na fundamentação traçada, defiro a antecipação requerida para suspender, até ulterior deliberação, a incidência da COFINS tratada no artigo I° da Lei n°. 10.865/04, nas importações operadas pela Autora (matriz e filiais) cuja incidência dêse no âmbito da competência territorial deste juízo” E quanto à contribuição para o PIS/PASEP, determina a autoridade judicial na antecipação de tutela, na fl.28: FL. 28 “Posto isso, DEFIRO a antecipação da tutela requerida, para suspender a exigibilidade da contribuição ao PISImportação sobre as importações pela autora realizadas, nos moldes previstos na Lei n°10.865/04, até julgamento final da presente ação." Fl. 273DF CARF MF Emitido em 14/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA, 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERR A DE CASTRO Processo nº 11128.006407/200624 Acórdão n.º 3102000.770 S3‐C1T2 Fl. 3 3 Ciente dos lançamentos, o Contribuinte protocolizou impugnação referente à Contribuição do PIS/PASEPImportação, e COFINSImportação, em que argumenta: a) A inconstitucionalidade da cobrança, reiterando a matéria que submeteu ao crivo do Poder Judiciário; e b) Pede a realização de perícia para que seja apurada eventual diferença de valores das duas contribuições em razão de cálculo que considere as regras do ADE SRF n° 17/04 e a IN SRF n°. 436/04. Analisando a questão, a Delegacia Regional de Julgamento da Receita Federal do Brasil (DRJ) de São Paulo, ás fls. 222 e seguintes dos autos, declarou a impossibilidade de exame da exigibilidade do PIS e COFINS, por concomitância entre as esferas Judicial e Administrativa. Quanto às diferenças de cálculo, a DRJ julgou procedente o lançamento, por não reconhecer incorreção nos cálculos. Contra a decisão da DRJ de São Paulo o Contribuinte interpôs recurso voluntário, no qual requer a nulidade do acórdão a quo por cerceamento de defesa, uma vez indeferido o pedido de realização de perícia. No mérito, reitera os argumentos já expostos na impugnação. É o relatório. Decido. Voto Conselheira Beatriz Veríssimo de Sena, Relatora Nulidade por Cerceamento do Direito de Defesa Não vejo invalidar o procedimento fiscal em razão de suposta violação ao direito de defesa do Contribuinte. O direito à ampla defesa e ao contraditório, previsto no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, materializase quando concedida oportunidade no curso do processo para que o sujeito passivo questione as conclusões do Fisco, apresente sua discordância e os elementos em que ela se fundamenta ou requeira a realização de diligência ou perícia, ex vi do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 19721. 1 Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 274DF CARF MF Emitido em 14/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA, 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERR A DE CASTRO Processo nº 11128.006407/200624 Acórdão n.º 3102000.770 S3‐C1T2 Fl. 4 4 Em sua impugnação, o Contribuinte requer a realização de perícia sem afirmar, nem apontar, porque crê que os dispositivos normativos que versam sobre o cálculo de tributos a lançar não teriam sido observados. Em outras palavras, Contribuinte limitase a pedir a realização de perícia a título de consulta, para saber se o cálculo realizado pela Autoridade Fiscal estaria correto, sem, contudo, indicar onde estaria (e quanto representaria) o suposto erro perpetrado. Observese, por oportuno, que o contribuinte pede pela realização de perícia para apurar valores eventualmente equivocados. Não fundamenta nem indica peremptoriamente qual foi o alegado erro. Transcrevo a parte pertinente da impugnação do contribuinte (fls. 113114): III A diligência e perícia Nos termos do artigo 16, inciso IV do Decreto n° 70.235/72, a Impugnante requer a realização de perícia caso não seja decretado o cancelamento do Auto de Infração pelas razões acima expostas. Essa perícia se justifica para que seja apurada a eventual diferença de valores das 2 (duas) contribuições existente em razão de cálculo que considere as regras da AD n° 17/04 e a IN SRF n° 436/04. Para a perícia a Impugnante nomeia o Sr. Gilson Aparecido Teixeira, brasileiro, casado, contador inscrito no CRC 1 SP n° 146.450/02, com escritório na Av. Brigadeiro Faria Lima n° 2.012 — 5° andar, cj. 53, sala 02, no município de São Paulo, Capital. Demais disso, seguem os quesitos que devem ser respondidos: 1 Qual o valor do PIS/PASEP devida na importação a que se refere a Dl n° 04/06460897, registrada em 05/07/2004, apurado conforme as regras do Ato Declaratório Executivo SRF 17/2004? 2 Qual o valor do PIS/PASEP devida na importação a que se refere as Dl n° 04/06460897, registrada em 05/07/2004, IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 275DF CARF MF Emitido em 14/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA, 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERR A DE CASTRO Processo nº 11128.006407/200624 Acórdão n.º 3102000.770 S3‐C1T2 Fl. 5 5 apurado conforme as regras da Instrução Normativa SRF n° 436/2004? 3 Qual a diferença de valores apurados na forma dos itens 1 e 2? Por isso, entendo que carece de fundamentação o pedido do Contribuinte de realização de perícia, na medida em que ele não indica, especificamente, o ponto de discordância com os cálculos do auto de infração, tampouco afirma que não teriam sido observadas as normas atinentes ao cálculo de diferenças de PIS e COFINS Importação. A meu ver, embora a peça impugnatória tenha sido enfática quanto à necessidade de complementar a instrução do processo, não se logrou êxito em demonstrar a imprescindibilidade da providência, condição expressamente prevista no art. 18 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, que estabelece: “Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine.” Não há que se falar, portanto, em violação aos princípios da ampla defesa e do contraditório antes do momento em que a Lei previu seu exercício. Isto posto, rejeito a preliminar de cerceamento de defesa. Concomitância: impossibilidade de exame nesta sede administrativa No mérito, observo que a exigibilidade de PIS e COFINS Importação nos valores ora lançados já se encontra, incontroversamente, sob a análise do Poder Judiciário, o que impede o seu exame concomitante nesta seara administrativa. Nos termos do Ato Declaratório COSIT nº 3, de 14/02/1996, a propositura de qualquer ação judicial pelo contribuinte, importa em renúncia à instância administrativa. Assim não poderia deixar de ser, porquanto, uma vez transitada em julgado, a decisão judicial deve ser cumprida pela autoridade fiscal, sobrepondose àquilo que será ou que já tenha sido decidido em sede administrativa, por força do art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal (princípio da intangibilidade da coisa julgada). Fl. 276DF CARF MF Emitido em 14/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA, 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERR A DE CASTRO Processo nº 11128.006407/200624 Acórdão n.º 3102000.770 S3‐C1T2 Fl. 6 6 Esclareço que o fato do auto de infração possuir caráter definitivo, em razão da proposição de ação judicial, não prejudica o direito de defesa do Contribuinte. Isso porque, por um lado, ao Contribuinte foi lhe oferecido o direito de socorrerse da defesa administrativa – a opção de ir defenderse logo junto ao Poder Judiciário partiu do próprio Contribuinte. Por outro lado, assegurase ao Contribuinte a ampla defesa e o contraditório no âmbito do Poder Judiciário. Nesse sentido dispõe a Súmula nº 1 deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação de matéria distinta da constante do processo judicial. Pelo exposto, neste ponto, não conheço do recurso voluntário. Conclusão Pelo exporto, não conheço do recurso voluntário. Sala das Sessões, em 30 de setembro de 2010. Relatora Beatriz Veríssimo de Sena Fl. 277DF CARF MF Emitido em 14/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA, 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERR A DE CASTRO
score : 1.0
Numero do processo: 15374.722489/2008-69
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 08 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Aug 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2003,2004
PER/DCOMP. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA.
A partir de 1º de outubro de 2002 para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação a legislação fixou o prazo de cinco anos, contados da data da entrega da declaração, para que os débitos sejam homologados tacitamente, o que privilegia o princípio da segurança jurídica.
Numero da decisão: 1803-001.891
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para reconhecer a prescrição dos débitos remanescentes, nos termos do relatório de voto que integram o presente julgado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Sergio Luiz Bezerra Presta.
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Presidente e Redator para Formalização do Acórdão
Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, que a 3ª Turma Especial da 1ª Seção foi extinta pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015 (que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF), e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF, a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura, para fins de formalização. Da mesma maneira, tendo em vista que, na data da formalização da decisão, o relator VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN não integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Presidente André Mendes de Moura será o responsável pela formalização do voto.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walter Adolfo Maresch (Presidente à Época do Julgamento), Marcos Antonio Pires, Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, Sergio Rodrigues Mendes e Roberto Armond Ferreira da Silva.
Nome do relator: VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN
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HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. A partir de 1º de outubro de 2002 para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação a legislação fixou o prazo de cinco anos, contados da data da entrega da declaração, para que os débitos sejam homologados tacitamente, o que privilegia o princípio da segurança jurídica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para reconhecer a prescrição dos débitos remanescentes, nos termos do relatório de voto que integram o presente julgado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Sergio Luiz Bezerra Presta. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Presidente e Redator para Formalização do Acórdão Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, que a 3ª Turma Especial da 1ª Seção foi extinta pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015 (que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF), e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF, a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura, para fins de formalização. Da mesma maneira, tendo em vista que, na data da formalização da decisão, o relator VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN não integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Presidente André Mendes de Moura será o responsável pela formalização do voto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 72 24 89 /2 00 8- 69 Fl. 137DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 21/08/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 15374.722489/200869 Acórdão n.º 1803001.891 S1TE03 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walter Adolfo Maresch (Presidente à Época do Julgamento), Marcos Antonio Pires, Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, Sergio Rodrigues Mendes e Roberto Armond Ferreira da Silva. Relatório Em 11/08/2003, a Interessada transmitiu a Declaração de Compensação n° 39901.99923.110803.1.3.041421 (fls. 02/06), na qual é informado: crédito referente a pagamento indevido, em 29/11/2002 (DARF com período de apuração em 31/10/2002, código de receita 5993, vencimento em 30/11/2002, valor do principal R$ 4.601,18 e de zero o valor da multa e dos juros, sendo que a data de arrecadação se deu em 29/11/2002), de Estimativa mensal de IRPJ (código 59931), no valor de R$ 4.601,18 em 31/10/2002, tendo sido utilizado nesta DCOMP parte do crédito, no valor de R$ 3.240,03, para compensar débito informado de Estimativa mensal de IRPJ (código 59931), período de apuração de maio de 2003, vencimento em 30/06/2003, no valor de R$ 5.163,72. Em 25/08/2008 (fls. 07/08 e 10), a Interessada foi cientificada do Despacho Decisório de n° de rastreamento 781153224 (fl. 09), emitido em 12/08/2008, no qual a DERAT RJO, com fulcro no que dispõem os arts. 165 e 170, da Lei n° 5.172/1966 (CTN) e o art. 74 da Lei n° 9.430/1996, não homologou a referida compensação declarada diante da inexistência do crédito, uma vez que, a partir das características do DARF discriminado na Declaração de Compensação, foi localizado o pagamento n° 0600281229, arrecadado em 29/11/2002, no valor.de R$ 4.601,18, integralmente utilizado para pagamento da Estimativa mensal de IRPJ apurada em setembro de 2002, com vencimento em 31/10/2002, tendo sido, portanto, indevidamente compensado o débito de Estimativa mensal de IRPJ de maio de 2003, com vencimento em 30/06/2003, no valor de R$ 5.163,72, o qual deverá ser pago até 29/08/2008, acrescido da multa de mora de R$ 1.032,73 e dos juros de mora de R$ 3.890,33 (calculado até 29/08/2008). Inconformada, a Interessada apresentou Manifestação de Inconformidade na qual insiste ter o crédito a compensar. Em sede de cognição ampla a DRJ manteve o despacho impugnado, resultando na interposição de Recurso Voluntário interposto pela empresa contribuinte, oportunidade em que reitera os argumentos quanto a insistência do crédito apontado. Cabe formalizar a presente decisão conforme apresentada em plenário, dado que o relator original não mais compõe o colegiado, nos termos do art. 17 e do art. 18 ambos do Anexo II do Regimento Interno aprovado pela Portaria MF nº 343, 09 de junho de 2015, que em seu art. 6º extinguiu as turmas especiais. Está registrada na Ata da Reunião de Julgamento formalizada no processo nº 15169.000109/201162: Fl. 138DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 21/08/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 15374.722489/200869 Acórdão n.º 1803001.891 S1TE03 Fl. 4 3 Aos oito dias do mês de outubro do ano de dois mil e treze, às quatorze horas , reuniramse os membros da 3ªTE/4ªCÂMARA/1ªSEJUL/CARF/MF/DF, estando presentes WALTER ADOLFO MARESCH (Presidente), MARCOS ANTONIO PIRES, MEIGAN SACK RODRIGUES, SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN, SERGIO RODRIGUES MENDES, ROBERTO ARMOND FERREIRA DA SILVA e eu, MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES, Chefe da Secretaria, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. [...] Relator(a): VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN Processo: 15374.722489/200869 Recorrente: O BICHO COMEU BIJOUTERIAS LTDA EPP e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Acórdão 1803001.891 Decisão: Por unanimidade de votos deram provimento ao recurso para reconhecer a prescrição dos débitos remanescentes. Ausência momentânea: SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Votação: Por Unanimidade Questionamento: RECURSO VOLUNTARIO Resultado: Recurso Voluntário Provido Outros Valores Controlados É o Relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Redator para Formalização do Voto. Em face da necessidade de formalização da decisão proferida nos presentes autos, e tendo em vista que o relator originário do processo não mais integra o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, encontrome na posição de Redator, nos termos dos arts. 17 e 18, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015 (RICARF). Informo que, na condição de Redator, transcrevo literalmente a minuta que foi apresentada pelo Conselheiro durante a sessão de julgamento. Portanto, a análise do caso concreto reflete a convicção do relator do voto na valoração dos fatos. Ou seja, não me encontro vinculado: (1) ao relato dos fatos apresentado; (2) a nenhum dos fundamentos adotados para a apreciação das matérias em discussão; e (3) a nenhuma das conclusões da decisão incluindose a parte dispositiva e a ementa. Fl. 139DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 21/08/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 15374.722489/200869 Acórdão n.º 1803001.891 S1TE03 Fl. 5 4 A seguir, a transcrição do voto. O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. Comungo com os fundamentos da r. decisão no sentido de que a Recorrente utilizou o crédito informado no valor de R$ 3.240,03, para compensar débito informado de Estimativa mensal de IRPJ (código 59931), período de apuração de maio de 2003, vencimento em 30/06/2003, no valor de R$ 5.163,72. Destarte, a partir das características do DARF discriminado na Declaração de Compensação, foi localizado o pagamento n° 0600281229, arrecadado em 29/11/2002, no valor.de R$ 4.601,18, integralmente utilizado para pagamento da Estimativa mensal de IRPJ apurada em setembro de 2002, com vencimento em 31/10/2002, tendo sido, portanto, indevidamente compensado o débito de Estimativa mensal de IRPJ de maio de 2003, com vencimento em 30/06/2003, no valor de R$ 5.163,72, o qual deverá ser pago até 29/08/2008, acrescido da multa de mora de R$ 1.032,73 e dos juros de mora de R$ 3.890,33 (calculado até 29/08/2008). Entrementes, a Recorrente se insurge apontando que há débito ainda a ser compensado. Pois bem, no momento do pedido de compensação houve a inequívoca confissão do débito, iniciandose assim, o prazo prescricional. Desse modo, considerando que decorreu o prazo legal para a exigência do crédito tributário (débito) é de ser reconhecido de ofício a prescrição. A pessoa jurídica que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 1º de outubro de 2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30 de dezembro de 2003, ficou estabelecido que a PERDCOMP constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação também fixou o prazo de cinco anos, contados da data da entrega da declaração, para que os débitos sejam homologados tacitamente, o que privilegia o princípio da segurança jurídica, embora não se possa inferir que este instituto tenha o efeito de fazer nascer qualquer direito creditório1. No presente caso verificase que o pedido formalizado pendente de apreciação se converteu em declaração de sorte que foi abrangido pelo efeito temporal da homologação tácita. A pretensão da defendente, por esta razão, tem cabimento. 1 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A Constituição Federal, art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 21/08/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 15374.722489/200869 Acórdão n.º 1803001.891 S1TE03 Fl. 6 5 Em assim sucedendo voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Redator para Formalização do Voto Fl. 141DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 21/08/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA
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Numero do processo: 10925.721821/2013-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Jun 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 15/04/2010
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. ART. 33 DA LEI Nº 11.488/2007.
A multa de 10% prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007 é aplicável a quem cedeu o nome na interposição fraudulenta, em operações de comércio exterior. Ela é cabível tanto na interposição fraudulenta presumida ou comprovada. Este dispositivo legal não alterou a aplicação da responsabilidade solidária aos que de qualquer forma se beneficiou da prática da infração de dano ao erário.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-002.640
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Sidney Eduardo Stahl, Mônica Elisa de Lima e Fábia Regina Freitas. Designado o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal para redigir o voto vencedor.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
Andrada Márcio Canuto Natal - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Sidney Eduardo Stahl, Luiz Augusto do Couto Chagas, Mônica Elisa de Lima, Fábia Regina Freitas e Andrada Márcio Canuto Natal.
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 15/04/2010 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. ART. 33 DA LEI Nº 11.488/2007. A multa de 10% prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007 é aplicável a quem cedeu o nome na interposição fraudulenta, em operações de comércio exterior. Ela é cabível tanto na interposição fraudulenta presumida ou comprovada. Este dispositivo legal não alterou a aplicação da responsabilidade solidária aos que de qualquer forma se beneficiou da prática da infração de dano ao erário. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Sidney Eduardo Stahl, Mônica Elisa de Lima e Fábia Regina Freitas. Designado o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal para redigir o voto vencedor. Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. Sidney Eduardo Stahl - Relator. Andrada Márcio Canuto Natal - Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Sidney Eduardo Stahl, Luiz Augusto do Couto Chagas, Mônica Elisa de Lima, Fábia Regina Freitas e Andrada Márcio Canuto Natal.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 26; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2089; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 1.269 1 1.268 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10925.721821/201338 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301002.640 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de março de 2015 Matéria Cessão de Nome Recorrente J. MACIEL E CIA LTDA. EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 15/04/2010 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. ART. 33 DA LEI Nº 11.488/2007. A multa de 10% prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007 é aplicável a quem cedeu o nome na interposição fraudulenta, em operações de comércio exterior. Ela é cabível tanto na interposição fraudulenta presumida ou comprovada. Este dispositivo legal não alterou a aplicação da responsabilidade solidária aos que de qualquer forma se beneficiou da prática da infração de dano ao erário. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Sidney Eduardo Stahl, Mônica Elisa de Lima e Fábia Regina Freitas. Designado o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal para redigir o voto vencedor. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. Sidney Eduardo Stahl Relator. Andrada Márcio Canuto Natal Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Sidney Eduardo Stahl, Luiz Augusto do Couto Chagas, Mônica Elisa de Lima, Fábia Regina Freitas e Andrada Márcio Canuto Natal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 72 18 21 /2 01 3- 38 Fl. 1269DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.270 2 Relatório Tratase de Auto de Infração, lavrado em face de J MACIEL E CIA LTDA EPP, exigindolhes a multa de 10% do valor da operação ocultada, prevista no artigo 33 da Lei n.º 11.488/2007 por ter, no entendimento da fiscalização ter cedido o nome para as importações da empresa ULIHORT HORTIGRANJEIROS LTDA. Para fundamentar o auto a fiscalização apresentou as seguintes alegações: O Procedimento Fiscalizatório foi instaurado, pois a Inspetoria da Receita Federal do Brasil em FlorianópolisSC, conforme apontou, detectou indícios de que tanto a fiscalizada quanto os seus sócios não teriam patrimônio e nem rendimentos próprios em montantes compatíveis com os volumes transacionados no comércio exterior, refletindo a possibilidade de ocorrência de interposição fraudulenta de terceiros em operações de importação. Verificouse também que a J.MACIEL vinha repetidamente realizando importações em montantes superiores aos quais estava previamente habilitada. Consta na descrição dos fatos do Auto de Infração que a Autuada cedeu seu nome para a realização de operação de comércio exterior de terceiros com vistas a acobertar operações de importações do beneficiário ULIHORT HORTIGRANJEIROS LTDA., conforme apurado no Auto de Infração PAF n.º 10925.721.820/201393. O objeto da fiscalização foram as Declarações de Importação n.º 10/06170040, de 15/4/2010, n.º 10/06169964 15/04/2010, DI n.º 10/07947758 de 15/05/2010 e DI n.º 10/09903618 de 14/06/2010. No Relatório de Ação Fiscal, restou caracterizado que J MACIEL E CIA LTDA EPP cedeu seu nome e documentos figurando como importador ostensivo das mercadorias objeto das DI’s destacadas no Relatório, importou por “conta” (recursos, inclusive adiantamentos) e “ordem” (pedidos) de terceiros, com o intuito de manter os reais adquirentes ocultos das relações obrigacionais tributárias formadas em sede de despacho aduaneiro de importação e nas demais etapas subseqüentes de comercialização no mercado interno. Adicionalmente, a empresa J.MACIEL E CIA LTDA EPP não cumpriu nenhum dos requisitos legais para realizar importações por conta e ordem de terceiros. Desse modo, na medida em que constou no SISCOMEX e em toda documentação analisada como se tivesse realizado importações por conta própria, ocultou, fraudulentamente, mediante a cessão de seu nome e de seus documentos, os reais adquirentes nas importações referentes às DI’s objeto da autuação. Importante notar que há, conforme aponta a fiscalização, um Contrato de Compra e Venda Mercantil entre J.MACIEL e ULIHORT. Isso, na descrição do auto, por si só, já caracterizaria a existência de um terceiro adquirente ou encomendante predeterminado para as mercadorias importadas ao amparo das respectivas DIs. Sendo assim, essas importações deveriam ter sido registradas pela J.MACIEL, tendo como adquirente a ULIHORT, o que não ocorreu. Fl. 1270DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.271 3 A falta de rendimentos e patrimônio compatíveis com os dispêndios realizados com importações de mercadorias é forte indicativo da ocorrência de interposição de pessoas nas operações de comércio exterior, que tem por propósito justamente ocultar o real responsável, detentor da capacidade econômica. Da análise dos documentos fiscais e contábeis (DIPJ e DIRPF) restou caracterizada a falta de capacidade econômica dos sócios e a J. MACIEL. Ao se comparar os rendimentos declarados pelos sócios com o montante despendido pela J.MACIEL com importações de mercadorias, constatouse uma colossal incongruência. os resultados apurados pela pessoa jurídica também destoam da soma gasta com importações. No Procedimento Fiscalizatório, ficou evidente que o estabelecimento matriz em nada se assemelha a um comércio atacadista de alimentos ou de qualquer outro produto descrito no contrato social. Parece, isto sim, com um escritório prestador de serviços. Ora, não há no local qualquer espaço ou arranjo destinado à armazenagem e movimentação de mercadorias. Constatouse também a insuficiência de recursos humanos para lidar com as inúmeras atividades atinentes à importação e à revenda de um volume tão expressivo de mercadorias. Ou seja, verificouse que estrutura operacional da empresa se mostra absolutamente incompatível com as atividades mercantis supostamente desenvolvidas no período fiscalizado. Assim, veio a lume vigoroso indício de que a fiscalizada, de fato, embora tenha assim declarado, não realizou quaisquer dessas importações na modalidade “direta”, ou por ordem e conta próprias, por evidente incapacidade operacional. Com base em notas fiscais e declarações do próprio sócio constatouse que parte das mercadorias importadas sequer transitavam pelas dependências da empresa, sendo prontamente remetidas à ULIHORT HORTIGRANJEIROS LTDA. Ou sejam ocorreram remessas diretas de mercadorias, o que corrobora o feito de que as vendas da J.Maciel eram entabuladas previamente às importações, contrariando, sobremaneira, o conceito de importação “direta” ou por própria conta e ordem. Ou seja, a J.Maciel importava por conta e ordem de terceiros, mantidos ocultos das autoridades alfandegárias em sede de despacho aduaneiro de importação, via interposição fraudulenta. As importações foram financiadas com recursos de terceiros, até então ocultos, e encetadas a pedido dos próprios adquirentes. Restou evidente da análise dos documentos contábeis, comprovantes de depósito, contrato de câmbio, extrato bancário, notas fiscais, que os recursos financeiros para saldar o câmbio provieram justamente da empresa destinatária das mercadorias importadas. Na contabilidade da J.Maciel também foram encontrados os lançamentos referentes à antecipação dos recursos e à liquidação do câmbio. Mais uma prova de que houve a ocultação do real adquirente nas importações acima citadas é o Contrato de Compra e Venda Mercantil celebrado entre J.Maciel e Ulihort. O objeto do contrato é a venda de alho importado da China. Esse contrato foi celebrado em 22 de março de 2010, antes das importações acima citadas. Além disso, a cláusula 4ª condiciona a entrega das mercadorias ao desembaraço aduaneiro. A conduta da J.Maciel é justamente a que o parágrafo 2º, do artigo 23, do Decretolei n.º 1.455/1976 alude como presunção legal de interposição fraudulenta de terceiros, no caso em que o contribuinte deixa de comprovar a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos utilizados em operações de comércio exterior, ficando a fiscalizada, portanto, sujeita à aplicação da penalidade prevista no referido diploma legal. Fl. 1271DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.272 4 Apresentada impugnação, preliminarmente alegou que a empresa cumpriu o Termo de Intimação de junho de 2011 e reintimação em outubro de 2011, atendendoos integralmente que a ausência de resposta por parte do Fisco, após ultrapassado o prazo fixado no art. 9º da IN 228/02 acarreta a extinção do auto de infração, anulandose todos os termos apontados pelo Fisco Federal e que restou completamente extrapolado o prazo assinalado na IN/SRF n.º 228/02, o que torna completamente nulo o procedimento administrativo que culminou na lavratura do Auto de Infração. Ademais, o grande lapso temporal para conclusão do Procedimento Fiscalizatório impediu a aplicação da pena de perdimento e conseqüentemente não poderia ser aplicada a penalidade pecuniária a ela atinente. No mérito, afirma que sempre utilizouse de capital próprio, notadamente que possuía boa importância disponível, conforme se evidencia em sua contabilidade e extratos, que houve evolução patrimonial e financeira da Impugnante, comprovada pela sua escrituração fiscal e contábil, donde concluise que havia disponibilidade econômica/financeira para realização das operações de comércio exterior. Da análise da escrita fiscal verificase que não existe necessidade de a Impugnante utilizarse de capital de terceiros para realização das operações de comércio exterior. Alegam que a empresa não ultrapassou o volume financeiro de operações liberado pelo Fisco Federal. Consta das DI’s em análise um volume de R$ 513.343,49 enquanto a RFB em sua habilitação para comércio exterior deferiu o limite de 4 milhões. Ademais, não teria sequer condições de registrar uma DI caso tivesse ultrapassado o valor limite deferido. Afirmam que a empresa possui matriz e filial. Que na matriz se localiza o escritório administrativo e a filial está estabelecida num galpão com capacidade de armazenamento. O galpão é efetivamente utilizado pela empresa. Apenas 10% das mercadorias são enviadas diretamente a um determinado cliente e o restante é estocado em seu armazém. Ou seja a empresa possui estoque e sua operacionalidade é viável. Não houve, em nenhuma importação realizada, a venda dos produtos antes das importações. o que ocorre é um procedimento regular. A empresa não pode aguardar a mercadoria chegar no Brasil, ser desembaraçada para, somente após, iniciar as negociações de venda no mercado interno. É uma questão de comércio. Os elementos configuradores de uma importação de mercadoria perecível foram realizados de maneira escorreita pela empresa. Cuidase de carga altamente perecível, cuja venda ao mercado interno, após a importação, deve ocorrer no menor tempo possível. Por questões de logística muitas mercadorias não dão entrada, fisicamente, no estabelecimento da empresa Autuada, no entanto, foram normalmente importadas, com recursos próprios e, após, vendidas a seus clientes no mercado interno. Afirma que sua atividade preponderante é o comércio, principalmente de importação e exportação de produtos com o objetivo estritamente empresarial e não a armazenagem e logística, não é prestadora de serviços. Neste contexto, não há qualquer ilegalidade vez que cumpre na totalidade sua atividade fim, terceirizando suas atividades meio (transporte, armazenagem, despacho aduaneiro, etc.) o que é permitido pela legislação e uma opção comercial e de logística. Argumenta que, por completa regularidade financeira, a alegação fiscal de não ter havido importação por conta própria, já que devidamente comprovado no Auto de Infração, pela documentação adunada, que a Empresa possuía numerário suficiente para realização das importações. Não necessitou, portanto, dos valores pagos pela Ulihort Fl. 1272DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.273 5 Hortigranjeiros Ltda., porquanto já possuía valores suficientes para realização das importações por conta própria. A Impugnante efetuou uma análise individualizada de cada DI para comprovar a ausência de prática ilícita ante a comprovação constante dos autos da capacidade financeira própria (recebimento de clientes no valor de R$ 798.852,37) para realização das importações e que não dependeu dos valores pagos pela Ulihort para realizar as importações. Alegam que não há motivo para ocultação do real adquirente, pois a Impugnante importou alho in natura, mercadoria não sujeita a incidência do IPI, logo não há que se falar em quebra da cadeia do IPI, a empresa também não goza de qualquer benefício fiscal, recolheu todos os tributos integralmente, o que afasta o objetivo de fraudar o fisco. Novamente, afirmam que a remessa direta é uma questão meramente comercial e logística. Com base no artigo 33 da Lei 11.488/2007 concluise que há duas penalidades previstas na norma, a pena de perdimento prevista no Decreto 1.455 e a multa de 10% prevista na Lei n.º 11.488/07. Verificase que nos casos de ocultação de terceiros para realização de operações de comércio exterior imperiosa é a aplicação da penalidade prevista no artigo 33 da Lei 11.488/2007, que é multa de 10% sobre o valor da operação e não de perdimento de mercadorias. A aplicação da multa de 100%, portanto, deve ser direcionada, no máximo, à empresa oculta (à real adquirente), sendo que para a empresa interposta somente cabe 10% do valor das transações. A pena de perdimento aplicada aos casos de interposição fraudulenta só exsurge no mundo jurídico quando praticada ao fito de ocultar dinheiro ilícito, fruto de crime antecedente (art. 1º, Lei 9.613/98) o que não ocorreu no presente caso. Sucessivamente, a pena aplicada encontrase eivada de vício insanável, consistente na ilegal indisposição com o preceito legal da impossibilidade de aplicação de pena em duplicidade para a mesma situação jurídica. No PAF 10925.721820/201393 o Fisco Federal aplicou multa de 100% do valor das importações realizadas e, ainda, aplicou a multa de 10% em razão da equivocada leitura do artigo 33 da Lei 11.488/2007. Diante de todo o exposto, requer a improcedência completa da multa aplicada, em razão da não ocultação do real adquirente. Ademais, a multa aplicada não merece prosperar, em virtude da afronta ao princípio do nom bis in idem, reconhecendose a aplicação de 2 multas para uma só situação jurídica. Ao analisar a Impugnação, a 23ª Turma da DRJ/SPI, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação mantendo o crédito tributário. O Acórdão proferido restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 15/04/2010 Fl. 1273DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.274 6 Cessão de nome. Ocultação do verdadeiro interessado nas importações, mediante o uso de interposta pessoa. Caracterizada a prática de qualquer uma das duas modalidades de Importação que não a “direta” sem a adoção dos respectivos procedimentos previstos para a adequada identificação do adquirente resta configurada a infração de cessão de nome. O ato de “ceder o nome” absorve a infração de “prestação de informação inexata”. Afastada a incidência da referida multa. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Diante deste Acórdão foi interposto Recurso Voluntário, reiterando os argumentos apresentados na Impugnação. É o que importa relatar. Fl. 1274DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.275 7 Voto Vencido Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Antes de examinar a autuação em foco aponto o meu entendimento acerca dos requisitos das autuações por interposição fraudulenta e os elementos que entendo necessários para o lançamento e, quando esses estão presentes, quais são os elementos que devem ser contrapostos pelas autuadas para demonstrar a existência ou não de interposição fraudulenta. Como se sabe são três as modalidades de importação: a uma, a importação direta — por conta própria — na qual na qual o importador realiza todos os atos para a celebração da importação; a duas, a importação por conta e ordem de terceiros ou importação por conta e ordem da adquirente na qual o adquirente contrata empresa importadora no Brasil para que essa com sua expertise promova a importação por ordem da compradora, e; a três, importação para revenda a encomendante predeterminado ou simplesmente importação por encomenda aonde o importador efetua a importação com recursos próprios para posterior revenda a encomendante preestabelecido. Assim, na importação por conta própria o importador adquire a mercadoria do exportador por sua conta e risco (com recursos próprios), figurando como o contratante do câmbio e sujeito passivo dos tributos incidentes sobre a importação. Sua atividade importadora tem como objetivo utilizar as mercadorias em seu negócio ou vendêlas no mercado interno. Na chamada “importação por conta e ordem de terceiro”, o importador realiza a operação como prestador de serviço dos trâmites aduaneiros, sendo o destinatário da mercadoria o responsável efetivo pela operação por isso esse — o destinatário — deve estar devidamente identificado. Na importação por encomenda a operação é realizada pela importadora com recursos próprios e em nome próprio, mas diante da demanda de uma empresa – encomendante – predeterminada, sendo o encomendante solidário pelas obrigações tributárias. O que é relevante é que na importação por conta e ordem há uma prestação de serviços, e na importação por encomenda há uma revenda. As demais distinções são todas decorrentes desta. Nos casos de importação por conta e ordem e de importação sob encomenda existe interposição de pessoas entre o adquirente e o governo na cadeia de importação. Interposição nada mais é que interferência de um terceiro que se coloca no meio da operação. Fl. 1275DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.276 8 Não há, por óbvio, cumpridos os requisitos dispostos na legislação, qualquer ilegalidade pelo fato de existir interposição de terceiros no processo de importação porque nesses casos estamos diante de operações legais. Entretanto, se o verdadeiro importador ou encomendante permanecer intencionalmente oculto, lançando mão de fraude ou simulação, a interposição será irregular (fato típico, antijurídico e punível) e os envolvidos estarão sujeitos às penalidades legais cabíveis. Assim, dáse Interposição Fraudulenta quando se faz uso de interposta pessoa como meio para ocultar os reais responsáveis pela operação de comércio exterior e dificultar a identificação de agentes. A expressão interposição fraudulenta foi positivada no nosso ordenamento por meio da Medida Provisória n.º 66, de 29 de agosto de 2002, posteriormente convertida na Lei n.º 10.637, de 27 de dezembro de 2002. A referida norma deu nova redação ao artigo 23 do DecretoLei n.º 1.455, de 07 de abril de 1976, estabelecendo no seu inciso “v” o seguinte (os destaques são nossos): Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1º. O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2º. Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3º. As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) § 4º. O disposto no § 3º não impede a apreensão da mercadoria nos casos previstos no inciso I ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território nacional.(Incluído pela Lei no 10.637, de 30.12.2002) Partindo da construção semântica do artigo 23, V, temse por evidente que o comportamento tido como ilegal é a ocultação que se perfaz por todo e qualquer meio de Fl. 1276DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.277 9 fraude ou simulação, incluindo a interposição fraudulenta. E mais: a ocultação decorrente da interposição fraudulenta se presume nos casos de nãocomprovação da origem, da disponibilidade e da transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior. Em contrapartida, a interposição fraudulenta em que há a comprovação da origem, da disponibilidade e da transferência dos recursos, não se presume, portanto, nesses casos, há que se demonstrar a ocorrência de dolo. Nesse passo é importante apontar que esse Conselheiro não entende necessária a demonstração de qualquer dano ao erário para que se caracterize a infração. Pelo que pode ser entendido pelo disposto no artigo 23 do DecretoLei n.º 1.455/1976 as infrações lá descritas são punidas com a pena de perdimento porque as condutas lá expressas são consideradas pela norma como dano ao erário, ou seja, a norma entende que pelo fato dessas condutas se configurarem dano ao erário é que se aplica a sanção, o dano ao Erário decorre do texto da própria Norma (DecretoLei com força de Lei) sendo nesse sentido uma expressa presunção legal, uma presunção jure et de jure. Como se sabe numa presunção há a correlação entre um fato conhecido para chegar a um fato desconhecido. Becker1 diz que “presunção é o resultado do processo lógico mediante o qual do fato conhecido cuja existência é certa inferese o fato desconhecido cuja existência é provável”. A Lei, portanto, estabelece uma presunção (presunção legal) entre a existência de um fato conhecido e a probabilidade de existência de um fato desconhecido. Tratase de uma correlação lógica entre dois fatos. A presunção operase, desse modo, constatando um fato — fato base — e presumindo outro — fato presumido. No caso da interposição fraudulenta do fato de se ocultar ardilosamente o real importador se presume o dano ao erário. Sendo presunção legal, não cabe ao julgador administrativo qualquer outra opção senão aplicála. A interposição fraudulenta, portanto, pode ser apurada de dois modos distintos. Um, de modo direito, quando o fisco deve provar que houve o processo de ocultação, mediante fraude ou simulação. Outro, indiretamente, quando o Importador não comprovar a origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. Importante assinalar que não existem duas espécies de infrações aduaneiras, mas duas formas de caracterizar a mesma infração aduaneira de ocultação do sujeito passivo da operação de comércio exterior, ou dos reais sujeitos da operação, por melhor dizer. A depender da situação verificada, a fiscalização pode adotar uma ou outra ação (direta ou indireta). O que é evidente, nas palavras de Ângela Sartori e Luiz Roberto Domingo,2 é que no caso de interposição fraudulenta não presumida (direta) “Não haverá infração sem ocultação. E não haverá infração sem prova de fraude ou prova de simulação.”3 1 Teoria Geral do Direito Tributário, 3ª Ed., 1998, Lejus, p. 508. 2 SARTORI, Ângela; DOMINGO, Luiz Roberto. Título: Dano ao Erário pela ocultação mediante fraude – a interposição fraudulenta de terceiros nas operações de comércio exterior. In: Peixoto, M.M; Sartori, A; Domingo, L.R.. Tributação Aduaneira à luz da jurisprudência do CARF. São Paulo: MP Editora, 2013, p. 60.. 3 Por isso os autores segmentam para fins didáticos ilícitos previstos no art. 23, inciso V que geralmente são tratados como “interposição fraudulenta” em duas formas distintas de infração: a ocultação mediante fraude ou simulação e a interposição fraudulenta – propriamente dita, que é a forma presumida em face da não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados, o que a rigor é absolutamente correto. (ibidem, p. 5368) Fl. 1277DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.278 10 Conseqüentemente, pode haver ocultação sem infração. Assim, no caso de comprovação direta da interposição fraudulenta cabe ao fisco provar que houve fraude ou simulação — isto está expresso na Lei quando aponta que se configura a infração “na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros”. Isso é ainda mais evidente por se tratar de tipo penal e nesse sentido é preciso estabelecer um corte que diferencie o tipo penal do tipo tributário. É imperioso lembrar que em ambos, tipo penal ou tipo tributário, temse uma descrição na lei de uma conduta, um comportamento humano qualquer que o legislador entende ser relevante a atribuirlhe uma conseqüência qualquer, a conseqüência penal é a punição, a tributária o nascimento de uma relação obrigacional — pagar tributo. O tipo penal, nesse sentido, é punível. O tributário não o é, inclusive pelo que dispõe o artigo 3º do Código Tributário Nacional que expressa que tributo é aquilo que não constitua sanção de ato ilícito. Sendo tipo penal é preciso não somente reprovar a conduta, mas de comprovar a conduta, ou seja, provar a fraude ou simulação. Apenas para evitar uma longa e desnecessária discussão jurídica acerca dos conceitos de fraude e simulação tenho que a comprovação do uso de qualquer artifício doloso para ocultar o real sujeito da importação, por meio ilícito ou não, implicará responsabilização do autuado e conseqüente necessidade de contraposição da parte. A simulação distinguese da fraude fiscal por um único fator: na fraude a utilização de meios ilícitos é evidente e aparente, na simulação, a ilicitude dos atos é acobertada por uma aparência de licitude que reveste o negócio jurídico. Fraude no sentido da lei é ato que busca ocultar algo para que possa o contribuinte furtarse do cumprimento da obrigação tributária, ou no caso de interposição fraudulenta, ato que busca ocultar o real vendedor, comprador ou de responsável pela operação. Fraude é, portanto, uma conduta ilícita e intencional através do qual o agente, de máfé, afeta a ocorrência do fato imponível através de uma conduta que busca alterar o valor devido, ou simplesmente ocultálo. A simulação compreende a realização de determinado negócio que não representa de fato a verdadeira intenção e objetivos dos agentes. Conforme Alberto Xavier4 “a simulação é um caso de divergência entre a vontade (vontade real) e a declaração (vontade declarada), decorrente de um acordo entre o declarante e o declaratário, com o intuito de enganar terceiros.” A simulação fiscal é aquela que ocorre quando a finalidade consiste em prejudicar o Fisco, enquanto terceiro na operação, porém a simulação penal compreende a premeditação da atitude do agente, especificamente no presente caso, com o objetivo de ocultar o real adquirente. Por isso a prova é de quem acusa, a Fazenda, cabendo a ela a demonstração cabal do fato típico expresso no artigo 23 — fraude ou simulação. 4 XAVIER, Alberto. Tipicidade da tributação, simulação e norma antielisiva. São Paulo: Dialética, 2002, p. 52. Fl. 1278DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.279 11 No caso do Importador não comprovar a origem disponibilidade e transferência dos recursos empregados não existe a necessidade de comprovação de qualquer artifício para a configuração ilícito, mas, por óbvio, o fisco não pode simplesmente imputar à contribuinte a alegação de que não tinha disponibilidade para fazer a importação, nesse caso é necessário que traga indícios relevantes aos quais a contribuinte poderá se contrapor. Assim no caso da falta de demonstração de capacidade econômica ao contribuinte resta contraporse a essa presunção com prova efetiva da capacidade econômica, nada mais, mas, como dissemos, cabe à Fazenda apresentar indícios de falta de capacidade, sem os quais não haverá algo a se contrapor, ou em outras palavras, se a Fazenda simplesmente alegar que a importadora não tinha capacidade econômica para realizar a importação, para se contrapor à alegação a autuada precisaria apenas alegar que possuía capacidade econômica, ou seja, contra mera alegação outra alegação é suficiente para contrapôla porque alegação não produz direito para qualquer uma das partes5. Assim o fisco deve, para caracterizar diretamente a interposição fraudulenta de terceiros, demonstrar que houve efetiva ocultação e deve provar que houve fraude ou simulação, ou seja, é imperioso encontrarse evidenciado nos autos o intuito de fraude. Nesse caso, devese ter como princípio o brocado de direito que prevê que “fraude não de presume, se prova”. Ou seja, há que se ter provas sobre o evidente intuito de fraude praticado pela autuada. Não é razoável se querer, simplesmente, presumir a ocorrência de fraude. A Lei é expressa quando se refere que a ocultação deve ocorrer mediante fraude ou simulação. A fraude ou a simulação devem ser traduzidas por provas materiais, salvo a presunção do § 2º do artigo 23 em análise de que a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados implica interposição fraudulenta e a presunção, essa parcial, expressa no artigo 27 da Lei n.º 10.637/2002 que expressa que “a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste” de modo que provada a utilização de recursos de terceiro a operação já se presume por conta e ordem, sendo, entretanto, possível ao contribuinte fazer a contraprova, por trataremse de presunções relativas, juris tantum. Ou seja, em ambos casos o fisco deve trazer indícios sólidos de que os recursos empregados foram de terceiros (Lei 10.637/2002, art. 27) ou que o importador não tinha capacidade financeira para fazer a importação (DecretoLei 1.455/1976, art. 23, §2º) e o contribuinte pode objetar essa presunção demonstrando que tais indícios não demonstram a realidade. Assim, para “reclassificar” a importação direta em importação por conta e ordem ou em importação por encomenda o Fisco deve demonstrar que toda e qualquer atitude foi premeditada no sentido de ocultar o real adquirente. Atentese que a premeditação é no sentido de ocultar o adquirente não de qualquer outro elemento, quer comercial, quer financeiro, ou seja, premeditar significa planejar antecipadamente a ocultação, não planejar antecipadamente a venda, buscar antecipadamente um comprador ou um mercado. Apesar de entender que os exemplos são em geral inadequados a todos os casos, especialmente por estarmos diante de análises que se suportam em fatos, tenho que mais que detectar o beneficiário final da importação a fiscalização deve provar que o procedimento 5 Allegatio partis non facit jus. Fl. 1279DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.280 12 foi previamente intencionado. Demonstrar que houve efetivo conluio para se ocultar alguém. Também é possível detectar o real beneficiário (ou importador de fato) se for constatado que o importador ostensivo não possui conhecimento acerca da negociação internacional, demonstrando que os contatos foram feitos pelo terceiro (o sujeito oculto), inclusive no que diz respeito a preço, prazo e forma de pagamento, mesmo que o importador tenha utilizado recursos próprios. Enfim, quaisquer que sejam os meios lícitos de prova, desde que não meramente indiciários. Para contrapor essas provas caberá ao importador apresentar provas de que não houve combinação prévia. Quaisquer que sejam os meios deve demonstrar que o negócio estava em suas mãos. Por isso, ao contrário do que tenho examinado em muitos autos de infração a questão temporal é despicienda. Se a venda foi realizada antes ou depois da importação, se o dinheiro foi recebido antes da mercadoria chegar no território nacional ou mesmo se o comprador tivesse manifestado interesse na aquisição da mercadoria ao importador antes mesmo do início do processo de importação isso não implica prova. Quanto a isso cabe repetir um brilhante exemplo do Conselheiro Prof. Dr. Rosaldo Trevisan. Conta a história do consumidor que se dirige a uma dessas grandes magazines que vendem eletrodomésticos e passeando pela loja vê uma série de televisões se interessando por uma específica que é importada da Coreia ou do Japão, uma TV linda, tela plana, 3D, 4K, top de linha e informa ao vendedor que quer adquirila. O vendedor consulta o sistema e descobre que não tem mais nenhuma peça no estoque. Informa ao comprador que não tem a televisão no estoque nesse momento e que somente poderá entregar a televisão em cerca de 45 dias. O comprador aceita aguardar o prazo previsto, faz o pagamento, recebe a nota fiscal e aguarda a entrega do seu novo brinquedinho… O vendedor, por sua vez, liga para a administração da loja que se encarregará de fazer a importação. A pergunta é simples, houve no exemplo citado interposição fraudulenta? Obviamente que não. E não houve porque ausentes os elementos fraude ou simulação. O elemento temporal, mesmo com interesse e pagamento antecipado não influi na importação. Então, qual é o característico essencial do processo que implica fraude ou simulação a evidenciar a interposição fraudulenta? Na opinião desse Conselheiro o que deve ser demonstrado para que se tenha evidenciada a fraude ou a simulação (ou ainda a correição do procedimento, na contraposição) é a assunção do risco empresarial por terceiros e não pelo importador ou beneficiário ostensivo6 no caso de ocultação do real beneficiário. Se o risco for não dos sujeitos ostensivos na operação de comércio exterior, mas de terceiro ou terceiros ocultos, comprovase o dolo. Por isso mesmo que a Lei dispõe que a falta de comprovação da origem, da disponibilidade e da transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior é presumidamente interposição fraudulenta, porque nesse caso, não havendo aporte ou disponibilidade de recursos não há risco. 6 Isso com base no entendimento que apresentarei a seguir com relação à penalidade expressa pelo artigo 33 da Lei n.º 11.488/2007. Fl. 1280DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.281 13 Esse é o característico essencial da prova de fraude ou simulação que deve ser feita, que o risco não é do importador e que há um participe oculto que assumiu premeditadamente o risco da operação de comércio exterior e intencionou manterse escondido. Por isso devemos tomar o cuidado de examinar o animus da operação, quer dizer, a vontade real dos agentes. Vale, inclusive, apresentar um novo exemplo. Digamos que um importador conhecendo vários fabricantes no exterior faça a venda de televisões importadas para diversas magazines, ou melhor, antes mesmo de contatar os fornecedores no exterior faça a venda antecipada de diversas televisões e modelos para várias lojas ou apenas uma, isso não importa, recebendo, inclusive, parte do preço pela venda das mesmas (sinal ou arras) e após ter vendido — sem direito a arrependimento, por se tratar de arras confirmatórias7 — contate os fornecedores e efetivamente proceda a compra das mesmas e a importação. Apesar da aparência de importação sob encomenda (ou por conta e ordem em decorrência do artigo 27 da Lei n.º 10.637/2002) a operação não se configura como tal. A importação não é o objeto da referida venda realizada pela importadora. A magazine ou as magazines compraram o produto oferecido pela vendedora, não encomendaram a importação. A essência dessa diferença, além do fato de que a importação não é objeto do contrato no qual se opera a venda, é o risco do importador. É ele que responde pelas intempéries do negócio de modo que, por ex., se o preço da aquisição do produto do fornecedor no exterior, ou o frete, etc., tiver majorado antes da entrega às lojas e implicar na diminuição no lucro do importador, ou mesmo um prejuízo, é o próprio importador que suportará esse prejuízo, chegando ao limite de ter que devolver a arras em dobro8, no mais, as magazines não intencionaram dolosamente se ocultar porque para elas não tem importância a origem do produto adquirido, mas a aquisição em si – o animus não foi doloso, não havendo que se falar em interposição fraudulenta. Por último é de se lembrar que aquele que ceder o seu nome para a ocultação do real adquirente9 tem penalidade específica prevista na Lei n.º 11.488/2007. Confesso que preliminarmente a leitura do referido artigo deixoume confuso quanto à sua aplicação ao importador, participe da operação, mesmo que seja a única pessoa jurídica a ceder seu nome para acobertar os reais intervenientes ou beneficiários da importação. Vejamos que a lei expressa que se aplica à pessoa que contribuir para a realização de operações de comércio exterior de terceiros, isso aparentemente excluiria o importador ostensivo porque esse é parte efetiva da operação de comércio exterior do mesmo modo que o é o real beneficiário. Assim dispõe o artigo: 7 Artigos 417 e seguintes do Código Cívil Brasileiro. 8 Súmula 412/STF. 9 Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Fl. 1281DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.282 14 Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Claro que a penalidade do artigo 33 se aplica ao (i) intermediário (que se apresenta) e está acobertando o real beneficiário (que se oculta) quando a importação se dá por conta e ordem ou por encomenda com aparência de legalidade (simulação)10, ou seja, aquele intermediário que se passa pelo “encomendante” ou como “destinatário” e ao (ii) importador que ceder o nome para acobertar terceiro beneficiário devidamente reconhecido — veja que a Lei fala “em acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários”. Acobertar “reais” intervenientes corresponde a saber quem esses são. O parágrafo único estabelece que nesses casos, quando há mera cessão do nome para ocultar os reais intervenientes, somente se aplica a multa e não se aplica a pena de inaptidão do CNPJ, apontando expressamente que não se aplica o disposto no art. 81 da Lei n.º 9.430/1996 (os destaques são nossos): Art. 81. Poderá ser declarada inapta, nos termos e condições definidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, a inscrição no CNPJ da pessoa jurídica que, estando obrigada, deixar de apresentar declarações e demonstrativos em 2 (dois) exercícios consecutivos.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 1º. Será também declarada inapta a inscrição da pessoa jurídica que não comprove a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2º. Para fins do disposto no § 1º, a comprovação da origem de recursos provenientes do exterior darseá mediante, cumulativamente:(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) I prova do regular fechamento da operação de câmbio, inclusive com a identificação da instituição financeira no exterior encarregada da remessa dos recursos para o País;(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) II identificação do remetente dos recursos, assim entendido como a pessoa física ou jurídica titular dos recursos remetidos.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) 10 Conforme Heleno Taveira Torres (Direito tributário e direito privado: autonomia privada simulação elusão tributária. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 3089) — Todo negócio simulado é, na sua estrutura, um negócio perfeito. Fl. 1282DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.283 15 § 3º. No caso de o remetente referido no inciso II do § 2º ser pessoa jurídica deverão ser também identificados os integrantes de seus quadros societário e gerencial.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 4º. O disposto nos §§ 2º e 3º aplicase, também, na hipótese de que trata o § 2º do art. 23 do DecretoLei nº 1.455, de 7 de abril de 1976.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5º. Poderá também ser declarada inapta a inscrição no CNPJ da pessoa jurídica que não for localizada no endereço informado ao CNPJ, nos termos e condições definidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Isso implica mais um elemento: a penalidade em exame (do art. 33) só se aplica no caso do importador ter comprovada capacidade econômica, ou seja, como o § 1º do artigo 81 supra citado não se aplica no caso da cominação da multa de 10% do artigo 33 e esse parágrafo aponta que será declarada inapta a inscrição da pessoa jurídica que não comprove a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior, por contrassenso, no caso de ser comprovada a capacidade econômica do importador ou interveniente que ceder o seu nome, a penalidade a ser aplicada é a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada. Não se aplica, portanto, a multa do artigo 33 da Lei n.º 11.488/2007 nos casos da interposição presumida constante do § 2º do artigo 23 do DecretoLei n.º 1.455/1976 à qual continuase aplicando a inaptidão da inscrição no CNPJ. Entretanto, considerando que a redação do dispositivo não é clara no sentido de estabelecer se à essa penalidade se cumula para o importador a solidariedade da penalidade do artigo 23 do DecretoLei n.º 1.455/1976, fui buscar no processo legislativo a motivação da introdução do artigo 33 à redação da Medida Provisória n.º 351/2007, que foi convertida na Lei n.º 11.488/2007 para ver se essa multa era substitutiva às demais penalidades decorrente da ocultação dos reais beneficiários, ou não. Compulsando o Projeto de Lei de Conversão n.º 13/2007 a única referencia que se faz acerca da motivação do artigo 33 é assim expressa11 (os destaques são nossos): Já no art. 35, juntamente com a modificação da redação do art. 81 da Lei nº 9.430, de 1996, contida no art. 15 do PLV, sugerimos a adequação dos critérios legais para se declarar a inaptidão de inscrição das pessoas jurídicas e da multa aplicável no caso de cessão de nome da empresa para realização de operações de comércio exterior de terceiros. Nesse sentido, fica claro que o que foi almejado pelo legislador foi adequar a multa para o importador ostensivo ou “laranja” quando o autuado ceder o nome a alguém identificado nos autos (real interveniente ou beneficiário), quer dizer, a norma veio fazer duas adequações: a uma, a adequação dos critérios legais para se declarar a inaptidão do CNPJ; e, a duas, a adequação da multa aplicável no caso de cessão de nome da empresa para realização de operações de comércio exterior de terceiros. 11http://www.camara.gov.br/internet/sitaqweb/TextoHTML.asp?etapa=3&nuSessao=084.1.53.O&nuQuarto=55&nuOrador=2 &nuInsercao=0&dtHorarioQuarto=10:48&sgFaseSessao=OD%20%20%20%20%20%20%20%20&Data=25/04/2007&txApeli do=ODAIR%20CUNHA&txEtapa=Com%20reda%C3%A7%C3%A3o%20final Fl. 1283DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.284 16 Essa foi a vontade expressa na exposição de motivos da norma e nesse mote tenho que tanto o interprete quanto o executor da norma devem aplicála de maneira a garantir que se perfaça objetivo intentado pelo Legislador, inclusive por conta dos objetivos institucionais desse Conselho, expresso no artigo 1º do seu regimento interno que determina que o Conselheiro é participe do processo de aplicação da legislação, a saber (o destaque é nosso): Art. 1° O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão colegiado, paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, tem por finalidade julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre a aplicação da legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O papel do CARF é interpretar. Dizer o sentido, respeitando, obviamente, a intenção de quem a fez porque quando o legislador escolhe um fato do mundo real e o torna positivado no texto legal espera desse texto um certo efeito, se o intérprete dar a essa norma efeito distinto do almejado pelo legislador estará alterando o objetivo para o qual a norma foi criada e na prática estará criando norma nova, distinta da produzida pelo legislador e promulgada pelo Presidente da República, algo que é defeso aos julgadores ou aos aplicadores do direito. Para que a norma seja aplicada corretamente o exegeta deve respeitar a intenção de quem o fez sob pena de alterar o seu sentido. Exemplifico: se alguém quisesse fazer um bolo esse alguém iria respeitar a receita do bolo. Pegaria todos os ingredientes e colocaria numa batedeira: ovos, leite, farinha, fermento, essência de baunilha ou chocolate, etc., formando assim a massa para fazer bolo. Isso é a massa do bolo, não o bolo em si, massa para bolo não é um bolo. Se a massa fosse levada ao forno poderia se transformar em bolo, mas poderia queimar, assim não teríamos bolo ainda, mas uma coisa qualquer queimada. Mas todo processo poderia ter sido concluído com sucesso e teríamos um bolo pronto para ser comido, ou seja, todo o processo de preparar o bolo foi cumprido, todas as etapas da receita foram seguidas e o bolo está pronto para ser usado. A mesma coisa acontece com as normas legais. Elas são a “receita do bolo”, os ingredientes para chegar ao “bolo” que é o resultado que o Legislador pretende alcançar. Se a receita não for seguida adequadamente o resultado pode ser qualquer outro que não o produto almejado. Evidentemente esse entendimento se presta a assegurar ao contribuinte o mínimo de segurança na sua relação com o Estado. É a própria concreção do Princípio da Segurança Jurídica. A segurança jurídica é entendida como sendo um conceito ou um princípio jurídico que se ramifica em duas partes, uma de natureza objetiva e outra de natureza subjetiva. A primeira, de natureza objetiva, é aquela que envolve a questão dos limites à retroatividade dos atos do Estado até mesmo quando estes se qualifiquem como atos legislativos. Diz respeito, portanto, à proteção ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada expressa no art. 5°, inciso XXXVI. Fl. 1284DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.285 17 A outra, de natureza subjetiva, concerne à proteção à confiança das pessoas no pertinente aos atos, procedimentos e condutas do Estado, nos mais diferentes aspectos de sua atuação. O princípio da proteção da confiança, conforme aprendi, direcionase para o futuro (previsibilidade, imutabilidade das situações etc.). Relacionase com o ambiente de direito seguro. Por isso, tenho que o contribuinte precisa saber antecipadamente o que dele se deseja. O princípio da proteção da confiança não se destina a impedir o exercício de qualquer função, mas serve para substanciar outros dois princípios, o da segurança jurídica e o da publicidade, por isso a intenção do legislador deve ser tomada como substrato para a interpretação e aplicação da norma. Portanto, voltandose à intenção do legislador, apontou ele que o que pretendeu com a introdução do artigo 33 da Lei n.º 11.488/2007 juntamente com a modificação da redação do art. 81 da Lei nº 9.430, foi a adequação dos critérios legais para se declarar a inaptidão de inscrição das pessoas jurídicas e da multa aplicável no caso de cessão de nome da empresa para realização de operações de comércio exterior de terceiros Assim, a primeira adequação foi de impedir a inaptidão do CNPJ quando for identificado o real beneficiário e demonstrada a capacidade econômica do importador. A segunda adequação foi a de trazer uma nexo ao sistema, ou seja, dar coesão ao perdimento da mercadoria ou com relação à multa substitutiva em caso de não localização da mesma. Isso porque a pena de perdimento em última instância se presta a punir o real beneficiário da mercadoria, ou seja, o “dono” da mercadoria, e portanto, sendo o real beneficiário a perder a mercadoria a multa substitutiva não poderia ser aplicada a ninguém mais que o “dono” da mercadoria, o real beneficiário. Sendo punido o “dono” da mercadoria, com o perdimento, o partícipe que cedesse o nome ficaria sem punição pecuniária, o que se pretendeu foi punir o colaborador com uma multa de 10% por ser partícipe do esquema de fraude. E nem se diga que a multa do artigo 23 do DecretoLei n.º 1.455/1976 não tem relação com a do artigo 33 da Lei 11.488, em exame, porque a multa do artigo 33 somente será aplicável, conforme visto, se for demonstrada a ocorrência de ocultação do real adquirente, que é o que consta do inciso V do artigo 23: “ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação”, salvo alguma digressão incompreensível para esse conselheiro e se for comprovada a capacidade financeira do importador. Em resumo: o importador que ocultar terceiros deverá sofrer a multa de 10% (dez por cento) das operações acobertadas, caso seja identificado o real beneficiário e se comprovar a origem, a transferência e a disponibilidade dos recursos empregados nessas operações, entretanto, se não comprovar terá o seu CNPJ declarado inapto. Isso quer dizer que se souber quem é o real adquirente, ao importador e ao intermediário se aplica a multa por cessão de nome, como modo de punilos por ter colaborado com a fraude, se não se souber quem é o real adquirente ao importador se aplica a penalidade do artigo 23 do DecretoLei n.º 1.455/1976, ou seja, perdimento ou a sua conversão em pecúnia. Fl. 1285DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.286 18 Inclusive, uma análise deve ser acrescida ao ponto em exame, o perdimento de bens está previsto no art. 5º, XLV12 da Constituição Federal e nele é expresso que a sua finalidade é reparatória. Isso significa que um dos característicos da pena de perdimento é a sua natureza de restituição e não simples retribuição, ou seja, o objetivo é restituir ao Estado o que dele foi subtraído – nem mais nem menos – não de obrigar ao pagamento de montante que se seja desvinculado do valor do dano. Assim, conforme dizer constitucional, o ilícito e a reação do Estado devem ter uma relação de identidade, quer dizer, a pena deve ser igual ou menor que o ilícito por expressa disposição constitucional, por isso a pena de quem ceder o nome não pode, nem que se entenda que as penalidades são decorrentes atos distintos – uma pela cessão de nome e outra solidariamente como partícipe da a interposição fraudulenta – .ser, na sua totalidade, maior que 100% sobre o valor da operação, ou seja, a penalidade pela participação de quem ceder o seu nome para ocultar o sujeito passivo, o real vendedor, comprador ou de responsável pela operação de comércio exterior por expressa disposição constitucional não pode ser maior que o valor total envolvido na operação. Por outro lado, é preciso interpretar corretamente a condição de coautor da infração conforme expressa o artigo 95, I, do DecretoLei n.º 37/1966 para fins de entender se há ou não cumulação de penalidades, aponta o artigo: Art.95. Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; O que o artigo diz é que os participes respondem pela infração conjunta ou isoladamente, não que respondem pela penalidade solidariamente, quer dizer, a lei pode atribuir a cada participe, que respondem pela infração, penalidades distintas. A infração é a mesma, ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação e os participes contribuem para a consecução da infração de modo distinto, o ‘real beneficiário’ por conta do dano ao erário do artigo 23 do DecretoLei 1.455/1976 e o ‘cessionário do nome’ em função do uso abusivo da personalidade jurídica expresso no artigo 33 da Lei 11.488/2007. A infração é a mesma, mas a penalidade é distinta. Por isso a motivação do artigo 33, acima apontada, se refere a adequação da multa em caso de cessão do nome. O que fez a norma foi adequar a pena àquele que ceder o nome a 10% do valor da operação trazendo um pouco de lógica ao sistema, afinal seria bastante ilógico (e inconstitucional) punirse o beneficiário em 100% do valor da operação e o mero “laranja” com 110%. Assim, em caso de interposição fraudulenta o beneficiário, quando identificado, responde pela pena de perdimento ou multa de 100% do valor da operação e quem intervir cedendo o nome por multa de 10% sobre a mesma base de cálculo. 12 XLV nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; Fl. 1286DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.287 19 Essa dualidade fica ainda mais clara se analisarmos o artigo 100 do Decreto Lei n.º 37/1966, cuja relação com esse posicionamento prescinde de maiores explicações: Art.100 Se do processo se apurar responsabilidade de duas ou mais pessoas, será imposta a cada uma delas a pena relativa à infração que houver cometido. No mais, ante o princípio da especialidade, que ordena a prevalência da norma especial sobre a geral, a aplicação da pena por cessão de nome deve ser direcionada ao colaboradores ostensivos. Isso já decidiu a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara dessa 3ª Seção de Julgamento do CARF no acórdão referente ao processo n.º 10314.724447/201230 cuja ementa, naquilo que aqui interessa, tem o seguinte teor: (...) IMPORTAÇÃO INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA MULTA APLICÁVEL AO IMPORTADOR OSTENSIVO CESSÃO DE NOME PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE DA SANÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. Com o advento da multa de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07, em face do princípio da especialidade da sanção, não mais se justifica a aplicação ao importador ostensivo da multa de 100% prevista no art. 23, inc. V do Decretolei nº 1455/76, sob pena de ilegal bis in idem. Posto isso, passo a examinar com essas premissas os elementos do presente processo. Examinando o auto e a defesa em comento inicialmente afasto as preliminares argüidas pela Recorrente. Apesar de entender as razões do reclamo da Recorrente quanto ao excesso de prazo em que ficou submetida à Fiscalização, o que contrariaria o preceito da Instrução Normativa n.º 228/2002, lembro que a Jurisprudência Administrativa já assentou que “o prazo de noventa dias previsto na IN SRF 228, de 2002, diz respeito apenas ao procedimento especial nela detalhado, com restrições impostas para o despacho aduaneiro, para o desembaraço aduaneiro bem como para a entrega de mercadorias importadas nesse interregno, mas ele não tem o condão de modificar o prazo fixado nas normas inerentes ao Mandado de Procedimento Fiscal para os procedimentos ordinários de fiscalização de tributos e contribuições federais” (cf. Acórdão n.° 310100.320 da 1ª TO da 1ª Câm. da 3ª Seção do CARF, Rec. N.º 340.444, Proc. N.º 12466.003686/200604, em sessão de 03/12/09, Rel. Cons. Tarásio Campeio Borges). Ultrapassadas as preliminares expressamente apontadas, tenho que não há como se manter o presente auto. No presente caso temos um auto lançado por conta de “cessão de nome” decorrente da nãocomprovação da origem, da disponibilidade e da transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior constante do § 2º do artigo 23 do DecretoLei n.º 1.455, conforme se depreende do próprio auto de infração (fls. 950 do arquivo digital), assim expresso: Fl. 1287DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.288 20 A conduta da J.Maciel é justamente a que o parágrafo 2º, do artigo 23, do Decretolei nº 1.455/1976 alude como presunção legal de interposição fraudulenta de terceiros, no caso em que o contribuinte deixa de comprovar a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos utilizados em operações de comércio exterior, ficando a fiscalizada, portanto, sujeita à aplicação da penalidade prevista no referido diploma legal. Conforme exposto, nos casos de nãocomprovação da origem, da disponibilidade e da transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior a penalidade a ser imposta, nos termos da Lei, é a inaptidão da inscrição no CNPJ, não a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada. Tenho que por isso a multa não pode ser aplicada. Nesse sentido, voto por julgar procedente o presente Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 1288DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.289 21 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. Em que pese o brilhantismo do voto proferido pelo conselheiro relator, peço vênia para dele discordar em parte de suas conclusões. O relator afirma que para caracterizar a interposição fraudulenta o importante é demonstrar a "assunção do risco empresarial por terceiros e não pelo importador ou beneficiário ostensivo no caso de ocultação do real beneficiário" e que a questão temporal seria despicienda, ou seja, " Se a venda foi realizada antes ou depois da importação, se o dinheiro foi recebido antes da mercadoria chegar no território nacional ou mesmo se o comprador tivesse manifestado interesse na aquisição da mercadoria ao importador antes mesmo do início do processo de importação isso não implica prova". Na verdade, não discordo destas afirmações. Realmente a questão temporal, por si só, não implica prova, mas compõe o conjunto indiciário, no sentido de estabelecer a real vontade dos agentes operadores da importação. Concordo que demonstrado a assunção do risco empresarial, a prova da interposição fraudulenta estará completada, mas para se chegar à demonstração do risco empresarial, necessário iniciar, em muitos casos, da questão temporal. A antecipação da venda ou de pagamentos pode compor o conjunto indiciário para dar mais robustez à prova que se quer chegar, qual seja, quem assumiu o risco empresarial. Após fazer um estudo detalhado do que foi a intenção do legislador ao incluir o art. 33 da Lei nº 11.488/2007, passando inclusive pela exposição de motivos do referido artigo, o relator conclui que a aplicação da multa de 10% pela cessão de nome, afasta do cedente, a responsabilidade solidária da infração decorrente da pena de perdimento, mais especificamente a pena correspondente ao valor da mercadoria. Em que pese a interessante argumentação e convencimento do relator, não consigo chegar à mesma conclusão. Assim dispõe o artigo: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Da simples leitura do dispositivo legal, só consigo concluir que aquele que ceder seu nome para acobertar os reais intervenientes ou beneficiários, estará sujeito à multa de 10% do valor acobertado, não se aplicando neste caso a declaração da inaptidão da pessoa jurídica prevista no art. 81 da Lei nº 9.430/96, in verbis: Art. 81. Poderá ser declarada inapta, nos termos e condições definidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, a inscrição no CNPJ da pessoa jurídica que, estando obrigada, Fl. 1289DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.290 22 deixar de apresentar declarações e demonstrativos em 2 (dois) exercícios consecutivos.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 1º. Será também declarada inapta a inscrição da pessoa jurídica que não comprove a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2º. Para fins do disposto no § 1º, a comprovação da origem de recursos provenientes do exterior darseá mediante, cumulativamente:(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) I prova do regular fechamento da operação de câmbio, inclusive com a identificação da instituição financeira no exterior encarregada da remessa dos recursos para o País;(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) II identificação do remetente dos recursos, assim entendido como a pessoa física ou jurídica titular dos recursos remetidos.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 3º. No caso de o remetente referido no inciso II do § 2º ser pessoa jurídica deverão ser também identificados os integrantes de seus quadros societário e gerencial.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 4º. O disposto nos §§ 2º e 3º aplicase, também, na hipótese de que trata o § 2º do art. 23 do DecretoLei nº 1.455, de 7 de abril de 1976.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5º. Poderá também ser declarada inapta a inscrição no CNPJ da pessoa jurídica que não for localizada no endereço informado ao CNPJ, nos termos e condições definidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) O conselheiro relator assim se expressa a respeito da análise da exposição de motivos do art. 33 da Lei nº 11.488/2007: (...) "Compulsando o Projeto de Lei de Conversão n.º 13/2007 a única referência que se faz acerca da motivação do artigo 33 é assim expressa (os destaques são nossos): Já no art. 35, juntamente com a modificação da redação do art. 81 da Lei nº 9.430, de 1996, contida no art. 15 do PLV, sugerimos a adequação dos critérios legais para se declarar a inaptidão de inscrição das pessoas jurídicas e da multa aplicável no caso de cessão de nome da empresa para realização de operações de comércio exterior de terceiros. Nesse sentido, fica claro que o que foi almejado pelo legislador foi adequar a multa para o importador ostensivo ou “laranja” quando o autuado ceder o nome a alguém identificado nos autos (real interveniente ou beneficiário), quer dizer, a norma veio fazer duas adequações: a uma, a adequação dos critérios legais para se Fl. 1290DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.291 23 declarar a inaptidão do CNPJ; e, a duas, a adequação da multa aplicável no caso de cessão de nome da empresa para realização de operações de comércio exterior de terceiros. Essa foi a vontade expressa na exposição de motivos da norma e nesse mote tenho que tanto o interprete quanto o executor da norma devem aplicála de maneira a garantir que se perfaça objetivo intentado pelo Legislador, inclusive por conta dos objetivos institucionais desse Conselho, expresso no artigo 1º do seu regimento interno que determina que o Conselheiro é participe do processo de aplicação da legislação, a saber (o destaque é nosso):" (...) Em momento algum o texto transcrito da exposição de motivos revela exatamente qual a "adequação dos critérios legais" que se pretende. O próprio texto da lei revela que foi feita uma adequação, qual seja, ao cedente do nome, multa de 10% do valor da operação ocultada, não sendo necessária a declaração de inaptidão da pessoa jurídica. Na minha opinião, a adequação pretendida pelo legislador, naturalmente também de forma não muito clara, mas coerente com nosso sistema jurídico tributário, foi afastar a aplicação da inaptidão do CNPJ para as pessoas jurídicas que cederam o nome em decorrência da interposição fraudulenta presumida. Digo coerente com nosso sistema jurídico tributário, pois não interessa a nenhum ente tributante, por óbvio, que uma pessoa jurídica constituída regularmente com atividade operacional ativa, seja impedida de funcionar com a declaração de inaptidão de seu CNPJ. Notese, que neste caso, ela estará impossibilitada de continuar com suas atividades operacionais, deixando de gerar renda, tributo e emprego. Constatase, antes da vigência deste artigo, que perdia a inscrição no CNPJ a pessoa jurídica que não comprovasse a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos empregados em operações de comércio exterior, que é justamente o caso de interposição fraudulenta presumida. Pois bem, deixar de fazer a comprovação exigida na lei, não é a mesma coisa de falta de capacidade operacional. Somente a título de exemplo, uma determinada empresa pode não conseguir comprovar a origem dos recursos para fazer uma importação de R$ 10.000.000,00, mas pode perfeitamente comprovar uma importação de menor valor. O fato dela ter cedido o nome, não quer dizer necessariamente que ela não possa ser potencialmente produtiva. Neste caso, por óbvio, não interessa ao Estado a sua inatividade compulsória. Claro que a incapacidade operacional ou a inexistência de fato da pessoa jurídica, permanece sujeita à declaração de inaptidão do CNPJ, nos termos do § 5º do art. 81 da Lei nº 9.430/96. Se for constatado a inexistência de fato da pessoa jurídica, não há que se falar na aplicação da multa por cessão de nome. Quem inexiste não pode ceder nada e nem ser responsável solidário de nada. Portanto, neste caso só caberia a declaração da inaptidão do cadastro do CNPJ. Não existe interesse algum na continuidade da existência deste CNPJ. Antes, a quem cedesse o nome, na interposição fraudulenta presumida, cabiam duas consequências jurídicas: responsabilidade tributária solidária em relação à pena alternativa ao perdimento da mercadoria e inaptidão do CNPJ. Após a edição do art. 33 da Lei nº 11.488/2007, permanecem também duas consequências jurídicas: responsabilidade tributária Fl. 1291DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.292 24 solidária em relação à pena alternativa ao perdimento da mercadoria e multa de 10% incidente sobre o valor da operação ocultada. Até porquê, este dispositivo legal em nada tratou da questão da responsabilidade solidária. No meu entender, o mesmo raciocínio vale para a interposição fraudulenta comprovada, a qual antes, não havia necessariamente a declaração de inaptidão do CNPJ, o que se revelava até um tratamento não isonômico da lei. Agora a lei prevê o mesmo tratamento: responsabilidade tributária solidária em relação à pena alternativa ao perdimento da mercadoria e multa de 10% incidente sobre o valor da operação ocultada. Neste sentido, vale a pena transcrever jurisprudência do CARF: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 05/11/2010 (...) PENA DE PERDIMENTO. MULTA SUBSTITUTIVA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. SUJEIÇÃO PASSIVA. IMPORTADOR OSTENSIVO. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. Não sendo possível a cominação da pena de perdimento e identificado o importador oculto no curso da fiscalização, o importador ostensivo estará sujeito à multa de 10% da operação (Lei nº 11.488/2007, art. 33) e à multa substitutiva correspondente ao valor aduaneiro da mercadoria importada (DecretoLei nº 1.455/1976, art. 23, V, § 3º). Esta será devida solidariamente pelo importador oculto, na condição de coautor, ou por qualquer outra pessoa que se enquadre nas demais hipóteses de responsabilização solidária do art. 95 do Decreto Lei nº 37/1966, notadamente aquele que se beneficia com a prática da infração. Não há erro na imputação subjetiva quando o auto de infração impõe a penalidade apenas a um dos co autores identificados. (...) Recurso Voluntário Negado. (Acórdão nº 380200.925, de 24/04/2012, Processo 10314.011747/201093, Conselheiro Relator Solon Sehn) INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. ART. 33 DA LEI Nº 11.488/2007. MULTA SUBSTITUTIVA DA PENA DE PERDIMENTO. ART. 23 DO DECRETOLEI Nº 1.455/1976. OBJETIVIDADE JURÍDICA. INFRAÇÕES DISTINTAS. AUSÊNCIA DE BISIN IDEM. APLICAÇÃO CUMULATIVA. POSSIBILIDADE. O art. 33 da Lei nº 11.488/2007 não afastou a possibilidade da cominação da pena de perdimento ou da multa substitutiva ao importador ostensivo. A objetividade jurídica dos preceitos é distinta. A multa do art. 33, correspondente a 10% do valor da Fl. 1292DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.293 25 operação, é imposta em função do uso abusivo da personalidade jurídica, quando empregada como simples anteparo para a ocultação dos reais envolvidos na operação de comércio exterior. A pena de perdimento e a multa substitutiva do art. 23 do DecretoLei nº 1.455/1976, por sua vez, têm como pressuposto o dano ao erário decorrente da interposição fraudulenta. As infrações, portanto, não podem ser consideradas idênticas, o que afasta a caracterização do bisinidem. As multas, por conseguinte, devem ser aplicadas de forma cumulativa, nos termos do art. 99 do DecretoLei nº 37/1966, mesmo quando a caracterização da interposição fraudulenta ocorre de forma presumida. (...) Recurso Voluntário Negado. (Acórdão nº 3802003876, de 11/11/2014. Processo 11829.720058/201206, Conselheiro Relator Solon Sehn,) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 23/08/2006 a 20/03/2007 (...) INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Responde pela infração quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. Presumese a interposição fraudulenta na operação de comércio exterior, a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. Considerase dano ao Erário a ocultação do real sujeito passivo na operação de importação, mediante interposição fraudulenta de terceiros, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. Recurso negado. (Acórdão nº 3403003525, de 28/01/2015. Processo nº 10142.000539/200782. Conselheiro Relator Antônio Carlos Atulim). Além do mais, pareceme que o art. 727 do Decreto nº 6759, de 05/02/2009, atual Regulamento Aduaneiro, vigente à época dos fatos, deixou expresso que a aplicação da multa de 10% não afasta a aplicação da multa de perdimento. Claro que não afasta também a multa substitutiva do perdimento, no caso aplicada a quem cedeu o nome, pois não fosse assim, não teria sentido a ressalva do § 3º a este artigo que só se aplica a quem cedeu o nome. Parece evidente a coexistência das duas multas nos casos de cessão de nome na interposição fraudulenta nas operações de comércio exterior. Fl. 1293DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10925.721821/201338 Acórdão n.º 3301002.640 S3C3T1 Fl. 1.294 26 Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). § 1o A multa de que trata o caput não poderá ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). § 2o Entendese por valor da operação aquele utilizado como base de cálculo do imposto de importação ou do imposto de exportação, de acordo com a legislação específica, para a operação em que tenha ocorrido o acobertamento. § 3o A multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). Portanto a existência desta multa, aplicada pela cessão de nome, não prejudica a responsabilidade solidária aplicada nas infrações caracterizadas como dano ao erário. No presente caso, diante das provas produzidas no curso de fiscalização e de sua fundamentação, não há dúvidas de que houve ocultação do real adquirente. A conclusão é que a multa por cessão de nome independe se a interposição fraudulenta tenha sido comprovada ou presumida. No presente caso, conforme não discorda o próprio relator, a comprovação da interposição fraudulenta se deu de forma presumida. Assim, diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Andrada Márcio Canuto Natal Redator Designado. Fl. 1294DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 13/ 04/2015 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 11/04/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATA L, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 11968.000921/2009-15
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue May 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 28/08/2008, 12/09/2008, 10/10/2008, 11/03/2009
MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO.
A multa por prestação de informações fora do prazo encontra-se prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal.
MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo deve-se considerar o conteúdo da obrigação acessória violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.849
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges.
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo devese considerar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 8. 00 09 21 /2 00 9- 15 Fl. 194DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente). Fl. 195DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Tratase de o presente processo de Auto de Infração lavrado face ao descumprimento da obrigação acessória de prestar informação sobre veículo ou carga transportada ou sobre operações que executar, no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, de acordo com o que dispõe o art. 107, inciso IV, alínea “e”, do Decreto lei37, de 1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833, de 2003. Regularmente cientificada, a interessada apresentou a impugnação na qual alega, em breve síntese, que não é parte legitima para figurar no pólo passivo, tendo em vista que atuou na qualidade de mera agência de navegação marítima da empresa transportadora e que não responde por eventuais tributos e/ou obrigações acessórias devidos por esta. Afirma que o agente marítimo age em nome do Armador e com este não se confunde, razão pela qual não pode ser pessoalmente responsabilizada pela autuação em tela, até porque a própria Lei (art. 107, IV "e" do Decreto Lei 37/66) assim não prevê. Alega ausência de tipicidade, porque não deixou de prestar informação no prazo previsto em Regulamento. Apenas retificou posteriormente a sua informação, o que é uma hipótese diferenciada da penalidade estipulada e não se encontra tipificada na alínea 'e' do inciso IV, do art. 107 do Decreto Lei 37/66, com a redação dada pela Lei 10.833/03. Aduz que a autuação carece de elemento essencial de validade, pois, conforme o art. 113, § 2º do CTN, não há um fim específico e próprio que justificasse a penalidade, ou seja, o eventual descumprimento de prestar informações no prazo estipulado não gera qualquer prejuízo ao Fisco. Afirma que o lançamento fere o princípio da Reserva Legal, porque fundamentado em dispositivo constante em Instrução Normativa. Argui que não existe amparo legal para aplicação de penalidade para a ação de alteração/correção de dados no Sistema Sicarga. Alega que o procedimento fiscalizatório somente foi iniciado após ter formalizado a denúncia espontânea, o que a exime de qualquer penalidade, conforme o disposto no parágrafo 2 do art. 102, do Decreto Lei n 37, de 18 de novembro de 1966, cuja redação foi alterada pela Medida Provisória n 497, de 27 de julho de 2010, bem como o art. 138, caput, do Código Tributário Nacional. Requer seja anulado ou cancelado o auto de infração. A DRJ no Recife (PE) decidiu pela improcedência da impugnação, mantendo o crédito. Colaciono a ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 28/08/2008, 12/09/2008, 10/10/2008, 11/03/2009 RETIFICAÇÃO EXTEMPORÂNEA DE CONHECIMENTO ELETRÔNICO. Aplicase a multa prevista no artigo 107, inciso IV, alínea ‘e’, do DecretoLei nº 37, de 1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003, para cada deferimento, automático ou não, de retificação extemporânea do manifesto eletrônico, conhecimento eletrônico ou item de carga, mesmo que as cargas tenham sido transportadas em uma mesma embarcação. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 5 4 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com improcedência de sua impugnação, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, expondo que: Por ser uma agência de navegação da transportadora não poderia ser considerado representante do transportador para fins de responsabilidade tributária não lhe correndo os efeitos do Decreto Lei 37/66; Alega que a sua declaração extemporânea teria os mesmos efeitos que a denúncia espontânea e esta seria aplicável às obrigações acessórias; Entende que a Instrução Normativa nº 800/07, infringe o princípio da reserva legal, conforme art. 97, V do CTN; Entende que sua conduta, retificação, seria atípica com relação à sanção prevista no art. 107 do Decreto Lei nº 37/66; Alega que a multa regulamentar, enquanto obrigação acessória, carece de validade essencial, por não estar demonstrado o interesse da arrecadação ou fiscalização de tributos, não sendo assim justificada aplicação da mesma; Entende que não deixou de apresentar informações dentro do prazo referido pela IN nº800/07, mas promoveu a retificação destas. É o sucinto relatório. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço, portanto. Ilegitimidade Passiva Muito embora compartilhe do entendimento que as agências marítimas não possam ser sujeitas da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66, devendo ser estas serem impostas somente ao transportador, tenho que no presente caso tal argumentação não se aplica. A recorrente é empresa transportadora, conforme demonstra o seu CNPJ e objeto social, que assim determina a Cláusula Segunda que: A sociedade tem por objeto a navegação marítima de longo curso marítima (...) o exercício das atividades de agente de transporte multimodal, assessoria ao transporte marítimo e terrestre de cargas em todo o território nacional (...) Face a isto, afasto o argumento da Recorrente de que, por ser a empresa uma agência marítima, e não uma transportadora, não está configurada sua responsabilidade quanto à prática da infração objeto dos autos. Diversos são os julgados deste Conselho onde foi compreendido que a obrigação do transportador, de prestar as informações à RFB, encontrase estabelecida no art. 37 do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003, in verbis: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. Ultrapassados tais argumentos, entendo que a penalidade não deve ser aplicada no presente caso por motivos diversos. Denúncia Espontânea Inicio a análise do argumento da denúncia espontânea, pois uma vez julgado o seu provimento, todas as demais matérias se tornarão prejudicadas. Fl. 198DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 7 6 O Recorrente alega que as informações foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora,ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentado após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Ocorre que, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma, no caso em tela se está diante de uma excludente da punibilidade, haja vista a Recorrente estar amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea. Esse instituto jurídico tem lugar quando o contribuinte informa à administração as infrações por ele praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. A vantagem dessa confissão prévia e espontânea para o contribuinte está na consequência legal que o instituto lhe garante. No presente caso temse que o pedido de retificação prestado pela recorrente foi anterior lavratura do Auto de Infração, bem como de qualquer outra intimação da RFB. Deste modo, aplicase ao presente caso o instituto da denúncia espontânea. O Código Tributário Nacional disciplina no art. 138 a exclusão da responsabilidade quando a denúncia espontânea for acompanhada do pagamento do tributo e dos juros de mora, restringindo tal hipótese quando caracterizado o início do procedimento administrativo ou qualquer medida de fiscalização, nos termos do parágrafo único. Destacase também que até a edição da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a caracterização da denúncia espontânea não contemplava as obrigações acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com o fato gerador do tributo. Porém, com a vigência da norma acima, foi modificado o § 2º, do art. 102 do DecretoLei nº 37/66, incluindo as penalidades administrativas dentre aquelas possíveis de aplicação da denúncia espontânea, in verbis: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. Fl. 199DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 8 7 § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) No presente caso, temos, portanto que a retificação foi apresentada antes de qualquer procedimento de fiscalização, caracterizando a denúncia espontânea, devendo ser excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do § 2º do artigo 102 do DecretoLei nº 37/66. Ainda, cabe observar que, sendo o fato gerador anterior a Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, necessário aplicar in casu a retroatividade benigna da alteração legislativa processada pela referida Medida Provisória, conforme determina o artigo 106 do CTN. Logo, aplicável à referida legislação ao presente caso. Acrescentase ainda que este Egrégio Conselho tem compartilhado deste entendimento, consoante se verifica pelos arestos abaixo: DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURAÇÃO A retificação de informação prestada em registro de conhecimento de carga antes de qualquer procedimento da fiscalização aduaneira, está amparada pela denúncia espontânea prevista no art. 102, do mesmo diploma legal (Acórdão 3101001.138, 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 22/05/2012, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO AS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A alteração do art. 102 do DecretoLei nº 37/66 promovida pela Medida Provisória nº 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que incluiu as penalidades de natureza administrativa, dentre aquelas alcançadas pela denúncia espontânea é aplicada aos casos ainda pendentes de julgamento, em razão da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN. (Acórdão 3102001.663, 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 25/10/2012, Relator Conselheiro Álvaro Arthur L. de Almeida Filho) Cabe analisar a restrição imposta pelo art. 683, §3º do Decreto nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Este determina que: Art. 683. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento dos tributos dos acréscimos legais, excluirá a imposição da correspondente penalidade (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 102, caput, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 1o; e Lei nº 5.172, de 1966, art. 138, caput). (…) Fl. 200DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 9 8 §3o Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. O texto original do Decreto nº 6.759/2009 previa em seu §3oque a espontaneidade era afastada depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior e por conseqüência igualmente afastada seria a denúncia espontânea. Notese que esta redação deve ser lida em consonância com o disposto na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010 que passou a ter a seguinte redação: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) Notese que o Decreto nº 6.759/2009 deve ser lido em conformidade com a Lei nº 12.350/2010. Tratase de norma superior e posterior. Assim, tanto pelo critério da hierarquia, quanto pelo critério cronológico deve prevalecer a norma posterior. Da leitura da lei posterior se nota que não há a restrição prevista no §3o, do art. 683 do Decreto nº 6.759/2009, de tal modo que onde não houve restrição legal não poderá a norma regulamentadora restringir, sob pena de ofensa ao princípio da estrita legalidade. Diante da aplicação do instituto da denúncia espontânea, entendo pelo provimento do recurso e passo a analisar as demais matérias, não obstante prejudicadas, para fins de privilégio do devido processo legal. Reserva Legal A infração em tese cometida pela recorrente se encontra caracterizada pela apresentação de declaração de informações sobre o veículo e carga transportada fora do prazo estabelecido, por força do art. 107 do DecretoLei 37/66, com redação dada pela Lei nº 10.833/03, c/c art. 44 da Instrução Normativa 28/94, com redação dada pela Instrução Normativa 510/05 e art. 22 da Instrução Normativa 800/07. No que tange a tipificação da conduta do recorrente, a sua descrição consta igualmente e inicialmente tipificada no art. 107 do DecretoLei 31/66, que estabelece a aplicação de multa para quem deixar de prestar a declaração sobre veículo e carga transportada, bem como quem de forma omissiva ou comissiva embaraçar ação de fiscalização. Fl. 201DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 10 9 Ademais, as instruções normativas tem como finalidade de preencher lacunas que por vezes se encontram dentro dos procedimentos fiscais, no caso específico de normas que estabelecem prazo para a apresentação ou recolhimento de obrigações acessórias, não estão sujeitas a reserva legal do art. 97 do CTN, por não compreenderem o rol de matérias lá estabelecido, cabendo, portanto, o estabelecimento dos prazos por norma de hierarquia inferior, como as Portarias e Instruções Normativas, conforme tem se posicionado o CARF. ASSUNTO: OBRIGAÇÕESACESSÓRIAS Datadofatogerador:31/12/1998 OBRIGAÇÃO ACESSORIA. PRAZO. INSERÇÃO SISCOMEX DE DECLARAÇÃO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS. O prazo de inserção das informações do embarque de mercadoria no SISCOMEX é de sete dias, contados do dia do efetivo embarque. Não se aplica a norma processual do artigo 210 do Código Tributário Nacional, neste caso prevalece o prazo fixado em Portarias e Instruções Normativas em razão de que não contemplam aspectos da hipótese de incidência, estão fora da reserva legal prevista no artigo 97 do CTN. Constado inserção além do prazo fixado, impõe negar provimento ao recurso. RecursoNegado. Ressalto que o entendimento seria pela carência de razão do contribuinte caso não estivesse prejudicada a análise desta matéria. Obrigação Acessória Carece de razão a alegação da recorrente quanto à carência de elemento essencial na autuação por descumprimento de obrigação acessória. Isto porque as obrigações acessórias não possuem uma relação de dependência de uma obrigação principal. Como o próprio artigo citado pela recorrente são prestações positivas ou negativas, fazer ou não fazer algo em benefício do interesse arrecadatório ou fiscalizatório. No caso dos autos, a declaração que gerou a autuação da recorrente era uma obrigação acessória, positiva e com finalidade fiscalizatória, pois se caracteriza em um dever de declarar o bem carregado e cujas informações contidas auxiliam o fisco a verificar a adequada descrição de bem importado pelo importador, se houve emissão de notas fiscais, se a importadora estaria correta em sua escrituração fiscal. Logo, a responsabilidade de declarar a mercadoria transportada pela empresa, conforme art. 107 do Decreto lei 37/66, é uma obrigação acessória de declaração ao fisco e cujo descumprimento implica na aplicação de multa por embaraço à fiscalização. Nestes termos, não sendo prestada a obrigação de declaração de mercadorias dentro do prazo legal, houve prejuízo na fiscalização aduaneira, devida, portanto, a multa pelo descumprimento. Fl. 202DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 11 10 Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Tipificação A recorrente alega que não incorreu no tipo específico de descumprimento de declaração de mercadoria, conforme art.37 e 107, IV, “e” do DecretoLei 37/66, posto que não deixou de prestar informações sobre o veículo ou sobre a carga transportada entendendo que retificação, conduta que afirma ter praticado seria diferente de deixar de informar. Entendo que não assiste razão a recorrente, tendo em vista que no auto de infração é possível verificar que o recorrente apresentou Conhecimento de Embarque, promovendo a alteração de NCM fora dos prazos de atracação do navio e conforme art.37 do Decretolei 37/66 “o transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecido, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado”. O entendimento deste Conselho, inclusive para esta empresa em autuação pretérita foi o seguinte: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 05/04/2006 a 15/01/2009 MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração. MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não há que se falar em denúncia espontânea de obrigação acessória se a norma em comento tem como finalidade a prestação de informações na forma e, sobretudo, no prazo fixado pela legislação, prazo esse que não seria observado se se considerar que a prestação de informações fora do prazo configuraria denúncia espontânea. Fl. 203DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 12 11 Recurso Voluntário Negado. Nesta senda, uma vez não cumprindo o prazo de apresentação das declarações o transportador já incorre no fato gerador da multa regulamentar, resta devidamente enquadrada a conduta da recorrente à infração referida, não havendo qualquer traço de atipicidade. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Art. 50 da Instrução Normativa 800/2007 Entendo que não assiste razão ao recorrente. Conforme a redação do artigo 50 da IN 800/07, informa que os prazos de antecipação de informação previstos no art. 22º da mesma instrução somente serão obrigatórios a partir de 1 de janeiro de 2009. Vejamos: Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009. Parágrafoúnico. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País.(grifonosso) Este dispositivo, ao mesmo tempo em que prevê que os prazos mínimos para a prestação de informações à RFB previstos no artigo 22 da IN RFB nº 800/2007 somente são obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009, dispõe que o transportador tem a obrigação de prestar informações sobre as cargas transportadas antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Resta claro, portanto, que já a partir do momento em que se inicia a produção de efeitos da IN RFB nº 800/2007, qual seja 31 de março de 2008, as informações sobre as cargas transportadas devem ser prestadas pelas transportadoras antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País, conforme art. 52 da Instrução Normativa, prazo também descumprido pelo contribuinte. Em adição, havendo prazo que estabeleça o início da vigência das antecipações, nos caso dos fatos geradores que antecedem a vigência da Instrução Normativa 800/07, o contribuinte deveria ter cumprido o prazo de sete dias descritos art. 37 da Instrução Normativa SRF n° 28, de 1994, com a redação dada pela IN SRF n° 510, de 2005, para a apresentação da declaração, no que ultrapassou demasiado. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Penalidade Aplicada Por Viagem Fl. 204DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 13 12 A recorrente se insurge contra a aplicação da multa regulamentar contra cada uma das declarações de forma extemporânea, tendo em vista que o entendimento da Receita Federal sobre o assunto em Consulta Interna teria determinado que o transportador fosse multado uma única vez pela prestação de informações fora do prazo, referindo a COSIT SCI nº 8 de 14 de fevereiro de 2008. Não obstante os auditores fiscais tenham interpretado, em sua maioria, a legislação como que a multa deveria ser aplicada por cada declaração fora do prazo, o dispositivo legal deixa brecha para tanto interpretar que a penalidade deve ser aplicada por viagem quanto por declaração, visto que o dispositivo aborda apenas o aspecto quantitativo da multa, a tipificação da conduta, no caso, deixar de apresentar informações nos prazo estabelecidos à Receita Federal e identificação do infrator, qual seja a empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de transporte internacional expresso ou agente de carga. Neste sentido, entendo que se deve interpretar a norma de forma mais favorável ao contribuinte quando esta determina penalidade ao tipo de conduta, conforme resta estabelecido no art. 112, do Código Tributário Nacional – CTN, segundo o qual “a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto”: à capitulação legal do fato; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade ou punibilidade; e à natureza da penalidade, aplicação, ou à sua gradação. Sobre o tema em comento, temse decidido nas sessões deste Conselho a interpretação da norma em favor do infrator. Vejamos: Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 2006 ILEGIMITIDADE PASSIVA. MULTA. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. É legitimo para figurar no polo passivo da autuação, o transportador que registou os dados de embarque fora do prazo estabelecido no art. 37, §2º, da Instrução Normativa SRF nº 28/94. Inteligência dos arts. 107, inciso IV, alínea “e” e 37 do DecretoLei nº 37/66 c/c arts. 37, §2º, 44 e 46 da Instrução Normativa SRF nº 28/94. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR.Ocorrendo dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e à natureza da penalidade aplicação, ou à sua gradação, deve ser aplicada a interpretação mais favorável ao acusado (art. 112, CTN).A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação no Siscomex é aplicada por viagem do veículo transportador e não por carga (Declaração para Despacho de Exportação). DUPLICIDADE DA COBRANÇA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Não comprovada documentalmente o alegado bis in idem, improcedente a alegação de duplicidade da cobrança e a consequente identidade de objetos entre dois processos administrativos fiscais. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138, CTN. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. Não alegado Fl. 205DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 14 13 em momento oportuno, o argumento está precluso, pelo que não merece ser conhecido, ex vi dos arts. 16, inciso III e 17, do Decreto nº 70.235/72. (Recurso Voluntário nº 11968.001039/200717, Relator Bruno Mauricio Macedo Curi, da 2ª Câmara da 3ª Sessão de Julgamento do Carf, Publicada em 11/09/2013) Nestes termos, entendo que a penalidade do art. 107, IV, alínea “e” do Decreto Lei nº 37/66, deve ser aplicada por viagem e não por declaração de carga, devendo as penalidades aplicadas por declaração excluídas para que fiquem apenas a multa aplicada por viagem apurada no auto de infração. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Em face do exposto, encaminho o voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É assim que voto. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Relator Fl. 206DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 15 14 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Antonio Borges, Em que pese o entendimento do relator, ouso dele discordar em relação à aplicação do instituto da denúncia espontânea. Da aplicação do instituto da denúncia espontânea No entendimento do STJ, conforme comprovam diversos julgados, a entrega extemporânea de qualquer tipo de obrigação acessória (DCTF, por exemplo) configura infração formal, não podendo ser considerada como infração de natureza tributária apta a atrair o instituto da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN. A prestação de informações no Siscomex, como é o caso, é uma obrigação acessória e, aplicandose essa linha de raciocínio, deveria se observar a aplicação da Súmula CARF n° 49, que adota a mesma interpretação: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. No entanto, essa discussão foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Apesar de alguns julgados recentes do CARF estarem admitindo a caracterização da denúncia espontânea com fundamento da nova redação do dispositivo, entendo que na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Fl. 207DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 16 15 Esse entendimento, do qual eu compartilho, foi evidenciado em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3a S/1a C/2a TO. S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2°, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser Fl. 208DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 17 16 citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Assim, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo, no caso a prestação de informação no Siscomex na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, implicaria no esvaziamento do dever instrumental, comprometendo o controle aduaneiro efetuado pela autoridade administrativa no exercício do seu Poder de Polícia. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de obrigações acessórias caracterizadas pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. Desta forma, em virtude de todos os motivos apresentados e dos fatos presentes no caso concreto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 209DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000921/200915 Acórdão n.º 3801004.849 S3TE01 Fl. 18 17 (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 210DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 10845.001063/00-13
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed May 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Exercício: 1994
TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL. PRAZO PARA PLEITEAR RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. TERMO INICIAL. ACÓRDÃO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.110.578/SP SUBMETIDO AO REGIME DO ARTIGO 543-C, DO CPC. ARTIGO 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. MATÉRIA SUMULADA. SÚMULA CARF Nº 91.
O entendimento do STJ, proferido no julgamento do Recurso Especial nº 1.110.578 submetido ao regime do artigo 543-C do CPC, foi no sentido de que o prazo de prescrição qüinqüenal para pleitear repetição tributária tem início na data em que se considera extinto o crédito tributário.
Por outro lado, a Súmula nº 91 do CARF determina a aplicação do prazo prescricional é de dez anos, contado do fato gerador. Os membros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais estão obrigados a aplicar entendimento sumulado neste órgão. Assim, tendo em vista que a súmula 91 traz entendimento consolidado deste órgão administrativo, seu entendimento deve prevalecer nesta esfera.
Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.
Numero da decisão: 9900-000.887
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Antônio Carlos Guidoni Filho, Rafael Vidal de Araújo, João Carlos de Lima Júnior, Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Júnior, Elias Sampaio Freire, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Joel Miyasaki, Rodrigo Cardozo Miranda, Maria Teresa Martínez López, Júlio César Alves Ramos e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva e Antônio Lisboa Cardoso.
Nome do relator: JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 1994 TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL. PRAZO PARA PLEITEAR RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. TERMO INICIAL. ACÓRDÃO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.110.578/SP SUBMETIDO AO REGIME DO ARTIGO 543C, DO CPC. ARTIGO 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. MATÉRIA SUMULADA. SÚMULA CARF Nº 91. O entendimento do STJ, proferido no julgamento do Recurso Especial nº 1.110.578 submetido ao regime do artigo 543C do CPC, foi no sentido de que o prazo de prescrição qüinqüenal para pleitear repetição tributária tem início na data em que se considera extinto o crédito tributário. Por outro lado, a Súmula nº 91 do CARF determina a aplicação do prazo prescricional é de dez anos, contado do fato gerador. Os membros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais estão obrigados a aplicar entendimento sumulado neste órgão. Assim, tendo em vista que a súmula 91 traz entendimento consolidado deste órgão administrativo, seu entendimento deve prevalecer nesta esfera. Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 00 10 63 /0 0- 13 Fl. 235DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 4/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITA S BARRETO 2 CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Antônio Carlos Guidoni Filho, Rafael Vidal de Araújo, João Carlos de Lima Júnior, Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Júnior, Elias Sampaio Freire, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Joel Miyasaki, Rodrigo Cardozo Miranda, Maria Teresa Martínez López, Júlio César Alves Ramos e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva e Antônio Lisboa Cardoso. Relatório Tratase de pedido de restituição de valores supostamente recolhidos a maior no período de setembro de 1989 a dezembro de 1994, à título de contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), de acordo com os DecretosLeis 2445 e 2449/88. A Delegacia da Receita Federal de Santos – SP, em despacho decisório, indeferiu o pleito, e a Delegacia da Receita Federal de Julgamento considerou que a empresa teve prescrito o seu direito de postular a restituição, pois entende que o prazo é de cinco anos contados da data de cada pagamento, com arrimo no AD SRF 96/99. Irresignada com a decisão, a empresa interpôs Recurso Voluntário, no qual alegou, em síntese, que o termo inicial do prazo prescricional é a data da ocorrência de cada fato gerador, contandose, a partir deste, cinco mais cinco. O Recurso Voluntário interposto foi julgado pela Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes que, ao apreciar a matéria, entendeu pela não prescrição do direito de postular a restituição, alegando que, havendo manifestação senatorial suspendendo a execução das normas declaradas inconstitucionais, nos termos do art. 52, X, da Constituição Federal, é a partir da publicação da aludida Resolução que começa a contar o prazo prescricional. Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, através do qual alegou que o prazo seria contado da data do pagamento indevido ou a maior do que o devido. Acrescentou que a Lei Complementar nº 118, de 2005, imporia interpretação nesse sentido. A Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais deste Conselho negou provimento ao recurso, nos mesmos termos do acórdão publicado pela Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes. Acrescentou, ainda, que as disposições da Lei Complementar nº 118/2005 não se aplicam ao caso, uma vez que não se trata das hipóteses do artigo 165 do CTN. O acórdão recorrido foi assim ementado: Fl. 236DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 4/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITA S BARRETO Processo nº 10845.001063/0013 Acórdão n.º 9900000.887 CSRFPL Fl. 236 3 “PIS.RESTITUIÇÃO.DECADÊNCIA.PRAZO A DECADÊNCIA DO DIREITO DE PLEITEAR A COMPENSAÇÃO/RESTITUIÇÃO É DE 5 (CINCO) ANOS, TENDO COMO TERMO INICIAL, NA HIPÓTESE DOS AUTOS, A DATA DA PUBLICAÇÃO DA RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL QUE RETIRA A EFICÁCIA DA LEI DECLARADA INCONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL DO PROCURADOR NEGADO.” A Fazenda Nacional apresentou Recurso Extraordinário a esta E. Câmara Superior de Recursos Fiscais, nos termos do artigo 9º do Regimento Interno da CSRF, aprovado pela Portaria MF 147/2007, oportunidade em que alegou que o acórdão recorrido diverge da jurisprudência mantida pela Quarta Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Acórdão CSRF/0400.810), na medida em que desconsiderou que o Código Tributário Nacional, em seu artigo 168, fixa, sem qualquer ressalva, a data do pagamento indevido como sendo o marco inicial para a contagem do prazo prescricional, sendo este de cinco anos. Logo, não surte qualquer efeito, na contagem do prazo prescricional – mais precisamente, na fixação de seu termo a quo , a declaração de inconstitucionalidade do tributo e a subseqüente publicação de resolução pelo Senado Federal. Trouxe aos autos, como paradigma, o acórdão CSRF/0400.810, assim ementado: “PEDIDO DE RESTITUIÇÃO – ILL – O DIREITO DE PLEITEAR A RESTITUIÇÃO DE TRIBUTO INDEVIDO, PAGO ESPONTANEAMENTE, PERECE COM O DECURSO DO PRAZO DE CINCO ANOS, CONTADOS DA DATA DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, SENDO IRRELEVANTE QUE O INDÉBITO TENHA POR FUNDAMENTO INCONSTITUCIONALIDADE OU SIMPLES ERRO (ART. 165, INCISOS I E II, E 168, INCISO I, DO CTN, E ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA). RECURSO ESPECIAL DO PROCURADOR PROVIDO.” A empresa, por sua vez, apresentou contrarrazões ao Recurso Extraordinário da Procuradoria da Fazenda Nacional, alegando que não deve ser conhecido o referido recurso, visto que não foram preenchidos os requisitos para o seu cabimento, pois o acórdão paradigma traz fundamentos diversos do acórdão recorrido. Argumentou, por fim, que a prescrição do direito de pleitear a restituição do PIS recolhido à maior ou indevidamente é de cinco anos, tendo como termo inicial, na hipótese dos autos, a data da publicação da Resolução do Senado Federal que retira a eficácia da lei declarada inconstitucional. É o relatório. Fl. 237DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 4/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITA S BARRETO 4 Voto Conselheiro JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR RELATOR O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. O cerne da questão é a definição do termo inicial do prazo para a restituição do indébito. Desse modo, cumpre verificar se, no caso dos autos, o prazo prescricional deve ser contado a partir do fato gerador, do pagamento indevido ou a maior ou se tem início na data da publicação da Resolução do Senado que retira a eficácia das normas legais que foram acoimadas de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal em controle difuso. Acerca da questão em debate, o Superior Tribunal de Justiça enfrentou o tema e decidiu, em âmbito de Recurso Especial (1.110.578 – SP), submetido à sistemática do artigo 543C do CPC, caracterizandose como um recurso repetitivo, portanto, no seguinte sentido: “TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C DO CPC. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO DE OFÍCIO. 1. O prazo de prescrição quinquenal para pleitear a repetição tributária, nos tributos sujeitos ao lançamento de ofício, é contado da data em que se considera extinto o crédito tributário, qual seja, a data do efetivo pagamento do tributo, a teor do disposto no artigo 168, inciso I, c.c artigo 156, inciso I, do CTN. (Precedentes: REsp 947.233/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/06/2009, DJe 10/08/2009; AgRg no REsp 759.776/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 20/04/2009; REsp 857.464/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe 02/03/2009; AgRg no REsp 1072339/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/02/2009, DJe 17/02/2009; AgRgn no REsp. 404.073/SP, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJU 31.05.07; AgRg no REsp. 732.726/RJ, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, Primeira Turma, DJU 21.11.05) 2. A declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo em controle concentrado, pelo STF, ou a Resolução do Senado (declaração de inconstitucionalidade em controle difuso) é despicienda para fins de contagem do prazo prescricional tanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento de ofício. (Precedentes: EREsp 435835/SC, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, Rel. p/ Acórdão Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2004, DJ 04/06/2007; Fl. 238DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 4/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITA S BARRETO Processo nº 10845.001063/0013 Acórdão n.º 9900000.887 CSRFPL Fl. 237 5 AgRg no Ag 803.662/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/02/2007, DJ 19/12/2007) 3. In casu, os autores, ora recorrentes, ajuizaram ação em 04/04/2000, pleiteando a repetição de tributo indevidamente recolhido referente aos exercícios de 1990 a 1994, ressoando inequívoca a ocorrência da prescrição, porquanto transcorrido o lapso temporal quinquenal entre a data do efetivo pagamento do tributo e a da propositura da ação. Em que pese o referido acórdão versar sobre taxa de iluminação pública, que tratase de tributo municipal, no mérito, esgotouse a análise quanto ao termo inicial do prazo prescricional para a restituição do indébito, conforme trecho a seguir transcrito de tal acórdão: “para as hipóteses de devolução de tributos lançados por homologação declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, a prescrição do direito de pleitear a restituição se dá após expirado o prazo de cinco anos, contados do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita, sendo despiciendo o fato de haver ou não declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora pelo Supremo Tribunal Federal, nem a suspensão da execução da lei por Resolução expedida pelo Senado Federal (cf. Informativo de Jurisprudência do STJ nº. 203, de 22 a 26 de março de 2004).” Portanto, decidiuse que a definição do termo inicial do prazo prescricional para a restituição do indébito é a data em que se considera extinto o crédito tributário, qual seja, a data do efetivo pagamento do tributo, nos termos do artigo 168, inciso I, c.c artigo 156, inciso I, do CTN. O Regimento Interno do CARF estabelece, em seu artigo 62A, que: “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Por força do disposto no artigo 62A, do Regimento Interno do CARF, os membros deste Conselho deveriam aplicar, para o pedido de restituição, o entendimento de que o prazo começa a correr da data em que foi realizado o pagamento efetivo. Ocorre que, com relação à questão relativa ao termo inicial da contagem do prazo prescricional, insta salientar o que dispõe a súmula CARF 91: “Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.” A aplicação das súmulas CARF também deve ser observada, ou seja, os membros deste Conselho estão obrigados a aplicar entendimento sumulado. Fl. 239DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 4/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITA S BARRETO 6 Tendo em vista que a súmula traz entendimento consolidado deste órgão, entendo que esta deve ser aplicada no âmbito administrativo. Assim, ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo de cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, contados da data em que se deu a homologação tácita, pois, apesar da existência da regra contida no artigo 62A, do Regimento Interno do CARF, deve ser aplicado o disposto pela Súmula nº 91. O presente caso trata de pedido de restituição de valores supostamente recolhidos a maior no período de setembro de 1989 a dezembro de 1994, tendo sido formulado em 20/06/2000. Dessa forma, uma vez solicitada a restituição antes de 2005 (2000), e se tratando de tributo sujeito ao lançamento por homologação, a contribuinte, em consonância com a Súmula nº 91 do CARF, poderá reaver os tributos cujos fatos geradores ocorreram a partir de junho, estando prescritos os tributos cujos fatos geradores ocorreram anteriormente. Pelo exposto, voto no sentido de DAR provimento PARCIAL ao Recurso Extraordinário para declarar que houve prescrição quanto ao direito de restituição dos tributos cujos fatos geradores ocorreram até maio, inclusive. Tendo em vista a existência de períodos não prescritos, devem os autos retornarem ao órgão de origem para que seja realizada a análise do pleito da contribuinte quanto ao mérito de restituição e compensação. É como voto. (documento assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR RELATOR Fl. 240DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/0 4/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITA S BARRETO
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Numero do processo: 19647.015584/2007-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed May 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
DEPÓSITO BANCÁRIO. OMISSÃO DE RECEITAS. Presume-se omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nestas operações.
MULTA QUALIFICADA. Comprovado o evidente intuito de fraude, a partir da análise conjunta de elementos fáticos do caso concreto, deve ser aplicada a multa qualificada.
INCONSTITUCIONALIDADE. MULTA DE OFICIO QUALIFICADA. EFEITO CONFISCATÓRIA. SÚMULA CARF Nº 2. De acordo com a súmula 2 do CARF, este órgão não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei.
Numero da decisão: 1201-001.170
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso de ofício, INDEFERIR a preliminar de decadência e NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Rafael Vidal de Araújo (Presidente), Marcelo Cuba Netto, Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Lima Junior (Vice Presidente) e Luis Fabiano Alves Penteado.
Nome do relator: JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR
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OMISSÃO DE RECEITAS. Presumese omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nestas operações. MULTA QUALIFICADA. Comprovado o evidente intuito de fraude, a partir da análise conjunta de elementos fáticos do caso concreto, deve ser aplicada a multa qualificada. INCONSTITUCIONALIDADE. MULTA DE OFICIO QUALIFICADA. EFEITO CONFISCATÓRIA. SÚMULA CARF Nº 2. De acordo com a súmula 2 do CARF, este órgão não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso de ofício, INDEFERIR a preliminar de decadência e NEGAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 55 84 /2 00 7- 25 Fl. 1676DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R 2 (documento assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Rafael Vidal de Araújo (Presidente), Marcelo Cuba Netto, Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Lima Junior (Vice Presidente) e Luis Fabiano Alves Penteado. Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado com o objetivo de efetuar o lançamento de crédito tributário do ano calendário de 2001, relativo ao IRPJ, à CSLL, ao PIS e à COFINS, por conta de presumida omissão de rendimentos. A verificação fiscal teve início pois a empresa ADNE teve sua inscrição perante o cadastro nacional da Pessoa Jurídica declarada INAPTA pelo Ato Declaratório Executivo CORAT nº 50, de 15 de julho de 2004, motivado no fato de ter deixado de apresentar declaração de imposto de renda, bem como não foi localizada no endereço informado à Secretaria da Receita Federal. Durante a fiscalização os sócios da empresa ADNE elencados no contrato social, Sr. Naldo Lourenço da Silva e Sra. Juliana da Silva Oliveira, declararam que: (i) Tomaram conhecimento que eram sócios de uma empresa quando tentaram apresentar a declaração de isentos de 2003. Na DRF de Recife foram informados que constavam como sócios da empresa ADNE. (ii) Solicitaram cópia do contrato social desta empresa e verificaram que constava como testemunha a advogada Valdenira Alexandre dos Santos. (iii) Solicitaram em janeiro de 2005 a anulação de oficio da inscrição do CNPJ. Nesse contexto, a fiscalização solicitou a emissão de RMF a ser destinada ao Banco Bradesco S/A e ao Banco Simples S/A, pois os mesmos apresentaram DCPMF (Declaração de CPMF), declarando movimentação financeira da empresa ADNE no ano calendário de 2001. Entre a documentação apresentada pelas instituições financeiras, foi constatada a existência de procurações dando poderes para terceiras pessoas movimentarem as contas correntes da empresa, sendo que tal fato deu ensejo à nova Solicitação de Emissão de Fl. 1677DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R Processo nº 19647.015584/200725 Acórdão n.º 1201001.170 S1C2T1 Fl. 1.677 3 Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira, agora requisitando cópia dos cheques emitidos pela empresa de valor igual ou superior a R$ 5.000,00. Ambos os Bancos (Banco Bradesco S/A e Banco Simples S/A) enviaram cópias dos cheques emitidos de valor maior ou igual a R$ 5.000,00, oportunidade em que se observou que todos foram assinados pelos procuradores Marcos José Bezerra de Menezes, Rômulo Pina Dantas e José Edson de Mello, os quais nomearam como procurador Roberto José de Mello Costa. Assim, tendo em vista que (i) a empresa ADNE não havia sido localizada, conforme termo de constatação (fl. 438), (ii) que o Sr. Inaldo Lorenço da Silva e a Sra. Juliana da Silva Oliveira prestaram declaração por escrito afirmando desconhecer sua condição de sócio gerente e (iii) a existência de procurações entre o material fornecido pelos bancos Bradesco e Simples S/A, a fiscalização intimou os procuradores Marcos José Bezerra Menezes, Rômulo Pina Dantas, José Edson Medeiros e Roberto José de Mello Costa, a comprovar através de documentação hábil e idônea a origem dos valores creditados/depositados na conta corrente nº 66.4006, agência 32093, mantida pela empresa ADNE junto ao Banco Bradesco S/A e nas contas correntes 19064 e 19943, agência nº 344, também mantidas pela outorgante (ADNE) junto ao Banco Simples S/A. Estes procuradores foram intimados e prestaram os seguintes esclarecimentos: (i) que apenas teoricamente são os responsáveis pelos atos praticados pela empresa ADNE; (ii) que a empresa ADNE tratase de uma empresa que explora, apenas, atividade de prestação de serviço; (iii) que a empresa ADNE celebrou contrato de gestão de recursos financeiros com FRANNEL DISTRIBUIDORA DE PETRÓLEO LTDA, para assessoramento comercial, financeiro e administrativo de suas operações de compra e venda de combustíveis; (iv) que os valores depositados nas contas bancárias são na verdade da empresa FRANNEL DISTRIBUIDORA DE PETRÓLEO LTDA CNPJ: 25.128.767/000110 com sede no Espírito Santo. A análise da documentação e esclarecimentos se deu nos seguintes termos: “(...) verificase que as razões oferecidas para comprovar a origem dos recursos ingressados nas contas bancárias da empresa ADNE estão fundamentalmente embasadas na préexistência de um Mandato de Gestão Para Administração de Recursos Financeiros. Ao analisar o referido Mandato de gestão, esta fiscalização verificou que deles consta que a signatária e contratante FRANNEL se fez representar neste ato pelo Sr. Roberto José de Mello Costa Oliveira, e a signatária e contratante ADNE, pelo procurador substabelecido José Edson Medeiros. Chama a atenção o fato do Sr. Roberto José já ser procurador substabelecido da própria empresa ADNE, a outra parte contratante interessada. Como documento hábil e idôneo que confere ao Sr. Roberto José poder de representar a empresa FRANNEL no mandato de Fl. 1678DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R 4 gestão, foi apresentado um instrumento de procuração pública outorgada pela mencionada empresa (doc. 53). Nele, entretanto, observase que os poderes conferidos ao procurador são outros, diversos, a saber: o de representar, a outorgante perante o banco Bradesco, podendo para tanto, abrir, movimentar e encerrar contas bancárias, etc. Portanto, ele seria procurador apenas para as relações jurídicas estabelecidas entre a FRANNEL e o banco Bradesco. Ora, o Mandato de gestão, no caso, trataria das relações jurídicas mantidas entre a empresa FRANNEL e a empresa ADNE, portanto, relações jurídicas distintas daquelas contempladas na referida Procuração Pública. Assim, esta fiscalização concluiu que a citada Procuração Pública em nada habilita o Sr Roberto José de Mello Costa Oliveira a ter firmado em nome da empresa FRANNEL contrato de gestão de recursos financeiros com a empresa ADNE, da qual, por sinal, vem a ser também procurador substabelecido. Em consequência, o Mandato de Gestão apresentado passa a se afigurar como um documento não autentico, eivado de falsidade material e ideológica, elaborado com a intenção de burlar o erário público. Nessa mesma linha, outro fato merece ser destacado: intimada a se manifestar sobre a celebração de Mandato de gestão com a empresa ADNE. (Doc 55), a empresa FRANNEL encaminhou correspondência informando que não consta de seus registros jurídicos a celebração de qualquer mandato de gestão para administração de recursos financeiros com a mencionada empresa, (doc. 56). A fiscalização assim constatando que os 04 quatro procuradores da empresa ADNE não comprovaram por meio de documentação hábil e idônea, coincidente em data e valor, a origem dos créditos/depósitos efetuados no decorrer do ano calendário 2001 na conta nº66.4006, agência nº 32093, do Banco Bradesco S/A, e nas contas correntes 1.9064 e 19943, agência 344, do Banco Simples S/A (antigo BR Banco Mercantil S.A), considerou ocorrido no caso omissão de receitas, na forma preconizada pelo artigo 42, da lei 9460/96.” (g/n) Nas fls. 48 e 49 a fiscalização consolidou as informações sobre as pessoas dos procuradores da empresa e concluiu que: "Os fatos e indícios acima apontados levaram a fiscalização a concluir que os procuradores Marcos José Bezerra Menezes, Rômulo Pina Dantas, Roberto José de Mello Costa Oliveira e José Edson Medeiros, tratamse dos verdadeiros sócios da empresa ADNE, a qual dirigem de forma dissimulada através de procurações fraudulentamente obtidas com a participação da advogada Valdenira Alexandre dos Santos, não passando os sócios de direito consignados no contrato social de interpostas pessoas, alçadas ardilosamente e a sua revelia à posição de titulares da empresa. Desse modo, com base no inciso I, art. 124 do Código Tributário Nacional, CTN, os 04 (quatro) Fl. 1679DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R Processo nº 19647.015584/200725 Acórdão n.º 1201001.170 S1C2T1 Fl. 1.678 5 procuradores da empresa ADNE, na condição de sujeitos passivos solidários com a empresa. Para tanto, formalizou os respectivos Termos de Sujeição Passiva. Consta no Termo de Encerramento da Ação Fiscal que foram considerados como receitas omitidas pela empresa os valores depositados nas contas correntes nos bancos Bradesco S/A (conta n° 66.4006, agência n° 31093) e Banco Simples (contas n° 1.9064 e 1.9943, agência 344) por não terem sua origem comprovada por meio de documentação hábil e idônea, coincidente em data e valores com as operações bancárias. Nas fls. 50 a 53 foi descrito detalhadamente a apuração dos valores em cada uma das contas bancárias em nome da empresa. Na folha 970 consta o demonstrativo de saldos credores das contas correntes que não foram comprovados consolidados em cada um dos meses do ano calendário de 2001. Sobre os valores apurados na infração foi aplicada multa qualificada pelos seguintes motivos: “Embora não habilitada a ser incluída no sistema de pagamentos de tributos e contribuições do Simples, posto tratarse de uma empresa prestadora de serviço, a empresa ADNE apresentou para o ano calendário de 2001 uma Declaração PJSIMPLES, ainda assim, com todas as receitas zeradas. A fiscalização verificou que nos anos calendário anteriores foram apresentadas Declarações de Inatividade e, nos posteriores, a empresa esteve omissa. Por outro lado, é fato demonstrado acima a extensa movimentação bancária realizada pela empresa ADNE no ano calendário de 2001, a qual não tendo sua origem justificada foi considerada representativa de receitas omitidas pela mesma, na forma preconizada no art. 42, da lei 9430/96, sendo passível, portanto, de ter sido devidamente declarada. Com isto, fica claro que com a apresentação de uma Declaração zerada para o ano calendário de 2001, a empresa intentava impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação principal. O fato da empresa ADNE não ter sido localizada no endereço informado a SRF, conforme atesta o Termo de Constatação em anexo, (doc. 31), se revela uma conduta previamente deliberada de dificultar o trabalho da fiscalização e, por consequência, o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação principal. A intenção dolosa do contribuinte em lesar o Erário Público também se manifesta na constatação de que desde o momento de sua inscrição no CNPJ até a presente data não efetuou qualquer recolhimento de imposto e/ou contribuições. Fl. 1680DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R 6 O proceder doloso do contribuinte refletido nas situações supracitadas, em vindo a se subsumir perfeitamente ao tipo previsto no artigo 71, inciso I, da lei nº 4.502/64, autoriza a imposição de multa de oficio qualificada consistente em 150% (cento e cinquenta por cento), em conformidade com o estabelecido no inciso II, art. 44, da lei 9430/96 (atualmente parágrafo 1º, artigo 44, da mesma lei, artigo 14, da lei 11.488/2007).” Os contribuintes apresentaram impugnação contra o Auto de Infração e seus reflexos, onde alegaram: (i) Preliminarmente, a nulidade do lançamento realizado contra a pessoa jurídica ADNE – ASSESSORIA A DISTRIBUIDORA DO NORDESTE LTDA. devido ao vício da notificação, que foi endereçada à pessoas que desconhecem totalmente a atividade da empresa e a respectiva condição de sócios, tendo a própria fiscalização afirmado que tratamse de interpostas pessoas; (ii) Ter havido a decadência do direito do Fisco em constituir o crédito tributário em questão, visto que os fatos geradores ocorreram no ano de 2001, e, através da regra contida no art. 173, I, do CTN, uma vez que não houve pagamento do tributo por parte dos interessados, o direito do Fisco de constituir o crédito tributário decaiu em 01/01/2007; (iii) A existência de vício formal no lançamento efetuado, já que se pretendeu tributar a totalidade dos créditos nas constas bancárias da empresa ADNE como presunção legal de omissão de receita de prestação de serviços, em flagrante contradição com as provas existentes nos autos; (iv) O caráter flagrantemente confiscatório da multa de 150% aplicada no débito. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Recife – PE, por unanimidade de votos, considerou procedente em PARTE o lançamento, nos seguintes termos: (i) Considerou válida a notificação enviada e consignou que apesar de entregue à pessoas que não eram responsáveis pela atividade da empresas, as mesmas eram sócias de direito, e o contrato social da ADNE não foi descaracterizado, sendo válidos, assim, todos os atos cientificados às mesmas, assim como os cientificados aos responsáveis solidários listados pela fiscalização; (ii) Cancelou a autuação: (a) relativamente ao IRPJ e CSLL cujos fatos geradores se deram nos 3 primeiros trimestres de 2001 e (b) quanto ao PIS e à COFINS cujos fatos geradores de janeiro a novembro de 2001, pois entendeu que nestes períodos operouse a decadência. (iii) Manteve o lançamento: (a) do IRPJ e CSLL do 4º trimestre de 2001) e do PIS e COFINS relativamente ao fato gerador de 31/12/2001; (b) da presunção legal de omissão de receitas, na medida em que não foi comprovada a origem dos valores depositados em contas bancárias e não foi demonstrado que o Fl. 1681DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R Processo nº 19647.015584/200725 Acórdão n.º 1201001.170 S1C2T1 Fl. 1.679 7 numerário creditado não é receita tributável ou que já foi oferecido à tributação e (c) da multa de ofício no percentual de 150%. Os contribuintes apresentaram recurso voluntário em face do Acórdão da DRJ em Recife alegando, em síntese: (i) decadência vez que a regra aplicável ao caso é aquela do art. 150, §4º, do CTN (cinco anos contados da data da ocorrência do fato gerador), devendo somente ser aplicado o disposto no art. 173, I, do CTN (cinco anos contados do primeiro dia do ano seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado) quando comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, o que não ocorreu no presente caso. Alegaram, ainda, a impossibilidade de tributação como omissão de receita de prestação de serviços, já que tal decisão vai de encontro com as provas carreadas nos autos. Por fim, insurgiramse contra a multa de ofício aplicada, a qual consideram exorbitante e de caráter confiscatório. É o relatório. Voto Conselheiro JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR RELATOR O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Quanto à decadência arguida, a questão a ser analisada referese à definição da regra aplicável, se a do artigo 150, §4º ou do artigo 173, ambos do CTN. Em diversas oportunidades manifestei meu entendimento no sentido de que os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, por sua natureza, são passíveis de lançamento no prazo previsto no artigo 150 §4º do CTN, ou seja, o dies a quo do prazo quinquenal para constituição desses tributos é o fato gerador, independentemente de ter ou não havido pagamento. Assim ementava minhas decisões: “IRPJ Ex(s): 1999 IRPJ DECADÊNCIA LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a decadência é contada de acordo com os ditames do artigo 150, § 4º do CTN, operandose cinco anos após a ocorrência do fato gerador. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO.” (1º Conselho de Contribuintes / 1a. Câmara / ACÓRDÃO 10196.373, em 18.10.2007 Publicado no DOU em: 09.09.2008) Com as alterações no Regimento Interno do CARF, foi incluído o mandamento do Art. 62 –A: Fl. 1682DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R 8 “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Portanto, impõese a este tribunal administrativo a reprodução dos julgados definitivos proferidos pelo STF e pelo STJ, na sistemática prevista pelos artigos 543 B e 543 C do Código de Processo Civil. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo 973.733/SC, firmou o seguinte entendimento em relação a questão em debate: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.” (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” A interpretação do texto transcrito nos leva à conclusão de que devemos nos dirigir ao artigo 173, I, do CTN quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste declaração prévia do débito que constitua o crédito tributário. Da análise dos autos verificase que: (i) tratase de tributo sujeito ao lançamento por homologação, entretanto (ii) não há declaração prévia do débito que constitua crédito tributário e (iii) não há prova de pagamento antecipado. Assim, a contagem do prazo decadencial deve ocorrer nos termos do artigo 173, I, do CTN. Cumpre observar que, no presente caso, a empresa apresentou declaração para o ano calendário de 2001 como optante pelo Simples, mesmo não tendo optado por esta Fl. 1683DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R Processo nº 19647.015584/200725 Acórdão n.º 1201001.170 S1C2T1 Fl. 1.680 9 forma de apuração e pagamento dos impostos e contribuições. Assim, a fiscalização considerou a empresa na forma geral de tributação do IRPJ e da CSLL, ou seja, no lucro real trimestral. Assim, relativamente ao ano calendário de 2001, para os fatos geradores de IRPJ e CSLL ocorridos do 1º ao 3º trimestre de 2001, e para os fatos geradores das contribuições PIS e COFINS ocorridos até 11/2001, o lançamento poderia ser formalizado no próprio ano calendário, portanto, o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado é a data de 01/01/2002 e o prazo final foi 31/12/2006. E para os fatos geradores de IRPJ e CSLL ocorridos no 4º trimestre de 2001, e para os fatos geradores das contribuições PIS e COFINS ocorridos em 12/2001, o lançamento só poderia ser efetuado a partir de 01/01/2002 e o prazo decadencial iniciou em 01/01/2003 e finalizou em 01/01/2008. Como o lançamento foi constituído em 26/12/2007, conforme AR à fl. 972, no caso, houve a decadência do direito da fiscalização de efetuar o lançamento para os fatos geradores ocorridos até novembro de 2001. Nesse ponto cumpre observar que foi válida a notificação enviada e entregue aos sócios de direito constantes no contrato social. No caso, durante a fiscalização, verificouse que os sócios de direito desconheciam as atividades exercidas pela empresa, bem como foram identificados responsáveis pela atividade da empresa, razão pela qual foram lavrados termos de sujeição passiva solidária. Assim, tendo em vista que o contrato da ADNE não foi descaracterizado, todos os atos cientificados às pessoas que ali constam como sócios gerentes foram válidos. Assim, no tocante à decadência, nego provimento ao Recurso de Ofício, bem como ao Recurso Voluntário. Superada a preliminar, passo à análise do mérito. O auto de infração teve como fundamento o art. 42, caput, da Lei 9430/96, que dispõe: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.” Diante da expressa disposição legal, a autoridade fiscal está autorizada a presumir a ocorrência de omissão de receitas quando o titular de conta de depósito ou de investimento, apesar de regularmente intimado, não consegue comprovar a origem dos recursos depositados/creditados, mediante documentação hábil e idônea. Fl. 1684DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R 10 Assim, passa a ser do sujeito passivo o ônus de provar que os valores depositados/creditados nas contas correntes não são receitas ou que foram devidamente oferecidos à tributação. Não foi o que ocorreu no presente caso. A verificação fiscal teve início, pois a empresa ADNE teve sua inscrição perante o cadastro nacional da Pessoa Jurídica declarada INAPTA pelo Ato Declaratório Executivo CORAT nº 50, de 15 de julho de 2004, motivado no fato de ter deixado de apresentar declaração de imposto de renda, bem como não foi localizada no endereço informado à Secretaria da Receita Federal. Nesse contexto, a fiscalização solicitou a emissão de RMF a ser destinada ao Banco Bradesco S/A e ao Banco Simples S/A, pois os mesmos apresentaram DCPMF (Declaração de CPMF) para a então SRF, declarando movimentação financeira da empresa ADNE no ano calendário de 2001. Entre a documentação apresentada pelas instituições financeiras, foi constatada a existência de procurações dando poderes para terceiras pessoas movimentarem as contas correntes da empresa, sendo que tal fato deu ensejo à nova Solicitação de Emissão de Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira, agora requisitando cópia dos cheques emitidos pela empresa de valor igual ou superior a R$ 5.000,00. Ambos os Bancos (Banco Bradesco S/A e Banco Simples S/A) enviaram cópias dos cheques emitidos de valor maior ou igual a R$ 5.000,00, oportunidade em que se observou que todos foram assinados pelos procuradores Marcos José Bezerra de Menezes, Romulo Pina Dantas e José Edson de Mello, os quais nomearam como procurador Roberto José de Mello Costa. Assim, tendo em vista que (i) a empresa ADNE não havia sido localizada, conforme termo de constatação (fl. 438), (ii) que o Sr. Inaldo Lorenço da Silva e a Sra. Juliana da Silva Oliveira prestaram declaração por escrito afirmando desconhecer sua condição de sócio gerente e (iii) a existência de procurações entre o material fornecido pelos bancos Bradesco e Simples S/A, a fiscalização intimou os procuradores Marcos José Bezerra Menezes, Rômulo Pina Dantas, José Edson Medeiros e Roberto José de Mello Costa, a comprovar através de documentação hábil e idônea a origem dos valores creditados/depositados na conta corrente nº 66.4006, agência 32093, mantida pela empresa ADNE junto ao Banco Bradesco S/A e nas contas correntes 19064 e 19943, agência nº 344, também mantidas pela outorgante (ADNE) junto ao Banco Simples S/A. Os procuradores da empresa ADNE responderam a intimação expondo que: (i) apenas teoricamente são os responsáveis pelos atos praticados pela empresa ADNE; (ii) que a empresa ADNE tratase de uma empresa que explora, apenas, atividade de prestação de serviço; (iii) que a empresa ADNE celebrou contrato de gestão de recursos financeiros com FRANNEL DISTRIBUIDORA DE PETRÓLEO LTDA, para assessoramento comercial, financeiro e administrativo de suas operações de compra e venda de combustíveis; (iv) que os valores depositados nas contas bancárias são na verdade da empresa FRANNEL DISTRIBUIDORA DE PETRÓLEO LTDA CNPJ: 25.128.767/000110 com sede no Espirito Santo. Diante da resposta dos procuradores da Recorrente, a fiscalização intimou a empresa FRANNEL DISTRIBUIDORA sobre o contrato trazido pelos procuradores da autuada, a qual respondeu que desconhecia a existência do mesmo. Fl. 1685DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R Processo nº 19647.015584/200725 Acórdão n.º 1201001.170 S1C2T1 Fl. 1.681 11 Da análise dos autos temse que os contribuintes não trouxeram documentação hábil e idônea a desconstituir a presunção tomada a partir das movimentações com valores superiores aos declarados pela empresa. Assim, as alegações dos contribuintes não devem prevalecer, pois a lei admite a presunção de omissão de receita, cabendo ao contribuinte comprovar a origem dos recursos movimentados em suas contas bancárias, o que não ocorreu no caso dos autos, devendo, portanto, ser mantida a imputação de omissão de receitas caracterizada por movimentação bancária não justificada. No tocante à multa qualificada aplicada, com fundamento no artigo 44, II, da lei 9430/96, entendo que esta deve ser mantida. Dispunha o artigo 44, II, da lei 9430/96: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” Por diversas vezes me manifestei no sentido de que nos casos em que há presunção de omissão de receita, diante da ausência de provas, não se caracteriza o dolo, elemento essencial à qualificação da multa. Entretanto, no caso dos autos, a partir da análise conjunta de elementos fáticos, entendo que restou evidenciado o dolo, senão vejamos: (i) embora não habilitada a ser incluída no sistema de pagamentos de tributos e contribuições do Simples, a empresa ADNE apresentou para o ano calendário de 2001 uma Declaração PJSIMPLES, ainda assim, com todas as receitas zeradas, (ii) existência de extensa movimentação bancária realizada pela empresa ADNE no ano calendário de 2001, sem origem justificada e sem declaração ou apresentação de declaração zerada, (iii) ausência de qualquer recolhimento durante o período, (iv) verificação de que os procuradores Marcos José Bezerra de Menezes, Rômulo Pina Dantas, Roberto José de Mello Costa Oliveira e José Edson Medeiros, tratamse dos verdadeiros sócios da empresa ADNE, à qual dirigem de forma dissimulada através de procurações fraudulentamente obtidas com a participação da advogada Valdenira Alexandre dos Santos, não passando os sócios de direito consignado no contrato social de interpostas pessoas, alçadas ardilosamente e a sua revelia à posição de titulares da empresa. Além disso, a empresa ADNE não foi localizada no endereço informado a SRF, o que revela uma conduta previamente deliberada de dificultar o trabalho da fiscalização e, por consequência, o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação principal. Todo esses elemento, considerados em conjunto, demonstram que a empresa intentava impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação principal, razão pela qual mantenho a qualificação da multa de ofício. Fl. 1686DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R 12 Quanto à alegação do recorrente com relação a suposta extrapolação de limites constitucionais, não compete à este colegiado administrativo de julgamento se pronunciar sobre o assunto, sendo mansa e pacífica a jurisprudência firmada neste sentido, conforme se depreende da Súmula n. 02: “Súmula CARF no 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Diante de todo o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso de ofício, INDEFERIR a preliminar de decadência e NEGAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR – Relator. Fl. 1687DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/0 5/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIO R
score : 1.0
Numero do processo: 10930.001136/2001-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu May 28 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - DECISÃO ULTRA PETITA - CABIMENTO
É cabível a apresentação de embargos de declaração quando a decisão recorrida for ultra petita. O ressarcimento está limitado aos termos do pedido do contribuinte, não podendo ser concedido mais do que o solicitado, menos ainda quando o que foi concedido sequer constou da matéria discutida nos autos.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 3302-002.834
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira seção de julgamento, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para re-ratificar o acórdão embargado, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digiitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA
Presidente
(assinado digiitalmente)
FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Fabiola Cassiano Keramidas, Paulo Guilherme Deroulede, Gileno Gurjão Barreto, Antonio Mario de Abreu Pinto.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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O ressarcimento está limitado aos termos do pedido do contribuinte, não podendo ser concedido mais do que o solicitado, menos ainda quando o que foi concedido sequer constou da matéria discutida nos autos. Embargos Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para reratificar o acórdão embargado, nos termos do voto da Relatora. (assinado digiitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente (assinado digiitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 00 11 36 /2 00 1- 89 Fl. 687DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10930.001136/200189 Acórdão n.º 3302002.834 S3C3T2 Fl. 11 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Fabiola Cassiano Keramidas, Paulo Guilherme Deroulede, Gileno Gurjão Barreto, Antonio Mario de Abreu Pinto. Relatório Tratase de Embargos de Declaração apresentados pela Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 412/412 – Vol. II) com base em contradição, pautada na suposta análise de matéria estranha à lide. Alega a Embargante que não houve, nos autos, insurgência sobre a composição do percentual de referência entre a Receita de Exportação e Receita Operacional Bruta. Especificamente, alega a Embargante que a parte da decisão que excluiu o valor do frete internacional das mencionadas Receitas, para fins de determinação do percentual de relação entre elas na composição do crédito presumido, não foi objeto do recurso voluntário e, portanto, não poderia compor o v. acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Fabiola Cassiano Keramidas Os Embargos são tempestivos e atendem os demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual deles conheço. Conforme esclarecido nos termos do relatório, a Embargante alega que o julgamento foi ultra petita, posto que analisou matéria estranha à lide. Acertado o posicionamento da Recorrente. Ao computar os autos constatei que a decisão tratou de matéria não aduzida pela Embargate. Desta forma, mesmo sendo espelho da verdade dos fatos, a questão é que o contribuinte não se insurgiu contra a inclusão, na Receita Operacional Bruta, do valor dos fretes internacionais. Com isso, a decisão julgou, sim, matéria estranha e deve ser retificada, para fim de serem desconsiderados os parágrafos (10,11,12,13) que tratam da matéria às fls.404 (efls. 664). “Ademais, discutese a questão da necessidade de alteração do percentual de referência entre a Receita de Exportação e Receita Operacional Bruta, em virtude das glosas dos valores de frete internacional e de produtos adquiridos de terceiros, destinados à revenda, do cômputo da Receita de Exportação da requerente. E válida a argumentação da requerente neste sentido, em relação ao valor do frete. Fl. 688DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10930.001136/200189 Acórdão n.º 3302002.834 S3C3T2 Fl. 12 3 Afinal, se a Fiscalização entende que a Receita de Exportação não é composta pelo valor pago pela requerente a titulo de frete internacional é porque este valor não representa receita decorrente da exportação por ela efetuada. Entendese, sim, que esta receita é de titularidade do armador internacional, que recebe da requerente o valor cobrado pelo frete por ele realizado. Há, portanto, uma transferência de receita de terceiros. A requerente cobra de seu cliente o valor do frete, que é repassado ao armador. Logo, se tal valor não pode ser considerado uma receita de exportação própria da requerente, é s6 porque ela é de um terceiro. Neste sentido, também não pode ser considerada uma receita operacional da requerente. Ela é operacional para o armador internacional. Para a requerente ela é uma receita de terceiros (não sua, portanto, não operacional). Assim, concluise que, na medida em que a receita do frete internacional é retirada do cômputo da Receita de Exportação da requerente, também deverá ser retirada do valor de sua Receita Operacional. Deve ser, portanto, acatada a argumentação da requerente neste sentido, alterandose o percentual da relação entre as receitas em comento para se considerar a exclusão do valor do frete internacional tanto da Receita de Exportação como da Receita Operacional Bruta.” Neste sentido até mesmo os termos do relatório da mencionada decisão devem ser retificados, no seguinte sentido: Redação do acórdão: “Finalmente, requer seja admitido seu recurso e encaminhado ao Conselho de Contribuintes para que dele se conheça e dê provimento, de modo a reformar a decisão proferida pela DRJ bem Porto Alegre – RS: (i) afastando as glosas promovidas pela Delegacia; (ii) incluindo o ICMS no cálculo do crédito (autorizado pela DRF de LondrinaPR); e (iii) alterando a relação percentual entre a Receita Bruta Operacional e a Receita de Exportação, em virtude da desconsideração de receitas, com as devidas atualizações.” Redação retificada: “Finalmente, requer seja admitido seu recurso e encaminhado ao Conselho de Contribuintes para que dele se conheça e dê provimento, de modo a reformar a decisão proferida pela DRJ bem Porto Alegre – RS: (i) afastando as glosas promovidas pela Delegacia; (ii) aplicando a Taxa Selic dos valores a serem ressarcidos.” destaquei Ademais, a ementa do acórdão também deve ser alterada, para fim de ser retirado de seu dispositivo o primeiro item, que assim determina: “IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI Nº 9.363/96. Excluise o valor do frete internacional da Receita de Exportação e da Receita Operacional Bruta, para fins de determinação do percentual de relação entre ambas.” Em face do exposto, conheço dos Embargos de Declaração apresentados para fim de reratificar o acórdão nº 20179.562 – fls. 399/408, excluindo a análise referente à inclusão do valor do frete internacional na Receita Operacional Bruta, mantendo, in totum, o restante da decisão por seus próprios fundamentos. É o meu voto. Fl. 689DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10930.001136/200189 Acórdão n.º 3302002.834 S3C3T2 Fl. 13 4 Sala das Sessões, em 28 de janeiro de 2015. (assinado digitalmente) Relatora Fabiola Cassiano Keramidas Fl. 690DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/0 5/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2015 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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