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Numero do processo: 10880.905275/2013-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2011
APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. MOMENTO PROCESSUAL
A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia.
Consideram-se preclusas as alegações não submetidas ao julgamento de primeira instância, apresentadas somente na fase recursal.
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO CREDITÓRIO
A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posterior à emissão de despacho decisório, exige comprovação material a sustentar direito creditório alegado.
Numero da decisão: 3201-004.629
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Ausente, justificadamente, o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2011 APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. MOMENTO PROCESSUAL A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. Consideram-se preclusas as alegações não submetidas ao julgamento de primeira instância, apresentadas somente na fase recursal. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO CREDITÓRIO A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posterior à emissão de despacho decisório, exige comprovação material a sustentar direito creditório alegado.
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DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Recorrente AGT ARMAZÉNS GERAIS E TRANSPORTES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. MOMENTO PROCESSUAL A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazêlo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. Consideramse preclusas as alegações não submetidas ao julgamento de primeira instância, apresentadas somente na fase recursal. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO CREDITÓRIO A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posterior à emissão de despacho decisório, exige comprovação material a sustentar direito creditório alegado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Ausente, justificadamente, o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 90 52 75 /2 01 3- 50 Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10880.905275/201350 Acórdão n.º 3201004.629 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório O interessado recorre a este Conselho de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte. O presente processo trata de Per/Dcomp transmitida com o objetivo de compensar o(s) débito(s) nele discriminado(s) com crédito de COFINS. A unidade de origem indeferiu o pleito do contribuinte sob o fundamento de que, "a partir das características do DARF descrito no PerDcomp, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp". Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. O interessado apresentou manifestação de inconformidade alegando que houve erro no preenchimento da DCTF, já retificada, após a ciência do despacho. A DRJ/Belo Horizonte julgou improcedente a manifestação de inconformidade por intermédio do Acórdão 02056.782. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2011 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite compensação com crédito que não se comprova existente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário visando a reforma da decisão recorrida, para que lhe seja reconhecido o direito creditório e homologada a sua compensação. Traz como argumento novo que o crédito decorre do ativo imobilizado, com fundamento nas Leis nº 10.865/2004 e 12.546/2011, conforme o documento "Demonstrativo Contábil", cujo valor é o que informa no documento "Planilha para credito de PIS/Cofins sobre ativo imobilizado". Por fim, afirma que a exigência de certeza e liquidez do direito creditório está comprovada com os documentos que apresenta em sede de recurso voluntário. É o relatório. Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10880.905275/201350 Acórdão n.º 3201004.629 S3C2T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201004.621, de 12/12/2018, proferido no julgamento do processo 10880.660628/201204, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201004.621): (...) "O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Consta dos autos que o litígio versa sobre o inconformismo do contribuinte em face do despacho decisório, mantido hígido na decisão a quo, que não homologou a Dcomp em razão de inexistência de comprovação de certeza e liquidez do crédito pretendido. Não há matéria preliminar, passemos à questão de mérito. O despacho decisório consignou que o Darf a que a contribuinte atribuiu o crédito por pagamento a maior que o devido foi integralmente utilizado para quitação de débitos, não restando crédito disponível para a compensação informada. Interposta manifestação de inconformidade, a contribuinte alegou ter demonstrado pagamento a maior na apresentação de sua DCTF retificadora e DARF de pagamento da Contribuição, após a prolação do despacho decisório. Em sede de julgamento na DRJ, o relator assentou que as retificações no Dacon e DCTF não evidenciaram o suposto pagamento a maior, porquanto apenas informaram um valor diverso do original. Conquanto os julgadores entenderam que as retificações após a ciência no despacho decisório não produzem efeitos para a redução dos débitos, porque não tem força de convencimento, o fundamento da decisão a quo é a ausência de prova do erro nas declarações anteriormente transmitidas. No recurso voluntário, a recorrente alega que "... tenha efetivamente demonstrado o seu direito ao crédito mediante a apresentação de toda a documentação necessária...". Faz menção ao DARF, ao lançamento fiscal da Contribuição devida originalmente e ao valor a qual foi reduzido o débito. Pois bem; constatase a inexistência nos autos de qualquer documento que demonstra lançamentos efetuados para a pretendida redução da Contribuição do PIS/Cofins em função da apuração de créditos com ativo imobilizado. A recorrente, agora em recurso voluntário, apresenta quadro demonstrativo com informações de bens e serviços (benfeitorias, adaptações, manutenções, pintura e instalações) Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10880.905275/201350 Acórdão n.º 3201004.629 S3C2T1 Fl. 5 4 de seu ativo imobilizado e o documento "Planilha para Credito de PIS/Cofins sobre Ativo Imobilizado" no qual relaciona possível fornecedores e valores das Contribuições, que informa materializarse nos créditos. Como se vê, a esses documentos a contribuinte atribui a certeza e liquidez de seu direito creditório, que sequer demonstra a apuração e os registros em sua escrita contábil dos pretensos créditos, antes e após as retificações de Dacon e DCTF, e que resultaram em pagamento a maior de PIS e Cofins. A transmissão de Dacon e DCTF retificadoras consignando um valor de tributo menor que o originalmente informado não é suficiente para comprovar a certeza e liquidez de seu créditos. Esse era o fundamento sustentado pela contribuinte em sua manifestação de inconformidade. Os documentos que pretendem fazer prova do direito creditório, não apresentados em sede de julgamento de 1ª instância, mas somente em recurso voluntário, são meras informações sem a comprovação de lastro na escrita regular e em documentos idôneos, e tampouco submetido à análise fiscal quanto aos insumos e despesas com direito ao crédito de PIS e Cofins dispostos no art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. Ademais, a recorrente não observou e não atendeu aos dispositivos legais que trazem regramentos às declarações retificadoras do contribuinte, ao momento da apresentação da prova, sua ausência na instauração da fase litigiosa e ao ônus probatório de quem alega os fatos constitutivos de seu direito. As matérias estão disciplinadas nos artigos 14 a 17 do Decreto nº 70.235/76 PAF, art. 373 da Lei nº 13.105/2015 Novo CPC, e art. 147 da Lei nº 5.172/1966 CTN: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...] Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10880.905275/201350 Acórdão n.º 3201004.629 S3C2T1 Fl. 6 5 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). Lei nº 13.105/2015 CPC: "Art. 373. O ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Lei nº 5.172/1966 CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento Cabe assinalar que à luz do art. 170 do CTN1, o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. A fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, o interessado deve, sob pena de preclusão, instruir sua manifestação de inconformidade com os motivos de fato e de direito que fundamentam sua pretensão, acompanhados dos documentos que respaldem suas afirmações, considerando o que dispõem os dispositivos legais transcritos. Este Colegiado tem flexibilizada o entendimento quanto à preclusão, mormente em face de despacho decisório em que o tratamento do Perdcomp tenha sido apenas eletronicamente, desde que a apresentação de provas, apenas em recurso voluntário, tenha respaldo em algumas das hipóteses elencadas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 ou se consubstanciam (as provas) na complementação de elementos indiciários que indubitavelmente já apontavam para a provável veracidade da pretensão creditória é o que se denomina "prova mínima" ou "início de prova". Tratandose de direito creditório pleiteado, decorrente de retificação de DCTF com a redução de PIS/Cofins devido no período de apuração, sem respaldo na escrita contábil regular e em documentos fiscais que comprovassem de forma hábil e idônea o alegado pagamento a maior, importa em reconhecer o acerto da decisão recorrida em não homologar a compensação declarada 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10880.905275/201350 Acórdão n.º 3201004.629 S3C2T1 Fl. 7 6 É dever/ônus do contribuinte municiar sua defesa com os elementos de prova que suportassem as informações consignadas em suas DCTFs retificadoras. A simples retificação da DCTF, com a redução do valor do PIS devido, sem qualquer comprovação de erro no preenchimento da declaração original não atribui certeza e liquidez à pretensão de pagamento a maior e importa inadmissibilidade da DCTF retificadora, consoante o § 1º do art. 147 do CTN. Denotase ainda que as explicações e demonstrativos apresentados no tocante aos supostos créditos decorrentes de encargos de depreciação, sem a necessária força probatória e apenas no julgamento do recurso voluntário são extemporâneos pois ausentes os requisitos que autorizariam o afastamento da preclusão de que trata as alíneas do § 4º do art. 16 do PAF. Ademais, consoante o art. 17 do PAF, considerase não impugnada a matéria que não tenha sido diretamente contestada pelo impugnante, sendo inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria não suscitada na instância a quo. Desse modo, a contribuinte não se desincumbiu do ônus probatório do seu direito creditório, que restou incerto e ilíquido. Assim, não vislumbro espaço para reanálise do despacho decisório, tampouco qualquer reforma na decisão recorrida, mantendose não reconhecido o direito creditório e não homologada a compensação declarada. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado NEGOU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 162DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.906853/2012-11
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jan 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/06/2007
NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO E DA DECISÃO RECORRIDA. INOCORRÊNCIA.
Estando presentes os requisitos formais previstos nos atos normativos que disciplinam a compensação, que possibilitem ao contribuinte compreender o motivo da sua não homologação, bem como, o fato da decisão de primeira instância ter sido fundamentada na falta de documentação hábil, idônea e suficiente para comprovação de suposto erro no preenchimento inicial da DCTF, de modo a dar a conhecer à contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua manifestação de inconformidade, não há que se falar em nulidade do despacho decisório ou da decisão recorrida por cerceamento de defesa.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ.
Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3003-000.018
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges, Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Muller Nonato Cavalcanti Silva.
Nome do relator: MARCOS ANTONIO BORGES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 30/06/2007 NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO E DA DECISÃO RECORRIDA. INOCORRÊNCIA. Estando presentes os requisitos formais previstos nos atos normativos que disciplinam a compensação, que possibilitem ao contribuinte compreender o motivo da sua não homologação, bem como, o fato da decisão de primeira instância ter sido fundamentada na falta de documentação hábil, idônea e suficiente para comprovação de suposto erro no preenchimento inicial da DCTF, de modo a dar a conhecer à contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua manifestação de inconformidade, não há que se falar em nulidade do despacho decisório ou da decisão recorrida por cerceamento de defesa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges, Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Muller Nonato Cavalcanti Silva.
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INOCORRÊNCIA. Estando presentes os requisitos formais previstos nos atos normativos que disciplinam a compensação, que possibilitem ao contribuinte compreender o motivo da sua não homologação, bem como, o fato da decisão de primeira instância ter sido fundamentada na falta de documentação hábil, idônea e suficiente para comprovação de suposto erro no preenchimento inicial da DCTF, de modo a dar a conhecer à contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua manifestação de inconformidade, não há que se falar em nulidade do despacho decisório ou da decisão recorrida por cerceamento de defesa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 68 53 /2 01 2- 11 Fl. 108DF CARF MF Processo nº 13888.906853/201211 Acórdão n.º 3003000.018 S3C0T3 Fl. 3 2 Marcos Antonio Borges Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges, Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Muller Nonato Cavalcanti Silva. Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP cujo crédito seria decorrente de pagamento indevido ou a maior de PIS no valor original na data de transmissão de R$ 3.260,61, decorrente de recolhimento com Darf efetuado em 20/07/2007. Após processada foi exarado o Despacho Decisório no qual consta que o pagamento descrito no PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Intimado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade aonde alega, em síntese: Em preliminar, argui a nulidade do despacho decisório, ante a aplicação de decisão genérica, por cerceamento do direito de defesa e do exercício do contraditório, haja vista a insuficiente motivação para a nãohomologação da compensação declarada. No mérito, destaca os procedimentos administrativos motivadores do PER/DCOMP, tendo ressaltado que a empresa está submetida à incidência não cumulativa do PIS e da Cofins, nos termos das Leis 10.637/02 e 10.833/03, tendo procedido à revisão dos créditos da contribuição ao PIS/Pasep e da Cofins, do período de agosto/2006 a junho/2011, verificando que pagou de forma indevida e a maior. No presente caso, assevera que apurou pagamento indevido e a maior de PIS/PASEP, com base no Dacon original, tendo o débito sido reduzido com a retificação do Dacon, daí decorrendo o crédito apurado. Passa então a discorrer sobre a compensação com o débito especificado no PER/DCOMP. Destaca que procedeu de acordo com as disposições legais, art.165, I do CTN e art. 74 da Lei 9.430/96, apurando crédito passível de restituição, o qual pode ser compensado com débitos próprios do contribuinte, não havendo razão justificável para a não homologação da compensação declarada. Ao final, requer, preliminarmente, o reconhecimento da nulidade do despacho decisório e, caso não acolhida a preliminar, que a presente manifestação de inconformidade seja provida, culminando no reconhecimento integral da compensação. Fl. 109DF CARF MF Processo nº 13888.906853/201211 Acórdão n.º 3003000.018 S3C0T3 Fl. 4 3 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (MG) julgou improcedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão nº 02 056.379. O fundamento adotado, em síntese, foi o de rejeição da preliminar de nulidade e falta de comprovação do direito creditório pleiteado. Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho, através de Recurso Voluntário apresentado, no qual reproduz, na essência, as razões apresentadas por ocasião da manifestação de inconformidade e requer seja acolhida a preliminar alegada referente à nulidade tanto o despacho decisório quanto o acórdão recorrido e, caso não seja este o entendimento, requer seja dado provimento ao recurso, reconhecendose o seu direito creditório e homologandose a compensação pleiteada. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcos Antonio Borges, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias, portanto dele tomase conhecimento. A recorrente sustenta que o seu direito creditório decorre de recolhimento a maior, decorrente de revisão dos créditos da contribuição ao PIS/Pasep e da Cofins, do período de agosto/2006 a junho/2011, e não retificado em DCTF. Preliminarmente, quanto à alegação de nulidade no despacho decisório e da decisão recorrida por ausência de fundamentação e o conseqüente cerceamento ao direito de defesa entendo que não assiste razão à recorrente. O instituto da compensação está previsto no artigo 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com redação dada pela Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1° A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. Fl. 110DF CARF MF Processo nº 13888.906853/201211 Acórdão n.º 3003000.018 S3C0T3 Fl. 5 4 § 2° A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. In casu, o contribuinte apresentou declaração de compensação de débitos diversos e apontou o documento de arrecadação (DARF) referente a PIS, como origem do crédito, alegando “pagamento indevido ou a maior”, conforme disposto nas normas regulamentadoras. O direito creditório não existiria, segundo o despacho decisório inicial, porque os pagamentos constantes do pedido estariam integralmente vinculados a débitos já declarados. A fundamentação da não homologação da compensação pleiteada reside no cotejo entre as próprias declarações apresentadas pelo contribuinte e os documentos apontados como origem do direito creditório. A analise eletrônica do PERDCOMP se deu com base nas declarações ativas quando da apresentação do mesmo. Uma vez que o direito creditório não foi reconhecido, a compensação foi não homologada e o sujeito passivo foi cientificado e intimado a efetuar o pagamento dos débitos indevidamente compensados com os respectivos acréscimos legais. Tal procedimento, conforme o disposto no aludido diploma legal, foi disciplinado pela Receita Federal através de diversas Instruções Normativas ao longo do tempo, não se verificando no despacho decisório combatido qualquer inobservância das formalidades ali prescritas, não caracterizando assim o alegado vicio que poderia levar a eventual invalidade do ato administrativo. Embora os critérios dessa análise possam ser insuficientes para criar um juízo de certeza da inexistência ou insuficiência do crédito do contribuinte, esse fato por si só não ensejaria a decretação da nulidade do despacho por cerceamento de defesa, qual seja, a impossibilidade de o impugnante defenderse da não homologação, por falta de compreensão do motivo da não homologação. Por certo, na sistemática da análise dos PERDCOMPs de pagamento indevido ou a maior, na qual é feito um batimento entre o pagamento informado como indevido e sua situação no conta corrente – disponível ou não, não se está analisando efetivamente o mérito da questão, cuja análise somente será viável a partir da manifestação de inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperase, seja descrita a origem do direito creditório pleiteado e sua fundamentação legal. Foi o que ocorreu no presente caso, em que a recorrente já na fase litigiosa informou a origem do indébito e, posteriormente, juntou a documentação comprobatória que entendeu embasar o seu direito. Não resta caracterizada a nulidade se o impugnante, a partir do despacho decisório, assimila as conseqüências do fato que deu origem à rejeição da compensação, que lhe possibilitem saber quais pontos devem ser esclarecidos em sua defesa, para comprovação de seu direito creditório, bem como, o fato da decisão de primeira instância ter sido fundamentada na falta de documentação hábil, idônea e suficiente para comprovação de suposto erro no preenchimento inicial da DCTF, de modo a dar a conhecer ao contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua manifestação de inconformidade. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 13888.906853/201211 Acórdão n.º 3003000.018 S3C0T3 Fl. 6 5 Quanto ao mérito, melhor sorte não assiste à recorrente. Alega a Recorrente que efetuou revisão dos seus créditos da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS e deixou de tomar crédito das referidas contribuições sobre serviços de ferramentaria, usinagem de peças e de manutenção de máquinas; armazenagem de mercadorias; serviços de transporte (frete) e aquisições de materiais e peças para a manutenção de máquinas e equipamentos e outros insumos, o que resultou no pagamento das contribuições a maior durante todo o período revisado. Para embasar o seu direito juntou ao presente processo DACON original e retificador, demonstrativo dos cálculos e amostras de Notas Fiscais. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar extraída do Código de Processo Civil, artigo 333, inciso I, reproduzido no art. 373 do Novo CPC (Lei nº 13.105/2015): Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; (...) Ou seja, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito à compensação, mediante a apresentação da PERDCOMP, de tal sorte que, se a RFB resiste à pretensão do interessado, não homologando a compensação, incumbe a ele, o contribuinte, na qualidade de autor, demonstrar seu direito. No entanto, a Recorrente não trouxe aos autos elementos suficientes para comprovar a origem do seu crédito. Não apresentou a prova do seu direito creditório, em especial, a escrituração fiscal e contábil do período de apuração em que se pleiteou o crédito. Se limitou, tãosomente, a apresentar o DACON retificador, demonstrativo e amostras de Notas Fiscais, porém sem documentos hábeis, idôneos e suficientes que os embasassem. As declarações retificadas e demonstrativos produzidos pelo contribuinte, bem como, provas apresentadas por amostragem desacompanhadas dos livros e documentos exigidos pela legislação são insuficientes para comprovar os fatos relatados e para conferir certeza e liquidez ao crédito pleiteado. A alegação de erro na apuração dos débitos que teriam dado ensejo ao crédito de pagamento indevido ou a maior não foram acompanhadas na peça impugnatória da retificação da respectiva DCTF, instrumento de confissão de dívida, que a princípio estaria na esfera de responsabilidade do contribuinte, ainda mais porque não foi acompanhada de qualquer alegação de impossibilidade na sua apresentação, bem como, dos documentos comprobatórios que poderiam até embasar uma eventual retificação de ofício. Para que se possa superar a questão de eventual erro de fato e analisar efetivamente o mérito da questão, deveriam estar presentes nos autos os elementos comprobatórios que pudéssemos considerar no mínimo como indícios de prova dos créditos alegados, o que não se verifica no caso em tela. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 13888.906853/201211 Acórdão n.º 3003000.018 S3C0T3 Fl. 7 6 Assim, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, falta ao crédito indicado pelo contribuinte certeza e liquidez, que são indispensáveis para a compensação pleiteada. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário, para NÃO HOMOLOGAR as compensações. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 113DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10845.000863/2010-89
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jan 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE.
Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
Numero da decisão: 2001-000.884
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JORGE HENRIQUE BACKES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008 DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
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RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física, glosa de Despesas Médicas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 00 08 63 /2 01 0- 89 Fl. 136DF CARF MF 2 O Recurso Voluntário foi apresentado pelo relator para a Turma, assim como os documentos do lançamento, da impugnação e do acórdão de impugnação, e demais documentos que embasaram o voto do relator. Não se destacaram algumas dessas partes, pois tanto esse acórdão como o inteiro processo ficam disponíveis a todos os julgadores durante a sessão. A ementa do acórdão de impugnação foi a seguinte: Exercício: 2006 DESPESAS MÉDICAS Todas as despesas médicas estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade solicitar elementos de prova dos respectivos pagamentos. Nessa hipótese, a apresentação tãosomente de recibos ou declarações, sem a prova do efetivo pagamento, é insuficiente para comprovar o direito à dedução pleiteada. Passagens do voto do acórdão de impugnação relataram e sustentaram o seguinte: Dedução Indevida a Título de Despesas Médicas – glosa de dedução de despesas médicas, pleiteadas indevidamente pelo(a) contribuinte na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física. Valor: R$ 5.831,02. Motivo da glosa: intimado não comprovou a efetividade da prestação do serviço, assim como pela não comprovação do desembolso dos valores declarados como pagos à Alexsandra Izar da Silva (R$ 2.000,00) e ao Sindicato dos Vigias Portuários de Santos (3.744,48) e não comprovação das despesas médicas com o plano de saúde Unimed (R$ 86,54). O contribuinte apresentou novos documentos e pleiteia provimento integral ao recurso. Voto Conselheiro Jorge Henrique Backes, Relator Verificada a tempestividade do recurso voluntário, dele conheço e passo à sua análise. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10845.000863/201089 Acórdão n.º 2001000.884 S2C0T1 Fl. 3 3 O litígio versa sobre a infração de Dedução Indevida de Despesas Médicas no valor total de R$ 5.831,02, referente a despesas médicas. O fundamento a recusa aos documentos foi a falta de comprovação do pagamento. No caso, não foram apresentados vícios, indícios ou circunstâncias desabonadoras para os documentos apresentados pelo contribuinte. Não foi apresentada nenhuma investigação, circularização, ou outro procedimento de verificação que indicasse algum problema, ou mesmo dúvida, nos documentos. Como as alegações de recusa se prenderam a formalidades, e os documentos indicam prestação de serviços médicos, na dúvida, na falta de fundamentação na recusa e na ausência de indicações desabonadoras claras, entendo pela aceitação dos documentos. Em argumentação geral, os recibos não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, tanto do serviço como do pagamento. Mesmo que não sejam apresentados outros elementos de comprovação, a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve estar fundamentada. Como se trata do documento normal de comprovação, para que sejam glosados devem ser apontados indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Observese ademais, que o contribuinte trouxe novos documentos, inclusive folhas do livrocaixa do profissional, registrando os pagamentos. Assim, na ausência de fundamentos consistentes que indiquem inidoneidade dos documentos usuais de comprovação, é indevida a glosa de despesas médicas. Conclusão Em razão do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Relator Fl. 138DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.721184/2016-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 15 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.675
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. Os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra divergiram quanto ao quesito da reunião do contribuinte e da Procuradoria da Fazenda Nacional, indicado no parágrafo 19 do voto.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. Os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra divergiram quanto ao quesito da reunião do contribuinte e da Procuradoria da Fazenda Nacional, indicado no parágrafo 19 do voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. Os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra divergiram quanto ao quesito da reunião do contribuinte e da Procuradoria da Fazenda Nacional, indicado no parágrafo 19 do voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório 1. Tratase de Auto de Infração com exigência de valores referentes à Contribuição para o PIS/Pasep e COFINS nãocumulativas no total de R$ 6.471.562,33, e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no total de R$ 8.908.795,49 e R$ 39.765.617,06, respectivamente, em relação a fatos geradores ocorridos no período de 30/04/2011 a 30/11/2011. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 66 82 .7 21 18 4/ 20 16 -2 9 Fl. 3002DF CARF MF Processo nº 16682.721184/201629 Resolução nº 3402001.675 S3C4T2 Fl. 3.003 2 2. Em suma, estamos diante da conhecida discussão a respeito do conceito de insumo para fins de incidência de PIS e COFINS, a qual gravita em torno de uma postura mais restritiva por parte da Receita Federal do Brasil, o que se dá com fundamento nas INs n.s 247/02 e 404/04, bem como de uma visão mais ampla por parte dos contribuintes, que atrelam o conceito de insumo a ideia de despesa dedutível, nos termos da legislação do Imposto sobre a Renda. 3. Partindo do sobredito pressuposto, ou seja, de que insumo para fins de crédito de PIS e COFINS é aquele conceito estrito e aproximado da legislação do IPI (matériaprima, produto intermediário e material de embalagem) diretamente empregados na fase de industrialização, a fiscalização glosou inúmeros créditos tomados pela recorrente. 4. Assim, partindo desta premissa e analisando documentos fiscais eletrônicos, planilhas e notas fiscais entregues pela recorrente ao longo do procedimento administrativo, a fiscalização glosou inúmeros itens creditados pela recorrente: 5. Devidamente intimado, o contribuinte apresentou impugnação de fls. 2.209/2.298, oportunidade em que, após discorrer acerca da metodologia que entende pertinente para o creditamento de PIS e COFINS, refutou as glosas perpetradas pela fiscalização. 6. Uma vez processada, a impugnação foi julgada improcedente pela DRJ de Florianópolis (acórdão n. 0739.413 fls. 2.682/2.721), o que se deu nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 DIREITO DE CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. É do contribuinte o ônus de demonstrar e comprovar ao Fisco a existência do crédito utilizado por meio de desconto, restituição ou ressarcimento e compensação. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Em estando presentes nos autos do processo os elementos necessários e suficientes ao julgamento da lide estabelecida, prescindíveis são as diligências e perícias requeridas pelo contribuinte, cabendo a autoridade julgadora indeferilas. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 Fl. 3003DF CARF MF Processo nº 16682.721184/201629 Resolução nº 3402001.675 S3C4T2 Fl. 3.004 3 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. HIPÓTESES DE CREDITAMENTO. As hipóteses de crédito no âmbito do regime não cumulativo de apuração da Cofins são somente as previstas na legislação de regência, dado que esta é exaustiva ao enumerar os custos e encargos passíveis de creditamento, não estando suas apropriações vinculadas à caracterização de sua essencialidade na atividade da empresa ou à sua escrituração na contabilidade como custo operacional. COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. CONCEITO DE INSUMO. No regime não cumulativo da Cofins somente são considerados como insumos, para fins de creditamento de valores: os combustíveis e lubrificantes, as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de sua aplicação direta na prestação de serviços ou no processo produtivo de bens destinados à venda; e os serviços prestados por pessoa jurídica, aplicados ou consumidos na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de bens destinados à venda. COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. BENS E SERVIÇOS NÃO SUJEITOS À CONTRIBUIÇÃO. CRÉDITOS. VEDAÇÃO. É vedado o direito a créditos da Cofins não cumulativa sobre as aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição; nos casos de isenção, quando os bens sejam revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. BENS UTILIZADOS EM TRANSPORTE INTERNO. Os veículos, máquinas, equipamentos e embarcações utilizados no transporte interno de matériasprimas, produtos em elaboração e produtos acabados, não geram direito ao crédito, dado não se poder considerar tais bens empregados na fabricação de produtos. COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. DESPESAS COM ALUGUÉIS COM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. VEÍCULOS E EMBARCAÇÕES. INAPLICABILIDADE. A possibilidade de tomada de créditos sobre despesas de aluguéis com máquinas e equipamentos, não alcança os veículos e embarcações. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 PIS/PASEP. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. HIPÓTESES DE CREDITAMENTO. As hipóteses de crédito no âmbito do regime não cumulativo de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep são somente as previstas na legislação de regência, dado que esta é exaustiva ao enumerar os custos e encargos passíveis de creditamento, não estando suas Fl. 3004DF CARF MF Processo nº 16682.721184/201629 Resolução nº 3402001.675 S3C4T2 Fl. 3.005 4 apropriações vinculadas à caracterização de sua essencialidade na atividade da empresa ou à sua escrituração na contabilidade como custo operacional. PIS/PASEP. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. CONCEITO DE INSUMO. No regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep somente são considerados como insumos, para fins de creditamento de valores: os combustíveis e lubrificantes, as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de sua aplicação direta na prestação de serviços ou no processo produtivo de bens destinados à venda; e os serviços prestados por pessoa jurídica, aplicados ou consumidos na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de bens destinados à venda. PIS/PASEP. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. BENS E SERVIÇOS NÃO SUJEITOS À CONTRIBUIÇÃO. CRÉDITOS. VEDAÇÃO. É vedado o direito a créditos da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa sobre as aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição; nos casos de isenção, quando os bens sejam revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. BENS UTILIZADOS EM TRANSPORTE INTERNO. Os veículos, máquinas, equipamentos e embarcações utilizados no transporte interno de matériasprimas, produtos em elaboração e produtos acabados, não geram direito ao crédito, dado não se poder considerar tais bens empregados na fabricação de produtos. PIS/PASEP. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. DESPESAS COM ALUGUÉIS COM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. VEÍCULOS E EMBARCAÇÕES. INAPLICABILIDADE. A possibilidade de tomada de créditos sobre despesas de aluguéis com máquinas e equipamentos, não alcança os veículos e embarcações. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. 7. Diante de tal situação, o contribuinte interpôs o recurso voluntário em análise (fls. 2.732/2.836), oportunidade em que repisou os fundamentos desenvolvidos em sede de impugnação, bem como trouxe aos autos laudo técnico de fls. 2.838/2.870, o qual comprovaria as razões por ele desenvolvidas em sua peça defensiva. 8. Não obstante, em julho de 2018, a recorrente apresentou parecer técnico contábil realizado pela Pricewaterhouse Coopers Contadores Públicos Ltda. PWC, retratado em planilha que analisa cada uma das glosas perpetradas pela fiscalização e que atestaria a juridicidade dos seus créditos, parecer este que está acostado aos autos como documento não paginável que segue a petição de fls. 2.880/2.891. Fl. 3005DF CARF MF Processo nº 16682.721184/201629 Resolução nº 3402001.675 S3C4T2 Fl. 3.006 5 9. Por fim, em novembro do corrente ano, o contribuinte apresentou um terceiro parecer técnico (fls. 2.981/3.001) para tratar do conceito de essencialidade em cada uma das etapas da atividade empresarial exercida pela empresa. 10. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 11. Conforme se observa dos autos, a questão não é nova neste Tribunal. Trata se de infindável discussão de creditamento de PIS e COFINS e do conceito legal de insumo. Durante muito tempo esta questão foi indevidamente discutida em um altiplano normativo, na medida em que a autoridade fiscal pautava suas autuações com base no disposto na Instrução Normativa RFB nº 404, de 12 de março de 2004. Em suma, a autoridade fiscal e a Delegacia de Julgamento partem da premissa de que para serem considerados insumos os itens devem ser aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação do bem, aplicando, pois, conceito de insumo similar àquele desenvolvido no Parecer Normativo CST nº 65, de 30 de outubro de 1979. 12. Acontece que o conceito de insumo admitido por este Tribunal denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Neste mesmo diapasão foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, em recente julgado de caráter vinculante (REsp n. 1.221.170, julgado sob o rito de recursos repetitivos), cuja ementa segue abaixo transcrita: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o Fl. 3006DF CARF MF Processo nº 16682.721184/201629 Resolução nº 3402001.675 S3C4T2 Fl. 3.007 6 retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. 13. Destacase o voto da Ministra Regina Helena Costa, que considerou os seguintes conceitos de essencialidade ou relevância da despesa, que deve ser seguido por este Conselho: Essencialidade – considerase o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência; Relevância considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço. 14. Diante deste quadro, é prudente que os processos administrativos envolvendo créditos referentes a nãocumulatividade do PIS ou da Cofins sejam analisados casuisticamente, considerando cada item relacionado como “insumos” e o seu envolvimento no processo produtivo (critério de pertinência), para então definir a possibilidade de aproveitamento ou não do crédito pretendido. 15. Assim, retornando aos autos, tenho que este processo não se encontra em condições de receber um justo julgamento, em especial depois da apresentação de variados laudos técnicos acostados pelo contribuinte no sentido de aparentemente atestar seu direito, de forma que deve o mesmo retornar à autoridade preparadora, para que: (i) seja esclarecida pela Autoridade Fiscal a participação de cada um dos itens glosados e que foram objeto de recurso voluntário e que se entendeu não restar enquadrado no conceito de insumo para fins do processo produtivo da empresa. Fl. 3007DF CARF MF Processo nº 16682.721184/201629 Resolução nº 3402001.675 S3C4T2 Fl. 3.008 7 16. Ademais, deverá a fiscalização (ii) efetuar descritivo minucioso do referido processo produtivo, a fim de que sejam constatados o emprego dos referidos bens e direitos, aquilatando sua participação em relação ao produto final. 17. Ao efetuar estas constatações, solicito que a autoridade preparadora (e exclusivamente ela) (iii) elabore um parecer conclusivo que possibilite identificar cada dispêndio elencados, para fins de uma análise jurídica deste Colegiado quanto à participação de cada bem ou direito no processo produtivo do contribuinte em questão. 18. O referido parecer deverá também ser elaborado na forma de uma planilha que segregue os bens considerados pela recorrente sob os seguintes critérios: (a) pertinência ou não ao processo produtivo da empresa; (b) vida útil estimada (consumo imediato, menos de um ano, mais de um ano); (c) contato direto com o produto em fabricação; (d) agregação ao produto final. 19. Por fim, antes ainda da devolução deste processo para este Tribunal, (iv) sugerese que o contribuinte e a Procuradoria da Fazenda Nacional promovam uma reunião, a luz do precedente repetitivo do STJ (REsp n. 1.221.170), dos laudos técnicos aqui acostados e do parecer técnico que será preparado pela unidade de origem e, ainda, em razão da Nota explicativa SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF1, para que cooperem2 com a atividade judicativa atipicamente exercida por este Tribunal indicando, por conseguinte, quais glosas que as partes entendem como adequadas ao conceito de insumo vinculado pelo STJ e, portanto, indevidas, bem como quais glosas entendem como devidas em razão de uma extrapolação deste conceito. 20. Concluída a diligência, (v) o recorrente deverá ser intimado para que facultativamente apresente manifestação no prazo de 30 (trinta) dias, exatamente como prescreve o art. 35, parágrafo único do Decreto n. 7.574/2011. 1 "Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia. Ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Aferição do conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Tese definida em sentido desfavorável à Fazenda Nacional. Autorização para dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016. Nota Explicativa do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2" 2 Nos termos do que dispõe o art. 6o do CPC, "in verbis": "Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva." Fl. 3008DF CARF MF Processo nº 16682.721184/201629 Resolução nº 3402001.675 S3C4T2 Fl. 3.009 8 21. Não obstante, independentemente da efetividade da reunião aqui e antes do retorno dos autos para este Tribunal, (vi) a Procuradoria da Fazenda Nacional deverá ser intimada a se manifestar a respeito da diligência perpetrada, bem como dos laudos acostados nos autos, isso em relação a eventuais glosas que permanecerão em discussão. 22. É a resolução. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Fl. 3009DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10783.910654/2009-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jan 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2005
DIREITO CREDITÓRIO. CERTEZA. INEXISTÊNCIA.
A compensação é efetuada mediante a entrega de declaração de compensação (PER/DCOMP), na qual cabe ao declarante prestar as informações do crédito de que, comprovadamente, declara ser titular.
A falta da clareza e certeza do crédito pleiteado impede a homologação da compensação.
Numero da decisão: 1401-003.063
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10783.910652/2009-94, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia de Carli Germano, Carlos André Soares Nogueira, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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PAGAMENTO INDEVIDO Recorrente GARRA ENGENHARIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2005 DIREITO CREDITÓRIO. CERTEZA. INEXISTÊNCIA. A compensação é efetuada mediante a entrega de declaração de compensação (PER/DCOMP), na qual cabe ao declarante prestar as informações do crédito de que, comprovadamente, declara ser titular. A falta da clareza e certeza do crédito pleiteado impede a homologação da compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10783.910652/200994, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia de Carli Germano, Carlos André Soares Nogueira, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 91 06 54 /2 00 9- 83 Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10783.910654/200983 Acórdão n.º 1401003.063 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de Recurso Voluntário contra a decisão de 1ª instância, proferida pela 1ª Turma da DRJ/RJ1 em que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte, ocasião em que não reconheceu o alegado direito creditório. A seguir, transcrevo excertos dos termos e fundamentos da decisão recorrida: Versa este processo sobre PER/DCOMP. A DRF/Vitória, através do Despacho Decisório [...]que não homologou a compensação declarada no PER/DCOMP que relaciona. O despacho decisório contém a seguinte fundamentação: "A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP." O interessado, cientificado em [...], apresentou, em [...], manifestação de inconformidade [...]. Nesta peça, alega, em síntese, que: até outubro de 2003, recolheu a Contribuição Social sobre o Lucro Presumido utilizando o percentual de 12%; por cautela, a partir de novembro de 2003, alterou o percentual para 32%; a partir da MP nº 252/2005, voltou a utilizar o percentual de 12%, tendo acumulado crédito de pagamento a maior, conforme tabela, que foi utilizado para a quitação de tributos; a Receita Federal está exigindo multa para pagamento dentro do prazo; a DCTF foi transmitida em data anterior ao pedido de compensação, motivo pelo qual não foi encontrado o crédito; a DCTF foi retificada em 11/08/2009. É o relatório. Voto Tempestiva a manifestação de inconformidade, dela conheço. A teor do art. 170 do Código Tributário Naciona CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), na compensação tributária, o direito creditório alegado deve preencher dois requisitos: o da Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10783.910654/200983 Acórdão n.º 1401003.063 S1C4T1 Fl. 4 3 liquidez, concernente ao aspecto do montante do crédito; e, o da certeza, que diz respeito à prova incontestável do direito alegado. Desde a Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, que alterou o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, àquele que pretende compensar débitos tributários com créditos tributários de que se afirma detentor, compete declarar tal pretensão a esta Secretaria: "Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º. A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual consta informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados." O legislador foi inequívoco: a compensação é efetuada mediante a entrega de declaração de compensação, na qual cabe ao declarante prestar as informações do crédito de que, comprovadamente, declara ser titular, e, também, as informações do débito que, lastreado em documentos e registros contábeis idôneos, apurou. As informações prestadas em Dcomp devem corresponder àquelas que o declarante/fonte já havia prestado a esta Secretaria em outros documentos (darf, DCTF, DIPJ, DIRF, etc). A DRF, ao confrontar as informações prestadas no PER/DCOMP com as existentes nos sistemas da RFB, verificou que o DARF discriminado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para quitação de débitos do interessado, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. O darf foi alocado conforme DCTF Declaração de Contribuições e Tributos Federais. A DCTF, sendo confissão de dívida, tem o condão de constituir, formalmente, o crédito tributário, materializandoo. Na manifestação de inconformidade, o interessado admite que a DCTF não apontava a existência de crédito, sendo retificada em 11/08/2009. A retificação da DCTF, após o Despacho Decisório, não produz efeito. Os débitos objeto de compensação não homologada devem ser exigidos com os acréscimos de multa e de juros de mora, por Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10783.910654/200983 Acórdão n.º 1401003.063 S1C4T1 Fl. 5 4 expressa determinação legal (art. 38 da Instrução Normativa RFB 900/2008 c/c art. 61 da Lei nº 9.430/1996). O Despacho Decisório recorrido deve, então, ser mantido, por não terem sido elididos os fatos que lhe deram causa. É o meu voto. Julgadora Maria de Lourde Cientificada da decisão do referido acórdão, a Contribuinte interpõe Recurso Voluntário onde reitera seus argumentos expendidos na manifestação de inconformidade, acrescentando tabelas com os valores que entende devidos e compensados de vários tributos, diferenças entre os valores recolhidos (origem do eventual crédito), créditos e débitos atualizados, além de tabela comparativa processos de cobrança com a utilização de multa e juros de mora, tudo isto para arrematar com a mesma conclusão da impugnação apresentada: Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401003.061, de 13/12/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10783.910652/2009 94, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401003.061): "Tanto o Despacho Decisório quanto o acórdão proferido pela DRJ estão, considerando as informações do PER/DCOMP, corretos em suas decisões, uma vez que não houve a indicação precisa de eventual pagamento indevido, no caso de CSLL. De se dizer que processos desta natureza (PER/DCOMP) são de rito sumário e devem conter todas as informações necessárias em seu pleito inicial para que a administração tributária tenha condições de analisar seu crédito, oriundo de pagamentos a maior ou utilizado em compensações, como no caso. Não nos olvidemos de que são milhares os PER/DCOMP transmitidos para análises e estão Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10783.910654/200983 Acórdão n.º 1401003.063 S1C4T1 Fl. 6 5 sujeito à homologação tácita se não apreciados em cinco anos de sua data de transmissão, de forma que, reitero, são decisões de rito sumário e devem estar (os pedidos) devidamente instruídos no que toca a natureza do crédito pleiteado e utilizado para fins de compensação. No caso em questão, a Recorrente, alertada pelo decidido no Despacho Decisório que indeferiu seu pleito, apresentou uma DCTF retificadora onde ali repousariam, então, os valores que entende como devidos. A instância de piso não aceitou tal retificação: A DRF, ao confrontar as informações prestadas no PER/DCOMP com as existentes nos sistemas da RFB, verificou que o DARF discriminado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para quitação de débitos do interessado, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. O darf foi alocado conforme DCTF Declaração de Contribuições e Tributos Federais. A DCTF, sendo confissão de dívida, tem o condão de constituir, formalmente, o crédito tributário, materializandoo. Na manifestação de inconformidade, o interessado admite que a DCTF não apontava a existência de crédito, sendo retificada em 11/08/2009. A retificação da DCTF, após o Despacho Decisório, não produz efeito. Em situações desta natureza, onde apenas o crédito pleiteado fora informado de maneira equivocada no PER/DCOMP, entendo que se pode aceitar a DCTF retificadora apresentada após o Despacho Decisório, mas, ressaltese, tratandose de uma situação pontual, onde, de plano, poderseia aferir a existência do direito creditório da Requerente. Mas não é o caso dos autos. De se mostrar. A Recorrente afirmou em sua Impugnação que sua forma de tributação era o lucro presumido, onde o IRPJ é apurado por trimestre, entretanto, "por opção do seu setor financeiro, recolhe antecipadamente ao final de cada mês", procedimento incorreto, pois vedada a apuração e o pagamento mensal do tributo devido (art.516 do RIR/99), aí incluída a CSLL. A Recorrente afirmou que recolhia, até outubro de 2003, a CSLL utilizando como base de cálculo o percentual de 12% da receita bruta e a partir daí até setembro de 2005, utilizou a base de cálculo da CSLL no percentual de 32%, por força do art.22 da Lei 10.684/2003, quando, então, voltou a Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10783.910654/200983 Acórdão n.º 1401003.063 S1C4T1 Fl. 7 6 utilizar o percentual de 12%, agora em face da Medida Provisória nº 252/2005. Em seu entendimento teria recolhido a maior a CSLL relativa ao período compreendido entre novembro de 2003 a setembro de 2005, entretanto, não apresenta e nem fundamenta suas razões de existência do eventual direito creditório alegado em seu recurso. Pelo exposto, já seria o suficiente para lhe negar seu pleito, mas ainda há outros entraves que impedem ou permitam reconhecer qualquer sinal do eventual crédito nos moldes em que aventado pela Recorrente. Base de Cálculo da CSLL Lei 9.250/1995 Art.20. A partir de 1º de janeiro de 1996, a base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts.27 e 29 a 34 da Lei 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do anocalendário. Em 2003, houve alteração do artigo supra, que teria motivado (?) a Recorrente ao recolhimento da CSLL utilizando o percentual de 32% como base de cálculo: Base de Cálculo da CSLL Lei 10.684, de 30 de maio de 2003 Art.22. O art.20 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art.20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts.27 e 29 a 34 da Lei 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do anocalendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do parágrafo 1º do art.15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. De se ver o dispositivo supra citado, que excepcionou a utilização de percentual de 32%: Lei 9.250/1995 (art.15 com redação anterior à dada pela Lei 12.973/14) Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10783.910654/200983 Acórdão n.º 1401003.063 S1C4T1 Fl. 8 7 Art.15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts.30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 2005. Parágrafo 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de : [...] III. trinta e dois por cento, para as atividades de: a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; (redação anterior a Lei nº 11.727, de 2008) [...] A Recorrente nem sabe dizer porque passou a utilizar o percentual de 32% na base de cálculo da CSLL. Seu Contrato Social nos dá uma pista, somente isto, desta mudança, pois ali consta em seu objeto social (cláusula terceira, Volume V1) a exploração das seguintes atividades: Se a Recorrente se utilizar de construção civil por empreitada, por exemplo, devese observar a aplicação dos materiais envolvidos, ou seja, se fornecidos pelo empreiteiro, fica sujeito ao percentual de 8% na apuração da base de cálculo do IRPJ, enquadrandose no caput do art.15 da Lei 9.249/95 e assim, o percentual de determinação da base de cálculo da CSLL é de 12%. Serviços de desenho técnico especializados de arquitetura e engenharia, me parece que enquadramse em prestação de serviços em geral, passíveis, portanto, de utilização do percentual de 32% na base de cálculo da CSLL, mas, enfim, nada foi demonstrado pela Recorrente, que possui o exercício, pelo menos consta em seu Contrato Social, de mais de uma atividade, o que pode levar à utilização de percentuais diferentes da base de cálculo da CSLL: 32% sobre a receita bruta da atividade enquadrada no inciso III do parágrafo 1º do art.15 da Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10783.910654/200983 Acórdão n.º 1401003.063 S1C4T1 Fl. 9 8 Lei 9.249/95 e de 12% sobre a receita bruta das demais atividades. Além desta ausência de fundamentação da razão de pedir, não há nos autos uma nota fiscal sequer que demonstrasse a natureza das atividades exercidas pela Recorrente. Diz a Recorrente ainda, em seu recurso voluntário, que, a partir de setembro de 2005, com a edição da Medida Provisória nº 252/2005, "voltamos a utilizar o percentual de 12% aplicado no cálculo da CSLL." A Medida Provisória nº 252, de 15 de junho de 2005 perdeu sua eficácia, tendo seu prazo de vigência encerrado em 13 de outubro de 2005, conforme Ato Declaratório do Presidente da Mesa do Congresso Nacional nº 38, de 2005. Posteriormente foi editada uma nova MP, agora de nº 255, de 1° de julho de 2005, convertida na Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005 que, naquilo que possa ter alguma alusão ao afirmado pela Recorrente seria o seguinte: Lei 11.196/2005 Capítulo VII DO IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA IRPJ E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Art.34. Os arts. 15 e 20 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 2005, passam a vigorar com a seguinte redação: "Art.15. ........................................................................................ .................................................................................. Parágrafo 4º. O percentual de que trata este artigo também será aplicado sobre a receita financeira da pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, quando decorrentes da comercialização de imóveis e for apurada por meio de imóveis ou coeficientes previstos em contrato." "Art.20. ......................................................................................... Parágrafo 1º. A pessoa jurídica submetida ao lucro presumido poderá, excepcionalmente, em relação ao 4º (quarto) trimestrecalendário de 2003, optar pelo lucro real, sendo definitiva a tributação pelo lucro presumido relativa aos 3 (tres) primeiros trimestres. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10783.910654/200983 Acórdão n.º 1401003.063 S1C4T1 Fl. 10 9 Parágrafo 2º. O percentual de que trata o caput deste artigo também será aplicado sobre a receita financeira de que trata o parágrafo 4º do art.15 desta Lei." Depreendese da mencionada Lei que o percentual de 8% também será aplicado sobre a receita financeira da pessoa jurídica que "explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, quando decorrentes da comercialização de imóveis e for apurada por meio de imóveis ou coeficientes previstos em contrato", valendo o mesmo para fins de cálculo da CSLL. Nada mais do que isto, ficando sem sentido a afirmação da Recorrente, a seguir reproduzida: Por qualquer ângulo que se analise o pleito da Recorrente, verificase que não há um indício sequer de que a Recorrente possua o alegado crédito de CSLL. Conclusão Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 84DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.723388/2012-51
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE.
Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
Numero da decisão: 2001-000.894
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JORGE HENRIQUE BACKES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009 DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
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RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física, glosa de Despesas Médicas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 72 33 88 /2 01 2- 51 Fl. 51DF CARF MF 2 O Recurso Voluntário foi apresentado pelo relator para a Turma, assim como os documentos do lançamento, da impugnação e do acórdão de impugnação, e demais documentos que embasaram o voto do relator. Não se destacaram algumas dessas partes, pois tanto esse acórdão como o inteiro processo ficam disponíveis a todos os julgadores durante a sessão. A ementa do acórdão de impugnação foi a seguinte: DESPESAS MÉDICAS Todas as despesas médicas estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade solicitar elementos de prova dos respectivos pagamentos. Nessa hipótese, a apresentação tãosomente de recibos ou declarações, sem a prova do efetivo pagamento, é insuficiente para comprovar o direito à dedução pleiteada. Passagens do voto do acórdão de impugnação relataram e sustentaram o seguinte: Dedução Indevida a Título de Despesas Médicas – glosa de dedução de despesas médicas, pleiteadas indevidamente pelo(a) contribuinte na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física. Valor: R$ 21.440,00. Motivo da glosa: Foram glosadas as seguintes despesas médicas Sueli Camilo Diogo de Oliveira (R$ 1.440,00),Soraya Ayoub Valério (R$ 8.000,00) e Márcia Regina Silqueira (R$ 12.000,00), uma vez que intimado a comprovar o efetivo pagamento, o contribuinte não logrou êxito. A fundamentação legal das infrações encontrase descritas às fls. 07, 08 e 10. O (A) contribuinte, cientificado(a) apresentou defesa (fls. 02) tempestiva, alegando em breve síntese que anexa os recibos/notas fiscais, contendo todos os requisitos exigidos pela legislação. No caso, a contribuinte poderia ter feito a comprovação do pagamento das despesas mediante apresentação de documentos tais como cheques, saques, transferências e/ou extratos bancários, etc, que fossem capazes de vincular os recibos apresentados aos dispêndios efetuados com os respectivos pagamentos pelos serviços prestados, mas não o fez. O contribuinte reitera seus argumentos e pleiteia provimento integral ao recurso voluntário. Fl. 52DF CARF MF Processo nº 13839.723388/201251 Acórdão n.º 2001000.894 S2C0T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Jorge Henrique Backes, Relator Verificada a tempestividade do recurso voluntário, dele conheço e passo à sua análise. Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física, glosa de Despesas Médicas, por falta de comprovação do pagamento. Contribuinte apresentou recibos emitidos pelos profissionais. No caso, não foram solicitados outros elementos de prova de maneira objetiva. Tampouco foram apresentados vícios, indícios ou circunstâncias desabonadoras para os documentos apresentados pelo contribuinte. Não foi apresentada nenhuma investigação, circularização, ou outro procedimento de verificação que indicasse algum problema, ou mesmo dúvida, nos documentos. Como as alegações de recusa se prenderam a formalidades, e os documentos indicam prestação de serviços médicos, na dúvida, na falta de fundamentação na recusa e na ausência de indicações desabonadoras claras, entendo pela aceitação dos documentos. Em argumentação geral, os recibos não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, tanto do serviço como do pagamento. Mesmo que não sejam apresentados outros elementos de comprovação, a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve estar fundamentada. Como se trata do documento normal de comprovação, para que sejam glosados devem ser apontados indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Não deixo de fazer aqui uma fundamentação do entendimento expresso acima, pois a falta de fundamentação é a matéria em discussão. Muitas vezes a autoridade fiscal baseia a recusa a deduções no art.73 do Decreto nº 3.000, de 1999, que assim dispôs: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Tal artigo indica que determinados documentos não fazem prova absoluta, podendo ser solicitados elementos adicionais de comprovação. No entanto, isso não significa que o juízo, o fundamento da autoridade, dos fatos e do direito, não necessite ser apresentado. E tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como veremos na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. Fl. 53DF CARF MF 4 O lançamento pode até ocorrer sem pedido de esclarecimentos ou de prévia intimação ao contribuinte, como consta inclusive em súmula do CARF: Súmula CARF nº 46: O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário. No entanto, a recusa não pode prescindir de justificativa, inclusive porque deduções elevadas podem estar completamente dentro da lei e do direito do contribuinte. Trazendose um pouco de doutrina percebese claramente a necessidade da motivação. Diz Celso Antônio Bandeira de Mello, em relação aos atos discricionários: “A motivação deve ser prévia ou contemporânea à expedição do ato. (…) Naqueloutros, todavia, em que existe discricionariedade administrativa ou em que a prática do ato vinculado depende de apurada apreciação e sopesamento dos fatos e das regras jurídicas em causa, é imprescindível motivação detalhada. [...] E Maria Sylvia Zanella Di Pietro, sobre a motivação expressase assim:: “O princípio da motivação exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas decisões. Ele está consagrado pela doutrina e pela jurisprudência, não havendo mais espaço para as velhas doutrinas que discutiam se a sua obrigatoriedade alcançava só os atos vinculados ou só os atos discricionários, ou se estava presente em ambas as categorias. A sua obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato, porque se trata de formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos.” E além de princípios e doutrinas, também a lei , como antes aventado, dispõe sobre a obrigação de motivar. A Lei nº 9.784/1999 que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal em seu artigo 50, dispõe: “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V – decidam recursos administrativos; VI – decorram de reexame de ofício; VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII– importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.” Fl. 54DF CARF MF Processo nº 13839.723388/201251 Acórdão n.º 2001000.894 S2C0T1 Fl. 4 5 Esse artigo da lei não faz diferenciação entre atos vinculados ou discricionários. Todos os atos que se encaixam nas situações dos supracitados incisos, sejam vinculados ou discricionários, devem compulsoriamente ser motivados. A amplitude e o imenso alcance desse artigo sobre os atos administrativos não deixa nenhum resquício de incerteza ou de dúvida: a regra ampla e geral é a obrigatoriedade de motivação dos atos administrativos. E como princípio, de maneira não menos importante, vejase o que diz sobre a matéria o art. 2º da mesma Lei 9.784, de 1999: “Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (…) VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; (…) XIII interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”. Assim, na ausência de fundamentos consistentes que indiquem inidoneidade dos documentos usuais de comprovação, é indevida a glosa de despesas médicas. Conclusão Em razão do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Relator Fl. 55DF CARF MF 6 Fl. 56DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720164/2012-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 14 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.549
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocada em substituição ao conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Vinicius Guimarães (suplente convocado em substituição ao conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira ). Ausentes, justificadamente, os conselheiros Leonardo Correia Lima Macedo e Paulo Roberto Duarte Moreira.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocada em substituição ao conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Vinicius Guimarães (suplente convocado em substituição ao conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira ). Ausentes, justificadamente, os conselheiros Leonardo Correia Lima Macedo e Paulo Roberto Duarte Moreira. Relatório Por retratar com fidelidade os fatos, adoto, com os devidos acréscimos, o relatório produzido em sede de Manifestação de Inconformidade, o qual está consignado nos seguintes termos: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 66 82 .7 20 16 4/ 20 12 -1 5 Fl. 18798DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.799 2 "Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento, PER nº 04068.35135.141111.1.1.084986, no montante de R$ 12.813.488,80 referente a créditos de PIS não cumulativo Exportação, apurados no terceiro trimestre de 2011, vinculados à Receita de Exportação. Apensado ao presente processo encontrase o processo de nº 16682.721183/201170 que deferiu o adiantamento de 50% do ressarcimento, conforme previsto na Portaria MF de nº 348 de 16/06/2010. A DEMAC por meio do Parecer 096/2013 e despacho decisório (fls. 18.046/18068) deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento, reconhecendo o crédito no valor de R$ 11.600.183,63. A ciência ocorreu em 18/04/2013 (fls. 18.069) Segundo o Parecer (fls. 18.046/18.068) a possibilidade de apuração de créditos de PIS e COFINS deverá ser analisada caso a caso, considerandose a essencialidade do bem na produção e/ou venda e na geração de receita da empresa. Cita o voto da Conselheira Nanci Gama, que concluiu que serão dedutíveis todos os dispêndios “relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pelas contribuições do PIS e da COFINS”, bastando verificar “se o dispêndio é indispensável à produção de bens ou à prestação de serviços geradores de receitas tributáveis pelo PIS e COFINS não cumulativos”. 1. Serviços utilizados como insumos Foram glosados as seguintes Notas: Notas fiscais de serviços de frete e transporte; análise técnica; transferência de máquinas; serviços de despachante; serviços genéricos de manutenção; serviços de consultoria; serviço de almoxarifado; serviço “diário e semanal”; abastecimento; comboio; serviços portuários; terraplanagem de porto; drenagem; dragagem; uso de sistema de transmissão entre outros, por não possuírem inerência com a produção de placas de aço (anexo 12). 2. Despesas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos de PJ Foram glosados: aluguéis de containeres; equipamentos de rádio e telecomunicações; caminhões pipa; tendas; logística; galpões; embarcações; terraplanagem e transportes; sistemas de segurança, entre outros. As glosas podem ser observadas no Anexo 14. 3. Bens do Ativo Imobilizado Com base no Anexo 17, que é a composição de todo o Ativo Imobilizado que reflete as bases de cálculo das DACON, verificamos que alguns itens não podem ter seu creditamento aceito posto que não possuem inerência direta com a produção de chapas que é o assunto aqui tratado. Os itens glosados de plano são, entre outros, referentes a construção de prédio alheio à produção (RH); píer; pontes; ruas; esgotos; avenidas; iluminação; ar condicionado; equipamento náutico e drenagem, entre outros (Anexo 18). 4. Outras Operações com direito a crédito As glosas referemse a serviços de oceanografia; urbanização e paisagismo; telefonia; Fl. 18799DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.800 3 terraplanagem; apoio técnico; alambrados e portas; serviços de medição; fornecimentos de guindastes; pavimentação; instalação de ar condicionado; movimentação interna de cargas, balizamento; sinalização náutica e manutenção de áreas verdes, entre outros. As glosas estão no Anexo 23. Cientificada em 18/04/2013 (fls. 18.069) a interessada apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 18.074/18.128 em 20/05/2013 alegando em síntese: Os pedidos de Ressarcimento do 2º trimestre de 2011 incluíram créditos do período de setembro/2010 a março/2011. Alega que registrou suas operações de PIS e COFINS detalhando os respectivos créditos do período de setembro/2010 a março/2011 na EFD de abril/2011 e, como consequência lógica no PER/DCOMP referente ao 2º trimestre de 2011. Alega que seguiu a orientação da própria receita nas perguntas 54 e 55 nas perguntas e respostas da EFD e que se trata de mero aspecto formal. Em 10/08/2012 efetuou requerimento esclarecendo o procedimento adotado, bem como pleiteando a retificação, por meio do desmembramento dos dois PER do 2º trimestre de 2011. Cita legislação que entende ser a base legal para tal pedido. O art. 7º da IN RFB Nº 1.060/2010 permite a retificação quanto a aspectos formais. O art. 3º da Portaria MF 348/2010 estabelece a necessidade da fiscalização aterse à análise da certeza e liquidez dos créditos pleiteados nos Pedidos Especiais de Ressarcimento, definindo sua validade, ou seja, determina que a autoridade analise os aspectos materiais do crédito tributário pleiteado, que nada mais são do que os dados objetivos do fato gerador. Com base na argumentação acima, o Delegado poderia autorizar a retificação dos Pedidos de Ressarcimento de modo a desmembrálos em outros Pedidos do 3º trimestre de 2010, do 4º trimestre de 2010, e do 1º trimestre de 2011, sem qualquer alteração do valor total solicitado pela impugnante. O indeferimento do PER não observou o próprio exercício regular do direito e a boafé do contribuinte e a segurança das normas jurídicas. Cabe ao fisco analisar os processos observando os princípios da finalidade, da razoabilidade, da proporcionalidade, como também, a adequação entre os meios e fins adotados e a interpretação da norma da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, sob pena de violação aos artigos art. 2º, caput e parágrafo único, incisos I, VI, IX e XIII e art. 69 da Lei nº 9.784/99. Cita o art. 112 do CTN e o acórdão do CARF no processo 11516.000636/200823 que entendeu pela possibilidade de reconhecimento do crédito extemporâneo. Fl. 18800DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.801 4 A legislação não define insumo para fins de creditamento das contribuições. Na definição de insumos se enquadraria tudo aquilo que está relacionado com a produção do bens e serviços. O objetivo da não cumulatividade é evitar a incidência em cascata de tributos e este somente será alcançado se os créditos abrangerem as despesas necessárias à consecução das atividades do contribuinte. Cita os acórdãos nº 930301.035 e 320200266 do CARF com entendimento de que em relação ao creditamento da não cumulatividade o legislador considera insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. A fiscalização equivocouse ao partir da premissa de que a contribuinte somente teria atividade de produção de chapas de aço. Especificamente quanto às glosas efetuadas a interessada afirma que: a) Glosa relativa a serviços utilizados como insumos (anexo 12) A contribuinte reconhece que os seguintes serviços não atendem aos requisitos para gerar crédito: fornecimento de mãodeobra; operação de almoxarifado; diário e semanal, pintura, reforma controle de acesso, transferência/movimentação de máquinas, terraplanagem, pavimentação concreto, frete interestadual, abastecimento, comboio, consultoria e assessoria, drenagem execução e finalização. Quanto às glosas a seguir, a interessada efetuou as seguintes alegações: Glosa da análise técnica esta se relaciona com a produção de semiacabados de aço. A interessada descreve a necessidade dos itens glosados por fornecedor. Glosa de soldador tratase de manutenção da coqueria. Glosa de dragagem o serviço tem o objetivo de proporcionar o desassoreamento do leito marinho para a manutenção da profundidade do porto por onde é recebida grande parte da matériaprima da contribuinte. Glosa de serviços portuários este insumo está ligado à questão ambiental, no que tange à logística de transporte de resíduos e esgoto do porto, bem como análise da água. Glosa de serviços pagos à Stahlog Soluções tratase de serviço que contempla o planejamento e as operações de descarga de graneis sólidos importados por via marítima, principalmente carvão, e o carregamento para navio das placas de aço destinadas à exportação. Glosa de manutenção são imprescindíveis à atividade da contribuinte. Glosa de frete decorrem do fornecimento de matériasprimas para a produção de aço. Glosa de serviço especializado de corte/montagem de chapas, este é parte da produção. Fl. 18801DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.802 5 Glosa de escória sintética, tratase de serviço de transporte de escória para o distribuidor. Glosa de gerenciamento e transporte de escória, tratase de operação dos equipamentos que granulam e tratam a escória do altoforno para envio à Votorantim. Glosa de Contrato de Uso do Sistema de transmissão tratase de tarifa para custeio do sistema de transmissão da rede elétrica, necessário na aquisição e venda de energia elétrica e não repassado ao consumidor. A administração, operação e exploração de uma usina termoelétrica, bem como a geração, transmissão, distribuição, comercialização de energia elétrica são atividades da contribuinte, presente em seu objeto social. b) Glosa relativa a despesas de alugueis de máquinas e de equipamentos de pessoa jurídica (anexo 14) A contribuinte reconhece que o aluguel de container, não atende aos requisitos para configuração como insumo por pertencer ao setor administrativo. Quanto às glosas a seguir, a interessada efetuou as seguintes alegações: Glosa de locação de máquina/equipamento – máquinas e equipamentos são alugados diariamente, para a realização de diversos serviços. A fiscalização não esclarece a razão da glosa. Glosa de locação de tenda – objetiva evitar a exposição da matéria prima a intempéries. Glosa de locação de caminhão – podem ser utilizados para umidificar pilhas de insumos ou resíduos para evitar particulado dos mesmos, bem como molhar as vias de veículos o a via do KIROW (carro das panelas do gusa) e na limpeza de dutos de gás quente que alimenta a termoelétrica. Glosa de leasing de computador – destinamse a realização de tarefas produtivas. Glosa de locação de meio de transporte – os caminhões podem ser utilizados para umidificar pilhas de insumos ou resíduos para evitar particulado dos mesmos, bem como molhar as vias de veículos o a via do KIROW (carro das panelas do gusa) e na limpeza de dutos de gás quente que alimenta a termoelétrica. Glosa de locação de caminhão pipa os caminhões podem ser utilizados para umidificar pilhas de insumos ou resíduos para evitar particulado dos mesmos, bem como molhar as vias de veículos o a via do KIROW (carro das panelas do gusa) Glosa de locação de caminhão vácuo os caminhões são utilizados na limpeza de dutos de gás quente que alimenta a termoelétrica. São essenciais para a remoção de fluidos que se acumulam na tubulação e diretamente ligados à atividade da contribuinte. Fl. 18802DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.803 6 Glosa de locação de caminhão Hidrojet – tratase de aluguel de caminhões utilizados na limpeza de dutos de gás quente que alimenta a termoelétrica. c) Glosa relativa a Bens do Ativo Imobilizado (anexo 18) A Planta do RH é o local em que ocorre o processo físico da lenta liberação de gases quando presos, de materiais congelados, absorventes ou adsorventes. Em relação aos demais itens glosados, o conceito de insumo abrange o bem ou serviço ter sido utilizado ainda que de forma indireta na atividade de fabricação do produto. d) Glosa relativa a Outras Operações com Direito a Crédito (anexo 23) A interessada reconhece que os serviços de instalação e montagem, serviços de construção civil, serviços de consultoria/inspeção, manutenção, instalações/reformas e supervisão, montagem e mecânica, não atendem aos requisitos para gerar crédito. Quanto às glosas a seguir, a interessada efetuou as seguintes alegações: Glosa de manutenção de máquinas e equipamentos visam evitar a interrupção da produção. Glosa de manutenção preventiva das bolas de sinalização do porto que indicam a zona de manobra – grande parte da matériaprima chegam pelo porto, e também, a produção é escoada pelo porto. Glosa de massa rubinit vk 3 e de argamassa refratária – tratase de insumo refratário, material capaz de suportar altas temperaturas sem deformar. Encerra a manifestação tratando do princípio da verdade material e requerendo o apensamento dos 4 processos administrativos que originaram os despachos decisórios, e a suspensão do crédito tributário. Verificando não se acharem ainda reunidos todos os elementos necessários para formação da convicção acerca da matéria descrita nos autos, a fim de dirimir a controvérsia e preservar o contraditório e a ampla defesa, com fundamento no artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972, o julgamento foi convertido em diligência por meio da Resolução nº 12.000.276 (fls. 18.362/18.369) para que, com base na escrituração contábil/fiscal e documentação comprobatória, a unidade de origem prestasse as informações e documentação lá citadas. Em resposta a fiscalização elaborou termo de diligência (fls. 18.641/18.656) nos seguintes termos: 1. Atividade exercida pela interessada Verificar se a interessada exerce, de fato, atividade de administração, operação e exploração de uma usina termoelétrica, bem como a geração, transmissão, Fl. 18803DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.804 7 distribuição e comercialização de energia elétrica e se auferiu receitas desta atividade; Informar se a interessada também utiliza a energia adquirida/produzida em sua atividade; Com base na resposta da interessada, fica claro que ela, efetivamente, possui uma usina termoelétrica e se vale de toda a sua produção energética a fim de conseguir a sua meta que é a produção de chapas de aço. Em fato, quando se trata do ramo de siderurgia, via de regra, há que se ter no parque industrial, a presença de dispositivos de geração de energia própria e autônoma. Sem essa geração energética independente, a produção se torna praticamente impossível de ser alcançada a preços competitivos no mercado (nacional e/ou internacional). 2. Serviços utilizados como insumos a) Quanto aos itens soldador e manutenção Informar se os itens acima estão relacionados à manutenção da coqueria e das máquinas diretamente utilizadas no processo produtivo ou na prestação de serviços de energia elétrica (se for o caso). Esclarecimentos transcritos da documentação apresentada “O item de soldador está relacionado ao processo de soldagem de arco elétrico, sobre a qual se faz o acréscimo ou não de um metal de adição. No que se refere à manutenção, a mesma está relacionada à coqueria, máquinas e tubulações diretamente utilizadas no processo produtivo. Os serviços de manutenção prestados pela Bosch são utilizados para consertos e instalações e troca de peças de reposição em máquinas, enquanto que os prestados pela Mec In Service servem para manutenção mecânica e eletromagnética, essenciais para geração de energia elétrica.” b) Quanto aos itens fretes, escoria sintética para o distribuidor, gerenciamento e transporte de escoria A interessada informa que os itens acima são relativos a frete. Esclarecer se os itens glosados referemse a transporte interno, à frete na operação de venda, suportado pela empresa vendedora ou a frete pago na aquisição de matéria prima, suportado pelo comprador. Caso se refira à última hipótese, informar se o frete integrou o valor do custo de aquisição para fins de apuração do crédito de não cumulatividade. Caso, os itens glosados não se enquadrem em nenhuma das hipóteses citadas, esclarecer sua aplicação; Esclarecimentos transcritos da documentação apresentada “Os fretes que resultaram em tomada de crédito são os pagos, quando decorrentes exclusivamente para a aquisição de matériaprima. A escória sintética para o distribuidor é uma cobertura refratária aplicada no distribuidor para que o mesmo aguente a carga metálica de aço fundido sem danos, bem como para manter a temperatura e qualidade do aço neste ponto final do processo. Fl. 18804DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.805 8 O distribuidor é parte do maquinário de lingotamento contínuo, que transforma o aço líquido em uma placa de aço, produto final da TKCSA. O gerenciamento e transporte de escória é o serviço de adequação da escória que sai do altoforno para o uso por parte da Votorantim, possibilitando a venda desta escória. Exclusivamente nos fretes pagos na aquisição da matériaprima, o frete integra o valor de custo de aquisição para fins de apuração do crédito de não cumulatividade.” c) Quanto ao item Contrato de Uso do Sistema de Transmissão Anexar cópia do Contrato de Uso do Sistema de Trasmissão; Caso tais despesas estejam relacionadas tanto à prestação de serviço de energia quanto ao uso da energia pela interessada, discriminar e quantificar as parcelas respectivas; Esclarecimentos transcritos da documentação apresentada “Os Contratos de Uso do Sistema de Transmissão e Termos Aditivos, bem como planilha de despesas relacionadas tanto à prestação de serviço de energia quanto ao uso da energia pela interessada, se encontram discriminadas e com quantificação das parcelas respectivas, com os encargos devidos, conforme abaixo: Os contratos CUST 011/2010 e CUST 038/2010 referemse à exportação de energia para a rede, cujos valores pagos encontramse na tabela a seguir. Os contratos CUST 016/2011 e CUST RC 010/2011 referemse ao atendimento à carga da TKCSA pela rede, cujos valores pagos encontramse na tabela a seguir.” Caso a interessada comercialize energia, discriminar e quantificar mensalmente as parcelas, que compõem os encargos devidos tais como: a. Pagamento às CONCESSIONÁRIAS DE TRANSMISSÃO pela prestação dos SERVIÇOS DE TRANSMISSÃO, mediante controle e supervisão do ONS, especificados nos CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSMISSÃO CPST; Fl. 18805DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.806 9 b. Pagamento ao ONS pelos serviços por ele prestados, c. Pagamento às CONCESSIONÁRIAS DE TRANSMISSÃO por eventuais ultrapassagens do MONTANTE DE USO contratado; Os valores referemse à ultrapassagem de demanda para suprimento à carga da TKCSA pela rede no ano de 2011. Não houve ultrapassagem de demanda para exportação de energia para a rede:” Fl. 18806DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.807 10 d. Pagamento às CONCESSIONÁRIAS DE TRANSMISSÃO por eventuais SOBRECARGAS em suas instalações e equipamentos. “Não foram verificadas sobrecargas nos equipamentos associados à conexão da TKCSA com a rede.” e. Pagamento por eventuais reduções onerosas dos MONTANTES DE USO contratados. “Não houve pagamento por reduções onerosas no montante de uso contratado no período.” f. Recolhimento à CONCESSIONÁRIA DE TRANSMISSÃO à qual está conectada das quotas de rateio da Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis –CCC e da Conta de Desenvolvimento Energético – CDE e das quotas de custeio do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica –PROINFA. “Os pagamentos com encargos setoriais foram efetuados em 2011 e estão discriminados na tabela abaixo. O pagamento das quotas da CCC, CDE e PROINFA é realizado para a Eletrobrás Furnas (concessionária acessada pela rede).” g. Pagamento da parcela de ineficiência por sobrecontratação, esta apurada mensalmente e paga anualmente. O pagamento desta parcela não se aplica aos contratos da TKCSA. Conclusão desta fiscalização: Cópias dos contratos foram apresentadas e juntadas ao presente processo, entretanto, os comprovantes dos pagamentos efetuados, que constam das diversas planilhas, simplesmente não foram apresentados pela interessada. Fl. 18807DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.808 11 3. Despesas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos de PJ Considerando que a legislação permite a apuração de crédito de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa esclarecer a razão da glosa dos itens relacionados no ANEXO 14, discriminando por fornecedor o serviço prestado e o fundamento da glosa. A fiscalização informa que: As glosas ocorreram em função das notas terem descrições superficiais e não tinham correlação e/ou necessidade direta com a atividade da empresa (produção de chapas de aço para exportação). No intuito de esclarecer mais a situação, a fiscalização elaborou uma planilha de amostragem composta das notas fiscais de maiores valores de cada um dos trinta fornecedores de equipamentos e máquinas de locação. A fiscalizada apresentou cópias de todas as notas da supracitada amostragem. Tais cópias também foram anexadas ao presente processo. Da análise das referidas cópias de notas podemos constatar que inúmeras delas referemse a aluguel de veículos e tal creditação não é permitida. Elaboramos um quadro discriminando, por trimestre, as notas a terem as suas glosas mantidas e o juntamos ao presente processo. Ali verificamos que no segundo trimestre de 2011, esta fiscalização propõe que sejam mantidos R$ 3.106.113,79 em glosas e, no terceiro trimestre de 2011, sejam mantidas R$ 3.342.743,00. Nos dois trimestres, o somatório de glosas que propomos a manutenção é o de R$ 6.448.856,79. Juntamos ainda um outro quadro que discrimina, por empresa locadora, as glosas às quais propomos a sua manutenção. Nessa toada, propomos que, revertendo as glosas anteriormente praticadas, sejam consideradas as locações praticadas pela interessada, no montante de R$ 1.679.159,54. Conforme notas fiscais solicitadas, tratamse efetivamente de máquinas e equipamentos (previsão legal). Juntamos ainda um quadro que, a juízo desta fiscalização, resume as notas fiscais passíveis de creditação. Ali verificamos os montantes de R$ 1.188.463,25 e de R$ 490.696,29 que correspondem, respectivamente, ao segundo e ao terceiro trimestres de 2011. A situação se resume no seguinte: 4. Bens do Ativo Imobilizado Considerando que a lei permite a apuração de crédito calculado em relação a edificações e benfeitorias Fl. 18808DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.809 12 em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa, esclarecer a razão da glosa dos itens relacionados no anexo 18 e informar se os itens estão relacionados à atividade da empresa, independentemente de estar vinculado à produção. Listar os itens edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros separadamente dos itens máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado. A fiscalização esclarece que os itens glosados podem estar relacionados à empresa, entretanto, não se acham vinculados à sua atividade (produção de chapas de aço) Apresenta lista às fls. 18.639/18.640 5. Outras Operações com direito a crédito Em relação ao item Manutenção de máquinas e equipamentos Informar se o item acima está relacionado à manutenção das máquinas e equipamentos diretamente utilizadas no processo produtivo ou na prestação de serviços; O contribuinte informou em relação ao item manutenção de máquinas e equipamentos deste tópico, que insta esclarecer que os mesmos estão relacionados com o processo produtivo, conforme explicações detalhadamente expostas na manifestação de inconformidade. Informar se os itens massa rubunit VK 3 e de argamassa refratária foram diretamente utilizadas no processo produtivo ou na prestação de serviços. Por fim, convém informar que o insumo de refratário foi utilizado diretamente no alto forno, ou seja, no processo produtivo da TKCSA. A interessada foi cientificada do resultado de diligência para, se quiser, aditar a defesa e apresentou o aditamento (fls. 18.666/18.678), alegando em síntese: A DRJ deve analisar o indeferimento parcial dos créditos sob dois aspectos: Aspecto Formal e Aspecto Material. Quanto ao aspecto formal, a manifestante incluiu no PER do 2 º trimestre de 2011, dos créditos apurados no período de setembro/2010 a março/2011, foi legal vez que a transmissão da EFD ocorreu somente em abril/2011. Antes do indeferimento parcial, a manifestante ingressou com pedido de desmembramento do PER do 2º trimestre de 2011. Não foi analisado o pedido de desmembramento protocolado na DEMAC em 10/08/2012 esclarecendo a legalidade do procedimento e pleiteando retificação por meio do desmembramento do PER do 2º trimestre de 2011 que incluiu créditos do período de setembro/2010 a março/2011. A administração pública deve observar os princípios previstos no art. 2º §único, incisos I, VI, IX, XIII e art. 69 da Lei nº 9.784/99. Fl. 18809DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.810 13 O art. 7º, caput da IN 1060/2020 que regulamentou a Portaria MF 348/2010 que a dispõe que a retificação do PER é possível após análise da admissibilidade da retificação pela autoridade competente. A intenção da Portaria MF n.º 348/2010 é direcionar a fiscalização para o aspecto material dos Pedidos Especiais de Ressarcimento, estabelecendo como parâmetro para eventual indeferimento do pedido, apenas a irregularidade quanto aos créditos solicitados. Por aplicação do princípio da verdade material é saber se os créditos existem ou não, analisando os aspectos materiais. Apenas se detectada eventual irregularidade apenas em seu aspecto material é que caberá a adoção dos dispositivos previstos no §2º, incisos I e II do art. 3º da Portaria MF nº 348/2010, que visam restringir o pagamento do restante dos valores pleiteados. O indeferimento do PER não observou o próprio exercício regular do direito e a boafé do contribuinte e a segurança das normas jurídicas. Cita o art. 112 do CTN e o acórdão do CARF no processo 11516.000636/200823 que entendeu pela possibilidade de reconhecimento do crédito extemporâneo. Em relação ao aspecto material, notase que após a diligência, o fiscal concorda com diversas premissas equivocadas em seu relatório inicial. Tanto o exercício da atividade de administração, operação e exploração de uma usina termoelétrica, bem como a geração, transmissão, distribuição, comercialização de energia elétrica quanto à utilização da energia adquirida foram verificados e comprovados pelo Auditor Fiscal, nos termos descritos na página 5 do Relatório de Diligência. No que concerne ao item 2c contrariamente à afirmação da fiscalização contida na página 8 do relatório de diligência no sentido de ter deixado de apresentar os comprovantes de pagamentos efetuados reitera a manifestante que cumpriu a risca os termos previstos no Termo de Intimação 2, e prestou todas as informações solicitadas. O Auditor Fiscal confirma que os itens massa rubunit VK3 e de argamassa refratária foram diretamente utilizados no processo produtivo. Em relação ao item aluguel de máquinas e equipamentos, a Solução de Consulta citada trata de não creditamento de veículos por pessoa jurídica que possui atividade de comercialização de eletrônicos. Os caminhões da Costa Verde, por exemplo, possuem diversas funções. Podem ser utilizados para umidificar pilhas de insumos ou resíduos para evitar particulado dos mesmos, bem como molhar as vias de veículos ou a via do Kirow (carro das panelas do gusa). Alguns são inclusive utilizados na limpeza de dutos de gás quente que alimenta a termoelétrica. Fl. 18810DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.811 14 No que tange aos bens do ativo imobilizado glosados, a interessada esclarece o item planta do RH e alega que todas as glosas são despesas necessárias às atividades da manifestante, ainda que não estejam diretamente ligadas à produção de aço. Em relação às outras operações com direito ao creditamento, insta ressaltar que o auditor ignorou tal ponto, razão pela qual reiteramos as alegações da manifestação de inconformidade. É o relatório." A Manifestação de Inconformidade foi julgada procedente em parte e a decisão apresenta a seguinte ementa: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2011 a 30/09/2011 INSUMOS. CRÉDITO. CONCEITO. NÃO CUMULATIVIDADE. Na definição de insumos utilizados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda somente serão incluídos quaisquer serviços e bens que sofram alterações, tais como: consumo; desgaste; dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o serviço que está sendo prestado e no bem ou produto que está sendo fabricado. INSUMOS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Os serviços caracterizados como insumos são aqueles diretamente aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Despesas e custos indiretos, embora necessários à realização das atividades da empresa, não podem ser considerados insumos para fins de apuração dos créditos no regime da não cumulatividade. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO. PROCESSO PRODUTIVO. CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Somente são considerados como insumo, gerando direito a crédito, observados os demais requisitos normativos e legais, os serviços de manutenção realizados em máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo, assim entendida, a atividade de prestação de serviço e de produção ou fabricação de bens destinados à venda. TRANSPORTE INTERNO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Não gera crédito de não cumulatividade o transporte interno de insumos ou equipamentos da produção, por não se configurar como insumo na produção. ENERGIA ELÉTRICA. TUST. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE A tarifa paga pela utilização do sistema de transmissão para as produtoras independentes de energia não geram crédito de energia elétrica porque não insumos aplicados na produção de energia. Fl. 18811DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.812 15 ENERGIA ELÉTRICA. TUST. CRÉDITO. POSSIBILIDADE A tarifa paga pela utilização do sistema de transmissão para as autoprodutoras de energia geram crédito de energia elétrica em relação à energia consumida porque compõe o seu custo. ALUGUEL DE MÁQUINA E EQUIPAMENTO E VEÍCULOS. Os aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos utilizados na atividade da empresa geram crédito de nãocumulatividade, não havendo restrição a que o aluguel se refira a bens utilizados no processo produtivo. Não há previsão legal para cálculo do crédito em relação ao aluguel de veículos por não se incluírem no conceito de máquinas e equipamentos. LEASING. DIREITO A CRÉDITO Gera direito a crédito de nãocumulatividade o valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica. EDIFICAÇÕES E BENFEITORIAS. Geram direito a crédito a despesa de depreciação ou amortização de edificações e benfeitorias em imóveis próprios e de terceiros, utilizados nas atividades da empresa, inclusive abrangendo os bens da área administrativa e comercial. APROPRIAÇÃO ACELERADA DE CRÉDITOS. As pessoas jurídicas poderão optar pelo desconto, no prazo de 24 (vinte e quatro) meses, dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que tratam na hipótese de edificações incorporadas ao ativo imobilizado, adquiridas ou construídas para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. MÁQUINAS EQUIPAMENTOS IMOBILIZADO Pode ser apurado crédito em relação à amortização e depreciação de maquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte" O Recurso Voluntário da Recorrente foi interposto de forma hábil e tempestiva, contendo, em breve síntese, os seguintes argumentos: (i) tratase de Pedido Eletrônico de Ressarcimento (PER n.º 04068.35135.141111.1.1.084986), no montante de R$ 12.813.488,80, referente a créditos de PIS não cumulativo – Exportação, apurados no 3º Trimestre de 2011, vinculados à Receita de Exportação, fundado no Procedimento Especial de Ressarcimento, instituído pelo Ministério da Fazenda, através da Portaria MF n.º 348, de 16 de junho de 2010 (alterada pela Portaria MF n.º 260, de 24 de maio de 2011 e pela Portaria MF n.º 131, de 20 de abril de 2012), regulamentada pela Instrução Normativa RFB n.º 1.060, de 03 de agosto de 2010; (ii) Após verificação da procedência da totalidade do crédito solicitado, a Delegacia de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro – DEMAC/RJ, através de Despacho Decisório, consubstanciado no Parecer n.º 097/2013, deferiu parcialmente o PER, reconhecendo créditos de COFINS no valor de R$ 53.431.285,36, tendo o valor pago Fl. 18812DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.813 16 antecipadamente, compensado de ofício e a diferença com exigibilidade suspensa, devido à Manifestação de Inconformidade apresentada; (iii) destacou que apesar de ter sido reconhecido e deferido o ressarcimento do crédito de PIS no valor de R$ 11.600.183,63, a parte glosada/indeferida no valor de R$ 1.213.305,17 dos créditos analisados de R$ R$ 12.813.488,80 conteve diversos equívocos com premissas errôneas analisadas pelo auditor fiscal, razão pela qual a DRJ converteu o julgamento em Diligência Fiscal, ora concluída pelo auditor fiscal; (iv) A 16ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ – DRJ/RJO, inicialmente, converteu o julgamento em diligência à DEMAC/RJO, para verificação de alguns tópicos: (i) a atividade exercida pela Recorrente; (ii) os serviços utilizados como insumos; (iii) as despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos; (iv) os bens do ativo imobilizado; (v) outras operações com direito a crédito. (v) a fiscalização da DEMAC/RJ, elaborou Termo de Diligência, concordando em grande parte com os esclarecimentos prestados pela Recorrente, inclusive, retificando glosas inicialmente feitas; (vi) traz o conceito de insumo para fins da não cumulatividade das contribuições e o critério da essencialidade; (vii) o direito ao crédito em relação aos insumos é permitido com um conceito amplo; (viii) deve ser utilizado o critério da essencialidade, mediante o qual se avalia se determinado bem ou serviço se enquadraria ou não no conceito de insumo, bem como a legislação do Imposto de Renda (arts. 290 e 299 do RIPI); (ix) o Conselho Administrativo de Recursos tem proferido diversos acórdãos no sentido de superar a interpretação restritiva do Fisco; (x) o objeto social da Recorrente compreende: a) operação de uma usina integrada de aço para produção, comercialização e transformação de produtos de ferro e aço, bem como a produção, transformação, comercialização e a prestação de serviços relativa a todos os produtos e/ou insumos secundários, inclusive, resíduos, relativos à operação da referida usina, incluindo a importação e exportação de todos os produtos, dos produtos secundários, dos insumos, dos resíduos e dos bens de capital relativos à operação da referida usina; b) a administração, operação e exploração de um complexo comercial de operações portuárias, podendo, se assim desejar e quando necessário, operar como empresa brasileira de navegação, na realização de serviços de navegação de apoio portuário e executando serviços de dragagem; c) a administração, operação e exploração de uma usina termoelétrica, bem como a geração, transmissão, distribuição, comercialização de energia elétrica; Fl. 18813DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.814 17 d) a constituição de subsidiárias, bem como a participação em qualquer outra sociedade, companhia, consórcio ou entidade no Brasil ou no exterior para a consecução do objeto social da Companhia; e) o desenvolvimento, dentro do território brasileiro ou no exterior, de qualquer outra atividade direta ou indiretamente relacionada à consecução do objeto social da Companhia. (xi) desde a Manifestação de Inconformidade, já reconheceu que, diante das milhares de notas fiscais apresentadas à DEMAC,os seguintes serviços, de fato, não atendem aos requisitos nos termos acima estabelecidos e foram, por equívoco, incluídos erroneamente no PER, quais sejam: fornecimento de mãodeobra; operação de almoxarifado; diário e semanal; pintura; reforma controle de acesso; transferência/movimentação de máquinas; terraplanagem; pavimentação concreto; frete interestadual; abastecimento; comboio; consultoria e assessoria; drenagem execução e finalização; (xii) a glosa referente à Análise Técnica, mantida pela DRJ, se encontra assim resumida: (xiii) a DRJ, na fundamentação do acórdão, sequer entrou no detalhamento de cada um dos serviços prestados referente à este item, não analisando, ainda, o principal que é a relação com a atividade (produção de semiacabados de aço), essencial ao processo produtivo da Recorrente; (xiv) no que tange especificamente à RIP Serviços Siderúrgicos Ltda., a subtração deste insumo implicaria na impossibilidade da produção. Isto porque, tal empresa detém o knowhow de uma vasta gama de processos da planta, envolvidos na produção do aço; (xv) a Tribolab Comércio de Aparelhos Científicos Ltda., tratase de insumo empregado para determinar a severidade, modo e tipos de desgaste em máquinas, por meio da Fl. 18814DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.815 18 identificação da morfologia, acabamento superficial, coloração, natureza e tamanho das partículas encontradas em amostras de óleos ou graxas lubrificantes, de qualquer viscosidade, consistência e opacidade e que tal insumo se mostra essencial para o aumento da vida útil do equipamento, redução dos custos pelo aditamento controlado de paradas programadas, aumento de segurança e maior disponibilidade operacional, sendo sua subtração prejudicial ao exercício das suas atividades; (xvi) a Test Oil do Brasil Ltda., por sua vez é uma empresa especializada em manutenção preditiva, por análise de fluidos, visando o pleno exercício das atividades da Recorrente, em consecução de seu objeto social, no que tange à identificação de desgaste e contaminação das máquinas e equipamentos da planta, inerentes à produção de aço; (xvii) a Oceanotecnica Pesquisas e Operações Submarinas Ltda. responde pela manutenção das boias de sinalização do porto, que indicam a zona de manobra. Importante lembrar que o porto é por onde chega grande parte da matériaprima, bem como por onde é escoada grande parte da produção. Tais boias são necessárias para operar o porto. A supressão deste insumo inviabiliza a utilização do porto, importando, por via de consequência, na prejudicialidade direta da atividade da Recorrente; (xviii) com relação aos demais insumos (EcoSteel Gestão de Águas Industrial Ltda., Oceanotecnica Pesquisas e Operações Submarinas Ltda. e Haztec Tecnologia, Planejamento Ambiental S/A e Emissão Zero – Comércio e Instalação de Filtros Ltda.), insta explicitar que são essenciais para o tratamento e gerenciamento de resíduos decorrente dos processos produtivos; (xix) a subtração destes insumos implicaria na perda de eficiência, posto que alguns materiais são tratados e voltam a ser utilizados, novamente, bem como no descumprimento da legislação ambiental, o que poderia inclusive gerar a incidência de pesadas multas pelos órgãos de controle da administração pública; (xx) lista outros insumos: (xxi) com relação ao serviço prestado pela Haztec Tecnologia e Planejamento Ambiental S/A, conforme anteriormente já explanado, tratase de insumo diretamente ligado à questão ambiental, especificamente, neste caso, no que tange à logística de transporte de resíduos e esgoto do porto, bem como análise da água. e que sua supressão implicaria no descumprimento da legislação ambiental, o que poderia inclusive gerar a incidência de pesadas multas pelos órgãos de controle da administração pública; (xxii) Quanto à Stahllog Soluções Logísticas Ltda., tratase de serviço que contempla o planejamento e as operações de descarga de granéis sólidos importados por via marítima, principalmente carvão, e o carregamento para navio das placas de aço destinadas a Fl. 18815DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.816 19 exportação, sendo que a supressão deste insumo impactaria diretamente na sua atividade como um todo; (xxiii) Prossegue: (xxiv) em que pese a DRJ ter reconhecido o direito à crédito em relação aos serviços de manutenção, especialmente por estarem relacionados à coqueria, apenas se manifestou acerca dos serviços prestados pela Bosch Rexroth Ltda. e pela Mec In Service Manutenção, esquecendose de relacionar, neste ponto, o cancelamento da glosa referente aos serviços de manutenção da Siemens Ltda. Todavia, na parte final do acordão (fls. 18765/18766), reconhece que o serviço de manutenção da SIEMENS gera direito a apuração de crédito, citando, inclusive, as Soluções de Consulta n.º 17/2010, 141/2009 – SRRF01/Disit e Solução de Divergência n.º 15/2013 – Cosit, reconhecendo, portanto, o entendimento inicial equivocado. (xxv) Ainda: (xxvi) o CUST – Contrato de Uso do Sistema de Transmissão é a tarifa para custeio do sistema de transmissão da rede elétrica, necessário na aquisição e venda de energia elétrica e não repassado ao consumidor; (xxvii) a administração, operação e exploração de uma usina termoelétrica, bem como a geração, transmissão, distribuição, comercialização de energia elétrica são suas atividades, presentes em seu objeto social, sendo tal despes um insumo, uma vez que é impossível realizar qualquer transação com energia elétrica sem incorrer em CUST; (xxviii) prestou todos os esclarecimentos sobre o CUST, anexando, inclusive, contratos de demanda de energia elétrica, entregues à fiscalização da DEMAC, foi mantida a glosa por entender que não foram apresentados os comprovantes de pagamento do TUST, que nunca foram solicitados pela DEMAC à Recorrente, mas tão somente os esclarecimentos e os contratos, razão pela qual tal glosa deve ser imediatamente afastada; (xxix) em relação a glosa de despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos de pessoa jurídica, desde a Manifestação de Inconformidade, reconheceu que, diante das Fl. 18816DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.817 20 milhares de notas fiscais apresentadas à DEMAC, as despesas de aluguéis de containeres, para o setor administrativo, por equívoco, foram incluídos erroneamente no PER; (xxx) no que tange às glosas indevidas, de modo a facilitar a sua identificação e a sua ilegalidade, optou pela divisão em grupos, com a respectiva explicação das razões pelas quais tais créditos devem ser recompostos, a saber: (xxxi) o aluguel de caminhões da Costa Verde Diesel Ltda., os mesmos possuem diversas funções, utilizados também para umidificar pilhas de insumos ou resíduos para evitar particulado dos mesmos, bem como molhar as vias de veículos ou a via do Kirow (carro das panelas do gusa). Alguns são inclusive utilizados na limpeza de dutos de gás quente que alimenta a termoelétrica, demonstrando, assim, sua essencialidade ao seu processo produtivo, especialmente para a remoção de fluidos que se acumulam na tubulação e diretamente ligados à atividade fim; (xxxii) as glosas dos créditos advindos das notas fiscais de Danielli Transportes e da Luquip Terraplanagem não merecem ser mantidas, visto que ambos se referem à Locação de Máquinas cujas funções estão diretamente ligadas ao processo produtivo, o primeiro para fornecer matériaprima e o segundo preparar a via de acesso que alimenta a termoelétrica ligados, portanto, à atividade fim; Fl. 18817DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.818 21 (xxxiii) a subtração destes insumos importam em perda de qualidade do processo produtivo, prejudicandoo diretamente. No caso da limpeza de dutos, a supressão implicaria na impossibilidade de funcionamento da termoelétrica, caso ausente esta manutenção; (xxxiv) no que tange aos bens do ativo imobilizado (com base no valor de aquisição ou de construção), a Planta do RH se trata de uma planta de degaseificação de aciaria, inerente à produção de aço e à geração de energia elétrica; (xxxv) tratase de local em que ocorre o processo físico da lenta liberação de gases quando presos, de materiais congelados, absorventes ou adsorventes, não havendo como afastar sua essencialidade, relação com o objeto social da Contribuinte, bem como o fato de que sua supressão impossibilitaria a produção de aço e a produção de energia elétrica; (xxxvi) com relação aos demais bens do ativo imobilizado glosados, vale ressaltar que a fiscalização não observou o alargamento do conceito de insumo extensamente discorrido e todas as glosas são despesas necessárias às atividades da empresa; (xxxvii) em que pese a DRJ ter cancelado as glosas referentes a Planta do RH, do Pier, do Painel de Distribuição, da Estação de Descar, do Prédio Social, Prédio Sala, Prédio Vestiário e Prédio Portaria, manteve a glosa referente aos bens da área administrativa e da atividade comercial, que são essenciais à prestação dos serviços; (xxxviiii) novamente diz, que desde a Manifestação de Inconformidade, já reconheceu que, diante das milhares de notas fiscais apresentadas à DEMAC, os seguintes serviços, de fato, não atendem aos requisitos nos termos acima estabelecidos e foram, por equívoco, incluídos erroneamente no PER, quais sejam: serviços de instalação e montagem; serviços de construção civil; serviços de consultoria/inspeção; manutenção; instalações/reformas e supervisão, montagem e mecânica; (xxxix) no que tange às glosas indevidas, de modo a facilitar a sua identificação e demonstrar a sua ilegalidade, optou pela divisão em grupos: (xl) no que tange à manutenção de máquinas e equipamentos, devese sempre ressaltar que são incontáveis as máquinas, em toda a planta, que recebem manutenção, visando Fl. 18818DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.819 22 a ininterrupção da produção e que conforme se verifica das notas fiscais apresentadas à DEMAC, tais manutenções estão diretamente ligadas às atividades da empresa; (xli) Outros insumos: (xlii) a Oceanotecnica Pesquisas e Operações Submarinas Ltda. responde pela manutenção das boias de sinalização do porto, que indicam a zona de manobra, sendo o porto o local por onde chega grande parte da matériaprima, bem como por onde é escoada grande parte da produção. Tais boias são necessárias para operar o porto e sua supressão inviabiliza a utilização do porto, importando, por via de consequência, na prejudicialidade direta da atividade. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Relator Como visto, o processo versa sobre o creditamento de insumos para apuração das contribuições sobre o PIS e a COFINS. A matéria é corriqueira nesta Turma de Julgamento, sendo que os julgamentos no CARF tem sido no sentido de aplicar o conceito de insumos em relação ao processo produtivo do contribuinte, adotando uma posição intermediária entre aquela considerada pela Receita Federal, com base na IN SRF 247/02 e IN SRF 404/04 e aquela defendida por muitos contribuintes em que todas as despesas e aquisições realizadas estariam incluídas no conceito de insumo. Ainda, este Colegiado tem aplicado recentemente o contido no julgamento proferido no RESP nº 1.221.170/PR. Em razão destes posicionamentos, surgem situações distintas nos processos, sendo que a Fiscalização ao auditar os contribuintes, utilizava as regras constantes das instruções normativas da Receita Federal, não se atinha ao exame detalhado da situação das aquisições e despesas incorridas no processo produtivo, utilizando critérios que ao sentir da Fiscalização são suficientes para afastar tais despesas do conceito de insumo, procedendo assim, as glosas aos créditos informados pelo contribuinte. Conforme dito anteriormente, as turmas do CARF vem entendendo que para a definição das despesas com aquisição de bens e serviços que possam ser consideradas insumos para aproveitamento de créditos é necessária uma definição clara de quais produtos e serviços estão sendo pleiteados, além de identificar em qual momento e fase da processo produtivo eles estão vinculados. Fl. 18819DF CARF MF Processo nº 16682.720164/201215 Resolução nº 3201001.549 S3C2T1 Fl. 18.820 23 Assim, em muitos casos, tanto os relatórios e trabalhos de auditoria realizada pela Fiscalização da Receita Federal, quanto os documentos e argumentos apresentados pelos contribuintes em seus recursos, não são suficientes para a definição de quais despesas estariam incluídas no conceito de insumo a serem consideradas possíveis de gerar créditos no cálculo das contribuições do PIS e da COFINS não cumulativos. Neste sentido, perfilho o entendimento de que no caso concreto, os documentos e informações constantes dos autos não são suficientes para definir com exatidão se a glosa dos insumos/serviços efetivada pela Fiscalização deve ser mantida, ou se deve ser reformada para considerar o direito de crédito pleiteado pela Recorrente. São reiterados os julgados que definem pela conversão do feito em diligência em casos como o presente, cito exemplificativamente, as Resoluções de nº 3202000.109, 3202000.222, 3402001.461, 3402000.481 e 3201000.481. Assim, fazse necessário a baixa dos autos em diligência para que seja determinada com exatidão, quais são as aquisições de bens e as despesas de serviços que foram utilizadas a título de crédito pela Recorrente, quais foram glosadas pela Fiscalização e qual a implicação destes bens e serviços no processo produtivo. Diante do exposto, voto no sentido de converter o julgamento do Recurso em diligência a fim de que unidade preparadora: (i) Intime a Recorrente para no prazo de 60 (sessenta) dias prorrogável uma vez por igual período, apresente Laudo Técnico descritivo do processo produtivo da empresa, subscrito por profissional habilitado e com anotação de responsabilidade técnica do órgão regulador profissional, com a indicação individualizada dos insumos e serviços utilizados (apenas os insumos e serviços objeto do litígio e constantes do Recurso Voluntário) dentro de cada fase de produção, com a completa identificação dos insumos e serviços e sua descrição funcional dentro do processo produtivo; (ii) Intime a Recorrente para apresentar os comprovantes de pagamento do TUST, cujos valores pretende o creditamento; (iii) A Receita Federal, deverá elaborar relatório identificando quais dos bens e serviços utilizados que foram objeto de glosa e permanecem em litígio na fase recursal, indicando os motivos para tal indeferimento, dando conhecimento à Recorrente para que se manifeste, bem como, analise a documentação, caso apresentada em relação ao TUST; e (iv) Após, deverá ser dado ciência do relatório elaborado à Recorrente, para que, em querendo, manifestese no prazo de 30 (trinta) dias. Concluídas tais etapas, os autos deverão retornar a este Conselho para seu regular prosseguimento. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator Fl. 18820DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.903767/2011-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Feb 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE CSLL. PARCELAMENTO DE VALORES DEVIDOS POR ESTIMATIVA.
O saldo negativo da CSLL apurado no encerramento do ano-calendário, oriundo de valores devidos mensalmente por estimativa, somente poderá ser utilizado na compensação quando efetivamente extinto. O parcelamento não constitui modalidade de extinção do crédito tributário, em face do que os valores das estimativas que foram parcelados não podem ser utilizados para compensação enquanto não liquidados.
Numero da decisão: 1302-003.354
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Lucia Miceli - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Carmen Ferreira Saraiva (Suplente Convocada), Flavio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
Nome do relator: MARIA LUCIA MICELI
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SALDO NEGATIVO DE CSLL. PARCELAMENTO DE VALORES DEVIDOS POR ESTIMATIVA. O saldo negativo da CSLL apurado no encerramento do anocalendário, oriundo de valores devidos mensalmente por estimativa, somente poderá ser utilizado na compensação quando efetivamente extinto. O parcelamento não constitui modalidade de extinção do crédito tributário, em face do que os valores das estimativas que foram parcelados não podem ser utilizados para compensação enquanto não liquidados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto da relatora. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Maria Lucia Miceli Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Carmen Ferreira Saraiva (Suplente Convocada), Flavio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 37 67 /2 01 1- 34 Fl. 196DF CARF MF 2 Relatório A recorrente apresentou Declaração de Compensação nº 21511.20657.291008.1.3.030180, na qual pretende utilizar crédito decorrente de saldo negativo de CSLL do anocalendário de 2007, no valor de R$ 5.656,03. Após análise, a DRF/Campinas não reconheceu o direito creditório, pois, de acordo com decisão, parte das parcelas que compõem o crédito não foram confirmadas, conforme quadro a seguir: De acordo com a DIPJ/2008, foi apurada CSLL a pagar de R$ 2.119.395,01, valor superior ao montante confirmado a título de estimativas, de R$ 1.724.734,22, motivo pelo qual não foi reconhecido o direito creditório. Em sessão de 30 de junho de 2014, por meio do Acórdão nº 1146.728, a 3ª Turma da DRJ/REC julgou improcedente a manifestação de inconformidade da recorrente, com a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 RETENÇÃO NA FONTE. COMPROVAÇÃO. A contribuição social retida na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensada se o contribuinte possuir comprovante hábil de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos. COBRANÇA. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. COMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. No tocante à compensação, a competência das DRJ limitase ao julgamento de manifestação de inconformidade contra o não reconhecimento do direito creditório ou a não homologação da compensação, não se estendendo a questões atinentes ao cabimento da cobrança dos débitos cuja compensação não foi homologada. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos, cuja prova compete ao sujeito passivo, são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.903767/201134 Acórdão n.º 1302003.354 S1C3T2 Fl. 197 3 A decisão recorrida não reconheceu o direito creditório diante da ausência de comprovação dos valores retidos a título de contribuição social sobre o lucro líquido pelas fontes pagadoras, e bem como pela inclusão das receitas sobres as quais teria incidido a retenção no cômputo do lucro apurado. Quanto à estimativa cuja compensação não foi confirmada, já houve decisão de 1ª instância julgando improcedente a manifestação de inconformidade, nos autos do processo administrativo nº 10830.902238/201113. Ademais, compulsando a DIPJ/2008 e as parcelas formadoras do saldo negativo, verificouse que o valor de R$ 388.840,12, parcela não informada no demonstrativo de crédito da DCOMP, foi objeto de parcelamento. Entretanto, ainda que confirmado esta parcela, não seria suficiente para quitar a CSLL devida e formar o crédito de saldo negativo. A ciência da decisão ocorreu em 21/08/2014, conforme atesta o Termo de Abertura de Documento, fls. 121. O recurso voluntário foi apresentado em 29/08/2014, fls. 123/132 com as seguintes alegações: a diferença de R$ 388.840,12 não foi informada na PER/DCOMP em razão da mesma estar citada no parcelamento da Lei nº 11.941/2009, o qual estava em processo de consolidação no período de 07/06/2011 a 30/06/2011. requer juntada dos documentos trazidos junto com o recurso voluntário, considerando o Princípio da Verdade Material. as provas coadunam com as alegações de direito da recorrente, demonstrando seu direito ao crédito tributário promovido pela DCOMP, objeto dos autos. caso haja dúvidas, requer a conversão do julgamento em diligência para que sejam apurados os valores requeridos. já houve decisão favorável no CARF em outros processos da recorrente, nos quais foram acolhidos os documentos acostados aos autos quando da interposição do recurso voluntário. no processo administrativo nº 10840.918673/200945, o julgamento foi convertido em diligência que, através da Informação Fiscal, o colegiado se certificou e reconheceu o direito creditório, homologando sua compensação. É o relatório. Voto Conselheira Maria Lucia Miceli Relatora O recurso voluntário é tempestivo, e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Assim, dele eu conheço. Fl. 198DF CARF MF 4 A questão a ser analisada no presente recurso é a comprovação do direito creditório de saldo negativo de CSLL do anocalendário de 2007, que deixou de ser reconhecido em razão da não confirmação de valores que comporiam o mencionado crédito, a saber: 1) Valores retidos na fonte pagadora = parcela não comprovada de R$ 8.147,81. 2) Estimativa do mês de março/2007, cuja quitação se deu por compensação, mas não homologada, deixando de ser confirmado o valor de R$ 3.328,59. Em sua defesa, a recorrente alega que diferença apontada na decisão, entre a composição do crédito informado na DCOMP e aquele informado a DIPJ/2008, no montante de R$ 388.840,12, referese a parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/2009. Além disso, afirma que os comprovantes de retenção anexados junto com ao recurso voluntário comprovaria os valores retidos a título de contribuição social. É de se notar que a recorrente não contesta a glosa do valor da estimativa do mês de março/2007. Passo a julgar. Cumpre primeiro analisar o pedido de diligência. Conforme dispõe o artigo 16, IV do Decreto nº 70.235/72, este pedido deve vir acompanhado dos motivos que o justifique, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados. Verificase que tal rito não foi seguido, bem como se deve ressaltar que a realização de diligência não se presta para produção de provas cujo ônus é daquele que alega. Ademais, o procedimento adotado no julgamento de outro processo administrativo, que acatou o pedido de diligência, não vincula no presente, já que esta conselheira tem autonomia na formação de sua convicção. Vale lembrar que os conselheiros devem observar obrigatoriamente as hipóteses previstas no art.45, VI e art. 62 da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF). A conversão em diligência em um processo não vincula os demais julgamentos do mesmo contribuinte. Por fim, cabe destacar que os documentos constantes nos autos já são suficientes para a formação da convicção desta conselheira. Sendo assim, deve ser indeferida a diligência, por desnecessária, nos termos do disposto no art. 18 do Decreto 70.235/1972, com redação dada pelo art. 1º da Lei 8.748/1993. Quanto ao mérito, com base na DIPJ/2008 apresentada, o crédito de saldo negativo da CSLL tem a seguinte formação: CSLL devida R$ 2.119.395,01 () CSLL retida na fonte por órgãos públicos R$ 15.966,06 () CSLL retida pelas demais entidades da administração pública federal R$ 11.205,09 () CSLL mensal paga por estimativa R$ 1.709.039,17 () Parcelamento formalizado de CSLL sobre a base calculada estimada R$ 388.840,12 CSLL a pagar R$ 5.656,03 Foi confirmado, a título de estimativas recolhidas de CSLL, o valor de R$ 1.724.734,22. Com relação à parte das estimativas no montante de R$ 388.840,12, este valor Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10830.903767/201134 Acórdão n.º 1302003.354 S1C3T2 Fl. 198 5 foi consolidado no parcelamento da Lei nº 11.941/2009, em 16/06/2011, conforme Recibo de Consolidação de Parcelamento de Dívidas não parceladas anteriormente, de fls. 134. A defesa afirma que: (1) as estimativas parceladas e pagas confirmariam o crédito que pretende utilizar na compensação e (2) os comprovantes de retenção na fonte demonstrariam a parcela glosada. Com relação ao primeiro argumento, para dirimir a questão, transcrevo os fundamentos do recente Parecer Normativo nº 2, de 3/12/2018, que trata de estimativas compensadas, mas aborda as estimativas que não foram pagas ou compensadas: Entendimento consolidado 8.A despeito de a situação aqui tratada se referir ao débito de estimativas quitadas por compensação, fazse referência à hipótese em que as estimativas foram confessadas em DCTF e não foram quitadas nem por pagamento nem por compensação. 8.1.Tal hipótese já estava normatizada no âmbito da RFB pelo então art. 16 da IN SRF n° 93, de 1997 (vigente na época da consulta interna), a qual foi replicada pelos atualmente vigentes arts. 52 e 53 da IN RFB n° 1.700, de 2017. Notese que por eles já há o tratamento para a verificação da falta de pagamento durante o anocalendário em curso e após o seu término: Art. 52. Verificada, durante o anocalendário em curso, a falta de pagamento do IRPJ ou da CSLL por estimativa, o lançamento de ofício restringirseá à multa isolada sobre os valores não recolhidos. § 1° A multa de que trata o caput será de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do pagamento mensal que deixar de ser efetuado. § 2° As infrações relativas às regras de determinação do lucro real ou do resultado ajustado, verificadas nos procedimentos de redução ou suspensão do IRPJ ou da CSLL a pagar em determinado mês, ensejarão a aplicação da multa de ofício sobre o valor indevidamente reduzido ou suspenso. § 3° Na falta de atendimento à intimação de que trata o § 1° do art. 51, no prazo nela consignado, o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil procederá à aplicação da multa de que trata o caput sobre o valor apurado com base nas regras previstas nos arts. 32 a 41, ressalvado o disposto no § 2° do art. 51. § 4° A não escrituração do livro Diário ou do Lalur de que trata o caput do art. 310 até a data fixada para pagamento do IRPJ e da CSLL do respectivo mês, implicará desconsideração do balanço ou balancete para efeito da Fl. 200DF CARF MF 6 suspensão ou redução de que trata o art. 47 e a aplicação do disposto no § 2° deste artigo. § 5° Na verificação relativa ao anocalendário em curso o livro Diário e o Lalur a que se refere o § 4° serão exigidos mediante intimação específica, emitida pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. Art. 53. Verificada a falta de pagamento do IRPJ ou da CSLL por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá: a multa de ofício de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do pagamento mensal que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL no anocalendário correspondente; e o IRPJ ou a CSLL devido com base no lucro real ou no resultado ajustado apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora contados do vencimento da quota única do tributo. 8.2.Quando os dispositivos se referem à falta de pagamento, tratase da hipótese em que o débito referente a estimativas está em aberto (art. 52) ou não extinto (art. 53), seja por pagamento, seja por compensação. Estando o débito extinto pela compensação em 31 de dezembro do anocalendário, mesmo que esteja sob condição resolutória, não há a aplicação desses dispositivos, a não ser que a Dcomp seja considerada não declarada (já que esta não produz efeito de extinção da estimativa compensada). 8.3.Portanto, ratificase o entendimento contido no item 16.1 da SCI Cosit n° 18, de 2006, para os débitos de estimativa em aberto: "os débitos de estimativas declaradas em DCTF devem ser utilizados para fins de cálculo e cobrança da multa isolada pela falta de pagamento e não devem ser encaminhados para inscrição em Dívida Ativa da União". No presente caso, a recorrente informou na DIPJ/2008 que o valor de R$ 388.840,12 estaria parcelado. A DCOMP original nº 21511.20657.291008.1.3.030180 foi apresentada em 29/10/2008. De acordo com sua defesa, este valor estaria no parcelamento previsto na Lei nº 11.941/2009, com data de consolidação em 16/06/2011. Assim, em 31/12/2007 (data do fato gerador), a situação fática seria aquela prevista no artigo 53 da IN SRF nº 93/97, ou seja, falta de pagamento das estimativas, sendo correta a glosa do valor de R$ 388.840,12. Sequer em 29/10/2008 (data da transmissão da DCOMP original), as estimativas estavam quitadas pelo parcelamento. Cumpre esclarecer que não se trata de estimativa compensada antes da ocorrência do fato gerador, considerada extinta nesta data por força do artigo 74 da Lei nº 9.430/96, e considerada no ajuste anual, conforme determina o citado Parecer Normativo. Repito que a situação que aqui se apresenta é a falta de pagamento em 31/12/2007, não podendo ser considerada a parcela de R$ 388.840,12 no cômputo do saldo negativo da CSLL, ainda que a adesão ao parcelamento tenha ocorrido posteriormente. Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10830.903767/201134 Acórdão n.º 1302003.354 S1C3T2 Fl. 199 7 Quanto ao segundo argumento, a recorrente afirma que os comprovantes de retenção acostados aos autos demonstrariam o crédito. Para análise destes documentos, elaborei tabela na qual é possível identificar que os valores retidos, constantes nos comprovantes, já foram confirmados na sua totalidade, ou parcialmente, e considerados na formação do crédito do saldo negativo. A única exceção ocorre com a fonte pagadora CNPJ. 34.028.316/000103, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, para a qual a recorrente discriminou na DCOMP, para cada filial, os valores retidos a título de CSLL, totalizando R$ 2.235,06. Estas retenções não foram confirmadas na análise inicial, pois a fonte pagadora apresentou DIRF centralizada na matriz, informando retenção a título de CSLL no valor de R$ 1.995,89. Este valor deverá ser considerado na composição do saldo negativo de CSLL do anocalendário de 2007. CNPJ fls nos autos Observação Valor da Retenção 03.773.524/000103 143 Valor confirmado 405,31 34.028.316/000103 144 filiais 1.995,89 29.979.036/034630 146 Valor confirmado 964,16 00.348.003/000110 148 Confirmado parcialmente 87,38 62.428.073/000180 149 Valor confirmado 15,79 00.394.452/030355 150 Confirmado parcialmente 1.830,10 63.106.843/000197 151 Valor confirmado 3,06 00.394.460/012158 152 Confirmado parcialmente 940,35 26.989.715/004604 153 Confirmado parcialmente 307,85 26.989.715/003128 154 Valor confirmado 304,31 00.394.460/038033 156 Confirmado parcialmente 321,42 00.352.294/000110 157 Confirmado parcialmente 2.775,15 00.396.895/004708 158 Confirmado parcialmente 2.592,54 Os demais comprovantes constantes nos autos, às fls. 159/165, são relativos ao anocalendário de 2008, e serão desconsiderados. Assim, adicionado o valor de R$ 1.995,89 ao valor já confirmado anteriormente, obtémse o montante de R$ 1.726.730,11 confirmado a título de estimativas de CSLL do anocalendário de 2007. Entretanto, este valor não é suficiente para quitar a CSLL devida de R$ 2.119.395,01. Ou seja, não há comprovação da certeza e liquidez do crédito, requisitos necessários para o reconhecimento do direito creditório do saldo negativo de CSLL do anocalendário de 2007, nos termos do artigo 170 do CTN. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Maria Lucia Miceli Relatora Fl. 202DF CARF MF 8 Fl. 203DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.906792/2009-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1201-000.596
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 10380.900409/2009-09, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 10380.900409/2009-09, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1258; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.906792/200909 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1201000.596 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 17 de agosto de 2018 Assunto COMPENSAÇÃO VALOR INDEVIDO OU A MAIOR Recorrente B. M. CONSTRUÇÕES E PLANEJAMENTOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº 10380.900409/200909, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .9 06 79 2/ 20 09 -0 9 Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10380.906792/200909 Resolução nº 1201000.596 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório O contribuinte interpôs seu tempestivo Recurso Voluntário, considerando que acórdão, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, ratificou o despacho decisório, não homologando a Declaração de Compensação (DCOMP) pela inexistência do crédito de pagamento indevido ou a maior. De acordo com referido despacho decisório, "diante da inexistência de crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada".. Entretanto, o contribuinte afirma no seu recurso que existia crédito compensável, como indicado na PER/DCOMP, porém, não foi homologado pela ausência de retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), inerente ao 1º semestre de 2005. Em 28/05/2009, o contribuinte retificou a mencionada Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), por fim, requerendo o provimento do Recurso Voluntário para homologar a pretendida compensação. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, Relatora. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201000.583, de 17/08/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10380.900409/2009 09, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.583): "Inicialmente, quando da sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte anexou uma cópia da DCTF, versão retificadora, pertinente ao 2º trimestre de 2000, presumindo que era suficiente para homologação da sua Declaração de Compensação (DCOMP). No entanto, o acórdão recorrido concluiu pela inexistência do direito de crédito, vez que "caberia ao contribuinte não só a juntada da DCTF retificadora, mas também dos elementos de prova (cópias de livros e documentos) capazes de demonstrar o erro supostamente cometido na DCTF original, que embasou o despacho decisório em referência." O artigo 170 do Código Tributário Nacional preceitua que "A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10380.906792/200909 Resolução nº 1201000.596 S1C2T1 Fl. 4 3 e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública". Portanto, imprescindível a certeza e a liquidez do crédito compensável, facultando ao contribuinte que impugne a não homologação formalizada através de despacho decisório, instruindo sua manifestação com as provas em contrário, garantindo, assim, o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa. O processo administrativo tributário é regido por normas específicas, principalmente, o Decreto nº 70.235/1972, a Lei nº 9.430/1996 e o Decreto nº 7.574/2011, orientado pelos princípios que norteiam a Administração Pública, incluindo a moralidade, eficiência e impessoalidade. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte não demonstrou o pagamento a maior do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), mediante a idônea escrituração contábil e fiscal, motivando, assim, a retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Ressalvase que a "escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza.", conforme o artigo 923 do Regulamento do Imposto sobre a Renda (RIR), instituído pelo Decreto nº 3.000/1999. O ônus do contribuinte era que demonstrasse seu indébito, mediante a escrituração fiscal e contábil, justificando a redução do valor devido e pelo próprio declarado. Posteriormente, quando da interposição do Recurso Voluntário, o contribuinte esclareceu a origem do seu crédito de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e anexou documentos que comprovariam sua pretensão. A prova documental instruirá a impugnação "precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual", consoante o artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/1972, exceto (I) demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (II) refirase a fato ou a direito superveniente e; (III) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir;(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o Fl. 151DF CARF MF Processo nº 10380.906792/200909 Resolução nº 1201000.596 S1C2T1 Fl. 5 4 endereço e a qualificação profissional do seu perito.(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição.(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que:(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) O erro da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), retificado após o despacho decisório, não é determinante para o indeferimento da Declaração de Compensação (DCOMP), prevalecendo a verdade material, como se extrai do Parecer Normativo da CoordenaçãoGeral de Tributação (COSIT) nº 02/2015: "Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10380.906792/200909 Resolução nº 1201000.596 S1C2T1 Fl. 6 5 indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. A não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios. O valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996." Entendo que é indispensável a conversão do presente julgamento em diligência, com fundamento no artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972, visto que demanda uma análise sobre se os documentos, Fl. 153DF CARF MF Processo nº 10380.906792/200909 Resolução nº 1201000.596 S1C2T1 Fl. 7 6 anexados ao Recurso Voluntário, constituem a necessária prova de certeza e de liquidez do crédito. Isto posto, voto pela conversão do julgamento em diligência, solicitando o retorno dos autos à unidade de origem, a fim de que emita um relatório sobre as informações e os documentos anexados ao Recurso Voluntário, por fim, opinando pela existência do crédito de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), oriundo do pagamento a maior, argumentado pelo Recorrente. Finalizada esta diligência, ressalvo a necessidade de promover a ciência do contribuinte sobre o "Relatório Conclusivo", fixando o prazo de 30 (trinta) dias para sua manifestação, antes do retorno dos autos para novo julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF)." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 154DF CARF MF
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Numero do processo: 13629.720590/2017-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 18 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Feb 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Data do fato gerador: 01/01/2013
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - APP
As áreas de preservação permanente assim o são por simples disposição legal, independente de qualquer providência, como apresentação do ADA ao IBAMA, averbação da área no registro do imóvel ou outra providência do gênero. Há que se demonstrar, evidentemente, que a área, de fato, existe, não bastando a simples declaração do contribuinte nesse sentido.
ÁREAS DE FLORESTAS NATIVAS - INTERESSE ECOLÓGICO - APA
As áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, para serem isentas do ITR, devem ampliar as restrições de uso previstas para as áreas de proteção permanente - APP e/ou para as áreas de reserva legal - ARL.
Ainda que haja ato do poder público que declare determinada área como de proteção ambiental, caso não haja a imposição de efetivas restrições de uso que ampliem aquelas previstas para as APP e/ou ARL, ou seja, restrições além do manejo sustentável, a dedução da respectiva área para fins de tributação pelo ITR não tem amparo legal.
ÁREAS DESTINADAS À EXPLORAÇÃO MINERAL
Para afastar a incidência do ITR, deve haver prova que demonstre que a área destinada à mineração é imprestável à sua exploração com finalidade agrícola, pecuária ou agroindustrial.
Numero da decisão: 2402-006.914
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a área de preservação permanente de 1.369,0 hectares, bem como para que, na apuração do tributo devido, seja considerado o VTN no valor de R$ 4.691,89/ha. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Mauricio Nogueira Righetti e Denny Medeiros da Silveira.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Renata Toratti Cassini - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocada em substituição ao conselheiro Paulo Sergio da Silva), Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Junior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, e Renata Toratti Cassini. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Paulo Sérgio da Silva.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Data do fato gerador: 01/01/2013 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - APP As áreas de preservação permanente assim o são por simples disposição legal, independente de qualquer providência, como apresentação do ADA ao IBAMA, averbação da área no registro do imóvel ou outra providência do gênero. Há que se demonstrar, evidentemente, que a área, de fato, existe, não bastando a simples declaração do contribuinte nesse sentido. ÁREAS DE FLORESTAS NATIVAS - INTERESSE ECOLÓGICO - APA As áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, para serem isentas do ITR, devem ampliar as restrições de uso previstas para as áreas de proteção permanente - APP e/ou para as áreas de reserva legal - ARL. Ainda que haja ato do poder público que declare determinada área como de proteção ambiental, caso não haja a imposição de efetivas restrições de uso que ampliem aquelas previstas para as APP e/ou ARL, ou seja, restrições além do manejo sustentável, a dedução da respectiva área para fins de tributação pelo ITR não tem amparo legal. ÁREAS DESTINADAS À EXPLORAÇÃO MINERAL Para afastar a incidência do ITR, deve haver prova que demonstre que a área destinada à mineração é imprestável à sua exploração com finalidade agrícola, pecuária ou agroindustrial.
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Há que se demonstrar, evidentemente, que a área, de fato, existe, não bastando a simples declaração do contribuinte nesse sentido. ÁREAS DE FLORESTAS NATIVAS INTERESSE ECOLÓGICO APA As áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, para serem isentas do ITR, devem ampliar as restrições de uso previstas para as áreas de proteção permanente APP e/ou para as áreas de reserva legal ARL. Ainda que haja ato do poder público que declare determinada área como de proteção ambiental, caso não haja a imposição de efetivas restrições de uso que ampliem aquelas previstas para as APP e/ou ARL, ou seja, restrições além do manejo sustentável, a dedução da respectiva área para fins de tributação pelo ITR não tem amparo legal. ÁREAS DESTINADAS À EXPLORAÇÃO MINERAL Para afastar a incidência do ITR, deve haver prova que demonstre que a área destinada à mineração é imprestável à sua exploração com finalidade agrícola, pecuária ou agroindustrial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a área de preservação permanente de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 62 9. 72 05 90 /2 01 7- 10 Fl. 295DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 296 2 1.369,0 hectares, bem como para que, na apuração do tributo devido, seja considerado o VTN no valor de R$ 4.691,89/ha. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Mauricio Nogueira Righetti e Denny Medeiros da Silveira. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocada em substituição ao conselheiro Paulo Sergio da Silva), Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Junior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, e Renata Toratti Cassini. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Paulo Sérgio da Silva. Relatório Tratase de lançamento de ofício formalizado em relação à recorrente para fins de exigência do Imposto Territorial Rural (ITR) relativo ao exercício de 2013 incidente sobre imóvel rural denominado “Gandarela e Outras”, cadastrado na RFB sob o nº 1.322.4557, com área declarada de 6.553,7 ha, localizado no Município de Santa Bárbara/MG. A ação fiscal, proveniente dos trabalhos de revisão das DITR/2012 incidentes em malha valor, iniciouse com o Termo de Intimação Fiscal nº 06111/00011/2017. Relata a autoridade fiscal que após regularmente intimado, o sujeito passivo não comprovou a isenção da área de preservação permanente e da área declarada como coberta por florestas nativas mediante a apresentação do correspondente Ato Declaratório Ambiental. Também não comprovou o Valor da Terra Nua declarado por meio de Laudo de Avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.6533 da ABNT. Desse modo, considerando subavaliado o VTN declarado, de R$ 940,24/ha, e diante da falta de sua comprovação pela recorrente, a autoridade fiscal procedeu ao seu arbitramento, nos termos do art. 14 da Lei nº 9.393/96, com base nas informações constantes do SIPT, com base no VTN/ha do município de localização do imóvel para 1º de janeiro de 2013, qual seja R$ 8.000,00/ha. O valor do VTN do imóvel, então, passou de R$ 6.162.050,89 para R$ 52.429.600,00. Notificado do lançamento aos 20/06/2017 (fls. 15), a recorrente apresentou impugnação tempestivamente, aos 20/07/2017 (fls.18), alegando, em breve síntese: Fl. 296DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 297 3 decadência, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN, por se tratar o ITR de tributo sujeito a lançamento por homologação; contesta a glosa da área de preservação permanente, alegando que, por decorrer de expressa previsão legal, a existência dessas áreas é presumida para efeitos de ITR e não depende de apresentação de Ato Declaratório Ambiental; ressalta que, embora esse documento não seja necessário, em absoluta boa fé, procede à juntada aos autos de Laudo Técnico e de ADA's relativos aos anos de 2003 e 2007 que comprovam a existência das área em questão; contesta a glosa da área coberta por florestas nativas com fundamento no art. 17O da Lei nº 6.938/81, uma vez que o dispositivo dispõe sobre a taxa de vistoria devida ao IBAMA somente nos casos em que o proprietário rural se beneficiar de redução do ITR com base em Ato Declaratório Ambiental (ADA), e nem mesmo o art. 10 da Lei nº 9.393/96 condiciona a exclusão desta área a apresentação de qualquer documento prévio pelo contribuinte; alega, ainda, que a área coberta por florestas nativas está abrangida por Ato declaratório de interesse ecológico, denominada APA SUL, que foi constituída por ato do Poder Executivo, qual seja Decreto Estadual/MG nº 35.624, de 08.06.1994, que tem por finalidade a proteção de ecossistemas, do que também decorre a isenção do imposto; que a partir da edição desse Decreto, o imóvel passou a sofrer diversas restrições para a preservação dos ecossistemas, conforme disciplina seu art. 2º; logo, a área da APA SUL RMBH se enquadra na alínea “b” do inciso II do §1º do art. 10 da Lei nº 9.393/96; que o CARF, em casos análogos, reconheceu que a simples inclusão de imóvel em área reconhecida por Decreto como de interesse ecológico é suficiente para afastar a exigência do ITR; contesta o arbitramento do VTN porque a Notificação de Lançamento carece de documento essencial, uma vez que não foi acompanhado da tela do sistema SIPT ou de documento que permita analisar a correção dos valores considerados; apresenta Laudo de Avaliação, elaborado por Engenheiro devidamente habilitado e no qual consta que o VTN do imóvel, pela média dos preços, é R$4.691,89/ha e não R$ 5.000,00/ha, pelo que aquele valor deverá ser considerado; menciona a existência de precedentes favoráveis no CARF que afastam a cobrança de ITR sobre ás áreas de preservação permanente e a área de utilização limitada do imóvel; subsidiariamente, alega a nãoincidência de ITR sobre as áreas de mineração, pois além de o imóvel possuir quase toda a sua totalidade situada dentro da Região APA SUL, ele possui a quase integralidade da sua área destinada à exploração mineral, motivo pelo qual, também por esta razão, não pode compor a base de cálculo do imposto; argumenta que a norma que configura a base de cálculo do ITR e regula o respectivo lançamento do tributo é o DL nº 57/66, que sobreviveu à Constituição de 1988 e, tal qual o CTN, foi recepcionado com status de lei complementar. Portanto, tratase de norma Fl. 297DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 298 4 hierarquicamente superior à Lei nº 9.393/96. Assim, por essa razão, o DL nº 57/66 prevalece sobre a Lei nº 9.393/96 e, também, em razão do critério da especialidade, prevalece sobre ela, que é uma lei ampla e genérica; alega, ademais, que não há dúvidas da incompatibilidade entre a atividade de exploração mineral e o desenvolvimento de atividades agrícola, pecuária, granjeira, aquícola ou florestal e, nesse contexto, entende que o art. 8º do DL nº 57/66 é inteiramente aplicável à área, que deve ser considerada inaproveitável para fins de ITR e, assim, excluída da base de cálculo do tributo; afirma, por fim, que seja pela validade da declaração das áreas de preservação permanente e coberta por florestas nativas/de interesse ecológico, seja pela destinação do imóvel à mineração, o lançamento do ITR é insubsistente, pelo que requer seja julgada procedente a impugnação, extinguindose o crédito tributário. O lançamento foi julgado procedente pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2013 DA NULIDADE DO LANÇAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. A impugnação tempestiva da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento fiscal, e somente a partir disso é que se pode, então, falar em ampla defesa ou cerceamento dela. DA OBRIGATORIEDADE DO ADA ANUAL A apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA), a partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução da base de cálculo do ITR, passando a ser uma exclusão da área tributável condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei nº 10.165/2000, que alterou o conteúdo do art. 17O, § 1º, da Lei nº6.938/1981. A partir de 2007 o IBAMA exige a apresentação do ADA anualmente. DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE INTERESSE ECOLÓGICO As áreas de preservação permanente e de interesse ecológico, para fins de exclusão do ITR, cabem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA, ou pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, do requerimento do competente ADA, além da apresentação do Ato específico do órgão competente federal ou estadual reconhecendo as áreas do imóvel que são de interesse ecológico. DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) Fl. 298DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 299 5 Para efeito de exclusão do ITR, não serão aceitas como de interesse ecológico as áreas declaradas, em caráter geral, por região local ou nacional, como os situados em APA, mas, sim, apenas as declaradas, em caráter específico, para determinadas áreas da propriedade particular. DA ÁREA DESTINADA À MINERAÇÃO Por ausência de disposição legal, as áreas destinadas à mineração não podem ser excluídas de tributação, a não ser que seja comprovado nos autos a existência de Ato específico do órgão ambiental federal ou estadual reconhecendo tais áreas como de interesse ambiental, por serem comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aquícola ou florestal, além de comprovada a exigência relativa ao ADA. DO VALOR DA TERRA NUA (VTN). SUBAVALIAÇÃO Deve ser mantido o VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, quando o Laudo de Avaliação estiver desacompanhado da necessária Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) registrada no CREA, mesmo que elaborado por profissional habilitado, em consonância com as normas da ABNT NBR 14.6533. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimada dessa decisão aos 25/09/17 (fls. 276), a recorrente apresentou recurso voluntário tempestivamente (fls. 279), reiterando os argumentos constantes de sua impugnação, à exceção da decadência, que não foi suscitada em seu recurso. Requereu a juntada de Anotação de Responsabilidade Técnica ART (fls. 324/327) relativa ao laudo já constante dos autos, que tem por objeto a avaliação do VTN do imóvel, e de Ato Declaratório Ambiental relativo ao ano de 2013 (fls. 322) e, por fim, a procedência do recurso voluntário. Sem contrarrzões. É o relatório. Voto Conselheira Renata Toratti Cassini – Relatora. O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. Fl. 299DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 300 6 Preliminar dos documentos trazidos juntamente com o recurso voluntário Inicialmente, como parte da solução do litígio, peço vênia para me valer, como razões de decidir, de trechos do voto vencedor que prevaleceu no julgamento do acórdão nº 1302002890, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção, julgado aos 14 de junho de 2018, relativamente à preliminar de não conhecimento dos documentos trazidos no recurso voluntário, suscitada de ofício naquele caso pelo conselheiro relator: "Ousase discordar do ilustre relator no ponto em que entendeu pela impossibilidade de o contribuinte juntar documentos aos autos, após a apresentação da impugnação administrativa. É que o processo administrativo fiscal é regido por diversos princípios, dentre eles o da Verdade Material, que impõe a perseguição pela realidade dos fatos (prática do fato gerador) praticados pelo contribuinte, podendo o julgador, inclusive de ofício, independentemente de requerimento expresso, realizar diligências para aferir os eventos ocorridos. A possibilidade de o julgador requerer diligência, em busca da realidade dos fatos, está prevista expressamente no artigo 18 do Decreto 70.235/72. Confirase: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) A ilação do citado dispositivo do Decreto 70.235/72, que rege o processo administrativo, é de que deve a Administração Pública se valer de todos os elementos possíveis para aferir a autenticidade das declarações e argumentos apresentados pelos contribuintes. Devese ressaltar, sobre o processo administrativo fiscal, que como mencionado, ele é delineado por diversos princípios, dentre os quais se destaca o da Verdade Material, cujo fundamento constitucional reside nos artigos 2º e 37 da Constituição Federal, nos quais o julgador deve pautar suas decisões. É dever do julgador perseguir a realidade dos fatos. Nesse sentido, são os ensinamentos do ilustre Professor James Marins: A exigência da verdade material corresponde à busca pela aproximação entre a realidade factual e sua representação formal; aproximação entre os eventos ocorridos na dinâmica econômica e o registro formal de sua existência; entre a materialidade do evento econômico (fato imponível) e sua formalidade através do lançamento tributário. A busca pela verdade material é princípio de observância indeclinável da Administração tributária no âmbito de suas atividades procedimentais e processuais. Fl. 300DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 301 7 (MARINS, James. Direito Tributário brasileiro: (administrativo e judicial). 4. ed. São Paulo: Dialética, 2005. pág. 178 e 179.) Sobre o princípio da verdade material, também ensinam os ilustres professores Celso Antônio Bandeira de Mello e José dos Santos Carvalho Filho, respectivamente: Princípio da verdade material. Consiste em que a Administração, ao invés de ficar restrita ao que as partes demonstrem no procedimento, deve buscar aquilo que é realmente a verdade, com prescindência do que os interessados hajam alegado e provado (...). (...) O princípio da verdade material estribase na própria natureza da atividade administrativa. Assim, seu fundamento constitucional implícito radicase na própria qualificação dos Poderes tripartidos, consagrada formalmente no art. 2º da Constituição, com suas inerências. Deveras, se a Administração tem por finalidade alcançar verdadeiramente o interesse público fixado na lei, é óbvio que só poderá fazêlo buscando a verdade material, ao invés de satisfazerse com a verdade formal, já que esta, por definição, prescinde do ajuste substancial com aquilo que efetivamente é, razão porque seria insuficiente para proporcionar o encontro com o interesse público substantivo. Demais disto, a previsão do art. 37, caput, que submete a Administração ao princípio da legalidade, também concorre para a fundamentação do princípio da verdade material no procedimento (...). (BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 24. ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2007. p. 489, 493 e 494). (...) Este Conselho, em reiteradas decisões, há muito se posiciona no sentido de que o processo administrativo, em especial o julgador, deve ter como norte a verdade material para solução da lide. Confirase: IRPJ. PREJUÍZO FISCAL. IRRF. RESTITUIÇÃO DE SALDO NEGATIVO. ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DIPJ. PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL. Não procede o não reconhecimento de direito creditório relativo a IRRF que compõe saldo negativo de IRPJ, quando comprovado que a receita correspondente foi oferecida à tributação, ainda que em campo inadequado da declaração. Recurso provido. (Número do Recurso: 150652 Câmara: Quinta Câmara Número do Processo: 13877.000442/200269 – Recurso Voluntário: 28/02/2007) COMPENSAÇÃO. ERRO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO E/OU PEDIDO. Fl. 301DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 302 8 Uma vez demonstrado o erro no preenchimento da declaração e/ou pedido, deve a verdade material prevalecer sobre a formal. Recurso Voluntário Provido. (Número do Recurso: 157222 Primeira Câmara Número do Processo:10768.100409/200368 – Recurso Voluntário: 27/06/2008 Acórdão 10196829). Assim, devese admitir a juntada de documentos, que, supostamente, confirmariam o direito creditório do contribuinte." Nesse mesmo sentido, cito julgado recente deste Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVAS APRESENTADAS EM RECURSO VOLUNTÁRIO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Como regra geral a prova deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual. Contudo, tendo o contribuinte apresentado os documentos comprobatórios no voluntário, razoável se admitir a juntada e a realização do seu exame, pois seria por demais gravoso e contrário ao princípio da verdade material a manutenção da glosa de deduções sem a análise das provas constantes nos autos. Além disso, esta é a ultima instância administrativa para derradeiro reconhecimento, e não sendo atendido, o contribuinte não hesitará em buscar a tutela do seu direito no Poder Judiciário, o que exigiria do Fisco enfrentar a mesma situação, com as provas apresentadas em juízo. (destacamos) DEDUÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PARA A PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPROVAÇÃO. As contribuições para a previdência privada do contribuinte são dedutíveis, desde que devidamente comprovadas. DEDUÇÃO DE DESPESAS COM SAÚDE. RECIBOS DE PAGAMENTO. REQUISITOS LEGAIS. São dedutíveis as despesas com saúde pagas dentro do ano calendário. Comprovado que o gasto se refere ao contribuinte e seus dependentes as despesas glosadas devem ser restabelecidas em razão de ter havido a comprovação documental das deduções. DEDUÇÃO A TÍTULO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. GLOSA DA DEDUÇÃO. São dedutíveis da base de cálculo do imposto sobre a renda os valores pagos a título de pensão alimentícia quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente e dentro dos parâmetros do normativo fiscal. Fl. 302DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 303 9 Recurso Voluntário Provido Parcialmente. 1 Por todo o exposto, voto por conhecer os documentos acostados aos autos pela recorrente quando da apresentação do Recurso Voluntário. MÉRITO Das Áreas de Preservação Permanente Alega a fiscalização que o recorrente não comprovou a protocolização do Ato Declaratório Ambiental junto ao IBAMA para o exercício de 2013, não sendo possível, portanto, a exclusão do ITR de nenhuma área ambiental da área tributável do imóvel. Informa que consta dos autos apenas os ADA's protocolizados aos 31.03.2003 e 29.11.2007, intempestivos, portanto, para o exercício de 2013. O recorrente, por sua vez, alega em seu recurso que por decorrer de expressa previsão legal, a existência das áreas de preservação permanente declaradas pelo contribuinte é presumida para efeitos de ITR, a não ser que haja prova da fiscalização em contrário, nos termos do art. 10, §. 1º, II, "a" e § 7º da Lei 9.393/1996, com redação vigente à época do fato gerador. Por essa razão, alega que sequer é necessário que referida área conste em ato declaratório de órgão competente, conforme dispõe expressamente o §7º do art. 10, acima transcrito. Cita precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do TRF1 nesse sentido. Por fim, argumenta que ainda que assim o seja, de todo modo trouxe aos autos, juntamente com a impugnação, laudo técnico que comprova a existência da área em questão e, também, ADA's protocolizados junto aos IBAMA aos 31/03/2003 e 29/11/2007, que também comprovam que o imóvel possui a mencionada área de preservação permanente. Pois bem. A respeito ADA, entendemos que, nos termos da lei, mais precisamente, do art. 17O, "caput" e § 1º, introduzido na Lei nº 6.938/81 pela Lei nº 10.165/00, ele é meio de prova do direito à isenção do ITR relativamente a determinadas áreas, mas não exclusivo. Com efeito, dispõe o aludido dispositivo legal: “Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental — ADA, deverão recolher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. (...) § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.” (destacamos) Sabendose que não apenas por regras de hermenêutica e interpretação das normas jurídicas, mas por imperativo legal2, o sentido de um parágrafo deve ser buscado à luz do que está disposto no "caput" do artigo, pois por meio do parágrafo, ou se expressam os 1 2201003.357 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária / 2ª Seção de Julgamento 2 Art. 11, III, "c", da LC 95/98. Fl. 303DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 304 10 aspectos complementares à norma enunciada no "caput" ou as exceções à regra por este estabelecida, a leitura do § 1º, acima transcrito, não pode ser feita de forma isolada. Desse modo, da leitura em conjunto do "caput" e do §1º do art. 17O da Lei nº Lei nº 6.938/81, alterada pela Lei nº 10.165/00, verificase que o dispositivo prevê a obrigatoriedade da utilização do ADA para fins de redução do valor do ITR a pagar apenas nas hipóteses em que o benefício da isenção ocorra com base no ADA. Por outro lado, a exclusão de áreas ambientais da base de incidência do ITR cuja existência decorra de outras hipóteses, como diretamente da lei, por exemplo, não pode ser entendida como uma redução do tributo “com base em Ato Declaratório Ambiental – ADA”, nem pode ser condicionada à apresentação desse documento. A finalidade precípua do ADA foi a instituição de Taxa de Vistoria que deve ser paga sempre que o proprietário rural se beneficiar da redução do ITR com base nesse documento, mas não tem o condão de definir áreas ambientais, disciplinar as condições de reconhecimento dessas áreas, nem de criar obrigações tributárias acessórias ou regular procedimentos de apuração do tributo. Assim, a apresentação do ADA não pode ser condição indispensável para a exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal de que tratam os art. 2º e 16 da Lei nº 4.771/65 da base de cálculo do ITR se sua existência está demonstrada por outros elementos. Também no sentido da desnecessidade de Ato Declaratório Ambiental para a comprovação das áreas de preservação permanente é a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, conforme julgados abaixo, citados apenas ilustrativamente, dentre vários outros: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ISENÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. INEXIGIBILIDADE. SÚMULA 83 DO STJ. 1. A Corte de origem, ao decidir pela prescindibilidade da Declaração Ambiental do Ibama ou de averbação para a configuração da isenção do ITR, em área de preservação permanente, acompanhou a jurisprudência consolidada pelo STJ. Incidência da Súmula 83 do STJ. 2. Recurso Especial não provido. 3 TRIBUTÁRIO. ITR. ISENÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). PRESCINDIBILIDADE. PRECEDENTES. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. NECESSIDADE. SÚMULA 7 DO STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência do STJ firmouse no sentido de que "é desnecessário apresentar o Ato Declaratório Ambiental ADA para que se reconheça o direito à isenção do ITR, mormente 3 REsp nº 1648391/MS, rel. Min.Herman Benjamin, T2, v.u., j. 14/03/17, DJe 20/04/17 Fl. 304DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 305 11 quando essa exigência estava prevista apenas em instrução normativa da Receita Federal (IN SRF 67/97)" (AgRg no REsp 1.310.972/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 5/6/2012, DJe 15/6/2012). 2. Quando se trata de "área de reserva legal", as Turmas da Primeira Seção firmaram entendimento de que é imprescindível a averbação da referida área na matrícula do imóvel para o gozo do benefício isencional vinculado ao ITR. 3. Concluir que se trata de área de preservação permanente, e não de área de reserva legal, não é possível, uma vez que a fase de análise de provas pertence às instâncias ordinárias, pois, examinar em Recurso Especial matérias fáticoprobatórias encontra óbice da Súmula 7 desta Corte. 4. Recurso Especial não provido. 4 Transcrevemos, ainda, trecho de decisão monocrática proferida pela Min. Regina Helena Costa no mesmo sentido, na qual são relacionados diversos julgados que embasam o entendimento aqui adotado e revelam jurisprudência consolidada daquele tribunal a respeito do tema: "(...) Sobre o tema, as Turmas que compõem a Seção de Direito Público do STJ firmaram a compreensão de que a área de preservação permanente, definida por lei, dispensa a prévia comprovação da sua averbação na matrícula do imóvel ou a existência de ato declaratório do Ibama, para efeito de isenção do Imposto Territorial Rural (ITR). Nesse sentido: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. ITR. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. DESNECESSIDADE DE AVERBAÇÃO OU DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. INCLUSÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL ANTE A AUSÊNCIA DE AVERBAÇÃO. 1. Não viola o art. 535 do CPC, tampouco nega a prestação jurisdicional, o acórdão que adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia. 2. O art. 2º do Código Florestal prevê que as áreas de preservação permanente assim o são por simples disposição legal, independente de qualquer ato do Poder Executivo ou do proprietário para sua caracterização. Assim, há óbice legal à incidência do tributo sobre áreas de preservação permanente, sendo inexigível a prévia comprovação da averbação destas na matrícula do imóvel ou a existência de ato declaratório do IBAMA (o qual, no presente caso, ocorreu em 24/11/2003). 4 REsp 1668718/SE, rel. Min. Herman Benjamin, T2, v. u, j. 17/08/17, DJe 13/09/17. Fl. 305DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 306 12 3. Ademais, a orientação das Turmas que integram a Primeira Seção desta Corte firmouse no sentido de que "o Imposto Territorial Rural ITR é tributo sujeito a lançamento por homologação que, nos termos da Lei 9.393/1996, permite a exclusão da sua base de cálculo de área de preservação permanente, sem necessidade de Ato Declaratório Ambiental do IBAMA" (REsp 665.123/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 5.2.2007). 4. Ao contrario da área de preservação permanente, para a área de reserva legal a legislação traz a obrigatoriedade de averbação na matrícula do imóvel. Tal exigência se faz necessária para comprovar a área de preservação destinada à reserva legal. Assim, somente com a averbação da área de reserva legal na matricula do imóvel é que se poderia saber, com certeza, qual parte do imóvel deveria receber a proteção do art. 16, § 8º, do Código Florestal, o que não aconteceu no caso em análise. 5. Recurso especial parcialmente provido, para anular o acórdão recorrido e restabelecer a sentença de Primeiro Grau de fls. 139145, inclusive quanto aos ônus sucumbenciais. (REsp 1125632/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/08/2009, DJe 31/08/2009. destaques meus). TRIBUTÁRIO. ADMINISTRATIVO. SÚMULA N. 283/STF. INOVAÇÃO RECURSAL. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. INAPLICABILIDADE DO ÓBICE SUMULAR. DEVIDA IMPUGNAÇÃO DAS RAZÕES DO ACÓRDÃO. ITR. ISENÇÃO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. DESNECESSIDADE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AUMENTO VOLUNTÁRIO. POSSIBILIDADE. AVERBAÇÃO PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO. NECESSIDADE. PRECEDENTES. 1. A alegação da agravante quanto à inviabilidade de conhecimento do apelo nobre em decorrência de incidência da Súmula n. 283/STF revestese de inovação recursal, porquanto, em nenhum momento, foi suscitada nas contrarrazões do recurso especial, configurando manobra amplamente rechaçada pela jurisprudência desta Corte, pois implica reconhecimento da preclusão consumativa. 2. Ademais, inaplicável o óbice apontado. Primeiro, porque "o exame de mérito do apelo nobre já traduz o entendimento de que foram atendidos os requisitos extrínsecos e intrínsecos de sua admissibilidade, inexistindo necessidade de pronunciamento explícito a esse respeito" (EDcl no REsp 705.148/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 05/04/2011, DJe 12/04/2011). Segundo porque o recurso tratou de impugnar todos os fundamentos do acórdão, deixando claro a tese recursal no Fl. 306DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 307 13 sentido de que a isenção de ITR depende de averbação da Área de Preservação Permanente e Área de Reserva Legal no registro de imóvel, bem como suscitou a inviabilidade de aumentar a Área de Reserva Legal por ato voluntário do contribuinte. 3. A Área de Preservação Permanente não necessita estar averbada no registro do imóvel para gozar da isenção do ITR, exigência esta obrigatória apenas para a Área de Reserva Legal, inclusive aquela majorada por ato espontâneo do proprietário do imóvel rural. 4. O § 7º do art. 10 da Lei n. 9.393/96 (incluído pela MP 2.166/2001) apenas legitima ao contribuinte a declaração, sponte sua, do que entende devido a título de ITR, sem revogar as exigências prevista no art. 16 c/c o art. 44 da Lei n. 4.771/1965, que impõem a averbação da Reserva Legal à margem da matrícula do imóvel, cuja ausência inviabiliza o gozo do benefício fiscal e, consequentemente, a glosa do valor declarado. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1429300/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/06/2015, DJe 25/06/2015, destaques meus). In casu, o acórdão recorrido adotou entendimento pacífico desta Corte Superior acerca da mesma questão jurídica de modo que o Recurso Especial não merece prosperar pela incidência da Súmula n. 83 do STJ. (...)". (destacamos) De todo modo, como mencionado, a recorrente juntou aos autos Atos Declaratórios Ambientais protocolizados aos 31/03/2003, 29/11/2007 (fls. 132/134), considerados intempestivos pela fiscalização. Nessa linha, vejase que a disposição inscrita no art. 17O da Lei Federal nº. 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências, não estabelece prazo para formalização do requerimento do ADA ao IBAMA, prazo que igualmente não está fixado no art. 6º da Instrução Normativa da RFB hoje em vigor, nº 1.820/2018, conforme abaixo transcrito: Art. 6º Para fins de exclusão das áreas não tributáveis da área total do imóvel rural, o contribuinte deve apresentar ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) o Ato Declaratório Ambiental (ADA) a que se refere o art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, observada a legislação pertinente. Parágrafo único. O contribuinte cujo imóvel rural já esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR), a que se refere o art. 29 da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, deve informar na DITR o respectivo número do recibo de inscrição. Fl. 307DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 308 14 Corrobora este entendimento a jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais: “ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL/UTILIZAÇÃO LIMITADA. EXERCÍCIO POSTERIOR A 2001. COMPROVAÇÃO VIA AVERBAÇÃO ANTERIOR AO FATO GERADOR E ADA INTEMPESTIVO, VALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. HIPÓTESE DE ISENÇÃO. Tratandose de área de reserva legal, devidamente comprovada mediante documentação hábil e idônea, notadamente averbação à margem da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador do tributo, ainda que apresentado ADA intempestivo, impõese o reconhecimento de aludida área, glosada pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. TEMPESTIVIDADE. INEXIGÊNCIA NA LEGISLAÇÃO HODIERNA. APLICAÇÃO RETROATIVA. Inexistindo na Lei n° 10.165/2000, que alterou o artigo 17O da Lei n° 6.938/81, exigência à observância de qualquer prazo para requerimento do ADA, não se pode cogitar em impor como condição à isenção sob análise a data de sua requisição/apresentação. Recurso especial negado.” (Destacamos) (Acórdão nº 9202002.913, Processo nº 10675.002100/200695, Rel. Conselheiro RYCARDO HENRIQUE MAGALHÃES DE OLIVEIRA, 2ª TURMA/CSRF). “ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL/COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL INTEMPESTIVO MAS ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DA RESPECTIVA ÁREA. É possível a dedução de áreas de preservação permanente da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, quando houver apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA)/comunicação ao órgão de fiscalização ambiental até o início da ação fiscal e desde que comprovada a existência da área deduzida.” (Acórdão nº 9202005.764, Processo nº 10215.000630/200616, Rel. Conselheira RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, 2ª TURMA/ CSRF) No presente caso, a recorrente juntou aos autos, ainda, a fls. 138/148, laudo técnico elaborado por engenheiro certificado no CREA, acompanhado da correlata Anotação de Responsabilidade Técnica, que atesta a existência, no imóvel, de área de preservação Fl. 308DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 309 15 permanente de 1369,0 hectares, mesma informação constante dos aludidos atos declaratórios ambientais. Desse modo, diante de todo o exposto, entendo suficientemente comprovada a existência no imóvel da mencionada área de preservação permanente, fazendo jus, portanto, à isenção do tributo. Das áreas de interesse ecológico A recorrente alega que demonstrou neste autos que seu imóvel possui áreas de interesse ecológico declarado pelo Poder Executivo, qual seja o Decreto Estadual nº 35.624 de 08/06/1994, que criou APA SUL, do que decorreria a isenção do imposto. Informa que o laudo anexado aos autos informa que: “O presente laudo foi elaborado no intuito de prover este órgão federal de informações referentes às áreas protegidas do imóvel Fazenda Gandarela e Outras, sendo as Áreas de Interesse Ecológico – AIE, em específico a APA SUL – Decreto nº 35.624, de 08 de junho de 1994, publicada no Diário do Executivo – Minas Gerais em 09/06/1994, e as Áreas de Preservação Permanente – APP, esta última prevista nos termos das alíneas a até h do artigo 2 da Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965, conforme abaixo: (...) As Áreas de Interesse Ecológico inseridas no imóvel Fazenda Gandarela e Outras, no total de 4.639,100 ha, existem e foram delimitadas conforme metodologia já especificada. As Áreas de Preservação Permanente de que trata o artigo 2º da Lei 4.771 de 15 de setembro de 1.965, inseridas no imóvel Fazenda Gandarela e Outros, são no total de 1.369,000 ha”. No entanto, A DRJ, por sua vez, ao analisar os argumentos e documentos da recorrente, a DRJ afirmou que seria necessário ato específico declarando a área do imóvel como de interesse ambiental e, também, protocolo tempestivo do ADA. Pois bem. A respeito do ADA, já manifestamos nosso entendimento no sentido de que, nos termos do art. 17O, "caput" e § 1º da Lei nº 6.938/81, este documento não se trata do único hábil a comprovar a existência de áreas ambientais no imóvel sujeitas à isenção do ITR. No entanto, a recorrente apresentou ADA aos 18/09/13, no qual informa a existência, em sua propriedade, de uma área coberta por florestas nativas de 4639,1 hectares (fls. 287), sendo sua entrega, portanto, tempestiva. Informa que essa área foi classificada no aludido documento como de interesse ecológico porque está abrangida por ato declaratório de interesse ambiental, qual seja APA SUL (fls. 135) e também, mais especificamente, pelo Decreto estadual nº 35.624, de 08 de junho de 1994, que sob a denominação de APA SUL RMBH Região Metropolitana de Belo Fl. 309DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 310 16 Horizonte, declarou Área de Proteção Ambiental a região onde se localiza o imóvel objeto do presente processo (fls. 137 ss.). A decisão recorrida entendeu que além do protocolo do ADA, é necessário que também haja ato específico declarando a área do imóvel de interesse ambiental. A recorrente, de sua parte, alega que o art. 10, § 1º, II, “b”, da Lei nº 9.393/96, mencionado pela própria DRJ, não determina que haja ato específico para determinado imóvel ou contribuinte, declarandoo individualmente como área de interesse ecológico. Alega que o que a lei determina é que haja (i) ato do órgão competente, federal ou estadual (ii) declarando área de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas e que (iii) referida declaração amplie as restrições de uso, requisitos estes que entende já preenchidos uma vez que o Decreto nº 35.624/94, que criou a APA SUL RMBH Região Metropolitana de Belo Horizonte já traz restrições de uso da áreas ali localizadas ao se reportar às limitações previstas na Lei nº 6.902/81, que dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental, cujo art. 9º prevê o seguinte: Art . 9º Em cada Área de Proteção Ambiental, dentro dos princípios constitucionais que regem o exercício do direito de propriedade, o Poder Executivo estabelecerá normas, limitando ou proibindo: a) a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de água; b) a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais; c)o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras e/ou um acentuado assoreamento das coleções hídricas; d)o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies raras da biota regional. (...)” Assim, conclui que não há que se falar em restrição específica para o imóvel ou para determinado contribuinte, pois a lei não determina isso, além do que o Decreto, ato do Poder Executivo Estadual, por si só já restringe o uso da área em preservação ao ambiente. Entendemos que, neste ponto, não tem razão a recorrente. Com efeito, o art. 10, § 1º, II, "b" da Lei nº 9.393/96 determina que: "Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: Fl. 310DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 311 17 II – área tributável, a área total do imóvel menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso prevista na alínea anterior; (destacamos) (...)". Conforme se extrai do dispositivo legal supra, para serem isentas do ITR, as áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, devem ampliar as restrições de uso previstas para as APP e ARL. Em outras palavras, ainda que haja ato do poder público que declare determinada área como de interesse ecológico, caso não haja a imposição de efetivas restrições de uso que ampliem aquelas previstas para as APP e ARL, ou seja, restrições além do manejo sustentável, entendo, s.m.j., que sua dedução da área tributável pelo ITR não tem amparo legal. Nesse sentido: ITR ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/ÁREA DECLARADA DE INTERESSE ECOLÓGICO NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Para que não se tribute pelo Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR a área de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declarada mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, deve ser comprovada a ampliação às restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e reserva legal, ou seja, restrições além do manejo sustentável. Acórdão nº 9202003.051 – Sessão de 12 de fevereiro de 2014 ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. Para que as Áreas de Interesse Ecológico para a proteção dos ecossistemas sejam isentas do ITR, é necessário que sejam assim declaradas por ato específico do órgão competente, federal ou estadual, e que estejam sujeitas a restrições de uso superiores àquelas previstas para as áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente. O fato de o imóvel rural encontrarse inserido em zoneamento ecológico, por si só, não gera direito à isenção ora tratada. Acórdão nº 9202004.576 – Sessão de 24 de novembro de 2016. Ou seja, para efeito de exclusão do ITR, a Área de Interesse Ecológico deve ser assim declarada em caráter específico para determinada área da propriedade particular, de modo que a área declarada em caráter geral não satisfaz, por si só, a condição legal para sua dedutibilidade. Fl. 311DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 312 18 Valor da Terra Nua A fiscalização afirmou que o Valor da Terra nua declarado não foi comprovado pela recorrente, motivo pelo qual foi considerado o valor constante no Sistema de Preços de Terra (SIPT) da RFB. A recorrente alega nulidade com relação a este aspecto do auto de infração uma vez que o auto não foi acompanhado do documento que atesta a correção do VTN retirado do SIPT. Isto é, a RFB não juntou a tela do sistema ou documento pertinente que permitisse ao recorrente analisar a correção dos valores considerados. Argumenta que esse fato infringe o princípio da publicidade dos atos da Administração, inserto no art. 37 da CF/88, viola art. 142 do CTN, que determina que a autoridade administrativa deve demonstrar a ocorrência do fato gerador, determinar a matéria tributável e calcular o montante devido, sendo certo que não há como exigir o ITR com fundamento no Sistema de Preços de Terra – SIPT – sem, ao menos, juntar ao auto de infração documento que ateste que a base de cálculo eleita para o lançamento está em conformidade com aquele sistema. Neste ponto, entendemos que não tem razão a recorrente. O art. 14 da Lei nº 9.393/96 dispõe que no caso de subavaliação ou prestação de informação inexata, incorreta ou fraudulenta, a Secretaria da Receita Federal procederá ao lançamento considerando as informações constantes sistema a ser por ela instituído, no caso, o SIPT. Embora a autoridade lançadora não tenha anexado a tela do SIPT à notificação de lançamento, esse documento foi juntado aos autos do processo administrativo na sequência, como reconhece a próprio recorrente em seu recurso, de modo que a ele pôde ter acesso para elaborar a sua impugnação sem comprometimento ao exercício regular do seu direito de defesa. Ademais, o Termo de Intimação Fiscal, a fls. 09, no campo “Contexto”, informa ao contribuinte quais são os VTN/ha para as respectivas aptidões agrícolas no município de localização do imóvel para 1º de janeiro de 2013. Desse modo, uma vez que o documento foi devidamente anexado aos autos em tempo oportuno para subsidiar a defesa do contribuinte em sua impugnação, entendo que não houve prejuízo à sua defesa, nem ofensa aos princípios da Administração enumerados pela recorrente de modo a macular o lançamento. Argumenta, ainda, a recorrente, que de todo modo o VTN utilizado para o arbitramento está incorreto, uma vez que a fiscalização arbitrou o VTN de R$ 5.000,00/ha, o que culminou no lançamento do valor total do imóvel em R$ 32.768.500,00. Alega que referida presunção, todavia, pode ser ilidida por laudo de avaliação do imóvel que ateste o real VTN do imóvel, laudo este que foi apresentado pela recorrente juntamente com a impugnação, no qual consta que o VTN do imóvel, pela média dos preços, é de R$ 4.691,89, e não R$ 5.000,00. Pois bem. Fl. 312DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 313 19 O documento de prova hábil para comprovar as especificidades do imóvel que poderia justificar um VTN abaixo do arbitrado pela fiscalização é, justamente, o Laudo de Avaliação do Imóvel, conforme requerido na Intimação Inicial, qual seja “Laudo Técnico de Avaliação” emitido por profissional habilitado, acompanhado de ART, devidamente anotada no CREA, elaborado nos termos da norma NBR 14.6533, da ABNT". Disso não discorda a decisão recorrida, que afirma, a fls. 270, que o "Laudo de Avaliação do imóvel, elaborado por profissionais legalmente habilitados, forneceria elementos que caberiam ser considerados para a finalidade a que se propõe, que seria revisar o VTN arbitrado". Nesse sentido, também é a jurisprudência deste Conselho, conforme, dentre vários outros, precedente citado abaixo: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2008 VTN. ARBITRAMENTO. REQUISITOS. A utilização do SIPT, para fins de arbitramento do valor da terra nua, é o expediente legítimo para as situações em que não mereçam fé as informações prestadas pelo sujeito passivo, consoante prevê a legislação. Devese, portanto, rejeitar o arbitramento baseado no Decreto nº 953/2010 da Prefeitura Municipal de Querência, cuja utilização não atende às exigências legais. (...) VTN. LAUDO TÉCNICO. PREVALÊNCIA. O Laudo Técnico de avaliação de imóvel rural revestido das formalidades exigidas pela legislação, elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotado no CREA, prevalece sobre o valor arbitrado para o Valor da Terra Nua VTN. (CARF, Processo nº 10183.722708/201210, Acórdão nº 2201 002.836, Publicado em 20/04/2016) Nessa linha, a recorrente juntou aos autos, juntamente com a impugnação, o laudo técnico de fls. 159 ss., que obedece a todas as normas da NBR 14.6533, da ABNT, e posteriormente, juntamente com o recurso voluntário, procedeu à juntada, também, da correlata Anotação de Responsabilidade Técnica, tratandose, portando, de documento hábil a comprovar o real VTN do imóvel em questão, de R$ 4.691,89/ha, que, portanto, entendo que é o que deverá ser considerado na apuração do ITR devido. Das áreas de mineração Alega a recorrente que, conforme comprova o laudo acostado aos autos, o imóvel em questão possui a quase integralidade da sua área destinada à exploração mineral, motivo pelo qual, também por esta razão, não pode compor a base de cálculo do ITR. Fl. 313DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 314 20 Argumenta que nos termos do art. 8º do Decretolei nº 57/66, que trata especificamente das áreas de mineração, essas áreas são consideradas inaproveitáveis, sendo que tratandose esta norma de norma hierarquicamente superior à Lei 9.393/96, por gozar de "status" de lei complementar, prevalece sobre esta última em razão do critério da especialidade, de modo que deve ser reconhecida a não incidência do ITR sobre a área. Afirma que no caso dos autos, não há dúvidas da incompatibilidade entre a atividade de exploração mineral e o desenvolvimento de atividades agrícola, pecuária, granjeira, aquícola ou florestal, pois não há como imaginar a convivência, na mesma área, de espécies animais e vegetais com a atividade de pesquisa do mesmo solo, muito menos sua perfuração e extração de minério. Esclarece que o Decretolei nº 57/66 foi regulamentado pelo Decreto nº 59.900/67, que determina, em seu art. 11, que "para efeito do disposto no art. 8º do Decretolei nº 57, de 18 de novembro de 1966, o contribuinte deverá apresentar planta com a localização das áreas de exploração mineral o respectivo registro no Departamento Nacional de Produção Mineral do Ministério de Minas e Energia, o decreto de lavra, e a justificativa quando a lavra não for de superfície, de que a mencionada destinação impede a exploração com finalidade agrícola, pecuária, ou agroindustrial." Afirma que cumpre os requisitos exigidos pelo dispositivo em tela, pois possui direitos minerários sobre a área em questão, conforme Portaria publicada no Diário Oficial, anexada aos autos a fls. 219. Pois bem. O mencionado art. 8º do DL 57/66 dispõe o seguinte: Art 8º Para fins de cadastramento e do lançamento do ITR, a área destinada a exploração mineral, em um imóvel rural, será considerada como inaproveitável, desde que seja comprovado que a mencionada destinação impede a exploração da mesma em atividades agrícolas, pecuária ou agroindustrial e que sejam satisfeitas as exigências estabelecidas na regulamentação dêste DecretoLei. (Destacamos e grifamos) Ou seja, nos termos do aludido dispositivo legal, que a recorrente pretende ver aplicado ao presente caso concreto, embora seja intuitivo concluir que a atividade de mineração é incompatível com atividades agrícolas e outras semelhantes, não é isso o que parece ser a realidade, já que, de acordo com o ali disposto, a área destinada à mineração será considerada inaproveitável DESDE QUE comprovado que essa destinação impede a exploração das outras atividades que menciona, quais sejam atividades agrícolas, pecuária ou agroindustriais. Daí decorre o fato de que, nos termos do mencionado dispositivo legal, a destinação de uma determinada área à mineração não a torna, por si só, imprestável para o desenvolvimento de outras atividades econômicas, inclusive atividades agrícolas, pecuária e agroindustrial, por mais estranho que isso nos possa parecer. Fl. 314DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 315 21 Nesse sentido, ensina OSWALDO DE MORAES, em seu Dicionário de Direito Tributário, com fundamento nos mencionados Decretos Federais 57/66, art. 8º, e Decreto 59.900/66, art. 11, que: "A não incidência por lei ordinária abrange: (...) "(d) as áreas de exploração mineral, desde que o contribuinte apresente planta com a localização das áreas de exploração mineral com o respectivo registro no Departamento Nacional da Produção Mineral do Ministério de Minas e Energia, o Decreto de Lavra e a justificativa quando a lavra não for de superfície de que a mencionada destinação impede a exploração com finalidade agrícola, pecuária ou agroindustrial." (Destacamos) A Câmara Superior de Recursos Fiscais já se pronunciou no sentido de que sobre se tratar de áreas imprestáveis, para afastar a incidência do ITR, deve haver prova que demonstre a condição da área assim declarada, conforme exige a legislação5. No presente caso concreto, a recorrente juntou aos autos, de fato, a Portaria nº 740, de 22 de setembro de 1989, que contém (e retifica) o Decreto de Lavra (fls. 219). Mas não juntou planta com a localização das áreas de exploração mineral, o respectivo registro no Departamento Nacional da Produção Mineral do Ministério de Minas e Energia, tampouco a justificativa de que a mencionada destinação impede a exploração daquela área com finalidade agrícola, pecuária ou agroindustrial. A propósito do Decreto de Lavra, cumpre anotar que ele abrange apenas uma área de 1.235,37 ha (fls. 219), e não o imóvel em sua integralidade, conforme parece pretender fazer crer a recorrente em seu recurso. Ademais, o laudo juntado aos autos não aponta nenhuma atividade de mineração desenvolvida no imóvel pela recorrente, conforme abaixo reproduzido: Assim, a recorrente não fez prova de que a utilização da área em questão para exploração mineral a torna imprestável para utilização em outras finalidades, de modo que pela 5 9202005.527 – 2ª Turma Sessão de 25 de maio de 2017 Fl. 315DF CARF MF Processo nº 13629.720590/201710 Acórdão n.º 2402006.914 S2C4T2 Fl. 316 22 falta de provas nesse sentido, nos termos da legislação vigente, não pode ser acolhida a pretensão do recorrente de vêla excluída da incidência do ITR. CONCLUSÃO Por todo o exposto, voto no sentido de conhecer e dar parcial provimento ao recurso voluntário para reconhecer a área de preservação permanente de 1369,0 hectares, bem como para que na apuração do tributo devido, seja considerado o VTN no valor de R$ 4.691,89/ha. (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Fl. 316DF CARF MF
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