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Numero do processo: 11080.918945/2012-03
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon May 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 24/07/2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA. Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. Não compete aos julgadores administrativos pronunciar-se sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-005.128
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Participou do julgamento o Conselheiro Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que se declarou impedido (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/2012­03  Acórdão n.º 3801­005.128  S3­TE01  Fl. 3          2 Não  compete  aos  julgadores  administrativos  pronunciar­se  sobre  a  inconstitucionalidade de leis ou atos normativos.  Recurso Voluntário Negado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  Colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  negar  provimento  ao  recurso voluntário. Participou do  julgamento o Conselheiro  Jacques Mauricio  Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da  Silveira que se declarou impedido    (assinado digitalmente)  Flávio de Castro Pontes ­ Presidente.     (assinado digitalmente)  Paulo Sérgio Celani ­ Relator.    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Flávio  de  Castro  Pontes, Marcos  Antônio  Borges,  Paulo  Sérgio  Celani, Maria  Inês  Caldeira  Pereira  da  Silva  Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo.    Relatório  Inicialmente, esclarece­se que estão em julgamento nesta 1ª Turma Especial da  3ª Seção de Julgamento do CARF cento e quarenta e oito processos da mesma contribuinte, em que  o cerne da discussão é o mesmo: a certeza e liquidez de crédito pleiteado, decorrente de pagamento  indevido ou a maior de Cofins, ou contribuição para o PIS/Pasep ou IPI, e o ônus da prova deste  direito.  Feitas estas observações, passa­se ao relato propriamente dito.  Trata­se  de  recurso  voluntário  apresentado  contra  decisão  da  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  em  Curitiba­DRJ/CTA  que  julgou  improcedente  manifestação  de  inconformidade  apresentada  contra  despacho decisório  da Delegacia  da Receita  Federal do Brasil de origem.  O  processo  se  iniciou  com  PER/DCOMP,  por  meio  do  qual  a  contribuinte  pleiteou o reconhecimento de direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de  tributo e a compensação de débitos tributários com o crédito pleiteado.  Fl. 125DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/2012­03  Acórdão n.º 3801­005.128  S3­TE01  Fl. 4          3 De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF  informado  no  PER/DCOMP,  foram  localizados  um  ou  mais  pagamentos,  utilizados  para  quitação  de  débitos  da  contribuinte,  não  restando  crédito  disponível  suficiente  para  compensação dos débitos informados no PER/DCOMP.  Assim,  diante  da  inexistência/insuficiência  de  crédito,  a  compensação  declarada não foi homologada ou foi homologada apenas parcialmente.  Como enquadramento legal foram citados os arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172  de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional CTN), e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996,  conforme quadro  “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL”  do  despacho decisório “  Extraio do relatório da decisão recorrida resumo das alegações apresentadas  pela contribuinte contra o despacho decisório:  “Na manifestação apresentada, a contribuinte argúi em preliminar a nulidade  do Despacho Decisório, alegando o não atendimento ao requisito constitucional da  fundamentação do ato administrativo, além de ferir os princípios de ampla defesa,  contraditório e do devido processo legal, estando, outrossim, revestido de desvio de  finalidade.  Expõe  que  o  ato  administrativo  resumiu­se  a  informar  a  não  homologação da compensação declarada com o parco fundamento da inexistência de  crédito  disponível;  entende  que  o  procedimento  correto  da  fiscalização  seria  o  de  intimar  a  contribuinte  para  que  prestasse  informações  sobre  a  origem  do  crédito,  bem como do  fundamento de validade; e  ressalta a necessidade de  fundamentação  ou motivação dos atos administrativos para o exame de sua legalidade, finalidade e  moralidade  administrativa.  Alega  que  o  Despacho  Decisório  não  se  presta  a  dar  início  ao  contraditório  administrativo,  eis  que  carente  de  fundamentação,  restando  prejudicado o seu direito de defesa, e que também extrapolou sua função precípua,  tornando­se meio  oblíquo  pelo  qual  a  fiscalização  buscou  interromper  o  prazo  de  homologação da compensação declarada. Diz que a autoridade preparadora deixou  de  cumprir  seu  dever  de  ofício  de  bem  instruir  o  procedimento  fiscal,  como  a  solicitação  de  informações,  apreensão  de  documentos,  diligências,  dentre  outros  expedientes.  Sob  o  tema  “Do  Mérito”,  discorre  especificamente  sobre  o  princípio  da  verdade material, citando diversos doutrinadores. Mas nada aduz sobre o origem do  suposto  crédito,  apenas  alegando  a  posterior  juntada  de  documentos  que  comprovariam  as  ‘alegações  trazidas  na  presente  manifestação’,  eis  que  o  direito  creditório, diz, pode ser comprovado a qualquer tempo.  Por  fim,  argumenta  sobre  a  inaplicabilidade  da  multa  de  mora  em  face  do  princípio  constitucional  de  não  confisco  e  dos  princípios  administrativos  da  razoabilidade e da proporcionalidade..  A  ementa  do  acórdão  da  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento em Curitiba­DRJ/CTA que julgou improcedente a manifestação de inconformidade  contém o seguinte teor:  “ASSUNTO: ...  Data do Fato Gerador: ...  CERCEAMENTO  DO  DIREITO  DE  DEFESA.  INTIMAÇÃO  PARA  ESCLARECIMENTOS.  Fl. 126DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/2012­03  Acórdão n.º 3801­005.128  S3­TE01  Fl. 5          4 A ausência de pedido de esclarecimentos ou realização de diligência na fase  preparatória do procedimento fiscal não caracteriza cerceamento do direito de  defesa,  que  é  assegurado  na  fase  do  contraditório,  inaugurada  com  a  manifestação de inconformidade.  1PIS/PASEP.  DECLARAÇÃO  DE  COMPENSAÇÃO.  RECOLHIMENTO  VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.  Correto o Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada  por  inexistência  de  direito  creditório,  tendo  em  vista  que  o  recolhimento  alegado como origem do crédito  está  integral  e validamente  alocado para  a  quitação de débito confessado.  PAGAMENTO A MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO.   A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas  na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar a  existência de direito creditório pleiteado.  MULTA E JUROS DE MORA. DÉBITOS NÃO HOMOLOGADOS.  Os  débitos  indevidamente  compensados  sofrem  a  incidência  de  multa  e  juros  de  mora,  nos  percentuais  determinados  pela  legislação,  calculados  a  partir  do  primeiro  dia  subsequente  ao  do  vencimento  do  prazo  previsto  para  o  pagamento  da  contribuição até o dia em que se efetivar o seu pagamento, uma  vez  que  a  declaração  de  compensação  constitui  confissão  de  dívida  e  instrumento  hábil  e  suficiente  para  a  exigência  dos  débitos não homologados.”  No  recurso  voluntário  a  recorrente  repete  as  alegações  da manifestação  de  inconformidade.  É o relatório.                                                              1 Nos processos em que o crédito alegado se refere à Cofins,  consta COFINS. Nos processos em que o crédito  seria originado de Contribuição para o PIS/Pasep, consta PIS/PASEP.  Fl. 127DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/2012­03  Acórdão n.º 3801­005.128  S3­TE01  Fl. 6          5   Voto             Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator.  Admissibilidade do recurso voluntário.  O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para julgamento nesta  turma especial.  Preliminar de nulidade do despacho decisório.  O processo se  iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual  informou  ter realizado pagamento indevido ou a maior do tributo em discussão.  A  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil­RFB,  baseando­se  em  dados  constantes  de  seus  sistemas  informatizados,  alimentados  por  informações  prestadas  pelo  próprio  contribuinte,  por  meio  de  declarações  fiscais  próprias,  constatou  que  o  pagamento  informado  foi  integralmente  utilizado  para  quitar  tributo  informado  em DCTF,  logo,  tributo  considerado devido, não restando crédito disponível para a compensação declarada.  Isto  está  claro  no  quadro  “3  –  FUNDAMENTAÇÃO,  DECISÃO  E  ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório, no qual constam os artigos 165 e 170  da  Lei  nº  5.172,  de  25/10/66  (CTN),  e  o  artigo  74  da  Lei  nº  9.430,  de  27/12/1996,  como  fundamentos para a não homologação da compensação.  No  mesmo  quadro  3,  consta  que  diante  da  inexistência  do  crédito  não  se  homologava a compensação declarada, bem como o valor devedor consolidado, correspondente  aos débitos indevidamente compensados, e a data para pagamento.  Há,  ainda,  a  informação  de  que  para  verificação  de  valores  devedores  e  emissão  de  DARF,  deveria  ser  consultado  o  endereço  da  internet  “www.receita.fazenda.gov.br”, na opção “Onde Encontro” ou através de certificação digital na  opção “e­CAC”, assunto “PER/DCOMP Despacho Decisório”.  Logo,  não  procede  a  alegação  de  que  o  despacho  decisório  não  contém  fundamentação e de que houve desvio de finalidade.  Por outro  lado,  a manifestação de  inconformidade, a qual, por  força do art.  74, §§ 9º a 11 da Lei nº 9.430, de 1996, aplicam­se as regras previstas no Decreto nº 70.235, de  1972,  demonstra  que  a  contribuinte  exerceu  plenamente  seu  direito  ao  contraditório,  sem  nenhuma dificuldade, provando que não houve cerceamento do direito de defesa.  Por estas razões, vota­se por negar provimento às alegações preliminares.  Fl. 128DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/2012­03  Acórdão n.º 3801­005.128  S3­TE01  Fl. 7          6 Certeza e liquidez do crédito pleiteado.  Conforme visto acima:  i) O processo se iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual informou  ter realizado pagamento indevido ou a maior de tributo;  ii) Foi constatado pela RFB que o pagamento informado como indevido ou a  maior  fora  integralmente  utilizado  para  quitar  tributo  informado  em  DCTF,  logo,  tributo  considerado devido;  iii)  Isto  está  claro  no  quadro  “3  –  FUNDAMENTAÇÃO,  DECISÃO  E  ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório;  iv)  Esta  constatação  baseou­se  em  dados  constantes  do  sistemas  informatizados da RFB, alimentados por informações prestadas pelo próprio contribuinte, por  meio de declarações fiscais próprias.  Uma  vez  que  o  pagamento  informado  como  indevido  ou  a  maior  estava  totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF como devido, o DARF a ele  relativo não  prova a existência de crédito algum  A DRJ/CTA, tendo em vista que a contribuinte não apresentou documentação  fiscal e contábil hábil e suficiente para comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado,  manteve o despacho decisório.  As  decisões  da  DRF  e  da  DRJ  estão  amparadas  no  fato  de  a  legislação  tributária dispor que a DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do  crédito  tributário  (art. 5º do Decreto­Lei nº 2.124, de 1984) e que a compensação de débitos  tributários  somente  pode  ser  efetuada  mediante  existência  de  créditos  líquidos  e  certos  do  interessado perante a Fazenda Pública (art. 170 do Código Tributário Nacional­CTN), e de a lei  que trata do processo administrativo tributário federal estabelecer que a prova documental deve  ser apresentada na impugnação (art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972).  Apesar de a decisão de primeira instância ter sido fundamentada de modo a  dar a conhecer à contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua  manifestação  de  inconformidade,  nenhum  documento  ou  livro  fiscal  ou  contábil  foi  apresentado com o recurso voluntário.  A recorrente limitou­se a discorrer sobre o princípio da verdade material.  Tratando­se  de  despacho  eletrônico,  admite­se  a  apresentação  destes  documentos e livros após a decisão da DRJ, pois alguns Conselheiros entendem que o princípio  da verdade material assim autoriza, outros entendem que se está diante de caso em que a prova  se destina a contrapor  fatos ou razões posteriormente  trazidas aos autos, hipótese prevista no  art. 16, §4º, letra “c” do Decreto nº 70.235, de 1972.  O importante é que a contribuinte, até o presente, não apresentou nenhum  documento ou livro, fiscal ou contábil, que pudesse comprovar seu direito.  Logo, não comprovou a certeza e liquidez do crédito pleiteado.  Fl. 129DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/2012­03  Acórdão n.º 3801­005.128  S3­TE01  Fl. 8          7 Não é só isso. A recorrente sequer argumentou sobre os fatos ou direito que  ensejariam o crédito.  Por estas razões, com fundamento no art. 170 do CTN e no art. 333 do CPC,  aplicável  subsidiariamente  ao  caso,  que  determina  que  o  ônus  da  prova  incumbe  ao  autor  quanto ao fato constitutivo de seu direito, não cabe o reconhecimento do crédito pleiteado.  Sobre multa e juros de mora  Os artigos 61 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, deixam claro que são devidos  juros de mora e multa no presente caso. Cito:  “Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e  contribuições  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  cujos  fatos  geradores  ocorrerem  a  partir  de  1º  de  janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na  legislação  específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa  de  trinta  e  três  centésimos  por  cento,  por  dia  de  atraso.  (Vide  Decreto nº 7.212, de 2010)  §1º A multa de que  trata este artigo será calculada a partir do  primeiro  dia  subseqüente  ao  do  vencimento  do  prazo  previsto  para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que  ocorrer o seu pagamento.  §2º O  percentual  de multa  a  ser  aplicado  fica  limitado  a  vinte  por cento.  §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros  de mora  calculados  à  taxa  a  que  se  refere  o  §  3º do  art.  5º,  a  partir  do  primeiro  dia  do  mês  subseqüente  ao  vencimento  do  prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no  mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998)  (Vide Lei nº 9.716, de 1998)”  “Art.  74.  O  sujeito  passivo  que  apurar  crédito,  inclusive  os  judiciais  com  trânsito  em  julgado,  relativo  a  tributo  ou  contribuição  administrado  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá­lo na  compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e  contribuições  administrados  por  aquele  Órgão.(Redação  dada  pela Lei nº 10.637, de 2002)   §1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante  a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão  informações  relativas  aos  créditos  utilizados  e  aos  respectivos  débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)   §2º A  compensação declarada à  Secretaria  da Receita Federal  extingue  o  crédito  tributário,  sob  condição  resolutória  de  sua  ulterior homologação.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)   (...)  §6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida  e  instrumento  hábil  e  suficiente  para  a  exigência  dos  débitos  Fl. 130DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/2012­03  Acórdão n.º 3801­005.128  S3­TE01  Fl. 9          8 indevidamente  compensados.  (Incluído  pela  Lei  nº  10.833,  de  2003)   §7º  Não  homologada  a  compensação,  a  autoridade  administrativa deverá cientificar o  sujeito passivo e  intimá­lo a  efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato  que  não a  homologou,  o  pagamento  dos  débitos  indevidamente  compensados.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003)   §8º Não efetuado o pagamento no prazo previsto no §7º, o débito  será  encaminhado  à  Procuradoria­Geral  da  Fazenda  Nacional  para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto  no §9º. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003)   §9º  É  facultado  ao  sujeito  passivo,  no  prazo  referido  no  §  7º,  apresentar  manifestação  de  inconformidade  contra  a  não­ homologação da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de  2003)   §10.  Da  decisão  que  julgar  improcedente  a  manifestação  de  inconformidade  caberá  recurso  ao  Conselho  de  Contribuintes.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003)   §11.  A  manifestação  de  inconformidade  e  o  recurso  de  que  tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº  70.235, de 6 de março de 1972, e enquadram­se no disposto no  inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 ­  Código  Tributário Nacional,  relativamente  ao  débito  objeto  da  compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003)   (...)”  Veja­se que os §§ 6º a 8º acima dispõem que a declaração de compensação  constitui  confissão  de  dívida  e  instrumento  hábil  e  suficiente  para  a  exigência  dos  débitos  indevidamente  compensados  e  que,  não  homologada  a  compensação  e  não  efetuado  o  pagamento  no  prazo  previsto  no  §7º,  o  débito  será  encaminhado  à  Procuradoria­Geral  da  Fazenda Nacional  para  inscrição  em Dívida Ativa  da União,  sendo devidos  juros  de mora  e  multa.  A  exigência  do  pagamento  destes  débitos  não  se  submete  a  julgamento  administrativo.  Além disso, os membros do CARF não podem afastar aplicação ou deixar de  observar  lei  sob  fundamento  de  inconstitucionalidade,  salvo  em  casos  excepcionais  não  presentes, a teor do disposto no art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado  pela Portaria MF nº 256, de 22/6/2009,  e do disposto no art. 26­A da Decreto nº 70.235, de  1972, com redação dada pela Lei nº 11.941, de 27/5/2009.  O mesmo se conclui do enunciado da Súmula CARF nº 2, verbis:  Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se  pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/2012­03  Acórdão n.º 3801­005.128  S3­TE01  Fl. 10          9 Conclusão  Pelo exposto, em especial, pela não comprovação da existência de direito de  crédito  líquido  e  certo,  voto  por  negar  provimento  ao  recurso  voluntário,  mantendo­se  a  decisão recorrida.  (assinado digitalmente)  Paulo Sergio Celani.                              Fl. 132DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES

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Numero do processo: 18186.008896/2008-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Jun 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/1998 a 30/11/2002 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INEXISTÊNCIA. Nos termos da Súmula CARF nº 11, não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2001. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. VACATIO LEGIS. SÚMULA CARF Nº 91. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Ao pedido de restituição feito a partir de 9 de junho de 2005, o prazo prescricional é de 5 (cinco) anos, contado do fato gerador. INTIMAÇÕES ESCRITÓRIO PROCURADOR. IMPOSSIBILIDADE. As intimações, no processo administrativo fiscal, devem obedecer às disposições do Decreto nº 70.235/72, devendo ser endereçadas ao domicílio fiscal do sujeito passivo.
Numero da decisão: 3301-002.635
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e voto que integram o presente julgado. RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Presidente. MÔNICA ELISA DE LIMA- Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (presidente da turma), Andrada Marcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Fábia Regina e Sidney Eduardo Stahl.
Nome do relator: MONICA ELISA DE LIMA

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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/1998 a 30/11/2002 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INEXISTÊNCIA. Nos termos da Súmula CARF nº 11, não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2001. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. VACATIO LEGIS. SÚMULA CARF Nº 91. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Ao pedido de restituição feito a partir de 9 de junho de 2005, o prazo prescricional é de 5 (cinco) anos, contado do fato gerador. INTIMAÇÕES ESCRITÓRIO PROCURADOR. IMPOSSIBILIDADE. As intimações, no processo administrativo fiscal, devem obedecer às disposições do Decreto nº 70.235/72, devendo ser endereçadas ao domicílio fiscal do sujeito passivo.

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2008; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C3T1  Fl. 296          1 295  S3­C3T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  18186.008896/2008­75  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3301­002.635  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  18 de março de 2015  Matéria  Compensação de Cofins  Recorrente  EDITORA PESQUISA E INDÚSTRIA LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período de apuração: 01/01/1998 a 30/11/2002  PRESCRIÇÃO  INTERCORRENTE  NO  ÂMBITO  DO  PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  INEXISTÊNCIA.  Nos  termos  da  Súmula  CARF  nº  11,  não  se  aplica  a  prescrição  intercorrente  no  processo  administrativo fiscal.  LEI  COMPLEMENTAR  Nº  118/2001.  PEDIDO  DE  RESTITUIÇÃO.  VACATIO  LEGIS.  SÚMULA  CARF  Nº  91.  Ao  pedido  de  restituição  pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo  sujeito a lançamento por homologação, aplica­se o prazo prescricional de 10  (dez) anos, contado do fato gerador. Ao pedido de restituição feito a partir de  9 de junho de 2005, o prazo prescricional é de 5 (cinco) anos, contado do fato  gerador.   INTIMAÇÕES  ESCRITÓRIO  PROCURADOR.  IMPOSSIBILIDADE.  As  intimações, no processo administrativo fiscal, devem obedecer às disposições  do  Decreto  nº  70.235/72,  devendo  ser  endereçadas  ao  domicílio  fiscal  do  sujeito passivo.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso, nos termos do relatorio e voto que integram o presente julgado.    RODRIGO DA COSTA PÔSSAS ­ Presidente.     MÔNICA ELISA DE LIMA­ Relatora.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 18 6. 00 88 96 /2 00 8- 75 Fl. 296DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/2008­75  Acórdão n.º 3301­002.635  S3­C3T1  Fl. 297          2   Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Rodrigo  da  Costa  Pôssas (presidente da turma), Andrada Marcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas,  Fábia Regina e Sidney Eduardo Stahl.    Relatório  Trata­se de Pedido de Restituição não homologado pela Delegacia da Receita  Federal de Administração Tributária em São Paulo, através do qual a Contribuinte solicitava a  devolução de valores recolhidos de Cofins (código 2172), relativos aos Períodos de Apuração  entre fevereiro de 1998 a novembro de 2002. O recolhimento seria indevido, pois se fundara na  Lei nº 9.718/98, declarada parcialmente inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.  O presente processo foi protocolizado em 28.07.2008 e diz respeito a Pedidos  de  Restituições  transmitidos  em  17.12.2007  (cf.  fls.  17  e  18).  O  crédito  pleiteado  pela  interessada  é  objeto  das  Declarações  de  Compensação  –  DCOMP  nº  33553.03330.301009.1.3.042494  (fls.  154/157)  e  37727.84183.301009.1.3.045604  (fls.  123/153), transmitidas pela ora Recorrente.  A  DERAT/SPO/DIORT  proferiu  Despacho  Decisório  de  fls.  117/120,  no  qual indeferiu o Pedido de Restituição e não homologou as DCOMP vinculadas ao pedido, sob  o  fundamento de que, com relação aos pagamentos efetuados pela empresa, de 10/03/1998 a  13/12/2002, o direito de solicitar eventual restituição do suposto indébito já tinha sido extinto  na data de protocolização do pleito, visto que se operou a decadência pelo decurso de prazo de  cinco  anos  contados  da  data  de  extinção  do  crédito  tributário  pelos  pagamentos,  restando  prejudicada,  como  consequência,  a  compensação  dos  mesmos  com  débitos  tributários  do  contribuinte.   Face  ao  despacho  decisório  da  DERAT/SP,  negando  a  pretensão  da  Contribuinte,  esta  apresentou,  nas  fls.  167  e  seguintes,  manifestação  de  inconformidade,  mediante a qual alega, como base de seu pedido, que:   Não concordando com a apuração da COFINS nos moldes do §1º, do artigo  32 da Lei nº 9.718/98, o qual amplia a base de cálculo do referido tributo de forma arbitrária e  ilegal,  efetuou  a  compensação  nos  moldes  do  indigitado  artigo  170  do  Código  Tributário  Nacional e, Lei nº 8.383/91 por meio de seu artigo 66, que autoriza a compensação dos valores  indevidamente recolhidos, com as parcelas vincendas de quaisquer tributos administrados pela  Secretaria da Receita Federal.  Procedeu com as compensações dos valores indevidamente recolhidos a titulo  da  Contribuição  Social  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social  ­  COFINS,  via  Pedido  Eletrônico de Restituição ou Ressarcimento e da Declaração de Compensação ­ PER/DCOMP.  Ressalta que, já fora proferido posicionamento do Tribunal Pleno do Superior  Tribunal Federal através dos  julgamentos dos Recursos Extraordinários nº 357.950, 390.840,  358.273 e 346.084, entendendo pela inconstitucionalidade do artigo em comento, qual seja, art.  3 2, §1 2 da Lei 9.718/98, bem como que tal parágrafo fora revogado pela Lei nº 11.941/09.  Fl. 297DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/2008­75  Acórdão n.º 3301­002.635  S3­C3T1  Fl. 298          3 Menciona que, anteriormente ao advento da Lei Complementar nº 118/2005,  o entendimento aplicado para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, era de que a  extinção  do  crédito  tributário  ocorreria  tão  somente  com  a  homologação  do  lançamento  realizado por autoridade administrativa competente, seja de forma expressa ou tácita (depois de  decorrido  o  prazo  de  5  anos  a  contar  da  ocorrência  do  fato  gerador,  sem  que  houvesse  a  manifestação  da  Fazenda  Pública),  haja  vista  que  a  atividade  exercida  pelo  contribuinte  está  sujeita ao controle do Fisco.  Sendo assim, o direito de se pleitear a restituição (compensação) dos valores  indevidamente  recolhidos,  nos  termos  do  artigo  168,  inciso  I,  do Código Tributário Nacional  teria como  termo  inicial  exatamente  este momento, ou  seja,  a data da  homologação  tácita do  lançamento, que  representa a data da extinção do crédito  tributário. Em outras palavras  , não  tendo havido homologação expressa. O prazo prescricional para restituição do indébito é de dez  anos, contados dos respectivos fatos geradores.  Requer a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art.  74, parágrafo 11º, da Lei nº 9.430/96.  Em  14/03/2001,  a  interessada  protocolou  o  documento  de  fls.  232/233,  no  qual  informa  que  apresentou  tempestivamente  a  Manifestação  de  Inconformidade  (fls.  167/186),  porém  recebeu  a Carta Cobrança  nº  1702  (fl.  164),  na  qual  consta  a  exigência  da  comprovação do pagamento do débito discutido. Por  fim,  requer o  cancelamento da  referida  Carta Cobrança, tendo em vista a suspensão da exigibilidade do crédito tributário.  A  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  em  São  Paulo  –  DRJ/SP1,  proferiu,  em  16.08.2012,  por  meio  de  sua  6ª  Turma,  o  acórdão  nº  16­40.786,  julgando  improcedente  a  Manifestação  de  Inconformidade,  materializado,  em  resumo,  nos  seguintes termos (fls.235 e ss.):  EMENTA DRJ:  Assunto: Processo Administrativo Fiscal   Ano  calendário:  1998,  1999,  2000,  2001,  2002  MANIFESTAÇÃO  DE  INCONFORMIDADE.  COMPETÊNCIA  Compete às Turmas das Delegacias da Receita Federal do Brasil  de Julgamento DRJ apreciar a Manifestação de Inconformidade  contra  o  não  reconhecimento  de  direito  creditório  ou  a  não  homologação  da  compensação,  e  não  outros  assuntos,  como  a  suspensão da exigibilidade do crédito tributário.  Assunto:  Contribuição  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social Cofins   Anos­calendário:1998, 1999, 2000, 2001, 2002.   CITAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA OU DOUTRINA.  No  julgamento  de  primeira  instância,  a  autoridade  administrativa observará apenas a legislação de regência, assim  como  o  entendimento  da  Receita  Federal  do  Brasil  (RFB),  expresso  em  atos  normativos  de  observância  obrigatória,  não  estando  vinculada  às  decisões  administrativas  ou  judiciais  proferidas  em  processos  dos  quais  não  participe  o  interessado  Fl. 298DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/2008­75  Acórdão n.º 3301­002.635  S3­C3T1  Fl. 299          4 ou  que  não  possuam  eficácia  erga  omnes,  e  nem  a  opiniões  doutrinárias sobre determinadas matérias.  RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA.  Restituição/Compensação  O  direito  de  pleitear  restituição  de  tributo  ou  contribuição  pago  a  maior  ou  indevidamente  extinguese com o decurso do prazo de 5  (cinco) anos  contados  da data da extinção do crédito tributário.  Observância do art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005.  DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP).  Negado o direito creditório a que se refere uma Declaração de  compensação, não há como se homologar a compensação.  Manifestação  de  Inconformidade  Improcedente.  Direito  Creditório Não Reconhecido     VOTO DRJ   O  efeito  suspensivo  com  relação  aos  débitos  informados  na  declaração  de  compensação,  em  razão  da  apresentação  de  Manifestação  de  Inconformidade,  está  previsto  no  art.  151,  inciso  III  do  CTN.  A  suspensão  do  débito,  porém,  é  implementada  pela Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  da  circunscrição  fiscal  do  contribuinte,  observadas  as  condições  necessárias e antes do envio dos autos para julgamento, e desta  forma  indagações  a  esse  respeito  devem  ser  direcionadas  à  Unidade de cobrança da jurisdição do sujeito passivo.  O  Supremo  Tribunal  Federal  –  STF,  ao  analisar  o RE/566621  entendeu que o prazo para repetição de indébito de cinco anos,  contados  do  pagamento  indevido,  previsto  na  LC  nº  118/2005,  não  poderia  ser  aplicado  de  forma  retroativa.  Desta  forma,  respeitada a vacatio legis de 120 dias, esta previsão passou a ser  aplicável a partir de 09/06/2005.  Ocorre que, ao contrário do que entende o contribuinte, o prazo  para  repetição  de  indébito  de  cinco  anos,  contados  do  pagamento indevido, passou a ser aplicado a todos os processos  ajuizados a partir de 09/06/2005.  Incorreto, portanto, o entendimento de que todos os pagamentos  indevidos ocorridos até 09/06/2005 não se sujeitam a este prazo.    Irresignada,  a  Contribuinte  apresentou  Recorso  Administrativo  a  este  Conselho, mediante o qual, além de reiterar a questão da inconstitucionalidade do alargamento  da  base  de  cálculo  da  Cofins,  promovida  pela  Lei  nº  9.718/98,  fundamento  de  seu  direito,  ratificou  suas  alegações  quanto  à  inexistência  de  prescrição  de  seu  direito  de  requerer  a  restituição.  Fl. 299DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/2008­75  Acórdão n.º 3301­002.635  S3­C3T1  Fl. 300          5 Além disto, apresentou alegações tocantes à garantia da razoável duração dos  processos, invocando o disposto no inciso LXXVIII, do artigo 5º da Constituição da República  e nos seguintes dispositivos:  Artigo  49,  da  Lei  nº  9.784/99:  "Concluída  a  instrução  de  processo  administrativo,  a  Administração  tem  o  prazo  de  até  trinta  dias  para  decidir  salvo  prorrogação  por  igual  período  expressamente motivada.(..)”;  Artigo  24,  da  Lei  nº  11.457/2007:"  Art.  24. É  obrigatório  que  seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360  (trezentos  e  sessenta)  dias  a  contar  do  protocolo  de  petições,  defesas ou recursos administrativos do contribuinte.  Artigo 262, II, do CPC: "O processo civil começa por iniciativa  da parte, mas se desenvolve por impulso oficial" e   Art. 267,II do CPC: "Extingue­se o processo, sem resolução de  mérito: II ­ quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por  negligência dos partes".  No caso em comento, o Pedido de Restituição foi protocolizado  em 28/07/2008, tão somente vindo a ser julgado em 01/12/2010,  ou  seja,  ultrapassados  mais  de  02  (dois)  anos.  E  ainda,  a  Manifestação  de  Inconformidade  apresentada  em  face  de  referida  decisão,  se  deu  em  20/01/2011,  e  tão  somente  em  16/08/2012 veio a  ser  julgada, após  o  transcurso de mais de 1  (um) ano e 6 (seis) meses.  Pois bem, além da afronta ao princípio da razoável duração do  processo  também  foram  violados  diversos  dispositivos  legais,  infringindo assim, o princípio da  legalidade, previsto no artigo  37  da  Constituição  Federal,  cuja  atividade  da  Administração  Pública está plenamente vinculada.  O  descumprimento  de  prazos  para  proferir  a  decisão  administrativa  no  PAF,  infringe  frontalmente  a  diversos  princípios como da legalidade, da eficiência, do devido processo  legal e da oficialidade, e deve ter consequências, tais como: (i) a  extinção  do  processo  e  por  implicação,  do  crédito  tributário;  e/ou  (ii)  a  preclusão  temporal,  ou  seja,  a  perda  da  faculdade,  para decidir, aceitando como verdadeiras as alegações recursais  do contribuinte.  No  que  se  refere  à  preclusão  temporal  para  decidir,  ocorre  o  impedimento  de  a  autoridade  administrativa  apreciar  o  requerimento  ou  recurso  interposto,  considerando  então  os  resultados favoráveis ao contribuinte.  Dessa  forma,  devem  ser  tomadas  as  devidas  medidas  cabíveis  para o fim de sanar os vícios de ilegalidade nos atos decisórios  cometidos  no  presente  processo  administrativo  fiscal,  não  podendo  a  contribuinte,  ora  Recorrente,  ser  prejudicada  pela  demora no julgamento de seu pedido de restituição, uma vez que  o  entendimento  aplicável  à  época  de  referido  pedido  e  da  Fl. 300DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/2008­75  Acórdão n.º 3301­002.635  S3­C3T1  Fl. 301          6 declaração  de  compensação,  bem  como,  a  época  do  primeiro  despacho decisório proferido, era favorável à Recorrente.    Protestou,  ainda  “pela  juntada  de  documentos  que  corroborem  suas  alegações, bem como pela realização de eventuais diligências que se  fizerem necessárias, em  respeito ao principio da verdade material, resta demonstrado de forma clara e inequívoca que a  demora  no  julgamento  do  processo  administrativo  fiscal,  além  de  violar  dispositivos  e  Principios Constitucionais e legais, com destaque aos princípios da legalidade e da eficiência,  culminou em inestimável prejuízo a Recorrente” .   Requereu, por fim, que as intimações relativas ao fei to fossem realizadas  em nome dos Advogados no endereço do escri tório destes.    É o Relatório.  Fl. 301DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/2008­75  Acórdão n.º 3301­002.635  S3­C3T1  Fl. 302          7 Voto             Conselheira Mônica Elisa de Lima.    Por  se  tratar  de  questão  prejudicial  a  este  julgado,  cabe  enfrentar,  inicialmente,  o  tema  da  prescrição  intercorrente  ou  preclusão  temporal,  alegada  pela  Contribuinte  como  motivo  para  a  extinção  do  processo  e  do  crédito  tributário;  e  a  aceitação como verdadeiras as alegações recursais do contribuinte.  Neste  sentido,  é  suficiente  invocar,  nos  termos do  artigo 72, do Regimento  Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Portaria MF nº 256/2009), aplicação  da Súmula CARF, de observância cogente no âmbito deste Colegiado. Desta forma, leia­se:   Súmula CARF nº 11:“não se aplica a prescrição intercorrente  no processo administrativo fiscal”.  Importa salientar que tal entendimento consolidado do e. CARF foi proferido  com  sustentação  nos  seguintes  acórdãos  paradigmas: Acórdão  nº  103­21113,  de  05/12/2002,  Acórdão nº 104­19410, de 12/06/2003, Acórdão nº 104­19980, de 13/05/2004, Acórdão nº 105­ 15025,  de  13/04/2005,  Acórdão  nº  107­07733,  de  11/08/2004,  Acórdão  nº  202­07929,  de  22/08/1995,  Acórdão  nº  203­02815,  de  23/10/1996,  Acórdão  nº  203­04404,  de  11/10/1997,  Acórdão nº 201­73615, de 24/02/2000 e Acórdão nº 201­76985, de 11/06/2003.  No  tocante  à  preliminar  de mérito,  também não  assiste  razão  à Recorrente,  isto porque a regra dos 5 + 5, pela qual são contados primeiro cinco anos para a homologação  tácita  e  somente  depois  desses  primeiros  cinco  anos  é  que  se  contam  os  cinco  anos  para  a  decadência  do  direito  de  repetição  de  indébito,  persistiu  somente  até  a  vacatio  legis  da  Lei  Complementar nº 118/2005  (09/06/2005). No presente caso, o Sujeito Passivo está a pleitear  restituições  concernentes  a  fatos  geradores ocorridos  entre  fevereiro de 1998 a novembro de  2002. O pedido se deu através das PER/DCOMP transmitidas em 17.12.2007; portanto, dois  anos e meio depois do prazo da vacatio. Neste momento, não mais era aplicável a extensão do  prazo  decadencial,  que,  pelo  contrário,  se  verificaria  em  cinco  anos  a  partir  da  data  do  fato  gerador.  Neste  mesmo  sentido,  dispõe  a  Súmula  CARF,  aprovada  pelo  Pleno,  em  Sessão  de  09.12.2013,  tendo  por  paradigmas  os  acórdãos  números  9900­000.728,  de  29/08/2012;  9900­000.459,  de  29/08/2012;  9900­000.767,  de  29/08/2012;  1801­000.970,  de  11/04/2012;  9303­01.985,  de  12/06/2012;  1801­001.485,  de  11/06/2013;  9101­001.522,  de  21/11/2012;  9101­001.654,  de  14/05/2013;  3102­001.844,  de  21/05/2013;  2401­003.108,  de  16/07/2013 e 1102­000.915, de 07/08/2013:    Súmula  CARF  nº  91:  Ao  pedido  de  restituição  pleiteado  administrativamente  antes  de  9  de  junho  de  2005,  no  caso  de  tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica­se o prazo  prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.  Fl. 302DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/2008­75  Acórdão n.º 3301­002.635  S3­C3T1  Fl. 303          8   Por  fim, cabe sublinhar a  impossibilidade de a  intimação ser endereçada ao  Escritório do Advogado e dirigida a este, visto que quem deve ser intimado é o sujeito passivo.  Cabe lembrar, ainda, o comando do artigo 23, II, do Decreto nº 70.235/72, mediante o qual se  estabelece que a intimação deva ser endereçada ao domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo.  Complementarmente, o § 4º, incisos I e II, do mesmo artigo, definem como domicílio tributário  do sujeito passivo: "o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração  tributária"  (endereço  constante  de  sua  inscrição  no  CNPJ)  e  o  endereço  eletrônico  a  ele  atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo.  Apenas  a  título  de  ilustração,  a  par  da  questão  da  decadência,  em  todo  o  processo,  a  contribunte  limita­se  a  juntar  demonstrativo  das  PER/DCOMP,  respectivos  números e valores. Não há sequer um conteúdo que demonstre a natureza dos créditos exigidos  e o porquê da redução da base de cálculo correspondente a tais valores.   Por  fim,  sobre  os  genéricos  pedidos  de  diligência,  perícia  e  juntada  de  documentos, não foi apresentada qualquer justificativa concreta para tal demanda, sendo certo  que documento algum foi juntado e que, dento do livre convencimento motivado do julgador,  cabe  a  este  indeferir  tais  pedidos  quando prescindíveis  e  quando,  como  no  presente  caso,  já  exista  nos  autos  elementos  necessários  e  suficientes  à  formação  do  juízo,  tudo  isto  em  conformidade com os artigos 18 e 19 do Decreto nº 70.235/72.    Em vista do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário.  Mônica Elisa de Lima ­ Relatora.                               Fl. 303DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS

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Numero do processo: 19740.720019/2010-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue May 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2006 ALIENAÇÃO DE TÍTULOS DA BOVESPA. GANHOS DE CAPITAL. ATUALIZAÇÃO DOS VALORES NOMINAIS DOS TÍTULOS PARA EQUIPARAÇÃO À FRAÇÃO IDEAL DO PATRIMÔNIO SOCIAL DAS ASSOCIAÇÕES “INVESTIDAS”. NEUTRALIDADE. A atualização dos títulos patrimoniais da BOVESPA não afeta a apuração do ganho de capital no momento de sua alienação pois, de um lado, não representa efetivo custo de aquisição, e, de outro, integra reserva de capital que deve ser realizada na baixa dos direitos. IRPJ/CSLL. DEDUTIBILIDADE DE DESPESAS TRABALHISTAS INCORRIDAS. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL. Inexiste vedação legal à dedutibilidade de despesas trabalhistas, regularmente incorridas e que se enquadram nas disposições do artigo 299 do RIR/99, que estejam sendo objeto de discussão em embargos à execução. Na hipótese de o contribuinte lograr êxito nos embargos, caberá a tributação dos valores ao tempo do trânsito em julgado. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS, APLICADA APÓS ENCERRAMENTO DO ANO-CALENDÁRIO EM CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DAS SÚMULAS CARF Nº 82 E 105. Nos termos da Súmula 82 do CARF, após o encerramento do ano-calendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas. No caso, aplica-se, ainda, o disposto na Súmula nº 105 que consolidou a jurisprudência no sentido de que "a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício." Recurso de Oficio Provido. Recurso Voluntário Parcialmente Provido.
Numero da decisão: 1402-001.935
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, dar provimento ao recurso de ofício.Vencidos os Conselheiros Moises Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Carlos Pelá, que votaram por negar provimento. O Conselheiro Carlos Pelá acompanhou o relator pelas conclusões. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução no valor de R$ 543.604,61 e cancelar a multa isolada. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator ad hoc (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 43; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2529; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1­C4T2  Fl. 597          1 596  S1­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  19740.720019/2010­11  Recurso nº               De Ofício e Voluntário  Acórdão nº  1402­001.935  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  4 de março de 2015  Matéria  Auto de Infração IRPJ e Reflexos  Recorrentes  RIBA CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA, ATUAL DENOMINAÇÃO  SOCIAL DA ARBI SA SOCIEDADE CORRETORA DE CÂMBIO,  TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS                  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL  Ano­calendário: 2006  ALIENAÇÃO  DE  TÍTULOS  DA  BOVESPA.  GANHOS  DE  CAPITAL.  ATUALIZAÇÃO  DOS  VALORES  NOMINAIS  DOS  TÍTULOS  PARA  EQUIPARAÇÃO  À  FRAÇÃO  IDEAL  DO  PATRIMÔNIO  SOCIAL  DAS  ASSOCIAÇÕES “INVESTIDAS”. NEUTRALIDADE.  A atualização dos títulos patrimoniais da BOVESPA não afeta a apuração do ganho  de  capital  no momento  de  sua  alienação  pois,  de  um  lado,  não  representa  efetivo  custo de aquisição, e, de outro, integra reserva de capital que deve ser realizada na  baixa dos direitos.  IRPJ/CSLL.  DEDUTIBILIDADE  DE  DESPESAS  TRABALHISTAS  INCORRIDAS. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL. Inexiste vedação legal à  dedutibilidade de despesas trabalhistas, regularmente incorridas e que se enquadram  nas disposições do artigo 299 do RIR/99, que estejam sendo objeto de discussão em  embargos  à  execução.  Na  hipótese  de  o  contribuinte  lograr  êxito  nos  embargos,  caberá a tributação dos valores ao tempo do trânsito em julgado.  MULTA  ISOLADA  POR  FALTA  DE  RECOLHIMENTO  DE  ESTIMATIVAS,  APLICADA  APÓS  ENCERRAMENTO  DO  ANO­CALENDÁRIO  EM  CONCOMITÂNCIA  COM  A  MULTA  DE  OFÍCIO.  APLICAÇÃO  DAS  SÚMULAS CARF Nº 82 E 105.   Nos termos da Súmula 82 do CARF, após o encerramento do ano­calendário,  é  incabível  lançamento  de  ofício  de  IRPJ  ou CSLL  para  exigir  estimativas  não recolhidas.   No  caso,  aplica­se,  ainda,  o  disposto  na  Súmula  nº  105  que  consolidou  a  jurisprudência no sentido de que "a multa  isolada por  falta de recolhimento  de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº  9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 72 00 19 /2 01 0- 11 Fl. 597DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          2 falta  de  pagamento  de  IRPJ  e  CSLL  apurado  no  ajuste  anual,  devendo  subsistir a multa de ofício."  Recurso de Oficio Provido. Recurso Voluntário Parcialmente Provido.       Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.    Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, dar provimento ao  recurso  de  ofício.Vencidos  os  Conselheiros  Moises  Giacomelli  Nunes  da  Silva,  Paulo  Roberto  Cortez e Carlos Pelá, que votaram por negar provimento. O Conselheiro Carlos Pelá acompanhou o  relator pelas conclusões. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fernando Brasil de  Oliveira  Pinto.  Por  unanimidade  de  votos,  dar  provimento  parcial  ao  recurso  voluntário  para  restabelecer a dedução no valor de R$ 543.604,61 e cancelar a multa isolada.      (assinado digitalmente)  Leonardo de Andrade Couto ­ Presidente e Relator ad hoc    (assinado digitalmente)  Fernando Brasil de Oliveira Pinto ­ Redator Designado      Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Frederico  Augusto  Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes  da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto.  Fl. 598DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          3   Relatório  RIBA CONSULTORIA EMPRESARIAL recorreu a este Conselho contra a  decisão proferida pela DRJ em primeira instância, que julgou procedente em parte a exigência  consubstanciado  no  presente  processo,  pleiteando  sua  reforma,  com  fulcro  no  artigo  33  do  Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por sua vez a DRJ recorre de oficio em face de exoneração  acima de seu limite de alçada.  DA AUTUAÇÃO  Adoto o Relatório da decisão recorrida (verbis):  “(...)  Trata o processo de autos de  infração eletrônicos  lavrados pela Delegacia Especial  de Instituições Financeiras do Rio de Janeiro, (Deinf/RJ), atual Demac/RJ, exigindo  da  Interessada,  acima  identificada,  o  Imposto  sobre  a  Renda  da  Pessoa  Jurídica,  (IRPJ), multa isolada, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, (CSLL), esta por  meio  de  dois  autos  de  infração,  e  multa  isolada,  respectivamente,  nos  valores  de  R$771.031,26, R$383.991,89, R$204.474,16, R$73.097,09 e R$138.237,10.  Os  tributos  lançados foram acrescidos de multa de ofício de 75%, e juros de mora  calculados até 26.02.2010.  A descrição dos fatos nos autos de infração informa que houve três infrações:   ­ infração 001: falta de contabilização de ganho de capital na alienação de bens do  ativo permanente;  ­ infração 002: adição não computada na apuração do lucro real referente a valor de  despesa operacional não dedutível;  ­  infração  003:  falta  de  recolhimento  de  IRPJ  sobre  base  de  cálculo  estimada  em  função de balanços de suspensão ou redução.  O enquadramento legal consta nos respectivos autos de infração.  O Termo de Verificação Fiscal informa o que segue.  Quanto à infração 001:  ­ a  interessada compra e vende títulos e valores mobiliários por conta própria e de  terceiros;  ­  a  Interessada  foi  intimada  a  apresentar  esclarecimentos  sobre  o  tratamento  tributário  adotado  no  que  se  refere  ao  ganho  de  capital  nas  operações  com  seus  títulos  patrimoniais  da  antiga  associação  de  Bolsa  de  Valores  de  São  Paulo,  Bovespa, gerado no processo de desmutualização;  ­  também foi  intimada a apresentar cópias do Livro Razão dos períodos de 01­01­ 2006 a 31­12­2007, contendo os registros individualizados dos Títulos Patrimoniais  Bovespa, da respectiva Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais e das Ações  Bovespa Holding  SA,  resultantes  da  permuta  dos  títulos  patrimoniais  ocorrida  no  processo de desmutualização em 2007;  Fl. 599DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          4 ­  em  resposta,  informou que  seus  títulos  patrimoniais  da Bovespa  foram vendidos  antes  do  processo  de  desmutualização,  conforme  atestam  cópia  do  Livro  Razão  Sintético  da  conta Títulos  Patrimoniais,  de  janeiro  a  outubro  de  2006,  e  da  conta  Reserva  de  Atualização  de  Títulos  Patrimoniais  de  janeiro  a  outubro  de  2006  e  dezembro de 2007;  ­  após  intimações,  foram  acostados  aos  autos  os  documentos  listados  nas  páginas  08/09, deste termo de verificação;  ­  com base nesta documentação,  a Fiscalização concluiu que o  custo de  aquisição  dos  títulos  foi  de R$1.182.448,33,  (custo  unitário  de R$394.149,44),  e  o  valor  de  venda foi de R$7.350.000,00, (valor unitário de R$2.450.000,00);  ­ desta forma, o ganho de capital, em outubro de 2006, deve ser de R$6.167.551,67,  (R$7.350.000,00 ­ R$1.182.448,33);  ­ ocorre que a Interessada apurou o ganho de R$3.895.616,52, uma vez que o custo  por  ela  considerado  foi  de  R$3.454.383,48,  custo  este  que  contabiliza  as  reavaliações  dos  títulos,  conforme  se  depreende  dos  documentos  acostados  pela  Interessada;  ­ portanto, houve omissão de R$2.271.935,15;  ­ a base legal está no termo de verificação, páginas 10/11.  Quanto à infração 002:  ­ a Interessada foi intimada a esclarecer se o valor declarado na ficha 05 B da DIPJ  de  2007,  como  ordenados  e  salários,  (R$812.189,93),  referente  à  provisão  do  processo  trabalhista  da  30ª.  VT/RJ  –  RT  753/88,  preenche  os  requisitos  de  dedutibilidade  previstos  no  inciso  I,  do  artigo  13,  da  Lei  nº.9.249,  de  1995,  bem  como, informar o estágio atual da ação trabalhista;  ­  a  Interessada  informou  que  o  processo  trata  de  reconhecimento  de  vínculo  empregatício,  com  pagamento  de  direitos  trabalhistas,  e  que  o  processo  está  aguardando julgamento dos embargos de execução, em razão de divergência entre os  cálculos apresentados pela partes;  ­ a Interessada foi intimada a informar se o valor de R$812.189,93 deduzido como  despesa  em  2006,  já  estava  definitivamente  julgado,  podendo  ser  considerada  despesa definitiva, conforme exigido pela Solução de Consulta SRRF/10ª. RF/Disit  nº.341/2004,  do  PA  nº.11080.004291/2004­11,  transcrita  nas  páginas  16/17,  do  termo de verificação fiscal;  ­ a Interessada foi intimada a apresentar cópia das decisões proferidas no âmbito do  mencionado processo trabalhista;  ­ com base nesta documentação, entendeu a Fiscalização que, em termos de valores,  até a presente data não há a definição do valor devido pela Interessada, quanto mais  em outubro de 2006, quando ela deliberadamente deduziu o valor de R$800.000,00,  que não guarda qualquer  relação com os valores definidos até então no âmbito do  processo judicial, sendo que, no âmbito da ação ela entende que deve R$71.557,97;  ­ assim, a despesa de provisão da ação trabalhista de R$800.000,00 em outubro de  2006 e sua atualização, (R$12.189,93, em novembro de 2006), deve ser adicionada  ao lucro líquido para a apuração do lucro real e base de cálculo da CSLL para o ano  de 2006;  Fl. 600DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          5 ­  da  mesma  forma,  nos  balancetes  de  redução  de  outubro  a  dezembro  do  ano  de  2006, para o IRPJ e CSLL.  Quanto à infração 003:  ­ em decorrência das infrações acima, foi verificada a falta de recolhimento de IRPJ  e  CSLL  sobre  base  de  cálculo  estimada  em  função  de  balanços  de  suspensão  ou  redução, nos meses de outubro a dezembro de 2006, sendo lançada a multa isolada,  conforme detalhado nas páginas 21/22 e demonstrativo na página 24.  Inconformada com o crédito tributário originado da ação fiscal da qual teve ciência  do lançamento em 25­03­2010, (vide autos de infração), a Interessada apresentou em  26­04­2010, (fls.353), a  impugnação de fls.353/383, instruída pelos documentos de  fls.384/511, arguindo em síntese que:  ­  a  descrição  dos  fatos  não  está  correta,  uma  vez  que  o  ganho  de  capital  foi  contabilizado e tributado, e as despesas glosadas são dedutíveis;  ­  não  constando  na  descrição  dos  fatos  elementos  suficientes  que  indiquem  o  dispositivo legal infringido, ficou impedida de apresentar defesa plena;  ­ o Banco Central por meio do Plano Contábil das Instituições Financeiras, COSIF,  instituído pela circular nº.1.273/87, determinou que o custo de aquisição dos títulos  da Bovespa deveriam ser atualizados periodicamente em razão das variações do seu  valor patrimonial;  ­ para isto, as variações, quando positivas, deveriam ser debitadas na conta do Ativo  (Títulos  Patrimoniais”),  e  a  crédito  na  conta  “Reserva  de  Atualização  de  Títulos  Patrimoniais” no Patrimônio Líquido;  ­ essa variação positiva não estava sujeita à tributação pelo IRPJ e CSLL conforme  expressamente informa a Portaria MF nº.785/77;  ­ tal Portaria determina que a exclusão no lucro real das atualizações positivas, desde  que os valores registrados na mencionada conta de reserva não sejam distribuídos e  sejam oportuna e compulsoriamente incorporadas ao capital;  ­ em 28­04­2000, adquiriu por meio de permuta com a Bolsa de Valores do Rio de  Janeiro,  três  títulos  patrimoniais  da  Bovespa,  no  valor  de  R$1.182.448,32,  registrados na conta “Títulos BVSP”, do Ativo Permanente;  ­ com base nos Ofícios Circulares da Bovespa, que continham o seu balancete, o seu  demonstrativo  de  resultado  mensal,  e  o  valor  atualizado  do  título,  atualizou  mensalmente o saldo da referida conta;  ­  desta  forma,  em  27­10­2006,  o  saldo  da  conta  “Títulos  BVSP”  era  de  R$3.454.383,48;  ­  nesta  data,  por meio  de  operação  autorizada  pela  Bovespa,  vendeu  os  referidos  títulos  à  SOCOPA  –  Sociedade  Corretora  Paulista  SA,  pelo  valor  de  R$7.350.000,00;  ­  a  interpretação  da  Portaria MF  nº.785/77,  dada  pela  Fiscalização  no  Termo  de  Verificação Fiscal, está equivocada;  ­ não faz sentido afirmar que a norma ali contida tem caráter postergatório, e não de  isenção,  pois,  se  as  atualizações  positivas  não  são  receita  nem  ganho  de  capital,  trata­se de isenção;  ­ tal afirmação tem fundamento nos Pareceres CST nºs.2.111/81, 911/83 e 2.867/83;  Fl. 601DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          6 ­ tais Pareceres estão transcritos nas páginas 13/14, desta impugnação;  ­ além disto, não violou quaisquer das condições previstas na Portaria MF nº.785/77,  para a não tributação das atualizações;  ­ as  referidas atualizações têm natureza de equivalência patrimonial, uma vez que,  conforme o Banco Central, a reserva que espelha a atualização do valor dos títulos  seria elevada quando a Bolsa apresentava resultado positivo e reduzida caso a Bolsa  apresentasse resultado negativo;  ­ o método da equivalência patrimonial prevê o reflexo das oscilações do patrimônio  líquido da investida na avaliação do investimento da investidora;  ­ assim, em razão da orientação do Banco Central os títulos da Bovespa puderam ser  avaliados conforme as variações do patrimônio da referida Bolsa;  ­ além disto, a legislação tributária permitiu que as atualizações positivas dos títulos  fossem excluídas da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, tal qual acontece nos casos  de participações societárias avaliadas pelo método da equivalência patrimonial;  ­  o  Parecer  Normativo  CST  nº.2.254/81,  autoriza  que  as  agências  reguladoras  tenham poder para normatizar a contabilidade.  ­  quanto  à  dedutibilidade  da  provisão,  a  decisão  condenatória  já  transitou  em  julgado, havendo, portanto, título executivo judicial;  ­  assim,  com  base  no  artigo  879,  parágrafo  1º.,  da  Consolidação  das  Leis  Trabalhistas,  (CLT),  combinado  com  o  inciso  I,  do  artigo  13,  da Lei  nº.9.249,  de  1995, o total das verbas listadas no item 62, da presente impugnação totaliza o valor  contabilizado, não cabendo a glosa praticada pela Fiscalização;   ­  ainda  que  assim  não  se  entenda,  cabe  a  dedução,  ao  menos,  do  valor  de  R$543.604,61, pois, em agosto de 2009,  tal valor foi fixado pela 30ª. VT/RJ – RT  753/88,  como  sendo  o  da  execução,  tendo  havido,  inclusive,  o  depósito  deste  montante;  ­ o DOC 13 acostado aos autos comprova esta afirmação;  ­ quanto ao lançamento da multa isolada, encerrado o período anual de apuração não  cabe a exigência de estimativa;  ­  tal  afirmação  tem  fundamento  no  fato  de  que  deve  prevalecer  o  imposto  efetivamente devido, sendo descabida a aplicação em duplicidade de penalidades de  ofício sobre a mesma infração;  ­  somente  cabe  a  imposição  desta  multa  na  falta  de  recolhimento  de  tributo  declarado e não recolhido;  ­ apurou prejuízo fiscal e base negativa de CSLL;  ­  com  base  no  artigo  112,  do  CTN  e  70  do  código  Penal,  deve  ser  cancelada  a  referida multa;  ­ é inconstitucional a cobrança da Selic por não haver base legal. (...)”    DA DECISÃO DE 1a. INSTÂNCIA  A DRJ julgou procedente em parte a  impugnação, conforme sintetizado nas  seguintes ementas:  Fl. 602DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          7 GANHO DE CAPITAL. VALOR CONTÁBIL. TÍTULO DE BOLSA DE VALORES.   O ganho de capital  terá por base o valor contábil do bem, assim entendido o que  estiver  registrado  na  escrituração  do  contribuinte.  O  valor  contábil  do  título  patrimonial de bolsa de valores é o valor atualizado do título. Artigo 418, §1º, do  RIR/1999, c/c Circular BACEN nº.1.273/87.  DESPESA DEFINITIVA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA.  Em havendo embargos à execução, o valor de despesa em litígio em ação judicial  trabalhista somente será definitivamente conhecido ao seu final.  MULTA ISOLADA. INCIDÊNCIA.  O  artigo  44,  da  Lei  nº.9.430,  de  1996,  ao  prever  as  infrações  por  falta  de  recolhimento  de  antecipação  e  de  pagamento  do  tributo  ou  contribuição  (definitivos)  não  significa  duplicidade  de  tipificação  de  uma  mesma  infração  ou  penalidade.  Ao  tipificar  essas  infrações  o  artigo  44  da  Lei  nº.9.430,  de  1996,  demonstra  estar  tratando  de  obrigações,  infrações  e  penalidades  tributárias  distintas, que não se confundem e não se excluem.  LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL.  Decorrendo o  lançamento da CSLL, de  infração constatada na autuação do IRPJ,  reconhecida  a  procedência  do  lançamento  deste,  procede  também  o  lançamento  daquela, em virtude da relação de causa e efeito que os une.”  DO RECURSO DE VOLUNTÁRIO  Cientificada  do  aludido  acórdão  em  19/2/2014,  fl.  551,  a  parte  interessada  ingressou em 20/03/2014 com o recurso de fls. 554­559, no qual repisa as alegações articuladas  quando  da  impugnação,  contesta  os  fundamentos  da  decisão  recorrida  quanto  as  parcelas  mantidas, concluindo e requerendo “seja provido o presente Recurso Voluntário para que se  proceda à reforma parcial do Acórdão da 8o Turma da DRJ/RJ 1, julgando­se completamente  improcedente  o  Auto,  ou  para  que  seja  ao  menos  reconhecida  a  ilegalidade  da  aplicação  cumulativa da multa isolada, cancelando­a.”  (...)  É o relatório.  Fl. 603DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          8 Voto Vencido  Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, Relator ad hoc  Tendo em vista a impossibilidade do Conselheiro Moises Giacomelli Nunes  da Silva formalizar o voto, passo a redigir o voto vencido ressaltando que o teor não representa  meu posicionamento:  Os  recursos  voluntário  e  de  oficio  preenchem  os  requisitos  de  admissibilidade.   Conforme relatado, trata­se de autos de infração do IRPJ e CSLL, com multa  de oficio de 75% em razão de:  i)  falta  de  contabilização  de  ganho  de  capital  na  alienação  de  bens  do  ativo  permanente ­ títulos da bolsa de valores (cancelada pela DRJ e objeto de recurso de  oficio);  ii)  adição  não  computada  na  apuração  do  lucro  real  referente  a  valor  de  despesa  operacional não dedutível ­ verbas trabalhistas (mantido em 1a. instancia);  iii)  multa  isolada  por  falta  de  recolhimento  de  IRPJ/CSLL  sobre  base  de  cálculo  estimada  em  função  de  balanços  de  suspensão  ou  redução.(mantida  em  1a.  instancia).  Passo a apreciar as matérias em litígio em ambos os recursos, iniciando pelo  Recurso de Oficio.  Vejamos os fundamentos da decisão recorrida:  “Da infração 001. Ganho de capital.  Conforme relatado, a Fiscalização autuou a diferença de ganho de capital ocorrido  quando da venda de títulos da Bovespa, uma vez que entendeu que o ganho deveria  ter sido apurado com base na diferença do preço de venda e o custo de aquisição dos  títulos, enquanto que a Interessada calculou o ganho utilizando o custo de aquisição  agregado a valores referentes a reavaliações dos títulos.  Desde já  registre­se que é incontroverso nos autos que o custo de aquisição foi no  valor de R$1.182.448,33, e o de venda, R$7.350.000,00. A controvérsia  reside no  fato de ser ou não correta a reavaliação do custo de aquisição dos títulos realizado  pela Interessada.  Portanto, trata o litígio tão­somente de matéria de direito.  Determina o parágrafo 1º., do artigo 418, do RIR/1999, cuja base legal é o Decreto­ Lei  nº.1.598,  de  1977,  artigo  31,  parágrafo 1º.,  que,  ressalvadas  as  disposições  especiais, a determinação do ganho de capital terá por base o valor contábil do bem,  assim entendido o que estiver registrado na escrituração do contribuinte e diminuído,  se for o caso, da depreciação, amortização ou exaustão acumulada.  Conforme  se  vê,  o  valor  que  deve  ser  utilizado  no  cálculo  do  ganho  de  capital  é  aquele que está registrado na escrituração do contribuinte. Desta forma, cabe indagar  Fl. 604DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          9 o  que  a  legislação  determina  ou  mesmo  autoriza  que  deva  ser  contabilizado  nos  livros da pessoa jurídica, como sendo o valor do bem.  Na  espécie,  trata­se  de  títulos  patrimoniais  da  Bovespa  registrados  em  conta  do  Ativo Permanente. Neste sentido, deve­se trazer a este julgamento, o que determina  a Lei das SA, em vigor na época dos fatos, no que se refere aos critérios de avaliação  do ativo, para este tipo de investimento.  O artigo 183, da Lei das SA, impõe que os investimentos em participação no capital  social  de  outras  sociedades,  ressalvado  o  disposto  nos  artigos  248  a  250,  serão  avaliados  pelo  custo  de  aquisição,  deduzido  de  provisão  para  perdas  prováveis  na  realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e  que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de  ações ou quotas bonificadas.  Assim,  excetuando  os  casos  previstos  nos  artigos  248  a  250,  daquela  Lei,  os  investimentos consubstanciados pelos respectivos títulos serão avaliados pelo custo  de  aquisição.  Ressalte­se  que  este  dispositivo  abre  a  possibilidade  que  os  investimentos  sejam  avaliados  pelo  valor  de  mercado,  porém  apenas  se  este  for  menor que aquele.  Os artigos 248 a 250, acima mencionados referem­se a investimentos relevantes em  sociedades  coligadas  sobre  cuja  administração  se  tenha  influência,  ou  de  que  se  participe  com  20%  (vinte  por  cento)  ou  mais  do  capital  social,  e  em  sociedades  controladas. Tais investimentos serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de  acordo com regras específicas.  Nos  termos  acima  mencionados,  o  presente  caso  não  versa  sobre  investimentos  relevante,  não  havendo  que  se  falar  na  avaliação  de  títulos  pelo  método  da  equivalência  patrimonial.  Portanto,  valor  contábil  do  bem,  assim  entendido,  como  sendo aquele que estiver registrado na escrituração do contribuinte, seria, em tese, o  valor do custo da aquisição.  Por outro  lado,  cabe  lembrar que  é  competência do Conselho Monetário Nacional  expedir  normas  gerais  de  contabilidade  e  estatística  a  serem  observadas  pelas  instituições  financeiras. Tal  competência  foi  delegada ao Banco Central  do Brasil,  em reunião daquele Conselho, de 19­07­78, (Res 1120 RA art 15; Res 1655 RA art  16; Res 1724 art 1º; Res 1770 RA art 12; Circ 1273).  Em conformidade com estas afirmações, está o item 7, do Parecer Normativo CST  nº.78, de 15­09­78, que diz:  “Não  obstante  a  generalidade  das  regras  acima  discutidas,  ressalve­se  a  possibilidade de legislação específica para setores econômicos ou classes de  empresas  estabelecer  outros  critérios  de  avaliação pelo patrimônio  líquido.  Particularmente, a Lei da Reforma Bancária  (nº 4.595/64, art. 4º,  item XII)  atribui ao Conselho Monetário Nacional a fixação de normas contábeis para  as instituições financeiras, assim como a Lei nº 6.385/76 (art. 22, parágrafo,  IV)  deferiu  à  Comissão  de  Valores  Mobiliários  a  fixação  de  padrões  de  contabilidade para companhias abertas.”  Assim,  cabe  ao  Banco  Central  do  Brasil  e  à  Comissão  de  Valores Mobiliários  a  expedição de normas para avaliação dos valores mobiliários  registrados nos ativos  das sociedades corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários. (Res 1120  RA art 15 § único; Res 1655 RA art 16 § único; Res 1724 art 1º.).  Em  decorrência  desta  delegação  de  competência,  o  BACEN  produziu  a  Circular  nº.1.273 de 1987, cujas notas de anexo são  juntadas neste momento à  fls.514/515,  Fl. 605DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          10 dispondo  que  os  valores  dos  títulos  patrimoniais  das  bolsas  de  valores  devem  ser  atualizados  periodicamente  em  razão  das  variações  do  seu  valor  patrimonial,  devendo  as  variações,  quando  positivas,  ser  debitadas  na  conta  do  Ativo  (Títulos  Patrimoniais”),  e  a  crédito  na  conta  “Reserva  de  Atualização  de  Títulos  Patrimoniais” no Patrimônio Líquido.  Neste contexto, forçosamente, valor contábil do título patrimonial da Bovespa, assim  entendido  o  que  estiver  registrado  na  escrituração  do  contribuinte,  é  o  valor  atualizado do título.  A Fiscalização não contraditou a informação que, em 27­10­2006, o valor atualizado  da conta “Títulos BVSP” era de R$3.454.383,48.  Assim, a despeito de a forma de classificação contábil de quaisquer bens, direitos e  obrigações a ser definido pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores  Mobiliários,  ou  por  qualquer  outro  órgão,  não  poder  alterar  de  forma  alguma,  os  efeitos  fiscais  e  tributários,  que  se  regem  por  regulamentação  própria,  constata­se  que, no presente caso, não há divergência com a legislação tributária, uma vez que o  Regulamento do Imposto de Renda por intermédio do parágrafo 1º., do artigo 418,  determina  que  o  ganho  de  capital  terá  por  base  o  valor  contábil  do  bem,  assim  entendido o que estiver registrado na escrituração do contribuinte.   A  autuação  tratou  do  ganho  de  capital  verificado  no  momento  da  alienação  dos  títulos,  não  tratou  do  lançamento  de  variações  positivas  ocorridas  na  citada  conta  que, por certo ocorreram em períodos anteriores.  Neste sentido, deve­se ter em conta que a Portaria do Ministério da Fazenda nº.785,  de 1977, determinou que os acréscimos do valor dos títulos patrimoniais das Bolsas  de  Valores,  em  decorrência  de  alteração  do  seu  patrimônio  social,  não  constitui  receita nem ganho de capital das sociedades corretoras associadas e, por isso, pode  ser excluído do lucro real destas desde que não seja distribuído e constitua reserva  para oportuna e compulsória incorporação ao capital.  Não consta nos autos informação que tenha ocorrido distribuição nos termos acima  mencionados.  O que se verifica é que a despeito de, nos moldes definidos na Lei das SA, não tratar  o  presente  caso  de  avaliação  de  investimento  pelo  método  da  equivalência  patrimonial,  a  legislação  infra  legal  introduzida  pelo  Bacen  leva  a  que  os  títulos  patrimoniais  de  bolsas  de  valores  tenham  um  tratamento  fiscal  similar  aquele  método.  Voto por dar provimento à impugnação da Interessada.”  Verifica­se,  de  plano,  que  os  fundamentos  acima  não  merecem  reparos,  tampouco acréscimos, isso porque a Fiscalização ao apurar o ganho de capital na alienação dos  títulos da  contribuinte,  tomou apenas o  custo de  aquisição  e deixou mesmos de considerar  a  atualização pelo valor patrimonial dos títulos, tal qual procedido pela autuada.    Apesar  de  reconhecer  a  divergência  da  jurisprudência  em  relação  aos  aspectos  tributários  decorrentes  da  desmutualização,  inclusive  tendo  acompanhado  voto  de  relator  em  sentido  contrário,  melhor  examinando  o  tema,  passei  a  seguir  os  entendimentos  consubstanciados na jurisprudência abaixo:  Ementa  Fl. 606DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          11 GANHO  DE  CAPITAL.  FORMA  DE  APURAÇÃO.  CUSTO  CONTÁBIL.  INAPLICABILIDADE  DO  MÉTODO  DA  EQUIVALÊNCIA  PATRIMONIAL  AOS TÍTULOS PATRIMONIAIS DA ASSOCIAÇÃO ISENTA BM&F. O ganho  de  capital  deve  ser  apurado  levando­se  em  conta  o  custo  contábil  do  bem  registrado na escrituração da empresa. O método de avaliação de investimentos  pela  equivalência  patrimonial  não  se  aplica  aos  títulos  patrimoniais  da  associação  isenta BM&F. (grifei).  Cumpre então negar provimento ao recurso de oficio.    Ementa  DESMUTUALIZAÇÃO  DA  BOVESPA  E  DA  BM&F.  SUBSTITUIÇÃO  DOS  TÍTULOS PATRIMONIAIS POR AÇÕES.   A operação denominada desmutualização das bolsas não  implicou a dissolução de  que  trata  o  art.  61  do  Código  Civil  e  tampouco  a  devolução  de  patrimônio  aos  associados.  Os  antigos  títulos  patrimoniais,  que  se  encontravam  classificados  no  ativo permanente das entidades sócias, foram substituídos por ações, as quais foram  emitidas  em  quantidade  equivalente  ao  valor  monetário  daqueles  títulos  patrimoniais, uma vez que tais ações eram representativas do mesmo patrimônio.  PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. ALIENAÇÃO ONEROSA DAS AÇÕES  RECEBIDAS EM SUBSTITUIÇÃO DOS ANTIGOS TÍTULOS PATRIMONIAIS  DAS BOLSAS.  A  receita  auferida  com  a  venda  das  ações  recebidas  em  substituição  dos  títulos  patrimoniais das antigas Bovespa e BM&F está excluída das bases de cálculo do PIS  e da Cofins por se tratar de alienação de patrimônio próprio, amparada pelo art. 3º,  IV, da Lei nº 9.718/98.  Recurso  provido.  (Ac.  3403­003.373  ­  Quarta  Câmara  da  Terceira  Seção.  Julg.  11/11/2014. Rel. Antônio Carlos Atulim).    Recurso Voluntário.  Vejamos  os  fundamentos  do  voto  condutor  da  decisão  recorrida  quanto  a  matéria sujeita ao recurso voluntário.  “Da infração 002. Despesa operacional não dedutível.  Conforme  relatado,  a  Interessada  foi  autuada  no  valor  de R$812.189,93  deduzido  como  despesa  em  2006,  uma  vez  que  o mesmo  não  poderia  ter  sido  considerado  como  despesa  definitiva,  pois,  a  respectiva  ação  (reclamação)  trabalhista  ainda  estava aguardando julgamento dos embargos de execução, em razão de divergência  entre os cálculos apresentados pelas partes.  Alegou a  Interessada que a decisão condenatória já  transitou em julgado, havendo,  portanto, título executivo judicial. Assim, com base no artigo 879, parágrafo 1º., da  CLT, combinado com o inciso I, do artigo 13, da Lei nº.9.249, de 1995, o total das  verbas  listadas no  item 62, da presente  impugnação  totaliza o valor contabilizado,  não cabendo a glosa praticada pela Fiscalização.  É  incontroverso  que  a  reclamação  trabalhista  está  pendente  do  julgamento  dos  embargos à execução, apresentado pela Interessada no âmbito do RT nº.753/88, que  tramita  na  30ª.  Vara  Trabalhista  /RJ,  vide  cópias  dos  documentos  acostados  aos  Fl. 607DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          12 autos.  Ocorre  que  a  Interessada  alega  que  já  ocorreu  a  definição  dos  valores  das  verbas em litígio, uma vez que o artigo 879, parágrafo 1º., da CLT, assim determina.  O referido dispositivo tem o seguinte texto:  “Art. 879 ­ Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar­se­á, previamente,  a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por  artigos.  §  1º  ­  Na  liquidação,  não  se  poderá  modificar,  ou  inovar,  a  sentença  liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal.”  Cabe  esclarecer  à  Interessada  que  a  liquidação  é  um  procedimento  preambular  à  execução ou, em outros termos, uma fase entre o processo de cognição e a execução.  Tem por  finalidade  fixar  a  expressão monetária  do  comando  judicial  proferido no  processo de cognição (conhecimento).  A liquidação pode ser por cálculos, por arbitramento ou por artigos.  Por cálculos, é quando depende de meras operações matemáticas.  Por  arbitramento,  quando  depender  de  conhecimentos  específicos,  por  exemplo:  determinar  salário  compatível  com a qualidade do empregado e  ao mesmo  tempo,  ser coerente com o mercado e compatível com a possibilidade da empresa.  Por artigos, quando para a liquidação, houver a necessidade de produção de provas  pelo fato de a sentença  ter decidido somente matéria de direito, ou quando não há  elementos  nos  autos  para  a  execução,  quando,  então,  ter­se­á  que  abrir  fase  de  dilação probatória respeitando­se, entretanto, a coisa julgada.  É neste contexto que deve ser interpretado o parágrafo 1º., do artigo 879, da CLT,  acima transcrito. Assim, na fase de liquidação será discutida matéria ligada à fixação  do quanto é devido pelo  reclamado. Tanto assim é que o parágrafo 2º., do mesmo  artigo, abre prazo para o executado (reclamado) impugnar os cálculos apresentados  pelo executante (reclamante).  Por  sua  vez,  determina  o  parágrafo  3º.,  do  artigo  884,  da  Consolidação  das  Leis  Trabalhistas,  (CLT),  que  somente  nos  embargos  poderá  o  executado  impugnar  a  decisão proferida na fase de liquidação.  Os embargos à execução  tem natureza jurídica de ação  incidental de cognição que  tem como objetivo a desconstituição do título executivo, pois, nela vai se conhecer  de  provas,  podendo­se  discutir  direito  superveniente  à  coisa  julgada,  bem  como  matéria  de  cálculos. Os  embargos  à  execução  têm  efeito  suspensivo  da  execução,  sendo proferida uma decisão com natureza de sentença.  Portanto, conclui­se que o valor em litígio somente é definitivamente conhecido ao  final da ação incidental dos embargos à execução.  Não  há  que  prosperar  a  alegação  de  que  caberia  a  dedução,  ao  menos,  do  valor  depositado  de  R$543.604,61,  fixado  em  agosto  de  2009  pela  30ª.  VT/RJ  –  RT  753/88, (fls.509/511), como sendo o da execução, uma vez que a glosa da despesa  refere­se ao ano de 2006.  Voto por negar provimento à impugnação da Interessada.”  Nessa  parte  entendo  que  a  decisão  recorrida  merece  ser  retificada.  Isso  porque,  a  regra  de  dedutibilidade  a  ser  observada  é  aquela  estabelecida  pela  legislação  do  Imposto de Renda (RIR/99), cujo art. 299 estabelece:  Fl. 608DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          13 Custos, Despesas Operacionais e Encargos  Subseção I  Disposições Gerais  Despesas Necessárias  Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à  atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506,  de 1964, art. 47).  §  1º  São  necessárias  as  despesas  pagas  ou  incorridas  para  a  realização  das  transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964,  art. 47, § 1º).  §  2º  As  despesas  operacionais  admitidas  são  as  usuais  ou  normais  no  tipo  de  transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, §  2º).  §  3º  O  disposto  neste  artigo  aplica­se  também  às  gratificações  pagas  aos  empregados, seja qual for a designação que tiverem.”  Observe­se  que  inexiste  vedação  legal  à  dedutibidade  de  despesas  com  encargos trabalhistas, regularmente incorridas, porém objeto de contestação judicial por parte  da contribuinte, seja com sentença precária ou não.  É  certo  que  a  legislação  veda  expressamente  a  dedutibilidade  de  tributos  incorridos que estejam com exigibilidade suspensa, inclusive discutidos judicialmente (art. 344  e seguintes do RIR), mas isso é uma exceção, tanto que necessitou de norma especifica.  O  critério  contábil  de  contabilização  também  é  o  da  prevenção,  ou  seja,  assumir a despesa pelo  regime de competência, haja vista o  risco de não  lograr êxito e, caso  venha a obter sentença favorável, promove­se o reconhecimento contábil e fiscal desse ganho  no período de apuração em que a sentença judicial transitar em julgado.  Esse  procedimento  não  implica  em  prejuízos  aos  entes  envolvidos,  seja  o  contribuinte, o Fisco, tampouco para sócios/acionistas.  Inobstante os fundamentos acima referidos o valor da dedução a restabelecer é  R$543.604,61, fixado em agosto de 2009 pela 30ª. VT/RJ – RT 753/88, (fls.509/511), como sendo o da  execução.   No que se refere à falta de recolhimento de IRPJ sobre base de cálculo estimada,  aplicada  de  forma  concomitante  com  a  multa  de  ofício  e  após  o  encerramento  do  ano­calendário,  aplicam­se as Sumuladas 82 deste Conselho, que assim consolidaram a matéria:  Súmula CARF nº 82: Após o encerramento do ano­calendário, é  incabível  lançamento  de  ofício  de  IRPJ  ou  CSLL  para  exigir  estimativas não recolhidas.  Súmula  CARF  nº  105  :  A  multa  isolada  por  falta  de  recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44  § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao  mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ  Fl. 609DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          14 e CSLL apurado no  ajuste anual,  devendo  subsistir  a multa  de  ofício.      CONCLUSÃO  Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de oficio  e  dar  provimento  parcial  ao  recuso  voluntário  para  restabelecer  a  dedução  no  valor  de  R$  543.604,61 e cancelar a multa isolada.     (assinado digitalmente)  Leonardo de Andrade Couto  Fl. 610DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          15         Voto Vencedor  Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto ­ Redator Designado  Em que pesem os valiosos argumentos do  Ilustre Conselheiro Relator, ouso  discordar de suas conclusões quanto ao mérito do recurso de ofício.  O lançamento diz  respeito à exigência de IRPJ e CSLL sobre parcela de ganho de  capital na alienação de bens do ativo permanente, mais especificamente, títulos da bolsa de valores de  São Paulo (BOVESPA). A turma de julgamento a quo deu provimento à impugnação em relação a tal  exigência, considerando que o custo das ações registradas no ativo imobilizado do contribuinte, com as  atualizações  lá  registradas,  deveria  ser  considerado  para  fins de  apuração  do  ganho de  capital,  e não  simplesmente o custo de aquisição, como realizado pela autoridade fiscal lançadora.  Em sua tese, argumenta que embora não fosse aplicável o método da equivalência  patrimonial  para  avaliação  de  tais  títulos,  mas,  como  no  caso  concreto  os  investimentos  não  eram  relevantes, não havia que se  falar em adoção de  tal método (à época dos fatos geradores, somente se  avaliava  investimentos  pelo método da  equivalência patrimonial  se  esse  fosse  realizado  investimento  relevante em empresa controlada ou em coligada sobre cuja administração tivesse influência, ou de que  participasse com no mínimo 20% de seu capital social).  Argumentou que ainda na existência de atos Conselho Monetário Nacional, Banco  Central  e  Comissão  de  Valores  Imobiliários  que  dispunham  sobre  a  necessidade  de  atualização  periódica dos  títulos patrimoniais das bolsas de valores, não se poderia alterar a  legislação  tributária,  salientando, contudo, que no presente caso não haveria divergência, pois o parágrafo 1º do artigo 418  do RIR/99 determina que o ganho de capital terá por base o valor contábil do bem, assim entendido o  que estiver registrado na escrituração do contribuinte, e que a Portaria do Ministério da Fazenda nº 785,  de  1977,  determinou que  os  acréscimos  do  valor  dos  títulos  patrimoniais  das Bolsas  de Valores,  em  decorrência  de  alteração  do  seu  patrimônio  social,  não  constitui  receita  nem  ganho  de  capital  das  sociedades corretoras associadas e, por isso, pode ser excluído do lucro real destas desde que não seja  distribuído  e  constitua  reserva  para  oportuna  e  compulsória  incorporação  ao  capital,  na  havendo  qualquer indicativo nos autos da ocorrência de quaisquer dessas hipóteses.  O voto do ilustre Conselheiro Relator acatou tal argumentação, citando ainda como  precedente um acórdão que tratou da desmutualização das bolsas de valores (Bovespa e BMF).  Ora,  em primeiro  lugar,  discordo  da  simples  equiparação  do  caso  concreto  com a  desmutualização das bolsas de valores. Em relação à desmutualização ainda se discute se houve ou a  dissolução  da  entidade  e  posterior  devolução  de  patrimônio  aos  sócios  ou  se  tais  títulos  foram  simplesmente  substituídos  por  ações,  as  quais  foram  emitidas  em  quantidade  equivalente  ao  valor  monetário daqueles títulos patrimoniais.  No presente caso, a alienação dos títulos é matéria inconteste, não tendo ocorrido à  época da denominada desmutualização, mas sim em período anterior.  Fl. 611DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          16 No mais,  entendo  que  o  custo  para  fins  de  apuração  do  ganho  de  capital  no  caso  concreto  nada  mais  é  que  o  custo  de  aquisição,  haja  vista  a  impossibilidade  de  qualquer  tipo  de  reavaliação de seus valores.  A respeito do tema,  transcrevo excertos de meu entendimento já esposado no bojo  do acórdão nº 1402­001.502, que tratava da desmutualização, porque, apesar de no caso concreto não se  discutir  a  existência  de  alienação  das  ações,  os  demais  pontos  se  amoldam  perfeitamente  às  teses  esposadas em impugnação e em parte acatadas pela decisão de primeira instância:     “[...]  Entendo assistir razão ao Fisco. A questão, que envolve pormenores  que serão analisados em seguida, pode ser resumida de maneira simples: uma entidade  isenta de imposto de renda acumulou durante inúmeros períodos superávits; ao fim e  ao cabo, quer entendendo­se que houve extinção da entidade sem fins lucrativos, quer  sob a ótica de transformação e cisão, desejam os então associados da entidade sem fins  lucrativos, posteriormente guindados a acionistas da empresa, não ver submetidos ao  crivo  do  imposto  de  renda  e  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido  os  ganhos  da  entidade,  anteriormente  não  tributados.  Tais  ganhos  foram  adicionados  ao  valor  patrimonial dos títulos de cada associado, refletindo no valor das ações recebidas da  empresa  com  fins  lucrativos  criada.  Ou  seja,  se  assistisse  razão  à  Recorrente,  os  ganhos não tributados da entidade sem fins lucrativos teriam se transformado em custo  das  ações  posteriormente  pertencentes  aos  acionistas  da  sociedade  anônima  criada.  Desse modo, entendo que deva prevalecer a posição adotada pela autoridade fiscal.  Passo a análise detalhada das questões controvertidas.  1.1  DAS  OPERAÇÕES  ENVOLVENDO  ASSOCIAÇÕES  E  SEUS  EFEITOS TRIBUTÁRIOS  Para análise do tema, necessário se faz uma breve análise do regime  jurídico a que se submetiam as Bolsas de Valores (Bovespa e BM&F) no período a que  se referem as operações em análise.  Em  primeiro  lugar,  a  tese  de  que  os  institutos  da  incorporação,  da  cisão e da fusão pudessem ser aplicado às bolsas de valores não se mostra adequada.  Veja­se o que dispõe o art. 5º da Resolução CMN nº 2.690/2000:  Art.  5°  O  estatuto  social  das  bolsas  de  valores  deve  estabelecer,  além  do  que  for  exigido  pela  legislação  aplicável, regras básicas relativas à adoção de estrutura  administrativa e operacional que permitam assegurar o  pleno atendimento do seu objeto  social e dos  requisitos  inerentes  à  sua  condição  de  instituição  auxiliar  da  Comissão  de  Valores  Mobiliários  enquanto  entidade  reguladora e fiscalizadora do mercado, dispondo, ainda,  sobre:  [...]  Fl. 612DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          17 VII ­ incorporação, fusão, cisão e dissolução da bolsa de  valores;  [... ]  Apoia­se a tese da Recorrente no fato de que o próprio CMN admite a  possibilidade de incorporação, fusão e cisão das bolsas de valores.  De  certa  forma,  correta  a  conclusão  da  Recorrente,  exceto  pela  amplitude que deseja dar ao dispositivo.  Isso porque, conforme disposto no art. 1º da mesma Resolução CMN,  as  bolsas  de  valores  poderão  ser  constituídas  como associações  civis  ou  sociedades  anônimas.1   Ou  seja,  instituiu­se  uma  faculdade  às  bolsas  de  valores  de  se  constituírem sob a forma de associações civis ou sob a forma de sociedades anônima.  Note­se  que  em  seus  artigos  6º  e  7º  a  Resolução  em  comento,  inclusive,  trata  de  forma  distinta  a  composição  do  patrimônio  ou  capital  social  das  bolsas  de  valores,  diferenciando  os  casos  de  associações  civis  (divisão  em  títulos  patrimoniais) e sociedades anônimas (divisão em ações ordinárias com direito de voto  pleno).2   No  caso  de  organização  em  forma de associação  civil,  conforme  já  explanado, o patrimônio social das Bolsas de Valores era formado mediante realização  em dinheiro e dividido em títulos patrimoniais, colocados no mercado mediante leilão  para aquisição pelas sociedades corretoras membros (art. 7º c/c art. 25 da Resolução  CMN  n°  1656/89).  O  valor  nominal  destes  títulos  patrimoniais  era  atualizado  anualmente  com  base  nas  demonstrações  financeiras  do  exercício  (art.  10  da  Resolução CMN n° 1.656/89).  Nesse contexto, a Resolução CMN nº 2.690, de 2000, como qualquer  outra  norma,  deve  ser  analisada  em  seu  conjunto,  e  não  se  detendo  a  dispositivo  específico  isolado.  O  fato  de  o  art.  5º  da  norma  em  comento  dispor  sobre  a  possibilidade de  incorporações,  fusões e cisões no âmbito das bolsas de valores deve                                                              1 Resolução CMN nº 2.690, de 2000.  Art. 1° As bolsas de valores poderão ser constituídas como associações civis ou sociedades anônimas, tendo por  objeto social: [...]  Parágrafo único. As bolsas de valores que se constituírem como associações civis, sem finalidade lucrativa, não  podem distribuir a sociedades membros parcela de patrimônio ou resultado, exceto se houver expressa autorização  da Comissão de Valores Mobiliários.    2 Resolução CMN nº 2.690, de 2000.  Art. 6° O Patrimônio ou o capital social das bolsas de valores deve ser formado, quando da constituição, mediante  realização em dinheiro, e será dividido, conforme o caso, em títulos patrimoniais ou ações ordinárias com direito  de voto pleno, devendo a quantidade e o valor inicial de emissão de títulos patrimoniais ser fixados pela Comissão  de Valores Mobiliários.  [...]  Art. 7° As bolsas de valores podem emitir títulos patrimoniais ou ações com direito de voto pleno, cuja colocação  será realizada mediante leilão, com pré­qualificação para os licitantes, ou na forma prevista em lei.  [...]    Fl. 613DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          18 ser interpretada de forma harmônica não somente em relação a tal diploma infralegal,  mas também no contexto da legislação que rege tais institutos. No que se refere única e  exclusivamente  à  Resolução  em  questão,  mostra­se  evidente  que,  havendo  distinção  entre bolsas de valores constituídas sob a forma de associações civis e sob a forma de  sociedades  anônimas,  impõe­se  diferenciar  quais  institutos  são  aplicáveis  a  uma  e  a  outra forma de organização das bolsas de valores. Entendo que o art. 1º da Resolução,  inciso  VII,  ao  dispor  sobre  incorporação,  fusão  e  cisão,  refere­se  exclusivamente  às  bolsas de valores constituídas sob a forma de sociedade anônima.   A  meu  ver,  como  bem  asseverou  a  Fazenda  Nacional  em  contrarrazões,  “Por mais  engenhosas  que  tenham  sido  as  operações  societárias  que  culminaram com a transferência das atividades das Bolsas para uma S.A., não há como  fugir da simplicidade dos  fatos. Ou seja, ao final das operações, as associações civis  sem  fins  lucrativos  estavam  extintas  e,  em  seu  lugar,  constituíram­se  sociedades  anônimas”.  Ademais, os institutos da fusão, cisão e incorporação aplicam­se tão  somente às sociedades empresárias. Logo, às associações não é possível utilizar­se de  tais mecanismos de reestruturação societária. Isso porque o artigo 1.113 e seguintes do  Código  Civil,  que  tratam  de  tais  institutos  societários,  estão  inseridos  em  livro  específico do Estatuto Civil aplicável exclusivamente às sociedades empresárias (Livro  II  ­  Do  Direito  de  Empresa;  Título  II  ­  Da  Sociedade;  Subtítulo  II  ­  Da  Sociedade  Personificada;  Capítulo  X  ­  Da  Transformação,  Da  Incorporação,  Da  Fusão  e  Da  Cisão das Sociedades).  Tal  exegese  encontra  eco  também  nas  normas  expedidas  pelo  Departamento  Nacional  de  Registro  do  Comércio,  que,  por  meio  da  Instrução  Normativa  nº  88,  estabeleceu  explicitamente  que  os  institutos  jurídicos  em  comento  aplicam­se somente às sociedades mercantis. Por oportuno, transcreve­se o art. 23 da  IN em questão:  Art.  23.  As  operações  de  transformação,  incorporação,  fusão e cisão abrangem apenas as sociedades mercantis,  não se aplicando às firmas mercantis individuais.  A  respeito  do  tema,  a  Conselheira  Edeli  Pereira  Bessa,  no  voto  vencedor do acórdão 1101­000.833, assim examinou a matéria:  No  âmbito  da  incidência  do  IRPJ  e  da CSLL,  a  Lei  n°  9.532/97,  ao  revogar  o  art.  28  do  Decreto­lei  n°  5.844/43,  e o art.  30 da Lei n° 4.506/64, consolidou as  regras  para  reconhecimento  de  isenção  às  associações  civis sem fins lucrativos:  Art.  15.  Consideram­se  isentas  as  instituições  de  caráter  filantrópico,  recreativo,  cultural  e  científico  e  as  associações  civis  que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os  coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem  fins lucrativos.  § 1° A isenção a que se refere este artigo aplica­se, exclusivamente,  em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição  Fl. 614DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          19 social  sobre  o  lucro  líquido,  observado  o  disposto  no  parágrafo  subseqüente.  §  2°  Não  estão  abrangidos  pela  isenção  do  imposto  de  renda  os  rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras  de renda fixa ou de renda variável.  § 3°As  instituições  isentas  aplicam­se as  disposições  do art.  12,  §  2°, alíneas "a" a "e " e § 3° e dos arts. 13 e 14.  [...]  Art. 16. Aplicam­se à entrega de bens e direitos para a formação do  patrimônio das  instituições  isentas as disposições do art. 23 da Lei  n°9.249, de 1995.  Parágrafo  único.  A  transferência  de  bens  e  direitos  do  patrimônio  das entidades isentas para o patrimônio de outra pessoa jurídica, em  virtude  de  incorporação,  fusão  ou  cisão,  deverá  ser  efetuada  pelo  valor de sua aquisição ou pelo valor atribuído, no caso de doação.  Art. 17. Sujeita­se à  incidência do  imposto de renda à alíquota de  quinze por cento a diferença entre o valor em dinheiro ou o valor  dos bens e direitos recebidos de instituição isenta, por pessoa física,  a  título  de  devolução  de  patrimônio,  e  o  valor  em  dinheiro  ou  o  valor dos bens e direitos que houver entregue para a formação do  referido patrimônio.  § 1° Aos valores entregues até o final do ano de 1995 aplicam­se as  normas do inciso I do art. 17 da Lei n° 9.249, de 1995.  § 2° O imposto de que trata este artigo será:  a) considerado tributação exclusiva;  § 3 °  Quando a destinatária dos valores em dinheiro ou dos bens e  direitos devolvidos for pessoa jurídica, a diferença a que se refere o  caput será computada na determinação do lucro real ou adicionada  ao  lucro  presumido  ou  arbitrado,  conforme  seja  a  forma  de  tributação a que estiver sujeita.  §  4°  Na  hipótese  do  parágrafo  anterior,  para  a  determinação  da  base  de  cálculo  da  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido  a  pessoa jurídica deverá computar:  a)  a diferença a que se refere o caput, se sujeita  ao pagamento do imposto de renda com base no lucro real;  b)  o  valor  em  dinheiro  ou  o  valor  dos  bens  e  direitos  recebidos,  se  tributada  com  base  no  lucro  presumido  ou  arbitrado. (negrejou­se)  O  art.  15,  §3o  da  Lei  n°  9.532/97  vinculou  a  isenção  concedida  à  observância  dos  seguintes  dispositivos  da  mesma lei:  Art. 12 [...]  [...]  § 2° Para o gozo da imunidade, as  instituições a que se refere este  artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos:  a)  não  remunerar,  por  qualquer  forma,  seus  dirigentes  pelos serviços prestados;  Fl. 615DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          20 b)  aplicar integralmente seus recursos na manutenção e  desenvolvimento dos seus objetivos sociais;  c)  manter  escrituração  completa  de  suas  receitas  e  despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a  respectiva exatidão;  d)  conservar  em  boa  ordem,  pelo  prazo  de  cinco  anos,  contado da data da emissão, os documentos que comprovem a  origem  de  suas  receitas  e  a  efetivação  de  suas  despesas,  bem  assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que  venham a modificar sua situação patrimonial;  e)  apresentar,  anualmente,  Declaração  de  Rendimentos,  em  conformidade  com  o  disposto  em  ato  da  Secretaria  da  Receita Federal;  [...]  §3° Considera­se entidade sem fins  lucrativos a que não apresente  superávit  em  suas  contas  ou,  caso  o  apresente  em  determinado  exercício, destine referido resultado,  integralmente, à manutenção  e  ao  desenvolvimento  dos  seus  objetivos  sociais.  (Redação  dada  pela Lei n° 9.718, de 1998)  Art.  13.  Sem  prejuízo  das  demais  penalidades  previstas  na  lei,  a  Secretaria  da  Receita  Federal  suspenderá  o  gozo  da  imunidade  a  que  se  refere o artigo  anterior,  relativamente aos anos­calendários  em que a pessoa jurídica houver praticado ou, por qualquer forma,  houver  contribuído  para  a  prática  de  ato  que  constitua  infração  a  dispositivo  da  legislação  tributária,  especialmente  no  caso  de  informar ou declarar falsamente, omitir ou simular o recebimento de  doações  em  bens  ou  em  dinheiro,  ou  de  qualquer  forma  cooperar  para que terceiro sonegue tributos ou pratique ilícitos fiscais.  Parágrafo  único.  Considera­se,  também,  infração  a  dispositivo  da  legislação tributária o pagamento, pela instituição imune, em favor  de  seus  associados  ou  dirigentes,  ou,  ainda,  em  favor  de  sócios,  acionistas  ou  dirigentes  de  pessoa  jurídica  a  ela  associada  por  qualquer  forma,  de  despesas  consideradas  indedutíveis  na  determinação  da  base  de  cálculo  do  imposto  sobre  a  renda  ou  da  contribuição    Art. 14. A suspensão do gozo da imunidade aplica­se o disposto no  art. 32 da Lei n° 9.430, de 1996.  Nestes  termos,  a  associação  civil  que  atende  aos  requisitos legais e destina seu superávit integralmente, à  manutenção  e  ao  desenvolvimento  dos  seus  objetivos  sociais, está isenta dos tributos incidentes sobre o lucro.  Caso  esta  associação  devolva  bens  e  direitos  a  pessoa  jurídica  que  contribuiu  para  a  formação  de  seu  patrimônio, a diferença entre o valor recebido e o valor  antes  entregue  à  associação  deverá  ser  adicionada  à  base de cálculo do IRPJ e  d a  CSLL (art. 17, caput c/c  §§ 3o e 4o da Lei n° 9.532/97).  O Código Civil de 2002 somente cogita da destinação do  patrimônio  de  uma  associação  em  caso  de  dissolução,  fixando  que  ela  deve  beneficiar  entidade  de  fins  não  Fl. 616DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          21 econômicos  ou  os  associados  que  contribuíram  para  a  formação daquele patrimônio:  TÍTULO II DAS PESSOAS  JURÍDICAS CAPÍTULO I  DISPOSIÇÕES GERAIS   Art. 44. São pessoas jurídicas de direito  privado:  1  ­ as associações;  II  ­ as sociedades;  III  ­ as fundações.  IV­  as organizações religiosas; (Incluído pela Lei n° 10.825, de  22.12.2003)  V­  os partidos políticos. (Incluído pela Lei n° 10.825, de  22.12.2003)  § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o  funcionamento das organizações  religiosas,  sendo vedado ao poder  público negar­lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos  e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei n° 10.825, de  22.12.2003)  §  2o  As  disposições  concernentes  às  associações  aplicam­se  subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte  Especial deste Código. (Incluído pela Lei n° 10.825, de 22.12.2003)  § 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme  o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei n° 10.825, de  22.12.2003)  [...]  CAPÍTULO II DAS  ASSOCIAÇÕES  Art. 53. Constituem­se as associações pela união de pessoas que se  organizem para fins não econômicos.  Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações  recíprocos   Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:  I  ­ a denominação, os fins e a sede da associação;  II  ­ os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos  associados;  III  ­ os direitos e deveres dos associados;  IV  ­ as fontes de recursos para sua manutenção;  V  ­ o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos  deliberativos; (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005)  Fl. 617DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          22 VI  ­ as condições para a alteração das disposições estatutárias  e para a dissolução;  VII  ­ a forma de gestão administrativa e de aprovação das  respectivas contas. (Incluído pela Lei n° 11.127, de 2005)  Art.  55.  Os  associados  devem  ter  iguais  direitos,  mas  o  estatuto  poderá instituir categorias com vantagens especiais.  Art.  56.  A  qualidade  de  associado  é  intransmissível,  se  o  estatuto  não dispuser o contrário.  Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal  do  patrimônio  da  associação,  a  transferência  daquela  não  importará,  de  per  si,  na  atribuição  da  qualidade  de  associado  ao  adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.  Art.  57.  A  exclusão  do  associado  só  é  admissível  havendo  justa  causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de  defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação dada  pela Lei n° 11.127, de 2005)  Art.  58. Nenhum associado poderá  ser  impedido de  exercer direito  ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos  casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.  Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral: (Redação dada  pela Lei n° 11.127, de 2005)  I  ­ destituir os administradores; (Redação dada pela Lei n°  11.127, de 2005)  II  ­ alterar o estatuto. (Redação dada pela Lei n° 11.127, de  2005)  Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I  e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente  convocada  para  esse  fim,  cujo  quorum  será  o  estabelecido  no  estatuto,  bem  como  os  critérios  de  eleição  dos  administradores.  (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005)  Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far­se­á na forma do  estatuto,  garantido  a  1/5  (um  quinto)  dos  associados  o  direito  de  promovê­la. (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005)  Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio  líquido,  depois  de  deduzidas,  se  for  o  caso,  as  quotas  ou  frações  ideais  referidas  no  parágrafo  único  do  art.  56,  será  destinado  à  entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso  este,  por  deliberação  dos  associados,  à  instituição  municipal,  estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.  § 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos  associados,  podem  estes,  antes  da  destinação  do  remanescente  referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo  valor,  as  contribuições  que  tiverem  prestado  ao  patrimônio  da  associação.  § 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou  no  Território,  em  que  a  associação  tiver  sede,  instituição  nas  condições  indicadas  neste  artigo,  o  que  remanescer  do  seu  patrimônio  se devolverá  à Fazenda do Estado,  do Distrito Federal  ou da União. (negrejou­se)  Fl. 618DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          23 Ao ser editado, o referido Código ainda trouxe algumas  disposições  transitórias  para  adaptação  de  todas  as  pessoas  jurídicas,  inclusive  as  associações,  ao  novo  regime, estipulando prazo que foi prorrogado pela Lei n°  10.838/2004 e pela Lei n°  Art. 2.031. As associações, sociedades e  fundações, constituídas na  forma  das  leis  anteriores,  bem  como  os  empresários,  deverão  se  adaptar  às  disposições  deste  Código  até  11  de  janeiro  de  2007.  (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005)  Parágrafo  único.  O  disposto  neste  artigo  não  se  aplica  às  organizações  religiosas  nem  aos  partidos  políticos.  (Incluído  pela  Lei n° 10.825, de 22.12.2003)  [...]  Art.  2.033.  Salvo  o  disposto  em  lei  especial,  as  modificações  dos  atos  constitutivos  das  pessoas  jurídicas  referidas  no  art.  44,  bem  como a sua transformação, incorporação, cisão ou fusão, regem­se  desde logo por este Código.  Art.  2.034.  A  dissolução  e  a  liquidação  das  pessoas  jurídicas  referidas no artigo antecedente, quando iniciadas antes da vigência  deste  Código,  obedecerão  ao  disposto  nas  leis  anteriores.  (negrejou­se)  Observa­se no referido diploma legal que as hipóteses de  transformação,incorporação,  cisão  ou  fusão  somente  foram  previstas  para  sociedades,  nos  termos  dos  arts.  1.113  a  1.122,  integrantes  do  Capítulo  X  (Da  Transformação, da  Incorporação, da Fusão e da Cisão  das  Sociedades)  do  Subtítulo  II  (Da  Sociedade  Personificada).  Quando  quis  compartilhar  as  normas  aplicáveis  às  sociedades  com  as  demais  pessoas  jurídicas privadas, o legislador foi expresso:  Art. 51 [...]  [...]  § 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam­se, no  que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado.  §  3o  Encerrada  a  liquidação,  promover­se­á  o  cancelamento  da  inscrição da pessoa jurídica.  [...]  Neste cenário jurídico, a dissolução da associação civil  sem  fins  lucrativos  deve  resultar  na  destinação  de  seu  patrimônio a entidade de fins não econômicos, idênticos  ou semelhantes aos seus, ou favorecer os associados que  contribuíram  para  a  formação  de  seu  patrimônio.  E,  caso  bens  e  direitos  sejam  devolvidos  a  pessoa  que  contribuiu  para  formação do  patrimônio  da  associação  civil,  haverá  a  incidência  tributária  prevista  no  art.  17  da Lei n° 9.532/97.  Fl. 619DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          24 Estas  regras  aplicam­se,  inclusive,  em  caso  de  dissolução  parcial  da  associação  civil,  devendo  o  parágrafo  único  do  art.  16  da  Lei  n°  9.532/97  ser  interpretado à luz do Código Civil de 2002, que somente  permite a transferência de bens e direitos do patrimônio  das entidades isentas para o patrimônio de outra pessoa  jurídica de fins não econômicos.  Inexistindo a possibilidade de cisão da associação civil,  ou mesmo de destinação de seu patrimônio a entidade de  fins econômicos, o fato jurídico que converteu os títulos  patrimoniais  que  a  recorrente  possuía  em  Bolsa  de  Valores em ações de Bolsa de Valores somente pode ser  caracterizado  como  dissolução  parcial  da  associação  sem  fins  lucrativos,  com  devolução  de  patrimônio  a  associado, que utiliza  este  valor para aporte de  capital  na  sociedade anônima referida. Em  tais  circunstâncias,  a  diferença  entre  o  valor  recebido  e  o  valor  antes  entregue à associação deverá ser adicionada à base de  cálculo do IRPJ.  Aliás, recente decisão do Tribunal Regional Federal da  3ª Região orienta­se neste mesmo sentido:  PROCESSUAL  CIVIL.  AÇÃO  MANDAMENTAL.  IRPJ.  CSSL.  BM&F ­ BOLSA DE MERCADORIAS E FUTURO DE SÃO PAULO.  OPERAÇÃO DE DESMUTUALIZAÇÃO. TÍTULOS CONVERTIDOS  EM  AÇÕES  DE  S/A.  LEI  9.532/97,  ART.  17.  INCIDÊNCIA  NA  ESPÉCIE.  1.O  processo  de  desmutualização  trouxe  ganhos  patrimoniais  à  impetrante que passou de simples associada da BM&F à detentora  de  ações  na  nova  holding,acrescendo  ao  seu  patrimônio  as  novas  ações  adquiridas  com  os  valores  que  havia  despendido  para  a  formação da associação e que lhe fora devolvido.  2.  A  devolução  implicou  em  aplicação  de  parte  dos  valores  que  compunha  o  patrimônio  da  associação  em  ações  de  empresa  com  fins  lucrativos,  o  que  desnatura  o  processo  de  sucessão  legal  das  associações  e  autoriza  a  incidência  de  tributos  em  razão  do  acréscimo patrimonial experimentado pela impetrante.  3.  Não  há  que  se  falar  em  avaliação  pelo método  de  equivalência  patrimonial porquanto o Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto  de Renda), autoriza a utilização de tal método apenas na hipótese de  investimentos em controladas e coligadas, não sendo este o caso dos  autos.   4.Também não socorre a impetrante a Solução de Consulta n° 13 de  10/11/97,  proferida  antes  da  vigência  da  Lei  9.532/97.  O  mesmo  vale  para  a  aplicação  da  Portaria  MF  n°  785/77,  já  que  esta  cuidava  de  "constituição  de  reserva  com  os  acréscimos  no  valor  nominal dos  títulos" e a exclusão de  tais acréscimos ao  lucro real,  não sendo este o caso dos autos.  Fl. 620DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          25 5.O processo de desmutualização autoriza a  incidência do  imposto  de renda e da CSLL, como pretendido pelo Fisco, nos exatos termos  do quanto disposto no artigo 17 da Lei n° 9.532/97.  6 Apelação que se nega provimento. (Apelação Cível n° 0035179­  62.2007.4.03.6100/SP,  processo  n°  2007.61.00.035179­5/SP,  Relator  Desembargador  Federal  Márcio  Moraes,  sessão  de  19  de  julho de 2012).  Vale  a  pena  destacar  que  o  entendimento  fixado  na  decisão  citada  pela  Ilustre  Conselheira  não  reproduz  exegese  isolada  sobre  o  tema,  antes  pelo  contrário,  uma  vez  que  a  jurisprudência  sobre  o  tema  caminho  no  mesmo  sentido,  senão vejamos:  TRIBUTÁRIO.  DEVOLUÇÃO  À  IMPETRANTE  DOS  VALORES  CORRESPONDENTES  A  TÍTULOS  DA  BOVESPA  E  DA  BM&F.  INVESTIMENTO  INTEGRAL  EM  AÇÕES  DAS  MESMAS  ENTIDADES, TRANSFORMADAS EM SOCIEDADES POR AÇÕES.  DIFERENÇA  ENTRE  O  VALOR  INVESTIDO  E  O  VALOR  DEVOLVIDO.  CARACTERIZAÇÃO  DE  GANHOS  DE  CAPITAL.  INAPLICABILIDADE  DO  "MÉTODO  DA  EQUIVALÊNCIA  PATRIMONIAL".  CARACTERIZAÇÃO  DE  RENDA.  DISPONIBILIDADE JURÍDICA. INCIDÊNCIA DO ART. 17 DA LEI  9.532/97.  [...]  2.Controvérsia  sobre  a  aplicabilidade  ou  não  do  art.  17  e  seus  parágrafos,  da  Lei  9.532/97,  para  efeito  de  incidência  do  IRPJ  e  CSLL, sobre ganhos de capital, no tocante aos valores gerados pela  atualização  dos  títulos  patrimoniais  que  a  impetrante  detinha  na  BOVESPA  e  BM&F  e  que  foram  convertidos  em  ações  daquelas  instituições,  quando  da  cisão  em  duas  novas  entidades,  operação  intitulada "desmutualização".  3.  A  conversão  dos  títulos  em  ações  importa  em  reversão  jurídica  dos  valores a que  correspondiam os  citados  títulos,  ainda  que  tais  valores tenham sido integralmente convertidos em ações da entidade  que resultou da transformação.  4.  Caracterizada  a  disponibilidade  jurídica  dos  ganhos  de  capital  equivalentes à diferença entre o valor investido pela pessoa jurídica  e  aquele  posteriormente  devolvido  a  ela,  configurando  renda  nos  moldes do art. 43 do CTN.  5.  A  inocorrência  de  dissolução  ou  extinção  da  associação  que  se  transformou em sociedade por ações (art. 1.113 e 2.033 do Código  Civil) tem relevância apenas para a preservação da titularidade dos  direitos e obrigações da própria sociedade, que não terá solução de  continuidade e manter­se­á íntegra.  6. Todavia, é inegável que a transformação implica em modificação  da natureza  jurídica das participações societárias ou dos  títulos de  natureza similar que forem convertidos em ações da neonata pessoa  jurídica.  Fl. 621DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          26 7.  Não  há  como  ignorar  o  fato  de  que  houve,  do  ponto  de  vista  jurídico,  a  devolução à  impetrante  dos  valores  que  correspondiam  aos  títulos  que  ela  detinha,  ainda  que  estes  valores  tenham  sido  inteiramente utilizados na aquisição de ações da nova sociedade.  8.  Não  há  lugar,  na  hipótese  dos  autos,  para  contabilização  dos  ganhos de capital pelo "método da equivalência patrimonial", posto  que  este  método  tem  aplicação  quando  surge  a  necessidade  de  encontrar a expressão econômica das participações no capital social  de outra pessoa jurídica.  9. Esta não é a hipótese dos autos, em que o capital da  impetrante  estava investido em títulos e não em participação societária na outra  empresa,  daí  porque  as  diferenças  entre  os  valores  investidos  e  aqueles  devolvidos  devem  ser  tratadas  como  ganhos  de  capital,  sofrendo incidência do art. 17 da Lei 9.532/97.  10.  Não  socorrem  a  impetrante  os  atos  regulamentares  e  interpretativos editados antes da apontada  lei,  tal  como a Portaria  MF  785/77,  visto  que  se  consideram  ab­rogados  pela  nova  legislação, que cuida especificamente do tema em discussão.  11.  Rejeitada  a  alegação  de  decadência,  haja  vista  que  o  fato  gerador do IRPJ e da CSLL (devolução dos títulos) ocorreu somente  depois  que  houve  a  deliberação,  em  Assembléia  Geral  Extraordinária,  pela  transformação  da  BOVESPA  e  da  BM&F  em  sociedades  anônimas,  respectivamente,  em  28  de  agosto  e  20  de  setembro  de  2007,  menos  de  um  ano  antes  do  ajuizamento  do  presente "mandamus".  12. Improvido o agravo retido, por ausência de verossimilhança das  alegações da parte agravante.  13. Apelação improvida. (AC 2008.61.00.008706­3/SP, Relator Juiz  Convocado  RUBENS  CALIXTO,  TRF  da  3ª  Região,  D.E.  de  23.07.2012)    PROCESSUAL  CIVIL.  AÇÃO  MANDAMENTAL.  IRPJ.  CSSL.  BM&F ­ BOLSA DE MERCADORIAS E FUTURO DE SÃO PAULO.  OPERAÇÃO DE DESMUTUALIZAÇÃO. TÍTULOS CONVERTIDOS  EM  AÇÕES  DE  S/A.  LEI  9.532/97,  ART.  17.  INCIDÊNCIA  NA  ESPÉCIE.  1.  O  processo  de  desmutualização  trouxe  ganhos  patrimoniais  à  impetrante que passou de simples associada da BM&F à detentora  de ações  na nova holding, acrescendo ao  seu patrimônio  as novas  ações  adquiridas  com  os  valores  que  havia  despendido  para  a  formação da associação e que lhe fora devolvido.  2.  A  devolução  implicou  em  aplicação  de  parte  dos  valores  que  compunha  o  patrimônio  da  associação  em  ações  de  empresa  com  fins  lucrativos,  o  que  desnatura  o  processo  de  sucessão  legal  das  associações  e  autoriza  a  incidência  de  tributos  em  razão  do  acréscimo patrimonial experimentado pela impetrante.  Fl. 622DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          27 3.  Não  há  que  se  falar  em  avaliação  pelo método  de  equivalência  patrimonial porquanto o Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto  de Renda), autoriza a utilização de tal método apenas na hipótese de  investimentos em controladas e coligadas, não sendo este o caso dos  autos.  4. Também não socorre a impetrante a Solução de Consulta n° 13 de  10/11/97,  proferida  antes  da  vigência  da  Lei  9.532/97.  O  mesmo  vale  para  a  aplicação  da  Portaria  n°  MF  n°  785/77,  já  que  esta  cuidava  de  "constituição  de  reserva  com  os  acréscimos  no  valor  nominal dos  títulos" e a exclusão de  tais acréscimos ao  lucro real,  não sendo este o caso dos autos.  5. O processo de desmutualização autoriza a incidência do imposto  de renda e da CSLL, como pretendido pelo Fisco, nos exatos termos  do quanto disposto no artigo 17 da Lei n° 9.532/97.  6.  Apelação  que  se  nega  provimento.  (AMS  2007.61.00.035179­ 5/SP,  Relator  Juiz  Convocado  RUBENS  CALIXTO,  TRF  da  3ª  Região, D.E. de 30.07.2012)    TRIBUTÁRIO.  DEVOLUÇÃO  À  IMPETRANTE  DOS  VALORES  CORRESPONDENTES  A  TÍTULOS  DA  BOVESPA  E  DA  BM&F.  INVESTIMENTO  INTEGRAL  EM  AÇÕES  DAS  MESMAS  ENTIDADES, TRANSFORMADAS EM SOCIEDADES POR AÇÕES.  DIFERENÇA  ENTRE  O  VALOR  INVESTIDO  E  O  VALOR  DEVOLVIDO.  CARACTERIZAÇÃO  DE  GANHOS  DE  CAPITAL.  INAPLICABILIDADE  DO  "MÉTODO  DA  EQUIVALÊNCIA  PATRIMONIAL".  CARACTERIZAÇÃO  DE  RENDA.  DISPONIBILIDADE JURÍDICA. INCIDÊNCIA DO ART. 17 DA LEI  9.532/97.  [...]  2.  Controvérsia  sobre  a  aplicabilidade  ou  não  do  art.  17  e  seus  parágrafos,  da  Lei  9.532/97,  para  efeito  de  incidência  do  IRPJ  e  CSLL, sobre ganhos de capital, no tocante aos valores gerados pela  atualização  dos  títulos  patrimoniais  que  a  impetrante  detinha  na  BOVESPA  e  BM&F  e  que  foram  convertidos  em  ações  daquelas  instituições,  quando  da  cisão  em  duas  novas  entidades,  operação  intitulada "desmutualização".  3.  A  conversão  dos  títulos  em  ações  importa  em  reversão  jurídica  dos  valores a que  correspondiam os  citados  títulos,  ainda  que  tais  valores tenham sido integralmente convertidos em ações da entidade  que resultou da transformação.  4.  Caracterizada  a  disponibilidade  jurídica  dos  ganhos  de  capital  equivalentes à diferença entre o valor investido pela pessoa jurídica  e  aquele  posteriormente  devolvido  a  ela,  configurando  renda  nos  moldes do art. 43 do CTN.  5.  A  inocorrência  de  dissolução  ou  extinção  da  associação  que  se  transformou em sociedade por ações (art. 1.113 e 2.033 do Código  Fl. 623DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          28 Civil) tem relevância apenas para a preservação da titularidade dos  direitos e obrigações da própria sociedade, que não terá solução de  continuidade e manter­se­á íntegra.  6. Todavia, é inegável que a transformação implica em modificação  da natureza  jurídica das participações societárias ou dos  títulos de  natureza similar que forem convertidos em ações da neonata pessoa  jurídica.  7.  Não  há  como  ignorar  o  fato  de  que  houve,  do  ponto  de  vista  jurídico,  a  devolução à  impetrante  dos  valores  que  correspondiam  aos  títulos  que  ela  detinha,  ainda  que  estes  valores  tenham  sido  inteiramente utilizados na aquisição de ações da nova sociedade.  8.  Não  há  lugar,  na  hipótese  dos  autos,  para  contabilização  dos  ganhos de capital pelo "método da equivalência patrimonial", posto  que  este  método  tem  aplicação  quando  surge  a  necessidade  de  encontrar a expressão econômica das participações no capital social  de outra pessoa jurídica.  9. Esta não é a hipótese dos autos, em que o capital da  impetrante  estava investido em títulos e não em participação societária na outra  empresa,  daí  porque  as  diferenças  entre  os  valores  investidos  e  aqueles  devolvidos  devem  ser  tratadas  como  ganhos  de  capital,  sofrendo incidência do art. 17 da Lei 9.532/97.  10.  Não  socorrem  a  impetrante  os  atos  regulamentares  e  interpretativos editados antes da apontada  lei,  tal  como a Portaria  MF  785/77,  visto  que  se  consideram  ab­rogados  pela  nova  legislação, que cuida especificamente do tema em discussão.  11.  Rejeitada  a  alegação  de  decadência,  haja  vista  que  o  fato  gerador do IRPJ e da CSLL (devolução dos títulos) ocorreu somente  depois  que  houve  a  deliberação,  em  Assembléia  Geral  Extraordinária,  pela  transformação  da  BOVESPA  e  da  BM&F  em  sociedades  anônimas,  respectivamente,  em  28  de  agosto  e  20  de  setembro  de  2007,  menos  de  um  ano  antes  do  ajuizamento  do  presente "mandamus".  12. Não conhecido o agravo de instrumento n. 2008.03.00.014236­8,  convertido em retido na forma do inciso II do art. 527 do CPC, uma  vez que não houve reiteração do recurso nas razões de apelação.  13.  Apelação  improvida.  (AMS  00023846620084036100,  Relator  Juiz Convocado RUBENS CALIXTO, TRF3, D.E. de 03.08.2012)    PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. IRPJ. CSSL.  BOVESPA  ­  BOLSA  DE  VALORES  DE  SÃO  PAULO,  BM&F  ­  BOLSA  DE  MERCADORIAS  E  FUTUROS  DE  SÃO  PAULO.  OPERAÇÃO DE DESMUTUALIZAÇÃO. TÍTULOS CONVERTIDOS  EM  AÇÕES  DE  S/A.  LEI  9.532/97,  ART.  17,  INCIDÊNCIA  NA  ESPÉCIE.  SOLUÇÃO  DE  CONSULTA  N°  13,  DE  10/11/97,  PROFERIDA  ANTERIORMENTE  À  LEI  9.532  DE  10/12/97.  AUSÊNCIA  DE  ALTERAÇÃO  DO  ENTENDIMENTO  Fl. 624DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          29 FAZENDÁRIO,  QUE  SE  CONFORMA  À  LEI  VIGENTE  APLICÁVEL  À  HIPÓTESE.  AGRAVO  A  QUE  SE  NEGA  PROVIMENTO.  I.  As  Bolsas  de  Valores,  nos  termos  da  Lei  6.385/76  são  órgãos  integrantes  do  sistema  de  distribuição  de  valores  mobiliários,  voltando­se à realização do interesse geral do mercado. Conquanto  pessoas  jurídicas  de  direito  privado,  exercem  serviço  público.  Constituídas  originariamente  como  associações  sem  fins  lucrativos  colaboradoras  com  o  poder  público,  assembleias  gerais  extraordinárias vieram de aprovar a "desmutualização" das Bolsas,  acarretando  a  conversão  dos  títulos  patrimoniais  dos  associados,  detidos  pelos  Agravantes,  em  ações  da  Bovespa  Holding  S/A  e  BM&F S/A.  II.  A  noticiada  "desmutualização"  alterou  a  situação  jurídico­ tributária então existente,  ensejando a  incidência fiscal, a  teor da  Lei 9.532 de 10/12/97, art. 17.  III.  O  art.  177,  §  2°  da  Lei  6.404/76,  prevê  que  as  normas  de  natureza  tributária  possam  ter  apuração  de  resultado  diferente  do  contábil.  IV.  O  Dec.  3.000/99,  Regulamento  do  Imposto  de  Renda  –  RIR  determina  a  utilização  do  método  de  equivalência  patrimonial  apenas  na  hipótese  de  investimentos  em  controladas  e  coligadas  (arts. 384, 387, 388), do que não se cogita na espécie dos autos.  V. Solução de Consulta n° 13 de 10/11/97, proferida anteriormente à  vigência  da  Lei  9.532  de  10/12/97,  que  ora  rege  a  hipótese  objetivada.  VI.  Agravo  a  que  se  nega  provimento.  (AI  01051154420074030000, Relatora Desembargadora Federal Salette  Nascimento, TRF3, D.E. de 19.08.2008).    Assim sendo, com base no artigo 61 do Código Civil e no artigo  17  da  Lei  n°  9.532,  de  1997,  a  decisão  recorrida  deve  ser  mantida,  mantendo­se  integralmente o crédito tributário em litígio.    2.1  INAPLICABILIDADE  DO  MÉTODO  DE  EQUIVALÊNCIA  PATRIMONIAL  PARA  AVALIAÇÃO DO PATRIMÔNIO DE ASSOCIAÇÕES    A  conduta  adotada  pela  Recorrente  baseou­se  no  disposto  na  Circular BACEN n° 1.273/87, responsável por criar o Plano Contábil das Instituições  do Sistema Financeiro Nacional ­ COSIF, a seguir transcrita:  CAPÍTULO: Normas Básicas ­ 1   SEÇÃO: Ativo Permanente ­ 11   [...]  Fl. 625DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          30 3  ­  Os  títulos  patrimoniais  de  bolsas  de  valores,  de  mercadorias e de futuros, são corrigidos mensalmente e  atualizados,  por  ocasião  dos  balanços,  pelo  valor  informado  pela  respectiva  bolsa,  procedendo­se  aos  seguintes lançamentos de ajustes:  a)  se o novo valor informado pelas bolsas for superior  ao  saldo  contábil  corrigido  na  data­base  do  balanço,  debita­se  TÍTULOS  PATRIMONIAIS  pela  diferença  apurada,  em  contrapartida  com  RESERVA  DE  ATUALIZAÇÃO DE TÍTULOS PATRIMONIAIS;  b)  se o novo valor informado pelas bolsas for inferior  ao  saldo  contábil  corrigido  na  data­base  do  balanço,  credita­se  TÍTULOS  PATRIMONIAIS  pela  diferença  apurada,  em  contrapartida  com  RESERVA  DE  ATUALIZAÇÃO  DE  TÍTULOS  PATRIMONIAIS  até  o  limite  do  seu  saldo.  A  parcela  excedente,  se  houver,  é  debitada  em  LUCROS  OU  PREJUÍZOS  ACUMULADOS.  Pode­se  constatar  que  no  Capítulo  1,  item  11,  subitem  3,  §  3°  do  Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional  ­ Cosif consta que a  conta  utilizada  para  registro  dos  títulos  patrimoniais  pertence  ao  grupo  do  Ativo  Permanente  ­  Investimentos  (contas  Cosif  2.1.4.10.10.0001­83,  2.1.4.10.20.0003­7  e  2.1.4.10.20.0004­0),  e  que  a  Reserva  de  Atualização  de  Títulos  Patrimoniais  é  registrada  na  conta Cosif  6.1.3.70­9,  integrante  do Patrimônio Líquido  ­ Reserva  de  Capital.  Em  contrarrazões,  a  Fazenda  Nacional  muito  bem  analisou  a  questão:  Ora,  é  sabido  que  uma  sociedade  é  caracterizada  por  ser  uma  pessoa  jurídica  decorrente  de  um  estatuto  social  ou  de  um  contrato,  pelo  qual  duas  ou  mais  pessoas  se  obrigam a  prestar  certa  contribuição  de  bens  ou  serviços,  formando  um patrimônio destinado ao exercício de atividade econômica, e com a intenção  de partilhar lucros entre si. Nessa perspectiva, as antigas Bovespa e BM&F, para  serem  consideradas  sociedades,  deveriam  partilhar  os  resultados  advindos  da  atividade  econômica  desenvolvida.  Todavia,  por  terem  sido  constituídas  sob  a  forma  de  associações  civis  SEM  FINS  LUCRATIVOS,  não  há  que  se  falar  em  distribuição de lucros e, portanto, em equiparação de tais entidades a sociedades.  Dessa  maneira,  a  legislação  aplicável  às  sociedades  não  pode  ser  estendida  às  associações em razão das próprias características que diferenciam um e outro tipo  de pessoa jurídica. Portanto, resta inviabilizada a pretensão de estender à Bovespa  e à BM&F a legislação de regência das sociedades empresárias.  As razões utilizadas acima servem para se refutar o entendimento da contribuinte,  no  sentido  de  que  seria  aplicável  o método  da  equivalência  patrimonial  (MEP)  para  a  avaliação  do  título  patrimonial  das  bolsas  de  valores.  Ora,  o  MEP  foi  introduzido no ordenamento jurídico brasileiro pela Lei n° 6.404, de 1976, e deve  ser aplicado de acordo com os preceitos firmados por este diploma legal. Assim, o  primeiro aspecto que deve ser ressaltado é que a Lei n° 6.404, de 1976, tem como  destinatárias  as  sociedades  por  ações,  que  possuem  natureza  jurídica  totalmente  diversa das associações. Com efeito, basta lembrar que a Bovespa e a BMF foram  instituídas como associações sem fins lucrativos, enquanto as sociedades por ações  servem  para  o  desenvolvimento  de  atividades  empresariais  ­cujo  objetivo  é  Fl. 626DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          31 proporcionar lucro aos seus sócios. Desse modo, fica evidente a incompatibilidade  da Lei n° 6.404, de 1976, com o regime jurídico das associações.  Não obstante, nada impede que uma lei possa autorizar que as associações civis  utilizem as regras previstas para as sociedades empresárias. Apesar das inúmeras  disparidades  entre  as  sociedades  empresárias  e  as  associações  civis  sem  fins  lucrativos, se a lei previsse que estas poderiam ser regidas pelas normas da Lei n°  6.404, de 1976, caberia apenas obedecer ao comando legal. Nessa perspectiva, o  contribuinte teria razão se houvesse uma lei que autorizasse as associações civis a  seguirem  as  normas  contábeis  específicas  para  as  sociedades  por  ações.  Entretanto, não existe tal suporte legal que fundamente a pretensão do contribuinte  ­  pois  os  dispositivos  do  Código  Civil  que  regulamentam  as  associações  não  trouxeram norma com este conteúdo, tampouco a Lei n° 6.404, de 1976.  Feitas estas considerações, não há como se distanciar das conclusões exaradas na  Solução de Consulta Cosit n° 10/2007, ao afirmar que:  (...  )  nunca  estiveram  as  sociedades  corretoras  autorizadas  a  avaliar  as  cotas  ou  frações  ideais  do  patrimônio das bolsas de valores pelo MEP. Estavam, sim,  autorizadas  pela  Portaria  n°  785,  de  1977,  a  postergar  a  tributação sobre o valor dos acréscimos efetuados ao valor nominal  das  cotas  ou  frações  ideais  recebidos  em  virtude  de  aumento  do  capital social das bolsas de valores para o momento em que houvesse  a redução do capital ou até mesmo a extinção dessas associações.   Conforme  se  verifica  no  trecho  acima  transcrito,  não  havia  autorização  legal  para que as corretoras avaliassem seus títulos patrimoniais da Bovespa e da BMF  utilizando o MEP. Esse entendimento apenas confirma que o regime jurídico das  Bolsas  de  Valores  era  distinto  das  sociedades  por  ações  ­  e  não  poderia  ser  diferente,  visto que a Bovespa e a BMF eram entidades  sem  fins  lucrativos,  ao  contrário das sociedades empresárias. Assim, resta evidenciado que nenhuma lei  ou  Decreto­Lei  fundamentou  a  pretensão  do  contribuinte  de  avaliar  seus  títulos  patrimoniais das Bolsas de Valores pelo MEP.  Por sua vez, cumpre destacar que a Portaria n° 785/1977, do Ministro de Estado  da  Fazenda,  regulamentou  a  tributação  dos  acréscimos  patrimoniais  auferidos  pela  Bovespa  e  pela  BMF.  Ocorre  que  a  mencionada  Portaria  em  momento  algum  determinou  a  utilização  da  Lei  das  Sociedades  por  Ações  para  contabilização  dos  acréscimos  de  valor  dos  títulos  patrimoniais  das  Bolsas.  Confira­se:  Portaria n° 785, de 20 de dezembro de 1977  O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições e, com,  fundamento no que dispõe o art. 223,  'm', do Regulamento do  Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 76.186/75:  Resolve:  I.  Os  acréscimos  do  valor  nominal  dos  títulos  patrimoniais  das  Bolsas  de  Valores,  em  decorrência  de  alteração  do  seu  patrimônio  social,  não  constitui  receita  nem  ganho  de  capital  das  sociedades  corretoras  associadas  e,  por  isso,  pode  ser  excluído  do  lucro  real  destas  desde  que não  seja  distribuído  e  constitua  reserva  para  oportuna  e  compulsória incorporação ao capital.  Fl. 627DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          32 II. Aos aumentos de capital assim procedidos aplica­se o  disposto  no  Decreto­Lei  n°  1.109/70,  art.  3°,  §  3°  (RIR,  art. 237).  Inicialmente,  chama  a  atenção  que  a  citada  Portaria  foi  editada  para  regulamentar  a  alínea  "m"  do  art.  223  do  Regulamento  do  Imposto  de Renda  aprovado  pelo  Decreto  n°  76.186/75.  Significa  dizer  que  a  Portaria  n°  785,  de  1977,  retirou  fundamento  de  validade  de  uma  norma  anterior  ao  próprio  surgimento  do MEP  ­  que  passou  a  vigorar  apenas  a  partir  da  Lei  n°  6.404,  de  1976. Dessa  forma,  fica  patente  que  a  interpretação  ministerial  explicitada  na  mencionada Portaria não  se  referia ao MEP. Para  confirmar  essa  constatação,  vejamos o que dispunha a alínea "m" do art. 223 do Regulamento do Imposto de  Renda aprovado pelo Decreto n° 76.186/75:  Art. 223. ­ Serão excluídos do lucro real para os efeitos de  tributação:  (... )  m)  o  valor  das  ações,  quotas  ou  quinhões  de  capital,  recebidos  em  decorrência  dos  aumentos  de  capital  efetuados  nos  termos  e  condições  dos  artigos 197,  §§ 6°  e  9°,  223,  alínea l, 223, § 31, 236, 243, alínea d, 250, 254, § 3°, 283, 297, 577,  578  e  583  (Decreto­lei  n°  1.096/70,  art.  1°,  §§  6°  e  7°,  Lei  n°  4.862/65,  art.  49,  Decret­lei  n°  1.260/73,  art.  4°,  Decreto­lei  n°  1.109/70, art. 3° e § 1°, Lei n° 4.357/64, art. 3°, § 6°, Decreto­lei n°  756/69, art. 25, Decreto­lei n° 1.338/74, art. 15, § 4°, Decreto­lei n°  1.191/71, art. 9°, § único, Decreto­lei n° 221/67, art. 80, § 4°, Lei n°  5.508/68, art. 36, Decreto­lei n° 756/69, art. 24, § 4°, Decreto­lei n°  1.346/74, arts. 6°, § 3°, e 11, e Decreto­lei n° 1.370/74, art. 2°, § 3°);  (sem negrito no original)  Dessa  forma,  percebe­se  que  a  norma  acima  tratava  dos  quinhões  ou  frações  ideais  recebidas pelos associados  em decorrência  de meros aumentos de  capital  da  bolsa  de  valores.  Assim,  não  há  que  se  confundir  a  situação  tratada  nos  referidos atos normativos com o MEP.  Não  merecem  prosperar,  igualmente,  alegações  no  sentido  de  que  o  Ofício  Circular  CVM  n°  325/1979,  e  a  Circular  do  Banco  Central  do  Brasil  n°  1.273/1987 teriam obrigado as sociedades corretoras de valores a avaliarem seus  títulos  patrimoniais  das  bolsas  de  valores  (associações)  pelo MEP.  Com  efeito,  infere­se da leitura do art. 248 da Lei n° 6.404, de 19763, que o MEP só se aplica  aos  investimentos  em  sociedades  controladas  ou  coligadas. Diante  disso,  não  se  pode admitir que o Poder Regulamentar conferido à CVM, pela Lei n° 6.404 de  1976, possa servir para autorizar a extensão do MEP para as Bolsas de Valores  constituídas sob a forma de associação civil. Isso porque o art. 4° da referida lei  evidencia  que  as  normas  expedidas  pela  CVM  sujeitam  apenas  as  companhias  abertas.  Por  outro  lado,  se  o  Ofício  Circular  CVM  n°  325/1979,  e  a  Circular  do  Banco  Central  do  Brasil  n°  1.273/1987  conferiram  tal  prerrogativa  às  corretoras,  o  fizeram desrespeitando o art. 248 da Lei n° 6.404, de 1976. Isso porque o citado  dispositivo legal restringe a aplicação do MEP para avaliação de investimentos em  sociedades coligadas ou controladas. Ora, Srs. Conselheiros, é possível conceber  que  as  corretoras  eram  coligadas  ou  controladoras  das  Bolsas  de  Valores?  Se  prevalecer  o  entendimento  de  que  as  corretoras  poderiam  avaliar  seus  títulos  patrimoniais  nas  Bolsas  de  Valores  pelo  MEP,  restaria  desconfigurada  ou                                                              Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em sociedades  coligadas sobre cuja administração tenha influência, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital social, e  em sociedades controladas, serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo com as seguintes normas:  Fl. 628DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          33 simplesmente  ignorada  a  natureza  jurídica  das  próprias  Bolsas  de  Valores.  Significa dizer que o MEP serviria para associados avaliarem sua participação no  patrimônio da associação ­ o que é totalmente incompatível com a finalidade e a  estrutura de uma associação sem fins lucrativos.  Acrescente­se  ainda  que  a  Circular  do  Banco  Central  do  Brasil  n°  1.273/1987  determina  apenas  que  as  sociedades  corretoras  observem  normas  consubstanciadas no COSIF, mas, de forma alguma autorizou que se avaliassem  investimentos em associações pelo MEP. Vale a pena transcrever as disposições da  referida Circular:  Às  Instituições  Financeiras  e  demais  Entidades  Autorizadas a Funcionar pelo Banco Central do Brasil  Comunicamos que a Diretoria do Banco Central do Brasil, em sessão  realizada em 16.12.87, com fundamento no art. 4., inciso XII, da Lei  n.  4.595,  de  31.12.64,  por  competência  delegada  pelo  Conselho  Monetário  Nacional,  decidiu  instituir,  para  adoção  obrigatória  a  partir  do  Balanço  de  30.06.88,  o  anexo  PLANO  CONTÁBIL  DAS  INSTITUIÇÕES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ­COSIF.  As  normas  consubstanciadas  no  COSIF  aplicam­se  aos  bancos  comerciais,  bancos  de  desenvolvimento,  bancos  de  investimento,  sociedades de crédito,  financiamento  e  investimento,  sociedades  de  arrendamento  mercantil,  sociedades  corretoras  de  títulos  e  valores  mobiliários,  sociedades  distribuidoras  de  títulos  e  valores  mobiliários,  sociedades  de  crédito  imobiliário,  associações  de  poupança  e  empréstimo,  caixas  econômicas e cooperativas de crédito.  O período compreendido entre janeiro e junho de 1988 é considerado  como  de  implantação,  devendo  as  instituições  financeiras  tomar  as  providências  necessárias  para  que  a  sua  escrituração  esteja  em  condições  de  fornecer,  em  30.06.88,  os  dados  indispensáveis  ao  levantamento das demonstrações financeiras exigidas.  Observar­se­á também o seguinte:  a)  considerada  a  data­base  de  30.06.88,  remeter­se­á  ao  Banco  Central  o  Balancete  Geral  Analítico  (Doc.  n.  01),  confeccionado de  acordo  com  os  planos  contábeis  vigentes,  ou  na forma usual, no caso de instituições que não possuam, ainda,  demonstrações padronizadas pelo Banco Central;  b)  juntar­se­ão ao Balancete Geral Analítico, indicado no item 4.a,  as demonstrações financeiras previstas no COSIF, dispensada a  Demonstração  das  Origens  e  Aplicações  de  Recursos  ­  DOAR  (Doc. n.12);  c)  a  Demonstração  das  Origens  e  Aplicações  de  Recursos  ­  DOAR, relativa ao Balanço de 31.12.88, será elaborada segundo  as variações patrimoniais que afetarem o disponível no período  de 01.07 a 31.12.88;  d)   dispensar­se­á,  em  30.06  e  31.12.88,  a  publicação  das  demonstrações  financeiras  de  forma  comparada  com  as  de  outros períodos. (destaques não constam no original)  Fl. 629DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          34 Como  se  vê,  não  há  na  Circular  acima  transcrita  qualquer  autorização  ou  determinação  para  que  as  sociedades  corretoras  avaliem  seus  ativos  representativos dos títulos patrimoniais das bolsas de valores pelo MEP.  De  forma a  evidenciar ainda mais o desacerto do entendimento sustentado pelo  contribuinte,  analisemos  também o  já  revogado art.  10  da Resolução Bacen n°  1.656/1989,  que  aprovou  o  Regulamento  que  disciplinava  a  constituição,  a  organização  e  o  funcionamento  das  bolsas  de  valores,  por  força  do  disposto,  à  época, no art. 18 da Lei n° 6.385, de 1976, que assim dispunha:  Art. 10. Ao  término de cada exercício  social, o valor do patrimônio  social  deve  ser  atualizado  com base  nas  demonstrações  financeiras  correspondentes,  feitas  de  acordo  com os  procedimentos  e  critérios  adotados pelas sociedades anônimas.  Parágrafo  1. O  valor  do  patrimônio,  apurado  anualmente,  dividido  pelo  número  de  títulos  patrimoniais,  computados,  inclusive,  os  que  não tenham sido ainda colocados ou que estejam em tesouraria, dará  o  valor  nominal  destes,  e  terá  vigor  nos  12  (doze)  meses  subseqüentes. (destaques não constam no original)  Parágrafo 2. A atualização anual do patrimônio deve ser submetida,  até  10  (dez)  dias  depois  de  aprovada  pela  assembléia  geral,  à  Comissão de Valores Mobiliários, para sua homologação.  Parágrafo  3.  A  falta  de  manifestação  da  Comissão  de  Valores  Mobiliários,  após  30  (trinta)  dias  da  apresentação  dos  respectivos  processos  de  atualização,  implicará  aceitação  da  proposta.  Parágrafo  4.  O  prazo  previsto  no  parágrafo  anterior  poderá  ser  interrompido, uma única vez, por no máximo 30 (trinta) dias, caso a  Comissão  de  Valores  Mobiliários  requisite  à  Bolsa  de  Valores  informações ou documentos adicionais.  Ocorre  que  o  parágrafo  1°  do  artigo  10  acima  transcrito  não  foi  repetido  na  Resolução  CMN  n°  2.690/2000,  que  atualmente  consolida  as  normas  que  disciplinam  a  constituição,  a  organização  e  o  funcionamento  das  bolsas  de  valores.  Com  efeito,  o  disposto  nos  artigos  6°,  7°  e  9°  da  Resolução  em  vigor  indicam  que  as  bolsas  de  valores  não  podem  mais  alterar  o  valor  dos  títulos  patrimoniais, pois agora, se quiserem, podem emitir novos títulos e colocá­los em  leilão, conforme se depreende da inteligência dos referidos artigos. Confira­se:  Art. 6°. O Patrimônio ou o capital social das bolsas de valores deve  ser  formado,  quando  da  constituição,  mediante  realização  em  dinheiro, e será dividido, conforme o caso, em títulos patrimoniais ou  ações ordinárias com direito de voto pleno, devendo a quantidade e o  valor  inicial  de  emissão  de  títulos  patrimoniais  ser  fixados  pela  Comissão de Valores Mobiliários.  Art.  7°  As  bolsas  de  valores  podem  emitir  títulos  patrimoniais  ou  ações  com  direito  de  voto  pleno,  cuja  colocação  será  realizada  mediante leilão, com pré­qualificação para os licitantes, ou na forma  prevista em lei.  Parágrafo  1°  O  preço  mínimo  de  emissão  ou  colocação  de  título  patrimonial ou ação não será inferior ao seu valor nominal.  Parágrafo  2°  A  emissão  e  colocação  de  títulos  patrimoniais  ou  de  ações  de  forma  diversa  da  prevista  no  caput  depende  de  prévia  autorização  da  Comissão  de  Valores  Mobiliários  ou  de  previsão  legal.  Fl. 630DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          35 Parágrafo  3° O desdobramento  de  títulos  patrimoniais  ou  de  ações  depende, igualmente, de prévia autorização da Comissão de Valores  Mobiliários ou de previsão legal.  Art.  9°  Ao  término  de  cada  exercício  social,  o  valor  do  patrimônio  social  deve  ser  apurado  com  base  nas  demonstrações  financeiras  correspondentes,  feitas  de  acordo  com os  procedimentos  e  critérios  adotados pelas sociedades anônimas.  Parágrafo  1° A  apuração  anual  do  patrimônio  deve  ser  submetida,  até dez dias depois de aprovada pela assembléia geral, à Comissão  de Valores Mobiliários, para sua homologação.  Parágrafo  2°  A  falta  de  manifestação  da  Comissão  de  Valores  Mobiliários,  após  trinta  dias  da  apresentação  dos  respectivos  processos de apuração, implicará aceitação da proposta.  Parágrafo  3°  O  prazo  previsto  no  parágrafo  anterior  poderá  ser  interrompido,  uma  única  vez,  por  no  máximo  trinta  dias,  caso  a  Comissão  de  Valores  Mobiliários  requisite  à  bolsa  de  valores  informações ou documentos adicionais.  Como se vê, o que tais dispositivos determinam não se confunde com equivalência  patrimonial, pois o MEP é método de avaliação de investimento e não, método de  apuração  de  patrimônio  social.  O  que  os  aludidos  dispositivos  tratam  é  da  apuração  do  próprio  patrimônio  das  bolsas  de  valores,  de  como  ele  deve  ser  repartido pelo número de títulos patrimoniais e da emissão de novos títulos.  Entendo, assim, corretas as conclusões da Fazenda Nacional.  De  todo  modo,  ainda  que  se  entenda  aplicável  o  Método  da  Equivalência  Patrimonial  para  avaliação  dos  títulos  patrimoniais  da  BOVESPA  e  BM&F, outra sorte não assiste à Recorrente.  Tal  ganho  obtido  pela  atualização  dos  títulos  patrimoniais  estava  sujeito  à  tributação  conforme  definido  pelo  parágrafo  único  do  art.  219  do  RIR/99.  Contudo, estas operações contábeis foram objeto da Portaria MF n° 785/77, que assim  classificou os resultados destas atualizações:  I.  O  acréscimo  do  valor  nominal  dos  títulos  patrimoniais  das Bolsas  de Valores,  em  decorrência  de  alteração do seu patrimônio social, não constitui receita  nem  ganho  de  capital  das  sociedades  corretoras  associadas  e,  por  isso,  pode  ser  excluído  do  lucro  real  destas desde que não seja distribuído e constitua reserva  para oportuna e compulsória incorporação ao capital.  II.  Aos aumentos de capital assim procedidos aplica­se  o disposto no Decreto­lei n° 1.109/70, art. 3°, § 3° (RIR,  art. 237).  Ainda  que  se  admita  que  tais  variações,  por  não  transitarem  por  conta de resultado, dependeriam de previsão legal expressa para que fosse computada  na apuração do lucro real, aliás, conforme dispõe o art. 249 do RIR/99, verbis:  Fl. 631DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          36 Art.  249.  Na  determinação  do  lucro  real,  serão  adicionados  ao  lucro  líquido  do  período  de  apuração  (Decreto­Lei n° 1.598, de 1977, art. 6°, § 2°):  I  ­  os  custos,  despesas,  encargos,  perdas,  provisões,  participações  e  quaisquer  outros  valores  deduzidos  na  apuração  do  lucro  líquido  que,  de  acordo  com  este  Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro  real;  II  ­ os  resultados,  rendimentos,  receitas  e  quaisquer  outros  valores  não  incluídos  na  apuração  do  lucro  líquido  que,  de  acordo  com  este  Decreto,  devam  ser  computados na determinação do lucro real.(grifo nosso)  [...]  Contudo,  a  alienação  destes  títulos  patrimoniais  pelas  sociedades  corretoras,  em  geral,  se  dá  por  valor  superior  ao  de  aquisição. Discute­se,  assim,  a  existência, ou não, de ganho de capital suscetível de tributação na forma estabelecida  pelo Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000/99 (RIR/99):  Art. 418. Serão classificados como ganhos ou perdas de  capital, e computados na determinação do lucro real, os  resultados  na  alienação,  na  desapropriação,  na  baixa  por  perecimento,  extinção,  desgaste,  obsolescência  ou  exaustão, ou na liquidação de bens do ativo permanente  (Decreto­Lei n° 1.598, de 1977, art. 31).  §  1°  Ressalvadas  as  disposições  especiais,  a  determinação  do  ganho  ou  perda  de  capital  terá  por  base  o  valor  contábil  do  bem,  assim  entendido  o  que  estiver  registrado  na  escrituração  do  contribuinte  e  diminuído,  se  for  o  caso,  da  depreciação,  amortização  ou exaustão acumulada (Decreto­Lei n° 1.598, de 1977,  art. 31, § 1°).  §  2°  O  saldo  das  quotas  de  depreciação  acelerada  incentivada, registradas no LALUR, será adicionado ao  lucro líquido do período de apuração em que ocorrer a  baixa.  [...]  Art. 425. O ganho ou perda de capital na alienação ou  liquidação de  investimento será determinado com base  no valor contábil (art. 418, § 1°) (Decreto­Lei n° 1.598,  de 1977, art. 31, § 3°).  Parágrafo  único.  A  provisão  para  perdas  constituídas  até  31  de  dezembro  de  1995,  quando  dedutível  na  apuração  do  lucro  real  nos  termos  da  legislação  aplicável,  deverá  ser  considerada  na  determinação  do  ganho ou perda de capital. (negrejou­se)  Fl. 632DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          37 Para  a Recorrente  o  valor  contábil  do  bem  é  aquele  registrado  em  sua  escrituração  contábil,  já  atualizado  pela  equivalência  ao  patrimônio  social  da  Bovespa e BM&F. Contudo, o "custo contábil" a que refere a legislação nada mais é  que o custo de aquisição dos bens do ativo permanente, conforme escriturado com base  em  seu  valor  original,  à  exceção  de  eventual  correção monetária,  de  acordo  com  o  período em que  foi adquirido, e à dedução de depreciação, amortização ou exaustão  acumulada.  Embora  se  reconheça que haja  semelhanças procedimentais  entre  a  atualização  dos  títulos  patrimoniais  e  o  Método  de  Equivalência  Patrimonial,  este  gerando  ganhos  periódicos  não  sujeitos  à  tributação  (art.  389  do  RIR/99)  e  que  comporiam o valor contábil do investimento para fins de apuração do ganho de capital  em eventual alienação (art. 426 do RIR/99), os efeitos tributários diversos de cada um  dos casos se dão em razão de possuírem fundamentos igualmente distintos.  Em relação ao Método da Equivalência Patrimonial  ­ MEP cumpre  ressaltar que se  trata de critério contábil de avaliação de ativos, alvo de estudo pela  doutrina contábil e positivado na Lei n° 6.404/76. De outra banda, as atualizações dos  títulos  patrimoniais  das  bolsas  de  valores  encontra­se  regrado  pelas  referidas  Resoluções do Banco Central. Ainda no que tange ao MEP, é imperioso salientar que a  contrapartida do aumento do valor do investimento é um ganho não tributável, uma vez  que  advém  de  resultado  positivo  de  uma  sociedade  controlada  ou  coligada  cujo  acréscimo  patrimonial  já  foi  alvo  de  tributação,  diversamente  da  atualização  dos  títulos  patrimoniais,  lastreada  em  superávits  de  uma  associação  civil  sem  fins  lucrativos, ou seja, cujos resultados não estão sujeitos à tributação do IRPJ inclusive  em razão de norma isencional. A última distinção entre tal institutos advém do fato de  a  investidora  –  obrigada a  avaliar  o  investimento  pelo MEP –  possuir  poderes  para  influenciar nas decisões da investida, em razão da relevância do investimento, ao passo  que a sociedade corretora somente realiza os resultados auferidos por intermédio dos  títulos patrimoniais da BOVESPA e BM&F caso os aliene.  Nessa  senda,  considerando­se  que  os  resultados  reconhecidos  pela  Recorrente em razão de participação na BOVESPA e BM&F ­ então associações civis  sem  fins  lucrativos  ­  não  foram objeto de  tributação,  também não poderiam afetar a  apuração de ganho de capital no momento de sua alienação. Na prática, embora haja  reconhecimento contábil de tais resultados por força de normas expedidas pelo CMN  e/ou Banco Central do Brasil, postergou­se a tributação para o momento da realização  efetiva dos  resultados, qual  seja, a alienação dos  títulos patrimoniais  representativos  de participação na BOVESPA E BM&F.  No que  tange aos efeitos dos Pareceres Normativos CST n° 78/78 e  107/78, que trataram dos efeitos tributários dos resultados de equivalência patrimonial  promovidos  em  razão  de  determinações  do  Banco  Central  do  Brasil,  convém  transcrever alguns de seus dispositivos:  2.  De acordo com a Lei das Sociedades Anônimas (Lei n. 6.404, de 15 de  dezembro  de  1976,  artigo  247,  parágrafo  único)  um  investimento  em  sociedade coligada ou controlada é relevante quando seu valor contábil é  igual ou superior a 10% (dez por cento) do valor do patrimônio liquido da  sociedade  anônima  investidora.  Também  o  é, mesmo  sem  atingir  os  10%  (dez  por  cento)  se  o  valor  da  participação,  somado  ao  das  demais  Fl. 633DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          38 participações  em  coligadas  ou  controladas,  alcança  pelo  menos  15%  (quinze  por  cento)  do  valor  do  patrimônio  líquido  da  investidora.  Investimentos  em  sociedades  não  coligadas  nem  controladas  não  são  considerados  relevantes,  não  importa  quão  importantes  sejam  para  a  empresa  investidora.  A  mesma  lei,  no  artigo  243,  considera  duas  sociedades como coligadas quando uma participa com 10% (dez por cento)  ou mais  do  capital  da  outra,  sem  controlá­la  (§  1°);  e  define  controlada  como aquela sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de  outras  controladas,  é  titular  de  direitos  de  sócio  que  lhe  assegurem,  de  modo  permanente,  preponderância  nas  deliberações  sociais  e  o  poder  de  eleger a maioria dos administradores (§ 2°).  3.  O  artigo  248  da  Lei  das  S/A.  manda  que  a  sociedade  anônima  apresente  em  seu  balanço,  avaliado  pelo  valor  de  patrimônio  líquido,  o  investimento relevante (a) em sociedade coligada sobre cuja administração  tenha  influência, ou (b) em sociedade coligada de que participe com 20%  (vinte  por  cento)  ou  mais  do  capital  social,  ou  ainda  (c)  em  sociedade  controlada.  Assim  sendo,  as  participações  de  capital  de  caráter  permanente, que a um só  tempo sejam relevantes e determinem influência  (sob  qualquer  das  formas  (a),  (b)  ou  (c)  mencionadas  neste  item)  nas  coligadas  ou  controladas  devem  ser  avaliadas  em  função  do  valor  de  patrimônio liquido, método também chamado de equivalência patrimonial:  3.1  A  lei  não  manda  avaliar  indiscriminadamente  segundo  um  (equivalência  patrimonial)  ou  outro  (custo  de  aquisição)  critério;  antes,  discrimina os investimentos segundo sua importância relativa. Importância  na  capacidade  de  inversão  da  investidora,  originando  o  conceito  de  relevância,  e  importância  no  conjunto  dos  recursos  aplicados  no  empreendimento, gerando o conceito de influência.  4.  O Decreto­Lei n. 1.598, de 26 de dezembro de 1977 (artigo 20, § 4o),  diz  que  essa modalidade  de  avaliação  de  investimentos  é  obrigatória  nos  casos determinados pela Lei das S/A., e nas sociedades em que "a coligada  ou  controlada  participe,  direta  ou  indiretamente,  com  investimento  relevante,  cuja  avaliação  segundo  o mesmo  critério  seja  necessária  para  determinar o valor de patrimônio líquido da coligada ou controlada".  5.  O  Decreto­lei  desta  maneira  exige  que  outras  sociedades,  além  das  anônimas, avaliem investimentos por  equivalência patrimonial. Na cadeia  de  participações  entre  sociedades,  iniciada  por  sociedade  anônima,  toda  avaliação  de  investimento  no  capital  de  outra  sociedade,  quando  o  investimento  for permanente,  relevante e  influente, deve  ser  feita por esse  método,  mesmo  naquelas  sociedades  não  organizadas  sob  a  forma  de  companhia. Não  importa, convém  lembrar, que a participação seja direta  ou indireta.  6.  Em resumo, quando possuírem  investimentos permanentes,  relevantes  e  influentes devem em relação a  eles praticar avaliação por  equivalência  patrimonial:  I  ­  as  companhias;  e  II  ­  as  demais  sociedades,  sempre  que  entre os detentores do seu capital ou na cadeia ascendente e ininterrupta de  participações relevantes e influentes se encontre sociedade anônima.  7.  Não obstante a generalidade das regras acima discutidas, ressalve­se  a possibilidade de legislação específica para setores econômicos ou classes  de  empresas  estabelecer  outros  critérios  de  avaliação  pelo  patrimônio  líquido.  Particularmente,  a  Lei  da Reforma Bancária  (n.  4.595,  de  31  de  Fl. 634DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          39 dezembro  de  1964,  artigo  49,  item  XII)  atribui  ao  Conselho  Monetário  Nacional  a  fixação  de  normas  contábeis  para  as  instituições  financeiras,  assim  como  a  Lei  n.  6.385,  de  7  de  dezembro  de  1976  (artigo  22,  §,  IV)  deferiu  à  Comissão  de  Valores  Mobiliários  a  fixação  de  padrões  de  contabilidade para companhias abertas:  7.1 Dado que  tais normas devem ser  interpretadas  integradamente com a  legislação  tributária,  a  imposição  pelo  Banco  Central  ou  CVM  de  avaliação  de  investimentos  por  valor  de  patrimônio  líquido,  em  situações  que não as referidas no § 4° do artigo 20, do Decreto­lei n. 1.598/77, cria  para as pessoas jurídicas obrigação de assim proceder nas demonstrações  financeiras, com os reflexos pertinentes na apuração do lucro real.  8.  Por  fim,  pessoas  jurídicas  outras  que  não  as  acima  referidas  devem  avaliar  seus  investimentos  permanentes  em  outras  sociedades  de  conformidade com o princípio do custo de aquisição de que trata o artigo  183,  item  III, da Lei das S/A.,  sendo­lhes vedado avaliá­los  pelo  valor de  patrimônio líquido.  Sobre o tema, a I. Conselheira Edeli Basso Pereira, no já aludido acórdão,  conclui que:   Como se vê, referido ato normativo apenas esclarece que, nas hipóteses em  que  o  Banco  Central  do  Brasil  ou  a  Comissão  de  Valores  Mobiliários  determinar que investimentos outros, que não aqueles previstos no Decreto­ lei n° 1.598/77, sejam avaliados pelo método da equivalência patrimonial, o  Fisco não poderá desqualificar esta operação, e deve atribuir ao resultado  os efeitos que a legislação prevê no âmbito da equivalência patrimonial. Se  não for este o caso, orienta o Parecer Normativo CST n° 107/78:  5.  Inexistindo  relevância  ou  influência  na  participação  societária, o investimento se refletirá no balanço da investidora  a  custo  contábil,  é  dizer,  a  custo  de  aquisição  corrigido  monetariamente,  por  força  do  art.  183,  item  III,  da  Lei  n.°  6.404/76. A eventual avaliação desses investimentos acima dos  custo  de  aquisição  corrigido  será  considerada  reavaliação  tributável, observado quando for o caso o disposto no artigo 35  do  Decreto­lei  n.°1.598/77.  Todavia,  a  perda  patrimonial  registrada por esse processo não será dedutível na apuração do  lucro  real,  excetuado o  caso  de  provisão  admitida  nos  termos  do artigo 32 do Decreto n.° 1.598.  Contudo, nenhuma razão existe para se cogitar, aqui, que a determinação  fixada  pelo  Banco  Central  do  Brasil,  no  sentido  de  que  os  títulos  patrimoniais  detidos  pelas  sociedades  corretoras  sejam  atualizados  periodicamente em razão do patrimônio da Bovespa, represente hipótese de  avaliação  de  investimentos  por  valor  de  patrimônio  líquido,  em  situações  que  não  as  referidas  no  §  4°do  artigo  20,  do  Decreto­lei  n.  1.598/77,  mencionada no Parecer Normativo CST n° 78/78.  Inadmissível  cogitar de  avaliação de  investimento por  valor de patrimônio  líquido se não há nem  investimento, no sentido de participação societária, nem patrimônio líquido,  na medida em que se está tratando de um título patrimonial representativo  do patrimônio social de uma associação civil sem fins lucrativos.  Fl. 635DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          40 A interpretação integrada, orientada pelo Parecer Normativo CST n° 78/78,  diante  das  circunstâncias  específicas  da  situação  presente,  é  aquela  expressa na Portaria MF n° 785/77, que afasta qualquer  incidência sobre  atualização  patrimonial  reconhecida  contabilmente  por  determinação  do  Banco Central do Brasil, mas sem qualquer disponibilidade econômica ou  jurídica,  e  que  tem  por  reverso  a  inadmissibilidade  destas  parcelas  como  redutoras  do  ganho  de  capital  na  alienação,  caso  o  valor  da  alienação  disponibilize,  à  sociedade  corretora,  a  atualização  antes  reconhecida  contabilmente.  De  toda  sorte,  ainda  que  se  interprete  literalmente  o  §1º  do  art.  418  do  RIR/99, de modo a adotar como valor contábil do bem o montante pelo qual  ele  estiver  registrado  na  escrituração  do  contribuinte,  independentemente  das  operações  que  ensejaram  aquele  resultado,  não  se  pode  olvidar  que  contabilmente também está registrado, no patrimônio líquido da sociedade  corretora, o total das atualizações promovidas desde a aquisição do título  patrimonial, em conta de reserva de capital. E tal reserva deve ser baixada  no momento em que o ativo que a justifica também o é. Em conseqüência, se  a apuração do ganho de capital deve ter em conta o valor contábil do bem,  no  montante  defendido  pela  recorrente,  a  reserva  assim  baixada  deve  necessariamente integrar o resultado tributável, o que mantém inalterada a  presente exigência, [...]  Adicionalmente  cabe  também  refutar  outras  alegações  que  a  recorrente  apresentou em sua defesa:  - Não teria havido devolução patrimonial pela BM&F, mas sim  a modalidade cisão, o que resultou na destinação de capital de  uma  sociedade  anônima:  os  titulares  das  ações  decorrentes  deste  aumento  de  capital  são  as  sociedades  corretoras  de  valores  que  antes  integravam  a  associação,  e  não  havendo  previsão  legal  para  a  cisão  desta,  e  quanto  menos  de  destinação de seu patrimônio a entidade com fins econômicos,  a disponibilização destes valores  somente  se efetiva mediante  devolução  do  patrimônio  aos  associados  e  destinação,  por  estes, à sociedade anônima;    - A cisão foi parcial e a BM&F continuou existindo, reunindo o  patrimônio  não  operacional:  inexistindo  a  previsão  legal  de  cisão  de  associação  civil,  e  somente  podendo  se  cogitar  de  transferência de patrimônio de uma associação civil em favor  de  uma  entidade  de  fins  não  econômicos,  o  ato  praticado  caracteriza­se  como  devolução  parcial  do  patrimônio  aos  associados;  - Há solução de consulta anterior no qual operação semelhante  realizada  por  outra  associação,  há  cerca  de  dez  anos,  não  ensejou  a  apuração  de  ganho  de  capital  em  favor  dos  associados:  a  hipótese  legal  de  incidência  em  razão  da  caracterização  de  ganho  de  capital  surgiu  com  a  Lei  n°  9.532/97,  e  as  associações  civis  submeteram­se  a  novo  regramento com a edição do novo Código Civil, em 2002, de  modo  que  operação  ocorrida  em  contexto  legal  anterior  não  Fl. 636DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          41 serve  como  paradigma  para  validar  a  operação  aqui  questionada;  - A Junta Comercial do Estado de São Paulo seria a autoridade  competente  para  avaliar  o  procedimento  societário:  a  pretendida  cisão  de  uma  associação  civil,  correspondente  à  sua  extinção  parcial,  não  está  sujeita  a  registro  na  Junta  Comercial, mas sim no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. À  Junta  Comercial  do  Estado  de  São  Paulo  coube,  apenas,  registrar os estatutos da nova sociedade anônima, inexistindo  qualquer  prova  de  que  neste  procedimento  tenha  sido  convalidado  o  aporte  de  patrimônio  vertido  de  associação  civil;  - Não  haveria  óbice  legal  à  transformação,  na  modalidade  cisão,  de  qualquer  sociedade  ou  associação:  a  cisão  é  procedimento  que  somente  passou  a  existir  com  a  Lei  n°  6.404/76,  e  sem  esta  previsão  legal,  era  necessário  que  a  sociedade  devolvesse  capital  a  seus  sócios  para  que  estes  utilizassem  tal  parcela  para  integralização  em  outra  sociedade. Não basta inexistir óbice legal, é preciso que haja  previsão  legal  para  que  a  forma  jurídica  "cisão"  possa  ser  adotada.  Inexistindo  previsão  legal  para  cisão  de  associação  civil,  o  ato  praticado  somente  pode  ser  caracterizado  como  devolução  parcial  do  patrimônio  aos  associados,  e  assim  ensejar a aplicação do art. 17 da Lei n° 9.532/97;  - Os ativos patrimoniais  teriam  sido  vertidos do patrimônio da  associação  BM&F  para  o  patrimônio  da  sociedade  anônima  que  surgiu  pela  cisão,  pelo  valor  contábil:  a  sociedade  anônima  foi  constituída  com  um  capital  equivalente  ao  valor  do patrimônio devolvido pela associação aos seus associados.  Em  que  pese  a  equivalência  de  valores,  não  era  possível  a  versão  direta  de  patrimônio  da  associação  civil  para  a  sociedade anônima, nem há evidências de que assim se fez na  proposta  de  Estatuto  das  sociedades  anônimas  constituídas  [...].  Portanto,  necessariamente  ocorreu  a  devolução  de  patrimônio aos associados antes destes subscreverem as ações  da  nova  sociedade  com  estes  mesmos  valores.  E,  mesmo  na  visão da recorrente, não se pode olvidar que a associação civil  teria  destinado  patrimônio  a  entidade  de  fins  econômicos,  transmitindo­lhe  os  resultados  beneficiados  com  isenção  de  IRPJ e CSLL, em afronta às condições  legais deste benefício,  especialmente  a  necessária  destinação  de  seus  resultados  às  atividades  sem  fins  lucrativos.  Em  tais  condições,  a  lei  não  cogita  da  suspensão  da  isenção,  mas  sim  da  tributação  dos  beneficiários daqueles rendimentos;  - Em  termos  de  valor  absoluto  nada  teria  mudado  na  contabilidade  dos  associados:  isto  porque  foi  dado  indevidamente  o  tratamento  de  cisão,  que  tem  como  característica  a  permuta  de  ações/quotas  no  patrimônio  do  investidor. Não  sendo  possível  a  cisão  da  associação  civil,  a  devolução  do  patrimônio  com  os  rendimentos  por  ele  produzidos  durante  o  período  que  permaneceu  sob  a  Fl. 637DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          42 administração  da  entidade  isenta,  em  confronto  com  o  custo  contabilizado  deste  aporte  antes  feito  pelo  associado,  revela  riqueza  tributável  segundo  o  disposto  no  art.  17  da  Lei  n°  9.532/97;  - O  custo  para  fins  de  apuração  do  resultado  tributável  seria  aquele contabilizado no momento da cisão, pois há regras do  BACEN e da CVM, além do art. 3o do Decreto Lei n° 1.109/70  e  da  Lei  n°  8.849/94,  e  suas  alterações,  que  determinam  o  registro em Patrimônio Líquido da contrapartida da diferença  resultante entre o valor inicialmente contabilizado e o valor do  patrimônio  da  Bolsa  proporcional  ao  título  detido  pelo  associado:  as  leis  referidas  afastam  a  incidência  tributária  sobre distribuição de lucros quando estes, mantidos em contas  de reservas, sem distribuição, são utilizados para aumento de  capital, bem como estabelecem presunções de distribuição se a  incorporação  é  seguida  ou  precedida  de  redução  do  capital  com devolução aos sócios. A Portaria MF n° 785/77 declarou  que o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das  Bolsas  de  Valores,  em  decorrência  de  alteração  de  seu  patrimônio social não constitui receita nem ganho de capital,  desde  que  mantido  em  reserva,  providência,  inclusive,  determinada  pelo  BACEN.  Nestes  termos,  enquanto  não  alienado  ou  baixado  o  investimento  que  gerou  aquele  rendimento,  não  há  incidência  de  IRPJ  e  CSLL  como  extensamente  justificado no  início deste  voto. A devolução de  patrimônio pela associação isenta nada mais é do que a baixa  deste  investimento,  e  a  apuração  do  ganho  de  capital  deve  observar o diz a legislação, consoante já expresso neste voto,  integrando a hipótese de incidência expressa no art. 17 da Lei  n°  9.532/97,  que  expressamente  alcança  todo  o  acréscimo  auferido  entre  o  aporte  inicial  e  a  devolução  do  patrimônio.  Em  suma,  inexiste  tributação  se  o  patrimônio  da  associação  isenta com ela permanece ou é destinado a outra entidade sem  fins  econômicos,  consoante  permite  o  Código  Civil.  Se  o  patrimônio é destinado a entidade com fins econômicos, o que  pressupõe, necessariamente,  a  sua  devolução aos  associados,  há realização dos resultados segundo a determinação legal e,  por  conseqüência,  incidência  de  IRPJ  e  CSLL  quando  o  beneficiário deste ganho é pessoa jurídica;  - O  entendimento  da  Solução  de  Consulta  COSIT  n°  10/2007  estabeleceria  nova  regra  de  tributação,  desqualificaria  a  escrituração  contábil  dos  associados  e  arbitraria  o  lucro:  a  regra de tributação foi fixada pela Lei n° 9.532/97 e a hipótese  de  incidência  ocorreu  tal  qual  interpretado  na  Solução  de  Consulta referida, na medida em que não houve cisão parcial  da  associação  civil,  mas  sim  devolução  parcial  de  seu  patrimônio aos associados, que o destinaram à constituição de  uma  entidade  com  fins  econômicos,  em  total  afronta  às  exigências  fixadas  em  lei  para  manutenção  dos  efeitos  da  isenção dos resultados de entidades sem fins lucrativos;  - Não há previsão de ajuste do lucro líquido na lei para refletir  a  valorização  dos  títulos,  e,  por  conseqüência,  não  há  Fl. 638DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/2010­11  Acórdão n.º 1402­001.935  S1­C4T2  Fl. 0          43 incidência de CSLL sobre estes valores: o art. 17, §4o da Lei n°  9.532/97  estabelece que  a  base  de  cálculo  expressa no  caput  do dispositivo presta­se, não só à adição ao lucro real, como  também  para  determinação  da  base  de  cálculo  da  CSLL.  Assim,  caracterizada  a  devolução  parcial  de  patrimônio  aos  associados,  há  fundamento  legal  para  exigência,  também,  da  CSLL.  Ante o exposto, em relação a tal ponto, voto por dar provimento ao recurso  de ofício, restabelecendo­se a exigência correspondente.  (assinado digitalmente)  Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Redator Designado                    Fl. 639DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO

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Numero do processo: 13839.000636/2005-63
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 16 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu May 14 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2002 SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO MECÂNICA. DESNECESSIDADE DE CONHECIMENTO PROFISSIONAL HABILITADO. NÃO INCIDÊNCIA DO ARTIGO 9º, INCISO XIII, DA LEI N° 9.317, de 1996. Não poderá ser confundida como atividade similar a de engenharia mecânica, privativa de engenheiros ou assemelhados, ramo de manutenção mecânica de máquinas, por ser esta uma atividade desempenhada por pessoas sem habilitação profissional legalmente exigida. Possibilidade da opção pelo regime especial do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES. Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9101-001.770
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras Karem Jureidini Dias sendo substituída pela Conselheira Meigan Sack Rodrigues (Suplente Convocada) e Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente) sendo substituída pelo Conselheiro Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado). (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente (Assinado digitalmente) Marcos Vinícius Barros Ottoni – Redator Ad Hoc – Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, José Ricardo da Silva, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Jorge Celso Freire da Silva, João Carlos de Lima Júnior, Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado) e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento). Ausentes, Justificadamente, as Conselheiras Karem Jureidini Dias e Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente).
Nome do relator: JOSE RICARDO DA SILVA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2113; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF­T1  Fl. 2          1 1  CSRF­T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS    Processo nº  13839.000636/2005­63  Recurso nº               Especial do Contribuinte  Acórdão nº  9101­001.770  –  1ª Turma   Sessão de  17 de outubro de 2013  Matéria  SIMPLES ­ EXCLUSÃO  Recorrente  A.D. FEULA & CIA LTDA. ­ ME  Interessado  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO:  SISTEMA  INTEGRADO  DE  PAGAMENTO  DE  IMPOSTOS  E  CONTRIBUIÇÕES  DAS  MICROEMPRESAS  E  DAS  EMPRESAS  DE  PEQUENO  PORTE ­ SIMPLES  Ano­calendário: 2002  SIMPLES.  EXCLUSÃO  INDEVIDA.  PRESTAÇÃO  DE  SERVIÇOS  DE  MANUTENÇÃO  MECÂNICA.  DESNECESSIDADE  DE  CONHECIMENTO  PROFISSIONAL  HABILITADO.  NÃO  INCIDÊNCIA  DO ARTIGO 9º, INCISO XIII, DA LEI N° 9.317, de 1996.  Não poderá ser confundida como atividade similar a de engenharia mecânica,  privativa de engenheiros ou assemelhados, ramo de manutenção mecânica de  máquinas,  por  ser  esta  uma  atividade  desempenhada  por  pessoas  sem  habilitação  profissional  legalmente  exigida.  Possibilidade  da  opção  pelo  regime  especial  do  Sistema  Integrado  de  Pagamento  de  Impostos  e  Contribuições  das  Microempresas  e  das  Empresas  de  Pequeno  Porte  ­  SIMPLES.  Recurso Especial do Contribuinte Provido.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.    Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  dar  provimento ao Recurso Especial do Contribuinte. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras  Karem  Jureidini  Dias  sendo  substituída  pela  Conselheira Meigan  Sack  Rodrigues  (Suplente  Convocada)  e  Susy  Gomes  Hoffmann  (Vice­Presidente)  sendo  substituída  pelo  Conselheiro  Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado).  (Assinado digitalmente)  Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 00 06 36 /2 00 5- 63 Fl. 170DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI     2   (Assinado digitalmente)  Marcos Vinícius Barros Ottoni – Redator Ad Hoc – Designado    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Marcos  Aurélio  Pereira  Valadão,  José  Ricardo  da  Silva,  Francisco  de  Sales  Ribeiro  de  Queiroz,  Valmar  Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Jorge Celso Freire da Silva, João Carlos de Lima Júnior,  Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado) e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do  julgamento). Ausentes, Justificadamente, as Conselheiras Karem Jureidini Dias e Susy Gomes  Hoffmann (Vice­Presidente).  Relatório  A. D. FEULA & CIA LTDA ME, inconformada com a decisão de Segunda  Instância prolatada pela então Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, através  do Acórdão nº 3801–00.144, de 19/05/2009 (fls.78/81) cuja decisão, por unanimidade de votos,  negou  provimento  ao  seu Recurso Voluntário  (fls.  62/75),  recorre,  em  20/12/2009,  a  esta  1ª  Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, nos termos do seu Recurso Especial (fl. 84).  O  pleito  da  contribuinte  busca  amparo  nos  arts.  64,  II  e  67,  do Regimento  Interno  do  Conselho Administrativo  de Recursos  Fiscais  (RICARF),  aprovado  pela  Portaria  MF nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações introduzidas pelas Portarias MF nºs 446,  de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010.  Consta  dos  autos  que,  em  ação  fiscal  desenvolvida  junto  à  empresa  acima  citada,  foi  constatada  a  situação  de  vedação/exclusão  à  opção  pelo  Sistema  Integrado  de  Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte­ Simples. Ato contínuo, foi formalizada representação fiscal, com base no art. 15 § 4º da Lei n°  9.317, de 05 de Dezembro de 1996, na redação da Lei n°. 9.732, de 11 de Dezembro de 1998.  Em 02 de maio de 2005, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Jundiaí  – SP apreciou e concluiu que a Representação Fiscal é procedente, e determinou a exclusão da  sistemática  do  Simples  a  partir  de  01/01/2002,  com  base,  em  síntese,  nas  seguintes  considerações:  ­  que  excluída  da  sistemática  de  pagamentos  de  tributos  e  contribuições  denominada  SIMPLES  a  pessoa  jurídica  A.  D.  FEULA  &  CIA.  LTDA.  ME  ­  CNPJ  01.729.095/0001­41,  por  exercer  atividade  de manutenção  em  equipamentos,  cuja  adesão  ao  sistema é vedada pelo disposto no inciso XIII, do artigo 9°, da Lei n° 9.317/96;  ­ que a exclusão do Simples surtirá efeito a partir de 1° de janeiro de 2002,  nos  termos  do  inciso  II  do  parágrafo  único  do  artigo  24  da  Instrução  Normativa  SRF  n°  355/2003.  Irresignada com a decisão da autoridade administrativa singular, a requerente  apresentou  Manifestação  de  Inconformidade  (fl.  42),  solicitando  a  revisão  da  decisão,  e  a  consequente  declaração  de  normalidade  pela  opção  do  Simples,  com  base,  em  síntese,  nos  seguintes argumentos:   Fl. 171DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI Processo nº 13839.000636/2005­63  Acórdão n.º 9101­001.770  CSRF­T1  Fl. 3          3 ­ que o ramo de atividade não é de prestação de serviços de manutenção para  equipamentos em geral e sim Comércio de Peças e prestação de serviços de usinagem em geral  (serviços  leves  e  simples  que  não  depende  de  e  acompanhamento  de  qualquer  tipo  de  profissional);  ­ que é oportuno ainda observar que a empresa conta apenas com o trabalho  de seu dono que não, dispõe de qualquer ajuda de outra pessoa para a prestação de serviço da  atividade, esta essencial para a subsistência de sua família;  ­  que  a  atividade  exercida  de  fato  não  é  a  prestação  de  serviços  de  manutenção  para  equipamentos  em  geral,  mas  sim  a  prestação  de  serviço  de  usinagem  em  geral.  Venho  requerer  que  o  fisco  desconsidere  a  minha  exclusão  do  SIMPLES  (Sistema  Integrado  de  Pagamento  de  Impostos  e  Contribuições  das  Microempresas  e  Empresa  de  Pequeno Porte).  Cientificada  da  decisão  de  Primeira  Instância,  em  18/06/2007,  a  recorrente  interpôs Recurso Voluntário (fls. 62/75), o qual, ao ser apreciado, pela então Terceira Câmara  do  Terceiro  Conselho  de  Contribuintes,  através  do Acórdão  nº  3801­00.144,  de  19/05/2009  (fls. 78/81),  teve seu provimento negado, por unanimidade de votos, conforme se verifica de  sua ementa e decisão:  ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE  IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS  E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE ­ SIMPLES  Ano­calendário: 2002  Ementa: SIMPLES.  Atividade vedada. Se o objeto social da empresa refere­se a  atividade econômica vedada, quando do pedido de inclusão  no Simples, deve o mesmo ser indeferido.  Recurso voluntário negado.  Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  ACORDAM os membros da 1ª  turma Especial da Terceira  Seção  de  Julgamento,  por  unanimidade  de  votos,  em  NEGAR provimento ao recurso.  Cientificado  da  decisão  de  Segunda  Instância,  em  08/12/2009,  conforme  Termo  constante  à  fl.  83,  a  contribuinte  interpôs,  tempestivamente,  em  20/12/2009,  o  seu  Recurso  Especial  (fls.  84/100),  no  qual  demonstra  irresignação  contra  a  decisão  supra  ementada, baseado, em síntese, nas seguintes considerações:  ­ que como alegado em sede de recurso voluntário, a exclusão foi  realizada  com base em hipótese não prevista em lei, o que configura ofensa ao princípio de legalidade,  previsto no artigo 37, da Constituição Federal;  Fl. 172DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI     4 ­  que  por  esta  razão,  deveria  o  Fisco  ter  comprovado  nos  autos  a  efetiva  prática dos serviços mencionados como inadequados para o enquadramento no SIMPLES, mas  não o fez, ficando evidente, mais uma vez, que o Ato de exclusão não se sustenta;  ­ que diante disso, como não restou comprovada a prática de atividade vedada  para o SIMPLES, deveria a Administração observar a  realidade apresentada nos autos e, por  consequência,  diante  da  verdade  material  posta,  cancelar  o  ato  administrativo  centrado  em  mera presunção;  ­ que no tocante às atividades exercidas pela Recorrente o i. relator invoca o  artigo 9º, inciso XIII, da Lei n° 9.317/96 para fundamentar a temerária exclusão da Recorrente  do  regime do  SIMPLES. No  entanto,  no  entendimento  de  outras Câmaras  deste E.  Tribunal  Administrativo  o  comércio  de  peças,  prestação  de  serviços  de  manutenção  mecânica  e  de  usinagem não se enquadram em serviços que dependem de profissional habilitado.   O  contribuinte  indicou  como  paradigmas  os  acórdãos  abaixo  relacionados,  cuja ementa se transcreve na parte que interessa (fls.87/89):  Acórdão 303­34740  DPU ­ DADO PROVIMENTO POR UNANIMIDADE  Por  unanimidade  de  votos,  deu­se  provimento  ao  recurso  voluntário.  Assunto:  Sistema  Integrado  de  Pagamento  de  Impostos  e  Contribuições  das  Microempresas  e  das  Empresas  de  Pequeno Porte — Simples  Ano­calendário: 2002  Ementa:  SIMPLES.  EXCLUSÃO  INDEVIDA.  Não  poderá  ser  confundida  como  atividade  similar  a  de  engenharia  mecânica privativa de engenheiros ou assemelhados, ramo  de  manutenção  mecânica  de  máquinas.  Atividade  desempenhada  por  pessoas  sem  habilitação  profissional  legalmente  exigida.  Possibilidade  da  opção  pelo  regime  especial do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e  Contribuições  das  Microempresas  e  das  Empresas  de  Pequeno Porte ­ SIMPLES.   Recurso Voluntário Provido.  Acórdão 303­34897  DPU ­ DADO PROVIMENTO POR UNANIMIDADE  Por  unanimidade  de  votos,  deu­se  provimento  ao  recurso  voluntário.  Assunto:  Sistema  Integrado  de  Pagamento  de  Impostos  e  Contribuições  das  Microempresas  e  das  Empresas  de  Pequeno Porte — Simples  Ano­calendário: 2001  Fl. 173DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI Processo nº 13839.000636/2005­63  Acórdão n.º 9101­001.770  CSRF­T1  Fl. 4          5 Ementa:  SIMPLES.  EXCLUSÃO  RETROATIVA.  Não  poderá  ser  confundida  como  atividade  similar  à  de  engenharia elétrica/eletrônica privativa de engenheiros ou  assemelhados  o  comércio  de materiais  elétricos  e  o  ramo  de  consertos,  manutenção  e  instalação  de  máquinas  e  equipamentos  de  uso  industrial.  Atividades  exercidas  não  se  enquadram  nos  dispositivos  de  vedação  à  opção  pelo  regime  especial  do  Sistema  Integrado  de  Pagamento  de  Impostos  e  Contribuições  das  Microempresas  e  das  Empresas de Pequeno Porte. Inclusão retroativa permitida.  Comprovado  que  a  recorrente,  pequena  sociedade  empresária  (micro  empresa),  dedicando­se  ao  ramo  de  comercialização  no  varejo  de  materiais  elétricos  e  consertos,  manutenção  e  montagem  em  equipamentos  de  uso industrial, prestados por técnico de nível médio, e que  este  ramo  não  se  confunde  com  a  prestação  de  serviços  privativos  de  engenheiros,  assemelhados  e  profissões  legalmente  regulamentadas  de  engenharia  mecânica  ou  elétrica,  sendo  essa  atividade  exercida  pela  recorrente  perfeitamente permitida pela legislação vigente aplicável, é  de  incluir  retroativamente  a  recorrente  no  Sistema  Integrado de Pagamento de  Impostos  e Contribuições das  Microempresas  e  das  Empresas  de  Pequeno  Porte  ­  SIMPLES.  Recurso Voluntário Provido  Em  18/02/2010,  o  Presidente  da  1ª  Câmara  da  1ª  Seção  de  Julgamento  do  Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, proferiu o Despacho nº 1100­00.063, admitindo  o  Recurso,  considerando  que  a  recorrente  lograra  comprovar  a  ocorrência  de  dissenso  jurisprudencial, em face da identidade fática e de direito que instruem as respectivas decisões  apresentadas.  Encaminhado, em 15/04/2010 os autos para ciência da Fazenda Nacional, nos  termos  Regimentais  (fls.  152),  foram  apresentadas,  em  23/04/2011,  as  contrarrazões  (fls.154/157), argumentando, em síntese:  ­  que  na  hipótese  dos  autos,  o  Contrato  de  Constituição  de  Sociedade  por  Quotas  de Responsabilidade Ltda  registra que  a  recorrente  tem  como  atividade  econômica  a  prestação  de  "serviços  de  manutenção  para  equipamentos  em  geral"  (fl.  6)  e,  a  teor  da  Resolução CONFEA n.° 218/73, trata­se de atividade equiparada à de engenheiro;  ­  que  a  referida  Resolução,  tendo  em  vista  a  sua  atribuição  legal  para  regulamentar o exercício profissional e as atividades a que se refere à Lei n.°5.194/66, reza o  seguinte:  Art.  1°  ­  Para  efeito  de  fiscalização  do  exercício  profissional  correspondente  às  diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em nível  médio,  ficam designadas as seguintes atividades:  (...) Atividade 16 ­ Execução de instalação,  montagem e reparo; Atividade 17 ­ Operação e manutenção de equipamento e instalação;  Fl. 174DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI     6 ­ que os dispositivos acima transcritos não deixam dúvida de que a atividade  exercida pela recorrida é de competência de engenheiro legalmente habilitado, e que, por isso,  agiu com acerto a autoridade que manteve a não inclusão no SIMPLES;  ­ que assim, para se beneficiar do SIMPLES a empresa teria que provar que  não exerce a atividade vedada, constante, inclusive do Contrato de Constituição de Sociedade  por Quotas de Responsabilidade Ltda (fl. 6), porém não o fez;  ­ que cabe ainda mencionar que o Ato Declaratório Normativo Cosit n° 4, de  22 de fevereiro de 2000, veda expressamente a opção pelo Simples de empresas que prestem  serviços de montagem e manutenção de equipamentos industriais, por caracterizar prestação de  serviço profissional de engenharia.  É o relatório  Voto             Conselheiro Marcos Vinícius Barros Ottoni, Redator Ad Hoc Designado  Em face da necessidade de formalização da decisão proferida nos presentes  autos, de competência da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais e, tendo em vista  que  o Conselheiro  José Ricardo  da  Silva,  relator  do  processo,  não mais  integra  o  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais,  este  Conselheiro  foi  designado  Redator  Ad  Hoc  pelo  Presidente  da  1ª  Turma  da  CSRF,  nos  termos  do  item  III,  do  art.  17,  do  Anexo  II,  do  Regimento  Interno  do Conselho Administrativo  de Recursos  Fiscais,  aprovado  pela  Portaria  MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (RICARF).  Destarte,  levando­se  em  consideração  a  minuta  de  acórdão  inicialmente  apresentada pelo relator original quando do julgamento do recurso, bem como o seu resultado,  proferido pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, expresso na Ata da sessão  ocorrida em outubro de 2013, passo a formalizar o voto do relator:  Depreende­se do relatado, que a contribuinte ingressou com Recurso Especial  de Divergência, com amparo no então art. 7º, inciso II, do então Regimento Interno da Câmara  Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 2007, atualmente  regido  pelos arts. 64, II e 67, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais  (RI­CARF),  aprovado  pela  Portaria MF  nº  256,  de  22  de  junho  de  2009,  com  as  alterações  introduzidas pelas Portarias MF nºs 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de  2010.  Tendo a recorrente tomado ciência do decisório recorrido em 08/12/2009 (fls.  83) e protocolizado o presente apelo em 20/12/2009 (fls. 84/100), isto é, dentro do prazo de 15  (quinze) dias,  evidencia­se a  tempestividade do mesmo nos  termos do Regimento  Interno do  Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.   Por  outro  lado,  verifica­se  que  a  contribuinte  cumpriu  com  os  requisitos  previstos  no  então  art.  7º,  inciso  II,  do  regimento  Interno  da  Câmara  Superior  de  Recursos  Fiscais, aprovada pela Portaria MF nº 147, de 2007, já que demonstrou que a decisão conferiu à  lei  tributária  interpretação divergente da que  lhe  tenha dado outra Câmara,  turma de câmara,  turma especial ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais.  Fl. 175DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI Processo nº 13839.000636/2005­63  Acórdão n.º 9101­001.770  CSRF­T1  Fl. 5          7 Do  simples  confronto  da  ementa  do  acórdão  recorrido  com as  ementas  dos  acórdãos paradigmas, é possível concluir que houve o dissídio jurisprudencial. Isso porque se  trata da mesma matéria fática e a divergência de julgados, nos termos Regimentais, refere­se à  interpretação divergente em relação ao mesmo dispositivo legal aplicado ao mesmo fato, que  no caso em questão é a exclusão da opção pelo Simples de empresa que pratica o comércio de  peças,  prestação  de  serviços  de manutenção mecânica  e  de  usinagem  não  se  enquadram  em  serviços que dependem de profissional habilitado (exceção do inciso XIII do art. 9º, da Lei n°  9.317, de 1996).   Assim  sendo,  o Recurso Especial,  interposto  pela  contribuinte,  preenche  os  requisitos legais de admissibilidade merecendo ser conhecido pela turma julgadora.  Como visto do relatório, o ponto nodal da presente discussão diz respeito tão­ somente  à  exclusão  da  contribuinte  da  opção  pelo Simples,  sob  a  presunção  de  esta  praticar  atividade impeditiva da opção.  A  exclusão  teve  como  base  dado  extraído  da  Classificação  Nacional  de  Atividade Econômica (CNAE) Fiscal, informado no seu cadastro no CNPJ/MF, e fundamenta­ se  no  exercício  de  atividade  impeditiva  correspondente  à  serviço  de  inspeção,  manutenção,  assistência técnica em equipamentos industriais metalúrgicos e siderúrgicos que se equipararia  às atividades reservadas a profissional de engenharia, ou equivalente, base para o impedimento  contido no artigo 9°, inciso XIII, da Lei n° 9.317, de 1996.  Vejamos o que dispõe o aludido artigo 9º supra mencionado:   XIII  ­  que  preste  serviços  profissionais  de  corretor,  representante comercial, despachante, ator,  empresário, diretor  ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico,  dentista,  enfermeiro,  veterinário,  engenheiro,  arquiteto,  físico,  químico,  economista,  contador,  auditor,  consultor,  estatístico,  administrador,  programador,  analista  de  sistema,  advogado,  psicólogo,  professor,  jornalista,  publicitário,  fisicultor,  ou  assemelhados,  e  de  qualquer  outra  profissão  cujo  exercício  dependa de habilitação profissional legalmente exigida.  Alega a recorrente que tem sua atuação preponderante no comércio de peças,  prestação  de  serviços  de  manutenção  mecânica  e  de  usinagem.  Alega  que  são  serviços  de  pouca  complexidade  técnica  e  para  a  realização  destas  atividades,  não  há  necessidade  de  profissionais com habilitação legalmente exigida, como engenheiros. Representam serviços de  reparo  corriqueiros  executados  por  um  simples  instalador  ou  consertador  de  máquinas  e  equipamentos.  De  fato,  não  dúvidas  que  existem  serviços  de  montagem,  de  reparo  ou  conserto  em  equipamentos  industriais  que  até  podem  requerer  a  supervisão  de  engenheiro,  principalmente  quando  se  tratem  de  peças  ou  partes  de  equipamento  pesado,  integrantes  de  uma estrutura complexa de produção  industrial.  Porém, pelos  elementos  que  compõem estes  autos, não parece ser o caso.   Assim, seria de se esperar, por prudência, que a repartição de origem no seu  trabalho corriqueiro, antes de pretender um fato grave como é a exclusão, ou o impedimento de  uma microempresa  ou  empresa  de  pequeno  porte  do  Programa  SIMPLES  que,  pelo menos,  verificasse principalmente no Livro de Prestação de Serviços, nas Notas Fiscais de Serviços,  Fl. 176DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI     8 com  diligência  ao  local  da  prestação  do  serviço,  qual  de  fato  é  a  natureza  dos  serviços  realizados, para se for o caso poder caracterizar, conforme parece apenas supor a administração  tributária,  pratica  de  serviços  de  assessoria,  consultoria,  projetos  de  equipamentos,  algo  que  pudesse caracterizá­la como empresa que pratique serviço de engenharia ou assemelhado.  É  fora  de  dúvida,  que  o  serviço  de  engenheiro  habilitado  seja  exigível  a  atividades  de  projeto  de  máquinas,  ou  até  de  supervisionar  certos  serviços  de  instalação  e  manutenção  de  equipamentos  específicos. Mas,  é  fora  de  dúvida  igualmente  que  as  cidades  estão  cheias  de  pequenas  empresas  que  consertam  e  reparam máquinas  e  equipamentos,  ou  auxiliam  a  instalação  do  equipamento  que  vendem,  sendo  serviços  que,  em  geral,  absolutamente  dispensam  a  participação  de  engenheiro  ou  qualquer  outra  profissão  com  habilitação legalmente exigida, requerendo mão de obra não especializada de um prático, que  na realidade do nosso país, em geral, muitas vezes não chegou nem a completar o segundo grau  escolar.  Esse  tipo  de  atividade  evidentemente  não  está  vedado  ao  SIMPLES,  e  qualquer  interpretação  que  pretenda  equiparar  o  serviço  prestado  por  um  simples  instalador,  ou  consertador  de máquinas  e  equipamentos  usados,  com mera  substituição  de  peças  nos  casos  corriqueiros, ao serviço de engenheiro, tem de ser vista com desconfiança.  Ademais, no tocante às atividades descritas no contrato social, destaca­se que  não  encontram  mais  vedação  para  sua  inclusão  no  SIMPLES,  pois  com  o  advento  da  Lei  11.051, de 2004, tais atividades deixaram de ser vedadas, nos seguintes termos:  Art.  15. O art.  4º  da Lei nº 10.964, de 28 de outubro de 2004,  passa a vigorar com a seguinte redação:  Art. 4° Ficam excetuadas da restrição de que trata o inciso XIII  do art. 9º da Lei te 9.317, de 5 de dezembro de 1996, as pessoas  jurídicas que se dediquem às seguintes atividades:  I  ­  serviços  de  manutenção  e  reparação  de  automóveis,  caminhões, ônibus e outros veículos pesados;  II  ­  serviços  de  instalação,  manutenção  e  reparação  de  acessórios para veículos automotores;  III  ­  serviços  de  manutenção  e  reparação  de  motocicletas,  motonetas e bicicletas;  IV  ­  serviços  de  instalação,  manutenção  e  reparação  de  máquinas de escritório e de informática;  V  ­  serviços  de  manutenção  e  reparação  de  aparelhos  eletrodomésticos.  §  1°  Fica  assegurada  a  permanência  no  Sistema  Integrado  de  Pagamento  de  Impostos  e  Contribuições  das  Microempresas  e  das  Empresas  de  Pequeno  Porte  —  SIMPLES,  com  efeitos  retroativos à data de opção da empresa, das pessoas jurídicas de  que  trata  o  caput  deste  artigo  que  tenham  feito  a  opção  pelo  sistema em data anterior à publicação desta Lei, desde que não  se  enquadrem  nas  demais  hipóteses  de  vedação  previstas  na  legislação.  § 2° As pessoas  jurídicas de que  trata o caput deste artigo que  tenham  sido  excluídas  do  SIMPLES  exclusivamente  em  decorrência do disposto no inciso XIII do art. 9º da Lei n° 9.317,  de  5  de  dezembro  de  1996,  poderão  solicitar  o  retorno  ao  Fl. 177DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI Processo nº 13839.000636/2005­63  Acórdão n.º 9101­001.770  CSRF­T1  Fl. 6          9 sistema,  com  efeitos  retroativos  à  data  de  opção  desta,  nos  termos,  prazos  e  condições  estabelecidos  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  —  SRF,  desde  que  não  se  enquadrem  nas  demais hipóteses de vedação previstas na legislação.  § 3° Na hipótese de a exclusão de que trata o § 2º deste artigo  ter  ocorrido  durante  o  ano­calendário  de  2004  e  antes  da  publicação  desta  Lei,  a  Secretaria  da  Receita  Federal —  SRF  promoverá  a  reinclusão  de  oficio  dessas  pessoas  jurídicas  retroativamente à data de opção da empresa.  § 4° Aplica­se o disposto no art. 2º da Lei n° 10.034, de 24 de  outubro de 2000, a partir de 1º de janeiro de 2004.  Registre­se,  ainda,  que  com  o  advento  do  ato  declaratório  executivo  ADE  SRF  nº  8,  de  18/01/2005  do  Secretário  da  Receita  Federal,  o  motivo  indicado  como  fundamento  para  a  permanência  da  recorrente  no  Simples  (inciso  XIII  do  art.  9º  da  Lei  n°  9.317, de 05 de dezembro de 1996) foi fortalecido:  O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição  que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da  Secretaria  da  Receita  Federal,  aprovado  pela  Portaria MF  n°  259, de 24 de agosto de 2001, e tendo em vista o disposto no art.  40 da Lei n° 10.964, de 28 de outubro de 2004, com a redação  dada pela Lei n° 11.051, de 29 de dezembro de 2004, declara:  Artigo  único.  Ficam  cancelados  os  Atos  Declaratórios  Executivos,  emitidos  pelas  unidades  descentralizadas  da  Secretaria  da  Receita  Federal  em  2004,  para  a  exclusão  do  Sistema  Integrado  de  Pagamento  de  Impostos  e  Contribuições  das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples) em  decorrência,  exclusivamente,  do  disposto  no  inciso XIII  do  art.  9°  da  Lei  n°  9.317,  de  5  de  dezembro  de  1996,  das  pessoas  jurídicas que exerçam as seguintes atividades:  I  ­  serviços  de  manutenção  e  reparação  de  automóveis,  caminhões, ônibus e outros veículos pesados;  II  ­  serviços  de  instalação,  manutenção  e  reparação  de  acessórios para veículos automotores;  III  ­  serviços  de  manutenção  e  reparação  de  motocicletas,  motonetas e bicicletas;  IV  ­  serviços  de  instalação,  manutenção  e  reparação  de  máquinas de escritório e de informática;  V  ­  serviços  de  manutenção  e  reparação  de  aparelhos  eletrodomésticos.  A  atividade  econômica  atribuída  à  empresa  (prestação  de  serviços  de  manutenção  mecânica  e  de  usinagem)  pode  ser  tipificada,  por  semelhança,  no  inciso  I  supramencionado, sem maiores complicações.  Considerar  a  atividade  desenvolvida  pela  Recorrente  como  sendo  de  Engenheiro Mecânico é atribuir aplicação extensiva à Lei do Simples, sem que haja situação  Fl. 178DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI     10 fática  compatível  para  esta  interpretação.  Aliás,  ainda  que  precisasse  realizar  eventualmente  algum  serviço  de  maior  complexidade  e  rigor  técnico,  próprio  dos  engenheiros,  isso  não  poderia, por si só, ensejar a sua exclusão do SIMPLES.  Neste  sentido  são  as  decisões  das  então  Primeira  e  Segunda  Câmaras  do  Terceiro Conselho de Contribuintes, proferidas nos Acórdãos 301­30.581 e 302­36.086, cujas  ementas se transcrevem:  Acórdão nº 301­30.581  PRESTAÇÃO ESPORÁDICA DE SERVIÇOS EM MÁQUINAS E  EQUIPAMENTOS  DE  TERCEIROS  —  AUSÊNCIA  DE  SEMELHANÇA  COM  ATIVIDADE  DE  ENGENHEIRO  —  O  reparo e manutenção de máquinas e equipamentos de  terceiros  somente  impedem  a  opção  pelo  SIMPLES  quando  constitua  atividade  típica  e  inserida  no  campo  das  atribuições  do  profissional  de  engenharia,  ainda  que  seja  irrelevante  para  a  exclusão  do  Sistema  a  prestação  ocasional  do  serviço,  não  impede a opção pelo SIMPLES.   Provido por unanimidade.  Acórdão nº 302­36.086  SIMPLES.  OPÇÃO.  OFICINA  DE  MANUTENÇÃO  DE  APARELHOS ELETRO ­ ELETRÔNICAS. POSSIBILIDADE.  As  pessoas  Jurídicas  que  exploram  o  ramo  de  manutenção  de  aparelhos  eletrônicos  igualmente  às  oficinas  de manutenção  de  veículos, que utilizam mão­de­obra não qualificada e prestam os  serviços  no  próprio  estabelecimento,  não  se  assemelham  às  atividades de engenheiro e podem optar pelo SIMPLES  RECURSO PROVIDO POR UNANIMIDADE.  Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas  as  considerações  expostas no  exame da matéria,  conheço do  recurso  especial  interposto pela  contribuinte, por tempestivo, preenchendo as demais questões de admissibilidade e, no mérito,  voto no sentido de dar provimento ao recurso.    (Assinado digitalmente)  Marcos Vinícius Barros Ottoni – Redator Ad Hoc                              Fl. 179DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI

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Numero do processo: 16561.000037/2007-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu May 07 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 18/07/2002 a 20/12/2005 SUBFATURAMENTO. VALORAÇÃO ADUANEIRA. PENALIDADE. A desconstituição da fatura comercial que instrui despacho motivada por constatação de subfaturamento exige a comprovação de que o real valor da transação difere do valor faturado e, portanto, declarado. O simples fato de um preço ser inferior aos preços correntes de mercado para mercadorias idênticas não é motivo para sua rejeição, conforme expresso na Opinião Consultiva 2.1. FABRICANTE. INFORMAÇÃO INCORRETA NA DI. APLICAÇÃO DE MULTA. A declaração de informação incorreta em relação ao fabricante sujeita o importador ao pagamento da multa prevista no art. 84 da Medida Provisória n°2.158-35, de 2001, nos termos do disposto no art. 69 da Lei n° 10.833, de 2003. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei.
Numero da decisão: 3201-001.927
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário e ao recurso de ofício, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado; pelo voto de qualidade, negado provimento com relação a não incidência da SELIC sobre a multa, vencidos os conselheiros Daniel Mariz Gudino, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes. JOEL MIYAZAKI - Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO

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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 18/07/2002 a 20/12/2005 SUBFATURAMENTO. VALORAÇÃO ADUANEIRA. PENALIDADE. A desconstituição da fatura comercial que instrui despacho motivada por constatação de subfaturamento exige a comprovação de que o real valor da transação difere do valor faturado e, portanto, declarado. O simples fato de um preço ser inferior aos preços correntes de mercado para mercadorias idênticas não é motivo para sua rejeição, conforme expresso na Opinião Consultiva 2.1. FABRICANTE. INFORMAÇÃO INCORRETA NA DI. APLICAÇÃO DE MULTA. A declaração de informação incorreta em relação ao fabricante sujeita o importador ao pagamento da multa prevista no art. 84 da Medida Provisória n°2.158-35, de 2001, nos termos do disposto no art. 69 da Lei n° 10.833, de 2003. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei.

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.058          2 incidência  da  SELIC  sobre  a  multa,  vencidos  os  conselheiros  Daniel  Mariz  Gudino,  Ana  Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes.  JOEL MIYAZAKI  ­ Presidente.   CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO ­ Relator.  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Joel  Miyazaki  (presidente), Winderley Morais  Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento  e  Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes.    Relatório  Por  bem descrever  a matéria  de que  trata  este  processo,  adoto  e  transcrevo  abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida.   Trata  o  presente  processo  de  Auto  de  Infração  lavrado  por  Declaração  Inexata  do  Valor  da  Mercadoria  (Valor  de  Transação Incorreto).  De acordo com a Termo de Constatação Fiscal, parte integrante  do Auto de Infração, através de mandado de procedimento fiscal  foi  determinado  um  exame  genérico  do  valor  de  transação  declarado,  referente  as  importações  da  empresa  acima  identificada, no período de 01/2002 a 11/2005, uma vez que tais  importações  foram  realizadas  entre  empresas  pertencentes  ao  mesmo grupo internacional.  A  fiscalização  solicitou  explicações  acerca  do  valor  inferior  comparado  a  outras  importações  feitas  pela  própria  importadora e  também por outras. Da análise das  informações  prestadas  pela  empresa  e  do  exame  das  importações  dos  principais produtos importados, concluiu a fiscalização:  a ­ as quantidades importadas são bastante expressivas;  b  ­  comportamento  dos  preços  de  importação  estão,  salvo  algumas exceções, em constante queda;  c  ­  o  comportamento  dessa  queda  de  preços  é maior  ou menor  dependendo do produto;  d — os preços mais  altos em geral  são os preços mais  antigos,  enquanto os preços mais baixos são os mais recentes.  Chamada  a  esclarecer  e  comprovar  com  documentação  as  razões  dessas  operações,  a  empresa  limitou­se  a  declarar  que  tratam­se de ajustes efetuados em preços de Kits, fim de linha do  produto, ou baixa venda do modelo que utiliza o componente, fim  de linha na matriz, etc. Informa ainda não existirem pedidos ou  contratos  de  compra  que  formalizem  essas  reduções.  Além  de  não  comprovar  com  documentação  apropriadas  tais  distorções  Fl. 2085DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.059          3 de  preços,  as  afirmações  da  empresa  não  condizem  com  realidade  das  importações,  já  que  existe  continuidade  das  importações  a  preços  superiores  aos  questionados,  destacou  a  fiscalização.  A empresa foi notificada em 16/03/2007 (fls. 239 a 241) do que  se segue, itens 1 e 2:  1­  justificasse  a  prática  de  preços  para  alguns  produtos  e  apresentasse  comprovação  para  as  fortes  distorções  de  preços  praticados  em  algumas  importações,  preços  esses  em  completa  discordância  com  outras  importações  efetuadas  pela  própria  empresa de produtos iguais, com a mesma codificação interna e  mesma  descrição,  ao  longo  do  período  sob  fiscalização.  Destacou  a  fiscalização  que  para  efeito  de  identificação  dos  produtos utilizou a mesma codificação fornecida pela empresa.  2­  considerando  que  os  esclarecimentos  (fls.  84  a  86)  foram  insuficientes  e  não  acompanhados  de  provas  materiais  que  justificassem  a  prática  daqueles  preços,  e  considerando  a  existência  de  forte  vinculação  entre  o  comprador  e  vendedor,  capaz  de  promover  ajustes  de  preços  segundo  as  suas  necessidades,  as  importações  relacionadas  (fls.  240/241),  onde  foi  utilizado  o  1º  método  de  valoração  aduaneira,  não  preenchem  os  quesitos  previstos  no  artigo  1º,  item  "d"  e  disposições  do  parágrafo  2º  do  Acórdão  de  Valoração  Aduaneira, pelos seguintes motivos:  a — existe vinculação entre o importador e exportador e análise  do histórico das  importações da empresa está a  indicar que  tal  vinculação influenciou os preços de algumas importações;  b —  que  a  empresa  teve  a  oportunidade  de  apresentar  provas  materiais pra tais distorções, entretanto não o fez, alegando não  adotar  a  prática  de  formalização  de  pedidos  de  compra,  contratos  de  compra  ou  outros  instrumentos  que  pudessem  auxiliar a administração Tributária a dirimir suas dúvidas;  c — que os produtos cujos preços de importação foram objeto de  desclassificação do 1º método de valoração aduaneira,  embora  declarados como sendo de fabricação de empresas do grupo LG  Internacional,  em  realidade  são  adquiridos  de  fabricantes  não  vinculados  e  em  grandes  quantidades  e  redistribuidos  para  as  suas  afiliadas,  portanto,  podendo  gerar  grande  poder  de  negociação, razão porque, a  fiscalização optou por utilizar nos  termos  do  artigo  2,  do  Acordo  de  Valoração  Aduaneira  o  2°  método de valoração aduaneira, isto é, produto igual ou similar,  no  caso  produto  igual,  de  forma  a  utilizar  os  próprios  preços  praticados  pela  empresa,  para  outras  importações  vigentes  na  mesma época ou período.  As  fls. 405 a  fiscalização apresenta para os produtos objeto de  desclassificação  do  1º,  para  o  2°  método  de  valoração  aduaneira, a evolução dos preços praticados.   Fl. 2086DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.060          4 Apresenta  também  as  declarações  de  importação  e  respectivas  adições e cujos preços foram ajustados.  Foram  cobrados  Imposto  sobre  a  Importação  somados  aos  acréscimos  legais  devidos,  multa  prevista  no  inciso  I,  do  parágrafo  2°  e  parágrafo  1°  ambos  do  artigo  69  da  lei  10.833/03,  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados  e  acréscimos  legais,  PIS/COFINS,  também  com  os  acréscimos  legais.  Ciente  do  Auto  de  Infração  em  23/04/2007,  em  24/05/2007  a  interessada apresentou  a  impugnação de  fls.  444/470,  onde  em  síntese alegou:  ­ a partir de 2006  foi dado  inicio à  fiscalização da Impugnante  visando  verificar  o  cumprimento  das  obrigações  legais  referentes às operações de importação;  ­  no  decorrer  deste  procedimento  de  fiscalização,  a  D.  Autoridade  Fiscalizadora  concluiu,  sem  apresentar  qualquer  evidência  deste  fato,  que  parte  dos  preços  praticados  pela  Impugnante em suas operações de importação realizadas com a  empresa no exterior, seria influenciada pela vinculação entre as  empresas;  ­ as importações realizadas pela Impugnante são realizadas, nos  estritos  termos  da  legislação  aplicável  e  obedecem  às  rígidas  regras  estabelecidas  pelo  Artigo  VII  do  Acordo  Geral  sobre  Tarifas e Comércio Exterior (GATT);  ­  como  resultado  das  discussões  travadas  pelos  países  signatários do GATT, o Artigo VII deste Acordo estabeleceu que  a  valoração  aduaneira  deve  ser  baseada  em  um  sistema  equitativo,  uniforme  e  neutro,  excluindo­se  a  utilização  de  valores aduaneiros arbitrários ou fictícios;  ­  somente  na  hipótese de não  ser  possível  aplicar  o método de  valoração trazido pelo Artigo 1 do GATT (valor da transação) a  autoridade  aduaneira  poderá  proceder  à  valoração  com  base  nos  métodos  alternativos  previstos  pelos  artigos  seguintes  do  GATT (Valor da transação);  ­ ao se manifestarem acerca das regras de valoração aduaneira  trazidas  pelo  GATT,  os  E.  Conselhos  de  Contribuintes  têm,  acertadamente,  procurado privilegiar o  livre  comércio  entre os  países signatários do mencionado Acordo. Faz citações;   ­ no conjunto de operações realizadas o preço praticado é fixado  refletindo os parâmetros de mercado, e, tanto a vinculação não  afetou  o  preço,  que  foram  utilizadas  como  parâmetro  para  a  apuração  e  exigência  de  tributos  as  próprias  importações  realizadas da parte vinculada;  ­ o próprio cenário contemplado pela autuação fiscal demonstra  que os preços praticados entre as partes não foram afetados pela  Fl. 2087DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.061          5 vinculação,  revelando  a  clara  contradição  encerrada  na  conclusão fiscal de que a vinculação afetou os preços;  ­  em  relação  a  um  mesmo  produto  (colhe­se  como  exemplo  o  Circuito  Integrado  EUSY  0073401),  em  determinadas  importações a D. Fiscalização entendeu como válido o valor de  transação  de  US$  1,10  ou  de  US$  2,13  (fls.  408  e  409  do  processo)  para,  em  outras  importações  do  mesmo  produto,  entender  que  o  valor  de  transação de US$ 1,70  e de US$ 1,54  (fls.  408  e  409  do  processo)  foi  afetado  pela  vinculação  e  não  poderia ser aceito;  ­  é por demais  evidente  que  a  prática  de preços  diferentes,  em  operações diferentes, não autoriza a conclusão de que os preços  foram afetados pela  vinculação, e,  no  caso  sob apreço,  tanto a  vinculação não afetou o preço, que a autuação, além de utilizar  as  próprias  importações  da  parte  vinculada  como  parâmetro,  não  logrou  colher  sequer  um  exemplo  em  que  os  valores  praticados nas  importações da  Impugnante  eram  inferiores aos  preços  praticados  no  mercado.  Cita  Acórdãos  do  então  3°  Conselho de Contribuintes;  ­  em  atenção  às  solicitações  de  esclarecimentos  acerca  dos  preços  praticados,  a  Impugnante  esclareceu  que  os  pregos  são  fixados conforme parâmetros de mercado, que variam conforme  diversos fatores, dentro os quais a baixa venda no mercado e a  negociação  de  preços mais  favoráveis  visando  à  equalização  e  em razão de quebras e defeitos nos componentes negociados;  ­  a  Impugnante  juntou  todas  as  faturas  comerciais  que  foram  solicitadas  pela  Fiscalização  e  que  comprovam  que  o  preço  registrado na Declaração de  Importação é o mesmo preço que  foi ajustado para a compra e venda (ex vi fls. 86 do processo);  ­  por  constituírem  importante  elemento  de  prova  do  preço  praticado  para  a  importação,  a  Impugnante  torna  a  juntar  referidas faturas uma vez que as mesmas não foram anexadas ao  processo de fiscalização (doc. 03);  ­ diante dos esclarecimentos acima, concluiu a D. Fiscalização  que a Impugnante não teria apresentado provas materiais para a  distorção  dos  preços  "alegando  não  adotar  prática  de  formalização  de  pedidos  de  compra,  contratos  de  compra  e  outros  instrumentos  que  pudessem  auxiliar  a  administração  tributária a dirimir suas dúvidas;  ­ portanto, segundo o entendimento fiscal, a autuação teria sido  lavrada por ressentir­se a fiscalização da ausência de contratos  ou ordens de compra;  ­  em  que  pese  nosso  respeito  à  D.  Fiscalização,  a  alegação  acima não merece acolhida. Veja­se:  ­  a  fiscalização  instou  a  Impugnante  para  que:  (i)  prestasse  esclarecimentos  sobre os preços;  (ii)  juntasse os contratos e/ou  Fl. 2088DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.062          6 pedidos  formais  de  compra;  e  (iii)  juntasse  as  faturas  comerciais;  ­ a  Impugnante atendeu exatamente o que  lhe  foi solicitado, ou  seja,  prestou  esclarecimentos  explicando  a  razão  para  a  variação dos pregos;  ­ a Impugnante também informou que não celebra contratos com  o  exportador  já  que  esse  tipo  de  formalização  não  se  justifica  nas  operações  por  ela  realizadas  e,  ainda,  juntou  todas  as  faturas  comerciais  relacionadas  em  anexo  ao  termo  de  Intimação 03 que comprovam que o preço utilizado para fins de  valoração aduaneira é aquele que foi efetivamente pago;  ­  ou  seja,  a  Impugnante  atendeu  às  solicitações  da  D.  Fiscalização,  sendo  certo  que  jamais  lhe  foi  solicitada  a  produção  de  quaisquer  outras  provas  materiais  que  comprovassem a variação dos preços em função das explicações  prestadas;  ­ é por demais evidente que tão só a ausência de contrato formal  ou  de  pedidos  de  compra  não  autorizam  o  arbitramento  de  preços  nem,  tão  pouco,  autorizam  a  conclusão  de  que  a  vinculação afetou os preços das importações;  ­ de fato, o insubsistente motivo apontado pela fiscalização para  concluir que a vinculação afetou os pregos apenas corrobora o  que  já  fica  claro  perceber  do  item  precedente  da  presente  Impugnação: a vinculação não afetou os preços praticados pela  Impugnante  e  a  autuação  não  trouxe  elementos  em  sentido  contrário;  ­  resta  claro que a autuação deve  ser  cancelada por não estar  presente o pressuposto básico necessário para a substituição do  método  de  valor  da  transação,  qual  seja:  a  vinculação  ter  afetado o preço das mercadorias;  ­ a autuação desconsiderou a determinação de preços ocorrida  em virtude de razões negociais absolutamente independentes da  vinculação  entre  as  partes,  quais  sejam:  baixas  vendas,  descontinuidade  de  produtos,  equalização  de  preços  globais  e  preços  negociados  em  função  de  quebras  e  defeitos  nos  componentes importados;  ­  a  Impugnante  é  uma  das  maiores  fabricantes  mundiais  de  eletroeletrônicos.  Dentre  os  produtos  por  ela  confeccionados  destacam­se os aparelhos para telefonia celular;  ­  as  importações  objeto  da  presente  autuação  referem­se  à  aquisição de componentes para a fabricação destes aparelhos;  ­ é fato notório que o mercado de produção e comercialização de  aparelhos  de  telefoneis  celulares  é  um  dos  mais  dinâmicos  da  atualidade,  sendo  fortemente  influenciado  pela  inovação  tecnológica  e  estando,  portanto,  constantemente  sujeito  a  alterações;  Fl. 2089DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.063          7 ­  o  mercado  de  celulares  exige  das  empresas  constantes  inovação  e  ainda  a  apresentação  de  um  amplo  catálogo  para  atender aos mais diferentes consumidores (desde aparelhos mais  simples  e  com  poucos  recursos  até  aparelhos  bastante  sofisticados);  ­ decorre deste fato que determinados modelos de aparelhos logo  se  tornam  obsoletos,  existindo  uma  constante  corrida  por  aparelhos mais modernos;  ­  tanto  é  assim  que,  dos  aparelhos  fabricados  com  os  componentes  objeto  da  presente  autuação,  boa  parte,  se  não  a  totalidade,  já  saiu  de  linha  e  não  é  mais  comercializado,  conforme se verifica da planilha anexa (doc. 04 e doc. 05);  ­  quando  os  modelos  novos  de  aparelhos  são  lançados,  eles  atingem preços elevados no mercado, sendo certo que, à medida  em que tais modelos vão  ficando ultrapassados e modelos mais  novos são lançados, seus preços sofrem drásticas reduções;  ­  essas  modificações  têm  por  óbvio,  impacto  direto  sobre  os  componentes  utilizados  para  a  fabricação  destes  aparelhos.  Assim  como há  grande  flutuação na  produção  e  na política  de  preços adotada na comercialização destes aparelhos, também há  grande flutuação na comercialização e na política de pregos dos  componentes utilizados na sua fabricação, os quais precisam ser  ajustados às dinâmicas condições do mercado;  ­ o mercado de componentes, assim como dos próprios aparelhos  celulares,  também  está  sujeito  aos  mais  frequentes  avanços  tecnológicos e à rápida obsolescência;  ­  verifica­se  pois  que  a  variação  dos  pregos  dos  componentes  objeto  da  autuação  fiscal  não  guarda  qualquer  relação  com  a  vinculação entre as partes, mas decorre, consoante esclarecido  pela Impugnante, dos fatores de mercado relatados acima;  ­  e  tanto  é  assim  que  a  Fiscalização  não  logrou  trazer  um  exemplo  sequer  de  componentes  negociados  no  mercado  a  valores superiores aos praticados pela Impugnante.  ­  a  titulo  de  exemplo,  em  outubro  de  2004  a  Impugnante  importou  circuito  integrado  monolítico  código  SMPY0003101,  por  valor  que,  no  entendimento  da  D.  Fiscalização,  seria  definido  apenas pela  existência  de  vinculo  entre  as  empresas  e  não por questões comerciais;  ­ quando foi solicitado à Impugnante que justificasse a razão do  preço  praticado  nestas  importações  especificas,  a  explicação  apresentada foi de que o preço dos componentes importados fora  reduzido em função da baixa venda no mercado;  ­  referido  componente  era,  à  época,  utilizado  na  produção  do  modelo  de  telefone  celular  LGBD40000.  Ocorre  que  referido  aparelho  deixou  de  ser  comercializado  em  fevereiro  de  2005,  sendo  certo  que  desde  outubro  de  2004  vinha  apresentando  Fl. 2090DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.064          8 expressiva queda nas vendas. De fato, em outubro de 2004 foram  vendidos 34.075 aparelhos; em novembro seguinte esse número  caiu para 25.640; em dezembro para 8.975; em janeiro de 2005  para 1.000 e, em fevereiro, para meras 23 unidades;  ­ também em novembro de 2004 foram vendidas as últimas 1000  unidades do modelo LGBD 2030;  ­  como  conseqüência,  a  busca  pelo  componente  utilizado  na  fabricação destes aparelhos diminui e o preço também;  ­ por outro lado, em fevereiro de 2005 foi lançado novo modelo  o  LGBD  5130,  em  cuja  fabricação  também  era  aplicado  o  componente SMPY0003101. A Impugnante, como qualquer outra  empresa, teve que se preparar para referido lançamento;  ­ isso fez com que, a partir de novembro de 2004, houvesse nova  demanda  pelo  SMPY0003101,  fazendo  com  que  os  preços  tornassem a subir;  ­  tal  se  repete  com  diversos  outros  componentes,  conforme  esclarecimentos prestados pela Impugnante;  ­ o mercado de produção de aparelhos de  telefones celulares é  um dos mais dinâmicos da atualidade e, portanto, esta sujeito a  freqüentes  variações,  inerentes  às  condições  de  mercado  e  independentes  da  vinculação  entre  as  partes,  e  isso  não  foi  considerado  pela  Fiscalização  ao  substituir  o  valor  da  transação:  ­  mas  não  foi  apenas  esse  elemento  que  deixou  de  ser  considerado pela Fiscalização;  ­  a  fiscalização  deixou  de  levar  em  consideração  que,  muitas  vezes, importador e exportador negociam valores reduzidos para  determinadas  importações  pontuais  visando  à  equalização  dos  preços  globais  em  função  da  já  mencionada  baixa  de  vendas,  descontinuidade  de  produtos,  bem  como  em  função  de  reclamações de clientes em relação aos aparelhos e defeitos nas  peças enviadas;  ­  tais preços  reduzidos  são, portanto, decorrentes de  fatores de  mercado,  fixados  conforme  o  principio  do  "Arms  length",  em,  negociação  independentes,  e  não  aguardam  qualquer  relação  com a vinculação entre as partes;  ­ ao longo do tempo é natural que parte dos produtos importados  apresentem defeitos de fabricação;  ­  em  função  dessas  circunstâncias,  a  empresa  sediada  no  exterior  e  negocia  com  os  adquirentes  (não  apenas  a  Impugnante,  mas  também  outras  empresa  no  mundo)  determinados  lotes  a  preços  reduzidos  para  suprir  as  perdas  decorrentes dos defeito de fabricação;  ­  esta  prática  está  em  perfeita  consonância  com  as  práticas  negociais  comuns  bem  como  com  os  princípios  Arm's  length  Fl. 2091DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.065          9 sendo  certo  que  não  há  qualquer  influência  da  vinculação  na  definição destes preços;  ­  ressalte­se  ainda  que,  em  se  tratando  de  importação  de  mercadorias mormente  embarcadas  na Coréia  do  Sul,  torna­se  muito  dispendioso  proceder  a  devolução  das  mercadorias  que  apresentam  defeitos  sendo menos  custoso  suprir  as  perdas  por  meio de negociação de preços;  ­  nesse  sentido,  cite­se  a  Nota  Explicativa  3.1  veiculada  pela  Instrução  Normativa  318/03,  que  determina  que  no  caso  de  mercadorias  avariadas,  deve  haver  uma  aplicação  flexível  do  primeiro método de  valoração aduaneira,  considerando­se,  nos  termos do  item, 8 a) da nota 3.1 "um preço renegociado (tendo  presente  que  para  chegar  a  este  preço  pode­se  ter  em  consideração uma  indenização por parte do vendedor, ou o fato  de que o vendedor queira evitar os gastos que incorreria caso as  mercadorias fossem devolvidas)."  ­  em  situações  comerciais  normais  é  justo  e  razoável  que  as  empresas negociem preços distintos e que, após uma negociação  por  valores  em  alta,  as  partes,  cientes  da  existência  de  reclamações,  quebras,  queda  de  vendas  e  descontinuidade  de  produtos, negociem lotes com reduções nos preços;  ­  assim,  como  foram  praticados  preços  que  representam  uma  queda  um  pouco  mais  acentuada  quando  comparadas  com  o  preço  médio  adotado,  também  há  momentos  em  que  a  Impugnante  pratica  preços  superiores  inclusive  ao  preço  considerado adequado pela D. Fiscalização;  ­  está­se  diante  de  preços  praticados  para  produtos  com  a  mesma classificação fiscal e, portanto, sujeitos à mesma alíquota  do II e do IPI;  ­ além de todo o acima exposto, considerando­se o valor global  médio, nenhum prejuízo ao Erário pode ser alegado na medida  em  que  a  própria  empresa  pratica  preços  inclusive  superiores  àqueles aceitos como parâmetro pela D. Fiscalização;  ­  para  que  os  preços  sejam  considerados  influenciados  pela  vinculação  é  preciso  que  exista  distorção  expressiva  entre  o  valor praticado na operação de importação e o valor original do  produto, seja ele de aquisição seja de produção, ou , ainda, das  margens  de  lucro  do  Importador  e  nada  disso  ocorreu  no  presente caso;  ­  o  acordo  de  valoração  aduaneira  prevê  que  seja  adotado  o  menor  preço  praticado  e  o  auto  de  infração  não  observou  tal  determinação,  assim  como  também  deixou  de  considerar  os  aceitos da variação do cambio;  ­  a multa administrativa de 1% do valor da operação, prevista  no inciso I, do parágrafo 2° e parágrafo 1 °. ambos do artigo 69  da  lei  10.833/03,  não  é  cabível.  Isso  porque,  ainda  que  a  Impugnante houvesse omitido o verdadeiro  fabricante, o que se  Fl. 2092DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.066          10 admite  apenas  por  argumentação,  esta  seria  cabível  caso  este  tivesse  tomado parte na operação comercial em questão, o que  não ocorreu;  ­  tal multa  tem natureza punitiva e como  tal está  submetida ao  principio da estrita tipicidade;  ­ não houve por parte da Impugnante, omissão quanto as partes  envolvidas  na  operação.  Muito  pelo  contrário,  a  Impugnante  informou  corretamente  o  exportador  (fato  que  jamais  foi  questionado) o qual, ademais, é empresa vinculada;  ­  se  erro  houve,  o  que  se  admite  apenas  por  amor  à  argumentação,  trata­se  de  mero  erro  de  fato  sem  qualquer  implicação para o Fisco;  ­ a multa de 75% também é incabível, pois além da multa acima  citada as autoridades estão exigindo referida multa;  ­ há identidade entre as duas multas aplicadas, sendo certo que a  Fiscalização  esta  fazendo  ambas  incidirem  sobre  a  mesma  suposta  infração,  ou  seja,  está  a  Impugnante  sendo penalizada  em duplicidade;  ­  ficou  demonstrado  que  a  vinculação  entre  as  empresas  importadora  e  exportadora  não  teve  qualquer  influência  na  fixação  dos  preços  praticados  nas  operações  de  importação,  requer  assim  o  cancelamento  do  lançamento  do  II,  IPI,  PIS  e  Cofins e Juros de mora, multa proporcional consignados no auto  de  infração,  como  também  o  cancelamento  da  multa  administrativa;  Sobreveio  decisão  da  2ª  Turma  da  Delegacia  da  Receita  Federal  de  Julgamento em São Paulo II/SP, que julgou, por unanimidade de votos, procedente em parte a  impugnação.  Os  fundamentos  do  voto  condutor  do  acórdão  recorrido  encontram­se  consubstanciados na ementa abaixo transcrita:  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO­ II  Período de apuração: 18/07/2002 a 20/12/2005  SUBFATURAMENTO.  VALORAÇÃO  ADUANEIRA.  PENALIDADE.  As  acusações  de  subfaturamento  dependem  da  desconstituição  da fatura comercial que instruiu o despacho. Ou seja, dependem  de  prova  de  que  o  real  valor  da  transação  difere  do  valor  faturado e, portanto, declarado.  O simples fato de um preço ser inferior aos preços correntes de  mercado  para  mercadorias  idênticas  não  é  motivo  para  sua  rejeição,  conforme  expresso  na  Opinião  Consultiva  2.1,  integrante das regras de interpretação do Acordo de Valoração  Aduaneira,  cuja observância  foi  objeto  do  art.  1'  da  Instrução  Normativa  SRF  n°  17,  de  1998,  revogada  pela  Instrução  Fl. 2093DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.067          11 Normativa  SRF  n°  318,  de  04/04/2003,  que  manteve  o mesmo  texto da Opinião Consultiva n° 2.1.  FABRICANTE.  INFORMAÇÃO  INCORRETA  NA  DI.  APLICAÇÃO  DE  MULTA.  Ao  ser  prestada  erroneamente  a  informação  do  fabricante,  estará  o  importador  sujeito  ao  pagamento  da multa  prevista  no  art.  84  da Medida Provisória  n°2.158­35, de 2001, nos termos do disposto no art. 69 da Lei n°  10.833,  de  2003,  por  estar  caracterizada  a  prestação  de  informação  de  natureza  comercial  de  forma  inexata  ou  incompleta. Dispositivos Legais: MP 2.158­35, de 2001, art. 84;  Lei n° 10.833, de 2003, art. 69; § 2°, I.  A decisão foi objeto de recurso de ofício a este Conselho.  Inconformada  com  a  decisão,  apresentou  a  recorrente,  tempestivamente,  recurso  voluntário.  Na  oportunidade,  reiterou  os  argumentos  colacionados  em  sua  defesa  inaugural.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto  Os recursos de ofício e voluntário atendem aos requisitos de admissibilidade,  razão pela qual deles tomo conhecimento.  Do recurso de ofício  A decisão  recorrida  cancelou  o  presente  auto  de  infração  em  relação  ao  II,  IPI,  Pis  e  Cofins  exigidos  por  entender  inexistirem  provas  suficientes  para  comprovar  o  subfaturamento de preços constatado pela Fiscalização.   Em análise ao recurso de ofício, esclarece­se que o valor aduaneiro deve ser  apurado por meio da aplicação do Acordo de Valoração Aduaneira ­ AVA, conforme previsto  no art. 75 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de  2009.  Incluem­se  ainda  na  base  normativa  para  solução  dos  problemas  aduaneiros  as Notas  explicativas,  Comentários,  Opiniões  Consultivas,  Estudos  e  Estudos  de  Caso  emanados  do  Comitê  Técnico  de  Valoração  Aduaneira,  da  Organização  Mundial  de  Aduanas  (OMA)  aprovados, conforme previsto pela Instrução Normativas SRF nº 318, de 4 de abril de 2003.   Pois bem, o artigo 1º do AVA assim dispõe:  1. O valor aduaneiro de mercadorias importadas será o valor de  transação,  isto  é,  o  preço  efetivamente  pago  ou  a  pagar  pelas  mercadorias  em  uma  venda  para  exportação  para  o  país  de  importação, ajustado de acordo com as disposições do Artigo 8,  desde que:   (a) não haja restrições à cessão ou à utilização das mercadorias  pelo comprador, ressalvadas as que:   Fl. 2094DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.068          12 (i) sejam impostas ou exigidas por lei ou pela administração  pública do país de importação;   (ii)  limitem  a  área  geográfica  na  qual  as  mercadorias  podem ser revendidas; ou   (iii) não afetem substancialmente o valor das mercadorias;  (b) a venda ou o preço não estejam sujeitos a alguma condição  ou  contra­prestação  para  a  qual  não  se  possa  determinar  um  valor em relação às mercadorias objeto de valoração;   (c) nenhuma parcela do  resultado de qualquer  revenda,  cessão  ou  utilização  subseqüente  das  mercadorias  pelo  comprador  beneficie  direta  ou  indiretamente  o  vendedor,  a menos  que  um  ajuste  adequado  possa  ser  feito  de  conformidade  com  as  disposições do Artigo 8; e   (d) não haja vinculação entre o comprador e o vendedor ou, se  houver,  que  o  valor  de  transação  seja  aceitável  para  fins  aduaneiros,  conforme  as  disposições  do  parágrafo  2  deste  Artigo.  Segundo tal dispositivo, que estabelece o primeiro e preferencial método de  valoração  aduaneira,  adota­se  como  valor  aduaneiro  o  valor  efetivo  da  transação  das  mercadorias,  ou  seja,  o  preço  efetivamente  pago  pela  mercadoria  importada.  Caso  não  seja  possível a apuração do valor real da transação, utiliza­se os demais métodos previstos no AVA,  que devem ser aplicados de forma seqüencial e sucessiva.  Pois  bem,  a  fiscalização  justifica  o  lançamento  na  afirmação  de  que  teria  ocorrido subfaturamento nas importações, de forma que o valor real da transação seria superior  ao valor declarado pela contribuinte em suas DI’s.  Para que a  tese da  fiscalização possa prosperar,  exige­se a  comprovação de  que  os  valores  constantes  dos  documentos  apresentados  pelo  contribuinte  para  comprovar  o  valor da  importação, notadamente  a  fatura  comercial,  são  irreais,  inferiores  aos  efetivamente  praticados, de forma a caracterizar o subfaturamento.  A  fiscalização  baseia  seu  entendimento  na  existência  de  vínculo  entre  o  exportador  e  o  importador,  bem  como  na  constatação  de  que  as  mercadorias  objetos  da  valoração foram faturadas com base em preços inferiores aos praticados em outras operações  da própria interessada.  Delimitada  a  lide,  entendo que  o  simples  fato  de haver vinculação  entre  as  partes  não  desqualifica,  de  plano,  o  valor  da  transação  como  base  para  definição  do  valor  aduaneiro.  Deve  restar  configurado  que  a  vinculação  provocou  distorções  no  preço.  Isto,  contudo, não foi explorado pela autoridade fiscal.  A  comprovação  do  alegado  subfaturamento  recai  no  fato  de  os  valores  declarados  –  e  constantes  das  faturas  comerciais  –  apresentarem­se  bastante  inferiores  aos  valores pagos pela recorrente em operações anteriores.  Neste  ponto,  entendo  aplicável  a  lide  o  disposto  na Opinião Consultiva  n°  2.1:  Fl. 2095DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.069          13 Opinião Consultiva 2.1  ACEITABLLIDADE DE UM PREÇO INFERIOR AOS PREÇOS  CORRENTES  DE  MERCADO  PARA  MERCADORIAS  IDÊNTICAS  1.  Foi  formulada  a  questão  acerca  da  aceitabilidade  de  um  preços  inferior  aos  preços  correntes  de  mercadorias  idênticas  quando  da  aplicação  do  Art.  1  do  Acordo  sobre  a  Implementação  do  Artigo  VII  do  Acordo  Geral  sobre  Tarifas  Aduaneiras e Comércio.  2.  O  comitê  Técnico  de  Valoração  Aduaneira  examinou  esta  questão  e concluiu que o  simples  fato de um preço ser  inferior  aos  preços  correntes  de  mercado  para  mercadorias  idênticas  não poderia ser motivo para sua rejeição para os fins do Artigo  1º,  sem  prejuízo,  no  entanto,  do  estabelecido  no  artigo  17  do  Acordo.  Artigo 17  Nenhuma disposição deste Acordo poderá ser interpretada como  restrição  ou  questionamento  dos  direitos  que  têm  as  administrações aduaneiras de se assegurarem da veracidade ou  exatidão  de  qualquer  afirmação,  documento  ou  declaração  apresentados para fins de valoração aduaneira.  Assim sendo,  tendo em vista que a desconsideração dos valores declarados  pela  recorrente  em  suas DI  teve  por  base  apenas  “o  simples  fato  de  um  preço  ser  inferior  aos  preços correntes de mercado para mercadorias idênticas” mostra­se correta a decisão recorrida em  cancelar o lançamento, por falta de comprovação.  Nego, portanto, o recurso de ofício.  Do recurso voluntário  A  recorrente  contesta  a  manutenção  da  multa  por  declaração  inexata  do  fabricante das mercadorias importadas.  A  penalidade  encontra­se  prevista  no  artigo  84  da  MP  2.158­35/2001,  combinado com o artigo 69, § 1º e § 2º, inciso I, da Lei nº 10.833/03, abaixo transcritos:  MP 2.158­35/2001  Art.  84.  Aplica­se  a  multa  de  um  por  cento  sobre  o  valor  aduaneiro da mercadoria:  I ­  classificada  incorretamente  na  Nomenclatura  Comum  do  Mercosul,  nas  nomenclaturas  complementares  ou  em  outros  detalhamentos  instituídos  para  a  identificação  da  mercadoria;  ou  II ­ quantificada  incorretamente  na  unidade  de  medida  estatística estabelecida pela Secretaria da Receita Federal.  Fl. 2096DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.070          14 § 1o O  valor  da multa  prevista  neste  artigo  será  de R$  500,00  (quinhentos reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior.  § 2o A aplicação da multa prevista neste artigo não prejudica a  exigência  dos  impostos,  da  multa  por  declaração  inexata  prevista  no art.  44  da  Lei  no  9.430,  de  1996,  e  de  outras  penalidades  administrativas,  bem  assim  dos  acréscimos  legais  cabíveis.  Lei 10.833/2003  Art.  69.  A  multa  prevista  no  art.  84  da  Medida  Provisória  no 2.158­35, de 24 de agosto de 2001, não poderá ser superior a  10% (dez por cento) do valor  total  das mercadorias constantes  da declaração de importação.  §  1o A  multa  a  que  se  refere  o  caput  aplica­se  também  ao  importador, exportador ou beneficiário de regime aduaneiro que  omitir ou prestar de  forma  inexata ou  incompleta  informação  de  natureza  administrativo­tributária,  cambial  ou  comercial  necessária  à  determinação  do  procedimento  de  controle  aduaneiro apropriado.  §  2o As  informações  referidas  no  §  1o,  sem  prejuízo  de  outras  que venham a ser estabelecidas em ato normativo da Secretaria  da  Receita  Federal,  compreendem  a  descrição  detalhada  da  operação, incluindo:  I ­ identificação completa e endereço das pessoas envolvidas na  transação:  importador/exportador;  adquirente  (comprador)/fornecedor  (vendedor),  fabricante,  agente  de  compra ou de venda e representante comercial;  [...] (grifo nosso)  Resta  configurada  a  infração,  portanto,  nas  situações  em  que  o  importador  omite  ou  presta  informação  inexata  ou  incompleta  de  natureza  administrativo­tributária,  cambial  ou  comercial  necessária  à  determinação  do  procedimento  de  controle  aduaneiro  apropriado.  O  parágrafo  2º  do  artigo  69  da  Lei  nº  10.833/03  esclarece  ainda  que  as  informações a que o §1º alude compreendem a descrição detalhada da operação, incluindo a  identificação  completa  e  endereço  das  pessoas  envolvidas  na  transação,  entre  eles  o  fabricante.  Em  análise  aos  autos,  constata­se  que  a  própria  recorrente,  em  reposta  a  intimação  fiscal  (fl  95,  item 3),  reconhece  ter prestado a  informação  incorreta em relação ao  fabricante dos produtos importados.  Mercadorias  fabricadas  pelas  empresas  Toshiba  Semiconductor  Company,  National  Semiconductor  Manufacturer  (  Malasya  ou  Singapore  ),  Conexant  Systems,  Inc  e  Samsung SDI Co, Ltd  foram declaradas como  tendo por  fabricante a empresa LG Eletronics  Inc.  Fl. 2097DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.071          15 Assim  sendo,  restando  caracterizada  a  conduta  vedada, mostra­se  correta  a  decisão recorrida em manter a exigência da multa.  Por fim, a recorrente alega ser devida a incidência dos juros de mora sobre as  multas aplicadas, por falta de previsão legal.  Em relação ao tema, entendo ser devida a Taxa Selic nos cálculos dos débitos  dos contribuintes para com a Fazenda Pública Federal, independente de tratar­se de obrigação  principal  decorrente  da  ocorrência  de  fato  gerador  ou  decorrente  da  aplicação  de penalidade  pecuniária.  O artigo 43 da Lei nº. 9.430/96, que sustenta a exigência, assim dispõe:  Art.  43. Poderá  ser  formalizada  exigência  de  crédito  tributário  correspondente  exclusivamente  a  multa  ou  a  juros  de  mora,  isolada ou conjuntamente.  Parágrafo  único.  Sobre  o  crédito  constituído  na  forma  deste  artigo,  não  pago  no  respectivo  vencimento,  incidirão  juros  de  mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir  do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até  o mês anterior ao do pagamento  e de um por cento no mês de  pagamento.  Da leitura do dispositivo acima transcrito, resta claro que o crédito tributário,  relativo à penalidade pecuniária, constituído de ofício, não pago no respectivo vencimento, fica  sujeito à incidência de juros moratórios, calculados à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês  subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no  mês de pagamento.  Assim,  descabe  razão  à  recorrente  quando  afirma  não  haver  previsão  legal  para  a  incidência  dos  juros  de  mora  sobre  as  multas  que  lhes  foram  aplicadas,  visto  que  o  crédito tributário quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária não pago  no respectivo vencimento, fica sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic, a  partir do primeiro dia do mês subsequente  ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do  pagamento e de um por cento no mês de pagamento.  Diante de todo o exposto, voto por negar provimento aos recursos de ofício e  voluntário.  Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator                                Fl. 2098DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/2007­05  Acórdão n.º 3201­001.927  S3­C2T1  Fl. 2.072          16     Fl. 2099DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO

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Numero do processo: 10880.029443/99-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1988 a 30/09/1995 APENSAÇÃO DE PROCESSOS. DESNECESSIDADE. Não há necessidade de anexação de processos para um julgamento único, quando já há Acórdãos do CARF publicados para os processos em tela. DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. Descarta-se a realização de diligência para cálculos quando não prosperam as alegações de base do contribuinte. Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-002.646
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas. Participaram da sessão de julgamento, os conselheiros: Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas (relator), Sidney Eduardo Stahl, Andrada Márcio Canuto Natal, Fábia Regina de Freitas e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente).
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1757; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C3T1  Fl. 1.318          1 1.317  S3­C3T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10880.029443/99­72  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3301­002.646  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  18 de março de 2015  Matéria  PIS ­ Restituição de Empresas Incorporadas  Recorrente  SIEMENS LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP  Período de apuração: 01/01/1988 a 30/09/1995  APENSAÇÃO DE PROCESSOS. DESNECESSIDADE.  Não  há  necessidade  de  anexação  de  processos  para  um  julgamento  único,  quando já há Acórdãos do CARF publicados para os processos em tela.  DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE.  Descarta­se a realização de diligência para cálculos quando não prosperam as  alegações de base do contribuinte.  Recurso Voluntário Negado      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento  ao  recurso  voluntário,  nos  termos  do  relatório  e  voto  que  integram  o  presente  julgado.   Rodrigo da Costa Pôssas ­ Presidente.   Luiz Augusto do Couto Chagas.  Participaram  da  sessão  de  julgamento,  os  conselheiros:  Mônica  Elisa  de  Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas (relator), Sidney Eduardo Stahl, Andrada Márcio Canuto  Natal, Fábia Regina de Freitas e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente).           AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 02 94 43 /9 9- 72 Fl. 1319DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/99­72  Acórdão n.º 3301­002.646  S3­C3T1  Fl. 1.319          2     Relatório  Por bem relatar os  fatos, adoto o relatório elaborado pela decisão  recorrida,  abaixo transcrito:  Trata  o  presente  processo,  protocolizado  em  29.09.1999,  de  pedido  de  reconhecimento de direito creditório para  fins de  restituição/compensação, ao qual  foram  apensados  os  processos  13804.000822/2003­38,  13804.001363/2003­18,  13804.002121/2003­33,  concernentes  a  “Declarações  de  Compensação”e  10880.720217/2005­48,  concernente  a  “controle  de  débitos  compensados  com  créditos  pleiteados  no  processo  10880.029443/99­72”  (fls.  153  do  processo  10880.720217/2005­48).  Formulário  de  Pedido  de Restituição  em  fl.  1.  Pelo  arrazoado  de  fls.  6/12,  alega a Interessada, em síntese, no sentido: de que, embora já tenha se recuperado de  pagamentos  indevidos  efetuados  com  fulcro  nos  inconstitucionais  Decretos­lei  2.445/88 e 2.449/88, isto ocorreu de forma incompleta, pois deixou­se de considerar  que a base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de  1970, é o  faturamento do sexto mês  anterior;  e de que socorreu­se  junto ao Poder  Judiciário a fim de ver garantido seu o direito à compensação.  A  Interessada  requereu  a  ajuntada de  planilha  elaborada,  segundo disse,  em  conformidade  com  os  fatores  de  atualização  constantes  do  Provimento  24  do  Tribunal Regional Federal da 3ª Região.   Mediante  o  despacho  decisório  de  fls.  26/30  a  pretensão  de  restituição/compensação  da  Interessada  foi  indeferida. A  posição  da Delegacia  da  Receita Federal do Brasil de origem vai, em suma, no sentido: de que há “ausência  dos  DARF,  que  comprovem  os  recolhimentos  alegados”  (fl.  27),  e  de  elementos  necessários  à  apuração  do  suposto  crédito  adicional;  de  que  o  Mandado  de  Segurança  que  “deferiu  a medida”  (fl.  28)  em  favor do  sujeito  passivo  “não  teria  transitado em julgado” (fl. 28); de que, embora indevidamente instruído o processo,  não há obstáculo para decidir sobre o caso em pauta; de que o direito reivindicado  foi  parcialmente  fulminado  pelo  transcurso  do  prazo  de  cinco  anos,  conforme  previsto no artigo 168,  I,  do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172, de  25/10/1966), e consoante o entendimento exposto no Ato Declaratório SRF nº 96, de  26.11.1999; de que o prazo de seis meses previsto na Lei Complementar 7/70 é de  vencimento, razão pela qual não pode prosperar a pretensão da Interessada.   Contra  o  despacho  decisório  foi  apresentada  a  irresignação  de  fls.  33/50  (protocolo em fl. 32). A posição da Recorrente vai, em síntese, no sentido: de que,  não  obstante  a  Unidade  a  quo  tenha  falado  sobre  a  deficiência  de  instrução  do  pedido apresentado, entendendo que isto não obstaculizava “uma análise conclusiva  quanto ao mérito” (fl. 35), considera a Interessada estar o mesmo “adequadamente  instruído” (fl. 35); de que “a discussão da matéria em sede da presente impugnação,  restringi­se  a  análise  do  contraditório  instaurado,  vale  dizer:  a  determinação  da  base de cálculo do PIS (...); e a análise quanto à decadência (...)” (fl. 35); de que o  art. 6º, parágrafo único, da Lei Complementar 7/70 “diz respeito à determinação da  base de cálculo do PIS e não ao seu prazo de vencimento” (fl.39); de que a fluência  do  prazo  decadencial  conta­se  da  publicação  da  Resolução  do  Senado  Federal  nº  Fl. 1320DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/99­72  Acórdão n.º 3301­002.646  S3­C3T1  Fl. 1.320          3 49/1995 ou conta­se a partir de decisão judicial transitada em julgado, entendimento  este  com  suporte  no  Parecer  COSIT  nº  58/98;  de  que,  sob  outro  prisma,  o  prazo  decadencial  para  a  recuperação  do  indébito  é  de  5  anos  contados  do  fato  gerador,  acrescido  de  mais  5  anos,  resultando  num  prazo  total  de  10  anos;  e  de  que  “o  contribuinte (...) possui ações judiciais em curso discutindo o direito ao exercício da  restituição/compensação referente ao crédito que tem relativo à contribuição ao PIS  recolhida  indevidamente,  porém  que  pretende  seja  homologado,  em  razão  da  competência privativa da autoridade administrativa” (fl. 49/50).  Pela Decisão DRJ/CTA 208, de 28 de março de 2001  (fls.  93/109),  não  foi  dado  provimento  à  irresignação  da  Recorrente,  entendendo  a  primeira  instância  julgadora, em síntese, no sentido: de que o direito de pleitear restituição de tributo  ou contribuição pago a maior ou indevidamente extingui­se com o decurso do prazo  de 5 (cinco) anos contados da data da extinção do crédito tributário; e de que o prazo  de seis meses atinente ao PIS era para o recolhimento da contribuição.  Pelo  Recurso  Voluntário  de  fls.  116/139,  a  Recorrente  faz  alegação,  em  síntese,  no  sentido:  de  que  o  art.  6º,  parágrafo  único,  da  Lei  Complementar  7/70  cuida da determinação da base de cálculo do PIS e não de prazo de vencimento; e de  que a fluência do prazo decadencial conta­se da publicação da Resolução do Senado  Federal  nº  49/1995  ou  conta­se  a  partir  de  decisão  judicial  transitada  em  julgado,  entendimento este com suporte no Parecer COSIT nº 58/98.  Pelo  Acórdão  201­76.238  da  Primeira  Câmara  do  Segundo  Conselho  de  Contribuintes (fls. 143/159) foi dado provimento ao Recurso, por maioria de votos,  sendo  decidido,  em  síntese:  que  a  fluência  do  prazo  decadencial  conta­se  da  publicação da Resolução do Senado Federal nº 49/1995; e que a base de cálculo do  PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o  faturamento do  sexto mês anterior, sem correção monetária.  Pelo  Recurso  Especial  de  fls.  162/169  (protocolo  em  fl.  161),  a  Fazenda  Nacional posiciona­se no sentido, em síntese, de que o art. 6º, parágrafo único, da  Lei Complementar 7/70 não cuida da determinação da base de cálculo do PIS e sim  de prazo de recolhimento.  Apresentou a Contribuinte Contra­razões em fls. 189/199, continuação em fls.  202/204 (protocolo em fl. 188). Alega a Interessada, em síntese, no sentido de que a  base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o  faturamento do sexto mês anterior.  Pelo Acórdão CSRF/02­01.748  (fls.  214/218),  a Segunda Turma da Câmara  Superior  de  Recursos  Fiscais  negou  provimento  ao  Recurso  Especial  da  Fazenda  Nacional,  tendo  em  conta,  em  síntese,  o  entendimento  de  que,  até  o  início  da  incidência da MP 1.212/95, a base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei  Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção  monetária,  “sem  embargo  das  prerrogativas  do  fisco  no  sentido  de  proceder  aos  devidos cálculos para apuração do valor correto a ser restituído ou compensado”  (fl. 218).  Pelo Despacho Decisório de  fls.  1131/1137,  a Autoridade a quo  deferiu  em  parte o pedido de restituição e homologou as compensações declaradas até o limite  do direito creditório reconhecido. Referida decisão limitou­se a dispor sobre créditos  da  própria  Siemens  Ltda.,  desconsiderando  eventuais  créditos  de  empresas  incorporadas.  Integram  o  decisum  várias  tabelas  demonstrativas,  ficando  “distribuídos/controlados” (fl. 1135) em conformidade com as Tabelas 02 a 05 “os  crédito e débitos originalmente distribuídos e relacionados na Tabela 01” (fl. 1135).  Fl. 1321DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/99­72  Acórdão n.º 3301­002.646  S3­C3T1  Fl. 1.321          4 Destaca­se “que o contribuinte em epígrafe teria compensado” (fl. 1136), consoante  Tabela 05, “outros débitos de PIS em DCTF apenas” (fl. 1136).  Pela Manifestação de Inconformidade de fls. 1154/1167, a Contribuinte alega,  em síntese, no sentido: de que, “No tocante às compensações efetuadas somente em  DCTF”  (fl.  1158),  equivoca­se  a Autoridade  Fiscal  “na medida  em  que  juntamos  nesta  oportunidade  cópia  da  DCOMP  nº  29516.37618.150903.1.3.04­0870  que  demonstra  ter  sido  compensado,  um  dos  débitos  alegados  na  “Tabela  05”,  utilizando­se os meios adequados” protestando “pela posterior juntadas das demais  DCOMPs  comprobatórias  das  regulares  compensações”  (fl.  1158);  de  que  “a  Impugnante se sub­rogou nos créditos” (fl. 1163) de empresas por ela incorporadas;  e de que a atualização dos  indébitos deve ser efetuada nos termos do “Provimento  24/97  do  TRF  da  3ª  Região”  (fl.  1165),  não  consoante  a  Norma  de  Execução  Conjunta SRF/COSIT/COSAR nº 8/97.  Defende a Contribuinte “diligência para recálculo dos valores apresentados”  (fl.  1158),  o  cabimento  da  anulação  da  decisão  recorrida,  “em  se  comprovando  o  equívoco”  (fl.  1167),  o  refazimento  dos  cálculos,  a  reunião  dos  “processos  de  restituição  (108030.005695/94­51,  10980.011653/99­95  e  10880.029443/99­72)”  (fl.  1167)  e que  sejam “considerados os créditos das  empresas  incorporadas”  (fl.  1167).    A  Delegacia  da  Receita  Federal  de  Julgamento  em  São  Paulo  ­  I  ­  SP1  indeferiu a manifestação de inconformidade sob a seguinte ementa:  Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep  Ano­calendário:  1988,  1989,  1990,  1991,  1992,  1993,  1994,  1995  NULIDADE.INEXISTÊNCIA. É  incabível  de  ser  pronunciada a  nulidade  da  decisão  não  comprovadamente  proferida  por  autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.  INCORPORAÇÃO.AUTONOMIA  PROCESSUAL.  Deve­se  considerar  a  autonomia  processual  em  razão  do  pedido  ou  da  causa  de  pedir.  Nessa  conformidade,  não  se  pode  confundir  processos com créditos diversos, ainda que de um mesmo titular.  ATUALIZAÇÃO  MONETÁRIA.PRONUNCIAMENTO  DA  INSTÂNCIA  SUPERIOR.  Descabe  à  instância  a  quo  tomar  conhecimento  da  questão  já  objeto  de  pronunciamento  pela  instância ad quem.  DOCUMENTO  INATIVO.  Se  o  documento  compensatório  do  qual  se  pretende  valer  a  recorrente  não  está  ativo,  tendo  sido  substituído por outro, não presta­se a comprovar compensações.  CRÉDITOS  DISTINTOS.  Sendo  diferentes  os  créditos,  as  compensações neles fundadas também o são.  PROVAS. No processo administrativo­fiscal as provas devem ser  carreadas aos autos na peça contestatória. Por outro lado, não  havendo  notícias  de  qualquer  requerimento  solicitando  a  anexação  desta  ou  daquela  documentação  adicional  a  fim  de  Fl. 1322DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/99­72  Acórdão n.º 3301­002.646  S3­C3T1  Fl. 1.322          5 alicerçar  a  peça  contestatória,  nada  resta  em  concreto  para  decidir sobre a juntada de eventuais novas provas/documentos.  DILIGÊNCIA.  Descarta­se  a  realização  de  diligência  para  cálculos  quando  não  prosperam  as  alegações  de  base  do  contribuinte.  A  Recorrente  apresentou  Recurso  Voluntário  requerendo  que  fossem  unificados  os  processos  das  empresas  incorporadas  a  este,  para  que  haja  um  julgamento  conjunto, justo, evitando assim o risco de decisões conflitantes.  É o relatório.                                                                              Fl. 1323DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/99­72  Acórdão n.º 3301­002.646  S3­C3T1  Fl. 1.323          6       Voto             Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator.  O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos em  lei e deve ser conhecido.  O processo em tela percorreu  todas as etapas do contencioso administrativo  até a publicação de Acórdão pela Câmara Superior de Recursos Fiscais ­ CSRF. No momento  do cumprimento da decisão pela Delegacia da Receita Federal de circunscrição do contribuinte,  a recorrente não concordou com os cálculos e o processo recomeçou a sua tramitação.  A Recorrente apresentou Recurso Voluntário para que fossem reconhecidos  os pedidos de restituição e compensação efetuados, bem como para que fossem unificados os  processos  das  empresas  incorporadas pela  recorrente,  para que seja  realizado um  julgamento  conjunto, evitando assim o risco de decisões conflitantes.  O  processo  da  incorporada  Equitel  S/A  Equipamentos  e  Sistemas  de  Telecomunicações  (10980.011653/99­95)  diz  respeito  também  ao  pedido  de  restituição  para  contemplar a semestralidade no computo dos créditos reconhecidos em virtude da declaração  de inconstitucionalidade dos Decretos­lei n° 2.445 e 2.449/88, períodos de apuração de 1989 a  1995.  O processo  teve seu Recurso Voluntário  julgado exatamente por esta  turma  da 3ª Câmara, da 3ª Seção e com o Acórdão publicado em 27 de janeiro de 2015, teve o recurso  provido em parte,  para  reconhecer que,  dos  períodos  de  apuração  requeridos pela  contribuinte,  foram atingidos pela decadência aqueles relativos a períodos anteriores a 29 de junho de 1989.   Assim, foi reconhecido o direito da Recorrente a reaver o indébito, referente aos  fatos geradores ocorridos a partir de 29 de junho de 1989.  Transcrevo abaixo o voto condutor da Ilustre Conselheira Monica Elisa de Lima:    Conheço  do  Recurso,  por  preencher  os  requisitos  de  admissibilidade.  Ressalto  que,  apesar  de  não  constar  cópia  do  Aviso de Recebimento nos autos, a Autoridade Preparadora não  fez qualquer observação no sentido de não serem fidedignas as  informações  prestadas  pela  Contribuinte  nas  fls.  1068  e  1088,  em relação à data da ciência.     A  questão  que  remanesce  neste  Recurso  Voluntário  diz  respeito  ao  prazo  para  pleitear  a  repetição  de  indébito  do PIS  recolhido na forma dos inconstitucionais Decretos­Lei no 2.445 e  2.449 de 1988.     Conforme  se  observa  na  fl.  01,  o  pedido  foi  protocolizado  em  29  de  junho  de  1999  e  o  Sujeito  Passivo  está  a  pleitear  Fl. 1324DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/99­72  Acórdão n.º 3301­002.646  S3­C3T1  Fl. 1.324          7 restituições concernentes aos períodos de apuração de  julho de  1988 a setembro de 1995.     No  tocante à questão do prazo para requerer a  restituição  ou  a  compensação do  indébito,  há  de  se  ressaltar  que  a  regra  dos  5 + 5,  pela  qual  são  contados primeiro  cinco  anos  para  a  homologação  tácita  e  somente  depois  desses  primeiros  cinco  anos é que se contam os cinco anos para a decadência do direito  de  repetição  de  indébito,  persistiu  até  a  vacatio  legis  da  Lei  Complementar nº 118/2005 (09/06/2005).     O  Supremo  Tribunal  Federal,  em  relação  ao  tema,  manifestou­se  nos  autos  do RE  566621/RS,  dirimindo  qualquer  eventual  dúvida  acerca  da  aplicação  retroativa  da  Lei  Complementar nº 118/2005, decidiu exatamente da forma acima  enunciada, na forma do artigo 543­A, do CPC.     Destaque­se:   DIREITO  TRIBUTÁRIO  –  LEI  INTERPRETATIVA  –  APLICAÇÃO  RETROATIVA  DA  LEI  COMPLEMENTAR  Nº  118/2005  –  DESCABIMENTO  –  VIOLAÇÃO  À  SEGURANÇA  JURÍDICA  –  NECESSIDADE  DE  OBSERVÂNCIA  DA  VACACIO  LEGIS  –  APLICAÇÃO  DO  PRAZO  REDUZIDO  PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS  PROCESSOS  AJUIZADOS  A  PARTIR  DE  9  DE  JUNHO  DE  2005. Quando do  advento  da LC 118/05,  estava consolidada a  orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os  tributos  sujeitos  a  lançamento  por  homologação,  o  prazo  para  repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados  do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos  arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora  tenha  se  autoproclamado  interpretativa,  implicou  inovação  normativa,  tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato  gerador  para  5  anos  contados  do  pagamento  indevido.  Lei  supostamente  interpretativa  que,  em  verdade,  inova  no  mundo  jurídico  deve  ser  considerada  como  lei  nova.  Inocorrência  de  violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a  lei  expressamente  interpretativa  também  se  submete,  como  qualquer  outra,  ao  controle  judicial  quanto  à  sua  natureza,  validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido  prazo  para  a  repetição  ou  compensação  de  indébito  tributário  estipulado  por  lei  nova,  fulminando,  de  imediato,  pretensões  deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, 6 bem  como  a  aplicação  imediata  às  pretensões  pendentes  de  ajuizamento quando da publicação da  lei,  sem resguardo de  nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da  segurança  jurídica  em  seus  conteúdos  de  proteção  da  confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastando­se as  aplicações  inconstitucionais  e  resguardando­se,  no  mais,  a  eficácia da norma, permite­se a aplicação do prazo reduzido  relativamente  às  ações  ajuizadas  após  a  vacatio  legis,  conforme  entendimento  consolidado  por  esta  Corte  no  enunciado  445  da  Súmula  do  Tribunal.  O  prazo  de  vacatio  legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que  Fl. 1325DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/99­72  Acórdão n.º 3301­002.646  S3­C3T1  Fl. 1.325          8 tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem  as  ações  necessárias  à  tutela  dos  seus  direitos.  Inaplicabilidade  do  art.  2.028  do  Código  Civil,  pois,  não  havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do  novo  prazo  na  maior  extensão  possível,  descabida  sua  aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,  tampouco  impede  iniciativa  legislativa  em  contrário.  Reconhecida  a  inconstitucionalidade  art.  4º,  segunda  parte,  da  LC  118/05,  considerando­se  válida  a  aplicação  do  novo  prazo  de  5  anos  tão­somente  às  ações  ajuizadas  após  o  decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de  junho  de  2005.  Aplicação  do  art.  543B,  §  3º,  do  CPC  aos  recursos  sobrestados.  Recurso  extraordinário  desprovido.  (Sessão de 04/08/2011, DJ 11/10/2011).       Neste mesmo  sentido,  foi editada Súmula CARF, aprovada  pelo Pleno, em Sessão de 09.12.2013:     Súmula  CARF  nº  91:  Ao  pedido  de  restituição  pleiteado  administrativamente  antes  de  9  de  junho  de  2005,  no  caso  de  tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica­se o prazo  prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.     Desta maneira,  dos  períodos  de  apuração  requeridos  pela  Contribuinte, foram atingidos pela decadência aqueles relativos  a períodos anteriores a 29 de junho de 1989.   Assim,  voto  por  dar  provimento  parcial  ao  Recurso,  reconhecendo  o  direito  da  Recorrente  a  reaver  o  indébito,  referente aos fatos geradores ocorridos a partir de 29 de junho  de 1989.   Mônica Elisa de Lima ­ Relatora  Portanto,  apenas  esse  fato  já  seria  suficiente  para  negar  provimento  ao  recurso voluntário, entretanto, a recorrente pleiteou a anexação de outro processo.  O processo da incorporada Transformadores União Ltda. (10830.005695/94­ 51) também teve seu Recurso Voluntário julgado exatamente por esta turma da 3ª Câmara, da  3ª Seção e  com o Acórdão de Nº 3301­002.256, publicado em 25 de março de 2014,  teve o  recurso voluntário negado, com a seguinte ementa:  ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL  Período de apuração: 01/06/1989 a 31/12/1993  DECISÃO RECORRIDA. NULIDADE.  Não provada violação das disposições contidas nas normas  reguladoras do processo administrativo  fiscal, não há que  se falar em nulidade da decisão recorrida.  ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Fl. 1326DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/99­72  Acórdão n.º 3301­002.646  S3­C3T1  Fl. 1.326          9 Período de apuração: 01/06/1989 a 31/12/1993  RECURSO VOLUNTÁRIO. LIDE. MATÉRIA ESTRANHA.  Não se toma conhecimento da parte do recurso voluntário  cujas matérias de mérito suscitadas são estranhas à lide.  CRÉDITO.FINANCEIRO.RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃ O. PROVAS.ÔNUS.  Cabe ao requerente o ônus de provar a certeza e  liquidez  do  crédito  financeiro  objeto  da  repetição/compensação  reclamada.  Recurso Voluntário Negado.    O  recorrente  também  pleiteia  a  realização  de  diligência  para  que  sejam  calculados os valores de débitos e créditos de cada período de apuração.   Entretanto,  pelo  mesmo  motivo  exposto  acima,  a  diligência  não  se  faz  necessária.    Conclusão:    1)  Considerando  que  o  processo  da  empresa  incorporada  Equitel  S/A  Equipamentos e Sistemas de Telecomunicações sob o Nº 10980.011653/99­95 e o processo da  empresa incorporada Transformadores União Ltda, sob o Nº 10830.005695/94­51 já possuem  Acórdãos do CARF publicados, não há razão para a anexação dos processos com vistas a um  julgamento  único,  bastando  que  a  Delegacia  da  Receita  Federal  de  circunscrição  do  contribuinte  observe  todos  os  débitos  e  créditos  atinentes  a  cada  período  de  apuração,  no  momento do cumprimento das decisões.    2)  Pelos mesmos motivos  do  item 1,  a  diligência  requerida  pelo  recorrente  não se faz necessária.    Por  todos  os  fundamentos  expostos,  voto  por  negar  provimento  ao  recurso  voluntário.     Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas ­ Relator  (ASSINADO DIGITALMENTE)  LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS                            Fl. 1327DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/99­72  Acórdão n.º 3301­002.646  S3­C3T1  Fl. 1.327          10     Fl. 1328DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS

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Numero do processo: 14041.001546/2007-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 25 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue May 12 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3402-000.590
Decisão: RESOLVEM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da Terceira Seção de julgamento, por unanimidade de votos, em sobrestar o julgamento nos termos da Portaria CARF 01/2012. (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Relator e Presidente Substituto. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Silvia de Brito Oliveira, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca e Winderley Morais Pereira. RELATÓRIO Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: Trata-se de Autos de Infração com exigência tributária da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — Cofins (fls. 14/25) e da contribuição para o Programa de Integração Social — PIS/Pasep (fls. 26/36), incluindo o principal, multa de oficio proporcional (75%) e juros de mora, calculados até 30/11/2007, conforme demonstrativos consolidados às fls. 14 e 26, totalizando R$ 1.071.709,50 de débitos. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — Cofins R$ 932.482,63, Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS/Pasep R$ 139.226,87, Valor do Crédito tributário apurado R$ 1.071.709,50 Segundo a descrição dos fatos nos Autos de Infração, os lançamentos decorreram de procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela contribuinte supracitada, que constatou diferenças entre os valores declarados em DCTF e os escriturados na contabilidade da contribuinte a titulo de Cofins e PIS nos anos-calendário 2003, 2004, 2005 e 2006. As divergências encontradas estão ilustradas nas planilhas localizadas às fls. 30/33, que foram elaboradas a partir das bases de CÁLCULO apresentadas pela contribuinte (fls. 40/83), das informações contidas na DCTF e dos pagamentos processados nos sistemas internos da RFB. Os Autos de Infração pela falta de recolhimento da Cofins e do PIS foram elaborados com os mesmos elementos de prova. Cientificado, pessoalmente, das exigências em 28/12/2007 (fls. 14, 26 e 209), o sujeito passivo apresentou em 29/01/2008, impugnação dos autos de infração às fls. 211/319, contestando a base de cálculo apresentada pelo Fisco e pedindo a anulação do lançamento tributário, com os argumentos a seguir expostos: • afirma que a Fiscalização teria considerado como receita, durante o período fiscalizado, recursos registrados na conta do Programa Administrativo que, efetivamente, não constituiriam receita e/ou faturamento; • relata a ocorrência de diversas mudanças nas definições da base de CÁLCULO do PIS/Cofins e nas alíquotas que seriam aplicadas para a apuração das referidas contribuições; • descreve a sistemática da escrituração contábil adotada pela empresa: os recursos recebidos pela BB Previdência, em geral, dos patrocinadores e dos participantes, são contabilizados, primeiramente, em conta do Programa Previdencial. Do somatório desses recursos, parte é destinada ao Programa Administrativo, para fins de custeio/gerenciamento dos planos previdenciários, que, por sua vez, é canalizado para o Programa Investimento; outra parte (a maior parte) vai diretamente do Programa Providencial para o Programa Investimento; • observa que o procedimento de escrituração contábil das despesas com a administração e/ou gerenciamento dos planos previdenciários é realizado com base nas normas previstas na Resolução do Conselho de Gestão Previdenciária Complementar (CGPC) n° 5, de 30 de janeiro de 2002; • relata que a impugnante tem utilizado como base de cálculo para apuração das contribuições da Cofins e do PIS apenas os recursos contabilizados no "Programa Administrativo" para fins de custeio / gerenciamento dos planos previdenciários, acrescido dos rendimentos destes recursos administrados pela BB-DTVM; • informa que a BB-DTVM gerencia a carteira de investimentos constituída de recursos dos Programas Administrativos e Previdenciários, cujos rendimentos retornam proporcionalmente a cada programa, sendo que, num primeiro momento, o Programa Administrativo é que custeia as despesas incorridas a titulo de despesas relativas as carteiras de renda fixa e variável, sobre os ativos totais aplicados; • afirma que a base de cálculo utilizada para o cálculo das contribuições foi composta apenas dos recursos contabilizados no Programa Administrativo para fins de custeio / gerenciamento dos planos previdenciários, acrescidos dos rendimentos destes recursos administrados pela BB-DTVM; • esclarece que a BB-DTVM é remunerada com a taxa de administração até o percentual de 0,30% a.a., calculada pro rata temporis sobre o saldo diário do patrimônio administrativo, cujos valores são aprovisionados diariamente. Acrescenta que o valor total da taxa de administração devida e paga à BB-DTVM, inicialmente é debitado na conta do Programa Administrativo e, posteriormente, o referido programa se ressarci, proporcionalmente, perante o Programa Investimento. Continua informando que, em seguida ao débito inicial na conta do Programa Administrativo, há um ingresso e/ou crédito de valor (no Programa Administrativo) correspondente a uma parte das despesas com a taxa de administração pagas à Contratada e, em contrapartida, debita-se o Programa Investimento (em estrita sintonia com o previsto na letra "b", do item 5.2, Capitulo V, do Anexo "E", da Resolução CGPC n° 0. 5/02 - Anexo 1); • conclui que a diferença verificada na obtenção da base de cálculo seria referente ao movimento mensal da conta 6.4.2.3.01 — TRANSFERÊNCIA INTERPROGRAMAS - DÉBITOS – PROGRAMA ADMINISTRATIVO - CUSTEIO ADMINISTRATIVO e que nesta rubrica contábil seriam lançados os valores relativos ao ressarcimento ao "Programa Administrativo" das despesas havidas com a administração e controle dos investimentos (pagas à BB-DTVM) e registradas na rubrica 5.2.3.2 - DESPESAS - ADMINISTRAÇÃO DE INVESTIMENTOS - SERVIÇOS DE TERCEIROS, ao teor da Resolução CGPC n.° 05/2002; • alega que as transferências interprogramas teriam ocorrido em razão do ressarcimento de despesas incorridas no Programa de Investimentos referem-se, na verdade, a custos (e não faturamento) decorrentes de receitas financeiras; • esclarece que os valores incertos na base de cálculo seriam referentes às despesas incorridas pelo Programa Previdenciário, custeadas em um primeiro momento pelo Programa Administrativo, as quais foram, num segundo momento, transferidas daquele para este a titulo de ressarcimento de despesas; • cita doutrinadores, incluindo Maria Helena Diniz (Vocabulário Jurídico) e equipe de professores da USP (Contabilidade Introdutória); • afirma que aquilo que é estabelecido por norma contábil, não poderia ser contradito pelos agentes fiscais, de forma que o crédito contabilizado na conta do "Programa Administrativo" teria a função apenas de ressarcimento de despesas perante o Programa de Investimentos, sem propiciar um acréscimo no ativo constante do balanço patrimonial da Impugnante; • repudia a manutenção de autuações baseadas em norma inconstitucional, apontando que o art. 3°, § 1º, da Lei 9.718, de 1998, "que ampliou o conceito de renda bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvidas e da classificação contábil adotada", foi declarado inconstitucional pelo STF, cuja decisão já se encontra transitada em julgado desde 29.09.2006; • alega que a cobrança das contribuições da Cofins e do PIS apensa por rigor formal, além de indevida, teria intuito meramente arrecadatório, sendo de todo confiscatório, haja vista que as autuações procedidas teriam se fundamentado em norma legal que teria sido declarada inconstitucional pelo STF. Diante das considerações apresentadas, a contribuinte requer que sejam acolhidas as razões suscitadas para reconhecer a nulidade das autuações procedidas e, por conseguinte, desconstituir os lançamentos fiscais realizados declarando a insubsistência dos créditos tributários constituídos, porquanto além de supostamente indevidos, não teria sido caracterizada a hipótese de incidência dos referidos tributos (Cofins e PIS/Pasep). A 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Brasília (DF) considerou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 03-29.843, de 13 de março de 2009, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006 AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO NA APURAÇÃO DAS BASES DE CÁLCULO. O julgador deve buscar analisar as razões e provas apresentadas pelo impugnante, em confronto com as documentações e fatos (comprovados) que serviram de base ao lançamento. A contribuinte não logrou trazer aos autos material probatório que comprovasse as alegações feitas, o que permitiria a este colegiado formar convicção sobre as mesmas alegações. CONCEITO DE FATURAMENTO. BASE DE CÁLCULO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Os órgãos julgadores administrativos não são detentores de competência para apreciar argüições de inconstitucionalidade contra diplomas legais regularmente editados. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006 LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO. Aos lançamentos de PIS, aplica-se o decidido em relação ao auto de infração da Cofins, formalizado a partir da mesma matéria fática. Inconformado com a decisão proferida, o sujeito passivo protocolou recurso voluntário valendo-se dos mesmos fundamentos jurídicos e legais apresentados na impugnação. Termina a petição recursal requerendo que sejam acolhidas as razões recursais, dando provimento ao presente recurso, para, promovendo o cancelamento do injusto e indevido débito tributário lançado, seja reconhecida a nulidade das autuações lavradas em decorrência da suposta falta de declaração e recolhimento da COFINS e PIS/PASEP, em face das divergências apuradas entre os valores escriturados e os declarados e pagos, correspondente ao período de apuração de 11/2003 a 05/2006, com a desconstituição dos lançamentos procedidos, declarando-se, por conseguinte, a insubsistência dos créditos constituídos, pois além de indevidos, não restou caracterizada a hipótese de incidência dos referidos tributos. É o Relatório. VOTO
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO

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decisao_txt : RESOLVEM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da Terceira Seção de julgamento, por unanimidade de votos, em sobrestar o julgamento nos termos da Portaria CARF 01/2012. (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Relator e Presidente Substituto. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Silvia de Brito Oliveira, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca e Winderley Morais Pereira. RELATÓRIO Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: Trata-se de Autos de Infração com exigência tributária da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — Cofins (fls. 14/25) e da contribuição para o Programa de Integração Social — PIS/Pasep (fls. 26/36), incluindo o principal, multa de oficio proporcional (75%) e juros de mora, calculados até 30/11/2007, conforme demonstrativos consolidados às fls. 14 e 26, totalizando R$ 1.071.709,50 de débitos. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — Cofins R$ 932.482,63, Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS/Pasep R$ 139.226,87, Valor do Crédito tributário apurado R$ 1.071.709,50 Segundo a descrição dos fatos nos Autos de Infração, os lançamentos decorreram de procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela contribuinte supracitada, que constatou diferenças entre os valores declarados em DCTF e os escriturados na contabilidade da contribuinte a titulo de Cofins e PIS nos anos-calendário 2003, 2004, 2005 e 2006. As divergências encontradas estão ilustradas nas planilhas localizadas às fls. 30/33, que foram elaboradas a partir das bases de CÁLCULO apresentadas pela contribuinte (fls. 40/83), das informações contidas na DCTF e dos pagamentos processados nos sistemas internos da RFB. Os Autos de Infração pela falta de recolhimento da Cofins e do PIS foram elaborados com os mesmos elementos de prova. Cientificado, pessoalmente, das exigências em 28/12/2007 (fls. 14, 26 e 209), o sujeito passivo apresentou em 29/01/2008, impugnação dos autos de infração às fls. 211/319, contestando a base de cálculo apresentada pelo Fisco e pedindo a anulação do lançamento tributário, com os argumentos a seguir expostos: • afirma que a Fiscalização teria considerado como receita, durante o período fiscalizado, recursos registrados na conta do Programa Administrativo que, efetivamente, não constituiriam receita e/ou faturamento; • relata a ocorrência de diversas mudanças nas definições da base de CÁLCULO do PIS/Cofins e nas alíquotas que seriam aplicadas para a apuração das referidas contribuições; • descreve a sistemática da escrituração contábil adotada pela empresa: os recursos recebidos pela BB Previdência, em geral, dos patrocinadores e dos participantes, são contabilizados, primeiramente, em conta do Programa Previdencial. Do somatório desses recursos, parte é destinada ao Programa Administrativo, para fins de custeio/gerenciamento dos planos previdenciários, que, por sua vez, é canalizado para o Programa Investimento; outra parte (a maior parte) vai diretamente do Programa Providencial para o Programa Investimento; • observa que o procedimento de escrituração contábil das despesas com a administração e/ou gerenciamento dos planos previdenciários é realizado com base nas normas previstas na Resolução do Conselho de Gestão Previdenciária Complementar (CGPC) n° 5, de 30 de janeiro de 2002; • relata que a impugnante tem utilizado como base de cálculo para apuração das contribuições da Cofins e do PIS apenas os recursos contabilizados no "Programa Administrativo" para fins de custeio / gerenciamento dos planos previdenciários, acrescido dos rendimentos destes recursos administrados pela BB-DTVM; • informa que a BB-DTVM gerencia a carteira de investimentos constituída de recursos dos Programas Administrativos e Previdenciários, cujos rendimentos retornam proporcionalmente a cada programa, sendo que, num primeiro momento, o Programa Administrativo é que custeia as despesas incorridas a titulo de despesas relativas as carteiras de renda fixa e variável, sobre os ativos totais aplicados; • afirma que a base de cálculo utilizada para o cálculo das contribuições foi composta apenas dos recursos contabilizados no Programa Administrativo para fins de custeio / gerenciamento dos planos previdenciários, acrescidos dos rendimentos destes recursos administrados pela BB-DTVM; • esclarece que a BB-DTVM é remunerada com a taxa de administração até o percentual de 0,30% a.a., calculada pro rata temporis sobre o saldo diário do patrimônio administrativo, cujos valores são aprovisionados diariamente. Acrescenta que o valor total da taxa de administração devida e paga à BB-DTVM, inicialmente é debitado na conta do Programa Administrativo e, posteriormente, o referido programa se ressarci, proporcionalmente, perante o Programa Investimento. Continua informando que, em seguida ao débito inicial na conta do Programa Administrativo, há um ingresso e/ou crédito de valor (no Programa Administrativo) correspondente a uma parte das despesas com a taxa de administração pagas à Contratada e, em contrapartida, debita-se o Programa Investimento (em estrita sintonia com o previsto na letra "b", do item 5.2, Capitulo V, do Anexo "E", da Resolução CGPC n° 0. 5/02 - Anexo 1); • conclui que a diferença verificada na obtenção da base de cálculo seria referente ao movimento mensal da conta 6.4.2.3.01 — TRANSFERÊNCIA INTERPROGRAMAS - DÉBITOS – PROGRAMA ADMINISTRATIVO - CUSTEIO ADMINISTRATIVO e que nesta rubrica contábil seriam lançados os valores relativos ao ressarcimento ao "Programa Administrativo" das despesas havidas com a administração e controle dos investimentos (pagas à BB-DTVM) e registradas na rubrica 5.2.3.2 - DESPESAS - ADMINISTRAÇÃO DE INVESTIMENTOS - SERVIÇOS DE TERCEIROS, ao teor da Resolução CGPC n.° 05/2002; • alega que as transferências interprogramas teriam ocorrido em razão do ressarcimento de despesas incorridas no Programa de Investimentos referem-se, na verdade, a custos (e não faturamento) decorrentes de receitas financeiras; • esclarece que os valores incertos na base de cálculo seriam referentes às despesas incorridas pelo Programa Previdenciário, custeadas em um primeiro momento pelo Programa Administrativo, as quais foram, num segundo momento, transferidas daquele para este a titulo de ressarcimento de despesas; • cita doutrinadores, incluindo Maria Helena Diniz (Vocabulário Jurídico) e equipe de professores da USP (Contabilidade Introdutória); • afirma que aquilo que é estabelecido por norma contábil, não poderia ser contradito pelos agentes fiscais, de forma que o crédito contabilizado na conta do "Programa Administrativo" teria a função apenas de ressarcimento de despesas perante o Programa de Investimentos, sem propiciar um acréscimo no ativo constante do balanço patrimonial da Impugnante; • repudia a manutenção de autuações baseadas em norma inconstitucional, apontando que o art. 3°, § 1º, da Lei 9.718, de 1998, "que ampliou o conceito de renda bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvidas e da classificação contábil adotada", foi declarado inconstitucional pelo STF, cuja decisão já se encontra transitada em julgado desde 29.09.2006; • alega que a cobrança das contribuições da Cofins e do PIS apensa por rigor formal, além de indevida, teria intuito meramente arrecadatório, sendo de todo confiscatório, haja vista que as autuações procedidas teriam se fundamentado em norma legal que teria sido declarada inconstitucional pelo STF. Diante das considerações apresentadas, a contribuinte requer que sejam acolhidas as razões suscitadas para reconhecer a nulidade das autuações procedidas e, por conseguinte, desconstituir os lançamentos fiscais realizados declarando a insubsistência dos créditos tributários constituídos, porquanto além de supostamente indevidos, não teria sido caracterizada a hipótese de incidência dos referidos tributos (Cofins e PIS/Pasep). A 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Brasília (DF) considerou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 03-29.843, de 13 de março de 2009, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006 AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO NA APURAÇÃO DAS BASES DE CÁLCULO. O julgador deve buscar analisar as razões e provas apresentadas pelo impugnante, em confronto com as documentações e fatos (comprovados) que serviram de base ao lançamento. A contribuinte não logrou trazer aos autos material probatório que comprovasse as alegações feitas, o que permitiria a este colegiado formar convicção sobre as mesmas alegações. CONCEITO DE FATURAMENTO. BASE DE CÁLCULO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Os órgãos julgadores administrativos não são detentores de competência para apreciar argüições de inconstitucionalidade contra diplomas legais regularmente editados. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006 LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO. Aos lançamentos de PIS, aplica-se o decidido em relação ao auto de infração da Cofins, formalizado a partir da mesma matéria fática. Inconformado com a decisão proferida, o sujeito passivo protocolou recurso voluntário valendo-se dos mesmos fundamentos jurídicos e legais apresentados na impugnação. Termina a petição recursal requerendo que sejam acolhidas as razões recursais, dando provimento ao presente recurso, para, promovendo o cancelamento do injusto e indevido débito tributário lançado, seja reconhecida a nulidade das autuações lavradas em decorrência da suposta falta de declaração e recolhimento da COFINS e PIS/PASEP, em face das divergências apuradas entre os valores escriturados e os declarados e pagos, correspondente ao período de apuração de 11/2003 a 05/2006, com a desconstituição dos lançamentos procedidos, declarando-se, por conseguinte, a insubsistência dos créditos constituídos, pois além de indevidos, não restou caracterizada a hipótese de incidência dos referidos tributos. É o Relatório. VOTO

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 14041.001546/2007­91  Resolução nº  3402­000.590  S3­C4T2  Fl. 101          2 RELATÓRIO  Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita  Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis:  Trata­se de Autos de Infração com exigência tributária da contribuição  para o Financiamento da Seguridade Social — Cofins (fls. 14/25) e da  contribuição para o Programa de Integração Social — PIS/Pasep (fls.  26/36),  incluindo  o  principal,  multa  de  oficio  proporcional  (75%)  e  juros  de  mora,  calculados  até  30/11/2007,  conforme  demonstrativos  consolidados às fls. 14 e 26, totalizando R$ 1.071.709,50 de débitos.  Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — Cofins R$  932.482,63,  Contribuição  para  o  Programa  de  Integração  Social  —  PIS/Pasep  R$  139.226,87,  Valor  do  Crédito  tributário  apurado  R$  1.071.709,50  Segundo a descrição dos fatos nos Autos de Infração, os lançamentos  decorreram de procedimento fiscal de verificação do cumprimento das  obrigações  tributárias  pela  contribuinte  supracitada,  que  constatou  diferenças entre os valores declarados em DCTF e os escriturados na  contabilidade  da  contribuinte  a  titulo  de  Cofins  e  PIS  nos  anos­ calendário 2003, 2004, 2005 e 2006.  As divergências encontradas estão ilustradas nas planilhas localizadas  às  fls.  30/33, que  foram elaboradas a partir das bases de CÁLCULO  apresentadas  pela  contribuinte  (fls.  40/83),  das  informações  contidas  na DCTF e dos pagamentos processados nos sistemas internos da RFB.  Os  Autos  de  Infração  pela  falta  de  recolhimento  da Cofins  e  do  PIS  foram elaborados com os mesmos elementos de prova.  Cientificado, pessoalmente, das exigências em 28/12/2007 (fls. 14, 26 e  209),  o  sujeito  passivo  apresentou  em  29/01/2008,  impugnação  dos  autos  de  infração  às  fls.  211/319,  contestando  a  base  de  cálculo  apresentada pelo Fisco e pedindo a anulação do lançamento tributário,  com os argumentos a seguir expostos:  • afirma que a Fiscalização teria considerado como receita, durante o  período  fiscalizado,  recursos  registrados  na  conta  do  Programa  Administrativo  que,  efetivamente,  não  constituiriam  receita  e/ou  faturamento;  • relata a ocorrência de diversas mudanças nas definições da base de  CÁLCULO do PIS/Cofins e nas alíquotas que seriam aplicadas para a  apuração das referidas contribuições;  •  descreve  a  sistemática  da  escrituração  contábil  adotada  pela  empresa:  os  recursos  recebidos  pela  BB  Previdência,  em  geral,  dos  patrocinadores e dos participantes, são contabilizados, primeiramente,  em  conta  do  Programa  Previdencial.  Do  somatório  desses  recursos,  parte  é  destinada  ao  Programa  Administrativo,  para  fins  de  custeio/gerenciamento dos planos previdenciários, que, por sua vez, é  canalizado para o Programa Investimento; outra parte (a maior parte)  vai  diretamente  do  Programa  Providencial  para  o  Programa  Investimento;  Fl. 405DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 14041.001546/2007­91  Resolução nº  3402­000.590  S3­C4T2  Fl. 102          3 •  observa  que  o  procedimento  de  escrituração  contábil  das  despesas  com a administração e/ou gerenciamento dos planos previdenciários é  realizado com base nas normas previstas na Resolução do Conselho de  Gestão Previdenciária Complementar  (CGPC) n° 5,  de 30 de  janeiro  de 2002;  •  relata  que  a  impugnante  tem  utilizado  como  base  de  cálculo  para  apuração  das  contribuições  da  Cofins  e  do  PIS  apenas  os  recursos  contabilizados  no  "Programa  Administrativo"  para  fins  de  custeio  /  gerenciamento dos planos previdenciários, acrescido dos rendimentos  destes recursos administrados pela BB­DTVM;  •  informa  que  a  BB­DTVM  gerencia  a  carteira  de  investimentos  constituída  de  recursos  dos  Programas  Administrativos  e  Previdenciários,  cujos  rendimentos  retornam  proporcionalmente  a  cada  programa,  sendo  que,  num  primeiro  momento,  o  Programa  Administrativo  é  que  custeia  as  despesas  incorridas  a  titulo  de  despesas relativas as carteiras de renda fixa e variável, sobre os ativos  totais aplicados;  •  afirma  que  a  base  de  cálculo  utilizada  para  o  cálculo  das  contribuições  foi  composta  apenas  dos  recursos  contabilizados  no  Programa  Administrativo  para  fins  de  custeio  /  gerenciamento  dos  planos  previdenciários,  acrescidos  dos  rendimentos  destes  recursos  administrados pela BB­DTVM;  •  esclarece  que  a  BB­DTVM  é  remunerada  com  a  taxa  de  administração  até  o  percentual  de  0,30%  a.a.,  calculada  pro  rata  temporis  sobre  o  saldo  diário  do  patrimônio  administrativo,  cujos  valores  são aprovisionados diariamente. Acrescenta que o valor  total  da  taxa  de  administração devida  e  paga à BB­DTVM,  inicialmente  é  debitado  na  conta  do  Programa  Administrativo  e,  posteriormente,  o  referido programa se ressarci, proporcionalmente, perante o Programa  Investimento. Continua  informando que,  em  seguida ao  débito  inicial  na conta do Programa Administrativo, há um ingresso e/ou crédito de  valor  (no Programa Administrativo)  correspondente a  uma parte  das  despesas  com  a  taxa  de  administração  pagas  à  Contratada  e,  em  contrapartida, debita­se o Programa Investimento (em estrita sintonia  com o previsto na letra "b", do item 5.2, Capitulo V, do Anexo "E", da  Resolução CGPC n° 0. 5/02 ­ Anexo 1);  •  conclui  que  a  diferença  verificada  na  obtenção  da  base  de  cálculo  seria  referente  ao  movimento  mensal  da  conta  6.4.2.3.01  —  TRANSFERÊNCIA  INTERPROGRAMAS  ­  DÉBITOS  –  PROGRAMA  ADMINISTRATIVO  ­  CUSTEIO  ADMINISTRATIVO  e  que  nesta  rubrica contábil seriam lançados os valores relativos ao ressarcimento  ao  "Programa  Administrativo"  das  despesas  havidas  com  a  administração  e  controle  dos  investimentos  (pagas  à  BB­DTVM)  e  registradas  na  rubrica  5.2.3.2  ­ DESPESAS  ­  ADMINISTRAÇÃO DE  INVESTIMENTOS  ­  SERVIÇOS  DE  TERCEIROS,  ao  teor  da  Resolução CGPC n.° 05/2002;  • alega que as transferências interprogramas teriam ocorrido em razão  do  ressarcimento  de  despesas  incorridas  no  Programa  de  Investimentos  referem­se,  na  verdade,  a  custos  (e  não  faturamento)  decorrentes de receitas financeiras;  Fl. 406DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 14041.001546/2007­91  Resolução nº  3402­000.590  S3­C4T2  Fl. 103          4 • esclarece que os valores incertos na base de cálculo seriam referentes  às  despesas  incorridas  pelo  Programa  Previdenciário,  custeadas  em  um primeiro momento pelo Programa Administrativo, as quais  foram,  num  segundo  momento,  transferidas  daquele  para  este  a  titulo  de  ressarcimento de despesas;  •  cita  doutrinadores,  incluindo  Maria  Helena  Diniz  (Vocabulário  Jurídico) e equipe de professores da USP (Contabilidade Introdutória);  • afirma que aquilo que é estabelecido por norma contábil, não poderia  ser  contradito  pelos  agentes  fiscais,  de  forma  que  o  crédito  contabilizado  na  conta  do  "Programa Administrativo"  teria  a  função  apenas  de  ressarcimento  de  despesas  perante  o  Programa  de  Investimentos,  sem  propiciar  um  acréscimo  no  ativo  constante  do  balanço patrimonial da Impugnante;  •  repudia  a  manutenção  de  autuações  baseadas  em  norma  inconstitucional, apontando que o art. 3°, § 1º, da Lei 9.718, de 1998,  "que ampliou o conceito de renda bruta para envolver a totalidade das  receitas  auferidas  por  pessoas  jurídicas,  independentemente  da  atividade por elas desenvolvidas e da classificação contábil adotada",  foi  declarado  inconstitucional  pelo  STF,  cuja  decisão  já  se  encontra  transitada em julgado desde 29.09.2006;  •  alega que a cobrança das  contribuições da Cofins e do PIS apensa  por  rigor  formal,  além  de  indevida,  teria  intuito  meramente  arrecadatório, sendo de todo confiscatório, haja vista que as autuações  procedidas  teriam  se  fundamentado  em  norma  legal  que  teria  sido  declarada inconstitucional pelo STF.  Diante  das  considerações  apresentadas,  a  contribuinte  requer  que  sejam acolhidas as razões suscitadas para reconhecer a nulidade das  autuações procedidas e, por conseguinte, desconstituir os lançamentos  fiscais  realizados declarando a  insubsistência dos créditos  tributários  constituídos, porquanto além de supostamente indevidos, não teria sido  caracterizada a hipótese de incidência dos referidos tributos (Cofins e  PIS/Pasep).  A  2ª  Turma  da  Delegacia  de  Julgamento  em  Brasília  (DF)  considerou  improcedente a  impugnação, nos  termos do Acórdão nº 03­29.843, de 13 de março de 2009,  cuja ementa foi vazada nos seguintes termos:  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PARA  O  FINANCIAMENTO  DA  SEGURIDADE SOCIAL ­ COFINS  Ano­calendário: 2003, 2004, 2005, 2006  AUSÊNCIA  DE  COMPROVAÇÃO  DE  ERRO  NA  APURAÇÃO  DAS  BASES DE CÁLCULO.  O julgador deve buscar analisar as razões e provas apresentadas pelo  impugnante,  em  confronto  com  as  documentações  e  fatos  (comprovados) que serviram de base ao lançamento.   Fl. 407DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 14041.001546/2007­91  Resolução nº  3402­000.590  S3­C4T2  Fl. 104          5 A  contribuinte  não  logrou  trazer  aos  autos  material  probatório  que  comprovasse  as  alegações  feitas,  o  que  permitiria  a  este  colegiado  formar convicção sobre as mesmas alegações.  CONCEITO DE  FATURAMENTO.  BASE  DE  CÁLCULO.  CARÁTER  CONFISCATÓRIO. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE.  Os  órgãos  julgadores  administrativos  não  são  detentores  de  competência  para  apreciar  argüições  de  inconstitucionalidade  contra  diplomas legais regularmente editados.  ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP  Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006  LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO.  Aos  lançamentos de PIS, aplica­se o decidido  em relação ao auto de  infração da Cofins, formalizado a partir da mesma matéria fática.  Inconformado  com  a  decisão  proferida,  o  sujeito  passivo  protocolou  recurso  voluntário  valendo­se  dos  mesmos  fundamentos  jurídicos  e  legais  apresentados  na  impugnação.   Termina a petição recursal requerendo que sejam acolhidas as razões recursais,  dando  provimento  ao  presente  recurso,  para,  promovendo  o  cancelamento  do  injusto  e  indevido  débito  tributário  lançado,  seja  reconhecida  a  nulidade  das  autuações  lavradas  em  decorrência da suposta falta de declaração e recolhimento da COFINS e PIS/PASEP, em face  das  divergências  apuradas  entre  os  valores  escriturados  e  os  declarados  e  pagos,  correspondente  ao  período  de  apuração  de  11/2003  a  05/2006,  com  a  desconstituição  dos  lançamentos  procedidos,  declarando­se,  por  conseguinte,  a  insubsistência  dos  créditos  constituídos,  pois  além de  indevidos,  não  restou  caracterizada  a  hipótese  de  incidência  dos  referidos tributos.  É o Relatório.  VOTO O  recurso  foi  apresentado  com  observância  do  prazo  previsto,  bem  como  dos  demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dela tomo conhecimento e passo a apreciar.  Uma das matérias discutidas nos autos diz respeito à base de cálculo do PIS e da  Cofins das sociedades equiparadas a instituições financeiras.  Essa matéria encontra­se com Repercussão geral reconhecida em 04/02/2011 no  RE  nº  609096,  de  relatoria  do  Ministro  a  Ministra  Ricardo  Lewandowski,  o  que  impõe  o  sobrestamento do julgamento do recurso nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 62A do CARF que  expressamente determina que:  Art.  62­A. As decisões definitivas de mérito,  proferidas pelo Supremo  Tribunal  Federal  e  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  em  matéria  infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543­B e 543­ C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil,  Fl. 408DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 14041.001546/2007­91  Resolução nº  3402­000.590  S3­C4T2  Fl. 105          6 deverão  ser  reproduzidas  pelos  conselheiros  no  julgamento  dos  recursos no âmbito do CARF.   §  1º  Ficarão  sobrestados  os  julgamentos  dos  recursos  sempre  que  o  STF  também  sobrestar  o  julgamento  dos  recursos  extraordinários  da  mesma  matéria,  até  que  seja  proferida  decisão  nos  termos  do  art.  543B.  §  2º  O  sobrestamento  de  que  trata  o  §  1º  será  feito  de  ofício  pelo  relator ou por provocação das partes.  Por  fim,  a  título  de  informação,  colaciono  parte  do  despacho  exarado  pelo  relator  em  resposta  à  petição  da  FEBRABAN  que  requereu  seu  ingresso  no  recurso  na  condição de amicus curiae:  (...)  Quanto  ao  pedido  de  suspensão  dos  processos  que  tratam  da mesma matéria  versada  nesses  autos  que  tramitam  em  primeiro  e  segundo  graus,  entendo  que  não merece  acolhida.  É  que  os  arts.  543­B  do  CPC  e  328  do  RISTF  tratam  do  sobrestamento  de  recursos  extraordinários  interpostos  em  razão  do  reconhecimento  da  repercussão  geral  da  matéria neles discutida, e não de ações que ainda não se encontram nessa fase processual.  Além  disso,  uma  vez  que  esta  Corte  já  reconheceu  a  repercussão  geral  da  matéria aqui debatida, os recursos extraordinários que versam sobre o mesmo assunto ficarão  sobrestados, na origem, por força do próprio art. 543­B do CPC.  (...)  Isto posto, voto no sentido de  sobrestar o  julgamento do presente  recurso, nos  termos  dos  §§  1º  e  2º  do  art.  62A  do  CARF  até  que  seja  proferida  decisão  definitiva  pela  Suprema Corte.  É como voto.  Sala das Sessões, em 25/09/2013.     Gilson Macedo Rosenburg Filho    Fl. 409DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO

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5959976 #
Numero do processo: 15586.001689/2008-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri May 22 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 03/10/2008 RECURSO VOLUNTÁRIO. APRESENTAÇÃO FORA DO PRAZO. INTEMPESTIVIDADE. É facultado ao contribuinte apresentar Recurso Voluntário contra a decisão desfavorável da autoridade julgadora de 1ª instância administrativa no prazo de 30 (trinta) dias a contar da intimação desta decisão. Não se conhece do recurso apresentado depois deste prazo, por ser intempestivo. Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2401-003.914
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Presidente em Exercício Carolina Wanderley Landim – Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Kléber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Carlos Henrique de Oliveira.
Nome do relator: CAROLINA WANDERLEY LANDIM

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1363; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C4T1  Fl. 2          1 1  S2­C4T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  15586.001689/2008­99  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2401­003.914  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  10 de março de 2015  Matéria  Contribuições Sociais Previdenciárias  Recorrente  ASSOCIACAO DE BENEFICENCIA E CULTURA DE JOAO NEIVA   Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Data do fato gerador: 03/10/2008  RECURSO  VOLUNTÁRIO.  APRESENTAÇÃO  FORA  DO  PRAZO.  INTEMPESTIVIDADE.  É  facultado  ao  contribuinte  apresentar Recurso Voluntário  contra  a  decisão  desfavorável da autoridade julgadora de 1ª instância administrativa no prazo  de  30  (trinta)  dias  a  contar da  intimação  desta decisão. Não  se  conhece  do  recurso apresentado depois deste prazo, por ser intempestivo.  Recurso Voluntário Não Conhecido.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 16 89 /2 00 8- 99 Fl. 342DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA     2   ACORDAM  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  não  conhecer do recurso.      Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Presidente em Exercício      Carolina Wanderley Landim – Relatora      Participaram  do  presente  julgamento  os  conselheiros:  Elaine  Cristina  Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Kléber Ferreira de Araújo, Igor Araújo  Soares, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Carlos Henrique de Oliveira.  Fl. 343DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 15586.001689/2008­99  Acórdão n.º 2401­003.914  S2­C4T1  Fl. 3          3   Relatório  Trata­se de Auto de Infração DEBCAD nº 37.177.866­2, por meio do qual  se  exige  multa  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  acessória,  qual  seja,  deixar  de  apresentar documentos exigidos pela fiscalização ou apresenta­los sem atender as formalidades  exigidas nas competências de 01/01/2004 a 31/12/2004, cuja ciência ao contribuinte se deu em  06/10/2008 (fl. 02).  Segundo o relatório fiscal da infração e aplicação de multa (fls. 81/82):  “A Associação de Benefícencia e Cultura de João Neiva lançou  nos  livros  Diário  e  Razão  na  conta  3.0.200.002  –  Serviços  Médicos  Pessoas  Físicas  e  na  conta  3.0.200.004  –  Serviços  Diversos  Pessoas  Físicas  fatos  geradores  relacionados  a  serviços  prestados  por  pessoas  físicas  sem  discriminar  os  referidos contribuintes individuais – prestadores de serviço.  Assim,  foi emitido o Termo de Intimação para Apresentação de  Documentos  –  TIAD,  emitido  em  27.08.2008,  solicitando  a  identificação nominal dos contribuintes individuais e respectivos  valores pagos – estabelecimento 27.727.452/0002­07 de acordo  com  as  contas  contábeis  acima  citadas.  A  Associação  não  relacionou  os  contribuintes  individuais.  Apenas  apresentou  os  referidos RPA’s.  Assim a Associação  infringiu a Lei 8.212, de 24.07.91, art.  32,  inciso  II,  combinado  com  o  art.  225,  inciso  II  e  parágrafo  13  inciso II do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado  pelo Decreto 3.048, de 06.05.99.”  O contribuinte apresentou impugnação às fls. 134/144, aduzindo em síntese:  · Que  a  lavratura  do  auto  se  deu  de  forma  confusa,  além  de  não  corresponderem as condutas do contribuinte às  imputadas pelo fiscal  ao aplicar a presente multa, o que enseja a nulidade da autuação por  cerceamento de defesa;  · No mérito,  que não procede  a  informação de que os  livros  exigidos  não estariam encadernados; que a impugnante providenciou o registro  do Livro Diário em Cartório, sanando a pendência.  · Apresentou cópia dos documentos (livros) registrados.  · Pugnou pelo cancelamento do débito fiscal.  Instada  a  se  manifestar  sobre  a  impugnação  apresentada,  a  15ª  Turma  da  DJR/RJOI proferiu o acórdão de nº 12­22.152, abaixo ementado:    Fl. 344DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA     4 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS  Data do fato gerador: 03/10/2008  DEIXAR A EMPRESA DE EXIBIR QUALQUER DOCUMENTO  OU  LIVRO  RELACIONADOS  COM  AS  CONTRIBUIÇÕES  PARA A SEGURIDADE SOCIAL.  Constitui infração ao artigo 33, §2º, da Lei nº 8.212/91 c/c o art.  232  e  233,  do  Regulamento  da  Previdência  Social  –  RPS,  aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999.  Considera­se deficiente o documento ou informação apresentada  que não preencha as formalidades legais.  Lançamento Procedente.  O contribuinte  foi  devidamente  intimado do  resultado de  julgamento  às  fls.  259 (04/05/2009).  Às  fls.  266/268  consta  certidão  informando  o  trânsito  em  julgado  sem  que  houvesse interposição de recurso.  À fl. 289 consta despacho da PGFN noticiando a interposição de recurso pelo  contribuinte, solicitando o cancelamento da inscrição do débito em Dívida Ativa, cancelamento  este efetuado conforme despacho de fl. 294.  Às fls. 297/315 foi anexado o recurso voluntário interposto pelo contribuinte  em  12/06/2009  (via  postal),  na  qual  reiterou  os  termos  já  aduzidos  na  impugnação,  acrescentando ainda:  · Que a multa possui nítido caráter confiscatório;  · Que  o  contribuinte  é  entidade  filantrópica,  que  presta  serviço  essencial  à  população  na  área  de  saúde,  e  em  razão  disso  o  Estado  deveria lhe conceder um tratamento diferenciado, e de acordo com o  Princípio da Razoabilidade.  À  fl.  338  foi  proposto  o  encaminhamento  do  recurso  a  este  CARF  para  apreciação.  É o relatório.  Fl. 345DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 15586.001689/2008­99  Acórdão n.º 2401­003.914  S2­C4T1  Fl. 4          5   Voto             Conselheira Carolina Wanderley ­ Landim    Do exame dos autos verifica­se que existe uma questão prejudicial à análise  do mérito da presente  autuação,  relacionada  com o  transcurso do prazo para  interposição de  Recurso Voluntário.  Como se sabe, o contribuinte dispõe do prazo de 30 (trinta) dias, contados da  data  da  ciência  da  decisão  desfavorável  proferida  pela  Delegacia  da  Receita  Federal  de  Julgamento, para apresentar Recurso Voluntário dirigido a este Conselho.  No presente caso, verifica­se que o Recorrente foi cientificado do acórdão nº  12­22.152  prolatado  pela  15ª  Turma  da DRJ/RJOI,  via  postal,  no  dia  04/05/2009  (segunda­ feira), conforme cópia do AR juntado às fls. 259.  Deste modo, o Recorrente deveria ter interposto o seu Recurso Voluntário até  o  dia  03/06/2009  (quarta­feira).  No  entanto,  realizou  este  protocolo  via  postal  apenas  em  12/06/2009 (sexta­feira), depois de decorrido, portanto, o prazo preclusivo disposto no art. 33  do Decreto 70.235/72.  A data da postagem/protocolo do Recurso Voluntário pode ser comprovada  pelo carimbo aposto à fl. 297, que atesta a data de 12/06/2009.  CONCLUSÃO  Nestes  termos, voto por NÃO CONHECER do  recurso voluntário, por  ser  intempestivo.  É como voto.    Carolina Wanderley Landim.                              Fl. 346DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA

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Numero do processo: 11968.000897/2009-14
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue May 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 12/09/2008, 19/09/2008, 30/09/2008, 02/10/2008, 03/12/2008, 17/02/2009, 09/03/2009, 13/03/2009, 17/03/2009, 20/03/2009, 30/04/2009, 08/05/2009, 13/05/2009, 15/05/2009 MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontra-se prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo deve-se considerar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.847
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Relator. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2479; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­TE01  Fl. 2          1 1  S3­TE01  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  11968.000897/2009­14  Recurso nº  1   Voluntário  Acórdão nº  3801­004.847  –  1ª Turma Especial   Sessão de  27 de janeiro de 2015  Matéria  AUTO DE INFRAÇÃO ADUANEIRO  Recorrente  ALIANCA NAVEGACAO E LOGISTICA LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS  Data  do  fato  gerador:  12/09/2008,  19/09/2008,  30/09/2008,  02/10/2008,  03/12/2008,  17/02/2009,  09/03/2009,  13/03/2009,  17/03/2009,  20/03/2009,  30/04/2009, 08/05/2009, 13/05/2009, 15/05/2009  MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE  INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO.  A multa por prestação de informações fora do prazo encontra­se prevista na  alínea  "e",  do  inciso  IV,  do  artigo  107  do  Decreto  Lei  n  37/1966  prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo  por  se  tratar  de  obrigação  acessória  em  que  as  informações  devem  ser  prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal.   MULTA  REGULAMENTAR.  DESCUMPRIMENTO  DE  DEVER  INSTRUMENTAL.  DENÚNCIA  ESPONTÂNEA.  NÃO  CARACTERIZAÇÃO.  A  denúncia  espontânea  não  alcança  as  penalidades  exigidas  pelo  descumprimento  de  deveres  instrumentais  caracterizados  pelo  atraso  na  prestação de  informação à administração aduaneira, mesmo após o  advento  da nova redação do art. 102 do Decreto­Lei nº 37/1966, decorrente do art. 40  da  Lei  nº  12.350/2010.  A  aplicação  deste  dispositivo  deve­se  considerar  o  conteúdo  da  “obrigação  acessória”  violada.  Isso  porque  nem  todas  as  infrações  pelo  descumprimento  de  deveres  instrumentais  são  compatíveis  com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo  fazer  ou  não  fazer  extemporâneo  do  sujeito  passivo. Nestas  a  aplicação  da  denúncia  espontânea  implicaria  o  esvaziamento  do  dever  instrumental,  que  poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo.  Recurso Voluntário Negado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 8. 00 08 97 /2 00 9- 14 Fl. 431DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 3          2 Acordam  os  membros  do  colegiado,  pelo  voto  de  qualidade,  em  negar  provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel,  Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral  ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges.   (assinado digitalmente)  Flávio De Castro Pontes ­ Presidente.   (assinado digitalmente)  Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira ­ Relator.  (assinado digitalmente)  Marcos Antonio Borges ­ Redator designado.  Participaram da sessão de  julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani,  Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria  Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).  Fl. 432DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 4          3 Relatório  Trata­se  de  o  presente  processo  de  Auto  de  Infração  lavrado  face  ao  descumprimento  da  obrigação  acessória  de  prestar  informação  sobre  veículo  ou  carga  transportada ou sobre operações que executar, no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita  Federal  do Brasil,  de acordo com o que dispõe  o  art.  107,  inciso  IV,  alínea “e”,  do Decreto  lei37, de 1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833, de 2003.  Regularmente  cientificada,  a  interessada  apresentou  a  impugnação  na  qual  alega, em breve síntese, que não é parte legitima para figurar no pólo passivo, tendo em vista  que atuou na qualidade de mera agência de navegação marítima da empresa transportadora e  que não  responde por eventuais  tributos e/ou obrigações  acessórias devidos por esta. Afirma  que o agente marítimo age em nome do Armador e com este não se confunde, razão pela qual  não  pode  ser  pessoalmente  responsabilizada  pela  autuação  em  tela,  até  porque  a própria  Lei  (art. 107, IV "e" do Decreto Lei 37/66) assim não prevê. Alega ausência de tipicidade, porque  não  deixou  de  prestar  informação  no  prazo  previsto  em  Regulamento.  Apenas  retificou  posteriormente a sua informação, o que é uma hipótese diferenciada da penalidade estipulada e  não se encontra tipificada na alínea  'e' do inciso IV, do art. 107 do Decreto Lei 37/66, com a  redação  dada  pela  Lei  10.833/03.  Aduz  que  a  autuação  carece  de  elemento  essencial  de  validade,  pois,  conforme  o  art.  113,  §  2º  do CTN,  não  há  um  fim  específico  e  próprio  que  justificasse a penalidade, ou seja, o eventual descumprimento de prestar informações no prazo  estipulado não gera qualquer prejuízo ao Fisco. Afirma que o lançamento fere o princípio da  Reserva Legal, porque fundamentado em dispositivo constante em Instrução Normativa. Argui  que não existe amparo legal para aplicação de penalidade para a ação de alteração/correção de  dados no Sistema Sicarga. Alega que o procedimento fiscalizatório somente foi iniciado após  ter  formalizado  a  denúncia  espontânea,  o  que  a  exime  de  qualquer  penalidade,  conforme  o  disposto no parágrafo 2 do art. 102, do Decreto Lei n 37, de 18 de novembro de 1966, cuja  redação foi alterada pela Medida Provisória n 497, de 27 de  julho de 2010, bem como o art.  138,  caput,  do  Código  Tributário  Nacional.  Requer  seja  anulado  ou  cancelado  o  auto  de  infração.   A DRJ no Recife (PE) decidiu pela improcedência da impugnação, mantendo  o crédito. Colaciono a ementa:  ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS  Data  do  fato  gerador:  12/09/2008,  19/09/2008,  30/09/2008,  02/10/2008,  03/12/2008,  17/02/2009,  09/03/2009,  13/03/2009,  17/03/2009,  20/03/2009,  30/04/2009,  08/05/2009,  13/05/2009,  15/05/2009  INFORMAÇÃO  EXTEMPORÂNEA  DE  CONHECIMENTO  ELETRÔNICO.  Aplica­se a multa prevista no artigo 107, inciso IV, alínea ‘e’, do  DecretoLei  nº  37,  de  1966,  com  a  redação  dada  pela  Lei  nº  10.833, de 2003, para cada deferimento, automático ou não, de  retificação extemporânea do manifesto eletrônico, conhecimento  Fl. 433DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 5          4 eletrônico ou item de carga, mesmo que as cargas  tenham sido  transportadas em uma mesma embarcação.  Impugnação Improcedente  Crédito Tributário Mantido  Inconformada com improcedência de sua impugnação, a contribuinte interpôs  Recurso Voluntário, expondo que:  Por  ser  uma  agência  de  navegação  da  transportadora  não  poderia  ser  considerado  representante  do  transportador  para  fins  de  responsabilidade  tributária  não  lhe  correndo os efeitos do Decreto Lei 37/66;   Alega  que  a  sua  declaração  extemporânea  teria  os  mesmos  efeitos  que  a  denúncia espontânea e esta seria aplicável às obrigações acessórias;  Entende que a Instrução Normativa nº 800/07, infringe o princípio da reserva  legal, conforme art. 97, V do CTN;  Entende  que  sua  conduta,  retificação,  seria  atípica  com  relação  à  sanção  prevista no art. 107 do Decreto Lei nº 37/66;  Alega  que  a  multa  regulamentar,  enquanto  obrigação  acessória,  carece  de  validade  essencial,  por  não  estar  demonstrado  o  interesse  da  arrecadação  ou  fiscalização  de  tributos, não sendo assim justificada aplicação da mesma;  Entende que não deixou de apresentar  informações dentro do prazo referido  pela IN nº800/07, mas promoveu a retificação destas.  É o sucinto relatório.  Fl. 434DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 6          5   Voto Vencido  Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira ­ Relator.  O  recurso  voluntário  foi  apresentado  dentro  do  prazo  legal,  reunindo  os  demais requisitos de admissibilidade, dele conheço, portanto.  Ilegitimidade Passiva  Muito  embora  compartilhe do  entendimento que  as  agências marítimas  não  possam  ser  sujeitas  da multa  prevista pelo  art.  107,  IV,  alínea  “e” do Decreto­Lei  nº  37/66,  devendo  ser  estas  serem  impostas  somente  ao  transportador,  tenho  que  no  presente  caso  tal  argumentação não se aplica. A recorrente é empresa transportadora, conforme demonstra o seu  CNPJ e objeto social, que assim determina a Cláusula Segunda que:  A sociedade  tem por objeto a navegação marítima de  longo curso marítima  (...)  o  exercício  das  atividades  de  agente  de  transporte multimodal,  assessoria  ao  transporte  marítimo e terrestre de cargas em todo o território nacional (...)  Face a isto, afasto o argumento da Recorrente de que, por ser a empresa uma  agência marítima, e não uma transportadora, não está configurada sua responsabilidade quanto  à prática da infração objeto dos autos.  Diversos  são  os  julgados  deste  Conselho  onde  foi  compreendido  que  a  obrigação do transportador, de prestar as informações à RFB, encontra­se estabelecida no art.  37  do Decreto­Lei  nº  37/66,  com a  redação  dada  pelo  art.  77  da Lei  nº  10.833,  de  2003,  in  verbis:  Art.  37.  O  transportador  deve  prestar  à  Secretaria  da  Receita  Federal,  na  forma  e  no  prazo  por  ela  estabelecidos,  as  informações  sobre  as  cargas  transportadas,  bem  como  sobre  a  chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado.  § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que,  em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte  de  mercadoria,  consolide  ou  desconsolide  cargas  e  preste  serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar  as  informações  sobre  as  operações  que  executem  e  respectivas  cargas.  Ultrapassados  tais  argumentos,  entendo  que  a  penalidade  não  deve  ser  aplicada no presente caso por motivos diversos.  Denúncia Espontânea   Inicio a análise do argumento da denúncia espontânea, pois uma vez julgado  o seu provimento, todas as demais matérias se tornarão prejudicadas.  Fl. 435DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 7          6 O Recorrente alega que as informações foram prestadas antes da lavratura do  auto  de  infração.  Portanto,  nos  termos  do  art.  138,  caput,  do  Código  Tributário  Nacional  (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea:  “Art.  138.  A  responsabilidade  é  excluída  pela  denúncia  espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do  pagamento do tributo devido e dos juros de mora,ou do depósito  da  importância  arbitrada  pela  autoridade  administrativa,  quando o montante do tributo dependa de apuração.  Parágrafo  único.  Não  se  considera  espontânea  a  denúncia  apresentado  após  o  início  de  qualquer  procedimento  administrativo  ou  medida  de  fiscalização,  relacionados  com  a  infração.”  Ocorre que, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma,  no caso em tela se está diante de uma excludente da punibilidade, haja vista a Recorrente estar  amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea.  Esse  instituto  jurídico  tem  lugar  quando  o  contribuinte  informa  à  administração  as  infrações  por  ele  praticadas,  antes  de  iniciado  qualquer  procedimento  fiscalizatório.  A  vantagem  dessa  confissão  prévia  e  espontânea  para  o  contribuinte  está  na  consequência legal que o instituto lhe garante.  No presente caso tem­se que o pedido de retificação prestado pela recorrente  foi  anterior  lavratura  do Auto  de  Infração,  bem  como  de  qualquer  outra  intimação  da RFB.  Deste modo, aplica­se ao presente caso o instituto da denúncia espontânea.  O  Código  Tributário  Nacional  disciplina  no  art.  138  a  exclusão  da  responsabilidade quando a denúncia  espontânea  for acompanhada do pagamento do  tributo e  dos  juros  de mora,  restringindo  tal  hipótese  quando  caracterizado  o  início  do  procedimento  administrativo ou qualquer medida de fiscalização, nos termos do parágrafo único.  Destaca­se também que até a edição da Medida Provisória nº 497, de 27 de  julho de 2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a caracterização da  denúncia  espontânea  não  contemplava  as  obrigações  acessórias  autônomas,  sem  qualquer  vínculo  direto  com  o  fato  gerador  do  tributo.  Porém,  com  a  vigência  da  norma  acima,  foi  modificado  o  §  2º,  do  art.  102  do  Decreto­Lei  nº  37/66,  incluindo  as  penalidades  administrativas dentre aquelas possíveis de aplicação da denúncia espontânea, in verbis:  Art. 102. A denúncia espontânea da  infração, acompanhada, se  for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá  a imposição da correspondente penalidade.  § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada:  a)  no  curso  do  despacho  aduaneiro,  até  o  desembaraço  da  mercadoria;  b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante  ato  de  ofício,  escrito,  praticado  por  servidor  competente,  tendente a apurar a infração.  Fl. 436DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 8          7 § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de  natureza  tributária  ou  administrativa,  com  exceção  das  penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena  de perdimento.  (grifou­se)  No presente caso,  temos, portanto que a retificação foi apresentada antes de  qualquer  procedimento  de  fiscalização,  caracterizando  a  denúncia  espontânea,  devendo  ser  excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do § 2º do  artigo 102 do Decreto­Lei nº 37/66.   Ainda, cabe observar que, sendo o fato gerador anterior a Medida Provisória  nº 497, de 27 de julho de 2010, necessário aplicar in casu a retroatividade benigna da alteração  legislativa  processada  pela  referida Medida  Provisória,  conforme  determina  o  artigo  106  do  CTN. Logo, aplicável à referida legislação ao presente caso.  Acrescenta­se  ainda  que  este  Egrégio  Conselho  tem  compartilhado  deste  entendimento, consoante se verifica pelos arestos abaixo:  DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURAÇÃO  A  retificação  de  informação  prestada  em  registro  de  conhecimento  de  carga  antes  de  qualquer  procedimento  da  fiscalização  aduaneira,  está  amparada  pela  denúncia  espontânea  prevista  no  art.  102,  do  mesmo  diploma  legal  (Acórdão 3101001.138, 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão  de 22/05/2012, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo)  DENÚNCIA  ESPONTÂNEA.  APLICAÇÃO  AS  PENALIDADES  DE  NATUREZA  ADMINISTRATIVA.  RETROATIVIDADE  BENIGNA.   A alteração do art. 102 do Decreto­Lei nº 37/66 promovida pela  Medida  Provisória  nº  497/2010,  posteriormente  convertida  na  Lei  nº  12.350/2010,  que  incluiu  as  penalidades  de  natureza  administrativa,  dentre  aquelas  alcançadas  pela  denúncia  espontânea é aplicada aos casos ainda pendentes de julgamento,  em  razão  da  retroatividade  benigna,  nos  termos  do  art.  106,  inciso II, alínea “c” do CTN. (Acórdão 3102001.663, 1ª Câmara  / 2ª Turma Ordinária, sessão de 25/10/2012, Relator Conselheiro  Álvaro Arthur L. de Almeida Filho)  Cabe analisar a restrição imposta pelo art. 683, §3º do Decreto nº 6.759, de  05  de  fevereiro  de  2009,  que  regulamenta  a  administração  das  atividades  aduaneiras,  e  a  fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Este determina que:  Art. 683. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do  pagamento  dos  tributos  dos  acréscimos  legais,  excluirá  a  imposição  da  correspondente  penalidade (Decreto­Lei nº 37, de 1966, art. 102, caput, com a redação dada pelo Decreto­Lei  no 2.472, de 1988, art. 1o; e Lei nº 5.172, de 1966, art. 138, caput).  (…)  Fl. 437DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 9          8 §3o Depois de  formalizada  a  entrada do veículo  procedente do  exterior não  mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador.  O  texto  original  do  Decreto  nº  6.759/2009  previa  em  seu  §3oque  a  espontaneidade era afastada depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior  e por conseqüência igualmente afastada seria a denúncia espontânea.  Note­se que esta redação deve ser lida em consonância com o disposto na Lei  nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010 que passou a ter a seguinte redação:  Art. 102. A denúncia espontânea da  infração, acompanhada, se  for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá  a imposição da correspondente penalidade.  § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada:  a)  no  curso  do  despacho  aduaneiro,  até  o  desembaraço  da  mercadoria;  b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante  ato  de  ofício,  escrito,  praticado  por  servidor  competente,  tendente a apurar a infração.  § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de  natureza  tributária  ou  administrativa,  com  exceção  das  penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena  de perdimento.  (grifou­se)  Note­se que o Decreto nº 6.759/2009 deve ser  lido em conformidade com a  Lei  nº  12.350/2010.  Trata­se  de  norma  superior  e  posterior.  Assim,  tanto  pelo  critério  da  hierarquia, quanto pelo critério cronológico deve prevalecer a norma posterior. Da leitura da lei  posterior se nota que não há a restrição prevista no §3o, do art. 683 do Decreto nº 6.759/2009,  de tal modo que onde não houve restrição legal não poderá a norma regulamentadora restringir,  sob pena de ofensa ao princípio da estrita legalidade.  Diante  da  aplicação  do  instituto  da  denúncia  espontânea,  entendo  pelo  provimento do recurso e passo a analisar as demais matérias, não obstante prejudicadas, para  fins de privilégio do devido processo legal.  Reserva Legal  A  infração  em  tese  cometida  pela  recorrente  se  encontra  caracterizada  pela  apresentação de declaração de informações sobre o veículo e carga transportada fora do prazo  estabelecido,  por  força  do  art.  107  do  Decreto­Lei  37/66,  com  redação  dada  pela  Lei  nº  10.833/03,  c/c  art.  44  da  Instrução  Normativa  28/94,  com  redação  dada  pela  Instrução  Normativa 510/05 e art. 22 da Instrução Normativa 800/07.   No que tange a  tipificação da conduta do recorrente, a sua descrição consta  igualmente  e  inicialmente  tipificada  no  art.  107  do  Decreto­Lei  31/66,  que  estabelece  a  aplicação de multa para quem deixar de prestar a declaração sobre veículo e carga transportada,  bem como quem de forma omissiva ou comissiva embaraçar ação de fiscalização.   Fl. 438DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 10          9 Ademais, as instruções normativas tem como finalidade de preencher lacunas  que por vezes  se  encontram dentro dos procedimentos  fiscais,  no  caso  específico de normas  que estabelecem prazo para a apresentação ou recolhimento de obrigações acessórias, não estão  sujeitas  a  reserva  legal  do  art.  97  do  CTN,  por  não  compreenderem  o  rol  de  matérias  lá  estabelecido, cabendo, portanto, o estabelecimento dos prazos por norma de hierarquia inferior,  como as Portarias e Instruções Normativas, conforme tem se posicionado o CARF.  ASSUNTO: OBRIGAÇÕESACESSÓRIAS  Datadofatogerador:31/12/1998  OBRIGAÇÃO  ACESSORIA.  PRAZO.  INSERÇÃO  SISCOMEX  DE DECLARAÇÃO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS.  O  prazo  de  inserção  das  informações  do  embarque  de  mercadoria  no  SISCOMEX  é  de  sete  dias,  contados  do  dia  do  efetivo  embarque. Não  se  aplica  a  norma  processual  do  artigo  210  do  Código  Tributário  Nacional,  neste  caso  prevalece  o  prazo fixado em Portarias e Instruções Normativas em razão de  que  não  contemplam  aspectos  da  hipótese  de  incidência,  estão  fora  da  reserva  legal  prevista  no  artigo  97  do CTN. Constado  inserção  além  do  prazo  fixado,  impõe  negar  provimento  ao  recurso.  RecursoNegado.  Ressalto que o entendimento seria pela carência de razão do contribuinte caso  não estivesse prejudicada a análise desta matéria.  Obrigação Acessória  Carece  de  razão  a  alegação  da  recorrente  quanto  à  carência  de  elemento  essencial na autuação por descumprimento de obrigação acessória.  Isto  porque  as  obrigações  acessórias  não  possuem  uma  relação  de  dependência  de  uma  obrigação  principal.  Como  o  próprio  artigo  citado  pela  recorrente  são  prestações  positivas  ou  negativas,  fazer  ou  não  fazer  algo  em  benefício  do  interesse  arrecadatório ou fiscalizatório.  No caso dos autos, a declaração que gerou a autuação da recorrente era uma  obrigação acessória, positiva e com finalidade fiscalizatória, pois se caracteriza em um dever  de  declarar  o  bem  carregado  e  cujas  informações  contidas  auxiliam  o  fisco  a  verificar  a  adequada descrição de bem importado pelo importador, se houve emissão de notas fiscais, se a  importadora estaria correta em sua escrituração fiscal.   Logo, a responsabilidade de declarar a mercadoria transportada pela empresa,  conforme  art.  107  do Decreto  lei  37/66,  é  uma obrigação  acessória  de  declaração  ao  fisco  e  cujo descumprimento implica na aplicação de multa por embaraço à fiscalização.   Nestes termos, não sendo prestada a obrigação de declaração de mercadorias  dentro do prazo legal, houve prejuízo na fiscalização aduaneira, devida, portanto, a multa pelo  descumprimento.   Fl. 439DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 11          10 Ressalto  que  este  seria  o  entendimento  caso  não  estivesse  prejudicada  a  análise.  Tipificação  A recorrente alega que não incorreu no tipo específico de descumprimento de  declaração de mercadoria, conforme art.37 e 107, IV, “e” do Decreto­Lei 37/66, posto que não  deixou de prestar  informações sobre o veículo ou sobre a carga  transportada entendendo que  retificação, conduta que afirma ter praticado seria diferente de deixar de informar.  Entendo que  não  assiste  razão  a  recorrente,  tendo  em vista  que no  auto  de  infração  é  possível  verificar  que  o  recorrente  apresentou  Conhecimento  de  Embarque,  promovendo a alteração de NCM fora dos prazos de atracação do navio e conforme art.37 do  Decreto­lei 37/66 “o transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no  prazo  por  ela  estabelecido,  as  informações  sobre  as  cargas  transportadas,  bem como  sobre  a  chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado”.  O  entendimento  deste  Conselho,  inclusive  para  esta  empresa  em  autuação  pretérita foi o seguinte:  ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período de apuração: 05/04/2006 a 15/01/2009  MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE  MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA  A  legislação  prevê  que  o  agente  marítimo,  assim  como  o  transportador  internacional,  respondem  solidariamente  por  quaisquer  infrações  que  tenham  concorrido  para  a  prática,  solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no  polo passivo de auto de infração.  MULTA  REGULAMENTAR.  DIREITO  ADUANEIRO.  PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO.  A multa por prestação de informações fora do prazo encontra­se  prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei  n  37/1966  prescindindo,  para  a  sua  aplicação,  de  que  haja  prejuízo  ao  Erário,  sobretudo  por  se  tratar  de  obrigação  acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e  prazo estabelecidos pela Receita Federal.  PRESTAÇÃO  DE  INFORMAÇÕES  FORA  DO  PRAZO.  DENÚNCIA ESPONTÂNEA.  Não  há  que  se  falar  em  denúncia  espontânea  de  obrigação  acessória  se  a  norma  em  comento  tem  como  finalidade  a  prestação de informações na forma e, sobretudo, no prazo fixado  pela  legislação,  prazo  esse  que  não  seria  observado  se  se  considerar  que  a  prestação  de  informações  fora  do  prazo  configuraria denúncia espontânea.  Fl. 440DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 12          11 Recurso Voluntário Negado.  Nesta  senda,  uma  vez  não  cumprindo  o  prazo  de  apresentação  das  declarações  o  transportador  já  incorre  no  fato  gerador  da  multa  regulamentar,  resta  devidamente  enquadrada  a  conduta  da  recorrente  à  infração  referida,  não  havendo  qualquer  traço de atipicidade.   Ressalto  que  este  seria  o  entendimento  caso  não  estivesse  prejudicada  a  análise.  Art. 50 da Instrução Normativa 800/2007   Entendo que não assiste razão ao recorrente. Conforme a redação do artigo 50  da  IN 800/07,  informa  que  os  prazos  de  antecipação  de  informação  previstos  no  art.  22º  da  mesma instrução somente serão obrigatórios a partir de 1 de janeiro de 2009. Vejamos:  Art.  50.  Os  prazos  de  antecedência  previstos  no  art.  22  desta  Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1ºde  janeiro de 2009.  Parágrafoúnico. O disposto no caput não exime o transportador  da obrigação de prestar informações sobre:  I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados  prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e  II  as  cargas  transportadas,  antes  da  atracação  ou  da  desatracação da embarcação em porto no País.(grifonosso)  Este dispositivo, ao mesmo tempo em que prevê que os prazos mínimos para  a prestação de informações à RFB previstos no artigo 22 da IN RFB nº 800/2007 somente são  obrigatórios  a partir de 1ºde  janeiro de 2009, dispõe que o  transportador  tem a obrigação de  prestar  informações  sobre  as  cargas  transportadas  antes  da  atracação  ou  da  desatracação  da  embarcação em porto no País.  Resta claro, portanto, que já a partir do momento em que se inicia a produção  de  efeitos da  IN RFB nº 800/2007, qual  seja 31 de março de 2008,  as  informações  sobre  as  cargas  transportadas  devem  ser  prestadas  pelas  transportadoras  antes  da  atracação  ou  da  desatracação da embarcação em porto no País, conforme art. 52 da Instrução Normativa, prazo  também descumprido pelo contribuinte.  Em  adição,  havendo  prazo  que  estabeleça  o  início  da  vigência  das  antecipações, nos caso dos fatos geradores que antecedem a vigência da Instrução Normativa  800/07, o contribuinte deveria ter cumprido o prazo de sete dias descritos art. 37 da Instrução  Normativa  SRF  n°  28,  de  1994,  com  a  redação  dada  pela  IN  SRF  n°  510,  de  2005,  para  a  apresentação da declaração, no que ultrapassou demasiado.  Ressalto  que  este  seria  o  entendimento  caso  não  estivesse  prejudicada  a  análise.  Penalidade Aplicada Por Viagem   Fl. 441DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 13          12 A recorrente se insurge contra a aplicação da multa regulamentar contra cada  uma das declarações de  forma extemporânea,  tendo em vista que o entendimento da Receita  Federal  sobre  o  assunto  em  Consulta  Interna  teria  determinado  que  o  transportador  fosse  multado uma única vez pela prestação de informações fora do prazo, referindo a COSIT SCI nº  8 de 14 de fevereiro de 2008.  Não  obstante  os  auditores  fiscais  tenham  interpretado,  em  sua  maioria,  a  legislação  como  que  a  multa  deveria  ser  aplicada  por  cada  declaração  fora  do  prazo,  o  dispositivo  legal  deixa  brecha  para  tanto  interpretar  que  a  penalidade  deve  ser  aplicada  por  viagem quanto por declaração, visto que o dispositivo aborda apenas o aspecto quantitativo da  multa,  a  tipificação  da  conduta,  no  caso,  deixar  de  apresentar  informações  nos  prazo  estabelecidos à Receita Federal e  identificação do  infrator, qual  seja a empresa de  transporte  internacional, inclusive a prestadora de transporte internacional expresso ou agente de carga.  Neste  sentido,  entendo  que  se  deve  interpretar  a  norma  de  forma  mais  favorável ao contribuinte quando esta determina penalidade ao tipo de conduta, conforme resta  estabelecido  no  art.  112,  do  Código  Tributário  Nacional  –  CTN,  segundo  o  qual  “a  lei  tributária  que  define  infrações,  ou  lhe  comina  penalidades,  interpreta­se  da  maneira  mais  favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto”: à capitulação legal do fato; à natureza ou às  circunstâncias  materiais  do  fato,  ou  natureza  ou  extensão  de  seus  efeitos;  à  autoria,  imputabilidade ou punibilidade; e à natureza da penalidade, aplicação, ou à sua gradação.  Sobre  o  tema  em  comento,  tem­se  decidido  nas  sessões  deste  Conselho  a  interpretação da norma em favor do infrator. Vejamos:  Assunto:  Obrigações  Acessórias  Ano­calendário:  2006  ILEGIMITIDADE  PASSIVA.  MULTA.  REGISTRO  DE  DADOS  DE  EMBARQUE  MARÍTIMO  EM  ATRASO.  EXPORTAÇÃO.  RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. É legitimo para  figurar  no  polo  passivo  da  autuação,  o  transportador  que  registou  os  dados  de  embarque  fora  do  prazo  estabelecido  no  art. 37, §2º, da Instrução Normativa SRF nº 28/94. Inteligência  dos arts. 107, inciso IV, alínea “e” e 37 do Decreto­Lei nº 37/66  c/c arts. 37, §2º, 44 e 46 da Instrução Normativa SRF nº 28/94.  REGISTRO  DE  DADOS  DE  EMBARQUE MARÍTIMO  EM  ATRASO.  PENALIDADE  APLICADA  POR  VIAGEM  EM  VEÍCULO  TRANSPORTADOR.Ocorrendo  dúvida  quanto  à  natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza  ou  extensão  de  seus  efeitos;  à  autoria,  imputabilidade,  ou  punibilidade;  e  à  natureza  da  penalidade  aplicação,  ou  à  sua  gradação, deve ser aplicada a  interpretação mais  favorável ao  acusado  (art.  112, CTN).A multa  prescrita no  art.  107,  inciso  IV, alínea “e”, do Decreto­Lei nº 37/66 referente ao atraso no  registro  dados  de  embarque  de  mercadorias  destinadas  à  exportação  no  Siscomex  é  aplicada  por  viagem  do  veículo  transportador  e não por  carga  (Declaração para Despacho de  Exportação). DUPLICIDADE DA COBRANÇA. AUSÊNCIA DE  COMPROVAÇÃO.  Não  comprovada  documentalmente  o  alegado bis in idem, improcedente a alegação de duplicidade da  cobrança  e  a  consequente  identidade  de  objetos  entre  dois  processos  administrativos  fiscais.  DENÚNCIA  ESPONTÂNEA.  ART.  138,  CTN.  MULTA.  DESCUMPRIMENTO  DE  OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. Não alegado  Fl. 442DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 14          13 em momento oportuno, o argumento está precluso, pelo que não  merece  ser  conhecido,  ex  vi  dos  arts.  16,  inciso  III  e  17,  do  Decreto  nº  70.235/72.  (Recurso  Voluntário  nº  11968.001039/2007­17,  Relator  Bruno Mauricio Macedo  Curi,  da 2ª Câmara da 3ª Sessão de Julgamento do Carf, Publicada em  11/09/2013)  Nestes  termos,  entendo  que  a  penalidade  do  art.  107,  IV,  alínea  “e”  do  Decreto Lei nº 37/66, deve ser aplicada por viagem e não por declaração de carga, devendo as  penalidades  aplicadas por declaração excluídas para que  fiquem apenas a multa aplicada por  viagem apurada no auto de infração.  Ressalto  que  este  seria  o  entendimento  caso  não  estivesse  prejudicada  a  análise.  Em face do exposto, encaminho o voto para DAR PROVIMENTO ao recurso  voluntário.  É assim que voto.  (assinatura digital)  Paulo  Antônio  Caliendo  Velloso  da  Silveira  –  Relator Fl. 443DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 15          14 Voto Vencedor  Conselheiro Marcos Antonio Borges,  Em  que  pese  o  entendimento  do  relator,  ouso  dele  discordar  em  relação  à  aplicação do instituto da denúncia espontânea.  Da aplicação do instituto da denúncia espontânea  No entendimento do STJ, conforme comprovam diversos julgados, a entrega  extemporânea de qualquer tipo de obrigação acessória (DCTF, por exemplo) configura infração  formal,  não  podendo  ser  considerada  como  infração  de  natureza  tributária  apta  a  atrair  o  instituto da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN.  A prestação de  informações no Siscomex, como é o  caso,  é uma obrigação  acessória e,  aplicando­se essa linha de raciocínio, deveria se observar a aplicação da Súmula  CARF n° 49, que adota a mesma interpretação:  Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do CTN)  não  alcança  a  penalidade  decorrente  do  atraso  na  entrega  de  declaração.  No entanto, essa discussão foi reaberta em face da nova redação do art. 102  do Decreto­Lei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010:  Art.102 ­ A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se  for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá  a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo  Decreto­Lei nº 2.472, de 01/09/1988)   §  1º  ­  Não  se  considera  espontânea  a  denúncia  apresentada:  (Incluído pelo Decreto­Lei nº 2.472, de 01/09/1988)   a)  no  curso  do  despacho  aduaneiro,  até  o  desembaraço  da  mercadoria; (Incluído pelo Decreto­Lei nº 2.472, de 01/09/1988)   b)  após  o  início  de  qualquer  outro  procedimento  fiscal,  mediante  ato  de  ofício,  escrito,  praticado  por  servidor  competente,  tendente  a  apurar  a  infração.  (Incluído  pelo  Decreto­Lei nº 2.472, de 01/09/1988)   § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades  de  natureza  tributária  ou  administrativa,  com  exceção  das  penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena  de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010)  Apesar  de  alguns  julgados  recentes  do  CARF  estarem  admitindo  a  caracterização  da  denúncia  espontânea  com  fundamento  da  nova  redação  do  dispositivo,  entendo que na aplicação do art. 102 do Decreto­Lei nº 37/1966, deve­se analisar o conteúdo  da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de  deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações  caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo.  Fl. 444DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 16          15 Esse  entendimento,  do  qual  eu  compartilho,  foi  evidenciado  em  voto  do  eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3a S/1a C/2a  TO. S. de 22/08/2013:  O  objetivo  da  norma  em  destaque,  evidentemente,  é  estimular  que  o  infrator  informe  espontaneamente  à  Administração  aduaneira  a  prática  das  infrações  de  natureza  tributária  e  administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última,  incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais  (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas  (fazer  ou  tolerar)  ou  negativas  (não  fazer)  instituídas  no  interesse  fiscalização  das  operações  de  comércio  exterior,  incluindo  os  aspectos  de  natureza  tributária,  administrativo,  comercial, cambial etc.  Não  se  pode  olvidar  que,  para  aplicação  do  instituto  da  denúncia  espontânea,  é  condição  necessária  que  a  infração  de  natureza  tributária  ou  administrativa  seja  passível  de  denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é  requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço  que a infração seja denunciável.  No  âmbito  da  legislação  aduaneira,  em  consonância  com  o  disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de  aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de  circunstância  de  ordem  lógica  (ou  racional)  ou  legal  (ou  jurídica).  No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico  que  veda  a  incidência  da  norma  em  apreço,  ao  excluir  determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da  responsabilidade  por  denunciação  espontânea  da  infração  cometida.  A  título  de  exemplo,  podem  ser  citadas  as  infrações  por  dano  erário,  sancionadas  com  a  pena  de  perdimento,  conforme expressamente determinado no § 2°, in fine, do citado  art. 102.  A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando  fatores  de  ordem  material  tornam  impossível  a  denunciação  espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que  têm  por  objeto  as  condutas  extemporâneas  do  sujeito  passivo,  caracterizadas  pelo  cumprimento  da  obrigação  após  o  prazo  estabelecido  na  legislação.  Para  tais  tipos  de  infração,  a  denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar  o fluxo inevitável do tempo.  Compõem  essa  última  modalidade  toda  infração  que  tem  o  atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa)  como  elementar  do  tipo  da  conduta  infratora.  Em  outras  palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo  como elemento essencial da tipificação da infração.  São  dessa  última  modalidade  todas  as  infrações  que  têm  no  núcleo  do  tipo  da  infração  o  atraso  no  cumprimento  da  obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser  Fl. 445DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 17          16 citada  a  conduta  do  transportador  de  registrar  extemporaneamente  no  Siscomex  os  dados  das  cargas  embarcadas, infração objeto da presente autuação.  Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é  deixar  de  prestar  informação  sobre  a  carga  no  prazo  estabelecido,  que  é  diferente  da  conduta  de,  simplesmente,  deixar  de  prestar  a  informação  sobre  a  carga.  Na  primeira  hipótese,  a  prestação  intempestiva  da  informação  é  fato  infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda  hipótese,  a  mera  prestação  de  informação,  independentemente  de  ser  ou  não  a  destempo,  resulta  no  cumprimento  da  correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a  informação for prestada antes do início do procedimento fiscal,  a  denúncia  espontânea  da  infração  configura­se  e  a  respectiva  penalidade é excluída.  De  fato,  se  registro  extemporâneo  da  informação  da  carga  materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de  todo  ilógico,  por  contradição  insuperável,  que  o  mesmo  fato  configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração.  De  modo  geral,  se  admitida  a  denúncia  espontânea  para  infração por atraso na prestação de informação, o que se admite  apenas  para  argumentar,  o  cometimento  da  infração,  em  hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora,  uma  vez  que  a  própria  conduta  tipificada  como  infração  seria,  ao  mesmo  tempo,  a  conduta  configuradora  da  denúncia  espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que  comprovada  a  infração,  a  multa  aplicada  seria  sempre  inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator  pela denúncia espontânea da infração.  Esse  sentido  e  alcance  atribuído  a  norma,  com  devida  vênia,  constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da  penalidade  pelo  intérprete  e  aplicador  da  norma,  pois,  na  prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser  aplicada  em  hipótese  alguma,  excluindo  do  ordenamento  jurídico  qualquer  possibilidade  punitiva  para  a  prática  de  infração desse jaez.  Assim,  a  aplicação da denúncia  espontânea  às  infrações  caracterizadas pelo  fazer  ou  não­fazer  extemporâneo  do  sujeito  passivo,  no  caso  a  prestação  de  informação  no  Siscomex na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, implicaria no  esvaziamento  do  dever  instrumental,  comprometendo  o  controle  aduaneiro  efetuado  pela  autoridade administrativa no exercício do seu Poder de Polícia.  Entende­se, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102  do  Decreto­Lei  n°  37/1966)  não  alcança  as  penalidades  exigidas  pelo  descumprimento  de  obrigações  acessórias  caracterizadas  pelo  atraso  na  prestação  de  informação  à  administração  aduaneira.  Desta  forma,  em  virtude  de  todos  os  motivos  apresentados  e  dos  fatos  presentes no caso concreto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário.  Fl. 446DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/2009­14  Acórdão n.º 3801­004.847  S3­TE01  Fl. 18          17  (assinado digitalmente)  Marcos  Antonio  Borges                 Fl. 447DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES

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Numero do processo: 10768.720057/2007-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002 CONSÓRCIO DE EMPRESAS. REQUISITOS. EMPREENDIMENTO DETERMINADO. CARACTERIZAÇÃO. PRAZO. Empreendimento, identificado no ato constitutivo de consórcio operacional como a construção do parqueindustrial, o refino de bauxita e a redução de alumina para a obtenção do alumínio, tem grau de determinação suficiente para fim de respaldar a constituição de um consórcio de sociedades nos termos da legislação comercial. Não há falar em perpetuação de empreendimento que tem prazo determinado em 50 (cinqüenta) anos, ainda que renovável. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. LEI Nº 9.363/96. TRANSFERÊNCIA PARA ESTABELECIMENTO FILIAL. UTILIZAÇÃO PARA POSTERIOR COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do art. 16 da IN SRF 600/05, o crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, apurado de forma centralizado na matriz, pode ser mantido na escrita fiscal para posterior dedução do IPI relativo a períodos subseqüentes de apuração, ser transferido a outro estabelecimento da pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, ou ressarcimento, em espécie ou compensação, do saldo credor verificado ao final de cada trimestre-calendário, sendo estas opções mutuamente excludentes, de modo que, feita a escolha, não é possível a adoção das demais formas de utilização do direito de crédito. Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3401-002.946
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso do contribuinte. Vencidos os Conselheiros Bernardo Leite de Queiroz Lima (Relator), Jean Cleuter e a Conselheira Ângela Sartori, que davam provimento. Os Conselheiros Eloy Nogueira e Júlio Ramos negaram provimento ao direito de crédito e apresentaram declaração de voto conjunta. Designado o Conselheiro Robson Bayerl. JULIO CESAR ALVES RAMOS - Presidente. Bernardo Leite de Queiroz Lima - Relator. EDITADO EM: 04/05/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JULIO CESAR ALVES RAMOS (Presidente), ROBSON JOSE BAYERL, ANGELA SARTORI, JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA
Nome do relator: BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2682; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C4T1  Fl. 247          1 246  S3­C4T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10768.720057/2007­95  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3401­002.946  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  18 de março de 2015  Matéria  Ressarcimento IPI  Recorrente  BHP BILLITON METAIS S/A  Recorrida  Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG)    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS ­ IPI  Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002  CONSÓRCIO  DE  EMPRESAS.  REQUISITOS.  EMPREENDIMENTO  DETERMINADO.  CARACTERIZAÇÃO.  PRAZO.  Empreendimento,  identificado no ato constitutivo de consórcio operacional como a construção  do  parqueindustrial,  o  refino  de  bauxita  e  a  redução  de  alumina  para  a  obtenção  do  alumínio,  tem  grau  de  determinação  suficiente  para  fim  de  respaldar  a  constituição  de  um  consórcio  de  sociedades  nos  termos  da  legislação  comercial. Não há  falar  em perpetuação  de  empreendimento  que  tem prazo determinado em 50 (cinqüenta) anos, ainda que renovável.  CRÉDITO  PRESUMIDO  DE  IPI.  LEI  Nº  9.363/96.  TRANSFERÊNCIA  PARA ESTABELECIMENTO FILIAL. UTILIZAÇÃO PARA POSTERIOR  COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.  Nos termos do art. 16 da IN SRF 600/05, o crédito presumido de IPI de que  trata  a  Lei  nº  9.363/96,  apurado  de  forma  centralizado  na matriz,  pode  ser  mantido  na  escrita  fiscal  para  posterior  dedução  do  IPI  relativo  a  períodos  subseqüentes de apuração, ser transferido a outro estabelecimento da pessoa  jurídica,  somente  para  dedução  de  débitos  do  IPI,  ou  ressarcimento,  em  espécie  ou  compensação,  do  saldo  credor  verificado  ao  final  de  cada  trimestre­calendário,  sendo  estas  opções mutuamente  excludentes,  de modo  que, feita a escolha, não é possível a adoção das demais formas de utilização  do direito de crédito.  Recurso voluntário negado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,    por  voto  de  qualidade,  negar  provimento ao recurso do contribuinte. Vencidos os Conselheiros Bernardo Leite de Queiroz  Lima  (Relator),  Jean  Cleuter  e  a  Conselheira  Ângela  Sartori,  que  davam  provimento.  Os     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 72 00 57 /2 00 7- 95 Fl. 247DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS     2 Conselheiros  Eloy  Nogueira  e  Júlio  Ramos  negaram  provimento  ao  direito  de  crédito  e  apresentaram declaração de voto conjunta. Designado o Conselheiro Robson Bayerl.   JULIO CESAR ALVES RAMOS ­ Presidente.   Bernardo Leite de Queiroz Lima ­ Relator.  EDITADO EM: 04/05/2015  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  JULIO  CESAR  ALVES  RAMOS  (Presidente),  ROBSON  JOSE  BAYERL,  ANGELA  SARTORI,  JEAN  CLEUTER  SIMOES MENDONCA,  ELOY  EROS  DA  SILVA  NOGUEIRA,  BERNARDO  LEITE DE QUEIROZ LIMA    Relatório  Trata  o  presente  de  declaração  de  compensação  de  Crédito  Presumido  do  Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) referente ao primeiro trimestre de 2003 em que  se  pleiteia  a  utilização  destes  créditos  com  débitos  do  Imposto  de  Renda  sobre  Pessoas  Jurídicas (IRPJ).  Considerando  as  diversas  indas  e  vindas  do  presente  processo,  transcrevo  parte do relatório do acórdão da DRJ, eis que bem sintetiza os percalços pelos quais percorreu:  Trata  o  presente  processo  das  DCOMPs  de  números  01154.40592  e  18646.88244  (cópias  às  fls.  01  a  21),  que  informam  como  lastro  das  compensações  declaradas  crédito  presumido do IPI relativo ao 1° trimestre de 2003 , no valor total  de R$ 3.898.595,34, apurado pela matriz (42.105.890/0001­46 ­  fls. 02 e 19).   Para  verificação  da  legitimidade  dos  créditos  alegados  foi  instaurado  procedimento  fiscal  cujos  resultados  estão  consolidados  na  informação  de  fl.  95.  Eis  as  observações  efetuadas  pela  fiscalização:  "O  contribuinte  utilizou  o  crédito  presumido  pela  dedução  do  IPI  devido  em  função  das  .  operações  no  mercado  interno  do  estabelecimento  matriz.  Nos  respectivos  períodos  .  do  1'  trimestre  os  créditos  foram  transportados  para  os  períodos  subseqüentes,  não  havendo,  portanto, o que ressarcir. "  A  Diort/Derat/Rio  de  Janeiro/RJ  reconheceu  a  homologação,  por decurso de prazo, da compensação declarada por intermédio  da  DCOMP  01154.40592  (fls.  01/17),  na  qual  foi  utilizado  o  direito  creditório  no montante  de R$  2.257.389,33. No  que  diz  respeito  à  DCOMP  18646.88244,  indeferiu  integralmente  o  pleito, sob o argumento principal de que a Billiton Metais nada  industrializa,  pois  não  possui  parque  industrial  (a  industrialização  é  efetuada  pelo  Consórcio  Alumar),  não  podendo  aproveitar  o  crédito  presumido  em  virtude  de  não  satisfazer, cumulativamente, as condições de_empresa produtora  e exportadora. Em síntese, o entendimento da unidade de origem  Fl. 248DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/2007­95  Acórdão n.º 3401­002.946  S3­C4T1  Fl. 248          3 está  resumido  no  trecho  abaixo  transcrito  do  Despacho  Decisório de fls. 87/93:   ­a  BILLITON  METAIS  S/A,  embora  seja  exportadora,  nada  industrializa  pois  sua  produção  é  totalmente  proveniente  do  Consórcio  ALUMAR,  não  satisfazendo,  por  conseguinte,  à  condição  imposta  pelo  legislador  para  o  aproveitamento  do  beneficio  fiscal,  qual  seja,  ser  concomitantemente  produtora  e  exportadora;  ­o Consórcio ALUAMR, por sua vez, também não é, na forma da  legislação de regência,  realmente um consórcio, mas,  sim, uma  sociedade  de  fato,  com  todas  as  conseqüências  fiscais  daí  decorrentes; e,  ­finalizando,  a  BILLITON  METAIS  S/A,  seja  pelo  seu  estabelecimento matriz,  seja pelos seus  estabelecimentos  filiais,  por  não  possuir  nenhum  parque  industrial,  não  pode  ser  considerada  uma  empresa  exportadora  e  produtora,  requisito  essencial ao azo do direito ao crédito presumido do IPI pleiteado  neste processo.  Não obstante terem sido os argumentos acima os que resultaram  no  indeferimento  do  direito  creditório,  a  Diort/Derat/RJO  discordou  da  fiscalização  quanto  aos  valores  do  crédito  presumido que teriam sido utilizados para amortizar débitos do  IPI. Vejamos suas considerações  "É imperativo, ainda, deixar consignado que se a pessoa jurídica  tivesse  legitimidade  ativa  para  requerer  o  crédito,  hipótese  aventada  unicamente  a  título  de  argumentação,  ele  seria  parcialmente deferido, no valor de R$ 3.451.454,18, como será a  seguir demonstrado, pois utilizara parte — e não a totalidade —  dele para compensar débitos próprios do IPI. (..) "  Para  comprovar  o  valor  do  crédito  presumido  passível  de  ressarcimento/compensação,  não  fosse  a  ilegitimidade  passiva,  elaborou os demonstrativos de fls. 91/92.  A contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de  fls. 119 a 134, por intermédio da qual discorda do indeferimento  de  seu  pleito.  Em  resumo,  a  Manifestante  apresentou  as  seguintes alegações:  i. que "o Consórcio Alumar tem por objeto um empreendimento  determinado ";  ii.  "que  o Consórcio Alumar  ­  reveste  a  natureza  de  consórcio  operacional  que,  após  a  conclusão  da  construção  do  parque  industrial,  tem  como  objetivo  o  desenvolvimento  coordenado  e  conjunto  de  uma  atividade  industrial  de  transformação  de  recursos minerais;  iii. que o Consórcio Alumar também atende ao requisito legal de  prazo de duração determinado;   Fl. 249DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS     4 iv. que a Billiton, enquanto integrante do Consórcio Alumar, faz  jus  crédito  presumido,  pois  produz  e  exporta  mercadorias  nacionais  e,  para  isso,  adquire,  no mercado  interno, MP,  PI  e  ME.  A Manifestação  de  Inconformidade  foi  julgada  improcedente  pela  DRJ  de  Juiz de Fora, em acórdão cuja ementa se transcreve:  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  PRODUTOS  INDUSTRIALIZADOS ­ IPI  Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003  RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO  DE  CRÉDITO  PRESUMIDO  DE  IPI  ESCRITURADO  EM  FILIAL.  INADMISSIBILIDADE.  Inadmissível  o  aproveitamento,  mediante  ressarcimento  vinculado  a  compensação,  de  crédito  presumido  apurado  pela  matriz e transferido para estabelecimento filial.  Manifestação de Inconformidade Improcedente  Direito Creditório Não Reconhecido  Irresignada,  a  ora  Recorrente  interpôs  o  competente  Recurso  Voluntário,  alegando, em síntese, que o Consórcio Alumar não se caracteriza como sociedade de fato, uma  vez que tem um objeto de empreendimento determinado,  tratando­se de um empreendimento  próprio  e  comum  das  partes  consorciadas.  Ademais,  afirma  que  o  prazo  de  duração  do  consórcio, conquanto seja longo, está adequado ao escopo do empreendimento. Por fim, afirma  que,  se o  consórcio  fosse  considerado  uma  sociedade  de  fato,  deveria  ser  sujeito  passivo  de  obrigações tributárias próprias, não devendo a Recorrente apropriar suas despesas e receitas na  proporção de sua participação no empreendimento.  É o Relatório.    Voto Vencido  Conselheiro Bernardo Leite de Queiroz Lima  O  Recurso  Voluntário  é  tempestivo  e  preenche  os  demais  requisitos  de  admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço.  1  Da utilização de crédito presumido apurado em filial  O acórdão  da DRJ  julgou  improcedente  o  crédito  presumido da Recorrente  em razão de estes terem sido transferidos da matriz para filial. A decisão se baseou no art. 14  da IN SRF nº 210/02 e art. 16 da IN SRF nº 600/05 (posteriormente revogada pela IN RFB nº  900/08), os quais vedavam o ressarcimento de crédito presumido pela filial quando estes são  transferidos da matriz.  Fl. 250DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/2007­95  Acórdão n.º 3401­002.946  S3­C4T1  Fl. 249          5 Não  adentrando  na  questão  da  ilegalidade  destas  instruções  normativas  em  face à Lei nº 9.363/96, o acórdão da DRJ equivocou­se na aplicação das respectivas instruções  normativas, como será demonstrado abaixo.  Neste  passo,  antes  de  se  proceder  à  análise  das  instruções  normativas,  importante analisar o art. 2º, §§ 2º e 3º, e o art. 4º da Lei nº 9.363/96:  Art. 2oA base de cálculo do crédito presumido será determinada  mediante  a  aplicação,  sobre  o  valor  total  das  aquisições  de  matérias­primas,  produtos  intermediários  e  material  de  embalagem  referidos  no  artigo  anterior,  do  percentual  correspondente  à  relação  entre  a  receita  de  exportação  e  a  receita operacional bruta do produtor exportador.  (...)  §2o No  caso  de  empresa  com  mais  de  um  estabelecimento  produtor  exportador,  a  apuração  do  crédito  presumido  poderá  ser centralizada na matriz.  §3o O  crédito  presumido,  apurado  na  forma  do  parágrafo  anterior,  poderá  ser  transferido  para  qualquer  estabelecimento  da  empresa  para  efeito  de  compensação  com  o  Imposto  sobre  Produtos Industrializados, observadas as normas expedidas pela  Secretaria da Receita Federal.  Art. 4o Em caso de comprovada impossibilidade de utilização do  crédito presumido em compensação do Imposto sobre Produtos  Industrializados  devido,  pelo  produtor  exportador,  nas  operações  de  venda  no  mercado  interno,  far­se­á  o  ressarcimento em moeda corrente.  Parágrafo único. Na hipótese de  crédito  presumido apurado na  forma  do  §  2o do  art.  2o,  o  ressarcimento  em  moeda  corrente  será efetuado ao estabelecimento matriz da pessoa jurídica.  Realizando uma leitura do art. 2º, §§ 2º e 3º acima, é possível concluir que a  empresa com mais de um estabelecimento pode  transferir os créditos centralizados da matriz  para qualquer outro estabelecimento da empresa. O art. 4º, por sua vez, permite que os créditos  do  art.  2º,  §2º  possam  ser  ressarcidos  no  caso  de  impossibilidade  de  sua  compensação  com  outros créditos de IPI  Ora, o art. 4º não restringe o ressarcimento dos créditos quando transferidos  para  outro  estabelecimento  da  empresa. Os  créditos  apurados  de  forma  centralizada, mesmo  que  transferidos  para  outro  estabelecimento,  podem  ser  ressarcidos,  pois,  mesmo  após  tal  transferência, não deixam de ser créditos apurados nos termos do art. 2º, §2º. A transferência é  feita  para  fins  de  compensação  do  IPI,  mas,  se  por  algum  motivo  for  impossibilitada  tal  compensação,  deve  ser  permitido  o  ressarcimento,  eis  que  este  é  permitido  pelo  art.  4º  na  impossibilidade da compensação do crédito presumido com o  IPI,  desde,  claro,  devidamente  comprovada.  Acrescente­se  que  o  final  do  Parágrafo  Único  do  art.  4º  corrobora  tal  entendimento, pois, ao mencionar que o ressarcimento deve ser "efetuado ao estabelecimento  matriz  da  pessoa  jurídica",  leva  a  crer  que  os  créditos  poderiam  estar  em  outros  Fl. 251DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS     6 estabelecimentos  da  empresa.  Interpretar  de  outra  forma  seria  limitar  indevidamente  a  aplicação do Parágrafo Único, uma vez que, por se aplicar apenas à hipótese em que o crédito é  apurado de forma centralizada na matriz, e considerando que este só pode ser atribuído a outro  estabelecimento  por meio  de  sua  transferência,  a  conclusão  é  que  o  ressarcimento  pode  ser  feito por créditos transferidos, mas desde que efetuado à matriz.  Entender  de  forma  contrária  seria  limitar  o  escopo  do  Parágrafo  Único  somente  para  impedir  que  o  pedido  de  ressarcimento  seja  feito  em  nome  de  outro  estabelecimento quando o crédito  tiver sido apurado de forma centralizada pela matriz e não  transferido  para  outro  estabelecimento.  Desta  forma,  estaria  sendo  violado  o  direito  ao  aproveitamento  do  crédito  presumido,  por  via  distinta  da  compensação,  ao  se  criar  uma  restrição que não se coaduna com o espírito da referida norma.  Assim,  a melhor  interpretação  é  no  sentido  de que  os  créditos  apurados  de  forma centralizada pela matriz, mesmo quando transferidos a outro estabelecimento, podem ser  objeto de ressarcimento quando não puderem ser compensados com débitos de IPI.  Feitos  os  esclarecimentos  acerca  da  Lei  nº  9.363/96,  vale  ressaltar  que  julgamento da DRJ negou provimento à Manifestação de Inconformidade sob o argumento de  que  o  pedido  de  ressarcimento  não  poderia  ser  deferido,  uma  vez  que  os  créditos  foram  transferidos para outro  estabelecimento da Recorrente que não a matriz. Olvidou­se que,  em  razão  da  previsão  específica  da  Lei  nº  9.363/,96,  na  hipótese  de  impossibilidade  de  compensação  do  crédito  com  IPI,  poderia  ser  realizado  o  ressarcimento  do  crédito  mesmo  quando  transferidos  a outro  estabelecimento,  desde que o  ressarcimento  seja  efetuado para a  matriz.  Contudo, o acórdão da DRJ deixou de analisar a referida lei e restringiu­se a  aplicar as instruções normativas supracitadas, sem questionar que, ao vedarem o ressarcimento  dos créditos transferidos a outro estabelecimento, violaram o disposto na Lei nº 9.363/96. Vale  trazer o disposto no art. 16 da antiga IN SRF nº 600/05:  Art. 16. Os créditos do IPI, escriturados na forma da legislação  específica,  serão  utilizados  pelo  estabelecimento  que  os  escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI  decorrentes das saídas de produtos tributados.  § 1º Os créditos do IPI que, ao final de um período de apuração,  remanescerem  da  dedução  de  que  trata  o  caput  poderão  ser  mantidos  na  escrita  fiscal  do  estabelecimento,  para  posterior  dedução de débitos do IPI relativos a períodos subseqüentes de  apuração,  ou  serem  transferidos  a  outro  estabelecimento  da  pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, caso  se refiram a:  I  ­  créditos  presumidos  do  IPI,  como  ressarcimento  da  Contribuição  para  o  PIS/Pasep  e  da  Cofins,  previstos  na  Lei  nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, e na Lei nº 10.276, de 10  de setembro de 2001;  II ­ créditos decorrentes de estímulos fiscais na área do IPI a que  se refere o art. 1º da Portaria MF nº 134, de 18 de fevereiro de  1992; e  III ­ créditos do IPI passíveis de transferência a filial atacadista  nos termos do item "6" da Instrução Normativa SRF nº 87/89, de  21 de agosto de 1989.  Fl. 252DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/2007­95  Acórdão n.º 3401­002.946  S3­C4T1  Fl. 250          7 §  2º Remanescendo,  ao  final  de  cada  trimestre­calendário,  créditos  do  IPI  passíveis  de  ressarcimento  após  efetuadas  as  deduções  de  que  tratam  o  caput  e  o  §  1º,  o  estabelecimento  matriz  da  pessoa  jurídica  poderá  requerer  à  SRF  o  ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento  que os apurou, bem como utilizá­los na compensação de débitos  próprios  relativos  aos  tributos  e  contribuições  administrados  pela SRF.  § 3º O pedido de ressarcimento e a compensação previstos no §  2º serão  efetuados  pelo  estabelecimento  matriz  da  pessoa  jurídica  mediante  a  utilização  do  Programa  PER/DCOMP  ou,  na  impossibilidade  de  sua  utilização,  mediante  petição/declaração  (papel)  acompanhada  de  documentação  comprobatória do direito creditório.  § 4º Somente são passíveis de ressarcimento:  I ­ os créditos presumidos do IPI a que se refere o inciso I do §  1º,  escriturados  no  trimestre­calendário,  excluídos  os  valores  recebidos por transferência da matriz; e  O  r.  acórdão,  portanto,  se  pautou  em  instruções  normativas  que  criam  restrições não previstas  na  lei  que deveriam apenas  regulamentar,  violando o direito  à plena  utilização do crédito. Por este motivo, o r. acórdão estaria eivado de nulidade, eis que deixou  de analisar matéria necessária ao deslinde do processo, qual seja, a ilegalidade das instruções  normativas em face da Lei nº 9.363/96.  Não  obstante,  não  há  que  se  declarar  a  nulidade  do  acórdão,  devendo­se  proceder à análise mérito, nos  termos do art. 59, §3º do Decreto nº 70.235/76, o qual dispõe  que  “quando  puder  decidir  do  mérito  a  favor  do  sujeito  passivo  a  quem  aproveitaria  a  declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou  suprir­lhe a falta”.  Destarte, por ser permitido o ressarcimento dos créditos transferidos a outro  estabelecimento, nos termos da Lei nº 9.363/96, também deve ser permitida a compensação dos  créditos objeto do presente processo com outros tributos administrados pela Receita Federal do  Brasil,  por  força  do  disposto  do  art.  74  da  Lei  nº  9430/96. Assim,  devem  ser  analisadas  as  questões  relativas  à  possibilidade  de  reconhecimento  de  tais  créditos,  o  que  depende  da  caracterização do Consórcio Alumar, como se passa a discorrer abaixo.  2  Do consórcio Alumar  O cerne da presente  lide  é  a  caracterização do Consórcio Alumar,  formado  pelas  empresas  Alcoa  Alumínio  S/A,  Alcan  Alumínio  do  Brasil  S/A,  Abalco  S/A  e  a  Recorrente,  como  uma  sociedade  de  fato.  A  conseqüência  da  caracterização  do  Consórcio  como sociedade de fato seria a impossibilidade de reconhecer o direito ao crédito presumido de  IPI pela Recorrente.  Destarte,  necessário  verificar  se  o  Consórcio  de  enquadra  no  conceito  previsto nos arts. 278 e 279 da Lei nº 6.404/76:  Fl. 253DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS     8 Art.  278.  As  companhias  e  quaisquer  outras  sociedades,  sob  o  mesmo  controle  ou  não,  podem  constituir  consórcio  para  executar  determinado  empreendimento,  observado  o  disposto  neste Capítulo.  §  1º  O  consórcio  não  tem  personalidade  jurídica  e  as  consorciadas  somente  se  obrigam  nas  condições  previstas  no  respectivo contrato, respondendo cada uma por suas obrigações,  sem presunção de solidariedade.  §  2º A  falência  de  uma  consorciada  não  se  estende  às  demais,  subsistindo o consórcio com as outras contratantes; os créditos  que porventura  tiver a  falida serão apurados e pagos na  forma  prevista no contrato de consórcio.  Art.  279.  O  consórcio  será  constituído  mediante  contrato  aprovado pelo órgão da sociedade competente para autorizar a  alienação de bens do ativo permanente, do qual constarão:  I ­ a designação do consórcio se houver;  II ­ o empreendimento que constitua o objeto do consórcio;  III ­ a duração, endereço e foro;  IV  ­  a  definição  das  obrigações  e  responsabilidade  de  cada  sociedade consorciada, e das prestações específicas;  V  ­  normas  sobre  recebimento  de  receitas  e  partilha  de  resultados;  VI  ­  normas  sobre  administração do  consórcio,  contabilização,  representação  das  sociedades  consorciadas  e  taxa  de  administração, se houver;  VII  ­  forma de deliberação sobre assuntos de  interesse comum,  com o número de votos que cabe a cada consorciado;  VIII  ­  contribuição  de  cada  consorciado  para  as  despesas  comuns, se houver.  Parágrafo  único.  O  contrato  de  consórcio  e  suas  alterações  serão arquivados no registro do comércio do lugar da sua sede,  devendo a certidão do arquivamento ser publicada.  A DRJ, em declaração de voto no r. acórdão, contrapondo sua interpretação  dos  dispositivos  acima  transcritos  com  o  contrato  constitutivo  do  consórcio,  chegaou  à  conclusão de que se trata de uma sociedade de fato em razão de ter como empreendimento um  objeto  complexo  "que  se  expande  sem  quantificação  definida",  por  prazo  indeterminado.  Segundo seu entendimento, o Consórcio Alumar seria uma sociedade de fato porque "não pode  o consórcio ter ânimo definitivo ou se expandir além de limites originalmente definidos, seja  no tempo ou na quantíficação e qualificação do empreendimento".  Pois bem, quanto à questão do objetivo do empreendimento, o caput do art.  278  da Lei  nº  6.404/76  apenas  determina  que  as  empresas  "podem constituir  consórcio  para  executar  determinado  empreendimento".  O  elemento  caracterizador  do  consórcio  é  que  este  tenha  um  empreendimento  determinado.  A  norma  não  traz  limites  ao  escopo  do  empreendimento, exigindo que ele consista em uma única atividade ou que esta seja simples. A  única exigência da lei é que ele seja determinado.  Fl. 254DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/2007­95  Acórdão n.º 3401­002.946  S3­C4T1  Fl. 251          9 Compulsando o contrato de constituição do Consórcio Alumar, a definição do  objetivo do empreendimento está claramente definida nos Artigo 1º e 3.02:  “Artigo I. Objeto e descriçao do consórcio.  Pelo  presente  contrato,  a  Alcoa,  Billiton,  Alcan  e  Abalco  estabelecem  um  Consórcio,  que  tem  por  objeto  a  aquisição,  montagem  e  construção  de  instalações  para  o  Refino  de  Alumina,  e  de  Instalações  para  a  Redução  de  Alumínio,  juntamente  com  instalações  de  apoio,  nas  vizinhanças  de  São  Luís,  Estado  do  Maranhão,  República  Federativa  do  Brasil,  assim  como  a  operação  de  tais  instalações,  com  base  em  fornecimento  proporcional  de  bauxita,  a  partilha  de  alumina  produzida  por  Alcoa,  Billiton,  Alcan  e  Abalco,  a  partilha  de  alumínio  produzido  por Alcoa  e Billiton  e  uma  correspondente  participação nos custos de produção da alumina e do alumínio  (...)  3.02. Objeto. Fiscalização e Poderes do Consórcio.  (a)  Objeto.  O  Objeto  do  Consórcio  e  o  objetivo  das  Consorciadas  em  constituí­lo  são  de  dedicar­se  aos  Empreendimentos  descritos  no  artigo  I  deste  instrumento,  através  de,  entre  outras  atividades,  processar  bauxita,  transformando­a em alumina' no Empreendimento de Refino de  Alumina e alumina em alumínio no Empreendimento de Redução  de  Alumínio,  utilizando­se  de  instalações  construídas  e/ou  possuídas  pelas  Consorciadas  ou  em  seu  nome,  no  Estado  do  Maranhão, Brasil, e assim, dando o direito a cada Consorciada  de  receber  uma  participação  (se  houver)  da  alumina  e  do  alumínio  produzidos,  até  o  limite  dos  seus  respectivos Direitos  de  Alumina  e  Direitos  de  Alumínio,  com  cada  Consorciada  responsabilizando­se por sua respectiva participação nos custos  e despesas determinados e alocados de acordo com os termos e  condições  do  presente  Contrato,  incorridos  com  as  referidas  construção  e  propriedade,  assim  como  com  a  produção  da  alumina e do alumínio (fls. ...)”;  O  objeto  do  Consórcio  Alumar  é,  após  a  construção  das  instalações  necessárias  para  a  operação,  "(...)  processar  bauxita,  transformando­a  em  alumina'  no  Empreendimento  de  Refino  de  Alumina  e  alumina  em  alumínio  no  Empreendimento  de  Redução  de  Alumínio,  utilizando­se  de  instalações  construídas  e/ou  possuídas  pelas  Consorciadas ou em seu nome (...)".  Apesar  de  o  contrato  discriminar  dois  empreendimentos,  quais  sejam,  "Empreendimento  de  Refino  de  Alumina"  e  "Empreendimento  de  Redução  de  Alumina",  é  certo que  tais  atividades  estão  relacionadas,  o que  justifica  a  sua  realização por meio de um  consórcio único. Esta distinção não retira o caráter de determinação do empreendimento objeto  do Consórcio Alumar, enquadrando­o nos termos do art. 278 da Lei nº 6.404/76.  Outrossim,  quanto  à  duração  do  empreendimento,  o  próprio  contrato  constitutivo prevê que o prazo de duração do consórcio vai até 2050, podendo ser prorrogado  por mais um ano. O art. 279,  inciso  III, da Lei nº 6.404/76 apenas  exige que seja prevista  a  duração do consórcio. Este requisito foi preenchido, conforme se verifica no próprio contrato  Fl. 255DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS     10 de constituição do Consórcio e o fato de ser prorrogável não tem o condão de descaracterizar o  fato de que foi constituído pro prazo determinado, uma vez que, findo o prazo inicial, não há a  certeza de sua continuidade.  Em  caso  semelhante,  inclusive  tratando  de  processo  da  Recorrente,  neste  sentido  já  reconheceu  este  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais  no  julgamento  proferido no Acórdão nº 3403001.545, pela 3ª Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira  Seção:  Assunto:  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados  IPI  Período  de  apuração:  01/01/2002  a  31/03/2002  CONSÓRCIO  DE  EMPRESAS.  REQUISITOS.  EMPREENDIMENTO  DETERMINADO.  CARACTERIZAÇÃO.  PRAZO.  Empreendimento,  identificado  no  ato  constitutivo  de  consórcio  operacional como a construção do parque industrial, o refino de  bauxita  e  a  redução  de  alumina  para  a  obtenção  do  alumínio,  tem  grau  de  determinação  suficiente  para  fim  de  respaldar  a  constituição  de  um  consórcio  de  sociedades  nos  termos  da  legislação  comercial.  Não  há  falar  em  perpetuação  de  empreendimento que  tem prazo determinado em 50  (cinqüenta)  anos, ainda que renovável. Recurso Voluntário Provido  Vale  trazer  à  baila  trecho  do  referido Acórdão,  de  relatoria  da Conselheira  Liduína Maria Alves Macambira, uma vez que coaduno do entendimento nele esposado:  O empreendimento, identificado no ato constitutivo de consórcio  operacional como a construção do parque industrial, o refino de  bauxita  e  a  redução  de  alumina  para  a  obtenção  do  alumínio,  tem  grau  de  determinação  suficiente  para  fim  de  respaldar  a  constituição  de  um  consórcio  de  sociedades  nos  termos  da  legislação comercial.  Se a  lei não  limita, não vejo como descaracterizar mencionado  consórcio, sob os fundamentos apontados na decisão recorrida.  Ora,  se  a  fiscalização  concluiu  ser  o  Consórcio  Alumar  uma  sociedade  de  fato,  deveria  lhe  ter  exigido  os  tributos  devidos  mediante constituição do lançamento já que o mesmo passaria a  sujeitar­se  as  obrigações  tributárias  próprias  das  sociedades  com personalidade jurídica.  Lembrando  as  lições  do Mestre Pontes  de Miranda,  trazidas  à  baila  pelo  conselheiro  Alexandre  Kern:  primeiro,  a  empresa  consorciada pode  ser pessoa  jurídica ou pessoa  física,  no  caso  específico a recorrente é uma pessoa jurídica; segundo, o que é  essencial é que haja mesmidade ou conexidade de atividade das  empresas, vê­se que há conexidade nas atividades desenvolvidas  pelas  consorciadas;  terceiro,  o  laço  consórtil  não  retirou  a  independência das empresas que se consorciaram.  Com  efeito,  depreende­se  dos  documentos  acostados  aos  autos  que  as  empresas  consorciadas  utilizam  de  seus  ativos  que  possuem  em  consórcio  para  a  produção  da  alumina  e  do  alumínio. A produção no período dos créditos solicitados deu­se  dentro do complexo Alumar.Cabendo­lhe ao final da produção, a  retirada  de  cada  uma  consorciada  na  proporção  que  lhe  cabe  segundo  estabelecido  no  contrato.  Ademais,  os  custos  da  produção são arcadas pelas consorciadas no processo produtivo  Fl. 256DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/2007­95  Acórdão n.º 3401­002.946  S3­C4T1  Fl. 252          11 e  elas  obtêm  receitas  em  nome  próprio,  realizando  inclusive  exportações.  Ora, não possuindo o Consórcio Alumar personalidade jurídica  não é sujeito de direitos para efeitos fiscais, a mesma não apura  receitas,  despesas  ou  créditos.  Portanto,  não  tem  legitimidade  para pleitear eventual crédito. Ao contrário, sendo as aquisições  de  matéria  primas,  produtos  intermediários  e  materiais  de  embalagem  realizadas  pelas  empresas  consorciadas,  ensejam­ lhes sim o direito a apuração de créditos em conformidade com  o disciplinado em lei. Assim sendo, a recorrente tem legitimidade  para compor a relação jurídico­tributária para pleitear eventual  crédito presumido de IPI.  A argüição de que não pode a recorrente utiliza­se do benefício  fiscal por não preencher os requisitos na Lei nº 9.363, de 1996,  no caso específico de ser empresa produtora e exportadora, não  coaduno  com  esse  entendimento.  No  caso  em  estudo,  são  as  empresas consorciadas que produzem, no entanto, tal produção  ocorre no complexo da Alumar. As aquisições de MP. PI e ME  foram efetuadas pela empresa Billiton no mercado interno como  atestou  a  fiscalização,  sendo  o  custo  apurado  por  critério  de  rateio, com exceção das aquisições de combustíveis cujas notas  fiscais  de  aquisição  estão  em  nome  do  Consórcio  Alumar  (fls.608/609).  Quanto  às  exportações  realizadas  pela  Billiton,  notas  fiscais  relacionadas  à  fl.  501,  estas  foram  também  reconhecidas  pela  fiscalização  (fls.  608/609).  Assim,  a  recorrente  atende  os  requisitos  exigidos  na  Lei  nº  9.363,  de  1993, por ser produtora e exportadora.   Quanto  à  questão  da  regularidade  fiscal,  também  levantada,  como impedimento para a concessão do benefício, na hipótese de  consórcio  regularmente  constituído  são  as  consorciadas  que  devem  comprovar  a  quitação  de  tributos  ou  contribuições  federais  (art.  60  da  Lei  9.069/95).  Não  consta  dos  autos  qualquer  menção  à  existência  débitos  fiscais,  em  aberto,  em  nome da recorrente, no caso concreto a Billiton, que impedisse o  reconhecimento  do  direto  ao  crédito  presumido  tratado  nestes  autos.  Destarte, não há como considerar que o Consórcio Alumar é uma sociedade  de fato, motivo pelo qual a Recorrente pode utilizar os créditos presumidos de IPI pleiteados no  presente processo.  Por  fim,  também  cai  por  terra  a  alegação  de  que  a Recorrente  não  poderia  utilizar tais créditos em razão de não se enquadrar como empresa produtora, por realizar apenas  atividade de exportação, conforme dispõe o art. 1º da Lei nº 9.363/93, in verbis:  Art.  1º A  empresa  produtora  e  exportadora  de  mercadorias  nacionais  fará  jus  a  crédito  presumido  do  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados,  como  ressarcimento  das  contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de  7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70,  de 30 de dezembro de 1991,  incidentes sobre as respectivas  aquisições,  no  mercado  interno,  de  matérias­primas,  produtos  Fl. 257DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS     12 intermediários  e  material  de  embalagem,  para  utilização  no  processo produtivo.  Parágrafo único.  O  disposto  neste  artigo  aplica­se,  inclusive,  nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim  específico de exportação para o exterior.  Isto  porque  a  atividade  de  produção  é  realizada  por  meio  do  Consórcio  Alumar,  o  qual,  como  exposto  acima,  não  é  sociedade  de  fato.  A  própria  Recorrente  arca  diretamente com parte dos custos e detém parcela dos ativos empregados no referido consórcio,  o  que  demonstra  que  exerce  atividade  de  produção.  A  Lei  nº  9.363/93,  ao  dispor  que  o  benefício  seja  concedido  apenas  a  empresas  produtoras  e  exportadoras  não  veda  que  a  produção  seja  realizada  por meio de  consórcio. Entender de  forma contrária,  exigindo que  a  atividade  produtiva  seja  realizada  de  determinada  forma,  sem  previsão  legal,  seria  imiscuir  indevidamente  no  princípio  da  livre  iniciativa  econômica,  insculpida  no  art.  170  da  Constituição Federal.  Pelo  exposto,  dou  provimento  ao  Recurso  Voluntário  para  reconhecer  o  direito creditório da Recorrente, na proporção de sua participação no Consórcio Alumar.    Bernardo Leite de Queiroz Lima ­ Relator Voto Vencedor  Conselheiro Robson José Bayerl, Redator designado    Em  que  pese  concordar  com  o  eminente  Conselheiro  Relator  quanto  ao  direito de  crédito  à BHP BILLITON METAIS S/A, no que  tange à  sua  caracterização como  empresa produtora e exportadora, ante a condição do Consórcio ALUMAR, para os efeitos da  Lei nº 9.363/96, abro, porém, divergência em relação à pretensa nulidade da decisão recorrida,  bem assim, o próprio direito à forma de utilização do crédito adotada pelo recorrente.  Concernente  à  nulidade,  tenho­na  como  inocorrente  por  não  vislumbrar  o  equívoco apontado pelo voto vencido, eis que a compensação, a meu sentir, necessaraimente  exige a apresentação do crédito correspondente, haja vista que nada mais é que um encontro de  contas, onde duas pessoas são, ao mesmo tempo, credora e devedora uma da outra (art. 368 do  Código Civil – Lei nº 10.406/2002).  Neste  diapasão,  ainda  que  se  trate  de  instituto  de  direito,  a  compensação  guarda estreita pertinência com a Ciência Contábil, onde, pelo método das partidas dobradas,  exige­se  que  para  cada  lançamento  a  débito  corresponda  um  lançamento  a  crédito  de  igual  valor.  Então,  a  compensação  tributária,  nesta  mesma  linha,  impõe  que,  para  o  débito  compensado, necessariamente exista um crédito correspondente, que é formalizado através de  um  pedido  de  ressarcimento  ou  de  restituição  de  um  direito  creditório  qualquer,  cuja  titularidade pertença ao contribuinte que promove o encontro de contas.  A  declaração  de  compensação  não  pode  ser  tomado  exclusivamente  sob  o  ângulo  do  débito  compensado,  mas  também  do  crédito  indicado  no  documento,  que  deve  observar as regras atinentes aos pedidos de ressarcimento e de restituição.  Fl. 258DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/2007­95  Acórdão n.º 3401­002.946  S3­C4T1  Fl. 253          13 Em  suma,  a  declaração  intitulada  PER/DCOMP  abrange  tanto  o  direito  de  crédito  do  contribuinte  como  o  débito  perante  a  Fazenda  Pública,  de  maneira  tal  que  as  exigências relativas ao pedido de ressarcimento e de restituição são aplicáveis à hipótese.  A partir deste raciocínio, há expressa vedação ao emprego, na compensação,  de créditos de IPI da Lei nº 9.363/96, apurados centralizadamente na matriz (art. 15, II da Lei  nº 9.779/99) e  transferidos ao estabelecimento filial, como ocorreu no caso vertente, ex vi do  art. 16, §§ 1º e 4º, I da IN SRF 600/05:  Art. 16. Os créditos do IPI, escriturados na forma da legislação  específica,  serão  utilizados  pelo  estabelecimento  que  os  escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI  decorrentes das saídas de produtos tributados.  § 1º Os créditos do IPI que, ao final de um período de apuração,  remanescerem  da  dedução  de  que  trata  o  caput  poderão  ser  mantidos  na  escrita  fiscal  do  estabelecimento,  para  posterior  dedução de débitos do IPI relativos a períodos subseqüentes de  apuração,  ou  serem  transferidos  a  outro  estabelecimento  da  pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, caso  se refiram a:  I  ­  créditos  presumidos  do  IPI,  como  ressarcimento  da  Contribuição  para  o  PIS/Pasep  e  da  Cofins,  previstos  na  Lei  nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, e na Lei nº 10.276, de 10  de setembro de 2001;  II ­ créditos decorrentes de estímulos fiscais na área do IPI a que  se refere o art. 1º da Portaria MF nº 134, de 18 de fevereiro de  1992; e  III ­ créditos do IPI passíveis de transferência a filial atacadista  nos termos do item "6" da Instrução Normativa SRF nº 87/89, de  21 de agosto de 1989.  §  2º Remanescendo,  ao  final  de  cada  trimestre­calendário,  créditos  do  IPI  passíveis  de  ressarcimento  após  efetuadas  as  deduções  de  que  tratam  o  caput  e  o  §  1º,  o  estabelecimento  matriz  da  pessoa  jurídica  poderá  requerer  à  SRF  o  ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento  que os apurou, bem como utilizá­los na compensação de débitos  próprios  relativos  aos  tributos  e  contribuições  administrados  pela SRF.  § 3º O pedido de ressarcimento e a compensação previstos no §  2º serão  efetuados  pelo  estabelecimento  matriz  da  pessoa  jurídica  mediante  a  utilização  do  Programa  PER/DCOMP  ou,  na  impossibilidade  de  sua  utilização,  mediante  petição/declaração  (papel)  acompanhada  de  documentação  comprobatória do direito creditório.  § 4º Somente são passíveis de ressarcimento:  Fl. 259DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS     14 I ­ os créditos presumidos do IPI a que se refere o inciso I do §  1º,  escriturados  no  trimestre­calendário,  excluídos  os  valores  recebidos por transferência da matriz; e” (destacado)  Pela  leitura  do  dispositivo,  o  estabelecimento  matriz,  que  apura  o  crédito  presumido de IPI de que  trata a Lei nº 9.363/96, possui  três opções mutuamente excludentes  para sua utilização, quais sejam: i) manutenção na escrita fiscal para abatimento do IPI devido  em  cada  período  de  apuração  subsequente;  ii)  transferência  para  outros  estabelecimentos  da  pessoa jurídica, apenas para absorção do IPI devido; e, iii) o ressarcimento, em espécie ou sob  forma de compensação, do saldo credor remanescente ao final de cada trimestre­calendário.  Assim,  uma  vez  escolhida  a  predita  transferência  para  o  estabelecimento  filial,  que  é  a  hipótese  que  interessa  ao  caso  vertente,  a  sua  utilização  se  restringe  ao  abatimento  do  IPI  devido  em  cada  período  de  apuração  ulterior,  não  podendo  ser  objeto  de  nova transferência, seja para a matriz ou outra filial, ou mesmo de pedido de ressarcimento, em  espécie ou para compensação.  Cumpre acentuar que aludida transferência de crédito entre a matriz e a filial  é fato inconteste, como esclareceu o julgado a quo, ao referir­se ao Demonstrativo de Crédito  Presumido – DCP (fls. 146/148)  Correta, portanto, a decisão sob vergasta, que não merece qualquer reparo.  Quanto à aventada ilegalidade do ato normativo em comento, IN SRF 600/05,  também não a detecto, haja vista que o art. 74, § 14 da Lei nº 9.430/96 remete expressamente à  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  a  atribuição  de  disciplinar  a  matéria  (restituição,  ressarcimento e compensação).  Com  estas  considerações,  voto  por  negar  provimento  ao  recurso  voluntário  interposto.  Robson José Bayerl    Declaração de voto    Rogamos por vênia ao ilustre relator Conselheiro Bernardo Leite de Queiroz  Lima,  e  ao  Conselheiro  Robson  José  Bayerl,  redator  designado,  para  expressar  nossa  divergência quanto ao seu voto, e registrar, resumidamente, o debate ocorrido nesta sessão.  Preliminarmente parece­nos necessário  recordar que as  regras  isentivas e as  de concessão ou reconhecimento de benefícios fiscais devem ser interpretadas restritivamente,  nos  termos  do  art.  111  do CTN  .  Qualquer  benefício  que  excepcione  o  dever  de  cumprir  obrigação tributária deve ser interpretado restritivamente.  Art.  111.  Interpreta­se  literalmente  a  legislação  tributária  que  disponha sobre:  I ­ suspensão ou exclusão do crédito tributário;  II ­ outorga de isenção;  III  ­  dispensa  do  cumprimento  de  obrigações  tributárias  acessórias.  Fl. 260DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/2007­95  Acórdão n.º 3401­002.946  S3­C4T1  Fl. 254          15 O  pleito  da  contribuinte  para  obter  compensação  não  encontra  guarida  na  legislação  que  rege  o  crédito  presumido  do  IPI  (art.  1º  da  Lei  n.  9.363/1996),  por  que  a  obtenção  do  crédito  presumido  em  tela  exige  que  o  beneficiário  seja  empresa  produtora  e  exportadora de mercadorias nacionais, o que se constata que não é o caso da recorrente, pois  ela própria não produz o que comercializa, mas, sim, o empreendimento da qual ela participa  com outras empresas.  Respeitosamente  com  relação  aos  importantes  doutrinadores  citados  pela  recorrente  e  com  relação  à  interpretação  que  deles  ela  apresenta,  após  apreciar  o  seus  argumentos  e  os  dos  julgadores  de  primeiro  piso,  concluímos  que  o  denominado Consórcio  Alumar não atende o que prescrevem os artigos 278 e 279 da Lei n.º 6.404, de 1976.   Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo  controle ou não, podem constituir consórcio para executar determinado  empreendimento, observado o disposto neste Capítulo.  §   I o   O  consórcio  hão  tem  personalidade  jurídica  e  as  consorciadas  somente  se  obrigam  nas  condições  previstas  no  respectivo  contrato,  respondendo  cada  uma  por  suas  obrigações,  sem  presunção  de  solidariedade.  §  2o  A  falência  de  uma  consorciada  não  se  estende  às  demais,  subsistindo  o  consórcio  com  as  outras  contratantes;  os  créditos  que  porventura tiver a falida serão apurados e pagos na forma prevista no  contrato de consórcio.  Art.  279. O  consórcio  será  constituído  mediante  contrato  aprovado  pelo órgão da sociedade competente para autorizar a alienação de bens  do ativo permanente, do qual constarão: (Redação vigente à época da  constituição do Consórcio Alumar, nota da redatora)  I ­ a designação do consórcio se houver;  II­ o  empreendimento que constitua o objeto do consórcio;  III  ­ a duração, endereço e foro;  IV  ­ a definição das obrigações e responsabilidade de cada sociedade  consorciada, e das prestações específicas;  V  ­ normas sobre recebimento de receitas epartilha de resultados;  VI  ­  normas  sobre  administração  do  consórcio,  contabilização,  representação das sociedades consorciadas e taxa de administração, se  houver;  VII­forma  de  deliberação  sobre  assuntos  de  interesse  comum,  com  o  número de votos que cabe a cada consorciado;  VIII­ contribuição de cada consorciado para as despesas comuns, se houver.  Parágrafo único. O contrato de consórcio e suas alterações serão arquivados no  registro do comércio do lugar da sua sede, devendo a certidão do arquivamento  ser publicada.    Fl. 261DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS     16 Conforme esse  texto,  o consórcio  é  constituído pelas pessoas  jurídicas para  "executar  determinado  empreendimento",  e  isso  não  quer  significar  a  constituição  de  um  empreendimento determinado. O sentido que se depreende da expressão executar determinado  empreendimento é, s.m.j., que os consorciados se reúnem para implementar e efetivar um ou  mais projetos específicos.  Caso  contrário,  seria  confundir  o  "determinado  empreendimento"  com  o  "objeto  social  do  empreendimento",  tornando  imprecisa  a  distância  conceitual  entre  o  consórcio e a sociedade empresarial, conforme proposto pela Lei das SA.  A recorrente contra argumenta:  50.  Não  há  onde  se  encontrar  a  alegada  indeterminação  do  contrato ou negócio  jurídico desenvolvido, eis que o Consórcio  Alumar  é  um  consórcio  operacional  constituído  para  execução  de  um  empreendimento  determinado  consistente  na  prática  de  negócios  jurídicos  relacionados  com  a  exploração  de  uma  atividade industrial de transformação de recursos minerais.    Entretanto, ao contrário do que pretende demonstrar a recorrente, fica patente  que não se trata de executar um determinado empreendimento ­ com escopo limitado, contido ­ , mas,  sim,  em  uma  associação  com  escopo  em  aberto  e  com  ânimus  característico  de  uma  sociedade empresarial.  Pertinente,  portanto,  a  análise dos  julgadores  a  quo  a  este  respeito,  quando  argumentam:  Logo  se  verifica, pelo  contrato  social,  que  coube ao Consórcio  construir  as  instalações  físicas  e  se  dedicar  aos  empreendimentos de Refino de Bauxita  (alumina) e Redução de  Alumina  (alumínio)  e  que  essas  instalações,  para  atender  aos  acréscimos  nos  empreendimentos  de  refino  e  redução,  estão  sujeitas a constantes alterações que não faziam parte da planta  original. (...)  A  formulação do contrato e  sua execução, hoje  já consolidada,  mostram  a  inadequação  de  forma  utilizada  pelas  consorciadas  em  face  dos  arts.  278  e  279  da  Lei  n°  6.404,  de  1976,  mais  precisamente do caput do art. 278 e do inc III do art. 279. Veja­se  que o empreendimento, além de complexo, isto é, compreendido  de  várias  etapas  e  execuções  diversas,  se  expande  sem  quantificação  definida,  ou  seja,  o  desejafdas  consorciadas  é  o  incremento  constante  da  produção  e  o  prazo  de  validade  se  estende indefinidamente no tempo.  Muito  embora  a  forma  adotada  pela  Billiton,  Alcoa,  Alcan  e  Abalco seja a de um consórcio, o empreendimento e seu prazo de  realização  extrapolam  o  conceito  legal  de  tal  associação.  Não  pode  o  consórcio  ter  ânimo  definitivo  ou  se  expandir  além  de  limites  originalmente  definidos,  seja  no  tempo  ou  na  quantificação  e  qualificação  do  empreendimento.  A  configuração do Consórcio Alumar o faz coníundir­se com uma  empresa  comum,  cujos  objetivos  precípuos,  entre  outros,  são  a  continuidade  (existência da empresa  indefinidamente no  tempo)  e a geração de lucro, por meio da execução e expansão de sua  Fl. 262DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/2007­95  Acórdão n.º 3401­002.946  S3­C4T1  Fl. 255          17 atividade. E o que faz o chamado Consórcio Alumar, quando vai  além do que a legislação admite como consórcio.    Além disso, caso fosse possível superar essa limitação, ainda assim, o pedido  não  poderia  ser  atendido,  pois  ele  pretende  aplicar  em  compensação  o  crédito  presumido  recebido  pela  filial  em  transferência  da  matriz,  o  que  está  proibido  pela  legislação  que  disciplina a matéria (§§ 1º e 3º do art. 14 da IN SRF n. 210/2002; § 1º e inciso I do § 4º do art.  16 da IN SRF n. 600/2005).  A partir da leitura do RAIPI, do Demonstrativo de Crédito Presumido (ficha  Transferência  de  Crédito  Presumido)  juntados  aos  autos  se  conclui  que  os  créditos  em  discussão  foram  transferidos  para  a  filial CNPJ  n.  42.105.890/0009­01.  E  em  seu  recurso,  a  contribuinte não demonstra o contrário, se limitando a afirmar que as normas reconhecem o seu  direito a obter ressarcimento ou compensação nos termos por ela requerido.  Por  essas  razões,  entendemos  que  não  se  pode  dar  provimento  ao  recurso  voluntário.    Conselheiro Júlio César Alves Ramos  Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira.                    Fl. 263DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS

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