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Numero do processo: 11080.918945/2012-03
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon May 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 24/07/2009
PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA.
Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA.
Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO.
Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito.
MULTA E JUROS DE MORA.
Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora.
INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2.
Não compete aos julgadores administrativos pronunciar-se sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-005.128
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Participou do julgamento o Conselheiro Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que se declarou impedido
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sérgio Celani - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 24/07/2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA. Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. Não compete aos julgadores administrativos pronunciar-se sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. Recurso Voluntário Negado.
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DESPACHO DECISÓRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. NÃO ACATADA. Não é nulo o Despacho Decisório que contém os elementos essenciais do ato administrativo. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE. DE NORMA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 89 45 /2 01 2- 03 Fl. 124DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/201203 Acórdão n.º 3801005.128 S3TE01 Fl. 3 2 Não compete aos julgadores administrativos pronunciarse sobre a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Participou do julgamento o Conselheiro Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo em substituição ao Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que se declarou impedido (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo. Relatório Inicialmente, esclarecese que estão em julgamento nesta 1ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF cento e quarenta e oito processos da mesma contribuinte, em que o cerne da discussão é o mesmo: a certeza e liquidez de crédito pleiteado, decorrente de pagamento indevido ou a maior de Cofins, ou contribuição para o PIS/Pasep ou IPI, e o ônus da prova deste direito. Feitas estas observações, passase ao relato propriamente dito. Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em CuritibaDRJ/CTA que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada contra despacho decisório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem. O processo se iniciou com PER/DCOMP, por meio do qual a contribuinte pleiteou o reconhecimento de direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo e a compensação de débitos tributários com o crédito pleiteado. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/201203 Acórdão n.º 3801005.128 S3TE01 Fl. 4 3 De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF informado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, utilizados para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível suficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência/insuficiência de crédito, a compensação declarada não foi homologada ou foi homologada apenas parcialmente. Como enquadramento legal foram citados os arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional CTN), e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, conforme quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório “ Extraio do relatório da decisão recorrida resumo das alegações apresentadas pela contribuinte contra o despacho decisório: “Na manifestação apresentada, a contribuinte argúi em preliminar a nulidade do Despacho Decisório, alegando o não atendimento ao requisito constitucional da fundamentação do ato administrativo, além de ferir os princípios de ampla defesa, contraditório e do devido processo legal, estando, outrossim, revestido de desvio de finalidade. Expõe que o ato administrativo resumiuse a informar a não homologação da compensação declarada com o parco fundamento da inexistência de crédito disponível; entende que o procedimento correto da fiscalização seria o de intimar a contribuinte para que prestasse informações sobre a origem do crédito, bem como do fundamento de validade; e ressalta a necessidade de fundamentação ou motivação dos atos administrativos para o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade administrativa. Alega que o Despacho Decisório não se presta a dar início ao contraditório administrativo, eis que carente de fundamentação, restando prejudicado o seu direito de defesa, e que também extrapolou sua função precípua, tornandose meio oblíquo pelo qual a fiscalização buscou interromper o prazo de homologação da compensação declarada. Diz que a autoridade preparadora deixou de cumprir seu dever de ofício de bem instruir o procedimento fiscal, como a solicitação de informações, apreensão de documentos, diligências, dentre outros expedientes. Sob o tema “Do Mérito”, discorre especificamente sobre o princípio da verdade material, citando diversos doutrinadores. Mas nada aduz sobre o origem do suposto crédito, apenas alegando a posterior juntada de documentos que comprovariam as ‘alegações trazidas na presente manifestação’, eis que o direito creditório, diz, pode ser comprovado a qualquer tempo. Por fim, argumenta sobre a inaplicabilidade da multa de mora em face do princípio constitucional de não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade.. A ementa do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em CuritibaDRJ/CTA que julgou improcedente a manifestação de inconformidade contém o seguinte teor: “ASSUNTO: ... Data do Fato Gerador: ... CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INTIMAÇÃO PARA ESCLARECIMENTOS. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/201203 Acórdão n.º 3801005.128 S3TE01 Fl. 5 4 A ausência de pedido de esclarecimentos ou realização de diligência na fase preparatória do procedimento fiscal não caracteriza cerceamento do direito de defesa, que é assegurado na fase do contraditório, inaugurada com a manifestação de inconformidade. 1PIS/PASEP. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. PAGAMENTO A MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar a existência de direito creditório pleiteado. MULTA E JUROS DE MORA. DÉBITOS NÃO HOMOLOGADOS. Os débitos indevidamente compensados sofrem a incidência de multa e juros de mora, nos percentuais determinados pela legislação, calculados a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento da contribuição até o dia em que se efetivar o seu pagamento, uma vez que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos não homologados.” No recurso voluntário a recorrente repete as alegações da manifestação de inconformidade. É o relatório. 1 Nos processos em que o crédito alegado se refere à Cofins, consta COFINS. Nos processos em que o crédito seria originado de Contribuição para o PIS/Pasep, consta PIS/PASEP. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/201203 Acórdão n.º 3801005.128 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. Admissibilidade do recurso voluntário. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para julgamento nesta turma especial. Preliminar de nulidade do despacho decisório. O processo se iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior do tributo em discussão. A Secretaria da Receita Federal do BrasilRFB, baseandose em dados constantes de seus sistemas informatizados, alimentados por informações prestadas pelo próprio contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias, constatou que o pagamento informado foi integralmente utilizado para quitar tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Isto está claro no quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório, no qual constam os artigos 165 e 170 da Lei nº 5.172, de 25/10/66 (CTN), e o artigo 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, como fundamentos para a não homologação da compensação. No mesmo quadro 3, consta que diante da inexistência do crédito não se homologava a compensação declarada, bem como o valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente compensados, e a data para pagamento. Há, ainda, a informação de que para verificação de valores devedores e emissão de DARF, deveria ser consultado o endereço da internet “www.receita.fazenda.gov.br”, na opção “Onde Encontro” ou através de certificação digital na opção “eCAC”, assunto “PER/DCOMP Despacho Decisório”. Logo, não procede a alegação de que o despacho decisório não contém fundamentação e de que houve desvio de finalidade. Por outro lado, a manifestação de inconformidade, a qual, por força do art. 74, §§ 9º a 11 da Lei nº 9.430, de 1996, aplicamse as regras previstas no Decreto nº 70.235, de 1972, demonstra que a contribuinte exerceu plenamente seu direito ao contraditório, sem nenhuma dificuldade, provando que não houve cerceamento do direito de defesa. Por estas razões, votase por negar provimento às alegações preliminares. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/201203 Acórdão n.º 3801005.128 S3TE01 Fl. 7 6 Certeza e liquidez do crédito pleiteado. Conforme visto acima: i) O processo se iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior de tributo; ii) Foi constatado pela RFB que o pagamento informado como indevido ou a maior fora integralmente utilizado para quitar tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido; iii) Isto está claro no quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório; iv) Esta constatação baseouse em dados constantes do sistemas informatizados da RFB, alimentados por informações prestadas pelo próprio contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias. Uma vez que o pagamento informado como indevido ou a maior estava totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF como devido, o DARF a ele relativo não prova a existência de crédito algum A DRJ/CTA, tendo em vista que a contribuinte não apresentou documentação fiscal e contábil hábil e suficiente para comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado, manteve o despacho decisório. As decisões da DRF e da DRJ estão amparadas no fato de a legislação tributária dispor que a DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário (art. 5º do DecretoLei nº 2.124, de 1984) e que a compensação de débitos tributários somente pode ser efetuada mediante existência de créditos líquidos e certos do interessado perante a Fazenda Pública (art. 170 do Código Tributário NacionalCTN), e de a lei que trata do processo administrativo tributário federal estabelecer que a prova documental deve ser apresentada na impugnação (art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972). Apesar de a decisão de primeira instância ter sido fundamentada de modo a dar a conhecer à contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua manifestação de inconformidade, nenhum documento ou livro fiscal ou contábil foi apresentado com o recurso voluntário. A recorrente limitouse a discorrer sobre o princípio da verdade material. Tratandose de despacho eletrônico, admitese a apresentação destes documentos e livros após a decisão da DRJ, pois alguns Conselheiros entendem que o princípio da verdade material assim autoriza, outros entendem que se está diante de caso em que a prova se destina a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos, hipótese prevista no art. 16, §4º, letra “c” do Decreto nº 70.235, de 1972. O importante é que a contribuinte, até o presente, não apresentou nenhum documento ou livro, fiscal ou contábil, que pudesse comprovar seu direito. Logo, não comprovou a certeza e liquidez do crédito pleiteado. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/201203 Acórdão n.º 3801005.128 S3TE01 Fl. 8 7 Não é só isso. A recorrente sequer argumentou sobre os fatos ou direito que ensejariam o crédito. Por estas razões, com fundamento no art. 170 do CTN e no art. 333 do CPC, aplicável subsidiariamente ao caso, que determina que o ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, não cabe o reconhecimento do crédito pleiteado. Sobre multa e juros de mora Os artigos 61 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, deixam claro que são devidos juros de mora e multa no presente caso. Cito: “Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998)” “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) §1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) §2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) §6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos Fl. 130DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/201203 Acórdão n.º 3801005.128 S3TE01 Fl. 9 8 indevidamente compensados. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §7º Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §8º Não efetuado o pagamento no prazo previsto no §7º, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no §9º. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §9º É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7º, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) (...)” Vejase que os §§ 6º a 8º acima dispõem que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados e que, não homologada a compensação e não efetuado o pagamento no prazo previsto no §7º, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, sendo devidos juros de mora e multa. A exigência do pagamento destes débitos não se submete a julgamento administrativo. Além disso, os membros do CARF não podem afastar aplicação ou deixar de observar lei sob fundamento de inconstitucionalidade, salvo em casos excepcionais não presentes, a teor do disposto no art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/6/2009, e do disposto no art. 26A da Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pela Lei nº 11.941, de 27/5/2009. O mesmo se conclui do enunciado da Súmula CARF nº 2, verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11080.918945/201203 Acórdão n.º 3801005.128 S3TE01 Fl. 10 9 Conclusão Pelo exposto, em especial, pela não comprovação da existência de direito de crédito líquido e certo, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendose a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani. Fl. 132DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 18186.008896/2008-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Jun 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/1998 a 30/11/2002
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INEXISTÊNCIA. Nos termos da Súmula CARF nº 11, não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal.
LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2001. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. VACATIO LEGIS. SÚMULA CARF Nº 91. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Ao pedido de restituição feito a partir de 9 de junho de 2005, o prazo prescricional é de 5 (cinco) anos, contado do fato gerador.
INTIMAÇÕES ESCRITÓRIO PROCURADOR. IMPOSSIBILIDADE. As intimações, no processo administrativo fiscal, devem obedecer às disposições do Decreto nº 70.235/72, devendo ser endereçadas ao domicílio fiscal do sujeito passivo.
Numero da decisão: 3301-002.635
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e voto que integram o presente julgado.
RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Presidente.
MÔNICA ELISA DE LIMA- Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (presidente da turma), Andrada Marcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Fábia Regina e Sidney Eduardo Stahl.
Nome do relator: MONICA ELISA DE LIMA
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INEXISTÊNCIA. Nos termos da Súmula CARF nº 11, não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2001. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. VACATIO LEGIS. SÚMULA CARF Nº 91. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Ao pedido de restituição feito a partir de 9 de junho de 2005, o prazo prescricional é de 5 (cinco) anos, contado do fato gerador. INTIMAÇÕES ESCRITÓRIO PROCURADOR. IMPOSSIBILIDADE. As intimações, no processo administrativo fiscal, devem obedecer às disposições do Decreto nº 70.235/72, devendo ser endereçadas ao domicílio fiscal do sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e voto que integram o presente julgado. RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Presidente. MÔNICA ELISA DE LIMA Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 18 6. 00 88 96 /2 00 8- 75 Fl. 296DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/200875 Acórdão n.º 3301002.635 S3C3T1 Fl. 297 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (presidente da turma), Andrada Marcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Fábia Regina e Sidney Eduardo Stahl. Relatório Tratase de Pedido de Restituição não homologado pela Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária em São Paulo, através do qual a Contribuinte solicitava a devolução de valores recolhidos de Cofins (código 2172), relativos aos Períodos de Apuração entre fevereiro de 1998 a novembro de 2002. O recolhimento seria indevido, pois se fundara na Lei nº 9.718/98, declarada parcialmente inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. O presente processo foi protocolizado em 28.07.2008 e diz respeito a Pedidos de Restituições transmitidos em 17.12.2007 (cf. fls. 17 e 18). O crédito pleiteado pela interessada é objeto das Declarações de Compensação – DCOMP nº 33553.03330.301009.1.3.042494 (fls. 154/157) e 37727.84183.301009.1.3.045604 (fls. 123/153), transmitidas pela ora Recorrente. A DERAT/SPO/DIORT proferiu Despacho Decisório de fls. 117/120, no qual indeferiu o Pedido de Restituição e não homologou as DCOMP vinculadas ao pedido, sob o fundamento de que, com relação aos pagamentos efetuados pela empresa, de 10/03/1998 a 13/12/2002, o direito de solicitar eventual restituição do suposto indébito já tinha sido extinto na data de protocolização do pleito, visto que se operou a decadência pelo decurso de prazo de cinco anos contados da data de extinção do crédito tributário pelos pagamentos, restando prejudicada, como consequência, a compensação dos mesmos com débitos tributários do contribuinte. Face ao despacho decisório da DERAT/SP, negando a pretensão da Contribuinte, esta apresentou, nas fls. 167 e seguintes, manifestação de inconformidade, mediante a qual alega, como base de seu pedido, que: Não concordando com a apuração da COFINS nos moldes do §1º, do artigo 32 da Lei nº 9.718/98, o qual amplia a base de cálculo do referido tributo de forma arbitrária e ilegal, efetuou a compensação nos moldes do indigitado artigo 170 do Código Tributário Nacional e, Lei nº 8.383/91 por meio de seu artigo 66, que autoriza a compensação dos valores indevidamente recolhidos, com as parcelas vincendas de quaisquer tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal. Procedeu com as compensações dos valores indevidamente recolhidos a titulo da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, via Pedido Eletrônico de Restituição ou Ressarcimento e da Declaração de Compensação PER/DCOMP. Ressalta que, já fora proferido posicionamento do Tribunal Pleno do Superior Tribunal Federal através dos julgamentos dos Recursos Extraordinários nº 357.950, 390.840, 358.273 e 346.084, entendendo pela inconstitucionalidade do artigo em comento, qual seja, art. 3 2, §1 2 da Lei 9.718/98, bem como que tal parágrafo fora revogado pela Lei nº 11.941/09. Fl. 297DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/200875 Acórdão n.º 3301002.635 S3C3T1 Fl. 298 3 Menciona que, anteriormente ao advento da Lei Complementar nº 118/2005, o entendimento aplicado para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, era de que a extinção do crédito tributário ocorreria tão somente com a homologação do lançamento realizado por autoridade administrativa competente, seja de forma expressa ou tácita (depois de decorrido o prazo de 5 anos a contar da ocorrência do fato gerador, sem que houvesse a manifestação da Fazenda Pública), haja vista que a atividade exercida pelo contribuinte está sujeita ao controle do Fisco. Sendo assim, o direito de se pleitear a restituição (compensação) dos valores indevidamente recolhidos, nos termos do artigo 168, inciso I, do Código Tributário Nacional teria como termo inicial exatamente este momento, ou seja, a data da homologação tácita do lançamento, que representa a data da extinção do crédito tributário. Em outras palavras , não tendo havido homologação expressa. O prazo prescricional para restituição do indébito é de dez anos, contados dos respectivos fatos geradores. Requer a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 74, parágrafo 11º, da Lei nº 9.430/96. Em 14/03/2001, a interessada protocolou o documento de fls. 232/233, no qual informa que apresentou tempestivamente a Manifestação de Inconformidade (fls. 167/186), porém recebeu a Carta Cobrança nº 1702 (fl. 164), na qual consta a exigência da comprovação do pagamento do débito discutido. Por fim, requer o cancelamento da referida Carta Cobrança, tendo em vista a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo – DRJ/SP1, proferiu, em 16.08.2012, por meio de sua 6ª Turma, o acórdão nº 1640.786, julgando improcedente a Manifestação de Inconformidade, materializado, em resumo, nos seguintes termos (fls.235 e ss.): EMENTA DRJ: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano calendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. COMPETÊNCIA Compete às Turmas das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ apreciar a Manifestação de Inconformidade contra o não reconhecimento de direito creditório ou a não homologação da compensação, e não outros assuntos, como a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anoscalendário:1998, 1999, 2000, 2001, 2002. CITAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA OU DOUTRINA. No julgamento de primeira instância, a autoridade administrativa observará apenas a legislação de regência, assim como o entendimento da Receita Federal do Brasil (RFB), expresso em atos normativos de observância obrigatória, não estando vinculada às decisões administrativas ou judiciais proferidas em processos dos quais não participe o interessado Fl. 298DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/200875 Acórdão n.º 3301002.635 S3C3T1 Fl. 299 4 ou que não possuam eficácia erga omnes, e nem a opiniões doutrinárias sobre determinadas matérias. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA. Restituição/Compensação O direito de pleitear restituição de tributo ou contribuição pago a maior ou indevidamente extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da data da extinção do crédito tributário. Observância do art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). Negado o direito creditório a que se refere uma Declaração de compensação, não há como se homologar a compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido VOTO DRJ O efeito suspensivo com relação aos débitos informados na declaração de compensação, em razão da apresentação de Manifestação de Inconformidade, está previsto no art. 151, inciso III do CTN. A suspensão do débito, porém, é implementada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil da circunscrição fiscal do contribuinte, observadas as condições necessárias e antes do envio dos autos para julgamento, e desta forma indagações a esse respeito devem ser direcionadas à Unidade de cobrança da jurisdição do sujeito passivo. O Supremo Tribunal Federal – STF, ao analisar o RE/566621 entendeu que o prazo para repetição de indébito de cinco anos, contados do pagamento indevido, previsto na LC nº 118/2005, não poderia ser aplicado de forma retroativa. Desta forma, respeitada a vacatio legis de 120 dias, esta previsão passou a ser aplicável a partir de 09/06/2005. Ocorre que, ao contrário do que entende o contribuinte, o prazo para repetição de indébito de cinco anos, contados do pagamento indevido, passou a ser aplicado a todos os processos ajuizados a partir de 09/06/2005. Incorreto, portanto, o entendimento de que todos os pagamentos indevidos ocorridos até 09/06/2005 não se sujeitam a este prazo. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recorso Administrativo a este Conselho, mediante o qual, além de reiterar a questão da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins, promovida pela Lei nº 9.718/98, fundamento de seu direito, ratificou suas alegações quanto à inexistência de prescrição de seu direito de requerer a restituição. Fl. 299DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/200875 Acórdão n.º 3301002.635 S3C3T1 Fl. 300 5 Além disto, apresentou alegações tocantes à garantia da razoável duração dos processos, invocando o disposto no inciso LXXVIII, do artigo 5º da Constituição da República e nos seguintes dispositivos: Artigo 49, da Lei nº 9.784/99: "Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.(..)”; Artigo 24, da Lei nº 11.457/2007:" Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte. Artigo 262, II, do CPC: "O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial" e Art. 267,II do CPC: "Extinguese o processo, sem resolução de mérito: II quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência dos partes". No caso em comento, o Pedido de Restituição foi protocolizado em 28/07/2008, tão somente vindo a ser julgado em 01/12/2010, ou seja, ultrapassados mais de 02 (dois) anos. E ainda, a Manifestação de Inconformidade apresentada em face de referida decisão, se deu em 20/01/2011, e tão somente em 16/08/2012 veio a ser julgada, após o transcurso de mais de 1 (um) ano e 6 (seis) meses. Pois bem, além da afronta ao princípio da razoável duração do processo também foram violados diversos dispositivos legais, infringindo assim, o princípio da legalidade, previsto no artigo 37 da Constituição Federal, cuja atividade da Administração Pública está plenamente vinculada. O descumprimento de prazos para proferir a decisão administrativa no PAF, infringe frontalmente a diversos princípios como da legalidade, da eficiência, do devido processo legal e da oficialidade, e deve ter consequências, tais como: (i) a extinção do processo e por implicação, do crédito tributário; e/ou (ii) a preclusão temporal, ou seja, a perda da faculdade, para decidir, aceitando como verdadeiras as alegações recursais do contribuinte. No que se refere à preclusão temporal para decidir, ocorre o impedimento de a autoridade administrativa apreciar o requerimento ou recurso interposto, considerando então os resultados favoráveis ao contribuinte. Dessa forma, devem ser tomadas as devidas medidas cabíveis para o fim de sanar os vícios de ilegalidade nos atos decisórios cometidos no presente processo administrativo fiscal, não podendo a contribuinte, ora Recorrente, ser prejudicada pela demora no julgamento de seu pedido de restituição, uma vez que o entendimento aplicável à época de referido pedido e da Fl. 300DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/200875 Acórdão n.º 3301002.635 S3C3T1 Fl. 301 6 declaração de compensação, bem como, a época do primeiro despacho decisório proferido, era favorável à Recorrente. Protestou, ainda “pela juntada de documentos que corroborem suas alegações, bem como pela realização de eventuais diligências que se fizerem necessárias, em respeito ao principio da verdade material, resta demonstrado de forma clara e inequívoca que a demora no julgamento do processo administrativo fiscal, além de violar dispositivos e Principios Constitucionais e legais, com destaque aos princípios da legalidade e da eficiência, culminou em inestimável prejuízo a Recorrente” . Requereu, por fim, que as intimações relativas ao fei to fossem realizadas em nome dos Advogados no endereço do escri tório destes. É o Relatório. Fl. 301DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/200875 Acórdão n.º 3301002.635 S3C3T1 Fl. 302 7 Voto Conselheira Mônica Elisa de Lima. Por se tratar de questão prejudicial a este julgado, cabe enfrentar, inicialmente, o tema da prescrição intercorrente ou preclusão temporal, alegada pela Contribuinte como motivo para a extinção do processo e do crédito tributário; e a aceitação como verdadeiras as alegações recursais do contribuinte. Neste sentido, é suficiente invocar, nos termos do artigo 72, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Portaria MF nº 256/2009), aplicação da Súmula CARF, de observância cogente no âmbito deste Colegiado. Desta forma, leiase: Súmula CARF nº 11:“não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal”. Importa salientar que tal entendimento consolidado do e. CARF foi proferido com sustentação nos seguintes acórdãos paradigmas: Acórdão nº 10321113, de 05/12/2002, Acórdão nº 10419410, de 12/06/2003, Acórdão nº 10419980, de 13/05/2004, Acórdão nº 105 15025, de 13/04/2005, Acórdão nº 10707733, de 11/08/2004, Acórdão nº 20207929, de 22/08/1995, Acórdão nº 20302815, de 23/10/1996, Acórdão nº 20304404, de 11/10/1997, Acórdão nº 20173615, de 24/02/2000 e Acórdão nº 20176985, de 11/06/2003. No tocante à preliminar de mérito, também não assiste razão à Recorrente, isto porque a regra dos 5 + 5, pela qual são contados primeiro cinco anos para a homologação tácita e somente depois desses primeiros cinco anos é que se contam os cinco anos para a decadência do direito de repetição de indébito, persistiu somente até a vacatio legis da Lei Complementar nº 118/2005 (09/06/2005). No presente caso, o Sujeito Passivo está a pleitear restituições concernentes a fatos geradores ocorridos entre fevereiro de 1998 a novembro de 2002. O pedido se deu através das PER/DCOMP transmitidas em 17.12.2007; portanto, dois anos e meio depois do prazo da vacatio. Neste momento, não mais era aplicável a extensão do prazo decadencial, que, pelo contrário, se verificaria em cinco anos a partir da data do fato gerador. Neste mesmo sentido, dispõe a Súmula CARF, aprovada pelo Pleno, em Sessão de 09.12.2013, tendo por paradigmas os acórdãos números 9900000.728, de 29/08/2012; 9900000.459, de 29/08/2012; 9900000.767, de 29/08/2012; 1801000.970, de 11/04/2012; 930301.985, de 12/06/2012; 1801001.485, de 11/06/2013; 9101001.522, de 21/11/2012; 9101001.654, de 14/05/2013; 3102001.844, de 21/05/2013; 2401003.108, de 16/07/2013 e 1102000.915, de 07/08/2013: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18186.008896/200875 Acórdão n.º 3301002.635 S3C3T1 Fl. 303 8 Por fim, cabe sublinhar a impossibilidade de a intimação ser endereçada ao Escritório do Advogado e dirigida a este, visto que quem deve ser intimado é o sujeito passivo. Cabe lembrar, ainda, o comando do artigo 23, II, do Decreto nº 70.235/72, mediante o qual se estabelece que a intimação deva ser endereçada ao domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo. Complementarmente, o § 4º, incisos I e II, do mesmo artigo, definem como domicílio tributário do sujeito passivo: "o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária" (endereço constante de sua inscrição no CNPJ) e o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. Apenas a título de ilustração, a par da questão da decadência, em todo o processo, a contribunte limitase a juntar demonstrativo das PER/DCOMP, respectivos números e valores. Não há sequer um conteúdo que demonstre a natureza dos créditos exigidos e o porquê da redução da base de cálculo correspondente a tais valores. Por fim, sobre os genéricos pedidos de diligência, perícia e juntada de documentos, não foi apresentada qualquer justificativa concreta para tal demanda, sendo certo que documento algum foi juntado e que, dento do livre convencimento motivado do julgador, cabe a este indeferir tais pedidos quando prescindíveis e quando, como no presente caso, já exista nos autos elementos necessários e suficientes à formação do juízo, tudo isto em conformidade com os artigos 18 e 19 do Decreto nº 70.235/72. Em vista do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Mônica Elisa de Lima Relatora. Fl. 303DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por MONICA ELISA DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 19740.720019/2010-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue May 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2006
ALIENAÇÃO DE TÍTULOS DA BOVESPA. GANHOS DE CAPITAL. ATUALIZAÇÃO DOS VALORES NOMINAIS DOS TÍTULOS PARA EQUIPARAÇÃO À FRAÇÃO IDEAL DO PATRIMÔNIO SOCIAL DAS ASSOCIAÇÕES INVESTIDAS. NEUTRALIDADE.
A atualização dos títulos patrimoniais da BOVESPA não afeta a apuração do ganho de capital no momento de sua alienação pois, de um lado, não representa efetivo custo de aquisição, e, de outro, integra reserva de capital que deve ser realizada na baixa dos direitos.
IRPJ/CSLL. DEDUTIBILIDADE DE DESPESAS TRABALHISTAS INCORRIDAS. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL. Inexiste vedação legal à dedutibilidade de despesas trabalhistas, regularmente incorridas e que se enquadram nas disposições do artigo 299 do RIR/99, que estejam sendo objeto de discussão em embargos à execução. Na hipótese de o contribuinte lograr êxito nos embargos, caberá a tributação dos valores ao tempo do trânsito em julgado.
MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS, APLICADA APÓS ENCERRAMENTO DO ANO-CALENDÁRIO EM CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DAS SÚMULAS CARF Nº 82 E 105.
Nos termos da Súmula 82 do CARF, após o encerramento do ano-calendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas.
No caso, aplica-se, ainda, o disposto na Súmula nº 105 que consolidou a jurisprudência no sentido de que "a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício."
Recurso de Oficio Provido. Recurso Voluntário Parcialmente Provido.
Numero da decisão: 1402-001.935
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, dar provimento ao recurso de ofício.Vencidos os Conselheiros Moises Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Carlos Pelá, que votaram por negar provimento. O Conselheiro Carlos Pelá acompanhou o relator pelas conclusões. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução no valor de R$ 543.604,61 e cancelar a multa isolada.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator ad hoc
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA
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GANHOS DE CAPITAL. ATUALIZAÇÃO DOS VALORES NOMINAIS DOS TÍTULOS PARA EQUIPARAÇÃO À FRAÇÃO IDEAL DO PATRIMÔNIO SOCIAL DAS ASSOCIAÇÕES “INVESTIDAS”. NEUTRALIDADE. A atualização dos títulos patrimoniais da BOVESPA não afeta a apuração do ganho de capital no momento de sua alienação pois, de um lado, não representa efetivo custo de aquisição, e, de outro, integra reserva de capital que deve ser realizada na baixa dos direitos. IRPJ/CSLL. DEDUTIBILIDADE DE DESPESAS TRABALHISTAS INCORRIDAS. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL. Inexiste vedação legal à dedutibilidade de despesas trabalhistas, regularmente incorridas e que se enquadram nas disposições do artigo 299 do RIR/99, que estejam sendo objeto de discussão em embargos à execução. Na hipótese de o contribuinte lograr êxito nos embargos, caberá a tributação dos valores ao tempo do trânsito em julgado. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS, APLICADA APÓS ENCERRAMENTO DO ANOCALENDÁRIO EM CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DAS SÚMULAS CARF Nº 82 E 105. Nos termos da Súmula 82 do CARF, após o encerramento do anocalendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas. No caso, aplicase, ainda, o disposto na Súmula nº 105 que consolidou a jurisprudência no sentido de que "a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 72 00 19 /2 01 0- 11 Fl. 597DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 2 falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício." Recurso de Oficio Provido. Recurso Voluntário Parcialmente Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, dar provimento ao recurso de ofício.Vencidos os Conselheiros Moises Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Carlos Pelá, que votaram por negar provimento. O Conselheiro Carlos Pelá acompanhou o relator pelas conclusões. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução no valor de R$ 543.604,61 e cancelar a multa isolada. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator ad hoc (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 598DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 3 Relatório RIBA CONSULTORIA EMPRESARIAL recorreu a este Conselho contra a decisão proferida pela DRJ em primeira instância, que julgou procedente em parte a exigência consubstanciado no presente processo, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por sua vez a DRJ recorre de oficio em face de exoneração acima de seu limite de alçada. DA AUTUAÇÃO Adoto o Relatório da decisão recorrida (verbis): “(...) Trata o processo de autos de infração eletrônicos lavrados pela Delegacia Especial de Instituições Financeiras do Rio de Janeiro, (Deinf/RJ), atual Demac/RJ, exigindo da Interessada, acima identificada, o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica, (IRPJ), multa isolada, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, (CSLL), esta por meio de dois autos de infração, e multa isolada, respectivamente, nos valores de R$771.031,26, R$383.991,89, R$204.474,16, R$73.097,09 e R$138.237,10. Os tributos lançados foram acrescidos de multa de ofício de 75%, e juros de mora calculados até 26.02.2010. A descrição dos fatos nos autos de infração informa que houve três infrações: infração 001: falta de contabilização de ganho de capital na alienação de bens do ativo permanente; infração 002: adição não computada na apuração do lucro real referente a valor de despesa operacional não dedutível; infração 003: falta de recolhimento de IRPJ sobre base de cálculo estimada em função de balanços de suspensão ou redução. O enquadramento legal consta nos respectivos autos de infração. O Termo de Verificação Fiscal informa o que segue. Quanto à infração 001: a interessada compra e vende títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros; a Interessada foi intimada a apresentar esclarecimentos sobre o tratamento tributário adotado no que se refere ao ganho de capital nas operações com seus títulos patrimoniais da antiga associação de Bolsa de Valores de São Paulo, Bovespa, gerado no processo de desmutualização; também foi intimada a apresentar cópias do Livro Razão dos períodos de 0101 2006 a 31122007, contendo os registros individualizados dos Títulos Patrimoniais Bovespa, da respectiva Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais e das Ações Bovespa Holding SA, resultantes da permuta dos títulos patrimoniais ocorrida no processo de desmutualização em 2007; Fl. 599DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 4 em resposta, informou que seus títulos patrimoniais da Bovespa foram vendidos antes do processo de desmutualização, conforme atestam cópia do Livro Razão Sintético da conta Títulos Patrimoniais, de janeiro a outubro de 2006, e da conta Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais de janeiro a outubro de 2006 e dezembro de 2007; após intimações, foram acostados aos autos os documentos listados nas páginas 08/09, deste termo de verificação; com base nesta documentação, a Fiscalização concluiu que o custo de aquisição dos títulos foi de R$1.182.448,33, (custo unitário de R$394.149,44), e o valor de venda foi de R$7.350.000,00, (valor unitário de R$2.450.000,00); desta forma, o ganho de capital, em outubro de 2006, deve ser de R$6.167.551,67, (R$7.350.000,00 R$1.182.448,33); ocorre que a Interessada apurou o ganho de R$3.895.616,52, uma vez que o custo por ela considerado foi de R$3.454.383,48, custo este que contabiliza as reavaliações dos títulos, conforme se depreende dos documentos acostados pela Interessada; portanto, houve omissão de R$2.271.935,15; a base legal está no termo de verificação, páginas 10/11. Quanto à infração 002: a Interessada foi intimada a esclarecer se o valor declarado na ficha 05 B da DIPJ de 2007, como ordenados e salários, (R$812.189,93), referente à provisão do processo trabalhista da 30ª. VT/RJ – RT 753/88, preenche os requisitos de dedutibilidade previstos no inciso I, do artigo 13, da Lei nº.9.249, de 1995, bem como, informar o estágio atual da ação trabalhista; a Interessada informou que o processo trata de reconhecimento de vínculo empregatício, com pagamento de direitos trabalhistas, e que o processo está aguardando julgamento dos embargos de execução, em razão de divergência entre os cálculos apresentados pela partes; a Interessada foi intimada a informar se o valor de R$812.189,93 deduzido como despesa em 2006, já estava definitivamente julgado, podendo ser considerada despesa definitiva, conforme exigido pela Solução de Consulta SRRF/10ª. RF/Disit nº.341/2004, do PA nº.11080.004291/200411, transcrita nas páginas 16/17, do termo de verificação fiscal; a Interessada foi intimada a apresentar cópia das decisões proferidas no âmbito do mencionado processo trabalhista; com base nesta documentação, entendeu a Fiscalização que, em termos de valores, até a presente data não há a definição do valor devido pela Interessada, quanto mais em outubro de 2006, quando ela deliberadamente deduziu o valor de R$800.000,00, que não guarda qualquer relação com os valores definidos até então no âmbito do processo judicial, sendo que, no âmbito da ação ela entende que deve R$71.557,97; assim, a despesa de provisão da ação trabalhista de R$800.000,00 em outubro de 2006 e sua atualização, (R$12.189,93, em novembro de 2006), deve ser adicionada ao lucro líquido para a apuração do lucro real e base de cálculo da CSLL para o ano de 2006; Fl. 600DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 5 da mesma forma, nos balancetes de redução de outubro a dezembro do ano de 2006, para o IRPJ e CSLL. Quanto à infração 003: em decorrência das infrações acima, foi verificada a falta de recolhimento de IRPJ e CSLL sobre base de cálculo estimada em função de balanços de suspensão ou redução, nos meses de outubro a dezembro de 2006, sendo lançada a multa isolada, conforme detalhado nas páginas 21/22 e demonstrativo na página 24. Inconformada com o crédito tributário originado da ação fiscal da qual teve ciência do lançamento em 25032010, (vide autos de infração), a Interessada apresentou em 26042010, (fls.353), a impugnação de fls.353/383, instruída pelos documentos de fls.384/511, arguindo em síntese que: a descrição dos fatos não está correta, uma vez que o ganho de capital foi contabilizado e tributado, e as despesas glosadas são dedutíveis; não constando na descrição dos fatos elementos suficientes que indiquem o dispositivo legal infringido, ficou impedida de apresentar defesa plena; o Banco Central por meio do Plano Contábil das Instituições Financeiras, COSIF, instituído pela circular nº.1.273/87, determinou que o custo de aquisição dos títulos da Bovespa deveriam ser atualizados periodicamente em razão das variações do seu valor patrimonial; para isto, as variações, quando positivas, deveriam ser debitadas na conta do Ativo (Títulos Patrimoniais”), e a crédito na conta “Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais” no Patrimônio Líquido; essa variação positiva não estava sujeita à tributação pelo IRPJ e CSLL conforme expressamente informa a Portaria MF nº.785/77; tal Portaria determina que a exclusão no lucro real das atualizações positivas, desde que os valores registrados na mencionada conta de reserva não sejam distribuídos e sejam oportuna e compulsoriamente incorporadas ao capital; em 28042000, adquiriu por meio de permuta com a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, três títulos patrimoniais da Bovespa, no valor de R$1.182.448,32, registrados na conta “Títulos BVSP”, do Ativo Permanente; com base nos Ofícios Circulares da Bovespa, que continham o seu balancete, o seu demonstrativo de resultado mensal, e o valor atualizado do título, atualizou mensalmente o saldo da referida conta; desta forma, em 27102006, o saldo da conta “Títulos BVSP” era de R$3.454.383,48; nesta data, por meio de operação autorizada pela Bovespa, vendeu os referidos títulos à SOCOPA – Sociedade Corretora Paulista SA, pelo valor de R$7.350.000,00; a interpretação da Portaria MF nº.785/77, dada pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal, está equivocada; não faz sentido afirmar que a norma ali contida tem caráter postergatório, e não de isenção, pois, se as atualizações positivas não são receita nem ganho de capital, tratase de isenção; tal afirmação tem fundamento nos Pareceres CST nºs.2.111/81, 911/83 e 2.867/83; Fl. 601DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 6 tais Pareceres estão transcritos nas páginas 13/14, desta impugnação; além disto, não violou quaisquer das condições previstas na Portaria MF nº.785/77, para a não tributação das atualizações; as referidas atualizações têm natureza de equivalência patrimonial, uma vez que, conforme o Banco Central, a reserva que espelha a atualização do valor dos títulos seria elevada quando a Bolsa apresentava resultado positivo e reduzida caso a Bolsa apresentasse resultado negativo; o método da equivalência patrimonial prevê o reflexo das oscilações do patrimônio líquido da investida na avaliação do investimento da investidora; assim, em razão da orientação do Banco Central os títulos da Bovespa puderam ser avaliados conforme as variações do patrimônio da referida Bolsa; além disto, a legislação tributária permitiu que as atualizações positivas dos títulos fossem excluídas da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, tal qual acontece nos casos de participações societárias avaliadas pelo método da equivalência patrimonial; o Parecer Normativo CST nº.2.254/81, autoriza que as agências reguladoras tenham poder para normatizar a contabilidade. quanto à dedutibilidade da provisão, a decisão condenatória já transitou em julgado, havendo, portanto, título executivo judicial; assim, com base no artigo 879, parágrafo 1º., da Consolidação das Leis Trabalhistas, (CLT), combinado com o inciso I, do artigo 13, da Lei nº.9.249, de 1995, o total das verbas listadas no item 62, da presente impugnação totaliza o valor contabilizado, não cabendo a glosa praticada pela Fiscalização; ainda que assim não se entenda, cabe a dedução, ao menos, do valor de R$543.604,61, pois, em agosto de 2009, tal valor foi fixado pela 30ª. VT/RJ – RT 753/88, como sendo o da execução, tendo havido, inclusive, o depósito deste montante; o DOC 13 acostado aos autos comprova esta afirmação; quanto ao lançamento da multa isolada, encerrado o período anual de apuração não cabe a exigência de estimativa; tal afirmação tem fundamento no fato de que deve prevalecer o imposto efetivamente devido, sendo descabida a aplicação em duplicidade de penalidades de ofício sobre a mesma infração; somente cabe a imposição desta multa na falta de recolhimento de tributo declarado e não recolhido; apurou prejuízo fiscal e base negativa de CSLL; com base no artigo 112, do CTN e 70 do código Penal, deve ser cancelada a referida multa; é inconstitucional a cobrança da Selic por não haver base legal. (...)” DA DECISÃO DE 1a. INSTÂNCIA A DRJ julgou procedente em parte a impugnação, conforme sintetizado nas seguintes ementas: Fl. 602DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 7 GANHO DE CAPITAL. VALOR CONTÁBIL. TÍTULO DE BOLSA DE VALORES. O ganho de capital terá por base o valor contábil do bem, assim entendido o que estiver registrado na escrituração do contribuinte. O valor contábil do título patrimonial de bolsa de valores é o valor atualizado do título. Artigo 418, §1º, do RIR/1999, c/c Circular BACEN nº.1.273/87. DESPESA DEFINITIVA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. Em havendo embargos à execução, o valor de despesa em litígio em ação judicial trabalhista somente será definitivamente conhecido ao seu final. MULTA ISOLADA. INCIDÊNCIA. O artigo 44, da Lei nº.9.430, de 1996, ao prever as infrações por falta de recolhimento de antecipação e de pagamento do tributo ou contribuição (definitivos) não significa duplicidade de tipificação de uma mesma infração ou penalidade. Ao tipificar essas infrações o artigo 44 da Lei nº.9.430, de 1996, demonstra estar tratando de obrigações, infrações e penalidades tributárias distintas, que não se confundem e não se excluem. LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL. Decorrendo o lançamento da CSLL, de infração constatada na autuação do IRPJ, reconhecida a procedência do lançamento deste, procede também o lançamento daquela, em virtude da relação de causa e efeito que os une.” DO RECURSO DE VOLUNTÁRIO Cientificada do aludido acórdão em 19/2/2014, fl. 551, a parte interessada ingressou em 20/03/2014 com o recurso de fls. 554559, no qual repisa as alegações articuladas quando da impugnação, contesta os fundamentos da decisão recorrida quanto as parcelas mantidas, concluindo e requerendo “seja provido o presente Recurso Voluntário para que se proceda à reforma parcial do Acórdão da 8o Turma da DRJ/RJ 1, julgandose completamente improcedente o Auto, ou para que seja ao menos reconhecida a ilegalidade da aplicação cumulativa da multa isolada, cancelandoa.” (...) É o relatório. Fl. 603DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 8 Voto Vencido Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, Relator ad hoc Tendo em vista a impossibilidade do Conselheiro Moises Giacomelli Nunes da Silva formalizar o voto, passo a redigir o voto vencido ressaltando que o teor não representa meu posicionamento: Os recursos voluntário e de oficio preenchem os requisitos de admissibilidade. Conforme relatado, tratase de autos de infração do IRPJ e CSLL, com multa de oficio de 75% em razão de: i) falta de contabilização de ganho de capital na alienação de bens do ativo permanente títulos da bolsa de valores (cancelada pela DRJ e objeto de recurso de oficio); ii) adição não computada na apuração do lucro real referente a valor de despesa operacional não dedutível verbas trabalhistas (mantido em 1a. instancia); iii) multa isolada por falta de recolhimento de IRPJ/CSLL sobre base de cálculo estimada em função de balanços de suspensão ou redução.(mantida em 1a. instancia). Passo a apreciar as matérias em litígio em ambos os recursos, iniciando pelo Recurso de Oficio. Vejamos os fundamentos da decisão recorrida: “Da infração 001. Ganho de capital. Conforme relatado, a Fiscalização autuou a diferença de ganho de capital ocorrido quando da venda de títulos da Bovespa, uma vez que entendeu que o ganho deveria ter sido apurado com base na diferença do preço de venda e o custo de aquisição dos títulos, enquanto que a Interessada calculou o ganho utilizando o custo de aquisição agregado a valores referentes a reavaliações dos títulos. Desde já registrese que é incontroverso nos autos que o custo de aquisição foi no valor de R$1.182.448,33, e o de venda, R$7.350.000,00. A controvérsia reside no fato de ser ou não correta a reavaliação do custo de aquisição dos títulos realizado pela Interessada. Portanto, trata o litígio tãosomente de matéria de direito. Determina o parágrafo 1º., do artigo 418, do RIR/1999, cuja base legal é o Decreto Lei nº.1.598, de 1977, artigo 31, parágrafo 1º., que, ressalvadas as disposições especiais, a determinação do ganho de capital terá por base o valor contábil do bem, assim entendido o que estiver registrado na escrituração do contribuinte e diminuído, se for o caso, da depreciação, amortização ou exaustão acumulada. Conforme se vê, o valor que deve ser utilizado no cálculo do ganho de capital é aquele que está registrado na escrituração do contribuinte. Desta forma, cabe indagar Fl. 604DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 9 o que a legislação determina ou mesmo autoriza que deva ser contabilizado nos livros da pessoa jurídica, como sendo o valor do bem. Na espécie, tratase de títulos patrimoniais da Bovespa registrados em conta do Ativo Permanente. Neste sentido, devese trazer a este julgamento, o que determina a Lei das SA, em vigor na época dos fatos, no que se refere aos critérios de avaliação do ativo, para este tipo de investimento. O artigo 183, da Lei das SA, impõe que os investimentos em participação no capital social de outras sociedades, ressalvado o disposto nos artigos 248 a 250, serão avaliados pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas. Assim, excetuando os casos previstos nos artigos 248 a 250, daquela Lei, os investimentos consubstanciados pelos respectivos títulos serão avaliados pelo custo de aquisição. Ressaltese que este dispositivo abre a possibilidade que os investimentos sejam avaliados pelo valor de mercado, porém apenas se este for menor que aquele. Os artigos 248 a 250, acima mencionados referemse a investimentos relevantes em sociedades coligadas sobre cuja administração se tenha influência, ou de que se participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital social, e em sociedades controladas. Tais investimentos serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo com regras específicas. Nos termos acima mencionados, o presente caso não versa sobre investimentos relevante, não havendo que se falar na avaliação de títulos pelo método da equivalência patrimonial. Portanto, valor contábil do bem, assim entendido, como sendo aquele que estiver registrado na escrituração do contribuinte, seria, em tese, o valor do custo da aquisição. Por outro lado, cabe lembrar que é competência do Conselho Monetário Nacional expedir normas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas pelas instituições financeiras. Tal competência foi delegada ao Banco Central do Brasil, em reunião daquele Conselho, de 190778, (Res 1120 RA art 15; Res 1655 RA art 16; Res 1724 art 1º; Res 1770 RA art 12; Circ 1273). Em conformidade com estas afirmações, está o item 7, do Parecer Normativo CST nº.78, de 150978, que diz: “Não obstante a generalidade das regras acima discutidas, ressalvese a possibilidade de legislação específica para setores econômicos ou classes de empresas estabelecer outros critérios de avaliação pelo patrimônio líquido. Particularmente, a Lei da Reforma Bancária (nº 4.595/64, art. 4º, item XII) atribui ao Conselho Monetário Nacional a fixação de normas contábeis para as instituições financeiras, assim como a Lei nº 6.385/76 (art. 22, parágrafo, IV) deferiu à Comissão de Valores Mobiliários a fixação de padrões de contabilidade para companhias abertas.” Assim, cabe ao Banco Central do Brasil e à Comissão de Valores Mobiliários a expedição de normas para avaliação dos valores mobiliários registrados nos ativos das sociedades corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários. (Res 1120 RA art 15 § único; Res 1655 RA art 16 § único; Res 1724 art 1º.). Em decorrência desta delegação de competência, o BACEN produziu a Circular nº.1.273 de 1987, cujas notas de anexo são juntadas neste momento à fls.514/515, Fl. 605DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 10 dispondo que os valores dos títulos patrimoniais das bolsas de valores devem ser atualizados periodicamente em razão das variações do seu valor patrimonial, devendo as variações, quando positivas, ser debitadas na conta do Ativo (Títulos Patrimoniais”), e a crédito na conta “Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais” no Patrimônio Líquido. Neste contexto, forçosamente, valor contábil do título patrimonial da Bovespa, assim entendido o que estiver registrado na escrituração do contribuinte, é o valor atualizado do título. A Fiscalização não contraditou a informação que, em 27102006, o valor atualizado da conta “Títulos BVSP” era de R$3.454.383,48. Assim, a despeito de a forma de classificação contábil de quaisquer bens, direitos e obrigações a ser definido pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários, ou por qualquer outro órgão, não poder alterar de forma alguma, os efeitos fiscais e tributários, que se regem por regulamentação própria, constatase que, no presente caso, não há divergência com a legislação tributária, uma vez que o Regulamento do Imposto de Renda por intermédio do parágrafo 1º., do artigo 418, determina que o ganho de capital terá por base o valor contábil do bem, assim entendido o que estiver registrado na escrituração do contribuinte. A autuação tratou do ganho de capital verificado no momento da alienação dos títulos, não tratou do lançamento de variações positivas ocorridas na citada conta que, por certo ocorreram em períodos anteriores. Neste sentido, devese ter em conta que a Portaria do Ministério da Fazenda nº.785, de 1977, determinou que os acréscimos do valor dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, não constitui receita nem ganho de capital das sociedades corretoras associadas e, por isso, pode ser excluído do lucro real destas desde que não seja distribuído e constitua reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital. Não consta nos autos informação que tenha ocorrido distribuição nos termos acima mencionados. O que se verifica é que a despeito de, nos moldes definidos na Lei das SA, não tratar o presente caso de avaliação de investimento pelo método da equivalência patrimonial, a legislação infra legal introduzida pelo Bacen leva a que os títulos patrimoniais de bolsas de valores tenham um tratamento fiscal similar aquele método. Voto por dar provimento à impugnação da Interessada.” Verificase, de plano, que os fundamentos acima não merecem reparos, tampouco acréscimos, isso porque a Fiscalização ao apurar o ganho de capital na alienação dos títulos da contribuinte, tomou apenas o custo de aquisição e deixou mesmos de considerar a atualização pelo valor patrimonial dos títulos, tal qual procedido pela autuada. Apesar de reconhecer a divergência da jurisprudência em relação aos aspectos tributários decorrentes da desmutualização, inclusive tendo acompanhado voto de relator em sentido contrário, melhor examinando o tema, passei a seguir os entendimentos consubstanciados na jurisprudência abaixo: Ementa Fl. 606DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 11 GANHO DE CAPITAL. FORMA DE APURAÇÃO. CUSTO CONTÁBIL. INAPLICABILIDADE DO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL AOS TÍTULOS PATRIMONIAIS DA ASSOCIAÇÃO ISENTA BM&F. O ganho de capital deve ser apurado levandose em conta o custo contábil do bem registrado na escrituração da empresa. O método de avaliação de investimentos pela equivalência patrimonial não se aplica aos títulos patrimoniais da associação isenta BM&F. (grifei). Cumpre então negar provimento ao recurso de oficio. Ementa DESMUTUALIZAÇÃO DA BOVESPA E DA BM&F. SUBSTITUIÇÃO DOS TÍTULOS PATRIMONIAIS POR AÇÕES. A operação denominada desmutualização das bolsas não implicou a dissolução de que trata o art. 61 do Código Civil e tampouco a devolução de patrimônio aos associados. Os antigos títulos patrimoniais, que se encontravam classificados no ativo permanente das entidades sócias, foram substituídos por ações, as quais foram emitidas em quantidade equivalente ao valor monetário daqueles títulos patrimoniais, uma vez que tais ações eram representativas do mesmo patrimônio. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. ALIENAÇÃO ONEROSA DAS AÇÕES RECEBIDAS EM SUBSTITUIÇÃO DOS ANTIGOS TÍTULOS PATRIMONIAIS DAS BOLSAS. A receita auferida com a venda das ações recebidas em substituição dos títulos patrimoniais das antigas Bovespa e BM&F está excluída das bases de cálculo do PIS e da Cofins por se tratar de alienação de patrimônio próprio, amparada pelo art. 3º, IV, da Lei nº 9.718/98. Recurso provido. (Ac. 3403003.373 Quarta Câmara da Terceira Seção. Julg. 11/11/2014. Rel. Antônio Carlos Atulim). Recurso Voluntário. Vejamos os fundamentos do voto condutor da decisão recorrida quanto a matéria sujeita ao recurso voluntário. “Da infração 002. Despesa operacional não dedutível. Conforme relatado, a Interessada foi autuada no valor de R$812.189,93 deduzido como despesa em 2006, uma vez que o mesmo não poderia ter sido considerado como despesa definitiva, pois, a respectiva ação (reclamação) trabalhista ainda estava aguardando julgamento dos embargos de execução, em razão de divergência entre os cálculos apresentados pelas partes. Alegou a Interessada que a decisão condenatória já transitou em julgado, havendo, portanto, título executivo judicial. Assim, com base no artigo 879, parágrafo 1º., da CLT, combinado com o inciso I, do artigo 13, da Lei nº.9.249, de 1995, o total das verbas listadas no item 62, da presente impugnação totaliza o valor contabilizado, não cabendo a glosa praticada pela Fiscalização. É incontroverso que a reclamação trabalhista está pendente do julgamento dos embargos à execução, apresentado pela Interessada no âmbito do RT nº.753/88, que tramita na 30ª. Vara Trabalhista /RJ, vide cópias dos documentos acostados aos Fl. 607DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 12 autos. Ocorre que a Interessada alega que já ocorreu a definição dos valores das verbas em litígio, uma vez que o artigo 879, parágrafo 1º., da CLT, assim determina. O referido dispositivo tem o seguinte texto: “Art. 879 Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenarseá, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos. § 1º Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal.” Cabe esclarecer à Interessada que a liquidação é um procedimento preambular à execução ou, em outros termos, uma fase entre o processo de cognição e a execução. Tem por finalidade fixar a expressão monetária do comando judicial proferido no processo de cognição (conhecimento). A liquidação pode ser por cálculos, por arbitramento ou por artigos. Por cálculos, é quando depende de meras operações matemáticas. Por arbitramento, quando depender de conhecimentos específicos, por exemplo: determinar salário compatível com a qualidade do empregado e ao mesmo tempo, ser coerente com o mercado e compatível com a possibilidade da empresa. Por artigos, quando para a liquidação, houver a necessidade de produção de provas pelo fato de a sentença ter decidido somente matéria de direito, ou quando não há elementos nos autos para a execução, quando, então, terseá que abrir fase de dilação probatória respeitandose, entretanto, a coisa julgada. É neste contexto que deve ser interpretado o parágrafo 1º., do artigo 879, da CLT, acima transcrito. Assim, na fase de liquidação será discutida matéria ligada à fixação do quanto é devido pelo reclamado. Tanto assim é que o parágrafo 2º., do mesmo artigo, abre prazo para o executado (reclamado) impugnar os cálculos apresentados pelo executante (reclamante). Por sua vez, determina o parágrafo 3º., do artigo 884, da Consolidação das Leis Trabalhistas, (CLT), que somente nos embargos poderá o executado impugnar a decisão proferida na fase de liquidação. Os embargos à execução tem natureza jurídica de ação incidental de cognição que tem como objetivo a desconstituição do título executivo, pois, nela vai se conhecer de provas, podendose discutir direito superveniente à coisa julgada, bem como matéria de cálculos. Os embargos à execução têm efeito suspensivo da execução, sendo proferida uma decisão com natureza de sentença. Portanto, concluise que o valor em litígio somente é definitivamente conhecido ao final da ação incidental dos embargos à execução. Não há que prosperar a alegação de que caberia a dedução, ao menos, do valor depositado de R$543.604,61, fixado em agosto de 2009 pela 30ª. VT/RJ – RT 753/88, (fls.509/511), como sendo o da execução, uma vez que a glosa da despesa referese ao ano de 2006. Voto por negar provimento à impugnação da Interessada.” Nessa parte entendo que a decisão recorrida merece ser retificada. Isso porque, a regra de dedutibilidade a ser observada é aquela estabelecida pela legislação do Imposto de Renda (RIR/99), cujo art. 299 estabelece: Fl. 608DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 13 Custos, Despesas Operacionais e Encargos Subseção I Disposições Gerais Despesas Necessárias Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem.” Observese que inexiste vedação legal à dedutibidade de despesas com encargos trabalhistas, regularmente incorridas, porém objeto de contestação judicial por parte da contribuinte, seja com sentença precária ou não. É certo que a legislação veda expressamente a dedutibilidade de tributos incorridos que estejam com exigibilidade suspensa, inclusive discutidos judicialmente (art. 344 e seguintes do RIR), mas isso é uma exceção, tanto que necessitou de norma especifica. O critério contábil de contabilização também é o da prevenção, ou seja, assumir a despesa pelo regime de competência, haja vista o risco de não lograr êxito e, caso venha a obter sentença favorável, promovese o reconhecimento contábil e fiscal desse ganho no período de apuração em que a sentença judicial transitar em julgado. Esse procedimento não implica em prejuízos aos entes envolvidos, seja o contribuinte, o Fisco, tampouco para sócios/acionistas. Inobstante os fundamentos acima referidos o valor da dedução a restabelecer é R$543.604,61, fixado em agosto de 2009 pela 30ª. VT/RJ – RT 753/88, (fls.509/511), como sendo o da execução. No que se refere à falta de recolhimento de IRPJ sobre base de cálculo estimada, aplicada de forma concomitante com a multa de ofício e após o encerramento do anocalendário, aplicamse as Sumuladas 82 deste Conselho, que assim consolidaram a matéria: Súmula CARF nº 82: Após o encerramento do anocalendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas. Súmula CARF nº 105 : A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ Fl. 609DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 14 e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de oficio e dar provimento parcial ao recuso voluntário para restabelecer a dedução no valor de R$ 543.604,61 e cancelar a multa isolada. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Fl. 610DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 15 Voto Vencedor Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto Redator Designado Em que pesem os valiosos argumentos do Ilustre Conselheiro Relator, ouso discordar de suas conclusões quanto ao mérito do recurso de ofício. O lançamento diz respeito à exigência de IRPJ e CSLL sobre parcela de ganho de capital na alienação de bens do ativo permanente, mais especificamente, títulos da bolsa de valores de São Paulo (BOVESPA). A turma de julgamento a quo deu provimento à impugnação em relação a tal exigência, considerando que o custo das ações registradas no ativo imobilizado do contribuinte, com as atualizações lá registradas, deveria ser considerado para fins de apuração do ganho de capital, e não simplesmente o custo de aquisição, como realizado pela autoridade fiscal lançadora. Em sua tese, argumenta que embora não fosse aplicável o método da equivalência patrimonial para avaliação de tais títulos, mas, como no caso concreto os investimentos não eram relevantes, não havia que se falar em adoção de tal método (à época dos fatos geradores, somente se avaliava investimentos pelo método da equivalência patrimonial se esse fosse realizado investimento relevante em empresa controlada ou em coligada sobre cuja administração tivesse influência, ou de que participasse com no mínimo 20% de seu capital social). Argumentou que ainda na existência de atos Conselho Monetário Nacional, Banco Central e Comissão de Valores Imobiliários que dispunham sobre a necessidade de atualização periódica dos títulos patrimoniais das bolsas de valores, não se poderia alterar a legislação tributária, salientando, contudo, que no presente caso não haveria divergência, pois o parágrafo 1º do artigo 418 do RIR/99 determina que o ganho de capital terá por base o valor contábil do bem, assim entendido o que estiver registrado na escrituração do contribuinte, e que a Portaria do Ministério da Fazenda nº 785, de 1977, determinou que os acréscimos do valor dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, não constitui receita nem ganho de capital das sociedades corretoras associadas e, por isso, pode ser excluído do lucro real destas desde que não seja distribuído e constitua reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital, na havendo qualquer indicativo nos autos da ocorrência de quaisquer dessas hipóteses. O voto do ilustre Conselheiro Relator acatou tal argumentação, citando ainda como precedente um acórdão que tratou da desmutualização das bolsas de valores (Bovespa e BMF). Ora, em primeiro lugar, discordo da simples equiparação do caso concreto com a desmutualização das bolsas de valores. Em relação à desmutualização ainda se discute se houve ou a dissolução da entidade e posterior devolução de patrimônio aos sócios ou se tais títulos foram simplesmente substituídos por ações, as quais foram emitidas em quantidade equivalente ao valor monetário daqueles títulos patrimoniais. No presente caso, a alienação dos títulos é matéria inconteste, não tendo ocorrido à época da denominada desmutualização, mas sim em período anterior. Fl. 611DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 16 No mais, entendo que o custo para fins de apuração do ganho de capital no caso concreto nada mais é que o custo de aquisição, haja vista a impossibilidade de qualquer tipo de reavaliação de seus valores. A respeito do tema, transcrevo excertos de meu entendimento já esposado no bojo do acórdão nº 1402001.502, que tratava da desmutualização, porque, apesar de no caso concreto não se discutir a existência de alienação das ações, os demais pontos se amoldam perfeitamente às teses esposadas em impugnação e em parte acatadas pela decisão de primeira instância: “[...] Entendo assistir razão ao Fisco. A questão, que envolve pormenores que serão analisados em seguida, pode ser resumida de maneira simples: uma entidade isenta de imposto de renda acumulou durante inúmeros períodos superávits; ao fim e ao cabo, quer entendendose que houve extinção da entidade sem fins lucrativos, quer sob a ótica de transformação e cisão, desejam os então associados da entidade sem fins lucrativos, posteriormente guindados a acionistas da empresa, não ver submetidos ao crivo do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido os ganhos da entidade, anteriormente não tributados. Tais ganhos foram adicionados ao valor patrimonial dos títulos de cada associado, refletindo no valor das ações recebidas da empresa com fins lucrativos criada. Ou seja, se assistisse razão à Recorrente, os ganhos não tributados da entidade sem fins lucrativos teriam se transformado em custo das ações posteriormente pertencentes aos acionistas da sociedade anônima criada. Desse modo, entendo que deva prevalecer a posição adotada pela autoridade fiscal. Passo a análise detalhada das questões controvertidas. 1.1 DAS OPERAÇÕES ENVOLVENDO ASSOCIAÇÕES E SEUS EFEITOS TRIBUTÁRIOS Para análise do tema, necessário se faz uma breve análise do regime jurídico a que se submetiam as Bolsas de Valores (Bovespa e BM&F) no período a que se referem as operações em análise. Em primeiro lugar, a tese de que os institutos da incorporação, da cisão e da fusão pudessem ser aplicado às bolsas de valores não se mostra adequada. Vejase o que dispõe o art. 5º da Resolução CMN nº 2.690/2000: Art. 5° O estatuto social das bolsas de valores deve estabelecer, além do que for exigido pela legislação aplicável, regras básicas relativas à adoção de estrutura administrativa e operacional que permitam assegurar o pleno atendimento do seu objeto social e dos requisitos inerentes à sua condição de instituição auxiliar da Comissão de Valores Mobiliários enquanto entidade reguladora e fiscalizadora do mercado, dispondo, ainda, sobre: [...] Fl. 612DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 17 VII incorporação, fusão, cisão e dissolução da bolsa de valores; [... ] Apoiase a tese da Recorrente no fato de que o próprio CMN admite a possibilidade de incorporação, fusão e cisão das bolsas de valores. De certa forma, correta a conclusão da Recorrente, exceto pela amplitude que deseja dar ao dispositivo. Isso porque, conforme disposto no art. 1º da mesma Resolução CMN, as bolsas de valores poderão ser constituídas como associações civis ou sociedades anônimas.1 Ou seja, instituiuse uma faculdade às bolsas de valores de se constituírem sob a forma de associações civis ou sob a forma de sociedades anônima. Notese que em seus artigos 6º e 7º a Resolução em comento, inclusive, trata de forma distinta a composição do patrimônio ou capital social das bolsas de valores, diferenciando os casos de associações civis (divisão em títulos patrimoniais) e sociedades anônimas (divisão em ações ordinárias com direito de voto pleno).2 No caso de organização em forma de associação civil, conforme já explanado, o patrimônio social das Bolsas de Valores era formado mediante realização em dinheiro e dividido em títulos patrimoniais, colocados no mercado mediante leilão para aquisição pelas sociedades corretoras membros (art. 7º c/c art. 25 da Resolução CMN n° 1656/89). O valor nominal destes títulos patrimoniais era atualizado anualmente com base nas demonstrações financeiras do exercício (art. 10 da Resolução CMN n° 1.656/89). Nesse contexto, a Resolução CMN nº 2.690, de 2000, como qualquer outra norma, deve ser analisada em seu conjunto, e não se detendo a dispositivo específico isolado. O fato de o art. 5º da norma em comento dispor sobre a possibilidade de incorporações, fusões e cisões no âmbito das bolsas de valores deve 1 Resolução CMN nº 2.690, de 2000. Art. 1° As bolsas de valores poderão ser constituídas como associações civis ou sociedades anônimas, tendo por objeto social: [...] Parágrafo único. As bolsas de valores que se constituírem como associações civis, sem finalidade lucrativa, não podem distribuir a sociedades membros parcela de patrimônio ou resultado, exceto se houver expressa autorização da Comissão de Valores Mobiliários. 2 Resolução CMN nº 2.690, de 2000. Art. 6° O Patrimônio ou o capital social das bolsas de valores deve ser formado, quando da constituição, mediante realização em dinheiro, e será dividido, conforme o caso, em títulos patrimoniais ou ações ordinárias com direito de voto pleno, devendo a quantidade e o valor inicial de emissão de títulos patrimoniais ser fixados pela Comissão de Valores Mobiliários. [...] Art. 7° As bolsas de valores podem emitir títulos patrimoniais ou ações com direito de voto pleno, cuja colocação será realizada mediante leilão, com préqualificação para os licitantes, ou na forma prevista em lei. [...] Fl. 613DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 18 ser interpretada de forma harmônica não somente em relação a tal diploma infralegal, mas também no contexto da legislação que rege tais institutos. No que se refere única e exclusivamente à Resolução em questão, mostrase evidente que, havendo distinção entre bolsas de valores constituídas sob a forma de associações civis e sob a forma de sociedades anônimas, impõese diferenciar quais institutos são aplicáveis a uma e a outra forma de organização das bolsas de valores. Entendo que o art. 1º da Resolução, inciso VII, ao dispor sobre incorporação, fusão e cisão, referese exclusivamente às bolsas de valores constituídas sob a forma de sociedade anônima. A meu ver, como bem asseverou a Fazenda Nacional em contrarrazões, “Por mais engenhosas que tenham sido as operações societárias que culminaram com a transferência das atividades das Bolsas para uma S.A., não há como fugir da simplicidade dos fatos. Ou seja, ao final das operações, as associações civis sem fins lucrativos estavam extintas e, em seu lugar, constituíramse sociedades anônimas”. Ademais, os institutos da fusão, cisão e incorporação aplicamse tão somente às sociedades empresárias. Logo, às associações não é possível utilizarse de tais mecanismos de reestruturação societária. Isso porque o artigo 1.113 e seguintes do Código Civil, que tratam de tais institutos societários, estão inseridos em livro específico do Estatuto Civil aplicável exclusivamente às sociedades empresárias (Livro II Do Direito de Empresa; Título II Da Sociedade; Subtítulo II Da Sociedade Personificada; Capítulo X Da Transformação, Da Incorporação, Da Fusão e Da Cisão das Sociedades). Tal exegese encontra eco também nas normas expedidas pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio, que, por meio da Instrução Normativa nº 88, estabeleceu explicitamente que os institutos jurídicos em comento aplicamse somente às sociedades mercantis. Por oportuno, transcrevese o art. 23 da IN em questão: Art. 23. As operações de transformação, incorporação, fusão e cisão abrangem apenas as sociedades mercantis, não se aplicando às firmas mercantis individuais. A respeito do tema, a Conselheira Edeli Pereira Bessa, no voto vencedor do acórdão 1101000.833, assim examinou a matéria: No âmbito da incidência do IRPJ e da CSLL, a Lei n° 9.532/97, ao revogar o art. 28 do Decretolei n° 5.844/43, e o art. 30 da Lei n° 4.506/64, consolidou as regras para reconhecimento de isenção às associações civis sem fins lucrativos: Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. § 1° A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição Fl. 614DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 19 social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. § 2° Não estão abrangidos pela isenção do imposto de renda os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 3°As instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e " e § 3° e dos arts. 13 e 14. [...] Art. 16. Aplicamse à entrega de bens e direitos para a formação do patrimônio das instituições isentas as disposições do art. 23 da Lei n°9.249, de 1995. Parágrafo único. A transferência de bens e direitos do patrimônio das entidades isentas para o patrimônio de outra pessoa jurídica, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, deverá ser efetuada pelo valor de sua aquisição ou pelo valor atribuído, no caso de doação. Art. 17. Sujeitase à incidência do imposto de renda à alíquota de quinze por cento a diferença entre o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos recebidos de instituição isenta, por pessoa física, a título de devolução de patrimônio, e o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos que houver entregue para a formação do referido patrimônio. § 1° Aos valores entregues até o final do ano de 1995 aplicamse as normas do inciso I do art. 17 da Lei n° 9.249, de 1995. § 2° O imposto de que trata este artigo será: a) considerado tributação exclusiva; § 3 ° Quando a destinatária dos valores em dinheiro ou dos bens e direitos devolvidos for pessoa jurídica, a diferença a que se refere o caput será computada na determinação do lucro real ou adicionada ao lucro presumido ou arbitrado, conforme seja a forma de tributação a que estiver sujeita. § 4° Na hipótese do parágrafo anterior, para a determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido a pessoa jurídica deverá computar: a) a diferença a que se refere o caput, se sujeita ao pagamento do imposto de renda com base no lucro real; b) o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos recebidos, se tributada com base no lucro presumido ou arbitrado. (negrejouse) O art. 15, §3o da Lei n° 9.532/97 vinculou a isenção concedida à observância dos seguintes dispositivos da mesma lei: Art. 12 [...] [...] § 2° Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; Fl. 615DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 20 b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; [...] §3° Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine referido resultado, integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. (Redação dada pela Lei n° 9.718, de 1998) Art. 13. Sem prejuízo das demais penalidades previstas na lei, a Secretaria da Receita Federal suspenderá o gozo da imunidade a que se refere o artigo anterior, relativamente aos anoscalendários em que a pessoa jurídica houver praticado ou, por qualquer forma, houver contribuído para a prática de ato que constitua infração a dispositivo da legislação tributária, especialmente no caso de informar ou declarar falsamente, omitir ou simular o recebimento de doações em bens ou em dinheiro, ou de qualquer forma cooperar para que terceiro sonegue tributos ou pratique ilícitos fiscais. Parágrafo único. Considerase, também, infração a dispositivo da legislação tributária o pagamento, pela instituição imune, em favor de seus associados ou dirigentes, ou, ainda, em favor de sócios, acionistas ou dirigentes de pessoa jurídica a ela associada por qualquer forma, de despesas consideradas indedutíveis na determinação da base de cálculo do imposto sobre a renda ou da contribuição Art. 14. A suspensão do gozo da imunidade aplicase o disposto no art. 32 da Lei n° 9.430, de 1996. Nestes termos, a associação civil que atende aos requisitos legais e destina seu superávit integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais, está isenta dos tributos incidentes sobre o lucro. Caso esta associação devolva bens e direitos a pessoa jurídica que contribuiu para a formação de seu patrimônio, a diferença entre o valor recebido e o valor antes entregue à associação deverá ser adicionada à base de cálculo do IRPJ e d a CSLL (art. 17, caput c/c §§ 3o e 4o da Lei n° 9.532/97). O Código Civil de 2002 somente cogita da destinação do patrimônio de uma associação em caso de dissolução, fixando que ela deve beneficiar entidade de fins não Fl. 616DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 21 econômicos ou os associados que contribuíram para a formação daquele patrimônio: TÍTULO II DAS PESSOAS JURÍDICAS CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 1 as associações; II as sociedades; III as fundações. IV as organizações religiosas; (Incluído pela Lei n° 10.825, de 22.12.2003) V os partidos políticos. (Incluído pela Lei n° 10.825, de 22.12.2003) § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negarlhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei n° 10.825, de 22.12.2003) § 2o As disposições concernentes às associações aplicamse subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei n° 10.825, de 22.12.2003) § 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei n° 10.825, de 22.12.2003) [...] CAPÍTULO II DAS ASSOCIAÇÕES Art. 53. Constituemse as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I a denominação, os fins e a sede da associação; II os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III os direitos e deveres dos associados; IV as fontes de recursos para sua manutenção; V o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005) Fl. 617DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 22 VI as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução; VII a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Incluído pela Lei n° 11.127, de 2005) Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005) Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral: (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005) I destituir os administradores; (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005) II alterar o estatuto. (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005) Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005) Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos farseá na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovêla. (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005) Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. § 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. (negrejouse) Fl. 618DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 23 Ao ser editado, o referido Código ainda trouxe algumas disposições transitórias para adaptação de todas as pessoas jurídicas, inclusive as associações, ao novo regime, estipulando prazo que foi prorrogado pela Lei n° 10.838/2004 e pela Lei n° Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, bem como os empresários, deverão se adaptar às disposições deste Código até 11 de janeiro de 2007. (Redação dada pela Lei n° 11.127, de 2005) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às organizações religiosas nem aos partidos políticos. (Incluído pela Lei n° 10.825, de 22.12.2003) [...] Art. 2.033. Salvo o disposto em lei especial, as modificações dos atos constitutivos das pessoas jurídicas referidas no art. 44, bem como a sua transformação, incorporação, cisão ou fusão, regemse desde logo por este Código. Art. 2.034. A dissolução e a liquidação das pessoas jurídicas referidas no artigo antecedente, quando iniciadas antes da vigência deste Código, obedecerão ao disposto nas leis anteriores. (negrejouse) Observase no referido diploma legal que as hipóteses de transformação,incorporação, cisão ou fusão somente foram previstas para sociedades, nos termos dos arts. 1.113 a 1.122, integrantes do Capítulo X (Da Transformação, da Incorporação, da Fusão e da Cisão das Sociedades) do Subtítulo II (Da Sociedade Personificada). Quando quis compartilhar as normas aplicáveis às sociedades com as demais pessoas jurídicas privadas, o legislador foi expresso: Art. 51 [...] [...] § 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicamse, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3o Encerrada a liquidação, promoverseá o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. [...] Neste cenário jurídico, a dissolução da associação civil sem fins lucrativos deve resultar na destinação de seu patrimônio a entidade de fins não econômicos, idênticos ou semelhantes aos seus, ou favorecer os associados que contribuíram para a formação de seu patrimônio. E, caso bens e direitos sejam devolvidos a pessoa que contribuiu para formação do patrimônio da associação civil, haverá a incidência tributária prevista no art. 17 da Lei n° 9.532/97. Fl. 619DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 24 Estas regras aplicamse, inclusive, em caso de dissolução parcial da associação civil, devendo o parágrafo único do art. 16 da Lei n° 9.532/97 ser interpretado à luz do Código Civil de 2002, que somente permite a transferência de bens e direitos do patrimônio das entidades isentas para o patrimônio de outra pessoa jurídica de fins não econômicos. Inexistindo a possibilidade de cisão da associação civil, ou mesmo de destinação de seu patrimônio a entidade de fins econômicos, o fato jurídico que converteu os títulos patrimoniais que a recorrente possuía em Bolsa de Valores em ações de Bolsa de Valores somente pode ser caracterizado como dissolução parcial da associação sem fins lucrativos, com devolução de patrimônio a associado, que utiliza este valor para aporte de capital na sociedade anônima referida. Em tais circunstâncias, a diferença entre o valor recebido e o valor antes entregue à associação deverá ser adicionada à base de cálculo do IRPJ. Aliás, recente decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região orientase neste mesmo sentido: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MANDAMENTAL. IRPJ. CSSL. BM&F BOLSA DE MERCADORIAS E FUTURO DE SÃO PAULO. OPERAÇÃO DE DESMUTUALIZAÇÃO. TÍTULOS CONVERTIDOS EM AÇÕES DE S/A. LEI 9.532/97, ART. 17. INCIDÊNCIA NA ESPÉCIE. 1.O processo de desmutualização trouxe ganhos patrimoniais à impetrante que passou de simples associada da BM&F à detentora de ações na nova holding,acrescendo ao seu patrimônio as novas ações adquiridas com os valores que havia despendido para a formação da associação e que lhe fora devolvido. 2. A devolução implicou em aplicação de parte dos valores que compunha o patrimônio da associação em ações de empresa com fins lucrativos, o que desnatura o processo de sucessão legal das associações e autoriza a incidência de tributos em razão do acréscimo patrimonial experimentado pela impetrante. 3. Não há que se falar em avaliação pelo método de equivalência patrimonial porquanto o Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda), autoriza a utilização de tal método apenas na hipótese de investimentos em controladas e coligadas, não sendo este o caso dos autos. 4.Também não socorre a impetrante a Solução de Consulta n° 13 de 10/11/97, proferida antes da vigência da Lei 9.532/97. O mesmo vale para a aplicação da Portaria MF n° 785/77, já que esta cuidava de "constituição de reserva com os acréscimos no valor nominal dos títulos" e a exclusão de tais acréscimos ao lucro real, não sendo este o caso dos autos. Fl. 620DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 25 5.O processo de desmutualização autoriza a incidência do imposto de renda e da CSLL, como pretendido pelo Fisco, nos exatos termos do quanto disposto no artigo 17 da Lei n° 9.532/97. 6 Apelação que se nega provimento. (Apelação Cível n° 0035179 62.2007.4.03.6100/SP, processo n° 2007.61.00.0351795/SP, Relator Desembargador Federal Márcio Moraes, sessão de 19 de julho de 2012). Vale a pena destacar que o entendimento fixado na decisão citada pela Ilustre Conselheira não reproduz exegese isolada sobre o tema, antes pelo contrário, uma vez que a jurisprudência sobre o tema caminho no mesmo sentido, senão vejamos: TRIBUTÁRIO. DEVOLUÇÃO À IMPETRANTE DOS VALORES CORRESPONDENTES A TÍTULOS DA BOVESPA E DA BM&F. INVESTIMENTO INTEGRAL EM AÇÕES DAS MESMAS ENTIDADES, TRANSFORMADAS EM SOCIEDADES POR AÇÕES. DIFERENÇA ENTRE O VALOR INVESTIDO E O VALOR DEVOLVIDO. CARACTERIZAÇÃO DE GANHOS DE CAPITAL. INAPLICABILIDADE DO "MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL". CARACTERIZAÇÃO DE RENDA. DISPONIBILIDADE JURÍDICA. INCIDÊNCIA DO ART. 17 DA LEI 9.532/97. [...] 2.Controvérsia sobre a aplicabilidade ou não do art. 17 e seus parágrafos, da Lei 9.532/97, para efeito de incidência do IRPJ e CSLL, sobre ganhos de capital, no tocante aos valores gerados pela atualização dos títulos patrimoniais que a impetrante detinha na BOVESPA e BM&F e que foram convertidos em ações daquelas instituições, quando da cisão em duas novas entidades, operação intitulada "desmutualização". 3. A conversão dos títulos em ações importa em reversão jurídica dos valores a que correspondiam os citados títulos, ainda que tais valores tenham sido integralmente convertidos em ações da entidade que resultou da transformação. 4. Caracterizada a disponibilidade jurídica dos ganhos de capital equivalentes à diferença entre o valor investido pela pessoa jurídica e aquele posteriormente devolvido a ela, configurando renda nos moldes do art. 43 do CTN. 5. A inocorrência de dissolução ou extinção da associação que se transformou em sociedade por ações (art. 1.113 e 2.033 do Código Civil) tem relevância apenas para a preservação da titularidade dos direitos e obrigações da própria sociedade, que não terá solução de continuidade e manterseá íntegra. 6. Todavia, é inegável que a transformação implica em modificação da natureza jurídica das participações societárias ou dos títulos de natureza similar que forem convertidos em ações da neonata pessoa jurídica. Fl. 621DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 26 7. Não há como ignorar o fato de que houve, do ponto de vista jurídico, a devolução à impetrante dos valores que correspondiam aos títulos que ela detinha, ainda que estes valores tenham sido inteiramente utilizados na aquisição de ações da nova sociedade. 8. Não há lugar, na hipótese dos autos, para contabilização dos ganhos de capital pelo "método da equivalência patrimonial", posto que este método tem aplicação quando surge a necessidade de encontrar a expressão econômica das participações no capital social de outra pessoa jurídica. 9. Esta não é a hipótese dos autos, em que o capital da impetrante estava investido em títulos e não em participação societária na outra empresa, daí porque as diferenças entre os valores investidos e aqueles devolvidos devem ser tratadas como ganhos de capital, sofrendo incidência do art. 17 da Lei 9.532/97. 10. Não socorrem a impetrante os atos regulamentares e interpretativos editados antes da apontada lei, tal como a Portaria MF 785/77, visto que se consideram abrogados pela nova legislação, que cuida especificamente do tema em discussão. 11. Rejeitada a alegação de decadência, haja vista que o fato gerador do IRPJ e da CSLL (devolução dos títulos) ocorreu somente depois que houve a deliberação, em Assembléia Geral Extraordinária, pela transformação da BOVESPA e da BM&F em sociedades anônimas, respectivamente, em 28 de agosto e 20 de setembro de 2007, menos de um ano antes do ajuizamento do presente "mandamus". 12. Improvido o agravo retido, por ausência de verossimilhança das alegações da parte agravante. 13. Apelação improvida. (AC 2008.61.00.0087063/SP, Relator Juiz Convocado RUBENS CALIXTO, TRF da 3ª Região, D.E. de 23.07.2012) PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MANDAMENTAL. IRPJ. CSSL. BM&F BOLSA DE MERCADORIAS E FUTURO DE SÃO PAULO. OPERAÇÃO DE DESMUTUALIZAÇÃO. TÍTULOS CONVERTIDOS EM AÇÕES DE S/A. LEI 9.532/97, ART. 17. INCIDÊNCIA NA ESPÉCIE. 1. O processo de desmutualização trouxe ganhos patrimoniais à impetrante que passou de simples associada da BM&F à detentora de ações na nova holding, acrescendo ao seu patrimônio as novas ações adquiridas com os valores que havia despendido para a formação da associação e que lhe fora devolvido. 2. A devolução implicou em aplicação de parte dos valores que compunha o patrimônio da associação em ações de empresa com fins lucrativos, o que desnatura o processo de sucessão legal das associações e autoriza a incidência de tributos em razão do acréscimo patrimonial experimentado pela impetrante. Fl. 622DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 27 3. Não há que se falar em avaliação pelo método de equivalência patrimonial porquanto o Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda), autoriza a utilização de tal método apenas na hipótese de investimentos em controladas e coligadas, não sendo este o caso dos autos. 4. Também não socorre a impetrante a Solução de Consulta n° 13 de 10/11/97, proferida antes da vigência da Lei 9.532/97. O mesmo vale para a aplicação da Portaria n° MF n° 785/77, já que esta cuidava de "constituição de reserva com os acréscimos no valor nominal dos títulos" e a exclusão de tais acréscimos ao lucro real, não sendo este o caso dos autos. 5. O processo de desmutualização autoriza a incidência do imposto de renda e da CSLL, como pretendido pelo Fisco, nos exatos termos do quanto disposto no artigo 17 da Lei n° 9.532/97. 6. Apelação que se nega provimento. (AMS 2007.61.00.035179 5/SP, Relator Juiz Convocado RUBENS CALIXTO, TRF da 3ª Região, D.E. de 30.07.2012) TRIBUTÁRIO. DEVOLUÇÃO À IMPETRANTE DOS VALORES CORRESPONDENTES A TÍTULOS DA BOVESPA E DA BM&F. INVESTIMENTO INTEGRAL EM AÇÕES DAS MESMAS ENTIDADES, TRANSFORMADAS EM SOCIEDADES POR AÇÕES. DIFERENÇA ENTRE O VALOR INVESTIDO E O VALOR DEVOLVIDO. CARACTERIZAÇÃO DE GANHOS DE CAPITAL. INAPLICABILIDADE DO "MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL". CARACTERIZAÇÃO DE RENDA. DISPONIBILIDADE JURÍDICA. INCIDÊNCIA DO ART. 17 DA LEI 9.532/97. [...] 2. Controvérsia sobre a aplicabilidade ou não do art. 17 e seus parágrafos, da Lei 9.532/97, para efeito de incidência do IRPJ e CSLL, sobre ganhos de capital, no tocante aos valores gerados pela atualização dos títulos patrimoniais que a impetrante detinha na BOVESPA e BM&F e que foram convertidos em ações daquelas instituições, quando da cisão em duas novas entidades, operação intitulada "desmutualização". 3. A conversão dos títulos em ações importa em reversão jurídica dos valores a que correspondiam os citados títulos, ainda que tais valores tenham sido integralmente convertidos em ações da entidade que resultou da transformação. 4. Caracterizada a disponibilidade jurídica dos ganhos de capital equivalentes à diferença entre o valor investido pela pessoa jurídica e aquele posteriormente devolvido a ela, configurando renda nos moldes do art. 43 do CTN. 5. A inocorrência de dissolução ou extinção da associação que se transformou em sociedade por ações (art. 1.113 e 2.033 do Código Fl. 623DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 28 Civil) tem relevância apenas para a preservação da titularidade dos direitos e obrigações da própria sociedade, que não terá solução de continuidade e manterseá íntegra. 6. Todavia, é inegável que a transformação implica em modificação da natureza jurídica das participações societárias ou dos títulos de natureza similar que forem convertidos em ações da neonata pessoa jurídica. 7. Não há como ignorar o fato de que houve, do ponto de vista jurídico, a devolução à impetrante dos valores que correspondiam aos títulos que ela detinha, ainda que estes valores tenham sido inteiramente utilizados na aquisição de ações da nova sociedade. 8. Não há lugar, na hipótese dos autos, para contabilização dos ganhos de capital pelo "método da equivalência patrimonial", posto que este método tem aplicação quando surge a necessidade de encontrar a expressão econômica das participações no capital social de outra pessoa jurídica. 9. Esta não é a hipótese dos autos, em que o capital da impetrante estava investido em títulos e não em participação societária na outra empresa, daí porque as diferenças entre os valores investidos e aqueles devolvidos devem ser tratadas como ganhos de capital, sofrendo incidência do art. 17 da Lei 9.532/97. 10. Não socorrem a impetrante os atos regulamentares e interpretativos editados antes da apontada lei, tal como a Portaria MF 785/77, visto que se consideram abrogados pela nova legislação, que cuida especificamente do tema em discussão. 11. Rejeitada a alegação de decadência, haja vista que o fato gerador do IRPJ e da CSLL (devolução dos títulos) ocorreu somente depois que houve a deliberação, em Assembléia Geral Extraordinária, pela transformação da BOVESPA e da BM&F em sociedades anônimas, respectivamente, em 28 de agosto e 20 de setembro de 2007, menos de um ano antes do ajuizamento do presente "mandamus". 12. Não conhecido o agravo de instrumento n. 2008.03.00.0142368, convertido em retido na forma do inciso II do art. 527 do CPC, uma vez que não houve reiteração do recurso nas razões de apelação. 13. Apelação improvida. (AMS 00023846620084036100, Relator Juiz Convocado RUBENS CALIXTO, TRF3, D.E. de 03.08.2012) PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. IRPJ. CSSL. BOVESPA BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO, BM&F BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS DE SÃO PAULO. OPERAÇÃO DE DESMUTUALIZAÇÃO. TÍTULOS CONVERTIDOS EM AÇÕES DE S/A. LEI 9.532/97, ART. 17, INCIDÊNCIA NA ESPÉCIE. SOLUÇÃO DE CONSULTA N° 13, DE 10/11/97, PROFERIDA ANTERIORMENTE À LEI 9.532 DE 10/12/97. AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO DO ENTENDIMENTO Fl. 624DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 29 FAZENDÁRIO, QUE SE CONFORMA À LEI VIGENTE APLICÁVEL À HIPÓTESE. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I. As Bolsas de Valores, nos termos da Lei 6.385/76 são órgãos integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários, voltandose à realização do interesse geral do mercado. Conquanto pessoas jurídicas de direito privado, exercem serviço público. Constituídas originariamente como associações sem fins lucrativos colaboradoras com o poder público, assembleias gerais extraordinárias vieram de aprovar a "desmutualização" das Bolsas, acarretando a conversão dos títulos patrimoniais dos associados, detidos pelos Agravantes, em ações da Bovespa Holding S/A e BM&F S/A. II. A noticiada "desmutualização" alterou a situação jurídico tributária então existente, ensejando a incidência fiscal, a teor da Lei 9.532 de 10/12/97, art. 17. III. O art. 177, § 2° da Lei 6.404/76, prevê que as normas de natureza tributária possam ter apuração de resultado diferente do contábil. IV. O Dec. 3.000/99, Regulamento do Imposto de Renda – RIR determina a utilização do método de equivalência patrimonial apenas na hipótese de investimentos em controladas e coligadas (arts. 384, 387, 388), do que não se cogita na espécie dos autos. V. Solução de Consulta n° 13 de 10/11/97, proferida anteriormente à vigência da Lei 9.532 de 10/12/97, que ora rege a hipótese objetivada. VI. Agravo a que se nega provimento. (AI 01051154420074030000, Relatora Desembargadora Federal Salette Nascimento, TRF3, D.E. de 19.08.2008). Assim sendo, com base no artigo 61 do Código Civil e no artigo 17 da Lei n° 9.532, de 1997, a decisão recorrida deve ser mantida, mantendose integralmente o crédito tributário em litígio. 2.1 INAPLICABILIDADE DO MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL PARA AVALIAÇÃO DO PATRIMÔNIO DE ASSOCIAÇÕES A conduta adotada pela Recorrente baseouse no disposto na Circular BACEN n° 1.273/87, responsável por criar o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional COSIF, a seguir transcrita: CAPÍTULO: Normas Básicas 1 SEÇÃO: Ativo Permanente 11 [...] Fl. 625DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 30 3 Os títulos patrimoniais de bolsas de valores, de mercadorias e de futuros, são corrigidos mensalmente e atualizados, por ocasião dos balanços, pelo valor informado pela respectiva bolsa, procedendose aos seguintes lançamentos de ajustes: a) se o novo valor informado pelas bolsas for superior ao saldo contábil corrigido na database do balanço, debitase TÍTULOS PATRIMONIAIS pela diferença apurada, em contrapartida com RESERVA DE ATUALIZAÇÃO DE TÍTULOS PATRIMONIAIS; b) se o novo valor informado pelas bolsas for inferior ao saldo contábil corrigido na database do balanço, creditase TÍTULOS PATRIMONIAIS pela diferença apurada, em contrapartida com RESERVA DE ATUALIZAÇÃO DE TÍTULOS PATRIMONIAIS até o limite do seu saldo. A parcela excedente, se houver, é debitada em LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS. Podese constatar que no Capítulo 1, item 11, subitem 3, § 3° do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional Cosif consta que a conta utilizada para registro dos títulos patrimoniais pertence ao grupo do Ativo Permanente Investimentos (contas Cosif 2.1.4.10.10.000183, 2.1.4.10.20.00037 e 2.1.4.10.20.00040), e que a Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais é registrada na conta Cosif 6.1.3.709, integrante do Patrimônio Líquido Reserva de Capital. Em contrarrazões, a Fazenda Nacional muito bem analisou a questão: Ora, é sabido que uma sociedade é caracterizada por ser uma pessoa jurídica decorrente de um estatuto social ou de um contrato, pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam a prestar certa contribuição de bens ou serviços, formando um patrimônio destinado ao exercício de atividade econômica, e com a intenção de partilhar lucros entre si. Nessa perspectiva, as antigas Bovespa e BM&F, para serem consideradas sociedades, deveriam partilhar os resultados advindos da atividade econômica desenvolvida. Todavia, por terem sido constituídas sob a forma de associações civis SEM FINS LUCRATIVOS, não há que se falar em distribuição de lucros e, portanto, em equiparação de tais entidades a sociedades. Dessa maneira, a legislação aplicável às sociedades não pode ser estendida às associações em razão das próprias características que diferenciam um e outro tipo de pessoa jurídica. Portanto, resta inviabilizada a pretensão de estender à Bovespa e à BM&F a legislação de regência das sociedades empresárias. As razões utilizadas acima servem para se refutar o entendimento da contribuinte, no sentido de que seria aplicável o método da equivalência patrimonial (MEP) para a avaliação do título patrimonial das bolsas de valores. Ora, o MEP foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro pela Lei n° 6.404, de 1976, e deve ser aplicado de acordo com os preceitos firmados por este diploma legal. Assim, o primeiro aspecto que deve ser ressaltado é que a Lei n° 6.404, de 1976, tem como destinatárias as sociedades por ações, que possuem natureza jurídica totalmente diversa das associações. Com efeito, basta lembrar que a Bovespa e a BMF foram instituídas como associações sem fins lucrativos, enquanto as sociedades por ações servem para o desenvolvimento de atividades empresariais cujo objetivo é Fl. 626DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 31 proporcionar lucro aos seus sócios. Desse modo, fica evidente a incompatibilidade da Lei n° 6.404, de 1976, com o regime jurídico das associações. Não obstante, nada impede que uma lei possa autorizar que as associações civis utilizem as regras previstas para as sociedades empresárias. Apesar das inúmeras disparidades entre as sociedades empresárias e as associações civis sem fins lucrativos, se a lei previsse que estas poderiam ser regidas pelas normas da Lei n° 6.404, de 1976, caberia apenas obedecer ao comando legal. Nessa perspectiva, o contribuinte teria razão se houvesse uma lei que autorizasse as associações civis a seguirem as normas contábeis específicas para as sociedades por ações. Entretanto, não existe tal suporte legal que fundamente a pretensão do contribuinte pois os dispositivos do Código Civil que regulamentam as associações não trouxeram norma com este conteúdo, tampouco a Lei n° 6.404, de 1976. Feitas estas considerações, não há como se distanciar das conclusões exaradas na Solução de Consulta Cosit n° 10/2007, ao afirmar que: (... ) nunca estiveram as sociedades corretoras autorizadas a avaliar as cotas ou frações ideais do patrimônio das bolsas de valores pelo MEP. Estavam, sim, autorizadas pela Portaria n° 785, de 1977, a postergar a tributação sobre o valor dos acréscimos efetuados ao valor nominal das cotas ou frações ideais recebidos em virtude de aumento do capital social das bolsas de valores para o momento em que houvesse a redução do capital ou até mesmo a extinção dessas associações. Conforme se verifica no trecho acima transcrito, não havia autorização legal para que as corretoras avaliassem seus títulos patrimoniais da Bovespa e da BMF utilizando o MEP. Esse entendimento apenas confirma que o regime jurídico das Bolsas de Valores era distinto das sociedades por ações e não poderia ser diferente, visto que a Bovespa e a BMF eram entidades sem fins lucrativos, ao contrário das sociedades empresárias. Assim, resta evidenciado que nenhuma lei ou DecretoLei fundamentou a pretensão do contribuinte de avaliar seus títulos patrimoniais das Bolsas de Valores pelo MEP. Por sua vez, cumpre destacar que a Portaria n° 785/1977, do Ministro de Estado da Fazenda, regulamentou a tributação dos acréscimos patrimoniais auferidos pela Bovespa e pela BMF. Ocorre que a mencionada Portaria em momento algum determinou a utilização da Lei das Sociedades por Ações para contabilização dos acréscimos de valor dos títulos patrimoniais das Bolsas. Confirase: Portaria n° 785, de 20 de dezembro de 1977 O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições e, com, fundamento no que dispõe o art. 223, 'm', do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 76.186/75: Resolve: I. Os acréscimos do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, não constitui receita nem ganho de capital das sociedades corretoras associadas e, por isso, pode ser excluído do lucro real destas desde que não seja distribuído e constitua reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital. Fl. 627DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 32 II. Aos aumentos de capital assim procedidos aplicase o disposto no DecretoLei n° 1.109/70, art. 3°, § 3° (RIR, art. 237). Inicialmente, chama a atenção que a citada Portaria foi editada para regulamentar a alínea "m" do art. 223 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 76.186/75. Significa dizer que a Portaria n° 785, de 1977, retirou fundamento de validade de uma norma anterior ao próprio surgimento do MEP que passou a vigorar apenas a partir da Lei n° 6.404, de 1976. Dessa forma, fica patente que a interpretação ministerial explicitada na mencionada Portaria não se referia ao MEP. Para confirmar essa constatação, vejamos o que dispunha a alínea "m" do art. 223 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 76.186/75: Art. 223. Serão excluídos do lucro real para os efeitos de tributação: (... ) m) o valor das ações, quotas ou quinhões de capital, recebidos em decorrência dos aumentos de capital efetuados nos termos e condições dos artigos 197, §§ 6° e 9°, 223, alínea l, 223, § 31, 236, 243, alínea d, 250, 254, § 3°, 283, 297, 577, 578 e 583 (Decretolei n° 1.096/70, art. 1°, §§ 6° e 7°, Lei n° 4.862/65, art. 49, Decretlei n° 1.260/73, art. 4°, Decretolei n° 1.109/70, art. 3° e § 1°, Lei n° 4.357/64, art. 3°, § 6°, Decretolei n° 756/69, art. 25, Decretolei n° 1.338/74, art. 15, § 4°, Decretolei n° 1.191/71, art. 9°, § único, Decretolei n° 221/67, art. 80, § 4°, Lei n° 5.508/68, art. 36, Decretolei n° 756/69, art. 24, § 4°, Decretolei n° 1.346/74, arts. 6°, § 3°, e 11, e Decretolei n° 1.370/74, art. 2°, § 3°); (sem negrito no original) Dessa forma, percebese que a norma acima tratava dos quinhões ou frações ideais recebidas pelos associados em decorrência de meros aumentos de capital da bolsa de valores. Assim, não há que se confundir a situação tratada nos referidos atos normativos com o MEP. Não merecem prosperar, igualmente, alegações no sentido de que o Ofício Circular CVM n° 325/1979, e a Circular do Banco Central do Brasil n° 1.273/1987 teriam obrigado as sociedades corretoras de valores a avaliarem seus títulos patrimoniais das bolsas de valores (associações) pelo MEP. Com efeito, inferese da leitura do art. 248 da Lei n° 6.404, de 19763, que o MEP só se aplica aos investimentos em sociedades controladas ou coligadas. Diante disso, não se pode admitir que o Poder Regulamentar conferido à CVM, pela Lei n° 6.404 de 1976, possa servir para autorizar a extensão do MEP para as Bolsas de Valores constituídas sob a forma de associação civil. Isso porque o art. 4° da referida lei evidencia que as normas expedidas pela CVM sujeitam apenas as companhias abertas. Por outro lado, se o Ofício Circular CVM n° 325/1979, e a Circular do Banco Central do Brasil n° 1.273/1987 conferiram tal prerrogativa às corretoras, o fizeram desrespeitando o art. 248 da Lei n° 6.404, de 1976. Isso porque o citado dispositivo legal restringe a aplicação do MEP para avaliação de investimentos em sociedades coligadas ou controladas. Ora, Srs. Conselheiros, é possível conceber que as corretoras eram coligadas ou controladoras das Bolsas de Valores? Se prevalecer o entendimento de que as corretoras poderiam avaliar seus títulos patrimoniais nas Bolsas de Valores pelo MEP, restaria desconfigurada ou Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em sociedades coligadas sobre cuja administração tenha influência, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital social, e em sociedades controladas, serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo com as seguintes normas: Fl. 628DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 33 simplesmente ignorada a natureza jurídica das próprias Bolsas de Valores. Significa dizer que o MEP serviria para associados avaliarem sua participação no patrimônio da associação o que é totalmente incompatível com a finalidade e a estrutura de uma associação sem fins lucrativos. Acrescentese ainda que a Circular do Banco Central do Brasil n° 1.273/1987 determina apenas que as sociedades corretoras observem normas consubstanciadas no COSIF, mas, de forma alguma autorizou que se avaliassem investimentos em associações pelo MEP. Vale a pena transcrever as disposições da referida Circular: Às Instituições Financeiras e demais Entidades Autorizadas a Funcionar pelo Banco Central do Brasil Comunicamos que a Diretoria do Banco Central do Brasil, em sessão realizada em 16.12.87, com fundamento no art. 4., inciso XII, da Lei n. 4.595, de 31.12.64, por competência delegada pelo Conselho Monetário Nacional, decidiu instituir, para adoção obrigatória a partir do Balanço de 30.06.88, o anexo PLANO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL COSIF. As normas consubstanciadas no COSIF aplicamse aos bancos comerciais, bancos de desenvolvimento, bancos de investimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de arrendamento mercantil, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários, sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimo, caixas econômicas e cooperativas de crédito. O período compreendido entre janeiro e junho de 1988 é considerado como de implantação, devendo as instituições financeiras tomar as providências necessárias para que a sua escrituração esteja em condições de fornecer, em 30.06.88, os dados indispensáveis ao levantamento das demonstrações financeiras exigidas. Observarseá também o seguinte: a) considerada a database de 30.06.88, remeterseá ao Banco Central o Balancete Geral Analítico (Doc. n. 01), confeccionado de acordo com os planos contábeis vigentes, ou na forma usual, no caso de instituições que não possuam, ainda, demonstrações padronizadas pelo Banco Central; b) juntarseão ao Balancete Geral Analítico, indicado no item 4.a, as demonstrações financeiras previstas no COSIF, dispensada a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos DOAR (Doc. n.12); c) a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos DOAR, relativa ao Balanço de 31.12.88, será elaborada segundo as variações patrimoniais que afetarem o disponível no período de 01.07 a 31.12.88; d) dispensarseá, em 30.06 e 31.12.88, a publicação das demonstrações financeiras de forma comparada com as de outros períodos. (destaques não constam no original) Fl. 629DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 34 Como se vê, não há na Circular acima transcrita qualquer autorização ou determinação para que as sociedades corretoras avaliem seus ativos representativos dos títulos patrimoniais das bolsas de valores pelo MEP. De forma a evidenciar ainda mais o desacerto do entendimento sustentado pelo contribuinte, analisemos também o já revogado art. 10 da Resolução Bacen n° 1.656/1989, que aprovou o Regulamento que disciplinava a constituição, a organização e o funcionamento das bolsas de valores, por força do disposto, à época, no art. 18 da Lei n° 6.385, de 1976, que assim dispunha: Art. 10. Ao término de cada exercício social, o valor do patrimônio social deve ser atualizado com base nas demonstrações financeiras correspondentes, feitas de acordo com os procedimentos e critérios adotados pelas sociedades anônimas. Parágrafo 1. O valor do patrimônio, apurado anualmente, dividido pelo número de títulos patrimoniais, computados, inclusive, os que não tenham sido ainda colocados ou que estejam em tesouraria, dará o valor nominal destes, e terá vigor nos 12 (doze) meses subseqüentes. (destaques não constam no original) Parágrafo 2. A atualização anual do patrimônio deve ser submetida, até 10 (dez) dias depois de aprovada pela assembléia geral, à Comissão de Valores Mobiliários, para sua homologação. Parágrafo 3. A falta de manifestação da Comissão de Valores Mobiliários, após 30 (trinta) dias da apresentação dos respectivos processos de atualização, implicará aceitação da proposta. Parágrafo 4. O prazo previsto no parágrafo anterior poderá ser interrompido, uma única vez, por no máximo 30 (trinta) dias, caso a Comissão de Valores Mobiliários requisite à Bolsa de Valores informações ou documentos adicionais. Ocorre que o parágrafo 1° do artigo 10 acima transcrito não foi repetido na Resolução CMN n° 2.690/2000, que atualmente consolida as normas que disciplinam a constituição, a organização e o funcionamento das bolsas de valores. Com efeito, o disposto nos artigos 6°, 7° e 9° da Resolução em vigor indicam que as bolsas de valores não podem mais alterar o valor dos títulos patrimoniais, pois agora, se quiserem, podem emitir novos títulos e colocálos em leilão, conforme se depreende da inteligência dos referidos artigos. Confirase: Art. 6°. O Patrimônio ou o capital social das bolsas de valores deve ser formado, quando da constituição, mediante realização em dinheiro, e será dividido, conforme o caso, em títulos patrimoniais ou ações ordinárias com direito de voto pleno, devendo a quantidade e o valor inicial de emissão de títulos patrimoniais ser fixados pela Comissão de Valores Mobiliários. Art. 7° As bolsas de valores podem emitir títulos patrimoniais ou ações com direito de voto pleno, cuja colocação será realizada mediante leilão, com préqualificação para os licitantes, ou na forma prevista em lei. Parágrafo 1° O preço mínimo de emissão ou colocação de título patrimonial ou ação não será inferior ao seu valor nominal. Parágrafo 2° A emissão e colocação de títulos patrimoniais ou de ações de forma diversa da prevista no caput depende de prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários ou de previsão legal. Fl. 630DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 35 Parágrafo 3° O desdobramento de títulos patrimoniais ou de ações depende, igualmente, de prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários ou de previsão legal. Art. 9° Ao término de cada exercício social, o valor do patrimônio social deve ser apurado com base nas demonstrações financeiras correspondentes, feitas de acordo com os procedimentos e critérios adotados pelas sociedades anônimas. Parágrafo 1° A apuração anual do patrimônio deve ser submetida, até dez dias depois de aprovada pela assembléia geral, à Comissão de Valores Mobiliários, para sua homologação. Parágrafo 2° A falta de manifestação da Comissão de Valores Mobiliários, após trinta dias da apresentação dos respectivos processos de apuração, implicará aceitação da proposta. Parágrafo 3° O prazo previsto no parágrafo anterior poderá ser interrompido, uma única vez, por no máximo trinta dias, caso a Comissão de Valores Mobiliários requisite à bolsa de valores informações ou documentos adicionais. Como se vê, o que tais dispositivos determinam não se confunde com equivalência patrimonial, pois o MEP é método de avaliação de investimento e não, método de apuração de patrimônio social. O que os aludidos dispositivos tratam é da apuração do próprio patrimônio das bolsas de valores, de como ele deve ser repartido pelo número de títulos patrimoniais e da emissão de novos títulos. Entendo, assim, corretas as conclusões da Fazenda Nacional. De todo modo, ainda que se entenda aplicável o Método da Equivalência Patrimonial para avaliação dos títulos patrimoniais da BOVESPA e BM&F, outra sorte não assiste à Recorrente. Tal ganho obtido pela atualização dos títulos patrimoniais estava sujeito à tributação conforme definido pelo parágrafo único do art. 219 do RIR/99. Contudo, estas operações contábeis foram objeto da Portaria MF n° 785/77, que assim classificou os resultados destas atualizações: I. O acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, não constitui receita nem ganho de capital das sociedades corretoras associadas e, por isso, pode ser excluído do lucro real destas desde que não seja distribuído e constitua reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital. II. Aos aumentos de capital assim procedidos aplicase o disposto no Decretolei n° 1.109/70, art. 3°, § 3° (RIR, art. 237). Ainda que se admita que tais variações, por não transitarem por conta de resultado, dependeriam de previsão legal expressa para que fosse computada na apuração do lucro real, aliás, conforme dispõe o art. 249 do RIR/99, verbis: Fl. 631DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 36 Art. 249. Na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do período de apuração (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 6°, § 2°): I os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real; II os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, devam ser computados na determinação do lucro real.(grifo nosso) [...] Contudo, a alienação destes títulos patrimoniais pelas sociedades corretoras, em geral, se dá por valor superior ao de aquisição. Discutese, assim, a existência, ou não, de ganho de capital suscetível de tributação na forma estabelecida pelo Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000/99 (RIR/99): Art. 418. Serão classificados como ganhos ou perdas de capital, e computados na determinação do lucro real, os resultados na alienação, na desapropriação, na baixa por perecimento, extinção, desgaste, obsolescência ou exaustão, ou na liquidação de bens do ativo permanente (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 31). § 1° Ressalvadas as disposições especiais, a determinação do ganho ou perda de capital terá por base o valor contábil do bem, assim entendido o que estiver registrado na escrituração do contribuinte e diminuído, se for o caso, da depreciação, amortização ou exaustão acumulada (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 31, § 1°). § 2° O saldo das quotas de depreciação acelerada incentivada, registradas no LALUR, será adicionado ao lucro líquido do período de apuração em que ocorrer a baixa. [...] Art. 425. O ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação de investimento será determinado com base no valor contábil (art. 418, § 1°) (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 31, § 3°). Parágrafo único. A provisão para perdas constituídas até 31 de dezembro de 1995, quando dedutível na apuração do lucro real nos termos da legislação aplicável, deverá ser considerada na determinação do ganho ou perda de capital. (negrejouse) Fl. 632DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 37 Para a Recorrente o valor contábil do bem é aquele registrado em sua escrituração contábil, já atualizado pela equivalência ao patrimônio social da Bovespa e BM&F. Contudo, o "custo contábil" a que refere a legislação nada mais é que o custo de aquisição dos bens do ativo permanente, conforme escriturado com base em seu valor original, à exceção de eventual correção monetária, de acordo com o período em que foi adquirido, e à dedução de depreciação, amortização ou exaustão acumulada. Embora se reconheça que haja semelhanças procedimentais entre a atualização dos títulos patrimoniais e o Método de Equivalência Patrimonial, este gerando ganhos periódicos não sujeitos à tributação (art. 389 do RIR/99) e que comporiam o valor contábil do investimento para fins de apuração do ganho de capital em eventual alienação (art. 426 do RIR/99), os efeitos tributários diversos de cada um dos casos se dão em razão de possuírem fundamentos igualmente distintos. Em relação ao Método da Equivalência Patrimonial MEP cumpre ressaltar que se trata de critério contábil de avaliação de ativos, alvo de estudo pela doutrina contábil e positivado na Lei n° 6.404/76. De outra banda, as atualizações dos títulos patrimoniais das bolsas de valores encontrase regrado pelas referidas Resoluções do Banco Central. Ainda no que tange ao MEP, é imperioso salientar que a contrapartida do aumento do valor do investimento é um ganho não tributável, uma vez que advém de resultado positivo de uma sociedade controlada ou coligada cujo acréscimo patrimonial já foi alvo de tributação, diversamente da atualização dos títulos patrimoniais, lastreada em superávits de uma associação civil sem fins lucrativos, ou seja, cujos resultados não estão sujeitos à tributação do IRPJ inclusive em razão de norma isencional. A última distinção entre tal institutos advém do fato de a investidora – obrigada a avaliar o investimento pelo MEP – possuir poderes para influenciar nas decisões da investida, em razão da relevância do investimento, ao passo que a sociedade corretora somente realiza os resultados auferidos por intermédio dos títulos patrimoniais da BOVESPA e BM&F caso os aliene. Nessa senda, considerandose que os resultados reconhecidos pela Recorrente em razão de participação na BOVESPA e BM&F então associações civis sem fins lucrativos não foram objeto de tributação, também não poderiam afetar a apuração de ganho de capital no momento de sua alienação. Na prática, embora haja reconhecimento contábil de tais resultados por força de normas expedidas pelo CMN e/ou Banco Central do Brasil, postergouse a tributação para o momento da realização efetiva dos resultados, qual seja, a alienação dos títulos patrimoniais representativos de participação na BOVESPA E BM&F. No que tange aos efeitos dos Pareceres Normativos CST n° 78/78 e 107/78, que trataram dos efeitos tributários dos resultados de equivalência patrimonial promovidos em razão de determinações do Banco Central do Brasil, convém transcrever alguns de seus dispositivos: 2. De acordo com a Lei das Sociedades Anônimas (Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, artigo 247, parágrafo único) um investimento em sociedade coligada ou controlada é relevante quando seu valor contábil é igual ou superior a 10% (dez por cento) do valor do patrimônio liquido da sociedade anônima investidora. Também o é, mesmo sem atingir os 10% (dez por cento) se o valor da participação, somado ao das demais Fl. 633DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 38 participações em coligadas ou controladas, alcança pelo menos 15% (quinze por cento) do valor do patrimônio líquido da investidora. Investimentos em sociedades não coligadas nem controladas não são considerados relevantes, não importa quão importantes sejam para a empresa investidora. A mesma lei, no artigo 243, considera duas sociedades como coligadas quando uma participa com 10% (dez por cento) ou mais do capital da outra, sem controlála (§ 1°); e define controlada como aquela sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores (§ 2°). 3. O artigo 248 da Lei das S/A. manda que a sociedade anônima apresente em seu balanço, avaliado pelo valor de patrimônio líquido, o investimento relevante (a) em sociedade coligada sobre cuja administração tenha influência, ou (b) em sociedade coligada de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital social, ou ainda (c) em sociedade controlada. Assim sendo, as participações de capital de caráter permanente, que a um só tempo sejam relevantes e determinem influência (sob qualquer das formas (a), (b) ou (c) mencionadas neste item) nas coligadas ou controladas devem ser avaliadas em função do valor de patrimônio liquido, método também chamado de equivalência patrimonial: 3.1 A lei não manda avaliar indiscriminadamente segundo um (equivalência patrimonial) ou outro (custo de aquisição) critério; antes, discrimina os investimentos segundo sua importância relativa. Importância na capacidade de inversão da investidora, originando o conceito de relevância, e importância no conjunto dos recursos aplicados no empreendimento, gerando o conceito de influência. 4. O DecretoLei n. 1.598, de 26 de dezembro de 1977 (artigo 20, § 4o), diz que essa modalidade de avaliação de investimentos é obrigatória nos casos determinados pela Lei das S/A., e nas sociedades em que "a coligada ou controlada participe, direta ou indiretamente, com investimento relevante, cuja avaliação segundo o mesmo critério seja necessária para determinar o valor de patrimônio líquido da coligada ou controlada". 5. O Decretolei desta maneira exige que outras sociedades, além das anônimas, avaliem investimentos por equivalência patrimonial. Na cadeia de participações entre sociedades, iniciada por sociedade anônima, toda avaliação de investimento no capital de outra sociedade, quando o investimento for permanente, relevante e influente, deve ser feita por esse método, mesmo naquelas sociedades não organizadas sob a forma de companhia. Não importa, convém lembrar, que a participação seja direta ou indireta. 6. Em resumo, quando possuírem investimentos permanentes, relevantes e influentes devem em relação a eles praticar avaliação por equivalência patrimonial: I as companhias; e II as demais sociedades, sempre que entre os detentores do seu capital ou na cadeia ascendente e ininterrupta de participações relevantes e influentes se encontre sociedade anônima. 7. Não obstante a generalidade das regras acima discutidas, ressalvese a possibilidade de legislação específica para setores econômicos ou classes de empresas estabelecer outros critérios de avaliação pelo patrimônio líquido. Particularmente, a Lei da Reforma Bancária (n. 4.595, de 31 de Fl. 634DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 39 dezembro de 1964, artigo 49, item XII) atribui ao Conselho Monetário Nacional a fixação de normas contábeis para as instituições financeiras, assim como a Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976 (artigo 22, §, IV) deferiu à Comissão de Valores Mobiliários a fixação de padrões de contabilidade para companhias abertas: 7.1 Dado que tais normas devem ser interpretadas integradamente com a legislação tributária, a imposição pelo Banco Central ou CVM de avaliação de investimentos por valor de patrimônio líquido, em situações que não as referidas no § 4° do artigo 20, do Decretolei n. 1.598/77, cria para as pessoas jurídicas obrigação de assim proceder nas demonstrações financeiras, com os reflexos pertinentes na apuração do lucro real. 8. Por fim, pessoas jurídicas outras que não as acima referidas devem avaliar seus investimentos permanentes em outras sociedades de conformidade com o princípio do custo de aquisição de que trata o artigo 183, item III, da Lei das S/A., sendolhes vedado avaliálos pelo valor de patrimônio líquido. Sobre o tema, a I. Conselheira Edeli Basso Pereira, no já aludido acórdão, conclui que: Como se vê, referido ato normativo apenas esclarece que, nas hipóteses em que o Banco Central do Brasil ou a Comissão de Valores Mobiliários determinar que investimentos outros, que não aqueles previstos no Decreto lei n° 1.598/77, sejam avaliados pelo método da equivalência patrimonial, o Fisco não poderá desqualificar esta operação, e deve atribuir ao resultado os efeitos que a legislação prevê no âmbito da equivalência patrimonial. Se não for este o caso, orienta o Parecer Normativo CST n° 107/78: 5. Inexistindo relevância ou influência na participação societária, o investimento se refletirá no balanço da investidora a custo contábil, é dizer, a custo de aquisição corrigido monetariamente, por força do art. 183, item III, da Lei n.° 6.404/76. A eventual avaliação desses investimentos acima dos custo de aquisição corrigido será considerada reavaliação tributável, observado quando for o caso o disposto no artigo 35 do Decretolei n.°1.598/77. Todavia, a perda patrimonial registrada por esse processo não será dedutível na apuração do lucro real, excetuado o caso de provisão admitida nos termos do artigo 32 do Decreto n.° 1.598. Contudo, nenhuma razão existe para se cogitar, aqui, que a determinação fixada pelo Banco Central do Brasil, no sentido de que os títulos patrimoniais detidos pelas sociedades corretoras sejam atualizados periodicamente em razão do patrimônio da Bovespa, represente hipótese de avaliação de investimentos por valor de patrimônio líquido, em situações que não as referidas no § 4°do artigo 20, do Decretolei n. 1.598/77, mencionada no Parecer Normativo CST n° 78/78. Inadmissível cogitar de avaliação de investimento por valor de patrimônio líquido se não há nem investimento, no sentido de participação societária, nem patrimônio líquido, na medida em que se está tratando de um título patrimonial representativo do patrimônio social de uma associação civil sem fins lucrativos. Fl. 635DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 40 A interpretação integrada, orientada pelo Parecer Normativo CST n° 78/78, diante das circunstâncias específicas da situação presente, é aquela expressa na Portaria MF n° 785/77, que afasta qualquer incidência sobre atualização patrimonial reconhecida contabilmente por determinação do Banco Central do Brasil, mas sem qualquer disponibilidade econômica ou jurídica, e que tem por reverso a inadmissibilidade destas parcelas como redutoras do ganho de capital na alienação, caso o valor da alienação disponibilize, à sociedade corretora, a atualização antes reconhecida contabilmente. De toda sorte, ainda que se interprete literalmente o §1º do art. 418 do RIR/99, de modo a adotar como valor contábil do bem o montante pelo qual ele estiver registrado na escrituração do contribuinte, independentemente das operações que ensejaram aquele resultado, não se pode olvidar que contabilmente também está registrado, no patrimônio líquido da sociedade corretora, o total das atualizações promovidas desde a aquisição do título patrimonial, em conta de reserva de capital. E tal reserva deve ser baixada no momento em que o ativo que a justifica também o é. Em conseqüência, se a apuração do ganho de capital deve ter em conta o valor contábil do bem, no montante defendido pela recorrente, a reserva assim baixada deve necessariamente integrar o resultado tributável, o que mantém inalterada a presente exigência, [...] Adicionalmente cabe também refutar outras alegações que a recorrente apresentou em sua defesa: - Não teria havido devolução patrimonial pela BM&F, mas sim a modalidade cisão, o que resultou na destinação de capital de uma sociedade anônima: os titulares das ações decorrentes deste aumento de capital são as sociedades corretoras de valores que antes integravam a associação, e não havendo previsão legal para a cisão desta, e quanto menos de destinação de seu patrimônio a entidade com fins econômicos, a disponibilização destes valores somente se efetiva mediante devolução do patrimônio aos associados e destinação, por estes, à sociedade anônima; - A cisão foi parcial e a BM&F continuou existindo, reunindo o patrimônio não operacional: inexistindo a previsão legal de cisão de associação civil, e somente podendo se cogitar de transferência de patrimônio de uma associação civil em favor de uma entidade de fins não econômicos, o ato praticado caracterizase como devolução parcial do patrimônio aos associados; - Há solução de consulta anterior no qual operação semelhante realizada por outra associação, há cerca de dez anos, não ensejou a apuração de ganho de capital em favor dos associados: a hipótese legal de incidência em razão da caracterização de ganho de capital surgiu com a Lei n° 9.532/97, e as associações civis submeteramse a novo regramento com a edição do novo Código Civil, em 2002, de modo que operação ocorrida em contexto legal anterior não Fl. 636DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 41 serve como paradigma para validar a operação aqui questionada; - A Junta Comercial do Estado de São Paulo seria a autoridade competente para avaliar o procedimento societário: a pretendida cisão de uma associação civil, correspondente à sua extinção parcial, não está sujeita a registro na Junta Comercial, mas sim no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. À Junta Comercial do Estado de São Paulo coube, apenas, registrar os estatutos da nova sociedade anônima, inexistindo qualquer prova de que neste procedimento tenha sido convalidado o aporte de patrimônio vertido de associação civil; - Não haveria óbice legal à transformação, na modalidade cisão, de qualquer sociedade ou associação: a cisão é procedimento que somente passou a existir com a Lei n° 6.404/76, e sem esta previsão legal, era necessário que a sociedade devolvesse capital a seus sócios para que estes utilizassem tal parcela para integralização em outra sociedade. Não basta inexistir óbice legal, é preciso que haja previsão legal para que a forma jurídica "cisão" possa ser adotada. Inexistindo previsão legal para cisão de associação civil, o ato praticado somente pode ser caracterizado como devolução parcial do patrimônio aos associados, e assim ensejar a aplicação do art. 17 da Lei n° 9.532/97; - Os ativos patrimoniais teriam sido vertidos do patrimônio da associação BM&F para o patrimônio da sociedade anônima que surgiu pela cisão, pelo valor contábil: a sociedade anônima foi constituída com um capital equivalente ao valor do patrimônio devolvido pela associação aos seus associados. Em que pese a equivalência de valores, não era possível a versão direta de patrimônio da associação civil para a sociedade anônima, nem há evidências de que assim se fez na proposta de Estatuto das sociedades anônimas constituídas [...]. Portanto, necessariamente ocorreu a devolução de patrimônio aos associados antes destes subscreverem as ações da nova sociedade com estes mesmos valores. E, mesmo na visão da recorrente, não se pode olvidar que a associação civil teria destinado patrimônio a entidade de fins econômicos, transmitindolhe os resultados beneficiados com isenção de IRPJ e CSLL, em afronta às condições legais deste benefício, especialmente a necessária destinação de seus resultados às atividades sem fins lucrativos. Em tais condições, a lei não cogita da suspensão da isenção, mas sim da tributação dos beneficiários daqueles rendimentos; - Em termos de valor absoluto nada teria mudado na contabilidade dos associados: isto porque foi dado indevidamente o tratamento de cisão, que tem como característica a permuta de ações/quotas no patrimônio do investidor. Não sendo possível a cisão da associação civil, a devolução do patrimônio com os rendimentos por ele produzidos durante o período que permaneceu sob a Fl. 637DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 42 administração da entidade isenta, em confronto com o custo contabilizado deste aporte antes feito pelo associado, revela riqueza tributável segundo o disposto no art. 17 da Lei n° 9.532/97; - O custo para fins de apuração do resultado tributável seria aquele contabilizado no momento da cisão, pois há regras do BACEN e da CVM, além do art. 3o do Decreto Lei n° 1.109/70 e da Lei n° 8.849/94, e suas alterações, que determinam o registro em Patrimônio Líquido da contrapartida da diferença resultante entre o valor inicialmente contabilizado e o valor do patrimônio da Bolsa proporcional ao título detido pelo associado: as leis referidas afastam a incidência tributária sobre distribuição de lucros quando estes, mantidos em contas de reservas, sem distribuição, são utilizados para aumento de capital, bem como estabelecem presunções de distribuição se a incorporação é seguida ou precedida de redução do capital com devolução aos sócios. A Portaria MF n° 785/77 declarou que o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração de seu patrimônio social não constitui receita nem ganho de capital, desde que mantido em reserva, providência, inclusive, determinada pelo BACEN. Nestes termos, enquanto não alienado ou baixado o investimento que gerou aquele rendimento, não há incidência de IRPJ e CSLL como extensamente justificado no início deste voto. A devolução de patrimônio pela associação isenta nada mais é do que a baixa deste investimento, e a apuração do ganho de capital deve observar o diz a legislação, consoante já expresso neste voto, integrando a hipótese de incidência expressa no art. 17 da Lei n° 9.532/97, que expressamente alcança todo o acréscimo auferido entre o aporte inicial e a devolução do patrimônio. Em suma, inexiste tributação se o patrimônio da associação isenta com ela permanece ou é destinado a outra entidade sem fins econômicos, consoante permite o Código Civil. Se o patrimônio é destinado a entidade com fins econômicos, o que pressupõe, necessariamente, a sua devolução aos associados, há realização dos resultados segundo a determinação legal e, por conseqüência, incidência de IRPJ e CSLL quando o beneficiário deste ganho é pessoa jurídica; - O entendimento da Solução de Consulta COSIT n° 10/2007 estabeleceria nova regra de tributação, desqualificaria a escrituração contábil dos associados e arbitraria o lucro: a regra de tributação foi fixada pela Lei n° 9.532/97 e a hipótese de incidência ocorreu tal qual interpretado na Solução de Consulta referida, na medida em que não houve cisão parcial da associação civil, mas sim devolução parcial de seu patrimônio aos associados, que o destinaram à constituição de uma entidade com fins econômicos, em total afronta às exigências fixadas em lei para manutenção dos efeitos da isenção dos resultados de entidades sem fins lucrativos; - Não há previsão de ajuste do lucro líquido na lei para refletir a valorização dos títulos, e, por conseqüência, não há Fl. 638DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 19740.720019/201011 Acórdão n.º 1402001.935 S1C4T2 Fl. 0 43 incidência de CSLL sobre estes valores: o art. 17, §4o da Lei n° 9.532/97 estabelece que a base de cálculo expressa no caput do dispositivo prestase, não só à adição ao lucro real, como também para determinação da base de cálculo da CSLL. Assim, caracterizada a devolução parcial de patrimônio aos associados, há fundamento legal para exigência, também, da CSLL. Ante o exposto, em relação a tal ponto, voto por dar provimento ao recurso de ofício, restabelecendose a exigência correspondente. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Redator Designado Fl. 639DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 19/05/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 13839.000636/2005-63
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 16 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu May 14 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2002
SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO MECÂNICA. DESNECESSIDADE DE CONHECIMENTO PROFISSIONAL HABILITADO. NÃO INCIDÊNCIA DO ARTIGO 9º, INCISO XIII, DA LEI N° 9.317, de 1996.
Não poderá ser confundida como atividade similar a de engenharia mecânica, privativa de engenheiros ou assemelhados, ramo de manutenção mecânica de máquinas, por ser esta uma atividade desempenhada por pessoas sem habilitação profissional legalmente exigida. Possibilidade da opção pelo regime especial do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES.
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9101-001.770
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras Karem Jureidini Dias sendo substituída pela Conselheira Meigan Sack Rodrigues (Suplente Convocada) e Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente) sendo substituída pelo Conselheiro Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado).
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente
(Assinado digitalmente)
Marcos Vinícius Barros Ottoni Redator Ad Hoc Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, José Ricardo da Silva, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Jorge Celso Freire da Silva, João Carlos de Lima Júnior, Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado) e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento). Ausentes, Justificadamente, as Conselheiras Karem Jureidini Dias e Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente).
Nome do relator: JOSE RICARDO DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2002 SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO MECÂNICA. DESNECESSIDADE DE CONHECIMENTO PROFISSIONAL HABILITADO. NÃO INCIDÊNCIA DO ARTIGO 9º, INCISO XIII, DA LEI N° 9.317, de 1996. Não poderá ser confundida como atividade similar a de engenharia mecânica, privativa de engenheiros ou assemelhados, ramo de manutenção mecânica de máquinas, por ser esta uma atividade desempenhada por pessoas sem habilitação profissional legalmente exigida. Possibilidade da opção pelo regime especial do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES. Recurso Especial do Contribuinte Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras Karem Jureidini Dias sendo substituída pela Conselheira Meigan Sack Rodrigues (Suplente Convocada) e Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente) sendo substituída pelo Conselheiro Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado). (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Marcos Vinícius Barros Ottoni Redator Ad Hoc Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, José Ricardo da Silva, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Jorge Celso Freire da Silva, João Carlos de Lima Júnior, Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado) e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento). Ausentes, Justificadamente, as Conselheiras Karem Jureidini Dias e Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente).
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FEULA & CIA LTDA. ME Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO MECÂNICA. DESNECESSIDADE DE CONHECIMENTO PROFISSIONAL HABILITADO. NÃO INCIDÊNCIA DO ARTIGO 9º, INCISO XIII, DA LEI N° 9.317, de 1996. Não poderá ser confundida como atividade similar a de engenharia mecânica, privativa de engenheiros ou assemelhados, ramo de manutenção mecânica de máquinas, por ser esta uma atividade desempenhada por pessoas sem habilitação profissional legalmente exigida. Possibilidade da opção pelo regime especial do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES. Recurso Especial do Contribuinte Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras Karem Jureidini Dias sendo substituída pela Conselheira Meigan Sack Rodrigues (Suplente Convocada) e Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente) sendo substituída pelo Conselheiro Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado). (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 00 06 36 /2 00 5- 63 Fl. 170DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI 2 (Assinado digitalmente) Marcos Vinícius Barros Ottoni – Redator Ad Hoc – Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, José Ricardo da Silva, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Jorge Celso Freire da Silva, João Carlos de Lima Júnior, Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado) e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento). Ausentes, Justificadamente, as Conselheiras Karem Jureidini Dias e Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente). Relatório A. D. FEULA & CIA LTDA ME, inconformada com a decisão de Segunda Instância prolatada pela então Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, através do Acórdão nº 3801–00.144, de 19/05/2009 (fls.78/81) cuja decisão, por unanimidade de votos, negou provimento ao seu Recurso Voluntário (fls. 62/75), recorre, em 20/12/2009, a esta 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, nos termos do seu Recurso Especial (fl. 84). O pleito da contribuinte busca amparo nos arts. 64, II e 67, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações introduzidas pelas Portarias MF nºs 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010. Consta dos autos que, em ação fiscal desenvolvida junto à empresa acima citada, foi constatada a situação de vedação/exclusão à opção pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples. Ato contínuo, foi formalizada representação fiscal, com base no art. 15 § 4º da Lei n° 9.317, de 05 de Dezembro de 1996, na redação da Lei n°. 9.732, de 11 de Dezembro de 1998. Em 02 de maio de 2005, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Jundiaí – SP apreciou e concluiu que a Representação Fiscal é procedente, e determinou a exclusão da sistemática do Simples a partir de 01/01/2002, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que excluída da sistemática de pagamentos de tributos e contribuições denominada SIMPLES a pessoa jurídica A. D. FEULA & CIA. LTDA. ME CNPJ 01.729.095/000141, por exercer atividade de manutenção em equipamentos, cuja adesão ao sistema é vedada pelo disposto no inciso XIII, do artigo 9°, da Lei n° 9.317/96; que a exclusão do Simples surtirá efeito a partir de 1° de janeiro de 2002, nos termos do inciso II do parágrafo único do artigo 24 da Instrução Normativa SRF n° 355/2003. Irresignada com a decisão da autoridade administrativa singular, a requerente apresentou Manifestação de Inconformidade (fl. 42), solicitando a revisão da decisão, e a consequente declaração de normalidade pela opção do Simples, com base, em síntese, nos seguintes argumentos: Fl. 171DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI Processo nº 13839.000636/200563 Acórdão n.º 9101001.770 CSRFT1 Fl. 3 3 que o ramo de atividade não é de prestação de serviços de manutenção para equipamentos em geral e sim Comércio de Peças e prestação de serviços de usinagem em geral (serviços leves e simples que não depende de e acompanhamento de qualquer tipo de profissional); que é oportuno ainda observar que a empresa conta apenas com o trabalho de seu dono que não, dispõe de qualquer ajuda de outra pessoa para a prestação de serviço da atividade, esta essencial para a subsistência de sua família; que a atividade exercida de fato não é a prestação de serviços de manutenção para equipamentos em geral, mas sim a prestação de serviço de usinagem em geral. Venho requerer que o fisco desconsidere a minha exclusão do SIMPLES (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresa de Pequeno Porte). Cientificada da decisão de Primeira Instância, em 18/06/2007, a recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls. 62/75), o qual, ao ser apreciado, pela então Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, através do Acórdão nº 380100.144, de 19/05/2009 (fls. 78/81), teve seu provimento negado, por unanimidade de votos, conforme se verifica de sua ementa e decisão: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 Ementa: SIMPLES. Atividade vedada. Se o objeto social da empresa referese a atividade econômica vedada, quando do pedido de inclusão no Simples, deve o mesmo ser indeferido. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. Cientificado da decisão de Segunda Instância, em 08/12/2009, conforme Termo constante à fl. 83, a contribuinte interpôs, tempestivamente, em 20/12/2009, o seu Recurso Especial (fls. 84/100), no qual demonstra irresignação contra a decisão supra ementada, baseado, em síntese, nas seguintes considerações: que como alegado em sede de recurso voluntário, a exclusão foi realizada com base em hipótese não prevista em lei, o que configura ofensa ao princípio de legalidade, previsto no artigo 37, da Constituição Federal; Fl. 172DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI 4 que por esta razão, deveria o Fisco ter comprovado nos autos a efetiva prática dos serviços mencionados como inadequados para o enquadramento no SIMPLES, mas não o fez, ficando evidente, mais uma vez, que o Ato de exclusão não se sustenta; que diante disso, como não restou comprovada a prática de atividade vedada para o SIMPLES, deveria a Administração observar a realidade apresentada nos autos e, por consequência, diante da verdade material posta, cancelar o ato administrativo centrado em mera presunção; que no tocante às atividades exercidas pela Recorrente o i. relator invoca o artigo 9º, inciso XIII, da Lei n° 9.317/96 para fundamentar a temerária exclusão da Recorrente do regime do SIMPLES. No entanto, no entendimento de outras Câmaras deste E. Tribunal Administrativo o comércio de peças, prestação de serviços de manutenção mecânica e de usinagem não se enquadram em serviços que dependem de profissional habilitado. O contribuinte indicou como paradigmas os acórdãos abaixo relacionados, cuja ementa se transcreve na parte que interessa (fls.87/89): Acórdão 30334740 DPU DADO PROVIMENTO POR UNANIMIDADE Por unanimidade de votos, deuse provimento ao recurso voluntário. Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — Simples Anocalendário: 2002 Ementa: SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA. Não poderá ser confundida como atividade similar a de engenharia mecânica privativa de engenheiros ou assemelhados, ramo de manutenção mecânica de máquinas. Atividade desempenhada por pessoas sem habilitação profissional legalmente exigida. Possibilidade da opção pelo regime especial do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES. Recurso Voluntário Provido. Acórdão 30334897 DPU DADO PROVIMENTO POR UNANIMIDADE Por unanimidade de votos, deuse provimento ao recurso voluntário. Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — Simples Anocalendário: 2001 Fl. 173DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI Processo nº 13839.000636/200563 Acórdão n.º 9101001.770 CSRFT1 Fl. 4 5 Ementa: SIMPLES. EXCLUSÃO RETROATIVA. Não poderá ser confundida como atividade similar à de engenharia elétrica/eletrônica privativa de engenheiros ou assemelhados o comércio de materiais elétricos e o ramo de consertos, manutenção e instalação de máquinas e equipamentos de uso industrial. Atividades exercidas não se enquadram nos dispositivos de vedação à opção pelo regime especial do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte. Inclusão retroativa permitida. Comprovado que a recorrente, pequena sociedade empresária (micro empresa), dedicandose ao ramo de comercialização no varejo de materiais elétricos e consertos, manutenção e montagem em equipamentos de uso industrial, prestados por técnico de nível médio, e que este ramo não se confunde com a prestação de serviços privativos de engenheiros, assemelhados e profissões legalmente regulamentadas de engenharia mecânica ou elétrica, sendo essa atividade exercida pela recorrente perfeitamente permitida pela legislação vigente aplicável, é de incluir retroativamente a recorrente no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES. Recurso Voluntário Provido Em 18/02/2010, o Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, proferiu o Despacho nº 110000.063, admitindo o Recurso, considerando que a recorrente lograra comprovar a ocorrência de dissenso jurisprudencial, em face da identidade fática e de direito que instruem as respectivas decisões apresentadas. Encaminhado, em 15/04/2010 os autos para ciência da Fazenda Nacional, nos termos Regimentais (fls. 152), foram apresentadas, em 23/04/2011, as contrarrazões (fls.154/157), argumentando, em síntese: que na hipótese dos autos, o Contrato de Constituição de Sociedade por Quotas de Responsabilidade Ltda registra que a recorrente tem como atividade econômica a prestação de "serviços de manutenção para equipamentos em geral" (fl. 6) e, a teor da Resolução CONFEA n.° 218/73, tratase de atividade equiparada à de engenheiro; que a referida Resolução, tendo em vista a sua atribuição legal para regulamentar o exercício profissional e as atividades a que se refere à Lei n.°5.194/66, reza o seguinte: Art. 1° Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades: (...) Atividade 16 Execução de instalação, montagem e reparo; Atividade 17 Operação e manutenção de equipamento e instalação; Fl. 174DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI 6 que os dispositivos acima transcritos não deixam dúvida de que a atividade exercida pela recorrida é de competência de engenheiro legalmente habilitado, e que, por isso, agiu com acerto a autoridade que manteve a não inclusão no SIMPLES; que assim, para se beneficiar do SIMPLES a empresa teria que provar que não exerce a atividade vedada, constante, inclusive do Contrato de Constituição de Sociedade por Quotas de Responsabilidade Ltda (fl. 6), porém não o fez; que cabe ainda mencionar que o Ato Declaratório Normativo Cosit n° 4, de 22 de fevereiro de 2000, veda expressamente a opção pelo Simples de empresas que prestem serviços de montagem e manutenção de equipamentos industriais, por caracterizar prestação de serviço profissional de engenharia. É o relatório Voto Conselheiro Marcos Vinícius Barros Ottoni, Redator Ad Hoc Designado Em face da necessidade de formalização da decisão proferida nos presentes autos, de competência da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais e, tendo em vista que o Conselheiro José Ricardo da Silva, relator do processo, não mais integra o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, este Conselheiro foi designado Redator Ad Hoc pelo Presidente da 1ª Turma da CSRF, nos termos do item III, do art. 17, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (RICARF). Destarte, levandose em consideração a minuta de acórdão inicialmente apresentada pelo relator original quando do julgamento do recurso, bem como o seu resultado, proferido pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, expresso na Ata da sessão ocorrida em outubro de 2013, passo a formalizar o voto do relator: Depreendese do relatado, que a contribuinte ingressou com Recurso Especial de Divergência, com amparo no então art. 7º, inciso II, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 2007, atualmente regido pelos arts. 64, II e 67, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações introduzidas pelas Portarias MF nºs 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010. Tendo a recorrente tomado ciência do decisório recorrido em 08/12/2009 (fls. 83) e protocolizado o presente apelo em 20/12/2009 (fls. 84/100), isto é, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, evidenciase a tempestividade do mesmo nos termos do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Por outro lado, verificase que a contribuinte cumpriu com os requisitos previstos no então art. 7º, inciso II, do regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovada pela Portaria MF nº 147, de 2007, já que demonstrou que a decisão conferiu à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI Processo nº 13839.000636/200563 Acórdão n.º 9101001.770 CSRFT1 Fl. 5 7 Do simples confronto da ementa do acórdão recorrido com as ementas dos acórdãos paradigmas, é possível concluir que houve o dissídio jurisprudencial. Isso porque se trata da mesma matéria fática e a divergência de julgados, nos termos Regimentais, referese à interpretação divergente em relação ao mesmo dispositivo legal aplicado ao mesmo fato, que no caso em questão é a exclusão da opção pelo Simples de empresa que pratica o comércio de peças, prestação de serviços de manutenção mecânica e de usinagem não se enquadram em serviços que dependem de profissional habilitado (exceção do inciso XIII do art. 9º, da Lei n° 9.317, de 1996). Assim sendo, o Recurso Especial, interposto pela contribuinte, preenche os requisitos legais de admissibilidade merecendo ser conhecido pela turma julgadora. Como visto do relatório, o ponto nodal da presente discussão diz respeito tão somente à exclusão da contribuinte da opção pelo Simples, sob a presunção de esta praticar atividade impeditiva da opção. A exclusão teve como base dado extraído da Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) Fiscal, informado no seu cadastro no CNPJ/MF, e fundamenta se no exercício de atividade impeditiva correspondente à serviço de inspeção, manutenção, assistência técnica em equipamentos industriais metalúrgicos e siderúrgicos que se equipararia às atividades reservadas a profissional de engenharia, ou equivalente, base para o impedimento contido no artigo 9°, inciso XIII, da Lei n° 9.317, de 1996. Vejamos o que dispõe o aludido artigo 9º supra mencionado: XIII que preste serviços profissionais de corretor, representante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor, estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor, ou assemelhados, e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida. Alega a recorrente que tem sua atuação preponderante no comércio de peças, prestação de serviços de manutenção mecânica e de usinagem. Alega que são serviços de pouca complexidade técnica e para a realização destas atividades, não há necessidade de profissionais com habilitação legalmente exigida, como engenheiros. Representam serviços de reparo corriqueiros executados por um simples instalador ou consertador de máquinas e equipamentos. De fato, não dúvidas que existem serviços de montagem, de reparo ou conserto em equipamentos industriais que até podem requerer a supervisão de engenheiro, principalmente quando se tratem de peças ou partes de equipamento pesado, integrantes de uma estrutura complexa de produção industrial. Porém, pelos elementos que compõem estes autos, não parece ser o caso. Assim, seria de se esperar, por prudência, que a repartição de origem no seu trabalho corriqueiro, antes de pretender um fato grave como é a exclusão, ou o impedimento de uma microempresa ou empresa de pequeno porte do Programa SIMPLES que, pelo menos, verificasse principalmente no Livro de Prestação de Serviços, nas Notas Fiscais de Serviços, Fl. 176DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI 8 com diligência ao local da prestação do serviço, qual de fato é a natureza dos serviços realizados, para se for o caso poder caracterizar, conforme parece apenas supor a administração tributária, pratica de serviços de assessoria, consultoria, projetos de equipamentos, algo que pudesse caracterizála como empresa que pratique serviço de engenharia ou assemelhado. É fora de dúvida, que o serviço de engenheiro habilitado seja exigível a atividades de projeto de máquinas, ou até de supervisionar certos serviços de instalação e manutenção de equipamentos específicos. Mas, é fora de dúvida igualmente que as cidades estão cheias de pequenas empresas que consertam e reparam máquinas e equipamentos, ou auxiliam a instalação do equipamento que vendem, sendo serviços que, em geral, absolutamente dispensam a participação de engenheiro ou qualquer outra profissão com habilitação legalmente exigida, requerendo mão de obra não especializada de um prático, que na realidade do nosso país, em geral, muitas vezes não chegou nem a completar o segundo grau escolar. Esse tipo de atividade evidentemente não está vedado ao SIMPLES, e qualquer interpretação que pretenda equiparar o serviço prestado por um simples instalador, ou consertador de máquinas e equipamentos usados, com mera substituição de peças nos casos corriqueiros, ao serviço de engenheiro, tem de ser vista com desconfiança. Ademais, no tocante às atividades descritas no contrato social, destacase que não encontram mais vedação para sua inclusão no SIMPLES, pois com o advento da Lei 11.051, de 2004, tais atividades deixaram de ser vedadas, nos seguintes termos: Art. 15. O art. 4º da Lei nº 10.964, de 28 de outubro de 2004, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 4° Ficam excetuadas da restrição de que trata o inciso XIII do art. 9º da Lei te 9.317, de 5 de dezembro de 1996, as pessoas jurídicas que se dediquem às seguintes atividades: I serviços de manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus e outros veículos pesados; II serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos automotores; III serviços de manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e bicicletas; IV serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática; V serviços de manutenção e reparação de aparelhos eletrodomésticos. § 1° Fica assegurada a permanência no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — SIMPLES, com efeitos retroativos à data de opção da empresa, das pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo que tenham feito a opção pelo sistema em data anterior à publicação desta Lei, desde que não se enquadrem nas demais hipóteses de vedação previstas na legislação. § 2° As pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo que tenham sido excluídas do SIMPLES exclusivamente em decorrência do disposto no inciso XIII do art. 9º da Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1996, poderão solicitar o retorno ao Fl. 177DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI Processo nº 13839.000636/200563 Acórdão n.º 9101001.770 CSRFT1 Fl. 6 9 sistema, com efeitos retroativos à data de opção desta, nos termos, prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal — SRF, desde que não se enquadrem nas demais hipóteses de vedação previstas na legislação. § 3° Na hipótese de a exclusão de que trata o § 2º deste artigo ter ocorrido durante o anocalendário de 2004 e antes da publicação desta Lei, a Secretaria da Receita Federal — SRF promoverá a reinclusão de oficio dessas pessoas jurídicas retroativamente à data de opção da empresa. § 4° Aplicase o disposto no art. 2º da Lei n° 10.034, de 24 de outubro de 2000, a partir de 1º de janeiro de 2004. Registrese, ainda, que com o advento do ato declaratório executivo ADE SRF nº 8, de 18/01/2005 do Secretário da Receita Federal, o motivo indicado como fundamento para a permanência da recorrente no Simples (inciso XIII do art. 9º da Lei n° 9.317, de 05 de dezembro de 1996) foi fortalecido: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF n° 259, de 24 de agosto de 2001, e tendo em vista o disposto no art. 40 da Lei n° 10.964, de 28 de outubro de 2004, com a redação dada pela Lei n° 11.051, de 29 de dezembro de 2004, declara: Artigo único. Ficam cancelados os Atos Declaratórios Executivos, emitidos pelas unidades descentralizadas da Secretaria da Receita Federal em 2004, para a exclusão do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples) em decorrência, exclusivamente, do disposto no inciso XIII do art. 9° da Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1996, das pessoas jurídicas que exerçam as seguintes atividades: I serviços de manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus e outros veículos pesados; II serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos automotores; III serviços de manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e bicicletas; IV serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática; V serviços de manutenção e reparação de aparelhos eletrodomésticos. A atividade econômica atribuída à empresa (prestação de serviços de manutenção mecânica e de usinagem) pode ser tipificada, por semelhança, no inciso I supramencionado, sem maiores complicações. Considerar a atividade desenvolvida pela Recorrente como sendo de Engenheiro Mecânico é atribuir aplicação extensiva à Lei do Simples, sem que haja situação Fl. 178DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI 10 fática compatível para esta interpretação. Aliás, ainda que precisasse realizar eventualmente algum serviço de maior complexidade e rigor técnico, próprio dos engenheiros, isso não poderia, por si só, ensejar a sua exclusão do SIMPLES. Neste sentido são as decisões das então Primeira e Segunda Câmaras do Terceiro Conselho de Contribuintes, proferidas nos Acórdãos 30130.581 e 30236.086, cujas ementas se transcrevem: Acórdão nº 30130.581 PRESTAÇÃO ESPORÁDICA DE SERVIÇOS EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DE TERCEIROS — AUSÊNCIA DE SEMELHANÇA COM ATIVIDADE DE ENGENHEIRO — O reparo e manutenção de máquinas e equipamentos de terceiros somente impedem a opção pelo SIMPLES quando constitua atividade típica e inserida no campo das atribuições do profissional de engenharia, ainda que seja irrelevante para a exclusão do Sistema a prestação ocasional do serviço, não impede a opção pelo SIMPLES. Provido por unanimidade. Acórdão nº 30236.086 SIMPLES. OPÇÃO. OFICINA DE MANUTENÇÃO DE APARELHOS ELETRO ELETRÔNICAS. POSSIBILIDADE. As pessoas Jurídicas que exploram o ramo de manutenção de aparelhos eletrônicos igualmente às oficinas de manutenção de veículos, que utilizam mãodeobra não qualificada e prestam os serviços no próprio estabelecimento, não se assemelham às atividades de engenheiro e podem optar pelo SIMPLES RECURSO PROVIDO POR UNANIMIDADE. Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria, conheço do recurso especial interposto pela contribuinte, por tempestivo, preenchendo as demais questões de admissibilidade e, no mérito, voto no sentido de dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marcos Vinícius Barros Ottoni – Redator Ad Hoc Fl. 179DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI, Assinado digitalmente em 0 7/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por MARCOS VINICIU S BARROS OTTONI
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Numero do processo: 16561.000037/2007-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu May 07 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 18/07/2002 a 20/12/2005
SUBFATURAMENTO. VALORAÇÃO ADUANEIRA. PENALIDADE.
A desconstituição da fatura comercial que instrui despacho motivada por constatação de subfaturamento exige a comprovação de que o real valor da transação difere do valor faturado e, portanto, declarado.
O simples fato de um preço ser inferior aos preços correntes de mercado para mercadorias idênticas não é motivo para sua rejeição, conforme expresso na Opinião Consultiva 2.1.
FABRICANTE. INFORMAÇÃO INCORRETA NA DI. APLICAÇÃO DE MULTA.
A declaração de informação incorreta em relação ao fabricante sujeita o importador ao pagamento da multa prevista no art. 84 da Medida Provisória n°2.158-35, de 2001, nos termos do disposto no art. 69 da Lei n° 10.833, de 2003.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA.
O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei.
Numero da decisão: 3201-001.927
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário e ao recurso de ofício, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado; pelo voto de qualidade, negado provimento com relação a não incidência da SELIC sobre a multa, vencidos os conselheiros Daniel Mariz Gudino, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes.
JOEL MIYAZAKI - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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VALORAÇÃO ADUANEIRA. PENALIDADE. A desconstituição da fatura comercial que instrui despacho motivada por constatação de subfaturamento exige a comprovação de que o real valor da transação difere do valor faturado e, portanto, declarado. O simples fato de um preço ser inferior aos preços correntes de mercado para mercadorias idênticas não é motivo para sua rejeição, conforme expresso na Opinião Consultiva 2.1. FABRICANTE. INFORMAÇÃO INCORRETA NA DI. APLICAÇÃO DE MULTA. A declaração de informação incorreta em relação ao fabricante sujeita o importador ao pagamento da multa prevista no art. 84 da Medida Provisória n°2.15835, de 2001, nos termos do disposto no art. 69 da Lei n° 10.833, de 2003. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário e ao recurso de ofício, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado; pelo voto de qualidade, negado provimento com relação a não AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 00 00 37 /2 00 7- 05 Fl. 2084DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.058 2 incidência da SELIC sobre a multa, vencidos os conselheiros Daniel Mariz Gudino, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes. JOEL MIYAZAKI Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Relatório Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. Trata o presente processo de Auto de Infração lavrado por Declaração Inexata do Valor da Mercadoria (Valor de Transação Incorreto). De acordo com a Termo de Constatação Fiscal, parte integrante do Auto de Infração, através de mandado de procedimento fiscal foi determinado um exame genérico do valor de transação declarado, referente as importações da empresa acima identificada, no período de 01/2002 a 11/2005, uma vez que tais importações foram realizadas entre empresas pertencentes ao mesmo grupo internacional. A fiscalização solicitou explicações acerca do valor inferior comparado a outras importações feitas pela própria importadora e também por outras. Da análise das informações prestadas pela empresa e do exame das importações dos principais produtos importados, concluiu a fiscalização: a as quantidades importadas são bastante expressivas; b comportamento dos preços de importação estão, salvo algumas exceções, em constante queda; c o comportamento dessa queda de preços é maior ou menor dependendo do produto; d — os preços mais altos em geral são os preços mais antigos, enquanto os preços mais baixos são os mais recentes. Chamada a esclarecer e comprovar com documentação as razões dessas operações, a empresa limitouse a declarar que tratamse de ajustes efetuados em preços de Kits, fim de linha do produto, ou baixa venda do modelo que utiliza o componente, fim de linha na matriz, etc. Informa ainda não existirem pedidos ou contratos de compra que formalizem essas reduções. Além de não comprovar com documentação apropriadas tais distorções Fl. 2085DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.059 3 de preços, as afirmações da empresa não condizem com realidade das importações, já que existe continuidade das importações a preços superiores aos questionados, destacou a fiscalização. A empresa foi notificada em 16/03/2007 (fls. 239 a 241) do que se segue, itens 1 e 2: 1 justificasse a prática de preços para alguns produtos e apresentasse comprovação para as fortes distorções de preços praticados em algumas importações, preços esses em completa discordância com outras importações efetuadas pela própria empresa de produtos iguais, com a mesma codificação interna e mesma descrição, ao longo do período sob fiscalização. Destacou a fiscalização que para efeito de identificação dos produtos utilizou a mesma codificação fornecida pela empresa. 2 considerando que os esclarecimentos (fls. 84 a 86) foram insuficientes e não acompanhados de provas materiais que justificassem a prática daqueles preços, e considerando a existência de forte vinculação entre o comprador e vendedor, capaz de promover ajustes de preços segundo as suas necessidades, as importações relacionadas (fls. 240/241), onde foi utilizado o 1º método de valoração aduaneira, não preenchem os quesitos previstos no artigo 1º, item "d" e disposições do parágrafo 2º do Acórdão de Valoração Aduaneira, pelos seguintes motivos: a — existe vinculação entre o importador e exportador e análise do histórico das importações da empresa está a indicar que tal vinculação influenciou os preços de algumas importações; b — que a empresa teve a oportunidade de apresentar provas materiais pra tais distorções, entretanto não o fez, alegando não adotar a prática de formalização de pedidos de compra, contratos de compra ou outros instrumentos que pudessem auxiliar a administração Tributária a dirimir suas dúvidas; c — que os produtos cujos preços de importação foram objeto de desclassificação do 1º método de valoração aduaneira, embora declarados como sendo de fabricação de empresas do grupo LG Internacional, em realidade são adquiridos de fabricantes não vinculados e em grandes quantidades e redistribuidos para as suas afiliadas, portanto, podendo gerar grande poder de negociação, razão porque, a fiscalização optou por utilizar nos termos do artigo 2, do Acordo de Valoração Aduaneira o 2° método de valoração aduaneira, isto é, produto igual ou similar, no caso produto igual, de forma a utilizar os próprios preços praticados pela empresa, para outras importações vigentes na mesma época ou período. As fls. 405 a fiscalização apresenta para os produtos objeto de desclassificação do 1º, para o 2° método de valoração aduaneira, a evolução dos preços praticados. Fl. 2086DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.060 4 Apresenta também as declarações de importação e respectivas adições e cujos preços foram ajustados. Foram cobrados Imposto sobre a Importação somados aos acréscimos legais devidos, multa prevista no inciso I, do parágrafo 2° e parágrafo 1° ambos do artigo 69 da lei 10.833/03, Imposto sobre Produtos Industrializados e acréscimos legais, PIS/COFINS, também com os acréscimos legais. Ciente do Auto de Infração em 23/04/2007, em 24/05/2007 a interessada apresentou a impugnação de fls. 444/470, onde em síntese alegou: a partir de 2006 foi dado inicio à fiscalização da Impugnante visando verificar o cumprimento das obrigações legais referentes às operações de importação; no decorrer deste procedimento de fiscalização, a D. Autoridade Fiscalizadora concluiu, sem apresentar qualquer evidência deste fato, que parte dos preços praticados pela Impugnante em suas operações de importação realizadas com a empresa no exterior, seria influenciada pela vinculação entre as empresas; as importações realizadas pela Impugnante são realizadas, nos estritos termos da legislação aplicável e obedecem às rígidas regras estabelecidas pelo Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio Exterior (GATT); como resultado das discussões travadas pelos países signatários do GATT, o Artigo VII deste Acordo estabeleceu que a valoração aduaneira deve ser baseada em um sistema equitativo, uniforme e neutro, excluindose a utilização de valores aduaneiros arbitrários ou fictícios; somente na hipótese de não ser possível aplicar o método de valoração trazido pelo Artigo 1 do GATT (valor da transação) a autoridade aduaneira poderá proceder à valoração com base nos métodos alternativos previstos pelos artigos seguintes do GATT (Valor da transação); ao se manifestarem acerca das regras de valoração aduaneira trazidas pelo GATT, os E. Conselhos de Contribuintes têm, acertadamente, procurado privilegiar o livre comércio entre os países signatários do mencionado Acordo. Faz citações; no conjunto de operações realizadas o preço praticado é fixado refletindo os parâmetros de mercado, e, tanto a vinculação não afetou o preço, que foram utilizadas como parâmetro para a apuração e exigência de tributos as próprias importações realizadas da parte vinculada; o próprio cenário contemplado pela autuação fiscal demonstra que os preços praticados entre as partes não foram afetados pela Fl. 2087DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.061 5 vinculação, revelando a clara contradição encerrada na conclusão fiscal de que a vinculação afetou os preços; em relação a um mesmo produto (colhese como exemplo o Circuito Integrado EUSY 0073401), em determinadas importações a D. Fiscalização entendeu como válido o valor de transação de US$ 1,10 ou de US$ 2,13 (fls. 408 e 409 do processo) para, em outras importações do mesmo produto, entender que o valor de transação de US$ 1,70 e de US$ 1,54 (fls. 408 e 409 do processo) foi afetado pela vinculação e não poderia ser aceito; é por demais evidente que a prática de preços diferentes, em operações diferentes, não autoriza a conclusão de que os preços foram afetados pela vinculação, e, no caso sob apreço, tanto a vinculação não afetou o preço, que a autuação, além de utilizar as próprias importações da parte vinculada como parâmetro, não logrou colher sequer um exemplo em que os valores praticados nas importações da Impugnante eram inferiores aos preços praticados no mercado. Cita Acórdãos do então 3° Conselho de Contribuintes; em atenção às solicitações de esclarecimentos acerca dos preços praticados, a Impugnante esclareceu que os pregos são fixados conforme parâmetros de mercado, que variam conforme diversos fatores, dentro os quais a baixa venda no mercado e a negociação de preços mais favoráveis visando à equalização e em razão de quebras e defeitos nos componentes negociados; a Impugnante juntou todas as faturas comerciais que foram solicitadas pela Fiscalização e que comprovam que o preço registrado na Declaração de Importação é o mesmo preço que foi ajustado para a compra e venda (ex vi fls. 86 do processo); por constituírem importante elemento de prova do preço praticado para a importação, a Impugnante torna a juntar referidas faturas uma vez que as mesmas não foram anexadas ao processo de fiscalização (doc. 03); diante dos esclarecimentos acima, concluiu a D. Fiscalização que a Impugnante não teria apresentado provas materiais para a distorção dos preços "alegando não adotar prática de formalização de pedidos de compra, contratos de compra e outros instrumentos que pudessem auxiliar a administração tributária a dirimir suas dúvidas; portanto, segundo o entendimento fiscal, a autuação teria sido lavrada por ressentirse a fiscalização da ausência de contratos ou ordens de compra; em que pese nosso respeito à D. Fiscalização, a alegação acima não merece acolhida. Vejase: a fiscalização instou a Impugnante para que: (i) prestasse esclarecimentos sobre os preços; (ii) juntasse os contratos e/ou Fl. 2088DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.062 6 pedidos formais de compra; e (iii) juntasse as faturas comerciais; a Impugnante atendeu exatamente o que lhe foi solicitado, ou seja, prestou esclarecimentos explicando a razão para a variação dos pregos; a Impugnante também informou que não celebra contratos com o exportador já que esse tipo de formalização não se justifica nas operações por ela realizadas e, ainda, juntou todas as faturas comerciais relacionadas em anexo ao termo de Intimação 03 que comprovam que o preço utilizado para fins de valoração aduaneira é aquele que foi efetivamente pago; ou seja, a Impugnante atendeu às solicitações da D. Fiscalização, sendo certo que jamais lhe foi solicitada a produção de quaisquer outras provas materiais que comprovassem a variação dos preços em função das explicações prestadas; é por demais evidente que tão só a ausência de contrato formal ou de pedidos de compra não autorizam o arbitramento de preços nem, tão pouco, autorizam a conclusão de que a vinculação afetou os preços das importações; de fato, o insubsistente motivo apontado pela fiscalização para concluir que a vinculação afetou os pregos apenas corrobora o que já fica claro perceber do item precedente da presente Impugnação: a vinculação não afetou os preços praticados pela Impugnante e a autuação não trouxe elementos em sentido contrário; resta claro que a autuação deve ser cancelada por não estar presente o pressuposto básico necessário para a substituição do método de valor da transação, qual seja: a vinculação ter afetado o preço das mercadorias; a autuação desconsiderou a determinação de preços ocorrida em virtude de razões negociais absolutamente independentes da vinculação entre as partes, quais sejam: baixas vendas, descontinuidade de produtos, equalização de preços globais e preços negociados em função de quebras e defeitos nos componentes importados; a Impugnante é uma das maiores fabricantes mundiais de eletroeletrônicos. Dentre os produtos por ela confeccionados destacamse os aparelhos para telefonia celular; as importações objeto da presente autuação referemse à aquisição de componentes para a fabricação destes aparelhos; é fato notório que o mercado de produção e comercialização de aparelhos de telefoneis celulares é um dos mais dinâmicos da atualidade, sendo fortemente influenciado pela inovação tecnológica e estando, portanto, constantemente sujeito a alterações; Fl. 2089DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.063 7 o mercado de celulares exige das empresas constantes inovação e ainda a apresentação de um amplo catálogo para atender aos mais diferentes consumidores (desde aparelhos mais simples e com poucos recursos até aparelhos bastante sofisticados); decorre deste fato que determinados modelos de aparelhos logo se tornam obsoletos, existindo uma constante corrida por aparelhos mais modernos; tanto é assim que, dos aparelhos fabricados com os componentes objeto da presente autuação, boa parte, se não a totalidade, já saiu de linha e não é mais comercializado, conforme se verifica da planilha anexa (doc. 04 e doc. 05); quando os modelos novos de aparelhos são lançados, eles atingem preços elevados no mercado, sendo certo que, à medida em que tais modelos vão ficando ultrapassados e modelos mais novos são lançados, seus preços sofrem drásticas reduções; essas modificações têm por óbvio, impacto direto sobre os componentes utilizados para a fabricação destes aparelhos. Assim como há grande flutuação na produção e na política de preços adotada na comercialização destes aparelhos, também há grande flutuação na comercialização e na política de pregos dos componentes utilizados na sua fabricação, os quais precisam ser ajustados às dinâmicas condições do mercado; o mercado de componentes, assim como dos próprios aparelhos celulares, também está sujeito aos mais frequentes avanços tecnológicos e à rápida obsolescência; verificase pois que a variação dos pregos dos componentes objeto da autuação fiscal não guarda qualquer relação com a vinculação entre as partes, mas decorre, consoante esclarecido pela Impugnante, dos fatores de mercado relatados acima; e tanto é assim que a Fiscalização não logrou trazer um exemplo sequer de componentes negociados no mercado a valores superiores aos praticados pela Impugnante. a titulo de exemplo, em outubro de 2004 a Impugnante importou circuito integrado monolítico código SMPY0003101, por valor que, no entendimento da D. Fiscalização, seria definido apenas pela existência de vinculo entre as empresas e não por questões comerciais; quando foi solicitado à Impugnante que justificasse a razão do preço praticado nestas importações especificas, a explicação apresentada foi de que o preço dos componentes importados fora reduzido em função da baixa venda no mercado; referido componente era, à época, utilizado na produção do modelo de telefone celular LGBD40000. Ocorre que referido aparelho deixou de ser comercializado em fevereiro de 2005, sendo certo que desde outubro de 2004 vinha apresentando Fl. 2090DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.064 8 expressiva queda nas vendas. De fato, em outubro de 2004 foram vendidos 34.075 aparelhos; em novembro seguinte esse número caiu para 25.640; em dezembro para 8.975; em janeiro de 2005 para 1.000 e, em fevereiro, para meras 23 unidades; também em novembro de 2004 foram vendidas as últimas 1000 unidades do modelo LGBD 2030; como conseqüência, a busca pelo componente utilizado na fabricação destes aparelhos diminui e o preço também; por outro lado, em fevereiro de 2005 foi lançado novo modelo o LGBD 5130, em cuja fabricação também era aplicado o componente SMPY0003101. A Impugnante, como qualquer outra empresa, teve que se preparar para referido lançamento; isso fez com que, a partir de novembro de 2004, houvesse nova demanda pelo SMPY0003101, fazendo com que os preços tornassem a subir; tal se repete com diversos outros componentes, conforme esclarecimentos prestados pela Impugnante; o mercado de produção de aparelhos de telefones celulares é um dos mais dinâmicos da atualidade e, portanto, esta sujeito a freqüentes variações, inerentes às condições de mercado e independentes da vinculação entre as partes, e isso não foi considerado pela Fiscalização ao substituir o valor da transação: mas não foi apenas esse elemento que deixou de ser considerado pela Fiscalização; a fiscalização deixou de levar em consideração que, muitas vezes, importador e exportador negociam valores reduzidos para determinadas importações pontuais visando à equalização dos preços globais em função da já mencionada baixa de vendas, descontinuidade de produtos, bem como em função de reclamações de clientes em relação aos aparelhos e defeitos nas peças enviadas; tais preços reduzidos são, portanto, decorrentes de fatores de mercado, fixados conforme o principio do "Arms length", em, negociação independentes, e não aguardam qualquer relação com a vinculação entre as partes; ao longo do tempo é natural que parte dos produtos importados apresentem defeitos de fabricação; em função dessas circunstâncias, a empresa sediada no exterior e negocia com os adquirentes (não apenas a Impugnante, mas também outras empresa no mundo) determinados lotes a preços reduzidos para suprir as perdas decorrentes dos defeito de fabricação; esta prática está em perfeita consonância com as práticas negociais comuns bem como com os princípios Arm's length Fl. 2091DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.065 9 sendo certo que não há qualquer influência da vinculação na definição destes preços; ressaltese ainda que, em se tratando de importação de mercadorias mormente embarcadas na Coréia do Sul, tornase muito dispendioso proceder a devolução das mercadorias que apresentam defeitos sendo menos custoso suprir as perdas por meio de negociação de preços; nesse sentido, citese a Nota Explicativa 3.1 veiculada pela Instrução Normativa 318/03, que determina que no caso de mercadorias avariadas, deve haver uma aplicação flexível do primeiro método de valoração aduaneira, considerandose, nos termos do item, 8 a) da nota 3.1 "um preço renegociado (tendo presente que para chegar a este preço podese ter em consideração uma indenização por parte do vendedor, ou o fato de que o vendedor queira evitar os gastos que incorreria caso as mercadorias fossem devolvidas)." em situações comerciais normais é justo e razoável que as empresas negociem preços distintos e que, após uma negociação por valores em alta, as partes, cientes da existência de reclamações, quebras, queda de vendas e descontinuidade de produtos, negociem lotes com reduções nos preços; assim, como foram praticados preços que representam uma queda um pouco mais acentuada quando comparadas com o preço médio adotado, também há momentos em que a Impugnante pratica preços superiores inclusive ao preço considerado adequado pela D. Fiscalização; estáse diante de preços praticados para produtos com a mesma classificação fiscal e, portanto, sujeitos à mesma alíquota do II e do IPI; além de todo o acima exposto, considerandose o valor global médio, nenhum prejuízo ao Erário pode ser alegado na medida em que a própria empresa pratica preços inclusive superiores àqueles aceitos como parâmetro pela D. Fiscalização; para que os preços sejam considerados influenciados pela vinculação é preciso que exista distorção expressiva entre o valor praticado na operação de importação e o valor original do produto, seja ele de aquisição seja de produção, ou , ainda, das margens de lucro do Importador e nada disso ocorreu no presente caso; o acordo de valoração aduaneira prevê que seja adotado o menor preço praticado e o auto de infração não observou tal determinação, assim como também deixou de considerar os aceitos da variação do cambio; a multa administrativa de 1% do valor da operação, prevista no inciso I, do parágrafo 2° e parágrafo 1 °. ambos do artigo 69 da lei 10.833/03, não é cabível. Isso porque, ainda que a Impugnante houvesse omitido o verdadeiro fabricante, o que se Fl. 2092DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.066 10 admite apenas por argumentação, esta seria cabível caso este tivesse tomado parte na operação comercial em questão, o que não ocorreu; tal multa tem natureza punitiva e como tal está submetida ao principio da estrita tipicidade; não houve por parte da Impugnante, omissão quanto as partes envolvidas na operação. Muito pelo contrário, a Impugnante informou corretamente o exportador (fato que jamais foi questionado) o qual, ademais, é empresa vinculada; se erro houve, o que se admite apenas por amor à argumentação, tratase de mero erro de fato sem qualquer implicação para o Fisco; a multa de 75% também é incabível, pois além da multa acima citada as autoridades estão exigindo referida multa; há identidade entre as duas multas aplicadas, sendo certo que a Fiscalização esta fazendo ambas incidirem sobre a mesma suposta infração, ou seja, está a Impugnante sendo penalizada em duplicidade; ficou demonstrado que a vinculação entre as empresas importadora e exportadora não teve qualquer influência na fixação dos preços praticados nas operações de importação, requer assim o cancelamento do lançamento do II, IPI, PIS e Cofins e Juros de mora, multa proporcional consignados no auto de infração, como também o cancelamento da multa administrativa; Sobreveio decisão da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II/SP, que julgou, por unanimidade de votos, procedente em parte a impugnação. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 18/07/2002 a 20/12/2005 SUBFATURAMENTO. VALORAÇÃO ADUANEIRA. PENALIDADE. As acusações de subfaturamento dependem da desconstituição da fatura comercial que instruiu o despacho. Ou seja, dependem de prova de que o real valor da transação difere do valor faturado e, portanto, declarado. O simples fato de um preço ser inferior aos preços correntes de mercado para mercadorias idênticas não é motivo para sua rejeição, conforme expresso na Opinião Consultiva 2.1, integrante das regras de interpretação do Acordo de Valoração Aduaneira, cuja observância foi objeto do art. 1' da Instrução Normativa SRF n° 17, de 1998, revogada pela Instrução Fl. 2093DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.067 11 Normativa SRF n° 318, de 04/04/2003, que manteve o mesmo texto da Opinião Consultiva n° 2.1. FABRICANTE. INFORMAÇÃO INCORRETA NA DI. APLICAÇÃO DE MULTA. Ao ser prestada erroneamente a informação do fabricante, estará o importador sujeito ao pagamento da multa prevista no art. 84 da Medida Provisória n°2.15835, de 2001, nos termos do disposto no art. 69 da Lei n° 10.833, de 2003, por estar caracterizada a prestação de informação de natureza comercial de forma inexata ou incompleta. Dispositivos Legais: MP 2.15835, de 2001, art. 84; Lei n° 10.833, de 2003, art. 69; § 2°, I. A decisão foi objeto de recurso de ofício a este Conselho. Inconformada com a decisão, apresentou a recorrente, tempestivamente, recurso voluntário. Na oportunidade, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Os recursos de ofício e voluntário atendem aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual deles tomo conhecimento. Do recurso de ofício A decisão recorrida cancelou o presente auto de infração em relação ao II, IPI, Pis e Cofins exigidos por entender inexistirem provas suficientes para comprovar o subfaturamento de preços constatado pela Fiscalização. Em análise ao recurso de ofício, esclarecese que o valor aduaneiro deve ser apurado por meio da aplicação do Acordo de Valoração Aduaneira AVA, conforme previsto no art. 75 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Incluemse ainda na base normativa para solução dos problemas aduaneiros as Notas explicativas, Comentários, Opiniões Consultivas, Estudos e Estudos de Caso emanados do Comitê Técnico de Valoração Aduaneira, da Organização Mundial de Aduanas (OMA) aprovados, conforme previsto pela Instrução Normativas SRF nº 318, de 4 de abril de 2003. Pois bem, o artigo 1º do AVA assim dispõe: 1. O valor aduaneiro de mercadorias importadas será o valor de transação, isto é, o preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias em uma venda para exportação para o país de importação, ajustado de acordo com as disposições do Artigo 8, desde que: (a) não haja restrições à cessão ou à utilização das mercadorias pelo comprador, ressalvadas as que: Fl. 2094DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.068 12 (i) sejam impostas ou exigidas por lei ou pela administração pública do país de importação; (ii) limitem a área geográfica na qual as mercadorias podem ser revendidas; ou (iii) não afetem substancialmente o valor das mercadorias; (b) a venda ou o preço não estejam sujeitos a alguma condição ou contraprestação para a qual não se possa determinar um valor em relação às mercadorias objeto de valoração; (c) nenhuma parcela do resultado de qualquer revenda, cessão ou utilização subseqüente das mercadorias pelo comprador beneficie direta ou indiretamente o vendedor, a menos que um ajuste adequado possa ser feito de conformidade com as disposições do Artigo 8; e (d) não haja vinculação entre o comprador e o vendedor ou, se houver, que o valor de transação seja aceitável para fins aduaneiros, conforme as disposições do parágrafo 2 deste Artigo. Segundo tal dispositivo, que estabelece o primeiro e preferencial método de valoração aduaneira, adotase como valor aduaneiro o valor efetivo da transação das mercadorias, ou seja, o preço efetivamente pago pela mercadoria importada. Caso não seja possível a apuração do valor real da transação, utilizase os demais métodos previstos no AVA, que devem ser aplicados de forma seqüencial e sucessiva. Pois bem, a fiscalização justifica o lançamento na afirmação de que teria ocorrido subfaturamento nas importações, de forma que o valor real da transação seria superior ao valor declarado pela contribuinte em suas DI’s. Para que a tese da fiscalização possa prosperar, exigese a comprovação de que os valores constantes dos documentos apresentados pelo contribuinte para comprovar o valor da importação, notadamente a fatura comercial, são irreais, inferiores aos efetivamente praticados, de forma a caracterizar o subfaturamento. A fiscalização baseia seu entendimento na existência de vínculo entre o exportador e o importador, bem como na constatação de que as mercadorias objetos da valoração foram faturadas com base em preços inferiores aos praticados em outras operações da própria interessada. Delimitada a lide, entendo que o simples fato de haver vinculação entre as partes não desqualifica, de plano, o valor da transação como base para definição do valor aduaneiro. Deve restar configurado que a vinculação provocou distorções no preço. Isto, contudo, não foi explorado pela autoridade fiscal. A comprovação do alegado subfaturamento recai no fato de os valores declarados – e constantes das faturas comerciais – apresentaremse bastante inferiores aos valores pagos pela recorrente em operações anteriores. Neste ponto, entendo aplicável a lide o disposto na Opinião Consultiva n° 2.1: Fl. 2095DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.069 13 Opinião Consultiva 2.1 ACEITABLLIDADE DE UM PREÇO INFERIOR AOS PREÇOS CORRENTES DE MERCADO PARA MERCADORIAS IDÊNTICAS 1. Foi formulada a questão acerca da aceitabilidade de um preços inferior aos preços correntes de mercadorias idênticas quando da aplicação do Art. 1 do Acordo sobre a Implementação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio. 2. O comitê Técnico de Valoração Aduaneira examinou esta questão e concluiu que o simples fato de um preço ser inferior aos preços correntes de mercado para mercadorias idênticas não poderia ser motivo para sua rejeição para os fins do Artigo 1º, sem prejuízo, no entanto, do estabelecido no artigo 17 do Acordo. Artigo 17 Nenhuma disposição deste Acordo poderá ser interpretada como restrição ou questionamento dos direitos que têm as administrações aduaneiras de se assegurarem da veracidade ou exatidão de qualquer afirmação, documento ou declaração apresentados para fins de valoração aduaneira. Assim sendo, tendo em vista que a desconsideração dos valores declarados pela recorrente em suas DI teve por base apenas “o simples fato de um preço ser inferior aos preços correntes de mercado para mercadorias idênticas” mostrase correta a decisão recorrida em cancelar o lançamento, por falta de comprovação. Nego, portanto, o recurso de ofício. Do recurso voluntário A recorrente contesta a manutenção da multa por declaração inexata do fabricante das mercadorias importadas. A penalidade encontrase prevista no artigo 84 da MP 2.15835/2001, combinado com o artigo 69, § 1º e § 2º, inciso I, da Lei nº 10.833/03, abaixo transcritos: MP 2.15835/2001 Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou II quantificada incorretamente na unidade de medida estatística estabelecida pela Secretaria da Receita Federal. Fl. 2096DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.070 14 § 1o O valor da multa prevista neste artigo será de R$ 500,00 (quinhentos reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior. § 2o A aplicação da multa prevista neste artigo não prejudica a exigência dos impostos, da multa por declaração inexata prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e de outras penalidades administrativas, bem assim dos acréscimos legais cabíveis. Lei 10.833/2003 Art. 69. A multa prevista no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, não poderá ser superior a 10% (dez por cento) do valor total das mercadorias constantes da declaração de importação. § 1o A multa a que se refere o caput aplicase também ao importador, exportador ou beneficiário de regime aduaneiro que omitir ou prestar de forma inexata ou incompleta informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. § 2o As informações referidas no § 1o, sem prejuízo de outras que venham a ser estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal, compreendem a descrição detalhada da operação, incluindo: I identificação completa e endereço das pessoas envolvidas na transação: importador/exportador; adquirente (comprador)/fornecedor (vendedor), fabricante, agente de compra ou de venda e representante comercial; [...] (grifo nosso) Resta configurada a infração, portanto, nas situações em que o importador omite ou presta informação inexata ou incompleta de natureza administrativotributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. O parágrafo 2º do artigo 69 da Lei nº 10.833/03 esclarece ainda que as informações a que o §1º alude compreendem a descrição detalhada da operação, incluindo a identificação completa e endereço das pessoas envolvidas na transação, entre eles o fabricante. Em análise aos autos, constatase que a própria recorrente, em reposta a intimação fiscal (fl 95, item 3), reconhece ter prestado a informação incorreta em relação ao fabricante dos produtos importados. Mercadorias fabricadas pelas empresas Toshiba Semiconductor Company, National Semiconductor Manufacturer ( Malasya ou Singapore ), Conexant Systems, Inc e Samsung SDI Co, Ltd foram declaradas como tendo por fabricante a empresa LG Eletronics Inc. Fl. 2097DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.071 15 Assim sendo, restando caracterizada a conduta vedada, mostrase correta a decisão recorrida em manter a exigência da multa. Por fim, a recorrente alega ser devida a incidência dos juros de mora sobre as multas aplicadas, por falta de previsão legal. Em relação ao tema, entendo ser devida a Taxa Selic nos cálculos dos débitos dos contribuintes para com a Fazenda Pública Federal, independente de tratarse de obrigação principal decorrente da ocorrência de fato gerador ou decorrente da aplicação de penalidade pecuniária. O artigo 43 da Lei nº. 9.430/96, que sustenta a exigência, assim dispõe: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Da leitura do dispositivo acima transcrito, resta claro que o crédito tributário, relativo à penalidade pecuniária, constituído de ofício, não pago no respectivo vencimento, fica sujeito à incidência de juros moratórios, calculados à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Assim, descabe razão à recorrente quando afirma não haver previsão legal para a incidência dos juros de mora sobre as multas que lhes foram aplicadas, visto que o crédito tributário quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária não pago no respectivo vencimento, fica sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Diante de todo o exposto, voto por negar provimento aos recursos de ofício e voluntário. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Fl. 2098DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16561.000037/200705 Acórdão n.º 3201001.927 S3C2T1 Fl. 2.072 16 Fl. 2099DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 17/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO
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Numero do processo: 10880.029443/99-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/1988 a 30/09/1995
APENSAÇÃO DE PROCESSOS. DESNECESSIDADE.
Não há necessidade de anexação de processos para um julgamento único, quando já há Acórdãos do CARF publicados para os processos em tela.
DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE.
Descarta-se a realização de diligência para cálculos quando não prosperam as alegações de base do contribuinte.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-002.646
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Luiz Augusto do Couto Chagas.
Participaram da sessão de julgamento, os conselheiros: Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas (relator), Sidney Eduardo Stahl, Andrada Márcio Canuto Natal, Fábia Regina de Freitas e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente).
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas. Participaram da sessão de julgamento, os conselheiros: Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas (relator), Sidney Eduardo Stahl, Andrada Márcio Canuto Natal, Fábia Regina de Freitas e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1757; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 1.318 1 1.317 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.029443/9972 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301002.646 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de março de 2015 Matéria PIS Restituição de Empresas Incorporadas Recorrente SIEMENS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1988 a 30/09/1995 APENSAÇÃO DE PROCESSOS. DESNECESSIDADE. Não há necessidade de anexação de processos para um julgamento único, quando já há Acórdãos do CARF publicados para os processos em tela. DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. Descartase a realização de diligência para cálculos quando não prosperam as alegações de base do contribuinte. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas. Participaram da sessão de julgamento, os conselheiros: Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas (relator), Sidney Eduardo Stahl, Andrada Márcio Canuto Natal, Fábia Regina de Freitas e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 02 94 43 /9 9- 72 Fl. 1319DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/9972 Acórdão n.º 3301002.646 S3C3T1 Fl. 1.319 2 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório elaborado pela decisão recorrida, abaixo transcrito: Trata o presente processo, protocolizado em 29.09.1999, de pedido de reconhecimento de direito creditório para fins de restituição/compensação, ao qual foram apensados os processos 13804.000822/200338, 13804.001363/200318, 13804.002121/200333, concernentes a “Declarações de Compensação”e 10880.720217/200548, concernente a “controle de débitos compensados com créditos pleiteados no processo 10880.029443/9972” (fls. 153 do processo 10880.720217/200548). Formulário de Pedido de Restituição em fl. 1. Pelo arrazoado de fls. 6/12, alega a Interessada, em síntese, no sentido: de que, embora já tenha se recuperado de pagamentos indevidos efetuados com fulcro nos inconstitucionais Decretoslei 2.445/88 e 2.449/88, isto ocorreu de forma incompleta, pois deixouse de considerar que a base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior; e de que socorreuse junto ao Poder Judiciário a fim de ver garantido seu o direito à compensação. A Interessada requereu a ajuntada de planilha elaborada, segundo disse, em conformidade com os fatores de atualização constantes do Provimento 24 do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Mediante o despacho decisório de fls. 26/30 a pretensão de restituição/compensação da Interessada foi indeferida. A posição da Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem vai, em suma, no sentido: de que há “ausência dos DARF, que comprovem os recolhimentos alegados” (fl. 27), e de elementos necessários à apuração do suposto crédito adicional; de que o Mandado de Segurança que “deferiu a medida” (fl. 28) em favor do sujeito passivo “não teria transitado em julgado” (fl. 28); de que, embora indevidamente instruído o processo, não há obstáculo para decidir sobre o caso em pauta; de que o direito reivindicado foi parcialmente fulminado pelo transcurso do prazo de cinco anos, conforme previsto no artigo 168, I, do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172, de 25/10/1966), e consoante o entendimento exposto no Ato Declaratório SRF nº 96, de 26.11.1999; de que o prazo de seis meses previsto na Lei Complementar 7/70 é de vencimento, razão pela qual não pode prosperar a pretensão da Interessada. Contra o despacho decisório foi apresentada a irresignação de fls. 33/50 (protocolo em fl. 32). A posição da Recorrente vai, em síntese, no sentido: de que, não obstante a Unidade a quo tenha falado sobre a deficiência de instrução do pedido apresentado, entendendo que isto não obstaculizava “uma análise conclusiva quanto ao mérito” (fl. 35), considera a Interessada estar o mesmo “adequadamente instruído” (fl. 35); de que “a discussão da matéria em sede da presente impugnação, restringise a análise do contraditório instaurado, vale dizer: a determinação da base de cálculo do PIS (...); e a análise quanto à decadência (...)” (fl. 35); de que o art. 6º, parágrafo único, da Lei Complementar 7/70 “diz respeito à determinação da base de cálculo do PIS e não ao seu prazo de vencimento” (fl.39); de que a fluência do prazo decadencial contase da publicação da Resolução do Senado Federal nº Fl. 1320DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/9972 Acórdão n.º 3301002.646 S3C3T1 Fl. 1.320 3 49/1995 ou contase a partir de decisão judicial transitada em julgado, entendimento este com suporte no Parecer COSIT nº 58/98; de que, sob outro prisma, o prazo decadencial para a recuperação do indébito é de 5 anos contados do fato gerador, acrescido de mais 5 anos, resultando num prazo total de 10 anos; e de que “o contribuinte (...) possui ações judiciais em curso discutindo o direito ao exercício da restituição/compensação referente ao crédito que tem relativo à contribuição ao PIS recolhida indevidamente, porém que pretende seja homologado, em razão da competência privativa da autoridade administrativa” (fl. 49/50). Pela Decisão DRJ/CTA 208, de 28 de março de 2001 (fls. 93/109), não foi dado provimento à irresignação da Recorrente, entendendo a primeira instância julgadora, em síntese, no sentido: de que o direito de pleitear restituição de tributo ou contribuição pago a maior ou indevidamente extinguise com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da data da extinção do crédito tributário; e de que o prazo de seis meses atinente ao PIS era para o recolhimento da contribuição. Pelo Recurso Voluntário de fls. 116/139, a Recorrente faz alegação, em síntese, no sentido: de que o art. 6º, parágrafo único, da Lei Complementar 7/70 cuida da determinação da base de cálculo do PIS e não de prazo de vencimento; e de que a fluência do prazo decadencial contase da publicação da Resolução do Senado Federal nº 49/1995 ou contase a partir de decisão judicial transitada em julgado, entendimento este com suporte no Parecer COSIT nº 58/98. Pelo Acórdão 20176.238 da Primeira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 143/159) foi dado provimento ao Recurso, por maioria de votos, sendo decidido, em síntese: que a fluência do prazo decadencial contase da publicação da Resolução do Senado Federal nº 49/1995; e que a base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. Pelo Recurso Especial de fls. 162/169 (protocolo em fl. 161), a Fazenda Nacional posicionase no sentido, em síntese, de que o art. 6º, parágrafo único, da Lei Complementar 7/70 não cuida da determinação da base de cálculo do PIS e sim de prazo de recolhimento. Apresentou a Contribuinte Contrarazões em fls. 189/199, continuação em fls. 202/204 (protocolo em fl. 188). Alega a Interessada, em síntese, no sentido de que a base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior. Pelo Acórdão CSRF/0201.748 (fls. 214/218), a Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais negou provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, tendo em conta, em síntese, o entendimento de que, até o início da incidência da MP 1.212/95, a base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária, “sem embargo das prerrogativas do fisco no sentido de proceder aos devidos cálculos para apuração do valor correto a ser restituído ou compensado” (fl. 218). Pelo Despacho Decisório de fls. 1131/1137, a Autoridade a quo deferiu em parte o pedido de restituição e homologou as compensações declaradas até o limite do direito creditório reconhecido. Referida decisão limitouse a dispor sobre créditos da própria Siemens Ltda., desconsiderando eventuais créditos de empresas incorporadas. Integram o decisum várias tabelas demonstrativas, ficando “distribuídos/controlados” (fl. 1135) em conformidade com as Tabelas 02 a 05 “os crédito e débitos originalmente distribuídos e relacionados na Tabela 01” (fl. 1135). Fl. 1321DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/9972 Acórdão n.º 3301002.646 S3C3T1 Fl. 1.321 4 Destacase “que o contribuinte em epígrafe teria compensado” (fl. 1136), consoante Tabela 05, “outros débitos de PIS em DCTF apenas” (fl. 1136). Pela Manifestação de Inconformidade de fls. 1154/1167, a Contribuinte alega, em síntese, no sentido: de que, “No tocante às compensações efetuadas somente em DCTF” (fl. 1158), equivocase a Autoridade Fiscal “na medida em que juntamos nesta oportunidade cópia da DCOMP nº 29516.37618.150903.1.3.040870 que demonstra ter sido compensado, um dos débitos alegados na “Tabela 05”, utilizandose os meios adequados” protestando “pela posterior juntadas das demais DCOMPs comprobatórias das regulares compensações” (fl. 1158); de que “a Impugnante se subrogou nos créditos” (fl. 1163) de empresas por ela incorporadas; e de que a atualização dos indébitos deve ser efetuada nos termos do “Provimento 24/97 do TRF da 3ª Região” (fl. 1165), não consoante a Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR nº 8/97. Defende a Contribuinte “diligência para recálculo dos valores apresentados” (fl. 1158), o cabimento da anulação da decisão recorrida, “em se comprovando o equívoco” (fl. 1167), o refazimento dos cálculos, a reunião dos “processos de restituição (108030.005695/9451, 10980.011653/9995 e 10880.029443/9972)” (fl. 1167) e que sejam “considerados os créditos das empresas incorporadas” (fl. 1167). A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I SP1 indeferiu a manifestação de inconformidade sob a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 1988, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995 NULIDADE.INEXISTÊNCIA. É incabível de ser pronunciada a nulidade da decisão não comprovadamente proferida por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. INCORPORAÇÃO.AUTONOMIA PROCESSUAL. Devese considerar a autonomia processual em razão do pedido ou da causa de pedir. Nessa conformidade, não se pode confundir processos com créditos diversos, ainda que de um mesmo titular. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA.PRONUNCIAMENTO DA INSTÂNCIA SUPERIOR. Descabe à instância a quo tomar conhecimento da questão já objeto de pronunciamento pela instância ad quem. DOCUMENTO INATIVO. Se o documento compensatório do qual se pretende valer a recorrente não está ativo, tendo sido substituído por outro, não prestase a comprovar compensações. CRÉDITOS DISTINTOS. Sendo diferentes os créditos, as compensações neles fundadas também o são. PROVAS. No processo administrativofiscal as provas devem ser carreadas aos autos na peça contestatória. Por outro lado, não havendo notícias de qualquer requerimento solicitando a anexação desta ou daquela documentação adicional a fim de Fl. 1322DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/9972 Acórdão n.º 3301002.646 S3C3T1 Fl. 1.322 5 alicerçar a peça contestatória, nada resta em concreto para decidir sobre a juntada de eventuais novas provas/documentos. DILIGÊNCIA. Descartase a realização de diligência para cálculos quando não prosperam as alegações de base do contribuinte. A Recorrente apresentou Recurso Voluntário requerendo que fossem unificados os processos das empresas incorporadas a este, para que haja um julgamento conjunto, justo, evitando assim o risco de decisões conflitantes. É o relatório. Fl. 1323DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/9972 Acórdão n.º 3301002.646 S3C3T1 Fl. 1.323 6 Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator. O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos em lei e deve ser conhecido. O processo em tela percorreu todas as etapas do contencioso administrativo até a publicação de Acórdão pela Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF. No momento do cumprimento da decisão pela Delegacia da Receita Federal de circunscrição do contribuinte, a recorrente não concordou com os cálculos e o processo recomeçou a sua tramitação. A Recorrente apresentou Recurso Voluntário para que fossem reconhecidos os pedidos de restituição e compensação efetuados, bem como para que fossem unificados os processos das empresas incorporadas pela recorrente, para que seja realizado um julgamento conjunto, evitando assim o risco de decisões conflitantes. O processo da incorporada Equitel S/A Equipamentos e Sistemas de Telecomunicações (10980.011653/9995) diz respeito também ao pedido de restituição para contemplar a semestralidade no computo dos créditos reconhecidos em virtude da declaração de inconstitucionalidade dos Decretoslei n° 2.445 e 2.449/88, períodos de apuração de 1989 a 1995. O processo teve seu Recurso Voluntário julgado exatamente por esta turma da 3ª Câmara, da 3ª Seção e com o Acórdão publicado em 27 de janeiro de 2015, teve o recurso provido em parte, para reconhecer que, dos períodos de apuração requeridos pela contribuinte, foram atingidos pela decadência aqueles relativos a períodos anteriores a 29 de junho de 1989. Assim, foi reconhecido o direito da Recorrente a reaver o indébito, referente aos fatos geradores ocorridos a partir de 29 de junho de 1989. Transcrevo abaixo o voto condutor da Ilustre Conselheira Monica Elisa de Lima: Conheço do Recurso, por preencher os requisitos de admissibilidade. Ressalto que, apesar de não constar cópia do Aviso de Recebimento nos autos, a Autoridade Preparadora não fez qualquer observação no sentido de não serem fidedignas as informações prestadas pela Contribuinte nas fls. 1068 e 1088, em relação à data da ciência. A questão que remanesce neste Recurso Voluntário diz respeito ao prazo para pleitear a repetição de indébito do PIS recolhido na forma dos inconstitucionais DecretosLei no 2.445 e 2.449 de 1988. Conforme se observa na fl. 01, o pedido foi protocolizado em 29 de junho de 1999 e o Sujeito Passivo está a pleitear Fl. 1324DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/9972 Acórdão n.º 3301002.646 S3C3T1 Fl. 1.324 7 restituições concernentes aos períodos de apuração de julho de 1988 a setembro de 1995. No tocante à questão do prazo para requerer a restituição ou a compensação do indébito, há de se ressaltar que a regra dos 5 + 5, pela qual são contados primeiro cinco anos para a homologação tácita e somente depois desses primeiros cinco anos é que se contam os cinco anos para a decadência do direito de repetição de indébito, persistiu até a vacatio legis da Lei Complementar nº 118/2005 (09/06/2005). O Supremo Tribunal Federal, em relação ao tema, manifestouse nos autos do RE 566621/RS, dirimindo qualquer eventual dúvida acerca da aplicação retroativa da Lei Complementar nº 118/2005, decidiu exatamente da forma acima enunciada, na forma do artigo 543A, do CPC. Destaquese: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, 6 bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que Fl. 1325DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/9972 Acórdão n.º 3301002.646 S3C3T1 Fl. 1.325 8 tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Sessão de 04/08/2011, DJ 11/10/2011). Neste mesmo sentido, foi editada Súmula CARF, aprovada pelo Pleno, em Sessão de 09.12.2013: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Desta maneira, dos períodos de apuração requeridos pela Contribuinte, foram atingidos pela decadência aqueles relativos a períodos anteriores a 29 de junho de 1989. Assim, voto por dar provimento parcial ao Recurso, reconhecendo o direito da Recorrente a reaver o indébito, referente aos fatos geradores ocorridos a partir de 29 de junho de 1989. Mônica Elisa de Lima Relatora Portanto, apenas esse fato já seria suficiente para negar provimento ao recurso voluntário, entretanto, a recorrente pleiteou a anexação de outro processo. O processo da incorporada Transformadores União Ltda. (10830.005695/94 51) também teve seu Recurso Voluntário julgado exatamente por esta turma da 3ª Câmara, da 3ª Seção e com o Acórdão de Nº 3301002.256, publicado em 25 de março de 2014, teve o recurso voluntário negado, com a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/1989 a 31/12/1993 DECISÃO RECORRIDA. NULIDADE. Não provada violação das disposições contidas nas normas reguladoras do processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade da decisão recorrida. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 1326DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/9972 Acórdão n.º 3301002.646 S3C3T1 Fl. 1.326 9 Período de apuração: 01/06/1989 a 31/12/1993 RECURSO VOLUNTÁRIO. LIDE. MATÉRIA ESTRANHA. Não se toma conhecimento da parte do recurso voluntário cujas matérias de mérito suscitadas são estranhas à lide. CRÉDITO.FINANCEIRO.RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃ O. PROVAS.ÔNUS. Cabe ao requerente o ônus de provar a certeza e liquidez do crédito financeiro objeto da repetição/compensação reclamada. Recurso Voluntário Negado. O recorrente também pleiteia a realização de diligência para que sejam calculados os valores de débitos e créditos de cada período de apuração. Entretanto, pelo mesmo motivo exposto acima, a diligência não se faz necessária. Conclusão: 1) Considerando que o processo da empresa incorporada Equitel S/A Equipamentos e Sistemas de Telecomunicações sob o Nº 10980.011653/9995 e o processo da empresa incorporada Transformadores União Ltda, sob o Nº 10830.005695/9451 já possuem Acórdãos do CARF publicados, não há razão para a anexação dos processos com vistas a um julgamento único, bastando que a Delegacia da Receita Federal de circunscrição do contribuinte observe todos os débitos e créditos atinentes a cada período de apuração, no momento do cumprimento das decisões. 2) Pelos mesmos motivos do item 1, a diligência requerida pelo recorrente não se faz necessária. Por todos os fundamentos expostos, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas Relator (ASSINADO DIGITALMENTE) LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Fl. 1327DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10880.029443/9972 Acórdão n.º 3301002.646 S3C3T1 Fl. 1.327 10 Fl. 1328DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 29/05/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 14041.001546/2007-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 25 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue May 12 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3402-000.590
Decisão: RESOLVEM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da Terceira Seção de julgamento, por unanimidade de votos, em sobrestar o julgamento nos termos da Portaria CARF 01/2012.
(assinado digitalmente)
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator e Presidente Substituto.
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Silvia de Brito Oliveira, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca e Winderley Morais Pereira.
RELATÓRIO
Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis:
Trata-se de Autos de Infração com exigência tributária da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins (fls. 14/25) e da contribuição para o Programa de Integração Social PIS/Pasep (fls. 26/36), incluindo o principal, multa de oficio proporcional (75%) e juros de mora, calculados até 30/11/2007, conforme demonstrativos consolidados às fls. 14 e 26, totalizando R$ 1.071.709,50 de débitos.
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins R$ 932.482,63, Contribuição para o Programa de Integração Social PIS/Pasep R$ 139.226,87, Valor do Crédito tributário apurado R$ 1.071.709,50
Segundo a descrição dos fatos nos Autos de Infração, os lançamentos decorreram de procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela contribuinte supracitada, que constatou diferenças entre os valores declarados em DCTF e os escriturados na contabilidade da contribuinte a titulo de Cofins e PIS nos anos-calendário 2003, 2004, 2005 e 2006.
As divergências encontradas estão ilustradas nas planilhas localizadas às fls. 30/33, que foram elaboradas a partir das bases de CÁLCULO apresentadas pela contribuinte (fls. 40/83), das informações contidas na DCTF e dos pagamentos processados nos sistemas internos da RFB.
Os Autos de Infração pela falta de recolhimento da Cofins e do PIS foram elaborados com os mesmos elementos de prova.
Cientificado, pessoalmente, das exigências em 28/12/2007 (fls. 14, 26 e 209), o sujeito passivo apresentou em 29/01/2008, impugnação dos autos de infração às fls. 211/319, contestando a base de cálculo apresentada pelo Fisco e pedindo a anulação do lançamento tributário, com os argumentos a seguir expostos:
afirma que a Fiscalização teria considerado como receita, durante o período fiscalizado, recursos registrados na conta do Programa Administrativo que, efetivamente, não constituiriam receita e/ou faturamento;
relata a ocorrência de diversas mudanças nas definições da base de CÁLCULO do PIS/Cofins e nas alíquotas que seriam aplicadas para a apuração das referidas contribuições;
descreve a sistemática da escrituração contábil adotada pela empresa: os recursos recebidos pela BB Previdência, em geral, dos patrocinadores e dos participantes, são contabilizados, primeiramente, em conta do Programa Previdencial. Do somatório desses recursos, parte é destinada ao Programa Administrativo, para fins de custeio/gerenciamento dos planos previdenciários, que, por sua vez, é canalizado para o Programa Investimento; outra parte (a maior parte) vai diretamente do Programa Providencial para o Programa Investimento;
observa que o procedimento de escrituração contábil das despesas com a administração e/ou gerenciamento dos planos previdenciários é realizado com base nas normas previstas na Resolução do Conselho de Gestão Previdenciária Complementar (CGPC) n° 5, de 30 de janeiro de 2002;
relata que a impugnante tem utilizado como base de cálculo para apuração das contribuições da Cofins e do PIS apenas os recursos contabilizados no "Programa Administrativo" para fins de custeio / gerenciamento dos planos previdenciários, acrescido dos rendimentos destes recursos administrados pela BB-DTVM;
informa que a BB-DTVM gerencia a carteira de investimentos constituída de recursos dos Programas Administrativos e Previdenciários, cujos rendimentos retornam proporcionalmente a cada programa, sendo que, num primeiro momento, o Programa Administrativo é que custeia as despesas incorridas a titulo de despesas relativas as carteiras de renda fixa e variável, sobre os ativos totais aplicados;
afirma que a base de cálculo utilizada para o cálculo das contribuições foi composta apenas dos recursos contabilizados no Programa Administrativo para fins de custeio / gerenciamento dos planos previdenciários, acrescidos dos rendimentos destes recursos administrados pela BB-DTVM;
esclarece que a BB-DTVM é remunerada com a taxa de administração até o percentual de 0,30% a.a., calculada pro rata temporis sobre o saldo diário do patrimônio administrativo, cujos valores são aprovisionados diariamente. Acrescenta que o valor total da taxa de administração devida e paga à BB-DTVM, inicialmente é debitado na conta do Programa Administrativo e, posteriormente, o referido programa se ressarci, proporcionalmente, perante o Programa Investimento. Continua informando que, em seguida ao débito inicial na conta do Programa Administrativo, há um ingresso e/ou crédito de valor (no Programa Administrativo) correspondente a uma parte das despesas com a taxa de administração pagas à Contratada e, em contrapartida, debita-se o Programa Investimento (em estrita sintonia com o previsto na letra "b", do item 5.2, Capitulo V, do Anexo "E", da Resolução CGPC n° 0. 5/02 - Anexo 1);
conclui que a diferença verificada na obtenção da base de cálculo seria referente ao movimento mensal da conta 6.4.2.3.01 TRANSFERÊNCIA INTERPROGRAMAS - DÉBITOS PROGRAMA ADMINISTRATIVO - CUSTEIO ADMINISTRATIVO e que nesta rubrica contábil seriam lançados os valores relativos ao ressarcimento ao "Programa Administrativo" das despesas havidas com a administração e controle dos investimentos (pagas à BB-DTVM) e registradas na rubrica 5.2.3.2 - DESPESAS - ADMINISTRAÇÃO DE INVESTIMENTOS - SERVIÇOS DE TERCEIROS, ao teor da Resolução CGPC n.° 05/2002;
alega que as transferências interprogramas teriam ocorrido em razão do ressarcimento de despesas incorridas no Programa de Investimentos referem-se, na verdade, a custos (e não faturamento) decorrentes de receitas financeiras;
esclarece que os valores incertos na base de cálculo seriam referentes às despesas incorridas pelo Programa Previdenciário, custeadas em um primeiro momento pelo Programa Administrativo, as quais foram, num segundo momento, transferidas daquele para este a titulo de ressarcimento de despesas;
cita doutrinadores, incluindo Maria Helena Diniz (Vocabulário Jurídico) e equipe de professores da USP (Contabilidade Introdutória);
afirma que aquilo que é estabelecido por norma contábil, não poderia ser contradito pelos agentes fiscais, de forma que o crédito contabilizado na conta do "Programa Administrativo" teria a função apenas de ressarcimento de despesas perante o Programa de Investimentos, sem propiciar um acréscimo no ativo constante do balanço patrimonial da Impugnante;
repudia a manutenção de autuações baseadas em norma inconstitucional, apontando que o art. 3°, § 1º, da Lei 9.718, de 1998, "que ampliou o conceito de renda bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvidas e da classificação contábil adotada", foi declarado inconstitucional pelo STF, cuja decisão já se encontra transitada em julgado desde 29.09.2006;
alega que a cobrança das contribuições da Cofins e do PIS apensa por rigor formal, além de indevida, teria intuito meramente arrecadatório, sendo de todo confiscatório, haja vista que as autuações procedidas teriam se fundamentado em norma legal que teria sido declarada inconstitucional pelo STF.
Diante das considerações apresentadas, a contribuinte requer que sejam acolhidas as razões suscitadas para reconhecer a nulidade das autuações procedidas e, por conseguinte, desconstituir os lançamentos fiscais realizados declarando a insubsistência dos créditos tributários constituídos, porquanto além de supostamente indevidos, não teria sido caracterizada a hipótese de incidência dos referidos tributos (Cofins e PIS/Pasep).
A 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Brasília (DF) considerou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 03-29.843, de 13 de março de 2009, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos:
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO NA APURAÇÃO DAS BASES DE CÁLCULO.
O julgador deve buscar analisar as razões e provas apresentadas pelo impugnante, em confronto com as documentações e fatos (comprovados) que serviram de base ao lançamento.
A contribuinte não logrou trazer aos autos material probatório que comprovasse as alegações feitas, o que permitiria a este colegiado formar convicção sobre as mesmas alegações.
CONCEITO DE FATURAMENTO. BASE DE CÁLCULO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE.
Os órgãos julgadores administrativos não são detentores de competência para apreciar argüições de inconstitucionalidade contra diplomas legais regularmente editados.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006
LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO.
Aos lançamentos de PIS, aplica-se o decidido em relação ao auto de infração da Cofins, formalizado a partir da mesma matéria fática.
Inconformado com a decisão proferida, o sujeito passivo protocolou recurso voluntário valendo-se dos mesmos fundamentos jurídicos e legais apresentados na impugnação.
Termina a petição recursal requerendo que sejam acolhidas as razões recursais, dando provimento ao presente recurso, para, promovendo o cancelamento do injusto e indevido débito tributário lançado, seja reconhecida a nulidade das autuações lavradas em decorrência da suposta falta de declaração e recolhimento da COFINS e PIS/PASEP, em face das divergências apuradas entre os valores escriturados e os declarados e pagos, correspondente ao período de apuração de 11/2003 a 05/2006, com a desconstituição dos lançamentos procedidos, declarando-se, por conseguinte, a insubsistência dos créditos constituídos, pois além de indevidos, não restou caracterizada a hipótese de incidência dos referidos tributos.
É o Relatório.
VOTO
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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RELATÓRIO Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: Trata-se de Autos de Infração com exigência tributária da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins (fls. 14/25) e da contribuição para o Programa de Integração Social PIS/Pasep (fls. 26/36), incluindo o principal, multa de oficio proporcional (75%) e juros de mora, calculados até 30/11/2007, conforme demonstrativos consolidados às fls. 14 e 26, totalizando R$ 1.071.709,50 de débitos. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins R$ 932.482,63, Contribuição para o Programa de Integração Social PIS/Pasep R$ 139.226,87, Valor do Crédito tributário apurado R$ 1.071.709,50 Segundo a descrição dos fatos nos Autos de Infração, os lançamentos decorreram de procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela contribuinte supracitada, que constatou diferenças entre os valores declarados em DCTF e os escriturados na contabilidade da contribuinte a titulo de Cofins e PIS nos anos-calendário 2003, 2004, 2005 e 2006. As divergências encontradas estão ilustradas nas planilhas localizadas às fls. 30/33, que foram elaboradas a partir das bases de CÁLCULO apresentadas pela contribuinte (fls. 40/83), das informações contidas na DCTF e dos pagamentos processados nos sistemas internos da RFB. Os Autos de Infração pela falta de recolhimento da Cofins e do PIS foram elaborados com os mesmos elementos de prova. Cientificado, pessoalmente, das exigências em 28/12/2007 (fls. 14, 26 e 209), o sujeito passivo apresentou em 29/01/2008, impugnação dos autos de infração às fls. 211/319, contestando a base de cálculo apresentada pelo Fisco e pedindo a anulação do lançamento tributário, com os argumentos a seguir expostos: afirma que a Fiscalização teria considerado como receita, durante o período fiscalizado, recursos registrados na conta do Programa Administrativo que, efetivamente, não constituiriam receita e/ou faturamento; relata a ocorrência de diversas mudanças nas definições da base de CÁLCULO do PIS/Cofins e nas alíquotas que seriam aplicadas para a apuração das referidas contribuições; descreve a sistemática da escrituração contábil adotada pela empresa: os recursos recebidos pela BB Previdência, em geral, dos patrocinadores e dos participantes, são contabilizados, primeiramente, em conta do Programa Previdencial. Do somatório desses recursos, parte é destinada ao Programa Administrativo, para fins de custeio/gerenciamento dos planos previdenciários, que, por sua vez, é canalizado para o Programa Investimento; outra parte (a maior parte) vai diretamente do Programa Providencial para o Programa Investimento; observa que o procedimento de escrituração contábil das despesas com a administração e/ou gerenciamento dos planos previdenciários é realizado com base nas normas previstas na Resolução do Conselho de Gestão Previdenciária Complementar (CGPC) n° 5, de 30 de janeiro de 2002; relata que a impugnante tem utilizado como base de cálculo para apuração das contribuições da Cofins e do PIS apenas os recursos contabilizados no "Programa Administrativo" para fins de custeio / gerenciamento dos planos previdenciários, acrescido dos rendimentos destes recursos administrados pela BB-DTVM; informa que a BB-DTVM gerencia a carteira de investimentos constituída de recursos dos Programas Administrativos e Previdenciários, cujos rendimentos retornam proporcionalmente a cada programa, sendo que, num primeiro momento, o Programa Administrativo é que custeia as despesas incorridas a titulo de despesas relativas as carteiras de renda fixa e variável, sobre os ativos totais aplicados; afirma que a base de cálculo utilizada para o cálculo das contribuições foi composta apenas dos recursos contabilizados no Programa Administrativo para fins de custeio / gerenciamento dos planos previdenciários, acrescidos dos rendimentos destes recursos administrados pela BB-DTVM; esclarece que a BB-DTVM é remunerada com a taxa de administração até o percentual de 0,30% a.a., calculada pro rata temporis sobre o saldo diário do patrimônio administrativo, cujos valores são aprovisionados diariamente. Acrescenta que o valor total da taxa de administração devida e paga à BB-DTVM, inicialmente é debitado na conta do Programa Administrativo e, posteriormente, o referido programa se ressarci, proporcionalmente, perante o Programa Investimento. Continua informando que, em seguida ao débito inicial na conta do Programa Administrativo, há um ingresso e/ou crédito de valor (no Programa Administrativo) correspondente a uma parte das despesas com a taxa de administração pagas à Contratada e, em contrapartida, debita-se o Programa Investimento (em estrita sintonia com o previsto na letra "b", do item 5.2, Capitulo V, do Anexo "E", da Resolução CGPC n° 0. 5/02 - Anexo 1); conclui que a diferença verificada na obtenção da base de cálculo seria referente ao movimento mensal da conta 6.4.2.3.01 TRANSFERÊNCIA INTERPROGRAMAS - DÉBITOS PROGRAMA ADMINISTRATIVO - CUSTEIO ADMINISTRATIVO e que nesta rubrica contábil seriam lançados os valores relativos ao ressarcimento ao "Programa Administrativo" das despesas havidas com a administração e controle dos investimentos (pagas à BB-DTVM) e registradas na rubrica 5.2.3.2 - DESPESAS - ADMINISTRAÇÃO DE INVESTIMENTOS - SERVIÇOS DE TERCEIROS, ao teor da Resolução CGPC n.° 05/2002; alega que as transferências interprogramas teriam ocorrido em razão do ressarcimento de despesas incorridas no Programa de Investimentos referem-se, na verdade, a custos (e não faturamento) decorrentes de receitas financeiras; esclarece que os valores incertos na base de cálculo seriam referentes às despesas incorridas pelo Programa Previdenciário, custeadas em um primeiro momento pelo Programa Administrativo, as quais foram, num segundo momento, transferidas daquele para este a titulo de ressarcimento de despesas; cita doutrinadores, incluindo Maria Helena Diniz (Vocabulário Jurídico) e equipe de professores da USP (Contabilidade Introdutória); afirma que aquilo que é estabelecido por norma contábil, não poderia ser contradito pelos agentes fiscais, de forma que o crédito contabilizado na conta do "Programa Administrativo" teria a função apenas de ressarcimento de despesas perante o Programa de Investimentos, sem propiciar um acréscimo no ativo constante do balanço patrimonial da Impugnante; repudia a manutenção de autuações baseadas em norma inconstitucional, apontando que o art. 3°, § 1º, da Lei 9.718, de 1998, "que ampliou o conceito de renda bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvidas e da classificação contábil adotada", foi declarado inconstitucional pelo STF, cuja decisão já se encontra transitada em julgado desde 29.09.2006; alega que a cobrança das contribuições da Cofins e do PIS apensa por rigor formal, além de indevida, teria intuito meramente arrecadatório, sendo de todo confiscatório, haja vista que as autuações procedidas teriam se fundamentado em norma legal que teria sido declarada inconstitucional pelo STF. Diante das considerações apresentadas, a contribuinte requer que sejam acolhidas as razões suscitadas para reconhecer a nulidade das autuações procedidas e, por conseguinte, desconstituir os lançamentos fiscais realizados declarando a insubsistência dos créditos tributários constituídos, porquanto além de supostamente indevidos, não teria sido caracterizada a hipótese de incidência dos referidos tributos (Cofins e PIS/Pasep). A 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Brasília (DF) considerou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 03-29.843, de 13 de março de 2009, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006 AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO NA APURAÇÃO DAS BASES DE CÁLCULO. O julgador deve buscar analisar as razões e provas apresentadas pelo impugnante, em confronto com as documentações e fatos (comprovados) que serviram de base ao lançamento. A contribuinte não logrou trazer aos autos material probatório que comprovasse as alegações feitas, o que permitiria a este colegiado formar convicção sobre as mesmas alegações. CONCEITO DE FATURAMENTO. BASE DE CÁLCULO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Os órgãos julgadores administrativos não são detentores de competência para apreciar argüições de inconstitucionalidade contra diplomas legais regularmente editados. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006 LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO. Aos lançamentos de PIS, aplica-se o decidido em relação ao auto de infração da Cofins, formalizado a partir da mesma matéria fática. Inconformado com a decisão proferida, o sujeito passivo protocolou recurso voluntário valendo-se dos mesmos fundamentos jurídicos e legais apresentados na impugnação. 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(assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Relator e Presidente Substituto. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Silvia de Brito Oliveira, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca e Winderley Morais Pereira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 40 41 .0 01 54 6/ 20 07 -9 1 Fl. 404DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 14041.001546/200791 Resolução nº 3402000.590 S3C4T2 Fl. 101 2 RELATÓRIO Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: Tratase de Autos de Infração com exigência tributária da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — Cofins (fls. 14/25) e da contribuição para o Programa de Integração Social — PIS/Pasep (fls. 26/36), incluindo o principal, multa de oficio proporcional (75%) e juros de mora, calculados até 30/11/2007, conforme demonstrativos consolidados às fls. 14 e 26, totalizando R$ 1.071.709,50 de débitos. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — Cofins R$ 932.482,63, Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS/Pasep R$ 139.226,87, Valor do Crédito tributário apurado R$ 1.071.709,50 Segundo a descrição dos fatos nos Autos de Infração, os lançamentos decorreram de procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela contribuinte supracitada, que constatou diferenças entre os valores declarados em DCTF e os escriturados na contabilidade da contribuinte a titulo de Cofins e PIS nos anos calendário 2003, 2004, 2005 e 2006. As divergências encontradas estão ilustradas nas planilhas localizadas às fls. 30/33, que foram elaboradas a partir das bases de CÁLCULO apresentadas pela contribuinte (fls. 40/83), das informações contidas na DCTF e dos pagamentos processados nos sistemas internos da RFB. Os Autos de Infração pela falta de recolhimento da Cofins e do PIS foram elaborados com os mesmos elementos de prova. Cientificado, pessoalmente, das exigências em 28/12/2007 (fls. 14, 26 e 209), o sujeito passivo apresentou em 29/01/2008, impugnação dos autos de infração às fls. 211/319, contestando a base de cálculo apresentada pelo Fisco e pedindo a anulação do lançamento tributário, com os argumentos a seguir expostos: • afirma que a Fiscalização teria considerado como receita, durante o período fiscalizado, recursos registrados na conta do Programa Administrativo que, efetivamente, não constituiriam receita e/ou faturamento; • relata a ocorrência de diversas mudanças nas definições da base de CÁLCULO do PIS/Cofins e nas alíquotas que seriam aplicadas para a apuração das referidas contribuições; • descreve a sistemática da escrituração contábil adotada pela empresa: os recursos recebidos pela BB Previdência, em geral, dos patrocinadores e dos participantes, são contabilizados, primeiramente, em conta do Programa Previdencial. Do somatório desses recursos, parte é destinada ao Programa Administrativo, para fins de custeio/gerenciamento dos planos previdenciários, que, por sua vez, é canalizado para o Programa Investimento; outra parte (a maior parte) vai diretamente do Programa Providencial para o Programa Investimento; Fl. 405DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 14041.001546/200791 Resolução nº 3402000.590 S3C4T2 Fl. 102 3 • observa que o procedimento de escrituração contábil das despesas com a administração e/ou gerenciamento dos planos previdenciários é realizado com base nas normas previstas na Resolução do Conselho de Gestão Previdenciária Complementar (CGPC) n° 5, de 30 de janeiro de 2002; • relata que a impugnante tem utilizado como base de cálculo para apuração das contribuições da Cofins e do PIS apenas os recursos contabilizados no "Programa Administrativo" para fins de custeio / gerenciamento dos planos previdenciários, acrescido dos rendimentos destes recursos administrados pela BBDTVM; • informa que a BBDTVM gerencia a carteira de investimentos constituída de recursos dos Programas Administrativos e Previdenciários, cujos rendimentos retornam proporcionalmente a cada programa, sendo que, num primeiro momento, o Programa Administrativo é que custeia as despesas incorridas a titulo de despesas relativas as carteiras de renda fixa e variável, sobre os ativos totais aplicados; • afirma que a base de cálculo utilizada para o cálculo das contribuições foi composta apenas dos recursos contabilizados no Programa Administrativo para fins de custeio / gerenciamento dos planos previdenciários, acrescidos dos rendimentos destes recursos administrados pela BBDTVM; • esclarece que a BBDTVM é remunerada com a taxa de administração até o percentual de 0,30% a.a., calculada pro rata temporis sobre o saldo diário do patrimônio administrativo, cujos valores são aprovisionados diariamente. Acrescenta que o valor total da taxa de administração devida e paga à BBDTVM, inicialmente é debitado na conta do Programa Administrativo e, posteriormente, o referido programa se ressarci, proporcionalmente, perante o Programa Investimento. Continua informando que, em seguida ao débito inicial na conta do Programa Administrativo, há um ingresso e/ou crédito de valor (no Programa Administrativo) correspondente a uma parte das despesas com a taxa de administração pagas à Contratada e, em contrapartida, debitase o Programa Investimento (em estrita sintonia com o previsto na letra "b", do item 5.2, Capitulo V, do Anexo "E", da Resolução CGPC n° 0. 5/02 Anexo 1); • conclui que a diferença verificada na obtenção da base de cálculo seria referente ao movimento mensal da conta 6.4.2.3.01 — TRANSFERÊNCIA INTERPROGRAMAS DÉBITOS – PROGRAMA ADMINISTRATIVO CUSTEIO ADMINISTRATIVO e que nesta rubrica contábil seriam lançados os valores relativos ao ressarcimento ao "Programa Administrativo" das despesas havidas com a administração e controle dos investimentos (pagas à BBDTVM) e registradas na rubrica 5.2.3.2 DESPESAS ADMINISTRAÇÃO DE INVESTIMENTOS SERVIÇOS DE TERCEIROS, ao teor da Resolução CGPC n.° 05/2002; • alega que as transferências interprogramas teriam ocorrido em razão do ressarcimento de despesas incorridas no Programa de Investimentos referemse, na verdade, a custos (e não faturamento) decorrentes de receitas financeiras; Fl. 406DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 14041.001546/200791 Resolução nº 3402000.590 S3C4T2 Fl. 103 4 • esclarece que os valores incertos na base de cálculo seriam referentes às despesas incorridas pelo Programa Previdenciário, custeadas em um primeiro momento pelo Programa Administrativo, as quais foram, num segundo momento, transferidas daquele para este a titulo de ressarcimento de despesas; • cita doutrinadores, incluindo Maria Helena Diniz (Vocabulário Jurídico) e equipe de professores da USP (Contabilidade Introdutória); • afirma que aquilo que é estabelecido por norma contábil, não poderia ser contradito pelos agentes fiscais, de forma que o crédito contabilizado na conta do "Programa Administrativo" teria a função apenas de ressarcimento de despesas perante o Programa de Investimentos, sem propiciar um acréscimo no ativo constante do balanço patrimonial da Impugnante; • repudia a manutenção de autuações baseadas em norma inconstitucional, apontando que o art. 3°, § 1º, da Lei 9.718, de 1998, "que ampliou o conceito de renda bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvidas e da classificação contábil adotada", foi declarado inconstitucional pelo STF, cuja decisão já se encontra transitada em julgado desde 29.09.2006; • alega que a cobrança das contribuições da Cofins e do PIS apensa por rigor formal, além de indevida, teria intuito meramente arrecadatório, sendo de todo confiscatório, haja vista que as autuações procedidas teriam se fundamentado em norma legal que teria sido declarada inconstitucional pelo STF. Diante das considerações apresentadas, a contribuinte requer que sejam acolhidas as razões suscitadas para reconhecer a nulidade das autuações procedidas e, por conseguinte, desconstituir os lançamentos fiscais realizados declarando a insubsistência dos créditos tributários constituídos, porquanto além de supostamente indevidos, não teria sido caracterizada a hipótese de incidência dos referidos tributos (Cofins e PIS/Pasep). A 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Brasília (DF) considerou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 0329.843, de 13 de março de 2009, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO NA APURAÇÃO DAS BASES DE CÁLCULO. O julgador deve buscar analisar as razões e provas apresentadas pelo impugnante, em confronto com as documentações e fatos (comprovados) que serviram de base ao lançamento. Fl. 407DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 14041.001546/200791 Resolução nº 3402000.590 S3C4T2 Fl. 104 5 A contribuinte não logrou trazer aos autos material probatório que comprovasse as alegações feitas, o que permitiria a este colegiado formar convicção sobre as mesmas alegações. CONCEITO DE FATURAMENTO. BASE DE CÁLCULO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Os órgãos julgadores administrativos não são detentores de competência para apreciar argüições de inconstitucionalidade contra diplomas legais regularmente editados. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006 LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO. Aos lançamentos de PIS, aplicase o decidido em relação ao auto de infração da Cofins, formalizado a partir da mesma matéria fática. Inconformado com a decisão proferida, o sujeito passivo protocolou recurso voluntário valendose dos mesmos fundamentos jurídicos e legais apresentados na impugnação. Termina a petição recursal requerendo que sejam acolhidas as razões recursais, dando provimento ao presente recurso, para, promovendo o cancelamento do injusto e indevido débito tributário lançado, seja reconhecida a nulidade das autuações lavradas em decorrência da suposta falta de declaração e recolhimento da COFINS e PIS/PASEP, em face das divergências apuradas entre os valores escriturados e os declarados e pagos, correspondente ao período de apuração de 11/2003 a 05/2006, com a desconstituição dos lançamentos procedidos, declarandose, por conseguinte, a insubsistência dos créditos constituídos, pois além de indevidos, não restou caracterizada a hipótese de incidência dos referidos tributos. É o Relatório. VOTO O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dela tomo conhecimento e passo a apreciar. Uma das matérias discutidas nos autos diz respeito à base de cálculo do PIS e da Cofins das sociedades equiparadas a instituições financeiras. Essa matéria encontrase com Repercussão geral reconhecida em 04/02/2011 no RE nº 609096, de relatoria do Ministro a Ministra Ricardo Lewandowski, o que impõe o sobrestamento do julgamento do recurso nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 62A do CARF que expressamente determina que: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, Fl. 408DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 14041.001546/200791 Resolução nº 3402000.590 S3C4T2 Fl. 105 6 deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Por fim, a título de informação, colaciono parte do despacho exarado pelo relator em resposta à petição da FEBRABAN que requereu seu ingresso no recurso na condição de amicus curiae: (...) Quanto ao pedido de suspensão dos processos que tratam da mesma matéria versada nesses autos que tramitam em primeiro e segundo graus, entendo que não merece acolhida. É que os arts. 543B do CPC e 328 do RISTF tratam do sobrestamento de recursos extraordinários interpostos em razão do reconhecimento da repercussão geral da matéria neles discutida, e não de ações que ainda não se encontram nessa fase processual. Além disso, uma vez que esta Corte já reconheceu a repercussão geral da matéria aqui debatida, os recursos extraordinários que versam sobre o mesmo assunto ficarão sobrestados, na origem, por força do próprio art. 543B do CPC. (...) Isto posto, voto no sentido de sobrestar o julgamento do presente recurso, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 62A do CARF até que seja proferida decisão definitiva pela Suprema Corte. É como voto. Sala das Sessões, em 25/09/2013. Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 409DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 1 5/10/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 15586.001689/2008-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri May 22 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 03/10/2008
RECURSO VOLUNTÁRIO. APRESENTAÇÃO FORA DO PRAZO. INTEMPESTIVIDADE.
É facultado ao contribuinte apresentar Recurso Voluntário contra a decisão desfavorável da autoridade julgadora de 1ª instância administrativa no prazo de 30 (trinta) dias a contar da intimação desta decisão. Não se conhece do recurso apresentado depois deste prazo, por ser intempestivo.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2401-003.914
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso.
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Presidente em Exercício
Carolina Wanderley Landim Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Kléber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Carlos Henrique de Oliveira.
Nome do relator: CAROLINA WANDERLEY LANDIM
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APRESENTAÇÃO FORA DO PRAZO. INTEMPESTIVIDADE. É facultado ao contribuinte apresentar Recurso Voluntário contra a decisão desfavorável da autoridade julgadora de 1ª instância administrativa no prazo de 30 (trinta) dias a contar da intimação desta decisão. Não se conhece do recurso apresentado depois deste prazo, por ser intempestivo. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 16 89 /2 00 8- 99 Fl. 342DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Presidente em Exercício Carolina Wanderley Landim – Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Kléber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Carlos Henrique de Oliveira. Fl. 343DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 15586.001689/200899 Acórdão n.º 2401003.914 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Auto de Infração DEBCAD nº 37.177.8662, por meio do qual se exige multa decorrente do descumprimento de obrigação acessória, qual seja, deixar de apresentar documentos exigidos pela fiscalização ou apresentalos sem atender as formalidades exigidas nas competências de 01/01/2004 a 31/12/2004, cuja ciência ao contribuinte se deu em 06/10/2008 (fl. 02). Segundo o relatório fiscal da infração e aplicação de multa (fls. 81/82): “A Associação de Benefícencia e Cultura de João Neiva lançou nos livros Diário e Razão na conta 3.0.200.002 – Serviços Médicos Pessoas Físicas e na conta 3.0.200.004 – Serviços Diversos Pessoas Físicas fatos geradores relacionados a serviços prestados por pessoas físicas sem discriminar os referidos contribuintes individuais – prestadores de serviço. Assim, foi emitido o Termo de Intimação para Apresentação de Documentos – TIAD, emitido em 27.08.2008, solicitando a identificação nominal dos contribuintes individuais e respectivos valores pagos – estabelecimento 27.727.452/000207 de acordo com as contas contábeis acima citadas. A Associação não relacionou os contribuintes individuais. Apenas apresentou os referidos RPA’s. Assim a Associação infringiu a Lei 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso II, combinado com o art. 225, inciso II e parágrafo 13 inciso II do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048, de 06.05.99.” O contribuinte apresentou impugnação às fls. 134/144, aduzindo em síntese: · Que a lavratura do auto se deu de forma confusa, além de não corresponderem as condutas do contribuinte às imputadas pelo fiscal ao aplicar a presente multa, o que enseja a nulidade da autuação por cerceamento de defesa; · No mérito, que não procede a informação de que os livros exigidos não estariam encadernados; que a impugnante providenciou o registro do Livro Diário em Cartório, sanando a pendência. · Apresentou cópia dos documentos (livros) registrados. · Pugnou pelo cancelamento do débito fiscal. Instada a se manifestar sobre a impugnação apresentada, a 15ª Turma da DJR/RJOI proferiu o acórdão de nº 1222.152, abaixo ementado: Fl. 344DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 4 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 03/10/2008 DEIXAR A EMPRESA DE EXIBIR QUALQUER DOCUMENTO OU LIVRO RELACIONADOS COM AS CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE SOCIAL. Constitui infração ao artigo 33, §2º, da Lei nº 8.212/91 c/c o art. 232 e 233, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999. Considerase deficiente o documento ou informação apresentada que não preencha as formalidades legais. Lançamento Procedente. O contribuinte foi devidamente intimado do resultado de julgamento às fls. 259 (04/05/2009). Às fls. 266/268 consta certidão informando o trânsito em julgado sem que houvesse interposição de recurso. À fl. 289 consta despacho da PGFN noticiando a interposição de recurso pelo contribuinte, solicitando o cancelamento da inscrição do débito em Dívida Ativa, cancelamento este efetuado conforme despacho de fl. 294. Às fls. 297/315 foi anexado o recurso voluntário interposto pelo contribuinte em 12/06/2009 (via postal), na qual reiterou os termos já aduzidos na impugnação, acrescentando ainda: · Que a multa possui nítido caráter confiscatório; · Que o contribuinte é entidade filantrópica, que presta serviço essencial à população na área de saúde, e em razão disso o Estado deveria lhe conceder um tratamento diferenciado, e de acordo com o Princípio da Razoabilidade. À fl. 338 foi proposto o encaminhamento do recurso a este CARF para apreciação. É o relatório. Fl. 345DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 15586.001689/200899 Acórdão n.º 2401003.914 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Carolina Wanderley Landim Do exame dos autos verificase que existe uma questão prejudicial à análise do mérito da presente autuação, relacionada com o transcurso do prazo para interposição de Recurso Voluntário. Como se sabe, o contribuinte dispõe do prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da ciência da decisão desfavorável proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, para apresentar Recurso Voluntário dirigido a este Conselho. No presente caso, verificase que o Recorrente foi cientificado do acórdão nº 1222.152 prolatado pela 15ª Turma da DRJ/RJOI, via postal, no dia 04/05/2009 (segunda feira), conforme cópia do AR juntado às fls. 259. Deste modo, o Recorrente deveria ter interposto o seu Recurso Voluntário até o dia 03/06/2009 (quartafeira). No entanto, realizou este protocolo via postal apenas em 12/06/2009 (sextafeira), depois de decorrido, portanto, o prazo preclusivo disposto no art. 33 do Decreto 70.235/72. A data da postagem/protocolo do Recurso Voluntário pode ser comprovada pelo carimbo aposto à fl. 297, que atesta a data de 12/06/2009. CONCLUSÃO Nestes termos, voto por NÃO CONHECER do recurso voluntário, por ser intempestivo. É como voto. Carolina Wanderley Landim. Fl. 346DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/05/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 11968.000897/2009-14
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue May 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 12/09/2008, 19/09/2008, 30/09/2008, 02/10/2008, 03/12/2008, 17/02/2009, 09/03/2009, 13/03/2009, 17/03/2009, 20/03/2009, 30/04/2009, 08/05/2009, 13/05/2009, 15/05/2009
MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO.
A multa por prestação de informações fora do prazo encontra-se prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal.
MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo deve-se considerar o conteúdo da obrigação acessória violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.847
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges.
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo devese considerar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 8. 00 08 97 /2 00 9- 14 Fl. 431DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente). Fl. 432DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Tratase de o presente processo de Auto de Infração lavrado face ao descumprimento da obrigação acessória de prestar informação sobre veículo ou carga transportada ou sobre operações que executar, no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, de acordo com o que dispõe o art. 107, inciso IV, alínea “e”, do Decreto lei37, de 1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833, de 2003. Regularmente cientificada, a interessada apresentou a impugnação na qual alega, em breve síntese, que não é parte legitima para figurar no pólo passivo, tendo em vista que atuou na qualidade de mera agência de navegação marítima da empresa transportadora e que não responde por eventuais tributos e/ou obrigações acessórias devidos por esta. Afirma que o agente marítimo age em nome do Armador e com este não se confunde, razão pela qual não pode ser pessoalmente responsabilizada pela autuação em tela, até porque a própria Lei (art. 107, IV "e" do Decreto Lei 37/66) assim não prevê. Alega ausência de tipicidade, porque não deixou de prestar informação no prazo previsto em Regulamento. Apenas retificou posteriormente a sua informação, o que é uma hipótese diferenciada da penalidade estipulada e não se encontra tipificada na alínea 'e' do inciso IV, do art. 107 do Decreto Lei 37/66, com a redação dada pela Lei 10.833/03. Aduz que a autuação carece de elemento essencial de validade, pois, conforme o art. 113, § 2º do CTN, não há um fim específico e próprio que justificasse a penalidade, ou seja, o eventual descumprimento de prestar informações no prazo estipulado não gera qualquer prejuízo ao Fisco. Afirma que o lançamento fere o princípio da Reserva Legal, porque fundamentado em dispositivo constante em Instrução Normativa. Argui que não existe amparo legal para aplicação de penalidade para a ação de alteração/correção de dados no Sistema Sicarga. Alega que o procedimento fiscalizatório somente foi iniciado após ter formalizado a denúncia espontânea, o que a exime de qualquer penalidade, conforme o disposto no parágrafo 2 do art. 102, do Decreto Lei n 37, de 18 de novembro de 1966, cuja redação foi alterada pela Medida Provisória n 497, de 27 de julho de 2010, bem como o art. 138, caput, do Código Tributário Nacional. Requer seja anulado ou cancelado o auto de infração. A DRJ no Recife (PE) decidiu pela improcedência da impugnação, mantendo o crédito. Colaciono a ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 12/09/2008, 19/09/2008, 30/09/2008, 02/10/2008, 03/12/2008, 17/02/2009, 09/03/2009, 13/03/2009, 17/03/2009, 20/03/2009, 30/04/2009, 08/05/2009, 13/05/2009, 15/05/2009 INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA DE CONHECIMENTO ELETRÔNICO. Aplicase a multa prevista no artigo 107, inciso IV, alínea ‘e’, do DecretoLei nº 37, de 1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003, para cada deferimento, automático ou não, de retificação extemporânea do manifesto eletrônico, conhecimento Fl. 433DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 5 4 eletrônico ou item de carga, mesmo que as cargas tenham sido transportadas em uma mesma embarcação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com improcedência de sua impugnação, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, expondo que: Por ser uma agência de navegação da transportadora não poderia ser considerado representante do transportador para fins de responsabilidade tributária não lhe correndo os efeitos do Decreto Lei 37/66; Alega que a sua declaração extemporânea teria os mesmos efeitos que a denúncia espontânea e esta seria aplicável às obrigações acessórias; Entende que a Instrução Normativa nº 800/07, infringe o princípio da reserva legal, conforme art. 97, V do CTN; Entende que sua conduta, retificação, seria atípica com relação à sanção prevista no art. 107 do Decreto Lei nº 37/66; Alega que a multa regulamentar, enquanto obrigação acessória, carece de validade essencial, por não estar demonstrado o interesse da arrecadação ou fiscalização de tributos, não sendo assim justificada aplicação da mesma; Entende que não deixou de apresentar informações dentro do prazo referido pela IN nº800/07, mas promoveu a retificação destas. É o sucinto relatório. Fl. 434DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço, portanto. Ilegitimidade Passiva Muito embora compartilhe do entendimento que as agências marítimas não possam ser sujeitas da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66, devendo ser estas serem impostas somente ao transportador, tenho que no presente caso tal argumentação não se aplica. A recorrente é empresa transportadora, conforme demonstra o seu CNPJ e objeto social, que assim determina a Cláusula Segunda que: A sociedade tem por objeto a navegação marítima de longo curso marítima (...) o exercício das atividades de agente de transporte multimodal, assessoria ao transporte marítimo e terrestre de cargas em todo o território nacional (...) Face a isto, afasto o argumento da Recorrente de que, por ser a empresa uma agência marítima, e não uma transportadora, não está configurada sua responsabilidade quanto à prática da infração objeto dos autos. Diversos são os julgados deste Conselho onde foi compreendido que a obrigação do transportador, de prestar as informações à RFB, encontrase estabelecida no art. 37 do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003, in verbis: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. Ultrapassados tais argumentos, entendo que a penalidade não deve ser aplicada no presente caso por motivos diversos. Denúncia Espontânea Inicio a análise do argumento da denúncia espontânea, pois uma vez julgado o seu provimento, todas as demais matérias se tornarão prejudicadas. Fl. 435DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 7 6 O Recorrente alega que as informações foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora,ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentado após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Ocorre que, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma, no caso em tela se está diante de uma excludente da punibilidade, haja vista a Recorrente estar amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea. Esse instituto jurídico tem lugar quando o contribuinte informa à administração as infrações por ele praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. A vantagem dessa confissão prévia e espontânea para o contribuinte está na consequência legal que o instituto lhe garante. No presente caso temse que o pedido de retificação prestado pela recorrente foi anterior lavratura do Auto de Infração, bem como de qualquer outra intimação da RFB. Deste modo, aplicase ao presente caso o instituto da denúncia espontânea. O Código Tributário Nacional disciplina no art. 138 a exclusão da responsabilidade quando a denúncia espontânea for acompanhada do pagamento do tributo e dos juros de mora, restringindo tal hipótese quando caracterizado o início do procedimento administrativo ou qualquer medida de fiscalização, nos termos do parágrafo único. Destacase também que até a edição da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a caracterização da denúncia espontânea não contemplava as obrigações acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com o fato gerador do tributo. Porém, com a vigência da norma acima, foi modificado o § 2º, do art. 102 do DecretoLei nº 37/66, incluindo as penalidades administrativas dentre aquelas possíveis de aplicação da denúncia espontânea, in verbis: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. Fl. 436DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 8 7 § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) No presente caso, temos, portanto que a retificação foi apresentada antes de qualquer procedimento de fiscalização, caracterizando a denúncia espontânea, devendo ser excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do § 2º do artigo 102 do DecretoLei nº 37/66. Ainda, cabe observar que, sendo o fato gerador anterior a Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, necessário aplicar in casu a retroatividade benigna da alteração legislativa processada pela referida Medida Provisória, conforme determina o artigo 106 do CTN. Logo, aplicável à referida legislação ao presente caso. Acrescentase ainda que este Egrégio Conselho tem compartilhado deste entendimento, consoante se verifica pelos arestos abaixo: DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURAÇÃO A retificação de informação prestada em registro de conhecimento de carga antes de qualquer procedimento da fiscalização aduaneira, está amparada pela denúncia espontânea prevista no art. 102, do mesmo diploma legal (Acórdão 3101001.138, 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 22/05/2012, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO AS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A alteração do art. 102 do DecretoLei nº 37/66 promovida pela Medida Provisória nº 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que incluiu as penalidades de natureza administrativa, dentre aquelas alcançadas pela denúncia espontânea é aplicada aos casos ainda pendentes de julgamento, em razão da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN. (Acórdão 3102001.663, 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 25/10/2012, Relator Conselheiro Álvaro Arthur L. de Almeida Filho) Cabe analisar a restrição imposta pelo art. 683, §3º do Decreto nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Este determina que: Art. 683. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento dos tributos dos acréscimos legais, excluirá a imposição da correspondente penalidade (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 102, caput, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 1o; e Lei nº 5.172, de 1966, art. 138, caput). (…) Fl. 437DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 9 8 §3o Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. O texto original do Decreto nº 6.759/2009 previa em seu §3oque a espontaneidade era afastada depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior e por conseqüência igualmente afastada seria a denúncia espontânea. Notese que esta redação deve ser lida em consonância com o disposto na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010 que passou a ter a seguinte redação: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) Notese que o Decreto nº 6.759/2009 deve ser lido em conformidade com a Lei nº 12.350/2010. Tratase de norma superior e posterior. Assim, tanto pelo critério da hierarquia, quanto pelo critério cronológico deve prevalecer a norma posterior. Da leitura da lei posterior se nota que não há a restrição prevista no §3o, do art. 683 do Decreto nº 6.759/2009, de tal modo que onde não houve restrição legal não poderá a norma regulamentadora restringir, sob pena de ofensa ao princípio da estrita legalidade. Diante da aplicação do instituto da denúncia espontânea, entendo pelo provimento do recurso e passo a analisar as demais matérias, não obstante prejudicadas, para fins de privilégio do devido processo legal. Reserva Legal A infração em tese cometida pela recorrente se encontra caracterizada pela apresentação de declaração de informações sobre o veículo e carga transportada fora do prazo estabelecido, por força do art. 107 do DecretoLei 37/66, com redação dada pela Lei nº 10.833/03, c/c art. 44 da Instrução Normativa 28/94, com redação dada pela Instrução Normativa 510/05 e art. 22 da Instrução Normativa 800/07. No que tange a tipificação da conduta do recorrente, a sua descrição consta igualmente e inicialmente tipificada no art. 107 do DecretoLei 31/66, que estabelece a aplicação de multa para quem deixar de prestar a declaração sobre veículo e carga transportada, bem como quem de forma omissiva ou comissiva embaraçar ação de fiscalização. Fl. 438DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 10 9 Ademais, as instruções normativas tem como finalidade de preencher lacunas que por vezes se encontram dentro dos procedimentos fiscais, no caso específico de normas que estabelecem prazo para a apresentação ou recolhimento de obrigações acessórias, não estão sujeitas a reserva legal do art. 97 do CTN, por não compreenderem o rol de matérias lá estabelecido, cabendo, portanto, o estabelecimento dos prazos por norma de hierarquia inferior, como as Portarias e Instruções Normativas, conforme tem se posicionado o CARF. ASSUNTO: OBRIGAÇÕESACESSÓRIAS Datadofatogerador:31/12/1998 OBRIGAÇÃO ACESSORIA. PRAZO. INSERÇÃO SISCOMEX DE DECLARAÇÃO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS. O prazo de inserção das informações do embarque de mercadoria no SISCOMEX é de sete dias, contados do dia do efetivo embarque. Não se aplica a norma processual do artigo 210 do Código Tributário Nacional, neste caso prevalece o prazo fixado em Portarias e Instruções Normativas em razão de que não contemplam aspectos da hipótese de incidência, estão fora da reserva legal prevista no artigo 97 do CTN. Constado inserção além do prazo fixado, impõe negar provimento ao recurso. RecursoNegado. Ressalto que o entendimento seria pela carência de razão do contribuinte caso não estivesse prejudicada a análise desta matéria. Obrigação Acessória Carece de razão a alegação da recorrente quanto à carência de elemento essencial na autuação por descumprimento de obrigação acessória. Isto porque as obrigações acessórias não possuem uma relação de dependência de uma obrigação principal. Como o próprio artigo citado pela recorrente são prestações positivas ou negativas, fazer ou não fazer algo em benefício do interesse arrecadatório ou fiscalizatório. No caso dos autos, a declaração que gerou a autuação da recorrente era uma obrigação acessória, positiva e com finalidade fiscalizatória, pois se caracteriza em um dever de declarar o bem carregado e cujas informações contidas auxiliam o fisco a verificar a adequada descrição de bem importado pelo importador, se houve emissão de notas fiscais, se a importadora estaria correta em sua escrituração fiscal. Logo, a responsabilidade de declarar a mercadoria transportada pela empresa, conforme art. 107 do Decreto lei 37/66, é uma obrigação acessória de declaração ao fisco e cujo descumprimento implica na aplicação de multa por embaraço à fiscalização. Nestes termos, não sendo prestada a obrigação de declaração de mercadorias dentro do prazo legal, houve prejuízo na fiscalização aduaneira, devida, portanto, a multa pelo descumprimento. Fl. 439DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 11 10 Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Tipificação A recorrente alega que não incorreu no tipo específico de descumprimento de declaração de mercadoria, conforme art.37 e 107, IV, “e” do DecretoLei 37/66, posto que não deixou de prestar informações sobre o veículo ou sobre a carga transportada entendendo que retificação, conduta que afirma ter praticado seria diferente de deixar de informar. Entendo que não assiste razão a recorrente, tendo em vista que no auto de infração é possível verificar que o recorrente apresentou Conhecimento de Embarque, promovendo a alteração de NCM fora dos prazos de atracação do navio e conforme art.37 do Decretolei 37/66 “o transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecido, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado”. O entendimento deste Conselho, inclusive para esta empresa em autuação pretérita foi o seguinte: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 05/04/2006 a 15/01/2009 MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração. MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não há que se falar em denúncia espontânea de obrigação acessória se a norma em comento tem como finalidade a prestação de informações na forma e, sobretudo, no prazo fixado pela legislação, prazo esse que não seria observado se se considerar que a prestação de informações fora do prazo configuraria denúncia espontânea. Fl. 440DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 12 11 Recurso Voluntário Negado. Nesta senda, uma vez não cumprindo o prazo de apresentação das declarações o transportador já incorre no fato gerador da multa regulamentar, resta devidamente enquadrada a conduta da recorrente à infração referida, não havendo qualquer traço de atipicidade. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Art. 50 da Instrução Normativa 800/2007 Entendo que não assiste razão ao recorrente. Conforme a redação do artigo 50 da IN 800/07, informa que os prazos de antecipação de informação previstos no art. 22º da mesma instrução somente serão obrigatórios a partir de 1 de janeiro de 2009. Vejamos: Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009. Parágrafoúnico. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País.(grifonosso) Este dispositivo, ao mesmo tempo em que prevê que os prazos mínimos para a prestação de informações à RFB previstos no artigo 22 da IN RFB nº 800/2007 somente são obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009, dispõe que o transportador tem a obrigação de prestar informações sobre as cargas transportadas antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Resta claro, portanto, que já a partir do momento em que se inicia a produção de efeitos da IN RFB nº 800/2007, qual seja 31 de março de 2008, as informações sobre as cargas transportadas devem ser prestadas pelas transportadoras antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País, conforme art. 52 da Instrução Normativa, prazo também descumprido pelo contribuinte. Em adição, havendo prazo que estabeleça o início da vigência das antecipações, nos caso dos fatos geradores que antecedem a vigência da Instrução Normativa 800/07, o contribuinte deveria ter cumprido o prazo de sete dias descritos art. 37 da Instrução Normativa SRF n° 28, de 1994, com a redação dada pela IN SRF n° 510, de 2005, para a apresentação da declaração, no que ultrapassou demasiado. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Penalidade Aplicada Por Viagem Fl. 441DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 13 12 A recorrente se insurge contra a aplicação da multa regulamentar contra cada uma das declarações de forma extemporânea, tendo em vista que o entendimento da Receita Federal sobre o assunto em Consulta Interna teria determinado que o transportador fosse multado uma única vez pela prestação de informações fora do prazo, referindo a COSIT SCI nº 8 de 14 de fevereiro de 2008. Não obstante os auditores fiscais tenham interpretado, em sua maioria, a legislação como que a multa deveria ser aplicada por cada declaração fora do prazo, o dispositivo legal deixa brecha para tanto interpretar que a penalidade deve ser aplicada por viagem quanto por declaração, visto que o dispositivo aborda apenas o aspecto quantitativo da multa, a tipificação da conduta, no caso, deixar de apresentar informações nos prazo estabelecidos à Receita Federal e identificação do infrator, qual seja a empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de transporte internacional expresso ou agente de carga. Neste sentido, entendo que se deve interpretar a norma de forma mais favorável ao contribuinte quando esta determina penalidade ao tipo de conduta, conforme resta estabelecido no art. 112, do Código Tributário Nacional – CTN, segundo o qual “a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto”: à capitulação legal do fato; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade ou punibilidade; e à natureza da penalidade, aplicação, ou à sua gradação. Sobre o tema em comento, temse decidido nas sessões deste Conselho a interpretação da norma em favor do infrator. Vejamos: Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 2006 ILEGIMITIDADE PASSIVA. MULTA. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. É legitimo para figurar no polo passivo da autuação, o transportador que registou os dados de embarque fora do prazo estabelecido no art. 37, §2º, da Instrução Normativa SRF nº 28/94. Inteligência dos arts. 107, inciso IV, alínea “e” e 37 do DecretoLei nº 37/66 c/c arts. 37, §2º, 44 e 46 da Instrução Normativa SRF nº 28/94. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR.Ocorrendo dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e à natureza da penalidade aplicação, ou à sua gradação, deve ser aplicada a interpretação mais favorável ao acusado (art. 112, CTN).A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação no Siscomex é aplicada por viagem do veículo transportador e não por carga (Declaração para Despacho de Exportação). DUPLICIDADE DA COBRANÇA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Não comprovada documentalmente o alegado bis in idem, improcedente a alegação de duplicidade da cobrança e a consequente identidade de objetos entre dois processos administrativos fiscais. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138, CTN. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. Não alegado Fl. 442DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 14 13 em momento oportuno, o argumento está precluso, pelo que não merece ser conhecido, ex vi dos arts. 16, inciso III e 17, do Decreto nº 70.235/72. (Recurso Voluntário nº 11968.001039/200717, Relator Bruno Mauricio Macedo Curi, da 2ª Câmara da 3ª Sessão de Julgamento do Carf, Publicada em 11/09/2013) Nestes termos, entendo que a penalidade do art. 107, IV, alínea “e” do Decreto Lei nº 37/66, deve ser aplicada por viagem e não por declaração de carga, devendo as penalidades aplicadas por declaração excluídas para que fiquem apenas a multa aplicada por viagem apurada no auto de infração. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Em face do exposto, encaminho o voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É assim que voto. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Relator Fl. 443DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 15 14 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Antonio Borges, Em que pese o entendimento do relator, ouso dele discordar em relação à aplicação do instituto da denúncia espontânea. Da aplicação do instituto da denúncia espontânea No entendimento do STJ, conforme comprovam diversos julgados, a entrega extemporânea de qualquer tipo de obrigação acessória (DCTF, por exemplo) configura infração formal, não podendo ser considerada como infração de natureza tributária apta a atrair o instituto da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN. A prestação de informações no Siscomex, como é o caso, é uma obrigação acessória e, aplicandose essa linha de raciocínio, deveria se observar a aplicação da Súmula CARF n° 49, que adota a mesma interpretação: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. No entanto, essa discussão foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Apesar de alguns julgados recentes do CARF estarem admitindo a caracterização da denúncia espontânea com fundamento da nova redação do dispositivo, entendo que na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Fl. 444DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 16 15 Esse entendimento, do qual eu compartilho, foi evidenciado em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3a S/1a C/2a TO. S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2°, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser Fl. 445DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 17 16 citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Assim, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo, no caso a prestação de informação no Siscomex na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, implicaria no esvaziamento do dever instrumental, comprometendo o controle aduaneiro efetuado pela autoridade administrativa no exercício do seu Poder de Polícia. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de obrigações acessórias caracterizadas pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. Desta forma, em virtude de todos os motivos apresentados e dos fatos presentes no caso concreto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 446DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000897/200914 Acórdão n.º 3801004.847 S3TE01 Fl. 18 17 (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 447DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 10768.720057/2007-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002
CONSÓRCIO DE EMPRESAS. REQUISITOS. EMPREENDIMENTO DETERMINADO. CARACTERIZAÇÃO. PRAZO. Empreendimento, identificado no ato constitutivo de consórcio operacional como a construção do parqueindustrial, o refino de bauxita e a redução de alumina para a obtenção do alumínio, tem grau de determinação suficiente para fim de respaldar a constituição de um consórcio de sociedades nos termos da legislação comercial. Não há falar em perpetuação de empreendimento que tem prazo determinado em 50 (cinqüenta) anos, ainda que renovável.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. LEI Nº 9.363/96. TRANSFERÊNCIA PARA ESTABELECIMENTO FILIAL. UTILIZAÇÃO PARA POSTERIOR COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Nos termos do art. 16 da IN SRF 600/05, o crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, apurado de forma centralizado na matriz, pode ser mantido na escrita fiscal para posterior dedução do IPI relativo a períodos subseqüentes de apuração, ser transferido a outro estabelecimento da pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, ou ressarcimento, em espécie ou compensação, do saldo credor verificado ao final de cada trimestre-calendário, sendo estas opções mutuamente excludentes, de modo que, feita a escolha, não é possível a adoção das demais formas de utilização do direito de crédito.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3401-002.946
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso do contribuinte. Vencidos os Conselheiros Bernardo Leite de Queiroz Lima (Relator), Jean Cleuter e a Conselheira Ângela Sartori, que davam provimento. Os Conselheiros Eloy Nogueira e Júlio Ramos negaram provimento ao direito de crédito e apresentaram declaração de voto conjunta. Designado o Conselheiro Robson Bayerl.
JULIO CESAR ALVES RAMOS - Presidente.
Bernardo Leite de Queiroz Lima - Relator.
EDITADO EM: 04/05/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JULIO CESAR ALVES RAMOS (Presidente), ROBSON JOSE BAYERL, ANGELA SARTORI, JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA
Nome do relator: BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA
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REQUISITOS. EMPREENDIMENTO DETERMINADO. CARACTERIZAÇÃO. PRAZO. Empreendimento, identificado no ato constitutivo de consórcio operacional como a construção do parqueindustrial, o refino de bauxita e a redução de alumina para a obtenção do alumínio, tem grau de determinação suficiente para fim de respaldar a constituição de um consórcio de sociedades nos termos da legislação comercial. Não há falar em perpetuação de empreendimento que tem prazo determinado em 50 (cinqüenta) anos, ainda que renovável. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. LEI Nº 9.363/96. TRANSFERÊNCIA PARA ESTABELECIMENTO FILIAL. UTILIZAÇÃO PARA POSTERIOR COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do art. 16 da IN SRF 600/05, o crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, apurado de forma centralizado na matriz, pode ser mantido na escrita fiscal para posterior dedução do IPI relativo a períodos subseqüentes de apuração, ser transferido a outro estabelecimento da pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, ou ressarcimento, em espécie ou compensação, do saldo credor verificado ao final de cada trimestrecalendário, sendo estas opções mutuamente excludentes, de modo que, feita a escolha, não é possível a adoção das demais formas de utilização do direito de crédito. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso do contribuinte. Vencidos os Conselheiros Bernardo Leite de Queiroz Lima (Relator), Jean Cleuter e a Conselheira Ângela Sartori, que davam provimento. Os AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 72 00 57 /2 00 7- 95 Fl. 247DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 Conselheiros Eloy Nogueira e Júlio Ramos negaram provimento ao direito de crédito e apresentaram declaração de voto conjunta. Designado o Conselheiro Robson Bayerl. JULIO CESAR ALVES RAMOS Presidente. Bernardo Leite de Queiroz Lima Relator. EDITADO EM: 04/05/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JULIO CESAR ALVES RAMOS (Presidente), ROBSON JOSE BAYERL, ANGELA SARTORI, JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA Relatório Trata o presente de declaração de compensação de Crédito Presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) referente ao primeiro trimestre de 2003 em que se pleiteia a utilização destes créditos com débitos do Imposto de Renda sobre Pessoas Jurídicas (IRPJ). Considerando as diversas indas e vindas do presente processo, transcrevo parte do relatório do acórdão da DRJ, eis que bem sintetiza os percalços pelos quais percorreu: Trata o presente processo das DCOMPs de números 01154.40592 e 18646.88244 (cópias às fls. 01 a 21), que informam como lastro das compensações declaradas crédito presumido do IPI relativo ao 1° trimestre de 2003 , no valor total de R$ 3.898.595,34, apurado pela matriz (42.105.890/000146 fls. 02 e 19). Para verificação da legitimidade dos créditos alegados foi instaurado procedimento fiscal cujos resultados estão consolidados na informação de fl. 95. Eis as observações efetuadas pela fiscalização: "O contribuinte utilizou o crédito presumido pela dedução do IPI devido em função das . operações no mercado interno do estabelecimento matriz. Nos respectivos períodos . do 1' trimestre os créditos foram transportados para os períodos subseqüentes, não havendo, portanto, o que ressarcir. " A Diort/Derat/Rio de Janeiro/RJ reconheceu a homologação, por decurso de prazo, da compensação declarada por intermédio da DCOMP 01154.40592 (fls. 01/17), na qual foi utilizado o direito creditório no montante de R$ 2.257.389,33. No que diz respeito à DCOMP 18646.88244, indeferiu integralmente o pleito, sob o argumento principal de que a Billiton Metais nada industrializa, pois não possui parque industrial (a industrialização é efetuada pelo Consórcio Alumar), não podendo aproveitar o crédito presumido em virtude de não satisfazer, cumulativamente, as condições de_empresa produtora e exportadora. Em síntese, o entendimento da unidade de origem Fl. 248DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/200795 Acórdão n.º 3401002.946 S3C4T1 Fl. 248 3 está resumido no trecho abaixo transcrito do Despacho Decisório de fls. 87/93: a BILLITON METAIS S/A, embora seja exportadora, nada industrializa pois sua produção é totalmente proveniente do Consórcio ALUMAR, não satisfazendo, por conseguinte, à condição imposta pelo legislador para o aproveitamento do beneficio fiscal, qual seja, ser concomitantemente produtora e exportadora; o Consórcio ALUAMR, por sua vez, também não é, na forma da legislação de regência, realmente um consórcio, mas, sim, uma sociedade de fato, com todas as conseqüências fiscais daí decorrentes; e, finalizando, a BILLITON METAIS S/A, seja pelo seu estabelecimento matriz, seja pelos seus estabelecimentos filiais, por não possuir nenhum parque industrial, não pode ser considerada uma empresa exportadora e produtora, requisito essencial ao azo do direito ao crédito presumido do IPI pleiteado neste processo. Não obstante terem sido os argumentos acima os que resultaram no indeferimento do direito creditório, a Diort/Derat/RJO discordou da fiscalização quanto aos valores do crédito presumido que teriam sido utilizados para amortizar débitos do IPI. Vejamos suas considerações "É imperativo, ainda, deixar consignado que se a pessoa jurídica tivesse legitimidade ativa para requerer o crédito, hipótese aventada unicamente a título de argumentação, ele seria parcialmente deferido, no valor de R$ 3.451.454,18, como será a seguir demonstrado, pois utilizara parte — e não a totalidade — dele para compensar débitos próprios do IPI. (..) " Para comprovar o valor do crédito presumido passível de ressarcimento/compensação, não fosse a ilegitimidade passiva, elaborou os demonstrativos de fls. 91/92. A contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 119 a 134, por intermédio da qual discorda do indeferimento de seu pleito. Em resumo, a Manifestante apresentou as seguintes alegações: i. que "o Consórcio Alumar tem por objeto um empreendimento determinado "; ii. "que o Consórcio Alumar reveste a natureza de consórcio operacional que, após a conclusão da construção do parque industrial, tem como objetivo o desenvolvimento coordenado e conjunto de uma atividade industrial de transformação de recursos minerais; iii. que o Consórcio Alumar também atende ao requisito legal de prazo de duração determinado; Fl. 249DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 iv. que a Billiton, enquanto integrante do Consórcio Alumar, faz jus crédito presumido, pois produz e exporta mercadorias nacionais e, para isso, adquire, no mercado interno, MP, PI e ME. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela DRJ de Juiz de Fora, em acórdão cuja ementa se transcreve: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI ESCRITURADO EM FILIAL. INADMISSIBILIDADE. Inadmissível o aproveitamento, mediante ressarcimento vinculado a compensação, de crédito presumido apurado pela matriz e transferido para estabelecimento filial. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada, a ora Recorrente interpôs o competente Recurso Voluntário, alegando, em síntese, que o Consórcio Alumar não se caracteriza como sociedade de fato, uma vez que tem um objeto de empreendimento determinado, tratandose de um empreendimento próprio e comum das partes consorciadas. Ademais, afirma que o prazo de duração do consórcio, conquanto seja longo, está adequado ao escopo do empreendimento. Por fim, afirma que, se o consórcio fosse considerado uma sociedade de fato, deveria ser sujeito passivo de obrigações tributárias próprias, não devendo a Recorrente apropriar suas despesas e receitas na proporção de sua participação no empreendimento. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Bernardo Leite de Queiroz Lima O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. 1 Da utilização de crédito presumido apurado em filial O acórdão da DRJ julgou improcedente o crédito presumido da Recorrente em razão de estes terem sido transferidos da matriz para filial. A decisão se baseou no art. 14 da IN SRF nº 210/02 e art. 16 da IN SRF nº 600/05 (posteriormente revogada pela IN RFB nº 900/08), os quais vedavam o ressarcimento de crédito presumido pela filial quando estes são transferidos da matriz. Fl. 250DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/200795 Acórdão n.º 3401002.946 S3C4T1 Fl. 249 5 Não adentrando na questão da ilegalidade destas instruções normativas em face à Lei nº 9.363/96, o acórdão da DRJ equivocouse na aplicação das respectivas instruções normativas, como será demonstrado abaixo. Neste passo, antes de se proceder à análise das instruções normativas, importante analisar o art. 2º, §§ 2º e 3º, e o art. 4º da Lei nº 9.363/96: Art. 2oA base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador. (...) §2o No caso de empresa com mais de um estabelecimento produtor exportador, a apuração do crédito presumido poderá ser centralizada na matriz. §3o O crédito presumido, apurado na forma do parágrafo anterior, poderá ser transferido para qualquer estabelecimento da empresa para efeito de compensação com o Imposto sobre Produtos Industrializados, observadas as normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal. Art. 4o Em caso de comprovada impossibilidade de utilização do crédito presumido em compensação do Imposto sobre Produtos Industrializados devido, pelo produtor exportador, nas operações de venda no mercado interno, farseá o ressarcimento em moeda corrente. Parágrafo único. Na hipótese de crédito presumido apurado na forma do § 2o do art. 2o, o ressarcimento em moeda corrente será efetuado ao estabelecimento matriz da pessoa jurídica. Realizando uma leitura do art. 2º, §§ 2º e 3º acima, é possível concluir que a empresa com mais de um estabelecimento pode transferir os créditos centralizados da matriz para qualquer outro estabelecimento da empresa. O art. 4º, por sua vez, permite que os créditos do art. 2º, §2º possam ser ressarcidos no caso de impossibilidade de sua compensação com outros créditos de IPI Ora, o art. 4º não restringe o ressarcimento dos créditos quando transferidos para outro estabelecimento da empresa. Os créditos apurados de forma centralizada, mesmo que transferidos para outro estabelecimento, podem ser ressarcidos, pois, mesmo após tal transferência, não deixam de ser créditos apurados nos termos do art. 2º, §2º. A transferência é feita para fins de compensação do IPI, mas, se por algum motivo for impossibilitada tal compensação, deve ser permitido o ressarcimento, eis que este é permitido pelo art. 4º na impossibilidade da compensação do crédito presumido com o IPI, desde, claro, devidamente comprovada. Acrescentese que o final do Parágrafo Único do art. 4º corrobora tal entendimento, pois, ao mencionar que o ressarcimento deve ser "efetuado ao estabelecimento matriz da pessoa jurídica", leva a crer que os créditos poderiam estar em outros Fl. 251DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 6 estabelecimentos da empresa. Interpretar de outra forma seria limitar indevidamente a aplicação do Parágrafo Único, uma vez que, por se aplicar apenas à hipótese em que o crédito é apurado de forma centralizada na matriz, e considerando que este só pode ser atribuído a outro estabelecimento por meio de sua transferência, a conclusão é que o ressarcimento pode ser feito por créditos transferidos, mas desde que efetuado à matriz. Entender de forma contrária seria limitar o escopo do Parágrafo Único somente para impedir que o pedido de ressarcimento seja feito em nome de outro estabelecimento quando o crédito tiver sido apurado de forma centralizada pela matriz e não transferido para outro estabelecimento. Desta forma, estaria sendo violado o direito ao aproveitamento do crédito presumido, por via distinta da compensação, ao se criar uma restrição que não se coaduna com o espírito da referida norma. Assim, a melhor interpretação é no sentido de que os créditos apurados de forma centralizada pela matriz, mesmo quando transferidos a outro estabelecimento, podem ser objeto de ressarcimento quando não puderem ser compensados com débitos de IPI. Feitos os esclarecimentos acerca da Lei nº 9.363/96, vale ressaltar que julgamento da DRJ negou provimento à Manifestação de Inconformidade sob o argumento de que o pedido de ressarcimento não poderia ser deferido, uma vez que os créditos foram transferidos para outro estabelecimento da Recorrente que não a matriz. Olvidouse que, em razão da previsão específica da Lei nº 9.363/,96, na hipótese de impossibilidade de compensação do crédito com IPI, poderia ser realizado o ressarcimento do crédito mesmo quando transferidos a outro estabelecimento, desde que o ressarcimento seja efetuado para a matriz. Contudo, o acórdão da DRJ deixou de analisar a referida lei e restringiuse a aplicar as instruções normativas supracitadas, sem questionar que, ao vedarem o ressarcimento dos créditos transferidos a outro estabelecimento, violaram o disposto na Lei nº 9.363/96. Vale trazer o disposto no art. 16 da antiga IN SRF nº 600/05: Art. 16. Os créditos do IPI, escriturados na forma da legislação específica, serão utilizados pelo estabelecimento que os escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados. § 1º Os créditos do IPI que, ao final de um período de apuração, remanescerem da dedução de que trata o caput poderão ser mantidos na escrita fiscal do estabelecimento, para posterior dedução de débitos do IPI relativos a períodos subseqüentes de apuração, ou serem transferidos a outro estabelecimento da pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, caso se refiram a: I créditos presumidos do IPI, como ressarcimento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstos na Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, e na Lei nº 10.276, de 10 de setembro de 2001; II créditos decorrentes de estímulos fiscais na área do IPI a que se refere o art. 1º da Portaria MF nº 134, de 18 de fevereiro de 1992; e III créditos do IPI passíveis de transferência a filial atacadista nos termos do item "6" da Instrução Normativa SRF nº 87/89, de 21 de agosto de 1989. Fl. 252DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/200795 Acórdão n.º 3401002.946 S3C4T1 Fl. 250 7 § 2º Remanescendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento após efetuadas as deduções de que tratam o caput e o § 1º, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica poderá requerer à SRF o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou, bem como utilizálos na compensação de débitos próprios relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF. § 3º O pedido de ressarcimento e a compensação previstos no § 2º serão efetuados pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica mediante a utilização do Programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante petição/declaração (papel) acompanhada de documentação comprobatória do direito creditório. § 4º Somente são passíveis de ressarcimento: I os créditos presumidos do IPI a que se refere o inciso I do § 1º, escriturados no trimestrecalendário, excluídos os valores recebidos por transferência da matriz; e O r. acórdão, portanto, se pautou em instruções normativas que criam restrições não previstas na lei que deveriam apenas regulamentar, violando o direito à plena utilização do crédito. Por este motivo, o r. acórdão estaria eivado de nulidade, eis que deixou de analisar matéria necessária ao deslinde do processo, qual seja, a ilegalidade das instruções normativas em face da Lei nº 9.363/96. Não obstante, não há que se declarar a nulidade do acórdão, devendose proceder à análise mérito, nos termos do art. 59, §3º do Decreto nº 70.235/76, o qual dispõe que “quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta”. Destarte, por ser permitido o ressarcimento dos créditos transferidos a outro estabelecimento, nos termos da Lei nº 9.363/96, também deve ser permitida a compensação dos créditos objeto do presente processo com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, por força do disposto do art. 74 da Lei nº 9430/96. Assim, devem ser analisadas as questões relativas à possibilidade de reconhecimento de tais créditos, o que depende da caracterização do Consórcio Alumar, como se passa a discorrer abaixo. 2 Do consórcio Alumar O cerne da presente lide é a caracterização do Consórcio Alumar, formado pelas empresas Alcoa Alumínio S/A, Alcan Alumínio do Brasil S/A, Abalco S/A e a Recorrente, como uma sociedade de fato. A conseqüência da caracterização do Consórcio como sociedade de fato seria a impossibilidade de reconhecer o direito ao crédito presumido de IPI pela Recorrente. Destarte, necessário verificar se o Consórcio de enquadra no conceito previsto nos arts. 278 e 279 da Lei nº 6.404/76: Fl. 253DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 8 Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou não, podem constituir consórcio para executar determinado empreendimento, observado o disposto neste Capítulo. § 1º O consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas somente se obrigam nas condições previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas obrigações, sem presunção de solidariedade. § 2º A falência de uma consorciada não se estende às demais, subsistindo o consórcio com as outras contratantes; os créditos que porventura tiver a falida serão apurados e pagos na forma prevista no contrato de consórcio. Art. 279. O consórcio será constituído mediante contrato aprovado pelo órgão da sociedade competente para autorizar a alienação de bens do ativo permanente, do qual constarão: I a designação do consórcio se houver; II o empreendimento que constitua o objeto do consórcio; III a duração, endereço e foro; IV a definição das obrigações e responsabilidade de cada sociedade consorciada, e das prestações específicas; V normas sobre recebimento de receitas e partilha de resultados; VI normas sobre administração do consórcio, contabilização, representação das sociedades consorciadas e taxa de administração, se houver; VII forma de deliberação sobre assuntos de interesse comum, com o número de votos que cabe a cada consorciado; VIII contribuição de cada consorciado para as despesas comuns, se houver. Parágrafo único. O contrato de consórcio e suas alterações serão arquivados no registro do comércio do lugar da sua sede, devendo a certidão do arquivamento ser publicada. A DRJ, em declaração de voto no r. acórdão, contrapondo sua interpretação dos dispositivos acima transcritos com o contrato constitutivo do consórcio, chegaou à conclusão de que se trata de uma sociedade de fato em razão de ter como empreendimento um objeto complexo "que se expande sem quantificação definida", por prazo indeterminado. Segundo seu entendimento, o Consórcio Alumar seria uma sociedade de fato porque "não pode o consórcio ter ânimo definitivo ou se expandir além de limites originalmente definidos, seja no tempo ou na quantíficação e qualificação do empreendimento". Pois bem, quanto à questão do objetivo do empreendimento, o caput do art. 278 da Lei nº 6.404/76 apenas determina que as empresas "podem constituir consórcio para executar determinado empreendimento". O elemento caracterizador do consórcio é que este tenha um empreendimento determinado. A norma não traz limites ao escopo do empreendimento, exigindo que ele consista em uma única atividade ou que esta seja simples. A única exigência da lei é que ele seja determinado. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/200795 Acórdão n.º 3401002.946 S3C4T1 Fl. 251 9 Compulsando o contrato de constituição do Consórcio Alumar, a definição do objetivo do empreendimento está claramente definida nos Artigo 1º e 3.02: “Artigo I. Objeto e descriçao do consórcio. Pelo presente contrato, a Alcoa, Billiton, Alcan e Abalco estabelecem um Consórcio, que tem por objeto a aquisição, montagem e construção de instalações para o Refino de Alumina, e de Instalações para a Redução de Alumínio, juntamente com instalações de apoio, nas vizinhanças de São Luís, Estado do Maranhão, República Federativa do Brasil, assim como a operação de tais instalações, com base em fornecimento proporcional de bauxita, a partilha de alumina produzida por Alcoa, Billiton, Alcan e Abalco, a partilha de alumínio produzido por Alcoa e Billiton e uma correspondente participação nos custos de produção da alumina e do alumínio (...) 3.02. Objeto. Fiscalização e Poderes do Consórcio. (a) Objeto. O Objeto do Consórcio e o objetivo das Consorciadas em constituílo são de dedicarse aos Empreendimentos descritos no artigo I deste instrumento, através de, entre outras atividades, processar bauxita, transformandoa em alumina' no Empreendimento de Refino de Alumina e alumina em alumínio no Empreendimento de Redução de Alumínio, utilizandose de instalações construídas e/ou possuídas pelas Consorciadas ou em seu nome, no Estado do Maranhão, Brasil, e assim, dando o direito a cada Consorciada de receber uma participação (se houver) da alumina e do alumínio produzidos, até o limite dos seus respectivos Direitos de Alumina e Direitos de Alumínio, com cada Consorciada responsabilizandose por sua respectiva participação nos custos e despesas determinados e alocados de acordo com os termos e condições do presente Contrato, incorridos com as referidas construção e propriedade, assim como com a produção da alumina e do alumínio (fls. ...)”; O objeto do Consórcio Alumar é, após a construção das instalações necessárias para a operação, "(...) processar bauxita, transformandoa em alumina' no Empreendimento de Refino de Alumina e alumina em alumínio no Empreendimento de Redução de Alumínio, utilizandose de instalações construídas e/ou possuídas pelas Consorciadas ou em seu nome (...)". Apesar de o contrato discriminar dois empreendimentos, quais sejam, "Empreendimento de Refino de Alumina" e "Empreendimento de Redução de Alumina", é certo que tais atividades estão relacionadas, o que justifica a sua realização por meio de um consórcio único. Esta distinção não retira o caráter de determinação do empreendimento objeto do Consórcio Alumar, enquadrandoo nos termos do art. 278 da Lei nº 6.404/76. Outrossim, quanto à duração do empreendimento, o próprio contrato constitutivo prevê que o prazo de duração do consórcio vai até 2050, podendo ser prorrogado por mais um ano. O art. 279, inciso III, da Lei nº 6.404/76 apenas exige que seja prevista a duração do consórcio. Este requisito foi preenchido, conforme se verifica no próprio contrato Fl. 255DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 10 de constituição do Consórcio e o fato de ser prorrogável não tem o condão de descaracterizar o fato de que foi constituído pro prazo determinado, uma vez que, findo o prazo inicial, não há a certeza de sua continuidade. Em caso semelhante, inclusive tratando de processo da Recorrente, neste sentido já reconheceu este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais no julgamento proferido no Acórdão nº 3403001.545, pela 3ª Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 CONSÓRCIO DE EMPRESAS. REQUISITOS. EMPREENDIMENTO DETERMINADO. CARACTERIZAÇÃO. PRAZO. Empreendimento, identificado no ato constitutivo de consórcio operacional como a construção do parque industrial, o refino de bauxita e a redução de alumina para a obtenção do alumínio, tem grau de determinação suficiente para fim de respaldar a constituição de um consórcio de sociedades nos termos da legislação comercial. Não há falar em perpetuação de empreendimento que tem prazo determinado em 50 (cinqüenta) anos, ainda que renovável. Recurso Voluntário Provido Vale trazer à baila trecho do referido Acórdão, de relatoria da Conselheira Liduína Maria Alves Macambira, uma vez que coaduno do entendimento nele esposado: O empreendimento, identificado no ato constitutivo de consórcio operacional como a construção do parque industrial, o refino de bauxita e a redução de alumina para a obtenção do alumínio, tem grau de determinação suficiente para fim de respaldar a constituição de um consórcio de sociedades nos termos da legislação comercial. Se a lei não limita, não vejo como descaracterizar mencionado consórcio, sob os fundamentos apontados na decisão recorrida. Ora, se a fiscalização concluiu ser o Consórcio Alumar uma sociedade de fato, deveria lhe ter exigido os tributos devidos mediante constituição do lançamento já que o mesmo passaria a sujeitarse as obrigações tributárias próprias das sociedades com personalidade jurídica. Lembrando as lições do Mestre Pontes de Miranda, trazidas à baila pelo conselheiro Alexandre Kern: primeiro, a empresa consorciada pode ser pessoa jurídica ou pessoa física, no caso específico a recorrente é uma pessoa jurídica; segundo, o que é essencial é que haja mesmidade ou conexidade de atividade das empresas, vêse que há conexidade nas atividades desenvolvidas pelas consorciadas; terceiro, o laço consórtil não retirou a independência das empresas que se consorciaram. Com efeito, depreendese dos documentos acostados aos autos que as empresas consorciadas utilizam de seus ativos que possuem em consórcio para a produção da alumina e do alumínio. A produção no período dos créditos solicitados deuse dentro do complexo Alumar.Cabendolhe ao final da produção, a retirada de cada uma consorciada na proporção que lhe cabe segundo estabelecido no contrato. Ademais, os custos da produção são arcadas pelas consorciadas no processo produtivo Fl. 256DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/200795 Acórdão n.º 3401002.946 S3C4T1 Fl. 252 11 e elas obtêm receitas em nome próprio, realizando inclusive exportações. Ora, não possuindo o Consórcio Alumar personalidade jurídica não é sujeito de direitos para efeitos fiscais, a mesma não apura receitas, despesas ou créditos. Portanto, não tem legitimidade para pleitear eventual crédito. Ao contrário, sendo as aquisições de matéria primas, produtos intermediários e materiais de embalagem realizadas pelas empresas consorciadas, ensejam lhes sim o direito a apuração de créditos em conformidade com o disciplinado em lei. Assim sendo, a recorrente tem legitimidade para compor a relação jurídicotributária para pleitear eventual crédito presumido de IPI. A argüição de que não pode a recorrente utilizase do benefício fiscal por não preencher os requisitos na Lei nº 9.363, de 1996, no caso específico de ser empresa produtora e exportadora, não coaduno com esse entendimento. No caso em estudo, são as empresas consorciadas que produzem, no entanto, tal produção ocorre no complexo da Alumar. As aquisições de MP. PI e ME foram efetuadas pela empresa Billiton no mercado interno como atestou a fiscalização, sendo o custo apurado por critério de rateio, com exceção das aquisições de combustíveis cujas notas fiscais de aquisição estão em nome do Consórcio Alumar (fls.608/609). Quanto às exportações realizadas pela Billiton, notas fiscais relacionadas à fl. 501, estas foram também reconhecidas pela fiscalização (fls. 608/609). Assim, a recorrente atende os requisitos exigidos na Lei nº 9.363, de 1993, por ser produtora e exportadora. Quanto à questão da regularidade fiscal, também levantada, como impedimento para a concessão do benefício, na hipótese de consórcio regularmente constituído são as consorciadas que devem comprovar a quitação de tributos ou contribuições federais (art. 60 da Lei 9.069/95). Não consta dos autos qualquer menção à existência débitos fiscais, em aberto, em nome da recorrente, no caso concreto a Billiton, que impedisse o reconhecimento do direto ao crédito presumido tratado nestes autos. Destarte, não há como considerar que o Consórcio Alumar é uma sociedade de fato, motivo pelo qual a Recorrente pode utilizar os créditos presumidos de IPI pleiteados no presente processo. Por fim, também cai por terra a alegação de que a Recorrente não poderia utilizar tais créditos em razão de não se enquadrar como empresa produtora, por realizar apenas atividade de exportação, conforme dispõe o art. 1º da Lei nº 9.363/93, in verbis: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos Fl. 257DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 12 intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Isto porque a atividade de produção é realizada por meio do Consórcio Alumar, o qual, como exposto acima, não é sociedade de fato. A própria Recorrente arca diretamente com parte dos custos e detém parcela dos ativos empregados no referido consórcio, o que demonstra que exerce atividade de produção. A Lei nº 9.363/93, ao dispor que o benefício seja concedido apenas a empresas produtoras e exportadoras não veda que a produção seja realizada por meio de consórcio. Entender de forma contrária, exigindo que a atividade produtiva seja realizada de determinada forma, sem previsão legal, seria imiscuir indevidamente no princípio da livre iniciativa econômica, insculpida no art. 170 da Constituição Federal. Pelo exposto, dou provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito creditório da Recorrente, na proporção de sua participação no Consórcio Alumar. Bernardo Leite de Queiroz Lima Relator Voto Vencedor Conselheiro Robson José Bayerl, Redator designado Em que pese concordar com o eminente Conselheiro Relator quanto ao direito de crédito à BHP BILLITON METAIS S/A, no que tange à sua caracterização como empresa produtora e exportadora, ante a condição do Consórcio ALUMAR, para os efeitos da Lei nº 9.363/96, abro, porém, divergência em relação à pretensa nulidade da decisão recorrida, bem assim, o próprio direito à forma de utilização do crédito adotada pelo recorrente. Concernente à nulidade, tenhona como inocorrente por não vislumbrar o equívoco apontado pelo voto vencido, eis que a compensação, a meu sentir, necessaraimente exige a apresentação do crédito correspondente, haja vista que nada mais é que um encontro de contas, onde duas pessoas são, ao mesmo tempo, credora e devedora uma da outra (art. 368 do Código Civil – Lei nº 10.406/2002). Neste diapasão, ainda que se trate de instituto de direito, a compensação guarda estreita pertinência com a Ciência Contábil, onde, pelo método das partidas dobradas, exigese que para cada lançamento a débito corresponda um lançamento a crédito de igual valor. Então, a compensação tributária, nesta mesma linha, impõe que, para o débito compensado, necessariamente exista um crédito correspondente, que é formalizado através de um pedido de ressarcimento ou de restituição de um direito creditório qualquer, cuja titularidade pertença ao contribuinte que promove o encontro de contas. A declaração de compensação não pode ser tomado exclusivamente sob o ângulo do débito compensado, mas também do crédito indicado no documento, que deve observar as regras atinentes aos pedidos de ressarcimento e de restituição. Fl. 258DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/200795 Acórdão n.º 3401002.946 S3C4T1 Fl. 253 13 Em suma, a declaração intitulada PER/DCOMP abrange tanto o direito de crédito do contribuinte como o débito perante a Fazenda Pública, de maneira tal que as exigências relativas ao pedido de ressarcimento e de restituição são aplicáveis à hipótese. A partir deste raciocínio, há expressa vedação ao emprego, na compensação, de créditos de IPI da Lei nº 9.363/96, apurados centralizadamente na matriz (art. 15, II da Lei nº 9.779/99) e transferidos ao estabelecimento filial, como ocorreu no caso vertente, ex vi do art. 16, §§ 1º e 4º, I da IN SRF 600/05: Art. 16. Os créditos do IPI, escriturados na forma da legislação específica, serão utilizados pelo estabelecimento que os escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados. § 1º Os créditos do IPI que, ao final de um período de apuração, remanescerem da dedução de que trata o caput poderão ser mantidos na escrita fiscal do estabelecimento, para posterior dedução de débitos do IPI relativos a períodos subseqüentes de apuração, ou serem transferidos a outro estabelecimento da pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, caso se refiram a: I créditos presumidos do IPI, como ressarcimento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstos na Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, e na Lei nº 10.276, de 10 de setembro de 2001; II créditos decorrentes de estímulos fiscais na área do IPI a que se refere o art. 1º da Portaria MF nº 134, de 18 de fevereiro de 1992; e III créditos do IPI passíveis de transferência a filial atacadista nos termos do item "6" da Instrução Normativa SRF nº 87/89, de 21 de agosto de 1989. § 2º Remanescendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento após efetuadas as deduções de que tratam o caput e o § 1º, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica poderá requerer à SRF o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou, bem como utilizálos na compensação de débitos próprios relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF. § 3º O pedido de ressarcimento e a compensação previstos no § 2º serão efetuados pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica mediante a utilização do Programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante petição/declaração (papel) acompanhada de documentação comprobatória do direito creditório. § 4º Somente são passíveis de ressarcimento: Fl. 259DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 14 I os créditos presumidos do IPI a que se refere o inciso I do § 1º, escriturados no trimestrecalendário, excluídos os valores recebidos por transferência da matriz; e” (destacado) Pela leitura do dispositivo, o estabelecimento matriz, que apura o crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, possui três opções mutuamente excludentes para sua utilização, quais sejam: i) manutenção na escrita fiscal para abatimento do IPI devido em cada período de apuração subsequente; ii) transferência para outros estabelecimentos da pessoa jurídica, apenas para absorção do IPI devido; e, iii) o ressarcimento, em espécie ou sob forma de compensação, do saldo credor remanescente ao final de cada trimestrecalendário. Assim, uma vez escolhida a predita transferência para o estabelecimento filial, que é a hipótese que interessa ao caso vertente, a sua utilização se restringe ao abatimento do IPI devido em cada período de apuração ulterior, não podendo ser objeto de nova transferência, seja para a matriz ou outra filial, ou mesmo de pedido de ressarcimento, em espécie ou para compensação. Cumpre acentuar que aludida transferência de crédito entre a matriz e a filial é fato inconteste, como esclareceu o julgado a quo, ao referirse ao Demonstrativo de Crédito Presumido – DCP (fls. 146/148) Correta, portanto, a decisão sob vergasta, que não merece qualquer reparo. Quanto à aventada ilegalidade do ato normativo em comento, IN SRF 600/05, também não a detecto, haja vista que o art. 74, § 14 da Lei nº 9.430/96 remete expressamente à Secretaria da Receita Federal do Brasil a atribuição de disciplinar a matéria (restituição, ressarcimento e compensação). Com estas considerações, voto por negar provimento ao recurso voluntário interposto. Robson José Bayerl Declaração de voto Rogamos por vênia ao ilustre relator Conselheiro Bernardo Leite de Queiroz Lima, e ao Conselheiro Robson José Bayerl, redator designado, para expressar nossa divergência quanto ao seu voto, e registrar, resumidamente, o debate ocorrido nesta sessão. Preliminarmente parecenos necessário recordar que as regras isentivas e as de concessão ou reconhecimento de benefícios fiscais devem ser interpretadas restritivamente, nos termos do art. 111 do CTN . Qualquer benefício que excepcione o dever de cumprir obrigação tributária deve ser interpretado restritivamente. Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Fl. 260DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/200795 Acórdão n.º 3401002.946 S3C4T1 Fl. 254 15 O pleito da contribuinte para obter compensação não encontra guarida na legislação que rege o crédito presumido do IPI (art. 1º da Lei n. 9.363/1996), por que a obtenção do crédito presumido em tela exige que o beneficiário seja empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais, o que se constata que não é o caso da recorrente, pois ela própria não produz o que comercializa, mas, sim, o empreendimento da qual ela participa com outras empresas. Respeitosamente com relação aos importantes doutrinadores citados pela recorrente e com relação à interpretação que deles ela apresenta, após apreciar o seus argumentos e os dos julgadores de primeiro piso, concluímos que o denominado Consórcio Alumar não atende o que prescrevem os artigos 278 e 279 da Lei n.º 6.404, de 1976. Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou não, podem constituir consórcio para executar determinado empreendimento, observado o disposto neste Capítulo. § I o O consórcio hão tem personalidade jurídica e as consorciadas somente se obrigam nas condições previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas obrigações, sem presunção de solidariedade. § 2o A falência de uma consorciada não se estende às demais, subsistindo o consórcio com as outras contratantes; os créditos que porventura tiver a falida serão apurados e pagos na forma prevista no contrato de consórcio. Art. 279. O consórcio será constituído mediante contrato aprovado pelo órgão da sociedade competente para autorizar a alienação de bens do ativo permanente, do qual constarão: (Redação vigente à época da constituição do Consórcio Alumar, nota da redatora) I a designação do consórcio se houver; II o empreendimento que constitua o objeto do consórcio; III a duração, endereço e foro; IV a definição das obrigações e responsabilidade de cada sociedade consorciada, e das prestações específicas; V normas sobre recebimento de receitas epartilha de resultados; VI normas sobre administração do consórcio, contabilização, representação das sociedades consorciadas e taxa de administração, se houver; VIIforma de deliberação sobre assuntos de interesse comum, com o número de votos que cabe a cada consorciado; VIII contribuição de cada consorciado para as despesas comuns, se houver. Parágrafo único. O contrato de consórcio e suas alterações serão arquivados no registro do comércio do lugar da sua sede, devendo a certidão do arquivamento ser publicada. Fl. 261DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 16 Conforme esse texto, o consórcio é constituído pelas pessoas jurídicas para "executar determinado empreendimento", e isso não quer significar a constituição de um empreendimento determinado. O sentido que se depreende da expressão executar determinado empreendimento é, s.m.j., que os consorciados se reúnem para implementar e efetivar um ou mais projetos específicos. Caso contrário, seria confundir o "determinado empreendimento" com o "objeto social do empreendimento", tornando imprecisa a distância conceitual entre o consórcio e a sociedade empresarial, conforme proposto pela Lei das SA. A recorrente contra argumenta: 50. Não há onde se encontrar a alegada indeterminação do contrato ou negócio jurídico desenvolvido, eis que o Consórcio Alumar é um consórcio operacional constituído para execução de um empreendimento determinado consistente na prática de negócios jurídicos relacionados com a exploração de uma atividade industrial de transformação de recursos minerais. Entretanto, ao contrário do que pretende demonstrar a recorrente, fica patente que não se trata de executar um determinado empreendimento com escopo limitado, contido , mas, sim, em uma associação com escopo em aberto e com ânimus característico de uma sociedade empresarial. Pertinente, portanto, a análise dos julgadores a quo a este respeito, quando argumentam: Logo se verifica, pelo contrato social, que coube ao Consórcio construir as instalações físicas e se dedicar aos empreendimentos de Refino de Bauxita (alumina) e Redução de Alumina (alumínio) e que essas instalações, para atender aos acréscimos nos empreendimentos de refino e redução, estão sujeitas a constantes alterações que não faziam parte da planta original. (...) A formulação do contrato e sua execução, hoje já consolidada, mostram a inadequação de forma utilizada pelas consorciadas em face dos arts. 278 e 279 da Lei n° 6.404, de 1976, mais precisamente do caput do art. 278 e do inc III do art. 279. Vejase que o empreendimento, além de complexo, isto é, compreendido de várias etapas e execuções diversas, se expande sem quantificação definida, ou seja, o desejafdas consorciadas é o incremento constante da produção e o prazo de validade se estende indefinidamente no tempo. Muito embora a forma adotada pela Billiton, Alcoa, Alcan e Abalco seja a de um consórcio, o empreendimento e seu prazo de realização extrapolam o conceito legal de tal associação. Não pode o consórcio ter ânimo definitivo ou se expandir além de limites originalmente definidos, seja no tempo ou na quantificação e qualificação do empreendimento. A configuração do Consórcio Alumar o faz coníundirse com uma empresa comum, cujos objetivos precípuos, entre outros, são a continuidade (existência da empresa indefinidamente no tempo) e a geração de lucro, por meio da execução e expansão de sua Fl. 262DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10768.720057/200795 Acórdão n.º 3401002.946 S3C4T1 Fl. 255 17 atividade. E o que faz o chamado Consórcio Alumar, quando vai além do que a legislação admite como consórcio. Além disso, caso fosse possível superar essa limitação, ainda assim, o pedido não poderia ser atendido, pois ele pretende aplicar em compensação o crédito presumido recebido pela filial em transferência da matriz, o que está proibido pela legislação que disciplina a matéria (§§ 1º e 3º do art. 14 da IN SRF n. 210/2002; § 1º e inciso I do § 4º do art. 16 da IN SRF n. 600/2005). A partir da leitura do RAIPI, do Demonstrativo de Crédito Presumido (ficha Transferência de Crédito Presumido) juntados aos autos se conclui que os créditos em discussão foram transferidos para a filial CNPJ n. 42.105.890/000901. E em seu recurso, a contribuinte não demonstra o contrário, se limitando a afirmar que as normas reconhecem o seu direito a obter ressarcimento ou compensação nos termos por ela requerido. Por essas razões, entendemos que não se pode dar provimento ao recurso voluntário. Conselheiro Júlio César Alves Ramos Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. Fl. 263DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 11/05/2015 por ROBSON JOSE B AYERL, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/05/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
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