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Numero do processo: 10494.001469/2005-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.772
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Ausente o Conselheiro Pedro Sousa Bispo, sendo substituído pela Conselheira Larissa Nunes Girard (suplente convocada).
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Ausente o Conselheiro Pedro Sousa Bispo, sendo substituído pela Conselheira Larissa Nunes Girard (suplente convocada). Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado para a exigência dos tributos e penalidades decorrentes de irregularidades identificadas no Regime Aduaneiro Especial de Entreposto RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 94 .0 01 46 9/ 20 05 -2 8 Fl. 9661DF CARF MF Processo nº 10494.001469/200528 Resolução nº 3402001.772 S3C4T2 Fl. 9.662 2 Industrial sob Controle Informatizado RECOF. As irregularidades foram assim sintetizadas no Auto de Infração: "a) Falta de Mercadoria I) Ajuste negativo II) Saldo do Inventário inferior ao saldo documental b) Mercadorias Excedentes I) Ajuste Positivo II) Saldo de Inventário superior ao saldo documental III) Consumo de itens não RECOF maior que saldo disponível IV) Data de saída anterior a data de entrada c) Pagamento Intempestivo I) DI da Saida posterior ao mês subseqüente de consumo d) Falta de Pagamento I) Excedente de consumo RECOF em relação à Saida" (efls. 148/149) Inconformada, a empresa apresentou Impugnação Administrativa, com pedido de realização de perícia, autorizada na Delegacia de Julgamento de Florianópolis com a conversão do julgamento do processo em diligência (efl. 7.878/7.884). Considerando parte das informações indicadas na perícia realizada (relatório da efls. 7.910/7.937), a fiscalização elaborou novo Memorial Descritivo (efls. 8.821/8.858), com a retificação do valor autuado após ajustes no cálculo dos tributos e multas. Elaborou, ainda, relatório de diligência fiscal (efls. 8.832/8.858), identificando o novo valor autuado na planilha da efl. 8.857. As questões que não foram recepcionadas quanto à perícia foram especificadas no relatório da diligência: "1) Não recepcionamos a proposta do Sr. Perito de ampliar o período de compensação das Divergências de Saldos FísicoDocumentais para dois meses anteriores e dois meses posteriores ao mês de verificação, por total incompatibilidade com o critério adotado, que prevê a possibilidade de desencontro entre os registros e as efetivas movimentações, o que só é razoável, se considerarmos períodos curtos de no máximo alguns dias. Esta proposta foi também citada na impugnação, no item 4.1.2.3 (fls. 4.897 a 4.898). 2) Não recepcionamos, da mesma forma, proposta do :Sr. Perito no sentido de efetuar compensações indiscriminadas entre ajustes positivos e negativos registrados em um mesmo mês e, inclusive, em meses anteriores e posteriores. Entendemos que os ajustes representam atos deliberados da empresa de registrar faltas e excessos verificados fisicamente em um determinado momento, constituindose, portanto, em atos que declaram uma situação fática. Ressalvados todos os casos perfeitamente identificados passiveis, de serem desconsiderados, por não representarem, de fato, faltas ou excessos, não cabe outro tipo de compensação em relação a estes registros. 3) Os equívocos aritméticos observados pela Impugnação, mas, propositadamente, não individualizados pela Perícia, são procedentes, exceto em relação aos valores referentes ao mês de março de 2001, e são todos decorrentes de erros operacionais na transposição de fórmulas ou de dados entre células das diversas planilhas utilizadas. Tais equívocos, seguindo a mesma linha adotada pelo Sr.Perito, não serão corrigidos individualmente, por terem sido absorvidos no procedimento de replanilhamento e recálculo." (efls. 8.853/8.854) Fl. 9662DF CARF MF Processo nº 10494.001469/200528 Resolução nº 3402001.772 S3C4T2 Fl. 9.663 3 Após a apresentação de aditamento à Impugnação pela empresa autuada, a DRJ entendeu por dar parcial provimento à defesa apresentada por meio do Acórdão n.º 0711.34, para considerar os valores da planilha elaborada pela fiscalização na diligência fiscal. O acórdão foi ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/2000 a 01/03/2002 RECOF. DECADÊNCIA. A contagem da decadência, na forma do art. 150, § 4, do CTN, ou seja, a partir do registro da DI é própria para os casos em que haja pagamento, ainda que parcial, dos tributos devidos, no momento do registro. 0 Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado RECOF permite importar, com suspensão do pagamento de tributos, mercadorias a serem submetidas à operação de industrialização, de produtos destinados A. exportação, portanto, o termo inicial da contagem da decadência do crédito tributário é o primeiro dia do exercício seguinte a data do registro da Declaração de Admissão ao RECOF e o final cinco anos após, conforme art. 173, I do CTN. TAXA SELIC. JULGAMENTO DA LEGALIDADE E/OU INCONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. Aos julgadores administrativos não foi dada a competência para o afastamento da aplicação de normas vigentes pelos motivos de ilegalidade e/ou inconstitucionalidade, salvo nos casos em que ela já tenha sido declarada inconstitucional, em caráter definitivo, pelo Supremo Tribunal Federal. ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 01/01/2000 a 01/03/2002 RECOF. APURAÇÃO DE ESTOQUES E PAGAMENTO DE TRIBUTOS O sistema de controle informatizado do RECOF deverá incluir demonstrativo de apuração mensal das mercadorias importadas e respectivas destinações e, também, da situação tributária das mercadorias nesse regime admitidas. Como há limites de admissão ao regime RECOF o controle deve ser feito de forma discriminatória de outras entradas e saídas de mercadorias estrangeiras, quer adquiridas no mercado interno, quer importadas pela própria beneficiária. Assim, divergências mensais apuradas entre esse controle e demais registros que contenham informações de estoque de mercadorias e pagamento de impostos são provas de excesso, ou falta de mercadorias e falta de pagamento de tributos do comércio exterior, relativamente ao regime RECOF, haja vista que só podem ser consideradas como abrangidas por esse regime as mercadorias, correta e tempestivamente, registradas como entradas e saídas dele e cujos tributos estejam apurados e/ou pagos, conforme for o caso. Lançamento Procedente em Parte" (efls. 9.465/9.466) Intimada desta decisão em 14/07/2008 (efl. 9.522), a empresa apresentou Recurso Voluntário em 12/08/2008 (efls. 9.526/9.624) alegando, em síntese: (i) a necessidade de nova diligência fiscal para sanar equívocos do cálculo dos valores apontados como devidos em razão do equívoco na transposição dos saldos finais do livro registro de inventário e o equívoco na transposição dos saldos de entrada posteriores às saídas; (ii) a decadência dos impostos lançados e das respectivas penalidades relativamente aos fatos geradores de 2000; Fl. 9663DF CARF MF Processo nº 10494.001469/200528 Resolução nº 3402001.772 S3C4T2 Fl. 9.664 4 (iii) no mérito, sustenta inconsistências no método adotado pela fiscalização para a apuração dos estoques, que o lançamento se baseou em presunções, a inaplicabilidade das penalidades autuadas e a inaplicabilidade da taxa SELIC. Em seguida, os autos foram direcionados a este Conselho para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne. Os Recursos devem ser conhecidos, vez que o Recurso de Ofício ultrapassa o valor de alçada da Portaria n.º 63/2017 e o Recurso Voluntário foi tempestivamente interposto. Contudo, o processo não se encontra suficientemente instruído para julgamento. Como se depreende dos presentes autos, a discussão que logrou êxito na r. decisão a quo se refere exclusivamente aos erros de cálculo que foram cometidos pela fiscalização quando da elaboração da autuação. A decisão recorrida se baseou na diligência fiscal realizada naquela instância de julgamento e no novo Memorial Descritivo elaborado com fulcro na perícia realizada (efls. 8.821/8.858). Contudo, em sua defesa, a Recorrente aponta que ainda remanesceriam erros de cálculo, em razão dos equívocos na transposição dos saldos finais do livro registro de inventário e na transposição dos saldos de entrada posteriores às saídas. Nas palavras da defesa: · Item 4.2 do Recurso Voluntário. "EQUÍVOCO NA TRANSPOSIÇÃO DOS SALDOS FINAIS DO LIVRO REGISTRO DE INVENTÁRIO: TRANSPOSIÇÃO DE QUANTIDADES DA PLANILHA Dl PARA A PLANILHA D5" "De fato, a planilha D1 (fls. 8.161 a 8.163), utilizada pela Fiscalização, apresenta, pelos períodos indicados, em uma coluna o Part Number (PN) (tendo como cabeçalho, no topo da coluna, a indicação do período a que se refere), a indicação da quantidade correta (cabeçalho Campo 2) e a quantidade que estava consignada no Livro Registro de Inventário (LRI — Campo 3). Tudo idêntico ao apresentado pela Perícia. Ocorre que, por ocasião da transposição dos valores relativos a essas quantidades à Planilha D5, que efetua a movimentação dos estoques a fim de aferir os excessos e faltas de mercadorias, foram selecionadas as informações do Campo 3 (LRI — informações incorretas) ao invés das informações corretas (Campo 2 — Correto). (...) Em razão da análise procedida, verificouse que a totalidade dos PNs que apresentaram distorções de quantidades no Livro Registro de Inventário, apresentados na planilha D1 (fls. 8.1618.163), e que teriam sido supostamente corrigidos em conformidade com o que dispõe o memorial descritivo e a diligência, nos valores constantes da referida planilha, ainda permaneceram, equivocadamente, para efeito de cálculo das divergências fisico documentais, com os valores das quantidades distorcidas pelo efeito do conversor de milhar, conforme muito bem explicado pela Perícia." (efls. 9.557 e 9.559 grifei) · Item 4.3 do Recurso Voluntário. "EQUÍVOCO NA TRANSPOSIÇÃO DOS SALDOS DE ENTRADAS POSTERIORES ÀS SAÍDAS: TRANSPOSIÇÃO DE QUANTIDADES Fl. 9664DF CARF MF Processo nº 10494.001469/200528 Resolução nº 3402001.772 S3C4T2 Fl. 9.665 5 DO ANEXO IV DO TRABALHO DE PERÍCIA (RELATÓRIO DE ENTRADA POSTERIOR À SAÍDA) PARA A PLANILHA D5." "Entretanto, por alguma razão, na montagem da Planilha D5, houve erro na transposição dos dados de alguns PNs, de modo que os valores indicados pela Perícia como Entradas Posteriores A Saida fossem alocados a um PN imediatamente anterior na ordem de PNs da referida planilha. Por exemplo, o PN 350WY apresentou a quantidade de 1.805 e 1.062 unidades, respectivamente para os períodos dez00 e jan01 (dezembro de 2000 e janeiro de 2001) como a quantidade de Entradas Posteriores As Saídas, em conformidade com o que consta do Anexo IV do Relatório de Perícia, constante do CD anexo ao relatório de Perícia, identificado pela Fiscalização por "DELL/PERÍCIA 04/06" (fl. 9.384, cópia da referida planilha constante do Anexo IV do Relatório de Perícia, no que de interesse). Tal Anexo, como se viu, foi aceito pela Fiscalização para a elaboração do trabalho demonstrado na Planilha D5. Ocorre que na Planilha D5 não há qualquer menção às quantidades de Entradas Posteriores As Saídas identificadas pela Perícia, para esse PN 350WY, nos períodos em questão (fl. 8.392 e fl. 8.411). Entretanto, se se observar atentamente, verificarseá que os valores identificados com Entradas Posteriores as Saídas pela Perícia, para o PN 350WY de 1.805 e 1.062 unidades, foram alocados equivocadamente para o PN 34RUV, nos períodos em questão. Aparentemente, tratase de mero erro na transposição das informações entre as planilhas." (efl. 9.561/9.562 grifei) Não obstante esses supostos equívocos tenham sido apontados na Impugnação apresentada pela empresa em face dos novos cálculos fiscais, eles não foram oficialmente confirmados ou negados pela fiscalização. Consta do Recurso Voluntário a informação que eles teriam sido supostamente confirmados de forma informal pela fiscalização. Além disso, afirma o Recorrente que alguns ajustes que teriam sido aceitos pela fiscalização, com base na perícia, não teriam sido efetivamente implementada em seu cálculo sem justificativa. É o que consta do item 6.2.2 do Recurso Voluntário (QUANTIDADES DE AJUSTES QUE FORAM EXPLICADAS PELA PERÍCIA E DESCONSIDERADAS PELA FISCALIZAÇÃO): "A Perícia identificou que diversos ajustes efetuados apresentavam justificativas cabais para serem realizados, e os denominou genericamente de rework. A Fiscalização aceitou tais alegações, afirmando, em seu Relatório de Diligência: No item 1.2.9 (fls. 7.896 a 7.897), o Sr. Perito traz aos autos uma novidade em relação aos ajustes de estoque. Tratase das operações denominadas "REWORK", ou seja, de itens que são retrabalhados nas dependências da empresa. Determinados itens importados sofrem retrabalho manual, para que sua forma fisica seja alterada. Assim muitos ajustes positivos seriam decorrentes da entrada no estoque de itens produzidos por este processo, e conseqüentemente, ajustes negativos são registrados pela baixa dos insumos necessários à produção destes novos itens. Outros ajustes decorrem simplesmente do estorno de registros de retrabalho. Novamente, embora esta seja uma forma de ajustes que não representa nem faltas nem excessos de mercadorias, tal fato não havia sido cogitado pelo importador durante todo o procedimento fiscal, nem mesmo na Impugnação. No entanto, desde que perfeitamente identificados, todos os registros decorrentes deste tipo de operação, devem ser excluídos para efeito do cômputo final das faltas e dos excessos decorrentes de ajustes. Em resposta ao Termo de Intimação 031/2006 (fls. 7.911 a 7.912), o importador apresentou os documentos comprobatórios de ajustes decorrentes de Fl. 9665DF CARF MF Processo nº 10494.001469/200528 Resolução nº 3402001.772 S3C4T2 Fl. 9.666 6 retrabalho (fls. 7.918 a 8.035), bem como de estorno de registros equivocados para retrabalho (fls. 8.036 a 8.042), os quais foram considerados no replanilhamento dos dados. (grifamos – f1.8.816) Entretanto, nem todos os itens identificados pela Perícia foram devidamente analisados pela Fiscalização, a fim de excluir aqueles ajustes que comprovadamente tivessem justificativa plausível para a sua existência. Dito de outro modo, a Fiscalização não contemplou, com o intuito de expurgar do cálculo do valor proposto dos Autos de Infração, todos os ajustes com justificativas documentais para a sua realização. (...) De fato, a metodologia adotada pela Fiscalização, nesse particular, em tese é aceita pela Recorrente. Ocorre que, em sua implementação, não houve a inclusão da totalidade dos itens na planilha, o que veio a ser solicitado na Nova Impugnação, inclusive com a juntada de novos documentos. Repisandose o que já mencionado na Nova Impugnação, é operacionalmente comum, apesar de eventuais, reversões e modificações relacionadas à revisão dos PNs, tais corno, ex.; estorno de NF (nota fiscal de saída) e OP (ordem de produção) devido ao cancelamento da ordem de venda e transferência entre itens nos casos de revisão de part numbers." (efls.9.580/9.581 grifei) Neste item, segundo informa o Recorrente, os ajustes decorreriam de devoluções de vendas ocorridas no mercado externo, sustentando que foram anexados documentos que respaldariam tais alegações. Contudo, no relatório da diligência não constam informações precisas quanto a esse ponto, apenas indicando a fiscalização que não foram considerados os ajustes que não foram perfeitamente identificados: "Não recepcionamos, da mesma forma, proposta do :Sr. Perito no sentido de efetuar compensações indiscriminadas entre ajustes positivos e negativos registrados em um mesmo mês e, inclusive, em meses anteriores e posteriores. Entendemos que os ajustes representam atos deliberados da empresa de registrar faltas e excessos verificados fisicamente em um determinado momento, constituindose, portanto, em atos que declaram uma situação fática. Ressalvados todos os casos perfeitamente identificados passiveis, de serem desconsiderados, por não representarem, de fato, faltas ou excessos, não cabe outro tipo de compensação em relação a estes registros." (efl. 8.854) Importante, portanto, que a fiscalização enfrente as alegações fáticas trazidas nesse tópico do Recurso Voluntário, esclarecendo as razões pelas quais os ajustes quanto às notas fiscais de devolução não teriam sido considerados, enfrentando a documentação mencionada pela Recorrente em sua defesa. Portanto, para garantir o substrato material para a análise dos equívocos apontados pelo sujeito passivo no Recurso Voluntário, importante que a autoridade fiscal de origem se manifeste conclusivamente sobre as alegações do sujeito passivo trazidas em seu Recurso Voluntário quanto aos: · equívocos na transposição dos saldos finais do livro registro de inventário (item 4.2 do Recurso Voluntário efls. 9.554/9.559) e na transposição dos saldos de entrada posteriores às saídas (item 4.3 do Recurso Voluntário efls. 9.559/9.562), e Fl. 9666DF CARF MF Processo nº 10494.001469/200528 Resolução nº 3402001.772 S3C4T2 Fl. 9.667 7 · ajustes que teriam sido desconsiderados pela fiscalização, identificados na perícia e comprovados por documentos (item 6.2.2 do Recurso Voluntário e fls. 9.579/9.582). Elaborar informação fiscal fundamentando as conclusões alcançadas, indicando se os equívocos apontados efetivamente ocorreram e a razão pela qual os ajustes apontados pela perícia foram desconsiderados, procedendo, se necessário, com os ajustes nos cálculos dos tributos e penalidades devidos. Por fim, observase ainda que o relatório da diligência fiscal faz referência à arquivos não pagináveis, em formato de CD, que estariam anexos aos autos físicos do processo, mas que não foram identificados na análise dos presentes autos digitais. Como indicado pela fiscalização: "DOS ANEXOS Além da inserção de documentos e planilhas, criamos dois ANEXOS que acompanham este processo administrativo, os quais foram apensos à contracapa do Volume I, contendo os seguintes objetos: ANEXO I Um CD apresentado como Anexo do Relatório de Perícia contendo os demonstrativos elaborados pelo Sr. Perito. Uma cópia foi lacrada com o Selo identificado por "DELL/PERÍCIA 04/06" ANEXO II Dois CDs apresentados pelo importador em atendimento aos Termos de Intimação 031/2006 e 035/2006. Uma cópia de cada CD foi lacrada com os Selos identificados por "TIDELL 031/06""e""DELL 035/06." (efl. 8.834 grifei) Em seu relatório o fiscal faz referência a esses arquivos, em especial o arquivo da perícia, sendo que não identifiquei nesses autos os demonstrativos elaborados pelo Perito no qual a fiscalização se baseou. Diante deste quadro, proponho a conversão do presente processo em diligência à luz do art. 29 do Decreto n.º 70.235/721 para que a autoridade fiscal de origem (Inspetoria da Receita Federal do Brasil de Porto Alegre): (i) se manifeste conclusivamente e de forma fundamentada sobre as alegações do sujeito passivo trazidas em seu Recurso Voluntário quanto aos equívocos na transposição dos saldos finais do livro registro de inventário (item 4.2 do Recurso Voluntário efls. 9.554/9.559) e na transposição dos saldos de entrada posteriores às saídas (item 4.3 do Recurso Voluntário efls. 9.559/9.562) e quanto aos ajustes que teriam sido desconsiderados pela fiscalização, identificados na perícia e comprovados por documentos (item 6.2.2 do Recurso Voluntário efls. 9.579/9.582). Elaborar informação fiscal fundamentando as conclusões alcançadas, indicando se os equívocos apontados efetivamente ocorreram e a razão pela qual os ajustes apontados pela perícia foram desconsiderados, procedendo, se necessário, com os ajustes nos cálculos dos tributos e penalidades devidos; 1 "Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias." Fl. 9667DF CARF MF Processo nº 10494.001469/200528 Resolução nº 3402001.772 S3C4T2 Fl. 9.668 8 (ii) anexar aos autos eletrônicos as cópias dos arquivos não pagináveis constantes dos CDs que, como informado na diligência fiscal, "foram apensos à contracapa do Volume I" dos autos físicos (efl. 8.834). Concluída a diligência e antes do retorno do processo a este CARF, intimar a Recorrente do resultado da diligência para, se for de seu interesse, se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias. É como proponho a presente Resolução. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne. Fl. 9668DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.721969/2017-36
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 25 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2001-000.007
Decisão: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2013
IMPOSTO RETIDO NA FONTE. COMPROVAÇÃO DA RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS FORNECIDA PELA FONTE PAGADORA.
Os rendimentos pagos em razão de processo trabalhista judicial que identifique os descontos efetuados pela fonte pagadora e informados na declaração de rendimentos fornecida ao contribuinte fazem prova da retenção e habilita o recebedor a utilizá-los como dedução ou antecipação do imposto.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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decisao_txt : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2013 IMPOSTO RETIDO NA FONTE. COMPROVAÇÃO DA RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS FORNECIDA PELA FONTE PAGADORA. Os rendimentos pagos em razão de processo trabalhista judicial que identifique os descontos efetuados pela fonte pagadora e informados na declaração de rendimentos fornecida ao contribuinte fazem prova da retenção e habilita o recebedor a utilizá-los como dedução ou antecipação do imposto.
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COMPROVAÇÃO DA RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS FORNECIDA PELA FONTE PAGADORA. Os rendimentos pagos em razão de processo trabalhista judicial que identifique os descontos efetuados pela fonte pagadora e informados na declaração de rendimentos fornecida ao contribuinte fazem prova da retenção e habilita o recebedor a utilizálos como dedução ou antecipação do imposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para o cumprimento da decisão de juntada aos autos dos documentos especificados nesta Resolução. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e Jose Ricardo Moreira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 65 .7 21 96 9/ 20 17 -3 6 Fl. 49DF CARF MF Processo nº 11065.721969/201736 Resolução nº 2001000.007 S2C0T1 Fl. 50 2 Relatório Na análise do presente processo constatase que nos termos do relatório da DRJ, fl. 36 dos autos, consta que: Tratase de impugnação apresentada pelo Contribuinte contra a Notificação de Lançamento de folhas 22 a 12, referente ao ano calendário 2013, por meio da qual se cancelou o imposto de renda a restituir declarado, no valor de R$ 11.358,02, e se exigiu do interessado R$ 1.884,78 de Imposto de Renda Pessoa Física (Cód. Darf nº 0211), mais multa e juros de mora, totalizando o crédito tributário de R$ 2.990,00, devido à glosa de compensação de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de folha 23, a autoridade fiscal constatou a compensação indevida de IRRF, no valor de R$ 13.242,80, informando que "no processo trabalhista nº 01013007320075040372 não ocorreu retenção nem o recolhimento do Imposto de Renda, conforme informação da fonte pagadora em DIRF e conforme Despacho proferido em 17/06/2013, constante no Histórico do Processo. Também pela Guia para Depósito Judicial Trabalhista apresentada, expedida em 31/05/2013, não consta informação de Imposto de Renda (item 10)". Consta na fl. 42 dos autos que a ciência ao Contribuinte foi efetuada em 18 de janeiro de 2018, conforme se vê do aviso de recebimento da Empresa Brasileira de Correios. Na fl. 43 consta a existência do Termo de Solicitação de Juntada de Documentos do interessado Senhor Carlos Sirai Alves, datada de 19 de fevereiro de 2018. Na fl. 44 o Termo de Análise de Solicitação de Juntada é despachado no mesmo dia 19/02/2018, com o seguinte teor: Em 19/02/2018 18:50:49 foi registrada a Solicitação de Juntada de Documentos ao processo citado acima. Essa solicitação envolve o(s) documento(s) abaixo relacionado(s): * RECURSO VOLUNTÁRIO Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho Relator Ocorre que nas fls. que seguem não consta o Recurso Voluntário ou qualquer outro documento apresentado pelo Contribuinte, além dos despachos de encaminhamentos de praxe. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 11065.721969/201736 Resolução nº 2001000.007 S2C0T1 Fl. 51 3 No sentido de suprir esta falta e dar suporte ao julgamento neste 1ª Turma Extraordinária da 2ª Seção, em atendimento ao que requer o princípio do direito da ampla defesa e do contraditório, deve o presente julgamento ser convertido em diligência, para a unidade de origem da DRF para as seguintes providências: 1 – Juntada aos autos do Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte; 2 – Juntada do registro de entrega ou protocolo de recebimento do Recurso Voluntário; 3 – Juntada de outros documentos comprobatórios que por ventura tenha o Contribuinte apresentado. Em razão do exposto, voto por converter em diligência o presente julgamento. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 51DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10825.901235/2017-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 03 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.606
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
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IMUNIDADE. ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Recorrente IRMANDADE DA SANTA CASA DE MACATUBA Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. Relatório Tratase de pedido de Restituição de PIS. A DRF em Bauru/SP, mediante Despacho Decisório, indeferiu o pleito sob o fundamento de que o pagamento indicado no PER encontravase totalmente alocado/vinculado a débito declarado da contribuinte. Na manifestação apresentada a contribuinte afirma que a contribuição ao PIS é indevida porque no julgamento do RE nº 636.941/RS houve decisão do STF, com repercussão geral, no sentido de que as “entidades beneficentes de assistência social possuem imunidade tributária em relação à contribuição destinada ao Programa de Integração Social (PIS).” Informa que solicitou a extinção da dívida constante do processo de parcelamento nº 10825.722624/201615 com base na nota explicativa PGFN/CASTF 637/2014. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 25 .9 01 23 5/ 20 17 -2 7 Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10825.901235/201727 Resolução nº 3201001.606 S3C2T1 Fl. 3 2 Esclarece ainda, que em razão dessa decisão retificou a DCTF e solicitou a restituição dos valores pagos. Informa que está anexando Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, Ata e Estatuto Social, solicitando o deferimento do pedido. Após exame da defesa apresentada a DRJ proferiu acórdão, cuja ementa se transcreve, na parte de interesse: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. IMUNIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 636.941/RS. REQUISITOS. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o recurso extraordinário nº 636.941/RS, no rito do art. 543B da revogada Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 antigo Código de Processo Civil, decidiu que são imunes à Contribuição ao PIS/Pasep, inclusive quando incidente sobre a folha de salários, as entidades beneficentes de assistência social, desde que comprovem o atendimento aos requisitos legais, quais sejam, aqueles previstos nos artigos 9º e 14 do CTN, bem como no art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991 (atualmente, art. 29 da Lei nº 12.101, de 2009). Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada da decisão acima a contribuinte apresentou diversos documentos, que informa preencherem os requisitos dos artigos 9º e 14 do CTN. Apresentou Recurso Voluntário alegando, em síntese, que cumpriu todos os requisitos estabelecidos em lei para usufruir da imunidade em comento. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3201001.598, de 29/01/2019, proferido no julgamento do processo 10825.901227/201781, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3201001.598): "O Recurso Voluntário preenche todos os requisitos e merece ser conhecido. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10825.901235/201727 Resolução nº 3201001.606 S3C2T1 Fl. 4 3 Inicialmente verifico que o contribuinte apresentou parte dos documentos exigidos inicialmente pela DRF para demonstrar a imunidade. No entanto, foi indeferido o pleito por “porque o pagamento indicado para dar suporte ao pleito encontravase totalmente alocado/vinculado a débito da contribuinte.” Ainda o Contribuinte demonstrou que houve parcelamento do débito, sendo que a DRJ proferiu voto reconhecendo o parcelamento, porém, indeferindo o pedido por entender que o Contribuinte não tinha apresentado todos os documentos nos termos do art. 9º e 14 do CTN, combinado com o art. 29 da Lei nº 12.101. Contudo, após proferido Acórdão pela DRJ o Contribuinte apresentou os demais documentos necessários para concessão dos benefícios da imunidade, juntamente com o Recurso Voluntário. Nesse sentido, já se manifestou a 1ª Turma da CSRF: Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário:1999, 2000, 2001, 2002 RATEIO DE DESPESAS. DEDUTIBILIDADE. É válida a adoção de método de aferição indireta de rateio de despesas quando o contribuinte não fornece à fiscalização os documentos necessários para ser aferido o cumprimento do critério de rateio convencionado. INGRESSOS DE VALORES RECEBIDOS POR CONSTITUIÇÃO DE USUFRUTO ONEROSO. Os ingressos oriundos da constituição de usufruto oneroso devem ser tributáveis ao longo do período de usufruto .Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário:1999, 2000, 2001, 2002 PROVAS. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRESENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SEM INOVAÇÃO E DENTRO DO PRAZO LEGAL. Da interpretação sistêmica da legislação relativa ao contencioso administrativo tributário, art. 5º, inciso LV da Lei Maior, art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999, que regula o processo administrativo federal, e arts. 15 e 16 do PAF, evidenciase que não há óbice para apresentação de provas em sede de recurso voluntário, desde que sejam documentos probatórios que estejam no contexto da discussão de matéria em litígio, sem trazer inovação, e dentro do prazo temporal de trinta dias a contar da data da ciência da decisão recorrida. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. Descabe falar em alteração de critério jurídico quando a decisão recorrida mantém o enquadramento legal e a interpretação dos fatos adotados pela Fiscalização, mas exonera parcela do crédito tributário por entender que alguns valores deveriam ser reconhecidos em outros períodos de apuração.Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário:1999, 2000, 2001, 2002 DECADÊNCIA. A decadência prevista no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional somente ocorre quando há pagamento antecipado do tributo, conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça ao julgar o Recurso Especial nº 973.733SC, representativo de controvérsia. 16327.001227/200542. Data da Sessão 08/08/2017. Adriana Gomes Rêgo Relatora. André Mendes de Moura Redator Designado. Acórdão 9101 003.003 Verificando que o Contribuinte sempre atendeu o pleito da fiscalização, converto o feito em julgamento para que a DRF , verifique os documentos juntados são hábeis e se em seu entender são preenchidos os requisitos do art. 9º e 14, combinado com o art. 29 da Lei nº 12.101. Verificando que o Contribuinte sempre atendeu o pleito da fiscalização, converto o feito em diligência para que a DRF, verifique os documentos juntados são hábeis e se em seu entender são preenchidos os requisitos do art. 9º e 14, combinado com o art. 29 da Lei nº 12.101. Ainda, podendo intimar o contribuinte que apresente outros documentos que ache necessário." Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10825.901235/201727 Resolução nº 3201001.606 S3C2T1 Fl. 5 4 Importante salientar que, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte também juntou declarações e documentos fiscais que embasam a alegação da imunidade que entende possuir direito. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência do paradigma, também a justificam nos presentes autos. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado converteu o julgamento em diligência para que a DRF verifique se os documentos juntados são hábeis e se, em seu entender, são preenchidos os requisitos do art. 9º e 14, combinado com o art. 29 da Lei nº 12.101, podendo, ainda, intimar o contribuinte a apresentar outros documentos que ache necessários. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 139DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.730233/2010-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. RENDIMENTOS DECORRENTES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR. RESGATE. CARÁTER PREVIDENCIÁRIO. CABIMENTO.
O art. 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88 estipula isenção de imposto de renda à pessoa física portadora de doença grave que receba proventos de aposentadoria ou reforma. O regime da previdência privada é facultativo e se baseia na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, nos termos do art. 202 da Constituição Federal e da exegese da Lei Complementar 109 de 2001. Assim, o capital acumulado em plano de previdência privada representa patrimônio destinado à geração de aposentadoria, possuindo natureza previdenciária
OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS. DEPENDENTE. DIMOB.
Configuram rendimentos omitidos os rendimentos aluguéis recebidos pela dependente, informados em DIMOB, que não foram incluídos na declaração de ajuste anual.
MULTA DE OFÍCIO. EXCLUSÃO. NÃO CABIMENTO.
Nos termos da Súmula CARF nº 73, o erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Para tanto, deve o contribuinte comprovar que efetivamente foi induzido a erro, o que não se verifica no caso concreto.
Numero da decisão: 2402-007.046
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, reconhecendo-se a isenção do Imposto de Renda em relação aos valores recebidos pelo Contribuinte da FAELBA (Fundação Coelba de Previdência Complementar). Vencidos os Conselheiros Luís Henrique Dias Lima e Denny Medeiros da Silveira, que negaram provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gregório Rechmann Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Wilderson Botto (Suplente Convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: GREGORIO RECHMANN JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007 ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. RENDIMENTOS DECORRENTES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR. RESGATE. CARÁTER PREVIDENCIÁRIO. CABIMENTO. O art. 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88 estipula isenção de imposto de renda à pessoa física portadora de doença grave que receba proventos de aposentadoria ou reforma. O regime da previdência privada é facultativo e se baseia na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, nos termos do art. 202 da Constituição Federal e da exegese da Lei Complementar 109 de 2001. Assim, o capital acumulado em plano de previdência privada representa patrimônio destinado à geração de aposentadoria, possuindo natureza previdenciária OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS. DEPENDENTE. DIMOB. Configuram rendimentos omitidos os rendimentos aluguéis recebidos pela dependente, informados em DIMOB, que não foram incluídos na declaração de ajuste anual. MULTA DE OFÍCIO. EXCLUSÃO. NÃO CABIMENTO. Nos termos da Súmula CARF nº 73, o erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Para tanto, deve o contribuinte comprovar que efetivamente foi induzido a erro, o que não se verifica no caso concreto.
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ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. Recorrente ANTONIO CARLOS BRITTO DOS SANTOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. RENDIMENTOS DECORRENTES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR. RESGATE. CARÁTER PREVIDENCIÁRIO. CABIMENTO. O art. 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88 estipula isenção de imposto de renda à pessoa física portadora de doença grave que receba proventos de aposentadoria ou reforma. O regime da previdência privada é facultativo e se baseia na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, nos termos do art. 202 da Constituição Federal e da exegese da Lei Complementar 109 de 2001. Assim, o capital acumulado em plano de previdência privada representa patrimônio destinado à geração de aposentadoria, possuindo natureza previdenciária OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS. DEPENDENTE. DIMOB. Configuram rendimentos omitidos os rendimentos aluguéis recebidos pela dependente, informados em DIMOB, que não foram incluídos na declaração de ajuste anual. MULTA DE OFÍCIO. EXCLUSÃO. NÃO CABIMENTO. Nos termos da Súmula CARF nº 73, o erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Para tanto, deve o contribuinte comprovar que efetivamente foi induzido a erro, o que não se verifica no caso concreto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 73 02 33 /2 01 0- 91 Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10580.730233/201091 Acórdão n.º 2402007.046 S2C4T2 Fl. 182 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, reconhecendose a isenção do Imposto de Renda em relação aos valores recebidos pelo Contribuinte da FAELBA (Fundação Coelba de Previdência Complementar). Vencidos os Conselheiros Luís Henrique Dias Lima e Denny Medeiros da Silveira, que negaram provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Wilderson Botto (Suplente Convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da 1ª Tuma da DRJ/RJ1, consubstanciada no Acórdão nº 1265.477 (fls. 134), que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão de primeira instância: Tratase de Notificação de Lançamento relativa a Imposto de Renda Pessoa Física, lavrada em nome do sujeito passivo em epígrafe (fls 26/31), decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2008, ano calendário de 2007. De acordo com o Relatório de Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de fls 28/29, foi apurada a omissão dos rendimentos recebidos pelo contribuinte da fonte pagadora FAELBA – Fundação Coelba de Previdência Complementar, no valor de R$ 30.000,00. Ainda de acordo com o Relatório Fiscal, foi apurada a omissão dos rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas físicas pelo dependente do contribuinte de CPF nº 074.827.87534, informados à RFB através de Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias – Dimob, no valor de R$ 3.486,51. Após a revisão, foi apurado o imposto suplementar de R$ 9.208,79, acrescido de juros de mora e multa de ofício de 75%. Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10580.730233/201091 Acórdão n.º 2402007.046 S2C4T2 Fl. 183 3 Regularmente cientificado da Notificação por via postal na data de 13/09/2010, conforme documentos de fls 76/77, o interessado apresentou impugnação administrativa ao lançamento fiscal na data de 08/10/2010 (fls 02/08), alegando, em síntese, que: incorreu em equívoco ao informar os rendimentos recebidos no valor de R$ 133.738,00 em sua Dirpf, terminando por declarar o valor de R$ 103.738,00. Informa que não agiu de máfé, tendo havido apenas mero erro material na omissão apontada pela fiscalização; requer, desde já, a exclusão da multa de ofício, haja vista que houve mero erro material quando do preenchimento da Declaração, tendo sido tal fato devidamente esclarecido pelo requerente na primeira oportunidade possível. Cita jurisprudência sobre o tema; quanto à suposta omissão de rendimentos relativa aos aluguéis recebidos de pessoa física, informa que os valores recebidos se destinam ao pagamento de aluguel de sua genitora, tendo sido necessário, inclusive, aporte de seus recursos para complementar o gasto do contribuinte, superior os recursos recebidos; Caso não haja as declarações de insubsistência das omissões apontadas pela fiscalização, solicita a exclusão da multa de ofício sobre os valores apontados na Notificação de Lançamento. Apresenta as cópias dos documentos de fls 09/22 visando a elidir o crédito apurado. Nas datas de 18/03/2011 e 02/08/2011, o interessado apresentou as petições de fls 23/25 e 81/82 (recebidas por esta instância julgadora como simples memoriais), acompanhadas das cópias dos documentos de fls 32/61 e 83. Por força do art. 1º da Instrução Normativa nº 1.061/2010, os autos retornaram à unidade de origem para que a fiscalização examinasse os documentos/razões apresentados pelo sujeito passivo, consoante Despacho de fl. 89. Do exame do Termo Circunstanciado de fl. 91, verificase que a autoridade revisora concluiu pela manutenção do crédito apurado na presente Notificação de Lançamento, cujo Parecer foi ratificado pelo do Despacho Decisório da DRF SalvadorBA nº CM476, de 09/11/2011 (fl 92). Cientificado da revisão do lançamento por via postal na data de 14/0/2012 (fl 125), o interessado apresentou à RFB nova impugnação administrativa na data de 27/09/2012 (fls 95/120), na qual solicita, em síntese, a exclusão da multa de ofício sobre a omissão de rendimentos apurada pela fiscalização, tendo em vista sua boafé e por se tratar de mero erro material cometido no preenchimento da Dirpf; Fl. 183DF CARF MF Processo nº 10580.730233/201091 Acórdão n.º 2402007.046 S2C4T2 Fl. 184 4 a declaração de insubsistência do crédito tributário no que se refere à omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoa física, haja vista a falta de acréscimo patrimonial do contribuinte, ou alternativamente, a exclusão da multa de ofício apurada; a anulação da autuação lavrada, na medida em que o mesmo faz jus à isenção do IRPF, vez que é portador de Hepatopatia Grave, conforme laudos médicos apresentados aos autos; ainda, requer a devolução de seu IRPF pago indevidamente no ano de 2008 ou, subsidiariamente, a compensação do valor a ser restituído com multas remanescentes que possam ser admitidas no presente julgamento; por fim, requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente o depoimento pessoal, a juntada de documentos, oitiva de testemunhas e tudo o mais que se fizer necessário ao bom andamento do feito. A DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte, nos termos do Acórdão 1265.477 (fls. 134), cuja ementa reproduzse a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS.ALUGUÉIS. DIMOB. Tributamse os rendimentos de aluguéis recebidos de pessoa física, apontados em nome do contribuinte ou de seus dependentes legais através de Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias – Dimob entregue à Secretaria da Receita Federal do Brasil. RESGATES ANTECIPADOS DE PLANO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMETAR FEITOS POR PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. Nos exatos termos do art 6º da Lei nº 7.713/88, somente são isentos do pagamento do IRPF os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão (inclusive suas complementações) percebidos por portador de moléstia grave, devidamente comprovada por laudo médico pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, não se aplicando a renúncia fiscal aos rendimentos provenientes de resgates antecipados do contribuinte, por não possuírem o caráter de benefícios recebidos das entidades de previdência privada. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CABIMENTO. São isentos do IRPF os rendimentos provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão recebidos por portador de moléstia grave prevista no art 6º XIV da Lei nº 7.713/88, devidamente comprovada mediante laudo pericial emitido por Fl. 184DF CARF MF Processo nº 10580.730233/201091 Acórdão n.º 2402007.046 S2C4T2 Fl. 185 5 serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Cientificado dessa decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário de fls. 148, reiterando o quanto aduzido na impugnação apresentada. É o relatório. Voto Conselheiro Gregório Rechmann Junior Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende os demais requisitos de admissibilidade. Deve, portanto, ser conhecido. Conforme exposto no relatório supra, a Fiscalização apurou omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas e de pessoas físicas, nos seguintes termos: 1) omissão de rendimentos recebidos de Faelba – Fundação Coelba de Previdência Complementar, no valor de R$ 30.000,00; e 2) omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas físicas apurada a partir de informações prestadas em DIMOB pela Administradora de Imóveis Casa Ltda., no valor de R$ 3.486,51. O contribuinte, em sua defesa, aduz em síntese que: (i) é portador de moléstia grave, pelo que faz jus à isenção do IR, nos termos do inc. XIV, art. 6º, da Lei nº 7.713/88; (ii) houve erro no preenchimento na sua DIRPF no que se refere à omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, pelo que requer a exclusão da multa de ofício; e (iii) no que tange à omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoa física, esclarece que os rendimentos foram recebidos pela sua genitora, que é sua dependente, a qual arcou com despesas de locação, no mesmo anocalendário, montante superior àquele supostamente omitido. Passase, então, à análise de cada um dos pontos da defesa do Recorrente. Da Moléstia Grave Neste ponto, aduz o Recorrente que é portador de Hepatite C crônica, genótipo 1, com nítida repercussão hepática desde de 20 de agosto de 2005, caracterizando HEPATOPATIA GRAVE, conforme consta no relatório médico juntado aos autos, transcrito a seguir: O paciente Sr. ANTONIO CARLOS BRITTO DOS SANTOS, 59 anos, é portador de Hepatite C crônica, genótipo 1, com nítida repercussão hepática dede 20 de agosto de 2005, caracterizando Fl. 185DF CARF MF Processo nº 10580.730233/201091 Acórdão n.º 2402007.046 S2C4T2 Fl. 186 6 HEPATOPATIA GRAVE, devido às possíveis complicações sistêmicas fartamente descritas na literatura médica. Paciente submetido a tratamento medicamentoso sem resultado favorável até então, fato este que o enquadra no rol de portadores de moléstia grave. Permanece em acompanhamento regular com HEPATOLOGISTA e aguarda desenvolvimento de novas drogas antivirais. Neste ponto, a DRJ concluiu que: Da análise dos dispositivos legais anteriormente mencionados, verificase serem isentos de imposto de renda os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão e suas respectivas complementações (recebidas de entidades de previdência privada, Fundo Gerador de Aposentadoria Programada Individual Fapi ou Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL) pagas a portadores de moléstia grave, desde que comprovadas mediante laudo médico pericial de órgão da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios. Tributamse os demais rendimentos de outra natureza recebidos por tais contribuintes. Analisandose a documentação contida nos autos, verificase o pleno atendimento, por parte do contribuinte, do requisito indispensável previsto pelo art 30 da Lei nº 9.250/95 para a concessão do benefício fiscal ora requerido. Quanto ao outro requisito indispensável à concessão da isenção, qual seja, se os rendimentos recebidos pelo autuado, no ano calendário 2009, referiamse a proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, em que pese as alegações da impugnação administrativa de fls 95/120, de acordo com a documentação acostada aos autos, bem como da Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte – Dirf de fl 132, verificase que a omissão de rendimentos apurada no valor total de R$ 30.000,00, bem como os demais rendimentos declarados no valor de R$ 103.738,00 são decorrentes de resgates mensais de provisões matemáticas de seu fundo de previdência complementar administrado pela FAELBA – Fundação Coelba de Previdência Complementar efetuados durante o anocalendário de 2007. Da análise dos dispositivos legais que regem a matéria, é importante ressaltar, novamente, que são isentos do IRPF apenas os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão (e suas respectivas complementações), recebidos por portador de moléstia grave, provenientes de entidades de previdência privada, Fundo Gerador de Aposentadoria Programada Individual – FAPI ou Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL, não se aplicando a referida isenção aos demais rendimentos do sujeito passivo, especialmente os resgates de provisões pagos pelas citadas instituições. Registrese, pela sua importância que, de acordo com o documento de fls. 132 (DIRF), e conforme consignado no Acórdão da DRJ, o rendimento recebido da Faelba se refere a resgate de previdência privada e FAPI. Fl. 186DF CARF MF Processo nº 10580.730233/201091 Acórdão n.º 2402007.046 S2C4T2 Fl. 187 7 Pois bem!! É o entendimento deste Conselheiro de que a natureza jurídica da previdência complementar é previdenciária, não sendo desconstituída tão somente porque existente a possibilidade de resgate. Sendo assim, uma vez a previdência complementar tem natureza previdenciária, o modo pelo qual recebe os valores decorrentes das contribuições não altera sua natureza jurídica, é dizer, tanto faz receber mensalmente, resgates pontuais ou total, que continuam tendo natureza de proventos de aposentadoria, o que induz a afirmar que sendo aposentado possuidor de moléstia grave (nos termos da Lei) ou Moléstia Profissional ou ainda Aposentado por invalidez decorrente de acidente em serviço, estes resgates estarão isentos do IRPF. Sobre o tema, o STJ no julgamento REsp nº 1.507.320, de 10/02/2015, publicado no DOU de 20/02/2015, confirmou acórdão do TRF4 no qual se reconheceu a isenção do IRPF pela moléstia grave, sobre os resgates de Previdência Privada que efetuou, exatamente, sob o entendimento, que o resgate não descaracteriza a natureza jurídica previdenciária da verba e, que como há previsão para isenção sobre a previdência privada complementar na lei do imposto decorrente de moléstia grave, ela atinge os recebimentos mensais ou resgates. Observese, ainda, pela sua importância que foi publicada, pela Secretaria da Receita Federal – RFB, a Solução de Consulta COSIT nº 356, de 17 de dezembro de 2014, que tratou, dentre outros assuntos, sobre a isenção dos rendimentos de aposentaria complementar recebidos pelos portadores de moléstia grave. Pela relação do tema com a hipótese aqui tratada, oportuno reproduzir os seguintes excertos da referida solução de consulta: 13. Outro aspecto relevante a ser destacado para fazer jus à isenção recai sobre a condição de aposentado. Na lei, a condição de aposentado está dirigida àqueles trabalhadores que estão na inatividade e recebendo proventos pagos pela previdência oficial. Os ganhos complementares de aposentadoria garantidos por participação em planos de aposentadoria geridos por entidades de previdência complementar fechada são tributáveis até que o beneficiário adquira a condição de aposentado pela previdência oficial e comprove ser portador de doença grave prevista na lei de isenção. 14. Neste ponto, forçoso concluir que o rendimento recebido por portador de doença grave (relacionada na lei) a título de aposentadoria complementar instituída em plano de benefícios de entidade de previdência complementar somente está isento do imposto sobre a renda a partir do mês da concessão da aposentadoria pela previdência oficial. Fl. 187DF CARF MF Processo nº 10580.730233/201091 Acórdão n.º 2402007.046 S2C4T2 Fl. 188 8 Registrase, ainda, pela sua importância que, no caso concreto, foi acostado ao autos o Estatuto da Fundação COELBA de Previdência Complementar – FAELBA (fls. 36 e seguintes), o qual é expresso no sentido de que a referida instituição se trata de Entidade Fechada de Previdência Complementar, com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, multipatrocinada, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial que tem por finalidade propiciar aos seus Participantes e aos seus beneficiários concessão de benefícios de natureza previdenciária de acordo com os Planos Previdenciários aos quais os mesmos estiverem vinculados. Neste espeque, ao contrário do entendimento perfilhado pela DRJ, concluise que restou comprovado que os rendimentos recebidos da Faelba se tratam de complementação de aposentadoria, restando, assim, atendido, o primeiro requisito do texto legal, qual seja: os valores recebidos devem ser proventos de aposentadoria, pensão ou reforma. Dessa forma, impõese a retificação do acórdão da DRJ neste particular. Da Omissão de Rendimentos de Aluguéis Recebidos de Pessoa Física Neste ponto, aduz o Recorrente em sua peça recursal que: Fl. 188DF CARF MF Processo nº 10580.730233/201091 Acórdão n.º 2402007.046 S2C4T2 Fl. 189 9 Como se vê, o contribuinte não nega que houve, de fato, a omissão de rendimentos de aluguéis recebidos por Celenita Brito dos Santos, sua dependente, no valor de R$ 3.486,51. Ao contrário, reconhece a existência da referida omissão, mas afirma que se tratam de valores recebidos pela sua genitora a título de aluguel, os quais, após complementação com outros montantes, teriam sido utilizados na quitação do aluguel do imóvel onde a Sra. Celenita Brito dos Santos reside. Neste espeque, como os valores recebidos, a título de aluguel, teriam sido utilizados na quitação do aluguel do imóvel de residência da própria beneficiária dos “aluguéis omissos”, conclui o Recorrente que não houve percepção de rendimento, não houve acréscimo patrimonial com o percebimento dos alugueis. Razão não assiste ao Recorrente. De fato, o que pretende o Contribuinte neste ponto é fazer um encontro de contas entre os alugueis recebidos com os alugueis pagos, para concluir, assim, pela inexistência de acréscimo patrimonial e, por conseguinte, de IR devido. Ocorre que a pretensão do Contribuinte não possui amparo legal, sendo certo que o meio correto de realizar o “encontro de contas” é através da Declaração de Ajuste Anual, na qual se apurará saldo complementar de IR a recolher ou, se for o caso, saldo a restituir em favor do contribuinte. Ademais, conforme destacou o órgão julgador de piso, A Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias – Dimob, apresentada pela administradora de imóveis Casa Própria Ltda, relativa ao anocalendário 2007, representa o documento declaratório de rendimentos de aluguéis auferidos pela dependente legal do contribuinte Celenita Britto dos Santos, servindo como prova relativa dos valores nela consignados. Não havendo nos autos elementos suficientes a contrariarem as informações da DIMOB, esta deve prevalecer. Como prevê o art. 36 da Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal, cabe ao interessado a prova dos fatos que venha a alegar em sua impugnação e, no presente processo, o autuado não trouxe aos autos qualquer elemento de prova que contrariasse as informações apresentadas na correspondente Dimob de fls 128/131. Nos termos do art. 787 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR, aprovado pelo Decreto 3.000/99, abaixo transcrito, as pessoas físicas deverão apresentar, anualmente, suas declarações de rendimentos e de seus dependentes, nas quais se determinará o saldo do imposto a pagar ou o valor a ser restituído, relativamente aos rendimentos percebidos naquele anocalendário. A responsabilidade pela exatidão/inexatidão do conteúdo consignado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10580.730233/201091 Acórdão n.º 2402007.046 S2C4T2 Fl. 190 10 é do próprio beneficiário dos rendimentos, que não pode desconhecêlos e deixar de oferecêlos à tributação. Deste modo, restando demonstrado, pelos documentos constantes dos autos, que o contribuinte, em sua Dirpf/2007 efetivamente não ofereceu à tributação da RFB os rendimentos a título de aluguéis recebidos por sua dependente legal apontados como omitidos, além de não ter apresentado quaisquer argumentos aptos a ensejarem a retificação do presente lançamento, é de se concluir pela manutenção do crédito apurado pela fiscalização. Assim, mantémse a decisão da DRJ neste ponto. Erro no Preenchimento da DIRPF – Exclusão da Multa de Ofício Neste ponto, aduz o Recorrente que: Prossegue o Recorrente aduzindo que foi induzido a erro pela fonte pagadora, em virtude desta não ter encaminhado tempestivamente o Informe de Rendimentos, obrigando o a obter as informações necessárias por meio telefônico. Tal informação (telefônica), entretanto, teria sido prestada de forma equivocada sem que espelhasse a realidade dos fatos. Pois bem!! O que pretende, o Recorrente, neste ponto, é a aplicação da Súmula CARF nº 73, segundo a qual o erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Ocorre que, no caso concreto, o Contribuinte não trouxe aos autos nenhum elemento de prova para confirmar suas alegações. Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10580.730233/201091 Acórdão n.º 2402007.046 S2C4T2 Fl. 191 11 A simples alegação de que teria sido induzido a erro pela fonte pagadora em virtude de informações equivocadas prestadas por esta por meio telefônico, desacompanhada de outros elementos probatórios, não autoriza a exclusão da multa de ofício no caso em análise. Conclusão Ante o exposto, concluo o voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, reconhecendose a isenção do IR em relação aos valores recebidos pelo Contribuinte da FAELBA Fundação Coelba de Previdência Complementar. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Fl. 191DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.004813/2003-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Mar 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1997
NULIDADE. DÉBITO EM DUPLICIDADE. DILIGÊNCIA. INTIMAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. AUSÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA
São nulos os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Sendo assim, a ausência de intimação da Recorrente para se manifestar sobre o resultado da diligência representa nulidade por cerceamento do seu direito de defesa
Numero da decisão: 1402-003.744
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, anular a decisão de 1ª instância.
(Assinado digitalmente)
Edeli Pereira Bessa - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Junia Roberta Gouveia Sampaio- Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Paulo Mateus Ciccone, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Evandro Correa Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Eduardo Morgado Rodrigues e Edeli Pereira Bessa (Presidente), a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Ausente o conselheiro Caio Cesar Nader Quintella
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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E EMPRENDIMENTOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1997 NULIDADE. DÉBITO EM DUPLICIDADE. DILIGÊNCIA. INTIMAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. AUSÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA São nulos os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Sendo assim, a ausência de intimação da Recorrente para se manifestar sobre o resultado da diligência representa nulidade por cerceamento do seu direito de defesa Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, anular a decisão de 1ª instância. (Assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa Presidente. (Assinado digitalmente) Junia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Paulo Mateus Ciccone, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Evandro Correa Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Eduardo Morgado Rodrigues e Edeli Pereira Bessa (Presidente), a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Ausente o conselheiro Caio Cesar Nader Quintella AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 48 13 /2 00 3- 17 Fl. 115DF CARF MF 2 Relatório Trata o presente processo de auto de infração de CSLL/1997 (fl. 15), formalizado nos procedimentos de auditoria interna de pagamentos vinculados a débitos tributários confessados na DCTF do 4º trimestre do anocalendário 1997, no qual está sendo exigido da contribuinte, acima identificada, crédito tributário no valor total de R$30.650,80, cujos fundamentos e demonstrativos constam às folhas 16 a 20. Notificada em 09/07/2003 (AR – fl. 22), a contribuinte apresentou impugnação (fls. 2 a 4), alegando que a autuação é indevida, porque ocorreu em razão declarações entregues à sua revelia, gerando duplicidade de tributos lançados e contestados. Diante do argumento da impugnante, o processo foi baixado em diligência (fl. 24) para a Fiscalização verificar entrega de DCTF em duplicidade e informar quais valores deveriam ser desconsiderados da exigência fiscal, cujo relatório consta às folhas 54 a 56. Na informação da autoridade fiscal (fls. 54 a 56) consta o resultado da diligência solicitada (fl. 24), cujos pontos principais foram os seguintes: “A empresa apresentou três DIRPJ/98 (em 30/04/1998; 18/09/1998 e 19/06/2001), todas optantes pelo lucro real anual, como forma de tributação do lucro relativo ao IRPJ e à CSLL. Nas duas primeiras DIRPJ/98, houve balanço/balancete de redução/suspensão em todo o anocalendário de 1997 e não apurou CSLL a pagar. Já na última DIRPJ/98 fls. 20/34, a situação foi diferente. A base de cálculo da CSLL foi determinada tanto com base na receita bruta, quanto com base em balanço/balancete de redução/suspensão. Nos meses em que houve CSLL a pagar (janeiro, fevereiro, março, maio, julho e dezembro) não houve os correspondentes pagamentos e os débitos apurados nesta a última DIRPJ/98 foram objeto de cobrança no sistema conta corrente e encaminhados à Procuradoria da Fazenda Nacional no Estado de Goiás, processo eletrônico de n.° 10120.200077/200326 fls. 45/47. Nas DCTF originais do 1º trimestre/97, 2º trimestre/97, 3º trimestre/97 e 4º trimestre/97, não houve informação de débitos da CSLL. O débito objeto do Auto de Infração originou do procedimento de auditoria interna na DCTF Complementar do 4° trimestre/97. Nesta última, a forma de tributação adotada para fins de apuração do IRPJ e da CSLL foi lucro real trimestral. A CSLL declarada de R$ 10.896,90 (código receita 6012) foi vinculada (subficha compensação sem DARF) a um processo (n.° 10120.005033/200122) Ressarcimento de IPI (Goiás Editorial e Industrial LTDA, CNPJ 00.361.342/000137) o qual não foi confirmado pela Receita Federal do Brasil. A DCTF Complementar, hoje extinta, foi instituída pela Instrução Normativa SRF n.° 45/1998, e era para declarar novos débitos e os acréscimos dos valores de débitos já informados na DCTF original. No caso em tela, não se trata de duplicidade já que não houve informações a título de CSLL a pagar na DCTF Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10120.004813/200317 Acórdão n.º 1402003.744 S1C4T2 Fl. 116 3 original. A questão é a divergência de valores e da forma de tributação entre as declarações. Os pagamentos indicados pelo Sefis fl. 35 estão alocados aos débitos da CSLL (ajuste anual do ano de 1996) fl. 44 e 46. São estas as informações a serem prestadas por este Secat, ressaltando a divergência de valores e da forma de tributação entre as declarações e ainda a inscrição em dívida ativa dos débitos da CSLL declarados na DIRPJ/98. Considerando a diligência solicitada pela DRJ/BSA e as explanações acima, não caberia revisão de ofício por esta Delegacia, devendo o presente lançamento ser submetido à apreciação do órgão julgador. Do exposto, proponho: a) encaminhar o presente processo ao Serviço de Orientação e Análise Tributária (Seort) desta Delegacia para prestar as informações acerca do processo administrativo de n.° 10120.005033/200122 Ressarcimento de IPI (Goiás Editorial e Industrial LTDA, CNPJ 00.361.342/000137) haja vista a vinculação do débito do Auto de Infração a esse processo.” Diante do resultado da diligência acima transcrito, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF) negou provimento à impugnação, uma vez que o processo nº 10120.005033/200122, informado na DCTF como origem do crédito ali utilizado, pertence a empresa Goiás Editorial e Industrial LTDA., CNPJ 00.361.342/000137, onde ela pleiteia ressarcimento de IPI. Ou seja, a empresa autuada não possui processo que lhe assegure o direto de utilizar o crédito vinculado os débitos lançados. Ressaltou também que, conforme informação contida a folha 58, a empresa Goiás Editorial e Industrial LTDA., CNPJ 00.361.342/000137, desistiu do pedido de restituição e/ou compensação formalizado no processo nº 10120.005033/200122. Tendo em vista que os AR´s de fls. 75/78 e 81/83 foram devolvidos, foi realizada a intimação por meio do edital de fls. 84 afixado em 23/08/2013. Em 17/09/2013 a contribuinte apresentou recurso voluntário no qual alega, resumidamente, o seguinte: a) Cerceamento de defesa tendo em vista que não foi intimada da diligência promovida pela DRJ e não teve acesso a documentação a ela relativa; b) Decadência do lançamento uma vez que os débitos referemse ao quarto trimestre de 1997. No entanto, o auto de infração somente foi notificado à contribuinte em 09/07/2003; c) Impossibilidade de lançamento de ofício, uma vez que o débito lançado foi objeto de declaração por parte da contribuinte devendo, portanto, ser diretamente inscrita em dívida ativa e executada pela Procuradoria da Fazenda. Fl. 117DF CARF MF 4 É o relatório Voto Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. 1) PRELIMINARES 1.1) NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA POR CERCEAMENTO DE DEFESA. Alega o Recorrente que a decisão recorrida é nula, uma vez que não foi intimada do resultado da diligência requerida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento. Conforme se verifica da Impugnação apresentada às fls. 2/4, a contribuinte se limita a alegar, em sua defesa, que contratou o contador Marcio Adriano Spindula, CRC nº 10.13200 para conduzir administrativamente, junto à SRF, a compensação dos seus débitos (PIS, COFINS, CSLL e IRPJ) com créditos de IPI de terceiros. Todavia, após transcorrerem mais de 60 dias da contratação, nenhum dos objetivos da tarefa contratada foi realizado o que provocou a rescisão do contrato de prestação de serviços e posterior notificação judicial, autos nº 1820/02, da 7ª Vara Cível de Goiânia. Todavia, mesmo após a rescisão contratual o Sr. Marcio teria efetuado a compensação, à revelia da empresa, gerando, por consequência, duplicidade de tributos declarados. Diante das mencionadas alegações, a Quarta Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF proferiu o Despacho 15/2006, com o seguinte teor: Na impugnação a interessada alega que o auto de infração tem origem em DCTF entregue a revelia da autuada, por ex contratado. Por essa razão envio o processo a DRF de Goiância/GO, para efetuarem diligências e verificarem: a) Com base na documentação contábil da empresa a veracidade de suas alegações e se de fato as DCTF´s foram entregues em duplicidade. b) Informarem expressamente quais valores de DCTF/Auto de Infração deve ser desconsiderados. Após as diligências, em permanecendo o crédito tributário, elaborar relatório explicativo e conclusivo, ratificando e demonstrando o crédito tributário remanescente e reabrir prazo à interessada para nova ou impugnação complementar. Em resposta, a DRF de origem juntou aos autos a documentação de fls. 25/40 e proferiu a seguinte manifestação: (...) Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10120.004813/200317 Acórdão n.º 1402003.744 S1C4T2 Fl. 117 5 3. Tratase de lançamento da CSLL, ano calendário 1997, tendo em vista que na DCTF o contribuinte declarou uma compensação e os sistemas da Receita Federal, apuraram a inexistência do processo no Profisc, fls. 12. 4. O contribuinte alega que esta compensação apresentada na DCTF teria sido efetuada sem a sua autorização, porém não consta que tenha havido correção. 5. Em consulta efetuada no sistema Sinal, fls. 35 verificase que houve pagamento de débitos da CSLL com o código de pagamento 2484 (CSLL Demais Estimativa). Pois bem o lançamento foi efetuado com o código 6012 (CSLL Demais PJ que apuram o IRPJ com base no Lucro Real Anual, conforme se depreende de sua DIPJ do ano calendário de 1997, fls. 30/34. 6.Assim, vá o presente processo à Sacat/DRF/GOI para que se efetue as análises que o caso requer. Logo em seguida, a DRF promoveu a juntada dos documentos de fls. 42/53 e às fls. 54 o Serviço de Controle e Acompanhamento Tributário Secat da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Goiânia prestou os esclarecimentos já transcritos no relatório desta decisão, o qual, embora tenha sido utilizado como razão de decidir pela decisão recorrida, não é conclusivo, conforme se verifica pela sua parte final. Do exposto, proponho: a) encaminhar o presente processo ao Serviço de Orientação e Análise Tributária (Seort) desta Delegacia para prestar as informações acerca do processo administrativo de n.° 10120.005033/200122 Ressarcimento de IPI (Goiás Editorial e Industrial LTDA, CNPJ 00.361.342/000137) haja vista a vinculação do débito do Auto de Infração a esse processo.” b) antes de o presente processo ser encaminhado à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília, deverá ser enviado ao Serviço de Fiscalização (Sefis) desta Delegacia para conhecimento deste Relatório e, se assim entender, prestar outras informações conforme solicitação da DRJ/BSA Despacho de fl. 19. Em resposta, a Sefis promoveu a juntada do pedido de desistência de compensação promovido pela Goiás Editorial apontada como detentora dos créditos compensados pela Recorrente (fls. 58), bem como os contratos sociais (fls 59/65). Em seguida, o processo foi remetido à DRJ Brasília que proferiu a decisão recorrida, sem, contudo, intimar a Recorrente do resultado da diligência, bem como dos documentos juntados. Em face do exposto, correta a alegação de nulidade, pois além da diligência não ter sido conclusiva, a Recorrente não foi intimada dos diversos despachos, bem como dos documentos juntados dos autos. Fl. 119DF CARF MF 6 De acordo com o artigo 59, II, do Decreto nº 70.235/72 são nulos os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Sendo assim, a ausência de intimação da Recorrente para se manifestar sobre o resultado da diligência representa nulidade por cerceamento do seu direito de defesa. Em face do exposto, acolho a preliminar de nulidade para que o processo seja devolvido a instância de origem para que a Recorrente seja intimada do resultado da diligência para, querendo, se manifestar. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 120DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.900236/2006-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1201-000.551
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 13851.900234/2006-83, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa- Redator ad hoc
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº 13851.900234/200683, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Redator ad hoc Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa. Relatório Na condição de Presidente da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, no uso das atribuições conferidas pelo art. 17, III, do Anexo II do RICARF, designome Redator ad hoc para formalizar a Resolução nº 1201000.551, de 17/08/2018, referente ao presente processo, julgado na sistemática de recursos repetitivos de que trata o art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 51 .9 00 23 6/ 20 06 -7 2 Fl. 99DF CARF MF Processo nº 13851.900236/200672 Resolução nº 1201000.551 S1C2T1 Fl. 3 2 2015, tendo em vista que a então Presidente da Turma, Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, deixou de fazêlo, em virtude de sua aposentadoria. O contribuinte interpôs seu tempestivo Recurso Voluntário, considerando que acórdão, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, ratificou o despacho decisório, não homologando a Declaração de Compensação (DCOMP) de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) pela inexistência do crédito de pagamento indevido ou a maior. De acordo com referido despacho decisório, o pagamento informado como origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de outro débito do contribuinte, "não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Entretanto, o contribuinte afirma no seu recurso que existia crédito compensável, como indicado na PER/DCOMP, porém, não foi homologado pela ausência de retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), inerente ao 4º trimestre de 2002. O contribuinte retificou a mencionada Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), por fim, requerendo o provimento do Recurso Voluntário para homologar a pretendida compensação. É o relatório. Voto Lizandro Rodrigues de Sousa Redator ad hoc O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201000.535 , de 17/08/2018, proferida no julgamento do Processo nº 13851.900234/2006 83, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.535): Inicialmente, quando da sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte anexou uma cópia da DCTF, versão retificadora, pertinente ao 4º trimestre de 2002, presumindo que era suficiente para homologação da sua Declaração de Compensação (DCOMP). Noentanto, o acórdão recorrido concluiu pela inexistência do direito de crédito, vez que "exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoo com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente e análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o montante de tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado." O artigo 170 do Código Tributário Nacional preceitua que "A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a Fl. 100DF CARF MF Processo nº 13851.900236/200672 Resolução nº 1201000.551 S1C2T1 Fl. 4 3 compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública". Portanto, imprescindível a certeza e a liquidez do crédito compensável, facultando ao contribuinte que impugne a não homologação formalizada através de despacho decisório, instruindo sua manifestação com as provas em contrário, garantindo, assim, o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa. O processo administrativo tributário é regido por normas específicas, principalmente, o Decreto nº 70.235/1972, a Lei nº 9.430/1996 e o Decreto nº 7.574/2011, orientado pelos princípios que norteiam a Administração Pública, incluindo a moralidade, eficiência e impessoalidade. Conquanto submetido ao regime de apuração pelo lucro real, inicialmente, o contribuinte não demonstrou o pagamento a maior do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), mediante a idônea escrituração contábil e fiscal, motivando, assim, a retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Ressalvase que a "escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza.", conforme o artigo 923 do Regulamento do Imposto sobre a Renda (RIR), instituído pelo Decreto nº 3.000/1999. O ônus do contribuinte era que demonstrasse seu indébito, por exemplo, com Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), balanço patrimonial, Livro Diário e/ou Livro Razão, justificando a redução do valor devido e pelo próprio declarado de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), considerando os artigos 7º, § 4º, e 8º, inciso I, do Decretolei nº 1.598/1977: Art 7º O lucro real será determinado com base na escrituração que o contribuinte deve manter, com observância das leis comerciais e fiscais. (...) § 4º Ao fim de cada períodobase de incidência do imposto o contribuinte deverá apurar o lucro líquido do exercício mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do exercício e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados. Art 8º O contribuinte deverá escriturar, além dos demais registros requeridos pelas leis comerciais e pela legislação tributária, os seguintes livros: I de apuração de lucro real, no qual: I de apuração do lucro real, que será entregue em meio digital, e no qual: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) a) serão lançados os ajustes do lucro líquido do exercício, de que tratam os §§ 2º e 3º do artigo 6º; b) será transcrita a demonstração do lucro real (§ 1º); Fl. 101DF CARF MF Processo nº 13851.900236/200672 Resolução nº 1201000.551 S1C2T1 Fl. 5 4 b) será transcrita a demonstração do lucro real e a apuração do Imposto sobre a Renda; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) c) serão mantidos os registros de controle de prejuízos a compensar em exercícios subseqüentes (art. 64), de depreciação acelerada, de exaustão mineral com base na receita bruta, de exclusão por investimento das pessoas jurídicas que explorem atividades agrícolas ou pastoris e de outros valores que devam influenciar a determinação do lucro real de exercício futuro e não constem de escrituração comercial (§ 2º). Posteriormente, quando da interposição do Recurso Voluntário, o contribuinte esclareceu a origem do seu crédito de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ): A Recorrente, equivocadamente, apurou os valores a recolher de CSLL e IRPJ em cada trimestre calendário fracionando o recolhimento nos três meses seguintes. Ocorre que na apuração dos valores devidos, houve por recolher valor a maior, resultado em oneração indevida e pagamento a maior. A origem desses créditos pode ser comprovada através dos lançamentos contábeis realizados e toda escrituração da apuração fiscal realizada aqui apresentada. Outrossim, o Recurso Voluntário anexou: (i) Balancete analítico trimestral, incluindo o período de 01.07.2002 a 30.09.2002; (ii) Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), versão Fl. 102DF CARF MF Processo nº 13851.900236/200672 Resolução nº 1201000.551 S1C2T1 Fl. 6 5 original, referente ao anocalendário de 2002, com Imposto de Renda a pagar de R$ 44.422,98 e; (iii) Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), período de apuração de 30.09.2002, concernente à 3ª quota do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), apurado no 3º trimestre/2002, com valor principal de R$ 18.791,90. A prova documental instruirá a impugnação "precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual", consoante o artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/1972, exceto (I) demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (II) refirase a fato ou a direito superveniente e; (III) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir;(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito.(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição.(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que:(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) O erro da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), retificado após o despacho decisório, não é determinante para o indeferimento da Declaração de Compensação (DCOMP), prevalecendo a verdade material, como se extrai do Parecer Normativo da CoordenaçãoGeral de Tributação (COSIT) nº 02/2015: Fl. 103DF CARF MF Processo nº 13851.900236/200672 Resolução nº 1201000.551 S1C2T1 Fl. 7 6 "Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR." As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. A não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, Fl. 104DF CARF MF Processo nº 13851.900236/200672 Resolução nº 1201000.551 S1C2T1 Fl. 8 7 não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios. O valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Entendo que não há necessidade de conversão do presente julgamento em diligência ou qualquer outra perícia (artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972), visto que se restringe à análise sobre os documentos constituírem ou não a imprescindível prova de certeza e de liquidez do crédito, ainda que trazidos aos autos somente com Recurso Voluntário. Avaliando a prova documental existente no recurso, valorizando o princípio da verdade material, notase: 1. O contribuinte demonstrou, com balancete analítico trimestral, vários lançamentos contábeis, que validariam as informações da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) e da planilha denominada "Da Comprovação Exaustiva da Origem dos Créditos". 2. A Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), versão original, referente ao anocalendário de 2002, consignou o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) a pagar de R$ 44.422,98. 3. Por fim, o contribuinte anexou um único Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), período de apuração de 30.09.2002, equivalente à 3ª quota do declarado Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), com valor principal de R$ 18.791,90. Em resumo, o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) devido foi de R$ 44.422,98, porém, o Recorrente comprovou o pagamento apenas da 3ª quota de R$ 18.791,90, não demonstrando o adimplemento superior ao montante exigível. A Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), versão retificadora, embora em um primeiro momento resultasse no despacho decisório, que não homologou a declaração de compensação, não influenciou nessa conclusão, limitada à prova documental sobre o crédito, acostada no Recurso Voluntário. Entendo que é indispensável a conversão do presente julgamento em diligência, com fundamento no artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972, visto que demanda uma análise sobre se os documentos, anexados ao Recurso Voluntário, constituem a necessária prova de certeza e de liquidez do crédito. Adicionalmente, presumível que o Recorrente adimpliu as demais quotas do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), caracterizando o pagamento a maior, suscetível de restituição e compensação. Isto posto, voto pela conversão do julgamento em diligência, solicitando o retorno dos autos à unidade de origem, a fim de que emita um relatório sobre as informações e os documentos anexados ao Recurso Voluntário, por fim, opinando pela existência do crédito de Fl. 105DF CARF MF Processo nº 13851.900236/200672 Resolução nº 1201000.551 S1C2T1 Fl. 9 8 Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), oriundo do pagamento a maior, argumentado pelo Recorrente. Finalizada esta diligência, ressalvo a necessidade de promover a ciência do contribuinte sobre o "Relatório Conclusivo", fixando o prazo de 30 (trinta) dias para sua manifestação, antes do retorno dos autos para novo julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Voto por converter o julgamento do recurso em diligência., solicitando o retorno dos autos à unidade de origem, a fim de que emita um relatório sobre as informações e os documentos anexados ao Recurso Voluntário, por fim, opinando pela existência do crédito de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), Período de Apuração 30/09/2002, oriundo do pagamento a maior, argumentado pelo Recorrente. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator do processo paradigma. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 106DF CARF MF
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Numero do processo: 16643.720065/2013-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 05 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ERRO.
As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto no lançamento tributário devem ser corrigidas de ofício ou a requerimento do sujeito passivo no curso do processo administrativo.
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NATUREZA INSTRUMENTAL.
O Mandado de Procedimento Fiscal é mero instrumento de planejamento, não contaminando a ação fiscal se emitido com eventuais falhas.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2008
LUCROS NO EXTERIOR. DISPONIBILIDADE.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que o artigo 74 da MP nº 2.158-35/01 é constitucional quando aplicado a empresa controlada sediada em país sem tributação favorecida, que é o caso da espécie, pelo que sua aplicação não pode ser afastada em decisão do CARF, por força do artigo 62 do seu Regimento Interno.
LUCROS NO EXTERIOR. TRIBUTOS PAGOS NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO.
A redução do valor disponibilizado do lucro obtido no exterior é admitida por meio da compensação dos tributos devidos e pagos no exterior.
LUCROS NO EXTERIOR. PREJUÍZOS NO EXTERIOR. CONSOLIDAÇÃO.
Os lucros e prejuízos das múltiplas empresas estrangeiras relacionadas ao contribuinte devem ser consolidados levando-se em consideração a estrutura que assumiram nas suas relações societárias, bem como os percentuais de participação.
TRATADO BRASIL-ÁUSTRIA
O tratado celebrado entre o Brasil e a Áustria para evitar dupla tributação não impede a tributação dos lucros obtidos no exterior por empresa controlada, desde que compensados os tributos pagos no exterior.
Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 2008
CSLL. TRIBUTAÇÃO REFLEXA.
Tratando-se da mesma matéria fática e não havendo aspectos específicos a serem apreciados, aplica-se a mesma decisão a todos os tributos atingidos pelo fato analisado.
Numero da decisão: 1201-002.761
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em conhecer do recurso de ofício e do recurso voluntário e: 1. negar provimento ao recurso de ofício, por unanimidade; 2. dar parcial provimento ao recurso voluntário para que seja reduzida a exigência tributária pela compensação dos tributos pagos no exterior, conforme apontado no relatório de diligência de fls. 2182, por voto de qualidade. Vencidos os conselheiros Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Alexandre Evaristo Pinto e Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado), que afastavam a incidência do art. 74 em relação ao lucro consolidado na Áustria e reconheciam o direito em compensar o imposto de renda pago nos EUA conforme o valor declarado pelo contribuinte.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Neudson Cavalcante Albuquerque - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Nome do relator: NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE
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ERRO. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto no lançamento tributário devem ser corrigidas de ofício ou a requerimento do sujeito passivo no curso do processo administrativo. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NATUREZA INSTRUMENTAL. O Mandado de Procedimento Fiscal é mero instrumento de planejamento, não contaminando a ação fiscal se emitido com eventuais falhas. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2008 LUCROS NO EXTERIOR. DISPONIBILIDADE. O Supremo Tribunal Federal decidiu que o artigo 74 da MP nº 2.15835/01 é constitucional quando aplicado a empresa controlada sediada em país sem tributação favorecida, que é o caso da espécie, pelo que sua aplicação não pode ser afastada em decisão do CARF, por força do artigo 62 do seu Regimento Interno. LUCROS NO EXTERIOR. TRIBUTOS PAGOS NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO. A redução do valor disponibilizado do lucro obtido no exterior é admitida por meio da compensação dos tributos devidos e pagos no exterior. LUCROS NO EXTERIOR. PREJUÍZOS NO EXTERIOR. CONSOLIDAÇÃO. Os lucros e prejuízos das múltiplas empresas estrangeiras relacionadas ao contribuinte devem ser consolidados levandose em consideração a estrutura AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 64 3. 72 00 65 /2 01 3- 72 Fl. 2769DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.200 2 que assumiram nas suas relações societárias, bem como os percentuais de participação. TRATADO BRASILÁUSTRIA O tratado celebrado entre o Brasil e a Áustria para evitar dupla tributação não impede a tributação dos lucros obtidos no exterior por empresa controlada, desde que compensados os tributos pagos no exterior. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2008 CSLL. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Tratandose da mesma matéria fática e não havendo aspectos específicos a serem apreciados, aplicase a mesma decisão a todos os tributos atingidos pelo fato analisado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em conhecer do recurso de ofício e do recurso voluntário e: 1. negar provimento ao recurso de ofício, por unanimidade; 2. dar parcial provimento ao recurso voluntário para que seja reduzida a exigência tributária pela compensação dos tributos pagos no exterior, conforme apontado no relatório de diligência de fls. 2182, por voto de qualidade. Vencidos os conselheiros Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Alexandre Evaristo Pinto e Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado), que afastavam a incidência do art. 74 em relação ao lucro consolidado na Áustria e reconheciam o direito em compensar o imposto de renda pago nos EUA conforme o valor declarado pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Neudson Cavalcante Albuquerque Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório JBS S.A, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida no Acórdão nº 1660.389 (fls. 1567), pela DRJ São Paulo, interpôs recurso voluntário (fls. 1600) dirigido a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma daquela decisão. O processo trata de lançamentos tributários (fls. 1242) para exigir IRPJ e CSLL relativos ao ano 2008, bem como juros de mora e multa de ofício (75%). Conforme o Termo de Verificação Fiscal (fls. 1225), a empresa autuada JBS S.A. incorporou a empresa Fl. 2770DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.201 3 BERTIN S.A. em 2009. A fiscalização concluiu que a empresa BERTIN S.A., ao apurar o lucro real do ano 2008, estava obrigada a adicionar os lucros auferidos no exterior com suas subsidiárias integrais, BERTIN Holding GMBH (Áustria) e BERTIN USA Corporation (EUA), sendo que cada uma delas controlava outras empresas no exterior. A decisão recorrida exonerou parte do crédito tributário em razão da constatação de que fora utilizada taxa de câmbio equivocada. Em seu recurso voluntário, o contribuinte apresenta os argumentos a seguir sintetizados: i) o mandado de procedimento fiscal (MPF) que deu ensejo à fiscalização contém vício, na medida em que, apesar de ter sido prorrogado diversas vezes, não há qualquer notícia neste sentido nos autos, o que torna nulo todo o procedimento fiscal; ii) os lucros auferidos por controladas no exterior só poderão se sujeitar à incidência do IRPJ e da CSLL se juridicamente disponibilizados à controladora situada no Brasil e não é o que ocorre sob a vigência da MP 2.15835/01, que fundamentou a presente autuação; iii) os lançamentos tributários são inválidos na medida em que não foram compensados os tributos pagos no exterior; iv) a autuação não considerou o prejuízo fiscal ocorrido no ano 2008; v) o lançamento fiscal foi feito como se não existisse a BERTIN Holding GMBH (Áustria) sem respaldo na legislação de regência e afastando a aplicação do Tratado BrasilÁustria. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões (fls. 1641) em que se manifesta sobre cada uma das questões levantadas no recurso voluntário. Na primeira vez em que foi apreciado o recurso voluntário, o julgamento foi convertido em diligência, nos termos da Resolução nº 1202000.245 (fls. 1686), para que a RFB apresentasse relatório conclusivo acerca do montante do imposto sobre lucro efetivamente pago pelas controladas Frigorífico Canelones S.A (Uruguai) e Bertin USA Corporation (EUA) no período base em discussão. A diligência requerida foi cumprida e reduzida a termo por meio do relatório de fls. 2182. O contribuinte se manifestou sobre o resultado da referida diligência por meio da petição de fls. 2192. O conteúdo do relatório da diligência e a correspondente manifestação do interessado serão abordados oportunamente no voto. É o relatório Voto Conselheiro Neudson Cavalcante Albuquerque, Relator. Fl. 2771DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.202 4 1 Recurso de Ofício A decisão de primeira instância exonerou parte do crédito tributário de IRPJ (R$ 3.492.703,08) e de CSLL (R$ 1.257.373,11), no valor total de R$ 4.750.076,19. A exoneração parcial do IRPJ e da CSLL se deu em razão da constatação de que a fiscalização utilizou a taxa de câmbio do Euro em 31/12/2008, no valor de R$ 3,23815, como se fosse a do Dólar, que era de R$ 2,337 (fls. 1582). A Fazenda Nacional, nas suas contrarrazões, não manifestou contrariedade à referida exoneração. Entendo também que não há reparos a fazer nessa decisão. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto no lançamento tributário devem ser corrigidas de ofício ou a requerimento do sujeito passivo no curso do processo administrativo. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício. 2 Recurso Voluntário O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância em 02/12/2014 (fls. 1598) e seu recurso voluntário foi juntado aos autos em 17/12/2014 (fls. 1599). Assim, o recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, pelo que passo a conhecêlo. O recorrente opõese à decisão de primeira instância com os argumentos a seguir apresentados e apreciados. 2.1 NULIDADE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL O recorrente propugna pela nulidade do procedimento fiscal que resultou nos lançamentos tributários em tela devido ao alegado fato de que o MPF que determinou a realização da auditoria foi prorrogado diversas vezes sem que tenha havido a necessária comunicação ao contribuinte (fls. 1265). A decisão recorrida afastou a mesma alegação, trazida na impugnação, por entender que eventuais vícios na emissão de MPF não são causa de nulidade do procedimento fiscal (fls. 1577). Entendo acertada a decisão recorrida. Não é toda irregularidade no procedimento fiscal que causa a sua nulidade, apenas aquelas que importem em vício de incompetência ou que prejudiquem o direito de defesa do interessado, nos termos dos artigos 59 e 60 do Decreto nº 70.235/1972, verbis: Ari 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. [...] Fl. 2772DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.203 5 Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. O MPF é mero instrumento de planejamento da Administração Tributária, não conduzindo qualquer informação relacionada a eventual crédito tributário e não limitando a competência legal da autoridade tributária, de forma que um eventual vício em sua emissão não contamina a ação fiscal. Com isso, entendo que deve ser afastada a presente alegação de nulidade. 2.2 LUCROS NO EXTERIOR DISPONIBILIDADE JURÍDICA O recorrente afirma que os lucros auferidos no exterior somente podem ser submetidos à tributação no território nacional quando disponibilizados pelas empresas investidas e isso não ocorreria com a regra contida na Medida Provisória (MP) nº 2.15835/01. O contribuinte voltase contra o artigo 74 da referida MP, vigente na época, o qual determina que os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior devem ser considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, verbis: Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento. O recorrente entende que esse dispositivo legal é inconstitucional e, de fato, ele foi submetido ao controle de constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal, o que resultou em decisões estratificadas conforme a natureza (coligada ou controlada) e a localização geográfica (em pais com tributação favorecida ou não) da investida. Tratase, primeiro, da ADI 2.588, em que se chegou à seguinte conclusão: 2. Orientada pelos pontos comuns às opiniões majoritárias, a composição do resultado reconhece: 2.1. A inaplicabilidade do art. 74 da MP 2.15835 às empresas nacionais coligadas a pessoas jurídicas sediadas em países sem tributação favorecida, ou que não sejam "paraísos fiscais"; 2.2. A aplicabilidade do art. 74 da MP 2.15835 às empresas nacionais controladoras de pessoas jurídicas sediadas em países de tributação favorecida, ou desprovidos de controles societários e fiscais adequados ("paraísos fiscais", assim definidos em lei); 2.3. A inconstitucionalidade do art. 74 par. ún., da MP 2.15835/2001, de modo que o texto impugnado não pode ser aplicado em relação aos lucros apurados até 31 de dezembro de 2001. Em resumo, essa decisão declarou a inconstitucionalidade do artigo 74 apenas em relação às empresas coligadas sediadas em países sem tributação favorecida e declarou a constitucionalidade do artigo 74 apenas em relação às empresas controladas sediadas em países com tributação favorecida. Assim, ficaram sem manifestação duas situações Fl. 2773DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.204 6 possíveis: empresas coligadas sediadas em países com tributação favorecida e empresas controladas sediadas em países sem tributação favorecida. Na espécie, as empresas que geraram os lucros no exterior em tela são controladas sediadas em países sem tributação favorecida. Assim, essa situação não foi alcançada pela decisão da ADI nº 2.588, de forma que foi preservada a aplicação do artigo 74 na espécie. Em reforço a esse entendimento, deve ser destacada outra manifestação do STF, agora em controle concentrado, em que foi expressamente declarada a constitucionalidade do artigo 74 em relação às empresas controladas sediadas em países sem tributação favorecida, o caso da espécie. Tratase da decisão no RE 541.090/SC a qual adotou a seguinte ementa: Ementa: CONSTITUCIONAL. TRIBUTARIO. IMPOSTO DE RENDA. LUCROS PROVENIENTES DE INVESTIMENTOS EM EMPRESAS COLIGADAS E CONTROLADAS SEDIADAS NO EXTERIOR. ART 74 DA MEDIDA PROVISORIA 2.15835/2001. 1. No julgamento da ADI 2.588/DF, o STF reconheceu, de modo definitivo, (a) que é legítima a aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 relativamente a lucros auferidos por empresas controladas localizadas em países com tributação favorecida (= países considerados "paraísos fiscais"); e (b) que não é legítima a sua aplicação relativamente a lucros auferidos por empresas coligadas sediadas em países sem tributação favorecida (= não considerados "paraísos fiscais"). Quanto às demais situações (lucros auferidos por empresas controladas sediadas fora de paraísos fiscais e por empresas coligadas sediadas em paraísos fiscais), não tendo sido obtida maioria absoluta dos votos, o Tribunal considerou constitucional a norma questionada, sem, todavia, conferir eficácia erga omnes e efeitos vinculantes a essa deliberação. 2. Confirmase, no presente caso, a constitucionalidade da aplicação do caput do art. 74 da referida Medida Provisória relativamente a lucros auferidos por empresa controlada sediada em país que não tem tratamento fiscal favorecido. Todavia, por ofensa aos princípios constitucionais da anterioridade e da irretroatividade, afirma se a inconstitucionalidade do seu parágrafo único, que trata dos lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2002. A existência de tais decisões da Suprema Corte permitem concluir que é constitucional a aplicação do artigo 74 da MP nº 2.15835/01 ao presente caso. Assim sendo, deixo de apreciar os argumentos trazidos pelo recorrente tendentes a afastar a aplicação desse dispositivo, por força do artigo 621 do Regimento Interno do CARF. Em tempo, o recorrente cita a decisão no RE 611.586/PR em seu favor. Todavia, tal decisão tem por objeto empresa sediada em "paraíso fiscal", ou seja, não possui congruência com a espécie. Com isso, entendo que as razões apresentadas pelo recorrente não podem dar ensejo à declaração de nulidade requerida. 1 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Fl. 2774DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.205 7 2.3 TRIBUTOS PAGOS NO EXTERIOR COMPENSAÇÃO O recorrente reclama de que a fiscalização, ao calcular o valor dos tributos exigido nos presentes lançamentos tributários, não considerou os tributos já pagos no exterior. A decisão recorrida reconheceu o direito hipotético à compensação requerida pelo contribuinte, nos termos do artigo 26 da Lei nº 9.249/1995, mas não o reconheceu em concreto por entender que não havia, nos autos, provas hábeis dos pagamentos aludidos, uma vez que os documentos encontrados estavam grafados em língua estrangeira. Na primeira vez em que foi apreciado o presente recurso voluntário, o colegiado converteu o julgamento em diligência para que o contribuinte tivesse oportunidade de apresentar provas hábeis do seu alegado direito, nos termos da Resolução nº 1202000.245 (fls. 1686). A diligência foi cumprida e reduzida a termo por meio do relatório de fls. 2182, em que a fiscalização informa que o contribuinte, ao ser intimado, apresentou novas provas que, após analisadas, permitem concluir que podem ser compensados os seguintes valores: i) R$ 5.360.768,28 referentes a recolhimentos efetuados pela empresa Frigorífico Canelones S.A., subsidiária integral da Bertin Holding GMBH (Áustria) e ii) R$ 2.839.431,63 referentes a recolhimentos efetuados pela empresa Bertin USA Corporation (EUA). O recorrente manifestouse sobre o resultado da diligência (fls. 2192) e concordou com o valor a ser compensado em relação à Bertin Holding GMBH (Áustria), todavia demonstrou sua inconformidade em relação ao valor a ser compensado na Bertin USA Corporation (EUA). A fiscalização não acatou integralmente o valor apontado pelo contribuinte, com a seguinte fundamentação (fls. 2183): O contribuinte apresentou comprovação do pagamento de impostos no montante de U$ 1,698,936.65. Ocorre que dentro desse montante existem recolhimentos de impostos a título de estimativa, entre outras rubricas (Fls. 1716). Por isto intimamos o contribuinte a disponibilizar a Declaração do Imposto de Renda apresentada ao fisco norte americano (IRS). Em resposta, o contribuinte disponibilizou a declaração referente ao ano fiscal iniciado em 2008 sendo que às fls. 1990 (Formulário 8879C) temos na linha 3 o Imposto Total (Form. 1120, linha 31) no valor de U$ 1.332.506, e na linha 5 o Pagamento a maior (Form. 1120, linha 135) no valor de U$ 117.219 . Assim, entendo que o valor a ser trazido para fins de compensação no Brasil é o efetivamente devido ao fisco norte americano, ou seja, (1.332.506,) – (117.516,) = U$ 1.214.990, que ao câmbio de R$ 2,337 por Dólar em 31/12/2008 perfaz um montante de R$ 2.839.431,63. O recorrente combate a redução feita pela fiscalização no valor total requerido por entender que a compensação deve se dar pelo valor pago tendo como referência Fl. 2775DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.206 8 o lucro contábil, ou seja, antes dos ajustes fiscais, de forma que não deve ser reduzido valores relativos a esses ajustes fiscais, nos seguintes termos (fls. 2192): Com efeito, nos termos da legislação tributária brasileira (§7º do artigo 1º da IN SRF nº 213/2002), o contribuinte deve oferecer à tributação o Lucro "Contábil" registrado pela controlada no exterior, ou seja, o montante do Lucro Líquido antes do imposto de renda e de ajustes locais, que são realizados para fins de apuração da base de cálculo do imposto devido pela controlada no exterior. No caso, a Requerente ofereceu à tributação o Lucro Líquido antes do imposto de renda no montante de US$ 4.276.981,45 (Lucro "Contábil"), e a controlada no exterior (Bertin USA Corporation) calculou o imposto de renda devido considerando uma base de cálculo no montante de US$ 3.919.134,00 (Lucro "Tributável"), conforme demonstrado em sua declaração de imposto de renda, já juntada aos autos. Contudo, o fato de o Lucro "Tributável" da controlada nos EUA ser inferior ao Lucro "Contábil" (montante efetivamente oferecido à tributação no Brasil), não impede a Requerente de aproveitar integralmente o imposto de renda pago no exterior. Em síntese, a empresa Bertin USA Corporation pagou no decorrer do ano o valor total de U$ 1,698,936.65. Todavia, em razão da apuração realizada no final do exercício fiscal, ela adquiriu o direito de recuperar U$ 117,219.00. A fiscalização glosou o valor correspondente ao direito de crédito e o contribuinte combate a glosa informando que a compensação é pelo valor do imposto pago e não pelo valor do imposto devido. O artigo 26 da Lei nº 9.249/1995 tem a seguinte redação: Art. 26. A pessoa jurídica poderá compensar o imposto de renda incidente, no exterior, sobre os lucros, rendimentos e ganhos de capital computados no lucro real, até o limite do imposto de renda incidente, no Brasil, sobre os referidos lucros, rendimentos ou ganhos de capital. § 1º Para efeito de determinação do limite fixado no caput, o imposto incidente, no Brasil, correspondente aos lucros, rendimentos ou ganhos de capital auferidos no exterior, será proporcional ao total do imposto e adicional devidos pela pessoa jurídica no Brasil. § 2º Para fins de compensação, o documento relativo ao imposto de renda incidente no exterior deverá ser reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. § 3º O imposto de renda a ser compensado será convertido em quantidade de Reais, de acordo com a taxa de câmbio, para venda, na data em que o imposto foi pago; caso a moeda em que o imposto foi pago não tiver cotação no Brasil, será ela convertida em dólares norteamericanos e, em seguida, em Reais. Verifico que a lei permite compensar o "imposto de renda incidente" no exterior, ou seja, o valor devido no final do período de apuração. Com isso, entendo ser correto o procedimento da fiscalização ao reduzir, do valor pago antecipadamente, aquele valor que o contribuinte irá recuperar, encontrando assim o valor de incidência do tributo. Por fim, não há que se falar em nulidade do procedimento administrativo, seja porque a mera redução do valor exigido é suficiente para sanar o excesso verificado no lançamento tributário, seja porque o contribuinte comprovou o seu direito a compensação somente agora, em grau de apelação. Fl. 2776DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.207 9 2.4 PREJUÍZOS FISCAIS O recorrente imputa de nulidade os lançamentos tributários em razão de a fiscalização não ter considerado os prejuízos fiscais das empresas no exterior e os prejuízos fiscais da própria autuada, nos seguintes termos (fls. 1616): Sumarizando, há crédito de pagamento de lucro no exterior de R$ 9.331.184,04, a ser considerado no presente lançamento. Isso sem mencionar que na fiscalização não foram considerados os prejuízos das empresas no exterior, apenas os lucros. E, conforme afirmado na própria decisão recorrida, a IN/SRF n9 213/02, ao disciplinar a forma de compensação do prejuízo apurado no exterior, deixa claro, no seu art. 49, § 39, que "os prejuízos apurados por uma controlada ou coligada, no exterior, somente poderão ser compensados com lucros dessa mesma controlada ou coligada". Considerando os percentuais de participação em cada entidade, compusemos a base analítica por empresa e recalculamos o lucro auferido no exterior que deveria ter sido adicionado, no montante de R$ 32.491.278,29, conforme demonstrativo abaixo: [...] Dessa forma, conforme quadro anterior, o lucro das subsidiárias do exterior, revisados, que deveriam ter sido adicionados na DIPJ do ano de 2008 seria de R$ 32.491.278,29. [...] Por fim, há de se ressaltar que, no anocalendário de 2008, a empresa apurou prejuízo fiscal, de maneira que ainda que se houvesse algum montante a ser autuado o que não se admite diante de todas as inconsistências apontadas na presente defesa , eventual lançamento deveria considerar o prejuízo fiscal apurado naquele período, o que reforça a improcedência da presente autuação. Além disso, o fato de este prejuízo ter sido absorvido pelas compensações efetuadas no processo nº 15868.720062/201331 não impede que seja considerado neste caso. Afinal, ainda não existe decisão final no referido processo, de modo que, caso as autuações sejam desconstituídas naqueles autos, o prejuízo será restabelecido integralmente e deverá ser considerado neste caso. Apreciando o Termo de Verificação Fiscal (fls. 1229), verifico que a fiscalização considerou os valores individuais de cada empresa (lucro ou prejuízo) e os consolidou por empresas controladoras, na proporção de suas participações, subindo na cadeia orgânica até as duas empresas controladas diretamente pelo contribuinte. Assim, nove empresas são controladas pela BVI (Canelones, Trump, B&M, Quality, TradingUk, Trading Usa, Prometex, MisrCold e Egygate), então o resultado da BVI é a soma algébrica dos resultados dessas nove empresas. Continuando, a BVI é controlada pela Handels, assim como a BertinPeru, então o resultado da Handels é a soma algébrica dos resultados dessas duas empresas. Da mesma forma, como a Handels é controlada pela GMBH, isoladamente, o resultado da GMBH é igual ao resultado da Handels. A GMBH é controlada direta da empresa autuada. Assim, a fiscalização considerou os prejuízos de todas as empresas, ao contrário do que afirmou o recorrente. A tabela que este usa como evidência em seu recurso contém um erro material, pois faz a soma algébrica de todos os resultados, sem considerar a estrutura de participações, de forma que o prejuízo de uma empresa operacional é considerado mais de uma vez, pois é considerado no resultado da própria empresa e no resultado das suas Fl. 2777DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.208 10 sucessivas controladoras. Por exemplo, o prejuízo da Trump foi somado na referida tabela. Como essa empresa é controlada pela BVI, o resultado desta já consolida o prejuízo da Trump e, como a BVI é controlada pela Handels, o resultado desta já consolida o prejuízo da Trump e, mais ainda, como a Handels é controlada pela GMDB, o resultado desta já consolida o prejuízo da Trump. Portanto, quando o recorrente faz uma soma algébrica dos resultados da Trump, da BVI, da Handels, da GMBH, ela está considerando o prejuízo da Trump quatro vezes. Por isso, a tabela do recorrente apresenta resultado diferente do encontrado pela fiscalização. Portanto, não procede a alegação do recorrente de que a fiscalização não compensou os prejuízos fiscais das empresas estrangeiras. O recorrente ainda reclama de que a fiscalização não compensou os prejuízos da própria empresa autuada, no momento do lançamento tributário. O Termo de Verificação Fiscal também aborda essa questão, nos seguintes termos (fls. 1230): 13. Tendo em vista que a empresa não disponibilizou em sua DIPJ do ano calendário de 2008 o lucro auferido no exterior, e o prejuízo apontado na apuração do Lucro Real foi revertido por outras autuações, conforme extratos do sistema SAPLI anexo, a base de cálculo do presente auto de infração é de U$ 15.503.315, que, ao câmbio de 31/12/2008, de 3,23815, perfaz um montante autuável de R$ 50.202.059,47. Em outras palavras, a empresa autuada declarou prejuízos naquele ano, mas foi submetida a outras auditorias fiscais que resultaram em lançamentos tributários e que causou nova apuração do lucro real, dessa vez com imposto a pagar. Assim, no momento dos presentes lançamentos tributários, a empresa já não possuía prejuízos acumulados passíveis de compensação. Não satisfeito com a fundamentação apresentada, o recorrente afirma que os referidos lançamentos tributários estão sendo questionados administrativamente e só podem surtir o efeito relatado quando tiverem decisão definitiva. Entendo que não assiste razão ao recorrente, pois os atos administrativos são autoexecutórios, ou sejam, surtem efeitos no momento de sua execução, de forma que os prejuízos fiscais compensados no levantamento de ofício do lucro real do contribuinte tornam se indisponíveis de imediato. Ademais, a instauração do contencioso administrativo em relação a esse procedimento suspende a exigência de eventual crédito tributário lançado, mas não devolve o contribuinte à situação anterior ao lançamento. Recentemente, o recorrente apresentou a petição de fls. 2206, em adição ao recurso voluntário, em que afirma que o contribuinte possuía prejuízos fiscais no segundo e no quarto trimestre de 2008. Afirma que somente os prejuízos do segundo trimestre foram utilizados em outras autuações, no processo nº 15868.720062/201331, de forma que restaram disponíveis para compensação os prejuízos do quarto trimestre, nos seguintes termos (fls. 2208): Assim, o Prejuízo Fiscal (R$ 406.085.411,04) e a Base Negativa da CSLL (R$ 429.914.276,99) apurados no 4o Trimestre de 2008 não foram consumidos nos autos do Processo Administrativo n° 15868.720062/201331. Dessa forma, era dever da fiscalização considerar os referidos saldos de Prejuízo Fiscal e de Base Negativa da CSLL no cálculo dos tributos supostamente devidos, notadamente Fl. 2778DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.209 11 porque neste processo foi formalizada exigência fiscal especificamente em relação ao 4o Trimestre de 2008. A propósito, os referidos saldos são mais do que suficientes para absorver o valor da adição (R$ 36.231.247,16, após a correção realizada pela r. decisão recorrida) realizada pelos autos de infração impugnados. Todavia, o recorrente omite o fato de que também sofreu autuações relativas ao quarto trimestre de 2008. Consultando os processos de lançamento em desfavor do contribuinte, pude constatar que o processo nº 15868.720223/201397 contém autos de infração de IRPJ (fls. 12902) e de CSLL (fls. 12915) em que foi compensado o prejuízo fiscal no valor de R$ 406.085.411,04 e uma base negativa no valor de R$ 429.914.276,99, ou seja, a totalidade dos prejuízos apurados pelo contribuinte, não restando qualquer valor passível de compensação no presente processo. Portanto, também não procede essa reclamação. 2.5 APURAÇÃO DO RESULTADO DAS EMPRESAS ESTRANGEIRAS O recorrente afirma que os lançamentos tributários sobre os lucros das empresas estrangeiras não tem respaldo na legislação, nos seguintes termos (fls. 1619): Assim, o lançamento fiscal foi lavrado como se não existisse a BERTIN HOLDING GMBH (Áustria). Sucede que a metodologia adotada, de desconsiderar a BERTIN HOLDING GMBH (Áustria), não encontra respaldo na legislação de regência. Além de configurar interpretação errada dos institutos e preceitos que guarnecem a estrutura utilizada, trata de conclusão equivocada quanto aos verdadeiros propósitos da Recorrente para utilizar de uma sociedade na Áustria. Isso é o que passamos a demonstrar. Não procede a alegação da Autoridade Fiscal que a Recorrente não adicionou, para fins de IRPJ/CSL, os resultados/lucros das empresas controladas indiretamente. Isso porque a BERTIN HOLDING GMBH procedeu nos exatos termos do §6º do art. 1º da IN/SRF n° 213/02, segundo o qual: [...] Ora, foi justamente isso que a Recorrente fez, conforme verificado pela própria Autoridade Fiscal. Agora, no entanto, pretende desconsiderar o procedimento estabelecido na IN SRF 213/02 e exigir que a Recorrente adicione os resultados/lucros das sociedades de titularidade da empresa austríaca como se não existisse a consolidação de tais resultados/lucros. Em estrita observância ao art. 1º, §6º, da IN SRF 213/02, a controlada austríaca consolidou os resultados/lucros de sociedades nas quais era titular de participação societária direta ou indireta e a Recorrente declarou esse montante em sua DIPJ. Não procede, portanto, a alegação da Autoridade Fiscal que a Recorrente teria omitido ou se esquivado de declarar em sua DIPJ os resultados/lucros de sociedades controladas por ela. O que ocorreu é que, em estrita observância ao art. 1º, §6º, da IN SRF 213/02, a companhia austríaca consolidou os resultados/lucros de sociedades HOLDING GMBH, era titular de participação direta ou indireta. Verifico que há, aqui, algum mal entendido, pois a auditoria fiscal não desconsiderou a empresa Bertin Holding GMBH, pelo contrário, está exigindo os tributos relativos ao seu lucro no ano 2008, no qual foi consolidado o resultado de todas as outras empresas estrangeiras por ela controladas. Fl. 2779DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.210 12 É certo que a fiscalização intimou o contribuinte a apresentar o resultado de cada uma de suas controladas no exterior, diretas e indiretas, mas isso não quer dizer que o lançamento foi realizado tomandoas individualmente. Conforme visto acima, os resultados individuais foram consolidados em suas controladoras, sucessivamente, até chegar nas controladas diretas do contribuinte, as empresas Bertin Holding GMBH e Bertin USA Corporation. Portanto, a afirmação do recorrente, de que foi desconsiderada a existência da empresa Bertin Holding GMBH, não tem fundamento fático. Também não tem fundamento fático a afirmação de que os lucros apurados pela fiscalização foram declarados pelo contribuinte. Na verdade, o contribuinte declarou resultados positivos no primeiro trimestre (R$ 6.210.466,69 fls. 987) e no segundo trimestre (R$ 17.007.064,75, fls. 991) de 2008, mas declarou resultados negativos no terceiro trimestre (R$ 5.261.286,88, fls. 995) e no quarto trimestre (R$ 36.514.259,83, fls. 999). No total do ano, o contribuinte declarou resultado negativo em participações societárias, apesar de ter auferido lucros, conforme demonstrou a fiscalização. 2.6 TRATADO BRASILÁUSTRIA O recorrente afirma que a criação da empresa Bertin Holding GMBH na Áustria possui razões econômicas, não havendo motivo para a fiscalização afastar dela os benefícios do tratado celebrado entre Brasil e Áustria. Afirma que tal tratado não possui normas antielisivas, de forma que a fiscalização não tem fundamento legal para afastálo. Afirma que a existência do tratado afasta a tributação no Brasil dos lucros das suas empresas controlas localizadas na Áustria, sendo inviável a aplicação do artigo 74 da MP nº 2.15835, nos seguintes termos (fls. 1621): Ora, na medida em que a Recorrente escolheu concentrar parte de suas participações societárias estrangeiras na Áustria, assim o fez em razão da facilidade de operação dos aspectos societários e administrativos relativos às sociedades que ficaram sob aquela empresa, e por conta da segurança na legislação austríaca para esse tipo de sociedade. Esses motivos evidenciam a inexistência de abuso por parte da Recorrente na constituição e utilização da companhia austríaca para concentrar determinadas participações societárias. Assim, não se pode afastar a aplicação do Tratado BrasilÁustria no caso em tela alegando que a situação configura abuso. Essa espécie de situação deve estar necessariamente prevista no próprio Tratado. Em não estando previsto o "teste" sobre o propósito negocial ou comercial da transação, prevalece a norma do Tratado sobre a legislação ordinária brasileira, de tal modo a impossibilitar o afastamento da aplicação do Tratado sob o argumento de que a transação em questão é abusiva ou com propósito exclusivamente fiscal. No caso do Tratado BrasilÁustria, não há norma que trate de medidas antiabuso ou qualquer limitação qualitativa para que empresas sediadas nas jurisdições envolvidas possam se beneficiar desse Tratado. Consequentemente, não pode a Autoridade Fiscal afastar a aplicação desse Tratado. Com efeito, por força do art. 98 do Código Tributário Nacional, as normas do Tratado em questão prevalecem sobre as disposições da legislação ordinária brasileira. [...] Neste contexto, e considerando que os lucros provenientes das controladas indiretas da Recorrente foram levados à tributação em sua controlada direta estabelecida na Áustria, deve ser observado e cumprido o tratado firmado entre Brasil e Áustria, aprovado pelo Decreto nº 78.107/76, especialmente o disposto em seu artigo 7, item Fl. 2780DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.211 13 "1", no sentido de que "os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado." E nem se diga, como o fez a Autoridade Julgadora de 1º instância, que tal tratado não se aplica ao caso porque "não seriam os lucros da sociedade investida tributados pelo Estado de residência dos sócios, mas os lucros auferidos pelos próprios sócios". Ora, se estivessem sendo tributados lucros de pessoas distintas, não existiria razão para a existência de norma que autorizasse a compensação, no Brasil, do imposto pago no exterior. Ademais, o Superior Tribunal de Justiça, quando instado a se manifestar, já consolidou entendimento no sentido de que justamente pelo fato de as controladas terem personalidade jurídica própria é que não é possível a tributação dos seus lucros no Brasil: [...] Ademais, a E. Corte, naquela oportunidade, deixou expressamente consignado que a existência de tratado para evitar a dupla tributação inviabiliza a tributação no Brasil com fundamento no art. 74 da MP nº 2.15835/01. O Brasil e a Áustria celebraram tratado para evitar a dupla tributação em matéria de IRPJ, o qual foi introduzido no ordenamento jurídico pátrio por meio do Decreto nº 78.107, de 1976. O artigo 7º, 1 e 2, desse tratado tem a seguinte redação: 1. Os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado, a não ser que a empresa exerça sua atividade no outro Estado Contratante por meio de um estabelecimento permanente aí situado. Se a empresa exercer sua atividade na forma indicada, seus lucros serão tributáveis no outro Estado, mas unicamente na medida em que forem atribuíveis a esse estabelecimento permanente. 2. Quando uma empresa de um Estado Contratante exercer sua atividade no outro Estado Contratante através de um estabelecimento permanente aí situado, serão atribuídos em cada Estado Contratante a esse estabelecimento permanente os lucros que obteria se constituísse uma empresa distinta e separada exercendo atividades idênticas ou similares, em condições idênticas ou similares, e transacionando com absoluta independência com a empresa de que é um estabelecimento permanente. Perquirese se a existência dessa norma impede a tributação de empresa brasileira pelo reflexo, no seu patrimônio, dos lucros obtidos por uma empresa, sua controlada, sediada na Áustria. Sobre essa questão, a CSRF manifestouse recentemente no sentido de ser possível tal tributação, decidindo por voto de qualidade, por meio do Acórdão nº 9101 003.829, de 02/10/2018, cujo trecho final do voto condutor, da lavra do Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, segue transcrito: A lei brasileira, ao estabelecer a base de tributação do IRPJ e da CSLL para as empresas brasileiras, determinou que se computasse nessa base os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior. O que está em questão, portanto, é a tributação do lucro auferido por empresa brasileira no exterior e não o lucro de empresa do exterior. É oportuno novamente destacar o Comentário da própria OCDE sobre o Parágrafo 1o do Artigo 7 da Convenção Modelo (tradução livre): "[...]. O tributo assim imposto por um Estado sobre seus próprios residentes não reduz os lucros da Fl. 2781DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.212 14 empresa de outro Estado e não se pode dizer, portanto, que teve por objeto tais lucros." Não há, desse modo, nenhuma incompatibilidade entre a legislação brasileira (voltada para os seus próprios residentes) e os tratados internacionais (aplicados às empresas não residentes). De qualquer forma, apesar de toda a controvérsia sobre as questões relativas à tributação de lucros no exterior e os alegados problemas de bitributação. é sempre importante lembrar que a legislação brasileira assegura à empresa brasileira que detém investimentos no exterior o direito de compensar o imposto pago no exterior, ficando, assim, eliminada qualquer chance de dupla tributação sobre a mesma renda lucro. Em seu recurso, a contribuinte faz várias críticas à lei brasileira, no sentido de que ela incorreria em dupla tributação: "as verdadeiras normas CFC (controlled foreign companies provisions) são norma anti abuso na medida em que taxam apenas as rendas de natureza passiva e oriundas de território de baixa ou nula tributação": "os lucros destas são formados substancialmente por rendas passivas: e/ou (ii) estão elas localizadas em territórios de baixa tributação. Tal regime, contudo, jamais se aplica a controladas e coligadas domiciliadas em países que têm nível comparável de tributação", e "a lei brasileira, em matéria de sociedades controladas e coligadas no exterior, adotou um sistema que se afasta totalmente do tipo CFC. por não ter caráter excepcional nem finalidade antielisiva. uma vez que atinge, como regra geral, a totalidade do lucro das sociedades controladas ou coligadas no exterior, independentemente da natureza dos rendimentos que o integram e do nível de tributação do país ou território de seu domicílio". Ocorre que essa linha de argumentação da contribuinte é na verdade contraditória com sua situação específica. Conforme mencionado no início deste voto. e registrado desde o Termo de Verificação Fiscal, todo o lucro auferido no exterior em 2009. no montante de R$ 301.996.865.95. foi gerado na controlada em Funchal (Ilha da Madeira). Na verdade, uma pequena parte desse lucro corresponde ao resultado da controlada indireta Imagra. nas Bahamas. O resultado positivo da Imagra somou R$ 1.826.419.05. e foi incorporado no resultado de sua controladora (Bradesco Overseas Funchal). A decisão de primeira instância administrativa proferida nestes autos. Acórdão 16 71.977 3a Turma da DRJ/SP1. de 15/04.2016. fez a seguinte análise sobre essa situação: [...] O que se percebe é que a contribuinte, invocando tratado internacional para evitar dupla tributação, pretende ficar exonerada de tributo que nem foi pago no exterior. O que ela busca é a dupla não tributação, e os tratados internacionais não tem essa finalidade. Está bem claro que a tributação em pauta recaiu sobre lucros gerados em locais onde não há tributação da renda/lucro, locais que não estão abarcados pelo Tratado BrasilAustria (Funchal/Ilha da Madeira e Bahamas). Não há que se alegai' que o Tratado BrasilÁustria tem que ser aplicado porque a contribuinte consolidou os lucros das controladas indiretas na controlada direta (localizada na Áustria), independentemente de haver ou não pagamento de tributo no exterior. Isso configuraria um evidente uso indevido (abusivo) do tratado para evitar dupla tributação. Certamente, não é essa a finalidade desses tratados. Fl. 2782DF CARF MF Processo nº 16643.720065/201372 Acórdão n.º 1201002.761 S1C2T1 Fl. 2.213 15 Adoto o entendimento e as razões de decidir da jurisprudência acima transcrita e acrescento mais algumas considerações. A norma de incidência dos tributos brasileiros somente alcança os fatos geradores ocorridos no Brasil. No caso do IRPJ, o fato gerador é um aumento do poder aquisitivo da empresa brasileira. Não haveria efeito algum em um tratado celebrado com a Áustria para evitar a incidência de IRPJ sobre um fato gerador ocorrido em uma empresa na Áustria, simplesmente porque essa incidência nunca ocorre. Todavia, se esse aumento de poder aquisitivo se deveu ao resultado positivo de uma empresa estrangeira controlada, ou seja, que tem obrigações com a empresa nacional, é possível que essa empresa controlada tenha sido tributada no seu país. Nesse momento, surge a oportunidade de um tratado entre os dois países, não para evitar que haja tributação nos dois países, mas para que a tributação em cada país seja modulada, de forma que alcance a atividade produtiva proporcionalmente às respectivas responsabilidade. Na espécie, entendo que essa modulação se dá pela possibilidade que tem a empresa nacional, ao apurar o tributo brasileiro sobre a obrigação societária da empresa estrangeira, de compensar o tributo pago pela empresa estrangeira ao pais estrangeiro. Em outras palavras, o Brasil abre mão de parte de sua tributação, na proporção da tributação realizada pela Áustria. Portanto, não há que se falar em invalidar a tributação no Brasil porque já houve tributação na Áustria, uma vez que a proporção da divisão dos encargos tributários entre os dois países somente se sabe com a atividade de tributação. Ambas são necessárias para a consecução do tratado. É possível que a compensação resulte em liquidação zero do tributo brasileiro. É quando o diálogo em torno das tarifas e bases de cálculo ganham relevância na negociação do acordo internacional. Diante do exposto, entendo que o tratado BrasilÁustria não impede a tributação no Brasil do aumento do poder aquisitivo da empresa brasileira apurado nos moldes do artigo 74 da MP nº 2.15835, combinado com o artigo 25 da Lei nº 9.249, de 1995, pelo que a reclamação do recorrente não deve ser acatada. 3 CONCLUSÃO Diante das razões acima expostas, voto por conhecer do recurso de ofício e do recurso voluntário e: 1. negar provimento ao recurso de ofício; 2. dar parcial provimento ao recurso voluntário para que seja reduzida a exigência tributária pela compensação dos tributos pagos no exterior, conforme apontado no relatório de diligência de fls. 2182. (assinado digitalmente) Neudson Cavalcante Albuquerque Relator Fl. 2783DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.002188/2007-58
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003
AÇÃO DE OFERTA DE ALIMENTOS. CONTRIBUINTE ALIMENTANTE COABITANDO COM A CÔNJUGE E FILHA. NATUREZA DE DEVER FAMILIAR.
Assim como a legislação civil não comporta a comunicação unilateral para a exoneração dos alimentos fixados, a legislação fiscal só permite a dedução dos alimentos pagos em cumprimento às normas do Direito de Família. O dever de prestar alimentos não se confunde com o dever de sustento decorrente do poder familiar. O dever de sustento dos cônjuges se transforma em dever de prestar alimentos quando há a ruptura da vida conjugal.
Numero da decisão: 9202-007.644
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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CONTRIBUINTE ALIMENTANTE COABITANDO COM A CÔNJUGE E FILHA. NATUREZA DE DEVER FAMILIAR. Assim como a legislação civil não comporta a comunicação unilateral para a exoneração dos alimentos fixados, a legislação fiscal só permite a dedução dos alimentos pagos em cumprimento às normas do Direito de Família. O dever de prestar alimentos não se confunde com o dever de sustento decorrente do poder familiar. O dever de sustento dos cônjuges se transforma em dever de prestar alimentos quando há a ruptura da vida conjugal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 00 21 88 /2 00 7- 58 Fl. 148DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo Contribuinte contra acórdão nº 210101.761, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2 ª Seção, proferido na sessão do dia 11 de julho de 2012, que restou assim ementado: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2003 AÇÃO DE OFERTA DE ALIMENTOS. CONTRIBUINTE ALIMENTANTE COABITANDO COM A CÔNJUGE E FILHA. NATUREZA DE DEVER FAMILIAR. Assim como a legislação civil não comporta a comunicação unilateral para a exoneração dos alimentos fixados, a legislação fiscal só permite a dedução dos alimentos pagos em cumprimento às normas do Direito de Família. O dever de prestar alimentos não se confunde com o dever de sustento decorrente do poder familiar. O dever de sustento dos cônjuges se transforma em dever de prestar alimentos quando há a ruptura da vida conjugal. Recurso Voluntário Negado Na origem, tratase de lançamento para cobrança de IRPF relativo ao ano calendário 2003 de R$ 2.083,10, de multa de oficio de R$ 1.562,32 e de juros de mora calculados até 08/2007 de R$ 1.424,63. O lançamento em questão considerou indevida a dedução a título de pensão judicial, no valor de R$ 24.601,06, em razão de não ter havido divórcio entre os cônjuges, conforme art. 8°, II, "1", da Lei 9.250/95. Em seu Recurso Especial, o Contribuinte alega que o acordo de fixação de alimentos, nos autos do processo nº 2060/2000, que desde a data de 19 de julho de 2001, o recorrente não mais voltou a viver em união estável. Apresenta como paradigma o acórdão 2801002.367, que também é parte, que restou assim ementado: Imposto sobre a Renda de pessoa Física IRPF Exercício: 2005 PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO. CONDIÇÕES. São passíveis de dedução da base de cálculo do imposto de renda os valores relativos à pensão alimentícia, decorrente de decisão judicial, que foram devidamente comprovados como pagos pelo contribuinte. recurso Voluntário provido. Conforme despacho de admissibilidade, foi dado seguimento ao REsp nos seguintes termos: Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10850.002188/200758 Acórdão n.º 9202007.644 CSRFT2 Fl. 149 3 O paradigma deu provimento ao recurso voluntário interposto, mantendo a dedução pleiteada, por considerar que o contribuinte cumpriu o disposto no art. 78 do RIR/99: provou que a pensão alimentícia é decorrente de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente e que tais valores foram pagos. O aresto atacado, por sua vez, considerou acertada a decisão de primeira instância, que glosou a dedução a título de pensão alimentícia judicial, por esta derivar de Ação de Oferta de Alimentos impetrada por deliberação pessoal e por acordo familiar, sem dissolução da sociedade conjugal, mesmo mediante observância dos pressupostos elencados no art. 78 do RIR/99. Intimada, a Fazenda Nacional apresentou Contrarrazões de efls. 134/146, requerendo a negativa do recurso. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial do Contribuinte é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. A discussão diz respeito a dedução a título de pensão alimentícia judicial, por esta derivar de Ação de Oferta de Alimentos impetrada por deliberação pessoal e por acordo familiar, sem dissolução da sociedade conjugal, mesmo mediante observância dos pressupostos elencados no art. 78 do RIR/99. Na leitura dos autos, não se verifica a juntada de nenhum elemento de prova que comprove a dissolução da sociedade conjugal, neste sentido, destaco trecho do voto vencedor da Câmara a quo: O recorrente alega que, por não precisar declarar a razão pela qual estava saindo de casa, o fato de ele precisar se mudar de cidade para lá desempenhar as suas funções seria motivo suficiente para que o mesmo reservasse parte do seu salário a título de pensão alimentícia. Nos termos do artigo 1.708 do Código Civil, o casamento, a união estável ou o concubinato do excônjuge credor, faz cessar o dever de prestar alimentos para o devedor. Perguntase, então: se sequer houve o rompimento do vínculo conjugal, qual a natureza jurídica das parcelas mensais que o “cônjuge” devedor transfere ao “cônjuge” credor para pagamento de despesas e manutenção da casa? Se o dever de pagar alimentos cessa com o casamento, concubinato ou união estável do cônjuge credor, o que dizer em relação ao pagamento de alimentos para a própria esposa ou companheira. Se não houve o rompimento do vínculo conjugal o único propósito da Fl. 150DF CARF MF 4 mesada estipulada no acordo homologado na justiça é a sua dedução como pensão alimentícia para fins do imposto de renda, pois na vida em comum se compartilham a saúde e a doença, a abundância e a escassez. O dever de pagar alimentos surge com o rompimento do vínculo conjugal, o que não aconteceu no presente caso, conforme afirma expressamente a petição judicial juntada aos autos. É certo que o recorrente agora nega a vida em comum com a sua companheira, contudo, não apresentou qualquer elemento de prova neste sentido, relacionado a qualquer período, muito menos ao anocalendário de 2003. (...) Por outro lado, muito estranho a fixação do percentual de 66% sobre a totalidade dos rendimentos líquidos, a título de pensão alimentícia. Nem quando há alimentando com doença crônica. Quem produz a renda, e tem ônus financeiro para isso, compartilha igualmente o salário com os alimentandos, sem qualquer justificativa plausível. Sabese que as questões humanas são complexas e mais ainda quando envolve dinheiro. Pareceme evidente, portanto, que o único propósito do autuado é ficar na faixa de isenção da tabela progressiva do imposto de renda, conforme se constata no Demonstrativo à fl. 16. (Grifamos) Assim, entendido que está mantido o vínculo conjugal, destaco o voto da Ilma. Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz, proferido no acórdão nº 9202007.118: Ocorre que, quando mantido o vínculo conjugal, as relações familiares de mútuo sustento são regidas no âmbito da família, não havendo qualquer necessidade de intervenção jurídica. Ora, o direito surge para tutelar bens jurídicos, como dito anteriormente, assim, não havendo violação ao bem jurídico, não há que se falar em tutela jurídica. Com isso, observase que o pagamento da pensão alimentícia, quando mantido o vínculo conjugal, embora não proibido pelo direito; pois no direito privado é permitido fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, em decorrência do princípio da autonomia da vontade; possui cunho convencional e não obrigatório. Cabe salientar que importa ao direito de família o cumprimento da obrigação legal de pagar alimentos, pois o seu descumprimento enseja, inclusive, a prisão por dívida, o que não ocorre diante do inadimplemento de uma obrigação convencional. Assim, no presente caso, não se vislumbra a aplicação da Súmula 98 do CARF, pois a pensão alimentícia descrita na norma é, por uma interpretação lógica e sistemática jurídica, a decorrente de uma obrigação legal e não a decorrente de mera liberalidade. Por todo o exposto, voto por conhecer do recurso interposto pelo Contribuinte e, no mérito, negarlhe provimento. Fl. 151DF CARF MF Processo nº 10850.002188/200758 Acórdão n.º 9202007.644 CSRFT2 Fl. 150 5 Diante do exposto, voto por conhecer do recurso interposto pelo Contribuinte e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 152DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.000124/00-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996
RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL.
0 direito de pleitear restituição, ou utilizar indébito em compensação, extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.
EXTIN0.0 DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Nos tributos sujeitos a
lançamento por homologação, a extinção do crédito tributário ocorre no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1ªº do art. 150 do CTN.
Interpretação vinculante expressa na Lei Complementar n° 118/2005.
ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. No âmbito do processo
administrativo fiscal, é vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar lei, sob fundamento de inconstitucionalidade.
MATÉRIA DECIDIDA NO RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 0 Regimento Interno do CARF determina a observância das decisões definitivas de mérito do Superior Tribunal de Justiça proferidas no rito dos recursos repetitivos, apenas quando se trate de matéria infraconstitucional, característica inexistente se o tema aguarda apreciação definitiva do Supremo Tribunal Federal. MATÉRIA SUBMETIDA à APRECIAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM RITO DE REPERCUSSÃO GERAL. O sobrestamento de julgamento de recurso voluntário no âmbito do CARF somente se verifica nos casos de sobrestamento do julgamento de recursos extraordinários da mesma matéria no âmbito do Supremo Tribunal Federal, devendo ser aplicada a legislação questionada no âmbito daquele Tribunal Superior enquanto não definitiva a decisão de mérito que venha a afastá-la.
SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO MEDIANTE DCOMP. ANÁLISE DO DIREITO CREDITÓRIO. TERMO DE INICIO.
0 prazo fixado na legislação para aferição da liquidez e certeza do crédito utilizado em compensação somente se expira cinco anos depois de sua formalização em DCOMP.
RESTITUIÇÃO. IMPOSTO RETIDO NA FONTE SOBRE
RECEBIMENTO DE DIVIDENDOS. ANO-CALENDÁRIO 1995.
Para o ano-calendário de 1995, a legislação vigente permitia apenas a
compensação do saldo de IRRF, decorrente do recebimento de dividendos,
com o imposto que o beneficiário tivesse de reter na distribuição de
dividendos, bonificações em dinheiro, I cros e outros interesses. Ainda
assim, admitir-se-ia a compensação com outros tributos, pois a autuada teve prejuízo fiscal, de um lado, e em razão da alteração legal que extinguiu, a partir do ano 1996, a incidência do IRRF sobre o recebimento de dividendos, de outro. A não inclusão das receitas (dividendos) no lucro do período, mediante apresentação da DIPJ, impediu, no entanto, a consideração das retenções na composição do saldo credor restituivel. Por esta razão, o IRRF comentado deve ser interpretado como forma de tributação exclusiva, à luz do artigo 2°, §, 1°, alínea c, da Lei n° 8.849/99.
Numero da decisão: 1101-000.645
Decisão: Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Camara da Primeira Seção de Julgamento: 1) relativamente aos saldos negativos de IRPJ apurados nos anos-calendário de 1992 a 1994, por voto de qualidade, não aplicar o art. 62-A, caput do Anexo
II do Regimento Interno do CARF e declarar a prescrição dos indébitos, vencido o Conselheiro Benedicto Celso Benicio Junior (Relator), acompanhado pelos Conselheiros Joao Carlos de
Figueiredo Neto e José Ricardo da Silva; 2) relativamente ao saldo negativo de IRPJ apurado no ano-calendário de 1995, em preliminar, por voto de qualidade, admitir a revisão do saldo
negativo, vencido o Conselheiro Benedicto Celso Benicio Júnior (Relator), acompanhado por João Carlos de Figueiredo Neto e José Ricardo da Silva; e, no mérito, por unanimidade, negar
provimento ao recurso voluntário; e 3) relativamente ao IRRF incidente sobre dividendos, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, votando pelas conclusões a
Conselheira Edeli Pereira Bessa, nos termos do relatório e do voto que acompanham o presente acórdão. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa.
Nome do relator: Edeli Pereira Bessa
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IRPJ CREMER S.A. (-:\) FAZENDA NACIONAL (,) -"N ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996 RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. 0 direito de pleitear restituição, ou utilizar indébito em compensação, extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. EXTIN0.0 DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a extinção do crédito tributário ocorre no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1 0 do art. 150 do CTN. Interpretação vinculante expressa na Lei Complementar n° 118/2005. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, é vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar lei, sob fundamento de inconstitucionalidade. MATÉRIA DECIDIDA NO RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 0 Regimento Interno do CARF determina a observância das decisões definitivas de mérito do Superior Tribunal de Justiça proferidas no rito dos recursos repetitivos, apenas quando se trate de matéria infraconstitucional, característica inexistente se o tema aguarda apreciação definitiva do Supremo Tribunal Federal. MATÉRIA SUBMETIDA ik APRECIAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM RITO DE REPERCUSSÃO GERAL. O sobrestamento de julgamento de recurso voluntário no âmbito do CARF somente se verifica nos casos de sobrestamento do julgamento de recursos extraordinários da mesma matéria no âmbito do Supremo Tribunal Federal, devendo ser aplicada a legislação questionada no âmbito daquele Tribunal Superior enquanto não definitiva a decisão de mérito que venha a afastá-la. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO MEDIANTE DCOMP. ANÁLISE DO DIREITO CREDITÓRIO. TERMO DE INICIO. Valmar Fonseca nezes - Presidente eli Pereira Bessa — Redatora designada Processo n° 13971.000124/00-60 SI-CITI Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 3 0 prazo fixado na legislação para aferição da liquidez e certeza do crédito utilizado em compensação somente se expira cinco anos depois de sua formalização em DCOMP. RESTITUIÇÃO. IMPOSTO RETIDO NA FONTE SOBRE RECEBIMENTO DE DIVIDENDOS. ANO-CALENDÁRIO 1995. Para o ano-calendário de 1995, a legislação vigente permitia apenas a compensação do saldo de IRRF, decorrente do recebimento de dividendos, com o imposto que o beneficiário tivesse de reter na distribuição de dividendos, bonificações em dinheiro, I cros e outros interesses. Ainda assim, admitir-se-ia a compensação com outros tributos, pois a autuada teve prejuízo fiscal, de um lado, e em razão da alteração legal que extinguiu, a partir do ano 1996, a incidência do IRRF sobre o recebimento de dividendos, de outro. A não inclusão das receitas (dividendos) no lucro do período, mediante apresentação da DIPJ, impediu, no entanto, a consideração das retenções na composição do saldo credor restituivel. Por esta razão, o IRRF comentado deve ser interpretado como forma de tributação exclusiva, à luz do artigo 2°, §, 1°, alínea c, da Lei n° 8.849/99. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Camara da Primeira Seção de Julgamento: 1) relativamente aos saldos negativos de IRPJ apurados nos anos-calendário de 1992 a 1994, por voto de qualidade, não aplicar o art. 62-A, caput do Anexo II do Regimento Interno do CARF e declarar a prescrição dos indébitos, vencido o Conselheiro Benedicto Celso Benicio Junior (Relator), acompanhado pelos Conselheiros Joao Carlos de Figueiredo Neto e José Ricardo da Silva; 2) relativamente ao saldo negativo de IRPJ apurado no ano-calendário de 1995, em preliminar, por voto de qualidade, admitir a revisão do saldo negativo, vencido o Conselheiro Benedict° Celso Benicio Júnior (Relator), acompanhado por João Carlos de Figueiredo Neto e José Ricardo da Silva; e, no mérito, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário; e 3) relativamente ao IRRF incidente sobre dividendos, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, votando pelas conclusões a Conselheira Edeli Pereira Bessa, nc>s,-t rmo o relatório e do voto que acompanham o presente acórdão. Designada para red' «voto vence or a Conselheira Edeli Pereira Bessa. Benedict° Celso B nicio Junior - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Valmar onseca de Menezes, Benedicto Celso Benicio Júnior, Edeli Pereira Bessa, Carlos Eduardo de Almeida 2 Processo n° 13971.000124/00-60 SI-CITI Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 4 Guerreiro, José Ricardo da Silva e João Carlos de Figueiredo Neto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Nara Cristina Takeda Taga. Relatório Originou-se o presente processo de pedidos de restituição e compensação relativos ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), no valor total de R$ 328.498,26 (trezentos e vinte e oito mil, quatrocentos e noventa e oito reais e vinte e seis centavos), conforme fls. 01/06. Os pedidos se fundamentam na apuração de saldo credor do referido imposto, nos anos-calendário de 1992 a 1996, e na incidência de IRRF sobre dividendos recebidos, não aproveitados, atinentes ao ano-calendário de 1995, não incluídos na respectiva declaração. Instruem o pedido, no essencial, planilhas e cópias de folhas das DIPJ's dos exercícios de 1993 a 1996, de comprovantes de retenção, de extratos bancários, de Darf s e de procuração (fls. 07/235). O pleito da interessada foi deferido, em parte, pela Delegacia da Receita Federal de Blumenau/SC, que exarou o despacho decisório de fls. 269/275, datado de 01/03/2004. Citado decisum teve como fundamentos, sumariamente, os seguintes: - houve prescrição do direito de restituição, com relação aos anos-calendário de 1992 a 1994; - parte dos documentos apresentados não se presta a comprovar a alegada retenção na fonte, no ano- calendário de 1995; e - quanto ao imposto na fonte incidente sobre dividendos, somente poder ser, este, compensado na forma do art. 22, § 2°, alineab, da Lei n° 8.849, de 1994. Inconformada coin o indeferimento parcial de seu pedido, do qual tornou ciência em 31/05/2004 (Aviso de Recebimento - AR de fi. 287), apresentou a interessada, em 30/06/2004, a manifestação de inconformidade de fls. 288 a 293, nela argumentando, em síntese, que: - o prazo para a restituição é de cinco anos contados da extinção do crédito tributário — que, em se tratando de lançamento por homologação, somente resta consumada com a homologação, expressa ou tácita; - a restituição prevista pelo art. 165 do Código Tributário Nacional (CT1V) abrange todo e qualquer pagamento feito ern desconformidade com a lei; 3 Processo n° 13971.000124/00-60 SI-CI TI Acórdão n.° 1101-000.646 11. 5 - juntaram-se demonstrativos fornecidos pelas instituições financeiras, comprovando que as operações ocorreram e que houve a retenção de imposto; e - a diferença entre o valor pleiteado pela empresa, no período de 1995, para o valor apurado pela Fiscalização decorre do fato de esta não ter efetuado a atualização monetária trimestral dos valores, com base na Ufir. Foram anexadas, à manifestação de inconformidade, cópias de procuração, de atos societários e de documentos já constantes do processo (fls. 294 a 313). 0 presente remédio foi encaminhado à l a TURMA — DRJ — CURITIBA — PR, que deferiu em parte a manifestação de inconformidade da recorrente, alterando o saldo negativo de IRPJ a restituir, no ano-calendário de 1995, de R$ 36.145,58 (trinta e seis mil, cento e quarenta e cinco reais e cinquenta e oito centavos) para R$ 39.577,02 (trinta e nove mil, quinhentos e setenta e sete reais e dois centavos). Adotou-se, para tanto, o seguinte entendimento: - no que tange ao pedido de restituição dos anos- calendário de 1992, 1993 e 1994, a restituição ou compensação tornara-se possível a partir do mês subsequente ao do encerramento dos respectivos períodos de apuração. Conclui-se, pois, com fundamento no artigo 3° da Lei Complementar n° 118/2005, combinado com o artigo 168, inciso I do CTN, pela extinção do direto à restituição dos referidos anos- calendários, em em face do transcurso de mais de cinco anos entre a data do pedido (14/01/2000) e o primeiro dia do mês subsequente ao do encerramento dos respectivos períodos de apuração; - naquilo que reporta ao ano-base de 1995, parte das provas das retenções efetuadas não se presta a tal fim. Nos termos da lei, somente faz prova da retenção a apresentação, pelo beneficiário dos rendimentos, do competente comprovante de retenção, emitido pela fonte pagadora, nos termos do artigo 943 do RIR/99. No presente caso, como inexiste o registro das supostas retenções sofridas pelo contribuinte nos sistemas da Receita Federal, entendeu-se pela impossibilidade de admiti-las; - quanto ao IRRF incidente sobre dividendos, no ano- calendário de 1995, esclareceu-se que a possibilidade de compensação é dada pela lei, única e exclusivamente, como forma de abatimento do imposto devido quando da redistribuiçcio dos dividendos, conforme determina o artigo 2°, § 1°, alínea b, da Lei n° 8.849/1994, com redação do artigo 1° da Lei 9.064/1995; - por concordar com a recorrente sobre a alegação de que a diferença entre o valor pleiteado pela empresa, no período de 1995, de um lado, e o valor apurado pela 4 Processo no 13971.000124/00-60 SI-CITI Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 6 fiscalização, doutro lado, decorria do fato de esta não ter efetuado a atualização monetária trimestral dos valores pela UFIR, entendeu-se correto o saldo negativo de IRPJ a restituir de RS 39.577,02 (trinta e nove mil, quinhentos e setenta e sete reais e dois centavos), ante o valor apurado anteriormente, de RS 36.145,58 (trinta e seis nil!, cento e quarenta e cinco reais e cinquenta e oito centavos). Irresignada, a recorrente apresentou Recurso Voluntário, em 04 de setembro de 2009, cientificada da decisão em 06 de agosto de 2009, por meio do qual alegou que: - a prescrição pautada na Lei Complementar n° 118/2005 é equivocada, pois somente pode ter reflexos a partir de sua edição. Nos casos de pedido de restituição, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, os contribuintes têm 05 anos para ter reconhecido os valores por ele pagos. Depois da homologação, tácita ou efetiva, possuem os sujeitos passivos mais 05 anos para requerer a devolução dos referidos valores, consoante os artigos 165, I, e 156, VII, do CTN; - no tocante à falta de comprovantes que atendiam aos requisitos legais — razão pela qual a decisão inicial não acatou o valor do principal de R$ 1.771,11 (um mil, setecentos e setenta e um reais e onze centavos) — alega a recorrente que os extratos apresentados demonstram a efetividade das operações, quais sejam, as retenções efetuadas pela fonte pagadora — valores estes que foram apontados nas declarações de ajuste anual da empresa; - quanto ao imposto retido no recebimento de dividendos pela recorrente, informa que a decisão, no que tange ao ano-calendário de 1995, decidiu que o mesmo apenas poderia ser compensado com o imposto que a pessoa jurídica beneficiária, tributada com base no lucro real, tivesse de recolher relativo a distribuição de dividendos, bonificaç5es em dinheiro, lucros e outros interesses, não cabendo a restituição pleiteada, mas apenas a compensação na forma mencionada. Neste aspecto, alegou que a empresa, nos anos subsequentes ei retenção havida, não teve qualquer distribuição de dividendos ou outros interesses, sendo que, a partir de 1996, por conta do art. 10 da Lei n° 9.249/1995, foi determinado que não houvesse mais a incidência do imposto de renda na fonte sobre a distribuição de dividendos. Por conta disso, ficou impossibilitada de realizar a compensação pretendida; - prosseguiu destacando que, no presente caso, trata-se de restituição de saldo de imposto de renda retido na fonte não considerado na declaração de ajuste anual da empresa. Em virtude disso, teria havido recolhimento de imposto de renda a maior que o devido para o período; 5 Processo n° 13971.000124/00-60 S I-C ITI Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 7 - alega que seu direito a restituição de créditos tributários pagos indevidamente ou a maior que o devido está amparado no CTN (arts. 165 a 169), na Constituição Federal e na Lei n°9.430/96, nos seus artigos 73 e 74. o relatório. Voto Vencido Conselheiro Benedicto Celso Benicio Júnior, Relator: O recurso 6 tempestivo e atende aos pressupostos legais para seu seguimento. Dele conheço. Inicialmente, o presente processo foi indicado para julgamento na pauta do mês de agosto de 2011. Porém, determinou-se seu sobrestamento, para que se aguardasse o julgamento, pelo STF, do Recurso Extraordinário n° 566.621, em caráter de repercussão geral, que tratava da discussão sobre o termo de inicio da contagem do prazo prescricional de apresentação do pedido de restituição de créditos administrados pela Receita Federal do Brasil. Referido sobrestamento foi pautado, na oportunidade, pelo §1° do artigo 62- A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — CARF (Portaria MF n° 256, de 22/06/2009): "Artigo 62-A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARE. 5S 1° Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543-B. sç 2° 0 sobrestamento de que trata o sç' I° será feito de oficio pelo relator ou por provocação das partes." 0 Recurso Extraordinário em comento veio a ser julgado no próprio mês de agosto passado. 0 Excelso Pretório decidiu, então, por maioria de votos, que, para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, os pedidos de restituição, sempre que apresentados a partir de 09/06/2005, estariam adstritos a prazo prescricional de 05 (cinco) anos contados do momento do pagamento antecipado. Doutro lado, para os pedidos de restituição apresentados em momento anterior à data citada, o prazo prescricional de cinco anos seria computado a partir do átimo em que ocorresse a homologação tácita ou expressa do lançamento efetuado — o que poderia levar, em principio, ao perfazimento de até um decênio. 6 Processo n° 13971.000124/00-60 SI-CI TI Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 8 Portanto, extinguindo-se a causa que ensejou o sobrestamento do feito, uma vez julgado o Recurso Extraordinário telado, retomo o julgamento do presente Recurso Voluntário, cuidando de seu mérito. O processo em análise foi o iginado do pedido de restituição apresentado, pela recorrente, em 14/01/2000. 0 direito creditório peticionado tocava a saldo credor de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), apurado nos anos-calendários de 1992, 1993, 1994, 1995 e 1996, composto por IRRF incidente sobre rendimentos de aplicações financeiras. Referentemente ao exercício de 1996, ano-calendário de 1995, a recorrente também teria apurado crédito oriundo de IRRF sobre dividendos recebidos de sua controlada — utilizado para abatimento parcial do IRRF relativo aos dividendos distribuídos pela própria recorrente, em momento posterior. Inicialmente, analiso as razões concernentes à decretação da prescrição do direito A. restituição do saldo credor referente aos anos-calendários de 1992, 1993 e 1994. Sobre este ponto, a recorrente alega que o prazo prescricional para a realização do pedido de restituição se iniciaria a partir da ocorrência da confirmação tácita ou expressa do pagamento. Noutras palavras, somente ocorrendo a homologação, dentro de cinco anos a partir da data do pagamento antecipado, passaria a se iniciar a contagem do prazo prescricional, por mais um lustro. Acerca deste assunto, este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ventilava entendimento contrário à tese dos "cinco+cinco", antes mesmo da edição da Lei Complementar n° 118/2005. Prevalecia, por aqui, o entendimento de que a contagem do interregno de prescrição se daria a partir do pagamento antecipado, pura e simplesmente. A despeito disso, com o recente julgamento proferido pelo STF, outro deve ser o entendimento que passará a ser adotado por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por obediência ao já citado artigo 62-A do Regimento Interno do CARR Assim, deve- se considerar que o inicio da contagem do prazo prescricional, para os pedidos de restituição de saldo credor de tributos lançados por homologação, deve corresponder à data da extinção do crédito tributário — o que s6 ocorre com a homologação expressa ou tácita do recolhimento antecipado. Os direitos creditórios em estudo tocam a saldos credores apurados nos anos- calendários de 1992, 1993 e 1994. Tomando-se o mais antigo dos ativos, teríamos que a homologação tácita da apuração se perfez ao cabo do ano de 1997. 0 lustro prescricional, por sua vez, esgotou-se ao final do ano de 2002 — muito depois, portanto, da formalização do pedido de restituição em análise, ocorrida em 14 de janeiro de 2000. Essencial, portanto, que seja afastada a arguição de prescrição, adotada pelo despacho decisório inaugural. Devem os autos retornar, por isso, à autoridade fazenddria de origem, a fim de que os correlatos direitos creditórios aduzidos sejam analisados quando a sua substância. Vejamos, pois, os demais períodos. Sobre o ano-calendário de 1996, verifico que o despacho decisório primeiro deferiu integralmente o crédito pleiteado. Nestes termos, não há maiores discussões acerca do tópico. 7 Processo n° 13971.000124/00-60 S I-C I TI Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 9 No que se refere ao ano-calendário de 1995, contudo, noto que os ativos postulados eram formados tanto por IRRF sobre dividendos recebidos, pagos pela controlada Plásticos Cremer S.A., não declarados em DIPJ, de um lado, quanto por saldo credor do IRPJ anual, composto por retenções na fonte sobre receitas oriundas de aplicações financeiras, informado na respectiva Declaração, de outro lado. Quanto ao não acolhimento de parte das provas apresentadas para comprovar o saldo de IRRF sobre aplicações financeiras, componente do saldo credor do ano-calendário em questão, argumenta a autoridade fiscal que se tratavam elas de meros extratos bancários, que não atendiam aos requisitos exigidos para caracterização como Comprovantes de Rendimentos e de Retenção de Imposto de Renda, emitidos em nome da fonte pagadora. A recorrente, contra esse entendimento, alegou que os referidos extratos demonstravam, sim, a efetividade das operações, bem como as retenções efetuadas pelas fontes pagadoras. Pois bem. Creio que a discussão, aqui, não deva ser levada nestes termos. 0 saldo credor de IRPJ apurado em 1995, informado na DIPJ/1996, não mais poderia ser questionado pela Fazenda, mediante despacho decisório exarado em 2004. Já se aperfeiçoou, afinal, o lustro decadencial posto para a constituição de eventuais débitos, possivelmente aferíveis a partir da glosa das informações incrustadas na Declaração anual. Ora, tenho para mim, firmemente, que a impossibilidade de exigir eventuais diferenças constatadas a partir da DIPJ/1996 também significa, por óbvio, que aqueles dados foram irremediavelmente consolidados. Noutras palavras, quer o saldo credor indicado quer as retenções informadas, quer, ainda, todas as demais informações prestadas, tão logo passados mais de 05 (cinco) anos — qualquer que seja o critério legal de cômputo considerado —, acabaram por se tornar inquestionáveis. Cabe ao Fisco, quando da análise dos pedidos de restituição e de compensação em estudo, somente averiguar se a quantia indicada nesses pleitos guardava correspondência com aquela cifra noticiada em DIRT. Não é legitimo o reexame do saldo credor informado, dado que transcorrido muito mais do que o lustro decadencial posto para a glosa das informações e a exigência de eventuais diferenças. Irrelevante 6, aqui, a análise da comprovação das retenções realizadas ao longo do ano-calendário de 1995, formadoras do saldo credor asseverado. 0 direito creditório, portanto, deve ser reconhecido até o limite informado em DIPJ. Nessa direção já se posicionou este colegiado, consoante as ementas de julgamento a seguir transcritas: "SALDO NEGATIVO DO IR - RESTITUIÇÃO - COMPENSAÇÃO - Comprovado que não ocorreram lançamentos de oficio que tenham influenciado o saldo negativo do imposto de renda passível de restituição e obedecidas as demais condições previstas na legislação, se reconhece o direito à restituição e compensação com os débitos indicados, no limite do valor dos créditos." (Ac. no 107-08.980/07) COMPENSAÇÃO DE CRÉDITOS COM DÉBITOS DE TERCEIROS. POSSIBILIDADE. A legislação de Processo n° 13971.000124/00-60 SI-CI TI AcOrdao n.° 1101-000.646 Fl. 10 regência previa na época dos fatos a possibilidade de compensação de créditos da contribuinte com débitos de terceiros. No caso trata-se de crédito liquido e certo declarado na DIPJ dos exercícios de 1997 e 1998, proveniente de saldo negativo de IRPJ, os quais não foram desconstituidos, eis que as declarações apresentadas não foram objeto de notificação ou retificação de nenhum valor de saldo negativo de IRPJ ali demonstrado. 0 crédito declarado relativo aos anos 1996 e 1997, não contestado pelo fisco foi homologado tacitamente pelo decurso do prazo legal." (Ac. 10 Cc - 108-09.530/08) Por fim, no tocante ao IRRF sobre dividendos recebidos, a recorrente alega que não teve qualquer distribuição de dividendos ou outros interesses, nos anos subsequentes ao ano-calendário discutido. Por isso, teria sido incapaz de aproveitar seu crédito, na única forma estatuída pela legislação então vigente. Aduz que a partir de 1996, por conta do art. 10 da Lei 9.242/1995, não haveria mais a incidência de imposto de renda na fonte sobre distribuição de dividendos. Em razão destes motivos, informa que ficou impossibilitada de realizar a compensação entendida como possível, de forma definitiva. Noticia o sujeito passivo, ainda, que os créditos em tela, originados de recolhimentos efetuados a maior a titulo de imposto de renda retido na fonte, incidente sobre dividendos, não foram considerados na declaração de ajuste anual da empresa. Em principio, creio que haveria razão ao recorrente, em razão de duas considerações confluentes, que denotariam a impossibilidade de a recorrente compensar os valores retidos a titulo de IRRF sobre dividendos recebidos, de um turno, com as retenções sobre cifras distribuídas, de outro. Primeiramente, a hipótese contida no artigo 2° da Lei n° 8.849/94 deve ser temperada sempre que, nos anos subsequentes, o contribuinte apurar prejuízo fiscal. Este é o caso em tela, eis que o sujeito passivo voltou a obter lucro apenas em 2008 — momento em que tornou a pagar juros sobre capital próprio. Em segundo plano, a partir de 1996, passou-se, de fato, a não mais haver incidência do imposto de renda na fonte sobre a distribuição de dividendos. Esta razão complementa o fundamento anterior, apontando para a possibilidade da restituição pretendida. Assim, haja vista que o contribuinte não Ode, por circunstâncias alheias a ele, compensar o IRRF a maior incidente sobre dividendos recebidos, ajustando-o com os montantes retidos pertinentes aos montantes de igual natureza por ele pagos, não haveria como se impedir o aproveitamento de seu crédito por outra via, sob pena de se consagrar locupletamento ilícito do Estado. Ocorre, no entanto, que a própria peticionária informa não ter declarado tais retenções na DIPJ/1996. Igualmente, conforme se apura na fl. 267, sequer fora informado o recebimento dos dividendos em questão. Nessa seara, deve-se lembrar que o IRRF só é restituivel ou ressarcivel nas hipóteses em que, tomado como antecipação de IRPJ, venha a compor saldo credor do impo isto. 9 Processo n° 13971.000124/00-60 SI-CI TI Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 11 Para tanto, seria essencial que as receitas (dividendos) pertinentes fossem trazidas à tributação, mediante sua inclusão no lucro tributável ou no prejuízo fiscal do período. Se assim não ocorre, não se perfaz nenhum direito creditõrio, passível de restituição. Uma vez que o imposto retido não compôs saldo negativo, por não ter sido incluído nas cifras informadas em DIPJ, deve-se reputá-lo como espécie inerente A. forma exclusiva de tributação, forte no artigo 2°, § 1°, alínea c, da citada Lei n° 8.849/94: "Art. 2° Os dividendos, bonificações em dinheiro, lucros e outros interesses, quando pagos ou creditados a pessoas fisicas ou jurídicas, residentes ou domiciliadas no Pais, estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte aliquota de quinze por cento. § 1° 0 imposto descontado na forma deste artigo será: (..) b) considerado como antecipação, sujeita a correção monetária, compensável com o imposto de renda que a pessoa jurídica beneficiária, tributada com base no lucro real, tiver de recolher relativo à distribuição de dividendos, bonificações em dinheiro, lucros e outros interesses; c) definitivo, nos demais casos." Neste caso, portanto, não há como se reconhecer o direito crediticio pleiteado, porquanto definitiva era a tributação correspondente. Nessa medida, a não inclusão das receitas retidas no resultado informado em DIPJ impede a restituição e a compensação dos indébitos aduzidos, pelas razões aqui expostas. Isto posto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, para: i) determinar a remessa dos autos para a DRF de origem, a fim de que seja analisado o mérito dos direitos creditõrios atinentes aos saldos credores de IRPJ dos anos-calendários de 1992 a 1994, afastada qualquer adução sobre a prescrição dos pleitos; ii) reconhecer o direito creditório relativo ao saldo credor de IRPJ apurado no ano-base de 1995, ate o limite informado na DIPJ/1996; e iii) manter os demais termos da decisão recs ida. Benedicto Ce o Bníèo Júnior Voto Vencedor Conselheira Edeli Pereira Bessa — Redatora designada fre 1 0 Processo n° 13971.000124/00-60 SI-CIT1 Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 12 A contribuinte formalizou pedido de restituição e de compensação dos indébitos apurados nos anos-calendário 1992 a 1994 apenas em 14/01/2000, ensejando seu indeferimento porque apresentados depois de 5 (cinco) anos contados do encerramento do período no qual teriam sido apurados os saldos negativo alegados. Por sua vez, o Código Tributário Nacional — CTN assim dispõe: Art. 168. 0 direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - na hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; [...] É a seguinte a redação do art. 165 do CTN in verbis: Art. 165. 0 sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no sS 4 0 do artigo 162, nos seguintes casos: I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; [...] Nestes termos, o sujeito passivo dispõe de 5 (cinco) anos para pleitear restituição de eventual crédito, e esse prazo é contado da data da extinção do crédito tributário, representada, no caso de indébito correspondente a saldo negativo de IRPJ, pela data de encerramento do período de apuração, na medida em que não se trata de mero pagamento indevido ou a maior de tributo antes apurado, mas sim de recolhimentos ou retenções antecipados durante o período de apuração, que ao final deste são confrontadas com o tributo incidente sobre o lucro, convertem-se em pagamento e se mostram superior ao débito apurado. No regime anual, este encontro de contas se dá no último dia do ano- calendário, momento no qual o sujeito passivo determina seu lucro e o imposto de renda sobre ele incidente, confrontando-o com as antecipações. Assim, se verificado eventual crédito, já no primeiro dia subseqüente ao encerramento (in casu, 01/01/95, relativamente ao período de apuração mais recente) é possível pleitear a sua restituição, ou utilizar tal valor em compensação, deflagrando-se, neste momento, o prazo para o sujeito passivo agir, nos termos dos arts. 165 e 168 do CTN. Importante observar ainda o que dispõe o art. 150 do CTN: Art. 150. 0 lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. ,f 1° 0 pazamento antecipado pelo obrigado nos termos deste arti2o extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homolo2aeão ao lançamento. 11 Processo n°13971.000124/00-60 SI-C ITI Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 13 § 4° Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação " [grifos acrescidos]. Nos termos da lei, o pagamento antecipado — e, por equivalência, as antecipações convertidas em pagamento no encerramento do período de apuração — extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento, operando- se, portanto, a extinção no momento em que efetuado o pagamento. A previsão da homologação, expressa ou tácita, como condição resolutiva confirma a definitividade da extinção do crédito ocorrida com o pagamento antecipado. Observe-se que esta interpretação está corroborada pelo art. 3 0 Lei Complementar n° 118/2005, nos seguintes termos: Art. 3' Para efeito de interpretação do inciso Ido art. 168 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 — Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1 ° do art. 150 da referida Lei Art. 4 Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3°, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966— Código Tributário Nacional. Por sua vez, aos órgãos administrativos de julgamento cumpre, apenas, apreciar a validade dos atos administrativos, mas não das normas gerais e abstratas, que lhes conferem fundamento de validade, editadas pelo Poder Legislativo, no exercício de sua competência precipua. Apenas o Poder Judiciário tem a competência de apreciação da validade formal e material dos preceitos normativos veiculados em normas jurídicas editadas pelo Poder Legislativo. E, embora o Superior Tribunal de Justiça tenha se manifestado favoravelmente A. tese da interessada — inclusive reafirmando tal entendimento sob a sistemática dos recursos repetitivos, no âmbito do REsp n° 1.002.936/SP —, o Decreto n° 70.235/72 não permite que os órgãos de julgamento administrativo afastem a aplicação de lei com fundamento em decisões proferidas por aquele Tribunal Superior. Veja-se: Art. 26-A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.(Redação dada pela Lei n° 11.941, de 2009) [--.] § 6' 0 disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:(Incluido pela Lei n° 11.941, de 2009) I — que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei n°11.941, de 2009) II — que fundamente crédito tributário objeto de. (Incluido pela Lei n d 11.941, de 2009) 12 Processo n° 13971.000124/00-60 S1-CITI Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 14 a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei n°11.941, de 2009) b) súmula da Advocacia-Geral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar 11'73, de 10 de fevereiro de 1993; ou(Incluido pela Lei n°11.941, de 2009) c) pareceres do Advogado-Geral da Unido aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nfl 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei n° 11.941, de 2009) certo que o Regimento Interno do CARF determina a observância de decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça no rito dos recursos repetitivos: Art. 62-A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Todavia, a tese defendida pela interessada, atualmente, encontra-se aguardando julgamento no Supremo Tribunal Federal, que concluiu pela repercussão geral deste tema nos autos do Recurso Extraordinária n° 561.908, e passou a apreciar seu mérito nos autos do Recurso Extraordinário n° 566.621. E tal debate evidencia que a matéria não é infraconstitucional, afastando a aplicação da disposição regimental acima reproduzida, que cogita da necessária observância das decisões do Superior Tribunal de Justiça quando cabe a este decidir, em última instância, o tema em questão. Cabe destacar, ainda, que, embora adotando este rito para solução do litígio, não ha noticia de que o Supremo Tribunal Federal tenha sobrestado o julgamento de outros recursos extraordinários, a ensejar o sobrestamento do julgamento do presente processo, como previsto no Anexo II do Regimento Interno do CARF, a partir da alteração promovida por meio da Portaria MF n° 586/2010: Art. 62-A. [...] sç 12 Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543-B. ,ss' 22 O sobrestamento de que trata o 5S. 1° será feito de oficio pelo relator ou por provocação das partes. (negrejei) Importante também registrar que, embora a matéria já tenha sido objeto de decisão pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito do Recurso Extraordinário n° 566.621, o acórdão publicado em 11 de outubro de 2011 ainda não transitou em julgado, de modo que o entendimento expresso na ementa abaixo transcrita, embora favorável a contribuinte no presente caso, não enseja a vinculação determinada no caput do art. 62-A acima reproduzido: DIREITO TRIBUTÁRIO — LEI INTERPRETATIVA — APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/2005 — DESCABIMENTO — VIOLAÇÃO SEGURANÇA JURÍDICA — NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS — APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU Processo n° 13971.000124/00-60 S1-CITI Acórddo n.° 1101-000.646 Fl. 15 COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4", 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/2005, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao principio da segurança jurídica en, seus conteúdos de proteção de confiança e de garantia do acesso a Justiça. Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tornassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias tutela dos sous direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede a iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4°, segunda parte, da LC 118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, §3", do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Esclareça-se que este entendimento seria favorável à interessada pois, embora a decisão reporte-se a prazo para ajuizamento de ações, o Supremo Tribunal Federal nada mais fez do que definir o termo a quo do prazo estabelecido no inciso I do art. 168 do CTN, que trata do direito de pleitear a restituição, tanto no âmbito administrativo como no judicial. Assim, tendo em conta a interpretação antes firmada acerca do prazo estabelecido no art. 168, I do CTN, bem como as disposições da Lei Complementar n° 118/2005, conclui-se que em 14/01/2000 já havia expirado o prazo de 5 (cinco) anos, iniciado em 01/01/1995, para a contribuinte valer-se, em compensação, de créditos decorrentes de saldo 14 Processo n° 13971.000124/00-60 SI-CI TI Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 16 negativo de IRPJ relativo ao período de apuração anual, encerrado em 31/12/1994. Com mais razão, o prazo relativo aos saldos negativos apurados em 31/12/1993 e 31/12/1992, já havia expirado antes disto. Quanto ao saldo negativo do ano-calendário 1995, a interessada o requereu e utilizou antes de expirado o prazo de 5 (cinco) anos. Todavia, não comprovou integralmente as antecipações alegadas, ensejando o reconhecimento parcial do crédito. A autoridade administrativa expressou sua discordância em 01/03/2004, antes de transcorridos 5 (cinco) anos da apresentação do pedido de compensação que, a teor do disposto no art. 74, §4 0 da Lei n° 9.430/96, na redação dada pela Lei n° 10.637/2002, foi convertido em DCOMP. Observou-se, portanto, o prazo fixado na legislação para aferição da liquidez e certeza do crédito alegado, indispensável A homologação das compensações. E o que consta na Lei n° 9.430/96, na redação dada pela Lei n° 10.833/2003: Art. 74. 0 sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito ern julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei n° 10.637, de 2002) sV 1° A compensação de que trata o caput semi efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (Incluído pela Lei n° 10.637, de 2002) .sS' 2 0 A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutária de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei n° 10.637, de 2002) 1.1 sss 500 prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei n°10.833, de 2003) O caput do art. 74 da Lei n° 9.430/96, nesta nova redação, exige que o crédito indicado em DCOMP seja passível de restituição ou ressarcimento, significando que ele não pode estar prescrito. Contudo, uma vez deduzida tempestivamente a pretensão de ver extintos débitos com aquele crédito, admitir que o prazo para confirmação deste já estaria fluindo desde o encerramento do período de apuração correspondente, limitaria significativamente a eficácia do §5° do referido art. 74, pois antes de cinco anos da apresentação da DCOMP a certeza e liquidez do crédito restaria afirmada pelo decurso do prazo decadencial no qual, no entender da recorrente, o Fisco poderia questionar sua apuração. Não há qualquer ressalva na disposição legal que autorize esta ht rpretação. Os prazos decadenciais estão previstos para fins de lançamento de crédito tn utaiv ,00u seja, 15 Processo n° 13971.000124/00-60 SI-CI TI Acórdao n.° 1101-000.646 Fl. 17 para que a autoridade fiscal: 1) discorde do tributo pago com base em apuração do sujeito passivo; 2) supra a omissão do sujeito passivo na apuração daquele pagamento; ou 3) pratique o lançamento dos tributos ou penalidades cuja constituição a Lei reserva ao agente fiscal. Esta 6 a dicção do Código Tributário Nacional (Lei n° 5.172/66): Art. 150 - O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. ss I° - O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. -I° - Se a lei nab fixar o prazo a homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Art. 173 - 0 direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único - 0 direito a que se refere este artigo extingue- se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. (negrejou-se) A decadência, nestes termos, encerra o poder-dever do Fisco de formalizar o crédito tributário por intermédio do lançamento, pondo fim à relação jurídica material surgida entre o contribuinte e o Estado com a ocorrência do fato gerador. Recorde-se que a atividade de lançamento é definida pelo art. 142 do Código Tributário Nacional como o procedimento tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Assim, se a autoridade fiscal constatar divergências na apuração que resultou em saldo negativo de IRPJ, não poderá lançar a diferença apurada se o fato gerador - lucro - pertencer a período já atingido pela decadência. Mas pode e deve o Fisco indeferir pedido de restituição ou não homologar compensações que tenham se valido de indébito tributário inexistente conforme o ajuste realizado de oficio. Processo n° 13971.000124/00-60 SI-CITI AD:51-cIA° n.° 1101-000.646 Fl. 18 É certo que nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, há uma grande discussão doutrinária e jurisprudencial acerca de qual seria o objeto da homologação: a atividade de apuração ou o pagamento do tributo devido. Todavia, há relativo consenso no sentido de que o transcurso do prazo contido no §4° do art. 150 do CTN atinge o direito de o Fisco constituir o crédito tributário, mediante o lançamento substitutivo da apuração efetuada pelo sujeito passivo, veiculada pelos instrumentos definidos na legislação fiscal. Ainda, aqueles que defendem a homologação tácita da apuração efetuada pelo sujeito passivo, consideram que o prazo decadencial tem o efeito especifico de atingir o dever/poder de o Fisco efetuar o lançamento de oficio, e não o de fazer prova absoluta de indébitos tributários, não constituídos na forma da legislação. Admitir que os saldos negativos informados na DIPJ estariam homologados tacitamente depois de transcorridos 5 (cinco) anos do fato gerador correspondente, exigiria que se emprestasse A. DIRT o poder de constituir aquele direito credit6rio, o que vai contra o caráter meramente informativo daquele documento, o qual não se presta, sequer, a instrumentalizar a cobrança dos saldos devedores nela indicados. Somente se concebe como instrumentos de constituição formal de direitos e obrigações aqueles assim expressamente previstos na legislação, como é o caso, por exemplo, da Declaração de Débitos e Créditos Federais — DCTF, relativamente aos tributos devidos pelos contribuintes. Já relativamente aos direitos creditórios detidos pelos sujeitos passivos, a legislação apenas prevê, atualmente e na época em que a contribuinte argüiu seu direito, a DCOMP e o Pedido de Restituição como instrumentos para sua formalização perante a Receita Federal. É certo que o recolhimento indevido já existe, como evento, desde sua ocorrência no mundo fenomênico. Procedidas as antecipações exigidas por lei, encerrado o período de apuração e efetivados os recolhimentos que se entendeu devidos, tem-se do confronto destes, eventualmente, um desembolso maior que o devido. Todavia, este evento somente passa a se constituir em um fato jurídico apto a produzir as conseqüências previstas em lei quando formalizado pelo interessado em face do devedor, no caso, o Fisco. Dai porque, a partir do recolhimento indevido, deflagra-se o prazo prescricional para que o sujeito passivo manifeste seu direito perante o Fisco, e a partir desta manifestação o prazo para o Fisco, em caso de compensação, reconhecer ou não aquele crédito. Alias, veja-se que, ã época em que este direito era deduzido apenas mediante a apresentação de Pedido de Restituição, sequer havia prazo fixado em lei para manifestação do Fisco acerca do que ali veiculado. Cabia ao interessado manter a guarda dos comprovantes necessários para prestar eventuais esclarecimentos acerca de seu direito, enquanto o crédito não lhe fosse reconhecido. Apenas com a possibilidade de compensação, e mais especificamente com a criação da DCOMP, passou a existir um prazo para que o Fisco pudesse questionar o direito manifestado pelo interessado, até porque, vinculado o crédito a débitos que se pretendia ver extintos, somente haveria alguma utilidade no questionamento daquele crédito enquanto possível a cobrança dos débitos compensados, direito este que pereceria ante a inércia do Fisco por mais de 5 (cinco) anos. 17 Processo n° 13971.000124/00-60 si-cl TI Acórdão n.° 1101-000.646 Fl. 19 Impróprio, assim, tentar opor, ao Fisco, uma limitação temporal A. confirmação do direito creditório deduzido pelo sujeito passivo, que em momento algum esteve prevista no Código Tributário Nacional ou em lei ordinária, senão na sistemática instituída a partir da criação da DCOMP, e evidentemente em função da vinculação daquele crédito a débitos compensados. Interessante notar, ainda, que a formalização do direito creditório em outras declarações não é requisito para sua veiculação em DCOMP. Do caput do art. 74 da Lei n o 9.430/96, desde a redação que lhe foi dada pela Lei n° 10.637/2002, não se extrai qualquer exigência de que o direito credit6rio deva estar previamente evidenciado em declarações prestadas pelos sujeitos passivos, A exceção da própria DCOMP, prevista no seu § 1 ° . É certo que a evidenciação do crédito em DIPJ ou DCTF é um elemento de prova em favor do sujeito passivo que afirma ter efetuado recolhimento a maior. Mas somente quando provocado pelo sujeito passivo acerca do seu interesse de se valer daquele crédito, mediante restituição ou compensação, passa o Fisco a ter o dever de avaliar a certeza e a liquidez daquele valor para admitir, ou não, a destinação pretendida pelo interessado. Por estas razões, possível era o questionamento feito pelo Fisco relativamente ao saldo negativo apurado no ano-calendário 1995. Nestes termos, o presente voto expressa o entendimento majoritário desta Turma de Julgamento no sentido de, relativamente aos saldos negativos de IRPJ apurados nos anos-calendário de 1992 a 1994, não aplicar o art. 62-A, caput do Anexo II do Regimento Interno do CARF e declarar a prescrição dos indébitos, e, relativamente ao saldo negativo de IRPJ apurado no ano-calendário de 1995, admitir a revisão do saldo negativo. Ai er ira Bessa twta 18
score : 1.0
Numero do processo: 10920.002289/2006-77
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2002, 2003
COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. TIPO OBJETIVO. CRÉDITO NÃO ADMINISTRADO PELA RECEITA FEDERAL. AUSENTE TIPO SUBJETIVO. DESQUALIFICAÇÃO DA MULTA ISOLADA.
Compensação não declarada, no qual foi pleiteado aproveitamento de crédito não administrado pela Receita Federal, amolda-se ao tipo objetivo da norma que determina a imputação da multa isolada. Por outro lado, não demonstrada conduta dolosa, deve ser afastada a qualificação da multa por evidente intuito de fraude definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei º 4.502, de 30 de novembro de 1964. Precedentes. Acórdãos nº 9101-003.109 e 9303-004.995.
Numero da decisão: 9101-004.064
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Viviane Vidal Wagner, Demetrius Nichele Macei, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado), Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Rafael Vidal de Araújo.
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002, 2003 COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. TIPO OBJETIVO. CRÉDITO NÃO ADMINISTRADO PELA RECEITA FEDERAL. AUSENTE TIPO SUBJETIVO. DESQUALIFICAÇÃO DA MULTA ISOLADA. Compensação não declarada, no qual foi pleiteado aproveitamento de crédito não administrado pela Receita Federal, amoldase ao tipo objetivo da norma que determina a imputação da multa isolada. Por outro lado, não demonstrada conduta dolosa, deve ser afastada a qualificação da multa por evidente intuito de fraude definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei º 4.502, de 30 de novembro de 1964. Precedentes. Acórdãos nº 9101003.109 e 9303004.995. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 22 89 /2 00 6- 77 Fl. 296DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 297 2 (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Viviane Vidal Wagner, Demetrius Nichele Macei, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado), Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Rafael Vidal de Araújo. Relatório Tratase de recurso especial (efls. 185/192) contra decisão nãounânime de Câmara, quando for contrária à lei ou à evidência da prova, interposto pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), em 09/07/2009, com fundamento no art. 7º, inciso I, c/c §1º, e art. 15 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais (RICSRF), aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25/06/2007, interposto pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional ("PGFN"), em face do Acórdão nº 30239.052 (efls. 170/179), da sessão de 17 de outubro de 2007, proferido pela 2ª Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, que deu provimento parcial ao recurso voluntário da ARANHA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. ("Contribuinte"), para reduzir a multa isolada por declaração de compensação não declarada para 75%. Assim foi ementada a decisão recorrida: AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Notouse que não houve no expediente cerceamento do direito de defesa, pois a recorrente procedeu a uma defesa ampla e efetiva, entendo perfeitamente a imputação e promovendo o contraditório plenamente. Assim, aplicável ao caso dos autos o art. 60 do Decreto n° 70.235/72. MULTA ISOLADA. AUTO DE INFRAÇÃO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. O auto de infração de aplicação de multa isolada por compensação considerada como não declarada não tendo sido comprovada falsidade praticada pelo contribuinte deve 4apliear o inciso I do artigo 44 da Lei n° 9.430/96. Os presentes autos versam multas isoladas qualificadas (150%) com base no art. 18, § 4º, inciso II, da Lei nº 10.833, de 2003 (com redação dada pelas Leis nº 11.051, de 2004, e 11.196, de 2005) em razão de declarações de compensação não declaradas relacionadas no art. 74, § 12, inciso II, da Lei nº 9.430, de 1996, encaminhadas com evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei º 4.502, de 30 de novembro de 1964, relativas ao IRPJ, CSLL, PIS e Cofins (efls. 31/41). A multa foi qualificada seguindo entendimento de Despacho Decisório de e fls. 7/21, no qual considerou que teria agido com fraude a Contribuinte ao promover compensações utilizandose de créditos que não se referem a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, no caso, obrigações emitidas pelas Centrais Elétricas Brasileiras Eletrobrás, em contrapartida ao empréstimo compulsório instituído pelo art. 4º da Lei nº Fl. 297DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 298 3 4.156, de 1962, incidente sobre a energia elétrica, exigido de 1964 a 1972, destinado ao aparelhamento e modernização do Fundo Federal de Eletrificação. Discorreu o despacho que o empréstimo compulsório atingiu diferentes classes de consumidores, que recebiam, como forma de ressarcimento, títulos correspondentes às obrigações, os quais passaram a ser genericamente chamados de "obrigações ou debêntures da Eletrobrás", e tais obrigações, segundo previsão legal, seriam resgatáveis em 10 ou 20 anos, prazo em que poderiam ser, alternativamente, convertidas em ações preferenciais da Eletrobrás. Foi apresentada impugnação (efls. 66/98) pela Contribuinte. A 3ª Turma da DRJ/Florianópolis (efls. 107/116) julgou os lançamentos fiscais procedentes, nos termos da ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 23/03/2006 COMPENSAÇÃO NÃODECLARADA. MULTA QUALIFICADA. APLICAÇÃO Nos casos de compensação não declarada, verificada a ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/1964, aplicase a multa isolada no percentual de 150% sobre o valor total do débito indevidamente compensado. MULTA DE OFÍCIO. EFEITO CONFISCATÓRIO As multas de oficio não possuem natureza confiscatória, constituindose antes em instrumento de desestimulo ao sistemático inadimplemento das obrigações tributárias, atingindo, por via de conseqüência, apenas os contribuintes infratores, em nada afetando o sujeito passivo cumpridor de suas obrigações fiscais. A exigência de multa de oficio está prevista em normas regularmente editadas, não tendo o julgador administrativo competência para apreciar argüições de ilegalidade e/ou inconstitucionalidade contra a sua cobrança. Foi interposto recurso voluntário, que foi provido parcialmente pela 2ª Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, no Acórdão nº 30239.052 (efls. 170/179), no qual alterouse o percentual das multas isoladas, de 150% para 75%. Foi interposto recurso especial pela PGFN, por entender que a decisão recorrida, não unânime, teria sido exarada contrária à lei e à evidência de provas, contrariando dispositivos legais do art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003 (com a redação dada pela Lei n.° 11.051/2004), combinado com o art. 44, II da Lei nº 9430/96. Discorre que a Contribuinte, ao apresentar compensação contrária à legislação regente, teria visado intencionalmente evitar ou diferir o pagamento dos tributos devidos, tendo sido caracterizado o evidente intuito de fraude, razão pela qual deveria ser restabelecido o percentual de 150% para a multa isolada. Requer pelo provimento do recurso. Despacho de exame de admissibilidade de efls. 185/192 deu seguimento ao recurso especial da PGFN. Fl. 298DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 299 4 Cientificada, a Contribuinte apresentou contrarrazões (efl. 199/219), aduzindo que os créditos pleiteados foram devidamente contabilizados integrando seu ativo financeiros, sendo créditos próprios, e que restou pacificado tanto na doutrina quanto pelos tribunais superiores que o quantum devido pelos sujeitos passivos pelo consumo de energia elétrica que foi instituído pela Lei nº 4.156, de 1962 pertence à espécie tributária do empréstimo compulsório, ou seja, tratase de crédito de natureza tributária. Discorre que o empréstimo compulsório sobre a energia elétrica era receita da União, com administração conjunta da Secretaria de Receita Federal SRF e da Eletrobrás, não havendo razão para se entender que o tributo não seria administrado pela SRF. Assim, não haveria que se falar em fraude, vez que créditos objeto do pedido de restituição, além de pertencerem à empresa, gozam de natureza tributária e foram administrados pela Receita Federal. Requer pelo não provimento do recurso da PGFN. A Contribuinte apresentou recurso especial (efls. 220/229), cujo seguimento foi negado por despacho de exame de admissibilidade (efls. 248/249). Foi apresentado agravo (efls. 261/268), que teve o seguimento negado pelo despacho de reexame de admissibilidade (efls. 289/290). É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. Sobre a admissibilidade, adoto as razões do despacho de exame de admissibilidade de efls. 185/192, com fulcro no art. 50, § 1º da Lei nº 9.784, de 19991, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, para conhecer do recurso especial da PGFN. Passo ao exame do mérito. A matéria devolvida consiste em dizer se, no caso concreto, diante de declarações não declaradas relacionadas no art. 74, § 12, inciso II, da Lei nº 9.430, de 1996, caberia a imputação da multa isolada com percentual qualificado (150%), com base no art. 18, § 4º, inciso II, da Lei nº 10.833, de 2003 (com a redação dada pela Leis nº 11.051, de 2004, e 11.196, de 2005) vez que entendeu a autoridade lançadora que teriam sido encaminhadas com 1 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) V decidam recursos administrativos; (...) § 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 300 5 evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei º 4.502, de 30 de novembro de 1964. Vale dizer que a imputação da multa isolada (75%) é matéria preclusa, tendo sido mantida pela decisão recorrida e, apesar de objeto de recurso especial pela Contribuinte, foi negado seguimento pelo despacho de exame de admissibilidade e despacho de reexame. Vale dizer ainda que a restituição de obrigações da Eletrobrás, assim como a compensação é assunto sumulado pelo CARF, inclusive com efeitos vinculantes para a administração tributária federal: Súmula CARF nº 24 Não compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil promover a restituição de obrigações da Eletrobrás nem sua compensação com débitos tributários. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). Portanto, o que se discute no presente momento é se as multas isoladas devem permanecer no percentual de 75% (conforme entendimento da decisão recorrida) ou se devem ser majoradas para 150%, ou seja, se restou demonstrado que as compensações não declaradas incorreram em evidente intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei º 4.502, de 30 de novembro de 1964. Transcrevo art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003 (com a redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004), e dispositivos correlacionados, vigentes à época dos fatos: Lei nº 10.833, de 2003 Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão da nãohomologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) § 2° A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2° do art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (...) § 4° Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado, quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicando se os percentuais previstos: Fl. 300DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 301 6 I no inciso I do caput do art. 44 da Lei n°9.430, de 27 de dezembro de 1996; II no inciso II do caput do art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nos casos de evidente intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 5° Aplicase o disposto no § 2° do art. 44 da Lei n°9.430, de 27 de dezembro de 1996, as hipóteses previstas no § 4° deste artigo. ........................................................................... Medida Provisória nº 2.15835, de 2001 Art. 90. Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. ........................................................................... Lei nº 9.430, de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Vide Lei nº 10.892, de 2004) ........................................................................... Lei nº 4.502, de 1964 Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Fl. 301DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 302 7 Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. (Grifei) O caso concreto trata de direito creditório pleiteado pela Contribuinte em declaração de compensação que foi considerada não declarada. O Despacho Decisório de efls. 7/21 esclareceu que são créditos que não se referem a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, porque seriam com lastro em obrigações emitidas pelas Centrais Elétricas Brasileiras Eletrobrás, em contrapartida ao empréstimo compulsório instituído pelo art. 4º da Lei nº 4.156, de 1962, incidente sobre a energia elétrica, exigido de 1964 a 1972, destinado ao aparelhamento e modernização do Fundo Federal de Eletrificação. O empréstimo compulsório teria tido repercussão em diferentes classes de consumidores, que recebiam, como forma de ressarcimento, títulos correspondentes às obrigações, os quais passaram a ser genericamente chamados de "obrigações ou debêntures da Eletrobrás", e tais obrigações, segundo previsão legal, seriam resgatáveis em 10 ou 20 anos, prazo em que poderiam ser, alternativamente, convertidas em ações preferenciais da Eletrobrás. Concluiu o despacho: Pelos artigos 48 a 51 e 66 do Decreto instituidor do Regulamento, transcritos, a administração do referido empréstimo foi integralmente atribuída à Eletrobrás, inclusive no tocante à restituição ou resgate dos valores arrecadados. Portanto, a lei não atribuiu à Secretaria da Receita Federal a administração do referido empréstimo, mas aquela sociedade anônima, que emitiu, em contraprestação aos empréstimos arrecadados, obrigações ao portador, cujo prazo e condições de resgate estão previstos no anverso do próprio titulo de sua emissão. Qualquer demanda administrativa quanto ao adimplemento das obrigações estabelecidas nas cártulas deverá ser efetuada perante a própria Centrais Elétricas Brasileiras S/A — Eletrobrás, caso ainda não tenham sido resgatadas. Tampouco caberia à Secretaria do Tesouro Nacional a apreciação de tal pleito, já que os recursos arrecadados através contas de fornecimento de energia elétrica não foram repassados ao Tesouro, conforme se verifica pela legislação supra citada (art. 51 do Regulamento aprovado pelo Decreto n° 68.419, de 15 de março de 1971). Não detendo a administração dos recursos arrecadados por meio desse empréstimo compulsório, não há de ter competência para apreciar pedido de restituição a ele relativo. Para resgate dos valores devidos, as obrigações ao portador emitidas pela Eletrobrás devem ser apresentadas diretamente a Fl. 302DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 303 8 essa empresa, não detendo a Secretaria da Receita Federal qualquer competência em relação a esta matéria. Sobre a qualificação da multa isolada, manifestouse o despacho, ao entender que a conduta da Contribuinte teria incorrido em fraude: Se um sujeito passivo, sabedor que não pode utilizar um crédito para compensar débitos, realiza assim mesmo esta modalidade de extinção do crédito tributário, deve sofrer uma sanção correspondente à. gravidade da referida conduta. Tal conduta amoldase, em tese, a prática de crime contra a ordem tributária, conforme disposto no art. 2°, I, da Lei n° 8.137/90: Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: I fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximirse, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; Pena detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. No intuito de facilitar a compensação, a legislação estabeleceu o dever instrumental de prestar informação às autoridades fazendárias. Quando o contribuinte presta as informações em desacordo com a realidade dos fatos, informando existência ou montante de crédito sem amparo na legislação, e com isso reduz ou suprime o pagamento do tributo, tipificada está a conduta descrita no art. 2°, I da Lei n° 8.137/1990, ou seja, prestar declaração com conteúdo diverso do real, conscientemente elaborada, com o intuito de eximirse do pagamento de tributos. Posto isso, é indubitável que a inserção de informação cujas características não estão de acordo com a legalidade que ampararia o direito pleiteado pelo contribuinte tipifica a conduta do agente que deliberadamente inseriu a informação com o fim de se eximir da obrigação de recolhimento de tributos. A utilização, na compensação, de créditos que não se referem a tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, levanos à conclusão de que a ação foi tomada com a deliberada intenção de evitar ou, pelo menos, postergar o pagamento dos tributos devidos. Tal conduta amoldase a hipótese de fraude dada pelo art. 72 da Lei nº 4.502/1964, abaixo transcrito: (...) Ocorre que, desde a impugnação, e em seguida no recurso voluntário, manifestouse a Contribuinte sobre entendimento de que empréstimo compulsório é tributo, e a administração dos recursos seria conjunta, entre a Secretaria da Receita Federal e a Eletrobrás, e a responsabilidade pela quitação das obrigações seria solidária, e, por isso, não haveria que se falar que o tributo não estaria sob competência da SRF. Ainda, não há qualquer notícia nos autos de que teriam sido apresentados pedidos anteriores realizados pela Contribuinte no mesmo sentido e que haviam sido negados pela Administração Pública, o que poderia caracterizar uma reiteração de conduta. Fl. 303DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 304 9 Transcrevo excertos da impugnação e do recurso voluntário: Impugnação Portanto, clarividente que a Secretaria da Receita Federal, Órgão de menor grau hierárquico é competente para apreciar, em primeira instância, o pedido de restituição, de créditos de natureza tributária (empréstimo compulsório) materializados em Obrigações e/ou Cautelas da Eletrobrás, bem como as declarações de compensação a ele atreladas e, seu indeferimento (ou não homologação das compensações) deverá ser revisto por Órgão hierarquicamente superior, no caso, o Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. (Grifos originais) ........................................................................ Recurso voluntário A jurisprudencial (sic) do Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região, dentre outras coisas, asseverou a possibilidade de compensação de tributos com os créditos oriundos de empréstimo compulsório sobre energia elétrica. Vejamos: "AGRAVO REGIMENTAL. TUTELA ANTECIPADA. OBRIGAÇÕES DA ELETROBRÁS. COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. DÉBITOS DE TERCEIROS. (...) 5. A possibilidade de quitação de tributos federais com as chamadas obrigações da Eletrobrás decorre da responsabilidade solidária da União Federal peio resgate de tais créditos, em dinheiro, títulos negociáveis ou ações, responsabilidade essa prevista na norma que instituiu o empréstimo compulsório (art. 4°, § 3°, da lei n.° 4.156 de 28 de novembro de 1962). 6. O título de crédito consubstanciado na emissão de Obrigações ao Portador da Eletrobrás, não obstante independente, como o são todos os títulos de crédito, não quita e nem se despe da obrigação a ele incorporada, no caso, o empréstimo compulsório. Muito pelo contrário nela se funda e se vincula. (...) (TRF 5ª Região 1ª Turma AGA 52751/AL Rel. Des. Ubaldo Ataide Cavalcante DJ 03/06/2004). Ou seja, não bastasse a ausência de expressa disposição de lei, em sentido formal, vedando a compensação em cotejo, existe precedente jurisprudencial recente que, além de reconhecer a idoneidade, certeza e liquidez do crédito, de natureza tributária, materializado em Obrigações da Eletrobrás, afirma ser possível sua utilização para quitação (extinção) de tributos federais, em Fl. 304DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 305 10 razão da solidariedade da União pelo adimplemento destes créditos. (Grifos originais) Mais uma vez, manifestome no sentido de que é matéria preclusa a constatação de que a multa isolada de 75% é cabível, por se tratar de compensação pleiteando aproveitamento de crédito não administrado pela Receita Federal, e por isso classificada como não declarada. O que se discute é se a conduta da Contribuinte, de encaminhar compensação não declarada, com créditos decorrentes de obrigações da Eletrobrás, também se enquadraria na hipótese de evidente intuito de fraude definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei º 4.502, de 30 de novembro de 1964. O tipo objetivo previsto para a compensação não declarada sob apreciação encontrase definido pelo art. 74, § 12, inciso II, "e": Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (...) II em que o crédito: (...) e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF. É precisamente onde se amolda a conduta da Contribuinte. Por isso, foi tipificada a imputação da multa isolada. Contudo, para restar caracterizada a ocorrência do tipo subjetivo, com demonstração de dolo, há que se extrair um plus da conduta, com a presença cognitivo e volitivo, cuja definição é apresentada com clareza por CEZAR ROBERTO BITENCOURT2: O dolo, elemento essencial da ação final, compõe o tipo subjetivo. Pela sua definição, constatase que o dolo é constituído por dois elementos: um cognitivo, que é o conhecimento do fato constitutivo da ação típica; e um volitivo, que é a vontade de realizála. O primeiro elemento, o conhecimento, é pressuposto do segundo, a vontade, que não pode existir sem aquele. 2 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal : parte geral, volume 1, 11ª ed. São Paulo : Saraiva, 2007, p. 267. Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 306 11 Sobre o elemento cognitivo, BITENCOURT 3 discorre com didática: Para a configuração do dolo exigese a consciência daquilo que esse pretende praticar. Essa consciência deve ser atual, isto é, deve estar presente no momento da ação, quando ela está sendo realizada Sobre o elemento volitivo, são claros os ensinamentos 4: A vontade, incondicionada, deve abranger a ação ou omissão (conduta), o resultado e o nexo causal. A vontade pressupõe a previsão, isto é, a representação, na medida em que é impossível querer algo conscientemente senão aquilo que se previu ou representou na nossa mente, pelo menos, parcialmente. Não se trata do caso dos autos. Como demonstrado, desde o início da fase contenciosa estabeleceuse debate, em contraditório consistente, sobre se os títulos públicos seriam ou não objeto de administração pela Receita Federal. Vale observar que aqui se fala em valores efetivamente pagos, ao contrário de reorganizações societárias em que se observa a criação de despesas artificiais sem nenhum desembolso financeiro mediante criação de empresas de papel, por exemplo. Esclareceu ainda a Contribuinte que se tratavam de créditos próprios, incorporados ao seu patrimônio e devidamente contabilizados. O Pedido de Restituição de efl. 23 descreve com clareza a natureza do crédito pleiteado: Tratase de crédito (de natureza tributaria restituição de empréstimo compulsório sobre energia elétrica), oriundo de uma Cautela de Obrigações das Centrais Elétricas Brasileiras S/A, de número 0000870048 (095475) Ressaltase, que conforme a lei 4.156/62 (lei que institui a emissão da presente Cautela), em seu,artigo 4°, parágrafo terceiro, atribuiuse a União (Tesouro Nacional) a responsabilidade .solidária pelo adimplemento destes créditos (restituição do empréstimo compulsório). O assunto foi objeto de vários processos no âmbito dos Conselhos de Contribuintes e do CARF. Não obstante ter sido objeto de súmula posteriormente, consolidandose entendimento no sentido não seria competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil promover a restituição de obrigações da Eletrobrás nem sua compensação com débitos tributários, resta evidenciado que a tese foi amplamente discutida, não havendo que se falar em máfé da parte ao pleitear o aproveitamento do direito creditório. A conduta em questão amoldase apenas ao tipo objetivo da norma, qual seja, encaminhamento de declaração de compensação com crédito não administrado pela Receita Federal. Nesse sentido, ausente o tipo subjetivo, relativo ao dolo e, por consequência, ao evidente intuito de fraude definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei º 4.502, de 30 de novembro 3 BITENCOURT, 2007, p. 269. 4 BITENCOURT, 2007, p. 269. Fl. 306DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 307 12 de 1964, não cabe a imputação da qualificação da multa (150%), devendo ser mantida a decisão recorrida, permanecendo a multa isolada no percentual de 75%. A jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais ratifica o entendimento: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO. OBRIGAÇÕES DA ELETROBRÁS. MULTA ISOLADA. APLICABILIDADE. PERCENTUAL. BASE DE CÁLCULO. Considerada nãodeclarada a compensação cm face de pretensão de utilização de créditos advindos de obrigações da Eletrobrás, cabível a aplicação da multa isolada, no percentual de 75%, sendo impingida a multa qualificada de 150% somente na hipótese de ser caracterizado o evidente intuito de fraude, que não pode ser presumida em função apenas da natureza da matéria. (Acórdão nº 9101003.109, 1ª Turma da CSRF, de 14/09/2017, Relatora Conselheira Adriana Gomes Rêgo). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/12/2004 COMPENSAÇÃO. OBRIGAÇÕES DA ELETROBRÁS. MULTA ISOLADA. APLICABILIDADE. PERCENTUAL. BASE DE CÁLCULO. Considerada nãodeclarada a compensação em face de pretensão de utilização de créditos advindos de obrigações da Eletrobrás, cabível a aplicação da multa isolada, no percentual de 75%, sendo impingida a multa qualificada de 150% somente na hipótese de ser caracterizado o “evidente intuito de fraude” referido pela legislação. (Acórdão nº 9303004.995, 3ª Turma da CSRF, de 14/09/2017, Relator Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas). Transcrevo excerto do voto do Acórdão nº 9101003.109, que reflete com bastante clareza a ausência do dolo: O fato de a contribuinte estar discutindo a interpretação de matéria vedada em Lei, por mais claro que a legislação pareça ser, não permite deduzir que ele está agindo de má fé ou com dolo. O princípio do amplo direito de defesa é um princípio universal e consagrado na nossa Constituição e não se pode punir alguém por erro de interpretação ou por defender uma interpretação por mais desarrazoada que seja. Aliás, essa interpretação da Fiscalização pela aplicação direta da qualificação da multa em 150% pelo simples fato de se tratar da hipótese de compensação considerada não declarada por utilização de créditos de natureza não tributária distorce Fl. 307DF CARF MF Processo nº 10920.002289/200677 Acórdão n.º 9101004.064 CSRFT1 Fl. 308 13 completamente a inteligência do art. 18, § 4o da Lei nº 10.833/2003. Isso porque desnecessária seria a previsão de multa de 75%, eis que todas as compensações consideradas não declaradas nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 1996, padeceriam do mesmo vicio, sempre se lhes aplicando o percentual qualificado. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e negar provimento ao recurso especial da PGFN. (assinatura digital) André Mendes de Moura Fl. 308DF CARF MF
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