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Numero do processo: 10380.001834/2009-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Mar 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 01/02/2004 a 31/12/2006
AFERIÇÃO INDIRETA DA BASE DE CÁLCULO. PROCEDIMENTO EXCEPCIONAL. CABIMENTO APENAS NAS SITUAÇÕES EM QUE FIQUE DEMONSTRADA A IMPOSSIBILIDADE DE APURAÇÃO DO TRIBUTO COM BASE NA DOCUMENTAÇÃO EXIBIDA PELO SUJEITO PASSIVO.
A mera existência de irregularidades na escrita contábil do contribuinte não autoriza, por si só, a aferição indireta das contribuições, quando o Fisco não demonstra que houve sonegação de documentos relativos à base de cálculo investigada ou que os elementos apresentados não refletem a real remuneração paga aos segurados a serviço da empresa.
Numero da decisão: 2201-004.267
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 22/03/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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PROCEDIMENTO EXCEPCIONAL. CABIMENTO APENAS NAS SITUAÇÕES EM QUE FIQUE DEMONSTRADA A IMPOSSIBILIDADE DE APURAÇÃO DO TRIBUTO COM BASE NA DOCUMENTAÇÃO EXIBIDA PELO SUJEITO PASSIVO. A mera existência de irregularidades na escrita contábil do contribuinte não autoriza, por si só, a aferição indireta das contribuições, quando o Fisco não demonstra que houve sonegação de documentos relativos à base de cálculo investigada ou que os elementos apresentados não refletem a real remuneração paga aos segurados a serviço da empresa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. EDITADO EM: 22/03/2018 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 18 34 /2 00 9- 13 Fl. 3828DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 3815/3826) apresentado em face do Acórdão nº 0359.451, da 5ª Turma da DRJ/BSB (fls. 3803/3812), que negou provimento à impugnação do sujeito passivo (fls. 54/67) ao auto de infração pelo qual se exige crédito tributário relativo a contribuições destinadas ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio Senac, incidente sobre a remuneração dos empregados, aferida com base nos valores dos serviços de vigilância prestados pela empresa fiscalizada (AIOP 37.043.9198 fls. 2/50). Segundo o relatório da fiscalização (fls. 43/50), foi aferida a remuneração dos empregados com base na receita obtida através da prestação de serviços de vigilância sobre a qual foi aplicado o percentual de 40% (quarenta por cento). Do valor assim apurado, teriam sido deduzidas as remunerações constantes nas folhas de pagamento apresentadas pela empresa e sobre a diferença obtida foi aplicada a alíquota correspondente. A aferição indireta realizada teria por base legal o art. 33, § 3º, da Lei nº 8.212, de 1991, e os arts. 600, I, e 603 da Instrução Normativa SRP nº 3, de 2005. O fundamento fático para esse procedimento seria a não apresentação de parte dos livros e dos documentos solicitados pela fiscalização através de termos de intimação, bem como por ter deixado de prestar informações contábeis, financeiras e cadastrais de interesse da Receita Federal do Brasil, condutas que teriam justificado a imposição de penalidade por descumprimento de obrigações acessórias (AIOA nº 37.165.7568 e 37.165.7571). Em benefício da clareza, transcrevo abaixo trecho do relatório fiscal onde são detalhadas as irregularidades apuradas pela fiscalização: • Não foram apresentados os livros Razão referentes aos exercícios de 2005 e de 2006. • Nos livros Diários apresentados, verificouse a existência de lançamentos relativos a despesas com fardamento, combustíveis, manutenção de veículos, material de escritório, material utilizado no serviço, viagens, cestas básicas, sem referência a documento fiscal, conforme cópias xerográficas anexadas ao AIOP DEBCAD 37.209.9602. • A partir de 2005, o histórico das despesas acima citadas passou a referenciar o número do documento fiscal. Por se tratarem de despesas de valor elevado, principalmente no que tange a compra de fardamento, material de escritório e utilizado no serviço, e por terem sido anteriormente escrituradas sem referência A nota fiscal, concluiuse quanto à indispensabilidade do exame de alguns desses comprovantes no sentido de Fl. 3829DF CARF MF Processo nº 10380.001834/200913 Acórdão n.º 2201004.267 S2C2T1 Fl. 3.829 3 determinar se tais gastos se referiam efetivamente à finalidade consignada nos títulos contábeis. • Solicitados os documentos fiscais comprobatórios das despesas escrituradas, apenas parte dos mesmos foi apresentada à fiscalização, tendo os comprovantes sido retidos e posteriormente, apreendidos. • Os documentos fiscais apresentados pela empresa continham indícios de inautenticidade, tais como selo fiscal sem talho doce e numeração de notas apostas com numerador manual. • Tais indícios determinaram a intimação dos fornecedores para apresentação das vias das notas fiscais com a mesma numeração e relativas aos mesmos períodos das apresentadas pela CORPVS. • Examinadas as Notas Fiscais emitidas pelos fornecedores, verificouse que: • as notas com a mesma numeração apresentada pela CORPVS não tinham sido emitidas contra este cliente ou sequer tinham sido emitidas ainda pelo fornecedor; • tanto as datas de emissão das Notas quanta os valores das mesmas eram diferentes das contidas nas apresentadas pela CORPVS; • o layout das Notas apresentadas pelos fornecedores não era compatível com o das vias encontradas na CORPVS. • Solicitadas informações A Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará acerca das empresas para quem teriam sido emitidas as Autorizações para Impressão de Documentos Fiscais AIDF, constatouse que as Autorizações constantes das Notas Fiscais apresentadas pela CORPVS como sendo de seus fornecedores foram emitidas pela SEFAZ para outras empresas. • Foi solicitada ainda a Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará a identificação dos contribuintes para quem foram emitidas a Autorizações para Impressão dos Selos apostos em Notas Fiscais apresentadas pela CORPVS. Também nesse caso verificouse terem sido as Autorizações emitidas para empresas diferentes daquelas constantes das Notas apresentadas pela CORPVS. • Tais constatações determinaram a conclusão quanto A apresentação deficiente de documentos bem como quanto A tese de crime de falsificação de documento público, conforme previsto no art. 297 do DecretoLei 2.848/40 Código Penal. • No caso dos selos apostos nas Notas Fiscais, deve ser levantada a tese de crime de falsificação de papéis públicos, conforme previsto no art. 293, inciso I, do Código Penal. Fl. 3830DF CARF MF 4 Pelos fatos acima narrados, foi realizada aferição indireta tendo por base os valores de venda de serviços escriturados na conta identificada no item 3.5 do Relatório Fiscal. O lançamento foi impugnado pelo sujeito passivo, o que deu origem ao Acórdão ora atacado, que foi precedido pela realização de duas diligências determinadas pela autoridade julgadora de 1ª instância (fls. 2805/2810 e 2883/2886) para fins de averiguação de irregularidades apontadas pela impugnante nos cálculos realizados pela fiscalização. Realizados os ajustes determinados pela DRJ (fls. 3795/3799), foi proferida decisão consubstanciada em documento que tem a seguinte ementa: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2006 CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. À esfera administrativa não cabe conhecer de arguições de inconstitucionalidade ou ilegalidade de lei ou ato normativo, matéria de competência do Poder Judiciário. PRAZO DECADENCIAL. INÍCIO DA CONTAGEM. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. As contribuições lançadas sujeitamse ao prazo decadencial de 05 (cinco) anos previsto no Código Tributário Nacional, contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, quando houver a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. VERDADE MATERIAL. A busca da verdade material pressupõe a observância, pelo sujeito passivo, do seu dever de colaboração para com a Fiscalização, no sentido de lhe proporcionar condições de apurar a verdade dos fatos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Tendo tomado ciência dessa decisão em 16/06/2014 (fls. 3814), o sujeito passivo apresentou tempestivamente seu recurso voluntário (fls. 3815/3826) em 23/06/2014. Em suas razões recursais, alega, em síntese, que: 1. As deficiências apontadas pela fiscalização limitamse à contabilização de notas fiscais tidas como inidôneas e a falta de apresentação dos Livros Razão de 2005 e 2006. 2. Como foi apresentada toda a documentação relacionada a apuração da contribuição previdenciária, o lançamento por aferição indireta é nulo, por vício formal, uma vez que lhe faltou fundamentação legal. Fl. 3831DF CARF MF Processo nº 10380.001834/200913 Acórdão n.º 2201004.267 S2C2T1 Fl. 3.830 5 3. Há também nulidade por vício material, uma vez que restou demonstrado erro na apuração da base de cálculo. 4. As competências anteriores a abril de 2014 já se encontravam atingidas pela decadência quando o lançamento foi realizado. 5. É inconstitucional e ilegal o arbitramento das contribuições ao Senac com base no faturamento. 6. A presunção utilizada deve ceder diante da verdade material. A recorrente apresentou documentos capazes de elidir a presunção fustigada demonstrando o montante real da remuneração paga aos seus empregados e contribuintes individuais. 7. A decisão de piso errou ao determinar que fossem deduzidos dos valores apurados por aferição indireta apenas as folhas de pagamento dos empregados diretamente ligados à prestação dos serviços, pois este procedimento não é razoável e nem proporcional. 8. Como o lançamento se reporta a fatos geradores anteriores a dezembro de 2008, entende que a multa deve se limitar à multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991. Pelas razões expostas acima, pede a reforma da decisão de primeira instância para que seja cancelado o lançamento materializado no AIOP nº 37.043.9198. Chegando a este Colegiado, o processo foi distribuído a esta Conselheira em sessão pública. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. Inicialmente, registro que, com base no art. 59, § 3º do Decreto nº 70.235, de 1972, deixarei de analisar as preliminares (nulidade por vício formal) e prejudiciais de mérito (decadência), pelas razões que serão evidenciadas a seguir. O lançamento em análise foi realizado com base em aferição indireta, invocando como base os seguintes dispositivos: Lei nº 8.212, de 1991 Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, Fl. 3832DF CARF MF 6 das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (...) § 3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. Instrução Normativa SRP nº 3, de 1995 Art. 600. Para fins de aferição, a remuneração da mãodeobra utilizada na prestação de serviços por empresa corresponde ao mínimo de: I quarenta por cento do valor dos serviços constantes da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços; II cinqüenta por cento do valor dos serviços constantes da nota fiscal, da fatura ou do recibo, no caso de trabalho temporário. Parágrafo único. Nos serviços de limpeza, de transporte de cargas e de passageiros e nos de construção civil, que envolvam utilização de equipamentos, a remuneração da mãodeobra utilizada na execução dos serviços não poderá ser inferior aos respectivos percentuais previstos nos arts. 602, 603 e 605. (...) Art. 603. Na operação de transporte de cargas ou de passageiros, o valor da remuneração da mãodeobra utilizada na prestação de serviços não poderá ser inferior a vinte por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços, observado, quanto ao transporte de cargas, o disposto no inciso V do art. 176. Compulsandose a IN SRP nº 3, de 2005, vêse que os fatos que autorizavam a utilização desse mecanismo de apuração da base de cálculo estavam descritos no artigo que é abaixo reproduzido: Art. 597. A aferição indireta será utilizada, se: I no exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento do sujeito passivo, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, da receita, ou do faturamento e do lucro; II a empresa, o empregador doméstico, ou o segurado recusar se a apresentar qualquer documento, ou sonegar informação, ou apresentálos deficientemente; III faltar prova regular e formalizada do montante dos salários pagos pela execução de obra de construção civil; IV as informações prestadas ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo não merecerem fé em face de outras informações, ou outros documentos de que disponha a fiscalização, como por exemplo: Fl. 3833DF CARF MF Processo nº 10380.001834/200913 Acórdão n.º 2201004.267 S2C2T1 Fl. 3.831 7 a) omissão de receita ou de faturamento verificada por intermédio de subsídio à fiscalização; b) dados coletados na Justiça do Trabalho, Delegacia Regional do Trabalho, Secretaria da Receita Federal ou junto a outros órgãos, em confronto com a escrituração contábil, livro de registro de empregados ou outros elementos em poder do sujeito passivo; c) constatação da impossibilidade de execução do serviço contratado, tendo em vista o número de segurados constantes em GFIP ou folha de pagamento específicas, mediante confronto desses documentos com as respectivas notas fiscais, faturas, recibos ou contratos. § 1º Considerase deficiente o documento apresentado ou a informação prestada que não preencha as formalidades legais, bem como aquele documento que contenha informação diversa da realidade ou, ainda, que omita informação verdadeira. § 2º Para o fim do inciso III do caput, considerase prova regular e formalizada a escrituração contábil em livro Diário e Razão, conforme previsto no § 13 do art. 225 do RPS e no inciso IV do art. 60 desta IN. Pela redação desse dispositivo, vêse que ele estabelece uma modalidade presumida de apuração da base de cálculo dos tributos, que deve ser adotada em circunstâncias bastante peculiares, quando a contabilidade não registra o movimento real da remuneração dos segurados, ou a receita, ou o faturamento ou o lucro; quando há recusa na apresentação de documentos, sonegação de informações ou apresentação insuficiente; ou ainda quando as informações prestadas não merecerem fé. Apenas a constatação de uma das circunstâncias listadas acima autoriza o emprego do expediente excepcional, contudo, mesmo no contexto da identificação de um desses fatos, penso ser necessário haver uma relação de prejudicialidade entre as irregularidades constatadas e a matéria objeto de investigação fiscal e de autuação. Para que se revista de legitimidade, o ato que aplica medidas dessa natureza deve ser adequadamente fundamentado, o que exige que se aponte irregularidades concernentes à grandeza que está sendo auditada e argumentos que evidenciem ser inevitável a via adotada. Com isso se quer dizer que o arbitramento que se faz através de aferição indireta não é uma prerrogativa da fiscalização a ser utilizada conforme juízos de conveniência e oportunidade, mas uma via estreita cujo acesso só é permitido em circunstâncias perfeitamente delimitadas pela legislação e comprovadas dentro do processo através da linguagem adequada, seja através da narrativa empreendida no relatório fiscal, seja através de provas. É elemento necessário dessa fundamentação, a demonstração do nexo causal entre as irregularidades verificadas e a impossibilidade de apuração do tributo pelos meios ordinários estabelecidos na legislação tributária. Nessa esteira, tratandose de tributos que têm por base a folha de pagamentos, a aferição indireta baseada no art. 597, I, da IN SRF nº 3, de 2005, por exemplo, estaria justificada pela demonstração de que a "contabilidade não registra o movimento real da Fl. 3834DF CARF MF 8 remuneração dos segurados a seu serviço", pois é esta grandeza que se está a quantificar no procedimento de fiscalização. Ou então, seria necessário comprovar a recusa na prestação de informações ou documentos relativos à remuneração dos empregados, o que legitimaria a aferição indireta com suporte no art. 597, II. Estabelecida essa premissa, vêse que o auto de infração descreve irregularidades de duas ordens: não apresentação do livro razão 2005 e 2006 e contabilização de despesas suportadas por documentação fiscal inidônea. Quanto às notas inidôneas, a autoridade fiscal apresenta as seguintes informações: 6.1. No curso do procedimento de fiscalização junto ao contribuinte em referência, verificouse a existência de diversas despesas lançadas sem referência a documento fiscal no histórico dos lançamentos, nos anoscalendário 2003, 2004 e 2005. Em face de tal constatação foi solicitada a apresentação das notas fiscais que embasaram os citados lançamentos os quais diziam respeito A aquisição de fardamento, combustíveis, cestas básicas, material de limpeza, material de escritório, manutenção de veículos, conservação e manutenção em geral. 6.2. A partir do segundo semestre de 2005 e em 2006, os lançamentos verificados nas mesmas contas referenciavam os documentos fiscais, mas foram solicitados também tais comprovantes para esclarecer a natureza das despesas efetuadas. Nas contas que registravam despesas referentes a fardamento, em face dos valores elevados nelas escriturados, foram solicitados os comprovantes de despesas mesmo quando os históricos dos lançamentos referenciavam as notas fiscais. 6.3. A empresa sob fiscalização apresentou parte dos documentos fiscais solicitados, conforme Termos de Constatação e de Retenção anexados ao AIOP n° DEBCAD 37.209.960 2, tendo sido detectados indícios de que tais notas poderiam ser falsas. No sentido de determinar a autenticidade dos mesmos, solicitouse à Secretaria da Fazenda do Estado do Ceara a confirmação da emissão de autorizações para impressão tanto das referidas Notas Fiscais quanto dos selos e foram intimados os fornecedores que teriam emitido os documentos fiscais apresentados pela Corpvs. Já em relação à ausência do livro razão, destaco o seguinte trecho do relatório: 6.5. Relativamente aos exercícios de 2005 e 2006, a empresa não apresentou os Livros Razão. Em face de tal omissão todos os valores relativos a serviços prestados a tomadores de serviços, à remuneração paga a empregados e ao sócio, valores pagos a titulo de saláriomaternidade e de saláriofamília, contribuições descontadas e valores recolhidos, tiveram de ser obtidos através do exame dos Livros Diário, dia a dia. Fl. 3835DF CARF MF Processo nº 10380.001834/200913 Acórdão n.º 2201004.267 S2C2T1 Fl. 3.832 9 6.6. Tal foi também o procedimento para verificar as despesas constantes das contas acima referenciadas, para as quais, em muitos lançamentos, inexistia referência a documento fiscal. A partir desses excertos, entendo correto afirmar que não restou evidenciado como o registro de despesas com "fardamento, combustíveis, cestas básicas, material de limpeza, material de escritório, manutenção de veículos, conservação e manutenção em geral" sem a correspondente documentação fiscal comprometeria a integridade das informações constantes das folhas de pagamento. Embora seja possível a existência de uma vinculação entre essas despesas, ela não foi demonstrada pela narrativa construída pela autoridade fiscal. Da mesma forma, a ausência do livro razão não parece justificar que se negue fé aos documentos e registros que espelham as remunerações pagas, até porque, conforme explicita a própria fiscalização "todos os valores relativos a serviços prestados a tomadores de serviços, à remuneração paga a empregados e ao sócio, valores pagos a titulo de salário maternidade e de saláriofamília, contribuições descontadas e valores recolhidos, tiveram de ser obtidos através do exame dos Livros Diário, dia a dia". Ou seja, parte dos levantamentos foram feitos com base no livro diário. Além disso, como resultado do mesmo procedimento fiscal foram realizados lançamentos com base nas folhas de pagamento da empresa, conforme pode ser verificado no processo nº 10380.001829/200901. Esses fatos revelam uma conduta contraditória da autoridade fiscal, que nega credibilidade aos documentos apresentados pela empresa ao mesmo tempo em que se vale deles. Devese registrar, ainda que o item 3.5 do relatório fiscal estabelece textualmente que "Os valores relativos à remuneração paga a empregados foram aferidos com base nos valores da venda de serviço escriturados na seguinte conta". O que evidencia a utilização da própria contabilidade da empresa. Oportuno destacar que este Conselho registra jurisprudência que evidencia a excepcionalidade das medidas adotadas no lançamento que ora se analisa, bem como a necessidade de que haja adequada fundamentação para elas. Nesse sentido, o Acórdão nº 2401 02.161, de lavra do Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, registra em sua ementa: AFERIÇÃO INDIRETA DA BASE DE CÁLCULO. PROCEDIMENTO EXCEPCIONAL. CABIMENTO APENAS NAS SITUAÇÃO EM QUE FIQUE DEMONSTRADA A IMPOSSIBILIDADE DE APURAÇÃO DO TRIBUTO COM BASE NA DOCUMENTAÇÃO EXIBIDA PELO SUJEITO PASSIVO. A mera existência de irregularidades na escrita contábil do contribuinte não autoriza, por si só, a aferição indireta das contribuições, quando o Fisco não demonstra que houve sonegação de documentos ou que os elementos apresentados não refletem a real remuneração paga aos segurados a serviço da empresa. Da fundamentação desse Acórdão, que adoto como razão de decidir, por sua vez, extraise: Aferição indireta do saláriodecontribuição Fl. 3836DF CARF MF 10 O arbitramento da base de cálculo de tributos em geral é previsto no Código Tributário Nacional, art. 148, tendo cabimento quando as informações prestadas pelo sujeito passivo não mereçam fé. Também a legislação previdenciária tem fundamentação específica para aferição indireta das contribuições, é esta a previsão dos §§ 3.º e 4.º do art. 33 da Lei n.º 8.212/1991, os quais trazem a possibilidade de arbitramento das contribuições, quando haja recusa, sonegação ou apresentação deficiente de informações por parte do sujeito passivo. Nessa análise não se pode perder de vista que o procedimento de aferição indireta é um instituto jurídico de exceção, excepcional, incomum, por isso, a lei condicionou a sua aplicação à presença de anormalidade. Tal procedimento deve se pautar pelos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Dessa forma, o Fisco precisa apresentar relação lógica entre os fatos e as conclusões e se acautelar, para não se enveredar no excesso de exação fiscal por arbítrio e abuso de discricionariedade. Somente é admissível o citado procedimento quando o Fisco se vê diante de situação instransponível, ou seja, não tenha como se valer de outros meios para recompor o momento da ocorrência do fato gerador e obter os dados necessários ao cálculo do valor correspondente ao crédito tributário. Na situação sob enfoque, verifico que o Relatório Fiscal, por entender que a documentação do contribuinte seria deficiente, lançou mão da aferição indireta da remuneração dos empregados. De acordo com as considerações da Auditoria, o fato da empresa não ter registrado o pagamento de ART, bem como de despesas com deslocamento e hospedagem do sócio gerente do sujeito passivo, desconsiderou toda a documentação apresentada, por entendêla imprestável. Não vi no relato do Fisco qualquer menção à solicitação de documentos necessários à apuração da remuneração dos empregados, como folhas de pagamento, GFIP, RAIS, recibos, etc. O mister da fiscalização é apurar a ocorrência dos fatos geradores e calcular o tributo devido. No caso sob análise, os autos demonstram que foram prestados serviços, conforme notas fiscais apresentadas. Nesse sentido, deveria o Fisco requerer os documentos que guardassem relação com o pagamento de remunerações e, somente havendo a sonegação desses elementos, ou indícios de que os dados contidos nos mesmos não refletiriam a realidade dos valores pagos como contraprestação pelo trabalho dos segurados empregados, é que caberia a adoção do procedimento excepcional da aferição indireta. Para mim, os fatos narrados pela Auditoria para desconsiderar toda a documentação da empresa, por não se relacionarem com a remuneração dos empregados, não justificam o arbitramento da contribuição. Assim, entendo que na espécie somente estariam presentes os requisitos que autorizam a aferição indireta da mãoobra utilizada na prestação dos serviços, se o Fisco cabalmente Fl. 3837DF CARF MF Processo nº 10380.001834/200913 Acórdão n.º 2201004.267 S2C2T1 Fl. 3.833 11 demonstrasse que a empresa deixou de apresentar os comprovantes de pagamento de remunerações a empregados ou que os documentos exibidos denunciassem que a remuneração neles contidos seria irreal. Vejo, então, que a Auditoria Fiscal se desviou das normas que permitem o arbitramento dos tributos lançados, posto que não demonstrou estar diante de uma situação impeditiva de apurar as remunerações com esteio na documentação do sujeito passivo. Nesse sentido, dou razão à recorrente quanto à falta de justificativa para apuração da base de cálculo por aferição indireta. Também no caso sob análise a narrativa apresentada pelo relatório fiscal não evidencia a negativa de prestação de informações/documentos relacionados à remuneração, não restando demonstrada a impossibilidade de apuração dessa grandeza com base na documentação do sujeito passivo. Muito pelo contrário, em diversas oportunidades evidencia se que foi essa documentação utilizada pela fiscalização sem dificuldades maiores que a análise diaadia do livro diário. Merece registro que o Acórdão recorrido faz menção a fatos que tangenciam o objeto da fiscalização tal como defendido neste voto no seguinte trecho: No presente caso, a empresa deixou de apresentar os Livros Razão dos exercícios de 2005 e 2006, bem como os contratos de prestação de serviços firmados com empresas tomadoras de serviços, tendo recebido o Auto de Infração 37.165.7563, cuja impugnação da empresa foi julgada improcedente por esta 5a turma de julgamento, por meio do Acórdão 0343.905, de 05/07/2011.(grifouse) Apesar dessa menção na decisão de piso, que trata de irregularidade no atendimento à fiscalização que poderia reforçar as suas motivações para a medida empregada, não encontro no relatório fiscal e na documentação que foi juntada a esse processo a adequada representação desse fato, ou seja, ele não foi convertido em linguagem apta a fazer prova em favor das pretensões da Fazenda Pública. Com efeito, a autoridade fiscal concentrou seus esforços em demonstrar que a empresa registrou despesas com notas de duvidosa procedência. Contudo, a comprovação de que despesas diferentes da remuneração de empregados foram registradas sem os respectivos documentos fiscais poderia justificar a aferição indireta de tributos que tenham por base o lucro, mas não é motivação idônea para a adoção desse procedimento em relação a tributos que incidem sobre a remuneração de empregados. Quando mais não se produziu um único indício ou prova de que os valores contabilizados a esse título não são merecedores de fé. Em consequência, entendo inadequado o critério jurídico utilizado pela autoridade fiscal para fins de apuração da base de cálculo tributável, razão pela qual o lançamento realizado encontrase maculado por vício de ordem material. Fl. 3838DF CARF MF 12 Conclusão Pelos motivos expostos, voto por conhecer do recurso voluntário apresentado para, no mérito, darlhe integral provimento. Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 3839DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13897.001018/2008-99
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE.
Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
Numero da decisão: 2001-000.093
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JORGE HENRIQUE BACKES
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RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 7. 00 10 18 /2 00 8- 99 Fl. 118DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física, glosa de Despesas Médicas. A Ementa do Acórdão de Impugnação foi prolatada nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESCABIMENTO. Descabe o pedido de diligência quando presentes nos autos todos os elementos necessários para que a autoridade julgadora forme sua convicção. DEDUÇÃQ DE DESPESAS MÉDICAS. O direito à dedução das despesas médicas condicionase à comprovação da efetividade dos correspondentes pagamentos. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A multa constitui penalidade aplicada como sanção de ato ilícito, não se revestindo das características de tributo, sendo inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso IV do art. 150 da Constituição Federal. TAXA SELIC LEGALIDADE. Inexistência de ilegalidade na aplicação da Taxa SELIC devidamente demonstrada no auto de infração, porquanto o Código Tributário Nacional CTN outorga à lei a faculdade de estipular os juros de mora incidentes sobre os créditos não integralmente pagos no vencimento e autoriza a utilização de percentual diverso de 1%, desde que previsto em lei. Impugnação Procedente em Parte . Crédito Tributário Mantido em Parte Os fundamentos do lançamento, que se encontram na Notificação de Lançamento, foram os seguintes: Fl. 119DF CARF MF Processo nº 13897.001018/200899 Acórdão n.º 2001000.093 S2C0T1 Fl. 3 3 Foi apresentado um recibo único pelo valor total. Destacamos abaixo algumas passagens do Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte, onde se alega que os recibos são idôneos, que não há indicação no lançamento de elementos de irregularidades neles. Fl. 120DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Relator, Jorge Henrique Backes Verificada a tempestividade do recurso voluntário, dele conheço e passo à sua análise. Os recibos não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, tanto do serviço como do pagamento. Mesmo que não sejam apresentados outros elementos de comprovação, a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve estar fundamentada. Como se trata do documento normal de comprovação, para que sejam glosados devem ser apontados indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. No caso, não foram solicitados outros elementos de prova de maneira objetiva, e como fundamento para lançar apenas foi afirmado que recibos não comprovam despesas médicas e que esses recibos não atendem ao art. 80 do RIR/99. Assim, na ausência de indicações desabonadoras, na falta de fundamentação na recusa, os recibos comprovam despesas médicas. Não deixo de fazer aqui uma fundamentação do entendimento expresso acima, pois a falta de fundamentação é a matéria em discussão. Muitas vezes a autoridade fiscal baseia a recusa a deduções no art.73 do Decreto nº 3.000, de 1999, que assim dispôs: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Fl. 121DF CARF MF Processo nº 13897.001018/200899 Acórdão n.º 2001000.093 S2C0T1 Fl. 4 5 Tal artigo indica que determinados documentos não fazem prova absoluta, podendo ser solicitados elementos adicionais de comprovação. No entanto, isso não significa que o juízo, o fundamento da autoridade, dos fatos e do direito, não necessite ser apresentado. E tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como veremos na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. O lançamento pode até ocorrer sem pedido de esclarecimentos ou de prévia intimação ao contribuinte, como consta inclusive em súmula do CARF: Súmula CARF nº 46: O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário. No entanto, a recusa a documentos usuais não pode prescindir de justificativa, inclusive porque deduções elevadas podem estar completamente dentro da lei e do direito do contribuinte. Trazendose um pouco de doutrina percebese claramente a necessidade da motivação. Diz Celso Antônio Bandeira de Mello, em relação aos atos discricionários: “A motivação deve ser prévia ou contemporânea à expedição do ato. (…) Naqueloutros, todavia, em que existe discricionariedade administrativa ou em que a prática do ato vinculado depende de apurada apreciação e sopesamento dos fatos e das regras jurídicas em causa, é imprescindível motivação detalhada. [...] E Maria Sylvia Zanella Di Pietro, sobre a motivação expressase assim:: “O princípio da motivação exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas decisões. Ele está consagrado pela doutrina e pela jurisprudência, não havendo mais espaço para as velhas doutrinas que discutiam se a sua obrigatoriedade alcançava só os atos vinculados ou só os atos discricionários, ou se estava presente em ambas as categorias. A sua obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato, porque se trata de formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos.” E além de princípios e doutrinas, também a lei , como antes aventado, dispõe sobre a obrigação de motivar. A Lei nº 9.784/1999 que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal em seu artigo 50, dispõe: “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; Fl. 122DF CARF MF 6 III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V – decidam recursos administrativos; VI – decorram de reexame de ofício; VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII– importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.” Esse artigo da lei não faz diferenciação entre atos vinculados ou discricionários. Todos os atos que se encaixam nas situações dos supracitados incisos, sejam vinculados ou discricionários, devem compulsoriamente ser motivados. A amplitude e o imenso alcance desse artigo sobre os atos administrativos não deixa nenhum resquício de incerteza ou de dúvida: a regra ampla e geral é a obrigatoriedade de motivação dos atos administrativos. E como princípio, de maneira não menos importante, vejase o que diz sobre a matéria o art. 2º da mesma Lei 9.784, de 1999: “Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (…) VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; (…) XIII interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 13897.001018/200899 Acórdão n.º 2001000.093 S2C0T1 Fl. 5 7 Assim, na ausência de fundamentação plausível para a recusa de documentos usuais de comprovação é indevida a glosa de despesas médicas. Desnecessária a realização de perícia, pois os documentos acostados no processo são suficientes para a solução da lide. Conclusão Em razão do exposto, voto por indeferir a preliminar suscitada e por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Relator Fl. 124DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.904102/2014-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1402-000.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Os membros do colegiado, por unanimidade de votos, resolvem converter o julgamento do recurso voluntário em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Caio Cesar Nader Quintella - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Julio Lima Souza Martins, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: CAIO CESAR NADER QUINTELLA
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Os membros do colegiado, por unanimidade de votos, resolvem converter o julgamento do recurso voluntário em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Julio Lima Souza Martins, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .9 04 10 2/ 20 14 -7 1 Fl. 4810DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.811 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 3789 a 4011) interposto contra v. Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Ribeirão Preto (fls. 3713 a 3779) que deu parcial provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada (fls. 90 a 2287), homologando parcialmente as DCOMPs (fls. 02 a 74) objeto do feito, reconhecendo saldo negativo superior àquele confirmado inicialmente pelo r. Despacho Decisório (fls. 75 a 88). O crédito debatido no presente feito tem origem em saldo negativo de IRPJ dos anoscalendário de 2009 e 2010, formado por recolhimento de impostos sobre o lucro, efetuados no exterior, por mais de 15 (quinze) filiais e empresas, coligadas e controladas da Recorrente (BB Buenos Aires; BB Nova Iorque, BB USA Holding, BB Frankfurt, BB Londres, BB Securities, BB Toquio, BB Paris, BB Milão, BB Grand Cayman, BB Madrid, BB Montevideu, BB Santiago, BB Viena, Brasilian American Merchant Bank (BAMB), BB Tur e Ativos S/A), bem como em pagamentos de estimativas efetuados, supostamente, sob a rubrica de denúncia espontânea, nos termos do art. 138 do CTN, sendo o debate sobre a exclusão das penalidades incidentes sobre tais pagamentos objeto dos autos da Ação Ordinária nº 25986 53.2012.4.01.3400, indicando ser o mesmo crédito objeto do Processo Administrativo nº 10166.914106/201203, no qual recentemente foi prolatado o Acórdão nº 1402.002.406, de relatoria deste Conselheiro. Frisese que o r. Despacho Decisório (fls. 75 a 88) se fundamenta em Relatório de Intervenção do Usuário, juntado nestes autos às fls. 206 a 238, proferido pela DRF/Brasília, trazido pelo próprio Contribuinte na documentação anexa à Manifestação de Inconformidade. Tal expediente, meticulosamente, fundamenta o não reconhecimento das compensações efetuadas pelas companhias coligadas e filiais estrangeiras, cujos documentos que lhe embasam são parte dos autos do Processo Administrativo nº 10166.721069/201445. Tal expediente pontual, produzido antes do r. Despacho Decisório, foi posteriormente arquivado, encerrandose nos seguintes termos: Fl. 4811DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.812 3 Em sua Manifestação de Inconformidade (fls. 90 a 2287), a Recorrente, em suma, alegou a regularidade da comprovação de recolhimento de todos os tributos das suas filiais, coligadas e controladas, trazendo milhares de documentos, individualmente explicando a dinâmica de incidência e recolhimento de cada um deles e sua idoneidade. Também alega que a parcela de divergência de crédito em relação ao recolhimento de estimativas, por meio de denúncia espontânea, objeto de recusa de homologação pela DRF, é referente a multas de mora, tratadas em Ação Ordinária, já havendo pronunciamento do E. STJ sobre o tema, devendo ser reconhecido tal crédito, até por força regimental deste E. CARF. Processado o feito, os autos foram remetidos à DRJ de Ribeirão Preto/SP, sendo proferido o v. Acórdão (fls. 3713 a 3779), que reconheceu a validade da compensação de alguns recolhimentos efetuados no exterior (BB Londres parcialmente, BB Paris e BB Madrid parcialmente), bem como se entendeu que não se poderia conhecer do tema da denúncia espontânea, por concomitância com a Ação Judicial. Confirase a ementa e trechos do v. Acórdão: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 COMPENSAÇÃO DE PAGAMENTOS REALIZADOS NO EXTERIOR. O pagamento de imposto de renda efetuado no exterior apenas pode ser utilizado para compensação do imposto devido no Brasil caso reconhecido o respectivo documento pelo órgão arrecadador do país estrangeiro e pela representação diplomática brasileira, ou se for comprovado que a legislação do país de origem do rendimento prevê a incidência do imposto de renda por meio do documento de arrecadação apresentado. COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA PAGO NO EXTERIOR. LIMITE. A pessoa jurídica poderá compensar o imposto de renda incidente no exterior sobre os lucros, rendimentos e ganhos de capital computados no lucro real, até o limite do imposto de renda incidente no Brasil, sobre os referidos lucros, rendimentos ou ganhos de capital. LUCROS NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO. Fl. 4812DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.813 4 O imposto incidente no exterior somente é passível de compensação com o devido no Brasil se os lucros auferidos no exterior forem computados na base de cálculo do imposto, no Brasil ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010 PROCESSO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA COM PROCESSO ADMINISTRATIVO. A propositura de ação judicial, antes da expedição de despacho decisório, com razões de pedir coincidentes com as trazidas em sede de manifestação de inconformidade, impede a apreciação, pela autoridade administrativa a quem caberia o julgamento, das mesmas razões de mérito submetidas ao Poder Judiciário, cuja decisão faz coisa julgada se sobrepondo ao julgado administrativo. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2010 HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DE DCOMP. COBRANÇA DOS DÉBITOS. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a lei. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte (...) O quadro a seguir resume os valores informados pelo contribuinte a título de compensação com IR Exterior, os valores confirmados pela fiscalização e os valores confirmados pelo presente Acórdão: (...) Quanto às alegações do contribuinte em relação à suposta ocorrência da denúncia espontânea nos pagamentos de estimativa mensal de IRPJ Fl. 4813DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.814 5 efetuados em atraso, não cabe a esta instância julgadora se manifestar sobre o mérito, pois o contribuinte fez a opção por discutir esta questão no Poder Judiciário, através da ação nº 2598653.2012.4.01.3400 (cópia às fls. 2.213 a 2.279). Diante do v. Acórdão, foi oposto o Recurso Voluntário (fls. 576 a 838), ora sob apreço, repisando as alegações de sua Manifestação de Inconformidade em relação à parcela do crédito não reconhecido, também fazendo específica alusão e questionando os termos desfavoráveis deste r. decisum a quo. Na mesma oportunidade, é acostada aos autos nova documentação, referente a recolhimentos no exterior e comprovação de consolidação de resultados de controladas coligadas indiretas, nas companhias controladas diretas. Ainda, posteriormente, foi juntado aos autos nova petição da ora Recorrente (fls. 4048 a 4395), trazendo documentos e traduções juramentadas de comprovantes de recolhimento de tributos pagosos em outros países, pugnando pelo conhecimento, em face da verdade material. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. Incluído tal processo na pauta de julgamento de 12 de abril de 2017 desta C. 2ª Turma Ordinária, foi proferida a Resolução nº 1402000.433 (fls. 4404 a 4413), determinado o seguinte: Assim, tendo em vista que, além da nova documentação contábil acostada aos autos, existem centenas de novas folhas, entre documentos de arrecadação e sua traduções, mostrase adequado e prudente se proceder a uma análise fiscal técnica e comparativa, pela própria Unidade Local que inicialmente reconheceu a falta ou a invalidade da documentação, antes de se efetuar o derradeiro julgamento meritório do feito, apreciando todas as matérias, considerando eventuais alterações dos valores controversos. Diante de todo o exposto, resolvese por determinar a realização de diligência, para que a D. Unidade Local de fiscalização: 1) analisando a nova documentação acostada nos autos (fls. 3881 a 4220) em direto confronto com os créditos não reconhecidos pelo v. Acórdão (vide tabela fls. 3775), determinese se esta atende às exigências legais necessárias à compensação de tributos efetuada pelo Contribuinte, dando ensejo ao direito pleiteado na DCOMP. 2) Fundamente em Relatório, de forma detalhada, as conclusões obtidas, seja no sentido de reconhecer montante maior ou mesmo igual Fl. 4814DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.815 6 dos créditos reconhecidos pelo v. Acórdão a quo, apontando as eventuais falhas probantes da documentação trazida. 3) Seja apensado o presente feito aos autos do Processo Administrativo nº 10166.914106/201203, nos termos do art. 3º, inciso IV, da Portaria RFB nº 1668/2013, por haver identidade da origem do crédito pleiteado. 4) Após a elaboração do Relatório formal com tais informações e fundamentação de suas conclusões, deve ser dada ciência ao Contribuinte do mesmo, com a abertura do devido prazo legal para manifestação, antes do retorno dos autos para julgamento. Ato contínuo, a Autoridade Fiscal acostou inúmeros documentos referentes a transações financeiras internacionais e elaborou o Relatório solicitado (fls. 4505 a 4524), com profunda análise e claro resumo, concluindo pela procedência de outras parcelas do crédito, antes não homologadas. Dada a ciência ao Contribuinte sobre o resultado da diligência, este apresentou Manifestação (fls. 4531 a 4806), em suma, discordando da análise da Unidade Local em relação às parcela do crédito não reconhecida e apontando supostas falhas em tal trabalho, reiterando ao final o provimento integral de seu Recurso Voluntário, bem como acostando mais de uma centena de novos documentos. Na sequência, os autos foram retornaram para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 4815DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.816 7 Voto Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella Relator Como anteriormente já verificado, reiterase que o Recurso Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse N. Colegiado. Conforme já consignado anteriormente na Resolução nº 1402000.433 (fls. 4404 a 4413), da análise do Recurso Voluntário, em confronto com o v. Acórdão recorrido, podese concluir que parte da matéria dos autos não foi atacada, restando incontroversa a não homologação dos seguintes valores, referentes aos impostos pagos pelas seguintes filias/controladas: BB BUENOS AIRES R$ 158.523,04 BB NOVA IORQUE (AnoCalendário de 2009) R$ 718.424,34 BB LONDRES R$ 9117.207,54 BB GRAND CAYMAN R$ 56.920,86 BB MONTEVIDEÚ R$ 13.594,46 BB SANTIAGO R$ 444.431,95 Ainda que não existam matérias preliminares propriamente ditas no Recurso Voluntário, em sua Manifestação oposta após a diligência realizada, o Contribuinte aponta para supostas falhas em seu respectivo Relatório, principalmente na medida em que teria a Autoridade Fiscal deixado de considerar em seus cálculos para a determinação dos limites normativos do montante a ser compensado, fixados nos parágrafos do art. 14 da Instrução Normativa nº 213/2002, os lucros e impostos pagos do exterior do ano de 2009. Para a Recorrente, equivocadamente, para calcular tal restrição, apenas tomou se por base os valores dos lucros percebidos no exterior em relação ao anocalendário de 2010, o que daria ensejo à necessidade de retorno para o saneamento dessa alegada falha. Fl. 4816DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.817 8 Analisando os cálculos efetuados Unidade Local, temos inicialmente que levou se em consideração todos os pagamentos de tributos sobre o lucro no exterior, tanto efetuados em 2009 como em 2010. Confirase: 59. Após as confirmações de pagamentos realizadas nesta diligência (tabela 19), é possível fazer uma consolidação de todos os pagamentos confirmados pela DRF/BRASÍLIA (Fiscalização), DRJ/RPO e DRF/BRASÌLIA (Diligência). A tabela 20 abaixo apresenta essa consolidação dos pagamentos que poderão ser confirmados. Cabe observar que os valores inseridos em tabela 20 representam a soma dos pagamentos realizados nos anoscalendário 2009 e 2010. Ademais, esses valores que poderão ser confirmados se referem aos valores totais dos pagamentos antes dos cálculos do limites legais. Porém, de fato, como alegado, no limite compensatório que acabou imposto ao Contribuinte (limite individual por filial) apenas tomouse por base o informado na sua DIPJ 2011 (anocalendário 2010). Melhor explicando, no que tange aos cálculos e valores sob debate, primeiro é necessário esclarecer que no anocalendário de 2009 a Recorrente apurou prejuízo, conforme comprovam as Fichas 9B e 12B da sua DIPJ 2010 (fls. 2593 e 2594), motivo pelo qual não Fl. 4817DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.818 9 pode compensar naquele mesmo período os valores de tributos sobre a renda pagos no estrangeiro. Contudo, os parágrafos 15 a 20 do art. 14 da IN nº 213/2002 permitem que tais valores sejam aproveitados nos anos seguintes, respeitando as limitações impostas nessas regras específicas. Posto isso, temos que são claras e objetivas as limitações trazidas para tal dinâmica de compensação. Confirase o art. 14 da referida norma infralegal: Art. 14. O imposto de renda pago no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada e o pago relativamente a rendimentos e ganhos de capital, poderão ser compensados com o que for devido no Brasil. § 1º Para efeito de compensação, considerase imposto de renda pago no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada ou o relativo a rendimentos e ganhos de capital, o tributo que incida sobre lucros, independentemente da denominação oficial adotada e do fato de ser este de competência de unidade da federação do país de origem. § 2º O tributo pago no exterior, a ser compensado, será convertido em Reais tomandose por base a taxa de câmbio da moeda do país de origem, fixada para venda, pelo Banco Central do Brasil, correspondente à data de seu efetivo pagamento. § 3º Caso a moeda do país de origem do tributo não tenha cotação no Brasil, o seu valor será convertido em Dólares dos Estados Unidos da América e, em seguida, em Reais. § 4º A compensação do imposto será efetuada, de forma individualizada, por controlada, coligada, filial ou sucursal, vedada a consolidação dos valores de impostos correspondentes a diversas controladas, coligadas, filiais ou sucursais. § 5º Tratandose de filiais e sucursais, domiciliadas num mesmo país, poderá haver consolidação dos tributos pagos, observado o disposto no § 2º do art. 3º e § 5º do art. 4º. § 6º A filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, deverá consolidar os tributos pagos correspondentes a lucros, rendimentos ou ganhos de capital auferidos por meio de outras pessoas jurídicas nas quais tenha participação societária. § 7º O tributo pago no exterior, passível de compensação, será sempre proporcional ao montante dos lucros, rendimentos ou ganhos de capital que houverem sido computados na determinação do lucro real. Fl. 4818DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.819 10 § 8º Para efeito de compensação, o tributo será considerado pelo valor efetivamente pago, não sendo permitido o aproveitamento de crédito de tributo decorrente de qualquer benefício fiscal. § 9º O valor do tributo pago no exterior, a ser compensado, não poderá exceder o montante do imposto de renda e adicional, devidos no Brasil, sobre o valor dos lucros, rendimentos e ganhos de capital incluídos na apuração do lucro real. § 10. Para efeito do disposto no parágrafo anterior, a pessoa jurídica, no Brasil, deverá calcular o valor: I do imposto pago no exterior, correspondente aos lucros de cada filial, sucursal, controlada ou coligada e aos rendimentos e ganhos de capital que houverem sido computados na determinação do lucro real; II do imposto de renda e adicional devidos sobre o lucro real antes e após a inclusão dos lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior. § 11. Efetuados os cálculos na forma do § 10, o tributo pago no exterior, passível de compensação, não poderá exceder o valor determinado segundo o disposto em seu inciso I, nem à diferença positiva entre os valores calculados sobre o lucro real com e sem a inclusão dos referidos lucros, rendimentos e ganhos de capital, referidos em seu inciso II. § 12. Observadas as normas deste artigo, a pessoa jurídica que tiver os lucros de filial, sucursal e controlada, no exterior, apurados por arbitramento, segundo o disposto nas normas específicas constantes desta Instrução Normativa, poderá compensar o tributo sobre a renda pago no país de domicílio da referida filial, sucursal ou controlada, cujos comprovantes de pagamento estejam em nome desta. § 13. A compensação dos tributos, na hipótese de cômputo de lucros, rendimentos ou ganhos de capital, auferidos no exterior, na determinação do lucro real, antes de seu pagamento no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada, poderá ser efetuada, desde que os comprovantes de pagamento sejam colocados à disposição da Secretaria da Receita Federal antes de encerrado o ano calendário correspondente. § 14. Em qualquer hipótese, a pessoa jurídica no Brasil deverá colocar os documentos comprobatórios do tributo compensado à disposição da Secretaria da Receita Federal, a partir de 1º de janeiro do ano subseqüente ao da compensação. § 15. O tributo pago sobre lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, que não puder ser compensado em virtude de a pessoa jurídica, no Brasil, no respectivo anocalendário, não ter apurado lucro real positivo, poderá ser compensado com o que for devido nos anoscalendário subseqüentes. § 16. Para efeito do disposto no § 15, a pessoa jurídica deverá calcular o montante do imposto a compensar em anoscalendário Fl. 4819DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.820 11 subseqüentes e controlar o seu valor na Parte B do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur). § 17. O cálculo referido no § 16 será efetuado mediante a multiplicação dos lucros, rendimentos ou ganhos de capital computados no lucro real, considerados individualizadamente por filial, sucursal, coligada ou controlada, pela alíquota de quinze por cento, se o valor computado não exceder o limite de isenção do adicional, ou pela alíquota de vinte e cinco por cento, se exceder. § 18. Na hipótese de lucro real positivo, mas, em valor inferior ao total dos lucros, rendimentos e ganhos de capital nele computados, o tributo passível de compensação será determinado de conformidade com o disposto no § 17, tendo por base a diferença entre aquele total e o lucro real correspondente. § 19. Caso o tributo pago no exterior seja inferior ao valor determinado na forma dos §§ 17 e 18, somente o valor pago poderá ser compensado. § 20. Em cada anocalendário, a parcela do tributo que for compensada com o imposto de renda e adicional devidos no Brasil, ou com a CSLL, na hipótese do art. 15, deverá ser baixada da respectiva folha de controle no Lalur. (destacamos) Como se observa de tal norma, primeiro existe uma limitação geral e ordinária a esta compensação no valor do Imposto de Renda e Adicionais apurados e devidos pelo contribuinte no Brasil, calculados sobre os lucro auferidos no exterior. Dando maior concretude a tal limitação, o § 10 do referido dispositivo traz dois montantes de referência diversos, o primeiro em relação ao valor efetivamente pago pelas filiais e coligadas estrangeiras e o segundo obtido pelos cálculos do IRPJ e Adicionais devidos antes e depois da inclusão no lucro real desses resultados tributáveis percebidos fora do país. Por sua vez, o § 11 estabelece objetivamente que a compensação não poderá superar o valor dos recolhimento e nem a diferença positiva encontrada na comparação dos resultados dos cálculos da segunda hipótese, que leva em consideração a inclusão e a exclusão dos lucro aferidos no exterior. Tais limites (extraídos dos §10 e §11) são aplicáveis na compensação ordinária, anoaano, no momento do ajuste da DIPJ. Fl. 4820DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.821 12 Porém do §15 ao §20 especialmente regulase o aproveitamento dos tributos pagos em anoscalendário anteriores, em que não fora possível a compensação como in casu, foi 2009, em razão de prejuízo percebido no Brasil. Assim, o §17 deixa claro que o montante que pode ser carregado para períodos posteriores é obtido pela multiplicação os lucros, rendimentos ou ganhos de capital computados no lucro real, considerados individualizadamente por filial, sucursal, coligada ou controlada, pela alíquota de quinze por cento, se o valor computado não exceder o limite de isenção do adicional, ou pela alíquota de vinte e cinco por cento, se exceder. Os referidos lucros, rendimentos ou ganhos de capital computados no lucro real claramente, são aqueles percebidos no anocalendário em que não foi possível a compensação. Exatamente por não ter havido imposto pago no Brasil sobre tais lucros, aplicase as alíquotas de 15% e 25% sobre os lucros no exterior ofertados à tributação no anocalendário em que não houve lucro real positivo, garantindo e limitando a proporção da compensação destes no futuro, quando houver IRPJ devido. Tanto assim é que os § 16 e o § 20 regulam seu controle na Parte B do LALUR, para serem utilizados nos períodos subsequentes e baixados conforme o aproveitamento. Pois bem, como mencionado, no Relatório de diligência, a Autoridade Fiscal aplicou tal multiplicação por 15% e 25% aos valores constantes da DIPJ de 2011, referentes ao anocalendário de 2010. Confirase (fls. 4522 a 4524):: 63. Nesse contexto, a tabela 21 abaixo representa os cálculos dos limites individualizados para cada filial/coligada, segundo a letra “a” do parágrafo 61. A primeira coluna indica o país de cada filial/coligada. A segunda coluna indica o lucro apurado em cada país, de acordo com Fichas 34 e 35 da DIPJ/2011. A terceira coluna indica o limite máximo de imposto pago no exterior que pode ser compensado com Imposto de Renda no Brasil, que corresponde a 15% ou 25% do lucro apurado no exterior. A quarta coluna indica os valores de imposto de renda pago no exterior que o contribuinte pretende compensar, que devem ser inferiores aos respectivos valores indicados em coluna 03. Os números que estão em vermelho na quarta coluna superaram o limite legal estabelecido em coluna 03. Logo, para cada filial, mesmo que confirmado o imposto de renda pago no exterior, o limite legal deve ser respeitado. Fl. 4821DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.822 13 64. Nesse contexto, serão comparados os valores confirmados para cada filial (tabela 20) e os valores dos limites individuais que podem ser compensados (tabela 21). A tabela 22, abaixo, indica em coluna 02 o limite legal individual, extraído de tabela 21. Coluna 03 indica os valores confirmados (tabela 20). A coluna 04 compara os valores das colunas 02 e 03 e confirma o menor entre os dois. Por fim, a coluna 05 representa a diferença entre o IRPJ confirmado e o limite legal individual. Caso essa diferença seja positiva, o valor poderá ser considerado na compensação com a CSLL devida, exercício 2011. A última linha confirma o valor total do imposto pago no exterior que poderá ser confirmado na compensação de imposto de renda no Brasil, no montante de R$ 47.300.837,80. Diante disso, na interpretação que este Conselheiro faz dos dispositivos do art. 14 da IN nº 213/2002, deveria a Fiscalização ter calculado de maneira separada o limite Fl. 4822DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.823 14 compensatório para os valores referentes ao anocalendário de 2009, valendose da técnica prescrita no § 17 deste dispositivo, multiplicando os lucros, rendimentos ou ganhos de capital percebidos no exterior, ofertados à tributação no Brasil no anocalendário de 2009 (informado nas Fichas 34 e 35 da DIPJ 2010), pelas alíquotas de 15% ou 25%, conforme o caso. Assim, dessa forma seria encontrado o limite individual de cada uma das sucursais para então controlar e carregar a sua compensação para ano subsequente de 2010. Lembrese que, ainda que o Contribuinte em 2009 tenha apurado prejuízo, os lucros auferidos pelas suas filiais e coligadas (que foram base para pagamentos de tributos no exterior) foram oferecidos à tributação doméstica, compondo o cálculo do lucro real. Assim, ainda que este tenha resultado em monta negativa, a inclusão dos lucros percebidos no exterior em seu cálculo, certamente, reduziu a monta de seu prejuízo percebido. Correto, então, permitir o abatimentos dos valores de tributos efetivamente recolhidos no exterior sobre esse mesmo resultado ofertado à Fazenda Pública nacional, nos períodos subsequentes, quando há IRPJ e CSLL devidos no Brasil sobre os resultados das filiais e coligadas. Porém, frisese que tais valores não podem formar saldo credor, restituível. Nesse sentido, confirase a lição de Hiromi Higushi1 sobre o tema: Como o imposto pago no exterior não é restituível em dinheiro e nem compensável com outros tributos, o valor compensável nos anos calendário seguintes não compõem o saldo credor da DIPJ, sendo controlado na parte B do Lalur como determina a Instrução. A permissão para compensar, nos anos seguintes, o imposto de renda pago no exterior sobre os lucros não tem base legal mas a Instrução pratica justiça porque aqueles lucros estão reduzindo o prejuízo fiscal das operações no Brasil. A compensação permitida não é de imposto mas de prejuízo fiscal e por esse motivo não tem prazo decadencial para compensação. Aquela situação somente ocorre quando o prejuízo fiscal da empresa investidora no Brasil é reduzido pelo lucro obtido no exterior. A Instrução está apenas mandando restabelecer o prejuízo fiscal da empresa brasileira, porque o imposto pago no exterior não é restituível. Com o restabelecimento do prejuízo fiscal sofrido em operações no Brasil, o imposto pago no exterior é considerado utilizado no pagamento do valor adicionado. (...) 1 Imposto de Renda das Empresas. 41ª Ed. São Paulo : IR Publicações, 2016. p. 141. Fl. 4823DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.824 15 Aparentemente, houve equívoco da Unidade Local de se valer das informações da Ficha 34 e 35 da DIPJ de 2011 para estabelecer esse limite da compensação não obstante a robustez, a precisão e a excepcional qualidade de seu trabalho. Ainda, como mencionado, em relação aos valores recolhidos no próprio ano calendário de 2010, o limite de seu aproveitamento será aquele ordinário, veiculado pelos § 10 e §11 do art. 14, como já procedeu a Fiscalização: 65. Na sequência, será analisado o segundo limite estabelecido pela legislação, citado em item “b” do parágrafo 61. A primeira coluna da tabela 23 indica o país em se localiza a filial/coligada. A segunda coluna indica o total de imposto supostamente pago em cada país. A soma desses pagamentos perfaz o montante de R$80.946.192,11. Cabe observar que os valores supostamente pagos pelo BB Securities, BB TUR e BB ATIVOS estão incluídos em Ilhas Cayman. 66. Além do total desses pagamentos, é necessário apurar o imposto de renda e adicional devidos sobre o lucro real antes e após a inclusão dos lucros, rendimentos e ganhos de capital no exterior. Desse forma, a tabela 24 abaixo indica esses valores, ou seja, imposto de renda e adicional devidos sobre o lucro real antes e após a inclusão dos lucros disponibilizados no exterior. Esses dados foram extraídos da Ficha 09B da DIPJ/2011, fls.2299/2300. A partir da última linha da tabela 24, a diferença apurada foi de R$ 64.132.604,55 (R$ 3.165.543.158,99 – R$ 3.101.410.554,44). Fl. 4824DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.825 16 67. O segundo limite estabelecido pela legislação pode ser visualizado em tabela 25 abaixo, que é o menor valor entre as linhas 1 e 2. Assim, o segundo limite apurado é de R$ 64.132.604,55. Observese que, derradeiramente, na conclusão do Relatório de diligência, ficou o direito total à compensação do Contribuinte (tanto dos valores recolhidos em 2009 como em 2010) restrito precisamente ao cálculo do limite individual de cada filial, que foi obtido pela aplicação dos coeficientes de 15% e 25% aos valores de lucros no exterior declarados apenas na DIPJ de 2011 (§17 do art. 14 da IN 213/2002, que é apenas dirigido ao controle e quantificação de compensações que não puderam ter sido efetuadas no próprio anocalendário de incidência e pagamento): 68. Pelo exposto, após os cálculos dos limites legais, considerando os dois limites estabelecidos pela legislação, poderá ser confirmado o valor de R$ 47.300.837,80, a título de imposto de renda pago no exterior e compensável com imposto de renda apurado no Brasil, conforme tabela 26 abaixo: Fl. 4825DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.826 17 Desse modo, fica claro que devem ser reformulados os cálculos dos limites incidentes na compensação pretendida pelo Contribuinte no presente caso. Deve se aplicar as regras do § 15 ao § 20 do art. 14 da IN nº 213/2002 individualmente para os tributos pagos no exterior no anocalendário de 2009 (utilizando as informações das Fichas 34 e 35 da DIPJ de 2010 para o cálculo do valor compensável de cada sucursal, nos termos do §17). A individualização prestase apenas ao controle, como uma conta corrente da Parte B do LALUR de cada filial. Esse será o limite para aproveitamento dos pagamentos efetuados no ano calendário de 2009, igualmente atentandose (como já feito) à regularidade documental das provas. Posteriormente, o resultado encontrado em tal operação deve ser somado àqueles recolhimentos efetuados em 2010 e confirmado, submetendo ambos aos limites das Tabelas 23 e 24, valendose do menor deles como limite, conforme estampado na Tabela 25. Fl. 4826DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.827 18 Ainda sobre a suposta incorreção do Relatório de diligência, alegou a Recorrente em sua Manifestação que a Autoridade Fiscal deixou de apreciar as informações apresentadas correspondentes ao BB Tóquio e BB Nova Iorque, para ao final desconsiderar os respectivos valores dessas dependências na consolidação dos impostos pagos e consequentemente o direito creditório relacionado. Aponta tal fato como omissão. Aqui não assiste razão à Recorrente, posto que o objeto da diligência determinada era a análise de nova documentação trazida em seu segundo apelo, não sendo acostado aos autos novos documentos em relação a tais filiais, japonesa e estadunidense, revelando ser, não só justificável, mas devido, o silêncio no Relatório de diligência. Antes de adentrar o mérito da comprovação de recolhimentos e sua aceitação e rejeição de Fiscalização e DRJ a quo, frisese que a Recorrente juntou novamente centenas de folhas como prova de seu direito na sua Manifestação, após a juntada nos autos do Relatório de diligência. Ainda que este Conselheiro privilegie o princípio da verdade material (inclusive exarando a Resolução anterior em razão da juntada de documentos em sede de Recurso Voluntário), é necessário estabelecer um limite, atribuindo duração razoável ao processo e racionalizando o número de diligências realizadas, para que não fique o Julgador à mercê de cada nova juntada promovida pelo Contribuinte, quando bem lhe convir revelar nova documentação (de origem antiga e sem explicação para sua obtenção e juntada somente nesse momento posterior). No presente caso, a apreciação da causa já havia se iniciado quando da prolatação da Resolução e os documentos acostados vieram após o retorno dos autos da DRF, e nem houve pedido expresso para a sua juntada ou explicação para fazêlo somente agora, fatos estes que corroboram com a sua rejeição. Dessa forma, normalmente, entenderseia por não conhecer da nova documentação acostada com a Manifestação do Contribuinte. Porém, excepcionalmente, como mais a frente será demonstrado e justificado, em face da necessidade de retorno dos autos à Unidade Local, para complemento da diligência anteriormente determinada, não seria razoável deixar de submeter essa documentação à nova análise. Fl. 4827DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.828 19 Adentrando análise da comprovação dos recolhimentos, procederseá a uma abordagem individual, por filial e coligada, como empreendido nos recursos, decisões e relatórios do feito, considerando as razões de não homologação da DRJ e do Relatório de diligência (quando aplicável), em confronto com o alegado pelo Contribuinte em seu Recurso Voluntário e Manifestação. BB. FRANKFURT Em relação à esta filial, o v. Acórdão da DRJ não homologou a compensação por rejeitar a documentação apresentada, em face de diversas falhas, como datas e falta de reconhecimento pelo órgão arrecadador. O Contribuinte alegou em seu Recurso Voluntário, em suma, estarem estes todos os valores declarados como pagos efetivamente recolhidos, como atestaria carimbo de órgão oficial e uma declaração das autoridades fiscais estrangeiras. Também junta aos autos nova documentação, que fora objeto da diligência realizada. Na diligência, afirmando ter analisado todos os documentos trazidos, reconheceuse a validade da documentação apresentada, atendendo aos requisitos da IN nº 213/2002, confirmando a comprovação de R$ 7.189.155,26, próximo daquilo pleiteado pela Recorrente, na monta de R$ 7.537.609,74. Em sede de Manifestação, a Recorrente atémse a alegar que a Fiscalização teria olvidado de apreciar comprovantes juntados às 4052 a 4062 e 4071 a 4083, que seriam referentes a Imposto Corporativo e respectivo adicional de solidariedade. Compulsando os autos, em direta comparação aos documentos mencionados e as informações constantes das tabelas e do texto do relatório fiscal, realmente se confirma que realmente não houve qualquer análise ou ponderação da Unidade Local sobre os documentos (comprovantes de pagamento de tributos) de fls. 4071 a 4083 que também foram expressamente traduzidos às fls. 4052 a 4060. Frisese que não se trata de uma rejeição de tais documentos, mas, sim, do silêncio da Autoridade Fiscal sobre tais elementos probatórios, que estavam dentro do rol daqueles que deveriam ser submetidos a análise, como determinado na Resolução anteriormente proferida. Fl. 4828DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.829 20 Ainda que o limite individual de compensação de tais tributos recolhidos no exterior com IRPJ tenha sido atingido em relação à filial de Frankfurt, como a própria Autoridade Fiscal muito corretamente trouxe na Tabela 22 do seu Relatório, o valor excedente de poderá ainda ser compensado com a CSLL, que não encontra tal limitação nesse caso (matéria controlada no processo administrativo nº 10166.904103/201415 apenso ao presente). E, interessante notar, que a outra parte da documentação juntada referente a tal sucursal, que foi efetivamente analisada, levou à concordância da Autoridade Fiscal pela homologação, indicando forte potencial de procedência de comprovação em relação às provas ignoradas. Posto isso, tal omissão da Unidade Local pode prejudicar o direito da Recorrente. BB. VIENA Em relação à esta filial, o v. Acórdão da DRJ não homologou a compensação por entender que, em relação à parcela referente a IRRF, não teria o contribuinte arcado com o ônus fiscal, bem como, em relação aos recolhimentos efetuados no exterior, haveria deficiência documental quanto às datas do pagamento, estando ausente outras formas alternativas de prova que pudessem suprir tal falha. O Contribuinte alegou em seu Recurso Voluntário, em suma, que respeitou o regime de competência, levantando ao final do período a monta de tributos recolhidos por esta filial, bem como que existe documentação que atesta a divisão de pagamentos por mês, cada um dos anos. Também junta aos autos nova documentação, que fora objeto da diligência realizada. Na diligência, afirmando ter analisado todos os documentos trazidos, reconheceuse a validade da documentação apresentada, atendendo aos requisitos da IN nº 213/2002, confirmando a comprovação de R$ 1.537.093,65. Em sede de Manifestação, a Recorrente alega que, novamente, a Fiscalização teria olvidado de apreciar comprovantes juntados às 4107 a 4108 e 4085, tratandose de declaração da Receita Federal de Viena que acusa e confirma a ocorrência de pagamentos no expressivo valor de $ 618.875,47 e $ 455.107,21 Euros. Fl. 4829DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.830 21 Verificando tal alegação, mais uma vez confirmase a ausência de análise dessa parte da documentação, como fica evidente na verificação dos documentos de fls. 4107, 4108 e 4085, quando comparada com a Tabela 12 e 13 do trabalho da Unidade Local. Igualmente, não foi caso de rejeição de documento, mas a ocorrência de lapso de investigação documental. No caso dessa filial estrangeira, não houve sequer a aplicação das limitações normativas da IN nº 213/2002, não obstante a possibilidade de compensação com a CSLL. Os documentos verificados, assim como na situação dos da filial de Frankfurt, foram plenamente aceitos pela Fiscalização para homologar a compensação, indicando forte potencial de procedência de comprovação em relação às provas ignoradas. Mais uma vez, tal omissão da Unidade Local pode prejudicar o direito da Recorrente. BB SECURITIES Ainda, em relação a essa outra filial, afirma a Recorrente que as Demonstrações Financeiras acostados às fls. 3884 a 3929, que supririam a suposta ausência de comprovação de os resultado informado pela filial "BAMB" contempla os lucros auferidos pela BB. SECURITIES. Tal suposta carência fez parte da motivação da não homologação da compensação no v. Acórdão da DRJ (fls. 3746). Realmente, o Relatório de Diligência afirma que não teriam sido juntados novos documentos em relação a essa matéria. Por outro lado, às fls. 3884 a 3929 (que estão expressamente abrangidas no escopo da diligência determinada anteriormente) existe cópia de Demonstrações Financeiras dessa filial, confirmando mais essa falha de análise pela Autoridade Fiscal não obstante a profundidade de seus esforços. Fl. 4830DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.831 22 As demais alegações da Recorrente são referentes a discordância de fundamentos e justificativa dos Relatórios, não procedendose ao apontamento de outros lapso. Diante da confirmação dessas falhas (apesar de o trabalho da Autoridade Fiscal ter sido de alta qualidade, primor e profundidade, merecendo as homenagens deste Conselheiro) não há como prosseguir com o julgamento meritório do feito, em face da grande probabilidade de prejuízo do direito do Contribuinte e à constatação do não atendimento pleno à Resolução anteriormente determinada. Retomando assunto já mencionado, como mostrase necessário o retorno dos autos à DIORT, que de qualquer forma irá adiar o julgamento meritório da lide, em caráter absolutamente excepcional, aproveitarseá da oportunidade para também serem conhecidos e analisados os documentos juntados na Manifestação do Contribuinte, em prestígio à busca pela verdade material, à racionalidade e à razoabilidade processual. Nesse sentido, a Recorrente trouxe documentação referente à demonstração que o tributo italiano IRAP supostamente incide sobre o lucro (referente à filial de Milão), sendo passível de compensação com o IRPJ e a CSLL, bem como traduções, legislação dos Estados Unidos e do Japão (referente as filiais de Nova York e Tokio) entre outras provas, teoricamente suprindo deficiências documentais apontadas pela Autoridade Fiscal na análise de tal documentação Como já mencionada, a análise técnica de autenticidade e validade da documentação internacional e diplomática acostada nos autos pode e deve ser confiada à Unidade Local, que possui vasta vivência e expertise nesse tema. Diante de todo o exposto, resolvese por determinar a realização de nova diligência, para que a D. Unidade Local de fiscalização: 1) elabore novo Relatório de diligência: 2) reformulando os cálculos da limitação das compensações pleiteadas, aplicando especificamente aos valores referentes ao anocalendário de 2009 os limites individuais por filias, na forma como previsto nos §15, §16 e §17, §18, §19 e §20 do art. 14 da IN nº 213/2002 (multiplicação por 15% ou 25%, conforme o caso, do lucro ofertado à tributação como informado nas Fichas 34 e 35 da DIPJ 2010), verificando também a regularidade documental das provas de recolhimento de desse período, bem como; Fl. 4831DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.832 23 2.1) somando o resultado do item 2 (acima) aos valores, regularmente comprovados, referentes ao anocalendário de 2010 e submetêlos aos cálculos e limites dos §10 e §11 da IN nº 213/2002, conforme já efetuado nas Tabelas 23, 24 e 25 do Relatório de diligência anterior; 2.2) aquilo que extrapolar os limites dos §10 e §11 da IN nº 213/2002, poderá ser compensado com a CSLL, observando suas próprias limitações infralegais; 2.3) no caso de haver parcela que extrapola todos limites de compensação mencionados nos itens 2, 2.1 e 2.2 dessa diligência, deverá se prestigiar a utilização dos valores referentes ao anocalendário de 2010, para posteriormente utilizarse e reduzir o saldo dos valores do anocalendário de 2009, que poderão ser mantidos e registrados para uso em períodos posteriores. 3.1) analisando integralmente a documentação acostada nos autos às fls. 3881 a 4220, especialmente a parcela referente às filiais de Frankfurt, Viena e BB SECURITIES, suprindo as falhas detectadas e acima explicitadas nessa Resolução, em direto confronto com os créditos não reconhecidos pelo v. Acórdão (vide tabela fls. 3775), determinar se esta atende às exigências legais necessárias à compensação de tributos efetuada pelo Contribuinte, dando ensejo ao direito pleiteado na DCOMP, promovendo as alterações necessárias nos fundamentos e conclusões encontradas no Relatório de diligência anterior; 3.2) analisando a nova documentação juntada fls. 4548 a 4800, procedendo ao mesmo confronto com os créditos não reconhecidos pelo v. Acórdão (vide tabela fls. 3775), determinar, igualmente, se nestes autos foram atendidas às exigências legais necessárias à compensação de tributos efetuada pelo Contribuinte, especialmente em relação as filiais de Milão, Tóquio e Nova York, dando ensejo ao direito pleiteado na DCOMP; 3.3) caso se entenda que algum tributo estrangeiro, recolhido pela Recorrente, não se enquadra nos termos do § 1º do art. 14 da IN 213/2002, fundamentar clara e tecnicamente tal rejeição; 4) Fundamente, de forma detalhada, as conclusões obtidas, seja no sentido de reconhecer montante maior ou mesmo igual dos créditos reconhecidos pelo v. Acórdão a quo, apontando as eventuais falhas probantes da documentação trazida. Fl. 4832DF CARF MF Processo nº 10166.904102/201471 Resolução nº 1402000.474 S1C4T2 Fl. 4.833 24 5) Após a elaboração do Relatório formal com tais informações e fundamentação de suas conclusões, deve ser dada ciência ao Contribuinte do mesmo, com a abertura do devido prazo legal para manifestação, antes do retorno dos autos para julgamento. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella Fl. 4833DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.004459/2010-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
DECADÊNCIA. ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO.
Comprovado o pagamento antecipado do tributo, aplicável o art. 150, §4º do CTN, considerando a ocorrência do fato gerador do tributo como termo a quo para contagem do prazo decadencial. Caso não haja qualquer comprovação, necessária a aplicação do art. 173, I do CTN, considerando o início do prazo decadencial como o 1º dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido concretizado.
NULIDADE. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO.
Por meio do RE 601.314/SP, submetido à sistemática de repercussão geral prevista no art. 543-B do CPC, firmou-se o entendimento de que o art. 6º da LC nº 105/01 não configura quebra de sigilo bancário. Ainda que assim não fosse, o pleito do recorrente invoca a inconstitucionalidade da norma e o CARF não tem competência para se pronunciar neste sentido, conforme Súmula nº 2.
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Em atendimento ao art. 59 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar na decretação de nulidade se os atos da administração tributária não ofenderam de qualquer forma a ampla defesa e o contraditório garantidos ao contribuinte.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÂO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL.
A presunção de veracidade perfaz um instrumento variante e oscilante, o qual, sob um propulsor flexível e maleável, materializa a busca ótima e eficaz pela verdade dos autos. O ônus da prova se inverte de forma contínua, de acordo com as necessidades informacionais e documentais para a elucidação do que realmente ocorreu no caso concreto.
Ao término do procedimento fiscal, a presunção de omissão de receitas passa a ter conotação absoluta. A conclusão dali extraída é materializada na ocasião dos autos de infração. A tributação recai, então, sobre o produto do trabalho fiscal, construído pela fiscalização e não obstruído pela parte contrária, em termos probantes e em forma de alegações.
RESPONSABILIDADE. ART. 124 DO CTN.
São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária principal.
Numero da decisão: 1201-001.968
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Fabiano Alves Penteado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima .
Nome do relator: Relator
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ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO. Comprovado o pagamento antecipado do tributo, aplicável o art. 150, §4º do CTN, considerando a ocorrência do fato gerador do tributo como termo a quo para contagem do prazo decadencial. Caso não haja qualquer comprovação, necessária a aplicação do art. 173, I do CTN, considerando o início do prazo decadencial como o 1º dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido concretizado. NULIDADE. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. Por meio do RE 601.314/SP, submetido à sistemática de repercussão geral prevista no art. 543B do CPC, firmouse o entendimento de que o art. 6º da LC nº 105/01 não configura quebra de sigilo bancário. Ainda que assim não fosse, o pleito do recorrente invoca a inconstitucionalidade da norma e o CARF não tem competência para se pronunciar neste sentido, conforme Súmula nº 2. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Em atendimento ao art. 59 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar na decretação de nulidade se os atos da administração tributária não ofenderam de qualquer forma a ampla defesa e o contraditório garantidos ao contribuinte. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÂO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. A presunção de veracidade perfaz um instrumento variante e oscilante, o qual, sob um propulsor flexível e maleável, materializa a busca ótima e eficaz pela verdade dos autos. O ônus da prova se inverte de forma contínua, de acordo com as necessidades informacionais e documentais para a elucidação do que realmente ocorreu no caso concreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 44 59 /2 01 0- 91 Fl. 1649DF CARF MF 2 Ao término do procedimento fiscal, a presunção de omissão de receitas passa a ter conotação absoluta. A conclusão dali extraída é materializada na ocasião dos autos de infração. A tributação recai, então, sobre o produto do trabalho fiscal, construído pela fiscalização e não obstruído pela parte contrária, em termos probantes e em forma de alegações. RESPONSABILIDADE. ART. 124 DO CTN. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima . Relatório Tratamse de Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, dirigidos à empresa fiscalizada, com atribuição de responsabilidade solidária à entidade Antônio Borges Rainha Sobrinho Piracicaba, CNPJ nº 74.362.732/000168, referente aos 3º e 4º trimestres do anocalendário de 2005, totalizando a monta de R$ 2.569.082,63. Os valores tributados decorrem de omissão de receitas, lastreada em depósitos bancários de origem não comprovada, nos termos dos artigos 42, da Lei 9.430/96, e 24, §2º, da Lei 9.249/95. Os lucros foram arbitrados, nos termos do art. 530, III, do RIR/99, aprovado pelo Decreto 3.000/99, uma vez que a entidade autuada, depois de intimada, não apresentou os livros e documentos de sua escrituração. Fl. 1650DF CARF MF Processo nº 19515.004459/201091 Acórdão n.º 1201001.968 S1C2T1 Fl. 3 3 Termo de Verificação Fiscal De acordo com o TVF, às fls.1436/1444, o Mandado de Procedimento Fiscal nº 08.1.90.002008040086 foi emitido em razão de movimentação financeira incompatível com a receita declarada à RFB, conforme quadro abaixo: Recapitulemos os fatos apurados pela fiscalização. Em 17/10/2008, foi emitida, contra o Banco Itaú S/A, Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira (RMF), por meio da qual foram solicitados dados e documentos relativos à movimentação financeira da autuada. Apurouse que quase a totalidade dos valores depositados foram realizados pela empresa Novelis do Brasil Ltda, adquirente de sucatas de alumínio. A NOVELIS esclareceu que os pagamentos realizados tiveram origem na compra de sucata de alumínio da empresa autuada. Ainda revelouse que, de agosto a dezembro de 2005, a autuada emitiu 585 cheques, no valor total de R$ 15.655.499,43. As cópias do cheques enviadas pelo Banco Itaú durante a ação fiscal demonstram que a quase totalidade deles tiveram como beneficiários a empresa individual Antonio Borges Rainha Sobrinho Piracicaba e seu titular Antonio Borges Rainha Sobrinho. Esses dados levaram, a priori, à conclusão de que a autuada (KOSMOPLATINA) foi constituída apenas com o fim de intermediar o contrato de fornecimento de sucata de alumínio com a empresa NOVELIS, sendo a real beneficiária a empresa RAINHA. A entidade RAINHA respondeu que não era beneficiária dos pagamentos, que não vendeu para a Kosmoplatina, no período de 01/08/2005 a 31/12/2005, e que os cheques poderiam ter sido depositados por terceiros, o que estaria sendo apurado. Constatouse, no entanto, que a RAINHA recebeu 518 cheques da KOSMOPLATINA, totalizando R$ 14.240.689,57, e não justificou, durante o trabalho fiscal, um pagamento sequer. Concluiu a Fiscalização que restou caracterizada a interposição de pessoa jurídica, uma vez que a empresa KOSMOPLATINA, oficialmente contratada pela NOVELIS para fornecer sucata, não apresentou qualquer indício de ter operado diretamente no cumprimento do contrato, ao passo que os fatos demonstraram que a RAINHA foi a real beneficiária dos créditos efetuados pela NOVELIS à KOSMOPLATINA. A responsabilidade solidária foi fundamentada no artigo 124, I, do CTN. Reiterase, em razão de as intimações não terem sido atendidas, a receita total dos créditos bancários não oferecidos à tributação foi tributada com base no lucro arbitrado. As informações do contribuinte em DIPJ, DCTF e DACON estavam zeradas e não constam pagamentos de impostos. Fl. 1651DF CARF MF 4 Por fim, devese destacar que em 06/10/2008, foi declarada a inaptidão da autuada, conforme Ato Declaratório nº 166, de 06/10/2008, com efeitos a partir de 18/06/2008. Impugnação A autuada, propriamente dita, não impugnou o lançamento, todavia, consta, às fls. 1408/1432, a impugnação do responsável solidário. As alegações são sintetizadas na ocasião do Acórdão n° 1636.710 3ª Turma da DRJ/SP1 e aqui reproduzidas em parte: “(...) 2.1. equivocadamente, pois sem respaldo legal e probatório, os efeitos da autuação foram estendidos à Impugnante, com base no artigo 124, I, do CTN, sob o fundamento de interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária; (...) 2.8. a quebra injustificada do sigilo da empresa Kosmoplatina, estendida à Impugnante, decorreu de ato discricionário da Fiscalização, ou seja, a prova indispensável à aferição da suposta matéria tributável foi obtida por meio ilícito, sendo imprestável a consubstanciada nos Autos de Infração impugnados. (...) 2.12. por outro lado, valeuse a autoridade administrativa de métodos indiciários para determinar renda tributável e seus reflexos, ainda que os depósitos bancários por si só não constituam fato gerador de imposto de renda, pois não caracterizam disponibilidade econômica de renda e proventos, valendose para tanto única e exclusivamente da presunção legal estabelecida no art. 42, da Lei 9.430/96; (...) 2.15. a simples movimentação financeira não comprova a existência de acréscimo patrimonial, e, portanto, da ocorrência do fato gerador, cabendo à autoridade fiscal, fazêlo (...) (...) 2.17. a aplicação do art. 43, do CTN, foi ignorada e não poderia sêlo, uma vez que é a base da lei complementar exigida pela CF para regulamentar fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes dos tributos nela contidos; (...) 2.18. afora os elementos apresentados, a autuação contradiz os próprios argumentos de fundamentação da autoridade administrativa quando esta afirma, apesar de pautada em Fl. 1652DF CARF MF Processo nº 19515.004459/201091 Acórdão n.º 1201001.968 S1C2T1 Fl. 4 5 presunções, que a empresa Kosmoplatina não caracterizou como a real beneficiária dos depósitos em conta corrente de sua titularidade; (...) 2.19. ora se o Fisco admite que o montante tido como omissão de rendimentos, na realidade representa receita de terceiros, ele, próprio, afasta a presunção, pois reconhece expressamente que inexistiu rendimento por parte do sujeito tributado, o que, por conseguinte, exclui qualquer responsabilização solidária em face da Impugnante. 2.21. por outro lado, o lançamento foi alcançado pela decadência; 2.22. a Fiscalização trabalhou com hipótese de presunção, tanto assim que não impôs multa qualificada de 150%, mantendo apenas a multa de ofício de 75%; o que afasta de plano qualquer ocorrência de dolo, fraude ou simulação, e, consequentemente, a aplicação do artigo 150, §4º, do CTN; (...) 2.24. no caso em tela, os fatos geradores se perfizeram em 2005, sendo que a ciência deuse somente em 22/12/2010, portanto, após o transcurso do lapso quinquenal relativos: a) em relação a IRPJ e CSLL até o 3º trimestre e b) quanto ao PIS e COFINS até o período de apuração de novembro, competências até novembro de 2005; 2.25. somada aos argumentos anteriormente despendidos, ainda que fossem válidas as autuações contra a KOSMOPLATINA, elas não podem subsistir em face da Impugnante, ademais no que se refere ao artigo 124, I, do CTN, haja vista não existir nenhuma prova do interesse comum; (...) 2.27. no exercício de sua atividade de comércio de sucatas e metais, a Impugnante detém relação comercial com inúmeros clientes e fornecedores, mas não realizou nenhuma transação com a Kosmoplatina no período 01/08/2005 a 31/12/2005; (...) 2.30. a autoridade fiscal entendeu válida a operação realizada entre a Kosmoplatina e NOVELIS, ainda mais pelo fato de a Novelis, depois de intimada para prestar esclarecimentos, apresentou pedido de compra formalizado à Kosmoplatina, bem como praticamente 100% das Notas Fiscais que lastrearam a relação comercial. (...) 2.32. não há nenhum elemento que comprove o interesse da Impugnante naquela relação comercial. Fl. 1653DF CARF MF 6 2.33. não há motivo para que a Impugnante seja intermediada por terceiros, pois referida operação acarretaria duplo pagamento de tributos sobre um mesmo fato jurídico. (...) 2.38. não se pode presumir que os depósitos em conta corrente da Impugnante tenham efetiva referência com o comércio praticado entre a Kosmoplatina e a Novelis, sem nenhum outro elemento probatório; 2.39 ainda que se configurasse a inidoneidade da operação entre a Kosmoplatina e a Novelis, as únicas interessadas e passíveis de serem responsabilizadas seriam as duas e não a Impugnante, que é terceiro alheio ao fato; 2.40. fato que indaga a imparcialidade da autuação é a exclusão da Novelis de qualquer responsabilidade, a qual seria a única interessada jurídica nas operações, pois poderia ter utilizado deste mecanismo para o aumento das despesas contábeis e/ou creditamentos oriundos das aquisições, o que gera ainda mais dúvida quanto aos procedimentos adotados pela Fiscalização; 3. Do exposto, requer sejam cancelados os Autos de Infração e, caso se entenda pela manutenção integral ou parcial da cobrança, seja afastada a indevida responsabilidade solidária imputada à Impugnante. (...)” Acórdão nº 1636.710 3ª Turma da DRJ/SP1 Decadência Não foram acatadas as alegações do recorrente neste ponto. Entendeu a autoridade julgadora que, em se tratando de lançamento de ofício, mesmo que relativo a tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial regese, em regra, pelo artigo, 173, I, do CTN. Registrouse que a jurisprudência vem se pacificando no sentido de que, em não havendo qualquer pagamento antecipado sobre o fato jurídico que constitui o objeto do lançamento, ou, quando presentes as situações de dolo, fraude ou simulação, aplicase a regra do artigo 173, I, do CTN. No caso dos autos, verificouse que a autuada (KOSMOPLATINA) não antecipou o pagamento, não apenas sobre as receitas omitidas de que trata o processo, mas sobre quaisquer outras receitas que, eventualmente, tenha auferido, conforme se extrai do relato da Fiscalização. Desta forma, constatouse que, com relação ao IRPJ e CSLL, os créditos relativos ao 3º trimestre (exigíveis em 2005) poderiam ser constituídos até 31/12/2010, já os referentes ao 4º trimestre, por serem exigíveis a partir de 31/01/2006, poderiam ser constituídos até 31/12/2011. Pelas mesmas razões, os créditos de PIS e COFINS, até a competência Fl. 1654DF CARF MF Processo nº 19515.004459/201091 Acórdão n.º 1201001.968 S1C2T1 Fl. 5 7 11/2005, poderiam ser constituídos até 31/12/2010 e, com relação à competência 12/2005, até 31/12/2011. Como a Impugnante fora cientificada em 22/12/2010, entendeuse que não há que se falar em extinção, pela decadência, de nenhum dos créditos que integram os Autos de Infração impugnados. A autoridade julgadora ainda esclareceu que o fato de a multa de ofício não ter sido agravada, nos termos do artigo 44, I, §1º, da Lei 9.430/96, não significa que não tenha havido dolo, fraude ou simulação, tanto é assim que foi formalizada Representação Fiscal para Fins Penais (Processo nº 19515.004.460/201015), tendo em vista que as condutas praticadas foram consideradas, em tese, crimes contra a ordem tributária, tipificadas nos artigos 1º, I, e 2º, I, da Lei 8.137/90. Assim, concluiuse que também sob esse aspecto, a regra decadencial a ser aplicada aos lançamentos é a do artigo 173, I, do CTN. Quebra de Sigilo Fiscal Neste ponto, discorreu a autoridade julgadora, inicialmente, quanto aos acontecimentos que levaram a emissão de RMF. Pois bem. Constatouse que a Fiscalização buscou intimar a autuada do início do procedimento fiscal e das obrigações constantes no termo de intimação, o que a fez comparecer ao local do domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo, e a constatar que a Autuada não se encontrava em atividade. Ainda elucidase que nova tentativa foi feita, intimando, via Correios, os dois sócios da Autuada, mas tanto uma quanto a outra intimação retornaram sem ciência. Registrouse que estes fatos levaram a Fiscalização a representar, com base na Instrução Normativa RFB nº 748/2007, para que fosse declarada a inaptidão da pessoa jurídica sob ação fiscal, fato que se consumou com o Ato Declaratório 166, de 06/12/2008, publicado no Diário Oficial, de 08/10/2008 e efeitos a partir de 18/06/2008. Por fim, concluiuse que diante desse quadro e dos fortes indícios de que se tratava de interposta pessoa, a Fiscalização, com fundamento no artigo 3º, VIII, “b” e XI, do Decreto 3.724/2001, que regulamenta o art. 6º da LC nº 105/2001, emitiu o documento “Solicitação de Emissão de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira (RMF)”, procedimento que culminou com a RMF nº 08.1.90.002008009405, expedida pelo Delegado da Receita Federal do Brasil de Fiscalização em São Paulo – DEFIS SÃO PAULO e dirigida ao Banco ITAÚ S/A. Entendeuse, então, que o trabalho investigativo realizado pela Fiscalização foi exaustivo e criterioso, tendo sido realizado em conformidade com as normas legais e infra legais, e só terminou quando esta se convenceu de que os dados coletados eram suficientes para comprovar a responsabilidade solidária da empresa individual Antonio Borges Rainha Sobrinho Piracicaba. Fl. 1655DF CARF MF 8 Já com relação a inconstitucionalidades e/ou ilegalidades, entendeuse que a apreciação dessas matérias encontrase reservada ao Poder Judiciário, razão pela qual qualquer discussão nesse sentido deveria ser submetida ao crivo daquele Poder. Presunção de Omissão de Receitas Salientouse, de início, que, embora não se possa negar a existência do contrato formal firmado entre a KOSMOPLATINA e a NOVELIS, bem assim a existência das faturas emitidas pela KOSMOPLATINA contra a NOVELIS e, ainda, da transferência de valores da NOVELIS para a KOSMOPLATINA, também não se pode negar o repasse da quase totalidade dos referidos valores à empresa individual RAINHA ou a seu titular, conforme comprovam as cópias dos cheques que constam nos autos. Entendeuse que se a RAINHA e seu titular negam a existência de relação comercial com a KOSMOPLATINA e, ao mesmo tempo, não conseguem dar uma explicação convincente para os cheques que dela receberam, fica mais do que evidente que a KOSMOPLATINA atuou como interposta pessoa. Assim, reputouse que, uma vez comprovado a existência de interposta pessoa, comprovado está o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária, hipótese que configura responsabilidade solidária, nos termos do artigo 124, I, do CTN. A autoridade ainda pontuou uma série de outros pequenos indícios que convergem para a mesma conclusão: a questão do transporte da sucata de alumínio, que, na maioria das vezes, foi executado por transportador sediado em PIRACICABA/SP, município onde também se encontra sediada a RAINHA; a observação feita pela Fiscalização de que a movimentação da única conta bancária não espelha lançamentos que, normalmente, são inerentes às empresas que se encontram em plena atividade, tais como, recebimentos ou pagamentos de duplicatas, pagamentos de despesas e salários de empregados. Os lançamentos constantes dos extratos bancários se resumiriam a importâncias transferidas pela NOVELIS e, quanto aos débitos, aos valores decorrentes da compensação de cheques, quase todos nominativos à RAINHA ou a seu titular; o fato de as faturas emitidas pela KOSMOPLATINA contra a NOVELIS serem quase que sequenciais, enquanto que, de um total de R$ 15.569.028,59, transferidos da NOVELIS para a KOSMOPLATINA, no exíguo período de 4 meses, R$ 14.240.689,57 foram, comprovadamente, repassados à empresa individual RAINHA, por meio do sistema de compensação de cheques. De todo o exposto, concluiuse que a Impugnante não trouxe argumentos e provas com força para afastar sua responsabilidade solidária. Recurso Voluntário No presente recurso foram reiterados todos os argumentos da peça impugnativa, mas foram acrescentados alguns pontos inéditos que aqui serão delineados. Fl. 1656DF CARF MF Processo nº 19515.004459/201091 Acórdão n.º 1201001.968 S1C2T1 Fl. 6 9 O recorrente pleiteia a decretação de nulidade pelo cerceamento do seu direito de defesa em duas situações distintas: inexistência de disponibilização do processo eletrônico à recorrente, de modo que não fora possível vislumbrarse a documentação que respaldava o v. acórdão recorrido; carência de individualização dos supostos depósitos bancários omitidos pela autuada. Resolução nº 1103000.087 – 1ª Câmara/3ª Turma Ordinária A discussão já atingiu este Conselho em outra oportunidade. Naquela, optou o relator pelo sobrestamento do feito, diante do contemporâneo debate no STF referente à legalidade da quebra de sigilo bancário Entendeu Sergio Luiz Bezerra Presta, no seguinte sentido: “No momento em que o Ministro relator do Recurso Extraordinário nº 601.314/MG, com repercussão geral, no A.I. 765.714/SP determinou o retorno dos autos à origem para observarse o disposto no artigo 543B, do CPC, a conclusão a que chego é que tal procedimento corresponde ao sobrestamento previsto no artigo 62A, § 1º, do Regimento Interno do CARF.” Ocorre que a Portaria MF nº 545, de 28 de novembro de 2013, revogou os §§ 1º e 2º do art. 62A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, de modo que tal medida de sobrestamento não mais consta do atual RICARF (Portaria/MF nº 343/2015). Assim, considerando que o relator não mais pertence ao quadro de conselheiros do CARF, determinouse o retorno do presente processo, para prosseguimento do julgamento, em conformidade com as normas do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator O recurso interposto é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais cabíveis merecendo ser apreciado. Decadência Fl. 1657DF CARF MF 10 Qualquer definição quanto a este ponto transcende a percepção de dolo ou fraude no caso concreto, uma vez que basta para tal a invisibilidade (ou visibilidade) de qualquer sinal de antecipação do pagamento dos tributos devidos. Conforme posicionamento amplamente defendido por este julgador, a aplicação do art. 150, §4º do CTN depende do prévio pagamento. De certa forma, o contribuinte facilita e agiliza a atuação do fisco e o prazo se torna mais exíguo, de modo que a autoridade administrativa contrai o dever de lançar o tributo a partir da ocorrência dos fatos geradores (através de lançamento complementar de ofício, ou homologando expressa ou tacitamente as informações apuradas pelo contribuinte). Vejamos o que dispõe o referido dispositivo: “Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” De outro lado, a ausência de antecipação do pagamento e mesmo a exceção contida no §4º do art. 150 do CTN, são hipóteses que decerto comprometem o trabalho da fiscalização e, em circunstâncias peculiares, podem demandar maiores esforços e diligências mais elaboradas para a determinação do quantum devido, de modo que transcorrese maior lapso de tempo em uma investigação completa e eficiente. Ao menos essa é a presunção lançada. Nestes casos, deve ser aplicado o art. 173, I do CTN, o qual estende o prazo decadencial para o primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato gerador. Eis a dicção legal do supracitado artigo de lei: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (...)” Portanto, para além da análise de uma conduta dolosa, fraudulenta ou simulatória, devese determinar, primeiramente, se houve o pagamento antecipado ou não. Tal definição, de plano, já é suficiente para refutar a aplicação do art. 150, §4º do CTN e, assim, fazer valer o quanto disposto no art. 173, I do CTN neste caso concreto. Fl. 1658DF CARF MF Processo nº 19515.004459/201091 Acórdão n.º 1201001.968 S1C2T1 Fl. 7 11 Ora, o contribuinte apresentou todas as suas declarações zeradas e, como era de se esperar, não antecipou qualquer monta para a satisfação da obrigação tributária. O trabalho fiscal trouxe à tona receitas omitidas pelo contribuinte, quadro que evidenciou a sua latente capacidade contributiva e o dever de apuração e recolhimento dos tributos aos cofres públicos. No entanto, o contribuinte frustrou o fisco e não ofertou quaisquer valores ao impacto fiscal. Considerando, então, a ausência de antecipação do pagamento e a adoção do prazo previsto no art. 173, I do CTN, temos que todos os fatos geradores ocorridos em 2005 só poderiam ser cobrados a partir do dia 01/01/2006, de modo que o esvair de qualquer prazo decadencial só poderia se concretizar a partir do ano de 2011. Como a ciência da autuação se perfectibilizou em 22/12/2010, não há que se falar em decadência. O entendimento aqui adotado já fora proferido por este julgador em outras oportunidades: DECADÊNCIA. ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO. Comprovado o pagamento antecipado do tributo, aplicável o art. 150, §4º do CTN, considerando a ocorrência do fato gerador do tributo como termo a quo para contagem do prazo decadencial. Caso não haja qualquer comprovação, necessária a aplicação do art. 173, I do CTN, considerando o início do prazo decadencial como o 1º dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido concretizado. (Acórdão nº 1201001.516 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Sessão de 04/10/2016) Veja também que é o entendimento uníssono do CARF: DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. NÃO COMPROVAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL REGIDO PELO ARTIGO 173, INCISO I DO CTN. Não comprovada a ocorrência de pagamento parcial, como no presente caso, a regra decadencial expressa no CTN a ser utilizada deve ser a prevista no I, art. 173 do CTN, conforme inteligência da determinação do Art. 62A, do Regimento Interno do CARF (RICARF), em sintonia com o decidido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no Recurso Especial 973.733. (Acórdão nº 2401005.132 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária – Sessão de 05/10/2017) Fl. 1659DF CARF MF 12 DECADÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. APRECIAÇÃO. Por ser matéria de ordem pública, a decadência deve ser apreciada pela instância superior, ainda que a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de origem não tenha se manifestado, não se constitui de matéria preclusa. Aplicase ao caso, conforme art. 62 do RICARF, o entendimento do STJ no Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), o que faz com a ordem do art. 150, §4º, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação. (Acórdão nº 2401005.056 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Sessão de 13/09/2017) Diante de todo o exposto, voto por indeferir o pleito de decadência. Quebra de Sigilo Bancário À época dos fatos geradores indicados nesta autuação vigorava em plenitude a Lei Complementar nº 105/01. Recentemente discutiuse no STF a possibilidade da quebra de sigilo bancário e, assim, colocouse em voga a constitucionalidade do art. 6º da supracitada norma: “Art. 6° As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.” Por meio do RE 601.314/SP, submetido à sistemática de repercussão geral prevista no art. 543B do CPC, firmouse o entendimento de que a norma não configura quebra de sigilo bancário, mas sim transferência de informações entre bancos e o Fisco, ambos protegidos contra o acesso de terceiros, o que, por si, descartaria qualquer ofensa à intimidade e privacidade do contribuinte. Compartilho do posicionamento do Ministro Fachin naquela oportunidade no sentido de que a medida concretiza a equidade tributária, garantindo a justa tributação de acordo com o princípio da capacidade contributiva. O Fisco passa a ter uma gama mais ampla de informações, aptas a serem confrontadas com as documentações que respaldam as declarações fiscais apresentadas pelo contribuinte. A busca pela verdade é otimizada. Fl. 1660DF CARF MF Processo nº 19515.004459/201091 Acórdão n.º 1201001.968 S1C2T1 Fl. 8 13 É cediço que este Conselho Administrativo Fiscal (CARF) está atrelado ao entendimento proferido em decisões sob a sistemática de repercussão geral (RICARF, art. 62, §1º, inciso II, “b”). Uma vez definida a constitucionalidade da LC nº 105/01, agora sob a égide também do princípio da legalidade tributária, deve prevalecer a possibilidade de quebra de sigilo bancário. Ainda que assim não fosse, o pleito do recorrente invoca a inconstitucionalidade da norma e o CARF não tem competência para se pronunciar neste sentido, conforme Súmula nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Portanto, sob qualquer prisma, não há como se acatar a nulidade do trabalho fiscal, em razão da quebra de sigilo bancário, de modo que indefiro o pleito do recorrente neste tópico. Nulidades Cerceamento do direito de defesa O recorrente invoca a afronta ao seu direito de defesa no passo em que: i) foralhe ocultado o acesso aos autos deste processo por meio eletrônico; e ii) ausente a individualização pormenorizada de cada depósito bancário objeto da presunção de omissão de receitas. Quanto ao primeiro argumento (i), devese ter claro que a conduta do recorrente é reprovável no que concerne ao atendimento do princípio da verdade material. Ora, uma suposta falha sistêmica não justifica o cerceamento do direito de defesa do recorrente. Primeiramente, pois de certo o contribuinte tinha outros modos à sua disposição para ter acesso aos autos. A via física, solicitando cópia do processo perante à RFB, seria uma delas, a mais propicia talvez. Também poderia o contribuinte simplesmente diligenciar na RFB e tentar solucionar o problema encontrado no Portal Eletrônico (“eCAC”). Neste caso faltoulhe iniciativa e proatividade, ou qualquer indício de vontade no sentido de atingirse as informações intentadas. O que esperase quase que naturalmente do contribuinte indignado com a autuação fiscal e com a cobrança supostamente indevida é um mínimo de esforço no sentido de provar sua versão dos fatos e demonstrar sua verdade. Tal conduta ativa, porém, não fora vislumbrada: o contribuinte preferiu suscitar o não acesso aos autos como uma nulidade processual do que ter o acesso efetivo e lançar seus argumentos de defesa contrapondo a matéria de direito exata aqui discutida. De modo geral, as falhas sistêmicas sentidas não só comprometem o contribuinte, mas também o trabalho da fiscalização. Deve haver uma tolerância dos dois lados e um zelo/empenho para materializarse a essência do ato, ultrapassando qualquer barreira que estas falhas possam impor na busca pela verdade do processo administrativo. A Administração Tributária ordinariamente adota uma postura defensiva, seja pelos normativos instituídos sejam pelos julgados proferidos, ofertando alternativas para os contribuintes nos casos em que a falha sistêmica os limita de qualquer forma. Não abrese Fl. 1661DF CARF MF 14 margem para que os atos do contribuinte sejam comprometidos em decorrência exclusiva deste fato. À título exemplificativo, o art. 2º, §2º e §3º (incisos I e II), da IN nº 1412/2013 (com a redação incluída pela Instrução Normativa RFB nº 1608/16) trata exatamente da situação em que o contribuinte encontra impedimentos na entrega de documentos digitais: “Art. 2º A entrega de documentos digitais na forma prevista no art. 1º será efetivada por solicitação de juntada a processo digital ou a dossiê digital de atendimento, por intermédio da utilização do Programa Gerador de Solicitação de Juntada de Documentos (PGS) ou mediante atendimento presencial nas unidades de atendimento da RFB. § 1º Para as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a entrega de documentos será realizada obrigatoriamente no formato digital de que trata o art. 1º, mediante a utilização do PGS. § 2º Havendo indisponibilidade do PGS, as pessoas jurídicas constantes do § 1º, excepcionalmente, poderão se utilizar do atendimento presencial da RFB para a entrega dos documentos digitais. § 3º A indisponibilidade de que trata o § 2º: I será caracterizada pela existência de falha no programa que impeça a respectiva transmissão; e II deverá ser demonstrada pelo contribuinte. (...)” São incontáveis os casos neste Conselho em que a tempestividade na apresentação do recurso voluntario é relativizada por erros no sistema eletrônico. Nestes casos o contribuinte demonstra o ocorrido com documentações idôneas e o julgador que prega a aplicação do princípio da verdade material deve reconhecer a interposição da peça recursal em tempo hábil. Em um contexto de falhas sistêmicas, portanto, deve haver flexibilidade de ambos os polos da relação. A Administração Tributária tem se mostrado compreensiva e justa nestes casos. Mas na concretude destes autos, o contribuinte não coaduna com tal conduta. O fato é: o contribuinte tinha outros meios de atingir o mesmo objetivo, mas não o fez por passividade. Não há como se cogitar qualquer empecilho ao seu direito de defesa, que se mantém resguardado enquanto há livre acesso aos autos perante à RFB. No entanto, deve ficar o alerta e estabelecerse o precedente de que as falhas sistêmicas não devem prevalecer sobre atos válidos que convirjam para a busca da verdade. Fl. 1662DF CARF MF Processo nº 19515.004459/201091 Acórdão n.º 1201001.968 S1C2T1 Fl. 9 15 Logicamente discrepâncias exageradas devem ser descartadas, mas casos como o ora delineado devem ser guiados pelo posicionamento aqui sustentado. Deste modo, não há como acatarse a alegação de nulidade do recorrente neste ponto (i). Quanto ao segundo argumento (ii), registrese que a conclusão atingida pelo recorrente não exprime a realidade deste processo administrativo. Durante o procedimento, a fiscalização elabora extensas planilhas individualizando tanto os depósitos bancários realizados entre a empresa NOVELIS e a autuada (KOSMOPLATINA), quanto aqueles realizados entre a autuada e a responsável tributária (a RAINHA). De fato, elencaramse todos os depósitos bancários, indicando datas, valores, dados das contas, históricos e beneficiários, para que o recorrente pudesse investigar de forma pormenorizada e, eventualmente, elucidasse a origem de cada recurso movimentado. Em fls. 101 a 105 (numeração nova), há uma planilha intitulada “Anexo I – Movimentações financeiras” que traz todas as transferências da empresa NOVELIS à KOSMOPLATINA, totalizando um montante de R$ 15.620.004,95, valor que perfaz uma parcela substancial das receitas omitidas alvo desta autuação. Além disso, em fls. 44 a 57, disponibilizase o extrato bancário que traz todos os montantes recebidos pela KOSMOPLATINA no período sub examine, incluindo ali tanto as verbas pagas pela empresa NOVELIS, quanto aquelas transferidas pela “IFC. IND. COMD.”, no total de R$ 130.000,00 (última movimentação registrada em fls. 51) e pelo destinatário denominado “OUTROS” pela fiscalização, no montante de R$ 2.005,00 (primeiro registro do extrato – fls. 44). Devese reconhecer que a planilha constante no item 17 do TVF (fls. 1443) e também o demonstrativo exposto no item 8 (fls. 1437) são apresentados de forma global, mas isso não significa que não há nos autos um conjunto detalhado de todos os casos particulares e peculiares que culminaram nas totalidades ali exprimidas. O acesso amplo e irrestrito aos autos garantido às partes basta para que estes tenham ciência do exato objeto da autuação. À autuada foram escancaradas, de forma singular e específica, todas as receitas tidas como omitidas e ao responsável tributário o repasse da quase totalidade dos referidos valores. Conforme será demonstrado adiante a autuada e a recorrente (responsável tributário) quedaramse inertes quanto a comprovação da efetiva destinação destes montantes, supostamente diversa daquela presumida pela fiscalização. Voto, então, por indeferir o pleito de nulidade do recorrente. Fl. 1663DF CARF MF 16 Todos os valores que compuseram as bases de cálculo para a quantificação dos tributos devidos foram pormenorizados, razão pela qual não há como prevalecer qualquer tese relativa ao cerceamento de seu direito de defesa. Os documentos dispostos nos autos fornecem ao recorrente todas as informações relativas aos depósitos bancários, ofertandolhe condições para impugnar eventuais inconsistências enxergadas. Não há, aqui, qualquer ofensa ao art. 59 do Decreto nº 70.235/72. Omissão de Receitas O fato aqui preponderante norteia a existência inequívoca de uma operação comercial entre a empresa NOVELIS e a autuada (KOSMOPOLITAN). Desta advém os depósitos bancários apurados e, então, a evidenciação de receitas não ofertadas à tributação. A entidade NOVELIS confirmou a compra de sucatas de alumínio da empresa KOSMOPLATINA. Para tanto, após requisições por meio de termo de intimação fiscal, trouxe aos autos: i) lista das Notas Fiscais referentes a fornecimentos realizados pela Kosmoplatina Comércio de Metais e Hidráulicos Ltda, CNPJ 07.052.375/000144 ("Kosmoplatina"), à Novelis entre agosto e dezembro de 2005; ii) demonstrativo das transferências eletrônicas efetuadas pela Novelis à Kosmoplatina entre agosto e dezembro de 2005; iii) cópia da Ordem de Compra n° 57108 de 11/08/2005 (contrato) para suportar as aquisições do referido período. O conjunto probatório colacionado fora suficiente para amparar a detecção de uma série de receitas obtidas pela autuada, que correspondiam exatamente às montas apuradas pela fiscalização à título de depósitos bancários. Ocorre que, conforme já explanado, as informações do contribuinte em DIPJ, DCTF e DACON estavam zeradas e não constam pagamentos de impostos, ou seja, os rendimentos auferidos pela empresa que vendeu as mercadorias não fora objeto da respectiva tributação. Esta incongruência fora percebida pelo fisco, que intimou a KOSMOPLATINA para apontar a sua versão dos fatos e indicar eventual divergência quanto a origem das movimentações financeiras e econômicas. A autuada, no entanto, não se manifestou e não trouxe qualquer comprovação no sentido de respaldar e validar, de forma hábil e idônea, a natureza das transferências bancárias à entidade. Desta forma, a fiscalização concluiu pela omissão de receitas. Ressaltese que a sistemática adotada pelo fisco abre margem para que a empresa fiscalizada traga aos autos provas e alegações que ilidam, a todo o tempo, a presunção de veracidade que guia o procedimento fiscalizatório. Portanto a autuada teve diversas oportunidades de embasar seu suposto direito de forma documental, mas não o fez em nenhuma ocasião. A verdade aqui presumida se forma e se molda no número considerável de indícios e fatos envergando para uma mesma direção. Esta ganha força e, neste ponto, adquire Fl. 1664DF CARF MF Processo nº 19515.004459/201091 Acórdão n.º 1201001.968 S1C2T1 Fl. 10 17 o invólucro robusto de uma presunção absoluta, no passo em que a autuada e o responsável tributário não trazem quaisquer comprovações capazes de invalidála ou mesmo enfraquecêla. O posicionamento deste julgador é o de que a presunção de veracidade perfaz um instrumento variante e oscilante, o qual, sob um propulsor flexível e maleável, materializa a busca ótima e eficaz pela verdade dos autos. O ônus da prova se inverte de forma contínua, de acordo com as necessidades informacionais e documentais para a elucidação do que realmente ocorreu no caso concreto. Lançase uma presunção no intuito de estimularse a produção de provas e a prestação de esclarecimentos, culminando na concretização do princípio da verdade material. Essa ideologia essencial acaba refletindo todo o procedimento e atinge todos os pólos da relação tributária. Neste sentido, vejamos: “Inicialmente, o contribuinte, ao apresentar suas declarações fiscais e os livros que a embasam, eiva as informações ali dispostas de uma presunção relativa de veracidade, sob o amparo da presunção de boafé. Cabe à Fiscalização, desta forma, ilidir a primeira presunção, juris tantum, mantendo irretocável a segunda, no entanto. Detectando inconsistências e apontando a ausência de documentação hábil e idônea que suporte as informações prestadas pelo contribuinte, a fiscalização então encontra situação fáticojurídica que o permite inverter o ônus fiscal, de modo que esta passa a deter a presunção relativa de veracidade, agora recaindo sobre as irregularidades constatadas. Neste momento cabe ao contribuinte ilidila, trazendo documentação apta a confrontar as constatações atingidas. Importante ressaltar que a Fiscalização, neste momento, carreia inúmeras oportunidades ao contribuinte para que este desnature tal presunção, intimandoo e reintimandoo para a apresentação de documentos comprobatórios. (...) Veja, a fiscalização analisa a documentação inicialmente apresentada e instiga o contribuinte a cooperar com o atingimento à uma verdade absoluta. A apresentação de documentações suplementares/complementares e/ou o esclarecimento de sua ausência depende exclusivamente da iniciativa e vontade, voluntária e autônoma, do ora recorrente. A falta de apresentação de documentos hábeis e idôneos, por si, autoriza a fiscalização, então, a materializar esta presunção relativa (...)” (Acórdão nº 1201001.520 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Sessão de 05/10/2016) Fl. 1665DF CARF MF 18 Em última instância, então, o instituto é acolhido definitivamente pelo fisco em face do contribuinte no momento em que as conclusões atingidas são prevalecentes em termos de grau de veracidade, a considerar as provas construídas durante o procedimento pelo primeiro, contrastando com a ausência de argumentos e provas contundentes por parte do segundo. O recorrente alega que a aplicação do art. 43 do CTN teria sido ignorada, neste contexto. De fato, devemos considerar que a simples movimentação financeira não comprova a existência de acréscimo patrimonial, uma vez incapaz de efetivar a ocorrência do fato gerador dos tributos em cobro. No entanto, conforme demonstrouse, a origem dos depósitos bancários fora vislumbrada. A operação envolvendo a transação de mercadorias que norteia este cenário essencialmente reveste e caracteriza as montas recebidas do cliente como receitas de venda. Ora, sob um prisma contábil, a sistemática de vendas operacionais implica necessariamente em um recebimento de valores registrados a débito na conta de “disponíveis” da KOSMOPLATINA (especificamente na conta “Bancos”) em contrapartida a um lançamento a crédito na conta de “resultado” da entidade, representando as receitas obtidas na transação e impactando no lucro da entidade. Os depósitos bancários deixam de ter o caráter oculto e passam a esmiuçar o conceito de receita, qual seja: são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com a contribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais. Reiterese, a presunção é um instrumento/meio. O fim intentado é a verdade exprimida do procedimento fiscalizatório. O art. 43 do CTN recai sobre o fim e não sobre o meio. Ao término do procedimento fiscal, a presunção de omissão de receitas passa a ter conotação absoluta. A conclusão dali extraída é materializada na ocasião dos autos de infração. A tributação recai, então, sobre o produto do trabalho fiscal, construído pela fiscalização e não obstruído pela parte contrária, em termos probantes. Conforme exposto, as movimentações bancárias representavam montantes advindos de uma operação de vendas de mercadoria não submetida ao impacto fiscal anteriormente, tampouco ao pagamento correspondente. Não está tributandose, agora, uma presunção relativa de veracidade, mas sim uma verdade resultante de um trabalho fiscal minucioso sob o qual fora utilizado tal instrumento, mas sob o qual não foram apresentadas provas pelo recorrente. Sobre esta verdade é aplicado devidamente o art. 43 do CTN e atribuída a capacidade contributiva da entidade. Neste ponto reputo devido o lançamento. Fl. 1666DF CARF MF Processo nº 19515.004459/201091 Acórdão n.º 1201001.968 S1C2T1 Fl. 11 19 Apenas à título complementar, cabe ressalvar que as receitas atreladas à “IFC. IND. COND” e “OUTROS” seguiram lógica um pouco distinta, mas que culminou na mesma conclusão aqui exposta. Nestes casos, a fiscalização não se esforçou para demonstrar a suposta relação comercial que respaldasse a origem das verbas. Simplesmente foram apontados os valores no TVF tendo como base o extrato bancário de fls. 44 a 57, emitido por ocasião do RMF. No entanto, também quanto a este ponto não se manifestou o recorrente ou a autuada, se eximindo de apresentar quaisquer documentos comprobatórios. A presunção absoluta de veracidade atingida apontou para a existência de receitas não tributadas devidamente e esta foi a conclusão ao término do trabalho fiscal. Os autos de infração, então, concretizaram essa conclusão e materializaram a tributação e a respectiva cobrança destes valores. Responsabilidade Tributária Dos valores destacados em tópico imediatamente anterior, houve o repasse da quase totalidade para a empresa individual RAINHA. Diante desta assertiva específica insurge a responsabilidade tributária atribuída justamente a beneficiária de fato destes montantes ao final da operação. Na mesma linha do já disposto em relação aos valores devidos pela autuada, o responsável teve diversas oportunidades de se defender e de provar que houve uma efetiva operação comercial com a empresa KOSMOPLATINA. No entanto, até este momento processual não apresentou nenhum documento que evidenciasse tal fato. Somase o fato de que a KOSMOPLATINA, que foi a empresa oficialmente contratada pela NOVELIS para fornecer a sucata, não apresenta qualquer indício de ter operado diretamente no cumprimento do contrato. Vejamos as disposições constantes do TVF em relação a empresa RAINHA (fls. 1441): Em completa contradição, por meio do recurso voluntário, o responsável chega a afirmar que não realizou nenhuma transação com a empresa autuada no período de 01/08/2005 a 31/12/2005, mas também não junta qualquer prova apta a embasar tal alegação. Fl. 1667DF CARF MF 20 Em sentido contrário, a fiscalização baliza de forma cabal que grande parte da monta recebida pela autuada fora transferida para a RAINHA. Em fls. 485 a 497 o trabalho fiscal culmina na construção de um demonstrativo por meio do qual destacamse todos os cheques emitidos pela KOSMOPLATINA em favor da empresa RAINHA (juntados aos autos), no total de R$ 14.240.689,57. Ainda detectouse que em 06/10/2008 foi declarada a inaptidão da autuada, conforme Ato Declaratório nº 166, de 06/10/2008, com efeitos a partir de 18/06/2008. Por fim destacou a fiscalização que na maioria das faturas emitidas pela autuada para a NOVELIS consta o transporte realizado diretamente para o município de Piracicaba, exatamente o domicílio tributário da empresa RAINHA (fls. 1440): Há uma série de fatos concretos que levam a conclusão indubitável de que a real beneficiária da operação era, de forma premeditada e racionalizada, a empresa RAINHA, de modo que esta, direta ou indiretamente, concorreu para a ocultação do fato gerador dos tributos não pagos pela ora autuada. Entendeuse que a KOSMOPLATINA era interposta pessoa, ou seja, ocupava o papel de uma empresa de fachada que fantasiava sua participação em operações comerciais para ocultar a real operação e desviar a atenção do Fisco. A interposição fraudulenta é uma figura delituosa, que define e tipifica uma intermediação comercial ocultando, em artifício doloso, o real comprador e/ou o real vendedor da transação. No caso concreto as duas pontas da operação comercial foram distorcidas. A omissão de receitas por parte da KOSMOPLATINA, a princípio, atinge tanto a NOVELIS (real compradora) quanto a RAINHA (real vendedora), obscurecendo a redução do lucro tributável na primeira e o aumento do lucro tributável na segunda. A empresa NOVELIS, no entanto, validou e confessou a operação e apresentou toda a documentação que a amparou, respaldando a diminuição do lucro da entidade com a compra de mercadorias (aumento do Custo das Mercadorias Vendidas – “CMV”). Já a empresa RAINHA alega que não recebeu quaisquer verbas da empresa autuada, se isentando, todavia, de juntar a documentação que suportasse tal assertiva. Deste modo, não registrou o aumento do lucro proporcionalmente ao repasse das verbas pela KOSMOPLATINA. Portanto, o procedimento fiscal revelou que a operação nos moldes ora delineados ocultou, de fato, a real vendedora da operação e, neste passo, objetivou a não tributação das receitas dali advindas. Tais receitas não foram tributadas, obviamente, na empresa RAINHA, por esta mesmo indicar que não realizou a operação comercial, e também não o foram pela Fl. 1668DF CARF MF Processo nº 19515.004459/201091 Acórdão n.º 1201001.968 S1C2T1 Fl. 12 21 empresa intermediadora da operação, a KOSMOPLATINA, uma vez que as receitas foram ali omitidas. A sistemática de todo o esquema passa pela entidade KOSMOPLATINA, como empresa inexistente de fato e interposta pessoa, servindo como um instrumento para ocultar a origem e a destinação destas receitas, dandolhes outra roupagem no momento de sua introdução nas reais compradora e vendedora. A intenção maior era a de que a RAINHA, sua real detentora, não sofresse o impacto tributário. A real interessada na prática do ilícito era a empresa RAINHA, de modo que esta se utilizou de empresa inapta para concretizar seu planejamento fraudulento. As receitas da operação foram omitidas pela KOSMOPLATINA para que a fiscalização não tivesse acesso ao seu real iter, não percebesse a capacidade contributiva da entidade RAINHA e assim não exigisse a satisfação da obrigação tributária correspondente. As receitas da operação de venda não foram tributadas e era essa a intenção da operação. Como a KOSMOPLATINA era apenas um meio para atingir esse fim, mas a intenção de toda a operação partia da real beneficiária, a RAINHA, não há como se negar que a esta última deve ser atribuída a responsabilidade solidária pelo pagamento dos tributos. Quase 91% dos valores transferidos da NOVELIS para a KOSMOPLATINA foram repassados desta última para a RAINHA e esta transação fora ocultada de modo a relativizarse a atuação do Fisco. O recorrente nega esse fato sem qualquer documentação hábil para tal e, neste ato, ultima os elementos de certeza e objetividade suficientes à sua responsabilização. Sob um olhar abrangente, claramente chama a atenção o intuito da empresa RAINHA: a não tributação de suas receitas de venda e o interesse comum com a empresa autuada pela omissão de receitas e, consequentemente, pelo sepultamento de qualquer fato gerador do tributo, seja na própria entidade, seja na KOSMOPLATINA. Tornase cristalina, neste contexto, a aplicação do art. 124 do CTN: “Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; (...)” Nitidamente o fato gerador desencadeado na empresa que intermedeia a operação é de interesse direto da empresa RAINHA, que intenta, a todo custo, ocultálo. Portanto, voto por manter intacta a responsabilidade solidária atribuída nestes autos. Lançamentos Reflexos Fl. 1669DF CARF MF 22 Aplicase aos tributos lançados reflexamente ao IRPJ, quais sejam, a CSLL, o PIS e a COFINS, os mesmos fundamentos para manter a exigência, haja vista a inexistência de matéria específica, de fato e de direito a ser examinada em relação a eles. Conclusão Diante de todo o exposto, CONHEÇO do RECURSO VOLUNTÁRIO para, no MÉRITO, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto! (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Fl. 1670DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13811.002488/98-76
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1993
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. DEFINIÇÃO DO TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF COM REPERCUSSÃO GERAL. ARTIGO 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Segundo o entendimento do STF, proferido no julgamento do RE 566.621, analisado sob a sistemática da repercussão geral, ao pedido de restituição, nos casos de recolhimento indevido de tributo sujeito a lançamento por homologação, efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118/05, deve ser aplicado o prazo de cinco anos, contados a partir da homologação tácita do pagamento indevido. Aplicação do artigo 62A do Regimento Interno do CARF.
Numero da decisão: 9101-001.490
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais,
por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso com retorno à câmara a quo para exame.
(assinado digitalmente)
OTACILIO DANTAS CARTAXO Presidente.
(assinado digitalmente)
JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Otacilio Dantas Cartaxo (Presidente), Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, José Ricardo da Silva, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Mário Sérgio Fernandes Barroso (suplente convocado), Valmir Sandri, Viviane Vidal Wagner (suplente convocada), João Carlos de Lima Júnior e Susy Gomes Hoffmann.
Nome do relator: JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1827; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 723 1 772222 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13811.002488/9876 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9101001.490 – 1ª Turma Sessão de 24 de outubro de 2012 Matéria IRPJ Recorrente IOCHPE MAXION S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1993 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. DEFINIÇÃO DO TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF COM REPERCUSSÃO GERAL. ARTIGO 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Segundo o entendimento do STF, proferido no julgamento do RE 566.621, analisado sob a sistemática da repercussão geral, ao pedido de restituição, nos casos de recolhimento indevido de tributo sujeito a lançamento por homologação, efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118/05, deve ser aplicado o prazo de cinco anos, contados a partir da homologação tácita do pagamento indevido. Aplicação do artigo 62A do Regimento Interno do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso com retorno à câmara a quo para exame. (assinado digitalmente) OTACILIO DANTAS CARTAXO – Presidente. (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Otacilio Dantas Cartaxo (Presidente), Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, José Ricardo da Silva, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Mário Sérgio Fernandes Barroso (suplente convocado), Valmir Sandri, Viviane Vidal Wagner (suplente convocada), João Carlos de Lima Júnior e Susy Gomes Hoffmann. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 24 88 /9 8- 76 Fl. 723DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência (fls. 549/559) interposto pelo contribuinte com fundamento no artigo 7°, inciso II, do antigo Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais (RICSRF), aprovado pela Portaria MF n° 147, Anexo II, de 25 de junho de 2007. Insurgiuse o Recorrente contra o acórdão nº 10809.651 de fls. 534/540 por meio do qual a Oitava Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes negou provimento ao recurso do contribuinte (fls. 435/449). O acórdão recorrido foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1994 DECADÊNCIA. RESTITUIÇÃO. APLICAÇÃO DA LC 118/05 – O prazo extintivo do direito de pleitear a repetição de tributo indevido ou pago a maior, sujeito a lançamento por homologação, extinguese com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data do pagamento antecipado, nos precisos termos dos art. 156, I, 165, I, 168 e 150, §§ 1° e 4º, do Código Tributário Nacional (CTN). Interpretação dada pela Lei Complementar n° 118/05. O contribuinte, em suas razões recursais, sustentou que o entendimento adotado no acórdão recorrido, no sentido de que o prazo para pleitear a restituição é de 5 anos contados do pagamento, não merece prosperar, pois está em desacordo com os artigos 150, §4º e 168, I, do CTN. Nesse sentido afirmou que o início do prazo para o pedido de restituição somente se dá após a homologação tácita do lançamento. Sustentou, ainda, que no caso dos autos não se aplica o prazo estabelecido pelo art. 3° da LC 118/05, que estabelece como termo inicial para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação a data do pagamento antecipado, isto porque, esse prazo somente poderá incidir sobre situações que venham ocorrer a partir de sua vigência, ou seja, tem eficácia prospectiva e não retroativa. Nesse passo trouxe a ementa do acórdão paradigma: IRRF RESTITUIÇÃO DE TRIBUTO PAGO INDEVIDAMENTE PRAZO DECADÊNCIA INOCORRÊNCIA 1. O Imposto de Renda é tributo sujeito ao lançamento por homologação, que ocorre quando o contribuinte, nos termos do caput do art. 150 do CTN, por delegação da legislação fiscal, promove aquela atividade da autoridade administrativa de lançamento (art. 142 do Fl. 724DF CARF MF Processo nº 13811.002488/9876 Acórdão n.º 9101001.490 CSRFT1 Fl. 724 3 CTN). Assim, o contribuinte, por delegação legal, irá verificar a ocorrência do fato gerador, determinar a matéria tributável, identificar o sujeito passivo, calcular o tributo devido e, sendo o caso, aplicar a penalidade cabível. Além do lançamento, para consumação daquela hipótese prevista no art. 150 do CTN, é necessário o recolhimento do débito pelo contribuinte sem prévio exame das autoridades administrativas. Havendo o lançamento e pagamento antecipado pelo contribuinte, restará às autoridades administrativas a homologação expressa da atividade assim exercida pelo contribuinte, ato homologatório este que consuma a extinção do crédito tributário (art. 156, VII, do CTN). Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito se extingue com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN), a chamada homologação tácita. 2. No caso dos autos, o Imposto de Renda descontado na Fonte (IRRF), devidamente declarado na Declaração de Ajuste Anual, com recolhimento indevido da exação por ser a Contribuinte portadora de moléstia grave e aposentada, o lançamento é feito por homologação. Destarte, aplicase à espécie a regra geral do prazo prescricional aplicada aos tributos sujeitos à homologação no sentido de que a extinção do direito de pleitear a restituição ocorrerá após 5 (cinco) anos, cotados do fato gerador, acrescido de mais 5 (cinco) anos da homologação. 3. O prazo qüinqüenal (art. 168, I, do CTN) para restituição do tributo, somente começa a fluir a partir da extinção do crédito tributário. Como não houve homologação expressa, o crédito tributário somente se tornou "definitivamente extinto" (sic § 4° do art. 150 do C7'N), após cinco anos da ocorrência do fato gerador ocorrido durante o ano de 1994, ou seja, extinguindose a partir de 1999. Assim, o dies ad quem para a restituição se daria tãosomente a partir de 2004, cinco anos após a extinção do crédito tributário. 4. Pelo que se afasta a decadência decretada pela decisão recorrida. (Acórdão nº10246.503. Julgado em 20/10/2004). Assim, o recorrente argumentou que o caso trata de tributo sujeito ao lançamento por homologação e, no sentido do que dispõe o acórdão paradigma, deve ser aplicada a regra de que o prazo para a restituição do tributo recolhido indevidamente se inicia a partir do transcurso do prazo para homologação do lançamento, isto é, o direito se extinguiria Fl. 725DF CARF MF 4 após o transcurso dos cinco anos para a homologação (art. 150, § 4º, do CTN), acrescido dos cinco anos previstos para restituição propriamente dita (art. 168, I, do CTN). Por fim, pugnou pela reforma do acórdão recorrido. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões às fls. 716/721. Preliminarmente, afirmou que não pode ser conhecido o recurso do contribuinte porque o acórdão apontado como paradigma não trata de IRPJ, mas de IRF. Ademais, argumentou que o prazo para a devolução de indébito tributário é disposto pelo art. 168 c/c art. 165 do CTN, bem como que o contribuinte possui cinco anos para requerer a devolução, contados da data da extinção do crédito tributário, no caso, o recolhimento. Afirmou que este entendimento tem fundamento no CTN e não na lei 118/05, razão pela qual não cabe discussão quanto à retroatividade da mencionada lei complementar, que é meramente esclarecedora de uma realidade jurídica. É o relatório. Voto Conselheiro João Carlos de Lima Junior, Relator. Inicialmente cumpre analisar a preliminar argüida em sede de contrarrazões pela Fazenda Nacional. A Recorrida afirmou que o recurso não deve ser conhecido porque os acórdãos recorrido e paradigma cuidam de tributos diversos, quais sejam IRPJ e IRRF, razão pela qual não restou demonstrada a divergência alegada. Não merece prosperar o argumento da Recorrida, pois o imposto de renda retido é mera antecipação do pagamento do imposto de renda, portanto, tratase do mesmo imposto, sujeito ao lançamento por homologação. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. O cerne da questão é a definição do termo inicial do prazo decadencial para restituição do indébito, ou seja, cumpre verificar se, no caso dos autos, o prazo decadencial de 5 (cinco) anos deve ser verificado a partir do efetivo pagamento ou a partir da homologação tácita do referido pagamento. Acerca da questão em debate, o Supremo Tribunal Federal enfrentou o tema e decidiu, em recente decisão, no âmbito do Recurso Extraordinário 566.621RS (04/08/2011), submetido à sistemática da repercussão geral, no seguinte sentido: DIREITO TRIBUTÁRIO LEI INTERPRETATIVA APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/2005 DESCABIMENTO VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS APLICAÇÃO DO Fl. 726DF CARF MF Processo nº 13811.002488/9876 Acórdão n.º 9101001.490 CSRFT1 Fl. 725 5 PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 09 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4°, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto proclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial, quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição do indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei Fl. 727DF CARF MF 6 geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4°, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, §3°, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Portanto, decidiuse na corte suprema que o prazo de cinco anos a contar do pagamento indevido fixado na Lei Complementar n° 118/05 somente se aplica às ações propostas após o decurso da vacatio legis (120 dias) da referida lei complementar. O Regimento Interno do CARF estabelece, em seu artigo 62A, que: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Desta forma, e por força do quanto disposto no artigo 62A, do Regimento Interno do CARF, concluise que o prazo para o pedido de restituição efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118/05, tem como termo inicial a data do pagamento indevido, findando o mesmo após dez anos. No presente caso, o pedido de restituição foi efetuado em 28 de dezembro de 1998. Aplicandose o prazo de 5 anos a partir da homologação tácita do pagamento, nos termos da decisão do STF, revelase óbvio que não se encontrava decaída pretensão do contribuinte à restituição do indébito, tendo em vista que os pagamentos indevidos foram efetuados no período de janeiro a dezembro de 1993. Diante do exposto, dou provimento ao recurso especial do contribuinte, e determino o retorno dos autos à DRF de origem para a análise do mérito do pedido de restituição relativo ao ano de 1993. É como voto. (documento assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator Fl. 728DF CARF MF Processo nº 13811.002488/9876 Acórdão n.º 9101001.490 CSRFT1 Fl. 726 7 Fl. 729DF CARF MF
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Numero do processo: 13971.001090/2011-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 01 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.198
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos converter o julgamento em diligência. Ausente a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que foi substituída pela Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Fez sustentação oral o patrono Dr. Glauco Heleno Rubick, OAB/SC 6315, escritório Rubick Advogados Associados.
Winderley Morais Pereira - Presidente.
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos converter o julgamento em diligência. Ausente a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que foi substituída pela Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Fez sustentação oral o patrono Dr. Glauco Heleno Rubick, OAB/SC 6315, escritório Rubick Advogados Associados. Winderley Morais Pereira Presidente. Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, com os devidos acréscimos, conforme a seguir: "Tratase de Auto de Infração referente à insuficiência de recolhimento da Contribuição para o Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/ Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, dos períodos de apuração de janeiro/2006 a dezembro/2008, sendo decorrente de glosas fiscais aplicadas aos créditos e às exclusões no cálculo das contribuições informados no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais – Dacon do período em referência. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 71 .0 01 09 0/ 20 11 -8 1 Fl. 1570DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 3 2 A ação fiscal na empresa autuada resultou ainda em despachos decisórios que indeferiram os pedidos de ressarcimento da Contribuição ao PIS e da Cofins referentes ao período compreendido entre 01/07/2004 e 31/12/2008, totalizando 36 processos administrativos que se encontram apensados ao presente, os quais foram objeto de manifestação de inconformidade por parte da contribuinte. A constatação da infração deuse durante a análise fiscal dos processos de análise de pedidos de ressarcimento PER, conforme relacionados no item 3 do Termo de Verificação da Infração (fl. 105). Da análise do direito creditório foram elaborados os Relatórios de Auditoria Fiscal, nos quais constam discriminadas as diversas glosas, as quais implicaram em insuficiências nos descontos de créditos informados no Dacon e, por conseqüência, na apuração dos débitos constantes do presente Auto de Infração. A apuração das insuficiências apontadas nas competências 01/2006 a 03/2007 e 05/2007 a 12/2008 encontramse demonstradas nos itens 07 a 80 do Termo de Verificação da Infração (TVI). Os motivos para as glosas e os respectivos montantes, conforme discriminados no Termo de Verificação Fiscal (TVF) do Auto de Infração constam, da mesma forma, relatoriados nos Relatórios de Auditoria Fiscal (fls. 135/258), referentes à análise dos pedidos de ressarcimento da contribuição para o PIS/Pasep e Cofins do período compreendido entre o 3º trimestre de 2004 e o 4º trimestre de 2008. No caso específico do presente processo, as competências são relativas ao período de janeiro/2006 a dezembro/2008, ou seja, do 1º. trimestre/2006 ao 4º. trimestre/2008. Em síntese, as razões para as glosas são relatadas a seguir: Glosa nº. 1 – Falta de Comprovação, com fundamento no art. 65 da IN RFB n° 900 de 30/12/2008, relativa aos créditos e às exclusões da base de cálculo para os quais não houve apresentação de demonstrativo e/ou para os quais os valores demonstrados eram inferiores aos declarados em Dacon. Ocorreram as glosas nas seguintes linhas do Dacon: Aquisições de Bens para Revenda, em vista da não apresentação de demonstrativo para o ano de 2004 e do valor a menor no demonstrativo em 10/2005; Aquisições de Bens utilizados como Insumos, em virtude da não apresentação de demonstrativo para o ano 2005 e do valor a menor no demonstrativo em 04 e 08/2007; Despesas de Energia Elétrica, vinculadas à receita não tributada; Fretes na operação de Venda, em virtude da não apresentação de demonstrativo dos anos de 2004 e 2005; Fretes nas Aquisições de Bens para Revenda e utilizados como Insumos, relativa à diferença entre os valores constantes do demonstrativo apresentado pela empresa (arquivo fretes intimação 5.xls) e os valores lançados no Dacon; Crédito Presumido na Atividade Agroindustrial, em vista de não ter sido entregue demonstrativo do ano de 2004 e diferenças entre o Dacon e os demonstrativos apresentados no ano de 2005. Fl. 1571DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 4 3 Glosa nº. 1. – Falta de Comprovação Exclusões da Base de Cálculo: Vendas Tributadas com Alíquota Zero: foram objeto de exclusão em todos os períodos analisados, variando apenas o modo de informálas no Dacon. A falta de comprovação ocorreu no período de 08/2004 a 12/2004, para o qual não houve entrega do demonstrativo. Exclusões especificas das cooperativas de produção agropecuária (“Outras Exclusões”), foram consideradas ao longo do período objeto da análise. Foram efetuadas glosas por falta de comprovação relativamente a dois tipos de exclusões específicas a cooperativas de produção agropecuária: Valores repassados aos associados, por falta do demonstrativo no período 08/2004 a 12/2004, 02/2005 a 07/2005, 10/2005 a 12/2005, 02/2006, 01/2007, 07/2007 a 09/2007, 11/2007 a 01/2008, 11/2008 a 12/2008; e Custos Agregados, especificamente em relação a despesas de energia elétrica (12/2004, 10/2005, 02/2006, 08/2006, 07/2008 a 11/2008) e de fretes correspondentes às entregas de produtos recebidos de cooperados (08/2004 a 10/2006). Glosa nº. 2 – Falta de comprovação na escrituração fiscal, fundamentada no art. 65 da IN RFB nº. 900/2008: relativa aos casos em que a informação deficiente nos demonstrativos impediu a correlação do item do demonstrativo com a escrituração fiscal. A glosa por este motivo atinge registros em várias linhas do Dacon, conforme relacionado no item 69 do Termo de Verificação Fiscal. Glosa nº. 3 – Aquisições de Associados: em relação às aquisições de bens para revenda e às aquisições de bens utilizados como insumos, onde foram identificadas situações em que as aquisições foram feitas junto a associados da cooperativa (produtores rurais pessoa física ou jurídica). Esta análise foi feita a partir do confronto entre esses dois demonstrativos de créditos e a relação de associados, apresentada pela contribuinte no arquivo texto "RFB491Associados.txt". A operação é vedada para fins de crédito, de acordo com o art. 23, incisos I e II, da Instrução Normativa SRF nº. 635/2006. O item 76 do TVF especifica a geração do demonstrativo de glosa. Glosa nº.4 – Aquisições de Pessoa Física. Glosa nº.5 – Crédito Presumido em Vendas, as quais alcançam tanto os créditos presumidos quanto as exclusões relativas a valores repassados a associados. Glosa nº.6 – Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública (COSIP). Glosa nº.7 – Glosa sobre aquisições do Ativo Imobilizado, relativa a: a) aquisições anteriores a 01/05/2004 (vedação conforme art. 1º. da IN SRF nº. 457); b) diferença entre o valor do crédito tomado (campo "valor original" do demonstrativo de glosa) e o valor da aquisição (campo "valor total" do demonstrativo de glosa) identificada no documento fiscal do demonstrativo entregue. Glosa nº.8 – Exclusão Indevida: Participante não associado, conforme identificado por meio da análise do cadastro de associados Fl. 1572DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 5 4 (RFB491Associados.txt), em desacordo com o art. 11 da IN SRF nº. 635/2006. Glosa nº. 9 – Exclusão Indevida: Vendas tributadas com alíquota zero, cuja relação, bem como as razões, se encontram discriminados nos itens 109 e 110 do TVF. Glosa nº. 10 – Exclusão Indevida: custos agregados vinculados a compras de nãoassociados, relativos a produtos recebidos de terceiros nãocooperados. Foi considerada para esse efeito a relação de cooperados apresentada pela contribuinte (arquivo texto "RFB491Associados.txt"), na qual consta a data de inclusão e de saída do cooperado. IMPUGNAÇÃO Em sede de preliminar, a contribuinte suscita a nulidade do ato fiscal, com as seguintes alegações: 1. Da existência de irregularidade no procedimento de apuração da suposta infração, onde alega, em síntese, 1.1. Violação do princípio da cientificação, em razão de que a autoridade fiscal estava autorizada pelo Mandato de Procedimento Fiscal a realizar tãosomente a auditoria fiscal para análise do direito creditório da contribuinte, razão pela qual entende que deve ser declarado nulo todo o procedimento fiscalizatório que deu lastro à lavratura do auto de infração. 1.2. Violação do princípio da verdade material, onde alega que a autoridade fiscal determinou que apresentasse arquivos digitais complementares nos leiautes previstos no item 4.10 do ADE Cofins nº. 25/2010, quando da elaboração dos documentos fiscais vigia a ADE Cofins nº. 15/2001, que estabelecia outra forma de leiaute, razão pela qual não pode o fisco desconsiderar os dados apresentados, considerar os arquivos inconsistentes, e gerar a apuração da insuficiência do recolhimento. 2. Da Conexão, onde se refere à conexão entre este processo e os de ressarcimento de créditos, posto que o objeto deste e do auto de infração são comuns, e à imposição de que sejam julgados/apreciados simultaneamente a fim de evitar que sejam proferidas decisões conflitantes. 3. Do Mérito da Autuação Fiscal, onde requer a realização de perícia ou diligência para a verificação efetiva dos créditos e exclusões da base de cálculo através de outros documentos e novos arquivos, sobretudo pela análise da escrita fiscal e contábil dos documentos fiscais, entre eles os arquivos digitais e demais documentos que instruem a impugnação. Encaminha mídias que seguem anexas, conforme relacionadas na impugnação, onde, segundo a impugnante, são apresentados novos elementos que comprovam a insubsistência do auto de infração. 3.1. Glosa nº. 01 Falta de comprovação: 3.1.1. Dos créditos: Fl. 1573DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 6 5 a)Aquisições de Bens para Revenda: (glosas em virtude da não apresentação de demonstrativo em 2004 e valor a menor em 10/2005) traz arquivos contendo novos relatórios demonstrativos para os anos de 2004/2005, com as informações completas que não haviam sido apresentadas à autoridade fiscal; e que foram corrigidas parcialmente as informações relativas a 10/2005. b)Aquisições de Bens utilizados como Insumos: (glosas pela não apresentação de demonstrativo para 2004 e valor a menor em 04 e 08/2007) os novos relatórios contêm as informações que não haviam sido apresentadas à autoridade fiscal para o ano de 2004 e as informações corretas relativas ao período de 04/2007 e 08/2007. c)Despesas de Energia Elétrica: reconhece a glosa levada a efeito nesta linha já que os demonstrativos, de fato, apresentam valores inferiores aos constantes do Dacon. d)Fretes nas operações de Venda (não entregou demonstrativo de 2004 e 2005): os novos relatórios contém os esclarecimentos sobre as glosas e as informações que não haviam sido apresentadas ao fisco relativamente aos anos de 2004 e 2005. e)Fretes nas aquisições de Bens para Revenda e utilizados como insumos (glosa é a diferença entre os valores do Dacon e os do demonstrativo): explica a contribuinte que a diferença apontada se refere a fretes em transferências de mercadorias, os quais foram excluídos dos arquivos apresentados relativos aos fretes nas aquisições de bens para revenda; que foram gerados novos arquivos que demonstram e comprovam os valores de fretes nas aquisições de bens para revenda e utilizados como insumos informados no Dacon e os demonstrativos referentes aos fretes em transferência de mercadorias; que os valores contidos no Dacon decorrem dos valores de fretes em transferência de mercadorias e dos valores de fretes nas aquisições de bens para revenda e utilizados como insumos; e que os custos com fretes em transferência de mercadorias integram o conceito de insumo, nos termos do art. 3º. II, das Leis nº. 10.637/02 e 10.833/03. f)Crédito presumido na Atividade Agroindustrial (não entregue demonstrativo 2004 e valores não comprovados em relação 2005): foram gerados novos relatórios demonstrativos para os anos de 2004 e 2005, com informações que não haviam sido apresentadas ao fisco, comprovandose os créditos tal qual informados no Dacon. 3.1.2. Das exclusões da base de cálculo: a) Vendas Tributadas com Alíquota Zero (glosadas no ano de 2004 pela não entrega do demonstrativo): foram gerados arquivos contendo novos relatórios demonstrativos para o ano de 2004, os quais compõem a linha do Dacon com as informações faltantes. Acrescenta que, supridas as informações relativas ao ano de 2004, fica demonstrado que, neste período, de fato, foram realizadas as vendas informadas no Dacon, porém, em valores um pouco menores aos informados. b) Exclusões específicas das cooperativas agropecuárias (“Outras exclusões”): foram gerados novos arquivos contendo novos relatórios demonstrativos os quais, relativamente ao ano de 2004, compõem a Fl. 1574DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 7 6 linha do Dacon com as informações faltantes. Segundo a impugnante, esses novos relatórios possuem informações suficientes para corrigir as informações relativas ao período de 02/2005 a 06/2005, 07/2005, 10/2005 a 12/2005, 02/2006, 07/2007 a 09/2007, 11/2007 a 01/2008, 11/2008 a 12/2008; em relação aos custos agregados (energia elétrica), onde os demonstrativos apresentam valores inferiores aos constantes do Dacon, devem prevalecer estes valores; em relação aos custos agregados (fretes nas aquisições), foram gerados novos arquivos com os demonstrativos referentes aos fretes em transferência de mercadorias; que os valores contidos no Dacon decorrem dos valores de fretes em transferência de mercadorias e dos valores de fretes nas aquisições de bens para revenda e utilizados como insumos; e que os custos com fretes em transferência de mercadorias integram o conceito de insumo, nos termos do art. 3º. II, das Leis nº. 10.637/02 e 10.833/03. 3.2. Glosa nº. 02 – Falta de comprovação na escrituração fiscal: em relação às glosas relativas a informações deficientes, onde não foi possível confrontar os dados constates dos demonstrativos e daqueles inseridos na escrituração fiscal, a contribuinte remete aos arquivos ora apresentados para alegar que foram corrigidas as deficiências apontadas no relatório fiscal. 3.3. Glosa nº 03 – Aquisições de associados (glosa pelas aquisições do associado ocorridas entre o inicio e o fim do vinculo associativo): onde alega que foram gerados novos relatórios, nos quais não constam quaisquer aquisições de bens utilizados como insumos feitas junto a associados da cooperativa; e que foi gerado novo relatório de associados, o qual demonstra quais pessoas, de fato, ostentavam a condição de associados à época das aquisições de bens para revenda e bens utilizados como insumos, já que o relatório anterior apresentava alguns equívocos, indicando como associados pessoas que não o eram. 3.4. Glosa nº. 04 – Aquisições de pessoa física: foram gerados novos relatórios nos quais não constam aquisições de bens utilizados como insumos feitas junto a pessoas físicas. 3.5. Glosa nº. 5 – Crédito Presumido em Vendas: que os novos relatórios gerados demonstram que houve tomada de créditos relativos tão somente às notas de compras. 3.6. Glosa nº. 06 – Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública (COSIP): verificou que incluiu na base de cálculo do crédito o total da fatura da concessionária de energia elétrica, nela inclusos o valor da COSIP, de modo que assiste razão ao fisco. 3.7. Glosa nº. 07 – Crédito Imobilizado (aquisições anteriores a 05/2004 e valor inferior ao do crédito): foram gerados relatórios contendo novos arquivos, através dos quais aduz detalhar com mais precisão as informações das notas fiscais de aquisição desses bens, bem como corrigir e compor as informações anteriormente prestadas ao fisco. 3.8. Glosa nº. 08 – Exclusão Indevida Participante não associado: foram emitidos novos relatórios, onde são identificados os associados da impugnante à época de cada operação – inclusive com a indicação Fl. 1575DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 8 7 do seu capital dentro do capital social da cooperativa – bem como demonstram que as exclusões se devem aos valores repassados e às vendas feitas a associados, não tendo sido consideradas operações semelhantes realizadas com terceiros. 3.9. Glosa nº. 09 Exclusão indevida Vendas tributadas com alíquota zero: foi gerado novo arquivo com relatório demonstrativo, o qual compõe a respectiva linha do Dacon com notas fiscais conciliadas com o relatório de auditoria fiscal. Ressalta que a glosa do leite in natura se afigurou indevida, em vista de que, embora não se trate de operação não tributada, a incidência é suspensa, nos termos do que estabelece o art. 9º. da Lei nº. 10.925, com a redação dada pela Lei nº. 11.051/2004, bem como da IN 636/2006, art. 2º., e, na seqüência, pela IN 660, art. 2º., inciso II. 3.10. Glosa nº.10 – Exclusão Indevida Custos agregados vinculados a compras de nãoassociados: reconhece que o demonstrativo apresentado foi elaborado com base de dados que, posteriormente, verificouse contemplar, por equívoco, o total das operações. Ressalta, entretanto, que a glosa operouse parcialmente em duplicidade (linha do Dacon “24. Outras Exclusões”), porque a autoridade fiscal teria utilizado dois critérios para a apuração da glosa: Glosa dos “Custos Agregados” pelo critério do rateio proporcional (entradas de sócios e não sócios), e glosa de “Fretes” e “Embalagens”, pelo montante não comprovado com relatórios apresentados. Segundo a contribuinte, considerando que na composição dos “Custos Agregados” incluemse também os custos com “fretes e embalagens”, estes valores não poderiam integrar a base de cálculo para apurar glosa na proporção de compras de sócios/não sócios. Aponta que este fato ocorreu em todos os meses, de agosto de 2004 a dezembro de 2008, gerando um montante de R$ 7.339.900,88 de glosas em duplicidade, pelos quais apresenta alguns resumos das referidas glosas como exemplo. Por fim, requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente a documental e digital inclusa, a realização de prova pericial, cujo assistente técnico e quesitos indica, ou, sucessivamente, da diligência, sem prejuízo das demais que se fizerem necessárias. DILIGÊNCIA O processo foi baixado em diligência para que a unidade de origem verificasse os créditos e as exclusões da base de calculo da Contribuição ao PIS e da Cofins de período de apuração entre 01/07/2004 e 31/12/2008, conforme os novos arquivos anexados aos autos pela contribuinte, salientando possíveis alterações nos valores glosados, objeto dos despachos decisórios e do auto de infração. INFORMAÇÃO FISCAL Em resposta à diligência, em síntese, a autoridade fiscal ressalta que, em momento algum deixou de analisar arquivos digitais por estarem em desacordo com o leiaute previsto pelo ADE Cofins nº. 25/2010 ou com qualquer outro leiaute oficial, tendo flexibilizado a apresentação das informações em arquivos digitais. A autoridade fiscalizadora remete aos diversos termos de intimação em Fl. 1576DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 9 8 que autorizou a flexibilização de leiaute livre, e explica que, após, exaustivamente oportunizar à contribuinte que saneasse as informações apresentadas, tornandoas possíveis de serem analisadas, ainda houve apresentação deficiente. Especificamente em relação à “falta de comprovação” das operações/aquisições, cujos valores constavam apenas da memória de cálculo apresentadas, a qual não detalha cada uma das operações realizadas, a glosa incidiu sobre operações para as quais a contribuinte não apresentou qualquer demonstrativo. Atendendo ao que foi solicitado pela diligência fiscal, a autoridade fiscalizadora analisou todos os novos arquivos apresentados. Em decorrência, entendeu que cabem alterações em parte dos valores glosados e, conseqüentemente, nos valores objeto dos despachos decisórios dos pedidos de ressarcimento, bem como nos valores do presente Auto de Infração. Para a maior parte dos casos que haviam sido objeto da glosa por falta de comprovação, foram aceitos os novos demonstrativos como comprobatórios dos valores levados ao Dacon. Como regra geral, para os casos em que não havia ocorrido glosa por falta de comprovação, salvo algumas exceções, não foram levados em consideração os novos demonstrativos. Quando os valores contidos nos novos demonstrativos são maiores que os do Dacon, fica mantido o crédito integral do Dacon; quando menores, é glosada a diferença. Os novos demonstrativos geraram efeitos nas seguintes glosas por “falta de comprovação”, linha a linha do Dacon: Aquisições de Bens para Revenda: foram considerados os valores totais das operações do arquivo “Linha_01_Bens_Para_Revenda.xlsx”, sendo considerados os valores totais das operações nele relacionadas, sendo corrigida a falta de comprovação (item 37 do TVF) das competências 08 e 12/2004 e 10/2005; são mantidas, porém com valores reduzidos, as glosas das competências 09,10 e 11/2004. Aquisições de Bens utilizados como insumos: conforme os arquivos apresentados, restou corrigida a glosa por “falta de comprovação” (tabela item 38 do TVF) das competências 08 a 09 e 12/2004 e 08/2007; são mantidas, porém com valores reduzidos, as glosas das competências 11/2004 e 04/2007. Despesas de Energia Elétrica: mantida integralmente, permanecendo válida a tabela contida no item 40 dos relatórios fiscais; Fretes na Operação de Venda: conforme os arquivos apresentados, fica corrigida a glosa por “falta de comprovação” (tabela item 41 do TVF) das competências 09/2004, 01, 04, e 06 a 08/2005; são mantidas, porém com seus valores reduzidos, as glosas das competências 08 e 10 a 12/2004, 02, 03, 05 e 09 a 12/2005. Fretes nas Aquisições de Bens para Revenda e utilizados como insumos (fretes em transferência): explica o fisco que os valores aos quais a impugnante se refere como relativos às aquisições de fretes em transferência encontravamse originalmente incluídas na base de cálculo dos créditos do Dacon, os quais foram excluídos pelo próprio contribuinte através de um novo demonstrativo, quando da intimação fiscal para demonstrar as respectivas operações, (arquivo fretes Fl. 1577DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 10 9 intimação 5.xlx, apresentado em 03/02/2011. Reafirma o fisco que, ao excluir da base de cálculo de seus créditos durante o procedimento fiscal, a contribuinte optou por excluílas dos demonstrativos, dando azo à glosa por falta de comprovação, para fins de glosa. Assim, embora a contribuinte ora afirme se tratarem de “fretes em transferência” mantémse a glosa, posto que, de qualquer forma, não há previsão legal para o aporte de créditos em relação a estas aquisições. Crédito Presumido na Atividade Agroindustrial (glosa por falta de comprovação, conforme tabela do item 46 do TVF) – considerando o novo demonstrativo, restou corrigida a falta de comprovação das competências 02 a 04, 06 e 07/2005; ficam mantidas, porém, com valores reduzidos, as glosas das competências 08 a 12/2004, 05 e 10 a 12/2005. Exclusões da Base de Cálculo – Vendas Tributadas com Alíquota Zero: considerando os novos demonstrativos para os anos de 2004, correspondentes aos meses para os quais havia sido feita a glosa por falta de comprovação (conforme tabela do item 51 dos relatórios fiscais); são mantidas, porém, com seus valores reduzidos, as glosas das competências 08 a 12/2004. Exclusões da Base de Cálculo – Exclusões especificas das cooperativas agropecuárias (“outras exclusões”) – Valor repassado aos associados (glosas constantes da tabela do item 57 do TVF): considerandose os novos demonstrativos, restou corrigida a falta de comprovação das competências 02 a 04, 06 e 07/2005, 07 a 09, 11 e 12/2007, 01 e 11/2008; ficam mantidas as glosas das competências das demais competências. Exclusões da Base de Cálculo – Exclusões específicas das cooperativas agropecuárias (“Outras Exclusões”) – Custos Agregados (Energia Elétrica): Glosa não impugnada. Exclusões da Base de Cálculo – Exclusões específicas das cooperativas agropecuárias (“Outras Exclusões”) – Custos Agregados (Fretes nas Aquisições): a glosa foi integralmente mantida, pois seu fundamento e valoração são idênticos aos da glosa por falta de comprovação dos créditos decorrentes de fretes nas aquisições de bens para revenda e utilizados como insumos (itens 35 a 43 da informação fiscal) Quanto à Glosa nº. 2 – Falta de comprovação na escrituração fiscal – para os casos em que a informação deficiente impediu a correlação do item do demonstrativo com a escrituração fiscal. A IF explica que foram confrontados os registros alcançados pela glosa (registros identificados na coluna ´FE`) com a nova escrituração fiscal apresentada (arquivos digitais do ADE 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3, 4.3.4, 4.3.10, contidos no CD 03). Segundo o fisco, alguns dos novos demonstrativos excluem algumas das operações que haviam sido alcançadas pelas glosas ‘FE’, de modo que, no item 62 da informação fiscal, são trazidos exemplos deste procedimento. Reconsiderou as glosas em relação aos registros que foram localizados no confronto com os novos arquivos correspondentes à escrituração fiscal (CD 03), Fl. 1578DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 11 10 considerando os campos para vinculação: filial, nota fiscal, item da nota fiscal, data, código e participante. Para os registros (operações) para os quais essa vinculação não foi possível, foi mantida a glosa. Glosa nº. 3 – Aquisições de associados: considerou o fisco o novo relatório de associados (arquivos RFB491_Associados.txt), e foram reavaliados os registros dos demonstrativos de glosas de Aquisições de bens para Revenda e de Aquisições de bens utilizados como insumos em que a glosa ‘AS’ havia sido aplicada. Nos casos em que o participante não consta da nova tabela, ou quando consta em períodos diversos da emissão das notas fiscais, a glosa foi cancelada; já para os casos em que o participante consta da nova tabela, mas não consta a data de inicio e fim de associação, ou quando consta apenas a data de início anterior às operações sem constar dados sobre o fim da associação, a glosa foi mantida. Glosa nº. 4 – Aquisições de pessoa física: os novos relatórios gerados excluem as aquisições antes contidas nos demonstrativos apresentados ao fisco, os quais compunham os valores declarados em Dacon. A glosa é mantida integralmente. Glosa nº. 5 – Crédito Presumido em vendas de mercadorias adquiridas de terceiros (revenda) e exclusões da base de cálculo de valores repassados a (não) associados: em relação às aquisições de insumos agroindustriais, foi cancelada a glosa, o que não produziu efeitos de redução efetiva nos valores das glosas, posto que só houve aproveitamento de crédito presumido pelo contribuinte até 12/2005. Glosa nº. 6 – Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública: glosa não impugnada e mantida pelo fisco, conforme a tabela contida no item 91 do TVF. Glosa nº. 7 – Glosa sobre aquisições do Ativo Imobilizado: em vista dos novos demonstrativos apresentados, foram reconsideradas as glosas correspondentes a diversos bens, conforme planilha elaborada no item 85 da IF. Restaram mantidas as glosas em relação aos demais bens, em razão de que não houve a comprovação necessária sobre o valor da aquisição e/ou sobre a data da aquisição dos referidos bens, bem como em relação a registros não correspondentes às glosas efetuadas, constantes dos novos demonstrativos. Glosa nº. 8 – Exclusão indevida Participante não associado (glosa relacionada às exclusões dos valores repassados aos associados e às vendas a associados que não eram associados no dia do registro da operação):Verificados os novos relatórios apresentados, nenhuma das glosas restou alterada. Na quase totalidade dos registros, o participante ou não constava da tabela de associados ou constava com data de ingresso posterior. Glosa nº. 9 – Exclusão indevida – Vendas tributadas com alíquota zero: em razão de falta de fundamentação legal para aplicação de alíquota zero nas operações atingidas, conforme identificadas no relatório de glosas (item 111 do TVF). Houve reconsideração das glosas em relação às vendas dos produtos Leite Cru Resfriado Tipo C e Leite in Natura, ambos com código NCM 0401.20.90, posto que, apesar de não estar sujeito à alíquota zero, estava com a incidência das Fl. 1579DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 12 11 contribuições suspensa, com fundamento no art. 9º. da Lei nº. 11.051/2004. Glosa nº. 10 – Exclusão indevida custos agregados vinculados a compras de nãoassociados: a glosa é reconsiderada em parte, tendo o fisco excluído dos custos agregados, para fins de cálculo da glosa, os valores correspondentes às glosas efetuadas por falta de comprovação (nos custos agregados à energia elétrica ou aos fretes nas aquisições) ou por falta de comprovação com a escrituração fiscal (os custos agregados relativos aos fretes nas aquisições ou aos custos de embalagem). Desta forma, a diferença entre o valor total original e o valor da presente revisão resulta em R$ 5.473.906,08, e não no valor de R$ 7.339.900,88, ao qual chegou o sujeito passivo em sua impugnação. MANIFESTAÇÃO DA IMPUGNANTE Parcialmente inconformada com a reavaliação fiscal na apuração de seus créditos e débitos, a contribuinte alega que as informações e dados apresentados oportunamente contêm todas as informações necessárias e aptas a comprovar a existência de crédito ressarcível, bem como a inexistência de débito fiscal. Inicialmente, faz alusões às justificativas prestadas pelo fisco na Informação Fiscal que precedeu à diligência, no sentido de reiterar que as glosas realizadas foram levadas a efeito tão somente porque os dados necessários para a sua aferição não foram confrontados adequada e corretamente, e que todas as informações necessárias para a verificação da existência dos créditos requeridos sempre estiveram à disposição do agente fiscalizador. Segue em sua defesa alegando sobre a incorreção das conclusões contidas na informação fiscal, e traz um resumo do método utilizado pela empresa na verificação de seus dados, na busca de comprovar a existência dos registros tidos como inexistentes nos arquivos finais de movimento entregues (4.3.1, 4.3.2, 4.3.3, 4.3.4, 4.3.10). Segundo a contribuinte, foram colhidos diversos exemplos da conciliação efetuada, demonstrando em forma de figura a localização dos itens glosados com sua respectiva informação no Arquivo Fiscal (4.3.2, 4.3.4 e 4.3.10, conforme o caso), os quais se encontram descritos no Anexo I da manifestação. Reitera que a localização das informações é possível independentemente do programa utilizado na leitura dos dados e que se afiguram, na quase totalidade, incorretas as conclusões materializadas na informação fiscal. Especificamente em relação às glosas, traz as seguintes alegações, em breve síntese: Glosa nº. 01 – Falta de Comprovação – Fretes na aquisição de “Bens para Revenda” e utilizados como insumos, a contribuinte repetese em seus argumentos de que os fretes se referiam, de fato, a fretes na transferência, tendo sido excluídos da nova memória de cálculo apresentada; e que para todos os casos de glosas por falta de comprovação, reconhece a legitimidade, conforme a nova memória de cálculo apresentada. Glosa nº. 02 – Falta de Comprovação na Escrituração Fiscal: Fl. 1580DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 13 12 Sob este item, alega que o fisco considerou, a teor da justificativa apresentada no item 62, fls. 21, a nova escrituração fiscal apresentada (arquivos digitais 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3, 4.3.4 e 4.3.10, contidos no CD 03), mas a confrontação que fez partiu das operações que já haviam sido alcançadas pela glosa antiga, utilizando as composições antigas. Aduz que os novos relatórios/arquivos digitais apresentados, de fato, não fazem menção aos produtos inicialmente glosados pelo fisco; o intuito é de corrigir algumas distorções contidas nas informações apresentadas à época pela contribuinte, atendendose ao princípio da verdade material. Reitera, ainda, que foi determinado pela autoridade julgadora (DRJ) para que realizasse a análise dos novos arquivos apresentados pela contribuinte e não dos anteriores. Em síntese, alega que a grande maioria dos itens está comprovada na escrita fiscal da contribuinte que, em relação às glosas relacionadas às aquisições de bens para revenda, de bens utilizados como insumos, de fretes nas vendas, de fretes na aquisição e custos agregados, e de crédito presumido na agroindústria e repasse a associados, que efetuou a confrontação entre o relatório de glosas e os arquivos digitais de sua escrita fiscal, gerando um relatório de conciliação (em mídia anexa – CD 01 – “Arquivos a encaminhar RFB 12_05_14”, pasta “Conciliação FE x Escrita Fiscal”, conforme os respectivos relatórios), pelo que alega comprovar que há informação e comprovação na Escrita Fiscal (EF). Quanto às “Exclusões – vendas com alíquota zero”, alega que forneceu a fisco as informações pertinentes, inclusive com o leiaute especificado na IN 025/2010, estando integralmente contidas nos arquivos 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3, 4.3.4 e 4.3.10, a teor do que resta comprovado no relatório de conciliação, cuja mídia segue anexa (CD 01: “Arquivos a encaminhar RFB 12_05_14”, Pasta: Conciliação FE x Escrita Fiscal, Pasta: “glosas Alíquota Zero”, Relatórios 2005 a 2008, em formato txt, gerados por mês). Constam exemplos no Anexo I, letra “E”, acostados à presente manifestação, para os anos de 2005 a 2008, comprovando, por amostragem, segundo a manifestante, a localização dos produtos que a autoridade fiscal afirma não ter encontrado. Glosa nº. 03 – Aquisições de associados: deixa de impugnar, posto que a autoridade fiscal aceitou o novo demonstrativo, tendo sido reavaliadas as glosas, onde foram mantidas apenas 18 glosas das 294 realizadas sobre aquisições de bens para revenda. Glosa nº. 04 – Aquisições de Pessoas Físicas: alega que apresentou novo relatório para corrigir informação equivocada prestada quando do preenchimento da linha do Dacon, posto que a base da informação não estaria correta. Apela para o princípio da verdade material, para que não seja admitida a manutenção da glosas a este título. Glosa nº. 05 – Crédito Presumido em Vendas: deixa de impugnar, posto que a glosa foi cancelada. Glosa nº.06 – Contribuição para Custeio da Iluminação Pública: foi mantida e não impugnada. Fl. 1581DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 14 13 Glosa nº. 07 – Aquisições do Ativo Imobilizado: deixa de impugnar, posto que os novos relatórios apresentados corrigiram as informações anteriormente apresentadas, o que veio a comprovar a insubsistência da glosa, conforme o quadro colacionado às fls. 26/27 da IF. Glosa nº 08 – Exclusão Indevida – Participante não associado: alega que a autoridade fiscal utilizouse do relatório antigo para proceder à confrontação das informações, sendo que os relatórios emitidos pela contribuinte (relativos ao período de 2004 a 2008) apresentam os dados de forma correta e que confere com as vendas e repasses. Glosa nº. 09 – Exclusão Indevida – Vendas Tributadas com Alíquota Zero: alega que, conforme a tabela contida no item 122, fl. 39, da IF, a autoridade fiscal levou em consideração também a “falta de comprovação” da operação apontada como geradora do direito à exclusão da base de cálculo na escrita fiscal (FE), limitandose a deduzir apenas as operações que tiveram por objeto o leite cru resfriado tipo C e o leite in natura. Sustenta que as operações de vendas não sujeitas à alíquota zero já haviam sido excluídas dos arquivos fiscais encaminhados pela contribuinte juntamente com a impugnação e as manifestações de inconformidade. A prova, segundo a contribuinte, pode ser colhida do relatório de conciliação, cujo arquivo respectivo segue anexo em mídia (CD 01“Arquivos a encaminhar RFB 12_05_14, Pasta Conciliação FE x Escrita Fiscal, Subpasta “glosas Alíquota Zero”, Relatórios 2005 a 2008 em formato txt, gerados por mês. Glosa nº. 10 – Exclusão Indevida – Custos Agregados vinculados à compras de nãoassociados: deixa de impugnar, uma vez que foi admitida pela autoridade fiscal a existência de glosa parcialmente em duplicidade, tendo sido gerado novo demonstrativo de glosas. Por fim, reitera que são improcedentes as glosas fiscais nos pontos indicados na manifestação, que restam insubsistentes os demonstrativos de acompanhamento de créditos e as conclusões fiscais, e que há necessidade de produção de provas, notadamente perícia e diligência, as quais se justificam pelas mesmas razões já apontadas nas manifestações de inconformidade e nas impugnações aos autos de infração apresentadas pela contribuinte. Pede deferimento." O pleito foi deferido em parte, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão 0735.257 de 30/07/2014, proferido pelos membros da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis/SC, cuja ementa dispõe, in verbis: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008 FALTA DE RECOLHIMENTO. GLOSA DE CRÉDITO DA NÃO CUMULATIVIDADE. INFRAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A falta ou insuficiência de recolhimento de contribuição não cumulativa, decorrente da glosa de créditos utilizados para desconto da contribuição, constitui infração que autoriza a lavratura de auto de infração para a formalização do crédito tributário. Fl. 1582DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 15 14 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008 FALTA DE RECOLHIMENTO. GLOSA DE CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. INFRAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A falta ou insuficiência de recolhimento de contribuição não cumulativa, decorrente da glosa de créditos utilizados para desconto da contribuição, constitui infração que autoriza a lavratura de auto de infração para a formalização do crédito tributário. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008 PRELIMINAR DE NULIDADE. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. A emissão do Mandado de Procedimento Fiscal constituise em mero ato de controle administrativo, não maculando a atividade fiscal do próprio Estado, que é atribuída por Lei àqueles servidores que detêm a competência para promover o Lançamento Tributário. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte." O julgamento de primeira instância considerou procedente em parte a impugnação, após o processo ter sido baixado em diligência, como relatado acima; para que a unidade de origem verificasse os créditos e as exclusões da base de calculo da Contribuição ao PIS e da Cofins de período de apuração entre 01/07/2004 e 31/12/2008, conforme os novos arquivos anexados aos autos pela contribuinte, salientando possíveis alterações nos valores glosados, objeto dos despachos decisórios e do auto de infração. Concluindo o seguinte: "Diante do que foi exposto, manifestome pela procedência parcial da impugnação. Para fins de retificação dos processos apensados, bem como para os Autos de Infração, devem prevalecer os novos cálculos efetuados, conforme a Informação Fiscal de fls. 645/732: os valores das glosas fiscais revistos passam a ser aqueles das tabelas dos itens 128, 129 e 132 da Informação Fiscal (fls.687/693); os valores dos créditos ressarcíveis remanescentes (após as glosas fiscais revistas e a utilização em descontos) constam da tabela do item 171, “b”, da IF (fl. 731); Desta forma, para o presente Auto de Infração, os valores revistos do lançamento fiscal de Contribuições para o PIS/Cofins constam do item 171, “c” da IF (fl. 731)." Registrese que a decisão a quo observa: "Dos Limites do Litígio: Conforme os termos da impugnação da contribuinte e da manifestação após a diligência fiscal, em vista da revisão parcial de valores glosados e de parte do lançamento fiscal, temse como matéria não impugnada no presente processo: Fl. 1583DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 16 15 Glosa nº. 03 – Aquisições de associados: deixa de impugnar, posto que a autoridade fiscal aceitou o novo demonstrativo, tendo sido reavaliadas as glosas, onde foram mantidas apenas 18 glosas das 294 realizadas sobre aquisições de bens para revenda. Glosa nº. 05 – Crédito Presumido em Vendas: deixa de impugnar, posto que a glosa foi cancelada; Glosa nº.06 – Contribuição para Custeio da Iluminação Pública: foi mantida e não impugnada; Glosa nº. 07 – Aquisições do Ativo Imobilizado: deixa de impugnar, posto que os novos relatórios apresentados corrigiram as informações anteriormente apresentadas, conforme o quadro colacionado às fls. 26/27 da IF; Glosa nº. 10 – Exclusão Indevida – Custos Agregados vinculados a compras de nãoassociados: deixa de impugnar, uma vez que foi admitida pela autoridade fiscal a existência de glosa parcialmente em duplicidade, tendo sido gerado novo demonstrativo de glosas. Desta forma, a análise que se fará neste voto se restringirá à matéria que permaneceu impugnada pela contribuinte após a Informação Fiscal." Então, concluise que restam as glosas 01, 02, 04, 08 e 09. Inconformado, a recorrente apresenta recurso voluntário, tempestivamente, onde basicamente repisa os argumentos anteriormente apresentados quanto às preliminares e rebate com relação às glosas 02, 08 e 09, portanto não argumentando sobre as glosas 01 e 04. Aduz que com a diligência, a autoridade fiscal concluiu no item 171 e donde se colhe que remanesce a inexistência de crédito ressarcível, logo, existência de débito fiscal, na medida que a reanálise considerou corretas a grande maioria das glosas que levou a efeito, mas insiste numa complementar DILIGÊNCIA, tendo em vista: "E, diversamente do que aponta a autoridade fiscal, não seria necessária, nessa hipótese, a análise de todas as operações realizadas pela contribuinte no período analisado (2004 a 2008), mas, a rigor, apenas daquelas em que, em tese, não lhe tenha sido possível a visualização dos arquivos contendo as informações ou, cujo próprio arquivo apresentasse incompatibilidade com o leiaute padrão adotado pelo fisco. ....... Consoante já apontando, a autoridade julgadora competente determinou que o presente processo fosse baixado em diligência, a fim de que, com base nos arquivos digitais que instruíram as impugnações e a manifestação de inconformidade oportunamente apresentadas pela contribuinte, fosse procedida nova verificação dos créditos e das exclusões da base de cálculo para o período 01/07/2004 a 31/12/2008. Concluída a análise pela autoridade fiscal, constatase, porém, que em alguns casos a determinação não foi atendida com rigor, pois as glosas mantidas foram baseadas nas informações dos arquivos enviados por ocasião do procedimento fiscal, desconsiderandose, assim, os últimos Fl. 1584DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 17 16 arquivos anexados ao processo, conforme será bem demonstrado a seguir. Ainda que se parta do mesmo pressuposto, porém a teor do que se infere do arquivo "Conciliação FE x Escrita Fiscal" elaborado, constante da mídia que segue anexa , foi possível localizar todos os itens glosados, salvo algumas raras exceções de não localização." Em observância ao princípio da verdade material, o processo foi convertido em diligência através da Resolução 3201000.716 de 28 de setembro de 2016, contendo as seguintes determinações: "Glosa nº 2 Sob este item, alega que o fisco considerou, a teor da justificativa apresentada no item 62, fls. 21, a nova escrituração fiscal apresentada (arquivos digitais 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3, 4.3.4 e 4.3.10, contidos no CD 03), mas a confrontação que fez partiu das operações que já haviam sido alcançadas pela glosa antiga, utilizando as composições antigas. Aduz que os novos relatórios/arquivos digitais apresentados, de fato, não fazem menção aos produtos inicialmente glosados pelo fisco; o intuito é de corrigir algumas distorções contidas nas informações apresentadas à época pela contribuinte, atendendose ao princípio da verdade material. Providência (contribuinte): intimar a contribuinte para indicar pontualmente a omissão quanto à análise das operações/composições. Providência (RFB): Evidenciar que a análise do confronto das informações dos demonstrativos apresentados realizouse segundo a nova escrituração apresentada Reitera, ainda, que foi determinado pela autoridade julgadora (DRJ) para que realizasse a análise dos novos arquivos apresentados pela contribuinte e não dos anteriores. Em síntese, alega que a grande maioria dos itens está comprovada na escrita fiscal da contribuinte que, em relação às glosas relacionadas às aquisições de bens para revenda, de bens utilizados como insumos, de fretes nas vendas, de fretes na aquisição e custos agregados, e de crédito presumido na agroindústria e repasse a associados, que efetuou a confrontação entre o relatório de glosas e os arquivos digitais de sua escrita fiscal, gerando um relatório de conciliação (em mídia anexa – CD 01 – “Arquivos a encaminhar RFB 12_05_14”, pasta “Conciliação FE x Escrita Fiscal”, conforme os respectivos relatórios), pelo que alega comprovar que há informação e comprovação na Escrita Fiscal (EF). Providência (contribuinte): intimar a contribuinte para indicar quais itens estão comprovados na escrita fiscal Quanto às “Exclusões – vendas com alíquota zero”, alega que forneceu a fisco as informações pertinentes, inclusive com o leiaute especificado na IN 025/2010, estando integralmente contidas nos arquivos 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3, 4.3.4 e 4.3.10, a teor do que resta comprovado no relatório de conciliação, cuja mídia segue anexa (CD 01: “Arquivos a encaminhar RFB 12_05_14”, Pasta: Conciliação FE x Escrita Fiscal, Pasta: “glosas Alíquota Zero”, Relatórios 2005 a 2008, em formato txt, gerados por mês). Constam exemplos no Anexo I, letra “E”, acostados à presente manifestação, para os anos de 2005 a 2008, comprovando, por Fl. 1585DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 18 17 amostragem, segundo a manifestante, a localização dos produtos que a autoridade fiscal afirma não ter encontrado. Providência (contribuinte): intimar a contribuinte para indicar (relatório?) a localização dos produtos (todos) que a autoridade fiscal afirma não ter encontrado. Glosa nº 08 – Exclusão Indevida – Participante não associado: alega que a autoridade fiscal utilizouse do relatório antigo para proceder à confrontação das informações, sendo que os relatórios emitidos pela contribuinte (relativos ao período de 2004 a 2008) apresentam os dados de forma correta e que confere com as vendas e repasses. Providência (contribuinte): intimar a contribuinte para indicar pontualmente (relatório?) as inconsistências na confrontação entre os relatórios novo x antigo. Providência (RFB): Evidenciar que a análise do confronto das informações dos demonstrativos apresentados realizouse segundo o novo relatório apresentado. Glosa nº 09 – Exclusão Indevida – Vendas Tributadas com Alíquota Zero: alega que, conforme a tabela contida no item 122, fl. 39, da IF, a autoridade fiscal levou em consideração também a “falta de comprovação” da operação apontada como geradora do direito à exclusão da base de cálculo na escrita fiscal (FE), limitandose a deduzir apenas as operações que tiveram por objeto o leite cru resfriado tipo C e o leite in natura. Sustenta que as operações de vendas não sujeitas à alíquota zero já haviam sido excluídas dos arquivos fiscais encaminhados pela contribuinte. A prova, segundo a contribuinte, pode ser colhida do relatório de conciliação, cujo arquivo respectivo segue anexo em mídia (CD 01“Arquivos a encaminhar RFB 12_05_14, Pasta Conciliação FE x Escrita Fiscal, Subpasta “glosas Alíquota Zero”, Relatórios 2005 a 2008 em formato txt, gerados por mês. Providência (contribuinte): intimar a contribuinte para indicar pontualmente (relatório?) todas as inconsistências na confrontação realizada pela fiscalização. Em sendo assim, ante todo o exposto voto por que se CONVERTA O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para que a Delegacia de origem, atenda ao solicitado acima e: analise os dados apresentados em meios/arquivos magnéticos no presente processo, inclusive na fase recursal, manifestandose sobre a permanência ou não das inconsistências apontadas (em relação às glosas remanescentes); permanecendo as inconsistências, relacionar as que considera impeditivas do ressarcimento pleiteado, bem como intimar o Recorrente para sanálas, no prazo de trinta dias, se assim o entender; após essa intimação, ainda que permaneçam as inconsistências, elabore relatório fiscal sintético e conclusivo e por fim, dar ciência do resultado da diligência para a Recorrente, se manifestar, dandolhe prazo de 30 dias, prorrogável pelo mesmo prazo, num único período. Fl. 1586DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 19 18 Ressaltese, por fim, que esta diligência é uma demanda para os AI da Cofins, PIS, e os 36 processos de PER, apensados a este, no período a ser analisado de 07/2004 a 31/12/2008. Por fim, devem os autos retornar a esta Turma do CARF para prosseguimento no julgamento." Em Informação Fiscal datada de 14/07/2017, a Delegacia da Receita Federal do Brasil consignou, em breve síntese, que: (i) procedeu, em 19/01/2017 à emissão do Termo de Início de Procedimento Fiscal, cientificado ao sujeito passivo (por meio eletrônico) em 02/02/2017, tãosomente para marcar o início das análises. Não houve a intimação para apresentação de novos documentos, uma vez que todos os documentos a serem analisados encontravamse já juntados aos autos; (ii) a Resolução do Carf, insta a fiscalização a se manifestar sobre três das glosas fiscais efetuadas durante o procedimento fiscal originário e que foram largamente demonstradas tanto no relatório fiscal quanto nos demonstrativos de glosas a ele anexos; bem como reavaliadas em diligência determinada pela DRJ, como demonstrado em Informação Fiscal de 15/04/2014; (iii) tratará tãosomente das seguintes glosas: a) Glosa nº 2 – Falta de comprovação na escrituração fiscal, b) Glosa nº 8 – Exclusão indevida – participante não associado e c) Glosa nº 9 – Exclusão indevida – vendas tributadas com alíquota zero; (iv) relativamente à Glosa nº 2, assevera que a fiscalização já se manifestou (nos itens 60 a 65 da Informação Fiscal de 15/05/2014, já juntada aos autos e repisa seu posicionamento e, ao final, conclui: "Desse modo, com base no que foi exposto em relação à Glosa nº 2, concluímos pela manutenção da mesma (sem qualquer alteração em virtude do Recurso Voluntário)."; (v) relativamente à Glosa nº 8 a fiscalização mais uma vez reitera seus argumento anteriores, acrescenta que: "Na presente revisão, além de repisar os fundamentos anteriores, acrescentamos ainda que: a) Produzir novos demonstrativos, como fez a impugnante, excluindo todos os registros glosados no Relatório Fiscal, pode e deve ser interpretado primeiramente como uma concordância, uma corroboração, por parte da empresa, de que todas as ocorrências objeto da glosa de fato não poderiam compor o conjunto das exclusões da BC. É inegável que, num caso desses, a fiscalização aparentemente funcionou como revisor do trabalho da impugnante, apontandolhe tais situações incorretas. E então a empresa, tacitamente assumindo que havia erros nos demonstrativos que embasaram as exclusões, o que faz? Produz novos demonstrativos, excluindo tais ocorrências. Afasta, então a razão de ser da glosa (valores pagos a não associados). b) Não houve, entretanto (e este é um fato de extrema importância na conclusão a que chegaremos), qualquer retificação dos Dacon, com base nos novos demonstrativos. O que se quer dizer é que os valores de créditos e de exclusões de base de cálculo que foram efetivamente Fl. 1587DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 20 19 levados à apuração das contribuições são aqueles que constam nos Dacon, os quais, por sua vez, guardam relação com a Memória de Cálculo original, apresentada em atendimento à intimação inicial do procedimento fiscal, em 05/11/2010. Chega a ser curioso que a então impugnante, ao apresentar novos demonstrativos e novos arquivos tenha apresentado também uma nova memória de cálculo, pretensamente condizente com os novos demonstrativos (nem mesmo isso ocorre, como ser verá em planilha anexa a esta IF). Não se pode esquecer, evidentemente, que o que realmente interessa (quando estamos falando de créditos apurados e efetivamente utilizados em compensações ou ressarcimentos) são os valores levados ao Dacon." Ao final, conclui: "Desse modo, com base em tudo o que foi exposto em relação à Glosa nº 8, concluímos pela manutenção da mesma (sem qualquer alteração em virtude do Recurso Voluntário)."; (vi) relativamente à Glosa nº 9, reitera, o que já foi explicitado nos Relatórios Fiscais anexos ao Termo de Verificação da Infração e na Informação Fiscal de 15/04/2014 (atendimento a diligência da DRJ Florianópolis), no sentido de que a Glosa nº 9 recaiu sobre exclusões da base de cálculo das contribuições, entendidas pelo Fisco como indevidas, correspondentes a vendas consideradas pelo contribuinte como sendo de produtos tributados a alíquota zero, para casos em que não havia a previsão legal desse benefício (alíquota zero). A Glosa nº 9 foi levada a efeito apenas em decorrência da exclusão, a título de vendas de produtos sujeitos a alíquota zero, de produtos que, em realidade, não estavam sujeitos a tal benefício. Não houve, como a contribuinte alegara em sua Manifestação de Inconformidade e, mais uma vez novamente, em seu Recurso Voluntário, aplicação da presente glosa para casos em que não teriam sido localizadas informações no relatório de composição do Dacon apresentado e, ao final, conclui: "Assim, com base em tudo o que foi exposto em relação à Glosa nº 9, concluímos pela manutenção da mesma (sem qualquer alteração em virtude do Recurso Voluntário). Seus valores finais, portanto, são aqueles decorrentes dos novos demonstrativos de glosa (4 arquivos txt, cada qual referente a um dos anos 2005, 2006, 2007 e 2008), já juntados aos autos, como anexos de nossa Informação Fiscal de 15/04/2014 (na qual a Glosa nº 9 está tratada nos itens 96 a 105.". Instada a se manifestar sobre a Informação Fiscal, a recorrente aduz que a diligência determinada pelo CARF não foi cumprida e requer o seu cumprimento nos exatos termos definidos pelo órgão de julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Conforme relatado, o julgamento do processo foi convertido em diligência. Ocorre que, referida diligência não foi atendida nos termos determinados por este Colegiado de Julgamento. Fl. 1588DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 21 20 No voto proferido pela Conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim foram consignadas com precisão as providências que deveriam ter sido adotadas, tanto por parte da Douta Fiscalização, quanto pela recorrente. Para melhor compreensão do caso, importante transcrever novamente as determinações contidas na diligência, de modo individualizado em cada glosa. Com relação a Glosa n° 02: "Providência (contribuinte): intimar a contribuinte para indicar pontualmente a omissão quanto à análise das operações/composições. Providência (RFB): Evidenciar que a análise do confronto das informações dos demonstrativos apresentados realizouse segundo a nova escrituração apresentada Reitera, ainda, que foi determinado pela autoridade julgadora (DRJ) para que realizasse a análise dos novos arquivos apresentados pela contribuinte e não dos anteriores. Em síntese, alega que a grande maioria dos itens está comprovada na escrita fiscal da contribuinte que, em relação às glosas relacionadas às aquisições de bens para revenda, de bens utilizados como insumos, de fretes nas vendas, de fretes na aquisição e custos agregados, e de crédito presumido na agroindústria e repasse a associados, que efetuou a confrontação entre o relatório de glosas e os arquivos digitais de sua escrita fiscal, gerando um relatório de conciliação (em mídia anexa – CD 01 – “Arquivos a encaminhar RFB 12_05_14”, pasta “Conciliação FE x Escrita Fiscal”, conforme os respectivos relatórios), pelo que alega comprovar que há informação e comprovação na Escrita Fiscal (EF). Providência (contribuinte): intimar a contribuinte para indicar quais itens estão comprovados na escrita fiscal Quanto às “Exclusões – vendas com alíquota zero”, alega que forneceu a fisco as informações pertinentes, inclusive com o leiaute especificado na IN 025/2010, estando integralmente contidas nos arquivos 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3, 4.3.4 e 4.3.10, a teor do que resta comprovado no relatório de conciliação, cuja mídia segue anexa (CD 01: “Arquivos a encaminhar RFB 12_05_14”, Pasta: Conciliação FE x Escrita Fiscal, Pasta: “glosas Alíquota Zero”, Relatórios 2005 a 2008, em formato txt, gerados por mês). Constam exemplos no Anexo I, letra “E”, acostados à presente manifestação, para os anos de 2005 a 2008, comprovando, por amostragem, segundo a manifestante, a localização dos produtos que a autoridade fiscal afirma não ter encontrado. Providência (contribuinte): intimar a contribuinte para indicar (relatório?) a localização dos produtos (todos) que a autoridade fiscal afirma não ter encontrado." A recorrente (contribuinte) não foi intimada pela unidade de origem de nenhuma das providências, tendo sido tão somente intimada do início do "Procedimento Fiscal". Salientese que a própria Fiscalização anota em sua Informação Fiscal que, "não houve a intimação para apresentação de novos documentos, uma vez que todos os documentos a serem analisados encontravamse já juntados aos autos." Fl. 1589DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 22 21 Aqui já se afere um descumprimento ao determinado em sede de Resolução, pois constou de forma expressa que o contribuinte deveria ter sido intimado para (i) indicar pontualmente a omissão quanto à análise das operações/composições; (ii) indicar quais itens estão comprovados na escrita fiscal quanto às “Exclusões – vendas com alíquota zero” e (iii) indicar (relatório?) a localização dos produtos (todos) que a autoridade fiscal afirma não ter encontrado. Nenhuma das providências foi adotada pela Unidade de Origem. Consignese que a recorrente em petição datada de 14/02/2017 requereu que após a análise dos dados apresentados no processo, inclusive em fase recursal, na hipótese de permanecerem inconsistências (em relação às glosas), se digne relacionar as que considera impeditivas do ressarcimento pleiteado, intimando a autuada para sanálas, no prazo de trinta dias, mediante documentos e informações, antes de ser elaborado o relatório conclusivo da diligência. Ademais, pelo contido na Informação Fiscal, é possível concluir que a autoridade fazendária limitouse a repisar os argumentos já tecidos durante o transcurso processual, não tendo realizado a diligência, com a análise dos documentos pertinentes. Nos termos do deliberado pelo CARF, incumbia à autoridade fiscal, manifestar se sobre a documentação e material apresentados pela recorrente, o que não aconteceu. No que tange a Glosa nº 08: "Providência (contribuinte): intimar a contribuinte para indicar pontualmente (relatório?) as inconsistências na confrontação entre os relatórios novo x antigo. Providência (RFB): Evidenciar que a análise do confronto das informações dos demonstrativos apresentados realizouse segundo o novo relatório apresentado." Novamente, a cooperativa recorrente não foi intimada para que, em sendo apuradas inconsistências em sua escrita fiscal que a impeça de apropriar os créditos, pudesse sanálos. Por sua vez, a Unidade de Origem em sua manifestação demonstra até certa contrariedade para realizar a diligência, quando pontua: "11. Em atendimento à diligência comandada pela DRJ, durante a análise dos processos em primeira instância, tivemos contato com esses novos demonstrativos, e fizemos uma verificação inicial dos mesmos. Ainda que o procedimento não tenha sido plenamente explicitado e, por certo, compreendido pela própria DRJ e pelo então impugnante, o fato é que esta fiscalização se recusou a aceitar a substituição integral dos demonstrativos, por algumas razões, a saber: a) Primeiro, porque os novos demonstrativos, ainda que sejam tratados como representações corretas da verdade material, apresentava indícios de terem sido produzidos tãosomente para excluir as ocorrências da Glosa nº 8, todas pontuais, relativas a valores pagos a não associados. De modo sucinto, o que fez a impugnante foi algo Fl. 1590DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 23 22 como “O fisco glosa determinadas ocorrências, por não serem feitas a associados? Então produzo novo demonstrativo, deixando de fora todas essas ocorrências, e pronto, posso dizer que meu novo demonstrativo não contém mais ocorrências passíveis de glosa”. Assim foi feito. b) Segundo porque, ainda que fossem aceitos pela fiscalização os “novos demonstrativos” correspondentes a “Valores repassados a associados” e a “Vendas a associados” (demonstrativos apresentados pela recorrente juntamente com sua Manifestação de Inconformidade), a fiscalização teria de proceder a comparação dos mesmos com os valores informados no Dacon (os quais foram efetivamente excluídos da base de cálculo das contribuições). E isso foi feito pela fiscalização, do que verificamos que, para a maioria das competências, se fossemos realmente considerar os novos demonstrativos, na maior parte dos casos a Glosa nº 8 resultaria majorada (sim, majorada), como demonstrado na planilha denominada “Glosa 8”, anexa à presente IF. E então, nesse caso, o mais correto do ponto de vista jurídico seria que se efetuasse o lançamento complementar." A determinação externada pelo CARF consistiu em: "Evidenciar que a análise do confronto das informações dos demonstrativos apresentados realizouse segundo o novo relatório apresentado." Pelo teor das considerações externadas pela Douta Fiscalização não se tem com precisão o cumprimento de tal providência. Em referência a Glosa nº 09: "Providência (contribuinte): intimar a contribuinte para indicar pontualmente (relatório?) todas as inconsistências na confrontação realizada pela fiscalização." Mais uma vez, a providência determinada não foi cumprida, pois a recorrente não intimada para manifestarse. Não obstante, as determinações específicas e pontuadas por "glosa", a Eminente Conselheira teve o zelo de consignar o que segue: "Em sendo assim, ante todo o exposto voto por que se CONVERTA O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para que a Delegacia de origem, atenda ao solicitado acima e: analise os dados apresentados em meios/arquivos magnéticos no presente processo, inclusive na fase recursal, manifestandose sobre a permanência ou não das inconsistências apontadas (em relação às glosas remanescentes); permanecendo as inconsistências, relacionar as que considera impeditivas do ressarcimento pleiteado, bem como intimar o Recorrente para sanálas, no prazo de trinta dias, se assim o entender; após essa intimação, ainda que permaneçam as inconsistências, elabore relatório fiscal sintético e conclusivo e por fim, dar ciência do Fl. 1591DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 24 23 resultado da diligência para a Recorrente, se manifestar, dandolhe prazo de 30 dias, prorrogável pelo mesmo prazo, num único período." Tais providências, em especial, a intimação da recorrente para sanar as inconsistências impeditivas do ressarcimento não foram cumpridas. Por ser necessário e indispensável, reportome às considerações da recorrente: "Acontece, porém, que o auditorfiscal lotado nesta Delegacia da Receita Federal de Blumenau designado para realizar a diligência determinada pelo CARF o qual, aliás, é o mesmo que lavrou ato fiscal que deu ensejo à instauração do contraditório na instância administrativa elaborou a informação fiscal de fls. 15201531, da qual nitidamente se constata que não houve o atendimento da ordem emanada do órgão julgador, já que aquela autoridade fiscal apenas externou suas próprias conclusões a respeito do caso, defendendo o ato fiscal impugnado. Desde já deve ser registrado que o auditorfiscal (a) não analisou os dados (documentos) apresentados no processo, inclusive na fase recursal; (b) não apontou eventuais inconsistências capazes de impedir o ressarcimento pleiteado; (c) não intimou a recorrente para sanálas, no prazo de 30 (trinta) dias, mediante documentos e informações; e (d) não elaborou o relatório conclusivo da diligência Vejase que na introdução da informação fiscal, no item 1 a autoridade fiscal apontou qual o objeto da diligência a ser cumprida por determinação do CARF, devidamente delimitado em "analisar os dados apresentados em meios/arquivos magnéticos, no presente processo, inclusive na fase recursal, manifestandose sobre a permanência ou não das inconsistências apontadas (em relação às glosas remanescentes)" (negrito no original). Porém, no item 3 a autoridade fiscal consignou que "3. De modo mais específico, a Resolução do Carf, insta a fiscalização a se manifestar sobre três das glosas fiscais efetuadas durante o procedimento fiscal originário e que foram largamente demonstradas tanto no relatório fiscal quanto nos demonstrativos de glosas a ele anexos; bem como reavaliadas em diligência determina pela DRJ, como demonstrado em Informação Fiscal de 15/04/2014" (sublinhouse) Acontece que tal afirmação não é verdadeira, posto que em momento algum o CARF solicitou que a autoridade fiscal se manifestasse sobre as glosas efetuadas durante o procedimento fiscal originário sem antes analisar os documentos, tal como pode ser conferido do trecho do acórdão anteriormente reproduzido. O que foi determinado pelo órgão julgador, conforme transcrito acima, é que a autoridade fiscal "analise os dados apresentados em meios/arquivos magnéticos no presente processo, inclusive na fase recursal, manifestandose sobre a permanência ou não das inconsistências apontadas (em relação às glosas remanescentes)". E o CARF foi enfático ao determinar à autoridade instrutora, ainda, que somente após ser realizada a análise de todos os documentos juntados aos autos, e caso permanecessem as inconsistências, deveria Fl. 1592DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 25 24 ela relacionar aquelas que considerasse impeditivas do ressarcimento pleiteado e, na sequência, intimasse a requerente para sanálas, no prazo de trinta dias. Competia, como, aliás, ainda compete à autoridade fiscal, atender à determinação do CARF e realizar a diligência exatamente na forma como lhe foi apresentada, sem mais nem menos providências. Isto se deve em razão da observância das rígidas regras e princípios que norteiam a Administração Pública e o próprio processo administrativo fiscal. Ora não pode a autoridade fiscal simplesmente ignorar uma determinação proveniente de um órgão hierarquicamente superior, dotado de competências específicas de julgamento e requerimento de diligências, no caso, o CARF, e deixar de atuar conforme lhe determinado. (...) Com a devida vênia, o CARF não solicitou à autoridade fiscal que emitisse juízo de valor a respeito da manutenção ou não das glosas sem a prévia análise dos documentos anexados aos autos pela recorrente, inclusive na fase recursal. A diligência determinada pelo CARF é de natureza técnica e objetiva, consistente na prévia análise dos novos documentos exibidos pela requerente nos autos, tudo conforme pode ser conferido das transcrições acima, para, então, relacionar as glosas porventura ainda mantidas capazes de impedir o ressarcimento pretendido, expondo as razões para tal entendimento e, após isto, intimar a recorrente para sanálas, no prazo de 30 dias. Porém, como dito, não foi esta a providência adotada, pois a informação fiscal de fls. 15201531, em verdade, consiste em mera defesa do ato fiscal impugnado pela recorrente. Tanto é que a informação fiscal consigna expressamente que se trata de REANÁLISE das glosas. Vejase, a propósito, que a autoridade fiscal responsável pela elaboração da informação fiscal de fls. 15201531 chegou ao ponto de questionar a decisão do CARF, como se detivesse competência para isto, na medida em que afirmou: "6. Reiteramos que não há cabimento para o procedimento pretendido pela contribuinte, qual seja, o de simplesmente anular os demonstrativos apresentados (e reapresentados diversas vezes, com correções) durante o procedimento fiscal, basicamente excluindo dos mesmos os registros alcançados por glosa". Com a devida vênia, é inadmissível que o auditor fiscal se posicione frontalmente contra a decisão do CARF e, por sua própria iniciativa, queira dizer que não há cabimento para a pretensão da recorrente, já que isto é reservado ao órgão julgador, que deferiu o requerimento formulado. Competialhe tão somente atender à solicitação do CARF e cumprir a diligência em seus exatos limites." Fl. 1593DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 26 25 Por todo o exposto, temse, portanto, que as deliberações contidas na Resolução deste órgão colegiado de julgamento não foram atendidas em sua íntegra pela unidade responsável. O não cumprimento da diligência nos termos definidos pelo CARF, pode, inclusive, acarretar em ofensa aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, na medida em que se impediu que a recorrente produzisse as provas necessárias ao correto deslinde da questão. E a produção de tais provas foi deferida pelo CARF no momento em que deliberou pela conversão do processo em diligência. Aqui, merece ser transcrito excerto de voto do Conselheiro Winderley Morais Pereira, proferido no recente julgamento do processo n° 19515.000338/200693: "O princípio da verdade material e da ampla defesa são intrínsecos ao Processo Administrativo Fiscal e em que pese o fato, do seu informalismo contido, estes corolários não podem ser afastados, devendo pelo contrário, ser privilegiados, visto que, qualquer discussão administrativa que seja maculada, por procedimentos processuais questionáveis, pode vir no futuro a ser objeto de novas discussões, o que sem dúvida, afasta um dos grandes benefícios do processo administrativo, que busca abreviar a solução dos litígios tributários. Verificando as informações registradas no relatório fiscal é possível concluir que a Diligência não foi realizada. A Autoridade Fiscal responsável pela diligência, apesar, de citar no relatório a existência de diversas intimações à Recorrente para apresentação dos documentos fiscais. Tais intimações referemse ao início do procedimento fiscal e não foram realizadas no escopo da diligência fiscal. Portanto, mostrase evidente que a autoridade não procedeu a diligência determinada por este Conselho. Assim, fazse necessário nova resolução nos mesmos termos da resolução anterior para que a Unidade de Origem realize a diligência, que ressaltese não foram realizadas nos termos decididos por este colegiado. E não será demais lembrar que os integrantes deste Conselho não estão obrigados a observar os atos normativos expedidos no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, razão ainda maior para que o entendimento firmado pela Turma seja, muitas vezes, divergente do entendimento que teve o AuditorFiscal e a própria Delegacia da Receita Federal de Julgamento sobre a lide, na medida em que ambos estejam obrigados a aplicar o disposto nas Instruções Normativas e demais atos normativos aos quais estão vinculados. Finalmente, convém lembrar como a relação da instância julgadora com a unidade de preparo é disciplinada pelo Decreto nº 7.574/11, que regulamenta, entre outros, o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União, in verbis. "Art. 36. A impugnação mencionará as diligências ou perícias que o sujeito passivo pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, e, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito deverão constar da impugnação (Decreto nº Fl. 1594DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 27 26 70.235, de 1972, art. 16, inciso IV, com a redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, art. 1º). § 1º Deferido o pedido de perícia, ou determinada de ofício sua realização, a autoridade designará servidor para, como perito da União, a ela proceder, e intimará o perito do sujeito passivo a realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respectivos laudos em prazo que será fixado segundo o grau de complexidade dos trabalhos a serem executados (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, art. 1º). § 2º Indeferido o pedido de diligência ou de perícia, por terem sido consideradas prescindíveis ou impraticáveis, deverá o indeferimento, devidamente fundamentado, constar da decisão (Decreto no 70.235, de 1972, arts. 18 e 28, com as redações dadas pela Lei nº 8.748, de 1993, art. 1º). § 3º Determinada, de ofício ou a pedido do impugnante, diligência ou perícia, é vedado à autoridade incumbida de sua realização escusarse de cumprilas." (grifo nosso) Ainda é mister ressaltar que a diligência é o momento do Fisco também se cercar de todas as seguranças necessárias para conferir a veracidade dos documentos e cálculos apresentados pela Recorrente. Em concordando com a veracidade das informações ou na ausência de quaisquer ressalvas no relatório de diligência, este colegiado passa a considerar como verídicos os documentos e cálculos apresentados pela Recorrente no julgamento." Consignese, ainda, que a conversão do feito em nova diligência mostrase útil e pertinente ao processo, para que se evite, eventual decretação de nulidade processual. Dispõe o art. 59 do Decreto 70235/1972: "Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa." Não tendo sido intimada a recorrente para (i) indicar pontualmente a omissão quanto à análise das operações/composições; (ii) intimar a contribuinte para indicar quais itens estão comprovados na escrita fiscal Quanto às “Exclusões – vendas com alíquota zero”, alega que forneceu a fisco as informações pertinentes, inclusive com o leiaute especificado na IN 025/2010, estando integralmente contidas nos arquivos 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3, 4.3.4 e 4.3.10, a teor do que resta comprovado no relatório de conciliação, cuja mídia segue anexa (CD 01: “Arquivos a encaminhar RFB 12_05_14”, Pasta: Conciliação FE x Escrita Fiscal, Pasta: “glosas Alíquota Zero”, Relatórios 2005 a 2008, em formato txt, gerados por mês). Constam exemplos no Anexo I, letra “E”, acostados à presente manifestação, para os anos de 2005 a 2008, comprovando, por amostragem, segundo a manifestante, a localização dos produtos que a autoridade fiscal afirma não ter encontrado; (iii) intimar a contribuinte para indicar (relatório?) a localização dos produtos (todos) que a autoridade fiscal afirma não ter encontrado; (iv) intimar a contribuinte para indicar pontualmente (relatório?) as inconsistências Fl. 1595DF CARF MF Processo nº 13971.001090/201181 Resolução nº 3201001.198 S3C2T1 Fl. 28 27 na confrontação entre os relatórios novo x antigo e (v) intimar a contribuinte para indicar pontualmente (relatório?) todas as inconsistências na confrontação realizada pela fiscalização, tudo nos termos indicados na Resolução, caracterizase preterição do direito de defesa da recorrente. Assim, diante do não cumprimento ao contido na Resolução proferida em 28 de setembro de 2016, o processo não está em condições de ser julgado, razão pela qual, deve novamente ser baixado em diligência para que a unidade responsável cumpra em todos os termos a diligência referida, em especial, com as devidas intimações da recorrente para manifestação, nos exatos termos da Resolução. Concluída a diligência em sua íntegra, deverá o processo retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento. É como voto. Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator Fl. 1596DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10983.907297/2012-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 02 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.101
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência. Vencido o Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Vencido o Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte supra identificado em face de decisão da DRJ Belo Horizonte/MG que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se contrapor ao Despacho Decisório que não homologara a compensação declarada, sob o argumento de que o pagamento informado havia sido localizado mas sem saldo reconhecido para compensação dos débitos indicados no Per/Dcomp. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte alegou, em síntese, que a DCTF e o Dacon coincidiam nos centavos nos valores do crédito, crédito esse quitado por meio de DARFs, e requereu a produção de todos os meios de prova em direito admitidas, sobretudo a documental inclusa, a documental superveniente e a pericial, e que fosse julgada procedente a sua defesa, com a nulidade da incidência e a anulação do lançamento, com fundamento no art. 145, I, do CTN. A decisão da Delegacia de Julgamento, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de apresentação de prova documental por parte do interessado que pudesse embasar o indébito tributário alegado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 83 .9 07 29 7/ 20 12 -1 5 Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10983.907297/201215 Resolução nº 3201001.101 S3C2T1 Fl. 77 2 Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e reiterou a existência do crédito postulado, alegando o seguinte: 1. é agente gerador de energia participante do Sistema Interligado Nacional SIN, que funciona com mecanismo de rateio de custos de geração de energia com fins à segurança ao sistema; 2. a Conta de Consumo de Combustíveis CCC e a Conta de Desenvolvimento Energético CDE são fundos geridos pela Eletrobrás que viabiliza economicamente a geração de energia com base em matrizes elétricas, por intermédio da utilização de combustíveis fósseis; 3. os valores recebidos são utilizados nas aquisições de combustíveis fósseis carvão mineral e consumidos na geração de energia termoelétrica; 4. os agentes geradores procedem ao registro contábil para controle dos custos adquiridos com recursos da CCC e CDE; 5. os combustíveis fósseis não integram seus ativos e não se constituem custos em decorrência da aquisição de terceiros pela Eletrobrás; 6. Os custos dos combustíveis são cobrados dos consumidores finais da energia, através das distribuidoras e permissionárias; 7. a sistemática de contabilização dos custos com combustíveis como receita se alterou exsurgindo um crédito da recorrente com o Fisco em razão dos valores oferecidos à tributação pelo PIS e Cofins não se constituírem receitas, mas sim simples ingressos; 8. Procedeu à retificação de suas DCTFs para excluir dos débitos as parcelas da CCC e CDE e transmitiu DCOMPs visando a compensação; 9. as compensações foram indeferidas, vez que o Fisco entende erroneamente tratarse de receitas passíveis de tributação; 10. o despacho decisório acusou falta de documentação comprobatória; 11. o procedimento deveria ser precedido de retificação de ofício das declarações DCTF e DACON. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido na Resolução nº 3201001.095, de 30/01/2018, proferido no julgamento do processo 10983.908751/201255, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10983.907297/201215 Resolução nº 3201001.101 S3C2T1 Fl. 78 3 Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201001.095): Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase esta resolução. Por conter matéria preventa desta Seção de Julgamento e estarem presentes os requisitos de admissibilidade, o tempestivo Recurso Voluntário deve ser conhecido. Contudo, é preciso esclarecer que esta lide administrativa fiscal não está em condições de julgamento, uma vez que existe situação que impossibilita a sua imediata solução. Como já mencionado no voto do Conselheiro Relator, durante a sessão de julgamento foi debatida a necessidade de conversão do processo em diligência, diante da existência de DCTF retificadora, apresentada e não apreciada. Conforme debatido, o Despacho Decisório reconheceu a retificadora, mas não homologou o pedido do contribuinte fundamentada na seguinte premissa: "retificação não esclarecida". Cumpre ressaltar que, a retificadora, quando anterior ao procedimento de ofício, substitui integralmente a DCTF original, sem necessidade de esclarecimento, conforme pode ser verificado na IN 1.599/2015, Art. 9.º (mesmo teor desde IN´s de 2002): "Art. 9ºA alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2ºA retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I redução dos débitos relativos a impostos e contribuições: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alteração dos débitos de impostos e contribuições em relação aos quais o sujeito passivo tenha sido intimado de início de procedimento fiscal. § 3ºA retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU ou de débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, somente Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10983.907297/201215 Resolução nº 3201001.101 S3C2T1 Fl. 79 4 poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração e enquanto não extinto o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário correspondente àquela declaração. § 4ºNa hipótese prevista no inciso II do § 2º, havendo recolhimento anterior ao início do procedimento fiscal, em valor superior ao declarado, a pessoa jurídica poderá apresentar declaração retificadora, em atendimento à intimação fiscal e nos termos desta, para sanar erro de fato, sem prejuízo das penalidades calculadas na forma prevista no art. 7º. § 5ºO direito do sujeito passivo de pleitear a retificação da DCTF extinguese em 5 (cinco) anos contados a partir do 1º(primeiro) dia do exercício seguinte àquele ao qual se refere a declaração. § 6ºA pessoa jurídica que apresentar DCTF retificadora alterando valores que tenham sido informados: I na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), deverá apresentar, também, DIPJ retificadora; e II no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon), deverá apresentar, também, Dacon retificador." Tais disposições normatizam, para a DCTF, o princípio da espontaneidade, conforme garantia prevista no Art. 138 do CTN. Assim, para que houvesse acusação de falta de esclarecimento da DCTF retificadora (que no caso, foi espontânea e tem a mesma natureza da original), deveria existir, nos autos, uma intimação anterior do Fisco, solicitando o esclarecimento e motivo da retificação. Assim, contribuiria para a solução desta lide fiscal que a fiscalização apresentasse essa intimação ou alguma tentativa, do Fisco, de esclarecer a retificação, ou seja, uma possível falha de instrução do processo. Esta Turma de julgamento não identificou a presença de tal intimação ao contribuinte, assim como a ausência de despacho decisório próprio ao caso, que considerasse esta situação exposta, que considerasse o caso concreto do contribuinte. Constatada esta irregularidade que poderia afrontar o devido processo legal, decidiuse por converter o julgamento em diligência e, para esta tarefa, fui designado para apresentar o voto vencedor. Diante desta breve exposição, em busca da verdade material e, com fundamento na legislação que concerne ao processo administrativo fiscal e ao Direito Tributário, votase para que o julgamento seja convertido em diligência, para que: a autoridade de origem verifique e comprove se houve ou não intimação anterior que solicitasse o esclarecimento e motivo da retificação; a autoridade de origem verifique se há ou não Despacho Decisório que considerou a DCTF retificadora e, se houver, identificar e juntar nos autos; cumprida a diligência, o contribuinte deve ser intimado para se manifestar, em 30 dias da intimação, a respeito do relatório apresentado pela autoridade fiscal. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10983.907297/201215 Resolução nº 3201001.101 S3C2T1 Fl. 80 5 Após, retornem os autos a este Conselho para julgamento. Resolução proferida. Esclareçase que, nos presentes autos, ocorreu a mesma situação fática identificada na resolução do processo paradigma quanto à ausência de comprovação da existência de intimação tendente a esclarecer a retificação espontânea da DCTF. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora verifique e comprove se houve ou não intimação anterior que solicitasse esclarecimentos e o motivo da retificação da DCTF, bem como verifique se há ou não Despacho Decisório que tenha considerado a DCTF retificadora e, se houver, identificar e juntar nos autos. Cumprida a diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões do trabalho fiscal. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 80DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10945.721073/2012-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Mar 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2008, 2009
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Havendo omissão, contradição ou obscuridade, os embargos devem ser providos para saneamento.
Numero da decisão: 3201-003.266
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos Declaratórios .
(assinatura digital)
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
(assinatura digital)
PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos Declaratórios . (assinatura digital) WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
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Havendo omissão, contradição ou obscuridade, os embargos devem ser providos para saneamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos Declaratórios . (assinatura digital) WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 72 10 73 /2 01 2- 74 Fl. 4948DF CARF MF 2 Tratamse de Embargos de Declaração opostos pela União em fls. 4934 em face do Acórdão deste Conselho de fls. 4813, em razão de omissão. O Presidente desta Turma de julgamento admitiu os Embargos de Declaração conforme Despacho de admissibilidade fls. 4936, transcrito a seguir: "Tratase de Embargos de Declaração opostos tempestivamente pela Fazenda Nacional, em face do Acórdão nº 3201002.238, de 22/06/2016, cuja ementa abaixo transcrevese: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Ano calendário: 2008, 2009 CRÉDITOS DE DESPESAS COM FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. IMPOSSIBILIDADE. Por não integrarem o conceito de insumo utilizado na produção e nem corresponderem a uma operação de venda, as despesas com o frete contratado para promover a transferência de mercadorias entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica não geram créditos do PIS e da Cofins. CRÉDITOS DE PIS. RATEIO PROPORCIONAL. RECEITAS FINANCEIRAS. ALÍQUOTA ZERO. INCLUSÃO NO CONCEITO DE RECEITA BRUTA TOTAL. O art. 3º, § 8º, II, da Lei nº 10.833/2003 não fala em receita bruta total, ujeita ao pagamento do PIS e da Cofins, não cabendo ao intérprete criar distinção onde a lei não o faz. Impõese o cômputo das receitas financeiras no cálculo da receita brutal total para fins de rateio proporcional dos créditos de PIS e de Cofins não cumulativos. VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Consideramse isentas da contribuição para o PIS e para a Cofins as receitas de vendas efetuadas com o fim específico de exportação somente quando comprovado que os produtos tenham sido remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. CEREALISTA. VENDAS COM SUSPENSÃO PARA AGROINDÚSTRIA. VEDAÇÃO AO CRÉDITO. É vedado o crédito em relação às vendas efetuadas por cerealistas, com suspensão, para as agroindústrias. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. INSUMOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Para efeitos de apuração dos créditos do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativa, entendese que produção de bens não se restringe ao conceito de fabricação ou de industrialização, bem como que os insumos utilizados na fabricação ou na produção de bens destinados a venda não se Fl. 4949DF CARF MF Processo nº 10945.721073/201274 Acórdão n.º 3201003.266 S3C2T1 Fl. 4.949 3 restringem apenas às matérias primas, aos produtos intermediários, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, mas alcança os fatores necessários para o processo de produção ou de prestação de serviços e obtenção da receita tributável, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009 COFINS. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do art. 13 da Lei nº 10.833, de 2003, é vedada a correção monetária e a aplicação de juros sobre os valores ressarcidos do PIS e da Cofins. Recurso voluntário provido em parte. Alega a embargante ter havido omissão no acórdão recorrido. É que a parte dispositiva do voto contém decisão em seu item “a” que não consta do resultado do julgamento do acórdão. Razão está com a embargante. A parte dispositiva do voto assim estabelece: “Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para: a) reconhecer a inclusão das receitas financeiras no cálculo da receita brutal total para fins de rateio proporcional dos créditos do PIS não cumulativo; b) reconhecer o crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei 10.925, de 2004, sobre as aquisições de bens, de pessoas físicas ou cooperativas, empregados na produção (beneficiamento) de mercadorias classificadas nos Capítulos 10 e 12 da NCM;” Por sua vez, o decidido no item “a” da parte dispositiva não consta do resultado do julgamento do acórdão, que assim se mostra transcrito: “Acordam os membros do Colegiado, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos : a) por voto de qualidade, afastouse a alegação de retroatividade do art. 56A da Lei nº 12.350, de 2010. Vencidos, no ponto, os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Cássio Schappo; b) por maioria de votos, mantiveramse as glosas sobre as exportações realizadas por terceiros e sobre o transporte entre os estabelecimentos da Recorrente. Vencidos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Cássio Schappo. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras Fl. 4950DF CARF MF 4 Tatiana Josefovicz Belisário e Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o procurador Everdon Schlinewein” Pelo exposto, ADMITO os embargos de declaração, com fundamento no § 1º do art. 65 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF. Encaminhese o presente processo à unidade preparadora para cientificar a contribuinte. Após, promovase, mediante sorteio, a distribuição do processo, uma vez que o relator originário está temporariamente relatando na Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF." Após, os autos foram distribuídos e pautados nos moldes do regimento interno deste Conselho. Relatório proferido. Voto Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Conforme o Direito Tributário, a legislação, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme portaria de condução e Regimento Interno deste Conselho, apresentase este voto. Por conter matéria preventa desta 3.ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, os tempestivos Embargos de Declaração devem ser conhecidos. Relatada a omissão na decisão a quo, é possível verificar pelo confronto do Recurso voluntário de fls. 4830 com a decisão de primeira instância proferida pela DRJ/SP de fls. 4805 que a inclusão das receitas financeiras, sujeitas à incidência à alíquota zero, no somatório da receita bruta total, para fins de rateio proporcional, é um dos pedidos do contribuinte. A matéria ficou clara no corpo do texto do voto do relator da decisão a quo, que inclusive citou precedente desta turma de julgamento (Acórdão 3202000.597), oportunidade em que foi reconhecido, por unanimidade, a inclusão das receitas financeiras, sujeitas à incidência à alíquota zero, no somatório da receita bruta total, para fins de rateio proporcional. Assim, considerando o precedente desta Turma, o voto do relator e Presidente desta Turma na decisão a aquo, é importante considerar como reconhecida a inclusão das receitas financeiras, sujeitas à incidência à alíquota zero, no somatório da receita bruta total, para fins de rateio proporcional. Feita esta análise, com o objetivo de sanar a omissão, o dispositivo da decisão a quo de fls. 4813 passará a constar com o seguinte texto: “Acordam os membros do Colegiado, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos : a) por voto de qualidade, afastouse a alegação de retroatividade do art. 56A Fl. 4951DF CARF MF Processo nº 10945.721073/201274 Acórdão n.º 3201003.266 S3C2T1 Fl. 4.950 5 da Lei nº 12.350, de 2010. Vencidos, no ponto, os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Cássio Schappo; b) por maioria de votos, mantiveramse as glosas sobre as exportações realizadas por terceiros e sobre o transporte entre os estabelecimentos da Recorrente. Vencidos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Cássio Schappo; c) Por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário em relação à inclusão das receitas financeiras, sujeitas à incidência à alíquota zero, no somatório da receita bruta total, para fins de rateio proporcional. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras Tatiana Josefovicz Belisário e Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o procurador Everdon Schlinewein” Diante de todo o exposto, votase para DAR PROVIMENTO aos Embargos de Declaração, para que seja corrigido o texto do dispositivo do Acórdão a quo. Voto proferido. (assinatura digital) Conselheiro Relator – Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 4952DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.100205/2005-81
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3001-000.028
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que a autoridade preparadora consulte seus sistemas de controle para fins de tecer a análise da DCTF competente, da ora recorrente, a fim de verificar se a competência informada como débito foi, ou não, declarada.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente
(assinado digitalmente)
Renato Vieira de Avila - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: RENATO VIEIRA DE AVILA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que a autoridade preparadora consulte seus sistemas de controle para fins de tecer a análise da DCTF competente, da ora recorrente, a fim de verificar se a competência informada como débito foi, ou não, declarada. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri - Presidente (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que a autoridade preparadora consulte seus sistemas de controle para fins de tecer a análise da DCTF competente, da ora recorrente, a fim de verificar se a competência informada como débito foi, ou não, declarada. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. Relatório Despacho Decisório DRF/POA 78/2006 O DDE acima mencionado, foi julgado com a seguinte ementa: Assunto: Compensação de Tributos Pagamento Indevido Ementa: DECADÊNCIA Art. 168 DO CTN O direito de pleitear a restituição/compensação, sujeitase a um prazo decadencial de cinco RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 80 .1 00 20 5/ 20 05 -8 1 Fl. 213DF CARF MF Processo nº 11080.100205/200581 Resolução nº 3001000.028 S3C0T1 Fl. 214 2 anos, com termo inicial expressamente fixado pelo art. 168, inciso l, do Código Tributário Nacional. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA A autoridade competente da SRF considerará não fommlado o pedido de restituição ou de ressarcimento e não declarada a compensação quando o sujeito passivo, em inobservância ao disposto no art. 31, da IN/SRF 460/2004, não tenha utilizado o Programa PER/DCOMP para formular pedido de restituição ou de ressarcimento ou para declarar compensação. Compensação não homologada Transcrevese, a seguir, trechos do mencionado DDE, que demonstram o cerne deste processo: Informa compensação com crédito de pagamento indevidolmaior no montante de R$ 2.315,80, relativo à multa de mora incidentes nos recolhimentos dos tributos em atraso no período de 1995 a 2001 e 2004, sob o argumento de que o crédito oriundo do pagamento indevido de multa exigida afronta os temos do art. 138 do CTN A compensação de débitos próprios está prevista na Instrução Normativa n° 460, de 18 de outubro de 2004, que disciplina a compensação efetuada pelo sujeito passivo mediante apresentação a SRF da Declaração de Compensação, gerada a partir do programa PER/DCOMP, Portanto, vêse que o direito à restituição/compensação esta disciplinado nos supratranscritos dispositivos legais, sendo que este último artigo estabelece o prazo decadencial de 5 (cinco) anos a contar da extinção do crédito tributário para que o contribuinte exerça o seu direito de pleitear a repetição do indébito. Expirado esse prazo, extinguese, de pronto, o direito à compensação. Tendo a requerente protocolado a declaração de compensação em 27.01.2005, e os pagamentos efetuados nos anoscalendário de 1995 a 2000, a compensação seria descabida uma vez que a contagem do prazo para que ocorra a prescrição na hipótese de pagamento a maior/indevido, começa a contar a partir do pagamento. 6. O débito referente às DCOMP consideradas não declaradas se refere à COFINS de 09/2002, e está devidamente informado em DCTF, em consonância com a DIPJ. Manifestação de Inconformidade Foi arguido, pela recorrente, que foram apresentado diversos pedidos de compensação de créditos oriundos do pagamento indevido de multa Tais créditos teriam sido usados para compensação de débitos de PIS e COFINS. Compensações Não Homologadas Tendo a decisão considerado não declaradas as compensações, foi proposta esta manifestação de inconformidade Compensações Não Declaradas Já o trecho da decisão que considerou “não declaradas", utilizouse de recurso hierárquico. Utilização do formulário impresso A Recorrente apresentou (em formulário de papel) pedido de compensação de créditos decorrentes do recolhimento indevido de multa. A Instrução Normativa SRF 460/04 Fl. 214DF CARF MF Processo nº 11080.100205/200581 Resolução nº 3001000.028 S3C0T1 Fl. 215 3 exige que a compensação seja formulada no programa “Per/Dcomp", todavia o parágrafo primeiro, expressamente faculta o uso do formulário em papel, quando houver impossibilidade do uso do meio eletrônico. Prazo de 10 anos Segundo consta na defesa, o programa da receita federal para as compensações admite apenas o uso de créditos gerados nos cinco anos anteriores ao ajuizamento do pedido, por este motivo a Recorrente apresentou o pedido em formulário de papel. Entendendo que existem dois prazos sucessivos de cinco anos para pleitear a restituição de tributos sujeitos à homologação do lançamento, assim concluiu: pacífico que o pedido de restituição e/ou compensação pode ser exercido no prazo de dez anos, pelo menos antes do advento da Lei Complementar 118/05, e que o programa aceita apenas metade desse prazo é legítimo o procedimento do contribuinte de fazer uso do parágrafo primeiro, do artigo 26 da Instrução Normativa 460/04 e apresentar o pedido em formulário de papel. Inexigibilidade da multa O crédito utilizado pela Recorrente para extinguir os débitos indicados no pedido de compensação decorre dos termos do artigo 138 Código Tributário Nacional, segundo o qual a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração. DRJ/POA. A manifestação de inconformidade foi julgada com a seguinte ementa: Acórdão 1024.449 2a Turma ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1995 a 31/12/2001 Ementa: SOLICITAÇÃO DE RESTITUIÇÃO _ DECADÊNCIA Nos termos ao art.168 do Código Tributário Nacional e da IN SRF n° 96, de 26/11/1999, o prazo para solicitar restituição é de 5 (cinco) anos da extinção da exigência do tributo pelo pagamento, sendo corroborado pelo art.3° da Lei Complementar n° 118, de 09/02/2005. Manifestação de lnconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O relatório do mencionado acórdão, por bem retratar a situação fática, será aproveitado conforme a transcrição a seguir: O presente processo de restituição/compensação, conforme parecer e Despacho Decisório de fls. 114 a 117, resultou em Dcomps não homologadas e Dcomps consideradas não declaradas. Após intimado, o interessado apresentou Recurso Hierárquico para as Dcomps consideradas não declaradas e Manifestação de Inconformidade para as declarações não homologadas. Foram abertos processos de representação para controle/cobrança dos débitos cujas Dcomps foram consideradas não declaradas e remessa à Superintendência para análise do respectivo recurso hierárquico. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 11080.100205/200581 Resolução nº 3001000.028 S3C0T1 Fl. 216 4 Aqui trataremos apenas do exame da Manifestação de Inconformidade contra a parte da decisão contida no Despacho Decisório que não homologou as compensações, pois considerou que o direito a pleitear os respectivos créditos já estava atingido pela decadência. A recorrente pleiteia a aplicação de um prazo prescricional total de dez anos (cinco anos do fato gerador mais cinco anos da homologação tácita) para o seu direito à compensação de créditos oriundos do pagamento indevido de multa, fundamenta sua opinião transcrevendo jurisprudência do STJ. Ressalta que o Despacho Decisório não teria oposto “qualquer resistência” ao crédito apontado pela Recorrente, o que permitiria concluir que teria sido aceita a sua legitimidade. Afirma que o crédito utilizado na extinção dos débitos indicados no pedido de compensação decorre dos termos do artigo 138 do Código Tributário Nacional, segundo o qual a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada do pagamento do tributo devido, além dos juros e correção monetária. Neste sentido, conclui pela inexigibilidade da multa, voltando a citar e transcrever doutrina e' jurisprudência do STJ. Ao final requer o recebimento da presente manifestação de inconformidade, nos efeitos suspensivo e devolutivo, na forma do artigo 74 da lei 9.430/96 e 151 do Código Tributário Nacional, para que seja reformado o Despacho Decisório em questão e homologadas suas compensações efetuadas. O cerne do litígio a ser analisado no presente processo recai sobre o decurso do prazo decadencial ou prescricional, como entendem vários estudiosos . Entendo correta a decisão efetivada pela DRF jurisdicionante Desta forma, nos termos do art. 168, I, do CTN, o direito de pleitear restituição/compensação de créditos contra o Fisco extinguese após o transcurso do prazo de 5 anos, contados a partir da data de efetivação do suposto indébito, posição adotada no Parecer PGFN/CAT 678, de 28 de maio de 1999, que revogou o entendimento esposado no Parecer Cosit 58/1998. O referido ato emanado do órgão responsável pela representação judicial da Fazenda Nacional foi corroborado pelo Parecer PGFN/CAT/ 1538/99, de 28 de setembro de 1999, versando sobre o prazo para pleitear compensação/restituição de indébitos perante à Fazenda, cujo trecho conclusivo, atinente à presente lide, abaixo transcrevo; Concluise que os atos infralegais acima, em consonância com a própria legislação tributária, estabeleceram que o prazo decadencial para a interessada exercer o direito à repetição do indébito iniciouse na data em que foram feitos os pagamentos supostamente a maior, estando extinto, a contar daí, 5 anos após, o seu direito de reaver valores porventura indevidamente recolhidos, não reconhecendo exceções. Deve, também, ser afastado o argumento de que o Despacho Decisório não teria oposto “qualquer resistência” ao crédito apontado, pois a decisão é bastante clara ao determinar que o direito a pleitear os referidos créditos já estava atingido pela decadência. Fl. 216DF CARF MF Processo nº 11080.100205/200581 Resolução nº 3001000.028 S3C0T1 Fl. 217 5 Porquanto negado preliminarmente o'pedido com o fundamento jurídico da prescrição, fica prejudicada a análise dos demais aspectos fáticos do litígio, restando, portanto, descabidas as alegações sobre a eventual ocorrência de denúncia espontânea na origem dos créditos pleiteados pelo interessado. Neste ponto, cabe também observar que o instituto da denúncia espontânea exclui, tãosomente, a responsabilidade por infrações, o que significa que afasta as penalidades que seriam aplicáveis ao contribuinte infrator, mas que se|¡ denunciou espontaneamente. Contudo, pela análise dos DARF's anexados ao presente processo, junto aos respectivos pedidos de restituição, fica evidente que a multa que deu origem aos créditos ,pleiteados é de natureza moratória, desta forma não assiste razão à alegada hipótese de denúncia espontânea. A multa de mora não tem a natureza jurídica da sanção ou penalidade, e sim de indenização pelo atraso no pagamento, não cabendo, por isso, a alegação da ocorrência de denúncia espontânea conforme defende o interessado. Recurso Voluntário A recorrente realizou breve relato dos autos, destacando o fundamento da decisão, a qual demonstra sua iresignação. Prescrição Segundo a defesa, não haveria que se cogitar a hipótese de prescrição no presente caso, pois para construir a interpretação que fulminou o pedido da Requerente, sustenta que a decisão apegouse a uma leitura apressada do artigo 168 do Código Tributário Nacional e a indevida aplicação retroativa da Lei Complementar 118/05. Segundo sua tese, feito o autolançamento, a autoridade administrativa tem o prazo de cinco anos, a contar do fato gerador, para verificar a regularidade do procedimento adotado pelo contribuinte, prazo em que deverá homologar ou efetuar outro, de oficio, em substituição àquele. Transcorrido o prazo legal sem manifestação da autoridade administrativa, ocorre a homologação tácita e a extinção do crédito tributário. Extinto o crédito tributário e só então começa a fluir o prazo prescricional de cinco anos para o contribuinte requerer a restituição de tributos. É o relatório. Voto Conselheiro Renato Vieira de Avila Relator Tratase de Recurso Voluntário no qual a recorrente pretende legitimar seu direito à compensação de créditos cuja origem teria se dado em pagamento indevido ou a maior a título de multa de mora. A decisão recorrida considerou decaído o direito da recorrente, motivo pelo qual, não se resignou e guerreia mencionada decisão através desta defesa. O recurso é tempestivo e dele tomo conhecimento. Fl. 217DF CARF MF Processo nº 11080.100205/200581 Resolução nº 3001000.028 S3C0T1 Fl. 218 6 Decadência Compulsando os autos verifico que a DComp submetida à apreciação foi apresentada na SEORT;DRF;POA em data de 27 de janeiro de 2004, ofertando crédito originado de pagamento de multa de mora, considerado indevido pelo fato de estar acobertado pela mando do artigo 138 do CTN. Tais pedidos encontramse no lapso temporal definido pela súmula CARF n.º 91, transcrita a seguir: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Por este motivo, acolho o pedido no sentido de considerar apto ao pedido de compensação, os pedidos contidos na Dcomp em análise. Origem do Crédito: pagamento indevido por recolhimento de multa de mora ante a ausência de procedimento fiscalizatório Os documentos acostados, em especial as DARFs, demonstram que houve pagamento dos tributos nos prazos de competência, mas com acréscimo de multa. Vejase que na Ficha 2. Demonstrativo do Pagamento Indevido, o pagamento ocorre no mês seguinte ao da apuração, não se vislumbrando, a necessidade de recolhimento de multa, tratandose, a meu ver, de mero recolhimento a maior. Débito compensado sem recolhimento de multa de mora Já o débito compensado, no caso em análise, tratandose de COFINS, da competência de setembro de 2002, há que confrontálo com a data do pedido de Compensação, ocorrido em 27 de janeiro de 2004 , conforme imagem do carimbo aposto em efls. 02. Neste caso, falta à análise, a DCTF correspondente, para sacar as dúvidas quanto à aplicação do conteúdo prescrito no Resp nº 1.149.022/SP: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da Fl. 218DF CARF MF Processo nº 11080.100205/200581 Resolução nº 3001000.028 S3C0T1 Fl. 219 7 multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008) 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (STJ; Resp 1.149.022; Relator: Ministro Luiz Fux; Data do julgamento: 09.06.2010) De acordo com o precedente judicial,seguiuse a orientação aos julgados deste CARF, conforme se segue: Acórdão nº 3302004.451 Ano calendário: 2003 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO Entendese por denúncia espontânea aquela que é feita antes de a autoridade administrativa tomar Fl. 219DF CARF MF Processo nº 11080.100205/200581 Resolução nº 3001000.028 S3C0T1 Fl. 220 8 conhecimento da infração, ou antes, do início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionada com a infração denunciada. Realizado o pagamento antes do ato fiscalizatório a multa de mora deve ser excluída (Resp nº 1.149.022/SP). Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido Neste cenário, evidenciase que a exigência de multa de mora quando de recolhimento em atraso consiste na regra geral a ser observada, em obediência aos dispositivos legais citados, sem prejuízo de outros que também a prevêem. Por outro lado, há causa excludente de penalidade prevista no artigo 138, do Código Tributário Nacional, que assim dispõe: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Compulsando os autos, verificase que no preenchimento da PER/DCOMP em análise, entregue em 17.11.2004 (fls. 0204), a Recorrente informou débitos de PIS, código de receita 6912 (PISNão Cumulativo), relativos ao mês de março de 2003, sem considerar as multas de mora. Consultando a DCTF entregue pela Recorrente em 15.05.2003 (fls.8182), constatase que o débito de PIS, código de receita 6912, relativo ao mês de março de 2003, não havia sido declarado quando foi objeto de pedido de compensação por meio da Dcomp. Adicionalmente, não há notícia de nenhum procedimento fiscal com relação ao débito de PIS, código de receita 6912, relativo ao mês de março de 2003 informado na Declaração de Compensação, o qual, conforme já mencionado, também não havia sido previamente confessado por meio de DCTF. Assim, considerando que a Recorrente efetuou o pagamento do débito não declarado antes de qualquer procedimento fiscalizatório e, com base no entendimento proferido pelo Ministro Luiz Fux no RESP anteriormente citado, reconheço o benefício da denúncia espontânea, descabendo a exigência de multa de mora em relação ao débito sob análise. Para a correta aplicação do instituto da Denúncia Espontânea, prevista no artigo 138 do CTN, e conforme preceituado anteriormente nos julgados supra transcritos, necessária a satisfação de dois requisitos: não ter sido declarado o débito até a data da entrega da Per Dcomp, e, para tanto, há a necessidade de verificação na DCTF, e; não ter havido nenhum procedimento fiscalizatório até o momento da confissão. Este requisito, a meu ver, satisifeito. Fl. 220DF CARF MF Processo nº 11080.100205/200581 Resolução nº 3001000.028 S3C0T1 Fl. 221 9 Conclusão Diante do exposto, proponho, como acima transcrito, a conversão do julgamento em diligência, a fim de que a autoridade preparadora consulte seus sistemas de controle para fins de tecer a análise da DCTF competente, da ora recorrente a fim de verificar se a competência informada como débito foi, ou não, declarada. Caso entenda necessário, intime a recorrente a comparecer nos autos a fim de comprovar a veracidade das alegações. Posteriormente, a autoridade incumbida da diligência deverá elaborar relatório, pormenorizado e conclusivo das análises levadas a efeito e do seu reflexo na PER/DCOMP apresentada. Na sequência o contribuinte deverá ser intimado para que, no prazo regulamentar, caso entenda conveniente, adite seu recurso voluntário, somente quanto à matéria decorrente da diligência. Por fim, devolva os autos para este CARF, para julgamento. (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Fl. 221DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10860.721319/2011-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 30/06/2006 a 30/06/2006
ADESÃO AO PRORELIT. DESISTÊNCIA DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS. RENÚNCIA AO DIREITO SOBRE O QUAL SE FUNDAM OS RECURSOS ADMINISTRATIVOS.
A adesão ao Programa de Redução de Litígios Tributários - PRORELIT, de que trata a Lei nº 13.202/2015 configura desistência dos recursos administrativos e renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente.
CRÉDITO DE IPI POR DEVOLUÇÃO OU RETORNO DE PRODUTOS. O direito ao crédito do IPI por devolução ou retorno de produtos subordina-se à comprovação do reingresso no estabelecimento bem como à efetiva reincorporação daqueles ao estoque, mediante a escrituração do Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque, modelo 3, ou de sistema de controle equivalente.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3302-005.307
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer, parcialmente, do recurso voluntário e, na parte conhecida, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Diego Weis Jr.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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DESISTÊNCIA DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS. RENÚNCIA AO DIREITO SOBRE O QUAL SE FUNDAM OS RECURSOS ADMINISTRATIVOS. A adesão ao Programa de Redução de Litígios Tributários PRORELIT, de que trata a Lei nº 13.202/2015 configura desistência dos recursos administrativos e renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. CRÉDITO DE IPI POR DEVOLUÇÃO OU RETORNO DE PRODUTOS. O direito ao crédito do IPI por devolução ou retorno de produtos subordinase à comprovação do reingresso no estabelecimento bem como à efetiva reincorporação daqueles ao estoque, mediante a escrituração do Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque, modelo 3, ou de sistema de controle equivalente. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer, parcialmente, do recurso voluntário e, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 72 13 19 /2 01 1- 67 Fl. 510DF CARF MF Processo nº 10860.721319/201167 Acórdão n.º 3302005.307 S3C3T2 Fl. 510 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Diego Weis Jr. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para constituição de crédito tributário referente ao Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI e multa isolada, em razão de: 1. Glosas de compras de insumos para industrialização, com origem nos mercados interno e externo, com destaque indevido de IPI, em razão de a operação ser obrigatoriamente, com suspensão; 2. Glosa de crédito de devolução e retorno de produtos tributados, em razão de sua não escrituração no Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou sistema equivalente; 3. Multa isolada por destaque indevido de IPI nas notas fiscais de aquisição de importados, cujas operações eram de suspensão obrigatória; 4. Multa isolada por destaque indevido de IPI nas notas fiscais de saída, cujas operações eram de suspensão obrigatória. Em impugnação, a recorrente alegou que o fornecedor Johnson Mathey do Brasil é estabelecimento equiparado a industrial, não se aplicando a suspensão prevista no artigo 5º da Lei nº 9.826/1999, que destinase apenas aos estabelecimentos industriais e não aos equiparados; que a venda para a Pegeot Citroen e para a GM não foram destinadas à montagem de veículos, devendo a autoridade fiscal ter empreendido intimações e diligências aos destinatários para apurar a verdade material da destinação das peças, devendo a glosa e a multa isolada lançadas serem canceladas; que a glosa nas compras com destaque do IPI é indevida, uma vez que a suspensão é opcional e não obrigatória, como entendeu a fiscalização; que a escrituração no Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou sistema equivalente é mera obrigação acessória, incapaz de elidir a possibilidade de tomada de crédito, uma vez que fora comprovada a efetiva entrada dos produtos e o registro no Livro Registro de Entradas; que a multa não é devida, pois a recorrente promovera o pagamento do imposto, tido por devido pela fiscalização, antes de qualquer procedimento fiscal e que o destaque teria decorrido de erro escusável por erro de interpretação da legislação, nos termos do artigo 488, §3º do RIPI/2002. Por sua vez, a Oitava Turma da DRJ em Ribeirão Preto julgou a impugnação parcialmente procedente, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 30/06/2006 SUSPENSÃO DO IPI. ART.29 DA LEI Nº10.637, DE 2002. EQUIPARADO A INDUSTRIAL. Fl. 511DF CARF MF Processo nº 10860.721319/201167 Acórdão n.º 3302005.307 S3C3T2 Fl. 511 3 A suspensão do IPI prevista no art. 29 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, com redação dada pelo art. 25 da Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003, não alcança as operações de saídas realizadas por estabelecimento importador que tenha sido equiparado a industrial por força do inciso I do art. 4º da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, regulamentado pelo inciso I do art. 9º do Decreto nº 4.544, de 26 de dezembro de 2002 (Regulamento do IPI Ripi/2002). SUSPENSÃO DO IPI. ART.29 DA LEI Nº10.637. IMPORTAÇÃO. As matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem, importados diretamente por estabelecimentos industriais fabricantes, preponderantemente, de componentes, chassis, carroçadas, partes e peças destinados a veículos automotores, serão desembaraçados, obrigatoriamente, com suspensão do IPI. CRÉDITOS RELATIVOS A DEVOLUÇÕES E RETORNOS DE PRODUTOS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DO LIVRO REGISTRO DA PRODUÇÃO E DO ESTOQUE OU DE SISTEMA EQUIVALENTE. O aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou sistema de controle equivalente. MULTA ISOLADA. CRÉDITO INDEVIDO. Somente não será aplicada a multa isolada se, além do pagamento, o responsável provar que a infração decorreu de erro escusável. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte. Inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, reprisando o seguinte: 1. Que a glosa nas importações com destaque do IPI é indevida, uma vez que a suspensão é opcional e não obrigatória, como entendeu a fiscalização; 2. Que a escrituração no Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou sistema equivalente é mera obrigação acessória, incapaz de elidir a possibilidade de tomada de crédito, uma vez que fora comprovada a efetiva entrada dos produtos e o registro no Livro Registro de Entradas; 3. Que a multa isolada nas operações de importação não é devida, pois a recorrente promovera o pagamento do imposto, tido por devido pela fiscalização, antes de qualquer procedimento fiscal e que o destaque teria decorrido de erro escusável por erro de interpretação da legislação, nos termos do artigo 488, §3º do RIPI/2002; Fl. 512DF CARF MF Processo nº 10860.721319/201167 Acórdão n.º 3302005.307 S3C3T2 Fl. 512 4 4. Que a multa isolada nas operações de venda não é devida, pelos mesmos motivos elencados no item anterior. 5. Que a multa isolada de ofício mantida em razão da redução do saldo credor de IPI é ilegal, pois não houve falta de pagamento ou recolhimento do tributo, nos termos do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996. Posteriormente, a recorrente protocolou petição requerendo a revisão de débitos com a exigibilidade suspensa por ter aderido ao PRORELIT, tendo efetuado o pagamento de 30% do valor das débitos relativos às multas isoladas mantidas no acórdão da DRJ, conforme efls. 494/505. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Conforme a petição de efls. 494/495, a recorrente aderiu ao Programa de Redução de Litígios Tributários PRORELIT nos termos da Lei nº 13.202/2015, efetuando o pagamento de 30% dos débitos relativos às multas isoladas, únicos débitos remanescentes após o julgamento na DRJ, de acordo com o artigo 2º, inciso I, alínea "a"1 da Lei nº 13.202/2015, com a consequente desistência dos recursos administrativos concernentes aos débitos objeto da adesão ao programa, conforme disposto no §3º do referido artigo 2º: § 3o Para aderir ao programa de que trata o art. 1o, o sujeito passivo deverá comprovar a desistência expressa e irrevogável das impugnações ou dos recursos administrativos e das ações judiciais que tenham por objeto os débitos que serão quitados e renunciar a qualquer alegação de direito sobre as quais se fundem as referidas impugnações e recursos ou ações. No caso, a petição protocolada, informando o pagamento de 30% e a adesão ao PRORELIT configura desistência do prosseguimento do litígio, relativo aos débitos das multas isoladas mantidas na decisão da DRJ, implicando a renúncia ao direito sobre o qual se fundava o recurso voluntário, nos termos do §3º do artigo 78 do Anexo II do RICARF: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1º A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. 1 Art. 2o O requerimento de que trata o § 1o do art. 1o deverá ser apresentado até 30 de novembro de 2015, observadas as seguintes condições: I pagamento em espécie equivalente a, no mínimo: a) 30% (trinta por cento) do valor consolidado dos débitos indicados para a quitação, a ser efetuado até 30 de novembro de 2015; Fl. 513DF CARF MF Processo nº 10860.721319/201167 Acórdão n.º 3302005.307 S3C3T2 Fl. 513 5 § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. Porém, a multa isolada por destaque indevido de imposto nas importações, quando o correto era suspensão, vinculase à glosa mantida na decisão recorrida relativa às aquisições de insumos importados sem suspensão de IPI, com destaque do imposto. Os fundamentos desenvolvidos pela recorrente em sua peça recursal para a inaplicabilidade da multa foram a inexistência da infração concernente ao destaque indevido nas aquisições de insumos importados por não ter havido suspensão, ou alternativamente, caso prevalecesse a tese da fiscalização quanto à obrigatoriedade da suspensão, a existência do pagamento do IPI destacado por ocasião do desembaraço e a existência de erro escusável por erro de interpretação da legislação, de acordo com o §3º do artigo 488 do RIPI/2002, não tendo havido dolo ou máfé por parte da recorrente. Ocorre que a desistência implica a renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso, o que no caso concreto, configura renúncia ao direito referente à inexistência da infração de destaque indevido do IPI, pois que a multa isolada é mero reflexo da infração que resultou na glosa dos créditos de IPI tomados em razão do destaque de IPI. Assim, a renúncia ao direito sobre o fundamento para cancelamento da multa isolada atinge diretamente a defesa quanto à glosa dos créditos tomados em razão do destaque indevido, de cuja a aplicação da multa isolada é mero reflexo. Portanto, entendo que houve renúncia ao fundamento deduzido para a glosa perpetrada. Destarte, não conheço do recurso voluntário quanto às matérias "II.1 Glosa de créditos de IPI Apropriação de crédito em importação própria suspensão do IPI benefício fiscal optativo e não obrigatório", "II.3. Da Multa Isolada Operações de Importação", "II.4. Da Multa Isolada Operações de Venda no Mercado Interno" e "II.5. Da Multa de Ofício", remanescendo ainda o litígio quanto ao item "II.2. Da Glosa do Crédito por Falta de Escrituração do Livro Controle da Produção e do Estoque". Quanto à glosa do crédito de retorno por falta de escrituração no Livro de Registro e Controle da Produção e do Estoque, não há reparos a se fazer na decisão recorrida. Os artigos 172 do RIPI/2002 e 234 do RIPI/2010 dispuseram sobre a exigência de registro no referido livro nos seguintes termos: RIPI/2002: Art. 172. Na hipótese de retomo de produtos, deverá o remetente, para creditarse do imposto, escriturálo nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente nos termos do art. 388, com base na nota Fl. 514DF CARF MF Processo nº 10860.721319/201167 Acórdão n.º 3302005.307 S3C3T2 Fl. 514 6 fiscal, emitida na entrada dos produtos, a qual fará referência aos dados da nota fiscal originária. RIPI/2010: Art. 234. Na hipótese de retorno de produtos, deverá o remetente, para creditarse do imposto, escriturálo nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente, nos termos do art. 466, com base na nota fiscal, emitida na entrada dos produtos, a qual fará referência aos dados da nota fiscal originária. As disposições regulamentares são claras ao exigir a escrituração no Livro Registro e Controle da Produção e Estoque, como forma de garantir a reincorporação dos produtos ao estoque e nova tributação quando de eventual nova saída. A respeito, transcrevo o voto condutor da decisão recorrida, cujas razões adoto como fundamento de decidir: "O IPI regese pelo princípio da nãocumulatividade previsto constitucionalmente no art. 153, § 3º, inciso II, da Carta Magna de 1988, sendo normatizado por disposições constantes do art. 49 do Código Tributário Nacional (CTN – Lei nº 5.172/66) e exercido pelo “sistema de créditos”, consoante a disciplina do Capítulo X (arts. 163 a 198) do RIPI/2002, vigente à época dos fatos. Nesse contexto, temse que o art. 167 do RIPI/2002 permitia ao estabelecimento contribuinte creditarse do IPI relativo a produtos tributados recebidos em devolução ou retorno, de modo total ou parcial, conforme tais operações assim tenham ocorrido: Art. 167. É permitido ao estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, creditarse do imposto relativo a produtos tributados recebidos em devolução ou retorno, total ou parcial.’ Observase, porém, que o direito à utilização do crédito em tais operações encontravase subordinado ao adimplemento das exigências especificadas no art. 169 do RIPI/2002, a teor do disposto pelo art. 30 (abaixo transcrito) da Lei nº 4.502/64: Art. 30. Ocorrendo devolução do produto ao estabelecimento produtor, devidamente comprovada, nos termos que estabelecer o regulamento, o contribuinte poderá creditarse pelo valor do imposto que sobre ele incidiu quando da sua saída. (grifouse) Dessa forma, cabe ao Regulamento do IPI estabelecer as condições segundo as quais se considerava comprovada a devolução/retorno dos produtos, tendo sido, dentre outros requisitos, condicionada tal comprovação ao registro das notas fiscais de devolução/retorno no livro fiscal Registro de Controle da Produção e do Estoque, modelo 3, conforme a disposição do inciso II, alínea ‘b’, do supracitado art. 169 do RIPI/2002: Art. 169. O direito ao crédito do imposto ficará condicionado ao cumprimento das seguintes exigências: (...) Fl. 515DF CARF MF Processo nº 10860.721319/201167 Acórdão n.º 3302005.307 S3C3T2 Fl. 515 7 II pelo estabelecimento que receber o produto em devolução: (...) b) lançamento nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque das notas fiscais recebidas, na ordem cronológica de entrada dos produtos no estabelecimento;’ (grifouse) Também os arts. 172 e 388 do RIPI/2002 determinavam condições para a utilização dos créditos em devolução/retorno de produtos: Art. 172. Na hipótese de retorno de produtos, deverá o remetente, para creditarse do imposto, escriturálo nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente nos termos do art. 388, com base na nota fiscal emitida na entrada dos produtos, a qual fará referência aos dados da nota fiscal originária. Art. 388. O estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, e o comercial atacadista, que possuir controle quantitativo de produtos que permita perfeita apuração do estoque permanente, poderá optar pela utilização desse controle, em substituição ao livro Registro de Controle da Produção e do Estoque, observado o seguinte: I o estabelecimento fica obrigado a apresentar, quando solicitado, aos Fiscos Federal e Estadual, o controle substitutivo; II para a obtenção de dados destinados ao preenchimento do documento de prestação de informações, o estabelecimento industrial, ou a ele equiparado, poderá adaptar, aos seus modelos, colunas para indicação do valor do produto e do imposto, tanto na entrada quanto na saída; e III o formulário adotado fica dispensado de prévia autenticação. Além da previsão contida no art. 388 do RIPI/2002, que admitia a dispensa do livro modelo 3 na hipótese de o estabelecimento adotar equivalente sistema de controle da produção e do estoque, o RIPI/2002 consignava, no art. 385, inciso I, a possibilidade de substituição do aludido livro por fichas impressas com os mesmos elementos do livro substituído: Art. 385. O livro poderá, a critério da autoridade competente do Fisco Estadual, ser substituído por fichas: I impressas com os mesmos elementos do livro substituído; A respeito dos elementos que a escrituração do referido livro modelo 3 deveria conter, assim preceituava o art. 384 do RIPI/2002: Art. 384. Os registros serão feitos da seguinte forma: I no quadro "Produto": identificação do produto; Fl. 516DF CARF MF Processo nº 10860.721319/201167 Acórdão n.º 3302005.307 S3C3T2 Fl. 516 8 II no quadro "Unidade": especificação da unidade (quilograma, litro etc.); III no quadro "Classificação Fiscal": indicação do código da TIPI e da alíquota do imposto; IV nas colunas sob o título "Documento": espécie e série, se houver, do respectivo documento fiscal ou documento de uso interno do estabelecimento, correspondente a cada operação; V nas colunas sob o título "Lançamento": número e folha do livro Registro de Entradas ou Registro de Saídas, em que o documento fiscal tenha sido registrado, bem como a respectiva codificação contábil e fiscal, quando for o caso; VI nas colunas sob o título "Entradas": a) coluna "Produção No Próprio Estabelecimento": quantidade do produto industrializado no próprio estabelecimento; b) coluna "Produção Em Outro Estabelecimento": quantidade do produto industrializado em outro estabelecimento da mesma firma ou de terceiros, com matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, anteriormente remetidos para esse fim; c) coluna "Diversas": quantidade de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, produtos em fase de fabricação e produtos acabados, não compreendidos nas alíneas anteriores, inclusive os recebidos de outros estabelecimentos da mesma firma ou de terceiros, para industrialização e posterior retorno, consignandose o fato, nesta última hipótese, na coluna "Observações"; d) coluna "Valor": base de cálculo do imposto, quando a entrada dos produtos originar crédito do tributo; se a entrada não gerar crédito ou quando se tratar de isenção, imunidade ou não incidência, será registrado o valor total atribuído aos produtos; e) coluna "IPI": valor do imposto creditado; VII nas colunas sob o título "Saídas": a) coluna "Produção No Próprio Estabelecimento": em se tratando de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, a quantidade remetida do almoxarifado para o setor de fabricação, para industrialização do próprio estabelecimento; no caso de produto acabado, a quantidade saída, a qualquer título, de produto industrializado do próprio estabelecimento; b) coluna "Produção Em Outro Estabelecimento": em se tratando de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, a quantidade saída para industrialização em outro estabelecimento da mesma firma ou de terceiros, quando o produto industrializado deva ser remetido ao estabelecimento remetente daqueles insumos; em se tratando de produto acabado, Fl. 517DF CARF MF Processo nº 10860.721319/201167 Acórdão n.º 3302005.307 S3C3T2 Fl. 517 9 a quantidade saída, a qualquer título, de produto industrializado em estabelecimentos de terceiros; c) coluna "Diversas": quantidade de produtos saídos, a qualquer título, não compreendidos nas alíneas anteriores; d) coluna "Valor": base de cálculo do imposto; se a saída estiver amparada por isenção, imunidade ou nãoincidência, será registrado o valor total atribuído aos produtos; e) coluna "IPI": valor do imposto, quando devido; VIII na coluna "Estoque": quantidade em estoque após cada registro de entrada ou de saída; IX na coluna "Observações": anotações diversas. § 1º Quando se tratar de industrialização no próprio estabelecimento, será dispensada a indicação dos valores relativos às operações indicadas na alínea "a", do inciso VI, e na primeira parte da alínea "a", do inciso VII. § 2º No último dia de cada mês serão somados as quantidades e valores constantes das colunas "Entradas" e "Saídas", apurando se o saldo das quantidades em estoque, que será transportado para mês seguinte. Portanto, o Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque – modelo 3 – e os sistemas legais a ele equivalentes consubstanciavam, à época dos fatos, como ainda consubstanciam na legislação vigente, medida cautelar prevista no Regulamento do IPI para conferir à Administração Tributária a segurança de que os produtos devolvidos ou retornados haviam sido efetivamente reincorporados ao estoque do estabelecimento contribuinte, encontrandose em condições de uma nova saída sujeita à tributação. Deveras, os requisitos para a admissão do crédito traduziamse não só pela reentrada dos produtos no estabelecimento, caracterizada pela emissão de notas fiscais de devolução/retorno de produtos, com registro no livro de entradas, mas, sobretudo, pela sua reincorporação ao estoque, comprovada pelos meios de prova estabelecidos especificamente nos arts. 169 e 172 do RIPI/2002, ou por outros meios com a mesma eficácia. Destaquese que a opção por ‘outros meios de mesma eficácia’ significa que o controle eleito pelo estabelecimento contribuinte contenha todos os dados do livro (modelo 3) substituído, imprescindíveis para a formação de um juízo de certeza quanto ao real ingresso do produto devolvido/retornado ao estoque. É esse o sentido que se deve abstrair da expressão “sistema equivalente de controle da produção e do estoque”. Como exposto, a essência do controle da produção e do estoque é conferir a segurança de que os produtos devolvidos/retornados tenham sido realmente reincorporados ao estoque, estando, assim, aptos a uma nova saída tributada, legitimandose, com Fl. 518DF CARF MF Processo nº 10860.721319/201167 Acórdão n.º 3302005.307 S3C3T2 Fl. 518 10 isso, o direito ao crédito do imposto pelo reingresso e sujeitandose ao débito pela posterior saída. E a emissão de notas fiscais de devolução ou de retorno, assim como seu registro no livro fiscal de entradas, quando muito podem servir de indício acerca da reentrada dos produtos no estabelecimento, mas, terminantemente, não comprovam a efetiva reincorporação ao estoque, condição esta sem a qual não se torna possível a ocorrência de uma nova saída tributada. Não se pode olvidar que o produto que reentrou no estabelecimento, pelas mais variadas razões, pode não mais se sujeitar a uma nova saída. E somente a reincorporação ao estoque é que garante uma potencial saída tributada ulterior, viabilizando o direito ao crédito do IPI pela reentrada. Essa é a essência quantitativa e qualitativa do controle da produção e do estoque. Ora, está claro que a finalidade da lei ao instituir o Livro de Registro da Produção e do Estoque, ou controle equivalente, foi propiciar ao fisco o controle quantitativo da produção e do estoque de mercadorias, o que só pode ser alcançado por meio de registros que permitam controlar a espécie e a quantidade de produtos em estoque. Outrossim, o entendimento ora expendido encontra total consonância com o posicionamento de longa data emanado do então Segundo Conselho de Contribuintes, conforme atestam os Acórdãos nºs 20172.344; 20204.484 e 20305.199, cujas ementas, respectivamente, dispõem: ‘IPI CRÉDITOS EM DEVOLUÇÃO/RETORNO GLOSA 1 Consoante art. 30 da Lei nr. 4.502/54, c/c o art. 86, II, ‘b’, do Decreto nr. 87.981 (RIPI/82), é condição para o creditamento do valor do IPI relativo às devoluções e retornos de mercadorias o lançamento no livro fiscal modelo. 3. A falta de escrituração deste livro fiscal ou de sistema equivalente que veicule, de pronto, as mesmas informações daquele, tornam ilegítimo o crédito, dando margem à sua glosa e recálculo do IPI. Precedentes jurisprudenciais (CSRF/020.074).’ ‘IPI – CRÉDITO POR DEVOLUÇÃO DE VENDAS – Improcede quando não reste demonstrada a reintegração do produto aos estoques possíveis de nova saída tributada.’ ‘IPI – LIVRO MODELO 3 – Inexistência, inclusive, de elementos de controle da produção e do estoque. Desatendimento do art. 86, inciso II, letra ‘b’, do RIPI/82, e da Portaria MF nº 328/72, item 2. Negase provimento ao recurso voluntário.’ A final, cumpre salientar que a essência dos preceitos normativos do RIPI/82 sobre a matéria em questão (legitimidade dos créditos do IPI referentes a operações de devolução ou de retorno de produtos) encontrase presente nos demais Regulamentos do IPI que o sucederam (RIPI/98 e RIPI/2002).” Desse modo, diante de previsão legal expressa em sentido contrário, não se pode aceitar como substitutos do Modelo 3, os livros de entrada ou de controles internos, sem as adaptações Fl. 519DF CARF MF Processo nº 10860.721319/201167 Acórdão n.º 3302005.307 S3C3T2 Fl. 519 11 que permitam o controle quantitativo/qualitativo dos produtos movimentados, devendo, por conseguinte, ser mantida a glosa efetuada pela fiscalização..." Neste sentido, citamse outras decisões deste Conselho: Acórdão nº 3402004.087: IPI. CRÉDITO. DEVOLUÇÕES E RETORNOS DE PRODUTOS. FALTA DA ESCRITURAÇÃO DAS NF NO LIVRO REGISTRO DA PRODUÇÃO E DO ESTOQUE OU SISTEMA EQUIVALENTE. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou de sistema de controle equivalente. O sistema adotado pela empresa apenas indica a data da emissão da nota de devolução/cancelamento e o seu motivo, não constando o número das notas de devolução cuja escrituração no sistema equivalente de controle de estoque é exigida pelos artigos 231, II, 'b' e 234 do RIPI/2010 como condicionante para o aproveitamento do crédito. Acórdão nº 3403001.936: IPI. CRÉDITO. RETORNO DE MERCADORIAS. ESCRITURAÇÃO. REQUISITOS. O aproveitamento de créditos por retorno e/ou devolução de mercadorias, assegurado pelo art. 167 do RIPI/02 (Decreto nº 4.544/02), se vincula à observância dos requisitos exigidos pelo art. 169 do mesmo regulamento, dentre os quais, a escrituração do Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque (mod. 3) ou sistema controle alternativo, não sendo suficiente apenas a escrituração do Livro Registro de Entradas (mod. 1). Acórdão nº 20219271: CRÉDITO DE IPI POR DEVOLUÇÃO OU RETORNO DE PRODUTOS. O direito ao crédito do IPI por devolução ou retorno de produtos subordinase à comprovação do reingresso no estabelecimento bem como à efetiva reincorporação daqueles ao estoque, mediante a escrituração do Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque, modelo 3, ou de sistema de controle equivalente. Diante do exposto, voto para conhecer, parcialmente, do recurso voluntário e, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 520DF CARF MF Processo nº 10860.721319/201167 Acórdão n.º 3302005.307 S3C3T2 Fl. 520 12 Fl. 521DF CARF MF
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