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Numero do processo: 10814.010018/2005-11
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Jun 03 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO - II
Data do fato gerador: 09/01/2001
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. RECONHECIMENTO DO DIREITO À ISENÇÃO. ÔNUS DA PROVA.
A isenção não concedida em caráter geral é efetivada, caso a caso, por despacho da autoridade administrativa, mediante requerimento do interessado, no qual comprove o preenchimento das condições e dos requisitos definidos em lei para a concessão do favor.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3102-001.073
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama.
Nome do relator: Ricardo Paulo Rosa
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RECONHECIMENTO DO DIREITO À ISENÇÃO. ÔNUS DA PROVA. A isenção não concedida em caráter geral é efetivada, caso a caso, por despacho da autoridade administrativa, mediante requerimento do interessado, no qual comprove o preenchimento das condições e dos requisitos definidos em lei para a concessão do favor. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. Ricardo Paulo Rosa Relator. EDITADO EM: 06/06/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Luciano Pontes de Maya Gomes, Paulo Sergio Celani, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 15/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA Assinado digitalmente em 08/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA 2 Trata o presente processo de pedido de restituição de Imposto de Importação alegadamente recolhido a maior, pago através de débito automático em conta corrente bancária na data do registro da DI n° 03/06294600, em 25/07/2003 (fls. 6/9), no valor de R$ 1.782,99 (Hum mil, setecentos e oitenta e dois reais e noventa e nove centavos). Seguese um breve histórico dos fatos, conforme documentos nos autos. Alega o interessado ter direito ao beneficio fiscal concedido pelo art. 5º das Medidas Provisórias n’s 193924 (de 06/01/00), 206837 (de 27/12/00) e 206838 (de 25/01/01), convertidas em Lei n° 10.182, de 12 de fevereiro de 2001. Tal beneficio consiste na redução de 40 % (quarenta por cento) do imposto de importação, para empresas devidamente habilitadas quanto ao mesmo no Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX, referindose especificamente à importação de partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semiacabados, e pneumáticos, destinadas aos processos produtivos das empresas e dos fabricantes de produtos relacionados no art. 5º, § 1° I a X (veículos leves: automóveis e comerciais leves, ônibus, caminhões, etc). Tendo em vista que, em nome do mesmo interessado, na mesma Unidade da RFB e tratando de assunto idêntico (mas para Declarações de Importação diferentes) há diversos processos em tramitação, inicialmente todos foram apensados ao de n° 10814006.463/200587. Posteriormente constatouse que parte dos processos apensados ao de n° 10814006.463/200587 apresentam registro no Programa PerdComp, de Declaração de Compensação, e outros não (tratam apenas de restituição, como é o caso do presente PAF) , o que exige rito processual diferente. Optouse pela separação do presente processo, o qual foi desapensado do PAF 10814006.463/200587 (fls. 38), para nele discutirse apenas a viabilidade de reconhecimento do direito creditório pleiteado (e não a compensação, a qual não foi objeto de Declaração respectiva). Voltemos à síntese dos fatos: PEDIDO DE RETIFICAÇÃO DE DI INDEFERIMENTO Em 25/07/2003 o interessado submeteu a despacho aduaneiro mercadorias beneficiárias da mencionada redução, pela Declaração de Importação n° 03/06294600, tendo deixado de pleitear o beneficio em questão, e recolhido integralmente o Imposto de Importação. Em 05/12/2005, por requerimento de fls. 1/2, pleiteou a restituição do valor que entende recolhido a maior, no total de R$ 1.782,99 (Hum mil, setecentos e oitenta e dois reais e noventa e nove centavos), pelo Pedido de Restituição de fls. 1/2 e Pedido de Cancelamento de Declaração de Importação e Reconhecimento de Direito Creditório de fls. 3/4. Anexou às fls. 18 documento comprobatório fornecido pelo DECEX, segundo o qual a empresa está habilitada a fruir o beneficio da Lei 10.182/2001 desde 18/01/2000. O processo tramitou pela Inspetoria da Receita Federal em São Paulo — (IRF SP), para revisão aduaneira e eventual retificação de Declaração de Importação. 02 Reapresentou jurisprudência das 1ª e 2ª Turmas do STJ, que, conforme já mencionado, ,não valem para o caso em tela, por tratarem de beneficios referentes a mercadorias beneficiadas por drawback, beneficio este de caráter objetivo, e não à redução ora discutida, que é um beneficio condicional do tipo objetivosubjetivo ou misto (vinculado à qualidade do importador e à destinação do bem). Fl. 2DF CARF MF Emitido em 15/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA Assinado digitalmente em 08/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10814.010018/200511 Acórdão n.º 310201.073 S3C1T2 Fl. 2 3 Diante do exposto, e levandose em conta o previsto no artigo 120 do Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos, aprovado pelo Decreto n° 4.543/2002, combinado com o artigo 60 da Lei 9.069, de 29/06/1995, foi mantido o indeferimento do pleito . O despacho denegatório do pleito encontrase às fls. 42/43 — Despacho Decisório IRF/SPO n° 034/2009, de 18 de fevereiro de 2009. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE DIREITO CREDITORIO — INDEFERIMENTO Tendo o interessado tomado ciência do despacho decisório que manteve o indeferimento, e esgotado administrativamente o pedido de retificação, os autos foram enviados para a ALF/Aeroporto Internacional em São Paulo — Guarulhos SP, para prosseguimento, nos termos do artigo 58 da IN/RFB 900/2008, ou seja, apreciação relativo ao reconhecimento ou não do direito creditório e a restituição de crédito relativo ao tributo administrado pela RFB, (no caso em estudo, o. imposto de importação). Com base na mesma argumentação que servira de base ao indeferimento de seu pedido de retificação de DI ( posteriormente objeto de pedido de reconsideração), e levando em conta o referido indeferimento, que implicou em não ficar caracterizado terem os recolhimentos sido feitos a maior que o devido, foi indeferido também o pedido de reconhecimento de direito creditório. (fls. 44/47). Inconformado com o indeferimento de seu pleito, o interessado apresentou sua Manifestação de Inconformidade, tempestivamente. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Analisandose a Manifestação de Inconformidade de fls. 51/65, constatase que são os seguintes os principais argumentos do recorrente: 01 — A Lei 10.182/01, que instituiu o beneficio da redução de 40% do II na importação de determinados produtos , para empresas montadoras e dos fabricantes do setor automotivo não exige a apresentação de CND para a fruição da redução do imposto (comprovação já feita quando de sua habilitação ao regime , feita junto ao SECEX). 02 — Entende que não se aplica ao caso o art. 60 da Lei 9.069/95, que condiciona à apresentação de CND apenas a concessão ou reconhecimento de beneficio fiscal. Entende que o dispositivo legal prevê a apresentação em somente uma das ocasiões, e ele já apresentara as CND's quando da habilitação do beneficio. 03 — Alega que, pela doutrina, lei posterior derroga lei anterior e lei especial derroga lei geral. Portanto, a Lei 10182/2001 teria prelavência sobre a Lei 9.069/1995, já que lei posterior derroga a anterior. Também a derrogaria por ser a Lei 9.069/1995 geral, e a lei 10182/2001 especial. 04 — Considera que caberia à Receita Federal aferir a regularidade fiscal do interessado, pela simples verificação de seus sistemas informatizados, conforme art. 37 da Lei n° 9.784/99; 05 — Reapresenta jurisprudência administrativa e judicial, que entende reforçar seu ponto de vista. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 15/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA Assinado digitalmente em 08/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA 4 Resumindose os fatos, o indeferimento do pleito quanto à retificação da DI e do reconhecimento do direito creditório prendeuse basicamente à não apresentação das CNDs (Certidões Negativas de Débito) à época do fato gerador, e a Manifestação de Inconformidade de fls. 51/65 também foca o mesmo assunto, ou seja, a pretendida inadmissibilidade de exigência de CNDs (Certidões Negativas de Débito) a cada despacho aduaneiro de importação onde seja pleiteado beneficio de redução ou isenção de tributo. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 25/07/2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE RECOLHIMENTO A MAIOR POR NÃO UTILIZAÇÃO . DA REDUÇÃO PREVISTA NA LEI 10.182/2001 (REGIME AUTOMOTIVO). NÃO RECONHECIDO O DIREITO CREDITORIO TENDO EM VISTA A NÃO COMPROVAÇÃO DE REGULARIDADE QUANDO AOS TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS À ÉPOCA DÓ FATO GERADOR. Conforme art. 165 da Lei n° 5..172, de . 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), cabe restituição de tributos recolhidos indevidamente ou a maior que o devido. Não caracterizado o recolhimento como indevido ou a maior que o devido, não cabe a restituição do mesmo ao sujeito passivo. APRESENTAÇÃO DE CNDs POR OCASIÃO DO DESPACHO ADUANEIRO DE MERCADORIA BENEFICIADA POR ISENÇÃO/REDUÇÃO DE CARÁTER SUBJETIVO OU MISTO. A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou beneficio fiscal de caráter subjetivo (vinculado à qualidade do importador) ou misto (vinculado tanto à qualidade e destinação da mercadoria quanto à qualidade do importador), relativos a tributos e contribuições administrados pela Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais, sendo cabível o disposto no artigo 60 da Lei n° 9.069, de 29 de junho de 1995. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a recorrente apresenta recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por meio do qual repisa argumentos contidos na impugnação ao lançamento. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso voluntário. A lide cingese à possibilidade de que o contribuinte usufrua da redução do imposto de importação própria do Regime Automotivo, independentemente da apresentação da Fl. 4DF CARF MF Emitido em 15/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA Assinado digitalmente em 08/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10814.010018/200511 Acórdão n.º 310201.073 S3C1T2 Fl. 3 5 Certidão Negativa de Débitos CND por ocasião do registro das importações correspondentes. Todas as demais questões estão pacificadas. Essa exigência está expressa no artigo 60 da Lei 9.069/95. Art. 60. A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais. Segundo entende a recorrente, a administração não pode fazer uma exigência não especificada na legislação própria do Regime, que determinava a apresentação da CND apenas no momento da habilitação da empresa no Siscomex. Uma vez habilitada, estaria apta à fruição do benefício, para o que não é exigida a apresentação da CND, sendo esta vinculada à concessão do mesmo, que, tudo segundo entende, ocorreu quando de sua habilitação no Siscomex. Por outro lado, sustenta que a lei mais específica, no caso a Lei 10.182/01, deve prevalecer ante uma Lei mais genérica, a 9.069/95. Não assiste razão à recorrente. Além de tudo o que até aqui já foi dito, cabe acrescentar o disposto no Código Tributário Nacional a respeito do processo de concessão de benefício fiscal. Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para concessão. (grifos meus) § 1º Tratandose de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicandose, quando cabível, o disposto no artigo 155. Depreendese do texto que (i) a isenção é efetivada por despacho da autoridade administrativa, em cada caso, e não, como advoga a recorrente, por meio da habilitação ao Regime e (ii) que cabe ao interessado fazer prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para concessão da isenção. Uma das condições definidas em lei é justamente a apresentação da Certidão Negativa de Débitos, sendo, conforme estabelecido no Código Tributário Nacional, de responsabilidade do contribuinte a adoção de tal providência, para que, somente depois de atestado o preenchimento da condição, a autoridade administrativa efetive a isenção prevista em lei. Quanto a isso, é óbvio que o Código estáse referindo à aplicação da isenção concedida por lei. Do contrário, não faria menção a despacho da autoridade administrativa, em requerimento, fazer prova, e em cada caso. A lei concede a isenção, e a administração efetiva a, analisando caso a caso, o pedido do administrado. Não há que se falar aqui em fruição. Essa depende de que o beneficiário mantenhase preenchendo as condições e requisitos, sob pena de Fl. 5DF CARF MF Emitido em 15/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA Assinado digitalmente em 08/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA 6 revogação da isenção já efetivada. Assim determina o art. 155 do Código, ao qual faz remissão o artigo 179 acima transcrito. Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrandose o crédito acrescido de juros de mora: I com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; II sem imposição de penalidade, nos demais casos. Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito. Se a isenção não foi se quer efetivada, não há que se falar em fruição. Também não se trata de aplicação de lei mais específica. As duas leis não estão em contradição, complementamse. Esse princípio seria oponível se a Lei 10.182/01 expressamente dispensasse a apresentação da CND, o que não é o caso. Neste mesmo contexto, importante destacar que o disposto no artigo 37 da lei 9.784/99 não é aplicável ao caso concreto, pois tratase de um comando genérico, regulador das situações que não dispõe de regulamentação própria, conforme ressalvado na própria Lei 9.784/99, artigo 69. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a regerse por lei própria, aplicandoselhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei. Finalmente, cumpre acrescentar que a decisão do Recurso Especial nº 1.047.237 – SP, tomada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, em recurso repetitivo, referese textualmente ao Regime Aduaneiro Especial de Drawback, não sendo, por conseguinte, aplicável ao caso concreto. RECURSO ESPECIAL Nº 1.041.237 SP (2008/00604621) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADORES : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO MARIA FERNANDA DE FARO SANTOS E OUTRO(S) RECORRIDO : ROYAL CITRUS SA ADVOGADO : OSVALDO SAMMARCO E OUTRO(S) EMENTA Fl. 6DF CARF MF Emitido em 15/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA Assinado digitalmente em 08/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10814.010018/200511 Acórdão n.º 310201.073 S3C1T2 Fl. 4 7 PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. REGIME DE DRAWBACK. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO (CND). INEXIGIBILIDADE. ARTIGO 60, DA LEI 9.069/95. 1. Drawback é a operação pela qual a matériaprima ingressa em território nacional com isenção ou suspensão de impostos, para ser reexportada após sofrer beneficiamento. 2. O artigo 60, da Lei nº 9.069/95, dispõe que: "a concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais" . 3. Destarte, ressoa ilícita a exigência de nova certidão negativa de débito no momento do desembaraço aduaneiro da respectiva importação, se a comprovação de quitação de tributos federais já fora apresentada quando da concessão do benefício inerente às operações pelo regime de drawback (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 839.116/BA, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 21.08.2008, DJe 01.10.2008; REsp 859.119/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 06.05.2008, DJe 20.05.2008; e REsp 385.634/BA, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, julgado em 21.02.2006, DJ 29.03.2006). 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543 C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Ante o exposto, VOTO POR NEGAR provimento ao recurso voluntário apresentado pela recorrente. Sala de Sessões, 03 de junho de 2011. Ricardo Paulo Rosa – Relator. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 15/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA Assinado digitalmente em 08/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 06/06/2011 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 10680.007677/2004-52
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Aug 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/1999 a 31/10/1999, 01/01/2002 a 31/12/2003
COOPERATIVAS. UNIMED. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÕES PRÓPRIAS DAS OPERADORES DE PLANOS DE SAÚDE. LEI Nº 9.718/98, ART. 3º, §§ 9º, 9º-A e 9º -B. DEDUÇÃO. POSSIBILIDADE.
O valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III, do § 9º, da Lei nº 9.718/98, é o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindo-se neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida. Recurso parcialmente provido.
Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte
Numero da decisão: 9303-003.295
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Especial.
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente
Henrique Pinheiro Torres - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Ivan Allegretti, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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TRABALHO MÉDICO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/1999 a 31/10/1999, 01/01/2002 a 31/12/2003 COOPERATIVAS. UNIMED. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÕES PRÓPRIAS DAS OPERADORES DE PLANOS DE SAÚDE. LEI Nº 9.718/98, ART. 3º, §§ 9º, 9ºA e 9º B. DEDUÇÃO. POSSIBILIDADE. O valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III, do § 9º, da Lei nº 9.718/98, é o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida. Recurso parcialmente provido. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Especial. Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente Henrique Pinheiro Torres Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Ivan Allegretti, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 00 76 77 /2 00 4- 52 Fl. 1836DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10680.007677/200452 Acórdão n.º 9303003.295 CSRFT3 Fl. 1.837 2 Relatório Tratase de lançamento de ofício lavrado para constituir crédito tributário relativo à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, que a contribuinte teria deixado de recolher ao Fisco. O órgão julgador de primeira instância manteve parcialmente o lançamento fiscal, e, na parte exonerada, recorreu de ofício. Por sua vez, o sujeito passivo, também não se conformou com a decisão de piso e apresentou recurso voluntário. O Colegiado a quo negou provimento ao recurso de ofício, e, conheceu em parte o recurso voluntário e, na parte conhecida, negoulhe provimento, em acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/1999 a 31/10/1999, 01/01/2002 a 31/12/2003 COOPERATIVAS. ISENÇÃO. REVOGAÇÃO. A isenção da Cofins relativa aos atos cooperativos, concedida pelo art. 6o , I, da Lei Complementar n° 70/91, encontrase revogada pela MP n° 2.15835/2001, com efeitos a partir de novembro de 1999, mês a partir do as receitas auferidas pelas cooperativas compõem a base de cálculo da Contribuição, com as exclusões elencadas no art. 15 da referida Medida Provisória. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO APÓS SUSPENSÃO DA EXIBIL1G1DADE. INAPLICABILIDADE DE MULTA. É incabível a multa de ofício, quando a suspensão da exigibilidade do crédito houver ocorrido antes do início do procedimento fiscal que resultou na lavratura do Auto de Infração. Recurso de Ofício Negado Períodos de apuração: de 01/01/2002 a 31/12/2003 NORMAS PROCESSUAIS. OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. DESISTÊNCIA DA ESFERA ADMINISTRATIVA. O contribuinte que busca a tutela jurisdicional abdica da esfera administrativa, quando em ambas trata do mesmo objeto. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DECISÃO RECORRIDA. INTIMAÇÃO. DARF EMITIDOS COM ERRO. CERCEAMENTO De DIREITO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO. / Processo n° 10680.007677/200452 Acórdão n.° 20313.462 Erros na emissão dos DARF que acompanham a decisão recorrida não caracterizam cerceamento do direito de defesa, a suscitar sua nulidade. LANÇAMENTO DE TRIBUTOS. MEDIDA JUDICIAL. A existência de sentença judicial não impede o lançamento de ofício efetivado com observação estrita dos limites impostos pelo Judiciário. Fl. 1837DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10680.007677/200452 Acórdão n.º 9303003.295 CSRFT3 Fl. 1.838 3 EXIGIBILIDADE SUSPENSA POR FORÇA DE MEDIDA JUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE DEPÓSITO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. É cabível o lançamento de juros de mora na constituição de crédito tributário destinado a prevenir a decadência, quando a exigibilidade houver sido suspensa por força de medida judicial mas não haja depósito do montante integral. COOPERATIVAS. UNIMED. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÕES PRÓPRIAS DAS OPERADORES DE PLANOS DE SAÚDE. LEI N° 9.718/98, ART. 3°, § 9o . NÃO INCLUSÃO DE CUSTOS E DESPESAS COM A REDE PRÓPRIA. Aplicamse às cooperativas de trabalho que operam com planos de saúde o disposto no § 9o do art. 3 o da Lei n° 9.718/98, introduzido pelo art. 2o da MP n° 2.15835/2001, que permite deduzir da base de cálculo do PIS Faturamento e da Cofins, a partir de dezembro de 2001, as coresponsabilidades cedidas, a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas e o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. Em tais deduções não se incluem custos e despesas relativos aos eventos com os próprios associados, mas com associados de outras operadoras. Recursos de Ofício negado e Voluntário não Conhecido em Parte, em Face da Opção pela Via Judicial, e Negado na Parte Conhecida. Irresignada com essa decisão, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional apresentou recurso especial que não logrou segmento, conforme despachos de fls. 526 e 527 autos em papel. Cientificado do acórdão e do despacho que negou seguimento ao apelo da PGNF, o sujeito passivo interpôs embargos de declaração com o intuito de ver sanada suposta obscuridade no acórdão embargado. Julgando os declaratórios, a turma embargada os conheceu em parte e, na parte conhecida, os acolheu para sanar a contradição, com efeitos infringentes, nos termos sintetizados na ementa abaixo transcrita: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/1999 a 31/10/1999 e de 01/01/2002 a 31/12/2003 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. NECESSIDADE DE ESCLARECIMENTO. Constatada contradição entre os fundamentos, por um lado, e a parte dispositiva e a decisão, por outro, cabe acolher os embargos de declaração para sanála. Fl. 1838DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10680.007677/200452 Acórdão n.º 9303003.295 CSRFT3 Fl. 1.839 4 Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/07/1999 a 31/10/1999 e de 01/01/2002 a 31/12/2003 COOPERATIVAS. UNIMED. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÕES PRÓPRIAS DAS OPERADORES DE PLANOS DE SAÚDE. LEI Nº 9.718/98, ART. 3º, § 9º, I. CORESPONSABILIDADES CEDIDAS. DEDUÇÃO. Aplicamse às cooperativas de trabalho que operam com planos de saúde o disposto no § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, introduzido pelo art. 2º da MP nº 2.15835/ 2001, cujo inciso I permite deduzir da base de cálculo do PIS Faturamento e da Cofins, a partir de dezembro de 2001, coresponsabilidades cedidas, que correspondem a valores pagos por uma operadora, cedente, a outras operadoras, cessionárias, pelo atendimento prestado por estas aos usuários ou clientes do plano de saúde da primeira. Cientificada desse acórdão, a PGFN reafirmou os termos do recurso especial por ela anteriormente apresentado. A seu turno, ainda não resignado, o sujeito passivo apresentou recurso especial, onde reedita os argumentos expendidos no recurso voluntário, e pede a reforma parcial do acórdão recorrido no intuito de ver cancelado o lançamento fiscal. Por meio do despacho de fls. 1.747 a 1750, o Recurso foi parcialmente admitido, mais precisamente quanto à possibilidade de exclusão dos gastos com rede conveniada própria da base de cálculo das contribuições para o PIS/Pasep e a Cofins. Por meio do despacho de reexame de admissibilidade, fl. 1.751, o Presidente deste Colegiado confirmou o exame de admissibilidade realizado pelo presidente da Câmara recorrida. Contrarrazões apresentadas pela PGFN vieram às fls. 1.753 a 1762. É o relatório. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, relator. O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como, na matéria conhecida pelo Presidente da Câmara recorrida, dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, nessa parte, dele tomo conhecimento e passo a apreciálo. A questão central da lide diz respeito a interpretação do § 9º do artigo 3º, da Lei n.° 9.178/98, com redação dada pelo artigo 2º da MP n.° 2.15835/2001. O §9º, do art. 3º, da Lei nº 9.718/98, introduzido pelo art. 2º da MP 2158 35/2001, no seu inciso III, em sua redação original, permitiu às operadoras de plano de saúde deduzirem da base de calculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS o valor relativo Fl. 1839DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10680.007677/200452 Acórdão n.º 9303003.295 CSRFT3 Fl. 1.840 5 às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. § 9º Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: I coresponsabilidades cedidas; II a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas; III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades." (NR) Da análise do referido dispositivo legal verificase que o legislador permitiu às operadoras de planos de saúde deduzirem da base de calculo da contribuição a diferença entre os valores efetivamente pagos relativos a indenizações de serviços incorridos e os valores recebidos de terceiros, a titulo de transferências de responsabilidade. Verificase, portanto, que o valor que pode ser deduzido da base de cálculo da contribuição com base no §9º, inciso III da Lei nº 9718/98 referemse exatamente a custos de terceiros (outra operadora) e não custos próprios. Neste mesmo esteio está o disposto no inciso I do referido §9º do art. 3º da Lei nº 9718/98 que permite a exclusão de valores de coresponsabilidades cedidas, que são exatamente os valores repassados por outras operadoras (terceiros) para as quais, por meio de convênios ou acordos, a contribuinte prestou serviços de atendimento aos associados de outrem. Ou seja, despesas de terceiros. A exegese do disposto nos incisos I e III do § 9º da Lei nº 9718/98 induziu o Fisco a concluir que a exclusão prevista para aquele setor se referia a custos de terceiros (outras operadoras) e não próprios, uma vez que ingressaram na contabilidade da recorrente por transferência de outras operadoras em decorrência de serviços prestados a elas (inciso I) ou que se refiram a custos dos serviços prestados a terceiros (inciso III). Não havendo menção na lei de qualquer possibilidade de dedução de custos próprios. Os contribuintes por sua vez defendiam que as deduções previstas no citado cânone alcançava também os custos de beneficiários próprios. Essa contenda perdurou até a edição da Lei nº 12.873, de 24 de outubro de 2013, que acrescentou os parágrafos 9ºA e 9ºB, ao artigo 3º, da Lei nº 9.718/98, pacificando o assunto. § 9ºA. Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9º entendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de Fl. 1840DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10680.007677/200452 Acórdão n.º 9303003.295 CSRFT3 Fl. 1.841 6 responsabilidade assumida. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013). § 9ºB. Para efeitos de interpretação do caput, não são considerados receita bruta das administradoras de benefícios os valores devidos a outras operadoras de planos de assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014). No caso dos autos, o que se verifica é a dedução de custos próprios, sejam eles diretos (pagos diretamente aos seus conveniados) ou indiretos (pagos a outras operadoras que prestaram serviços aos seus associados), para os quais agora existe previsão legal de exclusão. Diante desta nova realidade, dou provimento parcial ao recurso para admitir a dedução dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida. Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, Relator Fl. 1841DF CARF MF Impresso em 25/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 16561.720017/2011-22
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 04 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Jul 14 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1402-000.233
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por unanimidade de votos, resolvem sobrestar o julgamento até que seja proferida decisão nos processos 16643.000049/2010-17 e 16561.720018/2011-77.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinada digitalmente)
Carlos Pelá Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez. e Carlos Pelá.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, resolvem sobrestar o julgamento até que seja proferida decisão nos processos 16643.000049/2010-17 e 16561.720018/2011-77. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente (assinada digitalmente) Carlos Pelá Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez. e Carlos Pelá.
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Recorrida 4ª Turma da DRJ/SPO1 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, resolvem sobrestar o julgamento até que seja proferida decisão nos processos 16643.000049/201017 e 16561.720018/201177. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinada digitalmente) Carlos Pelá – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez. e Carlos Pelá. Relatório Tratase de auto de infração de IRPJ e CSLL, em razão (i) da falta de adição dos ajustes decorrentes da correta aplicação das regras de controle de Preços de Transferência, em operações realizadas com pessoa jurídica vinculada (Logica Wireless Networks BV e Acision Nederland BV sediadas na Holanda) e com interpostas pessoas (VCR Brasil), nos anos calendário de 2006, 2007 e 2008, (ii) da falta de declaração de receitas operacionais (de exportação e de revenda) escrituradas, nos anoscalendário de 2006 e 2008, e, com isso da (iii) compensação indevida de prejuízos acumulados, nos anoscalendário de 2006, 2007 e 2008; e RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 65 61 .7 20 01 7/ 20 11 -2 2 Fl. 1517DF CARF MF Impresso em 14/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2014 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 13/01/2014 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 22/01/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720017/201122 Resolução nº 1402000.233 S1C4T2 Fl. 3 2 (iv) da inobservância da trava legal de 30% do prejuízo, cumulados com juros e multa de mora de 75% (fls. 1/1370). O Termo de Verificação (fls. 1226/1283) descreve a legislação aplicável, os procedimentos e o método adotados, bem como os cálculos efetuados no curso da ação fiscal e aponta que a contribuinte não efetuou qualquer ajuste decorrente da aplicação de métodos de preço de transferência, como mostram suas DIPJs dos anoscalendário de 2006 a 2008, apesar de ter adquirido bens de pessoa vinculada, situada no exterior (operações “back to back”), bem como importado bens por intermédio de interposta pessoa, como mostram suas memórias de cálculo dos preços de transferência. O relatório fiscal esclarece que: Preços de transferência: As operações “back to back” já foram objeto dos processos de PIS e de COFINS de n.ºs 16643.000049/201017, 16643.000285/201033, e 16561.720018/201177, para os anoscalendário de 2005 a 2008. Back to back credits é expressão que corresponde à realização de operação em que a aquisição e a entrega da mercadoria ocorrem no exterior, sem trânsito pelas fronteiras brasileiras, sob comando de uma empresa localizada no País, que deve realizar o pagamento ao exterior pela compra efetuada, sob autorização do Banco Central, e o correspondente recebimento de valores pela venda. As chamadas operações de back to back são aquelas em que a compra e a venda dos produtos ocorrem sem que esses produtos efetivamente ingressem ou saiam do Brasil. O produto é comprado de um país no exterior e revendido a terceiro país, sem o trânsito da mercadoria em território brasileiro. O RMCCI Regulamento do Mercado de Câmbio e de Capitais Internacionais, do Banco Central do Brasil, Circular nº3.533 (RMCCI 41), de 26/04/2011, em seu Título 1, Capítulo 1, item 33, afirma que pagamentos e recebimentos do exterior devem ter seu câmbio contratado separadamente, ou seja, que deve haver um contrato para a compra e outro para venda de moeda. São elaborados dois contratos de câmbio: 1) contrato de câmbio de venda – tipo 2 referente à aquisição da mercadoria; 2) contrato de câmbio de compra tipo 1 referente à venda da mercadoria. Portanto, nas operações back to back ocorrem duas operações mercantis, com emissão de faturas distintas: uma de aquisição e outra de venda da mercadoria. Há uma característica fundamental na operação back to back: a mercadoria não entra fisicamente no território nacional, não havendo a ocorrência de fato gerador dos tributos incidentes na importação. A mercadoria não foi nacionalizada, ou seja, importada a título definitivo, mediante transferência da propriedade do bem do exportador estrangeiro para o importador nacional. Não há a importação da mercadoria. Nessas operações as mercadorias foram adquiridas de pessoas vinculadas. Fl. 1518DF CARF MF Impresso em 14/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2014 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 13/01/2014 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 22/01/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720017/201122 Resolução nº 1402000.233 S1C4T2 Fl. 4 3 A partir do art. 3º da IN 243/2002 fica evidente que dadas as características das operações back to back, os preços de transferência das mercadorias adquiridas de pessoas vinculadas devam ser apurados com a adoção do Método PRL 20%, pois como não houve a importação das mercadorias, não há valores a serem integrados ao preço praticado referentes ao transporte e ao seguro e aos de tributos não recuperáveis devidos na importação (Imposto de Importação), bem como não há estoque inicial a ser considerado. O TV aponta, também, que a IN SRF n°. 243/2002, em seu art. 12, autoriza a adoção do método PRL, definido como a média aritmética ponderada dos preços de revenda dos bens, serviços ou direitos, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, das comissões e corretagens pagas e de margem de lucro de 20%, na hipótese de revenda de bens, serviços ou direitos. Ademais, afirma que, quanto aos impostos e contribuições sobre as vendas ICMS, PIS e COFINS é necessário considerar que: 1) o principal fato gerador do ICMS é a circulação de mercadoria, que ocorre na saída de mercadoria, a qualquer título, de estabelecimento de contribuinte; 2) na operação “back to back”, a mercadoria não entra fisicamente no território nacional, de modo que, nesse caso o ICMS não deve ser diminuído do valor das vendas para fins de apuração dos preços parâmetros; 3) a segunda parte da operação “back to back” a de venda não é operação de exportação, pois não houve importação de mercadoria; 4) a receita de venda nas operações “back to back” não é receita de exportação, como foi demonstrado nos já referidos processos de PIS e COFINS, em conformidade com o parágrafo 2º, do art. 1º, inciso I, do art. 5º, da Lei 10.637/2002 e com o parágrafo 2º, do art. 1º, inciso I, do art. 6º, da Lei 10.637/2002; 5) portanto, PIS e COFINS sobre as vendas serão considerados na apuração dos preços parâmetros; 6) a comparação entre os preços praticados (nas operações de aquisição de pessoas vinculadas) e os preços parâmetros considerando a margem de divergência de 5%, para mais ou para menos, de acordo com o art. 38 da IN SRF 243/2002 mostrou quais itens apresentaram preços praticados superiores aos preços parâmetros, como consta neste TV; 7) os ajustes resultam da multiplicação da quantidade adquirida pela diferença positiva entre os preços praticados e os preços parâmetros, como mostram as tabelas de ajustes para os anoscalendário de 2006 e 2008 (fls. 1253/1254); não há ajustes para o anocalendário de 2007. Operações com pessoas vinculadas: Foram efetuadas operações de importação de mercadorias adquiridas das seguintes pessoas vinculadas: (i) Lógica Wireless Networks BV, sediada na Holanda; e (ii) Acision Nederland BV, também sediada na Holanda. Fl. 1519DF CARF MF Impresso em 14/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2014 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 13/01/2014 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 22/01/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720017/201122 Resolução nº 1402000.233 S1C4T2 Fl. 5 4 Acrescentou que, (i) as mercadorias importadas no anocalendário de 2007 só foram revendidas no anocalendário de 2008; (ii) o Método PRL 20% foi adotado para apurar os preços de transferência; (iii) as importações efetuadas, no anocalendário de 2008, estão na tabela à fl. 1264, com base na qual foi calculado, para cada mercadoria, o preço médio ponderado praticado seguindo a IN SRF 243/2002: a) ao preço praticado na importação (FOB), foram integrados os valores de transporte e seguro (CIF) e os de tributos não recuperáveis (Imposto de Importação), devidos na importação (art. 4º, § 4º); b) foi feita a ponderação em função das quantidades negociadas (art. 12, § 2º); c) não há estoque inicial, conforme informado pela empresa e já mencionado, neste TV; Adiciona que (i) a tabela à fl. 1265 traz a apuração dos preços praticados, para o anocalendário de 2008; (ii) os preços parâmetros de cada um dos produtos revendidos que constam na tabela apuração dos preços parâmetros para o anocalendário de 2008, às fls. 1266/1267, foram apurados seguindo a IN SRF 243/2009: a) a margem de lucro de 20% foi aplicada sobre o preço de revenda, constante da nota fiscal, excluídos apenas os descontos incondicionais concedidos (art. 12, § 8º); b) a margem de lucro de 20% (calculada) foi subtraída do valor total das revendas, já excluídos os descontos incondicionais (art. 12, § 8º); c) do resultado acima, foram subtraídos os valores totais dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas: ICMS, PIS e COFINS e o valor total das comissões e corretagens (art. 12, inc. II); d) o preço médio ponderado parâmetro (PRL 20%) foi obtido dividindose o valor do resultado acima pela quantidade total de revenda; Consignou que a comparação entre os preços praticados (nas operações de aquisição de pessoas vinculadas) e os preços parâmetros considerando a margem de divergência de 5%, para mais ou para menos, de acordo com o art. 38 da IN SRF 243/2002, mostrou quais os itens que apresentaram preços praticados superiores aos preços parâmetros, conforme já descrito neste TV; Os ajustes resultam da multiplicação da quantidade adquirida pela diferença positiva entre os preços praticados e os preços parâmetros, como mostra a tabela de ajustes para o anocalendário de 2008 (fl. 1268). Receitas contabilizadas e não declaradas: A ação fiscal referente a PIS e COFINS das operações “back to back” (anos calendário de 2006 a 2008) mostrou diferenças entre os valores declarados como receita de exportação no Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais DACON e os valores declarados na DIPJ/2007, como mostram as tabelas às fls. 1269, 1270 e 1271. Fl. 1520DF CARF MF Impresso em 14/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2014 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 13/01/2014 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 22/01/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720017/201122 Resolução nº 1402000.233 S1C4T2 Fl. 6 5 As contas dos balancetes foram agrupadas para representar as mesmas rubricas das linhas da Ficha 06A Demonstração do Resultado das DIPJs. As tabelas de receitas apuradas, por tipo de receita, com base nos balancetes trimestrais, para os anoscalendário de 2006 a 2008, constam às fls. 1273/1275. Foi, então, efetuado o cotejo, por tipo de receita, entre os valores declarados nas DIPJs e os escriturados e contabilizados nos balancetes trimestrais dos anoscalendário de 2006 a 2008, que consta nas tabelas de fls. 1276 a 1278. Tal cotejo evidenciou que não foram declaradas, nas DIPJs dos anoscalendário de 2006 e de 2008, receitas de exportação e receitas de revendas contabilizadas no Razão Analítico e nos balancetes trimestrais, conforme a tabela de fl. 1279. Compensação indevida de prejuízos fiscais e bases negativas: Auditoria de preços de transferência relativa ao anocalendário de 2005 resultou em ajustes ao lucro real e à base de cálculo da CSLL, conforme Autos de Infração protocolizados sob n° 16643.000029/201068. Tais infrações alteraram os valores declarados, conforme Histórico da Compensação de Prejuízos Fiscais e Histórico da Compensação da CSLL do anocalendário de 2005 (fls. 905/916). A contribuinte apresentou impugnações, em 21/12/2011 (fls. 1373/1397, a mais abrangente) e em 20/12/2011 (fls. 1411/143), sustentando que: 1) a operação "back to back" ou "back to back credits" não é exportação ou importação vez que a legislação que rege esse tipo de operação não exige a emissão dos documentos de comércio exterior (Registro de Entrada, Declaração de Importação e Nota Fiscal) e nem o respectivo pagamento de impostos (II, IPI, etc.) e tampouco intermediação de negócios pura, em que a receita seria a comissão, embora o comprador pague à intermediadora para posterior repasse ao vendedor; 2) a operação "back to back" é uma operação mercantil inovadora, ainda em descompasso com a legislação tributária, com características de operação financeira, pois ocorrem duas contratações de câmbio, uma de compra de moeda estrangeira, relativa ao pagamento da mercadoria, e outra de venda, referente ao recebimento do valor da venda, ambas com respaldo nos documentos de compra e venda das mercadorias; 3) o fato de não haver trânsito físico das mercadorias no Brasil não impede que esteja ocorrendo uma operação de exportação, razão pela qual restará demonstrada a total improcedência do Auto de Infração em comento, tendo em vista que a Constituição Federal exonera quaisquer tributos sobre operações de empresas brasileiras com o exterior sempre que dessas operações ocorrer o ingresso de receitas do exterior; 4) Por esta razão, não há que se falar, no caso em tela, em aplicabilidade do disposto no inciso II, do artigo 12, da IN 243/02, que estabelece que os valores totais dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas devem ser deduzidos para determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL; Fl. 1521DF CARF MF Impresso em 14/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2014 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 13/01/2014 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 22/01/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720017/201122 Resolução nº 1402000.233 S1C4T2 Fl. 7 6 5) em resumo, as receitas advindas das operações "back to back" são equiparadas às de exportação, de modo que são isentas de PIS e COFINS, nos moldes do art. 14, da MP 2.15835/01; 6) a Receita Federal do Brasil, através de Soluções de Consulta, entende que a receita proveniente de operações "back to back" não pode ser considerada como receita de exportação de mercadorias para o exterior, razão pela qual não estaria abrangida pelo rol de nãoincidência da legislação atinente às Contribuições ao PIS e à COFINS supracitadas. Entretanto, tal entendimento não merece prosperar; 7) a exigibilidade do crédito tributário de PIS e COFINS sobre operações "back to back" (processos 16643.000049/201017 e 16561720.018/201177) está suspensa, nos termos do art. 151, inciso III, do CTN; 8) conforme os balancetes trimestrais e DIPJ's não há que se falar em qualquer omissão de receitas, pois os valores supostamente não declarados foram verificados nos balancetes de zeramento da contribuinte, ao passo que os relatórios e os documentos que demonstrariam não existir omissão de receita foram ignorados pela fiscalização; 9) não cabe a multa qualificada de 75%, cabendo, no máximo, a multa de 20%, nos termos do § 2° do art. 61, da Lei n.º 9.430/96. A 4ª Turma da DRJ/SP1 considerou a impugnação improcedente (fls. 1452/1466), nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. OPERAÇÕES “BACK TO BACK”. MÉTODO PRL. DEDUÇÃO DE PIS E COFINS DO PRÊÇO D (sic) O método PRL aplicase a bens, serviços ou direitos adquiridos no exterior, mesmo que estes não transitem pelo território brasileiro, como ocorre nas operações “back to back”, sendo correto diminuir os valores de PIS e COFINS incidentes sobre as vendas dos respectivos preços de revenda. AUTO REFLEXO. CSLL. O decidido quanto ao IRPJ aplicase à tributação dele decorrente. Em sede de recurso voluntário (fls. 1476/1499), a Recorrente alega, em primeiro lugar, a possibilidade de que as instâncias administrativas anulem atos eivados de inconstitucionalidades, com base no poder de autotutela da Administração. Em seguida, argumenta sobre a nãoincidência do PIS e da COFINS sobre as operações “back to back”, eis que entende se tratarem de efetivas receitas de exportações, vinculadas que são a contratos de câmbio e ao ingresso de divisas em território nacional, nos termos dos artigos 5º e 6º das Leis 10.637/02 e 10.833/03. Portanto, não se haveria que cogitar Fl. 1522DF CARF MF Impresso em 14/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2014 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 13/01/2014 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 22/01/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720017/201122 Resolução nº 1402000.233 S1C4T2 Fl. 8 7 de aplicação do art. 12, II da IN SRF 243/02, no sentido de se deduzir os valores referentes a tais contribuições no cálculo do preçoparâmetro. Subsidiariamente, alega que as receitas das operações de back to back são receitas financeiras, o que as sujeitaria à alíquota zero, afastando também a dedução de quaisquer valores de PIS e COFINS no cálculo do preçoparâmetro. Alega que o lançamento de PIS e COFINS sobre tais receitas (16643.000049/201017) se encontra pendente de julgamento neste CARF, estando sua exigibilidade suspensa. Alega não haver omissão de receitas de exportação e de revendas, como afirmado no relatório fiscal. Os valores supostamente omitidos estariam no balancete de zeramento da recorrente, e não no razão analítico e balancetes trimestrais. Por fim, repisa suas alegações no sentido de que não cabe multa de ofício nos casos em que o contribuinte cumpriu regularmente suas obrigações acessórias, não sonegando informações ao fisco, seria cabível apenas multa de 20%. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões ao recurso voluntário (fls. 1504/1515) combatendo os argumentos do contribuinte e aduzindo, em síntese, que: 1) Não são objeto do presente processo outros aspectos relacionados ao controle de preços de transferência, como a legalidade da IN 243/02, ou a juridicidade do controle sobre operações back to back. Tampouco foram contestadas as imposições fiscais sobre as operações realizadas por intermédio de interposta pessoa, de modo que nada há a ser decidido sobre tais temas. 2) Em que pese os lançamentos de PIS e COFINS incidentes sobre as mercadorias revendidas não sejam objeto do presente processo, é imprescindível discutir a incidência desses tributos sobre as operações da recorrente, pois esses valores somente serão deduzidos, nos termos do art. 12, II, da IN 243/02, se confirmada sua incidência sobre as vendas realizadas pela autuada. Nesse passo, é certo que a autuada não recolheu tais contribuições sobre as vendas, mas isto não implica que elas não sejam devidas. Com efeito, aguardam julgamento na 3ª Seção deste CARF os processos 16643.000049/201017 e 16561.720018/201177, referentes aos lançamentos de PIS e COFINS sobre as revendas em operações back to back efetuadas nos anos de 2005, 2007 e 2008. Segundo consta do TVF (fl. 5), há ainda o processo 16643.000285/201033, com o lançamento das contribuições referente a 2006. Assim, por questão de cautela e segurança jurídica, bem como pela conexão verificada, se pede preliminarmente a suspensão do julgamento do presente processo até que a 3ª seção se pronuncie definitivamente sobre a incidência de PIS e COFINS nos autos supra mencionados, de modo a evitar decisões conflitantes. 3) a operação back to back não se caracteriza como uma operação meramente cambial e as receitas delas decorrentes não se classificam como receitas financeiras, pois a relação jurídica que se estabelece é mercantil. Os contratos de câmbio relacionados a tais operações são celebrados, unicamente, para operacionalizálas monetariamente, sendo mero instrumentos daquelas operações. O câmbio não é a finalidade, em si, do back to back, e este, por sua vez, não é levado a efeito para obtenção de receitas decorrentes de contratos de câmbio, mas sim para o auferimento das receita oriundas de transação comercial realizada com mercadorias. Fl. 1523DF CARF MF Impresso em 14/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2014 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 13/01/2014 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 22/01/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720017/201122 Resolução nº 1402000.233 S1C4T2 Fl. 9 8 4) as receitas oriundas das operações back to back também não podem ser classificadas como receitas decorrentes da prestação de serviços a pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas no exterior, para fins de aplicação da isenção prevista no artigo 5º, I da Lei 10637/02 e do artigo 6º, I da Lei 10833/03. Isto porque, no caso de se considerar a operação como mera prestação de serviços, a receita dela decorrente representaria receita de simples intermediação, ou seja, uma simples comissão pela atividade de aproximação de comprador e vendedor, para a realização de negócio jurídico entre eles. Pensar na operação back to back como uma prestação de serviço de intermediação seria considerar que nela não há transferência de propriedade de mercadoria do vendedor para o intermediário que, por sua vez, não realizaria venda alguma. 5) também não se pode dizer que as receitas obtidas com as vendas em operações back to back sejam receitas decorrentes de exportação, afastadas da incidência do PIS e da COFINS. Não há exportação se não houver saída de bens, produtos e serviços para além das fronteiras do país. 6) A pretensão de que a operação back to back seja equiparada a uma exportação propriamente dita, somente pode ser aceita no caso de haver previsão legal para tanto. No entanto, o regulamento aduaneiro, em momento algum, trata a operação back to back como se fosse exportação, como o faz, por exemplo, para os casos de vendas de mercadorias que permanecem no país, desde que o pagamento por tal venda seja efetivado em moeda estrangeira de livre conversibilidade e o produto exportado tenha uma das destinações expressamente previstas no artigo 233 do Regulamento Aduaneiro, dentre a quais citamos a incorporação a bem que se encontre no país, de propriedade do comprador estrangeiro, inclusive em regime de admissão temporária; a entrega, em consignação, a empresa nacional autorizada a operar o regime de loja franca; a entrega, no país, a missão diplomática ou repartição consular. 7) A Receita Federal do Brasil já se manifestou sobre a questão, conforme trecho da Solução de Consulta nº 398, elaborada pela SRRF08/Disit, em 23/11/2010. 8) Caso houvesse exportação – e, como premissa básica, a correspondente importação das mercadorias –, a empresa gozaria da isenção pleiteada, quanto às receitas supostamente decorrentes da exportação, mas, em contrapartida, deveria recolher os tributos incidentes na importação daquele bem (II, IE, IPI, PIS e COFINSimportação), o que, no entanto, não foi sequer mencionado ou demonstrado pela recorrente. 9) Em sendo devido PIS e COFINS sobre as receitas de revenda das mercadorias, está correta a aplicação do art. 12, II da IN SRF 243/02, deduzindose do valor de revenda, o valor de tais contribuições, para que enfim se encontre o preçoparâmetro a ser considerado nos ajustes de preços de transferência. 10) A análise do razão analítico e dos balancetes trimestrais evidencia que as receitas totais contabilizadas em todos os trimestres de 2006 e no 1º trimestre de 2008 não correspondem ao total declarado nas DIPJ respectivas, como mostram claramente as tabelas IV e VI do TVF (fls. 46/48). O fato de as receitas constarem da contabilidade do contribuinte não o exime da obrigação de declarála e constituir o crédito tributário delas decorrente. Ante a ausência de declaração de receitas contabilizadas, sem que tenha havido a tempestiva retificação (nem sequer a negativa de que tais receitas tenham sido auferidas), deve ser constituído o crédito tributário decorrente da omissão de tais receitas nas declarações fiscais do contribuinte. Fl. 1524DF CARF MF Impresso em 14/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2014 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 13/01/2014 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 22/01/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720017/201122 Resolução nº 1402000.233 S1C4T2 Fl. 10 9 11) Percebese que a recorrente confunde a multa de mora com a multa de ofício. A multa de ofício lançada não foi qualificada de nenhuma forma. Tratase da multa ordinária de 75% do valor do crédito tributário, devida sempre que houver falta de pagamento, recolhimento ou declaração, nos termos do art. 44, I da Lei 9430/96. É o Relatório. Voto Conselheiro CARLOS PELÁ, Relator Pois bem. Em suas peças recursais, a Recorrente contesta, quanto à primeira infração relacionada ao ajustes de preços de transferência, a metodologia de cálculo dos ajustes, tão somente no que diz respeito à dedução dos valores devidos a título de PIS e COFINS nas operações back to back, para efeito de apuração dos preçosparâmetro. Alega que essas operações não estão sujeitas à incidência dessas contribuições (o que afastaria a aplicação do art. 12, II da IN SRF 243/02); e, portanto, nada deve ser deduzido do preço parâmetro. Subsidiariamente, alega que, o resultado dessas operações seria receita financeira, sujeita à alíquota zero de PIS e COFINS (o que também afastaria a aplicação do art. 12, II da IN SRF 243/02); e pleiteia a suspensão da exigibilidade do lançamento de PIS e COFINS sobre tais receitas, tendo em vista recurso voluntário nos processos respectivos. Quanto às demais infrações, a Recorrente se limita a afirmar que não há omissão de receitas, sem justificar as discrepâncias entre receitas escrituradas e receitas declaradas, como apurou a fiscalização; e, por fim, propõe a redução da multa de ofício para 20%. Não são objeto do presente processo outros aspectos relacionados ao controle de preços de transferência, como a legalidade da IN 243/02 ou a juridicidade do controle sobre operações back to back. Tampouco foram contestadas as imposições fiscais sobre as operações realizadas por intermédio de interposta pessoa, de modo que nada há a ser decidido sobre tais temas. Delimitados os limites do recurso voluntário, passase a rebater os argumentos da Recorrente. Omissão de receitas Quanto à infração relacionada à omissão de receitas operacionais escrituradas, a Recorrente limitase a sustentar que inexiste omissão de receitas, sem justificar as divergências apuradas pela fiscalização entre as receitas escrituradas e as declaradas. Nesse passo, a Recorrente sequer nega que os valores deixaram de ser informados em sua DIPJ, afirmando apenas que tais valores poderiam ter sido verificados nos balancetes de zeramento e nos documentos entregues à fiscalização no curso do procedimento fiscalizatório. Fl. 1525DF CARF MF Impresso em 14/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2014 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 13/01/2014 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 22/01/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720017/201122 Resolução nº 1402000.233 S1C4T2 Fl. 11 10 Contudo, a análise do razão analítico e dos balancetes trimestrais evidencia que as receitas totais contabilizadas em todos os trimestres de 2006 e no 1º trimestre de 2008 não correspondem ao total declarado nas DIPJ respectivas, como mostram claramente as tabelas IV e VI do TVF (fls. 46/48). Destarte, o fato de as receitas constarem da contabilidade da Recorrente não a exime da obrigação de declarálas e constituir o crédito tributário delas decorrente. Ante a ausência de declaração de receitas contabilizadas, sem que tenha havido a tempestiva retificação (ou sequer a negativa de que tais receitas tenham sido auferidas), deve ser mantido o crédito tributário decorrente da omissão de tais receitas nas declarações fiscais da Recorrente. Adicionalmente, cabe esclarecer que a base legal da multa de ofício de 75% consta nos autos de infração. Tratase da multa ordinária de 75% do valor do crédito tributário, devida sempre que houver falta de pagamento, recolhimento ou declaração, nos termos do art. 44, I da Lei 9430/96. Portanto, nenhum reparo deve ser feito no lançamento no que diz respeito aos acréscimos legais constituídos. Ajustes de preços de transferência Para que se possa decidir se está correta a metodologia de cálculo dos ajustes utilizada pela fiscalização, no que diz respeito à dedução dos valores devidos a título de PIS e COFINS nas operações back to back, para efeito de cálculo dos preçosparâmetro, é necessário saber se o PIS e a COFINS são efetivamente devidos nesse tipo específico de operação. Considerando que a incidência do PIS e da COFINS nas operações de back to back realizadas pela Recorrente nos anoscalendário de 2006, 2007 e 2008 encontramse em discussão nos processos administrativos 16643.000049/201017, 16561.720018/201177 (anos 2007 e 2008) e 16643.000285/201033 (ano 2006), nesse ponto, entendo por bem sobrestar a análise do presente caso. A análise da matéria controversa nestes autos (incidência do PIS e da COFINS nas operações back to back) é a mesma matéria que vem sendo discutida nos autos dos processo administrativos em referência. Isso porque, a dedução dos valores de PIS e COFINS do cálculo dos preços parâmtero discutida na presente autuação, só poderá ser considerada procedente, quando houver uma decisão administrativa definitiva sobre a incidência dessas contribuições nas operações realizadas. Vale notar que, conforme pesquisa realizada no sítio eletrônico do CARF, apenas os processos administrativo nº. 16643.000049/201017 e 16561.720018/201177 encontramse aguardando o julgamento de Recurso Voluntário interposto pela Recorrente. No que toca à possibilidade de sobrestamento, tenho como certo que, muito embora não prevista expressamente no Decreto nº. 70.235/1972, encontrase prevista no artigo 265, inciso IV do Código de Processo Civil, legislação que se aplica subsidiariamente aos processos administrativos. Fl. 1526DF CARF MF Impresso em 14/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2014 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 13/01/2014 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 22/01/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720017/201122 Resolução nº 1402000.233 S1C4T2 Fl. 12 11 Segundo o mencionado artigo, suspendese o processo quando a decisão de mérito depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência de relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente, como ocorre no presente caso. Assim, uma vez que a decisão sobre a (im)procedência da dedução do PIS e da COFINS no cálculo dos preçosparâmetro levados a cabo pela fiscalização está em discussão nos processos administrativos citados, entendo prudente o sobrestamento do feito até decisão definitiva naqueles processos. É importante destacar, contudo, que a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória (parágrafo único, art. 142 do CTN), não a elidindo o fato de haver processo administrativo ou mesmo ação judicial em curso sobre a matéria conexa ao objeto do lançamento tributário. Assim, na ausência de decisão administrativa definitiva a favor do contribuinte ou de decisão judicial impeditiva do lançamento é dever de oficio o lançamento tributário pela autoridade fiscal. Por tudo quanto exposto até aqui, Senhor Presidente, proponho que o presente processo aguarde a decisão a ser proferida nos processos administrativos nº. 16643.000049/201017 e 16561.720018/201177, quando então o julgamento estará em condições de prosseguir. Carlos Pelá Fl. 1527DF CARF MF Impresso em 14/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2014 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 13/01/2014 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 22/01/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 10830.005862/94-91
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri May 22 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/1992 a 20/05/1993
IPI. REGIME DE SUSPENSÃO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA.
Ficando comprovado que o executor da encomenda utilizou produtos de sua industrialização, não poderá haver a saída do produto com a suspensão do IPI.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.198
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente
(assinado digitalmente)
RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Otacílio Dantas Cartaxo.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/1992 a 20/05/1993 IPI. REGIME DE SUSPENSÃO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. Ficando comprovado que o executor da encomenda utilizou produtos de sua industrialização, não poderá haver a saída do produto com a suspensão do IPI. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Especial. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente (assinado digitalmente) RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Otacílio Dantas Cartaxo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 58 62 /9 4- 91 Fl. 325DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARR ETO 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão 20180.398, de 21/06/2007, cuja ementa se transcreve a seguir: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/10/1992 a 20/05/1993 Ementa: IPI. REGIME DE SUSPENSÃO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. Só poderá retornar com suspensão de lançamento do IPI no documento fiscal o produto industrializado por encomenda em cuja operação o executor da encomenda não tenha utilizado produtos de sua industrialização ou importação. Recurso negado. Contra a empresa em epígrafe foi lavrado o Auto de Infração de fls. 84/86, com os respectivos demonstrativos, enquadramento e descrição de fls. 72/83, em razão da saída de produtos tributados sem o lançamento do IPI, por ter se utilizado incorretamente do instituto da suspensão do imposto, nos termos do RIPI/82, inciso II, artigo 36, combinado com o artigo 35, pois empregou o produto tributado de sua fabricação, Phamaster, bem como insumo por ele importado (item 7 do Termo de Constatação de fl. 57), na industrialização do produto final PhasarSX, encomendado pela empresa Brastemp. Assim, foi constituído o crédito tributário total de 116.072,86 Ufir, conforme discriminado à fl.: 84, sob a capitulação legal de fl. 77. Cientificada em 18/10/1994, apresentou, em 11/11/1994, a tempestiva impugnação de fls. 91/96, acompanhada do contrato social de fls. 97/110, alegando, em síntese, o seguinte: Nada impede que algum dos insumos enviados pelo encomendante seja substituído por um mesmo produto do estoque do executor da encomenda, caso tenham sido adquiridos de terceiros, portanto não industrializados ou importados pelo executor. Nota que o texto da acusação não oferece esta necessária distinção, apenas diz que o insumo, nacional ou importado é do próprio estoque da impugnante, o que resulta em uma acusação totalmente desprovida de consistência. Também não ficou demonstrado quais valores se referem ao item “a”, nem quais valores referemse ao item “b”, na “Descrição dos Fatos” de fl.: 80. Pelo exposto nos itens anteriores ficou demonstrado que a acusação é ambígua e confusa, pois o autor do feito deixando de cumprir os requisitos do inciso III do art. 10, comprometeu o processo com vícios insanáveis, constituindose em clara Fl. 326DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARR ETO Processo nº 10830.005862/9491 Acórdão n.º 9303003.198 CSRFT3 Fl. 227 3 preterição do direito de defesa. Portanto conclui, apoiandose em reiterados decisões do Conselho de Contribuintes, que o Auto de Infração é nulo. Quanto ao mérito afirma que: “Não é correto afirmar que foi empregado produto de fabricação do estabelecimento na industrialização por encomenda. O produto industrializado pelo estabelecimento é o composto de polipropileno, que foi convencionado chamarse Phasarsx. Para se efetuar sua industrialização é necessário adicionar ao polipropileno matérias corantes. Antes dessa adição, as matérias corantes, nacionais e adquiridas de terceiros, são preparadas, numa operação basicamente constituída de mistura e aglutinação dos elementos. A este material misturado, aglutinado, o estabelecimento convencionou, para efeito interno, chamar de Phamaster. Uma vez preparado, este material é adicionado ao polipropileno, dando origem ao produto final. O polipropileno passa por preparo similar ao do chamado Phamaster. È um processo contínuo de industrialização. È um só processo, com duas etapas, ou dois ciclos. O material corante aglutinado chamado internamente, de Phamaster, não faz parte da linha produtiva normal do estabelecimento. Não é comercializado. Não tem “status” de produto autônomo. È apenas um componente do produto em fabricação, preparado exclusivamente para ser adicionado ao polipropileno, dentro do processo de industrialização do produto final. O preparo prévio do material não é necessário. È dispensável. È secundário. Os elementos corantes poderiam ser adicionados diretamente ao polipropileno, para sua aditivação e obtenção do produto final, conforme consta do “Termo de Conclusão da Auditoria Fiscal”, lavrado pelo Sr. Agente Fiscal.” O recurso voluntário foi negado, nos termos da ementa transcrita acima. O contribuinte interpôs recurso especial repisando as alegações anteriores. A PGFN apresentou contrarrazões pedindo a manutenção do julgado. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 327DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARR ETO 4 O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Conheço o recurso e passemos à análise do mérito. Tratase basicamente de uma questão probatória. Enquanto a fiscalização afirma que o executor da industrialização por encomenda usou produtos de sua fabricação ou produtos importados a autuada admite tal fato mas alega que o produto obtido não faz parte de sua linha de comercialização normal. Vejamos: Como visto, as Autoridades Fazendárias, tanto no auto de infração quanto no v. acórdão ora recorrido, insistem em alegar que a Recorrente utilizou, na operação de industrialização por encomenda em foco, produtos de sua produção ou por ela diretamente importados. No entanto, não foram apresentados quaisquer elementos materiais que comprovem tal assertiva. Num esforço de corroborar o odioso auto de infração em tela, o v. acórdão recorrido faz referências a demonstrativos e conceitos básicos de "masterbatches", que para nada servem para justificar e sanar os vícios apontados nas razões de recurso voluntário. De fato, o produto industrializado por encomenda aqui enfocado nos autos é o composto de polipropileno, que foi convencionado para chamarse PHASARSX. Para se efetuar sua industrialização foi necessário adicionar ao polipropileno matérias corantes. Antes dessa adição, as matérias corantes são preparadas numa operação basicamente constituída de mistura e de aglutinação dos elementos. A esta mistura o estabelecimento convencionou, para efeito interno, chamar de PHAMASTER. Uma vez preparado, este material é adicionado ao polipropileno, dando origem ao produto final. É um processo continuo de industrialização. É um só processo com duas etapas, ou dois ciclos. É importante ressaltar que para a produção do PHAMASTER não foram utilizados produtos tributados de sua industrialização ou importação, motivo pelo qual não houve a desvirtuação do instituto da suspensão do IPI, nos termos no artigo 36, inciso II, do então vigente RIPI/82. Frisese que a mistura internamente denominada PHAMASTER não faz parte da linha produtiva normal do estabelecimento da Recorrente. Não é comercializada. Não tem "status" de um produto autônomo. É apenas um componente do produto em fabricação preparado exclusivamente para ser adicionado ao polipropileno, dentro do processo de industrialização do produto final, que . foi remetido ao estabelecimento que solicitou a encomenda. 0 preparo prévio do material não é necessário. É dispensável. É secundário. Os elementos corantes em comento poderiam ser adicionados diretamente ao polipropileno, para fins de obtenção do produto final, tudo conforme amplamente demonstrado nos autos. Fl. 328DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARR ETO Processo nº 10830.005862/9491 Acórdão n.º 9303003.198 CSRFT3 Fl. 228 5 Ela diz que a fiscalização alegou mas não provou o uso de produtos de sua fabricação nos produtos em que foram dada saída com suspensão do IPI. O colegiado a quo aprovou uma resolução solicitando uma diligência, que tinha sido negada pela DRJ, nos seguintes termos: Submetido o processo a julgamento, através da Resolução nº 20100.499, tendo como Relator o eminente Conselheiro Rogério Gustavo Dreyer, esta Colenda Câmara houve por bem, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator, para que a autuante informasse e verificasse: a) se o produto denominado PHAMASTER, por sua formulação ou por sua natureza, pode constituirse em produto industrializado e com colocação no mercado, quer como produto destinado a consumo final, quer para ser agregado em outro produto não fabricado pela autuada, na condição de matériaprima ou de produto intermediário; b) em caso de resposta positiva ao item acima, qual a classificação fiscal atribuída ao mesmo à época dos fatos geradores, com a alíquota naquele período vigente; e c) se houve fornecimento do referido produto, como identificado pela resposta acima, ao mercado, no período da autuação, admitindose o levantamento por amostragem suficiente para comprovar a habitualidade da venda. No atendimento à Diligência determinada a d. Fiscalização informou às fls. 222/223 que: “Em atendimento ao acima solicitado temos a informar o seguinte: Em relação ao item a, verificase que, conforme Termo de Conclusão da Auditoria Fiscal (doc de fl. 57), o fiscal que procedeu ao lançamento., com vista às informações prestadas pelo contribuinte, conclui que: as diversas fases do processo de fabricação, exercida sob as matérias primas, caracterizase como industrialização, visto que dela resulta na obtenção de um novo produto denominado Phamaster. (transformação RIPI/82, artigo 3°, inciso I. Ressaltamos que concordamos inteiramente com essa conclusão. Com relação à possibilidade de colocação do referido produto no mercado, entendemos que a resposta a essa indagação depende de um estudo mercadológico, o que nos parece estar muito distante de nossa área de atuação. Ademais, além da empresa não mais produzilo desde 1994 conforme informação do contribuinte , a legislação que trata do conceito de industrialização não faz referência a essa questão; Em relação ao item b, conforme o já mencionado Temo de Conclusão da Auditoria Fiscal, a classificação fiscal atribuída é a 32.06.49.99.00; Em relação ao item c: intimamos o contribuinte a apresentar arquivo em meio magnético das notas fiscais de saída dos anos Fl. 329DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARR ETO 6 calendários de 1992 a 1994 (doc de fl. 220). Em resposta essa intimação o contribuinte informa que não foi possível restaurar os arquivos desses anos de fl. 221). Assim, comparecemos ao estabelecimento do contribuinte e verificamos, amostragem, as notas fiscais de saída relativas ao referido período e encontramos saída do produto Phamaster apenas agregado ao produto PhasarSX, encomendado pela empresa Brastemp; E, finalmente, não vislumbrando qualquer outro elemento que nos pareça necessário ao deslinde da controvérsia discutida, damos vistas desta Informação Fiscal ao contribuinte, para, se desejar., manifestarse sobre o mesmo no prazo de 30 dias.” Ademais, a diligência deixou claro que no produto industrializa que foi dado saída com suspensão do imposto foram utilizados produtos de industrialização do executor, sendo devido, portando, o pagamento do IPI referente às referidas saídas do produto para o estabelecimento encomendante. Podemos perceber que não há, por parte da recorrente, uma negativa de uso de produtos de sua industrialização. Tal fato, por si, já elimina a possibilidade de a executora dar saída dos produtos com suspensão do IPI. No voto da DRJ também foi feita uma análise minuciosa com a conclusão que houve o uso de insumos de propriedade do executor. O próprio contribuinte apresentou à fiscalização um relatório do “processo básico de fabricação”, de fl. 50, “matérias primas empregadas no produto Phamaster”, de fl. 52, e “compostos termoplásticos”, de fls. 54/57, revelam que: “... a fim de produzir para este mercado temos que aditivar nossos produtos acabados com pigmentos, que quando combinados produzem diversas nuances de cores de acordo com as especificações. Estes pigmentos, também chamados corantes, podem ser adicionados diretamente na formulação dos compostos durante o processo ou requerem sejam produzidos previamente pela aglutinação de vários itens resultando então no material denominado “masterbatch” (ao pé da letra significa “lote mestre”) que se constitui num subproduto típico da indústria de compostos. (daí a designação “phamaster”) (destaquei) Diz relator na DRJ que: O texto prima pela clareza, o “masterbatch”, chamado pela Phapol de “phamaster”, é o produto resultante da mistura e aglutinação de várias matérias primas (estearato de cálcio, dióxido de titânio rkb2, pigmentos, cera cp, copolímero 12c20T, dentre outros). Nada mais seria necessário para ficar caracterizada a industrialização, nos termos do art. 3º, inciso I, do RIPI/82, qual seja: Fl. 330DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARR ETO Processo nº 10830.005862/9491 Acórdão n.º 9303003.198 CSRFT3 Fl. 229 7 Art. 3º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei n.º 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, e Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46, parágrafo único): I a que, exercida sobre matériaprima ou produto intermediário, importe na obtenção de espécie nova (transformação); Todos os fatos descritos nos levam à conclusão que o produto fabricado pelo executor e destinado à Brastemp não poderia ter saído com suspensão do IPI, sujeitandoo ao pagamento do imposto sobre o valor total da operação (art. 14, II da Lei 4.502/64) por descumprimento do art. 42 do RIPI/82. Em face do exposto, nego provimento ao recurso especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator Fl. 331DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARR ETO
score : 1.0
Numero do processo: 17878.000139/2009-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon May 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 21/09/2003 a 30/09/2003
INDEFERIMENTO DE DILIGÊNCIA. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO.
A realização de diligência depende da convicção do julgador, que pode indeferir, ao seu livre arbítrio, as diligências que entender prescindível, sem que isso gere nulidade do processo.
NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA.
In casu, a Contribuinte foi intimada a apresentar as informações acerca da origem do crédito e os documentos que o comprovam. Após analisar os documentos fiscais obrigatórios, a delegacia de origem negou o direito creditório, fundamentadamente, com base em matéria de fato e em matéria de direito. Logo, não existiu o cerceamento de defesa alegado e não há motivo para declarar a nulidade do despacho decisório.
IPI. VTM (VALOR TRIBUTÁVEL MÍNIMO). APLICABILIDADE.
O valor tributável mínimo tem previsão legal na Lei nº 4.502/64, que continua vigente. Portanto, é legal a exigência de valor mínimo em operações com incidência do IPI.
Numero da decisão: 3401-002.885
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Presidente.
JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Jean Cleuter Simões Mendonça, Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Angela Sartori e Bernardo Leite de Queiroz Lima. Fez sustentação oral pela Recorrente a Dra. Bianca Ramos Xavier, OAB/RJ n. 121.112.
Nome do relator: JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA
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Recorrida DRJ JUIZ DE FORA/MG ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 21/09/2003 a 30/09/2003 INDEFERIMENTO DE DILIGÊNCIA. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. A realização de diligência depende da convicção do julgador, que pode indeferir, ao seu livre arbítrio, as diligências que entender prescindível, sem que isso gere nulidade do processo. NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. In casu, a Contribuinte foi intimada a apresentar as informações acerca da origem do crédito e os documentos que o comprovam. Após analisar os documentos fiscais obrigatórios, a delegacia de origem negou o direito creditório, fundamentadamente, com base em matéria de fato e em matéria de direito. Logo, não existiu o cerceamento de defesa alegado e não há motivo para declarar a nulidade do despacho decisório. IPI. VTM (VALOR TRIBUTÁVEL MÍNIMO). APLICABILIDADE. O valor tributável mínimo tem previsão legal na Lei nº 4.502/64, que continua vigente. Portanto, é legal a exigência de valor mínimo em operações com incidência do IPI. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 87 8. 00 01 39 /2 00 9- 83 Fl. 253DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Jean Cleuter Simões Mendonça, Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Angela Sartori e Bernardo Leite de Queiroz Lima. Fez sustentação oral pela Recorrente a Dra. Bianca Ramos Xavier, OAB/RJ n. 121.112. Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP transmitida em 10/11/2004 (fls. 03/07), pela qual a Contribuinte pretende o ressarcimento de crédito do IPI, no valor de R$ 867.097,50, recolhido, supostamente, indevidamente ou a maior, em outubro de 2004, para compensar com débito também do IPI do terceiro decêndio de outubro de 2004, no valor de R$ 1.006.873,62. Em despacho decisório fl. 82/84, a Delegacia da Receita Federal em Volta Redonda/RJ indeferiu o direito creditório. A Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade (fls. 95/115), mas a DRJ em Juiz de Fora/MG manteve o indeferimento do crédito, ao prolatar acórdão com a seguinte ementa: “PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR QUE O DEVIDO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Nos termos das disposições do art. 165 do CTN, não há como reconhecer direito creditório informado como pagamento indevido se não restar comprovado que o valor do pagamento do tributo foi superior ao devido em face da legislação tributária aplicável. Eventual inadequação na forma de tributação do imposto, da qual não resulte pagamento em montante superior ao devido, não enseja direito a restituição. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido”. A Contribuinte foi intimada do acórdão da DRJ em 16/07/2010 (fl.219) e interpôs recurso voluntário em 17/08/2010 (fls.220/238) com as alegações resumidas abaixo: Fl. 254DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 17878.000139/200983 Acórdão n.º 3401002.885 S3C4T1 Fl. 255 3 1 Nulidade do acórdão da DRJ por ter indeferido a realização de perícia contábil; 2 A base de cálculo mínima do IPI é ilegal, pois é determinada pelo art. 136 do Regulamento do IPI, mas o CTN, que é lei complementar e superior ao decreto do regulamento do IPI, em seu art. 47, determina que a base de cálculo deve ser o valor da efetiva operação; 3 Em suas operações, a Recorrente vendia os veículos em valor menor que o valor da importação, escriturava os créditos da entrada, mas, por equívoco, estornava a diferença do valor entre a entrada e a saída. Como não existe previsão legal que obrigue o estorno dessa diferença, a Recorrente tem direito ao crédito que estornou; 4 Todos os créditos estornados foram lançados no LRIPI; 5 O direito ao crédito pode ser comprovado em realização de diligência; Ao fim, a Recorrente pediu a nulidade do acórdão da DRJ, a nulidade do despacho decisório ou a homologação da compensação declarada. Além disso, a Recorrente protestou pela produção de prova pericial. É o Relatório. Voto Conselheiro Jean Cleuter Simões Mendonça O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A Recorrente pretende o ressarcimento de crédito do IPI supostamente pago de modo indevido ou a maior para compensar com outro débito do IPI. As matérias devolvidas para apreciação foram as seguintes: nulidade do acórdão da DRJ, nulidade do despacho decisório, ilegalidade da base de cálculo mínima do IPI, existência do crédito e necessidade de realização de diligência. Delimitadas as matérias, podese passar à análise. 1 Da nulidade do acórdão da DRJ A Recorrente alega que o acórdão da DRJ é nulo em razão de aquela instância julgadora ter negado a realização de perícia contábil. A DRJ negou a realização de diligência sob dois fundamentos: o primeiro, em razão de, no entendimento da DRJ, o único documento que poderia comprovar o Fl. 255DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 pagamento a maior ser o RAIPI, que foi juntado aos autos e não provou o alegado; o segundo, porque análise do crédito foi dirimida com base em matéria de direito, fazendo prescindível qualquer análise de matéria de fato. Ocorre que o indeferimento de diligência por parte da DRJ não torna o julgamento nulo, haja vista que, nos termos do art. 18, combinado como art. 29, do Decreto nº 70.235/72, a realização de diligência é questão de livre convicção do julgador. A autoridade julgadora pode negar a realização de diligência se entendêla prescindível, senão, vejamos: “Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine”. “Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias”. Portanto, o acórdão da DRJ não é nulo. 2 Da ilegalidade da base de cálculo mínima do IPI A delegacia de origem aplicou a legislação do IPI pertinente à base de cálculo e concluiu que a venda de veículos por um valor inferior ao custo de aquisição não encontra amparo na legislação do IPI. A DRJ interpretou o entendimento da delegacia de origem no sentido de que, na verdade, o que se quis dizer é que a Contribuinte não poderia tributar os veículos na venda em um valor menor que o tributado na aquisição. Como a Recorrente não refutou essa afirmação, a acolho como incontroversa. Sendo assim, cabe apreciar a base de cálculo mínima. A Recorrente alega que o art. 47, do CTN, determina que a base de cálculo do IPI deve ser o valor da efetiva operação e que o valor tributável mínimo é ilegal, por ser determinado pelo decreto que regulamento o IPI, norma inferior ao CTN. Em primeiro lugar, cabe destacar que a previsão do valor tributável mínimo no RIPI 2002 (Decreto nº 4.544/02), vigente na época dos fatos objetos deste processo, tinha base na Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, mas que permanece vigente. Vejamos o que diz o art. 15, da Lei nº 4.502/64: “Art . 15. O valor tributável não poderá ser inferior: I ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente, quando o produto fôr remetido a outro estabelecimento da mesma pessoa jurídica ou a Fl. 256DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 17878.000139/200983 Acórdão n.º 3401002.885 S3C4T1 Fl. 256 5 estabelecimento de terceiro incluído no artigo 42 e seu parágrafo único; (Redação dada pelo DecretoLei nº 34, de 1966) II a 90% (noventa por cento) do preço de venda aos consumidores, não inferior ao previsto no inciso anterior, quando o produto for remetido a outro estabelecimento da mesma empresa, desde que o destinatário opere exclusivamente na venda a varejo.; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) III ao custo do produto, acrescido das margens de lucro normal da empresa fabricante e do revendedor e, ainda, das demais parcelas que deverão ser adicionadas ao preço da operação, no caso de produtos saídos do estabelecimento industrial, ou do que lhe seja equiparado, com destino a comerciante autônomo, ambulante ou não, para venda direta a consumidor”. Desse modo, o valor tributável mínimo, previsto no Decreto nº 4.544/02 (RIPI/2002) tem base legal. Afastar a legalidade do VTM em razão do CTN, dependeria de uma análise constitucional da hierarquia das leis, o que não é permitido em decorrência da Súmula nº 2, do CARF, que assim disciplina: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Desse modo, para fins de julgamento administrativo, a VTM deve ser mantido, haja vista ter base em lei vigente. Como, em resumo, o que a Recorrente pretende é o ressarcimento da diferença recolhida com base no VTM, sob premissa de que nada deveria recolher por ter vendido os veículos a um custo menor que o da aquisição/importação, o direito não lhe ampara e o pleito deve ser indeferido. Como a questão foi dirimida na análise da matéria de Direito e é incontroverso que os documentos fiscais obrigatórios não apresentam crédito em favor da Recorrente, é inócua a realização de diligência, motivo pelo qual é indeferida. Ex positis, nego provimento ao recuso voluntário interposto. Jean Cleuter Simões Mendonça Relator Fl. 257DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 6 Fl. 258DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 30 /03/2015 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
score : 1.0
Numero do processo: 13807.006847/2001-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2012
Ementa: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES
Período de apuração: 01/11/1989 a 31/12/1990
Embargos de Declaração. Cabem embargos de declaração quando verificada obscuridade, contradição ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o Colegiado. Não podem ser acolhidos para rediscussão de matéria.
Embargos Rejeitados.
Numero da decisão: 3102-01.671
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: Finsocial -proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho
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ementa_s : OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/11/1989 a 31/12/1990 Embargos de Declaração. Cabem embargos de declaração quando verificada obscuridade, contradição ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o Colegiado. Não podem ser acolhidos para rediscussão de matéria. Embargos Rejeitados.
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Cabem embargos de declaração quando verificada obscuridade, contradição ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar- se o Colegiado. Não podem ser acolhidos para rediscussão de matéria. .'rv> Embargos Rejeitados. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente. (assinado digitalmente) Álvaro Arthur L. de Almeida Filho - Relator EDITADO EM: 06/12/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Marcelo Guerra de Castro (Presidente da Turma), Ricardo Paulo Rosa, Nanei Gama, Winderley Morais Pereira, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Helder Massaaki Kanamaru. Relatório Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO. Assinado digitalmen te em 17/12/2012 por ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO Impresso em 14/03/2013 por EUNICE AUGUSTO MARIANO - VERSO EM BRANCO Fl. 1181SP SÃO PAULO DEINF Impresso em 05/06/2013 por EUNICE AUGUSTO MARIANO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2013 por NELSON UBALDO RIBEIRO DF CARF MF I I . 1131 Processo n° 13807.006847/2001-53 S3-C1T2 Acórdão n.° 3102-001.671 Fl. 1.060 Nos termos do art. 65 1 do Regimento interno do CARF aprovado pela" Portaria MF n°. 256/2009 cabem embargos quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição. No caso em liça, percebe-se que não há contradição, omissão ou obscuridade no acórdão, identifica-se que a pretensão da embargante é simplesmente discutir mais uma vez o mérito da questão, qual seja, a aplicação da SELIC a partir de janeiro de 1996, em créditos reconhecidos proferida sem observar da lei n a . 9250/95. Ante o exposto, não conheço dos embargos de declaração. Sala de sessões 27 de novembro de 2012. (assinado digitalmente) Álvaro Arthur L. de Almeida Filho - Relator 1 Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma Documento assinado digitalmente conforme MP n" 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO. Assinado digitalmen te em 17/12/2012 por ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO Impresso em 14/03/2013 por EUNICE AUGUSTO MARIANO - VERSO FM BRANCO Fl. 1182SP SÃO PAULO DEINF Impresso em 05/06/2013 por EUNICE AUGUSTO MARIANO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2013 por NELSON UBALDO RIBEIRO MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO - PRIMEIRA CÂMARA Processo n°: B^O}-O06^4>/ câoCi- 6 3 para providências cabíveis. Encaminhem-se os autos à Ü//IAJ. • c ^ C x n ^ ( X u À £ ) - S P BSB., \(f Eunice Augusjolvlariano Siape 0094473 Fl. 1183SP SÃO PAULO DEINF Impresso em 05/06/2013 por EUNICE AUGUSTO MARIANO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2013 por NELSON UBALDO RIBEIRO
score : 1.0
Numero do processo: 12898.000568/2010-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 16 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2006
OMISSÃO DE RECEITAS. NOTAS FISCAIS DE SERVIÇOS ATESTADAS PELOS CLIENTES E REGULARMENTE RECEBIDAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADAS. Subsistem as constatações fiscais, regularmente expostas e motivadas, se o sujeito passivo nega dispor de qualquer livro ou documento de sua escrituração e na defesa administrativa faz alegações dissociadas de prova documental, limitando-se a requer perícia para averiguação de livros que afirmara não possuir.
MULTA QUALIFICADA. OMISSÃO REITERADA DE RECEITAS. A prática reiterada de deixar de declarar receitas estampadas em notas fiscais apuradas junto aos clientes do sujeito passivo, sem que qualquer justificativa válida seja apresentada para esta conduta, impõe a manutenção da multa qualificada.
Numero da decisão: 1101-001.295
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, foi REJEITADA a argüição de nulidade do lançamento e NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Marcos Vinícius Barros Ottoni, Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Sérgio Luiz Bezerra Presta.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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NOTAS FISCAIS DE SERVIÇOS ATESTADAS PELOS CLIENTES E REGULARMENTE RECEBIDAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADAS. Subsistem as constatações fiscais, regularmente expostas e motivadas, se o sujeito passivo nega dispor de qualquer livro ou documento de sua escrituração e na defesa administrativa faz alegações dissociadas de prova documental, limitandose a requer perícia para averiguação de livros que afirmara não possuir. MULTA QUALIFICADA. OMISSÃO REITERADA DE RECEITAS. A prática reiterada de deixar de declarar receitas estampadas em notas fiscais apuradas junto aos clientes do sujeito passivo, sem que qualquer justificativa válida seja apresentada para esta conduta, impõe a manutenção da multa qualificada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, foi REJEITADA a argüição de nulidade do lançamento e NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 8. 00 05 68 /2 01 0- 32 Fl. 566DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 3 2 (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Marcos Vinícius Barros Ottoni, Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Sérgio Luiz Bezerra Presta. Fl. 567DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 4 3 Relatório H F N DA ROCHA PRODUÇÕES ARTÍSTICAS, já qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Rio de Janeiro I que, por unanimidade de votos, julgou IMPROCEDENTE a impugnação interposta contra lançamento formalizado em 27/05/2010, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 2.198.495,26. Consta da decisão recorrida o seguinte relato: Versa este processo sobre os Autos de Infração de fls. 236/317 (que têm como parte integrante o Termo de Verificação Fiscal), lavrados pela DEFIS/RJO, com ciência em 27/05/2010, para exigir os créditos tributários de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) – Simples no valor de R$67.885,15, de Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) – Simples no valor de R$49.693,78, de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) – Simples no valor de R$68.955,72, de Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) – Simples no valor de R$202.808,12 e de Contribuição para a Seguridade Social – INSS – Simples no valor de R$584.014,04, com multas de 75% e de 150% e juros de mora. O crédito tributário total lançado monta a R$2.198.495,26 (fl. 1). O lançamento foi efetuado em razão de, em ação fiscal, terem sido apuradas as seguintes infrações: · OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO ESCRITURADAS. Diferença apurada através de notas fiscais emitidas contra a PETROBRÁS e ELETROBRÁS, mas não declaradas em sua totalidade na PJSI/2007, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal. Em relação à omissão apurada neste item, cujos valores foram efetivamente recebidos (coincidentes com depósitos na conta corrente do interessado), o que indica que não houve mero lapso humano, mas ato doloso, foi aplicada a multa qualificada de 150%. · OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Valores apurados conforme demonstrativo de fl. 235, uma vez que o interessado, intimado, deixou de comprovar a origem de créditos em contas correntes de sua titularidade. A irregularidade foi descrita no Termo de Verificação Fiscal. · INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Insuficiência de valor recolhido, em decorrência do total da receita bruta acumulada. O enquadramento legal se encontra nos Autos de Infração. Foi lavrada Representação Fiscal para Fins Penais (processo nº 11052.000065/201046 fl. 481). O interessado apresentou, em 17/06/2010, as impugnações de fls. 322/467. Alega, em síntese, que: o auto de infração de IRPJ se apresenta revestido de insanável nulidade, “por conter erros conceituais e estruturais globais”; a presunção de que todos os depósitos sejam originários de vendas de serviços é equivocada, pois efetua “repasse aos diversos profissionais dos honorários de cada um”; Fl. 568DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 5 4 “olvidou o Sr. Fiscal a notória e irretorquível boafé da Defendente”, devendo ser retirada a multa de 150%; a autuação deve ser cancelada, por ausência de base fática ou jurídica; as mesmas alegações devem ser consideradas nos lançamentos decorrentes. Solicita perícia contábil, para demonstrar a lisura do seu procedimento. É o relatório. A Turma julgadora rejeitou estes argumentos aduzindo que: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Anocalendário: 2006 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. NULIDADE. Não está inquinado de nulidade o Auto de Infração lavrado por autoridade competente e em consonância com o que preceitua a legislação. OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO ESCRITURADAS. Deve ser tributada, através de lançamento de ofício, a diferença entre a receita auferida e a declarada. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A existência de depósitos bancários não escriturados ou de origem não comprovada autoriza a presunção de omissão de receitas. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. A insuficiência de recolhimento enseja lançamento. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. Mantémse a multa de 150%, se não elididos os fatos que lhe deram causa. Cientificada da decisão de primeira instância em 28/12/2010 (fl. 527), a contribuinte interpôs recurso voluntário, tempestivamente, em 12/01/2011 (fls. 493/519), no qual reprisa os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade/impugnação. Preliminarmente afirma a nulidade do feito administrativo por cerceamento de defesa, porque requereu que a fiscalização apresentasse o demonstrativo de débito na forma analítica, a fim de restar comprovado a lisura de seu comportamento e o escorreito proceder junto à legislação pertinente, mas seu pleito não foi apreciado, resultando em ofensa ao amplo direito de defesa e ao devido processo legal, na forma do art. 5º, inciso LV da Constituição Federal e de doutrina que cita. Afinal, somente se pode pensar em efetiva realização do princípio democrático quando (e onde) possa o administrado participar da feitura do querer administrativo, ou da sua concretização efetiva. Acrescentou que, com fundamento nestas referências, requereu perícia contábil em conjunto com os quesitos pertinentes, e que a prova, desde que solicitada nunca poderá ser negada, dado que de acordo com o pensamento da Recorrente as provas requeridas são absolutamente necessárias ao processo administrativo, no sentido de ser conseguido o convencimento do julgador. Cita doutrina e conclui que o deslinde da controvérsia em sede administrativa passava pelo atendimento in totum do requerimento antes formulado, e uma vez não atendido, cabe o arquivamento da presente exigência. No mérito, diz que os lançamentos consignam ausências intransponíveis de previsão legal para a sua lavratura, tomando por base entendimento errôneo, pois o dispositivo regulador que se quer ver infringido pela Recorrente não regula o caso em espécie, vez que, cumpridora de todas as suas obrigações, os atos assacados contra si não possuem o Fl. 569DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 6 5 condão de ajustaremse ao previsto no dispositivo que capitulou o convencimento do Sr. Fiscal, inexistindo, in totum, o DOLO ou mesmo CULPA, por parte da Suplicante. Discorre sobre o conceito de dolo, diz que a falta de penalidade, por si só, invalida a peça representativa do procedimento administrativo, visto que o mesmo é um ato vinculado, reitera que não há tipicidade no comportamento da recorrente que autorize o lançamento, e conclui ser nulo o lançamento por ofensa ao art. 142 do CTN, até porque examinandose com todo o cuidado e apuro que merece o auto de infração, de plano saltará aos olhos de qualquer um que o Sr. Fiscal Autuante desatendeu alguns itens do art. 142 do CTN, o que afasta a presunção de legitimidade do ato administrativo, consoante doutrina a que se reporta. O Fisco teria deixado de lado certas formalidades imprescindíveis, especialmente nos termos do que disposto no art. 221 do Decretolei nº 05/75, do qual destaca a descrição do fato punível, impondo reconhecer que, na espécie, faltam elementos comprobatórios daquilo que se encontra supostamente materializado na peça impositiva. Acrescenta que o autuado tem o direito de saber o motivo do ato de lançamento, e este deve se conformar com o universo factual, pois o Direito Fiscal, essencialmente objetivo, não pode dar margem a um vazio. Embora a arrecadação seja a fonte básica de sobrevivência do Estado, tal poder não pode ser usado fora dos estritos limites legais. Reportase a doutrina acerca do Estado de Direito, invoca o princípio da legalidade, e estranha o fato de as autoridades administrativas não observarem o texto constitucional, buscando, quase sempre, o procedimento voluntarioso e arbitrário que em nada se afina com uma estrita obediência ao regrado na norma jurídica. Transcreve outros excertos doutrinários, menciona o princípio da restritividade, e assevera que, neste caso, a autuação por arbitramento é absolutamente indevida, além de a peça impositiva apresentarse em total descompasso com a realidade factual e jurídica. Em suas palavras: A Recorrente possui todos os livros e documentos contábeis pertinentes e devidos, restando, portanto, válida sua escrituração, estando a mesma à plena disposição do Fisco, anteriormente, no presente, amanhã e sempre. O auto de infração ora combatido, bem como o v. Acórdão n° 12.33.347 apresentamse revestido de insanável nulidade, primordialmente, por conter erros conceituais e estruturais globais, o que se deflui do simples confronto entre conceito legal e o procedimento adotado pelo Sr. Fiscal. Conceito básico de nulidade que se apresenta, expurgado seu viés político, como aquele ato ou fato contrário ao ordenamento e em cujo bojo desenvolvese o fato jurídico sem o preenchimento dos requisitos de admissibilidade e juridicidade. O lançamento assim, é nulo, não passível de saneamento, pois o Sr. Fiscal, por ter partido de premissa equivocada, chegou a uma conclusão errada, apontando como omissão de receita e insuficiência de recolhimento o que, de fato, não o era, até porque o Sr. Fiscal passou ao largo do Princípio da BoaFé. Diz equivocado o procedimento fiscal que considera como omissão de receita a diferença entre o saldo mensal dos depósitos bancários e o valor da receita bruta mensal declarada pela Recorrente, tomando todos os depósitos bancários como originários de vendas de serviços, especialmente tendo em conta que a contribuinte apresentou farta documentação comprobatória dos serviços então prestados, com a qual se poderia cotejar os valores e Fl. 570DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 7 6 demonstrar o que era efetivamente venda e o que eram valores depositados para pagamentos de terceiros! Esclarece que: No que consiste a prestação de serviços e a atividade da empresa ora Recorrente? Como uma empresa de promoção de eventos, é por demais evidente que agencia festas, eventos artísticos, espetáculos diversos com vários artistas entre outros aspectos. Clientes, então, vêm à agência e elegem o espetáculo ou show que querem. A Recorrente, então, procura o elenco e equipe para perfectibilizar e possibilitar o espetáculo. Uma miríade de profissionais, então: iluminadores, técnicos de som, figurinistas, costureiras, maquiadores, coreógrafos, os artistas em si entre outros. Cada um desses profissionais cobra seus respectivos honorários. Selecionados os trabalhadores que darão apoio ao espetáculo contratado, pode a Recorrente saber o quanto cobrar àquele que solicitou seus serviços. Seu preço, então, é a soma dos pagamentos que realizará e sua comissão pelo agenciamento e realização do evento. Assim emite a nota fiscal. Recebendo do cliente, fará os pagamentos aos seus subcontratados, como demonstrado em seus extratos através de diversos TEDs a terceiros. TED esses que são apenas e tãosomente o repasse aos diversos profissionais dos honorários de cada um. Muitos desses intermitentes profissionais, infelizmente, elegem a informalidade como meio, seja por impossibilidade de vir à luz porque são funcionários de emissoras de TV e, em tese, não poderiam trabalhar para outros meios, seja porque vêm de parcela muito humilde (auxiliares de serviços gerais, carregadores, montadores de móveis, etc.) e, simplesmente, não têm nem mesmo documentos de identidade! Infelizmente, também, a Recorrente não é responsável pelas mazelas sociais do país, como, também, não pode prescindir desses serviços; afinal, é uma mão de obra especializada em muitos aspectos: montadores de móveis cenográficos, de cenários, costureiras especializadas etc. Por isso encontramse tantas transferências bancárias. A muitos, porém, nem isso era possível, já que não possuíam contas bancárias e eram pagos em espécie, só restando à Recorrente sacar o dinheiro e repassálo. Isso tudo sem mencionarmos que, em muitos casos, os clientes querem um artista específico e esse, simplesmente, recusarse a prestar contas ou a passar recibo! Só que o contratar não é opção, mas, sim, imposição, porque o dito contrato para realização de show é, obviamente, intuito personae. Logo, poderia o Sr. Fiscal ter visto e aduzido que não são todos os depósitos bancários o correspondente à venda de serviços, mas, sim, a uma série de questões outras, além da prestação de serviços pura e simples. Ademais, olvidou o Sr. Fiscal a notória e irretorquível boafé da. Recorrente. É o que, em Direito, se chama de Princípio da BoaFé Objetiva. Discorre sobre a boafé objetiva e defende a impossibilidade de comportamento contraditório pela Administração Pública, que deve assim agir em relação ao contribuinte, assim como verificar se ele agiu com boafé. Reportase à norma geral antielisiva, e assevera que a Fiscalização não parou para verificar a natureza dos lançamentos em conta corrente, simplesmente considerou tudo como omissão de receita, mas não pode, por dever de ofício, desconsiderar atos ou negócios jurídicos que modifiquem ou extingam direitos ou influenciem na ocorrência do fato gerador. Até porque, não se olvide, não houve máfé ou negócios jurídicos eivados de máfé ou tentativas de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, até mesmo porque, ressaltese, se máfé houvesse, a Recorrente não teria tido a preocupação de emitir notas fiscais englobando a totalidade dos valores! Fl. 571DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 8 7 Aborda a boafé objetiva sob a ótica da legislação civil, transcrevendo interpretações doutrinárias e reiterando que não se deu atenção à sua atividade, e à emissão das notas fiscais pelo valor integral da atividade de promoção de eventos. Prossegue com referências tributárias à boafé objetiva, e classifica a ação fiscal de temerária, por classificála como sonegador comum, sem sequer ter havido omissão de receitas. Reitera, assim, a solicitação de perícia, para que a partir do laudo pericial a exigência seja julgada improcedente, com seu consequente arquivamento. Fl. 572DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 9 8 Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA A recorrente optou pelo SIMPLES Federal no anocalendário 2006, e apresentou a declaração simplificada juntada às fls. 04/21, indicando receita bruta acumulada total de R$ 197.947,44. Intimada a apresentar seus livros contábeis e fiscais, bem como extratos bancários e notas fiscais de prestação de serviços (fls. 22/23), a contribuinte apresentou declaração de firma individual, na qual informou como atividade econômica promoções e eventos, produções artísticas, exposição, montagens, desfiles, fotografias e video clipes, cenografia, agenciamento artístico (fl. 24). Apresentou também requerimento de empresário com as atividades de locação de equipamentos de som e iluminação e produções artísticas (fl. 25). Depois de requerer prorrogação do prazo para apresentação dos livros e documentos solicitados (fl. 29), a contribuinte apresentou parcialmente extratos bancários (fls. 30/147), sendo intimada a complementálos e a esclarecer a origem dos depósitos consignados naqueles apresentados, os quais totalizavam R$ 7.311.836,89 (fls. 149/182). A fiscalizada requereu outra dilação de prazo (fl. 183), seguindose nova intimação para comprovação da origem dos demais depósitos bancários, no total de R$ 130.000,00 (fls. 184/186). Depois de novo pedido de prorrogação de prazo (fl. 187), a contribuinte foi reintimada (fl. 187) e na resposta de fls. 188/190 informou que o levantamento promovido para identificação da origem dos depósitos tornouse infrutífero, vez que até a presente data, ainda não identificou de forma cabal e cristalina, as possíveis origens dos referidos créditos. Contudo, cogitou que os créditos nasceram de pagamentos referentes a assessoria e consultoria na prestação de serviços de produções artísticas a diversos clientes, na forma esculpida de seu objeto social, mencionando problema grave de saúde e consequente desordem no campo profissional, descurandose na guarda de seus documentos fiscais, de modo que não logrou êxito em localizar os livros fiscais, livrocaixa e correspondentes documentos do período fiscalizado. Transcorreram 5 (cinco) meses entre o início do procedimento fiscal (22/10/2009) e a resposta assim apresentada (29/03/2010). A Fiscalização intimou as pessoas jurídicas Centrais Elétricas Brasileiras S/A e Petróleo Brasileiro S/APetrobrás, a apresentar cópia das notas fiscais ou demonstrativo relativos aos pagamentos à fiscalizada e obteve as correspondentes informações (fls. 190/230). As notas fiscais reportam a prestação de serviços de ação promocional, honorários de agência, apresentação de banda, locação de equipamentos, lista de convidados, serviço de buffet ou coquetel, apresentação em cerimônia, sonorização e iluminação, show lúdico musical, integração lúdica musical, serviço de lanches, produção de evento, realização da Festa de Confraternização de final do ano dos empregados, etc. A contribuinte foi intimada a justificar a diferença entre os valores expressos nas notas fiscais assim obtidas (no total de R$ 1.249.897,98) e as receitas declaradas (fls. 231/232), e em resposta reafirmou a impossibilidade de prestar os esclarecimentos exigidos (fl. 233). Frente a tal contexto, a autoridade lançadora consolidou mensalmente os depósitos bancários de origem não comprovada, e deles destacou as receitas declaradas (R$ 197.947,44), as receitas omitidas correspondentes às notas fiscais que superavam as receitas declaradas (R$ 1.157.885,10), e determinou as receitas presumidamente omitidas em razão da falta de comprovação da origem de depósitos bancários (R$ 6.086.004,35). Referido Fl. 573DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 10 9 demonstrativo à fl. 235 acompanha o Termo de Verificação Fiscal de fls. 236/240, no qual a autoridade lançadora consigna, além das constatações acima referidas, o cabimento da multa qualificada sobre as receitas omitidas expressas em notas fiscais, porque o procedimento adotado pela empresa, ao declarar apenas uma pequena parcela das receitas relativas às notas fiscais anexadas às folhas 204/230, cujos valores foram efetivamente recebidos, conforme se verifica através dos extratos bancários, indica que não houve mero lapso humano, configurando ato doloso com o fim de eximirse do pagamento de tributos. As demais exigências foram formalizadas com acréscimo da multa de ofício básica de 75% (fls. 241/319). Em sua impugnação, a autuada não juntou qualquer elemento que pudesse afastar as exigências, e apresentou apenas seus registros de empresário individual. Argumentou que a Fiscalização afastouse do princípio da boafé, afirmando que apresentou durante toda a fiscalização farta documentação comprobatória dos serviços então prestadas, sempre que solicitada, com o qual se poderia cotejar os valores e demonstrar o que era efetivamente venda e o que eram valores depositados para pagamento de terceiros. Discorreu sobre o que seria sua atividade, e concluiu que poderia o Sr. Fiscal ter visto e aduzido que não são todos os depósitos bancários o correspondente à venda de serviços, mas sim, a uma série de questões outras, além da prestação de serviços pura e simples. Depois de extensa abordagem doutrinária da boafé objetiva, defendeu a prevalência dos fatos concretos e a consequente nulidade do lançamento, pleiteando subsidiariamente a conversão em diligência pericial a fim de esclarecer os pontos controversos e reforçar a conclusão pela nulidade do ato, formulando quesitos de perícia. Contudo, como visto, durante o procedimento fiscal a contribuinte, por mais de uma vez, afirmou não poder apresentar qualquer livro ou documento concernente às atividades desenvolvidas no anocalendário 2006, para além dos extratos bancários juntados aos autos. Demais disso, os elementos que comprovariam a origem dos depósitos bancários, a regular escrituração das notas fiscais e eventual ajuste anterior que justificasse a repartição dos valores recebidos com terceiros são de natureza documental, e deveriam ter sido, ao menos por amostragem, juntados à impugnação, consoante disposto no art. 16, §4º do Decreto nº 70.235/72. A defesa, porém, limitouse a afirmar que teria apresentado estes elementos à Fiscalização e a requerer perícia para confirmação de registros que antes alegou não possuir e que não demonstrou ter à disposição para a perícia requerida. Por sua vez, o pedido de perícia foi regularmente indeferido, consoante expresso na decisão recorrida: Quanto à solicitação de perícia, cabe observar que o inciso III, do artigo 16, do Decreto 70.235/ 1972, com redação do artigo 1°, da Lei 8.748/1993, determina que a impugnação apresentada deve necessariamente mencionar “os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir”. O artigo aduz, ainda, em seu § 4°, acrescentado pela Lei 9.532/1997, que a prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrado motivo de força maior, se refira a fato ou a direito superveniente, ou se contraponha a razões ou a fatos trazidos aos autos posteriormente. Deste modo, o interessado tem o ônus de instruir sua defesa com os elementos de prova que possui. Não se justifica a realização de perícia para elucidar fatos que podem ser demonstrados pela mera juntada de documentos. Indefiro, portanto, a perícia requerida e passo ao exame do mérito. Fl. 574DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 11 10 Assim delineado o procedimento fiscal, cumpre preliminarmente rejeitar a arguição de nulidade do feito administrativo por cerceamento de defesa, não só porque não houve qualquer requerimento à Fiscalização para que apresentasse à contribuinte demonstrativo de débito na forma analítica, a fim de restar comprovado a lisura de seu comportamento e o escorreito proceder junto à legislação pertinente, como também a autoridade lançadora cientificou a autuada da relação individualizada dos depósitos bancários verificados em suas contas correntes no período fiscalizado, assim como das informações obtidas junto a seus clientes, seguindose a descrição circunstanciada destas ocorrências no Termo de Constatação Fiscal, acompanhado de demonstrativos e correspondentes autos de infração, estes instruídos com demonstrativos de apuração dos valores devidos e dos acréscimos a título de multa de ofício e juros de mora. Logo, a contribuinte teve conhecimento de todas as informações reunidas pela autoridade fiscal acerca de suas atividades, não se verificando qualquer ofensa ao amplo direito de defesa e ao devido processo legal. No mais, como já demonstrado, o requerimento de perícia não se presta a substituir a prova na forma documental, cuja produção foi negligenciada pela contribuinte desde o procedimento fiscal, em frontal desrespeito ao que determina a Lei nº 9.317/96: Art. 7° A microempresa e a empresa de pequeno porte, inscritas no SIMPLES apresentarão, anualmente, declaração simplificada que será entregue até o último dia útil do mês de maio do anocalendário subseqüente ao da ocorrência dos fatos geradores dos impostos e contribuições de que tratam os arts. 3° e 4° . § 1° A microempresa e a empresa de pequeno porte ficam dispensadas de escrituração comercial desde que mantenham, em boa ordem e guarda e enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes: a) Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária; b) Livro de Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término de cada anocalendário; c) todos os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração dos livros referidos nas alíneas anteriores. § 2° O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento, por parte da microempresa e empresa de pequeno porte, das obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária e trabalhista. Por tais razões, não há reparos à condução do procedimento fiscal pela autoridade lançadora, ou ao indeferimento do pedido de perícia apresentado em impugnação, devendo ser REJEITADA arguição de nulidade do lançamento apresentada em recurso voluntário. No mérito, a recorrente assevera que os lançamentos consignam ausências intransponíveis de previsão legal para a sua lavratura, tomando por base entendimento errôneo, pois o dispositivo regulador que se quer ver infringido pela Recorrente não regula o caso em espécie, vez que, cumpridora de todas as suas obrigações, os atos assacados contra si não possuem o condão de ajustaremse ao previsto no dispositivo que capitulou o convencimento do Sr. Fiscal, inexistindo, in totum, o DOLO ou mesmo CULPA, por parte da Suplicante. Resta claro, porém, que a contribuinte não cumpriu as obrigações acessórias que a lei impõe aos optantes pelo Simples Federal e não apresentou qualquer justificativa Fl. 575DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 12 11 válida para a omissão de receitas espelhadas nas notas fiscais identificadas no período fiscalizado, limitandose a cogitar, em suas defesas, que em razão de sua atividade, parte dos valores recebidos destinavamse a pagamentos de terceiros. Além disso, ao contrário do que agora assevera em sua defesa, informou à Fiscalização não ter promovido a guarda regular dos livros e documentos de sua escrituração, e assim não comprovou a origem dos depósitos bancários que, na forma do art. 7º da Lei nº 9.317/96, deveriam estar escriturados em seu Livro Caixa, e associados aos documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração. O lançamento, como já visto, tem por referência receitas aferidas a partir de notas fiscais emitidas pela contribuinte em favor de pessoas jurídicas que atestaram o recebimento dos serviços e o pagamento do preço estipulado, além de receitas presumidas por falta de comprovação da origem de depósitos bancários, na forma do art. 42 da Lei nº 9.430/96, cuja aplicação à contribuinte é autorizada no art. 18 da Lei nº 9.317/96. Inexiste, portanto, qualquer ofensa ao art. 142 do CTN ou ao art. 10 do Decreto nº 70.235/72 (reproduzido no art. 221 do Decretolei nº 05/75 do Estado do Rio de Janeiro, citado pela recorrente), verificando se a perfeita descrição do fato punível e a reunião de elementos comprobatórios daquilo que se encontra supostamente materializado na peça impositiva. O sujeito passivo, assim, não pode negar conhecimento do motivo do ato de lançamento formalizado com observância dos estritos limites legais, não se verificando qualquer arbitrariedade, ou mesmo autuação por arbitramento, tendo sido respeitada a forma de apuração escolhida pelo sujeito passivo, e adotada presunção legal apenas em parte das exigências, mas que ainda assim constitui meio de prova válido, nos termos do art. 212, inciso IV do Código Civil. Por esta razão, também, é imprópria a referência à norma geral antielisiva, porque não houve negócios jurídicos que, provados, tenham sido desconsiderados pelo Fisco. Ao contrário, o Fisco desenvolveu investigações para alcançar, por outros meios que não a escrituração omitida pelo sujeito passivo, o resultado auferido em suas atividades. Acrescentese, ainda, que, frente ao procedimento fiscal antes descrito e a desídia do sujeito passivo na guarda dos elementos de sua escrituração, cumprialhe provar que houve algum descompasso entre a peça impositiva e a realidade factual e jurídica. A mera descrição do que seria a atividade da recorrente é insuficiente para provar a origem dos depósitos bancários ou reduzir a receita presumida a partir destas evidências e das notas fiscais obtidas junto aos clientes da interessada. Demais disso, se a contribuinte pagou honorários aos profissionais que atuaram nos eventos, ou contratou profissionais informais para serviços gerais, tais valores correspondem, à míngua de qualquer estipulação contratual específica, a despesas que já são contempladas nos coeficientes fixados na lei para determinação dos tributos incidentes sobre o lucro (IRPJ e CSLL) na sistemática simplificada de recolhimentos. Quanto aos tributos incidentes sobre receitas, somente a apresentação dos contratos de agenciamento autorizariam a incidência apenas sobre as comissões percebidas, e o fato de alguns profissionais não terem interesse em formalizar esta contratação não pode ser oposto ao Fisco, por revelar a torpeza também por parte de quem admite agenciar estas atividades em frontal desrespeito à lei. Assim, ausente qualquer prova que suporte as alegações da recorrente, subsistem as receitas extraídas de suas notas fiscais e presumidas a partir dos depósitos bancários de origem não comprovada. Quanto à reiterada alegação de desrespeito ao princípio da boafé objetiva, a recorrente somente poderia cogitálo se, ao menos, tivesse escriturado suas operações. Uma vez admitida a desídia em resposta a intimação específica, o procedimento fiscal foi conduzido validamente no sentido de apurar os fatos tributáveis por provas direta e indireta, sem qualquer ilegalidade. Totalmente impróprias, assim, as afirmações, destituídas de provas, de que a Fl. 576DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 13 12 recorrente possui todos os livros e documentos contábeis pertinentes e devidos, restando, portanto, válida sua escrituração, estando a mesma à plena disposição do Fisco, anteriormente, no presente, amanhã e sempre, assim como teria apresentado farta documentação comprobatória dos serviços então prestados, com a qual a Fiscalização poderia cotejar os valores e demonstrar o que era efetivamente venda e o que eram valores depositados para pagamentos de terceiros! A existência destes documentos foi negada pela própria interessada no curso do procedimento fiscal e nada nos autos autoriza concluir que estas afirmações possam ser verdadeiras. Diante de todo o exposto, o presente voto é no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente aos principais exigidos. A recorrente ainda questiona, em vários pontos de sua defesa, a existência de dolo, de onde se infere que, além de pretender a nulidade do lançamento em razão de sua boa fé e da emissão de notas fiscais pelo valor total dos serviços, almeja também o afastamento da qualificação da penalidade aplicada sobre os créditos tributários apurados a partir das receitas estampadas em tais documentos e não declaradas. Consoante relatado, a autoridade fiscal concluiu que o procedimento adotado pela empresa, ao declarar apenas uma pequena parcela das receitas relativas às notas fiscais anexadas às folhas 204/230, cujos valores foram efetivamente recebidos, conforme se verifica através dos extratos bancários, indica que não houve mero lapso humano, configurando ato doloso com o fim de eximirse do pagamento de tributos. Por sua vez, as notas fiscais obtidas junto aos clientes da recorrente estampam serviços de ação promocional, honorários de agência, apresentação de banda, locação de equipamentos, lista de convidados, serviço de buffet ou coquetel, apresentação em cerimônia, sonorização e iluminação, show lúdico musical, integração lúdica musical, serviço de lanches, produção de evento, realização da Festa de Confraternização de final do ano dos empregados, etc. Como se vê, os serviços prestados eram de natureza diversa, e muitas vezes não contemplavam profissionais que poderiam ter sido, apenas, agenciados. Para além disso, as justificativas apresentadas pela recorrente para atribuir outra natureza aos serviços consignados nas notas fiscais não foram sustentadas por qualquer prova documental. Subsiste, assim, a constatação fiscal de que a contribuinte emitiu notas fiscais por valores significativamente superiores aos informados mensalmente para recolhimento simplificado dos tributos (R$ 1.157.885,10 contra a declaração de R$ 197.947,44). Há prova direta de que receitas foram auferidas e omitidas, e nenhum elemento da escrituração foi apresentado para afastar a conclusão de que o sujeito passivo as omitiu deliberadamente, com vistas a não recolher os tributos devidos. Em tais circunstâncias, nada há de temerário em classificar o sujeito passivo como sonegador comum, mormente tendo em conta a imperatividade do uso da presunção como defendido por Maria Rita Ferragut (in Evasão Fiscal: o parágrafo único do artigo 116 do CTN e os limites de sua aplicação, Revista Dialética de Direito Tributário nº 67, Dialética, São Paulo, 2001, p. 119/120): Por outro lado, insistimos que a preservação dos interesses públicos em causa não só requer, mas impõe, a utilização da presunção no caso de dissimulação, já que a arrecadação pública não pode ser prejudicada com a alegação de que a segurança jurídica, a legalidade, a tipicidade, dentre outros princípios, estariam sendo desrespeitados. Dentre as possíveis acepções do termo, definimos presunção como sendo norma jurídica lato sensu, de natureza probatória (prova indiciária), que a partir da Fl. 577DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12898.000568/201032 Acórdão n.º 1101001.295 S1C1T1 Fl. 14 13 comprovação do fato diretamente provado (fato indiciário), implica juridicamente o fato indiretamente provado (fato indiciado), descritor de evento de ocorrência fenomênica provável, e passível de refutação probatória. É a comprovação indireta que distingue a presunção dos demais meios de prova (exceção feita ao arbitramento, que também é meio de prova indireta), e não o conhecimento ou não do evento. Com isso, não se trata de considerar que a prova direta veicula um fato conhecido, ao passo que a presunção um fato meramente presumido. Só a manifestação do evento é atingida pelo direito e, portanto, o real não tem como ser alcançado de forma objetiva: independentemente da prova ser direta ou indireta, o fato que se quer provar será ao máximo jurídica certo e fenomenicamente provável. É a realidade impondo limites ao conhecimento. Com base nessas premissas, entendemos que as presunções nada “presumem” juridicamente, mas prescrevem o reconhecimento jurídico de um fato provado de forma indireta. Faticamente, tanto elas quanto as provas diretas (perícias, documentos, depoimentos pessoais etc.) apenas “presumem”. Mais à frente, abordando diretamente a questão da prova da fraude, a mesma autora acrescenta: As presunções assumem vital importância quando se trata de produzir provas indiretas acerca de atos praticados mediante dolo, fraude, simulação, dissimulação e máfe em geral, tendo em vista que, nessas circunstâncias, o sujeito pratica o ilícito de forma a dificultar em demasia a produção de provas diretas. Os indícios, por essa razão, convertemse em elementos fundamentais para a identificação de fatos propositadamente ocultados para se evitar a incidência normativa. Concluise, do exposto, que a autoridade lançadora reuniu elementos suficientes para justificar a qualificação da penalidade sobre os créditos tributários devidos em razão da omissão de receitas consignadas em notas fiscais emitidas aos clientes da contribuinte durante todos os períodos fiscalizados, e a recorrente não logrou materializar qualquer oposição a estas constatações. Assim, também deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à qualificação da penalidade. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 578DF CARF MF Impresso em 05/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 10/04/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 15/04/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Numero do processo: 14033.000577/2009-95
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/1988 a 30/09/1995
COMPENSAÇÃO. REQUISITO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO.
É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PROCESSO DIVERSO.
Na apreciação de compensações decorrentes de direito creditório discutido definitivamente em outro processo administrativo, não cabe a reabertura da discussão de mérito sobre o direito creditório, devendo apenas ser analisado o cabimento das compensações.
COMPENSAÇÃO. DUPLICIDADE DE ANÁLISE. ANULAÇÃO.
Verificando-se que houve duplicidade de análise das mesmas DCOMP em processos diferentes, cabível a anulação da segunda decisão, se a primeira foi regularmente proferida.
Numero da decisão: 3403-003.663
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
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REQUISITO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. É requisito necessário à compensação a comprovação, pelo postulante, da certeza e da liquidez do crédito utilizado. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PROCESSO DIVERSO. Na apreciação de compensações decorrentes de direito creditório discutido definitivamente em outro processo administrativo, não cabe a reabertura da discussão de mérito sobre o direito creditório, devendo apenas ser analisado o cabimento das compensações. COMPENSAÇÃO. DUPLICIDADE DE ANÁLISE. ANULAÇÃO. Verificandose que houve duplicidade de análise das mesmas DCOMP em processos diferentes, cabível a anulação da segunda decisão, se a primeira foi regularmente proferida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 03 3. 00 05 77 /2 00 9- 95 Fl. 507DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre 40 DCOMP apresentadas pela empresa (ainda com o nome de BRAVESA Brasília Veículos LTDA) nos anos de 2003, 2004 e 2005, listadas às fls. 444/445 (cópias às fls. 9 a 48)1, em virtude de créditos decorrentes de ação judicial referente a FINSOCIAL, com trânsito em julgado (processo no 1999.34.00.0333668), no valor total de R$ 2.478.081,10. Por meio do despacho decisório de fls. 86 a 90 (proferido em 31/08/2009), afirmase que: (a) foi apresentada a DCOMP de fls. 9 a 12 e, posteriormente, diversas outras DCOMP (fls. 7 e 8) requerendo a compensação de diversos débitos com pretendo crédito informado no processo administrativo no 10166.013352/9881 (lançamento de ofício), relativo aos meses de outubro a dezembro de 1999; (b) as DCOMP são tempestivas, posto que transmitidas a partir de 09/09/2004 e referentes a créditos decorrentes de sentença com trânsito em julgado em 02/12/2001; (c) uma das DCOMP (final 0992) foi analisada no processo administrativo no 14033.001579/200730 (e não homologada, cf. despacho decisório de fls. 79 a 81, pela inexistência do crédito); (d) o crédito reconhecido no processo no 10166.015352/98 81 foi totalmente utilizado (fls. 49 a 78) em procedimento de compensação de ofício expressamente autorizado pela contribuinte (fl. 82), não constando entre os compensados os valores informados em algumas DCOMP relacionadas à fl. 86; (e) outras DCOMP relacionadas no processo administrativo no 10166.015352/9881 foram tacitamente homologadas (as transmitidas antes de setembro de 2004 fls. 88/89). Cientificada do despacho decisório em 25/09/2009 (AR à fl. 94), a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 27/10/2009 (fls. 96 a 104), alegando, em síntese, que: (a) alguns pontos, mesmo tendo sido objeto do pedido de revisão do processo administrativo no 10166.001933/200514, não foram considerados pelas autoridades fiscais; (b) eram dois os processo judiciais que amparavam o crédito: um referente a FINSOCIAL (no 1999.34.00.0333668, que gerou o processo de restituição no 10166.015352/9881) e outro referente a PIS (no 1999.34.00.0056164), mas por erro de fato as DCOMP contiveram somente o número do processo de FINSOCIAL; (c) há equívoco de valor no processo de restituição; e (d) conforme arts. 12 e 20 da IN SRF no 21/1997, a compensação poderia se dar de ofício, sendo um dever da Fazenda verificar/acompanhar os processos judiciais da empresa. Em 26/02/2010 a empresa desiste da manifestação de inconformidade apresentada, acatando o teor do despacho decisório e renunciando a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundamenta o referido recurso (fl. 131), por adesão ao parcelamento da Lei no 11.941/2009. O fisco, em despacho datado de 25/03/2011 (fl. 164), afirma que as DCOMP de fls. 9 a 45 já haviam sido analisadas no processo administrativo no 14033.001618/200707, 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 508DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 14033.000577/200995 Acórdão n.º 3403003.663 S3C4T3 Fl. 508 3 propondo sua exclusão do sistema de cobrança, tendo sido o processo arquivado em 04/01/2012. Tendo em vista que as DCOMP foram analisadas em duplicidade, excluiuse o presente processo do sistema (sendo os débitos em cobrança decorrentes do processo administrativo no 14033.001618/200707 transferidos para o processo administrativo no 18208.067271/201145 para fins de controle do parcelamento, ou encaminhados à PFN). Foi, por consequência, anulado o despacho decisório proferido às fls. 86 a 90 (fls. 253/254), com ciência à empresa em 13/04/2012 (AR à fl. 256), e arquivado o processo (fl. 258). A empresa apresenta então o recurso administrativo de fls. 259 a 279 (reiterado às fls. 363 a 366), em 24/04/2012, narrando que: (a) obteve crédito de FINSOCIAL em decorrência de ação judicial, gerando o processo de restituição no 10166.015352/9881; (b) em 21/02/2008 foi intimada de despacho decisório exarado no processo no 14033.001618/200707, que relacionava em tabela as DCOMP não homologadas (fls. 262/263); (c) em 24/03/2008 apresentou manifestação de inconformidade, alegando equívoco de cálculo pelo fisco; (d) em 25/09/2009, recebeu carta cobrança emitida no presente processo (no 14033.000577/200995), também relacionando diversas DCOMP em tabela (fl. 264), que foram inseridas em parcelamento; (e) no presente processo, foram tacitamente homologadas DCOMP que constavam como não homologadas na tabela anterior (processo no 14033.001618/200707); (f) sendo comunicada de que havia sido anulado o despacho decisório proferido no presente processo (por analisar DCOMP já analisadas em processo anterior); (g) a empresa foi intimada do despacho decisório referente ao presente processo em 25/09/2009, ou seja, depois da ciência do despacho decisório no processo no 14033.001618/200707), que analisava as mesmas DCOMP (21/02/2008) e, assim, imaginou que teriam sido analisadas as mesmas DCOMP do outro processo e homologadas, tendo por isso solicitado desistência da manifestação de inconformidade no processo no 14033.001618/200707, em 17/12/2009; (h) a anulação do despacho decisório cerceia o direito de defesa em relação às compensações que estariam tacitamente homologadas, não havendo razão para que se anule exatamente o despacho decisório que reconheceu a ocorrência das homologações tácitas; (i) a descoberta da duplicidade não decorreu da autoridade administrativa, mas de questionamento da própria empresa; (j) está equivocado o despacho proferido no processo no 14033.001618/200707, e a empresa precisa ter seu direito a defesa restabelecido; e (k) os débitos foram inscritos em dívida ativa antes mesmo de ser anulado o despacho decisório. Pede, por fim, que seja revisto o despacho decisório que anulou o anteriormente proferido no presente processo, homologando se (novamente) as compensações referidas na tabela de fls. 88/89, e, alternativamente, que seja reaberto o prazo para defesa no processo no 14033.001618/200707, no qual a empresa foi induzida à desistência, ou seja apreciada a manifestação de inconformidade à época apresentada (cessandose os efeitos da desistência). O recurso é encaminhado à DISIT/SRRF01 (fls. 410 a 412) destacandose que à data do despacho decisório proferido no processo no 14033.001618/200707 efetivamente não se configurava homologação tácita, e que a manifestação de inconformidade em ambos os processos possuía idêntico teor, sendo o direito creditório discutido exclusivamente no processo no 10166.015352/9881. Amparado no parecer de fls. 416 a 426, o Superintendente da SRRF01 decide não conhecer do recurso, que entendeu estar sujeito ao rito do Decreto no 70.235/1972, cientificando a recorrente em 11/06/2013 (AR à fl. 430). A DRJ aprecia a manifestação de inconformidade, proferindo julgamento de primeira instância em 29/08/2014 (fls. 434 a 445), no qual se acorda unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os argumentos de que: (a) a autoridade local, ao perceber ter emitido dois despachos decisórios para as mesmas DCOMP, verificou Fl. 509DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 não haver erro no primeiro, sendo o segundo, por consequência, equivocado; (b) é razoável facultar à contribuinte eventual rescisão de sua desistência no processo no 14033.001618/2007 07; (c) como admitido pela própria empresa, o direito creditório indicado nas DCOMP e informado no processo no 10166.015352/9881 não se mostrou suficiente para as compensações, sendo correto o despacho decisório emitido no processo no 14033.001618/200707; (d) a compensação com créditos de outra ação (PIS) demandada com base nos arts. 12 e 20 da IN SRF no 21/1997, fica condicionada à apresentação de cópia daquele processo (cf. art. 17 da mesma norma). Cientificada do acórdão da DRJ em 10/09/2014 (AR de fl. 449), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 09/10/2014 (fls. 451 a 480), alegando basicamente que: (a) foram anexados nos processos cópias integrais das sentenças proferidas em ambos os processos judiciais, pelo que não se admite a alegação da DRJ de que seria necessário juntar peças processuais; (b) peticionou administrativamente a restituição em 10/12/1998 (processo no 10166.015352/9881) de créditos de FINSOCIAL recolhidos indevidamente, e depois ingressou em juízo com o MS no 1999.34.00.0333668 (referente a FINSOCIAL); (c) a compensação foi realizada com créditos originários do processo administrativo no 10166.015352/9881; (d) as DCOMP foram apreciadas no processo administrativo no 14033.001618/200707, tendo a empresa sido cientificada do despacho decisório (denegatório) em 21/02/2008, apresentando manifestação de inconformidade, demandado que fosse reconhecido também o crédito de processo judicial referente a PIS (no 1999.34.00.0056164), que não foi citado nas DCTF e DCOMP por erro de fato, mas nunca foi utilizado, destacando ter havido ainda erro de atualização; (e) antes do julgamento da manifestação de inconformidade no processo administrativo no 14033.001618/200707, a empresa recebeu outro despacho decisório referente às mesmas DCOMP (acompanhado de carta de cobrança), que faz parte do presente processo administrativo (no 14033.000577/200995), no qual algumas DCOMP eram consideradas tacitamente homologadas e outras não homologadas (tendo sido estas incluídas em parcelamento); e (f) após ter desistido da manifestação de inconformidade no processo no 14033.001618/200707, houve a comunicação de que teria sido anulado o segundo despacho decisório (que considerava homologadas tacitamente diversas compensações), à empresa, em 13/04/2012, sendo a recorrente prejudicada em ambos os processos, o que deseja ver suprido, com a análise dos créditos referentes à ação judicial que versava sobre “PIS”, e a rescisão do pedido de desistência no processo no 14033.001618/2007 07, além da suspensão da inscrição em dívida ativa (efetuada em 13/03/2012, quando ainda estavam homologados os débitos, sequer existindo a anulação levada a cabo em 29/03/2012, e levada a cabo no processo no 3024324.2012.4.01.3400, distribuído perante a 19a Vara Federal do DF) dos débitos referentes ao processo no 14033.001618/200707. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Fl. 510DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 14033.000577/200995 Acórdão n.º 3403003.663 S3C4T3 Fl. 509 5 Como houve e continua havendo confusão em relação aos diversos processos citados tanto por parte da Administração quanto por parte da recorrente, é preciso esclarecer quais as diferenças entre os processos, de modo até a permitir que reste indubitável o que de fato se deve julgar neste processo. Do processo referente ao direito de crédito O processo administrativo que trata do direito de crédito é o de no 10166.015352/9881, no qual se efetua pedido de restituição (fl. 4)2 em 10/12/1998 com base em recolhimentos indevidos de FINSOCIAL (de 14/11/1989 a 20/05/1992 detalhamento à fl. 6), pedido indeferido em 01/02/2000 (com ciência em 10/02/2000 fl. 52). Apresentada manifestação de inconformidade em 17/02/2000 (fls. 53 a 62), a DRJ a julga improcedente em 15/05/2000 (fls. 66 a 70, com ciência em 25/08/2000 fl. 72), em razão de ter decaído o direito de pleitear a restituição. Interposto recurso voluntário em 22/09/2000 (fls. 73 a 85), o então Conselho de Contribuintes, no Acórdão no 20174.513, de 18/04/2001 (fls. 88 a 96), decide, por unanimidade, dar provimento ao recurso, para reconhecer o direito da contribuinte em ter restituídas ou compensadas as quantias recolhidas em montante superior ao decorrente da aplicação da alíquota de 0,5% (meio por cento) nos recolhimento a titulo de FINSOCIAL, sem prejuízo da atualização monetária (cf. Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR n. 8, de 27/06/1997, aplicandose a norma contida no artigo 66 da Lei n. 8.383/1991). Depois do julgamento, a empresa foi intimada para manifestarse sobre compensação de ofício dos créditos daquele processo com débitos constantes em sistemas da RFB e da PGFN em 22/05/2003 (fl. 102), autorizando expressamente a compensação em 20/06/2003 (fl. 105). Em 03/11/1999 a empresa ingressou com ação judicial para compensar FINSOCIAL nos valores pagos com alíquota superior a 0,5% também entre 1989 e 1992 (MS no 1999.34.00.0333668), tendo sido a sentença (em 23/02/2000) no sentido de concessão parcial, autorizando a empresa a compensar créditos de FINSOCIAL eventualmente existentes, sujeitos a verificação mediante prévia solicitação administrativa. A decisão foi mantida em segunda instância (pelo TRF1, em 07/08/2001), com trânsito em julgado em 03/12/2001. Ainda no bojo do processo administrativo no 10166.015352/9881, verificase que, com a ação judicial, o fisco refaz as compensações, adequandoas ao decidido em juízo (em 27/10/2006). Em relação à liquidação administrativa, a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 15/12/2006 (fls. 480 a 485), onde requer que seja tomado em conta também crédito decorrente da ação judicial referente a “PIS” (no 1999.34.00.0056164), por erro fato na informação em DCTF e nas DCOMP (que poderia ser superado com compensações de ofício, na forma dos arts. 12 e 20 da IN SRF no 21/1997) e seja recalculada a atualização de valor que entende incorreta. Em despacho de 21/11/2007, a DRJ (fls. 843/844) informa ser incabível a manifestação de inconformidade, estando extinta a fase administrativa referente ao processo (com ciência à empresa em 27/11/2007 fl. 846). Em 21/12/2007 a empresa apresenta nova manifestação de inconformidade, de teor idêntico à anterior (trazendo cópia de peças do MS no 1999.34.00.0056164: inicial, sentença concedendo segurança para deferir o pedido de compensação do que for cobrado a maior da autora, a titulo da contribuição ao PIS, nos termos dos DecretosLeis no 2.445/88 e 2.449/88, com débitos vindouros não só do próprio PIS, como também da COFINS; decisão mantida no TRF1 e restrita, no STJ, a 2 Todos os números de folhas indicados neste item do voto são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos) n. 10166.015352/9881. Fl. 511DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 compensações com o próprio “PIS”). A nova manifestação de inconformidade também foi objeto de despacho da DRJ, que informou novamente não haver mais tema administrativo a discutir no processo, em fase de liquidação (fl. 1227, com ciência em 22/01/2009 fl. 1229). Encerrada a discussão administrativa, os débitos foram encaminhados para inscrição em dívida ativa, tendo posteriormente sido acolhido pedido de parcelamento. Em suma, foi esgotada a discussão sobre o direito de crédito, não cabendo ser esta retomada em processo diverso, como o presente, que trata de compensações invocando tal crédito, como se vê a seguir. Dos processos (relevantes) referentes a compensações Há dois processos administrativos referentes a compensações que são relevantes na análise a ser aqui empreendida; o presente (no 14033.000577/200995) e o de no 14033.001618/200707. Como já se destacou, ambos acabaram, por um lapso da fiscalização, analisando as mesmas 40 DCOMP (transmitidas de 30/05/2003 a 31/01/2005). A primeira análise ocorre no processo de no 14033.001618/200707, com o despacho decisório de fls. 314 a 316 (com ciência em 21/02/2008), no qual as 40 DCOMP não são homologadas, visto não haver restado crédito do processo no 10166.015352/9881. Diante da decisão, a empresa interpõe manifestação de inconformidade em 24/03/2008 (fls. 326 a 332), com as mesmas alegações expressas no processo referente ao crédito (tomada em conta de crédito da ação de “PIS”, que por erro de fato não constou nas DCTF/DCOMP e erro de cálculo na atualização). Antes que fosse julgado o processo de no 14033.001618/200707, as 40 DCOMP foram novamente analisadas, desta vez no bojo do presente processo administrativo (no 14033.000577/200995), chegando o despacho decisório, proferido em 31/08/2009 (fls. 86 a 90), à conclusão de que teria havido homologação tácita (art. 74, § 5o da Lei no 9.430/1996) em relação a 30 DCOMP (registradas de 30/05/2003 a 04/08/2004). No mérito, o despacho adota os mesmos fundamentos que o anteriormente proferido em 21/02/2008 (data em que ainda não havia operado homologação tácita para nenhuma DCOMP). Cientificada do despacho decisório em 25/09/2009 (AR à fl. 94), a empresa apresenta manifestação de inconformidade em 27/10/2009 (fls. 96 a 104), com as mesmas alegações utilizadas tanto no processo no 10166.015352/9881 quanto no processo no 14033.001618/200707. Em 18/12/2009 (fl. 311) a empresa desiste da manifestação de inconformidade apresentada no processo no 14033.001618/200707. E em 26/02/2010 (fl. 131), desiste da manifestação de inconformidade apresentada no presente processo (no 14033.000577/200995). Aparentemente não restaria o que julgar em ambos os processos que, recorde se, tratam de análise das mesmas 40 DCOMP. Mas a duplicidade é verificada no despacho de fl. 164, proferido em 25/03/2011. Como providência saneadora, mantémse o primeiro despacho decisório, corretamente emitido no processo no 14033.001618/200707, anulandose o segundo despacho decisório (com ciência à empresa em 13/04/2012), emitido no presente processo, com exclusão dos débitos no sistema de cobrança, e arquivamento. Foram os débitos do processo no 14033.001618/200707 transferidos para o processo administrativo no 18208.067271/201145, ocorrendo a inscrição em dívida ativa em 13/03/2012. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 14033.000577/200995 Acórdão n.º 3403003.663 S3C4T3 Fl. 510 7 O processo no 14033.001618/200707 não foi juntado ao presente, e no sistema eprocessos (verificado em nome da verdade material) percebese que o último despacho proferido (datado de 15/03/2012) é o seguinte: “considerando que os créditos já se encontram inscritos, determino o encaminhamento à atividade ‘Acompanhar processo inscrito’”. Do que resta a discutir no presente processo Tendo em conta que o processo referente ao crédito (no 10166.015352/9881) já é findo administrativamente, não resta dúvida quanto à inexistência de direito creditório. A alegação de que existiria crédito de ação judicial diversa, não invocada tempestivamente por erro de fato, sem que se detalhe especificamente a certeza e a liquidez de tal crédito, ofende o requisito exigido pelo art. 170 do CTN. Não pode haver compensação de ofício se o crédito sequer foi atestado ou quantificado pelo postulante. A compensação de ofício só ocorre quando o crédito resta inequivocamente certificado e quantificado. Ademais, já não se está aqui, nestes autos, a discutir o direito creditório, tema enfrentado no referido processo findo. O processo no 14033.001618/200707 e o presente tratam de análise de compensações invocando tal crédito. Ausente o direito ao crédito, incabíveis as compensações. E o despacho decisório proferido no processo no 14033.001618/200707 não apresenta nenhum erro, sendo ainda correta a inscrição em dívida ativa, diante da desistência da manifestação de inconformidade. Ademais, qualquer contestação ao decidido em tal processo deve ser travada no bojo dele, e não nos presentes autos. Resta então verificar que matéria resta a ser julgada. A última decisão proferida neste processo, que ensejou a peça recursal, foi a anulação do despacho decisório inicialmente proferido, porque analisava matéria que já havia sido objeto de decisão administrativa. Correta assim a anulação, que produz efeitos ex tunc (ao contrário da revogação). Ainda que a DRJ tenha entendido como cabível a rescisão unilateral do pedido de desistência, restariam a analisar somente dois temas: o direito creditório e a homologação tácita. Em relação ao direito creditório, reiterese: já foi objeto de análise em processo findo administrativamente, versando o presente contencioso somente sobre a utilização dos créditos eventualmente deferidos nas 40 DCOMP transmitidas. E no que se refere à homologação tácita, reiterese que é correta a anulação do despacho decisório proferido neste processo, pois não havia transcorrido o prazo de cinco anos quando da apreciação das mesmas 40 DCOMP no processo no 14033.001618/200707. Assim, não se operou homologação tácita de compensação alguma. E a anulação do despacho decisório inicialmente proferido no presente processo (por duplicidade) implica afirmar que não existirá outro despacho a ser proferido, prevalecendo aquele que figura no processo no 14033.001618/200707. Fl. 513DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 O destino do presente processo deve ser, então, o arquivamento. Isso porque o direito de crédito já foi definitivamente discutido nos autos do processo no 10166.015352/98 81, e as compensações já foram analisadas no processo no 14033.001618/200707, atualmente em fase de cobrança. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 514DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 16561.000091/2006-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri May 22 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. IMPEDIMENTO DE CONSELHEIRO. NULIDADE DO JULGAMENTO.
Restando identificado o impedimento do Conselheiro designado como redator do voto vencedor no julgamento anteriormente realizado, nos termos do art. 42 e 44 do RICARF, impõe-se o reconhecimento de sua nulidade, nos termos do art. 80 daquele normativo e, também, com fulcro nas disposições do Art. 59, inciso II do Decreto 70.235/72, impondo-se, assim, a realização do novo julgamento.
RECURSO DE OFÍCIO. CONTRATOS DE MÚTUO. REGULARIDADE.
Restando regularmente comprovado nos autos a formalização de contratos de mútuo entre a contribuinte e as respectivas fontes externas de recurso, não se há falar em manutenção da glosa, sendo legítima, assim, a exoneração determinada pela turma julgadora de primeira instância.
RECURSO DE OFÍCIO. LUCROS NO EXTERIOR. APLICAÇÃO DO MÉTODO PRL20. EXONERAÇÃO PARCIAL MANTIDA.
Tendo sido verificado, a partir das diligências determinadas pela douta autoridade julgadora de primeira instância, a sensível redução do montante lançado a titulo de ajustes pela aplicação do método PRL20 (inclusive com a concordância da contribuinte em relação aos resultados alcançados) legítima se mostra a exoneração parcial do montante apontado como devido, nos termos ali apresentados.
RECURSO VOLUNTÁRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. INEXISTÊNCIA.
Apesar de indicado como sujeito passivo da obrigação, quando da realização do lançamento, a empresa tida por já "incorporada", relevante observar que ali se encontrava regularmente registrado o ato de incorporação societária, com a menção objetiva da empresa incorporadora como sua sucessora, não se havendo falar, portanto, em qualquer nulidade no procedimento dos agentes da fiscalização.
RECURSO VOLUNTÁRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. RESULTADO DA DILIGÊNCIA REALIZADA
A realização de diligências fiscais, a partir dos apontamentos apresentados pela contribuinte em sua própria defesa administrativa, que importem na redução quantitativa do montante lançado, não impõem, por si, qualquer nulidade no lançamento, não acarretando, por si só, qualquer necessidade de cancelamento do auto de infração, nos termos, inclusive, expressamente autorizados pelas disposições do Art. 145 do CTN.
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PESSOAS LIGADAS. CONCEITO.
Nos termos do Art. 23, inciso V da Lei 9.430/96, deve ser considerada vinculada à pessoa jurídica domiciliada no Brasil a pessoa jurídica domiciliada no exterior, quando esta e a empresa domiciliada no Brasil estiverem sob controle societário ou administrativo comum ou quando pelo menos dez por cento do capital social de cada uma pertencer a uma mesma pessoa física ou jurídica.
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. IN SRF 32/2001. ANÁLISE DE TODAS AS POSSIBILIDADES PELA AUTORIDADE FISCAL. INEXIGÊNCIA.
A possibilidade de "escolha", pela contribuinte, de quaisquer dos métodos apresentados pela IN SRF 32/2001, não impõe, por si só, a necessidade que os agentes da fiscalização devam explorar todas as alternativas de apuração possíveis, optando por aquela que eventualmente se mostre menos onerosa. Essa faculdade é garantida ao contribuinte, de fato, mas não se mostra exigível da atuação das autoridades fiscalizadoras.
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PRL20. COMMODITIES.
Inexistindo, nas disposições dos art. 18 a 22 da Lei 9.430/96, qualquer menção à possibilidade de afastamento da aplicação dos métodos de preços de transferência a qualquer tipo de mercadoria negociada, inviável se mostra o acolhimento do pretendido pela recorrente de afastamento da incidência por se tratar de commodities.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TAXA SELIC. SÚMULA CARF N. 04
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DE SUCESSORES. ALCANCE.
A expressão crédito tributário contida no art. 129 do Código Tributário Nacional (CTN) alcança tanto o valor do tributo porventura devido, como os demais acréscimos incidentes sobre estes, incluídas aí as multas de ofício regularmente aplicadas.
MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. PROCEDÊNCIA.
A incidência de juros de mora com base na taxa selic sobre a multa de ofício lançada encontra lastro na legislação de regência.
Numero da decisão: 1301-001.732
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DE OFÍCIO, e, quanto ao Recurso Voluntário: i) rejeitar, por maioria, a preliminar de nulidade relativa ao erro na identificação do sujeito passivo, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada) e Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior; ii) por unanimidade de votos, rejeitar o pedido de realização de diligência fiscal. No mérito, NEGAR PROVIMENTO por maioria de votos, Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto de Andrade Jenier (Relator), que excluía os juros sobre a multa e Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada), que reconhecia a ausência de vinculação entre as empresas para fins de aplicação das regras de preços de transferência. Ausente justificadamente o Conselheiro Valmir Sandri. Designado o Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães para redigir o voto vencedor.
(Assinado digitalmente)
VALMAR FÔNSECA DE MENEZES - Presidente.
(Assinado digitalmente)
CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER - Relator.
(Assinado digitalmente)
WILSON FERNANDES GUIMARÃES - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (Presidente), Paulo Jakson da Silva Lucas, Wilson Fernandes Guimaraes, Carlos Augusto de Andrade Jenier, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada).
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER
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(SUCEDIDA / INCORPORADA POR SUZANO PETROQUÍMICA S.A. (CNPJ N 04.705.090/000177) FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. IMPEDIMENTO DE CONSELHEIRO. NULIDADE DO JULGAMENTO. Restando identificado o impedimento do Conselheiro designado como redator do voto vencedor no julgamento anteriormente realizado, nos termos do art. 42 e 44 do RICARF, impõese o reconhecimento de sua nulidade, nos termos do art. 80 daquele normativo e, também, com fulcro nas disposições do Art. 59, inciso II do Decreto 70.235/72, impondose, assim, a realização do novo julgamento. RECURSO DE OFÍCIO. CONTRATOS DE MÚTUO. REGULARIDADE. Restando regularmente comprovado nos autos a formalização de contratos de mútuo entre a contribuinte e as respectivas fontes externas de recurso, não se há falar em manutenção da glosa, sendo legítima, assim, a exoneração determinada pela turma julgadora de primeira instância. RECURSO DE OFÍCIO. LUCROS NO EXTERIOR. APLICAÇÃO DO MÉTODO PRL20. EXONERAÇÃO PARCIAL MANTIDA. Tendo sido verificado, a partir das diligências determinadas pela douta autoridade julgadora de primeira instância, a sensível redução do montante lançado a titulo de ajustes pela aplicação do método PRL20 (inclusive com a concordância da contribuinte em relação aos resultados alcançados) legítima se mostra a exoneração parcial do montante apontado como devido, nos termos ali apresentados. RECURSO VOLUNTÁRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. INEXISTÊNCIA. Apesar de indicado como sujeito passivo da obrigação, quando da realização do lançamento, a empresa tida por já "incorporada", relevante observar que AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 00 00 91 /2 00 6- 61 Fl. 893DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 842 2 ali se encontrava regularmente registrado o ato de incorporação societária, com a menção objetiva da empresa incorporadora como sua sucessora, não se havendo falar, portanto, em qualquer nulidade no procedimento dos agentes da fiscalização. RECURSO VOLUNTÁRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. RESULTADO DA DILIGÊNCIA REALIZADA A realização de diligências fiscais, a partir dos apontamentos apresentados pela contribuinte em sua própria defesa administrativa, que importem na redução quantitativa do montante lançado, não impõem, por si, qualquer nulidade no lançamento, não acarretando, por si só, qualquer necessidade de cancelamento do auto de infração, nos termos, inclusive, expressamente autorizados pelas disposições do Art. 145 do CTN. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PESSOAS LIGADAS. CONCEITO. Nos termos do Art. 23, inciso V da Lei 9.430/96, deve ser considerada vinculada à pessoa jurídica domiciliada no Brasil a pessoa jurídica domiciliada no exterior, quando esta e a empresa domiciliada no Brasil estiverem sob controle societário ou administrativo comum ou quando pelo menos dez por cento do capital social de cada uma pertencer a uma mesma pessoa física ou jurídica. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. IN SRF 32/2001. ANÁLISE DE TODAS AS POSSIBILIDADES PELA AUTORIDADE FISCAL. INEXIGÊNCIA. A possibilidade de "escolha", pela contribuinte, de quaisquer dos métodos apresentados pela IN SRF 32/2001, não impõe, por si só, a necessidade que os agentes da fiscalização devam explorar todas as alternativas de apuração possíveis, optando por aquela que eventualmente se mostre menos onerosa. Essa faculdade é garantida ao contribuinte, de fato, mas não se mostra exigível da atuação das autoridades fiscalizadoras. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PRL20. COMMODITIES. Inexistindo, nas disposições dos art. 18 a 22 da Lei 9.430/96, qualquer menção à possibilidade de afastamento da aplicação dos métodos de preços de transferência a qualquer tipo de mercadoria negociada, inviável se mostra o acolhimento do pretendido pela recorrente de afastamento da incidência por se tratar de commodities. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TAXA SELIC. SÚMULA CARF N. 04 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DE SUCESSORES. ALCANCE. A expressão “crédito tributário” contida no art. 129 do Código Tributário Nacional (CTN) alcança tanto o valor do tributo porventura devido, como os demais acréscimos incidentes sobre estes, incluídas aí as multas de ofício regularmente aplicadas. Fl. 894DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 843 3 MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. PROCEDÊNCIA. A incidência de juros de mora com base na taxa selic sobre a multa de ofício lançada encontra lastro na legislação de regência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DE OFÍCIO, e, quanto ao Recurso Voluntário: i) rejeitar, por maioria, a preliminar de nulidade relativa ao erro na identificação do sujeito passivo, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada) e Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior; ii) por unanimidade de votos, rejeitar o pedido de realização de diligência fiscal. No mérito, NEGAR PROVIMENTO por maioria de votos, Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto de Andrade Jenier (Relator), que excluía os juros sobre a multa e Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada), que reconhecia a ausência de vinculação entre as empresas para fins de aplicação das regras de preços de transferência. Ausente justificadamente o Conselheiro Valmir Sandri. Designado o Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães para redigir o voto vencedor. (Assinado digitalmente) VALMAR FÔNSECA DE MENEZES Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator. (Assinado digitalmente) WILSON FERNANDES GUIMARÃES Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (Presidente), Paulo Jakson da Silva Lucas, Wilson Fernandes Guimaraes, Carlos Augusto de Andrade Jenier, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada). Fl. 895DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 844 4 Relatório Tratase, no caso, de recursos de ofício e voluntário interpostos – tanto pela Fazenda Nacional quanto pela Contribuinte , contra a decisão exarada pela 5a Turma da DRJ/SP1, que, em 01 de junho de 2010, restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 EMPRESA EXTINTA. SUJEIÇÃO PASSIVA. CONTRIBUINTE. Correta a indicação da empresa, ainda que extinta, como contribuinte, por ser ela a pessoa que praticou o fato gerador da obrigação tributária. SUCESSÃO POR INCORPORAÇÃO. MULTA DE OFICIO. RESPONSABILIDADE. A pessoa jurídica incorporadora é responsável pelos tributos devidos pela incorporada até a data da incorporação, inclusive por eventual multa de oficio e demais encargos legais. EMPRESAS VINCULADAS. CONTRATO DE MÚTUO REGISTRADO NO BACEN. JUROS ATIVOS. No caso de mútuo com pessoa vinculada, com contratos registrados no BACEN, serão admitidos os juros determinados com base na taxa registrada. Exigência exonerada. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. EMPRESAS VINCULADAS. Consideramse vinculadas à pessoa jurídica domiciliada no Brasil, e, portanto, sujeitas ao controle dos preços de transferência, a pessoa jurídica domiciliada no exterior, quando esta e a empresa domiciliada no Brasil estiverem sob controle administrativo comum ou quando pelo menos dez por cento do capital social de cada uma pertencer a uma mesma pessoa física ou jurídica. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. IMPORTAÇÃO. OPÇÃO PELO MÉTODO. Não havendo a contribuinte efetuado qualquer cálculo dos pregos de transferência em sua DIPJ, a fiscalização pode determinar os preçosparâmetro e os conseqüentes ajustes com base em qualquer um dos métodos previstos na legislação (no caso, o método PRL20 Preço de Revenda menos Lucro, com margem de 20%), não sendo obrigatória a apuração dos pregos de transferência por mais de um método e a escolha do mais favorável ao contribuinte. MÉTODO PRL20. EQUIVOCO NA APURAÇÃO DOS AJUSTES. EXIGÊNCIA EXONERADA EM PARTE. Exonerase em parte a exigência decorrente de ajustes de preços de transferência calculados com base no método PRL20, em face da constatação de equívocos na apuração da matéria tributável. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Fl. 896DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 845 5 O cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC tem previsão legal, não competindo à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. CSLL. DECORRÊNCIA. Os lançamentos relativos ao IRPJ e à CSLL decorrem dos mesmos fatos e elementos de prova. Desse modo, a decisão relativa ao IRPJ se estende, mutatis mutandis, à CSLL. Impugnação Procedente em Parte Credito Tributário Mantido em Parte Da análise dos termos da decisão proferida, verificase que, a parte exonerada do crédito tributário se refere à imputação fiscal inicialmente realizada relativa ao lançamento dos valores apurados a título de “juros ativos”, decorrentes dos contratos de mútuos por ela realizadas com agentes no exterior, o que, após o resultado da diligência realizada, acabou apontado pelo atendimento de todos os requisitos do Art. 22 da Lei 9.430/96 e, portanto, a inexistência de diferenças a ser então considerada. Além desse apontamento, verificase ainda – quanto à identificação do crédito exonerado e a interposição do conseqüente recurso de ofício , a referência quanto à redução do importe tributável em decorrência das considerações e análises desenvolvidas quando da diligência. Sobre esse ponto, é relevante destacar o apontamento contido na r. decisão de origem: Com relação aos erros apontados pela impugnante na apuração pela fiscalização dos ajustes pelo método PRL20 (erros na apuração dos pregosparâmetro e nas quantidades passíveis de ajuste), há que se observar que a Auditora Fiscal autuante reviu seus cálculos, apurando um ajuste total de R$ 556.339,78 (relativo aos produtos KF6190/P e KY6100/P), conforme demonstrado ás fls. 641 (Resumo Somatório de Vendas), 635/636 (Preço praticado corrigido), 637/639 (Pregoparâmetro PRL20 corrigido) e 640 (Total Ajustes PRL20). Com relação aos demais produtos objeto da autuação (LY6110/P, TS6500/P e SM 6100/P, fl. 82), não foram apurados ajustes após as correções efetuadas pela Auditora Fiscal autuante (fls. 637/638). A impugnante, apesar de haver contestado a utilização do método PRL20 (argumento afastado, conforme decidido no item anterior), concorda, em sua manifestação acerca da diligência (fl. 649), que esses novos cálculos estão corretos. Dessa forma, há que se manter a tributação, a titulo de ajuste de preços de transferência, do montante de R$ 556.339,78. Na demonstração do crédito constituído nestes autos, destaca ainda a r. decisão de origem: Fl. 897DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 846 6 Em decorrência da relevante exoneração parcial noticiada, restou pois, então, registrada a oposição do indicado Recurso de Ofício, sendo então remetidos os autos à análise deste Conselho. Nada obstante, intimada a contribuinte dos termos da decisão exarada, foi então interposto o seu correspondente Recurso Voluntário (agora pela empresa QUATTOR PETROQUÍMICA S/A, sucessora de SUZANO PETROQUÍMICA S/A, que, por sua vez, é sucessora por incorporação de POLIBRASIL RESINAS S/A CNPJ no 59.682.583/000120), pretendendo a reforma da decisão com relação à parte mantida do lançamento impugnado, aduzindo, para tanto, as seguintes razões jurídicas: Preliminarmente A nulidade da autuação, tendo em vista que promoveu a imputação de multa de oficio sobre empresa que, por força da incorporação realizada, já havia sido regularmente extinta; A nulidade do lançamento ante a iliquidez e a incerteza dos lançamentos. Inobservância das “minúcias” das operações realizadas, não podendo ser aplicado o preço parâmetro sobre a totalidade das operações realizadas; A invalidade da alteração do critério jurídico da autuação pela Turma Julgadora; No mérito A inaplicabilidade das regras de preços de transferência às operações analisadas por não serem as empresas mencionadas “pessoas vinculadas” nos termos da legislação de regência; A nulidade do lançamento em face da ausência de comparação entre os métodos disponíveis para a apuração dos preços parâmetro A inaplicabilidade do método PRL 20 ao presente caso: operação com commodities; A impossibilidade da aplicação de multa de ofício na hipótese de responsabilidade por sucessão A ilegalidade da aplicação da Taxa SELIC como índice de juros moratórios A ilegalidade da cobrança dos juros sobre a multa Fl. 898DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 847 7 Por força da interposição do Recurso Voluntário, foram, ainda, apresentadas Contrarazões ao recurso pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, destacando, em suas razões, as seguintes e específicas ponderações: Da legitimidade passiva: Havendo, na autuação efetivada, a indicação da empresa que atuara na realização dos fatos analisados e, também, a indicação da respectiva sucessora, não se haveria falar em qualquer hipótese de nulidade, sobretudo ante a verificação da inexistência de óbices a sua defesa. Das demais nulidades apontadas: ausência de nulidade pelo acolhimento do resultado da diligência e na redução do tributo devido. A incidência das regras de Transfer Pricing: operações realizadas entre pessoas jurídicas vinculadas a Basell International Holding B. V. é detentora de 50% do capital social da Petroken e, indiretamente (por meio de coligadas ou controladas), é dona de 48,83% do capital social da Polibrasil, temos que uma mesma pessoa possui mais de 10% do capital social de ambas as empresas. Portanto, as operações entre elas estão sujeitas ao controle de preços de transferência. A escolha do melhor método: Ausência de determinação legal e/ou regulamentar no sentido de que estaria a fiscalização obrigada a promover a análise por todos os métodos disponíveis para, a partir daí, adotar aquele que fosse mais adequado à contribuinte. Na verdade, o dispositivo invocado expressa uma faculdade/garantia conferida pela lei à contribuindo, sendo certo que, não fazendo ela a sua escolha, não estaria a fiscalização legitimada a fazêlo. Da perfeita aplicação do PRL20 às operações de commodities: a aplicação da margem de lucro de 20% (vinte por cento) é decorrente da presunção determinada pela Lei, não havendo, na específica legislação de regência, qualquer consideração ao tipo do produto comercializado. Da multa de ofício – responsabilidade por sucessão. A validade da incidência dos juros sobre a multa e também a aplicação da SELIC como taxa de juros moratórios. Sendo submetido o presente feito a julgamento na sessão de 05 de Novembro de 2013, entendeu esta egrégia Turma, na formação em que se encontrava, pelo PROVIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO, sendo designado, inclusive, como redator, o Conselheiro Valmir Sandri. Na formalização do Acórdão, entretanto, restou verificado que a empresa contribuinterecorrente (POLIBRASIL RESINAS S/A) fora incorporada pela empresa SUZANO PETROQUÍMICA S/A, e esta, por sua vez, ulteriormente, pela empresa QUATTOR PETROQUÍMICA S/A, o que, por essa razão, acabou por, impor o necessário reconhecimento, pelo Conselheiro Redator Designado (Dr. Valmir Sandri), de seu impedimento para a participação no julgamento (nos termos do Art. 44, inciso I do RICARF), por ele sendo proposta, então, a devolução dos autos ao Colegiado para a apreciação da questão, e, nesses termos, a proposta de anulação do julgamento, o que, por sua vez, fora reconhecido pelo Exmo. Sr. Presidente como hipótese própria de "Embargos de Declaração", determinando, então, a sua inclusão em pauta para julgamento. Fl. 899DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 848 8 É o que aqui se tem a relatar. Fl. 900DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 849 9 Voto Vencido Conselheiro CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, relator. Sendo tempestivo o recurso, dele conheço. Da proposta de anulação do julgamento originário Conforme destacado nos termos da parte final do relatório apresentado, os presentes autos já foram antes devidamente trazidos a julgamento nesta Turma, tendo sido designado como redator de um dos assuntos tratados o Conselheiro Dr. Valmir Sandri, que, entretanto, analisando as peculiaridades do caso, acabou por identificar a sua impossibilidade de participação na anterior sessão de julgamento, tendo em vista o seu impedimento, nos termos Regimento Interno deste CARF que, inclusive, assim especificamente destaca: Art. 42. O conselheiro estará impedido de atuar no julgamento de recurso, em cujo processo tenha: I atuado como autoridade lançadora ou praticado ato decisório monocrático; II interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto; III como parte, cônjuge, companheiro, parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau; IV participado do julgamento em primeira instância. Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considerase existir interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto, nos casos em que o conselheiro representante dos contribuintes: I preste consultoria, assessoria, assistência jurídica ou contábil ao interessado, ou dele perceba remuneração sob qualquer título, no período da instauração do processo administrativo fiscal e até a data da sessão em que for concluído o julgamento do recurso; e II atue como advogado, firmando petições, em ação judicial cujo objeto, matéria, ou pedido seja idêntico ao do recurso em julgamento. (...) Art. 44. O impedimento ou a suspeição será declarado por conselheiro ou suscitado por qualquer interessado, cabendo ao arguído, neste caso, pronunciar se por escrito sobre a alegação antes do término do julgamento, o qual, se não for por ele reconhecido, será submetido à deliberação do colegiado. Parágrafo único. No caso de impedimento ou suspeição do relator, o processo será redistribuído a outro conselheiro integrante do colegiado. Fl. 901DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 850 10 (Grifos e destaques nossos) A partir da análise dessas disposições, verificase que, nos termos do "Despacho" constante às fls. tais, o ilustre Sr. Conselheiro designado como redator de parte do acórdão para aquele julgamento declarou que, na qualidade de "Advogado", atua em nome da empresa QUATTOR PETROQUÍMICA S/A, o que, por sua vez, impõe o reconhecimento de seu impedimento e, com isso, a impossibilidade da anterior participação da sessão de julgamento daquele feito, fato que, com toda a certeza, não havia sido antes devidamente destacado por este Relator originário. Nessa linha, reconhecendo que, neste caso, o equívoco ocorrido decorreria das limitações do relatório por nós apresentado naquele julgamento, entendo pela impossibilidade de impor às partes do processo qualquer prejuízo em decorrência deste feito, e, muito menos, ao ilustre Conselheiro que, identificando essa informação a partir da cuidadosa análise dos elementos contidos nos autos, e, mais que tudo, primando pela regular apreciação do feito, pronta e imediatamente destacou o seu impedimento, arguindo, de ofício, a nulidade do julgamento efetivado. A respeito da possibilidade de configuração, no caso, de hipótese própria de nulidade do julgamento, relevante o destaque às disposições do Art. 80 do RICARF, que, a esse respeito, prontamente destaca o seguinte: Art. 80. Sem prejuízo de outras situações previstas na legislação e neste Regimento, as decisões proferidas em desacordo com o disposto nos arts. 42 e 62 enquadramse na hipótese de nulidade a que se refere o inciso II do art. 59 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972. (Grifo nosso) Em face dessas considerações, entendo pelo necessário acolhimento dos "Embargos de Declaração" interpostos pelo Conselheiro redator anteriormente designado, reconhecendo, no caso, a aplicação das disposições regimentais, e, por essa razão, concluo pela nulidade do julgamento efetivado por estar Turma na sessão de 05 de Novembro de 2013, devendo, portanto, serem novamente apreciadas as razões recursais aduzidas, em todos os seus termos. Em decorrência dessas conclusões e de seu acolhimento pela douta Turma julgadora, passo a analisar os termos dos recursos de ofício e voluntário interpostos. Do Recurso de Ofício Apresentadas as bases da matéria discutida nestes autos, verificase, em primeira análise, as considerações especificamente relacionadas à parcela exonerada do crédito tributário lançado, atinentes, que são, ao Recurso de Ofício interposto. A respeito desses elementos, relevante destacar trataremse de dois pontos específicos e distintos, sendo eles: i) a exoneração tributária integral decorrente da verificação da validade do procedimento adotado em relação aos contratos mútuos celebrados; e ii) a exoneração parcial do lançamento em relação aos montantes devidos a título de aplicação do Fl. 902DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 851 11 método PRL20. Ambas as exonerações mencionadas, são resultado das diligências fiscais realizadas, nos termos e fundamentos ali então especificamente apresentados. A par dessas considerações, relevante observar que, quanto à primeira parcela exonerada (comprovação da regularidade dos contratos de mútuos firmados/formalizados), a r. decisão de primeira instância, especificamente em relação a esse ponto, assim então se apresentou: “Sobre a matéria dispõe o artigo 243 do RIR/99 (artigo 22 da Lei n° 9.430/96): Art. 243. Os juros pagos ou creditados a pessoa vinculada (art. 244), quando decorrentes de contrato não registrado no Banco Central do Brasil, somente serão dedutiveis para fins de determinação do lucro real até o montante que não exceda ao valor calculado com base na taxa Libor, para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América pelo prazo de seis meses, acrescida de três por cento anuais a titulo de spread, proporcionalizados em função do período a que se referirem os juros (Lei ng 9.430, de 1996, art. 22). §1° No caso de mútuo com pessoa vinculada, a pessoa jurídica mutuante, domiciliada no Brasil, deverá reconhecer, como receita financeira correspondente operação, no mínimo o valor apurado segundo o disposto neste artigo (Lei n° 9.430, de 1996, art. 22, §1°). §2° Para efeito do limite a que se refere este artigo, os juros serão calculados com base no valor da obrigação ou do direito, expresso na moeda objeto do contrato e convertida em Reais pela taxa de câmbio, informada pelo Banco Central do Brasil, para a data do termo final do cálculo dos juros (Lei n° 9.430, de 1996, art. 22, §2°). §3° 0 valor dos encargos que exceder o limite referido no caput e a diferença da receita apurada na forma do parágrafo anterior serão adicionados base de cálculo do imposto devido pela empresa no Brasil, inclusive ao lucro presumido ou arbitrado (Lei n° 9.430, de 1996, art. 22, §3°). §4° Nos casos de contratos registrados no Banco Central do Brasil, serão admitidos os juros determinados com base na taxa registrada (Lei n° 9.430, de 1996, art, 22, §4°). Alega a impugnante que os contratos de mútuo entre a Polibrasil e a empresa vinculada no exterior foram registrados no BACEN. Durante a diligência proposta por esta DRJ, a impugnante apresentou a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (doc. 4, fls. 521/546) e demais documentos, devendose considerar atendida a exigência referente à prova de registro no BACEN dos contratos de mútuo com vinculada. Em face da supracitada diligência e dos docs. 01 e 02 (fls. 470/475), foi constatado pela Auditora Fiscal autuante não haver diferença de mínimo a ser oferecido à tributação a titulo de juros recebidos de vinculada. Dessa forma, há que se exonerar a exigência relativa a este item da autuada.” Compulsando os autos, verificase que, de fato, assim como antes especificamente apontado pela contribuinte em sua impugnação, todos os contratos de mútuos por ela mantidos com entidades externas foram efetivamente registradas junto ao BACEN, atendendo, com isso, todas as condições especificamente estabelecidas pela legislação de regência, decorrendo dessa análise, de forma insofismável, o inafastásvel reconhecimento da Fl. 903DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 852 12 regularidade do procedimento da contribuinte, e, com isso, efetivamente irretocáveis as considerações apresentadas pela r. decisão de origem. A par dessas considerações, verificase que, ainda no campo das exonerações determinadas pela r. decisão de origem, verificase a relevante redução do montante tributável, decorrente das análises realizadas na diligência, a respeito da adequação dos registros quanto à aplicação dos métodos do PRL20 (IN 32/2001) e os produtos especificamente considerados. Na reavaliação dos fatos tributáveis considerados, assim especificamente destacou a decisão recorrida: Dos equívocos na apuração dos ajustes pelo método PRL20 Com relação aos erros apontados pela impugnante na apuração pela fiscalização dos ajustes pelo método PRL20 (erros na apuração dos preçosparâmetro e nas quantidades passíveis de ajuste), há que se observar que a Auditora Fiscal autuante reviu seus cálculos, apurando um ajuste total de R$ 556.339,78 relativo aos produtos KF6190/P e KY6100/P), conforme demonstrado ás fls. 641 (Resumo Somatório de Vendas), 635/636 (Preço praticado corrigido), 637/639 (Preçoparâmetro PRL20 corrigido) e 640 (Total Ajustes PRL20). Com relação aos demais produtos objeto da autuação (LY6110/P, TS6500/P e SM 6100/P, fl. 82), não foram apurados ajustes após as correções efetuadas pela Auditora Fiscal autuante (fls. 637/638). A impugnante, apesar de haver contestado a utilização do método PRL20 (argumento afastado, conforme decidido no item anterior), concorda, em sua manifestação acerca da diligência (fl. 649), que esses novos cálculos estão corretos. Dessa forma, há que se manter a tributação, a titulo de ajuste de preços de transferência, do montante de R$ 556.339,78. Da análise desses elementos, verificase que as considerações que impuseram a revisão do lançamento e a adequação do montante tributável decorreram da revisão dos cálculos pela autoridade fiscal respectiva, adequandoos à realidade fática então especificamente contidas nos autos. Nesses termos, o acolhimento da conclusão da diligência realizada pela decisão de primeira instância é fato que se impõe, sendo, portanto, efetivamente irretocáveis as conclusões então atingidas. A partir dessas considerações, entendo perfeitamente adequada a exoneração tributária determinada pela r. decisão de primeira instância, não havendo o que, então, a ser aqui efetivamente revisto por este Conselho. Diante disso, NEGO PROVIMENTO ao Recurso de Ofício. Do Recurso Voluntário Fl. 904DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 853 13 A par da relevante exoneração tributária determinada pela r. decisão, insiste ainda a contribuinte nas razões de sua anterior impugnação, buscando, com o acolhimento de seu Recurso Voluntário, o reconhecimento da insubsistência integral do lançamento. Analisemos, então, as suas específicas razões: DAS PRELIMINARES ARGUIDAS Da nulidade do Auto de Infração lavrado contra empresa já extinta por incorporação validamente realizada A primeira matéria sustentada pela recorrente diz respeito argüição de nulidade formal do lançamento, uma vez que teria sido ele lavrado contra empresa que já teria sido regularmente extinta, em decorrência da incorporação realizada. A r. decisão de primeira instância, a respeito desse específico apontamento, rejeita as razões da impugnação apresentada, destacando, entretanto, o frágil argumento de que, a empresa SUZANO PETROQUÍMICA S/A seria sucessora e, por isso, responsável pelos débitos da empresa POLIBRASIL RESINAS S/A, o que, segundo entende, seria pois suficiente para afastar a nulidade apontada. A par de todas as discussões possíveis a partir dos argumentos apresentados pela r. decisão de primeira instância, verificase que, ao contrário do que pretende fazer crer a recorrente, o lançamento, quando efetivado, não desconhecia e não desconsiderou o fato da ocorrência da alteração societária apontada (incorporação), fazendo constar, desde a lavratura do auto de infração em questão, a expressa menção de que os fatos teriam sido praticados pela empresa POLIBRASI RESINAS S.A., mas quem sobre eles deveria responder era, de fato, a empresa sucessora SUZANO PETROQUÍMICA S.A., constando, expressamente, tais circunstâncias do próprio corpo da autuação efetivada. Logo, não se trata ao menos sob a minha ótica , de lançamento formalizado contra empresa que não mais existia, mas sim como ato de constituição do crédito tributário contra as empresas efetivamente relacionadas com a ocorrência do fato gerador, possibilitando, assim, integralmente, a discussão a respeito da validade do mérito do lançamento da forma como realizado. Em face dessas considerações, entendo, neste particular, pela inoponibilidade da nulidade apontada, tendo em vista que as circusntâncais específicas da realidade societária considerada não foram nunca desconsideradas pela fiscalização, não sendo possível, assim, o acolhimento da nulidade apontada. Da nulidade confirmada pela diligência realizada Além da nulidade fundada na suposta ilegitimidade da empresa autuada, são ainda apresentados pela recorrente argüições de nulidade que, em síntese, podem ser aqui consideradas como nulidades decorrentes do resultado da diligência realizada, sobretudo porque, conforme ali se verifica, seriam referentes à suposta incerteza e iliquidez do crédito tributário lançado, não se admitindo a simples aceitação e correção do lançamento, da forma como efetivado pela r. decisão de primeira instância, sendo, ao revés, fundamental o reconhecimento da nulidade da autuação, da forma como por ela especificamente apresentado. Fl. 905DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 854 14 Como fundamento dessa pretensão, aduz a recorrente o fato de que a autoridade julgadora teria modificado o critério jurídico do lançamento efetivado, aperfeiçoandoo, o que, é bem verdade, é atividade vedada às instâncias julgadoras. Ocorre que, ao contrário do que afirma a recorrente, da análise das considerações apresentadas não se verifica a indigitada mudança de critério jurídico, mas apenas, e tão somente, a sua adequação quantitativa aos critérios então especificamente estabelecidos, o que, com toda a certeza, efetivamente não se mostra suficiente para o reconhecimento da apontada nulidade. Na verdade, ao analisar as razões e os elementos da impugnação e, a partir daí, promover a revisão dos cálculos do lançamento, o que fez a autoridade fiscalizadora – a partir de especifica determinação da Delegacia Regional de Julgamento , foi efetivamente adequar os resultados matemáticos aos critérios adotados, expressamente acolhendo, assim, as razões aduzidas pela própria impugnante e, no caso, apenas mantendo o montante correspondente nos limites ali especificamente estabelecidos. Nessa linha, não se trata, de forma alguma, de "mudança do critério jurídico do auto de infração", nem tampouco de "aperfeiçoamento da atividade da fiscalização" pelas autoridades julgadoras, mas apenas, e tão somente, a necessária adequação do montante apurado aos termos ali especificamente apresentados, na esteira das expressas disposições do art. 145 do CTN, que, sobre o assunto, assim então especificamente destaca: Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. Nesses termos, completamente infundadas se apresentam as argüições relativas à suposta nulidade do lançamento em decorrência das alterações promovidas pela r. decisão de primeira instância, sobretudo porque, conforme se verifica, tal providência é então expressamente admitida em nosso ordenamento jurídico pátrio. Em face dessas considerações, rejeito, também, as argüições de nulidade relacionadas ao acolhimento, pela Turma Julgadora, dos resultados da diligência realizada, por entender, no caso, a sua perfeita adequação com o procedimento adotado. NO MÉRITO Da análise a respeito da configuração de “operação entre pessoas ligadas” Ultrapassadas as considerações preliminares apontadas, relevante destacar, agora, as considerações apresentadas em torno do mérito do recurso interposto, donde insofismável, verificase, é a análise quanto à configuração (ou não) da operação realizada como sendo entre “pessoas ligadas”, para fins de aplicação das regras de Preços de Transferência. Fl. 906DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 855 15 Em primeira análise, é relevante destacar que, no caso, tratase de avaliação em torno da leitura das disposições do Art. 23 da Lei 9.430/96, que, sobre a questão, assim especificamente destaca: Art. 23. Para efeito dos arts. 18 a 22, será considerada vinculada à pessoa jurídica domiciliada no Brasil: I a matriz desta, quando domiciliada no exterior; II a sua filial ou sucursal, domiciliada no exterior; III a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, cuja participação societária no seu capital social a caracterize como sua controladora ou coligada, na forma definida nos §§ 1º e 2º do art. 243 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; IV a pessoa jurídica domiciliada no exterior que seja caracterizada como sua controlada ou coligada, na forma definida nos §§ 1º e 2º do art. 243 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; V a pessoa jurídica domiciliada no exterior, quando esta e a empresa domiciliada no Brasil estiverem sob controle societário ou administrativo comum ou quando pelo menos dez por cento do capital social de cada uma pertencer a uma mesma pessoa física ou jurídica; VI a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, que, em conjunto com a pessoa jurídica domiciliada no Brasil, tiver participação societária no capital social de uma terceira pessoa jurídica, cuja soma as caracterizem como controladoras ou coligadas desta, na forma definida nos §§ 1º e 2º do art. 243 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; VII a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, que seja sua associada, na forma de consórcio ou condomínio, conforme definido na legislação brasileira, em qualquer empreendimento; VIII a pessoa física residente no exterior que for parente ou afim até o terceiro grau, cônjuge ou companheiro de qualquer de seus diretores ou de seu sócio ou acionista controlador em participação direta ou indireta; IX a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, que goze de exclusividade, como seu agente, distribuidor ou concessionário, para a compra e venda de bens, serviços ou direitos; X a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, em relação à qual a pessoa jurídica domiciliada no Brasil goze de exclusividade, como agente, distribuidora ou concessionária, para a compra e venda de bens, serviços ou direitos. (Destaque nosso) Pela leitura das disposições do referido artigo – com destaque, no caso, ao comando inserido a partir das determinações contidas em seu inciso V – verificase que o critério legal específico para a configuração do conceito de pessoa vinculada, depende da verificação fática de ao menos uma das seguintes hipóteses: i) controle societário comum; ii) controle administrativo comum; ou quando iii) pelo menos dez por cento do capital social de cada uma pertencer a uma mesma pessoa física ou jurídica. Pois bem. A recorrente, visando esclarecer qual seria a específica composição societária entre as empresas envolvidas e indicadas pela fiscalização, assim então apresenta a estrutura: Fl. 907DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 856 16 A construção dessa estrutura, é importante ressaltar, em que pese ser apresentada pela contribuinte, não é contraditada pela Fazenda, sendo admitida, portanto, como correta., a partir dos elementos então especificamente contidos nos autos. A partir da leitura dessas considerações, verificase que a “ligação” existente entre a então autuada (POLIBRASIL RESINAS S.A. sucedida / incorporada por SUZANO PETROQUÍMICA S.A. e, posteriormente, por QUATTOR PETROQUÍMICA S/A) e a empresa Petroken S/A (Argentina) é formada a partir de efetiva longa composição societária, tendo seu ponto comum, de fato, na empresa Basell International Holding B.V., na Holanda. A questão, então, a ser aqui efetivamente enfrentada é se, em algumas das hipóteses do indicado art. 23, inciso V da Lei 9.430/96 pode ser, ou não, então efetivamente enquadrada a circunstância da relação entre as empresas apontadas, verificandose, a partir daí, a obrigatoriedade ou não de aplicação das regras de Transfer Princing apontadas. Para a análise dessas circunstâncias, é bem verdade, curial se faz a análise dos contornos da norma especificamente considerada, que, no caso, conforme aqui já apontado, são aquelas constantes do Art. 23 da Lei 9.430/96, para o fim específico da aplicação das disposições contidas nos artigos 18 a 22 daquele mesmo diploma legal, conforme ali, então, expressamente apontado. A partir dessas considerações, de forma diversa da que pretende ver afirmado a recorrente, entendo, no caso, estarse sim diante de empresas efetivamente vinculadas, sobretudo porque, conforme se verifica, o vértice de ligação entre as duas empresas (a Polibrasil Resinas S/A e a Petroken S/A) é a empresa holandesa Basell International Holding B.V., que detém, induvidosamente, o controle acionário da empresarecorrente, e, também, o controle da empresa Argentina apontada. Fl. 908DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 857 17 Em face dessas considerações, por mais que entendamos relevantes as considerações trazidas no Recurso Voluntário no sentido de deixar duvidosa a existência do apontado “controle acionário”, entendemos que, no caso, não restou demonstrado pela contribuinte a sua inexistência, valendo então, no caso, a aplicação da presunção fiscal, da forma como realizada, tendo em vista a inconteste ligação existente entre as empresas apontadas. Por essa razão, entendo, no caso, pela efetiva verificação de vinculação entre as empresas apontadas, concluindo, portanto, pela adequada aplicação dos critérios de preço de transferência considerados pela fiscalização, rejeitando, assim, as considerações apresentadas neste particular, pelo recurso voluntário interposto. Sobre a ausência de comparação entre os métodos para a apuração do preço parâmetro Considerando, no caso, a vinculação entre as empresas apontadas, verificase ainda, nas razões da recorrente, a argüição quanto à invalidade da autuação, agora, sob o fundamento de que não teriam sido exploradas pela fiscalização todas as possibilidades na aplicação dos métodos apresentados pela IN 32/2001, o que, entende a recorrente, também fulminaria de invalidade do lançamento efetivado. Sem razão, entretanto. Da análise das disposições da apontada IN 32/2001, verificase que, de fato, à contribuinte é franqueada a adoção de quaisquer dos métodos ali considerados (PIC, CPL ou PRL), havendo, naquele normativo, inclusive, a especifica consideração da opção dos que possibilite a maior dedutibilidade possível, o que, entretanto, é confiado à atuação própria da contribuinte. Ocorre que, no presente caso, por entender não estar submetida aos ajustes determinados pela específica legislação de regência, por ela não foi realizada qualquer verificação, entendendo, no caso, que quando da formulação do lançamento estaria a autoridade lançadora obrigada a promover todas as hipóteses disponíveis, fazendo, então, a opção por aquela que, no caso, fosse menos onerosa para a contribuinte. Ora, pretender a aplicação desse entendimento, com todas as vênias, é transferir à fiscalização um ônus que era próprio da empresacontribuinte, o que, entretanto, efetivamente não se coaduna com as normas especificamente apontadas. A recorrente, vale destacar, em momento algum dos autos apresenta as suas específicas considerações, defendendo uma outra hipótese que deveria ter sido considerada pela fiscalização, pretendendo, ao revés, o acolhimento de suas razões como hipótese suficiente para a invalidação do lançamento. Insistase nesse ponto: não existe, nas disposições normativas de regência, qualquer referência à obrigatoriedade de tal procedimento pelos agentes da fiscalização fazendária, não podendo tal intento, agora, ser contra ela imposto como critério de validade de suas atividades, sem que, para tanto, remanesça qualquer determinação legal especificamente a ser considerada. Por essa razão, rejeito também mais essa argumentação trazida no Recurso Voluntário. Fl. 909DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 858 18 Da suposta inaplicabilidade do PRL20 nas operações com commodities Continuando as suas argumentações, sustenta a recorrente ainda que, mesmo que não se admitisse a insubsistência do lançamento por todas as considerações até então apresentadas, ainda assim não se poderia admitir a aplicação do apontado método PRL20 nas operações consideradas, uma vez que, tratandose de operações com commodities, seus preços seriam estabelecidos por regras próprias de mercado, com limitações de preço específicas, e, por isso, nunca admitida a aplicação do percentual presumido de 20% (vinte por cento)de lucro nas operações realizadas. A primeira questão a ser considerada, é bem verdade, referese ao fato de que nas disposições dos Artigos 18 a 22 da Lei 9.430/96 não se verifica qualquer referência a tipo de mercadoria comerciada entre as referidas empresas ligadas, sendo certo que tratarse ou não de commodities, para fins de aplicabilidade ou não daquelas disposições, é tema completamente estranho às disposições normativas de regência. Tratase, induvidosamente, de aplicação de expressa presunção legal, para a qual se exige, sem dúvida, a configuração das circunstâncias fáticas especificamente consideradas, não importando, absolutamente, se o montante do lucro presumido teria sido ou não efetivamente praticado na operação realizada. Nessas circunstâncias, estando pois devidamente configurada a hipótese de operação comercial realizada entre empresas vinculadas, conforme aqui antes já destacado, perfeitamente aplicáveis, verificamse, são as disposições que regem a sistemática própria dos Preços de Transferência, da forma como indicados, sendo, portanto, completamente irrelevantes as considerações a respeito a matéria então a ela efetivamente submetida. Por essa razão, rejeito, também aqui, os fundamentos apresentados no Recurso Voluntário interposto. Da impossibilidade de aplicação da multa de ofício na hipótese de responsabilidade por sucessão A par de todas as considerações apresentadas, ressalta ainda nos termos do Recurso Voluntário interposto a discussão em torno da inadmissibilidade da aplicação da multa de ofício aplicada neste caso, sobretudo em face da inconteste verificação de que, agora, não mais existiria a empresa que realizou os fatos inquinados de inválidos, sendo imputáveis, como aqui já se destacou, toda a responsabilidade tributária sobre a empresa sucessora, em decorrência da incorporação realizada. Pois bem. Como já tenho manifestado em outras oportunidade, as normas que imputam penalidades devem ser interpretadas e aplicadas nas estreitas e delimitadas hipóteses a elas aplicáveis, sendo induvidosamente inaplicável a analogia, a interpretação extensiva ou qualquer outra possibilidade de ampliação de suas disposições para o atingimento de terceiros, exceto nas específicas e expressas hipóteses admitidas por nosso ordenamento jurídico pátrio. A respeito da responsabilidade assumida pela empresa sucessora, decorrente de fusões, cisões e/ou incorporações, elucidativas são as disposições contidas no art. 132 do CTN, que, a esse respeito, assim então especificamente estabelece: Fl. 910DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 859 19 Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. (Destaque nosso) Ora, pela leitura que se faz desse dispositivo, a determinação de que caiba, à empresa incorporadora, toda a responsabilidade pelos tributos devidos pela empresa incorporada até data da incorporação não admite, per se, a obrigatoriedade de a imputação, também a ela, de todas as penalidades aplicáveis àquela, especialmente se, até a data da incorporação, tais penalidades sequer haviam sido especificamente constituídas. Nesse ponto é relevante aqui destacar que, enquanto a obrigação tributária nasce a partir da ocorrência material do fato gerador, o mesmo não ocorre com a imputação das chamadas multas de ofício, que somente passam a existir no plano jurídico a partir do específico ato de autoridade que determina a sua imputação. Nesses termos, o fato de aqui termos admitido, no caso, a lavratura do auto de infração contra a empresa já extinta, não é suficiente, por si só, para considerar possível a imputação da mencionada multa de ofício, que, ao contrário do que pretende fazer crer a douta Procuradoria, no nosso entender, não tem lugar em nosso ordenamento jurídico pátrio a pretendida transmissão de responsabilidade aos sucessores, sendo, de fato, obrigação pessoal e intransferível, e, por isso, efetivamente inadmissível na presente vertente. Cumpre destacar que tal entendimento é aqui apresentado sobretudo porque, conforme destacado, a empresa responsável pela materialização dos fatos inquinados de inválidos encontravase já efetivamente desconstituída (por força da incorporação) quando da lavratura do auto de infração, não se podendo, de forma alguma, simplesmente presumir o interesse e a responsabilidade da empresa incorporadora pelos fatos com que, efetivamente, não teria concorrido. Admitir a transmissão da penalidade pecuniária, da forma como pretende a fiscalização, definitivamente., é desconsiderar a especifica garantia constitucional da intransmissibilidade da pena, contida nas expressas disposições do Art. 5o, inciso XLV da CF/88, que, sobre o assunto, assim especificamente determina: XLV nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; Limitar a aplicação desse dispositivo, da forma como pretende a douta Procuradoria, com a mais respeitosa vênia, é simplesmente desconsiderar todo o arcabouço próprio do estudo do limite das penalidades no Direito Tributário Brasileiro, o que aqui, definitivamente, não se pode de forma alguma admitir. Fl. 911DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 860 20 Diante dessas considerações, entendo, no caso, assistir razão à recorrente neste particular, entendendo inválida a pretensão de aplicação, à sucessora, de penalidade (multa de ofício) decorrente de atos praticados pela sucedida, e que, à época da incorporação, era ainda efetivamente desconhecida. A aplicação da Taxa SELIC na correção do crédito tributário Sendo tema recorrente já neste Conselho, há tempos temos nos manifestado pela perfeita e completa regularidade da aplicação da Taxa SELIC como metido de atualização do crédito tributário, havendo, sobre esse específico ponto, atualmente, o Enunciado da Súmula CARF no 04, que sobre essa matéria, assim então já pacificou: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Diante dessas considerações, entendo completamente superado o entendimento exarado pela contribuinte a respeito dessa matéria, não havendo o que a seu respeito ser aqui, então, efetivamente acolhido. Dos juros sobre a multa Em que pese termos, aqui, especificamente exonerado a multa de ofício apontada, por entender inválida a sua aplicação contra a empresa sucessora, é relevante destacar que, acaso, eventualmente, entendase ela como devida em apreciação colegiada, é importante destacar que, conforme há tempos temos sustentado, completamente inválida seria a imposição da incidência dos juros sobre os montantes a ela relativos. Em primeiro lugar, conforme assentam as disposições do Art. 61 da Lei 9.430/96: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Fl. 912DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 861 21 A partir da leitura dessas disposições, verificase, claramente, a distinção conceitual determinada no dispositivo normativo para a definição da base de cálculo dos juros moratórios, sendo certo que estes (os juros) somente incidem sobre o montante dos débitos, que, como se verifica, é a mesma base de cálculo apontada para a aplicação da multa apontada. Nessa linha, verificamse já inúmeras manifestações administrativas e jurisdicionais, apontando a ausência de fundamento legal para a imposição da aplicação dos juros de mora sobre os montantes de multa de mora e/ou de ofício, o que, com a mais respeitosa vênia, afronta, expressamente, as disposições contidas no próprio art. 3o do CTN. Dessa forma, entendo como indevida a aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício aplicada, devendo, especificamente neste ponto, ser também admitido o recurso interposto. Conclusão Em face de todas as considerações aqui então apresentadas, encaminho o meu voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso de Ofício e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário interposto, este no sentido exclusivo de entender inválida a aplicação da multa de ofício sobre a empresa sucessora, tendo em vista que quando da lavratura do auto de infração já se teria regularmente efetivado a indigitada operação de incorporação entre as empresas POLIBRASIL RESINAS S.A. e a SUZANO PETROQUÍMICA S.A., sendo, portanto, efetivamente intransmissível a penalidade apontada, nos termos e fundamentos aqui, então, especificamente destacados. É como voto. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator Fl. 913DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 862 22 Voto Vencedor Conselheiro WILSON FERNANDES GUIMARÃES, redator designado. Em que pese a densa argumentação trazida pelo Ilustre Conselheiro Relator, a Turma Julgadora, por maioria de votos, não acolheu o posicionamento por ele adotado em relação à multa de ofício aplicada e aos juros de mora incidente sobre essa mesma multa. No que diz respeito à multa de ofício, entendeu o relator como inválida a pretensão de aplicação, à sucessora, de penalidade decorrente de atos praticados pela sucedida. A questão posta em debate, seja no âmbito doutrinário, seja em sede jurisprudencial, é polêmica. O Superior Tribunal de Justiça, entretanto, vem, reiteradamente, entendendo que os arts. 132 e 133 do Código Tributário Nacional impõem ao sucessor a responsabilidade integral, tanto pelos eventuais tributos devidos quanto pela multa decorrente, seja ela de caráter moratório ou punitivo, conforme transcrições abaixo. AgRg no REsp 1452763 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2014/01061841 Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Data do Julgamento: 10/06/2014 (DJe 17/06/2014) PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. SUCESSÃO EMPRESARIAL (INCORPORAÇÃO). RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SUCESSOR. PRECEDENTES. 1. "Os arts. 132 e 133 do CTN impõem ao sucessor a responsabilidade integral, tanto pelos eventuais tributos devidos quanto pela multa decorrente, seja ela de caráter moratório ou punitivo" (Resp 670.224/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 13.12.2004). No caso, considerando que o fato gerador foi praticado pela pessoa jurídica sucedida, inexiste irregularidade na "simples substituição da incorporada pela incorporadora", como bem observou o Tribunal de origem. Nesse sentido: REsp 613.605/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 22.8.2005; REsp 1.085.071/SP, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 8.6.2009. 2. Agravo regimental não provido. REsp 1237108 / SC RECURSO ESPECIAL 2011/00296601 Relator: Ministro CASTRO MEIRA Fl. 914DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 863 23 Data do Julgamento: 05/09/2013 (DJe 12/09/2013) ... 4. Cuidandose de sucessão empresarial, permanece a responsabilidade pelo pagamento, também, das respectivas multas fiscais. Precedentes. EDcl no REsp 923012 / MG EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL 2007/00314980 Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO Data do Julgamento: 10/04/2013 (DJe 24/04/2013) ... 4. Tanto o tributo quanto as multas a ele associadas pelo descumprimento da obrigação principal fazem parte do patrimônio (direitos e obrigações) da empresa incorporada que se transfere ao incorporador, de modo que não pode ser cingida a sua cobrança, até porque a sociedade incorporada deixa de ostentar personalidade jurídica. 5. O que importa é a identificação do momento da ocorrência do fato gerador, que faz surgir a obrigação tributária, e do ato ou fato originador da sucessão, sendo desinfluente, como restou assentado no aresto embargado, que esse crédito já esteja formalizado por meio de lançamento tributário, que apenas o materializa. Não obstante tais manifestações, que, a rigor, servem tão somente como elemento subsidiário para sustentação da tese que aqui se quer sustentar, entendo que a expressão “créditos tributários” prevista no art. 129 do Código Tributário Nacional alcança tanto os tributos como as multas porventura lançadas. E mais, consoante disposição contida no próprio artigo 129 do Código Tributário Nacional, o disposto naquela seção, que trata especificamente da RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES, aplicase, por igual, aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. Noutra linha, tomando por empréstimo as lições de Gelson Amaro de Souza (Responsabilidade Tributária e Legitimidade Passiva na Execução Fiscal, 2ª ed.,rev., atual. e amp. – Ribeirão Preto, SP : Nacional de Direito Livraria e Editora, 2001), cabe lembrar que existe um princípio universal de direito consistente em que ninguém pode transferir mais direito do que tem. Amoldandose tal princípio à questão em apreço, temos que, se o sucedido tinha um determinado patrimônio, o saldo desse patrimônio deve corresponder à subtração do passivo frente ao ativo. Assim, seria uma incoerência se o Código Tributário Nacional fizesse exclusão de parcela do crédito tributário nos casos de sucessão, pois, seguindo ainda a linha de raciocínio do autor em referência, com a qual concordo, quem sucede, substitui o sucedido em seu patrimônio, e, se houvesse alguma exclusão de parte da responsabilidade, corresponderia a admitir que o sucedido transferiu mais direito do que tinha, circunstância que, em Direito, não se admite. O autor citado traz ainda a seguinte manifestação: Fl. 915DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 864 24 O responsável por sucessão responde pelas obrigações tributárias deixadas pelo sucedido em toda sua extensão, sem exclusão alguma. O legislador, ao disciplinar a matéria da sucessão em seus arts. 131 a 133, especificamente, não fez nenhuma exclusão, como o fez para os casos do art. 134, do mesmo CTN. O parágrafo único do art. 134 exclui as responsabilidades em relação às multas de caráter pecuniário. Mas essa exclusão se restringe única e exclusivamente aos casos do art. 134 e não se aplica em hipóteses outras, que não as ali tratadas. Arrematando, entendo que a multa de ofício aplicada pela autoridade fiscal por infração praticada pelo contribuinte à lei tributária não possui caráter de pessoalidade, típica das penas criminais, mas ostenta caráter econômico e integra o passivo patrimonial das pessoas jurídicas, sendo, assim, transferível para o sucessor, da mesma forma que os demais elementos do passivo. Relativamente ao juros sobre a multa de ofício, embora tenha me pronunciado em outras ocasiões pela procedência da sua incidência, não com base na taxa selic, mas, sim, com aplicação do percentual de 1% a que alude o parágrafo primeiro do art. 161 do Código Tributário Nacional, em razão de reiterados pronunciamentos desta Corte Administrativa, revi meu posicionamento, de modo que passei a acolher o entendimento de que efetivamente existe lastro legal para que a incidência se dê com base na taxa selic. No que diz respeito à referida matéria (juros sobre a multa de ofício), dentre inúmeros no mesmo sentido, adoto como razões de decidir o pronunciamento do Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto nos autos do processo administrativo nº 19515.720343/2012 64 (acórdão nº 1402001.750, sessão de 30 de julho de 2014), que, amparado em manifestação da Câmara Superior de Recursos Fiscais, consignou: [...] Observase, inicialmente, que a questão tem sido objeto intenso debate pela Câmara Superior, haja vista que, num lapso de poucos meses, ocorreram votações em sentidos opostos, ambos decididos por maioria apertada de votos, como se verifica dos acórdãos n° 910100539, de 11/03/2010, e n° 910100.722, de 08/11/2010. Abstraindose de argumentos finalísticos, como o enriquecimento ilícito do Estado, os quais fogem à alçada deste tribunal administrativo, conforme determina a Súmula CARF n° 2, expõese os fundamentos considerados suficientes para justificar a cobrança nos presentes autos, com espelho no acórdão n° 910100539, de 11/03/2010, de lavra da Conselheira Viviane Vidal Wagner. O conceito de crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, comporta tanto tributo quanto penalidade pecuniária. Uma interpretação literal e restritiva do caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96, que regula os acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, pode levar à equivocada conclusão de que estaria excluída desses débitos a multa de ofício. Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma Fl. 916DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 865 25 aplicação da totalidade do direito". Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: "Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. É a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 74). Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema. O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago integralmente no seu vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos do inadimplemento. Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de ser uniforme. De acordo com a definição de Hugo de Brito Machado (2009, p.172), o crédito tributário "é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional)." A obrigação tributária principal referente à multa de ofício, a partir do lançamento, convertese em crédito tributário, consoante previsão do art. 113, §1°, do CTN: Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1° A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito tributário dela decorrente. (destacouse) A obrigação principal surge, assim, com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, o que inclui a multa de ofício proporcional. A multa de ofício é prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e é exigida "juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago''" (§1°). Assim, no momento do lançamento, ao tributo agregase a multa de ofício, tornandose ambos obrigação de natureza pecuniária, ou seja, principal. A penalidade pecuniária, representada no presente caso pela multa de ofício, tem natureza punitiva, incidindo sobre o montante não pago do tributo devido, constatado após ação fiscalizatória do Estado. Os juros moratórios, por sua vez, não se tratam de penalidade e têm natureza indenizatória, compensarem o atraso na entrada dos recursos que seriam de direito da União. Fl. 917DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 866 26 A própria lei em comento traz expressa regra sobre a incidência de juros sobre a multa isolada. Eventual alegação de incompatibilidade entre os institutos é de ser afastada pela previsão contida na própria Lei n° 9.430/96 quanto à incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. O parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 estabeleceu expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de tributos e contribuições, alcança os débitos em geral relacionados com esses tributos e contribuições e não apenas os relativos ao principal, entendimento, dizia então, reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência de juros sobre a multa exigida isoladamente. Nesse sentido, o disposto no §3° do art. 950 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99), exclui a equivocada interpretação de que a multa de mora prevista no caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 poderia ser aplicada concomitantemente com a multa de ofício. Art.950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61). §1° A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61, §1°). §2° O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei n°9.430, de 1996, art. 61, §2°). §3° A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício. A partir do trigésimo primeiro dia do lançamento, caso não pago, o montante do crédito tributário constituído pelo tributo mais a multa de ofício passa a ser acrescido dos juros de mora devidos em razão do atraso da entrada dos recursos nos cofres da União. No mesmo sentido já se manifestou a Câmara Superior de Recursos Fiscais quando do julgamento do Acórdão n° CSRF/0400.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA – MULTA DE OFÍCIO – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de ofício proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Cabe referir, ainda, a Súmula Carf n° 5: "São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral." Fl. 918DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 867 27 Diante da previsão contida no parágrafo único do art. 161 do CTN, buscase na legislação ordinária a norma complementar que preveja a correção dos débitos para com a União. Para esse fim, a partir de abril de 1995, temse a taxa Selic, instituída pela Lei n° 9.065, de 1995. No âmbito do Poder Judiciário, a jurisprudência é forte no sentido da aplicação da taxa de juros Selic na cobrança do crédito tributário, como se vê no exemplo abaixo: REsp 1098052 / SP RECURSO ESPECIAL 2008/02395728 Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125) Órgão Julgador T2 – SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 04/12/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 19/12/2008 Ementa PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. LANÇAMENTO. DÉBITO DECLARADO E NÃO PAGO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. TAXA SELIC. LEGALIDADE. 1. É infundada a alegação de nulidade por maltrato ao art. 535 do Código de Processo Civil, quanto o recorrente busca tãosomente rediscutir as razões do julgado. 2. Em se tratando de tributos lançados por homologação, ocorrendo a declaração do contribuinte e na falta de pagamento da exação no vencimento, a inscrição em dívida ativa independe de procedimento administrativo. 3. É legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários (Precedentes: AgRg nos EREsp 579.565/SC, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins,DJU de 11.09.06 e AgRg nos EREsp 831.564/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 12.02.07).(g.n.) No âmbito administrativo, a incidência da taxa de juros Selic sobre os débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal foi pacificada com a edição da Súmula CARF n° 4, de observância obrigatória pelo colegiado, por força de norma regimental (art. 72 do RICARF), nos seguintes termos: Súmula CARF n° 4: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim, com suporte nos fundamentos acima esposados, decidiu a Turma Julgadora considerar procedente a aplicação da multa de ofício, bem como dos juros de mora com base na taxa selic sobre ela incidente. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Fl. 919DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16561.000091/200661 Acórdão n.º 1301001.732 S1C3T1 Fl. 868 28 Fl. 920DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 25/0 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSECA DE MENEZES
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Numero do processo: 10410.721632/2012-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 10 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Sep 09 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1401-000.252
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, para sobrestar o feito, nos termos do § 2º do art. 2º da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012, visto que no presente recurso se discute questão idêntica àquela que está sendo apreciada pelo STF no RE 601.314-RG/SP (sob a sistemática do art. 543-B do CPC) e RE 410.054 - AgR/MG, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Presidente para Formalização do Acórdão
(assinado digitalmente)
Fernando Luiz Gomes de Mattos - Relator
Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF (Regimento Interno do CARF), a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura em 04/09/2015.
(
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Sergio Luiz Bezerra Presta, Mauricio Pereira Faro e Alexandre Antonio Alkmin Teixeira.
Nome do relator: FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 2; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2021; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 2 1 1 S1C4T1 PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10410.721632/201284 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1401000.252 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 10 de julho de 2013 Assunto Sobrestamento de processo Recorrente PALMEIRA & FILHOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, para sobrestar o feito, nos termos do § 2º do art. 2º da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012, visto que no presente recurso se discute questão idêntica àquela que está sendo apreciada pelo STF no RE 601.314RG/SP (sob a sistemática do art. 543B do CPC) e RE 410.054 AgR/MG, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Presidente para Formalização do Acórdão (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF (Regimento Interno do CARF), a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura em 04/09/2015. ( Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Sergio Luiz Bezerra Presta, Mauricio Pereira Faro e Alexandre Antonio Alkmin Teixeira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 10 .7 21 63 2/ 20 12 -8 4 Fl. 10986DF CARF MF Impresso em 09/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 0 4/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10410.721632/201284 Resolução nº 1401000.252 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o processo de lançamentos de Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ e reflexos. Consta do Termo de Encerramento, fls. 36 (grifado): Com base nos extratos bancários fornecidos pelos bancos, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001 [...] elaboramos o Demonstrativo de Créditos nas Contas Bancárias Total, com o montante de créditos no valor de R$ 19.728.333,21. Intimamos o contribuinte, via edital, através do Termo de Intimação Fiscal 0001, a justificar a origem dos recursos relacionados no citado demonstrativo. Nenhuma resposta foi apresentada. É o relatório. Voto Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator A constitucionalidade do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001, que autoriza o fornecimento de informações financeiras ao Fisco sem autorização judicial, encontrase sob a análise do Supremo Tribunal Federal, no RE 601.314RG/SP (sob a sistemática do art. 543B do CPC). Considerando o disposto no § 1º do art. 62A do Anexo II do RICARF (incluído pela Portaria MF nº 69/09) c/c art. 2º da Portaria CARF nº 001/2012, proponho o sobrestamento do julgamento do presente recurso voluntário, até o trânsito em julgado da decisão a ser proferida pelo STF no aludido RE 601.314RG/SP. Encaminhese o p.p. à Secretaria da 4ª Câmara, para que sejam observados os procedimentos previstos no § 3º do art. 2º e art. 3º da Portaria CARF nº 001/2012. É como voto. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Fl. 10987DF CARF MF Impresso em 09/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 0 4/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
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