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Numero do processo: 13884.721153/2014-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. REVISÃO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
A responsabilidade pelas informações prestadas na declaração de rendimentos da pessoa física é do próprio declarante.
MULTA DE OFÍCIO. A inobservância da norma jurídica tendo como consequência o não pagamento do tributo importa em sanção aplicável coercitivamente, visando evitar ou reparar o dano que lhe é consequente.
Recurso Voluntário. Negado.
Numero da decisão: 2401-004.394
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do relatório e voto.
(assinado digitalmente)
Maria Cleci Coti Martins - Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Arlindo da Costa e Silva, Theodoro Vicente Agostinho, Miriam Denise Xavier Lazarini, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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REVISÃO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A responsabilidade pelas informações prestadas na declaração de rendimentos da pessoa física é do próprio declarante. MULTA DE OFÍCIO. A inobservância da norma jurídica tendo como consequência o não pagamento do tributo importa em sanção aplicável coercitivamente, visando evitar ou reparar o dano que lhe é consequente. Recurso Voluntário. Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 72 11 53 /2 01 4- 41 Fl. 88DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 1/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negarlhe provimento, nos termos do relatório e voto. (assinado digitalmente) Maria Cleci Coti Martins Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Arlindo da Costa e Silva, Theodoro Vicente Agostinho, Miriam Denise Xavier Lazarini, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 89DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 1/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 13884.721153/201441 Acórdão n.º 2401004.394 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeiro grau que negou provimento à impugnação apresentada pelo contribuinte. Em 12/05/2014, foi lavrada notificação de lançamento referente ao exercício de 2011, AnoCalendário 2010, na qual foi constatada a omissão de rendimentos decorrentes de trabalho, sujeitos a tabela progressiva, no valor de R$ 17.989,80 (dezessete mil, novecentos e oitenta nove reais e oitenta centavos), recebidos da empresa São Paulo Previdência SPPREV, e foi apurada com base na DIRF apresentada à Receita Federal por essa fonte pagadora. Em complemento, constou que, do valor mensal dos rendimentos de aposentadoria ou pensão pagos pela SPPREV (65 anos), somente estava isenta a parcela de R$ 1.499,15 por mês, resultando numa isenção anual de até R$ 17.989,80. Como o contribuinte já se aproveitou dessa isenção em um dos informes de rendimentos do SPPREV, os demais valores que constavam como isentos no outro informe somaramse aos demais rendimentos tributáveis. Inconformado com a notificação apresentada, o contribuinte protocolizou impugnação alegando que não houve omissão, mas apenas um equívoco ao preencher a declaração. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campo Grande (MS) manteve o crédito tributário, com a seguinte consideração: “DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. REVISÃO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. Limitase ao valor da isenção mensal do imposto de renda a não tributação dos rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, a partir do mês em que o contribuinte completar sessenta e cinco anos de idade. A responsabilidade pelas informações prestadas na declaração de rendimentos da pessoa física é do próprio declarante. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. A multa de ofício e os juros de mora exigidos no procedimento de ofício tem amparo legal, não podendo ser afastadas pelo julgador administrativo.” Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual o contribuinte afirmou que não ocultou rendimentos à Receita Federal, o Fl. 90DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 1/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 4 que houve foi um equivoco causado pelo próprio software da Receita federal no preenchimento da declaração, quando lhe foi permitido incluir duas aposentadorias como isentas. É o relatório. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 1/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 13884.721153/201441 Acórdão n.º 2401004.394 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 11/09/2014, conforme AR às fls. 50, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 25/09/2014, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DO MÉRITO No tocante a alegação do contribuinte de que foi induzido ao erro pelo próprio software da Receita Federal do Brasil, cabe esclarecer que o programa de preenchimento da Declaração de Ajuste Anual disponibilizado aos contribuintes pela Receita Federal não contém informação sobre os rendimentos auferidos por cada contribuinte, de forma a permitir identificar erro no momento em que os dados são preenchidos. Nesse sentido, os rendimentos recebidos da São Paulo Previdência SPPREV foi apurado com base na DIRF apresentada à Receita Federal por essa fonte pagadora, e como não foram oferecidas espontaneamente pelo contribuinte, sujeitamse ao lançamento de ofício. Cumpre ressaltar, que a responsabilidade pelas informações prestadas na declaração de rendimentos da pessoa física é do próprio declarante, como contribuinte direto (artigo 121 do CTN), a quem cumpre oferecer à tributação na declaração anual o total dos rendimentos recebidos, independentemente de informação da fonte pagadora. O inciso XXXIV do artigo 39 do Decreto 3000, de 26 de março de 1999, o RIR/1999 prevê a isenção dos rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, até o limite de isenção mensal do imposto de renda, a partir do mês em que o contribuinte completar sessenta e cinco anos de idade. Confirase: “Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) Fl. 92DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 1/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 6 XXXIV os rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por qualquer pessoa jurídica de direito público interno, ou por entidade de previdência privada, até o valor de novecentos reais por mês, a partir do mês em que o contribuinte completar sessenta e cinco anos de idade, sem prejuízo da parcela isenta prevista na tabela de incidência mensal do imposto.” Conforme previsto no artigo 6º, incisos XV, letra “d” da Lei n° 7.713/88, com redação dada pela Lei n° 12.469, de 2011, para o anocalendário de 2010, o limite para essa isenção era de R$ 1.499,15 por mês. Na Declaração de Ajuste Anual de IRPF/2011 processada, que deu origem ao lançamento, a título de rendimento isento, correspondente à parcela isenta de proventos de aposentadoria, reserva remunerada, reforma e pensão de declarantes com 65 anos ou mais, foi declarado o valor de R$ 19.488,95. O fisco apurou omissão de rendimentos tributáveis recebidos da fonte pagadora SPPREV, no valor de R$17.989,80, tendo considerado que, no anocalendário 2010, o interessado auferiu rendimentos tributáveis dessa fonte pagadora, conforme DIRF, no valor total de R$ 139.279,34. Ou seja, Na Declaração de Ajuste Anual de IRPF/2011 processada, que deu origem ao lançamento, o interessado declarou rendimentos tributáveis recebidos de duas fontes pagadoras, São Paulo Previdência SPPREV e Obra sociais da Arquidiocese de Aparecida), no total de R$ 133.495,16, e Imposto de Renda Retido na Fonte no total de R$ 18.335,04, apurando saldo de imposto a pagar no valor de R$ 5.565,83. A título de rendimento isento, correspondente à parcela isenta de proventos de aposentadoria, reserva remunerada, reforma e pensão de declarantes com 65 anos ou mais, foi declarado o valor de R$ 19.488,95. A autoridade fiscal apurou omissão de rendimentos tributáveis recebidos da fonte pagadora SPPREV, no valor de R$ 17.989,80, tendo considerado que, no anocalendário 2010, o interessado auferiu rendimentos tributáveis dessa fonte pagadora, conforme DIRF, no valor total de R$ 139.279,34. Os dois comprovantes de rendimentos emitidos por essa fonte pagadora (fls. 16 e 19), informam pagamento de rendimentos isentos ao interessado no ano de 2010, no valor de R$ 19.488,95, e pagamento de rendimentos tributáveis nos valores de R$ 12.408,95 e R$ 108.880,59. Assim, considerando que a parcela da aposentadoria isenta de imposto recebida por contribuinte maior de 65 de anos era de R$ 17.989,80 (R$ 1.499,15 x 12) e que o contribuinte somente tem direito a considerar uma única vez essa isenção, verificase que está correto o rendimento tributável considerado pela autoridade lançadora como recebido dessa fonte pagadora, de R$ 139.279,34 (12.408,95 + 108.880,59 + 17.989,80). A diferença entre o valor da parcela isenta de proventos de aposentadoria de contribuinte com 65 anos ou mais, informada na DAA e no comprovante de rendimentos da fonte pagadora, de R$ 19.488,95, e o da parcela isenta prevista em Lei, de R$ 17.989,80, é de R$ 1.499,15, correspondente ao limite de isenção mensal prevista em Lei para o ano em questão ( Fato gerador 31/12/2010, com vencimento em 29/04/2011), e certamente é referente ao 13º salário, para o qual a fonte pagadora também deve ter considerado isenção em dobro e efetuado retenção de imposto de renda em valor menor que o devido. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 1/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 13884.721153/201441 Acórdão n.º 2401004.394 S2C4T1 Fl. 5 7 Como a tributação sobre o décimo terceiro salário não é objeto do lançamento questionado, não cabe ser analisada nesse momento. Notese que é importante registrar que, em sede de julgamento, é vedada a revisão do lançamento que resulte no agravamento da exigência inicial. Em resumo, os dois comprovantes de rendimentos emitidos por essa fonte pagadora (fls. 16 e 19) informam pagamento de rendimentos isentos ao interessado no ano de 2010, no valor de R$ 19.488,95, e pagamento de rendimentos tributáveis nos valores de R$ 12.408,95 e R$ 108.880,59. Considerando que a parcela da aposentadoria isenta de imposto recebida por contribuinte maior de 65 de anos era de R$ 17.989,80 (R$ 1.499,15 x 12) e que o contribuinte somente tem direito a considerar uma única vez essa isenção, verificase que está correto o rendimento tributável considerado pela autoridade lançadora como recebido dessa fonte pagadora, de R$ 139.279,34 (12.408,95 + 108.880,59 + 17.989,80). Pelo exposto, não merece reparo o acórdão recorrido, devendo ser mantido o lançamento fiscal. 2.3. Da inaplicabilidade da multa de ofício O recorrente alega que não omitiu quaisquer rendimentos, já que o valor foi informado no quadro relativo àqueles isentos e não tributáveis. No entanto, ao classificar indevidamente os rendimentos omitidos como isentos e nãotributáveis, na declaração de ajuste anual, o contribuinte deixou de apurar corretamente e de recolher o imposto devido. Sobre o assunto, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), editou o Parecer PGFN/CDA/CAT nº 190, de 26 de janeiro de 2009, no qual, ao analisar a natureza da multa de ofício, deixa claro que esta se presta a penalizar, de forma indistinta, as condutas de “não pagamento” ou “pagamento parcial” da contribuição, bem como a “falta de entrega da declaração” ou a “declaração inexata”. Nessa dimensão, interpreta que o fato gerador da multa de ofício corresponde a condutas que, se praticadas isoladamente, constituiriam fatos geradores da obrigação principal e da obrigação acessória concernente à entrega da declaração. Assim, a inobservância da norma jurídica tendo como consequência o não pagamento do tributo importa em sanção aplicável coercitivamente, visando evitar ou reparar o dano que lhe é consequente, nos termos do artigo 44 da Lei nº 9.430/96, cabe a aplicação da multa de ofício. Recordese: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata.” Pelo exposto, voto pela improcedência da impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 1/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 8 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 95DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 2 1/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS
score : 1.0
Numero do processo: 10930.903575/2012-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 08/09/2005
COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas.
COFINS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.
Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.546
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do Fato Gerador: 08/09/2005 COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. COFINS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. COFINS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 35 75 /2 01 2- 81 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10930.903575/201281 Acórdão n.º 3402003.546 S3C4T2 Fl. 3 2 Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Trata os presentes autos de Pedido de Restituição (PER), por meio do qual a Recorrente solicita a restituição do crédito decorrente do pagamento de COFINS IMPORTAÇÃO. No Despacho Decisório, a autoridade competente da DRF em Londrina/PR, indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual esclarece tratarse de pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi. Consigna que a Lei nº 10.865/2004 instituiu as contribuições do PIS e da COFINS sobre a importação de bens e serviços, mas não foi clara em relação à incidência sobre as quantias remetidas ao exterior a representantes comerciais a título de comissões sobre vendas, o que fez com que a Recorrente optasse por recolher as contribuições sobre essas operações. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, em resposta a diversas consultas (cita duas), passou a vazar o entendimento de que as comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior, não estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS Importação. Isso porque, anota a Recorrente, essas operações não configuram hipótese de serviços prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Assim, uma vez ter efetuado o pagamento de tributo indevido, tem o direito à restituição na forma prevista no art. 165 do Código Tributário Nacional CTN, devidamente corrigido pela taxa SELIC, conforme prescreve a Lei nº 9.250, de 1995, "ainda que informado o débito em DCTF". Sobreveio, então, o Acórdão nº 06045.917, da DRJ em Curitiba (PR), negando provimento à Manifestação de Inconformidade. Irresignada com a referida decisão, foi interposto o presente recurso voluntário, cujas razões, em suma, são as seguintes: (i) diferente do que entendeu a autoridade julgadora, a empresa recorrente comprovou ser pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi; (ii) que demonstrou que a Lei n° 10.865, de 2004, que instituiu as contribuições ao PIS/Pasep e COFINS sobre a importação de bens e serviços, não foi clara ao determinar a incidência sobre as quantias pagas, ou remetidas ao exterior, a representantes comerciais domiciliados no exterior a título de comissões sobre vendas; Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10930.903575/201281 Acórdão n.º 3402003.546 S3C4T2 Fl. 4 3 (iii) para não sofrer sanções, optou por recolher as contribuições sobre as quantias remetidas ao exterior (para representantes domiciliados no exterior) incidentes sobre comissões sobre vendas, conforme (DARF's) apresentados; (iv) ocorre que, posteriormente, a própria RFB, através de inúmeras respostas a Soluções de Consultas, passou a definir que as "comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior não estão sujeitas à incidência da COFINS/PISImportação", por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Reproduz algumas dessas Solução de Consulta. (v) que o processo administrativo sempre deve buscar a verdade real ou material relativa aos fatos tributários, em decorrência da estrita legalidade tributária, que devem nortear todos os atos da administração fiscal. Com isto, não basta simplesmente argumentar que "prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido", para negar a existência do direito creditório; (vi) frisa que os erros contidos em declaração podem e devem ser retificados de ofício, por força da estrita legalidade tributária e nos moldes do art. 147, § 2º do CTN. (vii) que seja reconhecido que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis em valores devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95; (viii) requer que seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova ou esclarecimento de dúvidas relativas aos fatos trazidos neste processo. À vista do exposto, espera e requer seja julgado integralmente procedente o presente recurso, a fim de que seja reconhecido o direito creditório e assegurada a restituição das quantias recolhidas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.529, de 13 de dezembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10930.903656/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.529): Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10930.903575/201281 Acórdão n.º 3402003.546 S3C4T2 Fl. 5 4 Emerge do relatado, que o objeto do pedido de ressarcimento tem como fundamento o indébito de PIS/Pasep sobre comissão de venda paga a representantes comerciais residentes/domiciliados no exterior. No referido Despacho Decisório restou consignado que, "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição". Consta dos autos que o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. Ou seja, ao que tudo indica, o contribuinte não retificou a DCTF no que pertine ao pleito em questão, por isso a conclusão do despacho decisório vestibular que o valor sob pedido de ressarcimento foi "integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte". Por outro lado, a Recorrente tenta demonstrar em seu recurso, que não há incidência de contribuições para o PIS Importação sobre remessas realizadas para o exterior para pagamento de comissões à agentes no exterior a título de comissões ali realizadas, por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique, e que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis e em montantes devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95. Tudo com base na Lei nº 10.865, de 2004 e Soluções de Consultas emitidas pela RFB que cita. Contudo, se de um lado a decisão recorrida tenha asseverado que "(...) como se vê uma das hipóteses de ocorrência do fato gerador das contribuições ao PIS e a COFINS, sobre importação de serviços, é a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado", como alega a peticionante, por outro giro, deixou patente que o ônus da prova quanto ao indébito seria da ora Recorrente, nos seguintes termos: "(...) Mas, para a verificação se os valores remetidos ao exterior atendem às condições estabelecidas em lei para a incidência das contribuições sobre a importação de serviços ou, não se caracterizando o fato gerador da obrigação tributária, há, de fato, o indébito reclamado pela interessada, é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. Ocorre que, no presente caso, prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido. Nesse sentido, é bom lembrar que não se permite, depois de iniciado qualquer procedimento fiscal, que seja retificada declaração quando vise a reduzir ou a excluir tributo, a não ser mediante a comprovação do erro em que se funde. É o que Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10930.903575/201281 Acórdão n.º 3402003.546 S3C4T2 Fl. 6 5 determina o art. 147, § 1º, da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. E, como visto, o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. (sublinhei) E conclui a decisão a quo: "(...) Assim, instaurado o contencioso administrativo, as alegações quanto ao suposto crédito decorrente de recolhimento indevido ou a maior, como no caso em análise, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da contribuinte. Dessa forma, uma vez que a conclusão emitida pela autoridade administrativa teve como pressuposto as informações prestadas pela própria interessada em declarações fiscais válidas a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório e não havendo prova hábil que contrarie as informações prestadas espontaneamente, demonstrando o pagamento indevido do tributo, é de se manter o indeferimento da restituição pleiteada". Portanto, a lide se resume na questão de atendimento de condições estabelecidas em lei e provas documentais trazidos aos autos, pois para o deslinde do litígio é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, mormente quando o pedido versa sobre suposto pagamento indevido. No caso em análise, por se tratar de pedido de restituição, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da recorrente. Documentação essa, frisese, de posse da recorrente por determinação legal, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. É de conhecimento que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo legislador nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10930.903575/201281 Acórdão n.º 3402003.546 S3C4T2 Fl. 7 6 E, no presente caso, é fato que prova alguma foi trazida aos autos pela Recorrente que comprovem que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora ela tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, quer na impugnação, quer agora na fase recursal. Demais disso, o fundamento da decisão recorrida foi justamente este, qual seja, a falta de prova. Mas, contrariando os ditames do ônus da distribuição da prova para provar fato constitutivo de seu direito, insiste que "seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova". Ora, se toda a documentação para provar o direito que alega está em seu poder, deveria ter a Recorrente produzido tal prova quando da manifestação de inconformidade, ou mesmo em sede de recurso voluntário, o que não ocorreu. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ é merecedora de ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Conclusão Assim, concluo que por falta de prova hábil acostadas nos autos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 64DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.002694/2004-27
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 1999
IRPI - ROYALTIES ENVIADOS AO EXTERIOR - LICENÇA PARA
COMERCIALIZAÇÃO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR - LIMITE
DE DEDUTIBILIDADE - ART. 355 DO RIR/99.
O art. 355 do 121.12/99 estabelece limites de dedutibifidacle para pagamentos realizados a titulo de royalties pela exploração de patentes de invenção ou uso de marcas de indústria ou de comércio, e por assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante. No caso dos softwares, a finalidade do pagamento vai muito além dessas hipóteses. O software é o próprio
produto cujo direito de uso está sendo comercializado com o consumidor final no Brasil, e é por essa aquisição que se da o pagamento ao fabricante no exterior.
LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL.
Decorrendo a exigência da CSLL da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, e não havendo argüições especificas, a mesma decisão estende-se ao procedimento decorrente.
Numero da decisão: 1802-000.330
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Nelso Kichel e Ester Marques Lins de Sousa que negavam provimento ao recurso. Designado o conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa para redigir o voto vencedor. O Conselheiro João Francisco Bianco apresentará declaração de voto, nos termos do relatório e votos, que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: José de Oliveira Ferraz Corrêa
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1999 IRPI - ROYALTIES ENVIADOS AO EXTERIOR - LICENÇA PARA COMERCIALIZAÇÃO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR - LIMITE DE DEDUTIBILIDADE - ART. 355 DO RIR/99. O art. 355 do 121.12/99 estabelece limites de dedutibifidacle para pagamentos realizados a titulo de royalties pela exploração de patentes de invenção ou uso de marcas de indústria ou de comércio, e por assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante. No caso dos softwares, a finalidade do pagamento vai muito além dessas hipóteses. O software é o próprio produto cujo direito de uso está sendo comercializado com o consumidor final no Brasil, e é por essa aquisição que se da o pagamento ao fabricante no exterior. LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL. Decorrendo a exigência da CSLL da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, e não havendo argüições especificas, a mesma decisão estende-se ao procedimento decorrente.
turma_s : Segunda Turma Especial da Primeira Seção
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Nelso Kichel e Ester Marques Lins de Sousa que negavam provimento ao recurso. Designado o conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa para redigir o voto vencedor. O Conselheiro João Francisco Bianco apresentará declaração de voto, nos termos do relatório e votos, que integram o presente julgado.
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I MINISTÉRIO DA FAZENDA '• • - CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 10882.00269412004-27 Recurso n° 166.086 Voluntário Acórdão n° 1802-00330 — 2' Turma Especial Sessão de 25 de Janeiro de 2010 Matéria IRPJ e CSLL Recorrente COMPUWARE DO BRASIL S/A Recorrida 4a.Turma/DRI/Campinas ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1999 IRPI - ROYALTIES ENVIADOS AO EXTERIOR - LICENÇA PARA COMERCIALIZAÇÃO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR - LIMITE DE DEDUTIBILIDADE - ART. 355 DO RIR/99. O art. 355 do 121.12/99 estabelece limites de dedutibifidacle para pagamentos realizados a titulo de royalties pela exploração de patentes de invenção ou uso de marcas de indústria ou de comércio, e por assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante. No caso dos softwares, a finalidade do pagamento vai muito além dessas hipóteses. O software é o próprio produto cujo direito de uso está sendo comercializado com o consumidor final no Brasil, e é por essa aquisição que se da o pagamento ao fabricante no exterior. LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL. Decorrendo a exigência da CSLL da mesma imputação que fundamentou o lançamento do WPJ, e não havendo argüições especificas, a mesma decisão estende-se ao procedimento decorrente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Nelso Kichel e Ester Marques Lins de Sousa que negavam provimento ao recurso. Designado o conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa para redigir o voto vencedor. O Conselheiro João Francisco Bianco apresentará declaração de voto, nos termos do relatório e votos, que inte a . o presente julgado ES • MARQUES LINS D *USA — Presidente e Relatora. ,,,/, )e- ,-- J St DE OLIVEIRA FERRAZ CORRÊA - Redator designado. j71 EDrIADO EM: 13 8 ABR 2011) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente da Turma), João Francisco Bianco (Vice-Presidente), José de Oliveira Ferraz Corrêa, Natanael Vieira dos Santos (Suplente convocado), Nelso Kichel (Suplente convocado) e Edwal Casoni de Paula Femandes Junior.Ausente justificadamente o conselheiro Leonardo Lobo de Almeida. 2 Processo n° 10882.002694/2004-27 Si-TE02 Acórdão n.° 1802-00330 Fl. 2 Relatório COMPLTWARE DO BRASIL S/A, já qualificada nos autos, recorre a este colegiado da decisão de primeira instância que julgou procedentes os lançamentos relativos ao crédito tributário consolidado à fl.002, consubstanciado nos seguintes autos de infração, cientificado ao contribuinte em 25/11/2004: - Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ, no valor de R$ 52.638,75, acrescido de multa de oficio no percentual de 75% e juros de mora, fis.270/274; - Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido - CSLL, no valor de R$ 35.511,04, acrescido de multa de oficio no percentual de 75% e juros de mora, fls 275/282; A exigência relativa ao 1RPJ, conforme o Termo de Verificação Fiscal fls.258/264 e a descrição dos fatos e enquadramento legal (fls.271/272), decorre das seguintes infrações relativas ao ano calendário de 1999: 1- Glosa de despesas não comprovadas, no valor de R$ 4.000,00 2- Glosa das despesas lançadas à titulo de Leasing (arrendamento mercantil) no valor de R$ 409.988,11, ante a falta de comprovação com documentação hábil e idônea; 3- Glosa de despesa com Royalties e Assistência Técnica, no valor de R$ 6.949.159,79, superior ao limite de dedutibilidade no percentual de 5% da Receita Liquida, estabelecido no art.355 do Decreto n°3000/99 (RIR/99). A Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ/Campinas/SP) negou provimento à impugnação em decisão proferida no venerando Acórdão ii° 05-16.861, de 27.03.2007, (fls.433/451), assim ementada: GLOSA DE DESPESAS NÃO COMPROVADAS. ARRENDAMENTO MERCANTIL: INOBSERVÂNCIA DE REQUISITOS LEGAIS. Mantém-se as exigências relativas a infrações descritas nos autos, cujos pressupostas fáticos encontra-se conforme a legislação aplicável. ROYALTIES. LIMITES DE DEDUÇÃO. Constituem royalties os valores previstos em contratos de licença, com previsão de concessão do direito de uso da marca e do nome da licenciante, pagos para comercializar no mercado nacional programas de computador de propriedade de empresa estrangeira, sujeitando-se sua dedução aos limites e condições estabelecidos na legislação de regência. LANÇAMEN7'0 REFLEXO. CSLL. 3 Devido à estreita relação de causa e (eito existente entre a ecigência do IRPJ e a que dela decorre, uma vez mantida a imposição principal, idêntica decisão estende-se ao procedimento decorrente. O contribuinte foi cientificado da decisão acima em 19/12/2007, conforme Aviso de Recebimento (AR), 11.455-v, e, interpôs Recurso ao Conselho de Contribuintes em 18/01/2008, (fls.4631478). Alega que a decisão de primeiro grau merece ser reformada, para anular o lançamento, preliminarmente, porque deixou de analisar as operações praticadas pela Recorrente e, por conseqüência, a natureza jurídica das remessas ao exterior que serviram de base para a autuação, violando pois, o princípio da verdade material. Sustenta, em síntese, que os pagamentos efetuados à "Compuware Corporation" não se referem a "royalties", e sim, à remuneração do licenciamento de software desenvolvidos por aquela empresa estrangeira e que, portanto, as menções em sua contabilidade e documentos fiscais à palavra "royalty" advém, única e exclusivamente, da inexistência de código especifico disponibilizado pela Secretaria da Receita Federal para o pagamento do Imposto de Renda Retido na Fonte. Ratifica, pois, que os pagamentos efetuados possuem natureza de: "remuneração pelo licenciamento de programas de computador, os quais recebem, no Brasil, tratamento próprio dos direitos autorais". Insurge-se contra a aplicação da limitação de dedutibilidade, determinada no art.355 do RIR/99, por entender que tal dispositivo é aplicável tão-somente a valores devidos a título de royalties e de assistência técnica, científica, administrativa ou assemelhados, e não, a remuneração por licença de uso de software ou pagamento de direitos autorais (situação da Recorrente). Explica a Recorrente que, o programa de computador (software) tal como estabelecido no art.1° da Lei n°9.609, de 19/02/1998, não possui existência fisica, não são bens corpóreos, mas bens imateriais. "Os programas de computador são formados por um conjunto de rotinas e instruções que são codificadas numa linguagem técnica especifica capaz de viabilizar a operacionalização dos computadores. A parte física do computador (hardware) necessita desses comandos para que possa funcionar e atender às necessidades dos usuários". A Recorrente invoca a Portaria n° 181/89 para lembrar que a mesma reconheceu que os rendimentos referentes aos programas de computador são direitos do autor. Alega, ainda, que royalties e direito autoral são reconhecidos pelo RIR/99. Diz que, enquanto, os royalties seguem o regime de tributação estabelecido pelo art.710, os direitos autorais seguem o regime próprio estabelecido no art.709 do referido Regulamento. Para reforçar o seu entendimento de que os pagamentos a titulo de direito autoral (software) não estão sujeitos ao limite previsto no art.355do RIR/99, traz à lume entendimento desse Conselho Administrativo, com transcrição de ementa do Acórdão n° 108- 09469, 07/11/2007, no sentido de que as quantias pagas a titulo de direito autoral não estão sujeitas ao limite estabelecido no art.294 do RIR/94. Ao final requer provimento do recurso. É o relatório. 4 Processo n° 10882.00269412004-27 81-TE02 Acórdão n.° 1802-00330 R 3 Voto Vencido Conselheira Relatora ESTER MARQUES LINS DE SOUSA O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235/72 e suas alterações posteriores. Dele tomo conhecimento. De início, cumpre esclarecer que a infração questionada pela Recorrente refere-se à matéria de direito em que se discute a natureza da despesa, não sendo necessária diligência/perícia, haja vista que as provas constantes dos autos esclarecem os fatos e são suficientes ao deslinde da questão. Também não há falar sobre falta de motivação, os fatos encontram-se descritos à exaustão no Termo de Verificação Fiscal e bem enfrentados na decisão recorrida. Conclui-se do relato acima, que o contribuinte recorre a este colegiado apenas quanto ao item 03, ou seja, Glosa de despesa com Royalties e Assistência Técnica- Exterior, no valor de R$ 6.949.159,79, superior ao limite de dedutibilidade no percentual de 5% da Receita Líquida, estabelecido no art.355 do Decreto n° 3000/99 (RIR/99). A Recorrente sustenta, em síntese, que os pagamentos efetuados à "Compuware Corporation" não se referem a royalties, e sim, à remuneração do licenciamento de software desenvolvidos por aquela empresa estrangeira e que, portanto, as menções em sua contabilidade e documentos fiscais à palavra "royalty" advém, única e exclusivamente, da inexistência de código específico disponibilizado pela Secretaria da Receita Federal para o pagamento do Imposto de Renda Retido na Fonte. Ratifica, pois, que os pagamentos efetuados possuem natureza de: "remuneração pelo licenciamento de programas de computador, os quais recebem, no Brasil, tratamento próprio dos direitos autorais". A conclusão da decisão recorrida é que: Constituem rovalties os valores previstos em contratos de licença. com previsão de concessão do direito de uso da marca e do nome da licenciante "s para comercializar no mercado nacionalrcpas de computador de propriedade de empresa estrangeira, sujeitando-se sua dedução aos limites e condições estabelecidos na legislação de regência. Vê-se pois, que o voto condutor do acórdão recorrido não se prendeu à terminologia descrita na contabilidade, e sim, à questão essencial da natureza da despesa, ou seja, valores pagos por licenciamento de programa de computador constituem royalties. Após transcrever as clausulas contratuais, fis.445/446, descreve a decisão recorrida que: "De tais cláusulas contratuais decorre que todo o fornecimento de software da Compuware Corporation para a autuada era efetuado no âmbito e sob as normas do contrato de licença, ou seja, um contrato de concessão do direito de comercializar software no Brasil, mas, principalmente, dentro do âmbito de um contrato de concessão do direito de uso de marca e do nome da Compuware, ou seja, refere-se a importâncias cobradas pelo proprietário de um processo de produção, da marca e dos direitos exclusivos sob softwares, para permitir sua comercialização, ou seja, trata-se de royaldes". A Recorrente insiste que não pagou royalties e sim, direitos autorais a teor da Lei n° 9.609, de 19/02/1998 que dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador ( sofiware): An. 1° Programa de com~ é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte fisico de qualquer natureza, de enzorepo necessário em máquinas automáticas de tratamento da inforrnacão. dispositivos. instnanentos ou equipamentos periféricos baseados em técnica digital ou análoga, para-fazê- lotirzar de modo e para fins determinados.(Grifei) DA PROTEÇÃO AOS DIREITOS DE AUTOR E DO REGIS17(0 Art. 2° O regime de protecão à propriedade intelectual de programa de computador é o conferido às obras literárias pela lt iro de direitos autorais e conexos vigentes no Pais, observado o disposto nesta Lei.(Grifei) (..) No sentido literal Royalty (Dicionário Digital Aurélio 5.0.40) é uma palavra de origem iLigliesta que se refere a uma importância cobrada pelo proprietário de uma patente de produto, processo de ztts, marca entre outros, ou pelo autor de uma obra, para permitir seu uso ou comercialização. Assim, com o advento da Lei n° 9.609, de 19/02/1998, por royalties deve se entender além das quantias despendidas ao detentor de uma marca, patente industrial, processo de produção, produto ou obra literária original pelos direitos de sua exploração comercial, também como royalty o valor pago por programa de computador (software). Como se encontra conceituado nos Pareceres Normativos CST n° 37/74 e 143/75, por royalties deve se entender todas as quantias despendidas com a finalidade de compensar, financeiramente, o direito pelo uso de bens incorpóreos, tais como patentes de invenção, marcas de fábrica ou propriedades semelhantes, modalidade admitida como custo ou despesa operacional. Conclui, também o Parecer Normativo CST n° 79/75, que os programas de computador (software), quando adquiridos no exterior, constituem transferência de tecnologia, de modo que para efeito de dedutibilidade como despesa operacional, o contrato de transferência deve ser averbado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. No que tange ao "Programa de Computador", assim doutrina Hiromi Higuchi, em sua 32 Edição - IMPOSTO DE RENDA DAS EMPRESAS INTERPRETAÇÃO PRÁTICA- página 603: Em todas as Convenções assinadas pelo Brasil para evitar a dupla tributação de renda o termo rovalties está definido como as renzuneri -les . e , thu- natursra ri • as . •lo uso nt i 'Ia concessão do uso de um direito de autor, sobre uma obra un literária artística ou científica, inclusive os filmescinematográficos, de uma patente etc. Com isso as rernuneracões e Processo n°10882.002694/2004-27 SI-TE02 Acórdão nt 1802-00330 n.4 decorrentes de uso de programas de computador são consideradas rovalties. (Grifei) O ponto nodal da questão argumentada pelo interessado no presente processo diz respeito a aplicação da limitação de dedutibilidade, determinada no art.355 do RIR/99, que assim dispõe: Árt.355.As somas das quantias devidas a titulo de royalties pela exploração de patentes de invenção ou uso de marcas de indústria ou de comércio, e por assistência técnica, cientifica, administrativa ou semelhante, poderão ser deduzidas como despesas operacionais até o limite máximo de cinco por cento da receita liquida das vendas do produto fabricado ou vendido (art. 280), ressalvado o disposto nos arts. 501 e 504, inciso V (Lei ns 3.470, de 1958, art. 74, e Lei,? 4.131, de 1962, art. 12, e Decreto-Lei,? 1.730, de 1979, art. 69.(Grifei) Insurge-se o Recorrente contra tal limitação por entender que tal dispositivo é aplicável tão-somente a valores devidos a titulo de royalties e de assistência técnica, cientifica, administrativa ou assemelhados, e não a remuneração por licença de uso de software ou pagamento de direitos autorais (situação da Recorrente). Com efeito, há que se interpretar a legislação de forma sistêmica e nesse passo, adotando as considerações acima há de se concluir que os valores pagos ou remetidos ao exterior à titulo de direitos autorais inclusive no caso de aquisição de programas de computador (software), para distribuição e comercialização no Brasil ou para uso próprio, sob a modalidade de cópia única, tal como disposto na Portaria ME n2 181/89, a que alude o Recorrente, devem ser considerados como rovalties portanto dedutiveis, porém, obedecendo o mesmo limite previsto no art.355 do RIR/99. LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL. Decorrendo a exigência da CSLL da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, a mesma decisão estende-se ao procedimento decorrente desde que não presentes argüições especificas ou elementos de prova novos. Diante do exposto, voto no sentid negar provimento ao recurso. _ Relatora ES .i• QUE :: DESODST 7 Voto Vencedor José de Oliveira Ferraz Corrêa, Conselheiro designado Em que pesem as razões de decidir da eminente relatora, peço vênia para dela divergir. A matéria sob exame já foi apreciada pela Sétima e também pela Oitava Câmara do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, cujas decisões, tomadas por unanirnidade, foram assim emanadas. — Acórdão n°108-09531 IRPJ - ROYALTIES - REMU1TER,4ÇÃO À COIVIROLADOR4 PELA LICENÇA DE COMERCIALIZAÇÃO DE SOFTWARES - DESPESAS OPERACIONAIS - DEDUTIBILIDADE - Os dispêndios, a titulo de direitos autorais, pagos à controladora domiciliada no exterior para pagamento de taxa de licenciamento e comercializa* de software, classificam-se como royalties, cuja dedutibilidade se submete às condições gerais de apropriação de custos e despesas, pelos critérios da necessidade, arualidade e normalidade ao desenvolvimento das atividades da empresa, não se inserindo entre as hipótese de indedutibilidade previstas o art. 353, inciso III, alínea "h" do RIR199, que se referem a royalties pelo uso de patentes de invenção, processos e fórmulas de fabricação, ou pelo uso de marcas de indústria ou de comércio. Recurso Voluntário Provido. Acórdão n°107-07713 IRPJ - REMUNERAÇÃO À CONTROLADORA PELA LICENÇA DE COMERCIALIZAÇÃO DE SOFTWARES DESPESAS OPERACIONAIS - DEDUTIBILIDADE - Não se enquadram, dentro das limitações impostas pelo artigo 292, inciso I, do RIR/94, pagamentos realizados para empresa controladora, a titulo de remuneração pela comercialização de software-s ., seja porque, nesta hipótese, de royalties não se tratam, sela porque, em verdade, se configuram como remuneração de direitos de autor em face de contrato de licenciamento e distribuição de sofiwares, em que não se configura distribuição de tecnologia São, portanto, dedutiveis como custos os dispêndios realizados com essa finalidade. TRIBUTAÇÃO DECORRENTE COIVTRIBUIÇAO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO Pela relação de causa e efeito, aplica-se ao lançamento decorrente o mesmo entendimento adotado em relação ao principal. Mesmo sabendo que as Leis n° 9.609/98 e n° 9.610/98 (art. 7°, XII) vieram conferir a proteção dos direitos autorais aos programas de computador, e que no contexto da Lei n° 4.506/1964 — art. 22 (art. 52 do RIR/99) não foram classificados como royalties os rendimentos pagos pela exploração de direitos autorais, quando estes são percebidos pelo próprio autor ou criador do bem ou obra, não considero em relação a esse caso sejam essas as Processo e 10881002694/2004-27 81-TE02 Acórdão n.° 1802-00330 F1. 5 principais razões para a não aplicação do limite de dedutibilidade previsto no art. 355 do RIR/99. Compartilho do entendimento de que o conceito de royalty é amplo, na medida em que ele abarca a grande diversidade jurídica dos rendimentos decorrentes de uso, fruição ou exploração de direitos abrangendo inclusive os direitos autorias, e, a meu ver, a norma contida no art. 355 do R1R199 não faz qualquer distinção em razão de o beneficiário do rendimento ser ou não o autor da obra. Contudo, embora a referida norma não distinga os royalties pela qualidade do beneficiário do rendimento, ela o faz em razão de sua finalidade, senão vejamos: Art. 355. As somas das quantias devidas a titulo de rovalties pela exploracão de patentes de invencão ou uso de marcas de indústria ou de comércio, e por assistência técnica cientifica administrativa ou semelhante poderão ser deduzidas como despesas operacionais até o limite máximo de cinco por cento da receita liquida das vendas do produto fabricado ou vendido (.) No caso, o valor pago pela licença para distribuição de software não configura nenhuma das hipóteses previstas no mencionado art. 355. Não deixei de observar que o contrato entre as empresas prevê o uso da marca Compuware, mas esse aspecto é acessório, ou melhor, é mera decorrência da licença para distribuição dos softwares, esse sim o aspecto prevalente daquele contrato. Outra informação relevante é que o contrato, no tópico que trata das obrigações da Distribuidora, ou seja, da empresa brasileira, deixa claro que os pagamentos não são motivados por transferência de tecnologia, porque todos os problemas em relação aos softwares licenciados para os clientes devem ser solucionados pela própria fabricante estrangeira, exclusivamente, e não por sua Distribuidora no Brasil. No caso dos autos, vê-se que o software é o próprio produto cujo direito de uso está sendo comercializado com o consumidor final no Brasil, e é por essa aquisição que se dá o pagamento ao fabricante no exterior. Registro que a Lei n° 9.609/98, em seu artigo 9°, estabelece que o uso de programa de computador no Pais será objeto de contrato de licença (licença de uso, de comercialização e de transferência de tecnologia). E as licenças também estão compreendidas no conceito de royalty. De fato, um programa de computador não tem a materialidade de uma mercadoria, e boa parte da controvérsia surge por esse motivo. Contudo, vejo claramente que as hipóteses mencionadas no art. 355 (patente de invenção, marca, assistência técnica, etc.), indicam situações em que o elemento motivador do pagamento, embora necessário ao processo empresarial, não configura o principal fator econômico desse processo. Naquelas hipóteses, a empresa brasileira, depois de autorizada pela proprietária da patente, da marca, etc., realiza todo um processo de agregação no Brasil, e é 9 exatamente isso que dá sentido ao estabelecimento de limites de dedutibilidade para os pagamentos remetidos ao exterior. A marca, a patente, ou a garantia de assistência técnica, etc., embora representem fatores necessários/essenciais, precisam de agregar-se a uma base material, a ser desenvolvida no Brasil, para que cheguem até o consumidor final. No caso dos autos, entretanto, o software não configura apenas um elemento necessário ao processo. O software é o próprio produto a ser comercializado, e isso deixa evidente que a finalidade do pagamento vai muito além das hipóteses previstas no art. 355, motivo pelo qual não cabe a aplicação do limite de dedutibilidade lá previsto. Com essas considerações, e mais uma vez pedindo vênia à ilustre Conselheira Relatora, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões em 25 de Janeiro de 2010 /16 /sé de Oliveira Ferraz Corrêa o Processo n° 10882.002694/2004-27 81-TE02 Acórdão o° 1802-00330 Fl. 6 Declaração de Voto Conselheiro João Francisco Bianco Peço igualmente vênia à ilustre Conselheira Relatora para discordar de suas razões e votar pelo provimento do recurso voluntário, embora por motivos ligeiramente diversos daqueles elencados pelo Conselheiro designado para redigir o voto vencedor. Com efeito, tratam os presentes autos de exigência fiscal relativa ao IRPJ e CSLL devidas em virtude de a fiscalização ter considerado indedutíveis as despesas com o pagamento de royalties a pessoa jurídica sediada no exterior. O dispositivo dado por infringido foi o artigo 355 do RIR/99, que estabelece um limite de dedutibilidade das despesas de royalties de 5% da receita líquida das vendas dos produtos fabricados ou vendidos. Como a relação verificada pela fiscalização no ano calendário de 1999 foi de 38% (fis 261), o excedente aos 5% previstos na legislação foi considerado indedutível. Na sua impugnação o contribuinte alega que o artigo 355 é inaplicável ao caso porque a natureza jurídica dos pagamentos efetuados não era de royalties e sim de remuneração por licença de uso de software. Na contabilidade, os valores relativos a esses pagamentos foram lançados em contas denominadas de despesas de royalties, mas esse equívoco não seria suficiente para alterar a verdadeira natureza jurídica dos pagamentos efetuados. Foram juntados documentos relativos às remessas efetuadas, onde consta como natureza da operação a "aquisição de software" e a "transferência a título de serviços diversos — softvvare — distribuição e comercialização" (fis 304). A decisão recorrida manteve a autuação sob o argumento de que todos os lançamentos contábeis efetuados denominavam os pagamentos como tendo sido feitos a titulo de royalties, o que evidenciava uma "prática reiterada, de uso coshuneiro". E "a escrituração não é feita com a utilização de nomenclaturas aleatórias, mas deve refletir fielmente as operações e atividades desenvolvidas pela empresa". Além disso, o contrato juntado aos autos demonstra que o fornecimento do software era efetuado "no âmbito e sob as normas do contrato de licença, ou seja, um contrato de concessão do direito de comercializar software no Brasil, mas principalmente dentro do âmbito de um contrato de concessão do direito do uso de marca e do nome da Compuware, ou seja, refere-se &importâncias cobradas pelo proprietário de um processo de produção, da marca e dos direitos exclusivos sob softwares, para permitir sua comercialização, ou seja, trata-se de royalties" (fis 446). O deslinde da presente discussão passa pela determinação da natureza jurídica dos pagamentos efetuados pela recorrente. Para tanto, é necessário examinarmos o que sobre o assunto dispõe o contrato firmado entre a recorrente e a pessoa jurídica não residente. II A denominação dada aos lançamentos feitos na contabilidade da recorrente é completamente irrelevante para a determinação da natureza dos pagamentos. Independentemente da nomenclatura adotada, o que determina a natureza jurídica de um instituto é o regime jurídico a que ele se subordina. Pois bem. O exame do contrato que dá base aos pagamentos efetuados (fls 73) evidencia que a recorrente é distribuidora dos softwares criados pela empresa não residente. A recorrente não desenvolve sofhvares e nem comercializa softwares. Ela simplesmente concede licenças de uso de softwares a seus clientes, estando, para tanto, devidamente autorizada pelo contrato firmado com a empresa não residente, que é titular de direitos de autor sobre o software. E a empresa não residente recebe um percentual sobre o valor das licenças concedidas pela recorrente a seus clientes. Vejamos agora o que dispõe o artigo 355 do RIR/99. "An. 355. As somas das quantias devidas a titulo de royalties pela exploração de patentes de invenção, ou uso de marcas de indústria ou de comércio, e por assistência técnica, cientifica, administrativa ou semelhante, poderá o ser deduzidas como despesas operacionais até o limite má rimo de 5% da receita liquida das vendas do produto fabricado ou vendido". O dispositivo, como se vê, limita a dedutibilidade de pagamentos feitos a titulo de royalties. E o que são royalties7 O conceito de royalties é dado pelo artigo 52 do RIR/99. Nesse artigo está previsto que royalties são rendimentos decorrentes do uso, fruição ou exploração de direitos em geral. No caso de direitos de autor, no entanto, somente são considerados royalties os rendimentos recebidos por terceiro que não seja ou autor ou criador da obra. Os rendimentos recebidos pelo próprio autor da obra, pela cessão dos direitos à. sua exploração, não são considerados royalties. É o que dispõe o artigo 52 do RIR/99. Ora, no caso dos autos, a empresa não residente está recebendo rendimentos, pagos pela recorrente, a título de remuneração pela permissão dada para a exploração de direitos de obra intelectual (software). Como a empresa não residente é a autora do software, ela recebe remuneração por direitos de autor, que, nos termos do disposto no artigo 52 supra citado, não tem natureza de royalties. O artigo 355 do RIR/99, portanto, só por esse motivo já é inaplicável ao caso dos autos. Mas confinemos a análise somente para fins de argumentação. Admitamos que os pagamentos feitos pela recorrente têm natureza de royalties. O exame do artigo 355 evidencia que não são todos os pagamentos de royalties que são sujeitos ao limite de dedutibilidade. Somente os royalties listados no dispositivo, quais sejam: - pela exploração de patentes de invenção; - pelo uso de marcas de indústria ou de comércio; - por assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante. No caso dos autos, parece evidente que os pagamentos feitos não se referem à exploração do uso de patente de invenção. Como também não se referem ao uso de marca. É óbvio que a recorrente, para licenciar os softwares, está autorizada a usar a marca da pessoa 12 Processo n° 10882.002694/2004-27 81-n02 Acórdão n.° 1802-00330 Fl. 7 jurídica não residente. Mas essa autorização é meramente acessória ao objeto principal do contrato, que é a licença para o uso do software. Trata-se da adoção do princípio da prevalência. O escopo do contrato tem prevalentemente o objetivo de ceder o uso do software e não ceder o uso da marca. É por isso que a natureza jurídica dos pagamentos feitos não é de remuneração pelo uso da marca. Por fim, os pagamentos também não se referem a remuneração por 1assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante. Esse tipo de remuneração somente se aplica aos casos em que há a transferência de tecnologia. Confira-se a redação do parágrafo 3° do próprio artigo 355. Nele está claro que caracteriza-se a assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante quando há transferência de tecnologia. Ora, no caso dos autos, não há transferência de tecnologia para a recorrente. Como se vê, por qualquer ângulo que se examine a questão, a conclusão será sempre no sentido de que a limitação do artigo 355 do RIR199 não se aplica aos rendimentos pagos pela recorrente. Por esse motivo, peço vênia à ilustre Conselheira Relatora para discordar de seu entendimento e votar no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 25 de Janeiro de 2010 @opor rr-e J. Francisco Bianco 13 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Processo : 10882.002394/2004-27 Recurso : 166086 Acórdão : 1802-00330 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 30 do artigo 81 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Portaria MF n° 259/2009), intime-se o(a) Senhor(a) Procurador(a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Primeira Seção do CAI2F, a tomar ciência do inteiro ter do Acórdão e 1802-00.330. Brasília - DF, em 14 de abril de 2010 José Roberto t da 2' Câmara da Primeira Seção CARF Ciente, com a observação abaixo: [ ] Apenas com Ciência [ ] Com Recurso Especial [ ] Com Embargos de Declaração Data da ciência: Procurador(a) da Fazenda Nacional 1
score : 1.0
Numero do processo: 10280.721818/2009-61
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ARL-ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. IMPRESCINDIBILIDADE
A falta de averbação da ARL-Área de Reserva Legal na matrícula do imóvel inviabiliza a sua exclusão da tributação do ITR.
Recurso especial conhecido e negado.
Numero da decisão: 9202-004.371
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Ana Paula Fernandes, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(Assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Redatora-Designada
EDITADO EM: 11/09/2016
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ARLÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. IMPRESCINDIBILIDADE A falta de averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel inviabiliza a sua exclusão da tributação do ITR. Recurso especial conhecido e negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Ana Paula Fernandes, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 18 18 /2 00 9- 61 Fl. 164DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 2 (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – RedatoraDesignada EDITADO EM: 11/09/2016 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Cuidase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte contra o Acórdão nº 2802001.211 da 2ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARF, julgado na sessão de 30 de novembro de 2011, que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 SUJEIÇÃO PASSIVA, POSSUIDOR A QUALQUER TITULO. Comprovado nos autos que o contribuinte detinha a posse do imóvel rural à época do fato gerador, é ele o sujeito passivo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural na qualidade de possuidor a qualquer título, sendo irrelevante a existência de documento legítimo de propriedade. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA RESERVA LEGAL — AVERBAÇÃO ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimila da base de cálculo para apuração do ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. A menos que o contribuinte apresente Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por engenheiro agrônomo ou florestal, com elementos de convicção suficientes para demonstrar que o valor da terra nua é inferior ao valor constante do Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, mantémse o valor arbitrado pela fiscalização. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721818/200961 Acórdão n.º 9202004.371 CSRFT2 Fl. 10 3 Recurso Negado Na origem, tratase de Notificação de Lançamento nº 01.246344, que tem por objeto Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Jamef XI”, com NIRF – Número do Imóvel na Receita Federal 5.458.8146, referente ao exercício 2005, a título de glosa de valores de “área de reserva legal” e “alteração do valor da terra nua”. Os fatos geradores foram assim descritos pela autoridade fiscal (fl. 3): Área de Reserva Legal não comprovada Descrição dos fatos: Após regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de reserva legal no imóvel rural. O documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT) foi alterado e os seus valores encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. ART 10 PAR 1 E INC II E AL "A" L 9393/96 Valor da Terra Nua declarado não comprovado Descrição dos Fatos: Após regularmente intimado, o sujeito passivo não comprovou por meio de Laudo de Avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.6533 da ABNT, o valor da terra nua declarado. No Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT), o valor da terra nua foi arbitrado, tendo como base as informações do Sistema de Preços de Terra – SIPT da RFB. Os valores do DIAT encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. Complemento da Descrição dos Fatos: Os valores apurados neste Lançamento de Oficio decorrem da falta de recolhimento do ITR em virtude' da glosa (total) (e) (parcial), (respectivamente), das áreas declaradas exclusas da tributação a titulo de (Áreas de Preservação Permanentes e de Utilização Limitada Área de Reserva Legal), e sua conseqüente reclassificação como área tributável, tendo em vista que o contribuinte não logrou êxito, mediante documentação comprobatória prevista na legislação do imposto em epigrafe, na isenção das áreas supramencionadas, conforme os procedimentos de auditoria interna de Malhas da RFB, mediante verificação dos dados informados na Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR DIAC/DIAT). O processo judicial alegado pela empresa ainda não transitou em julgado (Comarca de Igarapé Miri n° 2001.1.0000053). O contribuinte apresentou impugnação requerendo a improcedência da notificação fiscal, pois aduz que, em que pese ter firmado contrato de compra e venda do bem, não houve, por impossibilidade jurídica, a transferência da propriedade e o notificado jamais tomou posse do bem, nem a título precário, razão pela qual não pode ser enquadrado como sujeito passivo do crédito tributário. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 4 A impossibilidade jurídica decorre de uma ação judicial ajuizada pelo Instituto de Terras do Pará (ITERPA) perante a Comarca de IgarapéMiri, visando a nulidade e cancelamento da matrícula, transcrições e averbações da propriedade, na qual foi concedida a liminar para impedir eventuais anotações na matrícula desde a aquisição originária em 1967. Em que pese os impedimentos, o contribuinte alegou ter recolhido os tributos incidentes sobre o imóvel, a fim de resguardar os seus interesses, mas, por não ser proprietário, não pode ser responsabilizado pelo lançamento suplementar. Aduziu, também: a decadência do lançamento, pois decorreram cinco anos entre o fato gerador, exercício 2005, e o lançamento por arbitramento suplementar, em 08/06/2009; que a exigência do ADA com base na IN/SRF fere o princípio da legalidade; que a forma de cálculo do VTN seguindo a NBR 14.6533 da ABNT afronta o princípio da legalidade. Ao examinar a impugnação, a Delegacia Regional de Julgamento julgou improcedente, mantendo o crédito tributário, motivando a interposição do Recurso Voluntário, apenas reiterando os argumentos. Do julgamento do Recurso Voluntário, os membros da Turma, por unanimidade, acordaram por negar provimento ao recurso por entender que: as provas nos autos comprovam que o contribuinte detinha a posse do imóvel, a qualquer título, sendo ele o sujeito passivo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural; é imprescindível a averbação no registro do imóvel da área de reserva legal para obter a isenção do imposto; o valor da terra nua arbitrado pela fiscalização deve ser mantido diante da ausência de apresentação de Laudo Técnico de Avaliação válido. Contra a r. decisão, o contribuinte opôs Embargos de Declaração aduzindo que “não há comprovação de qualquer ato condizente com o exercício da posse” e requerendo manifestação expressa a este respeito, mas o recurso não foi admitido. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Especial visando rediscutir a necessidade de averbação tempestiva da área de Reserva Legal para exclusão da tributação do ITR, suscitando como paradigma os acórdãos nºs 30237.930 e 210100.406. Devidamente intimada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, reiterando os termos da decisão recorrida. É o relatório. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721818/200961 Acórdão n.º 9202004.371 CSRFT2 Fl. 11 5 Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora Quanto à admissibilidade, entendo cumpridos todos os requisitos e delimito a matéria sobre a necessidade ou não de averbação em registro de imóveis de área de reserva legal. Da Área de Utilização Limitada/Reserva Legal A glosa deuse por não ter sido atendida à averbação de reserva legal, no Cartório de Registro de Imóveis, à época do fato gerador do ITR, no caso, em 1 de janeiro de 2005. Outrossim, lembro que a reserva legal, por definição de lei, é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. Quanto à necessidade de averbação da área de reserva legal em Cartório, esta Câmara Superior de Recursos Fiscais, proferido no RP/303123968, de autoria do Ilustre Conselheiro Otacílio Dantas Cartaxo, in verbis: A matéria subjudice foi abordada de forma analítica e exaustiva no acórdão n° 30331.340 pelo ilustre Conselheiro Zenaldo Loibman, que passou a modelar a jurisprudência deste egrégio Conselho, e tomo de empréstimo suas razões de julgar, verbis: Para analisar a questão das áreas de reserva legal, de preservação permanente e de interesse ecológico, devo dizer que a matéria esteve pacificada no âmbito deste Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes por algum tempo no sentido de se entender dispensável a averbação da área de reserva legal à margem do registro no Cartório competente, mas recentemente levantouse questão sobre uma nova interpretação defendida pela emérita Conselheira Anelise D. Prieto, a respeito do § 7o do art. 10 introduzido na Lei 9.393/96 pela MP 2.166 67/2001, quando confrontado com o que determina a Lei 4.771/66, com a redação dada pela MP 1.511/96 e alterações posteriores determinadas pela própria MP 2.16667/2001. Analisemos com cuidado. Uma consulta ao texto da Medida Provisória n° 2.16667, publicada no DOU de 25/08/2001, esclarece que ela determinou alterações na Lei 4.771/65 (arts. Io , 4o, 14, 16 e 44) e também acrescentou um § 7o ao art. 10° da Lei 9.393/1996. Sublinhese que o mesmo texto normativo, a MP 2.16667/2001, determinou alterações na Lei 4.771/65 (Código Florestal) e na Lei 9.393/96, incluindo Fl. 168DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 6 neste um § 7o que trata especificamente de declaração para fim de isenção de áreas de preservação permanente, reserva legal e de servidão florestal. A questão que se pretende levantar como uma nova interpretação a ser dada ao disposto no referido § 7o , seria a de que a redação da Lei 4.771/65 manteria a exigência de averbação à margem da matrícula do imóvel no cartório de registro de imóveis, e que a não satisfação de tal exigência desautorizaria o reconhecimento de isenção das áreas mencionadas no cálculo do ITR. Uma interpretação sistemática e teleológica do dispositivo legal não autoriza tal entendimento. Como se justificaria que o mesmo texto legal, a MP 2.166 67/2001, pudesse ao recomendar alterações no Código Florestal pretender que se observasse como requisito para o reconhecimento da isenção do ITR a averbação da áreas mencionadas e, em outra passagem destinar comando que alteração a redação da Lei 9.393/96 para introduzir precisamente o § 7o do art. 10, com a determinação de que a declaração para o fim de isenção do ITR, relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" (preservação permanente e reserva legal) e "d" (servidão florestal) do inciso II, § I o do art. 10, não está sujeita à previa comprovação por parte do declarante, acrescentando, ainda, que é de responsabilidade do declarante qualquer comprovação posterior, pelo fisco, de inveracidade da declaração. De fato não há contradição na MP citada. As referências que existem na Lei 4.771/65 (Código Florestal), já consideradas as alterações introduzidas pela MP, são claramente voltadas ao cuidado de manter tais áreas sob preservação, onde a averbação da área de reserva legal ou de servidão florestal devem ser feitas para que conste nos termos de transmissão do imóvel a qualquer título. Observase idêntica preocupação quanto à posse do imóvel rural, conforme art. 16, § 10 da Lei 4.771/65, quando, por não ser viável a providência da averbação na matrícula do imóvel, assegurase a área de reserva legal mediante Termo de Ajustamento de Conduta firmado pelo possuidor com o órgão ambiental competente. Ora, se não há obrigatoriedade sequer de prévia comprovação para o fim especificado de informar a existência de áreas legalmente isentas de ITR, muito menos há de que as respectivas áreas estejam averbadas no Cartório de Imóveis. O comando da averbação tem como finalidade, distinta do aspecto tributário, qual seja a segurança ambiental, a conservação do estado das áreas na hipótese de transmissão a qualquer título, para que se confirme, civil e penalmente, a responsabilidade de terceiros eventuais adquirentes. Tanto é assim que mesmo no caso em que não se pode falar em averbação na matrícula do imóvel no CRI, quando por exemplo se trate de posse, ainda assim devese garantir o que interessa ao Código Florestal, a garantia da responsabilidade do posseiro e de eventuais adquirentes do imóvel, a qualquer título, o que se faz por outro instrumento, o Termo de Ajustamento de Conduta, a ser firmado pelo possuidor com o órgão ambiental competente. Consiste numa declaração de compromisso de conservação de características ecológicas básicas e proibição de supressão de vegetação, constando evidentemente a localização da reserva legal, porque é ela que define o caráter da área, previsto em lei. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721818/200961 Acórdão n.º 9202004.371 CSRFT2 Fl. 12 7 E frágil e superficial, concentrar na averbação do ADA junto à matrícula do imóvel ou no Termo de Ajustamento de Conduta perante o IBAMA, a responsabilidade de constituição do direito de isenção. A exclusão de tais áreas do universo tributável pelo ITR, não se dá por benesse do IBAMA ou da SRF, mas exclusivamente por se tratar de área definida legalmente, em termos de características ecológicas e localização especifica no território nacional. Por meio da IN SRF 60/2001, a administração tributária tentou estabelecer um vínculo entre a necessidade de averbação do ADA e o gozo da isenção. Ocorre que a averbação prevista, na Lei 4.771/65, visava tãosomente a responsabilizar o proprietário e eventuais adquirentes pela conservação ambiental. Com isso o procedimento da SRF feriu de morte o princípio da legalidade. Não há base legal para tal procedimento. É até possível entender asua utilidade para um controle tributário que além de se municiar de ato declaração do contribuinte (que se fosse só por isso seria inútil), vise, isto sim, a seleção de contribuintes para fiscalização. Não se pode admitir é a política de omissão em fiscalizar o ITR, assim como não se justifica a omissão do IBAMA em termos de fiscalização ambiental. No entanto, é para isso que aponta a mencionada IN SRF, parece esperar que apenas uma providência cartorial e burocrática de declaração do IBAMA mediante informações prestadas pelo contribuinte, averbada em Cartório de Imóveis, possa ter a virtude de constituir uma exclusão tributária. Agir assim é faltar ao compromisso social de fiscalização do tributo, e, principalmente, é afastarse perigosamente do Estado de Direito. É por suas características e localização, que a área indicada se enquadra ou não na definição legal de utilização limitada ou de preservação permanente, e por esse motivo está ou não excluída de tributação, e a constatação disso assim como não deve se restringir à leitura da DITR, não deve se restringir ao ADA, esteja ou não averbado. A primeira vista nada impede a SRF de estabelecer penalidade por descumprimento de obrigação acessória, motivada pela não apresentação de ADA averbado, ou de Termo de Ajustamento de Conduta protocolado junto ao IBAMA, no prazo fixado pela própria SRF, mas apenas por que este fato pode representar um entrave ao procedimento de fiscalização, a infração ao prazo ou à averbação exigida por ato normativo expedido pela SRF não pode de forma alguma ter o alcance de criar, além da lei, requisito ou condição para o gozo de isenção. Poderia, no máximo, além de motivar uma multa por descumprimento de obrigação acessória, constituir critério de prioridade para a seleção de contribuintes a serem fiscalizados. Entender diferente, que um aspecto tributário importante como definir um requisito para o beneficio da isenção, mesmo se dispondo de um ambiente legal construído, específico e em vigor na Lei 9.393/96, pudesse estar transferido, injustificadamente, para outro diploma legal, cuja finalidade é absolutamente distinta da tributária, é forçar demasiadamente Fl. 170DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 8 um raciocínio que erige um castelo de areia para explicar que o ato de averbar, neste caso do ADA, de alguma forma pudesse ser importante para a isenção do ITR. Ao contrário, é da tradição tributária brasileira que, independentemente do título do rendimento, ele deve ser tributado, a renda independentemente de sua origem, é tributada. Da mesma foram no ITR, em que o proprietário, enfiteuta ou possuidor a qualquer título (inclusive usufrutuário), é contribuinte. Por outro lado, nada impede que, eventualmente, a administração tributária possa pôr em dúvida, serem as áreas declaradas efetivamente de preservação permanente ou de reserva legal, ou de servidão florestal, mesmo quando reconhecidas por via de ato declaratório ambiental do IBAMA averbado. Nesse caso cabe investigar, solicitar comprovações idôneas a demonstrar o estado da propriedade. O que não se admite é que se afirme sustentação legal no Código Florestal, inexistente, para exigir averbação das áreas isentas do ITR, como précondição, obstáculo ao reconhecimento, dessa áreas como isentas no cálculo do ITR. O parágrafo 8º do artigo 16, do Código revogado, após redação dada pela Medida Provisória 2.16667, de 2001, determinava que a área de reserva legal deveria ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel no registro de imóveis competente. O intuito desse dispositivo era trazer ao fólio real importante informação quanto aos limites da reserva, uma vez que averbação no registro público garantiria publicidade irrestrita, oponível a todos, erga omnis. Esse tipo de infração ao disposto no Código Florestal pode e deve acarretar sanção punitiva, mas que não atinge em nada o direito de isenção do ITR quanto a essas áreas se elas forem de fato de preservação permanente, de reserva legal ou de servidão federal, conforme definição dada na Lei 4.771/65 (Código Florestal). A infração cometida contra a Lei 4.771/65 por aquele que não obedece a limitação de uso de propriedade, é crime ambiental, não tributário, não tem o condão de desfazer a condição de área sob reserva legal, ainda que o proprietário lhe tenha dado indevidamente destinação ilícita^deve dar motivo a sanção apropriada que por certo não é de caráter tributário. Esse entendimento se dá em razão da peculiar situação do contribuinte quanto a impossibilidade prática de realizar os registros. Assim voto por DAR PROVIMENTO ao recurso do Contribuinte. (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva – Relatora Fl. 171DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721818/200961 Acórdão n.º 9202004.371 CSRFT2 Fl. 13 9 Voto Vencedor Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Designada Primeiramente, cabe esclarecer que a matéria do presente Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, conforme o Despacho de Admissibilidade, é unicamente a necessidade de averbação tempestiva da área de Reserva Legal, para exclusão da tributação do ITR. Quanto à matéria ora tratada, discordo do posicionamento da Ilustre Conselheira Relatora, no sentido da desnecessidade de averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel, para exclusão da tributação do ITRImposto Territorial Rural. O acórdão recorrido assim registrou: "No caso dos autos, a contribuinte não comprovou a averbação da reserva legal à margem da matrícula do imóvel à época do fato gerador nem tampouco apresentou Termo de Ajustamento de Conduta firmado até aquela data, razão pela qual mantémse a glosa efetuada. Destarte, na espécie, não cabe excluir qualquer área ambiental declarada do ITR/2005, para efeitos de exclusão de tributação, mantendose a glosa da área de reserva legal declarada de 7.400,0 há efetuada pela fiscalização." Assim, no que diz respeito à ARLÁrea de Reserva Legal, há um requisito específico para a sua exclusão da tributação do ITR, qual seja, a averbação no registro de imóveis competente. Tal obrigação encontra amparo na Lei nº 4.771, de 1965 (Código Florestal), com a redação dada pela Medida Provisória nº 16667, de 24/08/2001, conforme a seguir: “Art. 16 As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (...) § 8º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código." Como o lançamento se reporta à data de ocorrência do fato gerador do tributo (art. 144 do CTN) e, no que tange ao ITR/2005, este foi fixado em 1º/01/2005 (art. 1º da Lei nº. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 10 9.393, de 1996), a averbação da ARL deveria ter sido providenciada até esta data, porém tal providência não foi adotada no presente caso. A despeito das alegações do Contribuinte, no sentido de dispensa da averbação, em função da localização do imóvel na Amazônia Legal, não há previsão legal para o seu acolhimento. E tratandose de exclusão da base de cálculo de tributo, não há que se alargar a interpretação da lei, que é por demais clara no sentido da exigência ora questionada. O Contribuinte alega também que o art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, com as alterações da Medida Provisória nº 2.16667/2001, teria dispensado a averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel, para fins de sua exclusão da tributação do ITR. Entretanto, dito dispositivo legal não teve tal escopo, visando tãosomente sedimentar a alteração da modalidade de lançamento anterior do ITR (por declaração, conforme a Lei nº 8.847, de 1994), para lançamento por homologação. Assim, a dispensa de comprovação prévia nada tem a ver com dispensa de averbação, e sim com a sistemática de lançamento, igualando o à modalidade dos demais tributos administrados pela Receita Federal. Destarte, tendo em vista que não foi cumprido requisito essencial para a exclusão da ARLÁrea de Reserva Legal da tributação do ITRImposto sobre a Propriedade Territorial Rural, nego provimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 173DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10711.720955/2011-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 16/10/2008
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.
É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto-Lei nº 37/66.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-003.426
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 16/10/2008 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem retratar a realidade dos fatos, adoto e transcrevo, no que for relevante, o relatório da decisão de piso proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 09 55 /2 01 1- 85 Fl. 115DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.720955/201185 Acórdão n.º 3302003.426 S3C3T2 Fl. 3 2 O presente processo é referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização, foi contestado pela empresa autuada. Da Autuação Antes de adentrar na descrição dos fatos que ensejaram a autuação, a autoridade lançadora fez longa explanação acerca do comércio marítimo internacional, na qual esclarece quem são os intervenientes nessa atividade, a documentação utilizada, as informações a serem prestadas e seus respectivos prazos e a sistemática de utilização delas. Foram apresentados tópicos específicos sobre a obrigatoriedade de prestar informação pelo transportador e sobre a importância, para o controle aduaneiro, de os dados exigidos serem prestados correta e tempestivamente. A fiscalização expôs detalhadamente quais as informações que devem ser prestadas e os respectivos prazos estabelecidos na legislação regente. Em seguida apresentou dispositivo legal que trata da denúncia espontânea esclarecendo que, depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior, esse instituto não é mais aplicável para infrações imputadas ao transportador, por força de expressa disposição do Regulamento Aduaneiro (art. 683, § 3°). Foi também comentado sobre os danos causados ao controle aduaneiro pelo descumprimento das normas referentes à prestação de informações pelos intervenientes no transporte internacional de cargas. Na sequência, a fiscalização discorreu sobre o tipo de infração verificada, inclusive no tocante a sua penalização. Depois, passou a demonstrar a irregularidade apurada que, de acordo com o relatado no tópico Dos Fatos, consistiu na prestação de informação intempestiva referente ao conhecimento eletrônico (CE) ali identificado. De acordo com a autoridade fiscal, a autuada deixou de atender ao prazo estabelecido no parágrafo único, inciso II, do art. 50 da Instrução Normativa RFB n° 800, de 27/12/2007. Assim, a fiscalização considerou caracterizada a infração tipificada no art. 107, IV, "e", do DecretoLei n° 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, e aplicou a multa ali prescrita, que entende ser cabível para cada CE incluído ou retificado após o prazo para prestar informações. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação e, apresentou impugnação na qual aduz os seguintes argumentos. Inobservância do art. 50 da IN RFB 800/2007. Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional. Duplicidade de multa para o mesmo navio/viagem. O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma Fl. 116DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.720955/201185 Acórdão n.º 3302003.426 S3C3T2 Fl. 4 3 embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/2008. Ao final a impugnante requer que seja cancelado o lançamento. A Turma Julgadora "a quo", por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada pela Recorrente, mantendo integralmente o crédito constituído. Inconformada com o resultado do julgamento, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, reproduzindo os mesmos argumentos apresentados em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.395, de 28 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10711.006561/201030, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.395): 1. Tempestividade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. 2. Preliminar 2.1 Duplicidade: Cobrança de múltiplas multas decorrente do mesmo fato gerador Em síntese apartada, alega a Recorrente que" O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados em seu recurso voluntário, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/20081." 1 Trecho destacada no voto: Ora, o transportador que deixou de informar os dados de embarque de uma declaração de exportação e o que deixou de informar os dados de embarque sobre todas as declarações de exportação cometeram a mesma infração, ou seja, deixaram de cumpri a obrigação acessória de informar os dados de embarque. Nestes termos, a multa deve ser aplicada uma única vez por veículo transportador, pela omissão de não prestar as informações exigidas na forma e no prazo estipulados. Fl. 117DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.720955/201185 Acórdão n.º 3302003.426 S3C3T2 Fl. 5 4 Em relação ao primeiro ponto suscitado pela Recorrente, na parte em que ela afirma ser impossível existir mais de uma penalidade para o mesmo fato, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento decidiu da seguinte forma: "No caso sob análise não houve uma infração. Examinandose as ocorrências citadas pela fiscalização, verificase que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos. Sendo assim, não se pode afirmar sequer que as infrações são idênticas, uma vez que são diferente seus objetos materiais." Já em relação ao segundo ponto (aplicação da solução de consulta interna Cosit nº 8/2008), a fiscalização justificou seu afastamento com base nos seguintes argumentos. "Todavia, esse entendimento não é aplicável ao caso sob exame. As informações cujos atrasos na prestação deram ensejo ao lançamento são referentes a importação de mercadorias, enquanto a citada decisão soluciona consulta relativa à exportação. Cada um desses tipos de operações envolve peculiaridades próprias, especialmente no tocante ao controle administrativo, as quais se refletem na legislação regente e não podem ser desprezadas. O caso ora apreciado diz respeito à importação de cargas consolidadas, as quais são acobertadas por documentação própria, cujos dados devem ser informados de forma individualizada para a geração dos correspondentes conhecimentos eletrônicos (CE). Esses registros devem representar fielmente as correspondentes mercadorias, a fim de possibilitar à Aduana definir previamente o tratamento a ser adotado a cada caso, de forma a racionalizar procedimentos e agilizar o despacho aduaneiro. Nesses casos, não é viável estender a conclusão trazida na citada SCI, conforme se passa a demonstrar. Pois bem. Em que pese os argumentos explicitados pela Recorrente, fato é que não houve comprovação da existência de duplicidade de cobrança por parte da fiscalização, tampouco argumentos capazes de infirmar o lançamento fiscal ou contradizer os argumentos utilizados pela turma de origem que afirmou " que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos". Sequer um demonstrativo analítico, com os registros relativos as operações tratadas em cada processo apontado no recurso foram produzidas pela Recorrente, em total desrespeito ao artigo 16, inciso III e §4º, do inciso V , do Decreto nº 70.235/72, bem como do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. Nestes termos, considerando que a Recorrente deixou inexplicavelmente de comprovar suas alegações, não há como acolher o pedido de nulidade do lançamento suscitado pela contribuinte, restando, assim, prejudicado a análise dos demais argumentos por ela suscitado. Fl. 118DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.720955/201185 Acórdão n.º 3302003.426 S3C3T2 Fl. 6 5 3. Mérito 3.1. Ilegalidade do Auto de Infração O presente processo administrativo diz respeito a exigência de multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, prevista no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, pelo fato da Recorrente ter prestado informações sobre a desconsolidação da carga fora do preceitos e prazos previstos nos artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007. Em sede Recursal a Recorrente alegou que "Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional". Como se vê, a multa sob análise foi aplicada com fundamento no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, que assim disciplina: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; Do que se extrai do artigo 77 alhures, é que sua finalidade visa penalizar os contribuintes que descumprirem as obrigações acessórias, na forma e nos prazos instituídos pelo legislador e/ou pela Receita Federal, com aplicação de multa. Além disso, a obrigação do agente de carga de prestar as informações à Receita Federal do Brasil está prevista no artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003, a saber: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Fl. 119DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.720955/201185 Acórdão n.º 3302003.426 S3C3T2 Fl. 7 6 § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Já no que tange ao prazo e forma para prestar informações à fiscalização, os artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007, assim dispõem: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: a) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, exceto quando se tratar de granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) b) cinco horas antes da saída da embarcação, para manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, quando toda a carga for granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) c) cinco (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com descarregamento em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. § 1o Os prazos estabelecidos neste artigo poderão ser reduzidos para rotas e prazos de exceção. § 2º As rotas de exceção e os correspondentes prazos para a prestação das informações sobre o veículo e suas cargas serão registrados no Siscomex Carga pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira (Coana), a pedido da unidade da RFB com jurisdição sobre o porto de atracação, de forma a garantir a proporcionalidade do prazo em relação à proximidade do porto de procedência. Fl. 120DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.720955/201185 Acórdão n.º 3302003.426 S3C3T2 Fl. 8 7 (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 3o Os prazos e rotas de exceção em cada porto nacional poderão ser consultados pelo transportador. § 4º O prazo previsto no inciso I do caput reduzse a cinco horas, no caso de embarcação que não esteja transportando mercadoria sujeita a manifesto ou arribada. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 5º Os CE de serviço informados até a atracação ou registro do passe de saída serão dispensados dos prazos de antecedência previstos nesta Instrução Normativa. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 6º Para os manifestos de cargas nacionais, as informações a que se refere o inciso II do caput devem ser prestadas antes da solicitação do passe de saída. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) *** Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Com todo respeito aos argumentos tecidos pela Recorrente, entendo que razão não lhe assiste. Com efeito, os prazos mínimos de prestação de informações à Receita Federal do Brasil (vide artigo 22, da IN 800/2007 e IN 899/2008), passaram a ser obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009, exceção feita as hipóteses dos incisos do artigo 50, a saber: (i) sobre a escala; e (ii) sobre as cargas transportadas, que permaneceram válidas e vigentes, produzindo seus efeitos legais e jurídicos. Ou seja, embora o prazo previsto no artigo 22 não se aplique a fatos ocorridos em data anterior a 1º de abril de 2009, a Recorrente deveria ter observado as demais obrigações previstas no parágrafo único do artigo 50, sob pena de ensejar a aplicação da multa em comento. Fl. 121DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.720955/201185 Acórdão n.º 3302003.426 S3C3T2 Fl. 9 8 Assim, considerando que a obrigação do agente de cargas de apresentar as informações antes da atracação da embarcação era obrigatória, entendo legítima a penalidade imposto à Recorrente. No mais, destacase que o artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003 define, igualmente ao previsto no artigo 2º, da IN 800/20072, o agente de carga como sendo " qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos". Ou seja, referido dispositivo equipara o agente de carga ao transportar para efeitos de aplicação da multa em comento. Este destaque se faz necessário na medida em que a Recorrente suscitou a aplicação do artigo 110, do Código Tributário Nacional, arguindo que a fiscalização ao equiparar o agente de cargas ao transportador, para efeito da obrigação tributária acessória em apreço que no seu texto normativo prevê a obrigação somente ao transportar distorce conceitos de direito privado, o que é expressamente vedado pelo referido artigo. Cita a definição de "transportar" e "agente de cargas" do Dicionário Aurélio como fonte de direito privado. O artigo 110 do CTN prevê: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e forma de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios, para definir ou limitar competências tributária. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, suas razões não merecem respaldo. A uma porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" extraída do Dicionário Aurélio não é fonte de direito privado e, a duas porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" não estão previstas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados, ou nas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios. Portanto, considerando que o Decreto 37/66 e a IN 800/2007 não alteraram definição prevista nos diplomas legais citados no artigo 110, do CTN, fica afastada a alegação da Recorrente neste ponto. Por fim, não vejo que o artigo 150, inciso III, da Constituição Federal tenha aplicabilidade ao presente caso, posto que referido dispositivo impede a cobrança de tributo antes da vigência da lei que os instituiu, ao que passo que no presente a discussão corresponde a aplicação de multa administrativa por descumprimento de obrigação acessória, institutos estes totalmente distintos e que não se confundem. O artigo 3º, do Código Tributário Nacional é claro ao definir tributo como sendo "toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada." 2 Art. 2o Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: § 1o Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: IV o transportador classificase em: e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; Fl. 122DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.720955/201185 Acórdão n.º 3302003.426 S3C3T2 Fl. 10 9 Como se vê, o legislador ao estabelecer que tributo não constitui sanção de ato ilícito, faz a diferenciação fundamental entre tributo e multa, deixando cristalino que um não se confunde com o outro. Isso porque, tributo somente pode ter, por fato gerador, situação lícita, fato lícito, ao contrário da sanção, que por excelência tem o fato gerador proveniente de ato ilícito. Por todo exposto, rejeito a preliminar de nulidade e, no mérito, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, rejeitase a preliminar de nulidade e, no mérito, negase provimento ao recurso voluntário. Ricardo Paulo Rosa Fl. 123DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 10580.730444/2011-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente.
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE.
Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado considerando o regime de competência.
Numero da decisão: 9202-004.181
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe negaram provimento.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator
Participaram da sessão de julgamento oS Conselheiros CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, PATRICIA DA SILVA, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, GERSON MACEDO GUERRA.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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INOCORRÊNCIA. Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado considerando o regime de competência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe negaram provimento. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 73 04 44 /2 01 1- 12 Fl. 108DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10580.730444/201112 Acórdão n.º 9202004.181 CSRFT2 Fl. 3 2 (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Participaram da sessão de julgamento oS Conselheiros CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, PATRICIA DA SILVA, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, GERSON MACEDO GUERRA. Relatório Trata o presente processo de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física do exercício de 2009, constituído por notificação de lançamento (efls. 05 a 11), em procedimento de revisão da declaração de ajuste anual (Dirpf), por meio do qual se apurou saldo de imposto suplementar no valor originário de R$ 10.951,04, multa de ofício de R$ 8.213,28 e juros moratórios de R$ 2.361,04, calculados até 29/07/201, resultante da tributação de rendimentos recebidos acumuladamente em virtude de ação judicial. A notificação de lançamento foi objeto de impugnação (efls. 02 e 03) apreciada pela 3ª Turma da DRJ/SDR que, por unanimidade, no termos do acórdão 1530.019 (efls. 43 e 44), julgoua improcedente e manteve integralmente o lançamento. O contribuinte apresentou recurso voluntário (efls. 47 a 56), no qual alegou, em síntese, que (i) o cálculo do imposto devido deveria ter sido feito com base nas tabelas vigentes à época em que os rendimentos eram devidos, mês a mês; (ii) os juros de mora recebidos têm natureza indenizatória e, portanto, são isentos do imposto de renda. O colegiado, por unanimidade, deu provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal nos termos do voto da relatora, que qualificou o vício anulatório de natureza material no acórdão n° 2801003.936, às efls. 64 a 67, assim ementado: IRPF. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. APLICAÇÃO DE ALÍQUOTAS VIGENTES A ÉPOCA EM QUE OS VALORES DEVERIAM TER SIDO ADIMPLIDOS, O RE 614.406/RS, julgado sob o rito do art. 543B do CPC, consolidou o entendimento de que a aplicação irrestrita do regime previsto na norma do art. 12 da Lei nº 7.713/88 implica em tratamento desigual aos contribuintes. Assim, ainda que seja aplicado o regime de caixa aos rendimentos recebidos acumuladamente pelas pessoas físicas, o dimensionamento da obrigação tributária deve observar o critério quantitativo (base de cálculo e alíquota) dos anos calendários em que os valores deveriam ter sido recebidos, sob pena de violação aos princípios constitucionais da isonomia, da capacidade contributiva e da proporcionalidade. O art. 62A do Regimento Interno do CARF torna obrigatória a aplicação deste entendimento. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10580.730444/201112 Acórdão n.º 9202004.181 CSRFT2 Fl. 4 3 Recurso Voluntário Provido. O acórdão teve a seguinte redação: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal relativa à omissão de rendimentos recebidos acumuladamente, nos termos do voto da Relatora. Salientese que o acórdão ora recorrido cancelou o lançamento apenas por erro no critério de apuração do tributo devido. Por decorrência lógica, verificase que o colegiado considerou todas as verbas tributáveis, pois não há possibilidade de erro no critério de cálculo de verba isenta ou não tributável. A Fazenda Nacional apresentou recurso especial (efls. 69 a 74), admitido pelo presidente da câmara recorrida (efls. 83 a 85), apontando decisão divergente do acórdão recorrido que determina o saneamento do lançamento mediante recálculo do valor devido com base no regime de competência. Como paradigma da divergência, indica o acórdão nº 2201002.588 da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, de 05/11/2014. Em contrarrazões (efls. 89 a 104), o contribuinte requer o não conhecimento do recurso especial porque a matéria não foi préquestionada e porque o acórdão paradigma não se presta a suscitar divergência, pois a decisão não foi unânime e haveria julgados mais recentes a confirmar o entendimento do acórdão recorrido. No mérito, sustenta que o lançamento deve ser cancelado porquanto fundado em legislação declarada inconstitucional. Subsidiariamente, pugna pela exclusão dos juros da base de cálculo do tributo. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator Com relação ao conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional, cabe de início esclarecer duas questões: (1) Não há o requisito de prequestionamento por parte da Fazenda Nacional, porque a interposição de recurso especial é a primeira ocasião em que a Fazenda Nacional se manifesta no processo. Adicionalmente, restou comprovada a existência de decisão de outro colegiado em que, tratandose de fato semelhante, houve aplicação divergente da legislação de regência. (2) A segunda alegação para não admissão do RE da União também não procede. Ocorre que no atual RICARF também não há exigência de unanimidade na decisão que servir de paradigma, basta a existência de acórdão divergência de alguma Turma, Turma de Câmara, Turma Especial ou a Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, distinta da recorrida. Divergências nos votos entre os membros dos colegiados no processo decisório não são motivo para inadmissibilidade do RE. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10580.730444/201112 Acórdão n.º 9202004.181 CSRFT2 Fl. 5 4 Portanto, pelo que consta no processo, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, assim, dele conheço. Entendo que o acórdão que julgou o recurso voluntário esteja equivocado, não vejo vício no lançamento, que aplicou a norma vigente à época, da maneira que ela era interpretada (regime de caixa). Posteriormente, é que, em decisão vinculante a este CARF, os tribunais superiores entenderam que a norma não deveria ser aplicada daquela forma, determinando procedimento de cálculo do tributo devido, de forma diversa (regime de competência). Nessa toada, o referido RE nos leva a apreciação idêntica àquela ocorrida no processo nº 11040.001165/200561, apreciado na 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, cujo voto vencedor, da Lavra do Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior em tudo se adéqua ao presente caso e por isso o adoto, pedindo vênia para transcrevêlo: Verifico, a propósito, que a matéria em questão foi tratada recentemente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome ao julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, inicialmente, de se ressaltar que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei nº 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 12, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o Fl. 111DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10580.730444/201112 Acórdão n.º 9202004.181 CSRFT2 Fl. 6 5 qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Nesse sentido, há que se manter a tributação, encaminhandose para apuração do imposto devido de acordo com o regime de competência, que, aliás já era o requerido pela própria contribuinte quando interpôs seu recurso voluntário. Conclusão Pelas razões expostas, voto no sentido de conhecer do recurso especial de divergência da Fazenda Nacional e darlhe provimento, para: a) determinar a manutenção do lançamento; e b) determinar a retificação do montante do crédito tributário, considerando o regime de competência. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Fl. 112DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10580.730444/201112 Acórdão n.º 9202004.181 CSRFT2 Fl. 7 6 Fl. 113DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10580.730444/201112 Acórdão n.º 9202004.181 CSRFT2 Fl. 8 7 Fl. 114DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 37317.004716/2006-26
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/2003 a 31/01/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas.
Numero da decisão: 9202-005.109
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 37 31 7. 00 47 16 /2 00 6- 26 Fl. 508DF CARF MF 2 Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD nº 35.698.4532, de 17/12/2004, por meio da qual foram exigidas Contribuições Sociais Previdenciárias, incidentes sobre pagamento de verba contabilizada no título “Abono Único”, relativos aos períodos de apuração de 12/1998, 01/1999, 09/2002 e 10/2003 a 01/2004 (Relatório Fiscal de fls. 30 a 32). O Mandado de Procedimento Fiscal foi cientificado ao Contribuinte em 12/02/2004 (fls. 22). O lançamento foi efetuado para prevenir a decadência, tendo em vista a existência de ação judicial, conforme consta às fls. 30: “Nota preliminar. A presente Notificação Fiscal de Lançamento de Débito foi procedida com a finalidade precípua de afastamento da decadência. Assim, os valores ora lançados não comportam apresentação de contestação quanto ao mérito, já que tal discussão encontrase 21ª Vara Federal — S.Paulo/SP.(Processo 2003.61.00309074), justificandose somente a discussão dos aspectos formais do lançamento, se for o caso. Portanto, todas as informações quanto aos procedimentos visando o recolhimento, constantes da Notificação em tela, devem ser desconsideradas, uma vez que encontrase pendente de decisão judicial a exigência de tais contribuições. 1. O presente relatório é parte integrante da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) nr. 35.698.4532 e tem por objeto a narrativa dos fatos ocorridos e verificados na ação fiscal e que ensejaram o lançamento fiscal em referência. O período levantado compreende as competências 12/1998, 01/1999, 09/2002,10/2003,11/2003, 12/2003 e 01/2004, (...) (...) 3. Tais convenções estabelecem o pagamento em uma só parcela de um valor determinado. Em alguns exercícios em que isso foi feito, o Banco considerou tais valores como verba remuneratória e recolheu sobre a mesma as contribuições previdenciárias (anteriores a 1998). Todavia, deixou de fazêlo nos exercícios de 1998, 2002 e 2003, contando inclusive com liminar concedida pela Justiça Federal para tanto. No tocante às contribuições dos segurados, o Departamento de Recursos Humanos do Banco, através da sua área de Folha de Pagamento, recalculou as contribuições descontadas dos segurados que ganhavam abaixo do limite máximo e que, com o pagamento do Abono atingiram tal limite. Chegouse a um total global por competência, incluído no débito ora levantado. Como não houve o desconto, inexistiu crime contra a Seguridade Social (apropriação indébita). 4. Os valores ora levantados, discriminados no quadro a seguir, foram extraídos dos resumos das Folhas de Pagamento e dos extratos do Razão — conta 5/11 00000574 — Abono Único, documentação esta apresentada à fiscalização. Também examinadas Atas de Assembléias de Acionistas e de Diretoria. COMPETÊNCIA TOTAL PAGO – R$ CONTRIB. SEGURADOS 12/1998 32.776.100,00 995.022,82 Fl. 509DF CARF MF Processo nº 37317.004716/200626 Acórdão n.º 9202005.109 CSRFT2 Fl. 509 3 01/1999 60.900,00 4.762,38 09/2002 63.011.147,47 1.637.607,80 10/2003 90.200.300,01 2.376.031,27 11/2003 273.400,00 20.915,10 12/2003 42.259,99 3.235,95 01/2004 15.000,00 1.147,50 O Contribuinte foi cientificado em 22/12/2004 e, em 06/01/2005, apresentou Impugnação, esclarecendo que nem todos os períodos exigidos na NFLD em tela eram objeto de ação judicial, e que, mesmo quanto àqueles sobre os quais havia tal discussão, as decisões judiciais eram diversas. Quanto aos períodos de 10/2003 a 01/2004, assim esclarece (fls. 49 em diante): “III — DOS VALORES RELATIVOS AOS PERÍODOS DE COMPETÊNCIA SETEMBRO/2002 E OUTUBRO/2003 A JANEIRO/2004, QUE SÃO OBJETO DE DISCUSSÃO JUDICIAL Já no que diz respeito aos valores relativos aos demais períodos de competência, cumpre reiterar inicialmente que muito embora tenha constado do relatório anexo à autuação que a exigibilidade dos valores está suspensa por força do MS n° 2003.61.00.0309074 relativamente a todo o período, como se verifica da petição inicial daquele processo (doc. .03) em realidade o mesmo se refere apenas ao abono único relativo à Convenção Coletiva de Trabalho 2003/2004 (com reflexos nos períodos de competência de outubro/2003 a janeiro/2004), sendo que os valores relativos ao período de competência de setembro/2002 estão com exigibilidade suspensa por força do MS n° 2002.61.00.0220307 (doc. 04).” Relativamente aos períodos de 10/2003 a 01/2004, o Contribuinte apresentou os seguintes argumentos: os valores não poderiam ter sido calculados levandose em conta a alíquota adicional de 2,5%; tendo sido reconhecida no Relatório Fiscal a suspensão da exigibilidade do crédito tributário por liminar em Mandado de Segurança, a aplicação de multa de ofício violaria o disposto no art. 63 da Lei n° 9.430, de 1996; inaplicabilidade da taxa de juros Selic. Tendo em vista os argumentos e documentos apresentados pelo Contribuinte na Impugnação, o processo foi baixado em diligência à PFN, em 06/04/2005, para esclarecimentos acerca das ações judiciais envolvidas (fls. 182): Fl. 510DF CARF MF 4 “1. A presente NFLD referese a contribuições sociais incidentes sobre pagamentos efetuados a empregados, de verba contabilizada no título "Abono Único". Estes pagamentos originaramse de Acordos Coletivos de Trabalho firmados entre os Sindicatos/Confederações dos empregados em Estabelecimentos Bancários e Sindicatos/Federações Patronais. 2. A empresa alega que os valores relativos aos períodos de competência de setembro/2002, outubro/2003 e janeiro/2004 estão com exigibilidade suspensa por força de Liminares em Mandado de Segurança de n.°s 2002.61.00.0220307 e 2003.61.00.0309074. 3. Ocorre que as consultas efetuadas ao site do TRF3 não retornam as informações necessárias à verificação da situação das liminares. 4. Sendo assim, solicitase confirmação da validade das liminares supramencionadas, no sentido de se proceder ou não ao desmembramento do presente processo, visto que o mesmo abarca outras competências não cobertas pelas mesmas.” Em atendimento, em 10/05/2005 a PFN recomendou o desmembramento da NFLD, conforme a seguir (fls. 190): “2 Analisando os extratos de fls. 217/220, denotase que a liminar prolatada na ação de segurança de n° 2003.61.00.030907 foi devidamente suspensa por força da decisão concedida pelo Relator do AI. de n° 2003.03.00.073023 2 em 12.12.2003 (decisão encaminhada pela Serec em 19/01/2004, para ciência da 21.428 Servrep), não havendo ainda julgamento de mérito da ação de Segurança, de acordo com informações fornecidas via email pela Procuradora Federal Dra. Juliana Rovai Rittes de Oliveira Silva, responsável pela defesa do INSS, perante à 21 8 VCF/SP. Com relação a liminar concedida na Ação de Segurança de n° 2002.61.00.0220307, o INSS não logrou êxito em suspendêla conforme denotase nas fases do AI de n° 2002.03.00.0451099 (extratos de fls. 218/219). Não foi prolatada a sentença de mérito na referida ação de Segurança até o dia 09/02/2005 de acordo com esclarecimentos repassadas via email à esta Procuradoria, pelo Procurador Federal Dr. Wagner Montin, responsável pela defesa per ante à 68 VCF/SP. 3 Assim, restaria o desmembramento do processo administrativo, com a lavratura de três créditos. O primeiro, para prosseguimento do recurso administrativo apenas com relação às competências de dezembro/98 e janeiro/99. O segundo, com relação às competências de outubro de 2003 à janeiro de 2004, devendo o processo ser remetido à Procurado ria para inscrição do débito, tendo em vista que a empresa não logrou êxito na suspensão da exigibilidade. Finalmente o terceiro, para competência de setembro/04 devendo o processo administrativo aguardar a decisão definitiva de mérito, uma vez que foi devidamente suspensa a exigibilidade do crédito tributário por força da liminar, concedida na Ação de Segurança de no 2002.03.0451099.” Fl. 511DF CARF MF Processo nº 37317.004716/200626 Acórdão n.º 9202005.109 CSRFT2 Fl. 510 5 Assim, em 2005 a NFLD inicial foi desmembrada em três, conforme consta da DecisãoNotificação de fls 192 a 197, que trata da NFLD Debcad n.° 35.831.6235, que manteve a data de 17/12/2004: “DA DILIGÊNCIA 4. Em diligência à Procuradoria, fls. 182, esta nos informou, através do despacho de fls. 190/191, que o processo n° 35.698.4532 deveria ser desmembrado em três, sendo que para as competências de 10/2003 a 01/2004, caso do presente processo, deveria haver remessa dos autos à Procuradoria para inscrição do débito, tendo em vista que a empresa não logrou êxito na suspensão da exigibilidade. 5. Ocorre que houve contestação de aspectos do lançamento que não estão sendo discutidos no Poder Judiciário, sendo assim, ainda que não tenha logrado êxito na suspensão do crédito, passase a analisar neste processo as razões de impugnação da empresa para os períodos supramencionados, ficando as demais competências separadas em outros dois processos de n°s 35.698.4532 e 35.831.6243, conforme orientação da Procuradoria.” Em síntese, o desmembramento efetuado em 2005 resultou no seguinte: NFLD n° 35.698.4532, referente às competências de 12/1998 e 01/1999; NFLD n° 35.831.6235 referente às competências de 10/2003 a 01/2004, tratadas no presente processo; NFLD n° 35.831.6243, referente à competência de 09/2002. Assim, a decisão de Primeira Instância de fls. 192 a 197, que tratou apenas da NFLD n° 35.831.6235, referente às competências de 10/2003 a 01/2004, considerou procedente o lançamento, conforme os seguintes fundamentos: quanto à alíquota adicional de 2,5%, a seara administrativa não teria competência para examinar questão de inconstitucionalidade; relativamente à exoneração da multa de ofício mediante a aplicação do art. 63 da Lei nº 9.430, de 1996, tal dispositivo legal não se aplicaria a Contribuições Previdenciárias; no que tange à aplicação da taxa de juros Selic, esta teria amparo legal. No que tange à multa de ofício, a decisão assim registrou (fls. 194): "11. A Lei n.° 9.430/96 ao tratar da concessão de medida liminar em mandado de segurança, determinou, em seu a rt. 63, a não incidência da multa de ofício no lançamento do crédito tributário destinado a prevenir a decadência, e a interrupção da multa de mora desde a concessão da medida judicial até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. Fl. 512DF CARF MF 6 12. Ocorre que essas previsões da Lei n.° 9.430/96 não se aplicam às contribuições da Seguridade Social, arrecadadas pelo INSS pelas seguintes razões: 13. 0 art. 63 achase inserido no Capítulo V Disposições Gerais, na Seção IV Acréscimos Moratórios Multa e Juros. O a rt. 61, que inaugura a referida Seção, dispõe expressamente que o seu comando aplicase aos 'débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal'. Por outro lado, no âmbito previdenciário, inexiste a chamada 'multa de ofício' de que trata o caput do art. 63." Cientificado da decisão de Primeira Instância, o Contribuinte interpôs, em 16/08/2005, o Recurso Voluntário de fls. 208 em diante, por meio do qual reitera as razões contidas na Impugnação. Quanto à aplicação da multa, assim esclarece e pleiteia: “É que, diversamente do que constou desta r. decisão, a medida liminar pleiteada nos autos do mandado de segurança n° 2003.61.00.0309074 foi deferida pelo ilustre Juiz Federal da 21a Vara em São Paulo, tendo sido suspensa apenas posteriormente face ao agravo de instrumento interposto pelo INSS, por decisão da qual o Recorrente foi intimado em 17/12/2003 (doc. 01). Não obstante, diante desta decisão o ora Recorrente requereu e foi deferida autorização para realização do depósito judicial dos valores em discussão, o qual foi realizado no prazo de 30 dias previsto no parágrafo 2° do artigo 63.da Lei n° 9.430/96, acrescido dos juros de mora devidos até a data do depósito (doc. 02). De se salientar, ademais, que tendo constatado que o valor lançado por meio da presente NFLD é superior ao valor inicialmente depositado, Recorrente procedeu inclusive ao depósito complementar da diferença apurada, inclusive no que diz respeito à multa e juros devidos sobre esta diferença. Verificase, assim, que o crédito tributário encontrase efetivamente com sua exigibilidade suspensa, sendo certo que relativamente aos valores depositados no prazo de 30 dias da decisão que suspendeu a eficácia da medida liminar inicialmente deferida jamais poderia ser exigido do Recorrente qualquer valor a título de multa. (...) Por outro lado, nem se diga que também relativamente aos depósitos efetuados no prazo previsto no art. 63 da Lei n° 9.430/96 seria devida a multa, ao argumento de que não seriam integrais, tanto que necessária sua posterior complementação. Primeiramente, é necessário ter em mente que sendo a NFLD relativa a vários períodos de competência e distintas rubricas, a análise da integralidade do depósito deve ser feita relativamente a cada fato gerador, e portanto rubrica a rubrica, o que por si só já vicia o lançamento. Fl. 513DF CARF MF Processo nº 37317.004716/200626 Acórdão n.º 9202005.109 CSRFT2 Fl. 511 7 De qualquer modo, porém, data maxima venia, a interpretação do art . 151, II do CTN não pode levar ao absurdo de se entender que sendo depositado 99% de um determinado crédito tributário tal depósito seria absolutamente inócuo e o crédito tributário poderia ser cobrado em sua totalidade. Em realidade, o depósito judicial, quando parcial, suspende a exigibilidade do crédito tributário até o montante do valor efetivamente depositado, não podendo ser exigido sobre esse valor multa quando efetuado no prazo legal, como é o caso, ou juros de mora além dos já depositados.” Em sessão plenária de 23/03/2010, foi julgado o Recurso Voluntário 246.593, prolatandose o Acórdão nº 230101.288 (fls. 378 a 382), assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2003 a 31/01/2004 LANÇAMENTO PARA PREVENÇÃO DA DECADÊNCIA. MEDIDA LIMINAR CASSADA. DEPÓSITO JUDICIAL PARCIAL. INEXIGIBILIDADE DO JURO E MULTA DE MORA DE MANEIRA PROPORCIONAL. A discussão do débito tributário no âmbito do Judiciário não impede que o fisco efetue o lançamento para prevenir a decadência. O depósito judicial com valor parcial do débito em discussão suspende a exigibilidade do crédito tributário apenas relativamente ao valor depositado, sendo incabível a imposição de juros e multa de mora sobre esse valor, cabível, no entanto, os acréscimos legais no tocante a diferença. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte” A decisão foi assim registrada: “ACORDAM os membros da 3ª Câmara /1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(á).” E o voto vencedor assim especifica o provimento parcial (fls. 382): "a) sobre o valor histórico do lançamento até 30 dias após a revogação da medida liminar, nada poderá ser cobrado à titulo de multa; b) no que diz respeito aos valores depositados dentro do prazo previsto no art. 63, § 2°, da Lei 9.430/96, a partir dessa data (16/01/2004), não deve incidir sobre esse valor qualquer penalidade a titulo de multa e juros moratórios; Fl. 514DF CARF MF 8 c) em relação a diferença verificada quando do depósito de complementação de fls 287/289, que fora feito mais de um ano após decorrido o prazo legal acima mencionado, deverá incidir multa a partir do 31 (trigésimo primeiro dia) após a revogação da liminar, in casu 17/01/2004, e juros moratórios até a data do depósito complementar, qual seja 16/08/2005; d) a partir do dia 16/08/2005, nenhum acréscimo legal seria devido, posto que depositado integralmente o valor do débito em discussão." Cientificada do acórdão em 18/11/2010 (fls. 383), a Fazenda Nacional interpôs, em 29/11/2010 (fls. 385), o Recurso Especial de fls. 386 a 389, visando a revisão do julgado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2300 091/2011, de 24/08/2011 (fls. 392 a 395). Em seu apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese: a decisão ora combatida contraria as seguintes normas previstas no Código Tributário Nacional e no artigo 63, caput, da Lei n° 9.430/96, in verbis: CTN Art. 141 0 crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. Art. 151 Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: II o depósito do seu montante integral. Lei n° 9.430/96 Art. 63. Não caberá lançamento de multa de oficio na constituição do crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributos e contribuições de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma do inciso IV e V do art. 151 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966. (Vide Medida Provisória n° 2.15835, de 2001) § 1° O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. (Grifos nossos). pelo que se vê da legislação, somente se poderia cogitar da inaplicabilidade da multa de oficio e de juros de mora sobre parte do débito, se o depósito efetivado fosse integral; contudo, conforme análise dos autos, verificase que o contribuinte não depositou o valor total considerado pela autoridade fiscal o que inclusive foi reconhecido pelo Relator em seu voto; Fl. 515DF CARF MF Processo nº 37317.004716/200626 Acórdão n.º 9202005.109 CSRFT2 Fl. 512 9 uma vez que os débitos não foram integralmente depositados, restou intacta a exigibilidade in totum dos valores, pois não houve “suspensão parcial” do crédito tributário simplesmente porque inexiste tal instituto no direito tributário; ressaltese que apesar de o art. 63 da Lei n° 9.430/96 não se referir aos casos de depósitos judiciais insuficientes resta evidente o intuito da norma no sentido de que apenas caberia falar em não aplicação da multa de oficio e de juros de mora sobre as parcelas depositadas se a exigibilidade do débito estiver suspensa; ora, se no caso dos autos apenas o depósito judicial integral tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário nos termos do art. 151, II, do CTN, não há que se falar em exoneração da multa e dos juros quanto aos valores contidos no lançamento sobre os quais houve depósito parcial; neste sentido convém rememorar o teor da Súmula 112 do STJ, que trata da matéria em comento: “O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro”, o que equivale a dizer que o crédito tributário considerado integral é aquela quantia exigida pela Fazenda Pública, e não aquela reconhecida pelo sujeito passivo (cita doutrina de Leandro Paulsen); assim, se o valor não foi depositado integralmente, segundo as normas tributárias vigentes, é inquestionável a aplicação pela autoridade fiscal de multa de oficio e juros de mora sobre todo o tributo lançado, e isto tem uma razão de ser: o ordenamento jurídico estabelece critérios para a efetivação de pagamento, que devem ser cumpridos de modo coerente e visando não prejudicar as partes envolvidas; vale ainda registrar o entendimento espelhado no acórdão de n° 202167.94: "NORMAS PROCESSUAIS. OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. A compensação do PIS, amparada por decisão judicial, implica renúncia do reconhecimento de seu direito na esfera administrativa. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. Não ocorrendo as hipóteses de nulidade previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72, descabe falarse em nulidade do auto de infração. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. É defeso aos Conselhos de Contribuintes afastar lei vigente ao argumento de que ofende à Constituição. AÇÃO JUDICIAL PRÉVIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. A busca da tutela do Poder Judiciário não obsta a formalização do lançamento. A submissão de matéria à tutela autônoma e superior do Poder Judiciário, prévia ou posteriormente ao lançamento, inibe o pronunciamento da autoridade administrativa sobre o mérito da incidência tributária em litígio, Fl. 516DF CARF MF 10 cuja exigibilidade fica adstrita à decisão definitiva do processo judicial e sem a imputação de multa de ofício. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. O crédito tributário apurado em auto de infração, lavrado com exigibilidade suspensa por força de decisão judicial, deve ser acrescido de juros de mora, com base na taxa selic, quando inexistente o depósito judicial tempestivo do montante integral. Recurso provido em parte.” quanto ao tema colacionase trecho do acórdão acima citado (202167.94) que, com clareza, apregoa a necessidade de incidência de juros de mora em lançamento de oficio decorrente de depósito judicial considerado insuficiente, vejamos: “Assim, quanto à aplicação de juros de mora sobre o crédito tributário lançado, cuja exigibilidade encontrase suspensa em razão de medida liminar em mandado de segurança, temse que somente o depósito do montante integral, nos termos do inciso II do a rt. 151 do CTN, tem o condão de afastar a sua aplicação. Dispõe o art. 161 do CTN que devem ser aplicados os juros de mora também neste caso, ao aduzir que o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. Admitido por força do inciso II do art. 151 citado que somente o depósito em montante integral do crédito tributário susta a fluência dos juros de mora, correto o lançamento corno efetuado, não comportando retificação a decisão da autoridade a quo, uma vez que não compete ao julgador administrativo afastar a aplicação de norma regularmente editada e ainda não afastada do ordenamento jurídico pelo Poder Judiciário com efeitos erga omnes. Com estas considerações, voto por negar provimento ao recurso, na parte relativa à exclusão dos juros de mora, apurados com base na taxa Selic do crédito tributário apurado de oficio, cuja exigibilidade encontrase suspensa por força de decisão judicial.” (Grifos nossos) com isto, chegase a inelutável conclusão de que o lançamento realizado com a cobrança de multa de ofício e juros de mora sobre a totalidade dos valores lançados é plenamente cabível e condizente com a legislação tributária vigente, já que a exação depositada judicialmente, por não ser integral ao montante considerado devido pelo Fisco, não tem o condão de suspender o crédito tributário; sendo assim, como corolário lógico, é correto o procedimento adotado pela autoridade fiscal que lançou o crédito tributário, com a incidência dos demais encargos legais como a multa de oficio, e entender de outra forma resultará na declaração da inconstitucionalidade dos artigos 141 c/c art. 151, inciso II, do CTN e artigo 63 da Lei n° 9.430/96, violados com a decisão a quo, o que é defeso pelo CARF. Ao final, a Fazenda Nacional pede o conhecimento e o provimento do Recurso Especial. Fl. 517DF CARF MF Processo nº 37317.004716/200626 Acórdão n.º 9202005.109 CSRFT2 Fl. 513 11 Cientificado do acórdão, do Recurso Especial e do despacho que lhe deu seguimento em 30/01/2012 (AR – Aviso de Recebimento de fls. 399), o Contribuinte ofereceu, em 13/02/2012, as Contrarrazões de fls. 417 a 434, contendo os seguintes argumentos, em resumo: quanto ao primeiro paradigma, este trata de matéria fática distinta daquela objeto do acórdão recorrido,portanto não se presta a ensejar o cabimento do recurso; no caso do paradigma, o tributo devido foi depositado após o vencimento, sem a incidência de multa de mora; no caso do recorrido, houve o recolhimento parcial dentro do prazo, sem acréscimo de multa devido à ausência de mora; no mérito, o Contribuinte reitera as razões contidas nas peças de defesa, bem como no acórdão recorrido, e junta os documentos de fls. 437 a 443, demonstrando os valores devidos e os recolhimentos efetuados; esclarece que os depósitos efetuados não incluíram a parcela correspondente aos segurados, que não está sendo questionada e, quanto às rubricas questionadas, informa que a diferença foi de apenas 0,02% do débito. Ao final, o Contribuinte pede o não conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, na hipótese de não atendimento a este pedido, que seja negado provimento ao apelo. Em sessão plenária de 28/01/2015, o julgamento do Recurso Voluntário foi convertido em diligência, por meio da Resolução nº 9202000.012, tendo em vista que o único paradigma analisado no Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional foi considerado inapto a demonstrar a alegada divergência jurisprudencial. Assim, retornaram os autos à Câmara recorrida, para que se procedesse à análise do segundo paradigma indicado pela Recorrente Acórdão CSRF/0105.148, o que foi feito por meio do Exame de Admissibilidade Complementar nº 2300283/2015, de 13/04/2016 (fls. 466 a 470). Na oportunidade, o primeiro paradigma Acórdão nº foi reexaminado, concluindose que não guardava similitude fática com o recorrido, portanto não teria demonstrado a alegada divergência. Quanto ao segundo paradigma, este foi considerado apto a comprovar o dissídio, dandose seguimento ao Recurso Especial. Cientificado em 27/05/2015 (fls. 473 a 475), o Contribuinte ofereceu, em 10/06/2015, as Contrarrazões de fls. 477 a 490, argumentando, em síntese: Quanto ao conhecimento do recurso Quanto ao conhecimento do recurso a 2ª Turma da CSRF, bem como o Presidente da 3ª Câmara da 2ª Seção, negaram a possibilidade de conhecimento do recurso especial da fazenda com base no primeiro paradigma, Acórdão n° 20312.362, decisão que, portanto, não se demonstra apta para viabilizar o recurso especial da Fazenda Nacional; Fl. 518DF CARF MF 12 entretanto, a situação examinada no segundo paradigma também não guarda similitude fática com o caso concreto, o que obsta o conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional; de fato, como demonstra claramente o Acórdão n° 10193.390, que foi confirmado pelo segundo paradigma, o lançamento nele tratado dizia respeito a fatos geradores de IRPJ relativos ao exercício de 1995, tendo sido os depósitos insuficientes efetuados em 30/05/1995 e 19/10/1995, e o Auto de Infração lavrado em 1995, como indica o número do processo em questão (13886.000655/9537); portanto, todos os fatos se deram em época anterior à vigência da Lei n] 9.703, de 1998, período em que os recursos depositados pelo contribuinte de fato ficavam em uma conta de depósito à disposição do juízo em que tramitava o processo (e não à disposição da Fazenda Nacional), situação esta que perdurou até a citada lei transformar os depósitos judiciais em verdadeiros pagamentos efetuados à Fazenda Nacional sob condição resolutiva; no caso concreto, ao contrário da situação examinada no segundo paradigma, em que os fatos se deram em 1995, todos os fatos (ocorrência do fato gerador em 2002 e 2003, depósitos judiciais em 2003, lançamento em 2006) já ocorreram sob a égide da Lei n" 9.703/98, tendo tais "depósitos judiciais" a natureza de verdadeiros "pagamentos não definitivos" (já que o "depósito judicial" no caso de trânsito em julgado de decisão favorável à Fazenda é, nos termos do artigo Io, § 3o, II, "transformado em pasamento definitivo"); vale salientar que tal circunstância foi considerada de extrema relevância para no acórdão recorrido, tendo constado do voto que "seria indevida a cobrança dos encargos moratórios, multa e juros, sobretudo se considerarmos que, a partir da edição da Lei n° 9.703/1998, as quantias depositada judicialmente são repassadas para a conta única do tesouro nacional, o que consubstancia verdadeiro pagamento" (fl. 381); nesse contexto, tendo o regime de depósitos judiciais introduzido pela lei nº 9.703, de 1998 sido fundamental para a formação do entendimento do v. acórdão recorrido no sentido da impossibilidade da cobrança de multa e juros sobre os valores "depositados", é evidente que só poderia servir de paradigma processo que dissesse respeito a depósitos efetuados já sob o regime da lei n° 9.703, de 1998, o que não é o caso do segundo paradigma; ademais, constou do Despacho n° 2300283/2015, na parte em que tratava do primeiro paradigma que "Ademais, também não consta do paradigma a informação de que a maior parte da diferença seria referente a rubrica não questionada, reduzindose a insuficiência a 0,02% do valor devido", motivo que também levou seu I. prolator a concluir pela ausência de similitude fática, trecho e conclusão estes que também constam da Resolução nº 9202000.012; não obstante, também no que tange ao Acórdão n° 10193.390, que foi a decisão confirmada pelo segundo paradigma, a leitura do acórdão revela que naquele caso de um total de 3.235.208,92 UFIR, o depósito foi de 2.375.934,15 UFIR, ou seja, havia uma expressiva insuficiência de 26,56% do valor devido, situação muito diferente do caso concreto em que, como já reconhecido por esta C. Turma e pelo I. Presidente da 3a Câmara, a insuficiência é de 0,02% do valor devido; assim, também quanto ao segundo paradigma se observa a mesma falta de similitude fática com o acórdão recorrido observada quanto ao primeiro paradigma por esta Turma e pelo Presidente da 3ª Câmara; Fl. 519DF CARF MF Processo nº 37317.004716/200626 Acórdão n.º 9202005.109 CSRFT2 Fl. 514 13 Quanto ao mérito ainda que para argumentar pudesse ser conhecido o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, o apelo não merece ser provido, por contrariar a firme jurisprudência administrativa, inclusive da Câmara Superior de Recursos Fiscais; de fato, tendo o Recurso Especial da Fazenda Nacional sido admitido em função apenas do segundo paradigma, o acórdão CSRF/0105.148, cabe referir que ele foi proferido pela C. 1a Turma da CSRF em 29/11/2004 (fl. 391), tendo sido o entendimento nele então acolhido posteriormente superado por jurisprudência pacífica dessa mesma 1a Turma (cita os Acórdãos nºs 9101001.598, de 20/02/2013, e 9101002.136, de 26/02/2015; além disso, mesmo não tendo sido o primeiro paradigma acolhido como divergência apta para viabilizar o Recurso Especial da Fazenda, vale em todo caso mencionar que ele foi reformado pelo Acórdão nº 9303002.749, proferido pela C. 3a Turma da CSRF em 21/01/2014: "(...) CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DEPÓSITOS JUDICIAIS. LANÇAMENTO DE OFICIO. JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. No lançamento de ofício de crédito tributário, objeto de discussão judicial, dispensase a exigência dos juros de mora e da multa de ofício sobre os valores depositados, mantendose a exigência apenas sobre as parcelas diferenças não depositadas." (destaques nossos) tal decisão não discrepou da jurisprudência já consolidada por aquela C. 3a Turma da CSRF (cita os Acórdãos nºs 9303003.221, de 27/11/2014 e 9303003.201, de 27/11/2014); de fato, como já atestado pela jurisprudência recente e pacífica da 1a e da 3a Turmas desta E. CSRF, não merecem ser acolhidas as razões trazidas pela Fazenda Nacional em seu recurso; conforme consta dos autos, a medida liminar pleiteada por meio do mandado de segurança n° 2003.61.00.0309074, impetrado em 29/10/2003, foi deferida pelo ilustre Juiz Federal da 21a Vara em São Paulo, tendo sido suspensa apenas posteriormente em razão do agravo de instrumento interposto pelo INSS, por decisão da qual o Recorrido foi intimado em 17/12/2003; não obstante, diante de tal decisão o ora Recorrido efetuou o depósito judicial dos valores em discussão no prazo de 30 dias previsto no parágrafo 2º, do artigo 63, da Lei n° 9.430, de 1996, acrescido dos juros de mora devidos até a data do depósito (doc. 02 anexo ao recurso voluntário); posteriormente, quando da lavratura da presente NFLD, constatou o Recorrido ter sido lançado também valor relativo aos segurados (principal de R$ 2.401.329,02), que de fato não havia sido depositado e por este motivo foi então objeto de depósito com todos os acréscimos devidos (inclusive a multa); Fl. 520DF CARF MF 14 não obstante, no que diz respeito aos depósitos relativos à parcela da empresa e SAT/Terceiros, constatou o Recorrido que em razão de sua insuficiência de 0,02% (doc. 01 das Contrarrazões ao Recurso Especial), estavalhe sendo exigido o imediato pagamento da totalidade do valor, acrescido ainda de multa e juros; assim, efetuou o Recorrido o depósito daquela diferença com os acréscimos devidos sobre esta diferença (inclusive a multa), e apresentou a impugnação e posteriormente o recurso acolhido pelo acórdão recorrido; de fato, a interpretação do disposto no art. 151, II, do Código Tributário Nacional não pode levar ao absurdo de se entender que, sendo depositado 99,98% de um determinado crédito tributário, como ocorre no caso, tal depósito seria absolutamente inócuo e a multa de ofício poderia ser imposta quanto à totalidade do crédito; em realidade, o depósito judicial, quando parcial, suspende a exigibilidade do crédito tributário até o montante do valor efetivamente depositado, não podendo ser exigido o pagamento deste valor, muito menos acrescido de juros de mora ou multa de ofício incidentes inclusive sobre a parcela depositada; não fosse o acima exposto suficiente para demonstrar a improcedência da pretensão recursal, não é demais frisar que no caso concreto o Recorrido depositou em juízo, tempestiva e voluntariamente, montante que corresponde a 99,98% do valor que a fiscalização entendeu devido; vale dizer, por conta de uma suposta diferença correspondente a 0,02% do total do crédito tributário, está sendo imposta à recorrida multa de 24% sobre 100% do tributo lançado, ou seja, multa correspondente a mil e duzentas vezes o montante não depositado; e, mais grave ainda, no caso tratase inclusive de depósito judicial efetuado já na vigência da Lei nº 9.703/98, cujo artigo 1o, § 2º, determina que "os depósitos serão repassados pela Caixa Econômica Federal para a Conta Única do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade", de modo que o Recorrido estaria sendo compelido a pagar multa sobre valor que já foi tempestivamente recolhido aos cofres públicos, situação cuja ilegitimidade foi bem sintetizada pelo i. Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, no voto proferido no Acórdão nº 9303001.977 acima mencionado, "verbis": (...) Tal entendimento, a meu ver, se cristaliza depois da mudança legislativa que determinou que tais depósitos sejam realizados na conta única do Tesouro, ficando, desde então, à disposição da fazenda pública como se pagamento fosse. Ora, se os depósitos são considerados pagamentos à vista na data em que efetuados, quando realizados dentro do prazo de vencimento do tributo sub judice, se abranger o montante integral, não vislumbro qualquer mora a justificar a inclusão de acréscimos legais ao auto de infração; se parcial, sobre a parcela depositada, tempestivamente, também não deve haver incidência dos consectários legais. De outro lado, se os depósitos forem efetuados fora do prazo do vencimento do tributo, devem ser imputado os acréscimos legais que sofreriam pagamentos a destempo. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso do sujeito passivo para determinar a exclusão dos juros moratórios relativos às parcelas dos Fl. 521DF CARF MF Processo nº 37317.004716/200626 Acórdão n.º 9202005.109 CSRFT2 Fl. 515 15 depósitos judiciais, tempestivamente realizados." (destaques nossos) circunstância que, como visto acima, foi decisiva para a prolação do acórdão recorrido, segundo o qual "seria indevida a cobrança dos encargos moratórios, multa e juros, sobretudo se considerarmos que, a partir da edição da Lei nº 9.703/1998, as quantias depositada judicialmente são repassadas para a conta única do tesouro nacional, o que consubstancia verdadeiro pagamento" (fl. 381 destaques nossos); neste ponto, cabe salientar que esta C. 2a Turma da CSRF, justamente por equiparar o depósito judicial, nos termos da Lei nº 9.703/98, ao pagamento, entendeu em acórdão unânime que a efetivação do depósito judicial equivale ao pagamento antecipado para efeito da contagem do prazo decadencial para o lançamento (cita o Acórdão nº 9202003.395); assim, o que se verifica é que, nos termos em que efetuado o lançamento, o Recorrido, contribuinte diligente que preventivamente se socorreu do Judiciário visando resguardar seu direito, privandose inclusive da disponibilidade dos valores depositados, foi equiparado ao contribuinte inadimplente que simplesmente se queda inerte; contudo, equiparar situações que não são equiparáveis, para tratálas como se iguais fossem, é no mínimo reputar ineficaz a regra do artigo 151, II, do Código Tributário Nacional, a respeito da suspensão do crédito tributário na hipótese de depósito judicial, além de levar o cidadãocontribuinte a situação mais onerosa que aquela na qual se encontrava antes do ingresso em Juízo, o que não se harmoniza com o princípio constitucional de livre acesso ao Judiciário (artigo 5o, XXXV, da CF/88), e nem com o princípio da isonomia (artigo 150, II, da CF/88), tendo no Acórdão 9101001.480, acima citado, ficado consignado no voto do i. Relator que a pretensão fazendária resultaria em "flagrante ofensa ao princípio constitucional da isonomia, pois o contribuinte que efetua o depósito, seja integral ou parcial, seria devedor de acréscimos legais na mesma proporção daquele que, omitindose em relação ao tributo, poderia vir a passar despercebido pelo crivo da administração fiscal" (destaques nossos). nem se alegue, como fez a Recorrente, que a exigibilidade do crédito tributário, no caso concreto, não estaria suspensa, por força da Súmula 112 do STJ: "o depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro", porque ela foi editada para obstar a tentativa dos contribuintes de suspender a exigibilidade tributária pela apresentação da fiança bancária ou pelo oferecimento de Título da Dívida Agrária; tanto é assim que, dos cinco precedentes vinculados pelo E. Superior Tribunal de Justiça à Súmula 112, conforme informação colhida em seu sítio eletrônico: (i) o Recurso Especial n° 8.764/SP veda o oferecimento de TDA; (ii) o Recurso em Mandado de Segurança n° 1.269/AM também veda o oferecimento de TDA; (iii) o Recurso em Mandado de Segurança n° 1.267/AM, veda o oferecimento de TDA ou de carta de fiança bancária; (iv) o Recurso Especial n° 10.215/SP veda a apresentação de carta de fiança bancária; (v) o Recurso Especial n° 30.61 O/SP, por fim, também veda a apresentação de carta de fiança bancária; ora, se nenhum dos precedentes vinculados pelo próprio E. Superior Tribunal de Justiça à súmula 112 diz que depósito parcial do crédito tributário não suspende a exigibilidade do que está efetivamente depositado, é óbvio que tal súmula não trata desta situação, razão pela qual não procede a interpretação dada pela Recorrente; assim, resta demonstrada a total improcedência da pretensão recursal. Fl. 522DF CARF MF 16 Ao final, o Contribuinte pede o não conhecimento do Recurso Especial e, se assim não for, que se lhe negue provimento. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir acerca do atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade. Em sede de Contrarrazões, oferecidas tempestivamente pelo Contribuinte quando do primeiro exame de admissibilidade do Recurso Especial, levado a cabo pelo Despacho nº 2300091/2011, de 24/08/2011 (fls. 392 a 395), foi suscitado o não conhecimento do apelo, uma vez que o único paradigma analisado não guardaria a necessária similitude fática com o recorrido. Quando da inclusão do processo em pauta, em 28/01/2015, o Colegiado entendeu, à unanimidade, que o paradigma analisado não era apto a demonstrar a alegada divergência, convertendose o julgamento do recurso em diligência, por meio da Resolução nº 9202000.012 (fls. 446 a 460). Naquela assentada, foi necessário que constasse do voto a fundamentação para a rejeição do paradigma, para que se pudesse justificar a conversão em diligência, para que fosse analisado o segundo paradigma indicado pela Fazenda Nacional. Quando do retorno do processo à Câmara de origem, para que o despacho fosse apenas complementado, o Sr. Presidente, por meio do Exame de Admissibilidade Complementar nº 2300283/2015, de 13/04/2016 (fls. 466 a 470), além de examinar o segundo paradigma, reexaminou indevidamente o primeiro paradigma, descartandoo. Indevidamente porque uma vez que o paradigma é considerado apto a demonstrar a divergência, somente a Instância Especial tem competência para rever o respectivo exame, ausente a previsão de juízo de retratação, exceto em face de evidente erro material devido a lapso manifesto. Ademais, o art. 63, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, assim estabelece, em seu § 5º: Art. 63. As decisões dos colegiados, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo presidente, pelo relator, pelo redator designado ou por conselheiro que fizer declaração de voto, devendo constar, ainda, o nome dos conselheiros presentes e dos ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. (...) § 5º No caso de resolução ou anulação de decisão de 1ª (primeira) instância, as questões preliminares, prejudiciais ou mesmo de mérito já examinadas serão reapreciadas quando do julgamento do recurso, por ocasião do novo julgamento." Assim, conforme a determinação regimental acima, passo a apresentar ao Colegiado a análise do primeiro paradigma, para reapreciação. Paradigma Acórdão nº 20312.362 Fl. 523DF CARF MF Processo nº 37317.004716/200626 Acórdão n.º 9202005.109 CSRFT2 Fl. 516 17 A análise desse paradigma demanda algumas considerações preliminares. Tratase de discussão sobre a aplicação de multa e juros de mora sobre crédito tributário discutido judicialmente, tendo em vista que o depósito judicial teria sido parcial, não abrangendo a totalidade do crédito tributário. De plano, verificase que tal problemática sequer constou da autuação ou da decisão de Primeira Instância, vindo a integrar os autos somente em sede de Recurso Voluntário. Com efeito, a autuação original, objeto da NFLD nº 35.698.4532, de 17/12/2004, cientificada ao Contribuinte em 22/12/2004, comportava exigência relativa a diversos períodos de apuração e foi levada a cabo apenas para prevenir a decadência, considerandose que todos os créditos tributários estariam com exigibilidade suspensa em função de medida liminar no Mandado de Segurança nº 2003.61.00309074. Na Impugnação, o próprio Contribuinte apresentou esclarecimentos, no sentido de que apenas os períodos de apuração de 10/2003 a 01/2004 encontrarseiam ao abrigo da medida liminar no Mandado de Segurança nº 2003.61.00309074, que outros períodos eram objeto de outra medida judicial, e que havia ainda períodos em que não fora buscada a tutela do Poder Judiciário. Os esclarecimentos acima ensejaram a realização de diligência à PGFN, o que motivou, em maio de 2005, o desmembramento da NFLD original em três outras, que entretanto mantiveram a mesma data da NFLD original – 17/12/2004: NFLD n° 35.698.4532, referente às competências de 12/1998 e 01/1999; NFLD n° 35.831.6235, referente às competências de 10/2003 a 01/2004, tratadas no presente processo; NFLD n° 35.831.6243, referente à competência de 09/2002. Conforme informação da PGFN, os créditos tributários tratados na NFLD n° 35.831.6235, objeto do presente processo, deveriam ser encaminhados para inscrição em Dívida Ativa, uma vez que a liminar teria sido suspensa em 12/12/2003. Nesse ponto, registrese que não consta dos autos que o Contribuinte tenha sido cientificado do resultado da diligência, tampouco do desmembramento da NFLD original, fatos estes ocorridos já em 2005. Assim o Contribuinte, até o Recurso Voluntário, não teve a oportunidade de discutir as circunstâncias da suspensão da medida liminar – efetivação de depósitos judiciais. Em sede de Recurso Voluntário e Contrarrazões, o Contribuinte aporta documentos e demonstrativos, com vistas a comprovar que a diferença entre o crédito tributário exigido e os depósitos judiciais efetuados dentro do prazo de vencimento seria de apenas 0,02%, portanto teria se verificado depósito a menor. Nesse passo, alega em Contrarrazões, preliminarmente, que no caso do paradigma examinado no Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial Acórdão nº 20312.362 ao contrário do que ocorreu no caso do recorrido, não teria se verificado depósito dentro do prazo a menor, mas sim a ausência total de qualquer recolhimento dentro do prazo. Fl. 524DF CARF MF 18 De plano, esclareçase que o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em momento algum contradita as questões fáticas e os documentos aportados aos autos pelo Contribuinte, limitandose a defender a tese segundo a qual o depósito parcial não logra a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, portanto seriam devidos multa e juros de mora sobre o valor total exigido. Feitas estas considerações, passase à análise da preliminar de não conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional, por ausência de similitude fática entre o acórdão recorrido e o paradigma analisado no Despacho nº 2300091/2011, de 24/08/2011 (fls. 392 a 395). No caso do acórdão recorrido, que trata apenas do crédito tributário exigido na NFLD n° 35.831.6235, referente às competências de 10/2003 a 01/2004, havia uma liminar no Mandado de Segurança nº 2003.61.00309074, cuja suspensão fora cientificada ao Impetrante em 17/12/2003. Em 16/01/2004, ou seja, dentro do prazo de 30 dias após a cassação da liminar, estabelecido no § 2º, do art. 63, da Lei nº 9.430, de 1996, foram efetuados os depósitos judiciais de fls. 285/286, compreendendo principal e juros. Entretanto, o total depositado foi inferior ao apurado na autuação, razão pela qual em 16/08/2005, data da interposição do Recurso Voluntário, foi complementado o valor já recolhido, conforme os depósitos judiciais de fls. 287 a 289 que, segundo o Contribuinte, incluem principal, multa e juros. A seguir quadro que especifica a exigência e os recolhimentos: COMPETÊNCIA TOTAL EXIGIDO NA NFLD (valor originário em R$, fls. 01 a 03) DEPÓSITOS EM 16/01/2004 (valores originários em R$, pagos com juros (fls. 285/286) DIFERENÇA DEPÓSITOS EM 16/08/2005 (em R$, com multa e juros, fls. 287 a 289) 10/2003 26.008.509,77 11/2003 92.545,90 12/2003 14.318,55 01/2004 5.077,50 TOTAL 26.120.451,72 23.712.257,60 (20.363.580,00 + 3.348.677,60) 2.408.194,12 3.819.961,82 (3.809.295,11 + 9.567,47 + 1.099,24) De acordo com as informações trazidas pelo Contribuinte em Contrarrazões, a diferença a menor dos depósitos judiciais (R$ 2.408.194,12, em valor originário) estaria assim distribuída: RUBRICA VALOR DO PRINCIPAL EM R$ SEGURADOS 2.401.329,82 EMPRESA 5.895,00 SAT/RAT E TERCEIROS 969,30 TOTAL 2.408.194,12 Fl. 525DF CARF MF Processo nº 37317.004716/200626 Acórdão n.º 9202005.109 CSRFT2 Fl. 517 19 Nesse passo, o Contribuinte argumenta que a diferença, no que tange a contribuições da empresa e relativas a Sat/Rat e terceiros corresponderia a apenas 0,02% do devido, tendo em vista que o valor de R$ 2.401.329,82 diria respeito às contribuições dos segurados, que não seriam objeto de discussão. Com efeito, na NFLD original de fls. 30 consta quadro especificando as contribuições dos segurados, conforme a seguir: COMPETÊNCIA TOTAL PAGO – R$ CONTRIB. SEGURADOS 10/2003 90.200.300,01 2.376.031,27 11/2003 273.400,00 20.915,10 12/2003 42.259,99 3.235,95 01/2004 15.000,00 1.147,50 TOTAL 2.401.329,82 Embora o Contribuinte argumente que o valor relativo aos segurados não teria sido questionado, o DARF de fls. 289 registra o Mandado de Segurança nº 2003.61.00309074, portanto tratase aparentemente de matéria objeto da discussão no Judiciário, o que não autoriza a conclusão de que a diferença seria apenas de 0,02% do valor devido. Entretanto, no entender desta Conselheira o detalhe acima não é relevante no presente caso, já que, independentemente do percentual da diferença a menor verificada nos depósitos judiciais, constatase que, no caso do acórdão recorrido, dentro do prazo de 30 dias, especificado no § 2º do art. 63 da Lei nº 9.430, de 1996, foi depositado valor inferior ao devido, acrescido de juros de mora até a data do recolhimento, em 16/01/2004. E em 16/08/2005 foi depositada a diferença, acrescida de multa e juros de mora, inclusive o valor relativo à contribuição dos segurados, sendo que nem a autuação, tampouco a decisão de Primeira Instância fundamentaram a exigência da multa e juros em eventual insuficiência de depósito judicial, mas sim no entendimento de que o art. 63, da Lei nº 9.430, de 1996, não se aplicava às Contribuições Previdenciárias. O contexto acima descrito levou à seguinte conclusão, registrada no voto condutor do julgado guerreado: “Assim, ilustrativamente temos: a) sobre o valor histórico do lançamento até 30 dias após a revogação da medida liminar, nada poderá ser cobrado à titulo de multa; b) no que diz respeito aos valores depositados dentro do prazo previsto no art. 63, § 2°, da Lei 9.430/96, a partir dessa data (16/01/2004), não deve incidir sobre esse valor qualquer penalidade a título de multa e juros moratórios; c) em relação a diferença verificada quando do depósito de complementação de fls 287/289, que fora feito mais de um ano Fl. 526DF CARF MF 20 após decorrido o prazo legal acima mencionado, deverá incidir multa a partir do 31 (trigésimo primeiro dia) após a revogação da liminar, in casu 17/01/2004, e juros moratórios até a data do depósito complementar, qual seja 16/08/2005; d) a partir do dia 16/08/2005, nenhum acréscimo legal seria devido, posto que depositado integralmente o valor do débito em discussão.” Quanto ao primeiro paradigma Acórdão nº 20312.362 a Fazenda Nacional, visando demonstrar o dissídio, colacionou os seguintes trechos: Ementa "CPMF. DECADÊNCIA. PRAZO. LEI N° 8.212/91. Sendo a CPMF espécie do gênero contribuição social, o prazo decadencial para a Fazenda constituir o crédito tributário é o de 10 anos previsto no art. 45 da Lei n° 8.212/91. DEPÓSITO JUDICIAL. INSUFICIÊNCIA. CONFIRMAÇÃO DAS IMPUTAÇÕES DE JUROS E MULTA. A insuficiência do valor direcionado a depósito judicial de tributo controvertido autoriza a inclusão de juros moratórios e multa no lançamento da exação. CONVERSÃO DO DEPÓSITO JUDICIAL. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Apenas a conversão do depósito integral do crédito tributário extingue o crédito tributário, nos termos do a rt. 156, inciso VI, do CTN. Recurso negado". (Grifos nossos)” Voto "Mérito: Exclusão da multa e juros moratórios por depósito judicial. Nesse sentido irretocável a decisão da DRJ, cujos fundamentos não foram enfrentados no presente Recurso Voluntário, razão pela qual peço vênia para transcrevêlos e adotálos integralmente no presente voto, verbis: `Tampouco assiste razão à Impugnante ao asseverar que os depósitos judiciais efetuados no caso sob exame teriam o condão de afastar a exigência da multa de oficio, como restará demonstrado. Conforme relatado, para eximirse do pagamento da CPMF, a contribuinte impetrou Mandado de Segurança, Processo n° 1997.06034994, no qual obteve liminar, posteriormente cassada. A sentença de mérito que julgou improcedente o pedido e denegou a segurança pleiteada foi publicada no Diário Oficial em 30/01/01, de acordo com as informações constantes no sítio do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, fls. 232/234. As demais informações obtidas no sítio do TRF constam às fls. 235/240. A Lei n° 9.430. de 27 de dezembro de 1996, por sua vez, determina o seguinte: Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 63. (...) Fl. 527DF CARF MF Processo nº 37317.004716/200626 Acórdão n.º 9202005.109 CSRFT2 Fl. 518 21 § 2° A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. Pois bem, conforme informado pelo auditor fiscal, a Impugnante efetuou depósitos judiciais relativos aos valores devidos apenas em 18/09/02 – coincidentemente, sete dias antes de serlhe cientificado o início da ação fiscal, digase. E tais depósitos, realizados após o vencimento, foram efetuados sem a inclusão da correspondente multa de mora, como permite concluir o demonstrativo apresentado pela própria contribuinte às fls.178/180. Portanto, tais depósitos não correspondem ao montante integral exigido pela lei. Como ensina Hugo de Brito Machado, in Curso de Direito Tributário, 25° edição, pág. 187: `Para suspender a exigibilidade do crédito tributário o depósito deve corresponder ao valor deste tal como pretendido pela Fazenda Pública. Montante Integral é o valor pretendido pela Fazenda'. Assim, tendo em vista que somente o depósito do montante integral suspende a exigibilidade do crédito tributário, conforme expressamente determina o inciso II, do artigo 151 do Código Tributário Nacional, cabível a exigência da multa de oficio." Assim, também rejeito o presente argumento, já que não houve o depósito integral do crédito devido." (Grifos nossos)”(destaques da Recorrente) Como se pode constatar, no caso do paradigma, diferentemente do que ocorreu no recorrido, a sentença que julgou improcedente o pedido e denegou a segurança pleiteada foi publicada em 30/01/2001, tendo o Contribuinte efetuado os depósitos judiciais somente em 18/09/2002, sete dias antes da ciência do início da ação fiscal, e sem a inclusão da correspondente multa de mora, considerandose assim que ditos depósitos não corresponderiam ao montante integral exigido pela lei. Com efeito, no entender desta Conselheira tratase de situações fáticas diferentes. Além de todos os detalhes e nuances que pontuaram o presente processo, que de forma alguma constam do relatório do paradigma, no caso deste houve recolhimento integral fora do prazo sem os acréscimos moratórios, o que levou à conclusão de pagamento insuficiente. No caso do acórdão recorrido, o que ocorreu foi recolhimento dentro do prazo a menor, com complementação acrescida de multa e juros. Ademais, também não consta do paradigma a informação de que a maior parte da diferença seria referente a rubrica não questionada, reduzindose a insuficiência a 0,02% do valor devido. Diante do exposto, entendo não demonstrada a alegada divergência por meio desse primeiro paradigma e passo a analisar o segundo paradigma. Paradigma Acórdão CSRF 0105.148 Fl. 528DF CARF MF 22 Em sede de Contrarrazões, o Contribuinte pede o não conhecimento do Recurso Especial trazendo, dentre outras alegações, o argumento no sentido de que recorrido e paradigma foram proferidos à luz de legislações diversas, no que tange ao depósito judicial. Reiterandose as especificidades da situação verificada no acórdão recorrido que não se fazem presentes no acórdão paradigma o voto condutor do acórdão recorrido registra importante fundamento para o provimento parcial do Recurso Voluntário. Confirase: "Nesse aspecto, é importante ressaltar que a realização do depósito do montante integral descaracteriza a ocorrência de mora, portanto, seria indevida a cobrança dos encargos moratórios, multa e juros, sobretudo se considerarmos que, a partir da edição da Lei n° 9.703/1998, as quantias depositadas judicialmente são repassadas para a conta única do tesouro nacional, o que se consubstancia em verdadeiro pagamento. Visando demonstrar a alegada divergência, a Fazenda Nacional colaciona a ementa do paradigma, conforme a seguir: "SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DEPÓSITO JUDICIAL INSUFICIENTE — MULTA E JUROS O depósito parcial do crédito tributário não suspende a exigibilidade do crédito tributário e enseja a exigência de multa punitiva e juros de mora por meio de lançamento de ofício da Fazenda Pública. Recurso negado." Compulsandose o inteiro teor desse paradigma, constatase que se trata do processo nº 13886.000655/9537, portanto formalizado em 1995, muito antes da vigência da Lei nº 9.703, de 1998, que orientou o acórdão recorrido. Com efeito, o relatório esclarece tratarse de fatos geradores do anobase de 1994. Confirase: "Tratase de processo de exigência de Imposto sobre a Renda (IRPJ) anobase 1994 em razão de omissão de receita referente à variação IPC/BTNF realizada em 1989. A recorrente interpôs Mandado de Segurança com a finalidade de não ser compelida ao refazimento dos ajustes fiscais em questão. A liminar não foi concedida, razão pela qual a interessada efetuou o depósito judicial para fins de suspender a exigência do crédito objeto do litígio. O Auto de Infração foi lavrado para prevenir a decadência com a imposição de multa de oficio e juros de mora." Assim, além de não restar demonstrado que o paradigma tratou de situação semelhante à do recorrido, com todas as suas nuances já relatadas quando da análise do primeiro paradigma, esse julgado diz respeito a depósito que ainda ficava à disposição do Juízo, enquanto que, no caso do recorrido, o depósito já foi feito na conta do Tesouro Nacional, o que para o Relator constituiu verdadeiro pagamento. Registrese, por oportuno, que os dois paradigmas indicados pela Fazenda Nacional tratam de situações em que a multa de ofício e os juros de mora foram exigidos no Auto de Infração exatamente pela insuficiência do depósito judicial. Já no caso do acórdão recorrido, tal motivação sequer foi aventada, sendo essa questão trazida pelo próprio Contribuinte, em sede de Recurso Voluntário, para se contrapor à motivação da autuação e decisão de Primeira Instância, que fora a inaplicabilidade do art. 63, da Lei nº 9.430, de 1996, às Contribuições Previdenciárias. Fl. 529DF CARF MF Processo nº 37317.004716/200626 Acórdão n.º 9202005.109 CSRFT2 Fl. 519 23 Diante do exposto, esse segundo paradigma também não logra demonstrar a alegada divergência, razão pela qual não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 530DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10600.720028/2014-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Nov 03 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1302-000.455
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade suscitada pela empresa e converter o julgamento na realização de diligências, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade suscitada pela empresa e converter o julgamento na realização de diligências, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich– Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário e de ofício interpostos contra o Acórdão nº 16 68.009/15, proferido pela Oitava Turma de Julgamento da DRJ em São Paulo/SPO, que julgou procedente em parte a impugnação proposta pela contribuinte em razão dos Autos de Infração lavrados contra si, efls. 03 a 36, para as exigências de IRPJ e CSLL, relativas aos anos calendários de 2010 e 2011, os quais constituíram crédito tributário no valor total de R$ RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 00 .7 20 02 8/ 20 14 -6 5 Fl. 7599DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 3 2 73.349.810,28, incluídos, nesta quantia, os valores dos tributos (principal), multa de ofício qualificada (150%), multas isoladas pelo não recolhimento das estimativas mensais e juros. Da Infração Tributaria A fiscalização, consoante minucioso Termo de Verificações Fiscal de efls. 37 a 88, acusa a contribuinte de haver realizado reorganização societária com o único fim de fraudar o fisco, recolhendo menos tributos do que estaria sujeita. O planejamento tributário, considerado ilícito, consistiu em cisões parciais da "Minerita" em 04 novas empresas, realizadas nos anoscalendários de 2005 e 2007, consoante 24ª e 26ª alterações contratuais. Pelas cisões, a empresa desmembrou parte de suas próprias atividades, sujeitando o lucro que deveria ser tributado pelo regime de apuração do Lucro Real, ao Lucro Presumido, além de gerar despesas artificiais (desnecessárias) e omitir receitas de faturamento. A empresa auditada, "Minerita", procedeu às seguintes cisões e surgiram as empresascoligadas: BIOMINAS Transportes Ltda (ex Minerita Transportes Ltda) 24ª alteração contratual, doravante denominada "Biominas" CMC Companhia Mineira de Concentração de Minérios Ltda 26ª alteração contratual, doravante denominada "CMC" SINTERITA Sinter Itauna Ltda 26ª alteração contratual, doravante denominada "Sinterita" FERROMINAS Mineração Ltda 26ª alteração contratual, doravante denominada "Ferrominas" Ressalta, ainda, que, em 31/12/2007, deuse a cisão parcial de forma reversa pela incorporação de parte do patrimônio da "CMC" pela "Minerita" (uma pilha de 12 milhões de toneladas de rejeito de minério de ferro, com consequente aumento de capital). A "Minerita" tem como objeto social: “Aproveitamento e exploração de jazidas minerais no território nacional, extração de minérios em jazidas de terceiros na condição de prestação de serviços e arrendamento; locação e prestação de serviços de máquinas, veículos e equipamentos industriais; transporte rodoviário de carga intermunicipal, interestadual e internacional; comércio de compra e venda de ferros, aço, metais, vigas, cantoneiras, estrutura metálica, sucata de ferro, aço, metais, papel, papelão e plástico, máquinas e equipamentos industriais, usados, veículos usados, leves e pesados, compra e venda de imóveis, e a incorporação de imóveis, desmembramento ou loteamento de terreno, e a locação de imóveis próprios, serviços de manutenção e reparo de máquinas, aparelhos e materiais elétricos; manutenção e reparo de máquinas e equipamentos industriais; manutenção e reparação de máquinas e equipamentos para uso na extração mineral; manutenção e reparação mecânica de veículos automotores e a prestação de serviços combinados de escritório e apoio administrativos.”(Contrato Social consolidado em 02/06/11 29ª alteração). A fiscalização esclarece que a empresa, limitada, tem como sócios Dilson Fonseca da Silva (9899% das cotas), na qualidade de administrador, e sua esposa, Janete Fl. 7600DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 4 3 Ferreira Alves da Silva. As demais empresas do grupo também possuem o sr. Dilson Fonseca da Silva no quadro societário, com exceção da "Biominas", cujos sócios são os filhos do casal, Kassio Fonseca Ferreira e Kelly Fonseca Ferreira, consoante quadro a seguir elaborado pela fiscalização: No Termo de Verificações Fiscal, resta frisado que Dilson Fonseca da Silva é quem administra e exerce o pleno controle sobre todas as empresas do grupo econômico. A fiscalização considera necessário para caracterizar a reorganização societária: "...podem ter os mais variados objetivos, entre eles redução de custos e despesas, otimização de operações, unificação, padronização e racionalização da administração, inclusive redução da carga tributária do grupo, o que pode se dar de forma lícita ou ilícita". Passa a descrever no Termo as razões, expendidas já nos Protocolos de Intenção e Justificação das Cisões correspondentes, sobre as quais a "Minerita" justificou todas as cisões e benefícios advindos, tais como concentrar na cindida (Minerita) as operações de extração de minério e atividades afins, apartando as atividades de transporte (Biominas), em 2005, e em 2007, as atividades de concentração de finos de minérios (CMC) e sinterização (Sinterita), objetivando melhores estratégias operacionais e comerciais. Fl. 7601DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 5 4 Em visita realizada ao Parque Industrial, Fazenda Lagoa das Flores, Itatiauçu/MG, local sede da CMC, Sinterita e filiais da Minerita e Biominas, a fiscalização constatou que escritórios, portaria, refeitório são de uso comum das empresas do grupo. Explicita, ainda: A filial da BIOMINAS foi extinta em 15/03/2013, sua sede está localizada na cidade de Itaúna (MG), na Rua do Dego 317, Bairro Eldorado (Rodovia MG 050, km 85,8). Aparentemente mantém sede, administração e atividades próprias. Prestava serviços de transportes no período fiscalizado (2010 e 2011), na data da visita a prestação de serviços estava bastante reduzida (menos de 5 caminhões), podendo ser aumentada em alguns dias, cujas providências para mobilização estariam em andamento, segundo informações prestadas pelo Sr. Saulo. A CMC encontravase em pleno funcionamento. Mantém escritório, pessoal, instalações industriais e logística própria, aparentemente independente das outras empresas que operam no local. As atividades são dirigidas por um gerente e dois supervisores. A SINTERITA possui instalações industriais, aparentemente independente das outras empresas que operam no local, entretanto, está inoperante por questões mercadológicas, segundo informações do Sr. Saulo, mas em condições de retomar atividades no momento conveniente. A fiscalizada, MINERITA, encontravase em plena atividade, mantém no local escritórios e instalações industriais próprias, sendo a logística própria e/ou contratada, e no caso de transporte este é de responsabilidade do cliente em parte das operações de venda. É responsável pelo controle e operação de portaria, escritórios e refeitórios, que atende tanto a si como às demais empresas que se localizam e operam no local. Funciona no local outra empresa do grupo, constituída em 2011 (13/10/2011), a BLOCOITA – BLOCOS ITAUNA LTDA, CNPJ 14.466.790/000100, que industrializa blocos, meio fios e outros produtos, com utilização de rejeitos (areia) da atividade de mineração. A empresa FERROMINAS MINERAÇÃO LTDA CNPJ 08.814.720/000100, detentora de autorizações – decretos de lavras encontrase inoperante enquanto são providenciadas autorizações legais e ambientais para entrar em operação. [...] Minerita Minérios Itaúna Ltda Fundada em 1972 com o objetivo de extrair, beneficiar e comercializar minério de ferro; Ferrominas Mineração Ltda Fundada em 2007 com o objetivo de extrair, beneficiar e comercializar minério de ferro; Empresa ainda sem operação; Em fase de licenciamento; CMC Companhia Mineira de Concentração de Minérios Ltda Fundada em 2006 com o objetivo de comprar, vender, tratar e concentrar minérios; Sinterita Sinter Itaúna Ltda Fundada em 2007 com o objetivo de produzir e comercializar sínter siderúrgico; Biominas Transportes Ltda Fundada em 2005 com o objetivo de transportar produtos a granel; atualmente só tem funcionários no escritório, parte administrativa, e parte de seus equipamentos estão alugados.” Fl. 7602DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 6 5 Apresentou anexo com Fluxogramas de operações da MINERITA, CMC e SINTERITA. Informou que a FERROMINAS não tem fluxograma por que ainda não está em operação, e que a BIOMINAS não tem fluxograma por se tratar de um processo simples de transporte de cargas em carretas basculante. Apresentou Livro de Inspeção do Trabalho, Matriz, filial Lagoa das Flores e filial Maqmil; em CD apresentou ficha de Registro de Funcionários, Matriz, Filial Lagoa das Flores e Filial Maqmil; também em CD, Notas fiscais de saídas do Período 2010 a 2011, Filial Lagoa das Flores e Filial Maqmil. Pelo TIF 003 intimamos para apresentação de organograma da empresa, cópias de contratos FINAME firmados com o Banco do Brasil S.A. e Banco Itaú, e cópia de documentação que comprove pagamentos, com identificação dos responsáveis pelas autorizações. A intimação foi atendida em 30/06/2014. Constatamos da documentação examinada e destacamos: Os contratos FINAME de responsabilidade da MINERITA são firmados pelo sócio Dilson Fonseca da Silva. A fiscalização fez várias indagações à empresa auditada, tais como: (i) utilização de empregados (comuns) da "Minerita" pelas outras empresas coligadas nas áreas administrativa, financeira, contábil, operacional etc; (ii) utilização comum de instalações e equipamentos; (iii) se é realizado, e critérios, para o rateio de custos e despesas; (iv) apresentar certidões de transferência dos imóveis objetos das cisões; (v) comprovação de compra e venda das cotas das empresas "CMC" e "Biominas", de Dilson Fonseca da Silva para os filhos Kássio e Kelly. Verificou, ainda, que a filial da "Minerita" ("Maqmil") recomprou, no exercício de 2010, parte do Ativo Imobilizado que havia transferido para a "Biominas" em 2005, a saber, 23 caminhões e 16 semireboques. Após procedimentos de diligências, individualizados, às empresas coligadas, a fiscalização levantou vários pontos, concluindo, em apertada síntese: [...] A desconcentração das operações não aconteceu, conforme podese verificar dos contratos e alterações contratuais da MINERITA, registrados na JUCEMG e anexados a este processo fiscal. Pela cláusula OBJETO SOCIAL a MINERITA continuou a exercer as mesmas atividades exercidas antes das cisões e transferidas às incorporadoras. A apregoada estratégia operacional e comercial também não foi atingida e nem procurada. Pois, além de outras características e atividades comuns, as empresas criadas funcionam no mesmo parque industrial, têm a mesma portaria, o mesmo controlador e gestor, o mesmo contador, os mesmos encarregados do gerenciamento das finanças e o mesmo endereço para correspondência. Cindiu apenas no papel, somente aparência. Especificamente sobre o caso da CMC é de se dedicar algumas linhas para chamar a atenção para determinados pontos. Fl. 7603DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 7 6 A MINERITA é a única cliente da CMC, sendo que o projeto foi desenvolvido especificamente para atendêla. Agindo como agiu a fiscalizada, produzindo através de empresa fictícia, no caso a CMC, fica caracterizada a falta de racionalidade de custos, pois a MINERITA deixando de exercer as atividades de concentração de minérios transferindoas à CMC, empresa recém criada, abriu mão de excepcional rentabilidade. Paga pelos produtos/serviços adquiridos pelo menos 3 vezes mais do que o custo que teria para produzir. O que foge à razoabilidade e bom senso e demonstra total falta de racionalidade econômica, caracterizando também falta de observância de princípios empresarias básicos, ou seja, renuncia pela MINERITA de rentabilidade e majoração de custos e despesas. [...] A CMC com alto grau de rentabilidade e lucro, mais de 60%, tributado pelo regime de lucro presumido em percentuais menores que o regime de lucro real da MINERITA, distribui lucros sem tributação aos sócios, e, ainda utiliza dos valores pagos como despesas para abatimento na apuração do lucro real da MINERITA com excepcional vantagem comparativamente entre os dois regimes de tributação. Não há como considerar os rearranjos societários perpetrados pela MINERITA no seu relacionamento com o fisco. Empresas controladas pela mesma pessoa, exercendo as mesmas atividades anteriormente exercidas pela empresa líder, MINERITA, das quais não se desvinculou. As atividades foram loteadas, com reservas pela MINERITA, pois delas não abriu mão, entre as pretensas empresas independentes e autônomas. Loteadas além das atividades, o ativo, o passivo, a clientela e tudo o mais, conforme já dito e repetido. Mantêm o mesmo endereço para correspondência, o mesmo dirigente e o mesmo contador, além das mesmas pessoas responsáveis pela movimentação financeira, e, ainda em comum, custeados pela fiscalizada, portaria, refeitórios e escritórios. Pelo uso das áreas em comum e prestação de destes serviços, por empregados da MINERITA, custeado por esta, inexiste rateio, tudo pago por esta em benefício de todas. Além dos citados existem ainda outros profissionais, empregados da MINERITA, que executam serviços para as diversas empresas, a exemplo de Nathália Priscila Menezes Barbosa, que também faz parte do departamento contabilidade, conforme informação em atendimento a intimação, já referido neste termo. A CMC recebeu empregados transferidos da MINERITA, sendo de demitidos na MINERITA e prontamente admitidos na CMC, bem como transferências em sentido contrário, da CMC para a MINERITA, após prestação de serviços por certo período de tempo na CMC, sendo também prontamente contratado na MINERITA, além de rodízio na contratação de alguns empregados pelas diversas empresas do grupo, sendo demitidos em uma e admitidos prontamente em outra. Verificase também, pelo exame de documentação apresentada em resposta ao TIF 003 da diligenciada CMC, o caso de Pedro Paulo Machado, Coordenador do Departamento de Recursos Humanos e José de Assis Braga, Gerente de RH, empregados da MINERITA, conforme pesquisa no sistema CNIS já citado neste relatório, cuja consulta constitui o anexo CNIS EMPREGADOS OUTRAS SITUAÇÕES, na execução de serviços relacionados a recursos humanos da CMC. Fl. 7604DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 8 7 Documentos fiscais referentes a fornecimentos de refeições tanto à MINERITA como à CMC são visados e têm os pagamentos autorizados por eles. Como exemplo estão as notas fiscais nºs 217, 222, 240, 265, 308 e 309, emitidas pelo Restaurante Casa Anfitriã Ltda., CNPJ 09.721.074/000272. Mais uma prova da unicidade do empreendimento. As operações realizadas por estas empresas são na verdade da MINERITA cindida parcialmente, que vez uma espécie de departamentalização. Não há qualquer propósito negocial que justifique as operações realizadas, visto sua incapacidade para operar outros resultados, a não ser e tão somente contra o fisco, com a economia irregular de tributos. Não é sem razão a centralização de endereço, esta centralização se dá para acompanhamento de perto pelo dono, fica tudo às suas vistas. Afinal constituemse em única empresa, a MINERITA. A cisão foi apenas formal, só papel. A MINERITA continuou funcionando e produzindo o mesmo que produzia antes, agora amparada por empresas pretensamente independentes, apenas constituídas com nomes diferentes, mascarando o que seria setores e departamentos em empresas. Apesar de feitas as cisões, criadas empresas, dada aparência de autônomas, realizados cadastros nos diversos entes estatais, inclusive CNPJ, com emissão de documentos fiscais em seus nomes, nada mudou. Os estudos e avaliações que respaldaram a operação de cisão são exclusivamente os referidos e anexados na 26ª Alteração Contratual da MINERITA, de acordo com informações da própria cindida, inexistindo maiores estudos sobre viabilidade, o que foi informado claramente na resposta ao TIF 004, analisado alhures. Outro fato a ser destacado é a forma da tomada de decisões, caracterizada pelo poder do controlador, DILSON FONSECA DA SILVA. Segundo informações trazidas à fiscalização em resposta a intimações, TIF 004 já citado, as decisões são tomadas em ambiente informal, inexistindo memória escrita, tais como relatórios, atas de reuniões e processos formais, as decisões são tomadas e as ações necessárias providenciadas, sem registro formal de tais deliberações, e embora as discussões e deliberações existam, na maioria das vezes, o patriarca fundador é o líder e a quem cabe a decisão final de todos os assuntos de maior relevância da empresa. Daí, podese concluir, pelas próprias informações da MINERITA, que as decisões de todos os assuntos de relevância são tomadas pelo lider, Dilson, esposo e pai dos demais sócios, reconhecidamente o detentor absoluto do poder de decisão, manda em tudo como se fosse uma só empresa. O controle e a centralização da administração do grupo podem ser observados também na representação das empresas perante a Receita Federal: O cadastro CNPJ de MINERITA, CMC, FERROMINAS e SINTERITA tem como responsável Dilson Fonseca da Silva. As Declarações de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ da MINERITA, CMC, FERROMINAS e SINTERITA têm como representante Dilson Fonseca da Silva, e como responsável pelo preenchimento o contador Maurílio Capanema Lopes. Fl. 7605DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 9 8 De posse do rol de pessoas fornecido em resposta ao TIF 004 pela fiscalizada responsáveis pelo departamento contábil, financeiro e de portaria, preocupamos em comprovar o vínculo empregatício daqueles profissionais, constatando que os mesmos são ou foram empregados da MINERITA, não o sendo no período fiscalizado das demais empresas do grupo, conforme exame das fichas registros de empregados das diversas empresas, bem como do cadastro nos sistemas previdenciários, baseado em declarações do empregador, através do sistema “CNIS TC Trabalhadores e Empregadores”, conforme ANEXO CNIS – EMPREG. MINERITA PREST SERVIÇO TODO GRUPO. Entretanto prestam serviços às diversas empresas. Por essa prestação de serviços a MINERITA não é remunerada, isto é não existe rateio, ficando a MINERITA responsável por toda a despesa e/ou custo, desoneradas as demais, conforme já dito e repetido. Outra constatação de que o comando do grupo é único, constituindo em único empreendimento, está na resposta ao TIF 002, quando a MINERITA informou sobre as atividades operacionais de cada uma das empresas, inclusive daquela que teoricamente não estaria entre aquelas controladas pelo Sr. Dilson, a BIOMINAS, ao informar que: "Biominas Transportes Ltda Fundada em 2005 com o objetivo de transportar produtos a granel; atualmente só tem funcionários no escritório, parte administrativa, e parte de seus equipamentos estão alugados.” “a BIOMINAS não tem fluxograma por se tratar de um processo simples de transporte de cargas em carretas basculante.” Estatutariamente a BIOMINAS, pretensamente autônoma, pertence a Kássio e Kelly Fonseca Ferreira, entretanto, a MINERITA, que tem como sócios Dilson e Janete, prestou informações detalhadas sobre ela, inclusive sobre aluguel de equipamentos. Não há dúvidas sobre o funcionamento em empreendimento único, com utilização de diversas empresas de aparência, fictícias. Se o controlador e o administrador é o mesmo para todas as empresas. Se as áreas diretamente envolvidas na gestão contábil, financeira, logística no que se refere a portaria, refeitório e escritório, bem como gestão de despesas com pessoal, no caso de alimentação, é exercida pelas mesmas pessoas, todos empregados da MINERITA, não há como negar que se trata de um mesmo empreendimento. À vista de todo exposto, está sendo lavrado auto de infração para constituição do crédito tributário considerando as compras feitas pela fiscalizada e as compras e vendas realizadas entre as diversas empresas do grupo como despesas desnecessárias às atividades da fiscalizada. Considerando também as vendas a terceiros feitas pelas empresas CMC, BIOMINAS e SINTERITA, como omissão de receitas da fiscalizada, por faticamente pertencerem à fiscalizada. [...] Os motivos da não aceitação perante o fisco dos efeitos pretendidos pela fiscalizada estão fundamentados no relatado neste termo em capítulos anteriores corroborado pelos seguintes. Pela justificação a MINERITA segregaria a atividade de transportes das suas atividades, mas não é isso que aconteceu. Manteve em seu ESTATUTO SOCIAL atividade de transportes em todas as alterações que realizou, com a mesma redação “transporte rodoviário de carga intermunicipal, interestadual e internacional”. Fl. 7606DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 10 9 A BIOMINAS é oriunda da cisão de uma filial da MINERITA, denominada Minerita Transportes, da qual recebeu todos os seus bens, direitos e obrigações, inclusive o nome com o qual foi constituída. Foi criada com o único e exclusivo propósito de participação na operação de cisão, dentro de uma reorganização societária que visava economia tributária e nesse caso pretendeu desvincular a diligenciada das demais empresas do grupo. Nesse sentido foi feita a transferência de quotas de Dilson Fonseca da Silva para Kássio Fonseca Ferreira e Kelly Fonseca Ferreira, que teve exatamente o fim de desvincular formalmente da empresa o sócio Dilson Fonseca da Silva. Mas, só formalmente, sem qualquer efeito perante o fisco federal. A operação de cessão e transferência das quotas de titularidade de Dilson Fonseca da Silva para Kássio Fonseca Ferreira e Kelly Fonseca Ferreira, feita pela Primeira Alteração Contratual, de 01/02/2005, registro JUCEMG 3330326, em 10/03/2005, conforme já relatado, se deu entre particulares, pessoas físicas, pai e filhos, para controle do capital social pelos dois cessionários. Instada a comprovar a transação de compra e venda em que o sócio Dilson transferiu a cada um dos filhos Kássio e Kelly quotas do capital no valor de R$1.234.153,00, manifestouse, informando que: [...] Como podese constatar da resposta à intimação, a cessão das quotas se deu por alteração contratual, não sendo apresentado quaisquer outros documentos além desta sobre a compra e venda. Constatase também que o valor envolvido somente foi pago, se é que foi, nos anos de 2011 e 2012, pelo menos 6 anos depois, conforme informação da própria diligenciada colacionada no parágrafo retro. A exemplo da falta de comprovação da contratação da compra e venda, inexistente também a falta de comprovação do pagamento. O pagamento foi feito em espécie, sem comprovação documental. A forma do pagamento nos parece muito simples para quitação de valores tão expressivos, R$1.834.153,00. Em tempos atuais manter e manipular tal monta em espécie, dinheiro vivo, também nos parece inverossímil, podese dizer absurda, além de estranha. É de se questionar, por que manter tal valor em espécie? Onde estava guardado tal numerário? Por que não em depósito bancário? Se em depósito por que não foi feita uma transferência para pagamento? [...] O único registro sobre o provável negócio – venda de quotas, a dívida referente a ele e o seu pagamento está nas declarações de Imposto de Renda Pessoas Físicas dos envolvidos. Entretanto tudo fictício, conforme já relatado, a cessão das quotas se deu por alteração contratual, inexistindo quaisquer outros documentos, um único papel sobre o negócio, apenas declarações. Fl. 7607DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 11 10 [...] É de se repetir negócio de pai para filhos. As participações de Kássio e Kelly na verdade não existem, a empresa é sim de propriedade de Dilson Fonseca Ferreira, majoritariamente, sendo as participações de Kássio e Kelly representados no máximo pelo valor de R$30.000,00, registrados quando da constituição da empresa, equivalente a 1,2 % (0,6% para cada), contra 98,80 % de Dilson. A BIOMINAS não tem independência em relação à empresa cindida, pois controlada pela mesma pessoa, exercendo as mesmas atividades, utilizando os mesmos equipamentos e atendendo a mesma clientela da filial da MINERITA, que foi integralmente cindida. Na prática constituiuse formalmente em empresa nova, mas, de fato continuou a funcionar como uma filial ou um departamento ou um setor da MINERITA. [...] Fato que também indica o controle da BIOMINAS pela MINERITA está na concessão de cartas de fianças por esta para garantia de financiamentos da compra de 54 caminhões tratores, junto aos bancos DaimlerChrysler S.A., Volvo S.A. e UNIBANCO União dos Bancos Brasileiros S.A, para a frota da BIOMINAS, conforme Atas de Reuniões Extraordinárias de 02/05/2005 e 07/07/2005, registros JUCEMG 3359380, de 20/05/2005 e 3391725, de 05/08/2005. Apesar de possuir contador responsável diferente do contador das demais empresas, o preposto indicado para representar a empresa perante a Receita Federal foi Maurilio Gustavo Lopes, o mesmo da MINERITA, CMC, SINTERITA e FERROMINAS. Isto se justifica pelo fato de se tratar de empresa do mesmo grupo, ou melhor dependência/setor da MINERITA, sob as ordens do mesmo controlador, DILSON FONSECA DA SIILVA, que precisa manter todo o empreendimento sob acompanhamento. Pelo TIF 003 foi intimada finalmente a esclarecer as razões da venda do ativo imobilizado ocorrida no exercício de 2010 para a fiscalizada. Em resposta de (sic) informou: “A operação de venda dos caminhões se deu pela necessidade da empresa de fazer caixa para honrar seus compromissos. Dentre os equipamentos vendidos 23 caminhões e 16 semi reboques se originaram da cisão de 2005, os demais foram adquiridos pela Biominas. A alienação dos equipamentos foi fruto de uma decisão empresarial e numa operação normal de venda.” Mais um fato a demonstrar a unidade do empreendimento e existência de única empresa, a MINERITA. Parte, 23 caminhões e 16 semi reboques, transferidos à BIOMINAS em operação de cisão, foram vendidos à MINERITA. Quando da cisão serviu para constituição de capital, que foi transferido pelo controlador do grupo aos filhos. Agora devolve mediante operação de venda, mantendo o capital social em nome dos filhos. Fl. 7608DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 12 11 Com esta transação a BIOMINAS perdeu a finalidade, as atividades voltaram a ser exercidas diretamente pela MINERITA, pois desfez dos bens, vendendo parte e alugando parte destes. Voltou ao que era antes da cisão. À vista do exposto, está sendo lavrado auto de infração para constituição do crédito tributário considerando as vendas realizadas pela BIOMINAS como sendo da fiscalizada, o que é fato, considerando também os custos e despesas utilizados para consecução das vendas e os tributos referentes a IRPJ e CSLL suportados sobre as vendas. Enfim, concluiu, que apesar de documentação apresentada Protocolo de Intenções e Justificação, laudos de avaliação contábil e de bens registros na JUCEMG, contabilização, tudo redunda em formalidade, pois as empresas criadas são totalmente dependentes da "Minerita", sem autonomia financeira, administrativa, econômica ou operacional. Em outro item (11) do Termo de Verificações explica a matéria levada à tributação de ofício: Os fatos geradores do presente lançamento fiscal referentes a DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS estão representados pelos valores contabilizados pela fiscalizada a título de compras efetuadas da CMC e da BIOMINAS, bem como pelas vendas e compras realizadas entre as diversas empresas do grupo, por serem desnecessárias às atividades da fiscalizada, conforme demonstrado neste termo. A base de cálculo apurada atinge a cifra de R$ 115.266.196,64 nos anoscalendário 2010 e 2011. Já os fatos geradores ora considerados como OMISSÃO DE RECEITAS estão representados pelo valor das receitas referentes a vendas a terceiros feitas pelas empresas CMC, BIOMINAS e SINTERITA, receitas estas que apesar de serem faturadas em nome destas pertencem à fiscalizada, conforme amplamente demonstrado, no valor de R$ 28.781.109,99 no mesmo período. A fiscalização elaborou os seguintes Anexos para compor a base de cálculo das autuações fiscais: Anexo 1 Despesas não Necessárias efls. 5938 a 5941 Anexo 2 Omissão de Receitas efls. 5942 a 5944 Anexo 3 Custos e Despesas nas empresas vinculadas efls. 5945 e 5946 Anexo 4 Tributos Recolhidos pelas empresas vinculadas efls. 5947 a 5950 Anexo 5 Apuração de Valores Tributáveis efls. 5951 a 5954 Anexo 6 Apuração Multa Isolada IRPJ e CSLL efls. 5955 a 5958 Impugnados os lançamentos tributários, a Turma Julgadora, após refutar as causas de nulidade suscitadas pela empresa auditada, assim fundamentou o votocondutor, quanto ao mérito: [...] Fl. 7609DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 13 12 8. Quanto ao mérito, a contribuinte inicialmente defende que as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, nos anoscalendário de 2010 e 2011, ao se desconsiderar a autonomia e independência jurídico administrativa das empresas vinculadas, seria equivalente à soma dos resultados contidos nos Demonstrativos do Resultado do Exercício de cada uma das empresas (MINERITA, CMC, SINTERITA e BIOMINAS) e que espelhariam a escrituração de cada empresa. 8.1. Cumpre, neste ponto observar, que a apuração do resultado da MINERITA, considerando a CMC, SINTERITA e BIOMINAS, como seus departamentos, não é tão simples como propõe a impugnante. Isto porque, como bem explicado pelas autoridades fiscais, haveria de se desconsiderar os negócios feitos entre essas “empresas” (setores da MINERITA). Nesse sentido as operações de Vendas entre elas foram consideradas despesas desnecessárias, pois, um departamento não gera despesa quando adquire (de outro departamento), dentro da mesma empresa, matéria prima. Acertado também ao se considerar que as vendas para terceiros efetuados por CMC, SINTERITA e BIOMINAS (departamentos de MINERITA) foram tidas como omissão de receitas na MINERITA, pois foram receitas geradas em nos departamentos da empresa e que não se encontravam escrituradas na sua documentação contábilfiscal. 8.2. Embora alegado em sede de preliminar, cumpre aqui retomar a acusação da impugnante no sentido de que a fiscalização não considerou a totalidade dos custos e despesas das empresas vinculadas (CMC, SINTERITA e BIOMINAS). Nesse sentito, convém transcrever trecho do Termo de Verificação Fiscal em que as autoridades fiscais explicitam a respeito da apuração dos custos e despesas para obtenção das receitas que foram considerados [...] 8.2.1. Como se vê da transcrição acima, os autuantes explicaram que consideraram para fins de recomposição da base de cálculo do IR e da CSLL da empresa MINERITA em decorrência da apuração de OMISSÃO de RECEITAS (vendas a terceiros feitas pelas empresas CMC, BIOMINAS e SINTERITA) e de DESPESAS DESNECESSÁRIAS (valores contabilizados pela fiscalizada a título de compras efetuadas da CMC e da BIOMINAS, bem como pelas vendas e compras realizadas entre as diversas empresas do grupo) os custos e despesas atrelados à obtenção dessas receitas ( de vendas intragrupo e de CMC, BIOMINAS e SINTERITA a terceiros). 8.2.2. Explicam ainda os autuantes que a elaboração de balancetes e de DRE foi feita tendo por base a contabilidade apresentada por cada uma das empresas. Assim, por exemplo, o Custo de produção da CMC de fevereiro de 2010, considerado pelas autoridades fiscais no anexo 05 (fls. 5951), no valor de R$ 1.188.7398,68, foi extraído do Balancete Mensal (fls. 5986 – conta 311 Custo de Produção) elaborado pelas autoridades fiscais com base na documentação contábil fiscal apresentado por ocasião da diligência. Notese que o somatório dos custos de produção da CMC no anocalendário de 2010, no valor de R$ 10.270.077,72 (abaixo demonstrado) está de acordo com a soma do custo dos produtos vendidos e do custo dos produtos industrializados de terceiros (linha 05 – R$ 2.593.659,80 e Linha 07 – R$ 7.676.417,97), do Balanço Patrimonial levantado em dezembro de 2010 da CMC (fl. 6358). [tabela] 8.2.3. Como se vê pelo exemplo acima exposto, o critério apontado pelas autoridades fiscais no TVF para apuração dos custos e despesas referentes às vendas Fl. 7610DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 14 13 (vendas a terceiros feitas pelas empresas CMC, BIOMINAS e SINTERITA/receitas omitidas e vendas “intragrupo”/despesas desnecessárias) que passaram a compor o resultado do exercício da interessada, MINERITA, guarda correspondência com a documentação que compõe o processo, inclusive aquela apresentada pela impugnante quando da apresentação de sua defesa. A lógica fiscal foi justamente diminuir dos valores apurados decorrentes de vendas e que passaram a compor o Resultado do Exercício (e conseqüentemente a base de cálculo do IR e da CS) da impugnante, os valores dos custos de tais vendas. 8.2.4. Convém ainda observar que as autoridades fiscais, ao contrário do que entendeu a impugnante, não desprezaram os registros e informações contábil–fiscais apresentadas pela CMC, BIOMINAS e SINTERITA, pois utilizaramse dos dados colhidos nas diligências feitas junto a essas “empresas” para apurar os valores das vendas realizadas intragrupo e a terceiros e dos custos/despesas a elas atrelados. 8.3. Também acusa a impugnante de não ter sido considerado para fins de apuração de IRPJ e de CSLL a lançar a totalidade do IRPJ e da CSLL pagos pelas empresas vinculadas, que a fiscalização deveria subtrair dos tributos apurados. 8.3.1. No anocalendário de 2010, defende a impugnante que o valor de IRPJ a ser deduzido seria de R$ 1.228.537,20 e não de R$ 1.005.897,37, como considerado pelas autoridades fiscais. Sobre tal diferença a interessada afirma ter juntado aos autos DIPJ e comprovantes de liquidação dos tributos das empresas vinculadas. 8.3.2. Pois bem, em uma checagem preliminar, tomese como exemplo, os valores de IRPJ recolhidos pela empresa/departamento CMC, relativamente ao ano calendário de 2010, considerados pela fiscalização conforme Anexo 04 fl. 5947 e aqueles reclamados pela impugnante (fl. 6305). 8.3.3. Os comprovantes de arrecadação do IRPJ da CMC, relativamente ao ano calendário de 2010, apresentados pela impugnante às fls. 6530/6532, foram todos considerados pelas autoridades fiscais, conforme dados do anexo 04 – fl.5947, não restando caracterizada a alegada diferença. Cumpre apenas observar que o comprovante de recolhimento efetuado em 30/06/2011, referente ao P.A. 31/03/2010, no valor total de R$ 37.841,57, referese ao principal de IRPJ de R$ 28.637,49, como considerado pelas autoridades fiscais. Fl. 7611DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 15 14 8.3.4. Também há de se pontuar que, embora referentes ao IRPJ apurado pelo lucro presumido (que não comporta o recolhimento de estimativas mensais a que se refere o art. 2º da Lei nº 9.430, de 1996, aplicável ao lucro real), os recolhimentos feitos pela CMC a título de IRPJ (código 2089) foram considerados pelos autuantes como “IRPJ Mensal Pago pelas empresas vinculadas” em março, junho, setembro e dezembro/ajuste anual de 2010. 8.3.5. Desta feita, entendo que não restou demonstrado que estivessem incorretos os valores de IRPJ e de CSLL considerados pelas autoridades fiscais como pagos pelas empresas vinculadas e, assim, deduzidos dos valores apurados após o cômputo no lucro real (e na base de cálculo da CSLL) das infrações tributárias constatadas. 8.4 A contribuinte também questiona que os valores apontados pelas autoridades fiscais como “omissão de receita” assim não se caracterizariam, pois a receita é derivada de vendas e de prestação de serviços de transporte de cargas, devidamente escrituradas e declaradas na escrita contábil e fiscal das empresas vinculadas e, assim, o fato de não terem sido tributadas na Minerita, em respeito à personalidade jurídica distinta de cada uma das empresas, não as torna receitas omitidas. 8.4.1. É justamente por tais receitas, a despeito de restar provado pertencerem à interessada impugnante, não se encontrarem escrituradas nos registros contábilfiscais da MINERITA (não foram reconhecidas como sendo da interessada) é que assumem o atributo de “receitas omitidas”. Receitas omitidas em relação à interessada. Aliás, como bem explicado pelas autoridades fiscais, a segregação das receitas dos departamentos (vendas a terceiros pela CMC, BIOMINAS e SINTERITA) do total de receitas percebidas pela interessada, entre outros procedimentos por ela perpetrados, visou justamente a economia tributária, daí evidenciada a omissão de receita. [...] A Turma julgadora de Primeira Instância decide, ainda, ser devida a concomitância das exigências das multas de ofício aplicadas sobre os tributos exigidos e as multas isoladas pelos não recolhimentos das estimativas, e manteve a aplicação da multa de ofício na forma qualificada, com a seguinte fundamentação: 10.1. Conforme relatado e devidamente explicitado no TVF, as circunstâncias, dentro do estratagema traçado pelo administrador da impugnante, em que se revelou a omissão de receitas na interessada e a produção forçada de custos/despesas (aqui taxadas de desnecessárias) não deixa margem à dúvidas: encontrase caracterizado o dolo, a intenção de omitir valores e gerar despesas/custos, reduzindo artificialmente a base de cálculo imponível do IRPJ e da CSLL. 10.2. Todos os elementos trazidos aos autos pelos autuantes no tocante à criação formal (apenas no papel) das empresas CMC, SINTERITA e BIOMINAS, com o único propósito de lesar o Fisco, conforme minuciosamente descrito no TVF, e que permeiam os fatos geradores apurados na ação fiscal, revelam ser irreparável o procedimento da Fiscalização no tocante ao lançamento da multa de ofício de 150% sobre a totalidade do IRPJ e da CSLL devidos. Matéria sujeita a Recurso de Ofício: A parcela exonerada pela Turma Julgadora de Primeira Instância é concernente aos cálculos das multas isoladas, em razão da aplicação sobre as receitas brutas mensais dos percentuais de que trata o artigo 15 da Lei nº 9.249/95. A matéria sujeita a recurso de ofício, em razão de o valor exonerado em decisão de Primeira Instância, R$ 2.858.107,87, ultrapassar Fl. 7612DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 16 15 o limite de alçada previsto em portaria ministerial (Portaria MF nº 03/08), concerne, fundamentadamente, no fato de na decisão recorrida considerarse os percentuais legais para cada atividade exercida pela empresa, in verbis a fundamentação no acórdão recorrido: 8.5. Reclama ainda a impugnante que para se apurar a base de cálculo da estimativa sobre elas deve ser aplicado o percentual de 8%, legalmente previsto na legislação de regência e não pura e simplesmente acrescêlas à base de cálculo, conforme feito pela fiscalização. 8.5.1. Vejase o que dispõe a legislação pertinente à apuração das estimativas mensais: Lei nº 9.430, de 1996. [...] 8.5.1. Portanto, considerando o disposto no § 2º do art. 15 da Lei nº 9.249, de 1995, e o objeto social da interessada extraído de seu Estatuto Social (fls. 3012 – abaixo transcrito), é certo que deve ser aplicado o percentual correspondente à cada atividade da empresa que deu origem à receita omitida. [objeto social] 8.5.2. Deste modo e observando que nos meses de janeiro a março e dezembro de 2010 (fls. 301, 302, 306, 307, 308 e 311) e dezembro de 2011 (fls. 347 e 352), a contribuinte apurou as estimativas de IRPJ e CSLL mensais com base no Balancete de Suspensão ou Redução (quando a receita a ser computada deve ser integral – art. 35 da Lei nº 8.981, de 1995), tomase por base os dados do anexo 02 para se apurar a Base de Cálculo do IRPJ e da CSLL mensais devidos por estimativa para os meses de abril a novembro de 2010 e janeiro a novembro de 2011, conforme percentuais definidos pela legislação acima transcrita a serem aplicados sobre a receita bruta: [tabelas] 8.5.3. Os valores de base de cálculo apurados conforme tabela acima devem ser considerados para fins de apuração da multa isolada, conforme planilha (Arquivo não paginável fl. 7306), a qual partiu do esquema do anexo 6, observandose apenas que os valores de IRPJ e CSLL mensais declarados/pagos (pela interessada) foram considerados aqueles declarados (confessados) em DCTF, conforme tabela abaixo elaborada com base em pesquisas nos Sistemas da RFB (fls. 7256 a 7305): [tabelas] 8.5.4. Deste modo devem ser mantidos os seguintes valores da multa isolada (50%) aplicada sobre as estimativas mensais devidas e não pagas, conforme a mencionada planilha (arquivo não paginável fl. 7306) e considerandose que nos meses de janeiro a março e dezembro de 2010 e dezembro de 2011 a apuração das estimativas foi feita com base em Balancete de Suspensão ou Redução, quando o valor da receita deve ser computado em seu valor integral (permanecendo assim incólume a apuração fiscal quanto a esses períodos): [tabelas] Fl. 7613DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 17 16 8.5.5. Neste ponto, convém assinalar que, conforme extrato Sief – Termo de Transferência de Crédito de fls. 7237/7238 e Demonstrativos de fls. 7239/7240, o crédito tributário remanescente no presente processo, quanto às multas isoladas, não se coaduna com o resultado mantido exposto na tabela acima. Deste modo, a autoridade preparadora competente deverá tomar as providências cabíveis para adequar os valores dos créditos tributários acima mantidos. A empresa interpôs tempestivamente1 o Recurso de efls. 7513 a 7555, reiterando os termos da defesa exordial, em síntese: 1) a recorrente em razão dos benefícios de redução de multa e juros previstos nas Leis nºs 12.996/2014 e 13.034/2014 efetuou a liquidação de parte dos autos de infração com a utilização de metodologia e valores que reputou corretos, ou seja, somou o resultado de todas as empresas vinculadas, procedendo aos recolhimentos devidos por meio de DARF; explicita os cálculos efetuados em tabelas e requer que a autoridade a quo, responsável pela execução do acórdão proferido pela Turma de Julgamento de Primeira Instância, proceda à adequação dos valores exigidos a título de multas isoladas pela insuficiência/ausência de recolhimentos de estimativas mensais de IRPJ e CSLL, consoante constou no item 8.5.5 da decisão ora recorrida; 2) requer a nulidade dos Autos de Infração por flagrante erro na determinação da base de cálculo, ou seja, por ofensa ao artigo 142 do Código Tributário Nacional (CTN); 2.a) a fiscalização afirma diversas vezes que as cisões que deram origem às empresas vinculadas foram realizadas sem propósito negocial e com fins únicos de reduzir tributos, sem poder surtir efeitos tributários perante o fisco, como se não existissem; diz que os lucros das coligadas é apurado na forma presumida, o que não é verdade: 2.b) neste diapasão, a fiscalização deveria ter somados os resultados das empresas (desconsideradas em suas personalidades jurídicas individuais) ao resultado da "Minerita" na sua integralidade e proceder à tributação nos mesmos moldes ao qual se submeteu nos exercícios em questão; 2.c) mas a fiscalização utiliza uma equação para deduzir da receita total das empresas vinculadas (vendas totais) alguns custos e despesas que julga que deva deduzir, e elege este valor como tributável, para distribuílo entre as rubricas denominadas de OMISSÃO DE RECEITAS e DESPESAS NECESSÁRIAS, para então recalcular o lucro real da recorrente, quando deveria ter somado aos resultados da recorrente os resultados das empresas vinculadas, por adição no Lalur (Livro de Apuração do Lucro Real); 2.d) destarte, verificase vício insanável na apuração das bases de cálculo, posto que não determinam, com exatidão, a matéria tributável; 2.e) no quadro elaborado, verifiquese o resumo da comparação de valores utilizados no Anexo 5 elaborado pela fiscalização e nas DRE das empresas vinculadas: 1 Abertura do acórdão – 03/06/15, efls. 7411; Recurso – 17/06/15, efls. 7513 Fl. 7614DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 18 17 2.f) apenas para comparar, os valores considerados relativos à "Biominas" registrados nas DRE e considerados pela fiscalização, mês a mês: 2.g) questiona sobre os critérios para a fiscalização considerar alguns custos e outros não, como alguns são dedutíveis do lucro real e outras despesas relevantes não foram Fl. 7615DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 19 18 consideradas porque no ano de 2011 a fiscalização admite para uma receita de R$ 20.013.127,87 despesas/custos da ordem de R$ 16.646.370,18, enquanto para o ano de 2010, para uma receita de R$ 26.513.244,04, admite despesas/custos apenas de R$ 5.658.880,18; 2.h) a fiscalização em nenhum momento explica o porque de considerar alguns custos e outros não, não explicando a consideração dos valores, pelo que impediu a empresa de exercer seu direito de defesa e contraditório; 2.i) a decisão recorrida também não traz qualquer esclarecimento a estes questionamentos; a própria decisão concorda que o que a fiscalização fez foi considerar as empresas vinculadas como departamentos da "Minerita"; todavia, a fiscalização ao considerar todas as receitas das empresas vinculadas como se fossem da Minerita, não poderia ter somente excluído a título de custos da "Minerita" somente as despesas efetuadas com estas, mas sim todos os custos e despesas suportados pelas vinculadas na produção de bens e serviços a terceiros e à própria "Minerita"; ou seja, somente somar os resultados e não desconsiderar os demais custos; exemplifica: Fl. 7616DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 20 19 Fl. 7617DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 21 20 Ao contrário do que a fiscalização fez, ao desconsiderar os demais custos/despesas: 2.j) ora, tanto a fiscalização como a decisão recorrida insistem em explicar quais os custos considerados, mas não explicam o porquê de desconsiderar os demais custos/despesas, não computados, visto que está a se apurar o lucro na modalidade Real; Fl. 7618DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 22 21 2.k) a fiscalização deveria recompor a verdade material ao desconsiderar as empresas vinculadas, considerando que houve apenas uma "cisão de papel" e que eram somente setores/departamentos da própria "Minerita"; cita acórdão administrativo; 2.l) assim como no acórdão citado, nº 1102000.820, verificase que a fiscalização glosou despesas outras sem demonstrar a desnecessidade destas, ou critério; ao integrar as empresas, deveria ter procedido à integração total das contabilidades; 2.m) todas as despesas/custos incorridas pelas empresas vinculadas e desconsideradas em suas personalidades jurídicas são operacionais por necessárias à atividades das empresas e à sua manutenção, nos termos do artigo 299 do RIR/99, não podendo serem glosadas sem a devida justificação; tratamse de despesas usuais, necessárias e normais; 3) erro na quantificação dos valores já pagos/liquidados não foram computados nos cálculos da fiscalização os valores de impostos de renda retidos pelas fontes pagadoras incidentes sobre os valores recebidos pela "CMC", devidamente informados nas DIPJ relativas aos anoscalendários de 2010 e 2011, R$ 168.324,38 e R$ 230.499,64, respectivamente; com relação à "Biominas", de igual forma, não foram consideradas nos cálculos efetuados pela fiscalização os valores devidamente compensados, da ordem e competência de: IRPJ R$ 57.231,00 (dez/10) e CSLL R$ 19.742,69 (dez/10); 4) reprisa o erro cometido pelas autoridades fiscais na mensuração das multas isoladas por falta de recolhimento das estimativas mensais, salientando que este erro foi o único ponto corrigido no acórdão recorrido; 5) em extenso arrazoado, requer a nulidade das autuações por não restar determinada, com exatidão, a base de cálculo dos tributos, em grave ofensa ao artigo 142 do CTN (itens 2 a 4 acima); 6) a recorrente apresenta demonstrativos de valores e cálculos dos montantes que deveriam ter sido utilizados pela fiscalização, pela desconsideração das empresas vinculadas como autônomas e independentes, admitindose que fossem meros departamentos da "Minerita", considerando, ainda os reajustes acima apontados das liquidações/pagamentos/compensações não computadas, requerendo, ao final o cancelamento de valor de crédito tributário remanescente; 7) insurgese contra a concomitância da exigência das duas penalidades, argumentando, em princípio que estáse exigindo multa por insuficiência de recolhimento de estimativas mensais sobre uma base que já está sendo cobrada a multa de mora (sic); diz que a base de cálculo das duas penalidades é o valor dos tributos devidos e por isso a concomitância tem sido repelida por este órgão julgador; cita vários acórdãos administrativos e, por fim, a Súmula CARF nº 105; alega ser imperiosa a aplicação do princípio da consução; 8) sobre a qualificação da multa, rechaça, veemente, pois em nenhum momento a fiscalização comprovou o dolo da recorrente, mas sim que as empresas tiveram "(...) vida e identidades próprias e independentes, localizadas em endereços diferentes, com quadro social distinto e com composições societárias também distintas"; argumenta que o fato de haver celebrado negócios com os filhos em condições mais vantajosas, do que com que trataria com terceiros estranhos, não configura atitude dolosa, nem causa qualquer nulidade; Fl. 7619DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 23 22 9) a recorrente jamais agiu com dolo: (i) não utilizou meios artificiosos, não utilizouse de interpostas pessoas ("laranjas"), notas frias, calçadas, nem praticou vendas ou prestou serviços com preços notoriamente fora de valor de mercado; (ii) atendeu a todas as intimações do fisco, elaborou todos os atos societários exigidos em lei, registrou todos na contabilidade, entregou declarações exigidas ao fisco; cita jurisprudência administrativa; 10) requer a realização de perícia/diligência. Em sessão, fez sustentação oral, pela empresa, Dr. Aquiles Nunes de Carvalho, OAB/MG nº 65.039. É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Fl. 7620DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 24 23 VOTO Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich, Relatora Conheço do Recurso Voluntário, por tempestivo. Em preliminar, a recorrente insurgese contra os lançamentos tributários por apuração de base de cálculo realizada de forma indevida no procedimento fiscal, relacionando vários erros grosseiros, a seu ver, que comprometem as exigências dos tributos realizadas de ofício. Sem entrarse neste momento no mérito da existência efetiva de erros de apuração das bases de cálculo, analiticamente, por entender tratarse de matérias meritórias, comporta, em preliminar, afastar a alegação que tais erros, ainda que existentes, ensejem à nulidade material dos lançamentos tributários. É verdade que o artigo 142 do Código Tributário Nacional disponha sobre os elementos materiais essenciais à atividade do lançamento tributário, sem os quais este não poderá subsistir e ser constituído o crédito tributário: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. (grifos não pertencem ao original) No entanto, desde que as autoridades fiscais atenhamse às normas tributárias que definem os fatos geradores das obrigações fiscais, eventuais divergências na apuração da matéria tributável, quer sejam pela própria interpretação das próprias normas (o que compõe a receita a ser tributada, o que é dedutível, o que é passível de compensação etc), quer sejam por erros fáticos (algébricos), não são capazes de causar a nulidade absoluta dos lançamentos tributários, mas estas eventuais diferenças, quando existentes, podem ser corrigidas pelo enfrentamento das questões suscitadas em contestações. As causas de nulidade dos lançamentos tributários, tanto de natureza material, como de natureza formal, tem que provocar a ofensa irreparável aos princípios do contraditório e da ampla defesa, ou serem atos administrativos praticados por pessoas incompetentes ao exercício do ato ou atos formalizados ao arrepio das normas que lhe impõe determinada forma essencial à sua substância. Cumpre esclarecer sobre o caso ora versado que todo o procedimento fiscal está respaldado na legislação tributária e a matéria tributável foi determinada pela fiscalização, inclusive analiticamente, consoante se observa pelos Anexos 1 a 6 elaborados às efls. 5.938 a 5.958. Destarte, não houve qualquer prejuízo na questão do exercício da ampla defesa pela recorrente, que, aliás, entendeu perfeitamente o raciocínio defendido pela fiscalização e Fl. 7621DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 25 24 insurgiuse pontualmente contra a consideração de determinados valores e outros não. As infrações tributárias e a base de cálculo de apuração da matéria tributável tanto foram explicitadas, repito, que a recorrente se defendeu com conhecimento de cada um dos pontos da autuação. Infundadas, por conseguinte, as alegações de que os Autos de Infração lavrados contra a recorrente possuem quaisquer vícios, ou omissões, que possam acarretar nulidade dos lançamentos tributários. No mérito, passase a enfrentar os pontos de discórdia suscitados pela recorrente. O primeiro se firma sobre a tese que a fiscalização, ao desconsiderar serem várias pessoas jurídicas totalmente independentes e com vidas próprias e ao considerar que as cisões não saíram "do papel" e que são departamentos/setores da recorrente, deveria ter somado o resultado espelhado nas Demonstrações de Resultado do Exercício (DRE), de cada ano fiscalizado, ao resultado da recorrente, sem fazer maiores incursões às contabilidades desta e das empresas vinculadas. Àquilo que denominou a recorrente de "equação" utilizada pela fiscalização é que entende ter causado a apuração incorreta da matéria tributável e, portanto, passível de cancelamento. Mais especificamente, a recorrente argumenta, enfaticamente, que tanto a fiscalização, como a Turma Julgadora de Primeira Instância, desconsideraram alguns custos/despesas das empresas vinculadas sem qualquer justificativa plausível, quando, ao mesmo tempo, consideraram todas as receitas das vinculadas obtidas de terceiros. A matéria, aqui discutida, na verdade, é fática. Pois, na discussão do direito tributário, resta claro que as despesas consideradas necessárias, usuais e normais para a geração das receitas das atividades da empresa são admissíveis (artigo 299 do Regulamento do Imposto de Renda vigente, Decreto nº 3.000/99 RIR/99) 2 e para não serem assim consideradas devem ser afastadas objetivamente e com a devida motivação legal ou fática, o que não houve em nenhum momento por parte da fiscalização. Então, resta verificar se houve, com efeito, despesas e custos das empresas vinculadas que não foram admitidas pela fiscalização. Do confronto entre os valores que compõem o Anexo 3 elaborado pela fiscalização, na apuração da matéria tributável, intitulado "Custos e Despesas das empresas vinculadas", efls. 5945 e 5946, e os Balancetes mensais de cada empresa vinculada ("CMC", "Sinterita" e "Biominas"), extraídos dos arquivos digitais entregues pelas empresas à Receita Federal, constantes das efls. 5959 a 6287 dos autos, verificase, ao contrário do que argumenta a recorrente que todos os custos operacionais foram computados, como já bem salientado no acórdão recorrido: 8.2.2. Explicam ainda os autuantes que a elaboração de balancetes e de DRE foi feita tendo por base a contabilidade apresentada por cada uma das empresas. Assim, por exemplo, o Custo de produção da CMC de fevereiro de 2010, considerado pelas 2 Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). Fl. 7622DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 26 25 autoridades fiscais no anexo 05 (fls. 5951), no valor de R$ 1.188.7398,68, foi extraído do Balancete Mensal (fls. 5986 – conta 311 Custo de Produção) elaborado pelas autoridades fiscais com base na documentação contábilfiscal apresentado por ocasião da diligência. Notese que o somatório dos custos de produção da CMC no ano calendário de 2010, no valor de R$ 10.270.077,72 (abaixo demonstrado) está de acordo com a soma do custo dos produtos vendidos e do custo dos produtos industrializados de terceiros (linha 05 – R$ 2.593.659,80 e Linha 07 – R$ 7.676.417,97), do Balanço Patrimonial levantado em dezembro de 2010 da CMC (fl. 6358). Verificase que os fiscais autuantes registraram que consideraram no Anexo 03 Custos das empresas vinculadas, ora analisado: Foram também apurados os custos e despesas para obtenção das receitas, ora consideradas como “não necessárias” e “omissão de receitas”, através da elaboração de balancetes e geração de Demonstrativos do Resultado do Exercício – DRE, mensais, baseado na contabilidade apresentada por cada uma das empresas, onde podese constatar referidos custos e despesas nos códigos 311 – CUSTOS DE PRODUÇÃO, nos balancetes da CMC, e 3.01.01.03 – CUSTOS DOS BENS E SERVIÇOS VENDIDOS e 3.01.01.07 – DESPESAS OPERACIONAIS, nos balancetes da BIOMINAS e SINTERITA, elaborandose o ANEXO 03 – CUSTOS E DESPESAS DAS EMPRESAS VINCULADAS. (grifos não pertencem ao original) Em um exame mais acurado, nos referidos balancetes mensais, verificase que a fiscalização embora refirase expressamente às despesas, além dos custos, não computou no Anexo 3, destaquei, os valores deduzidos da receita bruta classificados na conta 411.01 Deduções Renda Operacional Bruta, nos Balancetes Mensais da "CMC". A exemplo, citemse os meses: "CMC" mês/ano Anexo 1 Despesas não necessárias Anexo 3 Custo de Produção (vlrs considerados) Balancetes Mensais Deduções da Rec. Operacional Bruta (vlrs não considerados) Jan/10 3.749.575,90 871.109,71 753.328,18 Fev/10 4.736.865,47 1.188.739,68 784.165,28 Jan/11 2.943.761,30 84.5514,12 107.447,28 Fev/11 3.515.377,13 856.911,97 128.311,27 Em relação às empresas "Biominas" e "Sinterita", ao analisarmos os Balancetes Mensais, verificase que a mesma situação ocorreu e ainda em relação a outras contas de despesas não afastadas pontualmente pela fiscalização como despesas que não seriam necessárias, usuais ou normais à atividade da própria recorrente, uma vez haver a fiscalização Fl. 7623DF CARF MF Processo nº 10600.720028/201465 Resolução nº 1302000.455 S1C3T2 Fl. 27 26 considerado, com efeito, que as empresas vinculadas "CMC", "Biominas" e "Sinterita" são departamentos/setores da recorrente autuada. No ponto de contestação sobre os tributos recolhidos, compensações e IRRF informados nas DIPJ das empresas vinculadas há que se atentar para o texto da acusação fiscal: Os valores recolhidos pelas empresas BIOMINAS, CMC e SINTERITA a título de IRPJ e CSLL sobre as receitas obtidas, ora consideradas como “despesas não necessárias” e “omissão de receitas” foram apurados com base nos registros de recolhimentos feitos, tendo como fonte os sistemas de controle de pagamentos da Receita Federal do Brasil, sendo elaborado o ANEXO 04 – TRIBUTOS RECOLHIDOS POR EMPRESAS VINCULADAS. (grifos não pertencem ao original) Desta feita, verificase que os IRRF compensados pelas empresas vinculadas, bem como eventuais compensações tributárias não foram verificadas pela fiscalização e consideradas no cômputo geral. Daí, merecem acolhidas as argumentações da fiscalizada e depreendese a necessidade da realização de diligências para prosseguir com este julgamento. Pelo exposto, e em vista aos Balancetes Mensais das empresas cujas operações foram desconsideradas como independentes, efls. 5959 a 6287, determino o retorno dos autos à fiscalização para que considere na apuração da matéria tributável: 1) todas as deduções, inclusive da receita bruta, demonstradas nos balancetes de verificações das empresas vinculadas, destaquei, e custos, não considerados no procedimento fiscalizatório, visto o cômputo total das receitas na recorrente e o regime de lucro real a que se sujeita; 2) realize o devido levantamento de eventuais IRRF e compensações a que fazem jus as empresas vinculadas nos anos auditados, considerando estes valores também na apuração da matéria a ser tributada de ofício. Por derradeiro, mister é que se verifique junto ao conta corrente se, após todos os cômputos de valores devidos, os tributos de IRPJ e CSLL exigidos nestes autos e cujos valores restem incontroversos já foram devidamente recolhidos pela autuada, consoante alega, a fim de limitarse a matéria contestada e devolvida para apreciação e julgamento por este órgão. A autoridade designada ao cumprimento das diligências solicitadas deverá lavrar um Relatório Fiscal apontando as providências que foram tomadas e os valores considerados. A recorrente deverá tomar ciência do Relatório Fiscal e serlhe concedido prazo regulamentar para se manifestar, se desejar. Encerrados todos os procedimentos, os autos deverão retornar a esta Conselheira para prosseguimento ao julgamento da lide. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Fl. 7624DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.721107/2015-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2202-000.707
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada – Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do contribuinte acima identificado foi lavrada Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, do exercício de 2010, tendo por objeto o imóvel denominado Fazenda Mangabeira, NIRF 5.074.1829, localizado no Município de Muana/PA, no importe de R$ 185.210,00, acrescido de multa proporcional de 75% e mais juros de mora calculados pela taxa Selic. Na descrição dos fatos, narra a Autoridade Fiscal competente que, após regularmente intimado, verificou inércia do sujeito passivo, que a levou ao seguinte procedimento: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 80 .7 21 10 7/ 20 15 -3 4 Fl. 92DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10280.721107/201534 Resolução nº 2202000.707 S2C2T2 Fl. 93 2 1 A área de exploração extrativa informada não foi comprovada essa área foi declarada como de 480,0 hectares e glosada. Área de pastagens informada não comprovada essa área foi declarada como de 9.500,00 e glosada. Valor da Terra Nua (VTN) declarado não comprovado, tendo sido alterado (arbitramento) com base em informações constantes do sistema SIPT (sistema de preços de terras) da RFB. O contribuinte manifestouse, em impugnação (fl. 15), alegando, em suma, que apresentava Laudo Técnico de Avaliação para contradizer o valor da terra nua arbitrado pela fiscalização; que realizou uma "simulação" de declaração para demonstrar que se considerado o valor do Laudo e 480,0 ha de reserva legal, 20,0 ha de benfeitorias e 9.500,0 ha de pastagem natural, o valor do ITR devido seria de R$ 2.248,08. Disse ainda que a mesma área rural havia tido a DITR de 2011 também revista resultando em imposto a pagar bem menor que 2010. Juntou Escritura Pública (fl. 43), Certidão de Domínio (fl. 48), Certidão Negativa de Ônus (fl. 50) e o Laudo Técnico de Avaliação (fl. 32). Ao analisar a manifestação de inconformidade, a DRJ em Brasília/DF entendeu, em resumo, que: a) não havia erro de fato a autorizar a revisão de ofício dos dados declarados; b) para que a área de reserva legal seja considerada isenta é necessária a averbação à margem da matrícula do imóvel e a apresentação tempestiva do ADA (Ato Declaratório Ambiental) ao IBAMA; c) que para consideração da área de pastagens declarada, seria necessário confirmar a existência de rebanho, o que não foi feito; d) a existência de área de exploração extrativa não foi comprovada com os documentos exigidos pela Autoridade Fiscal e e) caberia rever o Valor da Terra Nua arbitrado, acatandose o valor apresentado no Laudo Técnico, que se revestia das exigências devidas. Decidiuse por dar provimento PARCIAL à impugnação, para rever o VTN, acatandose o Laudo trazido pelo contribuinte (fl. 58). Cientificado dessa decisão em 23/09/2015 (AR na folha 72), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 22/10/2015, com protocolo na folha 89. O recurso é firmado por Ewerton Augusto Soares Campos, procurador, conforme procuração na folha 80 e documento de identidade na folha 86. Em sede de recurso, pede retificação "do formulário" onde constam as informações sobre o imposto em caso, dizendo que apresenta em anexo averbação à margem da matrícula do imóvel e ato declaratório ambiental ADA, junto ao IBAMA, exercício de 2015. PEDE que os documentos sejam considerados para que se efetue novo cálculo para o ITR. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, relator. Conheço do recurso, já que tempestivo, conforme relatado, e com condições de admissibilidade. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10280.721107/201534 Resolução nº 2202000.707 S2C2T2 Fl. 94 3 A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a identificada após a digitalização do processo, transformado em arquivo eletrônico (formato .pdf). PRELIMINAR PRELIMINAR DE MÉRITO. DECADÊNCIA. No que diz respeito à decadência dos tributos lançados por homologação, este CARF tem se posicionado na esteira do Recurso Especial nº 973.733/SC, (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC revogado e da Resolução STJ 08/2008, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543 C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210).(sublinhei) Não desconheço que haja na doutrina e mesmo na jurisprudência seguinte discussão: o que o Fisco homologa é o pagamento ou a atividade de apuração realizada pelo contribuinte? Hugo de Brito Machado, dentre outros, defende que seja o procedimento de apuração do tributo devido. (MACHADO, Hugo de Brito, citado em PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, p.1064). Fl. 94DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10280.721107/201534 Resolução nº 2202000.707 S2C2T2 Fl. 95 4 Contudo, a tese do Recurso Especial repetitivo, do STJ, é expressa em sua ementa, acima transcrita, em abraçar que a homologação do Fisco é sobre o "pagamento antecipado" da exação, pelo contribuinte, citando Eurico de Santi. Chegase à seguinte fórmula: o prazo decadencial contase a partir da ocorrência do fato gerador, quando há antecipação do pagamento, conforme artigo 150, § 4º do CTN. Contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (artigo 173, I, do CTN), nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, inexistindo declaração prévia do débito, ou ainda quando se verifica a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Em conclusão, para se aplicar a tese do recurso especial repetitivo em comento, conforme expresso em sua ementa, é necessário que se verifique se efetivamente o contribuinte realizou o pagamento do tributo declarado como devido, no prazo determinado, ou seja, "antecipadamente". As teses dos recursos especiais repetitivos do STJ são de reprodução obrigatória nestes julgamentos administrativos, por força de disposição regimental, conforme artigo 62, § 2º do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. Primeiro, não localizei nos autos a cópia da DITR/2010 entregue pelo contribuinte. O que consta da folha 26 e seguintes é uma "simulação" que foi apresentada junto com a impugnação. Segundo, no demonstrativo de apuração que acompanha a Notificação de Lançamento (fl. 10), observo que o Auditor Fiscal considerou um imposto declarado de R$ 90,00. Mas esse imposto foi efetivamente "antecipado" pelo contribuinte? Se o contribuinte efetivamente efetuou o recolhimento dos R$ 90,00, quer dizer, antecipou o pagamento do imposto apurado, na sistemática do lançamento por homologação, o prazo decadencial contase de acordo com o § 4º do artigo 150 do CTN, ou seja, cinco anos a contar da data da ocorrência do fato gerador, que para o ITR ocorre em 1º de janeiro de cada ano, conforme Lei nº 9.393, de 1996. Para o exercício de 2010, ocorrido o fato gerador em 1º de janeiro, o prazo decadencial expirouse em 1º de janeiro de 2015 e este lançamento, do qual o contribuinte só foi cientificado em 19/05/2015 (fl. 12) estaria fulminado. Observo que o procedimento fiscal só se iniciou em 09/02/2015, com a lavratura do Termo de Intimação (fl. 03). Entretanto, se não houve antecipação do pagamento (não localizo a informação nos presentes autos) o prazo decadencial deve ser contado na forma do artigo 173, I, do CTN, começando a fluir em 1º de janeiro de 2011, no caso, e o lançamento cientificado ao sujeito passivo, na data supracitada, estaria correto. Assim, primeiramente, entendo pela conversão do julgamento em diligência para que a Unidade preparadora anexe a DITR/2010, objeto de revisão, e informe se houve o regular pagamento antecipado ou não do imposto apurado. Em relação ao mérito da controvérsia que chega a esta instância recursal, considerando que o arbitramento do VTN foi desconstituído, para que fosse acatado o valor aposto no Laudo de Avaliação trazido pelo contribuinte na impugnação, e que o mesmo não questiona, em recurso, essa matéria, a mesma está fora do litígio, nos termos do artigo 17, do Fl. 95DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10280.721107/201534 Resolução nº 2202000.707 S2C2T2 Fl. 96 5 Decreto nº 70.235, de 1972. Também não observo que se questione a glosa da área de pastagens, já que o recurso nada menciona nesse sentido. Assim, o contribuinte pede em recurso que sejam acatados dois documentos para que se considere área de reserva legal: o primeiro, a averbação da área à margem da matrícula do imóvel, apontando para a Certidão Negativa de Ônus que está na folha 81 e seguintes. Na averbação 3 827, Livro 2A, folha 043, consta que: "Procedo esta averbação nos termos do artigo 44 da lei 4.771/65, ... para que fique consignado na presente matrícula o Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal datado de 04/03/2008 que o requerente ... assume a responsabilidade de dispor do total de 80% do total da propriedade para o Projeto de Manejo Florestal, ficando gravada como de utilização limitada, não podendo nela ser feito qualquer tipo de exploração sem autorização do Ibama." O segundo, um suposto ADA protocolado em 2015, que, contudo, não localizei nestes autos. Em relação a essa averbação da Certidão do imóvel, meu entendimento é o mesmo já exposto pela DRJ, que transcrevo para com ele concordar (fl. 64): Cumpre esclarecer que a averbação realizada para um “Projeto de Manejo Florestal”, às fls. 51, constante na Certidão Negativa de Ônus do imóvel, realizada em março de 2008, não se confunde com a averbação de uma área de Reserva Legal, posto que a finalidade da averbação realizada em 2008 seria a de aprovação de um Plano de Manejo Sustentável da área e não da preservação definitiva de tal área, que a finalidade precípua da reserva legal. Não existe qualquer indício que esse Projeto de Manejo tenha sido apresentado e aprovado pelo Ibama, tampouco o contribuinte declarou essa área de 80% em sua DITR. Segundo, também concordo integralmente com a DRJ de que a apresentação do ADA deve ser tempestiva, nos termos da legislação aplicável. Vejamos (fl. 61): Para o exercício de 2010, o prazo expirou em 30.09.2010, data final para a entrega da DITR/2010, de acordo com a IN/RFB nº 1.058/2010 c/c as IN/IBAMA nº 76/2005 e nº 96/2006 (art. 9º), além de previsto na Solução de Consulta Interna nº 06/2012, item 10.1, que diz: Cabe ressaltar que, a partir do exercício de 2007, o ADA deve ser declarado anualmente de 1° de janeiro a 30 de setembro de cada ano calendário, conforme art. 9º da Instrução Normativa (IN) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) nº 96, de 30 de março de 2006, e arts. 6º, § 3º, e 7º da IN Ibama n° 5, de 25 de março de 2009. Assim, quanto ao prazo para entrega do ADA no IBAMA, cabe considerar a orientação da própria Receita Federal do Brasil, manifestado na citada SCI, editada pela CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit), que não pode ser aqui ignorada, sob pena de contrariar o disposto no art. 7º da Portaria MF nº 341, de 12 de julho de 2011. Fl. 96DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10280.721107/201534 Resolução nº 2202000.707 S2C2T2 Fl. 97 6 No presente caso, o requerente não comprovou a protocolização do competente Ato Declaratório Ambiental junto ao IBAMA, para o exercício de 2010, não sendo possível, portanto, a exclusão do ITR, de qualquer área ambiental. Portanto, em meu entender, de nada adiantaria a apresentação de um ADA protocolado em 2015, no IBAMA, para surtir efeito sobre o ITR do exercício de 2010, que aqui se discute. Entretanto, caso se decida pela conversão do julgamento em diligência para verificar a questão da decadência, é oportuno e conveniente, mesmo em homenagem à ampla defesa, que se intime o contribuinte do teor desta Resolução, alertandoo de que não se localizou nos autos o ADA referido em seu recurso para que, querendo, apresente o documento ou aponte onde se encontra. Assim, VOTO pela conversão do julgamento em diligência a fim de que: a) a Unidade preparadora verifique se houve a antecipação do tributo devido, conforme declarado, para o exercício de 2010, a fim de se estabelecer a contagem do prazo decadencial, nos termos aqui especificados e também providencie a anexação de cópia da DITR/2010 objeto de revisão; b) o contribuinte seja intimado do teor desta resolução e da inexistência do ADA alegadamente apresentado ao IBAMA (recibo nº 11515151851102, exercício 2015) que mencionou em seu recurso nestes autos para, querendo, manifestarse e apresentar a cópia do referido documento, no prazo legal Após, retornem os autos a este CARF, para prosseguimento. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 97DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 10920.721688/2011-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AGROINDÚSTRIA. NÃO ENQUADRAMENTO.
Para o enquadramento na condição de Agroindústria, é necessário a comprovação de tratar-se de produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção rural própria ou de produção rural própria e adquirida de terceiros, além de desenvolver duas atividades em um mesmo empreendimento econômico com departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos.
MULTA PREVIDENCIÁRIA. FATOS GERADORES ANTERIORES À MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449, DE 2008, NÃO DECLARADOS EM GFIP. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. OBSERVÂNCIA ÀS NORMAS INFRALEGAIS.
Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplica-se a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado entre: (a) a soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores (obrigação principal) e da multa por falta de declaração em GFIP vigente à época da materialização da infração (obrigação acessória), com (b) a multa de ofício (75%) prevista no artigo 35-A, da Lei nº 8.212/1991.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO.
A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu.
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. ANISTIA DADA PELA LEI nº 13.097/2015. INAPLICABILIDADE AO CASO CONCRETO. INTERPRETAÇÃO LITERAL.
A anistia prevista no art. 49 da Lei nº 13.097/2015 restringe-se às multas aplicadas por descumprimento de obrigação acessória com fundamento no art. 32-A, da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Inaplicável às multas capituladas no art. 32 da mesma Lei.
A legislação tributária que disponha sobre a exclusão do crédito tributário deve ser interpretada literalmente, a teor do art. 111, I, do Código Tributário Nacional.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2301-004.877
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso com relação à alegação de vedação ao confisco, para, na matéria conhecida,
I) por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, mantendo a questão do erro no enquadramento como agroindústria, vencidos os conselheiros Fábio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto e Maria Anselma Coscrato dos Santos ;
II) quanto às multas relacionadas à GFIP, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os Conselheiros Fabio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto; pela tese "b" os Conselheiros Andrea Brose Adolfo, Jorge Henrique Backes e Maria Anselma Coscrato dos Santos; e pela tese "c" o Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, pela maioria de votos, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Fabio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto; com isto, as multas restaram mantidas, como constam no lançamento; e
III) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso com relação à aplicação da anistia prevista no art. 49, da Lei nº 13.097/2015.
Fez sustentação oral o Dr. Jhonata Lauermann, OAB/SC nº 29.516.
(assinado digitalmente)
ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente Substituta e Relatora.
EDITADO EM: 23/01/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos.
Nome do relator: ANDREA BROSE ADOLFO
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AGROINDÚSTRIA. NÃO ENQUADRAMENTO. Para o enquadramento na condição de Agroindústria, é necessário a comprovação de tratarse de produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção rural própria ou de produção rural própria e adquirida de terceiros, além de desenvolver duas atividades em um mesmo empreendimento econômico com departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos. MULTA PREVIDENCIÁRIA. FATOS GERADORES ANTERIORES À MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449, DE 2008, NÃO DECLARADOS EM GFIP. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. OBSERVÂNCIA ÀS NORMAS INFRALEGAIS. Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplicase a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado entre: (a) a soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores (obrigação principal) e da multa por falta de declaração em GFIP vigente à época da materialização da infração (obrigação acessória), com (b) a multa de ofício (75%) prevista no artigo 35A, da Lei nº 8.212/1991. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 72 16 88 /2 01 1- 06 Fl. 1627DF CARF MF 2 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. ANISTIA DADA PELA LEI nº 13.097/2015. INAPLICABILIDADE AO CASO CONCRETO. INTERPRETAÇÃO LITERAL. A anistia prevista no art. 49 da Lei nº 13.097/2015 restringese às multas aplicadas por descumprimento de obrigação acessória com fundamento no art. 32A, da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Inaplicável às multas capituladas no art. 32 da mesma Lei. A legislação tributária que disponha sobre a exclusão do crédito tributário deve ser interpretada literalmente, a teor do art. 111, I, do Código Tributário Nacional. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso com relação à alegação de vedação ao confisco, para, na matéria conhecida, I) por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, mantendo a questão do erro no enquadramento como agroindústria, vencidos os conselheiros Fábio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto e Maria Anselma Coscrato dos Santos ; II) quanto às multas relacionadas à GFIP, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os Conselheiros Fabio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto; pela tese "b" os Conselheiros Andrea Brose Adolfo, Jorge Henrique Backes e Maria Anselma Coscrato dos Santos; e pela tese "c" o Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, pela maioria de votos, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Fabio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto; com isto, as multas restaram mantidas, como constam no lançamento; e III) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso com relação à aplicação da anistia prevista no art. 49, da Lei nº 13.097/2015. Fez sustentação oral o Dr. Jhonata Lauermann, OAB/SC nº 29.516. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO Presidente Substituta e Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Fl. 1628DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.627 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos. Relatório Tratase de recurso voluntário (efls. 386/411) interposto em face da decisão da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador DRJ/SDR, que julgou procedente em parte o lançamento fiscal, nos termos do Acórdão nº 15 35.694, de 11 de junho de 2014 (efls. 341/380): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AGROINDÚSTRIA. INDUSTRIALIZAÇÃO PRÓPRIA ÍNFIMA. ENCARGO DE MÃODEOBRA MÍNIMO. FALTA DE SEGREGAÇÃO EM DEPARTAMENTOS, DIVISÕES OU SETORES. Para o enquadramento na condição de Agroindústria, fazse necessária a comprovação de se tratar de produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica é a industrialização de produção rural própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, além de desenvolver duas atividades em um mesmo empreendimento econômico com departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos. O regime substitutivo previsto no artigo 22A da Lei n° 8.212/1991, com a redação dada pela Lei n°10.256/2001, abrange a agroindústria, que por definição legal tratase de produtor rural que industrializa a sua própria produção ou, ainda, soma a esta a de terceiros. Não se considera agroindústria, a empresa que industrializa parcela ínfima da produção própria comparada com a adquirida de terceiros, e também que apresenta dispêndio insignificante de mãodeobra empregada na atividade rural. RECOLHIMENTOS DESCONSIDERADOS. APROPRIAÇÃO. Fl. 1629DF CARF MF 4 Os recolhimentos efetuados e não considerados no lançamento devem ser apropriados durante o contencioso administrativo. PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. GFIP. FATOS GERADORES. OMISSÃO. Constitui infração apresentar, a empresa, a GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGÜIÇÃO. A instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade ou legalidade de ato normativo em vigor. TERMO DE ARROLAMENTO DE BENS. DRJ. NÃO CONHECIMENTO. A DRJ não tem competência para a análise do inconformismo do sujeito passivo e dos responsáveis em relação ao Termo de Arrolamento de Bens lavrado pela fiscalização. Conforme informação da recorrente o recurso apresentado é parcial, referindose apenas aos débitos nº 37.308.8175 e nº 37.308.8183, sendo que os demais débitos lançados neste processo foram parcelados nos termos da Lei nº 11.941/2009, com a redação que lhe deu a Lei nº 12.973/2015. Portanto este relatório se limitará à matéria objeto de análise recursal. Conforme relatório fiscal (efls. 144/164): 3.1. AUTO DE INFRAÇÃO DEBCAD 37.308.8183: 3.1.1. DESCRIÇÃO Lançamento que referese à CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DA EMPRESA, incidente sobre remunerações pagas pela fiscalizada a segurados empregados que lhe prestaram serviços durante o período auditado e cujos valores não foram recolhidos à Previdência e nem declarados em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) até o início da ação fiscal, em função de indevido autoenquadramento na condição de agroindústria nas GFIP's apresentadas pela empresa, existindo débito nas competências de 01/2007 a 13/2008. 3.1.2. CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES O débito referente à contribuição exigida destinase à Previdência Social e corresponde à contribuição da empresa incidente sobre remunerações pagas a segurados empregados (20% + 3% (adicional GIL/RAT)). 3.1.3. Este Auto de Infração é composto pelos seguintes levantamentos: 3.1.3.1. FG FOLHA EMPREGADOS: levantamento que diz respeito ao cálculo das contribuições previdenciárias da Fl. 1630DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.628 5 empresa ((20% + 3% (adicional GILRAT)) incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que prestaram serviços à fiscalizada durante o período auditado e cujas contribuições incidentes não foram declaradas em GFIP; OBS: não obstante as remunerações dos segurados empregados tenham sido declaradas em GFIP, as contribuições previdenciárias da empresa foram omitidas, como conseqüência de indevido autoenquadramento no FPAS 833 (agroindústria) realizado pela fiscalizada; 3.1.3.2. FG1 FOLHA EMPREGADOS: levantamento que diz respeito ao cálculo das contribuições previdenciárias da empresa ((20% + 3% (adicional GILRAT)) incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que prestaram serviços à fiscalizada durante o período auditado e cujas contribuições incidentes não foram declaradas em GFIP; OBS: não obstante as remunerações dos segurados empregados tenham sido declaradas em GFIP, as contribuições previdenciárias da empresa foram omitidas, como conseqüência de indevido autoenquadramento no FPAS 833 (agroindústria) realizado pela fiscalizada; 3.1.3.3. FG2 FOLHA EMPREGADOS: levantamento que diz respeito ao cálculo das contribuições previdenciárias da empresa ((20% + 3% (adicional GILRAT)) incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que prestaram serviços à fiscalizada durante o período auditado e cujas contribuições incidentes não foram declaradas em GFIP; OBS: não obstante as remunerações dos segurados empregados tenham sido declaradas em GFIP, as contribuições previdenciárias da empresa foram omitidas, como conseqüência de indevido autoenquadramento no FPAS 833 (agroindústria) realizado pela fiscalizada; 3.1.3.4. FN SALÁRIOS EMPREGADOS: levantamento que diz respeito ao cálculo das contribuições previdenciárias da empresa ((20% + 3% (adicional GILRAT)) incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que prestaram serviços à fiscalizada durante o período auditado e cujos valores não foram declarados em GFIP; Obs: este levantamento contém fatos geradores (remunerações de empregados) cuja empresa deixou de declarar em GFIP, independentemente do erro no autoenquadramento como agroindústria constatado pela auditoria; 3.1.3.5. FN2 SALÁRIOS EMPREGADOS: levantamento que diz respeito ao cálculo das contribuições previdenciárias da empresa ((20% + 3% (adicional GILRAT)) incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que prestaram serviços à fiscalizada durante o período auditado e cujos valores não foram declarados em GFIP; Fl. 1631DF CARF MF 6 Obs: este levantamento contém fatos geradores (remunerações de empregados) cuja empresa deixou de declarar em GFIP, independentemente do erro no autoenquadramento como agroindústria constatado pela auditoria; ... 3.6. AUTO DE INFRAÇÃO DEBCAD TAL 37.308.8175 3.6.1. DESCRIÇÃO Lançamento que referese à autuação por descumprimento de obrigação acessória, com fundamento no CFL 68, pelo fato do contribuinte ter apresentado GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) nas competências de 01 a 12/2007 e de 01 a 10/2008 com omissão/erros de informações, conforme esclarecem ANEXOS 6, 7 e 8. 3.6.2. DO FUNDAMENTO LEGAL DA INFRAÇÃO O fato narrado constitui infração à obrigação disposta na Lei no 8.212/91, art. 32, inc. IV e parágrafo 5°, acrescentado pela Lei no 9.528, de 10/12/1997, combinado com art. 225, IV, §4° do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 06/05/1999. 3.6.3. DISPOSITIVO LEGAL PARA APLICAÇÃO DA MULTA Em função do fato infracional verificado, foi aplicada a multa prevista no Art. 32, §5°, da Lei 8212/91, combinado com Art. 28 4, inciso II, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 06/05/1999. Para fins de esclarecer a situação fática encontrada na fiscalizada, o Auditor Fiscal anexa ao relatório fiscal da autuação, o Relatório de Análise da Natureza Jurídica da Empresa (Anexo 1 e.fls. 165/175): 2. A fiscalizada dedicase à atividade de fabricação de madeira laminada e de chapas de madeira compensada, prensada e aglomerada. Possuía dois estabelecimentos no período fiscalizado, sendo a sua sede localizada na Rodovia BR 116, S/NR, KM 06, MAFRASC. ... IV – ANÁLISE DO CASO CONCRETO 1. Conforme concluído nos itens 3.1 a 3.14 do capítulo anterior (IV AGROINDÚSTRIA CONCEITUAL E DEMAIS CONSIDERAÇÕES) o fato de a legislação não ter definido literalmente o mínimo necessário de produção rural própria a ser industrializada, em relação à matériaprima ou à produção rural total industrializada pela agroindústria, não quer dizer que a correta interpretação do conceito de empresa agroindustrial possa ser feita de maneira a desprezar critérios de razoabilidade. 2. Assim sendo, tornase obrigatório a identificação do total de madeira industrializada pelo sujeito passivo, bem como da parcela correspondente à madeira advinda de sua produção Fl. 1632DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.629 7 própria e de terceiros, a fim de concluirse se de fato a empresa faz ou não jus ao enquadramento como agroindustrial. origem da matéria prima própria 2.1 O primeiro ponto da imposição acima mencionada, sobre o qual passase a discorrer, corresponde à identificação da origem da madeira industrializada pela empresa. 2.1.1 No caso sob exame, no período fiscalizado a empresa possuía diversas áreas de reflorestamento de pinus, entretanto, conforme informação da própria auditada, ela não os utilizava em seu processo produtivo, em virtude dessas plantações não estarem no ponto certo para corte, uma vez que para uso em laminação há necessidade de árvores adultas e bem desenvolvidas, assim, a fiscalizada preferia reservar tais áreas de reflorestamento para uso futuro e enquanto isso, adquiria junto a terceiros a madeira necessária ao desenvolvimento de seus negócios (conforme informação fornecida pela própria empresa, confirmada pelos lançamentos nas C/C 4302, 4303,4305, 4322, 8002, 8013) 2.1.2. De fato, analisada a contabilidade da empresa não foi verificada a existência de registro de entrada de madeiras provenientes de plantações da própria empresa ou mesmo a existência de contas de exaustão dos recursos florestais da empresa. Não obstante esse fato a auditoria localizou algumas transferências de madeira própria da filial para o estabelecimento principal em contas contábeis diversas das usuais (conforme informação fornecida pela própria empresa, confirmada pelos lançamentos nas C/C 80001). 2.1.3. Com o intuito de esclarecer a origem da matériaprima rural utilizada pela empresa em seu processo produtivo no período de 01/2007 a 12/2008, foi confeccionado o quadro abaixo, baseado na contabilidade e em planilhas apresentadas pela fiscalizada durante a auditoria: 2.1.4. Da análise da planilha, extraise que no período de 01/2007 a 12/2008, a empresa utilizou apenas 1,36% de matéria prima rural própria em seu processo produtivo, ou em outros termos, adquiriu junto a terceiros 98,64% da madeira por ela utilizada no período fiscalizado. Fl. 1633DF CARF MF 8 Estruturação da empresa Par 1. do art. 240 da IN MPS/SRP nº 03, de 14 de julho de 2005 §1° Não se considera atividade de industrialização , para efeito do enquadramento do produtor rural pessoa jurídica como agroindústria: I –omisss; II quando o produtor rural pessoa jurídica realiza processo de industrialização sem departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos. 3.1. no período em que a empresa declarou ser agroindústria (01/2007 12/2008) foi verificado que a empresa possuía dois estabelecimentos ativos, sendo que na estrutura desses estabelecimentos não foi localizado qualquer departamento ligado à atividade rural. 3.2. Da mesma forma, analisada a estrutura contábil da fiscalizada, não foi localizado qualquer setor rural ou contas que distingam custos rurais e industriais, como exige a norma que rege a matéria. 3.3. Analisado as GFIP’s apresentadas pela empresa nesse período, verificouse que a fiscalizada declarou que possuía segurados empregados apenas no setor industrial (FPAS 833), ou seja, a empresa não possuía qualquer trabalhador empregado no setor rural (FPAS 604). 3.4. Foi verificado, também, que a folha de pagamento da empresa não apresenta qualquer departamento, divisão, setor, etc, que distinga atividade rural de atividade industrial. 3.5. Não obstante a empresa haver declarado não possuir trabalhadores no setor primário, tendo incluído toda a sua massa salarial no FPAS 833 (setor industrial da empresa) a auditoria, analisando detidamente a folha de pagamento da empresa e considerando informações por ela prestadas, concluiu que a contribuinte teve ao longo do período fiscalizado 10 trabalhadores ligados a atividades primárias e que a remuneração desse pessoal representou 0,92% do total da massa salarial da empresa no período, conforme planilha abaixo: VII CONCLUSÃO 1. considerando que o percentual de matériaprima rural própria consumida no processo produtivo da empresa, no período de 01/2007 a 12/2008, representa apenas 1,36% do total Fl. 1634DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.630 9 da utilizado pela empresa, ou seja a empresa comprou de terceiros mais de 98,64% da matériaprima (madeira) consumida em seu processo industrial; 2. considerando que a empresa não possuiu nenhum departamento ou setor ligado a atividades primárias ou mesmo segregação contábil de custos de atividades rurais e industriais no período fiscalizado, desatendendo, assim, ao requisito objetivo previsto na IN MPS/SRP nº 03/2005 (instrumento normativo vigente à época dos fatos); 3. considerando que a empresa não apresentou nenhuma GFIP’s de FPAS 604 (massa salarial empregada no setor rural) e só apresentou GFIP’s no FPAS 833 (trabalhadores do setor industrial); 4. considerando que a massa salarial ligada a atividade primária representou apenas 0,92% do total da remuneração paga pela empresa no período; 5. a auditoria conclui que a empresa não se enquadra na situação de agroindústria prevista no art. 22A da Lei 8212/91, no período de 01/2007 a 12/2008, devendo, por isso, sujeitarse à tributação como indústria comum, enquadrada no FPAS 507. Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação em 27/09/2011, alegando, em síntese: a) a nulidade da autuação em face do não cumprimento dos requisitos legais para a sua constituição válida e regular; b) a improcedência da autuação uma vez que: b.1) é pessoa jurídica que desempenha as atividades de industrialização de madeira para comercialização e exportação, inclusive florestamento, reflorestamento, extração de madeira e agricultura, para uso próprio, comercialização e ou exportação e ainda representação comercial de compra e venda de imóveis e comercial exportadora, denominada pela legislação como Agroindústria. b.2) que com a publicação da Lei n° 10.256, de 09 de julho de 2001, a agroindústria foi equiparada ao produtor rural pessoa jurídica, assim, para efeitos desta lei, a agroindústria é o produtor rural pessoa jurídica que desenvolve atividade econômica de industrialização de produção própria e adquirida de terceiros, cuja contribuição social tem como base de cálculo a receita bruta proveniente da comercialização da produção. Desta maneira, a Impugnante tem direito de recolher a contribuição previdenciária instituída pela Lei n° 10.256/01. b.3) em que pese a definição legal de agroindústria, sendo indiscutível a aplicação direta e válida da Lei n° 10.256/01, o agente fiscal autuou a Impugnante desconsiderando todas as atividades desenvolvidas pela empresa e para tanto justificandoa em fundamentações que não procedem. b.4) na própria Notificação lavrada, o Agente fiscal menciona, no Relatório Natureza Jurídica da Empresa, (folhas 03 e 04) que a produção da agroindústria pode ser Fl. 1635DF CARF MF 10 própria "ou" de terceiros, através da citação da Instrução Normativa n° 03/2005 que vigorou até 2009. Portanto, concluise que a Impugnante cumpriu integralmente os requisitos conferidos pela Lei n° 10.256/01, sendo totalmente improcedente a justificativa utilizada pela fiscalização previdenciária para descaracterizar o direito da Impugnante de recolher a contribuição previdenciária nos termos estatuídos pela referida lei. A DRJ/SDR julgou a impugnação procedente em parte, nos termos do voto do relator, cuja conclusão transcrevese: 64. Dessa forma, VOTO para considerar PROCEDENTE EM PARTE a presente autuação, nos termos dos Discriminativos Analíticos do Débito Retificado (DADR), ora juntados aos autos às fls. 318/340: 64.1. Excluir do DEBCAD nº 37.308.8183 a Contribuição no valor de R$ 129.340,17 (cento e vinte e nove mil, trezentos e quarenta reais e dezessete centavos), mantendo, da Contribuição Previdenciária lançada, o valor atualizado de R$ 1.593.455,86 (um milhão, quinhentos e noventa e três mil, quatrocentos e cinquenta e cinco reais e oitenta e seis centavos), juntamente com os acréscimos legais correspondentes; ... 64.6. Manter a multa lançada no DEBCAD nº 37.308.8175 no valor atualizado de R$ 670.749,20 (seiscentos e setenta mil, setecentos e quarenta e nove reais e vinte centavos), juntamente com os acréscimos legais correspondentes. Cientificada da decisão em 12/01/2015, apresentou o recurso voluntário em 11/02/2015, alegando em síntese: 1) com relação ao DEBCAD nº 37.308.8183: a) que se enquadra como agroindústria, pois sempre exerceu atividade rural, bem como sempre industrializou sua produção, na integralidade ou em parte, e ainda, industrializa produção rural adquirida de terceiros; b) que o art. 22A da Lei nº 8.212/91 não estabelece que o contribuinte deva transformar um determinado percentual de produção própria para a caracterização como agroindústria, como entendeu a fiscalização; c) que a fiscalização deveria ter feito o cálculo entre produção própria e de terceiros pelo volume de matériaprima e não pelos valores, o que acarreta distorção no percentual obtido; d) que houve troca de matériaprima com outra empresa, equiparandose à utilização de matériaprima própria, conforme notas fiscais anexas; e) que a alegada ínfima proporção da massa salarial vinculada à atividade rural (mato), legalmente não é nenhum óbice ao seu enquadramento como agroindústria; f) que embora as contas de resultado (contabilidade) não estivessem segregadas por setores, a farta documentação solicitada pelo fiscal, como os livros contábeis em formato digital, não deixam dúvidas quanto à possibilidade de identificar os valores gastos Fl. 1636DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.631 11 no setor rural, podendo ser feita diligência ou perícia contábil para determinar claramente esses valores; g) que a falta de GFIP do setor rural, código 604, "foi mera formalidade, erro de interpretação por parte da recorrente, a qual não impediu a fiscalização de apurar quais funcionários estavam alocados ao referido setor. Ademais, como consta no auto de infração, a autoridade fiscal comprovou a existência de 10 (dez) funcionários ligados ao setor rural, ou seja, mesmo faltando a GFIP 604, todos os funcionários estavam lançados na GFIP 833, a autoridade fiscal conseguiu detectar a existência de funcionário exclusivos do setor rural." 2) Com relação ao DEBCAD nº 37.308.8175: a) que enviou GFIP contendo as informações completas de todos os funcionários, bases de cálculo das contribuições previdenciárias e demais informações, portanto não omitiu segurados e/ou indicou informações inexatas na GFIP; b) que a multa no montante exigido se afigura "exorbitante, irrazoável e desproporcional, considerando a nãopatrimonialidade da obrigação tributária acessória", sendo portanto nitidamente confiscatória, infringindo o disposto no art. 150, inciso IV, da Constituição Federal; c) que o cálculo da multa não obedeceu ao princípio da retroatividade benigna, expresso no art. 106, II, c, do CTN, devendo ser recalculada, para aplicação da regra do art. 32A da Lei nº 8.212/1991, com redação dada pela Lei nº 11.941/2009; d) que, "em caso de manutenção da autuação, devem ser aplicadas as modificações trazidas pela Lei nº 13.097/2015, que alterou o artigo 32A, da Lei nº 8.212/1991, deixandoa ainda mais benéfica ao contribuinte". Por fim, requer o recebimento e a apreciação do recurso voluntário, para o efeito de reconhecer o correto enquadramento da recorrente como agroindústria, extinguindo o crédito tributário consubstanciado no DEBCAD n. 37.308.8183, e no que tange ao DEBCAD n. 37.308.8175, tendo em vista o correto enquadramento da recorrente como agroindústria, requer a extinção da multa lançada; quando não, a redução do montante lançado, em vista do seu caráter confiscatório, bem como a aplicação da penalidade mais benéfica. É o relatório. Voto Conselheira ANDREA BROSE ADOLFO Relatora Admissibilidade Verificados os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto e passo a sua análise. Mérito Fl. 1637DF CARF MF 12 Enquadramento como Agroindústria Requisitos A recorrente sustenta que ao industrializar produção rural própria e adquirida de terceiros estaria enquadrada no conceito de agroindústria devendo recolher as contribuições previdenciárias incidentes sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural, a teor do disposto no art. 22A da Lei nº 8.212, de 1991, com redação dada pela Lei nº 10.256, de 2001. O cerne da discussão é se a circunstância de a produção rural própria da pessoa jurídica ser ínfima, inferior à adquirida de terceiros para a industrialização, afasta a caracterização como agroindústria, tal como a definida pelo artigo 22–A da Lei nº 8.212/91. A Lei nº 10.256, de 09 de julho de 2001, através de seu art. 1º, inseriu o artigo 22A na Lei nº 8.212/91, estabelecendo regra especial de contribuição para as empresas agroindustriais, ao dispor que as contribuições devidas por estas empresas, em substituição às previstas nos incisos I e II da Lei 8.212/91 (incidência sobre a folha de pagamento), passam a incidir sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção. Lei º 8.212, de 24 de julho de 1991: “Art. 22A. A contribuição devida pela agroindústria, definida, para os efeitos desta Lei, como sendo o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22 desta Lei, é de: (Incluído pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001) I dois vírgula cinco por cento destinados à Seguridade Social; (incluído pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001) II zero vírgula um por cento para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade para o trabalho decorrente dos riscos ambientais da atividade. (incluído pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001) § 1º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). § 2º O disposto neste artigo não se aplica às operações relativas à prestação de serviços a terceiros, cujas contribuições previdenciárias continuam sendo devidas na forma do art. 22 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). § 3º Na hipótese do § 2º, a receita bruta correspondente aos serviços prestados a terceiros será excluída da base de cálculo da contribuição de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). § 4º O disposto neste artigo não se aplica às sociedades cooperativas e às agroindústrias de piscicultura, carcinicultura, suinocultura e avicultura. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). § 5º O disposto no inciso I do art. 3º da Lei nº 8.315, de 23 de dezembro de 1991, não se aplica ao empregador de que trata este artigo, que contribuirá com o adicional de zero vírgula vinte e cinco por cento da receita bruta proveniente da Fl. 1638DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.632 13 comercialização da produção, destinado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). § 6º Não se aplica o regime substitutivo de que trata este artigo à pessoa jurídica que, relativamente à atividade rural, se dedique apenas ao florestamento e reflorestamento como fonte de matériaprima para industrialização própria mediante a utilização de processo industrial que modifique a natureza química da madeira ou a transforme em pasta celulósica. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 2003). § 7º Aplicase o disposto no § 6º ainda que a pessoa jurídica comercialize resíduos vegetais ou sobras ou partes da produção, desde que a receita bruta decorrente dessa comercialização represente menos de um por cento de sua receita bruta proveniente da comercialização da produção. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 2003). Com efeito, o dispositivo legal acima citado foi introduzido na ordem jurídica para estabelecer uma tributação diferenciada às agroindústrias, qual seja, ao invés de tradicionalmente recolher as contribuições previdenciárias sobre a folha de salários e demais rendimentos, passou a ser tributada pela receita bruta. Podese dizer que a norma procurou, sob o ponto de vista social, beneficiar o produtor rural pessoa jurídica que industrializasse a própria produção rural, desonerando a atividade da agroindústria de recolher contribuição social sobre a folha de salários, incentivando uma maior contratação de mãodeobra, utilizada em grande escala nesse setor. Não obstante, definiu o conceito de agroindústria como sendo o produtor rural pessoa jurídica que industrialize produção própria ou produção própria e adquirida de terceiros. Há, portanto, duas espécies de agroindústria, quais sejam: i) aquelas que só industrializam produção própria; e ii) aquelas que industrializam produção própria e de terceiros. Alega a fiscalização que a relação entre a produção própria e a adquirida de terceiros industrializada pela recorrente era ínfima, inferior a 2% no ano de 2007 e inferior a 1% no ano de 2008. Também a relação entre a remuneração da mão de obra empregada no setor rural em comparação com a do setor industrial oscilava entre 0,69% em 2007 e 1,16% em 2008. Ademais, informa a fiscalização que a recorrente "não possuiu nenhum departamento ou setor ligado a atividades primárias ou mesmo segregação contábil de custos de atividades rurais e industriais no período fiscalizado, desatendendo, assim, ao requisito objetivo previsto na IN MPS/SRP nº 03/2005 (instrumento normativo vigente à época dos fatos)". Verificamos que nas GFIP apresentadas a empresa informou sua atividade no CNAE (Cadastro Nacional de Atividades Econômicas) Fiscal na Classe 1621800, e, conforme consulta efetuado em 16/09/2016, no sítio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Fl. 1639DF CARF MF 14 http://cnae.ibge.gov.br/?view=subclasse&tipo=cnae&versao=9.1.0&subclasse=1621800&chav e=1621800, verificamos que esta subclasse compreende as atividades de fabricação de madeira laminada e chapas de madeira compensada, prensada e aglomerada, conforme abaixo: Pela situação fática descrita nos autos, vêse que a recorrente, recolhia as contribuições previdenciárias como se agroindústria fosse, mas a estruturação da empresa e toda a documentação apresentada, especialmente GFIP, Folhas de Pagamento e Livros Contábeis, demonstram que, na verdade é uma indústria, não podendo beneficiarse do tratamento tributário especial. Nesse sentido, trazse à colação excerto do voto do conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, proferido no Acórdão nº 9202.003.570, da 2ª Turma da CSRF, em sessão de 29/01/2015, no qual foi dado provimento ao Recurso Especial da Fazenda para desconsiderar o enquadramento do sujeito passivo como agroindústria: Dessa forma entendo que, como a lei não estipula limites mínimos de industrialização de produção própria, o não enquadramento de agroindústria com base na relação do faturamento decorrente da comercialização própria em relação ao total faturado pela empresa, como quer a recorrente, implica violação ao fundamental princípio da legalidade. Feitas essas considerações, entendo que no presente caso, a Recorrente dignou demonstrar que o Sujeito Passivo não é agroindústria, pois não se enquadra na capitulação legal – art. 22A, da Lei n. 8.212/91. O aludido dispositivo legal é cristalino ao definir o que deve ser considerada como sendo agroindústria, ao exigir cumulativamente a ocorrência dos seguintes requisitos, a saber: ser Produtor Rural Pessoa Jurídica e industrializar produção própria, além da industrialização da produção de terceiros, se for o caso. Fl. 1640DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.633 15 Por certo, a legislação previdenciária tem clara intenção de fazer incidir a contribuição substitutiva prevista para as agroindústrias sobre as que possuam efetivamente esta característica, ou seja, um produtor rural que também industrialize sua produção. Nesse sentido a legislação busca incentivar ao produtor rural que realize o beneficiamento de sua produção (e eventualmente de terceiros), agregandolhe valor comercial. Não fosse assim, poderia uma pessoa jurídica eminentemente voltada para atividade industrial que com o objetivo de beneficiarse da tributação diferenciada destinada à agroindústria, realizar alguma atividade rural a fim de enquadrarse na hipótese legal, praticando, assim, uma evasão fiscal. É verdade que a legislação previdenciária não estipula o percentual de produção própria ou adquirida de terceiros suficiente para qualificação de uma pessoa jurídica como agroindústria, todavia não se pode deixar de analisar a realidade tal como ela se apresenta, em busca da Verdade Material, como meio garantidor da certeza do crédito tributário, no qual se deve buscar a realidade dos fatos. Em que pese a força da literalidade dos dispositivos legais, assume grande relevância o aspecto substancial da realidade sobre a qual a tributação incide. Não basta aterse simplesmente a literalidade do texto legal, é necessária a busca pela realidade fálica em perseguição à verdade material. A reunião desses dois aspectos resultará na aplicação adequada da lei. Caso contrário, qualquer indústria (inclusive os grandes complexos industriais) que utilizasse no seu processo produtivo apenas parte do insumo produzido por ela própria, por menos que fosse, poderia se beneficiar do tratamento tributário especial, o qual, na verdade, é um regime substitutivo criado para ser aplicado ao verdadeiro produtor rural. No presente caso, no entanto, observase que a empresa percorreu o caminho inverso do pretendido com a criação das contribuições substitutivas para as agroindústria. O que claramente se afigura é uma pessoa jurídica eminentemente voltada para atividade industrial que, com o objetivo de beneficiarse da tributação diferenciada destinada à agroindústria, procura realizar alguma atividade rural a fim de enquadrarse na hipótese legal à lei, muito embora não proíba esta prática, não pode ser utilizada para viabilizar a evasão fiscal e sangrar os cofres públicos. ... O reflorestamento não é sua principal atividade conforme informação trazida pela fiscalização, tanto em relação ao pessoal ocupado, quanto à produção própria em relação à adquirida de terceiros. (grifamos) Fl. 1641DF CARF MF 16 Ainda nesse sentido, extraise excerto de voto proferido em decisão exarada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, verbis: A atividade de agroindústria, no ramo de reflorestamento, no máximo, poderia envolver a produção de matéria prima primária para a indústria (toras, tábuas, etc.), mas não a complexa atividade de industrialização de madeira, especialmente quando se destina ao outro ramo de atividade do contribuinte, que é a industrialização de papel. Não fosse assim, qualquer indústria que utilizasse no seu processo produtivo apenas parte do insumo produzido por ela própria, por menor que fosse a quantidade, poderia se beneficiar do tratamento tributário especial. Como dito anteriormente, o regime substitutivo previsto no artigo 22A da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001, tem por objetivo beneficiar o produtor rural que industrializa a sua própria produção ou, ainda, que soma a esta a de terceiros. A atividade preponderante da empresa é a industrialização da madeira, que além de empregar os insumos (toras, tábuas, etc.) que provêm da atividade de reflorestamento, agrega ainda outros materiais e envolve um complexo processo de industrialização de matériaprima beneficiada ou transformada, passando pela atividade papeleira. (TRF4, APELREEX 2005.72.11.0017539, SEGUNDA TURMA, Relatora VÂNIA HACK DE ALMEIDA, D.E. 24/02/2010) (grifamos) Pelo exposto, entendo que a empresa não pode ser enquadrada como agroindústria, mas sim como indústria que se destina a fabricação de chapas de compensado. AI DEBCAD nº 37.308.8175 Multa GFIP Retroatividade Benigna. Critérios do cálculo da multa mais benéfica A sistemática de cálculo das multas previdenciárias foi profundamente alterada com o advento da Medida Provisória nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. No presente caso, verificase que a autuação ocorreu em 22/08/2011, com ciência em 26/08/2011, portanto em data posterior à nova sistemática de cálculo das multas. Para as competências até novembro de 2008, inclusive, a multa mais benéfica deve ser apurada mediante comparação entre o valor resultante do cálculo vigente à época dos fatos geradores e o valor resultante da multa calculada com base no art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Este entendimento está explicitado no art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise Fl. 1642DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.634 17 será realizada pela comparação entre os seguintes valores: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei n º 8.212, de 1991 , em sua redação anterior à Lei n º 11.941, de 2009 , e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei n º 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei n º 8.212, de 1991 , acrescido pela Lei n º 11.941, de 2009 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei n º 9.430, de 1996 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) Notase que o Auditor Fiscal, no momento da autuação já elaborou planilha comparativa entre as multas vigentes na data do fato gerador e as multas supervenientes (alterações promovidas na Lei nº 8.212/91, pela Lei nº 11.941, de 2009), conforme os seguintes trechos extraídos do relatório fiscal: 4. DA APLICAÇÃO DA MULTA: ... 4.10. Desta forma, em respeito ao disposto no Artigo 106, Inciso II, “c” do Código Tributário Nacional, devese comparar as penalidades previstas antes da entrada em vigor da Medida Provisória 449/2008 com a penalidades previstas na citada Medida Provisória. 4.11. Para demonstrar essa comparação, foram anexadas a este Relatório Fiscal planilhas de Cálculo das Multas Aplicadas, das quais extraise que: 4.11.1. – no Anexo 6: para as competências de 01 a 12/2007 e de 01 a 10/2008 as multas a serem aplicadas são as previstas no Artigo 32, § 5. da Lei 8.212/91, (combinado com Art. 284, inc II, do Decreto 3048/99) e art. 35, inc. II, da Lei 8212/91 (multa referente ao código de fundamentação legal (CFL) 68 por descumprimento de obrigação acessória, exigida no auto de infração DebCad 37.308.8175 e multa de 24%, exigida nos demais autos de infrações aplicados), pois da comparação realizada, revelaram ser as menos onerosas à autuada. 4.11.2. – no Anexo 7 para a competência 13/2007, a multa a ser aplicada é a prevista no Artigo 35A da Lei 8.212/91, alterada pela Lei 11.941/2009, (multa de 75%, exigida nos autos de infrações Deb Cad 37.308.8183), pois da comparação realizada, revelou ser a menos onerosa à contribuinte. Fl. 1643DF CARF MF 18 4.1.2.3. – a partir da competência 11/2008 não mais cabe a comparação de multas, mas sim a aplicação direta do disposto na Medida Provisória 449/2008, de 04 de dezembro de 2008, convertida na Lei 11.941/2009 (multa de 75%). Portanto, ficou demonstrado que a multa mais benéfica já foi calculada no momento da autuação, de acordo com o disposto no art. 476A da IN RFB nº 971/2009, acima transcrito, e nos termos do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04/12/2009, que dispõe sobre a aplicação dos artigos 35 e 35A da Lei nº 8.212/91. Assim, também não assiste razão à recorrente, em relação à alegação de aplicação errônea do princípio da retroatividade benigna. Do Caráter Confiscatório da Multa Aplicada Quanto ao valor da multa, a recorrente ressalta que a multa aplicada importa em ofensa ao princípio constitucional da vedação ao confisco, o qual veda a imposição de ônus insuportáveis, que ultrapasse os limites da capacidade contributiva. Em relação a esses argumentos sobre confisco, cumpre esclarecer que a vedação da utilização de tributo com efeito de confisco, preceito do art. 150, IV, da Constituição Federal, não se destina aos aplicadores da Lei, mas sim ao Poder Legislativo, que deve tomálo em consideração quando da elaboração das leis. À autoridade administrativa cabe apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. Ademais, registrese que, nos termos do art. 62, do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 2015 Regimento Interno do CARF, fica vedado aos membros deste Conselho, afastar a aplicação de lei sob a alegação de inconstitucionalidade, exceção às situações descritas no seu § 1º, verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado Fl. 1644DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.635 19 pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. Não se enquadrando a situação abordada pela recorrente em nenhuma das exceções listadas, não assiste razão à recorrente. Anistia da Lei nº 13.097, de 2015 A Lei nº 13.097, de 19/01/2015, dispõe em seu art. 49 que ficam anistiadas as multas previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, desde que cumpridos os demais requisitos do dispositivo, verbis: Art. 49. Ficam anistiadas as multas previstas no art. 32A da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, lançadas até a publicação desta Lei, desde que a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, tenha sido apresentada até o último dia do mês subsequente ao previsto para a entrega. No caso em tela, a autuação tem como fundamento legal o art. 32, IV e § 3º, da Lei nº 8.212, de 1991, e não o art. 32A, da mesma lei. O Código Tributário Nacional, a teor do art. 111, I, estabelece que a legislação tributária que disponha sobre a exclusão do crédito tributário deve ser interpretada literalmente. Lei nº 5.172, de 1966 Código Tributário Nacional Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário;(...) ... Art. 175. Excluem o crédito tributário: I a isenção; II a anistia. Assim, entendo que a anistia prevista no art. 49 da Lei nº 13.097/2015 restringese às multas aplicadas por descumprimento de obrigação acessória com fundamento no art. 32A, da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, sendo inaplicável às multas capituladas no art. 32 da mesma Lei. Fl. 1645DF CARF MF 20 CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por conhecer do recurso, para negarlhe provimento. ANDREA BROSE ADOLFO Relatora Fl. 1646DF CARF MF
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