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Numero do processo: 13971.001591/2006-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004
PRELIMINAR. NULIDADE. ARGUMENTO.
Não há nulidade na decisão, quando o acórdão - ainda que não tenha enfrentado todas as questões argüidas - tenha se valido de argumentos suficientes para a conclusão do julgado.
EMBARGOS. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA.
Devem ser rejeitados parcialmente os embargos quando não demonstrada a omissão, contradição ou obscuridade alegada.
EMBARGOS. ERRO MATERIAL. EXISTÊNCIA.
Constatada a existência de erro material, deve este ser retificado de ofício, para o fim de se acolherem os embargos.
Numero da decisão: 1302-001.560
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em acolher os embargos, reconhecendo efeitos infringentes, e manter parcialmente o crédito lançado.
(assinado digitalmente)
Alberto Pinto Souza Junior - Presidente.
(assinado digitalmente)
Eduardo de Andrade - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior (presidente da turma), Márcio Rodrigo Frizzo, Waldir Veiga Rocha, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade e Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
Nome do relator: EDUARDO DE ANDRADE
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002, 2003, 2004 PRELIMINAR. NULIDADE. ARGUMENTO. Não há nulidade na decisão, quando o acórdão - ainda que não tenha enfrentado todas as questões argüidas - tenha se valido de argumentos suficientes para a conclusão do julgado. EMBARGOS. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. Devem ser rejeitados parcialmente os embargos quando não demonstrada a omissão, contradição ou obscuridade alegada. EMBARGOS. ERRO MATERIAL. EXISTÊNCIA. Constatada a existência de erro material, deve este ser retificado de ofício, para o fim de se acolherem os embargos.
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NULIDADE. ARGUMENTO. Não há nulidade na decisão, quando o acórdão ainda que não tenha enfrentado todas as questões argüidas tenha se valido de argumentos suficientes para a conclusão do julgado. EMBARGOS. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. Devem ser rejeitados parcialmente os embargos quando não demonstrada a omissão, contradição ou obscuridade alegada. EMBARGOS. ERRO MATERIAL. EXISTÊNCIA. Constatada a existência de erro material, deve este ser retificado de ofício, para o fim de se acolherem os embargos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em acolher os embargos, reconhecendo efeitos infringentes, e manter parcialmente o crédito lançado. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Presidente. (assinado digitalmente) Eduardo de Andrade Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 15 91 /2 00 6- 09 Fl. 1013DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior (presidente da turma), Márcio Rodrigo Frizzo, Waldir Veiga Rocha, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade e Hélio Eduardo de Paiva Araújo. Fl. 1014DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13971.001591/200609 Acórdão n.º 1302001.560 S1C3T2 Fl. 1.042 3 Relatório Tratase de apreciar embargos de declaração opostos por KARSTEN S/A em face do acórdão nº 1302000.980, proferido por esta turma na sessão de 12/09/2012, no qual este colegiado decidiu, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. Ciência em 17/12/2012. Protocolização dos embargos em 26/12/2012. Alega a embargante existência de erro material, contradição, e omissão. Segundo alega a embargante: a) em primeiro lugar, na fl.782v o acórdão anuncia “Assim, retificados os valores de juros, foram refeitos os cálculos segundo a metodologia adotada pela fiscalização, chegandose aos valores de receita financeira abaixo:”; b) todavia, na seqüência, não aparecem os valores que o acórdão aparentemente pretendia apontar, o que confirma existência de erro material; c) propugna pela correção do erro material e devolução do prazo recursal, inclusive para oposição de novos embargos de declaração, caso necessário; d) em segundo lugar, há erro material quanto às despesas financeiras dos empréstimos tomados em moeda estrangeira. O acórdão reconheceu que os juros não poderiam ser somados à variação cambial e inclusive recalculou os valores de receitas financeiras, desmembrando os juros da variação cambial; e) entretanto, o acórdão não fez o mesmo em relação às despesas financeiras dos empréstimos tomados em moeda estrangeira, em que o acórdão não distingue entre juros da variação cambial ; f) em terceiro lugar, há erro na tabela de fls. 786, que aponta como “CSLL não recolhida (diferença) – mantida em julgamento” em dezembro/2002 o valor de R$6.841,61; todavia, no citado mês nenhum valor foi indicado como devido pelos autos de infração; g) na tabela de fls. 787, apontase “CSLL não recolhida (diferença) – mantida em julgamento” em abril/2004 o valor de R$2.480,91; todavia, no citado mês, o valor indicado como devido pelos Autos de infração é de R$2.450,91; h) em quarto lugar, o acórdão não se manifestou em relação aos seguintes fundamentos defendidos na manifestação de 26/03/2012 ao Relatório de Diligência Fiscal: o relatório de diligência promoveu alterações substanciais nas planilhas apresentadas pela fiscalização e também houve elaboração de novas planilhas para corrigir os erros do auto de infração, mas depois de notificado o contribuinte o lançamento não pode mais ser corrigido ou complementado; Fl. 1015DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 4 o Fisco não poderia sanar os vícios e “salvar” os lançamentos porque a constituição do crédito deve ser efetuada no momento do lançamento, o caso não se encontra nas situações em que o lançamento pode ser alterado em prejuízo do contribuinte, e os supostos fatos geradores foram atingidos pela decadência; i) em quinto lugar, o acórdão padece de nulidade, o que também dá ensejo a embargos de declaração, ao tentar corrigir e complementar os lançamentos o acórdão agravou a situação do contribuinte, ao recalcular as receitas financeiras decorrentes de empréstimos por ela concedidos e diminuir seus valores (coluna 8 da planilha de fl.782v, cujos valores são inferiores àqueles usados pelo Fisco – item F dos Anexos V.1 a V.3 dos Autos de Infração); j) em sexto lugar, há contradição, pois embora o acórdão tenha reconhecido que a variação cambial não poderia ser considerada, somente a exclui dos encargos mensais sobre os empréstimos, não a excluindo da apuração do montante total emprestado às controladoras; l) em sétimo lugar, o acórdão apresenta omissões, por não analisar pedidos e fundamentos defendidos pelo contribuinte. São eles: para efeito de glosa, a fiscalização deveria comparar apenas encargos incidentes nos empréstimos concedidos e tomados em moeda estrangeira; não faria sentido a embargante contabilizar despesas financeiras com o objetivo de reduzir seu lucro (em vez de as próprias controladas contabilizarem estas despesas) porque os lucros obtidos pelas controladas seriam tributados mesmo assim, pois o art. 74 da MP 215835/01 já previa que os lucros das controladas no exterior seriam considerados disponibilizados para a controladora no Brasil, sujeitandose à tributação no país, na data do balanço no qual tivessem sido apurados; o art. 243 do RIR prevê que os juros cobrados das controladas são legítimos e podem ser conhecidos como receitas financeiras desde que não sejam inferiores à libor + 3% ao ano, os que justamente eram cobrados pela recorrente durante o período autuado; a recorrente poderia ter cobrado juros ainda menores das controladas pois os contratos de mútuo foram registrados no Banco Central, e segundo o §4º do art. 243 do RIR/99 nesta hipótese serão admitidos juros determinados com base na taxa registrada; de acordo com precedentes do 1ºCC se o fisco não descaracteriza o empréstimo concedido, não pode glosar as despesas financeiras dele decorrentes; no caso da embargante, todos os empréstimos concedidos e tomados são regulares e a fiscalização nunca os questionou; m) em oitavo lugar, há omissão, pois a contribuinte defendeu que o fisco não poderia tributar os juros a receber da Karsten Argentina S/A, que foram estornados pela embargante, inclusive, porque, por força dos próprios contratos de mútuo, os juros não seriam pagos antes do principal. E o principal emprestado, como reconheceu o acórdão da DRJ não foi pago à recorrente; n) em nono lugar, o acórdão incorreu em erro de fato, ou em obscuridade, ao afirmar que (fl. 784) “os fatos futuros ao perdão (a crise Argentina e a situação deficitária da controlada e o não recebimento dos juros). No entender da embargante, o acórdão apresenta erro de fato porque partiu de premissa faticamente equivocada, ou obscuridade, porque todos estes fatos que o acórdão não analisou por entender que seriam futuros ao estorno dos juros na realidade foram prévios ao evento; Fl. 1016DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13971.001591/200609 Acórdão n.º 1302001.560 S1C3T2 Fl. 1.043 5 o) em décimo lugar, como conseqüência dos apontados erros de fato e/ou obscuridade, o acórdão deixou de analisar os fundamentos relacionados a uma das justificativas para o estorno. Pede, ao final, acolhimento dos embargos para o fim de sanarem as falhas do acórdão, sejam apreciados os pedidos feitos, com devolução do prazo recursal. É o relatório. Fl. 1017DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 6 Voto Conselheiro Eduardo de Andrade, Relator. Os embargos são tempestivos, e em face da alegação de omissão, contradição e erro material, deles conheço. No que tange à alegação de que o acórdão recorrido não analisou todos os argumentos levantados, vejo que, todavia, a matéria restou bem apreciada pelo acórdão recorrido, na sua integralidade. Neste sentido, tenho para mim que a afirmação não procede, tendo o acórdão apreciado todas as razões relevantes para o deslinde da questão. Demais disso, ainda que o fosse, o julgador não está obrigado a apreciar argumento por argumento, especialmente se já formou sua convicção acerca do tema e motivou sua decisão com base em alguns deles. Neste sentido, segue forte corrente jurisprudencial. Acórdão 10806.877 – 8ª Câmara do 1º Conselhos de Contribuintes NULIDADE DE DECISÃO A ausência de análise minuciosa e exaustiva dos argumentos de defesa, não acarreta a nulidade da decisão quando esta aprecia todos os itens defendidos. No mesmo sentido. Acórdão 10421.617 – 4ª Câmara do 1º Conselhos de Contribuintes DECISÃO NULIDADE NÃO EXAME DE ARGUMENTO Não ocorre a hipótese ensejadora da nulidade da decisão, quando o acórdão, ainda que não tenha enfrentado todas as questões argüidas, tenha se valido de argumentos suficientes para a conclusão do julgado. Também para efeito de embargos se aplicam as conclusões acima, não se podendo argüir nem a nulidade do acórdão ou muito menos omissão, vez que esta, por sua vez, se dá pela ausência de premissa no silogismo que leva à conclusão do julgado, e não ocorre quando o decisum enfrenta a questão iluminada pelos pontos argüidos, ainda que por outros fundamentos. Por outro lado, o “ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma” efetivamente é aquele que tem relevância para o dispositivo a que chegou o colegiado, sabendose que a falta de pronúncia sobre ele leva à incompreensão do julgado. Assim, também este dispositivo não impõe que o julgador, podendo decidir a questão por fundamentos já obtidos no processo, tenha que apreciar uma a uma as alegações da parte. Assim, não há razão ao embargante no que tange às alegações de omissão e de erro material decorrente de nulidade por não apreciação de argumentos no que se refere aos parágrafos 13 (quarto lugar), do relatório vejamos:. Fl. 1018DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13971.001591/200609 Acórdão n.º 1302001.560 S1C3T2 Fl. 1.044 7 Assim, relativamente ao parágrafo 13 (quarto lugar) que trata da impossibilidade de o colegiado retificar o auto de infração, a matéria foi tratada no acórdão, que não desconheceu do argumento, mas não o acatou, aceitando a retificação daquele, desde que dela não resultasse valor superior àquele lançado Pois bem. Isto posto, com tais premissas estabelecidas, as despesas financeiras glosadas devem ser revistas, expurgandose do cálculo o valor da variação cambial e computandose os créditos lançados nos meses de 12/2002, 12/2003 e 12/2004, que não foram incluídos no cálculo efetuado pela fiscalização. Tal recálculo não se constitui em novo lançamento, vez que nenhum crédito poderá, por esta via, ser majorado, mas simplesmente corrigido e reduzido. Qualquer majoração devida e aqui não lançada somente poderá ser lançada por meio de novo auto de infração. Nem por isso é nulo tal retificação, posto que cabe aos órgãos de julgamento apreciar e retificar os erros constatados em autos de infração, especialmente quando de tal ação não ocorra prejuízo ao contribuinte. Desta forma, seguindo a lógica inicialmente adotada pela fiscalização, foram os valores originalmente lançados sujeitos ao crivo dos novos valores apurados em diligência, elaboradas nova planilhas (abaixo transcritas), as quais demonstram os valores originais e aqueles que restaram mantidos no julgamento. Também não prospera a alegação do parágrafo 21 (sétimo lugar), porquanto a matéria ali destacada foi abordada no acórdão embargado. Assim, no que tange à comparação dos empréstimos em moeda estrangeira, o acórdão recorrido atesta que Constatado, ainda, que os empréstimos cedidos às controladas eram realizados em moeda estrangeira, enquanto os empréstimos próprios eram contraídos em moeda nacional é correta a conversão dos valores em moeda estrangeira para a moeda nacional para efeito do cálculo de proporcionalidade, vez que o resultado comparativo final deve estar descrito em moeda nacional, já que apurado por empresa sujeita às leis brasileiras, e sediada no território nacional. Já no que tange à correção do lançamento relativamente à glosa de despesas, o acórdão recorrido atesta que Não pode também ser aceito o argumento de que as despesas eram necessárias porque as exportações geraram receitas à recorrente, sendo tais vendas no exterior propiciadas pela atuação das controladas. Isto porque a despesa glosada foi o déficit financeiro decorrente da concessão de empréstimos com encargos inferiores àqueles contratados para si, atividade que não se inclui entre aquelas que a recorrente tem por objeto Fl. 1019DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 8 social, e portanto, não são necessárias, nem usuais ou normais às suas operações. [...] A glosa de despesas financeiras decorreu da constatação de que a recorrente tinha mútuos em moeda nacional e estrangeira (grupos de contas contábeis 2102 e 2202 – Financiamentos), incorrendo no pagamento de juros. Por outro lado, detinha créditos (grupo de contas 1108 e 1201) contra empresas controladas (Karsten Europa, Karsten América e Karsten Argentina), sobre as quais, apurou a autoridade, efetuou a cobrança de encargos em valores inferiores aos encargos pagos. Rejeito, assim, esta alegação. Também a alegação feita no parágrafo 23 (oitavo lugar) merece o mesmo destino. Com efeito, neste item alega embargante que há omissão, pois a contribuinte defendeu que o fisco não poderia tributar os juros a receber da Karsten Argentina S/A, que foram estornados pela embargante, inclusive, porque, por força dos próprios contratos de mútuo, os juros não seriam pagos antes do principal. E o principal emprestado, como reconheceu o acórdão da DRJ não foi pago à recorrente. De se ver que o acórdão enfrentou a questão do estorno de juros relativos ao mútuo com a Karsten Argentina S/A, senão vejamos: O estorno dos juros ativos decorrentes do empréstimo efetuado à Karsten Argentina S/A foram efetuados ao arrepio das normas que regem sua dedutibilidade. Não pode ser aceita alegação de que foi necessário concederse tal perdão para que fosse possível receber o principal. Tal situação não pode ser aceita numa relação entre controlador e controlado, na qual todo poder decisório se concentra num dos pólos, praticamente não existindo espaço negocial aberto. Demais disso, ainda que as pessoas não fossem ligadas, o perdão, por se caracterizar como liberalidade do mutuante, não poderia acarretar redução do lucro real, sendo tributado de acordo com a legislação tributária. Os fatos futuros ao perdão (a crise argentina e a situação deficitária da controlada e o não recebimento dos juros) não têm importância na análise, tendo conteúdo mais histórico que jurídico. A dedutibilidade de uma perda segue condições rígidas estabelecidas pelo art. 9º da Lei nº 9.430/96, inexistindo nelas espaço para o arbítrio pessoal do mutuante, situação sucedida à época do perdão, exceto para valores abaixo de R$5.000,00, desde que vencidos há mais de 6 meses. Incabível também falarse em erro de escrituração, vez que a operação de mútuo foi regular e os juros foram contabilizados de acordo com o regime de competência. Assim, seu estorno não era mais possível vez que a situação de credor já estava constituída à época do estorno e o mútuo não foi indevido, mas devidamente pactuado. Fl. 1020DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13971.001591/200609 Acórdão n.º 1302001.560 S1C3T2 Fl. 1.045 9 Mantenho, também, pois, a glosa de despesas financeiras relativas aos juros estornados indevidamente. No mesmo teor, segue a alegação feita no item 28 (décimo lugar), em que a embargante afirma que o acórdão deixou de analisar os fundamentos relacionados ao estorno dos juros. Consoante acima demonstrado, a questão do estorno foi devidamente abordada no acórdão recorrido. No que tange à alegação do primeiro ponto, afirma a embargante que na fl.782v o acórdão anuncia “Assim, retificados os valores de juros, foram refeitos os cálculos segundo a metodologia adotada pela fiscalização, chegandose aos valores de receita financeira abaixo:”. Todavia, na seqüência, afirma que não aparecem os valores que o acórdão aparentemente pretendia apontar, o que confirma existência de erro material, e assim, propugna pela correção do erro material e devolução do prazo recursal, inclusive para oposição de novos embargos de declaração, caso necessário. Nesta questão, de fato há um erro material de digitação, porquanto ao mencionar abaixo, deveria ter a sentença mencionado acima, vez que o texto mencionado se refere à tabela de apuração das Receitas Financeiras (chegandose aos valores de receita financeira abaixo:”) que está acima deste texto. Mas este não é um erro que cerceia a defesa da embargante, porquanto o erro é por demais evidente, já que o próprio texto faz menção à apuração da receita financeira, e a tabela acima é assim nomeada “Recálculo do item (F) do auto de infração: Receitas Financeiras” (grifo meu). Com efeito, o deslocamento do texto é devido à importação da tabela do aplicativo excel para o aplicativo word. O texto previa que fosse localizada a tabela abaixo de seu corpo, mas ao ser importada esta se situou acima e não foi feita a necessária transposição do texto. Houvesse, ainda, alguma dúvida restante, esta seria resolvida pelo texto da última coluna à direita da tabela mencionada, intitulada “(8) Novo valor do item (F) do Anexo V.1 V.2 e V.3 do Auto de Infração (fls.232/234) = (2)+(4)+(6)”. Ou seja, a tabela do recálculo das Receitas Financeiras chega à seu resultado conclusivo (última coluna à direita) afirmando ser o novo valor do item (F). E o item (F), consoante fls.232/234 é o Total de Receitas Financeiras. Destarte, é evidente que a tabela se refere à obtenção da nova receita financeira. Assim, é de ser acolhido o embargo para o efeito de se retificar a expressão abaixo pela expressão acima, tão somente, não sendo, por óbvio devido concederse a devolução do prazo recursal, como pleiteia a embargante. Com relação ao segundo item apontado, afirma a embargante que há erro material quanto às despesas financeiras dos empréstimos tomados em moeda estrangeira. O acórdão reconheceu que os juros não poderiam ser somados à variação cambial e inclusive Fl. 1021DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 10 recalculou os valores de receitas financeiras, desmembrando os juros da variação cambial. Entretanto, o acórdão não fez o mesmo em relação às despesas financeiras dos empréstimos tomados em moeda estrangeira, em que o acórdão não distingue entre juros da variação cambial. Relativamente a este ponto, não é possível acatar a argumentação da recorrente. Este colegiado acatou sua argumentação, no sentido de segregar da receita financeira aquela decorrente da variação cambial, dandolhe parcial provimento ao seu recurso. Agora, vem a ora embargante alegar que também as despesas estariam contaminadas por juros passivos, vindo a alegar erro material. Ora, sabidamente tal ponto não poderia ser retificado porque imporia resultado a ela desfavorável, com a redução de suas despesas financeiras, e por isto não foi feito. Porém, não é possível inclinarse para a nulidade do auto de infração, que deve ser mantido, sendolhe sabidamente favorável. No que tange ao terceiro item, afirma a embargante haver erro na tabela de fls. 786, que aponta como “CSLL não recolhida (diferença) – mantida em julgamento” em dezembro/2002 o valor de R$6.841,61. Todavia, no citado mês nenhum valor foi indicado como devido pelos autos de infração. De fato, na apuração feita pelo acórdão recorrido verificouse haver a CSSL não recolhida no valor de R$6.841,61, que, entretanto, não constava dos autos de infração. Assim, na coluna abaixo, que é a coluna que oferece o resultado relevante para o julgamento, “Multa isolada – mantida em julgamento”, é indicado valor zero. Assim, não há qualquer erro material a ser retificado. Ainda neste terceiro item, aponta a embargante que na tabela de fls. 787, apontase “CSLL não recolhida (diferença) – mantida em julgamento” em abril/2004 o valor de R$2.480,91; todavia, no citado mês, o valor indicado como devido pelos Autos de infração é de R$2.450,91. Com efeito, a apuração da base de cálculo para aplicação da multa isolada procedida no julgamento foi favorável à embargante, tendose reconhecido em quase todos os mesescalendário valores inferiores àqueles já lançados. Todavia, no mês de abril de 2004, de fato o valor constante do auto de infração é de R$ 2.450,81 e não R$2.480,81, consoante fls. 787 do acórdão recorrido. Assim, devem ser concedidos efeitos infringentes ao acórdão recorrido para reduzir a multa isolada por falta de recolhimento da CSLL no período de abril/2004 de R$ 1.240,46 para R$1.225,46. Quanto ao quinto ponto, alega a embargante que o acórdão padece de nulidade, o que também dá ensejo a embargos de declaração, pois ao tentar corrigir e complementar os lançamentos o acórdão agravou a situação do contribuinte, ao recalcular as receitas financeiras decorrentes de empréstimos por ela concedidos e diminuir seus valores (coluna 8 da planilha de fl.782v, cujos valores são inferiores àqueles usados pelo Fisco – item F dos Anexos V.1 a V.3 dos Autos de Infração). A afirmação não é verdadeira. Com efeito, a situação do contribuinte em nenhum momento se agravou, e quando os valores apurados eram superiores àqueles lançados Fl. 1022DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13971.001591/200609 Acórdão n.º 1302001.560 S1C3T2 Fl. 1.046 11 no auto de infração, em virtude das retificações procedidas, mantevese o valor do auto de infração, conforme planilha de fls. 783v, que aqui reproduzo: No que tange ao sexto ponto alegado, a embargante alega que há contradição, pois embora o acórdão tenha reconhecido que a variação cambial não poderia ser considerada, somente a exclui dos encargos mensais sobre os empréstimos, não a excluindo da apuração do montante total emprestado às controladoras. Mês (8) Novo Valor do item (F) do Anexo V.i do Auto Infração (fls.232/234) = (2)+(4)+(6) Item H do Anexo V.i mantido Item (I) do Anexo V.i (fls.232/234) = (H) (F) expurgada a variação cambial Item (I) Auto de Infração Item (I) mantido no julgamento jan/02 82.105,40 207.381,07 125.275,67 39.559,67 39.559,67 fev/02 70.643,09 96.749,73 26.106,64 92.512,57 26.106,64 mar/02 50.620,47 106.766,70 56.146,23 80.726,26 56.146,23 abr/02 67.253,97 134.360,91 67.106,94 30.850,97 30.850,97 mai/02 66.547,97 218.245,78 151.697,81 35.567,08 35.567,08 jun/02 34.887,54 171.399,67 136.512,13 67.556,82 67.556,82 jul/02 43.242,09 177.448,00 134.205,91 2.290,30 2.290,30 ago/02 24.285,08 17.319,31 (6.965,77) 87.404,18 set/02 36.909,05 274.581,62 237.672,57 27.782,39 27.782,39 out/02 50.528,07 82.221,76 31.693,69 93.377,21 31.693,69 nov/02 53.446,95 124.621,83 71.174,88 73.365,60 71.174,88 dez/02 75.983,86 152.001,77 76.017,91 123.123,57 76.017,91 jan/03 79.134,51 204.944,13 125.809,62 128.796,69 125.809,62 fev/03 68.116,91 185.447,42 117.330,51 105.343,32 105.343,32 mar/03 72.777,91 97.880,84 25.102,93 95.210,47 25.102,93 abr/03 60.697,37 (3.899,54) (64.596,91) 100.057,34 mai/03 64.366,07 244.817,63 180.451,56 151.920,29 151.920,29 jun/03 60.323,42 157.387,07 97.063,65 134.326,79 97.063,65 jul/03 64.363,89 229.478,67 165.114,78 125.927,24 125.927,24 ago/03 64.385,60 189.398,55 125.012,95 124.572,13 124.572,13 set/03 39.758,80 107.751,22 67.992,42 73.712,77 67.992,42 out/03 40.139,43 77.058,45 36.919,02 46.752,20 36.919,02 nov/03 37.768,39 122.964,73 85.196,34 70.248,54 70.248,54 dez/03 30.959,89 63.382,73 32.422,84 45.889,27 32.422,84 jan/04 22.887,86 66.529,68 43.641,82 38.476,23 38.476,23 fev/04 21.213,84 51.617,75 30.403,91 33.322,57 30.403,91 mar/04 22.636,41 52.367,96 29.731,55 30.329,46 29.731,55 abr/04 22.178,17 53.842,40 31.664,23 27.232,37 27.232,37 mai/04 24.352,94 94.390,43 70.037,49 46.010,17 46.010,17 jun/04 23.404,63 75.573,56 52.168,93 55.151,56 52.168,93 jul/04 23.556,56 44.537,43 20.980,87 32.732,26 20.980,87 ago/04 22.832,59 39.414,43 16.581,84 30.848,32 16.581,84 set/04 21.529,52 37.202,12 15.672,60 27.793,93 15.672,60 out/04 22.230,82 61.243,37 39.012,55 39.366,86 39.012,55 nov/04 20.565,98 60.995,27 40.429,29 40.429,54 40.429,29 dez/04 14.602,11 26.017,86 11.415,75 17.600,26 11.415,75 Total Fl. 1023DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 12 Relativamente a este item, não vejo contradição no acórdão recorrido. Foi procedida retificação nos termos em que postulada pela recorrente, o que lhe foi notadamente satisfatório, reduzindo o crédito apurado, em especial, com o expurgo da variação cambial sobre os valores de receita financeira apurados. Este pedido foi atendido e no atendimento a ele não há qualquer contradição, vez que deu efetivo cumprimento à decisão do colegiado de efetuar o expurgo. O argumento da recorrente não procede e tão somente tem o efeito de conturbar a instrução processual, não merecendo, assim, guarida. No que tange ao nono ponto, alega a embargante que o acórdão incorreu em erro de fato, ou em obscuridade, ao afirmar que (fl. 784) “os fatos futuros ao perdão (a crise Argentina e a situação deficitária da controlada e o não recebimento dos juros)”. No entender da embargante, o acórdão apresenta erro de fato porque partiu de premissa faticamente equivocada, ou obscuridade, porque todos estes fatos que o acórdão não analisou por entender que seriam futuros ao estorno dos juros na realidade foram prévios ao evento. Não vejo, das alegações nem obscuridade nem erro de fato. As alegações foram rechaçadas pelo acórdão, pouco importando sua temporalidade. Assim, numa relação de mútuo entre controlada e controladora, em que a controladora é domiciliada no Brasil, a embargante tentava justificar um estorno dos juros devidos pela controlada com base na crise Argentina, a situação deficitária da controlada e o não recebimento dos juros. Os argumentos foram tidos por históricos, sendo todo seu conteúdo jurídico rechaçado por este colegiado, que considerou, no votocondutor sem importância na análise, senão vejamos: Os fatos futuros ao perdão (a crise argentina e a situação deficitária da controlada e o não recebimento dos juros) não têm importância na análise, tendo conteúdo mais histórico que jurídico. A dedutibilidade de uma perda segue condições rígidas estabelecidas pelo art. 9º da Lei nº 9.430/96, inexistindo nelas espaço para o arbítrio pessoal do mutuante, situação sucedida à época do perdão, exceto para valores abaixo de R$5.000,00, desde que vencidos há mais de 6 meses. A alegação, que já era meramente retórica no acórdão recorrido, destituída de valor jurídico capaz de alterar o lançamento, lastreado no art. 9º da Lei nº 9.430/96, é agora, após analisada, impertinente, porquanto tenta a embargante reformar o acórdão recorrido, ao forçar a releitura dos fatos irrelevantes, agora sob o prisma da anterioridade, relativamente ao perdão. Ora, se os argumentos eram irrelevantes, eles continuam sendo irrelevantes. Nada muda pelo fato de que os fatos seriam anteriores ao perdão. Destarte, rejeito também os embargos deste item. Assim, voto para conhecer dos embargos e os acolho parcialmente, com efeitos infringentes, para o fim de se retificar a expressão abaixo pela expressão acima, na fl. 782v, e para reduzir a multa isolada por falta de recolhimento da CSLL no período de abril/2004 de R$ 1.240,46 para R$1.225,46 . (assinado digitalmente) Eduardo de Andrade Relator Fl. 1024DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13971.001591/200609 Acórdão n.º 1302001.560 S1C3T2 Fl. 1.047 13 Fl. 1025DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 27/01/2015 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 15956.720082/2013-13
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Apr 08 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
MULTA POR ENTREGA DE GFIP COM INFORMAÇÕES INCORRETAS OU COM OMISSÃO. LEI 13.097/2015. APLICAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
A Lei 13.097/2015 deve ser aplicada ao caso contrato, cominando a anistia ali prevista como remissão, extinguindo o crédito tributário da obrigação acessória, nos termos do art. 156, IV, do CTN.
RELAÇÃO JURÍDICA CONSIDERADA. PRIMAZIA DA VERDADE MATERIAL.
Configurada a interposição injustificada de empresa, com indevida redução de recolhimento das contribuições devidas, pode e deve a fiscalização efetivar o enquadramento devido, com suporte na verdade material demonstrada, com o correto direcionamento do pólo passivo tributário.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2803-004.144
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto vencedor redator designado Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti para excluir o crédito tributário relativo à obrigação acessória DEBCAD 37.331.005-6. Vencidos os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima e Oseas Coimbra Junior.
assinado digitalmente
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
assinado digitalmente
Oséas Coimbra - Relator.
assinado digitalmente
Ricardo Magaldi Messetti Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Ricardo Magaldi Messetti.
Nome do relator: OSEAS COIMBRA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 MULTA POR ENTREGA DE GFIP COM INFORMAÇÕES INCORRETAS OU COM OMISSÃO. LEI 13.097/2015. APLICAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A Lei 13.097/2015 deve ser aplicada ao caso contrato, cominando a anistia ali prevista como remissão, extinguindo o crédito tributário da obrigação acessória, nos termos do art. 156, IV, do CTN. RELAÇÃO JURÍDICA CONSIDERADA. PRIMAZIA DA VERDADE MATERIAL. Configurada a interposição injustificada de empresa, com indevida redução de recolhimento das contribuições devidas, pode e deve a fiscalização efetivar o enquadramento devido, com suporte na verdade material demonstrada, com o correto direcionamento do pólo passivo tributário. Recurso Voluntário Provido em Parte
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto vencedor redator designado Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti para excluir o crédito tributário relativo à obrigação acessória DEBCAD 37.331.005-6. Vencidos os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima e Oseas Coimbra Junior. assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima - Presidente. assinado digitalmente Oséas Coimbra - Relator. assinado digitalmente Ricardo Magaldi Messetti Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Ricardo Magaldi Messetti.
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LEI 13.097/2015. APLICAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A Lei 13.097/2015 deve ser aplicada ao caso contrato, cominando a anistia ali prevista como remissão, extinguindo o crédito tributário da obrigação acessória, nos termos do art. 156, IV, do CTN. RELAÇÃO JURÍDICA CONSIDERADA. PRIMAZIA DA VERDADE MATERIAL. Configurada a interposição injustificada de empresa, com indevida redução de recolhimento das contribuições devidas, pode e deve a fiscalização efetivar o enquadramento devido, com suporte na verdade material demonstrada, com o correto direcionamento do pólo passivo tributário. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto vencedor redator designado Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti para excluir o crédito tributário relativo à obrigação acessória DEBCAD 37.331.0056. Vencidos os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima e Oseas Coimbra Junior. assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 72 00 82 /2 01 3- 13 Fl. 1600DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 3 2 assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. assinado digitalmente Ricardo Magaldi Messetti – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Ricardo Magaldi Messetti. Fl. 1601DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve os autos de infração lavrados, referentes a contribuições devidas em razão de pagamentos a segurados empregados – parte terceiros e ausência de fatos geradores em GFIP referentes às competências de janeiro a dezembro/2008. O r. acórdão – fls 1484 e ss, conclui pela improcedência da impugnação apresentada, mantendo o auto de infração lavrado. Inconformada com a decisão, apresenta recurso voluntário, alegando, em síntese, o seguinte: · Inconsistência das argumentações despendidas pela fiscalização e da ausência de fraude · Decadência do direito de lançar · Vício de motivação referente à cobrança de terceiros. O Relatório Fiscal é lacônico acerca da cobrança de terceiros supostamente incidente sobre atividades da Recorrente, não tecendo qualquer explicativa acerca do enquadramento aplicável à Recorrente. · Incompetência da fiscalização para presumir o vínculo empregatício. · Impossibilidade de se exigir juros de mora sobre multas de ofício · De fato, os dispositivos legais aplicáveis foram simplesmente citados nos chamados Fundamentos Legais do Débito sem qualquer explicação acerca do enquadramento da Recorrente em tal regime jurídico. · Requer a Recorrente seja recebido e processado seu recurso, para reformar a decisão administrativa de lª instância administrativa, julgandose improcedente o Auto de Infração. Ad argumentandum, caso assim não se entenda, se eventualmente concluirse pela procedência dos Autos de Infração de forma parcial ou total, requer sejam expurgados os juros sobre a multa de ofício lançada face à sua ilegalidade. É o relatório. Fl. 1602DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 5 4 Voto Vencido Conselheiro Oséas Coimbra O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Tratase de auto de infração lavrado em razão de pagamento a segurados considerados empregados, em razão da desconsideração de outras empresas. A fiscalização entendeu a configuração de grupo econômico formado para o indevido aproveitamento de benefícios fiscais do SIMPLES. O auto de infração DEBCAD 37.331.0080 traz o lançamento referente a parte devida a terceiros. O auto de infração da parte empresa já foi julgado pela 2ª. Turma Ordinária da 3ª. Câmara da 2ª. Seção, em 03.12.14, processo 15956.720080/201324. Transcrevo o acórdão 2302003.539, de lavra do Cons. Arlindo da Costa e Silva, acatado de forma unânime, a qual adiro e incorporo a meu voto. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DA COMPETÊNCIA O Recorrente alega incompetência da Fiscalização para caracterizar vínculo empregatício. Que vínculo empregatício ??? Em primeiro lugar, há que se deixar bem claro que o presente caso não trata da caracterização da relação de emprego (instituto de Direito do Trabalho). Tal caracterização, nos termos da lei, é atribuição do Ministério do Trabalho e Emprego MTE, por intermédio de seus Auditores Fiscais do Trabalho, sendo os litígios decorrentes de tal caracterização julgados pela Justiça do Trabalho. O caso ora em estudo versa, tão somente, sobre a caracterização da condição de segurado empregado (instituto de Direito Previdenciário) e o lançamento das contribuições previdenciárias devidas decorrentes da prestação remunerada de serviços por tais trabalhadores à Empresa. A questão é meramente tributária, não irradiando qualquer espécie de efeito automático sobre a esfera trabalhista da Autuada, tampouco dos trabalhadores. Merece ser enaltecido que no ramo do Direito Previdenciário impera o Princípio da Primazia da Realidade sobre a Forma, o qual propugna que, havendo divergência entre a realidade das condições ajustadas numa determinada relação jurídica e as verificadas em sua execução, prevalecerá a realidade dos fatos. Fl. 1603DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 6 5 Tal prerrogativa dos Agentes da Fiscalização Tributária tem fundamento no Parágrafo Único do art. 116 do CTN, que mune a autoridade administrativa do poder de desconsiderar substancialmente os efeitos dos atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, com vistas a reaproximar a qualificação jurídica do Ato Simulado ao seu verdadeiro conteúdo material, fazendoa coincidir com a realidade substancial dos fatos. Código Tributário Nacional CTN Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp n° 104/2001) A norma antielisiva em questão espelha, no Direito Tributário, o mesmo conteúdo plasmado no art. 9° do DecretoLei n° 5.452, de 1° de maio de 1943 CLT: Consolidação das Leis do Trabalho Art. 9° Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Tais normas procedimentais tem por objetivo finalístico o combate à fraude à lei, com fundamento no primado da substância sobre a forma. Por tais razões, rejeitamos a preliminar de incompetência da RFB. Vencidas as preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1a Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Fl. 1604DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 7 6 Órgão Julgador de 1a Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto n° 70.235/72. 3.1. DO GRUPO ECONÔMICO. O Recorrente alega a inexistência de grupo econômico a ensejar a responsabilidade solidária. Vejamos: No capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacional, a Carta Constitucional outorgou à Lei Complementar a competência para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre as obrigações tributárias, dentre outras. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Nessa vertente, no exercício da competência que lhe foi outorgada pelo Constituinte Originário, ao tratar da responsabilidade tributária, o CTN honrou prescrever, com propriedade, que a lei pode atribuir a terceira pessoa vinculada ao fato gerador a responsabilidade pelo crédito tributário, adlitteris et verbis: Código Tributário Nacional CTN Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. No ramo do Direito Tributário, o instituto da solidariedade alicerçou suas escoras no art. 124 do CTN, o qual reconheceu a existências de duas modalidades de solidariedade aplicáveis ao direito tributário, a saber, a solidariedade de fato, verificada entre as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, e a solidariedade legal, a qual se avulta nas hipóteses taxativamente previstas na lei. Código Tributário Nacional CTN Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta beneficio de ordem. Fl. 1605DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 8 7 Em ambos os casos acima ponteados, o CTN expressamente estatuiu que o instituto da solidariedade tributária não se confunde com o da subsidiariedade, eis que excluiu expressamente, de maneira peremptória, o beneficio de ordem. Como é cediço, a solidariedade não se presume. Ela decorre da vontade das partes, ou diretamente de disposição legal, como é o presente caso. Nesse viés, com fundamento de validade nos dispositivos constitucional e legal revisitados, o legislador ordinário honrou dispor no inciso IX do art. 30 da Lei n° 8.212/91 que as empresas integrantes de grupo econômico, de qualquer natureza, respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações tributárias inseridas na Lei de Custeio da Seguridade Social. Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 30... IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; (grifos nossos) Nesse sentido, assim dispõe a Instrução Normativa SRP n° 3, de 14 de julho de 2005, sob cuja égide se deu a autuação em exame: Instrução Normativa SRPN° 03, de 14/07/2005: Art. 748. Caracterizase grupo econômico quando duas ou mais empresas estiverem sob a direção, o controle ou a administração de uma delas, compondo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica. Art. 749. Quando do lançamento de crédito previdenciário de responsabilidade de empresa integrante de grupo econômico, as demais empresas do grupo, responsáveis solidárias entre si pelo cumprimento das obrigações previdenciárias na forma do art. 30, inciso IX, da Lei n° 8.212, de 1991, serão cientificadas da ocorrência. §1° Na cientificação a que se refere o caput, constará a identificação da empresa do grupo e do responsável, ou representante legal, que recebeu a cópia dos documentos constitutivos do crédito, bem como a relação dos créditos constituidos. §2° É assegurado às empresas do grupo econômico, cientificadas na forma do §1° deste artigo, vista do processo administrativo fiscal. A caracterização do grupo econômico legal decorre da conformação fixada no §2° do art. 2° do DecretoLei n° 5.452/43 CLT. Consolidação das Leis do Trabalho CLT Art. 2° Considerase empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. (...) §2° Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. (grifos nossos) Fl. 1606DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 9 8 Registrese, por relevante, que a jurisprudência pátria, hodiernamente, evoluiu de uma interpretação meramente gramatical do §2° do art. 2° da CLT para o reconhecimento de grupo econômico, ainda que não haja subordinação a uma empresa controladora principal. Admite, portanto, mesmo nas ordens do Poder Judiciário, a configuração de grupo econômico de fato, também denominado ""grupo composto por coordenação"", em que as empresas atuam horizontalmente, no mesmo plano, participando todas do mesmo empreendimento independente do controle jurídico, com base apenas na organização comum da atividade econômica, conforme dessai dos julgados a seguir ementados, perfeitamente aplicáveis ao caso em apreciação: GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. Consoante a melhor doutrina, a personalidade jurídica é o substrato da autonomia dos sujeitos plúrimos que constituem o grupo empresário, podendo se dizer que a autonomia é uma das facetas do grupo econômico, o que, antes de caracterizálo, constituise em nota marcante de sua definição. Quanto à exigência de controle pelo acionista majoritário, tal entendimento encontrase superado pela doutrina e jurisprudência. Admitese, hoje, a existência de grupo econômico independente do controle e fiscalização pela chamada empresa líder. Evoluiuse de uma interpretação meramente literal do artigo 2°, §2°, da CLT, para o reconhecimento do grupo econômico, ainda que não haja subordinação a uma empresa controladora principal. É o denominado "grupo composto por coordenação" em que as empresas atuam horizontalmente, no mesmo plano, participando todas do mesmo empreendimento. No direito do Trabalho impõese, com maior razão, uma interpretação mais elastecida da configuração do grupo econômico, devendose atentar para a finalidade de tutela ao empregado perseguido pela norma consolidada (artigo 2°, §2°, da CLT). Grupo Econômico Caracterização. (TRTRO19827/97 4a T. Rel. Juiz Ronan Neves Cury Publ. MG 22.07.98). GRUPO ECONÔMICO. Empresas que embora tenham situação jurídica distinta, são dirigidas pelas mesmas pessoas, exercem suas atividades no mesmo endereço e uma delas presta serviços somente à outra, formam um grupo econômico, a teor das disposições trabalhistas, sendo solidariamente responsáveis pelos legais direitos do empregado de qualquer delas. (TRT 3a Região. 2T— RO/1551/86 Rel. Juiz Edson Antônio Fiúza Gouthier). GRUPO ECONÔMICO DE FATO. CARACTERIZAÇÃO. O §2.° do art. 2° da CLT deve ser aplicado de forma mais ampla do que seu texto sugere, considerandose a finalidade da norma, e a evolução das relações econômicas nos quase sessenta anos de sua vigência. Apesar da literalidade do preceito, podem ocorrer, na prática situações em que a direção, o controle ou a administração não estejam exatamente nas mãos de uma empresa, pessoa jurídica. Pode não existir uma coordenação, horizontal, entre as empresas, submetidas a um controle geral, exercido por pessoas jurídicas ou físicas, nem sempre revelado nos seus atos constitutivos, notadamente quando a configuração do grupo quer ser dissimulada. Provados fartamente, o controle e a direção por determinadas pessoas físicas que, de fato, mantém a administração das empresas, sob um comando único, configurado está o grupo econômico, incidindo a responsabilidade solidária. (TRT/15a REGIÃO. Decisão N° 061975/2005PATR., Relatora: MARIANE KHAYAT, publicado em 19/12/2005) O grupo econômico de fato se caracteriza, portanto, pela reunião de várias pessoas, físicas ou jurídicas, cada uma com personalidade jurídica e patrimônio formalmente distintos e próprios, que combinam efetivamente recursos ou esforços para a Fl. 1607DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 10 9 realização dos respectivos objetos, ou para participar de atividades ou empreendimentos comuns, conforme assim preconizado no inciso I do art. 124 do CTN. No caso da responsabilidade solidária de fato prevista no inciso I do art. 124 do CTN, assentado que a expressão interesse comum utilizada pelo legislador acomoda um conceito jurídico indeterminado, mostrase alvissareiro procedermos a uma exegese mais atenta do texto legal de molde a se determinar o real conteúdo e o alcance da norma in abstrato. Autores de nomeada de há muito prelecionam que o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal implica que as pessoas solidariamente obrigadas sejam os "sujeitos da relação jurídica que deu azo à ocorrência do fato imponível. A respeito do tema, o eminente Paulo de Barros Carvalho (in Curso de Direito Tributário, Ed. Saraiva, 8a ed., 1996, p. 220) fez verter sucintas palavras, não obstante profícuas, conforme se vos seguem: "... o interesse comum dos participantes no acontecimento factual não representa um dado satisfatório para a definição do vínculo da solidariedade. Em nenhuma dessas circunstâncias cogitou o legislador desse elo que aproxima os participantes do fato, o que ratifica a precariedade do método preconizado pelo inc. I do art. 124 do Código. Vale sim, para situações em que não haja bilateralidade no seio do fato tributado, como, por exemplo, na incidência do IPTU, em que duas ou mais pessoas são proprietárias do mesmo imóvel. Tratandose, porém, de ocorrências em que o fato se consubstancie pela presença de pessoas em posições contrapostas, com objetivos antagônicos, a solidariedade vai instalarse entre sujeitos que estiveram no mesmo polo da relação, se e somente se for esse o lado escolhido pela lei para receber o impacto jurídico da exação. É o que se dá no imposto de transmissão de imóveis, quando dois ou mais são os compradores; no ICMS, sempre que dois ou mais forem os comerciantes vendedores; no ISS, toda vez que dois ou mais sujeitos prestarem um único serviço ao mesmo tomador". Na mesma linha de raciocínio segue o escólio de Rubens Gomes de Sousa sobre a matéria, em sua renomada obra Compêndio de Legislação Tributária, Edições Financeiras, 3a ed., pag. 67, in verbis: "São solidariamente obrigadas pelo crédito tributário as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, segundo prevê o art. 124, I, do CTN. O interesse comum das pessoas não é revelado pelo interesse econômico no resultado ou no proveito da situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, mas pelo interesse jurídico, que diz respeito à realização comum ou conjunta da situação que constitui o fato gerador. É solidária a pessoa que realiza conjuntamente com outra, ou outras pessoas, a situação que constitui o fato gerador, ou que, em comum com outras pessoas, esteja em relação econômica com o ato, fato ou negócio que dá origem a tributação". O entendimento acima esposado não se atrita com o magistério do mestre Hugo de Brito Machado (in Curso de Direito Tributário, Ed. Melhoramentos, 27a edição, 2006, p.165), que preleciona: "... o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação, cuja presença cria a solidariedade, não é um interesse meramente de fato, e sim um interesse jurídico. Interesse que decorre de uma situação jurídica'" Fl. 1608DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 11 10 No caso vertente, os fatos concretos e documentos que caracterizam o Grupo Econômico de Fato ora em debate encontramse descritos, de maneira bem detalhada, nos relatórios e demais documentos que integram presente Auto de Infração. Merece ser destacado neste comenos, de molde a espancar sofismas, que os esquemas idealizados por pessoas inescrupulosas visando a fraudar uma determinada relação jurídica e trazer benefícios para os fraudadores são, via de regra, refratários aos olhares indiscretos daqueles que podem, com eficácia plena, denunciálos às partes prejudicadas pela fraude, razão pela qual inexistem, em regra, provas diretas da existência da fraude ou da simulação. Todavia, a fraude e a simulação deixam quase sempre vestígios que as denunciam: produzem fatos, atos e circunstâncias que a experiência aponta como sintomas ou indícios do caráter fictício ou imaginário de um ato jurídico fraudulento ou simulado. Em razão de tal acobertamento, tais defeitos da vontade declarada têm que ser provados através dos indícios e evidências que as operações realizadas na execução de tais esquemas vão deixando pelo seu caminho. Assim, pelos meios admissíveis em direito, nomeadamente, através de testemunhas, documentos, a experiência, etc., a Fiscalização reúne os meios de prova relativos a esses fatos, indícios ou circunstâncias, e o Julgador, apreciandoos segundo o seu livre convencimento e prudente critério, conjugandoos com os fins pretendidos pelo Increpado, forma o seu juízo. A Fraude configurase como o engano malicioso ou a ação astuciosa, promovida de máfé pelo agente, para a ocultação da verdade sobre fato relevante ou fuga ao cumprimento do dever. Nestas condições, a fraude traz consigo o sentido do engano, não como se evidencia no dolo, em que se mostra a manobra fraudulenta para induzir outrem à prática de ato de que lhe possa advir prejuízo, mas o engano oculto para furtarse o fraudulento ao cumprimento do que é de sua obrigação ou para logro de terceiros. A fraude sempre se funda na prática de ato lesivo a interesse de terceiros ou da coletividade, em proveito próprio, sendo, por isso, indicativa de lesão de interesses individuais, ou contravenção de regra jurídica a que se está obrigado. A simulação, por seu turno, representa um esforço de construção artificial, distanciada e deformadora da realidade, e raras vezes essa construção será um todo lógico e coerente, que forma cobertura completa dos fatos. A verdade vem à superfície e denunciase através de brechas daquela construção. Os indícios que fazem presumir a simulação serão particularmente convincentes se se tornar aparente um motivo simulatório. Atentese que, muita vez, um ou poucos atos ou indícios isolados não são suficientes para a caracterização da fraude ou da simulação. Todavia, quando apreciados em seu conjunto, atrelados aos fins pretendidos pelos seus idealizadores, tais vícios do ato jurídico avultam de maneira hialina. É o que sói ocorrer no caso presente nos autos: a) O quadro social de ambas as empresa é constituído por parentes do Sr. Pedro Gustavo Cordoba: Fl. 1609DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 12 11 A empresa Technopulp Industrial Ltda tem por objeto social a industrialização e comercialização de equipamentos industriais para indústrias de papel, celulose, açúcar, álcool, sucos cítricos e mineração, e tem por sócios: Pedro Gustavo Córdoba = 4.500 cotas; Maria Beatriz de Córdoba = 1.500 cotas A administração da sociedade é limitada ao sócio Pedro Gustavo Córdoba. A empresa Cordoba Industrial Ltda tem por objeto social a fabricação de máquinas e equipamentos para as indústrias de alimentos, bebidas e fumo, peças e acessórios, e tem por sócios: Pedro Gustavo Córdoba Júnior = 95% das cotas; Laura Tereza Nather Córdoba = 5 % das cotas. Laura Tereza Nather Córdoba é esposa de Pedro Gustavo Córdoba, com quem fundou a empresa Technopulp Industrial Ltda. em 25/04/1977, retirandose da sociedade em 31/01/2004. É sócia minoritária da empresa Córdoba Industrial desde 01/01/2004. • Pedro Gustavo Córdoba Júnior é filho de Pedro Gustavo Córdoba e Laura Tereza Nather Córdoba; Sócio majoritário, administrador e fundador da empresa da Córdoba Industrial em 18/03/1999, com sua exesposa Paola Junqueira da Veiga Bonini. • Paola Junqueira da Veiga Bonini é exesposa de Pedro Gustavo Córdoba Júnior, com quem fundou a empresa Córdoba Industrial em 18/03/1999, retirandose da sociedade em 01/01/2004. • Maria Beatriz de Córdoba é filha de Pedro Gustavo Córdoba e Laura Tereza Nather Córdoba e irmã de Pedro Gustavo Córdoba Júnior; Sócia majoritária da empresa Technopulp Industrial Ltda desde 01/08/2003 com a saída de sua mãe e exsócia Laura Tereza Nather Córdoba. Esta organização e origem única, de membros da mesma família, trabalhando no mesmo ramo de atividade, com os mesmos produtos, apenas separadas em duas pessoas jurídicas, reforça a convicção da fiscalização de que, na verdade, tratase de um grupo econômico organizado em duas empresas com a finalidade exclusiva de suprimir ou reduzir a carga tributária da contribuição previdenciária incidente sobre a remuneração dos segurados empregados do grupo, com o enquadramento indevido de uma das empresas no Simples Nacional, justamente a empresa onde se concentra praticamente a totalidade da mãode obra do grupo a Technopulp e direcionando mais de 92% da totalidade do faturamento do grupo para a outra empresa, a Córdoba, que só tem um empregado registrado na limpeza, que, na verdade, tratase de uma empregada doméstica. A constituição de empresa do Simples Nacional em nome de parentes e/ou "laranjas" se justifica pelo fato de a Lei Complementar n° 123/2006 vedar a opção pelo sistema simplificado de empresa de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não optante, ou cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos. Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006 Fl. 1610DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 13 12 Art. 3° Para os efeitos desta Lei Complementar, consideramse microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada anocalendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); II no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada anocalendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais). §1° Considerase receita bruta, para fins do disposto no caput deste artigo, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. §2° No caso de início de atividade no próprio anocalendário, o limite a que se refere o caput deste artigo será proporcional ao número de meses em que a microempresa ou a empresa de pequeno porte houver exercido atividade, inclusive as frações de meses. §3° O enquadramento do empresário ou da sociedade simples ou empresária como microempresa ou empresa de pequeno porte bem como o seu desenquadramento não implicarão alteração, denúncia ou qualquer restrição em relação a contratos por elas anteriormente firmados. §4° Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica: I de cujo capital participe outra pessoa jurídica; II que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; III de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; IV cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; V cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; VI constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII que participe do capital de outra pessoa jurídica; VIII que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IX resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anoscalendário anteriores; X constituída sob a forma de sociedade por ações. §5° O disposto nos incisos IV e VII do § 4° deste artigo não se aplica à participação no capital de cooperativas de crédito, bem como em centrais de compras, bolsas de subcontratação, no consórcio referido no art. 50 desta Lei Complementar e na sociedade de propósito específico prevista no art. 56 desta Lei Complementar, e em associações assemelhadas, sociedades de interesse econômico, sociedades de garantia solidária Fl. 1611DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 14 13 e outros tipos de sociedade, que tenham como objetivo social a defesa exclusiva dos interesses econômicos das microempresas e empresas de pequeno porte. §6° Na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno porte incorrer em alguma das situações previstas nos incisos do § 4° deste artigo, será excluída do regime de que trata esta Lei Complementar, com efeitos a partir do mês seguinte ao que incorrida a situação impeditiva. §7° Observado o disposto no § 2° deste artigo, no caso de início de atividades, a microempresa que, no anocalendário, exceder o limite de receita bruta anual previsto no inciso I do caput deste artigo passa, no anocalendário seguinte, à condição de empresa de pequeno porte. §8° Observado o disposto no § 2° deste artigo, no caso de início de atividades, a empresa de pequeno porte que, no anocalendário, não ultrapassar o limite de receita bruta anual previsto no inciso I do caput deste artigo passa, no anocalendário seguinte, à condição de microempresa. §9° A empresa de pequeno porte que, no anocalendário, exceder o limite de receita bruta anual previsto no inciso II do caput deste artigo fica excluída, no anocalendário seguinte, do regime diferenciado e favorecido previsto por esta Lei Complementar para todos os efeitos legais. §10. A microempresa e a empresa de pequeno porte que no decurso do anocalendário de início de atividade ultrapassarem o limite de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) multiplicados pelo número de meses de funcionamento nesse período estarão excluídas do regime desta Lei Complementar, com efeitos retroativos ao início de suas atividades. §11. Na hipótese de o Distrito Federal, os Estados e seus respectivos Municípios adotarem o disposto nos incisos I e II do caput do art. 19 e no art. 20 desta Lei Complementar, caso a receita bruta auferida durante o anocalendário de início de atividade ultrapasse o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais) ou R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), respectivamente, multiplicados pelo número de meses de funcionamento nesse período, estará excluída do regime tributário previsto nesta Lei Complementar em relação ao pagamento dos tributos estaduais e municipais, com efeitos retroativos ao início de suas atividades. §12. A exclusão do regime desta Lei Complementar de que tratam os §§ 10 e 11 deste artigo não retroagirá ao início das atividades se o excesso verificado em relação à receita bruta não for superior a 20% (vinte por cento) dos respectivos limites referidos naqueles parágrafos, hipóteses em que os efeitos da exclusão darseão no anocalendário subsequente. b) As empresas operavam no mesmo complexo industrial. A fiscalização diligenciou primeiro a Technopulp, no seu endereço que consta no cadastro da Receita Federal do Brasil RFB, na Av. Marechal Costa e Silva n° 3.263, e constatou que se trata de um galpão industrial, mas sem acesso para visitantes, tendo apenas portões para entrada e saída de veículos para entrega e retirada de materiais. Não conseguindo acesso à Technopulp nesse endereço, a fiscalização se dirigiu para o endereço da Córdoba, que fica na rua dos fundos Rua Américo Reis n° 332, onde foram recebidos por um empregado e responsável técnico da Technopulp, que os orientou a se dirigir ao escritório das empresas na Av. Vereador Manir Calil n°. 276, no bairro Alto da Boa Vista, onde ficam as áreas comercial, técnica, administrativa e direção das duas empresas. A Fiscalização constatou que o espaço físico das duas empresas é conjugado, ou seja, trata se de um imenso galpão com entradas pelas duas ruas (Av. Marechal Costa e Silva n° 3.263 e Rua Américo Reis n° 332), pintados e identificados no mesmo padrão, que servem às duas empresas indistintamente. O galpão da Córdoba no endereço da Rua Américo Reis n° 332, é, na verdade, ocupado e utilizado pelos empregados da Technopulp. As máquinas, equipamentos e pessoal, tudo é personalizado com a marca Technopulp; os funcionários também são os empregados da Technopulp, mas trabalhando no endereço da Córdoba. O contrário também ocorre na parte administrativa, comercial e de direção. A Technopulp está registrada na Av. Marechal Costa e Silva n° 3.263, mas tem suas áreas comercial e Fl. 1612DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 15 14 administrativa na filial da Córdoba, na Av. Vereador Manir Calil n° 276, no bairro Alto da Boa Vista, conforme apresentado pela própria empresa nos cartões de visita de seus empregados. O próprio número do telefone da Technopulp divulgado em sua página na internet (16 39117474), e nos cartões de visita, está instalado na Av. Vereador Manir Calil n° 276, em nome da Córdoba. No que diz respeito ao aspecto estrutural e organizacional das Autuadas, podese comprovar que as duas empresas compartilham recursos físicos, técnicos, de pessoal, operacionais, de máquinas e equipamentos, enfim, tudo é compartilhado, demonstrando que a confusão patrimonial entre ambas é plena, estando livremente distribuídas e organizadas nas instalações das duas empresas, compartilhando e dividindo todos os seus recursos, demonstrando que, na verdade, são uma única organização, apenas separadas formalmente em duas pessoas jurídicas por uma questão tributária, meramente para usufruir indevidamente do benefício tributário do Simples Nacional. Porém, não apenas o aspecto da confusão patrimonial e do compartilhamento de recursos levou a fiscalização à convicção da formação do grupo econômico e, principalmente, da irregularidade do enquadramento no Simples Nacional pela Technopulp. A fiscalização identificou que o grupo Córdoba/Technopulp se organizou em duas empresas separadas, criando a Córdoba em 1999, exclusivamente com o objetivo de reduzir tributos e suprimir os meios legais de sua cobrança, mantendo toda a mãodeobra e uma pequena parte do faturamento na Technopulp para enquadrarse no Simples Nacional e direcionando grande parte ou quase a totalidade do faturamento para a Córdoba, com apenas uma empregada na limpeza (doméstica), porém utilizandose da mesma mãode obra dos empregados da Technopulp. Com isso omitiram a real condição de grupo econômico para, separadamente, se utilizarem de benefícios fiscais e tributários com o enquadramento indevido da Technopulp no Simples Nacional. O quadro abaixo apresenta os valores e percentuais correspondentes aos gastos com empregados declarados em GFIP e faturamentos declarados em DIPJ das empresas do grupo: Os percentuais acima demonstram claramente a estratégia utilizada pelo grupo para fraudar o fisco e suprimir tributo previdenciário: O faturamento do grupo é concentrado na Córdoba (92,8%), que é tributada para a Seguridade Social com base na folha de pagamento (2,7 %), na qual se encontra registrada uma única empregada doméstica. EMPRESA FATURAMENTO FOLHA DE PAGAMENTO 2008 2009 2008 2009 CORDOBA 16.111.626,11 15.640.217,18 15.518,33 17.790,47 TECHNO PULP 1.258.015,99 1.212.243,65 585.109,55 595.498,02 EMPRESA FATURAMENTO FOLHA DE PAGAMENTO 2008 2009 2008 2009 CORDOBA 92,76 92,81 2,58 2,90 TECHNO PULP 7,24 7,19 97,42 97,10 Fl. 1613DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 16 15 A mão de obra utilizada pelo grupo é concentrada na Technopulp (97,3%), a qual, na condição de empresa optante pelo Simples Nacional, é tributada para a Seguridade Social sobre o faturamento bruto anual (7,2%) Tem alguma coisa muito errada com esses números: Como pode uma empresa, sem equipamentos, sem instalações, sem empregados e sem produção industrial, operando no mesmo ramo empresarial, faturar quase treze vezes mais que uma empresa que dispõe de vasta mão de obra, instalações, equipamentos e todo o parque industrial e administrativo ??? Tal contingência corrobora, de maneira significativa, para a conclusão da presença de grupo econômico de fato, além de fraude, simulação e conluio. Assim, com a devida manipulação do faturamento que é destinado, contabilmente, à Technopulp, garantese não somente a sua permanência no Simples Nacional, com também a tributação mínima, tanto sobre a folha de pagamento, quanto sobre o faturamento bruto anual. Relembrese que dentre as vedações à opção pelo Simples Nacional, dois fatores se destacam no caso em estudo: • A administração da empresa exercida por outra pessoa que participe com mais de 10% (dez por cento) em outra empresa não beneficiada pelo Simples Nacional, fato que justifica a criação da empresa em nome de "laranjas". • A receita bruta anual do grupo econômico exceder o limite legal de R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais). No caso em estudo, considerando que a Córdoba e Technopulp formam um grupo econômico, como de fato o são, as receitas brutas anuais do grupo nos anos de 2008 e 2009 excederam, em muito, o limite de R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais) estabelecido pela lei, conforme quadro abaixo: EMPRESA 2008 2009 CORDOBA 16.111.6 26,11 15.640.217, 18 TECHNO PULP 1.258.01 5,99 1.212.243,6 5 TOTAL 17.369.642,10 16.852.460,83 c) A administração das empresas Córdoba e Technopulp eram exercidas, simultaneamente, por Pedro Gustavo Córdoba Júnior, sócio administrador da Córdoba. Tal fato foi, inclusive, confirmado pelo próprio Pedro em reunião na empresa no dia 22/01/2013, quando da entrega dos TIF n° 01 e 02, onde ele mesmo explicou que as empresas são eminentemente técnicas, de engenharia, e que sua irmã, Maria Beatriz de Córdoba, sócia da Technopulp, não tem conhecimento técnico para administrar a empresa e, portanto, as duas empresas sempre foram administradas por ele, tanto no aspecto técnico como no administrativo, comercial e financeiro, desde o afastamento de seu pai, e inclusive até a presente data. Fl. 1614DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 17 16 Em todas as visitas feitas à Technopulp para entrega de intimações, tanto em seu endereço formal na Av. Marechal Costa e Silva n° 3.263 quanto no seu endereço administrativo técnicocomercial na filial da Córdoba na Av. Vereador Manir Calil, n° 276, no Alto da Boa Vista, a fiscalização sempre foi recebida pelo Pedro Gustavo Córdoba Jr , nunca sendo recebida ou tendo se encontrado com os sócios da Technopulp. A Fiscalização sempre foi informada de que os sócios da Technopulp não comparecem nem participam da administração da empresa e que o responsável pelas empresas é o Pedro Gustavo Córdoba Jr. Na ocasião da entrega do TIPFD para início da ação fiscal a Fiscalização foi recebida pelo advogado da Technopulp, que informou que a sócia Maria Beatriz de Córdoba não estava em condições de saúde para comparecer à empresa para assinar o TIPFD. A fiscalização então abriu uma exceção e permitiu que o advogado levasse o termo até sua residência para que ela assinasse e devolvesse em seguida à fiscalização. Na ocasião das demais visitas à Technopulp para entrega de novas intimações, a Fiscalização foi informada de a sócia Maria Beatriz de Córdoba estava viajando e que o outro sócio, Danilo César Nather, não comparece nem participa de nenhuma forma da administração da empresa. Nestas ocasiões, quem recebeu as intimações foi a assistente financeira da Technopulp, Rosana Ferreira Spadella. Corrobora a conclusão de que a administração da Technopulp é exercida por Pedro Gustavo Córdoba Jr o fato de que TODOS os cheques da Technopulp emitidos no período da ação fiscal foram por ele assinados. Tal circunstância comprova que, além da representação técnica e comercial do grupo, Pedro Gustavo Córdoba Jr também exercia totalmente administração financeira, com livre movimentação das contas correntes da Technopulp, constituindose também como administrador financeiro do grupo. O Termo de Constatação de Reitimação Fiscal n° 03 e o Termo de Intimação Fiscal n° 04 enviados à Technopulp para solicitação de documentos foram recebidos pelo Pedro Gustavo Córdoba Jr , sócio e administrador da Córdoba, conforme consignado nos AR n°. RQ 77670687 0 BR e RQ 77670681 8 BR respectivamente. A representação técnica e comercial acima mencionada pode ser comprovada pelo próprio cartão de visita apresentado por Pedro Gustavo Córdoba Jr na ocasião da primeira visita da fiscalização para entrega do TIPFD à Technopulp e TIPF à Córdoba, sendo personalizado e timbrado da Technopulp, com endereço, telefone e email desta empresa, e com lotação no departamento técnicocomercial da Technopulp. Pedro Gustavo Córdoba Jr é engenheiro e detém os conhecimentos necessários para representação técnica da Technopulp, título e conhecimentos que os próprios sócios da empresa, Maria Beatriz de Córdoba e Danilo César Nather, não têm. Conforme informado pelo próprio Pedro Gustavo Córdoba Jr na ocasião da dos TIF n° 01 e 02 em 22/01/2012, quem atende aos clientes, prospecta serviços e fecha negócios para a Technopulp e para o grupo é ele, pois é o único que tem conhecimento técnico, operacional e financeiro sobre os produtos e serviços da empresa para negociar com os clientes e fornecedores, pois estes produtos e serviços são altamente específicos e requerem um conhecimento técnico de engenharia que somente ele tem. Fl. 1615DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 18 17 Pedro Gustavo Córdoba Jr também foi responsável pelo endereço "wwwJechnopulp.com.br" do site oficial da Technopulp na internet, junto ao Registro de Domínios para a Internet no Brasil no período entre 2004 e 2009, conforme pode ser observado na pesquisa feita no sítio do Registro.br. Merece ser mencionado que o sócio Danilo César Nather recentemente prestou concurso público para a Caixa Econômica Federal, tendo sido aprovado para o quadro de reserva, conforme informado na página da Central dos Concursos do Professor Pimentel CCPP na internet. O resultado foi divulgado pela Caixa Econômica Federal na Seção 3 do Diário Oficial da União DOU n° 115, de 15/06/2012, onde conta o nome do aprovado Danilo César Nather na pág. 324. Tal fato reforça a informação dos empregados e da fiscalização de que o sócio Danilo César Nather não participava de nenhuma forma da administração da empresa Technopulp, somente emprestava seu nome para a constituição da sociedade. A administração geral das duas empresas foi reiteradamente confirmada pelo próprio Pedro Gustavo Córdoba Jr, fato já confirmado inclusive pelo próprio contador das empresas Danilo Fernandes Leite em diálogo com a Fiscalização, pelo telefone, para esclarecimento quanto à documentação solicitada em intimação. d) A Fiscalização apurou a movimentação financeira entre as empresa Córdoba e Technopulp. A fiscalização encontrou lançamentos de pagamentos de despesas pessoais dos sócios da Córdoba no Relatório de Movimento Financeiro RMF da Technopulp, conforme demonstrado no "RELATÓRIO DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA" (RMF) da TECHNOPULP, anexo ao Relatório Fiscal, dos quais seguem alguns exemplos a título meramente ilustrativo: • Manutenção do veículo Discovery, placa APC6116, de propriedade de Pedro Gustavo Córdoba Jr., no valor de R$ 375,78. • Conserto do carro Honda Fit, placa DNK2186, de propriedade de Laura Tereza Nather Córdoba, sócia de Pedro na Córdoba, através do cheque n°. 1909 da Technopulp, assinado pelo próprio Pedro Gustavo Córdoba Jr , em favor de Paulinho Martelinho de Ouro, no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais). • Compra de um telefone celular para o sócio da Technopulp Danilo César Nather, paga pela Córdoba e registrada no RMF da Córdoba, no valor de R$ 1.500,00 • Diversas despesas da Technopulp foram pagas pela Córdoba através de pagamentos via internet na contacorrente n° 315209 da Córdoba no banco Itaú, conforme ilustrado no quadro demonstrativo a fls. 39/40. A fiscalização encontrou também no Relatório de Movimentação Financeira da Córdoba diversos pagamentos feitos a título de "Empréstimo" à pessoa física, descritos no RMF de 2008 e 2009 como "TP Adiantamento", e intimou a empresa a prestar os esclarecimentos sobre estes pagamentos no TIF n° 04 e reiterado no TIF n° 05. Em resposta, Pedro Gustavo Córdoba Jr e o contador Danilo informaram que estes pagamentos se referem, na verdade, a despesas da Technopulp (por isso "TP": abreviação Fl. 1616DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 19 18 de Technopulp) feitas pela Córdoba no período em que aquela empresa passou por dificuldades financeiras. Entretanto, a fiscalização não encontrou na contabilidade nem nas declarações de imposto de renda das empresas Technopulp e Córdoba qualquer lançamento de empréstimo entre as empresas, indicando que, na verdade, não houve empréstimo algum, mas, sim, o simples pagamento de despesas da Technopulp pela Córdoba. Tais despesas montaram valores que nos exercícios de 2008 e 2009 ultrapassaram a cifra de 1,1 milhões de Reais, conforme ilustrado no quadro a fls. 40/41. Tais transferências aumentavam o fluxo de caixa da Technopulp, sem alterar o seu faturamento contábil, contribuindo para a manutenção da Technopulp no Simples Nacional e reduzindo o valor do tributo por ela recolhido. A Fiscalização apurou no item "04. Ordenados, Salários, Comissões, Gratif. e Outras Remunerações a Empregados" da "Ficha 70 Informações Previdenciárias" das Declarações de Imposto de Renda Pessoa Jurídica DIPJ das empresas Technopulp e Córdoba os seguintes valores lançados de despesas com pessoal: EMPRESA 2008 2009 CORDOBA não declarou 0,00 TECHNO PULP 482.500,00 523.740,00 Em contrapartida, os empregados do grupo estão maciçamente registrados nos Livro de Registro de Empregados e declarados nas GFIP na Technopulp (em média 30 segurados empregados e dois segurados contribuintes individuais), restando na Córdoba, tão somente, um empregado da limpeza, que na verdade se trata de uma empregada doméstica, e os dois sócios (SCI), conforme ilustrado no quadro a fl. 41. Os Relatórios de Movimento Financeiro das empresas confirmam que os empregados estão registrados e declarados na Technopulp, mas a despesa com pessoal está declarada integralmente na Córdoba, confirmando que os lançamentos não foram empréstimos, tratandose apenas de simulação para encobrir a real natureza das operações. Mediante tal artificio contábil, a Córdoba considerou indevidamente as despesas com pessoal da Technopulp no cálculo de apuração do seu lucro, o que tem reflexos diretos nos tributos que têm como base de cálculo o lucro líquido (ex: imposto de renda), fraudando o fisco federal, fato que foi objeto de representação administrativa. Tais pagamento de despesa das empresas e pessoais dos sócios da Córdoba pela Technopulp e viceversa, sem o devido registro das operações em conta específica na contabilidade, além dos outros aspectos já antes mencionados, comprovam a livre movimentação financeira entre as empresas e autonomia financeira de Pedro Gustavo Córdoba Jr nas contas bancárias das empresas Córdoba e Technopulp, demonstrando a estreita ligação entre elas, reforçando ainda mais a convicção da fiscalização que as empresas Córdoba e Technopulp se constituem, na verdade, um grupo econômico de fato. Merece ser mencionado que, hodiernamente, considerase "Empresa" o exercício organizado de atividade econômica, na forma de unidade econômicosocial, integrada por elementos humanos, materiais, técnicos e logísticos, visando à produção ou a circulação de Fl. 1617DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 20 19 bens ou de serviços, mediante o emprego de fatores de produção no sistema capitalista, capital, mãodeobra, insumos e tecnologia objetivando a geração de lucro. Estruturar uma atividade econômica implica a articulação dos fatores de produção adequados (capital, mãodeobra, insumos e tecnologia) que viabilizem a oferta no mercado consumidor, a preços e qualidade competitivos, dos bens/serviços que se pretenda produzir. Já o exercício da atividade econômica exige habitualidade, pessoalidade, detenção do monopólio de informações pelo empresário sobre o produto ou serviço objeto de sua empresa e a produção do lucro, o qual irá remunerar os empresários, os empregados e alavancar o desenvolvimento da empresa. Assim, o exercício da atividade econômica traz consigo a noção inafastável de continuidade, circunstância que afasta, peremptoriamente, qualquer atividade exercida em caráter eventual. A função social primária imediata da empresa é, pois, a geração de lucro para seus proprietários e acionistas, remunerando o capital que investiram na estruturação da pessoa jurídica e no desenvolvimento a contento de seu objeto social. Por outro lado, a função social secundária mediata da empresa consiste na geração de empregos e pagamento de salários, contribuindo assim para o desenvolvimento social dos seus empregados e dependentes, além de contribuir para o Estado Social através do pagamento de tributos e outros encargos sociais. O lucro é, portanto, o produto do capital investido na empresa por seus proprietários/investidores, enquanto que a remuneração é a contrapartida pelo trabalho realizado pelo elemento humano da empresa na realização do seu objeto social e na consecução do lucro do capital. As circunstâncias materiais do caso em análise revelam estarmos diante de uma única entidade empresarial, subdividida, entretanto, mas tão somente no campo formal, em duas pessoas jurídicas aparentemente distintas, sendo que uma detém o capital e contabiliza os lucros, enquanto que a outra comporta os elementos humanos e materiais mão de obra, equipamentos, instalações, etc. A conjunção dos elementos de produção concentrados em cada uma das subentidades acima citadas (capital, mão de obra, insumos, instalações, lucro, etc) produzem uma unidade empresarial única, representada pelo Grupo Econômico de Fato consubstanciado pela Córdoba e pela Technopulp. Em reforço à ilação acerca da existência de grupo econômico de fato, verificamos que os instrumentos de Recurso Voluntário interpostos pela Córdoba e pela Technopulp são idênticos em forma e conteúdo, sendo patrocinados pelo mesmo grupo de advogados, fato que revela a insofismável existência de uma unidade de comando e de desígnios. As provas dos autos não deixam dúvidas de que a Córdoba era utilizada no esquema fraudulento ora em debate com a exclusiva missão de desviar o faturamento do grupo (93%), reduzindo dessarte do faturamento da Technopulp (7%), empresa enquadrada no Simples Nacional, operação que reflete em significativos impactos na carga tributária Fl. 1618DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 21 20 previdenciária total do grupo econômico em questão, na medida em que a Córdoba, cuja tributação previdenciária incide sobre a folha de pagamento, detém 93% do faturamento e apenas 01 empregado, de baixo salário, lotado na limpeza, enquanto que a Technopulp, tributada com base no faturamento, deste é agraciada com apenas 7%, mantendo em sua folha de pagamento a quase totalidade dos empregados do grupo econômico em questão. Em razão das irregularidades apuradas in loco pela Fiscalização, houve se por formalizada Representação Fiscal para Desenquadramento do Simples, da qual resultou o Ato Declaratório Executivo ADE n° 07/2013, que excluiu a empresa Technopulp Industrial ltda do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, por infração ao disposto nos incisos II, IV e V do §4° do art. 3° da Lei Complementar n° 123/2006, com efeitos a partir de 01 de janeiro de 2008. Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006 Art. 3° Para os efeitos desta Lei Complementar, consideramse microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: (...) §4° Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica: (...) II que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; (...) IV cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; V cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; (...) Aditese que a Manifestação de Inconformidade interposta em face do citado ADE n° 07/2013 foi julgada improcedente pelo DRJ/RPO, no termos do Acórdão n° 1446.729 16a Turma da DRJ/RPO, a fls. 30/52 do Processo Administrativo Fiscal n° 10840.721114/201381, o qual não comporta créditos tributários em litígio, mas, somente, a exclusão do Simples Nacional. Inconformado com a decisão de 1a Instância acima apontada, a Technopulp interpôs Recurso Voluntário a fls. 56/70, o qual se encontra ainda pendente de julgamento nas Ordens deste CARF. Do exame da documentação coligida aos autos pela fiscalização, ante todos os elementos de prova então presentes, avulta existir entre as empresas Córdoba e Technopulp não apenas um mero interesse econômico, mas, com precisão, um interesse jurídico, haja vista que as empresas arroladas pela fiscalização envidaram esforços significativos na atividade empresarial comum do grupo, e na realização da situação Fl. 1619DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 22 21 jurídica que constitui o fato gerador da obrigação principal objeto deste lançamento, configurandose, na realidade nua dos fatos, uma única entidade empresarial, de onde se extrai a solidariedade entre elas, por força do preceito inscrito no inciso I do art. 124 do CTN. Nessas circunstâncias, são solidárias as pessoas que realizaram conjuntamente a situação que constitui o fato gerador, ou as que, em comum com outras pessoas, possuam relação econômica com o ato, fato ou negócio que deu origem à tributação, a teor do inciso I do art. 124 do CTN. Código Tributário Nacional CTN Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta beneficio de ordem. As provas constantes dos autos são eloquentes, precisas e convergentes. Eloquentes, porque revelam, de maneira detalhada, todo o mecanismo arquitetado pelos seus idealizadores para a consecução dos fins pretendidos, consubstanciados no proveito das pessoas ora arroladas, em detrimento da arrecadação tributária; Precisas, porque delas avulta, de maneira inequívoca, a participação intensiva e essencial das empresas Córdoba e Technopulp na condução das operações representativas de fatos geradores de contribuições previdenciárias ora lançadas, e são convergentes porque todas as provas documentais, depoimentos e indícios conduzem a essa mesma ilação. 3.1.1. DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA A pedra fundamental sobre a qual se edifica a doutrina atinente à responsabilidade solidária encontrase assentada na Constituição Federal de 1988, cujo art. 146, topograficamente inserido no capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacional, fixou a competência da lei complementar para o estabelecimento de normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente, dentre outros, sobre fatos geradores, obrigação e crédito tributários, e contribuintes, conforme se vos segue: Constituição Federal de 1988 Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Bailando em sintonia com os tons alvissareiros orquestrados pelo Constituinte Originário, sob a batuta do seu regente Ulisses Guimarães, o art. 121 do CTN, em performance pa de deux normativa harmônica com o regramento acima ponteado, ao Fl. 1620DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 23 22 escolher os atores da obrigação tributária principal, reservou o papel do sujeito passivo à figura do contribuinte ou, a critério da lei, do responsável tributário. Código Tributário Nacional Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal dizse: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Imerso em tal contexto constitucional, o instituto da solidariedade alicerçou suas escoras no art. 124 do CTN, o qual reconheceu a existências de duas modalidades de solidariedade aplicáveis ao direito tributário, a saber, a solidariedade de fato, verificada entre as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, e a solidariedade legal, a qual se avulta nas hipóteses taxativamente previstas na lei. Código Tributário Nacional CTN Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta beneficio de ordem. Em ambos os casos acima ponteados, o CTN honrou estatuir que o instituto da solidariedade tributária não se confunde com o da subsidiariedade, eis que excluiu expressamente, de maneira peremptória, o beneficio de ordem. No que pertine às contribuições previdenciárias, a matéria em realce tem sua disciplina estruturada no art. 30 da Lei n° 8.212/91, cujo inciso IX confere as condições de contorno específicas à solidariedade tributária das empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza, pelas obrigações tributárias previstas na Lei de Custeio da Seguridade Social. Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (...) IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; Nesse panorama, verificando o auditor fiscal a existência de grupo econômico de fato, nos termos abrigados no inciso I do art. 124 do CTN, estabelecese definitivamente a solidariedade em estudo entre as empresas integrantes do grupo econômico, podendo o fisco, ante a inexistência do beneficio de ordem, efetuar o lançamento do crédito tributário em face de qualquer das empresas do grupo, em face das empresas controladoras do grupo, ou, ainda, em desfavor de todas as empresas em foco, indistintamente, sendo certo que o pagamento efetuado por um aproveitam os demais. Fl. 1621DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 24 23 Diante dos aludidos dispositivos, avulta, por decorrência lógica, que a eleição do sujeito passivo a figurar no polo passivo da obrigação tributária, na ocasião do lançamento, é prerrogativa privativa da autoridade fiscal, consoante dessai das letras que conformam o art. 142 do codex: Código Tributário Nacional CTN Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. A solidariedade tributária não constitui simples forma de eleição de responsável tributário, mas hipótese de garantia que colima, como objetivo precípuo, assegurar a arrecadação e a auxiliar a administração tributária na satisfação de seus interesses. Conferese dessarte, poder ao Fisco de exercer sua ação fiscalizatória diretamente sobre aquele que melhor lhe aprouver, pautandose, por óbvio, nos princípios da legalidade, eficiência, entre outros, inafastáveis da atuação estatal. O Instituto da solidariedade justificase, portanto, pelo propósito de resguardar o adimplemento do crédito tributário, criando mecanismos para que o Estado Arrecadador possa indicar, com exclusividade, em face de quem promoverá o lançamento tributário, não havendo que se falar em benefício de ordem e nem em condições para o exercício desse direito, que não estejam previstas em lei. Com efeito, sob a ótica da garantia, da eficiência e da agilidade da atuação da Administração Tributária na recuperação de créditos previdenciários, exigirse o lançamento primeiramente em face do contribuinte e, subsidiariamente, em face do devedor solidário, configurarseia como um contrassenso, esvaziando por completo o sentido teleológico do instituto em análise, tornandoo inócuo. De outro eito, sob a ótica legal, tal procedimento representaria negativa de vigência aos preceitos inscritos no art. 30, IX, da Lei n° 8.212/91 c.c. art. 124, Parágrafo Único, do CTN, ferindo os mais comezinhos princípios de Direito. Tal compreensão não se atrita com as orientações pautadas no Parecer CJ/MPAS n° 2.376/2000, de cuja redação deflui não haver impedimentos legais para se constituir o crédito tributário tanto em face do contribuinte, como em desfavor do responsável tributário, conforme se depreende dos excertos transcritos a seguir, para uma perfeita compreensão de seus fundamentos. Parecer CJ/MPASn° 2.376/2000 (...) 10. No caso em tela, com a ocorrência do fato gerador, fica o Fisco autorizado a proceder o lançamento, constituindo o devido crédito tributário. Fl. 1622DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 25 24 Este crédito tributário, obviamente, pode ser constituído tanto em face do contribuinte, como do responsável tributário. Pode ser feito em relação ao contribuinte e depois em relação ao responsável, ou ainda, somente em função do responsável tributário. 11. Isto porque o contribuinte e o responsável tributário são solidários em relação à obrigação tributária, não cabendo, nos termos do parágrafo único do artigo 124 do CTN, benefício de ordem. Cabe, portanto, ao credor escolher de quem irá cobrar, dentre os sujeitos passivos, a satisfação da obrigação tributária. E obviamente poderá fazêlo em relação a todos os coobrigados, ou em relação a apenas um deles. (grifos nossos) 12. Havendo responsabilidade solidária, o INSS deve cobrar o seu crédito tanto do contribuinte, quanto do responsável tributário. Deve negar a expedição de CND para os dois e deve inscrever o nome de um e do outro no cadastro de inadimplentes, pois ambos são responsáveis solidários pelo valor total da obrigação. 13. Por outro lado, a lei não veda a existência de mais de um crédito tributário em relação à mesma obrigação tributária. Pode o fisco lançar o tributo (constituir o crédito tributário) e depois anular o lançamento, seja de ofício, seja por ordem judicial, e constituir outro crédito. Por outro lado, pode ainda ser constituído um crédito parcial e depois, verificando tal situação, lançar o crédito restante, tudo incidente sobre a mesma obrigação. Pode ainda constituir um crédito contra o responsável e um outro contra o contribuinte, pois o crédito tributário não se confunde com a obrigação tributária que, neste caso, será sempre a mesma. 14. O que não pode haver é a cobrança de uma obrigação já paga ou negociada, ou seja, se um dos sujeitos passivos do tributo extinguir a obrigação pelo pagamento ou se ocorrer uma das hipóteses previstas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não poderá o INSS cobrar, ou continuar cobrando, a obrigação do outro sujeito passivo. 15. Vejase, portanto, que sobre uma mesma obrigação tributária podem existir diversos créditos tributários, sem que com isso se possa afirmar que esteja havendo bis in idem. Este só ocorreria se houvesse duplicidade de pagamento. Até a ocorrência deste, ou a negociação da dívida, através de um contrato de parcelamento, por exemplo, não há que se falar em bis in idem. 16. Desta forma, temos que o ordenamento jurídico não veda a possibilidade de existência de mais de um crédito sobre a mesma obrigação tributária. O que não pode ser admitido é a cobrança de um débito já pago. 17. Nos casos de responsabilidade solidária, o credor pode escolher, dentre os corresponsáveis solidários, contra quem irá exigir a satisfação da obrigação. A escolha de um deles não exclui a responsabilidade dos demais até mesmo quando a Certidão de Dívida Ativa não contempla o nome do responsável tributário. Nestes casos, a Jurisprudência vem admitindo que a execução fiscal seja direcionada ao responsável, mesmo quando o nome deste não esteja na CDA. 18. Vejamos a propósito o seguinte precedente do Eg. Superior Tribunal de Justiça: EMENTA: PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO FISCAL RESPONSABILIDADE DO SÓCIO GERENTE DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE FRAUDE À EXECUÇÃO CARACTERIZAÇÃO. Fl. 1623DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 26 25 Sóciogerente que dissolve irregularmente a sociedade, deixando de recolher os tributos devidos, infringe a lei e se torna responsável pela dívida da empresa. Mesmo não constando da CDA o nome dos diretores, gerentes ou representantes das pessoas jurídicas de direito privado, podem ser citados, e ter seus bens penhorados para o pagamento de dívidas da sociedade da qual eram sócios. Para a caracterização da fraude à execução basta que a alienação seja posterior à existência de pedido de executivo despachado pelo juiz, não sendo necessária e efetivação da citação. (STJ, 1a Turma, REsp 193226/SP, Relator Min. GARCIA VIEIRA, julgado em 14.12.1998, publicado no DJ de 08.03.1999). 19. Portanto, não há "bis in idem". O que há é a possibilidade, para o credor, de escolher, dentre os devedores solidários, contra qual deles irá forçar o cumprimento da obrigação tributária. Esta cobrança, portanto, pode se dar em relação a um dos coobrigados, em relação a todos ou em relação apenas ao responsável. Não há, portanto, nenhuma vedação legal a isso e nem haverá cobrança em duplicidade. Pintado nessas cores o quadro fático e jurídico em questão, concluiu a fiscalização, com acerto, que a situação assim retratada caracterizavase grupo econômico de fato, em razão da existência de interesse comum na construção e situação que constituiu os fatos geradores das contribuições previdenciárias patronais em destaque. Assim, diante da inexistência de benefício de ordem, elegeu a Fiscalização, no exercício da prerrogativa privativa que lhe é assegurada pela art. 142 do CTN, as empresas Córdoba e Technopulp para figurarem no polo passivo da relação jurídico/tributária objeto do presente Processo Administrativo Fiscal, aquela na qualidade de contribuinte (devedor Principal), esta como devedor solidário, por solidariedade passiva tributária, afinada no art. 30, IX, da Lei n° 8.212/91 c.c. art. 124, Parágrafo Único, do Código Tributário Nacional CTN. 3.2. DA CARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO Alega o Recorrente que o vínculo empregatício atinente à contratação das empresas "FR MOLINA COMERCIAL", "GIACOMELI COM. ASSIST. LTDA", "LANFREI COM. LTDA." e "PRC COMERCIAL ME" não ficou comprovado nos autos. Será que não ? Atentese, inicialmente, que não se está aqui a investigar eventual existência de vínculo empregatício (Instituto de Direito do Trabalho), mas, tão somente, a possível existência da relação jurídica de segurado empregado (Instituto de Direito Previdenciário) entre a empresa autuada e os sócios de pessoas jurídicas contratadas para lhe prestar serviços. Muito embora semelhantes em alguns pequenos aspectos, as legislações trabalhista e previdenciária não se confundem. Tendo como assentada tal premissa, fácil é perceber que o segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social RGPS qualificado com "segurado empregado" não é aquele definido no art. 3° da Consolidação das Leis do Trabalho CLT, mas, sim, a pessoa física especificamente conceituada para fins previdenciários no inciso I do art. 12 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, em seguimentos rememorados a seguir para facilitar a compreensão da questão posta em debate. Fl. 1624DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 27 26 Consolidação das Leis do Trabalho CLT Art. 3° Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas; c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior; aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular; e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio; f o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional; g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais; (Alínea acrescentada pela Lei n° 8.647, de 13.4.93) i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei n° 9.876, de 1999). j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei n° 10.887, de 2004). II como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos; Olhando com os olhos de ver, avulta que os conceitos de "empregado" e "segurado empregado" presentes nas legislações trabalhista e previdenciária, respectivamente, são plenamente distintos. Esta qualifica como "segurado empregado" não somente os trabalhadores tipificados como "empregados" na CLT, mas, também, outras categorias de laboristas. De outro eito, determinadas categorias de trabalhadores tidas como "empregados" pela CLT podem não ser qualificadas como segurados empregados para os fins colimados pela lei de custeio da Seguridade Social. Fl. 1625DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 28 27 Exemplo emblemático do que acabamos de expor é o caso dos empregados domésticos. Malgrado este trabalhador seja qualificado como empregado pela Consolidação Laboral, para a Seguridade Social, tal segurado não integra a categoria de "segurado empregado", art. 12, I da Lei n° 8.212/91, mas, sim, a de "segurado empregado doméstico", art. 12, II, da Lei n° 8.212/91, uma classe absolutamente distinta da de "segurado empregado", com regras de tributação distintas e completamente diversas daquelas aplicáveis aos "segurados empregados" . Dessarte, mostrase irrelevante para fins de custeio da seguridade social o conceito de "empregado" estampado na Consolidação das Leis do Trabalho. Prevalecerá, sempre, para tais fins, a conformação dos segurados obrigatórios abrigada nos incisos do art. 12 da Lei n° 8.212/91. Portanto, para os fins do custeio da Seguridade Social, serão qualificados como segurados empregados, e nessa qualidade se subordinando empregador e segurados às normas encartadas na Lei n° 8.212/91, as pessoas físicas que prestarem serviços de natureza urbana ou rural à empresa, aqui incluídos os órgãos públicos por força do art. 15 da Lei n° 8.212/91, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração. Não se deve olvidar que, tal qual no ramo do Direito do Trabalho, aplicase igualmente no Direito Previdenciário o Princípio da Primazia da Realidade sobre a Forma, o qual propugna que, havendo divergência entre a realidade das condições ajustadas numa determinada relação jurídica e as verificadas em sua execução, prevalecerá a realidade dos fatos. Havendo discordância entre o que ocorre na prática e o que está expresso em assentamentos públicos, documentos ou acordos, prevalece a realidade dos fatos. O que conta não é a qualificação contratual, mas a natureza das funções exercidas em concreto. No dizer de Américo Plá Rodrigues: "em matéria de trabalho importa o que ocorre na prática, mais do que aquilo que as partes hajam pactuado de forma mais ou menos solene, ou expressa, ou aquilo que conste em documentos, formulários e instrumentos de controle. Ou seja, o princípio da primazia da realidade significa que, em caso de discordância entre o que ocorre na prática e o que emerge de documentos ou acordos, devese dar preferência ao primeiro, isto é, ao que sucede no terreno dos fatos". Em trabalho primoroso, Mauricio Godinho Delgado leciona que "No Direito do Trabalho devese pesquisar, preferentemente, a prática concreta efetivada ao longo da prestação de serviços, independentemente da vontade eventualmente manifestada pelas partes na respectiva relação jurídica. A prática habitual na qualidade de uso altera o contrato pactuado, gerando direitos e obrigações novos às partes contratantes, respeitada a fronteira da inalterabilidade contratual lesiva" (DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 2aed. São Paulo: LTr, 2003, p.207) . No caso sub examine, o auditor fiscal acusou a presença ostensiva dos elementos caracterizadores da relação de segurado empregado (reiterese, não a de vínculo empregatício, que é irrelevante ao caso), consubstanciados na prestação de serviço de natureza urbana à empresa, em caráter não eventual, sob subordinação jurídica do contratado pessoa física ao contratante e mediante remuneração. O episódio em pauta é um caso típico de relação jurídica conhecida no mercado pelo neologismo "pejotização", em que profissionais especializados são levados a constituir pessoas jurídicas para prestar serviços a empresas, não numa relação formal de Fl. 1626DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 29 28 pessoa jurídica x pessoa jurídica, mas, substancialmente, subordinado a uma relação fática em que figuram ostensivamente presentes a pessoalidade, a não eventualidade do serviço, a subordinação jurídica do trabalhador à empresa e, obviamente, a onerosidade. Na estrutura de tal mecanismo, formalmente a empresa contrata uma outra pessoa jurídica, porém, na realidade nua e crua dos fatos, quem efetivamente presta o serviço remunerado é o "pejotizado" (sem qualquer viés pejorativo, por favor), isto é, a pessoa física do sócio da pessoa jurídica artificialmente contratada, de maneira não eventual, sob subordinação jurídica e em caráter intuitu personae. A fiscalização apurou no Relatório de Movimento Financeiro da Córdoba lançamentos de pagamentos contínuos e regulares feitos às pessoas físicas dos sócios das seguintes pessoas jurídicas prestadoras de serviço, nos montantes mensais ilustrados no quadro demonstrativo exposto no item 11.1. do Relatório Fiscal, a fls. 44/45. • Fernando Ricci Molina F. R. Molina Comercial e Serviços ME; • Sandro Oliveira e Rosa Margarida Giacomeli Oliveira R. Molina Giacomeli Comércio e Assistência Técnica em Equipamentos Industriais Ltda. ME • Luiz Antônio de Freitas L. A. de Freitas Comércio e Assistência Técnica em Equipamentos Industriais ME • Pedro Ricardo Córdoba P. R. Córdoba Comercial e Serviços ME A não eventualidade encontrase patente no prolongado período em que os obreiros prestaram serviços ao Recorrente, combinado com a espécie de serviços prestados, os quais são inerentes ao atuar típico da empresa Autuada. Podese perceber a não eventualidade, ainda, no elevado volume de dezenas de operações contínuas e de rotina, originárias desta relação entre Córdoba e seus contratados PJ, demonstradas no discriminativo exposto no item 11.1. do Relatório Fiscal, a fls. 44/45. Ademais, a sindicância da não eventualidade se apura mais em razão da atividade realizada pelo tomador do que pelo prazo de vigência do contrato. Nessas circunstâncias, sendo o serviço contratado uma necessidade contínua da empresa, eis que inerente à sua atividade econômica, ou essencial ao desempenho satisfatório do objeto social da pessoa jurídica, caracterizada estará a não eventualidade do serviço, independentemente do prazo em que cada serviço seja contratado. No caso em litígio, a não eventualidade diz respeito à contratação de serviços relacionados com a atividade fim da Córdoba, para trabalharem em seu Departamento TécnicoComercial e que, por receberem altos valores de remuneração por suas atividades técnicas e comerciais, simularam a prestação de serviços por pessoas jurídicas para fraudar a previdência, livrandose da contribuição previdenciária incidente sobre esta remuneração. Os Pejotizados, caracterizados como segurados empregados pela Fiscalização, inseremse na dinâmica regular da Córdoba, que necessita do trabalho por Fl. 1627DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 30 29 eles desempenhado para atender às múltiplas demandas inerentes ao seu objetivo social e aos contratos celebrados com os seus clientes. A fiscalização observou que as quatro pessoas jurídicas têm o mesmo Código e Descrição da Atividade Econômica CNAE Principal 33.14799: Manutenção e reparação de outras máquinas e equipamentos para usos industriais não especificados anteriormente, e mesmo Código e Descrição das Atividades Econômicas Secundárias 47.89099: Comércio varejista de outros produtos não especificados anteriormente. Estas supostas pessoas jurídicas comercializam, na verdade, os produtos e serviços prestados pelo grupo Córdoba/Technopulp, pois não fabricam nem são representantes de nenhum outro produto ou fabricante. A natureza do trabalho desenvolvido pelo profissional em relação à natureza do trabalho a que a Autuada se propõe executar em favor de seus clientes, bem como à necessidade permanente dessas categorias de profissionais especializados para a realização de seu objeto social evidenciam, com contundência e de maneira inequívoca, a não eventualidade do serviço executado pelo "Pejotizado". A pessoalidade tem sua caracterização realçada no fato de as pessoas jurídicas contratadas atuarem, unicamente, por intermédio das pessoas físicas dos seus sócios, sendo apurado pela Fiscalização que nenhum dos Parceiros PJ possuem empregados em seus quadros. A exceção da Giacomeli, todas as outras pessoas jurídicas são firmas individuais e foram abertas no mesmo período entre os meses 11 e 12/2007, um mês antes do início do período auditado, 20082009, conforme ilustrado no quadro a fl. 36. Todas as supostas pessoas jurídicas estão sediadas em endereços residenciais. A fiscalização apurou que os titulares das supostas pessoas jurídicas acima citadas trabalhavam no Departamento TécnicoComercial do grupo Córdoba/Technopulp, na Av. Vereador Manir Calil n° 276, Alto da Boa Vista, na mesma sala onde também trabalhava Pedro Gustavo Córdoba Jr , sócio e administrador da Córdoba, onde cada funcionário tem seu ambiente de trabalho individualizado, utilizando de toda a estrutura administrativa do grupo Córdoba/Technopulp: espaço físico, secretária, telefone, computadores, impressoras, material de escritório, etc. Enfim, tudo é fornecido pelo grupo Córdoba/Technopulp. Em todas as vezes que a fiscalização esteve presente na Córdoba, os citados titulares das supostas pessoas jurídicas estavam trabalhando lá no Departamento TécnicoComercial, ao lado de Pedro Gustavo Córdoba Jr, circunstância que também demonstra a não eventualidade do serviço prestado, além da sua natureza intuito personae. Concluiu a Fiscalização que tais trabalhadores são, na verdade, os empregados do Departamento TécnicoComercial do grupo Córdoba/Technopulp, os quais, inclusive, se identificam como tal, como se pode comprovar através do cartão de visitas apresentado pelo Sandro Oliveira, sócio da Giacomeli, timbrado e identificado como da Technopulp, com endereço, telefone e email da empresa, igual ao do próprio sócio e administrador da Córdoba, conforme cópias a fl. 47. Além disso, na ocasião da entrega do TIF n° 05 na Córdoba, em 20/02/2013, a Fiscalização notou que, em cima da mesa do Fernando Ricci Molina, na sala do Departamento TécnicoComercial, estavam seus cartões de visitas, também Fl. 1628DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 31 30 identificados como Departamento TécnicoComercial e timbrados da Technopulp. Ao ser solicitada a entrega de um desses cartões, o Sr. Molina negouse a entregar, alegando que não sabia onde estavam. Tal negativa demonstra a intenção de ocultar a real qualificação dos sócios destas supostas pessoas jurídicas como empregados do grupo Córdoba/Technopulp. Um aspecto muito importante e relevante para a convicção da fiscalização foi a numeração sequencial das notas fiscais de todas as quatro pessoas jurídicas, sendo que todas elas foram emitidas contra a Córdoba. As provas dos autos revelam a prestação exclusiva dos serviços ao contratante, a natureza intuitu personae dos serviços pactuados, inexistindo nos autos qualquer elemento fático ou jurídico de convicção que possa desaguar na ilação de que tais trabalhadores, ao seu alvedrio único, exclusivo e próprio, e sem qualquer ingerência da empresa autuada, pudessem se fazer substituir, na execução do serviço para o qual fora contratado, por outro trabalhador qualquer, mesmo que de idêntica capacitação. No caso em tela, observase que as Pessoas Jurídicas Prestadoras de Serviços foram constituídas sem estrutura operacional e sem empregados, e contratados pela Autuada exclusivamente para atender, por intermédio dos próprios sócios e de acordo com as suas especialidades técnicas, às necessidades específicas dos serviços contratados pela Córdoba perante seus clientes, circunstância que caracteriza a pessoalidade na relação entre os Pejotizados e a Recorrente. Corrobora, insofismavelmente, a natureza intuitu personae dos serviços pactuados, bem como sua não eventualidade, a matéria publicada pela Unicamp, em 29/05/2007, sobre a Technopulp, que apresenta o Sr. Fernando Ricci Molina como projetista do Departamento de Engenharia Mecânica da Technopulp, conforme excerto do texto aviado no arquivo "NOTICIA TECHNOPULP FERNANDO RICCI MOLINA.pdf' obtido no site http://www.inovacao.unicamp.br/pipe/report/0 70529technopulp.shtml. "A equipe da empresa enumera outras diversas vantagens em relação ao filtro convencional. "O filtro rotativo pesa 40 toneladas, enquanto o da Technopulp pesa apenas oito. O rotativo desperdiça 4% do açúcar para a torta. Nosso índice é de 1,5%. Em uma safra, o equipamento da Technopulp consegue recuperar aproximadamente 10 mil sacos de 50 quilos de açúcar da torta", garante Fernando Ricci Molina, projetista do Departamento de Engenharia Mecânica da Technopulp, que está há 15 anos na empresa e acompanhou suas principais conquistas ". A matéria enquadra o Fernando Ricci Molina, titular da F. R. Molina, como projetista do Departamento de Engenharia Mecânica da Technopulp e ainda informa que este trabalhava há 15 anos na empresa autuada. Tal matéria revela, ainda, o atributo da alteralidade do serviço prestado, quintessência supralegal da relação de emprego, na medida em que, na realidade dos fatos, o "Pejotizado" não atua em nome próprio, mas, sim, como longa manus da Autuada, ou seja, em nome da própria Córdoba. No que pertine à subordinação, esta tem que ser averiguada em seu aspecto jurídico, não apenas no hierárquico. O conceito geral de subordinação foi elaborado levandose em consideração a evolução social do trabalho, com sua consequente Fl. 1629DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 32 31 democratização, passando da escravidão e da servidão para o trabalho contratado, segundo a vontade das partes. Sob tal prisma, revelase inconteste que a subordinação jurídica é intrínseca a toda a prestação remunerada de serviços por pessoa física, seja a empresas, seja a outras pessoas físicas. A subordinação jurídica configurase como o elemento da relação contratual na qual a pessoa física contratada sujeita o exercício de suas atividades laborais à vontade do contratante, em contrapartida à remuneração paga por este àquele. Irradia de maneira nítida da subordinação jurídica a identificação de quem manda e de quem obedece; de quem remunera e de quem é remunerado, de quem determina o que fazer, como, quando e quanto e de quem executa o serviço de acordo com o parametrizado. Podemos identificar no conceito de subordinação jurídica duas vestes de uma mesma nudez: De um lado, figura a faculdade do contratante de utilizarse da força de trabalho do contratado pessoa física como um dos fatores da produção, sempre no interesse do empreendimento cujos riscos assumiu, e do outro, a obrigação do empregado de sujeitar a execução do seu serviço à direção do empregador, no poder de ordenar o que fazer e como fazêlo, dentro dos fins a que este se propõe a alcançar, em contrapartida à remuneração que irá auferir. Para Gomes e Gottschalk (in Curso de direito do trabalho, Rio de Janeiro, Forense, 2005, pag. 134), "todo contrato gera o que denomina de estado de subordinação do empregado, pois este deve sujeitarse aos critérios diretivos do empregador, suas disposições quanto ao tempo, modo e lugar da prestação do trabalho, bem como aos métodos de execução e modalidade próprios da empresa, da indústria e do comércio". À vista dos ensinamentos colhidos na melhor doutrina, vislumbrase que a subordinação jurídica conformase como um estado de sujeição em que se coloca o trabalhador, por sua livre e espontânea vontade, diante do empregador, em virtude de um contrato de trabalho pelo qual ao contratante é dado o poder de dirigir a força de trabalho do empregado, seja manual ou intelectual, em troca de uma contraprestação remuneratória. Dessarte, havendo prestação remunerada de serviços por pessoa física, por mais autonomia que tenha o contratado na condução do serviço a ser prestado, presente sempre estará, em menor ou maior grau, a subordinação jurídica do contratado ao contratante. Como exemplo meramente ilustrativo, mesmo a contratação pela Arquidiocese do Rio de Janeiro de renomado escritor, v.g. o Paulo Coelho, para a elaboração de uma compilação dos pronunciamentos do Papa Francisco em sua visita ao Brasil na Jornada Mundial da Juventude, mesmo aqui presente estará a subordinação jurídica, eis que a aludida Compilação deverá atender aos objetivos e interesses do Contratante e ser elaborado no tempo e nas condições por este especificado, sob pena de não se celebrar o liame jurídico. Dessarte, caso o citado escritor, sob o pálio de suposta autonomia funcional plena e de ausência de subordinação, resolva unilateralmente focar o seu trabalho nos pronunciamentos da Dercy Gonçalves, certamente o contrato será imediatamente rescindido, com fundamento em justa causa decorrente do descumprimento, por parte do oblato, das determinações contidas no liame ajustado. Fl. 1630DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 33 32 No caso ora em apreciação, os profissionais "Pejotizados" Fernando Ricci Molina, Sandro Oliveira, Luiz Antônio de Freitas e Pedro Ricardo Córdoba foram contratados pela Autuada para a prestação de serviços no Departamento TécnicoComercial da Technopulp, subordinados a Pedro Gustavo Córdoba Jr., sócio e administrador da Córdoba, na mesma sala, representando o grupo econômico Córdoba/Technopulp, vendendo os produtos e serviços do grupo, com local e horário de trabalho definidos, dentro do escritório da Córdoba, enfim, da mesma forma que os demais empregados da empresa. Todas as supostas pessoas jurídicas estão sediadas em endereços residenciais e o telefone de contato registrado no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas CNPJ da Receita Federal das quatro pessoas jurídicas é o mesmo: (16) 36255518, que é o telefone residencial do Danilo Fernandes Leite, mesmo contador da Córdoba, da Technopulp e das quatro pessoas jurídicas, fatos que demonstram que tais pessoas jurídicas não possuem estrutura operacional, tampouco administrativa, para se autogerir. As notas fiscais de serviço emitidas por todas as quatro pessoas jurídicas possuem numeração sequencial e foram, em sua totalidade, emitidas em face da Córdoba: as notas das pessoas jurídicas F. R. Molina, Giacomeli e P. R. Córdoba iniciam no n° 000001, emitida no mês de maio/2008, e seguem sequencialmente a numeração com todas emitidas contra a Córdoba. A Lanfrei também emitiu notas fiscais sequenciais, porém iniciando no n° 0101 e seguindo sequencialmente sem pular uma nota, todas emitidas contra a Córdoba. Tais fatos revelam a total dependência econômica das citadas empresas Pejotizadas em relação à Autuada. As notas fiscais da F. R. Molina, Giacomeli e P. R. Córdoba são idênticas, ou seja, são do mesmo modelo e foram impressas pela mesma Gráfica Levi Ltda. Além disso, todas as notas fiscais foram preenchidas com a mesma letra, mesma caligrafia, indicando que foram preenchidas pela mesma pessoa, muito provavelmente do departamento administrativo da própria Córdoba e não pela própria pessoa jurídica. Estas notas sequenciais demonstram que as quatro supostas pessoas jurídicas sempre trabalharam exclusivamente para a Córdoba, pois todas as notas no período 20082009 foram emitidas sequencialmente e exclusivamente contra a Córdoba, demonstrando que o serviço não era eventual, mas sim habitual, mensal, contínuo, subordinado e supervisionado por Pedro Gustavo Córdoba Jr sócio da Córdoba e administrador do grupo Córdoba/Technopulp, que trabalha na mesma sala no Departamento TécnicoComercial. Observouse que no Relatório de Movimento Financeiro da Córdoba a ocorrência de uns poucos meses em que não houve lançamento de pagamentos para a Giacomeli, conforme ilustrado no quadro a fls. 44/45. Apurou a Fiscalização que tais competências são antecedidas de grandes valores antecipados pela Córdoba, caracterizando adiantamento de valores de meses subsequentes. Em verdade, há pagamentos da Córdoba para as supostas pessoas jurídicas que, na verdade, foram adiantamentos a seus titulares para aquisição de bens, como é o exemplo do pagamento de R$ 67.000,00 à Giacomeli no dia 23/09/008 que, na verdade, foi utilizado para aquisição de uma casa da Chemin Incorporadora S.A. no Condomínio Quinta do Golfe pelo seu titular Sandro Oliveira, conforme consta da Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física. Há também pagamentos efetuados à Giacomeli no RMF da Córdoba em que o próprio histórico do lançamento identifica a destinação dos recursos para compra de Fl. 1631DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 34 33 imóveis por seu titular Sandro Oliveira, ou a seu beneficiário, conforme discriminado no quadro a fl. 48. A fiscalização observou ainda que nem todos os pagamentos feitos às supostas pessoas jurídicas lançados no RMF da Córdoba têm a respectiva nota fiscal, principalmente na Lanfrei e P. R. Córdoba, havendo nessas as diferenças mensais apresentadas na planilha ao topo da fl. 50, demonstrando a efetiva existência de pagamentos "por fora", ou seja, sem a respectiva nota fiscal. Na planilha "RMF CORDOBA X NF DPTO TECNICO.pdf, a fl. 1409, podese observar que os valores mensais efetivamente pagos a todas as quatro supostas pessoas jurídicas não correspondem, em nenhum mês sequer, ao valor nominal constante na nota fiscal emitida, o que comprova que não há nenhuma correspondência entre os valores pagos pela Córdoba aos seus empregados do Departamento TécnicoComercial e o lançado nas notas fiscais emitidas pelas supostas pessoas jurídicas, demonstrando que os valores das notas fiscais são fictícios, simulados com a exclusiva finalidade de cobrir parte dos valores pagos mensal e anualmente. Comparando os valores lançados no RMF da Córdoba e os valores declarados pelas supostas pessoas jurídicas na Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica DIPJ estas diferenças ficam ainda mais evidentes, conforme demonstrado na tabela ao pé da fl. 50. Mediante termo próprio, a Fiscalização solicitou e recebeu cópia dos cheques utilizados para pagamento das supostas pessoas jurídicas do Departamento TécnicoComercial, extraídos do RMF da Córdoba, e observou que os valores lançados no RMF de vários cheques são diferentes dos valores reais das consignados nas cópias dos cheques, sendo estes superiores àqueles, conforme planilha a fls. 51/52. Além disso, a fiscalização constatou que TODOS os cheques acima citados são nominais à própria empresa Córdoba Industrial Ltda. e não em favor das empresas Pejotizadas, e endossados no verso pelo signatário Pedro Gustavo Córdoba Jr., a fim de permitir o saque em dinheiro diretamente no caixa do banco sem a identificação do destinatário. Percebeu ainda que TODOS os cheques foram sacados em dinheiro no caixa do banco, ou seja, NENHUM cheque foi depositado nas contas das supostas pessoas jurídicas, nem mesmo aqueles em que os valores informados no RMF são iguais aos das cópias dos cheques. E diga o Relatório Fiscal: "11.3.25. Chamou muita a atenção da fiscalização esta forma de pagamento através de cheques nominais à própria empresa e endossados no verso, todos sacados em dinheiro no caixa do banco ao invés de depositados nas contas das supostas pessoas jurídicas, apesar dos altos valores dos cheques, e de terem sido misturados com outros pagamentos da empresa. 11.3.26. Estas condutas demonstram a intenção da empresa, em conluio com as supostas pessoas jurídicas do Departamento TécnicoComercial, de ocultar estes pagamentos e dificultar sua identificação e destinação. 11.3.27. Quando perguntado sobre o motivo pelo qual a empresa realizava estes pagamentos desta forma, o Pedro argumentou que atendia a um pedido dos funcionários do Departamento TécnicoComercial, titulares das supostas pessoas jurídicas, que preferiam receber seus pagamentos em dinheiro. Fl. 1632DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 35 34 11.3.28. É importante destacar que esta forma de pagamento não é comum nem habitual numa relação entre pessoas jurídicas, mas sim o pagamento via cheque nominal, depósito ou transferência para a conta da empresa". A Fiscalização constatou que TODAS as notas fiscais das quatro pessoas jurídicas apresentam na descrição dos serviços o mesmo texto: "serviços prestados conforme contrato de manutenção ano base 2007". Todavia, intimada mediante Termo Próprio a apresentar tais contratos de manutenção, Pedro Gustavo Córdoba Jr., sócio e administrador da Córdoba, justificou que não havia contratos, e que foi apenas uma descrição para emitir a nota. Tais circunstâncias revelam que não há nem nunca houve contratos de prestação de serviços formalizados entre as supostas pessoas jurídicas e a Córdoba, pois, na verdade, a relação jurídica não é nem nunca foi entre pessoas jurídicas, mas sim entre a Córdoba e seus empregados do Departamento TécnicoComercial, ou seja, uma relação trabalhista entre empregadorempregado, correspondente a uma relação previdenciária de segurado empregado. Tal relação trabalhista é, também, denunciada pela matéria publicada pela Unicamp, em 29/05/2007, sobre a Technopulp, que apresenta o Sr. Fernando Ricci Molina como projetista do Departamento de Engenharia Mecânica da Technopulp, trabalhando nessa empresa por mais de 15 anos. Como visto, a subordinação se revela às escancaras com o Contratante em foco, que detém todo o poder de chefia, de comando de como, o quê, quando e quanto do serviço será executado, além do poder de controle sobre o serviço. Todos trabalham, efetivamente, objetivando atingir as metas determinadas pela Córdoba, e ordenados pelas normas da empresa. Os fatos demonstrados pela Fiscalização ilustram a verdadeira relação jurídica entre a Córdoba e as supostas pessoas jurídicas: Segurados empregados do Departamento TécnicoAdministrativo do grupo Córdoba/Technopulp. A jornada de trabalho é diária, na forma definida pela Córdoba, sendo o trabalho realizado no estabelecimento empresarial do Recorrente, com horários certos de entrada e saída dos trabalhadores. A onerosidade, por derradeiro, materializada no levantamento denominado "DT valores pagos a supostas pessoas jurídicas que trabalhavam no Departamento TécnicoComercial do grupo Córdoba/Tehnopulp", foi apurado mediante aferição indireta, tomandose por base os pagamentos informados no Relatório de Movimentação Financeira da Córdoba, mencionado nos lançamentos contábeis da empresa na contacontábil 5.1.1.01.0044 Despesas gerais. A Fiscalização apurou que as pessoas jurídicas arroladas no quadro a fl. 44 possuem em comum características que deixam claro que foram criadas, ou adaptadas mediante alterações contratuais, para atenderem ao modelo de contratação de empregados implementado pela Córdoba. Tais empresas não possuem independência e autonomia econômica, financeira, administrativa, empresarial, etc. • As supostas pessoas jurídicas não têm endereço comercial fixo, valendose de endereços residenciais para o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas CNPJ; Fl. 1633DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 36 35 • Seus titulares identificavamse como funcionários do Departamento TécnicoComercial da Technopulp, com cartões de visitas timbrados com o logotipo, endereço, telefone e email da empresa; • Não tinham nenhuma despesa com aluguel, materiais de escritório, água, luz, telefone, etc., enfim, como seu local de trabalho diário era na Córdoba, não tinham nenhuma despesa operacional; • Trabalhavam fisicamente nas instalações da Córdoba, cada um com seu ambiente próprio de trabalho na mesma sala e sob a supervisão do sócio da Córdoba e administrador do grupo Córdoba/Technopulp, Pedro Gustavo Córdoba Jr; • Seus sócios apresentavamse diante do mercado como projetistas do Departamento TécnicoComercial da Technopulp, trabalhando em nome da Technopulp. Nessa perspectiva, não há como as empresas F.R. Mollina, Giacomelli, Lanfrei e P.R. Córdoba se enquadrarem no conceito de empresa, uma vez que não se observa a articulação de insumos de produção, não há comprometimento de Capital (o capital social é irrisório); não há desenvolvimento nem oferecimento de bens e serviços ao mercado consumidor (mas, unicamente a um único cliente); Não dispõe de meios de produção (as instalações, equipamentos, insumos, etc. pertencem todos à Córdoba), não há clientela (os serviços são exclusivos à Córdoba); Não dispõe de tecnologia (o know how é provido pela Córdoba); Não dispõe de independência e autonomia econômica, financeira, administrativa, empresarial, etc. Enfim, faltam às pessoas jurídicas em tela os atributos caracterizadores da "empresa". Nesse contexto, a legislação tributária considera como inexistente de fato a pessoa jurídica que não dispuser de patrimônio e capacidade operacional necessários à realização de seu objeto, inclusive a que não comprovar o capital social integralizado. Instrução Normativa RFB n° 748, de 28 de junho de 2007 Art. 41. Será considerada inexistente de fato a pessoa jurídica que: I não disponha de patrimônio e capacidade operacional necessários à realização de seu objeto, inclusive a que não comprovar o capital social integralizado; II não for localizada no endereço informado à RFB, bem como não forem localizados os integrantes de seu QSA, o responsável perante o CNPJ e seu preposto; III se encontre com as atividades paralisadas, salvo quando enquadrada nas situações a que se referem os incisos I, II e V do caput do art. 33. Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o procedimento administrativo de declaração de inaptidão será iniciado por representação formulada por AFRFB, consubstanciada com elementos que evidenciem qualquer das pendências ou situações referidas. As circunstâncias e as provas acostadas pela Fiscalização aos autos bem demonstram o modus operandi da Organização em tela. A Córdoba, necessitando Fl. 1634DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 37 36 permanentemente de trabalhadores de alta especialização técnica e de elevada remuneração, seleciona no mercado de trabalho o profissional que melhor atende às suas expectativas, mas só os contrata se for na condição de pessoa jurídica. Diante de tal quadro, ou o profissional se ajusta ao requerido e cria sua própria pessoa jurídica, atuando sozinho ou em conjunto com algum sócio na mesma condição, mas sempre sem empregados, ou se sujeita a permanecer no ostracismo no mercado de trabalho. As contratadas Pessoas Jurídicas são, na verdade, profissionais pessoas físicas, que em caráter não eventual, e sob subordinação jurídica ao contratante, executam pessoalmente os trabalhos contratados, visando atender as atividades normais da empresa, relacionadas diretamente com os fins do seu empreendimento econômico. Nesse panorama, muito embora os assentamentos contratuais formais apontem para a celebração de contrato de prestação de serviços com pessoas jurídicas, as condições em que os serviços contratados foram prestados ao Recorrente subsumemse à hipótese genérica e abstrata das de segurado empregado estabelecida no inciso I do art. 12 da Lei n° 8.212/91, eis que presentes todos os ingredientes atávicos à receita típica de segurado empregado. Ante tal quadratura, a fiscalização constatou a existência dos elementos qualificadores da citada condição de segurado empregados existente entre o Recorrente e as pessoas físicas dos sócios das pessoas jurídicas contratadas, importando na submissão de contratante e prestador de serviços, estes na qualidade de segurado empregado, às obrigações fixadas na aludida Lei de Custeio da Seguridade Social. Conforme assinalado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN, é prerrogativa da autoridade administrativa a desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. A desconsideração do ato ou do negócio jurídico praticado visa apenas a reaproximar a qualificação jurídica, do verdadeiro conteúdo material do ato decorrente do desenho da hipótese de incidência. Assim, a norma antielisiva mune a administração tributária com o poder/dever de proceder à requalificação jurídica formal da relação, fazendoa coincidir com a realidade substancial. Investido em tal poder, o Fisco pode prescindir das aparências do ato simulado e determinar a obrigação tributária segundo a realidade oculta, sem necessidade de declarar a nulidade do ato jurídico aparente. No caso dos autos, da dicção do inciso I do art. 12 da Lei n° 8.212/91 deflui que a relação jurídica real existente entre o Recorrente e os segurados apurados pela fiscalização é a de segurado empregado, circunstância que impinge às partes dessa relação jurídica a obediência às obrigações tributárias estabelecidas no diploma legal acima citado. Dessarte, conforme determinado no art. 37 do mesmo Pergaminho Legal aludido no parágrafo precedente, constatado o não recolhimento total ou parcial das contribuições tratadas na Lei de Custeio da Seguridade Social, a fiscalização tem por dever de ofício, plenamente vinculado, que lavrar o competente Auto de Infração de Obrigação Principal, como assim sucedeuse no caso presente. Nas últimas duas décadas, passouse a observar neste País, uma tendência, capitaneada por grandes empresas, máxime as de comunicação, de se exigir que Fl. 1635DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 38 37 seus empregados se transformem em empresa individual ou pessoa jurídica para contratá los como prestadores de serviços, com o fito de esquivarse do recolhimento de encargos trabalhistas e previdenciários, sob o rótulo de "planejamento tributário". Nessa nova arquitetura, o ex empregado, ao constituir sua própria empresa individual ou pessoa jurídica e, nessa condição, assim ser contratado, deixa de ser empregado da contratante e passa a ser um mero prestador de serviços, mas continua cumprindo horário, recebendo ordens e exercendo as mesmas atividades de antes, nas dependências do contratante ou nas de terceiros. Como consequência imediata dessa mudança de status (de pessoa física e empregado para pessoa jurídica e prestador de serviços), o ex empregado perde os direitos trabalhistas e previdenciários assentados na CLT e na Lei n° 8.213/91, respectivamente, enquanto que a empresa contratante, por seu turno, além de poder contar com a prestação ininterrupta de serviços pelos 12 meses do ano pessoa jurídica não tem direito a férias , se exclui dos encargos trabalhistas e previdenciários inerentes à relação de emprego e à condição de segurado empregado. A fiscalização Trabalhista, em sua atividade de rotina, ao se deparar com semelhante burla à legislação do trabalho, tem a competência de promover ex officio a desconstituição da aludida irregularidade, com fulcro nos artigos 3° e 9° da CLT, restaurandose o statu quo ante. De forma semelhante, mas vinho de outra pipa, a fiscalização previdenciária, diante de situação concreta nas circunstâncias acima delineadas, com esteio no princípio da Primazia da Realidade, identificando estarem presentes os elementos caracterizadores da condição de segurado empregado, impõe a incidência dos preceitos estatuídos na Lei n° 8.212/91 associados a tal condição, desconsiderando, para fins meramente tributários, o contrato formal celebrado pelo contratante com a pessoa jurídica prestadora de serviços, fazendo prevalecer, repisese, para fins unicamente de incidência de contribuições previdenciárias, os efeitos da condição de segurado empregado verificada no caso concreto. A atuação fiscal acima abordada encontra lastro jurídico nas disposições encaixadas no Parágrafo Único do art. 116 do Código Tributário Nacional, que confere à Autoridade Notificante a competência para desconsiderar os efeitos de atos e negócios jurídicos praticados com o fito de ocultar a ocorrência do fato gerador tributário ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. Merece ser destacado que a jurisprudência do STJ não nega auto aplicabilidade à norma antielisiva assentada no Parágrafo Único do art. 116 do CTN, conforme se depreende dos seguintes julgados, de cujas ementas, transcrevemos os excertos a seguir: "AREsp 323.808SC Rel. Min. Humberto Martins DJe: 27/05/2013 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ART. 116, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN. INEXISTÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. AUTOAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. NÃOALEGAÇÃO Fl. 1636DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 39 38 DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. AGRAVO CONHECIDO. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. [...] O caso da empresa de vigilância é perfeitamente análogo: as câmaras são parte do equipamento que é utilizado pela sociedade Patrimonial Segurança Ltda. para a prestação do serviço de segurança, que é a sua atividade fim. As filmadoras ou sensores de movimento que sejam instaladas na residência do contratante sem que este as adquira integram o custo do serviço. (situação diversa ocorreria se houvesse venda dos bens, caso em que a transferência de titularidade do bem ensejaria a incidência do ICMS. Não e, entretanto, o caso). Ao destacar do valor do serviço uma quantia correspondente a aluguel dos bens utilizados, a apelada incorreu em prática coibida pelo artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, que dispõe: "A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária". Com razão, assim, a Procuradoria do Município, ao afirmar que: "A obrigação da apelada consiste em prestar um serviço de vigilância, uma obrigação de fazer portanto, sendo a denominação de 'locação de equipamento eletrônico' dada pela apelada uma forma de dissimular a ocorrência do fato gerador, que é a prestação do serviço" (fl. 217). Nesse contexto, merece acolhida o recurso para se julgar improcedente a demanda. [...]" No mesmo sentido, o Agravo Regimental no RECURSO ESPECIAL N° 1.070.292 RS, da Relatoria do Ministro Humberto Martins: AgRg no REsp 1.070.292 RS Rel. Min. Humberto Martins DJe: 23/11/2010 EMENTA: TRIBUTÁRIO. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA VINCENDA. PERCEPÇÃO PAGA MEDIANTE TRANSAÇÃO EM DEMANDA TRABALHISTA. VERBA DE NATUREZA NÃO INDENIZATÓRIA. INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. ... Notese que o montante pago teve por fim o cumprimento de prestações vincendas, ou seja, a partir de agosto de 1996. Isto deve ser frisado para que não se invoque a isenção anteriormente prevista no artigo 6° da Lei 7.713/88, mas que foi revogada pela Lei 9.250/95. Cabe, ainda, asseverar que o tópico do acordo, afirmando a natureza indenizatória do montante pago, nenhum efeito opera para o fisco. O reconhecimento da natureza indenizatória de determinada verba se impõe quando for possível constatar que aquela visava à recomposição de uma perda patrimonial, e não pela mera Fl. 1637DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 40 39 denominação de indenizatória (parágrafo único do artigo 116 do CTN: A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária). Tratase, no caso, de aplicação da Teoria da Interpretação Econômica do Fato Gerador. A hipótese dos autos caracteriza a aquisição de disponibilidade de renda, assim entendido o produto do trabalho, nos exatos termos do art. 43 do CTN. Bem por isso, tal verba está sujeita à incidência de imposto de renda. [...] Ainda, nesse sentido, REsp n° 1.363.920 SC Rel. Min. Og Fernandes, DJe: 24/10/2013. Por outro viés, ainda que se admita que o preceito instalado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN demande regulamentação procedimental via lei ordinária, nada impede que se recorra a procedimentos já previstos em leis ordinárias já integrantes do Ordenamento Jurídico Pátrio. Tratase da realização de um princípio jurídico, consistente na recepção de leis já vigentes e eficazes, bastante consagrado no Ordenamento Pátrio, máxime no ramo do Direito Tributário, que permite que uma lei ordinária em sua origem seja recepcionada com status de Lei Complementar, uma vez que suas normas, por força da CF/88, só possam ser revogadas ou alteradas mediante um Diploma Normativo dessa natureza. A realização do princípio da Recepção das Leis permite a convivência de normas jurídicas vigentes no Ordenamento Jurídico anterior com o Direito Positivo atual, desde que com este guardem perfeita harmonia. Por este princípio, todas as leis do Direito anterior que não se chocam com o Direito atual são por este Direito recepcionadas, eliminandose, assim, a necessidade de se regular por inteiro toda a estrutura legislativa. Seria, em verdade, ilógico que leis anteriores, cujo conteúdo permanece inalterado em face da nova Ordem Jurídica, tivessem que ser recriadas para continuarem a estabelecer normas jurídicas de conduta da Sociedade. Pela ótica de tal princípio, quando se cria uma nova estrutura normativa, o conjunto de normas jurídicas préexistente, no que não conflite materialmente com o Direito Anterior, permanece em vigor e produzindo os efeitos que lhe são típicos, sendo automaticamente aceita a pela nova Ordem Jurídica, qualquer que tenha sido o processo de sua elaboração originária, desde que conforme ao previsto na época de sua elaboração, pois, não o sendo, a invalidade já teria atingido a legislação pretérita desde o seu nascedouro. A consagração de tal princípio jurídico na seara tributária encontra amparo na Jurisprudência dos Tribunais Superiores, mormente no Superior Tribunal de Justiça, conforme se depreende dos seguintes julgados: REsp n° 1.427.949 SC Rel. Min. Mauro Campbell Marques DJe: 02/04/2014 Fl. 1638DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 41 40 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. PARCELAMENTO. REFIS. EXCLUSÃO. SIMULAÇÃO. EMPRESA INATIVA. PARCELA ÍNFIMA. ART. 5°, IIE XI, DA LEI N. 9.964/2000. FUNDAMENTO SUFICIENTE INATACADO (SÚMULA N° 283/STF). AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO (SÚMULA N. 282/STF). IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO DE MATÉRIA FÁTICA (SÚMULA N° 7/STJ). RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. ART. 557, CAPUT, CPC. DECISÃO [...] Em outras palavras, a simulação da existência das empresas foi ato de abuso de direito, e, destarte, plenamente válidos e legais os atos de exclusão do REFIS e CNPJ, com fulcro no art. 5°, XI, da Lei n° 9.964/2000, e o art. 81 da Lei n° 9.430/1996. Lícito o procedimento de inativação do CNPJ das empresas, por força do art. 81 da Lei n° 9.964/2000, in verbis (eSTJ fls.9734/9739): Ao contrário do que defende a autora, a declaração de inaptidão do CNPJ foi fundamentado no artigo 80 e 81 da Lei n° 9.430, de 1996, diante de inexistência de fato, e não no artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Além de diversos aspectos fáticos e concretos a seguir analisados, a Administração Tributária fundamentou a inaptidão também na existência de simulação (art. 167 do Código Civil), mas, destaco: não somente na simulação. [...] Ainda que se considere que, no caso concreto, incidiria o artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, que, por sua vez, remete a procedimentos estabelecidos em lei ordinária, tais procedimentos (relativos à declaração de inaptidão) já se encontram previstos nos próprios artigos 81 e 82, ambos da Lei n° 9.430/96, c/c o artigo 5°da Lei n° 5.614, de 5 de outubro de 1970, e a Instrução Normativa n° 568, de 8 de setembro de 2005. [...] (grifos nossos) No caso em estudo, mediante os procedimentos estabelecidos na Lei Ordinária n° 8.212/91, foram desconsiderados substancialmente os atos ou negócios jurídicos praticados pelos atores do esquema fraudulento acima descortinado, praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. Nesse quadro, a lei ordinária n° 8.212/91 qualifica como segurado empregado a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado, e como segurado contribuinte individual, a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego. Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; Fl. 1639DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 42 41 aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas; (...) V como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei n° 9.876/99). (...) g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; (Incluído pela Lei n° 9.876/99). (...) O mesmo Diploma Legal acima invocado estabelece obrigações tributárias principal e acessórias às empresas, decorrentes da prestação de serviços que lhe forem fornecidos por segurados empregados e por segurados contribuintes individuais, assim dispondo: Lei n° 8.212. de 24 de julho de 1991 Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: 1 vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei n° 9.876/99). II para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei n° 9.732/98). a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei n° 9.876/99). No que pertine a procedimentos e competências, o art. 33 da Lei de Custeio da Seguridade Social outorgou à Secretaria da Receita Federal do Brasil a competência para planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições Fl. 1640DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 43 42 sociais previdenciárias, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos, atribuindo aos seus auditores fiscais a prerrogativa de examinar a contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. A Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei n° 11.941/2009). §1o É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, o exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei n° 11.941/2009). §2o A empresa, o segurado da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previstas nesta Lei.(Redação dada pela Lei n° 11.941, de 2009). §3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. (Redação dada pela Lei n° 11.941/2009). §4o Na falta de prova regular e formalizada pelo sujeito passivo, o montante dos salários pagos pela execução de obra de construção civil pode ser obtido mediante cálculo da mão de obra empregada, proporcional à área construída, de acordo com critérios estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobiliária ou empresa corresponsável o ônus da prova em contrário. (Redação dada pela Lei n° 11.941/2009). §5° O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei. §6° Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. §7° O crédito da seguridade social é constituído por meio de notificação de débito, autodeinfração, confissão ou documento declaratório de valores devidos e não recolhidos apresentado pelo contribuinte. (Parágrafo acrescentado pela Lei n° 9.528/97). Ainda em relação a procedimentos, o art. 37 da lei ordinária ora em realce estatuiu o poder/dever da fiscalização de lavrar ex officio a competente notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas Fl. 1641DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 44 43 e dos períodos a que se referem, sempre que constatar o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições previdenciárias. Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. §1° Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei n° 9.711/98). §2° Por ocasião da notificação de débito ou, quando for o caso, da inscrição na Dívida Ativa do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, a fiscalização poderá proceder ao arrolamento de bens e direitos do sujeito passivo, conforme dispuser aquela autarquia previdenciária, observado, no que couber, o disposto nos §§ 1° a 6°, 8° e 9° do art. 64 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997. (Incluído pela Lei n° 9.711/98). Não se deve olvidar que inexiste impedimento para que um trabalhador mantenha, concomitantemente, múltiplos e legítimos vínculos empregatícios com diversas empresas, sem que isso represente qualquer irregularidade. Decerto, a condição de segurado empregado não exige exclusividade com a empresa sujeito passivo da obrigação tributária, de molde que um mesmo trabalhador pode estar vinculado previdenciariamente, nessa condição, a duas ou mais empresas, ou ser segurado empregado em relação uma determinada entidade e segurado contribuinte individual em relação a outra distinta da primeira, e assim por diante. O desvirtuamento dos direitos trabalhistas e previdenciários tratado nos parágrafos precedentes ganhou notoriedade na mídia com a celeuma que cercou a, assim denominada, Emenda 3, a qual, se aprovada, impediria a fiscalização do Trabalho de coibir situações fraudulentas desse jaez, na medida em que tal atribuição passaria a ser da competência exclusiva da Justiça do Trabalho, a qual, por seu turno, exige como condição sine qua non a provocação do prejudicado, digase, o trabalhador. Nesse contexto, o ex empregado, agora prestador de serviço, dificilmente irá questionar semelhante transgressão nos Tribunais Trabalhistas, eis que, ao buscar o acessório, incorre no risco de perder o principal o trabalho. As conclusões pautadas nos parágrafos precedentes não discrepam das vigílias assentadas no Enunciado n° 331 do Tribunal Superior do Trabalho, o qual impõe, na contratação de trabalhadores por interposta pessoa, o estabelecimento de vínculo do obreiro diretamente com o contratante, tomador dos serviços. Enunciado n°331 do TST Contrato de Prestação de Serviços Legalidade I A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formandose o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei n° 6.019, de 03.01.1974). (grifos nossos) Fl. 1642DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 45 44 II A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). (Revisão do Enunciado n°256 TST) III Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei n° 7.102, de 2006 1983), de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividademeio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei n° 8.666, de 21.06.1993). (Alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000) Encontramse presentes, portanto, os elementos essenciais caracterizadores da condição de segurado empregado insculpidos no art. 12, I da Lei n° 8.212/91, fato que deságua, como consequência inafastável, na observância das normas de custeio inscritas no supracitado diploma legal. Nesse cenário, dúvidas não mais existem de que o Recorrente se utilizou de formas irregulares de contratação de profissionais, quiçá para esquivarse dos rigores dos encargos tributários e trabalhistas. Registrese, por relevante, que o lançamento das contribuições sociais ora em exame não tem o condão de estabelecer qualquer vínculo empregatício entre os trabalhadores em destaque e a empresa recorrente. Tampouco detém o auditor fiscal notificante competência para tanto. A questão é meramente tributária não irradiando qualquer espécie de efeito sobre a esfera trabalhista da empresa notificada. A fiscalização tão somente constatou a ocorrência de fatos geradores, em relação aos quais não houve o correto recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, e, em conformidade com os ditames legais, no exercício da atividade plenamente vinculada que lhe é típica, procedeu ao lançamento das exações devidas pelo Sujeito Passivo, sem promover qualquer vínculo trabalhista entre os trabalhadores e o Recorrente. Diante da pletora probatória acostada aos autos, firmase a convicção quanto à real situação dos trabalhadores mencionados, os quais se ajustam taylor made à categoria de segurado empregado, visto que presentes todos os pressupostos elencados no inciso I do art. 12 da Lei n° 8.212/91, circunstância que deságua, como consequência inafastável, na observância compulsória das normas de custeio inscritas no supracitado diploma legal. Nesse cenário, dúvidas não mais existem de que o Autuado se utilizou de formas irregulares de contratação de trabalhadores para se esquivar dos rigores dos encargos tributários e trabalhistas. Como resultado, subsistem inabaladas as obrigações tributárias destacadas no AIOP em apreço, o qual não demanda reparos. Fl. 1643DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 46 45 (...) 3.4. DA FRAUDE E SIMULAÇÃO Exsurge das provas dos autos que a Autuada utilizouse da contratação das microempresas F. R. Molina Comercial e Serviços ME, Giacomeli Comércio e Assistência Técnica em Equipamentos Industriais Ltda. ME, L. A. de Freitas Comércio e Assistência Técnica em Equipamentos Industriais ME e P. R Córdoba Comercial e Serviços ME como interpostas pessoas, com a finalidade de acobertar, sob aparente manto de legalidade, a contratação dos trabalhadores Fernando Ricci Molina, Sandro Oliveira e Rosa Margarida Giacomeli Oliveira, Luiz Antônio de Freitas e Pedro Ricardo Córdoba, mão de obra por ela utilizada na execução de sua atividade fim, com significativa redução de encargos previdenciários, circunstância que demonstra e comprova o elemento volitivo do Recorrente de suprimir/reduzir tributo, mediante a omissão de informações à administração fazendária, fraudando assim a fiscalização tributária mediante a omissão dessas operações nas GFIP, nas folhas de pagamento e na contabilidade. Conforme demonstrado alhures, deflui das provas dos autos a existência insofismável de uma unidade administrativa, financeira, patrimonial e operacional, concentrada na Autuada, e exercida sobre as interpostas pessoas jurídicas acima citadas, as quais não possuíam autonomia operacional, patrimonial, administrativa e financeira para se autogerir, sendo totalmente dependentes do Recorrente, configurandose os seus respectivos sócios, sob o signo da primazia da realidade sobre a forma, nada mais do que meros segurados empregados da empresa Autuada, eis que presentes todos os atributos da relação de segurado empregado previstos no inciso I do art. 12 da Lei n° 8.212/91. Em realidade, sendo as microempresas F. R Molina Comercial e Serviços ME, Giacomeli Comércio e Assistência Técnica em Equipamentos Industriais Ltda. ME, L. A. de Freitas Comércio e Assistência Técnica em Equipamentos Industriais ME e P. R Córdoba Comercial e Serviços ME totalmente dependentes da Autuada, por todos os aspectos imagináveis, avulta que a responsabilidade de toda a atividade empresarial recai sobre a Córdoba, que detém, integralmente, o risco da atividade econômica em tela, configurandose como o real empregador, a teor do art. 2° da Consolidação das Leis do Trabalho. Consolidação das Leis do Trabalho Art. 2° Considerase empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Considerando que a Empresa é conceituada juridicamente como o exercício organizado de atividade econômica, na forma de unidade econômicosocial, integrada por elementos humanos, materiais, técnicos e logísticos, para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, não refuga aos olhos que o Grupo Econômico de Fato ora em foco constituise uma única entidade empresarial, haja vista que a empresas interpostas gravitam integralmente na órbita da empresamãe a Córdoba, e que os serviços esta prestados pelos sócios de tais pessoas jurídicas, Srs. Fernando Ricci Molina, Sandro Oliveira e Rosa Margarida Giacomeli Oliveira, Luiz Antônio de Freitas e Pedro Ricardo Córdoba, eram onerosos, tinham natureza não eventual e intuito personae, e foram prestados sob subordinação jurídica à contratante. Fl. 1644DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 47 46 A fraude se manifesta na volitiva e consciente utilização de microempresa, para ocultar a contração de trabalhadores, personificados na figura de seus sócios, para a execução das tarefas inerentes à atividade econômica da Autuada, sob a insígnia da não eventualidade, onerosidade, pessoalidade e subordinação jurídica, com vistas a impedir, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, de modo a reduzir o montante do tributo devido ou a evitar o seu pagamento. Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964 Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Estivessem tais trabalhadores formalmente vinculados à Autuada, esta teria que arcar com os encargos previdenciários e trabalhistas incidentes sobre a folha de salários de tais obreiros. De outro canto, sendo a contratação de pessoal realizada por intermédio de interposta pessoa jurídica, consubstanciada na figura de seu sócio, não haveria a ocorrência de tais fatos geradores de contribuições previdenciárias, uma vez que inexiste tributação previdência na operação de contratação de pessoa jurídica por pessoa jurídica. Reforça a compreensão acerca da existência de fraude o fato de as pessoas jurídicas interpostas existirem, tão somente, no plano formal, com capital social irrisório, sediada em endereço residencial, sem empregados, sem autonomia técnica, administrativa, financeira, patrimonial e operacional, em total dependência da Autuada, procedimento que demonstra o cuidado da Recorrente de buscar conferir, artificialmente, um falacioso ar de total independência jurídica e econômica entre tais empresas, como se fossem unidades empresariais totalmente autônomas e independentes, assumindo cada uma o risco da atividade econômica, o que de fato não ocorre. Por via de tal conduta, visou a Autuada induzir o Fisco a erro mediante o artificio da celebração de atos jurídicos formais de natureza pessoa jurídica vs pessoa jurídica, porém divorciados da realidade dos fatos, mas aptos a conferir uma sofismática aparência de legalidade às operações levadas a efeito no seio do empreendimento em xeque, encobrindo, dessarte, as circunstâncias materiais de Fatos Jurígenos Tributários que implicariam a incidência das obrigações tributárias estabelecidas na Lei de Custeio da Seguridade Social, bem como a responsabilidade tributária da Autuada pelo seu adimplemento. Fl. 1645DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 48 47 Colimou a Autuada, mediante tal ardil, afastar das dependências do empreendimento em realce os auditores fiscais da RFB, pela compreensão de "empresa que aparentemente nada deve ao Fisco, por este não é fiscalizada in loco ". As operações fraudulentas levadas a efeito pela Autuada configuramse, coloquialmente falando, como verdadeiros "estelionatos tributários", uma vez que tem por objetivo obter vantagem ilícita, consistente na redução indevida da tributação previdenciária, em prejuízo da Seguridade Social, induzindo o Fisco Federal em erro, mediante a utilização de interpostas pessoas para a contratação de trabalhadores responsáveis pela execução das tarefas inerentes à atividade empresarial de empresa Autuada. A sonegação também se mostra patente, na medida em que, ao se utilizar volitiva e conscientemente dos serviços de interposta pessoa jurídica, para a contratação de seus sócios pessoas físicas para a execução das tarefas inerentes à sua atividade econômica, a Autuada não efetuou a declaração de tais obreiros e suas respectivas remunerações em suas GFIP, excluindo dessarte da Administração Fazendária o conhecimento a respeito da ocorrência de fatos geradores de contribuições previdenciárias. Assim, estando as empresas Córdoba, Technopulp, F. R. Molina Comercial e Serviços ME, Giacomeli Comércio e Assistência Técnica em Equipamentos Industriais Ltda. ME, L. A. de Freitas Comércio e Assistência Técnica em Equipamentos Industriais ME e P. R. Córdoba Comercial e Serviços ME mancomunadas no fim específico de fraudar a Administração Tributária e de sonegar tributos, caracterizada também se revela a existência de conluio, a teor do art. 73 da Lei n° 4.502/64. No que pertine aos levantamentos "PL" e "PL2", a fraude se manifesta no volitivo e consciente registro em títulos impróprios da contabilidade, in casu, conta contábil n° 5.1.1.01.0044 Despesas Gerais, com Histórico extremamente genérico impeditivo do trabalho de auditoria fiscal, de fatos geradores de contribuições previdenciárias O artifício de, volitiva e conscientemente, não lançar em títulos próprios da contabilidade e não identificar claramente a destinação dos valores lançados no Relatório de Movimentação Financeira, as remunerações indiretas dos sócios da Autuada, lançandoas na Conta contábil n° 5.1.1.01.0044 Despesas Gerais, com Histórico extremamente genérico impeditivo do trabalho de auditoria fiscal, modificou as características essenciais dos fatos jurídicos a que se referiam, ocultando sua natureza de fato gerador de contribuições previdenciárias, evitandose, assim, o pagamento das contribuições previdenciárias correspondentes. Diz o Relatório Fiscal, in verbis: "Este artifício de não lançar em títulos próprios da contabilidade e não identificar claramente a destinação dos valores lançados no Relatório de Movimentação Financeira, ou seja, apresentar um único relatório com todas as despesas da empresa, dos mais diversos tipos, sem a devida correspondência nos livros contábeis, lançando nestes apenas valores globais e mencionar "conforme RF MM/AAAA", dificultou, para não dizer, quase impossibilitou o trabalho de auditoria da Fiscalização". Fl. 1646DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 49 48 A sonegação também se mostra patente, na medida em que, ao lançar fatos geradores de contribuições previdenciárias na Conta contábil n° 5.1.1.01.0044 Despesas Gerais, a Autuada não efetuou a declaração de tais parcelas remuneratórios de seus sócios em suas GFIP, excluindo dessarte da Administração Fazendária o conhecimento a respeito da ocorrência de fatos geradores de contribuições previdenciárias. Conforme acima elucidado, presentes estão nas condutas descritas nos autos os elementos objetivos e subjetivos qualificadores da fraude, da sonegação e do conluio, nos termos dos artigos 71 a 73 da Lei n° 4.502/64, circunstâncias que implicam a incidência da multa de ofício qualificada, bem como o afastamento da regra exposta no §4° do art. 150 do Código Tributário Nacional CTN. Em reforço a tal assertiva, atentese que, em razão das irregularidades constatadas durante os procedimentos de Fiscalização nas empresas ora em trato, houvese por formalizada a competente Representação Fiscal para Fins Penais, constituída em autos apartados, objeto do Processo Administrativo n° 15956.720111/201347, representando ao órgão competente para a persecução criminal, fatos que, em tese, configuram Crime de Sonegação de Contribuição Previdenciária. 3.5. DA DECADÊNCIA O Recorrente alega decadência do período de janeiro a março/2008. Não. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante n° 8, em julgamento realizado em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91, nos termos que se vos seguem: Súmula Vinculante n° 8 "São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5° do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário". Conforme estatuído no art. 103A da Constituição Federal, a Súmula Vinculante n° 8 é de observância obrigatória tanto pelos órgãos do Poder Judiciário quanto pela Administração Pública, devendo este Colegiado aplicála de imediato. Constituição Federal Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Fl. 1647DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 50 49 Afastada por inconstitucionalidade a eficácia das normas inscritas nos artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91, urge serem seguidas as disposições relativas à matéria em relevo inscritas no Código Tributário Nacional CTN e nas demais leis de regência. O instituto da decadência no Direito Tributário, malgrado respeitadas posições em sentido diverso, encontrase regulamentado no art. 173 do Código Tributário Nacional CTN, que reza ipsis litteris: Código Tributário Nacional CTN Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: 1 do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Conforme detalhadamente explicitado e fundamentado no Acórdão n° 230201.387 proferido nesta 2a TO/3a CÂMARA/2a SEJUL/CARF/MF/DF, na Sessão de 26 de outubro de 2011, nos autos do Processo n° 10240.000230/200865, convicto encontrase este Conselheiro de que, após a implementação do sistema GFIP/SEFIP, o lançamento das contribuições previdenciárias não mais se enquadra na sistemática de lançamento por homologação, mas, sim, na de lançamento por declaração, nos termos do art. 147 do CTN. Ocorre, todavia, que, consoante o entendimento prevalecente neste Colegiado, em sua escalação titular, havendo recolhimento antecipado do tributo em apuração, qualquer que seja o montante recolhido ou a rubrica contemplada, deve ser aplicado o preceito inscrito no parágrafo 4° do art. 150 do CTN, excluindose o crédito tributário não pela decadência, mas, sim, pela homologação tácita do crédito tributário, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Código Tributário Nacional CTN Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. §1° O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutoria da ulterior homologação ao lançamento. §2° Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. §3° Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. §4° Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e Fl. 1648DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 51 50 definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. De outro eito, mas vinho de outra pipa, pelas razões expendidas nos autos do Processo Administrativo Fiscal referido nos parágrafos anteriores, entende este relator que o lançamento tributário encontrase perfeito e acabado na data de sua lavratura, representada pela assinatura da Autoridade Fiscal lançadora, figurando a ciência do contribuinte como atributo de publicidade do ato e condição de eficácia do lançamento perante o sujeito passivo, mas, não, atributo de sua existência. Nada obstante, o entendimento dominante nesta 2a Turma Ordinária, em sua composição permanente, esposa a concepção de que a data de ciência do contribuinte produz, como um de seus efeitos, a demarcação temporal do dies a quo do prazo decadencial. Diante de tal cenário, o entendimento deste que vos relata mostrase isolado perante o Colegiado. Dessarte, em atenção aos clamores da eficiência exigida pela Lex Excelsior, curvome ao entendimento majoritário desta Corte Administrativa, em respeito à opinio iuris dos demais Conselheiros. Conforme demonstrado no item 3.4. supra, a Autuada utilizouse da contratação das microempresas F. R. Molina Comercial e Serviços ME, Giacomeli Comércio e Assistência Técnica em Equipamentos Industriais Ltda. ME, L. A. de Freitas Comércio e Assistência Técnica em Equipamentos Industriais ME e P. R. Córdoba Comercial e Serviços ME como interpostas pessoas, com a finalidade de acobertar, sob aparente manto de legalidade, a contratação dos trabalhadores Fernando Ricci Molina, Sandro Oliveira e Rosa Margarida Giacomeli Oliveira, Luiz Antônio de Freitas e Pedro Ricardo Córdoba, mão de obra por ela utilizada na execução de sua atividade fim, com significativa redução de encargos previdenciários, circunstância que demonstra e comprova o elemento volitivo do Recorrente de suprimir/reduzir tributo, mediante a omissão de informações à administração fazendária, fraudando assim a fiscalização tributária mediante a omissão dessas operações nas GFIP, nas folhas de pagamento e na contabilidade. Além disso, a Autuada valeuse do artifício de, volitiva e conscientemente, não lançar em títulos próprios da contabilidade e não identificar claramente a destinação dos valores lançados no Relatório de Movimentação Financeira, as remunerações indiretas dos sócios da Autuada, lançandoas na Conta contábil n° 5.1.1.01.0044 Despesas Gerais, com Histórico extremamente genérico impeditivo do trabalho de auditoria fiscal, modificando as características essenciais dos fatos jurídicos a que se referiam, ocultando sua natureza de fato gerador de contribuições previdenciárias, evitandose, assim, o pagamento das contribuições previdenciárias correspondentes. Presentes estão nas condutas descritas nos autos os elementos objetivos e subjetivos qualificadores da fraude, da sonegação e do conluio, nos termos dos artigos 71 a 73 da Lei n° 4.502/64, circunstâncias que implica o afastamento da regra exposta no §4° do art. 150 do Código Tributário Nacional CTN. Neste caso, apenas mediante a deflagração de procedimento formal de fiscalização, nas dependências do sujeito passivo, tem condições a Administração Fl. 1649DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 52 51 Tributária de tomar conhecimento da ocorrência de fatos geradores de contribuições previdenciárias e de apurar a sua matéria tributável. Assim, a constatação da efetiva ocorrência de fraude afasta da espécie em exame a ocorrência de homologação tácita do crédito tributário, por determinação expressa do preceito inscrito no §4°, infine, do art. 150 do Código Tributário Nacional CTN. No que pertine à decadência, o art. 173, I, do CTN estatui que o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário extinguese após 5 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Cumpre focalizar, neste comenos, a questão pertinente ao dies a quo do prazo decadencial relativo à competência dezembro de cada ano calendário. O art. 37 da Lei Orgânica da Seguridade Social prevê o lançamento de ofício de contribuições previdenciárias sempre que a fiscalização constatar o atraso total ou parcial no recolhimento das exações em apreço. Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Parágrafo único. Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. De outro canto, o art. 30 do mesmo Diploma Legal, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, estabelece como obrigação da empresa de recolher as contribuições previdenciárias a seu encargo e aquelas descontadas dos segurados obrigatórios do RGPS a seu serviço até o dia 02 do mês seguinte ao da competência. Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) I a empresa é obrigada a: a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontandoas da respectiva remuneração; b) recolher o produto arrecadado na forma da alínea anterior, a contribuição a que se refere o inciso IV do art. 22, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, até o dia dois do mês seguinte ao da competência; (Redação dada pela Lei n° 9.876, de 1999). Fl. 1650DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 53 52 No caso da competência dezembro, até que se expire o prazo para o recolhimento, digase, o dia 02 de janeiro do ano seguinte, não pode a autoridade administrativa proceder ao lançamento de oficio, eis que o sujeito passivo ainda não se encontra em atraso com o adimplemento da obrigação principal. Tratase de concepção análoga ao o princípio da actio nata, impondose que o prazo decadencial para o exercício de um direito potestativo somente começa a fluir a contar da data em que o sujeito ativo dele detentor pode, efetivamente, exercelo. Dessarte, a deflagração do aludido lançamento, referente ao mês de dezembro, somente pode ser perpetrada a contar do dia 03 de janeiro do ano seguinte. Nesse contexto, a contagem do prazo decadencial assentado no inciso I do art. 173 do CTN relativo à competência dezembro do ano xx somente terá início a partir de 1° de janeiro do ano xx + 2. Pacificando o entendimento acerca do assunto em realce, o Superior Tribunal de Justiça assentou em sua jurisprudência a interpretação que deve prevalecer, espancando definitivamente qualquer controvérsia ainda renitente, conforme dessai em cores vivas do julgado dos Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo Regimental no Recurso Especial n° 674.497, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. 1. Tratase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1° a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1°.1.1995, expirandose em 1°.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. No caso vertente, o prazo decadencial relativo às obrigações tributárias nascidas na competência dezembro de 2007 tem seu dies a quo assentado no dia 1° de janeiro de 2009, o que implica dizer que a constituição do crédito tributário referente aos fatos geradores ocorridos nessa competência poderia ser objeto de lançamento até o dia 31 de dezembro de 2013, inclusive. Assim delimitadas as nuances materiais do lançamento, nesse específico particular, sendo de 01/01/2008 a 31/12/2008 o período de apuração do crédito tributário em realce, e tendo sido a ciência dos Autos de Infração em debate realizada em 10/04/2013, os efeitos o lançamento em questão alcançarão com a mesma eficácia constitutiva todas as obrigações tributárias exigíveis a contar da competência dezembro/2007, inclusive, nos termos do art. 173, I, do CTN, excluídos os fatos geradores relativos ao 13° salário desse mesmo ano, de onde se conclui que todos os fatos geradores Fl. 1651DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 54 53 apurados pela Fiscalização ocorreram em competências ainda não fulminadas pela decadência. 3.6. DA INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE A MULTA PUNITIVA O Recorrente argumenta que deve ser afastada a exigência dos juros SELIC sobre a respectiva multa de ofício, por não ser esta integrante daquele crédito, As alegações acima postadas não merecem o albergue pretendido. A Constituição Federal de 1988 outorgou à Lei Complementar a competência para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários, nas cores desenhadas em seu art. 146, III, 'b', in verbis: Constituição Federal de 1988 Art. 146. Cabe à lei complementar: III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Imerso nessa ordem constitucional, ao tratar do crédito tributário, já no âmbito infraconstitucional, o art. 161 do Código Tributário Nacional CTN, topograficamente inserido no Capítulo que versa sobre a Extinção do Crédito Tributário, estabeleceu que o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis: Código Tributário Nacional Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. §1° Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. §2° O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Salientese que o percentual enunciado no parágrafo primeiro acima transcrito será o aplicável se a lei não dispuser de modo diverso. Ocorre que a lei de custeio da seguridade social disciplinou inteiramente a matéria relativa aos acessórios financeiros do crédito previdenciário em constituição e de forma distinta, devendo esta ser observada em detrimento do percentual previsto no §1° do art. 161 do CTN. Fl. 1652DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 55 54 Nesse sentido já se manifestou o Tribunal Regional Federal da 4a Região ao proferir, ipsis litteris: "Na esfera infraconstitucional, o Código Tributário Nacional, norma de caráter complementar, não proíbe a capitalização de juros nem limita a sua cobrança ao patamar de 1% ao mês. pois o art. 161, §1° desse diploma legal prevê que essa taxa de juros somente será aplicada se a lei não dispuser de modo contrário. Assim, não tendo o Código Tributário Nacional determinado a necessidade de lei complementar, pode a lei ordinária fixar taxas de juros diversas daquela prevista no citado art. 161, §1° do CTN, donde se conclui que a incidência da SELIC sobre os créditos fiscais se dá por forca de instrumento legislativo próprio (lei ordinária) sem importar qualquer afronta à Constituição Federal" (TRF 4a Região, Apelação Cível 200471100006514, Rel. Alvaro Eduardo Junqueira; P Turma; DJ de 15/06/2005, p. 552). Com efeito, as contribuições sociais destinadas ao custeio da seguridade social estão sujeitas não só à incidência de multa moratória, como também de juros computados segundo a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, nos termos do art. 34 da Lei n° 8.212/91 que, pela sua importância ao deslinde da questão, o transcrevemos a seguir, com a redação vigente à data dos fatos geradores. Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, a que se refere o art. 13 da Lei n° 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. (Restabelecido com redação alterada pela MP n° 1.571/97, reeditada até a conversão na Lei n° 9.528/97) A matéria relativa à incidência da taxa SELIC já foi bater à porta da Suprema Corte de Justiça, que firmou jurisprudência no sentido de sua legalidade, consoante ressai do julgado a seguir ementado: TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO DE DÉBITO. JUROS MORA TÓRIOS. TAXA SELIC. CABIMENTO. 1. O artigo 161 do CTN estipulou que os créditos não pagos no vencimento serão acrescidos de juros de mora calculados à taxa de 1 %, ressalvando, expressamente, em seu parágrafo primeiro, a possibilidade de sua regulamentação por lei extravagante. o que ocorre no caso dos créditos tributários, em que a Lei 9.065/95 prevê a cobrança de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais (art. 13). 2. Diante dai previsão legal e considerando que a mora é calculada de acordo com a legislação vigente à época de sua apuração, nenhuma ilegalidade há na aplicação da Taxa SELIC sobre os débitos tributários recolhidos a destempo, ou que foram objeto de parcelamento administrativo. 3. Também, há de se considerar que os contribuintes têm postulado a utilização da Taxa SELIC na compensação e repetição dos indébitos tributários de que são credores. Assim, reconhecida a legalidade da incidência da Taxa SELIC em favor dos contribuintes, do mesmo modo deve ser aplicada na cobrança do crédito fiscal diante do princípio da isonomia. Fl. 1653DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 56 55 4. Embargos de divergência a que se dá provimento. STJ EREsp n° 396.554/SC, Rel. Min. TEORIALBINO ZAVASCKI; 1 a SEÇÃO; DJ 13/09/2004; p. 167. Mostrase auspicioso esclarecer que o conceito de crédito tributário abarca não somente o principal como, também, os seus acessórios pecuniários legais, in casu, os juros moratórios e a multa punitiva, consolidados até a data da lavratura do Auto de Infração. Ou seja, verificado o inadimplemento do tributo, é cabível a incidência de juros moratórios sobre o principal, desde a data do vencimento da obrigação até a data da lavratura do Auto de Infração, bem como a aplicação de multa punitiva, que passam a integrar o crédito fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve recolher ao Fisco. Uma vez consolidado o crédito tributário (principal + juros + multa), ao Sujeito Passivo é concedido prazo legal para o adimplemento espontâneo da obrigação. Não se deve perder de vista que os juros moratórios representam, efetivamente, o preço do dinheiro, isto é, o valor que o detentor da moeda (o Sujeito Passivo) paga ao seu legítimo proprietário (o Fisco) pela posse temporária do numerário que desde o vencimento da obrigação já é de sua titularidade. No caso dos autos, a partir da data de vencimento especificado, o Sujeito Passivo passa a figurar como potencial devedor do montante consolidado objeto do lançamento tributário. Nessa perspectiva, os juros de mora são devidos para compensar a demora do Sujeito Passivo no pagamento do crédito tributário consolidado. Se ainda assim há atraso na quitação da dívida, os juros de mora devem incidir sobre a totalidade do crédito tributário consolidado, inclusive a multa que, neste momento, constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública, não se distinguindo da exação em si para efeitos de recompensar o credor pela demora no pagamento. Com efeito, a posição assumida pelo acórdão recorrido espelha a jurisprudência firmada por ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ, conforme se depreende dos seguintes julgados adiante ementados: TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. 2. Recurso especial provido. (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no RECURSO ESPECIAL N° 1.335.688 PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJ de 10/12/2012) Fl. 1654DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 57 56 Aditese que a matéria em questão já se houve por decidida pela 1a Seção do STJ, no REsp 879.844/MG, DJe de 25/11/2009, julgado sob o regime do art. 543 C do CPC, com eficácia vinculativa desse precedente, que deverá ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força do preceito insculpido no art. 62A do Regimento Interno do CARF. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO PARA TRIBUTOS ESTADUAIS DIANTE DA EXISTÊNCIA DE LEI AUTORIZADORA. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1a SEÇÃO, NO RESP 879.844/MG, DJE DE 25/11/2009, JULGADO SOB O REGIME DO ART. 543 C DO CPC. ESPECIAL EFICÁCIA VINCULATIVA DESSE PRECEDENTE (CPC, ART. 543C, §7°), QUE IMPÕE A ADOÇÃO EM CASOS ANÁLOGOS. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. PRECEDENTE DA 2a TURMA DO STJ. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010). Regimento Interno do CARF Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Por tais razões, entendemos inexistir irregularidade na incidência de juros moratórios sobre o crédito tributário consolidado. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. Retorna este Relator. Quanto a cobrança de terceiros, não há que se falar de vício de motivação. A recorrente não apontou objetivamente qual dispositivo legal não se aplicaria in casu, fazendo genérica alegação de falta de motivação. O relatório FLD – Fundamentos Legais do Débito, traz toda a legislação pertinente, informando de forma detalhada o arcabouço legal respectivo. Os demais relatórios detalham as bases de cálculo e alíquotas aplicadas, fornecendo assim todos os elementos necessários ao lançamento. Assim sendo, sobejamente configurada a correta relação trabalhista, irreprochável o lançamento correspondente na pessoa jurídica de direito, igualmente não havendo mácula quanto a competência da Auditoria fiscal no correto direcionamento do lançamento e na taxa de juros aplicada. Fl. 1655DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 58 57 APLICAÇÃO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. AUTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DEBCAD 37.331.0056 O art. 106, inciso II,”c” do CTN determina a aplicação de legislação superveniente, caso esta seja mais benéfica ao contribuinte. As multas em GFIP foram alteradas pela lei n º 11.941/09, o que pode beneficiar o recorrente. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212, senão vejamos: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 1656DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 59 58 Dessarte, o valor do Auto de Infração DEBCAD 37.331.0056 deve ser calculado segundo a nova norma legal art. 32A,I, da lei 8.212/91, somente, e comparado aos valores que constam do presente auto, para se determinar o resultado mais favorável ao contribuinte. No cálculo da multa devem se observados os valores mínimos, por competência, elencados no parágrafo 3º do mesmo artigo 32A. CONCLUSÃO Ante o exposto, conheço do presente recurso e DOULHE PARCIAL PROVIMENTO para que, em relação ao DEBCAD 37.331.0056 seja efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32A,I da lei 8.212/91, na redação dada pela lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, para que seja aplicado o mais benéfico à recorrente. A comparação darseá no momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte e, na inexistência destes, no momento do ajuizamento da execução fiscal, conforme art.2º. da portaria conjunta RFB/PGFN no. 14, de 04.12.2009. assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. Fl. 1657DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 60 59 Voto Vencedor Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti Pedi vista do presente processo tão somente para averiguar a aplicabilidade da Lei nº 13.097/2015 ao caso concreto, e não por duvidar das razões de decidir do Nobre Conselheiro Relator, a quem rendo aqui as mais sinceras homenagens. Da Anistia Instituída pela Lei n. 13.097/2015 A Lei n. 13.097, publicada em 19 de janeiro de 2015, inovou o ordemanento jurídico, sendo que a multa prevista no artigo 32A da Lei nº 8.212/1991, pela falta de entrega da GFIP, deixou de produzir efeitos em relação aos fatos geradores ocorridos no período de 27/05/2009 a 31/12/2013, no caso de entrega de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária – GFIP sem Movimento. Ficaram, ainda, anistiadas as multas pela entrega da GFIP fora do prazo ou apresentada com incorreções ou omissões, desde que a declaração (GFIP) tenha sido apresentada até o último dia do mês subsequente ao previsto para a entrega, in verbis: (...) Seção XIV Da Apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP Art. 48. O disposto no art. 32A da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, deixa de produzir efeitos em relação aos fatos geradores ocorridos no período de 27 de maio de 2009 a 31 de dezembro de 2013, no caso de entrega de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária. Art. 49. Ficam anistiadas as multas previstas no art. 32A da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, lançadas até a publicação desta Lei, desde que a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, tenha sido apresentada até o último dia do mês subsequente ao previsto para a entrega. Art. 50. O disposto nos arts. 48 e 49 não implica restituição ou compensação de quantias pagas. Todavia, antes de adentrar na anistia específica trazida pela Lei 12.093/2015, faço um apertado escorço sobre o instituto da anistia em matéria tributária. Ora, a anistia é classificada como o perdão legal da infração, o que obsta a constituição do crédito tributário referente às correspondentes penalidades. É causa de exclusão do crédito tributário, o que significa dizer que impede a constituição do crédito através do Fl. 1658DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 61 60 lançamento, consoante a norma do art. 175 do CTN, e, como todo benefício fiscal, somente pode ser concedida por Lei tributária específica. Insta salientar, outrossim, que a a anistia não se confunde com a remissão. Esta é causa de extinção do crédito tributário, ou seja, operase após o lançamento e consequente constituição do crédito. Além disso, consoante o art. 172 do CTN, a remissão exige justificativa para sua concessão (casos de admissibilidade), ao passo que a anistia pode ser absoluta e concedida incondicionalmente, desde que referente às penalidades ocorridas até a vigência da lei concessiva. Além disso, a anistia abrange apenas as infrações. A remissão, por sua vez, pode ser apenas referente às infrações ou ao crédito tributário como um todo. O catedrático da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Professor Paulo de Barros Carvalho, discorrendo sobre a conceituação da Anistia e da Remissão, em sua renomada obra Curso de Direito Tributário, ensina: "Anistia fiscal é o perdão de falta cometida pelo infrator de deveres tributários e também quer dizer o perdão da penalidade a ele imposta por ter infringido mandamento legal. Tem, como se vê, duas acepções: a de perdão pelo ilícito e a de perdão da multa. As duas proporções semânticas do vocabulário anistia oferecem matéria de relevo para o Direito Penal, razão porque os penalistas designam anistia o perdão do delito e o indulto o perdão da pena cominada para o crime. Voltandose para apagar o ilícito tributário ou a penalidade infligida ao autor da ilicitude, o instituto da anistia traz em si indiscutível caráter retroativo, pois alcança fatos que se compuseram antes do termo inicial da lei que a introduz no ordenamento. Apresenta grande similitude com a remissão, mas com ela não se confunde. Ao remir, o legislador tributário perdoa o débito tributário, abrindo mão do seu direito subjetivo de percebêlo; ao anistiar, todavia, a desculpa recai sobre o ato da infração ou sobre a penalidade que lhe foi aplicada. Ambas retroagem, operando em relação jurídica já constituídas, porém de índole diversa: a remissão, em vínculo obrigacional de natureza estritamente tributária; a anistia, igualmente em liames de obrigação, mas de cunho sancionatório." Diferente não é o entendimento do saudoso mestre Aliomar Baleeiro, no seu consagrado Direito Tributário Brasileiro: "A anistia não se confunde com a remissão. Esta pode dispensar o tributo, ao passo que a anistia fiscal é limitada à exclusão das infracões cometidas anteriormente à vigência da lei. que a decreta." Assim, utilizandose das lapidares lições do mestre Aliomar Baleeiro, temse que o CTN, para a anistia, tomou de empréstimo o milenar instituto político de clemência, esquecimento e concórdia, com este, porém, não se confundindo, apesar da mesma natureza perdão, esquecimento , de um lado, por restringilo, posto que a anistia fiscal exclui os atos qualificados como crime ou contravenção ou atos que, sem este qualificativo, envolvem dolo, fraude, simulação ou conluio, de outro, por ampliálo, posto que se estende, para além do legislador federal, aos legisladores estaduais e municipais. Quanto à remissão esclarece que o CTN se refere ao mesmo instituto de Direito Privado de que trata o Código Civil, arts. 1.053 a 1.055. que tem, como a anistia política, o mesmo cerne significativo na ideia de perdão (remitir ou perdoar a dívida). Fl. 1659DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 62 61 Embeberando os sempre maestrais ensinamentos de Tarcio Sampaio Ferraz Jr, em artigo reproduzido na Revista Dialética de Direito Tributário n. 92, a distinção entre os dois institutos, no âmbito tributário (sistematicidade orgânica da matéria), é importante porque produzem efeitos diferentes a remissão é modalidade de extinção do crédito (CTN. art. 156), a anistia exclui o crédito (CTN. art. 175). Mas reduzir a distinção entre ambos a perdão de infração e penalidades correspondentes (a anistia) e a perdão do crédito (a remissão) é, data venia, uma fórmula muito pobre, já pela origem diferente que manifestam. O exame da sistematicidade orgânica exige, para além da estrutura do contexto normativo, a consideração da gênese dos conceitos. O transporte para o Direito Tributário não apaga as origens e ignorálas pode conduzir a perigosas simplificações. Afinal o direito é um fenômeno da vida humana e não um texto sem contexto. Assim, a remissão, dentre as modalidades de extinção, é um dos casos em que o CTN se serve "de institutos e conceitos de Direito Privado, no mesmo sentido em que este os criou e estruturou (CTN, arts. 109 e 110)", lembrando, por sua vez. que a anistia fiscal, "como a anistia política", pode ser absoluta ou condicional, geral ou restrita. O fato de a anistia fiscal, como a anistia política, poder ser absoluta é já um primeiro dado a ser considerado. Ao contrário da remissão, que o CTN vincula à racionalidade de uma relação meio/fim casos de admissibilidade, conforme o art. 172 do CTN , a anistia, que pode ser absoluta, poderá ser então concedida incondicionalmente ("irrestritamente pela lei sem quaisquer condições", nas palavras de Aliomar Baleeiro, op. cit., p. 533), alheia ao cálculo limitador da racionalidade. Isto a aproxima de suas origens mais remotas, quando era concedida em alusão a eventos que não guardavam nenhuma relação com os efeitos do ato soberano. Por isso, no direito moderno, a anistia não é vista, basicamente, como um favorecimento individual, posto que seu destinatário imediato é a pessoa humana e a sociedade. Nesse sentido, não pede nenhuma justificação condicional ao ato da autoridade que a concede, ainda que, secundariamente, possa atingir certas finalidades (como por exemplo, a paz social ou um benefício econômico). Ou seja, ela não é concedida por que nem para que um conjunto de beneficiários por meio dela ela se beneficie, mas no interesse soberano da própria sociedade. Além disso, sendo oblívio, esquecimento, juridicamente ela "provoca a criação de uma ficção legal", ela não "apaga" propriamente a infração, mas "o direito de punir", razão pela qual aparece depois de ter surgido o fato violador, não se confundindo com uma novação legislativa. Entendese, assim, porque a anistia fiscal é capitulada como exclusão do crédito (gerado pela infração) e não como extinção (caso da remissão), pois se trata de créditos que aparecem depois do fato violador, abrangendo a fortiori apenas infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede. E, como na anistia política, da qual segue o cancelamento das penalidades ou a revisão das penas correspondentemente à infração anistiada, também a anistia fiscal será seguida de cancelamento de multas, eventualmente sob condição de pagamento do tributo, cujo crédito então não se extingue. Ou seja, o crédito gerado pela infração se exclui porque a infração se anistia. isto é, desaparece o direito de punir. Desaparecido esse, desaparecem as penalidades, embora, obviamente, a recíproca não seja verdadeira, isto é, as penalidades podem ser extintas (por exemplo, pelo pagamento) sem que desapareça infração e, em consequência, sem que o crédito tenha sido excluído. Fl. 1660DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 63 62 O CTN, no art. 180, fala, assim, em anistia de infrações e não de anistia de penalidade. Afinal, como esclarece o inúmeras vezes clamado Aliomar Baleeiro, "o Fisco, se há infração legal por parte do sujeito passivo, pode cumular o crédito fiscal e a penalidade. exigindo esta e aquele". Esta autonomia da exigência da penalidade que, como crédito, nasce da infração. explica que a anistia desta exclua a exigência daquela que, em consequência, se cancela. Mas a mesma autonomia tem de admitir a hipótese de mera redução de multas e penalidades, isto é, do crédito correspondente, sem que haja. obviamente, perdão da infração ou de que o crédito gerado pela infração possa ser extinto (e não excluído) por qualquer das modalidades de extinção de crédito. Afinal, não se pode anistiar um "pedaço" de uma infração, embora se possa perdoar parte de um crédito. Já a remissão é. justamente, uma dessas modalidades, cuja estrutura, como diz Aliomar Baleeiro, vem do Direito Privado. A remissão de dívida é negócio jurídico unilateral, que pode ser abstrato ou causal. Se causal, faz depender de solução de outra obrigação a sua eficácia. A eventual bilateralidade da remissão depende do que o credor quer. Ou seja, a bilateralidade não lhe é essencial. Entendese, desse modo. que a remissão tributária seja ato fundamentado e que a lei concedente preencha os requisitos estabelecidos pela lei complementar. Na verdade, a remissão privada pode ser da dívida ou da pena. Ou seja, se a anistia só se refere à infração, isto não exclui a possibilidade de a remissão referirse também e mesmo apenas ao crédito resultante da pena pecuniária imposta, e até somente a uma parte deste crédito. Ora, a possibilidade da remissão da pena tem uma consequência que não pode ser menosprezada. Afinal, no campo tributário, há de se reconhecer que haverá casos em que a lei anistia a infração, donde se segue a extinção da pena. mas outros há em que ela cancela a penalidade sem ter anistiado a infração. Neste último caso, qual o instituto que estará sendo aplicado; o de origem política (penal) ou o de origem privada? Ora. tenhase em conta que. quando se trata de perdão de pena criminal, não se fala em anistia, mas em indulto. "Ao contrário da anistia, o indulto não extingue o crime, impede tãosó a execução da pena a que tenham sido condenados os que dele se beneficiam" (Aníbal Bruno. Direito Penal, tomo 3°. Rio de Janeiro/São Paulo. 1966. p. 204). Mas de indulto não fala a lei tributária. E quando fala em concessão de anistia, limitadamente (CTN. art. 182 11), não prevê nenhuma hipótese de limitação referente a uma (parcial!) redução de penalidades pecuniárias. Mesmo porque, nesse caso, não haveria anistia, mas indulto. Não obstante, a doutrina tributária fala em anistia de penalidades, argumentando que. em tal caso. sendo a sanção a negação da negação do direito provocada pela infração, ela é a afirmação daquele direito (a dupla negação é uma afirmação). Donde se segue que a supressão da pena equivaleria à supressão do direito que ela confirma, isto é, a anistia da pena equivaleria à anistia da infração correspondente. Daí, apesar de o CTN falar apenas em anistia de infração, poderse admitir também a anistia (imprópria?) de penalidade (cf. Zelmo Denari; Comentários ao Código Tributário Nacional, vol. 4, São Paulo, 1978, pp. 181 e ss.). Esse argumento, que admite a anistia da infração por força da anistia da pena, valeria quando ocorresse o cancelamento total da pena, mas é impróprio quando o caso é de mera redução, pois seria então de se perguntar se estaria ocorrendo a anistia (em parte?!) da Fl. 1661DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 15956.720082/201313 Acórdão n.º 2803004.144 S2TE03 Fl. 64 63 infração, em relação à qual, como se sabe, a pena pecuniária não tem função compensatória de crédito. Podese anistiar uma infração e não outra, a infração referente a um tributo e não a outro, as infrações punidas com multa até certo montante, mas não um "pedaço" de infração nem penas até certo montante de tal modo que a infração ou o direito de punir ficassem "meio" anistiados. A possibilidade legal de perdão de parte de penalidades, com a utilização da fórmula "cancelamento ou redução de multas e penalidades", merece, pois, uma outra explicação. Segue, pois, que é irrecusável a hipótese de mero perdão de penalidade, isto é, de perdão do crédito correspondente, independente do oblívio da infração. Ou seja, quando o legislador tributário disciplina o perdão de penalidades ou vê na sua anistia uma correlação com a anistia da infração (por inteiro) ou, querendo referirse apenas à penalidade (ao crédito correspondente) mantendose a infração e não recorrendo impropriamente ao instituto da anistia, só pode estar a falar em remissão. Assim, a remissão tributária sendo modalidade de extinção do crédito tributário tal como ele é constituído pelo lançamento e, no caso de penalidades, o crédito se constituindo por lançamento de ofício, quando a lei prevê o cancelamento ou redução de penalidades nada impede que estejamos diante de remissão e não de anistia. Desta feita, observase que a “anistia” trazida pela Lei 13.097/2015 atinge as infrações de não entrega de GFIP no prazo correto, desde que entregue no mês subsequente e a entrega de GFIP com incorreções ou omissões, não necessitando, neste segundo caso, qualquer entrega posterior, pois não há na lei em questão a exigência para a entrega com correções. Assim, entendo que a anistia trazida pelo artigo 49 da Lei 13.097/2015 deve ser aplicada ao caso concreto como remissão, extinguindo o crédito tributário referente à obrigação acessória em comento. Destaco, outrossim, que a norma tributária não há de trazer palavras inúteis, deste feito entendo que à remissão da multa por entrega de GFIP apresentada com incorreções ou omissões não há qualquer condição, devento ser de imediato aplicado os termos propostos, com a corolária extinção do crédito tributário lançado. Conclusão Por todo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário, para no mérito darlhe parcial provimento, aplicando ao caso concreto o disposto no artigo 49 da Lei n. 13.097/2015, entendendo a palavra anistia ali constante como remissão, extinguindo o crédito tributário da obrigação acessória em questão, nos termos do art. 156, IV, do CTN. É como voto. (assinado digitalmente) Ricardo Magaldi Messetti – Redator designado Fl. 1662DF CARF MF Impresso em 08/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 02/04/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 03/04/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Ass inado digitalmente em 08/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA
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Numero do processo: 14041.000069/2007-46
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS.
Configurada pela prova dos autos a omissão de rendimento de aluguéis recebidos de pessoa física, é de manter-se a autuação a tal título.
NÃO CUMULATIVIDADE DA MULTA PREVISTA NO INCISO II DO ARTIGO 44 DA LEI N.9.430/96 COM AQUELA PREVISTA EM SEU INCISO I. MULTA ISOLADA QUE SE EXCLUI DO LANÇAMENTO.
Incidindo a multa prevista no inciso I do art.44 da Lei n. 9.430/96, incabível, por não cumulável, a incidência, a um só tempo daquela prevista no inciso II do mesmo dispositivo.
Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 2802-002.987
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir-se a aplicação da multa isolada, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Jaci de Assis Júnior e Ronnie Soares Anderson que negavam provimento.
(assinado digitalmente)
Jorge Claudio Duarte Cardoso - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos André Ribas de Mello - Relator.
EDITADO EM: 21/01/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente), Carlos Andre Ribas de Mello (Relator), Ronnie Soares Anderson, German Alejandro San Martin Fernandez e Jaci de Assis Junior. Ausente justificadamente a Conselheira Juliana Bandeira Toscano.
Nome do relator: CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS. Configurada pela prova dos autos a omissão de rendimento de aluguéis recebidos de pessoa física, é de manterse a autuação a tal título. NÃO CUMULATIVIDADE DA MULTA PREVISTA NO INCISO II DO ARTIGO 44 DA LEI N.9.430/96 COM AQUELA PREVISTA EM SEU INCISO I. MULTA ISOLADA QUE SE EXCLUI DO LANÇAMENTO. Incidindo a multa prevista no inciso I do art.44 da Lei n. 9.430/96, incabível, por não cumulável, a incidência, a um só tempo daquela prevista no inciso II do mesmo dispositivo. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluirse a aplicação da multa isolada, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Jaci de Assis Júnior e Ronnie Soares Anderson que negavam provimento. (assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente. (assinado digitalmente) Carlos André Ribas de Mello Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 04 1. 00 00 69 /2 00 7- 46 Fl. 83DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 21/ 01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO 2 EDITADO EM: 21/01/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente), Carlos Andre Ribas de Mello (Relator), Ronnie Soares Anderson, German Alejandro San Martin Fernandez e Jaci de Assis Junior. Ausente justificadamente a Conselheira Juliana Bandeira Toscano. Relatório Tratase de Auto de Infração de fls.03 e ss., por supostas omissões de rendimentos de aluguéis, sujeitos ao carnêleão, bem como impondose multa isolada por falta de recolhimento de imposto devido a título de carnêleão Inconformado com o lançamento, o contribuinte apresenta impugnação, de fls.39 e ss., alegando, em síntese, o quanto segue: que o ordenamento jurídico pátrio veda a ocorrência do bis in idem, questionando a aplicação da Multa Isolada, argumentando que o recolhimento do imposto na modalidade CarnêLeão é uma opção dada ao contribuinte a ser exercida antes da entrega da declaração ou no ato da sua apresentação; que na autuação ocorreu excesso de exação, diante da falta de observância dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade e da legalidade, que vedam a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; cita o art. 29 da Lei n° 9784/1999 e o inciso II do art. 5 0 da Constituição Federal e crava entendimento de que houve a cobrança de imposto e aplicação de penalidade em duplicidade, sobre o mesmo fato gerador, incorrendo o Auto de Infração em ilicitude, pugnando pela anulação do lançamento por estar eivado de vícios; suscita a inconstitucionalidade da supressão de instância no Processo Administrativo Fiscal, trazida pela MP n° 232/2004; junta requerimento a fls. 56/57, acrescentando que no contrato de aluguel que deu origem à presente infração está incluída a venda dos móveis que guarneciam o imóvel locado, sem, contudo, apontar a cláusula do contrato e o valor da venda dos móveis; requer seja o lançamento julgado inteiramente improcedente, anulando a autuação fiscal ou revogandoa, eis que eivada de vícios. A impugnação foi julgada pela 3ª Turma da DRJ/BSA, a fls.59 e ss., por unanimidade, pela procedência do lançamento, fazendoo aos seguintes fundamentos: que falecendo competência à DRJ para pronunciarse sobre a suposta inconstitucionalidade da MP n° 232/2005, mas que convém esclarecer que a mencionada MP foi convertida em lei, a de n° 11119/2005, a qual, pela dicção do art. 4°, afastou a alegada supressão de instância no Processo Administrativo Fiscal; Fl. 84DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 21/ 01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO Processo nº 14041.000069/200746 Acórdão n.º 2802002.987 S2TE02 Fl. 84 3 que apesar de o contribuinte afirmar que o valor dos aluguéis incluiu a venda dos móveis que guarneciam o imóvel locado, documentação alguma foi trazida aos autos por meio da impugnação ao lançamento e da análise dos documentos obtidos pela autoridade lançadora declarações firmadas pelo autuado, de próprio punho inclusive, e contrato de locação, fls. 12, 15 e 17/26 depreendese que a infração de R$ 54.000,00 corresponde, exclusivamente, ao produto do aluguel pago ao contribuinte por Sidney Ribeiro Dinau, relativamente à locação do imóvel situado à SHIS QI 15, Conjunto 04, Casa 09, Lago Sul, Brasilia (DF) e que, dessa forma, não merece acolhida a alegação de que parte do citado valor seria decorrente da venda dos móveis que guarneciam o imóvel locado, tendo em vista que, ao contrário do que afirma o contribuinte, o contrato de locação de fls. 17/21 não prevê a venda ao locador dos mencionados móveis; que o artigo 44, inciso I, da Lei n° 9.430/1996, estabelece o percentual de 75% de multa no caso de lançamento de oficio e o inciso II do mesmo dispositivo legal, que a ausência de recolhimento mensal do imposto, ou recolhimento em valor menor, quando devido, caracteriza fato gerador da multa isolada; que ao asseverar que é opcional a antecipação do imposto pelo recebimento de aluguéis de pessoas físicas, o impugnante faz confusão entre dois institutos CarnêLeão e Mensalão. A resposta à questão n° 243 do Manual Perguntas e Respostas do PIRPF/2004 esclarece a diferença entre estas duas modalidades de antecipação do imposto, sendo o carnêleão obrigatório e o Mensalão, hipótese distinta daquela dos autos, recolhimento complementar e facultativo; que a obrigação de recolhimento de carnêleão sobre rendimentos de aluguéis recebidos de pessoa física decorre do inciso IV do art. 106 do Decreto n° 3000/1999. Não satisfeito com o resultado do julgamento, do qual foi intimado (fl.71), o contribuinte interpôs tempestivamente recurso voluntário (fl. 72 e ss.), repisando os argumentos esgrimidos em sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos André Ribas de Mello, Relator. Em sede preliminar, o recurso deve ser conhecido, por tempestivo, nos limites de seu objeto, isto é, na impugnação da autuação por omissão de rendimentos de aluguéis e na imposição de multa isolada pela falta de recolhimento de carnêleão. Quanto à omissão dos rendimentos de aluguéis, no exato montante da autuação, é de fundamental importância o documento de fls.12, firmado pelo próprio contribuinte em que admite o mesmo tal omissão e a natureza dos rendimentos. Vale ainda destacar o recibo de pagamento de fls.15 e o contrato de locação de fls.1726, como bem o apontou a DRJ. A alegação de que o valor em questão envolveria também a venda dos móveis que guarnecem o imóvel locado não encontra apoio em nenhum elemento de prova constante dos autos. Tenho, portanto, como adequada a autuação a título de omissão de rendimentos. Fl. 85DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 21/ 01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO 4 Quanto à imposição de multa isolada por falta de recolhimento do carnêleão acumuladamente com a multa de ofício na razão de 75%, julgados anteriores desse Conselho, bem como da Câmara Superior de Recursos Fiscais, têm reconhecido a improcedência da cobrança simultânea das multas previstas no inciso I e II do art. 44 da Lei nº 9.430/96. Dentre os argumentos utilizados para se afastar a incidência da multa isolada, quando já haja sido aplicada a multa do inciso I, dizse que as hipóteses previstas para ambas são diferentes e excludentes, não comportando interpretação conciliatória. Inicialmente, pelo inciso I do art. 44, a multa de ofício será aplicada juntamente com o tributo, quando não houver sido anteriormente pago (regra geral). O inciso II, por sua vez, ao tratar da multa isolada, dispõe sobre a penalidade para o não recolhimento do imposto mensal, o carnêleão, e havendo saldo de imposto apurado mediante procedimento de ofício, tão somente deve ser aplicada a multa de ofício, ou seja, a prevista no inciso I do art. 44. Isto posto, sou pelo provimento parcial do recurso, tão somente para excluir se a aplicação da multa isolada, mantendose quanto ao mais o lançamento. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos André Ribas de Mello. Fl. 86DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 21/ 01/2015 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO
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Numero do processo: 11634.000811/2008-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2802-000.043
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos RESOLVEM sobrestar o julgamento do processo nos termos do art. 62-A do Regimento Interno do CARF.
Nome do relator: : GERMAN ALEJANDRO SAN MARTIN FERNANDEZ
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Numero do processo: 10935.000171/2003-01
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 02 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3801-000.932
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. Carlos Alexandre Tortato, OAB/PR 52.658.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo.
Nome do relator: FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. Carlos Alexandre Tortato, OAB/PR 52.658. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 35 .0 00 17 1/ 20 03 -0 1 Fl. 1372DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10935.000171/200301 Resolução nº 3801000.932 S3TE01 Fl. 11 2 Relatório Adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), que narra bem os fatos: Tratase de pedido de ressarcimento (fl. 05) de crédito presumido de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de que trata a Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, e a Portaria MF nº 38, de 27 de fevereiro de 1997, formalizado em 30/12/2002 e no montante de R$ 656.062,78, respeitante ao 4º trimestrecalendário de 1997, cumulado com a Declaração de Compensação (PER/DCOMP) de 30/10/2003, à fl. 918, com débitos no total de R$ 80.863,57. Pelo Despacho Decisório nº 021/2007 (fls. 934/941), a DRFB em Cascavel/PR deferiu parcialmente o pleito, tendo sido glosadas as parcelas relativas às compras de pessoas físicas e cooperativas não contribuintes do PIS e da COFINS, às exportações de soja após limpeza e secagem e à atualização monetária pela SELIC do total requerido. O reconhecimento parcial do pedido de ressarcimento foi de R$ 65.021,93. Na manifestação de inconformidade (fls. 951/976), apresentada em 07/08/2007, foram alegadas ilegalidade e inconstitucionalidade de atos administrativos que restringem o benefício concedido pela lei, sendo que não importaria a origem dos insumos utilizados, pois todos que ingressassem na empresa com fins de exportação comporiam a base de cálculo do crédito presumido, sobre o qual inclusive incidiria a correção monetária, conforme julgados administrativos e judiciais mencionados. Neste ínterim, a interessada ajuizou o Mandado de Segurança nº 2007.70.05.0037088 pleiteando a inclusão das aquisições de pessoas físicas e cooperativas no cálculo do benefício, sendo que, antes que esta instância administrativa se pronunciasse, logrou obter o pedido deduzido no Agravo de Instrumento nº 2007.04.00.0321455/PR, que determinou o recálculo do crédito presumido com a inclusão das controvertidas aquisições. Assim, em 20/05/2008, foi proferido o Despacho Decisório nº 91/2008 (fls. 1.023/1.028) com o reconhecimento da parcela em questão do crédito presumido e a homologação total da Declaração de Compensação vinculada ao pedido de ressarcimento. Contudo, a requerente apresentou, em 08/07/2008, nova manifestação de inconformidade (fls. 1.048/1.052) com a alegação de que este processo não poderia seguir para arquivo, na medida em que não foram apreciadas no âmbito do contencioso administrativo de primeira instância as alegações relativas à inclusão na base de cálculo do crédito presumido das exportações de soja após limpeza e secagem e a atualização monetária, à taxa SELIC, do total requerido. Fl. 1373DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10935.000171/200301 Resolução nº 3801000.932 S3TE01 Fl. 12 3 Em 29/10/2008, foi proferido o Despacho Decisório nº 329/2008 (fl. 1.082), com a homologação total da Declaração de Compensação à fl. 918, por força de decisão judicial nos autos do Agravo de Instrumento nº 2008.04.00.0010727 e conforme memorando à fl. 1.060. Veio então a manifestação de inconformidade de 09/06/2009 (fls. 1.096/1.106) em relação a diversos processos atinentes a ressarcimento, inclusive este, com o pedido para apreciação de todos os recursos voluntários interpostos, sob pena de ofensa a direito líquido e certo. O Acórdão DRJ/RPO nº 1433.647 (fls. 1119/1123) foi prolatado em 11/05/2011, com o julgamento de improcedência da manifestação de inconformidade e o nãoreconhecimento do direito creditório. Em conseqüência, foi interposto em 27/07/2011 o recurso voluntário às fls.1130/1.191). Sobreviera, antes, o Acórdão (fls. 1211/1219), de 29/06/2011 (publicação em 07/07/2011) nos autos da Apelação Cível nº 2007.70.05.0037088/PR. Em 05/04/2013, no Despacho Decisório nº 193/2013 (fls. 1230/1235) foi decidido o seguinte: “a) Manter inalterado o reconhecimento PARCIAL do direito creditório constante do Despacho Decisório nº 021, de 12 de março de 2007, no VALOR de R$ 65.021,93 (sessenta e cinco mil, vinte e um reais e noventa e três centavos), relativo ao Crédito Presumido do IPI sobre as aquisições de insumos junto a contribuintes e utilizados no processo produtivo destinado a exportação; b) Manter inalterado o reconhecimento PARCIAL do direito creditório constante do Despacho Decisório nº 091/2008, no VALOR de R$ 210.847,50 (duzentos e dez mil, oitocentos e quarenta e sete reais e cinqüenta centavos), relativo ao Crédito Presumido do IPI sobre as aquisições de insumos junto a não contribuintes e utilizados no processo produtivo destinado a exportação; c) Manter a homologação das compensações declaradas pelo contribuinte e vinculadas ao presente pleito até o limite do valor do crédito reconhecido; d) Pela inconsistência apontada impõese a necessidade de revisão do despacho que promoveu a compensação de ofício sob nº 329/2008, com o imediato cancelamento das compensações procedidas de ofício no presente processo, e que em ato contínuo, seja efetivada nova proposição de compensação de ofício, com observância as normas e rito processual e notificação prévia ao interessado; e) Atendendo determinação judicial, demonstrar o calculo da correção pela taxa SELIC, sobre a parcela do crédito indicada no “item B” acima, não reconhecida inicialmente pelo Fisco por restrição administrativa (IN 419, de 10/05/04, art. 2º, §2º), tendo como data inicial da contagem o dia 30/12/2002 (data da formalização do pleito) e como data final o mês anterior ao da efetivação da compensação ou ressarcimento em espécie e de 1% relativamente ao mês em curso que ocorrer o evento (art. 39, §4º, da Lei 9.250/95)”.(grifos do original) Depois da ciência em 07/05/2013 (AR à fl. 1265), foi oposta a manifestação de inconformidade (fls. 1291/1301), em 06/06/2013, Fl. 1374DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10935.000171/200301 Resolução nº 3801000.932 S3TE01 Fl. 13 4 firmada pelo representante legal da pessoa jurídica, qualificado na cópia de alteração de contrato social (fls. 1303/1310). Primeiramente, é defendida a tempestividade da manifestação de inconformidade. Em segundo lugar, sustenta que a taxa Selic deve incidir sobre todo o direito creditório requisitado, desde o início do procedimento, conforme doutrina aduzida, não somente sobre o montante de R$ 210.847,50, inicialmente indeferido por se tratar de aquisições de insumos de não contribuintes; do contrário, tratase locupletamento indevido do Fisco: decorreram dez anos do protocolo do pedido de compensação de créditos e débitos até a apreciação conclusiva pela Receita Federal, tendo sido corrigidos monetariamente somente os débitos; a atualização monetária deve incidir sobre todos créditos, inclusive os créditos homologados, e não apenas sobre os créditos não homologados no início do procedimento. Por fim, requer que seja conhecida e provida integralmente a manifestação de inconformidade e homologadas as declarações de compensação, e, especialmente, que seja determinada a correção monetária pela Selic, até a data de encerramento da análise do processo administrativo de compensação de créditos e débitos, do direito creditório inicialmente homologado pela autoridade fiscal, à semelhança do que foi apenas reconhecido judicialmente. A DRJ em Ribeirão Preto (SP) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos da ementa abaixo transcrita: CRÉDITOS ESCRITURAIS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA PELA VARIAÇÃO DA TAXA SELIC. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. É incabível, por ausência de base legal, a atualização monetária de créditos escriturais do imposto, passíveis de ressarcimento, pela incidência da taxa Selic. Discordando da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário, instruído com diversos documentos, cujo teor é sintetizado a seguir. Após relatar os fatos, no mérito sustenta que a DRJ interpretou equivocadamente o pedido da recorrente, pois entendeu que a pretensão se resumia, pura e simplesmente, em atualizar os créditos presumidos de IPI incontroversos. Pontua que o erro fundamental da DRJ é ignorar o efeito da decisão judicial proferida no Mandado de Segurança n. 2007.70.05.0037088/PR. Recorda que a decisão judicial proferida no Mandado de Segurança tem o condão de anular o ato administrativo impugnado e tem efeito “mandamental.” Insiste que a ordem do Juiz foi no sentido de que o AFRFB deixasse de reconhecer apenas o valor de R$ 65.021,93 em créditos presumidos e reconhecesse mais o valor de R$ 210.847.50. Ou seja, que ressarcisse R$ 275.869,40. Fl. 1375DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10935.000171/200301 Resolução nº 3801000.932 S3TE01 Fl. 14 5 Argumenta que a autoridade fiscal deveria ter ignorado ignorasse toda e qualquer análise até então feita, como se nunca tivesse tido contato com o pedido de ressarcimento da recorrente. A partir de então, apreciando os elementos constantes nos autos, reconhecesse que a recorrente tem direito a R$ 275.869,40. Assim, consoante determina o Mandado de Segurança, deveria a autoridade administrativa fazer incidir a SELIC desde a data do pedido de ressarcimento até o momento em que a recorrente utiliza o crédito ou lhe dê outra destinação. Apresenta quadro do impacto financeiro que referida medida produz no crédito presumido da recorrente. Quanto à matéria atualização pela Selic sobre créditos, apresenta em síntese as mesmas alegações da manifestação de inconformidade, acrescentando basicamente que: o STJ enfrentou o tema pelo rito dos recursos repetitivos, quando firmou peremptoriamente que a oposição do Fisco faz surgir o direito do contribuinte de ter seus créditos atualizados pela SELIC; é incontroverso no presente feito que houve a oposição do Fisco ao aproveitamento integral do crédito presumido; o ressarcimento foi negado pela Receita Federal do Brasil, o que impossibilitou a recorrente de aproveitar seus créditos devidos por mais de 10 (dez) anos; este Conselho Administrativo possui idêntico entendimento ao que se disse acima; Por fim requer que seja conhecido o recurso voluntário e provido integralmente seus pedidos, especialmente para determinar que incida a correção monetária pela Selic sobre a totalidade do crédito presumido da recorrente (R$ 275.869,40), uma vez que é inequívoca a existência de injusta oposição estatal ao direito líquido e certo da recorrente. É o relatório. Fl. 1376DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10935.000171/200301 Resolução nº 3801000.932 S3TE01 Fl. 15 6 Voto O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. De início constatase que não é possível delimitar o litígio. Como relatado, este processo tem uma situação atípica. A tramitação processual foi conturbada em face dos três despachos decisórios, respectivas manifestações de inconformidade, duas decisões da DRJ e dois recursos voluntários. Reconhecese que os despachos decisórios foram complementares, todavia o litígio não ficou demarcado a partir da última decisão da DRJ. Entendese, a princípio, que a recorrente deveria em seu último recurso voluntário reafirmar as teses de seu primeiro recurso o. A simples menção a sua interposição não é suficiente para a apreciação de todas as alegações porque algumas perderam o seu objeto. De sorte que no primeiro recurso a recorrente questiona diversas matérias, enquanto no segundo recurso voluntário, a recorrente simplesmente reiterou de forma genérica as alegações do primeiro recurso e se insurgiu especificamente em relação à incidência da correção monetária pela Selic sobre a totalidade do crédito presumido da recorrente. Ocorre, todavia, que diversas matérias foram objeto de provimento pela primeira decisão a quo. Assim sendo, a reiteração genérica no segundo recurso voluntário inviabiliza a delimitação precisa das matérias ainda em litígio. Por outro lado, o não conhecimento do primeiro recurso voluntário implicaria em ofensa ao amplo direito de defesa. No caso vertente, em atenção ao princípio constitucional da ampla defesa e a fim de se evitar a caracterização da preterição do direito de defesa da interessada, a medida que se impõe é a intimação da recorrente para que consolide em uma única peça recursal devidamente fundamentada as matérias que ainda tem interesse em recorrer. Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a Delegacia de origem intime a interessada para que consolide em uma única peça recursal as matérias que ainda tem interesse em agir no prazo de 30 (trinta) dias. Após a conclusão da diligência, retornar o processo a este CARF para julgamento. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Relator Fl. 1377DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10715.005581/2009-10
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração:01/11/2006 a 30/11/2006
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Aplica-se o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3801-004.803
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. O Conselheiro Paulo Sérgio Celani votou pelas conclusões. Vencidos os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges que negavam provimento ao recurso voluntário. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Nayara Fonseca Cunha, OAB/DF 24.083.
(assinatura digital)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinatura digital)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Redator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso Da Silveira e Flávio de Castro Pontes.
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Aplicase o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. O Conselheiro Paulo Sérgio Celani votou pelas conclusões. Vencidos os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges que negavam provimento ao recurso voluntário. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Nayara Fonseca Cunha, OAB/DF 24.083. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes Presidente. 1 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 55 81 /2 00 9- 10 Fl. 120DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 12 (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Redator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso Da Silveira e Flávio de Castro Pontes. 2 Fl. 121DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 12 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10715.005581/200910, contra o acórdão nº 0722.144, julgado pela 1ª. Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Florianópolis (DRJ/FNS), na sessão de julgamento de 12 de novembro 2010, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia Regional de Julgamento de origem, que assim relatou: “Trata o presente processo de auto de infração lavrado para constituição de crédito tributário no valor de R$ 205.000,00, referentes à multa regulamentar por não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, na forma e no prazo estabelecidos pela Receita. Conforme se descrição dos fatos, a interessada deixou de registrar os dados de embarque de Declarações de Exportação no Siscomex, na forma e prazo estabelecidos, conforme o disposto no art. 37 da IN SRF n° 28/94. Entendendo estar caracterizada a prestação de informação fora do prazo estabelecido pela Receita Federal do Brasil, a autoridade fiscal aplicou a multa de R$ 5.000,00 por embarque, pelo descumprimento do prazo na informação dos dados de embarque no Siscomex. Regularmente cientificada a interessada apresentou impugnação que, em síntese, apresenta os seguintes argumentos: em razão do erro operacional de seu estabelecimento no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, as informações concernentes ao embarque das mercadorias foram fornecidas com atraso, variável, em sua grande maioria, de 01 a 08 dias além do prazo concedido pela legislação para a prestação das informações junto ao Siscomex, nos termos da tabela que acompanha o Auto de Infração. ao contrário do que faz crer a autoridade administrativa, não basta à mera inobservância da legislação aduaneira para validar a imputação de multa. Mister que se configure a intenção dolosa do agente em fraudar o controle aduaneiro, bem como o dano ao Erário incorrido, a fim de justificar a imputação das multas capitaneadas pela legislação que regulamenta o comercio exterior, o que não se apresenta no presente caso. a aplicação da pena de multa mostrase de todo desarrazoada e desproporcional, devendo na espécie se aplicado o artigo 654, do Regulamento Aduaneiro vigente época, Decreto 4.543/2002, 3 Fl. 122DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 12 o qual prevê a relevação de multa quando a infração não tenha resultado em falta ou insuficiência de recolhimento de tributos. o Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que se aplica às infrações da mesma espécie, apuradas em uma mesma ação fiscal, a teoria da continuidade delitiva, de modo que, ainda que se entendesse pela configuração da infração, esta somente poderia ensejar a imputação de uma multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por todas as infrações apurados na fiscalização. Requer que o Auto de Infração seja julgado improcedente, com a consequente relevação da multa, em razão da ausência de dolo ou prejuízo ao Erário, bem como por força da desproporcionalidade entre a infração cometida e a sanção imposta; ou, em sede de pedido eventual, na hipótese de configurada a infração, e não relevada a multa, que o credito tributário seja reduzido ao valor de R$ 5.000,00 (cinco mil, reais), mediante aplicação da teoria da continuidade delitiva. É o relatório. A DRJ de Florianópolis (DRJ/FNS) decidiu pela improcedência da impugnação, no que se refere à multa prevista no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do Decreto Lei nº 37/1966. Colaciono a ementa do referido. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 REGISTRO NO SISCOMEX DOS DADOS DE EMBARQUE. PRAZO. O registro dos dados de embarque no Siscomex em prazo superior a 7 dias, contados da data do efetivo embarque, para a via de transporte aérea, caracteriza a infração ontida a línea e”, inciso IV, do artigo 107 do DecretoLei n° 37/66. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI TRIBUTÁRIA. Aplicase a lei tributária, em matéria de penalidades, a ato ou fato pretérito não definitivamente julgado quando for mais benéfica ao sujeito passivo. INFRAÇÃO CONTINUADA. EMBARQUES DIFERENTES. MERA REITERAÇÃO DA CONDUTA INFRACIONAL. É incabível falar em infração continuada quando os atos caracterizadores da infração não resultam do aproveitamento das condições objetivas que balizaram a prática das infrações anteriores. 4 Fl. 123DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 12 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. Tendo em vista a presunção de constitucionalidade das normas legais que foram legitimamente inseridas no ordenamento jurídico, cabe à autoridade administrativa tão somente verificar se os fatos subsumemse na norma de regência e aplicar a penalidade em face da existência de expressa determinação legal, dado que o lançamento não é atividade discricionária, mas, bem ao contrário, vinculado e obrigatória. Impugnação rocedente em Parte Crédito Tributário Mantido Parte Inconformada com a improcedência de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, expondo que: 1 O auto de infração seria nulo por não comprovar as supostas infrações; 2 A infração não é objetiva, sendo necessário perquirir se houve dolo ou dano ao Erário; 3 Aplicação do art. 654 quanto à relevação multa, tendo em vista a ausência de dolo ou dano ao Erário; 4 A manutenção da multa ofende os princípios da proporcionalidade e razoabilidade; É o relatório. 5 Fl. 124DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 12 Voto Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço, portanto. Denúncia Espontânea A questão em debate cingese à incidência da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66. Muito embora compartilhe do entendimento que as agências de carga não possam ser sujeitas da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66, devendo ser estas serem impostas somente ao transportador, tenho que deve ser adotado o entendimento deste egrégio Conselho, já exposto em diversos acórdãos, como, v.g., o de nº 3401002.443, julgado na sessão de 26 de novembro de 2013. Ocorre que diversos são os julgados deste Conselho onde foi compreendido que a obrigação do transportador, de prestar as informações à RFB, encontrase estabelecida no art. 37 do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003, in verbis: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. Todavia, entendo que a penalidade não deve ser aplicada no presente caso. Ocorre que embora não tenha sido objeto de defesa no presente recurso voluntário, entendo que por ter a Recorrente apresentado as declarações, mesmo que fora do prazo, passou a existir o instituto da denúncia espontânea, matéria de ordem pública que deve ser ponderada. Assim, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma, no caso em tela se está diante de uma excludente da punibilidade, haja vista a Recorrente estar amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea. Consultados os autos, nas planilhas apresentadas pela fiscalização é possível verificar que as declarações foram entregues, todavia em atraso de no máximo 03 (três) dias, não configurando dano algum ao Erário. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código 6 Fl. 125DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 12 Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentado após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Esse instituto jurídico tem lugar quando o contribuinte informa à administração as infrações por ele praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. A vantagem dessa confissão prévia e espontânea para o contribuinte está na consequência legal que o instituto lhe garante. No presente caso temse que o pedido de retificação prestado pela recorrente foi anterior lavratura do Auto de Infração, bem como de qualquer outra intimação da RFB. Deste modo, aplicase ao presente caso o instituto da denúncia espontânea. O Código Tributário Nacional disciplina no art. 138 a exclusão da responsabilidade quando a denúncia espontânea for acompanhada do pagamento do tributo e dos juros de mora, restringindo tal hipótese quando caracterizado o início do procedimento administrativo ou qualquer medida de fiscalização, nos termos do parágrafo único. Destacase também que até a edição da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a caracterização da denúncia espontânea não contemplava as obrigações acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com o fato gerador do tributo. Porém, com a vigência da norma acima, foi modificado o § 2º, do art. 102 do DecretoLei nº 37/66, incluindo as penalidades administrativas dentre aquelas possíveis de aplicação da denúncia espontânea, in verbis: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) 7 Fl. 126DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 12 No presente caso, temos, portanto que a retificação foi apresentada antes de qualquer procedimento de fiscalização, caracterizando a denúncia espontânea, devendo ser excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do § 2º do artigo 102 do DecretoLei nº 37/66. Ainda, cabe observar que, sendo o fato gerador anterior a Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, necessário aplicar in casu a retroatividade benigna da alteração legislativa processada pela referida Medida Provisória, conforme determina o artigo 106 do CTN. Logo, aplicável à referida legislação ao presente caso. Acrescentase ainda que este Egrégio Conselho tem compartilhado deste entendimento. Diante da aplicação do instituto da denúncia espontânea, entendo pelo provimento do recurso e passo a analisar as demais matérias, não obstante prejudicadas, para fins de privilégio do devido processo legal. Nulidade do auto de infração Entendo que não assiste razão o recorrente na sua insurgência sobre a nulidade do auto de infração por não bem comprovar a conduta da recorrente. A fiscalização apresentou a planilha contendo o número das declarações, a data do embarque a data em que foi enviada a declaração e a que voo pretendia, não se olvidando que estas informações são feitas de forma eletrônica e pelo próprio recorrente. Nestes termos, não havendo o recorrente comprovado que de fato as datas de envio não seriam aquelas que apontados pelo fisco, não logrou êxito em desincumbirse do ônus de comprovar a tempestividade das emissões, por força do art. 333, II, do CPC. Ausência de Dano ao Erário Em que pese não tenha ocorrido dano pecuniário do ente público, o entendimento no caso é por embaraçar a fiscalização do fisco. As declarações a que as empresas de transporte são obrigadas a apresentar são obrigações acessórias com finalidade exclusiva de auxiliar a fiscalização das importações e exportações, possibilitando a ciência do que cada empresa que utiliza a transportadora tem transportado, para onde vai e se foi recolhido o tributo a que esta operação está sujeita. Nestes termos, entendo que há o embaraço da fiscalização, quando as transportadoras não cumprem o prazo de emissão da declaração, não obstante entenda que não deve incidir a multa regulamentar neste caso, apenas nos casos de omissão. 8 Fl. 127DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 12 Multa Singular e o Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade A recorrente se insurge contra a aplicação da multa regulamentar contra as declarações expedidas as destempo em cada uma das viagens de voo declarações de forma extemporânea, evocando o princípio da razoabilidade de proporcionalidade. Neste ponto, entendo que não há maculas o julgado da DRJ, posto que determinou que em cada voo cujas declarações tenham sido expedidas com atraso deveria ser aplicada multa apenas na proporção de viagens, respeitando a proporcionalidade e razoabilidade ao contrario do que afirma o recorrente. Neste sentido, entendo por interpretar a norma de forma mais favorável sem infringir a legalidade ao contribuinte quando esta determina penalidade ao tipo de conduta, conforme resta estabelecido no art. 112, do Código Tributário Nacional – CTN que: Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Havendo dúvida sobre capitulação legal do fato deve ser afastada a aplicação da multa. Sobre o tema em comendo, temse decidido nas sessões deste Conselho a interpretação da norma em favor do infrator. Vejamos: Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 2006 ILEGIMITIDADE PASSIVA. MULTA. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. É legitimo para figurar no polo passivo da autuação, o transportador que registou os dados de embarque fora do prazo estabelecido no art. 37, §2º, da Instrução Normativa SRF nº 28/94. Inteligência dos arts. 107, inciso IV, alínea “e” e 37 do DecretoLei nº 37/66 c/c arts. 37, §2º, 44 e 46 da Instrução Normativa SRF nº 28/94. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM 9 Fl. 128DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 12 VEÍCULO TRANSPORTADOR. Ocorrendo dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e à natureza da penalidade aplicação, ou à sua gradação, deve ser aplicada a interpretação mais favorável ao acusado (art. 112, CTN). A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação no Siscomex é aplicada por viagem do veículo transportador e não por carga (Declaração para Despacho de Exportação). DUPLICIDADE DA COBRANÇA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Não comprovada documentalmente o alegado bis in idem, improcedente a alegação de duplicidade da cobrança e a consequente identidade de objetos entre dois processos administrativos fiscais. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138, CTN. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. Não alegado em momento oportuno, o argumento está precluso, pelo que não merece ser conhecido, ex vi dos arts. 16, inciso III e 17, do Decreto nº 70.235/72. (Recurso Voluntário nº 11968.001039/200717, Relator Bruno Mauricio Macedo Curi, da 2ª Câmara da 3ª Sessão de Julgamento do Carf, Publicada em 11/09/2013) Nestes termos, entendo que a penalidade do art. 107, IV, alínea “e” do Decreto Lei nº 37/66, deve ser aplicada por viagem e não por declaração de carga, conforme julgou a primeira instância. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Em face do exposto, encaminho o voto para dar provimento ao recurso voluntário, no sentido de reconhecer que uma vez apresentada a declaração está explicita a denúncia espontânea, motivadora da exclusão da multa regulamentar. É assim que voto. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator 10 Fl. 129DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 12 11 Fl. 130DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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Numero do processo: 16095.000723/2007-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
Ementa:
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO.
É inconstitucional o artigo 45 da Lei nº 8.212/1991, que trata de decadência de crédito tributário. Súmula Vinculante n.º 08 do STF.
TERMO INICIAL: (a) Primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º)..
BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. APLICAÇÃO DE DECISÃO INEQUÍVOCA DO STF. POSSIBILIDADE.
Nos termos regimentais, pode-se afastar a aplicação de dispositivo de lei que tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária do Supremo Tribunal Federal.
Afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, com trânsito em julgado, a base de cálculo do PIS e da Cofins, até a vigência das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, voltou a ser o faturamento, assim compreendida a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e de serviços.
BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO ICMS. SÚMULAS nº68 e nº 94.
Por se tratar de imposto próprio, que não comporta a transferência do encargo, a parcela relativa ao ICMS inclui-se na base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS. Precedentes do STJ (Súmulas n°s 68 e 94). Às autoridades administrativas e tribunais - que não dispõem de função legislativa - não podem conceder, ainda que sob fundamento de isonomia, benefícios de exclusão da base de cálculo do crédito tributário em favor daqueles a quem o legislador não contemplou com a vantagem.
MULTA QUALIFICADA - FRAUDE CONFIGURADA.
A conduta consistente em reduzir sistematicamente, sem amparo legal, a base de cálculo da contribuição, com a intenção deliberada de diminuir o montante do tributo devido, caracteriza evidente intuito de fraude, por se adequar ao tipo objetivo descrito no art. 72 da Lei nº 4.502/64, e sujeita o infrator à multa de ofício qualificada, no percentual de 150% do valor do contribuição lançada de ofício, nos termos da legislação tributária específica.
Numero da decisão: 3402-002.626
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira seção de julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. E, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a regra contida no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, em vista da declaração de inconstitucionalidade proferida em decisão definitiva pelo Supremo Tribunal Federal. Vencido conselheiro João Carlos Cassuli Junior quanto ao agravamento da multa.
(assinado digitalmente)
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator e Presidente Substituto.
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Maria Aparecida Martins de Paula, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva e Alexandre Kern. Ausente o conselheiro Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca.
Nome do relator: Relatora Sílvia de Brito Oliveira
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 Ementa: TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. É inconstitucional o artigo 45 da Lei nº 8.212/1991, que trata de decadência de crédito tributário. Súmula Vinculante n.º 08 do STF. TERMO INICIAL: (a) Primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º).. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. APLICAÇÃO DE DECISÃO INEQUÍVOCA DO STF. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, podese afastar a aplicação de dispositivo de lei que tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária do Supremo Tribunal Federal. Afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, com trânsito em julgado, a base de cálculo do PIS e da Cofins, até a vigência das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, voltou a ser o faturamento, assim compreendida a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e de serviços. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO ICMS. SÚMULAS nº68 e nº 94. Por se tratar de imposto próprio, que não comporta a transferência do encargo, a parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS. Precedentes do STJ (Súmulas n°s 68 e 94). Às autoridades administrativas e tribunais que não dispõem de função legislativa não podem conceder, ainda que sob fundamento de isonomia, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 00 07 23 /2 00 7- 11 Fl. 883DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 2 benefícios de exclusão da base de cálculo do crédito tributário em favor daqueles a quem o legislador não contemplou com a vantagem. MULTA QUALIFICADA FRAUDE CONFIGURADA. A conduta consistente em reduzir sistematicamente, sem amparo legal, a base de cálculo da contribuição, com a intenção deliberada de diminuir o montante do tributo devido, caracteriza evidente intuito de fraude, por se adequar ao tipo objetivo descrito no art. 72 da Lei nº 4.502/64, e sujeita o infrator à multa de ofício qualificada, no percentual de 150% do valor do contribuição lançada de ofício, nos termos da legislação tributária específica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. E, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a regra contida no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, em vista da declaração de inconstitucionalidade proferida em decisão definitiva pelo Supremo Tribunal Federal. Vencido conselheiro João Carlos Cassuli Junior quanto ao agravamento da multa. (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Relator e Presidente Substituto. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Maria Aparecida Martins de Paula, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva e Alexandre Kern. Ausente o conselheiro Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca. Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido: Tratase de impugnação a exigências fiscais relativas, nesta ordem, a Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS, formalizada no auto de infração de fls. 661/684, totalizando R$ 24.308.014,17; e à de Contribuição para Financiamento da Seguridade Social — Cofins, fls. 685/694, perfazendo R$ 112.203.670,64. O montante constituído por intermédio de cada Auto de Infração, referente a fatos geradores ocorridos entre janeiro de 2000 e janeiro de 2006, é composto pelo valor principal acrescido de multa de oficio agravada e juros de mora. Fl. 884DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 16095.000723/200711 Acórdão n.º 3402002.626 S3C4T2 Fl. 126 3 No Auto de Infração relativo ao PIS, fls. 661/684, as parcelas de crédito de tributário são classificadas e discriminadas em quatro grupos distintos, assim denominados: 001 — PIS (SUBSTITUIÇÃO) FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS (SUBSTITUIÇÃO — GASOLINA E DIESEL) (.) 002 — PIS (SUBSTITUIÇÃO) FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS (SUBSTITUIÇÃO —ÁLCOOL)(..) 003 — PIS FATURAMENTO — INCIDÊNCIA CUMULATIVA FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS (INCIDÊNCIA MONOFÁSICA CUMULATIVA— ÁLCOOL)(.) 004 — PIS FATURAMENTO — INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS (INCIDÊNCIA MONOFÁSICA NÃOCUMULATIVA— ÁLCOOL)(.) Após sucinta descrição dos fatos (que sempre se reporta ao DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DO PIS/PASEP E DA COFINS e ao TERMO DE VERIFICAÇÃO DE IRREGULARIDADE FISCAL), para cada uma das parcelas do crédito tributário classificadas como acima, seguese relação dos períodos de apuração, Valores Tributáveis ou de Contribuição e percentuais de multa aplicados. Na seqüência é apontado o FUNDAMENTO LEGAL, indicandose os dispositivos legais que a fiscalização entendeu infringidos e que deram ensejo à autuação. Idêntico agrupamento, por parcelas, do crédito tributário foi adotado no Auto de Infração relativo à COFINS, fls. 685/694. Seguiuse, igualmente, a mesma metodologia de descrição dos fatos e exposição dos Fundamentos Legais. No TERMO DE VERIFICAÇÃO DE INFRAÇÃO FISCAL, fls. 487/492, a fiscalização: • Descreve intimações efetuadas no curso da ação fiscal, pelas quais foram requisitados, dentre outros documentos: arquivos de itens de mercadorias/serviços (Entradas) emitidas pela empresa e por terceiros; arquivos de lançamentos contábeis e Tabela de Plano de Contas; Certidão de Objeto e Pé do Mandado de Segurança n° 1999.61.00.0039831; arquivos contábeis relativos aos livros Diário, Razão, Registro de Entradas, Registro de Saídas, Registro de Inventário; todas as notas fiscais de entradas e saídas, a qualquer titulo de operação, de janeiro de 2000 a maio de 2007; e extratos bancários; • Relata a emissão de intimações aos principais fornecedores: (), com a finalidade de confirmar a origem das vendas efetuadas ao Contribuinte fiscalizado (.), bem como a informação, por escrito, se a TM Distribuidora de Petróleo Ltda., CNPJ 00.429.406/000194, havia se valido da liminar concedida em 05/02/1999 e cassada, em sentença transitada em julgado, em Fl. 885DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 4 23/08/2005, nos autos do Mandado de Segurança n° 1999.61.00.0039831 e, caso dela não se houvesse beneficiado, quais foram as formas de recolhimentos das contribuições devidas ao PIS/PASEP e COFINS. • Na parte denominada "Verificações Fiscais", narra: 2 no que se refere ao Programa de Integração Social e Formação do Patrimônio do Servidor Público — PIS/PASEP e da Contribuição ao Financiamento da Seguridade Social — COFINS, obteve liminar concedida no Mandado de Segurança (MS) n° 1999.61.00.0039831, mediante decisão exarada em 05/02/1999, e cassada em sentença publicada aos 06/06/2005 (.) 5 Dentre os fornecedores que subsidiaram esta Auditoria Fiscal, a Petrobrás S/A, vendedora de gasolina e óleo diesel, informou, literalmente, que, "no período de janeiro a junho de 2000 a empresa supracitada se valeu do Mandado de Segurança 1999.61.00.0039831", conforme cartaresposta de 13/06/2007, em anexo. Nos períodos subseqüentes, a partir de julho de 2000, com a entrada em vigor da Lei n° 9.990, de 21/07/2000, combinada com o art. 42 da MP 2.15835/2001, o PIS e a COFINS passaram a ser devidas pelas refinarias de uma só vez em toda a cadeia de produção e distribuição. 6 No que se refere ao álcool carburante, o Contribuinte, na qualidade de comerciante atacadista deste produto, no período de janeiro a junho de 2000, era substituto tributário na cadeia econômica, por força art. 17, inc. I, da Lei 9.718/98 c.c. art. 92, inc. II, da MP 2.15835/01, o único responsável pela arrecadação das contribuições ao PIS e a COFINS. 7 Com suporte no Demonstrativo de Tributos com Base na Escrituração da Pessoa Jurídica, entregue a Fiscalização, em 11/07/2007, mediante protocolo, podemos concluir que o Contribuinte, no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2006, não efetuou recolhimentos a titulo de contribuições ao PIS e a COFINS, fato este confirmado pelas consultas aos sistemas informatizados desta Secretaria para os tributos relativos ao Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), para o período de vigência da Medida Liminar proferida nos autos do Mandado de Segurança n° 1999.61.00.0039831, compreendendo os meses de fevereiro de 1999 a julho de 2000, e, também, verificamos que não ocorreram informações espontâneas em Declaração de Contribuições e Tributos Federais (DCTF) e, conseqüentemente, recolhimentos através de Documentos de Arrecadação Federal (DARF).Foram pesquisados para o período de 01/02/1999 a 30/09/2006, inclusive, a ocorrência de recolhimentos nos diferentes códigos do PIS e COFINS, envolvendo vendas de combustíveis em nome do Contribuinte, sem que se encontrasse qualquer valor relevante. Ademais, as DIPJs e DCTFs não apresentam valores declarados dos mesmos tributos para o último período citado. 8 Valendonos dos arquivos magnéticos e cópias de notas fiscais emitidas pelos principais fornecedores, cujas cópias se prestam como provas anexadas das operações com gasolina e Fl. 886DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 16095.000723/200711 Acórdão n.º 3402002.626 S3C4T2 Fl. 127 5 diesel para fevereiro a junho de 2000, e álcool combustível, para o período de Janeiro de 2000 a janeiro de 2006, elaboramos o Demonstrativo de Apuração do PIS/PASEP e da COFINS, em anexo, parte integrante e indissociável deste Termo de Verificação de Infração Fiscal. • No trecho do TERMO DE VERIFICAÇÃO DE INFRAÇÃO FISCAL intitulado "Infrações Fiscais", a fiscalização pormenorizou os dispositivos legais que entendeu infringidos, para cada um dos autos de infração, seguindo a mesma denominação ali adotada para cada componente do crédito. Feito isto, concluiu: 9 Em virtude do Contribuinte não haver declarado em DIPJ (Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica), e, conseqüentemente, em DACON (Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais), instituído pela IN SRF 387/2004, em substituição ao Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS/PASEP não Cumulativo — DAPS, instituído pela IN SRF 365/2003), e, em DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Federais, criada pela IN SRF 129/86 e legislação complementar), bem como, pelos não recolhimentos como conseqüência da cassação da liminar do Mandado de Segurança, em sentença exarada nos Autos de n° 1999.61.00.0039831, as multas foram agravadas de 75% para 150%: a) no caso das contribuições ao PIS/PASEP, com supedâneo no artigo 10, parágrafo único, da Lei Complementar 70/91 e art. 44, I c/c o par. 1° da Lei 9.430/96 b) para as contribuições a COFINS nos artigos 86, par. 1°, da Lei 7.450/85 e art. 44, inc. II da Lei n°9.430/96. (.) No DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DO PIS/PASEP E DA COFINS, fls. 493/599 e 602/646, a fiscalização relaciona, para cada Nota Fiscal, o CNPJ do fornecedor, a data de emissão, a quantidade e o tipo do produto, os valores unitário e total do produto, o período de apuração, a base de cálculo, e, para cada contribuição, a alíquota aplicável e o valor devido. A contribuinte foi notificada, fl. 700, em 02/01/2008, via postal, do teor de cada Auto de Infração, do DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DO PIS/PASEP E DA COFINS e do TERMO DE VERIFICAÇÃO DE INFRAÇÃO FISCAL, tendo apresentado, em 01/02/2008, impugnação aos autos de infração, fls. 703/723, na qual, em síntese: 1. Em preliminar, alega falta de motivação dos autos de infração, clamando pela sua declaração de nulidade.Diz: Com a análise do Auto de Infração ora combatido, verificamos, facilmente, que este carece de fundamentação. Fl. 887DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 6 Vejamos. O moderno Estado de Direito tem como um dos seus mais firmes e importantes alicerces os princípios da ampla defesa e do contraditório. Tamanha é a relevância dessas matrizes, que elas estão cristalizadas em nossa Constituição Federal sob a forma de cláusulas pétreas, isto é, absolutamente insuprimíveis. (.) A fundamentação precisa e bem acabada, como corolário do principio da ampla defesa e do contraditório, é imprescindível a aplicação da penalidade pretendida pelo Agente Fiscalizador. (.) Face ao exposto, a presente preliminar deve ser acolhida, para que seja declarado NULO o Auto de Infração contra a Impugnante, eis que não está devidamente fundamentado, dificultando ou até mesmo impossibilitando a impugnação especifica do lançamento tributário. (Os grifos são originais. Há citações a acórdãos do Primeiro Conselho de Contribuintes). 2. Ainda, em preliminar, alega o transcurso do prazo decadencial para os fatos geradores ocorridos até janeiro de 2003, com suporte no fato de que a ciência deuse em 02/01/2008. Argumenta que por se tratar de hipótese de lançamento por homologação devese aplicar na apuração do prazo decadencial a regra do artigo 150, §4° do CTN. Cita decisões administrativas e do Superior Tribunal de Justiça que entende favoráveis sua tese; 3. Quanto ao mérito, alega que a Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, por intermédio de seus artigos 2° e 3°: (.) ampliou a hipótese de incidência e as bases de cálculo do PIS e da COFINS, tendo em vista que quebrou o vinculo existente entre receitafaturamento e a atividade prevista no objeto social da empresa através da inclusão de qualquer receita independentemente de sua classificação contábil, infringindo o texto Constitucional vigente na época de sua promulgação. 4. Afirma, ainda, que o Supremo Tribunal Federal, ao analisar o Recurso Extraordinário n° 357.950: (..) firmou o posicionamento de que o conceito de receita foi inconstitucionalmente alargado, valendose da totalidade das receitas das operações das empresas. 5. No mesmo diapasão, pede a exclusão do ICMS da base de cálculo da COFINS, citando precedente do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário n° 240.785/MG; 6. Assevera o descabimento da multa de 150%, vislumbrando ofensa ao artigo 150, IV, da Constituição Federal, que veda a utilização de tributo com efeito de confisco. Cita posicionamento do STF, segundo o qual tal vedação atingiria as multas decorrentes de obrigações tributárias. Em complemento ao seu raciocínio, cita julgados da Corte Máxima em que não se admitiu multa em percentuais superiores a 20% ou 30%; Fl. 888DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 16095.000723/200711 Acórdão n.º 3402002.626 S3C4T2 Fl. 128 7 7. Por fim, defende que a taxa SELIC é inaplicável para o cálculo dos juros de mora, afirmando contradição ao comando do artigo 161 do CTN. A 3ª Turma da Delegacia de Julgamento em Campinas (SP) julgou parcialmente procedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 0524.282, de 01 de dezembro de 2008, cuja ementa abaixo reproduzo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/01/2000 a 31/01/2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Afastado, por inconstitucional, o prazo de dez anos para o lançamento das contribuições destinadas à Seguridade Social, a contagem do prazo decadencial regese pelo disposto no Código Tributário Nacional. Na hipótese em que não há recolhimento, o prazo decadencial de cinco anos contase a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. O controle de constitucionalidade da legislação que fundamenta o lançamento é de competência exclusiva do Poder Judiciário e, no sistema difuso, centrado em última instância revisional no STF. PIS. BASE DE CÁLCULO. ICMS A base de cálculo do PIS é o faturamento do mês, nele incluindo se o ICMS. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. CONFISCO. O percentual da multa de oficio aplicada decorre de lei, não tendo a autoridade administrativa competência para afastálo sob a alegação de confisco. DECLARAÇÃO INEXATA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. MULTA QUALIFICADA. Caracterizada a sonegação pela prática reiterada de informação, na DCTF, de valores muito aquém daqueles efetivamente devidos, é aplicável a multa qualificada por evidente intuito de fraude. JUROS DE MORA. SELIC. A aplicação de juros com base na taxa Selic decorre de lei, não tendo a autoridade administrativa competência para afastála. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/01/2000 a 31/01/2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. LANÇAMENTO DE OFICIO. Afastado, por inconstitucional, o prazo de dez anos para o lançamento das contribuições destinadas à Seguridade Social, a contagem do prazo decadencial regese pelo disposto no Código Tributário Nacional. Na hipótese em que não há recolhimento, o prazo decadencial de cinco anos contase a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. O controle de constitucionalidade da legislação que fundamenta o lançamento é de competência exclusiva do Poder Judiciário e, Fl. 889DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 8 no sistema difuso, centrado em última instância revisional no STF. COFINS. BASE DE CÁLCULO. ICMS A base de cálculo da Cofins é o faturamento do mês, nele incluindose o ICMS. MULTA DE OFICIO. LEGALIDADE. CONFISCO. O percentual da multa de oficio aplicada decorre de lei, não tendo a autoridade administrativa competência para afastálo sob a alegação de confisco. DECLARAÇÃO INEXATA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. MULTA QUALIFICADA. Caracterizada a sonegação pela prática reiterada de informação, na DCTF, de valores muito aquém daqueles efetivamente devidos, é aplicável a multa qualificada por evidente intuito de fraude. JUROS DE MORA. SELIC. A aplicação de juros com base na taxa Selic decorre de lei, não tendo a autoridade administrativa competência para afastála. Lançamento Procedente em Parte. Inconformado com a decisão a quo, apresentou recurso voluntário ao CARF, onde repisa as mesmas as razões recursais da impugnação. O acórdão foi submetido ao recurso necessário em vista do valor exonerado, nos termos do art. 34 do Decreto nº 70.235/72 e Portaria MF nº 03 de 2008. É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. Recurso de Ofício. O valor exonerado supera o valor de alçada, de forma que conheço da remessa obrigatória. A primeira instância considerou a procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo e cancelou o crédito tributário lançado de oficio, referente aos períodos de apuração compreendidos entre 01/2000 e 11/2002, em vista da ocorrência da decadência do direito de a Fazenda Pública constituir tais créditos. Em seu arrazoado, a primeira instância definiu que a decadência para constituir os créditos tributários contidos nos autos deveriam ser regidos pelo art. 173, I do Código Tributário Nacional, uma vez que não havia recolhimento por parte do sujeito passivo. Entendo que não há reparos a fazer no acórdão proferido pela Delegacia de Julgamento, senão vejamos: Preliminarmente, chamo atenção da publicação do enunciado da Súmula vinculante nº 08 pelo Supremo Tribunal Federal, que abaixo reproduzo: “Em sessão de 12 de junho de 2008, o Tribunal Pleno editou os seguintes enunciados de súmula vinculante que se publicam no Fl. 890DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 16095.000723/200711 Acórdão n.º 3402002.626 S3C4T2 Fl. 129 9 Diário da Justiça e no Diário Oficial da União, nos termos do § 4º do art. 2º da Lei nº 11.417/2006: Súmula vinculante nº 8 São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Precedentes: RE 560.626, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 12/6/2008; RE 556.664, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 12/6/2008; RE 559.882, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 12/6/2008; RE 559.943, rel. Min.Cármen Lúcia, j. 12/6/2008; RE 106.217, rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 12/9/1986; RE 138.284, rel. Min. Carlos Velloso, DJ 28/8/1992. Legislação: DecretoLei nº 1.569/1997, art. 5º, parágrafo único Lei nº 8.212/1991, artigos 45 e 46 CF, art. 146, III Brasília, 18 de junho de 2008. Sobre o tema “súmula vinculante”, aduzo abordagem digna de aplausos do Ministro Gilmar Mendes: Outra situação decorre de adoção de súmula vinculante (art. 103A da CF, introduzido pela EC n. 45/2004), na qual se afirma que determinada conduta, dada prática ou uma interpretação é inconstitucional. Nesse caso, a súmula acabará por dotar a declaração de inconstitucionalidade proferida em sede incidental de efeito vinculante. A súmula vinculante, ao contrário do que ocorre no processo objetivo, decorre de decisões tomadas em casos concretos, no modelo incidental, no qual também existe, não raras vezes, reclamo por solução geral. Ela só pode ser editada depois de decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal ou de decisões repetidas das Turmas. Desde já, afigurase inequívoco que a referida súmula conferirá eficácia geral e vinculante às decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal sem afetar diretamente a vigência de leis declaradas inconstitucionais no processo de controle incidental. E isso em função de não ter sido alterada a cláusula clássica, constante do art. 52, X, da Constituição, que outorga ao Senado a atribuição para suspender a execução de lei ou ato normativo declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Não resta dúvida de que a adoção de súmula vinculante em situação que envolva a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo enfraquecerá ainda mais o já debilitado instituto da suspensão de execução pelo Senado. É que essa súmula conferirá interpretação vinculante à decisão que declara a inconstitucionalidade sem que a lei declarada inconstitucional tenha sido eliminada formalmente do ordenamento jurídico (falta de eficácia geral da decisão declaratória de inconstitucionalidade). Temse efeito vinculante da súmula, que Fl. 891DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 10 obrigará a Administração a não mais aplicar a lei objeto da declaração de inconstitucionalidade (nem a orientação que dela se dessume), sem eficácia erga omnes da declaração de inconstitucionalidade.(grifo meu) Portanto, dada a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91, há de se definir o termo inicial do prazo decadencial nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação Para a solução desse imbróglio, colaciono, a título de doutrina, acórdãos do STJ que trataram do tema de forma objetiva e didática. No REsp 879.058/PR, DJ 22.02.2007, a 1ª Turma do STJ assim se pronunciou: "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ACÓRDÃO RECORRIDO ASSENTADO SOBRE FUNDAMENTAÇÃO DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. TERMO INICIAL: (A) PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE AO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, SE NÃO HOUVE ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO (CTN, ART. 173, I); (B) FATO GERADOR, CASO TENHA OCORRIDO RECOLHIMENTO, AINDA QUE PARCIAL (CTN, ART. 150, § 4º).PRECEDENTES DA 1ª SEÇÃO. 1. omissis 2. omissis 3. O prazo decadencial para efetuar o lançamento do tributo é, em regra, o do art.173, I, do CTN, segundo o qual 'direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado '. 4. Todavia, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação — que, segundo o art. 150 do CTN, 'ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa' e 'operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa' —, há regra específica. Relativamente a eles, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do contribuinte, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador, conforme estabelece o § 4º do art. 150 do CTN. Precedentes da 1ª Seção: ERESP 101.407/SP, Min. Ari Pargendler, DJ de 08.05.2000; ERESP 278.727/DF, Min.Franciulli Netto, DJ de 28.10.2003; ERESP 279.473/SP, Min. Teori Zavascki, DJ de 11.10.2004; AgRg nos ERESP 216.758/SP, Min. Teori Zavascki, DJ de 10.04.2006. Fl. 892DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 16095.000723/200711 Acórdão n.º 3402002.626 S3C4T2 Fl. 130 11 5. No caso concreto, todavia, não houve pagamento. Aplicável, portanto, conforme a orientação acima indicada, a regra do art. 173, I, do CTN. 6. Recurso especial a que se nega provimento." Em mais uma decisão o STJ pronunciouse sobre o tema, in verbis: “EMENTA CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ARTIGO 45 DA LEI 8.212/91. OFENSA AO ART. 146, III, B, DA CONSTITUIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. TERMO INICIAL: (A) PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE AO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, SE NÃO HOUVE ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO (CTN, ART. 173, I); (B) FATO GERADOR, CASO TENHA OCORRIDO RECOLHIMENTO, AINDA QUE PARCIAL (CTN, ART. 150, § 4º). PRECEDENTES DA 1ª SEÇÃO. 1. "As contribuições sociais, inclusive as destinadas a financiar a seguridade social (CF, art. 195), têm, no regime da Constituição de 1988, natureza tributária. Por isso mesmo, aplicase também a elas o disposto no art. 146, III, b, da Constituição, segundo o qual cabe à lei complementar dispor sobre normas gerais em matéria de prescrição e decadência tributárias, compreendida nessa cláusula inclusive a fixação dos respectivos prazos. Conseqüentemente, padece de inconstitucionalidade formal o artigo 45 da Lei 8.212, de 1991, que fixou em dez anos o prazo de decadência para o lançamento das contribuições sociais devidas à Previdência Social" (Corte Especial, Argüição de Inconstitucionalidade no REsp nº 616348/MG) 2. O prazo decadencial para efetuar o lançamento do tributo é, em regra, o do art. 173, I, do CTN, segundo o qual "o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado ". 3. Todavia, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação — que, segundo o art. 150 do CTN, "ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa” e "operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa” —, há regra específica. Relativamente a eles, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do contribuinte, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador, conforme estabelece o § 4º do art. 150 do CTN. Precedentes jurisprudenciais. 4. No caso, tratase de contribuição previdenciária, tributo sujeito a lançamento por homologação, e não houve qualquer Fl. 893DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 12 antecipação de pagamento. Aplicável, portanto, a regra do art. 173, I, do CTN. 5. Recurso especial a que se nega provimento. Por derradeiro, no Resp nº 973733, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu sobre a matéria, sob sistemática prevista pelo art. 543C. Como sabemos, o art. 62A do Regimento Interno do CARF determina a aplicação das decisões definitivas proferidas pelo STF e STJ, na sistemática prevista nos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869/73. Após breve passeio pela jurisprudência, retornando ao caso em epígrafe, verificase que: a) o sujeito passivo tomou ciência do auto de infração em 02/01/2008; b) Não houve antecipação de pagamento para o PIS, nem para a Cofins nos períodos de apuração objeto do lançamento; Diante deste quadro, entendo que se aplica ao caso em análise a norma contida no art. 173, I, do CTN. Sendo assim, restam decaídos os débitos tributários referentes do PIS e da Cofins referentes aos períodos de apuração compreendidos entre 01/2000 e 11/2002. Do exposto nego provimento ao recurso de ofício. Recurso Voluntário O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dele tomo conhecimento e passo a apreciar. Nulidade – Cerceamento do direito de defesa. Alega o recorrente que a decisão a quo é nula pois não apreciou todos os argumentos aduzidos na impugnação, sob alegação de que não cabe o exame de constitucionalidade de lei por autoridade administrativa. Não vejo nulidade na decisão da DRJ por não ter enfrentado o tema suscitado na impugnação por se tratar de exame de inconstitucionalidade de lei vigente no sistema jurídico pátrio. Sabemos que os Órgãos judicantes do Poder Executivo não têm competência para apreciar a conformidade de lei, validamente editada segundo o processo legislativo constitucionalmente previsto, com preceitos emanados da própria Constituição Federal ou mesmo de outras leis, a ponto de declararlhe a nulidade ou inaplicabilidade ao caso expressamente previsto, haja vista tratarse de matéria reservada, por força de determinação constitucional, ao Poder Judiciário. Compete a esses órgãos tãosomente o controle de legalidade dos atos administrativos, consistente em examinar a adequação dos procedimentos fiscais com as normas legais vigentes, zelando, assim, pelo seu fiel cumprimento. Com efeito, a apreciação de assuntos desse tipo achase reservada ao Poder Judiciário, pelo que qualquer discussão quanto aos aspectos da inconstitucionalidade e/ou invalidade das normas jurídicas deve ser submetida ao crivo desse Poder. O Órgão Administrativo não é o foro apropriado para discussões dessa natureza. Os mecanismos de Fl. 894DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 16095.000723/200711 Acórdão n.º 3402002.626 S3C4T2 Fl. 131 13 controle da constitucionalidade, regulados pela própria Constituição Federal, passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém, com exclusividade, essa prerrogativa. Assim sendo, não poderia a primeira instância julgar a constitucionalidade de lei, pois é matéria exclusiva do Poder Judiciário, de sorte que afasto a preliminar de nulidade. Decadência. O recorrente reclama a decadência para a constituição dos créditos tributários ocorridos antes de janeiro de 2003, em razão da aplicação do art. 150, §4º, do CTN. Essa matéria já foi tratada no recurso de ofício, mas, apenas com escopo de não haver embargos, ressalto que para aplicação da regra contida no ditame legal acima, o sujeito passivo deveria ter efetuado recolhimento em cada período de apuração, o que não ocorreu. Assim sendo, mantenho a aplicação da regra prevista no art. 173, I, do CTN, conforme já explicado na decisão da remessa obrigatória e nego provimento quanto a essa matéria. Lei nº 9.718/98 O contribuinte alega que a Lei nº 9.718/98 ampliou a incidência e as bases de cálculo do PIS e da Cofins, quebrando o vínculo existente entre receitafaturamento e a atividade prevista no objeto social da empresa. Nesta esteira, busca afastar a aplicação da lei, retornando as regras previstas nas Leis Complementares nº 07/70 e 70/91, respectivamente. Sobre esse tema, percuciente são as linhas traçadas pelo Professor Henrique Pinheiro Torres no acórdão nº 930301104, de sua lavra, proferido na sessão do dia 27/09/2010, a qual tive a oportunidade de participar e acompanhálo em seu voto. Por isso, sintome tranqüilo em utilizar de seu arrazoado como fundamento de minha razão de decidir. Resta, então, determinar se tal receita pode ser alcançada pela incidência da Cofins. Vejamos: até o advento da Lei nº 9.718/1998, a base de cálculo dessa contribuição era a receita bruta decorrente da venda de bens, de serviços ou de bens e serviços (conceito de faturamento). Todavia, o § 1º do art. 3º dessa lei alterou o campo de incidência do Pis/Pasep e da Cofins, alargandoo, de modo a alcançar toda e qualquer receita auferida pela pessoa jurídica, independentemente do tipo de atividade por ela exercida e da classificação contábil das receitas. Desta forma, sob a égide desse dispositivo legal, dúvida não havia de que as receitas oriundas do ressarcimento de crédito presumido de IPI, comporiam a base de cálculo dessa contribuição. Correto, portanto, o lançamento fiscal. Acontece porém, que o STF, em controle difuso, julgou inconstitucional esse dispositivo legal. Cabe então verificar os efeitos dessa decisão pretoriana sobre a tributação ora em exame. Entendo que o controle concreto de constitucionalidade tem efeito interpartes, não beneficiando nem prejudicando terceiros alheios à lide. Para que produza efeitos erga ominis, é preciso que o Senado Federal edite resolução suspendendo a execução Fl. 895DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 14 do dispositivo de lei declarado inconstitucional pelo STF. Não desconheço que o Ministro Gilmar Mendes, há muito vem defendendo a desnecessidade do ato senatorial para dar efeitos geral às decisões da Corte Maior, mas essa posição ainda não foi positivada no ordenamento jurídico brasileiro, muito embora alguns passos importantes já foram dados, como é o caso da súmula vinculante. De qualquer sorte, a resolução senatorial ainda se faz necessária, para estender efeitos de decisões interpartes a terceiros alheios à demanda. De outro lado, o regimento interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais trouxe a possibilidade de se estender as decisões do STF, em controle difuso, aos julgados administrativos, conforme preceitua a Portaria nº 256/2009, Anexo II, art. 69. Este dispositivo reproduz a mesma redação prevista no regimento anterior (art. 49, na redação dada pela Portaria nº 147/2007): É vedado afastar a aplicação de lei, exceto ... “I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal. Notese que tal dispositivo cria uma exceção à regra que veda este Colegiado afastar a aplicação de dispositivo legal, mas exige que a inconstitucionalidade desse dispositivo já tenha sido declarada por decisão definitiva do plenário do STF. Não basta qualquer decisão da Corte Maior, tem de ser de seu plenário, e, devese entender como definitiva a decisão que passa a nortear a jurisprudência desse tribunal nessa matéria. Em outras palavras, decisão definitiva, na acepção do art. 69 do RICARF é aquela reiterada, assentada na Corte. O caso dos autos, a meu sentir, amoldase, perfeitamente, à norma inserta no artigo 69 suso transcrito, posto que a questão da inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 encontrase apascentada no Supremo Tribunal Federal, inclusive, fez parte de minuta de súmula vinculante, que não foi adiante por causa de uma outra decisão desse Tribunal, referindose à base de cálculo das contribuições devidas pelas seguradoras. Neste caso, houve certa confusão sobre o conceito de faturamento e de receita, o que levou o STF a não sumular a matéria sobre o alargamento da base de cálculo das contribuições, mas, de qualquer sorte, continua valendo a decisão no tocante à base de cálculo das contribuições incidentes sobre sociedades não financeiras ou seguradoras. Em outro giro, temse notícia de que a própria PGFN já emitiu parecer no sentido de autorizar seus procuradores a não mais recorrerem das decisões judiciais que reconheçam a inconstitucionalidade do denominado alargamento da base de cálculo das contribuições sociais, fato esse que corrobora o entendimento de se aplicar ao caso em exame a decisão plenária do SRF sobre o indigitado alargamento da base de cálculo da Cofins.. A jurisprudência do CARF caminha no sentido de estender a decisão do STF sobre o alargamento da base de cálculo das contribuições aos julgamentos administrativos. Neste sentido, votou a Ilustre Conselheira Maria Teresa Martínez López, que Fl. 896DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 16095.000723/200711 Acórdão n.º 3402002.626 S3C4T2 Fl. 132 15 rendo as homenagens de praxe, e preço licença para transcrever excerto de seu voto. ILEGALIDADE DA LEI Nº 9718/98 Perdeu igualmente interesse para o deslinde deste processo a questão do alargamento da base de cálculo. O Supremo Tribunal Federal ao julgar o Recurso Extraordinário no 357.950, em 09/11/2005 (Diário da Justiça da União de 15/08/2006), declarou a inconstitucionalidade da ampliação do conceito de faturamento perpetrada pelo art. 3º, § 1º, da Lei no 9.718/98. Portanto, à luz daquele julgado, somente as receitas provenientes da venda de mercadorias e serviços podem sofrer a incidência do PIS e da Cofins, o que não é o caso do valor do ICMS registrado extemporaneamente. No tocante à extensão dos efeitos da referida declaração de inconstitucionalidade, com fulcro no art. 77 da Lei nº 9.430/96, o Presidente da República baixou o Decreto nº 2.346/97 para disciplinar a atuação dos órgãos da Administração Pública. Ora, o art. 4º, parágrafo único, do Decreto no 2.346/97, estabelece que “(...) Na hipótese de crédito tributário, quando houver impugnação ou recurso ainda não definitivamente julgado contra a sua constituição, devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. (...)”. Cabe observar que a matéria, de aplicar ou não decisão do Pleno do STF, antes da expedição de Resolução, no meu entender, não se alterou ao longo dos vários Regimentos Internos aprovados, quer dos então Conselhos de Contribuintes, quer do atual CARF. O atual Regimento Interno (art. 69 da Portaria nº 256/2009) reproduz a mesma redação prevista no anterior (art. 49, na redação dada pela Portaria nº 147/2007): É vedado afastar a aplicação de lei exceto ... “I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal;” A questão foi bem tratada por diversas vezes neste órgão administrativo. Cito, no entanto, o julgamento ocorrido do Rec. 127006, pela Conselheira MARIA CRISTINA ROZA DA COSTA, Acórdão nº 20217530 (naquele caso PIS, variações monetárias), pela qual peço vênia para reproduzir excertos como se meus fossem: Este Conselho de Contribuintes possui larga experiência no trato com lides cujo mérito versava sobre matéria que o plenário do STF julgou inconstitucional, incidenter tantum, e que no aguardo da Resolução do Senado Federal, manteve por muito tempo a exigência de tributo já reputado definitivamente inconstitucional ou mesmo ilegal, nos casos julgados pelo STJ. Fl. 897DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 16 Há que se aprender com a experiência. Não que se possa aqui decidir açodadamente após inaugurais decisões nesse sentido pelas Cortes Constitucional ou Legal. No caso em tela não é esta a circunstância. Tratase de matéria que há muito vem gerando conflito entre o Fisco e os contribuintes, tendo sido alvo de sentenças judiciais de monta, contrárias aos interesses do Fisco. O volume dessas decisões atingiu seu ápice com a decisão do STF, a qual, publicada, transitou em julgado em 29 de setembro de 2006, sendo enviada pelo Presidente do STF ao Presidente do Senado Federal em 03/10/2006, em cumprimento ao disposto na Constituição Federal. Portanto, entendo que não há a que resistir. O julgador administrativo tem como limite de decidir as normas legais em vigor, não lhe competindo apreciar inconstitucionalidades ou ilegalidades. Ao revés, a inconstitucionalidade do dispositivo fundador da autuação encontrasse declarada por sentença transitada em julgado pelo órgão designado pela Constituição da República, no art. 102, inciso III, alínea “a”, a julgar causas decididas quando a decisão recorrida contrariar seus dispositivos ou declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. E, consoante dispõe o inciso I do parágrafo único do art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atuação conforme a lei e o direito, devendo a Administração pública, segundo dispõe o caput, obedecer, dentre outros, os princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Ademais, também não compete ao julgador administrativo dar seqüência à exigência de crédito tributário que esteja arrimado em norma sabidamente afastada do mundo jurídico, com efeitos ex tunc, pela Corte constitucional. Seria de extremo non sense e mais que isso, ofensivo aos princípios acima citados da Lei nº 9.784/99 manter a exigência tributária, remetendo o contribuinte a duas vertentes possíveis: ou socorrerse da proteção judicial, levando os cofres públicos a pagarem por essa teimosia irracional de exigir tributo indevido, via ônus da sucumbência, ou, extinguindo o crédito tributário exigido, submeterse à via crusis do solve et repete. Nem uma nem outra. Na sutileza desse momento é que se justifica a existência de um tribunal administrativo. Não pode o julgador administrativo, posicionado diante de tal circunstância deixar de enfrentar as vicissitudes de ter de um lado a lei formalmente ainda válida e eficaz, de outro a sentença transitada em julgado, proferida pelo Tribunal Maior do País, que mitiga, reduz, apequena o alcance pretendido pela lei no sentido de avançar sobre o patrimônio do particular. Entendo estar na esfera de competência do julgador administrativo afastar a exigência tributária que se encontra sob sua apreciação, cuja inconstitucionalidade já tenha sido declarada, porém, ainda não ampliada para os efeitos erga Fl. 898DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 16095.000723/200711 Acórdão n.º 3402002.626 S3C4T2 Fl. 133 17 onmes, o que ocorrerá inexoravelmente por ser conduta formal de outro Poder, cuja atuação nem sempre está sincrônica com o tempo e a necessidade da sociedade, afastando, com isso, as inevitáveis ações judiciais e maiores embaraços para o tesouro nacional e para o contribuinte. Não bastasse toda a fundamentação argumentativa acima arrazoada, tal entendimento também encontra supedâneo na norma que rege os efeitos da declaração de inconstitucionalidade em matéria tributária a serem observados pelos órgãos julgadores. Dispõe o art. 4º, parágrafo único, do Decreto nº 2.346/1997: “Art. 4º Ficam o Secretário da Receita Federal e o Procurador Geral da Fazenda Nacional, relativamente aos créditos tributários, autorizados a determinar, no âmbito de suas competências e com base em decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal que declare a inconstitucionalidade de lei, tratado ou ato normativo, que: I não sejam constituídos ou que sejam retificados ou cancelados; II não sejam efetivadas inscrições de débitos em dívida ativa da União; III sejam revistos os valores já inscritos, para retificação ou cancelamento da respectiva inscrição; IV sejam formuladas desistências de ações de execução fiscal. Parágrafo único. Na hipótese de crédito tributário, quando houver impugnação ou recurso ainda não definitivamente julgado contra a sua constituição, devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.” (negrito inserido). Compulsando as regras de redação oficial de atos normativos com o objetivo de perquirir o exato alcance da ordem contida no referido parágrafo único, de vez serem existentes vozes isoladas que entendem estar o citado parágrafo único atrelado ao caput do artigo, ensejando a existência de autorização ou ordem expressa dos órgãos que cita para que os órgãos julgadores da Administração Fazendária se considerem “autorizados” a afastar norma declarada inconstitucional, constatase comando normativo diametralmente oposto a tal entendimento. O Decreto nº 4.176, de 28/03/2002, que estabelece normas e diretrizes para a elaboração, a redação, a alteração, a consolidação e o encaminhamento ao Presidente da República de projetos de atos normativos de competência dos órgãos do Poder Executivo Federal, ao regulamentar a Lei Complementar nº 95/1998, determina a forma técnica de redação consoante no art. 23, inciso III, alínea “c”, sendo que para a obtenção de Fl. 899DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 18 ordem lógica os parágrafos deverão expressar os aspectos complementares à norma enunciada no caput do artigo e as exceções à regra por este estabelecida, conforme se confere a seguir: “Da Redação Art. 23. As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão e ordem lógica, observado o seguinte: III para a obtenção de ordem lógica: c) expressar por meio dos parágrafos os aspectos complementares à norma enunciada no caput do artigo e as exceções à regra por este estabelecida.” Aplicando a regra ao artigo 4º do Decreto nº 2.346/97, é de imediata compreensão, por qualquer operador do Direito, que o disposto no parágrafo único se constitui em uma exceção à regra estabelecida no caput, pelo simples motivo de o caput referirse a órgãos diversos dos citados no parágrafo único, sem que exista qualquer liame de subordinação ou mesmo coordenação entre os citados órgãos para aplicação de seus termos. Aliás, quanto à possibilidade de subordinação dos órgãos administrativo julgadores à hierarquia da Administração Pública, válido buscar os ensinamentos da Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro1 acerca da matéria: “Sendo competência exclusiva, absolutamente exclusiva, isto afasta qualquer possibilidade de controle e o órgão fica praticamente fora da hierarquia da Administração Pública. Eu citaria dois tipos de órgãos que ficam fora da hierarquia administrativa. Em primeiro lugar, os órgãos consultivos (…). Uma autoridade superior não pode obrigar um determinado funcionário encarregado de função consultiva a dar um parecer neste ou naquele sentido … A segunda modalidade de órgãos que estão fora da hierarquia são justamente os órgãos administrativos encarregados do processo administrativo tributário. É verdade que principalmente os órgãos de 1ª Instância exercem outras funções além dessas funções julgadoras, e, nessas outras funções, estão integrados na hierarquia. Mas, no que diz respeito especificamente às decisões no processo administrativo fiscal, não estão integrados na hierarquia; também não obedecem ordens, não seguem instruções; eles têm até uma composição mista, parte com representantes dos próprios quadros da Administração Pública e parte com representantes da sociedade.” A matéria em foco – alteração da base de cálculo da Cofins e do PIS pela Lei nº 9.718/98 – foi apreciada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, constituindose em decisão definitiva daquele Tribunal, uma vez que proferida pelo Pleno, com a participação e voto de todos os Ministros que o compõem. À época da lavratura do auto de infração outra não podia ter sido a atuação do autuante. Também agora, à época do Fl. 900DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 16095.000723/200711 Acórdão n.º 3402002.626 S3C4T2 Fl. 134 19 julgamento, outra não pode ser a posição do julgador que não exonerar a exigência constituída. Importante mencionar que acatar a decisão do STF não é o mesmo que declarar a inconstitucionalidade de lei, o que, realmente, não está na alçada dos órgãos administrativos eis que essa competência é do Poder Judiciário. Retornando aos autos, entendo que, com a decisão do STF que julgou inconstitucional o alargamento da base de cálculo das contribuições sociais, até a vigência das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, as bases de cálculo do PIS e da Cofins voltaram a ser a receita bruta correspondente ao faturamento, assim entendido como o produto da venda de bens, serviços ou de bens e de serviços relacionados à atividade operacional da pessoa jurídica. Pelas assertivas feitas, afasto a regra contida no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, em vista da declaração de inconstitucionalidade proferida em decisão definitiva pelo Supremo Tribunal Federal. ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins. Esta matéria foi objeto do acórdão nº 3402002.454, de 19 de agosto de 2014, da lavra do ilustre conselheiro João Carlos Cassuli Junior, no qual foi definido que incide PIS e Cofins sobre a parcela relativa ao ICMS. Esse é o meu entendimento sobre o assunto, de forma que transcrevo as razões de decidir da citada decisão as utilizo para fundamentar meu voto, verbis: O recurso é tempestivo, atendendo aos demais pressupostos de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. A discussão que emana dos autos, diz respeito à possibilidade, defendida pela Recorrente, ou à vedação, sustentada pela Administração de se excluir da base de cálculo da Contribuição à PIS e COFINS, os valores relativos ao ICMS, sob o fundamento de que tais valores não se constituem em receita ou faturamento da empresa e ainda afirma que o STF tem entendido que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo das contribuições de PIS e COFINS. Adentrando ao mérito da questão, sabese que a matéria é objeto de discussão no âmbito do STF, em sede de Recurso Extraordinário n° 240.7852/MG, em curso de julgamento desde 1999, que discute a incidência no âmbito da Lei n° 9.718/98. Em referido RE o “score” está 6x1 em favor do contribuinte, tendo sido publicado o seguinte resultado de julgamento: "O TRIBUNAL, POR MAIORIA, CONHECEU DO RECURSO, VENCIDOS A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA E O SENHOR MINISTRO EROS GRAU. NO MÉRITO, APÓS OS VOTOS DOS SENHORES MINISTROS MARCO AURÉLIO (RELATOR), CÁRMEN LÚCIA, RICARDO LEWANDOWSKI, CARLOS BRITTO, CEZAR PELUSO E SEPÚLVEDA PERTENCE, DANDO PROVIMENTO AO RECURSO, E DO VOTO DO SENHOR MINISTRO EROS GRAU, NEGANDOO, PEDIU VISTA DOS AUTOS O SENHOR MINISTRO GILMAR Fl. 901DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 20 MENDES. AUSENTES, JUSTIFICADAMENTE, OS SENHORES MINISTROS CELSO DE MELLO E JOAQUIM BARBOSA. FALARAM, PELA RECORRENTE, O PROFESSOR ROQUE ANTÔNIO CARRAZA E, PELA RECORRIDA, O DR. FABRÍCIO DA SOLLER, PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL. PRESIDÊNCIA DA SENHORA MINISTRA ELLEN GRACIE. PLENÁRIO, 24.08.2006". Sabese também, no entanto, que houve a apresentação da Ação Declaratória de Constitucionalidade n° 18, na qual foi concedido provimento judicial para que se sobrestassem os julgamentos de matérias similares a esta até o julgamento final da lide pela Corte Suprema, sendo em razão desta liminar que tais demandas aguardam o pronunciamento do STF, inclusive as que estavam pendentes perante este Conselho por força da Portaria MF n° nº 256, de 22 de junho de 2009, revogada através da Portaria MF n° 545, de 18 de novembro de 2013. Tenho, no entanto, que a matéria está muito longe de restar pacificada mesmo com eventual decisão do STF favorável aos contribuintes, pois que dela emanariam efeitos que alterariam premissas firmadas há décadas a respeito do ICMS, inclusive de ordem criminal (por ser imposto próprio ou de terceiro, p. ex.) e que acabariam por não resolver, também, as demandas que poderiam se originar nos períodos em que as contribuições ao PIS e à COFINS passaram a ser apuradas sob o regime da não cumulatividade, pois que viria à tona o questionamento sobre o direito de se tomar crédito sobre a parcela do ICMS incluído no custo das mercadorias para revenda ou dos insumos adquiridos para produção ou fabricação de bens. Firmouse a premissa de que o ICMS é um “imposto próprio”, ou seja, seu ônus é do próprio contribuinte, e seu mecanismo de incidência não comporta a transferência jurídica do encargo ao adquirente da mercadoria (diferentemente do IPI, no qual se fatura o preço do produto e o preço do IPI, separadamente). Daí surgem efeitos primeiramente no art. 166, do CTN, para fins de eventual indébito e demandas por créditos, e também no âmbito criminal, pois que a simples falta de pagamento de ICMS poderá passar a ser considerada “apropriação indébita”, pois que o contribuinte passaria a ser mero depositário do tributo, para repassálo ao ente arrecadador estadual. Daí porque já no final da década de 1980 e início da de 1990, o Superior Tribunal de Justiça editou as Súmulas n°s. 68 e 94, com os seguintes teores: Súmula 68. A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS. Súmula 94. A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL. Sabese que o FINSOCIAL foi substituído pela COFINS com a edição da Lei Complementar n° 70/91, tanto que no início acabou recebendo a alcunha de “novo Finsocial”, acomodando com isso as diversas discussões quanto à sua constitucionalidade que pairavam no Brasil pós Constituição de 1988. Fl. 902DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 16095.000723/200711 Acórdão n.º 3402002.626 S3C4T2 Fl. 135 21 A digressão história anterior foi necessária para dizer que a análise jurídica da exclusão do ICMS das bases de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS passam pela análise da constitucionalidade do art. 13, da Lei Complementar n° 87/96 (Lei Kandir), que determina que o ICMS seja calculado “por dentro”, e que lhe concede todo esse contorno de “imposto próprio”, como mencionado alhures. E essa competência para declarar a inconstitucionalidade de Lei tributária não cabe aos julgadores do CARF, nos termos da Súmula CARF n° 2. Tratase de uma função que compete ao STF e que o fará com o julgamento da ADC n° 18. Até lá, temse a presunção de constitucionalidade da Lei, tanto do art. 13 da LC 87/96, como da Lei n° 9.718/98 questionada em sede de STF, e que não preveem a hipótese de exclusão da receita bruta de vendas ou do faturamento, os valores relativos ao ICMS incidente sobre as vendas, de modo que não merece amparo o pleito recursal. Finalmente, trago à colação parte do voto do ilustre Conselheiro Fernando Luiz da Gama Lobo D’Eça, que ao julgar o Processo n° 13851.001210/200640 (sessão de janeiro de 2014, pendente de publicação), com maestria pontuou: ...em relação à inclusão do ICMS da base de cálculo da COFINS, pois como acertadamente ressaltou a r. decisão recorrida, ao contrário do que ocorre com o IPI, o ICMS, por expressa disposição do art. 13 da LC nº 87/96, integra o preço da mercadoria faturado que é apurado “por dentro”, não havendo previsão legal para a exclusão do ICMS da base de cálculo da Contribuição para o PIS contrariamente ao que ocorre no caso do IPI (art. 3º da Lei nº 9.715/98). Nesse sentido anoto que a matéria já se pacificou, no âmbito do STJ, como se pode ver da seguinte e elucidativa ementa: “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL CONFIGURADO. ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. SÚMULAS 68 E 94 DO STJ. 1. A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo da COFINS e do PIS, ante a ratio essendi das Súmulas 68 e 94 do STJ. 2. Precedentes jurisprudenciais do STJ: Ag 666548/RJ, desta relatoria, DJ de 14.12.2005; RESP 496.969/RS, Relator Ministro Franciulli Netto, DJ de 14/03/2005; RESP 668.571/RS, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJ de 13/12/2004 e RESP 572.805/SC, Relator Ministro José Delgado, DJ de 10/05/2004. 3. Embargos de declaração acolhidos para sanar o erro material e negar provimento ao recurso especial interposto por Irmãos Amalcaburio Ltda e Outros (fls. 564/592).” (cf. Ac. da 1ª Turma do STJ no EDcl no AgRg no REsp 706766RS, Reg. nº 2004/01685982, em sessão de 18/05/06, Rel. Min. LUIZ FUX, publ. in DJU de 29/05/06 p. 169) Fl. 903DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 22 Finalmente releva notar que no caso excogitado (pretensão de exclusão de base de cálculo não prevista em lei), a Suprema Corte tem reiterado que, tal como ocorre com as autoridades administrativas, mesmo “os magistrados e Tribunais – que não dispõem de função legislativa não podem conceder, ainda que sob fundamento de isonomia, o benefício da exclusão do crédito tributário em favor daqueles a quem o legislador, com apoio em critérios impessoais, racionais e objetivos, não quis contemplar com a vantagem da isenção. Entendimento diverso, que reconhecesse aos magistrados essa anômala função jurídica, equivaleria, em última análise, a converter o Poder Judiciário em inadmissível legislador positivo, condição institucional esta que lhe é recusada pela própria Lei Fundamental do Estado. Em tema de controle de constitucionalidade de atos estatais, o Poder Judiciário só atua como legislador negativo (RTJ 146/461, Rel. Min. Celso de Mello). (cf. Ac. da 1ª Turma do STF no Agr. Reg. no AI nº 171.733SP, rel. Min. Celso de Mello, publ. in RTJ vol. 188/237) Desta forma, entendo que agiu com acerto a DRJ ao manter a incidência das contribuições em questão sobre a parcela relativa ao ICMS. Ex positis, mantenho o ICMS na base de cálculo das exações. Multa de Ofício. A Autoridade Fiscal lavou o auto com a multa qualificada de 150% em virtude de que o sujeito passivo omitiu reiteradamente informações nas DCTF apresentadas. O recorrente reclama da multa afirmando ser completamente abusiva e um verdadeiro confisco. Chamo a atenção para o fato de que o recorrente não apresentar uma única linha acerca da qualificação da multa. Logo, essa matéria está preclusa. Quanto a aplicação da multa de ofício no percentual de 150%, trago a baila o excelente Acórdão CSRF – 0203227, de 30 de junho de 2008, da lavra do conselheiro Henrique Pinheiro Torres, que utilizo para fundamentar meu voto, verbis: A situação fática trazida aos autos leva a inexorável conclusão de que a conduta adotada pela reclamante percorreu todos os caminhos do tipo da fraude previsto no art. 72 da Lei nº 4.502, de 1964. Esse tipo é doloso e admite condutas comissivas e omissivas. É cediço que, na fraude, os núcleos verbais são “impedir”, “retardar”, “excluir”, “modificar”. Além desses, completam o tipo objetivo outros elementos, de valoração jurídica. Vemos que “impedir” e “retardar” estão ligados a “ocorrência do fato gerador”, e “excluir” e “modificar”, ao seu turno, ligados a “características essenciais do fato gerador”. No tipo subjetivo, por sua vez, a lei requer o dolo, composto de um elemento cognitivo ou intelectual a consciência da realização dos elementos objetivos do tipo e de um elemento volitivo a Fl. 904DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 16095.000723/200711 Acórdão n.º 3402002.626 S3C4T2 Fl. 136 23 vontade de realização também dos elementos do tipo objetivo. No tipo subjetivo, ainda, está compreendido, no dispositivo em análise, o que em doutrina se conhece por “elemento subjetivo especial do tipo”, pois a lei descreve algo mais que o dolo, no campo subjetivo do autor. De tudo isso que se obtém com o auxílio de Luiz Regis Prado (in Curso de Direito Penal Brasileiro, vol. I, Parte Geral, Ed. Revista dos Tribunais, 3ª ed, págs. 295 a 299), é possível conceber que, para a adequação típica, é necessário, além do dolo, que intentem os agentes a consumação de um resultado proibido, que se insere como elemento subjetivo especial, consistente na redução, na supressão ou no diferimento do tributo devido. As provas acostadas aos autos não deixam dúvida de que a Contribuinte, ao informar receitas em valor menor do que o efetivamente recebido, agiu de forma a modificar as características essenciais do fato gerador da Contribuição. A lei da Cofins incumbiu o sujeito passivo do dever de apurar e recolher, antes de qualquer procedimento de ofício, a contribuição devida, bem como informar ao Fisco, dentre outros, a ocorrência do fato gerador, a base de cálculo correta da contribuição, o valor da exação devida e da recolhida. Vale dizer que o ordenamento conferiu ao sujeito passivo o dever de levar ao conhecimento da autoridade fiscal os elementos essenciais do lançamento. Desta feita, fica claro que a conduta da recorrente informar, na declaração, receitas em valor menor do que o efetivamente recebido é conduta comissiva típica do dispositivo em lume. Expeço este entendimento ao observar a previsão do elemento subjetivo especial supressão, redução ou diferimento do tributo. As condutas realizadas são adequadas ao tipo objetivo e puníveis, porque dirigidas à consecução de um daqueles fins, inscritos no elemento subjetivo especial. A redução indevida e sistemática da base de cálculo da contribuição, por parte do sujeito passivo, de modo a reduzir intencionalmente o montante do tributo devido, ajustase ao tipo objetivo descrito no art. 72 da Lei nº 4.502/64, pela modificação de uma característica essencial da obrigação tributária. Outrossim, exigemse o dolo, isto é, consciência e vontade de realização dos elementos objetivos do tipo, e um elemento subjetivo especial, uma tendência subjetiva da realização da conduta típica, que lhe é intrínseca, a ser vislumbrada no art. 44, II, da Lei nº 9.430/96: a supressão ou a redução do tributo. Em outros termos, a conduta descrita no tipo objetivo não basta, para a perfeita adequação típica, se os agentes não tiverem em mira a realização dos fins contidos no elemento subjetivo especial. Todavia, no caso em exame, o dolo é marcante, com seus elementos cognitivo e volitivo, porquanto o agente tinha consciência da realização da ação típica, acima mencionada, e bem demonstram as provas de que agiu o sujeito passivo, reiteradamente, por mais de 05 anos, inspirado pela vontade de realizar esta ação: reduzir das receitas informadas ao Fisco os Fl. 905DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 24 custos das mercadorias vendidas, quando sabia ser ilícita tal redução, haja vista que não encontrava amparo no ordenamento jurídico nem nas decisões dos tribunais administrativo e judicial. Tudo isso tendo como meta reduzir o montante da contribuição devida Retornando ao caso em epígrafe, como dito alhures, o contribuinte declarava reiteradamente valores inferiores aos valores contabilizados em sua escrita fiscal. Essa discrepância entre os valores informados e os valores escriturados, ao meu ver, deixa por demais evidente o dolo do sujeito passivo, a premeditação da conduta ilícita. A vontade consciente de fraudar o fisco, coadjuvada pela certeza da impunidade. Mas, felizmente, no caso em exame, essa certeza não se concretizou. O Fisco apareceu e conseguiu descobrir os caminhos da evasão fiscal trilhados pela autuada. Caracterizada a fraude, à luz dos que se expôs, não há como deixar de reconhecer a qualificadora e, com isso, devese manter exasperação da multa no percentual de 150% do valor da contribuição que deixou de ser recolhida Forte em todos os argumentos apresentados, nego provimento ao recurso de ofício e dou provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a regra contida no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, em vista da declaração de inconstitucionalidade proferida em decisão definitiva pelo Supremo Tribunal Federal. Sala das Sessões, em 28/01/2015 Gilson Macedo Rosenburg Filho. Fl. 906DF CARF MF Impresso em 19/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 10850.002565/99-41
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Mar 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 1989, 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995
Data do pedido: 12/11/1999
TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. DIES A QUO E PRAZO PARA EXERCÍCIO DO DIREITO. ART. 62-A DO ANEXO II DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
O CARF está vinculado às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF e STJ, na sistemática prevista nos artigos 543-B e 543-C, do CPC (art. 62-A do Anexo II do RICARF). Assim, conforme entendimento firmado pelo STF no RE nº566.621-RS, bem como aquele esposado pelo STJ no REsp nº1.269.570-MG, para os pedidos de restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação, formalizados antes da vigência da Lei Complementar (LC) nº 118, de 2005, ou seja, antes de 09/06/2005, como no caso em tela, o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação é de cinco anos, conforme o artigo 150, § 4º, do CTN, somado ao prazo de cinco anos, previsto no artigo 168, I, desse mesmo código, contados da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido. Tese dos 5 + 5. Com a vigência do art. 3º da LC nº 118/2005, esse prazo passou a ser de 5 anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado.
SÚMULA CARF Nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.
Numero da decisão: 9900-000.881
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
RAFAEL VIDAL DE ARAUJO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais à época do julgamento), Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Antônio Carlos Guidoni Filho (Vice-Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Rafael Vidal de Araújo (Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), João Carlos de Lima Júnior (Vice-Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmar Fonseca de Menezes (Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmir Sandri (Vice-Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Jorge Celso Freire da Silva (Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Karem Jureidini Dias (Vice-Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Alexandre Naoki Nishioka (Vice-Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Gustavo Lian Haddad (Vice-Presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Marcelo Oliveira (Presidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Manoel Coelho Arruda Júnior (Vice-Presidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Elias Sampaio Freire (Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (Vice-Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Henrique Pinheiro Torres (Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Nanci Gama (Vice-Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Joel Miyasaki (Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo Cardozo Miranda (Vice-Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Maria Teresa Martínez López (Vice-Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Júlio César Alves Ramos (convocado para ocupar o lugar do Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF) e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva (Vice-Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF) e Antônio Lisboa Cardoso (substituindo o Vice-Presidente da CSRF).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2366; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFPL Fl. 325 1 324 CSRFPL MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10850.002565/9941 Recurso nº Extraordinário Acórdão nº 9900000.881 – Pleno Sessão de 08 de dezembro de 2014 Matéria Normas Gerais de Direito Tributário Restituição/Compensação Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida JOÃO REINALDO MATURANA & CIA LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 1989, 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995 Data do pedido: 12/11/1999 TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. DIES A QUO E PRAZO PARA EXERCÍCIO DO DIREITO. ART. 62A DO ANEXO II DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. O CARF está vinculado às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF e STJ, na sistemática prevista nos artigos 543B e 543C, do CPC (art. 62A do Anexo II do RICARF). Assim, conforme entendimento firmado pelo STF no RE nº566.621RS, bem como aquele esposado pelo STJ no REsp nº1.269.570MG, para os pedidos de restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação, formalizados antes da vigência da Lei Complementar (LC) nº 118, de 2005, ou seja, antes de 09/06/2005, como no caso em tela, o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação é de cinco anos, conforme o artigo 150, § 4º, do CTN, somado ao prazo de cinco anos, previsto no artigo 168, I, desse mesmo código, contados da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido. Tese dos 5 + 5. Com a vigência do art. 3º da LC nº 118/2005, esse prazo passou a ser de 5 anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado. SÚMULA CARF Nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 00 25 65 /9 9- 41 Fl. 325DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/03/20 15 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais à época do julgamento), Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Antônio Carlos Guidoni Filho (VicePresidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Rafael Vidal de Araújo (Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), João Carlos de Lima Júnior (VicePresidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmar Fonseca de Menezes (Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmir Sandri (VicePresidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Jorge Celso Freire da Silva (Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Karem Jureidini Dias (VicePresidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Alexandre Naoki Nishioka (VicePresidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Gustavo Lian Haddad (VicePresidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Marcelo Oliveira (Presidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Manoel Coelho Arruda Júnior (VicePresidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Elias Sampaio Freire (Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (VicePresidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Henrique Pinheiro Torres (Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Nanci Gama (VicePresidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Joel Miyasaki (Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo Cardozo Miranda (VicePresidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Maria Teresa Martínez López (Vice Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Júlio César Alves Ramos (convocado para ocupar o lugar do Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF) e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva (VicePresidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF) e Antônio Lisboa Cardoso (substituindo o VicePresidente da CSRF). Relatório Tratase de Pedido de Compensação de Contribuições para o PIS/PASEP, relativas aos períodos de apuração de março de 1989 a outubro de 1995, tendo em vista a suspensão de eficácia dos Decretoslei nºs 2.445 e 2.449, ambos de 1988, pela Resolução do Senado nº 49, de 10/10/1995. O pedido foi formalizado em 12/11/1999. 2. Em sessão plenária de 01/09/2008, a Câmara Superior de Recursos Fiscais julgou o Recurso Especial nº 201127.035, interposto pela Fazenda Nacional, proferindose a decisão consubstanciada no Acórdão nº 0203.421, assim ementado: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/03/1989 a 31/10/1995 PIS. RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. PRAZO. Fl. 326DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/03/20 15 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O Processo nº 10850.002565/9941 Acórdão n.º 9900000.881 CSRFPL Fl. 326 3 A decadência do direito de pleitear a compensação/restituição é de 5 (cinco) anos, tendo como termo inicial, na hipótese dos autos, a data da publicação da Resolução do Senado Federal que retira a eficácia da lei declarada inconstitucional. Recurso Especial do Procurador Negado” 3. A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.” 4. Cientificada em 14/07/2011 (numeração digital: fl. 290), a Fazenda Nacional interpôs Recurso Extraordinário (fls.271/294, numeração digital: fls.291/314), visando a revisão do julgado pelo Pleno. 5. O recurso está fundamentado no art. 9º, c/c art. 43, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 2007, c/c o art. 4º, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009. Como paradigma, foi indicado o acórdão CSRF 0400.810, colacionandose a respectiva ementa, conforme a seguir: “PEDIDO DE RESTITUIÇÃO – ILL – O direito de pleitear a restituição de tributo indevido, pago espontaneamente, perece com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data de extinção do crédito tributário, sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento inconstitucionalidade ou simples erro (art. 165, incisos I e II , e 168, inciso I, do CTN, e entendimento do Superior Tribunal de Justiça). Recurso Especial do Procurador Provido” 6. Ao Recurso Extraordinário foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 9100 00.634, de 25/07/2011 (fls.296/297, numeração digital: fls.316/317). 7. Em seu Recurso Extraordinário, a Fazenda Nacional requer, em síntese, a declaração de prescrição da pretensão de a Contribuinte pleitear a restituição de Contribuições para o PIS, recolhidas com fundamento nos Decretoslei nºs 2.445 e 2.449, ambos de 1988, uma vez que o pedido foi formalizado quando já havia expirado o prazo de cinco anos, contados da data do pagamento indevido. 8. Cientificado do Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional em 25/01/2013 (numeração digital: fl.323), o Contribuinte deixou de oferecer Contrarrazões no prazo regulamentar (numeração digital: fl.324). Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo 2. As questões em discussão foram bem tratadas no voto condutor do Acórdão nº 9900000.914, da lavra da eminente Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, o qual adoto, mutatis mutandis. Fl. 327DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/03/20 15 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O 4 3. Inicialmente, registrese que o Recurso Extraordinário não está previsto no atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009. Entretanto, como no presente caso o acórdão recorrido foi prolatado antes de 30/06/2009, o Recurso Extraordinário deve ser processado de acordo com o rito previsto no antigo Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 2007, nos termos do artigo 4º, do RICARF. 4. O Recurso Extraordinário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. 5. Como visto no relatório, tratase de Pedido de Compensação de Contribuições para o PIS/PASEP, relativas aos períodos de apuração de março de 1989 a outubro de 1995, tendo em vista a suspensão de eficácia dos Decretoslei nºs 2.445 e n° 2.449, ambos de 1988, pela Resolução do Senado n° 49, de 10/10/1995. O pedido foi formalizado em 12/11/1999. 6. A divergência entre os acórdãos recorrido e paradigma cingese, basicamente, à fixação da data inicial para a contagem do prazo decadencial para o contribuinte pleitear restituição/compensação. No acórdão recorrido, aplicase o prazo de cinco anos, contados da data da publicação da Resolução do Senado Federal nº 49, de 10/10/1995. A Fazenda Nacional, por sua vez, pede que seja aplicado o prazo de cinco anos, contados da data dos pagamentos indevidos. 7. Conforme o artigo 62A, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, esta Corte Administrativa deve reproduzir as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF e STJ, na sistemática prevista nos artigos 543B e 543C, do CPC. 8. No que tange ao objeto do presente recurso, houve pronunciamento do STF no julgamento do RE nº 566.621 Rio Grande do Sul, Relatora Exma. Ministra Ellen Gracie, bem como do STJ no julgamento do REsp nº 1.269.570 Minas Gerais, Relator Exmo. Ministro Mauro Campbell Marques, com efeito repetitivo, ao qual o CARF deve se curvar, conforme expressa disposição regimental. 9. O entendimento exarado pelas Cortes Superiores é no sentido de que o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação, para os pedidos protocolados antes da vigência da Lei Complementar 118, de 2005, ou seja, antes de 09/06/2005, como no caso, é de cinco anos, conforme o artigo 150, § 4º, do CTN, somado ao prazo de cinco anos, previsto no artigo 168, I, desse mesmo código. Tese dos 5 + 5. 10. O referido acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF) restou assim ementado: “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. Fl. 328DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/03/20 15 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O Processo nº 10850.002565/9941 Acórdão n.º 9900000.881 CSRFPL Fl. 327 5 A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardando se, no mais, a eficácia da norma, permite se a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerando se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, §3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” 11. Segue a ementa do mencionado acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), já prolatado após a decisão do STF: "CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543C, DO CPC). LEI INTERPRETATIVA. PRAZO DE PRESCRIÇÃO PARA A REPETIÇÃO DE INDÉBITO NOS TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ART. 3º, DA LC 118/2005. POSICIONAMENTO DO STF. ALTERAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ. SUPERADO ENTENDIMENTO FIRMADO ANTERIORMENTE TAMBÉM EM SEDE DE RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. 1. O acórdão proveniente da Corte Especial na AI nos Eresp nº 644.736/PE, Relator o Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 27.08.2007, e o recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.002.932/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.11.2009, firmaram o entendimento no sentido de que o art. 3º da LC 118/2005 somente pode ter eficácia prospectiva, incidindo apenas sobre situações que venham a ocorrer a partir da sua vigência. Sendo assim, a jurisprudência deste STJ passou a considerar que, relativamente aos pagamentos efetuados a partir de 09.06.05, o prazo para a repetição do indébito é de cinco anos a contar da data Fl. 329DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/03/20 15 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O 6 do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior. 2. No entanto, o mesmo tema recebeu julgamento pelo STF no RE n. 566.621/RS, Plenário, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 04.08.2011, onde foi fixado marco para a aplicação do regime novo de prazo prescricional levandose em consideração a data do ajuizamento da ação (e não mais a data do pagamento) em confronto com a data da vigência da lei nova (9.6.2005). 3. Tendo a jurisprudência deste STJ sido construída em interpretação de princípios constitucionais, urge inclinarse esta Casa ao decidido pela Corte Suprema competente para dar a palavra final em temas de tal jaez, notadamente em havendo julgamento de mérito em repercussão geral (arts. 543A e 543B, do CPC). Desse modo, para as ações ajuizadas a partir de 9.6.2005, aplicase o art. 3º, da Lei Complementar n. 118/2005, contandose o prazo prescricional dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em cinco anos a partir do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1º, do CTN. 4. Superado o recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.002.932/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.11.2009. 5. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008." (Grifos no original) 12. O entendimento acima foi inclusive sumulado por este Tribunal Administrativo conforme a seguir: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. 13. Em síntese, os Contribuintes teriam até 08/06/2005 o prazo de dez anos, a contar do fato gerador, para pleitear a restituição/compensação. Com a vigência do art. 3º da LC nº 118/2005, esse prazo passou a ser de 5 anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado. 14. Desta forma, sendo a data do protocolo do pedido o dia 12/11/1999, portanto, anterior a 09/06/2005, devese obedecer ao prazo de 10 anos contados do fato gerador, o que remete a 12/11/1989. Dado que os pagamentos objeto do pedido referemse a fatos geradores ocorridos de março de 1989 a outubro de 1995, e sabendose que o PIS era de apuração mensal, então concluise que apenas os valores relativos aos fatos geradores ocorridos de novembro de 1989 (o fato gerador ocorre no último dia desse mês) a outubro de 1995 são passíveis de restituição/compensação, pois ocorreu a prescrição da pretensão de pleitear a repetição dos indébitos referentes aos fatos geradores de março de 1989 a outubro de 1989 (inclusive). 15. Do exposto, voto por DAR provimento PARCIAL ao Recurso Extraordinário, interposto pela Fazenda Nacional, para reconhecer a prescrição do pedido do restituição/compensação dos indébitos referentes aos fatos geradores ocorridos até outubro de 1989 (inclusive), devendo os autos retornarem à DRF de origem para verificação do crédito, conforme restou decidido. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Fl. 330DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/03/20 15 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O Processo nº 10850.002565/9941 Acórdão n.º 9900000.881 CSRFPL Fl. 328 7 Fl. 331DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/03/20 15 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/03/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O
score : 1.0
Numero do processo: 10715.006579/2009-68
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Feb 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005
ERRO MATERIAL DO ACÓRDÃO. EXISTÊNCIA.
Comprovado o equivoco no acórdão com relação a condenação que ficou estabelecida, deve-se reformado acórdão de primeira instância neste ponto.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Aplica-se o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação.
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL.
A Instrução Normativa que tem por finalidade o preenchimento de lacunas dentro do processo fiscal, sendo que estas quando preveem prazo para a apresentação ou recolhimento não serem sujeitas a reserva legal do art. 97 do CNT.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.AUSÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO.
A obrigação acessão descumprida pelo recorrente de apresentação de declaração de exportação no prazo legal, tem finalidade fiscalizatória, configurando o seu descumprimento em prejuízo ao erário.
MULTA REGULAMENTAR. REGISTRO DAS INFORMAÇÕES. PRAZO. PENALIDADE. TIPICIDADE.
Conforme a previsão do art.37 e art. 107, IV, "e" do Decreto-Lei 37/66, das informações prestadas pelo transportador ao fisco devem respeitar do forma e prazo, sendo portanto aplicável a multa pelo seu descumprimento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3801-004.896
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento a preliminar no sentido de reconhecer o erro de cálculo na decisão administrativa de 1ª instância; por maioria de votos, no mérito, em dar provimento ao recurso reconhecendo-se o instituto da denúncia espontânea. Vencidos os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges que negavam provimento ao recurso voluntário nesta matéria. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Laiana Lacerda da Cunha, OAB/DF 41.709. julgado.
(assinatura digital)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinatura digital)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Redator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso Da Silveira e Flávio de Castro Pontes.
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005 ERRO MATERIAL DO ACÓRDÃO. EXISTÊNCIA. Comprovado o equivoco no acórdão com relação a condenação que ficou estabelecida, deve-se reformado acórdão de primeira instância neste ponto. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Aplica-se o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. A Instrução Normativa que tem por finalidade o preenchimento de lacunas dentro do processo fiscal, sendo que estas quando preveem prazo para a apresentação ou recolhimento não serem sujeitas a reserva legal do art. 97 do CNT. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.AUSÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO. A obrigação acessão descumprida pelo recorrente de apresentação de declaração de exportação no prazo legal, tem finalidade fiscalizatória, configurando o seu descumprimento em prejuízo ao erário. MULTA REGULAMENTAR. REGISTRO DAS INFORMAÇÕES. PRAZO. PENALIDADE. TIPICIDADE. Conforme a previsão do art.37 e art. 107, IV, "e" do Decreto-Lei 37/66, das informações prestadas pelo transportador ao fisco devem respeitar do forma e prazo, sendo portanto aplicável a multa pelo seu descumprimento. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento a preliminar no sentido de reconhecer o erro de cálculo na decisão administrativa de 1ª instância; por maioria de votos, no mérito, em dar provimento ao recurso reconhecendo-se o instituto da denúncia espontânea. Vencidos os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges que negavam provimento ao recurso voluntário nesta matéria. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Laiana Lacerda da Cunha, OAB/DF 41.709. julgado. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Redator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso Da Silveira e Flávio de Castro Pontes.
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EXISTÊNCIA. Comprovado o equivoco no acórdão com relação a condenação que ficou estabelecida, devese reformado acórdão de primeira instância neste ponto. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Aplicase o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. A Instrução Normativa que tem por finalidade o preenchimento de lacunas dentro do processo fiscal, sendo que estas quando preveem prazo para a apresentação ou recolhimento não serem sujeitas a reserva legal do art. 97 do CNT. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.AUSÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO. A obrigação acessão descumprida pelo recorrente de apresentação de declaração de exportação no prazo legal, tem finalidade fiscalizatória, configurando o seu descumprimento em prejuízo ao erário. MULTA REGULAMENTAR. REGISTRO DAS INFORMAÇÕES. PRAZO. PENALIDADE. TIPICIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 65 79 /2 00 9- 68 Fl. 141DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.006579/200968 Acórdão n.º 3801004.896 S3TE01 Fl. 3 2 Conforme a previsão do art.37 e art. 107, IV, "e" do DecretoLei 37/66, das informações prestadas pelo transportador ao fisco devem respeitar do forma e prazo, sendo portanto aplicável a multa pelo seu descumprimento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento a preliminar no sentido de reconhecer o erro de cálculo na decisão administrativa de 1ª instância; por maioria de votos, no mérito, em dar provimento ao recurso reconhecendo se o instituto da denúncia espontânea. Vencidos os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges que negavam provimento ao recurso voluntário nesta matéria. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Laiana Lacerda da Cunha, OAB/DF 41.709. julgado. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Redator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso Da Silveira e Flávio de Castro Pontes. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.006579/200968 Acórdão n.º 3801004.896 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10715.006579/200968, contra o acórdão nº 0725.354, julgado pela 2ª. Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Florianópolis (DRJ/FNS), na sessão de julgamento de 22 de julho de 2011, onde se entendeu pela parcial procedência da manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia Regional de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: “Trata o presente processo de auto de infração lavrado para constituição de crédito tributário no valor de R$ 45.000,00, referentes à multa regulamentar por não prestação de informação sobre veiculo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, na forma e no prazo estabelecido pela Receita. Conforme se descrição dos fatos, a interessada deixou de registrar os dados de embarque de Declarações de Exportação no Siscomex, na forma e prazo estabelecidos, conforme o disposto no art. 37 da IN SRF n° 28/94. Entendendo estar caracterizada a prestação de informação fora do prazo estabelecido pela Receita Federal do Brasil, a autoridade fiscal aplicou a multa de R$ 5.000,00 por embarque, pelo descumprimento do prazo na informação dos dados de embarque no Siscomex. Regularmente cientificada a interessada apresentou impugnação que, em síntese, apresenta os seguintes argumentos: que não existe base legal especifica para a exigência da prestação das informações em até dois dias; que a imposição da penalidade com base em Instrução Normativa ofende ao principio da legalidade; que o art. 107, IV, "e" do Decreto lei 37/66 é inaplicável, uma vez que não apresenta uma precisa definição das obrigações que devem ser atendidas pelo contribuinte, não se constituindo assim numa norma completa. que deveria haver tratamento isonômico com os embarques marítimos, cuja exigência é de sete dias para o registro dos dados. que não houve qualquer prejuízo ao erário em razão de pequenos atrasos cometidos pela impugnante no registro de dados de suas embarcações; que não dificultou ou embaraçou a atividade das autoridades administrativas. Requer, pelos motivos expostos, a improcedência do auto de infração e a anulação da multa regulamentar. É o relatório. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.006579/200968 Acórdão n.º 3801004.896 S3TE01 Fl. 5 4 A DRJ de Florianópolis (DRJ/FNS) decidiu pela parcial procedência da impugnação, reduzindo o crédito tributário de R$ 50.000,00 para R$5.000,00, referente à multa prevista no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do Decreto Lei nº 37/1966. Colaciono a ementa do referido julgado: ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005 REGISTRO NO SISCOMEX DOS DADOS DE EMBARQUE. PRAZO. O registro dos dados de embarque no Siscomex em prazo superior a 7 dias, contados da data do efetivo embarque, para a via de transporte aérea, caracteriza a infração contida na alínea "e", inciso IV, do artigo 107 do DecretoLei n° 37/66. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI TRIBUTARIA. Aplicase a lei tributária, em matéria de penalidades, a ato ou fato pretérito não definitivamente julgado quando for mais benéfica ao sujeito passivo. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Inconformada com improcedência de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário a fls. 77/94, expondo que: 1 Erro matéria da decisão de primeira instância, tendo em vista que colocou como sendo a condenação remanescente o valor referente ao que deveria ser excluído; 2 Não houve prejuízo ao fisco ou dificuldade na fiscalização da carga; 3 Pede a aplicação da denúncia espontânea, tendo em vista que a obrigação seria devida após o desembaraço aduaneiro, que não houve abertura de procedimento fiscalizatório senão graças às informações prestadas anteriormente ao seu inicio pelo recorrente; 4 Aponta como ausente de fundamento legal o prazo previsto no Decreto Lei infringindo o principio da legalidade; 5 Pede pela imposição de multa singular, evocando a espécie jurídica extraída do Código Penal, “Crime Continuado”; É o sucinto relatório. Fl. 144DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.006579/200968 Acórdão n.º 3801004.896 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço, portanto. Erro de Cálculo Primeiramente, quanto ao erro de cálculo, não vislumbro erro material no acórdão de primeira instância do processo em epígrafe, isto porque acórdão vislumbra a redução da multa regulamentar de R$50.000,00 para R$5.000,00, referente ao voo em 30/04/2005. Nestes termos, no que se refere a este ponto não há alterações a fazer do acórdão atacado. Denuncia Espontânea A questão em debate cingese à incidência da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66. Muito embora compartilhe do entendimento que as agências de carga não possam ser sujeitas da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66, devendo ser estas serem impostas somente ao transportador, tenho que deve ser adotado o entendimento deste egrégio Conselho, já exposto em diversos acórdãos, como, v.g., o de nº 3401002.443, julgado na sessão de 26 de novembro de 2013. Ocorre que diversos são os julgados deste Conselho onde foi compreendido que a obrigação do transportador, de prestar as informações à RFB, encontrase estabelecida no art. 37 do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003, in verbis: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. Fl. 145DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.006579/200968 Acórdão n.º 3801004.896 S3TE01 Fl. 7 6 Todavia, entendo que a penalidade não deve ser aplicada no presente caso. Ocorre que a Recorrente alega que as informações foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentado após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Deste modo, entendo que por ter a Recorrente apresentado as declarações, mesmo que fora do prazo, passou a existir o instituto da denúncia espontânea. Assim, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma, no caso em tela se está diante de uma excludente da punibilidade, haja vista a Recorrente estar amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea. Esse instituto jurídico tem lugar quando o contribuinte informa à administração as infrações por ele praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. A vantagem dessa confissão prévia e espontânea para o contribuinte está na consequência legal que o instituto lhe garante. No presente caso temse que o pedido de retificação prestado pela recorrente foi anterior lavratura do Auto de Infração, bem como de qualquer outra intimação da RFB. Deste modo, aplicase ao presente caso o instituto da denúncia espontânea. O Código Tributário Nacional disciplina no art. 138 a exclusão da responsabilidade quando a denúncia espontânea for acompanhada do pagamento do tributo e dos juros de mora, restringindo tal hipótese quando caracterizado o início do procedimento administrativo ou qualquer medida de fiscalização, nos termos do parágrafo único. Destacase também que até a edição da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a caracterização da denúncia espontânea não contemplava as obrigações acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com o fato gerador do tributo. Porém, com a vigência da norma acima, foi modificado o § 2º, do art. 102 do DecretoLei nº 37/66, incluindo as penalidades administrativas dentre aquelas possíveis de aplicação da denúncia espontânea, in verbis: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; Fl. 146DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.006579/200968 Acórdão n.º 3801004.896 S3TE01 Fl. 8 7 b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) No presente caso, temos portanto que a retificação foi apresentada antes de qualquer procedimento de fiscalização, caracterizando a denúncia espontânea, devendo ser excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do § 2º do artigo 102 do DecretoLei nº 37/66. Ainda, cabe observar que, sendo o fato gerador anterior a Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, necessário aplicar in casu a retroatividade benigna da alteração legislativa processada pela referida Medida Provisória, conforme determina o artigo 106 do CTN. Logo, aplicável à referida legislação ao presente caso. Acrescentase ainda que este Egrégio Conselho tem compartilhado deste entendimento, consoante se verifica pelos arestos abaixo: DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURAÇÃO A retificação de informação prestada em registro de conhecimento de carga antes de qualquer procedimento da fiscalização aduaneira, está amparada pela denúncia espontânea prevista no art. 102, do mesmo diploma legal (Acórdão 3101001.138, 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 22/05/2012, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO AS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A alteração do art. 102 do DecretoLei nº 37/66 promovida pela Medida Provisória nº 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que incluiu as penalidades de natureza administrativa, dentre aquelas alcançadas pela denúncia espontânea é aplicada aos casos ainda pendentes de julgamento, em razão da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN. (Acórdão 3102001.663, 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 25/10/2012, Relator Conselheiro Álvaro Arthur L. de Almeida Filho) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA ADMINISTRATIVA ADUANEIRA ISOLADA. DENUNCIA ESPONTÂNEA. Por força de dispositivo legal, a denúncia espontânea passou a beneficiar a multa administrativa aduaneira aplicada isoladamente por descumprimento de obrigação acessória denunciada antes de quaisquer procedimentos de fiscalização. Fl. 147DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.006579/200968 Acórdão n.º 3801004.896 S3TE01 Fl. 9 8 (Acórdão 3301001.691, 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 30/01/2013, Relator Conselheiro Jose Adão Vitorino de Morais) Diante da aplicação do instituto da denúncia espontânea, entendo pelo provimento do recurso e passo a analisar as demais matérias, não obstante prejudicadas, para fins de privilégio do devido processo legal. Reserva Legal A infração em tese cometida pela recorrente se encontra caracterizada pela apresentação de declaração de informações sobre o voo e as declarações fora do prazo estabelecido, por força do art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei 37/66, com redação dada pela Lei nº 10.833/03, c/c art. 44 da Instrução Normativa 28/94, com redação dada pela Instrução Normativa 510/05 e art. 22 da Instrução Normativa 800/07. No que tange a tipificação da conduta do recorrente, a sua descrição consta igualmente e inicialmente tipificada no art. 107 do DecretoLei 31/66, que estabelece a aplicação de multa para quem deixar de prestar a declaração sobre veículo e carga transportada, bem como quem de forma omissiva ou comissiva embaraçar ação de fiscalização. Ademais, as instruções normativas tem como finalidade de preencher lacunas que por vezes se encontram dentro dos procedimentos fiscais, no caso específico de normas que estabelecem prazo para a apresentação ou recolhimento de obrigações acessórias, não estão sujeitas a reserva legal do art. 97 do CTN, por não compreendem o rol de matérias lá estabelecido, cabendo, portanto, o estabelecimento dos prazos por norma de hierarquia inferior, como as Portarias e Instruções Normativas, conforme tem se posicionado o CARF. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/12/1998 OBRIGAÇÃO ACESSORIA. PRAZO. INSERÇÃO SISCOMEX DE DECLARAÇÃO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS. O prazo de inserção das informações do embarque de mercadoria no SISCOMEX é de sete dias, contados do dia do efetivo embarque. Não se aplica a norma processual do artigo 210 do Código Tributário Nacional, neste caso prevalece o prazo fixado em Portarias e Instruções Normativas em razão de que não contemplam aspectos da hipótese de incidência, estão fora da reserva legal prevista no artigo 97 do CTN. Constado inserção além do prazo fixado, impõe negar provimento ao recurso. Recurso Negado. Ressalto que o entendimento seria pela carência de razão do contribuinte caso não estivesse prejudicada a análise desta matéria. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.006579/200968 Acórdão n.º 3801004.896 S3TE01 Fl. 10 9 Ausência de Dano ao Erário Em que pese não tenha ocorrido dano pecuniário do ente público, o entendimento no caso é por embaraçar a fiscalização do fisco. As declarações a que as empresas de transporte são obrigadas a apresentar são obrigações acessórias com finalidade exclusiva de auxiliar a fiscalização das importações e exportações, possibilitando a ciência do que cada empresa que utiliza a transportadora tem transportado, para onde vai e se foi recolhido o tributo a que esta operação está sujeita. Logo, a responsabilidade de declarar a mercadoria transportada pela empresa, conforme art. 107, IV, alínea “e” do Decreto lei 37/66, é uma obrigação acessória de declaração ao fisco e cujo descumprimento implica na aplicação de multa por embaraço à fiscalização. Nestes termos, entendo que há o embaraço da fiscalização, quando as transportadoras não cumprem o prazo de emissão da declaração, não obstante entenda que não deve incidir a multa regulamentar neste caso, apenas nos casos de omissão. Multa Singular e o Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade A recorrente se insurge contra a aplicação da multa regulamentar contra as declarações expedidas as destempo em cada uma das viagens de voo declarações de forma extemporânea, evocando o princípio da razoabilidade de proporcionalidade. Neste ponto, entendo que não há maculas o julgado da DRJ, posto que determinou que em cada voo cujas declarações tenham sido expedidas com atraso deveria ser aplicada multa apenas na proporção de viagens, respeitando a proporcionalidade e razoabilidade ao contrario do que afirma o recorrente. Neste sentido, entendo por interpretar a norma de forma mais favorável sem infringir a legalidade ao contribuinte quando esta determina penalidade ao tipo de conduta, conforme resta estabelecido no art. 112, do Código Tributário Nacional – CTN, segundo o qual “a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto”: à capitulação legal do fato; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e à natureza d penalidade, aplicação, ou à sua gradação. Sobre o tema em comendo, temse decidido nas sessões deste Conselho a interpretação da norma em favor do infrator. Vejamos: Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 2006 ILEGIMITIDADE PASSIVA. MULTA. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. É legitimo para Fl. 149DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.006579/200968 Acórdão n.º 3801004.896 S3TE01 Fl. 11 10 figurar no polo passivo da autuação, o transportador que registou os dados de embarque fora do prazo estabelecido no art. 37, §2º, da Instrução Normativa SRF nº 28/94. Inteligência dos arts. 107, inciso IV, alínea “e” e 37 do DecretoLei nº 37/66 c/c arts. 37, §2º, 44 e 46 da Instrução Normativa SRF nº 28/94. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR. Ocorrendo dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e à natureza da penalidade aplicação, ou à sua gradação, deve ser aplicada a interpretação mais favorável ao acusado (art. 112, CTN). A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação no Siscomex é aplicada por viagem do veículo transportador e não por carga (Declaração para Despacho de Exportação). DUPLICIDADE DA COBRANÇA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Não comprovada documentalmente o alegado bis in idem, improcedente a alegação de duplicidade da cobrança e a consequente identidade de objetos entre dois processos administrativos fiscais. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138, CTN. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. Não alegado em momento oportuno, o argumento está precluso, pelo que não merece ser conhecido, ex vi dos arts. 16, inciso III e 17, do Decreto nº 70.235/72. (Recurso Voluntário nº 11968.001039/200717, Relator Bruno Mauricio Macedo Curi, da 2ª Câmara da 3ª Sessão de Julgamento do Carf, Publicada em 11/09/2013) Nestes termos, entendo que deve ser alterada a decisão de primeira instância para que conste o valor correto a ser aplicado de multa, evidenciado o erro formal e pela correta aplicação da penalidade do art. 107, IV, alínea “e” do Decreto Lei nº 37/66, devendo incidir sobre cada voo e não por declaração emitida, conforme julgou a primeira instância. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Em face do exposto, encaminho o voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É assim que voto. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Relator Fl. 150DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.006579/200968 Acórdão n.º 3801004.896 S3TE01 Fl. 12 11 Fl. 151DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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Numero do processo: 13971.722393/2011-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Apr 10 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
RECURSO VOLUNTÁRIO. DESISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO.
A desistência do recurso voluntário configura fato impeditivo do direito de recorrer do sujeito passivo.
Recurso não conhecido
Numero da decisão: 2301-004.342
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(Assinado digitalmente)
MARCELO OLIVEIRA - Presidente
(Assinado digitalmente)
CLEBERSON ALEX FRIESS - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silvério, Daniel Melo Mendes Bezerra, Cleberson Alex Friess, Manoel Coelho Arruda Júnior e Theodoro Vicente Agostinho.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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DESISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. A desistência do recurso voluntário configura fato impeditivo do direito de recorrer do sujeito passivo. Recurso não conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (Assinado digitalmente) MARCELO OLIVEIRA Presidente (Assinado digitalmente) CLEBERSON ALEX FRIESS Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silvério, Daniel Melo Mendes Bezerra, Cleberson Alex Friess, Manoel Coelho Arruda Júnior e Theodoro Vicente Agostinho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 23 93 /2 01 1- 31 Fl. 8609DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 06/04/201 5 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por MARCELO OLIVEIRA 2 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/RPO), por meio do Acórdão nº 1448.132, cujo dispositivo tratou de julgar improcedente a impugnação do contribuinte, mantendo o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa desse Acórdão (fls. 8508/8521): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 DILAÇÃO PROBATÓRIA. NECESSIDADE. A produção de provas desenvolverseá de acordo com a necessidade à formação da convicção da autoridade julgadora, a quem cabe indeferilas quando se mostrarem desnecessárias. NULIDADE. NÃO CONFIGURAÇÃO. Não se caracteriza a nulidade do lançamento fiscal quando, embora não seja lavrado termo de apreensão dos documentos examinados durante o procedimento fora do estabelecimento da empresa fiscalizada, tais documentos sejam trazidos aos autos pela autoridade fiscal, proporcionando à empresa o conhecimento desses elementos e a apresentação de contradita no prazo de defesa. DESCONSIDERAÇÃO DE ATO OU NEGÓCIO JURÍDICO. A autoridade administrativa possui a prerrogativa de desconsiderar atos ou negócios jurídicos eivados de vícios, sendo tal poder da própria essência da atividade fiscalizadora, consagrando o princípio da substância sobre a forma. PROCEDIMENTOS FISCAIS. FASE OFICIOSA. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. OPORTUNIDADE. Na fase oficiosa os procedimentos que antecedem o ato de lançamento são praticados pela fiscalização de forma unilateral, não havendo que se falar em processo, assegurandose o contraditório e a ampla defesa aos litigantes, só se podendo falar na existência de litígio após a impugnação do lançamento. MULTA QUALIFICADA. Aplicase a multa qualificada prevista no artigo 44, I, § 1o da Lei n° 9.430/96 quando verificada a ocorrência de conduta dolosa caracterizada como sonegação, fraude ou conluio. Fl. 8610DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 06/04/201 5 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 13971.722393/201131 Acórdão n.º 2301004.342 S2C3T1 Fl. 8.610 3 2. Conforme se extrai do relatório fiscal, às fls. 2/24, o processo administrativo é composto por dois autos de infração (AI), relativamente à obrigações principais, nesses termos: a) AI nº 51.012.0814, referente às contribuições previdenciárias patronais, parte empresa e para o financiamento dos benefícios decorrentes de incapacidade laborativa, incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados; e b) AI nº 51.012.0822, relativo às contribuições devidas a terceiros, incidentes sobre a mesma base de cálculo. 2.1 Em síntese, o Fisco aponta a constituição de firma individual em nome de interposta pessoa, optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), com o propósito de dividir com a autuada o faturamento e o registro dos segurados empregados. 2.2 Presentes os requisitos para a caracterização da relação de emprego, a fiscalização constitui, em nome da autuada, o crédito tributário relativo à prestação de serviços pelos segurados empregados declarados, pela empresa optante pelo Simples Nacional, em Guia do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP). 2.3 Sobre o crédito tributário, foi aplicada multa de ofício qualificada, em razão de fraude verificada pela fiscalização. 3. Intimada da autuação em 30/10/2011, às fls. 250 e 259, o contribuinte impugnou a exigência fiscal (fls. 269/338). 3.1 Quanto ao teor da impugnação, reproduzo as palavras do relator "a quo", às fls. 8510/8512, pois bem sintetizam os argumentos deduzidos na petição: Impugnação: A empresa autuada apresentou impugnação tempestiva contendo, em síntese, os seguintes argumentos: Não consta nos autos Termo de Apreensão dos documentos examinados pela fiscalização, elemento indispensável vez que a documentação não foi examinada na sede da autuada. É nulo o procedimento realizado nessas condições. A autuada desenvolveu um planejamento tributário pelo qual resolveu terceirizar o setor produtivo, ficando apenas com a parte administrativa e comercial, oferecendo à Sra. Milene pessoa que além de ter experiência nesse setor, adquiriu a confiança dos sócios da autuada quando fora sua empregada a possibilidade de criar a empresa que prestaria os serviços na área industrial. A autuada adquire os insumos, repassaos à Milene EPP juntamente com o projeto desenvolvido, e depois recebe os produtos fabricados para comercializálos. Assim, justificase que os trabalhadores do setor de produção sejam empregados da Milene EPP, enquanto os das áreas de design e gerencial sejam empregados da autuada. Fl. 8611DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 06/04/201 5 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por MARCELO OLIVEIRA 4 A Milene EPP ocupou parte do galpão da autuada, respondendo por seu aluguel e também pelo aluguel do maquinário utilizado e pelo consumo de energia elétrica, já que a atividade industrial responderia pela maior demanda de eletricidade. Em contrapartida, a autuada ficou responsável pela alimentação fornecida aos trabalhadores. Essa forma de se organizar tem objetivo econômico e não exclusiva finalidade tributária, visa otimizar o aproveitamento dos recursos, está regularmente contabilizada e não é vedada pelo ordenamento jurídico, que também não obsta o funcionamento de duas empresas no mesmo endereço. Questiona a constitucionalidade da norma geral anti elisiva prevista no artigo 116, parágrafo único, do CTN, também defendendo que não se trata de norma auto aplicável. Afirma que não se admite a desconsideração do negócio jurídico pelo fisco apenas para proporcionar a incidência de tributos. O procedimento fiscal implica em desconsideração da personalidade jurídica da Milene EPP, não sendo preenchidos os requisitos necessários que se encontram previstos no artigo 50 do Código Civil. A Receita Federal não dispõe de competência para desconsiderar sem observar o contraditório e a ampla defesa a personalidade de outra empresa, ainda ativa e optante pelo Simples Nacional, inclusive para desconsiderar sua folha de pagamento imputandoa à autuada. Não existiu a administração conjunta das duas empresas, cada uma sendo gerida por seu administrador, inexistindo qualquer prova em sentido contrário. Cita inclusive, que as entrevistas feitas com empregados foram consideradas pela fiscalização apenas no que interessa ao fisco. Qualquer pequena ingerência justificase pela necessidade de controle de qualidade na prestação de serviços. Invoca o princípio da verdade real ou verdade material e alega que não houve a comprovação das situações fáticas adotadas pela fiscalização para considerar os empregados da Milene EPP como emprgados da autuada. Também apresenta argumentos para justificar alguns dos fatos apurados pela fiscalização e apresenta fotos para demonstrar a existência de duas empresas distintas. Alega erro na identificação do sujeito passivo, que representa vício insanável. Também afirma que não poderiam ser cobradas contribuições patronais, já que a Milene EPP é optante do Simples Nacional. A multa aplicada é excessiva e não foi caracterizada simulação que pudesse embasar sua qualificação. Ao final, requer o cancelamento dos AI e protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos, especialmente documental e pericial, e também a redução da multa aplicada. Fl. 8612DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 06/04/201 5 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 13971.722393/201131 Acórdão n.º 2301004.342 S2C3T1 Fl. 8.611 5 4. Ao tomar ciência em 25/3/2014, por via postal, da decisão do colegiado de primeira instância, às fls. 8526/8527, a recorrente apresentou recurso voluntário no dia 23/4/2014, em que repete os mesmos argumentos expendidos em sua impugnação e requer a reforma do Acórdão nº 1448.132 (fls. 8529/8580). 5. Consta petição protocolada em 25/8/2014, às fls. 8606, em que a recorrente, com vista à inclusão dos AI nº 51.012.0822 e 51.012.0814 no Parcelamento Especial de que trata a Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, desiste expressamente do recurso, bem como de qualquer alegação de direito sobre qual se funda. 6. É o relatório. Fl. 8613DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 06/04/201 5 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por MARCELO OLIVEIRA 6 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess, Relator JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE 7. Prescreve o art. 78 do Anexo II do Regimento Interno deste Colegiado, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1° A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. (...) § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente, descabendo recurso da Procuradoria da Fazenda Nacional por falta de interesse. 8. Com efeito, a desistência do recurso configura fato impeditivo do direito de recorrer. Tendo em conta a desistência manifestada em petição às fls. 8606, não tomo conhecimento do recurso voluntário. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por NÃO CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, em face da desistência do sujeito passivo. É como voto. (Assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 8614DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 06/04/201 5 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por MARCELO OLIVEIRA
score : 1.0