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Numero do processo: 10166.009380/2006-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 26 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano calendário:2006
CSLL/PIS/COFINS. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO COMPENSAÇÃO. Verificado que a recorrente não é contribuinte dos tributos objeto de retenção pela fonte pagadora, efetivamente realizada e
repassada aos cofres públicos, cumpre à autoridade tributária autorizar a compensação com tributos por ela devidos.
Recurso Provido.
Numero da decisão: 1402-000.572
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: CSL- que não versem sobre exigência de cred. trib. (ex.:restituição.)
Nome do relator: Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira
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RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO COMPENSAÇÃO. Verificado que a recorrente não é contribuinte dos tributos objeto de retenção pela fonte pagadora, efetivamente realizada e repassada aos cofres públicos, cumpre à autoridade tributária autorizar a compensação com tributos por ela devidos. Recurso Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente (assinado digitalmente) Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Jaci de Assis Junior, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Fl. 142DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.009380/200611 Acórdão n.º 140200.572 S1C4T2 Fl. 2 2 Relatório ASSOCIAÇÃO DOS MÉDICOS DE HOSPITAL PRIVADOS DO DF recorre a este Conselho contra a decisão proferida pela 4ª Turma de Julgamento da DRJ/BrasíliaDF em primeira instância, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Em razão de sua pertinência, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): Trata o presente processo declaração de compensação – Dcomp (fl. 1), na qual a contribuinte acima identificada compensa pretenso crédito de contribuições (CSLL, COFINS e PIS) retidas na fonte em setembro de 2006, no valor total de R$ 48.324,30, com débito de retenções na fonte (Pagto de PJ a PJ de direito privado), relativo às mesmas contribuições, feitas pela contribuinte na 2ª quinzena de setembro de 2006, no mesmo valor. A autoridade administrativa a quo examinou a questão e no despacho decisório (fls. 36 a 42) não reconheceu o crédito compensado e, em conseqüência, não homologou a declaração de compensação por concluir que a contribuinte não fazia jus ao crédito de retenções de CSLL, PIS e COFINS sofridas em setembro de 2006, por ser incabível a compensação direta com valor a recolher de retenções feitas sobre pagamentos a outras pessoas jurídicas ou órgãos públicos, uma vez que a legislação somente permite deduzir da base de cálculo da CSLL, Pis e Cofins os valores retidos, cuja dedução deve ser feita na escrituração contábil ou na Declaração de Isenta ou DACON da pessoa jurídica. A contribuinte tomou ciência do despacho decisório em 06/03/2008(AR – fl. 42v). Inconformada, em 20/03/2008, por meio de seus procuradores (Othon de Azevedo Lopes e Renato Soares Peres Ferreira), apresentou a manifestação de inconformidade (fls. 46 a 60), na qual, em resumo, alega que o despacho decisório deve ser reformado para que seja homologada a compensação efetuada e extinto o débito correspondente com base nos seguintes argumentos de defesa: Despacho decisório. apesar de reconhecer de modo expresso o direito à compensação dos valores retidos a título de CSLL, PIS e COFINS, houve por bem não homologar a operação, com a alegação de que, ao realizar a compensação, não teriam sido observados preceitos normativos como o § 1o do artigo 5o da MP n° 413/2008 e o artigo 5o da IN SRF n° 600/2005; os dispositivos normativos invocados não eram aplicáveis à compensação em tela, por não estarem em vigor no instante em que se deu a operação (caso da MP n° 413/2008) ou pelo fato de desconsiderarem especificidades fundamentais da situação tratada ou, ainda, pelo fato de somente poderem ser cumpridos mediante a apresentação de declaração inexata ao Fisco (caso da IN n° 600/2005, se interpretada consoante o § 13 do Despacho Decisório); é necessário que se descreva a sua situação em relação às indevidas retenções que sofre, nos pagamentos destinados a seus associados e ao aproveitamento dos créditos advindos dessas retenções e que se esclareça a inexistência de qualquer Fl. 143DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.009380/200611 Acórdão n.º 140200.572 S1C4T2 Fl. 3 3 irregularidade nos procedimentos adotados. Isso porque optou pela conduta que melhor permitia ao Fisco o acompanhamento do recolhimento dos tributos devidos; Direito à compensação tributária artigo 74 da Lei n° 9.430/1996 o direito à compensação tributária é expresso e assegurado no artigo 74 da Lei n° 9.430/1996, como reconhecido no despacho decisório; mas a mesma decisão administrativa entendeu pela não homologação da compensação; ao assim proceder, o Fisco deixou de lado o principal aspecto da controvérsia, ou seja, a existência de um direito legalmente assegurado, que deve ser viabilizado e não obstado pelas autoridades públicas, pois, consoante o artigo 74 da Lei n° 9.430/1996, verificado o crédito por parte do contribuinte é seu direito compensálo com qualquer débito próprio de tributo administrado pela Receita Federal; deve permear a análise do caso a circunstância de que a compensação, enquanto direito subjetivo, integra o seu patrimônio jurídico e, assim, partindo dessa premissa é que se deve discutir o despacho decisório, adequandoo ao seu direito à compensação tributária; A situação da AMHPDF/Retenções indevidas. atividade/compensações coloca diversas facilidades à disposição de seus associados, intermediando contratos de prestação de serviços médicos que envolvem o exercício da medicina pelos associados e o pagamentos pelos tomadores de serviços (planos de saúde), dos honorários correspondentes. Nessa intermediação contratual, figura como mera intermediária, já que celebra o contrato em nome dos associados e recebe, como mera depositária, os honorários médicos que são repassados aos mesmos prestadores dos serviços; os diversos tomadores de serviços celebram, por seu intermédio, contratos de prestação de serviços médicos a serem prestados pelos associados, em razão do oneroso operacional para o pagamento direto, preferem fazer o depósito da remuneração devida aos associados, para a AMHPDF. Assim, relativamente às contribuições (CSLL, PIS e COFINS), muitas vezes sofre nos pagamentos que recebe como mera intermediária de seus associados, retenções conjugadas desse tributo, código de receita 5952, no montante de 4,65% (artigo 30 da Lei n° 10.833/2003); essas retenções eram feitas pelo fato de os tomadores de serviços julgarem que deveriam assim proceder, por ser ela uma pessoa jurídica que perante eles representava os associados em contratos de prestação de serviços médicos. Na condição de intermediária e ao fato de ser ela mera depositária dos valores que recebia, tornava o relacionamento com os planos confuso; o STJ um dos tomadores de serviços prestados pelos seus associados, por seu intermédio , formulou consulta à Receita Federal, sobre a forma que deveriam realizar as retenções, e na Solução de Consulta COSIT n° 05, de 30/03/2004, esclareceu, em resumo, que, no caso concreto, as retenções deveriam ser realizadas de acordo com a natureza do prestador dos serviços o associado e não a Requerente, mera intermediária e que as retenções de CSLL, PIS e COFINS só eram cabíveis se os serviços fossem prestados por pessoa jurídica; embora tenha divulgado a Solução de Consulta COSIT n° 05/2004 entre os tomadores de serviços de seus associados, a imensa maioria, em face de enormes dificuldades operacionais, continuou realizando as retenções como se ela fosse a Fl. 144DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.009380/200611 Acórdão n.º 140200.572 S1C4T2 Fl. 4 4 prestadora dos serviços. Tal situação gerou impasse, na medida em que os créditos de retenções deveriam ser apropriados pelos prestadores de serviços médicos (pessoas jurídicas ou físicas); diante de retenções indevidas que não incidem sobre boa parte das atividades que intermedeia (prestação de serviços por pessoas físicas) nem podem ser cobrados sobre suas atividades já que não tem fins lucrativos, isenta de incidência de PIS, COFINS e CSLL, nas formas, respectivamente, dos artigos 13, IV, da MP n° 2.158 34/2001, 14, da mesma MP e 15, § 1o, da Lei n° 9.532/1997 passou a apurar créditos e compensálos com tributos que deveria reter na fonte, de diversas pessoas jurídicas às quais faz repasses. Isso porque são essas as reais prestadoras de serviços; as compensações realizadas eram de créditos de retenções inadequada sobre valores a ser repassados aos associados com débitos de retenções que deveriam ser realizadas, quando dos repasses desses mesmos valores a seus associados pessoas jurídicas, ou seja, tratavase de retenções que tinham a finalidade, de adiantar o pagamento da COFINS, CSLL e PIS, por pessoas jurídicas prestadoras de serviços médicos; essas compensações foram realizadas para solucionar um problema decorrente do descumprimento, pelos tomadores de serviços, da Solução de Consulta COSIT n° 05/2004 que o despacho decisório deixou de homologar, sob o argumento de que não teriam sido observados dispositivos normativos específicos; procedimento de compensação/regular ao realizar a compensação entre valores de tributos retidos, nada mais fez do que seguir a regra geral prevista nos dispositivos normativos que tratam da matéria, o artigo 7o da IN SRF n° 480/2004 e o artigo 5o da IN SRF n° 600/2005. Ou seja, realizou os abatimentos devidos de créditos apurados (período mensal) com os débitos correspondentes ao período seguinte (relativo a retenções mensalmente exigidas); ao proceder à compensação entre os valores indevidamente retidos e os valores a serem retidos (débitos) escolheu a solução que permitia o melhor acompanhamento do recolhimento dos tributos incidentes pelo Fisco, pois, ao realizar o procedimento formalizando todas as suas etapas, inclusive por meio de DCOMP e registros específicos na DCTF, estava em verdade permitindo que o Fisco acompanhasse cada passo da operação; é descabido ser apenada por ter adotado um procedimento seguro para o Fisco, já que a forma adotada permitia melhor controle de suas operações pelas autoridades fiscais. O contraste entre sua lealdade e o procedimento da Administração fica claro a insustentabilidade dos fundamentos do despacho decisório, que aplica retroativamente uma norma tributária para defender a suposta irregularidade da conduta da associação; a dedução e a compensação são formas de extinção de obrigações tributárias a partir da contraposição de créditos do sujeito passivo (tributo a restituir ou a compensar) à obrigação (tributo a recolher). A compensação é o gênero já que na forma do artigo 74 da Lei n° 9.430/1996, quaisquer créditos e débitos administrados pela Receita Federal pode ser compensado e tem seu procedimento vinculado à apresentação de declarações de compensação ao Fisco, por meio de formulários próprios. A dedução é a espécie, por envolver apenas alguns tributos, em determinadas circunstâncias (apuração de saldos de CSLL e de PIS e COFINS), não exigindo procedimentos específicos perante o Fisco, mas procedimentos contábeis internos e mera informação nas declarações; Fl. 145DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.009380/200611 Acórdão n.º 140200.572 S1C4T2 Fl. 5 5 a dedução é uma compensação simplificada, para casos específicos, inaplicável a situações sui generis como a ora apreciada, em que resta o recurso à compensação comum. Em outras palavras, seja denominado como compensação ou dedução, cuidase no caso do gênero compensação, já que se trata de duas pessoas que são "ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra" (art. 368 do Código Civil) com autorização legal (art. 170 do CTN); não é apenas pela inexistência de qualquer irregularidade no seu procedimento de compensação que se deve reformar o despacho decisório e homologar a operação. Essa conseqüência se apóia também no fato de que, diante de um impasse que não deu causa, adotou o procedimento que permitia ao Fisco um melhor acompanhamento da situação, sem que se diminuísse qualquer parcela da arrecadação tributária. Ademais, não se pode esquecer que a dedução contábil sugerida é uma espécie de compensação que, em casos complexos como o presente, pode ser declarada expressamente à Autoridade Fiscal; Inexistência de irregularidade/compensação de retenções de PIS e COFINS. não merece qualquer reprimenda ao procedimento escolhido de compensação dos débitos de PIS e COFINS. A desqualificação da compensação, promovida pelo despacho decisório, fundamentouse em ilegal aplicação da MP n° 413/2008, procedimento de todo inviável em face dos artigos 105 e 106 do Código Tributário Nacional e do artigo 150, III, "a", da Constituição Federal; ao interpretar a compensação realizada, a Diort ignorou que os valores pagos a título de PIS e COFINS. Os créditos compensados eram referentes unicamente às aplicações financeiras da associação, tributos que se submetiam a um regime jurídico diverso daquele a que se refere a MP n° 413/2008. Ainda se aplicasse ao caso a MP invocada, ficaria configurada, pelo menos em relação a uma parte dos débitos, a "impossibilidade da dedução" prevista no § 1o do artigo 5o de tal diploma, diante da flagrante desproporção entre os valores pagos a título de PIS e COFINS e os créditos apurados a partir das retenções indevidas sobre os pagamentos realizados à associação; as compensações de PIS e COFINS foram plenamente regulares, tendo sido observados todos os diplomas aplicáveis ao caso, devendo o despacho decisório ser reformado, para que sejam homologados os procedimentos de compensação; não homologação das compensações de pis/cofins/ilegal aplicação retroativa da MP n° 413/2008 a primeira inconsistência da decisão compromete todo o despacho decisório atacado. Tratase da invocação, como razão para a não homologação das compensações de PIS e COFINS, de dispositivo da MP n° 413/2008. A compensação em tela foi realizada antes do dia 03/01/2008, data de publicação da MP n° 413/2008. Assim, não seria possível uma norma constante dessa recentíssima Medida Provisória ser óbice à compensação realizada e declarada muito antes de sua promulgação; é impossível que em 2005 ela observasse a norma que viria a ser editada somente em 2008. É de causar espécie a flagrante violação aos artigos 105 e 106 do Código Tributário Nacional e ao artigo 150, III, "a" da Constituição Federal. A aplicação retroativa da norma foi feita de maneira completamente desenvolta, como se não existisse a elementar proteção do direito dos contribuintes consubstanciada no princípio da irretroatividade das leis; a decisão adotada no despacho decisório não sobrevive a um simples confronto com a mais rudimentar formulação do princípio da irretroatividade da lei tributária. Fl. 146DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.009380/200611 Acórdão n.º 140200.572 S1C4T2 Fl. 6 6 Motivo suficiente para que se reconheça o seu direito às compensações do Pis e Cofins, que devem ser expressamente homologadas, reformandose a descabida decisão da autoridade fiscal; Os valores a pagar de pis/cofins/aplicações financeiras. a eventual aplicabilidade da MP n° 413/2008 ao caso concreto o que, diante da flagrante violação ao princípio da irretroatividade das leis, se admite apenas em favor da argumentação não faria com que ela fosse a norma aplicável à situação da qual se cuida; a MP n° 413/2008 (artigo 5o, caput) se refere ao pagamento das contribuições em seu regime normal (faturamento) e os pagamentos registrados decorreram de PIS e COFINS sobre aplicações financeiras. Os tributos, assim, embora tenham o mesmo nomen juris não são os mesmos, juridicamente, bastando lembrar que, consoante o artigo 4o do CTN, é o fato gerador que define a natureza jurídica do tributo, sendo irrelevante a sua denominação; a norma se refere ao PIS/COFINS "comuns", incidentes sobre o faturamento, suas disposições não são aplicáveis a tributos que, embora tenham a mesma denominação, são juridicamente diversos. O PIS e a COFINS sobre rendimentos financeiros não têm como fato gerador o faturamento, mas sim o rendimento auferido em aplicações financeiras, que, no caso das entidades sem fins lucrativos, não se configuram como espécie do gênero faturamento. Os tributos são juridicamente distintos, não sendo assim intercambiáveis as normas que a eles se aplicam; nem mesmo a primeira parte do caput do artigo 5o da MP n° 413/2008 é aplicável ou seria aplicável, se não se estivesse ferindo também o princípio da irretroatividade das leis ao caso em tela. Isso porque a norma trata das retenções de PIS e COFINS a serem deduzidas dos valores apurados das contribuições a pagar no período, cujo procedimento diz respeito às retenções devidas, que são consideradas antecipações do pagamento devido ao final do período. No caso em tela, a situação é outra, ou seja, sofreu retenções indevidas que não são antecipações do que é devido ao final do período, mas créditos tributários em sentido próprio. Assim, como se trata de créditos tributários, e não de antecipação do tributo devido ao final do período, não é necessária a dedução, para que se faça a compensação; a obrigação prevista no artigo 5o da MP n° 413/2008 segundo a qual é preciso realizar contabilmente as deduções dos valores a pagar no período, para que se aproveite como crédito tributário o valor retido na fonte de PIS e COFINS não seria aplicável ao caso em tela, ainda que se superasse a intransponível barreira da aplicação retroativa do diploma, pois o que ora se discute é a compensação de valores retidos indevidamente a título de PIS e COFINS sobre o faturamento, sujeitos a regime diverso daquele correspondente ao PIS e à COFINS incidentes sobre aplicações financeiras; não compensação dos valores retidos na fonte/valores a pagar a autoridade fiscal não poderia chegar à conclusão no despacho, no sentido da não homologação das compensações. Isso porque incide, no caso, o § 1o do mesmo artigo 5o da MP n° 413/2008, que possibilita a compensação dos valores quando o montante retido no mês exceder o valor da respectiva contribuição a pagar; os valores registrados pelo Fisco como recolhidos no mesmo período em que foi apurado o crédito objeto da compensação são claramente inferiores aos montantes Fl. 147DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.009380/200611 Acórdão n.º 140200.572 S1C4T2 Fl. 7 7 dos créditos, conforme o despacho decisório. Tal situação, incontestável, enseja a aplicação ao caso do § 1o do artigo 5o da MP n° 413/2008; à luz do § 2o do mesmo artigo, temse que, havendo excesso na comparação entre o montante retido e a contribuição a pagar no mês em que houve as retenções na fonte, configurase a "impossibilidade de dedução de que trata o caput". Essa situação, por sua vez, faz com que seja possível, nos termos do referido caput, a compensação tributária efetuada; ainda que se ponha a aplicar ao caso em tela a MP n° 413/2008, será necessário concluir pela homologação da compensação. É que, inequivocamente configurado no caso o § 1o do artigo 5o, a restrição constante do caput do mesmo artigo não se aplica, podendo ser feita a compensação independentemente da dedução contábil; o despacho decisório não pode prevalecer, sendo imperioso reconhecer que, diante da total regularidade do procedimento de compensação deve a operação correspondente ser expressamente homologada, extinguindose os débitos tributários respectivos; Direito de compensação dos valores indevidamente retidos a título de CSLL na compensação da CSLL não houve qualquer irregularidade, pois como não era possível a apuração de saldo negativo de CSLL, por ser associação civil sem fins lucrativos, entidade isenta do IRPJ e da CSLL, é inviável e inexigível o cumprimento da norma indicada como aplicável porque, para que se realizasse a apuração de saldo negativo tal como sugerido no despacho decisório, seria indispensável uma declaração inexata da associação, no sentido de que ela seria contribuinte da CSLL; por essas razões deve ser reconhecida a regularidade dos procedimentos de compensação e homologada a mesma, reformandose o despacho decisório que deixou de reconhecêla como válida e suficiente para a extinção dos débitos tributários correspondentes; a AMHPDF entidade isenta do IR/CSLL na condição de associação civil sem fins lucrativos goza de isenção ao IRPJ e da CSLL. Circunstância, ignorada pelo despacho decisório, e fundamental para que se entenda a operação relativa à compensação dos valores retidos a título de CSLL, nos pagamentos que recebe como mera depositária dos honorários devidos aos médicos e clínicas associados; segundo a decisão não seria cabível a compensação "direta" de valores retidos, que deveriam ser antes lançados na escrituração contábil voltada ao "saldo negativo" da CSLL. No entanto, sendo entidade isenta da CSLL, não tem como apurar saldo negativo dessa mesma contribuição; diante de uma retenção indevida pela associação e sendo descabido exigir que ela "apure" os tributos incidentes no mês para que chegar "saldo negativo". Não há saldo negativo de CSLL, mas crédito oriundo de retenção indevida; há peculiaridades do caso examinado que indicam a impossibilidade de apuração de saldo negativo de CSLL, já que a ausência de finalidades lucrativas enseja a inexistência de CSLL devida a ser contraposta aos créditos surgidos com as retenções indevidas; é correto dizer que a disposição do artigo 5o da IN SRF n° 600/2005, invocada pelo despacho decisório como fundamento para a não homologação das compensações, não é aplicável ao caso apreciado e, ao mesmo tempo, não exclui a regularidade do procedimento adotado pela associação; Fl. 148DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.009380/200611 Acórdão n.º 140200.572 S1C4T2 Fl. 8 8 o dispositivo normativo invocado pela autoridade fiscal menciona apenas que, em caso de apuração de saldo negativo de IRPJ ou CSLL hipótese aplicável unicamente àquelas pessoas que sejam contribuintes desses tributos, obviamente o valor correspondente poderá ser objeto de restituição apenas no mês subseqüente ao trimestre em que se apurou o saldo negativo. Não se aplica tal dispositivo às compensações de créditos oriundos de retenção indevida, como se extrai expressamente de seu texto; o caso em tela não pode ser regido pelas normas que prescrevem a apuração de saldo negativo de CSLL, pois, in casu, não recolhe ordinariamente esse tributo. O crédito decorre de retenções indevidas, e não de superação do saldo a recolher pelo saldo a restituir (saldo negativo). a associação não é contribuinte da CSLL, em sua forma ordinária, não impede que em determinados instantes ela recolha a contribuição que leva esse nome. Isso porque, ao liquidar aplicações financeiras, há o recolhimento da CSLL sobre os rendimentos das aplicações financeiras. No entanto, o tributo recolhido é juridicamente diverso da CSLL "comum", na forma do artigo 4o do CTN, não se aplicando a ele as mesmas regras existentes para a CSLL apurada sobre o lucro líquido. De qualquer maneira, é notável a regularidade das compensações realizadas no âmbito da CSLL, pois nenhuma norma aplicável ao caso foi descumprida; saldo negativo de CSLL/declaração falsa ao Fisco de modo surpreendente, a decisão indica que ela deveria apresentar declaração, porém, por não ter finalidade lucrativa, não é contribuinte da CSLL, gozando de isenção em relação a tal tributo. A declaração sugerida pelo Fisco como forma de viabilizar a apuração de saldo negativo, além de contrariar a lógica da apuração do tributo, pois não há adiantamentos por meio de retenções e posterior apuração, não pode haver saldo, positivo/negativo seria flagrantemente falsa; o cumprimento das obrigações opostas no despacho decisório ao procedimento de compensação adotado, além de ser inexigível em face da situação específica da mesma, depende de apresentação de declaração falsa. Tal entendimento, por ferir os mais elementares princípios do Estado de Direito e a legalidade estrita que deve reger a relação entre o Fisco e os contribuintes, não pode prevalecer, devendo ser totalmente afastado; Do pedido Requer a reforma do despacho decisório e a homologação da compensação realizada, para extingui, de modo definitivo, o débito tributário submetido a tal procedimento. Faz relação de vários processos que tratam de compensação realizada em diferentes períodos e pede sejam apreciados em conjuntos. A decisão recorrida está assim ementada: Restituição/Compensação CSLL, COFINS e PIS Retidas na Fonte. A legislação somente permite deduzir/compensar valores retidos na fonte na base de cálculo da CSLL, PIS e Cofins diretamente na escrituração contábil ou na Declaração de Isenta ou DACON da pessoa jurídica que prove haver assumido referido encargo ou no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. Solicitação Indeferida. Fl. 149DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.009380/200611 Acórdão n.º 140200.572 S1C4T2 Fl. 9 9 Cientificada da aludida decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual contesta as conclusões do acórdão recorrido, repisa as alegações da peça impugnatória e, ao final, requer o provimento. É o relatório. Fl. 150DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.009380/200611 Acórdão n.º 140200.572 S1C4T2 Fl. 10 10 Voto Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Tratase de reconhecimento direito creditório, cumulado com pedido de compensação, relativo a contribuições (CSLL, COFINS e PIS) retidas na fonte em pagamentos realizados à contribuinte. A autoridade administrativa a quo examinou a questão e no despacho decisório (fls. 35 a 41) não reconheceu o crédito compensado e, em conseqüência, não homologou a declaração de compensação por concluir que a contribuinte não fazia jus ao crédito de retenções de CSLL, PIS e COFINS, por ser incabível a compensação direta com valor a recolher de retenções feitas sobre pagamentos a outras pessoas jurídicas ou órgãos públicos, uma vez que a legislação somente permite deduzir da base de cálculo da CSLL, Pis e Cofins os valores retidos, cuja dedução deve ser feita na escrituração contábil ou na Declaração de Isenta ou DACON da pessoa jurídica. A 4a. Turma da DRJ Brasília confirmou esse entendimento. Compulsando os autos, verificase que o Despacho Decisório DRF/BSB/Diort reconheceu de modo expresso oi; direito à compensação de valores retidos indevidamente a título de CSLL, , PIS e COFINS, na forma do artigo 74 da Lei n° 9.430/1996. À toda evidência, o procedimento de compensação realizado pela AMHPDF está correto. Isso porque tanto o direito à crédito pleiteado, quanto o cumprimento das exigências para a compensação cumpridos: às operações foram regularmente registrado na escrituração contábil da AMHPDF, apresentada desde a impugnação. A própria administração tributária já reconheceu a impropriedade das retenções, mediante Solução de Consulta COSIT n° 05, de 30 de março de 2004, em que se esclareceu, em resumo, que, no caso concreto; as retenções deveriam ser realizadas de acordo com 'a natureza do prestador dos serviços — o associado, e não a recorrente, mera intermediária — e que as retenções de CSLL, PIS e COFINS só eram cabíveis se os serviços fossem prestados por pessoa jurídica. Registrese que as compensações realizadas pela recorrente forma de créditos relativos a retenções inadequadamente realizadas sobre valores a serem repassados aos associados com débitos correspondentes às retenções que efetivamente deveriam ser realizadas, pela associação, Portanto, conforme enfatizado pela recorrente, tratavase de retenções que tinham a mesma finalidade, de adiantar o pagamento da COFINS, da CSLL e da contribuição para o PIS, por pessoas jurídicas prestadoras de serviços médicos. Fl. 151DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.009380/200611 Acórdão n.º 140200.572 S1C4T2 Fl. 11 11 Portanto, além de inexistir qualquer descumprimento das normas aplicáveis, como visto, as compensações foram um procedimento adotado pela associação para minimizar os transtornos decorrentes da inobservância, pelos tomadores de serviço. O direito à compensação tributária de tributos indevidamente pagos é expressa e amplamente assegurado, na forma do artigo 74 da Lei n° 9.430/1996. Frisese, novamente, que esse direito à compensação foi reconhecido tanto pela Diort/DRF/BSB quanto pela 4a. Turma da DRJ/BSA), mas foi indeferido com fulcro em aspectos formais absolutamente secundários, haja vista que além de comprovar a materialidade do direito creditório a recorrente cumpriu as formalidades principais, quais seja: escriturou as operações e apresentou as DCOMP. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, homologando as compensações efetuadas pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 152DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE
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Numero do processo: 10580.720868/2009-46
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RECURSO DO CONTRIBUINTE. DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho.
RECURSO DA FAZENDA NACIONAL. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. URV. REGIME DE CAIXA. INAPLICABILIDADE.
É incabível o regime de caixa para rendimentos recebidos acumuladamente. Aplicável no calculo do tributo conforme regime de competência.
Numero da decisão: 9202-006.403
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes (relatora), Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. Acordam ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Heitor de Souza Lima Júnior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Júnior Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho. RECURSO DA FAZENDA NACIONAL. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. URV. REGIME DE CAIXA. INAPLICABILIDADE. É incabível o regime de caixa para rendimentos recebidos acumuladamente. Aplicável no calculo do tributo conforme regime de competência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes (relatora), Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. Acordam ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda e, no mérito, em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Heitor de Souza Lima Júnior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 08 68 /2 00 9- 46 Fl. 448DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Júnior – Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Os presentes Recursos Especiais tratam de pedido de análise de divergência motivados pela Fazenda Nacional bem como pelo Contribuinte face ao acórdão 2201002.491, proferido pela 1ª Turma Ordinária / 2ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$ 169.042,41, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, consequentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. O Contribuinte apresentou impugnação, alegando, dentre outras, improcedência, pois teve como objeto valores recebidos pelo impugnante a título de diferenças de URV, que não estão sujeitos à incidência do imposto de renda, em razão do seu caráter indenizatório, que o Estado da Bahia abriu mão da arrecadação do IRRF que lhe caberia ao estabelecer no art. 3º da Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, a natureza indenizatória da verba paga, sendo a União parte ilegítima para exigência de tal tributo. Além disso, se a fonte pagadora não fez a retenção que estaria obrigada; que, caso os rendimentos apontados como omitidos de fato fossem tributáveis, deveriam ter sido submetidos ao ajuste anual, e não tributados isoladamente como no lançamento fiscal; ainda que as diferenças de URV recebidas em atraso fossem consideradas como tributáveis, não caberia tributar os juros e correção Fl. 449DF CARF MF Processo nº 10580.720868/200946 Acórdão n.º 9202006.403 CSRFT2 Fl. 449 3 monetária incidentes sobre elas; e que, mesmo que tal verba fosse tributável, não caberia a aplicação da multa de ofício e juros moratórios, pois o autuado teria agido com boafé. A 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador/BA, julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. O Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando os argumentos de sua Impugnação. O processo em apreço foi julgado em 19 de junho de 2013 e os membros da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), por meio da Resolução nº 2201000.156, decidiram sobrestar o recurso, conforme a Portaria CARF nº 1, de 2012. A 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 261/270, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos, bem como excluir da exigência a aplicação da multa de ofício. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 Ementa: PAF. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. O julgador administrativo não está obrigado a rebater todas as questões levantadas pela parte, mormente quando os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. Falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. RESPONSABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 12. “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção”. IRRF. COMPETÊNCIA. A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. Fl. 450DF CARF MF 4 IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos aos descontos de Imposto de Renda. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda. IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. TABELA MENSAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO RICARF. O imposto de renda incidente sobre os rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, conforme dispõe o Recurso Especial nº 1.118.429/SP, julgado na forma do art. 543C do CPC. Aplicação do art. 62A do RICARF (Portaria MF nº 256/2009). IRPF. MULTA. EXCLUSÃO. SÚMULA CARF Nº 73. “Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício”. IRPF. JUROS DE MORA SOBRE VERBAS TRIBUTADAS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. No julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que apenas os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do inciso V do art. 6º da Lei n° 7.713/1988. Às fls. 272/280, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de Divergência, alegando divergência jurisprudencial em relação à possibilidade de incidência de uma só vez, sobre o valor global, do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente. Os acórdãos paradigmas aplicam integralmente o art. 12 da Lei n. 7.713/88, segundo o qual, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto de renda incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos. Por sua vez, o acórdão recorrido afirma que, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o IRPF deve ser recolhido no mês do recebimento, mas o cálculo desse imposto deverá considerar os meses a que se referirem os rendimentos. Ou seja, para fins de aplicação da alíquota, devem ser considerados os valores mensais, e não o montante global auferido. Às fls. 283/288, a 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, DANDO SEGUIMENTO ao recurso em relação à possibilidade de incidência de uma só vez, sobre o valor global, do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente. Às fls. 293/306, o Contribuinte apresentou contrarrazões rebatendo o mérito e pedindo pela manutenção da decisão da Turma. Fl. 451DF CARF MF Processo nº 10580.720868/200946 Acórdão n.º 9202006.403 CSRFT2 Fl. 450 5 Às fls. 378/411, o Contribuinte também apresentou Recurso Especial, arguindo a divergência jurisprudencial em relação à natureza indenizatória do abono variável pago aos membros do Ministério Público Estadual. Enquanto a decisão recorrida entendeu que, sobre o abono, incide o IRPF, haja vista o Supremo Tribunal Federal ter reconhecido a natureza indenizatória da verba paga apenas em relação aos membros do MP e Magistratura Federal, o primeiro acórdão paradigma considera que, em sentido contrário, não incide o IRPF em razão de uma interpretação extensiva justamente da decisão do STF, que considerou isenta verbas pagas aos membros da Magistratura Federal. Em pedido sucessivo, na hipótese de não admitirem a divergência anterior, a segunda divergência trouxe o paradigma tratando de exclusão do débito tanto da multa de ofício, quanto da parcela referente aos juros moratórios, enquanto que o acórdão recorrido manteve a autuação e juros de mora e multa de ofício. Às fls. 418/424, a 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, DANDO PARCIAL SEGUIMENTO ao recurso em relação à divergência apenas sobre a não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória, mantido o Despacho em sede de Reexame Necessário, às fls. 425/426. O contribuinte foi cientificado às fls. 430 do Despacho. A Fazenda Nacional, às fls. 436/446, apresentou Contrarrazões rebateu apenas o mérito, pugnando pela manutenção da Decisão da Turma. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora Os Recursos Especiais interpostos pela Fazenda Nacional e pelo Contribuinte são tempestivos e atendem aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merecem ser conhecidos. Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anos calendário de 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$ 169.042,41, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário. RECURSO DO CONTRIBUINTE Já o Recurso Especial apresentado pelo Contribuinte tratou da divergência sobre a não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória. Fl. 452DF CARF MF 6 IMPOSTO SOBRE A RENDA E INDENIZAÇÕES Pois bem, como dito a problemática consiste na questão da natureza atribuída a verba recebida pelo contribuinte, e para melhor deslinde da questão mister se faz analisar o enquadramento das indenizações perante a legislação do imposto sobre a renda. A interpretação dada pela Fazenda Nacional é a de que na medida em que a legislação federal, prevê expressamente a isenção ou nãotributação de certas verbas indenizatórias ( como as contempladas nos incisos IV e V do artigo 6° da Lei federal n. 7.713/88 ), então só estariam excluídas da incidência estas verbas; e por consequência, todas as demais verbas de caráter indenizatório não expressamente contempladas estariam sujeitas à tributação pelo imposto sobre a renda. Para os doutrinadores esta afirmação é incompatível com os dispositivos constitucionais e também as disposições do Código Tributário Nacional. Para Aliomar Baleeiro, " a renda se destaca da fonte sem empobrecêla", e Marco Aurélio Greco complementa: "indenizar é tornar" sem dano" aquele patrimônio; não é acrescêlo, é recompôlo ao que era antes do evento. Portanto, nestes casos, a indenização não é produto do capital e/ou do trabalho, nem acréscimo patrimonial, razão pela. qual está fora do âmbito de incidência do imposto sobre a renda". Isto significa que o fato de não haver na legislação federal regra expressa prevendo a não incidência de determinada indenização (com o perfil acima) não implica na sua tributação. Ao contrário, não há necessidade de regra neste sentido, pela singela razão de esta indenização não estar alcançada pela norma constitucional (art. 153, Ill). Por definição, está fora do âmbito material de incidência; logo, não precisa haver previsão neste sentido e as que existirem terão caráter explicitador, por vezes, resultantes de dúvidas surgidas quanto à natureza jurídica de determinada verba. O jurista citado ainda ensina que, "indenização que implique recomposição de patrimônio passado economicamente identificável (ou seja, sem haver acréscimo patrimonial), não configura hipótese de incidência do imposto sobre a renda. A verba paga é evento do mundo dos fatos que pode receber mais de uma qualificação jurídica a depender das circunstâncias que a cercam". A questão primordial a ser debatida aqui é saber a quem cabe afirmar a natureza jurídica de determinada verba para fins de enquadramento na legislação do imposto sobre a renda. Três situações podem ser identificadas: a) partes privadas (contratualmente ou por outro instrumento) qualificam determinada verba como de caráter indenizatório; b) o Poder Judiciário, no bojo da prestação jurisdicional, qualifica a verba como indenizatória; e c) a Lei qualifica a verba como indenizatória. Na medida em que a natureza jurídica é que determina a incidência ou não do imposto sobre a renda, importante compreender em quais hipóteses o Fisco Federal pode recusar a qualificação oriunda de qualquer das situações acima e afirmar a natureza não indenizatória da verba, de modo a deflagrar a incidência das regras do imposto. Fl. 453DF CARF MF Processo nº 10580.720868/200946 Acórdão n.º 9202006.403 CSRFT2 Fl. 451 7 A terceira hipótese é a que nos importa no caso em tela, uma vez que o contribuinte em questão teve a natureza de sua verba declarada como indenizatória por meio de Lei Estadual. É de se destacar o fato de a qualificação indenizatória dada a verba foi editada pelo legislador através de uma lei específica. Toda lei goza de presunção de constitucionalidade. Caso se tratasse de uma lei federal, o Fisco também federal, não teria competência para afastar sua aplicabilidade, pois não lhe é dado substituirse ao legislador, nem tem competência para declarar a inconstitucionalidade de uma norma. Tratandose de lei estadual abrese o debate, pois a qualificação jurídica por ela veiculada tem o efeito de atribuir ao fato subjacente uma qualidade que por decorrência e em função do caráter de Direito de superposição de que se reveste o Direito Tributário repercute na aplicação da lei tributária federal, ao afastáIa no caso de indenizações (que não impliquem acréscimo patrimonial). Daí a pergunta, que responde toda a problemática aqui veiculada,: pode a lei estadual interferir com a interpretação e aplicação da lei tributária federal? Embora pareça questão de fácil resolução, e a resposta pareça ser a simples alegação realizada pelo Fisco, de que não cabe a Lei estadual interferir nas hipóteses de incidência|(fato gerador) de tributo federal, penso que a questão envolve outros institutos jurídicos e concepções tributárias. Para alguns juristas, nos quais novamente cito Marco Aurélio Greco, a pergunta envolve um falso problema. Pois a questão efetiva não é esta, obviamente os Estados não têm competência para legislar sobre imposto sobre a renda. A questão legítima aqui discutida é, se o Fisco Federal pode afastar a qualificação jurídica de determinada verba que tenha sido atribuída por lei estadual válida no ordenamento jurídico. E aqui neste ponto, sem dúvida a resposta é não, por força da presunção de constitucionalidade de que se reveste toda lei. Portanto, enquanto subsistir o preceito normativo, o Fisco federal não possui competência para afastar a qualificação jurídica ali contida. Para afastála é preciso, previamente, buscar a declaração da sua inconstitucionalidade, o que não pode ser realizado pelo Poder Executivo, sem a chancela do Poder Judiciário. Ainda que a alegação do fisco fosse de que o preceito nela contido é manifestamente inconstitucional. por dispor sobre matéria que não cabe ao Estado regular ou se seu conteúdo contiver disciplina inequivocamente conflitante com o ordenamento, a ponto de configurar aquilo que a jurisprudência denomina de "ato teratológico", não é o que ocorre no caso em tela, pois a disposição sobre a verba submetida ao regime estatutário é de plena competência do ente estadual. Assim, não há que se falar que a Lei Complementar n. 20/2003 ou a Lei n. 8.730/2003, possua qualificação jurídica teratológica que possa afastar de plano sua aplicabilidade. Assim, além da presunção de constitucionalidade de que se revestem as leis em referência, elas dispõem sobre matéria que compete aos Estados regular, por dizer respeito ao funcionamento das respectivas Instituições. Portanto, não é estranho que seja a lei a Fl. 454DF CARF MF 8 reconhecer a natureza jurídica de determinada verba, à luz do contexto do respectivo regime estatutário, conforme previsão expressa do § 11 do artigo 37, CF, que é explícito ao prever que: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) XI a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicandose como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (...) § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei." (grifo nosso) Ou seja, podem existir pagamentos a agentes públicos que tenham caráter indenizatório, desde que as respectivas parcelas estejam previstas em lei. Ora, se tais parcelas podem existir, a própria lei também pode afirmar esse caráter, "especialmente" em relação a verba submetida ao regime estatutário. Ad argumentandum tantum, ainda há que se salientar que, sendo da competência dos Estados definir a natureza de tais verbas, ainda é também de sua competência a responsabilidade pela retenção do imposto na fonte e consequentemente é de sua titularidade o direito de cobrála. Contudo até o presente momento não vemos no Estado da Bahia nenhuma menção neste sentido. Assevera, Marco Aurélio Grecco, que a CF/88, a titularidade não é sobre o resultado material da atividade de reter, mas é sobre todo aquele imposto que de acordo com a legislação pertinente deva ser submetido ao regime de retenção na fonte. Esta titularidade é atribuída em caráter exclusivo ao Estado o que afasta qualquer interesse ou pretensão por parte da União. Vale dizer, se determinada verba, pela sua natureza, deve submeterse à retenção, o simples fato de esta ser a respectiva qualificação, afasta por si só a titularidade da União. Ou seja, a União não tem titularidade sobre a parcela do imposto sobre a renda na fonte que incidir (juridicamente) na fonte. A circunstância de haver ou não no plano fático a retenção não modifica esta qualificação jurídica da titularidade sobre esse montante, posto que a qualificação advém diretamente da CF/88 e a eventual inação do Estado em reter não configura transferência de titularidade à União; nem doação a seu favor de verba que pertence ao Estado, Daí a conclusão de que, em relação ao imposto incidente na fonte, a relação jurídica que se instaura é entre o contribuinte e Estado, diretamente, sem qualquer mediação da União. A União editou a lei que dispõe sobre o tratamento tributário das diversas verbas que o Fl. 455DF CARF MF Processo nº 10580.720868/200946 Acórdão n.º 9202006.403 CSRFT2 Fl. 452 9 contribuinte pode auferir. Mas, em relação àquelas que, por sua natureza, devam se submeter à retenção na fonte, o respectivo imposto pertence integral e exclusivamente ao Estado. Por fim o julgamento do caso em tela implica na aplicação de princípio basilar do Direito Administrativo, qual seja o respeito a legalidade. Assim, enquanto a Administração Pública só pode fazer o que está previsto em lei, ao Administrado, no caso em tela Contribuinte, é possível fazer tudo aquilo que não é proibido. Ainda, para Hely Lopes Meirelles: Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza” (MIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 30. Ed. São Paulo: Malheiros, 2005). A Legalidade é intrínseca a ideia de Estado de Direito, pensamento este que faz que ele próprio se submeta ao direito, fruto de sua criação, portanto esse é o motivo desse princípio ser tão importante, um dos pilares do ordenamento. É na legalidade que cada indivíduo encontra o fundamento das suas prerrogativas, assim como a fonte de seus deveres. A administração não tem fins próprios, mas busca na lei, assim como, em regra não tem liberdade, escrava que é do ordenamento. O Princípio da Legalidade é uma das maiores garantias para os gestores frente o Poder Público. Ele representa total subordinação do Poder Público à previsão legal, visto que, os agentes da Administração Pública devem atuar sempre conforme a lei. Assim, o administrador público não pode, mediante mero ato administrativo, conceder direitos, estabelecer obrigações ou impor proibições aos cidadãos. A criação de um novo tributo, por exemplo, dependerá de lei. Do mesmo modo, a limitação de direitos não poderá ser feita por via de interpretação mais gravosa que aquela propriamente estabelecida na norma. Na fiscalização, o Princípio da Legalidade possui atividade totalmente vinculada, ou seja, a falta de liberdade para a autoridade administrativa. A lei define as condições da atuação dos Agentes Administrativos, determinando as tarefas e impondo condições excludentes de escolhas pessoais ou subjetivas. Por fim, esse princípio é vital para o bom andamento da Administração Pública, sendo que ele coíbe a possibilidade do gestor público agir por conta própria, tendo sua eficácia através da execução jurídica dos atos de improbidade, evitando a falta de vinculação à norma e, principalmente, a corrupção no sistema. Essa preocupação se faz constante para que seja atingido o objetivo maior para o país, o interesse público, através da ordem e da justiça. No caso em tela, entendo que não houve por parte do Estado da Bahia uma intromissão quanto ao tributo federal de competência da União imposto de renda pessoa física. Mas que houve sim, uma natureza indenizatória dada a verbas oriundas do regime estatutário daquele Estado, as quais são de competência exclusiva do mesmo, responsável por gerir e organizar seu Regime Próprio de Trabalho e Previdência. A existência destas leis legitimou o agir do contribuinte, que exerceu direito que lhe foi conferido por lei. Lei esta emitida por Ente participante da Administração Pública, face ao pacto federativo constitucionalmente imposto. Desse modo, por melhor que seja a construção jurídica utilizada pela Receita Federal, afastar a legalidade ou a constitucionalidade de norma válida no ordenamento jurídico prescinde de um conjunto de medidas dispostas na Constituição Federal, as quais não Fl. 456DF CARF MF 10 contemplam a possibilidade do Fisco, ou até mesmo do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, negar validade ou aplicabilidade. Observo que o controle de constitucionalidade pode ser realizado de modo preventivo (antes de a lei entrar em vigor) pelo Poder Legislativo ou de modo repressivo (a lei já está em vigência e deve ser expulsa do ordenamento), em regra, no Brasil, é jurisdicional, logo pelo Poder Judiciário na modalidade concentrado ou difuso. Assim resume Zeno Veloso: (...) O controle jurisdicional da constitucionalidade, no Brasil, utiliza o método concentrado, sendo o controle abstrato, em tese, através de ação direta, a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federa, tendo por objeto leis e atos normativos federais e estaduais, em confronto com a Constituição Federal, que nos Estadosmembros, compete aos Tribunais de Justiça, tendo por objeto leis e atos normativos estaduais e municipais, em face da Constituição estadual. Servimonos, também, do controle difuso, concreto, incidenter tantum, exercido por qualquer órgão, singular ou coletivo, do Poder Judiciário.(VELOSO, Zeno. p. 35) Assim, resta evidente que no caso em apreço, ainda que fosse caso de não aplicar a natureza jurídica dada a verba por lei, esta seria de exclusiva competência do Poder Judiciário, pois por uma questão de competência constitucional, legal e regimental, este Tribunal Administrativo não pode afastar a constitucionalidade de Lei. Ressaltese aqui, a clara diferenciação entre o poder dever dos julgadores no âmbito judicial e administrativo. Enquanto o juiz é dotado de equidade, o conselheiro do Tribunal Administrativo é dotado de obediência ao princípio da legalidade. Contudo, compreendo que a melhor solução da questão não prescinde de Juízos de constitucionalidade, vez que conforme explanado acima, a natureza das verbas percebidas pelo contribuinte foram legitimamente declaradas indenizatórias por força de lei estadual, sendo que conforme previsão constitucional é da competência do Ente Federado responsável pelo Regime estatutário fazêlo, não usurpando assim competência da União para declarar as hipóteses de incidência do imposto de renda pessoa física, a quem coube determinar que o imposto era devido sobre verbas remuneratórias, excluindo as indenizatórias, sem no entanto, ser responsável por determinar quais verbas são de uma natureza ou de outra. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte para afastar a incidência do imposto de renda sobre as parcelas pagas a Agentes Públicos Estaduais a Título de Diferença de URV, as quais tem natureza claramente indenizatória. RECURSO DA FAZENDA NACIONAL O Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional trouxe para análise a divergência jurisprudencial no tocante à possibilidade de incidência de uma só vez, sobre o valor global, do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente. Na decisão recorrida, deuse provimento ao recurso, para cancelar o lançamento, devido à impossibilidade de refazimento do lançamento na atual fase processual. Fl. 457DF CARF MF Processo nº 10580.720868/200946 Acórdão n.º 9202006.403 CSRFT2 Fl. 453 11 Da análise do tema, observo que assiste razão ao Contribuinte, pois o referido lançamento não pode prosperar. Isso porque o art. 12 da Lei nº 7.713/88 teve sua constitucionalidade afastada. O referido dispositivo legal que era utilizado para a cobrança do IRPF incidente sobre rendimentos recebidos de forma acumulada, através da aplicação da alíquota vigente no momento do pagamento sobre o total recebido, teve sua inconstitucionalidade reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nª 614.406/RS, o qual foi submetido à sistemática da Repercussão Geral prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, vejamos: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. (RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014 ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27112014. Nesse sentido cito aqui voto do Conselheiro Relator Martin da Silva Gesto, no processo 11080.731461/201324, julgado recentemente (17/02/2016) já pela nova composição de conselheiros deste Tribunal Administrativo: De acordo com a referida decisão, transitada em julgado em 09/12/2014, ainda que seja aplicado o regime de caixa aos rendimentos recebidos acumuladamente pelas pessoas físicas (nascimento da obrigação tributária), é necessário, sob pena de violação aos princípios constitucionais da isonomia, da capacidade contributiva e da proporcionalidade, que o dimensionamento da obrigação tributária observe o critério quantitativo (base de cálculo e alíquota) dos anos calendários em que os valores deveriam ter sido recebidos, e não o foram. Assim, considerando que o lançamento foi amparado na interpretação jurídica de dispositivo legal, que foi declarado inconstitucional pelo STF, é de se reconhecer que houve um vício material no lançamento, que utilizou fundamento legal inválido. Registro aqui que este não é o entendimento da maioria do colegiado que entende inaplicável ao caso o regime de caixa sendo correta a apuração por regime de competência, contudo, não entende haver vício material, devendo haver recálculo da base de incidência do referido tributo. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional para no mérito negarlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 458DF CARF MF 12 Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator Designado Com a devida vênia ao posicionamento esposado pela Relatora, ouso divergir quanto ao mérito do pleito do Recurso Especial da Contribuinte, quanto à natureza das verbas recebidas sob análise. Reitero aqui considerações que teci quando do julgamento de feito semelhante no âmbito da 1a. Turma Ordinária 1a. Câmara da 2a. Seção deste CARF (Acórdão no. 2.101002.724), mantendo de forma integral meu posicionamento acerca do assunto, que assim se resume: a) Da natureza das verbas recebidas e da Lei Complementar Estadual 20, de 2003 Cumpre, primeiramente, salientar que os rendimentos de que trata o presente processo foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia, a título de "Valores Indenizatórios de URV", em atendimento ao disposto pela Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003, a qual, dentre outras disposições, preceitua que a verba em questão é de natureza indenizatória. Para melhor entendimento, transcrevemos, a seguir, os artigos 2° e 3° da Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003: Art. 2° As diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária de n° 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nos. 613 e 614, serão apuradas mês a mês, de 1° de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e o montante, correspondente a cada Procurador e Promotor de Justiça, será dividido em 36 parcelas iguais e consecutivas para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 3° São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2° desta Lei. Com efeito, da leitura dos dispositivos acima reproduzidos, é possível concluir, tal como concluiu a parte recorrente, que foi atribuída, pelo Estado da Bahia, natureza indenizatória às diferenças decorrentes de erro na conversão da remuneração dos magistrados, de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária em questão. Todavia, do exame desses dispositivos isoladamente, é impertinente inferir que se tratam de rendimentos isentos do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física. Em primeiro lugar, a competência para legislar sobre o Imposto sobre a Renda é da União, e a lei acima transcrita é estadual. Assim, não se trata, aqui, de invasão de competência do STF pela União para declarar inconstitucional a referida Lei Complementar Estadual, mas, sim, interpretar o diploma de acordo com a competência tributária constitucionalmente estabelecida, de forma que os efeitos da referida LC, no que tange ao caráter indenizatório das verbas recebidas, se limitem a matérias cuja competência seja do Estado da Bahia, visto que, de outra forma, se estaria a validar a possibilidade de invasão de competência tributária da União por este mesmo Estado. Fl. 459DF CARF MF Processo nº 10580.720868/200946 Acórdão n.º 9202006.403 CSRFT2 Fl. 454 13 Assim, imprescindível a análise da natureza dessas verbas, no contexto de todo o direito positivo, para se concluir pela sua tributação ou não pelo imposto sobre a renda. A propósito, chama a atenção o fato de que as diferenças de URV pagas à contribuinte pelo Ministério Público do Estado da Bahia não se destinam à recomposição de um prejuízo, ou dano material por ela sofrido. Diferentemente, as verbas recebidas pela contribuinte repõem a atualização monetária dos salários do período considerado. Nesse sentido, observase que o artigo 2° da Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003, deixa claro que se trata de diferenças de remuneração quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV. É incontornável a constatação que tais diferenças integram a remuneração mensal percebida pela contribuinte, em decorrência do seu trabalho, constituindo parte integrante de seus vencimentos. As verbas assim auferidas integram, portanto, a definição de renda, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional. Por fim, de se reproduzir uma vez mais a jurisprudência do STJ que sustenta tal posicionamento, no sentido de se rejeitar o caráter indenizatório das verbas em questão. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. IMPORTÂNCIAS PAGAS EM DECORRÊNCIA DE SENTENÇA TRABALHISTA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO E RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. FONTE PAGADORA. ALÍQUOTA APLICÁVEL. EXCLUSÃO DA MULTA. 1. O recebimento de remuneração em virtude de sentença trabalhista que determinou o pagamento da URP no período de fevereiro de 1989 a setembro de 1990 não se insere no conceito de indenização, constituindose complementação de caráter nitidamente remuneratório, ensejando, portanto, a cobrança de imposto de renda. (...) 5. Recurso especial parcialmente provido (REsp 383.309/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07.04.06); Eram, portanto, as verbas em questão tributáveis, independentemente da denominação a elas conferida pela Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003, conclusão em perfeita consonância e respaldada pelos dispositivos legais mencionados no auto de infração à efls. 06/07. b) Da Resolução n.° 245 do STF A recorrente traz à baila a Resolução n.° 245 do STF, que, uma vez estendida aos membros do Ministério Público da União, por força do artigo 2° da Lei n° 10.477, de 2002, de despacho do PGR no âmbito do Processo Administrativo 1.00.000.011735/2002 e Pareceres PGFN nos. 529 e 923, de 2003, aplicarseia também aos membros do Ministério Público dos Estados, de forma a que se afastasse a incidência do IRPF sobre as verbas em discussão. A respeito, verifico que a questão da aplicabilidade da Resolução n° 245 do STF aos valores recebidos a título de diferenças de URV foi exaustivamente analisada pelo Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka no voto condutor da decisão proferida pela mesma 1a. Fl. 460DF CARF MF 14 Turma Ordinária da 1a Câmara da Segunda Seção de Julgamento deste Conselho, no Acórdão n° 2101002.388, de 18 de fevereiro de 2014. Por se aplicar ao caso que aqui se analisa, e por refletir o entendimento deste Relator, adotase o quanto manifestado naquele voto. Vejase: “ (...) Buscando reforçar o argumento, requer a contribuinte a aplicação da Resolução n.° 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pela Recorrente. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2° e parágrafos da Lei n.° 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1° trouxe a forma de cálculo deste abono: "I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei n° 10.474, de 2002 (Resolução STF n° 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)". A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre a abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: "Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)" (STJ, Recurso Especial n.° 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010)" E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.° 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: "Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. Fl. 461DF CARF MF Processo nº 10580.720868/200946 Acórdão n.º 9202006.403 CSRFT2 Fl. 455 15 No que concerne à Resolução n° 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, tem se que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)" (STF, Recurso Extraordinário n.° 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010)" Adicionalmente, caso se tenha leitura diversa da Resolução STF no. 245, de 2002, entendo de se aceder, ainda, à argumentação da PGFN, no sentido de se cingirem os efeitos da referida e dos despachos PGR e Pareceres PGFN em questão aos membros das carreiras mencionadas no âmbito das Leis no. 10.474 e 10.477, ambas de 27 de julho de 2002 (às quais, ressaltese, não pertence, a recorrente), vedados: a) o estabelecimento de isenção por analogia a partir do disposto nos arts. 97, VI e 111, I e II do CTN e 150 §6o. da CRFB; b) o afastamento da hipótese de incidência, delineada pelos dispositivos legais de efls. 06/07, por violação ao princípio constitucional da isonomia, uma vez que é expressamente vedado a este Conselho afastar a aplicação da lei tributária com base em argumentação de violação a preceitos constitucionais, consoante dispõe o art. 62 do Regimento já mencionado e Súmula CARF no. 02. Concluise, portanto, pelo caráter salarial (remuneratório) dos valores recebidos acumuladamente pela Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional e dispositivos legais de efls. 06/07 que fundamentaram o auto de infração, descartado o afastamento da incidência do IRPF seja pelo disposto na Lei Complementar do Estado da Bahia no. 20, de 2003, seja pelo teor da Resolução STF no. 245, de 2002. Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial da Contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 462DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.001180/2005-27
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Feb 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2002 a 31/12/2004
INSUMOS. ISENTOS. ALÍQUOTA ZERO. NÃO TRIBUTADO. IMPOSSIBILIDADE. CREDITAMENTO.
O REsp nº 1.134.903/SP, julgado sob o sistema de repetitivo, e o RE 398.365-RS, sob o regime de repercussão geral, entenderam não haver afronta ao princípio da não-cumulatividade, quando não há o aproveitamento de créditos na aquisição de insumos isentos ou submetidos à alíquota zero.
CRÉDITO. ENERGIA ELÉTRICA. IMPOSSIBILIDADE.
A energia elétrica não é considerada matéria-prima (MP), produto intermediário (PI) e material de embalagem (ME).
Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-004.956
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinatura digital)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza - Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
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ISENTOS. ALÍQUOTA ZERO. NÃO TRIBUTADO. IMPOSSIBILIDADE. CREDITAMENTO. O REsp nº 1.134.903/SP, julgado sob o sistema de repetitivo, e o RE 398.365RS, sob o regime de repercussão geral, entenderam não haver afronta ao princípio da nãocumulatividade, quando não há o aproveitamento de créditos na aquisição de insumos isentos ou submetidos à alíquota zero. CRÉDITO. ENERGIA ELÉTRICA. IMPOSSIBILIDADE. A energia elétrica não é considerada matériaprima (MP), produto intermediário (PI) e material de embalagem (ME). Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 11 80 /2 00 5- 27 Fl. 158DF CARF MF 2 Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior e Walker Araujo. Relatório Por bem transcrever os fatos e ser sintético, adotase relatório da DRJ/Ribeirão Preto, fls. 99 e seguintes1: A interessada protocolizou, em 15/02/2005, pedido de ressarcimento de créditos de insumos desonerados (isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero) de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no montante de R$ 187.790,84, referente ao período de 18/06/2002 a 20/10/2004, com fundamento na Constituição Federal, art. 153, § 3º, II (fl. 02) e com o arrazoado às fls. 04/09. Vinculadas à solicitação, há as declarações de compensação (PER/DCOMP) às fls. 29/52. No Despacho Decisório de 07/07/2008, às fls. 57/59, a DRFB/CURITIBA/PR, indeferiu a solicitação de créditos relativos a insumos desonerados por falta de previsão legal, além de que a energia elétrica não se caracteriza como insumo, e não foram homologadas as compensações declaradas. Insubmissa à decisão administrativa da qual teve ciência em 15/07/2008 (AR à fl. 61), a contribuinte apresentou, em 30/07/2008, a manifestação de inconformidade, às fls. 63/88, subscrita pelo patrono da pessoa jurídica, conforme instrumento legal à fl. 92, em que, resumidamente, defende o direito ao crédito referente a insumos adquiridos com isenção, com alíquota zero ou não tributados, sob pena de violação do princípio constitucional da nãocumulatividade, de acordo com extensa doutrina e precedentes do Supremo Tribunal Federal (RE nº 212.4842/RS e RE nº 350.4461PR, entre outros); quanto ao cálculo do montante do crédito, valeuse de entendimento trazido pelo TRF da 4ª Região; a energia elétrica aplicada no processo produtivo constitui produto intermediário em sentido amplo, conforme Parecer Normativo CST nº 65/79, doutrina e jurisprudência, e está na TIPI no rol de produtos industrializados, ainda que NT. Encerra a peça de contestação com o pedido de deferimento do pleito de ressarcimento e de homologação das compensações. A DRJ/Ribeirão Preto considerou a manifestação de inconformidade improcedente, decisão cuja ementa é colacionada abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2002 a 31/12/2004 1 Todas as páginas, referenciadas no voto, correspondem à numeração do eprocesso. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10980.001180/200527 Acórdão n.º 3302004.956 S3C3T2 Fl. 3 3 RESSARCIMENTO. FORMA DE APURAÇÃO E HABILITAÇÃO. O saldo credor da escrita fiscal somente é habilitado ao ressarcimento no encerramento de cada trimestrecalendário. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS. INSUMOS NÃO ONERADOS PELO IPI. É inadmissível, por total ausência de previsão legal, a apropriação, na escrita fiscal do sujeito passivo, de créditos do imposto alusivos a insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero, uma vez que inexiste montante do imposto cobrado na operação anterior. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS. INSUMOS NÃO ADMITIDOS. ENERGIA ELÉTRICA. Somente os créditos alusivos a matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, conforme a restrita conceituação albergada pela legislação tributária, são passíveis de ressarcimento, caso em que não se enquadra a energia elétrica aplicada no processo industrial. A contribuinte, irresignada, apresentou Recurso Voluntário, repisando os fundamentos da manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Relatora. 1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, a ciência do acórdão ocorreu em 24 de outubro de 2014, fls. 121, e o recurso foi protocolado em 17 de novembro de 2014, fls. 127. Tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. Do mérito 2.1. Do crédito referente aos insumos isentos, alíquota zero ou não tributados A Recorrente relata que protocolou, no ano de 2005, pedido de ressarcimento de créditos, vinculados a insumos desonerados entendidos como isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero, com fundamento no artigo 153, § 3º, da Constituição Federal. Ele fala a respeito do princípio da nãocumulatividade e cita precedentes como o RE nº 212.4842/RS e 350.4461/PR e diz que o período que pleiteou o aproveitamento dos créditos diz respeito ao lapso de 18/06/2002 a 20/10/2004. Fl. 160DF CARF MF 4 Discorre sobre o RE nº 590.809/RS com repercussão geral e que deve ser observado. Diferentemente do pretendido pela Recorrente, o recurso citado não reconheceu a possibilidade de creditamento em hipóteses de aquisição de insumos isentos, alíquota zero ou não tributados, mas se tratava de um caso em que envolvia uma ação rescisória, os efeitos da coisa julgada e a sua relação com a modificação da jurisprudência. Naquele recurso, o contribuinte possuía uma decisão, que fez coisa julgada, reconhecendo o direito ao crédito de insumos isentos, alíquota zero e não tributados, sendo que a União ajuizou ação rescisória a partir da modificação da jurisprudência. O RE nº 590.809/RS adotado como paradigma tem como cerne os efeitos da coisa julgada e não a questão do creditamento. No transcorrer do voto, o Ministro Relator, Marco Aurélio, demonstra a modificação na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: Conforme fiz ver anteriormente, apenas em 25 de junho de 2007, nos já mencionados Recursos Extraordinários nº 353.657/PR e nº 370.682/SC, presente julgamento relativo a insumos e matériasprimas não tributados e sujeitos à alíquota zero, o Tribunal reviu a posição adotada e passou a proclamar a ausência do direito. Consoante revelado nos votos vencedores, a tese firmada alcança, inclusive, os casos de isenção, no tocante aos quais o crédito também se tornou indevido. Portanto, a mudança ocorreu somente cinco anos depois das últimas decisões do Supremo favoráveis aos contribuintes. Quanto à consideração dos créditos, adquiridos com insumos isentos ou alíquota zero, importante transcrever a legislação em apreço: Lei nº 9.779, de 1999 Art.11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. (grifos não constam no original) Posteriormente, sobreveio a Instrução Normativa 33, de 1999, que regulamentou a apuração do crédito: Art. 1º A apuração e a utilização de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, inclusive em relação ao saldo credor a que se refere o art. 11 da Lei No 9.779, de 1999, darse á de conformidade com esta Instrução Normativa. Art. 2º Os créditos do IPI relativos a matériaprima (MP), produto intermediário (PI) e material de embalagem (ME), adquiridos para emprego nos produtos industrializados, serão registrados na escrita fiscal, respeitado o prazo do art. 347 do RIPI: Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10980.001180/200527 Acórdão n.º 3302004.956 S3C3T2 Fl. 4 5 I quando do recebimento da respectiva nota fiscal, na hipótese de entrada simbólica dos referidos insumos; II no período de apuração da efetiva entrada dos referidos insumos no estabelecimento industrial, nos demais casos. § 1o O aproveitamento dos créditos a que faz menção o caput darseá, inicialmente, por compensação do imposto devido pelas saídas dos produtos do estabelecimento industrial no período de apuração em que forem escriturados. § 2o No caso de remanescer saldo credor, após efetuada a compensação referida no parágrafo anterior, será adotado o seguinte procedimento: I o saldo credor remanescente de cada período de apuração será transferido para o período de apuração subseqüente; II ao final de cada trimestrecalendário, permanecendo saldo credor, esse poderá ser utilizado para ressarcimento ou compensação, na forma da Instrução Normativa SRF No 21, de 10 de março de 1997. § 3o Deverão ser estornados os créditos originários de aquisição de MP, PI e ME, quando destinados à fabricação de produtos não tributados (NT). (grifos não constam no original) A legislação é clara ao demonstrar que a aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero. Ela fala no processo de industrialização de produto isento ou tributado à alíquota zero, mas não faz tal ressalva para os insumos adquiridos com alíquota zero ou isenção. A Constituição prevê o seguinte: Constituição Federal Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...) IV produtos industrializados; § 3º O imposto previsto no inciso IV: (...) II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; Não se observa o desrespeito ao princípio da nãocumulatividade, uma vez que o próprio texto constitucional discorre sobre o "montante cobrado nas anteriores" e, no caso de insumo tributado à alíquota zero ou sob isenção, não há montante anterior. Fl. 162DF CARF MF 6 Ademais, o Superior Tribunal de Justiça, em sistema de repetitivos, já decidiu no REsp nº 1.134.903/SP, sob não haver afronta ao princípio da nãocumulatividade quando não há o aproveitamento de créditos na aquisição de insumos isentos ou submetidos à alíquota zero: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. DIREITO AO CREDITAMENTO DECORRENTE DO PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS OU MATÉRIASPRIMAS SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO OU NÃO TRIBUTADOS. IMPOSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA FIRMADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. A aquisição de matériaprima e/ou insumo não tributados ou sujeitos à alíquota zero, utilizados na industrialização de produto tributado pelo IPI, não enseja direito ao creditamento do tributo pago na saída do estabelecimento industrial, exegese que se coaduna com o princípio constitucional da não cumulatividade (Precedentes oriundos do Pleno do Supremo Tribunal Federal: (RE 370.682, Rel. Ministro Ilmar Galvão, julgado em 25.06.2007, DJe165 DIVULG 18.12.2007 PUBLIC 19.12.2007 DJ 19.12.2007; e RE 353.657, Rel. Ministro Marco Aurélio, julgado em 25.06.2007, DJe041 DIVULG 06.03.2008 PUBLIC 07.03.2008). 2. É que a compensação, à luz do princípio constitucional da nãocumulatividade (erigido pelo artigo 153, § 3º, inciso II, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988), dar seá somente com o que foi anteriormente cobrado, sendo certo que nada há a compensar se nada foi cobrado na operação anterior. 3. Deveras, a análise da violação do artigo 49, do CTN, revela se insindicável ao Superior Tribunal de Justiça, tendo em vista sua umbilical conexão com o disposto no artigo 153, § 3º, inciso II, da Constituição (princípio da nãocumulatividade), matéria de índole eminentemente constitucional, cuja apreciação incumbe, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal. 4. Entrementes, no que concerne às operações de aquisição de matériaprima ou insumo não tributado ou sujeito à alíquota zero, é mister a submissão do STJ à exegese consolidada pela Excelsa Corte, como técnica de uniformização jurisprudencial, instrumento oriundo do Sistema da Common Law e que tem como desígnio a consagração da Isonomia Fiscal. 5. Outrossim, o artigo 481, do Codex Processual, no seu parágrafo único, por influxo do princípio da economia processual, determina que "os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário, do Supremo Tribunal Federal sobre a questão". 6. Ao revés, não se revela cognoscível a insurgência especial atinente às operações de aquisição de matériaprima ou insumo isento, uma vez pendente, no Supremo Tribunal Federal, a discussão acerca da aplicabilidade, à espécie, da orientação firmada nos Recursos Extraordinários 353.657 e 370.682 (que Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10980.001180/200527 Acórdão n.º 3302004.956 S3C3T2 Fl. 5 7 versaram sobre operações não tributadas e/ou sujeitas à alíquota zero) ou da manutenção da tese firmada no Recurso Extraordinário 212.484 (Tribunal Pleno, julgado em 05.03.1998, DJ 27.11.1998), problemática que poderá vir a ser solucionada quando do julgamento do Recurso Extraordinário 590.809, submetido ao rito do artigo 543B, do CPC (repercussão geral). 7. In casu, o acórdão regional consignou que: "Autorizase a apropriação dos créditos decorrentes de insumos, matériaprima e material de embalagem adquiridos sob o regime de isenção, tão somente quando o forem junto à Zona Franca de Manaus, certo que inviável o aproveitamento dos créditos para a hipótese de insumos que não foram tributados ou suportaram a incidência à alíquota zero, na medida em que a providência substancia, em verdade, agravo ao quanto estabelecido no art. 153, § 3°, inciso II da Lei Fundamental, já que havida opção pelo método de subtração variante imposto sobre imposto, o qual não se compadece com tais creditamentos inerentes que são à variável base sobre base, que não foi o prestigiado pelo nosso ordenamento constitucional." 8. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1.134.903/SP; Relator: Ministro Luiz Fux; Data do julgamento: 09.06.2010) (grifos não constam no original) E o precedente, acima colacionado, está em total conformidade a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que assim decidiu no RE 398.365/RS, em regime de repercussão geral: Recurso extraordinário. Repercussão geral. 2. Tributário. Aquisição de insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero. 3. Creditamento de IPI. Impossibilidade. 4. Os princípios da não cumulatividade e da seletividade, previstos no art. 153, § 3º, I e II, da Constituição Federal, não asseguram direito de crédito presumido de IPI para o contribuinte adquirente de insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero. Precedentes. 5. Recurso não provido. Reafirmação de jurisprudência. (RE 398.365/RS; Relator: Gilmar Mendes; Data da sessão: 27/08/2015) (grifos não constam no original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Fl. 164DF CARF MF 8 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Diante do exposto, rejeitase a argumentação e mantémse a decisão da DRJ/Ribeirão Preto. 2.2. Energia elétrica A Recorrente pleiteia pelo creditamento da energia elétrica como insumo, cita precedentes dos tribunais superiores, que reconhecem a utilização da energia elétrica na indústria metálica, afirmando que deve ser aplicada à indústria plástica, e faz uma analogia ao ICMS. Há que se esclarecer que a energia elétrica não é considerada matériaprima (MP), produto intermediário (PI) e material de embalagem (ME). Ademais, conforme expôs o acórdão da DRJ/Ribeirão Preto, fls. 111: É insofismável, estreme de dúvidas, que a energia elétrica, apesar da importância no processo industrial, não pode ser reputada como matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem. A energia elétrica é insumo que se enquadra, em contrapartida, como gastos gerais de fabricação, ou custos indiretos, incorridos na produção. Inexiste contato direto com o produto em fabricação, ou incorporação a este. Por tal motivação, mantémse o acórdão da DRJ. 3. Conclusão Diante do exposto, conheço o recurso voluntário e, no mérito, nego provimento. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10980.001180/200527 Acórdão n.º 3302004.956 S3C3T2 Fl. 6 9 Fl. 166DF CARF MF
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Numero do processo: 10835.901970/2009-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002
MATÉRIAS NÃO PROPOSTAS EM MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. APRESENTAÇÃO EM RECURSO AO CARF. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO.
As matérias não propostas em sede de manifestação de inconformidade não podem ser deduzidas em recurso ao CARF em razão da perda da faculdade processual de seu exercício, configurando-se a preclusão consumativa, a par de representar, se admitida, indevida supressão de instância.
Numero da decisão: 1302-002.612
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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IRPJ. ATIVIDADE HOSPITALAR. Recorrente LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA E CITOPATOLOGIA S/S LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 MATÉRIAS NÃO PROPOSTAS EM MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. APRESENTAÇÃO EM RECURSO AO CARF. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO. As matérias não propostas em sede de manifestação de inconformidade não podem ser deduzidas em recurso ao CARF em razão da perda da faculdade processual de seu exercício, configurandose a preclusão consumativa, a par de representar, se admitida, indevida supressão de instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 90 19 70 /2 00 9- 10 Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10835.901970/200910 Acórdão n.º 1302002.612 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso apresentado em relação ao Acórdão nº 1432.276, proferido pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo, e cuja ementa é a seguinte: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2002 DCOMP. CRÉDITO. INDEFERIMENTO. Pendente, nos autos, a comprovação do crédito indicado na declaração de compensação formalizada, impõese o seu indeferimento. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional." O sujeito passivo apresentou o Pedido Eletrônico de Restituição/Declaração de Compensação (PER/DComp) nº 01738.75507.090806.1.3.040820, por meio do qual compensa suposto crédito de sua titularidade, referente a pagamento indevido ou a maior a título de IRPJ, período de apuração de janeiro de 2002, com débito(s) relativo(s) à Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e à Contribuição ao Programa de Integração Social (PIS/Pasep), período de apuração de julho de 2006. Por meio do Despacho Decisório a citada compensação não foi homologada, por inexistência do alegado crédito. Foi apresentada Manifestação de Inconformidade, na qual o sujeito passivo se limita a alegar a existência do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) que embasaria o crédito compensado via PER/Dcomp. O Acórdão recorrido entendeu que não foram comprovadas a liquidez e certeza necessárias para haver o reconhecimento do direito creditório. Regularmente intimado, o sujeito passivo apresentou Recurso Voluntário, por meio do qual sustenta que: a) o motivo da compensação pelo contribuinte é o desenvolvimento de atividade hospitalar; b) o Fisco, ao homologar várias compensações promovidas sob os mesmos fundamentos, reconheceu o direito da Recorrente à aplicação da alíquota de 8% incidente sobre a receita bruta na apuração do IRPJ sobre o lucro Presumido; Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10835.901970/200910 Acórdão n.º 1302002.612 S1C3T2 Fl. 4 3 c) a Recorrente está cadastrada sob a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 8640202 "Laboratórios clínicos"; d) tal atividade corresponde à designada na atribuição 4, mencionada no art. 27, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 539, de 25 de abril de 2005, que, por sua vez, reportase à Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), parte II, subitem 2.1, atribuição 4, tópico 4.4, "Anatomia patológica e citopatologia"; e) à luz dos documentos apresentados, a Recorrente atende à legislação relativa à definição de "serviços hospitalares"; f) o Acórdão recorrido "contraria as conclusões de procedimento fiscal realizado pela própria Receita Federal (Termo de Verificação Fiscal nº 0810500200700032 2), no qual se reconheceu que a Recorrente atende às exigências legais e regulamentares concernentes à referida condição e, portanto, faz jus ao percentual diferenciado para apuração do lucro presumido na prestação de seus serviços"; g) a exigência do Fisco de exigir estrutura permanente e de funcionamento ininterrupto para atender casos de internação de pacientes é ilegal e inconstitucional; h) eventuais dúvidas foram dissipadas com a edição de Instruções Normativas, da Solução de Divergência nº 11, de 21 de julho de 2003, e do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 18, de 23 de outubro de 2003, que considerou "serviços hospitalares" aqueles prestados por pessoas jurídicas diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde, que possuam estrutura física condizente para a execução, dentre outras atividades, da relativa à anatomia patológica; i) igualmente, considerarseia serviços hospitalares os prestados pelos estabelecimentos assistenciais de saúde constituídos por empresários ou sociedades empresárias, cujos serviços sejam prestados não apenas pelos sócios, mas provenham de uma atividade empresarial (organização de fatores intelectuais e materiais visando ao lucro); j) apenas nos casos em que a receita provém, unicamente, do trabalho intelectual e pessoa dos sócios, o percentual aplicável será o de 32%; k) as Instruções Normativas que regulamentaram a matéria em comento acabaram por imputar requisitos subjetivos contrários ao art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; l) ainda assim, a estrutura da Recorrente atende a todas as normas acima referidas, conforme citado Termo de Verificação Fiscal; m) o Superior Tribunal de Justiça, por meio do julgamento do REsp nº 1.141.299/SC, consolidou o seu posicionamento no sentido de que os arts. 15, §1º, III, "a", e 20, da Lei nº 9.249, de 1995, explicitamente concede o benefício fiscal de forma objetiva, com foco nos serviços prestados, e não no contribuinte que os executa; n) por fim, requer que, para contrapor fatos trazidos na decisão combatida, por ocasião do julgamento do recurso voluntário, sejam requisitadas informações ou cópias do Termo de Verificação Fiscal nº 08105002007000322 / DRF Presidente Prudente (SP). É o Relatório. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10835.901970/200910 Acórdão n.º 1302002.612 S1C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.563, de 22.02.2017, proferido no julgamento do processo nº 10835.901867/200961, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.563): O sujeito passivo foi cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 30 de março de 2011 (fl. 23), tendo apresentado recurso em 27 de abril de 2011 (fls. 24 a 56), dentro, portanto, do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, aplicável por força do art. 74, §§10 e 11, da Lei nº 9.430, de 27 de março de 1996. O Recurso é assinado por sócioadministrador, com poder de representação, conforme fls. 48 a 55. A matéria objeto do Recurso está contida na competência da 1ª Seção de Julgamento do CARF, conforme Art. 2º, inciso I, e Art. 7º do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RI/CARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. Ocorre que o cotejo entre a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo (fl. 11) e o recurso ora tratado permite a constatação de que todas as matérias contidas neste último apelo não foram trazidas naquela primeira peça. Nos termos da legislação de regência do processo administrativo fiscal, a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento, devendo dela constar todos os motivos de fato e de direito em que se fundamentam os pontos de discordância e as razões e provas das alegações (arts. 14 e 16 do Decreto nº 70.235, de 1972). Ou seja, é nesse instante em que se delimita a matéria objeto do contencioso administrativo, não sendo admitido ao contribuinte e à autoridade ad quem tratar de matéria não questionada por ocasião da impugnação, sob pena de supressão de instância e violação ao princípio do devido processo legal. Admitemse, contudo, algumas exceções à essa regra de preclusão consumativa. Em primeiro lugar, são admitidas as provas apresentadas em momento posterior, desde que presente alguma das hipóteses trazidas pelo §4º do referido art. 16 do Decreto nº 770.235, de 1972 (impossibilidade de apresentação oportuna, por motivo de força maior; fato ou direito superveniente; contraposição de fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos). Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10835.901970/200910 Acórdão n.º 1302002.612 S1C3T2 Fl. 6 5 A par disso, também são excepcionadas as matérias que possam ser conhecidas de ofício pelo julgador, a exemplo das matérias de ordem pública. Todas as conclusões acima expostas em relação à impugnação são aplicáveis à manifestação de inconformidade contra a não homologação de compensação, em decorrência do art. 74, §§9º e 11, da Lei nº 9.430, de 27 de março de 1996. É patente que as matérias e provas trazidas no recurso de fls. 24 a 56 não se encaixam nas exceções acima tratadas, de modo que se torna imperioso o reconhecimento da preclusão do direito do Recorrente em trazêla aos autos neste momento, quando deveriam ter sido alegadas na manifestação de inconformidade. Tratando da preclusão consumativa, Fredie Didier Jr (Curso de Direito .Processual Civil, 18a ed, Salvador: Ed. Juspodium, 2016. Vol. 1, p. 432) assim leciona: "A preclusão consumativa consiste na perda de faculdade/poder processual, em razão de essa faculdade ou esse poder já ter sido exercido, pouco importa se bem ou mal. Já se praticou o ato processual pretendido, não sendo possível corrigilo, melhorálo ou repetilo. A consumação do exercício do poder o extingue. Perdese o poder pelo exercício dele." É exatamente o caso dos presentes autos. Se o Recorrente se limitou, em sua Manifestação de Inconformidade, a alegar a existência do Darf que motivou a Declaração de Compensação, sem explicitar minimamente a composição do suposto crédito que ensejou a compensação, não pode, em sede de Recurso ao CARF, inovar completamente os seus argumentos de defesa, para traz matéria que poderia, e deveria, ter sido oposta naquele primeiro recurso. A questão se relaciona ainda com a extensão do efeito devolutivo dos recursos, sobre a qual o mesmo autor (Curso de Direito Processual Civil, 13a ed, Salvador: Ed. Juspodium, 2016. Vol. 3, p. 143) se manifesta nos seguintes termos: "A extensão do efeito devolutivo significa delimitar o que se submete, por força do recurso, ao julgamento do órgão ad quem. A extensão do efeito devolutivo determinase pela extensão da impugnação: tantum devolutum quantum apellatum. O recurso não devolve ao tribunal o conhecimento de matéria estranha ao âmbito do julgamento (decisão) a quo. Só é devolvido o conhecimento da matéria impugnada (art. 1.013, caput, CPC)." Há diversos precedentes, no âmbito de todas as Seções deste Conselho, bem como da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que concluem pelo reconhecimento da preclusão consumativa em relação às matérias não apreciadas pelo julgado a quo. Apenas para citar algumas mais recentes: "PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO. É o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a seu pedido ou defesa, conforme o caso, e instruílo com as provas documentais pertinentes, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão precluem. Há hipóteses de exceção para tal preclusão, a exemplo (i) das constantes dos Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10835.901970/200910 Acórdão n.º 1302002.612 S1C3T2 Fl. 7 6 incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 e (ii) de quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet. Não ocorrência de tais hipóteses de exceção no caso concreto. Não se conhece de recurso voluntário que traz exclusivamente argumentos novos, não aventados na manifestação de inconformidade.Recurso Voluntário Não Conhecido." (Acórdão nº 1401002.047 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção, de 16 de agosto de 2017, Relatora Conselheira Lívia de Carli Germano) "ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ARTIGO 170 DO CTN. Em processos que decorrem da não homologação de declaração de compensação, o ônus da prova recai sobre o contribuinte, que deverá apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito (artigo 170, do CTN). MOMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Seguindo o disposto no artigo 16, inciso III e parágrafo 4º, e artigo 17, do Decreto nº 70.235/1972, a regra geral é que seja apresentada no primeiro momento processual em que o contribuinte tiver a oportunidade, seja na apresentação da impugnação em processos decorrentes de lançamento seja na apresentação de manifestação de inconformidade em pedidos de restituição e/ou compensação, podendo a prova ser produzida em momento posterior apenas de forma excepcional, nas hipóteses em que "a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos", sob pena de preclusão." (Acórdão nº 3401004.146 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção, de 24 de outubro de 2017, Relator Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco) "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º da Instrução Normativa da RFB nº 1.300/2012.Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazêlo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72." (Acórdão nº 9303005.208 3ª Turma, Câmara Superior de Recursos Fiscais, de 20 de junho de 2017, Relatora Conselheira Vanessa Marini Cecconello) Isto posto, voto pelo não conhecimento do recurso do sujeito passivo. Fl. 68DF CARF MF Processo nº 10835.901970/200910 Acórdão n.º 1302002.612 S1C3T2 Fl. 8 7 No presente processo a ciência da decisão de primeira instância deuse em 30 de março de 20111, e o recurso voluntário foi apresentado em 27 de abril de 2011. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 69DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.923162/2012-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do Fato Gerador: 18/01/2008
CIÊNCIA A ADVOGADO REPRESENTANTE DO CONTRIBUINTE.
No processo administrativo fiscal não pode o advogado receber intimação, notificação e outras mensagens que por expressa disposição legal cabe ao contribuinte seu cumprimento ou conhecimento.
AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL OU MATERIAL. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a valoração em Per/Dcom, despacho decisório ou acórdão recorrido que atendem os requisitos formais, apresentam clara descrição dos fatos, correta capitulação legal e razões de decidir, especialmente, se ao sujeito passivo foi oportunizado adequadamente o contraditório e o direito de defesa.
COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. MORA
Na forma da legislação de regência, no procedimento de compensação tanto os créditos quanto os débitos sofrem a correspondente incidência de acréscimos legais por ocasião do encontro de contas (valoração), resultando sempre em desequilíbrio quando presente a mora.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.862
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araujo, Lenisa R. Prado e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Dèrouléde - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus e Lenisa Rodrigues Prado. Ausente, justificadamente, a Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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DCOMP TRANSMITIDA APÓS VENCIMENTO DO DÉBITO. Recorrente ESPN DO BRASIL EVENTOS ESPORTIVOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do Fato Gerador: 18/01/2008 CIÊNCIA A ADVOGADO REPRESENTANTE DO CONTRIBUINTE. No processo administrativo fiscal não pode o advogado receber intimação, notificação e outras mensagens que por expressa disposição legal cabe ao contribuinte seu cumprimento ou conhecimento. AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL OU MATERIAL. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a valoração em Per/Dcom, despacho decisório ou acórdão recorrido que atendem os requisitos formais, apresentam clara descrição dos fatos, correta capitulação legal e razões de decidir, especialmente, se ao sujeito passivo foi oportunizado adequadamente o contraditório e o direito de defesa. COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. MORA Na forma da legislação de regência, no procedimento de compensação tanto os créditos quanto os débitos sofrem a correspondente incidência de acréscimos legais por ocasião do encontro de contas (valoração), resultando sempre em desequilíbrio quando presente a mora. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araujo, Lenisa R. Prado e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dèrouléde Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 31 62 /2 01 2- 55 Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10880.923162/201255 Acórdão n.º 3302004.862 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus e Lenisa Rodrigues Prado. Ausente, justificadamente, a Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza. Relatório A recorrente acima qualificada apresentou Declaração de Compensação pleiteando a compensação de débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela RFB com créditos decorrentes de pagamento supostamente indevido ou a maior. Por meio de Despacho Decisório emitido pela DERATSP, a compensação declarada não foi homologada na sua totalidade, tendo em vista que o valor do pagamento tido como origem do crédito pretendido revelouse insuficiente para quitar os débitos informados no PER/DCOMP. Na Manifestação de Inconformidade apresentada, a contribuinte salienta que sempre cumpriu com suas obrigações tributárias, recolhendoas nos seus devidos prazos ou por força maior, com os devidos encargos legais, por isso discorda do débito cobrado no Despacho Decisório. Diz ser detentora de crédito decorrente de pagamento supostamente indevido ou a maior, que foi utilizado para compensar débito no mesmo valor, cuja data de vencimento é a mesma do recolhimento. Lembra que não se apropriou de juros pela taxa Selic sobre os valores declarados em Per/Dcomp e não imputou multa e juros sobre os débitos compensados porque são do mesmo período de apuração. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06045.326. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que, na compensação declarada pelo sujeito passivo, os débitos sofrem a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da Declaração de Compensação, na forma da legislação de regência. Cientificada daquela decisão a Recorrente apresentou recurso voluntário, onde alega em síntese que: · existe nulidade do despacho decisório e do acórdão recorrido por ausência de motivação, dada a generalidade da fundamentação sem aferir o real motivo do indeferimento ou o equívoco cometido pela recorrente, com consequente cerceamento do direito de defesa; · o despacho que não homologa o pedido de compensação deve conter, tal qual o auto de infração, a descrição do fato, disposição legal infringida e multa aplicável; · não houve prejuízo para o Erário, pois apenas houve erro na rubrica no DARF, e não atraso no recolhimento; · a cobrança de multa de mora sem atraso no recolhimento constitui enriquecimento sem causa Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10880.923162/201255 Acórdão n.º 3302004.862 S3C3T2 Fl. 4 3 · não há que se falar em juros de mora uma vez que, no caso, o período de apuração é o mesmo para o crédito e o débito. · subsidiariamente solicita diligência para reexame dos documentos; · reitera a necessidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário em análise , finalmente · solicita que a advogada da causa seja intimada e informada de todas as publicações sob pena de arguição de nulidade. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.825, de 25 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.923119/201290, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.825): "O Recurso deve ser conhecido por ter sido apresentado tempestivamente e atender os demais pressupostos e requisitos de admissibilidade. Do pedido do subscritor do recurso (advogada) para recebimento de futuras publicações/intimações no endereço por ela indicado. No Processo Administrativo Fiscal PAF o artigo 10 do Decreto nº 7.574 estabelece as formas de intimação sempre direcionadas ao próprio contribuinte. Por sua vez o artigo 26 e seguintes da Lei nº 9.784, de 1999 Processo Administrativo Federal também não prevê que o advogado possa ser comunicado dos atos de interesse do administrado que em última instância é quem sofrerá seus efeitos. Atentese, ainda, que a intimação em sede de PAF é de competência da RFB não havendo pronunciamento normativo do CARF amparando a pretensão, assim sendo, indefiro o pedido. Do alegado cerceamento ao direito de defesa Sem razão a Recorrente. O Despacho Decisório de fl, 17, assim como a Decisão recorrida estão perfeitamente fundamentados, com enquadramento legal, descrição dos fatos e cálculo da valoração (detalhamento da compensação, valores devedores e Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10880.923162/201255 Acórdão n.º 3302004.862 S3C3T2 Fl. 5 4 emissão de DARF, fl. 11), portanto não há que se falar em nulidade de atos ou cerceamento ao direito de defesa. Mérito Cuida o presente processo de erro cometido pela Recorrente no preenchimento de código em DARF pago, cujo valor a Recorrente deseja aproveitar para pagamento do débito correspondente ao código/tributo correto sem, entretanto, sofrer os acréscimos legais da multa de mora. A recorrente não alega qualquer tipo de erro nos débitos nem há notícia de que os mesmos não tenham sido informados nas correspondentes declarações entregues antes do PerDcomp, assim sendo, os fatos mostramse incontroversos e dispensam diligência. Não se vislumbra incorreção no procedimento da RFB na análise do PerDcomp que culminou com cobrança de débitos indevidamente compensados em virtude do contribuinte não ter considerado a multa de mora no pagamento/compensação dos débitos. Pois bem, um tributo só é considerado efetivamente pago, total ou parcialmente, quando o sistema de dados da Fazenda Nacional compara o código informado no DARF com o correspondente código do débito informado em declaração específica e faz a vinculação entre ambos. Caso contrário o valor recolhido equivocadamente permanece "em aberto" como crédito e não como pagamento, podendo por isso ser restituído acrescido dos juros compensatórios. Por outro lado o débito formalmente declarado, que não corresponde ao código informado equivocadamente no DARF, continua sem quitação e a sofrer os acréscimos de juros e multa de mora. Optando ou não a contribuinte pela compensação, sempre haverá cobrança de mora se o débito não foi formalmente liquidado na data do vencimento, independente de quando tenha sido realizado o pagamento indevido. A sistemática de análise de PerDcomp não altera essas duas situações distintas e independentes (pagamento indevido e pagamento em atraso), pois ela apenas faz o encontro de contas na data da entrega do PerdComp, momento da valoração do crédito para restituição e automática conversão em pagamento do débito em aberto, total ou parcialmente, mediante compensação. Repitase que este encontro de contas sempre será desfavorável ao contribuinte tendo em vista que o código do débito1, 1 Lei 9.430, de 1996 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10880.923162/201255 Acórdão n.º 3302004.862 S3C3T2 Fl. 6 5 correspondente ao código correto que deveria constar no DARF, não foi encontrado pelo sistema e assim o débito em aberto sofre acréscimos da multa de mora diária mais juros de mora mensais até a data a entrega do Perdcomp, enquanto que (ii) o crédito2 a ser restituído e compensando sofre somente os juros compensatórios mensais, calculados também até a data da entrega do PerDcomp. Em resumo, se no momento da valoração, ou seja na data da transmissão da PerDcomp, o débito que se buscou compensar já estava sujeito a acréscimos moratórios, e o crédito com seus acréscimos não foram suficientes para quitálos, então a compensação é homologada parcialmente e o saldo residual do débito considerado indevidamente compensado, exigindose, em consequência, seu pagamento com os acréscimos legais3. A mesma sistemática se repete em sucessivos PerDcomp quando existe saldo residual de crédito na compensação homologada a ser aproveitado em outro(s) PerdComp. A situação parece injusta mormente porque o pagamento indevido ou a maior decorre em regra de um erro do contribuinte que não pretendia ficar em mora, porém não é o caso de se aplicar o art. 108 do CTN, pois verificase que não foi a RFB que deu causa ao erro. Ademais, mesmo sem levar em consideração os transtornos e custos que os erros causam à administração, há de se observar ainda que o julgador administrativo está vinculado à lei, ainda na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. 2 Art. 72. O crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou reembolso, será restituído, reembolsado ou compensado com o acréscimo de juros Selic para títulos federais, acumulados mensalmente, e de juros de 1% (um por cento) no mês em que: II houver a entrega da Declaração de Compensação ...; § 1º No cálculo dos juros de que trata o caput, observarseá, como termo inicial da incidência: (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 973, de 27 de novembro de 2009) III na hipótese de pagamento indevido ou a maior: c) o mês subseqüente ao do pagamento, se este tiver sido efetuado após 31 de dezembro de 1997; 3 Lei nº 9.430 /1996 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito... § 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) IN 900/2009 Art. 38. O tributo objeto de compensação não homologada será exigido com os respectivos acréscimos legais. Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10880.923162/201255 Acórdão n.º 3302004.862 S3C3T2 Fl. 7 6 que esta reflita apenas aspectos sobre cumprimento dos prazos e forma de apuração dos valores, e assim não pode deixar de reconhecer a aplicação destas formalidades legais utilizadas para cálculo da restituição de pagamentos indevidos e para cobrança de débitos vencidos, independente deste tipo de erro cometido pela contribuinte que o deixou em mora. Não se vislumbra ilegalidade no procedimento da Receita Federal e tampouco enriquecimento ilícito da União, pois decorrente da lei. Conclusão Diante de tudo que foi exposto, rejeito a preliminar arguida, e no mérito nego provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o(s) débito(s) que se procuravam compensar já se encontravam vencidos na data em que foi transmitida a DCOMP inicial. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 145DF CARF MF
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Numero do processo: 10680.009377/2002-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1998 PERC. Para fins de deferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (PERC), a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindo-se a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72 (ENUNCIADO 37 DA SUMULA DO CARF). Recurso Voluntário Provido em parte.
Numero da decisão: 1402-000.668
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para determinar o retorno dos autos à Unidade de origem para prosseguimento na análise do PERC, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF (ação fiscal) - Instituição Financeiras (Todas)
Nome do relator: Antônio José Praga de Souza
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1998 PERC. Para fins de deferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (PERC), a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindo-se a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72 (ENUNCIADO 37 DA SUMULA DO CARF). Recurso Voluntário Provido em parte.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1822; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 1 1 0 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.009377/200246 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 140200.668 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 4 de agosto de 2011 Matéria IRPJ PERC Recorrente ITAUSEG HOLDING S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1998 PERC. Para fins de deferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (PERC), a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindose a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72 (ENUNCIADO 37 DA SUMULA DO CARF). Recurso Voluntário Provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para determinar o retorno dos autos à Unidade de origem para prosseguimento na análise do PERC, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 19/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 19/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 19/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10680.009377/200246 Acórdão n.º 140200.668 S1C4T2 Fl. 0 2 Relatório ITAUSEG HOLDING S/A com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF), recorre a este Conselho contra a decisão de primeira instância administrativa, que confirmou o despacho decisório da DEINF/SP e indeferiu seu pleito. Transcrevo e adoto o relatório da decisão recorrida: Trata o presente processo de Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais – PERC, relativo ao ano calendário de 1998, exercício de 1999, formulado em 20/05/2002, pela empresa acima identificada (fls. 01). Conforme dados constantes da ficha 10 – Aplicações em Incentivos Fiscais da Declaração de Rendimentos (fls. 36), a contribuinte destinou parcela do imposto de renda recolhido para aplicação no FINOR. A solicitação da contribuinte foi motivada porque os incentivos fiscais destinados na Declaração de Rendimentos não foram confirmados pela Receita Federal. Ocorre que o PERC foi indeferido, conforme despacho decisório da DIORT/DEINF/SP de 14/02/2006 (fls.117/120), nos seguintes termos: “(...) DECIDO INDEFERIR o pedido de revisão de ordem de emissão adicional de incentivos fiscais relativo ao IRPJ/98, formulado pelo interessado, em decorrência da vedação legal estabelecida pelo art.60 da Lei nº 9.069/95”. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, protocolizada em 30/03/2006 (fls.122/125), alegando em síntese que: 1. Analisando os débitos envolvidos nas listagens fornecidas pela SRF e PGFN, verificase que todos eles são plenamente justificáveis e não podem impedir a liberação do incentivo fiscal, conforme o demonstrativo de fls.153/154, em que se apresentam as justificativas de cada um dos débitos (fls.155/178), numerados e identificados na listagem SINCOR emitida em 03/03/2006 (fls.179/198), ficando evidente que nenhum deles poderia obstar a liberação do incentivo fiscal. 2. Ou seja, todos os débitos mencionados pelo julgador estão sendo analisados pelas autoridades competentes. Vale dizer, alguns desses supostos débitos estão com a exigibilidade suspensa e, portanto, até que a Procuradoria da Fazenda Nacional aprecie a documentação juntada pela recorrente, não há que se falar em débito de tributo ou contribuição que impeça o exercício dos direitos e o uso dos benefícios concedidos (investimento em incentivo fiscal). A decisão recorrida está assim ementada: INCENTIVO FISCAL. FINOR. REQUISITOS. A falta de comprovação da quitação de tributos e contribuições federais, pelo contribuinte, impede o reconhecimento ou a concessão de benefícios ou incentivos fiscais.Cientificada da aludida decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual contesta as conclusões do acórdão recorrido, repisa as alegações da peça impugnatória e, ao final, requer o provimento. Solicitação Indeferida Fl. 4DF CARF MF Emitido em 19/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 19/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 19/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10680.009377/200246 Acórdão n.º 140200.668 S1C4T2 Fl. 0 3 No voto condutor do acórdão de 1a. instância destacamse os seguintes fundamentos: Pois bem, o referido despacho decisório da DIORT/DEINF/SP verificou justamente o atendimento dessa condição, conforme o texto de fls.119: Antes de apreciar o pleito do interessado quanto ao seu mérito convém verificar, em caráter preliminar, se o mesmo poderia usufruir o incentivo fiscal em questão, considerando o que dispõe a legislação que rege a matéria. Nesse intuito foram consultados o CADIN e os registros de regularidade mantidos pela SRF, PGFN, INSS e CEF/FGTS (fls.86/116). Tendo em vista que a verificação da regularidade fiscal da contribuinte possui uma natureza essencialmente dinâmica, o despacho decisório realizou uma análise atualizada da situação da contribuinte e concluiu que, em 14/02/2006, data de expedição do despacho decisório (fls.120), a contribuinte se encontrava em situação irregular. (...) Cumpre ressaltar que o despacho decisório foi taxativo e se referiu expressamente às irregularidades que deram causa ao indeferimento do PERC, conforme se depreende do item 9 de fls.119, in verbis: 9. A aludida consulta indica que o interessado está em situação irregular junto à PGFN (fls.99; 103; 105). Quanto à SRF verificase que a certidão negativa de débitos e contribuições federais mais recentemente expedida está expirada desde 29/08/2005, e no momento também é irregular sua situação junto a este órgão (fls.89/92; 94/97; 108/113), impedindoo de apresentar a comprovação atualizada da quitação de tributos e contribuições federais, com o que fica materializada a vedação prevista na legislação transcrita. Contudo, ao invés de tratar especificamente das irregularidades de fls. 99, 103 e 105 (PGFN), bem como daquelas de fls.89/92, 94/97 e 108/113 (SRF), a contribuinte trouxe esclarecimentos distintos, que não abrangeram a totalidade das irregularidades apontadas pelo despacho decisório, e se afastaram, inclusive, da lide ora em questão, ao se referir a outras irregularidades que nem mesmo foram objeto da auditoria descrita no item 9. (...) Da Conclusão Fica claro, assim, que os fundamentos do despacho decisório permaneceram inalterados, pois a contribuinte não demonstrou que estaria regular na data de 14/02/2006. Observase, no caso, uma nítida tentativa da manifestante de mudar o foco da questão em tela e transferila para uma outra data, definida ao livre alvitre da contribuinte. A manifestante postulou a intenção de enfrentar o despacho decisório, mas, ao apresentar seus argumentos, tratou de questões diversas, distintas da análise da regularidade fiscal na data de 14/02/2006. Cientificada, a contribuinte apresentou recurso voluntário no qual contesta as conclusão da decisão recorrida e, ao final, requer seja deferido o PERC. É o relatório. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 19/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 19/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 19/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10680.009377/200246 Acórdão n.º 140200.668 S1C4T2 Fl. 0 4 Voto Conselheiro Antonio Jose Praga de Souza, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Conforme relatado, tanto a DEINF como a DRJ deixaram de deferir o PERC tendo em vista a existência de débitos cuja exigibilidade não se encontrava suspensa à época das análises do PERC (14/02/2006). No que diz respeito ao preenchimento dos requisitos necessários à obtenção do benefício, digno de destaque é o disposto no art. 60, da Lei n° 9.069/95, que orienta a administração tributária nos procedimentos de reconhecimento de benefícios fiscais, a saber: "Art. 60. A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais." Não há dúvidas de que o contribuinte, para obter a concessão ou reconhecimento de um benefício fiscal deve estar quite com a Receita Federal. A controvérsia, diante da lacuna da lei, é o momento para sua aferição: i) sempre que se analisar o pedido, ii) no momento de sua concessão ou iii)quando o contribuinte pleiteia o benefício fiscal. É pacifico neste Conselho que o reconhecimento de qualquer benefício fiscal está subordinado à comprovação da regularidade fiscal na data da formulação do pedido, constante da DIPJ, e é sob este enfoque que deverá ser analisado o PERC apresentado pela contribuinte. Neste sentido, a Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, em acórdão da lavra da Conselheira Sandra Maria Faroni, entendeu que para fins de cumprimento do aludido art. 60, o momento em que se deve verificar a quitação de tributos e contribuições federais é o momento em que o contribuinte indica a opção em sua declaração de rendimentos. O enunciado nº 37 da súmula do CARF, estabelece: “Para fins de deferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (PERC), a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindose a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72”. (Grifei) Fl. 6DF CARF MF Emitido em 19/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 19/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 19/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 10680.009377/200246 Acórdão n.º 140200.668 S1C4T2 Fl. 0 5 Analisando os autos, verifico que realmente não foi realizada a verificação da condição fiscal da contribuinte dentro do que ficou estabelecido pela Súmula transcrita. A meu ver, não é mais possível aferir com certeza se no ano de 1999, quando o contribuinte fez a opção, atendia aos requisitos de regularidade fiscal. Pela análise que fiz nos autos há evidencias que sim. Diante dessa razoável dúvida e tendo em vista que a Receita Federal deveria ter feita a análise com base no ano de 1999, entendo que o pleito deve ser analisado superandose essa prejudicial. Novos débitos que surjam após a data da entrega da declaração influenciarão a concessão do benefício em anos calendários subseqüentes. In casu, verifico que nem a unidade de origem, nem a DRJ, apreciaram os demais requisitos para a concessão do incentivo. Pelo exposto, conheço e dou provimento ao recurso para determinar o retorno dos autos à unidade de origem, para prosseguir na análise do pedido de revisão, considerando que o contribuinte possuía regularidade fiscal na data da apresentação da DIPJ/1999 (ano calendário 1998). (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Fl. 7DF CARF MF Emitido em 19/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 19/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 19/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA
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Numero do processo: 10945.001070/2008-34
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1001-000.426
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa- Presidente.
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva Relatório Tratase Recurso Voluntário contra o acórdão, número 0633.821, da 7ª Turma da DRJ/CTA, o qual indeferiu a Manifestação de Inconformidade contra Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional, face à existência de atividade econômica AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 00 10 70 /2 00 8- 34 Fl. 72DF CARF MF 2 vedada (administração de obras) consoante o artigo 17, inciso XI, da Lei Complementar nº 123, de 2006. A ora recorrente apresentou uma impugnação ao referido termo. cuja decisão da DRJ foi contrária à manifestação de inconformidade, a qual reproduzo o voto: Voto Nacional. Com todo respeito ã afirmação da requerente, essa alegação não pode ser acatada, pois não há nada no presente processo que comprove a ocorrência da referida orientação. Ao contrario, o que ha nos autos são elementos que demonstram que o contribuinte tinha plena ciência da necessidade de efetuar nova solicitação de opção após a regularização das pendências inicialmente detectadas. Senão vejamos. Nas observações finais do Acompanhamento do Resultado da Solicitação de Opção (fls. 31), existe a seguinte orientação: “Na hipótese de existirem pendências” cadastrais no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, a pessoa jurídica deverá, após a regularização dessas pendências, se for do seu interesse ingressar no Simples Nacional, obrigatoriamente formalizar novamente sua opção pelo Simples Nacional até as 20 horas (horário de Brasília) do dia 31/01/2008. A não formalização da opção pelo Simples Nacional no prazo previsto implicará o não ingresso da pessoa jurídica neste regime" A atividade econômica constante do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ da empresa interessada foi alterada no inicio do anocalendário de 2008, deixando de ser "CNAE 43991/01 — administração de obras" e passando a ser "CNAE 41204/00 — construção de edifícios". Essa alteração foi efetivada nos sistemas da Receita Federal em 08/01/2008, em face de solicitação formulada pela empresa em 07/01/2008 (cf. consulta impressa ãs lis. 35). A atividade econômica que passou a constar no CNPJ da empresa não representa óbice ao ingresso no Simples Nacional, pois não está prevista em nenhum dos anexos da Resolução CGSN n° 6, de 18/06/2007. Assim, ao menos em tese, a pendência relativa à atividade econômica restou regularizada pela empresa interessada. Entretanto, conforme bem observou a autoridade fiscal que apreciou o pedido na Delegacia da Receita Federal de origem (fls. 37 a 39), à empresa interessada não efetuou nova solicitação de opção pelo Simples Nacional dentro do prazo previsto no art. 7, § 1, da Resolução CGSN n" 04, de 30/05/2007. A interessada alega que recebeu orientação do CAC da Delegacia da Receita Federal de Foz do Iguaçu no sentido de que não seria necessário efetuar nova solicitação de opção pelo Simples 0 Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional (fls. 14), por sua vez, contém orientação semelhante em suas parte final: Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10945.001070/200834 Acórdão n.º 1001000.426 S1C0T1 Fl. 3 3 "Caso a(s) pendência(s) acima relacionada(s) seja(in) regularizada(s) no período de 01/01/2008 a 31/01/2008, a pessoa jurídica devera se for do seu interesse ingressar no Simples Nacional, formalizar nova opção até às 20 horas (horário de Brasília) do dia 31 de janeiro de 2008. A não solicitação da opção pelo Simples Nacional no prazo previsto implicará o não ingresso da pessoa jurídica neste regime." Alem disso, é de se destacar que no presente caso a empresa interessada teve um lapso de tempo bem razoável para solicitar novamente a opção por meio do Portal do Simples Nacional na internet, pois sua alteração cadastral (mudança de CNAE) foi implementada pela Receita Federal no dia 08/01/2008 e o prazo para a opção era até o dia 31/01/2008. Nesse contexto, realmente não é justificável acatar o pedido de inclusão no Simples Nacional sem que a empresa interessada tenha efetuado nova solicitação de opção no prazo previsto no art. 7°, § 1", da Resolução CGSN n" 04, de 30/05/2007. Em relação à alegação de que pendências cadastrais não seriam fato impeditivo ao ingresso no Simples Nacional, cabe apenas esclarecer que, no presente caso, o que realmente impediu o ingresso da interessada no regime por meio da solicitação de opção inicialmente efetuada não foi a pendência cadastral em si, mas sim o fato que a referida pendência representava, qual seja, o exercício de atividade vedada, que configura impedimento ao ingresso no Simples Nacional em face da previsão expressa contida no art. 17 da Lei Complementar n° 123, de 14/12/2006. Ante o exposto, voto no sentido de considerar improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo o indeferimento do pedido de inclusão no Simples Nacional relativo ao ano calendário de 2008. Voto Conselheiro José Roberto Adelino da Silva Relator Inconformada, a recorrente apresentou o Recurso Voluntário, tempestivo, que apresenta os pressupostos de admissibilidade, previstos no Decreto 70.235/72, e, portanto, dele eu conheço. A Recorrente, em sede de preliminar argumenta, em seu Recurso, que teve o indeferimento de seu pedido de inclusão em 02/01/2008, e que o seu direito constitucional da ampla defesa (e do contraditório) foi ferido (artigo 5º, inciso XV, da Constituição Federal – CF). A seguir, argumenta: Fl. 74DF CARF MF 4 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10945.001070/200834 Acórdão n.º 1001000.426 S1C0T1 Fl. 4 5 No mérito, a Recorrente argumentou, em síntese, que: · O indeferimento decorreu de pedido efetuado fora do prazo, desconsiderando a autoridade o pedido apresentado em 02/01/2008; · Havia sido impedida por constar atividade vedada, em seu contrato social, mesmo não a exercendo; · Alterou o contrato social, embora entendesse ser desnecessário, já que não exercia a atividade vedada; · Recebeu a orientação do CAC, de Foz do Iguaçu, que não havia a necessidade de efetuar um novo pedido; · A justiça já se manifestou sobre as matérias argüidas (decisões do TRF da 4ª Região): Fl. 76DF CARF MF 6 · Afirma que a restrição cadastral não é matéria impeditiva à opção pelo Simples Nacional; · Já havia a opção efetuada em 02/01/2008 e que o indeferimento sem o contraditório e a ampla defesa trouxe prejuízo à recorrente pois ela poderia demonstrar que não exercia as atividades descritas em seu contrato social; e Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10945.001070/200834 Acórdão n.º 1001000.426 S1C0T1 Fl. 5 7 · Por último, requer que a recorrente seja incluída no Simples Nacional, com efeitos a partir de 01/01/2008. Em primeiro lugar, há que se rejeitar a preliminar, pois o Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional (TI) é bastante claro nas razões que lhe deu causa, indicando declaradamente as normas infringidas e quais as providências a serem tomadas pelo contribuinte para sanálas. Quanto à atividade ser secundária ou não ter sida exercida, está bem claro no Perguntas e Respostas do Simples Nacional, coletânea de diversas orientações do Comitê Gestor do Simples Nacional, que se houver no contrato social da empresa alguma atividade impeditiva, mesmo que não a exerça, estará impedida de optar. Ao ter o seu pedido indeferido, deveria a recorrente regularizar a pendência (como o fez) e novamente acessar o sistema para exercer sua opção, nos termos do artigo 7º, da Resolução CGSN 4/2007, afinal o pedido original havia sido indeferido e, portanto, para o seu ingresso no sistema, necessariamente, deveria novamente formalizar a sua opção. Esta informação, inclusive, consta, como bem dito pela DRJ, em seu acórdão, no próprio TI, como segue: Estabelecimento CNPJ: 07.332./48/000107 Atividade econômica vedada 03991/01) Administração de obras Fundamentação Legal: Lei Complementar n° 123, de 14/12/2006, art. 17, inciso Xl. A pessoa jurídica poderá impugnar o indeferimento da opção pelo Simples Nacional no prazo de trinta dias contados da data em que for feita a intimação deste Termo. A impugnação devera ser dirigida ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento com jurisdição sobre o domicilio tributário do contribuinte e protocolizada em qualquer unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Considerase feita a Intimação 15 dias contados da data do registro deste Termo. (Decreto n°70.235, de 6 de março de 1972, arts. 5°, 15, 17 e 23, § 2°, III. "V). Caso a(s) pendência(s) acima relacionada(s) seja(m) regularizada(s) no período de 01/01/2008 a 31/01/2008, a pessoa jurídica devera, se for de seu interesse Ingressar no Simples Nacional, formalizar nova opção ate as 20 horas (horário de Brasília) do dia 31 de janeiro de 2008. A não solicitação da opção pelo Simples Nacional no prazo previsto implicara o não ingresso da pessoa jurídica neste regime.(grifei). Portanto, voto por rejeitar a preliminar para, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, sem crédito em litígio. Fl. 78DF CARF MF 8 É como voto. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Fl. 79DF CARF MF
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Numero do processo: 10315.000323/2008-79
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. AUDITORIA EM PERÍODOS DISTINTOS. POSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO PELO MESMO AUDITOR-FISCAL. A fiscalização em períodos distintos pela mesma Autoridade Administrativa não induz à subsunção à norma proibitiva de que trata o parágrafo único do art. 15 da Portaria RFB nº 1.471/2007.
EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA ESTRANHA AO PROCESSO. PRECLUSÃO EM OUTROS FÓLIOS SEM REPERCUSSÃO NO CONTENCIOSO EM EXAME. O processo não pode funcionar como meio a nova discussão de matérias afastadas do objeto controvertido, quando preclusas em outras instâncias.
Numero da decisão: 1002-000.131
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado digitalmente)
Julio Lima Souza Martins - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima Souza Martins (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Ailton Neves da Silva e Leonam Rocha de Medeiros.
Nome do relator: JULIO LIMA SOUZA MARTINS
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. AUDITORIA EM PERÍODOS DISTINTOS. POSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO PELO MESMO AUDITOR-FISCAL. A fiscalização em períodos distintos pela mesma Autoridade Administrativa não induz à subsunção à norma proibitiva de que trata o parágrafo único do art. 15 da Portaria RFB nº 1.471/2007. EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA ESTRANHA AO PROCESSO. PRECLUSÃO EM OUTROS FÓLIOS SEM REPERCUSSÃO NO CONTENCIOSO EM EXAME. O processo não pode funcionar como meio a nova discussão de matérias afastadas do objeto controvertido, quando preclusas em outras instâncias.
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AUDITORIA EM PERÍODOS DISTINTOS. POSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO PELO MESMO AUDITORFISCAL. A fiscalização em períodos distintos pela mesma Autoridade Administrativa não induz à subsunção à norma proibitiva de que trata o parágrafo único do art. 15 da Portaria RFB nº 1.471/2007. EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA ESTRANHA AO PROCESSO. PRECLUSÃO EM OUTROS FÓLIOS SEM REPERCUSSÃO NO CONTENCIOSO EM EXAME. O processo não pode funcionar como meio a nova discussão de matérias afastadas do objeto controvertido, quando preclusas em outras instâncias. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado digitalmente) Julio Lima Souza Martins Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima Souza Martins (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Ailton Neves da Silva e Leonam Rocha de Medeiros. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 5. 00 03 23 /2 00 8- 79 Fl. 124DF CARF MF 2 Relatório Foram distribuídos os autos para análise de controvérsia envolvendo a cobrança de penalidade acessória, consubstanciada em multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Federais DCTF. In casu, há exigências vinculadas aos anos calendário de 2003, 2004, 2005 e 2006, perfazendo um total a pagar no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais) (efl. 3/11). Diante da constituição dos lançamentos, protocolouse impugnação (efls. 57/62) alegando em síntese: 1. Em sede preliminar, a configuração de impedimento de agente fiscal, considerando que haveria extinção do MPF, em face da abertura de nova fiscalização; 2. No mérito, trazse argumentos tendentes a justificar a permanência na sistemática de recolhimento pelo Simples, do qual a recorrente fora excluída por meio do ADE nº 08/2007 (efl. 42). A reclamação administrativa foi então conhecida, fazendo com que a 4ª Turma da DRJ/FOR proferise o Acórdão nº 0818.249 (efls. 100/104) que, por unanimidade de votos, determinou a manutenção integral das exigências. Ato contínuo, irresignada com a decisão a quo, a autuada interpôs recurso voluntário (efls. 111/118), reiterando os mesmos argumentos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Julio Lima Souza Martins Relator O recurso voluntário é tempestivo, portanto dele conheço. Preliminar continuidade do Mandado de Procedimento Fiscal Pugnase inicialmente pela nulidade de todo o procedimento de auditoria que resultou nos lançamentos tributários objurgados, na medida em que, para tanto, foram expedidos dois mandados de procedimento fiscal (16/08/2007 e 28/03/2008) levados a cabo pelo mesmo AuditorFiscal. A alegação é consubstanciada nos artigos 14 e 15 na Portaria RFB nº 1.471/2007, em virtude de os dispositivos em comento proibirem a expedição de novo mandado de procedimento fiscal, na hipótese de extinção de um anterior, em nome de um mesmo agente fiscal. Vejo que reside um equívoco nas conclusões defendidas pela requerente. Em verdade, a norma invocada é voltada a impedir que, diante de uma auditoria extinta versando sobre determinado tributo, determinada sobre certo período de apuração, atribuída a um Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10315.000323/200879 Acórdão n.º 1002000.131 S1C0T2 Fl. 3 3 auditorfiscal (destaco estes pontos), o mesmo servidor público seja designado a proceder nova auditoria contendo estritamente o mesmo objeto. Para tanto reproduzo: DA EXTINÇÃO DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL Art. 14. O MPF se extingue: I pela conclusão do procedimento fiscal, registrado em termo próprio, com a ciência do sujeito passivo; II pelo decurso dos prazos a que se referem os arts. 11 e 12. Parágrafo único. A ciência do sujeito passivo de que trata o inciso I do caput deverá ocorrer no prazo de validade do MPF. Art. 15. A hipótese de que trata o inciso II do art. 14 não implica nulidade dos atos praticados, podendo a autoridade responsável pela emissão do Mandado extinto determinar a emissão de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal. Parágrafo único. Na emissão do novo MPF de que trata este artigo, não poderá ser indicado o mesmo AFRFB responsável pela execução do Mandado extinto. A situação versada nos autos é completamente diferente. A despeito da designação para competência do procedimento ser a mesma, os MPF's que compõem o processo administrativo referemse a períodos de apuração distintos. A partir da extinção do primeiro MPF, haja vista o encerramento da ação fiscal referente ao período de 2002 a 2004, iniciouse uma nova auditoria para verificação do interregno entre 2003 e 2006. Ou seja, somente na hipótese encerramento da fiscalização por decurso de prazo (o que não ocorreu) haveria que se falar no proibitivo levantado pela recorrente. Ainda, para ser mais específico, as informações tabeladas a seguir exprimem a diferenciação: Mandado de Procedimento Fiscal Data Período auditado efl. 3.1.02.002007001499 16/08/2007 01/2002 a 12/2004 16 03.1.02.002008000151 28/03/2008 01/2003 a 12/2006 45 Com isso, não resta dúvidas acerca da legitimidade de ambos os procedimentos, posto que fundamentados em permissivos distintos, com existências independentes, não havendo como sustentar qualquer relação de continuidade ou mesmo identidade entre ambos. Mérito rediscussão da exclusão do simples Fl. 126DF CARF MF 4 Indo adiante, sustentamse questões direcionadas a rediscutir a exclusão do sistema integrado de recolhimento de tributos Simples Federal. A despeito de a exigibilidade das penalidades pelo atraso na entrega nas DCTF's terem por decorrência a exclusão do regime simplificado. Em termos processuais, o objeto da lide é restrito e bem definido: multas por atraso na entrega da DCTF. Com isso, não há espaço para arguir a procedência do banimento da modalidade de recolhimento simplificada. Mais que isso, conforme documentos acostados (efls. 42 e 99), a questão demandada já se encontra preclusa e arquivada por falta de impugnação no momento adequado, inexistindo, portanto, outros pontos a apreciar sobre tal matéria. Ante ao enfretamento de todas as questões apresentadas, voto por conhecer e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Julio Lima Souza Martins Fl. 127DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.720628/2009-41
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS.
INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS.
Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, trata-se de juros tributáveis.
Numero da decisão: 9202-006.415
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para aplicar o regime de competência ao cálculo do tributo devido, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes (relatora) e Patrícia da Silva, que lhe deram provimento, e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deu provimento parcial em maior extensão. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Júnior Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS. Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, tratase de juros tributáveis. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, para aplicar o regime de competência ao cálculo do tributo devido, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes (relatora) e Patrícia da Silva, que lhe deram provimento, e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deu provimento parcial em maior extensão. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 06 28 /2 00 9- 41 Fl. 347DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Júnior – Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pelo Contribuinte face ao acórdão 28022003.134, proferido pela 2ª Turma Especial / 2ª Seção de Julgamento. Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$ 177.130,55, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora, em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. O Contribuinte apresentou impugnação. A 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador/BA, às fls. 123/129, julgou procedente em parte a impugnação. O Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, fls. 133/220, alegando, entre outras, que o lançamento fiscal é improcedente; que o STF reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV recebidas pelos magistrados federais, isentando, assim, da contribuição previdenciária e do imposto de renda; que o Estado da Bahia abriu mão da arrecadação do IRRF que lhe caberia ao estabelecer no art. 3º da Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, a natureza indenizatória da verba paga, sendo a União parte ilegítima para exigência de tal tributo; pondera que ainda que as diferenças de URV recebidas em atraso fossem consideradas como tributáveis, não caberia tributar os juros e correção monetária incidentes sobre elas, tendo em vista sua natureza indenizatória. Mesmo que tal verba fosse tributável, não caberia a aplicação da multa de ofício e juros moratórios, pois o autuado teria agido com boa fé, seguindo orientações da fonte pagadora, que por sua vez estava fundamentada na Lei Estadual Fl. 348DF CARF MF Processo nº 10580.720628/200941 Acórdão n.º 9202006.415 CSRFT2 Fl. 348 3 Complementar nº 20, de 2003, que dispunha acerca da natureza indenizatória das diferenças de URV. Requer o cancelamento do débito reclamado. Em sessão realizada em 23 de janeiro de 2013, a 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF determinou o sobrestamento do feito, tendo em vista o previsto no art. 62A, § 1º, Regimento Interno do CARF, Portaria MF 256, de 2009 e na Portaria nº 1, de 03 de janeiro de 2012 (art. 1º, Parágrafo Único), na medida em que o Recurso Extraordinário 614406/RS, o qual teve sua repercussão geral reconhecida 20/10/2010, e que ainda se encontra pendente de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, versa sobre matéria que em tese se assemelha ao presente caso. A 2ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 249/263, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, para tão somente excluir a multa de ofício. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 ALEGAÇÃO DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO. FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. DESNECESSIDADE DE REBATER TODOS OS ARGUMENTOS. OMISSÃO INEXISTENTE. O órgão julgador não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pelo impugnante, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. In casu, o acórdão de primeira instância enfrentou suficientemente a questão ventilada. ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal, uma vez que a atribuição de titularidade do produto da arrecadação do imposto de renda retido na fonte toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercute sobre a legitimidade da União Federal para exigir o imposto de renda sujeito ao ajuste anual. IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluílos, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12. Fl. 349DF CARF MF 4 REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO INCIDÊNCIA. Sujeitamse à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba. IRPF. JUROS DE MORA. PAGAMENTO FORA DO CONTEXTO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO. No caso dos autos a verba não foi recebida no contexto de rescisão de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, de forma que incide o imposto de renda sobre as parcelas intituladas juros de mora, conforme jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça STJ. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM RAZÃO DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MANIFESTADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ AO JULGAR O RESP 1.118.429∕SP. Em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento decorreu diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual deverseia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil, não se aplica, portanto, o entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça STJ no RESP 1.118.429∕SP. IRPF. VERBAS ISENTAS E TRIBUTADAS EXCLUSIVAMENTE NA FONTE. DOCUMENTOS EMITIDOS PELA FONTE PAGADORA COM INFORMAÇÕES DIFERENTES. ÔNUS DO RECORRENTE DE PROVAR SUAS ALEGAÇÕES. PREVALÊNCIA DE DOCUMENTO CONFORME ANÁLISE DOS AUTOS. PLEITO RECURSAL NÃO ATENDIDO. Cabe ao recorrente provas suas alegações. Ao juntar aos autos documento emitido pela fonte pagadora que contradiz outro de mesma origem, o recorrente tem o ônus de justificar a discrepância. Indeferese o pleito com base em análise comparativa de ambos os documentos que deu prevalência ao documento original em razão das deficiências do segundo. MULTA DE OFÍCIO. COMPROVANTE DE RENDIMENTOS COM ERRO. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL CONFORME OS COMPROVANTES EMITIDOS PELA FONTE PAGADORA. SÚMULA CARF Nº 73. Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. JUROS DE MORA. Sobre tributo pago em atraso incidem juros de mora conforme previsão legal, não sendo lícito ao julgador administrativo afastar a exigência. Fl. 350DF CARF MF Processo nº 10580.720628/200941 Acórdão n.º 9202006.415 CSRFT2 Fl. 349 5 TRIBUTAÇÃO DE VERBAS REMUNERATÓRIAS. ALEGAÇÃO DE CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAR ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Reputado que as verbas são remuneratórias e que o lançamento tem amparo em lei, não cabe ao CARF aferir inconstitucionalidade. Recurso provido em parte. Às fls. 277/320, o Contribuinte interpôs Recurso Especial de Divergência, alegando divergência jurisprudencial em relação à natureza indenizatória do abono variável pago aos membros do Ministério Público Estadual. Enquanto a decisão recorrida entendeu que, sobre o abono, incide o IRPF, haja vista o Supremo Tribunal Federal ter reconhecido a natureza indenizatória da verba paga apenas em relação aos membros do MP e Magistratura Federal, o primeiro acórdão paradigma considera que, em sentido contrário, não incide o IRPF em razão de uma interpretação extensiva justamente da decisão do STF, que considerou isenta verbas pagas aos membros da Magistratura Federal. Em pedido sucessivo, o Contribuinte apresentou uma segunda divergência jurisprudencial, demonstrando que o acordão paradigma defendeu o cancelamento do auto de infração por não utilização da forma correta para apuração do imposto supostamente devido, enquanto que o acórdão recorrido manteve a autuação originalmente feita sob o regime de caixa, excluindo da exigência fiscal tão somente a multa de ofício, uma vez que houve erro escusável por parte do Contribuinte. Também como pedido sucessivo, na hipótese de não admitirem as divergências anteriores, a terceira divergência trouxe o paradigma tratando de exclusão do débito tanto da multa de ofício, quanto da parcela referente aos juros moratórios, enquanto que o acórdão recorrido excluiu da exigência fiscal tão somente a multa de ofício, uma vez que houve erro escusável por parte do Contribuinte. Às fls. 327/335, a 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, DANDO PARCIAL SEGUIMENTO ao recurso em relação à divergência apenas sobre o cancelamento do auto de infração por não utilização da forma correta para apuração do imposto supostamente devido (cancelamento do lançamento, por erro material) e, na hipótese de não admitirem a divergência anterior, juros moratórios (não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora). Às fls. 336/337, em sede de Reexame Necessário, a Câmara Superior de Recursos Fiscais confirmou o Despacho, que DEU SEGUIMENTO PARCIAL ao Recurso Especial do Contribuinte. O Contribuinte foi cientificado do Despacho de Admissibilidade à fl. 340. Intimada a União, manifestouse à fls. 345 informando estar ciente e abrindo mão das contrarrazões. É o relatório. Fl. 351DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pela Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anos calendário de 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$ 177.130,55, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora, em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial apresentado pelo Contribuinte trouxe para análise a divergência jurisprudencial no tocante ao cancelamento do auto de infração por não utilização da forma correta para apuração do imposto supostamente devido (cancelamento do lançamento, por erro material) e, na hipótese de não admitirem a divergência anterior, sobre a exclusão do débito da parcela referente aos juros moratórios (não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora). A) CANCELAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO POR NÃO UTILIZAÇÃO DA FORMA CORRETA PARA APURAÇÃO DO IMPOSTO SUPOSTAMENTE DEVIDO Na decisão recorrida, deuse provimento ao recurso, para cancelar o lançamento, devido à impossibilidade de refazimento do lançamento na atual fase processual. Da análise do tema, observo que assiste razão ao Contribuinte, pois o referido lançamento não pode prosperar. Isso porque o art. 12 da Lei nº 7.713/88 teve sua constitucionalidade afastada. O referido dispositivo legal que era utilizado para a cobrança do IRPF incidente sobre rendimentos recebidos de forma acumulada, através da aplicação da alíquota vigente no momento do pagamento sobre o total recebido, teve sua inconstitucionalidade reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nª 614.406/RS, o qual foi submetido à sistemática da Repercussão Geral prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, vejamos: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10580.720628/200941 Acórdão n.º 9202006.415 CSRFT2 Fl. 350 7 A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. (RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014 ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27112014) Nesse sentido cito aqui voto do Conselheiro Relator Martin da Silva Gesto, no processo 11080.731461/201324, julgado recentemente (17/02/2016) já pela nova composição de conselheiros deste Tribunal Administrativo: De acordo com a referida decisão, transitada em julgado em 09/12/2014, ainda que seja aplicado o regime de caixa aos rendimentos recebidos acumuladamente pelas pessoas físicas (nascimento da obrigação tributária), é necessário, sob pena de violação aos princípios constitucionais da isonomia, da capacidade contributiva e da proporcionalidade, que o dimensionamento da obrigação tributária observe o critério quantitativo (base de cálculo e alíquota) dos anos calendários em que os valores deveriam ter sido recebidos, e não o foram. Contudo a meu ver acredito que o encaminhamento a essa questão deva ser dado de modo diverso. Considerando a existência de Repetitivo de controvérsia atinente a questão, e que, este não foi sobrestado ao tema 808 admitido em sede de repercussão geral, por se tratar de julgado anterior a admissão deste é caso de se aplicar o repetitivo até posterior julgamento da repercussão geral. B) IMPOSTO DE RENDA SOBRE JUROS MORATÓRIOS A questão merece debate, pois está longe de ter entendimento unânime no Tribunal Administrativo. A Fazenda Nacional sustenta a regularidade do auto de infração, pois defende que a interpretação correta do Repetitivo de Controvérsia RE 1227.133/RS, é a de que imposto de renda não incide sobre os juros de mora em apenas duas hipóteses. A primeira é condenação judicial no contexto de perda de emprego ou rescisão contratual. A segunda hipótese ocorre quando a verba principal for isenta ou estiver fora do campo de incidência do imposto de renda. Sustenta assim que no caso em análise, a verba principal tem nítido caráter salarial, uma vez que corresponde a diferenças de remuneração ocorridas na conversão de Cruzeiro Real para URV. Se os valores recebidos têm natureza salarial, os juros moratórios, necessariamente, terão a mesma natureza, conforme dispõe o art. 92 do novo Código Civil (Lei nº 10.406, de 10/02/2002). Por sua vez a Contribuinte defende a não incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos a título de juros. Segundo o entendimento do Recorrente, invariavelmente, os juros de mora possuem natureza indenizatória, pois sua função é a de recompor dano ao patrimônio do beneficiário que deixou de receber no tempo certo valor que lhe seria devido. Sendo assim, insurgese contra o auto de infração, pois partindo do pressuposto de que a verba é isenta, estaria esta fora do campo de incidência do imposto de renda. Fl. 353DF CARF MF 8 O acórdão recorrido seguiu no sentido do que foi argumentado pela Contribuinte. Tratase de entendimento compartilhado pelos mais renomados juristas, valendo citar parte do artigo publicado pelo Professor Hugo de Brito Machado, na Revista Dialética de Direito Tributário nº 215 (p. 115/116): Não há dúvida quanto à natureza indenizatória dos juros de mora. A expressão juros moratórios, que é própria do Direito Civil, designa a indenização pelo atraso no pagamento da divida. O Código Civil de 1916 estabelecia que as perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, consistem nos juros de mora e custas, sem prejuízo das pena convencional. E o Código Civil vigente estabelece: "Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogados, sem prejuízo da penas convencional. Parágrafo único: Provado que os juros de mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz concede ao credor indenização complementar." Com se vê, o legislador previu que o não recebimento nas datas correspondentes dos valores me dinheiro aos quais se tem direito implica prejuízo. (...) Não se trata de lucro cessante, nem de dano simplesmente moral, que evidentemente também podem ocorrer. Tratase de perda patrimonial efetiva, decorrente do não recebimento, nas datas correspondentes, dos valores aos quais tinha direito. Perda que o legislador presumiu e tratou como presunção absoluta que não admite prova em contrário, e cuja indenização com juros de mora independe de pedido do interessado. Sendo assim, os valores recebidos a título de juros moratórios não estariam sujeitos ao imposto, afinal o conceito de renda e proventos pressupostos pela Constituição Federal, exigem a ocorrência de um acréscimo patrimonial experimentado ao longo de um determinado período de tempo, o que conforme anteriormente exposto não ocorre no presente caso concreto. Cito aqui posicionamento adotado pelo Conselheiro Gerson Guerra, em relação à incidência do IRPF sobre juros moratórios "é importante destacar, que o acessório segue o principal. Nesse contexto, aplicase o que decidido pelo STJ (NUMÉRO DO RESP), fundamentado no artigo 543C, do antigo Código de Processo Civil", no seguinte sentido: RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JUROS DE MORA LEGAIS. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10580.720628/200941 Acórdão n.º 9202006.415 CSRFT2 Fl. 351 9 Não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla. Recurso especial, julgado sob o rito do art. 543C do CPC, improvido. Ressalto aqui que não desconheço a existência de Repercussão Geral sobre o tema, conforme esposado pela conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri: Destaco que o Supremo Tribunal Federal ainda não firmou sua posição em relação ao assunto, haja vista estar pendente de julgamento o Recurso Extraordinário nº 855.091, recebido sob o rito da Repercussão Geral sob o Tema 808 Incidência de imposto de renda sobre juros de mora recebidos por pessoa física, processo por meio do qual questionase a constitucionalidade dos dispositivos acima descrito. Em que pese concordar com os argumentos acima, entendo que a norma regimental prevista no art. 62 do RICARF me impede de deixar de aplicar o que determina o art. 6 da Lei 4.506/1964: “Art. 16. serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado tôdas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício dos empregos, cargos ou funções referidos no artigo 5º do Decretolei número 5.844, de 27 de setembro de 1943, e no art. 16 da Lei número 4.357, de 16 de julho de 1964, tais como: (...) Parágrafo único. Serão também classificados como rendimentos de trabalho assalariado os juros de mora e quaisquer outras indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo.” (Grifamos) Tal dispositivo está reproduzido no art. 43, § 3º do Decreto 3.000/99 (RIR): “Art. 43. São tributáveis os rendimentos provenientes do trabalho assalariado, as remunerações por trabalho prestado no exercício de empregos, cargos e funções, e quaisquer proventos ou vantagens percebidos, tais como (Lei nº 4.506, de 1964, art. 16, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, Lei nº 8.383, de 1991, art. 74, e Lei nº 9.317, de 1996, art. 25, e Medida Provisória nº 1.76955, de 11 de março de 1999, arts. 1º e 2º): (...) § 3º Serão também considerados rendimentos tributáveis a atualização monetária, os juros de mora e quaisquer outras Fl. 355DF CARF MF 10 indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo (Lei nº 4.506, de 1964, art. 16, parágrafo único).” Contudo a meu ver acredito que o encaminhamento a essa questão deva ser dado de modo diverso. Considerando a existência de Repetitivo de controvérsia atinente a questão, e que, este não foi sobrestado ao tema 808 admitido em sede de repercussão geral, por se tratar de julgado anterior a admissão deste é caso de se aplicar o repetitivo até posterior julgamento da repercussão geral. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial da Contribuinte para no mérito darlhe provimento. É o voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10580.720628/200941 Acórdão n.º 9202006.415 CSRFT2 Fl. 352 11 Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado Com a devida vênia ao posicionamento esposado pela Relatora, ouso divergir quanto ao mérito do pleito do Recurso Especial da Contribuinte, tanto no que diz respeito à necessidade de cancelamento do auto de infração por erro material quanto no que diz respeito à incidência sobre os juros moratórios aplicáveis ao montante devido. a) Quanto ao cancelamento do auto de infração por erro material Inicialmente, reitero, aqui, com a devida vênia ao posicionamento diverso de alguns Conselheiros desta casa, meu entendimento, já manifestado também na instância ordinária, de desnecessidade de observância obrigatória do decidido pelo STJ no âmbito do REsp 1.118.429/SP no caso sob análise, uma vez se estar a tratar ali, da tributação de benefícios previdenciários recebidos acumuladamente, situação fática notadamente diversa da dos presentes autos, onde não está a ser tratar de qualquer rubrica de benefício, mas sim de diferença remuneratória perceptível quando do servidor na ativa. Ainda, reconhecese, aqui, que a matéria sob litígio foi objeto de análise recente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2o. do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome a este último julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão oriunda do TRF4 acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, de se ressaltar, a propósito, que em nenhum momento se cogita, no Acórdão do STF referido, de eventual cancelamento integral de lançamentos, cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei no. 7.713, de 1988, note se, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento, constantes de efl. 10, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em Fl. 357DF CARF MF 12 montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pela contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando a contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento esposado por alguns membros deste Conselho, entendo que, a esta altura, ao se defender a exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento anti isonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Feita tal digressão, verifico que, no caso em questão, a autoridade fiscal optou por tributar os valores com base nas tabelas vigentes nos meses em que foram recebidos regime de caixa (o recebimento se deu em 36 parcelas mensais, durante os anoscalendário de 2004 a 2006, tendo a autoridade fiscal utilizado a alíquota de 27,5% para todos os anos, consoante efls. 03 a 05) e não consoante a tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (os rendimentos percebidos a menor referemse aos períodos de abril de 1994 a agosto de 2001, consoante tabelas detalhadas de efls. 112 a 115) . Chegouse a propor, em sede de julgamento de impugnação, diligência fiscal de forma a se propor a adequação do lançamento a tal sistemática (então referendada pelo Parecer PGFN/CRJ no. 287, de 2009), mas tal diligência não se concretizou pela revogação dos efeitos do referido Parecer (vide efls. 119 e 122). Acerca das tabelas progressivas/alíquotas aplicáveis aos meses de referência, de se consultar o resumo a seguir: Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10580.720628/200941 Acórdão n.º 9202006.415 CSRFT2 Fl. 353 13 Assim, diante de tais motivos, voto no sentido de, nesta matéria, dar parcial provimento ao Recurso da Contribuinte, no sentido de determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação das tabelas progressivas e alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. b) Quanto à incidência do IRPF sobre os juros de mora Para fins de solução do litígio quanto à esta matéria, de se perquirir a extensão dos efeitos da aplicação, ao presente feito, do decidido pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, no âmbito do REsp 1.227.133/RS, quanto à incidência de juros de mora sobre rendimentos recebidos acumuladamente. Tratase, notese, também de decisum de aplicação obrigatória neste Conselho, consoante art. 62A do Anexo II do Regimento Interno deste CARF em vigor quando da prolação da decisão recorrida, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009 e, ainda, conforme o art. 62, §1o. do atual Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. A propósito, creio que o melhor esclarecimento da amplitude da decisão vinculante em questão (REsp 1.227.133/RS) pode ser obtido em outro feito daquele Egrégio Tribunal, a saber, no REsp 1.089.720/RS, cujo relator foi o Ministro Mauro Campbell Marques e cuja cristalina ementa decisória, datada de 10/10/12 e publicada em 16/10/12 estabelece: REsp 1.089.720/RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. Fl. 359DF CARF MF 14 VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. REGRA GERAL DE INCIDÊNCIA SOBRE JUROS DE MORA. PRESERVAÇÃO DA TESE JULGADA NO RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RESP. N. 1.227.133/RS NO SENTIDO DA ISENÇÃO DO IR SOBRE OS JUROS DE MORA PAGOS NO CONTEXTO DE PERDA DO EMPREGO. ADOÇÃO DE FORMA CUMULATIVA DA TESE DO ACCESSORIUM SEQUITUR SUUM PRINCIPALE PARA ISENTAR DO IR OS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE VERBA ISENTA OU FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IR (grifei), 1. Não merece conhecimento o recurso especial que aponta violação ao art. 535, do CPC, sem, na própria peça, individualizar o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão ocorridas no acórdão proferido pela Corte de Origem, bem como sua relevância para a solução da controvérsia apresentada nos autos. Incidência da Súmula n. 284/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia". 2. Regra geral: incide o IRPF sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória reconhecida pelo mesmo dispositivo legal (matéria ainda não pacificada em recurso representativo da controvérsia). 3. Primeira exceção: são isentos de IRPF os juros de mora quando pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em reclamatórias trabalhistas ou não. Isto é, quando o trabalhador perde o emprego, os juros de mora incidentes sobre as verbas remuneratórias ou indenizatórias que lhe são pagas são isentos de imposto de renda. A isenção é circunstancial para proteger o trabalhador em uma situação sócioeconômica desfavorável (perda do emprego), daí a incidência do art. 6°, V, da Lei n. 7.713/88. Nesse sentido, quando reconhecidos em reclamatória trabalhista, não basta haver a ação trabalhista, é preciso que a reclamatória se refira também às verbas decorrentes da perda do emprego, sejam indenizatórias, sejam remuneratórias (matéria já pacificada no recurso representativo da controvérsia REsp no 1.227.133RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel .p/acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011). 4. Segunda exceção: são isentos do imposto de renda os juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância em que não há perda do emprego), consoante a regra do "accessorium sequitur suum principale". (grifei) (...) 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido." Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10580.720628/200941 Acórdão n.º 9202006.415 CSRFT2 Fl. 354 15 Assim, com base no posicionamento constante do julgado acima, que adoto integralmente, uma vez que entendo que foi esse o julgado a sedimentar e esclarecer a correta forma de aplicação do julgado vinculante aqui discutido (REsp 1.227.133/RS), é de se perquirir, em cada caso concreto: 1) se os juros de mora foram auferidos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho e 2) se se está diante de verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR. Somente no caso de resposta afirmativa a um dos dois questionamentos acima não incidirá o IR sobre os juros de mora recebidos acumuladamente, de forma a que se obedeça o julgado vinculante, restando incidente a tributação sobre os juros de mora nas demais situações. Aplicandose o acima disposto ao caso em questão: b.1) Conforme já anteriormente delineado pelo Recorrido, que não se está a tratar, aqui, de verba indenizatória, tendose concluído, pela natureza remuneratória da verba principal de diferenças quando da conversão de Cruzeiro Real para URV sob análise, caracterizada, assim, a incidência do IRPF sobre tais verbas (matéria já objeto de trânsito em julgado administrativo); b.2) Verifico, também, que não se está a tratar de verbas recebidas no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho; Concluo, assim, pela incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora em questão, quando da aplicação do decisum vinculante constante do REsp 1.227.133/RS a partir de sua interpretação detalhadamente estabelecida no âmbito do REsp 1.089.720/RS e, desta forma, nego provimento ao Recurso Especial da Contribuinte quanto a esta matéria. c) Conclusão Destarte, diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Especial da Contribuinte, para que seja promovida a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação das tabelas progressivas e alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 361DF CARF MF
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Numero do processo: 13896.723245/2014-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.322
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa Presidente
(assinado digitalmente)
Luis Fabiano Alves Penteado - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: conselheiros Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa.
RELATÓRIO
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1390; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13896.723245/201427 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1201000.322 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 20 de fevereiro de 2018 Assunto IRPJ Recorrente SANTA BARBARA S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa – Presidente (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: conselheiros Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa. RELATÓRIO Tratamse dos autos de infração, lavrados pela DRFBarueriSP, de IRPJ, no valor de R$ 6.416.038,86 (fls. 851/868), de CSLL, nos valores de R$ 6.335,52 e R$ 1.492.171,80 (fls. 870/885 e 887/894), e de IRRF, no valor de R$ 9.641.455,40 (fls. 896/904), RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .7 23 24 5/ 20 14 -2 7 Fl. 1805DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 3 2 todos acrescidos da multa de ofício majorada para o percentual de 150%, quanto as infrações de despesas não comprovadas e pagamento a beneficiário não identificado, e nas demais infrações mantido o patamar de 75%, com os respectivos acréscimos moratórios. Ainda fora aplicada a multa isolada pela falta de recolhimento de estimativas de IRPJ (anos de 2009 e 2011) e de CSLL (anos de 2010 e 2011), nos valores de R$ 704.142,50 e R$ 499.628,70. Conforme a descrição dos fatos do auto de infração e o Termo de Verificação FiscalTVF de fls. 907/997, a autuação decorre das seguintes irregularidades: Glosa de custos inidôneos, nos anoscalendário de 2009 a 2011, referentes às notas fiscais das empresas JSM Engenharia e Terraplenagem Ltda., CNPJ nº 10.361.606/0001 06 e SP Terraplenagem Ltda., CNPJ nº 09.503.787/000189, consideradas inexistentes de fato. Por consequência lógica, fora identificada a inconsistência do recolhimento de IRRF decorrente dos pagamentos sem causa ou a beneficiários não identificados, uma vez provado que os valores glosados não se destinaram às pessoas jurídicas constantes das notas fiscais; Insuficiência de recolhimento no ano de 2009, no montante de R$ 950.992,36, referente a valores informados em Declaração de Informações da Pessoa JurídicaDIPJ, mas supostamente não recolhidos nem declarados em DCTF; Os valores à título de IRPJ e CSLL do anocalendário de 2011, declarados sob ação fiscal, no valor de R$ 4.120.921,67 e R$ 1.492.171,80, respectivamente, uma vez constantes da DIPJ/2012, apresentada pela interessada quando já perdida sua espontaneidade. A qualificação da multa se deu em virtude de evidente intuito de fraude na utilização de notas fiscais inidôneas de empresas inaptas por inexistência de fato. Impugnação A contribuinte, inconformada com o lançamento, traz em suas peças de defesa os seguintes apontamentos: O lançamento seria nulo, pois efetuado pela DRF/BarueriSP, incompetente, uma vez que sua jurisdição seria da DRF/Belo HorizonteMG. Acerca do tema, transcreve o art. 224 da Portaria MF nº 203/2012 e o Anexo I da Portaria RFB nº 2466/2010. Completa alegando que, tendo a DRF/Belo HorizonteMG iniciado procedimento fiscal antes da DRF/BarueriSP, teria ela prevenido sua jurisdição, no caso de competência concorrente; Aditase que não poderia a DRF/Barueri ter feito nova análise de período já fiscalizado pela DRF/Belo HorizonteMG sem autorização expressa do superintendente, delegado ou inspetor da Receita federal, à luz do art. 906 do RIR/1999, ou mesmo referência no Mandado de Procedimento FiscalMPF, uma vez que a DRF/Belo Horizonte já estava fiscalizando os anos de 2009 e 2010 quando a DRF/BarueriSP deu início à fiscalização que originou os autos objeto do presente processo. Alega que tal reexame necessitaria, também, que a autoridade demonstrasse estar diante das hipóteses previstas no art. 149 do CTN para revisão do lançamento; Quanto ao IRPJ, protesta que a Fiscalização, no ano de 2011, não considerou a totalidade de seus prejuízos fiscais, uma vez que compensouos em montante inferior ao Fl. 1806DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 4 3 máximo permitido de 30%, quando possuía prejuízos acumulados em montantes bem superiores, bem como não considerou os valores de IRRF que possuía; Quanto à CSLL, alega ausência de menção à mesma, tanto no Termo de Início de Procedimento Fiscal quanto nos de prosseguimento, quanto no Mandado de Procedimento FiscalMPF. Quanto ao IRRF, reputase pela impossibilidade de cumular a incidência de tal tributo, previsto no art. 61 da Lei nº 8.981/1995, com a glosa das despesas, a majoração do lucro líquido e a exigência também do IRPJ e da CSLL. A auditoria fiscal teria cobrado em duplicidade imposto sobre os valores pagos pela impugnante a terceiros; Admitindo tratarse de IRRF, protesta que deveria a Fiscalização ter apurado se os valores não foram tributados pelas empresas beneficiárias JSM Engenharia e Terraplenagem Ltda e SP Terraplenagem Ltda, mormente quando as mesmas foram autuadas no ano calendário de 2009, 2010 e 2011, conforme processos nºs 13896.722317/201419 e 13896.722310/201405; Ainda pugna pela natureza jurídica da exação contida no art. 61 da Lei nº 8.981/1995, que seria de multa isolada travestida de tributo, não sendo, portanto, possível a aplicação concomitante de tal multa isolada com multa de ofício, quão menos multa de ofício sobre multa isolada, como ocorreu; Admitindose tratar de IRRF, não seria admissível multa de ofício majorada para 150% no caso de substituição tributária; Requer perícia para apuração de tais autuações e do pagamento do IRPJ pelas empresas (supostamente) beneficiárias; Encerra pedindo a nulidade do lançamento em função de vícios formais no procedimento ou, no mérito, que sejam reconhecidas as incorreções demonstradas. Acórdão nº 1283.167 2ª Turma da DRJ/RJO Inicialmente, reputouse que a impugnante em nada se insurge especificamente contra as autuações referentes a insuficiência de recolhimento de IRPJ e ao IRPJ e CSLL declarados sob ação fiscal, nem contra a inidoneidade das notas fiscais glosadas, ou mesmo contra a majoração da multa de ofício aplicada sobre o IRPJ e a CSLL, razão pela qual consideraramse pontos não impugnados, por força do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, restringindose o voto à análise dos demais temas levantados na peça de defesa. Nulidade Com relação à arguição de nulidade levantada na peça impugnatória, observou se que o lançamento atenderia integralmente aos preceitos de ordem pública expressos no art. 142 do Código Tributário Nacional e que o auto de infração teria sido lavrado por autoridade competente, apresentando, portanto, os requisitos do art. 10 do PAF. Fl. 1807DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 5 4 Entendeuse que o fato do lançamento ter sido efetuado pela DRF/BarueriSP, quando a jurisdição da interessada seria da DRF/Belo HorizonteMG, não torna o mesmo nulo, à luz do parágrafo 2º do art. 9º do Decreto nº 70.235/72. Quanto à prevenção de jurisdição, elucidouse que, conforme o parágrafo 3º do art. 9º retrotranscrito, esta se daria somente com a formalização da exigência (lavratura de auto de infração ou notificação de lançamento), não com o início de fiscalização. Decidiuse não tratar o exame e autuação do presente processo de reexame de ofício, logo não estando sujeito às hipóteses previstas no art. 149 do CTN, conforma protesta a interessada. Além disso, constatouse que o MPF 06.0.01.002013000769 que deu início à ação fiscal, resultando no presente processo (fls. 03/04) foi devidamente assinado pela Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil da 6ª Região Fiscal – Minas Gerais. Por fim, externouse o entendimento de que eventuais falhas em relação às regras relativas ao MPF ou TDPF podem, quando muito, suscitar responsabilidade administrativa do AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, nunca, porém, terão força para retirarlhe a competência para efetuar o lançamento ou para invalidar autos de infração. Perícia Quanto ao pedido de perícia evocado pela interessada na conclusão de seu arrazoado, verificouse, embora previsto no art. 16 do Decreto n.º 70.235/1972, que a mesma revelase inteiramente desnecessária para o deslinde da questão a ser apreciada, constando, portanto, nos autos, todos os elementos para a formulação da livre convicção daquele julgador, em consonância com o art. 18 do mesmo Decreto. Dos Acórdãos e Decisões transcritos na peça impugnatória Entendeuse que o princípio da legalidade é a pedra de toque no desenvolvimento da atividade administrativa estatal. As decisões, tanto judiciais quanto administrativas, somente produziriam efeito em relação às partes que figuram no processo e, portanto, não poderiam servir como diretriz para o julgamento administrativo, pois a Administração Pública encontrariase cingida estritamente ao que a lei autoriza. Das arguições de inconstitucionalidade Reputouse não caber ao julgador administrativo de primeira instância apreciar a legalidade ou constitucionalidade dos atos normativos expedidos pelas autoridades competentes, tampouco analisar sua coerência ou correlação com teorias e definições econômicas e contábeis como requer a interessada. Assim, tendo a exigência sido corretamente efetuada com fulcro em bases legais vigentes, não caberiam neste voto quaisquer ajustes em virtude de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Fl. 1808DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 6 5 Mérito Do IRPJ Validouse que a interessada possuía, em 2011, prejuízos fiscais compensáveis em valor superior aos R$ 2.201.140,00. No entanto, evidenciouse que a autuação de IRPJ no ano de 2011 se refere a duas irregularidades apuradas: R$ 2.201.140,00 referente aos custos glosados, que teria sido integralmente compensada com prejuízos fiscais, uma vez que, somada ao valor de receita declarada, seria inferior ao montante de compensação máximo de 30%; e, R$ 4.120.921,67 referente ao valor do IRPJ a pagar apurado pela própria interessada em sua DIPJ apresentada após início da ação fiscal, na qual a mesma teria optado por não utilizar prejuízos acumulados para compensar os valores apurados ou IRRF para reduzir o imposto devido. A utilização de prejuízos fiscais e IRRF seria uma opção da contribuinte. Entendeuse, então, que se a mesma não utilizouse desta prerrogativa em sua DIPJ, não é na autuação que a mesma há de ser utilizada de ofício. Reputouse correta a exigência de todo o montante de R$ 4.120.921,67, sem qualquer compensação, com os acréscimos legais devidos, valor tributável final do anocalendário de 2011. Do IRRF Invoca a autoridade julgadora o entendimento disposto na Solução de Consulta Interna nº 11 da CoordenaçãoGeral de TributaçãoCOSIT, de que, em suma, “a glosa de custo ou despesa, baseada em nota fiscal inidônea é compatível com o lançamento reflexo do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF) motivado pelo pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, desde que haja a comprovação por parte da autoridade fiscal do efetivo pagamento.” Ato contínuo evidencia que foram comprovados por parte da autoridade fiscal o efetivo pagamento dos valores, conforme planilhas de fls. 812/844 e 845/850 com os lançamentos contábeis das notas fiscais da JSM Engenharia e Terraplenagem Ltda e SP Terraplenagem Ltda, respectivamente, elencados nas planilhas no TVF às fls. 988/990. Da Multa Isolada Entendeuse, quanto a este ponto, que a exigência da multa proporcional deve excluir naturalmente a multa isolada, ainda que calculadas diversamente, sob pena de se impor uma dupla penalização sobre um mesmo fato apurado pelo Fisco, configurandose situação impensável em face do ordenamento jurídico nacional. Notouse ainda que, diferente da multa de ofício prevista no inciso I, do art. 44, da Lei nº 9.430, a multa isolada que ora se analisa, prevista no inciso II, “b”, do mesmo artigo, não prevê sua aplicabilidade sobre diferença de imposto ou falta e inexatidão de declaração, mas tão somente sobre o pagamento mensal que deixar de ser efetuado, corroborando com o Fl. 1809DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 7 6 raciocínio de que a mesma não se aplica a diferenças apuradas em ação fiscal após o encerramento do exercício, como no caso em litígio. Traz à tona o quanto disposto na Súmula nº 105 do CARF. Pelo acima exposto, foram canceladas as exigências de multas isoladas de IRPJ e CSLL. Conclusão Votouse pelo provimento parcial à impugnação, exonerando as multas isoladas de IRPJ e CSLL, e pela mantença em parte dos créditos tributários. Recurso Voluntário Prevenção de Jurisdição De antemão, a recorrente chama atenção para o erro de análise de matéria de ordem fática. Alega que, ao contrário do que fez crer a decisão recorrida, a DRF de Belo Horizonte não apenas iniciou a fiscalização antes da DRF de Barueri/SP, como também lavrou auto de infração para exigência de IRPJ e CSLL. E que tal informação seria corroborada, inclusive, pelos próprios Auditores de Barueri/SP. Ressaltou que, além de o fato ter sido assegurado pela Auditoria Fiscal de Barueri/SP, produziu prova documental neste sentido, tendo juntado, em cada uma das quatro impugnações protocoladas, caderno probatório formado pelos seguintes documentos: (a) Mandado de Procedimento Fiscal n. 06.1.00.2012004170 e seus respectivos Termos de Intimação, aptos a demonstrarem a Fiscalização prévia realizada pela DRF de Belo Horizonte; (b) Termo de Encerramento da Fiscalização prévia realizada pela DRF de Belo Horizonte e (c) Autos de Infração lavrados pela DRF de Belo Horizonte (fl. 1.186 em diante). O recorrente ainda reconhece a aplicabilidade da Súmula n° 27 do CARF, mas elucida que o posicionamento jurisprudencial deste Conselho se fia nas disposições do art. 9º do Decreto nº 70.235/72, contundente ao afirmar que, uma vez formalizado o crédito tributário, temse a imediata prevenção da jurisdição e a prorrogação da competência, que passa ser exclusiva daquela autoridade fiscalizadora, independente se o AuditorFiscal é de jurisdição diversa da do domicílio fiscal do sujeito passivo. Reexame de período já fiscalizado Partindo das premissas traçadas em tópico anterior, repisamse aqui exatamente os mesmos pontos trazidos em sede de impugnação, para suscitar o cancelamento da exigência fiscal. Fl. 1810DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 8 7 Ausência de Menção à CSLL Quanto à CSLL correspondente aos períodos abrangidos no Auto de Infração, pugnase que em momento algum houve menção a isso, nem no Mandado de Procedimento Fiscal, nem no Termo de Início de Procedimento Fiscal. Argui a recorrente que, como se vê logo à fl. 03 do processo administrativo, o MPF faz menção exclusiva ao IRPJ e ao IRRF como objetos dos trabalhos fiscais. Somente em novembro de 2014, já quando encerrado todo o procedimento, é que teria sido promovida a alteração das informações contidas no Mandado. Só que essa alteração teria se restringido a incluir, como alvo da fiscalização, o cumprimento das obrigações referentes à CSLL do ano calendário 2011. Continua, arguindo que o Termo de Início de Procedimento Fiscal (fl. 05) igualmente se limitaria a mencionar, como objetivo da fiscalização, o cumprimento das obrigações tributárias relativas ao IRPJ da Impugnante no que tange aos exercícios 2009 a 2011. Mais nada. Reputou que, por mais que se admita que o MPF é documento de controle interno da Receita Federal do Brasil, o mesmo não se pode dizer do Termo de Início de Procedimento Fiscal, que interessa muito mais ao contribuinte fiscalizado do que ao Fisco. Assim sendo, entendeu a recorrente pela exclusão dos valores relativos aos lançamentos de CSLL e consectários da autuação fiscal, uma vez que a fiscalização da qual resultaram esses lançamentos teria sido realizada sem o cumprimento de requisito essencial. Nulidade do acórdão da DRJ De início, valeu ponderar que a DRJ teria deixado de julgar todos os pedidos vinculados à improcedência do IRRF, ao fundamento de que estaria vinculada à Solução de Consulta Interna nº 11 da CoordenaçãoGeral de TributaçãoCOSIT. Pugnouse, contudo, que vários dos argumentos apresentados pela Recorrente não são abordados na referida solução de consulta e, portanto, a DRJ não estava autorizada a simplesmente deixar de dirimilos. Ainda constatou a recorrente que o pedido de diligência/perícia deduzido fora sumariamente indeferido. Em apertada síntese, a Recorrente defendeu, em sede de impugnação, a impossibilidade de se manter o IR Fonte sobre os valores pagos aos destinatários, na hipótese de o imposto estar sendo deles exigido pela RFB por meio da lavratura de auto de infração. Demonstrou, assim, a existência de autos de infração lançados contra os beneficiários para cobrança justamente de imposto de renda. Entretanto, como a Recorrente não tem acesso à cópia integral dos referidos processos, foi solicitada diligência/perícia para que se pudesse demonstrar a origem dos valores sobre os quais recaiu o imposto exigido pela RFB. Fl. 1811DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 9 8 Posicionouse a recorrente no sentido de que o indeferimento do pedido de perícia/diligência, aliado a não solução dos vários pontos da lide, macula o julgado primevo, que por isso mesmo haveria de ser decreto nulo, com o retorno dos autos a primeira instância. Mérito Quanto ao mérito, são repisados, ipsis litteris, os mesmos argumentos trazidos nas impugnações, aqui oportunamente já delineados. É o relatório. VOTO O recurso interposto é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais cabíveis merecendo ser apreciado. Nulidades Prevenção da Jurisdição e Reexame do Lançamento De fato, devem prevalecer aqui parte das alegações do recorrente, especificamente no que concerne à questão da prevenção da jurisdição. As conclusões aqui atingidas, no entanto, não desaguam nos fins por este intentados. Ora, o v. acórdão recorrido desconsidera a aplicação do art. 9º, §3º do Decreto nº 70.235/72 ao caso concreto, sob o entendimento de que na ocasião do procedimento fiscal iniciado pela DRFBelo Horizonte não tinham sido formalizados os derradeiros lançamentos. Vejamos, de início, a dicção legal do referido dispositivo: “Art. 9º A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 3º A formalização da exigência, nos termos do parágrafo anterior, previne a jurisdição e prorroga a competência da autoridade que dela primeiro conhecer. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993).” Fl. 1812DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 10 9 Resta claro que o marco temporal aqui definido é o momento de constituição definitiva do crédito tributário. Em outras palavras, a atribuição de competência a determinado órgão regional da RFB é consolidado mediante a formalização do lançamento. A recorrente, então, logrou êxito em comprovar que a DRFBelo Horizonte iniciou o procedimento fiscalizatório antes da DRFBarueri e que de fato promoveu a formalização da exigência (fls. 1173 em diante), o que por si, bastaria para a prevenção da jurisdição e prorrogação da competência à autoridade de Belo Horizonte. Portanto neste ponto é que deve ser compartilhada parte das assertivas delineadas pelo recorrente. Ocorre que, uma vez concretizado o lançamento há que se falar concomitantemente na possibilidade de seu reexame, respeitadas as formalidades legais. O art. 906 do RIR/99 traz requisito essencial para que tal medida seja materializada: “Art. 906. Em relação ao mesmo exercício, só é possível um segundo exame, mediante ordem escrita do Superintendente, do Delegado ou do Inspetor da Receita Federal (Lei nº 2.354, de 1954, art. 7º, § 2º, e Lei nº 3.470, de 1958, art. 34).” Ressaltese aqui, que os períodos fiscalizados pela DRFBelo Horizonte são também alvos do trabalho realizado pela DRFBarueri, quais sejam, os anoscalendários de 2009 e 2010. Em consonância com o referido dispositivo legal, então, o reexame conferido pela DRFBarueri fora precedido de autorização concedida pela SRRF da 6ª Região Fiscal, conforme fls. 3 e 4. O v. acórdão recorrido coaduna com tal conclusão: “Além disso, o MPF 06.0.01.002013000769 que deu início à ação fiscal que resultou no presente processo (fls. 03/04) foi devidamente assinado pela Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil da 6ª Região Fiscal – Minas Gerais.” Neste sentido, também deve ser observado o art. 6º, em seu inciso III e parágrafos 1º e 8º da Portaria nº 3014/2011, reforçando a validade do reexame nos termos concretos delineados: “Art. 6º. O MPF será emitido, observadas as respectivas atribuições regimentais, pelas seguintes autoridades: I – CoordenadorGeral de Fiscalização; II – CoordenadorGeral de Administração Aduaneira; III – Superintendente da Receita Federal do Brasil; IV – Delegado da Receita Federal do Brasil; Fl. 1813DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 11 10 V – InspetorChefe da Receita Federal do Brasil; VI – CorregedorGeral; VII – CoordenadorGeral de Pesquisa e Investigação; ou VIII – CoordenadorGeral de Programação e Estudos. §1º As autoridades indicadas nos incisos IV e V somente poderão emitir MPF no âmbito de suas respectivas áreas de competência. (...) § 8.º A autorização para reexame em relação ao mesmo exercício poderá ser efetuada pelas autoridades competentes diretamente no MPFF.” Fora promovido, por meio do MPFF, a fls. 3 e 4, um Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal de Fiscalização (TDPFF), sob o qual se encaminhou o reexame, a princípio, à pessoa do auditorfiscal “Luiz Claudio Alves Pereira”, da DRFBarueri, para que executasse novo procedimento fiscal. De fato, conforme se vê as fls. 6, o Termo de Início de Procedimento Fiscal fora lavrado pelo sujeito elencado para tal função diante da ordem expedida pela SRRF da 6ª Região. Ressaltese, ainda que, dentre as autoridades elencadas no supracitado dispositivo, não há qualquer limitação espacial à emissão de MPF por parte do Superintendente da RFB, podendo este atuar além da sua respectiva área de competência. Deste modo, mesmo sendo a SRRF da 6ª Região Fiscal (Minas Gerais), não há qualquer empecilho para que emita a ordem de início de procedimento fiscal para auditoresfiscais atuantes em regiões diversas. Ademais, cumpre salientar que a SRRF atua, neste caso, no âmbito e nos limites de suas funções essenciais, em conformidade com a estrutura interna da Receita Federal do Brasil. Vejamos as disposições do Regimento Interno do referido órgão da Administração (Portaria MF nº 95/2007): “Art. 149. Às Superintendências Regionais da Receita Federal do Brasil SRRF compete, quanto aos tributos e contribuições administrados pela RFB, inclusive os destinados a outras entidades e fundos, no âmbito da respectiva jurisdição, gerenciar o desenvolvimento das atividades de arrecadação, controle e recuperação do crédito tributário, de interação com o cidadão, de comunicação social, de fiscalização, de controle aduaneiro, de tecnologia e segurança da informação, de programação e logística, de gestão de pessoas, de planejamento e avaliação, organização, modernização e as atividades das unidades subordinadas. (...) Art. 236. Aos Superintendentes da Receita Federal do Brasil incumbe, no âmbito da respectiva região fiscal, as atividades relacionadas com a Fl. 1814DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 12 11 gerência e a modernização da administração tributária e aduaneira e, especificamente: (...) VII autorizar ou determinar a execução de perícia e de procedimentos fiscais mediante a expedição de Mandado de Procedimento Fiscal, inclusive para reexame ou abertura de novos procedimentos fiscais em períodos anteriormente auditados; (...)” Portanto são competentes para proceder o reexame de procedimentos fiscais e a consequente abertura de novos, os Superintendentes da RFB. Nos autos tornouse de cristalina percepção que o lançamento (autos de Infração à fls. 851 a 904) fora formalizado pelo auditorfiscal indicado, em sua respectiva DRF, constando, no entanto, que a unidade competente pela lavratura fora a SRRF da 6ª Região. As provas colacionadas e a interpretação da letra da lei validam os atos e procedimentos que culminaram na formalização dos presentes autos de infração. A SRRF da 6ª Região, como jurisdição preventa e competente, determinou o reexame da matéria à DRF Barueri. Não há meio de se contrapor esse fato, de modo a evidenciar a incompetência de qualquer das partes envolvidas. Ainda que se lance um olhar voltado para a verdade material, tal assertiva não oscila. Ora, restou demonstrado que o objeto de análise dos dois procedimentos fiscais é distinto. O trabalho fiscal desenvolvido pela DRFBelo Horizonte (MPF nº 06.1.00.2012 004170) culminou no lançamento sob os seguintes pretextos: Fl. 1815DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 13 12 Enquanto isso, o presente lançamento alicerçase sob o seguinte contexto fático: 001 CUSTO DOS BENS VENDIDOS E/OU SERVIÇOS PRESTADOS COMPROVAÇÃO INIDÔNEA DE CUSTOS Contabilização de custos com base em documentos inidôneos, conforme relatório fiscal em anexo. Fato Gerador Valor Apurado (R$) Multa (%) 31/05/2009 574.000,00 150,00 31/05/2009 574.000,00 150,00 31/05/2009 574.000,00 150,00 Neste albor, ainda deve colacionarse o quanto disposto no presente Termo de Verificação Fiscal (fls. 918): “(...) 5.7. Acontece que, a fiscalização mencionada pela fiscalizada, autorizada pelo Mandado de Procedimento Fiscal nº 06.0.01.002012 00417 aberto em 04/04/2012, e ampliado em 14/02/2013 na Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte, foi encerrada em 12/2013 resultando na lavratura de Autos de Infração contemplando os Fl. 1816DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 14 13 tributos IRPJ/ CSLL abrangendo o período de 2009 e 2010, Processo Administrativo nº 15504.732641/201356. Mas estes Autos de Infração contemplaram infrações diferentes das que foram objeto de pedido de esclarecimentos do Termo de Intimação Fiscal nº 4, de 28/11/2014, lavrado nesta Delegacia DRF/BRE, não tendo sido incluído o não recolhimento do valor declarado de R$ 950.992,36 (novecentos e cinquenta mil novecentos e noventa e dois reais e trinta e seis centavos) referente ao Imposto de Renda a Pagar do exercício 2010, ano calendário de 2009, fato este que motivou o lançamento de ofício deste valor que foi lançado na rubrica “Insuficiência de Recolhimento de IRPJ Lucro Real”, conforme legislação abaixo: (...)” Portanto, tornase nítido que são matérias diferentes, referentes a um mesmo período. Acatar referida nulidade implicaria em desconsiderar as infrações aqui apuradas, que não foram abarcadas na ocasião do procedimento fiscal finalizado pela DRFBelo Horizonte. Em ultima ratio, seria olvidarse de evidenciar a real condição econômica do contribuinte, o que deveras compromete a aplicação plena e ferrenha do princípio da capacidade contributiva. Por fim, deve levarse em consideração que o reexame tem de ser respaldado em alguma das hipóteses elencadas no art. 149 do CTN. Tal argumentação serve apenas para patentear a medida adotada pela SRRF da 6ª Região Fiscal, diante de todo o já exposto. O inciso VIII do referido artigo traz a hipótese norteadora do caso concreto: “Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: (...) VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; (...)” Há, claramente, neste procedimento fiscal promovido pela DRFBarueri, pontos não levantados pela DRFBelo Horizonte quando da constituição definitiva do crédito tributário naquela ocasião. Ora, ambas tinham como objeto o mesmo período, mas escaparam constatações ao primeiro procedimento que foram transparecidas e complementadas pelo que o sucedeu. A jurisprudência do CARF acena de acordo com tal racional construído: “REEXAME DE PERÍODO JÁ FISCALIZADO. FATO NOVO OU NÃO CONHECIDO. EXIGÊNCIA SUPRIDA PELO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. Nos termos do art. 149 do CTN e art. 906 do RIR/1999, quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não Fl. 1817DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 15 14 provado por ocasião do lançamento inicial, desde que mediante ordem escrita do Superintendente, do Delegado ou do Inspetor da Receita Federal.” (Acórdão nº 1301001.978 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária – Sessão de 05/04/2016) Não há como se falar em qualquer causa ensejadora da decretação de nulidade. Todos os atos e termos foram lavrados por pessoa competente, dada a estruturação da Receita Federal e as funções a cada órgão atribuída, bem como a patente necessidade material do reexame do lançamento. Ausência de menção à CSLL Também não se cogita a preterição do direito de defesa do contribuinte em qualquer momento. O recorrente alega a ausência de menção à CSLL durante o trabalho fiscal exercido pela DRFBarueri. No entanto, é cediço que os tributos IRPJ e CSLL são reflexos. À fiscalização coube, em parte, a investigação quanto aos pormenores formadores da base de cálculo do IRPJ. Neste passo também trouxe à tona os elementos que ensejaram a CSLL de fato devida pelo contribuinte. As hipóteses de incidência, os fatos geradores e a consequente construção das bases de cálculo dos dois tributos são coincidentes. Salvo algumas discrepâncias pontuais, os fatos contábeis e jurídicos a serem analisados são os mesmos. Partindose do lucro como fator coincidente, a análise das correspondentes receitas e despesas incorridas e confrontadas no período fiscalizado deve ser comum à identificação do quantum a pagar dos dois tributos. A exigência dessa contribuição é decorrente dos mesmos fatos que implicaram na autuação do IRPJ. Por mais que não haja menção expressa à CSLL em determinados momentos do procedimento fiscal, é certo que, por interpretação lógica, todo a análise concernente a formação da base de cálculo da IRPJ deve ser aproveitada para a CSLL. Inclusive neste sentido disciplina especificamente a RFB. A Portaria RFB nº 3014/2011 já assim previa, em seu art. 8º, mas o art. 8º da Portaria RFB nº 1687/2014 trouxe nova roupagem ao tema: “Portaria RFB nº 3014/2011 (...) Art. 8º Na hipótese em que infrações apuradas, em relação a tributo ou contribuição contido no MPFF ou no MPFE, também configurarem, com base nos mesmos elementos de prova, infrações a normas de Fl. 1818DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 16 15 outros tributos ou contribuições, estes serão considerados incluídos no procedimento de fiscalização, independentemente de menção expressa. (...)” “Portaria RFB nº 1687/2014 (...) Art. 8º Quando os procedimentos de fiscalização relativos a tributos objeto do TDPF identificarem infrações relativas a outros tributos, com base nos mesmos elementos de prova, estes serão considerados incluídos no procedimento de fiscalização, independentemente de menção expressa no TDPF. (...)” As provas trazidas aos autos são aproveitáveis para a formação da base de cálculo da CSSL, independentemente de haver menção expressa no MPF (efetuado por meio de TDPF) determinando a investigação e apuração específica deste tributo. Em decorrência da relação de causa e efeito, aplicase ao lançamento da referida contribuição as razões ensejadoras do lançamento do supracitado imposto. Ainda que assim não se entenda, a eventual ausência de menção do tributo no MPF (que não ocorreu vale dizer) não acarreta qualquer prejuízo para a Recorrente, uma vez que este instrumento não contém nenhuma exigência dirigida ao sujeito passivo, nem têm informação que integra a motivação do lançamento. Assim é que eventuais falhas em relação ao MPF Mandado de Procedimento Fiscal não são causa de nulidade do lançamento. Este é o entendimento dominante deste Conselho, vejamos: “PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL, MPF NULIDADE Descabe a arguição de nulidade quando se verifica que o Auto de Infração foi lavrado por pessoa competente para fazêlo e, em consonância com a legislação vigente é mero instrumento de controle da atividade de fiscalização no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de modo que eventual irregularidade na sua expedição, ou nas renovações que se seguem, não acarreta a nulidade do lançamento.” (CSRF 2° Turma, Recurso n. 203,126775, Sessão de 22/01/2007, Relatora Maria Tereza Martinez Lopes, Acórdão n° CSRF/0202.543) Na mesma linha de raciocínio, o termo de intimação fiscal se presta a elencar documentos que devem ser entregues à autoridade administrativa e não a informar ao contribuinte a motivação dos procedimentos adotados. O objeto dali decorrente (os tributos Fl. 1819DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 17 16 eventualmente devidos) será oportunamente externado sob o pressuposto de certeza da autuação fiscal. Até o momento, o que se tem são exigências meramente investigativas, sem qualquer cunho definitivo ou concreto. O escopo da autuação fiscal ainda é incerto e, além, inexistente. Ainda assim, a fiscalização ali aponta o IRPJ como tributo a ser investigado e, por consequência lógica e sistemática, instaura uma potencial exigência quanto à CSLL. Portanto, sob qualquer prisma que seja lançado, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa do recorrente, uma vez disponível nos autos, ao contribuinte, todos os elementos que embasam e fundamentam a constituição definitiva do crédito tributário, tanto no que concerne o IRPJ quanto a CSLL. Nulidade do Acórdão da DRJ O recorrente sustenta mais uma vez questão passível de nulidade, agora contra o v. acórdão recorrido, partindo do indeferimento do pedido de perícia/diligência e da suposta inobservância de vários pontos apresentados em sede de impugnação. Os argumentos supostamente não enfrentados pela autoridade julgadora cingem se a: (i) impossibilidade de se aplicar a multa de ofício majorada sobre o IR Fonte à alíquota de 35% (cuja natureza jurídica seria de multa isolada); (ii) impossibilidade de se cumular o IRRF à alíquota de 35% (cuja natureza jurídica seria de multa isolada) com a multa de ofício de 150% que acompanhou o lançamento do IRPJ e da CSLL; (iii) impossibilidade de manutenção da exigência, na hipótese de o imposto ter sido pago pelo beneficiário ou dele estar sendo exigido, exatamente o ponto sob o qual recai o pleito de realização da perícia. Quanto as duas primeiras alegações (i e ii), ressaltese que o racional desenvolvido pelo recorrente exorbita a literalidade da lei, ou seja, a interpretação conferida ao art. 61 da Lei nº 8.981/95 é extensiva e sistemática. Atribuise à incidência dos 35% de IRRF ali determinada, natureza jurídica de uma multa isolada. Ora, a abrangência desta construção lógica esbarra na consideração da autoridade julgadora no que se refere à atuação da Administração Pública adstrita ao princípio da legalidade. Portanto, ainda que tais pontos não tenham sido enfrentados de modo pormenorizado, as teses desenvolvidas no v. acórdão recorrido abrangem e repudiam, de modo generalista, quaisquer impugnações que exorbitam o alcance da letra da lei. A autoridade julgadora segrega específico tópico para delinear tal questão, vale dizer, à fls. 1587 e 1588, abstendose de qualquer manifestação quanto a inconstitucionalidade da lei. Quanto à última alegação (iii), a qual norteia exatamente a fundamentação do pedido de perícia, destaquese, novamente, que o v. acórdão recorrido se manteve restrito as disposições legais. Fl. 1820DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 18 17 A autoridade julgadora fez prevalecer o art. 18 do Decreto nº 70.235/1972 para decidir pela total desnecessidade da perícia, uma vez constante nos autos todos os elementos para a formulação de sua livre convicção. Não há como contestar a validade de tal dispositivo e a aplicabilidade deste na concretude do caso, uma vez que a convicção de um julgador é algo totalmente subjetivo, envolvendo inúmeras questões de ordem pessoal, infinitas variantes e perspectivas peculiares e individuais. Entendeu o julgador que as provas dos autos forneciam a ele elementos suficientes para decidir e, ato contínuo, indeferiu o pleito do recorrente, não enfrentando a questão suscitada. Não há como se supor a nulidade de tal medida. Conforme será delineado adiante, em contramão ao decidido no v. acórdão recorrido, a convicção deste presente julgador não se solidifica com a análise das provas constantes dos autos, mas isso não significa, de forma alguma, que as convicções da autoridade julgadora de primeira instância devam ensejar a decretação de nulidade. Não há aqui qualquer tipo de preterição do direito de defesa do recorrente, apenas a sustentação de uma perspectiva, da visão e da verdade atingida pelo julgador, que culminaram na desnecessidade da produção de novas provas para a resolução da lide, bastando aquelas disponíveis para o atingimento da justiça intentada. Assim, não há que se falar em qualquer nulidade do v.acórdão recorrido. IRRF – Pedido de Perícia/Diligência O escopo da fiscalização deve estar sempre dirigido a eliminação do máximo de subjetividades possíveis, trazendo aos autos elementos objetivos que restrinjam o alcance das individualidades do julgador e que culminem na disseminação do princípio da verdade material, como meio, e na concretização da justiça como fim. Em alinho ao disposto em tópico anterior deste voto, existem, naturalmente, divergências de entendimento como consequência lógica à visão holística de cada indivíduo, algo completamente complexo e que leva em consideração inúmeros fatores sociais, culturais, históricos, pessoais e outros tantos. De modo que se tornam infindáveis as variantes que circundam a construção peculiar do intelecto de cada ser humano e o consequente juízo proferido em relação a uma situação fática específica. No entanto, a uniformidade do julgamento e do entendimento extraído das leis deve conduzir a sociedade para maior segurança jurídica. São estabelecidos padrões normativos a serem seguidos, para que de forma mais contundente sejam atingidos os fins perpetrados na Constituição Federal, os quais, em última instancia, devem culminar no bem estar social e na paz. Fl. 1821DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 19 18 Não está a aqui a se coibir a inovação e a renovação, os inéditos racionais, mas tão somente o resguarde estrito da segurança jurídica. As provas, no geral, devem exprimir objetividade, para que as subjetividades intrínsecas do juízo partam de premissas objetivas. Para tanto também o julgador deste Conselho deve contribuir, prestandose, no que lhe cabe, a estimular a produção de provas, no afã de que sejam reduzidas ao máximo as possibilidades de grandes discrepâncias de entendimentos e de interpretações conflitantes da lei. Pois bem. Especificamente quanto ao IRRF devido, há, nos presentes autos, a desconsideração de entendimento consolidado pelo CARF. O sistema de incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte regese pela substituição tributária. O tomador do serviço recolhe o referido tributo de forma antecipada e como contrapartida desconta tal valor dos rendimentos a serem pagos ao prestador. Este último, então, recebe o valor do rendimento líquido e tem o direito de aproveitamento de crédito de IRRF. Questão essencial que deve ser colocada aqui, no entanto, é de que o sujeito apto a sofrer o impacto tributário e o real detentor de capacidade contributiva são os beneficiários do pagamento, ou seja, os prestadores de serviço. Voltandose para o aspecto material da hipótese de incidência dos tributos sobre o lucro, previstos no art. 43 do CTN, tornase fácil a percepção de que o signo de riqueza nesta operação é ostentado pelo prestador de serviço. Firmase essa premissa pois há certa divergência sobre a responsabilidade do pagamento do referido tributo, quando a fonte pagadora se exime de tal obrigação legal. Preconiza a lei que compete à fonte pagadora a retenção do Imposto de Renda e que mesmo nas hipóteses em que a fonte não tenha efetuado a retenção, permanece sua obrigação ao recolhimento (art. 717 e 722, do Regulamento do Imposto de Renda). O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos pagos será retido na fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento, no momento em que, por qualquer forma, o rendimento se torne disponível para o beneficiário. A falta de retenção e recolhimento, portanto, acarreta para a fonte pagadora, independente da participação ativa ou passiva do beneficiário, a aplicação de penalidades pelo descumprimento do dever legal. A partir deste ponto divergem a jurisprudência e doutrina pátrias. Uma parte defende que como a fonte pagadora é obrigada pela retenção e recolhimento do imposto, a omissão resulta na conclusão de que a importância paga, creditada, empregada, remetida ou entregue seja considerada líquida, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto, sobre o qual recairá o imposto (neste sentido Solução de Consulta nº 78, 31.05.2006, SRRF, 10ª RF). Fl. 1822DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 20 19 Argumentase que com o descumprimento da obrigação da retenção do Imposto pela fonte pagadora, excluise a responsabilidade do beneficiário que não teria mais obrigação em relação ao tributo, nem solidariamente, nem mesmo subsidiariamente. No entanto, a outra parte entende que a responsabilidade da fonte pagadora, não significa que o beneficiário fique isento da obrigação de recolher o Imposto de Renda não retido e tenha excluída sua responsabilidade tributária. O argumento não convence, na medida que desvirtua o cerne do fato gerador do Imposto de Renda para desobrigar o beneficiário que obteve a renda ou o provento (art. 43, do CTN), conforme ponto destacado acima. O entendimento consolidado deste Conselho coaduna com essa segunda corrente: “Súmula CARF nº 12. Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção.” Seguindo este racional, seria também responsável pelo pagamento aquele que omitiu receitas e sobre estas não recolheu o IR. Firmada essa divergência, instaurase nos autos total instabilidade. Ora, por meio desta demanda está sendo cobrado o IRRF do tomador do serviço, a partir da constatação de notas fiscais inidôneas, de despesas cujos beneficiários não foram identificados e consequentemente da aplicação do art. 61 da Lei nº 8.981/95. Deve se partir da premissa de que perfeitamente se adequa a imposição do que dispõe o referido dispositivo à concretude deste caso. Conforme se demonstrou no v. acórdão recorrido, em consonância com a Solução Cosit nº 11, foram comprovados por parte da autoridade fiscal o efetivo pagamento dos valores, identificados como sem causa ou a beneficiário não identificado, conforme planilhas de fls. 812/844 e 845/850 com os lançamentos contábeis das notas fiscais da JSM Engenharia e Terraplenagem Ltda e SP Terraplenagem Ltda, respectivamente, elencados nas planilhas no TVF às fls. 988/990. Ocorre que, a par da cobrança veiculada por meio desta autuação, devem ser levados em consideração os efeitos do quanto disposto na súmula 12 do CARF e ainda conforme interpretação sistemática da lei (fazendo prevalecer aqui o princípio da capacidade contributiva, de acordo com o art. 43 do CTN). Neste contexto, a obrigação do recolhimento se estenderia as beneficiárias dos pagamentos inidôneos, quais sejam, as entidades JSM ENGENHARIA E TERRAPLENAGEM LTDA ME. (CNPJ: 10.361.606/000106) e SP TERRAPLENAGEM LTDA ME. (CNPJ: 09.503.787/000189). Estas supostamente incorreriam em omissão de receitas oriundas da prestação de serviços à recorrente, eventualmente não ofertariam tais montantes à tributação e assim seriam um alvo potencial de autuações fiscais visando a cobrança do IR e a CSLL. A glosa das despesas aqui é equivalente e concomitante a percepção de omissão de receitas pelo prestador do serviço. Uma vez que há como pressuposto para ambos notas Fl. 1823DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 21 20 fiscais inidôneas e pagamentos sem causa a beneficiário não identificado, a autuação aqui instrumentalizada contra as despesas, também pode recair sobre as respectivas receitas auferidas. Estamos falando, em ambos os casos, da falta de lastro documental hábil e idônea a comprovar a operação. Veja, firmada a incerteza de entendimento que propaga seus efeitos práticos, insurgese patente risco de bitributação sobre um mesmo fato gerador. De um lado sendo efetivamente cobrada a fonte pagadora, ora recorrente, pela falta de retenção do IR, e de outro (aqui supostamente) o beneficiário do rendimento, pela falta de recolhimento do IR propriamente dito. O recorrente sustenta que existem já autuações fiscais dirigidas as beneficiárias, instrumentalizando a cobrança de IRPJ e CSLL dos mesmos períodos aqui delineados, conforme abaixo: Fl. 1824DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 22 21 Considerando todas as afirmações expostas, é certo que tal julgamento deve ser convertido em diligência. Há nos autos o risco iminente e latente de se incorrer na tributação dupla do mesmo fato, provocando eventual enriquecimento sem causa do Estado. Deste modo devem ser analisadas se existem autuações concernentes ao mesmo objeto aqui cobrado, especialmente quanto ao IRRF incidente na operação que culminou na glosa de despesas. Caso não haja, fazse necessária a análise da documentação fiscal (DIPJs), contábil e comercial dos beneficiários neste mesmo período (2009 a 2011), identificando se os rendimentos oriundos da prestação de serviço foram ofertados à tributação. Tal medida é imprescindível para que o julgador deste Conselho consiga decidir de forma justa, levando em consideração todas as provas aptas a serem construídas neste momento processual, a fim de que se atinja a verdade quanto aos efetivos deveres do contribuinte para com o Poder Público e com a sociedade. São neste passo estendidos os elementos objetivos dos autos, assim como mitigadas as subjetividades do julgador, conferindo uniformidade e conformidade a sua decisão e assim garantindo o atendimento pleno ao princípio da segurança jurídica e, consequentemente, as diretrizes basilares da Carta Magna. Conclusão Fl. 1825DF CARF MF Processo nº 13896.723245/201427 Resolução nº 1201000.322 S1C2T1 Fl. 23 22 Diante do exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário para determinar a CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que a delegacia de origem informe o seguinte: i) se, por meio dos Autos de Infração lavrados contra as beneficiárias (Processo nº 13896.722310/201405 JSM Engenharia e Processo nº 13896.722317/201419 SP Terraplenagem Ltda., ou quaisquer outros aqui não identificados) houve a constituição do IRPJ e da CSLL sobre os valores pagos pela Recorrente às empresas, relativos à operação apontada como “sem causa ou não comprovada”; ii) em caso de resposta negativa ao quesito anterior, se os valores pagos pela Recorrente e recebidos pela JSM Engenharia e Terraplenagem Ltda. (CNPJ: 10.361.606/0001 06) e pela SP Terraplenagem Ltda. (CNPJ: 09.503.787/000189), relativos à operação apontada como “sem causa ou não comprovada”, foram declarados ou omitidos pelas empresas e os tributos respectivos, sobretudo o IRPJ e CSLL, constituídos e/ou quitados. Após, intimese a Recorrente para que se manifeste acerca do resultado da diligencia no prazo de 30 dias e na sequência retornem os autos para julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Fl. 1826DF CARF MF
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