Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,899)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,594)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,671)
- Primeira Turma Ordinária (15,251)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (15,001)
- Segunda Turma Ordinária d (13,782)
- Primeira Turma Ordinária (12,673)
- Primeira Turma Ordinária (11,721)
- Segunda Turma Ordinária d (11,695)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,380)
- Terceira Câmara (63,185)
- Segunda Câmara (50,669)
- Primeira Câmara (16,202)
- 3ª SEÇÃO (15,671)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,624)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,979)
- Segunda Seção de Julgamen (108,014)
- Primeira Seção de Julgame (70,951)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,602)
- Câmara Superior de Recurs (37,027)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,037)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,829)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,831)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,270)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,172)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,832)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,269)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,849)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,013)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 18470.722242/2014-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
IRPF. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO. AJUSTE ANUAL.
Comprovado pelo contribuinte que sofreu retenção na fonte do imposto de renda pessoa física, correto o procedimento de informar tal retenção em sua declaração de ajuste anual, devendo ser afastada a glosa realizada pela autoridade fiscal.
Numero da decisão: 2401-004.971
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2012 IRPF. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO. AJUSTE ANUAL. Comprovado pelo contribuinte que sofreu retenção na fonte do imposto de renda pessoa física, correto o procedimento de informar tal retenção em sua declaração de ajuste anual, devendo ser afastada a glosa realizada pela autoridade fiscal.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 18470.722242/2014-91
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5751007
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2401-004.971
nome_arquivo_s : Decisao_18470722242201491.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CARLOS ALEXANDRE TORTATO
nome_arquivo_pdf_s : 18470722242201491_5751007.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
dt_sessao_tdt : Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
id : 6877703
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049466425049088
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 920; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 135 1 134 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18470.722242/201491 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401004.971 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de julho de 2017 Matéria Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Recorrente JOSE CALMON NOGUEIRA DA GAMA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 IRPF. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO. AJUSTE ANUAL. Comprovado pelo contribuinte que sofreu retenção na fonte do imposto de renda pessoa física, correto o procedimento de informar tal retenção em sua declaração de ajuste anual, devendo ser afastada a glosa realizada pela autoridade fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 0. 72 22 42 /2 01 4- 91 Fl. 135DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 18470.722242/201491 Acórdão n.º 2401004.971 S2C4T1 Fl. 136 3 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento (fls. 6 a 10) no valor de R$ 49.886,91 referente a IRPF Exercício 2012, em razão de compensação indevida do IRRF, no valor de R$ 37.016,34. Inconformado com o teor da autuação o contribuinte apresentou impugnação administrativa (fls. 2/5) alegando em síntese: a) Que em 18/10/2013 recebeu o termo de intimação fiscal n° 2012/905376756546009; b) Que foi a receita federal comprovando os documentos solicitados na intimação e foi informado que seria necessário requerer junto à Caixa Econômica Federal cópia da DIRF, referente ao recolhimento no valor de R$ 37.016,34 relativo à indenização trabalhista; c) Que foi informado através do funcionário da Caixa Econômica que, apesar do alvará do juiz, o imposto de renda não foi recolhido em razão de não haver saldo. Que não houve comunicado da Caixa Econômica à 41° vara do trabalho informando o corrido, o que ocorreu apenas em 07/11/2013; d) Que em consequência disso, foi imediatamente a 41° Vara comunicar o ocorrido e foi informado que talvez não tivesse que pagar o imposto de renda, porque no ano calendário de 2011 foi criado no programa das declarações para os acordos trabalhistas homologados judicialmente o item “Rendimentos tributáveis de pessoas jurídicas recebidos acumuladamente” o qual ele deveria ter declarado no início; e) Sustenta ainda que o erro de não recolhimento não foi sua culpa, mas sim da Caixa Econômica ou da 41° Vara, uma vez que não houve comunicação entre os órgãos citados; f) Ao final, solicitada a revisão da Notificação de Lançamento. pelo cancelamento da multa para que possa pagar apenas o valor principal com os juros. Anexa documentos (fls 11 a 14), quais sejam,: o alvará judicial e ofício à Caixa Econômica Federal, bem como a sua devolução, informando a existência de saldo suficiente para pagamento em outra conta judicial. Por fim, a 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) – DRJ/CGE julgou improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte, mantendo integralmente o crédito tributário exigido conforme inferese da ementa do Acórdão nº 1538.684 abaixo transcrita: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2012 COMPENSAÇÃO DO IRRF. Fl. 137DF CARF MF 4 A ausência de comprovação do recolhimento do IRRF enseja a glosa de sua compensação na declaração de ajuste. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimado da decisão no dia 12/06/2015 (fls. 40) o contribuinte protocolou no dia 19/06/2015, petição de fls. 43 requerendo a juntada aos autos dos documentos tidos pela DRJ como ausentes para fins de comprovação e que, no seu entender, comprovam o recolhimento do IRRF. Incluído em pauta de julgamento de 16 de agosto de 2016, o julgamento do presente recurso voluntário foi convertido em diligência, por meio da Resolução nº. 2401 000.526 (fls. 49/53) nos seguintes termos: Por todo exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para o fim de que a autoridade fiscal de origem preste os esclarecimentos necessários para a conclusão do julgamento do presente processo administrativo fiscal, sendo: a) confirmar e informar a esta turma julgadora se há a retenção e a informação em DIRF pelas empresas rés da ação trabalhista (Autos nº. 002430017.2001.5.01.0041), SERPRO SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS e SERPROS FUNDO MULTIPATROCINADO, em favor do ora recorrente Jose Calmon Nogueira da Gama (CPF nº. 192.960.10772), nos anoscalendário 2011 e/ou 2014, realizando a juntada da referida DIRF ao presente processo administrativo fiscal; b) caso não haja a informação em DIRF do referido recolhimento realizado por meio do DARF de fl. 45, que sejam as pessoas jurídicas SERPRO SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS e SERPROS FUNDO MULTIPATROCINADO intimadas para que se manifestem e justifiquem a ausência de declaração em DIRF do referido recolhimento. Em resposta à referida solicitação, foi apresentada a consulta única do Sistema Dirf, de fl. 56, que contém as seguintes informações: Fl. 138DF CARF MF Processo nº 18470.722242/201491 Acórdão n.º 2401004.971 S2C4T1 Fl. 137 5 À fl. 57 consta o Despacho de Encaminhamento, com a seguinte informação: Encaminho estes autos para atendimento da diligência proposta pelo CARF, tendo em vista que não consta DIRF com o valor do DARF de fl. 45. Assim, às fls. 61/62 foi realizada a diligência, nos seguintes termos: Fl. 139DF CARF MF 6 Devidamente intimado, o contribuinte "SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS (SERPRO)", à fl. 65, apresentou sua resposta à intimação realizada, assim se manifestando: Fl. 140DF CARF MF Processo nº 18470.722242/201491 Acórdão n.º 2401004.971 S2C4T1 Fl. 138 7 A mesma intimação foi realizada junto ao contribuinte SERPROS FUNDOS MULTIPATROCINADO (fls. 79/80), sendo apresentada a resposta fl. 83: Fl. 141DF CARF MF 8 Após as referidas informações, retornaram os autos a este Conselho e foram novamente a mim distribuídos. É o relatório. Fl. 142DF CARF MF Processo nº 18470.722242/201491 Acórdão n.º 2401004.971 S2C4T1 Fl. 139 9 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Admissibilidade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Mérito Os documentos acostados pelo contribuinte no recurso voluntário foram os mesmos trazidos na peça impugnatória: o Alvará Judicial com a determinação do juízo para que a Caixa Econômica Federal faça o recolhimento em favor da União Fazenda Nacional e o DARF de fl. 45 que, conforme a análise realizada, tratase de guia de recolhimento de IRRF em favor da União e em nome do ora recorrente, referentes ao mencionado processo trabalhista. Após a realização da diligência solicitada, as informações prestadas não trouxeram novos elementos, posto que as empresas SERPRO SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS e SERPROS FUNDO MULTIPATROCINADO informaram que não realizaram a retenção e recolhimento do IRRF, ao passo que esta incumbência seria da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, por determinação expressa do alvará de fl. 11. Assim, resta inconteste que o recorrente sofreu o "ônus financeiro" da retenção, porém tal valor não foi de fato recolhido aos cofres da Fazenda Nacional no momento oportuno, como já demonstrado, por culpa única e exclusiva de um terceiro que agora, ao que nos parece, seria a Caixa Econômica Federal. Todavia, às fls. 69 e ss. temos o DARF do referido recolhimento, realizado pela Caixa Econômica Federal, ainda que a destempo, porém demonstrando o efetivo recolhimento decorrente do ônus financeiro da retenção sofrido pelo recorrente. Portanto, demonstrado que o recorrente sofreu o ônus da retenção e tal valor foi, ainda que posteriormente, recolhido pela Caixa Econômica Federal, deve ser afastada a glosa realizada pela Autoridade Fiscal e dado provimento ao recurso voluntário. Fl. 143DF CARF MF 10 CONCLUSÃO Por todo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 144DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10314.728111/2014-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012
TRIBUTAÇÃO DAS RECEITAS. APLICAÇÃO DO CUSTO ORÇADO. IMPROCEDÊNCIA
Improcede a autuação baseada no auferimento de receitas pela sistemática de custo orçado quando não se comprova a existência de custos diferentes do valor orçado.
TRIBUTAÇÃO DAS RECEITAS. APLICAÇÃO DO CUSTO ORÇADO. PROCEDÊNCIA.
Procedente o lançamento relativo à postergação de receitas de projeto quando se demonstra a divergência entre o custo orçado e os valores efetivamente considerados como custo.
ADICIONAL DE IRPJ. ANO 2009. RECÁLCULO.
Necessário o recálculo do adicional do IRPJ do ano de 2009 quando não considerada a aplicação da isenção do lucro limitado ao montante de R$ 20.000,00 por mês.
PREJUÍZO FISCAL E BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSLL. RECÁLCULO. UTILIZAÇÃO.
Necessário o recálculo dos valores utilizados de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL, quando da realização do recálculo da autuação pela provimento parcial do recurso.
Numero da decisão: 1401-002.004
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pr maioria de votos, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin e Daniel Ribeiro Silva, que davam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto (Relator), Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012 TRIBUTAÇÃO DAS RECEITAS. APLICAÇÃO DO CUSTO ORÇADO. IMPROCEDÊNCIA Improcede a autuação baseada no auferimento de receitas pela sistemática de custo orçado quando não se comprova a existência de custos diferentes do valor orçado. TRIBUTAÇÃO DAS RECEITAS. APLICAÇÃO DO CUSTO ORÇADO. PROCEDÊNCIA. Procedente o lançamento relativo à postergação de receitas de projeto quando se demonstra a divergência entre o custo orçado e os valores efetivamente considerados como custo. ADICIONAL DE IRPJ. ANO 2009. RECÁLCULO. Necessário o recálculo do adicional do IRPJ do ano de 2009 quando não considerada a aplicação da isenção do lucro limitado ao montante de R$ 20.000,00 por mês. PREJUÍZO FISCAL E BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSLL. RECÁLCULO. UTILIZAÇÃO. Necessário o recálculo dos valores utilizados de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL, quando da realização do recálculo da autuação pela provimento parcial do recurso.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10314.728111/2014-16
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5764324
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1401-002.004
nome_arquivo_s : Decisao_10314728111201416.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
nome_arquivo_pdf_s : 10314728111201416_5764324.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pr maioria de votos, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin e Daniel Ribeiro Silva, que davam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto (Relator), Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa
dt_sessao_tdt : Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6911263
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049466442874880
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1693; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 3.856 1 3.855 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.728111/201416 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401002.004 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de julho de 2017 Matéria IRPJ POSTERGAÇÃO DE RECEITAS Recorrente VWS BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012 TRIBUTAÇÃO DAS RECEITAS. APLICAÇÃO DO CUSTO ORÇADO. IMPROCEDÊNCIA Improcede a autuação baseada no auferimento de receitas pela sistemática de custo orçado quando não se comprova a existência de custos diferentes do valor orçado. TRIBUTAÇÃO DAS RECEITAS. APLICAÇÃO DO CUSTO ORÇADO. PROCEDÊNCIA. Procedente o lançamento relativo à postergação de receitas de projeto quando se demonstra a divergência entre o custo orçado e os valores efetivamente considerados como custo. ADICIONAL DE IRPJ. ANO 2009. RECÁLCULO. Necessário o recálculo do adicional do IRPJ do ano de 2009 quando não considerada a aplicação da isenção do lucro limitado ao montante de R$ 20.000,00 por mês. PREJUÍZO FISCAL E BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSLL. RECÁLCULO. UTILIZAÇÃO. Necessário o recálculo dos valores utilizados de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL, quando da realização do recálculo da autuação pela provimento parcial do recurso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pr maioria de votos, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Lívia De AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 81 11 /2 01 4- 16 Fl. 3857DF CARF MF 2 Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin e Daniel Ribeiro Silva, que davam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto (Relator), Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relatório O auto de infração objeto do presente processo referese à postergação indevida do reconhecimento de receitas em razão da utilização, na apuração dos custos orçados e respectivos índices para o reconhecimento de receitas, de valores discrepantes em relação a cada um dos períodos de apuração objeto da fiscalização. Intimada a manifestarse sobre a composição dessa conta, a contribuinte informou tratarse de valores contabilizados com base no mecanismo de apuração de resultados de contrato de longo prazo, previsto no art. 407, §1º, I, do RIR/99, que assim dispõe: Art. 407. Na apuração do resultado de contratos, com prazo de execução superior a um ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço pré determinado, de bens ou serviços a serem produzidos, serão computados em cada período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 10): I o custo de construção ou de produção dos bens ou serviços incorridos durante o período de apuração; II parte do preço total da empreitada, ou dos bens ou serviços a serem fornecidos, determinada mediante aplicação, sobre esse preço total, da percentagem do contrato ou da produção executada no período de apuração. 1º A percentagem do contrato ou da produção executada durante o período de apuração poderá ser determinada (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 10, § 1º): I com base na relação entre os custos incorridos no período de apuração e o custo total estimado da execução da empreitada ou da produção; (...) O procedimento adotado pelo contribuinte foi assim narrado pela fiscalização. Fl. 3858DF CARF MF Processo nº 10314.728111/201416 Acórdão n.º 1401002.004 S1C4T1 Fl. 3.857 3 Intimado o contribuinte a apresentar os valores De custo orçados dos projetos em que foi feita a aferição, este não apresentou as planilhas de custos, não sendo possível à fiscalização apurar se as diferenças de índices eram cabíveis. Após análise da documentação apresentação pela contribuinte, a fiscalização identificou possíveis irregularidades quanto à apuração desses coeficientes no que tange a quatro projetos: “REPLAN”, “REPAR”, “RNEST” e “HUACHIPA”. É possível visualizar os coeficientes utilizados pela contribuinte ao longo do período fiscalizado no quadro de fl. 3436, elaborado pela autoridade fazendária: Seguimos com trecho do relatório da DRJ. O raciocínio adotado pela fiscalização para inferir a existência de irregularidades quanto à determinação desses coeficientes parte do pressuposto de que o mecanismo de apuração previsto no art. 407, §1º, I, do RIR/99 está vinculado à adoção de preço predeterminado e de custo orçado (ver fl. 3432) nos contratos. E os valores estimados no início da execução dos contratos, em regra, não sofrem grandes alterações. Assim, a variação identificada na relação estimada originalmente entre receita total e custos orçados, ao longo da execução, não se revela usual. Salienta, em particular, a alteração havida no contrato RNEST, onde o coeficiente inicial foi de 1,32 e o final 1,88, denotando possível postergação no reconhecimento das receitas correspondentes. Nesse contexto, intimou a contribuinte a apresentar as devidas “justificativas para a mudança de índice”, para fins de verificação da conformidade dessas alterações em relação à norma de tributação prevista no art. 407, §1º, I, do RIR/99. Nesse contexto, verificamse os Termos de Intimação Fiscal nº 4 (fl. 2189), cientificado em 31/03/2014, e nº 5 (fl. 2196), cientificado em 10/06/2014. Os esclarecimentos e documentação apresentados pela contribuinte foram juntados às fls. 2204/3409. Merece destaque o documento de fl. 2393, onde estão apresentadas as considerações relativas ao contrato RNEST. A fiscalizada associa a mudança do índice de 1,32 para 1,88 a alterações havidas Fl. 3859DF CARF MF 4 no contrato firmado originalmente, como se verá adiante. Especificamente em relação ao contrato RNEST, a fiscalização entendeu como insubsistentes as considerações firmadas pela contribuinte. Apresenta às fl. 3434/3435 considerações elaboradas a partir dos números apresentados pela fiscalizada e aqueles presentes nas DIPJ da VWS BRASIL LTDA. e da sociedade de propósito específico ENFIL/VEOLIARNEST LTDA. (CNPJ 10.664.546/000109), que dão conta de que “o coeficiente de ajuste merecido sempre foi de 1,88”. Ademais, mesmo em relação aos demais projetos analisados (REPLAN, REPAR e HUACHIPA), conclui que não foram apresentados elementos “que comprovassem os custos orçados dos projetos que relacionou”. Salienta, em particular, a falta de apresentação de documentos que possam certificar a adequação dos procedimentos contábeis às diretrizes aprovadas pela Resolução CFC nº 1.171/09, que trata das receitas e despesas associadas a contratos de construção. Em face do entendimento de que o sujeito passivo não apresentou elementos de prova que pudessem convalidar a variação havida nos coeficientes utilizados para os projetos REPLAN, REPAR, RNEST e HUACHIPA de 2010 a 2012, a fiscalização “recalculou os valores que deveriam ter sido apropriados ao resultado de cada período segundo o maior coeficiente de ajuste de cada contrato”. Salienta a fiscalização, à fl. 3437, que “os contratos em relação aos quais foram feitos os cálculos são apenas aqueles em que se verificou uma variação de coeficiente incomum ou muito superior aos demais contratos e em relação aos quais o sujeito passivo, regularmente intimado, não logrou apresentar documentos que comprovassem a redução dos custos”. O cálculo da “Receita reconhecida” mediante a utilização dos coeficientes adotados pela fiscalização estão apresentados nas planilhas de fls. 3438/3440. Nessas planilhas está indicado o valor da “Receita postergada” pela contribuinte, em cada período de apuração, para cada projeto. Assim, com base nos valores dos contratos foram refeitos os cálculos do índices (coeficientes) de ajuste e, verificadas as diferenças de valores de receitas oferecidos à tributação, resultando nos lançamentos de autos de infração de IRPJ e CSLL objeto deste processo. Salientese que no próprio TVF o fiscal já demonstrou a realização dos cálculos de compensação da postergação de receitas com os prejuízos fiscais e BCN da CSLL de outros períodos, resultando no lançamento pelos valores líquidos destas compensações. Cientificado da autuação o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 3476 em diante. Analisando a impugnação juntamente com a autuação a Delegacia de Julgamento emitiu a decisão de fls. 3608 em diante nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) consiste em mero instrumento de controle interno, criado para a seleção e o planejamento das atividades de fiscalização da Receita Federal. Não macula o lançamento efetuado a extensão dos efeitos previstos no Mandado de Procedimento Fiscal, porque a Fl. 3860DF CARF MF Processo nº 10314.728111/201416 Acórdão n.º 1401002.004 S1C4T1 Fl. 3.858 5 relação jurídica instaurada entre a autoridade e o contribuinte não se inaugura com a expedição do MPF, mas com a ciência do início dos procedimentos, nos termos do artigo 196 do Código Tributário Nacional, esta sim providência essencial e inarredável para a validade dos atos praticados durante a fiscalização. CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO. PRAZO DE EXECUÇÃO SUPERIOR A DOZE MESES. MÉTODO DO CUSTO ORÇADO. Embora o contribuinte tenha a opção de adotar o critério do custo incorrido para apuração dos resultados, essa opção, caso levada a efeito, exige documentação de suporte, vale dizer, controle específico e individualizado para cada contrato de longo prazo, onde os custos estimados ou orçados, por obra, estejam devidamente apurados e comprovados, de forma detalhada (custos diretos, indiretos, custo total e reajustes). Não se admite custos orçados ou estimados aleatoriamente, sem elementos probatórios. Assim, não restando comprovado pela fiscalizada o custo estimado ou orçado que implicou o diferimento indevido da tributação das receitas, justificase a mudança, de ofício, do critério de apuração do resultado, para exigir as diferenças cabíveis mediante auto de infração. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado da decisão o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fls. 3635 em diante, no qual apresenta as seguintes alegações: Que seguiu fielmente as normas do art. 407, do Decreto nº 3.000/99, juntamente com a IN SRF nº 021/97; Que foi cientificada do início de fiscalização relativa aos fatos geradores do ano 2010, entretanto, em sua fiscalização foram refeitos cálculos e lançamentos dos períodos de 2009 a 2012; PRELIMINARES Erro no cálculo do IRPJ do ano 2009, por aplicar o adicional sobre todo o valor tributável sem excluir a parcela de R$ 240.000,00 isenta do adicional; Restrição indevida da compensação de Prejuízo Fiscal e BCN da CSLL aos saldos residuais de 2011 e 2012, sem se ater ao estoque de prejuizos existentes, regando aumento indevido das bases de 2009 e 2010; Não houve a devida investigação dos coeficientes aplicados, baseandose apenas nos coeficientes da RNEST; Alega que o erro de apuração da base de cálculo causa nulidade do auto de infração e apresenta diversos precedentes para justificar seu entendimento; Alega que em nenhum momento a lei autoriza a revisão do lançamento em momento posterior; Alega que a presunção de utilização de coeficiente diferente do da empresa baseouse em meros indícios verificados na RNEST; Fl. 3861DF CARF MF 6 Apresenta argumentos que pretendem contrariar a tese fiscal que aplicou o maior percentual de coeficiente em todos os anos. Alega que em alguns casos, caso fosse utilizado o último coeficiente haveria ressarcimento de tributos pagos. Alega que a administração tem o dever de provar o fato imponível, no caso os fatos que levaram à autuação. Alega que o MPF só abrangia o período de 2010 e que, assim, diante das normas que regulamentam os procedimentos de fiscalização, o auto de infração seria nulo por ter extrapolado o período de fiscalização autorizado pelo MPF. MÉRITO 1) Prerrogativa legal de o contribuinte postergar o reconhecimento de suas receitas Que os reajustes de custos se basearam nas normas da IN SRF 21/79, em seu ponto 6.1. I, e que teria comprovado os reajustes que influenciaram a alteração dos coeficientes; Que os coeficientes utilizados pela fiscalização são ficções jurídicas criadas pelo fiscal; Que existe o permissivo legal de diferimento do oferecimento à tributação das receitas em contratos com entes governamentais com prazo superior a um ano; Que a própria empresa utilizou os critérios de custo orçado em vez de utilizar a faculdade de diferimento por contratos com órgãos governamentais, mesmo sendo legalmente autorizada para isto. E que, assim, a autuação somente exsurgiu por mera ficção jurídica; 2) Arbitrariedade do lançamento baseado em presunção Repisa argumentos semelhantes para demonstrar uma possível arbitrariedade na utilização dos coeficientes de reconhecimento das receitas; Alega a improcedência da seguinte afirmação da fiscalização que culminaram na revisão dos coeficientes. “O sujeito passivo não apresentou informações que deveria ter divulgado em relação aos contratos de longo prazo, impossibilitando a apuração dos valores de custos e receitas que influenciariam na alteração do coeficiente de “ajuste merecido.(...)” Alega que apresentou documentação comprobatória à fiscalização e que a empresa é auditada pela Ernest & Young que não realizou nenhuma ressalva em seu balanço; Alega não haver lógica no fato de a empresa alterar os seu coeficientes indiscriminadamente para postergar seus lucros quando já existia autorização legal para tanto; 3) Da correção dos Coeficientes Neste item o recorrente apresenta argumentação que pretende demonstrar a correção dos coeficientes utilizados e a maneira como chegou a eles. Fl. 3862DF CARF MF Processo nº 10314.728111/201416 Acórdão n.º 1401002.004 S1C4T1 Fl. 3.859 7 Que utiliza um documento denominado IPAF onde apura todos os custos da obra e riscos do projeto; Feito este levantamento calculase o preço do projeto que será ofertado; A partir da assinatura do contrato os valores do IPAF e do contrato serão utilizados para cálculo do coeficiente de reconhecimento de receitas e de margens; No curso do contrato tanto as receitas, quanto as despesas poderão variar de acordo com cláusulas contratuais de reajuste ou de eventos que possam onerar ou reduzir os custos; Alega que os projetos utilizados como base da autuação são exemplos de otimização de custos que geraram um aumento das margens e, consequentemente dos coeficientes ao longo da execução. Apresenta demonstração do ocorrido na RNEST e os aditivos de contrato que justificariam o incremento do coeficiente para o ano de 2012. Apresenta outras justificativas semelhantes para os demais projetos. Conclui requerendo a nulidade ou improcedência da autuação pelos motivos já expostos. Voto Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto Relator O recurso preenche os requisitos legais por isso dele tomo conhecimento. Analisando as alegações apresentadas pela empresa, iniciaremos pelas preliminares apresentadas pelo recorrente. 1 Erro no cálculo do IRPJ do ano 2009, por aplicar o adicional sobre todo o valor tributável sem excluir a parcela de R$ 240.000,00 isenta do adicional; 2 Restrição indevida da compensação de Prejuízo Fiscal e BCN da CSLL aos saldos residuais de 2011 e 2012, sem se ater ao estoque de prejuízos existentes, regando aumento indevido das bases de 2009 e 2010; Fl. 3863DF CARF MF 8 3 Não houve a devida investigação dos coeficientes aplicados, baseandose apenas nos coeficientes da RNEST; 4 Alega que o erro de apuração da base de cálculo causa nulidade do auto de infração e apresenta diversos precedentes para justificar seu entendimento; 5 Alega que em nenhum momento a lei autoriza a revisão do lançamento em momento posterior; 6 Alega que a presunção de utilização de coeficiente diferente do da empresa baseouse em meros indícios verificados na RNEST; 7 Apresenta argumentos que pretendem contrariar a tese fiscal que aplicou o maior percentual de coeficiente em todos os anos. Alega que em alguns casos, caso fosse utilizado o último coeficiente haveria ressarcimento de tributos pagos. 8 Alega que a administração tem o dever de provar o fato imponível, no caso os fatos que levaram à autuação. 9 Alega que o MPF só abrangia o período de 2010 e que, assim, diante das normas que regulamentam os procedimentos de fiscalização, o auto de infração seria nulo por ter extrapolado o período de fiscalização autorizado pelo MPF. De início, com relação aos itens 1, 2, 3, 4, 6, 7 e 8 tratam, em verdade, de análise do mérito da própria autuação e seus cálculos, assim, estes itens serão analisados na parte do mérito. Quanto aos demais itens levantados como preliminares vejamos: 5 Alega que em nenhum momento a lei autoriza a revisão do lançamento em momento posterior; Com relação a esta alegação, não é correto o entendimento do recorrente a este respeito. Vejamos as normas que possibilitam a ação da Fazenda. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Fl. 3864DF CARF MF Processo nº 10314.728111/201416 Acórdão n.º 1401002.004 S1C4T1 Fl. 3.860 9 Consoante as normas do art. 150, § 4º do CTN, a Fazenda Pública possui prazo de cinco anos contados da extinção condicional dos créditos tributários para realizar a revisão do lançamento declarado e, se for o caso, emitir lançamento de ofício complementando o lançamento anteriormente realizado. Este foi o procedimento realizado neste processo. Dentro do prazo decadencial de cinco anos a fazenda realizou procedimento junto à empresa e, em sua conclusão julgou incorreto o lançamento realizado pela empresa e lançou o seu próprio de ofício. Não existe impedimento à Fazenda Pública de realizar tal procedimento, senão a decadência do direito de constituir o crédito tributário que, no caso, não se aplica. Neste sentido, rejeito a preliminar. 9 Alega que o MPF só abrangia o período de 2010 e que, assim, diante das normas que regulamentam os procedimentos de fiscalização, o auto de infração seria nulo por ter extrapolado o período de fiscalização autorizado pelo MPF. O MPF original do presente processo está juntado às fls. 07 e, efetivamente, abrangia apenas o ano de 2010. Após este foram emitidos diversos termos de prosseguimento da fiscalização onde o fiscal informava a continuação do procedimento e solicitava/recebia documentos. Tais termos se encontram às fls. 2162, 2164, 2166, 2168, 2200, 2202. Posteriormente foi lavrado um Termo de Constatação no qual foi informado ao contribuinte a troca do MPF, tendo em vista a mudança de atribuições das Delegacias. Tal termo foi juntado às fls. 2170, conforme excerto abaixo transcrito. Com relação à alegada nulidade em função de o MPF não constar todos os exercícios que foram objeto de fiscalização, esses vícios na emissão do MPF não tem o condão de causar nulidade ao procedimento, haja vista que a emissão do MPF visa ao controle interno das atividades da administração. Eventuais incorreções em sua emissão não ensejam a nulidade do procedimento, visto não causarem prejuízo à defesa do contribuinte. Vejase, abaixo, precedente desta mesma câmara neste sentido. CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CARF Primeira Seção QUARTA CÂMARA PRIMEIRA TURMA RECURSO: RECURSO VOLUNTARIO MATÉRIA: IRPJ, COFINS, PIS, CSLL ACÓRDÃO: 1401001.783 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2010, 2011, 2012 VÍCIOS DO MPF NÃO GERAM NULIDADE DO LANÇAMENTO. As normas que regulamentam a emissão de mandado de procedimento fiscal MPF, dizem respeito ao controle interno das atividades da Secretaria da Receita Federal, portanto, eventuais vícios na sua emissão e execução não afetam a validade do lançamento. Recurso Especial negado. PROCEDIMENTO FISCAL. PERDA DA ESPONTANEIDADE. Depois de instaurado o procedimento de fiscalização a contribuinte não mais dispõe de espontaneidade para regularizar suas obrigações tributárias visando afastar a formalização da exigência e imposição da multa de ofício estabelecidas na legislação pertinente. QUEBRA DE SIGILO FISCAL. Fl. 3865DF CARF MF 10 INCONSTITUCIONALIDADE DO PROCEDIMENTO DE OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS VIA RMF. O STF fixou que o art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. OMISSÃO DE RECEITAS FINANCEIRAS. Correta a exigência quando o contribuinte não procedeu à contabilização de receitas financeiras obtidas no decorrer do anocalendário. MULTA QUALIFICADA. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.À autoridade julgadora é vedado afastar a aplicação da lei sob fundamento de inconstitucionalidade, pelo que é impossível apreciar as alegações de ofensa aos princípios constitucionais da vedação ao confisco, razoabilidade e proporcionalidade. LANÇAMENTOS REFLEXOS. PIS. COFINS. CSLL. Por decorrerem dos mesmos motivos de fato e de direito que levaram à exigência do IRPJ, igual destino deverão ter os lançamentos dele reflexos. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PRECLUSÃO. A responsabilidade pessoal dos solidários não pode ser conhecida face das alegações apresentadas somente na fase recurso, respeito a impossibilidade de supressão de instancia, nos limites do que determina o art. 17 do Decreto 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício; e II) Por unanimidade, em não conhecer dos recurso dos responsáveis em parte (responsabilidade tributária, multas qualificada e agravada), por serem matérias preclusas. Na parte conhecida, em rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, negar provimento aos recursos voluntários dos solidários e da empresa. (assinado digitalmente) ANTÔNIO BEZERRA NETO Presidente. (assinado digitalmente) LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto e Aurora Tomazini de Carvalho. À vista do exposto, também quanto a este item rejeito a preliminar levantada. DA ANÁLISE DO MÉRITO Passando à análise do mérito, em que pese a extensa argumentação trazida pela recorrente em sua peça recursal, o ponto crucial desta análise se baseia em algumas indagações simples e diretas, das quais poderemos chegar às conclusões acerca da procedência ou não da autuação. A autuação trata da possível postergação de receitas pela aplicação de coeficientes da relação preço orçado/custo orçado em percentuais inferiores aos que deveriam ter sido utilizados pela recorrente nos projetos REPLAN, REPAC, RNEST e HUACHITA. Vejamos: Os projetos nos quais a empresa utilizou a metodologia de custo orçado para fins de atribuição das receitas de cada ano foram contratados com Entidades Governamentais? Fl. 3866DF CARF MF Processo nº 10314.728111/201416 Acórdão n.º 1401002.004 S1C4T1 Fl. 3.861 11 Restou comprovado que os coeficientes utilizados para atribuição das receitas pela empresa obedeceram à proporcionalidade entre os custos incorridos no exercício e o total do custo orçado? A primeira indagação é de fácil resposta. Efetivamente todos os projetos em que se baseou a autuação referemse a contratos firmados com entidades governamentais, quais sejam, REPLAN, REPAC e RNEST foram firmados com a estatal brasileira PETROBRÁS enquanto que o projeto HUACHITA foi firmado com PDVSA estatal de produção de petróleo do Governo da Venezuela. Assim, na forma do Regulamento do Imposto de Renda, art. 409, as receitas destes projetos poderiam ser objeto de diferimento até o ato do seu recebimento. Restou comprovado que os coeficientes utilizados para atribuição das receitas pela empresa obedeceram à proporcionalidade entre os custos incorridos no exercício e o total do custo orçado? Em relação ao segundo questionamento, há de se esclarecer que para os projetos REPLAN, REPAC e HUACHITA o contribuinte foi intimado, conforme Termo de Intimação de fls. 2196, a apresentar todos os custos, planilhas de apuração destes e das receitas, justificativas de alteração dos coeficientes, documentos utilizados para a divulgação das alterações de coeficiente, além de outros questionamentos. Da intimação realizada o contribuinte não apresentou qualquer documento ou informação relativo aos projetos REPLAN, REPAC e HUACHITA. Deste descumprimento do contribuinte o fiscal realizou o recálculo de atribuição das receitas em cada exercício a partir do maior dos coeficientes verificados no projeto. Quanto a este procedimento, relativo aos projetos aos quais o contribuinte não apresentou a documentação para uma análise detalhada, discordo do procedimento adotado pela fiscalização. Ao utilizar o maior dos coeficientes verificados para cada projeto em substituição aos coeficientes originalmente atribuídos pela empresa o fiscal incidiu em aplicar uma presunção, sem a existência de fundamento legal para a sua aplicação. Vejase abaixo os percentuais e os cálculos realizados pelo fiscal. Fl. 3867DF CARF MF 12 Fl. 3868DF CARF MF Processo nº 10314.728111/201416 Acórdão n.º 1401002.004 S1C4T1 Fl. 3.862 13 O problema do método escolhido pelo fiscal é qual a base jurídica para fundamentar o entendimento. Por óbvio que a empresa incidiu em irregularidade ao não apresentar a documentação solicitada, nem demonstrar o cumprimento das normas que regulam a alteração dos percentuais dos coeficientes. No entanto, quanto a isto, poderia sofrer outras penalidades como, por exemplo, o agravamento da multa. Entretanto, ao atribuir o maior percentual dentre os verificados sem uma explicação mais aprofundada o fiscal também incide em falha, pois impede a contestação dos motivos que levaram à presunção realizada. Vejase que, ao realizar o recálculo do oferecimento das receitas com base simplesmente no maior coeficiente utilizado pela empresa durante o passar dos anos, o fiscal terminou por encontrar, no ano de 2011, o oferecimento a maior de receitas em todos os projetos quando comparado ao valor das receitas declaradas, fato que também nos parece estranho. Neste ponto, nosso convencimento de que a forma de apuração realizada pelo fiscal merece reparos se prende, ainda, no fato de que às fls. 2212/2214 constam planilhas de controle onde estão demonstrados os coeficientes utilizados para o reconhecimento das receitas de inúmeros projetos (39 projetos no total). Nestas planilhas constam coeficientes menores ou maiores do que os dos projetos analisados sem que estes tenham sido objeto de contestação por parte da fiscalização. Fl. 3869DF CARF MF 14 Somos todos cientes do esforço empreendido pela fiscalização na apuração dos fatos objeto da autuação, no entanto, não se pode, no nosso entender, utilizar a aplicação de coeficientes de atribuição das receitas com base nos custos incorridos pelo maior percentual verificado na execução dos projetos, sem que ocorra a indicação de algum motivo que levou a esta conclusão. Ao assim agir a fiscalização incidiu em presunção desprovida de base normativa. Diante da ausência de justificativa ou comprovação por parte da empresa poderia a fiscalização ter reintimado a empresa, o que não ocorreu. Poderia também utilizar o coeficiente médio em substituição ao maior como foi feito. Qual seria o critério certo? A esta questão não podemos responder, à guisa da inexistência de previsão legal específica. Do nosso ponto de vista, talvez entendessemos que o melhor seria a adoção de um coeficiente médio. No entanto aí estaríamos substituindo o arbítrio do fiscal pelo nosso, o que também não seria correto. Por isso, verificada a falta de fatos comprovados que justificassem a adoção de um ou outro critério, quer por parte do contribuinte, quer por parte da fiscalização, entendemos que, em relação aos projetos REPLAN, REPAC e HUACHITA, deve ser considerada improcedente a autuação aplicada aos valores relativos à postergação de receitas destes projetos. Os coeficientes utilizados pela fiscalização para cálculo da autuação relativa ao projeto RNEST fundamentaramse nos valores dos custos efetivos realizados em comparação com o custo orçado de cada projeto? Respondendo à pergunta anterior em relação ao projeto RNEST, juntamente com a indagação acima pudemos constatar, da análise das informação do fiscal e das planilhas apresentadas pela empresa que o motivo de dúvida da fiscalização que levou à utilização do maior percentual de coeficiente durante todo o exercício baseouse na apuração dos coeficientes com a modificação das participações ocorridas quando da execução do projeto à medida em que foi criada a sociedade de propósito específico ENFIL/VEOLIARNEST. A planilha apresentada pela recorrente às fls. 2395 trouxe as informações do detalhamento do cálculo do coeficiente apurado da participação das três empresas: Veolia, Enfil e Veolia/EnfilRnest. Pelas informações dos contratos assim seria a participação destes nas receitas e custos do projeto: Ocorre, no entanto, que na planilha de fls. 2395, abaixo transcrita, a recorrente não utilizou estes percentuais para o cálculo das proporcionalidades de custos e Fl. 3870DF CARF MF Processo nº 10314.728111/201416 Acórdão n.º 1401002.004 S1C4T1 Fl. 3.863 15 receitas iniciais e, assim a obtenção do valor correto do coeficiente de cada participação. Vejamos a planilha. Nessa planilha, ao apontar o valor do custo proporcional da SPE, a recorrente, em vez de utilizar o percentual de 42% incidente sobre o custo orçado (R$ 584.592.145,02 x 0,42 = R$ 245.528.700,90), utilizou um valor arbitrário (sem indicação de origem) de R$ 325.080.000,00. Com base nesta planilha que desrespeitou os percentuais contratados pela própria empresa é que o fiscal efetuou o recálculo dos valores de custo orçado e encontrou um coeficiente de 1,88 para todo o período, conforme relatado abaixo: Fl. 3871DF CARF MF 16 O problema da interpretação do fiscal foi basearse nos números de 2012 em comparação com os números de 2010 para encontrar um coeficiente de 1,88, sem verificar a origem dos valores constates na planilha da empresa. Não entendemos ser correta esta interpretação. Baseado na mesma planilha de fls. 2395 e corrigindose os equívocos apresentados pela recorrente, realizamos a apuração Fl. 3872DF CARF MF Processo nº 10314.728111/201416 Acórdão n.º 1401002.004 S1C4T1 Fl. 3.864 17 do coeficiente com o ingresso da SPE no projeto e com base nos percentuais devidamente registrados em contrato, resultando na planilha abaixo. PROJETO RNEST Total do Contrato 774.000.000,00 Coef. original 1,324 Custo total do contrato 584.592.145,02 Novo cálculo do coeficiente com a inclusão da SPE, considerando o coeficiente desta igual a 1,00 Participante Percentual Parcela de cada parte Parcela proporcional Coeficiente Nova Distribuição Nova Receita Margem Bruta na Receita total + SPE de custo com SPE atribuído dos Custos Individualizada Individualizada ENFIL 29% 224.460.000,00 169.531.722,06 1,5586 169.531.722,06 264.235.649,55 94.703.927,49 VEOLIA 29% 224.460.000,00 169.531.722,06 1,5586 169.531.722,06 264.235.649,55 94.703.927,49 SPERNEST 42% 325.080.000,00 245.528.700,91 1,0000 245.528.700,91 245.528.700,91 Totais 774.000.000,00 584.592.145,02 584.592.145,02 774.000.000,00 189.407.854,98 Vejase que na planilha acima foi corrigido o custo atribuído à SPE e com essa correção, verificado que o coeficiente a ser utilizado sobre os valores de custo para fins de reconhecimento de receita deveria ter sido, em verdade, 1,5586 e não 1,88 como realizado pela fiscalização, nem 1,37 conforme indicado pela empresa. É de se observar que nos valores acima a parcela de lucros é semelhante à obtida pelo fiscal em sua argumentação, entretanto o coeficiente para chegada a este lucro é diferente, posto que baseado na proporcionalidade do contrato inicial. Desta forma, em relação ao Projeto RNEST necessário é reconhecer que houve falha na apuração dos valores das receitas não reconhecidas ao realizarse a apuração pelo coeficiente de 1,88, quando o correto, devidamente apurado pela proporcionalidade de participação, após a inclusão da SPE, deveria ser de 1,5586. Assim, neste ponto, entendo que deve ser dado parcial provimento ao recurso no sentido de serem recalculados os valores das receitas e os respectivos cálculos de postergação, de acordo com o coeficiente de 1,5586 acima indicado. Complementando a análise e adentrando nas alegações apresentadas como preliminares que, em nossa opinião, confundemse com o mérito da autuação 1 Erro no cálculo do IRPJ do ano 2009, por aplicar o adicional sobre todo o valor tributável sem excluir a parcela de R$ 240.000,00 isenta do adicional; Quando a este ponto assiste razão ao recorrente. Realmente verificamos que na apuração dos valores devidos a título de IRPJ do ano de 2009 o adicional do imposto foi calculado em cima da integral parcela do lucro, sem a exclusão do valor de R$ 240.000,00 por anocalendário sobre o qual não incide o adicional. Fl. 3873DF CARF MF 18 Assim, quanto a este ponto, há de se reparar a autuação para que os cálculos sejam refeitos da autuação considerando a exclusão da incidência do adicional do IRPJ sobre esta parcela do lucro tributável. 2 Restrição indevida da compensação de Prejuízo Fiscal e BCN da CSLL aos saldos residuais de 2011 e 2012, sem se ater ao estoque de prejuízos existentes, gerando aumento indevido das bases de 2009 e 2010; Em relação a este ponto também assiste razão ao recorrente. Ao recomporem se os valores do lucro tributável a fiscalização deve utilizar não só os valores de prejuízo fiscal e BC negativa de CSLL informados pela empresa nas DIPJ mas sim as bases existentes até o limite de 30% do lucro tributável na forma da legislação. Assim, como votamos pela refazimento dos cálculos da postergação, quando estes forem realizados deverão ser utilizados os estoques de prejuízos fiscais e BC negativas de CSLL até o limite de 30% do lucro tributável em cada exercício. 3 Não houve a devida investigação dos coeficientes aplicados, baseandose apenas nos coeficientes da RNEST; 4 Alega que o erro de apuração da base de cálculo causa nulidade do auto de infração e apresenta diversos precedentes para justificar seu entendimento; 6 Alega que a presunção de utilização de coeficiente diferente do da empresa baseouse em meros indícios verificados na RNEST; 7 Apresenta argumentos que pretendem contrariar a tese fiscal que aplicou o maior percentual de coeficiente em todos os anos. Alega que em alguns casos, caso fosse utilizado o último coeficiente haveria ressarcimento de tributos pagos. 8 Alega que a administração tem o dever de provar o fato imponível, no caso os fatos que levaram à autuação. Quanto aos itens de 3 a 8 das preliminares levantadas que, na verdade, correspondem ao mérito essas alegações já foram respondidas na análise do mérito anteriormente realizada. Do exposto, levandose em consideração o acima demonstrado, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso para: 1 excluir da autuação os valores relativos à pretensa postergação de receitas dos projetos REPLAN, REPAC e HUACHITA, 2 refazer os cálculos de postergação relativos ao projeto RNEST para que seja aplicado o percentual de 1,5586 em todos os períodos do projeto Fl. 3874DF CARF MF Processo nº 10314.728111/201416 Acórdão n.º 1401002.004 S1C4T1 Fl. 3.865 19 3 refazer os cálculos dos valores devidos de IRPJ do ano de 2009, com a exclusão da incidência do adicional do imposto sobre a parcela do lucro de até R$ 240.000,00 anuais. 4 utilizar, quando da execução dos novos cálculos de postergação, o valor dos estoques de prejuízos fiscais e BC negativas de CSLL até o limite de 30% do lucro tributável. Abel Nunes de Oliveira Neto Fl. 3875DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.720012/2007-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA.
É ônus processual da contribuinte fazer a prova dos fatos constitutivos de seu direito.
PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. NÃO OCORRÊNCIA. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. FALTA DE ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO.
No caso em análise, a contribuinte foi intimada a apresentar documentação, no entanto, não atendeu à respectiva solicitação, implicando na negativa do seu crédito pelo seu próprio comportamento. Não cabe dizer, portanto, que há afronta ao princípio da verdade material ou cerceamento ao direito de defesa.
Numero da decisão: 3302-004.692
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinatura digital)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza -Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. É ônus processual da contribuinte fazer a prova dos fatos constitutivos de seu direito. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. NÃO OCORRÊNCIA. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. FALTA DE ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO. No caso em análise, a contribuinte foi intimada a apresentar documentação, no entanto, não atendeu à respectiva solicitação, implicando na negativa do seu crédito pelo seu próprio comportamento. Não cabe dizer, portanto, que há afronta ao princípio da verdade material ou cerceamento ao direito de defesa.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13971.720012/2007-01
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5767802
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-004.692
nome_arquivo_s : Decisao_13971720012200701.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 13971720012200701_5767802.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza -Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
id : 6927242
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:06:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049466482720768
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1566; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13971.720012/200701 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302004.692 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 30 de agosto de 2017 Matéria PER/DCOMP IPI Recorrente DF MADEIRAS LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. É ônus processual da contribuinte fazer a prova dos fatos constitutivos de seu direito. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. NÃO OCORRÊNCIA. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. FALTA DE ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO. No caso em análise, a contribuinte foi intimada a apresentar documentação, no entanto, não atendeu à respectiva solicitação, implicando na negativa do seu crédito pelo seu próprio comportamento. Não cabe dizer, portanto, que há afronta ao princípio da verdade material ou cerceamento ao direito de defesa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 00 12 /2 00 7- 01 Fl. 539DF CARF MF 2 Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Relatório Tratase de pedido de ressarcimento de IPI, com fundamento no crédito presumido, como ressarcimento da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para a Seguridade Social COFINS, previsto na Lei nº 9.363, de 1996, e Portaria MF nº 38/97, do período de apuração referente ao 3º trimestre de 2003. A contribuinte impetrou mandado de segurança, fls. 171, a fim de que seus pedidos de compensação fossem analisados, e obteve a segurança pleiteada, na qual a sentença determinou que o processo administrativo fosse instruído em 30 dias e decidido nos trinta dias seguintes. Sobreveio o despacho decisório, indeferindo o pedido, fls. 51 e seguintes, cuja ementa é transcrita abaixo: O saldo credor do IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima (MP), produto intermediário (PI) e material de embalagem (ME), aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos art. 73 e 74 da Lei n°9.430, de 27/12/1996. Sua utilização deverá observar as normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, cabendo à interessada a prova dos fatos que tenha alegado. A contribuinte, irresignada, apresentou manifestação de inconformidade, fls. 65 e seguintes, onde alegou em síntese que: 1. Que ela foi intimada pela SAORT/DRF/Blumenau pela intimação fiscal nº 050/2007 para apresentar documentos, visando à análise dos pedidos de homologação de declarações de compensação de tributos. A contribuinte solicitou prorrogação de prazo para a entrega de documentos, contudo, a DRF em Blumenau indeferiu o pedido de prorrogação sob o argumento de que a análise estava sendo examinada em atendimento à decisão proferida nos autos do Mandado de Segurança nº 2006.72.05.0051978/SC, onde foi fixado um prazo de 60 (sessenta dias) para finalização do procedimento; 2. Afirma que possui toda a documentação e não pode ser privada do direto de ver seu crédito tributário compensado em razão da não apresentação de todos os documentos. Ela informa que teve que instruir simultaneamente 24 (vinte e quatro) processos administrativos de compensações de tributos, envolvendo vários exercícios fiscais, atendendo rigorosamente as diretrizes impostas pelas portarias e instruções normativas da SRF, tanto que necessitou contratar serviços especializados de assessoria especializada na área para dar atendimento as exigências, o que lamentavelmente não foi possível diante da exiguidade do prazo concedido; 1 Todas as páginas, referencidas no voto, correspondem ao eprocesso. Fl. 540DF CARF MF Processo nº 13971.720012/200701 Acórdão n.º 3302004.692 S3C3T2 Fl. 3 3 3. Sustenta que ela pode juntar documentos em qualquer fase do processo administrativo, em razão do princípio da verdade documental, razão pela qual requereu a juntada dos documentos exigidos pela autoridade fiscal, solicitando revisão da decisão de indeferimento do pedido de compensação. Houve o julgamento da manifestação de inconformidade pela DRJ/Ribeirão Preto, fls. 179 e seguintes, cuja ementa é transcrita abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/07/2003 a 30/09/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. E ônus processual da interessada fazer a prova dos fatos constitutivos de seu direito. FALTA DE ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO. Quando documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo. A contribuinte apresentou Recurso Voluntário, fls. 187 e seguintes, onde reafirmou as alegações da manifestação de inconformidade e acrescentou: 1. Ela é empresa fabricante e exportadora de móveis e esquadrias de madeira. Durante muitos anos, vem desenvolvendo atividades de produção destinadas especificamente à exportação, direcionando seus esforços ao comércio exterior; 2. Em razão do princípio da verdade material, os documentos anexados na fase impugnatória devem ser analisados e assim já decidiu este Tribunal Administrativo que a apresentação dos documentos na fase de impugnação é válido; 3. Pleiteia pela nulidade do acórdão da DRJ, devendo os autos serem baixados à gerência de origem, de modo que a autoridade originária analise o pedido da interessada à luz dos documentos por ela trazidos aos autos. Sobreveio, então, julgamento do CARF, acórdão nº 380300.744, de 29 de setembro de 2010, Relator Hélcio Lafetá Reis, que anulou a decisão da DRJ, a ementa do julgado é transcrita abaixo, fls. 210: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 RESSARCIMENTO DE IPI. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (PAF). ANULAÇÃO DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. No processo administrativo fiscal vigoram os princípios da verdade material, do informalismo moderado e da oficialidade, devendo a autoridade administrativa julgadora proceder de Fl. 541DF CARF MF 4 forma a garantir a elucidação dos fatos que propicie o bom deslinde da controvérsia. Ao contribuinte é assegurado o direito de apresentar os elementos probatórios na manifestação de conformidade, que equivale à fase de impugnação do PAF. Deve ser anulada a decisão administrtiva de primeira instância em que se ignoraram tais condicionantes, para que outra seja proferida, ainda que se valendo de diligencias junto à repartição de origem. O processo retornou à DRJ/Ribeirão Preto, que devolveu o presente processo ao órgão preparador para, fls. 430: Diante do teor do acórdão proferido pelo CARF entendo que o presente processo deva ser baixado em diligência para que a fiscalização se pronuncie sobre: 1°) A documentação juntada pelo interessado atendeu as intimações, inclusive o arquivo magnético (CD) apresentado, feitas no decorrer do exame do pedido? 2°) A documentação juntada pelo interessado prova no todo ou em parte o direito creditório alegado? (Em caso afirmativo, em quanto montaria tal crédito contra a Fazenda nacional?). Sobreveio a informação fiscal, fls. 437, onde demonstrou quais itens foram atendidos e não atendidos, e em relação a um documento específico informou, in verbis: Assim, tendo em vista a ausência da memória de cálculo a que se refere o artigo 6º da IN SRF nº 23/97, informase que a documentação juntada pela interessada não comprova o direito ao crédito presumido. A contribuinte, então, manifestouse, fls. 446, no sentido de que a lei não prevê que, para a comprovação do direito ao crédito, se faz necessária a apresentação da memória de cálculo, nem mesmo o mencionado artigo 6º, da IN SRF nº 23, de 1997, ademais junta memória de cálculo na referida manifestação. O acórdão da DRJ/Ribeirão Preto julgou parcialmente procedente a segunda manifestação de inconformidade, fls. 471, para reconhecer o direito creditório montante em R$ 1.838,72. A ementa é transcrita abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. É ônus processual da interessada fazer a prova dos fatos constitutivos de seu direito, sendo que a aceitação destas, quando intempestivamente apresentadas, submetese às hipóteses legais. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. A obrigação acessória decorre da legislação tributária (leis, tratados e convenções internacionais, decretos e normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos Fl. 542DF CARF MF Processo nº 13971.720012/200701 Acórdão n.º 3302004.692 S3C3T2 Fl. 4 5 e relações jurídicas a eles pertinentes. ) e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. A contribuinte, então, apresentou novamente Recurso Voluntário, fls. 480, onde repisou a argumentação apresentada e acrescentou: 1. Que a alegação da DRJ/Riberão Preto no sentido de não comprovação do crédito por intempestividade é infundada, afirma que mesmo não apresentada a memória de cálculo, não poderia o julgador concluir que não está comprovado o direito alegado; 2. Diz que no anexo V, em formato exigido pela SRFB, consta a relação das entradas de insumos, demonstrados todos os produtos com seu respectivo destaque de IPI, dos CFOP's 1.11 e 2.11, que deram origem ao crédito. Além disso, estão relacionadas todas as Notas Fiscais de exportação direta e indireta, que compõem os CFOP's informados em documento anexo e arquivo digital; 3. Afirma que os documentos constantes dos autos, juntamente aos que seguiram em anexo por ocasião à Manifestação à Informação Fiscal, protocolada em 06/01/2011 (memória de cálculo), comprovam a existência do crédito reclamado; 4. Suscita que não houve zelo por parte da fiscalização na análise dos documentos apresentados, uma vez que eles atendem ao exigido na legislação, pois os cálculos foram baseados no que prescreve o artigo 3º, da Portaria 38/1997. Os autos subiram, novamente, a este Egrégio Tribunal Administrativo, onde por meio da Resolução nº 38030.162, Relator Hélcio Lafetá Reis, o feito foi convertido em diligência para, fls. 514: Nesse contexto, considerando que para se concluir acerca da extensão do direito creditório pleiteado há a necessidade de se confrontarem os dados presentes nos autos, muitos deles apresentados em arquivos magnéticos, com outros constantes dos sistemas internos da Receita Federal, bem como da escrituração contábil fiscal e da documentação da pessoa jurídica trazidas aos autos, surge como única alternativa à pacificação no processo a conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que a Fiscalização, com base em todas as informações já disponíveis nos autos, proceda ao exame do crédito presumido requerido pelo Recorrente. Concluise, portanto, com base no contido no art. 18, inciso I, do Anexo II do Regimento Interno do CARF – Portaria MF n° 256/2008 – que prevê a realização de diligências para suprir deficiências do processo, bem como no princípio da verdade material decorrente do princípio da legalidade, pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem para que se apure, observandose as normas que regem a matéria, a extensão do crédito presumido de IPI a que tem direito o Recorrente, valendose de todas as informações e documentos presentes nos autos, bem como de outros que se mostrarem necessários ao bom cumprimento desta decisão. Fl. 543DF CARF MF 6 Sobreveio informação fiscal, fls. 530, com abertura do documento pela contribuinte, fls. 536, em 10 de julho de 2015, mas sem qualquer tipo de manifestação por parte desta. É o relatório. Voto Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Relatora. 1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. Do Recurso Voluntário 2.1. Momento para apresentação da documentação A Recorrente faz uma retrospectiva fática no início do seu Recurso Voluntário, posteriormente, insurgese contra a decisão da DRJ/Ribeirão Preto, que entendeu, por sua vez, que houve a preclusão temporal e que a contribuinte não pode carrear aos autos provas ou alegações suplementares. Ela fundamenta o seu direito crédito no artigo 1º, da Lei nº 9.393, de 1996, e diz que o crédito pleiteado pode ser comprovado por meio das informações contidas nos autos, relacionando os documentos que se encontram acostados e que comprovam o referido crédito. Quanto ao momento de apresentação da documentação, não vejo qualquer óbice à apresentação no momento da manifestação da inconformidade, período no qual se instaura o real litígio entre o contribuinte e a Secretaria da Receita Federal, fazendo uma analogia entre a impugnação administrativa e a manifestação de inconformidade: Decreto nº 70.235/1972 Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. No caso em apreço, houve análise da documentação acostada e, inclusive, um reconhecimento de crédito na quantia de R$ 1.838,72. Da fls. 435, extraise: 7. Apresentar cópia do Livro Registro de Apuração do IPI que contenha a escrituração do período relativo ao pedido de ressarcimento epigrafado até a data do estorno/envio do PER/DCOMP dos créditos solicitados em ressarcimento. Atendido em parte – faltou apresentar os registros relativos aos meses de julho e agosto de 2003 – fls. 115 a 117, 134 a 151; Mais adiante, fls. 437, a fiscalização conclui: No que tange a parcela de crédito básico, apurouse, com fulcro nos arquivos contendo os registros de entradas e os registros de Fl. 544DF CARF MF Processo nº 13971.720012/200701 Acórdão n.º 3302004.692 S3C3T2 Fl. 5 7 saídas, e no pedido de ressarcimento, créditos passíveis de ressarcimento equivalentes a R$ 1.838,72 (um mil oitocentos e trinta e oito reais e setenta e dois centavos), tendo em vista que os créditos passíveis de ressarcimento em aquisições somaram R$ 1.838,72 (um mil oitocentos e trinta e oito reais e setenta e dois centavos) conforme se demonstra a seguir, e que não houve destaque de IPI nas saídas. A contribuinte obteve a partir de tal análise decisão parcialmente favorável na DRJ/Ribeirão Preto, encontrandose, assim, superada a presente alegação . 2.2. Princípio da verdade material A Recorrente argumenta que apresentou a documentação e que a decisão da DRJ/Ribeirão Preto desrespeita o princípio da verdade material, ademais, cita uma série de precedentes do Carf. Pelos mesmos fundamentos, adotados no tópico anterior, a argumentação encontrase superada pela conversão do feito em diligência e análise da documentação acostada aos autos. 2.3. Cerceamento ao direito de defesa A Recorrente alega que o entendimento da DRJ/Ribeirão Preto, ao fundamentar que após a apresentação do contencioso administrativo não pode mais analisar a documentação, fere o direito de defesa com previsão constitucional, e, portanto, pela falta de análise deve ser considerada nula, citando, mais uma vez, uma série de precedentes do Carf. Afirma que os cálculos foram realizados em conformidade com a legislação pertinente, qual seja, a Portaria nº 38, de 1997. Mais uma vez, voltase ao fato de que o feito foi convertido em diligência com a finalidade de apurar os valores dos créditos presumidos e faltou inclusive um período do Livro de Registro de Apuração do IPI, que não foi apresentado pela Recorrente. Cabe esclarecer que o ônus da prova, quanto à existência de crédito ou não, cabe à Recorrente nos termos do artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, Lei nº 13.105/2015. Portanto, diante da falta de produção probatória por parte da Recorrente, tornase improcedente o pedido contido no Recurso Voluntário quanto à verificação dos créditos. Quanto ao pedido de que as intimações sejam dirigidas ao escritório do patrono da Recorrente, não há previsão legal para tal determinação, pois o artigo 67, da Lei nº 9.532, de 1997, determina que as intimações serão "por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo." Portanto, o domicílio tributário, eleito pela Recorrente, é o local das intimações. 3. Conclusão Por todo exposto, conheço o recurso voluntário, mas nego provimento. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Fl. 545DF CARF MF 8 Fl. 546DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.906950/2011-63
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.920
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10183.906950/2011-63
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5756538
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-000.920
nome_arquivo_s : Decisao_10183906950201163.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10183906950201163_5756538.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
id : 6884711
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049466497400832
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1934; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10183.906950/201163 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201000.920 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 29 de junho de 2017 Assunto COMPENSAÇÃO Recorrente RODOBENS MÁQUINAS AGRÍCOLAS S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão da DRJ Florianópolis/SC que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se requerer a reforma do despacho decisório exarado pela repartição de origem. De acordo com o despacho decisório, o crédito informado na Declaração de Compensação já se encontrava integralmente alocado a outro débito do sujeito passivo, decorrendo daí a não homologação da compensação declarada. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do direito à restituição da contribuição recolhida sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, em face da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento submetido à sistemática da repercussão geral, cujo teor deve ser reproduzido pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 83 .9 06 95 0/ 20 11 -6 3 Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10183.906950/201163 Resolução nº 3201000.920 S3C2T1 Fl. 3 2 A decisão da DRJ Florianópolis/SC, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito, dada a ausência de retificação tempestiva da DCTF. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando a existência do crédito tributário postulado e requerendo a integral homologação da compensação declarada, tendose em conta o princípio da verdade material que exige o aprofundamento da investigação dos fatos por parte da Fiscalização, em face do conjunto probatório por ele produzido. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201000.905, de 29/06/2017, proferido no julgamento do processo 10530.904837/201156, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201000.905): A questão em apreço se resolveria pela aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral, conforme ementa a seguir transcrita: "RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98." (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27 112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP00871 ) Temse, então, que o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como sabido, a aplicação do decidido pela Corte Suprema em sede de repercussão geral é de aplicação obrigatória por parte deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme se depreende da redação do art. do RICARF: "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10183.906950/201163 Resolução nº 3201000.920 S3C2T1 Fl. 4 3 (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal o u do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)" A jurisprudência deste colegiado administrativo é pacífica em relação ao tema. Vejamos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2001 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62 do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal." (Processo 11516.002621/200719; Acórdão 3401003.239; Conselheiro LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO, Sessão de 26/09/2016) Ocorre que, no caso em debate tanto o despacho decisório, quanto a decisão proferida em sede de manifestação de inconformidade informam não estar comprovada a certeza e a liquidez do direito creditório. A decisão, portanto, foi no sentido de que inexiste crédito apto a lastrear o pedido da recorrente. No entanto, entendo como razoável as alegações produzidas pela recorrente aliado aos documentos apresentados nos autos, o que atesta que procurou se desincumbir do seu ônus probatório em atestar a existência dos créditos alegados. A recorrente além das DCTF's apresentou planilha de cálculo, balancete e comprovante de arrecadação referente ao período em apreço e, por fim, juntamente com o seu recurso anexa o LivroRazão. Neste contexto, a teor do que preconiza o art. 373 do diploma processual civil, teve a manifesta intenção de provar o seu direito creditório, sendo que tal procedimento, também está pautado pela boafé. Saliento o fato de assistir razão à recorrente quando alega que a falta de retificação de declaração não tem o condão de tornar devido o que é indevido, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e da verdade material. Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10183.906950/201163 Resolução nº 3201000.920 S3C2T1 Fl. 5 4 Neste sentido já decidiu o CARF: "Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2002 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2002 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585235 QORG." (Processo 10280.905801/2011 89; Acórdão 3302003.619; Conselheira SARAH MARIA LINHARES DE ARAÚJO PAES DE SOUZA; Sessão de 21/02/2017) (nosso destaque) Recentemente, em questão similar, em processo relatado pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (10830.917695/201111 Resolução 3201000.848), esta Turma por unanimidade de votos, decidiu em converter o julgamento em diligência, conforme a seguir transcrito: "Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora." Do voto da relatora destaco: "Na hipótese dos autos, observase que não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal." Ademais, em casos análogos envolvendo a recorrente, este conselho administrativo nos processos 10530.902899/201123 e Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10183.906950/201163 Resolução nº 3201000.920 S3C2T1 Fl. 6 5 10530.902898/201189 decidiu por converter o julgamento em diligência através das Resoluções 3801000.816 e 3801000.815. Assim, entendo que há dúvida razoável no presente processo acerca da liquidez, certeza e exigibilidade do direito creditório, o que justifica a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da recorrente, sem que as questões aventadas sejam dirimidas. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que possa ser apurado e informado, de modo pormenorizado, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos, bem como a existência do crédito postulado a partir de toda a documentação apresentada pelo contribuinte e outras diligências que possam ser realizadas a critério da autoridade competente, com a elaboração do devido relatório. Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela recorrente e se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Isto posto, deve ser oportunizada à recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, para que se manifeste nos autos e apresente documentos adicionais, caso entenda necessário, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pelo contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, também foram juntados em cópias nestes autos (planilha, balancete e/ou razão). Dessa forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, decido por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora certifique a efetiva existência do crédito postulado, a partir dos documentos apresentados pelo contribuinte e por meio de outras diligências que se mostrarem necessárias, apurando os valores do débito e do crédito existentes na data de transmissão do PER/DCOMP, consignandoos em relatório pormenorizado. Após a realização da diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 117DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13603.905774/2012-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2007
COFINS. DCOMP. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. TRATAMENTO MASSIVO x ANÁLISE HUMANA. AUSÊNCIA/EXISTÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DE DCTF. VERDADE MATERIAL.
Nos processos referentes a despachos decisórios eletrônicos, deve o julgador (elemento humano) ir além do simples cotejamento efetuado pela máquina, na análise massiva, em nome da verdade material, tendo o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF.
Numero da decisão: 3401-003.934
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado, acolhendo a informação prestada em diligência.
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2007 COFINS. DCOMP. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. TRATAMENTO MASSIVO x ANÁLISE HUMANA. AUSÊNCIA/EXISTÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DE DCTF. VERDADE MATERIAL. Nos processos referentes a despachos decisórios eletrônicos, deve o julgador (elemento humano) ir além do simples cotejamento efetuado pela máquina, na análise massiva, em nome da verdade material, tendo o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 02 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13603.905774/2012-23
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5750184
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Aug 02 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3401-003.934
nome_arquivo_s : Decisao_13603905774201223.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ROSALDO TREVISAN
nome_arquivo_pdf_s : 13603905774201223_5750184.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado, acolhendo a informação prestada em diligência. ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
dt_sessao_tdt : Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
id : 6877554
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049466517323776
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1586; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 275 1 274 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13603.905774/201223 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.934 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de julho de 2017 Matéria COMPENSAÇÃOCOFINS (DDE) Recorrente PETRONAS LUBRIFICANTES BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2007 COFINS. DCOMP. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. TRATAMENTO MASSIVO x ANÁLISE HUMANA. AUSÊNCIA/EXISTÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DE DCTF. VERDADE MATERIAL. Nos processos referentes a despachos decisórios eletrônicos, deve o julgador (elemento humano) ir além do simples cotejamento efetuado pela máquina, na análise massiva, em nome da verdade material, tendo o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado, acolhendo a informação prestada em diligência. ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 90 57 74 /2 01 2- 23 Fl. 287DF CARF MF 2 Relatório Versa o presente sobre PER/DCOMP utilizando créditos de COFINS, no valor total de R$ 29.471,23. Por meio de Despacho Decisório Eletrônico, a compensação não foi homologada, visto que o pagamento foi localizado, mas integralmente utilizado na quitação de débitos do contribuinte. Cientificada da decisão de piso, a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, basicamente, que: (a) o crédito se refere a COFINSimportação de serviços recolhida indevidamente, e que a informação de que o valor foi utilizado integralmente para quitar débito da empresa se deve a ter sido originalmente informado em DCTF valor igual ao total do recolhimento; (b) que foi retificada a DCTF, após o despacho decisório, sendo que o valor não era devido por tratarse de remessa ao exterior em pagamento de licença de uso de marca, a título de royalties, não caracterizando contrapartida de serviços provenientes do exterior, conforme Solução de Consulta RFB no 263/2011; e (c) a DCTF retificadora não foi recepcionada pela RFB tendo em vista ter se esgotado o prazo de cinco anos para a apresentação. A decisão de primeira instância foi, unanimemente, pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob o fundamento de carência probatória a cargo do postulante, que não apresenta contrato que discrimine os royalties dos serviços técnicos e de assistência técnica, de forma individualizada, e de que a prazo para retificação de DCTF já havia se esgotado quando da apresentação de declaração retificadora pela empresa. Após ciência da decisão da DRJ, a empresa apresenta tempestivamente Recurso Voluntário, afirmando que: (a) celebrou contrato exclusivamente referente a licenciamento para uso de marcas, não envolvendo a importação de quaisquer serviços conexos, e que em 52 despachos decisórios distintos, a autoridade administrativa não homologou as compensações, por simples cotejo com DCTF, e que a DRJ manteve a decisão sob os fundamentos de ausência de apresentação de contrato e de retificação extemporânea de DCTF; (b) há necessidade de reunião dos 52 processos conexos para julgamento conjunto; (c) deve o CARF receber de ofício a DCTF retificadora, em nome da verdade material; e (d) o crédito foi documentalmente comprovado, figurando no contrato celebrado, anexado aos autos, que o objeto é exclusivamente o licenciamento de uso de marcas, sem quaisquer serviços conexos, aplicandose ao caso o entendimento externado na Solução de Divergência no 11, da COSIT, como tem entendido o CARF em casos materialmente e faticamente idênticos (Acórdão no 3801001.813). No CARF, o julgamento foi convertido em diligência por meio da Resolução no 3803000.486, para que a autoridade local da RFB informasse “...acerca dos valores devidos pela recorrente na data de transmissão da DComp, bem assim se o valor reconhecido a título de direito creditório (original ou atualizado) é o bastante para solver os débitos existentes nessa data, mediante o confrontamento de valores ou, informar acerca da diferença encontrada” (sic). Em resposta a fiscalização informa que o pagamento objeto do direito creditório não se encontra disponível, uma vez que utilizado para quitação de débito declarado em DCTF, e que, relativamente ao confronto de valores, restou demonstrado “... ser bastante o valor do pagamento pleiteado nestes autos para extinção do débito declarado pela Fl. 288DF CARF MF Processo nº 13603.905774/201223 Acórdão n.º 3401003.934 S3C4T1 Fl. 276 3 contribuinte por meio de compensação”, não havendo necessidade de se dar ciência ao contribuinte da informação. O processo foi a mim distribuído, mediante sorteio, em maio de 2017. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O cumprimento dos requisitos formais de admissibilidade já foi verificado na conversão em diligência, passandose, então, aqui, à análise de mérito. De fato, não se tem dúvidas de que, ao tempo da análise massiva, por sistema informatizado, das DCOMP apresentadas, os débitos declarados em DCTF correspondiam aos pagamentos efetuados, ainda que estes fossem eventualmente indevidos. Daí os despachos decisórios eletrônicos, limitados a cotejamento entre dados declarados em DCOMP e DCTF, e pagamentos efetuados com DARF, terem sido pelo indeferimento. No entanto, também não se tem dúvidas de que a empresa já entendia, na data de protocolo dos PER/DCOMP, serem indevidos os pagamentos efetuados, independente de ter ou não retificado as respectivas DCTF. Não há que se falar, assim, em decurso de prazo para repetir o indébito, visto que os PER/DCOMP foram transmitidos dentro do prazo regular para repetição. Após o indeferimento eletrônico da compensação é que a empresa esclarece que a DCTF foi preenchida erroneamente, tentando retificála (sem sucesso em função de trava temporal no sistema informatizado), e explica que o indébito decorre de serem os pagamentos referentes a COFINSserviços incabíveis pelo fato de se estar tratando, no caso, exclusivamente de licenciamento de uso de marcas, sem quaisquer serviços conexos. No presente processo, como em todos nos quais o despacho decisório é eletrônico, a fundamentação não tem como antecedente uma operação individualizada de análise por parte do Fisco, mas sim um tratamento massivo de informações. Esse tratamento massivo é efetivo quando as informações prestadas nas declarações do contribuinte são consistentes. Se há uma declaração do contribuinte (v.g. DCTF) indicando determinado valor, e ele efetivamente recolheu tal valor, o sistema certamente indicará que o pagamento foi localizado, tendo sido integralmente utilizado para quitar débitos do contribuinte. Houvesse o contribuinte retificado a DCTF anteriormente ao despacho decisório eletrônico, reduzindo o valor a recolher a título da contribuição, provavelmente não estaríamos diante de um contencioso gerado em tratamento massivo. A detecção da irregularidade na forma massiva, em processos como o presente, começa, assim, com a falha do contribuinte, ao não retificar a DCTF, corrigindo o valor a recolher, tornandoo diferente do (inferior ao) efetivamente pago. Esse erro (ausência de retificação da DCTF) provavelmente seria percebido se a análise inicial empreendida no despacho decisório fosse individualizada/manual (humana). Fl. 289DF CARF MF 4 Assim, diante dos despachos decisórios eletrônicos, é na manifestação de inconformidade que o contribuinte é chamado a detalhar a origem de seu crédito, reunindo a documentação necessária a provar a sua liquidez e certeza. Enquanto na solicitação eletrônica de compensação bastava um preenchimento de formulário DCOMP (e o sistema informatizado checaria eventuais inconsistências), na manifestação de inconformidade é preciso fazer efetiva prova documental da liquidez e da certeza do crédito. E isso muitas vezes não é assimilado pelo sujeito passivo, que acaba utilizando a manifestação de inconformidade tãosomente para indicar porque entende ser o valor indevido, sem amparo documental justificativo (ou com amparo documental deficiente). O julgador de primeira instância também tem um papel especial diante de despachos decisórios eletrônicos, porque efetuará a primeira análise humana do processo, devendo assegurar a prevalência da verdade material. Não pode o julgador (humano) atuar como a máquina, simplesmente cotejando o valor declarado em DCTF com o pago, pois tem o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF. Nesse contexto, relevante passa a ser a questão probatória no julgamento da manifestação de inconformidade, pois incumbe ao postulante da compensação a prova da existência e da liquidez do crédito. Configurase, assim, uma das três situações a seguir: (a) efetuada a prova, cabível a compensação (mesmo diante da ausência de DCTF retificadora, como tem reiteradamente decidido este CARF); (b) não havendo na manifestação de inconformidade a apresentação de documentos que atestem um mínimo de liquidez e certeza no direito creditório, incabível acatarse o pleito; e, por fim, (c) havendo elementos que apontem para a procedência do alegado, mas que suscitem dúvida do julgador quanto a algum aspecto relativo à existência ou à liquidez do crédito, cabível seria a baixa em diligência para sanála (destacandose que não se presta a diligência a suprir deficiência probatória a cargo do postulante). Em sede de recurso voluntário, igualmente estreito é o leque de opções. E agregase um limitador adicional: a impossibilidade de inovação probatória, fora das hipóteses de que trata o art. 16, § 4o do Decreto no 70.235/1972. No presente processo, o julgador de primeira instância não motiva o indeferimento somente na ausência de retificação da DCTF, mas também na ausência de prova do alegado, por não apresentação de contrato. Diante da ausência de amparo documental para a compensação pleiteada, chegase à situação descrita acima como “b”. Contudo, no julgamento inicial efetuado por este CARF, que resultou na baixa em diligência, concluiuse pela ocorrência da situação “c”, diante dos documentos apresentados em sede de recurso voluntário. Entendeu assim, este colegiado, naquele julgamento, que o comando do art. 16, § 4o do Decreto no 70.235/1972 seria inaplicável ao caso, e que diante da verossimilhança em relação a alegações e documentos apresentados, a unidade local deveria se manifestar. E a informação da unidade local da RFB, em sede de diligência, atesta que os valores recolhidos são suficientes para saldar os débitos indicados em DCOMP, entendendo a fiscalização, inclusive que, diante do exposto, não haveria necessidade de se dar ciência ao contribuinte da informação, apesar de ainda estarem os pagamentos alocados à DCTF original. Resta pouco, assim, a discutir no presente processo, visto que o único obstáculo que remanesce é a ausência de retificação da DCTF, ainda que comprovado o direito Fl. 290DF CARF MF Processo nº 13603.905774/201223 Acórdão n.º 3401003.934 S3C4T1 Fl. 277 5 de crédito, como se atesta na conversão em diligência, mediante o respectivo contrato, acompanhado da invoice correspondente. Atribuir à retificação formal de DCTF importância superior à comprovação do efetivo direito de crédito é típico das máquinas, na análise massiva, mas não do julgador, humano, que deve ir além do simples cotejamento efetuado pela máquina, na análise massiva, em nome da verdade material, tendo o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF. Como atesta a Solução de Divergência COSIT no 11/2011: “Não haverá incidência da CofinsImportação sobre o valor pago a título de Royalties, se o contrato discriminar os valores dos Royalties, dos serviços técnicos e da assistência técnica de forma individualizada. Neste caso, a contribuição sobre a importação incidirá apenas sobre os valores dos serviços conexos contratados. Porém, se o contrato não for suficientemente claro para individualizar estes componentes, o valor total deverá ser considerado referente a serviços e sofrer a incidência da mencionada contribuição.” (grifo nosso) E a cópia do contrato de licença apresentada e analisada, e de seus adendos, atesta que o contrato se refere “exclusivamente a licenciamento de uso de marcas”, não tratando de serviços. Assim, é indevida a COFINS, não havendo qualquer manifestação em sentido contrário pela própria unidade diligenciante. Aliás, efetivamente apreciou turma especial do CARF assunto idêntico, no Acórdão no 3801001.813, de 23/04/2013, acordando unanimemente pela não incidência de COFINSserviços em caso de contrato de “knowhow” que não engloba prestação de serviços: “CONTRATO DE “KNOW HOW”. REMESSAS AO EXTERIOR RELATIVAS A ROYALTIES E DIREITOS PELO USO DE MARCAS E TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO E TECNOLOGIA. NÃO INCIDÊNCIA DA COFINS IMPORTAÇÃO. Uma vez discriminados os valores dos Royalties dos demais serviços, de forma individualizada, não incidirá a COFINSImportação.” Há ainda outros precedentes recentes e unânimes deste tribunal, no mesmo sentido, e com características adicionais em comum com o presente processo: “NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Não é nulo o despacho decisório que se fundamenta no cotejo entre documentos apontados como origem do crédito (DARF) e nas declarações apresentadas que demonstram o direito creditório (DCTF). APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIO DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. VERDADE MATERIAL. Indícios de provas apresentadas anteriormente à prolação do despacho decisório que denegou a homologação da compensação, consubstanciados na apresentação de DARF de pagamento e DCTF retificadora, ratificam os argumentos do contribuinte Fl. 291DF CARF MF 6 quanto ao seu direito creditório. Inexiste norma que condiciona a apresentação de declaração de compensação à prévia retificação de DCTF, bem como ausente comando legal impeditivo de sua retificação enquanto não decidida a homologação da declaração. ROYALTIES. REMUNERAÇÃO EXCLUSIVA PELO USO DE LICENÇA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. INEXISTÊNCIA DE SERVIÇOS CONEXOS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS/COFINSIMPORTAÇÃO. A disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofinsimportação. À luz do contrato de licenciamento e dos efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incidem as Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofins importação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiamse nas vendas líquidas de produtos licenciados, referemse, exclusivamente, à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties. (grifo nosso) (Acórdãos no 3201002.404 a 420, Rel. Cons. Windereley Morais pereira, sessão de 28 set. 2016) Deve, então, ser acolhido o pleito da empresa, removido o derradeiro obstáculo indevido ao reconhecimento do direito creditício e à compensação. Resta, por fim, tecer comentários sobre o pleito da recorrente para análise conjunta dos 52 processos referentes a suas DCOMP, visto que este relator recebeu, em sorteio, apenas 44 dos referidos processos. Em nome da verdade material, efetuei consulta ao sistema eprocessos, sobre a situação dos oito processos restantes, verificando o que se resume na tabela abaixo: N. do processo Situação atual Observações 13603.905762/201207 CARF – “Distribuir/Sortear” (indevidamente) Julgamento convertido em diligência, nas mesmas circunstâncias do presente, mas ainda não enviado à unidade local, para diligência, tendo em vista necessidade de saneamento (erro na anexação do arquivo contendo a Resolução de conversão em diligência). 13603.905764/201298 Idem Idem 13603.905772/201234 Idem Idem 13603.905785/201211 Idem Idem 13603.905790/201216 Idem Idem Fl. 292DF CARF MF Processo nº 13603.905774/201223 Acórdão n.º 3401003.934 S3C4T1 Fl. 278 7 13603.905775/201278 CARF – SEDIS/GECAP – Verificar Processo Processo sequer apreciado pelo CARF ainda, nem para converter o julgamento em diligência. 13603.905793/201250 Idem Idem 13603.905794/201202 Idem Idem Assim, há efetivamente apenas 44 processos maduros para julgamento, visto que os 8 restantes, por falhas processuais (5 deles com juntada incorreta de arquivos e 3 com pendência de verificação de procedimentos pelo setor competente do CARF) acabaram não chegando à unidade local, para realização da diligência. E os 44 processos, prontos para julgamento, serão efetivamente julgados conjuntamente, nesta sessão. Pelo exposto, e acolhendo a informação prestada em sede de diligência, voto por dar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 293DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15563.000030/2010-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
Ementa:
ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. GANHO DE CAPITAL. GUARDA DE DOCUMENTOS. PRAZO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE A FAZENDA PÚBLICA EFETUAR O LANÇAMENTO.
O fato gerador do ganho de capital é a data de alienação do imóvel. Enquanto não decaído o direito de a Fazenda lançar o crédito tributário, o alienante é obrigado a manter os documentos comprobatórios do custo de aquisição e benfeitorias realizadas no imóvel.
LANÇAMENTO. APURAÇÃO. DIFERENÇA.
Mesmo que a Contribuinte tenha calculado o ganho de capital, não há que se falar em lançamento pelo próprio sujeito passivo quando declarou nada dever a título de IRPF sobre o ganho de capital. Nesse caso, impende a realização do lançamento de ofício pela autoridade fiscalizadora.
ARTIGO 24 DA LEI Nº 11.457, DE 2007. NÃO OBSERVÂNCIA DO PRAZO DE 360 DIAS. PRESUNÇÃO DE DECISÃO FAVORÁVEL À CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE.
O conteúdo do dispositivo é programático, não fixando o artigo 24 da Lei nº 11.457, de 2007, quais seriam as conseqüências objetivas de sua inobservância. Assim, não impõe à Administração Pública a perda de seu poder-dever de julgar processos administrativos no caso de escoado o prazo impróprio trazido no referido dispositivo.
Numero da decisão: 2202-004.143
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2006 Ementa: ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. GANHO DE CAPITAL. GUARDA DE DOCUMENTOS. PRAZO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE A FAZENDA PÚBLICA EFETUAR O LANÇAMENTO. O fato gerador do ganho de capital é a data de alienação do imóvel. Enquanto não decaído o direito de a Fazenda lançar o crédito tributário, o alienante é obrigado a manter os documentos comprobatórios do custo de aquisição e benfeitorias realizadas no imóvel. LANÇAMENTO. APURAÇÃO. DIFERENÇA. Mesmo que a Contribuinte tenha calculado o ganho de capital, não há que se falar em lançamento pelo próprio sujeito passivo quando declarou nada dever a título de IRPF sobre o ganho de capital. Nesse caso, impende a realização do lançamento de ofício pela autoridade fiscalizadora. ARTIGO 24 DA LEI Nº 11.457, DE 2007. NÃO OBSERVÂNCIA DO PRAZO DE 360 DIAS. PRESUNÇÃO DE DECISÃO FAVORÁVEL À CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. O conteúdo do dispositivo é programático, não fixando o artigo 24 da Lei nº 11.457, de 2007, quais seriam as conseqüências objetivas de sua inobservância. Assim, não impõe à Administração Pública a perda de seu poder-dever de julgar processos administrativos no caso de escoado o prazo impróprio trazido no referido dispositivo.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 15563.000030/2010-06
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5777414
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-004.143
nome_arquivo_s : Decisao_15563000030201006.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : DILSON JATAHY FONSECA NETO
nome_arquivo_pdf_s : 15563000030201006_5777414.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
id : 6948241
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:06:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049466562412544
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1780; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 123 1 122 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15563.000030/201006 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202004.143 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de setembro de 2017 Matéria IRPF Ganho de Capital Recorrente ANA PAULA APARECIDA MAYWORM JENS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 Ementa: ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. GANHO DE CAPITAL. GUARDA DE DOCUMENTOS. PRAZO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE A FAZENDA PÚBLICA EFETUAR O LANÇAMENTO. O fato gerador do ganho de capital é a data de alienação do imóvel. Enquanto não decaído o direito de a Fazenda lançar o crédito tributário, o alienante é obrigado a manter os documentos comprobatórios do custo de aquisição e benfeitorias realizadas no imóvel. LANÇAMENTO. APURAÇÃO. DIFERENÇA. Mesmo que a Contribuinte tenha calculado o ganho de capital, não há que se falar em lançamento pelo próprio sujeito passivo quando declarou nada dever a título de IRPF sobre o ganho de capital. Nesse caso, impende a realização do lançamento de ofício pela autoridade fiscalizadora. ARTIGO 24 DA LEI Nº 11.457, DE 2007. NÃO OBSERVÂNCIA DO PRAZO DE 360 DIAS. PRESUNÇÃO DE DECISÃO FAVORÁVEL À CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. O conteúdo do dispositivo é programático, não fixando o artigo 24 da Lei nº 11.457, de 2007, quais seriam as conseqüências objetivas de sua inobservância. Assim, não impõe à Administração Pública a perda de seu poderdever de julgar processos administrativos no caso de escoado o prazo impróprio trazido no referido dispositivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 56 3. 00 00 30 /2 01 0- 06 Fl. 123DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 124 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor da Recorrente para constituir crédito de IRPF por omissão de ganhos de capital. Intimada, a Contribuinte protocolou Impugnação, que foi julgada improcedente pela DRJ. Ainda inconformada, interpôs Recurso Voluntário, ora sub julgamento. Feito o breve resumo da lide, passo ao relatório pormenorizado dos autos. Em 22/02/2010 foi lavrado auto de infração (fls. 60/63) para constituir crédito de IRPF referente ao anocalendário 2006 identificando como infração: "001 GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS OMISSÃO DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS ADQUIRIDOS EM REAIS Omissão de ganhos de capital obtidos na alienação de bens e direitos, conforme Termo de Verificação Fiscal em anexo." Conforme o Termo de Verificação Fiscal (fls. 55/57), "A contribuinte preencheu o Demonstrativo de apuração do ganho de capital relativo à alienação do imóvel localizado na Av. dos Coqueiros, s/n°, lote 01 e 02 do Loteamento Praia do Cumbuco, em Caucaia, no estado do Ceará (fls. 8/9). Ao se analisar esse demonstrativo, verificase que ela considerou, no custo de aquisição (R$ 210.000,00), benfeitorias realizadas no imóvel, declaradas na DIRPF (exercício 2007) como "construção em andamento", no valor de R$ 258.000,00, Fl. 124DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 125 3 totalizando um valor de R$ 468.000,00 (fls. 05 e 08). Intimada, ela não comprovou tal dispêndio (fls. 37/46). Observase também, no mesmo documento, que ela informou alienação a prazo/prestação, o que acarretou o diferimento da tributação, .entretanto, igualmente, não foi apresentado qualquer documento que comprovasse esse fato (fls. 37/46). Por conseguinte, elaborouse novo Demonstrativo de Apuração de Ganho de Capital, às fls. 50/51, onde foi considerado: · como custo de aquisição, o valor de R$ 210.000,00, conforme copia da escritura pública de compra e venda (fls. 19/21) e declaração de bens informada na DIRPF/2007 (fls. 05); · como valor de alienação, o valor da venda deduzida das despesas de corretagem (R$ 130.000,00), conforme cópia da escritura publica de compra e venda (fls. 22/24) declaração de bens informada na DIRPF/2007 e nota fiscal de serviço de corretagem (fls. 25); · alienação à vista, uma vez que não houve comprovação por parte da contribuinte que fora a prazo/prestação, conforme abordado no parágrafo anterior; Embora a fiscalizada, no prazo de cento e oitenta dias, tenha aplicado parte do produto da venda na aquisição de outro imóvel residencial (em janeiro/2007), não se considerou a isenção (parcial) no cálculo do Ganho de Capital, prevista no art. 39 da Lei 11.196/2005, pois se trata de opção da pessoa física e esta não se manifestou expressamente quando preencheu o Demonstrativo de Apuração de Ganho de Capital, anexado na sua DIRPF/2007 (fls. 08/09). Além disso, a contribuinte ainda pode pretender utilizar esse benefício tendo em vista que ele somente pode ser usufruído a cada cinco anos. Também não se considerou os Darf juntados pela contribuinte às fls. 35/36, pois não guardam correspondência com o que foi informado por ela no Demonstrativo de Ganho de Capital. Esses pagamentos encontramse nos sistemas internos como "não utilizados" (fls. 47/49)" fl. 56 Intimada em 10/03/2010 (fl. 65), a Contribuinte apresentou Impugnação em 07/04/2010 (fls. 68/71 e docs. anexos fls. 72/80). Analisando a questão, a DRJ proferiu o acórdão nº 0426.923, de 14/12/2011 (fls. 85/90), que negou provimento à defesa, e restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE IMÓVEL Fl. 125DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 126 4 A realização de benfeitorias de construção no imóvel e a alienação a prazo devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea para serem consideradas no cálculo do ganho de capital. A opção de aplicação do produto da venda em 180 dias na aquisição de imóvel residencial deve ser manifestada na DIRPF correspondente e só aplicase ao produto da venda de imóvel residencial. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Acordam os membros da 3ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar a impugnação improcedente e manter o crédito tributário exigido, nos termos do voto integrante deste acórdão. Intimada em 10/04/2012 (fl. 100), e ainda inconformada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 10/05/2012 (fls. 101/108 e docs. anexos fls. 109/118), argumentando, em síntese: · Que, tendo vendido o imóvel a prazo, pagou o Imposto de Renda à medida que recebia os pagamentos, entre outubro de 2006 e abril de 2007; · Que o lançamento deixou de considerar as benfeitorias realizadas entre 2001 e 2005, no valor de R$ 258.000,00, utilizando como custo de aquisição apenas o valor de aquisição do terreno, R$ 210.000,00; · Que as benfeitorias resultaram na construção de um Prédio Comercial de 345,52m² e uma Residência Unifamiliar com 300,28m², comprovados pela Certidão de Averbação da construção; · Que a Contribuinte vendeu não apenas o terreno por ela adquirido antes, mas também os prédios construídos em cima do terreno, conforme Certidão de Compra e Venda; · "Evidentemente que uma vez averbada a construção e feitos os lançamentos nas Declarações do Imposto de Renda, os documentos dos diversos materiais e despesas com mãodeobra de construção utilizados na obra, muitos deles, com prazo decadencial já ocorrido, segundo legislação vigente em relação aos anos bases de 2001, 2002, 2003 e 2004 já não tinham mais utilidade para a Declarante, uma vez que tratavase de um investimento sem qualquer dedução do Imposto de REnda. Deve ser observado que a declarante fez constar em suas Declarações dos anos base de 2001 até 2005 os valores despendidos nas duas construções que realizaou e que durante todo esse tempo jamais foi questionada pela Receita Federal, ficando patente a ocorrência da Decadência em relação às obras e benfeitorias em relação aos anos acima citados, tendo em vista que a autuada somente foi intimada em 13/07/2009. " fl. 103; Fl. 126DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 127 5 · Que a falta de apresentação do Contrato de Compra e Venda pode ser sanada pela apresentação da Escritura Pública, lavrada em abril de 2007 mas remetendo a data do negócio a 26/09/2006; · Que não pode ser ignorado que preencheu o Demonstrativo de Apuração do Ganho de Capital, anexado à DIRPF/2007, identificando os recebimentos em outubro e novembro de 2006, com os recolhimentos dos respectivos DARFs no mesmo período; · Que, tendo vendido imóvel residencial, utilizou parte dos valores percebidos para adquirir outro, no valor de R$ 365.000,00, fazendo jus à redução legal; · Que pagou R$ 130.000,00 a título de comissão de venda; · Que a DRJ autorizou a imputação dos valores das DARFs recolhidas antes do lançamento; · Que, contudo, tendo recolhido R$ 83.974,80 em 2007, a DRF amortizou apenas R$ 58.650,30, "sob a alegação de que parte dos valores recolhidos foram imputados a título de multa e juros Selic"; · Que, ainda, tendo recolhido dois DARFs nos valores respectivos de R$ 18.552,00 e R$ 23.190,00 em 2006, a DRF afirmou que esses valores já não se encontravam disponíveis no Sistema de Controle Interno, a despeito de a autoridade lançadora ter registrado, à época do lançamento, a sua existência; e · Que há decadência nos termos do art. 24 da Lei nº 11.457/2007, vez que o processo tramitava desde 07/04/2010, superando os 360 dias concedidos pela Lei para a decisão final. É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. A Contribuinte foi inicialmente intimada a apresentar o documentos de aquisição e de alienação, demonstrativo de apuração do ganho de capital, bem como as DARFs comprovando a quitação, tudo referente à venda do imóvel supostamente ocorrida em abril/2007. Ainda durante a fiscalização, a Contribuinte afirmou que o imóvel foi vendido em setembro2006, com pagamento parcelado. Além disso, apresentou cópia do Fl. 127DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 128 6 registro de aquisição (fls. 20/24) e de alienação do imóvel (fls. 25/27), além de Nota Fiscal de prestação de serviço de corretagem (fl. 28), escritura de compra de outro imóvel (fls. 29/34), demonstrativo da apuração dos ganhos de capital (fls. 35/37) e ainda cópias das DARFs (fls. 38/39). Insatisfeita com a mera alegação de que o preço foi pago parceladamente, a autoridade fiscalizadora intimou a Contribuinte a apresentar o contrato ou outra comprovação de que os valores foram pagos de forma parcelada. Também, solicitou comprovação dos investimentos realizados no imóvel com o fito de analisar o custo de aquisição. Como a Contribuinte não apresentou nova documentação, lavrou o auto de infração como venda a vista, considerando como data do fato gerador e dos pagamentos do preço 26/09/2006. Também, desconsiderou os investimentos feitos no imóvel, aceitando como custo de aquisição apenas o valor pago pela compra do mesmo. Tanto na Impugnação quanto no Recurso Voluntário, a Contribuinte insiste que o negócio foi firmado em setembro/2006, mas que o preço foi pago de forma parcelada, da seguinte forma: Outubro de 2006 R$ 200.000,00 Novembro de 2006 R$ 250.000,00 Janeiro de 2007 R$ 800.000,00 Abril de 2007 R$ 1.020.000,00 Total: R$ 2.270.000,00 Também insiste que o tributo calculado e devido foi pago por meio dos DARFs anexados aos autos (fls. 38/39), o que se constata, igualmente, das informações constantes do sistema interno da Receita Federal (fls. 51/52): Data do Vencimento Valor Devido Data do Pagamento Valor pago (principal + multa e juros) 30/11/2006 R$ 18.552,00 31/01/2007 R$ 22.631,58 28/12/2006 R$ 23.190,00 31/01/2007 R$ 25.641,18 28/02/2007 R$ 36.912,00 27/02/2007 R$ 36.912,00 31/05/2007 R$ 47.062,80 31/05/2007 R$ 47.062,80 Enfim, insiste que realizou investimentos, construindo um prédio comercial e uma prédio residencial no imóvel. Pois bem. Não há dúvidas quanto à identificação do sujeito passivo. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 129 7 Quanto ao fato gerador, tampouco há dúvidas, vez que tanto a Contribuinte quanto a autoridade lançadora concordam que o fato gerador, in casu, ocorreu em 26/09/2006, como se constata do Demonstrativo de Apuração dos Ganhos de Capital preenchido pela Recorrente (fls. 9/10) e no auto de infração (fls. 53/54), quando foi firmado o contrato de venda. Do pagamento parcelado O lançamento foi realizado considerando como pagamento à vista, ante a falta de apresentação de provas ao longo da fiscalização. Insiste a Contribuinte, entretanto, ao longo da impugnação e do recurso voluntário, que o pagamento foi feito de forma parcelada. Acontece que, como já apontado no acórdão recorrido, a despeito dos argumentos da Contribuinte, não logrou trazer provas aos autos. Não comprovou a forma como foi recebido o preço; poderia, por exemplo, ter trazido seus extratos bancários, ou a contabilidade da comprador etc. Nada comprovou. Nesse caminho, não serve de prova a Escritura Pública de venda (fl. 25/27), vez que apenas consta que o valor já tinha sido pago à época da sua lavratura. Por essas razões, não é possível reformar o lançamento nesse ponto. Da matéria tributável: Não há dúvidas de que o valor da venda foi R$ 2.270.000,00. Discordam a Recorrente e a autoridade lançadora, entretanto, em relação ao ganho de capital por diversos motivos. Do custo de aquisição: A um, a Contribuinte afirma que, além do custo de aquisição do terreno (R$ 210.000,00), deve ser considerado ainda os investimentos feitos no imóvel, benfeitorias incorporadas e devidamente declaradas (R$ 258.000,00). A autoridade lançadora, entretanto, não admite os custos das benfeitorias porquanto não restaram comprovadas. Efetivamente, desde a fiscalização a Contribuinte tem sido intimada a comprovar os investimentos realizados no imóvel, com o fulcro de permitir o aumento do custo de aquisição e a consequente redução da base de cálculo (ganho de capital). Entretanto, a despeito de todos os seus argumentos, não logrou trazer aos autos uma única prova dos dispêndios. Argumentou, entretanto, pela decadência do direito da Receita Federal de fiscalizar e exigir a comprovação dos investimentos realizados entre 2001 e 2004, informados em sua DAA, visto que a fiscalização só ocorreu em 2009, ou seja, mais de cinco anos depois do investimento. Nesse contexto, insiste que há construção no imóvel, cujo valor de investimento deve ser considerados no custo de aquisição para fins de apuração do ganho de capital. Pois bem. Fl. 129DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 130 8 A questão do prazo de fiscalizar os investimentos realizados em imóveis quando da apuração do ganho de capital já foi analisado por esse e.CARF em diversas outras oportunidades. Pode ser citado, como exemplo, Acórdão CARF nº 2402005.948, de 08/08/2017: ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. GANHO DE CAPITAL. GUARDA DE DOCUMENTOS. PRAZO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE A FAZENDA PÚBLICA EFETUAR O LANÇAMENTO. O fato gerador do ganho de capital é a data de alienação do imóvel. Enquanto não decaído o direito de a Fazenda lançar o crédito tributário, o alienante é obrigado a manter os documentos comprobatórios do custo de aquisição e benfeitorias realizadas no imóvel. Neste, o acórdão restou assim fundamentado: Asseverese que a norma tributária, ao tratar da decadência, estipula prazo para seu transcurso relacionadoo com a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, o que, no caso que ora se analisa, iniciase com a alienação do bem imóvel e a respectiva apuração do ganho de capital. Referidos dispositivos não têm relação com a obrigatoriedade de guarda de documentos com vistas a comprovação de benfeitorias agregadas ao custo de imóveis. Assim, não vejo como conferir razão ao sujeito passivo quanto aos argumentos relacionados à pretensa prescrição ou decadência para a apresentação de documentos aptos a atestar o valor das benfeitorias adicionado ao custo do imóvel. Referidos instituto, relacionados no inciso V do art. 156 do CTN como hipóteses de extinção do crédito tributário, não têm pertinência com a obrigação de o contribuinte manter documentos sob sua guarda para atestar o incremento no valor de imóveis para fins de redução do ganho de capital decorrente de sua alienação. Efetivamente, a mesma conclusão deve ser alcançada neste julgamento: é ônus da Contribuinte comprovar os fatos de alega, inclusive aqueles que apresenta em suas DIRPFs. Nesse contexto, se informou ter realizado investimentos em benfeitorias no imóvel, é ônus seu comprovar que os efetivou, quando efetivou, e o montante desses investimentos. Não há que se falar em decadência do direito de a Fazenda Pública fiscalizar; a decadência referese ao direito de constituir o crédito. Pode, nessa senda, a Fazenda Pública fiscalizar mesmo períodos anteriores ao fato gerador, desde que tenham influência na identificação do fato gerador ou da apuração da base de cálculo, como é o caso do ganho de capital. Com relação à comprovação do custo de aquisição, a Contribuinte não trouxe aos autos quaisquer provas em relação à construção nem ao seu custo. O único indício, que não é suficiente, foi que constou no termo de venda do imóvel a existência do prédio, construção essa que não consta no termo de aquisição. Ainda assim, não há certeza quanto à data em que foi construído o imóvel, quanto à sua existência fática, ao seu valor nada. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 131 9 Portanto, ainda que fosse possível a comprovação do custo de aquisição por outros meios, a Contribuinte não se desincumbiu do seu ônus, razão pela qual não é possível dar provimento ao seu pleito nesse ponto. Da aquisição de outro imóvel residencial: A Recorrente reclama, ainda, a redução parcial da base de cálculo com base na Lei nº 11.196/2005, especificamente por ter adquirido outro imóvel residencial dentro do lapso temporal de 180 dias. A verdade é que, como bem apontou a autoridade lançadora e a DRJ, a Lei garante uma isenção da base de cálculo quando o recurso proveniente da alienação de um imóvel residencial é revertido para a aquisição de outro imóvel da mesma natureza. Tratase, entretanto, de uma opção do Contribuinte, a qual não pode ser suprida pela Fiscalização. Efetivamente, a Contribuinte pode optar por utilizar esse benefício quando bem entender, porém, uma vez utilizado, deve aguardar um período de carência de 5 anos antes de poder fazê lo novamente. O que é mais: a DIRPF foi entregue pela Contribuinte em 26/04/2007 (fl. 3), enquanto o segundo imóvel foi adquirido em 22/01/2007 (fl. 29). Logo, se quisesse ter optado pelo benefício, já poderia têlo feito na sua DAA. O fato de não têlo feito à época deve ser entendido como abdicação tácita do direito. Portanto, não é possível reformar o lançamento nesse ponto. Da comissão: A Contribuinte ressalta que deve ser considerada, na apuração da base de cálculo, o valor de R$ 130.000,00 pago a título de comissão de venda. Acontece que a autoridade lançadora já deduziu esse valor quando da apuração do ganho de capital (fl. 53), razão pela qual é impossível reformar o lançamento nesse ponto. Da Constituição do Crédito Tributário: A despeito da divergência quanto ao custo de aquisição (mencionados acima), a verdade é que a autoridade lançadora apurou um ganho de capital inferior àquele calculado pela Contribuinte. Efetivamente, a Contribuinte declarou ter alienado o bem, apurando ganho de capital no valor de R$ 1.366.996,84 (fl. 9). Em outras palavras, teria sido calculado um IRPF no valor de R$ 205.049,53. Admitindo já nessa DIRPF/2007 ter recebido um total de R$ 450.000,00 em 2006, calculou que a base de cálculo era 60,22% do preço e apurou um IRPF exigível de R$ 41.742,00, efetivamente pago conforme DIRFs (fl. 38). Acontece que a despeito de ter informado a ocorrência da alienação, de ter calculado o ganho de capital e de ter pago (parcialmente) o tributo devido a Contribuinte não constituiu o crédito fazendário. Analisando a sua DIRPF (fls. 3/8), bem como os Demonstrativos de Apuração dos Ganhos de Capital (fls. 9/10 e 35/37), constatase que a Contribuinte declarou dever R$ 0,00 a título de Imposto de Renda sobre o Ganho de Capital. Fl. 131DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 132 10 Portanto, ainda que a autoridade lançadora tenha apurado um ganho de capital inferior àquele calculado pela Contribuinte, não é possível revisar o lançamento nesse ponto. Dos valores pagos antes da fiscalização: Argumenta ainda a Contribuinte pela imputação dos pagamentos efetuados por meios dos DARFs (fls. 38/39) ao débito do IRPF ora sob litígio. Como vem afirmando desde a fiscalização, tendo recebido o preço de forma parcelada, emitiu as DARFs e recolheu os tributos à medida que recebia o preço. Nesse caminho, não há sentido em se cobrar um valor já pago. A autoridade lançadora, apesar de admitir a existência de quatro DARFs pagas, com valores não alocados, rejeitou a imputação do pagamento a esse débito: "Também não se considerou os Darf juntados pela contribuinte às fls. 35/36, pois não guardam correspondência com o que foi informado por ela no Demonstrativo de Ganho de Capital. Esses pagamentos encontramse nos sistemas internos como "não utilizados" (fls. 47/49)" fl. 56 Analisando a questão, a DRJ determinou: "Quanto ao aproveitamento do pagamento efetuado, que consta nos sistemas da RFB como não utilizado conforme informado no já mencionado Termo de Verificação Fiscal, cabe à DRF de origem sua imputação ao presente processo, caso ainda esteja disponível nos referidos sistemas, conforme solicitado pela impugnante." fl. 90; Acontece que, como bem chamou atenção a Contribuinte, "O Relator do Acórdão autorizou à DRF de origem a imputação dos pagamentos realizados ainda disponíveis no Sistema ao presente processo. (...) Acontece que ao apropriar os valores dos DARFs a Receita Federal considerou apenas o valor total de R$ 58.650,30 e não R$ 83.974,80, sob alegação de que parte dos valores recolhidos foram imputados a título de multa e juros Selic, deixando assim de considerar para abater do valor principal do imposto o valor de R$ 25.324,50, tendo resultado numa diferença de Imposto a recolher de R$ 128.605,78, o que está totalmente incorreto." fl. 106; Pois bem. Essa turma tem entendimento de que é sim possível alocar os pagamentos efetuados para pagar determinado tributo, ainda quando o débito não tenha sido constituído pelo Contribuinte. Correta, portanto, a determinação da DRJ, devendo sim os valores pagos ser imputados ao presente débito. Em suma, correta a decisão da DRJ, devendo a DRF alocar os pagamentos efetuados por meio das DARFs anexadas aos autos (fls. 39), que ainda estejam disponíveis, ANTES da apuração da multa de ofício. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 133 11 No tocante aos DARFs que já não estão disponíveis no sistema, a verdade é que essa questão de saber se os valores estão ou não disponíveis para imputação não é matéria tributária, mas sim de organização da Receita Federal. Desde o seu pagamento em 2006/2007, tais valores podem ter sido compensados com outros débitos ou mesmos repetidos à Contribuinte. Não é possível determinar, enfim, que sejam imputados no pagamento dos débitos ora sob análise valores que não estão disponíveis na Receita Federal. Do art. 24 da Lei nº 11.457/2007: Argumenta a Contribuinte que o art. 24 da Lei nº 11.457/2007 estabeleceu o prazo limite de 360 (trezentos e sessenta) dias para o julgamento das lides administrativas fiscais de sorte que, tendo ultrapassado esse marco desde o protocolo da Impugnação, teria ocorrido prescrição do direito de julgar a favor do lançamento. Tal tese, entretanto, não pode prevalecer. A Lei afirmou ipsis litteris: Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte. Percebese, portanto, que a Lei não impôs consequência, não podendo simplesmente presumir a decisão favorável, como pleiteia a Recorrente. Esse é o entendimento esposado neste e.CARF, que já julgou as consequências do art. 24 da Lei nº 11.457/2007 em diversas oportunidades, com pedidos inúmeros: DECISÃO ADMINISTRATIVA. MORA. PRAZO DE 360 DIAS. O prazo de 360 dias estabelecido no artigo 24 da Lei nº 11.457/07 serve para compelir a Administração, quando em mora, a proferir sua decisão. Não se pode dar a ele o efeito de legitimar pedido não apreciado. (acórdão CARF nº 1401001.701, de 11/08/2016) LEI 11.457/2007. DECISÕES. PRAZO PARA QUE SEJAM PROFERIDAS. TREZENTOS E SESSENTA DIAS. INOBSERVÂNCIA. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O descumprimento do disposto no art 24 da Lei nº 11.457/2007, que delimita em 360 dias o prazo para que a autoridade administrativa profira decisão sobre petições, defesas e recursos do contribuinte, não acarreta a decadência do crédito tributário constituído em auto de infração. (acórdão CARF nº 3102003.245, de 23/06/2016) Ressaltase, inclusive, que essa mesma turma já julgou a matéria em outras oportunidades: Fl. 133DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 134 12 NULIDADE DA DECISÃO ADMINISTRATIVA PROFERIDA APÓS O PRAZO DE 360 DIAS PREVISTO NO ARTIGO 24 DA LEI Nº 11.457, DE 2007. INOCORRÊNCIA. O conteúdo do dispositivo é programático, não fixando o artigo 24 da Lei nº 11.457, de 2007, quais seriam as conseqüências objetivas de sua inobservância. Assim, não impõe à Administração Pública a perda de seu poderdever de julgar processos administrativos no caso de escoado o prazo impróprio trazido no referido dispositivo. Outrossim, prevalece sobre a Lei n. 11.457/07, o Decreto n. 70.235/72, que trata especificamente sobre o processo administrativo fiscal federal, que, em seu artigo 59, estabelece taxativamente as hipóteses de nulidade do ato administrativo concernente. (acórdão nº 2202003.404, de 12/05/2016) PRAZO PARA APRECIAÇÃO DE DEFESAS OU RECURSO ADMINISTRATIVO. NÃO OBSERVAÇÃO DO PRAZO DE 360 DIAS DISPOSTO NO ART. 24 DA LEI 11.457/2007. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Não caracteriza a nulidade do lançamento a extrapolação do prazo de 360 dias disposto no artigo 24 da lei 11.457, de 2007, pois não foi estabelecida nenhuma sanção administrativa específica em caso de seu descumprimento. (acórdão nº 2202003.413, de 12/05/2016) Diante de tudo quanto exposto, não e possível dar provimento ao recurso voluntário nesse ponto. Dispositivo: Diante de tudo quanto exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 134DF CARF MF Processo nº 15563.000030/201006 Acórdão n.º 2202004.143 S2C2T2 Fl. 135 13 Fl. 135DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.904561/2011-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 04 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-001.015
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 04 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10530.904561/2011-14
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5764928
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Sep 04 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-001.015
nome_arquivo_s : Decisao_10530904561201114.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10530904561201114_5764928.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6916069
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049466576044032
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2026; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10530.904561/201114 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.015 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 25 de julho de 2017 Assunto RESTITUIÇÃO Recorrente RODOBENS CAMINHÕES BAHIA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão da DRJ Belo Horizonte/MG que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se requerer a reforma do despacho decisório exarado pela repartição de origem. De acordo com o despacho decisório, o crédito informado no Pedido de Restituição já se encontrava integralmente alocado a outro débito do sujeito passivo, decorrendo daí o indeferimento do presente pleito. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte protestou por não ter sido intimado para prestar esclarecimentos acerca da higidez do crédito e requereu o reconhecimento do direito à restituição da contribuição recolhida sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, em face da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento submetido à sistemática da repercussão geral, cujo teor deve ser reproduzido pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 30 .9 04 56 1/ 20 11 -1 4 Fl. 1310DF CARF MF Processo nº 10530.904561/201114 Resolução nº 3201001.015 S3C2T1 Fl. 3 2 A decisão da DRJ Belo Horizonte/MG, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse, a partir do confronto das informações declaradas e prestadas pelo contribuinte, na falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, alegando o seguinte: a) a DCTF não é único meio de prova da existência do crédito passível de restituição, sendo descabida a exigência de retificação de declarações como condição à restituição do indébito tributário; b) o acórdão recorrido está em desconformidade com o princípio da verdade material, encontrandose a contabilidade lastreada em documentação idônea; c) o valor informado no campo "Receita da Revenda de Mercadorias" da Ficha 06A "Demonstração do Resultado" da DIPJ está considerando o valor da faturamento com vendas de veículos usados, ao passo que o valor informado no campo "Faturamento/Receita Bruta" das Fichas que demonstram o cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS considera somente o valor do lucro na venda de veículos usados, conforme determina o art. 5° da Lei nº 9.716/1998, fato esse que se comprova pela planilha de cálculo juntada ao recurso, a qual esclarece a apuração da contribuição, bem como o valor do crédito devido; d) o Supremo Tribunal Federal já declarou a inconstitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei nº 9.718/1998, em sede de repercussão geral, devendose observar o teor do art. 26A do Decreto 70.235/72 e o art. 62A do RICARF; e) a Lei nº 11.941/2009 revogou o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/1998. Ao final, pugna o Recorrente pelo provimento do recurso voluntário para que seja reconhecido o seu direito à plena restituição da contribuição calculada sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, diante da inconstitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei 9718/1998. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201001.004, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 10530.903807/201122, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201001.004): A questão em apreço se resolveria pela aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral, conforme ementa a seguir transcrita: Fl. 1311DF CARF MF Processo nº 10530.904561/201114 Resolução nº 3201001.015 S3C2T1 Fl. 4 3 "RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98." (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27 112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP00871 ) Temse, então, que o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como sabido, a aplicação do decidido pela Corte Suprema em sede de repercussão geral é de aplicação obrigatória por parte deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme se depreende da redação do art. do RICARF: "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal o u do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)" A jurisprudência deste colegiado administrativo é pacífica em relação ao tema. Vejamos: "OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/02/1999 a 31/03/2000 PIS. COFINS. RESTITUIÇÃO. Inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS e do aumento deste de 2% para 3%, instituídos pela Lei 9.718/98. Acolhimento do resultado da diligência e reconhecimento da atualização dos valores com fundamento no artigo 39, § 4° da Lei 9.430/96 (Taxa Selic). Aplicação desde a data da protocolização do pedido." (Processo 13839.001097/200580; Acórdão 3401003.778; Relator Conselheiro ANDRÉ HENRIQUE LEMOS, Sessão de 23/05/2017) "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Fl. 1312DF CARF MF Processo nº 10530.904561/201114 Resolução nº 3201001.015 S3C2T1 Fl. 5 4 Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2001 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62 do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal." (Processo 11516.002621/200719; Acórdão 3401003.239; Conselheiro LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO, Sessão de 26/09/2016) Ocorre que, no caso em debate tanto o despacho decisório, quanto a decisão proferida em sede de manifestação de inconformidade informam não estar comprovada a certeza e a liquidez do direito creditório. A decisão, portanto, foi no sentido de que inexiste crédito apto a lastrear o pedido da recorrente. No entanto, entendo como razoável as alegações produzidas pela recorrente aliado aos documentos apresentados nos autos, o que atesta que procurou se desincumbir do seu ônus probatório em atestar a existência dos créditos alegados. A recorrente além das DCTF's apresentou planilha de cálculo, balancete e comprovante de arrecadação referente ao período em apreço e, por fim, juntamente com o seu recurso anexa o LivroRazão. Neste contexto, a teor do que preconiza o art. 373 do diploma processual civil, teve a manifesta intenção de provar o seu direito creditório, sendo que tal procedimento, também está pautado pela boafé. Saliento o fato de assistir razão à recorrente quando alega que a falta de retificação de declaração não tem o condão de tornar devido o que é indevido, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e da verdade material. Neste sentido já decidiu o CARF: "Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2002 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2002 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Fl. 1313DF CARF MF Processo nº 10530.904561/201114 Resolução nº 3201001.015 S3C2T1 Fl. 6 5 Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585235 QORG." (Processo 10280.905801/2011 89; Acórdão 3302003.619; Conselheira SARAH MARIA LINHARES DE ARAÚJO PAES DE SOUZA; Sessão de 21/02/2017) (nosso destaque) Recentemente, em questão similar, em processo relatado pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (10830.917695/201111 Resolução 3201000.848), esta Turma por unanimidade de votos, decidiu em converter o julgamento em diligência, conforme a seguir transcrito: "Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora." Do voto da relatora destaco: "Na hipótese dos autos, observase que não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal." Ademais, em casos análogos envolvendo a recorrente, este conselho administrativo nos processos 10530.902899/201123 e 10530.902898/201189 decidiu por converter o julgamento em diligência através das Resoluções 3801000.816 e 3801 000.815. Assim, entendo que há dúvida razoável no presente processo acerca da liquidez, certeza e exigibilidade do direito creditório, o que justifica a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da recorrente, sem que as questões aventadas sejam dirimidas. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que possa ser apurado e informado, de modo pormenorizado, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos, bem como a existência do crédito postulado a partir de toda a documentação apresentada pelo contribuinte e outras diligências que possam ser realizadas a critério da autoridade competente, com a elaboração do devido relatório. Fl. 1314DF CARF MF Processo nº 10530.904561/201114 Resolução nº 3201001.015 S3C2T1 Fl. 7 6 Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela recorrente e se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Isto posto, deve ser oportunizada à recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, para que se manifeste nos autos e apresente documentos adicionais, caso entenda necessário, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pelo contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, também foram juntados em cópias nestes autos (planilha, Balancete e livro Razão). Dessa forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, decido por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora certifique a efetiva existência do crédito postulado, a partir dos documentos apresentados pelo contribuinte e por meio de outras diligências que se mostrarem necessárias, consignando os resultados apurados em relatório pormenorizado. Após a realização da diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 1315DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 17883.000192/2010-49
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Oct 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2005 a 28/02/2007
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. REQUERIMENTO DE DESISTÊNCIA DA AÇÃO. DEFINITIVIDADE DO LANÇAMENTO. PROSUS.
Declara-se a definitividade do crédito lançado sempre que for apresentado pedido de desistência total da ação em cumprimento ao art. 37, §§3º e 4º da Lei nº 12.873/2013, que instituiu moratória para os débitos incluídos no PROSUS - Programa de Fortalecimento das Entidades Privadas Filantrópicas e das Entidades sem Fins Lucrativos que Atuam na Área da Saúde e que Participam de Forma Complementar do Sistema Único de Saúde.
Numero da decisão: 9202-005.735
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para declarar a definitividade do crédito tributário, em face de desistência do recurso pelo sujeito passivo.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2005 a 28/02/2007 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. REQUERIMENTO DE DESISTÊNCIA DA AÇÃO. DEFINITIVIDADE DO LANÇAMENTO. PROSUS. Declara-se a definitividade do crédito lançado sempre que for apresentado pedido de desistência total da ação em cumprimento ao art. 37, §§3º e 4º da Lei nº 12.873/2013, que instituiu moratória para os débitos incluídos no PROSUS - Programa de Fortalecimento das Entidades Privadas Filantrópicas e das Entidades sem Fins Lucrativos que Atuam na Área da Saúde e que Participam de Forma Complementar do Sistema Único de Saúde.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Oct 13 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 17883.000192/2010-49
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5787188
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 13 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-005.735
nome_arquivo_s : Decisao_17883000192201049.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
nome_arquivo_pdf_s : 17883000192201049_5787188.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para declarar a definitividade do crédito tributário, em face de desistência do recurso pelo sujeito passivo. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
id : 6978059
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:36 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049466601209856
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1536; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 153 1 152 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 17883.000192/201049 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202005.735 – 2ª Turma Sessão de 30 de agosto de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FUNDAÇÃO MIGUEL PEREIRA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2005 a 28/02/2007 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. REQUERIMENTO DE DESISTÊNCIA DA AÇÃO. DEFINITIVIDADE DO LANÇAMENTO. PROSUS. Declarase a definitividade do crédito lançado sempre que for apresentado pedido de desistência total da ação em cumprimento ao art. 37, §§3º e 4º da Lei nº 12.873/2013, que instituiu moratória para os débitos incluídos no PROSUS Programa de Fortalecimento das Entidades Privadas Filantrópicas e das Entidades sem Fins Lucrativos que Atuam na Área da Saúde e que Participam de Forma Complementar do Sistema Único de Saúde. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para declarar a definitividade do crédito tributário, em face de desistência do recurso pelo sujeito passivo. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 88 3. 00 01 92 /2 01 0- 49 Fl. 153DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Adotando como base o relatório do acórdão recorrido, esclarecemos que tratase de lançamento para cobrança de contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à contribuição de segurados empregados, as quais não foram arrecadadas pela entidade. Segundo o Relatório Fiscal (fls. 25/37), constituem fatos geradores de contribuições previdenciárias as remunerações pagas a contribuintes individuais, os quais a auditoria fiscal entendeu por caracterizar como segurados empregados, por não atenderem aos pressupostos previstos no art. 12, inciso V, alíneas “g” e “h” da Lei nº 8.212/1991, e os valores de vale transporte pago em espécie aos segurados empregados conforme apurado em rubrica da folha de pagamento. Segundo a auditoria fiscal os contribuintes individuais caracterizados como empregados exerciam atividades de médicos plantonistas, cirurgião dentista, serviços de radiologia enfermeiro, porteiro, serviços gerais, faturamento, copeiro, contadora, serviços de manutenção e recepção. A autuada apresentou defesa (fls. 47/50) onde defende sua condição de entidade isenta, pois o art. 37 da Medida Provisória nº 446/08 claramente teria definido a situação, pela qual, só o CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social poderia ditar o cancelamento da isenção e, por sua vez, quem tivesse situação pendente esta teria sido resolvida com a edição da citada MP e legislação posterior. Pelo acórdão nº 1235.936 (fls. 72/76), a DRJ/Rio de Janeiro (RJ) I considerou a autuação procedente, ressaltando que a isenção não abrange a contribuição dos segurados. Referida decisão também salienta que quanto à remuneração dos segurados empregados levantada, o contribuinte não se insurgiu relativamente ao mérito, portanto, foi considerada matéria não impugnada. Inconformada a autuada apresentou recurso tempestivo (fls. 79/82) onde reiterou os argumentos de defesa. A 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, por meio do acórdão 2402002.501, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento os valores relativos ao auxíliotransporte e para recálculo da multa nos termos do artigo 35 da Lei n° 8.212/91 vigente à época dos fatos geradores. A decisão recebeu a seguinte ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2005 a 28/02/2007 CONTRIBUIÇÕES SEGURADOS – ARRECADAÇÃO/RECOLHIMENTO – OBRIGAÇÃO DA EMPRESA – ISENÇÃO – COTA PATRONAL Fl. 154DF CARF MF Processo nº 17883.000192/201049 Acórdão n.º 9202005.735 CSRFT2 Fl. 154 3 A empresa é obrigada a arrecadar e recolher as contribuições dos segurados a seu serviço e a isenção de contribuições previdenciárias abrange tão somente a contribuição patronal VALE TRANSPORTE EM PECÚNIA – NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Não há incidência de contribuição previdenciária sobre o vale transporte pago em pecúnia, considerando o caráter indenizatório da verba . MULTA DE MORA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DO FATO GERADOR. O lançamento reportase à data de ocorrência do fato gerador e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, aplicase a multa de mora nos percentuais da época (redação anterior do artigo 35, inciso II da Lei nº 8.212/1991). Recurso Voluntário Provido em Parte Intimada do acórdão a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial visando rediscutir o critério adota pelo Colegiado a quo para aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Requer a aplicação das regras descritas na Instrução Normativa nº 1.207/2010. Devidamente intimada acerca do Acórdão e do Recurso interposto, a autuada optou por não apresentar contrarrazões. Em 13.02.2017, conforme termo de fls. 146, este processo foi desapensado do Processo 17883.000193/201093, principal, para permitir o julgamento do respectivo recurso na sistemática prevista no art.47, §§1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de2015. Importante destacar que foi juntado às fls. 151 "requerimento de desistência ou impugnação de recurso administrativo", nos termos do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 03/2014, que regulamentou os procedimentos relativos à moratória concedida pelo art. 37, §§3º e 4º da Lei nº 12.873/2013 que instituiu o PROSUS Programa de Fortalecimento das Entidades Privadas Filantrópicas e das Entidades sem Fins Lucrativos que Atuam na Área da Saúde e que Participam de Forma Complementar do Sistema Único de Saúde. É o relatório. Voto Fl. 155DF CARF MF 4 Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri O Recurso preenche os requisitos legais, razão pela qual, dele conheço. Em que pese o objetivo do recurso seja a discussão dos critérios utilizados pelo acórdão para aplicação da retroatividade benigna de norma, haja vista as alterações promovidas pela MP 449/08 em dispositivos da Lei nº 8.212/91, há nos altos fato relevante que deve ser considerado. Após a realização do exame de admissibilidade do recurso interposto pela Fazenda Nacional, foram juntados documentos ao processo, entre esses o "Requerimento de Desistência ou Impugnação de Recurso Administrativo" apresentado pela Autuada à Agência da Receita Federal em Barra do Piraí RJ. Referido documento (fls. 151) possui o seguinte conteúdo: Diante disto, considerando a data da apresentação do requerimento (29.03.2016) e ainda manifestação expressa da parte pela desistência total da impugnação, ou do recurso administrativo interposto, ou da manifestação de inconformidade constante do presente processo, podese afirmar não haver mais qualquer litígio em questão, uma vez que o contribuinte renunciou ao seu direito de discutir o lançamento efetuado. Assim, devese declarar a definitividade do crédito tributário nos moldes em que fixado pelo auto de infração. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 17883.000192/201049 Acórdão n.º 9202005.735 CSRFT2 Fl. 155 5 Diante do exposto, conheço e dou provimento ao Recurso para declarar a definitividade do crédito tributário nos moldes em que apurado pelo auto de infração originalmente lavrado, haja vista o pedido de desistência apresentado sujeito passivo. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 157DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.907340/2010-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004
ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO.
O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.519
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004 ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10980.907340/2010-19
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5779853
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-004.519
nome_arquivo_s : Decisao_10980907340201019.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10980907340201019_5779853.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado.
dt_sessao_tdt : Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6959921
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:06:56 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049466615889920
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1681; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.907340/201019 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302004.519 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de julho de 2017 Matéria PERDCOMP. PIS/COFINS. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. Recorrente VS SUPRIMENTOS PARA COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004 ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição/Declaração de Compensação (PERDCOMP) eletrônico por meio da qual a contribuinte objetivava quitar débitos tributários/solicitar restituição de valor utilizandose de créditos de COFINS, que teria sido indevidamente recolhido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 90 73 40 /2 01 0- 19 Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10980.907340/201019 Acórdão n.º 3302004.519 S3C3T2 Fl. 3 2 A justificativa apresentada pela autoridade fiscal para não homologar a compensação/indeferir o pedido de restituição foi que o DARF discriminado na PERDCOMP havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte. Cientificada sobre o teor do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega que o pedido de compensação/restituição referese a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela instância de origem, nos termos do Acórdão 06043.102. Irresignada a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que motivou a subida dos autos a este Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.500, de 25 de julho de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.900996/201183, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.500) 1: "Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Conforme relatado anteriormente, alega a Recorrente que os créditos são decorrentes de pagamentos a maior da Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Cita e pede aplicação dos RE´s 240.7852/MS e 574.706. Para dirimir a controvérsia sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS e, afastar a aplicação da decisão proferida pela Suprema Corte ao presente caso, empresto e adoto como fundamento as razões de decidir da i. Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, nos autos do processo administrativo nº 10283.902818/201235 (acórdão 3302004.158): 1 Deixo de transcrever o voto vencido, que pode ser facilmente consultado no Acórdão paradigma, mantendo apenas o entendimento predominante da Turma expresso no voto vencedor. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10980.907340/201019 Acórdão n.º 3302004.519 S3C3T2 Fl. 4 3 A controvérsia cingese sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. A situação que permeia os tribunais na atualidade é de dois posicionamentos conflitantes quanto à inclusão ou não do tributo na base de cálculo do PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1144469/PR, em sistema de recursos repetitivos assim decidiu: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10980.907340/201019 Acórdão n.º 3302004.519 S3C3T2 Fl. 5 4 salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendo se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10980.907340/201019 Acórdão n.º 3302004.519 S3C3T2 Fl. 6 5 base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS inclui se na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.158 35, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10980.907340/201019 Acórdão n.º 3302004.519 S3C3T2 Fl. 7 6 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (REsp 1144469/PR; Relator: Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Mauro Campbell Maques) (grifos não constam no original) Já o Supremo Tribunal Federal, no RE 574.706RG/PR, julgou, no dia 15.03.2017, no sentido de que: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), apreciando o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins". Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Nesta assentada o Ministro Dias Toffoli aditou seu voto. Plenário, 15.3.2017. (grifos não constam do original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10980.907340/201019 Acórdão n.º 3302004.519 S3C3T2 Fl. 8 7 observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. Em razão da obrigatoriedade por parte do conselheiro em aplicar o RICARF, acima exposto, os argumentos da Recorrente de desnecessidade de previsão legal para a exclusão do ICMS por respeito ao princípio da capacidade contributiva e da impossibilidade de considerar o ICMS como parte integrante do faturamento ficam, desde já, encontramse fundamentados com a aplicação do precedente obrigatório. Portanto, em conformidade com o REsp 1.144.469/PR, que firmou para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", é negado provimento ao recurso voluntário. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito a créditos decorrente de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 68DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12466.720328/2011-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Data do fato gerador: 26/08/2009, 01/10/2009, 15/01/2010
MODALIDADES DE IMPORTAÇÃO. CONCEITO LEGAL. DIVERGÊNCIA ENTRE OPERAÇÃO DECLARADA E PRATICADA. DANO AO ERÁRIO. OCULTAÇÃO MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE A INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. MULTA POR CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO.
Na importação direta, o importador é o próprio adquirente dos bens importados, realizando a importação com recursos próprios e por seu próprio risco. Na importação por conta e ordem de terceiros, o importador presta apenas serviços (de logística, aduaneiros, cotação de preços, intermediação) para o adquirente, que é a pessoa de onde provém os recursos para a realização da importação. Na importação para a revenda a encomendante predeterminado, o importador estabelece uma relação de comissão com adquirente, disciplinada pelo artigo 696 e seguintes do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), pela qual o importador é comissário e o adquirente é o comitente, entrando o importador na operação de importação com recursos próprios e se comprometendo a revender os bens importados ao adquirente.
Existe um conceito legal para cada modalidade de importação, o que resulta em considerar a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro como uma importação por conta e ordem deste, nos termos do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, e a manter a caracterização de uma importação para a revenda a encomendante predeterminado, na hipótese de haver participação do encomendante predeterminado nas operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior, por força do artigo 11, parágrafo 3º, da Lei nº 11.281/2006.
Na hipótese de divergência entre a operação de importação declarada e a operação de importação efetivamente realizada, havendo ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, configura-se o dano ao erário, punido com pena de perdimento das mercadorias, penalidade convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida. (artigo 23 do Decreto Lei nº 1455/76).
INFRAÇÃO DE OCULTAÇÃO MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE A INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. ARTIGO 23 DO DECRETO LEI Nº 1455/76. CARACTERIZAÇÃO.
O tipo infracional previsto no artigo 23 do Decreto Lei nº 1455/76 não é a mera ocultação do sujeito passivo nas operações de comércio exterior, mas a ocultação realizada "mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros", de modo que, para a caracterização da infração, deve ser identificado o dolo e a infração deve ser grave em substância e não uma infração meramente formal.
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA COMPROVADA.
A interposição fraudulenta pode ser presumida, na hipótese de não-comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados para a realização da importação, ou comprovada, na existência de um conjunto de provas que demonstrem a ocorrência de fraude ou simulação com o intuito de interpor determinada pessoa entre o real adquirente e as autoridades fiscais, para que a primeira permaneça oculta aos olhos da fiscalização.
INFRAÇÃO DE OCULTAÇÃO MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE A INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. ARTIGO 23, INCISO V, DO DECRETO LEI Nº 1455/76. DEMONSTRAÇÃO. PROVA.
Na hipótese de "interposição fraudulenta comprovada", o ônus probatório da ocorrência de "ocultação mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros" é do Fisco, que deve levantar um conjunto de elementos de prova que demonstrem que as condutas imputadas aos intervenientes das operações de comércio exterior se enquadram no tipo infracional previsto no artigo 23, inciso V, do Decreto nº 1.455/1976.
Numero da decisão: 3401-003.980
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento aos recursos voluntários apresentados, e em não conhecer do recurso de ofício.
ROSALDO TREVISAN - Presidente.
AUGUSTO FIEL JORGE D'OLIVEIRA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d' Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araujo Branco.
Nome do relator: AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Data do fato gerador: 26/08/2009, 01/10/2009, 15/01/2010 MODALIDADES DE IMPORTAÇÃO. CONCEITO LEGAL. DIVERGÊNCIA ENTRE OPERAÇÃO DECLARADA E PRATICADA. DANO AO ERÁRIO. OCULTAÇÃO MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE A INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. MULTA POR CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO. Na importação direta, o importador é o próprio adquirente dos bens importados, realizando a importação com recursos próprios e por seu próprio risco. Na importação por conta e ordem de terceiros, o importador presta apenas serviços (de logística, aduaneiros, cotação de preços, intermediação) para o adquirente, que é a pessoa de onde provém os recursos para a realização da importação. Na importação para a revenda a encomendante predeterminado, o importador estabelece uma relação de comissão com adquirente, disciplinada pelo artigo 696 e seguintes do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), pela qual o importador é comissário e o adquirente é o comitente, entrando o importador na operação de importação com recursos próprios e se comprometendo a revender os bens importados ao adquirente. Existe um conceito legal para cada modalidade de importação, o que resulta em considerar a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro como uma importação por conta e ordem deste, nos termos do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, e a manter a caracterização de uma importação para a revenda a encomendante predeterminado, na hipótese de haver participação do encomendante predeterminado nas operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior, por força do artigo 11, parágrafo 3º, da Lei nº 11.281/2006. Na hipótese de divergência entre a operação de importação declarada e a operação de importação efetivamente realizada, havendo ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, configura-se o dano ao erário, punido com pena de perdimento das mercadorias, penalidade convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida. (artigo 23 do Decreto Lei nº 1455/76). INFRAÇÃO DE OCULTAÇÃO MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE A INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. ARTIGO 23 DO DECRETO LEI Nº 1455/76. CARACTERIZAÇÃO. O tipo infracional previsto no artigo 23 do Decreto Lei nº 1455/76 não é a mera ocultação do sujeito passivo nas operações de comércio exterior, mas a ocultação realizada "mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros", de modo que, para a caracterização da infração, deve ser identificado o dolo e a infração deve ser grave em substância e não uma infração meramente formal. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA COMPROVADA. A interposição fraudulenta pode ser presumida, na hipótese de não-comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados para a realização da importação, ou comprovada, na existência de um conjunto de provas que demonstrem a ocorrência de fraude ou simulação com o intuito de interpor determinada pessoa entre o real adquirente e as autoridades fiscais, para que a primeira permaneça oculta aos olhos da fiscalização. INFRAÇÃO DE OCULTAÇÃO MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE A INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. ARTIGO 23, INCISO V, DO DECRETO LEI Nº 1455/76. DEMONSTRAÇÃO. PROVA. Na hipótese de "interposição fraudulenta comprovada", o ônus probatório da ocorrência de "ocultação mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros" é do Fisco, que deve levantar um conjunto de elementos de prova que demonstrem que as condutas imputadas aos intervenientes das operações de comércio exterior se enquadram no tipo infracional previsto no artigo 23, inciso V, do Decreto nº 1.455/1976.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 12466.720328/2011-19
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5788528
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3401-003.980
nome_arquivo_s : Decisao_12466720328201119.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 12466720328201119_5788528.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento aos recursos voluntários apresentados, e em não conhecer do recurso de ofício. ROSALDO TREVISAN - Presidente. AUGUSTO FIEL JORGE D'OLIVEIRA - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d' Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araujo Branco.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6984976
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049466626375680
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 25; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2397; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 6.868 1 6.867 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12466.720328/201119 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.980 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 2017 Matéria COMÉRCIO EXTERIOR OCULTAÇÃO MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO Recorrente TARGET TRADING S.A. E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 26/08/2009, 01/10/2009, 15/01/2010 MODALIDADES DE IMPORTAÇÃO. CONCEITO LEGAL. DIVERGÊNCIA ENTRE OPERAÇÃO DECLARADA E PRATICADA. DANO AO ERÁRIO. OCULTAÇÃO MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE A INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. MULTA POR CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO. Na importação direta, o importador é o próprio adquirente dos bens importados, realizando a importação com recursos próprios e por seu próprio risco. Na importação por conta e ordem de terceiros, o importador presta apenas serviços (de logística, aduaneiros, cotação de preços, intermediação) para o adquirente, que é a pessoa de onde provém os recursos para a realização da importação. Na importação para a revenda a encomendante predeterminado, o importador estabelece uma relação de comissão com adquirente, disciplinada pelo artigo 696 e seguintes do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), pela qual o importador é comissário e o adquirente é o comitente, entrando o importador na operação de importação com recursos próprios e se comprometendo a revender os bens importados ao adquirente. Existe um conceito legal para cada modalidade de importação, o que resulta em considerar a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro como uma importação por conta e ordem deste, nos termos do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, e a manter a caracterização de uma importação para a revenda a encomendante predeterminado, na hipótese de haver participação do encomendante predeterminado nas operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior, por força do artigo 11, parágrafo 3º, da Lei nº 11.281/2006. Na hipótese de divergência entre a operação de importação declarada e a operação de importação efetivamente realizada, havendo ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 03 28 /2 01 1- 19 Fl. 6868DF CARF MF 2 mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, configurase o dano ao erário, punido com pena de perdimento das mercadorias, penalidade convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida. (artigo 23 do Decreto Lei nº 1455/76). INFRAÇÃO DE OCULTAÇÃO MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE A INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. ARTIGO 23 DO DECRETO LEI Nº 1455/76. CARACTERIZAÇÃO. O tipo infracional previsto no artigo 23 do Decreto Lei nº 1455/76 não é a mera ocultação do sujeito passivo nas operações de comércio exterior, mas a ocultação realizada "mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros", de modo que, para a caracterização da infração, deve ser identificado o dolo e a infração deve ser grave em substância e não uma infração meramente formal. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA COMPROVADA. A interposição fraudulenta pode ser presumida, na hipótese de não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados para a realização da importação, ou comprovada, na existência de um conjunto de provas que demonstrem a ocorrência de fraude ou simulação com o intuito de interpor determinada pessoa entre o real adquirente e as autoridades fiscais, para que a primeira permaneça oculta aos olhos da fiscalização. INFRAÇÃO DE OCULTAÇÃO MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE A INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. ARTIGO 23, INCISO V, DO DECRETO LEI Nº 1455/76. DEMONSTRAÇÃO. PROVA. Na hipótese de "interposição fraudulenta comprovada", o ônus probatório da ocorrência de "ocultação mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros" é do Fisco, que deve levantar um conjunto de elementos de prova que demonstrem que as condutas imputadas aos intervenientes das operações de comércio exterior se enquadram no tipo infracional previsto no artigo 23, inciso V, do Decreto nº 1.455/1976. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento aos recursos voluntários apresentados, e em não conhecer do recurso de ofício. ROSALDO TREVISAN Presidente. AUGUSTO FIEL JORGE D'OLIVEIRA Relator. Fl. 6869DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.869 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d' Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araujo Branco. Relatório O processo administrativo ora em julgamento decorre da lavratura de Auto de Infração para lançamento, no valor de R$ 1.825.190,79, de "pena de perdimento da mercadoria, convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida", com base no artigo 23, inciso V, parágrafo 3º, do Decreto nº 1.455/1976, e artigo 105, inciso VI, do Decreto nº 37/1966, por (i) ocultação dos verdadeiros encomendantes das mercadorias e (ii) uso de documento falso no despacho aduaneiro, em operações de importação, declaradas como realizadas na modalidade "importação por encomenda", tendo como importador a Target Trading S.A ("Target") e como encomendante a Neo Importação e Exportação e Distribuição Ltda. ("Neo"). Na "descrição dos fatos e enquadramento legal" que acompanha o Auto de Infração, a Fiscalização narra que instaurou procedimento em face da Neo e, analisando um conjunto de operações de importação registradas sob 23 (vinte e três) Declarações de Importação, no qual se as operações de importação que deram origem ao presente lançamento se incluem, identificou infrações de interposição fraudulenta de terceiros mediante cessão de nome e uso de documento falso no despacho aduaneiro de importação, que ensejam a aplicação tanto da penalidade de pena de perdimento de mercadorias quanto da multa por cessão de nome. Dessa maneira, a Fiscalização informa que lavrou vários Autos de Infração, segregados de acordo com as infrações e os responsáveis solidários identificados, sendo que o Auto de Infração que deu origem ao presente processo é relativo à Declaração de Importação abaixo identificada, tem como sujeito passivo a Target, e aponta como responsáveis solidários a Neo, o Sr. Marcelo Gonçalves Araújo ("Sr. Marcelo Araújo") e a Multiaços Indústria e Comércio de Produtos Ltda. ("Multiaços"), indicando o Termo de Sujeição Passiva e a "descrição dos fatos e enquadramento legal" que acompanha o Auto de Infração como fundamento legal o artigo 124, do CTN, e o artigo 95, inciso I e VI, do Decreto nº 37/1966. Número das Declarações de Importação Data de Registro 0911359642 26/08/2009 0913363612 01/10/2009 1000825509 15/01/2010 A conclusão a que a Fiscalização chegou é que "restou comprovado que a NEO figurou como encomendante nas Declarações de Importação investigadas, porém as mercadorias eram predestinadas a outros interessados, os verdadeiros encomendantes das mercadorias, inclusive mediante contratos previamente firmados e prestação de garantias". Para tanto, a Fiscalização levantou os seguintes elementos: Fl. 6870DF CARF MF 4 (i) capacidade econômica e financeira da Neo: no curso de despacho aduaneiro de determinadas Declarações de Importação, a Auditora Fiscal identificou que a encomendante Neo, apesar de ter sido habilitada na modalidade simplificada, que não exige verificação de capacidade econômica e financeira, já havia atuado como encomendante em importações no valor total de USD 14.000.000,00, no período de apenas 6 (seis) meses, o que motivou a instauração de procedimento especial de combate à interposição fraudulenta previsto na Instrução Normativa nº 228/2002; nesse procedimento, verificouse que o capital social original da Neo, de R$100.000,00, foi aumentado para R$5.858.044,00, mediante a integralização de um ativo de propriedade da sócia majoritária da sociedade, TIMELOG LOGISTICA S.A. ("TIMELOG"), representado pelo imóvel onde estão estabelecidas tanto a TIMELOG quanto a NEO, que são empresas do mesmo grupo econômico; porém, a Neo não teria conseguido demonstrar a efetiva transferência da propriedade do bem imóvel à sociedade, pelo registro do instrumento que lhe conferiu o domínio no competente cartório de registro de imóveis, conforme artigo 1.227, do Novo Código Civil; além disso, afirmou a Fiscalização que "há de se considerar ainda que tal aumento de capital social, além de não ter sido ainda comprovada a efetiva transferência, não aumentou a capacidade financeira da NEO, por tratarse de ativo imobilizado que encontra limitações em sua liquidez, alienação e dação em garantia"; a Fiscalização ainda teria constatado que não haveria registro na contabilidade da empresa de quaisquer empréstimos e financiamentos com os quais a Neo poderia dispor para realizar as operações de importação; nesse tópico, afirma a Fiscalização que "em termos de transferência de recursos financeiros dos sócios para a empresa, o valor corresponderia a R$ 105.450,88, que a NEO comprovou apenas após reintimação (...) Foram registradas, apenas de julho de 2009 até março de 2010 (8 meses), declarações de importações onde a NEO figurou como encomendante no total de R$ 31.653.286,95"; (ii) pedido de habilitação ordinária pela Neo, desistência e prestação de informações erradas: a Fiscalização expõe que a Neo protocolou em 28/01/2009 pedido de Habilitação Ordinária na Alfândega do Porto de Vitória, pelo processo administrativo nº 12466.000254/201010, instruindo tal pedido com o o Anexo IB do ADE Coana Nº 3/2006, devidamente preenchido e assinado pelos representantes legais e pelo contador da empresa, e Balanço Patrimonial, que atestavam que o Patrimônio Líquido da sociedade era de R$12.201.650,36; no curso desse processo de habilitação, a Neo foi intimada a apresentar arquivos digitais da contabilidade, bem como outros documentos e atualizar seus dados cadastrais perante o CNPJ, pedindo dilação do prazo, que foi deferido, porém, apesar da dilação de prazo, não atendeu à intimação, nem prestou nem buscou informação em relação ao processo; independentemente do não atendimento à intimação, o pedido de habilitação foi indeferido, pois a Fiscalização, com base na escrituração contábil digital da empresa, verificou que o patrimônio líquida sociedade era, na realidade, de R$ 5.624.003,53; diante disso, concluiu a Fiscalização que "resta claramente evidenciada a prática da NEO de prestar para a Administração Aduaneira informações incorretas, visando ostentar uma capacidade econômica e financeira superior a real, esquivandose do adequado controle aduaneiro e dissimulando os indícios que seu real objetivo é atuar de forma irregular para terceiros interessados, ocultos nas operações"; (iii) incentivos fiscais estaduais: a Fiscalização expõe os benefícios fiscais previstos nas legislações dos Estados do Espírito Santo e Santa Catarina e afirma que "a TARGET tem seu custo incidente no desembaraço aduaneiro reduzido, sendo esse seu maior atrativo para empresas que desejam nacionalizar mercadorias, pois se beneficiam dessa redução de custos"; (iv) riscos e custos das operações: A Fiscalização conclui que "os custos referentes ao desembaraço aduaneiro e tributos sobre o comércio exterior teriam sido suportados pela TARGET, que apresentou documentação (...) referente ao crédito usualmente Fl. 6871DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.870 5 obtido perante instituições bancárias. Quanto à comercialização no mercado interno os riscos foram suportados pelos clientes da NEO, através de adiantamentos, fianças bancárias e notas promissórias, tudo no bojo de contratos firmados objetivando fornecimento contínuo de mercadorias de procedência estrangeira"; entende que há um vazio na posição que a Neo alega ocupar na cadeia comercial, de distribuidora, pois seria difícil de acreditar que os clientes da Neo, grandes distribuidores de aço no país, com grande capacidade econômica e que adquirem grandes quantidades diretamente das siderúrgicas, buscariam um "concorrente" de capacidade econômica inferior que nem a Neo, para comprar aço no mercado interno, entendendo que deveriam buscar a Target para promover a nacionalização do aço estrangeiro; a Fiscalização afirma que a Neo não possui quadro societário diferenciado e autonomia gerencial, mas os gestores de outras empresas do grupo detêm poderes de administração sobre ela, destacando a existência de um instrumento público de mandato concedendo poderes aos diretores da Target para administrar a Neo; pela análise dos contratos realizada pela Fiscalização, "a NEO praticamente não tinha responsabilidade quanto a prazo de entrega, situação totalmente incomum para uma venda no mercado interno, e que indica na verdade uma prestação de serviço, por parte do grupo da TARGET, para nacionalização de mercadorias onde as condições que determinam o prazo de entrega estão de fato sob controle do cliente final"; e (v) adiantamento de clientes da Neo: no curso do trabalho fiscal, a Neo apresentou um relatório detalhando o fluxo de caixa da empresa, elaborado por empresa de auditoria independente; esse trabalhou chegou a algumas conclusões, dentre elas, que "nas operações comerciais apresentadas no demonstrativo anexo, a Sociedade apresentou fluxo de caixa positivo em decorrência dos pagamentos efetuados aos fornecedores ocorrer posteriormente ao recebimento das vendas aos seus clientes"; a Fiscalização afirma que "a NEO recebeu enorme montante em adiantamentos de seus clientes" e apresenta tabela que mostra que a data de recebimento dos valores ocorria, em geral, meses antes, da data de emissão da primeira nota fiscal relativa ao recebimento; assim, a Fiscalização entende que a Neo teria sido constituída com desvio de finalidade, apontando que "a TARGET não pode receber adiantamentos de seus clientes, sob pena de configurar operação por conta e ordem, segundo a presunção legal do art. 27 da Lei 10.637/2002. Sendo assim, a NEO recebe os adiantamentos em seu lugar como garantia para as operações na modalidade por encomenda, porém é uma empresa do mesmo grupo, sem autonomia ou segregação de propósitos, portanto tratase de uma simulação para ocultar os verdadeiros encomendantes das mercadorias"; além disso, assevera que "não há razão para que ocorra pagamento (de sinal) por uma mercadoria que não é sua, que ainda não comprou e sequer foi emitida a nota fiscal, salvo se a operação se tratar de uma encomenda para entrega futura". No que se refere especificamente às declarações de importação deste processo, a Fiscalização ainda acrescenta os elementos a seguir, conforme item 7 da "descrição dos fatos e enquadramento legal" que acompanha o Auto de Infração. (i) as mercadorias importadas foram BOBINAS DE AÇO LAMINADO A QUENTE, produzidas por SIDOR C.A., da Venezuela, e exportadas pela STEELCOM S.A.M., de Mônaco; (ii) no caso da DI Nº 10/00825509, houve adiantamento de recursos por parte de outra empresa, porém, após a NEO ter sido incluída em procedimento especial, a operação não prosseguiu e a maior parte do adiantamento foi devolvido; diante disso, a Fiscalização afirma que "isso indica que as mercadorias da DI em tela eram de fato destinadas Fl. 6872DF CARF MF 6 à MULTIAÇOS, e uma pequena quantidade foi destinada para a NACIONAL TUBOS mediante um ajuste entre as partes para saldar parte dos recursos adiantados"; (iii) "As mercadorias das três DIs foram destinadas diretamente do Porto de Vitória para a MULTIAÇOS, pois se trata de carga na ordem de muitas toneladas, as notas fiscais da TARGET e da NEO foram emitidas no mesmo dia, e constou no campo transportador o mesmo veículo (PLACA DO VEÍCULO)". (iv) "As importações respaldadas pelas DIs Nº 09/11359642 e 09/13363612 foram realizadas mediante adiantamentos de recursos recebidos pela NEO no valor de R$ 259.600,00 (fls 5065 a 5067), para o pedido MUL 01 (fls 5064), processo de importação NEO06/09, conforme nomenclatura do grupo, que consta nos dados complementares das DIs, nas observações das notas fiscais da TARGET e ainda como observação no próprio pedido. O valor do adiantamento realizado é coincidente em datas e valores com o sinal exigido no pedido MUL 01 (20%). Ademais, a operação foi realizada mediante prestação de garantia, conforme nota promissória relativa ao contrato de compra venda, assinada no mesmo dia do pedido (fls 5069).A importação respaldada pela DI Nº 10/00825509 foi realizada mediante o pedido NEO12/09B (fls 5206), que consta nos dados complementares da DI e nas observações das notas fiscais da TARGET. Destaquese que, comparando a cópia do pedido retido com a cópia do pedido apresentado pela NEO (fls 5207), verificase que o segundo documento foi alterado. O número do pedido foi apagado para dificultar a identificação". Após a ciência do lançamento, tanto o sujeito passivo como responsáveis solidários apresentaram Impugnações, que foram julgadas procedentes em parte pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza, Ceará ("DRJ"), na sessão de julgamento do dia 13/05/2014, em acórdão que possui a seguinte ementa: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 26/08/2009, 01/10/2009, 15/01/2010 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. SIMULAÇÃO. OCORRÊNCIA. A não comprovação da origem, transferência e disponibilidade de recursos para arcar com os compromissos resultantes das operações de comércio exterior em uma importação formalmente declarada como para revenda a encomendante predeterminado caracteriza a interposição fraudulenta e resulta na infração de dano ao erário prevista no art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 26/08/2009, 01/10/2009, 15/01/2010 AUSÊNCIA DE MPF. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INOCORRÊNCIA A competência para o lançamento tributário, que detém o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, tem origem na lei. O Mandado de Procedimento Fiscal é apenas um instrumento gerencial de controle administrativo da atividade fiscal, que tem também como função oferecer segurança ao sujeito passivo, ao lhe fornecer informações sobre o procedimento fiscal contra ele instaurado e possibilitarlhe confirmar a extensão da ação fiscal e se está sendo executada por servidores da Administração Tributária e por determinação desta. Fl. 6873DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.871 7 PRINCÍPIO DA LIVRE INICIATIVA. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA. As empresas são livres para criarem e se organizarem da forma que melhor lhes convier. Por sua vez, a administração pública e seus agentes estão obrigados a agirem nos estritos limites do que dispõe a Lei. Não pode a fiscalização desconsiderar as próprias evidências coletadas no procedimento fiscal e deixar de aplicar a penalidade quando há dispositivos legais que lhe dêem suporte, independente da forma como se organizam as empresas. PROVAS INDICIÁRIAS. CONJUNTO DE ELEMENTOS/INDÍCIOS. OCORRÊNCIA. A comprovação material de uma dada situação fática pode ser feita, em regra, por uma de duas vias: ou por uma prova única, direta, concludente por si só; ou por um conjunto de elementos/indícios que, se isoladamente nada atestam, agrupados têm o condão de estabelecer a certeza daquela matéria de fato. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 26/08/2009, 01/10/2009, 15/01/2010 SOLIDARIEDADE PASSIVA. INFRAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE VINCULAÇÃO COM A INFRAÇÃO. Para caracterizar a responsabilidade tributária nos termos do art. 95 do Decretolei 37/66 é necessário comprovar a vinculação entre o apontado como responsável tributário e a infração ocorrida". A decisão recorrida exonerou o Sr. Marcelo Araújo da responsabilidade solidária a ele atribuída, considerando improcedentes as demais impugnações, para manter o crédito tributário exigido. Considerando o valor da multa exonerada, de R$ 1.825.190,79, o disposto no artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/1972, no artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, vigente à época da decisão, seria o caso de interposição de recurso de ofício mediante declaração da própria decisão, conforme artigo 34, parágrafo 1º, do Decreto nº 70.235/1972, o que não ocorreu. De qualquer maneira, com fundamento no artigo 34, parágrafo 2º, do Decreto nº 70.235/1972, que prevê a possibilidade de a autoridade julgadora cumprir essa formalidade, caso percebido que o recurso deixou de ser interposto quando deveria sêlo, mesmo ausente a declaração da decisão recorrida, o recurso de ofício será considerado como devidamente interposto, para fins de revisão da sujeição passiva do Sr. Marcelo Araújo, adiantandose, neste relatório, que o valor exonerado está abaixo do atualmente previsto pela Portaria MF nº 63/2007, motivo pelo qual se aplicará a Súmula CARF nº 1031, para o não conhecimento do Recurso de Ofício. 1 Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Fl. 6874DF CARF MF 8 Dessa decisão, a Target foi cientificada no dia 20/06/2014, conforme documento de fls. 6564 e apresentou tempestivo Recurso Voluntário no dia 18/07/2014, conforme documento de fls. 6616, pelo qual pede o cancelamento do Auto de Infração, pelos seguintes motivos: (i) a Neo não é uma empresa de fachada e possui capacidade econômica para atuar como encomendante das mercadorias importadas; (ii) "o Fisco conhecia as referidas operações quando respondeu à consulta formulada pela Neo acerca da forma como ela iria atuar nessas operações de importação por encomenda e não se opôs a elas"; (iii) não houve repasse de benefícios fiscais de ICMS da Target à Neo nem da Neo a seus clientes; (iv) o Fisco aplicou de maneira equivocada as cláusulas dos contratos celebrados entre Target e Neo e Neo e seus clientes; (v) não cabe ao Fisco interferir na liberdade de exercício da atividade econômica da Neo, pois haveria violação ao princípio da livre iniciativa; (vi) não houve simulação ou fraude; (vii) o fundamento adotado pelo acórdão recorrido implicaria alteração do critério jurídico, vedado pelo artigo 146, do CTN; e (viii) não seria aplicável a pena de perdimento, por não ter ocorrido interposição fraudulenta e porque falso ideológico, segundo a Target, a acusação fiscal, não resultar em tal penalidade. Já a Neo foi cientificada no dia 20/06/2014, conforme documento de fls. 6565, e apresentou tempestivo Recurso Voluntário no dia 18/07/2014, conforme documento de fls. 6728, no qual requer o cancelamento do lançamento, com base nos mesmos motivos defendidos pela Target mais a alegação de que não seria admissível a cumulação da multa de conversão da pena de perdimento com a multa por cessão de nome em relação a ela, por já estar respondendo por essa última penalidade em outro processo. Por sua vez, a Multiaços foi cientificada no dia 13/06/2014, conforme documento de fls. 6563 e apresentou tempestivo Recurso Voluntário no dia 10/07/2014, conforme documento de fls. 6568, pelo qual pede a improcedência do Auto de Infração, sob as seguintes alegações: (i) inexistiriam provas de que a Recorrente teria interesse, concorreu ou se beneficiou da infração imputada ao sujeito passivo infrator; (ii) só pode sofrer autuação fiscal formalizada a pessoa que tenha sido efetivamente fiscalizada e investigada, o que não teria ocorrido por não ter sido a Multiaços cientificada nos procedimentos anteriores à lavratura do Auto de Infração; (iii) inexistência de interposição fraudulenta; e (iv) a imputação da falsidade ideológica não implica em pena de perdimento. Em seguida, os autos foram remetidos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ("CARF") e distribuídos à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro AUGUSTO FIEL JORGE D'OLIVEIRA Recurso de Ofício Como adiantado no Relatório, haveria de constar na decisão recorrida declaração de interposição de Recurso de Ofício, tendo em vista a exoneração do Sr. Marcelo Araújo da responsabilidade solidária a ele atribuída, no valor de R$ 1.825.190,79, tendo em vista o disposto no artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/1972, e no artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, vigente à época da decisão. Fl. 6875DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.872 9 De qualquer maneira, com fundamento no artigo 34, parágrafo 2º, do Decreto nº 70.235/1972, que prevê a possibilidade de a autoridade julgadora cumprir essa formalidade, caso percebido que o recurso deixou de ser interposto quando deveria sêlo, mesmo ausente a declaração da decisão recorrida, o recurso de ofício será considerado como devidamente interposto, para fins de revisão da sujeição passiva do Sr. Marcelo Araújo. Todavia, como o valor exonerado está abaixo do atualmente previsto pela Portaria MF nº 63/2007, considerando o entendimento firmado pela Súmula CARF nº 103, pela qual "para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância", deixo de conhecer o Recurso de Ofício. Recursos Voluntários Os Recursos Voluntários interpostos são tempestivos e preenchem os demais requisitos para sua admissibilidade, portanto, devem ser conhecidos. Interposição Fraudulenta de Terceiros A questão que é colocada ao Colegiado diz respeito à aplicação de multa por conversão da pena de perdimento, sob a acusação de que as intervenientes em operações de importação praticaram infração aduaneira que é considerada dano ao Erário, com fundamento legal no artigo 23 do Decreto Lei nº 1455/76, in verbis: “Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (...) “§ 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. § 3º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972”. (grifos nossos) A partir da leitura desses dispositivos, percebese que a infração de dano ao erário decorrente da prática de ocultação do sujeito passivo ou real adquirente pode ser aferida de duas maneiras, de forma presumida ou comprovada. Na hipótese de nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados para a realização da importação, presumese que tenha havido uma interposição fraudulenta de terceiros, pois, a ausência de recursos por parte do importador para Fl. 6876DF CARF MF 10 a realização da operação é um elemento eleito pela Lei como suficiente para considerar que os recursos utilizados tiveram origem em terceiro, que não apareceu perante os controles aduaneiros, a caracterizar a interposição ilegal. Não sendo esse o caso, poderão as autoridades aduaneiras, com base em outros elementos, formar um conjunto de provas que demonstrem a ocorrência de fraude ou simulação com o intuito de interpor determinada pessoa entre o real adquirente e as autoridades fiscais, para que a primeira permaneça oculta aos olhos da fiscalização. Nesse ponto, importante observar que o tipo infracional não é a mera ocultação do sujeito passivo nas operações de comércio exterior, mas a ocultação realizada "mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros". Dessa maneira, para que reste caracterizada a interposição fraudulenta ensejadora da pena de perdimento ou de sua multa substitutiva, é essencial que esteja presente na operação de comércio exterior os elementos de fraude ou simulação. Em decorrência, também é essencial que seja fixada a compreensão a ser dada a tais conceitos, antes de se avançar na análise da matéria. Para contextualizar, é de se observar que, na legislação tributária, há referência ao termo "dolo, fraude ou simulação" em diversos dispositivos (como, por exemplo, artigo 149, inciso VII, artigo 150, parágrafo 4º, artigo 154, parágrafo único, artigo 180, inciso I, artigo 208, caput, todos do CTN). Quanto ao "dolo", é enumerado pelo Código Civil, em conjunto com o erro ou ignorância, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores, como um dos defeitos do negócio jurídico, vícios que geram a anulabilidade do negócio jurídico, nos termos do artigo 171, inciso II, do Código Civil. Já o Código Penal, em seu artigo 18, define o crime doloso, como aquele praticado "quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo". Na doutrina de Maria Rita Ferragut, "conceituase por dolo a vontade consciente de praticar uma conduta típica, ou seja, de realizar os elementos constantes do tipo legal. É a prática de ilícito por agente que possuía o animus de realizálo, não obstante soubesse que o ordenamento jurídico rechaçava tal comportamento. Diferenciase da culpa em função da previsibilidade do resultado"2. Por sua vez, a "fraude" possui definição específica no artigo 72 da Lei nº 4.502/1964, in verbis: "Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento"(grifos nossos). Contudo, por se tratar a ocultação prevista no artigo 23 do Decreto Lei nº 1455/76 de uma infração de natureza aduaneira e não tributária, o Conselheiro Rosaldo Trevisan afirma: "(...) na interposição fraudulenta a “fraude” não se confunde, necessariamente, com aquela definida na legislação tributária (artigo 72 da Lei no 4.502/1964), embora seja freqüente que a interposição tenha também impactos tributários. A interposição fraudulenta trata da fraude como gênero (como qualquer norma infracional não tributária), e não somente da fraude definida na legislação tributária – espécie, e pode ser caracterizada por fraude ou também por simulação (instituto sequer definido especificamente na Lei nº 4.502/1964)". (Acórdão nº 3401003.892, de 26/07/2017) Por outro lado, há aqueles que defendem a aplicabilidade do conceito previsto no artigo 72 da Lei nº 4.502/1964, tendo em vista que inclui também ação ou omissão 2 "Responsabilidade tributária e o Código Civil de 2002". Editora Noeses. São Paulo. 2005. p. 108109. Fl. 6877DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.873 11 tendente a modificar as características essenciais da obrigação tributária, no caso, o aspecto pessoal referente ao sujeito passivo das obrigações relativas à operação de comércio exterior. Nesse sentido, transcrevo trecho de sentença proferida pela Juíza Federal Vera Lúcia Feil Ponciano, citada e mantida no julgamento da Apelação Cível nº 5036257 19.2012.4.04.7000/PR3: "Verificase que a caracterização de tais condutas, desde que praticadas mediante fraude ou simulação, como hipótese de aplicação da pena de perdimento da mercadoria importada, decorre de disposição legal. Assim, a conduta reprimida, por meio da drástica pena de perdimento, é a fraude, o artifício malicioso para a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, 'inclusive a interposição fraudulenta de terceiros'. Evidente que a infração deve ser grave em sua substância, e não sob o aspecto meramente formal.(...) A ação ou omissão na ocultação do sujeito passivo atinge, excluindo ou modificando, a obrigação tributária em uma dos aspectos essenciais da hipótese de incidência, qual seja, o aspecto pessoal. Ocorre, nessa situação, simulação tributária por transferência subjetiva, afetandose o critério pessoal da regra matriz de incidência, que permite identificar o sujeito passivo"(grifos nossos). Por último, a simulação é prevista no Código Civil (Lei nº 10.406/2002) como causa de invalidade do negócio jurídico, elencando o artigo 167, parágrafo 1º, as hipóteses em que se verifica. A maior parte da doutrina define a simulação como a divergência entre a vontade real das partes envolvidas e a vontade declarada. Conforme afirmado por Alberto Xavier4: “Tratase de um caso de divergência entre a vontade e a declaração, procedente do acordo entre o declarante e declaratário e determinada pelo intuito de enganar terceiros. Os seus elementos essenciais são pois: (i) a intencionalidade da divergência entre a vontade e a declaração (ii) o acordo simulatório (pactum simulationis) (iii) o intuito de enganar terceiros.” Diante de tais conceitos, quando o artigo 23 do Decreto Lei nº 1455/76 traz a infração de dano ao erário, resultante de ocultação do sujeito passivo em operação de comércio exterior, exigindo que seja aquela realizada "mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros", podese afirmar que um primeiro elemento a ser identificado é o dolo, pois sem ele, não haveria fraude ação ou omissão dolosa nem simulação que tem entre os seus elementos essenciais o intuito de enganar a Fazenda Pública. Logo, para a caracterização da infração, deve se verificar a vontade, o animus, dos agentes em enganar a Fazenda Pública e ocultar o sujeito passivo mesmo sabendo que tal conduta é contrária a Lei, com o objetivo de conseguir uma vantagem indevida em detrimento do controle aduaneiro. Além disso, essa infração deve ser uma infração grave em substância e não uma infração meramente formal. Ao analisar todo o histórico da legislação que trata dessa infração, o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, no Acórdão nº 3401003.253, de 27/09/2016, expôs seu entendimento no sentido de que as normas que tratam dessa infração "se alinham a uma busca de combater a lavagem de dinheiro, através do combate à fraude e à simulação. A Aduana, antes desse período, já tinha, na sua missão institucional mundial, o combate à prática desleal e à fraude, mas houve um substancial impulso nesses últimos anos". E continua, "desse conjunto de iniciativas, no âmbito do comércio exterior, resultaram a 3 Relatora: Maria de Fátima Freitas Labarrère; 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Data: 03/08/2016 4 Direito Tributário e Empresarial: pareceres. Rio de Janeiro. Forense. 1982. p. 25. Fl. 6878DF CARF MF 12 valorização do controle aduaneiro em geral e, especificamente, a eleição do conhecimento da origem, disponibilidade e destinação dos recursos usados nas importações e exportações como elemento tático de investigação". (grifos nossos) Assim, a partir dessa perspectiva na interpretação e aplicação das normas que tratam da infração de interposição fraudulenta, o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira observou que: "Não constitui elemento essencial do tipo a ocultação do real interessado na operação. A ocultação deve ter sido perpetrada mediante fraude ou simulação, ou interposição fraudulenta. Não constitui elemento essencial do tipo a falta de informação do real interessado na operação nas declarações prestadas à autoridade aduaneira. É necessário que essa falta de informação se caracterize como falsa declaração, no propósito de ocultar, usando de fraude ou simulação. A Lei criou as figuras da 'importação por conta e ordem' e da 'importação por encomenda', o que concorre para balancear as necessidades dos atores na operações de importação com as do controle aduaneiro. Essas figuras receberam normas que as disciplinam. A observação dessas normas pelos importadores atende o controle aduaneiro. Mas a desobediência dessas normas não constitui elemento essencial do tipo, embora o descumprimento das normas seja característica da infração". (grifos nossos) Logo, em linha com o acima exposto, não compartilho do entendimento daqueles que defendem que a mera falta de informação dos reais adquirentes nos documentos prestados às autoridades aduaneiras seria, por si só, a própria simulação ou a fraude, em prejuízo ao controle aduaneiro, a caracterizar a infração. Em tais casos, não basta à Fiscalização apenas afirmar que a simulação é a indicação errada do sujeito passivo nos documentos de controle aduaneiro, devendo levantar um conjunto de elementos que façam prova do dolo dos agentes envolvidos e do intuito de enganar a Fazenda Pública, para obtenção de uma vantagem e imposição de um prejuízo ao controle aduaneiro. Por oportuno, pelo afastamento da aplicação da pena de perdimento em razão de aspectos formais, destaco manifestação do Desembargador Antônio Albino Ramos de Oliveira, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região: "O que se reprime, através da drástica pena de perdimento, é a fraude, o artifício malicioso para a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, "inclusive a interposição fraudulenta de terceiros". Evidente que a infração deve ser grave em sua substância, e não sob o aspecto meramente formal. No caso concreto, porém, a despeito do esforço desenvolvido pela autoridade autuante, não vejo no procedimento da agravante qualquer objetivo fraudulento ou malicioso. Não atino onde esteja o dano ao erário, a justificar o confisco do equipamento importado"5. Modalidades de Importação Antes de passar ao exame do caso concreto, impende ainda tecer algumas observações sobre as modalidades de importação, pois, a depender das características da operação declarada e da operação efetivamente ocorrida, em conjunto com os requisitos já expostos, poderá ficar configurado o dano ao erário, sujeitando os infratores às penalidades daí decorrentes. 5 Agravo de Instrumento nº 2005.04.01.0462051 / 046205157.2005.4.04.0000; publicado em 11/01/2006. Fl. 6879DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.874 13 A legislação aduaneira prevê três modalidades de importação: (i) na importação direta, o importador é o próprio adquirente dos bens importados, realizando a importação com recursos próprios e por seu próprio risco; (ii) na importação por conta e ordem de terceiros, o importador presta apenas serviços (de logística, aduaneiros, cotação de preços, intermediação) para o adquirente, que é a pessoa de onde provém os recursos para a realização da importação; e (iii) na importação para revenda a encomendante predeterminado ("importação por encomenda"), o importador estabelece uma relação de comissão com adquirente, disciplinada pelo artigo 696 e seguintes do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), pela qual o importador é comissário e o adquirente é o comitente, entrando o importador na operação de importação com recursos próprios e se comprometendo a revender os bens importados ao adquirente6. Essas características de cada modalidade são obtidas a partir dos preceitos legais sobre a matéria. Logo, o que há é um conceito legal para cada modalidade de importação. Além disso, devese ressaltar que as leis que tratam da "importação por conta e ordem" e da "importação para revenda a encomendante predeterminado" outorgaram à Receita Federal a competência para estabelecer os requisitos e condições para a qualificação de determinada operação em uma dessas modalidades, para fins de reconhecimento do tratamento tributário próprio a tais operações, além de definição de atribuição de responsabilidade tributária. É ler os artigos abaixo: Medida Provisória nº 2.15835/2001: "Art. 80. A Secretaria da Receita Federal poderá: I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro; e I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora ou exportadora por conta e ordem de terceiro; e (Redação dada pela Lei nº 12.995, de 2014)" (grifos nossos) ***** Lei nº 11.281/2006: “Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. § 1o A Secretaria da Receita Federal: I estabelecerá os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora na forma do caput deste artigo"; (grifos nossos) Nesse contexto, com relação à modalidade de importação por conta e ordem, destaquese o artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, que prevê que "a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste" e a 6 Acórdão nº 3401003.174, de 17/05/2016. Fl. 6880DF CARF MF 14 Instrução Normativa nº 225/2002, que traz os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica em operações por conta e ordem de terceiros. Já no que diz respeito à "importação para revenda a encomendante predeterminado", merece destaque uma alteração legislativa ocorrida logo após a edição dos seus dispositivos de regência, trazida pelo artigo 18 da Lei nº 11.452/2007, que acrescentou o parágrafo 3º ao artigo 11 da Lei nº 11.281/2006, conforme abaixo: "Art. 18. O art. 11 da Lei no 11.281, de 20 de fevereiro de 2006, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º: “Art. 11. (...) § 3º Considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior.” (NR) A respeito desse dispositivo, o Conselheiro Rosaldo Trevisan, em recente acórdão, afirmou: "O referido artigo 11 da Lei recebeu um § 3o, em 2007, acrescentado pela Lei no 11.452, de modo a “pacificar a interpretação dada pela administração tributária federal às operações de importação de que trata o art. 11” (conforme parecer do relator, Deputado Neucimar Fraga/PLES, na conversão da MP no 328/2006 na Lei no 11.452, disponível em (...): [segue transcrição do dispositivo] Por certo que tal dispositivo foi inserido pelo parlamentar capixaba em prol das empresas daquela região que atuam com os benefícios do FUNDAP, para aclarar que as importações por encomenda não se descaracterizam pelo simples fato de haver participação do encomendante nas operações comerciais, mitigando autuações frequentes da RFB, à época, com entendimento diverso. Assim, é irrelevante, por si, a ligação entre a exportadora e a encomendante, ou a participação desta ou daquela na fixação de preços. Aliás, o artigo 14 da Lei no 11.281/2011, em sua redação original, afirma que são aplicáveis ao importador e ao encomendante as regras sobre preços de transferência, já prevendo eventual vinculação entre partes, e que esta não descaracterizaria, por si, a modalidade de importação por encomenda". (Acórdão nº 3401003.908, de 27/07/2017) Dessa maneira, não se exige para a caracterização de uma "importação para revenda a encomendante predeterminado" que o importador seja o responsável exclusivo pelas tratativas e ajustes com o exportador e, de outro lado, a participação do encomendante predeterminado nas operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior não afasta a caracterização da operação nessa modalidade, o que, inclusive, acabou por rechaçar alguns conceitos de "importação para revenda a encomendante predeterminado" antes defendidos na doutrina e por parte dos operadores de direito. Com isso, como já afirmado, o conceito de "importação para revenda a encomendante predeterminado" deve ser buscado e é aquele definido pela Lei. Nesse sentido, uma vez que a Lei deixou claro o papel do importador por encomenda na operação de aquisição do produto do exterior e outorgou à Receita Federal a competência para estabelecer os requisitos e condições para a atuação da pessoa jurídica importadora nessa modalidade de importação, verificase que o que é importante para a Fl. 6881DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.875 15 qualificação nessa modalidade é que o importador utilize recursos próprios, pois, como determina a Instrução Normativa nº 634/2006: "Artigo 1º (...) Parágrafo único. Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente". Assim, na hipótese em que a importadora não utiliza recursos próprios, a operação passaria ser considerada como operação por conta e ordem de terceiros, por força do disposto no artigo 11, parágrafo 2º, da Lei nº 11.281/2006, in verbis: "Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. (...) § 2o A operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1o deste artigo presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001". Como se vê, apesar de existir um conjunto de elementos para se verificar a ocorrência de interposição fraudulenta, pela leitura da legislação que instituiu a infração e considerando o histórico na qual está inserida, de medidas que visam combater a lavagem de dinheiro, através do combate à fraude e à simulação, o ponto sensível e que merece atenção é a origem dos recursos aplicados nas operações de comércio exterior, o que, a meu ver, até conduz a uma preponderância desse elemento frente a outros, que se traduz em uma importante baliza para a qualificação de determinada operação em uma ou outra modalidade. Do exame do caso concreto Operação Declarada e Acusação Fiscal Nos lançamentos de multa por conversão da pena de perdimento que decorrem da imputação da prática de "interposição fraudulenta", é necessário que se tenha claro qual a operação declarada pelos partícipes da infração e a operação que as autoridades aduaneiras entendem ter efetivamente ocorrido. Isso porque, os elementos trazidos da Fiscalização para qualificar uma operação em uma modalidade diversa da que foi declarada às autoridades dependerá, por óbvio, do conhecimento de que modalidade diversa foi essa. Assim, determinados elementos que seriam importantes para demonstrar a ocorrência de uma ocultação mediante fraude ou simulação em uma operação entendida pela Fiscalização como uma operação por conta e ordem podem não ser importantes para demonstração da infração em uma operação entendida como uma operação de importação por encomenda. E o inverso também é verdadeiro. Para ilustrar, se a Fiscalização entende que determinada operação declarada como importação por conta própria por A seguida de uma revenda no mercado interno para B, na realidade, se tratava de uma operação por conta e ordem, poderá levantar provas que demonstrem que foi B e não A que participou dos entendimentos comerciais relativos à aquisição dos produtos no exterior. Agora, se a acusação é de que houve, na realidade, uma operação de importação por encomenda, essa mesma prova não tem qualquer pertinência, pois não desqualificaria a operação nessa modalidade, tendo em vista o disposto no parágrafo 3º do artigo 11 da Lei nº 11.281/2006. Esta, portanto, a importância de se conhecer exatamente a operação declarada e a operação entendida como ocorrida pela Fiscalização. Fl. 6882DF CARF MF 16 Nesse ponto, é certo que a Fiscalização, ao lavrar o Auto de Infração e o respectivo Relatório Fiscal, deve individualizar a conduta das partes envolvidas e apontar, de maneira clara, explícita/precisa e congruente a acusação que dá origem à cominação da penalidade (artigo 10, incisos II, III e IV, do Decreto nº 70.235/1972; artigo 50, parágrafo 1º, da Lei nº 9.784/1999). Quanto mais gravosa a penalidade imputada, mais cuidado deve ter a autoridade fiscaladuaneira ao apresentar as razões de fato e de direito que a fundamentam. Não podem ser admitidas acusações abertas, genéricas, sob pena de violação ao direito à ampla defesa e ao contraditório (artigo 5º, LV, da Carta da República), com as nulidades daí decorrentes (artigo 59, inciso II, do Decreto nº 70.235/1972), além disso, a acusação deve ser clara, explícita/precisa e congruente, para evidenciar o critério jurídico adotado pela autoridade no exercício do lançamento, que não poderá ser modificado ao longo do processo administrativo, como prevê o artigo 146, do CTN. Seguindo a autoridade lançadora tais requisitos legais, a lide estará delimitada, o que permitirá às partes o exercício de seu direito de defesa de forma adequada e aos julgadores a correta apreciação da controvérsia, com a aplicação da legislação ao caso concreto que lhes é submetido. No presente caso, de acordo com o que foi declarado nas informações prestadas às autoridades aduaneiras, e como defendem as Recorrentes ao longo do processo, as operações de importação teriam ocorrido na modalidade de "importação por encomenda", na qual a trading company Target teria atuado como importadora e a Neo como encomendante predeterminado e, em seguida, a Neo teria realizado outra revenda no mercado interno aos seus clientes. Assim, teriam ocorrido, na realidade, três operações distintas: (i) operação de importação entre Target e o exportador localizado no exterior; (ii) após a nacionalização das mercadorias, uma revenda no mercado interno entre Target ao encomendante predeterminado Neo; e (iii) por último, outra revenda no mercado interno entre a Neo e um dos seus clientes. Nesse caso, como visto acima, para a caracterização da operação na modalidade declarada, os recursos para a realização das operações de importação deveriam necessariamente ser da Target, sendo ela a responsável pelo risco da operação. Todavia, as autoridades lançadoras entendem que a operação declarada às autoridades aduaneiras não corresponde a que efetivamente ocorreu. Pela análise do Relatório Fiscal, percebese certa incongruência na exposição dos elementos que caracterizariam a infração aduaneira, que deixam até uma dúvida inicial para o caminho que irá seguir a acusação do lançamento, ora apontando para uma acusação de que, na realidade e em contrariedade ao que fora informado às autoridades fiscais, teria ocorrido uma importação por conta e ordem quando menciona, por exemplo, que Target e Neo seriam meras prestadoras de serviços de nacionalização , ora apontando para uma acusação de prática de importação por encomenda, em que o encomendante predeterminado não seria a Neo, como informado às autoridades aduaneiras, mas sim os clientes da Neo. De qualquer maneira, uma leitura mais acurada do Relatório permite que sejam afastadas eventuais dúvidas e que se conclua que a acusação fiscal é de que a operação praticada se deu na modalidade "importação por encomenda", mas tendo como encomendante os clientes da Neo. No Relatório Fiscal, há algumas referências no sentido de que o entendimento da Fiscalização é de que teria ocorrido, de fato, uma "importação por Fl. 6883DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.876 17 encomenda", como se verifica nos trechos a seguir, em que, inclusive, a Fiscalização reconhece que os recursos para pagamento das operações de importação, ou seja, o risco da operação de importação, era da Target, em linha com o que se espera de uma "importação por encomenda": "Na presente ação fiscal, como será demonstrado no decorrer deste relatório, restou comprovado que a NEO figurou como encomendante nas Declarações de Importação investigadas, porém as mercadorias eram predestinadas a outros interessados, os verdadeiros encomendantes das mercadorias, inclusive mediante contratos previamente firmados e prestação de garantias". (Item 2 do Relatório Fiscal) ***** "Os custos referentes ao desembaraço aduaneiro e tributos sobre o comércio exterior teriam sido suportados pela TARGET, que apresentou documentação (fls 2555 a 2598) referente ao crédito usualmente obtido perante instituições bancárias". (Item 6 do Relatório Fiscal) (grifos nossos) Essa conclusão ganha mais força pela afirmação da Fiscalização, no sentido de que os elementos por ela colhidos revelariam uma "prestação de serviços de desembaraço aduaneiro, nos moldes do que há alguns anos se consideraria uma importação por conta e ordem, e que só não é possível nos dias atuais por força da presunção legal do § 3º, Art. 11, da Lei nº 11.281/2006, incluído pela Lei nº 11.452/2007". Além disso, a corroborar nosso entendimento quanto ao conteúdo da acusação fiscal, cabe destacar a seguinte afirmação da Fiscalização, na qual deixa claro a operação efetivamente praticada, aos seus olhos, pelos Recorrentes, e o principal motivo para a prática de tal operação: "Diante do exposto, resta claro que, nas importações investigadas na presente ação fiscal, o Sr. Marcelo Araújo e os clientes da STEELCOM, estes últimos os verdadeiros encomendantes das mercadorias, valeramse da TARGET e da NEO para providenciar a nacionalização, portanto, não buscaram a TARGET/NEO para comprar no mercado interno, mas para promover importações por encomenda. Dessa forma puderam, mediante simulação, tirar proveito da redução de custos proporcionada por benefícios fiscais do ICMS". (Item 6 do Relatório Fiscal) (grifos nossos) Mas o que afasta de vez a trilha, por vezes, titubeante seguida pelo Relatório Fiscal é o enquadramento legal apresentado para dar fundamento à sujeição passiva, que é descrito nos itens 7 e 9 do Relatório Fiscal, e aponta os artigos 106 e 603 do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009), que tratam de responsabilidade solidária em relação a tributos e responsabilidade por infração, de forma expressa, para os casos de "importação por encomenda", com se verifica a seguir: "Art. 106. É responsável solidário: (...) IV o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (DecretoLei no 37, de 1966, art. 32, parágrafo único, alínea “d”, com a redação dada pela Lei no 11.281, de 2006, art. 12); (...) Fl. 6884DF CARF MF 18 Art. 603. Respondem pela infração (DecretoLei no 37, de 1966, art. 95): (...) VI conjunta ou isoladamente, o importador e o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (DecretoLei no 37, de 1966, art. 95, inciso VI, com a redação dada pela Lei no 11.281, de 2006, art. 12)". Com essas considerações, podese concluir que a acusação fiscal é de que as Recorrentes praticaram, na realidade, uma "importação por encomenda", que teve como encomendante predeterminado não a Neo, mas sim os seus clientes. Segundo a Fiscalização, haveria um vazio na posição ocupada pela Neo na cadeia comercial, a Neo não teria autonomia ou segregação de propósitos em relação a Target, portanto, tais empresas, do mesmo, grupo, agiriam em conjunto, sendo o papel efetivo da Neo apenas o de ceder o seu nome nos documentos de importação, para que aparecesse no lugar da reais encomendantes, a saber, as clientes da Neo. O objetivo principal apontado pela Fiscalização: a obtenção de benefícios fiscais de ICMS. Nesse contexto, seguindo a linha adotada pela Fiscalização, a relação comercial existente, de revenda de mercadorias no mercado interno, após a realização de importação por encomenda, não seria entre a Neo e seus clientes, mas sim uma relação direta entre os clientes da Neo e a Target, sendo necessário, portanto, o levantamento de provas nesse sentido. Análise dos elementos levantados pela Fiscalização Como relatado, a Fiscalização levantou os seguintes elementos para dar subsídio à acusação que consta no Auto de Infração para lançamento da multa por conversão da pena de perdimento: (i) capacidade econômica e financeira da Neo; (ii) pedido de habilitação ordinária pela Neo, desistência e prestação de informações erradas; (iii) incentivos fiscais estaduais; (iv) riscos e custos das operações; e (v) adiantamento de clientes da Neo. No cotejo entre os elementos levantados e a acusação realizada, de que teria ocorrido uma "importação por encomenda" em que o encomendante predeterminado eram os clientes da Neo e não a Neo, como informado às autoridades aduaneiras, existem elementos que, de plano, não se prestam a tal finalidade, enquanto que outros merecem maior exame, para que se verifique a demonstração ou não do enquadramento na infração descrita no lançamento. Quanto à tentativa da Neo de, possuindo uma habilitação simplificada para operações de comércio exterior, almejar uma habilitação ordinária, a Fiscalização expõe que a prestação de informações erradas seguida da desistência e do indeferimento do pedido evidenciaria “a prática da NEO de prestar para a Administração Aduaneira informações incorretas, visando ostentar uma capacidade econômica e financeira superior a real, esquivandose do adequado controle aduaneiro e dissimulando os indícios que seu real objetivo é atuar de forma irregular para terceiros interessados, ocultos nas operações". Contudo, a Neo não pode ser acusada de se esquivar do adequado controle aduaneiro, em razão de ter apresentado um pedido de habilitação em uma modalidade que permite a realização de operações de maior vulto no comércio exterior. A prestação de informações erradas e a desistência do pedido no curso do procedimento devem ter como efeito justamente o efeito que tiveram, qual seja, o indeferimento do pedido, não podendo a Fiscalização tentar atribuir um nexo de causalidade entre eventos nos quais tal nexo inexiste, pois da desistência de um pedido de habilitação ordinária não se chega à conclusão de que a Neo presta deliberadamente informações equivocadas em operações de importação por ela realizadas, para prejudicar o controle aduaneiro. Fl. 6885DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.877 19 De igual modo, não prospera o elemento levantado que diz respeito aos incentivos fiscais estaduais, que, inclusive, são apontados pela Fiscalização como o maior objetivo de toda a estrutura comercial performada pela Neo, Target e os clientes da Neo. Segundo a Fiscalização, em razão dos benefícios fiscais previstos nas legislações dos Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, "a TARGET tem seu custo incidente no desembaraço aduaneiro reduzido, sendo esse seu maior atrativo para empresas que desejam nacionalizar mercadorias, pois se beneficiam dessa redução de custos". Esse elemento trazido pela Fiscalização faria todo o sentido se a acusação fosse de que os Recorrentes realizaram uma operação por conta e ordem de terceiros, tendo em vista a interpretação do artigo 155, parágrafo 2º, inciso IX, alínea “a”, da Carta da República, para fixação do sujeito ativo do ICMS incidente na operação de importação, no sentido de que: “O sujeito ativo da relação jurídicotributária do ICMS é o Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário jurídico da mercadoria (alínea "a" do inciso IX do § 2o do art. 155 da Carta de Outubro); pouco importando se o desembaraço aduaneiro ocorreu por meio de ente federativo diverso” 7. Isso porque, nos casos em que é declarada uma operação de importação por conta própria, realizada a partir de um Estado com benefício fiscal, mas, na realidade há uma operação de importação por conta e ordem, em favor de um real adquirente localizado em Estado sem benefício fiscal, a ocultação do real adquirente permite, de forma ilegal, a fixação do sujeito ativo e do sujeito passivo do ICMS no Estado que outorga benefícios de carga tributária de ICMS reduzida nas operações de importação. E esse benefício pode acabar sendo transferido para o real adquirente na operação subseqüente, de “venda no mercado interno”. Todavia, no presente caso, não se vislumbra essa vantagem, pois as diferenças entre a operação declarada ao Fisco e aquela que é exposta como efetivamente ocorrida na acusação fiscal não implicam qualquer modificação nem no sujeito passivo nem no sujeito ativo do ICMS. Percebam que na operação declarada, de importação sob encomenda, a Target é a importadora e a Neo a encomendante predeterminada, sendo devido, portanto, o ICMS, com os benefícios porventura aplicáveis, aos Estados em que localizados o estabelecimento importador da Target, Espírito Santo ou Santa Catarina. Já a operação apontada pela Fiscalização como ocorrida continua sendo uma importação sob encomenda, com a diferença apenas no encomendante predeterminado que, segundo a Fiscalização não seria a Neo, mas sim os clientes da Neo. Nesse cenário, não há qualquer modificação quanto aos sujeitos passivo e ativo do ICMS na operação de importação, que continuariam a ser a Target e os Estados do Espírito Santo e de Santa Catarina, respectivamente. Logo, é desprovida de qualquer fundamento a constatação de que o objetivo central da utilização da Neo como interposta pessoa teria como objetivo a busca por incentivos fiscais de ICMS. Essa constatação só se sustentaria, caso a acusação estivesse lastreada em provas de que a operação efetiva, realizada entre os atores da importação, fosse de importação por conta e ordem. Contudo, é a própria Fiscalização quem afirma que a operação efetivamente realizada foi de importação por encomenda e que a Target é quem arcou com os recursos para o pagamento das operações de importação, o que denotaria a sua conformidade com o que determina a Lei para a utilização dessa modalidade. 7 RE 299079, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 30/06/2004. Fl. 6886DF CARF MF 20 Portanto, também esse elemento não condiz com a acusação desenvolvida no lançamento. Com relação à capacidade econômica e financeira da Neo, a Instrução Normativa SRF nº 634/2006 prevê em seu artigo 5º, parágrafo único, que: “Art. 5º O importador por encomenda e o encomendante ficarão sujeitos à exigência de garantia para autorização da entrega ou desembaraço aduaneiro de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou patrimônio líquido do importador ou do encomendante. Parágrafo único. Os intervenientes referidos no caput estarão sujeitos a procedimento especial de fiscalização, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 228, de 21 de outubro de 2002, diante de indícios de incompatibilidade entre os volumes transacionados no comércio exterior e a capacidade econômica e financeira citada”. Por sua vez, a Instrução Normativa SRF nº 228/2002 determina que, durante o procedimento de fiscalização, a empresa será intimada a comprovar informações relativas (i) ao seu efetivo funcionamento e condição de real adquirente ou vendedor de mercadorias, e (ii) “a origem lícita, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos necessários à prática das operações” (artigo 4º, incisos I e II, da IN SRF nº 228/2002). E, para efeitos de prova do item (ii), nos termos do artigo 6º da referida Instrução Normativa, podem ser apresentados registros e demonstrações contábeis, documentos referentes a integralização do capital social, transmissão de propriedade de bens e direitos que lhe pertenciam e do recebimento do correspondente preço e financiamento de terceiros, dentre outros documentos que se prestem a comprovar a capacidade econômica e financeira. Nesse contexto, a Fiscalização entendeu que a Neo não disporia de capacidade para realizar as operações na condição de encomendante predeterminado, pois não haveria registro na contabilidade da empresa de quaisquer empréstimos e financiamentos e o capital social da empresa seria de valor reduzido, tendo em conta a constatação, pela Fiscalização, de que a integralização de capital por transferência de direitos sobre bem imóvel à titularidade da Neo não havia sido devidamente registrada no Registro de Imóveis competente. Contra essa acusação, as Recorrentes Neo e Target defendem que a capacidade econômica e financeira da Neo decorre de suas disponibilidades de caixa, que têm origem em fluxo de caixa positivo da Neo, em razão de sua estrutura comercial, pela qual a empresa paga seus fornecedores a prazo, em média 120 dias, e recebe de seus clientes à vista, acostando para fins de demonstração um laudo elaborado por auditoria independente, antes do encerramento da ação fiscal e, portanto, antes da lavratura do Auto de Infração. No Relatório Fiscal, a autoridade lançadora expõe as conclusões do laudo elaborado pela auditoria independente, que efetivamente em sua conclusão 5 atesta que “nas operações comerciais apresentadas no demonstrativo anexo, a Sociedade apresentou fluxo de caixa positivo em decorrência dos pagamentos efetuados aos fornecedores ocorrer posteriormente ao recebimento das vendas aos seus clientes”. Porém, a Fiscalização despreza a validade de tal laudo para comprovar o que se propõe, ao afirmar que “de início, já se pode concluir que tal relatório não é capaz de comprovar capacidade econômica e financeira, por não considerar as demais despesas e receitas, operacionais ou nãooperacionais”. (grifos nossos) Na realidade, o que prejudicaria a capacidade econômica e financeira da Neo seria a ausência de consideração de despesas, não de receitas, que só viriam a agregar tal capacidade. E, ao se levar em conta a estrutura da Neo, tal como informado em documentos apresentados à Receita, possuindo a Neo apenas 7 (sete) funcionários espalhados por pequenos Fl. 6887DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.878 21 escritórios em três cidades distintas, comparada com o volume de sua operação comercial, na casa dos milhões de reais, constatase que tais despesas operacionais e não operacionais não são, em tese, potenciais centros de drenagem de capacidade econômica e financeira da empresa. De qualquer modo, em se tratando de lançamento, caberia a Fiscalização, após o recebimento de relevante prova em contrário às suas conclusões, a partir dos registros e demonstrações contábeis da Neo, aprofundar a análise até então realizada para provar a ausência de capacidade, o que não feito, limitandose a Fiscalização a apontar o reduzido capital social e a ausência de empréstimos. O primeiro, como se sabe, é mera rubrica contábil, parada no tempo, que indica o montante de capital aportado pelos sócios ou acionistas na sociedade naquele momento específico, não servindo para demonstrar a capacidade econômica e financeira da sociedade ao longo do tempo, em razão da dinâmica de entradas e saídas de capital no desenvolvimento do objetivo social. Assim, uma sociedade com capital social baixo pode aplicálo em produto inovador, gerar receitas e possuir um caixa muitas vezes o valor de seu capital social, o que denotará uma alta capacidade econômica e financeira. Por outro lado, pode uma sociedade ter um capital de milhões de reais, subscrito ao longo de décadas, mas se encontrar em um setor no qual a concorrência é acirrada e auferir resultados negativos ao longo dos anos, culminado em um caixa sem qualquer liquidez e dívidas com terceiros altíssimas, o que denotará uma baixíssima capacidade econômica e financeira. No primeiro exemplo, há capital social baixo e alta capacidade econômica e financeira. No segundo, há capital social elevado e baixa capacidade econômica e financeira. Logo, a indicação, por si só, de capital social reduzido não conduz à conclusão pretendida pela Fiscalização. Já a indicação de que a Neo não possuiria empréstimos não é forte para justificar sua ausência de capacidade, pois tal capacidade pode ser evidenciada de outras formas que não só o capital de sócios e de terceiros, não tendo a Fiscalização aprofundado o exame desse ponto, mesmo após apresentação de laudo pela Neo, o que me permite concluir que não restou comprovada a alegada incapacidade econômica e financeira. Outro elemento que sustenta a tese acusatória é que haveria adiantamentos de recursos de clientes em favor da Neo, adiantamentos estes que correspondiam ao valor de sinal exigido pelo Neo, que variava entre 20% (vinte por cento) e 30% (trinta por cento), mas que sequer foram imputados em relação a todas as operações de importação, como as arroladas e discutidas nos processos administrativos nº 12466.720324/201131, 12466.720345/201156, 12466.720326/201120 e 12466.720340/201123. De acordo com a Fiscalização, "a TARGET não pode receber adiantamentos de seus clientes, sob pena de configurar operação por conta e ordem, segundo a presunção legal do art. 27 da Lei 10.637/2002. Sendo assim, a NEO recebe os adiantamentos em seu lugar como garantia para as operações na modalidade por encomenda, porém é uma empresa do mesmo grupo, sem autonomia ou segregação de propósitos, portanto tratase de uma simulação para ocultar os verdadeiros encomendantes das mercadorias"; além disso, assevera que "não há razão para que ocorra pagamento (de sinal) por uma mercadoria que não é sua, que ainda não comprou e sequer foi emitida a nota fiscal, salvo se a operação se tratar de uma encomenda para entrega futura". Como exposto acima, a origem dos recursos aplicados nas operações de comércio exterior é elemento importantíssimo a ser examinado para a verificação da modalidade efetivamente adotada pelos intervenientes das operações de comércio exterior e Fl. 6888DF CARF MF 22 para fins de enquadramento de determinada operação como uma interposição fraudulenta, considerando todo o histórico da legislação e o aperfeiçoamento do controle aduaneiro, com vistas ao combate à lavagem de dinheiro, fraude e simulação. Assim, o adiantamento de recursos para o importador na modalidade por conta própria ou por encomenda é elemento suficiente para descaracterizar a natureza dessas operações, com as conseqüências daí derivadas. Desse modo, o que se combate e deseja evitar é a transferência de recursos para o importador. No presente caso, o elemento consistente no adiantamento de recursos é apresentado sob um viés diferente, pois não se está diante de um adiantamento de recursos para o importador, a ser aplicado na operação de importação, mas sim de um adiantamento de recursos em uma operação interna, de revenda de mercadorias de um encomendante predeterminado ao seu cliente no país, o que, a priori, seria admitido, dentro de uma política comercial de exigência de sinal, com vistas a obter uma garantia, ainda que parcial, do pagamento do preço e a mitigar os riscos de inadimplência. Portanto, o adiantamento de recursos tem conotações diversas, se verificado em operações de importação ou no mercado interno. De qualquer maneira, nesse contexto, o adiantamento de recursos poderia ser alegado para, em conjunto com outros elementos, corroborar uma acusação de que a Neo, informada como encomendante predeterminado, não disporia de recursos próprios e estaria apenas se interpondo entre o importador por conta e ordem e o cliente no país, que, assim, deveria constar perante as autoridades aduaneiras como encomendante predeterminado. Porém, a Fiscalização utiliza esse elemento para dar mais uma justificativa para a acusação realizada: a Neo teria sido interposta entre a Target e os reais encomendantes predeterminados, que seriam os clientes da Neo, justamente para possibilitar um adiantamento de recursos para a operação de importação. Sem a interposição da Neo, essa operação seria qualificada como uma importação por conta e ordem. Daí a interposição da Neo entre a Target e os clientes da Neo. Contudo, esse raciocínio não se sustenta. Primeiro, porque essa afirmação deveria ser provada não apenas com a transferência de recursos entre os clientes da Neo para a Neo, mas também com a comprovação da segunda perna dessa operação, de uma suposta transferência de recursos da Neo para a Target, o que não ocorre na ação fiscal. Segundo, porque é contrária às próprias constatações da Fiscalização. Apesar da colocação de tal acusação, é a própria Fiscalização que dá subsídios para a sua contestação, ao defender no lançamento que a operação efetivamente ocorrida foi uma importação por encomenda tendo como encomendante predeterminado os clientes da Neo e não a acusação de que seria uma importação por conta e ordem , deixando claro, de forma expressa, que as despesas relativas às operações de importação foram arcadas pela Target, quando afirma: "Os custos referentes ao desembaraço aduaneiro e tributos sobre o comércio exterior teriam sido suportados pela TARGET, que apresentou documentação (fls 2555 a 2598) referente ao crédito usualmente obtido perante instituições bancárias". (Item 6 do Relatório Fiscal) (grifos nossos) A Fiscalização ainda apresenta um último elemento para qualificar os clientes da Neo como os reais encomendantes, no lugar da própria Neo, ao expor que os riscos e custos das operações seriam assumidos pelos clientes da Neo, havendo um vazio na posição que a Fl. 6889DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.879 23 Neo alega ocupar na cadeia comercial, de distribuidora, pois seria difícil de acreditar que os clientes da Neo, grandes distribuidores de aço no país, com grande capacidade econômica e que adquirem grandes quantidades diretamente das siderúrgicas, buscariam um "concorrente" de capacidade econômica inferior que nem a Neo, para comprar aço no mercado interno, entendendo que deveriam buscar a Target para promover a nacionalização do aço estrangeiro. Para tanto, narra o resultado de diligência no representante do exportador estrangeiro de aço, que atuava no país na função de intermediador de negócios (artigos 722 e seguintes do Código Civil) e celebrou contratos de corretagem nãoexclusiva para obtenção de clientes tanto para a Target quanto para a Neo. A conclusão a que chegou a Fiscalização é que “tentase fazer crer que nas operações com a NEO a comissão seria por uma mera venda, e não pela obtenção de um adquirente/encomendante”, a partir da constatação de que não faria sentido a empresa corretora “(1) atuar como corretora para a NEO na venda de aço anteriormente importado pela TARGET; (2) ter atuado nessas mesmas importações como representante STEELCOM; (3) atuar como representante STEELCOM também para os “clientes” da NEO”. Quanto a esse ponto, as Recorrentes defendem a segregação de atividades entre a Neo e a Target, expondo que a segunda é uma empresa sólida, fundada em 1997 e que conta com 57 funcionários, possuidora de clientes de grande porte dos mais variados segmentos da economia e que teria recolhido aos cofres públicos em torno de R$1.000.000.000,00 (um bilhão de reais) nos 10 anos anteriores à autuação, enquanto que a primeira foi constituída no ano de 2009, com o objetivo de captar uma oportunidade de mercado, para atuar como distribuidora de mercadorias no mercado interno, principalmente aço e seus produtos, em razão da diferença entre o preço praticado àquela época no mercado interno pelas siderúrgicas nacionais, muito mais elevado que o praticado e que podia ser obtido no mercado internacional. Além disso, as Recorrentes expõem que as operações foram realizadas com a prática de margem de lucro, compatíveis com as observadas em seu mercado de atuação. A meu ver, esse é principal ponto levantado pela Fiscalização para a fundamentar a acusação de que os clientes da Neo e não a Neo seriam os encomendantes predeterminados. Se o exportador já tinha seus contatos comerciais para a venda de aço no país, em princípio, parece ser mais vantajoso realizar esse fornecimento diretamente e não buscar um distribuidor para realizar a venda internacional e depois aproximar esse mesmo distribuidor de contatos comerciais compradores do aço. Nesse caso, realmente, o encomendante predeterminado seria o cliente da Neo, não sobrando lugar para a Neo na cadeia comercial. Por outro lado, é possível que os compradores de aço no país, acostumados a obter esse fornecimento ao longo de anos das principais siderúrgicas nacionais, por meio de operações de compra e venda no mercado interno, não desejassem se aventurar no terreno complexo e, para aqueles que não o conhecem, perigoso, das operações de comércio exterior, mesmo que pudessem obter preços mais vantajosos do insumo no mercado internacional. Assim, nenhum fornecimento se concretizaria e de nada adiantaria ter aço mais barato no mercado internacional e potenciais compradores desse produto, salvo se alguma empresa estivesse disposta a assumir o risco de comprar o insumo no mercado internacional e, com a mercadoria já nacionalizada, ofertar no mercado interno, em concorrência com os grandes Fl. 6890DF CARF MF 24 grupos siderúrgicos nacionais. Nesse caso, o papel de distribuidora da Neo faria sentido na cadeia comercial, não podendo ser considerada uma mera interposta. De qualquer modo, não há no lançamento qualquer informação a respeito das margens praticadas entre a Target e a Neo e entre a Neo e seus clientes, a fim de corroborar o efetivo papel da Neo, no contexto das operações realizadas. Em operações de interposição fraudulenta, normalmente, o que se encontra é a pessoa interposta como mera repassadora das mercadorias importadas ao real adquirente, sem apurar qualquer margem de lucro ou com margens de lucro baixíssimas. No presente caso, a Fiscalização não faz qualquer prova nesse sentido, existindo ainda laudo apresentado pelas Recorrentes, segundo o qual tais operações teriam se dado com margem de lucro condizente com o mercado de atuação. Em lançamentos para cominação de multa por conversão de pena de perdimento, em razão da prática de infração de interposição fraudulenta, o ônus da prova é do Fisco, que deve provar de maneira cabal as suas acusações. Nesse sentido, é o entendimento da Terceira Seção do CARF, conforme julgado a seguir transcrito: “Não pode o fisco, diante de casos que classifica como “interposição fraudulenta”, olvidarse de produzir elementos probatórios conclusivos. Devem os elementos de prova não somente insinuar que tenha havido nas operações um prévio acordo doloso, mas comprovar as condutas imputadas, o que não se vê no presente processo. (...) Nas autuações referentes ocultação comprovada (que não se alicerçam na presunção estabelecida no §2º do art. 23 DecretoLei nº 1.455/1976), o ônus probatório da ocorrência de fraude ou simulação (inclusive a interposição fraudulenta) é do fisco, que deve carrear aos autos elementos que atestem a ocorrência da conduta tal qual tipificada em lei”. (Acórdão nº 3403.002.842; Sessão do dia 25/03/2014; Relator: Rosaldo Trevisan) Além dessa deficiência probatória, ainda nesse tópico que trata da estrutura comercial em que inserida a Neo, importante destacar a informação trazida pelas Recorrentes e omitida do Relatório Fiscal, de que a Neo apresentou Consulta à Administração, nos termos da Instrução Normativa RFB nº 740/2007, para obter o entendimento formal da Receita Federal sobre a legitimidade das operações que pretendia realizar, na qual a Neo expôs os motivos para sua constituição, a relação comercial entre ela e a Target, a sua posição na cadeia comercial, juntando, inclusive, modelos dos contratos entre a Neo e a Target e a entre a Neo e seus clientes. Todavia, essa consulta foi declarada ineficaz, sob o entendimento de que a Neo não teria apontada dúvida objetiva a respeito da legislação federal, tendo demonstrado perfeita compreensão da sistemática da importação por encomenda. Apesar de se reconhecer que a consulta declarada ineficaz não produz quaisquer efeitos vinculativos entre contribuinte e a Administração, a sua propositura indica o desejo da Neo de revelar e não esconder as operações que pretendia praticar, na busca de uma chancela da Administração Pública quanto à sua conformidade em relação à legislação vigente. Por todo o exposto, já caminhando para a conclusão, nesse quadro fático, considerando que o principal motivo apontado pela Fiscalização para a realização da alegada fraude não se mostrou procedente, por ser indiferente a influência de benefícios fiscais de ICMS na operação declarada e na operação entendida pela Fiscalização como realizada, e Fl. 6891DF CARF MF Processo nº 12466.720328/201119 Acórdão n.º 3401003.980 S3C4T1 Fl. 6.880 25 levando em conta ainda a existência de processo de consulta com a exposição de uma estrutura comercial revelada pela Neo e que posteriormente veio a ser atacada pelo Fisco, acredito que não tenha restado demonstrado pela Fiscalização a ocorrência de uma ocultação realizada mediante fraude ou simulação. Não foi comprovado, de maneira cabal, que os envolvidos na operação (clientes da Neo, Neo e Target) tenham agido de forma dolosa para prestar informação incorreta quanto ao real encomendante, na busca de uma vantagem indevida, em prejuízo ao controle aduaneiro. Na realidade, a principal vantagem apontada pela Fiscalização, utilização de benefícios fiscais de ICMS, simplesmente não subsiste frente à operação acobertada, segundo a acusação fiscal. Por último, impendese registrar e ressaltar que a análise aqui realizada e as conclusões alcançadas não estão, de forma alguma, a chancelar, a concordar ou a reconhecer como em conformidade com o ordenamento jurídico o modelo de negócios, assim como as estrutura contratual e comercial adotadas pela Target, Neo e clientes da Neo nas operações de importação que deram origem ao presente lançamento, mas está a se afirmar e a concluir que o lançamento é improcedente, por carência probatória por parte da Fiscalização, tendo em vista que a Fiscalização não foi capaz de demonstrar a contento, pelo levantamento de um conjunto de elementos de prova satisfatórios, que as condutas imputadas aos intervenientes das operações de comércio exterior se enquadravam no tipo infracional previsto no artigo 23, inciso V, parágrafo 3º, do Decreto nº 1.455/1976. Diante da não demonstração da acusação de "ocultação (...) mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros", de igual modo, deve ser julgada improcedente a segunda acusação da Fiscalização, de uso de documento falso no despacho aduaneiro, com fundamento no artigo 105, inciso VI, do Decreto nº 37/1966, pois, se não há comprovação de que houve ocultação, em decorrência, também não há comprovação de que os documentos utilizados no despacho aduaneiro tenham sido falsificados ou adulterados. Conclusão Por essas razões, proponho ao Colegiado conhecer e dar provimento aos Recursos Voluntários interpostos, para determinar o cancelamento do lançamento, e não conhecer do recurso de ofício. AUGUSTO FIEL JORGE D'OLIVEIRA Relator Fl. 6892DF CARF MF
score : 1.0