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Numero do processo: 10935.906430/2012-91
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 24/12/2009
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE.
Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
Numero da decisão: 3802-002.728
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Bruno Maurício Macedo Curi - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 24/12/2009 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. DESCABIMENTO. Diante das regras vigentes, não é cabível pedido de restituição de PIS/PASEP que tenha por base a alegação de recolhimento a maior por inclusão do ICMS na base de cálculo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/12/2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 64 30 /2 01 2- 91 Fl. 62DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano D’Amorim Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarouse impedido. Relatório O contribuinte JUMBO ALIMENTOS LTDA. interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0642.878, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba/PR, que julgou improcedente o direito creditório pleiteado pelo sujeito passivo em sede de manifestação de inconformidade, rejeitandoa. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: “Trata o processo de Despacho Decisório emitido pela DRF Cascavel/PR, em 03/01/2013, que indeferiu o pedido de restituição formulado por meio do Per/Dcomp nº 02149.73677.181010.1.2.049870, rastreamento nº 041907483, devido à inexistência de crédito pleiteado de R$ 11.043,77, uma vez que o pagamento de PIS/PASEP (Código 6912), do período de 30/11/2009, efetuado em 24/12/2009, estaria totalmente utilizado na extinção, por pagamento, de débito da contribuinte do mesmo fato gerador. Cientificada da decisão em 18/01/2013, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da cobrança do PIS e da Cofins sem a exclusão do ICMS da base de cálculo. Diz que o conceito de faturamento trazido pela Lei nº 9.718, de 1998, não pode ser elastecido a ponto de abarcar o conceito de “ingresso”, por isso, o ICMS não integra a base de cálculo das contribuições, por se tratar de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF tem entendido que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo do PIS e da Cofins. Dessa forma, solicita que os créditos sejam restituídos, acrescidos de juros de mora, desde seu pagamento indevido até a data da restituição/compensação. É o relatório.” Indeferida a manifestação de inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a improcedência do direito creditório na forma da ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 63DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906430/201291 Acórdão n.º 3802002.728 S3TE02 Fl. 122 3 Data do fato gerador: 24/12/2009 COFINS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO EM PER/DCOMP. Inexistindo o direito creditório informado em PER/DCOMP, é de se indeferir o pedido de restituição apresentado. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS/Pasep e à Cofins, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando for cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, às quais não se pode, em âmbito administrativo, negar validade sob o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. Da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS A Recorrente alega que possui direito de crédito amparada no fato de que incluiu, quando de sua apuração do PIS e da COFINS, o ICMS em sua base de cálculo; e que tal inclusão seria indevida, de modo que merece ser proporcionalmente restituída do montante decorrente desse procedimento. De início vale destacar que, ao invés de questionar a constitucionalidade da regra (o que levaria ao não conhecimento do presente Recurso), o contribuinte cerra sua discussão na extensão do conceito de faturamento – o que, na esteira da decisão proferida pelo STF no RE 346084, no qual se afastou a tributação sobre a receita bruta e se limitou ao Fl. 64DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 faturamento, assim entendido como as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e prestações de serviços. Desse modo, o recurso é passível de conhecimento. Além disso, por mais que esteja sujeita ao regime não cumulativo do PIS e da COFINS, por entender que o conceito de faturamento deve ser apenas um (pois, independente do regime de tributação, temse em verdade dois únicos tributos, PIS e COFINS), comungo com o pressuposto de que o conceito de faturamento adotado com relação à lei 9.718 deve ser o mesmo válido também para os regimes das leis 10.637/2002 e 10.833/2003. A Recorrente fundamenta seu pleito defendendo que o ICMS não seria receita própria do sujeito passivo, o que implicaria na seguinte situação: Para tanto, espelhase em doutrina e em julgados que entendem que o ICMS não se enquadra no conceito de faturamento, por não representar vantagem do sujeito passivo, mas apenas receitas de terceiros. A DRJ, todavia, não acolheu o entendimento da Recorrente, pelo singelo fato de que as normas vigentes – às quais o julgador administrativo está adstrito – impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Assim dispôs a decisão recorrida: “Pela manifestação de inconformidade apresentada, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência revisão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, consoante se depreende da leitura dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998: (...)” Entendo que a DRJ está correta em suas considerações, apesar de uma pequena impropriedade ao se referir à lei 9.718/98 – pois o direito creditório decorre de PIS e COFINS recolhidos pela sistemática não cumulativa. As normas de direito vigentes, às quais o CARF está vinculado, impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Nesse sentido, vejase o que dispõem as leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que em matéria de ICMS autorizam a dedução somente no caso de exportação: Lei 10.637/2002 “Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906430/201291 Acórdão n.º 3802002.728 S3TE02 Fl. 123 5 § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Lei 10.833/2003 “Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Logo, do ponto de vista normativo a Recorrente já não merece acolhida em seu pleito, ao menos no âmbito administrativo. E nem se diga que o conceito simples de faturamento, indicado no parágrafo 2o do artigo 1o das leis 10.637/2002 e10.833/2003, permitiria inferir que o ICMS incidente sobre as operações do próprio sujeito passivo, seria incompatível com a base de cálculo. Trata se de afastamento legal da base de cálculo, apenas para o caso excepcional do ICMS da exportação. E mesmo isso possui uma razão de ser, qual seja a desoneração das exportações. De todo modo, mesmo que se abstraia da letra fria das normas vigentes, ou se entenda que a dicção do inciso VI do § 3o do art. 1o das leis de regência da sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, entendo que não é cabível a exclusão do ICMS da base de cálculo dessas contribuições. E isso pela própria essência do ICMS. Desde que o STF entendeu, no RE 212209, que o ICMS compõe a própria base de cálculo, não restam dúvidas de que esse imposto integra o valor da operação. E não há, com a devida vênia a todos os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais trazidos pela Recorrente, condições de se decompor o valor da operação entre itens que integrariam sua receita, e outros (em especial, o ICMS) que implicariam receitas de terceiros. É o que se verifica, inclusive, do julgado do RE em tela, no qual o Ministro Marco Aurélio, relator, confrontou o Min. Nelson Jobim, redator para o Acórdão. Abaixo segue o questionamento e a resposta: Fl. 66DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Esse raciocínio foi acompanhado pelo STJ, o qual, nos Edcl no REsp no 1.413.129SP, firmou tal entendimento, conforme se verifica do aresto abaixo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. FUNGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. CONTRADIÇÃO E AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL. AFASTAMENTO. "Não procede ainda a afirmação de que a matéria de fundo é exclusivamente constitucional, pois o STJ conhece reiteradamente da questão e possui firme orientação de que a parcela relativa ao ICMS compõe a base de cálculo do PIS e da Cofins (Súmulas 68 e 94/STJ). Precedentes atuais: AgRg no REsp 1.106.638/RO, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 15/5/2013; REsp 1.336.985/MS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8/2/2013; AgRg no REsp 1.122.519/SC, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 11/12/2012" (AgRg no Ag 1301160/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12/6/2013). A propósito, valhome do Acórdão proferido no RESP 8.541, o qual serviu como paradigma para as Súmulas 68 (que consagra a inclusão do antigo ICM na base de cálculo do PIS) e também 94 (que consagra a inclusão do ICMS na base de cálculo do antigo Finsocial) do STJ. Nele o Min. Ilmar Galvão, Relator, aponta as seguintes razões: Fl. 67DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906430/201291 Acórdão n.º 3802002.728 S3TE02 Fl. 124 7 Apesar de se referir ao antigo ICM, a discussão travada (assim como o raciocínio espelhado) remanesce atual, pelo que me valho dessas razões de decidir. Sem embargo, o fato de o ICMS ser tributo de repercussão jurídica não me parece promover diferenças relevantes para o deslinde da causa. A não cumulatividade é, ao fundo, uma sistemática de tributação, destinada a atender a um propósito particular de política econômica, com o fito de evitar a verticalização da cadeia produtiva. Assim leciona Alcides Jorge Costa em O ICM na Constituição e na Lei Complementar (Ed. Resenha Tributária, São Paulo, 1978). Entender que o ICMS, por ser de repercussão jurídica, não significa receita própria, implica conseqüências tão graves no âmbito daquele tributo, que é mesmo incogitável admitir isso para o PIS e a COFINS. Apenas à guisa de ilustração, trago outro exemplo, além da inclusão do ICMS na própria base de cálculo (que teria que ser revista, pois perderia sua Fl. 68DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 razão de ser), que a inadimplência teria reflexos diametralmente opostos no ICMS se ele fosse considerado receita de terceiros. Esses reflexos, que podem ser suscitados como marginais ao PIS e à COFINS, em verdade guardam íntima relação com essas contribuições. Basta ver que, se o contribuinte considera que o ICMS é receita de terceiros, teria que observar todos os reflexos contábeis decorrentes disso – inclusive lançando a parcela de ICMS do seu preço em conta contábil própria, de receita de terceiros. De um modo ou de outro, seja do ponto de vista legal, de finalidade das normas, ou mesmo contábil, as próprias raízes do ICMS impedem que ele seja considerado receita de terceiros. E isso, em sede de PIS e COFINS, não pode ser considerado distinto, sob pena de instabilidade e insegurança jurídica absoluta. Os conceitos devem ser trabalhados de maneira uniforme. Por isso mesmo, no que toca os fundamentos do seu pedido de restituição, nego provimento ao Recurso Voluntário. Da ausência de comprovação da materialidade do crédito Ultrapassada a questão acima, o exame da materialidade do crédito do sujeito passivo também não resiste a uma análise mais acurada. Apesar de o despacho decisório afirmar que o crédito argüido pelo sujeito passivo foi integralmente utilizado para pagamento de outros débitos, a Recorrente não demonstrou, por meio de documentos hábeis, que o montante pleiteado referese ao ICMS incluído de modo (a seu ver) indevido na base de cálculo do PIS e da COFINS. Isso se verificou na manifestação de inconformidade e também no presente Recurso Voluntário. Ora, o processo administrativo tributário em si é regido pelo princípio da verdade material, que busca, mais do que qualquer formalismo, a essência do que é levado a revisão administrativa. Assim é que, no que tange ao pedido de restituição, é de responsabilidade do sujeito passivo demonstrar, mediante a apresentação de provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito pleiteado junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas (i) sua legitimidade e (ii) a materialidade do seu crédito, para os fins do art. 165 do CTN. Neste espeque, a Recorrente, mesmo instada a tanto pela DRJ, não acostou aos autos documentação suficiente para comprovação de que efetivamente o crédito pleiteado se refere à inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Reiterese aqui, que no rito do processo de análise de pedidos de restituição, o sujeito passivo deve demonstrar a materialidade de seu crédito. Vale repisar que, diferentemente do processo de revisão do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco (demonstrando cabalmente as razões pelas quais o tributo deve ser exigido), no pedido de compensação o contribuinte deve demonstrar as razões pelas quais ele deve ser restituído no montante pleiteado. Assim sendo, não há nos autos fundamentos que legitimem a restituição pleiteada pela Recorrente, de modo que deve ser negado provimento ao presente Recurso Voluntário, não se reconhecendo o crédito requerido. Fl. 69DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906430/201291 Acórdão n.º 3802002.728 S3TE02 Fl. 125 9 Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Fl. 70DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10510.720321/2012-70
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
IRPF. DEDUÇÃO DE DESPESAS COM FISIOTERAPIA. COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO CUSTEADO PELO PRÓPRIO DECLARANTE.
Deve-se excluir a glosa de dedução de despesas com fisioterapia, que se motivou pela falta de comprovação de que tenham sido suportadas pelo próprio declarante, uma vez comprovado nos autos que foi o próprio quem as custeou.
Recurso voluntário provido.
Numero da decisão: 2802-003.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário para restabelecer a dedução de no valor de R$15.708,07 (quinze mil, setecentos e oito reais e sete centavos), a título de despesas médicas, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente e Relator.
EDITADO EM: 06/11/2014
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jaci de Assis Júnior, Julianna Bandeira Toscano, Ronnie Soares Anderson, Vinícius Magni Verçoza, Carlos André Ribas de Mello e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente).
Nome do relator: JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
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DEDUÇÃO DE DESPESAS COM FISIOTERAPIA. COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO CUSTEADO PELO PRÓPRIO DECLARANTE. Devese excluir a glosa de dedução de despesas com fisioterapia, que se motivou pela falta de comprovação de que tenham sido suportadas pelo próprio declarante, uma vez comprovado nos autos que foi o próprio quem as custeou. Recurso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário para restabelecer a dedução de no valor de R$15.708,07 (quinze mil, setecentos e oito reais e sete centavos), a título de despesas médicas, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso – Presidente e Relator. EDITADO EM: 06/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jaci de Assis Júnior, Julianna Bandeira Toscano, Ronnie Soares Anderson, Vinícius Magni Verçoza, Carlos André Ribas de Mello e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 72 03 21 /2 01 2- 70 Fl. 150DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 2 Relatório Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física do exercício 2009, anocalendário 2008, devido a glosa de despesas médicas. A fundamentação para a glosa, no item que importa na fase recursal, consta das fls. 6 (numeração digital): Glosa de R$15.708,07 referente à Clínica Movimentum porque a documentação apresentada foi um contrato de prestação de serviço de fisioterapia firmado entre a Srª Maria de Fátima F. de Barros e a Clínica Movimentum e demonstrativo de pagamento, porém não há prova de que as despesas tenham sido custeadas pelo contribuinte. A glosa da despesa de R$15.708,07 com a Clínica Movimentum foi mantida pela decisão recorrida, tendo por fundamento: a) há declaração de pagamentos anteriores ao contrato de prestação de serviço (fls. 19 e 66); b) o sócioadministrador da Clínica Movimentum é quem assina o contrato (fls. 34/36), porém não há sua identificação como fisioterapeuta, e esse contrato não faz qualquer referência ao recorrente, nem possui assinatura de sua curadora, a Srª Maria de Fátima Ferreira Barros; c) não obstante as declarações de fls. 18/19 e 17, e relações de fisioterapia (fls. 67/80), os documentos apresentados não são hábeis à comprovação de despesa médica porque não indicam o profissional habilitado para exercer profissão de fisioterapia, com CPF e nº de inscrição no CREFITO, e não houve apresentação de nota fiscal ou fatura relativos à Clínica; além disso houve a dedução de despesas com serviço continuado de fisioterapia em março (fls. 97), setembro, outubro e dezembro (fls. 86/91). Ciência em 12/07/2012. O Recurso Voluntário foi interposto em 10/08/2012 e consistese, em síntese, das seguintes razões: 1. a glosa das despesas com a Clínica Movimentum foi efetuada por falta de comprovação de que foram pagas pelo declarante, de forma que na impugnação o contribuinte limitouse a comprovar que pagou essas despesas com recursos próprios e que o contrato foi assinado por Maria de Fátima em virtude de o contribuinte estar incapacitado, o que provou com documentos; entretanto a decisão recorrida manteve a glosa com mais um motivo, falta de apresentação das notas fiscais, o que é provado com este recurso voluntário; 2. foram apresentados declaração e relatório de seus atendimentos, contínuos e que persistem até hoje, na Clínica Movimentum, as notas fiscais não foram apresentadas anteriormente por terem sido perdidas, porém o recorrente obteve da Clínica Movimentum cópias autenticadas das notas alusivas aos meses de maio, junho e agosto a dezembro, no valor de R$11.800,12; e informação da Clínica de que não foram emitidas notas para os meses de fevereiro, março, abril e julho de 2008, na ocasião da prestação do serviço, fato sanado com a emissão da nota fiscal eletrônica nº 00000819, referente a esses períodos, no valor de R$4.154,65, o que totaliza R$15.954,77 pago pelo contribuinte à referida Clínica. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10510.720321/201270 Acórdão n.º 2802003.231 S2TE02 Fl. 151 3 A documentação consta às fls. 119/133 da numeração digital. A Unidade Preparadora (fls. 148) informou que a parcela da restituição reconhecida no Acórdão de fls. 104/107 já foi paga ao contribuinte (fls. 144/145). O processo foi distribuído a este Relator, por sorteio, durante a sessão de setembro de 2014. É o Relatório. Voto Conselheiro Jorge Claudio Duarte Cardoso, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele devese tomar conhecimento. A matéria em litígio é o direito a dedução de despesas com fisioterapia no montante de R$15.708,07 referente à Clínica Movimentum, glosadas porque a documentação apresentada não seria hábil a provar que as despesas foram custeadas pelo contribuinte. Evidenciase que a razão fundamental da glosa não foi a falta de comprovação do pagamento e sim a não comprovação de que as despesas foram custeadas pelo contribuinte. Os documentos apresentados à autoridade fiscal foram: a) um contrato de prestação de serviço de fisioterapia firmado entre a Srª Maria de Fátima F. de Barros, curadora, e a Clínica Movimentum; e b) demonstrativo de pagamento. Na autuação não há expressa objeção à comprovação de que as despesas ocorreram e que os serviços tenham sido prestados. O recorrente tem razão em alegar que a decisão recorrida passou a tecer outros fundamentos para não autorizar a dedução, desviandose da motivação do lançamento. Cabe aferir se há provas de que as despesas foram pagas pelo contribuinte. A Srª Maria de Fátima é irmã e curadora especial do contribuinte, com poderes para cuidar dos seus negócios e bens, o que explica e justifica sua interveniência no contrato de prestação de serviço. (fls. 121/124 da numeração digital). Há declaração da Clínica Movimentum de que fora pago pelo recorrente, no ano de 2008, o valor de R$11.800,12 (fls. 125) e nota fiscal eletrônica, de R$4.154,65, , emitida somente em 2012, relativa a sessões de fisioterapia realizadas no recorrente nos meses não abrangidos pela referida declaração. Atingese o montante de R$15.954,77, superior ao que foi declarado. Como a exigência de nota fiscal surgiu somente no acórdão recorrido, é razoável admitir como prova a nota fiscal eletrônica emitida em ano posterior ao ano da prestação do serviço. Fl. 152DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 4 As declarações de fls. 17 (da Clínica) e de fls. 18 (da curadora) também visaram a comprovar que as despesas foram pagas pelo recorrente. A existência de serviços continuados de fisioterapia, antes ou depois do contrato, não é razão para desqualificar as provas do contribuinte, notadamente por se estar diante de pessoa que comprovadamente tem limitação motora, tanto que foi nomeada curadora especial. Não há nos autos qualquer razão para exigir outros elementos de prova de que o contribuinte custeou o tratamento, bem como não há base legal para exigir que a prova de pagamento feita pela Clínica seja firmada por fisioterapeuta e que seja indicado o CREFITO do profissional que realizou o tratamento, como exigido no acórdão recorrido. Devese dar provimento ao recurso voluntário para restabelecer a dedução de no valor de R$15.708,07 (quinze mil, setecentos e oito reais e sete centavos), a título de despesas médicas. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso Fl. 153DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
score : 1.0
Numero do processo: 13061.000129/2007-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 15 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Oct 17 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
IRPF. RESGATE E/OU COMPLEMENTAÇÃO DA APOSENTADORIA. ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. NÃO TRIBUTAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Somente se exclui da tributação o resgate de contribuições e/ou complementação da aposentadoria a entidades de previdência privada, comprovadamente correspondente às parcelas de contribuições efetuadas no período de 01/01/1989 a 31/12/1995, cujo ônus tenha sido do contribuinte.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2102-002.561
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
Assinado digitalmente.
Jose Raimundo Tosta Santos - Presidente
Assinado digitalmente.
Rubens Maurício Carvalho Relator.
EDITADO EM: 26/05/2014
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Acácia Sayuri Wakasugi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Jose Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho.
Nome do relator: RUBENS MAURICIO CARVALHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005 IRPF. RESGATE E/OU COMPLEMENTAÇÃO DA APOSENTADORIA. ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. NÃO TRIBUTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Somente se exclui da tributação o resgate de contribuições e/ou complementação da aposentadoria a entidades de previdência privada, comprovadamente correspondente às parcelas de contribuições efetuadas no período de 01/01/1989 a 31/12/1995, cujo ônus tenha sido do contribuinte. Recurso Voluntário Negado.
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RESGATE E/OU COMPLEMENTAÇÃO DA APOSENTADORIA. ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. NÃO TRIBUTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Somente se exclui da tributação o resgate de contribuições e/ou complementação da aposentadoria a entidades de previdência privada, comprovadamente correspondente às parcelas de contribuições efetuadas no período de 01/01/1989 a 31/12/1995, cujo ônus tenha sido do contribuinte. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente. Jose Raimundo Tosta Santos Presidente Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho – Relator. EDITADO EM: 26/05/2014 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Acácia Sayuri Wakasugi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Jose Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 06 1. 00 01 29 /2 00 7- 20 Fl. 41DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/05/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 26/05/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 28/05/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13061.000129/200720 Acórdão n.º 2102002.561 S2C1T2 Fl. 3 2 Relatório Para descrever a sucessão dos fatos deste processo até o julgamento na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), adoto de forma livre o relatório do acórdão da instância anterior de fls. 22 a 27: O contribuinte acima qualificado foi notificado tendo lhe sido exigido o imposto suplementar de R$11.294,82, mais multa de ofício e juros de mora, relativo ao anocalendário 2004, em função de omissão parcial de rendimentos recebidos da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil PREVI, CNPJ nº 33.754.482/000124, no valor de R$41.072,10, tudo de acordo com os dispositivos legais sumariados na peça fiscal. O autuado, às fls. 01 a 04, impugna total e tempestivamente (fls. 10 e 11) a notificação de lançamento de fls. 06 a 09, afirmando que esta terça parte que omitiu como rendimento tributável, referese ao equivalente da remuneração de previdência privada recebida de sua fonte pagadora para a qual ele efetuou contribuições entre 01/01/1989 a 31/12/1995, cuja participação de sua parte não era dedutível da base de cálculo do IRPF no período, portanto, agora por ocasião dos recebimentos essa parcela não constitui renda tributável. Colaciona vários precedentes jurisprudenciais sob a forma de acórdãos, ementas, etc., no sentido da sua afirmação É o relatório. Diante desses fatos, as alegações da impugnação e demais documentos que compõem estes autos, o órgão julgador de primeiro grau, ao apreciar o litígio, em votação unânime, julgou procedente o lançamento, mantendo o crédito consignado no auto de infração, considerando que os argumentos da recorrente não foram acompanhados de provas suficientes para comprovar que os valores lançados eram isentos do IR, resumindo o seu entendimento na seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2005 PREVIDÊNCIA PRIVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. São tributáveis os rendimentos percebidos pelo contribuinte a título de previdência privada e omitidos em sua declaração de ajuste. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. São improfícuos os julgados administrativos trazidos pelo sujeito passivo, pois tais decisões não constituem normas complementares do Direito Tributário, já que foram proferidas por órgãos colegiados sem, entretanto, uma lei que lhes atribuísse eficácia normativa, na forma do art. 100, II, do Código Tributário Nacional. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. Fl. 42DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/05/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 26/05/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 28/05/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13061.000129/200720 Acórdão n.º 2102002.561 S2C1T2 Fl. 4 3 É vedada a extensão administrativa dos efeitos de decisões judiciais, quando comprovado que o contribuinte não figurou como parte na referida ação judicial. Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, de fls. 28 a 32, ratificando os argumentos de fato e de direito expendidos em sua impugnação e requerendo pelo provimento ao recurso e cancelamento da exigência, cujo conteúdo se resume no seguinte excerto: 1. Como se verifica, no caso, o lançamento, cuja impugnação foi rejeitada pelo v.acórdão recorrido, fora motivado pela circunstância de o Recorrente haver considerado não tributável o valor equivalente a 1/3 (uma terça) parte do benefício de sua aposentadoria privada, recebido da CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOS FUNCIONÁRIOS DO BRASILPREVI, com CNPJ n° 33.754.482/000124. 2. Ocorre que tal parcela do mencionado beneficio foi custeada pelo Recorrente, durante o período em que foi funcionário do BANCO DO BRASIL S.A., com sua renda tributável. Vale dizer que, enquanto em atividade, os valores de sua contribuição à atual fonte pagadora não foram objeto de dedução, incluindose nos rendimentos tributáveis. 3. Por conseguinte, data vênia, tomase indevida a cobrança do IRPF sobre a integralidade do benefício recebido, a título de aposentadoria complementar, configurandose bitributação no que tange à incidência sobre o valor correspondente a um terço (1/3) do montante recebido de tal fonte pagadora. 4. Importa salientar que, no caso, tratase de recebimento de complementação de aposentadoria de entidade de previdência privada, decorrente de contribuições efetuadas, precedentemente a 1995, sob à vigência da Lei n° 7.713/98, que determinava que a tributação fosse efetuada no recolhimento. Dando prosseguimento ao processo este foi encaminhado para o julgamento de segunda instância administrativa. É O RELATÓRIO. Voto Conselheiro Rubens Maurício Carvalho. ADMISSIBILIDADE O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Assim sendo, dele conheço. Segundo se colhe dos autos a matéria em discussão, nesta segunda instância, resumese, essencialmente, na natureza dos proventos recebidos a título de complementação da aposentadoria paga por entidade de previdência privada, ou seja, se os mesmos podem (ou não) ser considerados como isentos. O lançamento se deu por conta do fato da fonte pagadora, CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL, ter informado na Dirf de Fl. 43DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/05/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 26/05/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 28/05/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13061.000129/200720 Acórdão n.º 2102002.561 S2C1T2 Fl. 5 4 fl. 21 que a totalidade dos rendimentos, R$ 134.628,09 eram tributáveis e o contribuinte por seu próprio arbítrio declarou que 1/3 destes valores seriam isentos. A DRJ manteve o lançamento por falta de provas. Para o deslinde da questão, reproduzo as normas legais que regem o assunto: Medida Provisória nº 2.15970, de 24 de agosto de 2001: Art. 7º Excluise da incidência do imposto de renda na fonte e na declaração de rendimentos o valor do resgate de contribuições de previdência privada, cujo ônus tenha sido da pessoa física, recebido por ocasião de seu desligamento do plano de benefícios da entidade, que corresponder às parcelas de contribuições efetuadas no período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995. Instrução Normativa SRF nº 15, de 06 de fevereiro de 2001: Art. 5º Estão isentos ou não se sujeitam ao imposto de renda os seguintes rendimentos: (...). II valor de resgate de contribuições de previdência privada, cujo ônus tenha sido da pessoa física, recebido por ocasião de seu desligamento do plano de benefício da entidade, que corresponder às parcelas de contribuições efetuadas no período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995. Depreendese dos excertos reproduzidos que se deve excluir da incidência do imposto na fonte o valor do resgate de contribuições de previdência privada, cujo ônus tenha sido da pessoa física e seu recebimento ocorrido por ocasião de seu desligamento do plano de benefícios da entidade, que corresponder às parcelas de contribuições efetuadas no período de 1 de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995, inclusive a parcela correspondente à atualização monetária do respectivo encargo (ADN 14/1990). Entretanto, não se encontra nos autos comprovante discriminando o montante do valor pago a título de resgate de contribuições de previdência privada correspondentes às parcelas de contribuições no período de 01/01/1989 a 31/12/1995. Portanto, ante a ausência de prova aplicase o disposto no art. 33, da Lei n 9.250, de 1995: Lei n.º 9.250, de 26 de dezembro de 1995: Art. 33. Sujeitamse à incidência do imposto de renda na fonte e na declaração de ajuste anual os benefícios recebidos de entidade privada, bem como as importâncias correspondentes ao resgate de contribuições. Destarte, o ônus da prova recai sobre aquele cujo benefício se aproveita. Fl. 44DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/05/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 26/05/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 28/05/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 13061.000129/200720 Acórdão n.º 2102002.561 S2C1T2 Fl. 6 5 Merece registro, ainda, que o contribuinte deve oferecer a tributação o rendimento bruto omitido, ou seja, o valor do rendimento antes da dedução do imposto de renda. Assim sendo, correto o procedimento efetuado pela autoridade fiscal quando somou aos valores levantados o montante correspondente ao imposto de renda retido na fonte. (fl. 21) Pelo exposto, não merecendo reparos da decisão recorrida, NEGO provimento ao recurso. Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho Relator. Fl. 45DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/05/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 26/05/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 28/05/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S
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Numero do processo: 13338.000140/2007-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 06 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2002
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 150, §4º, DO CTN. SÚMULA Nº 99 DO CARF.
O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência da norma tributária prevista no art. 150, §4º, do CTN.
Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no §4° do art. 150 do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo Contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no Lançamento. Súmula CARF nº 99.
Encontra-se finada pela decadência e pela homologação tácita parte do direito do Fisco de constituir o crédito tributário decorrente dos fatos geradores objeto da presente Notificação Fiscal de Lançamento de Débito.
CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. SUBSUNÇÃO DO FATO À HIPÓTESE NORMATIVA.
Impera no Direito Previdenciário o princípio da primazia da realidade sobre a forma, sendo necessária e suficiente a subsunção do fato à hipótese legal prevista no art. 12, inciso I, alínea "a", da Lei n° 8.212/91 para que se opere a caracterização de segurado empregado.
É prerrogativa da autoridade administrativa a desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, a teor do Parágrafo Único do art. 116 do CTN.
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
Tendo em vista o consagrado atributo da presunção de veracidade que caracteriza os atos administrativos, gênero do qual o lançamento tributário é espécie, opera-se a inversão do encargo probatório, repousando sobre o Autuado o ônus de desconstituir o lançamento ora em consumação. Havendo um documento público com presunção de veracidade não impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor dessa presunção.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO AUDITOR FISCAL.
Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições previdenciárias previstas na Lei nº 8.212/91, a fiscalização lavrará de ofício notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem.
CORESP. RELATÓRIO OBRIGATÓRIO DA NOTIFICAÇÃO FISCAL.
A Relação de Co-Responsáveis - CORESP anexa ao auto de infração previdenciário lavrado unicamente em face da pessoa jurídica não atribui responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas, nem comporta discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Súmula CARF nº 88.
DILIGÊNCIAS E PERÍCIAS. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO.
As diligências e perícias têm, como destinatária final, a autoridade julgadora, a qual possui a prerrogativa de avaliar a pertinência de suas realizações para a consolidação do seu convencimento acerca da solução da controvérsia objeto do litígio, sendo-lhe facultado indeferir aquelas que considerar prescindíveis ou impraticáveis.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.495
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer a homologação tácita do crédito até a competência 05/2002, inclusive, com fulcro no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 150, §4º, DO CTN. SÚMULA Nº 99 DO CARF. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência da norma tributária prevista no art. 150, §4º, do CTN. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no §4° do art. 150 do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo Contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no Lançamento. Súmula CARF nº 99. Encontrase finada pela decadência e pela homologação tácita parte do direito do Fisco de constituir o crédito tributário decorrente dos fatos geradores objeto da presente Notificação Fiscal de Lançamento de Débito. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. SUBSUNÇÃO DO FATO À HIPÓTESE NORMATIVA. Impera no Direito Previdenciário o princípio da primazia da realidade sobre a forma, sendo necessária e suficiente a subsunção do fato à hipótese legal prevista no art. 12, inciso I, alínea "a", da Lei n° 8.212/91 para que se opere a caracterização de segurado empregado. É prerrogativa da autoridade administrativa a desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, a teor do Parágrafo Único do art. 116 do CTN. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 33 8. 00 01 40 /2 00 7- 01 Fl. 504DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Tendo em vista o consagrado atributo da presunção de veracidade que caracteriza os atos administrativos, gênero do qual o lançamento tributário é espécie, operase a inversão do encargo probatório, repousando sobre o Autuado o ônus de desconstituir o lançamento ora em consumação. Havendo um documento público com presunção de veracidade não impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor dessa presunção. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO AUDITOR FISCAL. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições previdenciárias previstas na Lei nº 8.212/91, a fiscalização lavrará de ofício notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem. CORESP. RELATÓRIO OBRIGATÓRIO DA NOTIFICAÇÃO FISCAL. A “Relação de CoResponsáveis CORESP” anexa ao auto de infração previdenciário lavrado unicamente em face da pessoa jurídica não atribui responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas, nem comporta discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Súmula CARF nº 88. DILIGÊNCIAS E PERÍCIAS. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. As diligências e perícias têm, como destinatária final, a autoridade julgadora, a qual possui a prerrogativa de avaliar a pertinência de suas realizações para a consolidação do seu convencimento acerca da solução da controvérsia objeto do litígio, sendolhe facultado indeferir aquelas que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer a homologação tácita do crédito até a competência 05/2002, inclusive, com fulcro no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional. Liége Lacroix Thomasi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 505DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 505 3 Fl. 506DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 Relatório Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2002. Data da lavratura da NFLD: 31/05/2007. Data da ciência da NFLD: 25/06/2007. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ em Fortaleza/CE que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por intermédio Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD nº 37.103.2822, consistente em contribuições sociais previdenciárias a cargo da empresa, destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre a remuneração de segurados obrigatórios do RGPS, considerados pela Fiscalização como segurados empregados, bem como contribuições previdenciárias a cargo dos trabalhadores em questão, incidentes sobre seus respectivos Salário de Contribuição, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 49/51. De acordo com o Relatório Fiscal, do exame das notas de empenho a Fiscalização constatou a prestação de serviços por trabalhadores contratados pelo Município na condição de Autônomos (segurados contribuintes individuais), estando presentes, todavia, nessa prestação de serviços, todos os atributos da categoria de segurados empregados, a saber, a não eventualidade, a subordinação jurídica, a pessoalidade e a onerosidade. Os recolhimentos realizados pelo Município de Santa Luzia do Paruá — Prefeitura Municipal através das Guia de Recolhimento da Previdência Social (GRPS) e das Guias de Previdência Social — GPS, conforme se pode observar nos anexos "RADA — Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados", "RDA Relatório de Documentos Apresentados" e "DAD discriminativo Analítico de Débito" foram devidamente deduzidos das contribuições previdenciárias apuradas, considerando todos os documentos de constituição de crédito lavrados. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 196/211. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza/CE lavrou decisão administrativa textualizada no Acórdão nº 0813.234 – 5ª Turma da DRJ/FOR, a fls. 219/226, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 09/06/2008, conforme Aviso de Recebimento – AR, a fl. 230. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 231/248, respaldando sua contrariedade em argumentação desenvolvida nos seguintes termos: Fl. 507DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 506 5 · A inclusão equivocada do atual Prefeito Municipal como coresponsável por período em que o mesmo não tem qualquer relação com o fato gerador; · Decadência de parte considerável da NFLD ora questionada; · Da injuridicidade da reclassificação fiscal dos autônomos e prestadores de serviços do Município para a condição de empregados; · Que a cobrança fiscal listou todo mundo que não está lotado como servidor estabilitário, como sendo celetista para os fins de tributação, o que demonstra o equívoco da estrutura física do lançamento fiscal em questão; · A ausência de compensação fiscal com as quitações mensais nas cotas do FPM, dos parcelamentos fiscais espontâneos levados a efeito pelo Município; · Requer a realização de perícia, oportunidade em que indica perito e formula quesitos; Ao fim, requer a procedência da defesa apresentada, mediante a ordem de cancelamento do Auto de Infração ora impugnado. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 508DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 09/06/2008. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 09 de julho do mesmo ano, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Estando cumpridos os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DA DECADÊNCIA O Supremo Tribunal Federal, em julgamento realizado em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, nos termos que se vos seguem: Súmula Vinculante nº 8 “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Conforme estatuído no art. 103A da Constituição Federal, a Súmula Vinculante nº 8 é de observância obrigatória tanto pelos órgãos do Poder Judiciário quanto pela Administração Pública, devendo este Colegiado aplicála de imediato. Constituição Federal de 1988 Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Fl. 509DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 507 7 Afastada por inconstitucionalidade a eficácia das normas inscritas nos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, urge serem seguidas as disposições relativas à matéria em relevo inscritas no Código Tributário Nacional – CTN e nas demais leis de regência. A decadência tributária conceituase como a perda do poder potestativo da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário mediante o lançamento, em razão do exaurimento integral do prazo previsto na legislação competente. O instituto da decadência no Direito Tributário, malgrado respeitadas posições em sentido diverso, encontrase regulamentado no art. 173 do Código Tributário Nacional CTN, que reza ipsis litteris: Código Tributário Nacional CTN Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Conforme detalhadamente explicitado e fundamentado no Acórdão nº 2302 01.387 proferido nesta 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, na Sessão de 26 de outubro de 2011, nos autos do Processo nº 10240.000230/200865, convicto encontrase este Conselheiro de que, após a implementação do sistema GFIP/SEFIP, o lançamento das contribuições previdenciárias não mais se enquadra na sistemática de lançamento por homologação, mas, sim, na de lançamento por declaração, nos termos do art. 147 do CTN, contingência que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito inscrito no art. 150, §4º do CTN. Além do mais, a verve de fundamentação do lançamento por homologação baseiase no fato de, desde a ocorrência do fato gerador do tributo até a ocorrência do lançamento, o que existe é, tão somente, obrigação tributária, a qual é ilíquida e incerta, não dispondo a Administração Tributária de justo título para a cobrança. Tornase, por isso, necessário o procedimento administrativo do lançamento para, conferindo à obrigação tributária os atributos da liquidez e certeza, convolála em crédito tributário, este sim exigível pelo Fisco. Daí a natureza jurídica dúplice do lançamento: declaratória da obrigação tributária e constitutiva do crédito tributário. Trocando em miúdos, somente após a efetiva convolação, pelo lançamento, da obrigação tributária em crédito tributário, passa a administração tributária a dispor de justo título para a exigência do crédito decorrente. Antes não. Antes do lançamento há, apenas, obrigação tributária: ilíquida, incerta e inexigível. Fl. 510DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 No caso das contribuições previdenciárias, como originariamente o sujeito passivo efetuava o recolhimento do tributo com fundamento em obrigação tributária, e não em crédito tributário, tal recolhimento, nessa condição, era ainda indevido, haja vista que o beneficiário do pagamento – o Fisco, até então, não dispunha de justo título, o qual é constituído por intermédio do Lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. Ocorrido o fato gerador, a obrigação tributária correspondente ao pagamento realizado antecipadamente pelo Sujeito Passivo passava a depender da efetivação do respectivo lançamento, por parte da administração tributária, o qual, ocorrendo, convolava a obrigação em crédito tributário sendo este, imediatamente extinto pelo recolhimento antecipado efetuado pelo Sujeito Passivo. É o que diz o §1º do art. 150 do CTN. Código Tributário Nacional CTN Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. §1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. (grifos nossos) §2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. §3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. §4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Em outras palavras, a extinção do crédito tributário pelo pagamento antecipado realizase sob condição resolutória de ulterior homologação ao lançamento. Ou seja, se não houver lançamento, resolvese a extinção do crédito tributário correspondente ao pagamento efetuado, podendo o Obrigado repetir o que se houve por indevidamente pago, haja vista que o pagamento deuse com fundamento, não em razão de crédito tributário, e não em virtude de obrigação tributária, ilíquida, incerta e inexigível. Daí a necessidade de lançamento associado, especificamente, ao montante que se houve por recolhido antecipadamente: Para convolar a obrigação tributária nascida com os fatos geradores praticados pelo Contribuinte no crédito tributário correspondente, este dotado de liquidez, certeza e exigibilidade, excluindo, a partir de então a possibilidade do Sujeito Passivo de repetir o que foi pago antecipadamente. Notese que, nos termos do §1º do art. 150 do CTN, a extinção do crédito tributário encontrase sujeita a condição resolutória do lançamento. Ocorre que, nos termos do Fl. 511DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 508 9 art. 173, I, do CTN, o direito da Fazenda Pública efetuar o lançamento extinguese após 5 anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que tal lançamento poderia ter sido efetuado. Assim, exaurido o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN sem que tenha ocorrido o lançamento, passa a dispor o Contribuinte do direito de repetir o que se houve por recolhido antecipadamente. Para evitar tal repetição tributária, o legislador ordinário instituiu a figura do lançamento por homologação tácita daquilo se houve por antecipadamente recolhido a título de tributo, nos termos assentados no §4º do art. 150 do CTN. Assim, escoado o prazo de cinco anos contados da data da ocorrência do fato gerador, a Lei homologa o valor recolhido correspondente como se lançamento fosse. Daí o lançamento por homologação ser conhecido pela Doutrina e jurisprudência pelo termo “auto lançamento”. Notese que o lançamento por homologação tácita sempre, sempre irá ocorrer antes de exaurido o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN. Registrese, todavia, que a modalidade de lançamento por homologação somente é aplicável aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. Nos termos da lei, o lançamento por homologação operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento do recolhimento antecipado realizado pelo Sujeito Passivo, expressamente o homologa como se lançamento fosse. Inexistindo tal homologação expressa, esta soerá advir tacitamente, após o decurso de cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. Acontece que o §1º do art. 113 do CTN estatui que “A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente”. Assim, com a homologação expressa ou tácita, apenas a fração da obrigação tributária correspondente ao crédito tributário pago antecipadamente se houve por extinta com o pagamento. Iluminese que a própria lei estatui que não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, aqui incluído por óbvio o ato do pagamento antecipado, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito, os quais serão considerados na apuração do saldo porventura devido. Assim, nos termos do art. 150, caput e parágrafos, do CTN, apenas encontra se extinta pelo pagamento antecipado e correspondente homologação tácita a fração da obrigação tributária correspondente ao pagamento realizado. Dessarte, as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores cujo crédito tributário correspondente não se houve por contemplado pelo recolhimento antecipado permanecem hígidas, não sofrendo qualquer influência do pagamento realizado pelo Sujeito Passivo, nos termos do §2º do art. 150 do CTN. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 Nessa vertente, o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário referente às obrigações tributárias ainda não extintas pelo pagamento extinguese após 5 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, em atenção ao preceito inscrito no art. 173, I, do CTN. De outro eito, mas vinho de outra pipa, pelas razões expendidas nos autos do Processo Administrativo Fiscal referido nos parágrafos anteriores, entende este relator que o lançamento tributário encontrase perfeito e acabado na data de sua lavratura, representada pela assinatura da Autoridade Fiscal lançadora, figurando a ciência do contribuinte como atributo de publicidade do ato e condição de eficácia do lançamento perante o sujeito passivo, mas, não, atributo de sua existência. Nada obstante, o entendimento dominante nesta 2ª Turma Ordinária, em sua composição permanente, comunga a concepção de que a data de ciência do contribuinte produz, como um de seus efeitos, a demarcação temporal do dies a quo do prazo decadencial. Diante de tal cenário, o entendimento deste subscritor mostrase isolado perante o Colegiado. Dessarte, em atenção aos clamores da eficiência exigida pela Lex Excelsior, curvome ao entendimento majoritário deste Sodalício, em respeito à opinio iuris dos demais Conselheiros. No caso presente, tendo sido o Sujeito Passivo cientificado do lançamento aviado na NFLD em debate em 25/06/2007, os efeitos o lançamento em questão alcançariam com a mesma eficácia constitutiva todas as obrigações tributárias exigíveis a contar da competência dezembro/2001, inclusive, nos termos do Inciso I do art. 173 do CTN, restando fulminadas pela decadência todas as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência novembro/2001, inclusive, bem como aquelas referentes ao 13º salário desse mesmo anocalendário. Ocorre, todavia, que, em 18/09/2009, houvese por publicado o Acórdão do Recurso Especial nº 973.733 – SC, proferido na sistemática prevista no art. 543C do Código de Processo Civil, tendo por objeto de mérito questão referente ao termo inicial do prazo decadencial para a constituição do crédito tributário pelo Fisco nas hipóteses em que o contribuinte não declara, nem efetua o pagamento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação, cuja ementa ora se vos segue: Recurso Especial nº 973.733 – SC (2007/01769940) Rel. : Min. Luiz Fux Data de Publicação: 18/09/2009. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Fl. 513DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 509 11 julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, §4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Na fundamentação do Acórdão, o Ministro Relator destaca que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, nem tendo sido notificado pelo Fisco de quaisquer medidas preparatórias, a decadência do direito do Fisco de constituir o crédito tributário obedece à regra prevista na primeira parte do §4º do artigo 150 do CTN, conforme se depreende do excerto extraído do voto condutor do Acórdão, adiante transcrito para melhor compreensão de seus fundamentos: Fl. 514DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 “13. Por outro lado, a decadência do direito de lançar do Fisco, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, nem sido notificado pelo Fisco de quaisquer medidas preparatórias, obedece à regra prevista na primeira parte do §4º, do artigo 150, do Codex Tributário, segundo o qual, se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador: "Neste caso, concorre a contagem do prazo para o Fisco homologar expressamente o pagamento antecipado, concomitantemente, com o prazo para o Fisco, no caso de não homologação, empreender o correspondente lançamento tributário. Sendo assim, no termo final desse período, consolidam se simultaneamente a homologação tácita, a perda do direito de homologar expressamente e, consequentemente, a impossibilidade jurídica de lançar de ofício" (In Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3ª Ed., Max Limonad , pág. 170).” (REsp 973.733 – SC, Rel.: Min. Luiz Fux, DJ: 18/09/2009) O entendimento esposado pela Suprema Corte de Justiça houvese por assimilado por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o que motivou a edição da Súmula nº 99, cujo verbete reproduzimos abaixo: SÚMULA CARF Nº 99 Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, §4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Acórdãos Precedentes: 9202002.669, de 25/04/2013; 9202002.596, de 07/03/2013; 9202002.436, de 07/11/2012; 920201.413, de 12/04/2011; 2301003.452, de 17/04/2013; 2403001.742, de 20/11/2012; 2401 002.299, de 12/03/2012; 2301002.092, de 12/ 05/ 2011. No caso presente, o RDA Relatório de Documentos Apresentados revela a efetiva ocorrência de recolhimentos a título de contribuições previdenciárias patronais em todas as competências de 2001 e 2002, dentre outras. Nessa prumada, de acordo com o entendimento da Suprema Corte de Justiça vertido no Acórdão do Recurso Especial nº 973.733 – SC, o qual transitou em julgado em 29/10/2009, assessorado pela Súmula nº 99 do CARF, tendo havido recolhimento antecipado do tributo, mesmo que em montante inferior ao efetivamente devido, inexistindo demonstração de que o Sujeito Passivo tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, o direito do Fisco de constituir o crédito tributário deve obedecer à regra prevista na primeira parte do §4º do artigo 150 do CTN. Nessa perspectiva, diante das razões até então esplanadas, malgrado não esposar tal entendimento, este Subscritor não pode postarse ao largo do comando imperativo inscrito no art. 62A do Regimento Interno do CARF, que impõe aos Conselheiros desta Corte Administrativa a reprodução das decisões definitivas proferidas pelo Superior Tribunal de Fl. 515DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 510 13 Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista no art. 543C do Código de Processo Civil. Regimento Interno do CARF Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. §1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. §2º O sobrestamento de que trata o §1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Código de Processo Civil Art. 543C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §1o Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, ficando suspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §2o Não adotada a providência descrita no § 1o deste artigo, o relator no Superior Tribunal de Justiça, ao identificar que sobre a controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está afeta ao colegiado, poderá determinar a suspensão, nos tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja estabelecida. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §3o O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de quinze dias, aos tribunais federais ou estaduais a respeito da controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §4o O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de Justiça e considerando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §5o Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no § 4o deste artigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §6o Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial, devendo ser julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §7o Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestados na origem: (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). I terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). Fl. 516DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 II serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §8o Na hipótese prevista no inciso II do § 7o deste artigo, mantida a decisão divergente pelo tribunal de origem, farseá o exame de admissibilidade do recurso especial. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §9o O Superior Tribunal de Justiça e os tribunais de segunda instância regulamentarão, no âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao processamento e julgamento do recurso especial nos casos previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). Assim delimitadas as nuances materiais do lançamento, nesse específico particular, tendo sido o Sujeito Passivo cientificado do lançamento aviado na NFLD em debate no dia 25/06/2007, há que se considerar como homologado tacitamente o crédito tributário relativo aos fatos geradores ocorridos nas competências de dezembro/2001 até maio/2002, inclusive, nos termos do §4º do art. 150 do Codex tributário. Há que se reconhecer que, à luz da Súmula Vinculante nº 8 do STF e do Recurso Especial nº 973.733 – SC, na data da lavratura do presente lançamento, já se encontravam caducas todas as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência novembro/2001, nos termos do art. 173, I do CTN, da mesma forma que já se encontrava tacitamente homologado o crédito tributário decorrente dos fatos geradores ocorridos nas competências de dezembro/2001 até maio/2002, na expressão do §4º do art. 150 do CTN, circunstância que se configura óbice intransponível ao Fisco para o exercício do seu direito de constituir o crédito tributário em relação a essas competências, dada a sua extinção legal, nos termos do art. 156, V, in fine, do Código Tributário Nacional, consoante entendimento do STJ aviado na sistemática dos recursos repetitivos. Código Tributário Nacional CTN Art. 156. Extinguem o crédito tributário: (...) V a prescrição e a decadência; (...) Dessarte, sendo de janeiro/1998 a dezembro/2002 o período de apuração do crédito tributário em realce, pugnamos pela exclusão do vertente lançamento de todas as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos nas competências de janeiro/1998 a maio/2002, inclusive. Vencidas as preliminares, passamos ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Fl. 517DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 511 15 Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 3.1. DA CARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO O Recorrente alega a injuridicidade da reclassificação fiscal dos autônomos e prestadores de serviços do Município para a condição de segurados empregados. Pondera que a cobrança fiscal listou todo mundo que não está lotado como servidor estabilitário, como sendo celetista para os fins de tributação, o que demonstra o equivoco da estrutura física do lançamento fiscal em questão. Sem razão. O art. 195, I da Constituição Federal determinou que a Seguridade Social fosse custeada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos oriundos, dentre outras fontes, das contribuições sociais a cargo da empresa incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/98) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20/98) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20/98) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/98) Fl. 518DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 16 No plano infraconstitucional, a disciplina da matéria em relevo ficou a cargo da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, a qual instituiu o Plano de Custeio da Seguridade Social, consubstanciado nas contribuições sociais a cargo da empresa e dos segurados obrigatórios do RGPS, nos limites traçados pela CF/88. No exercício da competência que lhe fora atribuída, a lei orgânica da Seguridade Social definiu em seus artigos 12 e 13 as categorias de trabalhadores abraçados, compulsoriamente, pelo Regime Geral de Previdência Social e, dessarte, sujeitos às normas emolduradas na Lei nº 8.212/91. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; (grifos nossos) (...) e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio; (...) g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais; (Alínea acrescentada pela Lei n° 8.647, de 13.4.93) (...) j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004). (...) V como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). (...) f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; (Incluído pela Lei nº 9.876/99). Fl. 519DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 512 17 g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; (Incluído pela Lei nº 9.876/99). (grifos nossos) h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não; (Incluído pela Lei nº 9.876/99). Art. 13. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei, desde que amparados por regime próprio de previdência social. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). §1o Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, tornarseão segurados obrigatórios em relação a essas atividades. (Incluído pela Lei nº 9.876/99). §2o Caso o servidor ou o militar, amparados por regime próprio de previdência social, sejam requisitados para outro órgão ou entidade cujo regime previdenciário não permita a filiação nessa condição, permanecerão vinculados ao regime de origem, obedecidas as regras que cada ente estabeleça acerca de sua contribuição. (Incluído pela Lei nº 9.876/99). Mostrase, ainda, auspicioso destacar que, para os fins específicos das disposições encartadas na Lei de Custeio da Seguridade Social, são considerados como empresa não somente a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, como, também, os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; (grifos nossos) II empregador doméstico a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Parágrafo único. Equiparase a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). Fl. 520DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 18 Aos 15 dias de dezembro de 2008, o Congresso Nacional promulgou e fez publicar a Emenda Constitucional nº 20/98, que deu nova redação ao caput do art. 40 da CF/88, ao mesmo tempo que fez inserir na estrutura do citado art. 40 o parágrafo 13, que impôs ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, sua filiação compulsória ao regime geral de previdência social. Constituição Federal Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/98) I os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/98) II a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/98) (...) Art. 40 Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/98) (...) §13 Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica se o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) Da análise dos dispositivos legais e constitucionais suso selecionados deflui que, por expressa determinação Constitucional, somente podem se vincular a Regime Próprio de Previdência Social os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, cuja investidura no cargo depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, conforme exigência inscrita no inciso II do art. 37 da CF/88, na redação dada pela EC nº 19/98. Nessa perspectiva, com a edição da citada Emenda Constitucional, todos os ocupantes exclusivos de cargo em comissão, bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, não mais podem se vincular a RPPS, mas, tão somente, ao RGPS, de maneira compulsória, sem alternativas. Fl. 521DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 513 19 Também se configuram como segurados obrigatórios do RGPS os servidores titulares de cargos efetivos dos Entes Públicos que não dispõem de Regime Próprio de Previdência Social. Nesse contexto, todo e qualquer servidor que não seja titular de cargo efetivo, todos os ocupantes de cargo em comissão, de outro cargo temporário ou de emprego público, bem como os trabalhadores autônomos que prestem serviços, de maneira eventual, a qualquer Ente Público, órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional, são compulsoriamente qualificados pela Constituição Federal e pela Lei nº 8.212/91 como segurado obrigatório do RGPS. Nesse sentido, iluminese a redação do art. 9º do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, editado já sob a égide da mencionada EC n° 20/98. Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99 Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: Icomo empregado: (...) i) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (grifos nossos) j) o servidor do Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja amparado por regime próprio de previdência social; (grifos nossos) l) o servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal; (grifos nossos) Diante dos aludidos dispositivos constitucionais, legais e regulamentares não ressobram dúvidas de que os servidores municipais, incluídas suas autarquias e fundações, ocupantes, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; os servidores municipais, bem como os das respectivas autarquias e fundações, ocupantes de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não estejam amparados por regime próprio de previdência social, os servidores contratados pelo Município, bem como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público são segurados obrigatórios do RGPS, na qualidade de segurado empregado, sujeitandose, nessa condição, segurado e ente público, ao recolhimento das contribuições previdenciárias previstas na Lei nº 8.212/91. Assim, conforme devidamente esclarecido, a Emenda nº 20/98 excluiu do RPPS os ocupantes de cargo comissionado, bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, os quais passaram a ser regidos, obrigatoriamente, pelo Regime Geral de Previdência Social, conforme as regras já existentes na Lei nº 8.212/91. Nada mais. Fl. 522DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 20 Aditese que os servidores que mantem vínculo estatutário com o Município de Santa Luzia do Paruá e estão vinculados a Regime Próprio de Previdência Social, não foram abrangidos pelo presente lançamento. Não procede, portanto, a alegação de que “a cobrança fiscal listou todo mundo que não está lotado como servidor estabilitário, como sendo celetista para os fins de tributação, o que demonstra o equivoco da estrutura física do lançamento fiscal em questão”. Por outro lado, mas vinho de outra pipa, o inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91 qualifica como segurado empregado a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado. Na mesma esteira, o inciso V do art. 12 do mesmo Diploma Legal classifica como segurado contribuinte individual a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego. Merece ser destacado, de plano, que o atributo da subordinação tem que ser averiguado em seu aspecto jurídico, não apenas no hierárquico. O conceito geral de subordinação foi elaborado levandose em consideração a evolução social do trabalho, com sua consequente democratização, passando da escravidão e da servidão para o trabalho contratado, segundo a vontade das partes. A subordinação jurídica configurase como o elemento da relação contratual na qual a pessoa física contratada sujeita o exercício de suas atividades laborais à vontade do contratante, em contrapartida à remuneração paga por este àquele. Irradia de maneira nítida da subordinação jurídica a identificação de quem manda e de quem obedece; de quem remunera e de quem é remunerado, de quem determina o que fazer, como, quando e quanto e de quem executa o serviço de acordo com o parametrizado. Podemos identificar no conceito de subordinação jurídica duas vestes de uma mesma nudez: De um lado, figura a faculdade do Contratante de utilizarse da força de trabalho do Contratado pessoa física como um dos fatores da produção, sempre no interesse do empreendimento cujos riscos assumiu, e do outro, a obrigação do trabalhador de sujeitar a execução do seu serviço à direção do empregador, no poder deste de ordenar o que fazer e como fazêlo, dentro dos fins a que este se propõe a alcançar, em contrapartida à remuneração que irá auferir. Para Gomes e Gottschalk (in Curso de direito do trabalho, Rio de Janeiro, Forense, 2005, pag. 134), “todo contrato gera o que denomina de estado de subordinação do empregado, pois este deve sujeitarse aos critérios diretivos do empregador, suas disposições quanto ao tempo, modo e lugar da prestação do trabalho, bem como aos métodos de execução e modalidade próprios da empresa, da indústria e do comércio”. À vista dos ensinamentos colhidos na melhor doutrina, vislumbrase que a subordinação jurídica conformase como um estado de sujeição em que se coloca o trabalhador, por sua livre e espontânea vontade, diante do empregador, em virtude de um contrato de prestação de serviços pelo qual, ao Contratante, é dado o poder de dirigir a força de trabalho do Contratado, seja manual ou intelectual, em troca de uma contraprestação remuneratória. Fl. 523DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 514 21 Sob tal prisma, revelase inconteste que a subordinação jurídica é intrínseca a toda e qualquer prestação remunerada de serviços por pessoa física, seja a empresas, seja a outras pessoas físicas, quer mediante um contrato de trabalho, quer na condição de trabalhador autônomo. Dessarte, havendo prestação remunerada de serviços por pessoa física, por mais autonomia que tenha o Contratado na condução do serviço a ser prestado, presente sempre estará, em menor ou maior grau, a subordinação jurídica do contratado ao contratante. Como exemplo meramente ilustrativo, mesmo a contratação pela Arquidiocese do Rio de Janeiro de renomado escritor, v.g. o Paulo Coelho, para a elaboração de uma compilação dos pronunciamentos do Papa Francisco em sua visita ao Brasil na Jornada Mundial da Juventude, mesmo aqui presente estará a subordinação jurídica, eis que a aludida Compilação deverá atender aos objetivos e interesses do Contratante e ser elaborado no tempo e nas condições por este especificado, sob pena de não se celebrar o liame jurídico. Dessarte, caso o citado escritor, sob o pálio de suposta autonomia funcional plena e de ausência de subordinação, resolva unilateralmente focar o seu trabalho nos pronunciamentos da Dercy Gonçalves, certamente o contrato será imediatamente rescindido, com fundamento em justa causa decorrente do descumprimento, por parte do oblato, das determinações contidas no liame ajustado. Assentado que a subordinação jurídica encontrase presente em toda e qualquer prestação remunerada de serviços à empresa, seja na condição de empregado, seja na condição de trabalhador autônomo, avulta nesse contexto que a diferenciação entre o trabalho prestado por empregado e o trabalho prestado por trabalhador autônomo reside na natureza do serviço prestado, a saber: Dizem o art. 12 da Lei nº 8.212/91 e o art. 3º da CLT: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; (grifos nossos) (...) V como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). (...) g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; (Incluído pela Lei nº 9.876/99). (grifos nossos) Consolidação das Leis do Trabalho CLT Art. 3º Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Fl. 524DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 22 Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Extraise dos dispositivos legais supratranscritos que o discrimen entre o trabalho prestado na condição de empregado e aquele executado na condição de trabalhador autônomo se apura na natureza da eventualidade do serviço, a saber: a) Se o serviço for de natureza não eventual para o Tomador, eis que inerente à sua atividade econômica, ou essencial ao desempenho satisfatório do objeto social da pessoa jurídica, estabelecese a relação de emprego entre a empresa e o trabalhador, conforme art. 3º da CLT e art. 12, I, ‘a’ da Lei nº 8.212/91. b) Se o serviço for de natureza eventual para o Tomador, a relação de emprego não se finca, de forma que o serviço pode ser realizado por trabalhador autônomo. Art. 12, V, ‘g’, da Lei nº 8.212/91. Sobre os critérios de diferenciação entre o trabalho autônomo e o realizado mediante relação de emprego, devem ser levadas em conta os ensinamentos de José Augusto Rodrigues Pinto (in, Tratado de Direito Material do Trabalho, LTr, 1ª ed., São Paulo, 2007) a) Autônomo “É o trabalhador que utiliza sua energia pessoal sob sua própria direção. Em consequência, tanto é possível encontrálo trabalhando para obter resultado seu ou em benefício de outrem.” b) Empregado – “É o trabalhador cuja energia pessoal é utilizada por outrem, que lhe dirige a aplicação. Em consequência, só é possível encontrálo trabalhando para proveito alheio, quanto ao resultado da atividade, havendo mesmo quem identifique nessa circunstância um dos requisitos essenciais de sua prestação.” Como visto, a sindicância da não eventualidade se apura mais em razão da atividade realizada pelo Tomador do que pelo prazo de vigência do contrato com o prestador. Nessas circunstâncias, sendo o serviço contratado uma necessidade contínua do município, eis que inerente à sua atividade estatal, ou essencial ao desempenho satisfatório dos seus fins sociais, caracterizada estará a não eventualidade do serviço, independentemente do prazo em que cada trabalhador, prestador do serviço, seja contratado. No caso em litígio, a não eventualidade diz espeito à contratação de serviços relacionados com a atividade meio e fim do Município, bem como à necessidade permanente dessas categorias de profissionais especializados para a realização de seu compromisso social. No caso, os segurados prestaram serviços de natureza permanente, contínua e ininterrupta, objetivando atender as atividades normais da Prefeitura Municipal, quais sejam: serviços Administrativos, de Datilografia, de Enfermagem, de Informática e de Contabilidade, Agentes de Saúde, Supervisores, Professores, médicos, etc., contratados para prestarem serviços contínuos nas Secretarias de Saúde, de Administração, de Educação, de Assistência Social, no Gabinete, etc., estando sujeitos às ordens dimanadas e ao controle de pessoal exercido pelas Secretarias Municipais correspondentes, bem como ao Poder de Dispensa ad Fl. 525DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 515 23 nutum da Autoridade Municipal competente, circunstâncias que exprimem a subordinação dos trabalhadores em foco ao Ente Público Municipal contratante. Assim se revela o modus operandi do empreendimento. O Município de Santa Luzia do Paruá tem, como decorrência natural de sua condição de Ente Municipal, que prestar à comunidade serviços sociais, de saúde, de educação, etc., além de suas próprias atividades administrativas. Para a execução de tais serviços, contrata trabalhadores na condição aparente de Trabalhadores Autônomos para exercer, nas Secretarias Municipais, as atividades fins inerentes ao seu objetivo social, em nome e honra do Ente Público, contingência que revela a alteralidade na prestação dos serviços em tela, quintessência supralegal dos atributos caracterizadores da relação jurídica de segurado empregado. Os trabalhadores contratados, ao prestarem à comunidade os serviços típicos do Ente Público, não o fazem em nome próprio, mas em obséquio do pavilhão da Prefeitura Municipal. A não eventualidade encontrase patente no prolongado período em que os trabalhadores prestaram serviços ao Recorrente, combinado com a espécie de serviços prestados, os quais são inerentes ao atuar típico do Ente Municipal. Podese perceber a não eventualidade, ainda, no elevado volume de dezenas e dezenas de vínculos contínuos e de rotina, conforme ilustrado no discriminativo a fls. 54 a 192, que arrola, nominalmente, mais de 5500 trabalhadores.competência, no período de lançamento, discriminados por Unidade, Secretaria, Serviço Prestado, Remuneração, competência, número do Empenho, dentre outros. Os segurados apurados pela Fiscalização inseremse na dinâmica regular do Município, que necessita do trabalho por eles desempenhado para atender às múltiplas demandas inerentes ao seu objetivo social como Ente Municipal. A pessoalidade tem sua caracterização realçada no fato de os serviços serem prestados por pessoas físicas especificadas nominalmente nos Empenhos, inexistindo nos autos qualquer elemento fático ou jurídico de convicção que possa desaguar na ilação de que tais trabalhadores, ao seu alvedrio único, exclusivo e próprio, e sem qualquer ingerência do Recorrente, pudessem se fazer substituir, na execução do serviço para o qual fora contratado, por outro trabalhador qualquer, mesmo que de idêntica capacitação. A onerosidade, por derradeiro, foi apurada diretamente dos lançamentos registrados nas Notas de Empenho e nos recibos de pagamentos do Município Notificado. Os trabalhadores recebem salário mensal fixo, padronizado por categoria de trabalhador, não tendo havido desconto da contribuição previdenciária a cargo do segurado. As provas dos autos não deixam dúvidas de que o município Recorrente se utilizou da contratação irregular de trabalhadores para a execução de serviços de natureza não eventual, inerentes ao atuar típico do Município, contínuos, sob sua direção, controle e vinculação, com pessoalidade e mediante remuneração. Fl. 526DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 24 Registrese, por relevante, que o lançamento das contribuições sociais ora em exame não tem o condão de estabelecer vínculo jurídico entre os trabalhadores em destaque e a administração pública municipal em apreço. A questão é meramente tributária não irradiando qualquer espécie de efeito sobre a esfera administrativa do ente público recorrente. A fiscalização tão somente constatou a ocorrência de fatos geradores, em relação aos quais não houve o correto recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, e, em conformidade com os ditames legais, no exercício da atividade plenamente vinculada que lhe é típica, procedeu ao lançamento das exações devidas pelo Sujeito Passivo, sem estabelecer qualquer vínculo dos trabalhadores com a administração pública municipal ora recorrente. Diante de tal quadro, a fiscalização previdenciária, com esteio no princípio da Primazia da Realidade, identificando estarem presentes os elementos caracterizadores da condição de segurado empregado, impôs a incidência dos preceitos estatuídos na Lei nº 8.212/91 associados a tal condição, fazendo prevalecer, repisese, para fins unicamente de incidência de contribuições previdenciárias, os efeitos da condição de segurado empregado verificada no caso concreto. A atuação fiscal acima abordada encontra lastro jurídico nas disposições encaixadas no Parágrafo Único do art. 116 do Código Tributário Nacional, que confere à Autoridade Notificante a competência para desconsiderar os efeitos de atos e negócios jurídicos praticados com o fito de ocultar a ocorrência do fato gerador tributário ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. Código Tributário Nacional CTN Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Merece ser destacado que a jurisprudência do STJ não nega auto aplicabilidade à norma antielisiva assentada no Parágrafo Único do art. 116 do CTN, conforme se depreende dos seguintes julgados, de cujas ementas, transcrevemos os excertos a seguir: “AREsp 323.808SC Rel. Min. Humberto Martins DJe: 27/05/2013 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ART. 116, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN. INEXISTÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. Fl. 527DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 516 25 AUTOAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. NÃOALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. AGRAVO CONHECIDO. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. [...] O caso da empresa de vigilância é perfeitamente análogo: as câmaras são parte do equipamento que é utilizado pela sociedade Patrimonial Segurança Ltda. para a prestação do serviço de segurança, que é a sua atividade fim. As filmadoras ou sensores de movimento que sejam instaladas na residência do contratante sem que este as adquira integram o custo do serviço. (situação diversa ocorreria se houvesse venda dos bens, caso em que a transferência de titularidade do bem ensejaria a incidência do ICMS. Não e, entretanto, o caso). Ao destacar do valor do serviço uma quantia correspondente a aluguel dos bens utilizados, a apelada incorreu em prática coibida pelo artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, que dispõe: “A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”. Com razão, assim, a Procuradoria do Município, ao afirmar que: "A obrigação da apelada consiste em prestar um serviço de vigilância, uma obrigação de fazer portanto, sendo a denominação de 'locação de equipamento eletrônico' dada pela apelada uma forma de dissimular a ocorrência do fato gerador, que é a prestação do serviço" (fl. 217). Nesse contexto, merece acolhida o recurso para se julgar improcedente a demanda. [...]" No mesmo sentido, o Agravo Regimental no RECURSO ESPECIAL Nº 1.070.292 – RS, da Relatoria do Ministro Humberto Martins: AgRg no REsp 1.070.292 RS Rel. Min. Humberto Martins DJe: 23/11/2010 EMENTA: TRIBUTÁRIO. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA VINCENDA. PERCEPÇÃO PAGA MEDIANTE TRANSAÇÃO EM DEMANDA TRABALHISTA. VERBA DE NATUREZA NÃO INDENIZATÓRIA. INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. Fl. 528DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 26 [...] Notese que o montante pago teve por fim o cumprimento de prestações vincendas, ou seja, a partir de agosto de 1996. Isto deve ser frisado para que não se invoque a isenção anteriormente prevista no artigo 6º da Lei 7.713/88, mas que foi revogada pela Lei 9.250/95. Cabe, ainda, asseverar que o tópico do acordo, afirmando a natureza indenizatória do montante pago, nenhum efeito opera para o fisco. O reconhecimento da natureza indenizatória de determinada verba se impõe quando for possível constatar que aquela visava à recomposição de uma perda patrimonial, e não pela mera denominação de indenizatória (parágrafo único do artigo 116 do CTN: A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária). Tratase, no caso, de aplicação da Teoria da Interpretação Econômica do Fato Gerador. A hipótese dos autos caracteriza a aquisição de disponibilidade de renda, assim entendido o produto do trabalho, nos exatos termos do art. 43 do CTN. Bem por isso, tal verba está sujeita à incidência de imposto de renda. [...] Ainda, nesse sentido, REsp nº 1.363.920 SC Rel. Min. Og Fernandes, DJe: 24/10/2013. Por outro viés, ainda que se admita que o preceito instalado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN demande regulamentação procedimental via lei ordinária, nada impede que se recorra a procedimentos já previstos em leis ordinárias já integrantes do Ordenamento Jurídico Pátrio. Tratase da realização de um princípio jurídico, consistente na recepção de leis já vigentes e eficazes, bastante consagrado no Ordenamento Pátrio, máxime no ramo do Direito Tributário, que permite que uma lei ordinária em sua origem seja recepcionada com status de Lei Complementar, uma vez que suas normas, por força da CF/88, só possam ser revogadas ou alteradas mediante um Diploma Normativo dessa natureza. A realização do princípio da Recepção das Leis permite a convivência de normas jurídicas vigentes no Ordenamento Jurídico anterior com o Direito Positivo atual, desde que com este guardem perfeita harmonia. Por este princípio, todas as leis do Direito anterior que não se chocam com o Direito atual são por este Direito recepcionadas, eliminandose, assim, a necessidade de se regular por inteiro toda a estrutura legislativa. Seria, em verdade, ilógico que leis anteriores, cujo conteúdo permanece inalterado em face da nova Ordem Jurídica, tivessem que ser recriadas para continuarem a estabelecer normas jurídicas de conduta da Sociedade. Pela ótica de tal princípio, quando se cria uma nova estrutura normativa, o conjunto de normas jurídicas préexistente, no que não conflite materialmente com o Direito Anterior, permanece em vigor e produzindo os efeitos que lhe são típicos, sendo Fl. 529DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 517 27 automaticamente aceita a pela nova Ordem Jurídica, qualquer que tenha sido o processo de sua elaboração originária, desde que conforme ao previsto na época de sua elaboração, pois, não o sendo, a invalidade já teria atingido a legislação pretérita desde o seu nascedouro. A consagração de tal princípio jurídico na seara tributária encontra amparo na Jurisprudência dos Tribunais Superiores, mormente no Superior Tribunal de Justiça, conforme se depreende dos seguintes julgados: REsp nº 1.427.949 SC Rel. Min. Mauro Campbell Marques DJe: 02/04/2014 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. PARCELAMENTO. REFIS. EXCLUSÃO. SIMULAÇÃO. EMPRESA INATIVA. PARCELA ÍNFIMA. ART. 5º, II E XI, DA LEI N. 9.964/2000. FUNDAMENTO SUFICIENTE INATACADO (SÚMULA Nº 283/STF). AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO (SÚMULA N. 282/STF). IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO DE MATÉRIA FÁTICA (SÚMULA Nº 7/STJ). RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. ART. 557, CAPUT, CPC. DECISÃO [...] Em outras palavras, a simulação da existência das empresas foi ato de abuso de direito, e, destarte, plenamente válidos e legais os atos de exclusão do REFIS e CNPJ, com fulcro no art. 5º, XI, da Lei nº 9.964/2000, e o art. 81 da Lei nº 9.430/1996. Lícito o procedimento de inativação do CNPJ das empresas, por força do art. 81 da Lei nº 9.964/2000, in verbis (eSTJ fls.9734/9739): Ao contrário do que defende a autora, a declaração de inaptidão do CNPJ foi fundamentado no artigo 80 e 81 da Lei nº 9.430, de 1996, diante de inexistência de fato, e não no artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Além de diversos aspectos fáticos e concretos a seguir analisados, a Administração Tributária fundamentou a inaptidão também na existência de simulação (art. 167 do Código Civil), mas, destaco: não somente na simulação. [...] Ainda que se considere que, no caso concreto, incidiria o artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, que, por sua vez, remete a procedimentos estabelecidos em lei ordinária, tais procedimentos (relativos à declaração de inaptidão) já se encontram previstos nos próprios artigos 81 e 82, ambos da Lei nº 9.430/96, c/c o artigo 5º da Lei nº 5.614, de 5 de outubro de 1970, e a Instrução Normativa nº 568, de 8 de setembro de 2005. [...] (grifos nossos) No mesmo sentido, REsp nº 1.427.233/SC, DJe de 01/04/2014. Fl. 530DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 28 No caso em estudo, mediante os procedimentos estabelecidos na Lei Ordinária nº 8.212/91, foram desconsiderados substancialmente os atos ou negócios jurídicos praticados pelos atores do esquema acima descortinado, praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. Nesse quadro, a lei ordinária nº 8.212/91 qualifica como segurado empregado a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado, e como segurado contribuinte individual, a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas; (...) V como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). (...) g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; (Incluído pela Lei nº 9.876/99). (...) O mesmo Diploma Legal acima invocado estabelece obrigações tributárias principal e acessórias aos segurados e às empresas, decorrentes da prestação de serviços que lhe forem fornecidos por segurados empregados, assim dispondo: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 20. A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador avulso é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu saláriodecontribuição mensal, de forma não cumulativa, observado o disposto no art. 28, de acordo com a seguinte tabela: (Redação dada pela Lei n° 9.032/95) Saláriodecontribuição Alíquota em % até 249,80 8,00 de 249,81 até 416,33 9,00 de 416,34 até 832,66 11,00 Fl. 531DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 518 29 (Valores e alíquotas dados pela Lei nº 9.129/95) §1º Os valores do saláriodecontribuição serão reajustados, a partir da data de entrada em vigor desta Lei, na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. (Redação dada pela Lei n° 8.620/93) §2º O disposto neste artigo aplicase também aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que prestem serviços a microempresas. (Parágrafo acrescentado pela Lei n° 8.620/93) Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). II para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei nº 9.732/98). a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.876/99). Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620/93) I a empresa é obrigada a: Fl. 532DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 30 a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontandoas da respectiva remuneração; b) recolher o produto arrecadado na forma da alínea anterior, a contribuição a que se refere o inciso IV do art. 22, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, até o dia dois do mês seguinte ao da competência; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). (...) No que pertine a procedimentos e competências, o art. 33 da Lei de Custeio da Seguridade Social outorgou à Secretaria da Receita Federal do Brasil a competência para planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previdenciárias, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos, atribuindo aos seus auditores fiscais a prerrogativa de examinar a contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). §1o É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, o exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). §2o A empresa, o segurado da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previstas nesta Lei.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). §3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Fl. 533DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 519 31 §4o Na falta de prova regular e formalizada pelo sujeito passivo, o montante dos salários pagos pela execução de obra de construção civil pode ser obtido mediante cálculo da mão de obra empregada, proporcional à área construída, de acordo com critérios estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobiliária ou empresa corresponsável o ônus da prova em contrário. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). §5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei. §6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. §7º O crédito da seguridade social é constituído por meio de notificação de débito, autodeinfração, confissão ou documento declaratório de valores devidos e não recolhidos apresentado pelo contribuinte. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). Ainda em relação a procedimentos, o art. 37 da lei ordinária ora em realce estatuiu o poder/dever da fiscalização de lavrar ex officio a competente notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, sempre que constatar o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições previdenciárias. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. §1º Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). §2º Por ocasião da notificação de débito ou, quando for o caso, da inscrição na Dívida Ativa do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, a fiscalização poderá proceder ao arrolamento de bens e direitos do sujeito passivo, conforme dispuser aquela autarquia previdenciária, observado, no que couber, o disposto nos §§ 1º a 6º, 8º e 9º do art. 64 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). Fl. 534DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 32 Diante da pletora probatória acostada aos autos, firmase a convicção quanto à real situação dos trabalhadores mencionados, os quais se ajustam taylor made à categoria de segurado empregado, visto que presentes todos os pressupostos elencados no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91, circunstância que deságua, como consequência inafastável, na observância compulsória das normas de custeio inscritas no supracitado diploma legal. Nesse cenário, dúvidas não mais existem de que o Autuado se utilizou de formas irregulares de contratação de trabalhadores para se esquivar dos rigores dos encargos tributários e trabalhistas. Não procede, portanto, a alegação de injuridicidade da reclassificação fiscal dos autônomos e prestadores de serviços do Município para a condição de segurados empregados. 3.2. DA COMPENSAÇÃO O Município alega ausência de compensação fiscal com as quitações mensais nas cotas do FPM, dos parcelamentos fiscais espontâneos levados a efeito pelo Município. Em primeiro lugar, mostrase valioso trazer a lume que os atos administrativos, assim como seu conteúdo, gozam de presunção legal iuris tantum de legalidade, legitimidade e veracidade. Na arguta visão de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a presunção de veracidade e legitimidade consiste na "conformidade do ato à lei. Em decorrência desse atributo, presumemse, até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos com observância da lei" (Direito Administrativo, 18ª Edição, 2005, Atlas, São Paulo). Ainda de acordo com a citada autora, "A presunção de veracidade diz respeito aos fatos. Em decorrência desse atributo, presumemse verdadeiros os fatos alegados pela Administração." (op. cit. pág. 191). Dessarte, a aplicação da presunção de veracidade tem o condão de inverter o ônus da prova, cabendo ao particular comprovar de forma cabal a inocorrência dos fatos descritos pelo agente público, ou circunstância que exima sua responsabilidade administrativa, nos termos dos art. 333, inciso I do Código de Processo Civil. Deflui da interpretação sistemática dos dispositivos encartados nos artigos 19, II da CF/88 e 364 do CPC que os fatos consignados em documentos públicos carregam consigo a presunção de veracidade atávica aos atos administrativos, ostentando estes fé pública, a qual não pode ser recusada pela Administração Pública, devendo ser admitidos como verdadeiros até que se produza prova válida em contrário. Constituição Federal de 1988 Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) II recusar fé aos documentos públicos; (...) Código de Processo Civil Fl. 535DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 520 33 Art. 364. O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença. Nessa prumada, existindo no mundo jurídico um ato administrativo comprovado por documento público, passa a militar em favor do ente público a presunção de legitimidade e veracidade das informações nele assentadas. Como prerrogativa inerente ao Poder Público, presente em todos os atos de Estado, a presunção de veracidade subsistirá no processo administrativo fiscal como meio de prova hábil a comprovar as alegações do órgão tributário, cabendo à parte adversa demonstrar, ante a sua natureza relativa, por meio de documentos idôneos, a desconformidade com a realidade dos assentamentos em realce. Configurandose a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito como um documento público representativo de Ato Administrativo formado a partir da manifestação da Administração Tributária, levada a efeito através de agentes públicos, não há como se negar a veracidade do conteúdo. No caso dos autos, a Fiscalização honrou consignar do item 8. do Relatório Fiscal, a fl. 50 que “Os recolhimentos realizados pelo Município de Santa Luzia do Paruá — Prefeitura Municipal através das Guia de Recolhimento da Previdência Social (GRPS) e das Guias de Previdência Social — GPS, conforme se pode observar nos anexos "RADA — Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados", "RDA Relatório de Documentos Apresentados" e "DAD discriminativo Analítico de Débito" foram devidamente deduzidos das contribuições previdenciárias apuradas, considerando todos os documentos de constituição de crédito lavrados”. Em complemento, o relatório intitulado Relatório de Documentos Apresentados – RDA, a fl. 37, arrola por competência as GPS consideradas pela Fiscalização no lançamento em questão. Registrese que, de acordo com os princípios basilares do direito processual, incumbe ao autor o ônus de comprovar os fatos constitutivos do Direito por si alegado, e à parte adversa, a prova de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Dessarte, fulguram os assentamentos consignados no lançamento como bastante e suficiente para fazer prova do fato afirmado pela Fiscalização, em razão da debatida presunção de veracidade dos Atos Administrativos. Ostentando, todavia, tal presunção eficácia relativa, esta admite prova em sentido contrário a ônus da parte interessada, encargo este não adimplido pelo Recorrente, o qual não logrou afastar a fidedignidade do teor do Lançamento em debate. Com efeito, em sua defesa administrativa, em sede de Recurso Voluntário, o Recorrente não produziu qualquer prova no sentido de que seria titular de outros créditos que não aqueles consignados pela Fiscalização. Como é cediço, no Processo Administrativo Fiscal a voz de defesa do sujeito passivo em matéria tributária se propaga em ondas documentais, falando ao vácuo as alegações recursais não acompanhadas pelos indícios de prova material que lhes forneçam o devido esteio probatório. Fl. 536DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 34 A impugnação por negativa geral não se apruma com a dinâmica do Processo Administrativo Fiscal, cujo mecanismo de contradita às autuações do Fisco exige que o sujeito passivo instrua o instrumento de bloqueio à imputação fiscal com todos os motivos de fato e de direito em que se fundamentar a defesa, os pontos de discordância, as razões e as provas que possuir. Mas não pára por aí: Impõe ao impugnante o ônus de rechear a peça de defesa com todas as provas documentais garantidoras de seu direito, sob pena de preclusão do direito de fazêlo em momento futuro, ressalvadas, excepcionalmente, as hipóteses taxativamente arroladas em lei. Tal vazio, não permite a lei que seja preenchido com alegações filosóficas ou principiológicas, tampouco com argumentações de suposta ocorrência de fatos e de ações desprovidas de suporte probatório. Assim, havendo um documento público com presunção de veracidade não impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor desta presunção. Allegatio et non probatio, quasi non allegatio. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Por outro viés, no que se refere a uma futura compensação dos valores ora apurados com retenções do FPM, merecem ser enaltecidas as considerações expendidas pela DRJ/FOR, as quais reproduzimos a seguir: “Entretanto, ressaltese que o crédito tributário só se encontrará exigível após o encerramento do processo administrativo, ocasião em que o mesmo estará definitivamente constituído, com a intimação para pagamento do crédito tributário. Em caso de não regularização, encaminhase o processo para a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. O art. 160, parágrafo único, inciso I da Constituição Federal admite, por exceção, que os recursos destinados ao FPM sejam retidos para o pagamento dos créditos previdenciários a cargo do Município. Por outro lado, o art. 38, § 12 da Lei 8.212/91 impõe o bloqueio do FPM para o pagamento de obrigações previdenciárias correntes do ente municipal. No primeiro caso, pressupõese a existência de um crédito tributárioprevidenciário certo e exigível, e, no segundo, deve haver a adesão a parcelamento, constando cláusula expressa em que o Município autorize a retenção do FPM e o repasse aos cofres da Previdência Social do valor correspondente às obrigações previdenciárias correntes do mês anterior ao do recebimento do respectivo Fundo de Participação. Como se vê, o presente lançamento não corresponde a nenhum dos dois casos, sendo improcedente, pois, a tese defensiva”. Fl. 537DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 521 35 3.3. DO CORESP O Recorrente alega que houve inclusão equivocada do atual Prefeito Municipal como coresponsável por período em que o mesmo não tinha qualquer relação com o fato gerador; Cumpre, de plano, esclarecer que a responsabilidade pelas obrigações decorrentes da vertente Notificação Fiscal de Lançamento de Débito é da empresa, e não dos seus representantes legais arrolados no relatório intitulado "RELAÇÃO DE CO RESPONSÁVEIS", não integrando estes o polo passivo da autuação. O anexo "Relação de Coresponsáveis" possui apenas caráter informativo, prestandose como mero subsídio à Procuradoria da Fazenda Nacional, caso haja a necessidade de execução judicial do crédito previdenciário, após a preclusão do contencioso administrativo, nas estritas hipóteses em que vingue configurada a responsabilidade pessoal de terceiros pelos atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, nos termos estatuídos no inciso III do art. 135 do CTN. Tal entendimento encontrase consolidado no Verbete da Súmula CARF nº 88, conforme se vos segue: Súmula CARF nº 88: A “Relação de CoResponsáveis – CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Nesse sentido, o art. 2º da Portaria PGFN nº 180, de 25 de fevereiro de 2010, dispõe que, a inclusão do responsável solidário na Certidão de Dívida Ativa da União somente ocorrerá após a declaração fundamentada da autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ou da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) acerca da ocorrência de ao menos uma das quatro situações elencadas a seguir: I excesso de poderes; II infração à lei; III infração ao contrato social ou estatuto; IV dissolução irregular da pessoa jurídica. Na hipótese de dissolução irregular da pessoa jurídica, os sóciosgerentes e os terceiros não sócios, com poderes de gerência à época da dissolução, bem como do fato gerador, deverão ser considerados responsáveis solidários. Fl. 538DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 36 De acordo com a citada Portaria, para fins de responsabilização com base no inciso III do art. 135 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional entendese como responsável solidário o sócio, pessoa física ou jurídica, ou o terceiro não sócio, que possua poderes de gerência sobre a pessoa jurídica, independentemente da denominação conferida, à época da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária objeto de cobrança judicial. Cumpre ressaltar, por relevante, que a atividade fiscal tem caráter plenamente vinculado, característica que impinge ao Auditor Fiscal a atenção aos procedimentos de fiscalização fixados na legislação tributária. Nesse sentido, a Instrução Normativa SRP nº 3, de 14/07/2005, vigente por ocasião da lavratura da NFLD em tela, assim dispõe: Instrução Normativa SRP nº 3, de 14 de julho de 2005 Art. 660. Constituem peças de instrução do processo administrativofiscal previdenciário, os seguintes relatórios e documentos: (...) X Relação de CoResponsáveis CORESP, que lista todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e período de atuação"; Avulta, portanto, que a atuação do auditor fiscal notificante, no que tange à constituição da Relação de corresponsáveis, não se encontra impregnada de qualquer discricionariedade nem, tampouco, ilegalidade. Ela decorre, pura e simplesmente, da natureza vinculada do seu atuar de oficio. 3.4. DA PERÍCIA Cumpre de plano ressaltar, de molde a nocautear qualquer dúvida, que as perícias e diligências têm, como destinatária final, a autoridade julgadora, a qual possui a prerrogativa de avaliar a pertinência de suas realizações para a solução da controvérsia objeto do litígio. Nesse panorama, a produção de prova pericial ou a realização de diligência revelase apropriada e útil somente nos casos em que a verdade material não puder ser alcançada de outra forma mais célere e simples. Por tal razão, as autoridades a quem incumbe o julgamento do feito frequentemente indeferem solicitações de diligência ou perícias sob o fundamento de que as informações requeridas pelo contribuinte não serem necessárias à solução do litígio ou já estarem elucidadas, por outros meios, nos documentos acostados aos autos. Estatisticamente, constatase que grande parte dos requerimentos de perícia aviados no processo administrativo fiscal versa sobre o exame de situações fáticas, cujo teor já é do conhecimento do auditor fiscal no momento da formalização do lançamento, eis que sindicado e esclarecido durante todo o curso da ação fiscal. Diante desse quadro, o reexame de tais informações por outro especialista somente se revelaria necessário se ainda perdurassem dúvidas quanto ao convencimento da autoridade julgadora quanto às matérias de fato a serem consideradas no julgamento do processo. Fl. 539DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 522 37 Por óbvio, nada impede que o Contribuinte venha aos autos demonstrar a questão que se queira discutir no levantamento fiscal, e o motivo pelo qual a prova não possa ser trazida diretamente aos autos, já que os julgadores administrativos têm, como requisito para o exercício de suas funções, o conhecimento da matéria tributária. Nada obstante, a palavra final acerca da conveniência e oportunidade da produção da prova pericial ou da realização de diligência caberá sempre à autoridade julgadora, a teor do preceito inscrito no art. 18 do Decreto nº 70.235/72. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (grifos nossos) Nesse contexto, simples pedidos de diligência ou de perícia da documentação contábil e fiscal do contribuinte, desacompanhados da devida justificativa de sua imprescindibilidade, são tidos, via de regra, como meramente protelatórios. De outro eito, mostrase auspicioso destacar que os artigos 15, 16 e 18 do Decreto nº 70.235/72 estipulam que a impugnação tem que ser formalizada com os documentos em que se fundamentar a defesa do impugnante, devendo mencionar o correspondente instrumento de bloqueio, as perícias pretendidas, expostos obrigatoriamente os motivos que as justifiquem, a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, o nome, o endereço e a qualificação profissional do perito indicado, sob pena de o pedido de perícia ser tido como não formulado. DECRETO nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) (grifos nossos) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196/2005) Fl. 540DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 38 §1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) Aditese que o Decreto nº 70.235/72, ao fixar as regras básicas para a impugnação administrativa, outorgou à autoridade julgadora de primeira instância a faculdade de indeferir as perícias requeridas que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Assim, mesmo que sejam atendidos os requisitos essenciais previstos na norma positiva acima desfiada, é facultado à autoridade julgadora de primeira instância indeferir as perícias que considerar prescindíveis ou impraticáveis. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, o Decreto nº 70.235/72 assinala, categoricamente, que o instrumento de bloqueio deve consignar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a defesa, os pontos de discordância, as razões e as provas que possuir. Mas não pára por aí: Impõe ao impugnante o ônus de instruir a peça de defesa com todas as provas documentais, sob pena de preclusão do direito de fazêlo em momento futuro, ressalvadas, excepcionalmente, as hipóteses taxativamente arroladas em seu parágrafo quarto. Avulta, nesse panorama jurídico, que as provas documentais têm que ser produzidas em juízo de impugnação. Como as demonstrações das alegações são provas documentais, estas têm que, necessariamente, ser colacionadas na peça de defesa, sob pena de preclusão, somente sendo permitido a sua apresentação em momento outro – futuro – caso restem caracterizadas as hipóteses autorizadoras excepcionais previstas no §4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, pesando em desfavor do Recorrente o ônus da devida comprovação. No que tange à apreciação da prova, o Direito Processual Brasileiro adotou, à exceção do Tribunal do Júri, o sistema da persuasão racional do juiz, também designado por sistema do livre convencimento motivado do Julgador, o qual detém a prerrogativa de livremente apreciar a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes, mas indicando, na decisão, os motivos que lhe formaram o convencimento. Chamamos a atenção para o fato de o Auditor Fiscal da Secretaria da Receita Federal do Brasil ser, por força de lei, a autoridade pública competente para apreciar a documentação do sujeito passivo, aqui inserida sua escrita contábil, e dela extrair eventuais débitos previdenciários não devidamente adimplidos em suas épocas próprias, circunstância que mostra ser despicienda a chamada de eventual perito, para auditar, em paralelo à autoridade em foco, o objeto do seu dever de ofício. No caso em estudo, o Órgão Julgador de 1ª Instância considerou desnecessária sua realização, na medida em que não havia fato controverso que merecesse ser solucionado por essa alternativa, já que a exigência fiscal restava desde então perfeitamente comprovada. No caso vertente, corroborando o entendimento da DRJ/RJ1, não vislumbramos a necessidade de perícia/diligência, uma vez que o deslinde da lide não depende da resposta dos quesitos formulados, mas, sim, da comprovação do recolhimento das contribuições devidas, a qual deve ser realizada mediante a acostada dos documentos de arrecadação aos autos do processo. Tais questões já foram suficientemente apreciadas no bojo do presente Acórdão. Fl. 541DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13338.000140/200701 Acórdão n.º 2302003.495 S2C3T2 Fl. 523 39 4. CONCLUSÃO: Pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo ser excluídas do lançamento todas as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos nas competências de janeiro/1998 a maio/2002, inclusive, em razão da decadência e da homologação tácita do crédito tributário, nos termos do art. 173, I, e do §4º do art. 150, ambos do CTN, respectivamente. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 542DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 11637.000122/2003-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 31 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/1998 a 31/12/1998
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INOCORRÊNCIA DOS FATOS IMPUTADOS AO CONTRIBUINTE.
Provado que não ocorreram os fatos imputados ao contribuinte no auto de infração, relativamente a glosas efetuadas em DCTF, cancela-se lançamento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3302-002.702
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. O Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède acompanhou o relator pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator.
EDITADO EM: 23/08/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Fabiola Cassiano Keramidas, Paulo Guilherme Déroulède, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: WALBER JOSE DA SILVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. O Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède acompanhou o relator pelas conclusões. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator. EDITADO EM: 23/08/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Fabiola Cassiano Keramidas, Paulo Guilherme Déroulède, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
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INOCORRÊNCIA DOS FATOS IMPUTADOS AO CONTRIBUINTE. Provado que não ocorreram os fatos imputados ao contribuinte no auto de infração, relativamente a glosas efetuadas em DCTF, cancelase lançamento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. O Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède acompanhou o relator pelas conclusões. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA – Presidente e Relator. EDITADO EM: 23/08/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Fabiola Cassiano Keramidas, Paulo Guilherme Déroulède, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 7. 00 01 22 /2 00 3- 97 Fl. 362DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11637.000122/200397 Acórdão n.º 3302002.702 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Contra a empresa DEPÓSITO DE MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO NICHELE LTDA, já qualificada nos autos, foi lavrado Auto de Infração para exigir o pagamento de PIS relativo aos meses de janeiro a dezembro de 1998, tendo em vista que a empresa declarou, em DCTF, que os referidos débitos foram compensados por força de decisão judicial proferida no Processo nº 97.00080773, que restou não comprovado, no entender da autoridade autuante. Inconformada com a autuação, a empresa interessada impugnou o lançamento, cujas razões foram resumidas no relatório do acórdão recorrido, nos termos abaixo transcritos. · Efetuou a compensação espontânea, nos termos do art. 66 da Lei n° 8.383/91, dos débitos em litígio com os créditos de PIS recolhidos a maior, em virtude da declarada inconstitucionalidade dos Decretosleis n° 2.445 e 2.449 de 1988, considerando os efeitos da semestralidade no cálculo do direito creditório, consoante dispõe o art 6, parágrafo único, da Lei Complementar n° 07/70. · Em apoio à compensação defendida, cita jurisprudência judicial e administrativa; · Requer, pelo exposto, seja cancelado o presente auto de infração, vez que a compensação realizada independe de autorização administrativa ou judicial. A 3a Turma de Julgamento da DRJ em Curitiba PR julgou parcialmente procedente a impugnação, para reconhecer a decadência dos PA 01/98 a 06/98, nos termos do Acórdão no 0620.596, de 21/01/2009, cuja ementa abaixo se transcreve. ASSUNTO: NORMAS GERMS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1998 a 30/06/1998 PIS. LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. Em face de Súmula Vinculante do STF, onde restou declarada a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n° 8.212, de 1991, cabível o cancelamento de lançamento de oficio em face da decadência. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/1998 a 31/12/1998 AUDITORIA INTERNA DE DCTF. DECLARAÇÃO INEXATA E FALTA DE RECOLHIMENTO. Presente a falta de recolhimento e a declaração inexata, apuradas em auditoria interna de DCTF, autorizada está a formalização de oficio do crédito tributário correspondente. A interessada tomou ciência da decisão de primeira instância no dia 25/02/2009 (AR de fl. 255) e interpôs recurso voluntário no dia 11/03/2009, no qual renova as alegações da impugnação e acrescenta os seguintes argumentos: Fl. 363DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11637.000122/200397 Acórdão n.º 3302002.702 S3C3T2 Fl. 4 3 a) Nas declarações entregues pela empresa (doc anexo), constam a compensação feita e o numero do processo judicial de onde adveio o crédito para a compensação que ali estava sendo feita. Como não se fez menção ao processo judicial se ele está presente na própria DCTF auditada? E mais, a autorização para a compensação e o reconhecimento do direito do crédito vieram através da decisão judicial. A efetivação da compensação é que independente de autorização. Muito embora a compensação já efetuada dependa de ulterior homologação do Fisco para ser válida; b) Claro que o processo judicial mencionado nas DCTF's tinha como parte autora a Recorrente. A recorrente entrou com uma ação ordinária para buscar créditos de PIS, o Judiciário lhe deu ganho de causa, reconheceu seu crédito de PIS e autorizou a Contribuinte a compensar créditos de PIS com o próprio PIS. Nas DCTF's está claro que a contribuinte usou crédito de PIS (por isso o processo judicial é o que buscou o crédito de PIS) para compensar com o próprio PIS, conforme a decisão judicial; c) Não existe compensação declarada anteriormente em processo judicial. O processo Judicial em comento foi apenas para ver reconhecido o seu direito de crédito PIS e de compensálo administrativamente. A compensação só existiu perante a Receita Federal, não há que se falar em compensação judicial, judicial foi apenas a busca do crédito que seria compensação e não a efetivação da compensação; e também não existe "compensação declarada anteriormente amparada em processo judicial", a compensação aqui discutida é a compensação amparada em processo judicial, conforme esclarecido na própria DCTF que aponta que a compensação ali declarada tem amparo naquela decisão judicial do processo ali apontado; d) O que está se discutindo no presente recurso referese as compensação feitas em 1998, com base em decisão de um processo de 1997. Cumpre apontar que apenas em 2001, com o advento da LC 104, é que se passou a exigir o trânsito em julgado, para poder compensar o crédito de decisão judicial. A compensação feita em 1998 estava amparada pela legislação que vigorava na época. Na forma regimental, o processo foi a mim distribuído para relatar. É o Relatório do essencial. Voto Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA, Relator. Fl. 364DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11637.000122/200397 Acórdão n.º 3302002.702 S3C3T2 Fl. 5 4 O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais preceitos legais. Dele se conhece. Como relatado, tratase de auto de infração eletrônico lavrado em virtude de não ter sido comprovada a existência da ação judicial que, informada pelo contribuinte na DCTF, teria lhe autorizado efetuar a compensação de débitos de PIS com créditos de PIS reconhecidos pelo Poder Judiciário. Ante a incomprovação da existência do processo judicial nº 97.00080773, o Fisco, ao proceder o lançamento em causa, sequer se baseou em aspectos outros que só foram carreados para os autos após a impugnação e que corroboram da existência da ação judicial. A recorrente pretende ver cancelado o auto de infração, alegando a existência efetiva do processo judicial informado e a necessidade de cumprimento da decisão judicial que autorizou a compensação. Antes de adentrar no mérito do recurso voluntário, devo colocar alguns pontos fundamentais para o deslinde da questão. Primeiro, o auto de infração foi lavrado contra a recorrente em face da falta de comprovação da existência do processo judicial, informado nas DCTF do ano de 1998, que autorizou a compensação de créditos de PIS com dos débitos também de PIS. Segundo, o Auto de Infração é do tipo eletrônico e foi lavrado em face de auditoria interna no sistema DCTF, onde não foi localizado o processo judicial que autorizou a compensação do crédito tributário do PIS. Terceiro, não consta dos autos que a recorrente tenha sido previamente intimada a comprovar suas declarações feitas nas DCTF do ano de 1998, relativamente aos débitos do PIS declarados como compensados sem Darf por força de decisão judicial, embora tal procedimento seja dispensável a critério da autoridade lançadora. A decisão recorrida está equivocada quanto aos fatos que ensejaram o lançamento. Primeiro, o ANEXO I DEMONSTRATIVO DOS CRÉDITOS VINCULADOS NÃO CONFIRMADOS, que integra o auto de infração, noticia que não foi comprovado o Processo Judicial no 97.00080773, tendo como conseqüência a glosa da compensação declarada pela recorrente. Segundo, não foi imputado à recorrente inexistência dos créditos utilizados na compensação sem Darf, feita e declarada com autorização judicial. A imputação foi de que o processo judicial informado não foi localizado, ou seja, inexiste. Mais ainda. Entendo equivocado o argumento da decisão recorrida de que, por dever de ofício, o lançamento em questão deveria ter sido efetuado. O que se está imputando à empresa autuada é que as compensações dos débitos do PIS efetuadas por força de decisão judicial e declaradas na DCTF não foram aceitas pela RFB (foram glosadas) porque o processo judicial que autorizou a compensação não foi localizado, ou seja, não existe. Só isto. Fl. 365DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11637.000122/200397 Acórdão n.º 3302002.702 S3C3T2 Fl. 6 5 Na realidade, o processo judicial informado na DCTF existe. O que se poderia questionar é se decisão que autorizou a compensação alcança ou não os débitos objeto da glosa. Tal questionamento não foi suscitado na peça acusatório (auto de infração) e não pode sêlo em sede de julgamento de recurso voluntário. Por último, esclareço que a decisão deste Colegiado não impede o fiel cumprimento da decisão judicial transitada em julgado. Isto posto, e considerando tudo o mais que do processo consta, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para determinar o cancelamento do lançamento. WALBER JOSÉ DA SILVA Relator Fl. 366DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/08/2014 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10380.900769/2009-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 13 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2005
PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL.
Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3101-001.725
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para determinar que a apuração da contribuição, no período em questão, seja feita no regime cumulativo, com o retorno dos autos à unidade de origem, para a apuração do valor do indébito e o processamento da compensação até o limite do valor deferido. Fez sustentação oral o Dr. Luiz Felipe Krieger Moura Bueno, OAB/RJ nº 117.908, advogado do sujeito passivo.
Henrique Pinheiro Torres - Presidente
Rodrigo Mineiro Fernandes - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro, Amauri Amora Câmara Junior, Elias Fernandes Eufrásio, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres.
Nome do relator: RODRIGO MINEIRO FERNANDES
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2005 PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Voluntário Provido em Parte
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para determinar que a apuração da contribuição, no período em questão, seja feita no regime cumulativo, com o retorno dos autos à unidade de origem, para a apuração do valor do indébito e o processamento da compensação até o limite do valor deferido. Fez sustentação oral o Dr. Luiz Felipe Krieger Moura Bueno, OAB/RJ nº 117.908, advogado do sujeito passivo. Henrique Pinheiro Torres - Presidente Rodrigo Mineiro Fernandes - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro, Amauri Amora Câmara Junior, Elias Fernandes Eufrásio, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para determinar que a apuração da contribuição, no período em questão, seja feita no regime cumulativo, com o retorno dos autos à unidade de origem, para a apuração do valor do indébito e o processamento da compensação até o limite do valor deferido. Fez sustentação oral o Dr. Luiz Felipe Krieger Moura Bueno, OAB/RJ nº 117.908, advogado do sujeito passivo. Henrique Pinheiro Torres Presidente Rodrigo Mineiro Fernandes Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 07 69 /2 00 9- 01 Fl. 545DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900769/200901 Acórdão n.º 3101001.725 S3C1T1 Fl. 546 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro, Amauri Amora Câmara Junior, Elias Fernandes Eufrásio, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres. Relatório Trata o presente processo de declaração de compensação (DCOMP) eletrônica na qual o interessado alega possuir crédito decorrente de pagamento a maior da contribuição que pretende utilizar para compensar com seus débitos. A análise do direito creditório concluiu que o pagamento informado como origem do crédito encontravase totalmente utilizado para quitação de débito do contribuinte da própria contribuição, não restando saldo disponível para ser utilizado para a compensação pretendida. Como resultado, o direito creditório não foi reconhecido, com a conseqüente não homologação da compensação, conforme Despacho Decisório e Detalhamento da Compensação. Regularmente cientificada, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade, acompanhada de documentos ao seu ver probatórios de seus direitos, alegando, em síntese: que seu crédito decorre de pagamento a maior em virtude de ter calculado a contribuição indevidamente com alíquota de nãocumulatividade; que embora tenha concorrido involuntariamente para a conclusão do Despacho Decisório, seu crédito não pode ser aniquilado por erro de fato cometido no cumprimento de obrigação acessória; que seu objeto societário é a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica e toda a sua energia fornecida no anocalendário 2005 foi adquirida pela Companhia Energética do Ceará, cujo contrato de compra e venda foi celebrado em 31/08/2001 (aditivos em 10/10/2001 e 22/11/2002), com prazo de 20 anos; que estava obrigada a pagar as contribuições calculadas exclusivamente de forma cumulativa, por força do disposto na alínea “b” do inciso XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003; que indicou indevidamente na DCTF o valor da contribuição devida no período, calculando e recolhendo com a alíquota prevista para a não cumulatividade; que percebendo o erro estornou a parcela da despesa que havia contabilizado a maior e a registrou no ativo; que apresentou o PER/DCOMP em tela declarando a compensação relativa à diferença acima apontada, mas se ouvidou de retificar a DCTF correspondente. Ao fim, pede a reforma do Despacho Decisório para homologar integralmente a compensação declarada. A DRJ em FORTALEZA/CE julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo a nãohomologação da compensação do débito fiscal declarado. Entendeu o órgão julgador de primeiro grau que, a partir de 31/10/03, para fins de apuração da Cofins, o preço predeterminado é descaracterizado após o 1º reajuste, salvo quando demonstrado que o reajuste de preços se dá em percentual não superior ao correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Discordando da decisão de primeira instância, a interessada apresentou recurso voluntário onde basicamente reproduz o alegado em primeira instância, reforçando notadamente a importância do Ofício nº 1.431/2006SFF/ANEEL, que acredita fazer prova a Fl. 546DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900769/200901 Acórdão n.º 3101001.725 S3C1T1 Fl. 547 3 seu favor. Por fim, requereu a reforma do acórdão recorrido e a subsistência total da compensação efetivada. Em sessão de julgamento realizada em 10 de novembro de 2011, esta turma de julgamento, em sua composição anterior, determinou a conversão do julgamento em diligência para que a unidade preparadora jurisdicionante do domicílio tributário da recorrente intimasse a recorrente, para trazer aos autos, laudo de perito competente, com o detalhamento do processo de produção da energia elétrica fornecida no período em que a recorrente alega possuir crédito, indicação dos insumos utilizados, a variação dos preços dos respectivos insumos e a memória dos reajustes do preço da energia elétrica fornecida, bem como a conclusão acerca da questão controversa se os índices utilizados ultrapassaram, ou não, os custos de produção ou a variação ponderada dos custos dos insumos. Após ser regularmente intimada, a recorrente apresentou o Laudo Pericial solicitado, com o detalhamento do processo de produção de energia elétrica, indicação dos insumos utilizados, variação dos preços dos insumos e memória dos reajustes do preço da central geradora termelétrica FORTALEZA – CGTF, assinado pelos engenheiros José Mario Miranda Abdo e Eduardo Henrique Ellery Filho, sócios da empresa Abdo, Ellery & Associado Consultoria Empresarial em Energia e Regulação. Após o atendimento do disposto na Resolução, a unidade de origem encaminhou o os autos a esse órgão julgador de segunda instância para apreciação. Novamente em pauta para julgamento, esta turma determinou nova conversão do julgamento em diligência, para trazer aos autos complemento do laudo pericial, com a informação completa da composição final do preço de venda de energia para a COELCE, informando, de forma detalhada, a ponderação dos insumos gás natural e TUST na composição do preço final da energia vendida, com a correspondente relação insumo x produto da energia vendida para a COELCE no ano de 2005. Após ser regularmente intimada, a recorrente apresentou o complemento do Laudo Pericial Técnico elaborado pelos engenheiros José Mario Miranda Abdo e Eduardo Henrique Ellery Filho, sócios da empresa Abdo, Ellery & Associado Consultoria Empresarial em Energia e Regulação, contendo a composição final do preço de venda de energia para a COELCE, com o detalhamento da ponderação dos insumos na composição do preço final de energia. Após o atendimento do disposto na Resolução, a unidade de origem encaminhou o os autos a esse órgão julgador de segunda instância para apreciação. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, Relator O recurso voluntário é tempestivo e, considerando o preenchimento dos requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Fl. 547DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900769/200901 Acórdão n.º 3101001.725 S3C1T1 Fl. 548 4 A questão meritória a ser apreciada por esse colegiado é a sujeição ou não das receitas da recorrente ao PIS e Cofins com incidência cumulativa. A recorrente alega ter apurado de forma equivoca a contribuição com incidência nãocumulativa, quando o correto seria a incidência cumulativa, existindo, segundo seu entendimento, saldo de contribuição recolhida indevidamente e passível de restituição e compensação. Entretanto, não foi esse o entendimento da unidade de origem e da autoridade julgadora de primeira instância, que não reconheceu o direito creditório, com a conseqüente não homologação da compensação, sob o fundamento de que a contribuição seria devida pelo regime nãocumulativo e inexistia o crédito declarado. A incidência nãocumulativa das contribuições de que tratam a Lei n° 10.637/2002 e a Lei nº 10.833/2003, encontra, entre as exceções legalmente previstas, aquela relativa às receitas originadas de contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com prazo superior a um ano de fornecimento de bens ou serviços a preço predeterminado (art. 10, XI, “b”, da Lei 10.833/2003), que estariam sujeitas às contribuições pela sistemática cumulativa. Regulamentando esse diploma legal e definindo preço predeterminado, foi editada a Instrução Normativa SRF n° 468, de 08/11/2004. A Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, de caráter interpretativa, esclareceu a questão do reajuste de preços para a caracterização ou não de preço predeterminado, para fins de incidência nãocumulativa das contribuições, assim dispondo: Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1o de novembro de 2003. Posteriormente foi editada a Instrução Normativa SRF nº 658, de 4 de julho de 2006, dispondo sobre as contribuições incidente sobre as receitas decorrentes de contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com produção de efeitos a partir de 1° de fevereiro de 2004, nos seguintes termos: Art. 2° Permanecem tributadas no regime de cumulatividade, ainda que a pessoa jurídica esteja sujeita a incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: II com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; Art. 3° Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. [...] Fl. 548DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900769/200901 Acórdão n.º 3101001.725 S3C1T1 Fl. 549 5 §2° Ressalvado o disposto no §3º, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação, após a data mencionada no art. 2º, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação: I de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não; ou II de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio §3° 0 reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou em variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o prego predeterminado. Art. 5° Consideramse com prazo superior a 1 (um) ano os contratos com prazo indeterminado cuja vigência tenha se prolongado por mais de 1 (um) ano, contado da data em que foram firmados. Parágrafo único, Aplicase aos contratos mencionados no caput o disposto nos §§ 2°e 3° do art. 3°. Art. 7 Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: I a partir de 1° de fevereiro de 2004, em relação às receitas decorrentes dos contratos de que tratam os incisos I a III do art. 2º; Importanos, para a solução da questão em litígio, identificar se o reajuste de preços praticados pela recorrente à época dos fatos foi em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Caso positivo, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado, sujeitandose a recorrente à alíquota cumulativa das contribuições, subsistindo indébito tributário passível de repetição e compensação. Portanto, há duas possibilidades para a sujeição ao regime cumulativo de incidência das contribuições: (i) a adoção de um percentual que reflita o custo de produção (específico para cada contratante) ou (ii) da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos de insumos utilizados (índice setorial). O ponto principal para a sujeição ao regime cumulativo é a comprovação de que o reajuste praticado não foi superior à variação dos custos de produção. A recorrente celebrou, em 31 de agosto de 2001, contrato de compra e venda de energia elétrica com a Companhia Energética do Ceará – COELCE, por um prazo de 20 anos, contados a partir da data inicial de fornecimento, que foi devidamente aprovado pela ANEEL através do Ofício nº 243/2002SFF/ANEEL, de 09/04/2002. Conforme informado no Laudo Técnico, a recorrente, Central Geradora Termelétrica Fortaleza (CGTF) produzia energia via ciclo combinado de gás natural e vapor. Foi projetada a partir do Programa Prioritário de Termoeletricidade (PPT) do Governo Federal, com sede na cidade de Caucaia, Ceará, dentro do Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Foi concluída em 2003, com capacidade instalada de 326,60 MW e 318,5 MW de energia assegurada, contando com uma linha de transmissão de 1,2 km em altatensão. Fl. 549DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900769/200901 Acórdão n.º 3101001.725 S3C1T1 Fl. 550 6 A defesa da recorrente é toda calcada no esforço para provar que o índice previsto para reajuste do preço predeterminado, constante do contrato de fornecimento de energia elétrica para a Companhia Energética do Ceará – COELCE, não restou descaracterizado quando do primeiro reajuste, porquanto tal índice refletira os acréscimos dos custos de produção de energia elétrica, nos exatos termos condicionados pela legislação aplicável, tendo como consequência a tributação de suas receitas pelo PIS e COFINS no sistema cumulativo. Esta turma de julgamento, em sua composição anterior, em 10 de novembro de 2011, ao determinar a conversão do julgamento em diligência, assim se manifestou sobre o índice utilizado pela recorrente (por maioria de votos, vencido o Conselheiro Leonardo Mussi da Silva): Em que pese o alentado trabalho de convencimento do patrono da recorrente, que acredita firmemente ter trazido prova de que o pronunciamento da ANEEL certifica serem os índices de reajustamento de preços previstos no contrato de fornecimento de energia elétrica da recorrente, reflexo dos custos de produção ou variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, penso que não se pode, à luz do aludido Ofício, de fato, dizer que os índices utilizados pela recorrente (k1, k2 e k3, respectivamente fatores de ponderação dos índices IGPM, de combustíveis e de variação cambial) estão no formato previsto na legislação apontada, até porque o Ofício reportase explicitamente apenas ao IGPM, fazendo menção genérica aos “demais índices” no seu último parágrafo. Nesse sentido, concordo com o órgão judicante de primeiro grau, no sentido de que o Ofício da ANEEL trazido aos autos não se afeiçoa a laudo ou parecer para os fins do art. 30 do Decreto nº 70.235/72, que trata de peças técnicas com o escopo de identificar produtos para posterior classificação fiscal, as quais têm caráter específico e não genérico. A Cláusula 6.3 do Contrato de Fornecimento estabelece que a fórmula de reajuste dos preços seria determinada com base na Resolução ANEEL 22/2001, que previa, para aplicação do limite de repasse dos preços contratuais, o Valor Normativo estabelecido para cada contrato de compra de energia seria atualizado para o mês anterior à data de acordo com a seguinte fórmula: Onde: VNi Valor Normativo reajustado no mês do reajuste das tarifas de fornecimento do concessionário ou permissionário de distribuição; VNoi Valor Normativo vigente no mês de registro do contrato de compra de energia referido ao mês de publicação da resolução; K1 = fator de ponderação do índice IGPM; K2 = fator de ponderação do índice de combustíveis; Fl. 550DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900769/200901 Acórdão n.º 3101001.725 S3C1T1 Fl. 551 7 K3 = fator de ponderação do índice de variação cambial IGPMli valor do índice geral de preços ao mercado, estabelecido pela Fundação Getúlio Vargas FGV, no mês anterior a data de atualização do VN; IGPMOi valor do índice geral de preços ao mercado, estabelecido pela Fundação Getúlio Vargas FGV, no mês anterior à data de entrada em vigor da Resolução; COMBli valor do índice do combustível, no mês anterior a data de atualização do VN; COMBOi valor do índice do combustível, no mês anterior à data de entrada em vigor da Resolução; IVCli média da cotação de venda do dólar norteamericano, divulgada pelo Banco Central do Brasil, no mês anterior a data de atualização do VN; IVC0i = R$ 1,9633/US$. Já a variação do índice referente ao combustível, a ser utilizado na fórmula de atualização dos Valores Normativos, considera 80% da parcela do preço com reajuste estipulado pelas variações da taxa cambial e do índice de preços ao atacado no mercado dos Estados Unidos da América, e 20% restantes pela variação do IGPM. Portanto, a fórmula para reajustes de preço baseiase em índices que captam a variação geral de preços (IGPM), a variação cambial e a variação setorial (combustível), esse, por sua vez, também derivado da variação cambial. Dessa forma, a variação cambial entra duas vezes na composição da fórmula de reajuste de preços. Estes índices, apesar de contratualmente estipulados e aprovados pela agência reguladora, não representam necessariamente a variação dos custos da produção ou dos insumos utilizados, mas sim a recomposição de preços de mercado. Não foi comprovado que há uma correlação direta entre os componentes da fórmula de reajuste de preços e a variação dos custos de produção. A utilização dos fatores, mesmo ponderados, e dos índices geral, setorial e especialmente o cambial, tendem a restabelecer o preço de mercado, atualizando os custos para os novos empreendimento e não os custos da produção ou dos insumos efetivamente incorridos. Considerando que a fórmula de reajuste de preços não foi derivada de índice refletor da variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, restanos analisála em função da variação do custo de produção. O Laudo apresentado, em atendimento ao determinado por essa turma de julgamento, foi dividido em duas partes: (i) a primeira fez uma contextualização da CGTF na recente história do setor elétrico brasileiro e no arcabouço legal e regulatório em que está inserida; (ii) a segunda parte fez um estudo da questão específica sobre os reajustes de preços da recorrente para a COELCE, e se esse reajuste ultrapassou ou não a variação dos preços dos insumos. Fl. 551DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900769/200901 Acórdão n.º 3101001.725 S3C1T1 Fl. 552 8 Questionados se os reajustes de preços no CGTFCOELCE ultrapassaram ou não a variação ponderada dos insumos, os peritos apresentaram a seguinte resposta: Nesse contexto de forte definição por parte do Estado, os reajustes aplicados desde o início do suprimento CGTFCOELCE não ultrapassaram os custos de produção ou a variação ponderada dos insumos pelas seguintes razões: · As Regras de Reajuste Contratual foram estabelecidas na legislação setorial; · O contrato foi analisado e aprovado pela ANEEL; · As regras de reajuste contratual definidas pela legislação setorial visam a variação ponderada dos custos de produção ou dos insumos, em consonância estrita com o princípio da legalidade, observado com todo o natural zelo pelo Regulador, em especial obedecendo o que dispõe o art. 27 da Lei nº 9.069/1995 no que diz respeito às condições necessárias para a utilização de índice diferente do IPC; e · A variação de preço de venda não foi superior à dos insumos. O Laudo apresentado definiu como insumos da produção de energia os seguintes itens: (i) gás natural e (ii) tarifa do uso do sistema de transmissão (TUST). O reajuste de preço relativo ao fornecimento para a COELCE foi efetuado em abril de 2004, no percentual de 34%, em relação à data de referencia contratual de 31/08/2002, considerando uma variação no preço do gás natural de 33,24%, portanto, em percentual maior do que seu principal insumo, mas inferior à variação da tarifa do uso do sistema de transmissão (TUST) de 312,88%. A recorrente apresentou, em atendimento à Resolução desta turma de julgamento, o complemento do Laudo Técnico, no qual consta a composição final do preço com base nos nesses insumos: Também foi apresentada a evolução ponderada dos insumos e produto: Fl. 552DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10380.900769/200901 Acórdão n.º 3101001.725 S3C1T1 Fl. 553 9 Constatase, que em todos os anos do período apresentado, a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, ficando demonstrado que a correção no preço da energia elétrica praticada no período em questão (2005), não foi superior ao que ocorreu com seus insumos. Dessa forma, o reajuste praticado não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado, sujeitandose a recorrente à alíquota cumulativa das contribuições, subsistindo indébito tributário passível de repetição e compensação. Diante dos fatos apurados, dou provimento parcial ao recurso voluntário, determinando que a apuração da contribuição, no período em questão, seja feita no regime cumulativo, com o retorno dos autos à Unidade de Origem, para apuração do valor do indébito e o processamento da compensação até o limite do valor deferido Rodrigo Mineiro Fernandes Fl. 553DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ANDRESSA GOMES MARTINS, Assinado digitalmente em 09/10/20 14 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/10/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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Numero do processo: 10935.906390/2012-88
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 20/08/2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE.
Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
Numero da decisão: 3802-002.688
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Bruno Maurício Macedo Curi - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 20/08/2008 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. DESCABIMENTO. Diante das regras vigentes, não é cabível pedido de restituição de PIS/PASEP que tenha por base a alegação de recolhimento a maior por inclusão do ICMS na base de cálculo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 20/08/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 63 90 /2 01 2- 88 Fl. 62DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano D’Amorim Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarouse impedido. Relatório O contribuinte JUMBO ALIMENTOS LTDA. interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0642.838, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba/PR, que julgou improcedente o direito creditório pleiteado pelo sujeito passivo em sede de manifestação de inconformidade, rejeitandoa. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: “Trata o processo de Despacho Decisório emitido pela DRF Cascavel/PR, em 03/01/2013, que indeferiu o pedido de restituição formulado por meio do Per/Dcomp nº 38047.23661.111209.1.2.041395, rastreamento nº 041907280, devido à inexistência de crédito pleiteado de R$ 6.526,23, uma vez que o pagamento de PIS/PASEP (Código 6912), do período de 31/07/2008, efetuado em 20/08/2008, estaria totalmente utilizado na extinção, por pagamento, de débito da contribuinte do mesmo fato gerador. Cientificada da decisão em 18/01/2013, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da cobrança do PIS e da Cofins sem a exclusão do ICMS da base de cálculo. Diz que o conceito de faturamento trazido pela Lei nº 9.718, de 1998, não pode ser elastecido a ponto de abarcar o conceito de “ingresso”, por isso, o ICMS não integra a base de cálculo das contribuições, por se tratar de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF tem entendido que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo do PIS e da Cofins. Dessa forma, solicita que os créditos sejam restituídos, acrescidos de juros de mora, desde seu pagamento indevido até a data da restituição/compensação. É o relatório.” Indeferida a manifestação de inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a improcedência do direito creditório na forma da ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 63DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906390/201288 Acórdão n.º 3802002.688 S3TE02 Fl. 122 3 Data do fato gerador: 20/08/2008 COFINS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO EM PER/DCOMP. Inexistindo o direito creditório informado em PER/DCOMP, é de se indeferir o pedido de restituição apresentado. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS/Pasep e à Cofins, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando for cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, às quais não se pode, em âmbito administrativo, negar validade sob o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. Da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS A Recorrente alega que possui direito de crédito amparada no fato de que incluiu, quando de sua apuração do PIS e da COFINS, o ICMS em sua base de cálculo; e que tal inclusão seria indevida, de modo que merece ser proporcionalmente restituída do montante decorrente desse procedimento. De início vale destacar que, ao invés de questionar a constitucionalidade da regra (o que levaria ao não conhecimento do presente Recurso), o contribuinte cerra sua discussão na extensão do conceito de faturamento – o que, na esteira da decisão proferida pelo STF no RE 346084, no qual se afastou a tributação sobre a receita bruta e se limitou ao Fl. 64DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 faturamento, assim entendido como as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e prestações de serviços. Desse modo, o recurso é passível de conhecimento. Além disso, por mais que esteja sujeita ao regime não cumulativo do PIS e da COFINS, por entender que o conceito de faturamento deve ser apenas um (pois, independente do regime de tributação, temse em verdade dois únicos tributos, PIS e COFINS), comungo com o pressuposto de que o conceito de faturamento adotado com relação à lei 9.718 deve ser o mesmo válido também para os regimes das leis 10.637/2002 e 10.833/2003. A Recorrente fundamenta seu pleito defendendo que o ICMS não seria receita própria do sujeito passivo, o que implicaria na seguinte situação: Para tanto, espelhase em doutrina e em julgados que entendem que o ICMS não se enquadra no conceito de faturamento, por não representar vantagem do sujeito passivo, mas apenas receitas de terceiros. A DRJ, todavia, não acolheu o entendimento da Recorrente, pelo singelo fato de que as normas vigentes – às quais o julgador administrativo está adstrito – impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Assim dispôs a decisão recorrida: “Pela manifestação de inconformidade apresentada, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência revisão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, consoante se depreende da leitura dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998: (...)” Entendo que a DRJ está correta em suas considerações, apesar de uma pequena impropriedade ao se referir à lei 9.718/98 – pois o direito creditório decorre de PIS e COFINS recolhidos pela sistemática não cumulativa. As normas de direito vigentes, às quais o CARF está vinculado, impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Nesse sentido, vejase o que dispõem as leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que em matéria de ICMS autorizam a dedução somente no caso de exportação: Lei 10.637/2002 “Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906390/201288 Acórdão n.º 3802002.688 S3TE02 Fl. 123 5 § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Lei 10.833/2003 “Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Logo, do ponto de vista normativo a Recorrente já não merece acolhida em seu pleito, ao menos no âmbito administrativo. E nem se diga que o conceito simples de faturamento, indicado no parágrafo 2o do artigo 1o das leis 10.637/2002 e10.833/2003, permitiria inferir que o ICMS incidente sobre as operações do próprio sujeito passivo, seria incompatível com a base de cálculo. Trata se de afastamento legal da base de cálculo, apenas para o caso excepcional do ICMS da exportação. E mesmo isso possui uma razão de ser, qual seja a desoneração das exportações. De todo modo, mesmo que se abstraia da letra fria das normas vigentes, ou se entenda que a dicção do inciso VI do § 3o do art. 1o das leis de regência da sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, entendo que não é cabível a exclusão do ICMS da base de cálculo dessas contribuições. E isso pela própria essência do ICMS. Desde que o STF entendeu, no RE 212209, que o ICMS compõe a própria base de cálculo, não restam dúvidas de que esse imposto integra o valor da operação. E não há, com a devida vênia a todos os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais trazidos pela Recorrente, condições de se decompor o valor da operação entre itens que integrariam sua receita, e outros (em especial, o ICMS) que implicariam receitas de terceiros. É o que se verifica, inclusive, do julgado do RE em tela, no qual o Ministro Marco Aurélio, relator, confrontou o Min. Nelson Jobim, redator para o Acórdão. Abaixo segue o questionamento e a resposta: Fl. 66DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Esse raciocínio foi acompanhado pelo STJ, o qual, nos Edcl no REsp no 1.413.129SP, firmou tal entendimento, conforme se verifica do aresto abaixo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. FUNGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. CONTRADIÇÃO E AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL. AFASTAMENTO. "Não procede ainda a afirmação de que a matéria de fundo é exclusivamente constitucional, pois o STJ conhece reiteradamente da questão e possui firme orientação de que a parcela relativa ao ICMS compõe a base de cálculo do PIS e da Cofins (Súmulas 68 e 94/STJ). Precedentes atuais: AgRg no REsp 1.106.638/RO, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 15/5/2013; REsp 1.336.985/MS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8/2/2013; AgRg no REsp 1.122.519/SC, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 11/12/2012" (AgRg no Ag 1301160/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12/6/2013). A propósito, valhome do Acórdão proferido no RESP 8.541, o qual serviu como paradigma para as Súmulas 68 (que consagra a inclusão do antigo ICM na base de cálculo do PIS) e também 94 (que consagra a inclusão do ICMS na base de cálculo do antigo Finsocial) do STJ. Nele o Min. Ilmar Galvão, Relator, aponta as seguintes razões: Fl. 67DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906390/201288 Acórdão n.º 3802002.688 S3TE02 Fl. 124 7 Apesar de se referir ao antigo ICM, a discussão travada (assim como o raciocínio espelhado) remanesce atual, pelo que me valho dessas razões de decidir. Sem embargo, o fato de o ICMS ser tributo de repercussão jurídica não me parece promover diferenças relevantes para o deslinde da causa. A não cumulatividade é, ao fundo, uma sistemática de tributação, destinada a atender a um propósito particular de política econômica, com o fito de evitar a verticalização da cadeia produtiva. Assim leciona Alcides Jorge Costa em O ICM na Constituição e na Lei Complementar (Ed. Resenha Tributária, São Paulo, 1978). Entender que o ICMS, por ser de repercussão jurídica, não significa receita própria, implica conseqüências tão graves no âmbito daquele tributo, que é mesmo incogitável admitir isso para o PIS e a COFINS. Apenas à guisa de ilustração, trago outro exemplo, além da inclusão do ICMS na própria base de cálculo (que teria que ser revista, pois perderia sua Fl. 68DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 razão de ser), que a inadimplência teria reflexos diametralmente opostos no ICMS se ele fosse considerado receita de terceiros. Esses reflexos, que podem ser suscitados como marginais ao PIS e à COFINS, em verdade guardam íntima relação com essas contribuições. Basta ver que, se o contribuinte considera que o ICMS é receita de terceiros, teria que observar todos os reflexos contábeis decorrentes disso – inclusive lançando a parcela de ICMS do seu preço em conta contábil própria, de receita de terceiros. De um modo ou de outro, seja do ponto de vista legal, de finalidade das normas, ou mesmo contábil, as próprias raízes do ICMS impedem que ele seja considerado receita de terceiros. E isso, em sede de PIS e COFINS, não pode ser considerado distinto, sob pena de instabilidade e insegurança jurídica absoluta. Os conceitos devem ser trabalhados de maneira uniforme. Por isso mesmo, no que toca os fundamentos do seu pedido de restituição, nego provimento ao Recurso Voluntário. Da ausência de comprovação da materialidade do crédito Ultrapassada a questão acima, o exame da materialidade do crédito do sujeito passivo também não resiste a uma análise mais acurada. Apesar de o despacho decisório afirmar que o crédito argüido pelo sujeito passivo foi integralmente utilizado para pagamento de outros débitos, a Recorrente não demonstrou, por meio de documentos hábeis, que o montante pleiteado referese ao ICMS incluído de modo (a seu ver) indevido na base de cálculo do PIS e da COFINS. Isso se verificou na manifestação de inconformidade e também no presente Recurso Voluntário. Ora, o processo administrativo tributário em si é regido pelo princípio da verdade material, que busca, mais do que qualquer formalismo, a essência do que é levado a revisão administrativa. Assim é que, no que tange ao pedido de restituição, é de responsabilidade do sujeito passivo demonstrar, mediante a apresentação de provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito pleiteado junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas (i) sua legitimidade e (ii) a materialidade do seu crédito, para os fins do art. 165 do CTN. Neste espeque, a Recorrente, mesmo instada a tanto pela DRJ, não acostou aos autos documentação suficiente para comprovação de que efetivamente o crédito pleiteado se refere à inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Reiterese aqui, que no rito do processo de análise de pedidos de restituição, o sujeito passivo deve demonstrar a materialidade de seu crédito. Vale repisar que, diferentemente do processo de revisão do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco (demonstrando cabalmente as razões pelas quais o tributo deve ser exigido), no pedido de compensação o contribuinte deve demonstrar as razões pelas quais ele deve ser restituído no montante pleiteado. Assim sendo, não há nos autos fundamentos que legitimem a restituição pleiteada pela Recorrente, de modo que deve ser negado provimento ao presente Recurso Voluntário, não se reconhecendo o crédito requerido. Fl. 69DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906390/201288 Acórdão n.º 3802002.688 S3TE02 Fl. 125 9 Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Fl. 70DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 16004.000904/2009-81
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
IRPF. MULTA AGRAVADA. OMISSÃO QUE POSSUI CONSEQÜÊNCIA ESPECÍFICA. NÃO CABIMENTO DO AGRAVAMENTO.
O agravamento da multa de oficio em razão do não atendimento à intimação para prestar esclarecimentos não se aplica nos casos em que a omissão do contribuinte já tenha consequências específicas previstas na legislação.
IRPF. MULTA AGRAVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS SOMENTE COMPROVADA POR MEIO DE TRABALHO INVESTIGATIVO. CABIMENTO DO AGRAVAMENTO.
No lançamento que não se reporta a presunção legal e sim a comprovação de omissão de rendimentos, somente possível após trabalho investigativo de grande monta, o não atendimento às intimações fiscais e prorrogações de prazos justifica o agravamento da multa de ofício.
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 2802-003.245
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir o agravamento da multa de ofício relativamente às infrações de nº 1 e 2 do auto de infração, reduzindo a de 112,5% para 75%, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente e Relator.
EDITADO EM: 06/11/2014
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jaci de Assis Júnior, Julianna Bandeira Toscano, Ronnie Soares Anderson, Vinicius Magni Verçoza, Carlos André Ribas de Mello e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente).
Nome do relator: JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
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MULTA AGRAVADA. OMISSÃO QUE POSSUI CONSEQÜÊNCIA ESPECÍFICA. NÃO CABIMENTO DO AGRAVAMENTO. O agravamento da multa de oficio em razão do não atendimento à intimação para prestar esclarecimentos não se aplica nos casos em que a omissão do contribuinte já tenha consequências específicas previstas na legislação. IRPF. MULTA AGRAVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS SOMENTE COMPROVADA POR MEIO DE TRABALHO INVESTIGATIVO. CABIMENTO DO AGRAVAMENTO. No lançamento que não se reporta a presunção legal e sim a comprovação de omissão de rendimentos, somente possível após trabalho investigativo de grande monta, o não atendimento às intimações fiscais e prorrogações de prazos justifica o agravamento da multa de ofício. Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir o agravamento da multa de ofício relativamente às infrações de nº 1 e 2 do auto de infração, reduzindo a de 112,5% para 75%, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso – Presidente e Relator. EDITADO EM: 06/11/2014 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 09 04 /2 00 9- 81 Fl. 615DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jaci de Assis Júnior, Julianna Bandeira Toscano, Ronnie Soares Anderson, Vinicius Magni Verçoza, Carlos André Ribas de Mello e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente). Relatório Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física do exercício 2005, anocalendário 2004, motivado pela apuração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos em conta corrente pessoal e rateio de depósito em conta conjunta mantida com o cônjuge, cuja origem não foi comprovada, bem como omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas e de pessoas jurídicas, depositados nas contas conjunta, com origem comprovada. O acesso aos dados bancários se deu com prévia autorização judicial (fls. 11/209). O procedimento fiscal decorreu da fiscalização de seu cônjuge – no bojo da operação fiscal denominada GRANDES LAGOS, que investigou um grande esquema de sonegação fiscal, envolvendo frigoríficos estabelecidos na região dos Grandes Lagos, no interior de São Paulo, sobretudo nos municípios de Jales e Fernandópolis, e da não comprovação da origem de parte dos depósitos pelo cônjuge. A autoridade lançadora relatou que, durante o período que antecedeu este lançamento, a fiscalizada não comprovou a origem regular de nenhum dos créditos bancários objeto de intimação, não atendeu a nenhuma das intimações formuladas desde o Termo de Início da Ação Fiscal de 01/12/2008, limitandose a solicitar prorrogações de prazo e não se manifestar, prática que resultou no agravamento da multa de ofício aplicada sobre a mesma. A multa de ofício foi agravada (112,5%). No tocante à omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas e depositados nas contas conjuntas, a multa também foi qualificada (225%; item 3 do auto de infração, fls. 499/500). As razões do agravamento e da qualificação da multa constam às fls. 528/529. O Termo de Verificação Fiscal encontrase às fls. 505/532, contendo, em resumo, descrição: (a) da operação Grandes Lagos; (b) da demanda judicial; (c) da ação fiscal; (d) do lançamento; (e) das intimações, diligências e outros procedimentos; (f) das empresas envolvidas; (g) das mídias e documentos apreendidos; (h) do funcionamento do escritório de contabilidade do grupo; (i) na análise da movimentação financeira da fiscalizada e das irregularidades constatadas; (j) dos créditos bancários de origem fraudulenta; (k) dos créditos de origem não comprovada; (l) dos prazo concedidos à fiscalizada; (m) da multa de ofício, seu agravamento e qualificação; (n) do lançamento de ofício; e (o) da representação fiscal para fins penais (considerações finais). Na impugnação, em síntese, alegouse: a) não aplicação da presunção legal prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/96 (apresenta doutrina e jurisprudência em apoio a suas teses, em especial a Súmula 182 do extinto TFR); Fl. 616DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 16004.000904/200981 Acórdão n.º 2802003.245 S2TE02 Fl. 616 3 b) que não há prova de dolo que permita a qualificação da multa no patamar de 150%, que, também, seria incompatível com o uso de presunção legal; e c) que a multa de ofício no patamar de 225% possui caráter confiscatório, sendo, portanto, inconstitucional, ante a vedação de confisco inscrita na Constituição Federal. A impugnação foi indeferida, sob fundamento de que: a) a Súmula 182 do TFR foi superada pela entrada em vigor da lei 9.430/1996 que estabeleceu a presunção legal que foi adequadamente empregada no lançamento; b) a impugnação não teceu argumentos quanto à omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas e jurídicas (origem comprovada); c) a qualificação da multa de ofício justificase pela prática de um esquema bastante elaborado de sonegação fiscal, descrito no Termo de Verificação Fiscal, com objetivo de enganar a Fazenda Pública, ocultando a verdadeira natureza de cada operação efetuada; d) o agravamento em 50% decorre do não atendimento à fiscalização que a intimou e reintimou a prestar esclarecimentos, limitandose a solicitar prorrogações e prazos, com a prática dolosa acompanhada da falta de atendimento deve ser mantida a multa no percentual de 225%; e e) rejeitase a alegação de confisco, pois as multas não se confundem com tributo e não há decisão do Supremo Tribunal Federal – STF que tenha declarado a inconstitucionalidade do dispositivo legal. A ciência do acórdão ocorreu em 18/11/2011 e o recurso voluntário foi interposto no dia 14/12/2011 com as alegações a seguir resumidas: 1. não houve omissão de rendimentos pois todos os valores foram declarados na Declaração de Ajuste Anual; 2. discorda da tese do acórdão recorrido de que a Súmula do TFR nº 182 não tem mais aplicação após a lei 9.430/1996; de acordo com o inciso I do art. 333 do CPC, o ônus da prova é de quem alega, cita precedente judicial e os acórdãos 10417.494 e CSRF/0102.741 deste Conselho para demonstrar que depósitos bancários não representam renda e a inaplicabilidade da presunção do art. 42; 3. não é aplicável a qualificação da multa, pois baseada em nova presunção – de evidente intuito de fraude sem comprovação; o “evidente intuito de fraude” foi considerado pelas acusações que pesam sobre o cônjuge da recorrente no âmbito da investigação penal denominada “Operação Grandes Lagos”, ainda não julgada no âmbito penal, o que vem a ferir o princípio da presunção de inocência; e 4. o fato de a multa estar prevista em lei não dispensa a análise da validade do dispositivo; a multa aplicada é desproporcional e confiscatória. É o Relatório. Voto Fl. 617DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 4 Conselheiro Jorge Claudio Duarte Cardoso, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele devese tomar conhecimento. A recorrente não demonstra a origem dos valores creditados nas contas correntes pessoal e conjunta (itens 1 e 2 do auto de infração, caput do art. 42 e §1°, 4° e 6° da Lei 9.430/1996), nem contesta, expressamente, a omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas e depositados em contas conjuntas com seu cônjuge (item 3 do auto de infração; com multa de 225%) ou a omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas e depositados em conta conjunta (item 4 do auto de infração, multa de 112,5%). A alegação genérica de não houve omissão de rendimentos pois todos os valores foram declarados na Declaração de Ajuste Anual é insuficiente para afastar a omissão de rendimentos em qualquer das vertentes lançadas, mormente quando se verifica que declarou, unicamente, recebimento de R$5.290,00 de Bradesco Vida e Previdência (fls. 7). Caberia à recorrente indicar objetivamente na sua Declaração de Ajuste Anual quais são os rendimentos que também foram objeto do lançamento. Do lançamento relativo aos depósitos de origem não comprovada A discussão travada no recurso voluntário deve ser solucionada a partir do enunciado da Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. O regime instituído pelo art. 42 da Lei 9.430/1996 constitui uma presunção legal de rendimentos, que atribui ao sujeito passivo, intimado, comprovar a origem dos rendimentos, inaplicável na espécie o inciso I do art. 333 do CPC. A Súmula TFR 182 reporta se a fatos anteriores à vigência da Lei 9.430/1996; os precedentes deste Conselho indicados pela recorrente ou têm a mesma natureza ou foram superados pela jurisprudência sumulada. A falta de comprovação – mais ainda, de mínima alegação – da origem dos recursos depositados implica reconhecer a higidez do lançamento. Do lançamento de omissão de rendimentos cuja origem foi comprovada como sendo depósitos efetuados por COFERFRIGO, que visava a encobrir os titulares de fato da empresa e dos recursos movimentados. A COFERFRIGO é uma empresa de fachada do Grupo Mozaquatro – aberta em nome de “laranja”. O Grupo Mozaquatro tem como um dos “cabeças” ou “chefes”, fls. 509, o cônjuge da recorrente. A falta de indicação objetiva de que tenham constado na Declaração de Ajuste Anual legitima a manutenção da autuação, pois a recorrente não aponta outra razão de fato ou de direito para seu inconformismo e a autoridade lançadora demonstrou suficientemente a infração. Fl. 618DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 16004.000904/200981 Acórdão n.º 2802003.245 S2TE02 Fl. 617 5 Não se tratou de presunção, foi provado o recebimento dos recursos e a vinculação com o esquema fraudulento. Correto o lançamento, sobretudo pelo comando normativo decorrente do art . 1 ° , 2 ° e 3 ° e §§ , da Lei n° 7.713/1988 c/c §2º do art. 42 da lei 9.430/1996. Das multas Exclusivamente em relação à infração 3 (fls. 499/500), a autoridade lançadora qualificou a multa (art. 44, inciso II da Lei 9.430/1996, na redação vigente no ano calendário 2004, duplicação da multa de ofício). Nessa infração a multa foi também agravada resultou em percentual de 225% (art. 44, inciso II c/c §2º da Lei 9.430/1996, na redação vigente no anocalendário 2004). Analisarseá primeiramente essa qualificação. A alegação da recorrente de que a qualificação baseouse em presunção legal é incorreta. Deuse a qualificação da multa de ofício em razão da comprovação de que os rendimentos omitidos faziam parte da estratégia do esquema evidentemente fraudulento apurado no bojo da Operação Grandes Lagos, envolvendo empresas de fachada, interpostas pessoas e fraudes na contabilidade. Estão presentes as razões para a qualificação levada a efeito no lançamento, o que independe de ter havido julgamento na ação penal correspondente. São independentes as instâncias julgadoras da infração e sanção administrativas e penal e não se está cuidando de dizer se o réu é culpado ou não, logo o princípio da presunção de inocência não tem aplicação. Não cabe ao CARF analisar o pleito de que a multa é confiscatória, pois os percentuais aplicados tem previsão na Lei 9.430/1996, aplicase a Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. De outro giro, a alegação recursal requer que se examine a legalidade da aplicação do agravamento da multa de ofício, que se fundamentou na falta de atendimento às intimações para prestar esclarecimentos. No caso das infrações descritas nos itens 1 e 2 do auto de infração (fls. 498/499), o não atendimento às intimações foi contemplado com conseqüência específica, qual seja, a presunção legal de omissão de rendimentos, o que – na linha do que vêm decidindo as Turmas do CARF – torna inaplicável o agravamento da multa de ofício. Citamse alguns precedentes: MULTA AGRAVADA O agravamento da multa de oficio em razão do não atendimento à intimação para prestar esclarecimentos não se aplica nos casos em que a omissão do contribuinte já tenha consequências específicas previstas na legislação.(Acórdão nº 2202002.802, de 10/09/2014 e 2102002.991, de 15/05/2014 e 2801003.720, de 11/09/2014 Fl. 619DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 6 Contudo, dar um sentido muito amplo à impossibilidade de usar a multa agravada por ter havido lançamento do tributo e multa de ofício, corresponderia a tornar, inevitavelmente, sem efeito o dispositivo legal que trata exatamente de agravar uma multa de ofício aplicada. Dessa forma, nas infrações 3 e 4 (fls. 499/500), em que não se tratou de presunção legal e sim de uma comprovação de origem dos rendimentos omitidos que somente foi possível após trabalho investigativo de grande monta, cuja falta de atendimento às intimações veio a tornar mais difícil, o que torna inaplicável o entendimento de que o não atendimento às intimações fiscais e prorrogações de prazos já teria sido objeto de uma sanção específica (fls. 526). Assim, é apenas nas infrações nº 1 e 2 que se deve desagravar a multa, que lançada em 112,5% deve ser reduzida ao patamar ordinário de 75% Diante do exposto, devese DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir o agravamento da multa de ofício relativamente às infrações de nº 1 e 2 do auto de infração, reduzindo a de 112,5% para 75%. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso Fl. 620DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
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Numero do processo: 19515.721333/2012-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 27 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3202-000.277
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Felipe Ricetti Marques, OAB/SP nº. 200.760.
Irene Souza da Trindade Torres Oliveira - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilberto de Castro Moreira Junior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: Não se aplica
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RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Felipe Ricetti Marques, OAB/SP nº. 200.760. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilberto de Castro Moreira Junior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Charles Mayer de Castro Souza. Relatório Cuidam os autos de Auto de Infração lavrado contra a contribuinte INDEPENDÊNCIA S/A, em 15/06/2012, para exigência de Cofins, regime nãocumulativo, que deixou de ser recolhida, no período de março/2008 e junho a dezembro/2008, perfazendo o montante de R$ 21.228.353,04 (efls. 471/485). Por bem descrever os fatos, adoto, em parte, o Relatório da decisão recorrida, o qual passo a transcrever, excertos: “(...) Relata o auditor fiscal que foram verificadas as informações da contribuinte contidas na DIPJ 2009, no SPED Fiscal 2008 e nos arquivos digitais nos termos da IN SRF nº 86/2001, sendo devidamente comprovadas pela análise de sua escrituração fiscal e contábil, além de confirmadas, pela própria contribuinte, em planilhas RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .7 21 33 3/ 20 12 -4 6 Fl. 3003DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 19515.721333/201246 Resolução nº 3202000.277 S3C2T2 Fl. 3.004 2 elaboradas em respostas às intimações. Tais informações, quando confrontadas com as informações dos Dacons e das DCTFs do período fiscalizado, revelaram receitas que não foram oferecidas à tributação da Cofins. Diz o Termo de Verificação Fiscal: Fl. 3004DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 19515.721333/201246 Resolução nº 3202000.277 S3C2T2 Fl. 3.005 3 Fl. 3005DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 19515.721333/201246 Resolução nº 3202000.277 S3C2T2 Fl. 3.006 4 (...)” Tendo tomado ciência do Auto de Infração em 19/06/2012, a contribuinte, em 19/07/2012, apresentou impugnação (efls. 492/502), alegando, em síntese: que , no curso da Fiscalização, informou que as DACON precisavam ser retificadas, posto terem sido preenchidas de maneira inconsistente. Afirma que isso ocorreu em razão de a empresa ter entrado em processo de recuperação judicial e o novo funcionário ter preenchido a DACON de forma incorreta; que, em resposta à sua pretensão, em tratativas havidas por email, a Fiscalização não lhe permitiu retificar as DACON e, sem analisar a documentação contábil da empresa, a qual apontaria o correto faturamento do período, considerou como faturamento receitas que foram equivocadamente informadas na DACON; que ao desconsiderar a documentação contábil da contribuinte, que revelava o erro no preenchimento da DACON, a Fiscalização feriu o princípio da verdade material; que o erro no preenchimento da DACON não é capaz de tornar devido o tributo, na medida em que não ocorreu o fato gerador da obrigação tributária; e que, para se evidenciar o erro cometido, bastaria a análise do documento contábil denominado “Razão Parcial” das Receitas de Vendas e Revenda do Mercado Interno e Receita de Fretes (doc. 05), acostado aos autos. Tal documento revela, sem sombra de dúvidas, que o faturamento é totalmente diverso daquele que a Fiscalização entendeu ser o verdadeiro; que a Fiscalização, ao negar a retificação das DACON, impossibilitoulhe de demonstrar o verdadeiro fato gerador da obrigação tributária, e, ao efetuar o lançamento de Fl. 3006DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 19515.721333/201246 Resolução nº 3202000.277 S3C2T2 Fl. 3.007 5 ofício, acabou por, indevidamente, inverter o ônus da prova , passando este a ser incumbido ao contribuinte; Ao final, requereu: a) a anulação do auto de infração em razão da inversão do ônus da prova, bem como por ter inexistido omissão de receitas tributáveis pela COFINS; ou b) em razão do princípio da verdade material, sejam os autos enviados à Fiscalização para análise da documentação carreada aos autos. Em 20/02/2013, ou seja, 7 meses após apresentada a impugnação, porém antes de proferida a decisão administrativa de primeira instância, o que se deu em 27/05/2013, a contribuinte apresentou o que chamou de “complementação à impugnação”, juntando aos autos outros documentos, além daqueles já juntados na impugnação, no sentido de demonstrar “a inexistência de tributo devido no período fiscalizado”. Afirmou, naquele instrumento, que a Fiscalização havia tributado equivocadamente receitas que não poderiam ser consideradas faturamento para fins de incidência da Cofins, tais como as vendas para o mercado externo de carne e couro destinado à exportação. A DRJCampinas/SP decidiu pela improcedência da impugnação (efls. 492/502), nos termos da ementa adiante transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Ano calendário: 2008 DCTF. DACON. RETIFICAÇÃO APÓS O INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL NÃO PRODUZ EFEITOS. A retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF e do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon após o início do procedimento fiscal não produz efeitos, a teor da legislação pertinente à matéria. LANÇAMENTO. NULIDADE. Somente será considerado nulo o lançamento, se presente qualquer uma das situações previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. A diligência se restringe à elucidação de pontos duvidosos para o deslinde de questão controversa, não se justificando quando o fato puder ser demonstrado pela juntada de documentos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário perante este Colegiado (efls. 2.942/2.971), onde repisa os mesmos argumentos expendidos na impugnação e alega, ainda: que não deve prevalecer o entendimento esposado pela DRJ, de que a contribuinte não questionou o montante da exação, exatamente porque as receitas que a Fl. 3007DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 19515.721333/201246 Resolução nº 3202000.277 S3C2T2 Fl. 3.008 6 Fiscalização considerou omitidas na DACON ( que foram tributadas), na verdade, correspondiam a receitas de exportação isentas da COFINS; que, ao não permitir a retificação da DACON, apesar de alertada do erro do seu preenchimento, a Fiscalização feriu direito do recorrente, valendo destacar que, inclusive, em situações análogas, O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, asseverou ser possível a retificação mesmo após iniciada a fiscalização; que o acórdão recorrido não poderia ter desprezado a documentação que acompanhou a impugnação administrativa e aquela que foi acostada aos autos em momento posterior, que revelam com clareza meridiana que o fato gerador da COFINS apurado pela Fiscalização resta totalmente equivocado, posto que tal conduta macula o princípio da verdade material; Ao final, requer a recorrente: a) a anulação do auto de infração em razão da inversão do ônus da prova, bem como por ter inexistido omissão de receitas tributáveis pela COFINS; b) sejam os autos baixados em diligência, para realização de perícia, em razão do princípio da verdade material, para que a Fiscalização analise a documentação carreada aos autos, vez que tais documentos demonstram que o faturamento considerado pelo Auto de Infração diz respeito a receitas não tributáveis; É o Relatório. Voto Conselheira Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Relatora Trata a lide de Auto de Infração lavrado contra a contribuinte INDEPENDÊNCIA S/A para exigência da Cofins referente ao período de março/2008 e de junho/2008 a dezembro/2008, no valor total de R$ 21.228.353,04, tendo em vista a Fiscalização haver verificado que parte das receitas sujeitas à incidência da Cofins não foram levadas à tributação. Afirma a recorrente que as receitas consideradas pela Fiscalização, que deram azo à autuação, seriam receitas sobre as quais não incidiriam a Cofins, por trataremse de receitas de exportação, e que os documentos que carreou aos autos junto à impugnação, bem como após a impugnação, porém antes de proferida a decisão pela DRJ, comprovariam, indubitavelmente, o equívoco cometido pela autoridade autuante. O Termo de Verificação e Constatação Fiscal, parte integrante do Auto de Infração, por sua vez, informa que, pelas informações prestadas pela própria contribuinte, em resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 07, “restou mais uma vez evidenciado parte das receitas realizadas no mercado interno não foram oferecidas à tributação”, levando à conclusão de que naqueles cálculos não estariam inclusas as tais receitas decorrentes de exportação. Fl. 3008DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 19515.721333/201246 Resolução nº 3202000.277 S3C2T2 Fl. 3.009 7 Entretanto, diante dos documentos trazidos aos autos ainda antes de proferida a decisão pela DRJ, e das afirmações da contribuinte, desde a impugnação, de que i. inexistiram receitas auferidas que não tenham sido levadas à tributação pela Cofins, mas sim mero erro no preenchimento de formulários, sem que se tenham sido observadas as informações constantes dos documentos contábeis apresentados pela contribuinte; e ii. de que teria havido equívoco da autuação ao incluir receitas de exportação no cálculo da Cofins, entendo de bom alvitre sejam analisados pela Fiscalização todos documentos trazidos aos autos pela contribuinte, no intuito de verificar algum possível equívoco que tenha sido cometido no cálculo da Cofins devida pela contribuinte, em relação ao período analisado. Assim voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que a autoridade preparadora analise a documentação acima referida e, ao final, emita Relatório conclusivo, fundamentado e objetivo, acerca das questões acima apontadas pela recorrente, informando, ao final, acerca da existência ou não de insuficiência de recolhimento da Cofins, em relação ao período autuado, bem como o valor final encontrado. Posteriormente, deve ser dado ciência do resultado da diligência à contribuinte para, querendo, manifestarse, salientandose que a manifestação da interessada deve restringir se, absolutamente, ao resultado da diligência, não sendo momento oportuno para revolver alegações de defesa já trazidas no recurso voluntário. Após, retornem os autos a este CARF para proceder ao julgamento. É como voto. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Fl. 3009DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digital mente em 25/10/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA
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Numero do processo: 19515.001186/2010-22
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 31 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 07 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. LEI COMPLEMENTAR 105. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF No 2
Nos termos do Art. 1o, §3o da LC 105, a entrega de informações pelas instituições financeiras aos agentes da fiscalização, quando regularmente instaurado o competente processo administrativo fiscal respectivo, não constitui violação ao dever de sigilo. Ademais, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO FISCAL. VALIDADE
Nos termos do art. 42 da Lei 9.430/96, caracterizam omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. VALIDADE. SÚMULA CARF No 4.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
RESPONSABILIDADE DE SÓCIOS/ADMINISTRADORES.
Na linha da consolidada jurisprudência nacional, a simples falta de pagamento do tributo não configura, por si só - nem em tese -, circunstância que acarreta a responsabilidade subsidiária do sócio, prevista no art. 135 do CTN. É indispensável, para tanto, que tenha agido com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto da empresa (STJ - EREsp 374.139/RS, 1ª Seção, DJ de 28.02.2005).
MULTA DE OFÍCIO. (DES)QUALIFICAÇÃO. SÚMULA CARF No 14.
A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo.
Numero da decisão: 1301-001.600
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário interposto, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
VALMAR FONSECA DE MENEZES - Presidente.
(Assinado digitalmente)
CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonsêca de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada) e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER
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Depósitos bancários Recorrente A. T. ATENDIMENTO CENTRAL LTDA ME (RAZÃO SOCIALANTERIOR: CAD SP CENTRAL DE ATENDIMENTO E DISTRIBUIÇÃO LTDA ME) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. LEI COMPLEMENTAR 105. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF No 2 Nos termos do Art. 1o, §3o da LC 105, a entrega de informações pelas instituições financeiras aos agentes da fiscalização, quando regularmente instaurado o competente processo administrativo fiscal respectivo, não constitui violação ao dever de sigilo. Ademais, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO FISCAL. VALIDADE Nos termos do art. 42 da Lei 9.430/96, caracterizam omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. VALIDADE. SÚMULA CARF No 4. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. RESPONSABILIDADE DE SÓCIOS/ADMINISTRADORES. Na linha da consolidada jurisprudência nacional, a simples falta de pagamento do tributo não configura, por si só nem em tese , circunstância que acarreta a responsabilidade subsidiária do sócio, prevista no art. 135 do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 11 86 /2 01 0- 22 Fl. 6728DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 2 CTN. É indispensável, para tanto, que tenha agido com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto da empresa (STJ EREsp 374.139/RS, 1ª Seção, DJ de 28.02.2005). MULTA DE OFÍCIO. (DES)QUALIFICAÇÃO. SÚMULA CARF No 14. A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário interposto, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) VALMAR FONSECA DE MENEZES Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonsêca de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada) e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Fl. 6729DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 3 3 Relatório Destacando do relatório apresentado pela r. decisão de origem os trechos que entendo essenciais para a adequada compreensão da matéria discutida nestes autos, aponto: O interessado foi autuado, em 31/05/2010, no IRPJ e reflexos, em conformidade com o Decreto n.° 70.235/72 e suas alterações, por omissão de receitas, tendo sido exigido o crédito tributário total de RS 13.058.280,77, incluindo imposto, contribuições, multas de oficio de 150% e juros de mora calculados até 30/04/2010 (fls. 1 a 609). A fiscalização, em seu minucioso Termo de Constatação (TC), as fls. 459 a 494, dá conta, de inicio, dos seguintes aspectos preliminares: ASPECTOS PRELIMINARES. 1 esta ação fiscal referese aos fatos dos anoscalendário de 2005 e 2006, reportandose, este processo, apenas aos fatos do anocalendário de 2006, enquanto os do anocalendário de 2005 são tratados no processo administrativo de n.° 19515.000003/201051; 2 a atividade do contribuinte é "laboratórios fotográficos" e conexos, como serviço de encadernação e revelação fotográfico, assessoria técnica e mercadológica relacionada a esta atividade, e até 21/08/2006, também o comércio atacadista e varejista de materiais fotográficos e cinematográficos em geral; atua principalmente na execução de serviços de revelação de fotografias de eventos de formaturas, tendo como clientes fotógrafos individuais e empresas organizadoras de eventos de formaturas, conforme elementos; 3 a razão social do contribuinte, no inicio da ação fiscal e na época dos fatos, era CAD SP Central de Atendimento e Distribuição Ltda. — ME ("CAD"), mas, em seu curso, foi alterada para A. T. Atendimento Central Ltda. — ME ("AT"); 4 a empresa PH Photograph Fomento Mercantil Ltda., CNPJ 02.446.499/000190, citada neste Termo, sendo referenciada por "PH"; 5 em 2006, segundo a documentação societária, o contribuinte era administrado pelos seguintes administradores não sócios: Marcelo Francisco Rainho (CPF 1 06.583.488 84) e Leideval Souza Alencar (CPF 091.703.70818); 6 "Breve Relato" da JUCESP, indica que, atualmente, o Sr. Leideval Souza Alencar consta como sócio e administrador, enquanto o Sr. Marcelo Francisco Rainho, que havia deixado de administrar a empresa por breve espaço de tempo após 2006, voltou à condição de administrador não sócio; 7 o contribuinte apresentou Declaração Simplificada relativa ao anocalendário de 2006, em 18/05/2007, sendo no inicio desta ação fiscal optante do SIMPLES (desde 01/01/2000), do qual foi excluído pelo ADE DERAT/SPO n.° 04/2010, conforme Fl. 6730DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 4 processo administrativo n.° 19515.0000161201021, com efeitos a partir de 01/01/2006; 8 algumas das "empresas" listadas no sitio da internet "grupocad.com.br " eram controladas pelos administradores do contribuinte durante os anoscalendário de 2005 e 2006: Leideval Souza Alencar e Marcelo Francisco Rainho ou por Suemar Ferreira Lima Alencar, CPF 131.773.79890, sócia do contribuinte a partir de 26/08/2005; eis as empresas listadas: a) PJ Poder Jurídico: nome fantasia da PH, de titularidade de Marcelo Francisco Rainho; b) WPB Representação Fotográfica: identificada com a WPB Representações Fotográficas Ltda., CNPJ 01.805.400/000137, de titularidade de Marcelo Francisco Rainho; c) Classil Canudos Personalizados: identificada com a empresa Classil Serviços Personalizados de Canudos, Embalagens e Produtos Fotográficos Ltda. ME, CNPJ 08.823.615/000120, de titularidade de Suemar Ferreira Lima Alencar; d) EnCADernadora: identificada com a empresa Laborat6rio e Encadernadora CAD Ltda. ME, CNPJ 03.316.090/000112, de titularidade de Suemar Ferreira Lima Alencar. DETALHES DA AÇÃO FISCAL: RMF. O TC dá conta dos seguintes detalhes da ação fiscal: 1 as diversas intimações realizadas, inclusive pessoais, para o contribuinte apresentar seus livros contábeis e fiscais, bem como a relação dos bancos com os quais trabalhava em 2006 (23 ao todo, relacionadas à fl. 465); 2 apresentação, pelo contribuinte, de petição acompanhada de cópia de "Boletim de Ocorrência" policial informando que não poderia apresentar livros e documentos fiscais por terem sido consumidos em incêndio, em 20/04/2007; 3 intimação para apresentar todos os documentos relativos à sua movimentação financeira (incluindo extratos bancários, comprovantes de movimentações, contratos, procurações, etc.), do anocalendário de 2006, transcorrendo 45 dias (entre 09/03/2009 e 27/04/2009) sem que qualquer documento ou esclarecimento fosse apresentado; 4 apesar de o contribuinte ter sido alertado de que o não atendimento poderia configurar Embaraço à Fiscalização, bem como ensejar a quebra de sigilo bancário mediante expedição de Requisição de Movimentação Financeira (RMF), foi lavrado, em 27/04/2009, Termo de Embaraço à Fiscalização (fls. 130 a 133), com ciência em 04/05/2009; 5 como o contribuinte não atendeu à requisição, foram expedidas RMF's, nos termos do art. 3°, inciso VII, do Decreto n.° 3.724/2001 aos bancos Bradesco, Sudameris, Banco do Brasil, Nossa Caixa e Safra; Fl. 6731DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 4 5 6 após a emissão dos RMF, o contribuinte foi novamente intimado em 27/04/2009 (com ciência em 29/04/2009), a apresentar seus livros contábeis e fiscais do ano calendário de 2006, ou reconstituilos em caso de não dispor dos livros de acordo com as formalidades legais; após esta intimação, o contribuinte compareceu A repartição, em 17/07/2009, para apresentar reconstituição da sua contabilidade do anocalendário de 2006, em folhas soltas, intituladas "Livro Diário" e "Livro Razão"; 7 em resposta às RMF's, os bancos encaminharam os extratos bancários do ano calendário de 2006 (Anexos XXIII a XXIX); 8 novas RMF's foram emitidas para os bancos Nossa Caixa e Safra, solicitando cópias de cheques e relatórios identificando os cheques depositados em contas do contribuinte (Anexos XXIII a XXIX). PRIMEIRA CONTABILIDADE. O TC aponta que apesar da alegada impossibilidade de sua exibição – a contabilidade reconstituida foi apresentada, em 17/07/2009, em folhas soltas, que identificariam o Livro Diário e o Livro Razão (Anexos X a XIV), cuja análise mostra que: 1 quase todos os lançamentos referemse a movimentos de recursos entre Caixa e Bancos, e viceversa, sem objetivo aparente; 2 alguns pagamentos efetuados, demonstrados por notas fiscais de terceiros emitidas em nome do contribuinte, foram contabilizados indevidamente como empréstimos concedidos pelo contribuinte, na forma de pagamento de despesas que seriam, supostamente, da PH, cujo sócio majoritário e administrador é o Sr. Marcelo Francisco Rainho; 3 as referidas despesas, todavia, estão em nome do contribuinte, e não da PH, como demonstram as cópias de notas fiscais obtidas em procedimentos de circularização (Anexos XVI a XXII); 4 a PH já havia sido indevidamente utilizada pelo contribuinte como suposta fornecedora de recursos (mútuo), que se mostraram insubsistentes na primeira contabilidade apresentada, do anocalendário 2005. ANALISE INICIAL DA PRIMEIRA CONTABILIDADE. Conforme o TC, a análise dos lançamentos em contascorrentes mostra que: 1 o contribuinte contabilizou (nessa primeira versão de sua contabilidade) a maior parte das entradas como recursos provenientes de depósitos de recursos de "Caixa"; 2 todavia, os extratos bancários (Anexos I a III), mostram que os recebimentos de recursos em contas correntes do contribuinte se deram por meio de depósitos em cheques ou transferências bancárias, sendo pouco significativos os valores que, de acordo com os históricos dos lançamentos, poderiam terse originado de depósitos em dinheiro; Fl. 6732DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 6 3 assim, resta insubsistente a alegação de que os depósitos eram em dinheiro (oriundo de Caixa), pois os depósitos originaramse de outras contas bancárias de terceiros e, na maior parte, também não são oriundos da empresa PH. ANALISE DAS TRANSFERÊNCIAS DA PH. Conforme o TC, a análise das transferências oriundas da PH mostra que: 1 em razão de contratos de mútuo apresentados pelo contribuinte relativos ao ano calendário 2005 (analisados em outro processo administrativo), foi instaurado procedimento de diligencia vinculado a esta ação fiscal, em nome da PH, suposta fornecedora dos recursos financeiros; 2 intimada a comprovar a origem dos recursos e a capacidade financeira para supri los, bem como a efetiva entrega dos mesmos, a PH não atendeu A intimação no prazo; além disso, constatouse que a PH, sendo "factoring" irregularmente optante do SIMPLES – apresentou Declaração Simplificada para o anocalendário 2005 e DIPJ para o anocalendário 2006, ambas com todos os campos de receitas e resultado preenchidos com "zeros"; também está omissa na apresentação de DCTF; 3 em vista desses fatos, foi instaurada ação fiscal junto à PH, para apurar a sua receita própria e a eventual capacidade de suprimento de recursos ao contribuinte; 4 a escrita contábil da PH, juntada ao Anexo XV deste processo (em vista da referida diligência vinculada a este procedimento) levou à declaração de exclusão da PH do SIMPLES Federal através do ADE DERAT/SPO n.° 076/2009, expedido no âmbito do processo administrativo n.° 19515.003854/200912; 5 a análise das atividades da PH mostrou a realização de operações de "factoring", notadamente para fotógrafos e para empresas de eventos, e que a PH repassou ao contribuinte R$ 1.101.488,00, durante o anocalendário de 2006, identificados a partir da contabilidade do contribuinte; já os recursos transferidos do contribuinte para a PH somam R$ 735.192,88, no mesmo anocalendário; 6 além disso, a PH movimentou em suas contas bancárias, durante todo o ano calendário de 2006, R$ 4.001.201,95; 7 dessa forma, a partir dos elementos analisados durante a ação fiscal levada a efeito junto à PH, dos elementos destes autos, do cotejo entre as movimentações financeiras da PH e do contribuinte, concluise que: a) a PH não manteve, durante o anocalendário de 2006, movimentação de dinheiro em espécie em montante relevante, não sendo capaz de ter fornecido recursos financeiros ao contribuinte no período; b) as despesas pagas pelo contribuinte, nesse anocalendário, registradas em conta Caixa, não são da PH, mas, sim, do próprio contribuinte; c) não há saques em dinheiro, nos extratos bancários da PH, que pudessem indicar repasses ao contribuinte; d) foram identificadas transferências de conta corrente para conta corrente, oriundas da PH para o contribuinte, registradas na contabilidade do contribuinte e compatíveis com as informações dos extratos bancários das duas Fl. 6733DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 5 7 empresas, em 2006, totalizando R$ 1.101.488,00, conforme o "Demonstrativo de Transferências CAD SP x PH", parte integrante do Termo; esse valor decorre de pagamento de serviços prestados pelo contribuinte (detalhes as fls. 483 a 489 do TC); e) as transferências financeiras da PH não foram devolvidas; as transferências do contribuinte para a PH somaram, em 2006, apenas R$ 735.192,88; f) constatase que o objetivo principal da PH é "factoring" dedicado à aquisição de títulos de crédito e cobrança ligados a serviços de fotografia e eventos de formaturas; em especial, conforme entrevistas dos sócios, juntadas a este processo, a PH adquiria títulos de crédito para dar liquidez a fotógrafos e empresas de formatura, para que pudessem arcar com os custos dos serviços de revelação de fotografias e montagem de álbuns, fornecidos pelo contribuinte; g) portanto, a PH não manteve operações em espécie durante o anocalendário de 2006, não tendo gerado recursos que pudessem justificar o fornecimento ao contribuinte de recursos em espécie; além disso, as transferências bancárias da PH para o contribuinte não retomaram à PH, correspondendo, na realidade, a recursos decorrentes de títulos de cobrança adquiridos pela "factoring", com o compromisso de que os recursos fornecidos ao cliente fossem repassados diretamente ao contribuinte, em pagamento de serviços de revelação de fotografias e montagem de álbuns. CIRCULARIZACÃO Conforme o TC, a circularização de fornecedores do contribuinte mostrou que: 1 para verificar a legitimidade da contabilidade do contribuinte, que registrou a ocorrência de pagamentos de despesas de terceiros durante o período, foram instaurados procedimentos de diligência vinculados à presente ação fiscal, junto aos seguintes fornecedores do contribuinte, que indicaram seu CNPJ na DIPJ como destinatário de mercadorias durante os anoscalendário 2005 e 2006: a) Sulamericana Industrial Ltda., CNPJ 52.769.684/000194; b) Fabripel Comércio e Indústria de Papéis Ltda., CNPJ 43.844.464/000168; c) Tecniplast Indústria e Comércio de Plásticos Ltda,. CNPJ 01.496.786/0001 42; d) Comercio e Indústria de Papéis Indiano Ltda., CNPJ 54.515.275/000197; e) Fabricart Embalagens Ltda., CNPJ52.694.841/000140; f) MHM Comércio de Máquinas e Equipamentos Ltda., CNPJ 05.534.189/0001 16; g) Noritsu do Brasil Ltda., CNPJ 54.259.411/000125; h) Top Leather Sintéticos Indústria e Comércio Ltda., CNPJ 04.122.816/0001 49; Fl. 6734DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 8 i) Kodak Brasileira Comércio de Produtos para Imagem e Serviços Ltda. CNPJ 61.186.938/000132; j) Indústria de Plásticos Bariri Ltda., CNPJ 71.827.618/000152; k) Papelão Apucaraninha Ltda., CNPJ 76.523.539/000197; 2 essas empresas foram intimadas a esclarecer sua relação com o contribuinte durante o anocalendário de 2006, bem como a apresentar cópias de notas fiscais de vendas de produtos para o mesmo, acompanhadas dos comprovantes dos pagamentos; 3 em resposta, as empresas apresentaram cópias de notas fiscais e comprovantes de pagamentos realizados pelo contribuinte durante 2006 (Anexos XVI a XXII); 4 todas as notas fiscais apresentadas constituem despesas do contribuinte no ano calendário sob análise que não estão contabilizadas e para as quais o contribuinte não dispõe, em sua contabilidade, de recursos para fazer frente aos pagamentos realizados; 5 esta análise reforça a total inconsistência da contabilidade com os documentos até agora analisados, restando comprovadas inúmeras despesas que o contribuinte não contabilizou e para as quais não dispunha de recursos contabilizados para efetuar os pagamentos; 6 cópias de todos os documentos obtidos em circularização foram encaminhados ao contribuinte em anexo ao Termo de Intimação lavrado em 21/09/2009 e cientificado ao contribuinte em 28/09/2009. ANALISE DA PRIMEIRA CONTABILIDADE. Conforme o TC, eis as irregularidades identificadas na escrituração contábil do contribuinte: 1 a contabilidade não apresenta registro de receitas durante o anocalendário de 2006, apesar das provas de que a empresa exerceu atividades operacionais no período (movimentações financeiras, aquisições de insumos, utilização de serviços de manutenção e assistência técnica, etc); 2 a contabilidade registra as entradas de recursos em bancos como sendo oriundas de Caixa, e as saídas de bancos (não relativas a pagamentos de taxas bancárias) como destinadas a Caixa (salvo poucas exceções registradas como pagamentos de despesas de terceiros); 3 todavia, a análise dos históricos dos lançamentos nos extratos bancários do contribuinte demonstra que as entradas de recursos em bancos decorrem de depósitos de cheques ou de transferências bancárias, e não de depósitos em dinheiro, pois muitos lançamentos de depósitos permaneceram temporariamente bloqueados, indicando compensação bancária; 4 dessa forma, resta insubsistente a contabilização das entradas de recursos em bancos como oriundas de Caixa, pois os depósitos não foram feitos em dinheiro; 5 foram identificadas, mediante "circularização", notas fiscais emitidas em nome do contribuinte que indicam despesas e compras de máquinas e equipamentos, em 2006; todavia, tais notas fiscais não estão contabilizadas ou estão registradas Fl. 6735DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 6 9 (indevidamente) como empréstimos a terceiros, sendo que a contabilidade não mostra recursos financeiros capazes de dar suporte a todas as aquisições; 6 foram identificadas notas fiscais emitidas pela Noritsu do Brasil Ltda e Kodak Brasileira Comércio de Produtos para Imagem e Serviços Ltda, em 2006, comprovando a aquisição de insumos para revelação e ampliação de fotos, bem como materiais e peças de reposição e manutenção de equipamentos tipo "minilab", assim como aquisições de "minilab" entre 2001 e 2006; isso comprova a efetiva utilização dos "minilab", que têm por exclusiva finalidade a revelação e ampliação de fotos; todavia, a contabilidade do contribuinte não reflete essas despesas e aquisições, e não demonstra os resultados das atividades operacionais exercidas no anocalendário de 2006; 6 a contabilidade da PH demonstra que ela não dispõe de capacidade financeira para ter fornecido ao contribuinte valores relevantes para suportar suas operações, em 2006; 7 foram identificadas transferências financeiras entre as duas empresas, em 2006, relacionadas no "Demonstrativo de Transferências CAD SP x PH", que faz parte integrante do Termo; estas transferências totalizaram, em 2006, R$ 1.101.488,00, da PH para a CAD, e R$ 735.192,88 da CAD para a PH; dessa constatação verificase que parcela significativa dos recursos aqui tratados foi repassada pela PH à CAD durante 2006 e não foi devolvida; esse montante permaneceu em contas bancárias da CAD, concluindose que os valores que a CAD recebeu da PH referemse a valores descontados em operações de "factoring" pela PH para clientes dos ramos de fotografia e eventos, tendo sido tais recursos repassados à CAD em pagamento por serviços prestados aos mesmos clientes das operações de "factoring". ANÁLISE DA SEGUNDA CONTABILIDADE. Conforme o TC, quanto à segunda reconstituição da contabilidade do contribuinte, foi constatado que: 1 confrontado com as inúmeras irregularidades na escrita contábil, o contribuinte, por sua iniciativa, procedeu a nova reconstituição de sua escrita contábil, apresentada em 12/11/2009; 2 a nova escrita contábil, também em folhas soltas, cujo Livro Razão original foi apreendido em 25/11/2009 e juntado aos Anexos V a IX deste processo, apresenta o registro contábil das despesas identificadas pela fiscalização através dos procedimentos de circularização já descritos, bem como reconhece parte da receita de prestação de serviços e as despesas com folha de salários; 3 a análise dos novos registros contábeis mostra que o contribuinte registrou integralmente os depósitos e recebimentos de recursos que ingressaram em suas contas correntes durante o anocalendário de 2006, totalizando R$ 38.125.431,56; suas contrapartidas representariam, em principio, a suposta origem dos recursos, que seriam: Fl. 6736DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 10 4 a análise de cada contrapartida dos lançamentos de recebimentos de recursos em Bancos mostra que: a) Empréstimos a Pagar: os lançamentos na conta contábil de Passivo Empréstimos a Pagar foram objeto de intimações ao contribuinte cientificadas em 12/02/2010, 16/03/2010 e 14/04/2010, não tendo os supostos empréstimos sido esclarecidos ou comprovados; análise mais detida leva A constatação de inconsistências entre essas contabilizações e os históricos descritivos das operações constantes dos extratos bancários do contribuinte; por isso, esses lançamentos serão objeto de maior análise As fls. 483 a 489, em vista das receitas omitidas pelo contribuinte nessas operações; b) Transferência Bancária: os valores contabilizados com contrapartida na conta Transferência Bancária guardam relação com as transferências bancárias entre contascorrentes do próprio contribuinte identificadas pela fiscalização, não havendo irregularidades quanto a este item; c) Clientes Diversos: as contrapartidas creditadas na conta Clientes Diversos podem ser divididas em função das contrapartidas dos lançamentos a débito na mesma conta Clientes Diversos, conforme abaixo demonstrado: d) a análise destes lançamentos mostra que: I Receita de prestação de serviços: do total de R$ 7.071.737,30 debitado na conta Clientes Diversos, R$ 3.196.748,19 foi creditado como receita de prestação de serviços, cujos tributos não foram declarados em DCTF ou Declaração Simplificada, sendo, por isso, objeto de lançamento de oficio; Fl. 6737DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 7 11 II Estornos e devoluções de depósitos bancários em contas correntes do contribuinte: o valor consolidado em 2006 de R$ 3.874.989,11 decorre de estornos e devoluções de depósitos constantes em extratos de contascorrentes, debitados na conta Clientes Diversos e creditados nas contas contábeis de Bancos; esses valores, por não consistirem recebimentos efetivos, não configuram receitas do contribuinte; III supostas operações de mútuo com a PH: R$ 1.101.488,00 foi registrado a débito de contas do grupo Bancos e a crédito da conta Contrato de Mútuo, como oriundo de mútuo com a PH; todavia, conforme sera detalhado As fls. 483 a 489, informações obtidas durante a ação fiscal demonstraram que a PH atuou, durante 2006, como "factoring";sendo assim, esse montante não decorre de mútuo, mas sim de repasse de recursos da PH para o contribuinte em pagamento dos serviços prestados por este aos clientes das operações de "factoring"; portanto, esse montante corresponde a receita do contribuinte, e será objeto de lançamento de oficio; IV o contribuinte apresentou supostos contratos de mútuo (posteriormente considerados insubsistentes) que amparariam operações de mútuo em 2005 (tratados em outro processo), mas nenhum contrato de mútuo foi apresentado que pudesse amparar operações realizadas em 2006, cujos totais de recebimentos em contas bancárias, por banco, contabilizados com contrapartida na conta Contrato de Mútuo são os seguintes: V Empréstimos em contas de Bancos: as contrapartidas registradas nas contas de Passivo Empréstimos de Bancos, em que é identificado o nome do banco, decorrem da apuração de saldos negativos de contascorrentes, e estão comprovados por extratos bancários do contribuinte; VI as contrapartidas dos demais lançamentos, pouco relevantes, demonstram operações de simples depósito em bancos de recursos de Caixa ou estornos / ressarcimentos pelos bancos de pequenas despesas, em geral debitadas indevidamente, não representando receitas efetivas do contribuinte; 5 assim, a análise da nova contabilidade apresentada pelo contribuinte mostrou que foram totalmente abandonados, pelo contribuinte, os elementos constantes da primeira reconstituição de contabilidade apresentada em 17/07/2009; 6 a nova contabilidade, como já ressaltado, reconhece parcialmente as receitas de prestação de serviços auferidas pelo contribuinte durante 2006, e registra as despesas que viabilizaram a atividade de "laboratórios fotográficos", como já havia sido identificado na circularização; Fl. 6738DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 12 7 assim, na nova contabilidade restam as seguintes omissões de receita, que darão origem a lançamento de oficio: a) Receitas de prestação de serviços reconhecidas e contabilizadas pelo contribuinte, cujos tributos e contribuições não foram pagos e nem declarados em DCTF; b) Receitas omitidas por meio da contabilização de recebimentos bancários com contrapartida A conta de Passivo Empréstimos a Pagar, empréstimos estes que não foram comprovados; c) Registro de recebimentos em contascorrentes sem contrapartida a uma conta de receita, mas sim A conta de Passivo Contrato de Mútuo, representando valores recebidos da PH; esses recebimentos são repasses dos pagamento de serviços prestados pelo contribuinte aos clientes de "factoring" da PH, ocultados na contabilidade como se fossem recursos decorrentes de mútuo; 8 apesar de várias intimações, nem o contribuinte e nem seus administradores apresentaram quaisquer esclarecimentos e documentos. INFRAÇÕES Portanto, eis as infrações identificadas no TC, cujo exame em grau de maior detalhe consta As fls. 483 a 489: 1 Receitas Contabilizadas e Não Declaradas; 2 Receitas omitidas de recebimentos por conta de Empréstimos a Pagar que não foram comprovados; 3 Receitas omitidas de recebimentos por conta de Contratos de Mútuo que não foram comprovados. REGIME DE TRIBUTAÇÃO: LUCRO REAL TRIMESTRAL O TC reporta, também, que consulta aos sistemas da RFB mostrou que o contribuinte não efetuou pagamentos de tributos ou contribuições federais fora do sistema do Simples Federal (exceto Fonte), em 2006, não tendo, portanto, havido opção por regime de tributação de IRPJ e CSLL nos termos dos arts. 222, caput e § único, 232, e 516, caput e §§ 1 0 e 40 do RIR199. Tampouco foram apresentadas DCTF's para o período analisado. Visto que o contribuinte foi excluído do SIMPLES Federal, de oficio, e reconstituiu sua escrita contábil de forma a permitir a apuração do lucro real, o lançamento de oficio é realizado com base na regra geral, que é a do Lucro Real Trimestral, conforme o art. 220 do RIR199. Em razão do enquadramento no Lucro Real, o lançamento dos reflexos de PIS e COFINS se dará pelo regime de apuração não cumulativo, não tendo, contudo, sido identificados créditos de PIS e COFINS passíveis de utilização. A base de cálculo dessas duas contribuições foi a receita total omitida (soma dos valores mensais dos três tipos de omissão de receita), sendo concedidos ao contribuinte os créditos de PIS e COFINS não cumulativos sobre as aquisições de insumos, creditados, em cada mês, na conta contábil 3.2.2.04.014 Compra p/ Util. na Prestação de Serviços (fls. 81 a 108 do Anexo IX). Esses valores estão apurados no "Demonstrativo de PIS não cumulativo e COFINS não cumulativa reflexos", parte integrante do Termo. Fl. 6739DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 8 13 MULTA QUALIFICADA O TC aponta, ainda, que como o contribuinte apresentou Declaração Simplificada para o anocalendário de 2006, com receita declarada notória e reiteradamente inferior à receita real auferida, bem como permaneceu indevidamente no regime do SIMPLES em 2006 e anos seguintes, apesar de auferir receita excedente ao limite do SIMPLES já em 2005, constatase a clara intenção do contribuinte de evitar que a administração tributária tomasse conhecimento da ocorrência do fato gerador, restando configurada a situação prevista no art. 71, inciso I, da Lei 4.502/64. Visto que contribuinte agiu repetidamente, no curso da ação fiscal, no sentido de evitar que a fiscalização tomasse conhecimento dos verdadeiros fatos ocorridos, deixando de apresentar documentos, apresentando contratos de mútuo e recibos que não refletem as operações realizadas, apresentando reconstituição de escrita contábil que não reflete as operações da empresa, recaiu, assim, no mesmo art. 71, inciso I, da Lei 4.502/64. Em face disto, a multa de oficio a ser aplicada é a qualificada, de 150%, conforme o art. 44, inciso II, da Lei 9.430/96, vigente a época e posteriormente renumerada pela Lei 11.488/2007, passando a constar do art. 44, inciso I, em percentual duplicado conforme §1° do mesmo artigo. RESPONSABILIDADE SOLIDARIA. O TC reporta, por fim, que constavam como sócios de direito do contribuinte, em 2006, as seguintes pessoas fisicas: Maria Aparecida Francisco Rainho (CPF 258.434.118 26) irmã de Marcelo Francisco Rainho; Maria Aparecida Beraldo Souza (CPF 113.483.69884); e, a partir de 26/08/2005, Suemar Ferreira Lima Alencar (CPF 131.773.798 90) esposa de Leideval Souza Alencar. No entanto, a administração da sociedade incumbia, em 2006, a Marcelo Francisco Rainho e a Leideval Souza Alencar que, apesar de serem formalmente apenas administradores não sócios, agiam, de fato, como sócios titulares do contribuinte, como comprova a amostra de cópias de cheques de emissão do contribuinte (Anexos XXIII a XXIX), que demonstram que as movimentações financeiras do contribuinte foram integralmente comandadas por Marcelo Francisco Rainho e Leideval Souza Alencar e como evidenciam as suas entrevistas (Anexo IV, com exemplo à fl. 492), que demonstram que os administradores são, na realidade, os sócios de fato do contribuinte, responsáveis pela concepção e condução dos negócios, e, por conseguinte, únicos beneficiários de seus resultados. Ambos foram intimados, pessoalmente, a esclarecer as irregularidades apuradas no curso desta ação fiscal, através das diligências vinculadas já referidas, conforme documentos (Anexo IV) e Termos de Intimação deste processo, sem que qualquer esclarecimento fosse prestado. Em face da clara responsabilidade dessas pessoas fisicas na administração do contribuinte, substituindo integralmente os sócios de direito na determinação das ações da empresa, e ainda agindo como os verdadeiros criadores e condutores do contribuinte, resta configurada a responsabilidade solidária dessas pessoas, com base no art. 124, inciso I, do CTN. Fazem parte integrante do TC os seguintes demonstrativos: 1 Demonstrativo de Apuração do Lucro Real Trimestral; 2 Demonstrativo de Receitas Indevidamente Contabilizadas como Empréstimos; Fl. 6740DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 14 3 Demonstrativo de Valores Contabilizados como Empréstimos que não Configuram Receitas Efetivas; 4 Demonstrativo Consolidado de Histórico em Extrato Empréstimos a Pagar; 5 Demonstrativo de Lançamentos Conta Empréstimos a Pagar; 6 Demonstrativo de Transferências CAD SP x PH; 7 Demonstrativo de Históricos Bancários; 8 Demonstrativo de Depósitos Bloqueados; 9 Demonstrativo de Lançamentos em Extrato não Localizados na Contabilidade; 10 Demonstrativo de Apuração de PIS não Cumulativo e COFINS não Cumulativa. Integram este processo administrativo os seguintes anexos: 1 Anexos I a III: Extratos bancários do contribuinte ref. 2006; 2 Anexo IV: Extratos da internet com descrições das atividades das empresas CAD (site "grupocad.com.br") e PH (site "phfactoring.com.br "), bem como entrevistas dos administradores disponíveis na internet; termos e documentos iniciais da diligência Vinculada n.° 08190002009037879 junto à empresa PH; termos e intimações aos administradores do contribuinte, conforme diligências vinculadas controladas pelos MPF's 08190002009040284 (junto a Leideval Souza Alencar) e 08190002009040292 (junto a Marcelo Francisco Rainho);os temos juntados neste Anexo referemse a fatos de 2005; os termos referentes a 2006 foram cientificados simultaneamente à pessoa jurídica e aos administradores, sob amparo dos MPF's de diligências vinculadas aqui indicados, estando tais termos juntados aos volumes deste processo; 3 Anexo V a IX: Livro Razão (em folhas soltas) apresentados pelo contribuinte em 12/11/2009 (reconstituição da contabilidade); 4 Anexos X a XIV: Livros Razão (em folhas soltas) originalmente apresentado pelo contribuinte, em 17/07/2009 primeira contabilidade analisada; 5 Anexo XV: Livro Razão (em folhas soltas) apresentado pela empresa PH; 6 Anexos XVI a XXII: documentos obtidos em procedimentos de diligências Vinculadas relativos a circularização junto a fornecedores do contribuinte; 7 Anexos XXIII a XXIX: amostragem de cópias de cheques emitidos pelo contribuinte e relatórios de cheques depositados em contascorrentes do contribuinte, fornecidos por instituições financeiras em atendimento a RMF' s; Os autos de infração constam As fls. 407 a 450, com as bases legais da autuação das três infrações ao IRPJ A fls. 414 a 418. Os Termos de Sujeição Passiva, com seus anexos, constam As fls. 451 a 609. Fl. 6741DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 9 15 A empresa apresentou impugnação, em 18/06/2010 (fls. 613 a 625), por meio de seu advogado (fls. 625 a 632), alegando, em resumo, que: 1 a inclusão dos administradores no pólo passivo do auto de infração com base no art. 124, I do CTN não deve prosperar, pois: a) esta solidariedade diz respeito as pessoas que tem interesse comum, como é o caso de imóvel com dois proprietários, com relação ao IPTU; b) não basta o simples inadimplemento da obrigação tributária para incluir responsáveis, sendo necessário possuir cargo de diretor, gerente ou representante e agir com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos (art. 135 do CTN); c) traz jurisprudência judicial acerca da aplicação do art. 13 da Lei n.° 8.620/93 (solidariedade pelas dividas junto A Seguridade Social) e do art. 124, II, do CTN, em caso de dissolução irregular da sociedade; 2 a autuação foi efetuada com base em mera presunção, não havendo qualquer prova de que os valores na contacorrente da empresa correspondam As suas receitas operacionais de prestação de serviços, sendo certo que não se pode valorar incorretamente os fatos, que devem se submeter ao principio da verdade material e que o ônus da prova é da autoridade administrativa, conforme doutrina; 3 invoca a aplicação do art. 112 do CTN (interpretação da lei mais favorável ao acusado); 4 o valor da multa é inaceitável e absolutamente desvinculada da realidade sócioeconômica, devendo ser excluída ou ao menos reduzida, pois: a) configura confisco do patrimônio do contribuinte, conforme doutrina; b) a capacidade contributiva e a vedação do confisco são princípios constitucionais (art.145, par. 1 0, e art. 150, IV, da CF/88), razão pela qual a eqüidade, razoabilidade e senso de justiça, recomendam a exclusão de multas vultosas, como estas; traz jurisprudência judicial; 5 é ilegal e inconstitucional a aplicação da taxa SELIC, conforme argumentos de praxe; Com base nessas considerações, apreciando as razões de defesa apresentados nos autos, manifestouse a douta 4a Turma da DRJ São Paulo I (SP) pela manutenção do lançamento, destacando, em sua ementa, as seguintes e específicas considerações: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO. Nada impede a utilização da presunção como meio de prova de omissão de receita. Fl. 6742DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 16 INCONSTITUCIONALIDADE E/OU ILEGALIDADE. MULTA QUALIFICADA (150%). TAXA SELIC. Não compete à instância administrativa negar aplicação à legislação tributária vigente sob a alegação de inconstitucionalidade e/ou ilegalidade, prerrogativa do Poder Judiciário. RESPONSABILIDADE TRIBUTARIA. Provado que os administradores eram os sócios de fato da pessoa jurídica autuada, está correto atribuirlhes responsabilidade solidária passiva com base no art. 124, inciso I, do CTN. AUTOS REFLEXOS. PIS. COFINS. CSLL. O decidido quanto ao IRPJ aplicase à tributação dele decorrente. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimada a contribuinte no dia 27/04/2011 e o responsável, Sr. Marcelo Francisco Rainho no dia 26/04/2011 foi por ela então interposto o Recurso Voluntário no dia 23/05/2011, repisando os argumentos de defesa apresentados na impugnação e pretendendo, ao final, a reforma da r. decisão de origem com o cancelamento integral da autuação realizada, destacando, para tanto, o seguinte: A impossibilidade de inclusão como devedor solidário do débito os administradores da empresa (Art. 124, I do CTN). A falta de apresentação de documentos. Que a autoridade fiscal não pode ser baseada em meras presunções. Invalidade da qualificação da multa moratória. Que a multa no percentual de 150% seria confiscatória e não atenderia ao princípio constitucional da capacidade contributiva. Que seria inválida a aplicação da taxa SELIC como critério para a quantificação dos juros moratórios. Vindo os autos para julgamento, em 13 de junho de 2013, entendeu este Colegiado pelo sobrestamento do feito, nos termos da Resolução no 1301000.131, tendo em vista tratarse nos autos da discussão a respeito da validade da quebra de sigilo bancário, nos termos tratados pela Lei Complementar 105/2001. Entretanto, tendo sido revogadas as disposições do regulamento pela Portaria no 545, de 18 de novembro de 2013, retornam os autos, então, oportunidade, para a regular apreciação e julgamento. É esse o relatório. Fl. 6743DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 10 17 Voto Conselheiro CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, relator. Sendo tempestivo o recurso, dele conheço. Conforme destacado no relatório, tratam os presentes autos de autuação fiscal decorrente da verificação da omissão de receitas relativa aos montantes constantes em depósitos bancários não devidamente lançados na contabilidade da recorrente. No que tange à discussão a respeito da (in)validade da obtenção de informações da contribuinte sem a necessária determinação judicial da quebra do sigilo bancário dos respectivos contribuintes, cumpre ressaltar as expressas disposições contidas no Art. 1o da Lei Complementar no 105/2001, que, sobre a matéria, assim então especificamente estabelece: Art. 1o As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3o Não constitui violação do dever de sigilo: I – a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III – o fornecimento das informações de que trata o § 2o do art. 11 da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV – a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V – a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI – a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9 desta Lei Complementar. (...) Fl. 6744DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 18 Apesar de todas as discussões a respeito da constitucionalidade dessas disposições, verificase que, até o presente momento, não fora pronunciada pelo Supremo Tribunal Federal qualquer decisão definitiva de mérito sobre a matéria, sendo então relevante aqui ressaltar a aplicação das disposições da Súmula CARF no 2, que assim então expressamente destacam: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. A partir dessas considerações, presumese, então, perfeitamente válida a obtenção das informações pelos agentes da fiscalização, não se havendo, assim, que falar na invalidade das referidas disposições. Guardando na retentiva essas ponderações, passemos então à análise dos argumentos do recurso interposto: Da responsabilidade solidária dos administradores A primeira questão tratada no recurso voluntário interposto, diz respeito à preliminar apontada a respeito da impossibilidade de imputação aos sócios/administradores, especificamente em face dos contornos próprios das disposições do fundamento legal adotado, que foi o Art. 124, I do CTN, que destaca: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. As discussões práticas e doutrinárias a respeito da regular exegese dessas disposições, de fato, há tempos tem sido tema de inúmeras discussões hoje presentes no universo de aplicação de nosso universo de atuação jurídicatributária, verificandose, de forma recorrente, a pretensão de sua aplicação como fundamento para a imposição de responsabilidade de terceiros, o que, em meu particular modo de ver, entendo contraria as próprias disposições do CTN. Digo isso porque, a princípio, as hipóteses legais da configuração de “responsabilidade de terceiros”, especificamente no campo da atividade empresarial (sócios, administradores, gerentes, representantes, etc.), encontra expressa previsão normativa, expressa, então, nas disposições dos Artigos 134 e 135, especificamente quando apontam: Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: (...) VII os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Fl. 6745DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 11 19 Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Da análise desses dispositivos, verifico que, ao contrário do que muito se tem afirmado na análise sumária dos dispositivos apontados (sobretudo no que diz respeito àquelas constantes no Art. 135, III do CTN), a responsabilidade de sócios, diretores gerentes ou representantes das pessoas jurídicas não se faz, exclusivamente, por suposto não pagamento dos tributos, apenas, e tão somente, nas circunstâncias próprias indicadas no caput daquele referido dispositivo (“créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos”), sendo esse, inclusive, o entendimento hoje pacificado pela jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça que, inclusive, recentemente, assim pronunciouse sob a sistemática própria do Art. 543C do CPC (“Recursos Repetitivos”): Processo REsp 1101728 / SP RECURSO ESPECIAL 2008/02440246 Relator(a) Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI (1124) Órgão Julgador S1 PRIMEIRA SEÇÃO Data do Julgamento 11/03/2009 Data da Publicação/Fonte DJe 23/03/2009 Ementa TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DISPENSA. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO. TRIBUTO NÃO PAGO PELA SOCIEDADE. 1. A jurisprudência desta Corte, reafirmada pela Seção inclusive em julgamento pelo regime do art. 543C do CPC, é no sentido de que "a apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco" (REsp 962.379, 1ª Seção, DJ de 28.10.08). 2. É igualmente pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que a simples falta de pagamento do tributo não configura, por si só, nem em tese, circunstância que acarreta a responsabilidade subsidiária do sócio, prevista no art. 135 do CTN. É indispensável, para tanto, que tenha agido com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato Fl. 6746DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 20 social ou ao estatuto da empresa (EREsp 374.139/RS, 1ª Seção, DJ de 28.02.2005). 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. Acórdão Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer parcialmente do recurso especial e, nessa parte, darlhe parcial provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Castro Meira, Denise Arruda, Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Eliana Calmon e Francisco Falcão votaram com o Sr. Ministro Relator. Sustentou, oralmente, o Dr. AYLTON MARCELO BARBOSA DA SILVA, pela recorrida. (Destaque nosso) Pelo que aqui se verifica, na linha que há tempos, inclusive, temos já sustentado, o julgamento paradigma fundamental editado pelo Colendo STJ a respeito aos específicos contornos da aplicação das disposições do Art. 135, inciso III do CTN – e, no caso, a responsabilização tributária de terceiros , é clarividente no sentido que não se mostra suficiente a simples demonstração ou identificação da ocorrência do inadimplemento do montante devido. É fundamental que, em cada caso, reste devida e especificamente comprovada a atuação com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto da empresa, sem a qual, definitivamente, não se pode admitir a responsabilização dos referidos agentes. Dessa forma, verificase que, a previsão normativa da possibilidade de terceiros (Sócios, administradores, gestores e representantes da pessoa jurídica), encontra, sim, expressa delimitação em nosso sistema normativo pátrio, devendo assim então ser efetivamente observado. A pretensão de aplicação das disposições do Art. 124, inciso I nessa hipótese, com toda a certeza, representa, na verdade, uma tentativa de alargamento interpretativo daquelas circunstâncias que, ao final, acaba por impor uma completa inutilidade de suas disposições, o que, com toda a certeza, não se apresenta como sendo a melhor interpretação a ser então aqui aplicada. Nessa linha, também para não pretender a inutilidade das disposições do prórpio Art. 124, inciso I do CTN, entendo que ali não se trata de “responsabilidade de terceiros”, mas sim, apenas e tão somente, de possibilidade de consideração de solidariedade da responsabilidade tributária quando da consecução material do fato gerador (o exemplo doutrinário do IPTU, as empresas componentes de grupos econômicos, etc.). Diante disso, a utilização das disposições do Art. 124, inciso I do CTN para a configuração de responsabilidade do sócio/administrador, conforme apontado no Termo de Sujeição Passiva Tributária, contido às fls. 606, tem como fundamento, exclusivamente, as vantagens econômicas eventualmente auferidas pelo referido agente, sem considerar, na sua materialidade, quaisquer das hipóteses aqui então devidamente configuradas, de forma que, com todas as vênias, entendo, no caso, pela extrapolação, pelos agentes da fiscalização, do Fl. 6747DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 12 21 conceito próprio e definido em nosso sistema normativo a respeito da configuração do dito responsável solidário, sendo, aqui, então, necessária a indicação das disposições da decisão proferida no REsp 1101728 / SP, e, com isso, o reconhecimento da impossibilidade de sua manutenção na presente vertente, com base, então, nos fundamentos aqui esposados. Dessa forma, acolho a preliminar suscitada, e, no caso, afasto a responsabilidade imputada ao Administrador (Sr. MARCELO FRANCISCO RAINHO), por entender pela impossibilidade de aplicação das disposições do Art. 124, inciso I do CTN e, ainda, a inexistência da regular indicação das condutas tipificadas nas disposições do Art. 135, inciso III do CTN. Da aplicação da presunção de omissão de receitas Continuando suas razões, a contribuinte sustenta também a invalidade da aplicação de presunção de receitas na espécie, destacando, novamente, ofensa a princípios constitucionais como proporcionalidade, razoabilidade, legalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, etc. A aplicação, no caso, da presunção de omissão de receitas, vale destacar, decorrem, especificamente, da aplicação das disposições do Art. 42 da Lei 9.430/96, que, sobre a matéria, assim então especificamente destaca: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Lei nº 9.481, de 1997) § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) Fl. 6748DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 22 (destaques nossos) Por essas disposições, verificase que, obtendo os agentes da fiscalização as informações a respeito das movimentações financeiras realizadas nas contascorrentes da fiscalizada e não tendo ela apresentado, ao tempo e modo devido, os específicos e devidos registros dos respectivos montantes em sua contabilidade com a comprovação de sua origem e natureza, perfeitamente válida, mais uma vez, se mostra a aplicação da presunção de omissão de receitas, da forma como efetivada, não se podendo aqui, portanto, deixarse de observar a especifica determinação legal aqui apontada. À fiscalizada, insistase, assistiria o direito de efetivamente desconstituir as presunções aplicadas, apresentando, quando devidamente intimada para tanto, as respectivas comprovações a respeito da origem e natureza dos apontados recursos, o que, mais uma vez, não se verifica no presente caso. Diante disso, perfeitamente válida e regular, no caso, se verifica a aplicação da presunção de omissão de receitas promovida na atuação realizada, não se havendo falar aqui, absolutamente, em qualquer invalidade das disposições do Art. 42 da Lei 9.430/96 (Súmula CARF no 2) e, ainda, em qualquer ofensa a princípios da razoabilidade, proporcionalidade, contraditório, ampla defesa ou qualquer outra disposição constitucional apontada. Por essas razões, entendo como regular a apuração promovida pelos agentes da fiscalização, nada havendo a ser aqui então desconstituído neste particular. Da inaplicabilidade da multa qualificada Em que pese todas as considerações até aqui apresentadas, verificase ainda que, nos argumentos da recorrente, opõese ela ainda à majoração da penalidade pecuniária apontada, que, conforme se verifica nos autos, fora apurada a partir da aplicação do percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento), por entenderem as autoridades fazendárias que, na presente vertente, terseia efetiva configuração de sonegação fiscal, nos termos dos Art.s 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64, sendo, portanto, inválida a qualificação da penalidade, nos termos das disposições do Art. 44, inciso I e Parágrafo 1o da Lei 9.430/96. Analisando a situação contida nos autos, verificase, entretanto, que a razão fundamental para o lançamento realizado teria sido, exclusivamente, na nãocontabilização, pela contribuinte, dos valores e movimentos relativos a algumas de suas contascorrente, sendo certo que, apesar de nossas considerações aqui apresentadas a respeito da ausência de explicações ou fundamentos, pela recorrente, de que os referidos valores não se consubstanciariam em efetivas “receitas omitidas”, tal fato, por si só, não configura, a meu ver, a hipótese própria de “Sonegação Fiscal”, a viabilizar a aplicação da qualificação da penalidade, da forma como apresentado. Esse assunto, por certo, há tempos é já muito debatido no presente Conselho, sendo que, atualmente, encontrase ela já perfeitamente pacificada, sobretudo, em face das disposições da Súmula CARF no 14, que, sobre o assunto, assim então pontifica: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Fl. 6749DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 13 23 No presente caso, o que se verifica, de fato, é que o lançamento efetivado tomara como base, exclusivamente, a efetiva ausência de registro das movimentações financeiras, obtidas a partir da emissão das respectivas Requisição para Informação de Movimentação Financeira – RMF. De fato, aqui não se verifica a apresentação de nenhum outro fato que, isoladamente, pudesse considerar quaisquer das condutas contidas nas disposições dos referendados arts. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64, sendo certo, e aqui completamente induvidoso, a completa e total impossibilidade de manutenção da qualificação da penalidade aplicada. Assim, em atenção às especificas disposições da mencionada Súmula CARF no 14, entendo assistir razão à recorrente neste particular, devendo, assim, ser efetivamente afastada a qualificação da penalidade aplicada, reduzindose, assim, o seu patamar para 75% (setenta e cinco por cento), nos termos aqui apontados. Da aplicação dos juros de mora Por fim, um dos temas que tem, de forma recorrente, sido argüido em diversos casos neste Conselho, tem sido a discussão a respeito da incidência (ou não) dos percentuais de juros de mora sobre os montantes da apontada multa de ofício. Inicialmente, é de se destacar que, a rigor, a aplicação de juros de mora sobre o montante do crédito tributário constituído e inadimplido, em nosso sistema possui expressa e específica base legal, sendo, a seu respeito, fundamental o destaque das disposições do Art. 161 do CTN, que, sobre o assunto, assim então especificamente destaca: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Da leitura dessas disposições, verificase já, de antemão, um tratamento legal distinto aplicado pelas disposições normativas de regência para o que seja o “crédito tributário” propriamente dito, e, no caso, as penalidades aplicadas, expressamente destacando que os juros de mora incidem (apenas) sobre aqueles, e não sobre todos os valores ali mencionados. Sendo essa a exegese que entendo adequada para o referido dispositivo legal, penso que, pela sua própria dicção, os juros de mora devem incidir sobre o montante próprio (e exclusivo) do crédito tributário, não cabendo, assim, a sua aplicação sobre o montante da multa de ofício aplicada que, inclusive, possui expressa excepcionalização pela mencionada disposição normativa. Fl. 6750DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 24 Em que pese, entretanto, as nossas considerações teóricas sobre a matéria, verificase que, pelo entendimento majoritário neste colegiado, têmse afastado a conclusão aqui então apontada, reconhecendose, por outra vai, que o montante das penalidades aplicáveis (multa de mora e de ofício) integram, por natureza, o conceito próprio do montante do “crédito tributário”, de forma que, então, tornase legítima a aplicação dos referidos juros de mora, também, sobre o montante da multa de ofício aplicada. Resguardando o meu entendimento pessoal a respeito da matéria, curvome, no caso, ao posicionamento da douta maioria, destacando, então, a possibilidade plena de aplicação dos juros de mora sobre o montante da multa de ofício aplicada. Nessa linha, destaco que o Decretolei nº 1.736/79, dispôs sobre os acréscimos moratórios incidentes sobre os débitos para com a Fazenda Nacional, de natureza tributária, destacando: Art 3º Entendese por valor originário o que corresponda ao débito, excluídas as parcelas relativas à correção monetária, juros de mora, multa de mora e ao encargo previsto no artigo 1º do Decretolei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969, com a redação dada pelos Decretosleis nº 1.569, de 8 de agosto de 1977, e nº 1.645, de 11 de dezembro de 1978. Ou seja, o valor originário do débito, sobre o qual incidem os juros de mora, não exclui a multa de ofício. De acordo com o § 3º do art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal (ou seja, débitos de natureza tributária), cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1° de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o §3° do art. 5° (Selic), a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. A regularidade da incidência da taxa SELIC como forma de correção dos montantes do crédito tributário é tema hoje plenamente pacificado na jurisprudência deste CARF, sendo de se destacar, em relação a esse assunto, as disposições da Súmula CARF no 4, que, sobre o assunto, assim então especificamente assenta: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Em face dessas considerações, entendo, no caso, pela perfeita validade da incidência dos juros SELIC sobre as multas aplicadas, nos termos e condições estabelecidos pelo ordenamento jurídico pátrio. Conclusões Em face de todas essas considerações, encaminho o meu voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto para fins de: i) afastar a aplicação da responsabilidade solidária ao Administrador; e ii) determinar o afastamento da Fl. 6751DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.001186/201022 Acórdão n.º 1301001.600 S1C3T1 Fl. 14 25 aplicação de qualificação da multa aplicada, reduzindoa, portanto, ao patamar exclusivo de 75% (Setenta e cinco por cento), mantendo o lançamento em todas as suas demais considerações. É como voto. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator Fl. 6752DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES
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