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Numero do processo: 19515.721733/2012-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 09 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3301-000.246
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Acompanhou o julgamento a Dra. Roberta Bordini Prado Landi, OAB/SP nº 236.181.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Acompanhou o julgamento a Dra. Roberta Bordini Prado Landi, OAB/SP nº 236.181. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 2a Turma da DRJ Porto Alegre (efls. 2906/2928), que, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a impugnação formalizada pelo sujeito passivo contra lançamentos para exigência do PIS/Pasep e da COFINS segundo o regime da não cumulatividade, conforme acórdão assim ementado: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .7 21 73 3/ 20 12 -5 1 Fl. 3039DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.040 2 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2009 a 30/04/2009 REUNIÃO DE PROCESSOS PARA JULGAMENTO CONJUNTO. INEXISTÊNCIA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL DE NORMA OBRIGANDO TAL PROCEDIMENTO. Inexiste no âmbito do Processo Administrativo Fiscal Federal norma que torne obrigatório o julgamento conjunto de processos relativos ao mesmo contribuinte, ainda que guardem relação de conexão. DESPESAS FORA DO CONCEITO DE INSUMOS. Existe vedação legal para o creditamento de despesas que não podem ser caracterizadas como insumos dentro da sistemática de apuração de créditos pela nãocumulatividade. BASE DE CÁLCULO. RECEITA, E NÃO O LUCRO. A base de cálculo do PIS e da Cofins determinada constitucionalmente é a receita obtida pela pessoa jurídica, e não o lucro. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. Não compete à autoridade administrativa apreciar arguições de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídicoadministrativo, cabendo tal controle ao Poder Judiciário. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. APLICAÇÃO. A multa de ofício é uma penalidade pecuniária aplicada em função da infração cometida, conforme previsto pela legislação (Inciso I, art. 44, Lei nº 9.430/96). Da mesma forma, o pagamento não realizado no vencimento tem a aplicação de juros de mora como bem dispõe o art. 61 dessa mesma lei. JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. Cobramse juros de mora sobre a multa de ofício equivalentes à taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic – por expressa previsão legal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2009 a 30/04/2009 REUNIÃO DE PROCESSOS PARA JULGAMENTO CONJUNTO. INEXISTÊNCIA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL DE NORMA OBRIGANDO TAL PROCEDIMENTO. Inexiste no âmbito do Processo Administrativo Fiscal Federal norma que torne obrigatório o julgamento conjunto de processos relativos ao mesmo contribuinte, ainda que guardem relação de conexão. DESPESAS FORA DO CONCEITO DE INSUMOS. Existe vedação legal para o creditamento de despesas que não podem ser caracterizadas como insumos dentro da sistemática de apuração de créditos pela nãocumulatividade. BASE DE CÁLCULO. RECEITA, E NÃO O LUCRO. A base de cálculo do PIS e da Cofins determinada constitucionalmente é a receita obtida pela pessoa jurídica, e não o lucro. Fl. 3040DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.041 3 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. Não compete à autoridade administrativa apreciar arguições de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídicoadministrativo, cabendo tal controle ao Poder Judiciário. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. APLICAÇÃO. A multa de ofício é uma penalidade pecuniária aplicada em função da infração cometida, conforme previsto pela legislação (Inciso I, art. 44, Lei nº 9.430/96). Da mesma forma, o pagamento não realizado no vencimento tem a aplicação de juros de mora como bem dispõe o art. 61 dessa mesma lei. JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. Cobramse juros de mora sobre a multa de ofício equivalentes à taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic – por expressa previsão legal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte O acórdão em tela deu parcial provimento à impugnação do sujeito passivo para cancelar a parte do lançamento inerente à comprovação de despesas de contraprestação de arrendamento mercantil, bem como de energia elétrica, o que redundou na diminuição do valor principal lançado em R$ 9.961,40 a título do PIS, e em R$ 328.474,84, referente à COFINS (v. efls. 2923/2024). Segue, abaixo, o relato dos fatos transcrito da decisão recorrida: Para a análise de pedidos de ressarcimento e compensações apresentados pelo contribuinte foram abertos Mandados de Procedimentos Fiscais (MPFD e MPFF). O contribuinte foi então intimado a apresentar vasta documentação fiscal e contábil (fls. 1.440 a 1.452) : planilhas discriminando cada item que compõem a base de cálculo de apuração dos seus créditos; planilhas com nome e CNPJ dos seus fornecedores, e com os números das notas fiscais, datas, CFOPs, descrição dos bens e valores; planilha com as vendas realizadas com nome e CNPJ dos clientes, número das notas fiscais, datas, CFOPs, descrição dos produtos vendidos e valores; descrição e detalhamento de itens do seu processo produtivo; notas fiscais de determinadas aquisições e despesas; explicação sobre operações na modalidade de drawback e quais produtos adquiridos nesse regime; identificar receitas lançadas para determinados CFOPs; explicação sobre a rubrica “serviços utilizados como insumos”; comprovação de despesas com energia elétrica; esclarecimentos sobre as rubricas “armazenagem e frete na operação de venda” e “créditos extemporâneos”; explicação como determinados elementos participam e integram o produto final industrializado da empresa; apresentação dos atos concessórios do regime especial de Drawback; comprovação das despesas de contra prestações de arrendamento mercantil; relação de todos os produtos comercializados; relação e explicação de qual a destinação dos resíduos oriundos do seu processo produtivo; entre outros. Fl. 3041DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.042 4 Em conseqüência do solicitado nas intimações, dos documentos apresentados pelo contribuinte e das conclusões feitas pela fiscalização, foram juntados aos autos: Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais DACONs (fls. 1.120 a 1.427); relação de débitos declarados em DCTF (fls. 1.428 a 1.429); descrição do processo produtivo da empresa às fls. 1.452 a 1.484; algumas respostas específicas ao solicitado nas intimações (fls. 1.485 a 1.514); notas fiscais de energia elétrica (fls. 1.515 a 1.542); planilhas com as despesas com energia elétrica (fls. 1.543 a 1.549); planilha com encargos de edificações e benfeitorias (fls. 1.550 a 1.552); bens utilizados como insumos pelo contribuinte que foram glosados (fls. 1.553 a 2.190); planilhas relativas ao DACON na versão do contribuinte e na versão da Eqaud [Equipe de Auditoria] (fls. 2.191 a 2.214); descrição de Fichas do DACON (fls. 2.215 a 2.226, 2.270 a 2.281); entre outros. O Termo de Verificação Fiscal com as conclusões da auditoria fiscal se encontra às fls. 2.239 a 2.247, e apontou uma série de glosas a que o contribuinte estaria sujeito. Essas glosas corresponderiam à falta de comprovações ou utilização indevida de créditos por impedimento legal, entre os quais: a) Glosas parciais – de valores que o contribuinte havia denominado de “bens utilizados como insumos”, “serviços utilizados como insumo”, “despesas de armazenagem e fretes na operação de venda”, “energia elétrica”; b) Exclusão total – de valores que o contribuinte havia denominado de “encargos de amortização de edificações e benfeitorias”; “ajustes positivos de créditos de PIS e de Cofins”; e “despesas de contraprestação de arrendamento mercantil”. Dessa forma, com base nas glosas efetuadas pela fiscalização, e diante da insuficiência de recolhimento das contribuições para o período de apuração de abril de 2009, o contribuinte acabou sendo autuado num montante de crédito tributário correspondente a R$ 7.052.898,42 (R$ 5.688.796,15 de Cofins e R$ 1.364.102,26 de PIS), conforme se verifica nos Autos de Infração lavrados às fls. 2.248 a 2.267. O contribuinte apresentou, em 06/12/2012, tempestivamente de acordo com o ateste da DRF à fl. 2.814, a impugnação das fls. 2.286 a 2.358, fazendo, em síntese, as seguintes alegações: Preliminarmente: QUE estaria discutindo os créditos glosados nos processos administrativos relativos aos pedidos de ressarcimento de nº 12585.0000386/201095, 12585.000383/201051, 12585.000387/2010 30, 12585.000384/201004, 12585.000388/201084 e 12585.000385/201041. Desta forma, requer que seja feito o julgamento de forma conjunta evitando decisões conflitantes. QUE existe nulidade do trabalho fiscal, pois nenhum lançamento pode ser feito com base em mera suspeita, devendo o AuditorFiscal comprovar cabalmente os fatos objetivados no lançamento tributário. Diz que a jurisprudência administrativa é uníssona em reconhecer a invalidade de atos administrativos que não contêm a devida motivação, implicando prejuízo ao direito da ampla defesa. Afirma que a justificativa das glosas não consta dos Autos de Infração. Ainda que caiba ao sujeito passivo a comprovação do direito Fl. 3042DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.043 5 creditório, incumbe ao agente fiscal proceder à investigação mínima dos fatos. QUE a fiscalização faz referência a Soluções de Consulta e de Divergência que não são adequadas para justificar as glosas realizadas, tampouco para desincumbir o fisco de seu ônus da prova. Do Direito: QUE no regime nãocumulativo se tem direito aos créditos das contribuições de PIS e de Cofins. Realça algumas premissas como o fato de ter sido a legislação ordinária, e não a Constituição Federal, que delineou a nãocumulatividade dessas contribuições. Entende que a nãocumulatividade das contribuições não se identifica com a do IPI e do ICMS. Comenta decisão judicial (ISS) que afirma que a relação de itens que dá direito a créditos é taxativa, mas que isso não inibe um sentido mais amplo e compreensivo. Questiona o conceito de insumo regulamentado através da Instrução Normativa SRF nº 247/2002, pois estaria importando conceitos da legislação do IPI, concluindo inexistir amparo legal para as Instruções Normativas nº 247/02 e 404/04. Discorre sobre o significado da palavra “insumo”, defendendo uma abrangência muito maior do que a dada pela Receita Federal. Menciona como critério seguro o do custo de absorção para apuração do Lucro Real, refletido no Regulamento do Imposto de Renda. Traz o Acórdão do CARF de nº 320200226, onde se diria que o conceito de insumo para a nãocumulatividade do PIS e da Cofins se daria nos termos da legislação do IRPJ. QUE da falta de compreensão do seu processo produtivo se originaram as glosas efetuadas. Diz que as etapas de pesquisa, explosão, beneficiamento e flotação são etapas que não podem ser analisadas isoladamente. Discorre sobre o seu processo produtivo. QUE sobre os denominados “bens e serviços utilizados como insumos no processo produtivo” relaciona uma série de itens que defende serem importantes na sua atividade: chapas; placas (e sua montagem); tubos; dutos; telas; tirantes; cordoalhas; cimento; concreto; massas e tijolos refratários; bactericidas para água; finos cal carbureto; cavilha; dinamite, detonadores e cordéis; tecido filtrante e lona; correias transportadoras; coque; virola; sulfato CU; areia lavada; páletes e baldes redondos; tambor e tampa removível; carvão ativado; fostato monoamônico; diluente; manta e saco de diafragma; sistema de vedação – resfriador minério; raspadores; válvula borboleta; dente cambiável; eixos; mangueira bazuca; sílica; espoleta; ponta e lâmina de escavadeira; hastes, bit e punho; mandíbula metso minerais; elemento Milani/DES; grelha de sustentação; junta; rolamento; rotor ASTM; espelho, Delta; Anel metso minerais; pasta eletrolítica; bolas de aço; rolete; peças de manutenção (chave trifásica); inversor de freqüência e chave WEG; motores elétricos; e equipamentos de proteção individual. QUE não se creditou de despesas relativas à valetransporte, valerefeição, ou alimentação e fardamento ou uniforme. QUE despesas relacionadas à segurança patrimonial da fábrica; a sua limpeza e conservação; ao transporte de funcionários; com a mãodeobra para manutenção das máquinas e equipamentos; locação de equipamentos; inspeções técnicas são todos necessárias para a sua atividade. Fl. 3043DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.044 6 QUE as peças de reposição de máquinas e de equipamentos, assim como os combustíveis e lubrificantes necessários para o seu funcionamento são passíveis de creditamento. QUE os dispêndios com o processo de limpeza é indispensável para o bom andamento da sua produção, pois os ambientes de trabalho precisam estar livres de qualquer lixo ou resíduo. QUE a elaboração de projetos geotécnicos em geral, como terraplanagem, prospecção e sondagem possuem papel efetivo na sua produção. QUE sobre os fretes de venda e os fretes na aquisição de insumos deve ser reconhecido o seu direito ao crédito por via reflexa de tudo que já foi apresentado na impugnação (amplitude do conceito de insumo). Considerou a fiscalização que as despesas efetuadas com fretes contratados para transporte de minério dentro do próprio estabelecimento não geram direito à apuração de créditos. Diz que os valores glosados não se referiam somente ao transporte de insumos realizados dentro do estabelecimento, mas sim a duas situações distintas: fretes para transportar insumos utilizados em sua produção adquiridos de terceiros (cita um exemplo de um contrato com a empresa PLMD); e custo do transporte do ácido sulfúrico para as fábricas de fertilizantes e usinas de álcool, o qual diz se enquadrar no inciso IX, do art. 3º, e inciso II, do art 15, da Lei nº 10.833/03. QUE sobre o frete entre os estabelecimentos da impugnante relativo ao transporte de insumos, afirma que o CARF teria se posicionado favoravelmente à inclusão do frete interno de produtos em fabricação no cálculo de créditos das contribuições. QUE sobre os créditos referentes à energia elétrica ocorreu glosa parcial devido à não comprovação por parte do contribuinte das despesas. Dessa forma, diz anexar em sua defesa todas as suas notas fiscais relativas às despesas incorridas que foram glosadas pela fiscalização. QUE a fiscalização, no tocante aos créditos apropriados em período diverso daquele em que verificada a respectiva aquisição, sob a alegação de que o pedido de ressarcimento se refere a cada um dos trimestres calendários, e que vários itens considerados pelo contribuinte se referiam a períodos anteriores, concluiu que não poderiam ser considerados no cálculo do crédito do período sob análise. Argumenta que o crédito não utilizado no período competente pode ser aproveitado em períodos subseqüentes. Diz inexistir dispositivo legal que impeça que o crédito não apropriado num período seja nos meses seguintes, e que a legislação não condiciona o aproveitamento de créditos extemporâneos à prévia retificação de declarações (DACON/DCTF). Entende que desde que respeitado o prazo de 5 anos, pode o contribuinte aproveitar o crédito extemporâneo das contribuições em apreço, independentemente da retificação de suas declarações. QUE não teria comprovado as despesas de contraprestação de arrendamento mercantil. Ao ver as suas planilhas, confessa que equivocadamente lançou sob essa rubrica valores relativos a outras despesas. Anexa a sua defesa retificação das fichas 6/A e 16/A dos meses de janeiro a maio de 2009, relativos ao DACON. Entende que as Fl. 3044DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.045 7 glosas em foco se devem ao equívoco mencionado. Apresenta novos valores apurados como despesas de arrendamento mercantil, conforme tabela da fl. 2.352, e que seriam no montante de R$ 933.790,49, e não de R$ 3.442.339,84, conforme constava anteriormente. QUE é descabido os juros de mora e a multa de ofício, pois agiu em cumprimento a práticas reiteradas, que são verdadeiras normas complementares das leis tributárias, não se podendo impor penalidades nos termos do inciso III, do art. 100, do CTN, citando também a alínea “a”, do inciso II, do art. 76, da Lei nº 4.502/64. Diz que o STJ se pronunciou que quando o contribuinte age de boafé em conformidade com a posição admitida pela Administração Pública, não podem lhe ser exigidos juros e multa sobre o crédito tributário. POR FIM, entende que resta evidente a falta do necessário amparo legal aos Autos de Infração impugnados, razão pela qual requer o recebimento e o provimento de sua defesa, para o fim de que sejam declarados nulos os Autos de Infração, bem assim em razão da falta de investigação suficiente dos fatos que deram ensejo à glosa fiscal ora combatida. Caso assim não se entenda, requer que seja determinado o cancelamento da exigência fiscal impugnada, em virtude da improcedência das glosas de créditos, com a conseqüente homologação das respectivas compensações efetuadas a esse título. POR FIM, ainda, se mesmo assim mantida a exigência fiscal, deve ser afastada a aplicação de juros e multa sobre o correspondente crédito tributário, na forma do § único, do art. 100, do CTN, e da alínea “a”, do inciso II, do art. 76, da Lei nº 4.502/64, ou, então, deve ser afastada a incidência dos juros de mora sobre os valores das multas, pois a lei somente prescreveria a aplicação do referidos encargos sobre as multas isoladas. Comenta que o §3º, do art. 61, da Lei nº 9.430/96, somente autorizaria a incidência de juros sobre débitos “decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal”, sendo que os § 1º e 2º tratam minuciosamente do cálculo das multas sem prescrever a incidência de juros sobre elas. Diz que em decorrência do art. 3º, do CTN, as multas não possuem natureza jurídica de tributo ou contribuição. Defende que não cabe a aplicação do art. 61 da lei nº 9.430/96, mencionando também o art. 43, dessa mesma lei. Complementa que em virtude das glosas dos créditos apurados, que ensejaram as autuações ora impugnadas, estarem sendo discutidos nos autos de outros processos administrativos (aqueles que correspondem aos pedidos de ressarcimento dos créditos), requer que sejam os processos reunidos para julgamento de forma conjunta, evitandose, assim, decisões conflitantes em favor do impugnante. Diz, também, que para provar os fatos expostos, protesta por todas as provas em direito admitidas, tais como a juntada de documentos e a realização de diligências. FINALMENTE, informa que a matéria objeto de sua impugnação não foi submetida à apreciação judicial. Encaminhado o processo para julgamento da DRJ, entendeu por bem a 2ª Turma da DRJ/POA de retornar os autos em diligência, conforme decidido através da Resolução nº 10000.537 (fls. 2.828 a 2.830). A fiscalização havia glosado despesas com energia elétrica e com a contraprestação de arrendamento mercantil, diante do fato de Fl. 3045DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.046 8 que o contribuinte durante o procedimento fiscalizatório não ter apresentado a comprovação de tais dispêndios. Porém, quando da impugnação, afirma o contribuinte que estaria apresentado esses documentos, assim como também corrigindo informações que havia equivocadamente apresentado. Dessa forma, encaminhouse o processo de volta para a DRF para verificar os documentos e as explicações trazidas pelo impugnante. E se tendo procedência essas alegações, que fosse demonstrado quais os valores que porventura seriam cancelados das glosas efetuadas, mês a mês, e suas conseqüências nos Autos de Infração em litígio. Realizada a diligência pela DRF, elaborouse a Informação Fiscal das fls. 2.875 a 2.877, a qual analisou os documentos apresentados pelo contribuinte na impugnação, e apurou novos valores referentes aos créditos, com reflexos no período de apuração de abril de 2009 de acordo com a tabela da fl. 2.877. Dada ciência ao contribuinte da diligência realizada em 08/04/2014, com decurso de prazo em 19/04/2014 (fls. 2.878/2.879), apresentou o mesmo, em 08/05/2014, complemento de sua defesa às fls. 2.882 a 2.885, onde alega: QUE conforme o relatório fiscal teriam sido aceitas todas as notas fiscais relativas às despesas de energia elétrica com exceção das notas fiscais de nº 9.576 e 4.980, que não foram localizadas e, portanto, não apresentadas nem quando do procedimento fiscalizatório, nem quando da diligência realizada. Tendo localizado somente agora esses documentos, anexa as mesmas em sua manifestação, entendendo que deverão ser consideradas na reapuração elaborada pela autoridade fiscal. QUE no tocante às despesas de contraprestação de arrendamento mercantil, observase que a autoridade fiscal teria considerado os valores lançados pelo impugnante em seu Livro Razão e em seu DACON retificador. Porém, deixou de se manifestar sobre documentos apresentados para os meses de maio e novembro de 2009. Essas despesas teriam sido devidamente comprovadas e rateadas entre as sociedades do grupo. QUE é necessária a revisão das tabelas de glosa fiscal, citando o caso de despesas de armazenagem e de fretes, constante na linha 7, da Ficha 06A/16A (fl. 2.838). POR FIM, requer (i) o recebimento das notas fiscais de nº 9.576 e 4.980, em complemento aos documentos anteriormente apresentados, para a comprovação das despesas de energia elétrica; (ii) a apreciação dos documentos referentes a maio e novembro de 2009, no que concerne às despesas de contraprestação de arrendamento mercantil; e (iii) a revisão das tabelas de glosa, em virtude dos ajustes relativos aos itens anteriores, bem como em decorrência da validação, pela diligência fiscal dos valores informados no DACON retificador. Como já ressaltado, o acórdão em tela deu parcial provimento à impugnação do sujeito passivo para cancelar a parte do lançamento inerente à comprovação de despesas de Fl. 3046DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.047 9 contraprestação de arrendamento mercantil e de energia elétrica, nos termos da diligência demandada pela DRJ. A ciência da decisão que manteve em parte a exigência formalizada contra a recorrente ocorreu em 04/11/2014 (efls. 2936). Inconformada, a mesma apresentou, em 19/11/2014 (conf. efls. 3035), o recurso voluntário de efls. 2939/3013, onde reitera os argumentos aduzidos na primeira instância, notadamente concernente aos seguintes aspectos: a) requer a juntada deste com outros processos administrativos da interessada que "versam sobre as mesmas glosas dos créditos da Contribuição ao PIS e da COFINS apurados sob o regime nãocumulativo, no período compreendido entre o 1º e o 4º trimestres de 2009"; são eles: "processos n. 12585.000383/201051 (COFINS 1° trimestre de 2009); n. 12585.000386/201095 (Contribuição ao PIS 1° trimestre de 2009); n. 12585.000384/2010 04 (COFINS 2° trimestre de 2009); n. 12585.000387/201030 (Contribuição ao PIS 2° trimestre de 2009); n. 12585.000385/201041 (COFINS 3° trimestre de 2009); n. 12585.000388/201084 (Contribuição ao PIS 3° trimestre de 2009); n. 10665.901716/2012 16 (COFINS 4° trimestre de 2009); e n. 10665.901715/201263 (Contribuição ao PIS 4° trimestre de 2009"; se contrapõe à decisão de primeira instância que não vislumbrou a conexão processual pelo fato de este processo dizer respeito a lançamento tributário, enquanto os demais versam sobre pedidos de ressarcimento; no entanto, a conexão restaria clara ao "se constatar que se as glosas fiscais forem integralmente afastadas no anocalendário 2009 e o direito creditório for reconhecido em favor da recorrente, além do lançamento formalizado em abril de 2009 tornarse indevido, os pedidos de ressarcimento serão acolhidos e as compensações vinculadas serão homologadas"; b) reitera seu argumento em defesa da nulidade por ausência de motivação do lançamento; c) se contrapõe quanto ao conceito de insumo alicerçado na legislação do IPI, e ressalta que deverá ser aceito como insumo tudo o que for, direta ou indiretamente, relacionado à produção de bens e serviços; pleiteia a adoção do"critério contábil de custo por absorção", descrito no Parecer CST nº 06, de 02/02/1979, relativo à avaliação de estoques com vistas à obtenção do custo de produção e do custo de vendas na apuração do lucro real, devendo ser incluídos, além dos custos absorvidos, "outros gastos que muitas vezes estão contabilizados fora do custo, mas podem estar dentro dele: vigilância da fábrica, tratamento de efluentes e esgotos da fábrica e outros semelhantes"; d) detalha seu processo produtivo e descreve, um a um, os itens glosados pela fiscalização, ressaltando se encontrar, "em fase final de elaboração laudo técnico, confeccionado por auditores independentes, por meio do qual se pretende demonstrar a validade e a solidez dos procedimentos adotados pela recorrente, bem como os créditos das contribuições em comento apurados no anocalendário 2009" (ver efls. 2962/2992); e) ressalta que é equivocado o entendimento da fiscalização concernente à glosa de créditos pela aquisição de itens em períodos anteriores, visto não haver nenhuma restrição legal quanto à utilização posterior de créditos que não foram aproveitados a seu tempo; aduz que a recorrente tinha dúvidas quanto à utilização de créditos no passado, razão pela qual deixou de aproveitálos nos meses de aquisição dos insumos; assim, "os créditos tomados após o mês competente, ainda que possam ser considerados extemporâneos, podem ser aproveitados enquanto não decair o respectivo direito"; ressalta também que o crédito Fl. 3047DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.048 10 extemporâneo poderia ser aproveitado sem a retificação da DACON ou de qualquer declaração; f) quanto às despesas de contraprestação de arrendamento mercantil, assevera que muito embora a autoridade competente tenha acolhido a recomposição dos valores relativos às despesas em tela, informados no DACON retificador, "deixou de se manifestar sobre os documentos apresentados pela recorrente no que concerne aos meses de maio e novembro de 2009"; aduz que não merecem prosperar as glosas realizadas pela fiscalização uma vez comprovada a efetivação das despesas incorridas a tal título; g) quanto aos créditos descontados referentes a energia elétrica, requer que as notas fiscais nos 9576 e 4980 sejam consideradas para fins de reapuração dos créditos deferidos pela fiscalização "a fim de que não pairem dúvidas sobre o efetivo direito creditório a que faz jus a recorrente"; h) concernente ao erro de cálculo na apuração realizada após a diligência fiscal, ressalta que, "não obstante a recorrente tenha destacado a necessidade de revisão das novas tabelas de glosas à luz dos créditos e procedimentos reconhecidos pela diligência realizada, o v. acórdão simplesmente ignorou tal manifestação, endossando integralmente o resultado apurado após a referida diligência"; exemplifica erro cometido citando o demonstrativo referente a janeiro de 2009 ficha 06A/16A, linha 07 (despesas de armazenagem), onde muito embora a fiscalização tenha acolhido a retificação realizada pela recorrente, a glosa foi mantida; diante disso, requer seja "sanado o vício em questão para que seja determinada a reapuração do montante de créditos glosados, com o consequente reajuste da planilha constante às fls. 2838/2849 e nova apuração às fls. 2874"; i) em respeito aos princípios da verdade material e do formalismo moderado, defende o direito à apresentação de novas provas, se referindo, especificamente, a laudo técnico de auditores independentes "que se encontra em fase final de elaboração [...] com vistas a reavaliar toda a sistemática de apuração dos créditos da Contribuição ao PIS e da COFINS"; j) reitera seu entendimento quanto ao descabimento dos juros de mora e da multa de ofício, bem como dos juros de mora sobre a multa de ofício. Diante do exposto, requer sejam os autos de infração declarados nulos "dada a manifesta precariedade e os evidentes equívocos de sua motivação", ou alternativamente, "o cancelamento da exigência fiscal ora combatida, em virtude da improcedência das glosas de crédito da Contribuição ao PIS e da COFINS". Acaso seja mantida a exigência, pleiteia o afastamento de juros e multa sobre o crédito lançado, ou então seja "afastada a incidência dos juros de mora sobre os valores das multas". Reitera a necessidade de reunião deste processo com os demais processos da interessada que tratam da mesma matéria, nos termos acima abordados. É o relatório. Fl. 3048DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.049 11 Voto Da admissibilidade do recurso O recurso é tempestivo, posto que apresentado (em 19/11/2014) dentro do prazo legal de 30 dias contados da data da ciência da decisão de primeira instância (que ocorreu em 04/11/2014 conf. efls. 3035). Quanto aos demais requisitos de admissibilidade os mesmos se encontram presentes. Conheço, portanto, do recurso formalizado pelo sujeito passivo. Da conexão processual Conforme relatado, vêse que a recorrente requer a juntada deste processo com outros processos administrativos da interessada que "versam sobre as mesmas glosas dos créditos da Contribuição ao PIS e da COFINS apurados sob o regime nãocumulativo, no período compreendido entre o 1º e o 4º trimestres de 2009". Cita os seguintes processos: 12585.000383/201051 (COFINS 1° trimestre de 2009); 12585.000386/201095 (Contribuição ao PIS 1° trimestre de 2009); 12585.000384/2010 04 (COFINS 2° trimestre de 2009); 12585.000387/201030 (Contribuição ao PIS 2° trimestre de 2009); 12585.000385/201041 (COFINS 3° trimestre de 2009); 12585.000388/201084 (Contribuição ao PIS 3° trimestre de 2009); 10665.901716/2012 16 (COFINS 4° trimestre de 2009); e 10665.901715/201263 (Contribuição ao PIS 4° trimestre de 2009). A reclamante se contrapõe à decisão de primeira instância que não vislumbrou a conexão processual pelo fato de este processo dizer respeito a lançamento tributário, enquanto os demais versam sobre pedidos de ressarcimento; no entanto, a conexão restaria evidente ao "se constatar que se as glosas fiscais forem integralmente afastadas no anocalendário 2009 e o direito creditório for reconhecido em favor da recorrente, além do lançamento formalizado em abril de 2009 tornarse indevido, os pedidos de ressarcimento serão acolhidos e as compensações vinculadas serão homologadas". O presente processo, conforme ressaltado, é inerente a lançamentos para exigência do PIS e da COFINS segundo os regimes da nãocumulatividade de competência do mês de abril de 2009. Em consulta ao sistema eprocesso1, observei que nenhum dos processos em tela foi julgado pela primeira instância, de sorte que a situação processual de todos eles é anterior à em que se encontra o processo que ora se analisa. Com efeito, os processos nos 12585.000383/201051, 12585.000386/201095, 12585.000384/201004 e, 12585.000385/201041 foram remetidos à unidade de origem em vista de diligências demandadas pela DRJ Brasília, já constando, dos mesmos, correspondente Termo de Verificação Fiscal e documentos anexos em função das diligências. Já os processos nos 12585.000387/201030, 12585.000388/201084, 10665.901716/201216, 10665.901715/2012 63 foram encaminhados à DRJ São Paulo em face de manifestação de inconformidade formalizada pelo sujeito passivo. 1 Consulta realizada no dia 1º/04/2016, às 10:00h. Fl. 3049DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.050 12 Sobre a conexão processual estabelece o Anexo II ao Regimento Interno do CARF2 o seguinte: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: § 1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. § 3º A distribuição poderá ser requerida pelas partes ou pelo conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por despacho do Presidente da Câmara ou da Seção de Julgamento, conforme a localização do processo. § 4º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III do § 1º, se o processo principal não estiver localizado no CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para a unidade preparadora, para determinar a vinculação dos autos ao processo principal. § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. § 6º Na hipótese prevista no § 4º, se não houver recurso a ser apreciado pelo CARF relativo ao processo principal, a unidade preparadora deverá devolver ao colegiado o processo convertido em diligência, juntamente com as informações constantes do processo principal necessárias para a continuidade do julgamento do processo sobrestado. § 7º No caso de conflito de competência entre Seções, caberá ao Presidente do CARF decidir, provocado por resolução ou despacho do Presidente da Turma que ensejou o conflito. § 8º Incluemse na hipótese prevista no inciso III do § 1º os lançamentos de contribuições previdenciárias realizados em um mesmo procedimento fiscal, com incidências tributárias de diferentes espécies. [...] Art. 47. Os processos serão sorteados eletronicamente às Turmas e destas, também eletronicamente, para os conselheiros, organizados em lotes, formados, preferencialmente, por processos conexos, decorrentes ou reflexos, de mesma matéria ou concentração temática, observandose a competência e a tramitação prevista no art. 46. 2 Aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. Fl. 3050DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.051 13 § 1º Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o Presidente de Turma para o qual os processos forem sorteados poderá sortear 1 (um) processo para definilo como paradigma, ficando os demais na carga da Turma. § 2º Quando o processo a que se refere o § 1º for sorteado e incluído em pauta, deverá haver indicação deste paradigma e, em nome do Presidente da Turma, dos demais processos aos quais será aplicado o mesmo resultado de julgamento. § 3º As partes dos demais processos que não o sorteado como paradigma terão direito a apresentar sustentações orais quando do julgamento do recurso do processo paradigma, limitado o prazo total da sustentação oral ao disposto nos incisos II e III do caput do art. 58. [...] Art. 49. O presidente da Câmara participará do planejamento da quantidade de lotes a ser sorteada aos conselheiros dos colegiados vinculados à Câmara e dos recursos repetitivos. [...] § 5º Os processos que retornarem de diligência, os conexos, decorrentes ou reflexos e os com embargos de declaração opostos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio, ressalvados os embargos de declaração opostos em que o relator não mais pertença ao colegiado, que serão apreciados pela turma de origem, mediante sorteio para qualquer conselheiro da turma. (grifos nossos) De fato, a questão objeto dos processos referenciados pela suplicante parece sim ser conexa à que se encontra em exame nos presentes autos, e o RICARF ampara a vinculação dos mesmos com a distribuição, "para o conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo", a pedido das partes ou do próprio conselheiro que entender estar prevento (nos termos do artigo 6º, inciso I e parágrafos 2º e 3º do Anexo II ao RICARF). Não obstante, a situação processual em que se encontram os processos citados pela interessada impede que este conselheiro avoque para si, no presente momento, os processos referenciados, de sorte que a recorrente deverá fazêlo quando os mesmos, se for o caso, ingressarem neste Conselho para julgamento de eventuais recursos voluntários. Ademais, os princípios da economia processual e da eficiência recomendam seja dada sequência à análise do presente processo, até porque seu exame, no entender deste conselheiro, necessita a realização de nova diligência (como se verá adiante), procedimento o qual poderá servir também para o exame das demais demandas da interessada que porventura ingressem neste CARF, uma vez que estas, em sua maior parte, parecem também envolver questionamentos quanto à amplitude do conceito de insumo diante do processo produtivo da recorrente. Antes porém de tratar da diligência, justifico meu posicionamento pela demanda em tela em face do entendimento que adoto para a caracterização de insumo no regime da não cumulatividade do PIS e da COFINS. Do regime da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Amplitude do conceito de insumo. Fl. 3051DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.052 14 O regime da incidência nãocumulativa das contribuições sociais foi instituído, inicialmente, para o PIS/PASEP, mediante a publicação da Lei nº 10.637, de 30/12/2002 (conversão da Medida Provisória no 66, de 2002), tendo passado a produzir efeitos, em relação à nãocumulatividade da referida contribuição, a partir de 1o de dezembro de 2002. Posteriormente, com a publicação da Lei nº 10.833, de 29/12/2003 – conversão da Medida Provisória nº 135, de 2003 –, tal regime foi estendido à COFINS. Concernente à não cumulatividade da COFINS a lei em evidência passou a produzir efeitos a partir de 1º de fevereiro de 2004. Ressalvadas as exceções legais, estão sujeitas à incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda que apuram o IRPJ com base no lucro real. A legislação pertinente ao regime autoriza o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, nos termos do artigo 3o das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003. Além disso, o artigo 5º da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 6º da Lei nº 10.833/2003 dispõem, respectivamente, que o PIS/PASEP e a COFINS não incidem sobre as receitas decorrentes de: a) exportações de mercadorias; b) prestação de serviços no exterior cujo pagamento represente ingresso de divisas e; c) vendas a empresa comercial exportadora como fim específico de exportação. Em tais hipóteses, o crédito apurado na forma do artigo 3º das leis em comento poderá ser utilizado para a dedução da correspondente contribuição a recolher ou para compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal. Finalmente, acaso aludido crédito não possa ser utilizado por nenhuma dessas formas até o final de cada trimestre do ano civil, poderá o sujeito passivo solicitar seu ressarcimento em dinheiro. A análise do litígio envolve essa que talvez seja a questão mais controvertida em relação à nãocumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS: definir o que são insumos para fins de creditamento das citadas contribuições. O inciso II do artigo 3o das Leis 10.833/2003 e 10.637 de 2002 autoriza o cálculo de créditos a serem descontados ou ressarcidos em relação a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. As normais legais stricto sensu que prevêem a nãocumulatividade (Leis 10.637/2002 e 10.833/2003) são omissas quanto ao alcance do termo “insumo” para fins de cálculo do crédito atinente a referidas contribuições. Tal amplitude terminológica encontrase disposta apenas em norma de natureza infralegal, qual seja, no § 5º, do artigo 66, da IN SRF no 247, de 21/11/2002 (dispositivo incluído pela IN SRF no 358, de 09/09/2003) – não cumulatividade do PIS/Pasep –, bem como nos incisos I e II do § 4º, do artigo 8o, da IN SRF no 404, de 12/03/2004 – nãocumulatividade da COFINS –, segundo os quais, para fins de aquisição de bens e serviços utilizados como insumos, deverão ser assim concebidos (como insumos), aqueles: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto Fl. 3052DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.053 15 em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Para a doutrina, há os que defendem a ampla consideração como insumo de todas as despesas da empresa, como Natanael Martins3. Segundo ele, pelo fato das contribuições em comento alcançarem a receita total das empresas, a única forma de assegurar sua integral nãocumulatividade seria se “os créditos apropriáveis alcançarem todas as despesas necessárias à consecução das atividades da empresa”. Também na mesma toada, Solon Sehn4, segundo o qual, salvo nas hipóteses expressamente vedadas pela Lei nº 10.833/2003, o crédito de insumo deve ser calculado a partir do custo de produção da legislação do imposto de renda (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º; Decreto nº 3.000/1999, arts. 290 e 291), abrangendo as matériasprimas e quaisquer outros bens, direitos ou serviços aplicados ou consumidos no processo de fabricação, diretos ou indiretos, independentemente de desgaste, dano ou perda de propriedades físicoquímicas. Por sua vez, Marco Aurélio Greco5 defende que os insumos, para fins de PIS/Pasep e Cofins, não se equiparam àqueles indicados pela legislação do Imposto de Renda, uma vez que há distinção material entre receita e renda. Patrícia Madeira comenta a lição de Greco asseverando que os pressupostos de fato para o IRPJ e a CSLL são o resultado positivo (renda/lucro), e, nesse caso, deverão ser considerados todos os custos que interferirem na sua apuração; no entanto, “nem todos os custos da atividade empresarial interferem na formação da receita, que é materialidade do PIS e da Cofins”. A ideia de insumo proclamada pela legislação do IPI também não seria aplicável para o PIS/Pasep e para a COFINS6, dado ser o IPI [...] tributo cuja nãocumulatividade se opera pelo método subtrativo, variante imposto contra imposto (que, portanto, requer tenha havido incidência na operação anterior para que o insumo seja 3 MARTINS, Natanael. O conceito de insumos na sistemática nãocumulativa do PIS e da Cofins. In: PEIXOTO. Marcelo Magalhães, FISCHER, Octávio Campos (coord.). PISCofins: questões atuais e polêmicas. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p. 204. apud MADEIRA, Patrícia Hermont Barcellos Gonçalves. Nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. 2009. p. 127. 4 SEHN, Solon. PISCOFINS: Não cumulatividade e regimes de incidência. São Paulo: Quartier Latin, 2011. p. 317. 5 GRECO, Marco Aurélio. Não cumulatividade no PIS e na COFINS. In: PAULSEN, Leandro (Coord.) et al. Não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. São Paulo: IOB Thompson. Porto Alegre: Instituto de Estudos Tributários, 2004. p. 112122. apud MADEIRA, Patrícia Hermont Barcellos Gonçalves. Nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. 2009. p. 127. 6 O trecho acima, que sintetiza a lição de Marco Aurélio Greco (op. cit., p. 117118), foi extraído da Dissertação de Mestrado de Patrícia Hermont Barcellos Gonçalves Madeira, p. 127128 – referência já citada. Fl. 3053DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.054 16 creditável) e cuja materialidade (industrialização) remete à ideia de algo fisicamente apreensível. Como a receita decorre de uma prestação de serviços ou da produção de bens, Marco Aurélio Greco conclui que só deve ser insumo o que for inerente àquilo que denomina de “processo formativo da receita”. Em suas palavras: relevante é determinar quais os dispêndios ligados à prestação de serviços e à fabricação/produção que digam respeito aos respectivos fatores de produção (= deles sejam insumos). Se entre o dispêndio e os fatores capital e trabalho houver uma relação de inerência, haverá – em princípio – direito à dedução. Há ainda outros pensamentos doutrinários diversos que revelam grandes divergências concernentes aos critérios sobre o que pode ou não ser considerado como insumo para fins de creditamento do PIS/Pasep e da COFINS no regime da nãocumulatividade. Culpa da legislação lamentavelmente intrincada sobre o assunto. De nossa parte, dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo, temos nos manifestado no sentido de que o legislador optou por um regime de não cumulatividade parcial, muito embora respeitável doutrina defenda que deveria ser dado ao regime um sentido mais amplo e próximo dos aspectos econômicos da produção, o que, penso, não encontra alicerce na legislação pertinente. Com efeito, além da aquisição de bens e de serviços utilizados como insumo, a lei contempla várias outras hipóteses de creditamento em virtude de despesas incorridas pela pessoa jurídica, tais como pelo aluguel de prédios, de máquinas e de equipamentos utilizados nas atividades da empresa, bem como da energia consumida em seus estabelecimentos, ressalvadas as exceções legais. O detalhamento das possibilidades de creditamento e das vedações ao mesmo, sujeitos a emendas normativas implementadas no decorrer do tempo, revela, sem nenhuma dúvida, que o legislador sempre optou por um regime de não cumulatividade seletivo. Especialmente sobre o alcance do termo “insumo” vejamos, primeiramente, o teor do inciso II do artigo 3o de ambas as leis 10.637/2002 e 10.833/2003 que, sobre a correspondente contribuição determinada na forma do artigo 2o de cada lei, permite o desconto de créditos calculados em relação a: II bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes; (redação original da Lei 10.637/2002) II – bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes; (Lei 10.637/2002 redação dada pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; Fl. 3054DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.055 17 (Redação original da lei nº 10.833/2003. Na Lei nº 10.637/2002 essa redação é decorrente da Lei nº 10.865, de 2004) Da leitura das redações do dispositivo que trata do creditamento em decorrência da aquisição de insumos – a atual e as historicamente concebidas para referido preceito – constatase que o termo “insumo”, na forma como é e sempre foi empregado, nunca se apresentou no texto normativo de forma isolada, mas continuamente associado ao seu papel de fator de produção ou na prestação de serviços. Em razão disso, penso que só podem ser considerados como insumos os bens e os serviços diretamente utilizados, necessários e essenciais à prestação de serviços ou à fabricação dos produtos destinados à venda, o que requer, pois, análise individual do processo produtivo da pessoa jurídica que busca o creditamento segundo o regime da não cumulatividade. E é justamente por isso que se faz necessário baixar os autos em diligência, assunto tratado na sequência. Da necessidade de diligência O sujeito passivo, eu seu recurso, detalhou seu processo produtivo e descreveu, um a um, os itens glosados pela fiscalização. Ressaltou também que se encontra "em fase final de elaboração laudo técnico, confeccionado por auditores independentes, por meio do qual se pretende demonstrar a validade e a solidez dos procedimentos adotados pela recorrente, bem como os créditos das contribuições em comento apurados no anocalendário 2009" (ver efls. 2962/2992). Conforme entendimento que acolhemos para fins de definição da amplitude do conceito de insumo no âmbito do regime da nãocumulatividade do PIS e da COFINS, deverão ser considerados como insumos os bens e os serviços diretamente utilizados, necessários e essenciais à prestação de serviços ou à fabricação dos produtos destinados à venda. Diante do exposto, há que se baixar o processo em diligência para que a unidade de origem intime o sujeito passivo à apresentação do laudo técnico referenciado pelo mesmo, apresentando a fiscalização, posteriormente, as considerações que entender pertinentes em vista da essencialidade dos serviços e produtos que a interessada utilizou como base para o creditamento das contribuições em evidência. Ainda, importa que a autoridade fiscal também se manifeste quanto ao erro de cálculo na apuração realizada após a diligência fiscal, com respeito ao qual a suplicante ressalta que, "não obstante a recorrente tenha destacado a necessidade de revisão das novas tabelas de glosas à luz dos créditos e procedimentos reconhecidos pela diligência realizada, o v. acórdão simplesmente ignorou tal manifestação, endossando integralmente o resultado apurado após a referida diligência" (notar o exemplo em que a recorrente cita o demonstrativo referente a janeiro de 2009 ficha 06A/16A, linha 07 despesas de armazenagem , onde a fiscalização manteve a glosa apesar de ter acolhido a retificação realizada pela recorrente). Tal é objeto do pedido da demandante que requer seja "sanado o vício em questão para que seja determinada a reapuração do montante de créditos glosados, com o consequente reajuste da planilha constante às fls. 2838/2849 e nova apuração às fls. 2874". Fl. 3055DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 19515.721733/201251 Resolução nº 3301000.246 S3C3T1 Fl. 3.056 18 Da conclusão Por todo o exposto, voto para converter o presente julgamento em diligência, nos termos acima tratados. Instruído o processo com os esclarecimentos necessários, e cientificados o contribuinte e a Fazenda Nacional do resultado da diligência, deverão os autos ser devolvidos a este Conselho para prosseguimento do julgamento. Sala de Sessões, em 26/04/2016. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator Fl. 3056DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS
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Numero do processo: 11065.100832/2009-33
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
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Numero da decisão: 3301-002.861
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer os embargos de declaração formulados, por ausência de omissão, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Hélcio Lafetá Reis, Paulo Roberto Duarte Moreira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer os embargos de declaração formulados, por ausência de omissão, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente. Semíramis de Oliveira Duro - Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Hélcio Lafetá Reis, Paulo Roberto Duarte Moreira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
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AUSÊNCIA DE OMISSÃO. Os embargos só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material, porventura, existentes no acórdão, não servindo à rediscussão da matéria julgada pelo colegiado no recurso. Embargos de declaração não conhecidos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer os embargos de declaração formulados, por ausência de omissão, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. Semíramis de Oliveira Duro Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Hélcio Lafetá Reis, Paulo Roberto Duarte Moreira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 08 32 /2 00 9- 33 Fl. 133DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 11065.100832/200933 Acórdão n.º 3301002.861 S3C3T1 Fl. 11 2 Relatório Tratase de lançamento tributário consubstanciado na notificação de lançamento de multa por atraso na entrega do Dacon, no valor de R$ 5.750,12, referente a janeiro de 2009, cujo prazo final era 07/08/2009, tendo sido entregue em 15/09/2009. Os presentes embargos de declaração foram opostos em face do Acórdão prolatado pela extinta 1ª Turma Especial, que manteve a exigência da multa por atraso na entrega da DACON: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2009 DACON. MULTA POR ATRASO. A apresentação do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) a destempo enseja o lançamento da penalidade pelo atraso na sua entrega. Recurso Voluntário Negado. A embargante requer o conhecimento e o provimento dos embargos de declaração, para o sobrestamento do feito até a decisão de mérito pelo STF na repercussão geral no RE 640.452, e para sanar a omissão apontada no acórdão embargado, com efeitos infringentes. É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro A embargante reitera o pedido de sobrestamento do feito, tendo em vista o reconhecimento em sede de repercussão geral pelo STF de tema que acredita ter influência sobre o presente caso, nos seguintes termos: Precipuamente, cumpre ressaltar a necessidade de verificação de fato capaz de modificar completamente o rumo da decisão ora embargada. Tratase da existência de Recurso Extraordinário com reconhecimento de repercussão geral em trâmite junto ao Supremo Tribunal Federal, cuja relatoria é do Ministro Roberto Barroso, que trata exatamente da mesma matéria discutida no presente Processo Administrativo Fiscal. Assim ementado o acórdão de reconhecimento da Repercussão Geral da discussão da matéria: Fl. 134DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 11065.100832/200933 Acórdão n.º 3301002.861 S3C3T1 Fl. 12 3 CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PUNIÇÃO APLICADA PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DEVER INSTRUMENTAL RELACIONADO À OPERAÇÃO INDIFERENTE AO VALOR DE DÍVIDA TRIBUTÁRIA (PUNIÇÃO INDEPENDENTE DE TRIBUTO DEVIDO). "MULTA ISOLADA". CARÁTER CONFISCATÓRIO. PROPORCIONALIDADE. RAZOABILIDADE. QUADRO FÁTICOJURÍDICO ESPECÍFICO. PROPOSTA PELA EXISTÊNCIA DA REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA CONSTITUCIONAL DEBATIDA. Proposta pelo reconhecimento da repercussão geral da discussão sobre o caráter confiscatório, desproporcional e irracional de multa em valor variável entre 40% e 05% aplicada à operação que não gerou débito tributário. (RE 640452 RG, RElator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, julgado em 06/10/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe 232 DIVULG 06122011 PUBLIC 07122011 RT v. 101, n. 917, 2012, p. 643651). Não merece acolhida o pleito de sobrestamento, pois a Portaria n. 545/2013 revogou os parágrafos 1º e 2º do artigo 62A do Regimento Interno do CARF. Desse modo, sem mesmo adentrar na similitude do tema deste processo com o da repercussão geral, o disposto nos parágrafos 1º e 2º do artigo 62A não mais se aplica, ou seja, incabível o sobrestamento aqui alegado por ter sido revogado pela Portaria do MF n. 545/2013. Alega a embargante que houve omissão no acórdão citado, nos seguintes termos: Outrossim, no Recurso Voluntário apresentado foram expressamente veiculados argumentos no sentido de que o fato de não ter sido cumprida tempestivamente a obrigação acessória de apresentação da DACON não deveria ensejar a aplicação de multa. Além disso, o contribuinte elaborou argumentação no sentido de infirmar a base de cálculo da multa supostamente devida. Isso por que não é razoável que se aplique uma multa por descumprimento de obrigação acessória, tendo como base de cálculo a mesma da obrigação principal, nos casos em que a obrigação principal, nos casos em que a obrigação principal tenha sido devidamente cumprida. Vejase, nesse sentido, que a Embargante apresentou argumentos razoáveis e bem articulados no sentido de que a base de cálculo da multa por descumprimento de obrigação acessória não poderia ser a mesma base de cálculo da obrigação principal. Assim, argumentou o contribuinte, em seu Recurso Voluntário. Em nenhum momento houve o descumprimento no pagamento do tributo, razão pela qual não se pode vincular uma obrigação acessória a uma obrigação principal que possui fato gerador completamente diferente. É importante deixar claro que a multa tributária é espécie de sanção fiscal oriunda de atos omissivos relativos ao descumprimento de obrigação tributária principal ou acessória. Fl. 135DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 11065.100832/200933 Acórdão n.º 3301002.861 S3C3T1 Fl. 13 4 A norma legal estabelece que a base de cálculo para apuração da multa devida é o montante do tributo declarado, mesmo que pago integralmente. Cumpri referir que a base de cálculo é um critério ou referência para medir um fato tributário, possibilitando a quantificação da grandeza financeira. Beira ao absurdo vincular o critério material da multa a uma obrigação principal que possui o fato gerador completamente diferente da penalidade imposta. A exigência de multa pelo atraso do Dacon aplicada à embargante tem expresso fundamento legal. É o artigo 7º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, verbis: Art. 7º. sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica D1PJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRE e Demonstrativo de Apuração de contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei 11.051, de 2004) (...) III de 2% (dois por cento) ao mês calendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3 deste artigo; e (Redação dada pela Lei no 11.051, de 2004) (...) § 1º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I, II e III do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, da lavratura do auto de infração. (Redação dada pela Lei n°11.051, de 2004) § 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de oficio; II – a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 136DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 11065.100832/200933 Acórdão n.º 3301002.861 S3C3T1 Fl. 14 5 § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa física, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei n.º 9.317, de 1996; II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. ...” No caso concreto, é incontroverso que a DACON foi entregue em atraso, portanto, a situação fática subsumese à penalidade prevista no inciso IV, 3º do artigo 7º da Lei n. 10.426/2002. Todos os traços da multa aplicada estão previstos em lei, atendendo ao princípio da legalidade, nos termos dos artigos 5º, II e 37, caput da Constituição e artigo 97 do CTN. Cumpre salientar ainda que, de acordo com o parágrafo único do art. 142 do CTN, a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Assim, constatado o atraso na entrega do Dacon, a autoridade fiscal não só está autorizada como, por dever funcional, está obrigada a proceder ao lançamento de ofício da multa pertinente. Por isso, deve ser afastada a alegação de que "Beira ao absurdo vincular o critério material da multa a uma obrigação principal que possui o fato gerador completamente diferente da penalidade imposta." Os embargos de declaração objetivam suprir obscuridade, omissão e contradição, porventura, verificados na decisão recorrida, não se prestam, portanto à rediscussão da matéria decorrente de inconformismo com o resultado do julgamento. Portanto, não tendo havido qualquer omissão, voto pelo não conhecimento dos embargos de declaração interpostos. Sala de Sessões, em 25 de fevereiro de 2016. Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 137DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
score : 1.0
Numero do processo: 18471.004106/2008-67
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. UTILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial, quando a rediscussão da matéria suscitada, ainda que acatada a tese do Recorrente, não logra reverter o resultado do acórdão recorrido.
Recurso Especial do Procurador não conhecido
Numero da decisão: 9202-003.816
Decisão: Recurso Especial negado.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso. Vencida a Conselheira Ana Paula Fernandes (Relatora). Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Redatora designada.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. UTILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial, quando a rediscussão da matéria suscitada, ainda que acatada a tese do Recorrente, não logra reverter o resultado do acórdão recorrido. Recurso Especial do Procurador não conhecido Recurso Especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso. Vencida a Conselheira Ana Paula Fernandes (Relatora). Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Redatora designada. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 41 06 /2 00 8- 67 Fl. 885DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO, Assinado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente Recurso Especial referese a pedido de Uniformização de Jurisprudência motivado pela Fazenda Nacional, face ao Acórdão 220201.679 (fls. 1/36), proferido pela 2ª Turma Ordinária /2ª Câmara/2ª Seção de Julgamento/CARF. A autuação foi assim apresentada no relatório do acórdão recorrido, conforme trechos a seguir: “Contra o contribuinte foi lavrado, em 12/11/2008, o Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 106/112), com ciência através de AR, em 21/11/2008 (fls. 117), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 31.531.838,04, a título de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescidos da multa de lançamento de ofício qualificada de 150% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculado sobre o valor do imposto de renda relativo ao exercício de 2003, correspondente ao anocalendário de 2002. Da ação fiscal resultou a constatação de omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Infração capitulada no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996; art. 4º da Lei nº 9.481, de 1997 e artigo 1º da Lei n° 10.451, de 2002. O AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclareceu, ainda, através do Termo de Constatação Fiscal (fls. 94/96), entre outros, os seguintes aspectos: que o contribuinte em resposta de 24/09/2008 argumenta que a conta corrente n° 940665/6 no Israel Discount\Bank não é de sua titularidade, não tendo à época dos fatos (2002) qualquer conta no exterior, e que, não tem conhecimento das operações bancárias. Alega também que no período de 1993 a 1998 trabalhou na empresa Stream Tour de Turismo Ltda. de propriedade do senhor Clark Setton, exercendo a função de auxiliar administrativo, sem qualquer, gestão da empresa; que o Departamento da Policia Federal solicitou ao Juízo da 2° Vara Criminal Federal de Curitiba, a quebra de sigilo bancário no exterior e a autorização para utilização da documentação referente a, entre outras, contas mantidas no Israel Discount Bank, em virtude da constatação pelo Banco Central e pelo Ministério Publico Federal a remessa de quantias milionárias para o exterior através de contas CC5 mantidas em instituições financeiras em Foz do Iguaçu; que, entre estes, encontramse CLARK SETTON e JACQUES RAPHAEL ABOULAFIA, que através da documentação que fora enviada pelas autoridades nortes americanas, constatase que os mesmos eram responsáveis Fl. 886DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO, Assinado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 18471.004106/200867 Acórdão n.º 9202003.816 CSRFT2 Fl. 885 3 pela seguinte conta no ISRAEL DISCOUNT BANK OF NEW YORK: COMPRIMIDO, CONTA N°. 9406656, tendo como responsáveis CLARK SETTON e JACQUES RAPHAEL ABOULAFIA; que em razão de contas de depósito mantidas em conjunto com CLARK SETTON, CPF 048.275.52886, cuja declaração de rendimentos dos titulares foram apresentadas em separado, e, pela falta de comprovação da origem dos recursos, o valor está sendo imputado na proporção de 50% (cinquenta) para cada titular, dado a cotitularidade em conta corrente, consoante parag.6° do art.58 da Lei n° 10.637 de 30/12/2002; que também foi feita "Representação Fiscal para Fins Penais", conforme legislação da regência, e atendendo particularmente à Portaria SRF n° 665, da 24/04/2008, considerando que o contribuinte agiu deliberadamente no sentido da não pagar o IRPF no Exercício da 2003, AnoCalendário da 2002, praticando, em tese, o ilícito por infringir o Inciso I do Art. 1° da Lei n° 8.137/90; que a multa "ex officio" foi devidamente qualificada para 150% em virtude de "evidente intuito de fraude", (beneficiário da divisas ordenadas/remetidas ao exterior à margem das normas reguladoras do Sistema Financeiro Nacional, e à margem do Fisco Federal, não declarando em sua DIRPF respectivas operações e conta) conforme Inciso II do Artigo 957 do RIR (Dec. 3.000, da 26/03/1999). Irresignado com o lançamento, o autuado apresentou, tempestivamente, em 15/12/2008, a sua peça impugnatória (fls. 119/139), instruído pelos documentos de fls. 140/163, solicitando que fosse acolhida a impugnação e determinado o cancelamento do crédito tributário amparado, entre outros, nos seguintes argumentos: que, no caso em tela, pretendese a cobrança por meio de auto de infração lavrado em 12 de novembro de 2008 de supostos fatos geradores ocorridos entre janeiro e dezembro de 2002. Portanto, verificase a decadência do direito da Fazenda de cobrar eventual tributo sobre fatos geradores ocorridos neste período; que, nesse sentido, a contagem do prazo decadencial deve ser efetuada nos moldes do art. 150, §4 o do CTN c/c art. 42, § 4º da Lei 9.430/96, e, assim, não é possível a cobrança dos créditos tributários pretendido, vez que se consumou o prazo decadencial; que a aplicação do artigo em questão exige a configuração de umas das condutas tipificadas nos artigos 71, 72 ou 73 da lei 4.502/64. A simples omissão de rendimentos não basta para a que o intuito de fraude fique configurado; que ocorre que não é possível a extensão da presunção do art. 42 da lei 9.430/96 ao § 1º do art. 44 da mesma lei. Assim, não comprovada a existência de dolo resta à Administração a aplicação da multa em sua forma simplificada. Fl. 887DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO, Assinado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 A Delegacia da Receita do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro RJ II, concluiu pela procedência da ação fiscal e pela manutenção do crédito tributário. Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 17/06/2009, o recorrente interpôs o Recurso Voluntário de fls. 191/216, sem instrução de documentos adicionais, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra ementada, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória.” Em análise ao Recurso Voluntário, a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, nas fls. 01/36 e 597/632 (219/236, numeração manual), entendeu “que a simples glosa de despesas ou a simples omissão de rendimentos não dá causa para a qualificação da multa. A infração a dispositivo de lei, mesmo que resulte diminuição de pagamento de tributo, não autoriza presumir intuito de fraude. A inobservância da legislação tributária tem que estar acompanhada de prova de que o sujeito empenhouse em induzir a autoridade administrativa em erro quer por forjar documentos quer por ter feito parte em conluio, para que fique caracterizada a condutafraudulenta. Desta forma, só posso concluir pela inaplicabilidade da multa de lançamento de ofício qualificada, devendo a mesma ser reduzida para aplicação de multa de ofício normal de 75%. Diante da desqualificação da multa de lançamento de ofício é de se dar razão ao recorrente, pois estou com a corrente que entende que a modalidade de lançamento a que se sujeita o imposto sobre a renda das pessoas físicas é a do lançamento por homologação, cujo fato gerador se completa no encerramento do anocalendário para os casos em que houve pagamento antecipado de imposto. Nesta linha de raciocínio entendo que imposto lançado (IRPF) já se encontrava alcançado pelo prazo decadencial na data da ciência do auto de infração (21/11/2008), de acordo com as regras contidas nos artigo 150, § 4° e 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, cuja regra seria a mais favorável possível para o contribuinte (existência de pagamento antecipado para o IRPF, sem constatação do evidente intuito de fraude em razão da desqualificação da multa de ofício).” A Fazenda Nacional embargou de declaração, às fls. 636/638 (fls. 240/242, numeração manual), arguindo ser clarividente que o Embargado se valeu de conta bancária em nome da empresa em que trabalhava, objetivando fraudar o fisco, restando omisso o acórdão embargado sobre esse aspecto. Às fls. 716/722, a Turma Ordinária, negou provimento aos embargos sob o fundamento de que a pretensão da embargante é matéria restrita ao recurso especial. Irresignada, às fls. 648/653, repetidos às fls. 725/730 (fls. 252/257, numeração manual), a Fazenda Nacional interpôs o Recurso Especial. A irresignação referiu se a qualificação da multa de ofício pela utilização de interposta pessoa e qualificação da multa de ofício por declaração falsa (falta de informação ao Fisco acerca da existência de conta bancária mantida no exterior). Trouxe paradigmas para demonstrar a divergência de entendimento apenas quanto a multa. O Recurso Especial foi parcialmente admitido às fls. 704/709 (fls. 308/310, numeração manual) e fls. 779/784, ratificado às fls. 710/711 (fl. 311, numeração manual) e fls. 785/786, tendo em vista que o Presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento inadmitiu o seguimento do recurso quanto à primeira matéria (qualificação da multa pela utilização de interposta pessoa) por não vislumbrar similitude fática entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma trazido aos autos. Já em relação à segunda matéria (qualificação da multa de ofício por declaração falsa), deu seguimento ao recurso especial, entendendo estarem preenchidos os pressupostos de admissibilidade, “já que ambos os casos tratam de conta bancária mantida no exterior, não informada ao Fisco”. Fl. 888DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO, Assinado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 18471.004106/200867 Acórdão n.º 9202003.816 CSRFT2 Fl. 886 5 Intimado da interposição do Recurso Especial, o Contribuinte apresentou Contrarrazões às fls. 779/809, arguindo inicialmente inexistir interesse recursal da Fazenda Nacional quanto à decadência do crédito tributário julgada pela Câmara Baixa, tendo, inclusive, transitado em julgado, não havendo mais possibilidade de reforma em relação a este ponto. No tocante à qualificação da multa, alega não haver sido demonstrada a divergência jurisprudencial: “O acórdão recorrido não trata de matéria de direito, afeta à análise da norma tributária, mas de matéria de fato, diretamente relacionada à prova produzida no curso do processo administrativo. Consequentemente, não houve qualquer discussão legal no bojo do acórdão recorrido, de modo que, por óbvio, não foi realizada qualquer interpretação da lei tributária que pudesse ser considerada divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. Até porque, a recorrente sequer aponta o dispositivo legal cuja interpretação no acórdão recorrido, supostamente, seria divergente da vislumbrada no acórdão paradigma”. Arguiu, ainda, falta de prequestionamento nas instâncias inferiores, pois em nenhum momento trouxe à discussão a “declaração falsa” aduzida em Recurso Especial. Vieram os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Fl. 889DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO, Assinado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 6 Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Tratase de Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 106/112), com ciência através de AR, em 21/11/2008 (fls. 117), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 31.531.838,04 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescidos da multa de lançamento de ofício qualificada de 150% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculado sobre o valor do imposto de renda relativo ao exercício de 2003, correspondente ao anocalendário de 2002. O acórdão recorrido acatou a preliminar de decadência, declarando extinto o direito da Fazenda Nacional de constituir o crédito tributário para o fato gerador havido no anocalendário de 2002, sob o entendimento de que a presente hipótese sofre a incidência, não do art. 173,1, mas do art. 150, § 4°, ambos do CTN. Sobre a qualificação da multa, julgou que a simples glosa de despesas ou a simples omissão de rendimentos não dá causa para a qualificação da multa. A infração a dispositivo de lei, mesmo que resulte diminuição de pagamento de tributo, não autoriza presumir intuito de fraude. A inobservância da legislação tributária tem que estar acompanhada de prova de que o sujeito empenhouse em induzir a autoridade administrativa em erro quer por forjar documentos quer por ter feito parte em conluio, para que fique caracterizada a condutafraudulenta. O Recurso Especial da Fazenda Nacional insurgiuse tão somente quanto à qualificação da multa de ofício pela utilização de interposta pessoa e qualificação da multa de ofício por declaração falsa (falta de informação ao Fisco acerca da existência de conta bancária mantida no exterior), sendo admitida somente a segunda tese, quando da sujeição ao exame de admissibilidade. Importa esclarecer a existência de interesse recursal, pois embora haja similitude fática entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigmas utilizados pela Fazenda Nacional, estes tratam exclusivamente da multa de ofício. Contudo, o acórdão recorrido considerou decaído o crédito tributário discutido nestes autos, e assim o interesse da recorrente é o de rever o prazo decadencial aplicado à constituição do crédito tributário discutido nos autos. Para aclarar a problemática explico que se não houvesse interesse superveniente na alteração do prazo decadencial aplicado, não haveria interesse em reavaliar a multa de ofício, pois seria uma discussão inócua. Contudo, mesmo que o acórdão paradigma e o recurso da Fazenda Nacional não tratem de rever a decadência imposta ao crédito, entendo aqui que, em sendo analisada a existência de fraude ou dolo esta implica diretamente na regra legal de prazo decadencial, motivo pelo qual julgo que há interesse recursal no recurso especial interposto pela Fazenda nacional, seguindo meu entendimento menos formalista de que quem alega o “mais” tem o “menos” alegado implicitamente, argumentação esta que considero igualmente válida de aplicação aos recursos apresentados pelos contribuintes.. Fl. 890DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO, Assinado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 18471.004106/200867 Acórdão n.º 9202003.816 CSRFT2 Fl. 887 7 Diante do exposto, decido por receber o presente recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. (Assinado Digitalmente) Ana Paula Fernandes Relatora Voto Vencedor Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Discordo da conclusão da Ilustre Conselheira Relatora, no sentido da utilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. No acórdão recorrido, tratase de autuação relativa a apenas um exercício, e o Colegiado a quo, por unanimidade de votos, desqualificou a multa de ofício e, consequentemente, acolheu a preliminar de decadência. Quanto ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, este suscita tãosomente a questão da multa qualificada, sem qualquer menção à decadência. Ressaltese que, além de não suscitar essa matéria à rediscussão, tampouco indicar paradigma demonstrando a eventual existência de divergência jurisprudencial, a revisão da decadência sequer constou do pedido, que apenas registra (fls. 257): "Posto isso, a FAZENDA NACIONAL requer o conhecimento e provimento deste recurso especial para reformar o r. acórdão de modo que seja mantida a qualificação da multa." Com efeito, o Recurso Especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais constitui apelo de cognição restrita às matérias suscitadas, o que não ocorreu no presente caso, relativamente à decadência. Ressaltese que não se trata aqui de conhecer de ofício matéria de ordem pública, mas sim de revisão de matéria sobre a qual já fora proferida decisão pela instância a quo, cuja revisão, em sede de Recurso Especial, requereria o cumprimento dos pressupostos regimentais, e o primeiro deles é no sentido de que o tema seja suscitado pelo Recorrente. Assim, ainda que a discussão acerca da qualificação da multa tivesse como consequência resultado favorável à Fazenda Nacional, a impossibilidade de abordar a decadência torna inócua a primeira discussão, já que o único exercício objeto da autuação foi considerado decaído. Diante do exposto, não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, por carência de utilidade. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Redatora designada Fl. 891DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO, Assinado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 8 Fl. 892DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 6/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRE TO, Assinado digitalmente em 16/06/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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Numero do processo: 16327.000162/2010-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Aug 04 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1102-000.311
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, encaminhar os autos ao Presidente do CARF para dirimir o conflito de competência suscitado, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente
(assinado digitalmente)
João Otávio Oppermann Thomé Redator ad hoc
Participaram do julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé (Presidente à época), Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Jackson Mitsui, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho.
Nome do relator: Não se aplica
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, encaminhar os autos ao Presidente do CARF para dirimir o conflito de competência suscitado, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc Participaram do julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé (Presidente à época), Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Jackson Mitsui, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão proferido pela Oitava Turma da Delegacia Regional de Julgamento de São Paulo I (SP) assim ementado, verbis: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/10/2007, 30/11/2007, 31/12/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. PRELIMINARES. NULIDADE INEXISTÊNCIA. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .0 00 16 2/ 20 10 -8 5 Fl. 366DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 3 2 O lançamento fiscal, na qualidade de ato jurídico administrativo, somente pode ser considerado nulo quando desprovido de elemento essencial à sua constituição e forma, conforme estipulado no artigo 166 do Código Civil e no artigo 59 do Decreto 70.235/72, a saber, não ser praticado por pessoa competente, ter objeto ilícito, não ter sido observada a forma prescrita em lei, e ter sido preterido o direito de defesa. Não se incluem nessa categoria, pretensos vícios de erro na apuração da base de cálculo, na determinação dos fatos geradores, e na utilização do valor nominal em lugar do valor de mercado para precificar ações alienadas. TÍTULOS MOBILIÁRIOS. REGISTRO. ATIVO CIRCULANTE. Devem ser classificados no Ativo Circulante as disponibilidades e os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente. Considerase que ai teriam sido classificadas as ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da Bolsa de Valores de São Paulo BOVESPA, e da Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo BM&F e que foram negociadas logo após ao seu recebimento, no caso, dentro de três meses de seu ingresso nos registros contábeis da impugnante. PIS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS BRUTA (OPERACIONAL). OBJETO SOCIAL. VENDA DE AÇÕES. A base de cálculo da contribuição é a receita bruta, nos termos da legislação de regência. Tendo a interessada como objeto social a exploração de atividades de negociação e intermediação com títulos e valores mobiliários e mercadorias negociáveis em bolsas de valores e bolsas de mercadorias e futuros, considerase como receita bruta (operacional) aquela proveniente da venda de ações, inclusive das ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da BOVESPA e da BM&F. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Data do fato gerador: 31/10/2007, 30/11/2007, 31/12/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. PRELIMINARES. NULIDADE INEXISTÊNCIA. O lançamento fiscal, na qualidade de ato jurídico administrativo, somente pode ser considerado nulo quando desprovido de elemento essencial A sua constituição e forma, conforme estipulado no artigo 166 do Código Civil e no artigo 59 do Decreto 70.235/72, a saber, não ser praticado por pessoa competente, ter objeto ilícito, não ter sido observada a forma prescrita em lei, e ter sido preterido o direito de defesa. Não se incluem nessa categoria, pretensos vícios de erro na apuração da base de cálculo, na determinação dos fatos geradores, e na utilização do valor nominal em lugar do valor de mercado para precificar ações alienadas. TÍTULOS MOBILIÁRIOS. REGISTRO. ATIVO CIRCULANTE. Devem ser classificados no Ativo Circulante as disponibilidades e os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente. Considerase que ai teriam sido classificadas as ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da Bolsa de Valores de São Paulo BOVESPA, e da Bolsa de Mercadorias & Futuros de Sao Paulo BM&F e que foram negociadas logo após ao seu recebimento, no caso, dentro detrês meses de seu ingresso nos registros contábeis da impugnante. Fl. 367DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 4 3 COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS BRUTA (OPERACIONAL). OBJETO SOCIAL. VENDA DE AÇÕES. A base de cálculo da contribuição é a receita bruta, nos termos da legislação de regência. Tendo a interessada como objeto social a exploração de atividades de negociação e intermediação com títulos e valores mobiliários e mercadorias negociáveis em bolsas de valores e bolsas de mercadorias e futuros, considerase como receita bruta (operacional) aquela proveniente da venda de ações, inclusive das ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da BOVESPA e da BM&F. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” O caso foi assim relatado pela instância a quo, verbis: “Tratase de impugnação (fls. 128 a 139) a Autos de Infração (fls. 110 a 123) de CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL — PIS/PASEP e de CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL — COFINS, por FALTA DE RECOLHIMENTO, relativos a fatos geradores ocorridos em 31/10/2007, 30/11/2007 e 31/12/2007, lavrados pela Delegacia Especial das Instituições Financeiras DEINF/SPO, em 22/02/2010. 2. O crédito tributário constituído foi composto pelos valores a seguir discriminados: PIS R$ 666.137,59 Juros de Mora (até 29/01/2010) R$ 146.185,73 Multa R$ 499.603,18 Valor do Crédito Tributário Apurado R$ 1.311.926,50 COFINS R$ 4.099.308,27 Juros de Mora (até 29/01/2010) R$ 899.604,60 Multa R$ 3.074.481,20 Valor do Crédito Tributário Apurado R$ 8.073.394,07 3. Como enquadramento legal do lançamento, o autuante assinala, para o PIS, o artigo 2°, inciso I, alínea a e parágrafo único, 3°, 10, 26 e 51 do Decreto n° 4.524/02, e, para a COFINS, o artigo 2°, inciso II e parágrafo único, 3°, 10, 22 e 51 do Decreto n° 4.524/02,0 artigo 18 da Lei n° 10.684/03 e os artigos 2° e 30 da Lei n°9.718/98 (fls. 112 e 119). Os juros morat6rios foram exigidos com base no artigo 61, parágrafo 3°, da Lei n° 9.430/96 (fls. 114 e 121), e a multa de oficio com fundamento no artigo 86, parágrafo 10, da Lei n° 7.450/85, no artigo 2° da Lei n° 7.683/88, no artigo 10, parágrafo único, da Lei Complementar n° 70/91 e no artigo 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96 com a redação dada pelo artigo 14 da Lei n°11.488/2007 (fls. 114 e 121). 4. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 99 a 109), a autoridade noticia, que : i) o autuado teria efetuado alienações em processo de Oferta Pública Inicial — IPO, de 4.908.015 ações da BM&F S/A, em 11/2007 e 12/2007, bem como teria feito a venda, em 10/2007, de 444.626 ações da BOVESPA HOLDING S/A, ações estas Fl. 368DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 5 4 recebidas nos processos de "desmutualização" da BOVESPA, ocorrida em 08/2007, e da BM&F, em 10/2007; ii) pelo fato de adquirir ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A com o intuito de venda no curto prazo, teria havido incidência do PIS e da COFINS, nos termos da Lei 9.718/98 que determina que tais contribuições incidem sobre a receita bruta, permitindo exclusões, entretanto, de "receitas decorrentes de venda de bens do ativo permanente", conforme previsto no artigo 3°, parágrafo 2°, inciso IV da referida lei; iii) somente poderiam ser considerados permanentes aqueles bens e direitos em relação aos quais a empresa tem interesse em manter permanentemente; iv) a própria BOVESPA teria se manifestado pelo Oficio Circular 22/2007DG (fls. 31 e 32) orientando as Corretoras a registrarem no Ativo Circulante as ações de emissão da BOVESPA HOLDING S/A se a decisão fosse a de considerar essas ações como sendo títulos disponíveis para venda, ou manter esse valor no Ativo Permanente, se a decisão fosse a de considerar essas ações como investimento; v) o próprio contribuinte demonstraria tal entendimento pois na DIPJ do ano calendário de 2007, na ficha 06B, linha 52, teria informado como zero o valor proveniente de Receitas Brutas de Alienações de Bens e Direitos do Ativo Permanente, sendo que teria classificado o ganho obtido da venda das referidas ações como Rendas de Títulos de Renda Variável, conforme a linha 12 da Ficha 06B da DIPJ, ou seja, como Receita Operacional, sujeita à tributação do PIS e da COFINS; vi) o autuado teria considerado a venda dessas ações como venda de bens do Ativo Permanente, excluindo os valores da base de cálculo do PIS e da COFINS, conforme declarado no Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais – DACON (fls. 04 a 18), não efetuando o recolhimento dessas contribuições; vii) a base de cálculo seria o valor da receita financeira recebida para os meses 10/2007, 11/2007 e 12/2007, conforme evidenciado em quadros demonstrativos (fls. 106 e 108), nos termos dos artigos 2° e 3° da Lei 9.718/98. 5. Cientificado do lançamento em 25/02/2010 (fls. 111 e 118), o autuado impugnou o Auto de Infração em 26/03/2010 (fl. 128), oferecendo, em resumo, as seguintes razões: i) o lançamento seria nulo porque haveria erro na base de cálculo e na determinação do momento da ocorrência do fato gerador, visto que a autoridade não teria levado em conta o valor de mercado dos bens recebidos, apurável quando da sua realização em moeda, no primeiro pregão realizado em Bolsa, e sim, o valor nominal, incorrendo em erro material na determinação da matéria tributável, sobretudo na quantificação do tributo exigido; ii) a autoridade terseia apegado à forma contábil adotado pelo autuado de ter registrado as ações alienadas da BM&F S/A e da BOVESPA HOLDING S/A, no Ativo Circulante, e não no Permanente; iii) independentemente dessa classificação contábil, as referidas ações teriam continuado integrando o Ativo Permanente até o momento da venda em Bolsa de Valores, venda esta obrigatória por força de acordo firmado entre as Corretoras, pois que teria havido apenas a substituição de bens que integravam o Ativo Permanente por outros bens dessa mesma natureza; Fl. 369DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 6 5 iv) o fato de ter sido declarado, na DIPJ, o ganho obtido na venda dessas ações como "Rendas de Títulos de Renda Variável", não como "Receitas Brutas de Alienações de Bens e Direitos do Ativo Permanente", não serviria para embasar o lançamento porque a forma contábil não pode prevalecer sobre a essência da operação, sob pena de contrariar o princípio da verdade material, consoante julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — CAR, que colaciona; v) o autuado teria incluído no cálculo das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL o valor correspondente à venda das ações, por tratarse de ganho na alienação de bens do Ativo Permanente e não de ganho líquido em operações de renda variável, que não estaria sujeita ao regime de antecipações mensais, por se classificado por receita financeira; vi) pelo contido no processo de Consulta n° 150, da DISIT 07, de 17/09/2008, o Fisco entenderia que o chamado processo de "desmutualização" implicaria efetiva alienação de bens do Ativo Permanente, mediante pagamento com ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A; vii) tal receita teria natureza não operacional, pois que derivada da venda de bens do Ativo Permanente, e, assim, não seria alcançada pela incidência do PIS e da COFINS, nos termos do artigo 2°, inciso IV, da Lei 9.718/98; viii) o valor a ser atribuído às ações seria aquele definido pelo mercado e sua formação se daria apenas quando da primeira negociação dos títulos ocorrida em pregões de bolsa de valores, não na data da "desmutualização", quando não havia liquidez dos papéis recebidos em troca dos títulos patrimoniais das bolsas; ix) o próprio Fisco preconizaria, para efeito de apuração de ganho de capital, na hipótese em discussão, que o contribuinte deveria levar em conta a diferença entre o custo de aquisição e o valor de mercado dos títulos entregues como pagamento, conforme Ato Declaratório Interpretativo n ° 7/2007; x) assim, deveria ser excluída do lançamento a diferença entre o custo de aquisição dos títulos patrimoniais e o seu valor de mercado, por constituir parcela do ganho na alienação de bens do Ativo Permanente, não sujeita à incidência do PIS e da COFINS; xi) a norma que embasaria o lançamento, o artigo 3°, parágrafo 1°, da Lei 9.718/98 seria inconstitucional, conforme manifestação definitiva do STF, afastando da exigência do PIS e da COFINS o que não fosse receita proveniente da venda de mercadorias e da prestação de serviços; xii) não se poderia alegar, com viria fazendo a Fazenda nas ações em que discute a matéria, que a referida receita seria derivada da prestação de serviços de intermediação financeira, porque o bem vendido integraria a carteira própria do autuado, sendo inconcebível admitirse que alguém preste serviço para si mesmo." O acórdão recorrido (fls. 261 a 278) julgou improcedente a impugnação apresentada, pelos motivos sintetizados na ementa reproduzida acima. Em recurso voluntário (fls. 282 a 295), a Contribuinte reproduz as suas alegações de impugnação, especialmente no que se refere à prevalência da alegada “verdade material” frente ao aspecto formal da contabilização das ações da BM&F e BOVESPA recebidas. Fl. 370DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 7 6 Os autos foram encaminhados originariamente para a 2a Turma Ordinária da 4a Câmara da Terceira Seção do CARF, que declinou da competência para o julgamento do caso, sob o fundamento de que os autos de infração objeto desse processo seriam conexos ao lançamento de IRPJ objeto do Processo nº 16327000163/201020, nos seguintes termos: “Retornando aos autos, tivemos ciência de que os mesmos fatos que subsidiaram os lançamentos do PIS e da Cofins serviram de base para as autuações de IRPJ e CSLL no processo nº 16327000163/201020. O art. 2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF determina a competência da Primeira Seção de Julgamento para apreciar recursos que versem sobre a aplicação da legislação do PIS e da Cofins quando os fatos jurídicos que serviram para a apuração das exações forem conexos aos fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação do IRPJ.” Neste norte, em vista da correlação assinalada, não conheço do recurso por se tratar de matéria de competência da Primeira Seção de Julgamento do CARF.” (Acórdão 3402002.029 – grifos nossos) Diante da decisão supra, os autos foram distribuídos para julgamento por esse Colegiado. É o relatório. Voto Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé Inicialmente, esclareço que fui designado pelo Presidente da 1a Câmara redator ad hoc após a extinção formal da 2a Turma Ordinária da 1a Câmara pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, tendo em vista a não formalização do voto pelo relator originário, conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho. Tendo participado do julgamento em questão, observo que, na ocasião, foi disponibilizado pelo relator minuta do voto proferido. Tendo efetuado a sua revisão para fins de formalização do presente voto, verifico tratarse de reprodução fiel do quanto foi apresentado em sessão e que representa, portanto, as razões que orientaram o Colegiado a suscitar o conflito de competência. Nestes termos, o voto a seguir é a reprodução do mencionado voto, com mínimos ajustes de redação que se fizeram necessários. O recurso voluntário é tempestivo e interposto por parte legítima, pelo que dele se toma conhecimento. Com a devida vênia ao Acórdão 3402002.029, esse processo deve ser julgado por uma das Câmaras da Terceira Seção do CARF, a teor do que dispõe o art. 2o, IV do Anexo Segundo do RICARF. Fl. 371DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 8 7 Conforme referido no citado acórdão, por meio do qual a 2a Turma da 4a Câmara da Terceira Seção do CARF declinou da competência para exame do caso, compete à Primeira Seção dessa Corte o julgamento de recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre PIS e COFINS, “quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ”. Segundo citado acórdão, ainda, “os mesmos fatos que subsidiaram os lançamentos do PIS e da Cofins serviram de base para as autuações de IRPJ e CSLL no processo nº 16327000163/201020.” Referido acórdão incorre em erro de fato, pois: (a) os lançamentos de IRPJ e CSLL objeto do PA n. 16327000163/201020 não decorrem dos fatos que justificaram a lavratura dos lançamentos de PIS e de COFINS objeto desse processo; e (b) os fatos que implicaram os lançamentos de PIS e COFINS não levaram à lavratura de lançamentos de IRPJ e CSLL. Os lançamentos de IRPJ e de CSLL – objetos do Processo Administrativo nº 16327000163/201020 – têm como fundamento o fato de a Contribuinte não ter submetido à tributação pretenso ganho de capital decorrente de devolução de participação no capital social, no processo de desmutualização das associações isentas e sem fins lucrativos BOVESPA e BM&F. Segundo a Fiscalização, nos meses de agosto de 2007 (para a Associação Bovespa) e outubro de 2007 (para a Associação BM&F), teria havido devolução de capital para a Contribuinte na qualidade de associada, mediante entrega de ações de sociedade anônima, a BOVESPA HOLDING S/A e BM&F S.A., de fins lucrativos, por conta de titulos patrimoniais que a Contribuinte detinha na Associação BOVESPA e Associação BM&F. O fundamento legal dado para citados lançamentos foi o artigo 17 da Lei 9.532/97, que determina a sujeição a tributação do IRPJ e da CSLL, por ocasião da apuração do lucro real do ano, da diferença entre o valor dos bens e direitos recebidos de instituição isenta, a titulo de devolução de patrimônio e o valor dos bens e direitos entregues para a formação do referido patrimônio. Reiterese, pois, que os lançamentos de IRPJ e de CSLL tem por fundamento fatos ocorridos em Agosto (para a Associação Bovespa) e Outubro (para a Associação BM&F) decorrentes de alegada devolução de capital dessas entidades isentas às suas associadas, entre as quais Contribuinte. Aqui, portanto, a tributação decorre de alegado ganho ocorrido no recebimento de ações de BM&F S.A. e de BOVESPA HOLDING S.A. pela Contribuinte em contrapartida aos títulos patrimoniais das Associações BM&F e BOVESPA do qual era titular. Discutese, naquele caso, se o processo de desmutualização das bolsas de valores (antes entidades isentas e sem fins lucrativos) implicaria devolução de patrimônio dessas entidades aos seus associados para fins de aplicação do referido art. 17 da Lei n. 9.532/97. Os lançamentos de PIS e de COFINS – objetos desse PA – versam sobre momento posterior à desmutualização das bolsas que, repitase, deu causa aos lançamentos de PIS e COFINS, conforme reconhecido pela própria Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal objeto desses autos. Citados lançamentos decorrem do aferimento de receitas provenientes das vendas de ações da BM&F S.A. e de BOVESPA HOLDING S.A. ocorridas nos meses de Fl. 372DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 9 8 (a) outubro, para a Bovespa Holding S.A.; e (b) novembro e dezembro de 2007, para a BM&F S.A. Discutese, no caso, se a venda de ações de Bovespa Holding S.A. e de BM&F S.A. seriam isentas (ou não) de PIS/COFINS pelo fato de se caracterizarem (ou não) comercialização de bens do ativo permanente da Contribuinte. Vejase, sobre os pontos destacados acima, trecho do Termo de Verificação Fiscal relativo aos lançamentos de PIS e da COFINS, verbis: “No caso objeto do presente processo, o lançamento das contribuições ao PIS e COFINS recaiu sobre a receita da venda das ações (momento posterior à desmutualização) em processo de IPO das empresas (e não mais associações) BOVESPA e BM&F. A discussão travada aqui se refere à possibilidade ou não da caracterização das ações como ativo permanente para fins de tributação das referidas contribuições. O contribuinte, segundo as informações já descritas no item 5 deste Termo, alienou parte das ações recebidas como devolução de patrimônio no processo de desmutualização da BM&F e da Bovespa. Ocorre, portanto, que com a devolução de patrimônio, as corretoras se tornaram detentoras de ações das novas sociedades anônimas BM&F S/A e da Bovespa S/A. Tais ações não se confundem com os antigos títulos patrimoniais, que deixaram de existir, sendo inclusive tal devolução passível de tributação de IRPJ/CSLL conforme art. 17 da lei 9.532/1997. A própria Bovespa orientou seus acionistas através do Oficio Circular 225/2007 DG (fls. 31 e 32) que considerassem as ações como "sendo disponíveis para negociação ou venda" deveriam ser contabilizados no Ativo Circulante, em subconta especifica da conta Títulos de Renda Variável (conta COSIF n° 2.1.4.10). Caso da Deutsche Bank Corretora de Valores S/A que efetuou a venda de 444.626 ações da Bovespa S/A em outubro de 2007, apenas 2 meses desde de ter recebido as ações, gerando uma receita de R$ 9.230.422,02 neste mês. No caso da BM&F S/A, o contribuinte vendeu todas as 4.908.015 ações da BM&F S/A (recebidas em Outubro de 2007), nos meses de Novembro e Dezembro de 2007, contabilizando uma receita decorrente destas transações de R$ 81.088.941,00 em Novembro de 2007 e de R$ 12.163.344,00 em Dezembro de 2007. No entanto, no recolhimento do PIS/COFINS, o contribuinte excluiu tal receitas, por entender que as mesmas tratam de vendas de bens do ativo permanente conforme documento à fl. 91. A despeito deste entendimento, discordamos deste argumento, segundo as explicações já tratadas no item 5 acima. Portanto, autuamos o contribuinte acima identificado por exclusão indevida de valores da DACON, a titulo de "Vendas de Bens do Ativo Permanente", nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro de 2007, acarretando na insuficiência de recolhimento de PIS e COFINS sobre a receita financeira da venda de ações da Bovespa Holding SA e da BM&F SA, conforme tabela abaixo: (...)” Do exposto acima, evidenciase que, diferentemente da premissa de fato adotada pelo Acórdão 3402002.209, os fatos que lastrearam a lavratura dos lançamentos de PIS e Fl. 373DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 10 9 COFINS são distintos daqueles que lastrearam a apuração de IRPJ e de CSLL contra a Contribuinte. Os fatos que justificaram o lançamento de IRPJ e de CSLL decorrem de processo de desmutualização das bolsas (entidades sem fins lucrativos), ocorrido nos meses de agosto (para a Bovespa) e outubro de 2007 (para a BM&F). Os autos de PIS e de COFINS não têm relação com citado processo de desmutualização e foram lavrados em decorrência da venda de ações das Companhias BOVESPA HOLDING S.A. e BM&F S.A. ocorrida nos meses de Outubro (para a Bovespa Holding) e de Novembro e Dezembro de 2007 (para a BM&F S.A.). A par da distinção das datas e causas dos respectivos fatos geradores, foram lavrados Termos de Verificação Fiscal distintos para cada um dos lançamentos acima referidos, o que reforça o entendimento sobre a ausência de conexão entre os respectivos fatos. No entendimento desse Relator, as considerações acima aduzidas impedem o conhecimento da matéria objeto desse PA pela Primeira Seção de Julgamento do CARF, sob pena de nulidade do ato decisório respectivo por vício de competência. Por tais fundamentos, e considerado o disposto no art. 20, IX do RICARF, suscitase conflito de competência e se propõe o encaminhamento dos autos ao Ilmo. Sr. Presidente do CARF para dirimir a controvérsia respectiva. (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc Fl. 374DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO
score : 1.0
Numero do processo: 16020.720077/2012-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 02 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL.
Devem ser excluídos da base de cálculo os valores comprovadamente referentes as verbas de períodos pretéritos e dentro do limite de isenção, pois, embora a incidência ocorra no mês do pagamento, o cálculo do imposto deverá considerar os meses a que se referem os rendimentos. Precedentes do STJ sujeitos ao regime do art. 543-C do Código de Processo Civil; portanto, de aplicação obrigatória nos julgamentos do CARF por força do art. 62-A de seu Regimento Interno.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2301-004.701
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencida a Conselheira Alice Grecchi, que dava provimento em maior extensão.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA, IVACIR JULIO DE SOUZA, GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES e AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Devem ser excluídos da base de cálculo os valores comprovadamente referentes as verbas de períodos pretéritos e dentro do limite de isenção, pois, embora a incidência ocorra no mês do pagamento, o cálculo do imposto deverá considerar os meses a que se referem os rendimentos. Precedentes do STJ sujeitos ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil; portanto, de aplicação obrigatória nos julgamentos do CARF por força do art. 62A de seu Regimento Interno. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencida a Conselheira Alice Grecchi, que dava provimento em maior extensão. João Bellini Junior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 02 0. 72 00 77 /2 01 2- 43 Fl. 61DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA, IVACIR JULIO DE SOUZA, GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES e AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR. Fl. 62DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16020.720077/201243 Acórdão n.º 2301004.701 S2C3T1 Fl. 62 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que manteve o lançamento do IRPF correspondente à diferença entre a tributação sujeita à tabela progressiva sobre os rendimentos recebidos de pessoas jurídicas e a tributação exclusivamente na fonte pela regra aplicada ao RRA: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Os rendimentos atrasados recebidos acumuladamente pelo contribuinte estão sujeitos à tributação na declaração de ajuste anual. Tais rendimentos são tributáveis no momento em que o contribuinte adquire a disponibilidade efetiva da renda (regime de caixa). Impugnação Improcedente ... Contra o contribuinte acima identificado foi emitida, em 07/08/2012, notificação de lançamento de fl. 27, relativa ao ano calendário de 2008, em razão da constatação de omissão de rendimentos tributáveis recebidos do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, no valor de R$ 191.273,64. ... Ocorre que os rendimentos auferidos por pessoa física, via de regra, são tributáveis apenas no momento em que o contribuinte adquire a disponibilidade efetiva da renda. Vale dizer, a tributação da pessoa física se dá pelo regime de caixa, ou seja, o imposto só atinge o rendimento quando os valores já se encontram à disposição do contribuinte. É o que se extrai do disposto nos artigos 37, 38 e 39 do Regulamento do Imposto Renda (RIR Decreto n.º 3.000/1999): ... Conforme visto acima, o valor dos rendimentos recebidos acumuladamente pelo impugnante deveria ter sido oferecido à tributação na declaração de ajuste anual, deduzindose o valor eventualmente pago a título de honorários advocatícios necessários ao recebimento dos rendimentos, e sendo o imposto de renda calculado nos termos do art. 12 da lei 7.713/1988. Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário alegando em síntese as razões trazidas na impugnação: Fl. 63DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 1 – informou em sua DIRPF 2009, no campo referente aos “Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva”, o valor de R$ 189.980,00 que recebeu a título de diferenças de aposentadoria do período de 20/11/1998 a 31/08/2007; 2 – os rendimentos foram tributados exclusivamente na fonte pelo INSS, no valor de R$ 15.851,95, restando indevida a cobrança realizada na presente notificação; 3 – o imposto de renda incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente deveria ser calculado considerando as tabelas e alíquotas vigentes nos meses a que se referem. ... Traz jurisprudência do STJ pacificando o entendimento por ele adotado. É o Relatório. Fl. 64DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16020.720077/201243 Acórdão n.º 2301004.701 S2C3T1 Fl. 63 5 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Atendidos os pressupostos processuais, conheço do recurso. Constato se tratar de verba decorrente da ação judicial em que se reconheceu ao recorrente o direito a percepção de benefícios previdenciários relativos a período de 20/11/1998 a 31/08/2007. De fato, os rendimentos recebidos acumuladamente até 31 de dezembro de 2009 integravam a base de cálculo mensal do imposto, conforme disciplinado pelo artigo 12 de Lei nº 7.713 / 1988, transcrito a seguir: Lei nº 7.713/1988: Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. A modificação da regra somente veio com a Medida Provisória nº 497, de 2010: Art. 12A. Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, quando correspondentes a anoscalendários anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. (Incluído pela Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o O imposto será retido, pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito, e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. (Incluído pela Medida Provisória nº 497, de 2010) § 2o Poderão ser excluídas as despesas, relativas ao montante dos rendimentos tributáveis, com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. (Incluído pela Medida Provisória nº 497, de 2010) Posteriormente modificada pela Lei nº 13.149, de 2015: Fl. 65DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 Art. 12A. Os rendimentos recebidos acumuladamente e submetidos à incidência do imposto sobre a renda com base na tabela progressiva, quando correspondentes a anoscalendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. (Redação dada pela Lei nº 13.149, de 2015) Portanto, para o anocalendário a que se refere o lançamento seria aplicado o artigo 12 da Lei nº 7.713/1988 em sua redação original. Contudo, a jurisprudência do STJ se consolidou no sentido de que o momento do recebimento dos rendimentos define a ocorrência do fato gerador, porém no cálculo do tributo aplicamse as alíquotas e tabelas próprias das competências a que os valores se referem (RESP 424.225/SC e RESP 901.945). Por corresponder ao meu entendimento sobre a matéria, adoto e reproduzo aqui o acórdão nº 280200.650, julgamento em 09/11/2011, da relatoria do ilustre Conselheiro Jorge Claudio Duarte Cardoso: Até então vinha fundamentando meus votos a partir das seguintes premissas: a) consolidação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) do entendimento acerca dos rendimentos recebidos acumuladamente; b) decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que negou repercussão geral ao tema; e c) publicação do Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009, do Despacho do Ministro da Fazenda SN/2009, do Ato Declaratório PGFN nº 1, de 27 de março de 2009 e do Parecer PGFN /CAT 815/2010, editados com fulcro na Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002. O referido Ato Declaratório autorizava a dispensa de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, "nas ações judiciais que visem obter a declaração de que, no cálculo do imposto renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global", mencionando os seguintes julgados do STJ: Resp 424225/SC (DJ 19/12/2003); Resp 505081/RS (DJ 31/05/2004); Resp 1075700/RS (DJ 17/12/2008); AgRg no REsp 641.531/SC (DJ 21/11/2008); Resp 901.945/PR (DJ 16/08/2007). Ocorre que recentemente o STF decidiu por reconhecer repercussão geral ao tema e com isso a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) suspendeu a eficácia do Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009, e conseqüentemente tornou insubsistentes o Ato Declaratório PGFN nº 1, de 27 de março de 2009 e o Parecer PGFN /CAT 815/2010. A mudança da posição do STF ocorreu no AgRQO/ RS, rel. Min. Ellen Gracie, 20.10.2010, (RE614232 e RE 614406) em que se enfrentou questão provocada pelo fato de o TRF da 4ª Região ter declarado a inconstitucionalidade, sem redução de texto, do art. 12 da Lei 7.713/88, o qual determina a incidência do Imposto de Renda no mês do recebimento de valores acumulados sobre o total dos rendimentos. Fl. 66DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16020.720077/201243 Acórdão n.º 2301004.701 S2C3T1 Fl. 64 7 Cabe então enfrentar novamente o tema com esses novos dados. Os casos que deram origem à jurisprudência em apreço referiamse a revisão de benefícios previdenciários mensais, benefícios previdenciários mensais reconhecidos e pagos com atraso, reajustes mensais de servidores públicos pagos em atraso e pagamentos mensais em atraso devido a retorno ao serviço ativo. Em todos eles os valores são reconhecidos por competência, possibilitando aplicar a norma tributária a cada caso, implicando em reconhecer que os valores estavam isentos ou definir a alíquota correspondente a cada mês. A título ilustrativo, é possível cotejar alguns do principais julgados que consolidaram a jurisprudência do STJ: a) aposentadoria por tempo de serviço concedida e paga pelo INSS com anos de atraso RESP 758.779/SC; b) revisão de benefícios mensais do INSS – RESP 492.247/RS (Relator Ministro Luiz Fux); RESP 719.774/SC Ministro Teori Zavascki; RESP 901.945 – Relator Ministro Teori Zavascki; RESP 1.088.739/SP– decisão monocrática Ministro Francisco Falcão; c) diferenças salariais mensais da URP – RESP 424.225/SC (Relator Ministro Teori Zavascki); RESP 383.309/SC (Relator Ministro João Otávio Noronha; d) valores mensais de Benefícios previdenciários e assistenciais pagos por precatório – RESP 505.081/RS (Relator Ministro Luiz Fux); e) valores mensais de benefícios previdenciários RESP 1.075.700/RS (Relatora Ministra Eliana Calmon); RESP 723.196/RS – Relator Ministro Franciulli Netto; RESP 667.238/RJ; RESP 667.238/RJ (Relato Ministro José Delgado); RESP 613.996/RS Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima; RESP 783.724/RS Relator Ministro Castro Meira; f) Valores mensais de rendimentos de servidor público – AgReg. AI 766.896/SC, Relator Ministro José Delgado. Na linha do que decidido pelo STJ, entendo que o caso dos autos amoldase perfeitamente ao mesmo quadro fático dos julgados acima referidos. Entretanto, com a suspensão da eficácia do Parecer PGFN 287/2009, devese cautelosamente observar que, de acordo com o art. 62 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009, é vedado aos membros do CARF afastar a aplicação de lei ou decreto (no caso dos autos tratase do art. 12 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988) por inconstitucionalidade, motivo que justifica esmiuçar os fundamentos do STJ para não aplicar o regime de caixa puro, e sim um regime de competência para a apuração do imposto e de caixa para definir a ocorrência do fato gerador. Entre inúmeros julgados do Tribunal Superior, elenco alguns para deles extrair os respectivos fundamentos adotados: a) RESP 758.779/SC; tratamento justo ao caso (equidade); b) RESP 492.247/RS; princípios da legalidade e da isonomia.; Fl. 67DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 8 c) RESP 719.774/SC; princípios da legalidade e da isonomia e vedação ao enriquecimento sem causa da Administração; d) RESP 901.945 – resolução de aparente antinomia entre o art. 521 do RIR1980 (Decreto 85.450/80) e o art. 12 da Lei 7.713/88 se resolve pela seguinte exegese: este último disciplina o momento da incidência; o outro, o modo de calcular o imposto. (Precedentes citados: REsp 617081/PR, 1ª T, Min. Luiz Fux, DJ 29.05.2006 e Resp 719.774/SC, 1ª T, Min. Teori Albino Zavascki, DJ 04.04.2005.); e) RESP 424.225/SC ao dispor sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, o art. 12 da Lei 7.713/88 disciplina o momento da incidência do Imposto de Renda, porém nada diz a respeito da alíquota aplicável a tais rendimentos, adotou a jurisprudência dominante e assentou que não havia declaração de inconstitucionalidade da lei d) RESP 505.081/RS – se o rendimento mensalmente era isento, ao ser recebido de uma só vez não perde essa natureza; e e) RESP 1.075.700/RS não há violação do art. 12 da Lei n.º 7.713∕88 e art. 56, do Decreto n.º 3.000∕99, pois o acórdão recorrido está alinhado com a jurisprudência. Considero que afastar a aplicação do art. 12 da Lei n.º 7.713∕88 com fulcro em ofensa à legalidade, à isonomia e mesmo sob o fundamento de buscar o tributo justo está foram da órbita de competência dos membros desse Conselho. Outrossim, há vedação legal expressa quanto ao emprego da equidade para dispensar a exigência de tributo (§2º do art. 108 do CTN). Registro algumas razões a serem consideradas para a seguir expor a solução que adoto: a) está implícita na função do CARF contribuir para a segurança jurídica em matéria tributária; b) essa Turma já se posicionou uniformemente sobre esse tema; c) é competência constitucional do STJ atuar como guardião e intérprete da lei federal; e d) há jurisprudência consolidada da jurisprudência do STJ sobre o tema. Destarte, reputo que a melhor interpretação para essa matéria encontrase nos acórdãos do STJ que se fundamentaram na interpretação do art. 12 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, no sentido de que o momento do recebimento dos rendimentos define a ocorrência do fato gerador, porém no cálculo do tributo aplicamse as alíquotas e tabelas próprias das competências a que os valores se referem (RESP 424.225/SC e RESP 901.945) Cheguei a essa conclusão após ter verificado que o STF tem reconhecido que com esse fundamento o STJ não está declarando a inconstitucionalidade da norma legal, mas apenas interpretando a legislação infraconstitucional aplicável ao caso. Com isso, baseado em jurisprudência pacífica da Corte Suprema, o STF tem decidido pelo não cabimento de recurso extraordinário nesses casos. (RE 572580/RS, Relator(a): Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 03/06/2008. No mesmo sentido: RE 563.347/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes; AI Fl. 68DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16020.720077/201243 Acórdão n.º 2301004.701 S2C3T1 Fl. 65 9 660.020/SC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski e AI 636303/SC, Relator(a): Min. Cármen Lúcia, julgado em 01/07/2008). Teria a admissão de repercussão geral o condão de afastar a aplicação do entendimento adotado no STJ e inviabilizar sua aplicação pelo CARF? É relevante, então, investigar as razões do deferimento da repercussão geral, qual seja, a declaração de inconstitucionalidade superveniente e a relevância jurídica correspondente à presunção de constitucionalidade das leis, a necessidade de garantir a unidade do ordenamento jurídico, a uniformidade da tributação federal (art. 151, I da Constituição) e a isonomia (art. 150, II da Constituição) (RE 614232 AgRQO/ RS, rel. Min. Ellen Gracie, 20.10.2010, RE614232). Não obstante, constato que o panorama não se modificou, pois se não está sendo afastada aplicação da lei, mas tão somente dando ao dispositivo legal vigente a interpretação pacificada no âmbito de seu intérprete mais abalizado. Na mesma linha da jurisprudência consolidada no STJ, uma interpretação sistemática e não apenas literal, devese implementar essa exegese nos casos que com ela for compatível, como é o caso dos autos. Ademais, a tese consolidada no STJ foi proferida no REsp 1118429/SP, cujo Relator foi o Ministro Herman Benjamin, em 24/03/2010, em acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008, o que de acordo com o art. 62A do Regimento Interno do CARF, introduzido pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010, publicada no DOU de 22.12.2010, exige sua aplicação pelos Conselheiros do CARF: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Ao mesmo tempo, não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas tão somente afastar a exigência indevida. Não cabendo a tributação nos moldes em que ocorreu, perde sentido a discussão sobre a glosa do IRRF (questão menor que fica absorvida), bem como ficam prejudicados os demais argumentos trazidos com a peça recursal. Diante do exposto, REJEITO as preliminares e, no mérito, voto por DAR PROVIMENTO ao recurso. Fazse necessário em complemento aos elucidativos fundamentos no citado acórdão trazer que recentemente o STF apreciou a questão submetida à repercussão geral e confirmou o entendimento na jurisprudência do STJ: Fl. 69DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 10 STJ: Resp. 1.118.429SP, julgado em 24/03/2010 e transitado em julgado em 17/06/2010, o qual recebeu a seguinte ementa: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008. ... STF: RE 614406 / RS RIO GRANDE DO SUL RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ROSA WEBER Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO Julgamento: 23/10/2014 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe 233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27112014 Parte(s) RECTE.(S) : UNIÃO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADORGERAL DA FAZENDA NACIONAL RECDO.(A/S) : GERALDO TEDESCO ADV.(A/S) : CARLOS ALBERTO LUNELLI Ementa IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. ... ARE 817409 AgR / SE SERGIPE AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVORelator(a): Min. LUIZ FUXJulgamento: 07/04/2015 Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação PROCESSO ELETRÔNICO DJe075 DIVULG 22042015 PUBLIC 23042015 Parte(s) AGTE.(S) : UNIÃO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADORGERAL DA FAZENDA NACIONAL AGDO.(A/S) : JOSE JOAQUIM DE ALMEIDA SANTOS ADV.(A/S) : LEONARDO DA COSTA E OUTRO(A/S) Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. MODO DE CÁLCULO. RENDIMENTOS PAGOS EM ATRASO E ACUMULADAMENTE. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA PELO STF. TEMA Nº 368. JULGAMENTO DE MÉRITO NO RE 614.406. ALEGADA INDIFERENÇA NA APLICAÇÃO DO REGIME DE CAIXA OU DE COMPETÊNCIA AO CASO. INCURSÃO NO ACERVO FÁTICOPROBATÓRIO DOS Fl. 70DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16020.720077/201243 Acórdão n.º 2301004.701 S2C3T1 Fl. 66 11 AUTOS. SÚMULA Nº 279 DO STF. INCIDÊNCIA. 1. Os valores recebidos em atraso e acumuladamente por pessoas físicas devem se submeter à incidência do imposto de renda segundo o regime de competência, consoante decidido pelo Plenário do STF no julgamento do RE 614.406, Rel. Min. Rosa Weber, Redator do acórdão o Min. Marco Aurélio, DJe de 27/11/2014, leading case de repercussão geral, Tema nº 368. 2. A indiferença na aplicação dos regimes de caixa ou de competência, quando controversa a existência de prejuízo ao contribuinte, não enseja o cabimento de recurso extraordinário, por demandar a incursão no acervo fáticoprobatório dos autos, o que atrai o óbice da Súmula nº 279 do STF. Precedentes: ARE 859.231, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 9/2/2015; ARE 858.992, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 20/2/2015; e ARE 840.647AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, julgado em 3/3/2015. 3. In casu, o acórdão recorrido extraordinariamente assentou: “TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DERENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (GDPST E GACEN). FORMA DE CÁLCULO APLICADA AO CASO, "REGIME DE COMPETÊNCIA" (RENDIMENTOS PAGOS SERÃO CONSIDERADOS NOS MESES A QUE SE REFERIREM). PROVIMENTO DO(S) RECURSO(S). I – Sobre a matéria em discussão venho reiteradamente decidindo que o regime a ser adotado é o regime de competência. II – Com a devida vênia ao ilustre magistrado de primeiro grau, entendo que deve ser rejeitada a tese da União, acatada por Vossa Excelência, uma vez que não logrou comprovar que seria indiferente ao caso vertente aplicar o regime de caixa ou o regime de competência. III – Provimento do(s) recurso(s).” 4. Agravo regimental DESPROVIDO. Por tudo, aplicase ao caso o artigo 62A do Regimento Interno do CARF: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Resta, contudo, a elucidação dos critérios de atualização monetárias até à época do pagamento. Sobre a questão, o STJ também firmou jurisprudência na sistemática dos recursos repetitivos. Tratase do REsp nº 1.470.720RS, in verbis: RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. VERBAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. CORREÇÃO MONETÁRIA. FACDT. SELIC. ... Em razão dessa jurisprudência já consolidada, surgiu em inúmeros processos a discussão a respeito do modo com que se daria o cálculo dessa diferença de imposto de renda a ser paga pelo contribuinte ou a ele repetida pelo fisco, nos casos em que o Imposto de Renda incide sobre verbas trabalhistas pagas em Fl. 71DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 12 atraso de forma acumulada, ou verbas de outra natureza também pagas em atraso de forma acumulada. Esse modo não poderia descurar da forma com que calculado o imposto nas declarações de ajuste, respeitandose a lógica do imposto e de sua repetição. Dito de outra forma, para respeitar a sistemática de apuração do Imposto de Renda e ao mesmo tempo o regime de competência, havia a necessidade de se estabelecer uma forma retroativa de cálculo do tributo que deveria ter sido pago ao tempo em que deveria ter sido recebido o rendimento (regime de competência) e apurar a diferença em relação ao que retido posteriormente na fonte (regime de caixa), o que carece da aplicação de um critério único de correção monetária, a fim de se equalizar as bases de cálculo do Imposto de Renda através do tempo (a base de cálculo do imposto que deveria ter sido pago sob o regime de caixa deve ser equalizada à base de cálculo do imposto pago sob o regime de competência) e definir a diferença do tributo a pagar ou restituir. Assim, o que se discute é o índice a ser fixado para a correção da base de cálculo do tributo e não do tributo devido ou do indébito a ser restituído. No caso das verbas trabalhistas, sabese que a Justiça do Trabalho utiliza para atualização dos débitos (base de cálculo do Imposto de Renda) a chamada Tabela FACDT (Fator de Atualização e Conversão dos Débitos Trabalhistas), que tem por objetivo assegurar, "com base no índice oficial da inflação do mês anterior, o valor monetário dos créditos do trabalhador até o primeiro dia do mês seguinte" (Agravo de Petição n. 718903, TRT4, Sexta Turma, Rel. Juiz João Ghisleni Filho, julgado em 19.11.1998). Sendo assim, sua natureza é de fator de correção monetária, não se tratando de juros de mora, que tem por objetivo punir o devedor pela mora, acrescendo ao débito uma indenização a título de lucros cessantes. Do mesmo modo, no caso de verbas previdenciárias, a Justiça Federal faz uso do IGPDI e, mutatis mutandis, em outros casos fazse uso de índices diversos judicialmente fixados e transitados em julgado. A jurisprudência então caminhou para a seguinte forma de cálculo: resgatase o valor original da base de cálculo (após, portanto, as deduções legais) declarada pelo sujeito passivo em sua Declaração de Ajuste Anual relativa ao anocalendário a que o rendimento corresponde (A) e adicionase o valor do rendimento recebido acumuladamente relativo ao mesmo ano (excluídos atualização monetária e juros) (B). Assim, chegase ao valor da base de cálculo que seria declarada se o rendimento tivesse sido percebido na época própria (C = A + B). Sobre esta base de cálculo aplicase a tabela progressiva vigente no ano a que o rendimento corresponde. Com a aplicação da alíquota da tabela progressiva sobre a base de cálculo (C), chegase a um resultado de imposto devido à época. Desse resultado se subtrai o imposto efetivamente pago calculado com os valores da época. Essa diferença corresponde ao cálculo da diferença de imposto correspondente (D). Este cálculo deverá ser feito para cada anocalendário referente aos rendimentos percebidos acumuladamente (Dl, D2, etc). Fl. 72DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16020.720077/201243 Acórdão n.º 2301004.701 S2C3T1 Fl. 67 13 Esta diferença de imposto de renda (D), apurada em cada ano (D1, D2, etc), será atualizada pelo índice que melhor reflita a correção monetária para o débito em questão (no caso de débitos trabalhistas, utilizase o Fator de Atualização e Conversão dos Débitos Trabalhistas FACDT, como visto) a partir de 30 de abril do ano subseqüente ao anocalendário respectivo. Cada uma das diferenças anuais (Dl, D2) será atualizada pelo índice referido até 30 de abril do ano subseqüente àquele em que ocorreu o recebimento dos valores acumulados e somadas entre si, constituindo o somatório de diferenças de imposto de renda (E =" Dl + D2 + etc.). O montante total das diferenças (E) será compensado com o total do imposto que foi indevidamente retido na fonte sob o regime de caixa por força do recebimento de rendimentos acumulados, perfazendo o saldo de imposto de renda (F), a pagar (se E > imposto indevidamente retido na fonte sob o regime de caixa) ou a restituir (se E < imposto indevidamente retido na fonte sob o regime de caixa). Sobre (F), incidirá a taxa SELIC a partir de 1º de maio do ano subsequente ao do recebimento dos rendimentos acumulados porque, ou constitui (F) uma diferença de imposto não pago pelo contribuinte (situação em que incidem o art. 13, da Lei n. 9.065/95 e o art. 61, §3º, da Lei n. 9.430/96), ou constitui um valor de indébito a ser repetido pelo Fisco ao contribuinte (situação em que incide o art. 39, §4º, da Lei n. 9.250/95). ... De observar que a taxa SELIC não incide em nenhum momento anterior porque antes de 1º de maio do ano subsequente ao do recebimento dos rendimentos acumulados o que ocorre é apenas uma equalização da base de cálculo do imposto de renda e não a mora, seja do contribuinte, seja do Fisco. Em razão do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para que o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente seja calculado utilizandose as tabelas e alíquotas do imposto vigentes mês a mês a que se refere a verba reconhecida em juízo, contudo observados os critérios de atualização pelo Resp. 1.470.720. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 73DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 14 Fl. 74DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 15956.000144/2009-91
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 22 00:00:00 UTC 2014
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 21/05/2009 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMISSAS. Apresentar a empresa GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas, constitui infração à legislação previdenciária. MULTA APLICÁVEL. LEI SUPERVENIENTE MAIS BENÉFICA. APLICABILIDADE O artigo 32 da lei 8.212/91 foi alterado pela lei 11.941/09, traduzindo penalidade, em tese, mais benéfica ao contribuinte, a qual deve ser aplicada, consoante art. 106, II “c”, do CTN, se mais favorável. Deve ser efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32-A,I, da lei 8.212/91, na redação dada pela lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, para que seja aplicado o mais benéfico à recorrente. Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2803-002.943
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator, para que seja efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32A, I da lei 8.212/91, na redação dada pela lei 11.941/09, e
comparado aos valores que constam do presente auto, para que seja aplicado o mais benéfico à recorrente. A comparação darse á
no momento do pagamento ou do parcelamento do débito
pelo contribuinte e, na inexistência destes, no momento do ajuizamento da execução fiscal, conforme art.2º. da portaria conjunta RFB/PGFN no. 14, de 04.12.2009
Nome do relator: Oséas Coimbra
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Obrigação Acessória Recorrente PLANUSI EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 21/05/2009 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMISSAS. Apresentar a empresa GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas, constitui infração à legislação previdenciária. MULTA APLICÁVEL. LEI SUPERVENIENTE MAIS BENÉFICA. APLICABILIDADE O artigo 32 da lei 8.212/91 foi alterado pela lei 11.941/09, traduzindo penalidade, em tese, mais benéfica ao contribuinte, a qual deve ser aplicada, consoante art. 106, II “c”, do CTN, se mais favorável. Deve ser efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32A,I, da lei 8.212/91, na redação dada pela lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, para que seja aplicado o mais benéfico à recorrente. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator, para que seja efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32A,I da lei 8.212/91, na redação dada pela lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, para que seja aplicado o mais benéfico à recorrente. A comparação darseá no momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte e, na inexistência destes, no momento do ajuizamento da execução fiscal, conforme art.2º. da portaria conjunta RFB/PGFN no. 14, de 04.12.2009. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 00 01 44 /2 00 9- 91 Fl. 81DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por MARIA MADALENA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 15956.000144/200991 Acórdão n.º 2803002.943 S2TE03 Fl. 3 2 assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima Presidente. assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Natanael Vieira dos Santos. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por MARIA MADALENA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 15956.000144/200991 Acórdão n.º 2803002.943 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório A empresa foi autuada por descumprimento da legislação previdenciária, por ter apresentado GFIPGuia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com ausência de fatos geradores, conforme relatório fiscal de fls 17. O r. acórdão – fls 57 e ss, conclui pela improcedência da impugnação apresentada, mantendo o Auto lavrado. Inconformada com a decisão, apresenta recurso voluntário tempestivo, alegando, na parte que interessa, o seguinte: · A r. decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento que entendeu que a instancia administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis não tem como prosperar. · Existe uma relação de prejudicialidade entre os lançamentos, razão pela qual o presente deve ficar suspenso até julgamento final do Auto de Infração n° 37.160.3790. · Inexistência de lei. A afirmação de que não houve a revogação do disposto no inciso IV, do artigo 32, da Lei n° 8.212/91 e, portanto, o lançamento seria válido é teratológica. O fundamento da Autuação é o disposto no art. 32, §5°, da Lei n° 8.212/91 que consta no site oficial do palácio do planalto como revogado pela MP 449/08. · A multa, por se tratar de uma sanção pecuniária, exige que sua quantificação esteja calcada em Lei, sob pena de se estar concedendo ao Poder Executivo poderes nunca imagináveis pelo Constituinte de 1988. · Requer quer a recorrente seja suspenso o presente processo administrativo até julgamento final do Auto de Infração n° 37.160.3790, em razão da relação de prejudicialidade já exposta. É o relatório. Fl. 83DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por MARIA MADALENA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 15956.000144/200991 Acórdão n.º 2803002.943 S2TE03 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Oséas Coimbra O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. DA INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA Sobre a matéria, o regimento do CARF, aprovado pela portaria GMF nº 256, de 22 de junho de 2009 veda aos membros a possibilidade de apreciação de constitucionalidade de decreto ou lei, senão vejamos. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Do que exposto, a matéria sob exame não se encontra nas exceções elencadas, afastando assim sua análise sob o prisma da constitucionalidade. Acerca do pedido de julgamento conjunto com o Auto de Infração n° 37.160.3790, este já foi julgado por esta Turma na sessão de novembro de 2013. DO MÉRITO Insurgese o contribuinte acerca do arcabouço legal da multa aplicada, pois o art. 32, §5°, da lei 8212/91 teria sido revogado pela MP 449/08. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por MARIA MADALENA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 15956.000144/200991 Acórdão n.º 2803002.943 S2TE03 Fl. 6 5 Não merece prosperar a tese esposada. O referido dispositivo diz respeito à multa referente a infração em comento. A conduta imputada – apresentação de GFIP com ausência de fato gerador – não deixou de ser considerada infração em momento algum, houve apenas uma alteração da multa a ser aplicada ao infrator, situação regulada pelo art. 106, inciso II,”c” do CTN, que determina a aplicação de legislação superveniente, caso esta seja mais benéfica ao contribuinte. As multas em GFIP foram alteradas pela lei n º 11.941/09, o que pode beneficiar o recorrente. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212, senão vejamos: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 85DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por MARIA MADALENA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 15956.000144/200991 Acórdão n.º 2803002.943 S2TE03 Fl. 7 6 Dessarte, o valor do Auto de Infração deve ser calculado segundo a nova norma legal art. 32A,I, da lei 8.212/91, somente, e comparado aos valores que constam do presente auto, para se determinar o resultado mais favorável ao contribuinte. No cálculo da multa devem se observados os valores mínimos, por competência, elencados no parágrafo 3º do mesmo artigo 32A. CONCLUSÃO Ante o exposto, conheço do presente recurso e DOULHE PARCIAL PROVIMENTO para que seja efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32A,I da lei 8.212/91, na redação dada pela lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, para que seja aplicado o mais benéfico à recorrente. A comparação darseá no momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte e, na inexistência destes, no momento do ajuizamento da execução fiscal, conforme art.2º. da portaria conjunta RFB/PGFN no. 14, de 04.12.2009. assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. Fl. 86DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por MARIA MADALENA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 15586.720262/2011-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Verificadas omissões na decisão embargada, acolhem-se os embargos de declaração para o fim de suprir os vícios apontados.
INSUMOS. SERVIÇOS APLICADOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. CUSTO DE NAVIOS. DESPESAS DE EMBARQUE.
Comprovada a vinculação dos gastos incorridos com custos de navios e com as demais despesas na prestação de serviços de embarques de mercadorias de terceiros, afasta-se a glosa que foi fundamentada apenas na não vinculação.
CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA.
À luz do art. 8º, §§ 2º e 3º da Lei nº 10.925/2004 o crédito presumido da agroindústria deve ser apurado com base no valor das notas fiscais de aquisição dos bens no mesmo período de apuração do crédito, não havendo amparo legal para ajustar o valor dessas aquisições pelo preço médio dos produtos em estoque.
Embargos acolhidos.
Numero da decisão: 3402-003.166
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para suprir as omissões apontadas na decisão embargada e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: a) por unanimidade de votos, para reverter as glosas dos créditos sobre serviços prestados a terceiros pela filial Santos; b) pelo voto de qualidade, para manter a glosa do crédito presumido. Vencidos os Conselheiros Thais De Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto, que votaram no sentido de converter o julgamento em diligência para apuração dos créditos presumidos sobre transferências entre filiais. Sustentou pela recorrente a Dra. Ana Carolina Saba Uttimati, OAB/SP nº 207.382.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Verificadas omissões na decisão embargada, acolhem-se os embargos de declaração para o fim de suprir os vícios apontados. INSUMOS. SERVIÇOS APLICADOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. CUSTO DE NAVIOS. DESPESAS DE EMBARQUE. Comprovada a vinculação dos gastos incorridos com custos de navios e com as demais despesas na prestação de serviços de embarques de mercadorias de terceiros, afasta-se a glosa que foi fundamentada apenas na não vinculação. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. À luz do art. 8º, §§ 2º e 3º da Lei nº 10.925/2004 o crédito presumido da agroindústria deve ser apurado com base no valor das notas fiscais de aquisição dos bens no mesmo período de apuração do crédito, não havendo amparo legal para ajustar o valor dessas aquisições pelo preço médio dos produtos em estoque. Embargos acolhidos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para suprir as omissões apontadas na decisão embargada e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: a) por unanimidade de votos, para reverter as glosas dos créditos sobre serviços prestados a terceiros pela filial Santos; b) pelo voto de qualidade, para manter a glosa do crédito presumido. Vencidos os Conselheiros Thais De Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto, que votaram no sentido de converter o julgamento em diligência para apuração dos créditos presumidos sobre transferências entre filiais. Sustentou pela recorrente a Dra. Ana Carolina Saba Uttimati, OAB/SP nº 207.382. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
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Verificadas omissões na decisão embargada, acolhemse os embargos de declaração para o fim de suprir os vícios apontados. INSUMOS. SERVIÇOS APLICADOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. CUSTO DE NAVIOS. DESPESAS DE EMBARQUE. Comprovada a vinculação dos gastos incorridos com custos de navios e com as demais despesas na prestação de serviços de embarques de mercadorias de terceiros, afastase a glosa que foi fundamentada apenas na não vinculação. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. À luz do art. 8º, §§ 2º e 3º da Lei nº 10.925/2004 o crédito presumido da agroindústria deve ser apurado com base no valor das notas fiscais de aquisição dos bens no mesmo período de apuração do crédito, não havendo amparo legal para ajustar o valor dessas aquisições pelo preço médio dos produtos em estoque. Embargos acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para suprir as omissões apontadas na decisão embargada e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: a) por unanimidade de votos, para reverter as glosas dos créditos sobre serviços prestados a terceiros pela filial Santos; b) pelo voto de qualidade, para manter a glosa do crédito presumido. Vencidos os Conselheiros Thais De Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto, que votaram no sentido de converter o julgamento em diligência para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 02 62 /2 01 1- 99 Fl. 670DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 apuração dos créditos presumidos sobre transferências entre filiais. Sustentou pela recorrente a Dra. Ana Carolina Saba Uttimati, OAB/SP nº 207.382. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de embargos de declaração interpostos em tempo hábil pelo contribuinte ao Acórdão nº 3403002.760, sob o argumento de que existem omissões no referido julgado. Primeira omissão. Segundo a embargante, o colegiado reconheceu, em tese, o direito à tomada do crédito sobre os dispêndios com serviços portuários na prestação de serviços a terceiros. Entretanto, não reconheceu esse direito in concreto, por ter considerado que a recorrente não apresentara a documentação comprobatória da vinculação entre os gastos com despesas portuárias e a prestação de serviços a terceiros, em relação ao trimestre em questão. Após ter requerido cópia integral do processo, a defesa percebeu que a petição por ela protocolizada em 27 de novembro de 2013, com os documentos relativos ao 3º Trimestre de 2008, não havia sido juntada aos autos, o que fez com que o processo fosse julgado sem que os conselheiros tomassem conhecimento das referidas provas. Assim, por razão alheia ao controle e vontade da embargante e dos conselheiros, mas sim por falha exclusiva de procedimentos internos do CARF, a decisão recorrida omitiuse de se pronunciar sobre documentos que haviam sido regularmente apresentados antes de iniciado o julgamento do recurso voluntário, situação que deve ser sanada por meio destes embargos. Segunda omissão. Segundo a embargante, a fiscalização glosou o crédito presumido da agroindústria (art. 8º da Lei nº 10.925/2004), sob o argumento de que a empresa o registrou em momento posterior à efetiva aquisição da soja e com base em valor diverso do constante das notas ficais de aquisição. Em resposta, a defesa demonstrou que a sistemática adotada para apuração do crédito presumido tinha amparo legal, considerandose as particularidades da aquisição de soja. Ao analisar essa questão, o colegiado, de maneira inédita, decidiu manter a glosa sob o único fundamento de que o crédito presumido da agroindústria não poderia ter sido utilizado em pedido de ressarcimento. Fl. 671DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 15586.720262/201199 Acórdão n.º 3402003.166 S3C4T2 Fl. 5 3 Acontece, que o pedido de ressarcimento apresentado pela empresa não contempla o crédito presumido da agroindústria, pois se refere exclusivamente a créditos relativos às aquisições no mercado interno, vinculadas à receita de exportação. Tal fato pode ser comprovado por meio da análise do DACON às fls. 106/120. No referido documento, o crédito presumido de COFINS foi efetivamente utilizado da forma como proposta pelo Colegiado, exclusivamente para a dedução da COFINS devida nos meses de julho, agosto e setembro de 2008, não havendo qualquer saldo remanescente compondo o valor do crédito pleiteado no pedido de ressarcimento. É por tal motivo que as autoridades fiscais nunca acusaram a Embargante de ter pleiteado a restituição dos créditos presumidos e esse assunto nunca ter sido objeto de controvérsia. Ao analisar o pedido de ressarcimento apresentado, a fiscalização decidiu também analisar e glosar o crédito presumido, fato que implicou, entre outros motivos, a reapuração da PIS do período e o indeferimento do crédito pleiteado. Tendo sido comprovado que a situação fática existente neste processo é diferente da considerada na decisão embargada, ainda pende de exame a questão da validade do crédito presumido da forma apurada pelo contribuinte, omissão que merece ser sanada por meio destes embargos de declaração. É a síntese do necessário. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. Relativamente à primeira omissão, tendo em vista que o despacho de admissibilidade de embargos de fls. 667/669 constatou que o Acórdão embargado foi proferido sem a análise dos documentos que haviam sido protocolados pela defesa em 27/11/2013, é necessário suprir a omissão alegada pela embargante. A omissão se refere à análise de provas, pois o Acórdão 3403002.760 analisou a questão de direito, relativa à tomada do crédito sobre serviços prestados a terceiros pela filial Santos, tendo rechaçado a interpretação da DRJ, e reconhecido o direito em tese. O problema foi que os documentos comprobatórios anexados com a impugnação não se referiam a este trimestrecalendário e os documentos pertinentes protocolados pelo contribuinte em 27/11/2013 só apareceram nos autos após a prolação do acórdão embargado. Sendo assim, esta turma não pode analisar a questão de direito, pois ela já foi decidida pela extinta Turma 3403, restando apenas verificar se os documentos protocolados pelo contribuinte em 27/11/2013 comprovam o fato alegado e se eles podem ser aceitos à luz do que preceitua o art. 16 do Decreto nº 70.235/72. No que concerne à preclusão do direito de apresentar documentos, o art. 16 do PAF regula o procedimento em relação ao julgamento de primeira instância, estabelecendo uma preclusão quanto a documentos apresentados após a impugnação, mas esse dispositivo legal não veda a possibilidade de o CARF apreciar a documentação serôdia. Pelo contrário, Fl. 672DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 existe previsão expressa no art. 16, § 6º, no sentido de que os documentos serôdios deverão permanecer no processo para serem analisados em segunda instância, no caso de haver interposição de recurso. Sendo assim, e diante do silêncio do Regimento Interno quanto à apresentação serôdia de documentos, entendo que os documentos apresentados pelo contribuinte em 27/11/2013 podem e devem ser conhecidos por este colegiado, sem que ocorra nenhuma ofensa a qualquer dispositivo legal que seja. Acrescento que no caso concreto nem se pode alegar que haveria supressão de instância, pois se tivessem sido juntados com a impugnação, a DRJ não teria apreciado esses documentos, pois para manter a glosa ela alterou o critério jurídico adotado pela fiscalização, conforme se pode comprovar no seguinte excerto, extraído do voto condutor do Acórdão 3403 002.760: "(...) Neste tópico, a decisão de primeira instância foi mais radical que a própria fiscalização, pois entendeu que a legislação não dá respaldo ao rateio das despesas, encargos e custos comuns, quando uma parte poderia gerar o crédito e a outra parte representa despesas operacionais. A DRJ chegou a essa conclusão analisando a literalidade dos arts. 3º, §§ 7º, 8º e 9º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/04, os quais se referem ao rateio na hipótese de parte das receitas da pessoa jurídica estarem sujeitas ao regime cumulativo e parte ao regime não cumulativo. Tendo em vista que a lei silenciou quanto à hipótese de rateio com base na despesa, entendeu a DRJ que não haveria direito à tomada do crédito por ausência de previsão legal. A interpretação literal da DRJ não foi correta, pois de um lado, o direito de os contribuintes tomarem o crédito sobre serviços aplicados na prestação de serviços a terceiros foi contemplado no art. 3º, II das Leis nº 10.637/02 e 10833/03. E de outro lado, o art. 299, do RIR/99 conceitua o que são despesas operacionais. Se determinados gastos incorridos pela filial Santos configuram custo na prestação de serviços a terceiros e ao mesmo tempo despesa operacional da própria empresa, se não houver um sistema de custos integrado com a contabilidade, a única forma de garantir o direito estabelecido nos arts. 3º, II, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/02 é fazer o rateio dessas despesas com base no percentual de mercadorias de terceiros em relação ao total de mercadorias movimentado a cada mês. Este foi também o entendimento da fiscalização, pois ela admitiu o crédito obtido mediante rateio e somente glosou as despesas identificadas no ANEXO II com a indicação "santos armaz", que ela não conseguiu identificar como sendo diretamente relacionadas a serviços prestados a terceiros. Assim, o único fato a ser provado pela defesa para o fim de elidir a glosa é a existência de vinculação dessas despesas com o embarque de mercadorias de terceiros efetuados no trimestre. (...)" Por tais razões, voto no sentido de que o colegiado admita e conheça dos documentos protocolados pela defesa em 27/11/2013. Fl. 673DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 15586.720262/201199 Acórdão n.º 3402003.166 S3C4T2 Fl. 6 5 Em sede de recurso e também nos documentos protocolados em 27/11/2013, o contribuinte explicou a forma e os critérios utilizados no rateio e alegou que tais documentos comprovam a vinculação de parte dos gastos com o serviço prestado a terceiros. Analisandose a documentação apresentada às fls. 581/625, verificase que restou plenamente comprovada a vinculação dos gastos com os serviços prestados a terceiros. Esses documentos permitem identificar os custos com navios e as demais despesas envolvidas, os nomes dos navios envolvidos e as quantidades de cargas pertencentes à empresa ADM e a terceiros movimentadas por cada embarque realizado e a cada mês do trimestre calendário em questão. Portanto, comprovada, em relação ao terceiro trimestre de 2008, a vinculação de uma parte das despesas com o embarque de cargas de terceiros, deve ser revertida a glosa efetuada no ANEXO II, sob a rubrica "santos armaz". No que concerne à segunda omissão, a defesa também tem razão, pois analisandose os dados consignados nas fichas 16A e 24 do DACON às fls. 106/120, verifica se que não houve pedido de ressarcimento do crédito presumido, mas apenas seu aproveitamento para dedução dos valores da COFINS a serem recolhidos. Quanto ao mérito, a defesa argumentou, em síntese, que em virtude da flutuação do preço da soja, o preço efetivo do produto só é conhecido ao final do contrato de fornecimento. Em razão disso, existe uma diferença temporal entre o recebimento da soja e a determinação do preço, que somente é ajustado no final do contrato. O preço consignado na nota fiscal do vendedor pode ser inferior ou superior ao que é fixado no final do contrato, daí a razão de o contribuinte adotar o método de apurar o custo (e o crédito presumido) com base no valor médio da soja estocada, o que não foi aceito pela fiscalização. A embargante argumentou com o disposto no art. 8º, § 3º da Lei nº 10.925/2004, mas ignorou o disposto no § 2º do mesmo dispositivo legal, que para maior comodidade permitome transcrever: Art. 8º Omissis... § 1º Omissis... § 2oO direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1odeste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nos10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3oO montante do crédito a que se referem o caput e o § 1odeste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: Da leitura conjunta dos dois parágrafos acima transcritos, concluise que a lei determina o cálculo do crédito presumido relativo a determinado período de apuração, tomando por base o valor das aquisições ocorridas no próprio mês. Fl. 674DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 A interpretação pretendida pela recorrente só seria viável, caso não existisse o parágrafo 2º. Mas o parágrafo 2º existe e ele determina que somente bens adquiridos ou recebidos no mesmo período de apuração do crédito é que podem gerar o crédito presumido. Portanto, o pleito da recorrente deve ser rejeitado, pois à luz do art. 8º, § 2º e 3º da Lei nº 10.925/2004, o crédito presumido deve ser apurado com base no valor das notas fiscais relativas à aquisição de bens ocorridas no mesmo período de apuração do crédito. Com esses fundamentos, voto no sentido de acolher os embargos de declaração para suprir as omissões apontadas no Acórdão 3403002.760, e, no mérito, voto por dar provimento parcial ao recurso para reverter as glosas efetuadas no ANEXO II sob a rubrica "santos armaz". (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 675DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 10860.721154/2012-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jul 18 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-002.247
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade. No mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Cássio Schappo e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que davam provimento ao recurso. Apresentará declaração de voto o Conselheiro Cássio Schappo. Ausente, justificadamente, a Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Houve sustentação oral por advogado nomeado pela Recorrente.
(assinado digitalmente)
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA-Presidente
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Tatiana Josefovicz Belisário, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Cássio Schappo. Ausência justificada de Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade. No mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Cássio Schappo e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que davam provimento ao recurso. Apresentará declaração de voto o Conselheiro Cássio Schappo. Ausente, justificadamente, a Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Houve sustentação oral por advogado nomeado pela Recorrente. (assinado digitalmente) CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA-Presidente (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Tatiana Josefovicz Belisário, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Cássio Schappo. Ausência justificada de Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2016-07-15T11:39:04Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2016-07-15T11:39:04Z; Last-Modified: 2016-07-15T11:39:04Z; dcterms:modified: 2016-07-15T11:39:04Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:312d46b7-ddf7-4053-b841-d84e5f6d40f0; Last-Save-Date: 2016-07-15T11:39:04Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2016-07-15T11:39:04Z; meta:save-date: 2016-07-15T11:39:04Z; pdf:encrypted: true; modified: 2016-07-15T11:39:04Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2016-07-15T11:39:04Z; created: 2016-07-15T11:39:04Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; Creation-Date: 2016-07-15T11:39:04Z; pdf:charsPerPage: 2295; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2016-07-15T11:39:04Z | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 5.433 1 5.432 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10860.721154/201212 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201002.247 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de junho de 2016 Matéria IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOSIPI Recorrente VOLSKWAGEN DO BRASIL INDÚSTRIA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre Produtos IndustrializadosIPI Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Rejeitase a alegação de nulidade, tendo em vista, constar no Auto de Infração, a fundamentação legal. DECADÊNCIA. GLOSA DE CRÉDITOS DO IPI. No caso, o crédito presumido relativo às saídas de produtos realizadas entre os dias 1º e 5 de julho de 2007 foi escriturado em 10/07/2007, como “OUTROS CRÉDITOS”, na rubrica “CRÉDITO PRESUMIDO CIF MP 2.15835/01” , portanto, na data de ciência do auto de infração, dia 06/07/2012, ainda não havia transcorrido o decurso de prazo de cinco anos. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. FRETE O direito ao crédito presumido de IPI relativamente à parcela do frete, inteligência do art. 56 da MP n° 2.15835/2001, está condicionado à comprovação de que esse foi efetivamente cobrado juntamente com o preço dos produtos vendidos. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. A penalidade pecuniária aplicada em decorrência do descumprimento de obrigação acessória convertese em obrigação principal e está sujeita, como tal, a incidência de juros de mora após o seu vencimento. Recurso a que se nega provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade. No mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 72 11 54 /2 01 2- 12 Fl. 5433DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 2 voluntário. Vencidos os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Cássio Schappo e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que davam provimento ao recurso. Apresentará declaração de voto o Conselheiro Cássio Schappo. Ausente, justificadamente, a Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Houve sustentação oral por advogado nomeado pela Recorrente. (assinado digitalmente) CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZAPresidente (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Tatiana Josefovicz Belisário, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Cássio Schappo. Ausência justificada de Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Tratase de exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), formalizada no auto de infração de fls. 03/06, lavrado em 05/07/2012, com ciência da contribuinte em 06/07/2012, totalizando o crédito tributário de R$ 13.760.351,16. Segundo a descrição dos fatos de fl. 05 e o relatório fiscal de fls. 12/17, houve recolhimento a menor de IPI, no período de julho a dezembro de 2007, por ter o estabelecimento escriturado indevidamente o crédito presumido de IPI sobre frete, previsto no art. 56 da MP nº 2.15835/2001. Conforme descrito, a autuada não teria cumprido as condições previstas na legislação para fazer jus ao benefício, pois não comprovou que os fretes foram cobrados juntamente com o preço dos produtos vendidos. Inconformada com a autuação, a contribuinte, por intermédio de seu representante legal, protocolizou impugnação de fls. 318/342, aduzindo em sua defesa as seguintes razões: por contratar o frete nas vendas dos seus produtos, bem como computálo no preço de venda, faz jus ao crédito presumido de IPI instituído pelo art. 56 da MP nº 2.15835/2001; é incontroverso o fato de que a impugnante contratou a empresa prestadora do serviço de transporte dos produtos por ela vendidos; não podem ser exigidas importâncias correspondentes às saídas ocorridas entre os dias 1º e 5 de julho de 2007, em razão do decurso do prazo de cinco Fl. 5434DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10860.721154/201212 Acórdão n.º 3201002.247 S3C2T1 Fl. 5.434 3 anos até a ciência do auto de infração; conseqüentemente, as glosas dos créditos presumidos decorrentes das notas fiscais emitidas nesse período, também não podem ser mais efetuadas, razão pela qual esperase a declaração de decadência para essas saídas; a legislação do IPI não obriga o destaque do valor do serviço de transporte no campo “valor do frete” da nota fiscal de venda; no caso de frete executado pela própria fabricante, e que é admitido pela MP nº 2.15835/2001, não haveria como destacar o frete; faz jus ao crédito presumido porque na formação do preço de venda dos produtos industrializados inclui as demais despesas incorridas pela empresa, entre as quais as despesas com frete; conforme demonstrativo, fica comprovado que o frete foi considerado no cálculo da margem de contribuição e, conseqüentemente, na fixação do preço de venda; a doutrina também sustenta que as despesas são consideradas pelas empresas na formação do preço de venda; em sua contabilidade gerencial, como contrapartida à receita de venda, escritura separadamente a parcela do frete que integrou o preço de venda; o auto de infração deve ser cancelado por falta de amparo legal, inclusive porque baseado em instrução normativa; contesta a futura aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício aplicada; requer a realização de diligência, com base no art. 16, inciso IV, do Decreto nº 70.235/72, com o objetivo de apurar a verdade dos fatos; apresenta os quesitos. Por fim, se as provas ofertadas não forem suficientes, protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, a realização de diligência ou a prestação dos esclarecimentos que se fizerem necessários. O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/RPO n° 1438.746, de 26/09/2012, proferida pelos membros da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, cuja ementa dispõe, verbis: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Estando presente no auto a fundamentação legal, rejeitase a alegação de nulidade. DECADÊNCIA. GLOSA DE CRÉDITOS DO IPI. É correta a glosa de créditos indevidos há qualquer tempo, pois não ocorre fato gerador do tributo no momento do creditamento. O uso indevido do crédito é que gera conseqüências tributárias, pois ao usálo deixase de pagar o tributo devido, ocorrendo prazo de decadência apenas para o lançamento de débitos decorrente desta glosa. Fl. 5435DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 4 PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI SOBRE O FRETE. O direito ao crédito presumido de IPI relativamente à parcela do frete cobrado pela prestação do serviço de transporte, previsto na MP nº 2.15835/2001, está condicionado à comprovação de que o frete foi efetivamente cobrado juntamente com o preço dos produtos vendidos. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é regular a incidência dos juros de mora, a partir de seu vencimento. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. O julgamento foi no sentido de julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, ressaltando que o direito ao crédito presumido de IPI relativamente à parcela do frete cobrado pela prestação do serviço de transporte, previsto na MP nº 2.158 35/2001, está condicionado à comprovação de que o frete foi efetivamente cobrado juntamente com o preço dos produtos vendidos. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, basicamente, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. Insiste a recorrente, em síntese, o seguinte: sobre a ausência da obrigatoriedade do frete em nota fiscal, no tocante à formação de preço, quanto ao cômputo de frete no preço de venda; do registro das receitas de vendas, inexistência de base legal que suporte o auto de infração, já que o enquadramento legal nada dispõe sobre o lançamento de ofício a exigir o IPI oriundo de aproveitamento de benefício e pela impossibilidade de incidir juros sobre a multa de ofício. Em sessão de julgamento, o processo foi convertido em diligência, através da Resolução de n° 3201000439, de 23/10/2013, para que a autoridade fiscal analisasse alguns quesitos, bem como verificasse as declarações e planilhas que deveriam ser apresentadas pela contribuinte, com os fretes diferenciados dos Estados, nos seguintes termos: Versa o presente de exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), através do auto de infração, lavrado em 05/07/2012, com ciência da contribuinte em 06/07/2012, totalizando o crédito tributário de R$ 13.760.351,16. Segundo a descrição dos fatos e o relatório fiscal houve recolhimento a menor de IPI, no período de julho a dezembro de 2007, por ter o estabelecimento escriturado indevidamente o crédito presumido de IPI sobre frete, previsto no art. 56 da MP n° 2.15835/2001, por deixar de cumprir as condições previstas na legislação para fazer jus ao benefício, pois não comprovou que os fretes foram cobrados juntamente com o preço dos produtos vendidos. Não obstante o destaque na Nota Fiscal, que na formação de preço de venda dos produtos industrializados são considerados, Fl. 5436DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10860.721154/201212 Acórdão n.º 3201002.247 S3C2T1 Fl. 5.435 5 além dos gastos classificados como custos, também os gastos com despesas comerciais, como despesas de vendas, como é o caso do frete, integram sim a fixação do preço de venda, é o que alega a recorrente. Apresenta documentos intitulados Demonstrativos de margem de Contribuições acompanhado de documentos (Anexo 7), bem como apresentou "print" de tela do sistema "SAP" que comprova a segregação da receita em receita com venda do veículo e do frete que foi computado no preço de venda. Insiste que o gasto com frete na venda foi computado no preço do produto. Enfim, com base, em toda documentação acostada nos autos, sugiro que o processo baixe em diligência para que a unidade preparadora, avalie: se o frete foi considerado no cálculo da contribuição? Se o frete está inserido na formação do preço de venda? Sendo incluído no preço de venda, se o frete é contabilizado em conta contábil segregada de receita com venda do veículo? Após a realização das análises solicitadas, profira parecer conclusivo. Ao contribuinte, informe se houve declaração (ou contrato de quem pratica o frete) e apresente planilha com os fretes diferenciados dos Estados (análise por parte da fiscalização, inclusive). Em atendimento à Resolução acima, a autoridade fiscal elaborou Relatório de Diligência Fiscal (às efls. 4735 a 4749), que reproduzo alguns registros, nos termos abaixo: .......... Pois bem, em busca das informações que nos caberia fornecer intimamos VW Anexo 1 com planilha listando 52 vendas — e em complemento instamos VW atender aos dois quesitos que seriam de sua atribuição informar/apresentar mesmo anexo, 4a página. Em Anexo 2 o atendimento da solicitação principal. Os itens 1 e 2 da Intimação estavam armazenados em CD (disco ótico); os "mapas de contabilização de notas fiscais de saída" item 3 apesar de mencionadas por VW, não constavam do CD; os conhecimentos ausentes não foram especificados. Demais, o atendimento foi amplamente insatisfatório com relação ao que foi solicitado mesmo itens 1 e 2 como se vê em exemplos em Anexo 3: telas SAP em formato pdf,cópias de registro de entradas/saídas (!) não solicitadas e, sobretudo, nenhum dos fretes pagos por VW foi acompanhado de seus registros contábeis. Dispensável juntar os 403 arquivos que constavam do CD/VW. Fl. 5437DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 6 Concluindo, pois: Então, pelo que verificamos e expusemos é inexorável afirmar que: não, os registros /documentos apresentados por VW, tanto no processo, quanto na diligência, não comprovam que os fretes pagos por VW às transportadoras foram repassados aos Adquirentes de seus veículos enquanto tal, ou seja, como serviços elc transporte relacionados aos fatos geradores que propiciaram o crédito presumido em debate não, não existe evidência documento/registro que permita asseverar que o valor do frete pago por VW. enquanto tal conhecimento de transporte/valor despendido tem como seu correspondente o lançamento "FRETEVENDAS" documento(?)/valor escriturado e, por consequência, teria o primeiro (frete pago por VW) composto o preço de venda sob a rubrica do segundo ("FRETEVENDAS") Enfim, compondo ambas as respostas, dizendo d'outra maneira: os documentos de VW não comprovam a sua alegação, qual seja, que, apesar de não cumprir o estipulado pela norma administrativa do art. 339, inciso V, alínea f do RIPI/2002, teria Ela cobrado de seus Adquirentes a totalidade do frete por Ela pago para entregar suas mercadorias ao destino final. ...... Meiaverdade: VW não computa o frete que pagou às Transportadoras nos preços de seus veículos. Na verdade, ela insere nestes um valor arbitrário, de desconhecida origem, cognominado "FRETEVENDAS". Desconhecimento: a legitimidade do presumido se consubstancia desde que os serviços de transporte compreendam a totalidade do trajeto (fábrica/cliente) e sejam cobrados dos Adquirentes e não que qualquer valor arbitrário denominado "FRETE VENDAS", compondo o preço pago pelos Adquirentes, atestaria a lisura do crédito presumido. Desconhecimento: o lançamento "FRETEVENDAS", como antes demonstrado e confirmado por VW, apesar da homonímia, não registra o serviço de transporte pago por Ela para fazer chegar o veículo ao Adquirente pois, liame algum existe entre aquele e este, nem no que se refere aos valores, nem no que se refere a documentos. ....... Como vemos, os totais pagos pelos serviços de transporte por VW, em apenas 4 meses de 2007, ultrapassaram as supostas cobranças dos mesmos "FRETEVENDAS CIF " (CIF?) em R$ 57.438.986,29. Ou seja, corroborando o que antes mencionamos à farta: não existe identidade, nem matemática, nem documental, entre o que VW cobrou dc seus Clientes e o que Ela pagou para entregar os veículos a Eles, Clientes. Fl. 5438DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10860.721154/201212 Acórdão n.º 3201002.247 S3C2T1 Fl. 5.436 7 ........ Bem, foi o que pudemos obter após duas solicitações. Não obstante isso, podemos verificar uma obviedade: os serviços de transporte são valorados de acordo com a distância a ser percorrida e, em absoluto, atendem à lógica que VW adotou na fruição do créditopresumido/frete. ...... Para finalizar: toda a celeuma, todo o debate acerca da cobrança em tela se esvaneceria, melhormente, jamais ocorreria se VW, respeitando o que lhe determinava a legislação tributária, tivesse indicado, nas suas Notas fiscais, o valor do frete que estaria a cobrar de seus Clientes, alínea f. inciso V do artigo 339. do RIPI/2002 a saber. ...... Mesmo assim, mesmo descumprindo tanto o comando regulamentar quanto as condições do "regime especial do IPT", VW pretende transmudar números díspares em igualdades e impossibilidade jurídica em direito sólido e insofismável. Semelhantes tenções, cremos, não são razoáveis e, sobretudo, como provamos, não são legítimas. Incluemse, nos autos, diversos termos de fiscalização fiscal e várias respostas pela recorrente. Foi regularmente intimada a recorrente a se manifestar acerca do Relatório de Diligência Fiscal, bem como a PGFN. O processo digitalizado foi redistribuído e encaminhado a esta Conselheira para prosseguimento, de forma regimental. É o Relatório. Voto Conselheiro MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM, Relator O presente recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Trata o presente processo de auto de infração com exigência do Imposto sobre Produtos IndustrializadosIPI, abragendo o período de apuração de julho a dezembro de 2007, lavrado em 05/07/2012, com ciência da contribuinte em 06/07/2012, totalizando o crédito tributário de R$ 13.760.351,16. Fl. 5439DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 8 Segundo a descrição dos fatos e o relatório fiscal houve recolhimento a menor de IPI, no período citado acima, por ter o estabelecimento escriturado indevidamente o crédito presumido de IPI sobre frete, previsto no art. 56 da MP nº 2.15835/2001, por deixar de cumprir as condições previstas na legislação para fazer jus ao benefício, já que não comprovou que os fretes foram cobrados juntamente com o preço dos produtos vendidos. De acordo com a informação fiscal, parte integrante do Auto de Infração em comento, observase : ........ No curso da auditoria verificamos créditos inscritos em seu Registro de Apuração sob a rubrica de "CRÉDITO PRESUMIDO CIF MP 2158 35/01", conforme cópia do Livro de Registro e Apuração do IPI, fls. 22 a 93. Semelhante crédito se refere a benefício fiscal assim estipulado no artigo 56 da Medida Provisória citada ênfase nossa:....... ....... Temos, então, que a condição sine qua non do benefício é que, no preço da operação, esteja incluído o frete pago pelo Adquirente. .... VOLKSWAGEN declara que "em suas atividades operacionais realiza a venda de veículos novos, ocasião em que contrata o frete dos veículos vendidos, computando este gasto no preço dos produtos vendidos, procedimento adotado desde 2003 e com base na Medida provisória ("MP") n° 2.15835. Deste modo, utilizase a modalidade FRETE CIF nas vendas de veículos novos. A indicação de que a modalidade de venda inclui o frete consta da nota fiscal de venda (documento fiscal), em campo específico e que informa ao adquirente que o frete é por conta do emitente (VWB)." Buscando comprovar tal afirmação, junta, por amostragem, a título de exemplo, cópias de documentos, reproduzidos às fls. 107 a 163, que são cópias de notas fiscais, telas do Registros de Entradas e de Saídas, cópias de Conhecimentos de Transporte, telas de computador do sistema SAP e "Cálculo de Nota Fiscal". A documentação apresentada não se presta para a comprovação solicitada. Isto porque analisando a mesma verificamos, conforme consta nas cópias das notas fiscais, que não há indicação do valor do frete, constando que o mesmo é por conta do emitente, ou seja, VOLKSWAGEM, corroborando sua declaração que "informa ao adquirente que o frete é por conta do emitente (VWB)". Ora, essa informação, junto com essa declaração, evidenciam que o frete não é cobrado juntamente com o preço dos produtos. Ademais, telas de computador do sistema SAP e "Cálculo de Nota Fiscal" produzido pelo próprio contribuinte, onde tenta Fl. 5440DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10860.721154/201212 Acórdão n.º 3201002.247 S3C2T1 Fl. 5.437 9 demonstrar que o frete não integra sua "Margem de Contribuição" (?), não tem lastro comprobatório algum, sobretudo, em se tratando de comprovação de correta fruição de benefício fiscal. ...... PRELIMINARES NULIDADE DO LANÇAMENTO/DECADÊNCIA PRELIMINAR SOBRE NULIDADE DO LANÇAMENTO Inicialmente, não há que se falar em nulidade do lançamento quando todos os requisitos previstos no art. 11 do Decreto nº 70.235, de 06/03/1972, foram observados na ocasião da sua lavratura: Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. Rezam os artigos 59 e 60, do mesmo Decreto nº 70.235/1972: Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. A recorrente solicita o cancelamento do auto de infração, argumentando que não haveria base legal para a lavratura do auto de infração já que a Instrução Normativa apontada não poderia ser utilizada como fundamento para o lançamento. O art. 56 da MP nº 2.15835/2001 e o art. 2º da IN SRF nº 91/2001 dispõem: Fl. 5441DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 10 Art. 56 Fica instituído regime especial de apuração do IPI, relativamente à parcela do frete cobrado pela prestação do serviço de transporte dos produtos classificados nos códigos 8433.53.00, 8433.59.1, 8701.10.00, 8701.30.00, 8701.90.00, 8702.10.00 Ex 01, 8702.90.90 Ex 01, 8703, 8704.2, 8704.3 e 87.06.00.20, da TIPI, nos termos e condições a serem estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O regime especial: I consistirá de crédito presumido do IPI em montante equivalente a três por cento do valor do imposto destacado na nota fiscal; II será concedido mediante opção e sob condição de que os serviços de transporte, cumulativamente: a) sejam executados ou contratados exclusivamente por estabelecimento industrial; b) sejam cobrados juntamente com o preço dos produtos referidos no caput deste artigo, nas operações de saída do estabelecimento industrial;(Redação dada pela Lei nº 11.827, de 20 de novembro de 2008) c) compreendam a totalidade do trajeto, no País, desde o estabelecimento industrial até o local de entrega do produto ao adquirente. § 2º O disposto neste artigo aplicase, também, ao estabelecimento equiparado a industrial nos termos do § 5º do art. 17 da Medida Provisória nº 2.18949, de 23 de agosto de 2001. § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o disposto na alínea "c" do inciso II do § 1º alcança o trajeto, no País, desde o estabelecimento executor da encomenda até o local de entrega do produto ao adquirente. Art. 2º A adesão ao regime especial darseá por opção do estabelecimento industrial e será exercida mediante apresentação, à Delegacia da Receita Federal (DRF) ou à Inspetoria da Receita Federal de Classe A (IRFA) de sua jurisdição, do Termo de Adesão, conforme modelo constante do Anexo Único a esta Instrução Normativa. § 1º A opção será renovada anualmente e aplicase a todas as operações de saída, relativas aos produtos relacionados no art. 1º, realizadas durante o anocalendário subsequente ao do exercício da opção; § 2º As operações referidas no § 1º serão, obrigatoriamente, conduzidas com cláusula C & F; § 3º O descumprimento das condições do regime especial obriga o contribuinte à restituição do benefício usufruído durante o anocalendário, caracterizandose como falta de recolhimento do imposto sobre produtos industrializados; Fl. 5442DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10860.721154/201212 Acórdão n.º 3201002.247 S3C2T1 Fl. 5.438 11 § 4º Excepcionalmente, no anocalendário de 2001, a opção pelo regime especial compreenderá o período entre o primeiro dia do mês subseqüente ao do exercício da opção e 31 de dezembro de 2002.” Pelo exposto, a IN SRF nº 91/2001 (referida) foi amparada pelo caput do art. 56 da MP nº 2.15835/2001, que expressamente prevê que caberia à Secretaria da Receita Federal estabelecer os termos e condições para o benefício fiscal da referida MP. Verificase, à efl. 6 da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal do auto de infração em comento, a capitulação legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/07/2007 e 31/12/2007: Art. 24, inciso II, do Decreto n° 4.544/02 (RIPI/02); Arts. 34, inciso II, 122, 123, inciso I, alínea "b" e inciso II, alínea "c", 127, caput e parágrafo único, 130, 200, inciso IV, do Decreto n° 4.544/02 (RIPI/02); Art. 56, parágrafo 1o, inciso II, alínea b, da Medida Provisória 2.15835, de 24 de agosto de 2001, com alterações realizadas pelo Art. 3o da Lei 11.827/2008; Art. 2o, parágrafo 3o, da Instrução Normativa SRF n° 91, de 21 de novembro de 2001; Logo, não ocorreram os pressupostos do supracitados artigos, bem como o lançamento está fundamentado e é resultante de glosa de créditos ilegítimos, conforme análise de mérito, a seguir. DECADÊNCIA Inicialmente, quanto ao argumento trazido em sede de impugnação, sobre a alegação que decaiu o direito da Receita Federal efetuar a glosa do crédito presumido calculado sobre as saídas de produtos realizadas entre os dias 1º e 5 de julho de 2007 (ciência do AI em 06/07/2007), em razão do decurso do prazo de cinco anos entre a ciência do auto de infração e o fato gerador do IPI, qual seja, a saída dos produtos do estabelecimento, não obstante, não ter sido trazido este argumento no recurso voluntário, mas como se trata de preliminar de ordem pública, temse que, ao caso, não se trata de lançamento de imposto, resultante da falta de lançamento à época do fato gerador, ou seja, na saída do produto. É o caso de glosa de crédito presumido de IPI, escriturado ao final de cada decêndio. Então, o crédito presumido relativo às saídas de produtos realizadas entre os dias 1º e 5 de julho de 2007 foi escriturado em 10/07/2007, como “OUTROS CRÉDITOS”, na rubrica “CRÉDITO PRESUMIDO CIF – MP 2.15835/01” , conforme cópia do Livro Registro de IPI, à fl. 24. Logo, na data de ciência do auto de infração, dia 06/07/2012, ainda não havia transcorrido o prazo de cinco anos. Em sendo, assim, ratifico a conclusão da decisão a quo, quando dispõe: ....... Além disso, no que diz respeito às infrações relativas às glosas de crédito, podemos abstrair que quando o artigo 150 do CTN prescreveu em seu parágrafo 1º que o pagamento antecipado Fl. 5443DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 12 extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de ulterior homologação, fica evidenciado que não é a partir do creditamento (escrituração) no RAIPI do contribuinte, do crédito que ele entende correto, que o fisco teria o prazo para homologar o lançamento, e sim a partir da data da sua efetiva utilização que o prazo de decadência começa a fluir. Mesmo porque os artigos 150, § 4º, e 173 do CTN tratam de decadência tributária, ou seja, decadência do crédito tributário. ....... O uso indevido do crédito que o contribuinte diz ter é que gera conseqüências tributárias, pois ao usálo (deduzindo do imposto devido – aqui sim ocorre o fato gerador do tributo) deixase de pagar o tributo devido. Conseqüentemente, não há que se falar em decadência na glosa dos créditos indevidamente escriturados pelo sujeito passivo. Em sendo assim, não há que se falar em decadência na glosa dos créditos indevidamente escriturados pelo sujeito passivo. Logo, rejeitase, também, esta preliminar. Afastadas as preliminares, passase ao mérito. MÉRITO Consta na descrição dos fatos e o relatório fiscal que houve recolhimento a menor de IPI, no período de julho a dezembro de 2007, tendo em vista, o estabelecimento ter escriturado indevidamente o crédito presumido de IPI sobre frete, previsto no art. 56 da MP n° 2.15835/2001 (artigo transcrito acima), e por deixar de cumprir as condições previstas na legislação para fazer jus ao benefício, pois não comprovou que os fretes foram cobrados juntamente com o preço dos produtos vendidos. O litígio limitase à comprovação do cômputo do frete no preço de venda dos veículos automotores fabricados e comercializados pela Recorrente. Por sua vez, pelo relatado, a decisão de primeira instância manteve a autuação, por conta da ausência da comprovação do cômputo do frete no preço de venda dos produtos fabricados e comercializados. Então, glosou os créditos presumidos escriturados pela Recorrente em seu livro de Registro de Apuração de IPI. O referido crédito presumido de IPI foi instituído pelo artigo 56 da MP n° 2.15835/2001, acima já transcrito, mas é salutar relembrar: Art. 56 Fica instituído regime especial de apuração do IPI, relativamente à parcela do frete cobrado pela prestação do serviço de transporte dos produtos classificados nos códigos 8433.53.00, 8433.59.1, 8701.10.00, 8701.30.00, 8701.90.00, 8702.10.00 Ex 01, 8702.90.90 Ex 01, 8703, 8704.2, 8704.3 e 87.06.00.20, da TIPI, nos termos e condições a serem estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O regime especial: I consistirá de crédito presumido do IPI em montante equivalente a três por cento do valor do imposto destacado na nota fiscal; Fl. 5444DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10860.721154/201212 Acórdão n.º 3201002.247 S3C2T1 Fl. 5.439 13 II será concedido mediante opção e sob condição de que os serviços de transporte, cumulativamente: a) sejam executados ou contratados exclusivamente por estabelecimento industrial; b) sejam cobrados juntamente com o preço dos produtos referidos no caput deste artigo, nas operações de saída do estabelecimento industrial;(Redação dada pela Lei nº 11.827, de 20 de novembro de 2008) c) compreendam a totalidade do trajeto, no País, desde o estabelecimento industrial até o local de entrega do produto ao adquirente. § 2º O disposto neste artigo aplicase, também, ao estabelecimento equiparado a industrial nos termos do § 5º do art. 17 da Medida Provisória nº 2.18949, de 23 de agosto de 2001. § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o disposto na alínea "c" do inciso II do § 1º alcança o trajeto, no País, desde o estabelecimento executor da encomenda até o local de entrega do produto ao adquirente.” De acordo com a decisão a quo, no entendimento da Recorrente, todas as despesas são incluídas na formação do preço de venda, e, como consequência, no preço está sendo cobrado também o valor do frete contratado. No entanto, aceitar o entendimento da Recorrente seria o mesmo que admitir que a alínea b do inciso II (reproduzido acima), o qual exige a cobrança conjunta do frete, é absolutamente inútil, pois segundo os argumentos defendidos, o valor do frete está sempre inserido na composição do preço, e também, é sempre cobrado com o valor do produto. Observase nas cópias de notas fiscais juntadas aos autos que não há o devido destaque do valor do frete nessas notas ficais de venda emitidas. A Recorrente não juntou cópia de nota fiscal que apresentasse o destaque do valor do frete, nem apresentou qualquer documento que comprovasse o pagamento específico do frete. Ou melhor, a fiscalização entendeu que na ausência do destaque do frete nas notas fiscais de venda emitidas pela Recorrente, denota que o frete não teria sido considerado para o cálculo do preço de venda dos veículos. A Recorrente, por sua vez, alega em seu recurso que a legislação não condiciona a fruição do benefício ao destaque do frete na nota fiscal, vale dizer que, inexiste, na legislação que trata do tema, dispositivo que vincule o aproveitamento do benefício à emissão da nota fiscal com o destaque do frete. Então, vejamos o art. 3° da IN (SRF) n° 91, de 2001que dispõe: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições e tendo em vista o que dispõe o art. 56 da Medida Provisória No 2.15835, de 24 de agosto de 2001, resolve: Art. 1° (...) Fl. 5445DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 14 Art. 3° A base de cálculo do crédito será o valor do imposto destacado na respectiva nota fiscal. Art. 4° O valor do crédito será informado no campo "informações Complementares" do Livro de Apuração do IPI, modelo 8 e deduzido do "Valor do IPI", com a discriminação "Crédito Instituído pelo Art. 56 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001". Destarte, observase a necessidade do destaque em nota fiscal. Quanto ao destaque do frete na Nota Fiscal O parágrafo 1°, inciso II, do art. 56 da MP n° 2.15835/2001 estabelece que o regime especial seria concedido mediante opção e desde que atendidas as condições elencadas nas alíneas a, b e c, ou seja: a) que os serviços de transporte fossem executados ou contratados exclusivamente por estabelecimento industrial; b) que fossem cobrados juntamente com o preço dos produtos, nas operações de saída do estabelecimento industrial; e c) que compreendessem a totalidade do trajeto, no País, desde o estabelecimento industrial até o local de entrega do produto ao adquirente. Quanto aos itens a) e c) acima, a própria fiscalização reconhece que foram cumpridos, restando a exigência que faz o artigo 56, § 1°, II, b, da Medida Provisória n° 2.158 35/2001, ou seja, que trata da comprovação da cobrança do frete juntamente com o preço dos veículos automotores comercializados (produtos), uma vez que a fiscalização se manifesta no sentido de que os contribuintes somente fazem jus ao crédito no regime especial, se o valor do transporte da mercadoria estiver explicitamente indicado na nota fiscal. Registrese que não procede a alegação da Recorrente de que a legislação do IPI não determina o destaque do valor do serviço de transporte no campo valor do frete da nota fiscal de venda, no entanto, o art. 3° da IN SRF n° 21/01, bem como, o art. 339, inciso V, alínea "f" do RIPI/2002, em vigor à época dos fatos; o qual foi repetido no art. 413, inciso V, alínea "f" do RIPI/2010 dizem o contrário, ou seja, pela necessidade. Pois bem, o art. 339 do RIPI/2002 estabelece expressamente que o valor do frete é requisito na nota fiscal: A nota fiscal, nos quadros e campos próprios, observada a disposição gráfica dos modelos 1 ou 1A, conterá: ..... V no quadro "Cálculo do Imposto": ....... f) o valor do frete; Logo, pode ser verificado nas cópias de notas fiscais que não há destaque do valor do frete nas notas fiscais de venda emitidas e também em sua defesa, a Recorrente não juntou cópia de nota fiscal que apresentasse o destaque do valor do frete, tampouco, apresentou Fl. 5446DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10860.721154/201212 Acórdão n.º 3201002.247 S3C2T1 Fl. 5.440 15 qualquer documento que comprovasse o pagamento específico do frete; inclusive, abonado pela diligência solicitada. Da formação do preço (cômputo do frete no preço de venda) A recorrente esclarece em seu recurso que na formação do preço de venda de seus produtos são considerados, além dos custos, também as despesas comerciais, dentre as quais destacase o montante relacionado ao frete. A recorrente argumenta que sob a análise da doutrina contábil, constatase que as empresas consideram na formação do preço não só os custos, mas também as despesas incorridas. Elabora em seu recurso, conforme os dizeres de Silvério das Neves e Paulo E. V. Viceconti, Contabilidade de Custos, (Ed. Frase, 6a edição, páginas 187/190), um demonstrativo prático desta doutrina contábil. Dessa forma, a Recorrente considera, na formação do preço de venda dos produtos por ela fabricados e comercializados, além dos custos, também as despesas de vendas incorridas, sendo o frete uma delas. No entanto, não há como acatar esse entendimento, tendo em vista o disposto nos preceitos legais, pois, seria o mesmo que desprezar a exigência imposta da alínea b, do inciso II do art. 56 da referida MP, como já ressaltado. Do registro da Receita de Vendas Segregação do valor frete computado no preço A Recorrente alega que "(...) A Recorrente esclarece, ainda, que, na sua contabilidade, quando da escrituração do contas a receber e, consequentemente, da contrapartida da receita de venda, a parcela do frete foi (e continua, sendo) escriturada de maneira segregada".Apresentou em seu recurso "print" do sistema contábil da empresa que confirma a alegada segregação contábil. Tratase de uma análise da tela extraída do sistema contábil, alegando que permite constatar que a receita de venda de veículos é contabilizada na conta n° 70000000, ao passo que a receita vinculada ao frete é escriturada na conta n° 70005000. Alega, portanto, que de acordo com o sistema contábil da Recorrente, o valor do "contas a receber" (conta de ativo clientes) é registrado em contrapartida da conta de receita com venda de veículos, dos tributos incidentes sobre a venda e, ainda, da receita de frete cobrado no preço praticado pela Recorrente. Então, o valor do frete deve ser destacado no corpo da nota fiscal e pode ser verificada pela inteligência do disposto no artigo 56, §1°, II, "a" da MP n° 2.15835/2001, ao lastrear o crédito presumido de IPI à condição de que os serviços de transporte "sejam executados ou contratados exclusivamente por estabelecimento industrial". A alternativa "ou" denota duas situações admitidas pela Lei. Os serviços de transporte contratados, naturalmente são aqueles contraídos de terceiros pelo estabelecimento industrial, como é o caso dos serviços tomados pela Recorrente. Assim, de posse do valor correspondente ao transporte, poderseia reclamar o destaque do valor do frete no campo próprio da nota fiscal de venda. No entanto, tanto a fiscalização quando da fase de instrução dos autos, quanto no julgamento na DRJ e a diligência demandada pela Resolução (com alguns trechos reproduzidos no relatório acima), indicam que Recorrente não logrou demonstrar documentação hábil a comprovar a legitimidade dos créditos alegados. Vide mais um trecho da informação fiscal: Fl. 5447DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 16 "(...) Temos, então, que a condição sine qua non do beneficio é que, no preço da operação, esteja incluído o frete pago pelo Adquirente. Melhormente, para que não pairem dúvidas, o valor do transporte da mercadoria deve estar explicitamente indicado na Nota fiscal no campo que lhe é atribuído. Se assim não ocorrer, que seja, então, comprovado por vias terceiras que, efetivamente, o Adquirente pagou o frete referente ao veículo de sua aquisição e, por conseguinte, que tal valor compôs a base de cálculo do tributo industrial. Esta é a condição para a fruição do favor fiscal, repetindo, que:"...serviços de transporte...sejam cobrados juntamente com o preço dos produtos... " Como bem concluiu a fiscalização, o comando legal que dá direito ao crédito presumido, do art. 56 da MP n° 2.15835, em momento algum se refere a equalização de preços de frete. A condição é que o frete seja cobrado juntamente com o preço dos produtos e que compreendam a totalidade do trajeto, no País. Por sua vez, esclareçase que as telas do seu sistema contábil informatizado, e toda as demais documentação juntada, sem estarem as mesmas revestidas das formalidades legais, nada conseguem comprovar. Como se sabe, as telas de sistema interno de contabilidade não substituem a apresentação dos livros obrigatórios pela legislação contábil e fiscal na parte em que se faz necessária a comprovação de lançamentos contábeis específicos (pois, os fatos contábeis alegados devem ser comprovadas com documentos hábeis e idôneos, como notas fiscais de serviços, comprovantes da efetividade do pagamento e outros). Destarte, a fiscalização em sua Informação Fiscal registra e de bom tamanho registrar que "A legislação sobre benefícios e incentivos fiscais deve ser interpretada literalmente, sem que se amplie ou se reduza sua abrangência. Quem cabe comprovar, de forma definitiva, o correto direito à fruição dos mesmos é o próprio beneficiado. Ao Fisco só cabe verificar sua legitimidade. Não há, desta forma, nenhum ânimo de punição. É a simples verificação do direito ou não, do exercício do direito de um benefício fiscal". Então, o fato de, eventualmente, as despesas comerciais (ou de vendas) das empresas em geral serem consideradas na determinação do preço de venda dos produtos/serviços, nada diz sobre as operações de venda sob análise, para as quais a Recorrente não logrou êxito em demonstrar de fato que o valor do frete foi cobrado juntamente com o preço do produto, conforme prevê o art. 56 da Medida Provisória n° 2.158/2001 e este ponto é a base do litígio em discussão. Por todo o exposto e para concluir, o processo foi baixado em diligência, tendo em vista argumentos e diversos documentos trazidos pela Recorrente, nada obstante (argumentos e documentos), com a devida convicção sobre a discussão de mérito, logo, é inconteste que somente fazem jus ao crédito pretendido, as empresas que destaquem o valor do frete e que demonstrem o pagamento efetivo por parte do adquirente, juntamente com o valor do produto, e considerando que a Recorrente não logrou comprovar o destaque e o pagamento do frete, correta, portanto, a glosa dos créditos efetuada pela fiscalização. Nesse mesmo sentido, em relação ao mérito, cito o acórdão de n° 3402 003.017, de 26/04/2016, processo de n° 10860.720564/201408, de relatoria de Waldir Navarro Fl. 5448DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10860.721154/201212 Acórdão n.º 3201002.247 S3C2T1 Fl. 5.441 17 Bezerra, processo da mesma empresa, que tem o mesmo entendimento no tocante à essa glosa de fretes, conforme ementa abaixo: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/04/2009 a 31/12/2009 AUTOMOTIVO. SUSPENSÃO. PEÇAS E COMPONENTES DESTINADOS À INDÚSTRIA DE AUTOPROPULSADOS. É vedado ao estabelecimento industrial apropriarse de créditos de IPI decorrentes da aquisição de componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11 da TIPI, que deveriam ter saído do estabelecimento fornecedor com a suspensão do imposto. IPI. DEVOLUÇÕES E RETORNOS DE PRODUTOS. FALTA DA ESCRITURAÇÃO DAS NOTAS FISCAIS. LIVRO REGISTRO DA PRODUÇÃO E DO ESTOQUE OU SISTEMA EQUIVALENTE. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou de sistema de controle equivalente. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. FRETE O direito ao crédito presumido de IPI relativamente à parcela do frete (art. 56 da MP nº 2.15835/2001), está condicionado à comprovação de que esse foi efetivamente cobrado juntamente com o preço dos produtos vendidos. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. NÃO INCIDÊNCIA Não incidem juros de mora sobre a multa de ofício, por carência de fundamento legal expresso. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência. Recurso Voluntário Provido em Parte. Acordam os membros do colegiado, em conhecer do recurso voluntário para dar parcial provimento, nos seguintes termos: (i) por maioria de votos, deuse provimento para excluir os juros de mora sobre a multa de ofício na fase da liquidação administrativa do presente julgado. Vencidos os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula. Designado o Conselheiro Antonio Carlos Atulim para redigir o voto vencedor; (ii) pelo voto de qualidade, negouse provimento quanto às demais matérias. Vencida a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro, que deu provimento para reverter as glosas dos créditos sobre produtos recebidos com suspensão, créditos por devolução e créditos presumidos sobre fretes. Vencidos os Conselheiros Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto quanto aos créditos por devolução e créditos sobre fretes. Fl. 5449DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 18 Da mesma forma, transcrevo a ementa do acórdão n° 3402002.856, de 26/01/2016, do processo de n° 10860.720193/201456, de relatoria de Maria Aparecida Martins de Paula, da mesma empresa, que tem, também, o mesmo entendimento em relação ao frete: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/02/2009 a 31/03/2009 SETOR AUTOMOTIVO. SUSPENSÃO. PEÇAS E COMPONENTES DESTINADOS À INDÚSTRIA DE AUTOPROPULSADOS. É vedado ao estabelecimento industrial apropriarse de créditos de IPI decorrentes da aquisição de componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11 da TIPI, que deveriam ter saído do estabelecimento fornecedor com a suspensão do imposto. DEVOLUÇÕES E RETORNOS DE PRODUTOS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DAS NOTAS FISCAIS. LIVRO REGISTRO DA PRODUÇÃO E DO ESTOQUE OU SISTEMA EQUIVALENTE. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou de sistema de controle equivalente. CRÉDITO PRESUMIDO. IPI. FRETE. O direito ao crédito presumido de IPI relativamente à parcela do frete está condicionado à comprovação de que esse foi efetivamente cobrado juntamente com o preço dos produtos vendidos. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Não incidem juros de mora sobre a multa de ofício, por carência de fundamento legal expresso. Recurso Voluntário parcialmente provido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, deuse provimento parcial ao recurso voluntário para (i) excluir os juros de mora sobre a multa de ofício na fase de liquidação administrativa deste julgado. Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula. Designado o Conselheiro Antonio Carlos Atulim; e (ii) negar provimento quanto às demais matérias. Vencidos os Conselheiros Thais De Laurentiis Galkowicz e Diego Diniz Ribeiro que deram provimento para reverter as glosas dos créditos por devolução. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto, que deram provimento para reverter as glosas do crédito presumido sobre fretes. Ausente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro. Sustentou pela recorrente o Dr. Rodrigo Evangelista Munhoz, OAB/SP 371.221. E, por fim, cabe o registro, por se tratar de processo com muitos volumes, onde a Recorrente utilizou indevidamente direito ao crédito, então é o Recorrente que tem o dever de provar o que alega. E esse ônus não se exaure com a juntada de documentos, argumentos sem que aponte de forma clara e inequívoca, como comprovam o fato jurídico, pois, não se pode confundir a instância do contencioso administrativo, com a instância de auditoria. Enfim, aos julgadores do CARF não cabem fazer a auditoria de documentos, mas Fl. 5450DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10860.721154/201212 Acórdão n.º 3201002.247 S3C2T1 Fl. 5.442 19 sim valorar a sua condição de reconstituir o fato jurídico objeto da causa. Assim sendo, com todas as provas, evidências, apontadas pela fiscalização, endossadas pela Resolução, são suficientes para a comprovação da exigência fiscal que deve ser mantida. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO Em derradeiro, alega a Recorrente que todos os créditos tributários exigidos são acrescidos de multa de ofício, sendo que, após 30 dias da lavratura de tais créditos, tais multas passam a ser mensalmente atualizadas com base na taxa de juros SELIC, daí, a mesma argumentar pela impossibilidade da incidência de juros de mora sobre no valor da multa de ofício lançada. Em relação à incidência de juros sobre a multa, há permissão legal de incidência, tendo em vista o artigo 61 da Lei nº 9.430/96 que determinou que a SELIC incidirá sobre os “os débitos para com a União”. A Lei n. 9.430, de 1996, art. 61, § 3º, dispõe: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Então, sobre a penalidade aplicada passa a ter a mesma natureza da obrigação principal e, nos termos do § 3º do art. 113 c/c art. 161, ambos do CTN, qualquer que seja o motivo da falta de pagamento do crédito tributário (a multa aplicada tem a mesma natureza do crédito tributário principal), logo, incidindo juros de mora. Por fim, esse entendimento encontra precedentes da 2ª Turma da CSRF, conforme a seguir ementado, através do Acórdão CSRF 920201.991, de 16/02/2012: JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. O art. 161 do Código Tributário Nacional CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo Recurso especial negado. É legítima a incidência de juros sobre a multa de ofício, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC.Precedentes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.Precedente da 2ª Turma da CSRF: Acórdão nº 920201.806. Recurso especial negado. Em assim sendo, não merece reparo decisão a quo. Fl. 5451DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 20 Por todo o exposto, voto por afastar as preliminares e no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, prejudicados os demais argumentos. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM Relator Declaração de Voto CONSELHEIRO CÁSSIO SCHAPPO Discutese nestes autos o direito do contribuinte de se creditar de IPI, em face de regime especial de apuração implantado pela MP 2158/200135, relativamente à parcela do frete cobrado pela prestação de serviço de transporte dos produtos (veículos) classificados nos códigos que especifica. Consiste o regime especial em crédito presumido, conforme especificado no art. 56 da MP mencionada: Art. 56. Fica instituído regime especial de apuração do IPI, relativamente à parcela do frete cobrado pela prestação do serviço de transporte dos produtos classificados nos códigos 8433.53.00, 8433.59.1, 8701.10.00, 8701.30.00, 8701.90.00, 8702.10.00 Ex 01, 8702.90.90 Ex 01, 8703, 8704.2, 8704.3 e 87.06.00.20, da TIPI, nos termos e condições a serem estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. § 1o O regime especial: I consistirá de crédito presumido do IPI em montante equivalente a três por cento do valor do imposto destacado na nota fiscal; II será concedido mediante opção e sob condição de que os serviços de transporte, cumulativamente: a) sejam executados ou contratados exclusivamente por estabelecimento industrial; b) sejam cobrados juntamente com o preço dos produtos referidos no caput deste artigo, nas operações de saída do estabelecimento industrial; c) compreendam a totalidade do trajeto, no País, desde o estabelecimento industrial até o local de entrega do produto ao adquirente. Fl. 5452DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10860.721154/201212 Acórdão n.º 3201002.247 S3C2T1 Fl. 5.443 21 § 2o O disposto neste artigo aplicase, também, ao estabelecimento equiparado a industrial nos termos do § 5o do art. 17 da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. § 3o Na hipótese do § 2o deste artigo, o disposto na alínea "c" do inciso II do § 1o alcança o trajeto, no País, desde o estabelecimento executor da encomenda até o local de entrega do produto ao adquirente. § 4o O regime especial de tributação de que trata este artigo, por não se configurar como benefício ou incentivo fiscal, não impede ou prejudica a fruição destes. O Auto de Infração aponta a falta de recolhimento de IPI em razão da utilização indevida de crédito presumido do imposto no período de 01/07/2007 a 31/12/2007, pelo fato de não haver evidências de que o frete é cobrado juntamente com o preço do produto, devido a falta de destaque na nota fiscal do valor do frete. O contribuinte por sua vez comprova que é o contratante do serviço de transporte e faz a juntada do Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga, onde consta que o frete é por conta do remetente. Da mesma forma indica da Nota Fiscal de Saída do produto que o frete é por conta do emitente e por fim, junta planilha de custo do produto vendido onde contém incluído o frete. A instituição do regime especial em que consiste o crédito presumido do IPI, relativamente à parcela do frete cobrado pela prestação do serviço de transporte, estabelece três condições, cumulativamente: que seja executado ou contratado pelo estabelecimento produtor; deverá fazer parte do preço do produto vendido; e compreender a totalidade do trajeto entre o estabelecimento industrial remetente e o local de entrega do produto ao adquirente. Nenhuma outra condição para fruição do benefício, além das contidas no § 1º da MP 2158/200135, integram o regramento, não sendo condição o destaque do valor do frete na Nota Fiscal como deu a entender a autoridade lançadora. O sujeito passivo da obrigação tributária demonstrou que o frete é efetivamente por ele contratado para a entrega do produto ao adquirente e que o mesmo faz parte do preço final do produto. Porém, também é fato, que a sistemática adotada pelo contribuinte foi a de atribuir um preço médio do frete na composição da base de cálculo do tributo, independentemente do trajeto. De toda forma, a parcela do frete cobrado pela prestação de serviços de transporte dos produtos referidos no caput do art. 56 da MP 2158/200135, integraram o valor das operações de saída do estabelecimento industrial. Se há dúvidas quanto a correta base de incidência do imposto e comprovado que o contribuinte não fez a inclusão de todos os valores devidos à composição da base de cálculo, é outro fato e não se confunde com o que ora se discute. Não cabe ao caso valerse de intuição para firmar o lançamento. O crédito presumido do IPI relativo ao frete cobrado pela prestação de serviço de transporte na venda de veículos, não está limitado ao valor do frete e nem este serve de base para cálculo, mas o valor do próprio IPI incidente na operação de saída do produto. Fl. 5453DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 22 Verificamos, portanto, que: o frete na operação de venda do produto foi de responsabilidade do industrial; inexiste prova que houve a cobrança do frete do destinatário de forma apartada do valor total da Nota Fiscal; independentemente da indicação de menor ou maior valor do frete na composição do preço final do produto, sobre o qual incide o imposto, em nada altera o valor do tributo devido. Porque, se o valor do frete for maior ou menor, sua repercussão se dá na margem de lucro, pois o valor final do produto permanecerá o mesmo. Em momento algum ficou demonstrado que o procedimento do contribuinte tenha acarretado falta de recolhimento do tributo ou causado prejuízo ao erário. Pelas razões expostas, voto pelo provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 5454DF CARF MF Impresso em 18/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 6/07/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CASSIO SCHAPPO, Assinado digitalmente em 18/07/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Numero do processo: 10820.000207/2005-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 01/02/2005
RMF. FALTA DE ATENDIMENTO. MULTA.
Aplica-se a multa regulamentar à instituição financeira que deixe de cumprir o prazo previsto na RMF para prestar informações sobre movimentação financeira de seu cliente.
Numero da decisão: 1401-001.442
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento aos recursos.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Luiz Gomes de Mattos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio e Aurora Tomazini Carvalho.
Nome do relator: FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
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FALTA DE ATENDIMENTO. MULTA. Aplicase a multa regulamentar à instituição financeira que deixe de cumprir o prazo previsto na RMF para prestar informações sobre movimentação financeira de seu cliente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento aos recursos. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio e Aurora Tomazini Carvalho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 00 02 07 /2 00 5- 05 Fl. 88DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10820.000207/200505 Acórdão n.º 1401001.442 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo o relatório que consta da decisão de piso, fls. 6869: Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela contribuinte em epígrafe foi efetuado lançamento para exigência de crédito tributário no valor total de R$ 110.087,49 (cento e dez mil e oitenta e sete reais e quarenta e nove centavos), que resultou na lavratura do auto de infração de fls. 2/4, relativo a multa regulamentar por recusa/atraso no fornecimento de informação bancária de instituição financeira, nos termos do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999) — Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, art. 977. Segundo o Termo de Constatação e de Intimação Fiscal de fls. 5/6, solicitouse a emissão de Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira (RMF) dirigida à. contribuinte, para que ela fornecesse informações para o prosseguimento de ação fiscal em curso. A RMF foi emitida em 26/10/2004 e recebida pela instituição financeira em 05/11/2004, com prazo para atendimento de 10 (dez) dias, que se esgotou em 17/11/2004. Até 01/02/2005, 76 (setenta e seis) dias após o vencimento do prazo, ela nada apresentou. O valor da multa foi determinado de acordo com a Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, art. 31, considerandose o atraso de dois meses e uma fração, ou seja, 6% (seis por cento) sobre o valor das operações objeto da RMF (R$ 1.834.791,63). Notificada do lançamento em 09/02/2005, conforme aviso de recebimento de fl. 26 ou autos de infração, a interessada, representada pelo advogado Dennis Machado da Silveira (procuração de fl. 47 e substabelecimento de fl. 48), ingressou, em 07/03/2005, com a impugnação de fls. 28/32, na qual alegou, em suma: • Absoluta impossibilidade de dar atendimento à demanda da Receita Federal, qual seja a de prestar, no prazo de dez dias, todas informações sobre a movimentação financeira do contribuinte Edimar Edison Citro; • Embora o prazo para prestação dessas informações esteja na lei (RIR11999, art. 918, parágrafo único), o nãocumprimento desse prazo não poderá jamais ser visto como um desapreço para com a requisição da Receita Federal; • A complexidade das informações requisitadas, associada ao curto prazo para sua apresentação, foi o que impossibilitou o cumprimento da obrigação na data aprazada; • Em 28/01/2005, o Banco do Brasil S.A. prestou as informações requisitadas, postadas no Correio no dia 03/02/2005 e recebidas pela Receita Federal em 04/02/2005; Fl. 89DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10820.000207/200505 Acórdão n.º 1401001.442 S1C4T1 Fl. 4 3 • Ausente no comportamento da autuada a conduta dolosa, ou seja, a vontade livre e manifesta de não atender ao pedido da Receita Federal, ou ainda um comportamento omissivo no sentido de postergar esse atendimento, não há como se ter caracterizado uma desobediência ao dever legal de atender ao Fisco; • O art. 918 do RIR11999 é claro ao prescrever que eventual descumprimento do prazo de dez dias para prestação de informações ao Fisco sujeitará a instituição infratora às cominações do art. 977, que resultaria no valor correto da multa de R$ 50.553,75, portanto o quantum arbitrado pelo autuante se apresenta muito mais que uma penalidade e assume a natureza de confisco, violando , inclusive, a lei que lhe serviu de fundamento. Requereu seja declarado insubsistente o auto de infração, determinando seu arquivamento sem imposição de multa. Protestou pela oportunidade de provar as alegações por todos os meios admitidos em Direito. A 3ª Turma da DRJ/RPO, por unanimidade de votos, julgou improcedente o lançamento, por meio de Acórdão que recebeu a seguinte ementa, fls. 67: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 01/02/2005 RMF. FALTA DE ATENDIMENTO. MULTA. Aplicase a multa regulamentar à instituição financeira que deixe de cumprir o prazo previsto na RMF para prestar informações sobre movimentação financeira de seu cliente. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte foi devidamente cientificado do aludido Acórdão em 11/11/2011, conforme AR de fls. 78 e apresentou recurso voluntário em 14/12/2011 (v. fls. 7985), reiterando os argumentos de defesa apresentados na fase impugnatória. É o relatório. Fl. 90DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10820.000207/200505 Acórdão n.º 1401001.442 S1C4T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator O recurso apresentado atende aos requisitos legais, razão pela qual deve ser conhecido. Aspectos introdutórios De plano, cumpre registrar que a contribuinte reconheceu não ter prestado no prazo estabelecido as informações solicitadas por meio de RMF, nos termos do art. 6 ° da Lei Complementar n° 105/01. Em face do descumprimento do aludido prazo, a contribuinte, em tese, sujeitouse ao lançamento da multa prevista no art. 31 da Lei 10.637, de 2002, verbis: Art. 31. A falta de apresentação dos elementos a que se refere o art. 6º da Lei Complementar n° 105, de 10 de janeiro de 2001, ou sua apresentação de forma inexata ou incompleta, sujeita a pessoa jurídica à multa equivalente a 2% (dois por cento) do valor das operações objeto da requisição. apurado por meio de procedimento fiscal junto própria pessoa jurídica ou ao titular da conta de depósito ou da aplicação financeira, bem como a terceiros, por mêscalendório ou fração de atraso, limitada a 10% (dez por cento), observado o valor mínimo de de R$ 50.000,00 (cinqiienta mil reais). Argüição de inexistência de conduta dolosa A recorrente pretende eximirse da exigência da presente multa, sob a alegação de inexistência de conduta dolosa na apresentação intempestiva das informações solicitadas pelo Fisco. Não assiste razão à recorrente. Conforme bem apontado pela decisão de piso, a aplicação dessa multa independe da intenção do agente, consoante disposto no art. 136 do Código Tributário Nacional (CTN), verbis: Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Com o intuito de justificar seu atraso, a recorrente alegou dificuldades no atendimento das requisições de informações. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10820.000207/200505 Acórdão n.º 1401001.442 S1C4T1 Fl. 6 5 Sobre o tema, posicionouse com muita clareza e objetividade a decisão de piso, fls. 6970: As dificuldade [...] são plausíveis, ainda mais quando considerada a boa reputação daquele que as alega. Não pode a autoridade fiscal, entretanto, deixar de aplicar a norma que exige a cobrança de crédito tributário sem que a lei assim o permita. Tanto a anistia quanto a remissão, que permitiriam esse afastamento, carecem de lei especifica para serem autorizadas, consoante disposto no art. 150. § . 6°, da Constituição Federal de 1988. Não existe lei especifica que permita a relevação da penalidade. Por outro lado, tendo em vista que a atividade do lançamento é vinculada à lei e que há lei fixando a aplicação da penalidade. cabível a exigência da multa ora atacada. Pelas razões expostas, em relação ao presente tema, o recurso voluntário não merece ser provido. Questionamento acerca do valor da multa Compulsando os autos, verificase que a multa foi exigido em conformidade com a legislação de regência, ou seja, foi aplicado o percentual de 6% do valor das operações objeto da requisição, correspondentes a dois meses e uma fração de atraso. Concluise, portanto, que é improcedente qualquer contestação da contribuinte acerca do valor desta penalidade. Inaplicável, in casu, a regra prevista no art. 918 do RIR/99, pelas razões claramente expostas pela decisão de piso, fls. 69: Quanto ao art. 918 do RIR/1999, que a impugnante deseja seja aplicado ao caso dos autos. é de se ressaltar que a norma do art. 31 da Lei n° 10.637, de 2002, é específica (dirigese ao art. 6° da Lei Complementar n° 105, de 2001), afastando as demais normas de caráter genérico. Inviável, portanto, a alternativa proposta pela impugnante. Assim sendo, também em relação ao presente tema, o acórdão recorrido não merece quaisquer reparos. Argüição de efeito confiscatório Quanto à argüição de efeito confiscatório, cumpre esclarecer que não compete à autoridade administrativa, de qualquer instância, apreciar a argüição e declarar ou reconhecer a inconstitucionalidade/ilegalidade de lei. Neste sentido, foi editada a Súmula nº 2 do CARF: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conclusão Fl. 92DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10820.000207/200505 Acórdão n.º 1401001.442 S1C4T1 Fl. 7 6 Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Fl. 93DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO
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Numero do processo: 19515.000389/2007-04
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 02 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Período de apuração: 31/12/2001 a 31/12/2004
Averiguada a distinção das situações fáticas analisadas no caso do Acórdão paradigma e no caso do Acórdão recorrido, não se pode identificar a divergência de interpretação da Lei tributária.
Nesse contexto, não deve ser conhecido o Recurso Especial de divergência na interpretação da Lei.
Recurso não conhecido.
Numero da decisão: 9202-003.896
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da União.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
GERSON MACEDO GUERRA - Relator.
EDITADO EM: 22/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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Nesse contexto, não deve ser conhecido o Recurso Especial de divergência na interpretação da Lei. Recurso não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da União. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) GERSON MACEDO GUERRA Relator. EDITADO EM: 22/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 03 89 /2 00 7- 04 Fl. 1173DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA 2 Relatório Trata de Auto de Infração, fls. 805/815, através do qual se exige, do interessado, o IRPF, relativo aos anos calendário 2001 a 2004, acrescido de juros moratórios e multa de oficio, pela constatação de omissão de rendimentos recebidos de fontes do exterior e acréscimo patrimonial a descoberto – sinais exteriores de riqueza. A fiscalização teve início com a transferência de informações e documentos obtidos pela Polícia Federal no âmbito da operação Beacon Hill, com autorização judicial. Conforme termo de verificação fiscal, fls. 798/804, o contribuinte foi intimado a comprovar a origem dos recursos movimentados no exterior em contas mantidas no banco JP Morgan, pela empresa Beacon Hill Service Corporation”, onde o contribuinte é indicado como beneficiário, em determinadas operações e remetente em outras. Sobre tal intimação a resposta do contribuinte foi de que desconhecia qualquer operação em seu nome. Nesse contexto, concluiu a fiscalização: Resumindose, a pessoa física fiscalizada incorreu na infração de Omissão de Rendimentos Recebidos de Fontes no Exterior onde o contribuinte é identificado como beneficiário final de operações de transferências de recursos financeiros, decorrentes de atividade desenvolvida ou de capital situado no exterior, no período de 01/2001 a 03/2004; e na infração de Acréscimo Patrimonial a Descoberto Sinais Exteriores de Riqueza, originários de pagamentos efetuados e não relacionados na DIRPF [considerados como dispêndios/aplicações onde o contribuinte é identificado como beneficiário/ordenante ou remetente de operações de transferências de recursos financeiros, conforme apresentado, pelos saldos negativos, nas planilhas "Fluxo de Caixa Mensal" dos anoscalendário 2002, 2003 e 2004, que seguiram anexos ao Termo. Foi apresentada Impugnação pelo contribuinte, julgada parcialmente procedente pela 3ª Turma da DRJ/SPOII (fls. 999/1.019), que considerou improcedente o lançamento em relação à omissão de rendimentos recebidos de fontes situadas no exterior e parte do lançamento de omissão de rendimentos com base no acréscimo patrimonial a descoberto. No entendimento dos julgadores da DRJ, para se efetuar o lançamento de omissão de rendimentos recebidos de fonte no exterior porquanto, não foram identificadas a natureza e a fonte dos rendimentos, de modo que não se pode garantir sequer que estes rendimentos foram pagos por fonte no exterior. Para a DRJ os elementos constantes do Auto de Infração autorizavam a lavratura com base no artigo 42, da Lei 9.430/96, que admite o lançamento com base em presunção, mas não com base em rendimentos recebidos de fonte no exterior, que exigem a comprovação da origem. Com relação ao lançamento efetuado pela constatação de acréscimo patrimonial a descoberto, a DRJ entendeu que deveriam ter sido considerados os valores declarados para a apuração respectiva, o que não fora considerado pela fiscalização. Assim, em relação à essa parte foi dado provimento parcial à Impugnação. Fl. 1174DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA Processo nº 19515.000389/200704 Acórdão n.º 9202003.896 CSRFT2 Fl. 1.174 3 Nesse contexto, foram interpostos Recurso de Ofício e Recurso Voluntário. No curso do regular processo administrativo essa 2ª Turma Ordinária, da 1ª Câmara, por unanimidade, negou provimento ao Recurso de Ofício e deu provimento ao Recurso Voluntário, proferindo o Acórdão 210200.379, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005 IRPF OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DO EXTERIOR RECURSO DE OFÍCIO Não pode prosperar a exigência fundada na suposta omissão de rendimentos recebidos do exterior quando a fiscalização não comprovou o efetivo recebimento dos valores em exame. Correta a decisão recorrida que reconheceu tal mácula no lançamento. IRPF OMISSÃO ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO Não pode prosperar a exigência fundada na apuração de acréscimo patrimonial a descoberto quando, na apuração deste, a fiscalização não comprovou a efetividade dos dispêndios considerados no quadro de apuração desta. O efetivo dispêndio há de ser comprovado pelo Fisco para que possa dar ensejo a tal tributação. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso de Ofício e DAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Irresignada com a decisão, a Fazenda Nacional, tempestivamente, apresentou Recurso Especial, argumentando que a documentação insuficiente trazida na fiscalização acarreta preterição ao direito de defesa do contribuinte, de modo a ensejar a declaração de ofício da nulidade do lançamento, por vício formal, não o cancelamento do Auto de Infração, conforme o fez a Turma a quo. Para ter seu recurso admitido, a Fazenda Nacional trouxe como paradigma o Acórdão nº 310200.557, onde os julgadores declararam a nulidade de aplicação de multa de perdimento de mercadoria em Auto de Infração lavrado sem que a ele fossem juntados elementos de prova para as constatações fiscais. Intimado do Recurso da Fazenda, o contribuinte não apresentou contra razões. É o relatório. Voto Fl. 1175DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA 4 Conselheiro Gerson Macedo Guerra, Relator Inicialmente, entendo pertinente a discussão acerca da admissibilidade do Recurso da Fazenda Nacional. Isso porque, a meu ver, as situações fáticas constantes do Acórdão recorrido e do Acórdão paradigma não são as mesmas. Vejamos: No caso sob exame, os julgadores a quo entenderam que os elementos de prova carreados aos autos não eram suficientes para se concluir que houve omissão de rendimentos recebidos de fontes situadas no exterior, haja vista que a ausência de comprovação da origem dos recursos. Importante destacar: foram analisadas as provas carreadas aos autos e, em sua valoração, os julgadores entenderam não estar devidamente comprovado o fato gerador do tributo. Vejam, inclusive, que na valoração da prova os julgadores admitem que se a capitulação legal do Auto de Infração fosse o artigo 42, da Lei 9.430/96 o lançamento seria legítimo. Vale aqui a transcrição de parte do voto proferido no julgamento da DRJ, que foi utilizado pela Turma a quo para fundar sua decisão: Para cada caso de omissão detectada no procedimento fiscal, estas específicas demonstrações devem vir descritas seja no auto de infração, seja no Termo de Verificação Fiscal, e os documentos que a fundamentam devem estar juntados aos autos. São elementos necessários que devem obrigatoriamente subsidiar o lançamento tributário. No caso em questão, data vénia, não se encontram os elementos que permitam concluir pela omissão de rendimentos recebidos do exterior, porquanto, não foram identificadas a natureza e a fonte dos rendimentos. Não se pode garantir sequer que estes rendimentos foram pagos por fonte no exterior. O fato de as transações terem sido feitas entre contas mantidas no exterior não é suficiente para se afirmar que os rendimentos tenham como origem fonte situada no exterior. Conforme Termo de Verificação Fiscal (fls. 747/753), a autoridade lançadora relata que "o contribuinte é identificado como beneficiário final das transações, valores estes considerados como rendimentos brutos recebidos, transferidos ou não para o Brasil, decorrentes de atividade desenvolvida ou de capital situado no exterior". Não se vislumbra o nexo causal entre constar o contribuinte como beneficiário final de transferências financeiras e a omissão de rendimentos atribuída. Notese que no citado Termo, expressamente, se admite o desconhecimento acerca da natureza e da fonte dos rendimentos, uma vez que menciona tratarse de rendimentos decorrentes de atividade exercida ou de capital situado no exterior. Em que pese haver em tais operações indícios veementes de cometimento de ilícitos não só fiscais como também cambiais, não há como se concluir pela omissão de rendimentos da forma como proposta no auto de infração. Como visto acima, nos casos de omissão de rendimentos, provas específicas devem ser produzidas. Indícios coletados no decorrer da ação fiscal não têm o condão de, por si sós, comprovar este tipo de infração. Fl. 1176DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA Processo nº 19515.000389/200704 Acórdão n.º 9202003.896 CSRFT2 Fl. 1.175 5 Entendo que ordens de pagamento entre contas no exterior, ainda que os titulares sejam terceiras pessoas, e cuja origem dos recursos restou não comprovada pelo real beneficiário da transferência, poderiam servir como subsídios para se apurar eventual omissão de rendimentos com base na presunção contida no art. 42, da Lei 9.430/96. No entanto, tal não foi o caso do presente lançamento. Dessa forma deverão ser retirados da base de cálculo os seguintes valores: Vale destacar, analisando as provas carreadas aos autos os julgadores a quo entenderam que elas não seriam suficientes a comprovar a ocorrência do fato gerador imputado, qual seja: auferir rendimentos de fonte situada no exterior. Já no Acórdão paradigma, as provas mencionadas pela fiscalização no termo de verificação fiscal não foram juntadas aos autos. Não se trata, pois, de análise das provas e, em sua valoração, entendelas insuficientes para a comprovação da ocorrência do fato gerador do tributo. Para demostrar essa situação, vale o destaque do seguinte trecho do voto proferido no acórdão paradigma: Em relação à primeira infração, a autoridade fiscal não trouxe aos autos qualquer elemento probatório que corroborasse tal alegação, limitandose a relatar que o art. 13 da Instrução Normativa n° 228, de 2002, determina, in verbis: (.) a prestação de informação ou a apresentação de documentos que não traduzam a realidade das operações comerciais ou dos verdadeiros vínculos das pessoas com as empresas caracteriza SIMULAÇÃO e FALSIDADE IDEOLÓGICA ou MATERIAL dos documentos das DECLARAÇÕES ADUANEIRAS. (sem os grifos do original) No que tange à segunda infração, também não carreou aos autos quaisquer documentos que confirmasse o alegado, nem sequer os termos de intimação, que supostamente foram ou que deveriam ser expedidos, o autuante se dignou trazer aos autos, para fins de confirmação de suas afirmações. Em relação a este item, limitouse a dizer o seguinte: Da análise da documentação apresentada, em especial, os extratos bancários fornecidos, foi constatado que antes do desembaraço ou fechamento de câmbio de importação ocorria depósito efetuado em conta corrente da empresa em valor aproximadamente ao nece.s'sário para o pagamento dos impostos e/ou fechamento do câmbio. Onde está o documento contendo as conclusões concernente à análise da documentação apresentada? Da mesma forma, onde estão os extratos bancários fornecidos pela autuada? Compulsando os autos, verificase que nenhum dos referidos documentos foram colacionados. Notese que ano presente caso a fiscalização não juntou aos autos os documentos que ele mesmo disse comprovarem suas constatações. Fl. 1177DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA 6 Logo, não houve valoração das provas pelos julgadores que se seguiram. É ai que se encontra a diferença fática que me faz concluir pela inadmissibilidade do Recurso da União. No caso em apreço houve a valoração das provas carreadas ao Auto de Infração em relação à infração supostamente cometida. Já no caso do paradigma, nem sequer valoração houve, pois as provas não foram carreadas aos autos. Nesse contexto, voto por pelo não conhecimento do recurso da União. Gerson Macedo Guerra Relator Fl. 1178DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 22/05/2016 por GERSON MACEDO GUERRA
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