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Numero do processo: 10283.004908/2004-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 28 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Nov 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 03/05/2000
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO. NULIDADE.
Tendo sido demonstrada a competência de julgamento do colegiado que proferiu a decisão embargada, revela-se impertinente a alegação de omissão e conseqüente nulidade do referido acórdão.
Numero da decisão: 3201-001.525
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e rejeitar os embargos de declaração, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
JOEL MIYAZAKI- Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
DANIEL MARIZ GUDIÑO - Relator.
EDITADO EM: 07/08/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente da turma), Luciano Lopes de Almeida Moraes (vice-presidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Daniel Mariz Gudiño, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, e Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
Nome do relator: DANIEL MARIZ GUDINO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e rejeitar os embargos de declaração, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) JOEL MIYAZAKI- Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) DANIEL MARIZ GUDIÑO - Relator. EDITADO EM: 07/08/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente da turma), Luciano Lopes de Almeida Moraes (vice-presidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Daniel Mariz Gudiño, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, e Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 03/05/2000 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO. NULIDADE. Tendo sido demonstrada a competência de julgamento do colegiado que proferiu a decisão embargada, revelase impertinente a alegação de omissão e conseqüente nulidade do referido acórdão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e rejeitar os embargos de declaração, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) JOEL MIYAZAKI Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) DANIEL MARIZ GUDIÑO Relator. EDITADO EM: 07/08/2014 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 49 08 /2 00 4- 59 Fl. 1591DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente da turma), Luciano Lopes de Almeida Moraes (vicepresidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Daniel Mariz Gudiño, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, e Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Relatório Tratase de embargos declaratórios opostos pela Delegada Substituta da DRJ em Fortaleza, por entender que o Acórdão nº 30239.260, proferido pela Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, em 30 de janeiro de 2008, contém vício insanável. É que o processo administrativo em tela decorre de lançamento da multa prevista no art. 83, inc. I, da Lei nº 4.502, de 1964 (art. 463, inc. I, do Decreto nº 2.637, de 1998 – Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados), e, segundo o Regimento Interno do Conselho de Contribuintes, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 2007, mais especificamente o seu art. 21, inc. I, “a”, a competência para julgar penalidades relativas ao Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI era do Segundo Conselho, e não do Terceiro Conselho, que deveria julgar tão somente questões relativas ao imposto quando decorrentes de importação. A Embargante ainda transcreveu decisões que versavam sobre a multa em questão, nas quais o Terceiro Conselho declinava a competência para o Segundo Conselho. Da mesma forma, transcreveu decisões do Segundo Conselho sobre a referida penalidade. Com base no arrazoado acima, a Embargante espera ver anulada a decisão embargada, uma vez que violou o art. 59, inc. II, do Decreto nº 70.235, de 1972, e alterações posteriores. Justifica a sua expectativa no fato de que a decisão em comento foi omissa quanto à preliminar de competência para apreciar e julgar a matéria objeto do recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Daniel Mariz Gudiño 1 Admissibilidade Inicialmente, convém esclarecer que a legislação que deve ser aplicada para fins de exame de admissibilidade dos presentes embargos é a Portaria MF nº 147, de 2007, que aprovou o já revogado Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes. O cabimento dos embargos de declaração estava previsto no art. 57 do Anexo II, que assim dispunha: Art. 57. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a Câmara. Fl. 1592DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 10283.004908/200459 Acórdão n.º 3201001.525 S3C2T1 Fl. 982 3 § 1º Os embargos de declaração poderão ser interpostos por Conselheiro da Câmara, pelo Procurador da Fazenda Nacional, por Presidente da Turma de Julgamento de primeira instância, pelo titular da unidade da administração tributária encarregada da execução do acórdão ou pelo recorrente, mediante petição fundamentada, dirigida ao Presidente da Câmara, no prazo de cinco dias contados da ciência do acórdão. (Grifouse) Considerando os fatos relatados, sobretudo a alegação de que a decisão embargada teria sido omissa, fazse imperioso reconhecer o cabimento dos presentes embargos à luz do dispositivo regimental em tela. 2 Omissão De acordo com o art. 21, inc. I, “a”, do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes vigente à época em que foi proferida a decisão embargada, a competência para julgar a matéria que foi objeto do recurso voluntário, segundo a Embargante, era do Segundo Conselho. Confirase: Art. 21. Compete ao Segundo Conselho de Contribuintes julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância sobre a aplicação da legislação, inclusive penalidade isolada, observada a seguinte distribuição: I às Primeira, Segunda, Terceira e Quarta Câmaras, os relativos a: a) imposto sobre produtos industrializados (IPI), inclusive adicionais e empréstimos compulsórios a ele vinculados, exceto o IPI cujo lançamento decorra de classificação de mercadorias e o IPI nos casos de importação; [...] (Grifouse) Para melhor esclarecer o objeto do recurso voluntário que motivou a decisão embargada, transcrevese abaixo o dispositivo legal que trata da multa discutida no presente contencioso administrativo: Art . 83. Incorrem em multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe é atribuído na nota fiscal, respectivamente: (Vide DecretoLei nº 326, de 1967) I Os que entregarem ao consumo, ou consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dêle saído ou nêle permanecido desacompanhado da nota de importação ou da notafiscal, conforme o caso; (Redação dada pelo DecretoLei nº 400, de 1968) [...] (Grifouse) Fl. 1593DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO 4 Analisando cautelosamente o dispositivo transcrito, percebese que muitos dos fatos relacionados à conduta ilícita referemse à importação, e não somente à saída do produto para o mercado interno. Interessante ressaltar que no próprio relatório da decisão da DRJ, reproduzido na decisão embargada, o relator é claro ao reconhecer que o ilícito estava relacionado à importação. O trecho abaixo não deixa dúvidas a esse respeito: [...] a fraude consistiu, principalmente, na falsificação e adulteração de invoices e na constituição fraudulenta das autuadas. As infrações constatadas são referentes a operações de importação ocorridas em 2000; [...] (Grifouse) Com efeito, temse aqui um caso bastante peculiar, vale dizer, dependendo das circunstâncias do caso concreto, os recursos que tinham como objeto a penalidade prevista no art. 83, inc. I, “a”, da Lei nº 4.502, de 1964, e alterações posteriores, poderiam ser julgados tanto pelo Segundo Conselho quanto pelo Terceiro. 3 Nulidade Verificada a competência do Terceiro Conselho para julgar o recurso voluntário que deu origem ao acórdão embargado, o caso concreto não se subsume há hipótese de nulidade prevista no art. 59, inc. II, do Decreto nº 70.235, de 1972. 4 Conclusão Diante do exposto, os embargos de declaração devem ser conhecidos pela alegada omissão do acórdão embargado, porém, rejeitados na medida em que tal alegação não se mostrou pertinente. (ASSINADO DIGITALMENTE) Daniel Mariz Gudiño Relator Fl. 1594DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO
score : 1.0
Numero do processo: 14120.000256/2009-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Nov 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. Súmula CARF Nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não é nulo o auto de infração lavrado por autoridade competente que não tenha causado preterição do direito de defesa e, especialmente, se o sujeito passivo demonstra pleno conhecimento dos fatos que ensejaram a sua lavratura, exercendo plenamente o seu direito de defesa.
IRPJ. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizam-se omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito ou investimento junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
AUTUAÇÕES REFLEXAS DO SIMPLES. PIS/PASEP. CSLL.-COFINS. CSS/INSS. O decidido para o IRPJ alcança as tributações reflexas dele decorrentes, por possuírem os mesmos fundamentos, pois o decidido para o IRPJ faz coisa julgada em relação aos decorrentes
Numero da decisão: 1302-001.546
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator.
(assinado digitalmente)
Alberto Pinto Souza Junior - Presidente.
(assinado digitalmente)
Guilherme Pollastri Gomes da Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Gilberto Baptista, Guilherme Pollastri Gomes da Silva e Eduardo de Andrade, Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Alberto Pinto Souza Junior
Nome do relator: GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2005 INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. Súmula CARF Nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não é nulo o auto de infração lavrado por autoridade competente que não tenha causado preterição do direito de defesa e, especialmente, se o sujeito passivo demonstra pleno conhecimento dos fatos que ensejaram a sua lavratura, exercendo plenamente o seu direito de defesa. IRPJ. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizam-se omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito ou investimento junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. AUTUAÇÕES REFLEXAS DO SIMPLES. PIS/PASEP. CSLL.-COFINS. CSS/INSS. O decidido para o IRPJ alcança as tributações reflexas dele decorrentes, por possuírem os mesmos fundamentos, pois o decidido para o IRPJ faz coisa julgada em relação aos decorrentes
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior - Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Pollastri Gomes da Silva - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Gilberto Baptista, Guilherme Pollastri Gomes da Silva e Eduardo de Andrade, Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Alberto Pinto Souza Junior
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Súmula CARF Nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não é nulo o auto de infração lavrado por autoridade competente que não tenha causado preterição do direito de defesa e, especialmente, se o sujeito passivo demonstra pleno conhecimento dos fatos que ensejaram a sua lavratura, exercendo plenamente o seu direito de defesa. IRPJ. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizamse omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito ou investimento junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. AUTUAÇÕES REFLEXAS DO SIMPLES. PIS/PASEP. CSLL. COFINS. CSS/INSS. O decidido para o IRPJ alcança as tributações reflexas dele decorrentes, por possuírem os mesmos fundamentos, pois o decidido para o IRPJ faz coisa julgada em relação aos decorrentes Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 12 0. 00 02 56 /2 00 9- 10 Fl. 5822DF CARF MF Impresso em 25/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR 2 Guilherme Pollastri Gomes da Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Gilberto Baptista, Guilherme Pollastri Gomes da Silva e Eduardo de Andrade, Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Alberto Pinto Souza Junior Fl. 5823DF CARF MF Impresso em 25/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 14120.000256/200910 Acórdão n.º 1302001.546 S1C3T2 Fl. 5.823 3 Relatório Trata o presente processo de auto de infração de IRPJ/Simples, acrescido de juros de mora e multa de ofício, de 75% do anocalendário 2005. O lançamento ocorreu em virtude dos seguintes fatos: omissão de receitas caracterizada por valores creditados em contas mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais à contribuinte, regularmente intimada, não comprovou a origem dos recursos. insuficiência de recolhimento do Simples Federal apurada pelo cotejo entre os valores declarados na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica Simples, e os valores devidos após a apuração de omissão de receita. foi lançado ainda em procedimentos decorrentes, o PIS/PasepSimples, a CSLLSimples, COFINSSimples e a Contribuição para Seguridade SocialINSSSimples, no valor total de R$ 4.578.509,37. Cientificada do auto de infração em 25/09/2009, a interessada apresentou impugnação em 22/10/2009, alegando o seguinte: preliminarmente, a nulidade do lançamento por basearse unicamente no art. 42 da Lei n° 9.430/1996 que não é disponibilidade econômica. que tem por atividade a prestação de serviços de cobrança extrajudicial exclusivamente para bancos, conforme cópias de Contratos de Prestação de Serviços anexados, e que os depósitos efetivados em sua conta corrente são provenientes das cobranças que realiza para seus clientes efetuados pelos devedores pelo total das dívidas. que remetia por meio de DOC e TED os respectivos valores recebidos aos bancos, tomadores de seus serviços. Em seguida, os bancos efetuavam o pagamento de seus honorários, mediante apresentação de nota fiscal. que mesmo não estando obrigada a apresentar os extratos bancários, respondeu às intimações e os apresentou. que é impossível comprovar documentalmente a origem de todas as operações realizadas em dinheiro ou cheques já que possui matriz e cinco filiais, com grandes volumes de documentos bancários. que não é justo que seja penalizada por não conseguir comprovar todos os depósitos e que a simples existência de depósitos não significa ilícito fiscal. que apenas a comissão que cobra constitui receita tributável. Fl. 5824DF CARF MF Impresso em 25/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR 4 que a multa e os juros aplicados são descabidos. juntou os documentos de fls. 525562 (vol. 3), volumes 4 a 24 e 25 (fls. 4499 a 4625). A 2ª Turma da DRJ/CGE, através do acórdão nº 0427.59, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, conforme Ementa a seguir: ASSUNTO: NORMAS GERAIS D E DIREITO T R I B U T Á R IO Anocalendário 2005 INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. É defeso em sede administrativa discutirse sobre a constitucionalidade e legalidade das leis em vigor NULIDADE. CERCEAMENTO D E DEFESA. Nos termos da legislação e da doutrina tributária, o procedimento de fiscalização é inquisitório, abrindose à contribuinte a faculdade de exercitar os princípios do contraditório e da ampla defesa quando é intimada para impugnar o lançamento. IRPJ. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracteriza omissão de receita os valores creditados em contas bancárias, em relação aos quais a contribuinte, regularmente intimada, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. AUTUAÇÕES REFLEXAS DO SIMPLES: PIS/PASEP CSLL COFINS CSS/INSS. Dada a íntima relação de causa e efeito, aplicase ao lançamento reflexo o decidido no principal. Cientificado da decisão em 12/11/2012, apresentou recurso voluntário, em 11/12/2012, reiterando os argumentos apresentados em sua impugnação. É o relatório. Fl. 5825DF CARF MF Impresso em 25/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 14120.000256/200910 Acórdão n.º 1302001.546 S1C3T2 Fl. 5.824 5 Voto Conselheiro Guilherme Pollastri Gomes da Silva Relator O Recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, razão porque dele conheço. Nulidade do lançamento. a) Baseado em depósito bancários. A Recorrente questionou primeiramente a legalidade do lançamento do IRPJ, aduzindo que seria nulo por basearse no art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Em relação a presunção legal de receita, baseada em depósitos bancários, este entendimento já foi pacificado por este E. Conselho que entende que com o instituto do artigo 42 da Lei nº 9.430/96 à presunção de omissão de receita passou a ser legal e, com isso os depósitos bancários cuja origem não forem comprovadas caracterizam omissão de receita, independentemente da existência ou não de acréscimo patrimonial. Não tendo a autuada comprovado a origem dos recursos utilizados nos depósitos remanescentes, é de se concluir, por força da presunção legal do art.42 da Lei 9.430/96, que tiveram origem em recursos mantidos à margem da escrituração. Logo, cabe ao contribuinte demonstrar a origem dos valores depositados; não o fazendo, a presunção legal é de que tais depósitos originamse de receitas subtraídas à tributação e, portanto, cabe ao fisco proceder o lançamento das receitas assim obtidas por meio de prova presuntiva, nos expressos termos legais. Frisese que a tributação não incide sobre os depósitos bancários, mas sim sobre as receitas resultantes de depósitos cujas origensrestaram incomprovadas e resultaram (por presunção legal) em receitas omitidas. Ou seja, tais receitas tributáveis apurados com fulcro nos depósitos injustificados configuram renda (acréscimo patrimonial) nos termos do art 43 do CTN, A jurisprudência da segunda instância administrativa, do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) já sumulou o seguinte enunciado: SÚMULA N° 5 do CARF: Na presunção relativa de omissão de receita ou de rendimentos prevista no artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, cabe ao sujeito passivo o ônus da prova da origem dos depósitos bancários. Logo, é de se rejeitar a preliminar de nulidade arguida. b) Inconstitucionalidade. Ilegalidade. Cerceamento do Direito de Defesa. Fl. 5826DF CARF MF Impresso em 25/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR 6 Em relação as alegações de nulidade do auto de infração e da decisão da DRJ, as mesmas não podem prosperar já que o auto foi lavrado por servidor competente e a decisão da DRJ não possui qualquer vício que a torne nula. O Decreto nº 70.235/72, prevê as possíveis nulidades no processo administrativo fiscal assim dispondo: “Art. 59. São nulos: Ios atos e termos lavrados por pessoa incompetente; IIos despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...)” Por sua vez, o art. 10 do mesmo diploma legal, determina: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I – a qualificação do autuado; II – o local, a data e a hora da lavratura; III – a descrição do fato; IV – a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V – a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI – a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Sendo assim, somente estes vícios são capazes de determinar a nulidade de um ato administrativo e como nenhum deles veio a ocorrer descarto qualquer pretensão de nulidade levantada em relação ao auto de infração e a decisão da DRJ. A Recorrente teve ciência de todos os elementos de que necessitava para sua defesa, tendo sido intimada de todos os atos praticados e oferecidos os prazos de resposta. Além do mais depreendese da leitura da impugnação e do recurso que a Recorrente conhece plenamente todas as acusações que lhe foram atribuídas. Analisando a decisão recorrida, não vislumbro nenhuma nulidade ou omissão que implicasse em prejuízo ou preterição do direito de defesa à Contribuinte. Assim, totalmente descabidas, suas pretensões de nulidade. Com relação às alegadas inconstitucionalidades e ilegalidades, é pacífico o entendimento deste Colegiado que a apreciação dessas matérias encontrase reservada ao Poder Judiciário, razão pela qual qualquer discussão nesse sentido deve ser submetida ao crivo daquele Poder. Cabe ao Poder Executivo, e bem assim como a todos os seus agentes, o estrito cumprimento dos atos legais regularmente editados, conforme determina a Súmula Carf nº 2, que determina o seguinte: "Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Fl. 5827DF CARF MF Impresso em 25/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 14120.000256/200910 Acórdão n.º 1302001.546 S1C3T2 Fl. 5.825 7 Sendo assim, também não há como se prover o recurso voluntário nestes pontos suscitados. No tocante às alegações de inconstitucionalidade e ou ilegalidade quanto à quebra do sigilo bancário ou à forma de tributação e questionamento quanto aos juros e multa, não cabe sua discussão em sede administrativa consoante estabelece o caput do art. 26A do Decreto n° 70.235/1972 na redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.941, de 27/05/2009: Art. 26~A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Inobstante isso, quanto aos juros com base na taxa Selic o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), então Conselho de Contribuintes, sumulou: Súmula 1o CC nº 4: A partir de Io de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. No caso vertente, tanto os juros como a multa de ofício foram aplicados com fulcro nos seguintes dispositivos legais, multa: art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/1996 c/c o art. 19 da Lei n° 9.317/1996; juros de mora: art. 61, § 3o , da Lei n° 9.430/1996 (v. auto de infração IRPJ/Simples: fls. 70). Quanto aos demais lançamentos vide fls. 81 (Contribuição para o PIS/Pasep), fls. 92 (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Simples), fls. 103 (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social Simples) e fls. 114 (Contribuição para Seguridade Social INSS Simples). c) Revisão do lançamento. Cerceamento de defesa. A contribuinte fez uma longa exposição narrando como se desenvolvem seus negócios, que consistem em efetuar cobranças para bancos, seus clientes, cujos valores são depositados em sua conta bancária e depois transferidos para os tomadores do serviço, e colocou à disposição do Fisco seus livros e documentos e juntado fartíssima documentação (parte do vol 3 e voís. 4 a 25), constituída a maioria de boletos (francesinhas de depósitos e outros), numa completa miscelânea de documentos, sem qualquer ordem, tentando provar o alegado e atribuindo ao Fisco o ônus de extrair dessa barafunda eventuais comprovações a seu favor, em revisão do lançamento, sob pena de cerceamento de defesa. Ora, o ônus da prova é de quem alega e, no caso do processo administrativo fiscal tal mandamento vem expresso no art. 15 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, que disciplina o processo administrativo fiscal, dispõe : Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. , No mesmo sentido dispôs ainda a Lei n° 8.021, de 1990, no art. 8o, sendo que tal dispositivo nunca foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Fl. 5828DF CARF MF Impresso em 25/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR 8 No mesmo sentido dispõe o art. 36 da Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999, a chamada lei Gerai do Processo Administrativo: Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Consoante o ensinamento do mestre ANTONIO DA SILVA CABRAL {Processo Administrativo Fiscal, ed. Saraiva, 1993, p. 348) cabe ao contribuinte a prova do fato que alega, não podendo atribuir ao fisco o ônus que é seu: Alguns contribuintes pretendem atribuir ao fisco uma função queé deles. Assim, se alguém pretende que extratos bancários sirvam como prova, deverá providenciar esses extratos, e não simplesmente protestar por diligência a ser feita em seu banco. Se o impugnante alega que assinou promissória e a pagou em seu devido tempo, a ele incumbe apresentar essa promissória, e não solicitar ao fisco que mande verificar junto ao emitente a veracidade da alegação. Destarte, é de se rejeitar a "revisão" aduzida pela impugnante, a quem cabe comprovar as matérias fáticas e jurídicas que alega, inexistindo qualquer cerceamento de defesa, o que desde já se rejeita. Quebra do Sigilo Bancário. A autuada alegou, mesmo sumariamente, que forneceu os extratos e documentos à fiscalização, ainda que tal implicasse em quebra de seu sigilo bancário. Mas não procede a argumentação deduzida. A quebra do sigilo bancário pelo Fisco está prevista na Lei Complementar n° 105, de 10 de janeiro de 2001, art. 6o, o qual dispõe: "As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive as referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente". Esse dispositivo foi, depois, regulamentado pelo Decreto n° 3.724, de 10 de janeiro de 2001. Dispenso maiores comentários porque no presente caso não houve quebra de sigilo bancário, uma vez que a autuada apresentou espontaneamente os extratos deram origem a autuação. Cito, todavia em abono a tese, do entendimento majoritário do CARF em seus julgados, inclusive julgados de minha relatoria, conforme pode se extrair das seguintes ementas: Processo nº 10950.001739/200819 Acórdão nº 1302001.374 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003 NULIDADE. INOCORRÊNCIA.Não há possibilidade de nulidade de lançamento quando lavrado por autoridade competente e sem preterição do direito de defesa do sujeito passivo. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao Fisco requisitar dados bancários, sem autorização judicial, na vigência do art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 2001. Processo nº 19515.000049/201151 Fl. 5829DF CARF MF Impresso em 25/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 14120.000256/200910 Acórdão n.º 1302001.546 S1C3T2 Fl. 5.826 9 Acórdão nº 1302001.389 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007 SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao Fisco requisitar dados bancários, sem autorização judicial, na vigência do art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 2001. Por isso, deve ser afastada a pretensão da Recorrente neste sentido, pois ficou evidenciado que a fiscalização agiu rigorosamente dentro da lei para obtenção das informações bancárias, sendo improcedente a alegação de serem ilícitas as provas colhidas pelos autuantes e portanto, concluo ser improcedente a argüição de nulidade por quebra de sigilo bancário no presente caso. Além do mais a doutrina e decisões administrativas citada foram editadas antes do advento do mencionado dispositivo legal e não se aplicam mais ao caso ocorrente. Para que sua defesa prosperasse, caberia ao Recorrente trazer a prova das origens dos recursos creditados em suas contascorrentes, conforme dispõe o art. 15 do Decreto n° 70.235/72. Quanto às demais autuações, nada foi alegado especificamente pela Recorrente. Os lançamentos do PIS, CSLL e COFINS são reflexos da mesma irregularidade apurada no IRPJ, por possuírem os mesmos fundamentos fáticos, a decisão prolatada com relação ao Auto de Infração do IRPJ faz coisa julgada em relação aos decorrentes. Em face de todo o exposto voto no sentido de conhecer e rejeitar as preliminares argüidas e, no mérito, negarlhe provimento ao recurso voluntário. E como meu voto. (assinado digitalmente) Guilherme Pollastri Gomes da Silva Relator Fl. 5830DF CARF MF Impresso em 25/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR 10 Fl. 5831DF CARF MF Impresso em 25/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR
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Numero do processo: 10380.006097/2007-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 31 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2401-000.406
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Ricardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. Elias Sampaio Freire - Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Ricardo Henrique Magalhães de Oliveira.
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RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. Elias Sampaio Freire Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Ricardo Henrique Magalhães de Oliveira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .0 06 09 7/ 20 07 -7 5 Fl. 448DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10380.006097/200775 Resolução nº 2401000.406 S2C4T1 Fl. 3 2 RELATÓRIO A presente NFLD, lavrada sob o n. 37.042.4590 tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela a cargo dos segurados não descontadas em época própria, da empresa, bem como a contribuição destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho e a destinada a terceiros, apuradas no período compreendido entre 01/1996 a 01/1999. Conforme descrito no relatório fiscal, fl. 34 a 44, a fiscalização constatou através da Ata da Assembléia Geral Extraordinária registrada na Junta Comercial do Estado do Ceará, sob protocolo n° 03/047.2741 de 17/10/2003, que a empresa "Vulcabrás do Nordeste S/A", CNPJ: 00.954.394/000117, incorporou a empresa "Ril Brasil Comercial e Importadora Ltda", CNPJ: 68.103.159/000175. A empresa (tomadora de serviços) é responsável solidária pelas contribuições sociais previdenciárias decorrentes de contratação de serviços prestados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, até a competência janeiro de 1999. A tomadora não apresentou a fiscalização cópias das Guias de Recolhimento da Previdência Social GRPS quitadas e das respectivas folhas de pagamento correspondentes aos segurados incluídos em notas fiscais/fatura de prestação de serviços, relacionadas no Relatório de Lançamentos — RL em anexo. A responsabilidade solidária do tomador, não foi elidida, em virtude de não ter comprovado o recolhimento das contribuições sociais devidas pela empresa prestadora de serviços, incidentes sobre a remuneração de segurados, com base na folha de pagamento dos segurados utilizados na prestação de serviços. Diante do exposto, a auditoria fiscal efetuou o lançamento do crédito previdenciário por arbitramento, conforme está previsto no Art. 33, § 3° da Lei 8.212/91 (alterada pela Lei 10.256/2001), aferindo indiretamente, as remunerações de segurados contidas em notas fiscais/faturas referentes aos serviços prestados pela empresa "Gocil — Serviços de Vigilância e Segurança Ltda". Importante, destacar que a lavratura da AIOP deuse em 22/11/2006, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 24/11/2006. Já em relação a prestadora GOCIL, identifico nos autos a cientificação em 12/12/2006, conforme AR fls. 342. Não conformada com a autuação, foi apresentada defesa pela notificada – VULCABRÁS , na qualidade de solidária, fls. 155 a 175. Já a prestadora de serviços GOCIL, apresentou defesa às fls. 215, indicando a improcedência da NFLD considerando que já fora fiscalizado anteriormente para o mesmo período. Fl. 449DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10380.006097/200775 Resolução nº 2401000.406 S2C4T1 Fl. 4 3 A Decisão de 1 instância confirmou a procedência do lançamento, fls. 339 a 345. Assunto: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/1996 a 31/01/1998 DECADÊNCIA 1NOCORRÊNCIA. A decadência das contribuições devidas à Seguridade Social nos termos expressos na legislação previdenciária é decenal. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. INCABIMENTO NA ESFERA ADM1NSITRATIVA Argüições de inconstitucionalidade refogem à competência da instância administrativa, salvo se já houver decisão do Supremo Tribunal Federal declarando a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, hipótese em que compete à autoridade julgadora afastar a sua aplicação. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EXIGÊNCIA SIMULTÂNEA DA OBRIGAÇÃO DOS COOBRIGADOS. Por não comportar beneficio de ordem, a solidariedade tributária permite ao Fisco demandar de qualquer dos coobrigados. É assim permitida a presença do devedor direto e do devedor solidário no mesmo processo fiscal de exigência do tributo. MULTA. SUCESSÃO. RESPONSABILIDADE. TRANSMISSIBILIDADE. A ocorrência de sucessão tributária não afasta a responsabilidade por juros e multa devidos originariamente pela empresa incorporada, pois estes constituem o patrimônio adquirido pela notificada. Expressa previsão legal de responsabilidade objetiva e de transmissão de obrigações. Lançamento Procedente Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada VULCABRÁS, conforme fls. 352, alegando preliminarmente a decadência do crédito, bem como alegando nulidade face os diversos vícios contidos no ato. A Delegacia da Receita Federal do Brasil, encaminhou o processo a este Conselho para julgamento. É o relatório. Fl. 450DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10380.006097/200775 Resolução nº 2401000.406 S2C4T1 Fl. 5 4 VOTO Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora DAS PRELIMINARES A APRECIAÇÃO DO RECURSO Conforme descrito no relatório fiscal, tratase de lançamento de diferenças de contribuições por responsabilidade solidária tendo o débito sido lançado no tomador dos serviços, bem como no prestador, tendo ambos sido cientificados e apresentado a correspondente defesa, conforme destaco no relatório deste voto. Não conformada com a autuação, foi apresentada defesa pela notificada – VULCABRÁS , na qualidade de solidária, fls. 155 a 175. Já a prestadora de serviços, apresentou defesa às fls. 215, indicando a improcedência da NFLD considerando que já fora fiscalizado anteriormente para o mesmo período. Da mesma forma, a Decisão de Primeira Instância confirmou a procedência do lançamento, determinando a cientificação dos solidárias para o pagamento do débito ou apresentação de defesa no prazo de 30 dias. Contudo, embora conste dos autos o AR com a cientificação da notificada – tomadora VULCABRÁS, não identifiquei a cientificação da prestadora de serviços – GOCIL, razão pela qual, devem os autos retornar a origem para que seja anexado prova da cientificação da prestadora de serviço, ou caso a mesma ainda não tenha sido notificada dos termos da Decisão de Primeira instância, procedase a cientificação para conhecimento da decisão e entendendo cabível apresentar recurso. CONCLUSÃO Voto por converter o julgamento em diligência para que se junte prova da cientificação da prestadora de serviços, nos termos do voto. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 451DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 10925.903056/2009-96
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2006
COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS COM CRÉDITOS DE ESTIMATIVAS APURADAS. IMPOSSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS COM SALDO NEGATIVO APURADO. ADMISSIBILIDADE.
Não é possível a compensação de débitos com créditos de estimativas apuradas, sendo admissível, porém, a sua compensação com saldo negativo apurado no ano-calendário correspondente àquelas estimativas.
Numero da decisão: 1803-002.408
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Cármen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Rodrigues Mendes - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Cármen Ferreira Saraiva, Meigan Sack Rodrigues, Sérgio Rodrigues Mendes, Fernando Ferreira Castellani, Antônio Marcos Serravalle Santos e Arthur José André Neto.
Nome do relator: SERGIO RODRIGUES MENDES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2006 COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS COM CRÉDITOS DE ESTIMATIVAS APURADAS. IMPOSSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS COM SALDO NEGATIVO APURADO. ADMISSIBILIDADE. Não é possível a compensação de débitos com créditos de estimativas apuradas, sendo admissível, porém, a sua compensação com saldo negativo apurado no anocalendário correspondente àquelas estimativas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 30 56 /2 00 9- 96 Fl. 78DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/11/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10925.903056/200996 Acórdão n.º 1803002.408 S1TE03 Fl. 79 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Cármen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Cármen Ferreira Saraiva, Meigan Sack Rodrigues, Sérgio Rodrigues Mendes, Fernando Ferreira Castellani, Antônio Marcos Serravalle Santos e Arthur José André Neto. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/11/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10925.903056/200996 Acórdão n.º 1803002.408 S1TE03 Fl. 80 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido: Por meio do Despacho Decisório eletrônico que consta do presente processo, a autoridade competente não homologou a compensação pretendida pela Contribuinte acima identificada, formalizada por meio de Declaração de Compensação (DComp), na qual foi indicado, como crédito do tipo “Pagamento Indevido ou a Maior”, um documento de arrecadação (DARF) com código de receita referente a estimativa mensal. De acordo com o referido Despacho, inexiste direito creditório em razão de o pagamento indicado na DComp encontrarse integralmente utilizado na quitação de débito declarado pela Contribuinte, com idênticas características. Irresignada, a Contribuinte apresenta Manifestação de Inconformidade, na qual informa que apresentou a respectiva DComp indicando, como crédito, o tipo “PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR, quando o correto seria informar o tipo de compensação de SALDO NEGATIVO”. Por outro lado, no restante de sua petição, a Contribuinte dá a entender que detém o direito creditório, em razão de não existir o débito ao qual se vincula o Darf indicado na DComp. Inclusive, em demonstrativo elaborado para fundamentar a existência de seu direito, referindose ao débito de estimativa vinculado ao Darf, a Contribuinte indica o seguinte: “Valor DEVIDO a ser Retificado na DCTF: R$ 0,00”. 2. A decisão da instância a quo foi assim fundamentada: A manifestação de inconformidade é tempestiva e preenche os demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual podese dela conhecer. Conforme relatado, a declaração de compensação sob exame não foi homologada, em razão da inexistência do direito creditório pleiteado pela Contribuinte. De acordo com o que restou esclarecido, o pagamento indicado como crédito referese a estimativa mensal, e encontrase integralmente utilizado na extinção de débito com idênticas características. Em sua Manifestação de Inconformidade, a Contribuinte primeiro informa que apresentou a respectiva DComp, indicando, como crédito, o tipo “PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR, quando o correto seria informar o tipo de compensação de SALDO NEGATIVO”. Depois, defende que possui o direito creditório, em razão de não existir o débito de estimativa ao qual se vincula o Darf indicado na DComp. Inclusive, em demonstrativo elaborado para fundamentar a existência de seu direito, referindose ao débito de estimativa vinculado ao Darf, a Contribuinte indica o seguinte: “Valor DEVIDO a ser Retificado na DCTF: R$ 0,00”. Fl. 80DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/11/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10925.903056/200996 Acórdão n.º 1803002.408 S1TE03 Fl. 81 4 Neste momento, há que se registrar que a autoridade competente da DRF de jurisdição sobre o domicílio fiscal da Contribuinte não se manifestou em relação ao saldo negativo que teria sido apurado no respectivo anocalendário. Em outras palavras, o saldo negativo apurado pela Contribuinte não constitui o objeto do presente litígio. Na verdade, o cerne do litígio é outro. Ao que tudo indica, a Contribuinte apurou saldo negativo no anocalendário em referência e, ao invés de utilizálo como crédito em compensação, conforme lhe é facultado, levou à DComp sob análise um pagamento a título de estimativa, devidamente declarada em DCTF, que teria contribuído para formar o referido saldo negativo. Muito embora possa ter contribuído com a formação do saldo negativo, a estimativa mensal apurada, conforme disposição legal, não constitui pagamento indevido ou maior que o devido, de modo que não pode ser utilizada como crédito em compensação pleiteada em face da Fazenda Nacional. Sabese que a obrigação de recolher estimativas mensais integra a sistemática legalmente prevista para a apuração do IRPJ e da CSLL, segundo as regras de Lucro Real na periodicidade anual. Segundo essa sistemática, ao longo do anocalendário, a pessoa jurídica se obriga a mensalmente antecipar o valor do tributo que somente será conhecido em definitivo no final do período, em 31 de dezembro, quando então se considera ocorrido o fato gerador. Encerrado o anocalendário, a pessoa jurídica deve apurar o tributo devido e, para encontrar o valor do saldo a pagar, ou do saldo negativo a restituir, do valor do tributo devido pode deduzir os valores recolhidos antecipadamente, a título de estimativa. Portanto, se, ao final do anocalendário, a Contribuinte apurou saldo negativo, é este valor que pode ser utilizado como crédito em compensação, e não as antecipações regularmente apuradas que o compuseram, efetuadas ao longo do ano. Ademais, se, ao final do anocalendário, a Contribuinte apurou saldo negativo, não há que se providenciar uma retificação da DCTF para zerar o débito a título de estimativa e, consequentemente, “liberar” o Darf ao qual estiver vinculado, como parece ser o entendimento da Contribuinte. Em verdade, tendo sido regularmente apuradas, as estimativas mensais são devidas, ainda que ao final do ano se descubra a formação de um saldo negativo. Nesse caso, a retificação da DCTF pretendida pela Contribuinte, se efetuada, não encontraria respaldo legal. De se reiterar que, se, ao final do anocalendário, a Contribuinte apurou saldo negativo, este, sim, pode ser objeto de compensação, conforme estabelece a vigente Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 20121: Art. 4º Os saldos negativos do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) poderão ser objeto de restituição, nas seguintes hipóteses: I – de apuração anual, a partir do mês de janeiro do anocalendário subsequente ao do encerramento do período de apuração; [...] 1 Disposições semelhantes já eram encontradas na Instrução Normativa SRF nº 210, de 30 de setembro de 2002, na Instrução Normativa SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004, na Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, e na Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008. Fl. 81DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/11/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10925.903056/200996 Acórdão n.º 1803002.408 S1TE03 Fl. 82 5 Art. 41. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvadas as contribuições previdenciárias, cujo procedimento está previsto nos arts. 56 a 60, e as contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante apresentação à RFB da Declaração de Compensação gerada a partir do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante a apresentação à RFB do formulário Declaração de Compensação constante do Anexo VII, ao qual deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório. § 2º A compensação declarada à RFB extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior homologação do procedimento. [...] Portanto, como na DComp sob exame a Contribuinte não utilizou direito creditório passível de compensação, mostrase correta a conclusão do Despacho Decisório atacado, razão pela qual não há como reformálo. Ante o exposto, é de se considerar improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Interessada. 3. Devidamente cientificada da referida decisão, a tempo, apresenta a interessada Recurso Voluntário, nele argumentando, em síntese: a) que o débito de estimativa, objeto de compensação não homologada, deverá ser considerado na formação do saldo negativo; b) que o entendimento da Receita Federal – de glosar o saldo negativo quando este for composto por estimativas quitadas por compensação não homologada – implica dupla cobrança do mesmo crédito tributário; c) que o contribuinte terminaria pagando duas vezes o mesmo débito; mediante a redução do saldo negativo e pela via da execução fiscal (cobrança do débito de estimativa objeto da compensação não homologada); d) que, no mérito, existindo, sim, saldo negativo a ser compensado, o contribuinte não pode ser penalizado com a dupla cobrança, pelo fiscal, de um tributo já declarado e compensado por erro de fato do mesmo, declarado em PER/DComp incorreta, sem a possibilidade de retificar a mesma e demonstrar os créditos oriundos formados para a efetivação da compensação do débito compensado; e e) que a dupla cobrança ocorrerá, se o contribuinte tiver de pagar novamente o débito compensado não homologado na PER/DComp, aplicandose a decadência do crédito de saldo negativo de IRPJ e/ou CSLL. Em mesa para julgamento. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/11/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10925.903056/200996 Acórdão n.º 1803002.408 S1TE03 Fl. 83 6 Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. 4. Concordase inteiramente com a decisão recorrida, quando esta afirma que (destaque do original): Muito embora possa ter contribuído com a formação do saldo negativo, a estimativa mensal apurada, conforme disposição legal, não constitui pagamento indevido ou maior que o devido, de modo que não pode ser utilizada como crédito em compensação pleiteada em face da Fazenda Nacional. [...]. Portanto, se, ao final do anocalendário, a Contribuinte apurou saldo negativo, é este valor que pode ser utilizado como crédito em compensação, e não as antecipações regularmente apuradas que o compuseram, efetuadas ao longo do ano. [...]. De se reiterar que, se, ao final do anocalendário, a Contribuinte apurou saldo negativo, este, sim, pode ser objeto de compensação, conforme estabelece a vigente Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012: [...]. 5. É que não é possível a compensação de débitos com créditos de estimativas apuradas, sendo admissível, porém, a sua compensação com saldo negativo apurado no ano calendário correspondente àquelas estimativas. 6. Como decorrência, cabe à repartição de origem reexaminar a compensação requerida, devendo, para tanto, considerar, como direito creditório pleiteado, o saldo negativo apurado no respectivo anocalendário. 7. Já com relação à preocupação externada pela Recorrente, em seu Recurso Voluntário, as estimativas não pagas, mas compensadas, se não homologada a respectiva compensação, serão objeto de cobrança na correspondente DComp, não cabendo a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ, conforme entendimento já externado, tanto pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), quanto pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN): Solução de Consulta Interna Cosit nº 18, de 2006: Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a Fl. 83DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/11/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10925.903056/200996 Acórdão n.º 1803002.408 S1TE03 Fl. 84 7 glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ. Parecer PGFN/CAT/nº 88, de 2014: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei no 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO, para que a repartição de origem reexamine a compensação requerida, devendo, para tanto, considerar, como direito creditório pleiteado, o saldo negativo apurado no respectivo anocalendário. Deve ser observada a eventual existência de outros processos nos quais o direito creditório a ser considerado como pleiteado corresponda ao mesmo saldo negativo. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 84DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/11/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Numero do processo: 10675.906646/2009-60
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 31 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/09/2005
PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL.
As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543-B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62-A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-002.977
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva e Maria Teresa Martínez López (Relatora), que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Ricardo Paulo Rosa.
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente Substituto
Maria Teresa Martínez López - Relatora
Ricardo Paulo Rosa - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Nanci Gama, Rodrigo da Costa Pôssas, Rodrigo Cardozo Miranda, Joel Miyazaki, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Ricardo Paulo Rosa, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Nome do relator: Relator
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BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva e Maria Teresa Martínez López (Relatora), que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Ricardo Paulo Rosa. Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente Substituto AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 90 66 46 /2 00 9- 60 Fl. 264DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 265 2 Maria Teresa Martínez López Relatora Ricardo Paulo Rosa Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Nanci Gama, Rodrigo da Costa Pôssas, Rodrigo Cardozo Miranda, Joel Miyazaki, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Ricardo Paulo Rosa, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Tratase de pedido de restituição de PIS ancorada em ação judicial proposta pela contribuinte, transitada em julgado, na qual lhe foi reconhecida a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. Consta do relatório da decisão recorrida o que a seguir reproduzo: Tratase de Recurso Voluntário em face da nãohomologação parcial de compensação realizada com créditos de PIS decorrentes da decisão judicial transitada em julgado nos autos do Mandado de Segurança nº 2000.38.03.0007782, de autoria da Recorrente, que objetivou a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/98 (ampliação da base de cálculo do tributo). O despacho decisório exarado pela Delegacia da Receita Federal em Uberlândia – MG que vedou parcialmente o direito ao crédito de PIS da Recorrente, baseouse em manifestação da Equipe de Ações Judiciais – EQAJ daquela DRF, exarada em processo fiscal de acompanhamento do Mandado de Segurança acima aludido (Informação Fiscal n°. 0098/2010/DRF/UBE/EGAJ PAJ 10675.000306/0097), que ao analisar o alcance da decisão judicial em questão, acabou por entender que o Recorrente se utilizou de base de cálculo menor do que a devida, pois considerou que as receitas que deverão compor a base de cálculo do PIS das instituições financeiras tais como a Recorrente serão todas aquelas relativas às atividades típicas realizadas por este gênero empresarial, quais sejam, as oriundas das “operações bancárias” em geral, o que culminou na apresentação de Manifestação de Inconformidade pelo Contribuinte. A Manifestação de Inconformidade restou indeferida através do Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora MG, que corroborou o Fl. 265DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 266 3 entendimento esposado pela DRF de origem, conforme ementa abaixo transcrita, in verbis: “PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A base de cálculo do PIS/Pasep para as instituições financeiras e assemelhadas é o faturamento, entendido como a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” A fundamentação apontada pelo acórdão da DRF que sustentou a decisão pode ser extraída dos seguintes trechos: Ao pretender ser tributada apenas em relação aos serviços prestados no seu sentido estrito, intenta a manifestante excluir da incidência da contribuição as receitas provenientes daquelas que constituem justamente as atividades principais do seu objeto, ou seja, as receitas obtidas no exercício das suas atividades empresariais , que são as mais expressivas em termos de riquezas geradas. (…) Ora, as chamadas operações bancárias (“spreads”, prêmios, deságios, juros oriundos da intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, empréstimos, financiamentos, colocação e negociação de títulos e valores mobiliários, aplicações e investimentos, capitalização, arrendamento mercantil, etc.), se constituem na essência do exercício das atividades empresariais das instituições financeiras. Já os chamados serviços bancários (tarifas de manutenção de conta, de abertura de crédito, de custódia, de administração, etc...), são atividades secundárias e acessórias, executadas unicamente para que a instituição possa desempenhar adequadamente a sua atividade principal. Portanto, correta a autoridade administrativa ao incluir no faturamento da manifestante as receitas relativas a empréstimos, financiamentos, etc…, que são oriundas do exercício das atividades empresariais, como definido na decisão exarada no Recurso Extraordinário 401.3487Minas Gerais. Inconformada, a Contribuinte interpõe o presente Recurso Voluntário, através do qual sustenta possuir direito ao crédito de PIS inicialmente indeferido, porquanto está devidamente amparada por decisão transitada em julgado nos autos do Mandado de Segurança n° 2000.38.03.0007782, o qual, por sua vez, está em consonância com a decisão do Órgão Plenário do Supremo Tribunal Federal que extirpou do ordenamento jurídico o artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, ao consignar que a base de cálculo do PIS está atrelada ao conceito estrito de receita bruta de venda de mercadorias e da prestação de serviços. Em suma, alega a Recorrente em suas razões recursais que a receita de prestação de serviços que configura o “faturamento” das Fl. 266DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 267 4 instituições financeiras engloba todos os tipos de taxas, tarifas e comissões cobradas pelas instituições para prestar serviços bancários. Por sua vez, a movimentação financeira decorrente de operações bancárias, e não de serviços bancários, está fora do conceito de “faturamento” determinado pelo Supremo Tribunal Federal. À final, requer seja dado provimento ao recurso. Contra a decisão da DRJ de origem, que negou provimento ao recurso, a contribuinte interpôs recurso voluntário, que por sua vez foi julgado improcedente pela Câmara a quo. A recorrente interpôs recurso especial e sustentou que a decisão recorrida interpretou equivocadamente a decisão prolatada pelo eg. Supremo Tribunal Federal no RE 401.348/MG, devendo ser reformada para que a base de cálculo do PIS limitese à receita bruta das vendas de mercadoria e da prestação de serviços, sem a inclusão da receita financeira decorrente das operações bancárias. Alega contrariedade à coisa julgada, eis que possue decisão transitada em julgado que não só declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, mas também reconheceu o significado de faturamento a ser utilizado para a incidência do PIS “ é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza”. O i. Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF deu seguimento ao recurso especial por considerar que restou comprovada a divergência jurisprudencial. Na sessão de novembro de 2013, em suposta obediência ao que dispunha o Regimento do CARF, art. 62A (sobrestamento do julgamento) o processo foi suspenso por meio de Resolução, “ até que sobrevenha decisão definitiva do STF no RE nº 609.096 (Tema 372).” Em face da revogação dos §§ 1º e 2º do art. 62A do RICARF, o processo retorna em pauta para seguimento do julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Maria Teresa Martínez López, Relatora O recurso atende aos requisitos legais e dele tomo conhecimento. Conforme relatado a recorrente possui decisão judicial transitada em julgado nos autos do Mandado de Segurança nº 2000.38.03.0007782, que objetivou a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/98 (ampliação da base de cálculo do tributo). Fl. 267DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 268 5 Cabe, no entender desta Conselheira, analisar os efeitos da decisão do STF transitada em julgado nos autos do Mandado de Segurança nº 2000.38.03.0007782. I Entende a recorrente que a decisão que transitou em julgado não só declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, mas também reconheceu o significado de faturamento a ser utilizado para a incidência do PIS “ é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza”. II Entende a fiscalização que, ao analisar o alcance da decisão judicial em questão, acabou por entender que a recorrente se utilizou de base de cálculo menor do que a devida, pois considerou que as receitas que deverão compor a base de cálculo do PIS das instituições financeiras serão todas aquelas relativas às atividades típicas realizadas por este gênero empresarial, quais sejam, as oriundas das “operações bancárias”. 1 A contribuinte tem decisão que transitou em julgado que não só declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, mas também reconheceu o significado de faturamento a ser utilizado para a incidência do PIS como sendo o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza”. Nem se afirme que dúvidas poderiam existir, para aqueles que ainda não possuem uma decisão do Judiciário, eis que a matéria, envolvendo base de cálculo para as instituições financeiras, ainda (até junho/14) não foi julgada pelo STF. Isto porque, no meu sentir, o conceito fixado pelo Pleno, não pode ser alterado até que uma nova decisão do Pleno venha a alterar o conceito. Explico. Fazse necessária breve explanação histórica da jurisprudência da Corte no que toca ao tema em referência. Em 2005, no julgamento dos recursos extraordinários 346.084 (DJ 01/09/2006 – Rel p/ acórdão Min. Marco Aurélio), 357.950, 358.273 e 390.840 (todos DJ 15.08.06 – Rel. Min. Marco Aurélio), houve amplo debate no Plenário do STF acerca do conceito constitucional de faturamento, para fins de verificação da constitucionalidade do artigo 3º, parágrafo 1º da Lei 9.718/1998, à luz do artigo 195, inciso I, da Constituição Federal de 1988, no período anterior à Emenda Constitucional 20/1998. Ficou definido que faturamento corresponde à receita das vendas de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços, nos termos da seguinte ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – PIS – RECEITA BRUTA – NOÇÃO – INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº. 20, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº. 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para 1 em razão deste entendimento, optei no passado pela escolha da via do sobrestamento do julgamento ao caso de outra financeira, pelo STF. Fl. 268DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 269 6 envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. 2 Na ocasião, o Exmo. Sr. Ministro Cezar Peluso, parcialmente vencido no julgamento, reconheceu que a jurisprudência do STF, exposta na ADC 1 (Rel. Min. Moreira Alves, DJ 16.06.95), fixou esse mesmo conceito de faturamento. Ao final de seu voto, porém, entendeu que faturamento deveria ser entendido não só como “receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços”, mas também como a “somas das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”.3 É importante ressaltar que, todavia, esse significado externado pelo referido Ministro não prevaleceu, porque o Plenário entendeu que extrapolava o objeto do recurso. O Exmo. Sr. Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão, expressamente consignou que, se houvesse dúvida quanto ao conceito de faturamento para instituições financeiras, seguradoras, ou para outras hipóteses de receitas, a questão deveria ser analisada em recurso próprio: O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO: Sr. Presidente, gostaria de enfatizar meu ponto de vista, para que não fique nenhuma dúvida ao propósito. Quando me referi ao conceito construído sobretudo no RE 170.755/PE, sob a expressão “receita bruta de venda de mercadorias e prestação de serviço”, quis significar que tal conceito está ligado à idéia de produto do exercício de atividades empresariais típicas, ou seja, que nessa expressão se inclui todo incremento patrimonial resultante do exercício de atividades empresariais típicas. Se determinadas instituições prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das receitas chamadas financeiras, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de “receita bruta igual a faturamento”. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR): Mas, ministro, seria interessante, em primeiro lugar, esperar a chegada de um conflito de interesses, envolvendo uma dúvida quanto ao conceito que, por ora, não passa por nossa cabeça. No caso em discussão, a bem da verdade, sob a análise desse mesmo Ministro CEZAR PELUSO, o que se percebe é que a matéria não foi enfrentada. Por outro lado, não houve recurso da Procuradoria Geral da Fazenda. É importante também observar que somente com a alteração ocorrida a partir de 2014, pela edição da Medida Provisória nº 627/2013, art. 49 4 transformada na Lei nº 12.973, de 2014, que alterou a legislação federal – as instituições financeiras terão que recolher PIS e Cofins sobre uma base maior, ou seja, o faturamento incluindo o spread. Se foi preciso alteração da norma é porque antes não era devido a inclusão de receitas sobre o conceito mais largo de Receita. 2 RE 346.084, DJ 01/09/2006, Red. p/ acórdão Min. Marco Aurélio, Ementa, p. 1. 3 RE 346.084, DJ 01/09/2006, Red. p/ acórdão Min. Marco Aurélio, Voto Ministro Cezar Peluso, p. 84. 4 altera o art. 12 do DL nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Fl. 269DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 270 7 Nesse sentido consta da exposição de motivos da MP 627, de 2013 o que a seguir transcrevo: Sublinhamos, ainda, a inovação proporcionada pela alteração do art. 12 do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, no que se refere a ampliação da base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS ao se tributar, a partir deste momento, as receitas da atividade principal da pessoa jurídica. Assim, além do produto da venda de bens, de serviços e o resultado auferido nas operações de conta alheia, passase a tributar, como fato gerador novo, inaugural no mundo jurídico tributário, as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica. Merece destaque a lição do i. Prof. Humberto Theodoro Júnior (2002), em seu livro Curso de Direito Processual Civil (38. ed., Ed. Forense, v. 1, p. 485), trazida pelo patrono do recorrente: "A coisa julgada material abrange o deduzido e o deduzível. Por isso, não se podem levantar, a respeito da mesma pretensão, "questões arguidas ou que o podiam ser , se com isso se consiga diminuir ou atingir o julgado imutável e, consequentemente, a tutela jurisdicional nele contida. Com todo o respeito, olvidou a Fiscalização que a Procuradoria da Fazenda Nacional poderia e devia ter embargado a decisão do STF se entendesse que interpretação a ser dada era limitada. Se não o fez á época, o acórdão transitou em julgado sem limitações ao pedido efetuado pela recorrente. Inclusive, durante o curso do processo, a Procuradoria da Fazenda Nacional em nenhum momento suscitou a diferenciação do conceito de faturamento para cada setor da atividade econômica. A despeito da unilateralidade no estabelecimento desse conceito alargado, pois decorrente exclusivamente do “ponto de vista” de um dos julgadores “Ministro César Peluzo”, decisões monocráticas de outros Ministros, 5 algumas já confirmadas pelas respectivas Turmas, utilizaram dessa definição, sempre citando o precedente do atual Presidente do STF, como se fosse aquela estabelecida pelo Plenário da Suprema Corte. Outrossim, no julgamento da Questão de Ordem no RE 585.235 (Repercussão Geral DJ 28.11.08 – Rel. Min. Cezar Peluso), que vislumbrou apenas reafirmar a jurisprudência do STF sobre a inconstitucionalidade do artigo 3º, parágrafo 1º da Lei 9.718/1998, também foi indevidamente inserida a locução “soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais” no conceito de faturamento. 6 5 várias decisões monocráticas podem ser colhidas para a expressão “soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”. Vg.: RE 631873, Dj 11.02.11, Rel. Min. Celso de Mello; RE 612340, DJ 14.02.11, Rel. Min. Carmen Lucia; AI 716675 AgR, DJ 03.12.10, Rel. Min. Ellen Gracie; AI 592080, DJ 30.11.10, Rel. Min. Joaquim Barbosa; AI 799.767, DJ 25.05.10, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; AI 799578, DJ 19.05.10, Rel. Min. Carlos Britto. decisões monocráticas para a expressão “soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”. Vg.: RE 631873, Dj 11.02.11, Rel. Min. Celso de Mello; RE 612340, DJ 14.02.11, Rel. Min. Carmen Lucia; AI 716675 AgR, DJ 03.12.10, Rel. Min. Ellen Gracie; AI 592080, DJ 30.11.10, Rel. Min. Joaquim Barbosa; AI 799.767, DJ 25.05.10, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; AI 799578, DJ 19.05.10, Rel. Min. Carlos Britto. 6 O alvo da questão de ordem era legítimo: evitar a subida de recursos extraordinários sobre a controvérsia, já devidamente pacificada pelo Plenário do STF. Fl. 270DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 271 8 O objetivo, todavia, não era reabrir o debate acerca do conceito de faturamento, o que sequer seria possível, pois (i) o representativo da controvérsia pretendeu apenas reafirmar a jurisprudência, de modo que não poderia, consequentemente, modificála; e (ii) porque a questão relativa ao conceito de faturamento já estava afetada ao Plenário para apreciação no RE 400.479, que discute o conceito à luz das receitas das instituições financeiras e seguradoras, matéria cuja repercussão geral foi reconhecida, posteriormente, no RE 609.096 (ambos os recursos pendentes de julgamento). Realmente, não teria sentido o STF apreciar os limites do conceito de faturamento e, posteriormente, fazêlo novamente nos RE’s 400.479 e 609.096. No caso em análise, ao analisar a decisão transitada em julgado em favor da recorrente, o respeitável Ministro não ressaltou a locução “soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais” no conceito de faturamento. É importante reiterar essa observação. Até porque, seria uma decisão em contradição à solução dada pelo Plenário nos leading cases do STF sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9718/98. Assim sendo a decisão que transitou em julgado não só declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, mas também reconheceu o significado de faturamento a ser utilizado para a incidência do PIS “ é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza”. Por último, o voto do Ministro Peluso cita expressamente os Recursos Extraordinários nº 346.084PR, nº 357.950RS, nº 358.273RS e nº 390.840MG, informando que a decisão se deu conforme o seu teor, da maneira que se pode ver por meio da abreviatura “cf”. Conforme já visto anteriormente esses Recursos firmaram o entendimento que era inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvidas e da classificação contábil adotada, devendose tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. Assim, referendou o Ministro o entendimento do próprio STF de que o faturamento se cinge à receita decorrente da venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços, independentemente de sua posição pessoal, mesmo porque, julgando nos termos do artigo 557 do Código de Processo Civil não poderia têlo feito, se em sentido distinto da jurisprudência dominante do STF. Penso, com todo o respeito àqueles que de mim divergem, que uma vez reconhecido a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, seja a empresa financeira, comercial ou industrial, a revogação da norma se aplica indistintamente para todos os seguimentos. É estranho se pensar que a depender da atividade econômica possa se ter um conceito de receita/faturamento diferente. A base de cálculo deve estar limitada à receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação se serviços, sem a inclusão da receita financeira decorrente das operações bancárias. Considerando isso, quer pela óptica constitucional, quer pela óptica doutrinária ou ainda, pela interpretação primária do próprio voto, tenho que não há como se tomar as intermediações financeiras sujeitas à incidência da contribuição Fl. 271DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 272 9 O fato do STF ter reconhecido a repercussão geral da matéria atinente à base de cálculo do PIS para instituições financeiras (vide RE nº 609.096/RS) reforça o posicionamento de que as coisas julgadas em outros processos decorrentes da aplicação do anterior julgamento da matéria pelo Pleno do STF, como ocorreu no presente caso, têm conteúdo jurídico delimitado, com a definição do conceito estrito de faturamento, vinculado à venda de mercadorias e/ou prestação de serviços. Reitero. Caso seja alterado o posicionamento do STF, haverá a produção dos efeitos somente para os processos ainda em andamento, não podendo atingir o conteúdo jurídico em ofensa à coisa julgada e à vedação à sua relativização (Súmula 487 do STJ) – às decisões definitivamente proferidas, como é o caso em análise. 7 No caso concreto da recorrente, vejase não ter ocorrido diferenciação do conceito de faturamento por setor econômico. Caso houvesse, o pedido não poderia ter sido julgado totalmente procedente. O resultado seria o de reconhecer a inconstitucionalidade da lei em parte? Ou, seria, constitucional apenas para as instituições financeiras? Seria um contra senso, admitir que a contribuinte foi ganhador na ação judicial, mas perante a Receita, não. Julgarseia procedente um pedido que contrariaria o que foi pedido na exordial. Ademais, se assim o fizesse, o Ministro Cezar Peluso, relator do acórdão, não poderia fazer monocraticamente e muito menos com base no art. 557, § 1°A. Deveria, então, levar o processo novamente para julgamento pelo Pleno, pois poderia haver uma alteração do entendimento já consolidado nos leading cases mencionados. Ao prever os efeitos preclusivos da coisa julgada, o art. 474 do CPC, determina que passada em julgado a sentença de mérito, reputarseão deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido. Para Rodolfo Mancuso, a técnica da eficácia preclusiva acolhida por este dispositivo legal opera como uma válvula de segurança do sistema, de modo a imunizar as questões deduzidas e deduzíveis, mas desde que atinentes ao núcleo do tema decidido, isto é, ao preciso objeto litigioso. 8 Barbosa Moreira entende que há uma relação de instrumentalidade entre os limites objetivos da coisa julgada e a sua eficácia preclusiva, pois enquanto os limites objetivos geram a imutabilidade do julgado, no que tange à parte dispositiva, a eficácia preclusiva consiste no impedimento que surge à discussão e apreciação de questões suscetíveis de influir neste julgado, cobrindo o deduzido e dedutível. Assim, pode suceder que, de fato, não tenham sido exaustivamente consideradas, no processo, as questões que poderiam influir na decisão, sendo vedado que depois de findo o processo se viesse a pôr em dúvida o resultado atingido, acenandose com tal ou qual questão que haja ficado na sombra e que, porventura trazida à luz, teria sido capaz de levar o órgão judicial à conclusão diferente da corporificada na sentença (ressalvados os casos restritos de rescindibilidade do julgado). 9 Na lição de Fredie Didier 10 transitada em julgado a decisão definitiva da causa, todas as alegações e defesas que poderiam ter sido formuladas para o acolhimento ou 7 nesse sentido, vide Acórdão nº 3403001.945, 8 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Jurisdição Coletiva e Coisa Julgada: teoria geral das ações coletivas. São Paulo: RT, 2006, pp. 29,236. 9 BARBOSA MOREIRA, José Carlos. A eficácia preclusiva da coisa julgada material no sistema do processo civil brasileiro. Temas de Direito Processual. 1ª série, São Paulo: Saraiva, 1977, pp. 98103 10 Fredie Didier, in Curso de Direito Processual Civil . Salvador/BA: Editora Juspodivm, vol. II, 4ª ed., 2009, p. 426. Fl. 272DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 273 10 rejeição do pedido reputamse arguidas e repelidas; tornamse irrelevantes todos os argumentos e provas que as partes tinham a alegar ou produzir em favor da sua tese. Com a formação da coisa julgada, preclui a possibilidade de rediscussão de todos os argumentos alegações e defesas, na dicção legal que poderiam ter sido suscitados, mas não foram. A coisa julgada torna preclusa a possibilidade de discutir o deduzido e torna irrelevante suscitar o que poderia ter sido deduzido (o dedutível ). CONCLUSÃO Diante do acima exposto, tendo em vista que a recorrente é possuidora de decisão que transitou em julgado que não só declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, mas também reconheceu o significado de faturamento a ser utilizado para a incidência do PIS como sendo o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, VOTO, no sentido de lhe dar provimento, e assim homologar a compensação efetuada. Maria Teresa Martínez López Voto Vencedor Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Redator Designado Embora a clareza e proficiência com que a i. Conselheira Relatora do Processo fundamentou a decisão proposta, ouso divergir de suas conclusões pelas razões que a seguir serão expostas. O litígio decorre de declarações de compensação apresentadas pela Requerente visando a compensação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep apurados de acordo com o entendimento que teve de decisão judicial transitada em julgado nos autos do Mandado de Segurança n° 2000.38.03.000.7782, que tramitou na 1ª Vara Federal de Uberlândia/MG. Informa a Recorrente que o Mandado de Segurança foi impetrado “em 16 de fevereiro de 2000, com pedido para que fosse concedida a segurança, declarandose a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e reconhecendo o direito de recolher a contribuição ao PIS, a partir de 1°/01/2001, à alíquota de 0,65% sobre seu efetivo faturamento que engloba a receita decorrente da prestação de serviços a seus clientes”. Adiante conclui, No entanto, o Recurso Extraordinário foi não só conhecido como foi integralmente provido o pedido do Requerente, pelo STF: A tese do acórdão recorrido está em aberta divergência com a orientação da Corte, cujo Plenário, em data recente, consolidou, com nosso voto vencedor declarado, o entendimento de inconstitucionalidade apenas do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando assim, a noção de Fl. 273DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 274 11 faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais (cf. RE n. 346.084PR, Rei. orig. Min. Ilmar Galvão; RE n. 357.950RS, RE n. 358.273RS e RE n. 390.840MG, Rel. Min. Marco Aurélio, todos julgados em 09.11.2005. Ver Informativo STF n. 408, p. 1). Diante do exposto, e com fundamento no art. 557, § 1°A do CPC, conheço do recurso e doulhe provimento, para, concedendo a ordem, excluir, da base de incidência do PIS, receita estranha ao faturamento do recorrente, entendido esse nos termos já suso enunciados Embora o caso em tela envolva provimento jurisdicional específico, a solução da lide, segundo me parece, guarda estreita relação com o entendimento que se tem acerca do evento marcado pela declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e dos efeitos que lhe são próprios e alcançam os contribuintes de modo geral. Necessário introduzir o assunto. A controvérsia teve início na promoção do alargamento do conceito de faturamento para efeito de cálculo das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, introduzido pela Lei 9.718/98, que incluiu na base de cálculo toda e qualquer receita, independentemente de sua classificação contábil11. A inconformidade dos contribuintes alcançados pela medida levou o assunto ao Poder Judiciário, onde a matéria terminou por ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal, em Regime de Repercussão Geral, nos seguintes termos. EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Decisão O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco 11 Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Fl. 274DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 275 12 Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008. RE 585.235QO, Min. Cezar Peluso O que se discute nos autos, e o assunto não é novo, diz respeito ao preciso efeito da declaração de inconstitucionalidade do parágrafo 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98, uma vez que, em nenhum momento, as decisões tomadas no âmbito do Supremo Tribunal Federal estenderam esse juízo à alteração introduzida pelo caput do artigo 3º, assim como por todos os demais critérios de apuração especificados nos parágrafos e artigos subsequentes e na legislação superveniente. Com efeito, é de sabença que a Suprema Corte do Pais, na pessoa do Exmo. Sr. Ministro Cezar Peluso, fez expressa menção à constitucionalidade do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, a teor do pronunciamento encontrado, pelo menos, nos Recursos Extraordinários nº. 346.084, 357.950, 358.273 e 390.840. Embora no caso concreto discutase exclusivamente a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep, não será demais que aqui se fale também a respeito dos efeitos da modificação legislativa sobre a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, uma vez que sua base de cálculo se tenha também afetado no curso mesmo empreendimento legislativo que promoveu o alargamento da base de cálculo do PIS e tenha sido, tal como a última, submetida a idêntica conformação aos liames constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins tinha base de cálculo definida na Lei Complementar nº 70/91 como sendo o faturamento decorrente das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. Já as Contribuições para o PIS e para o PASEP contavam com fontes de financiamento advindas de diversas origens, conforme Leis Complementares 07 e 08 de 197012, dentre elas o faturamento das empresas e demais entidades especificadas nas Leis, onde estavam textualmente incluídas as instituições financeiras13. Ao instituir a nova base tributável por meio da Lei 9.718/98, o legislador ordinário, embora tenha mantido o faturamento como definição elementar do fenômeno econômicocontábil gravado pela tributação, especificouo, conforme dito antes, como sendo toda a receita bruta auferida pela pessoa jurídica, irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada, conceito que conflitou com o disposto no inciso I 12 A constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias art. 72, inciso V, destinou uma parcela da Contribuição para o PIS devida pelas instituições financeiras ao Fundo Social de Emergência, fixando alíquotas e definindo a base de cálculo como sendo a receita bruta operacional. A Lei 9.701/98 autorizou determinadas exclusões ou deduções dessa base. 13 § 2.º As instituições financeiras, sociedades seguradoras e outras empresas que não realizam operações de vendas de mercadorias participarão do Programa de Integração Social com uma contribuição ao Fundo de Participação de, recursos próprios de valor idêntico do que for apurado na forma do parágrafo anterior. Fl. 275DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 276 13 do artigo 195 da Constituição Federal que, antes da Emenda Constitucional nº 20, de 20 de dezembro de 1998, previa o financiamento da seguridade social com base no valor arrecadado pelas contribuições sociais incidentes sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro14, sem nenhuma menção à receita. É precisamente neste ponto que se encontra a origem de toda a discussão em torno da inconstitucionalidade do conceito insculpido no parágrafo 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98, transbordando as delimitações contidas no texto constitucional na data da entrada em vigor da legislação novel. Ainda que, para efeitos tributários, já houvesse uma tendência ao reconhecimento de certa equivalência entre o conceito de faturamento e receita (observese que, muito antes de se falar na EM 20/98, a própria LC 70/91 já especificava a base de cálculo como sendo a receita), a expansão promovida pelo parágrafo primeiro foi para muito além daquilo que estava e ainda está sedimentado na doutrina e na jurisprudência como sendo o possível conceito de faturamento empresarial para fins de incidência tributária. De fundamental importância, neste cenário, observar e compreender com precisão o verdadeiro problema identificado pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal ao acolhimento da nova definição de faturamento introduzida pela Lei 9.718/98. Nos precitados Recursos Extraordinários, tornaramse de amplo conhecimento as considerações feitas sobre o assunto pelo Ministro Cesar Peluso, estabelecendo os limites da definição possível para o conceito veiculado no (constitucional) caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, conforme segue (todos os grifos acrescentados). Por todo o exposto, julgo inconstitucional o parágrafo 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, por ampliar o conceito de receita bruta para “toda e qualquer receita”, cujo sentido afronta a noção de faturamento pressuposta no art. 195, I, da Constituição da República, e, ainda, o art. 195, parágrafo 4º, se considerado para esse efeito de nova fonte de custeio da seguridade social. Quanto ao caput do art. 3º, julgoo constitucional, para lhe dar interpretação conforme à Constituição, nos termos do julgamento proferido no RE nº 150755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de “receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços”, adotado pela legislação anterior, e que, a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. 14 O texto antes e depois da EM 20/98. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro; II dos trabalhadores; Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, o Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; Fl. 276DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 277 14 (...) Sr. Presidente, gostaria de enfatizar meu ponto de vista, para que não fique nenhuma dúvida ao propósito. Quando me referi ao conceito construído sobretudo no RE 150.755, sob a expressão “receita bruta de venda de mercadorias e prestação de serviço”, quis significar que tal conceito está ligado à idéia de produto do exercício de atividades empresariais típicas, ou seja, que nessa expressão se inclui todo incremento patrimonial resultante do exercício de atividades empresariais típicas. Se determinadas instituições prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das receitas chamadas financeiras, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de “receita bruta igual a faturamento.” (...) 6. (...) Faturamento nesse sentido, isto é, entendido como resultado econômico das operações empresariais típicas, constitui a base de cálculo da contribuição, enquanto representação quantitativa do fato econômico tributado. Noutras palavras, o fato gerador constitucional da COFINS são as operações econômicas que se exteriorizam no faturamento (sua base de cálculo), porque não poderia nunca corresponder ao ato de emitir faturas, coisa que, como alternativa semântica possível, seria de todo absurda, pois bastaria à empresa não emitir faturas para se furtar à tributação. – grifamos. (...) Uma vez que o Ministro Cezar Peluso tenha sido parcialmente vencido na decisão da causa, se tem criticado o uso de suas manifestações (e as de outros Ministros que também foram total ou parcialmente vencidos) na fundamentação de decisões envolvendo os efeitos da declaração de inconstitucionalidade do parágrafo primeiro do artigo 3º da Lei 9.718/98. Quanto a isso, de grande relevo que se situe com clareza a matéria que estava então sub judice na Suprema Corte, as considerações que lhes emprestaram não apenas o Ministro Cesar Peluso mas todos os demais integrantes do Tribunal e em que assunto e aspectos, especificamente, uns e outros se viram vencedores ou vencidos. Analisase um dos precedentes apontados no Recurso Extraordinário nº 585.235 que concedeu Regime de Repercussão Geral à questão: RE 346.0846/PR, da Relatoria do Ministro Ilmar Galvão, Relator para acórdão Ministro Marco Aurélio. O Relatório do Ministro Ilmar Galvão delimita com rapidez e precisão os liames da lide. RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO (Relator) : Recurso que, pela letra a do permissivo constitucional, foi interposto contra acórdão que concluiu pela legitimidade da ampliação da base de cálculo da COFINS até então restrita às “vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza” conforme definido pela Lei Complementar n.° 70/91 (art. 2.°), para nela fazer compreender “a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas”, efetuada por meio de lei ordinária (Lei n.° 9.718/98, art. 3.°, § 1.°), alteração que teve por vigente a partir de 1.° de fevereiro de 1999, como estabelecido no art. 17, I, do referido diploma normativo. Fl. 277DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 278 15 Sustenta a recorrente que, ao assim decidir, o acórdão ofendeu o inciso I e o § 4.° do art. 195 e, por conseqüência, o inciso I do art. 154, ambos da CF. Sustenta, ainda, haver a decisão recorrida contrariado, por igual, o § 6.° do mencionado art. 195, por haver considerado que a alteração passou a produzir efeito a partir da edição da primeira medida provisória e não da EC 20, de 15 de dezembro de 1998 , que, a seu ver, não poderia constitucionalizar norma editada com ofensa à Constituição. Regularmente processado, foi o recurso admitido na origem, havendo a douta ProcuradoriaGeral da República, em parecer do Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos, opinado pelo nãoconhecimento. É o relatório. Se bem posso traduzir em poucas palavras o relatório acima transcrito, diria tratarse de um litígio que se travou em torno da constitucionalidade do alargamento da base de cálculo, (i) à luz do conceito de faturamento vigente à época da formulação da exigência fiscal e (ii) da possibilidade de que se reconhecesse a constitucionalidade superveniente da Lei 9.718/98 em face da modificação introduzida pela Emenda Constitucional nº 20. A ementa do decisum confirma a circunscrição da lide nos termos em que está acima definida. CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 32, § l2, DA LEI Na 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Ne 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § Ia DO ARTIGO 3 a DA LEI Na 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional na 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § lº do artigo 3º da Lei na 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. Uma vez especificado o que havia por decidir no âmbito do Recurso Extraordinário nº 346.0846, relevante que se observe o conteúdo das decisões parciais proferidas após o Voto de cada um dos Ministros que participaram do processo de formação do Ato Decisório, até o último Extrato de Ata emitido pela Secretaria, em 09 de novembro de 2005. PLENÁRIO EXTRATO DE ATA Fl. 278DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 279 16 RECURSO EXTRAORDINÁRIO 346.0846 PROCED.: PARANÁ RELATOR ORIGINÁRIO: MIN. ILMAR GALVÃO RELATOR PARA O ACÓRDÃO: MIN. MARCO AURÉLIO RECTE.: DIVESA DISTRIBUIDORA CURITIBANA DE VEÍCULOS S/A ADVDOS.: MARCELO MARQUES MUNHOZ E OUTROS ADV.(A/S): RODRIGO LEPORACE FARRET E OUTROS RECDA.: UNIÃO ADV.: PFN RICARDO PY GOMES DA SILVEIRA Decisão: Após o voto do Senhor Ministro Ilmar Galvão, Relator, conhecendo e provendo parcialmente o extraordinário, para fixar, como termo inicial dos 90 (noventa) dias, 1º de fevereiro de 1999, pediu vista o Senhor Ministro Gilmar Mendes. Falaram, pela recorrente., o Dr. Helenilson Cunha Pontes, e, pela recorrida, o Dr. Francisco Targino da Rocha Meto, Procurador da Fazenda Nacional. Presidência do Senhor Ministro Marco Aurélio. Plenário, 12.12.2002. Decisão: Após o voto do Senhor Ministro Ilmar Galvão, Relator, conhecendo e provendo parcialmente o extraordinário, para fixar, como termo inicial dos 90 (noventa) dias, 1º de fevereiro de 1999, e dos votos dos Senhores Ministros Gilmar Mendes e Presidente, Ministro Maurício Corrêa, que conheciam do recurso, mas negavamlhe provimento, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Cezar Peluso. Não participou da votação o Senhor Ministro Carlos Britto por suceder ao Senhor Ministro limar Galvão que proferira voto anteriormente. Plenário, 01.04.2004. Decisão: Renovado o pedido de vista do Senhor Ministro Cezar Peluso, justificadamente, nos termos do § 1º do artigo lº da Resolução nu 278, de 15 de dezembro de 2003. Presidência, em exercício, do Senhor Ministro Nelson Jobim, VicePresidente. Plenário, 13.05.2004. Decisão: Após os votos dos Senhores Ministros Cezar Peluso, Marco Aurélio, Carlos Velloso, Celso de Mello e Sepúlveda Pertence, conhecendo e provendo o recurso, nos termos dos seus respectivos votos, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Eros Grau. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Senhor Ministro Nelson Jobim (Presidente). Presidência da Senhora Ministra Ellen Gracie (Vice Presidente). Plenário, 18.05.2005. Decisão: Renovado o pedido de vista do Senhor Ministro Eros Grau, justificadamente, nos termos do § 1º do artigo 1º da Resolução nº 278, de 15 de dezembro de 2003. Presidência do Senhor Ministro Nelson Jobim. Plenário, 15.06.2005. Decisão: O Tribunal, por unanimidade, conheceu do recurso extraordinário e, por maioria, deulhe provimento, em parte, para declarar a inconstitucionalidade do § 1º. do artigo 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, vencidos, parcialmente, os Senhores Ministros Ilmar Galvão (Relator), Cezar Peluso e Celso de Mello e, integralmente, os Senhores Ministros Gilmar Mendes, Maurício Corrêa, Joaquim Barbosa, e o Presidente (Ministro Nelson Jobim). Reformulou parcialmente o voto o Senhor Ministro Sepúlveda Pertence. Não participaram da votação os Senhores Ministros Carlos Britto e Eros Grau por serem sucessores dos Senhores Ministros limar Galvão e Maurício Corrêa que proferiram voto. Ausente, justificadamente, a Senhora Ministra Ellen Gracie. Plenário, 09.11.2005;. Presidência do Senhor Ministro Nelson Jobim. Presentes â sessão os Senhores Ministros Sepúlveda Pertence, Celso de Mello, Carlos Velloso, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim Barbosa e Eros Grau. Fl. 279DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 280 17 ProcuradorGeral da. República, Dr. Antônio Fernando Barros e Silva de Souza. Luiz Tomimatsu Secretário Percebese acima que, o núcleo da discussão até que o Ministro Cezar Peluso pedisse vista dos autos, girava em torno da constitucionalidade superveniente da Lei 9.718/98 em face da modificação introduzida pela Emenda Constitucional nº 20. Essa circunstância está estampada no excerto a seguir reproduzido, extraído do próprio Voto do Ministro Cezar Peluso. Admitido o recurso, o relator, Min. ILMAR GALVÃO, deulhe parcial provimento, para julgar inconstitucional a majoração da base de cálculo da COFINS, na forma do art. 39 da Lei ne 9.718/98, até a edição da EC ns 20/98, que “veio emprestarlhe o embasamento constitucional de que carecia, ao dar nova redação ao art. 195 da Carta de 88, para dispor que a COFINS passaria a incidir sobre ‘b) a receita ou o faturamento’“. O Min. GILMAR MENDES, em votovista, entendeu constitucional a majoração, pelos seguintes fundamentos: (...) Este entendimento foi acompanhado pelo Min. MAURÍCIO CORREA, que, antecipando voto, julgou constitucional a majoração. Nessa fase do julgamento, foi, então, justamente o Ministro Cezar Peluso que, como se lê nas transcrições acima, abriu a divergência na decisão que vinha sendo proposta à lide, para externar seu entendimento e decidir pela inconstitucionalidade do “parágrafo 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, por ampliar o conceito de receita bruta para ‘toda e qualquer receita’, cujo sentido afronta a noção de faturamento pressuposta no art. 195, I, da Constituição da República, e, ainda, o art. 195, parágrafo 4º, se considerado para esse efeito de nova fonte de custeio da seguridade social”. Ante tais evidências colhidas dos registros feitos ao longo do julgamento, pareceme impróprio minorar a relevância dos fundamentos do Ministro Cesar Peluso na solução da lide. Foi justamente ele quem primeiro destoou do entendimento, até então prevalente, de que o alargamento promovido pela Lei 9.718/98 havia sido constitucionalizado pela Emenda Constitucional nº 20, determinando novo rumo ao julgamento e à decisão que ao final haveria de ser proposta. Ainda mais, como adiante se pretenderá demonstrar, foi o Ministro Cezar Peluso quem mais fundo foi no estudo da questão posta, tendo sido citado por quase todos os demais Ministros em seus respectivos votos. A redação final do Acórdão não permite saber exatamente em que assunto o Ministro Cezar Peluso ficou vencido, mas, sem margem de dúvida, ele não se refere nem à decisão de considerar inconstitucional apenas o parágrafo primeiro do artigo 3º da Lei 9.718/98, tampouco à dedicada incursão que fez ao significado do vernáculo faturamento15. 15 Interessante observar, inclusive, que o Ministro Carlos Velloso, apontado como vencedor no Acórdão, acompanhou o Ministro Cezar Peluso em usa decisão. "Concluo o meu voto. Com a vénia do eminente Relator, que já não está aqui, acompanho o voto do Ministro César Peluzo. Nos demais recursos extraordinários, com o eminente MinistroRelator, Ministro Marco Aurélio". Fl. 280DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 281 18 Com efeito, de grande importância sublinhar que, ao longo de todo o julgamento, não se logra êxito em encontrar no corpo do decisum qualquer dissonância entre os integrantes da Corte Suprema acerca disponibilidade concedida pela Carta Política ao legislador ordinário para fixação do que deva ser considerado faturamento para fins tributários. Outrossim, identificase ao longo de todo o processo decisório uma única menção, de lavra do Ministro Celso de Mello, propondo a inconstitucionalidade do artigo 3º como um todo. O Ministro, contudo, assim como o Ministro Cezar Peluso, foi, ao final, declarado parcialmente vencido. É de grande interesse conhecer, da leitura dos excertos que seguem, como os Ministros se manifestaram a respeito do conceito de faturamento para fins tributários, assunto a respeito do qual, repitase, não há registro de divergência. Ministro Ilmar Galvão. O recorrente considera que tais precedentes não seriam aplicáveis ao caso, haja vista que o STF teria estabelecido sinonímia entre faturamento e receita bruta quando tais expressões designavam receitas oriundas de vendas de bens e/ou serviços. Tal leitura não é correta. A Corte, ao admitir tal equiparação, em verdade assentou a legitimidade constitucional da atuação do legislador ordinário para densificar uma norma constitucional aberta, não estabelecendo a vinculação pretendida pelo recorrente em relação às operações de venda. Ao contrário do que pretende o recorrente, a Corte rejeitou qualquer tentativa de constitucionalizar eventuais préconcepções doutrinárias não incorporadas expressamente no texto constitucional. O STF jamais disse que havia um específico conceito constitucional de faturamento. Ao contrário, reconheceu que ao legislador caberia fixar tal conceito. E também não disse que eventuais conceitos vinculados a operações de venda seriam os únicos possíveis. Não fosse assim, teríamos que admitir que a composição legislativa de 1991 possuía um poder extraordinário. Por meio da Lei Complementar nº 71, teriam aqueles legisladores fixado uma interpretação dotada da mesma hierarquia da norma constitucional, interpretação esta que estaria infensa a qualquer alteração, sob pena de inconstitucionalidade. Na tarefa de concretizar normas constitucionais abertas, a vinculação de determinados conteúdos ao texto constitucional é legítima. Todavia, pretender eternizar um específico conteúdo em detrimento de todos os outros sentidos compatíveis com uma norma aberta constitui, isto sim, uma violação à força normativa da Constituição, haja vista as necessidades de atualização e adaptação da Carta Política à realidade. Tal perspectiva é sobretudo antidemocrática, uma vez que impõe às gerações futuras uma decisão majoritária adotada em uma circunstância específica, que pode não representar a melhor via de concretização do texto constitucional. (...) Fl. 281DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 282 19 Ministro Gilmar Mendes Nessa breve história legislativa da COFINS percebese, desde logo, que já sob o regime da Lei Complementar de 1991 a acepção de faturamento adotada pelo legislador não correspondia àquela usualmente adotada nas relações comerciais. Ou seja, já sob o império da Lei Complementar n° 70 se verificara o abandono do conceito tradicional de faturamento, especialmente naquela acepção comercialista que se refere, grosso modo, a operações de venda de mercadorias já concluídas e registradas em fatura. Esse conceito técnicocomercial é invocado expressamente pelos recorrentes. Precedentes do STF A discussão quanto à legitimidade dessa perspectiva adotada pelo legislador, de abandono de eventuais préconcepções da expressão “faturamento”, não é estranha para este Tribunal. No RE 150.755, da relatoria do Ministro Carlos Velloso (redator do acórdão o Min. Sepúlveda Pertence), em que se discutia a constitucionalidade da contribuição do FINSOCIAL, tal como fixada no art. 28 da Lei n° 7.738, de 1989, admitiuse como legítima a assimilação do conceito de receita bruta ao de faturamento. Nesse precedente, registra a parte final da ementa: 8. A contribuição social questionada se insere entre as previstas no art. 195, I, CF e sua instituição, portanto dispensa a lei complementar: no art. 28 da L. 7.738/89, a alusão a “receita bruta”, como base de cálculo do tributo, para conformarse ao art. 195, I, da Constituição, há de ser entendida segundo a definição do Dl. 2.397/87, que é equiparável à noção corrente de “faturamento” das empresas de serviço.” Especificamente sobre a alegação de que o tributo previsto art. 28 da Lei n° 7.738 não se enquadraria na definição constitucional de faturamento, assentou o Ministro Sepúlveda Pertence: “(...) 43. Convencime, porém, de que a substancial distinção pretendida entre receita bruta e faturamento cuja procedência teórica não questiono , não encontra respaldo atual no quadro do direito positivo pertinente à espécie, ao menos, em termos tão inequívocos que induzisse, sem alternativa, à inconstitucionalidade da lei. 44. Baixada para adaptar a legislação do imposto sobre a renda à Lei das Sociedades por Ações, dispusera o Dl. 1.598, 26.12.77: (...) O recorrente considera que tais precedentes não seriam aplicáveis ao caso, haja vista que o STF teria estabelecido sinonímia entre faturamento e receita bruta quando tais expressões designavam receitas oriundas de vendas de bens e/ou serviços. Tal leitura não é correta. A Corte, ao admitir tal equiparação, em verdade assentou a legitimidade constitucional da atuação do legislador ordinário para densificar uma norma constitucional aberta, não estabelecendo a vinculação pretendida pelo recorrente em relação às operações de venda. Ministro Eros Grau Fl. 282DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 283 20 “06. No caso, faturamento terá sido tomado como termo de uma das várias noções que existem as noções de faturamento na e com uma de suas significações usuais atualmente. Sabemos de antemão que já não se a toma como atinente ao fato de ‘emitir faturas’. Nós a tomamos, hoje, em regra, como o resultado econômico das operações empresarias do agente econômico, como ‘receita bruta das vendas de mercadorias e mercadorias e serviços, de qualquer natureza’ [art.22 do decretolei n. 2.397/87]. Esse entendimento foi consagrado no RE 150.764, Relator o Ministro ILMAR GALVÃO, e na ADC n. 1, Relator o Ministro MOREIRA ALVES. 07. Daí porque tudo parece bem claro: em um primeiro momento diremos que faturamento é outro nome dado à receita bruta das vendas e serviços do agente econômico. Essa é uma das significações usuais do vocábulo [i.é., a noção da qual o vocábulo é termo é precisamente esta faturamento é receita bruta das vendas e serviços do agente econômico]. A análise dos precedentes aponta, no entanto – isso é proficientemente indicado em parecer de HUMBERTO ÁVILA no sentido de inversão dos termos: a lei tributária chamou de receita bruta, para efeitos do FINSOCIAL, o que é faturamento; o conceito de receita bruta [ = receita da venda de mercadorias e da prestação de serviços], na lei, é que coincide com a noção de faturamento, na Constituição. 08 .Ora, o artigo 3º da Lei n. 9.718/98 não diz mais do que isso. Seu § 1º é que vai além, para afirmar que ali e ali não se cogita de faturamento, mas de receita bruta se trata da totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para tais receitas. (...) 10. (...) Eis o que aí se tem, nesse § 1º do artigo 3º e da Lei nº 9.718/98, uma definição jurídica de receita bruta: a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para tais receitas. 11 .Cumpre então indagarmos se a lei poderia ter afirmado essa definição de receita bruta. A Constituição dizia, anteriormente à EC 20/98, que a seguridade social seria financiada, entre outros, mediante recursos provenientes de contribuição social “dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e os lucros” art. 195, I). A EC 20/98 alterou o preceito, para afirmar que essa mesma contribuição incidirá sobre a folha de salários e outros rendimentos do trabalho, sobre “a receita ou o faturamento” e sobre o lucro. A lei é anterior à EC 20/98, ao tempo em que o artigo 195, I da Constituição afirmava que a contribuição incidiria “sobre a folha de salários, o faturamento e os lucros”. 12. A alteração no texto da Constituição aparentemente, mas não necessariamente, indica alteração do campo de incidência da contribuição. A emenda , ao referir “a receita ou o faturamento”, poderia estar a tomar receita como sinônimo de faturamento e faturamento como sinônimo de receita. Anteriormente à EC 20/98 ela incidia sobre a receita da venda de mercadorias e da prestação de serviços [= receita bruta], que coincidia, qual afirmou esta Corte, Fl. 283DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 284 21 com a noção de faturamento. Após a EC 20/98 ela incide sobre “a receita ou o faturamento”. Ora, se receita bruta [= receita da venda de mercadorias e da prestação de serviços] coincide, qual afirmou esta Corte, com a noção de faturamento, a inserção do termo de um outro conceito “receita” no texto constitucional há de estar referindo outro conceito, que não o que coincide com a noção de faturamento. Para exemplificar, sem qualquer comprometimento com a conclusão: receita como totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante para a determinação dessa totalidade o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para tais receitas. Temos aí receita bruta, termo de um conceito, e receita bruta, termo de outro conceito. No primeiro caso, receita bruta que é enquadrada na noção de faturamento, receita bruta das vendas e serviços do agente econômico, isto é, proveniente das operações do seu objeto social. No segundo, receita bruta que envolve, além da receita bruta das vendas e serviços do agente econômico isto é, das operações do seu objeto social aquela decorrente de operações estranhas a esse objeto. (grifos meus). Impõese então distinguirmos: de um lado teremos receita bruta/faturamento; de outro, a receita bruta que excede a noção de faturamento, introduzida pela EC 20/98, para a determinação de cuja totalidade são irrelevantes o tipo de atividade que dá lugar a sua percepção e a classificação contábil adotada. 13. Dirseá que a Constituição, ao não definir faturamento, incorporou noção que dele se tinha à época. Na verdade incorporou uma das noções que dele à época se tinha. A Constituição poóleria [sic], mais do que incorporar, poderia ter contemplado uma definição jurídica, de faturamento. Não o tendo feito, prevaleceu um dos entendimentos possíveis, aquele nos termos do qual receita bruta coincide com a noção de faturamento enquanto receita da venda de mercadorias e da prestação de serviços. Poderia ter prevalecido outro. E cumpre aqui dedicar especial atenção à fundamentação do voto do Ministro Relator Marco Aurélio, que, ainda que faça menção ao conceito de faturamento como sendo a receita vinculada à venda de mercadorias, serviços ou ambos, conforme explicitado na Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 11/DF (leitura empregada em data muito anterior à Lei 9.718/98), deixa claro que o problema está no conceito veiculado pelo parágrafo primeiro: o passo mostrouse demasiadamente largo, (...) por incluir no conceito de receita bruta todo e qualquer aporte contabilizado pela empresa, pouco importando a origem, em si, e a classificação que deva ser levada em conta sob o ângulo contábil. Quer dizer, a norma transgrediu o ordenamento jurídico ao transbordar a noção técnicojurídica possível de faturamento e não ao definilo como sendo resultado de outras operações empresariais além das vendas de mercadorias e serviços ou ambos. Ministro Marco Aurélio (Relator) Examino, então, a problemática referente à Lei nº 9.718/98. Aqui há de se perceber o empréstimo de sentido todo próprio ao conceito de faturamento. Eis o teor da lei envolvida na espécie: Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Fl. 284DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 285 22 Tivesse o legislador parado nessa disciplina, aludindo faturamento sem dar lhe, no campo da ficção jurídica, conotação discrepante da consagrada por doutrina e jurisprudência, terseia solução idêntica à concernente à Lei nº 9.715/98. Tomarse ia o faturamento tal como veio a ser explicitado na Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 11/DF, ou seja, a envolver o conceito de receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços. Respeitado estaria o Diploma Maior ao estabelecer, no inciso I do artigo 195, o cálculo da contribuição para o financiamento da seguridade social devida pelo empregador, considerado o faturamento. Em última análise, terseia a observância da ordem natural das coisas, do conceito do instituto que é o faturamento, caminhandose para o atendimento da jurisprudência desta Corte. (...) Não fosse o § lº que se seguiu, terseia a observância da jurisprudência desta Corte, no que ficara explicitado, na Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 1 1/DF, a sinonímia dos vocábulos “faturamento” e “receita bruta”. Todavia, o § 1º veio a definir esta última de forma toda própria: § 1 Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. O passo mostrouse demasiadamente largo, olvidandose, por completo, não só a Lei Fundamental como também a interpretação desta já proclamada pelo Supremo Tribunal Federal. Fezse incluir no conceito de receita bruta todo e qualquer aporte contabilizado pela empresa, pouco importando a origem, em si, e a classificação que deva ser levada em conta sob o ângulo contábil. Essencial que se diga que a questão específica da incidência das Contribuições nas receitas das instituições financeiras terminou por não ser resolvida nas decisões que lastrearam o Recurso Extraordinário 585.235, que outorgou repercussão geral à decisão de extirpar do mundo jurídico o parágrafo primeiro do artigo 3º da Lei 9.718/98. Isso se vê em diversos dos debates colhidos das notas taquigráficas. Seguese um deles. O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO Sr. Presidente, gostaria de enfatizar meu ponto de vista, para que não fique nenhuma dúvida ao propósito. Quando me referi ao conceito construído sobretudo no RE 150.755, sob a expressão “receita bruta de venda de mercadorias e prestação de serviço”, quis significar que tal conceito está ligado à idéia de produto do exercício de atividades empresariais típicas, ou seja, que nessa expressão se inclui todo incremento patrimonial resultante do exercício de atividades empresariais típicas. Se determinadas instituições prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das receitas chamadas financeiras, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de “receita bruta igual a faturamento”. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) Mas, ministro, seria interessante, em primeiro lugar, esperar a chegada de um conflito de interesses, envolvendo uma dúvida quanto ao conceito que, por ora, não passa pela nossa cabeça, Fl. 285DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 286 23 O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO Mas passa pela cabeça de outros. Já não temos poucas causas, Sr. Ministro, para julgar. Quanto mais claro seja o pensamento da Corte, melhor para a Corte e para a sociedade. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) Não pretendo, neste julgamento, resolver todos os problemas que possam surgir, mesmo porque a atividade do homem é muito grande sobre a base de incidência desses tributos. E, de qualquer forma, estamos julgando um processo subjetivo e não objetivo e a única controvérsia é esta: o alcance do vocábulo “faturamento”. E, a respeito desse alcance, temos já, na Corte, reiterados pronunciamentos. O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO É o que estou fazendo: esclarecendo meu pensamento sobre o alcance desse conceito. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) Senão, em vez de julgarmos as demandas que estão em Mesa, provocaremos até o surgimento de outras demandas, cogitando de situações diversas. (...) No curso do julgamento, o Colegiado chegou inclusive a adentrar à questão (preocupação mais uma vez manifesta pelo Ministro Cezar Peluso) dos demais parágrafos do artigo 3º da Lei 9.718/98, sem, contudo, chegar a uma conclusão a esse respeito. O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO Presidente, só uma ponderação. Como o artigo 3º não tem um único parágrafo, mas vários, se for declarada a inconstitucionalidade do caput, os outros parágrafos ficarão soltos, perderão o seu objeto de referência. O SR. MINISTRO CARLOS VELLOSO Ministro, eles ficam soltos e vêm soltos porque se referem ao parágrafo lº: "§ 2º Para. fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta:” Que receita bruta? A que está no § lº. O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO O meu receio é de que haja algum parágrafo que, depois, ganhe certa autonomia e gere dificuldade. É isso que me preocupa. O SR. MINISTRO CARLOS VELLOSO Todos eles são dependentes do § 1º. O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE Todos eles regulam a base de cálculo da COFINS. Se estamos entendendo que o conceito básico e a disciplina do COFINS já estão declarados constitucionais pelo Tribunal... O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO Estou apenas ponderando quanto ao risco de eventuais incertezas futuras. A SRA. MINISTRA ELLEN GRACIE (PRESIDENTE) Ainda teremos uma sessão de julgamento em que o Ministro Eros Grau trará o seu voto e poderemos eventualmente reajustar. Fl. 286DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 287 24 Vêse, sem margem para dúvidas, que se constitui em assunto bastante controvertido, e, por certo, não haverá de, aqui, deixar de sêlo. Com efeito, o alinhamento do entendimento aplicável à matéria depende, em última análise, do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, em Regime (já determinado) de Repercussão Geral, do Recurso Extraordinário nº 609096, a partir de quando, pelo menos no contexto atual e na presente instância, as opiniões pessoais cederão à hierarquia da jurisdição. Enquanto não consumado o julgamento do RE pelo Pretório Excelso, cumpre a este Colegiado escolher a interpretação que considera correta e determinar o cumprimento da decisão em âmbito administrativo. Nestas condições, pareceme que, a despeito das reticências que se extraem do debate travado entre Ministros da Suprema Corte, uma vez que não foi declarada a inconstitucionalidade do caput do artigo 3º, necessário distinguir que a base de cálculo, até então adstrita à receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza, passou a ser também identificada, simplesmente, como receita bruta. De fato, ao declarar a inconstitucionalidade apenas do parágrafo 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98, o Supremo Tribunal Federal não deixou outro caminho, se não o que conduz o intérprete a compreensão de que é constitucional a definição insculpida no caput do artigo. A alteração promovida pela Emenda Constitucional nº 20/98 teve por escopo justamente permitir que a receita, lato sensu, fosse alcançada pelas contribuições para o financiamento da seguridade social. Como foi observado pelo Exmo. Ministro Carlos Britto, a autorização introduzida pela Emenda autoriza, justamente, a incidência sobre as receitas que estariam especificadas no parágrafo primeiro do artigo 3º da Lei 9.718/98. A conclusão a que se chega é que depois da Lei 9.718/98 e da declaração da inconstitucionalidade do parágrafo 1º de seu artigo 3º, apenas a receita típica da pessoa jurídica e não a totalidade das receitas auferidas por ela poderiam integrar a base de cálculo das Contribuições. Quanto a isso, que se diga que não se desconhecem os diversos Acórdãos do Supremo Tribunal Federal que, depois da decisão pela inconstitucionalidade do parágrafo primeiro, fazem remissão ao conceito de faturamento que parecia pacificado antes da entrada em vigor da Lei 9.718/98, o da Lei Complementar 70/91. Sobre o assunto, imperioso pontuar que emerge inconfundível das manifestações colhidas dos votos dos Ministros que participaram dos leading case do Recurso Extraordinário 585.235, que é nítido o entendimento de que jamais pretendeuse “a constitucionalização de preconcepções doutrinárias não incorporadas expressamente no texto constitucional”, nem o reconhecimento de “um específico conceito constitucional de faturamento16“. A dedução remissiva ao status anterior da base imponível encontrada em muitos acórdãos decorre da destinação das decisões onde eles se encontram, em processos nos quais discutiase o direito do contribuinte de afastar o inconstitucional alargamento da base de cálculo e não a amplitude do conceito de faturamento que, me arrisco dizer, não foi objeto daquelas lides. 16 As duas remissões são à manifestação, antes reproduzida, do Exmo. Ministro Ilmar Galvão. Fl. 287DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 288 25 E que se diga, no caso concreto o provimento judicial, embora refirase à venda de mercadorias e prestação de serviços de qualquer natureza, acrescenta, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. Isto tudo esclarecido, que se diga, há, ainda, outras questões que merecem ser levadas em consideração. Do parágrafo 2º ao parágrafo 9º do artigo 3º, assim como na MP 2.158/01, encontramse exclusões permitidas da base de cálculo das Contribuições apuradas no Sistema Cumulativo que não fariam nenhum sentido se essa as instituições financeiras continuassem sujeitas à incidência apenas sobre as receitas provenientes da prestação de serviços stricto sensu. Outrossim, resgatando mais uma vez o arcabouço normativo histórico da Cofins, vêse que a Lei Complementar nº 70/91, ao disciplinar de maneira ampla a incidência da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, seu raio de alcance e fonte de financiamento das atividadesfins das áreas de saúde, previdência e assistência social, excluiu as instituições financeiras do pagamento da Contribuição e elevou a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido por elas devida. Lei Complementar 70/91 Art. 11. Fica elevada em oito pontos percentuais a alíquota referida no § 1° do art. 23 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, relativa à contribuição social sobre o lucro das instituições a que se refere o § 1° do art. 22 da mesma lei, mantidas as demais normas da Lei n° 7.689, de 15 de dezembro de 1988, com as alterações posteriormente introduzidas. Parágrafo único. As pessoas jurídicas sujeitas ao disposto neste artigo ficam excluídas do pagamento da contribuição social sobre o faturamento, instituída pelo art. 1° desta lei complementar. Lei 8.212/91 Art. 23. As contribuições a cargo da empresa provenientes do faturamento e do lucro, destinadas à Seguridade Social, além do disposto no art. 22, são calculadas mediante a aplicação das seguintes alíquotas: I 2% (dois por cento) sobre sua receita bruta, estabelecida segundo o disposto no § 1º do art. 1º do Decretolei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, com a redação dada pelo art. 22, do Decretolei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, e alterações posteriores; 9 II 10% (dez por cento) sobre o lucro líquido do períodobase, antes da provisão para o Imposto de Renda, ajustado na forma do art. 2º da Lei nº 8.034, de 12 de abril de 1990. 10 § 1º No caso das instituições citadas no § 1º do art. 22 desta Lei, a alíquota da contribuição prevista no inciso II é de 15% (quinze por cento). § 2º O disposto neste artigo não se aplica às pessoas de que trata o art. 25. Não somente a Lei 9.718/98, mas outras medidas legislativas que se seguiram, como fazem exemplo a MP 2.158/01 e, mais tarde, as Leis 10.637/03 e 10.833/03, que introduziram o Sistema NãoCumulativo das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, Fl. 288DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 289 26 revisaram o Sistema de financiamento da Seguridade Social, incluindo as instituições bancárias no rol de contribuintes sujeitos ao recolhimento da exação fiscal. Vejase. Se o que se discute é a possibilidade de que estejam extirpados do ordenamento jurídico todas as disposições normativas introduzidas pelo artigo 3º da Lei 9.718/98 e MP 2.158/01, então haveria de se estar faltando em exclusão total do pagamento da Cofins, uma vez que a revogação tácita do parágrafo único do artigo 11 da Lei Complementar 70/91 decorre das disposições introduzidas pelo artigo 3º da Lei 9.718/98 e MP 2.158/0117. Já no que concerne à alteração introduzida recentemente pela Lei 12.973/04 e a correspondente exposição de motivos, importante observar que se trata de uma inovação na definição da receita bruta que alcança a base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins e Contribuição para o PIS/Pasep, essas duas últimas, também quando calculadas no Sistema NãoCumulativo de apuração. A exposição de motivos não deixa claro para qual desses tributos e contribuições estarseia passando a tributar fato gerador novo, inaugural no mundo jurídico tributário. A despeito disso, não há como interpretar que a Lei tenha encerrado a questão da incidência ou não das Contribuições sobre o spread bancário para fato geradores anteriores a sua entrada em vigor. As manifestações colhidas da mais alta instância da jurisdição brasileira mostram que tratase de um assunto em aberto, que será decidido apenas quando com o trânsito em julgado do Recurso Extraordinário nº 609096. De resto, não será demais acrescentar que o vernáculo serviço, cujo produto da venda é base de cálculo das Contribuições, admite múltiplas concepções. No âmbito do Acordo Geral sobre Comércio e Serviços – GATS, por exemplo, o spread bancário é textualmente incluído no rol de atividades designadas como tal. De fato, não há como afirmar que a inclusão da atividade bancária no conceito de serviços seja uma violação a preceitos constitucionais ou ao ordenamento jurídico pátrio. A palavra serviço amoldase muito bem às mais diferentes atividades. Muito diferente é o que ocorre, por exemplo, com a atividade de locação. Como apontado pelo Ministro Cesar Peluso, justamente no votovista em que propôs a inclusão de todas as receitas decorrentes da atividade típica da pessoa jurídica na base de cálculo das Contribuições, “a Corte julgou inconstitucional a exigência de imposto sobre serviços na ‘locação de bens móveis’, por delirar do conceito de serviços pressuposto pela Constituição na outorga de competência aos municípios. Da ementa consta: RE 116.1213 “TRIBUTO FIGURINO CONSTITUCIONAL. A supremacia da Carta Federal é conducente a glosarse a cobrança de tributo discrepante daqueles nela previstos. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS CONTRATO DE LOCAÇÃO. A terminologia constitucional do Imposto Sobre Serviços revela o objeto da tributação. Conflita com a Lei Maior dispositivo que imponha o tributo considerado contrato de locação de bem móvel. Em direito, os institutos, as expressões e os vocábulos têm sentido próprio, descabendo confundir a locação de serviços com a de móveis, praticas diversas regidas pelo Código Civil, cujas definições são de observância inafastável art. 110 do Código Tributário Nacional.” 17 Como disse antes, faço remissão à Cofins mesmo que o assunto dos autos restrinjase ao PIS. Fl. 289DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10675.906646/200960 Acórdão n.º 9303002.977 CSRFT3 Fl. 290 27 Por todo o exposto, meu VOTO é por negar provimento ao Recurso Especial. Ricardo Paulo Rosa Fl. 290DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado di gitalmente em 14/10/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
score : 1.0
Numero do processo: 10980.001764/2004-11
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/1999 a 31/12/2002
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRESENTAÇÃO INTEMPESTIVA. NÃO CONHECIMENTO.
O Recurso Voluntário apresentado fora do prazo estipulado pela legislação em vigor, não pode ser conhecido para julgamento.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3801-003.884
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, não conhecer o recurso por intempestivo.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, não conhecer o recurso por intempestivo. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
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RECURSO VOLUNTÁRIO. APRESENTAÇÃO INTEMPESTIVA. NÃO CONHECIMENTO. O Recurso Voluntário apresentado fora do prazo estipulado pela legislação em vigor, não pode ser conhecido para julgamento. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, não conhecer o recurso por intempestivo. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 17 64 /2 00 4- 11 Fl. 786DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10980.001764/200411 Acórdão n.º 3801003.884 S3TE01 Fl. 3 2 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 0642.115, de 10/07/2013, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba DRJ/CTA, que julgou improcedente em parte impugnação apresentada contra auto de infração formalizado para exigência de contribuição para o PIS/Pasep e consectários legais. A ementa do acórdão recorrido é a seguinte: “ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/2002 ANULAÇÃO. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. REALIZAÇÃO DE NOVO JULGAMENTO. Tendo o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF anulado decisão anterior de primeira instância é de se proceder a novo julgamento. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1994 a 28/02/1999 LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. Declarada a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n.º 8.212, de 1991, por meio da Súmula Vinculante nº 8, editada pelo STF, e havendo pagamentos de PIS/Pasep, ainda que parciais, deve ser observado o prazo qüinqüenal de decadência, estabelecido no art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional. Período de apuração: 01/03/1999 a 31/12/2002 BASE DE CÁLCULO. DESCONTOS FINANCEIROS. EXCLUSÃO. DESCABIMENTO. É incabível a exclusão da base de cálculo da contribuição referente a descontos que não foram concedidos incondicionalmente. Impugnação Procedente em Parte” A contribuinte foi cientificada da decisão de primeira instância em 19/07/2013, fl. 761 do eprocesso, e apresentou o recurso voluntário em 22/08/2013, fl 767 do eprocesso, no qual contesta a inclusão do ICMS na base de cálculo da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep e ataca a exigência de multa de ofício de 75%, por considerála contrária ao princípio do não confisco, logo, inconstitucional. Fl. 787DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10980.001764/200411 Acórdão n.º 3801003.884 S3TE01 Fl. 4 3 Nada foi dito contra a incidência da contribuição sobre descontos concedidos, que é a matéria discutida no processo. É o relatório. Fl. 788DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10980.001764/200411 Acórdão n.º 3801003.884 S3TE01 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. O Recurso Voluntário não pode ser conhecido, porque é intempestivo. A ciência da decisão recorrida se deu em 19/07/2013, sextafeira, de sorte que o prazo para apresentação do recurso iniciouse em 22/07/2013, segundafeira, e venceuse em 20/08/2013, terçafeira, dois dias antes da apresentação do recurso voluntário, que ocorreu em 22/08/2013, quintafeira. Não há nos autos nenhuma informação sobre possível evento que deslocasse o termo para o vencimento do prazo. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba confirmou a intempestividade e formalizou o termo de perempção que se encontra à folha 765. Logo, não foi atendido o prazo previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 6/3/1972, que estabelece ser cabível recurso voluntário contra decisão de primeira instância administrativa dentro dos 30 (trinta) dias seguintes à ciência da decisão. Não atendido este prazo, o recurso não pode ser conhecido, conforme decidiu esta turma no julgamento do processo nº 10865.721729/201168, do qual resultou o acórdão nº 3801001.790, de 20/3/2013, relatado pela Conselheira Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, cuja ementa é a seguinte: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 05/05/2008 RECURSO VOLUNTÁRIO. APRESENTAÇÃO INTEMPESTIVA. NÃO CONHECIMENTO. O Recurso Voluntário apresentado fora do prazo estipulado pela legislação em vigor, não pode ser reconhecido para julgamento. Recurso Voluntário Não Conhecido.” Pelo exposto, com fundamento no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, voto por não se conhecer o recurso voluntário, mantendose na íntegra a decisão proferida pela DRJ/CTA. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Fl. 789DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10980.001764/200411 Acórdão n.º 3801003.884 S3TE01 Fl. 6 5 Fl. 790DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 13982.000135/2010-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
MULTA QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE
A multa qualificada prevista no § 1º, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96, exige a efetiva comprovação da ocorrência dolosa de umas figuras descritas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964.
Numero da decisão: 1301-001.517
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Ausente, justificadamente o Conselheiro Paulo Jakson da Silva Lucas, presente o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado (Substituto Convocado).
(assinado digitalmente)
Valmar Fonseca de Menezes
Presidente
(assinado digitalmente)
Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior
Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes, Wilson Fernandes Guimarães, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Substituto Convocado), Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
Nome do relator: EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 MULTA QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE A multa qualificada prevista no § 1º, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96, exige a efetiva comprovação da ocorrência dolosa de umas figuras descritas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Ausente, justificadamente o Conselheiro Paulo Jakson da Silva Lucas, presente o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado (Substituto Convocado). (assinado digitalmente) Valmar Fonseca de Menezes Presidente (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes, Wilson Fernandes Guimarães, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Substituto Convocado), Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 2. 00 01 35 /2 01 0- 91 Fl. 294DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/10/2014 p or VALMAR FONSECA DE MENEZES 2 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte acima identificada, contra decisão proferida pela 3ª Turma da DRJ em Florianópolis/SC. Extraise do presente processo administrativo que em desfavor da ora recorrente foram lavrados autos de infração relativos ao IRPJ e à CSLL atinente ao ano calendário 2008, impondo glosa a determinados custos deduzidos da apuração do resultado da contribuinte. De acordo com o disposto no Termo de Verificação Fiscal (fls. 123/131), o contribuinte é atuante no ramo de fabricação de produtos de laticínios e no comércio de cereais, suínos vivos e outras mercadorias da atividade agropecuária, e procedeu indevidamente à contabilização de custos que repercutiram negativamente em seus resultados e, consequentemente, reduziram a apuração do IRPJ e da CSLL devidos. Foram dois os eventos descritos como contabilizados de forma contrária ao disposto na legislação tributária: i) cômputo do Custo de Mercadorias Vendidas referente à venda de milho. Neste caso, o contribuinte teria levado à conta de custos todo o estoque de milho registrado em 31/03/2008 (R$ 652.524,76), a título de baixa de estoque (perda por deteriorização) sem observar os dispositivos legais pertinentes a esta situação. Como consequência da glosa destes custos, lançaramse IRPJ e CSLL, com multa qualificada de 150%; ii) cômputo do custo de reajuste na aquisição de suínos. Neste caso, o contribuinte teria levado à conta de custos, em 31/12/2008, o valor de R$ 4.102.581,99 alegando tratarse de “incentivo de produção, tipificação de carcaça, fidelidade e índice de “performance”, creditados aos produtores de suínos”. Porém, o contribuinte não teria comprovado sua alegação por meio de documentação hábil e idônea, conforme previsto na legislação. Tendo sido também glosado este custo, houve lançamento de IRPJ e CSLL, com multa qualificada de 150%. Apontou a Fiscalização que a legislação fiscal aplicável tanto ao imposto de renda como à contribuição social sobre o lucro líquido exige que a determinação do lucro real não pode prescindir de documentação hábil e idônea que confira ao registro contábil a garantia mínima dos seus efeitos tributários. Nesse sentido, os custos ou despesas operacionais somente serão dedutíveis na apuração do lucro real, desde que efetivos e se atendidas as condições gerais de dedutibilidade estabelecidas em lei, como necessidade, normalidade e comprovação por documentação hábil e idônea. Registouse que regularmente intimada, competia à contribuinte apresentar a documentação hábil e idônea, apta a comprovar, além de que as despesas foram contratadas, assumidas e pagas, que correspondam a bens e serviços efetivamente recebidos, e que esses bens e serviços eram necessários, normais e usuais na atividade da empresa, mencionando que para um custo ser aceito como dedutível, tem que se comprovar que o bem e/ou serviço correspondente foi contratado formalmente, que houve o desembolso, e que o dispêndio corresponde à contrapartida de algo recebido e que, por isso mesmo, torna o pagamento devido. Fl. 295DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/10/2014 p or VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 13982.000135/201091 Acórdão n.º 1301001.517 S1C3T1 Fl. 3 3 Entendeu a Fiscalização ser hipótese de aplicarse a multa qualificada de 150%, prevista no art. 44, §1º da Lei 9.430/96, haja vista a conduta adotada pelo contribuinte a qual teve por desiderato impedir o conhecimento por parte da administração tributária do total das exações devidas, porquanto declarou na DIPJ 's respectiva (fls. 82 a 106), valores inferiores ao efetivamente devido e teria prestado informação falsa à administração tributária, haja vista que nas DCTF's respectivas, (fls.118 a 121), constam débitos inferiores ao efetivamente devido pela autuada, sendo que a inserção em sua contabilidade de elementos inexatos, visto que, como já demonstrado, o contribuinte utilizouse de custos fictícios a fim de reduzir o seu resultado tributável. Esclareceuse que, principalmente por meio das DCTF, é que a Administração Tributária se instrumentaliza a fim de cobrar coercitivamente (judicialmente) os tributos sujeitos a lançamento por homologação que lhes são devidos e que a inércia do contribuinte fez com que o Estado tivesse de movimentar sua máquina de fiscalização a fim de detectar tais omissões sob pena de ver perecer o seu direito, sendo que na omissão do contribuinte ou na prestação de informações falsas que reside a fraude que justifica o percentual da multa ora aplicada, visto que, por meio destas condutas, o contribuinte se esconde na esperança de que o Fisco nada descubra, e assim não possa exercer o seu direito (constituir o crédito tributário) no prazo decadencial, acarretando assim prejuízos aos cofres públicos. A contribuinte apresentou Impugnação versando, exclusivamente, insurgência contra a multa qualificada e aplicada no caso da glosa de custo de reajuste na aquisição de suínos (contabilização de custo, em 31/12/2008, no valor de R$ 4.102.581,99), argumentando ter agido espontaneamente de forma cooperativa e com boafé durante o procedimento fiscalizatório, adimplindo os prazos estabelecidos pela autoridade fiscal sem recorrer a subterfúgios protelatórios. Entende que o fato de ter requerido, na data do protocolo da impugnação, o parcelamento do crédito tributário excedente aos valores impugnados e ter impugnado somente matéria sobre a qual “efetivamente” lhe respalda o direito e não ter se utilizado da fase recursal como mera protelação da exigência, corroboraria sua boafé. Seguiu arrazoando que sempre agiu com a mais estrita boafé durante todo o lapso temporal do procedimento fiscal iniciado, tendo em vista de que sempre cumpriu rigorosamente com os pedidos e prazos fixados pela autoridade fiscal e nunca manteve nenhuma intenção protelatória. Se não bastassem tais fatos, calha destacar que a empresa impugnante, na data do protocolo desta impugnação, já efetivou o parcelamento do crédito tributário excedente aos valores impugnado, ou seja, acatou o procedimento fiscal e está assumindo a obrigação tributária, a fim de saldar os débitos constatados. A fim de demonstrar a sua boafé, citou o art. 151, inciso III, do CTN, e aduziu que sabidamente inúmeras pessoas jurídicas, bem como físicas, agem com notória máfé quando da intimação de um auto de infração, em vista de que protocolam recursos administrativos, impugnando o crédito tributário em sua totalidade, sem nenhuma fundamentação jurídica, a fim de apenas protelar o pagamento e adiar as sanções administrativas. Assim sendo, deveria se observar que não possui intenção nenhuma de burlar a legislação tributária existente, demonstrando a mais pura boafé objetiva em realizar a impugnação e requerendo apenas o que é de direito, sem retardar o mesmo protelar o procedimento fiscal. Ressaltou que a empresa impugnante nunca agiu com máfé quando do recolhimento dos valores aos cofres públicos, mas sim, apenas efetivou recolhimentos a menor, mediante erro, sem intenção de sonegar ou mesmo infringir a legislação tributária, pois se Fl. 296DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/10/2014 p or VALMAR FONSECA DE MENEZES 4 houvesse a intenção de burlar a legislação tributária, jamais estaria parcelando o crédito tributário existente, pois poderia usufruir de uma benesse da legislação tributária (art. 151, III, do CTN). Diante disso, postulou pela consideração da boafé objetiva e aduziu que sua impugnação não abarca a multa de 150% aplicada aos fatos geradores do primeiro trimestre de 2008 (relacionadas à contabilização da perda do estoque de milho como custo), porquanto o pagamento da multa não poder sujeitarse aos benefícios constantes da Lei 11.941/2009, porquanto eles, benefícios, só se aplicavam a débitos com o Tesouro Nacional vencidos até 30 de novembro de 2008, o que excluiu a possibilidade da inclusão do débito impugnado, cujo vencimento se deu em 31 de dezembro de 2012. Tornou a dizer que por este motivo não apresentou impugnação à multa referente ao primeiro trimestre de 2008, para poder enquadrála no benefício da Lei 11.941/2009, encontrandose aquele período devidamente parcelada. Em suma, a contribuinte somente apresentou impugnação em relação à multa de ofício qualificada que não pôde ser objeto das condições especiais de parcelamento concedidas pela Lei 11.941/2009. Teceu considerações acerca da função social da empresa, e refutou os motivos que fundamentaram a qualificação da multa. A 3ª Turma da DRJ em Florianópolis/SC, nos termos do acórdão e voto de folhas 223 em diante, julgou o lançamento procedente, reconhecendo, em síntese, a hipótese de qualificação da multa aplicada. Devidamente notificada da decisão desfavorável, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando todos os fundamentos já relatados. É o relatório. Fl. 297DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/10/2014 p or VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 13982.000135/201091 Acórdão n.º 1301001.517 S1C3T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr., Relator. O Recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos de recorribilidade. Admitoo para julgamento. Conquanto bem descrito no relatório acima minudenciado, o qual integra o presente voto para todos os fins, impende delimitar objetivamente os limites do enfretamento nesta sede, considerada a matéria submetida à apreciação. Neste propósito, registrese que as parcelas não impugnadas foram transferidas para processos administrativos distintos, conforme Termo de folhas 208 e 209, de sorte que apenas a qualificação da multa, relacionada à glosa de custos de reajuste na aquisição de suínos, descrito pelo contribuinte como sendo gastos com pagamento de “incentivo de produção, tipificação de carcaça, fidelidade e índice de “performance”, creditados aos produtores de suínos” é que será objeto de enfrentamento. Seguramente as alegações de boafé, de parcelamento do valor principal e de parte da multa aplicada, esbarram na dita responsabilidade tributária objetiva, estatuída no artigo 136 do Código Tributário Nacional, consagrador de que “salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato”. Sendo assim, a boafé, ou o pronto atendimento à Fiscalização, não são excludentes da responsabilidade por infrações à legislação tributária, ao menos não pura e simplesmente. Se a boafé não tem o condão de afastar a responsabilidade objetiva, por outro lado não se pode olvidar que se está diante de multa qualificada ao patamar de 150 %, prevista no art. 44, §1º da Lei 9.430/96, que exige comprovação de uma das figuras delituosas contidas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64, ou seja, se não é dado ao contribuinte alegar meramente a boafé, não é igualmente legítimo ao Fisco reputarlhe apenas a máfé. Confirase a base legal sobre a qual repousa a penalidade aplicada, extraída da Lei nº. 9.430/96: Art. 44.Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: [...] § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. [...] Sendo necessário procederse essa investigação, para qualificação da multa, importa perquirir as exatas imputações da Fiscalização, de sorte que se apresenta oportuna a Fl. 298DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/10/2014 p or VALMAR FONSECA DE MENEZES 6 transcrição do seguinte trecho do Termo de Verificação Fiscal, coincidentemente transcrito pela decisão recorrida e constante da folha 126 em diante: [...] Por meio do Termo de Intimação Fiscal no 001, (Fls.27) o contribuinte foi instado, em relação a este lançamento contábeis, a comprovar com documentos hábeis e idôneos a efetiva aquisição de suínos, bem como a juntada das respectivas Notas Fiscais de Entrada destes produtos. Em resposta, o contribuinte carreou o expediente de Fls. 38 no qual alega que o valor de R$ 4.102.581,99 lançado em 31/12/2008 se refere a incentivo de produção, tipificação de carcaça, fidelidade e índice de "performace", valores estes creditados aos produtores de suínos indicados em seu ANEXO (Fls. 39 a 44) referente toda a comercialização efetuada por estes produtores junto à autuada durante o ano de 2008. Nenhuma Nota Fiscal de Entrada referente estes supostos reajustes nos foi apresentada. Diante desta resposta, por meio do Termo de Intimação Fiscal no 002, (Fls.28) o contribuinte foi novamente instado, em relação a este lançamento contábil, a informar o CPF e o endereço completo destes produtores de suínos. Em resposta, o contribuinte carreou o expediente de Fls. 45 com o anexo de Fls. 46 a 50. A resposta do contribuinte não está lastreada em documentos hábeis e idôneos previstos na legislação, ou seja, a autuada alega ter efetuado uma reajuste de preço sobre os suínos adquiridos durante o ano de 2008 relacionados em seu ANEXO de Fls.39 a 44, entretanto, a primeira providência a ser tomada nestes casos era a emissão da respectiva Nota Fiscal de Entrada (reajustamento de preço), como determina o Regulamento do ICMS/SC aprovado pelo Decreto 2.870, de 27/08/2001 em seu ANEXO V como segue: [...] Portanto como pode ser verificada na fundamentação acima, a autuada deveria ter emitido as respectivas Notas Fiscais de Entrada caso tivesse efetivamente efetuado o tal reajuste e ou incentivo. Não bastasse isso, analisando as Notas Fiscais de Entrada referente aquisição de suínos no ano de 2008 sobre as quais a autuada alega ter efetuado reajuste e, confrontando com os supostos produtores rurais que teriam reajuste arrolado no ANEXO Fls. 46 a 50, constatamos que grande parte destes produtores com direito a este reajuste nem sequer vendeu suínos durante o ano de 2008. Como então atribuir reajuste se estes produtores nem sequer Fl. 299DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/10/2014 p or VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 13982.000135/201091 Acórdão n.º 1301001.517 S1C3T1 Fl. 5 7 comercializaram com a autuada? Por fim, muitos destes "supostos" produtores de suínos arrolados neste no ANEXO nem sequer são produtores de suínos, os quais residem no período urbano da cidade de São João do Oeste e são aposentados. [...] Especificamente acerca da qualificação da multa, em trecho mais adiante, a Fiscalização reputou a penalização em 150% ante “a inserção em sua contabilidade de elementos inexatos, visto que, como já demonstrado, o contribuinte utilizou se de custos fictícios a fim de reduzir o seu resultado tributável”. Estivéssemos aqui a julgar a viabilidade de deduzirse as tais despesas seguramente se esbarraria nos atributos da dedutibilidade, porém, o escopo desta apreciação, como dito à exaustão, é rigorosamente diverso, precisase extrair destas mesmas imputações e deste mesmo quadro fático, uma das figuras delituosas contidas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64, situação que me parece absolutamente impraticável. A prevalecer a tese da Fiscalização de que “a inserção na contabilidade de elementos inexatos” gera multa qualificada, implicaria na inconcebível conclusão de que a toda e qualquer glosa de despesas se deveria impor a pena agravada. Não se vê nos autos a necessária comprovação de evidente intuito de fraude, conluio ou sonegação, ao contrário, a contribuinte valeuse de determinada despesa para reduzir sua base de cálculo, vindo o Fisco a glosarlhe a dita dedutibilidade, sem com isso, desincumbirse de caracterizar a hipótese de majoração da multa de ofício. Em vista de todo o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao Recurso Voluntário para os fins de reformar a decisão recorrida e assentar ser descabida a multa qualificada ao patamar de 150%, devendo incidir a multa de ofício regulamentar de 75%. Sala das Sessões, em 07 de maio de 2014. (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior. Fl. 300DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 20/09/2014 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/10/2014 p or VALMAR FONSECA DE MENEZES
score : 1.0
Numero do processo: 11007.000415/2002-18
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 30 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/1997 a 31/12/1997
Ementa:
LANÇAMENTO ELETRÔNICO. DCTF. MOTIVAÇÃO INCONSISTENTE. CANCELAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO.
Deve ser cancelado o auto de infração quando a motivação do lançamento (proc jud não comprova) não se mostrou verdadeira, notadamente em face do conteúdo fático-probatório trazido aos autos.
Recurso Especial do Procurador Negado
Numero da decisão: 9303-003.006
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso especial. Vencido o Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, que dava provimento.
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente Substituto
Rodrigo Cardozo Miranda - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Nanci Gama, Rodrigo da Costa Pôssas, Rodrigo Cardozo Miranda, Joel Miyazaki, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva, Ricardo Paulo Rosa (Substituto convocado), Fabiola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martinez López e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente Substituto). Ausentes, justificadamente, o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, a teor do Memo. PRES/CARF S/N°, de 27 de maio de 2014, e o Conselheiro Otacilio Dantas Cartaxo (Presidente).
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/1997 a 31/12/1997 Ementa: LANÇAMENTO ELETRÔNICO. DCTF. MOTIVAÇÃO INCONSISTENTE. CANCELAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO. Deve ser cancelado o auto de infração quando a motivação do lançamento (“proc jud não comprova”) não se mostrou verdadeira, notadamente em face do conteúdo fáticoprobatório trazido aos autos. Recurso Especial do Procurador Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso especial. Vencido o Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, que dava provimento. Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente Substituto Rodrigo Cardozo Miranda Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Nanci Gama, Rodrigo da Costa Pôssas, Rodrigo Cardozo Miranda, Joel Miyazaki, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva, Ricardo Paulo Rosa (Substituto convocado), AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 00 7. 00 04 15 /2 00 2- 18 Fl. 289DF CARF MF Impresso em 30/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 13/09/2 014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS 2 Fabiola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martinez López e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente Substituto). Ausentes, justificadamente, o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, a teor do Memo. PRES/CARF S/N°, de 27 de maio de 2014, e o Conselheiro Otacilio Dantas Cartaxo (Presidente). Relatório Cuidase de recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional (fls. 198 a 211) contra o v. acórdão proferido pela Colenda Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 186 a 193) que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário para cancelar o lançamento. O lançamento consubstanciado no auto de infração eletrônico de fls. 23 a 30 diz respeito a crédito tributário relativo à COFINS, multa de ofício e juros de mora, em razão da falta de recolhimento do tributo no período de apuração de 01/07/1997 a 31/12/1997, detectada em auditoria interna de DCTF. Tal falta de recolhimento seria decorrente de declaração inexata, pois o processo judicial que teria dado azo ao crédito compensável não foi comprovado (“Proc jud não comprova”), conforme fls. 26. Não haveria, assim, crédito vinculado ao contribuinte. A Colenda Turma a quo cancelou o lançamento porquanto o motivo da lavratura do auto de infração, qual seja, a falta de comprovação do processo judicial, restou afastada quando o contribuinte comprovou a existência da Ação Ordinária nº 95.17005385, a qual deu origem à Apelação Cível nº 96.04.399527, que tramitou pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A ementa do v. acórdão ora recorrido é a seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL — COFINS Período de apuração: 01/07/1997 a 31/12/1997 LANÇAMENTO. FUNDAMENTAÇÃO EM FALTA DE COMPROVAÇÃO DE PROCESSO JUDICIAL. DEMONSTRAÇÃO DA REGULARIDADE DO PROCESSO JUDICIAL. IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO. O lançamento motivado em "declaração inexata" em razão de "processo judicial não comprovado" deve ser julgado improcedente, caso o contribuinte comprove a existência e regularidade do processo judicial e, portanto, da situação do crédito tributário corretamente declarado na DCTF. Recurso Voluntário Provido (grifos e destaques nossos) Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs o já mencionado recurso especial, apontando, em síntese, com base em alegada divergência jurisprudencial, que o lançamento deve ser mantido, porquanto o principal fundamento da autuação estava perfeitamente caracterizado e demonstrado, qual seja o relativo à inexistência de créditos compensáveis, não Fl. 290DF CARF MF Impresso em 30/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 13/09/2 014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS Processo nº 11007.000415/200218 Acórdão n.º 9303003.006 CSRFT3 Fl. 284 3 havendo que se falar em cerceamento ao direito de defesa do contribuinte, cujas manifestações demonstraram compreender com inteireza os fundamentos da autuação. O recurso especial foi admitido através do r. despacho de fls. 232 a 234. Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, Relator Presentes os requisitos de admissibilidade, entendo que o presente recurso especial merece ser conhecido. No que tange ao mérito, o v. acórdão recorrido não merece qualquer reparo. Com efeito, o Ilustre relator do v. acórdão recorrido, Conselheiro Leonardo Siade Manzan, seguido à unanimidade pelos membros do Colegiado a quo, foi certeiro. Nesse sentido, pedese vênia para transcrever trecho do voto condutor, verbis: (...) Conforme relato supra, tratam os presentes autos de auto de infração eletrônico, o qual efetuou o lançamento de valores referentes á. falta de recolhimento da Cofms, por terem sido declaradas informações inexatas, decorrente de compensação realizada com base em processo judicial não comprovado. No entanto, em sua impugnação, a contribuinte comprovou a existência da Ação Ordinária n° 95.17005385, a qual deu origem à Apelação Cível n° 96.04.399527, que tramitou pelo TRF da 4a Região. Diante de tal comprovação, a DRJ em Santa Maria/RS manteve o lançamento com fundamento diverso, qual seja, a realização de compensação sem trânsito em julgado da ação judicial que reconhecia o direito creditório. Por ser o contexto fático de todo semelhante ao dos presentes autos e por concordar com as razões expendidas no voto condutor do Recurso n.° 134.467, com a devida vênia, transcrevoas: Tratase de auto de infração originário de "auditoria interna nas DCTF", realizada eletronicamente. Os fatos descritos apontam “falta de recolhimento ou pagamento do principal, declaração inexata, conforme demonstrativo em anexo". No demonstrativo a que se refere a "descrição dos fatos", consta a informação da Fl. 291DF CARF MF Impresso em 30/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 13/09/2 014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS 4 seguinte "ocorrência": "processo judicial não comprovado. Deste modo, concluise que o lançamento decorreu da suposta falta de comprovação da existência e regularidade do processo judicial n" 95.370565, relativo aos créditos tributários declarados pelo Contribuinte em sua DCTF. Cumpre observar que o lançamento foi efetuado em decorrência de auditoria eletrônica, não tendo havido qualquer intimação ao Recorrente para que comprovasse a regularidade do que havia declarado em sua DCTF em relação ao processo judicial. Ocorre que, com a apresentação da impugnação, a Recorrente comprovou que o processo judicial existia de forma regular, pelo que não houve "declaração inexata", ao contrario, a DCTF expressava a real condição do crédito tributário. Deste modo, é improcedente o presente lançamento, já que não houve a apontada "declaração inexata" que motivou a lavratura do auto de infração. Portanto, correto o procedimento adotado pela contribuinte de declarar na DCTF que o crédito tributário estava com a exigibilidade suspensa, nos termos de decisão judicial, pelo que mostrase improcedente o lançamento de oficio. A este respeito, destaco trecho do voto da Cons. Nayra Bastos Manatta, condutor da decisão unânime proferida por esta Câmara: O lançamento foi efetuado sob a acusação de falta de recolhimento ou pagamento do principal, declaração inexata'. Todos os argumentos trazidos pela recorrente na fase impugnatória objetivavam comprovar a existência de ação judicial interposta pela empresa que a autorizou a realizar compensações, tendo sido exatamente este o procedimento efetuado pela recorrente, razão pela qual não houve falta de pagamento ou declaração inexata. Todavia a decisão de primeira manteve o lançamento sob o seguinte argumento, qual seja: a contribuinte não poderia ter efetuado a compensação antes do trânsito em julgado da referida ação judicial. Entretanto o que se observa dos documentos trazidos aos autos é que a contribuinte possui sentença, proferida em sede de Mandado de Segurança, autorizandolhe a compensar os valores Fl. 292DF CARF MF Impresso em 30/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 13/09/2 014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS Processo nº 11007.000415/200218 Acórdão n.º 9303003.006 CSRFT3 Fl. 285 5 recolhidos indevidamente a titulo do PIS com débitos do próprio PIS. Desta forma o procedimento adotado pela empresa de efetuar as compensações, informandoas em DCTF e citando o processo judicial que as amparava foi o correto. (Ac. 20401.685, sessão de 22/08/2006). Cumpre destacar que a fundamentação do lançamento na suposta "declaração inexata", que, conforme comprovado pelos documentos trazidos aos autos, não restou configurada, tem como conseqüência a improcedência do lançamento e não a sua anulação por vicio formal. Os vícios formais que poderiam ensejar a anulação do lançamento se configurariam nos casos de descumprimento de um dos requisitos previstos no art. 10 do Decreto n" 70.235/72. No presente caso, ao contrário, é improcedente a fundamentação de "declaração inexata”. Assim, a presente decisão não terá o condão de reabrir o prazo para que a Fazenda constitua o crédito tributário. Com estas considerações, voto no sentido de dar provimento ao recurso cancelar a exigência, tendo em vista que restou comprovada a improcedência da .fundamentação do auto de infração pela suposta "declaração inexata", já que as informações constantes da DCTF da Recorrente foram corretamente declaradas. CONSIDERANDO os articulados precedentes e tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de dar provimento ao presente Recurso Voluntário, nos termos acima expendidos. É o meu voto. (grifos e destaques nossos) Correta, portanto, a r. decisão recorrida ao determinar o cancelamento da autuação. Acrescento, ainda, que o fundamento da autuação, qual seja, o “proc jud não comprova”, não se mostrou verdadeiro, pois o contribuinte juntou aos autos e demonstrou a existência do processo. Nesse sentido, especificamente na hipótese ora em apreço, pouco importa se os créditos tributários em discussão não estavam com sua exigibilidade suspensa, ou mesmo que não havia decisão transitada em julgado. Não foi esse o fundamento da autuação. Portanto, para afastar o fundamento da autuação, bastava comprovar a existência do processo judicial, o que foi feito a contento. Por conseguinte, em face de todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da Fazenda Nacional. Fl. 293DF CARF MF Impresso em 30/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 13/09/2 014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS 6 Rodrigo Cardozo Miranda Fl. 294DF CARF MF Impresso em 30/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 13/09/2 014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10783.720605/2010-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 28 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Ano-calendário: 2008
NULIDADE. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. INEXISTÊNCIA.
Sendo suficiente a prova trazida na autuação, permitindo a defesa, não há nulidade processual. A possível insuficiência probatória não se relaciona à nulidade, mas a eventual insubsistência da autuação.
NULIDADE. INDEFERIMENTO PERÍCIAS E DILIGÊNCIAS DESCABIMENTO - É descabida a decretação de nulidade de decisão que denegou o pedido de diligência, posto que tal indeferimento ou deferimento do pedido de realização de perícia ou diligência depende do livre convencimento da autoridade julgadora, nos termos da processualística fiscal, sobretudo quando os autos estão a demonstrar a sua prescindibilidade.
DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO CONVERTIDA EM MULTA.
Considera-se dano ao Erário a interposição fraudulenta na operação de importação, quando a escrita contábil não serve para comprovação da origem dos recursos, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas APLICAÇÃO DAS MULTAS DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO E POR CEDER O NOME COM VISTAS AO ACOBERTAMENTO DE SEUS REAIS INTERVENIENTES OU BENEFICIÁRIOS. CABIMENTO DA CUMULATIVIDADE.
A Lei n.º 11.488/2007, art. 33, atribuiu penalidade pecuniária dirigida diretamente àquele que cedeu o seu nome para acobertar a operação de comércio exterior de terceiros, não se tratando, pois, de abrandamento de uma penalidade para determinada infração, mas a introdução da aplicação de uma penalidade pecuniária diretamente sobre o agente da ação, independentemente da aplicação da pena de perdimento da mercadoria (ou multa caso a mesma não seja localizada ou tenha sido consumida), não se falando, portanto, de retroação mais benigna de lei.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-002.761
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas e Alexandre Gomes, que davam provimento parcial para reduzir a multa para o percentual de 10%.
(Assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente.
(Assinado digitalmente)
MARIA DA CONCEIÇÃO ARNALDO JACÓ Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Gileno Gurjão Barreto (Vice-Presidente); Fabíola Cassiano Keramidas, , Alexandre Gomes, Paulo Guilherme Deroulede e Maria da Conceição Arnaldo Jacó.
Nome do relator: MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO
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ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Ano-calendário: 2008 NULIDADE. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. INEXISTÊNCIA. Sendo suficiente a prova trazida na autuação, permitindo a defesa, não há nulidade processual. A possível insuficiência probatória não se relaciona à nulidade, mas a eventual insubsistência da autuação. NULIDADE. INDEFERIMENTO PERÍCIAS E DILIGÊNCIAS DESCABIMENTO - É descabida a decretação de nulidade de decisão que denegou o pedido de diligência, posto que tal indeferimento ou deferimento do pedido de realização de perícia ou diligência depende do livre convencimento da autoridade julgadora, nos termos da processualística fiscal, sobretudo quando os autos estão a demonstrar a sua prescindibilidade. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO CONVERTIDA EM MULTA. Considera-se dano ao Erário a interposição fraudulenta na operação de importação, quando a escrita contábil não serve para comprovação da origem dos recursos, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas APLICAÇÃO DAS MULTAS DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO E POR CEDER O NOME COM VISTAS AO ACOBERTAMENTO DE SEUS REAIS INTERVENIENTES OU BENEFICIÁRIOS. CABIMENTO DA CUMULATIVIDADE. A Lei n.º 11.488/2007, art. 33, atribuiu penalidade pecuniária dirigida diretamente àquele que cedeu o seu nome para acobertar a operação de comércio exterior de terceiros, não se tratando, pois, de abrandamento de uma penalidade para determinada infração, mas a introdução da aplicação de uma penalidade pecuniária diretamente sobre o agente da ação, independentemente da aplicação da pena de perdimento da mercadoria (ou multa caso a mesma não seja localizada ou tenha sido consumida), não se falando, portanto, de retroação mais benigna de lei. Recurso Voluntário Negado.
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INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. INEXISTÊNCIA. Sendo suficiente a prova trazida na autuação, permitindo a defesa, não há nulidade processual. A possível insuficiência probatória não se relaciona à nulidade, mas a eventual insubsistência da autuação. NULIDADE. INDEFERIMENTO PERÍCIAS E DILIGÊNCIAS DESCABIMENTO É descabida a decretação de nulidade de decisão que denegou o pedido de diligência, posto que tal indeferimento ou deferimento do pedido de realização de perícia ou diligência depende do livre convencimento da autoridade julgadora, nos termos da processualística fiscal, sobretudo quando os autos estão a demonstrar a sua prescindibilidade. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO CONVERTIDA EM MULTA. Considerase dano ao Erário a interposição fraudulenta na operação de importação, quando a escrita contábil não serve para comprovação da origem dos recursos, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas APLICAÇÃO DAS MULTAS DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO E POR CEDER O NOME COM VISTAS AO ACOBERTAMENTO DE SEUS REAIS INTERVENIENTES OU BENEFICIÁRIOS. CABIMENTO DA CUMULATIVIDADE. A Lei n.º 11.488/2007, art. 33, atribuiu penalidade pecuniária dirigida diretamente àquele que cedeu o seu nome para acobertar a operação de comércio exterior de terceiros, não se tratando, pois, de abrandamento de uma penalidade para determinada infração, mas a introdução da aplicação de uma penalidade pecuniária diretamente sobre o agente da ação, independentemente da aplicação da pena de perdimento da mercadoria (ou AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 72 06 05 /2 01 0- 94 Fl. 5406DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 2 multa caso a mesma não seja localizada ou tenha sido consumida), não se falando, portanto, de retroação mais benigna de lei. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas e Alexandre Gomes, que davam provimento parcial para reduzir a multa para o percentual de 10%. (Assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. (Assinado digitalmente) MARIA DA CONCEIÇÃO ARNALDO JACÓ – Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Gileno Gurjão Barreto (VicePresidente); Fabíola Cassiano Keramidas, , Alexandre Gomes, Paulo Guilherme Deroulede e Maria da Conceição Arnaldo Jacó. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte UM INSTRUMENTOS LTDA, CNPJ 01.973.719/000171. O recurso voluntário visa desconstituir a decisão proferida em 04 de abril de 2012 pela Autoridade Julgadora de 1ª Instância Administrativa, por meio do Acórdão nº 37 28.058 1a Turma da DRJ/FNS, cujos membros, por unanimidade de votos, julgaram improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, nos termos do relatório e voto que integrou o julgado, consoante se demonstra pela ementa a seguir transcrita: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário:2008 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO CONVERTIDA EM MULTA. Considerase dano ao Erário a interposição fraudulenta na operação de importação, quando a escrita contábil não serve para comprovação da origem dos recursos, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas APLICAÇÃO DAS MULTAS DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO E POR CEDER O NOME COM VISTAS AO Fl. 5407DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.397 3 ACOBERTAMENTO DE SEUS REAIS INTERVENIENTES OU BENEFICIÁRIOS. CABIMENTO DA CUMULATIVIDADE. A Lei n.º 11.488/2007, art. 33, atribuiu penalidade pecuniária dirigida diretamente àquele que cedeu o seu nome para acobertar a operação de comércio exterior de terceiros, não se tratando, pois, de abrandamento de uma penalidade para determinada infração, mas a introdução da aplicação de uma penalidade pecuniária diretamente sobre o agente da ação, independentemente da aplicação da pena de perdimento da mercadoria (ou multa caso a mesma não seja localizada ou tenha sido consumida), não se falando, portanto, de retroação mais benigna de lei. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” Na origem trata do auto de infração de efls. 02/53, lavrado para a exigência da multa prevista no art. 23, § 3.°, do DecretoLei n.° 1.455/76, com redação dada pela Lei n.° 10.637/2002, no valor de RS 6.533.17,68. Transcrevese do Acórdão recorrido os argumentos e citações dos elementos de prova trazidos pela fiscalização que sustentaram a autuação: “1) A autuada foi incluída em procedimento especial de fiscalização nos termos da IN SRF n.º 228/2002, onde foi constatada a prática das infrações identificadas como interposição fraudulenta e utilização de documentos ideologicamente falsos nas importações realizadas através das DI’s relacionadas às fls. 04/07, todas registradas no ano de 2008. 2) A DI n.º 08/17413655 foi alvo de fiscalização, onde a importadora foi intimada a prestar esclarecimentos conforme intimação de fls. 87/88, tendo respondido às fls.123/128. Segundo a fiscalização estas informações não foram satisfatórias, o que originou o processo de perdimento de mercadorias n.º 12466.001041/201013.Alega a autoridade fiscal que nesse processo foram verificadas diversas irregularidades como a manipulação de preços e ocultação do real exportador. 3) Foi constatado que a empresa exportadora B. Brothers Cop. e a consolidadora Flier International cargo tiveram como sócio diretor o Sr. Marcelo Haddad que é sócio fundador da empresa Um Instrumentos, juntamente com sua mãe, sra. Urânia Elias Haddad (fls. 742/781). 4) De 2005 a 2009 a autuada importou por conta própria, conforme tabela às fls. 07, o montante de U$14.772.052,30, de mercadorias de diversas NCM's. Para assumir comércio de itens tão variados a autuada deveria possuir um departamento de vendas, que não possuía. Além disto, esta variedade de mercadorias é um indício da atuação de mais de um comprador especialista, que aponta para a interposição fraudulenta de Fl. 5408DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 4 terceiros. Também o fato de que um único exportador é responsável por 95% dos processos. 5) Cita outro processo administrativo de n.° 12466.002712/201055 onde foram apuradas irregularidades com o fornecedor HR Corporation, no qual foi demonstrado que a autuada nunca importou as mercadorias. 6) Demonstra a fiscalização que 91,8% das importações tiveram como exportador a empresa B. Brothers. Relata que essa empresa foi constituída inicialmente por Marcelo Haddad, tendo como diretora a esposa Sandra Maria Mora Luciano, e posteriormente substituído por Carlos Leonardo Barros. A empresa Flier teve como sóciodiretor Marcelo Haddad e foi transferida à Carlos Leonardo Barros. 7) Durante a fiscalização a autuada foi intimada a prestar esclarecimentos acerca do exportador e dos preços praticados, tendo respondido de forma não satisfatória (fls. 123/128). A fiscalização também demonstra às fls. 13 os valores importados nos anos de 1998 a 2009. Também conclui que havia vinculação entre exportador e importador. 8) Segue relatando as operações de importação por parte da Um Instrumentos, envolvendo o exportador, o consolidador estrangeiro e a captação por parte de Marcelo Haddad de pessoas físicas e jurídicas interessadas em adquirir mercadorias estrangeiras. 9) Para demonstrar os procedimentos adotados pela importadora, a fiscalização indica alguns documentos que demonstram a interposição e subfaturamento. São eles: DI 00/11608719 (fls. 806/817): indicação de outra empresa no "Notify Party" no BL; Contrato de Câmbio 05/003833 (fls. 812/817): contempla o pagamento de DI de 2000, demonstrando a despreocupação com quanto ao cumprimento de prazo de pagamento; DI's 05/00405497, 05/01780054, 05/02335771 e 05/032887436 (fls. 818/874): as mercadorias foram compradas no exterior pela empresa National Diamond, conforme faturas e as notas fiscais de venda; DI 06/08320301 (fls. 911/923): tratado em outro processo, consta segunda versão da fatura para contratação de câmbio; DI 06/13139091 (fls. 924/968): a fatura verdadeira indica outra importadora; DI 06/13678057 (fls. 969/1005): tratado em outro processo foi constatado os reais interessados nas importações; DI 05/09652586 (fls. 901/910): idem à DI anterior. 10) A fiscalização relata o início da ação fiscalizatória, a visita na sede da empresa, as intimações feitas para apresentação de documentos e o estado precário que os mesmos se encontravam arquivados, a inclusão da empresa no procedimento especial de fiscalização, indicando que as infrações foram demonstradas nos processos n.°s 12466.002712/201055, 12466.001041/201013, 12466.1042/201050, 12466.001043/201002 e 12466.000634/201054. 11) Da não comprovação da condição financeira para atuar no comércio exterior: a fiscalização traz informações fiscais elaboradas em 05/04/2007 e 31/07/2007 (fls.732/733 e 741/733) Fl. 5409DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.398 5 nos procedimentos fiscais para revisão de habilitação, onde foram constatados a insuficiência da escrituração contábil e a divergência dela com os dados apresentados nas DIPJ’s. Apresenta um quadro às fls. 26 com os dados constantes das DIPJ’s dos anoscalendário de 1998 a 2008. Alega que a contribuinte apresentou um livro diário de 2005 escriturado de forma manual, com valores totais, imprestável para verificação contábil (fls. 182/218). Em abril/2010 a autuada apresentou alguns livros contábeis, também com valores totais, sem identificação da origem, imprestável para análise da condição financeira (fls. 219/491). Não há registro individualizado das vendas, de DI, pagamento de câmbio, origem dos valores, etc... Por não ter sido comprovada a sua condição financeira e a origem dos valores envolvidos no comércio exterior, a empresa foi incluída no procedimento especial de fiscalização da IN SRF n.º 228/202. 12) Relata a fiscalização sobre a obrigatoriedade da escrituração contábil e dos livros obrigatórios que as pessoas jurídicas devem manter e que no entanto a autuada apresentou livros diários com valores totais, sem indicação de livros auxiliares, com movimentações incompatíveis com as DIPJ’s apresentadas. Destaca alguns saldos registrados no final de cada ano num quadro demonstrativo às fls. 33/34. Como os livros não estão escriturados com observância da legislação própria, os mesmo não foram considerados hábeis para comprovação da condição financeira da autuada. 13) Sujeição passiva: a empresa UM Instrumentos, comanda pelo seu sócio Marcelo Haddad simulou operações de comércio exterior, registrando a empresa B. Brothers, também comandada por Marcelo Haddad, como exportadora, quando as mercadorias foram compradas de outras diversas empresas. A UM Instrumentos assumiu a responsabilidade registrando as DI’s e Marcelo Haddad foi quem comprou as mercadorias no exterior, o principal interessado e portanto responsável pela internação das mercadorias em território nacional. São, portanto, responsáveis nos termos dos arts. 121, 124, 136, do CTN, e 603 do Regulamento Aduaneiro. 14) A fiscalização faz um resumo dos procedimentos adotados pela importadora, juntamente com a exportadora e consolidadora estrangeira. Cita algumas DI's para demonstrar a variedade de mercadorias importadas e a forma de atuação da autuada (fls. 44/46). Referese também a existência de códigos vinculados aos números das faturas, identificando os diversos processos registrados. 15) Infração 1: "ocultação do sujeito passivo, do comprador ou do responsável pela operação de comércio exterior, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta." DecretoLei n.° 1.455/76, art. 23, V, §§ 1.° e 2.°; Lei n.° 4.502/64, art. 72. A empresa declarada como exportadora (B.Brothers) é interposta pessoa jurídica no exterior, que é controlada pelo mesmo sócio da Um Instrumentos, Sr. Marcelo Fl. 5410DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 6 Haddad, que é quem compra ou manda comprar as mercadorias no exterior. As mercadorias são encaminhadas à empresa Flier que consolida e providencia o embarque para o Brasil, ocultando os reais exportadores. Com o esquema montado, as empresas se aproveitam do subfaturamento e do não recolhimento de impostos. O contribuinte não comprovou a sua condição financeira e a origem dos valores envolvidos no comércio exterior. Seus argumentos não foram comprovados documentalmente. Os livros apresentados estão contabilizados pelos totais, sem observância da legislação própria, não discriminando a movimentação contábil, incorrendo na interposição fraudulenta em relação ao real importador da mercadorias (art. 618, § 5.°, Decreto n.° 4.5453/2002). Relaciona os valores aduaneiros correspondentes às DI’s do ano de 2008 às fls. 55/56. 16) Infração 2: "falsificação ou adulteração de documento necessário ao embarque ou desembarque de mercadoria estrangeira." DecretoLei n.° 37/66, art. 105, VI.Conforme demonstrado, as operações de importação são simuladas pois omitem os reais vendedores (exportadores) e os documentos utilizados são material ou ideologicamente falsos, já que declaram que a exportadora era a empresa B.Brothers e com valores inferiores ao realmente praticados. A infração descrita motiva a aplicação da pena de perdimento.” A contribuinte foi cientificada do lançamento em 24/01/2011, por meio da Comunicação nº 003, de 2011 (efl 3518), consoante se demonstra Aviso de Recebimento –AR de efl 3519 e o responsável tributário foi cientificado em 21/01/2011, por meio do Comunicado SECAT/Vitória nº 004 (efl 3865), consoante se constata pelo Aviso de Recebimento –AR de efl 3866. O Responsável Tributário não apresentou impugnação, tendo sido, então, lavrado o Termo de Revelia de efl. 3871. A contribuinte UM INSTRUMENTOS LTDA apresentou a impugnação de e fls 3520/3595, a qual foi postada em 21/02/2011, consoante se detecta pelo o envelope de efl. 3596, apresentando seus argumentos de defesa segundo os itens a seguir destacados: “ITEMPESTIVIDADE II OS FUNDAMENTOS DA AUTUAÇÃO III. PRELIMINARES 111. 1 O CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA 111. 2 AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO ESPECÍFICA DAS IRREGULARIDADES SUPOSTAMENTE PRATICADAS NOS PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO III. 3 A PROVA EMPRESTADA E A IMPOSSIBILIDADE DE SE ESTENDER CONCLUSÕES A TODAS AS IMPORTAÇÕES DO CONTRIBUINTE IVMÉRITO A INEXISTÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA Fl. 5411DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.399 7 IV.1 A OFENSA AO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL E A CAPACIDADE FINANCEIRA DO AUTUADO E A BOAFE DA IMPUGNANTE IV. 2 A AUSÊNCIA DE OCULTAÇÃO DOS REAIS EXPORTADORES E IMPORTADORES IV. 3 AUSÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTOS MATERIAL OU IDEOLOGICAMENTE FALSOS IV. 4 A LEI N.° 11.488/2007 E A MULTA DE 10% V O PEDIDO” Ao encaminhar o processo para a Delegacia de Julgamento, o agente responsável proferiu o seguinte Despacho de efl 3872: “DESPACHO DE ENCAMINHAMENTO O contribuinte principal apresentou impugnação tempestiva, já o solidário não apresentou sendo lavrado Termo de Revelia.Isto posto, envio para julgamento..” Em face da tentativa frustrada de cientificar a contribuinte do Acórdão proferido pela DRJ pela via postal (Intimação nº 047/2012 e AR , efl. 3891 a 3893), foi a mesma cientificada do Acórdão por meio de Edital nº 083/2012, de efl 3894, afixado em 14 de maio de 2012. Em 15 de junho de 2012, a contribuinte interpôs recurso voluntário de efls 3896/4001, cujos argumentos estão distribuídos nos itens abaixo transcritos: “I – OS FUNDAMENTOS DA AUTUAÇÃO E A DECISÃO RECORRIDA III – AS RAZÕES DE REFORMA DA DECISÃO PRELIMINARES III.1. UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. FATO INCONTROVERSO. NULIDADE DO LANÇAMENTO QUE SE IMPÕE. III.2. – CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA: AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO ESPECÍFICA DAS IRREGULARIDADES SUPOSTAMENTE PRATICADAS NOS PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO III.3. – CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL: AUSÊNCIA DA ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA E INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE DILIGÊNCIA MÉRITO III.3. – A IMPROPRIEDADE DA ALEGAÇÃO DA INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA III.4 – A MULTA PREVISTA NO ART. 33 DA LEI Nº 1488/2007 Fl. 5412DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 8 IV PEDIDO A este foi apensado o processo nº 10783.720606/201039, conforme Termo de Apensação, data de emissão de 05/01/2011, atinente à representação Fiscal para fins penais. Na forma regimental, o processo foi a mim distribuído. É o relatório. Voto Conselheira MARIA DA CONCEIÇÃO ARNALDO JACÓ O recurso voluntário da contribuinte é tempestivo. E atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Para melhor clareza dos preceitos que conduzirão à decisão que será tomada no presente voto, é oportuno que se faça uma breve digressão em torno dos fatos que deram origem à presunção legal que fundamenta exigência fiscal ora combatida, consoante se extrai dos autos: Pois bem, a empresa Um Instrumentos que se encontrava habilitada para operar no comércio exterior (habilitação provisória), desde 14/03/03, solicitou, em 11/07/05, a revisão de seus limites no RADAR da Alfândega, por meio do processo n.° 12466.002553/200521,tendo sido em decorrência de tal solicitação, incluída, inicialmente em ação fiscal para revisão de credenciamento, e diligenciada. Em 05/04/2007, na análise do requerimento informa o agente fiscal que foi constatado que a empresa vinha operando em limites muito superiores não só aos modestos US$ 19,800.00 semestrais, para os quais estava habilitada, como também aos novos valores propostos nos anexos à IN 455/2004. No decorrer do procedimento inicial, foram efetuadas diligências levada a efeito na sede social da empresa, na sede social de outra empresa do mesmo grupo, bem como em outros dois estabelecimentos das empresas INTEGRAL SERVIÇOS ADUANEIROS E LOGISTICA LTDA CNPJ 00.679.715/000112 e do escritório da Rua Alberto de Oliveira Santos nº 59 – Sala 1106 – Edifício Ricamar – Centro – Vitória/ES, este último estava sendo utilizado como estabelecimento da empresa UM LOG TRANSPORTES E LOGÍSTICA LTDA – CNPJ 08.762.884/000123, promovendo despachos aduaneiros no interesse da empresa UM INSTRUMENTOS. Em tais diligências foram retidos diversos documentos vinculados aos seus negócios, bem como solicitados esclarecimentos e documentação visando à análise e verificação de sua condição financeira e teria sido constatada, segundo relata o agente fiscal, a ausência de livros fiscais obrigatórios e a suposta falta de organização de seus documentos; Tendo sido caracterizada a desistência da requerente em face ao não atendimento da Portaria ALF/PTO/VTA 160/2006, tal processo 12466.002553/200521 foi arquivado, em 14/10/2011 , na Alfândega do Porto de Vitória/ES, conforme consta relatado à fl. 24. Fl. 5413DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.400 9 Em face dos indícios levantados na ação fiscal relacionada com a DI – 08/17413655 (fls. 86 a 121), foi emitido, inicialmente, o MPF de diligência 07276002009 009656 (fl. 66), de 29 de novembro de 2009, para Revisão de Habilitação. Mas, diante de tal quadro, em 29 de janeiro de 2010, a empresa foi incluída em procedimentos especiais de fiscalização, nos termos da IN SRF 228/02 , por meio do MPF 07276002010000446 (fl.55), abrangendo os períodos de apuração de 2005 a 2009. Em conseqüência desse procedimento fiscal, o agente efetuou diversas autuações, por entender ter ocorrido, de forma continuada, a pratica das infrações identificadas como interposição fraudulenta e utilização de documentos ideologicamente falsos , em diferentes Processos Administrativos Fiscais que seguem relacionados, com as informações relatadas nos autos, sendo acrescidos de informações sobre a localização de cada um dos processos , consoante pesquisa no COMPROT, tendo em vista que alguns dos processos não se encontram inseridos no eprocesso: i. 12466.000634/201054 – Não localizado no eprocesso; ; protocolado em 15/03/2010. COMPROT: ARQUIVO ALF. VITÓRIA, EM 25/03/2014 ii. 12466.001041/201013 – – AI MULDI Pena Perdimento.Não localizado no eprocesso; protocolado em 04/05/2010. COMPROT : SEORT ALF VITÓRIA, EM 02/05/2013. iii. )12466.001043/201002 AI MULDI Pena Perdimento. Não localizado no eprocesso; protocolado em 04/05/2010. COMPROT :ARQ. ALF. PORTO VITÓRIA, EM 24/04/2013. iv. 12466.001042/201050, AI MULDI Pena Perdimento. Não localizado no eprocesso; protocolado em 04/05/2010. COMPROT: ARQ. ALF. VÍTÓRIA, EM 25/03/2014 v. 12466.002712/201055 – AI MULDI, protocolado em 04/10/2010, MPF 07276002010004441.COMPROT: CARF, EM 27/05/2011 vi. 10783720562/201047 – AI MULDI protocolado em 10/12/2010. MPF 07276002010000446 COMPROT: CARF, EM 06/06/2012 vii. 10783720.470/201067 – (FL 43) AI MULDI, protocolado em 18/11/2010 . PA: 2005. MPF 0727600 2010000446 . Distribuído para esta Conselheira, para RELATAR. viii. 10783720583/201062 – AI MULDI, protocolado em 15/12/2010. PA: 2007. MPF 07276002010000446. Julgado por esta Turma em abril 2014, ACÓRDÃO Fl. 5414DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 10 3302002.583, para declarar nulo o Acórdão nº 37 28.057 1a Turma da DRJ/FNS que não analisou a tempestividade argüida. Em retorno a este CARF foi emitido Acórdão nº 3302002.760, de 11/11/2014, cujos membros, por unanimidade, negaram provimento ao recurso voluntário, para declarar intempestiva a petição apresentada contra o Auto de Infração. ix. 10783.720618/201063, referese à AI MULDI, protocolado em . 24/12/2010. PA: 2009 MPF 0727600 2010000446 . Distribuído para esta Conselheira, para RELATAR. O Presente processo nº 10783720605/201094, referese à AI MULDI, protocolado em 24/12/2010. PA: 2008, cujo procedimento foi respaldado nos seguintes Mandados de Procedimentos Fiscais: 1) 07276002009009656 (sustentou a diligência para verificação de documentos) (fl. 66), 2) 07276002010000446 (incluiu a empresa UM INSTRUMENTOS em procedimentos especiais de fiscalização) (fl. 67) e 3) 07276002010007483 (sustenta os procedimentos do registro e formalização deste auto de infração) (fl. 68) As infrações que embasaram a autuação foram: 1. Infração 1: “Mercadoria estrangeira, na importação, na hipótese de ocultação de sujeito passivo, do comprador ou do responsável pela operação,mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros” Decreto Lei n.º 1.455/76, art. 23, V, §§ 1.º e 2.º; Lei n.º 4.502/64, art. 72. 1 A fiscalização efetua narrativa no sentido de demonstrar a ocorrência de fraude ou simulação, caracterizadora da interposição fraudulenta real. 1 “DECRETOLEI N° 1.455, DE 07 DE ABRIL DE 1976 [...] Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] V – estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punidocom a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2 Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) LEI N° 4.502, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964 [...] Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.“ Fl. 5415DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.401 11 Mas, ainda segundo relato fiscal, a contribuinte não teria comprovado a sua condição financeira e a origem dos valores envolvidos no comércio exterior, estando configurada a interposição fraudulenta legalmente presumida; Os livros apresentados estão contabilizados pelos totais, sem observância da legislação própria, não discriminando a movimentação contábil, incorrendo na interposição fraudulenta em relação ao real importador da mercadorias (art. 618, § 5.º, Decreto n.º 4.5453/20022). 2) Infração 2: “Mercadoria estrangeira, se qualquer documento necessário ao embarque ou desembaraço foi falsificado ou adulterado” DecretoLei n.º 37/66, art. 105, VI. Conforme demonstrado, as operações de importação são simuladas pois omitem os reais vendedores (exportadores) e os documentos utilizados são material ou ideologicamente falsos, já que declaram que a exportadora era a empresa B.Brothers e com valores inferiores ao realmente praticados. A infração descrita motiva a aplicação da pena de perdimento. Na Decisão de 1ª Instância, a DRJ/FNS afasta a ocorrência da interposição fraudulenta real, em concordância com os argumentos da impugnação da contribuinte, por haver entendido que a fiscalização utilizouse de conclusões de outros processos, sem acostar aos autos as devidas provas da interposição fraudulenta dos reais exportadores. Mas, manteve a autuação com base na ocorrência da infração decorrente da interposição fraudulenta presumida, tendo em vista que a contribuinte não teria logrado êxito em comprovar a sua situação financeira, pela não comprovação da origem dos recursos, o que, por si só, caracteriza infração tipificada em legislação específica do comércio exterior. Considerando suficiente a digressão dos fatos acima efetuada, passase à análise dos argumentos recursais. DAS PRELIMINARES PRELIMINAR DE NULIDADE. A contribuinte, em seu recurso, reafirma que as afirmações constantes do Auto de Infração são compilações de "conclusões" alcançadas em outros procedimentos fiscais, 2 DECRETO Nº 4.543, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2002. Art. 618. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decretolei no 37, de 1966, art. 105, e Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23 e § 1o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) XXII estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 5º Para os efeitos do inciso XXII, presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados (Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23, § 2º,com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) DECRETO Nº 6.756, DE 05 DE FEVEREIRO DE 2009. Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decretolei no 37, de 1966, art. 105, e Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1o, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): XXII estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 6o Para os efeitos do inciso XXII, presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados (Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23, § 2º, com a redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, art. 59). Fl. 5416DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 12 inexistindo a descrição de fatos específicos para cada uma das DIs objeto do auto de infração, ou seja, sem fazer qualquer descrição específica de cada infração e quem seriam os reais exportadores, bem como as empresas cujas mercadorias seriam destinadas. Alega que tais circunstâncias deveriam fulminar o Auto de Infração, haja vista o vício insanável de nulidade por afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa. E acusa que o AFRFB não analisou os documentos efetivamente apresentados pela Impugnante para comprovar a origem de seus recursos (a exemplo de todas as notas fiscais de saída, livro diário, livro caixa etc),limitandose a sustentar que os livros fiscais seriam imprestáveis. O agente fiscal teria partido da premissa de que todas as importações de 2008 não teriam origem, porque os livros fiscais apresentariam falhas, eis que escriturados "(...) com valores totais, sem qualquer valor individualizado, imprestável para qualquer verificação contábil". Destaca que o Acórdão recorrido reconheceu a existência de vícios no Auto de Infração, acolhendo a tese declinada na Impugnação ofertada, mas deixou de aplicar o respectivo efeito jurídico, declaração de nulidade do lançamento, o que, na sua visão, viola frontalmente o § 3o , do artigo 59, do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972. Pede, então o reconhecimento do cerceamento do direito de defesa tanto no momento da lavratura do Auto de Infração quanto no julgamento pela 1ª instância administrativa. Sem razão a recorrente. De antemão, há de se ressaltar, conforme relatado na digressão inicialmente efetuada, que o Auditor Fiscal não se utilizou de conclusões de outros procedimentos fiscais, haja vista que, na verdade, tratouse de um único procedimento fiscal, iniciado por meio de diligência, em face da solicitação de revisão do limites no RADAR, transformada em procedimento de fiscalização especial, nos termos da IN SRF nº 228/2002,, em decorrência da falta de atendimento das intimações e das irregularidades detectadas, procedimento este que ensejou lavratura de diversos autos de Infração, em processos administrativos fiscais distintos. O Auditor apenas relata a evolução da ação fiscal, destacando o que teria sido objeto de cada um dos processos encerrados, sempre enfatizando a continuidade do procedimento fiscal, na tentativa de demonstrar a ocorrência de uma ação continuada por parte da contribuinte. Como bem ressaltado pelo Auditor Fiscal, a interposição fraudulenta no comércio exterior é de difícil comprovação. De fato, em situações de sonegação, fraude e conluio, e, particularmente, em casos como o presente – no qual se examina se houve, ou não, interposição de pessoas , os envolvidos tendo a intenção de mascarar, especialmente perante os órgãos estatais de fiscalização, a realidade dos fatos, procuram formas de obter êxito nas suas intenções. Neste arcabouço, é indiscutível a dificuldade de obtenção de provas diretas e pontuais das circunstâncias efetivamente sucedidas. Por isso, procurase, tal como se dá em um um jogo de quebracabeça em que cada uma de suas peças, sozinha, não desvenda a imagem resultante da correta união destas peças –, levantar os diversos indícios, haja vista que a análise isolada de determinado fato, em geral, não permite visualizar, com suficiente clareza, a realidade que é nitidamente revelada pela adequada concatenação destes indícios. Por isto, nas comentadas situações não se pode deixar de conferir força probante ao conjunto de indícios que, entrelaçados, desnudam os fatos aparentes e revelam os ocultados. Não fosse assim, estarseia convalidando, na sonegação, na fraude e no conluio, a reprovável conduta dirigida à ocultação da realidade, e, por consequência, instaurarseia Fl. 5417DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.402 13 surreal situação em que determinados contribuintes, valendose destes artifícios, acabariam se livrando, por ausência de provas diretas dos fatos, da devida imposição tributária, enquanto os demais, que não se utilizam destas manobras, estariam submetidos à tributação. No presente caso, não se pode deixar de reconhecer que as ações adotadas pela contribuinte, tais quais: espalhar a documentação contábil e fiscal em diversos estabelecimentos, inclusive de outros contribuintes; arquivar de forma precária e sem qualquer organização os documentos da empresa; escriturar os livros em desacordo com a legislação ou princípios contábeis, registrados com valores totais e sem indicação da existência de livro auxiliar (para decompor os lançamentos registrados em total) e ainda apresentar as DIPJ’s sem o respaldo de registros dos valores declarados, no mínimo, dificultam a ação da fiscalização e a apuração dos fatos ocorridos. Não obstante a conclusão acima destacada, o certo é que a Decisão de 1ª instância de Julgamento Administrativo afastou a ocorrência da interposição fraudulenta real, por ter entendido, repitase, que relativamente à esta infração, a fiscalização havia se utilizado apenas de conclusões de outros procedimentos fiscais, sem ter carreado aos autos as provas dessas conclusões. Em face disso, constatase ser equivocada a alegação da recorrente de que a utilização da prova dita por ela como emprestada está diretamente relacionada ao único fundamento que manteve o Auto de Infração: suposta não comprovação de origem dos recursos. Não obstante, há que se rechaçar, preliminarmente, a nulidade suscitada, com base na argumentação de que a autuação não teria detalhado a descrição dos fatos atinentes à cada DI específica, tendose valido, segundo seu entendimento, apenas de conclusões de outros procedimentos, e por não ter a DRJ declarado a nulidade da autuação, embora tenha acordado com os seus argumentos de impugnação. O Auditor fiscal descreveu claramente a evolução da ação fiscal, detectando os fatos, por ele dito continuado, e a imputação, tendo trazido as provas em relação ao que alega, manifestandose sobre os mesmos, ao contrário do alegado, como por exemplo, os livros contábeis (diários) com escrituração pelos valores totais, apresentados no curso da fiscalização, os Termos de Diligência e Retenção de Documentos e Intimação e respectivas respostas, Extratos BANESTES jan a novembro 2008, onde consta crédito FUNDAP, operação cãmbio (fl 492 a 504), Extratos CEF abril a dez 2008 (fl 505 a 523); Extratos do BANCO DO BRASIL, onde constam pagamento títulos, transferências, contrato de câmbio, jan a dez 2008 (fl 505 A 619), Articles of amendment of Article Of Incorporation Of B. Brothers, Corp.. doc. Em vercáculo inglês, de 24 nov 2008.Altera nome do diretor para Carlos Barros (FL 852), For Profict Corporation Annual Report 2009, doc. Em vercáculo inglês, em 28 abr 2009, indica como diretor Carlos Barros (FL 853); dados cadastrais B. BROTHERS (FLS 854 a 855), Documet FILE FLIER INTERNACIONAL CARG, INC.( FL 856 a 844 ): 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2002,2003, 2004, 2005 (ATÉ 2005, aparece como RESPONSÁVEL o marcello Haddad), 2006 (a partir 2006, aparece como RESPONSÁVEL o Carlos L Barros), 2007 (fl 842,quem assina é Marcelo Haddad), 2008, 2009, etc. Por outro lado, os fatos descritos permitiram a plena defesa da contribuinte, inexistindo, portanto, o alegado cerceamento ao direito de defesa e contraditório. Fl. 5418DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 14 Como ressaltou a autoridade a quo, “A impugnante alega que a fiscalização não descreveu os fatos específicos para cada uma das operações de importação. Todavia foi justamente a constatação da impossibilidade de verificação dos lançamentos contábeis devidos por conta das importações que levaram à conclusão da não comprovação da origem dos recursos empregados nestas operações.” Se a prova é insuficiente (como argúi a contribuinte), não se caminharia no terreno da nulidade, mas da eventual insubsistência da autuação, a qual, no entanto, restou mantida pela decisão de 1ª instância, exatamente em razão do entendimento daquela autoridade quanto à manutenção da interposição fraudulenta presumida, em decorrência da falta de comprovação da origem, disponibilidade e efetiva transferência dos recursos para fazer face ao comércio exterior, nos termos exigidos pela legislação pertinente, cujo mérito será analisado mais à frente. Tal fato, de forma alguma, afronta ao disposto no artigo 59, §3°, do Decreto n.° 70.235, de 06 de março de 1972, posto que, restando comprovado, se for o caso, a ocorrência da infração presumida apontada, impõese a manutenção do lançamento, ora contestado. NULIDADE ARGÜIDA EM FACE DE ALEGADA AUSÊNCIA DE ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA E INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE DILIGÊNCIA (III..3) A contribuinte, insiste na preliminar de nulidade, aduzindo, agora, a falta de concessão de prazo para a devida escrituração de seus livros contábeis e fiscais concordando que os livros originais foram escriturados pelo o seu contador de forma inadequada , e pela negativa, por parte da autoridade julgadora de 1ª instância administrativa, de que o feito fosse convertido em diligência para análise dos vastos documentos que afirma terem sido apresentados junto à peça impugnatória, assim como seus novos livros escriturados que teriam sido refeitos e estariam com o novo contador à disposição da fiscalização, com abertura em contraditório. Com o material comprobatório (docs. 02 a 09 da Impugnação) afirma que estaria comprovando que a origem dos recursos utilizados nos processos de importação decorre da venda de mercadorias, conforme Notas Fiscais de saída anexadas. Acerca das alegações aduzidas neste item, temse a esclarecer que: 1) da concessão prazo para regularização e apresentação dos livros contábeis e fiscais – Consta dos autos, às fls. 163 a 167, a resposta da contribuinte, de 5 de Janeiro de 2010, ao TERMO de DILIGÊNCIA E RETENÇÃO DE DOCUMENTOS E INTIMAÇÃO 200900965001 (MPF DILIGÊNCIA), de 02 de Dezembro de 2009, em cujo documento está registrado Despacho Manuscrito, acusando o recebimento dos documentos ali listados e determinando prazo de 15 dias para a entrega dos livros contábeis, sem os quais, ficaria impedido o início dos trabalhos fiscais. Da mesma forma, encontrase às fls. 153 e 154, o TERMO INÍCIO FISCALIZAÇÃO E INTIMAÇÃO 2010 00044006, de 29 de Janeiro de 2010, MPF 0727600 2010 00044006, por meio do qual o Auditor comunica a Inclusão da requerente em procedimento especial fiscalização e a intima a apresentar, no prazo de 20 dias, livros Diário, Razão, informações e documentos referentes aos AC 2005 a 2009. À fl. 162 a contribuinte apresenta requerimento de 22 fevereiro 2010, onde solicita prorrogação prazo, por mais 30 dias, para o atendimento ao Termo Início Fiscalização e Fl. 5419DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.403 15 Intimação 2010 00044006, de 29 de Janeiro de 2010.Visualizase Despacho de Autorização do prazo solicitado, no próprio documento, datado de 23/02/2010. Novamente, ao responder , em 07 de abril de 2010, ao Termo Diligência e Retenção de Documentos e Intimação 200900965001 (MPF diligência), de 02 de Dezembro de 2009 – e ao Termo Início Fiscalização e Intimação 2010 00044006, de 29 de Janeiro de 2010, MPF 07276002010 00044006, onde relaciona entrega de alguns volumes de Livros Caixas e Diários dos anos de 1997 a 2004, Livro Razão do ano 1997 e Livros Registros Entrada 2002 e Saídas 2001 e 2005, Livro Apuração ICMS 2005 e Pastas de documentos numeradas para identificação, bem como mensagem eletrônica do Marcello Haddad a respeito dos fatos entre a UMCOMEX, DIRECT e HR, reproduzida a termo, a contribuinte.requer o prazo de 30 dias a contar da data daquele documento para regularizar todos os registros contábeis e obrigações acessórias, na forma da lei. E na resposta dada em 14/04/2010 (fls. 179 a 181) aos Termos Diligência e Retenção de Documentos e Intimação 200900965001 (MPF DILIGÊNCIA), de 02 de Dezembro de 2009 – E Termo Início Fiscalização e Intimação 2010 00044006, de 29 de Janeiro de 2010, Apresentação Complementar de Documentos e Requerimento, a contribuinte apresenta pastas de Notas Fiscais de 2005 e Jan 2006, Alguns volumes de Livro Registro de Entradas 2006, 2007, 2008, 2009,;Livro Registro Saídas 2006, 2007, Livro Registro de Apuração ICMS 2005, 2006, Livro Razão 2005 a 2009, Livro Inventário 2007, 2008, 2009.E, também, explica os motivos sobre a dificuldade de se vincular as Notas Fiscais de saída aos processos de importação. Portanto, restou demonstrado que, diversamente do alegado, foi concedida à contribuinte o prazo de prorrogação por ela solicitado. E, a mesma elaborou e apresentou, ainda no decorrer da fiscalização, os livros que foram imediatamente acima relacionados. Inexiste, portanto, motivação daí decorrente para declarar a nulidade do lançamento. 2) da negativa da diligência Sabese que os casos de nulidade no Processo Administrativo Fiscal estão estatuídos nos arts. 59 e 60 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, in verbis: “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio”. Como se vê, de acordo com o art. 59, I, só se pode cogitar de declaração de nulidade de auto de infração que se insere na categoria de ato ou termo , quando for lavrado Fl. 5420DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 16 por pessoa incompetente, o que não foi o caso dessa autuação. Eventual nulidade por preterição do direito de defesa, como se infere do art. 59, II, somente pode ser declarada quando o cerceamento está relacionado aos despachos e às decisões, ou seja, somente pode ocorrer em uma fase posterior à lavratura do auto de infração. Quaisquer outras irregularidades, incorreções e omissões não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, a teor do art. 60, também reproduzido. Acerca de realização de diligência, assim reza os artigos 18 e 29 do Decreto n.º 70.235/72: Decreto n.º 70.235/1972, alterado pela Lei n.º 8.748/1993: “Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine.(Redação dada pelo art.1.º da Lei n.º 8.748/1993) Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias.” Com base nesses dispositivos legais, a autoridade “a quo”indeferiu o pedido de diligência, tendo assim se pronunciado: “Quanto ao derradeiro pedido de diligência feito pela interessada cumpre esclarecer que as análises solicitadas pela mesma não são necessárias para o deslinde da questão tendo em vista que a documentação juntada aos autos pela fiscalização demonstram a impossibilidade de comprovação da origem dos recursos utilizados nas operações de comércio exterior e a autuada, em sua impugnação acompanhada dos correspondentes documentos, não conseguiu comprovar o contrário. Também há que se considerar que nesta etapa processual não se admite mais o refazimento da escrituração contábil da interessada com o fito de se eximir da imputação da penalidade, aplicada fundamentalmente pela não comprovação da origem dos recursos empregados na operações de importação face a inconfiável e imprecisa contabilidade apresentada.” Desta forma, tendo em vista que a autoridade julgadora entendeu ser prescindível a produção de novas provas, para formar sua convicção, fundamentando sua decisão em perfeita harmonia com o que dispõe o art. 28 do Decreto no 70.235/723, não merece prosperar a alegação da recorrente de que houve cerceamento do seu direto de defesa, sendo assim, descabida a decretação de nulidade requerida. Por outro lado, demonstrase, com a transcrição do trecho do voto condutor do Acórdão recorrido, ser equivocado o entendimento de que aquele teria desconsiderado os documentos apresentados na Impugnação, baseandose exclusivamente nos fatos supostamente 3 Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar, será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso. (Redação dada pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993) Fl. 5421DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.404 17 apurados pelo AFRFB, pois entendeu que não caberia à instância julgadora proceder à análise dos documentos visando a verificar a origem dos recursos. “E apesar de alegar que refez seus livros contábeis tendo apresentadoos em abril de 2010, ainda assim, os mesmos continuaram a não refletir as operações de comércio exterior, como se verifica às fls. 219/491, onde não há qualquer individualização de contas, permanecendo a discrepância com os valores informados nas DIPJ’s. A impugnante indica cópias de fls. 3733/3777 (contas do livro razão). No entanto somente os lançamentos aí vistos não justificam a origem dos recursos empregados nas importações porque, como já foi dito, deveria haver a comprovação documental de tais lançamentos e ainda a demonstração nas datas do fechamento dos câmbios. Significa dizer que não cabe a esta instância julgadora substituir o papel do contribuinte em demonstrar e comprovar tanto os fatos como os lançamentos contábeis deles originados. E não se trata de não aplicar o princípio da verdade material e sim de cumprimento das obrigações tributárias principais e acessórias tendo em vista, inclusive, que o ônus da prova quanto à regularidade contábil pertence ao contribuinte.” Assim, diante do acima exposto, nas questões preliminares de nulidade, voto no sentido de negar provimento, em face da inexistência de ofensa aos princípios da legalidade, do contraditório e da ampla defesa. NO MÉRITO Fazse a análise segundo a ordem de alegações da recorrente. DA IMPROPRIEDADE DA ALEGAÇÃO DE INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA Sob este tópico, a contribuinte alega que a falta de comprovação da origem, disponibilidade e a transferência dos recursos utilizados na operação de comércio exterior conduz à uma presunção relativa de interposição fraudulenta que pode ser afastada por prova em sentido contrário, quando da demonstração da origem dos recursos utilizados na operação. No caso concreto, afirma que as despesas incorridas nos processos de importação foram arcadas exclusivamente pela Recorrente, sendo esta a responsável jurídica e financeiramente pelas operações. E, ressalta tratarse de fato incontroverso, eis que afastada pela d. DRJ a alegação de suposta ocultação da importadora (interposição fraudulenta real). E ainda , em face de que tanto o AFRFB quanto à autoridade julgadora entenderam que não haveria comprovação da origem dos recursos em virtude do fato de que a escrituração contábil da empresa teria sido realizada de forma inadequada, argúi que não admitir o refazimento e apresentação posterior de sua escrituração cria uma pena perpétua porque impediria a empresa de sanar as inconsistências contábeis, prestigiando a forma sobre o conteúdo em violação aos princípios contábeis e o da verdade real que vigora no processo administrativo. Fl. 5422DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 18 Frisa a sua boa fé, já que a própria origem da fiscalização decorreu do requerimento para a revisão de sua estimativa financeira de importação, bem como a sua colaboração com a fiscalização, posto que respondeu aos questionamentos constantes do Termo de Retenção de Documentos e Intimação n.° 200900965001, fornecendo diversos documentos solicitados e, em 07 de abril de 2010 e em 14 de abril de 2010, apresentou novos documentos complementares e alguns livros contábeis, conduta que, ressalva, não se esperaria de uma empresa que pratica interposição fraudulenta. Ainda ressalva que a não apresentação dos livros fiscais configura descumprimento de obrigação acessória e não a caracterização, por si só, de interposição fraudulenta, conforme decisão do CARF cuja ementa transcreve. Visando, então, comprovar a origem lícita dos recursos utilizados para pagamento das despesas realizadas nas operações que foram mantidas, a contribuinte traz no recurso voluntário cópia dos livros Diário e Razão de 2008 (Anexos A e B). Afirma, então, que “o Princípio da Verdade Material obriga a autoridade tributária a agir com diligência na apuração dos fatos, cabendolhe investigar, diligenciar, demonstrar e provar a ocorrência, ou não, do fato jurídico tributário, sob pena de afronta os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, dos quais é corolário”. Passa a discorrer sobre as despesas incorridas no ato do registro de cada DI, tentando demonstrar que o ingresso de numerário é suficiente para dar cobertura às despesas tributárias decorrentes de cada operação de importação. Vêse, pois, que se trata aqui, de provas trazidas unicamente na fase recursal (livros contábeis reescriturados), as quais diferem daqueles apresentados quando da fiscalização, não tendo sido, portanto, objeto de análise, quer pelo fiscal autuante, quer pela autoridade julgadora de 1ª Instância. Tratamse, pois, de provas preclusas, mas referente às alegações postas na sua impugnação, tendo a recorrente afirmado que “se o feito tivesse sido baixado em diligência (conforme solicitado pela Recorrente) tais fatos teriam sido esclarecidos e juntados ao Auto de Infração os livros reescriturados”. QUESTÃO PRELIMINAR Inicialmente, é de se levantar uma questão preliminar, qual seja, decidir se cabe, ou não, a essa turma, efetuar a análise dessas provas preclusas. Para embasar meu posicionamento, faço breve comentários acerca de provas, ônus da prova e princípios informadores do Processo Administrativo Fiscal PAF. Vejamos: É sabido que o PAF utilizase da aplicação subsidiária do Código de Processo Civil e da Lei nº 9.784/1999, principalmente, nos casos em que seja omissa a regulação da matéria no Decreto 70.235/72. Pois bem, o artigo 333 do CPC, que trata do ônus da prova, estipula: “Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; Fl. 5423DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.405 19 II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. [...]” Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. Conforme bem destaca o Auditor Fiscal Gilson Wessler Michels, em seus comentários e anotações ao Decreto nº 70.235/724: “Esta formulação foi trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída tanto ao autor do procedimento, a autoridade fiscal (parte final do caput do artigo 9.º do Decreto n.º 70.235/1972: os autos de infração e notificações de lançamento “deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito”), quanto ao contribuinte que contesta o lançamento (“Art. 16. A impugnação mencionará : [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir.”)”. Por sua vez, a Lei nº 9.784/1999 igualmente traz importante regra em matéria probatória em seu artigo 36: “Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.” O Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF traz a seguinte regra, in verbis: “Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...] Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997): 4 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Comentários e Anotações ao Decreto n.º 70.235, de 06/03/1972. Versão 17 Atualizada até 31/Agosto/2011. Fl. 5424DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 20 b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) [...]”(grifos nossos). No caso específico, tendo em vista que o AFRFB demonstrou que a escrituração contábil e a documentação apresentados não eram hábeis a comprovar a origem , disponibilidade e transferência dos recursos utilizados no comércio exterior, caberia, à impugnante, na fase de impugnação, carrear aos autos todas as provas de suas alegações no prazo limitado por lei, .inclusive os livros reescriturados, tendo em conta que a impugnação ou manifestação de inconformidade do contribuinte estabelece os limites do litígio, não podendo haver inovação em sede de recurso voluntário e seria naquela fase que deveria carrear aos autos as provas de suas alegações. Ressaltandose que provar significa contextualizar elementos relevantes e não somente anexar documentos. Os livros contábeis e fiscais são provas pré constituídas que podem favorecer à contribuinte quando escriturados com base nas regras legais e devidamente respaldados por meios de documentos hábeis e idôneos. Temse a registrar que, no caso, a contribuinte já deveria possuir, em 07/07/2005, quando efetuou a solicitação de revisão de limites no Radar, os livros devidamente registrados e comprovados, em conformidade com a legislação pertinente. Entretanto, não os tinha. O descaso da contribuinte foi tamanho que mesmo tendo decorrido prazo bastante elástico entre o seu pedido de revisão de limites no RADAR (07/07/2005) e o início da ação fiscal com base no MPF de diligência 07276002009009656 (fl. 66), de 29 de Novembro de 2009, para Revisão de Habilitação, a mesma não providenciou a regularização de sua escrita e documentação pertinente. Apenas com a inclusão da contribuinte em procedimentos especiais de fiscalização, nos termos da IN 228/2002 (MPF 07276002010000446 fl. 67, em 29 de janeiro de 2010) é que a contribuinte, parece ter buscado, segundo afirma, a regularização de tal situação. Não obstante tenha apresentado em 14/04/2010, consoante foi registrado anteriormente, ainda no curso da fiscalização, novos livros contábeis, os mesmos ainda foram dados como imprestáveis pelo o agente fiscal, pois segundo relatado, embora impressos, da mesma forma que os anteriores, encontravamse escriturados pelos valores totais, sem indicação da existência de livro auxiliar, não atendendo à legislação ou princípios contábeis, e, ainda, registravam movimentação incompatível com as DIPJ’s apresentadas Convém registrar que o presente lançamento foi lavrado apenas em 24/12/2010. De modo que, a partir da data da emissão do Termo de Diligência e Retenção de Documentos e Intimação 200900965001 (MPF DILIGÊNCIA), de 02 de Dezembro de 2009 até o lançamento da autuação transcorreu o prazo de um ano, suficiente para que a contribuinte elaborasse novos livros em conformidade com as regras legais, de forma a apresentálos, senão no curso da fiscalização, pelo menos quando da interposição de sua impugnação. Porém, se os elaborou, não os apresentou no momento oportuno. Apenas alegou a sua existência e solicitou a diligência. Fl. 5425DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.406 21 Entretanto, tendo a contribuinte refeito os seus livros, conforme alega, antes de apresentação de sua impugnação, deveria os ter acostado aos autos naquela fase, juntamente com os documentos que respaldam os registros ali efetuados, conforme previsto no artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Isso, no entanto, não se deu. Por outro lado, a contribuinte cita o art. 65 e parágrafo único da Lei n° 9.784/1999 c/c art. art. 149, VIII, do CTN afirmando que tal dispositivo estabelece o dever dos Agentes Fiscais de promoverem a revisão de ofício das conclusões fiscais, sempre que forem juntadas novas provas acerca de determinado fato. Lei n° 9.784/1999: “Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada. Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção”.(grifei). Como se vê da transcrição do dispositivo, a revisão darseia quando surgissem fatos novos. O que não é o caso dos autos. Os livros reescriturados não se constituem em fatos novos. Decorrem, na verdade, do descumprimento de suas obrigações acessórias. É inadmissível, por outro lado, acatar as suas alegações sobre desconhecimento da situação de sua escrituração e guarda de documentos contábeis e fiscais. Primeiro porque, no decurso do procedimento fiscal de diligência, os documentos da “Um Instrumentos” foram encontrados de forma totalmente desorganizados em três estabelecimentos distintos, sendo um deles a sede social de outra empresa do mesmo grupo, onde o fiscal foi atendido pela Srª URANIA ELIAS HADDAD, sócia gerente da empresa “Um Instrumentos”. Portanto, é de se inferir ser de pleno conhecimento da mesma tal situação; Segundo porque, a empresa tem culpa in elegendo, responsabilizandose pelos atos daquele que elegeu para efetuar os serviços contábeis e fiscais da empresa. A juntada de documentos e provas em momento posterior à impugnação é vedada pelos parágrafos 4º e 5º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, salvo nas hipóteses descritas no parágrafo 4º mencionado5. No caso em questão, a contribuinte não fez referência à qualquer uma dessas hipóteses. 5 Art. 16. A impugnação mencionará: (...). III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993). (...). § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. (Todo o parágrafo 4.o incluído pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do Fl. 5426DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 22 Ressaltese, inclusive, que em caso similar de autuação com base em lucro arbitrado, no âmbito do IRPJ, em face de ausência de livros contábeis e/ou fiscais ou de imprestabilidade dos mesmos, consta a Súmula do CARF nº 59, segundo a qual a apresentação posterior ao lançamento não tem o condão de modificálo: Súmula nº 59 “A tributação do lucro na sistemática do lucro arbitrado não é invalidada pela apresentação, posterior ao lançamento, de livros e documentos imprescindíveis para a apuração do crédito tributário que, após regular intimação, deixaram de ser exibidos durante o procedimento fiscal”. Entretanto, tal limitação tem sido alvo de divergências no âmbito dos órgãos julgadores administrativos, haja vista a corrente de defesa de que tal limitação fere os princípios da ampla defesa, do contraditório e da verdade material, além da responsabilidade de os agentes públicos zelarem pela legalidade dos atos administrativos. Exatamente esta é a alegação da ora recorrente. De fato, no processo Administrativo Fiscal não se pode se ater apenas à verdade formal. Mas, a busca da verdade material não deve, também, ultrapassar os limites do rito processual, sob pena de, igualmente, ferir outros princípios informadores do PAF, tais quais o da duração razoável do processo, o da necessidade de estabilização das relações jurídicas, etc., principalmente quando o ônus da prova cabe à contribuinte, como se dá no presente caso. Tendo em conta, porém, a questão do zelo pela legalidade do ato administrativo litigado, poderseia defender a análise de provas preclusas de alegações já efetuadas na impugnação ou manifestação de inconformidade. Entretanto, tal possibilidade, a meu ver, só deve ocorrer, no caso em que as provas sejam hábeis, por si só, a comprovar concludente e definitivamente as alegações, sem necessidade de desdobramentos processuais complementares para a sua análise, posto que assim, atrasaria de modo desmesurado o julgamento. Em caso contrário, para acatar as provas preclusas, necessitaria a demonstração, por parte da contribuinte, da ocorrência de uma das circunstâncias excepcionais previstas no §4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. No caso dos autos, a contribuinte traz em sede de recurso voluntário provas preclusas (Alguns Livros contábeis reescriturados – Diário 2008 e Razão da Conta “Banco conta Movimento” , algumas cópias de notas fiscais, alguns extratos do Banco do Brasil ), no sentido de comprovar as suas alegações. Entretanto, cabe ressaltar que, ao contrário do alegado, os livros contábeis não foram inseridos em sua integralidade, estando ausentes os termos de abertura e de encerramento e a demonstração do respectivo registro no órgão competente, necessitando complementação e ainda que as documentações acostadas não demonstram por si só, de forma hábil e concludente, as suas alegações. Pelo o contrário, para comprovar as suas alegações e se concluir pela origem lícita, disponibilidade e transferência dos recursos que foram aplicados no comércio exterior, com base nos livros mais uma vez reescriturados, bem como nos documentos anexados, fazse necessário, como já se disse, da complementação dos livros e uma averiguação acurada da parágrafo anterior. (Incluído pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997) Fl. 5427DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.407 23 integralidade dos mesmos, dos documentos anexados aos autos e outros, a demonstração da apuração dos resultados, o controle de estoque, etc. Portanto, outra verdadeira fiscalização, a qual demandaria o pronunciamento da autoridade lançadora, nova reabertura de prazo para manifestação da contribuinte e, se for o caso, novo pronunciamento da unidade julgadora de 1ª instância, em face do princípio do duplo grau de jurisdição, atrasando, assim, de modo desmesurado, o julgamento, em decorrência unicamente do descaso da contribuinte. Assim, diante do que foi acima exposto, é de se negar o seu pleito nesse sentido, em face da preclusão. Portanto, nesta questão preliminar conduzo o meu voto no sentido de se considerar preclusas as provas anexadas ao recurso voluntário e, em decorrência, negar o seu pedido de diligência. MÉRITO E, no mérito, no que tange à falta de comprovação da origem lícita, bem como da disponibilidade e transferência dos recursos aplicados, considerandose os livros analisados pelas autoridades lançadora e julgadora de 1ª instância, e a documentação disponibilizada, não há o que se alterar na decisão recorrida, haja vista que, não estando os mesmos escriturados com observância da legislação própria, impossibilitam a comprovação da condição financeira da autuada. Merece transcrever alguns trechos do voto condutos da decisão ora recorrida: “Do que foi juntado aos autos pela fiscalização concluise nitidamente que a importadora não possuía qualquer controle sobre as operações contábeis realizadas e por esta razão torna se impraticável a verificação dos corretos lançamentos contábeis tantos das receitas que originaram os recursos para as operações de comércio exterior como as despesas provenientes delas.” “Salientese que ainda que houvesse lançamentos contábeis que demonstrassem contabilmente a origem dos recursos para as importações em tela, a autuada ainda deveria demonstrar, também, documentalmente a origem dos mesmos. Esta etapa parece não ter sequer acontecido na fase de fiscalização pela total incongruência dos registros contábeis. Não basta que se apresentem cópias de extratos bancários, notas fiscais de venda e guias de liberação de recursos do FUNDAP para justificar a origem dos recursos quando a contabilidade não reflete a realidade da empresa.” “E apesar de alegar que refez seus livros contábeis tendo apresentadoos em abril de 2010, ainda assim, os mesmos continuaram a não refletir as operações de comércio exterior, como se verifica às fls. 219/491, onde não há qualquer individualização de contas, permanecendo a discrepância com os valores informados nas DIPJ’s.” Acrescentese que as Notas Fiscais de Vendas comprovam a sua emissão e demonstram a operação comercial. Mas, por si só, não demonstram a transferência e muito Fl. 5428DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 24 menos a disponibilidade dos recursos aplicados nas operações de comércio exterior, haja vista os custos e as diversas despesas operacionais e não operacionais a que se sujeitam as empresas no exercício de seu objetivo social. Conforme exige o art. 4º da Instrução Normativa RFB nº 228, de 2002, fazse necessário comprovar não só a origem, mas, também, a disponibilidade e a transferência dos recursos aplicados nas operações de comércio exterior. Aliás, o objetivo principal do procedimento fiscal em comento, e que resultou na autuação em apreço, foi verificar o cumprimento de tais requisitos. Ademais, não basta comprovar o ingresso de numerário suficiente para dar cobertura apenas às despesas tributárias decorrentes de cada operação de importação, de uma forma isolada, como tentou fazer a contribuinte, uma vez que as despesas vinculadas à tais operações vão além das despesas tributárias, incluindo, inclusive, o pagamento da própria operação, frete, seguro, etc. Por ser oportuno, aqui se transcreve trecho da descrição dos fatos, aposto pelo Auditor Fiscal no item denominado “A NÃO COMPROVAÇÃO DA CONDIÇÃO FINANCEIRA PARA ATUAR NO COMÉRCIO EXTERIOR”, na folha de continuação do Auto de Infração: “Em 07/07/2005, requereu a revisão do planejamento operacional, nos termos da IN SRF 455/2004. Em 05/04/2007, na análise do requerimento foi constatado que a empresa vinha operando em limites muito superiores não só aos modestos US$ 19,800.00 semestrais, para os quais estava habilitada, como também aos novos valores propostos nos anexos à IN 455/2004. Esse pedido foi arquivado vez que foi caracterizada a sua desistência face ao não atendimento da Portaria ALF/PTO/VTA 160/2006.” A contribuinte não logrou comprovar possuir poder econômico para fazer frente às importações nos montantes realizados. Assim sendo, não havendo a comprovação da origem lícita, bem como da disponibilidade e transferência dos recursos aplicados nos negócios no comércio exterior, é de se presumir pela ocorrência de interposição fraudulenta nas importações realizadas no período de 01/01/2008 a 30/12/2008, nos termos do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com alteração da Lei n.º 10.637/2002, in verbis: “Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. Fl. 5429DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.408 25 § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. § 3º A pena prevista no §1º convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.” (grifei) A MULTA PREVISTA NO ARTIGO 33 DA LEI N.° 1488/2007 Neste item, a contribuinte destaca que o Acórdão recorrido decidiu ser possível exigir a multa prevista no artigo 33, da Lei n.° 1488/2007 cumulativamente com a pena de perdimento. Reconhece que esse Conselho (Acórdão n.° 3102.00.662, de 24/05/2010) já se manifestou no sentido de que o artigo 33, da Lei n.° 11.488/2007, não configuraria óbice à aplicação da multa prevista no artigo 23, V do Decretolei n 1.455, de 1976. Mas, argúi que a matéria analisada no citado Acórdão não se confunde com a dos presentes autos, pois no caso paradigma a recorrente objetivava o reconhecimento de que o artigo 33, da Lei n.° 11.488/2007 teria derrogado o 23, V do Decretolei n 1.455, de 1976, enquanto no presente caso, a contribuinte, ora recorrente “não sustenta a derrogação do artigo 23, V do Decretolei n 1.455/76, mas apenas almeja o reconhecimento de que, na qualidade de importadora que supostamente teria cedido seu nome, a pena que lhe seria exigida é apenas a multa de 10% prevista no art. 33 da lei n° 11.488/2007.” Acrescenta que se o próprio AFRFB diz que a contribuinte, ora recorrente, não seria a real adquirente das mercadorias e sim terceiros que teriam permanecido ocultos, haja vista a não comprovação da origem dos recursos utilizados, afigurase incongruente exigir dela crédito relativo à conversão da penalidade de perdimento em multa (pena aplicável ao adquirente dos bens), sob pena de bis in idem. Aduz: “Se a Impugnante é interposta pessoa, se não adquiriu as mercadorias, como cobrarlhe a devolução das mesmas (perdimento) ou impor Ihe multa de 100% do valor dos bens?” “É exatamente nesse ponto que o precedente desse CARF afirma que o artigo 33, da Lei n.° 11.488/07 não gera qualquer reflexo sobre o inciso V, do artigo 213, do Decretolei n.° 1.475/76, pois eles disciplinam duas infrações distintas, de forma que ‘(...) quem cede o nome, mas tem meios para a. realização de sua atividade societária, sujeitase à multa de 10%. (...)’.” Destaca que tal posicionamento encontra respaldo na orientação COANA/COFIA/DIFIA sem número, específica em relação à aplicação da Lei 11.488/2007 (doc. 04), para, ao final, afirmar que o crédito lançado, na hipótese de o Auto de Infração ser mantido em virtude da suposta prática de "interposição fraudulenta", deveria limitarse a 10% do valor aduaneiro dos bens, haja vista o disposto na Lei n° 11.488/2007. Não é de se dar guarida à tal conclusão. Fl. 5430DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 26 Conforme relatado, foi infligida à contribuinte, ora recorrente, a multa regulamentar equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, com base na presunção legal não elidida de interposição fraudulenta de terceiros nas operações de comércio exterior. O art. 23, § 2º do Decreto nº 1.455/76, com a redação que lhe foi dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637/2002, estabelece que se presume a ocorrência de interposição fraudulenta na operação de comércio exterior quando não há comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. A teor do art. 23, V, § 1º, do Decretolei nº 1.455/76, com a redação que lhe foi dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637/2002, a interposição fraudulenta de terceiro é uma das irregularidades que constituem dano ao erário, punível com o perdimento das mercadorias importadas irregularmente. Em caso de as mercadorias já haverem sido entregues a consumo, aplicase a pena substitutiva prevista no art. 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/76, com a redação que lhe foi dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637/2002, equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias entregues a consumo. Não obstante a penalidade de perdimento, nestes casos, afetar materialmente o acobertado, o lançamento dáse contra aquele que consta na Declaração de Importação. Contribuiu para a construção desse procedimento, a interpretação de lavra da Procuradoria da Fazenda Nacional – Parecer PGFN CAT 1.316/01, por meio da qual ficou assentado que o contribuinte do imposto de importação seria sempre a pessoa cujo nome constasse no conhecimento de carga, independentemente de quem estivesse efetivamente interessado na aquisição das mercadorias ou fizesse as negociações prévias. Como consequência, as autuações obrigatoriamente passaram a indicar como contribuinte do Imposto a pessoa informada nas declarações de importação como sendo o importador das mercadorias, restando incluir o adquirente no mercado interno como solidário na operação. Dessa forma, ao aplicar a multa compensatória nos casos de mercadorias sujeitas à pena de perdimento, forçosamente identificase como contribuinte a pessoa que registrou a declaração de importação, embora pretendase apenar o verdadeiro proprietário destas mercadorias, que pode figurar como responsável solidário. Posteriormente, foi emitida a Lei nº 11.488/2007, que previu a multa de dez por cento do valor da operação, aplicável à pessoa jurídica que cede o nome ao terceiro oculto. E que está hoje claramente regulamentado no Regulamento Aduaneiro em vigor – Decreto 6.759/09. “Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei no 11.488, de 2007, art. 33, caput). (...) § 3o A multa de que trata este artigo não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias importadas ou exportadas” Esta multa, então, penaliza o encobertante. Fl. 5431DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.409 27 Por ser esclarecedora da questão, transcrevese a seguir ementa do voto proferido no Acórdão no 3403002.746, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 30.jan.2014: “INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENALIDADES. CUMULATIVIDADE. MULTA. PERDIMENTO. A interposição, em uma operação de comércio exterior, pode ser comprovada ou presumida. A interposição presumida é aquela na qual se identifica que a empresa que está importando não o faz para ela própria, pois não consegue comprovar a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos empregados na operação. Assim, com base em presunção legalmente estabelecida (art. 23, § 2º do Decretolei nº 1.455/1976),configurase a interposição e aplicase o perdimento. Em tal hipótese, não há que se cogitar da aplicação da multa pelo acobertamento. Seguese, então, a declaração de inaptidão da empresa, com base no art. 81, § 1º da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002. A interposição comprovada é caracterizada por um acobertamento no qual se sabe quem é o acobertante e quem é o acobertado. A penalidade de perdimento afeta materialmente o acobertado (em que pese possa a responsabilidade ser conjunta, conforme o art. 95 do Decretolei nº 37/1966) e a multa por acobertamento afeta somente o acobertante, e justamente pelo fato de “acobertar”.” (Acórdão no 3403002.746, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 30.jan.2014) A Orientação Coana/Cofia/Difia s/n, datada de 11 de julho de 2007, que trata da aplicação de multa na cessão de nome a terceiro, em operações de comércio exterior e que foi citada pela recorrente sob a alegação de a mesma respaldar seu posicionamento, chega à seguinte conclusão: “Em resumo, concluise que se aplicam as seguintes disposições legais, às hipóteses abaixo enumeradas: Interposição fraudulenta presumida pela não comprovação da origem dos recursos: Pena de perdimento da mercadoria, com base no art. 23, inciso V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002; Proposição de inaptidão da inscrição do CNPJ da pessoa jurídica (art. 81, § 1º, da Lei nº 9.430/96, e art. 41, caput e parágrafo único, da IN RFB nº 748/2007); Interposição fraudulenta comprovada, seja pela identificação da origem do recurso de terceiro, seja pela constatação da ocultação por outros meios de prova: Pena de perdimento da mercadoria, com base no art. 23, inciso V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002; Multa de Fl. 5432DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA 28 10% do valor da operação acobertada, aplicada sobre o importador, conforme dispõe o art. 33 da Lei nº 11.488/2007.” Pelas conclusões acima destacadas e como já reconheceu a recorrente, a multa de dez por cento do valor da operação, prevista no art. 33, caput da Lei no 11.488, de 2007, aplicável à pessoa jurídica que cede o nome não revogou a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias aplicada nos casos de infração por interposição fraudulenta. E destacando exatamente o mesmo trecho da orientação COANA/COFIA/DIFIA sem número, específica em relação à aplicação da Lei 11.488/2007, concluise, diferentemente da conclusão a que chegou a contribuinte, que o lançamento da multa substitutiva da pena de perdimento, não obstante atinja efetivamente o real importador, é lavrado em face daquele que promoveu a importação, sem prejuízo de cumulatividade, quando for o caso, da multa de 10%. Vejamos: “Como se pode observar, a lei introduziu a previsão de Infração de prática do cessão do nome a terceiro, com penalidade pecuniária incidente diretamente sobro o agente de ação, ou seja, sobre aquele que fornece seu nome para acobertar operação de comércio exterior que, na realidade, tenha sido promovida por outra pessoa, física ou Jurídica. Como se sabe. é punível com a pena de perdimento de mercadoria, por presunção legal de dano oo Erário, a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação. Inclusive a Interposição fraudulenta de terceiros. A pena de perdimento, no caso em tela, tem caráter restritivo de direito da propriedade, e seus reais efeitos são sentidos não por quem Importa, mas por aquele que está oculto, tentando passar desapercebido aos olhos do Fisco, ou seja, o adquirente de fato. Este é quem, se utilizando de outra empresa, seja com ou sem seu conhecimento e consentimento, promove a importação de produtos de seu interesse. B sobre ele, portanto, recai a punição de perda do objeto do delito. Ocorre que, antes da lei em comento, ao se constatar tal conduta simulada e fraudulenta, o Fisco apenava apenas o adquirente de fato. responsável pela Infração, ainda que a autuação com proposta de aplicação de pena da perdimento fosse dirigida ao Importador, como agente direto da ação delituosa. Com o introdução da multa pelo artigo 33 acima transcrito, além do perdimento do bem,. a nova lei atribuiu penalidade pecuniária dirigida diretamente a quem agiu como Instrumento de irregularidade, ou seja, o importador. (...).”(grifei). Portanto,consoante demonstrado, encontrase correta a autuação de multa substitutiva de pena de perdimento aplicada sobre aquele que consta como importador, embora tenhase concluído pela presunção legal de interposição fraudulenta com ocultação de terceiros. CONCLUSÃO Fl. 5433DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10783.720605/201094 Acórdão n.º 3302002.761 S3C3T2 Fl. 5.410 29 Diante dos fundamentos acima desenvolvidos, conduzo o meu voto no sentido de:1) negar as preliminares de nulidade, 2) considerar preclusas as provas apresentadas unicamente na fase recursal, 3) negar a realização de diligência e no mérito, 4) negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (Assinado digitalmente) MARIA DA CONCEIÇÃO ARNALDO JACÓ – Relatora. Fl. 5434DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por MARIA DA CONCEICAO ARNALDO JACO, Assinado digitalmente em 19/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 15374.907447/2008-04
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1802-000.553
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do Voto do Relator.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Corrêa- Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Corrêa, Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marciel Eder Costa.
Nome do relator: LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do Voto do Relator. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Presidente. (assinado digitalmente) Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Corrêa, Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marciel Eder Costa. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 53 74 .9 07 44 7/ 20 08 -0 4 Fl. 169DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2014 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 05/11/2014 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 15374.907447/200804 Resolução nº 1802000.553 S1TE02 Fl. 3 2 Relatório Da Notificação de Lançamento. Tratase de pedido de compensação que é objeto da declaração 24290.12752.260906.1.7.046142, no valor de R$ 616.442,72, referente a suposto pagamento indevido de estimativa de CSLL, no mês de 12/2003, cujo valor total soma R$ 788.128,94. Referido pedido foi julgado improcedente, uma vez que o recolhimento declarado CSLL estimativa 12/2003 como origem de crédito não foi identificado nos registros eletrônicos da RFB. Da Impugnação Inconformada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, alegando que, equivocadamente, informou no Per/Dcomp que seu crédito seria referente a pagamento indevido de estimativa, quando, na verdade, era oriundo de saldo negativo de CSLL, apurado em 2003. Alegou, ainda, que incorreu em mero erro formal e acrescentou que o crédito pleiteado foi corretamente demonstrado e informado na DIPJ do ano de 2004. Do Acórdão da DRJ Em sessão de 17 de maio de 2012, a 6ª Turma da DRJ/RJ1 proferiu o Acórdão 1246.580, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não homologou a compensação declarada, com base nos seguintes fundamentos: Que a contribuinte declarou ter crédito decorrente de pagamento indevido de estimativa de CSLL de dezembro de 2003 quando, na verdade, o que tinha, era saldo negativo desse citado tributo. Que a contribuinte alega erro formal na descrição do crédito pretendido e solicita, na manifestação de inconformidade, que seu pedido seja analisado considerandose a natureza do crédito tida como correta, ou seja, saldo negativo de 2003, e não como declarara na Dcomp. Que as estimativas constituem antecipações referentes ao tributo cujo fato gerador ocorrerá ao fim do ano calendário e, assim, não se confundem, em sua natureza, com o saldo negativo, já que este incorpora o resultado de toda a apuração do período. Que com base nessa assertiva, concluise que o erro alegado pela interessada foi tal que efetivamente impediu a análise, por parte do órgão competente, do pedido formulado. Que todas as verificações e batimentos feitos pelo órgão de origem tiveram como base crédito diverso daquele que, conforme manifestação de inconformidade, seria de fato o pretendido. Que a retificação da declaração de compensação só pode ocorrer enquanto não prolatada decisão administrativa. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2014 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 05/11/2014 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 15374.907447/200804 Resolução nº 1802000.553 S1TE02 Fl. 4 3 Que o art. 170 do CTN autoriza a compensação tributária nas condições que estipular ou cuja estipulação, em cada caso, atribuir à autoridade administrativa, e que a lei estabelece prazo limite para a retificação da declaração de compensação, o que, no caso concreto, não foi respeitado. Que diante dos fatos analisados, e considerando que a aceitação da retificação pretendida implica na apreciação de pedido diverso daquele que ensejou a emissão do despacho recorrido, não é devida a homologação da compensação. Do Recurso Voluntário Cientificado da decisão em 25/01/2013, o Recorrente apresentou Recurso Voluntário em 22/02/2013, onde alega, em preliminar, que neste processo discutese um crédito pleiteado de R$ 158.698,18, portanto, parte dos R$ 788.128,94 e que referido crédito teve sua existência não reconhecida por análise e posterior decisão da DRJ/RJ 1 proferida nestes mesmos autos. Afirma que se tratam de dois valores distintos, que ainda não foram apreciados pela Receita Federal do Brasil, devendo os autos serem encaminhados à DRJ competente para a prolação de outro acórdão. No mérito, reforça a alegação de que teria informado equivocadamente que o tipo de crédito que pretende compensar decorre de Pagamento Indevido ou a Maior, quando na verdade a indicação correta seria de Saldo Negativo de CSLL, o que configura mero erro formal. Alega ainda que no momento do preenchimento de sua Declaração de Informações EconômicosFiscais da Pessoa Jurídica 2004, a Recorrente informou corretamente o Saldo Negativo de CSLL no valor de R$ 788.128,94, e que mesmo assim o direito de crédito da contribuinte não fora reconhecido, e as compensações pleiteadas não foram homologadas. Afirma que essa decisão baseouse em premissas equivocadas, ferindo os Princípios norteadores da Administração Pública. Prossegue afirmando que a não homologação fundouse numa suposta inexistência de crédito, e que se referidos créditos tivessem sido identificados, a homologação teria ocorrido, porém, o agente fiscal, ao invés de investigar a fundo a existência ou não dos supostos créditos, preferiu não apurar os fatos. Ressalta que os documentos ora anexados demonstram claramente a existência do crédito pleiteado, e pleiteia a homologação da compensação requerida. Esse o Relatório. Segue o meu VOTO. VOTO Conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Relator. DA TEMPESTIVIDADE Fl. 171DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2014 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 05/11/2014 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 15374.907447/200804 Resolução nº 1802000.553 S1TE02 Fl. 5 4 A ciência do Acórdão da DRJ deuse em 25/01/2013. O Recurso Voluntário foi apresentado em 22/02/2013, portanto, tempestivamente. Sendo assim, dele tomo conhecimento. DA PRELIMINAR ALEGADA A preliminar arguida pela Recorrente há de ser superada, pois o presente processo será decidido em conjunto com os processos ns. 15374.907446/200851 e 15374.907449/200895, sendo que o que a decisão, conforme adiante demonstrado, buscará a confirmação ou negativa definitiva da existência do crédito declarado de R$ 788.128,94, que compreende todos os pedidos de compensação postos em litígio, pelo que não é caso de sobrestamento de nenhum desses feitos. DO MÉRITO Tratase de Recurso Voluntário em face do Acórdão 1246.580, proferido em sessão de 17 de maio de 2012, pela 6ª Turma da DRJ/SP1, o qual julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não homologou a compensação declarada pelo contribuinte. A autoridade fiscal decidiu pela não homologação da compensação declarada, face à informação equivocadamente prestada pela contribuinte, cujo erro impediu a análise do pedido formulado. Ao analisar as alegações da Recorrente e a documentação trazida aos autos, entendo assistirlhe razão. Embora a contribuinte tenha descrito de forma equivocada o crédito pretendido, o que impossibilitou a análise do pedido, e o prazo para retificação já tenha se esgotado, é dever da Administração perseguir a verdade material. Acolho em meu voto o trabalho de autoria do professor JAMES MARINS, in verbis: "O princípio da verdade material que governa o procedimento e o processo administrativo opõemse ao princípio da verdade formal que preside o processo civil, pois este prioriza a formalidade processual probatória — como ônus processual próprio das partes que tem como motor o princípio da segurança jurídica que cria amarras e restrições à atividade promovida pelo magistrado no processo judicial. No processo judicial a convicção do juiz advém unicamente do conjunto de elementos produzidos pelas partes em rígido sistema de preclusão. Isso não significa que a verdade formal não possa conter a verdade material, mas apenas que a liberdade investigativa, os meios próprios de averiguação dos eventos de interesse tributário (diligências administrativas como a fiscalização in loco) e as faculdades procedimentais e processuais conferidas à Administração, se apresentam como instrumentos mais apropriados para a aproximação com a verdade material do que aquelas que são usualmente disponíveis no processo judicial. Enquanto no processo judicial de caráter civil ao magistrado não é licito tomar a frente do processo e determinar ex officio a produção de provas que entender indispensáveis, no procedimento e no processo administrativo tributário a autoridade administrativa pode e deve promover as diligências averiguatórias e probatórias que contribuam para a aproximação com a verdade objetiva ou material." (Direito Processual Tributário Brasileiro — Administrativo e Judicial, ed. Dialética, 3a. edição, pág.1 80) (g. n.) Nesse sentido, temse pronunciado este E. Conselho reiteradamente. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2014 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 05/11/2014 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 15374.907447/200804 Resolução nº 1802000.553 S1TE02 Fl. 6 5 No presente caso, vêse que o crédito no valor de R$ 788.128,94, indicado como pagamento indevido a título de estimativa de dezembro de 2003, corresponde exatamente ao saldo negativo de CSLL do anocalendário de 2003, que foi apurado e declarado em DIPJ. A Contribuinte apuros as estimativas de CSLL "com base na receita bruta e acréscimos" até o mês de novembro de 2003, e a estimativa do mês de dezembro de 2003 foi apurada "com base em balancete de suspensão ou redução". Esta ( a Contribuinte) informou em DIPJ que havia recolhido até o mês de novembro de 2003 estimativas no montante de R$ 2.320.705,82, o que teria gerado o alegado excedente de R$ 788.128,94, tanto em relação ao mês de dezembro de 2003, como em relação ao ano calendário de 2003. Conforme a Ficha 17 da DIPJ, parte das estimativas apuradas ao longo do ano (R$ 633.414,13) teriam sido objeto de pedido de parcelamento. Nesse contexto, entendo que o julgamento do presente processo demanda uma instrução complementar. É necessário que a Delegacia de origem, à luz dos documentos apresentados pela Recorrente, dos dados constantes dos próprios sistemas da Receita Federal, e de outros que se entenda relevantes: 1. discrimine o valor das estimativas efetivamente recolhidas até a data de apresentação do PER/DCOMP objeto destes autos, destacando especialmente as parcelas quitadas no referido parcelamento; 2. verifique e informe se houve excesso no pagamento de CSLL em 2003, seja em relação às estimativas mensais, seja em relação ao ajuste anual; 3. indique o valor do excedente, bem como sua disponibilidade, caso tal excedente seja confirmado. Dessa forma, voto pela conversão do julgamento em diligência, para que a Delegacia de origem (DERAT Rio de Janeiro, RJ), atenda ao acima solicitado. Esse o meu Voto. Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira Relator Fl. 173DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2014 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 05/11/2014 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
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