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Numero do processo: 19515.002529/2009-32
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO DE OFÍCIO. NÃO
CONHECIMENTO.
Sanado o erro de fato no acórdão embargado, não se deve conhecer do recurso de ofício, tendo em vista que o valor exonerado pela decisão de primeira instância é inferior àquele definido na Portaria MF nº 63/17.
Numero da decisão: 2402-006.815
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, com efeitos infringentes, para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2402-005.688, alterar seu resultado para: recurso de ofício não conhecido e recurso voluntário conhecido e negado provimento.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Gregório Rechmann Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: GREGORIO RECHMANN JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. Sanado o erro de fato no acórdão embargado, não se deve conhecer do recurso de ofício, tendo em vista que o valor exonerado pela decisão de primeira instância é inferior àquele definido na Portaria MF nº 63/17.
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RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. Sanado o erro de fato no acórdão embargado, não se deve conhecer do recurso de ofício, tendo em vista que o valor exonerado pela decisão de primeira instância é inferior àquele definido na Portaria MF nº 63/17. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 25 29 /2 00 9- 32 Fl. 884DF CARF MF Processo nº 19515.002529/200932 Acórdão n.º 2402006.815 S2C4T2 Fl. 885 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, com efeitos infringentes, para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2402005.688, alterar seu resultado para: recurso de ofício não conhecido e recurso voluntário conhecido e negado provimento. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. Relatório Tratamse de Embargos Inominados, previstos no artigo 66, Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em face do acórdão 2402 005688, de 17/03/2017, fls. 859/867. Por meio do susodito Acórdão nº 2402005688, prolatado por essa 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, na sessão plenária de 17 de março de 2017, negouse, por unanimidade de votos, provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e decisão a seguir: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007 CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. O Relatório Fiscal e os Anexos do Al oferecem as condições necessárias para que o contribuinte conheça o procedimento fiscal e apresente a sua defesa ao lançamento, estando discriminados, nestes, a situação fática constatada e os dispositivos legais que amparam a autuação. Fl. 885DF CARF MF Processo nº 19515.002529/200932 Acórdão n.º 2402006.815 S2C4T2 Fl. 886 3 MULTA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. INAPLICABILIDADE. A retroatividade benigna aplicase a fato pretérito quando indicado corretamente o dispositivo legal o qual se pretende aproveitar. Decisão: acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. Enviados os autos à Unidade de Origem, a EQCOB apresentou a manifestação de fl. 869, na qual aponta erro de fato no Acórdão nº 2402005.688, conforme razões a seguir transcritas: Tendo em vista que não consta no acórdão de nº 2402005.688 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária a apreciação do recurso de ofício interposto no acórdão nº 1624.212 – 11ª Turma da DRJ/SP1 (efls. 821/836), retorno o presente processo para regularização. (Grifos no original) A referida manifestação foi recebida e admitida como Embargos Inominados, nos termos do Despacho de Admissibilidade de fls. 878 / 880. É o relatório. Voto Conselheiro Gregório Rechmann Junior Relator Conforme informado no Relatório supra, de acordo a EQCOP, a decisão embargada deixou de apreciar do Recurso de Ofício interposto pelo órgão julgador de primeiro grau. Conforme se observa no Acórdão de Impugnação de fls. 821 a 836, o presidente da Turma Julgadora de primeira instância, de fato, recorreu de ofício da decisão, nos seguintes termos: Fl. 886DF CARF MF Processo nº 19515.002529/200932 Acórdão n.º 2402006.815 S2C4T2 Fl. 887 4 RECORRO DE OFÍCIO à Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, nos ternos do artigo 34, inciso I, do Decreto n.° 70.235/72, na redação dada pela Lei n.° 9.532/97, combinado com o artigo 1° da Portaria do Ministério da Fazenda (MF) n.° 03/2008, tendo em vista que o valor total do crédito tributário exonerado excede a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Todavia, compulsando a decisão embagada, constatase a inexistência de qualquer menção ao Recurso de Ofício, restando configurado, pois, o erro de fato apontado nos embargos. Pois bem! No que tange à análise do Recurso de Ofício, verificase que este não deve ser conhecido. A Súmula CARF nº 103 estabelece que que o limite de alçada deve ser aferido na data de apreciação do recurso em segunda instância, in verbis: Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. A Portaria MF nº 63/17, por seu turno, estabeleceu um novo limite para a sua interposição, ao prever que a DRJ recorrerá sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Fl. 887DF CARF MF Processo nº 19515.002529/200932 Acórdão n.º 2402006.815 S2C4T2 Fl. 888 5 No caso em análise, conforme se observa no acórdão recorrido, o recorrente foi exonerado de tributo e encargos em montante total equivalente a R$ 2.179.188,13 (R$ 1.757.409,79 + 421.778,34), valor este inferior àquele estabelecido na susodita Portaria: Conclusão Diante de todo o exposto, voto por acolher os embargos inominados com efeitos infringentes para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2402.005.688, alterar a decisão embargada, nos seguintes termos: De: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. Para: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o recurso de ofício e conhecer e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Fl. 888DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001193/2009-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Data do fato gerador: 01/07/2004
PEDIDO DE PERÍCIA. INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS.
O pedido genérico de perícia, sem a observância dos requisitos previstos no art. 16, inciso IV, do Decreto 70.235/72, não pode ser acolhido.
PERDCOMP. COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. FALTA DE CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO
O pedido de crédito não pode ser conhecido quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior.
Numero da decisão: 2201-004.818
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Douglas Kakazu Kushiyama - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama,, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DOUGLAS KAKAZU KUSHIYAMA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Data do fato gerador: 01/07/2004 PEDIDO DE PERÍCIA. INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS. O pedido genérico de perícia, sem a observância dos requisitos previstos no art. 16, inciso IV, do Decreto 70.235/72, não pode ser acolhido. PERDCOMP. COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. FALTA DE CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO O pedido de crédito não pode ser conhecido quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente. (assinado digitalmente) Douglas Kakazu Kushiyama - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama,, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
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INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS. O pedido genérico de perícia, sem a observância dos requisitos previstos no art. 16, inciso IV, do Decreto 70.235/72, não pode ser acolhido. PERDCOMP. COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. FALTA DE CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO O pedido de crédito não pode ser conhecido quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Douglas Kakazu Kushiyama Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama,, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 11 93 /2 00 9- 10 Fl. 184DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 142/1156 interposto contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (SP), de fls. 118/123, a qual indeferiu a manifestação de inconformidade apresentada, mediante o qual a DEINF SÃO PAULO homologou em parte as compensações declaradas nos PER/DCOMP nº 18063.91219.151204.1.3.043290 e 23230.60636.111105.1.3.040846, de pagamento de IRRF, código de receita 9453, efetuado em 01/07//2004, no valor de R$ 1.000.000,00, com débitos de IRRF relativos a dezembro de 2004 e 2006. Dado o didatismo da decisão recorrida, adoto seu relatório. Em 28/9/2009 a contribuinte foi intimada a apresentar os seguintes documentos e informações (fls. 15): • Documentos que comprovam ter sido efetuado a maior o recolhimento representado pelo Darf de 01/07//2004, no valor de R$ 1.000.000,00, a título de IRRF (código de receita 9453), bem como os esclarecimentos quanto às circunstâncias que provocaram o suposto excesso de recolhimento. • Apresentar todos os documentos necessários a comprovar, de forma clara e efetiva, o direito creditório; juntar, a esses documentos, cópia dos registros contábeis e dos relativos à operação de remessa dos recursos ao exterior. A empresa protocolou a resposta de fls. 20, anexando cópia de DCTF e das Per/Dcomp's. Em 20/10/2009 a empresa apresentou informações complementares, anexando os documentos de fls. 34/39. Em 19/11/2009 foi exarado despacho decisório que homologou parcialmente a compensação declarada com base nos seguintes fundamentos (fls. 71/74): • As planilhas de fls. 34/35 demonstram os valores de pagamentos de Juros sobre o Capital Próprio e respectivas retenções do IR de pessoas físicas e jurídicas do Brasil e do Exterior. • Considerando que a alíquota mínima do IR aplicada é de 15%, o total da retenção do IR deve ser, no mínimo, da ordem de R$ 959.942,54, que é o resultado da aplicação da alíquota de 15% ao total dos juros pagos. • A contraposição do valor efetivamente devido (959.942,54) ao recolhido (R$ 1.000.000,00) resulta no recolhimento a maior de R$ 40.057,46 e não de R$ 60.229,60 como declarado pelo contribuinte. As planilhas apresentadas mostram sua tentativa de justificar o crédito declarado (IRRF/código 9453) associandoo à diferença existente no recolhimento de outro tributo, o IRRF código 5706, o que refutamos, pois são tributos que se diferem não só pelos códigos, mas também por serem disciplinados por regras Fl. 185DF CARF MF Processo nº 16327.001193/200910 Acórdão n.º 2201004.818 S2C2T1 Fl. 185 3 diferentes, conforme se verifica nos art. 668, 682 a 685 e 865 do Decreto rf 3.000/1999. • Ainda que fosse possível essa associação admitida apenas a título de figuração no caso em tela tal hipótese seria impossível, pois o contribuinte declarou a compensação de débitos com a utilização de créditos oriundos de recolhimentos a maior de IRRF (código 5706), no total de R$ 473.571,84, relafivos a Darf de R$ 2.100.000,00 e R$ 12.200.000,00. Subtraindo R$ 473.571,84 de R$ 14.300.000,00, temos o resultado de R$ 13.826.428,16, o qual coincide com o valor consignado na planilha de fl. 34. • O crédito correto a ser aplicado às compensações é de R$ 40.057,46. Da Manifestação de Inconformidade Recebida a cientificação da mencionada decisão em, a interessada apresentou manifestação de inconformidade em 30/12/2009, (fls. 93/98):, alegando em síntese: • Em 1/7/2004, a requerente deliberou pagamento de Juros sobre o Capital Próprio JCP aos seus acionistas, na forma prevista no art. 9° da Lei n° 9.249/95. • Como decorrência daquela deliberação antecipou o recolhimento do IRRF em dois darf s disüntos, um de R$ 2.100.000,00 (código de receita 5706), R$ 12.200.000,00 (código de receita 5706) e R$ 1.000.000,00 (código de receita 9453). • A autoridade fiscal incorreu em equívoco na medida em que desconsiderou que destinatários de rendimento no exterior, têm alíquotas menores que 15% podendo inclusive chegar a 0%, dependendo do acordo internacional firmado que tem por objetivo evitar a bitributação. Esta interpretação resultou em insuficiência do crédito. • Requer, caso entendase necessária, a realização das diligências necessárias ao esclarecimento do que se alega. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (SP) Quando da apreciação do caso, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (SP) julgou procedente a autuação, conforme ementa abaixo (fl. 118): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 01/07/2004 PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS. Fl. 186DF CARF MF 4 Deve ser indeferido pedido genérico de diligência, sem a observância dos requisitos previstos no art. 16, inciso IV, do Decreto 70.235/72. COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Não se reconhece o direito creditório quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário A Recorrente, devidamente intimada da decisão da DRJ apresentou o recurso voluntário de fls. 142/156, praticamente repetindo os argumentos apresentados em sede de manifestação de inconformidade. Este recurso compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Relator Douglas Kakazu Kushiyama DO PEDIDO DE PROVA PERICIAL O ora recorrente formulou pedido de prova pericial, mas não cumpriu os requisitos do artigo 16, inciso IV do Decreto 70.235/72: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Sendo assim, não merece prosperar o pedido de prova pericial requerido, tendo em vista o descumprimento do disposto no artigo 16, IV, acima transcrito. DO MÉRITO O Recorrente apresentou as Per/DComp(s) nº 18063.91219.151204.1.3.04 3290 e 23230.60636.111105.1.3.040846 nas quais requereu o aproveitamento de créditos, em valores, respectivamente correspondentes a: R$ 53.089,43 e R$ 7.140,17. Fl. 187DF CARF MF Processo nº 16327.001193/200910 Acórdão n.º 2201004.818 S2C2T1 Fl. 186 5 Alegou o Recorrente que deliberou fazer pagamento de juros sobre capital próprio para seus acionistas. Intimado a informar a origem do crédito (fl. 16, apresentou resposta nos seguintes termos (fl. 22 Na fundamentação do despacho decisório constante às fls. 81 a 86, extraímos o seguinte trecho: Fl. 188DF CARF MF 6 Ou seja, o Recorrente tentou compensar crédito maior do que o que tinha direito, tendo sido reconhecido apenas o valor de R$ 40.057,46. Merece destaque as explicações constantes do voto que fundamentou a decisão recorrida: De fato, não é procedente a afirmativa de que "a alíquota mínima do IR aplicada é de 15%. No entanto, por ocasião do julgamento do processo administrativo n° 16327.903471/201017, do mesmo sujeito passivo, elementos de prova análogos, distintos apenas quanto aos períodos de apuração, foram considerados por este colegiado insuficientes para demonstrar a liquidez e certeza do direito creditório. Por conseguinte, reitero neste processo o entendimento manifestado anteriormente. O cerne da questão a ser analisada em processos de restituição/compensação gira em torno da comprovação da existência do direito creditório do sujeito passivo. A contribuinte trouxe aos autos os seguintes elementos de prova: • Cópia da DCTF do 3° trimestre/2004 (fls. 21/23). • Cópia das Per/Dcomp's (fls. 24/30). • Cópia de extrato do Sistema Bradesco de Ativos Escriturais emitido em 8/10/2009 (fls. 35). • Demonstrativo "Base dos juros sobre capital próprio" (fls. 34). • Extrato "IRRF juros cap. Próprio TJLP mens" e "Provisão p JCP a pagar país" (fls. 36/37). • Relação dos maiores acionistas do banco no exterior (fls. 38/39). Entendo que o crédito de IRRF objeto de restituição depende de demonstração de sua contabilização para ser considerado líquido e certo. (...) Fl. 189DF CARF MF Processo nº 16327.001193/200910 Acórdão n.º 2201004.818 S2C2T1 Fl. 187 7 O objetivo primordial da Contabilidade é apreender e entender as mutações sofridas pelo patrimônio de uma entidade. Desta forma, os registros contábeis são o meio de prova mais natural para demonstrar a liquidez e certeza do direito creditório. Apesar de intimado, o sujeito passivo não apresentou os elementos contábeis explicitamente solicitados pela autoridade administrativa. Não há dúvidas sobre o recolhimento efetuado. No entanto, não é possível identificar claramente os lançamentos contábeis realizados. Nos extratos constam referências ao Razão (18/08 e 08/85) e menção a duas contas (329 e 19). No histórico dos lançamento do valor do Darf s é feita a seguinte descrição: fornecedor pgto. Conforme ressaltado na decisão recorrida, caberia ao Recorrente demonstrar, com base em documentação contábil, a liquidez e certeza do direito creditório para que fosse possível aferir que os valores pagos à título de Imposto de Renda Retido na Fonte é o correto e, por consequência, o direito ao crédito também é o que alega ter direito, conforme preceitua o disposto no artigo 74 da Lei nº 9.430/96: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. Nos termos do disposto no artigo 74 da Lei nº 9.430/96 com as alterações introduzidas pelas Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, acima transcrito, verificase a possibilidade de se compensar os valores desde que seja administrado pela Secretaria da Receita Federal. Sendo assim, devese negar provimento ao recurso, diante das diversas inconsistências apontadas, pois o direito ao crédito não foi devidamente comprovado. Conclusão Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Relator Douglas Kakazu Kushiyama Fl. 190DF CARF MF 8 Fl. 191DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.722013/2014-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.522
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente).
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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RECOF. SUSPENSÃO DO PIS/COFINS. Recorrente WIPRO DO BRASIL INDUSTRIAL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. (assinado digitalmente) CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente). RELATÓRIO Por bem descrever os fatos do presente processo, reproduzo fragmentos do relatório da DRJ: Tratase de Pedido de Restituição de suposto pagamento indevido ou a maior formalizado em papel. Na apreciação do Pedido de Restituição, por meio do Despacho Decisório (...), a autoridade fiscal disse que, na inicial, a contribuinte destacou que um de seus principais clientes é a empresa Caterpillar Brasil Ltda, a qual, consoante Ato Declaratório Executivo ADE SRF nº 8, de 18/03/2004, é pessoa jurídica homologada no RECOF –Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 88 .7 22 01 3/ 20 14 -5 1 Fl. 506DF CARF MF Processo nº 13888.722013/201451 Resolução nº 3201001.522 S3C2T1 Fl. 3 2 Explicou que, a Caterpillar, por ser homologada no RECOF, seu cliente usufrui, além da não incidência do IPI e ICMS, da suspensão do PIS e COFINS e ainda, informou que a peticionante, como fornecedor da Caterpillar, não aplicou a suspensão prevista em relação ao PIS e COFINS, apurando tais tributos a maior e os extinguindo por meio de compensação (Declaração de Compensação – DCOMP) com saldo de crédito proveniente de ressarcimento de IPI. O Auditorfiscal observou que no presente processo a interessada não pagou ou recolheu qualquer débito por meio de DARF ou GPS, mas, sim, realizou a declaração de compensação de débito de COFINS com crédito de ressarcimento de IPI, por meio de apresentação de DCOMP com crédito de ressarcimento de IPI e ainda: Embora tanto o pagamento como a compensação sejam modalidades de extinção do crédito tributário – conforme incisos I e II, do artigo 156 do CTN –, tais modalidades possuem institutos jurídicos distintos, não sendo possível a aplicação de um em outro. Tanto é assim que a compensação tem seu regramento fundamentado nos artigos 170 e 170A, os quais estão disciplinados, na esfera federal, no artigo 74 da Lei 9.430/96. Quanto ao pagamento, o regramento está disciplinado nos artigos 157 a 164 do CTN, e a restituição de eventual pagamento indevido encontrase nos artigos 165 a 169 do aludido diploma legal. A autoridade administrativa explicou que o crédito utilizado na compensação de débitos não se originou de pagamento indevido ou a maior, mas, sim, de ressarcimento de IPI e que ressarcimento não é sinônimo de restituição, uma vez que o ressarcimento tem natureza de beneficio fiscal, o qual decorre de política estatal, não havendo um prévio pagamento indevido ou a maior. Já a restituição pressupõe a existência de um prévio pagamento indevido, que foi, de fato, recolhido pelo contribuinte e completou: Portanto, além de a pretensão do contribuinte não se tratar de restituição de pagamento indevido ou a maior, tampouco a DCOMP, declarada pelo contribuinte, estava amparada em crédito de pagamento indevido ou a maior. Observou, também, que embora a contribuinte tenha solicitado a restituição do crédito (ressarcimento) informado sem amparo legal, não caberia atualização por falta de previsão legal. Situação diferente de quando o crédito é originado de pagamento indevido ou a maior, hipótese em que há previsão legal de atualização. O Auditorfiscal entendeu que outro óbice ao pedido seria o pedido ter sido protocolizado após a homologação da DComp pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, fato jurídico que não permitiria a retificação da DComp e a consequente redução do valor do débito, isto porque, a compensação declarada só poderá ser retificada na hipótese de a mesma se encontrar pendente de decisão administrativa à data do envio do documento retificador. (...) Cientificada do Despacho Decisório, a interessada apresentou a Manifestação de Inconformidade (...), tecendo seus argumentos conforme segue: Inicialmente informa que a RKM Equipamentos Hidráulicos S/A passou a se denominar WIPRO DO BRASIL INDUSTRIAL S/A. Após narrar os fatos contidos no processo, faz a abertura de sua argumentação em fase preliminar: Fl. 507DF CARF MF Processo nº 13888.722013/201451 Resolução nº 3201001.522 S3C2T1 Fl. 4 3 Da possibilidade de deferimento do pedido de restituição no formato realizado 1) Quitação dos tributos por meio de compensação de crédito de ressarcimento de IPI – crédito oriundo do princípio da nãocumulatividade que pressupõe o pagamento antecipado pelo contribuinte 2) Artigo 165 do CTN que não contempla a restrição proposta – 3) Prevalência do direito material sobre o rigor formal – 4) Violação dos princípios que regem a Administração Pública (artigo 2º e seguintes da Lei nº 9.784/99) Explica que a negativa preliminar proposta pela autoridade fiscal se pauta no sentido da impossibilidade de deferimento do pedido de restituição formulado, uma vez que o indébito sustentado decorreu de uma compensação a maior realizada com crédito de ressarcimento de IPI e não por meio de recolhimento em DARF ou GPS. Para basear sua tese, sustenta que a IN RFB nº 1300/2012 apenas permite a restituição de valores pagos pelos contribuintes por meio de DARF ou GPS. Ainda, que a liquidação por meio de compensação de crédito de ressarcimento de IPI não permitiria aludido pleito, uma vez que o ressarcimento teria natureza de benefício fiscal decorrente de política estatal, enquanto que a restituição pressupõe um prévio pagamento indevido, seu cliente (Caterpillar) está habilitado no regime do RECOF, ele, como fornecedor, deveria ter efetuado a venda com suspensão do PIS e COFINS. (...). Entende que os créditos originados dos pedidos de ressarcimento de IPI não decorrem de benefício fiscal, mas sim do estrito atendimento ao princípio da nãocumulatividade previsto na Constituição Federal, que visa evitar o efeito cascata da incidência tributária e não possui qualquer caráter de benesse estatal. Argúi que o caso em comento não guarda qualquer relação com o processo de ressarcimento de IPI, mas com pedido de restituição da COFINS que foi quitada por meio de PER/DCOMP com origem no ressarcimento de IPI. Sob essa premissa, o que foi pugnado junto à União Federal é a devolução de valor efetivamente quitado da COFINS, cujo montante restou reduzido após a recomposição de sua base de cálculo. Discorda do contido no Despacho Decisório, pois o Código Tributário Nacional não impõe qualquer restrição e/ou formato de quitação do tributo objeto do indébito: E nem se alegue que a limitação ao pleito se baseia exclusivamente no disposto pela IN RFB nº 1300/2012. Isto porque, é insuscetível a aplicação isolada de ato administrativo em desacordo com o contido no Código Tributário Nacional. Extraise do texto da lei, que de forma ampla estabeleceu regra geral quanto à possibilidade de restituição, não destacando nenhuma hipótese de exceção e/ou restrição, concernente ao formato de pagamento. Esposa o entendimento de que se o Código Tributário Nacional não pretendeu restringir os direitos dos contribuintes no exercício do direito de restituição dos valores indevidamente recolhidos aos cofres públicos, não poderia a Receita Federal, por meio de interpretação isolada em Instrução Normativa, sob o pretexto de regulamentação, impor limites à previsão legal e: O objetivo da lei sempre foi fornecer aos contribuintes mecanismos de reaver os valores indevidamente cobrados pela administração pública ou objeto de equívoco por parte dos sujeitos passivos. Fl. 508DF CARF MF Processo nº 13888.722013/201451 Resolução nº 3201001.522 S3C2T1 Fl. 5 4 Importante salientar, que na hipótese em comento, conforme já consignado no pleito de restituição, a única forma da Manifestante reaver o que lhe é de direito consistia no deferimento do pedido de restituição, sob pena de esvaziamento do direito legalmente assegurado. Isto porque, uma vez homologada a compensação que liquidou o débito a maior da COFINS, insuscetível de qualquer retificação/cancelamento, sendo de rigor o único formato adotado pela Manifestante, que, inclusive, se baseou em orientação verbal da própria Receita Federal em atendimento no plantão fiscal. Cita a os princípios constitucionais (artigo 37, da CF) que regem a relação entre fisco e contribuintes e a Lei nº 9.784/99, afirmando que tais comandos devem ser seguidos, pois são os pilares do ordenamento jurídico. Entende que em nenhum momento o texto da lei estabelece que somente será passível de restituição os valores pagos em DARF ou GPS, tal como fez crer a autoridade fiscal em seus fundamentos e também: Na hipótese tratada, a violação ao princípio da legalidade potencializase na medida em que o pedido de restituição era a única forma da Manifestante buscar seu direito em face da União Federal, uma vez não previsto na legislação qualquer outro formato para as circunstâncias narradas. Entende cabíveis os princípios da proporcionalidade, razoabilidade, oficialidade e da verdade material e que não podem ser mitigados pelo formalismo: Para que o formalismo não se torne um instrumento que restringe a observância da forma e distancia a verdade material, deve a administração alcançar a função social do processo para que haja a prevalência da justiça sobre a forma, uma vez que está submissa ao princípio da legalidade, sendolhe imposto, inclusive, para o alcance da norma, o poderdever de revisão de ofício seus próprios atos. Em outras palavras, não deve o formalismo se sobrepor à matéria e à verdade dos fatos e a autoridade tem o dever de buscar a verdade material, não devendo se satisfazer com as informações trazidas pelas partes. Cita doutrina e jurisprudência que entende aplicáveis ao caso e conclui: Diante dos argumentos traçados, com amparo na melhor doutrina e jurisprudência pátrias, inconteste a possibilidade da administração pública analisar os pleitos dos contribuintes evitandose o formalismo excessivo e considerando a boafé das relações, tudo em busca ao alcance da verdade material e respeito aos preceitos estampados no artigo 37, da Constituição Federal e artigo 2º, da Lei nº 9.784/99. Após ou argumentos preliminares, a interessada continua sua defesa com o título "Do direito": Do efetivo amparo legal para suspensão de PIS e COFINS objeto de venda realizada à empresa habilitada no RECOF – Inexistência de obrigatoriedade de cohabilitação para fornecimento – Benefícios legais destinados à compradora que produzem efeitos automáticos – Direito material que pode ser aferido com base nos elementos probatórios ainda que existente erro formal no preenchimento das Notas Fiscais. Inicialmente a interessada explica que no exercício de suas atividades dentro dos períodos de 2007 a 2011, a Manifestante realizou diversas vendas em favor da Caterpillar Brasil Ltda, inscrita no CNPJ sob nº. 61.064.911/000177, que, por sua vez, consoante Ato Declaratório Executivo SRF nº 8, de 18 de março de Fl. 509DF CARF MF Processo nº 13888.722013/201451 Resolução nº 3201001.522 S3C2T1 Fl. 6 5 2004 e Ato Declaratório Executivo SRF nº 53, de 24 de julho de 2006 é homologada no RECOF (Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado) (doc. anexo aos autos) instituído através do Decreto n° 2.412 de 3 de Dezembro de 1997. Expõe sua compreensão do funcionamento do Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Aduaneiro Informatizado (RECOF), o qual permite à empresa beneficiária importar ou adquirir no mercado interno, com suspensão do pagamento de tributos, mercadorias a serem submetidas a operações de industrialização de produtos destinados à exportação ou mercado interno. É também permitido que Parte da mercadoria admitida no regime, no estado em que foi importada ou depois de submetida a processo de industrialização, seja despachada para consumo. A mercadoria, no estado em que foi importada, poderá também ser exportada, reexportada ou destruída. Desta feita, informa os benefícios: Na época dos fatos em exame, o RECOF era regulamentado pela Instrução Normativa SRF 757/2007, que, além de estabelecer todos os requisitos impostos às empresas habilitadas, dentre vários benefícios oferecidos pelo regime é de que a empresa homologada goza da permissão de importar todos os insumos com suspensão de II, IPI e PIS/COFINS, bem como efetuar compras nacionais com a suspensão do IPI e PIS/COFINS, conforme estabelecido em seu artigo 28. Diante dos benefícios contidos nas normas citadas, a interessada defende que em que pese ter fornecido para empresa homologada no RECOF – Caterpillar do Brasil Ltda, não excluiu de sua base de cálculo tributável a suspensão de PIS e COFINS previstas na legislação, mas sim, equivocadamente, apurou e recolheu A MAIOR os citados tributos. Em outras palavras, ao constituir sua base de cálculo de PIS e do COFINS não desconsiderou as vendas para a Caterpillar Brasil Ltda, portanto, a empresa recolheu mais do que deveria. É certo, que os valores das vendas com suspensão de PIS e COFINS não podem contemplar a base de cálculo para fins de tributação dessas contribuições, sob pena de esvaziamento da benesse legal/normativa do RECOF. A interessada cita a SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 28 de 26 de Setembro de 2007 ASSUNTO: Regimes Aduaneiros EMENTA: Regime Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado Recof. Somente as mercadorias de origem nacional remetidas às empresas autorizadas a operar o regime Recof poderão sair do estabelecimento do fornecedor nacional com suspensão do IPI, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. A venda de mercadorias de origem nacional à empresas que estão no regime Recof, com suspensão do IPI e das Contribuição para o PIS/Pasep e da cofins, não geram direito à manutenção dos créditos. E conclui que diante do equívoco no cômputo na base de cálculo das contribuições das vendas a Caterpillar com suspensão de PIS e COFINS, a Manifestante reconstituiu sua escrita suprimindo essas operações da base tributável, o que motivou a redução dos valores devidos na competência objeto dos presentes autos. Informa que retificou a Dacon e a DCTF do período e ainda que: Fl. 510DF CARF MF Processo nº 13888.722013/201451 Resolução nº 3201001.522 S3C2T1 Fl. 7 6 Por outro lado, a fim de complementar as informações e documentos anexados aos autos, que por si só comprovariam o direito sustentado, a Manifestante apresenta “Laudo Técnico Contábil”, assinado por profissional devidamente habilitado no Conselho Regional de Contabilidade – CRC/SP, contratado para fins de corroborar as questões trazidas à julgamento, que, além das informações constantes do seu corpo, contempla documentação anexa que permite essa conclusão, com o fito de exaustivamente comprovar a origem e procedência do direito creditório. Entende que os fornecedores de mercadorias às empresas habilitadas no RECOF não necessitam de cohabilitação no regime, uma vez que nessa hipótese os únicos beneficiados da operação são as adquirentes dos bens: A cohabilitação prevista pelos artigos 8º e seguintes, da IN RFB nº 757/2007, além de facultativa, permite aos fornecedores industriais das empresas habilitadas se beneficiarem conjuntamente dos benefícios do regime do RECOF, com a aquisição/importação de partes, peças e componentes necessários à produção dos bens que industrializar também com suspensão tributária prevista na legislação. (...) A interpretação contida no despacho decisório impugnado é deveras equivocada, uma vez ausente a imposição de cohabilitação em toda a legislação do RECOF para os casos de simples fornecimento às empresas habilitadas. Até porque, caso a legislação exigisse a cohabilitação de todos os fornecedores das empresas habilitadas, o RECOF não sairia do papel, uma vez que dificilmente as empresas de porte inferior que fornecem os bens contemplariam todos os requisitos impostos pelos artigos 4º e 5º, da IN RFB 757/2007. Argumenta que a falta de registro nas notas fiscais de saída dos produtos com suspensão das referidas contribuições, seria somente formalidade, confirase: Por sua vez, é sabido que também existe a exigência do artigo 28, do mesmo texto normativo, que indica as informações a serem imprimidas nas Notas Fiscais de saída dos fornecedores (“Saída com suspensão do IPI, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, para estabelecimento habilitado ao Recof ADE SRRF nº xxx, de xx/xx/xxxx"), as quais de fato não compuseram as notas emitidas pela Manifestante. Porém, consoante já sustentado nesta peça, a formalidade de informação em Nota Fiscal não pode se sobrepor ao direito material decorrente do RECOF, haja vista inequívoca comprovação de que a destinação das mercadorias objeto de análise foram à empresa devidamente habilitada no regime (Caterpillar), a qual é a efetiva destinatária da norma e não pode ser prejudicada por eventual lapso de informação na Nota Fiscal de compra. É certo, portanto, que eventual equívoco formal não deve prevalecer sobre a verdade material consubstanciada nos demais meios probatórios existentes no processo administrativo fiscal, sobretudo quando não há prejuízo a fazenda nacional. Cita jurisprudência administrativa na qual consta que demonstrados nos autos os erros nos procedimentos adotados pelo contribuinte, há que ser reapreciado o pleito desconsiderandose tais equívocos, haja vista inexistir prejuízo à fazenda nacional e conclui: Fl. 511DF CARF MF Processo nº 13888.722013/201451 Resolução nº 3201001.522 S3C2T1 Fl. 8 7 Nesse sentido, em que pese as Notas Fiscais emitidas à Caterpillar não terem feito menção à saída com suspensão de PIS e COFINS, restando comprovada a destinação das mercadorias no formato da legislação à empresa habilitada no RECOF, é de rigor seja admitido o lançamento da suspensão prevista na legislação, que, conforme parágrafo único, do artigo 27, da IN RFB 757/2007 se consuma automaticamente. Por fim, solicita: Preliminarmente: 1) Considerando todas as premissas adotadas, com convicção acerca da possibilidade de análise material do direito de restituição pleiteado pela Manifestante, ainda que sob outra roupagem ou mesmo sobre o formato de revisão da compensação que liquidou a maior o valor objeto do pedido, em como a busca pela verdade material e formalismo moderado, é de rigor seja admitida a aferição material do pleito realizado. No mérito: 1) Diante da inexistência de obrigatoriedade da Manifestante se cohabilitar no regime do RECOF para fornecimento à empresa habilitada, sem prejuízo da insofismável viabilidade de mitigação de erro formal no preenchimento das Notas Fiscais de saída, prestigiandose a verdade material, necessário se faz o reconhecimento do direito creditório sustentado, com o consequente deferimento da restituição pleiteada. Seguindo a marcha processual normal, irresignado com r. decisão proferida pela DRJ/Ribeirão Preto, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário repisando os argumentos apresentados na Manifestação de Inconformidade, requerendo total reforma do julgado. VOTO Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3201001.492, de 24/10/2018, proferida no processo 13888.721005/201497, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3201001.492): "O Recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. No caso em tela reclama o Contribuinte que efetuava venda de produtos para empresa Caterpillar Brasil, qual era detentora do RECOF. Que a Caterpillar como adquirente de produtos da Contribuinte, a saída dos produtos teria isenção tributária. Em caso idêntico, o assunto foi enfrentado por esse CARF no acórdão no. 3401001.275, com o seguinte fundamento: Fl. 512DF CARF MF Processo nº 13888.722013/201451 Resolução nº 3201001.522 S3C2T1 Fl. 9 8 "(...) observo que o fundamento inicial da não homologação da compensação realizada se lastreou em uma suposta utilização do direito creditório para “quitação” de outros tributos, de forma tal que não haveria saldo disponível para a compensação realizada. Na linha adotada pela decisão de primeira instância, o acolhimento da manifestação de inconformidade, em situações como estas, exigiria a demonstração cabal dos argumentos deduzidos, através de documentação hábil suficiente a amparálos. Todavia, entendo draconiano impor ao sujeito passivo a intuição de qual acervo probatório deveria dispor para atender suficientemente as expectativas do julgador administrativo. É inconteste que, tratandose de restituição de tributos, é do contribuinte o encargo de provar o direito vindicado, ex vi do art. 36 da Lei nº 9.784/99 e art. 373, I, do novo Código de Processo Civil, de tal sorte que deveria haver uma prova mínima das razões aventadas, não sendo suficiente a tal desiderato a mera juntada de declarações retificadoras, pois, como adrede exposto, não amparam direito à restituição de tributo pago indevidamente. No caso vertente, entretanto, constam dos elementos coligidos aos autos, ainda na manifestação de inconformidade, cópias das notas fiscais de venda à CATERPILLAR, empresa beneficiária do RECOF e, por conseqüência, com benefício da suspensão do PIS/Pasep e Cofins em suas aquisições no mercado interno, com discriminação dos documentos e a pretensa demonstração que essas faturas compuseram a base de cálculo daquelas exações. Como pontuado alhures, não é possível exigir que o sujeito passivo traga, de imediato, toda a documentação, que reputa o julgador necessária à demonstração do indébito, em um extremado exercício de predição. Nessa toada, à luz dos termos do despacho decisório eletrônico, parecialhe suficiente a justificativa da retificação, a demonstração dos cálculos e as notas fiscais respectivas, agregandose, após decisão de primeiro grau administrativo, o extrato do livro Registro de Saídas. Poderseia indagar acerca da preclusão temporal para coleção da prova documental complementar, à luz do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, como fez a decisão recorrida, contudo, não se pode olvidar que o despacho decisório contestado é fruto de verificações automáticas de sistema, realizadas a partir de declarações prestadas pelo contribuinte, sem qualquer participação das autoridades administrativas, que sequer assinam o despacho decisório, pois validado por meio de chancela eletrônica. Não se deseja, aqui, ser refratário à modernidade ou às inovações tecnológicas, porém, não se pode perder de vista os princípios norteadores do processo administrativo fiscal, valendo registrar que esta Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem orientado sua jurisprudência no sentido que, em situações como a deste processo, onde há um robusto princípio de prova, formado não apenas por declarações ou debates eminentemente retóricos, deve o julgamento ser convertido em diligência para análise da procedência do direito postulado. (...) Com isso, adoto nos exatos termos como fundamento os argumentos exteriorizado pelo Conselheiro Robson José Bayerl, para converter o feito em diligência para a unidade preparadora realize: Fl. 513DF CARF MF Processo nº 13888.722013/201451 Resolução nº 3201001.522 S3C2T1 Fl. 10 9 Aferição da procedência e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; Informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; Informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, Elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas. Após, vista ao contribuinte se manifestar pelo prazo de 30 (trinta) dias, retornando os autos a este Conselho." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem realize: a) aferição da procedência e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; b) informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; c) informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, d) elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas; e) após, vista ao contribuinte para se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias. Cumprida a diligência, os autos devem retornar a este Conselho para julgamento. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 514DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10140.721808/2013-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular pessoa física, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Numero da decisão: 2202-004.852
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para fins de excluir da base de cálculo da infração o crédito datado de 31/08/2010, no valor de R$ 51.559,20.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Andrea de Moraes Chieregatto, Wilderson Botto (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular pessoa física, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
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DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular pessoa física, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para fins de excluir da base de cálculo da infração o crédito datado de 31/08/2010, no valor de R$ 51.559,20. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Andrea de Moraes Chieregatto, Wilderson Botto (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 18 08 /2 01 3- 14 Fl. 330DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (SP) DRJ/SPO, que julgou procedente lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) relativo ao exercício 2011 (fls. 2/14), face à apuração de omissão de rendimentos, caracterizados por depósitos de origem não comprovada. Lavrouse termo de início de ação fiscal em 08/05/2013, fls.15/16, no qual foram solicitados os seguintes documentos para o anocalendário 2010: a) Contrato Social (ou Atas de Assembléia) e Alterações Posteriores referentes às empresas na qual seja titular ou tenha participações como sócio ou acionista; b) Extratos bancários de contacorrente, aplicações financeiras e cadernetas de poupança, referentes a todas as contas mantidas, inclusive de titularidade do cônjuge e outros dependentes, mantidas em instituições financeiras situadas no Brasil e no exterior; c) Razão da conta corrente em seu nome, nas empresas que seja titular ou que tenha participação como sócio ou acionista. Em 27/05/2013, recebeuse por escrito as informações de que o contribuinte não havia exercido nenhum cargo remunerado em 2010 e apresentava os extratos bancários solicitados (fls.18/112). Após a análise dos extratos, lhe foi demandado, via intimação, que comprovasse as origens dos depósitos, contudo, não foi apresentada nenhuma justificativa, razão pela qual foi ele autuado por omissão de rendimentos caracterizada por depósitos de origem não comprovada, realizados em contascorrente mantidas no Banco Bradesco e na Cooperativa de Crédito Rural Pantanal do MS. Não obstante impugnada (fls. 146/242), a exigência foi mantida pela decisão de piso (fls. 298/308), ensejando a interposição de recurso voluntário em 02/10/2017 (fls. 312/322), no qual foi alegado, em síntese: As contas bancárias na Cooperativa Credito Rural Pantanal do MS ag. 26.408.187/000746 Conta corrente 500577 e no Bradesco Ag. 0174 conta 00009555 comprovam que os depósitos efetuados tinham uma contrapartida referente às despesas das compras efetuadas. A operacionalização davase da seguinte forma: na intermediação das compras de carvão, a empresa Simasil Siderúrgica Ltda. emitia o cheque em nome das carvoarias e o signatário pagava as mesmas já descontando sua comissão, de tal forma que o cheque emitido pela Simasil fica depositado em sua conta e ele emitia cheques de sua conta para pagamento às carvoarias (declaração da empresa às fls.149). O Fisco levou em conta apenas os depósitos efetuados na conta do impugnante, inclusive os devolvidos, transferências de outras contas, empréstimos bancários, não considerando os débitos ocorridos nas mesmas Não é razoável que se colha um rol de depósitos bancários, por meio das Requisições de Movimentação Financeira as RMF e se intime o contribuinte para provar a Fl. 331DF CARF MF Processo nº 10140.721808/201314 Acórdão n.º 2202004.852 S2C2T2 Fl. 331 3 origem de depósito por depósito, sabendose que as pessoas físicas estão desobrigadas de fazer escrituração de seu movimento financeiro, presumindo daí que, a partir de depósito bancário de origem não comprovada, nasça o fato gerador do imposto de renda. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. De plano, é possível constatar, primeiramente, que o contribuinte expende diversas considerações sobre a presunção legal contida no art. 42 da Lei nº 9.430/96, afirmando ser a mesma ilegítima e que "colide com as diretrizes de criação de presunções legais". Traz, nesse rumo, colação de diversos precedentes antigos administrativos, alguns dos quais sem referência da época dos fatos geradores a que se reportam, entendendo serem eles pertinentes à sua situação. Prossegue, defendendo a aplicação da Súmula TFR nº 182 no particular. Pois bem, impende explicar que o lançamento foi apurado tendo como base legal o art. 42 da Lei nº 9.430/96, sendo que desde o início da vigência desse preceito a existência de depósitos bancários sem comprovação da origem, após a regular intimação do sujeito passivo, passou a constituir hipótese legal de omissão de rendimentos e ou/receita. Portanto, cabe ao Fisco demonstrar a existência de depósitos bancários de origem não comprovada para que se presuma, até prova em contrário, a cargo do contribuinte, a ocorrência de omissão de rendimentos. Tratase de presunção legal relativa, bastando assim que a autoridade lançadora comprove o fato definido em lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, para que fique evidenciada a referida omissão, e o consequente fato gerador do imposto de renda pessoa física, a despeito do entendimento em sentido diverso trazido na peça recursal. E apesar de não haver previsão legal para que a justificação da origem se dê com coincidência de datas e valores, o § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96 exige que a comprovação demandada aconteça de maneira individualizada. Destarte, intimado o recorrente a comprovar a origem dos recursos depositados/creditados, devidamente discriminados pela fiscalização, e não se desincumbindo desse ônus probatório que lhe foi legalmente transferido, ficou caracterizada a omissão de rendimentos. De outra parte, cabe esclarecer ao referido que o STJ vem reiteradamente afastando, forte nas Lei nº 8.021/90 e nº 9.430/96, e na LC nº 105/01, a aplicação da Súmula TFR nº 182 nos casos em que tenha havido regular processo administrativo e conferida oportunidade ao contribuinte de comprovar a origem dos depósitos bancários, como ocorreu na espécie. Fl. 332DF CARF MF 4 A respeito das arguições ventiladas em sede recursal sobre a não consideração de cheques e TED emitidos, convém, por oportuno, transcrever a seguinte passagem da decisão guerreada (fl. 307), a qual se adota, com a devida vênia, como fundamentação: No que concerne à alegação de que o Fisco não teria considerado os cheques e TED emitidos, cumpre ressaltar que o objeto do presente lançamento de ofício foi a omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada, quer dizer, a fiscalização não autuou as saídas de numerário efetuadas por intermédio de cheques e TED emitidos, mas sim a entrada de numerário ocorrida por meio dos depósitos bancários de origem não comprovada. Logo, não assiste razão ao pleito do impugnante de que os cheques e TED emitidos deveriam ser excluídos da base tributável. Acerca da alegada devolução de cheques depositados, cabe notar que tanto durante o procedimento fiscalizatório, como em sede de impugnação, o contribuinte não apresentou nenhuma cópia de cheque que permitisse estabelecer uma correlação entre os depósitos não comprovados, e eventuais devoluções de cheques. Ressaltese que, embora tenha produzido extensos memoriais de cálculo às fls.259/271, o impugnante não trouxe nenhum documento hábil e idôneo aos autos que amparasse qualquer uma de suas alegações. Nessa seara, além de não apresentar nenhum embasamento para o pedido de exclusão de cheques devolvidos da base tributável, o impugnante nem mesmo apresentou qualquer esclarecimento acerca da rubrica identificada como “LIBERAÇÃO CRÉDITO” às fls.104, no valor de R$51.910,74, e que o contribuinte também pretendia ver excluída. Reiterese que não constam dos autos nenhuma cópia de contrato, recibos, notas fiscais, faturas, cheques, ou qualquer outro documento que pudesse subsidiar os pleitos de exclusão de valores da base de cálculo do lançamento de ofício. E, expliquese ainda, o ônus de fazer o vínculo entre as devoluções de cheque e os cheques anteriormente emitidos, em apontar que eventuais saldos bancários que foram tributados indevidamente, é do recorrente, não bastando para tanto simplesmente afirmar "é só comparar os extratos", "é só observar o extrato", etc. Cumpre a ele, diversamente, discriminar quais são os depósitos envolvidos nos erros cogitados, com valor e data, de modo a permitir tanto à autoridade fiscal, quanto à autoridade julgadora, verificar concretamente os pretensos equívocos, e proceder a exclusão caso tenha razão a inconformidade apresentada. Vale acrescentar que a declaração da empresa Simasil Siderurgia Ltda. (fl. 149) no sentido de que o recorrente intermediava de forma autônoma as compras de carvão para a companhia, sendo que a comissão a que fazia jus provinha do desconto dos cheques emitidos pelos fornecedores daquela, está longe de comprovar que os fatos em análise se deram, efetivamente, sob essa versão. O autuado, tendo recebido rendimentos de pessoas jurídicas como autônomo, deveria ter escriturado LivroCaixa tanto para poder deduzir as eventuais despesas decorrentes de sua atividade, quanto para poder atestar os ingressos recebidos a ela vinculados, nos termos dos §§ 2º e 3º do art. 6º da Lei nº 8.134/90 e do inciso I do art. 4º e art. 34 da Lei nº 9.250/95. Desse modo, poderia cotejar os depósitos em suas contascorrentes com negócios firmados perante terceiros, comprovando sua origem a contento. Fl. 333DF CARF MF Processo nº 10140.721808/201314 Acórdão n.º 2202004.852 S2C2T2 Fl. 332 5 Além disso, poderia ter se precavido, para dizer o mínimo, e formalizado devidamente via contrato as eventuais avenças estabelecidas seja com os aludidos compradores, e seja com os fornecedores para os quais prestava, alegadamente, serviços de intermediação. De todo modo, entende este relator que, em se tratando inequivocamente de contacorrente mantida junto à cooperativa de crédito, e estando consignado no histórico do lançamento bancário de 31/08/2010 "Liberação crédito", no valor de R$ 51.559,20 (fl. 104), temse prova suficiente tratarse a operação em comento de liberação de crédito vinculado às operações do gênero efetuadas pela dita cooperativa, razão pela qual deve ser tal lançamento excluído da base de cálculo da infração apurada. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para fins de excluir da base de cálculo da infração o crédito datado de 31/08/2010, no valor de R$ 51.559,20. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 334DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13603.907083/2009-69
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 16/10/2005 a 31/10/2005
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido.
Recurso Especial Negado.
Numero da decisão: 9303-007.479
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Demes Brito (relator) e Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que votaram em devolver os autos à câmara recorrida para nova análise do exame de admissibilidade. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, acordam em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito (relator), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento parcial, para que se apure a liquidez do crédito no valor pleiteado com retorno dos autos à Unidade de Origem. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Semíramis de Oliveira Duro (suplente convocada). Declarou-se impedida de participar do julgamento a conselheira Tatiana Midori Migiyama, substituída pela conselheira Semíramis de Oliveira Duro.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Semíramis de Oliveira Duro (suplente convocada).
Nome do relator: DEMES BRITO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 16/10/2005 a 31/10/2005 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido. Recurso Especial Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Demes Brito (relator) e Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que votaram em devolver os autos à câmara recorrida para nova análise do exame de admissibilidade. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, acordam em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito (relator), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento parcial, para que se apure a liquidez do crédito no valor pleiteado com retorno dos autos à Unidade de Origem. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Semíramis de Oliveira Duro (suplente convocada). Declarou-se impedida de participar do julgamento a conselheira Tatiana Midori Migiyama, substituída pela conselheira Semíramis de Oliveira Duro. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Demes Brito - Relator (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro - Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Semíramis de Oliveira Duro (suplente convocada).
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LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido. Recurso Especial Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Demes Brito (relator) e Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que votaram em devolver os autos à câmara recorrida para nova análise do exame de admissibilidade. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, acordam em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito (relator), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento parcial, para que se apure a liquidez do crédito no valor pleiteado com retorno dos autos à Unidade de Origem. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Semíramis de Oliveira Duro (suplente convocada). Declarouse impedida de participar do julgamento a conselheira Tatiana Midori Migiyama, substituída pela conselheira Semíramis de Oliveira Duro. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 90 70 83 /2 00 9- 69 Fl. 203DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 204 2 Demes Brito Relator (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Semíramis de Oliveira Duro (suplente convocada). Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pela Contribuinte ao amparo do art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, contra acórdão nº 3401002.345, proferido pela 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, que decidiu em negar provimento ao recurso voluntário, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 16/10/2005 a 31/10/2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ELEMENTOS DE PROVA. A prova por excelência do direito de crédito do contribuinte, por força de lei, é a sua contabilidade comercial e fiscal, bem assim, os documentos que a respaldam, não se prestando a tal desiderato exclusivamente as declarações entregues à RFB. Recurso voluntário negado. Não conformada com tal decisão, a Contribuinte interpõe o presente Recurso Especial, aduz divergência jurisprudencial quanto ao suposto erro de preenchimento de suas declarações fiscais, o que ensejou sua retificação, não restando impedimento para apresentação de DCTF retificadora, apresentada posteriormente à intimação do despacho eletrônico, conforme depreendese na peça recursal, às fls. 104/128. Para comprovar o dissenso, aponta como paradigma o Acórdão nº 3102 001.237. Em seguida, o Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF, deu seguimento ao Recurso, especialmente quanto "à efetividade das declarações fiscais retificadoras (ex.: DCTF) prestadas pela contribuinte para comprovar a existência do crédito, e necessidade da autoridade administrativa diligenciar caso tenha dúvidas a respeito das retificações feitas." Nos termos do despacho de admissibilidade, às fls. 145/148. Devidamente cientificada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, às fls. 158/163. Fl. 204DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 205 3 No essencial é o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Demes Brito, Relator Preliminar Não conformidade erro no despacho de Admissibilidade "Nulidade do Julgado" Cerceamento do Direito de Defesa O Recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, restando contudo investigar adequadamente o atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade, prerrogativa, em última análise, da composição plenária da Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a qual tem competência para não conhecer de recurso especiais nos quais não estejam presentes os pressupostos de admissibilidade respectivos. Primeiramente, se faz necessário relembrar e reiterar que a interposição de Recurso Especial junto à Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao contrário do Recurso Voluntário, é de cognição restrita, limitada à demonstração de divergência jurisprudencial, além da necessidade de atendimento a diversos outros pressupostos, estabelecidos no artigo 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Por isso mesmo, essa modalidade de apelo é chamado de Recurso Especial de Divergência e tem como objetivo a uniformização de eventual dissídio jurisprudencial, verificado entre as diversas Turmas do CARF. Neste passo, ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos, não tendo espaço para questões fáticas, que já ficaram devidamente julgadas no Recurso Voluntário. Após essa breve introdução, passemos, então, ao exame do caso em espécie. Com efeito, Presidente da 4ª Câmara da 3º Seção do CARF, deu seguimento ao Recurso, especialmente quanto "à efetividade das declarações fiscais retificadoras (ex.: DCTF) prestadas pela contribuinte para comprovar a existência do crédito, e necessidade da autoridade administrativa diligenciar caso tenha dúvidas a respeito das retificações feitas." Nos termos do despacho de admissibilidade, às fls. 145/148. Compulsando detidamente o exame de admissibilidade, detecto um vício formal, o examinador indica um acórdão estranho a discussão. Vejamos: Acórdão nº 3801002.025 (fls. 147) "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2004 a 30/04/2004 ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 206 4 A destinação de mercadorias para a Zona Franca de Manaus equivale à exportação de produto brasileiro para o estrangeiro segundo disposto no Decretolei 288/67. Tendo o artigo 40 do ADCT mantido as características de área de livre comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, por vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 e, ainda, considerando que a receita de exportações de produtos nacionais para o estrangeiro é desonerada do PIS e da COFINS, nos termos do artigo 149, § 2°, I da Constituição Federal, enquanto não Iterado ou revogado o artigo 4° do DL n° 288/67, sobre elas não incide o PIS e a COFINS. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado." (destacamos) (1ª Turma Especial da 3a Seção de Julgamento do CARF, Cons. Relator Sidney Eduardo Stahl, Acórdão n° 3801002.025, de 20/08/2012). Acórdão recorrido tem fundamento que o benefício fiscal das vendas para a ZFN Franca de Manaus (ZFM) não abrange as contribuições sociais criadas após o início da vigência do DL 288, de 1967. Vejamos: "(..,) Refirome à arguição de isenção nas vendas à Zona Franca de Manaus e de que as vendas de sucatas, de fato seriam indenizações recebidas de seguradoras. Quanto ao primeiro ponto, peço vénia para transcrever, mais uma voto da i. Conselheira Sílvia de Brito Oliveira, de cujas conclusões partilho inteiramente: (...) Quanto ao mérito da inclusão das receitas em questão na base de cálculo do PIS, não vislumbro abrigo na ordem jurídica para agasalhar a pretensão contrária da recorrente, pois o dispositivo legal invocado no recurso, editado em fevereiro de 1967, traz em si expressão cuja literalidade fornece os exatos contornos temporais para o alcance dos efeitos fiscais a que se refere, estando assim redigido o art. 4° do Decretolei n° 288, de 1967: (...) Observase, portanto, que o próprio dispositivo legal tratou de restringir seus efeitos fiscais à legislação vigente à data de sua publicação, evitando se, dessa forma, a produção de efeitos em relação a tributos que forem instituídos posteriormente, como é o caso do PIS, que somente foi introduzido no ordenamento jurídico pela Lei Complementar n° 7, de 07 de setembro de 1970. (...)'. Devese, pois, negar provimento ao recurso quanto à matéria. (...)" (destacamos) Mas, como traz o acórdão paradigma, outro colegiado do CARF já proferiu decisão com entendimento contrário do acórdão recorrido, no sentido de que, "por força do art. 40 do ADCT c/c art. 149, § 2o, I da Constituição Federal, o comando do art. 4° do DecretoLei n° 288/67 é aplicável a toda e qualquer venda à ZFM, equiparando à exportação e, portanto, sujeita à legislação aplicável às exportações no momento da operação, pelo que as receitas auferidas com vendas à ZFM no período autuado são isentas do PIS". Fl. 206DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 207 5 Ao consultar os documentos que instruem o contraditório, vejo que a matéria aqui posta como divergente já foi motivo de discussão, análise e decisão; portanto, consideroa como pré questionada". Em que pese o Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF, optar em dar seguimento ao Recurso, entendo que o referido despacho está eivado de vício formal, levando prejuízo a contribuinte, bem como o cerceamento do direito de defesa. À luz do formalismo literal, de acordo com as regras impostas pela Coordenação Geral de Julgamento, devolvo o processo para secretária da 3ª Seção de Julgamento, para que se proceda um novo exame de admissibilidade contendo o paradigma correto, bem como, o exame e revisão do texto redigido, sob pena de nulidade do julgado. Por fim, restou consignado em sessão pública, que este Relator caso não apresenta diversas soluções para o litígio, está sujeito a perda de mandato, em que pese receber de modo reiterado processos contendo não conformidades, erros de despacho de admissibilidade, distribuição indevida processos, etc. Passo ao julgamento do mérito, isentandome de eventuais sanções que possam ser aventadas pela Coordenação Geral de Julgamento em prejuízo a este Relator. Mérito. Conforme determinado, caso o Conselheiro não apresenta diversas soluções para o litígio, está sujeito a perda de mandato, em que pese muitas das vezes receber processos contendo não conformidades, erros de despacho de admissibilidade, competência estranha a esta 3º Seção de Julgado. Passo ao julgamento do mérito, isentandome das eventuais sanções que possam recair sobre este Relator. Tratase, na espécie, de despacho decisório eletrônico de não homologação de compensação, relativo ao PER/DCOMP 22520.94674.140807.1.3.049603, cujo fundamento é a integral vinculação do crédito indicado em outro(s) débito(s) de titularidade do contribuinte. Por sua vez, a Contribuinte sustenta a efetiva existência do crédito utilizado e atribuiu a não homologação da compensação a um equívoco no processamento da DCTF, ao passo que a retificara em 23/09/2010, portanto, antes da prolação do despacho decisório (07/10/2009), além do que, tal retificação estaria amparada pelo art. 11 da IN RFB 903/08. Analisando a quaestio, em que pese a Contribuinte ter apresenta a retificação da DCTF, antes do despacho decisório, não justifica a ineficiência da decisão recorrida em presumir que não há direito creditório, até porque tratase de um despacho eletrônico, sob condição de um exame apurado da Autoridade Lançadora. Com efeito, a DCTF é a forma com que a Contribuinte dá conhecimento ao Fisco da ocorrência do fato jurídicotributário e informa o pagamento do valor correspondente ao tributo. Como se depreende da sua própria denominação, é uma declaração contendo débitos e créditos tributários federais. Nos termos do § 1º do art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, “o documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a Fl. 207DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 208 6 exigência do referido crédito”. Tratase de confissão extrajudicial da existência daqueles débitos, conforme arts. 389 e 3911, do atualmente vigente Código de Processo Civil (CPC), lei nº13.105, de 16 de março de 2015, e por isso tratase de um título executivo. Por se tratar de uma confissão de dívida da Contribuinte, inclusive podendo ser contra ela efetuada a cobrança na falta de pagamento, ela necessariamente terá de alterar essa confissão se entender que pagou um valor indevido, para então poder requerer um pedido de restituição ou apresentar uma DCOMP. Como visto, quanto a tônica da decisão recorrida no sentido de que, permanecem carentes de comprovação tanto o direito creditório quanto a liquidez do crédito utilizado em compensação pela postulante, não lhe assiste razão alguma, não se pode olvidar em declarar um lançamento sem ao menos cumprir os requisitos mínimos do exercício da ampla defesa e contraditório, sob a justificativa de que não existe crédito, ora, compulsando aos autos não localizo nenhum juízo técnico do Colegiado recorrido capaz de comprovar a existência ou não do direito creditório guerreado. Neste contexto, ao controlar as operações de quantificação dos créditos e débitos, o Fisco está atrelado ao princípio da verdade material que rege o lançamento. Tem, pois, o dever de investigar a veracidade dos elementos constitutivos da obrigação tributária, sejam elas a favor ou contra os interesses da Fazenda Pública. Neste aspecto, leciona José Souto Maior Borges: "A atuação do Fisco no procedimento administrativo tributário é imparcial. Porque nele o Fisco persegue, como se disse, a descoberta da verdade material; é, então, indiferente ao objeto do processo sejam os fatos apurados 'favoráveis', e. g., à constatação do débito tributário ou 'desfavoráveis' ao Fisco, tal como sucede com a verificação administrativa da inexistência de débito ou de ocorrência dos pressupostos legais para o desfrute de uma isenção tributária. Já se caracterizou essa posição processual do Fisco e não sem razão como a de uma parte imparcial. Parte, porque intervém no processo, na qualidade de sujeito ativo da relação tributária. Imparcial, porque sua atuação está desvinculada dos interesses que se controvertem no processo, sem consideração a interesses parciais de qualquer ordem' (LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO; p. 122; Malheiros, 2ª edição). Frente a evidente constatação, a Contribuinte retificou a DACON e sua DCTF para declarar efetivamente o valor devido e, assim, liberar o crédito, não resta dúvida quanto ao seu direito creditório. Quando da apresentação das declarações retificadoras, a Contribuinte estava sob a égide da IN RFB nº 1.110/2010, que estabelecia os procedimentos quanto apresentação da DCTF nos casos de retificação, em especial regida pelo artigo 9º: 1 Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário. Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes. Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro. Fl. 208DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 209 7 Art. 9º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. Registrese ainda que o art. 18 da medida provisória nº 2.18949, também estabelece que a retificação terá a mesma natureza da declaração original, in verbis: Art.18.A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Como se observa, não existe qualquer impedimento para que se altere débitos e créditos, contudo, a mesma instrução em testilha, logo em seguida, estabelece as hipóteses em que a retificação, não produzirá efeitos, nos termos do § 2º do art. 11: Art.18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. §2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada sobre o início de procedimento fiscal. Portanto, não existe impedimento para a retificação produzir seus efeitos, pois não há débitos enviados à PGFN e inscritos em dívida ativa, com também não houve procedimento de auditoria ou início de procedimento fiscal e sim indeferimento do despacho decisório sob o fundamento de que não existe direito creditório, deste modo, DCTF retificadora passa a substituir integralmente a DCTF original, produzindo seus devidos efeitos. Por oportuno, esclareço que o processo administrativo fiscal está adstrito as regras positivadas do sistema, neste sentido, invoco o magistério do Professor Luiz Orlando Fl. 209DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 210 8 Junior Zanon (pg.104,105106) o qual em sua tese de Doutorado, Teoria Complexa do Direito2, esclarece a correta inserção das normas no plano sistêmico. In verbis: "O Positivismo Jurídico pressupõe que o Direito é formado exclusivamente (ou ao menos preponderantemente) por Regras Jurídicas, como sinônimo de Normas Jurídicas positivadas, devidamente fixadas pelos parlamentares (no sistema codificado) ou estabelecidas em precedentes judiciais anteriores (no modelo judiciário ou consuetudinário)3 No primeiro cenário (civil law, statutory law ou code based legal system), a Regra Jurídica é o resultado da interpretação de um texto elaborado pelo legislador, no sentido de reconstruir sua intenção ao prolatar o dispositivo normativo, como se fosse um procedimento de adivinhação de qual teria sido a solução dada pelo órgão legiferante, acaso diante do caso concreto. E, no segundo (common law ou judge made law), a Regra Jurídica pode ser extraída não só da legislação, mas também do texto de um precedente anterior, num esforço de verificar qual seria a solução que teria sido dada pelo Poder Legislativo para reger o novo caso, nos pontos relevantes em que é precisamente similar ao julgamento anterior. Em ambas hipóteses, a interpretação e a aplicação do Direito são consideradas, pela generalidade dos juspositivistas [...] (com a notável ressalva de Kelsen), como meramente reprodutoras de sentidos já previamente fixados por Regras Jurídicas anteriores, que já guardam a resposta para solução do novo problema emergido no tecido social”. (pg.104,105106). [...] Dispositivo Ex positis, dou parcial provimento ao Recurso da Contribuinte, com retorno dos autos a unidade de jurisdição para que se apure a liquidez do crédito no valor pleiteado. 2 ZANON JUNIOR, Orlando Luiz. Teoria Complexa do Direito. Florianópolis: Cejur, 2013. 3 DIMOULIS, Dimitri. Positivismo jurídico: Introdução a uma teoria do direito e defesa do pragmatismo jurídicopolítico. São Paulo: Método, 2006. p. 68: “Isso indica que ser positivista no âmbito jurídico significa escolher como exclusivo objeto de estudo o direito que é posto por uma autoridade e, em virtude disso, possui validade (direito positivo)”; e, p. 131: “Partindo dessa delimitação negativa, o PJ stricto sensu afirma a absoluta identidade entre o conceito de direito e o direito efetivamente posto pelas autoridades competentes, isto é, pelas autoridades que, em razão de uma constelação de poder, possuem a capacidade de impor o direito”. E FERRAJOLI, Luigi. Principia iuris: teoría del derecho y de la democracia. V 1. Madrid: Trotta, 2011. p. 395457. Especialmente, p. 396: “Las normas son reglas que pertenecen al derecho positivo em cuanto son efectos jurídicos puestos o causados por actos (T8.11, T8.12). Obviamente, em tanto que reglas, las normas son significados de preceptos (T8.13), a los que vienen asociadas em cada caso mediante interpretación jurídica”. Fl. 210DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 211 9 É como voto. (assinado digitalmente) Demes Brito Voto Vencedor Conselheira Semíramis de Oliveira Duro Redatora Designada A despeito do excelente voto do Ilustre Relator, ouso divergir quanto a solução dada ao caso. Preliminar Erro no Despacho de Admissibilidade Aduziu o Relator que o despacho de admissibilidade seria nulo, por vício formal, porquanto o examinador indica um acórdão estranho à discussão dos presentes autos. De fato, observase nas efls. 145 a 149, um despacho de admissibilidade referente a outro processo, de matéria completamente diversa. É notório que se trata de mero equívoco na anexação a este processo. Todavia, nas efls. 150 a 156, consta corretamente posto o despacho de admissibilidade do presente processo. Referido ato tratou de todos os argumentos arguidos no recurso especial da empresa, bem como está devidamente motivado. Assim, nos termos do art. 59, II do Decreto n° 70.235/72, os despachos e decisões são nulos apenas se proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, o que não se observa no presente processo. Por isso, não vislumbro nulidade no despacho de admissibilidade de efls. 150156. Logo, voto por afastar a preliminar suscitada pelo Relator. Divergência – “efetividade das declarações fiscais retificadoras (ex.: DCTF) prestadas pela contribuinte para comprovar a existência do crédito, e necessidade da autoridade administrativa diligenciar caso tenha dúvidas a respeito das retificações feitas” CONHECIMENTO Na origem, a empresa sustentou que possuía crédito decorrente de recolhimento a maior de COFINS, no período de 05/2004, e que após essa constatação procedeu à compensação, por meio do PER/DCOMP. Informa que, por conta de equívoco ocorrido na DCTF originária, efetuou correções em DCTF retificadora, antes da prolação do despacho decisório. A DRJ Belo Horizonte/MG julgou improcedente a manifestação de inconformidade, por entender que não havia prova da liquidez e certeza do crédito pleiteado e Fl. 211DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 212 10 que não bastaria a retificação da DCTF desacompanhada de outros elementos, além de destacar que a retificação fora extemporânea. Em recurso voluntário, asseverou que a retificação foi tempestiva e observou os ditames da IN RFB n° 903/08; bem como que o montante recolhido é superior àquele efetivamente devido. O acórdão recorrido, n° 3401002.345, da 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, negou provimento ao apelo, com decisão assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 16/10/2005 a 31/10/2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ELEMENTOS DE PROVA. A prova por excelência do direito de crédito do contribuinte, por força de lei, é a sua contabilidade comercial e fiscal, bem assim, os documentos que a respaldam, não se prestando a tal desiderato exclusivamente as declarações entregues à RFB. Recurso voluntário negado. Como paradigma, foi apontado o acórdão n° 3102001.237, assim ementado: APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS DESPACHO HOMOLOGATÓRIO POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO A declaração retificadora possui a mesma natureza e substitui integralmente a declaração retificada. Descaracterizadas às hipóteses em que a retificadora não produz efeitos. 1. Saldos enviados à PGFN para inscrição em DAU. 2. Valores apurados em procedimentos de auditoria interna já enviados a PGFN. 3. Intimação de início de procedimento fiscal. Recurso Conhecido e parcialmente provido. Retorno dos autos a unidade de jurisdição para apuração do crédito. A identidade fática apontada pela Recorrente reside: "... mormente ao fato de que o simples erro de preenchimento das declarações fiscais, que ensejam a apresentação de retificações, não retiram o caráter constitutivo da DCTF retificadora em relação ao crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior, ..." O acórdão recorrido consignou que apenas a apresentação das declarações fiscais retificadoras (DCTF, DACON) prestadas pela contribuinte que instruem o pedido de compensação, sem o acompanhamento de outros elementos de prova, não se prestam a comprovar o crédito pleiteado. Ao passo que no acordão paradigma, restou decidido que a comprovação da existência de crédito é suficientemente feita pela DCTF retificadora, quando não há impedimento legal para a sua produção de efeitos, e que, havendo alguma dúvida em Fl. 212DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 213 11 relação aos valores declarados pelo contribuinte, caberia à Fiscalização realizar diligências a fim de esclarecêlas e não, simplesmente, deixar de homologar a compensação declarada. Está configurada a divergência, portanto voto por conhecer do Recurso Especial. MÉRITO Para a Recorrente (e a posição externada no paradigma) as declarações retificadoras seriam suficientes para comprovação do crédito a que faz jus. Tal pretensão não merece acolhida. No tocante à efetividade das declarações fiscais retificadoras prestadas pela contribuinte para comprovar a existência do crédito, entendo que não são isoladamente instrumento hábil para conferir certeza e liquidez aos créditos declarados no PER/DCOMP. A compensação via PER/DCOMP não está vinculada à retificação de DCTF. Isso porque o indébito tributário decorre do pagamento indevido, nos termos dos art. 165 e 168 do CTN, cujos fatos demandam suporte probatório. Nesse sentido, o CARF já se manifestou: Acórdão n° 3403002.370, 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária: DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO (DDE). NÃO HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO (DCOMP). RETIFICAÇÃO POSTERIOR DE DADOS DA DCTF. A retificação da DCTF, para demonstrar a diferença entre valor confessado e recolhido, não é condição prévia para a transmissão da DCOMP, nem é ato que, por si mesmo, cria o direito de crédito do contribuinte. A existência do indébito depende da demonstração, por meio de provas, pelo contribuinte. Dispõe o art. 170, do CTN, que a compensação depende da comprovação da liquidez e certeza dos créditos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Regra geral considerase que o ônus de provar recai sobre quem alega o fato ou o direito: CPC/2015 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 213DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 214 12 II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor A Recorrente trouxe aos autos o comprovante de arrecadação, o PER/DCOMP, DACON, DCTF e DCTF Retificadora. Por sua vez, no DACON entregue consta valor diferente do valor da DCTF retificadora. A contribuinte só teria direito subjetivo à compensação se comprovasse a liquidez e certeza de seu crédito. Então, apenas a escrituração contábil e fiscal, acompanhada dos documentos que as instruem, poderiam conferir a força probante do crédito. Neste processo, vieram duas páginas de documentos apenas em sede de memoriais. E também apenas nos memoriais a empresa expressamente consignou a origem de seu crédito: Após rever a apuração do período, a Recorrente verificou, no que interessa ao presente caso, que havia considerado, na apuração do tributo devido, valor inferior (ao limite legal) a título de comissões de venda direta de veículos que, nos termos do art. 2°, § 2° da Lei n° 10.485/2002, são passíveis de dedução da base de cálculo da COFINS: (...) Nessa oportunidade, informou que a apuração deste crédito já havia sido registrada em sua escrita fiscal e contábil antes mesmo da retificação da DCTF. A documentação a que se refere é uma página do Livro Razão no qual consta a suposta apuração do crédito e uma página de demonstrativo de cálculo. Diante desse quadro, a empresa deveria de ter trazido aos autos os demonstrativos das bases de cálculo de apuração da COFINS nãocumulativa, as planilhas das comissões de venda dos veículos, o DACON original e retificador, devidamente conciliados com cópias dos livros contábeis, notas fiscais e guias de recolhimento. Uma vez ausentes esses elementos, deve ser negado o direito ao crédito, já que a certeza e liquidez não foram comprovadas. Assim, a Recorrente não pode transferir o ônus da produção probatória para a autoridade fiscal ou para o julgador, alegando a obrigatoriedade da realização de diligências. A autoridade julgadora administrativa, a teor do art. 18 do Decreto nº 70.235/1972, pode determinar, de ofício ou a requerimento do interessado, a realização de diligências ou perícias, mas somente quando entendêlas necessárias ao seu convencimento, devendo indeferir as prescindíveis ao julgamento. Há que se ter em conta que tal previsão legal não existe com o propósito de suprir o ônus da prova colocado às partes, mas sim de elucidar questões pontuais mantidas controversas mesmo em face dos documentos trazidos. As diligências voltamse à confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não substituem o que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 13603.907083/200969 Acórdão n.º 9303007.479 CSRFT3 Fl. 215 13 De se ressaltar, outrossim, que o fato de o processo administrativo ser informado pelo princípio da verdade material, em nada macula tudo o que foi até aqui tratado. É que o referido princípio se destina à busca da verdade, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no cumprimento dos seus respectivos ônus probatório. Em suma, nego provimento ao recurso especial. Dispositivo Do exposto, voto por conhecer do recurso especial interposto pela contribuinte e, no mérito, negarlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Redatora Designada Fl. 215DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.722816/2012-36
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
MOLÉSTIA GRAVE. INÍCIO DA ISENÇÃO.
A isenção dos rendimentos percebidos a título de aposentadoria, por moléstia grave tipificada em lei, aplica-se a partir do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO.
As diferenças decorrentes de verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência.
Numero da decisão: 2402-006.732
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para, nos termos do Acórdão 9202-005.650, determinar a retificação do crédito tributário com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Gregório Rechmann Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: GREGORIO RECHMANN JUNIOR
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ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. Recorrente RUTH EVARISTO ALVES DUTRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2009 MOLÉSTIA GRAVE. INÍCIO DA ISENÇÃO. A isenção dos rendimentos percebidos a título de aposentadoria, por moléstia grave tipificada em lei, aplicase a partir do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO. As diferenças decorrentes de verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 28 16 /2 01 2- 36 Fl. 122DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para, nos termos do Acórdão 9202005.650, determinar a retificação do crédito tributário com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da 7ª Tuma da DRJ/BHE, consubstanciada no Acórdão nº 0239.030 (fls. 47), que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão de primeira instância: Contra a contribuinte em epígrafe foi emitida Notificação de Lançamento do Imposto de Renda da Pessoa Física, referente ao Exercício 2010, Ano Calendário 2009. Após a revisão da Declaração foram apurados os seguintes valores: R$ 8.971,89 de imposto suplementar, acrescido de multa de ofício de 75% e de juros de mora calculados até 29/02/2012. De acordo com a Descrição dos Fatos, fl. 32, o lançamento acima foi decorrente de infração relativa a Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica, Decorrentes de Ação da Justiça Federal. Constatouse omissão de rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente, no valor de R$ 85.858,21, auferidos pelo titular e/ou dependentes. Na apuração do imposto devido, foi compensado o Imposto Retido na Fonte (IRRF) sobre os rendimentos recebidos, no valor de R$ 2.575,74. Segundo a Complementação da Descrição dos Fatos, foram incluídos rendimentos de ação da justiça federal conforme Dirf fev/2009, anterior à moléstia. Os rendimentos da aposentadoria foram reduzidos para R$ 14.566,69 conforme Laudo médico oficial. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 15504.722816/201236 Acórdão n.º 2402006.732 S2C4T2 Fl. 123 3 Inconformada, a interessada apresentou impugnação em 21/3/2012, fls. 2 a 7, por meio de procurador constituído, conforme documentos de fls. 9/10. Alega que é idosa e tem direito aos benefícios da Lei nº 10.741, de 2003 – Estatuto do Idoso, art. 71, caput e § 3º. Pede a observância dessa lei no exame de seu caso. Argumenta que prestou os esclarecimentos solicitados pela fiscalização, com o Termo de Atendimento nº 201010000080592, em 16/09/2011. Diz que foi beneficiada com isenção de imposto de renda por doença incapacitante, consoante certidão passada pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, do qual foi servidora, mas a informação não foi considerada pela fiscalização. Discorda da autuação pois tem direito à isenção do imposto de renda sobre os valores de aposentadoria recebidos no ano base de 2009, exercício 2010, inclusive sobre as diferenças recebidas em função de processos administrativos ou judiciais, conforme dispõe o art. 6º, inciso XIV da Lei nº 7.713, de 1988 e decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, todos transcritos na impugnação. Informa que o INSS, ao emitir o Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte não observou que os rendimentos de aposentadoria pagos estavam amparados pela isenção, incluindoos como rendimentos tributáveis. Ao elaborar a declaração promoveu sua correção, mas deixou de incluir o valor relativo à diferença de proventos de aposentadoria recebida em decorrência de ação judicial coletiva (processo 1997.34000358535), não pagos em época própria, que não constava do comprovante do INSS, esclarecendo ainda, que não foi emitido comprovante pelo Banco do Brasil. Fala que a omissão na Declaração de Rendimentos não retira seu direito à isenção do imposto, sendo caso de simples retificação da declaração e não de lançamento de tributo, aduzindo que tais rendimentos devem constar na declaração como isentos e não tributáveis. Entende, a impugnante, que tem um crédito de imposto a restituir no valor de R$ 7.185,09, referente a soma de R$ 4.609,35 (valor retido pelo INSS) com R$ 2.575,74 (valor retido pelo Banco do Brasil), e não débito de imposto a pagar como deseja a fiscalização através da autuação. Registra que o fato gerador do imposto de renda da pessoa física ocorre no último dia do ano base, o que implica dizer estar isento todo o rendimento recebido neste ano quando materializada a hipótese fática de isenção conferida por lei, inclusive o 13º salário. Fl. 124DF CARF MF 4 Apresenta os documentos comprobatórios de seu direito, pedindo que seja acolhida sua impugnação e cancelada a Notificação de Lançamento, com a devolução do valor retido indevidamente pelas fontes pagadoras, creditandoo em sua conta corrente no Banco 001, Agência 22871, conta nº 550515. A DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte, nos termos do Acórdão 0239.030 (fls. 47), cuja ementa reproduzse a seguir: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2010 MOLÉSTIA GRAVE. INÍCIO DA ISENÇÃO. A isenção dos rendimentos percebidos a título de aposentadoria, por moléstia grave tipificada em lei, aplicase a partir do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AÇÃO JUDICIAL. Considerase omissão de rendimentos os valores recebidos acumuladamente, decorrentes de ação judicial, não declarados pelo contribuinte e, por previsão legal, são tributados no mês de seu recebimento. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas não têm efeito vinculante em relação às decisões proferidas pelas Delegacias de Julgamento da Receita Federal do Brasil. Cientificado dessa decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário de fls. 62, reiterando o quanto aduzido na impugnação apresentada. Na sessão de julgamento realizada em 11/05/2016, este Colegiado deu provimento ao Recurso Voluntário da contribuinte, cancelando o lançamento fiscal, nos termos do Acórdão nº 2402005.288 (fls. 74), com a seguinte ementa: Fl. 125DF CARF MF Processo nº 15504.722816/201236 Acórdão n.º 2402006.732 S2C4T2 Fl. 124 5 Desafiado por Recurso Especial da Fazenda Nacional, os membros da 2ª Turma da CSRF, na sessão de julgamento realizada em 26/07/2017, deram provimento ao apelo especial da Fazenda para determinar a retificação do montante do crédito tributário com aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. Ainda, considerando que a desconstituição do lançamento propugnada pelo Colegiado a quo levou ao não exame de alegações constantes do Recurso Voluntário do contribuinte (mais especificamente quanto à isenção alegadamente aplicável aos rendimentos recebidos), de se retornar o feito ao Colegiado de origem, para apreciação das demais questões constantes do Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Gregório Rechmann Junior Relator A admissibilidade do Recurso Voluntário já foi objeto de análise e apreciação por este Colegiado, por ocasião do seu julgamento em 11/05/2016, nos termos do Acórdão 2402 005.288 (fls. 74). Conforme exposto no relatório supra, o lançamento em análise foi decorrente de infração relativa a Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica, Decorrentes de Ação da Justiça Federal. Constatouse omissão de rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente, no valor de R$ 85.858,21, auferidos pelo titular e/ou dependentes. Segundo a Complementação da Descrição dos Fatos, foram incluídos rendimentos de ação da justiça federal conforme Dirf fev/2009, anterior à moléstia. A irresignação da contribuinte se restringe, basicamente, à alegação de que ela (contribuinte) tem direito à isenção do imposto de renda sobre os valores de aposentadoria recebidos no anobase 2009, exercício 2010, inclusive diferenças recebidas em função de processos administrativos ou judiciais, consoante dispõe o art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713/88. Aduz que o regime de apuração do imposto de renda da pessoa física é anual, ocorrendo o fato gerador do imposto no dia 31 de dezembro de cada ano calendário (...). A isenção, portanto, abrange todos os rendimentos obtidos, no caso concreto, no anobase 2009, inclusive a gratificação natalina – 13º salário, haja vista o exercício do direito à isenção darse no momento em que ela apurou o imposto de renda a pagar relativamente a todo o ano calendário, ou seja, na Declaração de Rendas entregue no exercício de 2010. A simples omissão do rendimento recebido no anobase não implica em perda do direito à isenção. Razão não assiste à Recorrente. Fl. 126DF CARF MF 6 Inicialmente, esclareçase que não há nos autos qualquer documento que demonstre a natureza dos rendimentos recebidos pela contribuinte em decorrência de ação judicial e apurados como omitidos, nos termos da Notificação de Lançamento. Não fosse a assertiva da Recorrente de que tais rendimentos se referem a diferenças de proventos, jamais se saberia da natureza destes, já que não há nos autos qualquer meio de prova neste sentido. Tal fato, entretanto, sequer foi abordado pela fiscalização. Esclareçase, ainda, que, ao contrário do quanto afirmado pela Recorrente, a fiscalização não negou o direito à isenção do IRPF, em decorrência de moléstia grave, em razão da simples omissão do rendimento recebido. Em verdade, o que fez a Fiscalização de forma correta, registrese – foi evidenciar que, no mês de recebimento das diferenças de proventos em decorrência de ação judicial, qual seja: fevereiro/2009, a contribuinte não fazia jus à isenção do IRPF, já que o Laudo de Exame Médico Pericial emitido pelo INSS (fls. 18), expressamente sinaliza o dia 18/04/2009 como a data de início da incapacidade. A Recorrente sustenta que o regime de apuração do imposto de renda da pessoa física é anual, ocorrendo o fato gerador do imposto no dia 31 de dezembro de cada ano calendário (...). A isenção, portanto, abrange todos os rendimentos obtidos, no caso concreto, no anobase 2009, inclusive a gratificação natalina – 13º salário, haja vista o exercício do direito à isenção darse no momento em que ela apurou o imposto de renda a pagar relativamente a todo o ano calendário, ou seja, na Declaração de Rendas entregue no exercício de 2010. Ocorre que, conforme já exposto linhas acima, no caso em análise, a fiscalização respeitou o início do direito à isenção, conforme o disposto no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, Regulamento do Imposto de renda (RIR/1999), art. 39, inciso XXXIII, e §§ 4º, 5º e 6º, abaixo transcritos: Art.39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: Proventos de Aposentadoria por Doença Grave XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, §2º); Fl. 127DF CARF MF Processo nº 15504.722816/201236 Acórdão n.º 2402006.732 S2C4T2 Fl. 125 7 §4ºPara o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30 e §1º). §5ºAs isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. §6ºAs isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII também se aplicam à complementação de aposentadoria, reforma ou pensão. Ora, consta, à fl. 17, Certidão do INSS atestando que a aposentadoria da impugnante, ocorrida em 11/2/83, foi alterada, ficando seus proventos, a partir de 18/4/2009, isentos da tributação do Imposto de Renda na fonte devido a moléstia especificada no § 1º do art. 186 da Lei 8112/90 e art. 6º, inciso XIV da Lei 7713/88. Foi ainda acostado à fl. 18 o Laudo de Exame Médico Pericial, emitido pelo INSS, cujo relatório conclusivo determina que a contribuinte, a partir de 18/4/2009, faz jus à isenção de Imposto de Renda na Fonte. Consoante a legislação acima, a isenção em análise se aplica em relação aos rendimentos recebidos a partir do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão, não abrangendo, portanto, no caso concreto, o período anterior a abril de 2009, o que inclui como tributáveis os rendimentos do período janeiro a abril de 2009 percebidos pela contribuinte do INSS, bem como, o pagamento feito em fevereiro de 2009 por meio do Banco do Brasil S/A, todos em data anterior ao reconhecimento da isenção, que se deu com base no Laudo de Exame Médico Pericial emitido pelo INSS, fl. 18, o qual determina o dia 18/4/2009 como data de início da incapacidade. Portanto, sem razão à Recorrente neste particular. Por fim, mas não menos importante, no que tange aos rendimentos omitidos em análise, recebidos acumuladamente em decorrência de ação judicial, no valor de R$ 85.858,21, ao contrário do procedimento adotado pela fiscalização e convalidado pela DRJ, devese observar que, conforme já decidido pela Egrégia 2ª Turma da CSRF nos presentes autos (Acórdão 9202005.650, fls. 105), o montante do crédito tributário deve ser retificado com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. Fl. 128DF CARF MF 8 Conclusão Ante o exposto, concluo o voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para, nos termos do Acórdão 9202005.650, determinar a retificação do crédito tributário com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. É como voto. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13005.721188/2017-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2013 a 30/09/2014
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não há de se falar em cerceamento do direito de defesa quando o Termo de Verificação Fiscal encontra-se elaborado de forma a descrever com precisão os elementos fáticos e jurídicos norteadores da exigência fiscal. OPERAÇÕES COM INTERDEPENDENTE.
A relação de interdependência com comerciante atacadista exclusivo enseja a observância pelo sujeito passivo do valor tributável mínimo previsto na legislação que rege a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados.
COMPOSIÇÃO DO MERCADO ATACADISTA.
Provada a participação de estabelecimento, único distribuidor dos produtos, ou seja, distribuidor exclusivo, no mercado atacadista da praça do remetente, seus preços devem servir de parâmetro para a definição do valor tributável mínimo, previsto no Art. 195, I, RIPI/2010.
Numero da decisão: 3302-006.111
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Walker Araújo que lhe dava provimento integral.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Jorge Lima Abud - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente)
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
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VALOR TRIBUTÁVEL MÍNIMO. Recorrente COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2013 a 30/09/2014 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há de se falar em cerceamento do direito de defesa quando o Termo de Verificação Fiscal encontrase elaborado de forma a descrever com precisão os elementos fáticos e jurídicos norteadores da exigência fiscal. OPERAÇÕES COM INTERDEPENDENTE. A relação de interdependência com comerciante atacadista exclusivo enseja a observância pelo sujeito passivo do valor tributável mínimo previsto na legislação que rege a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados. COMPOSIÇÃO DO MERCADO ATACADISTA. Provada a participação de estabelecimento, único distribuidor dos produtos, ou seja, distribuidor exclusivo, no mercado atacadista da praça do remetente, seus preços devem servir de parâmetro para a definição do valor tributável mínimo, previsto no Art. 195, I, RIPI/2010. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Walker Araújo que lhe dava provimento integral. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 72 11 88 /2 01 7- 81 Fl. 737DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Jorge Lima Abud Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente) Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de auto de infração lavrado para a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (“IPI"), supostamente devido pela Recorrente, relativo aos exercícios de 2013 e 2014, incidente em operações de venda de mercadorias destinadas à empresa interdependente CBC Brasil Comércio e Distribuição Ltda. De acordo com as informações contidas no Relatório de Verificação Fiscal ("RVF"), que acompanhou aludido auto de infração, a Recorrente teria recolhido a menor o IPI por não ter respeitado o Valor Tributável Mínimo ("VTM") aplicável ao presente caso (fls. 24/67). O lançamento presume a existência de um "mercado atacadista notoriamente monopolista caso em que seria aplicável o Parecer Normativo n0 89/1970 e, por isso, o VTM a ser considerado não podería "ser inferior ao preço de venda do adquirentd' que, na exclusiva visão do fisco, seria relativo ao preço praticado pela CBC Brasil na venda aos seus clientes. O lançamento se baseou nas seguintes premissas: ü A Impugnante e a CBC Brasil atuariam no mesmo mercado e, portanto, os seus preços seriam comparáveis; ü Haveria um monopólio de mercado detido pela CBC Brasil; ü Os únicos preços confiáveis seriam aqueles praticados pela CBC Brasil; ü A CBC Brasil seria a única adquirente dos produtos da empresa autuada. Tomase por esteio o Relatório do Acórdão de Impugnação exarado pela 3a Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Juiz de Fora/MG. Em julgamento o auto de infração de fls.2 a 19, que exige da contribuinte o montante de R$ 141.408.695,26, assim discriminado: Ø IPI: R$ 65.325.233,97; Ø MULTA: R$ 48.993.925,38; Fl. 738DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 3 3 Ø JUROS: R$ 27.089.535,91 A razão de existência do lançamento foi minuciosamente descrita no TVF, dele sendo possível extrairse a seguinte síntese: III DA AÇÃO FISCAL Distribuidora A CBC Brasil Com. Distribuição Ltda é considerada uma atacadista em consonância com o disposto pelo artigo 14, inciso I, do Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto n° 7.212, de 15.06.2010. A CBC (CNPJ 57.494.031/000163) e a Distribuidora fazem parte de um mesmo grupo econômico uma detém 99,99% do capital da outra e mantêm relação de interdependência, nos termos do artigo 612, incisos I e IV, do RIPI/2010 abaixo transcrito: Companhia Brasileira de Cartuchos CBC Montenegro. A empresa CBC realiza operações comerciais com a Distribuidora, com pessoas físicas, com pessoas jurídicas públicas e com pessoas jurídicas privadas diversas. A característica principal das operações da CBC com a Distribuidora é o destaque de IPI sobre as operações com as mercadorias comercializadas, diferente das que realiza com o consumidor final onde não há destaque do IPI sobre praticamente todas as operações comerciais. As operações sem destaque de IPI ocorrem, na maioria das vezes, com pessoas jurídicas públicas como por exemplo: Secretária de Segurança, Brigada Militar, Polícia Civil, etc. ...Das operações comerciais sujeitas a destaque do IPI com NCM em comum entre a Distribuidora e demais clientes da CBC, apenas as NCM 90131010, 93059900 e 96170010 são para atacadistas e apenas as da NCM 9617001 referemse ao mesmo item (GARRAFA TÉRMICA CARTUCHO). As NCM que não são comuns se referem a operações comerciais entre a CBC e consumidor final, sendo eles pessoas físicas, órgãos públicos e PJ. Esses adquirentes são fabricantes de armas de fogo ou utilizam as mercadorias em seus produtos e em testes (ex: Forjas Taurus SA, ER Amantino e Cia, Condor S/A (em coletes). Semelhante ao AC 2013, observouse que apenas as operações com a Distribuidora e as operações comerciais dos itens classificados na NCM 90131010, 93059900 são por atacado. Diferente do AC 2013, no AC 2014 NÃO HOUVE comercialização do item "garrafa térmica cartucho", NCM 96170010, diretamente da CBC para terceiros pessoa jurídica (atacadistas). Fl. 739DF CARF MF 4 Como se observa, a Distribuidora é um mercado atacadista notoriamente monopolista, isto é, exercido por único estabelecimento atacadista interdependente da CBC, que revende, com exclusividade, os produtos adquiridos da CBC para todo País. Em outros termos, tratase de mercado atacadista monopolizado, em todo território nacional, pelo estabelecimento interdependente e distribuidor exclusivo dos produtos fabricados e/ ou comercializados pela CBC. Conforme demonstrado em item específico as vendas da CBC para a Distribuidora são efetuadas por um preço bem inferior aos das vendas de mesmo produto efetuado diretamente da CBC para pessoas físicas e órgão públicos. Ressaltese que as operações entre a CBC e a Distribuidora são concentradas nas mercadorias em que há destaque de IPI, sendo as vendas com mercadorias sem destaque de IPI efetuadas diretamente da CBC para o consumidor final. Também ficou claramente demonstrado que a Distribuidora funciona como um setor do grupo industrial, possuindo um comando e gestão centralizado nos mesmos administradores da CBC Indústria, um reduzido quadro operacional efetivo e terceirização dos demais setores com a própria indústria Matriz. A CBC, do ponto de vista empresarial, tem toda liberdade de adotar o modelo gerencial mais conveniente e adequado para a obtenção de melhores resultados econômicos, por meio da redução de custos e despesas e, consequentemente da elevação dos lucros. No entanto, não se pode esquecer que há exigências na legislação tributária que não podem ser desconsideradas. No caso, ainda que não tenha sido o propósito da empresa, as diferenças de preços praticados entre o estabelecimento industrial e o distribuidor interdependente nas operações onde há destaque de IPI destoam enormemente dos preços praticados entre o estabelecimento industrial e outros adquirentes, sem interdependência. Fica evidente que por serem produtos submetidos a elevadas alíquotas do IPI, alcançando em torno de 45%, qualquer redução no preço de venda dos referidos produtos, que compõe a base cálculo do citado imposto, tem elevada repercussão em relação à redução do valor do IPI devido nas correspondentes operações de saída, o que representa elevada economia tributária, fato confirmado pelos elevados valores do IPI que deixaram de ser devidos pela recorrente nos anos de 2013 e 2014 conforme demonstrativos em anexo e que são objeto do presente procedimento fiscal. Diante das constatações, fica evidenciado que os únicos preços por atacado confiáveis e que se revelam apropriados para fim de cálculo do VTM, sem dúvida, são os preços médios por atacado praticados pela Distribuidora, estabelecimento atacadistas exclusivo, nas operações de revenda para os seus clientes situados em todo território nacional, excluídos o valor do frete e do IPI. DO VALOR TRIBUTÁVEL. Fl. 740DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 4 5 O valor tributável a ser utilizado nas operações entre a CBC e a Distribuidora é definido conforme os artigos 195 e 196 do Decreto n° 7.212, de 26/12/2010 RIPI/2010), Para o presente caso, o de mercado atacadista monopolizado, a definição do procedimento de apuração do VTM encontrase definido no Parecer Normativo CST 89/1970, a seguir reproduzido: PARECER NORMATIVO CST N.° 89/70 Produto destinado a estabelecimento de firma interdependente: o valor tributável não poderá ser inferior ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente (RIPI, art. 21, inciso I). Estabelecimento que vende seus produtos a terceiros atacadistas e, além destes, para uma empresa, também atacadista, com a qual mantém relação de interdependência. Neste último caso, o valor tributável "não poderá ser inferior ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente", conforme dispõe o inciso I do art. 21 do Decreto n.° 61.514/67. O "preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente" é, evidentemente, o preço de venda por atacado feita pelo mencionado estabelecimento, a terceiros, não interdependentes. Na falta de outros adquirentes, ou melhor, na remessa para estabelecimento que seja o único comprador do produto (firma interdependente), o valor tributável não poderá ser inferior ao preço de venda do adquirente, salvo se este operar, excl usivamente, na venda a varejo, devendo, neste caso, ser observado o disposto no inciso II e §§ 4.° e 5.° do art. 21 do RIPI. (grifos não originais) O texto em destaque deixa claro que, diante da existência de estabelecimento atacadista exclusivo ou monopolista, o VTM "não poderá ser inferior ao preço de venda praticado pelo estabelecimento adquirente"', que, no caso em tela, correspondem aos preços por atacado praticados pela Distribuidora. Deuse da forma seguinte a insurgência da Interessada: Embora a acusação seja de descumprimento das regras relativas ao VTM, ensejando suposto recolhimento a menor do IPI, a d. Fiscalização, presumindo que haveria um mercado monopolista, no qual a CBC Brasil figuraria como único adquirente dos produtos da Impugnante, sem explicar os motivos pelos quais os valores praticados pela Impugnante não estariam de acordo com a legislação, utilizouse dos preços praticados pela CBC Brasil para determinar a base de cálculo do IPI. Nesse ponto, ainda que se extraia do lançamento que a d. Fiscalização desconsiderou os valores praticados pela Impugnante e se utilizou dos preços praticados pela CBC Brasil, não . foram apresentadas quais as razoes de . fato e de direito Fl. 741DF CARF MF 6 que a levaram a concluir pela desconsideração dos referidos valores. Como se sabe, em se tratando de operações entre partes interdependentes, a apuração e recolhimento do IPI devem seguir os critérios legais relativos ao VTM que, como será detalhado adiante, devem observar a seguinte ordem: (i) preço corrente do produto no mercado atacadista da praça do remetente; (ii) inexistindo tal valor, o custo de fabricação acrescido dos custos financeiros e dos de venda, administração e publicidade e margem; e (iii) sendo tais custos omissos ou não merecedores de fé, o resultado de arbitramento a ser realizado nos termos da legislação. Devido a inexistência de preço corrente do produto no mercado atacadista da praça da Impugnante (fato este não questionado pela d. Fiscalização), no desenvolvimento de suas atividades, o VTM é calculado com base nos custos e margens de seus produtos, conforme previsto na legislação. O afastamento de tal critério, todavia, dependeria da efetiva demonstração de sua irregularidade. Ou seja, em atendimento ao disposto na legislação, a d. Fiscalização deveria ter apresentado os fundamentos que a levaram a concluir que os valores utilizados pela Impugnante nas operações realizadas com a CBC Brasil estariam em desconformidade com a legislação relativa ao VTM ou, ainda, que as informações por ela prestadas seriam omissas ou não merecedoras de fé. Não é, todavia, o que ocorre no caso concreto. Afinal, basta uma leitura do Relatório de Verificação Fiscal para se verificar que não há qualquer informação a respeito das razões que levaram a d. Fiscalização a desconsiderar os valores informados pela Impugnante e concluir que "os únicos valores por atacado confiáveis" seriam aqueles praticados pela CBC Brasil. Nem se alegue que eventual fundamentação pudesse estar implícita no referido documento e que o fato de a Impugnante apresentar a presente Impugnação implicaria em eventual superação do vício constante da autuação. MÉRITO Ao dispor sobre os critérios para apuração do VTM, a própria administração tributária reconhece a limitação do conceito de praça aos limites de um município, cidade ou localidade, conforme se verifica dos trechos abaixo extraídos do PN CST n.° 44/81: "5. A norma superveniente determina, pois, ser 'o preço corrente do mercado atacadista da praça do remetente a base mínima para o valor tributável nas hipóteses que menciona. 6. Registram os Dicionários da Língua Portuguesa que mercado, convencionalmente, significa a referência feita em relação à compra e venda de determinados produtos. Fl. 742DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 5 7 6.1. Isto significando, por certo, que numa mesma cidade, ou praça comercial, o mercado atacadista de determinado produto, como um todo, deve ser considerado relativamente ao universo das vendas que se realizam naquela mesma localidade, e não somente em relação àquelas vendas efetuadas por um só estabelecimento, deforma isolada. (...)" (grifos nossos) Tal interpretação é corroborada, ainda, pela jurisprudência do E. CARF que, em diversas oportunidades reconhece expressamente a correspondência entre praça e cidade, bem como a impossibilidade de extensão de tal conceito. Vejamos: "IPI. REMESSAS PARA INTERDEPENDENTES. VALOR TRIBUTÁVEL MÍNIMO. No caso de saídas para empresas interdependentes o valor tributável mínimo a ser considerado como base de cálculo do imposto é o preço corrente no mercado atacadista da praça comercial do remetente (...). As vendas realizadas pela empresa adquirente do produto, localizada em outra praça, não se prestam para cálculo do valor mínimo tributável (...). Recurso negado/' (Acórdãos n.° 204.02.706 e 204.02.707, julgados em 15/08/2007) Do critério adotado pela Impugnante Regularidade do VTM calculado com base no parágrafo único, inciso II, do artigo 196, do RIPI/2010 Não obstante a d. Fiscalização tenha desconsiderado os valores apresentados pela Impugnante sem apresentar os motivos pelos quais estes não poderiam ter sido considerados, o que como demonstrado preliminarmente é causa evidente da nulidade do Auto de Infração, fato é que, conforme se passa a demonstrar, o valor por ela adotado está em total conformidade com a legislação, não havendo que se falar em recolhimento a menor de IPI. No caso sob análise, considerando a inexistência de mercado atacadista na praça da Impugnante (Montenegro/RS) fato este sequer questionado pela d. Fiscalização e a consequente impossibilidade de se aplicar o primeiro critério para apurar o VTM aplicável às operações por ela realizadas, adotouse o segundo critério, previsto no parágrafo único, inciso II, do artigo 196, do RIPI/2010. Assim, valendose do referido critério, a Impugnante calculou o VTM aplicável às operações realizadas com a CBC Brasil, calculandoo a partir do preço do custo de fabricação dos produtos, acrescido dos demais custos (custos financeiros, de venda, de administração, de publicidade, bem como margem de lucro, etc). Nesse sentido, ao se deparar com preços distintos praticados pela Impugnante e pela CBC Brasil, sem sequer intimála para aprofundar quais seriam as práticas adotadas em seu mercado, com o objetivo de compreender melhor o seu modelo de Fl. 743DF CARF MF 8 negócios, a d. Fiscalização p r e s u m i u q u e " os únicos preços por atacado confia veis e que se re velam apropriados para fim de cálculo do VTM' seriam os da CBC Brasil, empresa atuante em mercado completamente distinto ao da Impugnante. Ocorre que, diferentemente do que faz entender a d. Fiscalização, tal entendimento, não merece prosperar. Afinal, os valores informados pela Impugnante se encontram em consonância com a legislação, não havendo razões para a sua desconsideração. Inicialmente, cumpre esclarecer que, considerando o tipo de negócio realizado pela Impugnante e as obrigações regulatórias a serem observadas na fabricação de seus produtos, o custo de produção varia de acordo com a quantidade de produtos fabricados no período. Como amplamente demonstrado em tópico anterior, a Impugnante fabrica diversos tipos de produtos, classificados em diversas categorias. Considerando a sua destinação, tais produtos podem ser vendidos para um mercado especializado (Forças Armadas, Polícias, etc.) ou para um mercado não especializado (segurança privada, tiro e caça esportivos), apresentando produtos de uso restrito ou permitido. A despeito da existência de critério regular adotado pela Impugnante para apuração do VTM, a d. Fiscalização procedeu a sua desconsideração arguindo que haveria supostas divergências nos preços praticados entre CBC e Distribuidora, CBC e outros cliente e CBC Brasil e clientes. Ademais, como detalhado anteriormente, há outras empresas que atuam no nicho de mercado da CBC Brasil, tais como Rossi, Fixxar, Gamo, QGK e que, por sua vez, deixam claro a existência de concorrência e reforçam a inexistência de monopólio no setor. Não obstante o exposto, fato é que a jurisprudência é pacífica ao reconhecer que o preço praticado pelo adquirente, seia este exclusivo ou não, não figura como critério a ser adotado para . fins de VTM e, portanto, não deve ser aplicado. Nesse sentido, já entendeu o antigo Conselho de Contribuintes: "IPI BASE DE CÁLCULO. FIRMAS INTERDEPENDENTES. Caracterizada a interdependência entre os estabelecimentos remetente e adquirente, o valor mínimo tributável é o preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente, conforme preceitua o art. 123, I, 'a', do RIPI/98, que equivale ao preço médio praticado na localidade, e não o _praticado pelo adcpiirente. Recurso de ofício negado" (g.n Processo n° 202 18215). Não obstante o posicionamento da jurisprudência sobre o tema, destacase que os próprios atos administrativos PN CST n.° 44/8113 e ADN CST n.° 5/8214 reforçam tal impossibilidade e apresentam vedação expressa sobre a possibilidade de Fl. 744DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 6 9 consideração de preços praticados por um único estabelecimento, como verificado no presente caso. Assim, considerando que a Impugnante e a CBC Brasil são localizados em praças distintas, estando a Impugnante situada na cidade de Montenegro, Estado do Rio Grande do Sul, e a CBC Brasil em São Paulo, capital, não haveria que se falar na aplicação de tal critério, sendo necessário o afastamento da base de cálculo determinada pela d. Fiscalização. Nesse sentido, citase o acórdão n.° 340100.768, que dispõe expressamente acerca da impossibilidade de se considerar preços praticados em outra praça, que não a do remetente, para fins de determinação do VTM: "Como muito bem observado nestes autos, a resposta a este quesito é de extrema valia, uma vez que o Ato Declaratório CST n° 5/82, o Parecer Normativo CST n° 44/81 e os artigos 68 do RIPI/82 e 123, I, do RIPI/98 determinam que o valor tributável do IPI base de cálculo do IPI nas operações entre empresas interdependentes será o preço corrente no mercado atacadista na praça do remetente, ou seja, na praça da cidade onde está localizada a autuada, in casu, cidade de São Paulo. Que fique bem claro, por oportuno, que tais dispositivos afastam quaisquer hipóteses de inclusão na média ponderada de preços praticados por empresas atacadistas localizadas em outras praças que não a do remetente. Não obstante o exposto, ainda que se admita a existência de um único adquirente no caso concreto, permanece imperiosa a necessidade de afastamento dos preços praticados pela CBC Brasil como base de cálculo do IPI. Isso porque, caso essa premissa fosse verdadeira, o que se admite apenas em respeito ao princípio da eventualidade, seguindo o raciocínio adotado pela d. Fiscalização, com o qual não se concorda, a Impugnante pratica vendas em grandes volumes para a CBC Brasil, devendo seus valores serem considerados no cálculo da média de preços para se chegar ao VTM pretendido. Não obstante, a corroborar pela impossibilidade de aplicação da lógica pretendida pela d. Fiscalização, a Impugnante e a CBC Brasil, embora interdependentes, atuam em mercados completamente distintos: enquanto a primeira é responsável pela industrialização dos produtos a serem vendidos em grandes lotes e quantidades para um mercado especializado no setor de defesa e segurança nacional (órgãos públicos e exportação), a CBC Brasil (que adquire parte dos produtos produzidos pela Impugnante) é responsável pela venda de produtos a um mercado não especializado (segurança privada, caça e tiro Fl. 745DF CARF MF 10 esportivo), voltado para o setor do varejo e com vendas pulverizadas. Diferentemente da Impugnante, a CBC Brasil incorre em gastos com logística, gastos comerciais e operacionais inerentes a sua atividade altamente regulamentada de promover a distribuição e a venda dos seus produtos de forma pulverizada, em todo o Brasil. Destaquese, ainda, que, como decorrência dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, é imperioso que nos processos administrativos seja adotado critério da vedação da aplicação de multas em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público. *A imposição da multa, nesse patamar, revela que o critério utilizado desconsidera as circunstâncias do fato, da situação do contribuinte e de sua atividade, bem como qualquer outro parâmetro razoável para balizar o cálculo da penalidade, incluindo a intenção do contribuinte. Neste sentido, em primeiro lugar, ressaltese que o artigo 3o do CTN estabelece que o tributo é uma prestação pecuniária que não constitui sanção por ato ilícito. Por esse motivo, o tributo não pode ser utilizado para punir, da mesma forma que as sanções não podem ser utilizadas como instrumento de arrecadação disfarçado. *Assim, demonstrado que (i) multa não é tributo; e (ü) só há previsão legal para que os juros calculados à taxa SELIC incidam sobre tributo (e não sobre multa), a cobrança de juros sobre a multa desrespeita o princípio constitucional da legalidade, expressamente previsto nos artigos 5o, II, e 37 da Constituição Federal20. Nesse sentido, citese, por oportuno, trecho do voto proferido no Acórdão n° 20178.718 que deixa claro o entendimento manifestado pela então denominada Primeira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes: "A portaria n° 379, de 23 de dezembro de 1988, tinha por pressuposto outra legislação já revogada. No caso da Selic, não há previsão legal para incidência de juros sobre a multa, mas apenas sobre o tributo", (g.n.) Em 23 de fevereiro de 2018, a 3a Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Juiz de Fora/MG por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Entendeu a Turma que: ü Não vejo consistência na alegação de que a fundamentação do lançamento não teria sido explicitada no Termo de VerificaçãoTVF. O referido documento é claro, abrangente e descreve pormenorizadamente a trilha operacional e legal seguida pela Autoridade Fiscal. Depois de analisar todos os produtos comercializados pela CBC e de explicitálos em comparativo de Fl. 746DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 7 11 preços por meio de tabelas explicativas, o Autuante concluiu com um texto objetivo, que nenhuma dúvida deixou acerca do objetivo da fiscalização e das conclusões advindas da auditoria; ü Não se vislumbra alternatividade na obrigação tributária em questão. Há, em lugar disso, uma hierarquização bem delineada pelo legislador. Se há mercado atacadista na praça de quem remete o produto, imperiosa é a utilização do disposto no inciso I do artigo 195 do RIPI/2010; se não há, que se utilize a regra residual que elege a soma dos elementos de formação do preço do produto como base imponível do IPI; ü A CBC Brasil revestese da condição de revendedor atacadista monopolista e que, nessa condição, representaria ela, em carreira solo, o mercado atacadista demandado pelo RIPI cujos preços serviriam de parâmetro para aplicação do valor tributário mínimo; ü Claro está que ao separar os nichos de mercado, a CBC: 1 reservou para si as vendas dos produtos fabricados e destinados a grandes clientes; 2 repassou para sua ü interdependente, CBC Brasil, a comercialização de produtos outros, destinados, em operações ü pulverizadas, a consumidores os mais diversos. E conforme constatou a Fiscalização, os produtos não se confundem; e como não se confundem, assomase a condição da CBC Brasil de revendedor exclusivo atacadista dos produtos que comercializa, gerador portanto dos preços a serem tomados como parâmetro para aplicação do inciso I do artigo 195 do RIPI; ü O posicionamento da Receita Federal é claro: se há um único distribuidor interdependente de estabelecimento industrial fabricante, o VTM corresponderá aos preços praticados pelo distribuidor. E no presente caso, temos, sim, um único distribuidor de todos os produtos objeto do auto de infração, qual sejam os produtos comercializados pela CBC Brasil; ü A Terceira Turma da DRJ/JFA adotou posicionamento expresso no Acórdão nº 60.794/2016; ü Fechando o raciocínio, temos um atacadista interdependente corretamente identificado como distribuidor exclusivo dos produtos que revende, localizado no perímetro de atuação comercial do fabricante e que portanto pode ser eleito como gerador de parâmetro de preços para fins de cumprimento do Valor Tributável Mínimo nos termos do inciso I do artigo 195 do RIPI/2010; ü A discussão acerca do suposto aspecto confiscatório da multa aplicada nos termos do artigo 44 da Lei n° 9.430/96 tem contornos de questionamento de validade de norma jurídica em pleno vigor, o que Fl. 747DF CARF MF 12 extrapola o perímetro de atuação do julgador administrativo. E mais, em se tratando de matéria constitucional, como é o caso do argumento de presença de confisco, aplicase de imediato a Súmula CARF n° 2, que repele a legitimidade de juízo de valor a respeito de tal matéria por parte dos órgãos de julgamento administrativos. A empresa autuada foi cientificada do Acórdão de Impugnação em 28/02/2018, folhas 453, ingressando com Recurso Voluntário em 02/04/2018, folhas 455, de folhas 457 a 506. Em síntese, foi alegado que: ü O mercado em que atua a Recorrente não se confunde com o mercado de atuação da CBC Brasil, sendo que o modelo de negócios decorre das próprias especificidades regulatórias; ü Os custos, as exigências regulatórias, logísticas e comerciais, bem como riscos nos mencionados negócios são completamente diferentes. Consequentemente, o custo, a margem e o preço de cada nicho de mercado observa as suas respectivas especificidades; ü Em que pese a d. Fiscalização afirme que não se poderia esquecer do cumprimento das exigências da legislação tributária, os esclarecimentos necessários quanto aos nichos de mercado existentes evidenciam que não se pode presumir a existência de "mercado atacadista notoriamente monopoiistat', pois: a configuração do mercado armamentista não condiz com referida suposição; sustentar o contrário do afirmado pelo CADE no que se refere à inexistência de mercado monopolista afrontaria o disposto no artigo 110 do Código Tributário Nacional ("CTN"); inaplicáveis os preços de mercado do nicho da distribuidora como passíveis de adoção nas operações praticadas pela Recorrente, as quais possuem nichos com especificidades únicas, as quais não podem ser sumariamente desconsideradas; ü A r. decisão proferida pela E. DRJ deve ser declarada nula por vício de fundamentação e cerceamento do direito de defesa, já que deixou de analisar argumentos e provas apresentados e se limitou à transcrição de trechos diversos cerca de 24 páginas de transcrição em um acórdão com 29 folhas; ü Adoção de presunções pela r. decisão recorrida e desconsideração das provas apresentadas pela Recorrente em sede de Impugnação; ü Da necessidade de reforma da r. decisão recorrida Dos equívocos da E. DRJ que serviram de premissa para a manutenção do lançamento; ü Nulidade da Autuação por ausência de pressupostos de validade; ü Necessidade de reforma da r. decisão recorrida Impossibilidade de se aplicar o preço praticado pela CBC Brasil no caso concreto Inobservância dos critérios legais para a definição do VTM; ü Presunção de mercado monopolista; Fl. 748DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 8 13 ü Impossibilidade de consideração do preço de venda da Distribuidora para definição do VTM à luz do artigo 195, I, do RIPI; ü Improcedência e ilegalidade da multa de ofício Vedação ao Confisco; ü Ilegalidade da Cobrança dos Juros sobre a Multa. DO PEDIDO Diante do exposto, requer a este E. Conselho que o presente Recurso seja recebido para que o Auto de Infração seja declarado nulo por inobservância dos requisitos de validade do lançamento. Caso assim não se entenda, requer seja declarada nula a r. decisão recorrida por descumprimento dos requisitos legais de sua validade, especialmente por violação aos princípios da ampla defesa e contraditório. Por fim, na remota hipótese de não acolhimento das preliminares de nulidade arguidas, no mérito, requer a reforma da r. decisão recorrida pelos fundamentos acima determinandose o cancelamento integral do Auto de Infração. A Procuradoria da Fazenda Nacional ingressou com Contrarrazões de folhas 634 a 670. Em síntese, foi alegado que: ü Da validade do lançamento e da decisão recorrida; ü Da irrelevância da análise da legalidade do modelo de negócio da recorrente; ü Do valor tributável mínimo; ü Do conceito de praça; ü O legislador não utiliza palavras inúteis; ü O comércio não conhece fronteiras geopolíticas; ü O conceito comercial de “praça”; ü A finalidade da norma tributária do VTM; ü O “mercado atacadista” quando o interdependente é destinatário exclusivo; ü O conceito de “praça” na jurisprudência do CARF ü Dos juros sobre a multa de ofício. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud – Relator. Da admissibilidade. Fl. 749DF CARF MF 14 Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte, considerando que a recorrente teve ciência da decisão de primeira instância em 28 de fevereiro de 2018, por via eletrônica, às folhas 453 do processo digital. A contagem do prazo de 30 (trinta) dias se iniciou em 01/03/2018. No dia 30/03/2018, término do prazo, foi feriado nacional (Paixão de Cristo). O prazo restou prorrogado para o dia 02/04/2018, primeiro dia útil subsequente. O recurso voluntário foi apresentado em 02 de abril de 2018, sendo, portanto, tempestivo. Da controvérsia. Foram alegados os seguintes pontos: ü A r. decisão proferida pela E. DRJ deve ser declarada nula por vício de fundamentação e cerceamento do direito de defesa; ü Adoção de presunções pela r. decisão recorrida e desconsideração das provas apresentadas pela Recorrente em sede de Impugnação; ü Da necessidade de reforma da r. decisão recorrida Dos equívocos da E. DRJ que serviram de premissa para a manutenção do lançamento; ü Nulidade da Autuação por ausência de pressupostos de validade; ü Necessidade de reforma da r. decisão recorrida Impossibilidade de se aplicar o preço praticado pela CBC Brasil no caso concreto Inobservância dos critérios legais para a definição do VTM; ü Presunção de mercado monopolista; ü Impossibilidade de consideração do preço de venda da Distribuidora para definição do VTM à luz do artigo 195, I, do RIPI; ü Improcedência e ilegalidade da multa de ofício Vedação ao Confisco; ü Ilegalidade da Cobrança dos Juros sobre a Multa. Passase à análise. Iniciase a presente análise com a transcrição do artigo 612 do RIPI/2010, tendo por destaque os incisos I e IV: Art. 612. Considerarseão interdependentes duas firmas: I quando uma delas tiver participação na outra de quinze por cento ou mais do capital social, por si, seus sócios ou acionistas, bem como por intermédio de parentes destes até o Fl. 750DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 9 15 segundo grau e respectivos cônjuges, se a participação societária for de pessoa física (Lei n° 4.502, de 1964, art. 42, inciso I, e Lei no 7.798, de 1989, art. 9°); II quando, de ambas, uma mesma pessoa fizer parte, na qualidade de diretor, ou sócio com funções de gerência, ainda que exercidas sob outra denominação (Lei n° 4.502, de 1964, art. 42, inciso II); III quando uma tiver vendido ou consignado à outra, no ano anterior, mais de vinte por cento no caso de distribuição com exclusividade em determinada área do território nacional, e mais de cinquenta por cento, nos demais casos, do volume das vendas dos produtos tributados, de sua fabricação ou importação (Lei n° 4.502, de 1964, art. 42, inciso III); IV quando uma delas, por qualquer forma ou título, for a única adquirente, de um ou de mais de um dos produtos industrializados ou importados pela outra, ainda quando a exclusividade se refira à padronagem, marca ou tipo do produto (Lei n° 4.502, de 1964, art. 42, parágrafo único, inciso I); ou V quando uma vender à outra, mediante contrato de participação ou ajuste semelhante, produto tributado que tenha fabricado ou importado (Lei n° 4.502, de 1964, art. 42, parágrafo único, inciso II). Parágrafo único. Não caracteriza a interdependência referida nos incisos III e IV a venda de matériasprimas e produtos intermediários, destinados exclusivamente à industrialização de produtos do comprador. (Grifo e negrito nossos) Tipificação no inciso I do artigo 612 do RIPI/2010: A empresa industrial COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS, informou, através do TIPF – Item 02 , que de acordo com a DIPJ AC 2013, ficha 62, o percentual de participação permanente em coligadas ou controladas é de 99,99%: A Companhia Brasileira de Cartuchos (CNPJ nº 57.494.031/000163) é sócia da CBC Brasil Comércio e Distribuição Ltda (CNPJ 61.482.725/000158) detentora de cotas que representam mais de 15% do capital social e, portanto, há relação de interdependência entre elas. Fl. 751DF CARF MF 16 A CBC (CNPJ 57.494.031/000163) e a Distribuidora fazem parte de um mesmo grupo econômico: uma detém 99,99% do capital da outra e, portanto, mantêm relação de interdependência. Tipificação no inciso IV do artigo 612 do RIPI/2010: No presente caso, temos, um único distribuidor de todos os produtos objeto do auto de infração, qual sejam os produtos comercializados pela CBC Brasil. Portanto, a situação em análise se enquadra tanto no inciso I. quanto no inciso IV, do artigo 612 do RIPI/2010, o que implica em interdependência de duas firmas, por força de Lei. Consequência normativa da situação de interdependência de duas firmas: a aplicação do Valor Tributável Mínimo. Comprovada a interdependência, é imperiosa a aplicação do art. 15, I da Lei n° 4.502, para determinação do valor tributável mínimo. Art. 15. O valor tributável não poderá ser inferior: I ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente, quando o produto fôr remetido a outro estabelecimento da mesma pessoa jurídica ou a estabelecimento de terceiro incluído no artigo 42 e seu parágrafo único; (Grifo e negrito nossos) Para o cálculo do valor tributável mínimo, a legislação prescreve: Decreto n° 7.212, de 2010 RIPI Valor Tributável Mínimo Art. 195. O valor tributável não poderá ser inferior: I ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente quando o produto for destinado a outro estabelecimento do próprio remetente ou a estabelecimento de firma com a qual mantenha relação de interdependência (Lei n° 4.502, de 1964, art. 15, inciso I, e DecretoLei no 34, de 1966, art. 2o, alteração 5a); (...) Art. 196. Para efeito de aplicação do disposto nos incisos I e II do art. 195, será considerada a média ponderada dos preços de cada produto, em vigor no mês precedente ao da saída do estabelecimento remetente, ou, na sua falta, a correspondente ao mês imediatamente anterior àquele. Parágrafo único. Inexistindo o preço corrente no mercado atacadista, para aplicação do disposto neste artigo, tomarseá por base de cálculo: I no caso de produto importado, o valor que serviu de base ao Imposto de Importação, acrescido desse tributo e demais Fl. 752DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 10 17 elementos componentes do custo do produto, inclusive a margem de lucro normal; e II no caso de produto nacional, o custo de fabricação, acrescido dos custos financeiros e dos de venda, administração e publicidade, bem como do seu lucro normal e das demais parcelas que devam ser adicionadas ao preço da operação, ainda que os produtos hajam sido recebidos de outro estabelecimento da mesma firma que os tenha industrializado. (Grifo e negrito nossos) Assim, para fins de determinação do preço mínimo, deve a autoridade autuante: 1. verificar a existência de relação de interdependência entre os estabelecimentos da contribuinte fiscalizada, nos termos do art. 612 do RIPI/2010; 2. caso configurada tal relação, deverá verificar se a contribuinte obedeceu, por sua vez, à regra do valor tributável mínimo, assim entendido como o "preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente", em conformidade com o art. 195 do RIPI/2010. Nulidade da r. decisão recorrida Vício de fundamentação e cerceamento do direito de defesa É alegado às folhas 10 e 11 do Recurso Voluntário: A r. decisão recorrida é nitidamente nula, pois se limitou a reproduzir argumentos e fundamentos já constantes no processo, atos normativos, raciocínios de outros julgamentos, sem, contudo, explicar o motivo concreto de sua relação/incidência no caso concreto. De fato, do confronto entre as razões apresentadas em sua peça impugnatória e as alegações insertas na r. decisão recorrida, constatase que a r. decisão recorrida desconsiderou sumariamente pontos essenciais ao deslinde do presente processo administrativo, afetando, assim, o exercício do contraditório e da ampla defesa pela Recorrente. Nesse sentido, vejase que a r. decisão recorrida não examina os fatos e argumentos trazidos no tópico II da Impugnação, relativos à inexistência do suposto monopólio presumido pelo lançamento. Ao contrário, se limitou a repisar as premissas e presunções adotadas pelo lançamento, omitindose em enfrentálos. (Negrito nosso) Às folhas 11 do Recurso Voluntário é introduzido argumento referente a existência de empresas concorrentes do mesmo nicho de mercado da CBC Brasil, o que implicaria na inexistência de monopólio: Fl. 753DF CARF MF 18 Além disso, embora a Recorrente tenha indicado a existência de empresas concorrentes do mesmo nicho de mercado da CBC Brasil, colacionando até mesmo imagens dos produtos similares por elas comercializados, a r. decisão recorrida furtouse de combater os argumentos trazidos, tendo afirmado vagamente que não há nos autos qualquer indício de que haveria no mercado a que se dedica a Autuada produtos com similaridade significativa àqueles produzidos pela CBC (fl. 434). Igualmente, a r. decisão recorrida não traz qualquer menção à estrutura comercial e operacional da Recorrente, tampouco quanto à alta regulação do mercado e quanto aos seus impactos no modelo adotado que foi fiscalizado. Não bastasse, a r. decisão recorrida repisa as mesmas presunções e equívocos adotados pelo lançamento, não tendo indicado a motivação para a adoção como critério para a apuração da base de cálculo do IPI o preço praticado pela CBC Brasil, novamente deixando de avaliar a inaplicabilidade de adoção do critério pretendido frente às especificidades do nicho de mercado de atuação da Recorrente. A questão foi enfrentada pelo Acórdão de Impugnação, às folhas 14, da seguinte forma: E no presente caso, temos, sim, um único distribuidor de todos os produtos objeto do auto de infração, qual sejam os produtos comercializados pela CBC Brasil. Além disso, frisese que não há nos autos qualquer indício de que haveria no mercado a que se dedica a Autuada produtos com similaridade significativa àqueles produzidos pela CBC. A vaga indicação, por parte da Autuada, de que empresas como a Rossi, Fixxar, Gamo e QGK pertenceriam ao mesmo ramo de atividade não comprova a presença de similaridade técnico funcional capaz de afastar a ilação de que estamos tratando de um fabricante que destina determinada parcela de seus produtos a um distribuidor interdependente exclusivo, que comercializa produtos exclusivos, o que nos faz zelar pela aplicação do inciso I do artigo 195 do RIPI/2010, devendo, em decorrência do citado dispositivo, ser obedecido o VTM na forma preconizada na norma em comento. Por via de conseqüência, resta afastada a possibilidade de utilização do critério estabelecido no parágrafo único, inciso II, do artigo 196, erroneamente utilizado pela Contribuinte. Em nosso auxílio, transcrevese o PARECER NORMATIVO CST N.° 89/70: 01.08.01 VALOR TRIBUTÁVEL Produto destinado a estabelecimento de firma interdependente: o valor tributável não poderá ser inferior ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente (RIPI, art. 21, inciso I). Estabelecimento que vende seus produtos a terceiros atacadistas e, além destes, para uma empresa, também atacadista, com a qual mantém relação de interdependência. Neste último caso, o Fl. 754DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 11 19 valor tributável "não poderá ser inferior ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente", conforme dispõe o inciso I do art. 21 do Decreto n° 61.514/67. O "preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente" é, evidentemente, o preço de venda por atacado feita pelo mencionado estabelecimento, a terceiros, não interdependentes. Na falta de outros adquirentes, ou melhor, na remessa para estabelecimento que seja o único comprador do produto (firma interdependente), o valor tributável não poderá ser inferior ao preço de venda do adquirente, salvo se este operar, exclusivamente, na venda a varejo, devendo, neste caso, ser observado o disposto no inciso II e §§ 4.° e 5.° do art. 21 do RIPI. (grifos não originais) O preâmbulo do presente VOTO trouxe dois elementos fáticos, que não mereceram qualquer esforço de refutação por parte da Recorrente, que implicam em interdependência das duas firmas por força normativa (incisos I e IV do artigo 612 do RIPI/2010) que exigirá o valor tributável mínimo, ou seja, o valor tributável não poderá ser inferior ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente. A situação descrita no Termo de Verificação Fiscal expõe a presença de um único distribuidor interdependente de estabelecimento industrial fabricante, que nos moldes do PARECER NORMATIVO CST N.° 89/70 também exigirá o valor tributável mínimo Independentemente de estar configurado monopólio ou não, da presença no mercado interno de outros concorrentes ou não, foi constatada a situação tipificada no inciso I do artigo 195 do RIPI/2010 e aquela descrita no PARECER NORMATIVO CST N.° 89/70, o que indica precisa e adequada a aplicação do valor tributável mínimo. Adoção de presunções pela r. decisão recorrida e desconsideração das provas apresentadas pela Recorrente em sede de Impugnação É alegado às folhas 15 e 16 do Recurso Voluntário: Aqui é possível observar outra arbitrariedade cometida no lançamento: acusação indiciária de que as diferenças de preço não seriam confiáveis sem, contudo, existir qualquer comprovação da existência ou autoria de qualquer fato ilícito. Entretanto, o que salta aos olhos é o fato de que a r. decisão recorrida, mais uma vez, se refutou em analisar as considerações da Recorrente e, novamente, não dedicou sequer 1 (uma) linha para abordar a confiabilidade do critério adotado pela Recorrente, bem como a sua motivação para imputar a aplicação de critério diverso. Ocorre que, diferentemente do que faz entender a d. Fiscalização e como alegado pela Recorrente em sede de Impugnação, tal entendimento, não merece prosperar. Afinal, os valores informados pela Recorrente se encontram em consonância com a legislação, não havendo razões para a sua desconsideração. Fl. 755DF CARF MF 20 Nesse sentido, ao se deparar com preços distintos praticados pela Recorrente pela CBC Brasil, sem sequer enfrentar quais seriam as práticas adotadas em seu mercado, com o objetivo de compreender melhor o seu modelo de negócios, referida decisão reproduziu a presunção, sem trazer qualquer elemento de prova e/ou apresentar qualquer justificativa. Ademais, na tentativa de combater as demonstrações da Recorrente acerca dos produtos similares comercializados por seus concorrentes, a r. decisão recorrida se limitou a afirmar que "a vaga indicação, por parte da Autuada, de que empresas como a Rossi, Fixxar, Gamo e QGK pertenceríam ao mesmo ramo de atividade não comprova a presença de similaridade técnicofuncionai'\f\s. 434). Entretanto, como é possível observar às fls. 19 da Impugnação, a Recorrente não indicou vagamente os produtos, mas colacionou imagens palpáveis de outros fornecedores de armamentos no mercado brasileiro. Ou seja, na verdade, a r. decisão recorrida, mais uma vez, se furtou em analisar argumentos e provas colacionadas à Impugnação, buscando ainda imputar à Recorrente o ônus da prova, em patente tentativa de se punir com base em presunções. E nem se alegue que eventual fundamentação pudesse estar implícita no referido documento e que o fato de a Recorrente ter apresentado a Impugnação implicaria em eventual superação do vício constante da autuação. Como dito. A postura da fiscalização não foi desprovida de critério, posicionamento que a Recorrente quer fazer prevalecer em sua argumentação. Como evidenciado, dois fatos trazidos pelo Termo de Verificação Fiscal ( incisos I e IV do artigo 612 do RIPI/2010) apontam para a interdependência entre empresas e exigem a aplicação do Valor Tributável Mínimo ( inciso I, artigo 195 do RIPI/2010 ). Nulidade da Autuação por ausência de pressupostos de validade Após a transcrição do artigo 142 do Código Tributário Nacional, o Recorrente assim se manifestou às folhas 21 do Recurso Voluntário: Da leitura do artigo acima depreendese que a validade do ato administrativo de lançamento tributário depende da observância de requisitos básicos inerentes ao próprio procedimento correspondente ao lançamento, como a verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, a determinação da matéria tributável e apuração do montante do tributo devido. Isto é, considerando o disposto no artigo 142 do CTN, a autoridade fiscal não pode simplesmente imputar ao contribuinte o cometimento de uma infração à legislação tributária, sem demonstrar e comprovar precisamente a ocorrência dos fatos identificados/apontados e a sua consequência lógica que é a suposta infração à legislação tributária. Em outras palavras, o lançamento tributário somente será válido se restar perfeitamente comprovada a correspondência lógica Fl. 756DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 12 21 entre os fatos identificados e a consequente infração imputada ao contribuinte. No mesmo sentido, a legislação federal também condiciona a validade do Auto de Infração à observância de certos requisitos formais e de conteúdo, dentre os quais destacamse a necessidade de descrição dos fatos e determinação da exigência, como se pode observar do art. 10 do Decreto n. 70.235/72: E foi exatamente assim que a fiscalização procedeu: Identificados fatos que apontavam para a interdependência entre empresas ( incisos I e IV do artigo 612 do RIPI/2010) houve a aplicação do Valor Tributável Mínimo, por força normativa do inciso I, artigo 195 do RIPI/2010. DO MÉRITO Necessidade de reforma da r. decisão recorrida Impossibilidade de se aplicar o preço praticado pela CBC Brasil no caso concreto Inobservância dos critérios legais para a definição do VTM É alegado às folhas 26 do Recurso Voluntário: ü Presunção de mercado monopolista Como descrito, no entendimento da d. Fiscalização, entendimento repisado pela r. decisão recorrida, a Recorrente teria deixado de observar as regras relativas ao VTM, pois, diante do contexto de um mercado monopolista, de acordo com o Parecer Normativo CST n.0 89/70, o VTM a ser considerado em operações destinadas a um único adquirente "não poderá ser inferior ao preço de venda do adquirente' que, no caso sob análise, seria relativo ao preço praticado pela CBC Brasil. Ou seja, de acordo com a fiscalização, fato repisado pela r. decisão recorrida, havería a caracterização de um "mercado atacadista notoriamente monopolista', atraindo a aplicação do Parecer Normativo CST n0 89/70. Nesse ponto, a r. decisão recorrida repisa tal presunção de monopólio sob a fundamentação de que "não há nos autos qualquer indício de que havería no mercado a que se dedica a Autuada produtos com similaridade significativa àqueles produzidos peia CBC' (fl. 434). Outra vez o Recorrente se apega a uma argumentação desconexa, pois o que ocasionou a aplicação do Valor Tributável Mínimo, não foi a presunção de monopólio, mas a interdependência entre empresas ( incisos I e IV do artigo 612 do RIPI/2010) que exigiu a aplicação do Valor Tributável Mínimo, por força normativa do inciso I, artigo 195 do RIPI/2010. É alegado às folhas 28 do Recurso Voluntário: Portanto, a total desconsideração dos preços praticados pela Recorrente sem fundamentação, atrelada à imposição de valores das operações da distribuidora não se sustenta, eis que Fl. 757DF CARF MF 22 desconsidera o contexto e as especificidades regulatórias do nicho de mercado, o que não se pode admitir. Não bastasse o acima exposto, devese evidenciar a existência de concorrência no mercado de atuação da Recorrente. Nesse ponto, novamente apresentamos provas que evidenciam claramente a existência de concorrência, a qual é passível de identificação não apenas da simples análise das fotos apresentadas, como no que se refere ao aspecto técnico funcional dos produtos comercializados no mercado de armas e munições. Considerando a grande variedade de produtos autuados, a demonstrar a absoluta impropriedade da presunção adotada no sentido de existência de mercado monopolista, a Recorrente destaca abaixo, por amostragem, algumas das provas colacionadas com vistas a evidenciar a existência de concorrência no mercado de atuação da Recorrente: A fiscalização não desconsiderou preços praticados pela Recorrente ao seu alvedrio. Em estrita observância à Lei, uma vez constatada a interdependência entre empresas ( incisos I e IV do artigo 612 do RIPI/2010), a própria legislação exige a aplicação do Valor Tributável Mínimo, por força normativa do inciso I, artigo 195 do RIPI/2010. ü Regras de VTM As laudas 33 a 36 do Recurso Voluntário reforçam o entendimento até aqui esposado, que pode ser sintetizado no seguinte fragmento de folhas 33: Em se tratando de operações entre partes interdependentes (artigo 612, do RIPI/2010), a legislação prevê regras específicas, nas quais a determinação da base de cálculo do IPI deverá observar certos limites e parâmetros. Nesse sentido, considerando que a Recorrente e a CBC Brasil são partes interdependentes, a determinação da base de cálculo do IPI incidente em suas operações deve levar em consideração as regras atinentes ao chamado valor tributável mínimo VTM. O valor tributável mínimo corresponde ao limite a partir do qual deve ser calculado o IPI em situação específica, definida pelo legislador complementar. É uma base de cálculo presumida mínima que deve ser considerada em determinadas situações na qual o legislador identificou uma circunstância especial, para a qual entendeu que deveria ser estabelecido um limite de base de cálculo específico. (Grifo e negrito nossos) Portanto, o próprio argumento apresentado pelo Recorrente, corrobora com a linha de raciocínio apresentada no VOTO até agora. Especificamente, às folhas 36 e 37 a Recorrente nos remete a uma outra questão: Assim, não havendo mercado atacadista na praça do remetente, deve ser aplicado, invariavelmente o segundo critério para Fl. 758DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 13 23 apuração do VTM, previsto no inciso II do parágrafo único do artigo 196, cuja redação define que, para produtos nacionais, a base de cálculo do IPI será calculada a partir do (i) custo de fabricação acrescido dos (ii) custos financeiros, dos (/ii) custos de venda, dos (/V) custos de administração e dos (v) custos de publicidade, bem como de sua (vi) margem de lucro normal e (vii) das demais parcelas que devam ser adicionadas ao preço da operação, ainda que os produtos tenham sido recebidos de outro estabelecimento da mesma firma que os tenha industrializado. Caso não seja possível auferir tal valor ou se demonstre a impossibilidade de utilizar as informações e dados detidos pelo contribuinte, no artigo seguinte, 197 do RIPI/2010, o legislador estabeleceu que "o Fisco poderá arbitrar o valor tributável ou qualquer dos seus elementos, quando forem omissos ou não merecerem fé os documentos expedidos pelas partes'. Tratase, todavia, de exceção à regra, que deve ser aplicada apenas em última hipótese e diante da demonstração da impossibilidade de se calcular o VTM conforme os parâmetros estabelecidos na lei, o que não ocorre no caso em análise. Aqui já é possível perceber, portanto, a regularidade do VTM adotado pela Recorrente. Como visto, restou incontroverso nos autos que não há mercado atacadista na praça da Recorrente. Dessa forma, inexistindo o "preço corrente no mercado atacadista" da praça do remetente a que alude o artigo 195,1, do RIPI, a legislação determina a aplicação do segundo critério, tal como disposto no inciso II, parágrafo único, do artigo 196 do RIPI. (Grifo e negrito próprios do original) Como se sabe, em conformidade com o art. 46 do Código Tributário Nacional, o imposto sobre produtos industrializados, previsto no inciso IV do art. 153 da Constituição de 1988, tem, como fato gerador: 1. o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; 2. a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51 da norma; e 3. a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. O art. 51 do diploma em referência, por sua vez, determina que a contribuinte do imposto é o industrial (ou equiparado) e o comerciante de produtos sujeitos ao IPI que os forneça a industriais ou equiparados. Da simples leitura de tais dispositivos, é possível se concluir, e.g., que a venda de distribuidora para consumidor final não se convola como fato gerador do imposto. Uma vez definida a sua materialidade, depreendese da leitura do art. 474 a base de cálculo do IPI correspondente em uma operação de saída do produto interno: Fl. 759DF CARF MF 24 a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria, ou b) na falta dele, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente. Nos termos do quanto preceituado pelo art. 190 do Decreto n° 7212/2010 (Regulamento do IPI), constitui "valor tributável" dos produtos nacionais, o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial, assim entendido como o preço do produto, acrescido do valor do frete e das demais despesas acessórias, cobradas ou debitadas pelo contribuinte ao comprador ou destinatário. O art. 195 do RIPI/2010, por seu turno, de forma a ecoar o preceptivo normativo do alínea b do inciso II do art. 47 do Código Tributário Nacional, dispõe a respeito da necessidade de um valor mínimo tributável no caso de produto destinado a outro Estabelecimento do próprio remetente: o preço corrente no mercado atacadista da praça do próprio remetente, cf. inciso I do art. 15 da Lei n° 4.502/1964 e art. 2° do DecretoLei no 34/1966. O propósito do legislador foi garantir que o IPI viesse a incidir sobre uma base de cálculo cuja dimensão econômica resguardasse o valor do mercado, evitando artificialismo na fixação dessa base de cálculo. O posicionamento da Receita Federal é claro: se há um único distribuidor interdependente de estabelecimento industrial fabricante, o VTM corresponderá aos preços praticados pelo distribuidor. Solução de Consulta Interna n° 08 COSIT, de 13 de junho de 2012 O inciso I do art. 195 do RIPI/2010 assim dispõe sobre a matéria, in verbis: Art.195. O valor tributável não poderá ser inferior: I ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente quando o produto for destinado a outro estabelecimento do próprio remetente ou a estabelecimento de firma com a qual mantenha relação de interdependência; Observase que o dispositivo legal acima não faz qualquer referência ao número mínimo de ofertantes que devem atuar no mercado para que este seja caracterizado como um “mercado atacadista”. Tampouco faz qualquer distinção entre mercados monopolizados, oligopolizados, livre concorrência ou monopsônio. Desse modo, não havendo base legal para se estabelecer o número mínimo de ofertantes, nem distinções entre os tipos de mercado, deve ser aplicada a regra prevista no inciso I do art. 195 do RIPI/2010 sempre que o produto for destinado a outro estabelecimento do próprio remetente ou a estabelecimento de firma com a qual mantenha relação de interdependência. Já o Parecer Normativo CST n° 44, de 1981, ao tratar do valor tributável para efeito de cálculo do IPI, assim dispôs sobre “mercado atacadista”, in verbis: Fl. 760DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 14 25 6.1. Isto significando, por certo, que numa mesma cidade, ou praça comercial, o mercado atacadista de determinado produto, como um todo, deve ser considerado relativamente ao universo das vendas que se realizam naquela mesma localidade, e não somente em relação àquelas vendas efetuadas por um só estabelecimento, de forma isolada. 7. Por isso, os preços praticados por outros estabelecimentos da mesma praça que a do contribuinte interessado em encontrar o valor tributável do IPI através do preço corrente do mercado atacadista devem ser considerados para o cálculo da média ponderada de que trata o§ 5° do artigo 46 do RIPI/79. Ou seja, existindo diversos estabelecimentos atuantes no mercado atacadista, não será válida a determinação do valor tributável mínimo tomando por base o preço praticado por apenas um estabelecimento, isoladamente considerado. Devese levar em conta “o mercado atacadista de determinado produto, como um todo”. 9.1. Agora, se “o mercado atacadista de determinado produto, como um todo”, possui um único vendedor, é inevitável que o valor tributável mínimo seja determinado a partir das vendas por este efetuadas. Nem por isso tais operações de compra e venda por atacado deixarão de caracterizar a existência de um “mercado atacadista”, possibilitando, portanto, a aplicação da regra estatuída no inciso I do art. 195 do RIPI/2010. 9.2. Assim, o valor tributável mínimo aplicável às saídas de determinado produto do estabelecimento industrial que o fabrique, e que tenha na sua praça um único distribuidor, dele interdependente, corresponderá aos próprios preços praticados por esse distribuidor único nas vendas que efetue, por atacado, do citado produto. 10. Dessa forma, as operações realizadas por este estabelecimento corresponderão ao “universo das vendas” a que se refere o Parecer Normativo CST n° 44, de 1981, e tais operações de compra e venda configurarão o “mercado atacadista” de que trata o inciso I do art. 195 do RIPI/2010. Conclusão 11. Diante do exposto, na hipótese de existir no mercado atacadista a que se refere o inciso I do art. 195 do RIPI/2010 um único distribuidor, interdependente de estabelecimento industrial fabricante de determinado produto (sem similar para efeito de comparação de preços), o valor tributável mínimo aplicável a esse estabelecimento industrial fabricante corresponderá aos próprios preços praticados pelo distribuidor único nas vendas por atacado do citado produto. (grifos não constam no original) Fl. 761DF CARF MF 26 Caso se constate que a parte interdependente é o único fornecedor/distribuidor da praça do remetente ("mercado monopolista local"), o valor tributável mínimo aplicável será a média ponderada dos preços praticados por este distribuidor único para aquele produto. No presente caso, como já ressaltado, decidido em outras oportunidades e bem acentuado na SCI Cosit n° 8/12, se “o mercado atacadista de determinado produto, como um todo”, possui um único vendedor, é inevitável que o valor tributável mínimo seja determinado a partir das vendas por este efetuadas. Nem por isso tais operações de compra e venda por atacado deixarão de caracterizar a existência de um “mercado atacadista”, possibilitando, portanto, a aplicação da regra estatuída no art. 195, I, do RIPI/2010, em detrimento de arbitramentos de ofício, seja por meio do cálculo de ofício, portanto, arbitramento em relação ao cálculo feito pelo contribuinte, proposto pelo parágrafo único, do art.196; seja pelo arbitramento propriamente dito, do art. 197. Entender de outra forma, nos casos de interdependente adquirente como único distribuidor, seria negar a aplicação da regra de apuração direta da base de cálculo sobre o preço de venda efetivamente praticado. O "mercado atacadista" da praça do remetente (art. 195 RIPI/2010) é composto pelas vendas do mesmo produto "efetuadas pelos remetentes e pelos interdependentes do remetente [estes, caso existam], no atacado, na mesma localidade" (Ato Declaratório Normativo CST n° 5/1982). Do conceito de praça. Pelo já exposto, entendo não merecer reparos nos cálculos da fiscalização. O art. 47 do Código Tributário Nacional é expresso ao se referir ao preço "o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente". Em igual sentido, de maneira igualmente expressa, o inciso I do art. 195 do Decreto n° 7212/2010 (RIPI), ao tratar do valor tributável mínimo, referese ao "ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente'". Uníssonos e uniconcordes, como não poderiam deixar de ser, o Parecer Normativo CST n° 44/1981 e o Ato Declaratório Normativo CST n° 5/1982, cujo trecho a seguir se transcreve: "deverão ser consideradas as vendas efetuadas pelo remetente e pelos interdependentes do remetente". Harmoniosa com tal determinação legal também a Solução de Consulta Interna Cosit n° 8, de 13/06/2012: "o valor tributável mínimo aplicável às saídas de determinado produto do estabelecimento industrial que o fabrique, e que tenha na sua praça um único distribuidor, dele interdependente, corresponderá aos próprios preços praticados por esse distribuidor único". A fixação da "regra do remetente" encontrou ressonância, ainda, na jurisprudência deste Conselho: Acórdão CARF n° 20216475, proferido em sessão de 09/08/2005, sob a relatoria da Conselheira Maria Cristina Roza da Costa. Ementa: "IPI. VALOR TRIBUTÁVEL MÍNIMO. INTERDEPENDÊNCIA. Aplicase o disposto no inciso I, letra “a”, c/c § 5° do art. 68 do RIPI/82, com a interpretação dada pelo ADN CSTn° 5/82, quando ocorrer interdependência entre fabricante e adquirente nos termos do art. 394, inciso IV, do RIPI/82. Recurso provido". Fl. 762DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 15 27 A respeito da ambiguidade do conceito jurídico, averbou DARCY ARRUDA MIRANDA JÚNIOR (fonte: Acórdão n.° 3401003.954): 'Podemos tomar a expressão Praça de Comércio em dois sentidos, um amplo e outro restrito. No primeiro sentido, é um centro onde as operações comerciais assumem grande vulto e enorme desenvolvimento e é assim que se fala em Praça de São Paulo, Praça do Rio, Praça de Belém etc.; no segundo, é o lugar onde os comerciantes se retinem para tratar de seus negócios, [...] A origem de tais institutos [praças e bolsas] perdese na névoa dos tempos, pois desde que existe o comércio, reuniões em determinados locais, das pessoas envolvidas no tráfego mercantil, para tratar de seus recíprocos interesses, nâ'o são, não foram e não serão incomuns. Foram conhecidas por emporium na Grécia, collegium mercatoum em Roma, Praça de Comércio ou Bolsa, em Portugal'. Também a contribuição de Fábio Ulhoa Coelho sobre o sentido de "praça" (fonte: Acórdão n.° 3401003.954): Também em razão do princípio constitucional da legalidade tributária, o contribuinte só está obrigado a mensurar o montante devido do tributo segundo os critérios estabelecidos em lei para a base de cálculo. Quando a lei tributária, ao estabelecer o critério de quantificação de certo tributo, valese, na identificação da base de cálculo, da expresso "praça" (e não de outras, como "mercado", "campo de atuação do comerciante", etc (33), ela está definindo o Município, ou sua fração, como elemento territorial na mensuração a ser feita pelo contribuinte e pela Administração Tributária. (...) Pelo que se demonstrou ao longo do Parecer, quem pesquisa a lei referente à matéria (Lei n° 4.502/64), bem como todos os seus sucessivos regulamentos, a jurisprudência e a maioria das decisões administrativas, não chega a outra conclusão sendo a de que o secular conceito de praça, adotado pelo direito comercial, como referência a Município, ou_ fração, é o critério para a construção do sentido da expressão contida no quesito. Quando o art. 195 do RIPI20I0 menciona, na definição do Valor Mínimo Tributável era operações entre partes interdependentes, a locução 'preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente", cabe unicamente a interpretação de que se refere ao preço normalmente praticado entre os empresários que comercializam o produto entre si (excluindo, portanto, os das vendas aos consumidores) no Município em que o estabelecimento remetente encontrase situado. Qualquer outra interpretação representa uma reinvenção do conceito de praça, tal como secularmente empregado pelo direito comercial." (seleção e grifos nossos). Fl. 763DF CARF MF 28 Certo é que o direito tributário não definiu objetivamente o significado de "praça", para fins de aferição do VTM. Não por outra razão emergemse variantes interpretativas que, buscando apoio em outros ramos do direito, acabam por apresentarem fundamentos e conclusões divergentes entre si, frutos de visões relativas, ainda que, r.g., ancoradas em fundadas interpretações, igualmente válidas juridicamente. Assim, não obstante a validade fática e jurídica dos precedentes trazidos pela recorrente, deles não me vinculo, fazendo a seguir minhas próprias considerações. Para o presente lançamento tributário, no caso específico das circunstâncias de mercado em que inseriamse os atores únicos e exclusivos, o conceito de praça não exerce maior influência, pois, entendo, no mesmo sentido da decisão recorrida e da Solução de Consulta Interna Cosit n° 8, de 13 de junho de 2012) que, na hipótese de existir no mercado atacadista apenas um único distribuidor, interdependente de estabelecimento industrial fabricante de determinado produto, o valor tributável mínimo aplicável a esse estabelecimento industrial fabricante remetente corresponde aos próprios preços praticados pelo distribuidor único adquirente, nas vendas por atacado do citado produto, até porque, tratandose de distribuidor monopolista, restam esses preços como sendo os preços correntes do mercado atacadista, aplicável às praças do adquirente e do remetente, independente do entendimento restritivo de praça como a circunscrição territorial do município onde situase o adquirente ou o remetente. O art. 15, da Lei n° 4.502/64, estabelece que o valor tributável, quando o produto for remetido a outro estabelecimento da mesma pessoa jurídica ou a estabelecimento de terceiro interdependente, não poderá ser inferior ao 'preço corrente do mercado atacadista da praça do remetente', restando em situações como a presente, existindo no mercado atacadista apenas o interdependente como único distribuidor, descritas na SCI Cosit n° 8/12, a adoção do único preço praticado no mercado atacadista, pois, monopolizado pelo distribuidor interdependente, ditando o preço corrente do mercado atacadista da praça do remetente. Como bem acentuado na SCI Cosit n° 8/12, se “o mercado atacadista de determinado produto, como um todo”, possui um único vendedor, é inevitável que o valor tributável mínimo seja determinado a partir das vendas por este efetuadas. Nem por isso tais operações de compra e venda por atacado deixarão de caracterizar a existência de um “mercado atacadista”, possibilitando, portanto, a aplicação da regra estatuída no art. 195, inc., I, do RIPI/2010. Entender de outra forma, nos casos de interdependente adquirente como único distribuidor, seria negar a aplicação da regra de apuração direta da base de cálculo sobre o preço de venda efetivamente praticado, ainda que inequívoco, pois, monopolizado por um único vendedor, entendendo inexistente o preço corrente no mercado atacadista do remetente, quando estes estiverem situados em 'praças' ou municípios distintos, aplicandose, como regra, as subsidiárias bases de cálculo indiretas, calculadas na forma das normas do parágrafo único, do art. 196 e no art. 197, do RIPI/2010, não resultando esta na interpretação mais adequada ou em consonância com a finalidade antielisiva das normas: garantir que as saídas dos produtos entre empresa fabricante e comercial interdependente sejam tributados, no mínimo, pelo valor efetivamente praticado no mercado atacadista. Assumir a posição proposta, seria negar a finalidade da norma e o valor do preço efetivamente praticado no mercado atacadista, em detrimento de arbitramentos de ofício. Fl. 764DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 16 29 Assim sendo, diante dos preços únicos, praticados por distribuidor único, nas vendas por atacado do citado produto, resta analisar a sistemática de apuração do preço mínimo tributável utilizado pela fiscalização. No caso em análise, a Recorrente enviou seus produtos exclusivamente a CBC Brasil, o que por si só já justifica a apuração do valor tributável mínimo VTM a partir da saída de sua distribuidora quase que exclusiva. O preço será do estabelecimento atacadista, apurado no mês anterior ao de saída do estabelecimento remetente e aplicado às saídas deste estabelecimento (remetente), conforme preceitua o artigo 195, inciso I, do Decreto n° 7.212, de 2010 RIPI. Apenas para deixar ainda mais claro, como ficou configurada a relação de interdependência e, no caso em análise, a Recorrente possui praticamente um único mercado atacadista na mesma praça, que é CBC Brasil, a partir do preço de saída desta deve ser considerado o valor tributável mínimo. Na espécie, uma vez configurada a interdependência, nos exatos termos da legislação do IPI, cabe ao Auditor Fiscal da RFB aplicála. O lançamento tributário é atividade administrativa plenamente vinculada, consoante dispõem os arts. 3° e 142, parágrafo único, do CTN, logo a autoridade fiscal deve obrigatoriamente observar a legislação específica, ao apurar os valores que compõem o crédito tributário, não podendo negar aplicação a lei ou ato normativo em vigor. Intrinsecamente, tenho que "praça", na acepção do artigo 195, I, do RIPI/2010, deve representar a região onde o preço do produto será o mesmo em qualquer parte desse território, sem interferência externa como frete, seguro, comissões, entre outras despesas, que, em se existindo, provocaria um desnivelamento do preço a ser comparado, não havendo que se falar, a meu ver, em limite geográfico, genericamente estabelecido. Ademais, repitase, não se vislumbra, na letra da Lei, qualquer definição objetiva referente ao termo "praça comercial", tampouco menção territorial que a limite ao espaço de Município. Sob esse diapasão, convidase a seguinte reflexão: Tomase a situação de dois irmãos. Dois jovens, prematuros empreendedores que resolvem tentar a sorte assumindo o risco de um negócio, cada qual em sua área. O primeiro irmão se apropria de uma receita de empanadas de sua avó, monta uma carrocinha toda enfeitada, com direito a toldo e letreiro luminoso, e a posiciona em uma praça movimentada que é confluência de um grande número de transeuntes, além de possuir naquele local diversos prédios públicos e pontos comerciais. O segundo irmão opta por comprar chinelos e sandálias e enfeitálos com missangas e outros badulaques e ofertalos em páginas de ecomerce na internet. Ambos obtém sucesso. O primeiro consegue uma freguesia cativa daqueles que trabalham naquela quadra, além de angariar diariamente um sem número de compradores transeuntes que passam por aquele ponto, nas mais diversas horas do dia. Fl. 765DF CARF MF 30 O segundo, inusitadamente, tem 90% der suas vendas concentradas na localidade de Pantai Nampu, na Indonésia, uma vez que seu produto caiu nas graças das adolescentes daquele lugar e passou a ser a febre do último verão. Se partimos de um conceito hermético de “praça”, ancorado em sua concepção inicial formulada pelo Código Comercial de 1.850, calcada no critério de localidade geográfica, fica inviável conjugar os dois exemplos sob esse mesmo denominador comum. Isso porque no primeiro exemplo, a “praça” das empanadas é literalmente uma praça. Já no segundo exemplo, as vendas estão concentradas em uma localidade do outro lado do planeta. As novas tecnologias tornaram o planeta uma “aldeia global”, sendo capaz de conectar instantaneamente duas localidades, por mais equidistante que estejam. Sistemas interligados de logística, apoiados em um sistema de transporte de carga multimodal, garantem a eficaz dispersão de mercadorias através do Comércio Internacional, O Código Comercial de 1.850 foi concebido em uma sociedade agrária e escravagista que se servia de tropas de mulas para transporte de cargas, servindose inclusive de rotas traçadas pelos indígenas. A própria Via Dutra, que ligou os dois maiores polos urbanos do Brasil, foi construída em cima de uma antiga rota indígena. Partindo dessa premissa, temos que no contexto atual o conceito de praça de comércio não deve mais ser atrelado a um único critério geográfico território de Município . Outros fatores que integram a operação, a depender da situação, são tão ou mais importantes para se estabelecer o novo critério de “praça” a saber: produto, concorrência, exclusividade, região de destino, etc. Logo, dentro do novo paradigma de “aldeia global”, arriscase a afirmar que a praça do produto é onde a sua presença alcança. Em se tratando de mercado monopolizado, o preço praticado será único, sendo determinado pelo atacadista, único distribuidor, que detém o poder de lançar, distribuir o produto para o mercado consumidor. Na espécie, temos um mercado atacadista formado por uma única empresa, CBC Brasil, quem determina o preço desse mercado, ainda que situado em cidade diversa da unidade produtora, sua interdependente. Portanto, CBC Brasil compõe com exclusividade o marcado atacadista dos produtos que comercializa, porquanto única distribuidora, com quem mantém relação de interdependência, razão pela qual estão inseridas na mesma praça comercial, para fins do art. 195, I, do RIPI/2010. Nesse caso, a consideração do preço de saída do distribuidor interdependente e único é o parâmetro acertado para o valor tributável mínimo (VTM), nos termos da SCI: os próprios preços praticados por esse distribuidor único. Resta cristalino que, em se havendo no mercado atacadista a que se refere o inciso I do art. 195 do RIPI/2010 um único distribuidor, interdependente de estabelecimento industrial fabricante, o valor tributável mínimo aplicável a esse estabelecimento industrial corresponderá aos próprios preços praticados pelo distribuidor único nas vendas por atacado. Transcrevese excertos do Acórdão 3401003.954 4a Câmara/1a Turma Ordinária, de 29 de agosto de 2017, processos n° 18470.720682/201594 da relatoria do Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida, cujo teor bem ilustra e converge com os fundamentos uso expostos : Fl. 766DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 17 31 No presente caso, entendo mesmo inócua a interpretação restritiva pretendida, sobre o conceito de 'praça', entre os municípios do Rio de Janeiro/RJ e de São João de Meriti/RJ, pois, o monopólio da distribuição garante à empresa Delly Distribuidora a fixação dos preços, em todo mercado atacadista, não existindo outros distribuidores dos mesmos produtos à formar preços distintos. Como bem acentuado na SCI Cosit n° 8/12, se “o mercado atacadista de determinado produto, como um todo”, possui um único vendedor, é inevitável que o valor tributável mínimo seja determinado a partir das vendas por este efetuadas. Nem por isso tais operações de compra e venda por atacado deixarão de caracterizar a existência de um “mercado atacadista”, possibilitando, portanto, a aplicação da regra estatuída no art. 136, inc. I, do RIPI/2002, e art. 195, inc., I, do RIPI/2010. Citese ainda excertos do Acórdão n° 3101001.806 1a Câmara 1a Turma Ordinária, de 24 de fevereiro de 2015, de Relatoria do Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes: No presente caso, tratase de produto industrializado por Memphis Industrial, possuindo características específicas, identificados por códigos próprios, de forma a distinguilos de produtos de marcas fabricadas por outras empresas do mesmo setor. Neste caso, estando a primeira distribuição destes bens restrita às empresas comerciais interdependentes, não alcançando pessoas jurídicas independentes, há mercado atacadista e o Valor Tributável Mínimo será determinado a partir das vendas efetuadas pelo interdependente, nos termos do que definido pela Solução de Consulta Interna COSIT n° 08/2012 (Grifo nossos) Improcedência e ilegalidade da multa de ofício Vedação ao Confisco Multa de ofício. Previsão legal e percentual. O litigante investe contra a aplicação da multa qualificada de 75%, que diz ser confiscatória e injustificada. O dispositivo aplicado, conforme indicado no auto de infração, foi o inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, que, expressa e objetivamente, prevê: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide MEDIDA PROVISÓRIA Nº 351 DE 22 DE JANEIRO DE 2007 DOU DE 22/1/2007 Edição extra) Alterada pela LEI Nº 11.488 DE 15 DE JUNHO DE 2007 DOU DE 15/5/2007 Edição extra I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Fl. 767DF CARF MF 32 (…)” (Grifouse.) A multa de ofício calculada sobre o valor do imposto cuja falta de recolhimento se apurou, está em consonância com a legislação de regência, sendo o percentual 75 % o legalmente previsto para a situação descrita no Termo de Verificação Fiscal, não se podendo, em âmbito administrativo, reduzilo ou alterálo por critérios meramente subjetivos, contrários ao princípio da legalidade. Considerações sobre a graduação da penalidade, no caso, não se encontram sob a discricionariedade da autoridade administrativa, uma vez definida objetivamente pela lei, não dando margem a conjecturas atinentes à ocorrência de efeito confiscatório ou de ofensa ao princípio da capacidade contributiva. Nesse sentido, qualquer pedido ou alegação que ultrapasse a análise de conformidade do ato administrativo de lançamento com as normas legais vigentes, em franca ofensa à vinculação a que se encontra submetida a instância administrativa (art. 142, parágrafo único, do CTN), como a contraposição a princípios constitucionais, somente podem ser reconhecidos pela via competente, o Poder Judiciário. Desse modo, devese considerar correta a aplicação da multa de lançamento de ofício ao percentual de 75%, definido em lei, sobre os valores do imposto não recolhido, rejeitandose a contestação de que não haveria previsão legal para tanto. Tendo em vista que a vedação ao confisco tem seio em norma constitucional, na alegação da defesa de que a exação é confiscatória, implícita está a arguição de inconstitucionalidade da própria norma legal que prevê a penalidade, para afastar sua a aplicação no caso concreto. Entretanto, em face do modelo adotado em nosso sistema jurídico, a autoridade administrativa não tem competência para decidir sobre inconstitucionalidade de normas legais, cabendo apenas executálas, não podendo negar aplicação à lei, sob argumento de que há conflito com a Constituição Federal. Com efeito, o órgão administrativo não é o foro apropriado para discussões dessa natureza, uma vez que exercício do controle da constitucionalidade, regulado pela própria Constituição Federal, é reservado ao Poder Judiciário que detém, com exclusividade, essa prerrogativa, conforme prevê a Lei Maior no Capítulo III do Título IV. A presunção é que o Legislativo, antes de aprovar a lei tenha examinado eventual conflito com a Constituição Federal e chegado à conclusão de não haver tal contrariedade. Essa presunção somente sucumbe ante o pronunciamento judicial. Inadmissível é pretender que a autoridade administrativa descumpra a lei. Até aí não vai o seu poder, tendo em vista o alcance limitado do julgamento nessa esfera, que não pode se desviar dos estritos ditames legais, sendo vedado imiscuirse na competência do Poder Judiciário para examinar a constitucionalidade de normas. No mais, agasalhase o entendimento de que vem a ser essa uma limitação imposta pelo Legislador constituinte ao Legislador infraconstitucional (ordinário), portanto, não se pode dizer que o princípio esteja direcionado à Administração Tributária. Legalidade da Cobrança dos Juros sobre a Multa A matéria já se encontra pacificada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais através de Súmula. Súmula CARF n° 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Fl. 768DF CARF MF Processo nº 13005.721188/201781 Acórdão n.º 3302006.111 S3C3T2 Fl. 18 33 Com estas considerações, voto por NEGAR provimento ao recurso voluntário. Jorge Lima Abud. Fl. 769DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720263/2016-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2012
CSLL. GLOSA DE EXCLUSÕES NA APURAÇÃO DO LUCRO LÍQUIDO AJUSTADO. RECEITAS SUJEITAS AO REGIME TRIBUTÁRIO ESPECIAL (RET). COMPROVAÇÃO.
Comprovado que a exclusão de valores na apuração do lucro líquido ajustado, base de cálculo da CSLL, refere-se a receitas submetidas ao RET da Lei 10.631/2004, deve ser cancelada a exigência.
Numero da decisão: 1201-002.674
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente
(assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Henrique Marotti Toselli, Ailton Neves da Silva (Suplente convocado), Bárbara Santos Guedes (Suplente convocada), Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro José Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: GISELE BARRA BOSSA
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2012 CSLL. GLOSA DE EXCLUSÕES NA APURAÇÃO DO LUCRO LÍQUIDO AJUSTADO. RECEITAS SUJEITAS AO REGIME TRIBUTÁRIO ESPECIAL (RET). COMPROVAÇÃO. Comprovado que a exclusão de valores na apuração do lucro líquido ajustado, base de cálculo da CSLL, referese a receitas submetidas ao RET da Lei 10.631/2004, deve ser cancelada a exigência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Henrique Marotti Toselli, Ailton Neves da Silva (Suplente convocado), Bárbara Santos Guedes (Suplente convocada), Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro José Carlos de Assis Guimarães. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 02 63 /2 01 6- 32 Fl. 504DF CARF MF Processo nº 19515.720263/201632 Acórdão n.º 1201002.674 S1C2T1 Fl. 3 2 1. Tratase de processo administrativo decorrente de auto de infração lavrado para a cobrança de CSLL, referente ao anocalendário de 2012, no montante de R$ 5.801.236,55, com o acréscimo de juros de mora e multa de ofício de 75%. 2. Em síntese, a infração apontada pela fiscalização consiste na suposta exclusão indevida a título de receitas do Regime Especial de Tributação (RET). A DIPJ do anocalendário de 2012 demonstra que a contribuinte ofereceu à tributação o montante de R$ 63.963.929,61 pelo RET e as exclusões remontam R$ 94.710.405,40 (DIPJ Retificadora não transmitida). A autoridade fiscalizadora conclui, então, que somente as receitas correspondentes ao RET confessadas em DCTF (R$ 63.963.929,61) poderiam ser excluídas para fins de apuração do lucro real. 3. Valendose dos números apresentados pela contribuinte, com exceção das exclusões relativas ao RET, a autoridade lançadora apurou a base de cálculo relativa ao período de 2012 no importe de R$ 30.803.075,47, sobre o qual aplicou as alíquotas da CSLL. Do valor apurado, subtraiu as importâncias pagas a título de CSLL por estimativa, no importe de R$ 2.925,71. Desta forma, formalizou o crédito tributário no valor de R$ 5.801.236,55, composto pela exigência da CSLL no valor de R$ 2.769.351,04, multa no importe de R$ 2.077.013,28 e juros de R$ 954.872,23. 4. Em análise das declarações apresentadas pela contribuinte (DIPJ e DCTF), a fiscalização detectou as seguintes inconsistências, conforme Termo de Verificação Fiscal (fls. 379/389): “O contribuinte, apurou o seu lucro na sistemática do Lucro Real Anual, e nada informou na DIPJ sobre valores de IRPJ por Estimativa. Da mesma forma, nenhum valor de estimativa foi confessado em DCTF como também nada foi recolhido em DARF em nenhum código de IRPJ. No entanto, na mesma DIPJ, na Ficha 12 A – Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real – ajuste anual, o contribuinte informou na Linha 22. Imposto de Renda a Pagar o valor de R$ R$ 6.246.717,87. Analisamos a DCTF entregue pelo contribuinte bem como os recolhimentos do grupo Imposto de Renda Pessoa Jurídica e nada foi encontrado. Esta análise se encontra na planilha anexa “Diferenças Encontradas IRPJ e CSLL J J Rodrigues” INSUFICIÊNCIA DE DECLARAÇÃO E RECOLHIMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES (...) O contribuinte preencheu uma DIPJ retificadora a qual submete à fiscalização, onde apresenta os saldos devidos e pagos de IRPJ e CSLL através dos comprovantes de pagamento nos códigos 2484 CSLL e 2362 IRPJ, sendo estes impostos pagos na forma de estimativa conforme apuração anexa. Como atendimento à intimação, o contribuinte apresentou nos anexos 8, 9 e 10, as planilhas de cálculo e comprovantes de pagamento do imposto unificado pelo RET – Patrimônio de Fl. 505DF CARF MF Processo nº 19515.720263/201632 Acórdão n.º 1201002.674 S1C2T1 Fl. 4 3 Afetação referente aos três empreendimentos, comprovando assim os recolhimentos do código 4095 referente aos três empreendimentos. Constatamos que os recolhimentos efetuados no código 4095, referentes aos três empreendimentos perfizeram o montante de R$ 3.837.835,77 em 2012. Quanto às correções pretendidas por ele na DIPJ “retificadora” não transmitida, fizemos uma planilha comparativa entre a DIPJ original (objeto da revisão) e a pretendida retificadora, transcrita abaixo: Analisando as correções pretendidas pelo contribuinte, a L03 da retificadora é maior que a original, favorável ao fisco. Nada a observar quanto às adições, visto que tanto a L06 quanto à L33 são maiores que a DIPJ original. No entanto, a exclusão da L67 – Receitas tributadas pelo RET no valor de 94 milhões devem ser comparadas com as receitas constantes dos Anexos 8, 9 e 10 do atendimento ao Termo Nº 1. Nesses anexos referentes aos empreendimentos realizados pelo contribuinte em 2012, constam as receitas tributadas pelo RET mês a mês em cada empreendimento e o valor de RET a ser recolhido também em todo o período de 2012. Consultando a DCTF do contribuinte constatamos que somente os valores de RET correspondentes às receitas abaixo foram confessados. Somente as receitas que efetivamente foram tributadas pelo RET poderão ser excluídas. (...) Serão reconhecidas pela fiscalização somente o valor da exclusão de R$ 63.963.929,61. A L87 também não será considerada, pois veio desacompanhada de qualquer comprovação. O Lucro Real então será: Fl. 506DF CARF MF Processo nº 19515.720263/201632 Acórdão n.º 1201002.674 S1C2T1 Fl. 5 4 (...) Notese que o contribuinte apresentou comprovante de um recolhimento de Contribuição Social por Estimativa realizado que será́ considerado. A Contribuição Social a Pagar da Declaração de Ajuste será́: (…) Em vista das irregularidades apontadas neste termo, fica o contribuinte, desde já, intimado a efetuar as correções devidas na parte B do LALUR e demais registros contábeis”. 5. Cumpre ressaltar que, o procedimento fiscal se desdobrou em dois processos administrativos fiscais relativos ao anocalendário de 2012: (i) Processos nº 19515.720263/201632, referente a exigência de CSLL e (ii) Processo nº 19515.720262/201698, referente a exigência de IRPJ. 6. Devidamente intimada (AR de 03/05/2016, fl. 402), a Contribuinte apresentou impugnação ao lançamento (fls. 407/433), na qual trouxe as seguintes razões de Fl. 507DF CARF MF Processo nº 19515.720263/201632 Acórdão n.º 1201002.674 S1C2T1 Fl. 6 5 defesa: (i) no Regime Especial de Tributação as receitas são tributadas no regime de caixa e, por sua vez, na contabilidade devem ser reconhecidas no regime de competência; (ii) toda a sua receita operacional está submetida ao RET; e (iii) o erro cometido pela contribuinte no preenchimento de declaração não é suficiente para a lavratura de auto de infração que distorce a natureza de suas receitas. Por fim, requer seja realizada perícia para confirmar que todas as receitas excluídas na DIPJ retificadora dizem respeito efetivamente ao RET e, por consequência, declarada a invalidade do lançamento. 7. Em sessão de 22 de março de 2017 a 3ª Turma da DRJ/RPO, por unanimidade de votos, julgou procedente a impugnação, nos termos do voto relator, Acórdão nº 1464.795 (fls. 481/495), cuja ementa recebeu o seguinte descritivo, verbis: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2012 CSLL. GLOSA DE EXCLUSÕES NA APURAÇÃO DO LUCRO LIQUIDO AJUSTADO. RECEITAS SUJEITAS AO REGIME TRIBUTÁRIO ESPECIAL RET (Lei 10.631/2004). COMPROVAÇÃO. Comprovado que a exclusão de valores na apuração do lucro liquido ajustado, base de calculo da CSLL, referese a receitas submetidas ao RET da Lei 10.631/2004, cancelase a exigência. Impugnação Procedente Credito Tributário Exonerado”. 8. Diante da documentação acostada aos autos, a DRJ exonerou o crédito exigido ao concluir que (i) a contribuinte fez prova de que quase a totalidade de suas receitas estavam submetidas ao RET em 2012 e (ii) ainda que a totalidade não esteja absolutamente comprovada, o correto seria tributar eventuais diferenças no RET e não no regime do lucro real. 9. Cientificada da decisão (Termo de Ciência por Abertura de Mensagem em 11/04/2017, fl. 499) a Contribuinte não interpôs Recurso Voluntário. 10. Diante da exoneração do sujeito passivo do pagamento de tributo em limite superior ao fixado na Portaria MF nº 63 de 2017, foi interposto Recurso de Ofício. É o relatório. Voto Conselheira Gisele Barra Bossa, Relatora 11. Para analisar a admissibilidade do recurso de ofício devese considerar o teor do artigo 1º, da Portaria MF nº 63/2017, a seguir transcrito: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total Fl. 508DF CARF MF Processo nº 19515.720263/201632 Acórdão n.º 1201002.674 S1C2T1 Fl. 7 6 superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. 12. No caso em tela, o valor exonerado (R$ 2.769.351,04) supera o limite estabelecido pela norma em referência de 2,5 milhões. Portanto, concluo que o recurso de ofício é cabível, dele tomo conhecimento e passo a apreciar. Questões de Mérito I. Premissas Técnicas sobre o Regime Especial de Tributação 13. Por considerar imprescindíveis para o desenrolar do presente julgamento, trago ponderações acerca do Regime Especial de Tributação (RET), previsto na Lei nº 10.931/04, regulamentado pela Instrução Normativa RFB nº 934/2009, posteriormente revogada pela vigente Instrução Normativa RFB nº 1.435/2013. 14. O RET é um regime aplicável às incorporações imobiliárias, em caráter opcional e irretratável, conforme artigo 1º da Lei nº 10.931/2004, verbis: Art. 1º Fica instituído o regime especial de tributação aplicável às incorporações imobiliárias, em caráter opcional e irretratável enquanto perdurarem direitos de crédito ou obrigações do incorporador junto aos adquirentes dos imóveis que compõem a incorporação. (grifos nossos) 15. A Lei nº 10.931/2004 estabelece uma série de contrapartidas para as incorporadoras que optem pelo benefício fiscal do RET como (i) a impossibilidade de sujeitar créditos deste regime especial a parcelamento fiscal; (ii) elaboração de escrituração contábil individualizada para cada incorporação; e (iii) a criação de patrimônio de afetação. 16. Nesse regime especial é permitido ao Contribuinte Incorporador optar pela incidência de tributação definitiva sobre a receita mensal recebida relativamente a cada patrimônio afetado. Em 2012, período objeto do presente processo, a redação do artigo 4º, da Lei nº 10.931/04, previa uma alíquota unificada de 6% correspondente ao pagamento mensal de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, verbis: “Art. 4º Para cada incorporação submetida ao regime especial de tributação, a incorporadora ficará sujeita ao pagamento equivalente a 6% (seis por cento) da receita mensal recebida, o qual corresponderá ao pagamento mensal unificado dos seguintes impostos e contribuições: I Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas IRPJ; II Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP; III Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL; e Fl. 509DF CARF MF Processo nº 19515.720263/201632 Acórdão n.º 1201002.674 S1C2T1 Fl. 8 7 IV Contribuição para Financiamento da Seguridade Social COFINS. § 1º Para fins do disposto no caput, considerase receita mensal a totalidade das receitas auferidas pela incorporadora na venda das unidades imobiliárias que compõem a incorporação, bem como as receitas financeiras e variações monetárias decorrentes desta operação. § 2º O pagamento dos tributos e contribuições na forma do disposto no caput deste artigo será considerado definitivo, não gerando, em qualquer hipótese, direito à restituição ou à compensação com o que for apurado pela incorporadora. § 3º As receitas, custos e despesas próprios da incorporação sujeita a tributação na forma deste artigo não deverão ser computados na apuração das bases de cálculo dos tributos e contribuições de que trata o caput deste artigo devidos pela incorporadora em virtude de suas outras atividades empresariais, inclusive incorporações não afetadas. (...) § 5º A opção pelo regime especial de tributação obriga o contribuinte a fazer o recolhimento dos tributos, na forma do caput deste artigo, a partir do mês da opção”. (grifos nossos). 17. A partir da leitura dos dispositivos acima transcritos, fica evidente que tanto a escolha do sistema de tributação quanto a tributação em si das receitas pela sistemática do RET são definitivas e irretratáveis, enquanto perdurarem direitos de crédito ou obrigações do incorporador junto aos adquirentes dos imóveis que compõem a incorporação. No mais, é possível concluir que o RET segue o regime de reconhecimento de receitas efetivamente recebidas (regime de caixa). 18. Os valores correspondentes as receitas mensais (caput do artigo 4º da Lei nº 10.931/04) não devem ser considerados em eventuais ajustes para efeito de apuração no regime regular de tributação, seja pelo lucro real ou presumido. II. Das Circunstâncias Fáticas 19. No presente caso, a opção da contribuinte pelo RET é matéria incontroversa, vez que o foco da autuação é a suposta exclusão indevida de receitas tributadas por esse regime. 20. Não é demais ressaltar que, conforme descrito nos itens 13 a 18, a opção pelo Regime de Tributação Especial é uma faculdade da Contribuinte que se torna definitiva enquanto perdurarem os direitos de crédito ou obrigações do incorporador junto aos adquirentes dos imóveis. Logo, a escolha da Contribuinte pelo RET vincula as receitas dos empreendimentos imobiliários à tributação de acordo com o artigo 4º, da Lei nº 10.931/04, com a redação vigente no ano de 2012 dada pela Lei nº 12.024/09. 21. Partindo deste entendimento, resta apurar se o montante de R$ 94.710.405,40 está submetido ao RET ou não. Em consonância com a r. decisão de piso, verifico que a Contribuinte foi capaz de comprovar que suas atividades operacionais estão relacionadas com as incorporações imobiliárias (único objeto social da Sociedade de Propósito Fl. 510DF CARF MF Processo nº 19515.720263/201632 Acórdão n.º 1201002.674 S1C2T1 Fl. 9 8 Específico) e que quase a totalidade de suas receitas relativas ao anocalendário de 2012 está submetida ao Regime Especial de Tributação, conforme trecho do voto condutor da r. decisão da DRJ: “Na DIPJ original a contribuinte havia registrado R$ 102.907.553,97 de receitas na linha 07 da Ficha 06A (fl. 7 e seguintes). Tratase exatamente do valor constante no Balancete da empresa, apresentado à Fiscalização durante a auditoria (fl. 316). Vejamos o facsímile:” 22. Segundo a Contribuinte, a diferença entre valores lançados na DCTF (R$ 63.963.929,61) e os valores submetidos ao RET (R$ 94.710.405,40) existe porque o reconhecimento das receitas para fins de recolhimento seguiu o regime de caixa enquanto as receitas que constam nos registros contábeis seguiram o regime de competência. 23. E, ainda que a composição do valor excluído pela contribuinte, qual seja a diferença entre receitas efetivamente realizadas e as reconhecidas, mas pendentes de recebimento, apresente alguma inconsistência/diferença (a contribuinte fez prova de quase a totalidade das receitas, mas não da totalidade), esta só poderia ser tributada no RET e não no regime do lucro real, nos termos do artigo 4º da Lei nº 10.931/04 (itens 13 a 18 – a opção pelo RET é definitiva). 24. Em vista das razões fáticas e jurídicas aqui apresentadas, considero que deve ser cancelada integralmente a exigência em questão. Conclusão 25. Diante do exposto, VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO DE OFÍCIO interposto e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Fl. 511DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.722683/2013-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008,2009
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. MOMENTO DA VERIFICAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 103.
A Portaria MF nº 63/2017 elevou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades promovida pelas Delegacias Regionais de Julgamento para dar ensejo à interposição válida de Recurso de Ofício.
Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
Ainda que, quando da prolatação de Acórdão que cancela determinada exação, a monta exonerada enquadrava-se na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa.
Numero da decisão: 1402-003.494
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 15521.000284/2009-79, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2008,2009 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. MOMENTO DA VERIFICAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº 63/2017 elevou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades promovida pelas Delegacias Regionais de Julgamento para dar ensejo à interposição válida de Recurso de Ofício. Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Ainda que, quando da prolatação de Acórdão que cancela determinada exação, a monta exonerada enquadrava-se na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 15521.000284/2009-79, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008,2009 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. MOMENTO DA VERIFICAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº 63/2017 elevou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades promovida pelas Delegacias Regionais de Julgamento para dar ensejo à interposição válida de Recurso de Ofício. Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Ainda que, quando da prolatação de Acórdão que cancela determinada exação, a monta exonerada enquadravase na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 15521.000284/200979, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente Substituto e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 26 83 /2 01 3- 17 Fl. 795DF CARF MF Processo nº 10380.722683/201317 Acórdão n.º 1402003.494 S1C4T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio. Relatório Trata de Recurso de Ofício oposto em face do cancelamento de exações sofridas pela Contribuinte, promovido pela DRJ a quo, dando provimento às razões de Impugnação opostas contra o lançamento de ofício procedido. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.484, de 18/10/2018, proferido no julgamento do Processo nº 15521.000284/2009 79, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.484): "Inicialmente, analisando os requisitos de admissibilidade do Recurso de Ofício, constatase que tal apelo foi tirado de v. Acórdão que exonerou débito tributário (considerando, aqui, principal e multas) em monta inferior ao atual valor de alçada que propiciaria seu manejo e consequente conhecimento por este E. CARF. Posto isso, tal montante está abaixo do mínimo de R$ 2.500.000,00 fixados pela Portaria MF nº 63/2017, acarretando no seu não conhecimento, considerandose definitivamente exonerado tal crédito fiscal, nos precisos termos e limites da r. decisão da DRJ a quo. Fl. 796DF CARF MF Processo nº 10380.722683/201317 Acórdão n.º 1402003.494 S1C4T2 Fl. 4 3 Tais circunstâncias e ocorrência também atraem a incidência da Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Como se extrai de tal entendimento sumular plenamente vigente deste E. Conselho, ainda que quando da prolatação do v. Acórdão recorrido a monta do débito cancelado enquadravase na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador de 2ª Instância administrativa. In casu, como mencionado, tal evento ocorre após a vigência Portaria MF nº 63/2017, não havendo mais justificativa e motivação para o conhecimento recursal. Diante de todo o exposto, voto por não conhecer do Recurso de Ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103, conforme voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 797DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.009700/2008-13
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 24/06/2008
RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICABILIDADE.
Aplica-se a retroatividade benigna quando a legislação deixa de definir o ato como infração.
INFRAÇÃO ADUANEIRA. AUSÊNCIA DE DANO À FISCALIZAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. VINCULAÇÃO E OBRIGATORIEDADE.
A responsabilidade pela infração aduaneira independe da intenção do agente bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.
INFRAÇÃO ADUANEIRA. NÃO PRESTAR INFORMAÇÃO SOBRE CARGA NO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 126.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira.
Numero da decisão: 3002-000.518
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Carlos Alberto da Silva Esteves, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Alan Tavora Nem.
Nome do relator: LARISSA NUNES GIRARD
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 24/06/2008 RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICABILIDADE. Aplica-se a retroatividade benigna quando a legislação deixa de definir o ato como infração. INFRAÇÃO ADUANEIRA. AUSÊNCIA DE DANO À FISCALIZAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. VINCULAÇÃO E OBRIGATORIEDADE. A responsabilidade pela infração aduaneira independe da intenção do agente bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. INFRAÇÃO ADUANEIRA. NÃO PRESTAR INFORMAÇÃO SOBRE CARGA NO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 126. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Carlos Alberto da Silva Esteves, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Alan Tavora Nem.
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MULTA REGULAMENTAR. Recorrente BDP SOUTH AMERICA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 24/06/2008 RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICABILIDADE. Aplicase a retroatividade benigna quando a legislação deixa de definir o ato como infração. INFRAÇÃO ADUANEIRA. AUSÊNCIA DE DANO À FISCALIZAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. VINCULAÇÃO E OBRIGATORIEDADE. A responsabilidade pela infração aduaneira independe da intenção do agente bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. INFRAÇÃO ADUANEIRA. NÃO PRESTAR INFORMAÇÃO SOBRE CARGA NO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 126. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard – Presidente e Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 97 00 /2 00 8- 13 Fl. 98DF CARF MF Processo nº 11128.009700/200813 Acórdão n.º 3002000.518 S3C0T2 Fl. 99 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Carlos Alberto da Silva Esteves, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Alan Tavora Nem. Relatório Trata o presente processo de auto de infração para a aplicação de multa ao agente de carga pela não prestação de informação sobre carga importada, no prazo estabelecido pela Receita Federal (fls. 2 a 31). De acordo com o auto de infração e seus anexos, a autuada deveria ter informado no Siscomex Carga os dados relativos ao conhecimento de carga agregado até a data da atracação do navio, que se deu em 05.06.2008. Aplicouse a regra de transição, já que a prestação de informação no prazo mínimo de 48 horas, anterior à atracação, somente seria aplicável a partir de 2009. A informação foi prestada previamente à atracação, mas alterada em 24.06.2008 para retificar o valor do frete (fl. 18), o que configuraria prestação de informação fora do prazo, com base no disposto no § 1º do art. 45 da Instrução Normativa RFB nº 800/2007 e no Ato Declaratório Executivo Corep nº 3/2008, que relaciona as hipóteses de exclusão de punibilidade. Por esse motivo, foi aplicada a multa prevista no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/1966, ipsis litteris: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: ........................................................................................................ IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): ........................................................................................................ e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e (grifado) A autuada apresentou impugnação (fls. 36 a 39), na qual alegou que prestou em tempo hábil as informações relativas ao conhecimento agregado, às 18:15 do dia 04.06.2008, como consta da tela de sistema juntada aos autos, e que o conhecimento Master citado no auto de infração não corresponde ao conhecimento agregado sobre o qual se discute, motivos pelos quais requer a anulação do auto de infração. A Delegacia de Julgamento em São Paulo proferiu o Acórdão nº 1679.292 (fls. 69 a 73), por meio do qual decidiu pela improcedência da impugnação, tendo em vista que os atos normativos emitidos pela Receita Federal, analisados em conjunto, definem que a retificação de CE constituise informação prestada fora do prazo e que o erro na informação do número do manifesto em apenas uma das folhas não afetou a compreensão dos fatos, pois todas as demais informações estavam corretas, como o número do CE, nome do navio e data de atracação. O acórdão foi assim ementado: Fl. 99DF CARF MF Processo nº 11128.009700/200813 Acórdão n.º 3002000.518 S3C0T2 Fl. 100 3 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 04/06/2008 MULTA POR RETIFICAÇÃO EXTEMPORÂNEA DE INFORMAÇÃO ACERCA DE CARGA. RESPONSABILIDADE DA AGÊNCIA MARÍTIMA. Nos termos do disposto pela Instrução Normativa RFB nº 800/2007 e Ato Declaratório Executivo Corep nº 03/2008, constitui obrigação da agência marítima prestar informações à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) acerca da carga transportada na forma, prazo e condições estabelecidos, sob pena de incorrer em infração prevista pelo artigo 107, inciso IV, alínea “e”, do Decretolei nº 37/1966, com a redação pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003. A multa é aplicada para cada deferimento, automático ou não, de retificação do manifesto eletrônico, conhecimento eletrônico ou item de carga. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte tomou ciência do Acórdão proferido pela DRJ em 04.09.2017, conforme Termo de Ciência por Abertura de Mensagem à fl. 78, e protocolizou o recurso voluntário em 03.10.2017, conforme Termo de Solicitação de Juntada à fl. 80. Em seu recurso voluntário (fls. 82 a 92), a recorrente alega que o art. 45 da IN RFB nº 800/2007 foi revogado em 2014, devendo tal alteração ser aplicada em atenção à retroatividade benigna; que, ao promover essa revogação, a própria Receita Federal reconheceu que não havia infração no caso de retificação após o prazo, entendimento esse externado por meio da Solução de Consulta Interna Cosit nº 2/2016; que até 01.04.2009 a parte da referida Instrução Normativa relativa às penalidades não tinha vigência; que não se causou embaraço ou prejuízo à fiscalização aduaneira, devendo ser aplicado o instituto da denúncia espontânea. É o relatório. Voto Conselheira Larissa Nunes Girard Relatora O recurso voluntário é tempestivo, preenche os requisitos formais de admissibilidade, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias e, portanto, dele tomo conhecimento. Retroatividade Benigna Quanto ao pleito para que seja aplicada a retroatividade benigna no caso em tela, em virtude da revogação do art. 45 da IN RFB nº 800/2007 e da manifestação da Receita Federal externada por meio da Solução de Consulta Cosit nº 2/2016, me pronuncio favoravelmente a seu atendimento. Fl. 100DF CARF MF Processo nº 11128.009700/200813 Acórdão n.º 3002000.518 S3C0T2 Fl. 101 4 De fato, em 2014 a Receita Federal promoveu uma alteração substancial na referida instrução normativa, alteração essa que, na parte que nos toca, consistiu em revogar integralmente o capítulo de penalidades, que se estendia do art. 45 até o 48, dentre os quais se encontrava o dispositivo que fundamentou a lavratura da multa, § 1º do art. 45, que se transcreve a seguir: Art. 45. O transportador, o depositário e o operador portuário estão sujeitos à penalidade prevista nas alíneas "e" ou "f" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37, de 1966, e quando for o caso, a prevista no art. 76 da Lei nº 10.833, de 2003, pela não prestação das informações na forma, prazo e condições estabelecidos nesta Instrução Normativa. § 1º Configurase também prestação de informação fora do prazo a alteração efetuada pelo transportador na informação dos manifestos e CE entre o prazo mínimo estabelecido nesta Instrução Normativa, observadas as rotas e prazos de exceção, e a atracação da embarcação. ........................................................................................................ (grifado) Este capítulo de penalidades compunhase de uma combinação de transcrição de textos legais, ipsis litteris, com disciplinamentos complementares concebidos pela Receita Federal para a execução do disposto em lei. Assim, com a sua revogação, o texto que dava o mesmo tratamento à retificação de informação que aquele dado à prestação de informação fora do prazo, motivação para a lavratura do auto, deixou de existir, pois tinha sua origem na própria Instrução Normativa. Apenas por este ato de revogação, já está presente a condição para que se faça a legislação atual retroagir à época dos fatos, com base no art. 106 do Código Tributário Nacional: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: ................................................................................ II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; ........................................................................... Posteriormente, a fim de uniformizar o entendimento a ser adotado pelos servidores quanto aos fatos pretéritos à revogação, foi editada a Solução de Consulta Interna Cosit nº 2/2016, por meio da qual emitiuse a interpretação de que as alterações ou retificações de informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da multa. Em que pese uma solução de consulta interna da Cosit não ter o peso de determinar a decisão neste Colegiado, ela expressa a mudança de interpretação sobre a matéria, em favor do contribuinte, e, por tudo isso, acolho o pedido da recorrente. Fl. 101DF CARF MF Processo nº 11128.009700/200813 Acórdão n.º 3002000.518 S3C0T2 Fl. 102 5 Quanto aos demais argumentos apresentados no Recurso Voluntário, nenhum teria o condão de exonerar a multa. O argumento relativo à vigência dos prazos iniciarse em 2009 não procede, pois o fato ocorreu em 2008, quando já vigia a obrigação de prestar a informação, desde que antes da atracação. O que passou a viger a partir de 2009 foi o prazo mínimo de 48 horas antes da atracação para prestar as informações requeridas. No que toca à alegação de que nenhum dano foi causado ao controle aduaneiro, temos que a infração em matéria aduaneira tem caráter objetivo, bastando que o fato concreto subsumase ao tipo legal para que seja aplicada a penalidade, não sendo relevante a intenção de cometer o ato infracional ou a extensão das consequências que dele decorrem, pois assim determina o art. 94 do DecretoLei nº 37/1966, in verbis: Art. 94. Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. § 1º O regulamento e demais atos administrativos não poderão estabelecer ou disciplinar obrigação, nem definir infração ou cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei. § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. (grifado) Ademais, e este aspecto é igualmente importante, a autoridade administrativa encontrase estritamente vinculada à lei, entendida em sentido amplo. Então, uma vez constatada a ocorrência de ato que se entenda infracional, deve ser aplicada multa. Esse é o entendimento que se retira do art. 142 do Código Tributário Nacional, in verbis: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. (grifado) Por fim, no tocando à denúncia espontânea, esta matéria foi recentemente sumulada pelo Carf, o que implica a adoção obrigatória do entendimento professado pelo Conselho nos seguintes termos: Súmula Carf nº 126 A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento dos deveres instrumentais decorrentes da Fl. 102DF CARF MF Processo nº 11128.009700/200813 Acórdão n.º 3002000.518 S3C0T2 Fl. 103 6 inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37, de 1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. (grifado) Por essa razão, não existe a possibilidade de aplicação do instituto da denúncia espontânea no contencioso administrativo, não podendo ser acolhida esta alegação. Com essas considerações, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte e determinar o cancelamento da exigência fiscal. É como voto. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Fl. 103DF CARF MF
score : 1.0