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Numero do processo: 13227.901380/2012-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 31 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009
REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO.
Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte.
CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009
REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO.
Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte.
CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009
CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.182
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato P. de Deus e Diego Weis Jr que davam provimento parcial para conceder o creditamento sobre a aquisição de fretes sobre as compras de combustíveis.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
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COMPENSAÇÃO. PIS/COFINS. Recorrente AUTO POSTO IRMAOS BATISTA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 22 7. 90 13 80 /2 01 2- 31 Fl. 984DF CARF MF Processo nº 13227.901380/201231 Acórdão n.º 3302005.182 S3C3T2 Fl. 3 2 Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato P. de Deus e Diego Weis Jr que davam provimento parcial para conceder o creditamento sobre a aquisição de fretes sobre as compras de combustíveis. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Trata o processo de contestação contra Despacho Decisório emitido pela DRF JiParaná, que deferiu parcialmente o direito ao crédito de COFINS não cumulativa/mercado interno e, em conseqüência, homologando parcialmente a compensação declarada até o limite do crédito concedido. Inconformada com a decisão proferida, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, argumentando que se dedica ao comércio varejista de combustíveis e lubrificantes e a prestação de serviços afins, que é optante pelo regime de apuração pelo Lucro Real e, portanto, sujeitase à apuração das contribuições para o PIS e a Cofins pelo regime da nãocumulatividade. Diz que realiza a venda de gasolinas, óleo diesel e demais combustíveis tributados à alíquota zero e que não se apropriou de créditos sobre a aquisição de combustíveis, já que são tributados pelo regime monofásico e não dão direito a créditos, mas, sim, de créditos sobre insumos e serviços necessários na atividade que exerce, uma vez que sendo seu produto final tributado à alíquota zero, o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e o art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, permitem o aproveitamento dos créditos sobre esses dispêndios.(grifei). Quanto aos fretes pagos, esclarece que adquire combustíveis e lubrificantes para revenda, mas como a empresa vendedora não entrega os produtos, precisa contratar serviços de fretes de outras pessoas jurídicas para que o produto chegue até seus estabelecimentos e possa realizar a venda, e enfatiza, por isso, que o frete é um serviço/insumo necessário para a realização de sua atividade comercial. Ressalta que o art 3º da Lei nº 10.833, Fl. 985DF CARF MF Processo nº 13227.901380/201231 Acórdão n.º 3302005.182 S3C3T2 Fl. 4 3 de 2003, não relaciona os insumos/serviços e tampouco considera que apenas indústrias podem realizar créditos, e que a Receita Federal ao editar a IN 404/2004, conceituando o termo insumo, foi além do seu dever de normatizar. Faz uma diferenciação entre a não cumulatividade do PIS e da Cofins e da não cumulatividade do IPI ou do ICMS, citando decisões do CARF, do Tribunal Regional Federal e Soluções de Consulta da Receita Federal. A Recorrente contesta ainda a exclusão dos créditos que foram glosados, pleiteando o seu reconhecimento e a homologação das compensações declaradas, a suspensão da exigibilidade dos débitos e também o direito à atualização dos créditos com base na taxa Selic. Tendo em vista as argumentações trazidas em sua Manifestação de Inconformidade e dada a inexistência de documentos comprobatórios nos autos, foi emitido Termo de Diligência pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, solicitando cópias de recibos de aluguéis efetuados no período, comprovação de seu registro contábil e respectivos contratos de locação; bem como relação dos produtos vendidos com detalhamento e sua classificação NCM. Cumprida a solicitação efetuada, os autos retornaram para julgamento. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento entendeu por julgar parcialmente procedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06 054.549. Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa apresentou Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, no qual repisa os argumentos já aduzidos em sede de manifestação de inconformidade com relação a Fretes sobre Compras e Despesas com Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos, cabendo destacar quanto ao pedido, em síntese: · Seja acolhido o presente Recurso Voluntário; · Seja Reformado o Despacho Decisório ora guerreado para o fim de Reconhecer os créditos da Recorrente, eis que apurados na forma da legislação em vigor e de direito; · Que sejam incluídos no montante da base de cálculo de créditos os valores relativos ao insumo frete sobre compras de mercadorias destinadas à venda, eis que compõem o custo dos produtos comercializados pela Recorrente, pois foram por ela suportados e atendem a condição de insumo conforme determina a legislação de regência da matéria; · Que seja afastado em definitivo o entendimento de que os fretes sobre compras teriam a mesma natureza tributária do produtos transportado, eis que tal alegação não tem respaldo legal e fere o sistema de nãocumulatividade das contribuições para o PIS e Cofins previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03; · Que sejam incluídos no montante da base de créditos os valores a título de aluguéis de máquinas e equipamentos pagos para pessoas jurídicas, conforme comprovam os boletos bancários pagos Fl. 986DF CARF MF Processo nº 13227.901380/201231 Acórdão n.º 3302005.182 S3C3T2 Fl. 5 4 à Cia Brasileira de Petróleo Ipiranga sob a denominação de “Programa Rodo Rede”, integrantes deste processo, eis que os pagamentos são legítimos e correspondem aos aluguéis de bombas para estabelecimentos de combustíveis com bandeira Ipiranga; · Que seja determinada a imediata suspensão da exigência do crédito tributário em face das disposições do artigo 151 do Código Tributário Nacional até que seja proferido despacho decisório definitivo; · Determinar que todos os valores de créditos constantes do pedido de ressarcimento sejam atualizados mediante a incidência da SELIC, a partir do período de apuração do crédito em face das disposições das disposições do Decreto nº 2.138/97 e parágrafo 4º do artigo 39 da Lei 9.250/95.(grifei). É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.163, de 31 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 13227.900124/201226, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.163): "Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Da suspensão da exigibilidade do crédito tributário Cabe esclarecer que o Despacho Decisório ao homologar parcialmente a compensação declarada, cientifica e intima o interessado a efetuar o pagamento dos débitos não abrangidos pela homologação, facultando ao interessado nos termos da legislação de regência a apresentação da manifestação de inconformidade. Optando assim o interessado pela apresentação da manifestação de inconformidade, ato processual que inaugura a lide administrativa no caso em tela, está abrigado pela suspensão da Fl. 987DF CARF MF Processo nº 13227.901380/201231 Acórdão n.º 3302005.182 S3C3T2 Fl. 6 5 exigibilidade do crédito tributário, nos termos do 1inciso III do art. 151 do CTN. MÉRITO Observase que a recorrente em extenso arrazoado, discorre sobre o seu suposto direito aos créditos alegados, na ótica de sua interpretação, arguindo ainda que a decisão de piso se mostra confusa e contraditória, notadamente quanto à fundamentação referente à glosa de fretes sobre compras, ressaltando que o julgador em sua interpretação não destaca os dispositivos legais que amparam sua interpretação. Verificase não assistir razão à recorrente, haja vista que a fundamentação da decisão de piso em cada matéria abordada, cita expressamente os dispositivos das Leis nºs 10.637, de 2002 e Lei nº 10.833, de 2003, que regem a matéria dos autos e respaldam a exegese conferida a cada tópico analisado. Para a análise a seguir é importante destacar que a empresa tem por objeto mercantil o comércio varejista de combustíveis e a prestação de serviços afins. Da glosa dos créditos relativos a Fretes sobre Compras Quanto aos pagamentos de fretes sobre a aquisição de combustíveis para revenda, que segundo a recorrente consiste em um serviço necessário para a realização de sua atividade comercial, considerando que a questão fática está bem dirimida, prendendose o litígio na interpretação da legislação quanto à possibilidade ou não de creditamento de fretes sobre a aquisição de combustíveis para revenda, utilizome da fundamentação escorreita e primorosa sobre o assunto, conferida pelo i. Conselheiro José Fernandes do Nascimento, através do acórdão nº 3302003.212, de 16/05/2016, na qual estão plasmados os fundamentos à luz da legislação de regência sobre a matéria, conforme excertos do voto a seguir transcritos: Da glosa dos créditos relativos a gastos com frete. No que tange às glosas dos créditos calculados sobre o valor dos gastos com frete, antes de analisar os pontos controvertidos da lide, entendese oportuno apresentar uma breve digressão a respeito do fundamento jurídico do direito de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os variadas formas como se efetivam os gastos com a prestação de serviços de transporte a pessoas jurídicas que desenvolvem atividades comercial e industrial ou de produção. Em consonância com a legislação vigente, há fundamento jurídico para a apropriação de créditos sobre o valor do frete sob a forma de custo de aquisição, custo de produção e despesa de venda, conforme demonstrado a seguir. 1 Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: (...); III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; Fl. 988DF CARF MF Processo nº 13227.901380/201231 Acórdão n.º 3302005.182 S3C3T2 Fl. 7 6 No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20035, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/ 1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...] § 1º Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matérias primas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas.(grifei). Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das Fl. 989DF CARF MF Processo nº 13227.901380/201231 Acórdão n.º 3302005.182 S3C3T2 Fl. 8 7 citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe.(grifei). (...) Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10; 637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); (grifei). b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10; 637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10; 637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Os fundamentos acima expendidos, cuja hermenêutica da legislação expressamente citada e sistematicamente organizada permitem inferir que não há amparo legal para o aproveitamento de crédito sobre fretes utilizados pela contribuinte, na compra de combustíveis para revenda, como bem destacou a decisão de piso, em trecho a seguir ressaltado: (...) o frete está relacionado à aquisição de combustíveis, e esta operação, compra de combustíveis, está submetida ao regime monofásico que não gera direito a crédito. Por isso esses gastos de fretes, ainda que componham o custo de aquisição de combustíveis, não podem ser admitidos para efeito de aproveitamento de crédito. Ou seja, não havendo possibilidade de aproveitamento de crédito com a própria aquisição de Fl. 990DF CARF MF Processo nº 13227.901380/201231 Acórdão n.º 3302005.182 S3C3T2 Fl. 9 8 combustíveis assim também não o haverá para o gasto com seu transporte.(grifei). Assim, mantémse a glosa acima destacada, por falta de amparo legal para seu creditamento. Das glosas com Despesas com Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos Com relação à glosa em apreço, dispõem as leis de regência, Leis nºs 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:(Regulamento) (...) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa;(grifei) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:(Regulamento) (...) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Destaca o relatório fiscal: Foram analisados os comprovantes de pagamento de aluguéis, mês a mês, e solicitamos a cópia autenticada do contrato de aluguel para aferirmos se a utilização dos equipamentos se daria nas atividades da empresa. Foram apresentados apenas os contratos de locação feitos com a Transportadora Giomila LTDA e com a Transportadora Batista LTDA. O contrato de locação com a Cia Brasileira de Petróleo Ipiranga não foi localizado pelo contribuinte.(grifei). Referida glosa foi objeto de procedimento de diligência, nos seguintes termos (...) que seja intimada a interessada a apresentar, relativamente aos 3º e 4º trim/2004 e aos 1º ao 4º trim/2005: 1) cópias dos recibos de aluguéis efetuados no período à Transportadora Batista Ltda. e à Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga, bem como o seu respectivo registro nos livros contábeis, além dos contratos de locação (...);(grifei) Fl. 991DF CARF MF Processo nº 13227.901380/201231 Acórdão n.º 3302005.182 S3C3T2 Fl. 10 9 O resultado está consignado nos excertos da decisão de piso como a seguir demonstrado: Em atendimento à diligência efetuada, a interessada juntou comprovantes de pagamentos efetuados no período à Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga, assim como cópia do seu livro Diário onde consigna o respectivo registro. Entretanto, os recibos trazidos aos autos em nada esclarecem a que se referem cada um dos pagamentos, estando em alguns deles mencionado simplesmente referirse a ‘Programa Rodo Rede’. Por óbvio que não restou demonstrado que esses pagamentos são relativos a aluguéis de equipamentos (bombas de gasolina e tanques) utilizados nas atividades da empresa, como pondera a interessada, que possa ser aproveitado para o cálculo do crédito a ser deduzido da contribuição devida.(grifei) Verificase que o direito ao crédito da espécie em análise, requer conforme o preceito legal destacado, duas condições: aluguéis (...), pagos... e utilizados pessoa jurídica, nas atividades da empresa. Com efeito, tratandose de direito creditório, cabe ao interessado a comprovação de seu direito arguido. No caso em apreciação, a interessada além de não apresentar o contrato de locação já referido, os recibos apresentados, conforme arquivos não pagináveis acostados aos autos não demonstram a efetividade dos pagamentos quanto à locação arguída, mesmo após a diligência deferida pela instância a quo, visto que não há nestes documentos a identificação da operação que visam respaldar. Ante o exposto, mantémse a glosa por falta de comprovação pela interessada. Do direito à atualização dos créditos pleiteados à taxa SELIC Quanto à atualização dos créditos pleiteados à taxa SELIC, tratase de expressa vedação legal, conforme dispõe o 2art. 13 da Lei nº 10.833, de 2003, logo tornase impossível o atendimento ao pleito da recorrente. Destaquese que o direito à compensação, pugnado na peça recursal prendese ao cumprimentos dos requisitos impostos pela legislação. Ante o exposto, VOTO POR NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Importante frisar que no presente processo o litígio abarca o direito a créditos da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins, que encontram correspondência com os pleiteados pela Recorrente no caso do paradigma. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) 2 Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Fl. 992DF CARF MF Processo nº 13227.901380/201231 Acórdão n.º 3302005.182 S3C3T2 Fl. 11 10 Paulo Guilherme Déroulède Fl. 993DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13227.901378/2012-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 31 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2009
REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO.
Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte.
CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2009
REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO.
Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte.
CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2009
CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.180
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato P. de Deus e Diego Weis Jr que davam provimento parcial para conceder o creditamento sobre a aquisição de fretes sobre as compras de combustíveis.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2009 CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
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COMPENSAÇÃO. PIS/COFINS. Recorrente AUTO POSTO IRMAOS BATISTA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 22 7. 90 13 78 /2 01 2- 61 Fl. 988DF CARF MF Processo nº 13227.901378/201261 Acórdão n.º 3302005.180 S3C3T2 Fl. 3 2 Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2009 CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato P. de Deus e Diego Weis Jr que davam provimento parcial para conceder o creditamento sobre a aquisição de fretes sobre as compras de combustíveis. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Trata o processo de contestação contra Despacho Decisório emitido pela DRF JiParaná, que deferiu parcialmente o direito ao crédito de COFINS não cumulativa/mercado interno e, em conseqüência, homologando parcialmente a compensação declarada até o limite do crédito concedido. Inconformada com a decisão proferida, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, argumentando que se dedica ao comércio varejista de combustíveis e lubrificantes e a prestação de serviços afins, que é optante pelo regime de apuração pelo Lucro Real e, portanto, sujeitase à apuração das contribuições para o PIS e a Cofins pelo regime da nãocumulatividade. Diz que realiza a venda de gasolinas, óleo diesel e demais combustíveis tributados à alíquota zero e que não se apropriou de créditos sobre a aquisição de combustíveis, já que são tributados pelo regime monofásico e não dão direito a créditos, mas, sim, de créditos sobre insumos e serviços necessários na atividade que exerce, uma vez que sendo seu produto final tributado à alíquota zero, o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e o art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, permitem o aproveitamento dos créditos sobre esses dispêndios.(grifei). Quanto aos fretes pagos, esclarece que adquire combustíveis e lubrificantes para revenda, mas como a empresa vendedora não entrega os produtos, precisa contratar serviços de fretes de outras pessoas jurídicas para que o produto chegue até seus estabelecimentos e possa realizar a venda, e enfatiza, por isso, que o frete é um serviço/insumo necessário para a realização de sua atividade comercial. Ressalta que o art 3º da Lei nº 10.833, Fl. 989DF CARF MF Processo nº 13227.901378/201261 Acórdão n.º 3302005.180 S3C3T2 Fl. 4 3 de 2003, não relaciona os insumos/serviços e tampouco considera que apenas indústrias podem realizar créditos, e que a Receita Federal ao editar a IN 404/2004, conceituando o termo insumo, foi além do seu dever de normatizar. Faz uma diferenciação entre a não cumulatividade do PIS e da Cofins e da não cumulatividade do IPI ou do ICMS, citando decisões do CARF, do Tribunal Regional Federal e Soluções de Consulta da Receita Federal. A Recorrente contesta ainda a exclusão dos créditos que foram glosados, pleiteando o seu reconhecimento e a homologação das compensações declaradas, a suspensão da exigibilidade dos débitos e também o direito à atualização dos créditos com base na taxa Selic. Tendo em vista as argumentações trazidas em sua Manifestação de Inconformidade e dada a inexistência de documentos comprobatórios nos autos, foi emitido Termo de Diligência pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, solicitando cópias de recibos de aluguéis efetuados no período, comprovação de seu registro contábil e respectivos contratos de locação; bem como relação dos produtos vendidos com detalhamento e sua classificação NCM. Cumprida a solicitação efetuada, os autos retornaram para julgamento. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento entendeu por julgar parcialmente procedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06 054.547. Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa apresentou Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, no qual repisa os argumentos já aduzidos em sede de manifestação de inconformidade com relação a Fretes sobre Compras e Despesas com Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos, cabendo destacar quanto ao pedido, em síntese: · Seja acolhido o presente Recurso Voluntário; · Seja Reformado o Despacho Decisório ora guerreado para o fim de Reconhecer os créditos da Recorrente, eis que apurados na forma da legislação em vigor e de direito; · Que sejam incluídos no montante da base de cálculo de créditos os valores relativos ao insumo frete sobre compras de mercadorias destinadas à venda, eis que compõem o custo dos produtos comercializados pela Recorrente, pois foram por ela suportados e atendem a condição de insumo conforme determina a legislação de regência da matéria; · Que seja afastado em definitivo o entendimento de que os fretes sobre compras teriam a mesma natureza tributária do produtos transportado, eis que tal alegação não tem respaldo legal e fere o sistema de nãocumulatividade das contribuições para o PIS e Cofins previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03; · Que sejam incluídos no montante da base de créditos os valores a título de aluguéis de máquinas e equipamentos pagos para pessoas jurídicas, conforme comprovam os boletos bancários pagos Fl. 990DF CARF MF Processo nº 13227.901378/201261 Acórdão n.º 3302005.180 S3C3T2 Fl. 5 4 à Cia Brasileira de Petróleo Ipiranga sob a denominação de “Programa Rodo Rede”, integrantes deste processo, eis que os pagamentos são legítimos e correspondem aos aluguéis de bombas para estabelecimentos de combustíveis com bandeira Ipiranga; · Que seja determinada a imediata suspensão da exigência do crédito tributário em face das disposições do artigo 151 do Código Tributário Nacional até que seja proferido despacho decisório definitivo; · Determinar que todos os valores de créditos constantes do pedido de ressarcimento sejam atualizados mediante a incidência da SELIC, a partir do período de apuração do crédito em face das disposições das disposições do Decreto nº 2.138/97 e parágrafo 4º do artigo 39 da Lei 9.250/95.(grifei). É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.163, de 31 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 13227.900124/201226, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.163): "Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Da suspensão da exigibilidade do crédito tributário Cabe esclarecer que o Despacho Decisório ao homologar parcialmente a compensação declarada, cientifica e intima o interessado a efetuar o pagamento dos débitos não abrangidos pela homologação, facultando ao interessado nos termos da legislação de regência a apresentação da manifestação de inconformidade. Optando assim o interessado pela apresentação da manifestação de inconformidade, ato processual que inaugura a lide administrativa no caso em tela, está abrigado pela suspensão da Fl. 991DF CARF MF Processo nº 13227.901378/201261 Acórdão n.º 3302005.180 S3C3T2 Fl. 6 5 exigibilidade do crédito tributário, nos termos do 1inciso III do art. 151 do CTN. MÉRITO Observase que a recorrente em extenso arrazoado, discorre sobre o seu suposto direito aos créditos alegados, na ótica de sua interpretação, arguindo ainda que a decisão de piso se mostra confusa e contraditória, notadamente quanto à fundamentação referente à glosa de fretes sobre compras, ressaltando que o julgador em sua interpretação não destaca os dispositivos legais que amparam sua interpretação. Verificase não assistir razão à recorrente, haja vista que a fundamentação da decisão de piso em cada matéria abordada, cita expressamente os dispositivos das Leis nºs 10.637, de 2002 e Lei nº 10.833, de 2003, que regem a matéria dos autos e respaldam a exegese conferida a cada tópico analisado. Para a análise a seguir é importante destacar que a empresa tem por objeto mercantil o comércio varejista de combustíveis e a prestação de serviços afins. Da glosa dos créditos relativos a Fretes sobre Compras Quanto aos pagamentos de fretes sobre a aquisição de combustíveis para revenda, que segundo a recorrente consiste em um serviço necessário para a realização de sua atividade comercial, considerando que a questão fática está bem dirimida, prendendose o litígio na interpretação da legislação quanto à possibilidade ou não de creditamento de fretes sobre a aquisição de combustíveis para revenda, utilizome da fundamentação escorreita e primorosa sobre o assunto, conferida pelo i. Conselheiro José Fernandes do Nascimento, através do acórdão nº 3302003.212, de 16/05/2016, na qual estão plasmados os fundamentos à luz da legislação de regência sobre a matéria, conforme excertos do voto a seguir transcritos: Da glosa dos créditos relativos a gastos com frete. No que tange às glosas dos créditos calculados sobre o valor dos gastos com frete, antes de analisar os pontos controvertidos da lide, entendese oportuno apresentar uma breve digressão a respeito do fundamento jurídico do direito de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os variadas formas como se efetivam os gastos com a prestação de serviços de transporte a pessoas jurídicas que desenvolvem atividades comercial e industrial ou de produção. Em consonância com a legislação vigente, há fundamento jurídico para a apropriação de créditos sobre o valor do frete sob a forma de custo de aquisição, custo de produção e despesa de venda, conforme demonstrado a seguir. 1 Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: (...); III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; Fl. 992DF CARF MF Processo nº 13227.901378/201261 Acórdão n.º 3302005.180 S3C3T2 Fl. 7 6 No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20035, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/ 1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...] § 1º Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matérias primas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas.(grifei). Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das Fl. 993DF CARF MF Processo nº 13227.901378/201261 Acórdão n.º 3302005.180 S3C3T2 Fl. 8 7 citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe.(grifei). (...) Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10; 637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); (grifei). b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10; 637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10; 637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Os fundamentos acima expendidos, cuja hermenêutica da legislação expressamente citada e sistematicamente organizada permitem inferir que não há amparo legal para o aproveitamento de crédito sobre fretes utilizados pela contribuinte, na compra de combustíveis para revenda, como bem destacou a decisão de piso, em trecho a seguir ressaltado: (...) o frete está relacionado à aquisição de combustíveis, e esta operação, compra de combustíveis, está submetida ao regime monofásico que não gera direito a crédito. Por isso esses gastos de fretes, ainda que componham o custo de aquisição de combustíveis, não podem ser admitidos para efeito de aproveitamento de crédito. Ou seja, não havendo possibilidade de aproveitamento de crédito com a própria aquisição de Fl. 994DF CARF MF Processo nº 13227.901378/201261 Acórdão n.º 3302005.180 S3C3T2 Fl. 9 8 combustíveis assim também não o haverá para o gasto com seu transporte.(grifei). Assim, mantémse a glosa acima destacada, por falta de amparo legal para seu creditamento. Das glosas com Despesas com Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos Com relação à glosa em apreço, dispõem as leis de regência, Leis nºs 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:(Regulamento) (...) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa;(grifei) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:(Regulamento) (...) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Destaca o relatório fiscal: Foram analisados os comprovantes de pagamento de aluguéis, mês a mês, e solicitamos a cópia autenticada do contrato de aluguel para aferirmos se a utilização dos equipamentos se daria nas atividades da empresa. Foram apresentados apenas os contratos de locação feitos com a Transportadora Giomila LTDA e com a Transportadora Batista LTDA. O contrato de locação com a Cia Brasileira de Petróleo Ipiranga não foi localizado pelo contribuinte.(grifei). Referida glosa foi objeto de procedimento de diligência, nos seguintes termos (...) que seja intimada a interessada a apresentar, relativamente aos 3º e 4º trim/2004 e aos 1º ao 4º trim/2005: 1) cópias dos recibos de aluguéis efetuados no período à Transportadora Batista Ltda. e à Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga, bem como o seu respectivo registro nos livros contábeis, além dos contratos de locação (...);(grifei) Fl. 995DF CARF MF Processo nº 13227.901378/201261 Acórdão n.º 3302005.180 S3C3T2 Fl. 10 9 O resultado está consignado nos excertos da decisão de piso como a seguir demonstrado: Em atendimento à diligência efetuada, a interessada juntou comprovantes de pagamentos efetuados no período à Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga, assim como cópia do seu livro Diário onde consigna o respectivo registro. Entretanto, os recibos trazidos aos autos em nada esclarecem a que se referem cada um dos pagamentos, estando em alguns deles mencionado simplesmente referirse a ‘Programa Rodo Rede’. Por óbvio que não restou demonstrado que esses pagamentos são relativos a aluguéis de equipamentos (bombas de gasolina e tanques) utilizados nas atividades da empresa, como pondera a interessada, que possa ser aproveitado para o cálculo do crédito a ser deduzido da contribuição devida.(grifei) Verificase que o direito ao crédito da espécie em análise, requer conforme o preceito legal destacado, duas condições: aluguéis (...), pagos... e utilizados pessoa jurídica, nas atividades da empresa. Com efeito, tratandose de direito creditório, cabe ao interessado a comprovação de seu direito arguido. No caso em apreciação, a interessada além de não apresentar o contrato de locação já referido, os recibos apresentados, conforme arquivos não pagináveis acostados aos autos não demonstram a efetividade dos pagamentos quanto à locação arguída, mesmo após a diligência deferida pela instância a quo, visto que não há nestes documentos a identificação da operação que visam respaldar. Ante o exposto, mantémse a glosa por falta de comprovação pela interessada. Do direito à atualização dos créditos pleiteados à taxa SELIC Quanto à atualização dos créditos pleiteados à taxa SELIC, tratase de expressa vedação legal, conforme dispõe o 2art. 13 da Lei nº 10.833, de 2003, logo tornase impossível o atendimento ao pleito da recorrente. Destaquese que o direito à compensação, pugnado na peça recursal prendese ao cumprimentos dos requisitos impostos pela legislação. Ante o exposto, VOTO POR NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Importante frisar que no presente processo o litígio abarca o direito a créditos da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins, que encontram correspondência com os pleiteados pela Recorrente no caso do paradigma. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) 2 Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Fl. 996DF CARF MF Processo nº 13227.901378/201261 Acórdão n.º 3302005.180 S3C3T2 Fl. 11 10 Paulo Guilherme Déroulède Fl. 997DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.722732/2014-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
CRÉDITO PLEITEADO NA ESFERA JUDICIAL. DECISÃO JUDICIAL NÃO TRANSITADA EM JULGADO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. CABIMENTO.
Por força de específica determinação legal, considera-se não declarada a compensação em que o contribuinte tenha utilizado crédito proveniente de decisão judicial sem trânsito em julgado.
DESPACHO DECISÓRIO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. IMPOSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE E RECURSO VOLUNTÁRIO. DETERMINAÇÃO JUDICIAL. MEDIDA EXCEPCIONAL. APRECIAÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. POSSIBILIDADE.
Por estar submetido ao rito recursal estabelecido na Lei 9.784/1999 (art. 56 e seguintes), não cabe a apresentação de manifestação de inconformidade e, por conseguinte, de recurso voluntário perante este Conselho, contra decisão proferida por meio de despacho decisório que considerou não declarada a compensação realizada pelo sujeito passivo, exceto no caso de estrito cumprimento de decisão judicial, em que haja expressa determinação no sentido da observância do rito processual/recursal fixado no Decreto 70.235/1972, como ocorreu no caso em tela.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.922
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
PAULO GUILHERME DÉROULÈDE - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Júnior, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 CRÉDITO PLEITEADO NA ESFERA JUDICIAL. DECISÃO JUDICIAL NÃO TRANSITADA EM JULGADO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. CABIMENTO. Por força de específica determinação legal, considerase não declarada a compensação em que o contribuinte tenha utilizado crédito proveniente de decisão judicial sem trânsito em julgado. DESPACHO DECISÓRIO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. IMPOSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE E RECURSO VOLUNTÁRIO. DETERMINAÇÃO JUDICIAL. MEDIDA EXCEPCIONAL. APRECIAÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. POSSIBILIDADE. Por estar submetido ao rito recursal estabelecido na Lei 9.784/1999 (art. 56 e seguintes), não cabe a apresentação de manifestação de inconformidade e, por conseguinte, de recurso voluntário perante este Conselho, contra decisão proferida por meio de despacho decisório que considerou não declarada a compensação realizada pelo sujeito passivo, exceto no caso de estrito cumprimento de decisão judicial, em que haja expressa determinação no sentido da observância do rito processual/recursal fixado no Decreto 70.235/1972, como ocorreu no caso em tela. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 27 32 /2 01 4- 49 Fl. 1127DF CARF MF Processo nº 10830.722732/201449 Acórdão n.º 3302004.922 S3C3T2 Fl. 3 2 PAULO GUILHERME DÉROULÈDE Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Júnior, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP (Pedido de Ressarcimento ou Restituição e Declaração de Compensação), cujo crédito provém de pagamento indevido ou a maior da Contribuição para o PIS/Pasep. A contribuinte obteve sentença judicial declarando a sua imunidade tributária. Como o art. 10, IV, da Lei nº 10.833, de 2003, prevê que as pessoas jurídicas imunes continuam a apurar e recolher a contribuição pelo regime cumulativo, mas a requerente havia recolhido a contribuição de acordo com o regime não cumulativo, ela retificou a Declaração de Débitos e Créditos Tributários (DCTF), adequando os débitos a esse regime e compensou a diferença recolhida a maior por meio das DComp ora analisadas. A DRF/CampinasSP, por meio do despacho decisório constante nos autos, considerou as compensações não declaradas porquanto entendeu que se tratava de crédito discutido judicialmente e a legislação de regência prevê que a compensação somente pode ser efetuada após o trânsito em julgado da ação, caso contrário será considerada não declarada. Não há previsão legal para apresentação de manifestação de inconformidade nos casos de despacho decisório que considera a compensação não declarada, tampouco para suspensão dos débitos objeto da compensação. No entanto, a contribuinte obteve judicialmente a suspensão da exigibilidade dos débito objeto da compensação, bem assim o direito de apresentar manifestação de inconformidade contra o despacho decisório prolatado. Em sua manifestação de inconformidade a contribuinte alega, em resumo, que obteve na Justiça, em antecipação de tutela, o reconhecimento de sua imunidade tributária recíproca, cuja apelação da União encontrase pendente de julgamento, e: · Argumenta que o art. 8º, IV, da Lei nº 10.637, de 2002, bem assim o art. 10, IV, da Lei nº 10.833, de 2003, prevêem que as pessoas jurídicas imunes estão excepcionadas da apuração não cumulativa das contribuições sociais, assim foi obrigada a apurálas pelo regime cumulativo. · No entanto, mesmo devendo apurar o PIS e a Cofins pelo regime cumulativo a partir de 25/02/2009, continuou a recolhêlos com base na sistemática não cumulativa até março de 2010. Fl. 1128DF CARF MF Processo nº 10830.722732/201449 Acórdão n.º 3302004.922 S3C3T2 Fl. 4 3 · Desta forma, identificado o erro, a recorrente refez os cálculos desse período e “se utilizou das vias legais paras as respectivas compensações”. · Alega que a compensação promovida foi por reflexo da declaração da imunidade tributária, não podendo se aplicar a vedação do art. 170A do Código Tributário Nacional (CTN), pois não discute ou contesta a legalidade ou cobrança das contribuições nem o crédito utilizado nas DComp analisadas. · Argumenta que “tributo” é sempre o valor devido pelo sujeito passivo ao Fisco e “crédito do sujeito passivo”, o valor devido por aquele a este, oriundo de recolhimentos indevidos. · O indébito tributário, portanto, não é tributo nem receita do Estado, sendo mero ingresso de caixa, não sendo alcançado pela norma em comento. · O termo tributo mantém maior rigidez nos arts. 170 a 174 do CTN, referindose sempre ao crédito do sujeito ativo. O crédito do sujeito passivo é sempre chamado de “crédito do sujeito passivo” para não ocorrer confusão. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente e mantido íntegro o questionado despacho decisório, nos termos do Acórdão nº 14055.880. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que considerase não declarada a compensação cujo crédito provém de decisão judicial não transitada em julgado, não cabendo a apresentação de manifestação de inconformidade, salvo em caso de determinação judicial em sentido contrário. A recorrente foi cientificada da referida decisão e inconformada protocolou recurso voluntário em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na fase de manifestação de inconformidade. A recorrente protocolou ainda petição juntando documentação aos autos e requerendo a manutenção da suspensão da exigibilidade dos créditos tributários que já se encontravam suspensos por determinação judicial. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.913, de 29 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 10830.722070/201415, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 1129DF CARF MF Processo nº 10830.722732/201449 Acórdão n.º 3302004.922 S3C3T2 Fl. 5 4 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.913): "O recurso foi apresentado tempestivamente, não trata de matéria da competência deste Colegiado, por falta de previsão legal, porém, dele tomase conhecimento, em cumprimento da determinação judicial exarada no Mandado de Segurança nº 000747782.2014.4.03.6105, impetrado pela recorrente perante 4ª Vara da Justiça Federal de Campinas/SP, que determinou aplicação do rito processual/recursal do Decreto 70.235/1972. Conforme bem delineado no relatório precedente, a controvérsia cinge se ao direito ou não de a recorrente proceder a compensação do suposto indébito tributário decorrente da mudança do regime não cumulativo para regime cumulativo de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, amparada por decisão judicial não transitada em julgada. Para melhor compreensão do objeto lide, veja a seguir o resumo dos principais fatos que motivaram a recorrente a realizar o procedimento compensatório em apreço: Em 14 de novembro de 2008 o contribuinte ingressou com a ação ordinária n° 2008.61.05.0118663 (PAJ 12971.000226/200959), junto à 3ª Vara Federal de Campinas, com pedido de antecipação de tutela, objetivando a declaração do direito de deixar de apurar e recolher impostos e contribuições sociais, sob alegação de imunidade tributária nos termos do art. 150, VI "a" da Constituição Federal. Em 03 de dezembro de 2008 foi indeferida a antecipação de tutela. Em 25 de fevereiro de 2009 o TRF3 deferiu parcialmente a antecipação de tutela, em sede de agravo de instrumento, para reconhecer a imunidade tributária da autora concernente aos impostos federais. Em 29 de março de 2010 o Juízo de 1ª instância julgou parcialmente procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade da cobrança de impostos federais, reconhecendose a imunidade tributária da autora, nos exatos termos do art. 150, VI, "a", da Constituição Federal. Em 26 de abril de 2010 julgou procedente os embargos de declaração opostos pelo contribuinte para manter a antecipação da tutela deferida pelo TRF3. O recurso de apelação da União foi recebido no efeito devolutivo e até a presente data encontrase no Tribunal Regional Federal da 3 a Região aguardando julgamento, conforme pesquisa no site do Tribunal. No entanto, ainda sem o trânsito em julgado da ação, o contribuinte retificou suas obrigações acessórias (conforme extratos da DCTF em anexo, em que alterou a apuração da COFINS da nãocumulatividade para a cumulatividade) e Fl. 1130DF CARF MF Processo nº 10830.722732/201449 Acórdão n.º 3302004.922 S3C3T2 Fl. 6 5 requereu administrativamente a repetição do indébito na forma de declarações de compensação. Por sua vez, considerando que a fiscalizada não declarou em DCTF os valores devidos que estão com a exigibilidade suspensa, em face da sentença não definitiva, foi efetuado o lançamento dos créditos tributários devidos, os quais são controlados pelo processo administrativo 10830.723884/201205 (lançamentos relativos a COFINS e PIS), dentre outros. De acordo com o despacho decisório em apreço, a autoridade da unidade de origem da Receita Federal do Brasil considerou não declarada as referidas compensações, com base no art. 170A1 do CTN, que veda a compensação de crédito objeto de contestação judicial antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial, e tendo em conta o disposto no art. 742, § 12, II, “d”, da Lei 9.430/1996, que atribui a condição de não declarada a compensação de crédito objeto de decisão judicial sem trânsito em julgado. Por sua vez, no presente recurso voluntário, a recorrente alegou que a compensação por ela promovida fora reflexo da declaração da imunidade tributária prolatada no âmbito da Ação Ordinária n° 2008.61.05.0118663, logo, não poderia ser aplicada ao presente caso a vedação determinada no art. 170A do CTN, pois, na referida ação não estava em discussão a legalidade ou cobrança das contribuições nem o crédito utilizado nas DComp colacionadas aos autos. Acontece que, diferentemente do que alegou a recorrente, a leitura da petição inicial (fls. 172/196) revela que, por meio da referida ação, expressamente ela pleiteou que a União fosse condenada “a restituirlhe as quantias que pagou indevidamente, no montante a ser apurado em liquidação de sentença, devidamente atualizadas, pelos índices cabíveis, desde a data de cada pagamento, até a data da efetiva devolução, com juros e correção monetária [...]”. Dessa forma, o teor da citada peça processual confirma que a referida ação foi proposta com o objetivo não só de não recolher os impostos e contribuições federais, bem como obter o direito de ser restituída dos valores dos impostos e contribuições indevidos recolhidos. E o fato de a sentença judicial prolatada no âmbito da referida ação (fls. 260/262) ter assegurado o direito de a recorrente ser restituída das quantias pagas indevidamente e de não pagar as quantias futuras em relação apenas aos impostos federais, em razão da imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, 1 Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. 2 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) [...] § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses:(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] II em que o crédito: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou [...] Fl. 1131DF CARF MF Processo nº 10830.722732/201449 Acórdão n.º 3302004.922 S3C3T2 Fl. 7 6 “a”, da Constituição Federal de 1988 (CF/1988), não tem o condão de afastar a discussão judicial em torno do pedido de restituição e não pagamento das contribuições sociais. Até a decisão final, com trânsito em julgado, tal matéria ainda se encontra sob crivo do Poder Judiciário, portanto, ainda pendente de julgamento na esfera judicial. No caso, embora o pedido de não pagamento e restituição da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não tenha sido acatado na referida decisão judicial, com base no entendimento de que as pessoas jurídicas imunes estavam sujeitas ao regime cumulativo de apuração das citadas contribuições, a recorrente apresentou várias Declarações de Compensação (DComp), incluindo as encartadas nos presentes autos, em que utilizou como crédito a diferença a maior entre o valor apurado e recolhido pelo regime não cumulativo e o valor supostamente devido pelo regime cumulativo. Dessa forma, resta demonstrado que o indébito tributário objeto do procedimento compensatório em apreço, inequivocamente, encontravase, na data da apresentação das DComp, e ainda se encontra em discussão na esfera judicial, segundo noticiam os autos. E somente após o trânsito em julgado da derradeira decisão judicial é que se terá o desfecho definitivo para os pleitos de restituição formulados no âmbito do citado processo judicial. Dada essa circunstância, ao considerar não declarada as compensações em tela, o titular da unidade de origem da RFB decidiu em perfeita consonância com o disposto no art. 170A do CTN e em cumprimento ao que determina o art. 74, § 12, II, “d”, da Lei 9.430/1996. Além disso, ainda que a recorrente não tivesse postulado em Juízo a restituição das referidas contribuições, o que se admite apenas por hipótese, indiretamente, a apuração do suposto indébito decorrente da mudança do regime apuração não cumulativo para regime cumulativo somente poderia ser feita após o do trânsito em julgado da decisão judicial final a ser prolatada no âmbito da citada ação ordinária. Dada essa condição, resta evidenciado que somente após proferida a decisão judicial final com trânsito em julgado, o eventual crédito apurado com base na adoção do novo regime apuração das contribuições ostentará os atributos da certeza e liquidez exigidos pelo art. 170 do CTN. E sem tais atributos, certamente, o suposto crédito não é passível de restituição e, por conseguinte, de compensação, consoante dispõe o caput do art. 74 da Lei 9.430/1996, a seguir transcrito: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) grifos não originais Por todas essas razões, não merece reparo à decisão proferida no questionado despacho decisório, que considerou as compensações em apreço não declaradas, com respaldo no art. 74, § 12, II, “d”, da Lei 9.430/1996. Por todo o exposto, votase por negar provimento ao recurso, para manter na íntegra a decisão recorrida." Fl. 1132DF CARF MF Processo nº 10830.722732/201449 Acórdão n.º 3302004.922 S3C3T2 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 1133DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.905336/2012-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/09/2008 a 30/09/2008
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. APRESENTAÇÃO INTEMPESTIVA. INSTAURAÇÃO DA FASE LITIGIOSA. IMPOSSIBILIDADE.
A apresentação da manifestação de inconformidade fora do prazo de 30 (trinta dias), ainda que seja apenas 1 (um) dias, não instaura a fase litigiosa do processo e impede o conhecimento da matéria litigiosa pelas instâncias julgadoras.
PRELIMINAR DE TEMPESTIVIDADE SUSCITADA. POSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO PELAS INSTÂNCIAS JULGADORAS. NÃO COMPROVADO O CUMPRIMENTO DO PRAZO. CONHECIMENTO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do processo administrativo fiscal, é passível conhecimento pelas instâncias julgadoras apenas a preliminar de tempestividade da manifestação de inconformidade suscitada pelo sujeito passivo, porém, se referida preliminar não for superada, como ocorreu nos presentes, não se toma conhecimento das questões meritórias suscitadas em sede de manifestação de inconformidade e de recurso voluntário.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.937
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
PAULO GUILHERME DÉROULÈDE - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Júnior, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/09/2008 a 30/09/2008 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. APRESENTAÇÃO INTEMPESTIVA. INSTAURAÇÃO DA FASE LITIGIOSA. IMPOSSIBILIDADE. A apresentação da manifestação de inconformidade fora do prazo de 30 (trinta dias), ainda que seja apenas 1 (um) dias, não instaura a fase litigiosa do processo e impede o conhecimento da matéria litigiosa pelas instâncias julgadoras. PRELIMINAR DE TEMPESTIVIDADE SUSCITADA. POSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO PELAS INSTÂNCIAS JULGADORAS. NÃO COMPROVADO O CUMPRIMENTO DO PRAZO. CONHECIMENTO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, é passível conhecimento pelas instâncias julgadoras apenas a preliminar de tempestividade da manifestação de inconformidade suscitada pelo sujeito passivo, porém, se referida preliminar não for superada, como ocorreu nos presentes, não se toma conhecimento das questões meritórias suscitadas em sede de manifestação de inconformidade e de recurso voluntário. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) PAULO GUILHERME DÉROULÈDE - Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Júnior, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2008 a 30/09/2008 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. APRESENTAÇÃO INTEMPESTIVA. INSTAURAÇÃO DA FASE LITIGIOSA. IMPOSSIBILIDADE. A apresentação da manifestação de inconformidade fora do prazo de 30 (trinta dias), ainda que seja apenas 1 (um) dias, não instaura a fase litigiosa do processo e impede o conhecimento da matéria litigiosa pelas instâncias julgadoras. PRELIMINAR DE TEMPESTIVIDADE SUSCITADA. POSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO PELAS INSTÂNCIAS JULGADORAS. NÃO COMPROVADO O CUMPRIMENTO DO PRAZO. CONHECIMENTO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, é passível conhecimento pelas instâncias julgadoras apenas a preliminar de tempestividade da manifestação de inconformidade suscitada pelo sujeito passivo, porém, se referida preliminar não for superada, como ocorreu nos presentes, não se toma conhecimento das questões meritórias suscitadas em sede de manifestação de inconformidade e de recurso voluntário. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) PAULO GUILHERME DÉROULÈDE Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 53 36 /2 01 2- 37 Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10283.905336/201237 Acórdão n.º 3302004.937 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Júnior, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório O Despacho Decisório proferido pela unidade de origem não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o fundamento de que, a partir das características do DARF descrito no PerDcomp, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Contra o contribuinte acima identificado foi emitido o Despacho Decisório pela unidade de origem que não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP sob a justificativa de que o pagamento referente ao DARF indicado foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Ciente do Despacho Decisório, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, na qual alega em síntese que: • Sua manifestação de inconformidade era tempestiva e afirmou que recebeu a Intimação da Exigência em 23/01/2013 e apresentou a manifestação em 22/02/2013. • Ressalta, que “ainda que o recurso seja intempestivo, o que se admite apenas para fins de argumentação, a autoridade local encarregada da administração do tributo (Delegacia da Receita Federal em Manaus) não é competente para julgar a tempestividade do recurso, devendo este seguir para a Delegacia da Receita Federal de Julgamento, órgão competente para julgar tal fato, conforme previsão do art. 35 do Decreto nº 70.235/72.” • A legislação federal referente à restituição/compensação assegura em caso de não homologação da compensação o direito a interposição de manifestação de inconformidade; • O Despacho Decisório de não homologação foi demasiadamente sucinto e não esclareceu o porquê da decisão. • Os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa não foram respeitados pela administração tributária. O Despacho Decisório deve ser considerado nulo uma vez que não expôs os motivos da não homologação prejudicando seu direito de defesa; • É “empresa industrial com projeto aprovado na SUFRAMA e detentora de incentivos fiscais próprios da Zona Franca de Manaus, instituídos pelo DecretoLei nº 288/1967, bem como sujeita ao regime de apuração pela sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, podendo descontar créditos que poderão ser deduzidos do montante devido de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil.” Fl. 180DF CARF MF Processo nº 10283.905336/201237 Acórdão n.º 3302004.937 S3C3T2 Fl. 4 3 • Faz jus aos créditos de PIS e COFINS, com base nos artigos 3º da Lei 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003, especificamente com relação ao inciso III: “energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica.” • Levantou os créditos no mês de competência e utilizou parte do crédito oriundo de energia elétrica prevista no inciso III, conforme DACONs retificadoras para pagamento das contribuições vencidas no período; • “A manifestante, inclusive, providenciou a retificação da DCTF correspondente, regularizando qualquer pendência que ainda pudesse haver.” A defesa relaciona os Acórdãos nºs 1246124 de 10 de maio de 2012 da 17ª Turma e 1638673 de 11 de maio de 2012 da 3ª Turma. 17ª TURMA ACÓRDÃO N° 1246124 de 10 de Maio de 2012 ASSUNTO: Normas de Administração Tributária EMENTA: COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Em face das evidências de erro na apuração e recolhimento do tributo, e não se verificando outros impedimentos ao reconhecimento do direito creditório alegado, cumpre admitir a compensação promovida até o limite do crédito informado na DCOMP. 3ª TURMA ACÓRDÃO N° 1638673 de 11 de Maio de 2012 ASSUNTO: Normas Gerais de Direito Tributário EMENTA: DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO. DESPACHO DECISÓRIO. ERRO. SALDO UTILIZÁVEL. Verificado erro no despacho decisório, o qual afirmara equivocadamente ter sido o valor pago indevidamente totalmente utilizado em momento anterior, restabelecese o direito ao crédito contra o Fisco a ser utilizado nas compensações constantes da DCOMP. Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 • “é fato que a Declaração entregue à Receita Federal do Brasil pela Manifestante não nega seu direito à compensação e, mais, comprova a legitimidade de seu comportamento idôneo.” • Ao final requer que se julgue procedente a Manifestação de Inconformidade, para o efeito de reformar o Despacho Decisório exarado no processo e homologar integralmente a PER/DCOMP constante nos autos. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 08 033.516. O fundamento adotado foi o de que a manifestação de inconformidade havia sido apresentada após o decurso do prazo estabelecido na legislação que rege o processo administrativo fiscal, considerandose, portanto, intempestiva. Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10283.905336/201237 Acórdão n.º 3302004.937 S3C3T2 Fl. 5 4 Cientificada, a requerente protocolou o recurso voluntário em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na manifestação de inconformidade. Em aditamento, em sede de preliminar, a recorrente alegou que a decisão do órgão julgador de primeiro grau de não analisar o mérito em razão da apresentação intempestiva da manifestação de inconformidade não merecia prosperar, pelas seguintes razões: a) a manifestação da inconformidade fora apresentada com apenas 1 (um) dia de atraso, porque não fora possível protocolar no dia 21/1/2015, mas somente no dia seguinte, por “questões impeditivas do próprio Centro de Atendimento ao Contribuinte CAC em Manaus/AM.”; e b) não era razoável que o mérito da manifestação de inconformidade fosse vilipendiado em razão de um fato totalmente alheio à vontade do contribuinte, “sendo uma afronta, inclusive aos Princípios da Razoabilidade, Ampla Defesa e do Contraditório.”; e c) a autoridade julgadora desconsiderou os princípios basilares do processo administrativo, a saber, os Princípios da Verdade Material, da Moralidade e do Informalismo Moderado É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.936, de 29 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 10283.905335/201292, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.936): "O recurso foi apresentado tempestivamente, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O litígio cingese à preliminar de intempestividade da apresentação da manifestação de inconformidade, que foi apreciada no julgamento de primeiro grau, por força do que dispõe o art. 56, § 2º, do Decreto 7.574/2011, a seguir transcrito: Art. 56. A impugnação, formalizada por escrito, instruída com os documentos em que se fundamentar e apresentada em unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, bem como, remetida por via postal, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência da intimação da exigência, instaura a fase litigiosa do procedimento (Decreto no70.235, de 1972, arts. 14e15). [...] Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10283.905336/201237 Acórdão n.º 3302004.937 S3C3T2 Fl. 6 5 §2º Eventual petição, apresentada fora do prazo, não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário nem comporta julgamento de primeira instância, salvo se caracterizada ou suscitada a tempestividade, como preliminar. [...] (grifos não originais) Não há controvérsia nos autos quanto ao descumprimento do prazo de apresentação da manifestação de inconformidade. Nas próprias peças defensivas colacionadas aos autos, a recorrente, expressamente, reconhecera que a peça instauradora do litígio fora apresentada no dia seguinte ao vencimento do prazo de 30 (trinta) dias, fixado no art. 15 do Decreto 70.235/1972. Diante dessa constatação, não remanesce qualquer dúvida que, como não foi instaurado o litígio em relação ao mérito, nos termos do art. 14 do Decreto 70.235/1972, induvidosamente, este Colegiado não poderá se manifestar sobre as questões meritórias alegadas pela recorrente no recurso em apreço. Portanto, a presente análise limitarseá à preliminar de tempestividade da manifestação de inconformidade suscitada pela recorrente. E em relação a essa questão, no recurso em apreço, a recorrente alegou que a manifestação da inconformidade não fora apresentada dentro prazo legal, porque “questões impeditivas do próprio Centro de Atendimento ao Contribuinte CAC em Manaus/AM.” Acontece que a recorrente não trouxe à colação dos autos nenhum elemento probatório que confirmasse o alegado. Assim, em razão dessa omissão, por razão óbvia, não há ser acatada tal alegação. A recorrente alegou que não era razoável que o mérito da manifestação de inconformidade fosse vilipendiado em razão de um fato totalmente alheio à vontade do contribuinte, “sendo uma afronta, inclusive aos Princípios da Razoabilidade, Ampla Defesa e do Contraditório.” No âmbito do processo administrativo fiscal, por disposição expressa do caput do art. 26A do Decreto 70.235/1972, é expressamente vedado ao julgador afastar aplicação ou deixar de observar preceito legal dotado de plena vigência e eficácia, inclusive, em situações que, em tese, possa configurar conflito com os princípios constitucionais explícitos ou implícitos. Assim, ainda que se possa vislumbrar, no caso em tela, algum conflito com os princípios da razoabilidade, ampla defesa e do contraditório, há de prevalecer o disposto no art. 14, combinado com o disposto no art. 15, ambos do Decreto 70.235/1972. Portanto, não há como acatar a presente alegação suscitada pela recorrente. Com base no mesmo fundamento, também não merece acolhimento a alegação da recorrente de que a autoridade julgadora desconsiderou princípios basilares do processo administrativo, tais como os princípios da verdade material, da moralidade e do informalismo moderado. Aliás, no caso, não houve desconsideração dos referidos princípios no julgamento de primeiro grau, haja vista que as autoridades julgadoras Fl. 183DF CARF MF Processo nº 10283.905336/201237 Acórdão n.º 3302004.937 S3C3T2 Fl. 7 6 não apreciaram as questões meritórias, por estrito cumprimento do disposto nos referidos preceitos legais. Com base nessas considerações, resta demonstrado que a decisão de primeiro foi proferida com estrita observância das normas legais que regem o processo administrativo fiscal, portanto, não há qualquer reparo a ser feito. Por todo o exposto, votase por negar provimento ao recurso voluntário, para manter na íntegra a decisão recorrida. Da mesma forma que no caso do paradigma, no presente processo restou configurada a intempestividade da Manifestação de Inconformidade, não trazendo a recorrente à colação dos autos nenhum elemento probatório que infirmasse a decisão recorrida. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 184DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.905863/2012-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 29/10/2010
NULIDADE. INEXISTÊNCIA
Demonstrada no despacho decisório e decisão de piso a motivação quanto ao indeferimento do indébito pleiteado, torna-se incabível a nulidade arguida.
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Recai sobre o contribuinte o ônus probatório quanto à certeza e liquidez do direito creditório pleiteado.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO
É incabível o pedido de diligência visando trazer aos autos a documentação que deixou de ser apresentada, pelo contribuinte, no momento processual oportuno.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.021
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 29/10/2010 NULIDADE. INEXISTÊNCIA Demonstrada no despacho decisório e decisão de piso a motivação quanto ao indeferimento do indébito pleiteado, torna-se incabível a nulidade arguida. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Recai sobre o contribuinte o ônus probatório quanto à certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO É incabível o pedido de diligência visando trazer aos autos a documentação que deixou de ser apresentada, pelo contribuinte, no momento processual oportuno. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
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Recorrente A. M. R. GONCALVES & CIA LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 29/10/2010 NULIDADE. INEXISTÊNCIA Demonstrada no despacho decisório e decisão de piso a motivação quanto ao indeferimento do indébito pleiteado, tornase incabível a nulidade arguida. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Recai sobre o contribuinte o ônus probatório quanto à certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO É incabível o pedido de diligência visando trazer aos autos a documentação que deixou de ser apresentada, pelo contribuinte, no momento processual oportuno. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 58 63 /2 01 2- 70 Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10930.905863/201270 Acórdão n.º 3302005.021 S3C3T2 Fl. 3 2 Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Trata o processo de Manifestação de Inconformidade apresentada contra o Despacho Decisório emitido pela unidade de origem, que não homologou a compensação declarada por meio de Per/Dcomp uma vez que o crédito informado já estava integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte . Na manifestação apresentada, a contribuinte aduz que, sem qualquer fundamento legal ou maiores explicações, a autoridade administrativa não homologou a compensação realizada, por isso, pede que seja recebido o recurso e declarada a nulidade do despacho decisório emitido. Segundo afirma, em resumo: não houve esclarecimentos quanto à suposta indisponibilidade; não foi analisada qualquer situação que legitima o crédito postulado; a autoridade administrativa deve obediência à legalidade e que seus atos devem ser motivados, para que se possa promover a defesa do ato; a não homologação ocorreu por uma questão de sistema de informática, já que o crédito propriamente dito sequer foi apreciado e carece de definição o significado de "disponibilidade do crédito" no despacho decisório. Contudo, acredita se tratar de encontro de contas realizado pelo sistema da Receita Federal entre o débito recolhido através do DARF e o crédito declarado em DCTF, não restando crédito disponível para ser restituído. Mas, salienta, diversas poderiam ser as situações que acarretariam a restituição do valor recolhido. Contesta a falta de intimação para que pudesse fazer os esclarecimentos necessários, acarretando o cerceamento ao seu direito de ampla defesa. Enfim, diz que o pedido formulado tem como fundamento a inclusão indevida na base de cálculo da contribuição não só da receita decorrente de seu faturamento, mas de outras receitas que não deveriam compôla, conforme inconstitucionalidade declarada pelo Supremo Tribunal Federal, em outras ações já transitadas em julgado. Em relação à produção de provas, diz que não há como apresentar os documentos comprobatórios do direito alegado, já que nem a autoridade administrativa sabe ao certo o motivo do indeferimento, tampouco a interessada, devendo ser aplicada a regra autorizadora de produção posterior das provas. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 06040.900. Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa após regularmente cientificada, apresentou Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, no qual repisa os argumentos já aduzidos em sede de manifestação de inconformidade. Ao final requer que sejam os autos remetidos à Delegacia de origem, para que sejam promovidas diligências necessárias à comprovação do crédito. Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10930.905863/201270 Acórdão n.º 3302005.021 S3C3T2 Fl. 4 3 É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.004, de 30 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 10930.901828/201362, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.004): PRELIMINARES Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. DAS NULIDADES Observase que a matéria litigiosa trazida na peça recursal prendese basicamente a arguição de nulidades: a) do despacho decisório que não declinou os motivos do indeferimento de seu pleito, bem como não analisou o mérito do pedido de restituição/ compensação postulado pela empresa, tampouco intimou o interessado a fazer os esclarecimentos necessários a comprovar o alegado, ensejando portanto cerceamento do direito de defesa; b) nulidade da decisão de primeira instância, por ausência de fundamentação e por obstar a produção das provas necessárias, já que sequer é sabido o que não foi reconhecido. Analisase a seguir as nulidades suscitadas. Da fundamentação do despacho decisório Observase que a peça decisória originase do processamento eletrônico das compensações, segundo a legislação de regência da matéria, tendo explícita fundamentação quanto à indisponibilidade do crédito pleiteado, cujos dados demonstrados no referido despacho decisório, seja quanto aos valores do crédito e débitos declarados, estão amparados na PER/DECOMP acostada aos autos. Conclui assim referido despacho decisório que o suposto crédito estava totalmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, não restando, crédito disponível para compensação pretendida. Notese que essa situação fática, inclusive é ratificada da pela própria recorrente, quando infere que do encontro de contas realizado pelo sistema da Receita Federal entre o débito recolhido através do DARF e o crédito declarado em DCTF, não restou crédito disponível para ser restituído, no Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10930.905863/201270 Acórdão n.º 3302005.021 S3C3T2 Fl. 5 4 entanto, tece considerações sobre outras formas de verificação do suposto indébito. Vêse portanto que o despacho decisório apresentou a motivação adequada à situação em exame, respaldandose nos dados oriundos da PER/DECOMP transmitida pelo próprio sujeito passivo. Notese ainda que a contribuinte foi regularmente cientificada do despacho decisório, nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, o que lhe oportunizou o exercício do contraditório e da ampla defesa, comparecendo assim aos autos, com a manifestação de inconformidade que inaugurou a lide e recurso voluntário nas referidas instâncias administrativas, onde demonstra perfeita cognição dos fatos demonstrados no despacho decisório pela linha argumentativa apresentada. Instaurada a lide, esse é o momento processual para que a contribuinte apresente os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir, inexistindo omissão da autoridade administrativa quanto às intimações suscitadas, visto que os dados utilizados no referido despacho foram fornecidos pelo próprio sujeito passivo, prescindindo assim de motivação para que referida autoridade administrativa diligenciasse com vistas a perquirir a origem do crédito, já que o tratamento inicial dos dados revelou a indisponibilidade do crédito pleiteado. Da fundamentação da decisão de piso Igualmente não prospera a nulidade arguida quanto à suposta falta de motivação da decisão de piso, haja vista que a leitura da referida peça revela que todas as preliminares suscitadas foram devidamente fundamentadas, bem como a análise meritória do pleito, quanto aos argumentos apresentados em sede de manifestação de inconformidade. Assim a r. turma julgadora demonstrou fundamentadamente a motivação de sua decisão, exercendo assim a prerrogativa da livre convicção motivada na apreciação das provas dos autos, conforme lhe assegura o 1art. 29 do Decreto nº 70.235, de 1972. Ante as considerações acima não se vislumbra qualquer mácula no referido despacho decisório, tampouco na decisão de piso, que enseje a declaração de nulidade, visto que além da observância da norma processual específica, Decreto nº 70.235, de 1972, também atendem às normas dispostas nos arts. 2º e 50, da Lei nº 9.784, de 1999. DO PEDIDO DE DILIGÊNCIA A contribuinte requer a realização de diligência, visando demonstrar nessa oportunidade, as provas que lastreiam o crédito pleiteado. Em se tratando de direito creditório pleiteado é importante demonstrar em breve abordagem a questão do ônus probatório, bem como o disciplinamento na norma processual, quanto a um pedido de diligência. 1 Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10930.905863/201270 Acórdão n.º 3302005.021 S3C3T2 Fl. 6 5 Utilizandose subsidiariamente as regras do Código de Processo Civil, vigente à época da apresentação da manifestação de inconformidade, verifica se: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados aprovarlhe as alegações.(grifei). Disciplina o processo administrativo fiscal, Decreto nº 70.235, de 1972, em seu art. 9º que [a exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito]. Já o art. 16, III, do citado diploma legal estabelece que a impugnação mencionará [os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir]. Observese que a premissa para verificar a origem do crédito, que é a constatação do indébito, inexiste no presente caso, visto que restou demonstrado no citado despacho decisório que o suposto crédito estava totalmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, não restando, assim, crédito disponível para compensação pretendida. Ressaltese que, no presente caso, a regra acima quanto ao ônus probatório, se inverte, cabendo ao requerente de um suposto direito creditório demonstrar ao fisco, os livros e documentos exigidos pela legislação para a comprovação de seu direito. Neste sentido, a recorrente teve a oportunidade processual, uma vez que lhe foram assegurados o contraditório e ampla defesa, quando da apresentação da manifestação de inconformidade de apresentar documentos/livros que demonstrem à Administração Tributária o suposto o crédito pleiteado. Com efeito, como já ressaltado, a própria recorrente destaca inferir quanto ao despacho decisório que se trata de encontro de contas realizado pelo sistema da Receita Federal entre o débito recolhido através do Darf e o crédito declarado em DCTF, aventando porém estirem outras situações que acarretariam a restituição do valor recolhido, seja pela inclusão indevida de valores na base de cálculo, seja por erro de fato na apuração do imposto, seja por situações que autorizam o contribuinte a reduzir valores da base de cálculo da exação, no entanto permaneceu silente quando do oportuno momento processual de trazer as provas que lastreiam o seu crédito pleiteado e assim, ensejar uma diligência pelo órgão a quo para verificar a materialidade do crédito arguido, porém a recorrente limitouse em suas peças defensórias a aduzir alegações e solicitar diligências sem demonstrar o lastro probatório que se faz necessário, em se tratando de direito creditório pleiteado, como já destacado. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10930.905863/201270 Acórdão n.º 3302005.021 S3C3T2 Fl. 7 6 Por oportuno, registre o que prevê o art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972: “Art. 18 – A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, ‘in fine’.”(grifei). Verificase assim que o deferimento de um pedido de diligência ou perícia, pressupõe a necessidade de se conhecer determinada matéria ou colher determinada prova, que o exame dos autos não seja suficiente para dirimir a dúvida, ou ainda que se faça premente uma análise que exija conhecimentos técnicos específicos, o que não é o caso dos autos, cuja documentação objeto da diligência solicitada deixou de ser apresentada em momento oportuno quando da apresentação da manifestação de inconformidade, tampouco apresentou a Requerente até então a demonstração de qualquer impedimento para realização de seu mister. Observese ainda que a diligência no âmbito do processo administrativo fiscal não se presta a suprir deficiência probatória, seja do fisco ou da Recorrente. Assim, diante dos argumentos expostos indeferese o pedido de diligência com amparo no 18 e 28 do Decreto nº 70.235, de 1972, com a redação que lhes foi dada pelo art. 1º da Lei nº 8.748, de 1993. DA APRESENTAÇÃO POSTERIOR DE PROVAS Protesta a Recorrente pela posterior juntada de novos documentos e provas que se fizerem necessárias ao deslinde do feito. Esclareçase que a juntada posterior ao momento impugnatório, de provas ao processo somente encontra amparo se comprovadas às condições impostas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, abaixo transcrito: § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Observase no entanto, que não demonstrou a recorrente abrigarse na norma excepcional acima destacada. Pelo exposto, não há reparos na decisão de piso, uma vez que escudada no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, não acatou a solicitação de Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10930.905863/201270 Acórdão n.º 3302005.021 S3C3T2 Fl. 8 7 apresentação posterior de prova, diferente do prazo estabelecido, destacando em reforço argumentativo, que sequer foram juntadas aos autos quaisquer documentos necessários à sua análise. MÉRITO Da inexistência probatória Tendo em vista que a questão dos autos diz respeito ao instituto da compensação, forma de extinção do crédito tributário, prevista no art. 156 do CTN, e disciplinada no art. 170 do referido diploma legal, há exigências fundamentais para que possa ser operacionalizada a compensação, no âmbito do Direito Tributário, sendo as principais: (1) a necessidade de lei que autorize a compensação; e (2) que os créditos de titularidade do sujeito passivo sejam líquidos e certos. Dizse assim que um crédito é certo quando não há dúvida relativa à sua existência e é líquido quando é conhecido seu exato valor, ou seja, a certeza diz respeito à existência do crédito e a liquidez diz respeito ao montante. Sendo líquido e certo o crédito do contribuinte e existindo lei que preveja a compensação, procederseá ao encontro das dívidas. Nesse mister, a compensação está disciplinada nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Assim, no caso em apreço, quanto à questão meritória, destaca a recorrente que ao calcular o quantum debeatur da COFINS, utilizouse de base de cálculo com valores que indevidamente a integravam, ou seja, de base de cálculo ampliada. Assevera ainda que incluiu nesta base de cálculo, não só a receita decorrente de seu faturamento, ou seja, de suas vendas, mas sim as demais receitas que não devem compôla e nesse sentido utilizouse de algumas teses tributárias já julgadas pelo Supremo Tribunal Federal de forma favorável aos contribuintes, a exemplo a ampliação da base de cálculo por alterar o conceito de faturamento, a exclusão da base de cálculo de determinadas despesas, etc. Ocorre que a recorrente ao enfatizar essa questão o faz de forma genérica, sem identificar quais receitas compuseram indevidamente a base de cálculo da COFINS, tampouco acosta aos autos quaisquer elementos probatórios que o respalde, tais como livros/documentos que sejam passíveis de análise por essa turma julgadora. A lei estabelece o dever de motivação do ato administrativo, que no caso em apreço restou perfeitamente demonstrada a motivação das peças decisórias até então analisadas. Ocorre que o artigo 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, estabelece os requisitos a serem cumpridos pelo contribuinte quando da apresentação da impugnação/manifestação de inconformidade, entre os quais, na dicção do inciso III do art. 16, do citado diploma legal a matéria posta em lide há de ser expressamente contestada, ou seja há de demonstrar o interessado [...os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir]. No caso em exame, embora pondere a interessada que está respaldada na decisão exarada pelo Supremo Tribunal Federal, no sentido da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das referidas Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10930.905863/201270 Acórdão n.º 3302005.021 S3C3T2 Fl. 9 8 contribuições, cabe à interessada a prova da existência de seu direito, demonstrando a liquidez e certeza dos créditos alegados, utilizados para extinção do crédito tributário sob condição resolutória, através da apresentação, dos livros e documentos estabelecidos pela legislação para a comprovação da exatidão de suas informações, quando da inauguração da lide, haja vista que declarou à Administração Tributária possuir um montante de crédito, utilizado para extinguir os débitos compensados. No entanto, como já exposto em sede preliminar, a recorrente não se desincumbiu do ônus probatório que lhe competia para demonstrar a certeza e liquidez de seu crédito, já que em suas peças defensórias deixou de carrear aos autos qualquer elemento probatório que lastreie o seu pleito. Cabe registrar que a matéria em exame encontra precedente no âmbito deste Egrégio Conselho, com relação ao mesmo sujeito passivo, nos termos do Ac nº 3803004.798 , de 26/11/2013, a seguir ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 26/10/2010 COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. Para a homologação da declaração de compensação transmitida pelo sujeito passivo, é necessária a demonstração da liquidez e certeza do crédito de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 26/10/2010 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO.COMPROVAÇÃO. Compete ao contribuinte a apresentação de livros de escrituração comercial e fiscal ou de documentos hábeis e idôneos à comprovação do alegado sob pena de desprovimento do recurso. MOMENTO POSTERIOR DE PRODUÇÃO DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE O momento de apresentação das provas está determinado nas normas que regem o Processo Administrativo Fiscal (PAF), em especial no Decreto 70.235/72, não havendo como deferir produção de provas posteriormente ao Recurso Voluntário por absoluta falta de previsão legal. Ante o exposto, VOTO POR REJEITAR AS PRELIMINARES SUSCITADAS, E NO MÉRITO, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o direito creditório pleiteado. Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10930.905863/201270 Acórdão n.º 3302005.021 S3C3T2 Fl. 10 9 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu rejeitar as preliminares suscitadas, e no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 87DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.904140/2009-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004
ÔNUS DA PROVA. DIREITO CREDITÓRIO
O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do débito é medida que se impõe.
PROVAS. PRECLUSÃO.
Diante de fatos e razões novas trazidas aos autos, admite-se a juntada posterior de documentos nos termos da letra "c", do §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.061
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Sarah Maria L. de A. Paes de Souza, Diego Weis Jr e Paulo Guilherme Déroulède votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Recorrente COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SAO PAULO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 ÔNUS DA PROVA. DIREITO CREDITÓRIO O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do débito é medida que se impõe. PROVAS. PRECLUSÃO. Diante de fatos e razões novas trazidas aos autos, admitese a juntada posterior de documentos nos termos da letra "c", do §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Sarah Maria L. de A. Paes de Souza, Diego Weis Jr e Paulo Guilherme Déroulède votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 90 41 40 /2 00 9- 91 Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10880.904140/200991 Acórdão n.º 3302005.061 S3C3T2 Fl. 3 2 Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP (Pedido de Ressarcimento ou Restituição e Declaração de Compensação), cujo crédito provém de pagamento indevido ou a maior de COFINS não cumulativo. Por intermédio do Despacho Decisório eletrônico emitido pela unidade de origem, a compensação declarada não foi homologada, tendo em vista a inexistência do crédito. Ciente desta decisão, o contribuinte apresentou Manifestação de inconformidade alegando em síntese: Apurou e recolheu COFINS não cumulativo incluindo na base de cálculo do tributo, de forma indevida, montante referente a juros e variações monetárias ativas; Desta forma, faz jus ao crédito de COFINS não cumulativo calculado sobre os juros e as variações monetárias; Retificou o DACON c a DCTF, para fins de informar a correta base de cálculo de COFINS não cumulativo; Requer a homologação da compensação declarada. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 16032.745. Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa após regularmente cientificada, apresentou, Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, no qual repisa os argumentos já aduzidos em sede de manifestação de inconformidade e apresenta diversos documentos com vistas a comprovar o direito pleiteado. Ao final requer que não sendo possível a análise da documentação apresentada, que seja a mesma remetida à instância de origem, para que sobre ela se pronuncie a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.037, de Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10880.904140/200991 Acórdão n.º 3302005.061 S3C3T2 Fl. 4 3 30 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.690947/200931, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.037): "Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Da preclusão probatória Argui o recorrente que apurou e recolheu o PIS/PASEP nãocumulativo de 10/2004 incluindo na base de cálculo do tributo, de forma indevida, montante referente a juros e variações monetárias ativas, fazendo jus, portanto ao crédito de PIS/PASEP não cumulativo calculado sobre os juros e as variações monetárias. Ressalta ainda em favor de sua tese que retificou o DACON c a DCTF, para fins de informar a correta base de cálculo do PIS/PASEP não cumulativo. Ocorre que ao apresentar a Manifestação de Inconformidade, momento processual que instaura a lide administrativa, não comprovou perante o órgão a quo com documentos hábeis e idôneos o recebimento dos referidos juros e variações monetárias ativas e, tampouco que os mesmos compuseram a base de cálculo do tributo, ensejando, por conseguinte pagamento a maior. Quando da apresentação do recurso voluntário acosta documentos não apresentados quando da manifestação de inconformidade. Nesse sentido cabem os seguintes esclarecimentos. A juntada posterior ao momento impugnatório, de provas ao processo somente encontra amparo se comprovadas às condições impostas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, abaixo transcrito: § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10880.904140/200991 Acórdão n.º 3302005.061 S3C3T2 Fl. 5 4 recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito)(grifei). Por oportuno registrese que o processo administrativo fiscal, Decreto nº 70.235, de 1972, prescreve em seu art. 9º que [a exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito]. Já o art. 16, III, do citado diploma legal estabelece que a impugnação mencionará [os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir]. Observase que a norma acima destacada é clara ao estabelecer o momento processual a serem carreadas as provas aos autos, pelo contribuinte, a fim de subsidiar o julgador com os elementos probatórios que possibilitem a livre convicção motivada na apreciação das provas dos autos, conforme é assegurado pelo 1art. 29 do Decreto nº 70.235, de 1972. No presente caso, como já demonstrado, o contribuinte deixou de apresentar quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, documento comprobatório quanto aos créditos pleiteados. Quanto ao ato de provar pondera 2Fabiana: Mediante a atividade probatória compõese a prova, entendida como fato jurídico em sentido amplo, que é o relato em linguagem competente de evento supostamente acontecido no passado, para que, mediante a decisão do julgador, constituase o fato jurídico em sentido estrito, desencadeando os correspondentes efeitos. (...) Iso não significa, contudo, que para provar algo basta simplesmente juntar um documento aos autos. É preciso estabelecer relação de implicação entre esse documento e o fato que se pretende provar. A prova decorre exatamente do vínculo entre o documento e o fato probando.(grifei). Nesse mister, os documentos apresentados somente em sede recursal, visando comprovar os aludidos créditos não encontram respaldo nas disposições excepcionais previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, visto que sequer demonstra o recorrente estar abrigado em uma das hipóteses excepcionais disciplinadas nas alíneas de "a" a "c" do artigo 16, acima já reproduzidos. Na linha acima expendida revelase incabível devolver os autos à instância a quo para a análise dos documentos apresentados, já que deixaram de ser oportunamente apresentados à referida instância. 1 Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. 2 Tomé, Fabiana Del Padre, A prova no Direito Tributário, São Paulo:Noeses, 2005, págs:177/178. Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10880.904140/200991 Acórdão n.º 3302005.061 S3C3T2 Fl. 6 5 Tendo em vista que em votação, a maioria dos conselheiros acolheu apenas a conclusão desta relatora, seguem abaixo reproduzidos, conforme determina o artigo 63, § 8º do Anexo II do RICARF, os fundamentos adotados pela maioria dos conselheiros. Por entender aplicável ao presente caso a norma prevista na letra "c", do §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72 que, diante de fatos e razões novas trazidas aos autos, admite a juntada posterior de documentos, os demais Conselheiros decidiram afastar a preclusão aplicada pela i. Relatora. Isto porque, diferentemente do despacho decisório que indeferiu o pedido de compensação por inexistência do crédito, a matéria concernente a comprovação da origem dos créditos apurados pela Recorrente somente foi trazida aos autos quando do proferimento da decisão combatida, oportunizando, assim, a Recorrente contrapor os fatos novos com a juntada de documentos que entendese necessário para tanto. Por este motivo, restou decidido pelos demais Conselheiros afastar a preclusão e admitir a análise dos documentos juntados pela Recorrente em seu recurso voluntário. Pois bem. Em sede recursal a Recorrente trouxe as seguintes alegações de mérito: "A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo Capital indeferiu a Manifestação de Inconformidade apresentada pela Recorrente sob o argumento de que competia a ela apresentar documentos contábeis e fiscais que comprovassem o recolhimento a maior do tributo cuja homologação de compensação for requerida mas esta não os apresentou. (...) Nestas condições, em que a exigência do crédito tributário deve se pautar pelo princípio da verdade material, com base no mesmo princípio dever apurado o crédito reclamado pela Recorrente, razão pela qual a ela deve ser reconhecido o direito de trazer aos autos do presente processo, mesmo em sede de Recurso Voluntário, os documentos fiscais e contábeis que demonstram a sua existência, para seja homologada a compensação por ela realizada. Juntamente com suas razões recursais a Recorrente carreou aos autos os seguintes documentos para comprovar seu pretenso direito: (i) PER/DCOMP; (ii) Comprovantes de arrecadação; e (iii) planilhas e livros diário geral. Entretanto, constatase que no recurso interposto pela Recorrente não há uma linha argumentativa demonstrando a composição/origem do crédito perseguido pelo contribuinte, limitando, suas alegações, apenas em relação ao direito de juntar documentos em sede recursal. Ora, caberia a Recorrente explicitar, ainda que de forma concisa, a composição/origem do crédito e, apontar quais documentos dão suporte às suas alegações, nada neste sentido foi realizado pela Recorrente. Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10880.904140/200991 Acórdão n.º 3302005.061 S3C3T2 Fl. 7 6 Ressaltase que o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC3). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do débito é medida que se impõe. Deste modo, tornase imprestável os documentos juntados pela Recorrente para o fim de comprovar o direito ao crédito, motivo pelo qual os demais Conselheiros acompanharam a i. ilustre Relatora pelas conclusões. Ante o exposto, VOTO POR NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o direito creditório pleiteado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède 3 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor Fl. 90DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.907098/2011-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Mar 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/11/2002 a 30/11/2002
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA
Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. COMPROVAÇÃO.
Comprovado nos autos que a origem do crédito apurado pelo Contribuinte diz respeito as receitas financeiras, excluídas da base de cálculo do PIS/COFINS por conta da decisão do STF que declarou inconstitucional a ampliação da base de cálculo, o crédito pleiteado deve ser admitido.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Direito Creditório Reconhecido em Parte
Numero da decisão: 3302-004.988
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidades de votos, em dar provimento parcial para admitir o crédito da contribuição correspondente aos valores de receitas financeiras das contas DESCONTOS OBTIDOS, GANHO EM RENDA VARIÁVEL, GANHO EM RENDA FIXA, JUROS ATIVOS, PRÊMIOS S/ INVESTIMENTOS, RECUP. DESPESAS FINANCEIRAS, REND. DE APLICS. FINANCEIRAS, VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS E VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS, informados nas folhas do Livro Razão, constantes do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge L. Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Recorrente MOINHO GLOBO ALIMENTOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/11/2002 a 30/11/2002 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. COMPROVAÇÃO. Comprovado nos autos que a origem do crédito apurado pelo Contribuinte diz respeito as receitas financeiras, excluídas da base de cálculo do PIS/COFINS por conta da decisão do STF que declarou inconstitucional a ampliação da base de cálculo, o crédito pleiteado deve ser admitido. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Acordam os membros do Colegiado, por unanimidades de votos, em dar provimento parcial para admitir o crédito da contribuição correspondente aos valores de receitas financeiras das contas DESCONTOS OBTIDOS, GANHO EM RENDA VARIÁVEL, GANHO EM RENDA FIXA, JUROS ATIVOS, PRÊMIOS S/ INVESTIMENTOS, RECUP. DESPESAS FINANCEIRAS, REND. DE APLICS. FINANCEIRAS, VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS E VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS, informados nas folhas do Livro Razão, constantes do recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 70 98 /2 01 1- 41 Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10930.907098/201141 Acórdão n.º 3302004.988 S3C3T2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge L. Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior. Relatório Trata o presente processo de pedido de restituição (PER), transmitido eletronicamente, que foi indeferido nos termos do despacho decisório emitido pela DRF em Londrina, pois o pagamento indicado para dar suporte ao crédito estava totalmente utilizado para extinção de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Na manifestação de inconformidade apresentada em face do indeferimento de pedido de restituição (PER), a contribuinte alega que recolheu valores indevidos de PIS/Pasep e de Cofins, levando em conta a legislação vigente à época, que alargava a suas bases de cálculo ao considerar as receitas financeiras como integrantes do conceito de faturamento. Aduz, porém, que o STF considerou inconstitucional tal ampliação da base de cálculo. Anexando jurisprudência do STF e do CARF e planilha demonstrando as diferenças pleiteadas. Encaminhado para julgamento, a DRJ em Curitiba não acolheu as razões contidas na manifestação de inconformidade e manteve o indeferimento do pedido de restituição. Cientificada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário dirigido ao CARF, onde repete as razões já aduzidas, questiona a necessidade de ser parte em ação judicial questionando a constitucionalidade da incidência do PIS ou da Cofins sobre as receitas financeiras, informa que está apresentando cópia dos livros razão e diário, esclarece que é beneficiária da repercussão geral do RE nº 566.621, e, ao final, pede a reforma do acórdão anteriormente proferido. Ao analisar o recurso, a 2ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF, reconheceu, em face da repercussão geral, a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo e deu provimento parcial ao recurso, determinando o retorno dos autos à instância a quo para apreciação do mérito (análise dos livros diário e razão apresentados). A DRJ em Curitiba julgou, por unanimidade de votos, improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente, por entender que o contribuinte não comprovou documentalmente a origem dos créditos que alegou possuir, nos termos do Acórdão nº 06054.112. Intimada da decisão de piso, a Recorrente interpôs recurso voluntário alegando, em síntese: preliminarmente (i) mudança de critério jurídico e cerceamento de defesa; (ii) decadência do direito de lançar ou revisar; e meritoriamente (iii) que há documentos nos autos que demonstram a origem do crédito apurado. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10930.907098/201141 Acórdão n.º 3302004.988 S3C3T2 Fl. 4 3 É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.965, de 30 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 10930.907064/201157, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.965): "I Tempestividade A Recorrente foi intimada da decisão de piso em 24.12.2015 (fls.112) e protocolou Recurso Voluntário em 26.01.2015 (fls. 114129), dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Preliminares II.1 Nulidade da decisão recorrido mudança de critério jurídico Segundo a Recorrente houve mudança de critério jurídico por parte da Turma Julgadora "a quo", na medida em que Despacho Decisório não homologou as compensações apresentadas pela Recorrente pelo fato de que todo o DARF havia sido integralmente utilizado para extinguir débito do contribuinte, ao passo que a segunda decisão recorrida motivou o indeferindo do crédito pela não comprovação da origem do crédito através de documentação hábil e idônea. Sobre mudança de critério jurídico, vale transcrever os ensinamentos do i. professor Hugo Brito de Machado Machado que, com a clarividência que lhe é peculiar expõe seu entendimento sobre o tema: Há mudança de critério jurídico quando a autoridade administrativa simplesmente muda de interpretação, substitui uma interpretação por outra, sem que se possa dizer que qualquer das duas seja incorreta. Também há mudança de critério jurídico quando a autoridade administrativa, tendo adotado uma entre várias alternativas expressamente admitidas em lei, na feitura do lançamento, depois pretende alterar esse lançamento, mediante a escolha de outra das alternativas admitidas e que enseja a determinação de um crédito tributário em valor diverso, geralmente mais elevado (Hugo de Brito 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10930.907098/201141 Acórdão n.º 3302004.988 S3C3T2 Fl. 5 4 Machado, Curso de Direito Tributário, 12ª edição, Malheiros, 1997, p 123) No presente caso, entendo que não houve mudança de critério jurídico, na medida em que tanto a autoridade julgadora quanto a fiscalização analisaram a origem do crédito com base nos fatos e fundamentos apresentados pela Recorrente. Aliás a unidade julgadora ao proferir a segunda decisão nada mais fez do que cumprir a ordem proferida pelo Carf que determinou fosse feita a análise quanto a origem do crédito pleiteado, considerando que a questão sobre a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que promoveu o alargamento da base de cálculo das contribuições já havia sido solucionado pelo STF. Nesse contexto, coube à autoridade julgador analisar o direito da Recorrente com base nos novos fatos e documentos carreados aos autos, justificando, assim, a alteração dos fundamentos para manter o indeferimento do pedido de restituição, sem que isso acarrete em mudança de critério jurídico. Assim, afasto a preliminar de nulidade suscita pela Recorrente. II.2 Decadência Em síntese apartada, a Recorrente pleiteia a incidência do prazo decadencial do direito do fisco realizar o lançamento de fato gerador ocorrido em 30.06.2001, nos termos do §4º, do artigo 150, do CTN e, subsidiariamente, pede seja admitida a homologação tácita do pedido realizado em 30.06.2005. Em relação ao prazo decadencial, adoto como razão de decidir o voto do i. Julgador Jorge Olmiro Lock Freire, nos autos do processo nº 16327.910550/201157 (acórdão nº 3402004.468), posto : Pois bem. É cediço que o Código Tributário Nacional (CTN), regulamenta o prazo decadencial de 5 anos para o agente fiscal homologar o lançamento por homologação, que ocorre quando o contribuinte, por determinação legal, em substituição ao agente arrecadador, possui a obrigação de apurar o tributo devido, em face da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, efetuar o seu recolhimento e realizar a respectiva declaração. No contexto do procedimento de homologação das compensações, no qual se atesta a existência e a suficiência do direito creditório invocado para a extinção dos débitos compensados, a única limitação imposta à atuação da Administração Tributária é o prazo de cinco anos da data da apresentação das declarações de compensação, depois do qual os débitos compensados devem ser extintos, independentemente da existência e suficiência dos créditos, conforme determina o artigo 74, §5° da Lei n° 9.430, de 1996. Destaco a seguir seu conteúdo: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10930.907098/201141 Acórdão n.º 3302004.988 S3C3T2 Fl. 6 5 quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 1º (...). § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (Grifei). No mesmo sentido, define a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, assim como as Instruções Normativas que a sucederam na regulamentação dessa matéria. Como se vê, por disposição legal expressa, a homologação tácita é aplicável unicamente à Declaração de Compensação, não havendo possibilidade de sua aplicação aos Pedidos de Restituição e Ressarcimento (PER). Isto ocorre porque quando o contribuinte realiza um pedido de compensação, nada mais está fazendo do que um lançamento por homologação: apura o tributo devido, realiza a declaração, e substitui o pagamento em espécie, por um pagamento com crédito tributário que possui junto ao ente tributante. E é por essa razão que, quando não há a apreciação expressa do pedido de compensação, passados 5 anos após a sua apresentação, ocorre a respectiva homologação. Em última análise, o que há é a homologação do lançamento realizado pelo contribuinte, sendo que o pagamento da obrigação tributária se dá com a utilização do seu direito creditório. Portanto, tal regra não se aplica ao caso do Recorrente com relação ao Pedido de Restituição de fls. 25/27, datado de 21/12/2006, justamente por se tratar de Pedido de Restituição e não de uma Declaração de Compensação. O Pedido de Restituição não pode ser confundido com uma Declaração de Compensação, muito embora em ambos os casos esteja a se tratar de direito a um crédito tributário. A compensação está sempre atrelada a um lançamento. E é por isso que a ela se aplica o prazo decadencial de 5 anos previsto no art. 150 do CTN. O pedido de restituição não. Ele é independente de qualquer lançamento e requer necessariamente um pronunciamento do Fisco. Contudo, embora o Fisco deva nortear seus atos observando a eficiência e a celeridade, pois sua ação deve preservar os interesses públicos, nada o impede de, quase seis anos após o Pedido de Restituição (PER) formulado pelo Recorrente, indeferilo, por não vislumbrar o direito pleiteado. Não há a homologação tácita desse pedido, porquanto não ocorre qualquer lançamento que enseje a aplicação do artigo 150, § 4º, do CTN, como defende a Recorrente. Não há previsão legal para essa homologação. De se observar, também, que o Recorrente não rebate a alocação do pagamento (crédito solicitado no PER) ao débito de IOF do período de Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10930.907098/201141 Acórdão n.º 3302004.988 S3C3T2 Fl. 7 6 apuração tratado neste processo, o qual consta confessado em DCTF. Não contesta, portanto, a inexistência do indébito tributário demonstrada no Despacho Decisório, dando margem ao entendimento de que o crédito almejado no Pedido de Restituição, não existe. Desta forma, considerando que o Recorrente se limitou a argüir a homologação tácita do Pedido de Restituição, com base no artigo 150, § 4º, do CTN, sem trazer qualquer documentação ou argumentação que comprovasse a existência de seu crédito, não há mesmo como acatar o seu pedido. No presente caso, a lide diz respeito apenas em relação ao pedido de restituição formulado pela Recorrente, inexistindo, para este caso aplicação do prazo decadencial pleiteado pelo contribuinte, razão, pela qual, deve ser afastado. III Mérito Inicialmente é imperioso destacar que a matéria em discussão diz respeito a comprovação da origem do crédito, posto que a questão sobre a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que promoveu o alargamento da base de cálculo das contribuições, já foi analisada na decisão de fls. 9299, proferida por este Conselho. Pois bem A decisão recorrida, manteve o indeferimento do pedido de restituição apresentada pela Recorrente com base nos seguintes fundamentos: No presente caso, a contribuinte apresentou excertos dos livros diário e razão, e neles consta o lançamento nas contas contábeis nºs 8.01.10.25.74 e 8.01.10.25.86, de valores de PIS e de Cofins que teriam incidido sobre as receitas financeiras do período e que, portanto, no entender da interessada, seriam passíveis de restituição. Compulsandose os autos, no entanto, constatase que neles não há qualquer comprovação acerca das contas contábeis e dos valores que compuseram as bases de cálculo das receitas financeiras consideradas pela contribuinte. Na falta dessa demonstração, apoiada, obviamente, em provas, não há como se verificar se os valores pleiteados realmente têm relação com receitas compreendidas no alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins e, nesse caso, não há como deferir o direito pleiteado. Com todo respeito ao entendimento proferido pela unidade julgadora que, analisou o direito creditório sob análise através dos documentos juntados no primeiro recurso voluntário, entendo que os documentos carreados pela Recorrente, juntados em ambos recursos voluntários demonstram, ainda que parcialmente, a origem do crédito apurado sobre as receitas financeiras, devendo, assim, ser deferido em parte o pedido de restituição sob análise. Isto porque, no entendimento deste relator, tanto as planilhas carreadas às fls. 2829, 155161 e 189, quanto os livros diário e razão carreados as fls. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10930.907098/201141 Acórdão n.º 3302004.988 S3C3T2 Fl. 8 7 5962 e 131154 e, o Documento de Arrecadação de Receitas Federais de fls. 130 documentos juntados nos recursos voluntários interpostos pela Recorrente , demonstram e lastrearam parte do crédito apurado pela Recorrente. Com efeito, o crédito apurado pela Recorrente foi devidamente informado em seu livro razão carreado às fls.147152 e, está amparado pelas planilhas fornecidas pelo contribuinte que demonstram o cálculo do tributo e forma de apuração do crédito (fls.189), inexistindo, assim, ausência de comprovação da origem do crédito. É de se ver que nos documentos carreados às fls.147 e seguintes, especialmente o plano de contas de fls. 165166, há o registro das seguintes receitas financeiras contabilizadas no razão do período sob análise: Descontos Obtidos; Juros Ativos; Rendimentos de Aplicação Financeira e Variação Monetária Ativa. Contudo, os valores registrados pela Recorrente em sua contabilidade são inferiores aos valores objeto do pedido de restituição, justificando, assim, o deferimento parcial do crédito pleiteado. Importante registrar, que o contribuinte não foi intimado à demonstrar a composição das receitas financeiras, sendo que as questões concernentes a prova da origem do crédito foram suscitadas somente na decisão de primeiro grau. Neste caso, havendo dúvida quanto à origem do crédito, deveria a unidade julgadora converter o julgamento em diligência e dar oportunidade ao contribuinte de apresentar outros documentos e, não simplesmente descartar os documentos carreados aos autos para afastar o direito por ausência de provas. Neste cenário, diversamente do que entendeu a unidade julgadora, vejo que os documentos juntados pela Recorrente, se prestam à comprovar, ainda que parcialmente, a origem do crédito. IV Conclusão Diante do exposto, rejeito as preliminares de nulidade e decadência, e no mérito dou parcial provimento ao recurso voluntário para admitir o crédito da contribuição correspondente às valores de receitas financeiras das contas DESCONTOS OBTIDOS, GANHO EM RENDA VARIÁVEL, GANHO EM RENDA FIXA, JUROS ATIVOS, PRÊMIOS S/ INVESTIMENTOS, RECUP. DESPESAS FINANCEIRAS, REND. DE APLICS. FINANCEIRAS, VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS E VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS, informados nas folhas do Livro Razão de fls. 147 e seguintes. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Assim, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo os documentos juntados pela Recorrente se prestam à comprovar, ainda que parcialmente, a origem do crédito. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu rejeitar as preliminares de nulidade e decadência, e no mérito dar parcial provimento ao recurso voluntário para admitir o crédito da contribuição correspondente aos valores de receitas Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10930.907098/201141 Acórdão n.º 3302004.988 S3C3T2 Fl. 9 8 financeiras das contas DESCONTOS OBTIDOS, GANHO EM RENDA VARIÁVEL, GANHO EM RENDA FIXA, JUROS ATIVOS, PRÊMIOS S/ INVESTIMENTOS, RECUP. DESPESAS FINANCEIRAS, REND. DE APLICS. FINANCEIRAS, VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS E VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS, informados nas folhas do Livro Razão, constantes do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 198DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10860.721255/2011-02
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 30/06/2006 a 30/06/2006
ADESÃO AO PRORELIT. DESISTÊNCIA DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS. RENÚNCIA AO DIREITO SOBRE O QUAL SE FUNDAM OS RECURSOS ADMINISTRATIVOS.
A adesão ao Programa de Redução de Litígios Tributários - PRORELIT, de que trata a Lei nº 13.202/2015 configura desistência dos recursos administrativos e renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente.
CRÉDITO DE IPI POR DEVOLUÇÃO OU RETORNO DE PRODUTOS. O direito ao crédito do IPI por devolução ou retorno de produtos subordina-se à comprovação do reingresso no estabelecimento bem como à efetiva reincorporação daqueles ao estoque, mediante a escrituração do Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque, modelo 3, ou de sistema de controle equivalente.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3302-005.306
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer, parcialmente, do recurso voluntário e, na parte conhecida, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Diego Weis Jr.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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DESISTÊNCIA DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS. RENÚNCIA AO DIREITO SOBRE O QUAL SE FUNDAM OS RECURSOS ADMINISTRATIVOS. A adesão ao Programa de Redução de Litígios Tributários PRORELIT, de que trata a Lei nº 13.202/2015 configura desistência dos recursos administrativos e renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. CRÉDITO DE IPI POR DEVOLUÇÃO OU RETORNO DE PRODUTOS. O direito ao crédito do IPI por devolução ou retorno de produtos subordinase à comprovação do reingresso no estabelecimento bem como à efetiva reincorporação daqueles ao estoque, mediante a escrituração do Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque, modelo 3, ou de sistema de controle equivalente. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer, parcialmente, do recurso voluntário e, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 72 12 55 /2 01 1- 02 Fl. 411DF CARF MF Processo nº 10860.721255/201102 Acórdão n.º 3302005.306 S3C3T2 Fl. 411 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Diego Weis Jr. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para constituição de crédito tributário referente ao Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, em razão de: 1. Glosas de compras de insumos para industrialização, com origem nos mercados interno e externo, com destaque indevido de IPI, em razão de a operação ser obrigatoriamente, com suspensão; 2. Glosa de crédito de devolução e retorno de produtos tributados, em razão de sua não escrituração no Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou sistema equivalente; 3. Multa isolada por destaque indevido de IPI nas notas fiscais de aquisição de importados, cujas operações eram de suspensão obrigatória. Em impugnação, a recorrente alegou que o fornecedor Johnson Mathey do Brasil é estabelecimento equiparado a industrial, não se aplicando a suspensão prevista no artigo 5º da Lei nº 9.826/1999, que destinase apenas aos estabelecimentos industriais e não aos equiparados; que a glosa nas compras com destaque do IPI é indevida, uma vez que a suspensão é opcional e não obrigatória, como entendeu a fiscalização; a escrituração no Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou sistema equivalente é mera obrigação acessória, incapaz de elidir a possibilidade de tomada de crédito, uma vez que fora comprovada a efetiva entrada dos produtos e o registro no Livro Registro de Entradas; que a multa não é devida, pois a recorrente promovera o pagamento do imposto, tido por devido pela fiscalização, antes de qualquer procedimento fiscal e que o destaque teria decorrido de erro escusável por erro de interpretação da legislação, nos termos do artigo 488, §3º do RIPI/2002. Por sua vez, a Oitava Turma da DRJ em Ribeirão Preto julgou a impugnação parcialmente procedente, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 30/06/2006 SUSPENSÃO DO IPI. ART.29 DA LEI Nº10.637, DE 2002. EQUIPARADO A INDUSTRIAL. A suspensão do IPI prevista no art. 29 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, com redação dada pelo art. 25 da Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003, não alcança as operações de saídas realizadas por estabelecimento importador que tenha sido equiparado a industrial por força do inciso I do art. 4º da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, regulamentado pelo inciso I do art. 9º do Decreto nº 4.544, de 26 de dezembro de 2002 (Regulamento do IPI Ripi/2002). Fl. 412DF CARF MF Processo nº 10860.721255/201102 Acórdão n.º 3302005.306 S3C3T2 Fl. 412 3 SUSPENSÃO DO IPI. ART.29 DA LEI Nº10.637. IMPORTAÇÃO. As matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem, importados diretamente por estabelecimentos industriais fabricantes, preponderantemente, de componentes, chassis, carroçadas, partes e peças destinados a veículos automotores, serão desembaraçados, obrigatoriamente, com suspensão do IPI. CRÉDITOS RELATIVOS A DEVOLUÇÕES E RETORNOS DE PRODUTOS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DO LIVRO REGISTRO DA PRODUÇÃO E DO ESTOQUE OU DE SISTEMA EQUIVALENTE. O aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou sistema de controle equivalente. MULTA ISOLADA. CRÉDITO INDEVIDO. Somente não será aplicada a multa isolada se, além do pagamento, o responsável provar que a infração decorreu de erro escusável. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte. Inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, reiterando as razões aduzidas em impugnação, à exceção da matéria na parte que a decisão da DRJ foilhe favorável. Posteriormente, a recorrente protocolou petição requerendo a revisão de débitos com a exigibilidade suspensa por ter aderido ao PRORELIT, tendo efetuado o pagamento de 30% do valor das débitos relativos às multas isoladas mantidas no acórdão da DRJ, conforme efls. 386/387 e 405/406. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Conforme a petição de efls. 386/387, a recorrente aderiu ao Programa de Redução de Litígios Tributários PRORELIT nos termos da Lei nº 13.202/2015, efetuando o pagamento de 30% dos débitos relativos às multas isoladas, únicos débitos remanescentes após Fl. 413DF CARF MF Processo nº 10860.721255/201102 Acórdão n.º 3302005.306 S3C3T2 Fl. 413 4 o julgamento na DRJ, de acordo com o artigo 2º, inciso I, alínea "a"1 da Lei nº 13.202/2015, com a consequente desistência dos recursos administrativos concernentes aos débitos objeto da adesão ao programa, conforme disposto no §3º do referido artigo 2º: § 3o Para aderir ao programa de que trata o art. 1o, o sujeito passivo deverá comprovar a desistência expressa e irrevogável das impugnações ou dos recursos administrativos e das ações judiciais que tenham por objeto os débitos que serão quitados e renunciar a qualquer alegação de direito sobre as quais se fundem as referidas impugnações e recursos ou ações. No caso, a petição protocolada, informando o pagamento de 30% e a adesão ao PRORELIT configura desistência do prosseguimento do litígio, relativo aos débitos das multas isoladas mantidas na decisão da DRJ, implicando a renúncia ao direito sobre o qual se fundava o recurso voluntário, nos termos do §3º do artigo 78 do Anexo II do RICARF: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1º A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. Porém, a multa isolada por destaque indevido de imposto, quando o correto era suspensão, vincula à glosa mantida na decisão recorrida relativa às aquisições de insumos importados sem suspensão de IPI, com destaque do imposto. Os fundamentos desenvolvidos pela recorrente em sua peça recursal para a inaplicabilidade da multa foram a inexistência da infração concernente ao destaque indevido nas aquisições de insumos importados por não ter havido suspensão, ou alternativamente, caso prevalecesse a tese da fiscalização quanto à obrigatoriedade da suspensão, a existência do pagamento do IPI destacado por ocasião do desembaraço e a existência de erro escusável por erro de interpretação da legislação, de acordo com o §3º do artigo 488 do RIPI/2002, não tendo havido dolo ou máfé por parte da recorrente. Ocorre que a desistência implica a renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso, o que no caso concreto, configura renúncia ao direito referente à inexistência da 1 Art. 2o O requerimento de que trata o § 1o do art. 1o deverá ser apresentado até 30 de novembro de 2015, observadas as seguintes condições: I pagamento em espécie equivalente a, no mínimo: a) 30% (trinta por cento) do valor consolidado dos débitos indicados para a quitação, a ser efetuado até 30 de novembro de 2015; Fl. 414DF CARF MF Processo nº 10860.721255/201102 Acórdão n.º 3302005.306 S3C3T2 Fl. 414 5 infração de destaque indevido do IPI, pois que a multa isolada é mero reflexo da infração que resultou na glosa dos créditos de IPI tomados em razão do destaque de IPI. Assim, a renúncia ao direito sobre o fundamento para cancelamento da multa isolada atinge diretamente a defesa quanto à glosa dos créditos tomados em razão do destaque indevido, de cuja a aplicação da multa isolada é mero reflexo. Portanto, entendo que houve renúncia ao fundamento deduzido para a glosa perpetrada. Destarte, não conheço do recurso voluntário quanto às matérias "II.1 Glosa de créditos de IPI Apropriação de crédito em importação própria suspensão do IPI benefício fiscal optativo e não obrigatório" e "II.3. Da Multa Isolada", remanescendo ainda o litígio quanto ao item "II.2. Da Glosa do Crédito por Falta de Escrituração do Livro Controle da Produção e do Estoque". Quanto à glosa do crédito de retorno por falta de escrituração no Livro de Registro e Controle da Produção e do Estoque, não há reparos a se fazer na decisão recorrida. Os artigos 172 do RIPI/2002 e 234 do RIPI/2010 dispuseram sobre a exigência de registro no referido livro nos seguintes termos: RIPI/2002: Art. 172. Na hipótese de retomo de produtos, deverá o remetente, para creditarse do imposto, escriturálo nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente nos termos do art. 388, com base na nota fiscal, emitida na entrada dos produtos, a qual fará referência aos dados da nota fiscal originária. RIPI/2010: Art. 234. Na hipótese de retorno de produtos, deverá o remetente, para creditarse do imposto, escriturálo nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente, nos termos do art. 466, com base na nota fiscal, emitida na entrada dos produtos, a qual fará referência aos dados da nota fiscal originária. As disposições regulamentares são claras ao exigir a escrituração no Livro Registro e Controle da Produção e Estoque, como forma de garantir a reincorporação dos produtos ao estoque e nova tributação quando de eventual nova saída. A respeito, transcrevo o voto condutor da decisão recorrida, cujas razões adoto como fundamento de decidir: "O IPI regese pelo princípio da nãocumulatividade previsto constitucionalmente no art. 153, § 3º, inciso II, da Carta Magna de 1988, sendo normatizado por disposições constantes do art. 49 do Código Tributário Nacional (CTN – Lei nº 5.172/66) e exercido pelo “sistema de créditos”, consoante a disciplina do Capítulo X (arts. 163 a 198) do RIPI/2002, vigente à época dos fatos. Nesse contexto, temse que o art. 167 do RIPI/2002 permitia ao estabelecimento contribuinte creditarse do IPI relativo a produtos tributados recebidos em devolução ou retorno, de modo total ou parcial, conforme tais operações assim tenham ocorrido: Fl. 415DF CARF MF Processo nº 10860.721255/201102 Acórdão n.º 3302005.306 S3C3T2 Fl. 415 6 Art. 167. É permitido ao estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, creditarse do imposto relativo a produtos tributados recebidos em devolução ou retorno, total ou parcial.’ Observase, porém, que o direito à utilização do crédito em tais operações encontravase subordinado ao adimplemento das exigências especificadas no art. 169 do RIPI/2002, a teor do disposto pelo art. 30 (abaixo transcrito) da Lei nº 4.502/64: Art. 30. Ocorrendo devolução do produto ao estabelecimento produtor, devidamente comprovada, nos termos que estabelecer o regulamento, o contribuinte poderá creditarse pelo valor do imposto que sobre ele incidiu quando da sua saída. (grifouse) Dessa forma, cabe ao Regulamento do IPI estabelecer as condições segundo as quais se considerava comprovada a devolução/retorno dos produtos, tendo sido, dentre outros requisitos, condicionada tal comprovação ao registro das notas fiscais de devolução/retorno no livro fiscal Registro de Controle da Produção e do Estoque, modelo 3, conforme a disposição do inciso II, alínea ‘b’, do supracitado art. 169 do RIPI/2002: Art. 169. O direito ao crédito do imposto ficará condicionado ao cumprimento das seguintes exigências: (...) II pelo estabelecimento que receber o produto em devolução: (...) b) lançamento nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque das notas fiscais recebidas, na ordem cronológica de entrada dos produtos no estabelecimento;’ (grifouse) Também os arts. 172 e 388 do RIPI/2002 determinavam condições para a utilização dos créditos em devolução/retorno de produtos: Art. 172. Na hipótese de retorno de produtos, deverá o remetente, para creditarse do imposto, escriturálo nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente nos termos do art. 388, com base na nota fiscal emitida na entrada dos produtos, a qual fará referência aos dados da nota fiscal originária. Art. 388. O estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, e o comercial atacadista, que possuir controle quantitativo de produtos que permita perfeita apuração do estoque permanente, poderá optar pela utilização desse controle, em substituição ao livro Registro de Controle da Produção e do Estoque, observado o seguinte: I o estabelecimento fica obrigado a apresentar, quando solicitado, aos Fiscos Federal e Estadual, o controle substitutivo; Fl. 416DF CARF MF Processo nº 10860.721255/201102 Acórdão n.º 3302005.306 S3C3T2 Fl. 416 7 II para a obtenção de dados destinados ao preenchimento do documento de prestação de informações, o estabelecimento industrial, ou a ele equiparado, poderá adaptar, aos seus modelos, colunas para indicação do valor do produto e do imposto, tanto na entrada quanto na saída; e III o formulário adotado fica dispensado de prévia autenticação. Além da previsão contida no art. 388 do RIPI/2002, que admitia a dispensa do livro modelo 3 na hipótese de o estabelecimento adotar equivalente sistema de controle da produção e do estoque, o RIPI/2002 consignava, no art. 385, inciso I, a possibilidade de substituição do aludido livro por fichas impressas com os mesmos elementos do livro substituído: Art. 385. O livro poderá, a critério da autoridade competente do Fisco Estadual, ser substituído por fichas: I impressas com os mesmos elementos do livro substituído; A respeito dos elementos que a escrituração do referido livro modelo 3 deveria conter, assim preceituava o art. 384 do RIPI/2002: Art. 384. Os registros serão feitos da seguinte forma: I no quadro "Produto": identificação do produto; II no quadro "Unidade": especificação da unidade (quilograma, litro etc.); III no quadro "Classificação Fiscal": indicação do código da TIPI e da alíquota do imposto; IV nas colunas sob o título "Documento": espécie e série, se houver, do respectivo documento fiscal ou documento de uso interno do estabelecimento, correspondente a cada operação; V nas colunas sob o título "Lançamento": número e folha do livro Registro de Entradas ou Registro de Saídas, em que o documento fiscal tenha sido registrado, bem como a respectiva codificação contábil e fiscal, quando for o caso; VI nas colunas sob o título "Entradas": a) coluna "Produção No Próprio Estabelecimento": quantidade do produto industrializado no próprio estabelecimento; b) coluna "Produção Em Outro Estabelecimento": quantidade do produto industrializado em outro estabelecimento da mesma firma ou de terceiros, com matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, anteriormente remetidos para esse fim; c) coluna "Diversas": quantidade de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, produtos em fase de fabricação e produtos acabados, não compreendidos nas alíneas Fl. 417DF CARF MF Processo nº 10860.721255/201102 Acórdão n.º 3302005.306 S3C3T2 Fl. 417 8 anteriores, inclusive os recebidos de outros estabelecimentos da mesma firma ou de terceiros, para industrialização e posterior retorno, consignandose o fato, nesta última hipótese, na coluna "Observações"; d) coluna "Valor": base de cálculo do imposto, quando a entrada dos produtos originar crédito do tributo; se a entrada não gerar crédito ou quando se tratar de isenção, imunidade ou não incidência, será registrado o valor total atribuído aos produtos; e) coluna "IPI": valor do imposto creditado; VII nas colunas sob o título "Saídas": a) coluna "Produção No Próprio Estabelecimento": em se tratando de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, a quantidade remetida do almoxarifado para o setor de fabricação, para industrialização do próprio estabelecimento; no caso de produto acabado, a quantidade saída, a qualquer título, de produto industrializado do próprio estabelecimento; b) coluna "Produção Em Outro Estabelecimento": em se tratando de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, a quantidade saída para industrialização em outro estabelecimento da mesma firma ou de terceiros, quando o produto industrializado deva ser remetido ao estabelecimento remetente daqueles insumos; em se tratando de produto acabado, a quantidade saída, a qualquer título, de produto industrializado em estabelecimentos de terceiros; c) coluna "Diversas": quantidade de produtos saídos, a qualquer título, não compreendidos nas alíneas anteriores; d) coluna "Valor": base de cálculo do imposto; se a saída estiver amparada por isenção, imunidade ou nãoincidência, será registrado o valor total atribuído aos produtos; e) coluna "IPI": valor do imposto, quando devido; VIII na coluna "Estoque": quantidade em estoque após cada registro de entrada ou de saída; IX na coluna "Observações": anotações diversas. § 1º Quando se tratar de industrialização no próprio estabelecimento, será dispensada a indicação dos valores relativos às operações indicadas na alínea "a", do inciso VI, e na primeira parte da alínea "a", do inciso VII. § 2º No último dia de cada mês serão somados as quantidades e valores constantes das colunas "Entradas" e "Saídas", apurando se o saldo das quantidades em estoque, que será transportado para mês seguinte. Portanto, o Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque – modelo 3 – e os sistemas legais a ele equivalentes consubstanciavam, à época dos fatos, como ainda Fl. 418DF CARF MF Processo nº 10860.721255/201102 Acórdão n.º 3302005.306 S3C3T2 Fl. 418 9 consubstanciam na legislação vigente, medida cautelar prevista no Regulamento do IPI para conferir à Administração Tributária a segurança de que os produtos devolvidos ou retornados haviam sido efetivamente reincorporados ao estoque do estabelecimento contribuinte, encontrandose em condições de uma nova saída sujeita à tributação. Deveras, os requisitos para a admissão do crédito traduziamse não só pela reentrada dos produtos no estabelecimento, caracterizada pela emissão de notas fiscais de devolução/retorno de produtos, com registro no livro de entradas, mas, sobretudo, pela sua reincorporação ao estoque, comprovada pelos meios de prova estabelecidos especificamente nos arts. 169 e 172 do RIPI/2002, ou por outros meios com a mesma eficácia. Destaquese que a opção por ‘outros meios de mesma eficácia’ significa que o controle eleito pelo estabelecimento contribuinte contenha todos os dados do livro (modelo 3) substituído, imprescindíveis para a formação de um juízo de certeza quanto ao real ingresso do produto devolvido/retornado ao estoque. É esse o sentido que se deve abstrair da expressão “sistema equivalente de controle da produção e do estoque”. Como exposto, a essência do controle da produção e do estoque é conferir a segurança de que os produtos devolvidos/retornados tenham sido realmente reincorporados ao estoque, estando, assim, aptos a uma nova saída tributada, legitimandose, com isso, o direito ao crédito do imposto pelo reingresso e sujeitandose ao débito pela posterior saída. E a emissão de notas fiscais de devolução ou de retorno, assim como seu registro no livro fiscal de entradas, quando muito podem servir de indício acerca da reentrada dos produtos no estabelecimento, mas, terminantemente, não comprovam a efetiva reincorporação ao estoque, condição esta sem a qual não se torna possível a ocorrência de uma nova saída tributada. Não se pode olvidar que o produto que reentrou no estabelecimento, pelas mais variadas razões, pode não mais se sujeitar a uma nova saída. E somente a reincorporação ao estoque é que garante uma potencial saída tributada ulterior, viabilizando o direito ao crédito do IPI pela reentrada. Essa é a essência quantitativa e qualitativa do controle da produção e do estoque. Ora, está claro que a finalidade da lei ao instituir o Livro de Registro da Produção e do Estoque, ou controle equivalente, foi propiciar ao fisco o controle quantitativo da produção e do estoque de mercadorias, o que só pode ser alcançado por meio de registros que permitam controlar a espécie e a quantidade de produtos em estoque. Outrossim, o entendimento ora expendido encontra total consonância com o posicionamento de longa data emanado do então Segundo Conselho de Contribuintes, conforme atestam os Acórdãos nºs 20172.344; 20204.484 e 20305.199, cujas ementas, respectivamente, dispõem: Fl. 419DF CARF MF Processo nº 10860.721255/201102 Acórdão n.º 3302005.306 S3C3T2 Fl. 419 10 ‘IPI CRÉDITOS EM DEVOLUÇÃO/RETORNO GLOSA 1 Consoante art. 30 da Lei nr. 4.502/54, c/c o art. 86, II, ‘b’, do Decreto nr. 87.981 (RIPI/82), é condição para o creditamento do valor do IPI relativo às devoluções e retornos de mercadorias o lançamento no livro fiscal modelo. 3. A falta de escrituração deste livro fiscal ou de sistema equivalente que veicule, de pronto, as mesmas informações daquele, tornam ilegítimo o crédito, dando margem à sua glosa e recálculo do IPI. Precedentes jurisprudenciais (CSRF/020.074).’ ‘IPI – CRÉDITO POR DEVOLUÇÃO DE VENDAS – Improcede quando não reste demonstrada a reintegração do produto aos estoques possíveis de nova saída tributada.’ ‘IPI – LIVRO MODELO 3 – Inexistência, inclusive, de elementos de controle da produção e do estoque. Desatendimento do art. 86, inciso II, letra ‘b’, do RIPI/82, e da Portaria MF nº 328/72, item 2. Negase provimento ao recurso voluntário.’ A final, cumpre salientar que a essência dos preceitos normativos do RIPI/82 sobre a matéria em questão (legitimidade dos créditos do IPI referentes a operações de devolução ou de retorno de produtos) encontrase presente nos demais Regulamentos do IPI que o sucederam (RIPI/98 e RIPI/2002).” Desse modo, diante de previsão legal expressa em sentido contrário, não se pode aceitar como substitutos do Modelo 3, os livros de entrada ou de controles internos, sem as adaptações que permitam o controle quantitativo/qualitativo dos produtos movimentados, devendo, por conseguinte, ser mantida a glosa efetuada pela fiscalização..." Neste sentido, citamse outras decisões deste Conselho: Acórdão nº 3402004.087: IPI. CRÉDITO. DEVOLUÇÕES E RETORNOS DE PRODUTOS. FALTA DA ESCRITURAÇÃO DAS NF NO LIVRO REGISTRO DA PRODUÇÃO E DO ESTOQUE OU SISTEMA EQUIVALENTE. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou de sistema de controle equivalente. O sistema adotado pela empresa apenas indica a data da emissão da nota de devolução/cancelamento e o seu motivo, não constando o número das notas de devolução cuja escrituração no sistema equivalente de controle de estoque é exigida pelos artigos 231, II, 'b' e 234 do RIPI/2010 como condicionante para o aproveitamento do crédito. Acórdão nº 3403001.936: IPI. CRÉDITO. RETORNO DE MERCADORIAS. ESCRITURAÇÃO. REQUISITOS. Fl. 420DF CARF MF Processo nº 10860.721255/201102 Acórdão n.º 3302005.306 S3C3T2 Fl. 420 11 O aproveitamento de créditos por retorno e/ou devolução de mercadorias, assegurado pelo art. 167 do RIPI/02 (Decreto nº 4.544/02), se vincula à observância dos requisitos exigidos pelo art. 169 do mesmo regulamento, dentre os quais, a escrituração do Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque (mod. 3) ou sistema controle alternativo, não sendo suficiente apenas a escrituração do Livro Registro de Entradas (mod. 1). Acórdão nº 20219271: CRÉDITO DE IPI POR DEVOLUÇÃO OU RETORNO DE PRODUTOS. O direito ao crédito do IPI por devolução ou retorno de produtos subordinase à comprovação do reingresso no estabelecimento bem como à efetiva reincorporação daqueles ao estoque, mediante a escrituração do Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque, modelo 3, ou de sistema de controle equivalente. Diante do exposto, voto para conhecer parcialmente o recurso voluntário e, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 421DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.940586/2011-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do Fato Gerador: 15/12/2004
CIÊNCIA A ADVOGADO REPRESENTANTE DO CONTRIBUINTE.
No processo administrativo fiscal não pode o advogado receber intimação, notificação e outras mensagens que por expressa disposição legal cabe ao contribuinte seu cumprimento ou conhecimento.
AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL OU MATERIAL. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a valoração em Per/Dcom, despacho decisório ou acórdão recorrido que atendem os requisitos formais, apresentam clara descrição dos fatos, correta capitulação legal e razões de decidir, especialmente, se ao sujeito passivo foi oportunizado adequadamente o contraditório e o direito de defesa.
COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. MORA
Na forma da legislação de regência, no procedimento de compensação tanto os créditos quanto os débitos sofrem a correspondente incidência de acréscimos legais por ocasião do encontro de contas (valoração), resultando sempre em desequilíbrio quando presente a mora.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.874
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araujo, Lenisa R. Prado e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Dèrouléde - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus e Lenisa Rodrigues Prado. Ausente, justificadamente, a Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Data do Fato Gerador: 15/12/2004 CIÊNCIA A ADVOGADO REPRESENTANTE DO CONTRIBUINTE. No processo administrativo fiscal não pode o advogado receber intimação, notificação e outras mensagens que por expressa disposição legal cabe ao contribuinte seu cumprimento ou conhecimento. AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL OU MATERIAL. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a valoração em Per/Dcom, despacho decisório ou acórdão recorrido que atendem os requisitos formais, apresentam clara descrição dos fatos, correta capitulação legal e razões de decidir, especialmente, se ao sujeito passivo foi oportunizado adequadamente o contraditório e o direito de defesa. COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. MORA Na forma da legislação de regência, no procedimento de compensação tanto os créditos quanto os débitos sofrem a correspondente incidência de acréscimos legais por ocasião do encontro de contas (valoração), resultando sempre em desequilíbrio quando presente a mora. Recurso Voluntário Negado.
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DCOMP TRANSMITIDA APÓS VENCIMENTO DO DÉBITO. Recorrente ESPN DO BRASIL EVENTOS ESPORTIVOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do Fato Gerador: 15/12/2004 CIÊNCIA A ADVOGADO REPRESENTANTE DO CONTRIBUINTE. No processo administrativo fiscal não pode o advogado receber intimação, notificação e outras mensagens que por expressa disposição legal cabe ao contribuinte seu cumprimento ou conhecimento. AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL OU MATERIAL. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a valoração em Per/Dcom, despacho decisório ou acórdão recorrido que atendem os requisitos formais, apresentam clara descrição dos fatos, correta capitulação legal e razões de decidir, especialmente, se ao sujeito passivo foi oportunizado adequadamente o contraditório e o direito de defesa. COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. MORA Na forma da legislação de regência, no procedimento de compensação tanto os créditos quanto os débitos sofrem a correspondente incidência de acréscimos legais por ocasião do encontro de contas (valoração), resultando sempre em desequilíbrio quando presente a mora. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araujo, Lenisa R. Prado e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dèrouléde Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 94 05 86 /2 01 1- 01 Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10880.940586/201101 Acórdão n.º 3302004.874 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus e Lenisa Rodrigues Prado. Ausente, justificadamente, a Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza. Relatório A recorrente acima qualificada apresentou Declaração de Compensação pleiteando a compensação de débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela RFB com créditos decorrentes de pagamento supostamente indevido ou a maior. Por meio de Despacho Decisório emitido pela DERATSP, a compensação declarada não foi homologada na sua totalidade, tendo em vista que o valor do pagamento tido como origem do crédito pretendido revelouse insuficiente para quitar os débitos informados no PER/DCOMP. Na Manifestação de Inconformidade apresentada, a contribuinte salienta que sempre cumpriu com suas obrigações tributárias, recolhendoas nos seus devidos prazos ou por força maior, com os devidos encargos legais, por isso discorda do débito cobrado no Despacho Decisório. Diz ser detentora de crédito decorrente de pagamento supostamente indevido ou a maior, que foi utilizado para compensar débito no mesmo valor, cuja data de vencimento é a mesma do recolhimento. Lembra que não se apropriou de juros pela taxa Selic sobre os valores declarados em Per/Dcomp e não imputou multa e juros sobre os débitos compensados porque são do mesmo período de apuração. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06045.349. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que, na compensação declarada pelo sujeito passivo, os débitos sofrem a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da Declaração de Compensação, na forma da legislação de regência. Cientificada daquela decisão a Recorrente apresentou recurso voluntário, onde alega em síntese que: · existe nulidade do despacho decisório e do acórdão recorrido por ausência de motivação, dada a generalidade da fundamentação sem aferir o real motivo do indeferimento ou o equívoco cometido pela recorrente, com consequente cerceamento do direito de defesa; · o despacho que não homologa o pedido de compensação deve conter, tal qual o auto de infração, a descrição do fato, disposição legal infringida e multa aplicável; · não houve prejuízo para o Erário, pois apenas houve erro na rubrica no DARF, e não atraso no recolhimento; · a cobrança de multa de mora sem atraso no recolhimento constitui enriquecimento sem causa Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10880.940586/201101 Acórdão n.º 3302004.874 S3C3T2 Fl. 4 3 · não há que se falar em juros de mora uma vez que, no caso, o período de apuração é o mesmo para o crédito e o débito. · subsidiariamente solicita diligência para reexame dos documentos; · reitera a necessidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário em análise , finalmente · solicita que a advogada da causa seja intimada e informada de todas as publicações sob pena de arguição de nulidade. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.825, de 25 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.923119/201290, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.825): "O Recurso deve ser conhecido por ter sido apresentado tempestivamente e atender os demais pressupostos e requisitos de admissibilidade. Do pedido do subscritor do recurso (advogada) para recebimento de futuras publicações/intimações no endereço por ela indicado. No Processo Administrativo Fiscal PAF o artigo 10 do Decreto nº 7.574 estabelece as formas de intimação sempre direcionadas ao próprio contribuinte. Por sua vez o artigo 26 e seguintes da Lei nº 9.784, de 1999 Processo Administrativo Federal também não prevê que o advogado possa ser comunicado dos atos de interesse do administrado que em última instância é quem sofrerá seus efeitos. Atentese, ainda, que a intimação em sede de PAF é de competência da RFB não havendo pronunciamento normativo do CARF amparando a pretensão, assim sendo, indefiro o pedido. Do alegado cerceamento ao direito de defesa Sem razão a Recorrente. O Despacho Decisório de fl, 17, assim como a Decisão recorrida estão perfeitamente fundamentados, com enquadramento legal, descrição dos fatos e cálculo da valoração (detalhamento da compensação, valores devedores e Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10880.940586/201101 Acórdão n.º 3302004.874 S3C3T2 Fl. 5 4 emissão de DARF, fl. 11), portanto não há que se falar em nulidade de atos ou cerceamento ao direito de defesa. Mérito Cuida o presente processo de erro cometido pela Recorrente no preenchimento de código em DARF pago, cujo valor a Recorrente deseja aproveitar para pagamento do débito correspondente ao código/tributo correto sem, entretanto, sofrer os acréscimos legais da multa de mora. A recorrente não alega qualquer tipo de erro nos débitos nem há notícia de que os mesmos não tenham sido informados nas correspondentes declarações entregues antes do PerDcomp, assim sendo, os fatos mostramse incontroversos e dispensam diligência. Não se vislumbra incorreção no procedimento da RFB na análise do PerDcomp que culminou com cobrança de débitos indevidamente compensados em virtude do contribuinte não ter considerado a multa de mora no pagamento/compensação dos débitos. Pois bem, um tributo só é considerado efetivamente pago, total ou parcialmente, quando o sistema de dados da Fazenda Nacional compara o código informado no DARF com o correspondente código do débito informado em declaração específica e faz a vinculação entre ambos. Caso contrário o valor recolhido equivocadamente permanece "em aberto" como crédito e não como pagamento, podendo por isso ser restituído acrescido dos juros compensatórios. Por outro lado o débito formalmente declarado, que não corresponde ao código informado equivocadamente no DARF, continua sem quitação e a sofrer os acréscimos de juros e multa de mora. Optando ou não a contribuinte pela compensação, sempre haverá cobrança de mora se o débito não foi formalmente liquidado na data do vencimento, independente de quando tenha sido realizado o pagamento indevido. A sistemática de análise de PerDcomp não altera essas duas situações distintas e independentes (pagamento indevido e pagamento em atraso), pois ela apenas faz o encontro de contas na data da entrega do PerdComp, momento da valoração do crédito para restituição e automática conversão em pagamento do débito em aberto, total ou parcialmente, mediante compensação. Repitase que este encontro de contas sempre será desfavorável ao contribuinte tendo em vista que o código do débito1, 1 Lei 9.430, de 1996 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10880.940586/201101 Acórdão n.º 3302004.874 S3C3T2 Fl. 6 5 correspondente ao código correto que deveria constar no DARF, não foi encontrado pelo sistema e assim o débito em aberto sofre acréscimos da multa de mora diária mais juros de mora mensais até a data a entrega do Perdcomp, enquanto que (ii) o crédito2 a ser restituído e compensando sofre somente os juros compensatórios mensais, calculados também até a data da entrega do PerDcomp. Em resumo, se no momento da valoração, ou seja na data da transmissão da PerDcomp, o débito que se buscou compensar já estava sujeito a acréscimos moratórios, e o crédito com seus acréscimos não foram suficientes para quitálos, então a compensação é homologada parcialmente e o saldo residual do débito considerado indevidamente compensado, exigindose, em consequência, seu pagamento com os acréscimos legais3. A mesma sistemática se repete em sucessivos PerDcomp quando existe saldo residual de crédito na compensação homologada a ser aproveitado em outro(s) PerdComp. A situação parece injusta mormente porque o pagamento indevido ou a maior decorre em regra de um erro do contribuinte que não pretendia ficar em mora, porém não é o caso de se aplicar o art. 108 do CTN, pois verificase que não foi a RFB que deu causa ao erro. Ademais, mesmo sem levar em consideração os transtornos e custos que os erros causam à administração, há de se observar ainda que o julgador administrativo está vinculado à lei, ainda na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. 2 Art. 72. O crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou reembolso, será restituído, reembolsado ou compensado com o acréscimo de juros Selic para títulos federais, acumulados mensalmente, e de juros de 1% (um por cento) no mês em que: II houver a entrega da Declaração de Compensação ...; § 1º No cálculo dos juros de que trata o caput, observarseá, como termo inicial da incidência: (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 973, de 27 de novembro de 2009) III na hipótese de pagamento indevido ou a maior: c) o mês subseqüente ao do pagamento, se este tiver sido efetuado após 31 de dezembro de 1997; 3 Lei nº 9.430 /1996 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito... § 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) IN 900/2009 Art. 38. O tributo objeto de compensação não homologada será exigido com os respectivos acréscimos legais. Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10880.940586/201101 Acórdão n.º 3302004.874 S3C3T2 Fl. 7 6 que esta reflita apenas aspectos sobre cumprimento dos prazos e forma de apuração dos valores, e assim não pode deixar de reconhecer a aplicação destas formalidades legais utilizadas para cálculo da restituição de pagamentos indevidos e para cobrança de débitos vencidos, independente deste tipo de erro cometido pela contribuinte que o deixou em mora. Não se vislumbra ilegalidade no procedimento da Receita Federal e tampouco enriquecimento ilícito da União, pois decorrente da lei. Conclusão Diante de tudo que foi exposto, rejeito a preliminar arguida, e no mérito nego provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o(s) débito(s) que se procuravam compensar já se encontravam vencidos na data em que foi transmitida a DCOMP inicial. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 146DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.978911/2012-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 06/12/2004
MULTA DE MORA. SANÇÃO DE NATUREZA PUNITIVA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA DA INFRAÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO DO TRIBUTO COMPLEMENTAR ANTES DA APRESENTAÇÃO DA DCTF RETIFICADORA E DE QUALQUER MEDIDA DE FISCALIZAÇÃO. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. POSSIBILIDADE.
1. Por ter natureza punitiva, a multa de mora é excluída se configurada a denúncia espontânea da infração mediante o pagamento intempestivo do tributo devido.
2. No âmbito dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a denúncia espontânea da infração por pagamento extemporâneo resta caracterizada se o contribuinte, após efetuar o pagamento do valor integral do tributo declarado, apura diferença a maior de tributo devido e realiza o seu pagamento integral (acrescido dos juros moratórios) e, concomitante ou posteriormente (antes de qualquer procedimento ou medida de fiscalização, relacionados com a infração), a apresenta a DCTF retificadora, com a inclusão do valor da diferença a maior do tributo devido apurada (aplicação do entendimento exarado no REsp nº 1.149.022/SP, por força do disposto no artigo 62, § 2º, do Anexo II do RICARF/2015).
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3302-004.931
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
PAULO GUILHERME DÉROULÈDE - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Júnior, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 06/12/2004 MULTA DE MORA. SANÇÃO DE NATUREZA PUNITIVA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA DA INFRAÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO DO TRIBUTO COMPLEMENTAR ANTES DA APRESENTAÇÃO DA DCTF RETIFICADORA E DE QUALQUER MEDIDA DE FISCALIZAÇÃO. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. POSSIBILIDADE. 1. Por ter natureza punitiva, a multa de mora é excluída se configurada a denúncia espontânea da infração mediante o pagamento intempestivo do tributo devido. 2. No âmbito dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a denúncia espontânea da infração por pagamento extemporâneo resta caracterizada se o contribuinte, após efetuar o pagamento do valor integral do tributo declarado, apura diferença a maior de tributo devido e realiza o seu pagamento integral (acrescido dos juros moratórios) e, concomitante ou posteriormente (antes de qualquer procedimento ou medida de fiscalização, relacionados com a infração), a apresenta a DCTF retificadora, com a inclusão do valor da diferença a maior do tributo devido apurada (aplicação do entendimento exarado no REsp nº 1.149.022/SP, por força do disposto no artigo 62, § 2º, do Anexo II do RICARF/2015). Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 97 89 11 /2 01 2- 81 Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10880.978911/201281 Acórdão n.º 3302004.931 S3C3T2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) PAULO GUILHERME DÉROULÈDE Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Júnior, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Trato presente processo de declaração de compensação (DComp) em que foi informada a compensação de pagamento indevido ou a maior de COFINS, com débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela RFB. O Despacho Decisório proferido pelo titular da unidade da Receita Federal unidade de origem não homologou a compensação declarada porque não havia crédito disponível, uma vez que o pagamento informado havia sido integralmente utilizado para quitação do débito vinculado ao correspondente pagamento.. Em sede de manifestação de inconformidade, a recorrente alegou que fazia jus a homologação integral da compensação declarada, uma vez que o crédito informado era proveniente de recolhimento da multa de mora indevida, em razão da denúncia espontânea da infração. Para a recorrente, como cumprira, espontaneamente, o dever de recolher o tributo devido, a referida multa de mora recolhida era indevida, nos termos do art. 138 do CTN. Em decorrência, o valor do crédito informado era passível de compensação. Sobreveio a decisão de primeira instância em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 14 053.295. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que não cabe a exclusão da Multa de mora em casos de denúncia espontânea, devendo o Pagamento extemporâneo ser feito com os acréscimos legais. A recorrente foi cientificada da decisão de primeira instância e inconformada, protocolou recurso voluntário em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na manifestação de inconformidade. Em aditamento, após discorrer sobre o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do CTN, alegou que a multa moratória tinha natureza punitiva e era passível de exclusão por denúncia espontânea, conforme jurisprudência deste Conselho e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a exemplo do julgamento do REsp 1.149.022/SP, julgado sob regime dos recursos repetitivos, cujos fundamentos eram de adoção obrigatória pelos membros deste Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10880.978911/201281 Acórdão n.º 3302004.931 S3C3T2 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.927, de 29 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.688913/200986, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.927): "O recurso foi apresentado tempestivamente, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O motivo da não homologação da compensação em apreço foi a inexistência do valor do crédito informado para compensar o débito confessado e as razões foram consignadas no despacho de decisório colacionado aos autos (fls. 5/6). Segundo o citado despacho, a partir das características do DARF discriminado na PER/DCOMP nº 16516.34621.310306.1.3.041964 o sistema localizara o valor do pagamento informado, mas ele encontravase integralmente vinculado à quitação da correspondente parcela do débito da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de outubro de 2003, logo não restava crédito disponível para compensação dos débitos informado na citada PER/DCOMP. Na peça impugnatória, a recorrente alegou que o valor do crédito informado referiase a pagamento indevido da multa de mora incidente sobre a parcela do débito complementar da citada contribuição do mês de outubro de 2003, que fora paga antes da retificação da DCTF do período, o que configurava denúncia espontânea da infração. Com base no entendimento de que a multa de mora não era passível da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN, por não ter natureza punitiva e sim natureza indenizatória, o órgão julgador a quo manteve a não homologação da compensação, baseada no entendimento de que não havia crédito disponível para compensação, uma vez que o valor informado na citada PER/DCOMP fora integralmente utilizado no pagamento da multa de mora de devida em decorrência do pagamento em atraso da parcela complementar da contribuição do citado mês. De outro parte, a recorrente alegou a multa moratória tinha natureza punitiva e era passível de exclusão por denúncia espontânea, conforme jurisprudência deste Conselho e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a exemplo do julgamento do REsp 1.149.022/SP, sob o regime dos recursos repetitivos, cujos fundamentos eram de adoção obrigatória pelos membros deste Conselho. Com base no breve resumo dos dois entendimentos distintos ficam evidenciadas as duas divergências. Uma de cunho jurídico, referente a natureza da multa de mora, ou seja, se a multa moratória tem natureza indenizatória ou punitiva. A segundo de cunho fáticoprobatório, isto é, se a denúncia realizada pela recorrente atende os requisitos do art. 138 do CTN, de modo a isentála da cobrança do tributo. Até a decisão definitiva de mérito, proferida pelo STJ no julgamento do REsp 1.149.022/SP, sob o regime dos recursos repetitivos, tais questões Fl. 183DF CARF MF Processo nº 10880.978911/201281 Acórdão n.º 3302004.931 S3C3T2 Fl. 5 4 geraram ampla controvérsia no âmbito da jurisprudência deste Conselho. Para facilitar a compreensão, o enunciado da ementa do referido julgado segue transcrito: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que “a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte” (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): “No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Fl. 184DF CARF MF Processo nº 10880.978911/201281 Acórdão n.º 3302004.931 S3C3T2 Fl. 6 5 Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional.” 6. Consequentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.1 A partir da referida decisão definitiva, por força do que determina o art. 62, § 2º, do RICARF/2015, o entendimento manifestado no referido julgado passou a ser de adoção obrigatória nos julgamentos deste Conselho. Dessa forma, a controvérsia em torno da questão jurídica restou dirimida, haja vista o entendimento esposado no citado julgado definiu que, na seara tributária, o instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias ou multas e que estas têm natureza punitiva, inclusive, as multas moratórias decorrentes do atraso ou impontualidade no pagamento dos tributos. No que tange aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que há declaração e pagamento parcial dos débitos, o referido julgado também definiu as condições necessárias para a configuração da denúncia espontânea da infração decorrente da mora ou impontualidade no pagamento do tributo. E neste caso, as condições objetivas configuradoras da denúncia espontânea são as seguintes: a) o prévio pagamento da diferença a maior do tributo acrescidos dos juros moratórios; e b) a apresentação concomitante ou posterior da declaração retificadora, antes de qualquer procedimento ou medida de fiscalização, relacionados com a infração, em que informada a parcela do tributo a maior paga e ainda não declarada. Após a referida decisão, a PGFN passou a adotar o mesmo entendimento manifestado no referido julgado, conforme se lê no enunciado da ementa do Parecer PGFN/CRJ nº 2.124/2011, que segue reproduzido: A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), notificando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 1 BRASIL. STJ. REsp 1149022/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/06/2010, DJe 24/06/2010. Fl. 185DF CARF MF Processo nº 10880.978911/201281 Acórdão n.º 3302004.931 S3C3T2 Fl. 7 6 No caso, há provas nos autos (fls. 80/82), que a recorrente declarou na DCTF e pagou dentro do prazo de vencimento a Contribuição para o PIS/Pasep do mês de outubro de 2003 no valor de R$ 2.994.807,61. Em seguida, no dia 27/2/2004, após o prazo de vencimento, realizou o pagamento complementar da referida contribuição no valor de R$ 266.755,76, acrescido de juros moratórios de R$ 9.709,91. Após o referido pagamento e antes de qualquer procedimento ou medida de fiscalização, no dia 18/6/2004, a recorrente apresentou a DCTF retificadora com acréscimo do referido valor complementar (fls. 83/84). Em seguida, no dia 20/7/2004, a recorrente realizou o pagamento da multa de mora, referente ao referido valor complementar recolhido fora do prazo de vencimento (fl. 78), objeto do presente do procedimento de compensação. Assim, resta demonstrado que a recorrente realizou pagamento integral do débito complementar, com os acréscimos dos juros moratórios, previamente a apresentação da DCTF retificadora e antes de qualquer procedimento ou medida de fiscalização, portanto, cumpriu as condições necessárias para a configuração da denúncia espontânea da infração, prevista no art. 138 do CTN. Por todo o exposto, votase pelo provimento do recurso voluntário, para reconhecer o direito da recorrente de compensar o débito informado até o valor indevido da multa de mora recolhido." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a recorrente realizou pagamento integral do débito complementar, com os acréscimos dos juros moratórios, previamente a apresentação da DCTF retificadora e antes de qualquer procedimento ou medida de fiscalização, portanto, cumprindo as condições necessárias para a configuração da denúncia espontânea da infração, prevista no art. 138 do CTN. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o Colegiado decidiu dar provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito da recorrente de compensar o débito informado até o valor indevido da multa de mora recolhido.. Fl. 186DF CARF MF
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