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Numero do processo: 11128.003005/2007-59
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2012
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do Fato Gerador: 3/3/2007 Ementa: NULIDADE. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal (Súmula CARF n. 11). DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ENTREGA DE MANIFESTO E CONHECIMENTO PELO AGENTE DE CARGA A DESTEMPO. Não se opera a denúncia espontânea para excluir a multa prevista no art. 107, IV, “e” do Decreto-Lei n. 37/66, por descumprimento da obrigação de apresentar documentos na forma e no prazo estabelecidos pela RFB. Tal multa pode ser aplicada ao agente de carga.
Numero da decisão: 3403-001.655
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal (Súmula CARF n. 11). DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ENTREGA DE MANIFESTO E CONHECIMENTO PELO AGENTE DE CARGA A DESTEMPO. Não se opera a denúncia espontânea para excluir a multa prevista no art. 107, IV, “e” do DecretoLei n. 37/66, por descumprimento da obrigação de apresentar documentos na forma e no prazo estabelecidos pela RFB. Tal multa pode ser aplicada ao agente de carga. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso Antonio Carlos Atulim Presidente. Fl. 157DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz, e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa a autuação a que se refere o presente processo sobre exigência de multa pela prestação em atraso de informações pelo agente de carga. No Auto de Infração, lavrado em 7/5/2007 (fls. 1 a 34), narrase basicamente que: (a) o agente de carga autuado protocolizou junto à Alfândega do Porto de Santos, no dia 5/3/2007, Registro de Manifesto de Carga Consolidada referente a 1 conhecimento de carga “Master”, e 10 conhecimentos de carga “House”, relativos a navio atracado naquele porto em 1/3/2007; (b) a Ordem de Serviço ALF/STS no 4, de 5/11/2001 estabelece que o agente deve entregar à autoridade aduaneira o manifesto acompanhado de cópias dos conhecimentos até o final do expediente do dia útil seguinte ao da efetiva atracação (ou seja, no caso concreto, dia 2/3/2007); (c) a base legal para a exigência dos documentos é o DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003; e (d) a base legal para aplicação da penalidade é o mesmo DecretoLei no 37/1966, art. 107, IV, “e”, também com a redação dada pela Lei no 10.833/2003. Cientificado em 21/5/2007 (fls. 37), o agente de carga, sujeito passivo da presente autuação, apresentou impugnação tempestiva em 18/6/2007 (fls. 38 a 48), alegando, em suma, que: (a) não houve a falta do manifesto, mas tãosomente atraso insignificante na entrega do manifesto de carga, antes do início de qualquer ação fiscal, caracterizandose a denúncia espontânea; (b) a penalidade desrespeita o princípio da reserva legal, pois a Ordem de Serviço não é lei em sentido estrito, e os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade; Fl. 158DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11128.003005/200759 Acórdão n.º 3403001.655 S3C4T3 Fl. 2 3 (c) o Terceiro Conselho de Contribuintes já reconheceu a inaplicabilidade da multa por atraso na entrega de manifesto; e (d) a multa foi enquadrada em valor incorreto, visto que o atraso ocorreu na entrga de um único manifesto, tendo a autoridade multiplicado o valor da multa fixa (R$ 5.000,00) pelo número de conhecimentos de carga “house”. A impugnação foi apreciada em 11/8/2011, pela DRJ/São Paulo II (fls. 111 a 120), que concluiu, em síntese, pela procedência em parte da autuação, mantendose uma única multa de R$ 5.000,00, em acolhimento ao destacado na letra “e” da síntese da impugnação aqui efetuada. Em relação aos demais tópicos, manifestouse o órgão julgador de primeira instância no sentido de que é ponto incontroverso o fato de o agente de carga ter entregue o Registro de Manifesto ao setor competente fora do prazo determinado pela legislação em vigor;e que o ato normativo editado pela Alfândega do Porto de Santos complementa o art. 107, IV, “e” do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003. Cientificada da decisão de primeira instância (AR às fls. 124, com data de recebimento indicada como 1/9/2011), a autuada apresenta RECURSO VOLUNTÁRIO tempestivo em 29/9/2011 (fls. 127 a 137), reiterando a argumentação exposta na impugnação, e adicionando que: (a) o lançamento é nulo, tendo em vista o decurso do prazo (360 dias) indicado no art. 24 da Lei no 11.457/2007 (a impugnação apresentada em 2007 só veio a ser julgada em 2011); (b) ocorreu prescrição intercorrente, de acordo com o disposto na Lei no 9.873/1999; (c) a recorrente tinha a intenção de prestar as informações no prazo regulamentar, não logrando êxito por circunstâncias superiores à sua vontade; e (d) não houve embaraço à atividade fiscal, tendo ocorrido o simples descumprimento de obrigação acessória, que pode ser abarcado pela denúncia espontânea, ou pela aplicação análoga do art. 736 do Decreto no 6.759/2009. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Fl. 159DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. No recurso voluntário, apresentase questão preliminar, levantando eventual nulidade do lançamento, seguida de três discussões a respeito do conteúdo da autuação. Passa se, a seguir, à análise e manifestação sobre cada um dos tópicos apontados pela recorrente. Da preliminar de nulidade Sustenta a recorrente que o lançamento é nulo, tendo em vista a decorrência de aproximadamente 4 anos entre o protocolo de sua impugnação e o julgamento pelo órgão colegiado de primeira instância. Indica como amparo o art. 24 da Lei no 11.457/2007, que dispõe: “Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte.” É cediço que o comando legal indicado inserese em um contexto que busca dotar de maior celeridade o processo administrativo, em consonância com os princípios constitucionais que regem a matéria. Contudo, é preciso reconhecer que não atribuiu o legislador efeito de nulidade ao processo em desacordo com o comando. E poderia têlo feito, se o desejasse, visto que a mesma Lei no 11.457/2007 promove alterações ao Decreto no 70.235/1972, que disciplina o processo administrativo fiscal. Neste Decreto é que se arrolam (art. 59) as causas de nulidade, entre as quais não se encontra a aqui indicada pela recorrente. Também é sabido que no processo há prazos próprios e impróprios, e que estes não acarretam consequências processuais, embora possam ensejar discussões sobre responsabilização funcional, caso o retardo não seja justificável. Vejase, a título ilustrativo, o art. 189 do Código de Processo Civil, que também tem por escopo a celeridade nos julgados: “Art. 189. O juiz proferirá: I os despachos de expediente, no prazo de 2 (dois) dias; II as decisões, no prazo de 10 (dez) dias.” Embora se possa entender o escopo do artigo, afigurase irrazoável dele deduzir que um processo com decisão judicial proferida após dez dias seria objeto de nulidade. No mesmo sentido as observações em relação ao art. 4o do Decreto no 70.235/1972 e ao 24 da Lei no 11.457/2007. Ademais, o art. 24 da Lei no 11.457/2007 possuía dois parágrafos que foram vetados pelo Poder Executivo (veto mantido). Um deles exatamente porque atribuía efeitos ao processo no caso de descumprimento (o § 2o dispunha que “haverá interrupção do prazo, pelo período máximo de 120 dias, quando necessária à produção de diligências administrativas, que deverá ser realizada no máximo em igual prazo, sob pena de seus resultados serem presumidos favoráveis ao contribuinte”). Fl. 160DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11128.003005/200759 Acórdão n.º 3403001.655 S3C4T3 Fl. 3 5 Na mensagem no 140, de 16/3/2007, são esclarecidas as razões do veto presidencial, proposto pelos Ministérios da Fazenda e da Justiça: “Razões do veto “Como se sabe, vigora no Brasil o princípio da unidade de jurisdição previsto no art. 5o, inciso XXXV, da Constituição Federal. Não obstante, a esfera administrativa tem se constituído em via de solução de conflitos de interesse, desafogando o Poder Judiciário, e nela também são observados os princípios do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual a análise do processo requer tempo razoável de duração em virtude do alto grau de complexidade das matérias analisadas, especialmente as de natureza tributária. Ademais, observase que o dispositivo não dispõe somente sobre os processos que se encontram no âmbito do contencioso administrativo, e sim sobre todos os procedimentos administrativos, o que, sem dúvida, comprometerá sua solução por parte da administração, obrigada a justificativas, fundamentações e despachos motivadores da necessidade de dilação de prazo para sua apreciação. Por seu lado, devese lembrar que, no julgamento de processo administrativo, a diligência pode ser solicitada tanto pelo contribuinte como pelo julgador para firmar sua convicção. Assim, a determinação de que os resultados de diligência serão presumidos favoráveis ao contribuinte em não sendo essa realizada no prazo de cento e vinte dias é passível de induzir comportamento não desejável por parte do contribuinte, o que poderá fazer com que o órgão julgador deixe de deferir ou até de solicitar diligência, em razão das conseqüências de sua não realização. Ao final, o prejudicado poderá ser o próprio contribuinte, pois o julgamento poderá ser levado a efeito sem os esclarecimentos necessários à adequada apreciação da matéria.” Derradeiramente, não devemos confundir a celeridade procedimental com a duração razoável do processo (ambas garantidas pelo Texto Constitucional): “Embora seja difícil conceituar precisamente a noção de razoável duração do processo, percebese que tal conceito não está relacionado única e exclusivamente ao “processo rápido” propriamente dito. O processo deve ser rápido o suficiente para dar a resposta apropriada à lide, porém adequadamente longo para garantir a segurança jurídica da demanda. Por tal motivo, o princípio da razoável duração do processo é dúplice, pois tanto a abreviação indevida como o alongamento excessivo são potencialmente danosos ao indivíduo.” 1 Rejeitase, assim, a preliminar de nulidade, passandose à análise de mérito. Da prescrição intercorrente 1 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 6.ed. São Paulo: Dialética, 2012, p.173. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 Alegase ainda no recurso voluntário que houve prescrição intercorrente, de acordo com o disposto na Lei no 9.873/1999. Não merece prosperar tal argumentação. A uma, por estar o processo tributário literalmente excluído do universo de aplicação da lei citada, em seu art. 5o: “Art.5oO disposto nesta Lei não se aplica às infrações de natureza funcional e aos processos e procedimentos de natureza tributária.” (g.n.) E, derradeiramente, por já estar o tema sumulado no âmbito deste CARF: “Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal” Acórdãos paradigmas: Acórdão nº 10321113, de 05/12/2002 Acórdão nº 10419410, de 12/06/2003 Acórdão nº 10419980, de 13/05/2004 Acórdão nº 10515025, de 13/04/2005 Acórdão nº 10707733, de 11/08/2004 Acórdão nº 20207929, de 22/08/1995 Acórdão nº 20302815, de 23/10/1996 Acórdão nº 20304404, de 11/10/1997 Acórdão nº 20173615, de 24/02/2000 Acórdão nº 20176985, de 11/06/2003. Da denúncia espontânea Aduz a recorrente que entregou em atraso a documentação (manifesto de carga e conhecimentos de carga “master” e “house”) à autoridade aduaneira, mas o fez antes do início de qualquer procedimentos fiscal. E acrescenta que o atraso na prestação da informação não trouxe consequências ao Erário, e constituiu apenas descumprimento de obrigação acessória. Inicialmente, destaquese que a visão de que a ocupação da Secretaria da Receita Federal do Brasil nas importações é tributária reflete ideia vetusta e superada. A real finalidade de receber antecipadamente as informações e documentos referentes às cargas não é tributária, estritamente vinculada ao Erário, mas aduaneira, buscando efetuar uma verdadeira gestão prévia da informação de modo a possibilitar uma análise de risco e melhor seleção para conferência durante o despacho de importação. No final do século passado as Aduanas descobriram que não se pode esperar que as cargas cheguem ao País para agir. É preciso obter informações antecipadas para que se possa efetuar uma adequada gestão de risco, de modo a selecionar para conferência as mercadorias que efetivamente tenham um maior potencial de cometimento de irregularidades. Dada a impossibilidade de fiscalização de todo o universo de importações, é preciso selecioná las da melhor forma, e grande parte dos critérios de seleção demandam informação prévia. Daí a necessidade de informação antecipada sobre as cargas. A norma da Alfândega de Santos antecipa algo que veio a se estender ao País todo em 2008, com o início da produção de efeitos da Instrução Normativa RFB no 800/2007: a sistemática análise de risco nas importações, de modo a melhorar a seleção em matéria aduaneira. E quando se trata de matéria aduaneira, não se está envolvendo somente os tributos aduaneiros, mas a defesa da concorrência, do meio ambiente, da saúde, da segurança nacional. Assim, absoltamente improcedente a afirmação de que a não apresentação (ou a apresentação intempestiva) de uma informação antecipada sobre carga seja irrelevante. Pode sêlo sob a ótica do usuário, mas não de uma Aduana preocupada em, de posse de tal Fl. 162DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11128.003005/200759 Acórdão n.º 3403001.655 S3C4T3 Fl. 4 7 informação, efetuar análise de risco para aprimoramento da seleção voltada à conferência aduaneira. O fato de a informação prestada constituirse em obrigação acessória, como argumentado pela recorrente, não lhe retira o grau de importância, tendo em vista o aqui já exposto. Da mesma forma, o descumprimento desta obrigação acessória de prestar a informação sobre a carga na forma e no prazo estabelecidos não se coaduna com o instituto tributário da denúncia espontânea. Daí o DecretoLei no 37/1966 disciplinar a denúncia espontânea, em seu art. 102, com enfoque sensivelmente diferente do art. 138 do Código Tributário Nacional. Da mesma forma, o Regulamento Aduaneiro: diante de diversas manifestações de tribunais administrativos e judiciais, e do Ato Normativo CST no 4, de 17/1/1986, o Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos (Decreto no 4.543/2002), em seu art. 612, § 3o, dispunha que “depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador”. Endossese que este CARF já pacificou entendimento de que a denúncia espontânea não se aplica em caso semelhante (obrigação acessória): “Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração.” Assim, rechaçase a inclusão da situação apresentada (entrega intempestiva de documentos à autoridade aduaneira pelo agente de carga) no âmbito do instituto da denúncia espontânea. Da prestação de informações fora do prazo Tratase, por fim, do fato menos controverso destes autos: a prestação de informações, pelo agente de carga, fora dos prazos estabelecidos pela legislação. Desde a impugnação o autuado confirma a entrega dos documentos (manifesto de carga e conhecimentos de carga) fora do prazo normativamente estabelecido. No recurso voluntário, afirmase que “a recorrente tinha a intenção de prestar as informações no prazo regulamentar, não logrando êxito por circunstâncias superiores à sua vontade”. De início, argumentava o autuado que a conduta na qual incidiu era atípica, visto que não deixou de entregar as informações, mas apenas a entregou fora do prazo, o que a figura sancionatória não contemplava. Procedente seria tal argumentação se a infração tivesse ocorrido antes da vigência da Lei no 10.833/2003, que deu nova redação ao art. 107 do DecretoLei no 37/1966. A redação anterior do inciso VI do art. 107 (correpondente ao art. 522, III do Regulamento Aduaneiro de 1985, referido na jurisprudência trazida pela recorrente), com a redação dada pelo DecretoLei no 751/1969, era: “Art. 107... ... VI de NCr$ 50,00 a NCr$ 100,00 (cinqüenta cruzeiros novos a cem cruzeiros novos) por volume, na hipótese do art.102, pela falta de manifesto ou documento de efeito equivalente ou Fl. 163DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN 8 ausência de sua autenticação, ou ainda, falta de declaração quanto à carga;” Contudo, a redação dada ao art. 107, IV, “e”, pela Lei no 10.833/2003 (que é a penalidade aplicada na autuação) abarca explicitamente a figura da prestação de informações a destempo: “Art. 107... ... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): ... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e A Lei no 10.833/2003 não estabelece só a penalidade, mas também a obrigatoriedade da prestação das informações, ao dar nova redação ao art. 37 do DecretoLei no 37/1966: “Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. ...” Assim, resta perfeitamente tipificada a conduta no enquadramento indicado na autuação, sendo o agente de carga sujeito passivo da relação tributária instaurada, e mantido o quantum objeto de análise pelo julgador a quo. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. Rosaldo Trevisan Fl. 164DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11128.003005/200759 Acórdão n.º 3403001.655 S3C4T3 Fl. 5 9 Fl. 165DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/07/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10935.002595/2010-21
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 31/05/2009, 30/06/2009, 31/07/2009, 31/08/2009, 30/09/2009, 31/10/2009, 30/11/2009, 31/12/2009
CONCOMITÂNCIA. INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. MATÉRIA DISTINTA. INEXISTÊNCIA. SÚMULA CARF 1.
Na propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, cabe ao órgão de julgamento administrativo a apreciação de matéria distinta da constante do processo judicial.
CONCOMITÂNCIA. MATÉRIA DISTINTA. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE.
É nulo, por preterição do direito de defesa, o Acórdão referente ao julgamento de primeira instância que deixa de se manifestar sobre matéria impugnada, distinta da questionada concomitantemente em juízo.
Numero da decisão: 3403-001.891
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para anular o julgamento de primeira instância. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. MATÉRIA DISTINTA. INEXISTÊNCIA. SÚMULA CARF 1. Na propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, cabe ao órgão de julgamento administrativo a apreciação de matéria distinta da constante do processo judicial. CONCOMITÂNCIA. MATÉRIA DISTINTA. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. É nulo, por preterição do direito de defesa, o Acórdão referente ao julgamento de primeira instância que deixa de se manifestar sobre matéria impugnada, distinta da questionada concomitantemente em juízo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para anular o julgamento de primeira instância. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 25 95 /2 01 0- 21 Fl. 264DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente sobre auto de infração (fls. 2 e 181 a 1851) lavrado em 29/4/2010, para exigência de multa regulamentar (prevista no art. 30 da Lei no 11.488/2007) no valor comercial da mercadoria produzida (R$ 46.847.719,15). No termo de verificação fiscal (fls. 174 a 177), informase que a contribuinte, fabricante de bebidas, apesar de intimada duas vezes (20/11/2009 e 12/3/2010) para regularizar a situação em 10 dias, deixou de efetuar o ressarcimento à Casa da Moeda do Brasil pela execução dos procedimentos de integração e manutenção preventiva e corretiva do SICOBE, de que trata a IN RFB no 869/2008, em todas as linhas de produção. Há ação mandamental em curso (no 500005936.2010.404.7005), ajuizada perante a Justiça Federal do Paraná (inicial às fls. 17 a 60), tendo sido o pedido de liminar indeferido e o agravo de instrumento (no 000751406.2010.404.0000/PR) convertido em agravo retido no âmbito do TRF da 4a Região. Cientificada da autuação (em 30/4/2010), a empresa apresentou a impugnação de fls. 187 a 208, sustentando que: (a) o valor comercial da mercadoria não pode incluir o IPI e o ICMSsubstituição destacados nas Notas Fiscais; (b) a exigência é confiscatória e carece de amparo legal, sendo o valor da taxa estabelecido por ato infralegal; (c) são violados ainda os princípios da capacidade contributiva, proporcionalidade, publicidade e isonomia; e (d) a cobrança da taxa do SICOBE para exercício do poder de polícia já exercido pela RFB caracteriza “bis in idem”. Solicita, por fim, o cancelamento da exigência, ou, que a aplicação da multa se dê sem o IPI e o ICMSsubstituição, e que, subsidiariamente, a multa seja aplicada sobre o valor da taxa não paga (R$ 0,03), reduzindose para parâmetros usuais e justos (20%), e que o valor referente à taxa do SICOBE seja compensado com qualquer tributo federal. Em 20/10/2010, no julgamento de primeira instância (fls. 231 a 236), acorda se que houve renúncia ao litígio administrativo em virtude de busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário com o mesmo objeto da autuação, o que impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa competente. Noticiase ainda que houve sentença de mérito (em 25/8/2010), ainda não definitiva, proferida no mandado de segurança impetrado pela empresa, concedendo a segurança, e declarando a inconstitucionalidade da “taxa” SICOBE e a ilegalidade da aplicação da multa de 100% do valor comercial da mercadoria. A empresa apresenta recurso voluntário em 19/1/2011 (fls. 242 a 247), no qual argumenta que: (a) houve erro no julgamento de primeira instância, pois a matéria do recurso administrativo (discussão da base de cálculo da autuação) difere da demandada judicialmente; (b) a multa deve ser aplicada, conforme estabelece o art. 30 da Lei no 11.488/2007, sobre o valor comercial da mercadoria, e tal valor não inclui o IPI e o ICMS substituição, tributos que não fazem parte do valor comercial do produto; e (c) a base de 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 265DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10935.002595/201021 Acórdão n.º 3403001.891 S3C4T3 Fl. 265 3 cálculo do IPI estabelecida no art. 47, II, “a” do CTN deixa claro que o valor comercial é a base de cálculo. Solicita, por fim, o cancelamento do lançamento, a determinação de retorno à primeira instância para julgamento em relação à matéria não questionada judicialmente, ou a aplicação da multa sem considerarse os valores de IPI e ICMSsubstituição tributária. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Incumbe analisar preliminarmente se há identidade entre a matéria discutida administrativamente e a discutida judicialmente, alegação central da recorrente em sede de Recurso Voluntário. Da existência de concomitância A ação judicial interposta em 22/2/2010 (fls. 19 a 62) buscava (inclusive liminarmente) suspensão dos efeitos, da aplicabilidade e da exigibilidade da Instrução Normativa no 943/2009, do Ato Declaratório Executivo RFB no 61/2008, do Termo de Diligência Fiscal no 09.01.03.00.2009012220 e do art. 58T da Lei no 10.833/2003, “autorizando a impetrante a não efetuar o recolhimento da taxa SICOBE sobre cada unidade de produto produzida, determinando que se abstenha (sic) a Receita Federal do Brasil e a Casa da Moeda, de aplicar contra a impetrante quaisquer multas, penalidade ou autuações, inscrição da empresa em dívida ativa, no Cadin e em órgão de proteção ao crédito, de forma a evitar lesão de difícil e incerta reparação. Os fundamentos da ação, em síntese, são: (a) a ausência de previsão em lei de alíquota, base de cálculo e/ou valor do tributo/taxa; (b) violação aos princípios da proporcionalidade, da publicidade, da isonomia e da capacidade contributiva; (c) ausência de finalidade da taxa, que constitui um “bis in idem” em relação ao controle já efetuado na produção; (d) não observância da capacidade produtiva na aplicação, e impossibilidade de delegação aberta, caso a natureza seja de ressarcimento (para argumentar); (e) inaplicabilidade penalidade estabelecida na Instrução Normativa, sobre o valor comercial do produto, por violação aos princípios da legalidade e do nãoconfisco; e (f) violação à destinação constitucionalmente estabelecida para os tributos. No momento da autuação (29/4/2010), não havia nenhum impeditivo judicial ao feito: a ação judicial já havia sido liminarmente apreciada e indeferida (fls. 64 e 65 24/2/2010), tendo a recorrente interposto agravo de instrumento, convertido em agravo retido pelo TRF da 4a Região (fls. 66 e 67 5/4/2010), o que não implicou alteração do conteúdo da decisão monocrática. Na impugnação de fls. 187 a 208 (datada de 19/5/2010), a recorrente silencia sobre a ação judicial, e efetua basicamente os mesmos questionamentos na via administrativa. Vejase que dos quatro temas tratados na impugnação, citados no relatório que antecede o presente voto, apenas um não foi expressamente questionado em juízo: a abrangência da Fl. 266DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 4 expressão “valor comercial da mercadoria” na penalidade aplicada (com inclusão ou não do IPI e do ICMSsubstituição destacados nas Notas Fiscais). É justamente com respeito a este tema que o Recurso Voluntário vem a defender não ter havido concomitância entre a via administrativa e a judicial. Na ação judicial, ao questionar a multa que seria depois a ela aplicada pelo fisco, a recorrente não parecia ter dúvida sobre o conteúdo da expressão “valor comercial”. Vejase o único excerto da petição inicial em que se trata reflexamente do tema: “Assim, por exemplo, se não há recolhimento do IPI, o contribuinte deve pagar multa pelo atraso sobre o valor não recolhido do IPI e nunca sobre o valor comercial do produto. E assim em todos os tributos existentes, e também nas relações privadas, ou seja, a multa deve ser pautada no valor do descumprimento da obrigação. Excelência, vejase o absurdo que referida instrução normativa ocasiona, pois se considerarmos como preço médio de uma lata de cerveja 350 ml o valor de R$ 1,50 (um real e cinquenta) a aplicação de multa de 100% sobre o valor comercial do produto, conforme estipula a referida instrução normativa resultaria em multa de R$ 1,50 (um real e cinquenta) por lata.” A alegação de diferença de conteúdo entre “preço de venda” e “valor comercial” surge na impugnação administrativa à autuação. Em tópico específico (intitulado “erro de cálculo base de cálculo incorreta auto de infração ilíquido e inexigível prejuízo latente ao contribuinte nulidade”), sustenta a recorrente que: “Para obterse o valor comercial é preciso (sic) a nota fiscal de cada produto vendido e neste caso, jamais considerar o valor total da nota fiscal, pois neste há a cobrança destacada do valor do produto, do IPI e do ICMS Substituição Tributária, tributos que não fazem parte do valor comercial do produto. Ocorre que a fiscalização considerou como base de cálculo da multa o valor de venda total constante nas notas fiscais, ou seja, acabou de maneira direta fazendo incidir uma multa sobre o valor do IPI e ICMS Substituição Tributária, impostos que notoriamente são destacados em separado no documento fiscal, para serem cobrados dos destinatários (contribuintes de fato) e recolhidos aos cofres públicos pelo responsável tributário (contribuinte de direito), neste caso concreto a requerente. Tal fato, além de majorar de forma relevante e injustificável o auto de infração ora impugnado, o torna ilíquido e inexigível, pois considerando que a base está incorreta, todo o cálculo e apuração da multa, por óbvio também está, de forma a ser nulo o presente auto de infração” (grifo nosso) Em relação a todos os demais temas discutidos, v.g. natureza da cobrança (taxa/ressarcimento), legalidade da cobrança (inclusive da multa), proporcionalidade, e existência de confisco, patente a concomitância, sendo diversos excertos da petição judicial e da impugnação administrativa literalmente os mesmos. Inquestionável, assim, a concomitância, a ponto de a própria recorrente reconhecêla, restringindo o Recurso Voluntário ao tema da abrangência da expressão “valor comercial”, e sua desconsideração pelo julgador de primeira instância. Fl. 267DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10935.002595/201021 Acórdão n.º 3403001.891 S3C4T3 Fl. 266 5 Compulsando os autos, entendemos não existir concomitância em relação ao tema da citada discussão sobre o “valor comercial” da mercadoria. Vejase que na hipótese de procedência da demanda judicial da recorrente, pouca relevância teria a discussão, pois a multa seria indevida. Contudo, se improcedente o pleito judicial, a discussão é não só recomendável, mas necessária. Consultando o sítio do Tribunal Regional Federal na 4a Região Fiscal, verificase que na Ação (Mandado de Segurança) no 500005936.2010.404.7005, embora a recorrente tenha obtido sentença favorável (25/8/2010), em sede de reexame necessário pelo TRF (5/7/2012) a segurança foi denegada, nos seguintes termos: “TRIBUTÁRIO. SISTEMA DE CONTROLE DE PRODUÇÃO DE BEBIDAS SICOBE. ART. 58T. LEI Nº 11.827/2008. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RELAÇÃO DE DIREITO PÚBLICO. OBRIGAÇÃO DE RESSARCIR OS CUSTOS INCORRIDOS PELA CASA DA MOEDA. RELAÇÃO DE DIREITO PRIVADO. AUSÊNCIA DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DOS TRIBUTOS. FIXAÇÃO DOS VALORES DO RESSARCIMENTO POR ATO DA RECEITA FEDERAL. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. MULTA PELO NÃO FUNCIONAMENTO REGULAR DO SICOBE. LEGALIDADE. 1. O art. 58T da Lei nº 11.827/2008 institui obrigação tributária acessória, cujos sujeitos são os fabricantes de bebidas frias e a União, que tem por objeto a instalação de equipamentos contadores de produção e aparelhos para controle, registro, gravação e transmissão dos quantitativos medidos. 2. O regime jurídico da nova obrigação acessória de instalação do SICOBE deve observar os arts. 27 a 30 da Lei nº 11.488/2007. 3. Há outra obrigação na Lei nº 11.827/2008, completamente distinta da obrigação tributária acessória posta no caput do art. 58T, porquanto os sujeitos são a Casa da Moeda do Brasil e os fabricantes de bebidas. Tratandose de uma relação jurídica de direito privado, assomase a conclusão de que a obrigação de ressarcir os custos incorridos pela Casa da Moeda do Brasil não se amolda à categoria de tributo, ainda que se constitua uma prestação pecuniária compulsória. 4. Não se caracteriza a obrigação de instalação e utilização dos instrumentos de controle, sob a responsabilidade da Casa da Moeda, como exercício do poder de polícia ou utilização de serviço público específico e divisível, justamente porque não estão presentes os elementos essenciais dessa espécie de tributo. 5. A prestação devida pelo fabricante de bebidas à Casa da Moeda do Brasil nada mais é do que o ressarcimento de custos pelo fornecimento de instrumentos de controle, cuja finalidade é facilitar a fiscalização tributária. Assemelhase a utilização do SICOBE ao dever de emitir notas fiscais ou de manter a escrituração contábil, sempre tendo em mente, porém, uma diferença crucial: os custos do controle são objeto de relação Fl. 268DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 6 jurídica própria, em que os sujeitos não são os mesmos da relação jurídica que estabeleceu a obrigação acessória. 6. Afastada a natureza tributária dos custos de utilização do SICOBE, a fixação dos valores do ressarcimento por ato da Secretaria da Receita Federal, não viola o princípio da reserva legal. A própria lei atribuiu à SRF a incumbência de fixar a remuneração pelos serviços prestados pela Casa da Moeda aos contribuintes, em razão das atividades de instalação e manutenção do SICOBE, para o cumprimento de uma obrigação acessória, essa sim instituída necessariamente por lei em sentido formal. Frisese mais uma vez, tratase de um ônus de ressarcimento de custos, não de um tributo; por essa razão, não se exige que seus elementos quantitativos sejam estabelecidos por lei. 7. Considerando que os dispêndios exigidos para a operação e manutenção do sistema são extremamente onerosos, os valores cobrados a título de utilização do SICOBE são razoáveis, incorporandose à atividade produtiva como custos indiretos de produção. Cumpre acrescentar que o legislador concedeu aos contribuintes crédito presumido de PIS/COFINS em valor equivalente ao ressarcimento pago à Casa da Moeda, neutralizando o seu impacto econômico. 8. A multa pelo não funcionamento regular do SICOBE decorre do disposto no parágrafo 1º do art. 30 da Lei nº 11.488/2007, que tipifica a conduta prejudicial ao normal funcionamento do sistema, após a sua instalação, como impedimento criado pelo estabelecimento industrial, nos termos do inciso I. Não é a ausência de ressarcimento dos custos do SICOBE o elemento essencial do tipo, mas sim a falta de manutenção do sistema de controle da produção, em decorrência do não pagamento, que é identificada pelo art. 30 da Lei nº 11.488/2007 como prática prejudicial ao normal funcionamento do sistema. 9. A Instrução Normativa nº 869/2008 apenas explicita que constitui prática prejudicial ao normal funcionamento do sistema a falta de manutenção preventiva e corretiva, informada pela Casa da Moeda, em virtude do não ressarcimento dos custos do SICOBE, em conformidade com a Lei que, ao cominar a sanção, prevê como fato típico qualquer ação ou omissão praticada pelo fabricante que prejudique o normal funcionamento do SICOBE. O regulamento não institui novo fato típico, mas tão somente descreve uma prática que se amolda à conduta descrita na lei.” 2 Em que pese ainda não ser definitiva a decisão do tribunal judicial, percebe se mais uma vez que não se está discutindo em juízo se a expressão “valor comercial” da multa se referia ao preço da mercadoria, como sugeria a petição inicial da recorrente em juízo, ou a 2 TRF4, 1a Turma, Apelação/Reexame Necessário no 500005936.2010.404.7005/PR, Rel. Des. Joel Ilan Paciornik, unânime, 4.jul.2012. Disponível em: <https://eproc.trf4.jus.br/eproc2trf4/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=4134150464913166 1110000000004&evento=41341504649131661110000000001&key=253ecebe73ffb8064dcdd68fbb148b10fddf59 c31634b8835e9ad9dfa40fc67c>. Acesso em 25.jan.2013. Fl. 269DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10935.002595/201021 Acórdão n.º 3403001.891 S3C4T3 Fl. 267 7 tal preço subtraído de IPI e ICMSSubstituição, como propugnava a recorrente em sua impugnação administrativa. De qualquer modo, resta analisar se nosso entendimento de que não há concomitância entre as demandas administrativa e judicial estritamente nesse tópico enseja reversão parcial ou nulidade do julgamento de primeira instância. Do julgamento de primeira instância No julgamento de piso, a discussão sobre a expressão “valor comercial” é explícita no relatório, no qual se narra (fl. 232) que a recorrente “sustenta que o valor comercial da mercadoria, base de cálculo da multa, não pode incluir o IPI e o ICMS Substituição destacados nas Notas Fiscais, ...”. O julgador a quo, ao apontar a existência de ação judicial (Mandado de Segurança em comento), no entanto, sintetiza que “é insofismável a caracterização da concomitância de objeto entre a exigêncioa tributária e a demanda judicial, à luz do conteúdo da exordial”, remetendo diretamente ao Ato Declaratório Normativo COSIT no 3/1996, que afirma que a propositura de ação judicial, antes ou depois da autuação, com o mesmo objeto, importa renúncia às instâncias administrativas, devendo o julgador não tomar conhecimento da matéria comum. Vejase que o julgador transcreve ainda o excerto do Ato Declaratório (alínea “b”) que trata do prosseguimento normal do processo no que se relaciona a matéria diferenciada (como aspectos formais do lançamento, base de cálculo etc). O teor do Ato Declaratório é semelhante ao da Súmula CARF no 1: “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”. (grifo nosso) É inegável que tanto administrativa quanto judicialmente se discutiu o cabimento da multa, a existência de caráter confiscatório e a ausência de proporcionalidade. Ocorre que administrativamente a empresa apresentou, ad argumentandum tantum, caso sua sustentação pela inaplicabilidade da multa não prosperasse, que dela fosse excluído o valor de IPI e ICMSSubstituição. E isso exclusivamente no foro administrativo. Não há no Acórdão da DRJ (a não ser no relatório, como comentado) referência expressa ao tema do “valor comercial” (assim como não há referência expressa a nenhum outro tema, tendo o voto sido conduzido em torno da concomitância), possivelmente porque o julgador: (a) não detectou que a matéria estava ausente na ação judicial; ou (b) detectou a ausência, mas mesmo assim entendeu que havia concomitância. Ocorrendo a hipótese “b” acima, e apresentando o julgador a justificativa para seu entendimento explicitamente em relação ao tema ausente, não haveria motivação para nulidade do acórdão. No máximo, poderia o julgador do CARF concluir em sentido contrário, de que não havia a concomitância, e apreciar a matéria, sem que isso ensejasse a nosso ver supressão de instância. Fl. 270DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN 8 Diferente, no entanto, é o caso de que trata o presente processo, no qual o julgador de primeira instância não analisa a argumentação apresentada exclusivamente na via administrativa (referente ao “valor comercial”), incluindoa sem justificativa expressa no bojo da concomitância. A ausência de análise, nesse contexto, ocasiona cerceamento do direito de defesa, e o tratamento inaugural da matéria por este CARF pode ser percebido como supressão de instância administrativa. Resta, assim, declarar a nulidade do Acórdão referente ao julgamento de primeira instância, pela preterição do direito de defesa (com fundamento no art. 59, II do Decreto no 70.235/1972). Objetivando considerações úteis ao prosseguimento e à solução do processo, com base no § 2o do art. 59 do Decreto no 70.235/1972, declarase a nulidade do Acórdão no 1431.280, da 2a Turma da DRJ/RPO, exarado no presente processo (afetando as peças processuais que lhe sucedem), devendo a DRJ, em seu novo julgamento, manifestarse expressamente sobre a matéria questionada exclusivamente na via administrativa (abrangência do termo “valor comercial”). Rosaldo Trevisan Fl. 271DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2013 por ROSALDO TREVISAN
score : 1.0
Numero do processo: 13896.000058/2007-42
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/08/2006
Ementa:
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DE ICMS.
Na sistemática da não cumulatividade, o valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep.
AFASTAMENTO ADMINISTRATIVO DE NORMA INCONSTITUCIONAL. HIPÓTESES EXCEPCIONAIS DE AUTORIZAÇÃO.
Há vedação ao afastamento administrativo de norma por inconstitucionalidade (art. 26-A do Decreto no 70.235/1972 e Súmula CARF no 2). Excepcionalmente, a norma inconstitucional pode ser administrativamente afastada nas hipóteses referidas no § 6o do art. 26-A do Decreto no 70.235/1972.
Numero da decisão: 3403-001.774
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em, negar provimento ao recurso.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DE ICMS. Na sistemática da não cumulatividade, o valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep. AFASTAMENTO ADMINISTRATIVO DE NORMA INCONSTITUCIONAL. HIPÓTESES EXCEPCIONAIS DE AUTORIZAÇÃO. Há vedação ao afastamento administrativo de norma por inconstitucionalidade (art. 26A do Decreto no 70.235/1972 e Súmula CARF no 2). Excepcionalmente, a norma inconstitucional pode ser administrativamente afastada nas hipóteses referidas no § 6o do art. 26A do Decreto no 70.235/1972. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em, negar provimento ao recurso. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 00 00 58 /2 00 7- 42 Fl. 113DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente processo sobre pedido de restituição e compensação referente a contribuições para o PIS/Pasep, que entende a recorrente ter recolhido indevidamente no período de outubro de 2004 a agosto de 2006, em virtude de inclusão do ICMS na base de cálculo da referida contribuição. A análise do pedido foi efetuada pelo Parecer SEORT/DRF/OSA no 74/2007 (fls. 37 a 45), no qual não se reconheceu o direito creditório e não se homologou quaisquer compensações feitas pelo contribuinte, sustentandose que: (a) o montante relativo ao ICMS compõe o faturamento, ou, digase, receita bruta da empresa, e dessa forma integra a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep; (b) se fosse aceita a tese da exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep, estarseia alterando o conceito de faturamento para algo próximo ao conceito de lucro, transgredindo o exigido pelo art. 110 do CTN, que veda a alteração da definição, do conteúdo ou alcance dos institutos, conceitos e formas do direito privado utilizados na Constituição; (c) o pedido de restituição/compensação deve ser desconsiderado pois o contribuinte não utilizou o Programa PER/DCOMP para formulação (arts. 31 e 76 da IN SRF no 600/2005); e (d) a contribuição para o PIS/Pasep é tributo cujo encargo financeiro é transferido para terceiros (art. 166 do CTN), e que inexiste documento comprobatório de que a interessada assumiu o encargo financeiro relativo à contribuição, ou de que está expressamente autorizada por quem assumiu o referido encargo. Cientificado da decisão em 13/02/2007 (AR às fls. 47), o contribuinte apresenta manifestação de inconformidade (fls. 48 a 65) em 08/03/2007, pedindo a suspensão da exigibilidade dos débitos objeto das declarações de compensação anexadas aos autos e alegando, em síntese, que: (a) o fato gerador da contribuição para o PIS/Pasep é o faturamento e este deve ser restrito àquilo que o contribuinte fatura, não podendo ser ampliado o conceito para incluir o faturamento obtido por outra pessoa, como é o caso do ICMS que é faturado pelo Estado; Fl. 114DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13896.000058/200742 Acórdão n.º 3403001.774 S3C4T3 Fl. 113 3 (b) admitir que o ICMS faça parte da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep fere o princípio da capacidade contributiva e tem efeito confiscatório; (c) não pode a lei que instituiu a contribuição para o PIS/Pasep alterar o conceito de faturamento utilizado expressamente na Constituição Federal, conforme previsão do art. 110 do CTN; (d) fere o direito de petição previsto no art. 5o, XXXIV, “a”, da Constituição Federal, a desconsideração do pedido de restituição/compensação pela não utilização do programa PERD/COMP (art. 31 e 76 da IN SRF no 600/2005); e (e) contribuição para o PIS/Pasep é tributo direto, ao qual não se aplica o disposto no art. 166 do CTN. A manifestação de inconformidade foi apreciada em 23/10/2007, pela DRJ/Campinas (fls. 76 a 78), que não reconheceu o direito creditório em litígio e não homologou a compensação, mantendo a integralidade dos débitos, asseverando que: (a) a suspensão da exigibilidade dos débitos objeto do presente pleito independe de manifestação administrativa, posto que decorre de disposição legal; (b) apesar de o Parecer SEORT/DRF/OSA no 74/2007 ter proposto a desconsideração do pedido de restituição/compensação feito em desconformidade com a IN SRF no 600/2005, o Despacho Decisório de fls. 43/44 não fez referência a essa questão, indeferindo no mérito o pleito de restituição, e não homologando a compensação; (c) o contribuinte tem legitimidade para pedir a repetição de indébitos referentes à contribuição para o PIS/Pasep, pois essa contribuição não é um tributo que comporte, por sua natureza, transferência jurídica do respectivo encargo financeiro; (d) a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep é o faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica, entendida esta como a totalidade das receitas auferidas, sendo irrelevantes o tipo de atividade exercida e a classificação contábil adotada (Leis no 9.718/1998, no 10.637/2002, e no 10.833/2003); (e) a Lei no 9.718/1998 expressamente permite a exclusão do ICMS Substituição da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep, deixando claro, a contrario sensu, que o ICMS devido pela interessada compõe a base de cálculo da referida contribuição; e (f) é defeso aos órgãos administrativos apreciar a inconstitucionalidade de lei, ainda que sob o pretexto de deixar de aplicála ao caso concreto. Fl. 115DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 4 Cientificada da decisão de primeira instância em 28/10/2008 (fls. 86), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 27/11/2008 (fls. 90 a 98), sustentando basicamente os mesmos argumentos expressos na Manifestação de Inconformidade, e defendendo a possibilidade de a administração pública deixar de aplicar legislação que afronte a Constituição Federal. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Após o julgamento de primeira instância, restam contenciosos o tema principal deste processo (se a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep engloba o ICMS) e um tema que o circunda: a possibilidade de afastamento pelo julgador administrativo de norma que afronte a Constituição Federal. Da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep Em relação à inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep, é de se destacar que a Lei que regula a matéria (no regime não cumulativo, que é o tratado nos autos) é a de no 10.637/2002, que dispõe em seu art. 1o: “Art. 1º A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2º A base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep é o valor do faturamento, conforme definido no caput. § 3º Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: (...) III auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; (...) VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de Fl. 116DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13896.000058/200742 Acórdão n.º 3403001.774 S3C4T3 Fl. 114 5 créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” (grifo nosso) O texto normativo apresenta a base de cálculo no § 2o de seu art. 1o, a partir do conceito de faturamento do caput, detalhado no § 1o. E no § 6o são relacionadas as exclusões, entre as quais não se encontra menção ao ICMS pago (apesar de haver menção expressa de exclusão à transferência onerosa a terceiros de ICMS originado de operações de exportação). Assim, por ausência de previsão legal, descabe a exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep. Entender de forma diversa da expressa na lei, face a princípios de ordem constitucional, implicaria análise administrativa de constitucionalidade que, como se informará adiante (no tópico intitulado “do afastamento administrativo de norma inconstitucional”), não é passível de execução na hipótese dos presentes autos. E, também, entender de forma diversa da expressa na lei com fundamento em jurisprudência relativa ao regime cumulativo não se afigura pertinente, como se trata a seguir. A contribuição para o PIS/Pasep sujeitase ao regime cumulativo (disciplinado pela Lei no 9.718/1998 e pela Medida Provisória no 2.15835/2001), ao regime não cumulativo (tratado nas Leis no 10.637/2002, no 10.833/2003, no 10.864/2004, e no 10.925/2004), ou ainda a regimes especiais (v.g., com bases de cálculo e/ou alíquotas diferenciadas ou substituição tributária, estabelecidos por legislação específica). Observandose a situação exposta e os documentos apresentados neste processo (v.g., os documentos de fls. 10 a 12), reiterase que se está aqui a tratar do regime não cumulativo. Descabe, assim, analisar a questão sob o prisma da legislação e dos entendimentos jurisprudenciais relacionados ao regime cumulativo da Lei no 9.718/1998. Aliás, assim já entendeu unanimemente esta mesma turma, há alguns meses: “A leitura do inteiro teor da sentença (fls. 154 a 157) e do acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (fls. 158 a 162) revela que, conquanto o mandado de segurança tenha sido ajuizado em 29/11/2006, seu objeto restringese à exclusão do ICMS das bases de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins apuradas no regime cumulativo, ou seja sob a égide da Lei nº 9.718/98 O RE nº 574.706 está submetido ao regime do art. 543B do CPC, conforme revela pesquisa efetuada na página sobre repercussão geral do STF (tema 69). Esta pesquisa revelou que a questão constitucional que será decidida tanto o RE nº 240.785, quanto no RE nº 574.706, versa sobre a inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições no regime cumulativo. É evidente que os limites objetivos deste mandado de segurança não abrangem a apuração das bases de cálculo do PIS e Cofins no regime não cumulativo, que é o caso dos autos. A empresa não poderá utilizar a norma individual e concreta emanada desta decisão judicial para excluir o ICMS das bases de cálculo das contribuições apuradas sob o regime das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. Fl. 117DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN 6 (...)1” (grifos no original) Do afastamento administrativo de norma inconstitucional A possibilidade de afastamento pelo julgador administrativo de norma que afronte a Constituição Federal é excepcionalmente reconhecida no § 6o do art. 26A do Decreto no 70.235/1972, com a redação conferida pela Lei no 11.941/2009, para as hipóteses ali relacionadas (que, destaquese, não se fazem presentes neste processo). Contudo, a regra geral é pela vedação de apreciação administrativa de constitucionalidade, como se percebe na redação do caput do referido artigo 26A: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II – que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993.” (grifo nosso) Impendese informar derradeiramente que neste CARF a matéria já está totalmente pacificada: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan 1 CARF, Acórdão 340301.480, 3a Seção, 4a Câmarea, 3a Turma Ordinária, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime, Sessão de 21.mar.2012. Fl. 118DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 13896.000058/200742 Acórdão n.º 3403001.774 S3C4T3 Fl. 115 7 Fl. 119DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/10/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 14/10/2012 por ROSALDO TREVISAN
score : 1.0
Numero do processo: 13807.006964/2004-60
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. AUSÊNCIA. INDICAÇÃO DE ATO ESTATAL DE OPOSIÇÃO POR MORA NA ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO.
O crédito referente a ressarcimento de IPI está sujeito a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização, presente a oposição estatal por ação ou omissão (mora na análise do pedido).
Numero da decisão: 3403-001.842
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. AUSÊNCIA. INDICAÇÃO DE ATO ESTATAL DE OPOSIÇÃO POR MORA NA ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO. O crédito referente a ressarcimento de IPI está sujeito a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização, presente a oposição estatal por ação ou omissão (mora na análise do pedido).
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OMISSÃO. AUSÊNCIA. INDICAÇÃO DE ATO ESTATAL DE OPOSIÇÃO POR MORA NA ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO. O crédito referente a ressarcimento de IPI está sujeito a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização, presente a oposição estatal por ação ou omissão (mora na análise do pedido). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim (presidente), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 7. 00 69 64 /2 00 4- 60 Fl. 921DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Tratase de embargos de declaração opostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional ao Acórdão nº 340301.737, de 22 de agosto de 2012, sob o fundamento de omissão. Alega a embargante que o voto condutor aduziu que “no julgamento do REsp 1.035.847, sob a relatoria do Ministro Luiz Fux, em procedimento previsto para os recursos repetitivos, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido de considerar que a resistência oposta pelo fisco em face da utilização do direito de crédito de IPI retira desse crédito a sua natureza escritural”. E que “para evitar o enriquecimento sem causa da Fazenda Nacional, exsurge a legitimidade da atualização dos créditos presumidos do IPI pela taxa Selic, desde a data do protocolo do pedido”. Transcrevendo a ementa do julgado, sustenta a embargante que não houve o pressuposto que ensejou o julgado proferido pelo STJ (pois não houve qualquer ato de oposição estatal à utilização do crédito pleiteado pelo contribuinte, sequer mesmo de natureza legislativa). Afirma que o acórdão embargado é omisso, pois não aponta os fundamentos (fáticos) que assemelham o feito àquele no qual foi proferido o recurso especial repetitivo. Noutros termos, alega que o acórdão carece de fundamentação (vício da omissão) quando deixa de apontar o ato de oposição estatal, tendo em vista que “não restou configurada a oposição constante de ato estatal a que alude o julgado do STJ nem na forma de ação, tampouco na forma de omissão (mora na análise do pedido)”. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os embargos de declaração preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento. A ementa do Acórdão embargado, exatamente no excerto objeto dos embargos, dispõe: “RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. CABIMENTO. O crédito referente a ressarcimento sujeitase a atualização monetária (Taxa SELIC), a partir do pedido, até a data de sua efetiva utilização. Matéria já apreciada pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos.” Analisandose a parte do voto no qual se discute a matéria em questão, percebese que também resta transcrita a ementa do julgamento do STJ sobre o tema, na sistemática dos recursos repetitivos: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. Fl. 922DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13807.006964/200460 Acórdão n.º 3403001.842 S3C4T3 Fl. 922 3 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” 1 (grifos nossos) Continuando a leitura do texto do voto condutor do acórdão, unanimemente acatado na parte que se refere à atualização monetária do ressarcimento, percebese que o julgamento do STJ cuja ementa foi transcrita “remete à oposição constante de ato estatal, que poderia ser interpretada tanto na forma de ação (indeferimento do pleito) quanto de omissão (mora na análise do pedido)” e que “isso exsurge da própria situação fática que enseja o acórdão, relatada pelo Min. Luiz Fux (vejase que não houve indeferimento no caso, mas mora na análise)”: “Noticiam os autos que MINUANO PNEUS E ADUBOS LTDA., em 29.06.2005, ajuizou ação ordinária em face da FAZENDA NACIONAL, pleiteando a restituição dos valores correspondentes à correção monetária desde a data de apuração do saldo credor de IPI até a data da efetiva compensação. Informou que requerera a restituição dos créditos do IPI do período de agosto de 2000 e outubro de 2001, mas somente no ano 2005 foi comunicada do deferimento do pedido. Destacou que apesar de terem sido reconhecidos os créditos, a autoridade fiscal apurou débitos do PIS e COFINS e 1 REsp 1.035.847RS, Primeira Seção, Rel. Ministro Luiz Fux, unânime, julgado em 24.jun.2009. Fl. 923DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 por esse motivo, iria proceder à compensação dos valores. Argumentou que os débitos das contribuições seriam atualizadas monetariamente, enquanto os créditos do IPI seriam utilizados no seu valor nominal, causando violação ao princípio da isonomia.” 2 (grifos nossos) A situação presente nestes autos não é diferente daquela tratada pelo STJ. Ilustrese com excerto do relatório do acórdão embargado: “Versa o presente processo sobre pedido de ressarcimento de IPI, referente ao 3o trimestre de 2003, apresentado por meio de PER/DCOMP transmitida em 30/01/2004 (fls. 2 a 37). Após decisão judicial interlocutória medida liminar em mandado de segurança impetrado pela recorrente, para que fossem apreciadas todas suas solicitações de ressarcimento em 30 dias (fls. 40 a 42), e a correspondente verificação fiscal, encerrouse a ação fiscal por meio do Termo de fls. 407, acompanhado do Relatório Fiscal de fls. 408 a 410.” “Por meio do despacho decisório de fls. 418 a 423, a Delegacia da Receita Federal da Administração Tributária em São Paulo (DERAT) concede parcialmente o ressarcimento, com as adequações e glosas indicados no Relatório Fiscal, e informando adicionalmente sobre a impossibilidade de atualização dos valores a serem ressarcidos, visto ser a medida um incentivo fiscal, e não meramente uma restituição de indébito”. (grifo nosso) Vejase que a empresa transmitiu seu pedido de ressarcimento em 30/01/2004, e teve que se socorrer de decisão judicial para que o fisco iniciasse a respectiva análise. Obtida a tutela jurisdicional (em setembro de 2004 fls. 40 a 42 do processo / ou fls. 529 a 531 do “arquivo pdf” constante no eprocessos), que determinou que o fisco analisasse o pedido em 30 dias, sob pena de multa diária, iniciouse o trabalho fiscal, que culminou no deferimento parcial do ressarcimento, negandose a atualização monetária (em janeiro de 2006 fls. 418 a 423 do processo / ou fls. 914 a 920 do “arquivo pdf” constante no eprocessos). Flagrante, assim, o ato de oposição estatal por mora na análise do pleito, tanto que ensejou a invocação da tutela jurisdicional para reparo, como descrito no relatório do acórdão embargado. Improcedente, então, a argumentação da embargante no sentido de que há omissão no acórdão porque “não restou configurada a oposição constante de ato estatal a que alude o julgado do STJ nem na forma de ação, tampouco na forma de omissão (mora na análise do pedido)”. O voto condutor aponta explicitamente que a oposição estatal caracterizase não só pela ação, mas pela mora na análise do pedido, que inegavelmente se faz presente nestes autos, como flagrado acima. Cristalina, assim, a similitude fática entre o caso em análise e o julgado pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.035.847/RS), presente na simples leitura dos textos dos relatórios e votos condutores de ambos os acórdãos. Ausente a omissão apontada, voto pela rejeição aos embargos de declaração, mantendose o teor do Acórdão nº 340301.737, de 22 de agosto de 2012, que admite a atualização monetária do crédito a ser ressarcido, com os mesmos atributos da atualização dos 2 Idem. Fl. 924DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13807.006964/200460 Acórdão n.º 3403001.842 S3C4T3 Fl. 923 5 créditos administrados pela RFB, tendo como termo inicial a data de registro do pedido (transmissão da PER/DCOMP), e como termo final a data de sua efetiva utilização (seja mediante compensação, ou ressarcimento em espécie). Rosaldo Trevisan Fl. 925DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 19515.003249/2004-37
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri May 03 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/08/1999 a 31/05/2000, 01/07/2000 a 31/01/2003, 01/03/2003 a 30/04/2003, 01/08/2003 a 31/10/2003, 01/12/2003 a 31/12/2003, 01/02/2004 a 29/02/2004, 01/04/2004 a 30/09/2004
COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL. RELATIVIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. VEDAÇÃO. SÚMULA 487 DO STJ.
É vedada a relativização administrativa da coisa julgada, em função de superveniente decisão do STF com repercussão geral reconhecida, especialmente na hipótese de que trata a Súmula no 487 do STJ, que reflete o entendimento externado no REsp no 1.189.619/PE, sob a sistemática dos recursos repetitivos.
Numero da decisão: 3403-001.945
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1842; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T3 Fl. 1.546 1 1.545 S3C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.003249/200437 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3403001.945 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 19 de março de 2013 Matéria AUTO DE INFRAÇÃOPIS E COFINS Recorrente SULLAIR DO BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/08/1999 a 31/05/2000, 01/07/2000 a 31/01/2003, 01/03/2003 a 30/04/2003, 01/08/2003 a 31/10/2003, 01/12/2003 a 31/12/2003, 01/02/2004 a 29/02/2004, 01/04/2004 a 30/09/2004 COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL. RELATIVIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. VEDAÇÃO. SÚMULA 487 DO STJ. É vedada a relativização administrativa da coisa julgada, em função de superveniente decisão do STF com repercussão geral reconhecida, especialmente na hipótese de que trata a Súmula no 487 do STJ, que reflete o entendimento externado no REsp no 1.189.619/PE, sob a sistemática dos recursos repetitivos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Robson José Bayerl, Marcos Tranchesi Ortiz, Ivan Allegretti e Domingos de Sá Filho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 32 49 /2 00 4- 37 Fl. 1546DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 2 Relatório Versa o presente processo sobre Autos de Infração por falta ou insuficiência de recolhimento de: a) Contribuição para o PIS/Pasep, nos períodos de apuração de 08/1999 a 05/2000, 07/2000 a 01/2003, 03/2003, 04/2003, 08/2003 a 10/2003, 12/2003, 02/2004, e 04/2004 a 09/2004 (fls. 235 a 2511), acrescendose multa de ofício e juros de mora; e b) Cofins, nos períodos de apuração de 08/1999 a 05/2000, 07/2000 a 12/2002, 03/2003, 04/2003, 08/2003 a 10/2003, 12/2003, 02/2004, e 04/2004 a 09/2004 (fls. 642 a 658), também com multa de ofício e juros de mora. Na Descrição dos Fatos (Contribuição para o PIS/Pasep fls. 231 a 234; e Cofins fls. 638 a 641), informase que foram constatadas divergências entre os valores declarados e os escriturados, adicionandose que: a) a partir dos elementos fornecidos pela empresa, e do DACON de fls. 80 a 165, foram efetuados confrontos, por amostragem, dos valores com seus registros contábeis (fls. 191 a 225) e fiscais (fls. 64 a 75), assim como com a DIPJ (fls. 226 a 227), constatandose irregularidades nos cálculos das contribuições, discriminadas nos demonstrativos de fls. 171 a 190 (Contribuição para o PIS/Pasep), e 579 a 597 (Cofins); b) nas informações prestadas pelo contribuinte e em sua escrituração contábil e fiscal, constatouse que este não incluiu como receita financeira (sujeita a tributação), os valores referentes a variações cambiais ativas; e c) a empresa, durante os trabalhos fiscais, apresentou DCTF retificadoras relativas aos períodos analisados, sem o conhecimento da fiscalização, contrariando o art. 138 do CTN, e o Parecer CST no 2.716/1984. Cientificada da autuação, a empresa apresentou, em 26/1/2005, as impugnações de fls. 258 a 279 (Contribuição para o PIS/Pasep), e 662 a 683 (Cofins), sustentando basicamente que: a) as justificativas para as diferenças apuradas pela fiscalização são apresentadas só em sede de impugnação, visto que não foi oportunizada a defesa durante o procedimento fiscal, o que viola os comandos constitucionais do contraditório e da ampla defesa; b) para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, como é o caso dos exigidos na autuação, o prazo para que a Fazenda questione os créditos tributários (cf. art. 150, § 4o do CTN) é de cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador, e, tendo a empresa sido cientificada da autuação somente em 27/12/2004, todos os créditos tributários referentes ao período anterior a dezembro de 1999 se encontram atingidos pela decadência; 1 Toda numeração de folhas indicada nesta decisão se refere à paginação eletrônica no "eprocessos". Fl. 1547DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 19515.003249/200437 Acórdão n.º 3403001.945 S3C4T3 Fl. 1.547 3 c) é indevida (cf. MP no 2.15835/2001) a tributação dos resultados positivos de variação cambial no anocalendário de 1999 (agosto a dezembro de 1999), mais especificamente em relação ao mês de dezembro de 1999; d) a exigência das contribuições sobre a contrapartida do ativo diferido, incluídas pela fiscalização na base de cálculo relativa a dezembro de 1999, não deve prosperar, uma vez que é totalmente indevida e ilegal (em face do art. 1o da MP no 1.818/1999, convertida na Lei no 9.816/1999); e) no que se refere à não inclusão das variações cambiais ativas como receitas financeiras, a empresa o fez por entender indevida e inconstitucional a ampliação da base de cálculo das contribuições introduzida pela Lei no 9.718/1998, que afronta o art. 110 do CTN e é anterior à Emenda Constitucional no 20/1988; f) os resultados positivos decorrentes de variação cambial de passivos apurados nos anoscalendário 1999 a 2002, nos quais a sociedade tributou seus resultados decorrentes da variação cambial segundo o regime de competência, não são passíveis de tributação pelas contribuições, pois, quando se está tratando de lançamento contábil a crédito no resultado, advindo de um decréscimo do passivo em moeda estrangeira, sem que, contudo, haja a efetiva liquidação da operação, não se está tratando, na verdade, de uma disponibilidade jurídica e tampouco de uma disponibilidade econômica (o que se está analisando é um ajuste contábil que teve como desdobramento a produção no resultado de uma simples expectativa de receita, ou seja, algo que, embora se possa transformar numa receita, depende de um evento futuro e incerto: a taxa de câmbio); g) apesar de haver redução do valor do passivo, não há a extinção parcial ou plena deste, o que virá a se consubstanciar somente no momento da quitação completa e irretratável da operação, não havendo, portanto, produção de receita antes disso, encontrando tal entendimento abrigo na Resolução CFC no 750/1993 (art. 10 princípio da prudência ou do conservadorismo), quando esta versa sobre o principio da competência; h) o registro contábil de um mero ajuste de uma conta patrimonial em função da oscilação do índice de mercado ao qual ela está vinculada não atende à primeira premissa sobre as condições que devem estar presentes no momento do reconhecimento de uma receita, segundo o Pronunciamento sobre Normas e Procedimentos de Contabilidade no 14 (“Receitas e Despesas – Resultados”); i) o STJ, no RE no 320.455, acordou unanimemente que o imposto de renda não incide sobre variação cambial até o momento da liquidação do direito ou do dever; j) a tributação, pelas contribuições, de variações cambiais transitórias, as quais não representam nenhum ingresso efetivo de recursos no patrimônio da sociedade (que somente poderá ocorrer por ocasião da liquidação da Fl. 1548DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 4 obrigação), viola ainda o principio da capacidade contributiva (art. 145, § 1o da CF); k) não obstante a regra geral do regime de competência, a empresa optou para os anoscalendário de 2003 e 2004, com base na permissão legal de que trata o art. 30 da MP no 2.15838/2001, por realizar a tributação de seus resultados decorrentes da variação cambial pelo regime de caixa: no anocalendário 2003, e essa opção pode ser inequivocamente inferida a partir da DIPJ apresentada pela empresa (documento 5, fls. 346 a 349), sendo que os recolhimentos respectivos podem ser comprovados pelas cópias dos DARF anexadas à impugnação (documento 6, fls. 350 a 354, e 754 a 758); e no anocalendário 2004, a sociedade ainda não havia entregue a sua DIPJ (o prazo somente vencia em 30/6/2005), de forma que sua opção ainda não havia sido formalizada a despeito disso, a sociedade vinha calculando e recolhendo as contribuições sobre os resultados de variação cambial com base no regime de caixa (período de janeiro de 2004 a setembro de 2004), o que pode ser comprovado pelos DACON referentes aos três primeiros trimestres de 2004 e pelos DARF correspondentes (documento 7, fls. 355 a 380, e 759 a 784); l) se a sociedade tributou os resultados positivos decorrentes da variação cambial desse período (anoscalendário de 2003 e 2004) pelo regime de caixa, o cálculo das contribuições efetuado pela autoridade fiscal, com base na contabilidade da empresa, segundo o regime de competência, não pode servir como parâmetro para aferir os tributos devidos; e m) o valor das contribuições cobrado, em relação aos meses de agosto e setembro de 2004 é claramente indevido e ilegal, já que o Decreto no 5.164/2004 reduziu a zero as alíquotas das contribuições incidentes sobre receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas à sistemática nãocumulativa (como é o caso da empresa) a partir de 2/8/2004. O julgador de primeira instância determinou, então, diligência (fls. 799), para que a fiscalização: (a) esclarecesse se na composição da base de cálculo relativa ao período de apuração dezembro de 1999 foi incluída a parcela referente à contrapartida do ativo diferido a que alude a citada Lei no 9.816/1999; e (b) recompusesse as bases de incidência adotadas nos lançamentos, de modo a nelas considerar a opção do contribuinte pelo reconhecimento das receitas de variações cambiais pelo regime de caixa em relação aos anoscalendário de 2003 e 2004. Em atendimento à diligência, são recompostas as bases dos anoscalendário de 2003 e 2004, esclarecendose ainda (fls. 1366 a 1381) que: a) a parcela supostamente registrada em conta do ativo diferido com o resultado líquido negativo decorrente do ajuste dos valores em reais de obrigações e créditos, efetuado em virtude da variação nas taxas de câmbio ocorrida no primeiro trimestrecalendário de 1999 (cf. Lei no 9.816/99), e incluída na base tributável considerada nos autos de infração referente ao mês de dezembro de 1999, mantém estreito vinculo com o processo no 19515.003368/200490, que trata de auto de infração do IRPJ e reflexos, no qual foi efetuada a glosa da variação cambial passiva não comprovada no anocalendário de 1999, e que se encontra no CARF/MF (fls. 1219 a 1223); Fl. 1549DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 19515.003249/200437 Acórdão n.º 3403001.945 S3C4T3 Fl. 1.548 5 b) as variações cambiais passivas do primeiro trimestre de 2009 não foram admitidas por não estarem comprovadas; e c) da verificação do plano de contas adotado pela empresa no período de 1999, constatouse a existência da conta “0310.4 Receitas com Atualizações 000000772 Variação Cambial Ativa”, que é uma conta credora de receitas (fls. 817), onde, no mês de dezembro de 1999, o movimento contábil escriturado a crédito foi de R$ 1.091.761,24, e onde estão os valores de R$ 276.347,27 e R$ 552.694,53, que totalizam R$ 829.041,80. A empresa manifestase sobre o Relatório de Diligência às fls. 1414 a 1425, reiterando a argumentação expendida na impugnação, e sustentando que: a) a recomposição das bases de cálculo das contribuições, considerando a opção pelo regime de caixa, praticamente elimina os lançamentos efetuados em 2003 e 2004; b) para as hipóteses em que as novas bases de cálculo recompostas atingiram montante superior à base de cálculo originalmente relacionada nos mapas anexos ao auto de infração, foi adotado este último valor, e, em face do tempo decorrido, descabe agravamento da importância lançada; e c) com relação aos quadros das contribuições no ano de 2004 (fls. 1386 a 1388), a empresa esclarece que, apesar da exigibilidade apontada na última coluna, as contribuições não são exigíveis nos meses de agosto e setembro de 2004, em função do art. 10 do Decreto no 5.164/2004. Em 19/1/2011, ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 1450 a 1474), que conclui pela parcial procedência da autuação, nos seguintes termos: a) na fase contenciosa do processo não houve cerceamento ao contraditório e à ampla defesa; b) em função da Súmula Vinculante no 8 do STF e do art. 150, § 4o do CTN, são atingidos pela decadência os lançamentos de COFINS referentes a agosto, setembro, outubro e novembro de 1999; c) em relação à Contribuição para o PIS/Pasep, como não houve pagamento antecipado, aplicase o art. 173, I do CTN, inexistindo lançamento nos autos que padeça de decadência; d) no que se refere à contestação do alargamento da base de cálculo promovida pela Lei no 9.718/1998, a empresa ingressou com a ação judicial (mandado de segurança) no 1999.61.00.0279507/SP, questionando em juízo exatamente tal matéria, devendo a decisão judicial (operandose a coisa julgada no sentido da constitucionalidade) ser acatada na via administrativa, em nome do princípio da unicidade de jurisdição; Fl. 1550DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 6 e) deve ser excluída da tributação, para ambas as contribuições, a parcela de R$ 829.041,80, referente a variação cambial ativa (“variação cambial diferida”) do mês de dezembro de 1999, nos termos da Lei no 9.816/1999, que atenua o impacto da maxidesvalorização do Real; f) como o regime adotado pelo contribuinte para os anoscalendário de 2000, 2001 e 2002 foi o de competência, não deve haver qualquer modificação em relação à base de cálculo e ao valor das contribuições apuradas como devidas pela fiscalização nos autos de infração; g) as variações monetárias ativas registradas na contabilidade da empresa segundo o regime de competência (em sendo essa a opção adotada pelo contribuinte, tal como ocorre nos anoscalendário 2000, 2001 e 2002) devem ser computadas na condição de receitas financeiras, na determinação das bases de cálculo das contribuições, a partir de 1/2/1999, cf. art. 9o da Lei no 9.718/1998, e Ato Declaratório SRF no 73/1999; h) em virtude da adoção do regime de caixa na apuração das variações cambiais ativas para os anoscalendário de 2003 e 2004, por opção do contribuinte, devem ser as bases de cálculo das contribuições adaptadas aos quadros resultantes da recomposição promovida em sede de diligência, ressalvandose a redução promovida pelo Decreto no 5.164/2004 (que macula os lançamentos para os fatos geradores de agosto e setembro de 2004); e i) os valores devidos passam a ser os constantes das planilhas de folha 1473, que adotou, na ocorrência de valores majorados pela recomposição, os originais da autuação (tal fato ocorreu exclusivamente para a Cofins de dezembro de 2003), por descaber o agravamento da importância lançada. Cientificado do resultado do julgamento em 11/10/2011 (AR à fl. 1493), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 8/11/2011 (fls. 1499 a 1514), no qual: a) reitera a argumentação expressa na impugnação, no sentido de que a não inclusão pela recorrente das variações cambiais ativas como receitas financeiras decorre de entendimento pela inconstitucionalidade da base de cálculo das contribuições alargada pela Lei no 9.718/1998, que afronta o art. 110 do CTN e é anterior à Emenda Constitucional no 20/1988 (sendo que a disciplina legal posterior à Emenda só seria veiculada pelas Leis no 10.637/2002 em relação à Contribuição para o PIS/Pasep e no 10.833/2003 quanto à Cofins); b) afirma que a alegação do julgador de primeira instância sobre a ação judicial impetrada pela recorrente, no sentido de que haveria coisa julgada material, constitui inovação argumentativa, que pode ser refutada no Recurso Voluntário (o que é feito, indicandose que o plenário do STF atestou a inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 nos RE no 346.084, 357.950, 358.273 e 390.840, com efeitos vinculantes inclusive para a Administração Pública, cf. atesta o art. 26A do Decreto no 70.235/1972); e c) sustenta que o efeito vinculante das decisões do STF, em sede de controle de constitucionalidade, implica relativização da coisa julgada Fl. 1551DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 19515.003249/200437 Acórdão n.º 3403001.945 S3C4T3 Fl. 1.549 7 inconstitucional, linha que logrou acolhida no parágrafo único do art. 741 do CPC. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. A matéria controversa em sede de Recurso Voluntário resumese à (in)exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre variações cambiais ativas (receitas financeiras), em função de entendimento pela inconstitucionalidade da base de cálculo das contribuições alargada pela Lei no 9.718/1998. O fisco sustenta serem exigíveis as contribuições, por enquadraremse as variações cambiais ativas como receitas financeiras, passíveis de tributação segundo a Lei no 9.718/1998. A empresa sustenta a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições promovida pela Lei no 9.718/1998. No julgamento de primeira instância informa se ainda que a empresa demandou exatamente isso em juízo, tendo sido formada coisa julgada material em seu desfavor. Sobre a demanda judicial, sustenta a empresa que a coisa julgada é relativizada pela decisão plenária do STF pela inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998. Dispõe a Lei no 9.718/1998: “Art. 2o As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art. 3o O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (...) Art. 9o As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual serão consideradas, para efeitos da legislação do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição PIS/PASEP e da COFINS, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso.” (grifos nossos) Endossese que o § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 (cujo texto dispunha: “Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas”), posteriormente revogado pela Lei no 11.491/2009, foi declarado inconstitucional por Fl. 1552DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 8 decisão plenária do STF, no RE no 585.235/MG, de reconhecida repercussão geral, cuja ementa estabelece: “Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3o, § 1o, da Lei no 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE no 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1 o.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3o, § 1 º, da Lei no 9.718/98.” (STF, Pleno, RE 585.235 QORG, Relator Min. CEZAR PELUSO, unânime, julgado em 10/09/2008, PUBLIC 28112008) (grifo nosso) Aclarando mais o conteúdo do decidido pela Suprema Corte, verificase pelo voto condutor do acórdão citado que se entende por receita bruta aquela “obtida das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”. O entendimento expresso no julgamento do STF é de observância obrigatória no âmbito deste tribunal administrativo, por força do disposto no art. 543B do CPC (que trata da repercussão geral) e do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF (aprovado pela Portaria MF no 256, de 22/6/2009): “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” (grifo nosso) Como variações cambiais ativas são receitas financeiras, e tais receitas restaram excluídas do conceito de receita bruta pela decisão do STF, imediato seria o desfecho deste caso, não fosse um fator complicador: a existência de coisa julgada material em relação à recorrente. Na demanda judicial (cf. peças anexadas pelo julgador a quo fls. 1427 a 1447), verificase que a recorrente buscou tutela exatamente em relação ao alargamento da base de cálculo promovida pela Lei no 9.718/1998 (§ 1o do art. 3o). Isso não é contestado nos autos. Estivesse a ação ainda em trâmite, operaria a concomitância em relação à matéria, excluindo a apreciação administrativa, cf. Súmula CARF no 1: “Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” Contudo, no caso em análise operouse a coisa julgada: tendo o TRF da 3a Região acordado em concreto pela constitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 (fls. 1431 a 1433) o processo chegou ao STJ em recurso especial (REsp no 746.361/SP), não Fl. 1553DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 19515.003249/200437 Acórdão n.º 3403001.945 S3C4T3 Fl. 1.550 9 conhecido pelo tribunal (fls. 1439/1447), operandose a coisa julgada em 12/5/2006, com o decurso in albis do prazo para recurso ou manifestação da parte interessada (fl. 1437). De plano, esclarecese que a verificação, durante o julgamento administrativo, de que havia ação judicial da interessada exatamente sobre a matéria discutuda nos autos administrativos não constitui inovação argumentativa, como alega a recorrente. O teor da súmula acima reproduzida reflete o entendimento reiterado deste CARF de que a Administração não se pronuncia sobre a matéria discutida em juízo, em função do princípio da unidade de jurisdição. E se o julgador verifica a existência de duplicidade de discussão (administrativa e judicial), ainda que a empresa não tenha revelado isso nos autos, nem a fiscalização tenha levantado em sua autuação, isso de forma alguma constitui uma inovação argumentativa, pois tratase de questão que pode (e deve) ser levantada de ofício, sob pena de violação do citado princípio. A recorrente sustenta ainda que o fato de o STF ter posteriormente declarado a inconstitucionalidade do mesmo dispositivo (§ 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998) relativiza a coisa julgada, endossando seu entendimento nas recentes alterações do Código de Processo Civil, que dispõe em seus arts. 475L e 741 (ambos com a redação dada pela Lei no 11.232/2005): “Art. 475L. A impugnação somente poderá versar sobre: (...) II inexigibilidade do título; (...) § 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considerase também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.” “Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre: (...) II inexigibilidade do título; (...) § 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considerase também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.” (grifo nosso) Sobre o tema, é de se trazer à discussão outra matéria já sumulada, agora no âmbito do STJ (Súmula no 487): “o parágrafo único do art. 741 do CPC não se aplica às sentenças transitadas em julgado em data anterior à da sua vigência”. Fl. 1554DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN 10 No caso analisado nos autos, o trânsito em julgado ocorreu, como exposto, em 12/5/2006, e a data de vigência do parágrafo único do art. 471, conforme art. 8o da Lei no 11.232/2005, é 23/6/2006 (seis meses após a data de publicação, que se deu no DOU de 23/12/2005). Assim, pela Súmula no 487 do STJ, inaplicável o parágrafo único do art. 741 ao caso sobre o qual trata o presente processo. Importante ainda destacar que a Súmula no 487 do STJ reflete o entendimento externado no REsp no 1.189.619/PE, sob a sistemática dos recursos repetitivos. Assim, sua observância é obrigatória por este CARF, em função do disposto no art. 543C do CPC e do (já transcrito) art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF (aprovado pela Portaria MF no 256, de 22/6/2009). Dessa forma, não cabe, no caso concreto, a relativização administrativa da sentença judicial transitada em julgado em desfavor da recorrente, em função de decisão posterior do STF pela constitucionalidade do mesmo dispositivo. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, mantendose a decisão de piso. Rosaldo Trevisan Fl. 1555DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 27/04/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10936.000377/2007-46
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 24 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Aug 12 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 05/12/2006
CIGARRO DE PROCEDÊNCIA ESTRANGEIRA. MULTA. HIPÓTESES.
Além da pena de perdimento dos cigarros de procedência estrangeira, aqueles que, em infração às medidas de controle fiscal estabelecidas adquirirem, transportarem, venderem, expuserem à venda, tiverem em depósito, possuírem ou consumirem o cigarro estarão sujeitos à multa de R$ 2,00 (dois reais) por maço de cigarro apreendido, em conformidade com o parágrafo único do art. 3o do Decreto-lei no 399/1968.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. ANÁLISE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 2/CARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.138
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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MULTA. HIPÓTESES. Além da pena de perdimento dos cigarros de procedência estrangeira, aqueles que, em infração às medidas de controle fiscal estabelecidas adquirirem, transportarem, venderem, expuserem à venda, tiverem em depósito, possuírem ou consumirem o cigarro estarão sujeitos à multa de R$ 2,00 (dois reais) por maço de cigarro apreendido, em conformidade com o parágrafo único do art. 3o do Decretolei no 399/1968. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. ANÁLISE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 2/CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 6. 00 03 77 /2 00 7- 46 Fl. 235DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/08/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente processo sobre Auto de Infração (lavrado em 20/05/2008 fls. 156 a 1591) para exigência de multa por infração às medidas de controle fiscal relativas a cigarro de procedência estrangeira (prevista no parágrafo único do art. 3o do Decretolei no 399/1968), no valor de R$ 30.000,00. À fl. 2 consta termo de apreensão de mercadorias (1 DVD e 15.000 maços de cigarro que estavam em uma Belina II ano 1981) efetuada em zona secundária, no posto Sabiá, no município de Terra Roxa/PR, durante a Operação Fronteira Cerrada II, em 20/12/2006. O veículo foi inicialmente lacrado (Termo de fl. 5) e transportado para a Delegacia da Receita Federal em Guaíra/PR, tendo o Sr. Gilberto de Souza Mafort (recorrente) assinado o termo de retenção como preposto/motorista do veículo. Ao final do Termo de fl. 5 destacase que o motorista estava acompanhado do proprietário do veículo, Sr. Benedito Lima, que não havia feito a transferência para seu nome. À fl. 6 o Sr. Benedito Lima declara ser o proprietário do veículo. À fl. 7 constam fotos do veículo nas quais são visíveis os maços de cigarro transportados. Os 15.000 maços de cigarros e o DVD foram apreendidos, tendo sido aplicada a pena de perdimento, cf. fls. 15 a 150, cabendo sinteticamente informar que o auto de perdimento (fls. 15 a 18), lavrado contra ambas as pessoas que estavam no veículo, e impugnado por Gilberto de Souza Mafort (fls. 27 a 40) foi mantido no julgamento efetuado pela unidade local (fls. 82 a 87) em instância única, tendo sido aplicada a apena de perdimento às mercadorias. Como a multa aplicada na presente autuação, em relação ao cigarro, é cumulativa com o perdimento, por expressa disposição legal (parágrafo único do art. 3o do Decretolei no 399/1968), foi lavrado o auto que agora se analisa. Cientificado da autuação, o recorrente apresenta sua impugnação em 19/09/2008 (fls. 166 a 181), alegando, em síntese, que: (a) foi equivocadamente confundido como sendo proprietário do veículo que estaria transportando cigarros supostamente descaminhados do Paraguai; (b) reside em Almirante Tamandaré/PR, e estava em Guaíra/PR para visitar a mãe de sua companheira, tendo retornado da viagem em companhia de um conhecido, Sr. Benedito Lima, também residente em Almirante Tamandaré, que havia lhe oferecido uma carona; (c) durante a viagem o veículo, de propriedade do Sr. Benedito, estragou, tendo o este solicitado que o recorrente ficasse esperando no carro enquanto buscava socorro mecânico; (d) ao esperar no carro, no acostamento, foi surpreendido pela Polícia Rodoviária Federal, que encaminhou o veículo à Receita Federal, que o considerou como proprietário do veículo; (e) “não teve participação alguma que importasse em lesão ao erário, supressão de tributo e nem tampouco na compra/venda/transporte/etc de mercadoria importada, uma vez que estava apenas retomando para casa em companhia de um conhecido que lhe havia oferecido carona em troca da divisão das despesas com combustível”; (f) “foi grande a surpresa do ora impugnante quando fora detido por fato que não concorreu, e sequer sabia o que estava acontecendo, uma vez que não sabia que no veículo em que estava viajando 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 236DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/08/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10936.000377/200746 Acórdão n.º 3403003.138 S3C4T3 Fl. 236 3 havia carteiras de cigarro”; (f) “não houve nenhuma exposição à venda, depósito ou ainda circulação comercial realizada pelo ora autuado e que importasse em qualquer tipo de infração administrativa”; e (g) “em nenhum momento foi individualizada a conduta do ora autuado, uma vez que o mesmo foi confundido como sendo o proprietário do veículo”, violando o “princípio da intranscendência”. Solicita, por fim, a recorrente, a oitiva de servidores aduaneiros, o envio de ofício ao DETRAN para identificar o proprietário do veículo e a comunicação de atos processuais ao advogado. No julgamento de primeira instância, efetuado em 09/04/2010 (fls. 195 a 200), acordase unanimemente pela improcedência da impugnação, destacandose que: (a) dos dispositivos legais que regulam a matéria (arts. 2o e 3o do Decretolei no 399/1968) inferese que em nome daqueles que adquirirem, transportarem ou possuírem cigarros de procedência estrangeira é aplicada a pena de perdimento dos cigarros, sendo, além de tal pena, aplicada multa calculada por maço de cigarros, sem prejuízo da sanção penal prevista; (b) é desnecessária a propriedade do veículo ou dos cigarros para que se caracterize a infração estabelecida no Decretolei no 399/1968, bastando apenas a configuração de uma das condutas ali descritas; (c) contrariamente ao que alega o interessado (veículo quebrado), a “declaração” formulada pelo Sr. Benedito Lima (fl. 6) indica que o recorrente estava dirigindo o veículo; (d) à fl. 07 (fotos) se observa notadamente que citado veículo estava carregado de cigarros; (e) embora não sendo o proprietário do veículo (e das mercadorias) segundo sua alegação, o recorrente se encontrava conduzindo, transportando e, portanto, na posse dos referidos cigarros por ocasião da apreensão; o DecretoLei no 37/66 (art. 95, I) claramente designa como responsável pela infração quem quer que, de qualquer forma, concorra para a sua prática; e (f) o valor da multa (R$ 2,00 por maço de cigarro) é ficado em lei, não cabendo sua ponderação pelo julgador. Por fim, declara prescindíveis as providências solicitadas pelo recorrente. Cientificada do resultado do julgamento em 19/05/2010 (cf. AR de fl. 204), o Sr. Gilberto de Souza Mafort apresenta Recurso Voluntário em 10/06/2010 (fls. 205 a 221), basicamente reiterando os argumentos expostos em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Há que se esclarecer, logo de início, qual a conduta imputada nestes autos ao recorrente. E isso resta cristalino pelo enquadramento legal da infração indicado na autuação (fl. 158): parágrafo único do art. 3o do Decretolei no 399/1968, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003. É de se transcrever excerto do referido diploma legal, com destaque (negrito) para o parágrafo único do art. 3o: Fl. 237DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/08/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 “Art 2o O Ministro da Fazenda estabelecerá medidas especiais de controle fiscal para o desembaraço aduaneiro, a circulação, a posse e o consumo de fumo, charuto, cigarrilha e cigarro de procedência estrangeira. Art 3o Ficam incursos nas penas previstas no artigo 334 do Código Penal os que, em infração às medidas a serem baixadas na forma do artigo anterior adquirirem, transportarem, venderem, expuserem à venda, tiverem em depósito, possuírem ou consumirem qualquer dos produtos nele mencionados. Parágrafo único. Sem prejuízo da sanção penal referida neste artigo, será aplicada, além da pena de perdimento da respectiva mercadoria, a multa de R$ 2,00 (dois reais) por maço de cigarro ou por unidade dos demais produtos apreendidos. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)” (grifo nosso) O recorrente parece, ao início de seu recurso voluntário, se defender de conduta diversa (que lhe era imputada no auto de infração relativo ao perdimento), prevista no art. 105, X do Decretolei no 1.455/1976 (“mercadoria exposta a venda, depositada ou em circulação comercial” sem prova de importação regular). Convém destacar, contudo, que as alegações referentes a tal matéria não são afetas ao presente processo, no qual se discute tão somente a multa aplicada com base no parágrafo único do art. 3o do Decretolei no 399/1968. Como destacado pelo julgador de piso, as versões apresentadas no presente processo são contraditórias, mas as contradições não chegam a afetar o conteúdo do julgamento. O Sr. Benedito Lima, que sequer consta na autuação que está em julgamento (embora constasse na referente ao perdimento) afirma ser de sua propriedade o veículo, mas que o recorrente (Sr. Gilberto de Souza Mafort) “na verdade estava como passageiro, mais (sic) que naquele momento devido meu cansaço estava ele dirigindo”. O recorrente, por sua vez, afirma ser mero “carona”, e que estava esperando no carro enquanto o Sr. Benedito Lima buscava socorro mecânico quando foi abordado por policiais. No Termo de Retenção e Lacração do Veículo (fl. 5) há um campo referente a “dados do preposto/motorista do veículo”, que foi preenchido com o nome do Sr. Gilberto de Souza Mafort. Há ainda outro campo, referente aos dados do veículo, indicando no item “proprietário” o Sr. Bendito Lima. Ao final do mesmo Termo, há um campo intitulado “Ciência e Recebimento de cópia pelo Proprietário ou Preposto”, que foi assinado pelo Sr. Gilberto de Souza Mafort. A endossar que o Sr. Gilberto de Souza Mafort assinou como preposto e não como proprietário está, além do teor do referido Termo, a mensagem manuscrita ao final: “Obs: o motorista estava acompanhado do proprietário, que não havia feito a transferência p/ seu nome”. Mas a questão sobre a propriedade somente seria relevante se a proposta fosse de perdimento também ao veículo (o que não consta dos autos). Para aplicação da multa, absolutamente irrelevante a propriedade do veículo. Basta que se tenha adquirido, transportado, vendido, exposto à venda, depositado, possuído ou consumido o cigarro de procedência estrangeira. Como sequer se contesta na impugnação ou no recurso ser o cigarro ou não de procedência (ou mesmo origem) estrangeira, discutirseá aqui tão somente se houve ou não a prática de algum dos verbos relacionados no parágrafo anterior. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/08/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10936.000377/200746 Acórdão n.º 3403003.138 S3C4T3 Fl. 237 5 E a resposta é no sentido de que o recorrente estava de posse, além de estar transportando o cigarro. Independente da circunstância de estar ou não o veículo com defeito, o fato é que, no momento da apreensão, o recorrente respondia pelo veículo e pelas mercadorias, e não era razoável crer que sequer soubesse o que estava sendo transportado no veículo, como alega em seu recurso voluntário (fl. 209): “Foi grande a surpresa do ora recorrente quando fora detido por fato que não concorreu, e sequer sabia o que estava acontecendo, uma vez que não sabia que no veículo em que estava viajando havia carteiras de cigarro.” Vejase, nas fotos abaixo, copiadas da fl. 7, que seria inimaginável que o recorrente estivesse no interior do veículo sem saber que estava transportando 15.000 maços de cigarro (seja pela falta de espaço, ou mesmo pelo próprio odor do produto). Assim, ao contrário do que crê o recorrente, resta perfeitamente tipificada e individualizada sua conduta: possuir/transportar cigarro de procedência estrangeira. Não há, assim violação ao indicado “princípio da intranscendência”. Na própria doutrina trazida na peça recursal (entendimento de Nilo Batista sobre a teoria do domínio do fato), complementa o recorrente que; “Autor é aquele que executa diretamente a conduta descrita pelo núcleo do tipo penal, ocasião em que será reconhecido como autor direto ou autor executor ; ou poderá ser, também, aquele que se vale de outra pessoa que lhe serve, na verdade, como instrumento para a prática da infração penal , sendo, portanto, chamado de autor indireto ou mediato. Autor direto é aquele que tem o domínio do fato, na forma do domínio da ação, pela pessoal (execução de própria mão da Fl. 239DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/08/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN 6 ação típica) e dolosa (consciência e vontade a respeito dos elementos objetivos do tipo) realização da conduta típica . (conceituação de NILO BATISTA)”. (grifo nosso) E segue o recurso voluntário afirmando que: “Da análise dos conceitos supramencionados , notase que o ora autuado não se enquadra na qualidade de autor nem de partícipe, pois não possuía o domínio do fato e tampouco concorreu para a infração penal l administrativa. Além disto, não induziu, instigou ou auxiliou materialmente o autor. (...) Diante do exposto, fica claro que o ora autuado não teve qualquer envolvimento objetivo com aquele a quem é imputada a conduta descrita no auto de infração e não aderiu à conduta do outro, , pois não sabia que havia mercadoria supostamente ilegal sendo transportada.” (grifo nosso) Como destacado anteriormente, não é crível (seja pelo espaço ou pelo odor) que o recorrente não soubesse que o veículo no qual estava continha 15.000 maços de cigarro. Assim, absolutamente incompatível a jurisprudência colacionada, porque não se presta ao caso concreto em análise. Por fim, em relação à multa aplicada, alega a recorrente que é arbitrária e confiscatória, e não condiz com a realidade dos fatos e com sua situação. Sobre tal alegação, há que se esclarecer que a multa é fixada em lei, como exposto, no montante de R$ 2,00 por maço de cigarro, não podendo o julgador ponderar fatores como a situação econômica do autuado ou o efeito eventualmente confiscatório, pois penetraria em seara constitucional, matéria vedada ao tribunal administrativo, conforme a Súmula CARF no 2: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Há ainda que se destacar que as intimações devem ser feitas no domicílio tributário da recorrente (ou por meio eletrônico), conforme preceitua o art. 23 do Decreto no 70.235, e que a produção de provas também deve respeito ao mesmo diploma, em seu art. 16, § 4o. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 240DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/08/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10936.000377/200746 Acórdão n.º 3403003.138 S3C4T3 Fl. 238 7 Fl. 241DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/08/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10680.725763/2011-70
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jun 17 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
CONTRIBUIÇÃO PARA O PASEP. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO. BASE DE CÁLCULO. PARCELA DESTINADA AO FUNDEB.
O FUNDEB é um fundo de natureza contábil, sem personalidade jurídica, não se constituindo em entidade pública, pelo que as receitas a ele destinadas não podem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PASEP.
Numero da decisão: 3403-002.806
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Ivan Allegretti, que apresentou declaração de voto.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Marcos Tranchesi Ortiz (vice-presidente), Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Ivan Allegretti.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO. BASE DE CÁLCULO. PARCELA DESTINADA AO FUNDEB. O FUNDEB é um fundo de natureza contábil, sem personalidade jurídica, não se constituindo em entidade pública, pelo que as receitas a ele destinadas não podem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PASEP. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Ivan Allegretti, que apresentou declaração de voto. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Marcos Tranchesi Ortiz (vicepresidente), Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Ivan Allegretti. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 57 63 /2 01 1- 70 Fl. 638DF CARF MF Impresso em 17/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 30/05/2014 por IVAN ALLEGRETTI 2 Relatório Versa o presente sobre auto de infração (fls. 2 a 14)1, lavrado em 27/09/2011 (com ciência em 29/09/2011) para exigência de Contribuição Social para o PASEP, instituída pela Lei Complementar no 08/1970, referente aos períodos de janeiro de 2007 a dezembro de 2008, no total de R$ 130.577,88 (a título de principal). No Termo de Verificação Fiscal de fls. 15 a 19, narrase que a fiscalização, com base no relatório de despesas e receitas dos municípios (FINBRA), e em documentos apresentados pela prefeitura, verificou insuficiência de recolhimentos da contribuição para o PASEP no período fiscalizado, pelo fato de o Município ter deixado de apurar e recolher a contribuição sobre as receitas correntes arrecadadas e sobre as transferências correntes e de capital recebidas. Integram a base de cálculo da contribuição inclusive os valores recebidos pelo Município destacados do FPM e direcionados ao FUNDEB por força do disposto na parte final do art. 7o da Lei no 9.715/1998 e do § 2o do art. 70 do Decreto no 4.524/2002. Lavrouse assim a autuação, com juros de mora e multa de ofício de 75% (Lei no 9.430/1996, art. 44), bem assim representação fiscal para fins penais. Em sua impugnação (fls. 344 a 348), a prefeitura alega que (a) as “receitas recebidas” objeto de tributação pela contribuição devem considerar a dedução de transferência, especialmente a retenção para o FUNDEF/FUNDEB impostas pela Constituição; e (b) o FUNDEF/FUNDEB é um fundo público constituído no âmbito estadual, de natureza meramente contábil (“uma conta bancária”); (c) a União e o Estado de Minas Gerais, ao repassarem FPM, IPI e ICMS, v.g., deslocam parte do repasse ao fundo, diminuindo (na fonte, em torno de 20%) o valor da transferência ao município; (d) o fundo, para o qual contribuem todos os municípios brasileiros, divide novamente os recursos, enviando a cada município a parcela correspondente, segundo critérios definidos; (e) tal parcela, evidentemente, é efetivamente “recebida” e oferecida à tributação da Contribuição para o PASEP; e, (f) portanto, o valor a ser tributado é o líquido (parcela efetivamente repassada, total menos valor retido).e não o bruto, sob pena de bitributação, e desobediência ao comando do art. 2o, III, § 3o, e dos arts. 7o e 15 da Lei no 9.715/1998, que tratam de tributação de “receitas e transferências” devidamente recebidas. Em 19/12/2011 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 604 a 608), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, sob os argumentos de que os recursos recebidos pelos Municípios e destinados ao FUNDEB (antigo FUNDEF) não podem ser excluídos da base de cálculo do PASEP do ente que efetuar o repasse/alocação, por falta de amparo legal, não estando tal medida assegurada no art. 7o da Lei no 9.715/1998. Sustenta ainda o julgador que podem ser descontados (e foram, na autuação) as retenções efetuadas pelos agentes pagadores e os pagamentos (DARF) informados (ou não) em DCTF. Cientificada do acórdão da DRJ em 16/01/2012 (AR à fl. 616), a prefeitura apresenta Recurso Voluntário em 15/02/2012 (fls. 618 a 623), no qual basicamente reproduz o teor da impugnação. É o relatório. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 639DF CARF MF Impresso em 17/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 30/05/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 10680.725763/201170 Acórdão n.º 3403002.806 S3C4T3 Fl. 621 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. O tema central é o cabimento da exigência da Contribuição para o PASEP, instituída pela Lei Complementar no 08/1970, disciplinada pela Lei no 9.715/1998, e regulamentada no Decreto no 4.542/2002, sobre o valor correspondente ao FUNDEB. O FUNDEB (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi criado pela Emenda Constitucional no 53/2006 (que alterou o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da CF/1988), e está regulamentado pela Lei no 11.494/2007 e pelo Decreto no 6.253/2007, tendo substituído o FUNDEF, que vigorou de 1998 a 2006. O FUNDEB corresponde basicamente a 20% dos recursos distribuídos entre Estados e Município, rateados proporcionalmente ao número de alunos matriculados na rede de educação básica, sendo prevista ainda complementação por parte da União. Na autuação, esclarecese que os valores autuados correspondem às receitas correntes arrecadadas e às transferências correntes e de capital recebidas, cf. art. 2o, III da Lei no 9.715/1998, incluindo os valores recebidos pelo Município destacados do FPM e direcionados ao FUNDEB por força do disposto na parte final do art. 7o da Lei no 9.715/1998 e no do § 2o do art. 70 do Decreto no 4.524/2002. Sobre a base de cálculo incide a alíquota de 1% prevista no art. 8o, III da mesma Lei no 9.715/1998, chegandose ao valor devido, do qual são deduzidos os valores correspondentes às retenções para o PASEP (cf. § 6o do art. 2o da Lei no 9.715/1998, com a redação dada pela Medida Provisória no 2.15835/2001) e os valores declarados (ou não) em DCTF recolhidos mediante DARF. Assim estabelece a Lei no 9.715/1998, que rege a Contribuição para o PASEP: “Art.2o A contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente: (...) III pelas pessoas jurídicas de direito público interno, com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. (...) §6o A Secretaria do Tesouro Nacional efetuará a retenção da contribuição para o PIS/PASEP, devida sobre o valor das transferências de que trata o inciso III. (Incluído pela Medida Provisória no 215835, de 2001) Fl. 640DF CARF MF Impresso em 17/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 30/05/2014 por IVAN ALLEGRETTI 4 (...) Art.7o Para os efeitos do inciso III do art. 2o, nas receitas correntes serão incluídas quaisquer receitas tributárias, ainda que arrecadadas, no todo ou em parte, por outra entidade da Administração Pública, e deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. Art.8o A contribuição será calculada mediante a aplicação, conforme o caso, das seguintes alíquotas: (...) III um por cento sobre o valor das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas.” Assim, o que o fisco fez foi adicionar às receitas correntes arrecadadas as transferências correntes e de capital recebidas. Obtendose a base de cálculo e aplicandose a alíquota legalmente prevista, o valor resultante foi subtraído dos pagamentos e das retenções efetuados. Apurada diferença, é exatamente a ela que se reporta o lançamento. Sobre as receitas arrecadadas parece não pairar dúvida. Contudo, é controversa a expressão “recebidas”, referente a transferências correntes e de capital. O Município sustenta que não “recebe” integralmente os valores transferidos, pois parte deles é destinada compulsoriamente ao FUNDEB e rateada. Assim, defende que deveria constituir base de cálculo da contribuição somente seu quinhão no rateio. Primordial ao deslinde do contencioso, assim, o texto do art. 7o da Lei no 9.715/1998, que esclarece o que são receitas correntes: “quaisquer receitas tributárias, ainda que arrecadadas, no todo ou em parte, por outra entidade da Administração Pública, deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas”. E, como esclarece a própria recorrente, o FUNDEB é um fundo contábil, e não uma entidade pública. Carente de amparo legal, assim, a exclusão da base de cálculo da contribuição em relação aos valores transferidos compulsoriamente ao FUNDEB. Nesse sentido o posicionamento já assentado em Soluções de Consulta (v.g. as de no 101, de 26/11/2009, e no 86, de 03/11/2011) e de Divergência (v.g. a de no 02, de 10/02/2009) da RFB e decisões recentes deste CARF: “Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PASEP. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO. BASE DE CÁLCULO. As pessoas jurídicas de direito público interno devem apurar a contribuição para o PIS/Pasep com base nas receitas arrecadadas e nas transferências correntes e de capital recebidas. Nas receitas correntes serão incluídas quaisquer receitas tributárias, ainda que arrecadadas, no todo ou em parte, por outra entidade da Administração Pública, e deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades de direito público interno, tendo que os valores recebidos com destaque para o FPE, FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Fl. 641DF CARF MF Impresso em 17/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 30/05/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 10680.725763/201170 Acórdão n.º 3403002.806 S3C4T3 Fl. 622 5 Educação) devem integrar a base de cálculo da contribuição.”2 (grifo nosso) “Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2007 a 31/12/2007 PARCELA DOS REPASSES DESTINADAS AO FUNDEB. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. O FUNDEB é um fundo de natureza contábil, sem personalidade jurídica, não se constituindo em entidade pública, pelo que as receitas a ele destinadas não podem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o Pasep. EXCLUSÃO DA MULTA DE OFÍCIO E DOS JUROS DE MORA. DESCABIMENTO. Não havendo norma infralegal vinculante e não sendo pacífica a interpretação e a aplicação da norma tributária no âmbito da Administração, é inaplicável o parágrafo único do art. 100 do CTN, que diz que a observância das normas complementares dentre as quais os atos normativos e as práticas reiteradas exclui a imposição de penalidades e a cobrança de juros de mora. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. As instâncias administrativas não são competentes para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais (Súmula CARF nº 28)” 3 (grifo nosso) O art. 13 da Lei no 12.810, de 15/05/2013, em vigor desde 16/05/2013 (data de publicação do texto em diário oficial), veio a trazer nova hipótese de exclusão da base de cálculo da contribuição, acrescentando um § 7o ao art. 2o da Lei no 9.715/1998. Contudo, tal alteração não afeta a substância do presente processo, por não contemplar a questão referente ao FUNDEB. Assim, faz parte da base de cálculo da Contribuição para o PASEP o valor compulsoriamente transferido ao FUNDEB. Não há então, nulidade na autuação, por carência de base legal, como alega a recorrente, mas improcedência do recurso voluntário apresentado, por igual argumento (carência de fundamento legal a excluir os valores transferidos ao FUNDEB das receitas de que trata o art. 7o da Lei no 9.715/1998). Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso apresentado. Rosaldo Trevisan 2 Acórdão n. 3201001.192, Rel. Cons. Mércia Helena Trajano D'amorim, unânime, sessão de 31.jan.2013. 3 Acórdão n. 3801001.870, Rel. Cons. Maria Ines Caldeira Pereira da Silva Murgel, unânime, sessão de 21.mai.2013. Fl. 642DF CARF MF Impresso em 17/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 30/05/2014 por IVAN ALLEGRETTI 6 Fl. 643DF CARF MF Impresso em 17/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 30/05/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 10680.725763/201170 Acórdão n.º 3403002.806 S3C4T3 Fl. 623 7 Declaração de Voto Conselheiro Ivan Allegretti, A Lei no 9.715/1998 dispõe o seguinte: “Art.2o A contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente: (...) III pelas pessoas jurídicas de direito público interno, com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. (...) Art.7o Para os efeitos do inciso III do art. 2o, nas receitas correntes serão incluídas quaisquer receitas tributárias, ainda que arrecadadas, no todo ou em parte, por outra entidade da Administração Pública, e deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. Os dois dispositivos deixam transparecer a lógica da apuração da contribuição: computamse as receitas correntes e as transferências recebidas (sejam correntes sejam de capital) e deduzemse as transferências realizadas. A questão está em que, em relação às receitas recebidas, nem se cogita em distinguir de quem são recebidas, de maneira que tanto faz se são originárias diretamente de outra pessoa jurídica de direito público interno ou de um fundo, tampouco se questiona quanto à natureza do fundo de onde tenha sido originada a transferência. Em suma: todas as transferências recebidas são computadas na base de cálculo. Quanto às transferências realizadas, por sua vez, parece claro que a intenção do legislador foi a de permitir a sua dedução com a mesma amplitude, seguindo a mesma lógica. No entanto, a interpretação da Fiscalização e de alguns julgados deste Conselho tem sido tem sido no sentido de restringir a dedução do art. 7o da Lei no 9.715/98 exclusivamente às transferências realizadas para outras pessoas jurídicas de direito público interno, recusando o mesmo efeito em relação às transferências realizadas para fundos, sob o argumento objetivo de que os fundos não possuem personalidade jurídica. Entendo que a Lei não ampara este entendimento. Para ser mais preciso, tal entendimento apenas se legitimaria nas situações específicas em que a transferência fosse destinada a um fundo integrante do orçamento da mesma pessoa jurídica de direito público. Mas nesta situação não se configuraria a hipótese de dedução prevista no art. 7o da Lei. Fl. 644DF CARF MF Impresso em 17/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 30/05/2014 por IVAN ALLEGRETTI 8 Em linhas gerais, os fundos são instrumentos de administração financeira, utilizados para vincular determinados recursos para a aplicação em finalidades específicas. Segundo a doutrina, “tratase de um conjunto de bens e recursos, de titularidade de um certo sujeito. Portanto, o fundo é objeto de direito, não sujeito” (JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 11. ed. Dialética, São Paulo: 2005, p. 30). Pode significar apenas a segregação de valores dentro do orçamento da pessoa jurídica de direito público. Mas pode tratarse, diferentemente, de um conjunto de recursos destacado do orçamento, ou seja, que não componha o orçamento, embora vinculado e submetido à administração de uma pessoa jurídica de direito público. No caso do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), de que trata o presente caso, tratase de fundo vinculado à União. As transferências realizadas dos Municípios para o Fundeb, portanto, significam uma subtração da receita corrente do Município e configuram transferência intergovernamental. Nada obstante não se trate de uma transferência intergovernamental típica – que tenha nas duas pontas o orçamento de duas pessoas jurídicas de direito público –, não pode haver dúvida de que há uma transferência, que deixam de pertencer ao Município e, embora passem a compor um fundo que não tem personalidade jurídica, isto não significa que passem a “ não pertencer a ninguém”, pois o referido fundo é vinculado à União. Por isso, a transferência de recursos realizada para um fundo vinculado a outra pessoa de direito público deve ter o mesmo tratamento de uma transferência realizada para outra pessoa de direito público, estando igualmente categorizadas como “transferências efetuadas a outras entidades públicas” para o efeito da dedução do art. 7o da Lei no 9.715/98. Em reforço, devese atentar ao fato de que a mesma Lei faz diferença entre “pessoa jurídica de direito público interno” e “entidades públicas”, ficando claro que este último conceito não é tão restrito quanto o primeiro, abarcando “outras entidades públicas”. Como visto, embora o Fundeb não tenham personalidade jurídica, tratase de fundo vinculado à União, de maneira que os recursos remetidos do Município para compor este fundo são operações que configuram transferências, as quais, se não são destinadas especificamente e diretamente para uma pessoa jurídica de direito público, são destinadas a “outras entidades públicas”, no caso, um fundo vinculado a outra pessoa jurídica de direito público. Tratase, outrossim, de uma questão de justiça e neutralidade, visto que os recursos acumulados no Fundeb retornarão ao Município – então finalmente como transferência corrente –, quando sofrerão a incidência da Contribuição ao Pasep na forma do art. 2o da Lei no 9.715/98. Entendo, enfim, que as transferências realizadas dos Municípios para o Fundeb, que é fundo vinculado à União, enquadramse na hipótese de dedução prevista no art. 7o da Lei no 9.715/98. Fl. 645DF CARF MF Impresso em 17/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 30/05/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 10680.725763/201170 Acórdão n.º 3403002.806 S3C4T3 Fl. 624 9 É como voto. Ivan Allegretti Fl. 646DF CARF MF Impresso em 17/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 15/05/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 30/05/2014 por IVAN ALLEGRETTI
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Numero do processo: 10680.021823/99-70
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jun 13 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/1998 a 31/12/1998
IPI. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE.
São nulas as decisões proferidas por autoridade incompetente.
Numero da decisão: 3403-002.903
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular o processo a partir da decisão intitulada de informação fiscal (fls. 163 a 165). Ausente o Conselheiro Domingos de Sá Filho.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti e Luiz Rogério Sawaya Batista. Ausente o Conselheiro Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/1998 a 31/12/1998 IPI. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. São nulas as decisões proferidas por autoridade incompetente. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular o processo a partir da decisão intitulada de “informação fiscal” (fls. 163 a 165). Ausente o Conselheiro Domingos de Sá Filho. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti e Luiz Rogério Sawaya Batista. Ausente o Conselheiro Domingos de Sá Filho. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 02 18 23 /9 9- 70 Fl. 500DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 Versa o presente processo sobre o Pedido de Ressarcimento de fls. 3/41, registrado em 25/08/1999, referente a crédito presumido de IPI (Lei no 9.363/1996 e Portaria MF no 38/1997) correspondente ao 4o trimestre de 1998, no montante de R$ 609.590,14. A autoridade fiscal, em procedimento no estabelecimento da empresa (fl. 29), apurou que esta produz minério de ferro tipo sinter feed (2601.11.00) e pelotas aglomeradas de minério de ferro (2601.12.00), ambos classificados na TIPI como NT (não tributados), não cabendo o ressarcimento às empresas produtoras. Assim, deixou a fiscalização de analisar a exatidão dos cálculos, embora houvesse em análise preliminar dos insumos adquiridos verificado que alguns (v.g. energia elétrica e combustíveis) não são considerados matéria prima, produto intermediário ou materiais de embalagem. Pelo despacho decisório de fl. 31 (de 28/10/1999), acolhese o argumento da fiscalização, indeferindose o pleito. Ao todo, são 11 processos relativos a ressarcimento de IPI, relacionados à fl. 33. A empresa apresenta manifestação de inconformidade em 21/12/1999 (fls. 37 a 65), alegando que: (a) o fato de p produto final estar classificado na TIPI como NT (não tributado) não impede a empresa de exercer o direito instituído pela Lei no 9.363/1996; (b) a empresa está obrigada a cumprir tão somente o disposto na lei, estando a Portaria MF no 38/1997, a IN SRF no 23/1997 e o Parecer MF/SRF/COSIT/DITIP no 139/1996 impedidos de modificar ou restringir o alcance da lei; (c) em nenhum momento a lei condicionou a concessão do benefício fiscal a produto tributado pelo IPI; (d) a concessão do benefício não está limitada pela legislação do IPI, cuja aplicação é apenas subsidiária, não podendo ser utilizada para restringir o alcance da Lei no 9.363/1996, como fez o parecer que ampara o despacho decisório, em relação a energia elétrica e combustíveis. Aponta a empresa ainda precedentes do antigo Segundo Conselho de Contribuintes em sua defesa. O julgamento de primeira instância ocorre em 31/01/2000 (fls. 91 a 99), concluindo a autoridade julgadora pela improcedência da manifestação de inconformidade, visto que os produtos exportados não são tributados pelo IPI, não havendo amparo legal para o crédito. Cientificada do resultado do julgamento em 14/02/2000 (AR de fl. 103), a empresa apresenta Recurso Voluntário (fls. 107 a 135), basicamente reiterando os argumentos expressos em sua manifestação de inconformidade. Em 18/09/2001, a Primeira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário (Acórdão no 20175.316 fls. 141 a 147), no mérito, entendendo que as normas infralegais (IN SRF no 23/1997) e o Parecer MF/SRF/COSIT/DITIP no 139/1996 não resistem ao comando do art. 1o da Lei no 9.363/1996. Ressalvou, no entanto, “as cautelas da verificação dos documentos relativos ao pedido e da liquidez e certeza do crédito reclamado”. Isso porque externou o julgador que “as tentativas da recorrente em fazer valer o direito sobre a energia elétrica e combustíveis não podem ser objeto do julgamento, pelo menos nesta fase”, e “a referência a tais produtos na informação fiscal de fl. 14 foi perfunctória e inconclusiva”, sustentando que “se glosados no futuro quaisquer valores, na verificação dos itens reclamados, inafastável o direito à insurgência por parte da requerente”. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 501DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10680.021823/9970 Acórdão n.º 3403002.903 S3C4T3 Fl. 299 3 Cientificada a PGFN da decisão em 01/08/2002 (fl. 149), não consta dos autos interposição de recurso ou embargo. Após o retorno do processo à unidade fiscal, é emitido o parecer de fls. 163/164, em 23/02/2005, reconhecendose o crédito no valor de R$ 402.622,16, e afastando o direito creditório em relação a aquisições de energia elétrica, óleo combustível, óleo diesel, transportes, comunicação, material de uso e consumo e imobilizado (total de R$ 463.731,48), por não poderem ser considerados como matéria prima, produto intermediário ou materiais de embalagem pela Lei no 9.363/1996. A unidade local destaca que há cópia de Demonstrativo de Crédito Presumido retificador, de 13/06/2002 (fls. 169 a 193 com novo pedido de ressarcimento em 17/02/2005, fl. 167), apresentandose um novo valor pleiteado, de R$ 866.353,64. Daí a somatória dos valores acatados e glosados ser diferente do pedido original de ressarcimento (R$ 609.590,14). Em 19/04/2005, consta uma notificação (fl. 353) à empresa sobre a existência de débitos, concedendose o prazo de 15 dias para manifestação, sob pena de compensação nos termos da IN SRF no 460/2004, com posterior arquivamento, em relação aos créditos referentes ao presente processo e ao processo administrativo de no 10680.023650/9924. A ciência ocorre em 25/04/2005 (AR à fl. 355). Em 02/05/2005, a empresa COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (incorporadora de FERTECO MINERAÇÃO S.A.) manifesta discordância em relação à compensação, sustentando que os débitos apurados nas “Informações de Apoio para emissão de Certidão” estão com exigibilidade suspensa, e mesmo os lançados em “Débito em Cobrança” não podem ser exigidos antes do cumprimento do devido processo legal e da ampla defesa. No mais, discorre sobre sua discordância em relação ao não ressarcimento dos valores correspondentes a aquisições de energia elétrica, óleo combustível, óleo diesel, transportes, comunicação, material de uso e consumo e imobilizado (total de R$ 463.731,48), informando que apresentaria manifestação de inconformidade em 30 dias. A nova manifestação de inconformidade é então protocolizada em 20/05/2005 (fls. 371 a 397), alegando a empresa que: (a) o direito de crédito em relação a aquisições de energia elétrica, óleo combustível, óleo diesel, transportes, comunicação, material de uso e consumo e imobilizado não encontra óbice na Lei no 9.363/1996; (b) a contribuinte está obrigada a cumprir tão somente o disposto na lei; (c) todas as aquisições referidas correspondem a custos de produção da mercadoria exportada, devendo ser ressarcidos “os respectivos valores do PIS e da COFINS pagos nas operações anteriores das aquisições mencionadas”, para tornar a contribuinte incólume aos efeitos cumulativos dessas contribuições na proporção das exportações, como pretendeu a legislação federal; (d) a legislação do IPI tem aplicação apenas subsidiária, não podendo ser utilizada para restringir o alcance da Lei no 9.363/1996; (e) as informações dos autos dão conta de que as aquisições representam custos de produção da mercadoria exportada, tendo a fiscalização atuado por presunção; (f) a Instrução Normativa da Secretaria de Fazenda Pública do Estado de Minas Gerais no 01/2001 estabelece o que se entende por processo produtivo nas empresas mineradoras, amparando o alcance defendido pela empresa; e (g) é cabível atualização monetária desde o protocolo do pedido, para recompor os efeitos da inflação. Fl. 502DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 Em 07/05/2007 (fls. 222/2242), a DRJ destaca que o pedido “que foi objeto de julgamento no presente feito, inclusive pelo Conselho de Contribuintes, tratase de crédito presumido de IPI do 4o trimestre de 1998, no valor de R$ 609.590,14”, carecendo o julgado tão somente da verificação de “aspectos atinentes à liquidez e certeza do montante solicitado”. Diante do novo pedido efetuado em 17/02/2005, mais de 5 anos depois da ocorrência do fato gerador do crédito, solicitando o valor de R$ 866.353,64, a DRJ demanda à unidade local manifestação e discernimento em relação ao pedido inicial, com ciência à empresa. A manifestação da unidade local vem no documento de fl. 226, no qual se afirma que a retificação do pedido foi aceita pois não havia decisão administrativa para o pedido original à data do envio do documento retificador. No documento de fl. 228, datado de 10/02/2009, a fiscalização da unidade local dispõe que é “irrelevante e desprovida de propósito a apuração do pedido de ressarcimento relativamente aos pedidos original e retificado”, propondo o retorno à DRJ. A DRJ efetua então, novo julgamento, em 26/02/1999 (fls. 230 a 242), acordando unanimemente pela improcedência da segunda manifestação de inconformidade, ratificando o valor reconhecido, no montante de R$ 402.622,16, sob os fundamentos de que não é competente para apreciação de legalidade ou constitucionalidade de normas, e que os gastos com energia elétrica, óleo combustível, óleo diesel, transportes, comunicação, material de uso e consumo e imobilizado não podem ser computados na base de cálculo do crédito presumido porque não agem diretamente sobre (ou sofrem ação do) produto fabricado (Parecer Normativo CST no 65/1979). Em relação a energia elétrica e combustíveis, destaca o julgador de piso que a matéria está inclusive sumulada no âmbito do CARF (Súmula no 12). Por fim, a correção dos créditos é negada por falta de amparo legal, e por disposição expressa em contrário de normas infralegais que regulam a restituição/ressarcimento/compensação de indébitos. Após dar ciência à empresa “FERTECO” do segundo julgamento em 25/09/2009 (AR à fl. 258), a unidade local encaminha o processo para arquivamento em 03/11/2009 (fl. 260). Em 16/11/2009, a COMPANHIA VALE DO RIO DOCE CVRD (incorporadora da “FERTECO”) apresenta recurso voluntário (fls. 263 a 281), sustentando que: (a) o direito ao crédito presumido é apurado com base no total das aquisições, o que inclui a energia elétrica (para acionamento de motores elétricos, entre outros) e os combustíveis (para queima e produção de calor e para abastecimento de veículos e equipamentos); e (b) constitui “iniludível erro” “a aplicação da restrita e ultrapassada conceituação de insumos preconizada pelo PN CST 65/79”, que é também ilegal por contrariar as disposições do RIPI, já tendo o antigo Conselho de Contribuintes entendido cabível o ressarcimento em tais casos. No mais, reitera que a legislação do IPI é de aplicação apenas subsidiária, que há norma da Secretaria de Fazenda de MG dispondo sobre o processo produtivo de mineradoras, e que os créditos devem ser atualizados (pela Taxa SELIC, ao menos a partir da data de protocolo do ressarcimento, formulado em 25/08/1999), como também já reconheceu o “Conselho de Contribuintes” e a Câmara Superior de Recursos Fiscais. É o relatório. 2 Os números de folhas indicados a partir deste ponto se referem ao volume 2 do processo (numeração eletrônica / eprocessos). Apesar de a numeração do volume 1 terminar na fl. 400, a numeração do volume 2 começa na fl. 199. Fl. 503DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10680.021823/9970 Acórdão n.º 3403002.903 S3C4T3 Fl. 300 5 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Da tempestividade do recurso voluntário apresentado Há que se verificar, preliminarmente, a tempestividade na apresentação do recurso voluntário. Como atesta a unidade preparadora (fl. 297), o recurso voluntário foi apresentado em 16/11/2009, tendo a ciência do acórdão de piso ocorrido em 25/09/2009. A priori, assim, estaria superado o prazo de trinta dias, admitido para interposição de recurso voluntário, expresso no art. 33 do Decreto no 70.235/1972 (“caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão”). Dispõe o art. 23 do mesmo Decreto no 70.235/1972: “Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (...) (...) § 2o Considerase feita a intimação: (...) II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação. (...) § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária (...)” (grifo nosso) O sujeito passivo (FERTECO MINERAÇÃO S.A.), conforme tela cadastral de fl. 244 (volume 2 do processo), foi incorporado em 27/08/2003 pela COMPANHIA VALE DO RIO DOCE, cujo domicílio indicado ao fisco é Av. Graça Aranha, 26, Ed. Barão de Mauá, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP 20.030001. Tendo em vista a incorporação é que o processo foi enviado à DERAT/RJ/DIORT, para ciência ao contribuinte, em 16/04/2009. Fl. 504DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 6 Constam no presente processo duas intimações sobre o resultado do julgamento de piso: (a) uma de no 2.144/2009, dirigida à FERTECO MINERAÇÃO S. A., Rua Rodrigo Silva, no 26, sala 2201, dúplex, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP 20.011040 (fl. 252/volume 2); e (b) outra, de no 2.402/2009, dirigida à VALE S.A., Av. Graça Aranha, 26, Ed. Barão de Mauá, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP 20.030001 (fl. 256/volume 2). Mas só um AR é juntado, referente à primeira intimação (no 2.144/2009 fl. 258/volume 2). A ciência, assim, não obedeceu ao disposto no inciso I do § 4o do art. 23 do Decreto no 70.235/1972, pois o endereço para o qual foi enviada a correspondência não era o constante do cadastro CNPJ da empresa incorporadora (estando a empresa incorporada baixada desde 27/08/2003). É também indevido, por consequência, o arquivamento efetuado em 03/11/2009. De qualquer sorte, consta nos autos que a empresa incorporadora (COMPANHIA VALE DO RIO DOCE) apresentou o Recurso Voluntário em 16/11/2009, não havendo qualquer registro da data de sua ciência ao julgamento de piso. Assumese, então, como tempestivo o recurso, na ausência de comprovação da data efetiva de ciência, em que pese a recorrente (incorporadora) sequer discutir especificamente a matéria em sua peça recursal (que, no entanto, aponta logo de início o endereço na Av. Graça Aranha, no 26, endereço esse que já constava no cadastro CNPJ e na sua manifestação de inconformidade fls. 373 a 397/volume 1). Do curso seguido pelo processo Superada a discussão sobre a tempestividade, há que se delimitar precisamente a matéria discutida no presente processo, e o curso seguido nestes autos. E, para tanto, é preciso voltar à decisão exarada anteriormente por este colegiado (à época “Conselho de Contribuintes”). Como relatado, em 18/09/2001, a Primeira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário, reconhecendo o direito ao crédito, em relação à solicitação de ressarcimento efetuada em 25/08/1999, referente a crédito presumido de IPI (Lei no 9.363/1996 e Portaria MF no 38/1997) correspondente ao 4o trimestre de 1998, no montante de R$ 609.590,14. Contudo, deixou à autoridade local a verificação da liquidez e da certeza em relação aos créditos, visto que a análise inicial fazia referências genéricas a irregularidades em relação a créditos de aquisição de energia elétrica e combustíveis. A unidade local, ao invés de analisar a liquidez e a certeza do pedido que foi objeto de julgamento pelo colegiado, analisou outro, registrado em 17/02/2005 (fl. 167), em sete anos posterior ao período em análise (4o trimestre de 1998), no valor de R$ 866.353,64. Destaquese que à data de protocolo do “novo pedido”, efetuado pela “FERTECO”, a empresa já havia sido extinta (incorporada pela COMPANHIA VALE DO RIO DOCE) há um ano e meio. E que o endereço indicado para a “FERTECO” em tal documento é exatamente aquele para o qual foi enviado (e recebido) o AR com o resultado do segundo julgamento de piso (Rua Rodrigo Silva, no 26, sala 2201, dúplex, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP 20.011040). Considerado tal endereço válido, o recurso voluntário seria intempestivo, o que nos faria voltar ao item anterior deste voto. Vejase que tanto o fisco quanto a própria recorrente (incorporadora) pareciam ignorar a incorporação efetuada em 27/08/2003. Fl. 505DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10680.021823/9970 Acórdão n.º 3403002.903 S3C4T3 Fl. 301 7 A mudança de foco pela unidade local não passou despercebida pelo julgador de piso, que pediu, em 07/05/2007 (fl. 224/volume 2), também sem atentar para a data da incorporação, que a unidade (que já não jurisdicionava o sujeito passivo) se pronunciasse sobre o “novo pedido”, efetuado há mais de cinco anos da ocorrência do fato gerador do crédito, e apurasse o valor em relação ao pedido original e ao “novo pedido”. No entanto, a unidade local, entendendo que o comando do art. 56 da Instrução Normativa (IN) SRF no 460/2004 dava guarida ao “novo pedido” (fl. 226/volume 2), superando o obstáculo decadencial, ainda que o pedido original já houvesse sido apreciado em três julgamentos administrativos (da própria unidade, da DRJ e do “Conselho de Contribuintes”), informou (fl. 228/volume 2 10/02/2009) ser “irrelevante e desprovida de propósito a apuração do pedido de ressarcimento relativamente aos pedidos original e retificado”. A unidade local, assim, além de não cumprir a tarefa que lhe foi encomendada pelo “Conselho de Contribuintes” (efetuar a liquidação do pedido de ressarcimento original), entendeu irrelevante e desprovida de propósito a apuração em apartado das rubricas glosadas em relação ao pedido inicial e ao “novo pedido”. É de se destacar aqui que eventual reconhecimento de atualização dos créditos (como propugna a recorrente) certamente demandaria tal apuração em apartado, visto que parte dos créditos foi solicitada em 25/08/1999, e o restante em 17/02/2005. Qualquer que seja o entendimento do colegiado sobre o cabimento da atualização dos créditos solicitados, é de se destacar que é absolutamente descabida a atualização em período anterior à própria solicitação do crédito. Contudo, não é o eventual prejuízo à defesa da recorrente, externado na negativa de discernimento pela unidade local, mas a incompetência desta que deve ensejar a nulidade processual que aqui começa a se delinear. Como dito, a empresa “FERTECO” foi incorporada pela COMPANHIA VALE DO RIO DOCE em 27/08/2003, mudando seu domicílio fiscal para o Rio de Janeiro/RJ (Av. Graça Aranha, 26, Ed. Barão de Mauá, Centro). Assim, não tinha legitimidade para efetuar o novo pedido de fl. 167 (volume 1). E tal “novo pedido” não poderia ser analisado por unidade que não mais jurisdicionava a empresa. A IN SRF no 210/2002, na qual é fundado o pedido, estabelece em seu art. 32: “Art. 32. A decisão sobre o pedido de ressarcimento de créditos do IPI caberá ao titular da DRF, Derat ou IRFClasse Especial que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio fiscal do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos.” (grifo nosso) E a IN SRF no 460/2004, que levou a unidade local a acatar o “novo pedido”, estabelece que: “Art. 43. O reconhecimento do direito ao ressarcimento de créditos do IPI caberá ao titular da DRF ou da Derat que, à data do reconhecimento, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos.” (grifo nosso) Fl. 506DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN 8 É forçoso, portanto, concluir que à data de apreciação do “novo pedido” (23/02/2005), que extrapola a matéria decidida no âmbito do Conselho de Contribuintes, a unidade local (DRFBHE) não detinha competência para analisar o pleito. Pelo exposto, voto por anular a decisão intitulada de “informação fiscal” (fls. 163 a 165), com fundamento no art. 59, II do Decreto no 70.235/1972, e todos os atos processuais a ela subsequentes, que deverão ter curso segundo o que já foi decidido em 18/09/2001, na Primeira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (Acórdão no 201 75.316). Rosaldo Trevisan Fl. 507DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/04/2014 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10865.000074/2007-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.950
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 65 .0 00 07 4/ 20 07 -1 2 Fl. 1349DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.350 2 Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 2 a 441, lavrado em 23/01/2007 (com ciência ao sujeito passivo na mesma data fl. 3), para exigência de imposto sobre produtos industrializados (IPI), acrescido de juros de mora e multa de ofício duplicada (150%), de 2002 a 2004, totalizando o valor de R$ 3.027.942,35. Narrase, na autuação, que, em decorrência de inaptidão no CNPJ da empresa "ESTAMPAR Indústria e Comércio LTDA" (doravante "ESTAMPAR"), a responsabilidade pelo recolhimento do IPI recai sobre a autuada, conforme processo administrativo no 10865.002582/200646, sendo o primeiro tópico da autuação referente ao IPI não lançado nas saídas de produtos tributados do estabelecimento da empresa, vez que nas notas fiscais de saída da "ESTAMPAR" não houve destaque por ser esta optante do SIMPLES. A multa foi duplicada em função de a empresa utilizar interposta pessoa (a "ESTAMPAR") com o intuito de modificar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. No segundo tópico da autuação, apontase ainda que houve saída de produtos com insuficiência de recolhimento por erro de alíquota em relação a produtos classificados no código NCM 8708.70.90, vez que houve majoração de alíquota de 5% para 15% a partir de 01/11/2002, pelos Decretos no 4.441/2002 e no 4.542/2002, com vigência até 30/04/2004. A terceira e última infração apontada na autuação decorre do lançamento de IPI não recolhido (sem informação em DCTF) de valores apurados nos anos de 2002 a 2004, nos Livros de Registro e Apuração do IPI. A empresa apresenta Impugnação em 22/02/2007 (fls. 757 a 761), argumentando, em síntese, que: (a) em 2004, foram consideradas pela fiscalização, além das receitas próprias da empresa, as operações da empresa "ESTAMPAR", "de propriedade das filhas do sócio majoritário da impugnante", esclarecendose que, "por não possuir cadastro bancário que possibilitasse a movimentação financeira, a impugnante socorreuse de suas filhas", "para efetuar as cobranças de duplicatas e o pagamento de seus fornecedores e funcionários"; (b) todos os recursos transferidos à "ESTAMPAR" foram integralmente para "pagamento de compromissos da impugnante", não havendo propriamente uma transferência de recursos; (c) a empresa "ESTAMPAR" operar regularmente, e a desconsideração de sua personalidade jurídica "representaria uma bitributação"; (d) devem ser excluídos da autuação os valores que se referem efetivamente à "ESTAMPAR"; (e) o processo de inaptidão da ESTAMPAR ainda está em curso, e pode promover alterações na autuação; (f) a multa de ofício deve ser alterada de 150% para 75%, por não restar comprovada a motivação da majoração; e (g) o STF já definiu que o limite da multa a ser aplicada é o valor do tributo. Em 13/01/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 892 a 899), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, sob os seguintes fundamentos: (a) a empresa não contestou a exigência relativa ao IPI sobre as saídas dos produtos tributados de seu estabelecimento sem o lançamento do IPI e às alterações nas alíquotas de 5% para 15% do produto de classificação fiscal 8708.70.90, nem tampouco contestou o lançamento relativo ao não recolhimento ou recolhimento a menor do IPI que deixou de ser informado na DCTF, conforme seus Livros de Registro do IPI, restringindose o litígio à discordância sobre a exigência do IPI incidente nas saídas tributadas efetuadas por meio da empresa "ESTAMPAR" e à majoração da multa de ofício; (b) deve ser indeferido o pedido de diligência, por ser desnecessário ao deslinde dos fatos; (c) no processo administrativo no 10.865.002582/200646, a empresa "ESTAMPAR" teve seu Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica declarado inapto por inexistência de fato, mediante o Ato Declaratório Executivo no 63, de 14/12/2006 (fl. 341), "tendo sido identificado que ora 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1350DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.351 3 impugnante utilizavaa como interposta pessoa com o intuito de modificar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal", o que não foi negado, mas confirmado pela impugnante, que reconheceu utilizar as contas bancárias da "ESTAMPAR" para efetuar suas transações operacionais e financeiras; (d) conforme demonstrado pela fiscalização, a empresa "ESTAMPAR" dava saída aos produtos supostamente por ela fabricados sem o lançamento do IPI, conforme demonstra a escrituração em seus Livros Registro de Saída anexados aos autos, e, além disso, fez constar na Declaração de Imposto de Renda Simplificada DSPJ, no ano calendário de 2004, tão somente receitas relativas a serviços, não havendo, portanto, que se falar em bitributação; (e) não há como sobrestar o presente julgamento àquele resultado na manifestação de inconformidade contra a inaptidão da "ESTAMPAR", pois ficou evidenciado no presente auto de infração o ilícito imputado à impugnante, mediante as diversas evidências de que somente há um estabelecimento industrial de fato, pois ambas encontramse no mesmo local (Rua da Palmeiras no 332, Villa Castelar Limeira), não havendo distinção física entre eles, tanto na área administrativa como na área de produção industrial, sendo a atividade econômica de ambas a mesma (CNAE no 2949299 Fabricação de outras peças e acessórios para veículos automotores não especificados anteriormente), e os produtos fabricados e comercializados por ambas também são os mesmos, conforme se verifica dos cadastros da RFB, sendo as operações financeiras e operacionais da impugnante exercidas por meio da "ESTAMPAR", até mesmo para efetuar suas cobranças de duplicatas e efetuar o pagamento de seus fornecedores e funcionários, como afirmou em sua impugnação a autuada; e (f) é cristalino que a utilização de interposta pessoa para encobrir saídas tributadas de IPI sem o devido lançamento do imposto evidencia o intuito de fraude, conforme definido no artigo 72 da Lei no 4.502/1964, não cabendo a discussão sobre proporcionalidade no âmbito administrativo, diante da fixação legal dos patamares das multas. Cientificada da decisão da DRJ em 24/02/2012 (fl. 907), a empresa apresentou Recurso Voluntário em 27/03/2012 (fls. 915 a 920), basicamente reiterando as razões expressas em sua impugnação, e acrescentando que a multa aplicada é inconstitucional por violação à exigência de lei complementar prévia, por confisco, ofensa ao direito de propriedade e violação aos princípios constitucionais da capacidade econômica, da proporcionalidade e razoabilidade. Em 29/06/2012, a empresa demanda que intimações sejam dirigidas ao escritório dos advogados (fl. 934) Em 27/06/2012, por meio da Resolução no 3401000.521 (fls. 935 a 938), o julgamento foi convertido em diligência, para que a unidade preparadora informasse acerca do andamento do processo no 10865.002582/200646, no qual se discutiu a inaptidão da empresa "ESTAMPAR", e se verificou que esta atuou como interposta pessoa. A unidade preparadora anexou cópia do processo às fls. 940 a 1345, trazendo, às fls. 1330 a 1332, o despacho decisório que culminou na inaptidão. Cientificada a recorrente (fl. 1334), não houve manifestação. Em 09/12/2015 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio (fl. 1348). O processo foi pautado para as sessões de junho, de julho e de agosto de 2016, sendo retirado de pauta, em todas as ocasiões, por motivo de falta de tempo para julgamento. É o relatório. Fl. 1351DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.352 4 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Da delimitação da lide Há que se delimitar, inicialmente, a lide. Como exposto no relatório, pairam três imputações de infração sob a responsabilidade da recorrente: (a) produto saído do estabelecimento industrial ou equiparado com emissão de nota fiscal e IPI não lançado, de novembro de 2002 a dezembro de 2004; (b) produto saído do estabelecimento industrial ou equiparado com emissão de nota fiscal e erro de classificação fiscal/alíquota; e (c) e IPI lançado em livro e não informado em DCTF, nem recolhido. Desde a impugnação, a defesa é apresentada somente em relação ao item "a", e limitada ao ano de 2004, mais especificamente em relação aos períodos em que se aponta haver interposição da empresa "ESTAMPAR", tendo sido a multa majorada de 75% para 150% (setembro, outubro, novembro e dezembro de 2004). Restam incontroversas todas as demais imputações, assim, desde a fase da impugnação, como bem detectou a DRJ (fl. 895): "Verificase que a interessada não contestou o lançamento de ofício relativo ao IPI sobre as saídas dos produtos tributados de seu estabelecimento sem o lançamento do IPI e quanto as alterações nas alíquotas de 5% para 15% do produto de classificação fiscal 8708.70.90, nem tampouco contestou o lançamento relativo ao não recolhimento ou recolhimento a menor do IPI que deixou de ser informado na DCTF, conforme seus Livros de Registro do IPI. Assim, delimitase o litígio à discordância da exigência do IPI incidente nas saídas tributadas efetuadas através da empresa Estampar, bem como da multa de ofício majorada sobre tal base de cálculo, no que se refere ao ano calendário de 2004, uma vez que o agente fiscal considerou além da receita própria da contribuinte, as operações existentes na empresa Estampar Indústria e Comércio Ltda, de propriedade das filhas do sócio majoritário da impugnante, questionando ainda a multa qualificada no percentual de 150% relativamente a estes fatos geradores." (sic) Nos dizeres da própria recorrente, ainda na fase de impugnação (fls. 757/758): Fl. 1352DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.353 5 A argumentação é repetida no recurso voluntário (fls. 916/917). Assim, remanesce o contencioso apenas sobre a primeira infração apontada na autuação, sinteticamente descrita à fl. 4, no item 001, parte 1: Em relação às demais infrações, não há controvérsia. Do processo referente à inaptidão da empresa "ESTAMPAR" Há que se recordar que o fato de os recursos da recorrente transitarem pelas contas da empresa "ESTAMPAR" é incontroverso, nos autos, também sendo uníssono que o sócio majoritário da recorrente é pai das duas únicas sócias da ESTAMPAR, e que ambas as empresas estão localizadas em um mesmo endereço. É ainda cediço, nos autos, que foi declarada inapta a empresa "ESTAMPAR", conforme Ato Declaratório Executivo da DRF/Limeira no 63, de 14/12/2006, como efeitos retroagindo a maio de 2004, conforme cópia da publicação em Diário Oficial (fl. 473). Percebase, na transcrição da autuação, que é feita menção expressa ao processo administrativo (de no 10865.002582/200646) que culminou na inaptidão da empresa "ESTAMPAR". E tal menção é que motivou a demanda do CARF à unidade local (ainda que Fl. 1353DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.354 6 equivocadamente remetendo a menção ao processo originariamente à DRJ), para anexação nestes autos das peças processuais correspondentes, com ciência à recorrente e abertura de prazo para manifestação. Tais peças, trazidas às fls. 940 a 1345, com cópia do despacho decisório às fls. 1330 a 1332, dão conta de que além de as empresas se encontrarem no mesmo local, não há distinção física entre elas, tanto na área administrativa, como na área de produção industrial, sendo que os produtos fabricados por ambas são os mesmos. Na manifestação de inconformidade apresentada naqueles autos pela "ESTAMPAR" sustentase que a motivação para o trânsito de recursos da recorrente em suas contas é que "caso fosse efetuado algum depósito na conta corrente dessa empresa, os recursos estariam bloqueados judicialmente, impedindo o cumprimento de obrigações trabalhistas e com fornecedores". Na leitura da unidade local, que apreciou a manifestação de inconformidade (fl. 1331): A inaptidão, assim, é mantida sob os seguintes fundamentos (fls. 1331/1332): Fl. 1354DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.355 7 A empresa "ESTAMPAR" foi cientificada do despacho decisório em 11/06/2013 (AR à fl. 1334), tendo havido, em 24/06/2013, solicitação de cópias do processo por Marilda Isabel Alves Gomes, do escritório Grotta, Gianotto e Rosseti (fls. 1336 e 1342). Em nome da verdade material, consultei o processo administrativo no 10865.002582/200646 no sistema "eprocessos", percebendo que não houve andamento posterior, tendo havido arquivamento em 15/06/2015, mesma data em que a unidade local devolveu ao CARF os autos (fl. 1346). Vejo, no entanto, que a providência final demandada na diligência não foi atendida pela unidade local. Assim, recordo o que se expôs à fl. 938, ao final da Resolução no 3401000.521, deste CARF: Após o resultado da diligência, intimar a recorrente para, se quiser, se manifestar no prazo de 30 dias. Da necessidade de nova baixa em diligência Não tendo sido cumprida a diligência anterior, na forma em que foi demandada pelo CARF, deve o processo ser remetido novamente à unidade local (DRF/Limeira/SP), para que efetivamente a cumpra. Adianto que a ciência deve ser efetuada na forma prevista no artigo 23 do Decreto no 70.235/1972, que regula o processo de determinação e exigência de crédito tributário, não encontrando guarida legal eventual intimação efetuada no escritório do advogado, como demandado pela parte à fl. 934. Conclusões Pelo exposto, voto no sentido de converter novamente o julgamento em diligência, para que se atenda por completo o demandado na conversão anterior, com ciência à recorrente, na forma do artigo 23 do Decreto no 70.235/1972, e abertura de prazo de 30 dias para manifestação sobre os documentos adicionados ao processo. Rosaldo Trevisan Fl. 1355DF CARF MF
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Numero do processo: 10120.004646/2007-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/03/2002 a 30/09/2003
DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. ART. 173, I DO CTN. RESP N. 973.733/SC.
Na ausência de pagamento, a regra decadencial aplicável é a do artigo 173, I do CTN, conforme entendimento do STJ expresso no REsp no 973.733/SC, na sistemática do artigo 543-C do antigo CPC (atual artigo 1036 do novo CPC, veiculado pela Lei no 13.105/2015), e, portanto, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, tendo em vista o artigo 62, § 2º do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015.
Numero da decisão: 3401-003.446
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, negando-se provimento ao recurso voluntário interposto.
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Hélcio Lafetá Reis (suplente), André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, negando-se provimento ao recurso voluntário interposto. ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Hélcio Lafetá Reis (suplente), André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. ART. 173, I DO CTN. RESP N. 973.733/SC. Na ausência de pagamento, a regra decadencial aplicável é a do artigo 173, I do CTN, conforme entendimento do STJ expresso no REsp no 973.733/SC, na sistemática do artigo 543C do antigo CPC (atual artigo 1036 do novo CPC, veiculado pela Lei no 13.105/2015), e, portanto, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, tendo em vista o artigo 62, § 2º do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, negandose provimento ao recurso voluntário interposto. ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Hélcio Lafetá Reis (suplente), André Henrique Lemos, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 46 46 /2 00 7- 38 Fl. 293DF CARF MF 2 Relatório Tratase de embargos de declaração (fls. 283 a 285)1 opostos pela Fazenda, em relação ao Acórdão nº 340100.336 (fls. 275 a 280), no qual, por unanimidade, foi dado parcial provimento ao recurso voluntário interposto, exclusivamente para reconhecer a decadência do direito de o fisco exigir os valores relativos ao período anterior a agosto de 2002: “PIS e COFINS. DECADÊNCIA. O PIS e a COFINS se submetem ao prazo decadencial de cinco anos para constituição do crédito tributário pelo fisco, conforme preconizado pelo CTN. São inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, nos termos da Súmula Vinculante no 8 do STF”. (Acórdão nº 3401 00.336, Rel. Cons. Fernando Cleto Marques Duarte, unânime, sessão de 19.out.2009) (grifo nosso) Alega a embargante que o acórdão incidiu em contradição "quando do exame individualizado de ponto essencial ao deslinde do fato e decorrente equívoco na análise documental”, informandose no voto condutor que houve pagamento parcial das contribuições, no caso em análise; e omissão quanto à análise do Demonstrativo de Apuração da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, no qual restaria claro que o contribuinte não antecipou o pagamento relativo às contribuições. Os embargos foram admitidos, em relação à omissão, pelo despacho de fls. 290 a 292, e o processo foi a mim sorteado, em 23/06/2016, para inclusão em pauta de julgamento e apreciação pelo colegiado, no mérito. Em virtude da suspensão das sessões, por determinação do CARF, de outubro a dezembro de 2016, e de ser a pauta de janeiro de 2017 mera reprodução da definida originalmente para o mês de outubro de 2016, o processo foi indicado para pauta no mês de fevereiro de 2017, não tendo sido julgado por falta de tempo hábil. É o relatório. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Tendo os pressupostos para admissibilidade dos embargos já sido avaliados no despacho de fls. 290 a 292, passase diretamente à análise da omissão objetivamente apontada. Importante destacar que no exame de admissibilidade não se estava a verificar efetivamente se houve omissão, mas se esta havia sido objetivamente apontada. Relevante ainda informar que com o novo RICARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015, Fl. 294DF CARF MF Processo nº 10120.004646/200738 Acórdão n.º 3401003.446 S3C4T1 Fl. 294 3 mais precisamente com seu art. 65, § 8º, passou a existir expressa previsão de sustentação oral pelas partes no julgamento de embargos de declaração. A omissão apontada pela Fazenda Nacional se refere à ausência de análise, no voto condutor do acórdão embargado, do Demonstrativo de Apuração da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, no qual restaria claro que o contribuinte não antecipou o pagamento relativo às contribuições, afetando a regra aplicável em relação à decadência. Ao afastar o prazo decenal de decadência das contribuições, com amparo na Súmula Vinculante no 8, do Supremo Tribunal Federal, o colegiado não teria discutido efetivamente se houve pagamento, limitandose a afirmar, à fl. 279, que a regra do artigo 150, § 4o do Código Tributário Nacional “deve ser aplicada aos casos em que houve algum pagamento do contribuinte, ainda que insuficiente, como ocorreu no presente caso”. Como indica a embargante, os demonstrativos estão presentes no processo, às fls. 81/82 e 91/92, que atestariam o valor “ZERO” no campo “Valor Recolhido”. Ao verificar tais demonstrativos, no entanto, percebo que a Fazenda Nacional confundiu “DACON” (Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais) com os demonstrativos anexos à própria autuação. Às fls. 81/82 e 91/92 constam os demonstrativos de valores lançados, produzidos ao final da fiscalização, e não os valores presentes na documentação fiscal da empresa apresentada à RFB (DACON / DCTF). No entanto, apesar de indicar páginas referentes a demonstrativo diverso, há que se reconhecer que a Fazenda chama a atenção para o fato de que não houve, no voto condutor do acórdão embargado, análise específica sobre a existência de eventuais pagamentos, o que merece melhor aprofundamento no enfrentamento dos embargos interpostos. Recordese que as razões de autuação, tanto em relação à COFINS (fl. 81) quanto à Contribuição para o PIS/PASEP (fl. 91), apesar de remeterem a “diferença apurada entre valor escriturado e declarado/pago”, afirmam que no período de março de 2002 a setembro de 2003 a cooperativa contabilizou valores das contribuições sobre receitas operacionais na conta contábil no 213105, mas não os declarou nas DCTF tampouco os recolheu. E, às fls. 76 a 78 é perceptível que não houve recolhimentos das contribuições no período de janeiro de 1993 a julho de 2007. Flagrante, assim, a omissão na análise de documentos constantes do processo, que dão conta de que não houve, efetivamente, recolhimentos no período. Devese, então, acolher os embargos, com efeitos infringentes, demandandose a aplicação da regra decadencial compatível com o caso concreto. Diante da ausência de pagamento antecipado, aplicável é a regra do artigo 173 do CTN, conforme entendimento expresso pelo STJ no REsp no 973.733/SC, na sistemática do artigo 543C do antigo CPC (atual artigo 1036 do novo CPC, veiculado pela Lei no 13.105/2015), e, portanto, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, tendo em vista o artigo 62, § 2º do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO Fl. 295DF CARF MF 4 CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro Fl. 296DF CARF MF Processo nº 10120.004646/200738 Acórdão n.º 3401003.446 S3C4T1 Fl. 295 5 de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (grifo nosso) Nesse sentido já decidiu, reiteradamente, este CARF: “(...) DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. ART. 173, I DO CTN. RESP N. 973.733/SC. Na ausência de pagamento, a regra decadencial aplicável é a do art. 173, I do CTN, conforme entendimento do STJ expresso no REsp no 973.733/SC, na sistemática do art. 543C do CPC, e, portanto, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, tendo em vista o art. 62A do Anexo II do RICARF.” (Acórdão no 3403002.298, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 25.jun.2013) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403 003.106 e 107, no 3403003.305, no 3101001.267, no 3302 002.589, no 3403002.767, no 9202003.060, no 9303002.849 e no 9303002.857). Assim, havendo nos autos demonstração de ausência de recolhimento antecipado das contribuições, sobre a qual não se manifestou o acórdão embargado, há que se acolher os embargos com efeitos infringentes, e determinar a aplicação, ao caso, da regra decadencial prevista no artigo 173, I do Código Tributário Nacional (“O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado”). Sendo os débitos mais remotos da autuação correspondentes ao mês de março de 2002, e tendo sido o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo em 10/08/2007, conforme AR de fl. 100, não há configuração de decadência no presente processo. Diante do exposto, devem ser acolhidos os embargos de declaração, com efeitos infringentes, negandose provimento ao recurso voluntário interposto. Rosaldo Trevisan Fl. 297DF CARF MF 6 Fl. 298DF CARF MF
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