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Numero do processo: 13149.000186/96-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 1995
SUMULA CARF Nº 21
É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu.
Numero da decisão: 2201-003.351
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os embargos propostos para, sanando a omissão apontada, consignar que o vício que levou às conclusões do Acórdão nº 303-35.419, de 19/06/08, é de natureza formal. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira, Daniel Melo Mendes Bezerra, Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Carlos César Quadros Pierre e Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), que entendiam ser o vício estritamente formal.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 06/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUz.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os embargos propostos para, sanando a omissão apontada, consignar que o vício que levou às conclusões do Acórdão nº 30335.419, de 19/06/08, é de natureza formal. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira, Daniel Melo Mendes Bezerra, Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Carlos César Quadros Pierre e Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), que entendiam ser o vício estritamente formal. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 06/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUz. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 14 9. 00 01 86 /9 6- 15 Fl. 154DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO 2 Relatório Tratamse de embargos de declaração propostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 30335.419, fl. 123/127, exarado pela 3ª Câmara do então 3º Conselho de Contribuintes, que restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR Exercício: 1995 LANÇAMENTO DE OFÍCIO PARA COBRANÇA DE ITR. PRELIMINAR DE NULIDADE. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO EFETUADA EM DESACORDO COM O ART. 142 DO CTN E DO ART. 59, INCISO I, DO DECRETO Nº 70.235/72. Descabida a cobrança do ITR através de Notificações de Lançamentos Eletrônicas, em total desacordo com o disposto no artigo 142 do CTN e no artigo 59, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, sem que haja identificação se o ato foi praticado por autoridade competente. PROCESSO ANULADO. Cientificada do Acórdão em 05 de setembro de 2012, fl. 141, a Procuradoria da Fazenda Nacional exarou sua ciência já manifestando a intenção de apresentação de embargos, o que foi levado a termo, tempestivamente, pela petição de fl. 144/146. Aduz a representação da Fazenda: A Relatora, cujo voto foi aceito por unanimidade, expôs em sua conclusão ter restado claro que o lançamento foi elaborado com restrição ao direito de defesa do contribuinte, já que não houve identificação do agente emissor da NFLD a fim de aferir a competência do mesmo para a emissão do Ato, motivo pelo qual cancelou o Auto de Infração. Neste diapasão, verificase que a constatação de existência de vicio no lançamento foi unânime entre os Conselheiros. Contudo, não restou claro do acórdão qual seria a natureza do vicio apontado, se de índole formal ou material, distinção de suma importância para delimitar os efeitos da decisão. (...) Ante o exposto, requer a Fazenda Nacional sejam os presentes embargos de declaração julgados procedentes com o fito de sanar a omissão apontada, como medida de salutar justiça . Em 02 de fevereiro de 2015, o Sr. Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF, concordando com os termos do despacho de admissibilidade acostado às folhas 150/151, admite os embargos e determina a inclusão do processo em Pauta de Julgamento para correção da omissão apontada. E o relatório necessário Fl. 155DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO Processo nº 13149.000186/9615 Acórdão n.º 2201003.351 S2C2T1 Fl. 155 3 Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Inicialmente, expresso minha concordância com os pressupostos de admissibilidade contidos no despacho de fls. 150/151. Assim a Conselheira Relatora Vanessa Albuquerque Valente conduziu o seu voto, no que foi acompanhada por todos os demais membros do colegiado: O Contribuinte ora recorrente, foi notificado para recolher o Imposto Territorial Rural —ITR e demais contribuições vinculadas, relativos ao exercício de 1995, no montante de R$ 8.206,15 (oito mil, duzentos e seis reais e quinze centavos), conforme Notificação de Lançamento de fls.05, com vencimento em 30/09/96. Inicialmente, ao analisar o auto em comento, verificase a existência de questão prejudicial à. análise de mérito, a qual diz respeito à inobservância ao comando normativo insculpido no artigo 142 do CTN e artigo 59, inciso I, do Decreto n° 70.235. Dispõe o artigo 142 do CTN: "Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional." Por sua vez, prescreve o art. 59, do Dec. n° 70.235 de 1972, abaixo transcrito: "Art. 59— São nulos: I Os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II Os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa." No caso vertente, conforme se verifica da Notificação Eletrônica de Lançamento do ITR/1995 e outras contribuições, expedida contra o Contribuinte ora recorrente, em data de 19/07/1996, comprovase que referida Notificação foi lavrada em total desacordo com o estatuído no artigo 142 do CTN, e incurso no artigo 59, inciso I do Decreto 70.235/72, sem que haja identificação se o ato foi realmente praticado por autoridade competente. Fl. 156DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO 4 Desta feita, VOTO no sentido de tornar nula a Notificação de Lançamento constante do processo ora em apreço. Como bem pontuado pela embargante, não restou expresso se o vício que levou ao entendimento unânime da Turma de Julgamento apresenta natureza formal ou material, o que é de fundamental importância para se delinear as ações administrativas posteriores, em particular em razão da contagem do prazo decadencial a que alude o art. 173 da Lei 5.172/66 ( CTN). Quanto à identificação do vício a partir de sua natureza formal ou material, em razão de sua precisão, clareza e adequação à presente demanda, transcrevo abaixo excerto do Voto do Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, acompanhado por unanimidade pelos demais membros da 1ª Turma do Câmara Superior de Recursos Fiscais (Acórdão 9101002.146): Adentrando propriamente na questão da análise do vício que ensejou a declaração de nulidade em relação a alguns itens do auto de infração, registro novamente que a compreensão e identificação da espécie desse vício (formal ou material) tem particular importância no âmbito do Direito Tributário, porque o Código Tributário Nacional prolonga o prazo de decadência para a constituição de crédito tributário que tenha sido cancelado por vício formal em sua constituição (CTN, art. 173, II). Os prazos de decadência tem a função de trazer segurança e estabilidade para as relações jurídicas, e é razoável admitir que o prolongamento desse prazo em favor do Fisco, em razão de erro por ele mesmo cometido, deve abranger vícios de menor gravidade. Com efeito, o sentido do CTN não é prolongar a decadência para todo o tipo de crédito tributário, mas apenas para aqueles que tenha sido anulados por ocorrência de "vício formal" em sua constituição. Nem sempre é tarefa fácil distinguir o vício formal do vício material, dadas as inúmeras circunstâncias e combinações em que eles podem se apresentar. O problema é que os requisitos de forma não são um fim em si mesmo. Eles existem para resguardar direitos (p/ ex., o direito ao contraditório e à ampla defesa). É a chamada instrumentalidade das formas, e isso às vezes cria linhas muito tênues de divisa entre o aspecto formal e o aspecto substancial das relações jurídicas. É esse o contexto quando se afirma que não há nulidade sem prejuízo da parte. Nesse sentido, vale trazer à baila as palavras de Leandro Paulsen: Não há requisitos de forma que impliquem nulidade de modo automático e objetivo. A nulidade não decorre propriamente do descumprimento do requisito formal, mas dos seus efeitos comprometedores do direito de defesa assegurado constitucionalmente ao contribuinte já por força do art. 5º, LV, da Constituição Federal. Isso porque as formalidades se justificam como garantidoras da defesa do contribuinte; não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. Alegada eventual irregularidade, Fl. 157DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO Processo nº 13149.000186/9615 Acórdão n.º 2201003.351 S2C2T1 Fl. 156 5 cabe, à autoridade administrativa ou judicial verificar, pois, se tal implicou efetivo prejuízo à defesa do contribuinte. Daí falar se do princípio da informalidade do processo administrativo. (PAULSEN, Leandro. Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 13ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011.) A Lei nº 4.717/1965 (Lei da Ação Popular), ao tratar da anulação de atos lesivos ao patrimônio público, permite, em seu art. 2º, uma análise comparativa entre os diferentes elementos que compõe o ato administrativo (competência, forma, objeto, motivo e finalidade): “Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observarseão as seguintes normas: a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou; b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato; c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo; d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.” (grifos acrescidos) Pela enumeração dos elementos que compõe o ato administrativo, já se pode visualizar o que se distingue da forma, ou seja, o que não deve ser confundido com a aspecto formal do ato (a competência, o objeto, o motivo e a finalidade). No contexto do ato administrativo de lançamento, vício formal é aquele verificado de plano, no próprio instrumento de formalização do crédito, e que não está relacionado à realidade jurídica representada (declarada) por meio deste ato. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO 6 O vício formal não pode estar relacionado aos elementos constitutivos da obrigação tributária, ou seja, não pode referirse à verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação, à determinação da matéria tributável, ao cálculo do montante do tributo devido e à identificação do sujeito passivo, porque aí está a própria essência da relação jurídicotributária. O vício formal a que se refere o artigo 173, II, do CTN abrange, por exemplo, a ausência de indicação de local, data e hora da lavratura do lançamento, a falta de assinatura do autuante, ou a falta da indicação de seu cargo ou função, ou ainda de seu número de matrícula, todos eles configurando elementos formais para a lavratura de auto de infração, conforme art. 10 do Decreto nº 70.235/1972, mas que não se confundem com a essência/conteúdo da relação jurídicotributária, apresentada como resultado das atividades inerentes ao lançamento (verificação da ocorrência do fato gerador, determinação da matéria tributável, cálculo do montante do tributo devido, etc. CTN, art. 142). Penso que a verificação da possibilidade de refazimento (repetição) do ato de lançamento, com o mesmo conteúdo, para fins de apenas sanear o vício detectado, é um referencial bastante útil para se examinar a espécie do vício. Se houver possibilidade de o lançamento ser repetido, com o mesmo conteúdo concreto (mesmos elementos constitutivos da obrigação tributária), sem incorrer na mesma invalidade, o vício é formal. Isso é um sinal de que o problema está nos aspectos extrínsecos e não no núcleo da relação jurídicotributária. Inicialmente, entendo oportuno destacar que, sendo a competência um requisito de validade de um ato administrativo, uma notificação que não identifica a autoridade que a expediu sequer deveria ser considerado lançamento. Ainda assim, a partir das pertinentes considerações contidas no voto acima, temse que vício formal seria apenas o erro menor que não inviabilizasse um novo lançamento utilizandose dos mesmos elementos constitutivos da obrigação e que não se confundisse com a essência da atividade de lançamento que seria a verificação da ocorrência do fato gerador, a determinação da matéria tributável, o cálculo do montante devido do tributo, a identificação do sujeito passivo, tudo no termos do art. 142 do CTN. Não obstante, penso que em tal essência está, ainda, a autoridade administrativa competente para constituir o crédito tributário mediante lançamento, a qual é expressamente citada no art. 142 do CTN e para quem a legislação atribuiu tal mister de forma privativa. Entender de modo diverso, restaria em absoluta afronta ao bom senso, à segurança jurídica e ao direito, resultando em evidente prejuízo ao contribuinte, que poderia verse compelido ao pagamento de autos de infração e notificações de lançamentos lavrados à margem da lei. Ademais, configuraria claro prejuízo ao patrimônio público que, decerto, não tem interesse de enriquecer ilicitamente. Assim, poderíamos até, como dito alhures, considerar como formal o vício de um auto de infração ou notificação de lançamento que não contenha a indicação da matrícula ou do cargo da autoridade autuante. Mas nunca poderíamos conceber que tal autoridade sequer Fl. 159DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO Processo nº 13149.000186/9615 Acórdão n.º 2201003.351 S2C2T1 Fl. 157 7 tenha sido lembrada no corpo do documento de lançamento, o que impossibilitaria a simples correção mediante nova autuação com os mesmos elementos. Afinal, neste caso, ainda que, em tese, tenhamos em mãos informações precisas sobre a ocorrência do fato gerador, a determinação da matéria tributável, o cálculo do montante devido e a identificação do sujeito passivo, para que nova autuação fosse levada a termo, haveríamos de reiniciar todo a ação fiscal, atribuindoa a um AuditorFiscal da RFB, que, no exercício de suas atribuições, identificaria se, de fato, houve infração à legislação tributária que justificasse o lançamento de ofício, sendo certo que tal servidor não se prestaria a apenas emprestar seu nome, cargo e matrícula para mero saneamento do vício apontado na notificação em tela. Assim, considerando que a Notificação que deu origem à presente demanda não contém nenhuma indicação da autoridade administrativa responsável pelo lançamento, o que inviabiliza a constatação de que esta tenha competência legal para tanto, entendo que o vício que levou a sua anulação tem natureza material. Portanto, não faria jus a Fazenda Nacional à devolução do prazo decadencial contida no inciso II do art. 173 do CTN. Não obstante, a posição acima expressa é absolutamente pessoal e reconheço que a mesma não é acompanhada pelo entendimento majoritário desta Corte, tanto que manifestações em sentido contrário já foram expressas neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais de maneira reiterada e uniforme, dando causa a edição de Súmula de observância obrigatória, nos termos do art. 72 de seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 343, de 09 de junho de 2015, cujo conteúdo transcrevo abaixo: Súmula CARF nº 21: É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu. Desta forma, a despeito do entendimento pessoal expresso, temse que o vício que levou à anulação do lançamento em tela é de natureza formal. Conclusão: Diante do exposto, voto por conhecer e acolher os embargos propostos pelo Procuradoria da Fazenda Nacional para, sanando a omissão apontada, consignar que o vício que levou às conclusões do Acórdão nº 30335.419, de 19/06/2008, é de natureza formal. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 160DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
score : 1.0
Numero do processo: 13982.720751/2013-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2201-000.232
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que a autoridade lançadora se pronuncie sobre: i) se houve o aproveitamento do tributo recolhido referente a parte declarada pelo contribuinte e ii) se houve a intimação do co-titular da conta corrente.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que a autoridade lançadora se pronuncie sobre: i) se houve o aproveitamento do tributo recolhido referente a parte declarada pelo contribuinte e ii) se houve a intimação do cotitular da conta corrente. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 82 .7 20 75 1/ 20 13 -1 2 Fl. 1895DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 3 2 Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Por meio do Auto de Infração de fls. 2 a 19 (a numeração digital é a adotada neste acórdão), exigese R$ 3.250.813,20 de imposto de renda, R$ 4.876.219,81 de multa de ofício qualificada de 150%, e acréscimos legais decorrentes da ação fiscal efetuada em desfavor do contribuinte, acima qualificado, iniciada com a abertura do Mandado de Procedimento Fiscal nº 09.2.03.0020 12001663. 2. Segundo a autoridade fiscal, em 08 de março de 2012, foi encaminhadoao contribuinte o Termo de Início de Procedimento Fiscal e solicitada a apresentação do LivroCaixa da Atividade Rural e extratos bancários das contas correntes de depósito, investimento e de poupança, mantidas sob sua titularidade referentes aos anos calendário de 2008 e 2009. 3. Após sucessivos pedidos de prorrogação, o autuado disponibilizou o arquivo digital da movimentação rural de 2008 e 2009 e encaminhou autorização para que a fiscalização solicitasse diretamente aos bancos os extratos bancários. 4. Da análise da DIRPF e da DITR, a autoridade fiscal constatou tratarse de exploração de atividade rural em condomínio. 5. Do cotejamento dos dados registrados no Livro Caixa e nos extratos bancários enviados pelas instituições financeiras, a autoridade fiscal constatou a existência de entradas financeiras, via bancos, registradas como acréscimo no saldo do Livro Caixa e sob a denominação de “empréstimos”, mas que na realidade provinham de transferências bancárias, descontos de títulos ou depósitos bancários. 6. Nos extratos bancários foram também identificadas entradas sem a correspondente escrituração no Livro Caixa. 7. O sujeito intimado e reintimado a esclarecer tais situações se manteve silente. 8. Buscando identificar a origem das entradas bancárias, que o contribuinte não esclareceu, a autoridade fiscal encaminhou ofício às instituições financeiras, requerendo comprovantes dos lançamentos efetuados nas contascorrente do mesmo. 9. A partir desses documentos encaminhados pelos bancos, a fiscalização elaborou a Planilha “ Análise Resposta Bancos”, às fls. 1202 a 1217. 10. A citada planilha é assim formada: Data/Histórico e valor: se refere ao valor lançado a crédito (entrada) no extrato bancário do sujeito passivo e o histórico constante do referido extrato. Análise extrato/livro caixa: diz respeito a como a entrada na conta bancária do sujeito passivo foi escriturada em seu livro caixa. A expressão “não contabilizado” significa que não identificamos em seu livro caixa o lançamento correspondente, por sua vez a expressão "xxx Fl. 1896DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 4 3 emprés imo" é utilizada quando no livro caixa este valor consta como empréstimos contraídos junto a instituições financeiras. Origem banco: Referese à informação carreada pela instituição financeira. Os documentos coligidos pelas mencionadas instituições estão relacionados no anexo DOCUMENTOS BANCOS. (BB, HSBC, SICOOB, SANTANDER e BRADESCO). Conclusão. As expressões contidas nesta coluna possuem o seguinte significado: RURAL: Esta conclusão surge quando a Fiscalização conseguiu identificar quem foi o depositante dos recursos e cumulativamente constatar que se trata de pessoa jurídica cuja atividade seja a aquisição e/ou comércio/industrialização de produtos agrícolas ou de animais (atividades correlatas às desenvolvidas pelo autuado). A mesma conclusão emerge no caso dos depósitos efetuados por pessoas físicas e desde que esta Fiscalização tenha identificado que os depositantes (pessoas físicas) exerciam a atividade rural. Ainda neste ponto, convém repisar que com relação ao depositante denominado de SEMENTES PREZZOTTO LTDA (depositou R$ 11.993.985,46 nas contas bancárias do autuado) procedemos a diligência (anexo DILIGENCIA SEMENTES PREZZOTTO) na qual esta foi provocada a explicar a natureza dos depósitos efetuadas nas contas correntes do senhor João Carlos Prezzotto. Até a presente data o requestado por esta Fiscalização não foi atendido. Do mesmo modo e por meio do Termo de Intimação Fiscal n° 11 o autuado foi instado a explicar o motivo de tais depósitos. Nada respondeu até o momento. Convém ressaltar que o senhor João Carlos Prezzotto é sócio da empresa SEMENTES PREZZOTTO LTDA, conforme documento (cadastro CNPJ) constante do anexo DILIGENCIA SEMENTES PREZZOTTO. SEM ORIGEM: Esta conclusão surge quando a instituição financeira não informou a esta fiscalização quem foi o depositante. SEM MOTIVO: Neste caso, em que pese a instituição financeira ter identificado quem foi o depositante esta Fiscalização não constatou tratarse de uma pessoa jurídica/pessoa física que opere com atividade rural. 11. Com base nessas conclusões, a autoridade fiscal considerou os depósitos sem origem ou sem motivo como depósitos bancários de origem não comprovada conforme estatui o artigo 42 da Lei n° 9.430/96. 12. Com relação à conta bancária mantida junto ao Banco do Brasil S/A, a autoridade lançadora considerou somente 50% dos valores não comprovados, visto tratarse de conta bancária mantida em conjunto com o senhor José Carlos Prezzotto. 13. Já os depósitos considerados como relacionados com a atividade rural – os depósitos para os quais a Fiscalização identificou o depositante como pessoa jurídica ou pessoa física que atua na Fl. 1897DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 5 4 atividade rural foram considerados como omissão de receitas da atividade rural. 14. O auditor ainda fez as seguintes considerações: Destacamos ainda que em que pese o senhor João Carlos Prezzotto mencionar em sua DIRPF (anexo bens) e DITR que possui 40 % da atividade rural em comum, na apuração do resultado declarado pelo mesmo (conforme DIRPF Demonstrativo de Atividade Rural) lhe coube o percentual de 24% das receitas e despesas escrituradas no livro caixa apresentado, sendo este o percentual considerado pela Fiscalização em relação à omissão de receitas da atividade rural de que trata este lançamento. Tal providência se explica pelo fato de que em relação ao movimento escriturado no livro caixa (anexo LIVRO CAIXA 2008 2009) os demais participantes da atividade em comum também declararam em suas DIRPF somente receitas e despesas calculadas a partir deste livro caixa. Sendo assim, adotamos como percentual a ser atribuído a cada um dos condôminos o mesmo índice por eles considerados nas DIRPFs, respectivas, conforme demonstrado na planilha PARTICIPAÇÃO NA RECEITA DA ATIVIDADE RURAL ESCRITURADA. – CONDÔMINOS. Em sua DIRPF (anexo DIRPF) o sujeito passivo optou por tributar os rendimentos da atividade rural por meio do seu resultado, ou seja, receitas menos despesas. Deste modo, na presente autuação foi mantida a opção do sujeito passivo. 15. Sobre a qualificação da multa de ofício, a autoridade fiscal assim se posicionou: A juízo destas autoridades fiscais, o autuado adotou conduta que teve por desiderato impedir o conhecimento por parte da administração tributária do total das exações devidas pelo mesmo durante os anos calendario de 2008 e 2009. O sujeito passivo praticou de forma reiterada durante o período fiscalizado (anoscalendário 2008 e 2009), ato que modificou a característica essencial do fato gerador de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil de modo a reduzir o montante devido, ao omitir de sua escrituração receitas relativas a atividade rural. Há de se salientar que para a correta constatação dos tributos devidos pelo sujeito passivo necessário se faz a comparação das declarações apresentadas por este com a sua escrituração (atividade rural). No caso do contribuinte ora fiscalizado tal comparação é possível, porém os dados inseridos em sua escrituração no período de 2008 e 2009 são inexatos, não refletem a realidade dos fatos, logo as declarações apresentadas padecem de veracidade. Tal conclusão se arrima no fato de terem sido contabilizadas a título de empréstimos entradas que se apurou tratarse de receitas da atividade rural, (inserção de elementos falsos). Do mesmo modo se constatou em Fl. 1898DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 6 5 relação a depósitos bancários mantidos a margem da escrituração, (omissão de informações). Este fato retardou o conhecimento da ocorrência do fato gerador por parte da autoridade fazendária, pois antes de a ação fiscal ser iniciada a percepção que a Fazenda Pública possuía do fato gerador era aquele informado pelo sujeito passivo em sua DIRPF. Não fosse a ação da fiscalização, a administração tributária não teria noção da amplitude dos fatos geradores que compõem a presente autuação. Não podemos olvidar que é por meio da declaração, acima mencionada (DIRPF), que a Administração Tributária se instrumentaliza a fim de cobrar coercitivamente (judicialmente) os tributos sujeitos a lançamento por homologação que lhes são devidos. Ainda nesta seara, há de se destacar que o fato de o contribuinte apresentar DIRPF com informações falsas ou inexatas à Receita Federal do Brasil se subsume a conduta prevista no artigo 1o da Lei n. 8.137/90. É na omissão do contribuinte (não escrituração de receitas) que reside a fraude que justifica o percentual da multa ora aplicada, visto que, por meio destas condutas, o contribuinte se esconde na esperança de que o Fisco nada descubra, e assim não possa exercer o seu direito (constituir o crédito tributário) no prazo decadencial, acarretando prejuízos aos cofres públicos. (...) Desta maneira, frente as ações/omissões da autuada estas autoridades fiscais fixaram a multa de ofício em 150% no que se refere às infrações antes citadas. 16. O contribuinte apresenta impugnação, às fls. 1247 a 1294, protestando contra a autuação fiscal, pois para apurar uma suposta omissão de rendimentos da atividade rural, a autoridade lançadora elaborou um demonstrativo de omissão de receitas da atividade rural, onde todos os depósitos bancários nele relacionados, seriam de receitas não declaradas na atividade rural. 17. A autoridade fiscal, para chegar a tal conclusão, partiu dos depósitos feitos nas contas bancárias confrontandoos com aqueles valores lançados no livro caixa. Não encontrando correspondência entre os depósitos bancários com aqueles lançados no livro caixa, presumiu a omissão de receita. 18. Porém a quase totalidade dos valores relacionados no mencionado demonstrativo, referese a transferências bancárias da Empresa Sementes Prezzotto Ltda para o impugnante, em face de um contrato de mútuo celebrado entre essas partes, o qual também está registrado no Livro Caixa do autuado e no Livro Diário da Sementes Prezzotto. 19. A autoridade fiscal constatou que a empresa SEMENTES PREZZOTTO LTDA depositou a importância de R$ 11.993.985,46 nas contas bancárias do ora autuado que é sócio da empresa em questão, como percebido pela própria autoridade lançadora. Fl. 1899DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 7 6 20. Diz que no caso de MÚTUO há apenas mutação patrimonial, pois, em decorrência da saída/entrada de moeda, existe a entrada/saída de dívida. Não há que se cogitar de receita tributável (ou não) ou de pagamento dedutível (ou não). 21. Conclui, após citar doutrina que a receita só alcança valores que ingressam de maneira positiva no patrimônio da entidade, e que, portanto, somente os valores recebidos, ingressados no patrimônio da entidade, são hábeis a compor efetivamente a base de cálculo para apurar o resultado da atividade rural. 22. Menciona mácula ao princípio da capacidade contributiva, pois no caso de mútuo, não há qualquer autorização constitucional ou legal para tributação de referidas importâncias. 23. Ressalva que embora, a despeito de intimado a comprovar a origem dos recursos, tenha se quedado inerte, este fato, por si só não é suficiente para caracterizar omissão de receita. No máximo, indício, quiçá, sujeito a um maior e melhor aprofundamento, e, ainda: Ao que dá a entender, as autoridades fiscais imaginaram que o autuado vendeu mercadorias para a empresa SEMENTES PREZZOTTO LTDA, sem documento fiscal, especulação esta que, para sustentar o lançamento, deveriam, mais do que nunca, ir além. Por isso não é possível, dar como do sujeito passivo a propriedade de numerário por ele transitado em seu LIVRO CAIXA e assim a prática de ilícito consistente no não oferecimento à tributação daqueles valores recebidos através de mútuo. As acusações fiscais, em relação aos depósitos feitos na conta corrente do autuado pela EMPRESA SEMENTES PREZZOTTO LTDA, fica no campo da especulação, mas não encontra suporte especialmente do decantado princípio da tipicidade cerrada e à falta do devido aprofundamento da matéria que pudesse ser tributada. 24. Em continuação, afirma que a autoridade fiscal, além daqueles valores depositados pela Empresa Sementes Prezzotto Ltda para o autuado, entendeu que outros depósitos têm origem em receita não declarada. 25. Muitos dos valores depositados na conta do autuado têm origem nas vendas feitas pelo autuado e que estão lançadas no Livro Caixa. Outro, foi depósito indevido e posteriormente devolvido e ainda, há outros depósitos, cuja origem são vendas feitas pela Empresa Sementes Prezzotto Ltda para clientes dessa, mas a cobrança bancária e o correspondente depósito bancário foram feitos pelo cliente na conta do autuado, que, por sua vez, considerou como mútuo junto à mesma. E a operação assim foi feita em razão da cessão do crédito para o autuado. 26. A autoridade fiscal acusou a percepção de milhões de reais por parte do impugnante, no entanto, em vez de arbitrar tal receita a base de 20%, utilizou como base de cálculo a diferença entre a receita bruta e as correspondentes despesas, agindo em descompasso com a legislação pertinente que prescreve se constatada a falta da escrituração das receitas, das despesas de custeio, dos investimentos e Fl. 1900DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 8 7 demais valores que integram a atividade implicará arbitramento da base de cálculo à razão de vinte por cento da receita bruta do ano calendário. Conclui que o lançamento fiscal está eivado de nulidade, devendo, portanto, ser desconstituído. 27. Pede também o reconhecimento da decadência sobre o período de janeiro a agosto de 2008. 28. Caso mantida a exigência do auto de infração, o contribuinte aduz que deve ser afastada a existência de simulação, o evidente intuito de fraudar o fisco e, por conseguinte, determinar a aplicação da multa de ofício no percentual de 75%, sem a qualificação. 29. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba julgou procedente em parte a impugnação, restando mantida parcialmente a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009, 2010 DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. DOUTRINA. EFEITOS. As decisões administrativas, mesmo as proferidas por Conselhos de Contribuintes, e as judiciais, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação e daquelas objeto de Súmula vinculante, nos termos da Lei nº 11.417 de 19 de dezembro de 2006, não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. A doutrina transcrita não pode ser oposta ao texto explícito do direito positivo, mormente em se tratando do direito tributário brasileiro, por sua estrita subordinação à legalidade. MÚTUO. PROVA. Contrato de mútuo sem registro público e desacompanhado de outras provas não tem força suficiente para refutar a alegação fiscal da existência de depósitos bancários de origem não comprovada. IMPUGNAÇÃO. PROVAS. A impugnação deve ser instruída com os elementos de prova que fundamentem os argumentos de defesa. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem não têm qualquer relevância na análise dos fatos alegados. NULIDADE. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 1901DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 9 8 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. DECADÊNCIA. Nos casos em que o contribuinte entrega a declaração de ajuste anual dentro do prazo legal, apura saldo de imposto a pagar e declara rendimentos tributáveis que sofreram, inclusive, retenção de imposto na fonte e submeteramse aos recolhimentos de carnêleão e/ou de imposto complementar, o lançamento do Imposto de Renda das Pessoas Físicas tem a natureza jurídica de lançamento por homologação, com fato gerador complexivo, de período anual, sendo que os termos iniciais para a contagem do prazo decadencial de 5 (cinco) anos são as datas da ocorrência dos fatos geradores, ou seja, 31 de dezembro dos anos calendário correspondentes aos exercícios analisados. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ATIVIDADE RURAL. Para fins de tributação, considerase resultado da atividade rural a diferença entre o valor da receita bruta auferida e o das despesas e investimentos pagos, limitandose esse resultado a vinte por cento da receita bruta do anocalendário. MULTA QUALIFICADA É de se manter a multa qualificada de 150%, estando configurado o intuito de fraude com a consequente redução do imposto devido. Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustenta, em síntese: a) a não incidência do IRPF sobre a suposta omissão de rendimentos da atividade rural em decorrência de depósitos bancários de origem comprovada valores transferidos da conta corrente da Empresa Sementes Prezzoto para João Carlos Prezzoto (mútuo); b) a não incidência em razão da comprovação da origem dos depósitos pela venda de mercadorias próprias e pela venda de mercadorias da Semente Prezzotto LTDA, considerando o depósito em nome de João Carlos Prezzotto, o que infirma a acusação de omissão de rendimentos da atividade rural em decorrência de depósitos bancários de origem comprovada; c) a invalidade do lançamento fiscal em razão do absoluto desrespeito ao artigo 42, § 4º, da Lei 9.430/96, sobre a suposta omissão de receita em razão da não comprovação da origem dos depósitos bancários não comprovados; d) que foi utilizada a totalidade dos valores depositados nas contas bancárias, relativamente ao período objeto de lançamento como base de cálculo, quando a lei manda arbitrar a totalidade da receita; e) o critério adotado pelas autoridades fiscais de preservar a apuração feita pelo autuado e adicionar ao mesmo a receita tida por omitida é arbitrário, pois se trata de um critério exclusivamente subjetivo dos agentes fiscais, quando existe norma a dispor sobre procedimento a ser adotado; Fl. 1902DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 10 9 f) decadência do direito de constituir o crédito tributário em relação ao período anterior a janeiro de 2009; g) a inaplicabilidade da multa qualificada; h) do equívoco do recálculo realizado após o julgamento de primeira instância. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz 1. Recurso voluntário Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. As infrações sob análise, consoante o Relatório Fiscal, são: a) depósitos bancários de origem não comprovada (com relação à conta bancária mantida junto ao Banco do Brasil, foram considerados 50% dos valores não comprovados origem/motivo visto que se trata de conta bancária mantida em conjunto com o senhor José Carlos Prezzotto); b) depósitos considerados como relacionados com a atividade rural (depósitos para os quais a fiscalização identificou o depositante como pessoa jurídica ou pessoa física que atua na atividade rural, de modo que foram considerados como omissão de receitas da atividade rural). Com base no exposto no relatório, observase que, no presente caso, impõese a verificação do aproveitamento do tributo recolhido referente à parte declarada pelo contribuinte, bem como a identificação da intimação do cotitular da conta corrente, para efeito da melhor aplicação do direito. Compulsandose os autos, verificase que não foi juntada a intimação realizada ao cotitular da conta bancária, de modo que não se mostra possível a verificação do atendimento ao Enunciado de Súmula n.º 29 do CARF, abaixo transcrito: Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Nesse contexto, a fim de que seja realizada a devida análise acerca da comprovação da origem dos depósitos, tendo em vista que se trata de conta conjunta, em obediência ao princípio da verdade material, bem como com o fito de aferir o cumprimento da Súmula n.º 29 do CARF, fazse relevante a conversão do processo em diligência. Fl. 1903DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 11 10 Diante do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que a autoridade lançadora se pronuncie sobre: i) se houve o aproveitamento do tributo recolhido referente a parte declarada pelo contribuinte e ii) se houve a intimação do cotitular da conta corrente. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 1904DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15467.720043/2015-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
ISENÇÃO. SÚMULA N.º 63 DO CARF. COMPROVAÇÃO DA MOLÉSTIA GRAVE POR MEIO DE LAUDO PERICIAL OFICIAL. NEOPLASIA MALIGNA. DOENÇA NÃO PASSÍVEL DE CONTROLE. AUSÊNCIA DE PRAZO DE VALIDADE DO LAUDO.
Cumpridos os requisitos referentes à natureza dos rendimentos provenientes de aposentadoria e à comprovação do acometimento de moléstia grave, por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, o contribuinte faz jus à isenção do imposto de renda.
O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, apenas no caso de moléstias passíveis de controle.
Numero da decisão: 2201-003.324
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 06/09/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE E ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora. EDITADO EM: 06/09/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE E ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ.
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SÚMULA N.º 63 DO CARF. COMPROVAÇÃO DA MOLÉSTIA GRAVE POR MEIO DE LAUDO PERICIAL OFICIAL. NEOPLASIA MALIGNA. DOENÇA NÃO PASSÍVEL DE CONTROLE. AUSÊNCIA DE PRAZO DE VALIDADE DO LAUDO. Cumpridos os requisitos referentes à natureza dos rendimentos provenientes de aposentadoria e à comprovação do acometimento de moléstia grave, por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, o contribuinte faz jus à isenção do imposto de renda. O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, apenas no caso de moléstias passíveis de controle. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 06/09/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 46 7. 72 00 43 /2 01 5- 90 Fl. 63DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 2 JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE E ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Tratase de Notificação de Lançamento (fls. 12/15) lavrada em procedimento de revisão da Declaração de Ajuste Anual Exercício 2013 – Ano Calendário 2012, por omissão de rendimentos recebidos do INSS, no valor de R$ 22.141,86, considerado o imposto de renda retido na fonte, no valor de R$ 44,90. Com esse lançamento foi apurado o imposto suplementar no valor de R$ 6.044,11, acrescido de multa de ofício e juros de mora calculados até 30/01/2015, resultando no crédito tributário de R$ 11.608,91. O contribuinte apresentou impugnação tempestiva (fls. 02/03), alegando que o valor recebido do INSS é isento por se tratar de proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, recebidos por portador de moléstia grave. Anexa documentos de prova. Extrato do Processo (fl. 25). foram processadas em 04/2015. Anexa documentos de fls 06/31. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 RENDIMENTOS DO TITULAR. ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. São isentos os proventos de aposentadoria ou pensão recebidos por portador de moléstia grave, comprovada mediante laudo emitido por serviço médico oficial municipal, estadual ou federal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Fl. 64DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 15467.720043/201590 Acórdão n.º 2201003.324 S2C2T1 Fl. 3 3 Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustenta, em síntese, o direito à isenção, e anexa os seguintes documentos: carta de concessão de aposentadoria do INSS; laudo de anatomia patológica emitido pelo Instituto Nacional de Câncer; relatório médico do procedimento cirúrgico de nefrectomia radical esquerda (retida do rim esquerdo), com respectivo CID, emitido pelo Instituto Nacional de Câncer; comprovante de rendimentos pagos pelo INSS; intimação 2015/Acódão 1055.501; e Carteira de Identidade Profissional. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Conforme relatado, o presente lançamento tratase da omissão de rendimentos indevidamente considerados isentos por portador de moléstia grave. O acórdão de primeira instância negou o direito à isenção do contribuinte sob o fundamento de que "o relatório médico emitido pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer, fls. 10/11) não atende ao previsto na Instrução Normativa SRF n.º 15/2001, então vigente", pois identifica o contribuinte e a data em que a doença foi diagnosticada (11/05/1998), mas não informa se a doença é passível de controle, conforme trecho abaixo transcrito: O contribuinte anexa cópia do Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte emitido pelo INSS para o anocalendário 2012 (fl. 05), no qual consta que a natureza dos rendimentos recebidos, no valor de R$ 22.141,86, é aposentadoria por tempo de contribuição. É anexada também a cópia da Carta de Concessão da Aposentadoria (fls. 08/09), a qual teve início em 11/07/1998. Todavia, entendese que o Relatório Médico emitido pelo INCA Instituto Nacional de Câncer (fls. 10/11) não atende ao previsto na Instrução Normativa SRF n° 15/2001, então vigente. O Relatório foi emitido pelo INCA que é órgão do Ministério de Saúde do Brasil (serviço médico oficial da União), identifica o contribuinte em questão e a data (11/05/1998) em que a doença (neoplasia maligna da pelve renal CID C65) foi diagnosticada, porém, não informa se é doença passível de controle ou não. Em seu recurso voluntário, o recorrente reitera as razões da impugnação e efetua a juntadas de documentos que corroboram o pleito da isenção. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 4 Sobre da matéria, os incisos XIV e XXI, art. 6º, da Lei n.º 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com redação dada pelas Leis n.º 8.541, de 23 de dezembro de 1992, e n.º 11.052, de 29 de dezembro de 2004, assim determinam: Art. 6o Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Pagel (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (...) XXI os valores recebidos a título de pensão quando o beneficiário desse rendimento for portador das doenças relacionadas no inciso XIV deste artigo, exceto as decorrentes de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão. Por sua vez, o art. 30 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, passou a veicular a exigência de que a moléstia fosse comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, nos termos a seguir: Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6° da Lei n" 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com redação dada pelo art. 47 da Lei n°8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. § 2º Na relação das moléstias a que se refere o inciso XIV do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, fica incluída a fibrose cística (mucoviscidose). Salientase que a isenção por moléstia grave, quando estabelecida em 1988 pela Lei 7.713, não fazia referência quanto à forma de sua comprovação. Contudo, com a superveniência da Lei 9.250, em 1995, foi instituída forma específica para reconhecimento da moléstia pelas autoridades tributárias. Fl. 66DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 15467.720043/201590 Acórdão n.º 2201003.324 S2C2T1 Fl. 4 5 A partir da edição da mencionada lei, tornouse indispensável a apresentação do laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Dessa forma, a isenção sob análise requer a consideração do binômio: moléstia (grave) e natureza específica do rendimento (provenientes de aposentadoria, reforma, pensão ou reserva remunerada), sendo o laudo pericial oficial requisito objetivo para a demonstração da moléstia grave. Nesse contexto, considerando o teor da Súmula CARF n.º 63, que dispõe expressamente sobre a isenção do portador de moléstia grave, observase que os proventos decorrentes de aposentadoria ensejam o direito à isenção, quando cumulativamente considerados com a comprovação de moléstia grave, como segue: Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Acerca da comprovação do acometimento de moléstia grave pelo recorrente, cumpre esclarecer que, apesar de o laudo médico não informar se a doença é passível ou não de controle, pelo que se depreende do § 1º do art. 30 da Lei nº 9.250/1995, entendese que, no presente caso, a doença não é passível de controle, pois o serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Assim, restam atendidos os requisitos legais concessivos do direito à isenção, pois foi devidamente apresentado laudo médico pericial especificando a moléstia grave (neoplasia maligna), bem como se tornou incontroverso que os rendimentos auferidos são provenientes de aposentaria. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 67DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 6 Fl. 68DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10218.720517/2009-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA.
Comprovado o pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial inicia sua contagem com a ocorrência do fato gerador, operando-se a extinção do crédito tributário lançado após o decurso de prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário pelo lançamento.
Numero da decisão: 2201-003.350
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento ao recurso para reconhecer a decadência do lançamento tributário. Vencido o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado).
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 06/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre, Ana Cecilia Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. Comprovado o pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial inicia sua contagem com a ocorrência do fato gerador, operando-se a extinção do crédito tributário lançado após o decurso de prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário pelo lançamento.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento ao recurso para reconhecer a decadência do lançamento tributário. Vencido o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado). Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 06/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre, Ana Cecilia Lustosa da Cruz.
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LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. Comprovado o pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial inicia sua contagem com a ocorrência do fato gerador, operandose a extinção do crédito tributário lançado após o decurso de prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário pelo lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento ao recurso para reconhecer a decadência do lançamento tributário. Vencido o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado). Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 06/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre, Ana Cecilia Lustosa da Cruz. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 05 17 /2 00 9- 73 Fl. 97DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA 2 O presente processo trata da Notificação da Lançamento nº 02103/00148/2009 (fl. 1 a 4), pela qual a autoridade administrativa lançou crédito tributário relativo a Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural no valor originário de R$ 16.572,00, com Multa de Ofício de R$ 12.429,00 e juros de mora de R$ 10.763,51 (calculados até julho de 2009), perfazendo o total apurado de R$ 39.764,51. O lançamento é relativo ao exercício de 2004 e o imóvel rural em questão está identificado na Receita Federal do Brasil pelo número 7.570.3238. Atesta a Fiscalização que, regulamente intimado, o contribuinte não comprovou o valor da terra nua declarado, mediante a apresentação de laudo de avaliação do imóvel, o que ensejou seu arbitramento com base nas informações do Sistema de Preços de Terra SIPT (fl. 2). Embora não tenha sido juntado aos autos a imagem do Aviso de Recebimento relativo à ciência do lançamento, a tela de fl. 06 aponta que tal ciência ocorreu em 17 de julho de 2009, o que se mostra compatível com a formalização da impugnação acostada em fl. 37, protocolada em 06 de agosto de 2009, na qual o contribuinte apenas informa que teria vendido o imóvel em março de 2008. No julgamento da impugnação, fl. 56 a 61, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília, por unanimidade de votos, manteve integralmente o crédito tributário, lastreada no entendimento de que, por não ter sido levada a registro, a escritura não produziu o necessário efeito da transferência de propriedade, restando portando o impugnante ainda condição de proprietário do imóvel e, portanto, passível de figurar no pólo passivo da relação tributária. Especificamente em relação ao motivo que deu causa ao lançamento, a DRJ considerou a alteração do VTN como matéria não impugnada. A ciência do Acórdão da DRJ ocorreu em 20 de outubro de 2011, fl. 64. Ainda inconformado, o contribuinte formalizou o Recurso Voluntário de fl. 64 a 71, no qual busca demonstrar sua ilegitimidade passiva, com o fim de ver cancelado o lançamento, alegando, em síntese: que os atuais proprietários respondem integralmente pelo ITR ora lançado; que as declarações dos exercícios posteriores deixaram de ser apresentadas pelo recorrente; que o fato de não ter ocorrido, na data da lavratura do auto de infração, a transferência imobiliária não pode ser determinante para a definição da responsabilidade tributária; que a existência de escritura lavrada perante o registro civil prova que houve a alienação; que a transferência no cartório imobiliário é providência que cabe ao comprador, jamais ao vendedor, não podendo o recorrente ser penalizado pela omissão de terceiros. Em 12 de março de 2013, a Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da 2ª Seção de Julgamento, por maioria de votos resolveu converter o julgamento em diligência, Fl. 98DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10218.720517/200973 Acórdão n.º 2201003.350 S2C2T1 Fl. 98 3 para verificação da existência de pagamento antecipado relativo ao fato gerador em discussão. Vencido o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka que reconhecia a decadência do crédito tributário, entendendo que a indicação de imposto devido contida em fl. 3 já seria suficiente para atestar a existência do pagamento antecipado. Atendendo a diligência, foram juntados aos autos o extrato de fl. 83 a 90. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Em razão de ser tempestivo e por preencher demais condições de admissibilidade, conheço do presente Recurso Voluntário. Da decadência. Inicialmente cumpre destacar que, embora não tendo sido arguida pela recorrente, há que se reconhecer o caráter de matéria de ordem pública da decadência, o que nos impõe seu reconhecimento de ofício a qualquer tempo. Com a edição da Lei 9.393/96, em particular considerando os temos do seu art. 10, o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural passou a ser tributo sujeito a lançamento por homologação Sobre a questão da fluência dos prazos decadenciais, mister trazermos à balha os preceitos legais que regem a matéria, em particular o § 4º do artigo 150 e o art. 173, todos da Lei 5.172/66 (CTN): Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Grifouse Para a aplicação da contagem do prazo decadencial, este Conselho adota o entendimento do STJ, no Recurso Especial nº 973.733/SC (2007/01769940), julgado em 12 de Fl. 99DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA 4 agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008, e, portando, de observância obrigatória neste julgamento administrativo, por força de disposição regimental interna, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543 C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Assim, o prazo decadencial contase a partir da ocorrência do fato gerador quando há antecipação do pagamento, conforme artigo 150, § 4º do CTN. Contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o contribuinte não antecipa o pagamento devido, ou ainda quando se verifica a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Portanto, necessária a verificação da existência ou não do pagamento antecipado para o exercício de 2004, com o merecido destaque à previsão da lei 9.393/1996, segundo o qual não existe situação em que não haverá imposto devido ao final da apuração do ITR: Fl. 100DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10218.720517/200973 Acórdão n.º 2201003.350 S2C2T1 Fl. 99 5 Art. 11. O valor do imposto será apurado aplicandose sobre o Valor da Terra Nua Tributável VTNt a alíquota correspondente, prevista no Anexo desta Lei, considerados a área total do imóvel e o Grau de Utilização GU. § 1º Na hipótese de inexistir área aproveitável após efetuadas as exclusões previstas no art. 10, § 1º, inciso IV, serão aplicadas as alíquotas, correspondentes aos imóveis com grau de utilização superior a 80% (oitenta por cento), observada a área total do imóvel. § 2º Em nenhuma hipótese o valor do imposto devido será inferior a R$ 10,00 (dez reais). Grifouse Ou seja, ainda que o contribuinte tenha declarado toda a área de sua propriedade como área não tributável, ainda assim estaria obrigado ao recolhimento do valor mínimo lançado do imposto. Correta a interpretação majoritária dada pelo Colegiado de 2ª Instância ao converter o julgamento em diligência, pois a informação de fl. 03 aponta que houve imposto devido na declaração apresentada, o que não é suficiente para demonstrar que, de fato, houve pagamento. Ate porque, como destacado no parágrafo precedente, TODAS as declarações de ITR resultam em saldo a pagar de tributo, o que, frisese, não se confunde com o efetivo pagamento. Analisando o relatório resultado da diligência requerida, fl. 83 a 91, é flagrante sua deficiência, pois limitouse a unidade preparadora a juntar uma relação de pagamentos efetuados pelo contribuinte sem detalhar se o imóvel aqui tratado foi contemplado com algum pagamento para o ITR apurado em 2004. Em uma análise apressada, a partir das parcas informações prestadas, poder seia acreditar que houve pagamento antecipado para o exercício de 2004. Contudo, os valores dos recolhimentos do código 1070, contidos em fl. 85 e 87, não se referem ao NIRF aqui tratado. Assim, não restou a este julgador outra alternativa que não a de buscar novas informações nos sistemas, o que evidenciou que houve sim o pagamento do valor apurado na DITR para o NIRF 7.570.3238 para o exercício de 2004, conforme tela abaixo. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA 6 Ocorre que, como se vê, o recolhimento foi efetuado apenas em 10/03/2009, mas, ainda assim, antes de levado a termo qualquer procedimento de ofício, cuja intimação inicial foi cientificada ao interessado em 08 de maio de 2009, naturalmente, abstraindose de sua regularidade formal, já que não consta dos autos o respectivo aviso de recebimento. Assim, considerando que o pagamento espontâneo efetuado pelo contribuinte, ainda que após o vencimento do débito, mas antes de iniciado o procedimento de ofício, tem o condão de configurar pagamento antecipado, restando a incidência de acréscimos legais como penalidade pelo atraso, entendo que, neste caso, o prazo decadencial inicia sua contagem a partir da ocorrência do fato gerador, 01 de janeiro de 2004. Portanto, considerando que a ciência do lançamento ocorreu em 17 de julho de 2009, considero operada a decadência do lançamento, já que o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário expirou em 01 de janeiro de 2009, pelo quê, dou provimento ao objeto do recurso para, de ofício, considerar o débito lançado extinto pela decadência, nos termos do inciso V do art. 156 do CTN. Conclusão Tendo em vista tudo que consta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais acima expostos, voto por dar provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 102DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10218.720517/200973 Acórdão n.º 2201003.350 S2C2T1 Fl. 100 7 Fl. 103DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10830.722125/2015-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2011
DEDUÇÃO DE DESPESAS COM SAÚDE. RECIBOS DE PAGAMENTO. REQUISITOS LEGAIS.
Os recibos de pagamento firmados por profissionais de saúde devem preencher requisitos mínimos legais para sua validade. Documentos que não estejam em consonância com a legislação, não se prestam para comprovar a regularidade da dedução da base de cálculo do Imposto de Renda sobre a Pessoa Física das despesas médicas efetuadas.
DESPESAS COM HOSPITAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. ABRIGO PARA IDOSOS.
Não são dedutíveis os valores pagos a abrigo para idosos, vez que tais entidades não podem ser caracterizadas como hospitalares.
DOCUMENTOS COLACIONADOS APÓS A IMPUGNAÇÃO. CONTRAPOSIÇÃO DE RAZÕES.
O art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/72estabelece o balizamento do momento para apresentação das provas pelo sujeito passivo no processo administrativo fiscal. A produçãode provas pré-existentes por ocasião da interposição do recurso voluntário, não impede, de modo absoluto, a apreciação do julgador, diante das especificidade do caso concreto e das provas apresentadas. O processo é mero instrumento para a aplicação do direito material, devendo prevalecer para o presente caso a buscadaverdadematerial.
Deve ser acolhida a prova apresentada em sede recursal quando destinada a contrapor argumento ventilado na decisão recorrida.
Numero da decisão: 2201-003.356
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa do valor de R$ 12.454,36.
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 2011 DEDUÇÃO DE DESPESAS COM SAÚDE. RECIBOS DE PAGAMENTO. REQUISITOS LEGAIS. Os recibos de pagamento firmados por profissionais de saúde devem preencher requisitos mínimos legais para sua validade. Documentos que não estejam em consonância com a legislação, não se prestam para comprovar a regularidade da dedução da base de cálculo do Imposto de Renda sobre a Pessoa Física das despesas médicas efetuadas. DESPESAS COM HOSPITAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. ABRIGO PARA IDOSOS. Não são dedutíveis os valores pagos a abrigo para idosos, vez que tais entidades não podem ser caracterizadas como hospitalares. DOCUMENTOS COLACIONADOS APÓS A IMPUGNAÇÃO. CONTRAPOSIÇÃO DE RAZÕES. O art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/72estabelece o balizamento do momento para apresentação das provas pelo sujeito passivo no processo administrativo fiscal. A produçãode provas pré-existentes por ocasião da interposição do recurso voluntário, não impede, de modo absoluto, a apreciação do julgador, diante das especificidade do caso concreto e das provas apresentadas. O processo é mero instrumento para a aplicação do direito material, devendo prevalecer para o presente caso a buscadaverdadematerial. Deve ser acolhida a prova apresentada em sede recursal quando destinada a contrapor argumento ventilado na decisão recorrida.
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RECIBOS DE PAGAMENTO. REQUISITOS LEGAIS. Os recibos de pagamento firmados por profissionais de saúde devem preencher requisitos mínimos legais para sua validade. Documentos que não estejam em consonância com a legislação, não se prestam para comprovar a regularidade da dedução da base de cálculo do Imposto de Renda sobre a Pessoa Física das despesas médicas efetuadas. DESPESAS COM HOSPITAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. ABRIGO PARA IDOSOS. Não são dedutíveis os valores pagos a abrigo para idosos, vez que tais entidades não podem ser caracterizadas como hospitalares. DOCUMENTOS COLACIONADOS APÓS A IMPUGNAÇÃO. CONTRAPOSIÇÃO DE RAZÕES. O art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/72estabelece o balizamento do momento para apresentação das provas pelo sujeito passivo no processo administrativo fiscal. A produçãode provas préexistentes por ocasião da interposição do recurso voluntário, não impede, de modo absoluto, a apreciação do julgador, diante das especificidade do caso concreto e das provas apresentadas. O processo é mero instrumento para a aplicação do direito material, devendo prevalecer para o presente caso a buscadaverdadematerial. Deve ser acolhida a prova apresentada em sede recursal quando destinada a contrapor argumento ventilado na decisão recorrida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 21 25 /2 01 5- 60 Fl. 184DF CARF MF Processo nº 10830.722125/201560 Acórdão n.º 2201003.356 S2C2T1 Fl. 185 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa do valor de R$ 12.454,36. Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão de primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação do contribuinte, ofertada em face da lavratura de Notificação de Lançamento de IRPF, que é objeto do presente processo. Em procedimento de revisão da Declaração de Ajuste Anual 2011, ano calendário 2010, procedeuse ao lançamento de ofício, por meio da notificação de Lançamento. originário da apuração das infrações a seguir descritas. Dedução de Dependentes Foi glosado o valor de R$ 1.808,28, correspondente à dedução indevida com dependentes, por falta de comprovação da relação de dependência da Sra. Aparecida Mattos de Carvalho (sogra do contribuinte), que foi excluída da condição de dependente, para fins tributários. Dedução Indevida de Despesas Médicas Glosa do valor de R$ 51.582,81, indevidamente deduzido a título de despesas médicas, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução, nos termos seguintes: LUCIENE MONTANHEIRO no valor de R$ 4.800,00, MARTA TORNAVOI DE CARVALHO no valor de R$ 470,00, JORGE SANCHES BERNSTEIN no valor de R$ 240,00, ELVIRA JANEIRO PATO GARRIDO no valor de R$ 4.200,00, alterado para R$ 3.600,00, BOSQUE DOS IPÊS LAR HOTEL LTDA no valor de R$ 33.018,45 e SUL AMÉRICA SEGURO SAÚDE S.A no valor de R$ 12.454,36. Foram efetuadas alterações efetuadas com base na documentação apresentada em relação a pagamento de despesas médicas a Elvira Janeiro Pato Garrido: dedução alterada de R$ 4.200,00 para R$ 3.600,00, tendo em vista que o recibo no valor de R$ 600,00, emitido em julho de 2010 não é documento apto à comprovação do pagamento porque está sem assinatura da emitente/beneficiária do pagamento. Foram glosadas todas as deduções relacionadas à Sra. Aparecida Mattos de Fl. 185DF CARF MF Processo nº 10830.722125/201560 Acórdão n.º 2201003.356 S2C2T1 Fl. 186 3 Carvalho (excluída da condição de dependente), sendo R$ 4.800,00 referente a Luciane Montanheiro; R$ 470,00 referente a Marta Tornavoi de Carvalho e R$ 12.454,36 referente a Sul América Seguro Saúde S/A. Dedução de Incentivo Foi glosado o valor de R$ 180,00, indevidamente deduzido a título de Dedução de Incentivo, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução ou ainda em virtude de adequação do valor da dedução declarada ao limite percentual de 6% do valor do imposto devido apurado após alterações. Verificouse tratar de dedução sem previsão legal, haja vista tratarse de valores destinados/doados diretamente para diversas instituições. Para fins desta dedução, a doação deve ser feita observandose as condições e os requisitos estabelecidos em legislação específica (Lei 9.250/95, art. 12, incs. I a III e VIII; Regulamento do Imposto de Renda – Decreto 3.000/99, art. 87 incs. I a III e arts. 90 a 102). Em sede de impugnação o recorrente alegou que: Em relação à dedução indevida com dependentes informa que Aparecida Mattos de Carvalho era mãe de sua esposa, que por sua vez tinha a curatela dela, sendo a Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda conjunta, e ambas eram suas dependentes; Em relação às despesas médicas declaradas, informa que as despesas relativas à profissional Luciene Montanheiro (R$ 4.800,00) pertencem à sua sogra que estava sob curatela de sua esposa. Dos recibos anexados falta o de 01/08/2010 que foi perdido; As despesas médicas com a profissional Marta Tornavoi de Carvalho (R$ 470,00) também pertencem à sua sogra; As despesas médicas com o profissional Jorge Sanches Bernstein (R$ 240,00) são referentes a tratamento fisioterápico, pois tem problemas de coluna, apesar de no recibo constar “Quiropraxia”; Em relação às despesas médicas com Elvira Janeiro Pato Garrido (R$ 600,00) informa que a profissional forneceu 7 recibos, todos com carimbo e assinatura, e não entende o porquê de haver a rejeição de um que esqueceu de assinar; As despesas médicas com Bosque dos Ipês Lar Hotel Ltda. – ME (R$ 33.018,45) informa que as despesas eram somente para um sanatório de idosos. Anexou atestado de demência assim como várias consultas médicas lá executadas; As despesas médicas com Sul América Seguro Saúde S. A. (R$ 12.454,36) são relativas ao convênio em que mantinha sua sogra como beneficiária; No que concerne à dedução indevida de incentivo (R$ 180,00) informa que fez doações para Casa de Amparo às Pessoas com Câncer, Casa de Apoio a Portadores de HIV/AIDS, AFIBE e C. Infantil Boldrini. Fl. 186DF CARF MF Processo nº 10830.722125/201560 Acórdão n.º 2201003.356 S2C2T1 Fl. 187 4 A DRJ julgou procedente em parte a impugnação, considerando regular a dedução de dependente da sogra do contribuinte, por cumprimento dos requisitos estabelecidos pela legislação para essa condição. Em relação às despesas médicas pagas à fisioterapeuta Luciene Montanheiro, relativos ao ano de 2010, da paciente Aparecida Mattos Carvalho, foi mantida parcialmente a glosa do valor de R$ 480,00, correspondendo a um recibo que o contribuinte alega ter perdido. Foi excluída a glosa do valor de R$ 470,00, pago à profissional de saúde Marta Tornavol de Carvalho, em função da comprovação da regularidade dos pagamentos efetuados. As demais deduções foram consideradas indevidas pela decisão de primeira instância, tendo sido mantidas as glosas efetuadas pela autoridade lançadora. Cientificado do acórdão da DRJ em 19/11/2015, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 11/12/2015 tempestivo, alegando em síntese que: Em relação aos valores pagos a Luciane Montanheiro o valor não comprovado referese a R$ 480,00, mas foi mantida a glosa em seu valor total. No que concerne aos pagamentos efetuados a Marta Tornavoi de Carvalho (R$ 470,00) a decisão foi por retirar a glosa, mas no quadro resumo a glosa foi mantida. As despesas médicas com o profissional Jorge Sanches Bernstein (R$ 240,00) são referentes a tratamento fisioterápico e foram glosadas por tratarse de “Quiropraxia”. Para comprovar a regularidade da dedução anexa resolução do Conselho de Fisioterapia com o fito de comprovar que a quiropraxia é especialidade do profissional fisioterapeuta. Em relação aos pagamentos à psicóloga Elvira Janeiro Pato Garrido, restou claro que a profissional esqueceu de assinar um deles no valor de R$ 600,00, mas inferese que o mesmo é verdadeiro, vez que preenchido com a mesma letra dos demais, devendo ser considerado. No que concerne à glosa efetuada em relação à dedução dos pagamentos efetuados a Bosque dos Ipês, o entendimento foi de que não poderia haver dedução em virtude da entidade ser um hotel e não um hospital. Todavia, junta documentos no afã de comprovar que realmente tratavase de um hospital. Em relação aos pagamentos efetuados a Sul América Seguros e Saúde, tendo em vista que os pagamentos agendados não foram considerados como prova efetiva, entrou em contato com a empresa que forneceu os comprovantes de pagamento que ora junta aos autos. Em relação à dedução de incentivo, cuja glosa foi mantida, não apresenta inconformismo. Por fim, pede seja acolhida a sua manifestação. Fl. 187DF CARF MF Processo nº 10830.722125/201560 Acórdão n.º 2201003.356 S2C2T1 Fl. 188 5 Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo. Ademais, preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Da dedução de despesas médicas A matéria de fundo se relaciona à regularidade dos pagamentos efetuados a profissionais e entidades de saúde para legitimar as deduções levadas a cabo pelo sujeito passivo. A controvérsia reside no fato de que alguns dos recibos apresentados não preenchem os requisitos mínimos legais para amparar a dedutibilidade de algumas despesas. O pagamento a profissionais de quiropraxia e a natureza da empresa Bosque dos Ipês Lar Hotel Ltda, se um hotel ou um hospital, como alega o contribuinte. O art. 8.º, II, “a”, da Lei n.º 9.250, de 26 de dezembro de 1995, estabelece que: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais,bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (Grifouse). (...).” A decisão de primeira instância decidiu manter a glosa correspondente ao valor de R$ 600,00 pago à psicóloga Elvira Janeiro Pato Garrido. Restou incontroverso que se trata de recibo sem assinatura. Com efeito, não pode ser admitido recibo de pagamento de despesas médicas apócrifo. Os argumentos recursais de que houve um mero esquecimento, mas Fl. 188DF CARF MF Processo nº 10830.722125/201560 Acórdão n.º 2201003.356 S2C2T1 Fl. 189 6 que resta claro que fora preenchido com a mesma letra, não têm o condão de dar validade ao documento, eis que está patente a desconformidade com os ditames legais. Segundo o recorrente, em relação aos valores pagos a Luciane Montanheiro não restou comprovado R$ 480,00, mas foi mantida a glosa em seu valor total. No que concerne aos pagamentos efetuados a Marta Tornavoi de Carvalho (R$ 470,00), a decisão foi por retirar a glosa, mas no quadro resumo a glosa foi mantida. Não lhe assiste razão, eis que para o primeiro caso foi mantida a glosa apenas do valor de R$ 480,00 e, no segundo, a glosa foi excluída em sua totalidade. Em relação à glosa do pagamento a procedimento de quiropraxia, também, agiu com acerto a decisão de piso, eis que referido pagamento não pode ser deduzido da base de cálculo do Imposto de Renda sobre a Pessoa Física à míngua de amparo legal. Resoluções de conselho de classe profissional não podem ser opostas ao Fisco, eis que esse tem autuação vinculada à legislação tributária, nos termos do que dispõe o art. 142 do Código Tributário Nacional. No afã de comprovar a regularidade da dedução dos pagamentos efetuados para a entidade Bosque dos Ipês Lar Hotel Ltda, o recorrente junta documentos com o objetivo de comprovar que se trata de um hospital, e não de um hotel como reconheceu a autoridade lançadora, entendimento esse ratificado pela decisão recorrida. Entretanto, diferente do que pretende fazer crer o contribuinte, o próprio nome da entidade traz a denominação de hotel. A bem da verdade, tratase de um abrigo para idosos, que em nada se confunde com estabelecimento de saúde. Assim, deve ser mantida a glosa perpetrada pela autoridade lançadora, não merecendo reparo a decisão recorrida nesse tocante. O derradeiro aspecto objeto de inconformismo por parte do recorrente diz respeito aos pagamentos efetuados a Sul América Seguro Saúde S.A, no valor de R$ 12.454,36. A decisão de primeira instância não acolheu os comprovantes de pagamentos apresentados pelo sujeito passivo por tratarse de mero agendamento de pagamento. Em sede recursal, junta documento emitido pela seguradora para contrapor as razões apresentadas pela decisão recorrida. Com relação à apresentação de provas o Decreto nº 70.235/1972 dispõe em seu art.16: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993). IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10830.722125/201560 Acórdão n.º 2201003.356 S2C2T1 Fl. 190 7 profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993). V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005). § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993). § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993). § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993.) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997). a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; ( Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente ;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Grifouse) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Como se vê, o § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972 determina o momento processual para juntada de prova documental, sob pena de ocorrer a preclusão. Excepcionase a regra quando a juntada ocorre para contrapor razões trazidas aos autos. No caso concreto, a decisão recorrida entendeu que o comprovante de agendamento do pagamento não se prestava para afastar a glosa efetuada pela autoridade lançadora. Na presente fase processual, o contribuinte colaciona extrato informativo da seguradora de saúde comprovando a regularidade da dedução efetuada de Sul América Seguro Saúde S.A Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10830.722125/201560 Acórdão n.º 2201003.356 S2C2T1 Fl. 191 8 Assim sendo, deve ser afastada a glosa do valor de R$ 12.454,36, pago a América Seguro Saúde S.A. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para excluir do lançamento a glosa do valor de R$ 12.454,36. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 191DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.723977/2014-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
PRECLUSÃO. DOCUMENTOS COLACIONADOS APÓS A IMPUGNAÇÃO.VERDADE MATERIAL.
O art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/72 estabelece o balizamento do momento para apresentação das provas pelo sujeito passivo no processo administrativo fiscal. A produção de provas pré-existentes por ocasião da interposição do recurso voluntário, não impede, de modo absoluto, a apreciação do julgador, diante das especificidades do caso concreto e das provas apresentadas. O processo é mero instrumento para a aplicação do direito material, devendo prevalecer para o presente caso a busca da verdade material.
DEDUÇÃO A TÍTULO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA.COMPROVAÇÃO.
São dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda os valores pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente.Comprovado o pagamento da pensão alimentícia mediante documentação idônea deve ser considerada devida a dedução perpetrada pelo contribuinte.
Numero da decisão: 2201-003.309
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso Voluntário.
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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DOCUMENTOS COLACIONADOS APÓS A IMPUGNAÇÃO.VERDADE MATERIAL. O art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/72 estabelece o balizamento do momento para apresentação das provas pelo sujeito passivo no processo administrativo fiscal. A produção de provas préexistentes por ocasião da interposição do recurso voluntário, não impede, de modo absoluto, a apreciação do julgador, diante das especificidades do caso concreto e das provas apresentadas. O processo é mero instrumento para a aplicação do direito material, devendo prevalecer para o presente caso a busca da verdade material. DEDUÇÃO A TÍTULO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA.COMPROVAÇÃO. São dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda os valores pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente.Comprovado o pagamento da pensão alimentícia mediante documentação idônea deve ser considerada devida a dedução perpetrada pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso Voluntário. Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 72 39 77 /2 01 4- 11 Fl. 65DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 20/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA Processo nº 10730.723977/201411 Acórdão n.º 2201003.309 S2C2T1 Fl. 66 2 Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suple nte Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão de primeira instância, que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, ofertada em face da lavratura de Notificação de Lançamento de IRPF. Os aspectos principais do lançamento estão delineados no relatório da decisão de primeira instância, nos seguintes termos: “Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrada a notificação de lançamento de fl. 07, emitida em 22/09/2014, relativa ao imposto sobre a renda das pessoas físicas do anocalendário 2012, onde foi considerada indevida a dedução de R$ 70.745,73, a título de pensão alimentícia, por falta de comprovação de que seu pagamento decorre de escritura pública, decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. Cientificado do lançamento em 01/10/2014 (fl. 13), o contribuinte apresentou, em 17/10/2015, a impugnação de fls. 02 e 03, alegando, em suma, que o valor glosado se refere a pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia em virtude de sentença judicial, conforme consta do comprovante de rendimentos da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão”. A DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte sob o argumento principal de que dedutibilidade do valor da pensão alimentícia somente é possível quando o pagamento se der em cumprimento de decisão ou acordo homologado judicial. Arremata a decisão de piso que a simples menção a esse valor no informe de rendimentos não prova, por si só, o direito do contribuinte. Cientificado do acórdão da DRJ em 22/12/2015, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário tempestivamente em 21/01/2016, alegando em síntese que: No comprovante de rendimentos emitido pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro está claro o desconto e para que se destina o valor descontado, pois o Governo do Estado não iria efetuar o desconto, se não existisse uma decisão judicial. Não houve erro. Há um processo judicial e um beneficiário qualificado. Suplica por um julgamento mais justo. Anexa cópia das petições de homologação de acordo e decisão judicial que obriga ao pagamento da pensão alimentícia. É o Relatório. Fl. 66DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 20/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA Processo nº 10730.723977/201411 Acórdão n.º 2201003.309 S2C2T1 Fl. 67 3 Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade Como relatado, o Recurso Voluntário é tempestivo. Ademais, preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Produção de prova documental na fase recursal Com relação à apresentação de provas o Decreto nº 70.235/1972 dispõe em seu art.16: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993). IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993). V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005). § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993). § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993). § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993.) Fl. 67DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 20/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA Processo nº 10730.723977/201411 Acórdão n.º 2201003.309 S2C2T1 Fl. 68 4 § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997). (Grifouse). a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; ( Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente ;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Grifouse). § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Como se vê, o § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972 determina o momento processual para juntada de prova documental, sob pena de ocorrer a preclusão. Com isso, não estou a dizer que a regra inserta no o § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972 é absoluta. O julgador, que é um intérprete da lei na acepção lato sensu deve aplicar o ordenamento jurídico. Assim, a mencionada regra processual deverá ser sopesada com o princípio da verdade material, que deve basilar o julgador ao dirimir as lides tributárias, quando possível. A autoridade julgadora de primeira instância fundamentou a decisão que resultou na improcedência da impugnação, exclusivamente no fato de a contribuinte não ter comprovado as suas alegações através de prova documental, consubstanciada na juntada da decisão judicial que obriga ao pagamento da pensão alimentícia. Entendeu que o comprovante de rendimentos emitido pela fonte pagadora, por si só, não é prova hábil a comprovar a regularidade da dedução efetuada. Em sede recursal, pretende o contribuinte a revisão do acórdão de primeira instância, sustentando que não havia base para o Governo do Estado do Rio de Janeiro efetuar os descontos, se não fosse em cumprimento de decisão judicial. Às fls. 58/62 dormitam as páginas extraídas dos autos do processo judicial que obrigam o sujeito passivo ao pagamento de 30% (trinta por cento) de seus rendimentos a título de pensão alimentícia judicial. No caso que se cuida depreendese que o sujeito passivo entendeu que a apresentação do Comprovante de Rendimentos Pagos e de Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (fl. 11) seria prova cabal para demonstrar a regularidade da dedução com pensão alimentícia efetuada. Fl. 68DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 20/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA Processo nº 10730.723977/201411 Acórdão n.º 2201003.309 S2C2T1 Fl. 69 5 Esse documento chegou a ser valorado pela decisão de piso como meio de prova, ainda que insuficiente para revisar o lançamento. Contudo, o sujeito passivo junta por ocasião do presente recurso a decisão judicial que o autoriza a efetuar a dedução em comento. Nesse caso, a prova documental carreada deve ser apreciada em harmonia com o já mencionado documento de fl. 11, anexado por ocasião da impugnação. A prova apresentada permite um fácil e rápido convencimento do julgador acerca do direito que detinha o sujeito passivo de efetuar a dedução da pensão alimentícia, nos exatos termos do que constou em sua declaração de ajuste anual, exercício de 2013. É certo que o instituto da preclusão, inserto no § 4º, do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, deve ser a regra, uma baliza a ser seguida para a necessária ordem do processo. Entretanto, em casos excepcionais a preclusão pode ser afastada, como no caso em comento, em que se está diante de um direito comprovado pelo sujeito passivo, ainda que somente na fase recursal. Acrescentese que os documentos trazidos à colação no recurso voluntário, também, se prestam para contrapor as razões manejadas na decisão de piso, a qual não acolheu o comprovante de rendimentos como meio hábil para comprovar a regularidade da dedução efetuada. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 69DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 20/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA
score : 1.0
Numero do processo: 10845.720369/2010-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA.
Comprovado o pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial inicia sua contagem com a ocorrência do fato gerador, operando-se a extinção do crédito tributário lançado após o decurso de prazo para a fazenda pública constituir o crédito tributário pelo lançamento.
Numero da decisão: 2201-003.347
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso para reconhecer a decadência arguida. Vencido o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado).
Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte, o Dr. Francisco Carlos Rosas Giardina, OAB/DF 41.765.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator
EDITADO EM: 06/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre, Ana Cecilia Lustosa Da Cruz.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. Comprovado o pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial inicia sua contagem com a ocorrência do fato gerador, operandose a extinção do crédito tributário lançado após o decurso de prazo para a fazenda pública constituir o crédito tributário pelo lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso para reconhecer a decadência arguida. Vencido o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado). Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte, o Dr. Francisco Carlos Rosas Giardina, OAB/DF 41.765. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator EDITADO EM: 06/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 72 03 69 /2 01 0- 34 Fl. 1068DF CARF MF 2 Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre, Ana Cecilia Lustosa Da Cruz. Relatório O presente processo trata da Notificação da Lançamento nº 08106/00005/2010 (fl. 3 a 6), pela qual a autoridade administrativa lançou crédito tributário relativo a Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural no valor originário de R$ 2.232.866,13, com Multa de Ofício de R$ 1.674.649,59 e juros de mora de R$ 1.330.564,92 (calculados até 13/11/2010), perfazendo o total apurado de R$ 5.238.080,64. O lançamento é relativo ao exercício de 2005 e o imóvel rural em questão está identificado na Receita Federal do Brasil pelo número 3.052.4512. Atesta a Fiscalização que, regulamente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente, tendo a mesma sido reclassificada como área tributável para fins de apuração do imposto devido, fl 04/05). Ademais, por falta de comprovação do valor da terra nua declarado, mediante a apresentação de laudo de avaliação do imóvel, a Fiscalização arbitrou tal montante com base nas informações do Sistema de Preços de Terra SIPT (fl. 4/5). Embora não tenha sido juntado aos autos a imagem do Aviso de Recebimento relativo à ciência do lançamento, a tela de fl. 23 aponta que tal ciência ocorreu em 22 de novembro de 2010, o que se mostra compatível com a afirmação exposta pelo próprio contribuinte em fl. 26. Inconformado com a imputação fiscal, o contribuinte apresentou a impugnação de fl. 25 a 41, na qual apresenta suas razões ordenadas nos seguintes termos: 1. DOS FATOS: que a sociedade era proprietária do imóvel denominado Fazenda Itutinga, que compreendia 2.974,33 hectares, resultante do somatório das glebas Itutinga (2.521,02 ha) e Água Fria (453,31 ha), a qual passou a ser considerada área de preservação permanente, a partir da criação do Parque Estadual da Serra do Mar, nos termos do Decreto nº 10.251/77, fl. 26; que com tais características o imóvel foi devidamente informado no Documento de Informação e Apuração do ITR transmitido para o exercício de 2005 (DIAT 08.74309.18), informação desconsiderada pelo Agente Fiscal, por entender que não a mesma não foi regulamente comprovada pelo sujeito passivo, fl. 27; que também pela falta de comprovação, a fiscalização desconsiderou o valor da terra nua declarado, fl. 28; que a exigência fiscal não pode prosperar já que o Poder Judiciário já declarou, em decisão transitada em julgado, que a Fazenda Itutinga está compreendida no Parque da Serra do Mar; 2. DO DIREITO 2.1 Da decadência: Fl. 1069DF CARF MF Processo nº 10845.720369/201034 Acórdão n.º 2201003.347 S2C2T1 Fl. 1.069 3 que o ITR é um tributo sujeito a lançamento por homologação, regido, portanto, pelo prazo decadencial previsto no art. 150, § 4º da Lei 5.172/66 ( CTN); que sendo o lançamento referente ao exercício de 2005, o prazo para o fisco constituir o crédito tributário encerrouse em 01 de janeiro de 2010, razão pela qual, por ter tomado ciência apenas em 22 de novembro de 2010, o crédito lançamento já estaria extinto nos termos do art. 156, v, do CTN, fl. 30. 2.2 Da força probatória da Decisão Judicial e a exclusão do imóvel do campo de inciência do ITR: que não há dúvidas com relação à exclusão das áreas de preservação permanente da incidência do imposto territorial rural, restando a controvérsia administrativa exclusivamente à comprovação de que a Fazenda Itutinga está inserida no Parque da Serra do Mar; que o contribuinte não estaria obrigado à comprovação que o imóvel em comento está inserido em área de preservação permanente, sendo da Administração Fazendária tal ônus, nos termos do § 7º do art. 10º da Lei 9393/96, fl. 31; que mesmo que se pudesse exigir do particular a comprovação de que o imóvel está inserido em área de preservação permanente, ainda assim imporiase a anulação do lançamento, já que tal condição foi reconhecida em decisão judicial já transitada em julgado, fl 33; que ajuizou Ação de Desapropriação Indireta contra o Estado de São Paulo (157.01.1987.0000409/000000000), em cujo curso foi levada a termo perícia técnica de engenharia que concluiu que 2.183,98 ha da gleba Itutinga e 453,31 ha da gleba Água Fria, totalizando 2.637,29, ha estão abrangidos pelo Parque da Serra do Mar, fl. 34; que o mesmo laudo pericial atestou que o valor da terra nua de ambas as glebas, em outubro de 1989, correspondia a Ncz$ 28.460.354,00, fl. 34; que após sentença judicial e acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo, restou transitado em julgado que o imóvel está compreendido nos limites do Parque da Serra do mar e que o valor da terra nua, em março de 1996, era de R$ 9.707.951,03, fl. 34 que não poderia a Administração Fazendária se furtar a reconhecer tal circunstância, sob pena de esvaziar a força probatória de uma decisão judicial transitada em julgado, fl. 35; que há precedentes neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que reconheceu a suficiência probatória da decisão judicial para fins de exclusão da área protegida da base de incidência do ITR, em particular quando amparada por laudo técnico que lhe dá arrimo, ainda que presentes nos autos administrativos outros elementos de prova, como laudos e ADA, fl. 35 a 37; 2.3 Da Decisão Judicial e a Impugnação ao arbitramento do valor da terra nua: Fl. 1070DF CARF MF 4 que o valor da terra nua corresponde ao valor de mercado em 1º de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 10 da lei 9.393/96 c/c o § 2º do art. 32 da IN RFB 256/2002, fl. 38; que apurou valor de marcado de R$ 13.261.634,93 em 01/01/2005, mas que a Fiscalização fixou o valor de R$ 25.953.675,96 sob amparo nos dados do Sistema de Preços de Terras SIPT, valor incompatível com os preços de mercado à época, fl. 38/39; que considerando o valor apurado no processo judicial para março de 1996, atualizado com base na Tabela Prática de Atualização Monetária editada pelo TJ/SP, em janeiro de 2005, o valor em comento estaria em torno de R$ 18.616.225,95 Contudo, o imóvel sofreu forte desvalorização por fatores preexistentes à instituição do Parque Estadual da Serra do Mar, fl.39; que tais circunstâncias revelam inadequação do valor arbitrado pela Fiscalização, cuja revisão se impõe para prestigiar o valor declarado de R$ 13.231.634,93 ou, se muito, para adotar o valor reconhecido na Decisão Judicial sustentada em lauto técnico, atualizado, de R$ 18.616,225,95, fl. 40. Conclui sua peça impugnatória com os seguintes pedidos, fl. 40/41: (a) que seja reconhecida a decadência do direito de constituição do crédito tributário; (b) que seja julgada a improcedência da ação fiscal sobre a Fazenda Itutinga em razão do reconhecimento judicial de que a mesma está inserida em área de preservação Permanente (Parque Estadual da Serra do Mar); (c) que seja reduzido o valor da terra nua para R$ 13.261.634,93 (valor declarado) ou para R$ 18.616.225,95 (nos termos da ação judicial); (d) subsidiariamente, caso necessário, que seja o feito convertido em diligência fiscal a fim de que seja novamente arbitrado o valor da terra nua, com base em laudo técnico que leve em consideração as reais condições do imóvel rural para fixação do seu preço de mercado. Analisando os argumentos acima expostos, a 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campo Grande MS concluiu: Da decadência , fl. 1024: (...) Entretanto, embora a impugnante haja apresentado volume considerado de documentos, não consta dos autos comprovante do recolhimento do ITR dentro do prazo de entrega da DITR, para caracterizar o recolhimento antecipado que poderia, posteriormente, homologarse, seja expressa ou tacitamente. Desta forma, não há o que homologar e, assim, o marco temporal de início de contagem do prazo de cinco anos, que tem Fazenda Pública para constituição do crédito tributário, prevalece o previsto no artigo 173, I, do CTN: (...) Fl. 1071DF CARF MF Processo nº 10845.720369/201034 Acórdão n.º 2201003.347 S2C2T1 Fl. 1.070 5 No presente caso, ITR/2005, o prazo findou em 31/12/2010. Como a interessada tomou ciência em 22/11/2010, fl. 23, o lançamento ocorreu, de fato e de direito, dentro do prazo decadencial. Da Área de Preservação Permanente, fl 1025/1026 (...) Com relação à APP existem dois tipos: a) áreas que em virtude da topografia das florestas e tipo de acidentes geográficos específicos são definidas por lei como APP e b) áreas que pela destinação são declaradas como APP por Ato do Poder Público. (...) Neste aspecto, a documentação apresentada, embasada no processo de Ação de Desapropriação Indireta contra o Estado de São Paulo, faz referência à área total, de forma genérica, porque estaria inserida no referido Parque. Não há especificação, dimensão definida e nem se localizam as áreas enquadráveis no referido dispositivo legal como APP. (...) Do Ato Declaratório Ambiental, fl. 1028 (...) Para o direito à isenção do imposto, além da comprovação de existência da APP, seja através de laudo técnico, seja através de Ato específico do Poder Público, ou da existência e averbação da ARL, entre outras, é necessário comprovar, também, a regularização dessas áreas junto ao IBAMA, com a apresentação do ADA, protocolado dentro do prazo legal para o exercício fiscalizado. Das Razões das Glosas – Do mérito do pedido, fl. 1029/1030: (...) Na impugnação o argumento principal é o fato de o imóvel estar localizado em Parque Estadual, matéria superada, e a documentação apresentada não comprovou a existência de APP, demonstrando seu enquadramento no Código Florestal e, finalmente, não foi apresentado ADA, entregue ao IBAMA no prazo regulamentar para o exercício e pauta. Em razão disso, a área em pauta não deveria estar declarada como isenta, pois, não foram cumpridos os requisitos legais para tal; não estava amparada para essa concessão e; assim, sua informação como isenta configura declaração incorreta. (...) Desta forma, não comprovada a existência de áreas de preservação de acordo com o Código Florestal ou não atendido Fl. 1072DF CARF MF 6 demais requisitos legais, as pretensas áreas de Preservação Permanente ou de Utilização Limitada ficarão sujeitas à tributação, enquadradas como áreas aproveitáveis e não explorada pela atividade rural, afetando, assim, o grau de utilização e alíquota de cálculo. (...) Do Valor da Terra Nua, fl. 1030 (...) Para tal, o documento eficaz que possibilita essa comprovação é o laudo técnico, elaborado em atenção às normas constantes da ABNT, órgão orientador e controlador dos trabalhos de profissionais da área, acompanhado dos documentos que comprovam a caracterização do imóvel, as fontes idôneas de pesquisa, a similitude da propriedade em relação às amostras levantadas no município, entre outros. Como já visto, tendo em vista o não atendimento à intimação, consequentemente, não apresentação de laudo de avaliação que fora solicitado, o VTN foi modificado pelo Fisco, sendo utilizadas as informações do SIPT. (...) Do Laudo Técnico, fl 1030/1031 (...) O sujeito passivo pretende seja considerado o VTN apurado no laudo técnico constante do processo judicial, com a devida atualização. Porém, este documento não se mostra eficaz para comprovar o VTN, pois, foi elaborado com base em normas já sem vigor para o exercício fiscalizado, não está de acordo com a norma 14.653 da ABNT, e nem poderia ser diferente, pois, a referida norma, relativa à avaliação de imóveis rurais, foi editada posteriormente ao laudo. (...) Inconteste, portanto, o fato de que o laudo trazido aos Autos não apresenta grau de fundamentação II, conforme exigido na intimação, não havendo como, em sede de julgamento, aceitarse levantamento precário, inapto a alterar o VTN. (...) Firme em seus argumentos, o julgador de primeira instância decidiu pela manutenção do crédito tributário em tela, nos seguintes termos, fl. 1031: Finalmente, considerando que não houve apresentação de documentação que comprove a existência da APP, conforme enquadramento definido no Código Florestal, e de sua regularização por meio de ADA e, considerando, ainda, não haver sido apresentado Laudo Técnico de Avaliação da Terra Nua eficaz, concluise não haver como desconstituir o crédito tributário em discussão. Fl. 1073DF CARF MF Processo nº 10845.720369/201034 Acórdão n.º 2201003.347 S2C2T1 Fl. 1.071 7 Ciente do Acórdão da DRJ em 04/07/2012, fl. 1036, ainda inconformado, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fl. 1038/1055, em 02 de agosto de 2012, no qual reeditou os argumentos expostos em sede de impugnação. É o relatório necessário. Voto Conselheiro CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO Em razão de ser tempestivo e por preencher demais condições de admissibilidade, conheço do presente Recurso Voluntário. Da decadência. Inicialmente insurgese o contribuinte contra a exigência fiscal sob o argumento de que o direito da fazenda púbica em constituir o lançamento estaria extinto decadência, em razão da fruição do prazo quinquenal contado da ocorrência do fato gerador. Alega que, por se referir a tributo cujo fato gerador ocorreu em 1º de janeiro de 2005, o crédito tributário só poderia ser lançado até 1º de janeiro de 2010. Assim, por ter tomado ciência do lançamento apenas em 22 de novembro de 2010 (fl. 23), o crédito lançamento já estaria extinto nos termos do art. 156, v, do CTN (fl. 30). Ao analisar tal argumento, a DRJ concluiu que, por não constar dos autos comprovante do recolhimento do ITR para o exercício, o marco temporal de início de contagem do prazo de cinco anos seria contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, o que deslocaria o prazo fatal da fazenda pública para 31 de dezembro de 2010. Sobre o tema, mister trazermos à balha os preceitos legais que amparam a contagem do prazo decadencial, em particular o § 4º do artigo 150 e o art. 173, todos da Lei 5.172/66 (CTN): Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) Fl. 1074DF CARF MF 8 Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Grifouse Para a aplicação da contagem do prazo decadencial, este Conselho adota o entendimento do STJ, no Recurso Especial nº 973.733/SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008, e, portando, de observância obrigatória neste julgamento administrativo, por força de disposição regimental interna, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543 C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Assim, o prazo decadencial contase a partir da ocorrência do fato gerador quando há antecipação do pagamento, conforme artigo 150, § 4º do CTN. Contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, Fl. 1075DF CARF MF Processo nº 10845.720369/201034 Acórdão n.º 2201003.347 S2C2T1 Fl. 1.072 9 o contribuinte não antecipa o pagamento devido, ou ainda quando se verifica a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Portanto, necessária a verificação da existência ou não do pagamento antecipado para o exercício de 2005, com o merecido destaque à previsão da lei 9.393/1996: Art. 11. O valor do imposto será apurado aplicandose sobre o Valor da Terra Nua Tributável VTNt a alíquota correspondente, prevista no Anexo desta Lei, considerados a área total do imóvel e o Grau de Utilização GU. § 1º Na hipótese de inexistir área aproveitável após efetuadas as exclusões previstas no art. 10, § 1º, inciso IV, serão aplicadas as alíquotas, correspondentes aos imóveis com grau de utilização superior a 80% (oitenta por cento), observada a área total do imóvel. § 2º Em nenhuma hipótese o valor do imposto devido será inferior a R$ 10,00 (dez reais). Grifouse Ou seja, ainda que o contribuinte tenha declarado toda a área de sua propriedade como área não tributável, ainda assim estaria obrigado ao recolhimento do valor mínimo lançado do imposto. Analisando o Demonstrativo de apuração do Imposto devido contido em fl. 05, verificase que o lançamento fiscal descontou exatamente o valor de R$ 10,00, que decorre exatamente da apuração nos termos do § 2º do art. 11 da Lei 9.393/96. Ademais, a tela abaixo não deixa dúvidas que o débito apurado foi devidamente quitado. Desta forma, não tendo sido observada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial inicia sua contagem a partir da ocorrência do fato gerador, 01 de janeiro de 2005. Portanto, considerando que a ciência do lançamento ocorreu em 22 de novembro de 2010, evidenciase a decadência suscitada pela recorrente, já que o direito da Fazenda Pública de constituir o lançamento expirou em 01 de janeiro de 2010. Pelo exposto, dou provimento ao recurso voluntário para considerar extinto pela decadência, nos termos do inciso V do art. 156 do CTN, o débito objeto da Notificação da Lançamento nº 08106/00005/2010 (fl. 3 a 6). Fl. 1076DF CARF MF 10 Quanto às demais matérias questionadas pela recorrente, deixo de analisálas, por restarem prejudicadas em razão da decadência reconhecida. Conclusão Tendo em vista tudo que consta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais acima expostos, voto por dar provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 1077DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.720831/2013-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101/00. REQUISITOS. CUMPRIMENTO.
Os valores pagos a título de PLR não sofrem incidência tributária somente se cumpridos os requisitos estabelecidos na Lei nº 10.101/00.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101/00. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. APLICABILIDADE.
Os valores pagos a título de PLR não sofrem incidência tributária somente se cumpridos os requisitos estabelecidos na Lei nº 10.101/00. Cumpridos tais requisitos, o pagamento da PLR é extensível aos segurados contribuintes individuais.
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. NÃO INTEGRAÇÃO.
Até o advento da Lei nº 12.513/11, os valores pagos a título de auxílio educação não integram o salário de contribuição posto que não integrantes da remuneração do segurado empregado.
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA.
O total da remuneração paga ao contribuinte individual integra o salário de contribuição.
Numero da decisão: 2201-003.370
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento parcial para determinar a exclusão do lançamento dos valores pagos: i) a título de PLR; ii) PLR pago ao diretores estatutários e; iii) auxílio-educação.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101/00. REQUISITOS. CUMPRIMENTO. Os valores pagos a título de PLR não sofrem incidência tributária somente se cumpridos os requisitos estabelecidos na Lei nº 10.101/00. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101/00. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. APLICABILIDADE. Os valores pagos a título de PLR não sofrem incidência tributária somente se cumpridos os requisitos estabelecidos na Lei nº 10.101/00. Cumpridos tais requisitos, o pagamento da PLR é extensível aos segurados contribuintes individuais. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. NÃO INTEGRAÇÃO. Até o advento da Lei nº 12.513/11, os valores pagos a título de auxílio educação não integram o salário de contribuição posto que não integrantes da remuneração do segurado empregado. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA. O total da remuneração paga ao contribuinte individual integra o salário de contribuição.
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LEI Nº 10.101/00. REQUISITOS. CUMPRIMENTO. Os valores pagos a título de PLR não sofrem incidência tributária somente se cumpridos os requisitos estabelecidos na Lei nº 10.101/00. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101/00. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. APLICABILIDADE. Os valores pagos a título de PLR não sofrem incidência tributária somente se cumpridos os requisitos estabelecidos na Lei nº 10.101/00. Cumpridos tais requisitos, o pagamento da PLR é extensível aos segurados contribuintes individuais. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. NÃO INTEGRAÇÃO. Até o advento da Lei nº 12.513/11, os valores pagos a título de auxílio educação não integram o salário de contribuição posto que não integrantes da remuneração do segurado empregado. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA. O total da remuneração paga ao contribuinte individual integra o salário de contribuição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e darlhe provimento parcial para determinar a exclusão do lançamento dos valores pagos: i) a título de PLR; ii) PLR pago ao diretores estatutários e; iii) auxílioeducação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 72 08 31 /2 01 3- 59 Fl. 676DF CARF MF 2 CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão que julgou improcedente a impugnação ao lançamento de contribuições previdenciárias incidentes sobre pagamentos efetuados a empregados e contribuintes individuais, previstas nos incisos de I a III do artigo 22 da Lei nº 8.212/91. Os motivos ensejadores do lançamento tributário se encontram no Relatório Fiscal (fls 147 do processo digitalizado). Na ação fiscal foram constituídos os seguintes documentos de crédito: · Auto de Infração Debcad n° 51.019.1509, no valor de R$ 7.639.994,35, atualizado até agosto de 2013, referente ao valor do tributo, juros e multa de ofício, relativo à quota patronal de contribuição previdenciária devida sobre os valores pagos, em desacordo com a legislação, aos segurados empregados, a título de PLR e auxílioeducação, e aos contribuintes individuais, valores pagos a título de PLR e como contraprestação por serviços prestados. · Auto de Infração Debcad n° 51.044.7007, no valor de R$ 1.656.357,07, atualizado até agosto de 2013, referente ao valor do tributo, juros e multa de ofício, relativo à contribuição devida aos terceiros sobre os valores pagos, em desacordo com a legislação, aos segurados empregados, a título de PLR e auxílioeducação, e aos contribuintes individuais, valores pagos a título de PLR e como contraprestação por serviços prestados. O crédito tributário constituído se refere a período de janeiro a dezembro de 2009. O lançamento tributário se aperfeiçoou com a ciência postal do sujeito passivo em 28 de agosto de 2013 (AR fls. 147). Inconformado, o contribuinte apresenta impugnação (fls. 321), tempestivamente. A 14ª Turma da DRJ Rio de Janeiro, por unanimidade, por meio do Acórdão 1276.461 (fls. 580), decidiu pela improcedência da impugnação. Tal decisão contém o seguinte relatório, que adoto, por sua clareza e precisão: O presente processo é identificado no sistema COMPROT pelo número 10283.720831/201359, e referese ao Auto de Infração Fl. 677DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 676 3 de Obrigação Principal – AIOP DEBCAD 51.019.1509, de valor principal de R$ 3.589.525,20 e ao Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP DEBCAD 51.044.7007, de valor principal de R$ 777.974,79, ambos lavrados em 16/08/2013 contra a empresa AMAZONAS DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S/A, doravante designada apenas “AMAZONAS”, Sociedade de Economia Mista subsidiária das Centrais Elétricas do Brasil S/A –ELETROBRÁS. 2. Informa o Relatório Fiscal REFISC, vide fls. 174/185, que: 2.1. O AIOP 51.019.1509 constitui lançamento de contribuições previdenciárias patronais para o Fundo de Previdência e Assistência Social – FPAS, incidentes sobre as remunerações de segurados empregados e contribuintes individuais. 2.2. O AIOP 51.044.7007 constitui lançamento de contribuições para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE (SalárioEducação), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, o Serviço Social da Indústria – SESI e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEBRAE. 3. Os fatos geradores dos lançamentos acima ocorreram através de créditos e/ou pagamentos, não declarados em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência – GFIP, feitos pela empresa autuada: 3.1. A segurados empregados, a título de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), em desacordo aos termos da Lei nº 10.101/2000, no período de 04/2009 a 06/2009 – Levantamento PR – PART NOS RESULTADOS EMPREGADOS. 3.2. A segurados empregados, como Reembolso de mensalidades de cursos superiores, no período de 01/2009 a 12/2009 – Levantamento AE – SAL INDIRETO AUXÍLIO EDUCAÇÃO. 3.3. A contribuintes individuais (diretores não empregados), a título de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), em desacordo aos termos da Lei 10.101/2000, na competência 05//2009 Levantamento P2 – PR CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. 3.4. A contribuintes individuais (prestadores de serviços), referentes a diferenças entre os valores apurados na contabilidade e aqueles informados em GFIP, no período de 01/2009 a 12/2009 Levantamento CI – DIF DE BC CONTRIB INDIVIDUAIS. 4. Acorde o Relatório Fiscal REFISC: 4.1. A motivação do levantamento relacionado aos pagamentos feitos aos segurados empregados a título de PLR foi a falta de atendimento ao art. 3º, inciso III da Resolução do Conselho de Coordenação e Controle das Empresas Estatais – CCE nº Fl. 678DF CARF MF 4 10/1995 e, em decorrência, a desobediência ao art. 5º da Lei nº 10.101/2000, sendo, então, tais pagamentos considerados como parcelas integrantes do salário de contribuição. 4.1.1. O REFISC destaca, ao final do subitem 5.1.1: Além de contabilizar um prejuízo de R$60.154.000,00, no exercício de 2009, verificase nos Balanços Patrimoniais dos últimos anos que o sujeito passivo ao invés de amortizar, vem acumulando sucessivos prejuízos e, nesse caso, os pagamentos estão em desconformidade com o art. 5º, da Lei nº 10.101/2000 c/c com o item III, do Art. 3º, da Resolução CCE nº 10, de 30/05/1995, constituindose em Base de Cálculo da CSP. 4.2. A motivação do levantamento relacionado aos reembolsos feitos aos segurados empregados de mensalidades de cursos superiores, que receberam o título de “Auxílio Educação”, foi não se enquadrarem esses reembolsos na hipótese de não incidência prevista na alínea “t” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 e do inciso XIX do § 9º do art. 214 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999. 4.3. A motivação do levantamento relacionado aos pagamentos feitos aos segurados contribuintes individuais (diretores não empregados) a título de PLR foi não se enquadrarem tais pagamentos na hipótese de não incidência de contribuições previdenciárias, pois, nos termos da alínea “j” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, apenas estaria afastada de tributação a PLR paga em conformidade com a Lei nº 10.101/2000 a segurados empregados. 4.4. A motivação do levantamento relacionado aos valores pagos por serviços prestados por contribuintes individuais foi a descoberta de registros contábeis (conta do SPED código 21101300000002 Fornecedores Pessoa Física) que denotam serviços prestados por não empregados (e que não se confundem com os Diretores não empregados), cujos valores não foram informados em GFIP. " Cientificado de decisão que contrariou seus interesses em 01 de junho de 2015, o sujeito passivo interpôs, tempestivamente (fls. 668), em 29 de junho, recurso voluntário (fls. 615). Constam de seu apelo, em síntese, as seguintes alegações: · Alega que a Fiscalização desconsiderou, em razão de interpretação errônea quanto ao permissivo para o pagamento da PLR às empresas estatais, o pagamento efetuado aos seus empregados e diretores. · Que a restrição não prevista em lei não desvirtua a natureza da verba paga, em face da previsão constitucional. · O pagamento efetuado a título de participação nos lucros seguiu os ditames prescritos pela DEST, órgão do Governo Federal competente para regulamentar a matéria nos termos da Lei nº 10.101/00. Fl. 679DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 677 5 · Assevera que, ao contrário do afirmado pela Fiscalização, a autorização condicionava o pagamento da PLR à existência de lucro no sistema Eletrobrás e não no contribuinte considerado isoladamente. · Que apresentou consulta específica à foi juntada aos autos antes da decisão de primeiro grau. · Que não obstante o permissivo constante do Decreto nº 70.235/72 para a juntada de provas posteriormente à impugnação, a decisão de piso não considerou tal documento. · Que o artigo 100 do CTN veda, no caso concreto, a imposição de penalidades em razão do atendimento, pela Recorrente, da legislação, uma vez que seus procedimentos se encontravam amparados pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. · Argumenta ainda que o artigo 152 da Lei nº 6404/76, autoriza a participação nos lucros dos diretores. · Não obstante a autorização constante da Lei das S/A's, a Lei nº 10.101/00 não veda, ao contrário, autoriza, o pagamento aos contribuintes individuais, posto que são trabalhadores. · Assevera que o pagamento do auxílioeducação não ostenta caráter remuneratório e portanto, não sofre incidência da contribuição previdenciária. · Alega que o lançamento com base na conta contábil 'fornecedores pessoa física' padece do vício da iliquidez, tornando nulo o lançamento realizado quanto a este tópico. Os processos foram distribuídos, por sorteio eletrônico, para este Conselheiro. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso especial, dele conheço e passo a apreciálo. Vejo pelo relatório que o lançamento tributário versa basicamente sobre a possível incidência de contribuições previdenciárias pagas a título de Participação nos Lucros e Fl. 680DF CARF MF 6 Resultados, auxílioeducação e verbas pagas por serviços prestados por pessoa física sem vínculo empregatício. Inicialmente, antes de analisar pontualmente as alegações recursais, entendo ser mais adequado, no caso concreto, uma explanação sobre a incidência tributária no caso das verbas pagas como participação nos lucros e resultados. Como regra geral, as contribuições previdenciárias têm por base de cálculo a remuneração percebida pela pessoa física pelo exercício do trabalho. É dizer: toda pessoa física que trabalha e recebe remuneração decorrente desse labor é segurado obrigatório da previdência social e dela contribuinte, em face do caráter contributivo e da compulsoriedade do sistema previdenciário pátrio. De tal assertiva, decorre que a base de cálculo da contribuição previdenciária é a remuneração percebida pelo segurado obrigatório em decorrência de seu trabalho. Nesse sentido caminha a doutrina. Eduardo Newman de Mattera Gomes e Karina Alessandra de Mattera Gomes (Delimitação Constitucional da base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias ‘in’ I Prêmio CARF de Monografias em Direito Tributário 2010, Brasília: Edições Valentim, 2011. p. 483.), entendem que: “...não se deve descurar que, nos estritos termos previstos no art. 22, inciso I, da Lei nº 8.212/91, apenas as verbas remuneratórias, ou seja, aquelas destinadas a retribuir o trabalho, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo disponibilizado ao empregador, é que ensejam a incidência da contribuição previdenciária em análise” (grifos originais) Academicamente (OLIVEIRA, Carlos Henrique de. Contribuições Previdenciárias e Tributação na Saúde ‘in’ HARET, Florence; MENDES, Guilherme Adolfo. Tributação da Saúde, Ribeirão Preto: Edições Altai, 2013. p. 234.), já tive oportunidade de me manifestar no mesmo sentido quando analisei o artigo 214, inciso I do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, que trata do salário de contribuição: “O dispositivo regulamentar acima transcrito, quando bem interpretado, já delimita o salário de contribuição de maneira definitiva, ao prescrever que é composto pela totalidade dos rendimentos pagos como retribuição do trabalho. É dizer: a base de cálculo do fato gerador tributário previdenciário, ou seja, o trabalho remunerado do empregado, é o total da sua remuneração pelo seu labor” (grifos originais) O final da dessa última frase ajudanos a construir o conceito que entendo atual de remuneração. A doutrina clássica, apoiada no texto legal, define remuneração como sendo a contraprestação pelo trabalho, apresentando o que entendemos ser o conceito aplicável à origem do direito do trabalho, quando o sinalagma da relação de trabalho era totalmente aplicável, pois, nos primórdios do emprego, só havia salário se houvesse trabalho. Com a evolução dos direitos laborais, surge o dever de pagamento de salários não só como decorrência do trabalho prestado, mas também quando o empregado "está de braços cruzados à espera da matériaprima, que se atrasou, ou do próximo cliente, que tarda em chegar", como recorda Homero Batista (Homero Mateus Batista da Silva. Curso de Direito do Trabalho Aplicado, vol 5: Livro da Remuneração.Rio de Janeiro, Elsevier. 2009. pg. 7). O dever de o empregador pagar pelo tempo à disposição, ainda segundo Homero, decorre da própria assunção do risco da atividade econômica, que é inerente ao empregador. Ainda assim, cabe o recebimento de salários em outras situações. Numa terceira fase do direito do trabalho, a lei passa a impor o recebimento do trabalho em situações em que não há prestação de serviços e nem mesmo o empregado se encontra ao dispor do Fl. 681DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 678 7 empregador. São as situações contempladas pelos casos de interrupção do contrato de trabalho, como, por exemplo, nas férias e nos descansos semanais. Há efetiva responsabilização do empregador, quando ao dever de remunerar, nos casos em que, sem culpa do empregado e normalmente como decorrência de necessidade de preservação da saúde física e mental do trabalhador, ou para cumprimento de obrigação civil, não existe trabalho. Assim, temos salários como contraprestação, pelo tempo à disposição e por força de dispositivos legais. Não obstante, outras situações há em que seja necessário o pagamento de salários A convenção entre as partes pode atribuir ao empregador o dever de pagar determinadas quantias, que, pela repetição ou pela expectativa criada pelo empregado em recebêlas, assumem natureza salarial. Típico é o caso de uma gratificação paga quando do cumprimento de determinado ajuste, que se repete ao longo dos anos, assim, inserese no contrato de trabalho como dever do empregador, ou determinado acréscimo salarial, pago por liberalidade, ou quando habitual. Nesse sentido, entendo ter a verba natureza remuneratória quando presentes o caráter contraprestacional, o pagamento pelo tempo à disposição do empregador, haver interrupção do contrato de trabalho, ou dever legal ou contratual do pagamento. Assentados no entendimento sobre a base de cálculo das contribuições previdenciárias, vejamos agora qual a natureza jurídica da verba paga como participação nos lucros e resultados. O artigo 7º da Carta da República, versando sobre os direitos dos trabalhadores, estabelece: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; De plano, é forçoso observar que os lucros e resultados decorrem do atingimento eficaz do desiderato social da empresa, ou seja, tanto o lucro como qualquer outro resultado pretendido pela empresa necessariamente só pode ser alcançado quando todos os meios e métodos reunidos em prol do objetivo social da pessoa jurídica foram empregados e geridos com competência, sendo que entre esses estão, sem sombra de dúvida, os recursos humanos. Nesse sentido, encontramos de maneira cristalina que a obtenção dos resultados pretendidos e do conseqüente lucro foi objeto do esforço do trabalhador e portanto, a retribuição ofertada pelo empregador decorre dos serviços prestados por esse trabalhador, com nítida contraprestação, ou seja, com natureza remuneratória. Esse mesmo raciocínio embasa a tributação das verbas pagas a título de prêmios ou gratificações vinculadas ao desempenho do trabalhador, consoante a disposição do artigo 57, inciso I, da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, explicitada em Solução de Consulta formulada junto à 5ªRF (SC nº 28 – SRRF05/Disit), assim ementada: Fl. 682DF CARF MF 8 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias PRÊMIOS DE INCENTIVO. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. Os prêmios de incentivo decorrentes do trabalho prestado e pagos aos funcionários que cumpram condições pré estabelecidas integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias e do PIS incidente sobre a folha de salários. Dispositivos Legais: Constituição Federal, de 1988, art. 195, I, a; CLT art. 457, §1º; Lei nº 8.212, de 1991, art. 28, I, III e §9º; Decreto nº 3.048, de 1999, art. 214, §10; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 2º, 9º e 50. (grifamos) Porém, não só a Carta Fundamental como também a Lei nº 10.101, de 2000, que disciplinou a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), textualmente em seu artigo 3º determinam que a verba paga a título de participação, disciplinada na forma do artigo 2º da Lei, “não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade” o que afasta peremptoriamente a natureza salarial da mencionada verba. Ora, analisemos as inferências até aqui construídas. De um lado, concluímos que as verbas pagas como obtenção de metas alcançadas tem nítido caráter remuneratório uma vez que decorrem da prestação pessoal de serviços por parte dos empregados da empresa. Por outro, vimos que a Constituição e Lei que instituiu a PLR afastam – textualmente – o caráter remuneratório da mesma, no que foi seguida pela Lei de Custeio da Previdência Social, Lei nº 8.212, de 1991, que na alínea ‘j’ do inciso 9 do parágrafo 1º do artigo 28, assevera que não integra o salário de contribuição a parcela paga a título de “participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica” A legislação e a doutrina tributária bem conhecem essa situação. Para uns, verdadeira imunidade pois prevista na Norma Ápice, para outros isenção, reconhecendo ser a forma pela qual a lei de caráter tributário, como é o caso da Lei de Custeio, afasta determinada situação fática da exação. Não entendo ser o comando constitucional uma imunidade, posto que esta é definida pela doutrina como sendo um limite dirigido ao legislador competente. Tácio Lacerda Gama (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Ed. Quartier Latin, pg. 167), explica: "As imunidades são enunciados constitucionais que integram a norma de competência tributária, restringindo a possibilidade de criar tributos" Ao recordar o comando esculpido no artigo 7º, inciso XI da Carta da República não observo um comando que limite a competência do legislador ordinário, ao reverso, vejo a criação de um direito dos trabalhadores limitado por lei. Superando a controvérsia doutrinária e assumindo o caráter isentivo em face da expressa disposição da Lei de Custeio da Previdência, mister algumas considerações. Nesse sentido, Luis Eduardo Schoueri (Direito Tributário 3ªed. São Paulo: Ed Saraiva. 2013. p.649), citando Jose Souto Maior Borges, diz que a isenção é uma hipótese de não incidência legalmente qualificada. Nesse sentido, devemos atentar para o alerta do Fl. 683DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 679 9 professor titular da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, que recorda que a isenção é vista pelo Código Tributário Nacional como uma exceção, uma vez que a regra é que: da incidência, surja o dever de pagar o tributo. Tal situação, nos obriga a lembrar que as regras excepcionais devem ser interpretadas restritivamente. Paulo de Barros Carvalho, coerente com sua posição sobre a influência da lógica semântica sobre o estudo do direito aliada a necessária aplicação da lógica jurídica, ensina que as normas de isenção são regras de estrutura e não regras de comportamento, ou seja, essas se dirigem diretamente à conduta das pessoas, enquanto aquelas, as de estrutura, prescrevem o relacionamento que as normas de conduta devem manter entre si, incluindo a própria expulsão dessas regras do sistema (abrogação). Por ser regra de estrutura a norma de isenção “introduz modificações no âmbito da regra matriz de incidência tributária, esta sim, norma de conduta” (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2013. p. 450), modificações estas que fulminam algum aspecto da hipótese de incidência, ou seja, um dos elementos do antecedente normativo (critérios material, espacial ou temporal), ou do conseqüente (critérios pessoal ou quantitativo). Podemos entender, pelas lições de Paulo de Barros, que a norma isentiva é uma escolha da pessoa política competente para a imposição tributária que repercute na própria existência da obrigação tributária principal uma vez que ela, como dito por escolha do poder tributante competente, deixa de existir. Tal constatação pode, por outros critérios jurídicos, ser obtida ao se analisar o Código Tributário Nacional, que em seu artigo 175 trata a isenção como forma de extinção do crédito tributário. Voltando uma vez mais às lições do Professor Barros Carvalho, e observando a exata dicção da Lei de Custeio da Previdência Social, encontraremos a exigência de que a verba paga a título de participação nos lucros e resultados “quando paga ou creditada de acordo com lei específica” não integra o salário de contribuição, ou seja, a base de cálculo da exação previdenciária. Ora, por ser uma regra de estrutura, portanto condicionante da norma de conduta, para que essa norma atinja sua finalidade, ou seja impedir a exação, a exigência constante de seu antecedente lógico – que a verba seja paga em concordância com a lei que regula a PLR – deve ser totalmente cumprida. Objetivando que tal determinação seja fielmente cumprida, ao tratar das formas de interpretação da legislação tributária, o Código Tributário Nacional em seu artigo 111 preceitua que se interprete literalmente as normas de tratem de outorga de isenção, como no caso em comento. Importante ressaltar, como nos ensina André Franco Montoro, no clássico Introdução à Ciência do Direito (24ªed., Ed. Revista dos Tribunais, p. 373), que a: “interpretação literal ou filológica, é a que toma por base o significado das palavras da lei e sua função gramatical. (...). É sem dúvida o primeiro passo a dar na interpretação de um texto. Mas, por si só é insuficiente, porque não considera a unidade que constitui o ordenamento jurídico e sua adequação à realidade social. É necessário, por isso, colocar seus resultados em confronto com outras espécies de interpretação”. (grifos nossos) Fl. 684DF CARF MF 10 Nesse diapasão, nos vemos obrigados a entender que a verba paga à título de PLR não integrará a base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias se tal verba for paga com total e integral respeito à Lei nº 10.101, de 2000, que dispõe sobre o instituto de participação do trabalhador no resultado da empresa previsto na Constituição Federal. Isso porque: i) o pagamento de verba que esteja relacionada com o resultado da empresa tem inegável cunho remuneratório em face de nítida contraprestação que há entre o fruto do trabalho da pessoa física e a o motivo ensejador do pagamento, ou seja, o alcance de determinada meta; ii) para afastar essa imposição tributária a lei tributária isentiva exige o cumprimento de requisitos específicos dispostos na norma que disciplina o favor constitucional. Logo, imprescindível o cumprimento dos requisitos da Lei nº 10.101 para que o valor pago a título de PLR não integre o salário de contribuição do trabalhador. Vejamos quais esses requisitos. Dispõe textualmente a Lei nº 10.101/00: Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2o O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. ... Art. 3º ... (...) § 2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil. (grifamos) Fl. 685DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 680 11 Da transcrição legal podemos deduzir que a Lei da PLR condiciona, como condição de validade do pagamento: i) a existência de negociação prévia sobre a participação; ii) a participação do sindicato em comissão paritária escolhida pelas partes para a determinação das metas ou resultados a serem alcançados ou que isso seja determinado por convenção ou acordo coletivo; iii) o impedimento de que tais metas ou resultados se relacionem à saúde ou segurança no trabalho; iv) que dos instrumentos finais obtidos constem regras claras e objetivas, inclusive com mecanismos de aferição, sobre os resultados a serem alcançados e a fixação dos direitos dos trabalhadores; v) a vedação expressa do pagamento em mais de duas parcelas ou com intervalo entre elas menor que um trimestre civil. Esses requisitos é que devemos interpretar literalmente, ou como preferem alguns, restritivamente. O alcance de um programa de PLR, ao reverso, não pode distinguir determinados tipos de trabalhadores, ou categorias de segurados. Não pode o Fisco valorar o programa de meta, ou mesmo emitir juízo sobre a participação sindical. A autoridade lançadora deve sim, verificar o cumprimento dos ditames da Lei nº 10.101/00. Assentes quanto ao requisitos para que se usufrua da imunidade condicionada relativa ao pagamento da PLR, passo à apreciação do recurso na ordem em que os argumentos são apresentados. RESTRIÇÃO NÃO PREVISTA EM LEI E INFRINGÊNCIA À NORMA INFRALEGAL NÃO MODIFICA A NATUREZA DA VERBA. O presente tópico será analisado em conjunto com o que segue. PRL PAGA COM BASE NO RESULTADO CONSOLIDADO DO "GRUPO ELETROBRÁS" APROVAÇÃO EXPRESSA PELO DEST DESSA METODOLOGIA Alega a recorrente que (fls 618): "Embora a Lei n2 10.101/2000 confira ao Poder Executivo a prerrogativa de fixar diretrizes para o pagamento de participação nos resultados a empregados de empresas estatais, é evidente que isso não lhe confere uma "carta branca" para estabelecer novas restrições não previstas em lei, daí porque não se pode ter como válida a limitação prevista na Resolução nº 10 do CCE , citada pela fiscalização. Assim, o lançamento fiscal não procede, porque fundado numa resolução que transborda os limites da lei. De qualquer forma, ainda que fosse lícito ao Poder Executivo impor novos obstáculos ao pagamento da participação nos lucros, o que se admite apenas para fim de debate, a eventual infringência deles não poderia, jamais, descaracterizar a natureza jurídica de tal verba, transformandoa em remuneração sujeita à contribuição previdenciária" Vejamos se os argumentos da Recorrente merecem prosperar, quanto a esse tópico. Fl. 686DF CARF MF 12 Vimos que a Lei nº 10.101/00 tem efeitos tributários de norma isentiva, de norma que condiciona o gozo do direito social previsto no artigo 7º, inciso XI da Carta Fundamental. Nesse sentido, como exposto, o cumprimento de todos os seus requisitos é imprescindível para que se perfaça a vantagem tributária legalmente disciplinada. O artigo 5º da Lei nº 10.101/00 é peremptório: "Art.5o A participação de que trata o art. 1o desta Lei, relativamente aos trabalhadores em empresas estatais, observará diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo. Parágrafo único.Consideramse empresas estatais as empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas e demais empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto." (destaquei) Logo, mister observar os ditames da diretrizes especificadas pelo Poder Executivo. Segundo a Fiscalização (fls 175): "Analisando os documentos apresentados pelo sujeito passivo não se vislumbra em nenhum deles que o Departamento de Controle das Empresas Estatais DEST, tenha autorizado o pagamento da PLR. Os demais documentos (autorização do pagamento pela Eletrobrás e Termo de pactuação de metas), não possuem arcabouço jurídico para suprimir ou revogar a Resolução CCE n° 10/1995, assim como, o art. 5o da Lei n° 10.101/2000. Os documentos anexados em meio digital à carta CTA PR N° 091/2013, foram impressos e estão anexados ao "Termo de Constatação Fiscal e Solicitação de Esclarecimentos" (acostados a carta CTAPR N° 091/2013). Dessa forma a participação nos resultados PLR, foi paga aos empregados sem a observância do art. 3o, inciso III, da Resolução CCE n° 10/1995, e, consequentemente, em desacordo com o previsto no art. 5o da Lei n° 10.101, de 2000, não se enquadrando na hipótese prevista no § 2o do art. 22, combinado com o § 9o, alínea "j". do art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991. Por conseguinte, os rendimentos pagos a título de participação nos resultados integram a remuneração dos segurados empregados, sujeitandose à incidência das Contribuições Sociais Previdenciárías, conforme dispositivos legais a seguir: (...) O Poder Executivo, através do Conselho de Coordenação e Controle das Empresas Estatais CCE (atualmente Departamento de Controle das Empresas Estatais DEST) fixou as diretrizes especificas, publicando a Resolução CCE n° 10, oe 30/05/1995 (DOU de 09/06/1995), que estabelece no seu art. 3°, critérios que impedem que empresas estatais distribuam qualquer parcela dos lucros ou resultados. Especificamente, determina o inciso III, do art. 3o, da Resolução CCE n° 10/95: Fl. 687DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 681 13 Art. 3o Fica a empresa estatal impedida de distribuir aos seus empregados qualquer parcela dos lucros ou resultados apurados nas demonstrações contábeis e financeiras, que servirem de suporte para o cálculo, se: "III tiver registrado prejuízos de períodos anteriores, ainda não totalmente amortizados por resultados posteriores;" Além de contabilizar um prejuízo de R$ 60.154.000,00, no exercício de 2009, verificase nos Balanços Patrimoniais dos últimos anos que o sujeito passivo ao invés de amortizar, vem acumulando sucessivos prejuízos e, nesse caso, os pagamentos estão em desconformidade com o art. 5o, da Lei n° 10.101/2000 c/c com o item III, do Art. 3o, da Resolução CCE n° 10, de 30/05/1995, constituindose em Base de Cálculo da CSP" O trecho acima destacado demonstra que a Autoridade Lançadora entendeu que houve descumprimento do ditames da Resolução CCE nº 10/1995, pelo Recorrente, em face da existência de prejuízo acumulados em seu Balanço Patrimonial. Em defesa, alega a Recorrente (fls. 620): "Sem prejuízo das considerações feitas acima, cumpre destacar que, no presente caso, a participação foi calculada e paga com base nos resultados consolidados registrados pela Eletrobrás, holding do grupo econômico, como previsto no Plano de Metas Coletivo do Sistema Eletrobrás, assinado com os sindicatos representativos de classe. De fato, o referido plano coletivo, em sua cláusula segunda, vincula a distribuição de lucro aos empregados das empresas que integram o "grupo Eletrobrás" ao lucro consolidado apurado pela Eletrobrás, empresa holding: "2.1.1 Caso a ELETROBRÁS dê lucro e o valor de 25% dos dividendos distribuídos pela mesma for maior ou igual ao somatório de duas folhas salariais, sem encargos, de dezembro de 2008, das Empresas do Grupo Eletrobrás, a ELETROBRÁS e as demais Empresas poderão distribuir a seus respectivos empregados a título de PLR duas folhas salariais, sem encargos, de dezembro de 2008, aplicando se o item 3.2 da CLÁUSULA 3ãdesse Termo." E mais. No referido plano, estabelecese que a PLR a ser distribuída aos empregados de cada uma das empresas que integram o "Grupo Eletrobrás", entre elas a ora Recorrente, terá por base o cumprimento tanto do plano de metas coletivo do "Grupo Eletrobrás" como o plano de metas próprio de cada empresa, deixando evidei. tratamento coletivo dado à matéria. Notese que esse Plano de Metas foi submetido ao exame do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, onde foi expressamente aprovado, por meio do Ofício n2 580/2008/MP/SE/DEST, desde que respeitadas algumas condicionantes. Com efeito, esclareceu aquele Ministério Fl. 688DF CARF MF 14 que "nada tem opor à implementação do Programa de Participação nos Lucros ou Resultados do Sistema ELETROBRÁS do exercício de 2008...", mais uma vez deixando claro o tratamento sistêmico dado à PLR das empresas que integram o "Grupo Eletrobrás". Entre as condicionantes exigidas pelo Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais DEST, integrante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e que contou, ainda, com a análise favorável da Coordenação Geral de Política Salarial e Previdência Complementar CGS, limitouse o valor a ser distribuído a título de participação nos resultados a 25% dos dividendos pagos pela holding a seus acionistas, novamente atrelando a PLR aos resultados da Eletrobrás. Além disso, o valor a ser distribuído também não poderia ultrapassar o montante de duas folhas salariais referentes ao mês de dezembro de 2008, multiplicado pelo grau de cumprimento de metas, sendo 50% referente às metas de todo o Sistema Eletrobrás e 50% referente às metas de cada uma das empresas que integram o Sistema (como, de fato, constou do Plano de Metas Coletivo). Ou seja, o DEST foi explícito ao autorizar que parte do cálculo tomasse por base o resultado consolidado de todo o grupo econômico. Notese que a manifestação do DEST passou pelo crivo da Assessoria Especial da SecretariaExecutivia do Ministério de Minas e Energia, a qual não fez qualquer oposição ao Plano de Metas Coletivo do Sistema Eletrobrás, como se infere do Ofício 2052/2008 SE/MME." (destaques constam do recurso) Depois de discorrer longamente sobre o cumprimento dos requisitos determinados pelo Poder Executivo, por meio do órgão competente, o DEST, a Recorrente explicita ter consultado tal órgão para validar, no caso em concreto, seu entendimento. Vejamos seu relato (fls. 627): "Para afastar qualquer dúvida a respeito da correta interpretação das autorizações dadas pelo DEST (sucessor do CCE e órgão atualmente compentente para se manifestar sobre as propostas de acordo coletivo de trabalho e participação dos empregados nos lucros ou resultados das empreas, nos termos do art. 82 da Lei ne 8.189/2014), a Recorrente formulou consulta ao referido Departamento. requerendo que fosse esclarecido se: "...o procedimento que vem sendo adotado pela Consulente há mais de uma década está correto, de interpretação e aplicação da restrição contida no artigo 32 da Resolução nQ 10/1995 do extinto CCE à luz das demonstrações financeiras consolidadas da Eletrobrás, ou se o pagamento da PLR aos empregados da Consulente só pode ser feito se as suas próprias demonstrações financeiras não apresentarem prejuízo acumulado ainda não amortizado." Fl. 689DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 682 15 Em resposta à referida consulta, recebida no dia 14/07/2014, o DEST foi enfático no sentido de que a restrição contida na Resolução CCE n10, de 30/05/1995, deve ser considerada em relação aos resultados consolidados da holding e que as empresas participantes do Grupo Eletrobrás devem cumprir o plano de metas pactuado com a Controladora do Sistema, independentemente de terem ou não prejuízos acumulados ainda não amortizados. Tal resposta foi juntada aos autos em 21/07/2014 (fl. 538/547), não tendo a DRJ tecido qualquer comentário a respeito, o que é inadmissível. Tratavase a referida manifestação do DEST de documento novo, razão pela qual sua juntada nestes autos era permitida pela legislação, nos termos do art. 16, § 42, alínea b, do Decreto nQ 70.235/1972." (grifos originais) Compulsando os autos, encontro às páginas 547, o ofício mencionado, que textualmente assevera que a PLR leva em conta o resultado de todo o sistema, independentemente de individualmente, as empresas do participantes do programa distribuírem dividendos ou não. Menciona ainda, a resposta da consulta formulada, ter sido o programa aprovado por meio do Ofício nº 301/2006/MP/SE/DEST. Ora, tendo sido a desconsideração da PLR paga fundada no descumprimento do requisito do artigo 5º da Lei nº 10.101/00, que preceitua que as empresas estatais cumpram as determinações do Poder Executivo sobre o pagamento da participação nos lucros e resultados aos seus trabalhadores, a autuação não merece prosperar. Vejo, não só o cumprimento da exigência disposta na lei uma vez que o requisito para a pagamento da PLR é a existência de resultado positivo nas empresas componentes do sistema elétrico como também a expressa autorização da autoridade competente. Importante realçar que entendo totalmente admissível o documento acostado aos autos antes do julgamento da impugnação, quanto mais ao recordarmos que todo o alegado foi comprovado, ao menos indiciariamente, na impugnação. A admissão de provas juntadas após a apresentação da impugnação deve ocorrer quando tal prova é cabal para modificar, impedir ou extinguir o direito de crédito do Fisco. Senão vejamos. “O Direito não socorre a quem dorme” é uma máxima jurídica cujo conhecimento é público, podese dizer, graças a sua imensa aplicabilidade. A decadência, a prescrição e a preclusão são institutos jurídicos fundados na falta de agir daqueles que possuem um direito, visando a estabilidade das relações jurídicas pela punição, em face da omissão, dos que não buscam a realização desse seu direito. Examinemos o que nos interessa para a decisão do caso em apreço: a preclusão. Sabemos que se trata da perda de um ato processual pela inércia ou intempestividade de sua prática. Como nos recorda De Plácido e Silva, “indica propriamente a perda de determinada faculdade processual...” (Vocabulário Jurídico, 27ª ed, Editora Forense, 2008, p. 1076). Fl. 690DF CARF MF 16 Tal instituto visa garantir agilidade processual por meio da impulsão, pelas próprias partes, do processo administrativo ou judicial, impedindo que a demora de determinada parte no dever de se desincumbir de determinado ônus, cause uma demora exagerada no tempo do processo administrativo ou judicial. Nesse sentido, a lei determina que tal mora seja penalizada com a própria perda do ato processual, “acarretando a superação daquele estágio do processo...”, conforme ensina Celso Antonio Bandeira de Mello (Curso de Direito Administrativo Brasileiro, 24ª ed., Malheiros Editores, 2007, p. 1016). Exatamente essa a inferência que se obtém da leitura do artigo 16, parágrafo 4º do Decreto nº 70.235/71: “Art. 16. A impugnação mencionará: ... § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.” (negritamos) Não obstante todo o exposto, não podemos, no caso em apreço, adotar o entendimento acima explicitado. Nossa decisão deve ser tomada no âmbito do processo administrativo tributário, procedimento pelo qual a Administração Pública visa controlar a legalidade de seus atos. Importante, nesse ponto, explicitar a função do processo administrativo dentro do ordenamento jurídico pátrio recordando que, para tanto, é necessário abordarmos a função do Estado dentro da sociedade moderna. Em apertada síntese, podemos dizer, comungando a visão de Celso Antonio Bandeira de Melo (ob. cit., p. 29), que o Estado moderno desempenha três funções primordiais: legislativa, administrativa (ou executiva) e jurisdicional. Essas três funções se encontram distribuídas pelos Três Poderes, como se sabe, Legislativo, Executivo e Judiciário. Muito embora se reconheça que nenhum dos Poderes exerça somente sua função precípua, é, inegavelmente, essa que o consagra e determina seu regramento e modelo de atuação. Essa ressalva é importante para se analisar a função do processo administrativo dentro do Poder Executivo, pois é justamente nesse poder que se encontra uma função importantíssima para sua atuação e que pode parecer, para um leigo, verdadeiro desvio de função. Fl. 691DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 683 17 A Administração Pública, exteriorização do Poder Executivo, tem a função precípua de realizar o interesse público, dando concretude aos comandos emanados dos Poderes Legislativo e Judiciário. Nesse sentido que se afirma serem princípios fundantes da Administração Pública a supremacia do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade do interesse público. (Celso Bandeira de Melo suporta essa afirmação in ob. cit, p.53). Decorre desses princípios enfeixadores do sistema jurídico que embasa a Administração Pública Brasileira, princípios fundantes do Direito Administrativo pátrio, a primazia do princípio da legalidade nesse ramo do Direito Público, pois ao submeter à Administração à lei, o ordenamento jurídico “explicita a subordinação da atividade administrativa à lei e surge como decorrência natural da indisponibilidade do interesse público, noção esta que, conforme foi visto, informa o caráter da relação de administração”. (Celso Bandeira de Melo, ob. cit., p. 72). Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro, 32ª ed., Malheiros Editores, p. 87): “A legalidade como princípio de administração (CF, art 37, caput), significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não pode se afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e exporse a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso” (grifamos) É essa vinculação absoluta ao império da lei que exige que a Administração Pública controle a legalidade de seus próprios atos, independentemente de manifestação do particular, por meio do que se chama, princípio do controle administrativo ou tutela, ou ainda autotutela. Por isso, dizse com razão que, o processo administrativo resguarda os interesses dos administrados. Como todos os ramos do Direito Administrativo, também o ramo processual encontra seus limites interpretativos em seus princípios específicos. Muitos desses princípios se encontram positivados, embora denominados como “critérios” na Lei 9.784, de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, especificamente no parágrafo único do artigo 2º, que preceitua: “Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I atuação conforme a lei e o Direito; II atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; Fl. 692DF CARF MF 18 III objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; IV atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boafé; V divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; VI adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; XI proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei; XII impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; XIII interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.” (grifamos) Além desses princípios positivados, a doutrina elenca outros, não menos importantes, como por exemplo, o princípio da verdade material que nos interessa para o caso em concreto. Lucas Rocha Furtado (Curso de Direito Administrativo, Ed. Fórum, 2007, p. 1209), com clareza que merece reprodução, assegura: “Nos processos administrativos, diversamente do que ocorre com os processos judiciais, especialmente no âmbito do processo civil, os responsáveis pela condução dos autos não devem se ater às informações constantes dos autos para a formação das suas convicções e para a construção das decisões a serem proferidas.” (negritamos) Continua o doutrinador: “Evidentemente que se espera que a denominada verdade formal, aquela que se extrai exclusivamente das informações constantes dos autos, corresponda a realidade dos fatos e a correta aplicação do direito. Ou seja, é de se esperar que a Fl. 693DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 684 19 denominada verdade formal esteja em perfeita harmonia com a verdade material. Caso se constate eventual descompasso entre uma e outra, no entanto, os responsáveis pela condução do processo administrativo devem decidir com base na verdade material. A realização do principio da verdade material matem forte relação com o do formalismo moderado. Assim, exigências ou limitações formais não devem impedir que a Administração Pública decida com base na verdade material caso esta contrarie a verdade formal”. (os grifos não constam do original) Tal princípio, como sobredito, decorre do dever da Administração em buscar o interesse público que se atinge com a observância dos preceitos estabelecidos em lei. Nesse ponto nossa vinculação à observância do princípio da verdade material se torna majorada, em face de nossa atuação como Administração Tributária. Essa atuação, que tem por função precípua prover de recursos o Estado Democrático e Social de Direito, como se diz do Estado Brasileiro, para que este possa realizar os ditames constitucionais. Porém, não se pode exigir a transferência de recursos do contribuinte para o Estado, além daqueles definidos e quantificados pela lei. Ao analisar a questão sob a ótica da tributação como forma de manutenção do Estado de Direito e das liberdades individuais, Luis Eduardo Schoueri (Direito Tributário, 3ª ed., Ed. Saraiva, 2013, p. 31), reconheceu que: “O tributo surge, nessa perspectiva, como o preço dessa liberdade. Ele não se justifica como tal, mas somente na medida em que seja indispensável e na extensão em que se espera uma atuação estatal na construção de uma liberdade coletiva, de inclusão social.” Por isso as receitas derivadas do Estado, consoante expressa determinação do Constituinte, são controladas exclusivamente pela lei. Explicita a imposição constitucional o princípio da legalidade expresso no artigo 150, inciso I, da Carta Magna. Ao tratar do tema, Schoueri (ob cit., p. 279), recorda que: “Em matéria tributária, o Princípio da Legalidade é anterior mesmo ao Estado de Direito. É o direito de concordar com a tributação e controlar o modo como os recursos arrecadados, são empregados.” Verdadeira limitação constitucional ao poder de tributar, o Princípio da Legalidade é consubstanciado, segundo o artigo 146, II e III, por meio de lei complementar a quem cabe regular as limitações constitucionais ao poder de tributar e estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre o lançamento tributário, entre outros institutos. Coube ao Código Tributário Nacional, CTN, esse papel. Não nos desviemos de nosso objetivo. Não podemos nos esquecer que estamos diante do controle de legalidade do ato administrativo do lançamento tributário. Logo, devemos observar a disposição do CTN sobre a questão: Fl. 694DF CARF MF 20 “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.” (grifamos) Cristalina a disposição codicista sobre o lançamento tributário, em especial quanto à necessidade do mesmo em quantificar o tributo devido. Como nos recorda Luis Eduardo Schoueri (ob. cit., p. 585), “a atividade do lançamento tem uma finalidade: apurar o “an" e o “quantum debeatur”: se é devido e o quanto é devido”. Indiscutível o comando legal: o lançamento tributário, assim entendida também a notificação de lançamento, deve observar a ocorrência do fato gerador e apurar a base de cálculo do tributo devido. O princípio da verdade material, verdadeira materialização da observância da legalidade tributária, impõe ao julgador administrativo o dever de analisar a prova que tem o condão de impedir o lançamento tributário. Logo, comprovado o cumprimento dos requisitos constantes da Lei nº 10.101/00 pelo sujeito passivo, em especial quanto ao disposto no artigo 5º, verdadeiro motivo do lançamento realizado, entendo que este não merece prosperar. Por todo o exposto, o recurso voluntário deve ser provido nessa parte. PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS DE DIRETORES Se insurge a Recorrente contra o lançamento em razão do pagamento da PLR aos seus diretores. Consta do relatório fiscal (fls. 176): "O fato gerador da Contribuição Social Previdenciária CSP, referese à prestação de serviço remunerado, comprovado através dos valores pagos/ creditados aos diretores não empregados, nesse caso, segurados obrigatórios da Previdência Social como Contribuintes Individuais, a título de participação nos resultados PRL. A incidência da Contribuição Social Previdenciária CSP, nessa forma de remuneração, além do amparo legal delineado no item 5.1.1, supra, não encontra guarida no § 2o do art. 22 c/c o § 9o do art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991. Com efeito, a hipótese prevista no § 9o, alínea "j", do art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991, aplicase tãosomente à participação dos empregados nos lucros ou resultados quando paga em conformidade com a Lei n° 10.101, de 2000. Não se aplica, portanto, à participação nos resultados paga aos diretores não empregados, os quais são considerados segurados contribuintes individuais. Assim, essa modalidade de remuneração integra a BC da CSP." (destaques constam do relatório fiscal)" Fl. 695DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 685 21 Após alegar que a possibilidade de pagamento ao diretores estatutários decorre da própria Constituição, uma vez que o artigo 7º assegura o rol dos direitos dos trabalhadores e não somente dos empregados, assevera a Recorrente (fls 634), inclusive citando jurisprudência deste Colegiado, que a Lei nº 6.404/76 contempla a possibilidade de pagamento de participação nos lucros para o diretores estatutários, o que cumpriria o ditame da Lei de Custeio no sentido da necessidade de observação das disposições legais para a fruição da isenção da contribuição previdenciária sobre o pagamento da PLR. Assiste razão a Recorrente, embora por fundamentos diversos. Os ditames da Lei nº 10.101/00 se aplicam ao contribuinte individual, ou seja, cumpridos os requisitos previstos na Lei nº 10.101/00, há isenção da contribuição previdenciária nos pagamentos realizados ao contribuinte individual a título de PLR. Explico. Vimos, linhas atrás, quais requisitos para que se usufrua da imunidade condicionada relativa ao pagamento da PLR, requisitos expressamente disposto pela Lei. Dissemos ser obrigação da Autoridade Tributária verificar se o pagamento da PLR cumpriu essas exigência legais, nos estritos termos impostos pela Lei. Nesse sentido, como leciona Montoro acima transcrito, a interpretação literal deve ser feita em consonância com o sistema jurídico. Não se pode defender interpretação que discrimine um trabalhador autônomo em relação a um empregado em determinado ponto, mormente se esse entendimento obste um direito que a própria Carta Magna concedeu. Ora, ao instituir uma gama de direitos aos trabalhadores, a Constituição Federal assim determinou: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: ... XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;” (grifei) Não quis, o Constituinte, diferenciar os trabalhadores. Podemos assim inferir, pois quando optou por identificar determinados trabalhadores, a Carta Fundamental assim o fez, como se pode observar no inciso XXXIV e parágrafo único, ambos do mesmo artigo 7º acima, que se referem especificamente ao trabalhador avulso, que teve seus direitos equiparados; e ao doméstico, que na redação original da Carta, os teve diminuídos. Idêntica redação tem a Lei 10.101, de 2000, que em seu artigo 1º, explicita: “Art. 1o Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição.” (grifos não constam do texto legal) Para alguns, por mencionar a categoria dos empregados, nos caputs dos artigos 2º e 3º, dispositivos que explicitam os requisitos para a validade da PLR, a Lei nº 10.101 restringiria a estes trabalhadores o direito à participação nos lucros e resultados. Fl. 696DF CARF MF 22 Uma análise mais detida e isenta não corrobora tal entendimento. Vejamos. Tanto em um, como em outro artigo, o uso do vocábulo empregado se constituiu um pressuposto lógico, pois o dispositivo constante do artigo 2º trata da participação do sindicato na elaboração do plano, e o do artigo 3º versa sobre a integração da verba paga a título de PLR na remuneração e nos reflexos trabalhistas que só existem para o empregado. A uma não haveria outro modo de redigir a norma, pois ao desejar que os trabalhadores estivessem representados na mesa de negociação com os empregadores por alguém que lhe defendessem os interesses, esse alguém só poderia ser o sindicato, entidade típica dos empregados, que já tem – por expressa previsão constitucional – esse mister. A outra, porque reflexos trabalhistas sobre verbas pagas pelo trabalho, também só surgem para os empregados. Mera busca na letra fria da lei só encontra mais uma remissão aos empregados, justamente no parágrafo 1º do artigo 3º, de onde se conclui que não há, nem do ponto de vista semântico, a intenção do legislador de restringir o benefício. Reiterese, que, ao tratar da questão da tributação da renda decorrente do recebimento da PLR, volta novamente o legislador a utilizarse da expressão “trabalhador”. Por fim, necessário recordar, numa interpretação teleológica, que o contribuinte individual, por exemplo, o diretor, contribui também com seu labor para o atingimento das metas e resultados da empresa. Subtrair tal benefício dessa categoria é discriminar alguém que, em regra, não sendo detentor do capital, só possui o trabalho para obter renda e sustentar sua família. Vários julgados deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais corroboram esse entendimento (PAF 10920.002868/200881, Ac. 2301003.024, dj; PAF 11020.002008/201079, Ac. 2301002.492 dj 18.01.2014). Wagner Balera e Thiago Taborda Simões, em obra de fôlego sobre o tema (Participação nos Lucros e nos Resultados: Natureza Jurídica e Incidência Previdenciária, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, FISCOSoft Editora, 2014, p. 163), asseveram: “...Na linha da literalidade, entendese que a norma de isenção descreve a materialidade a exclusão da incidência sobre as verbas pagas aos empregados da pessoa jurídica, conceito que não albergaria os contribuintes individuais (diretores estatutários, administradores, conselheiros), por não gozarem dessa qualidade. Por outro lado, a interpretação sistemática considera o benefício fiscal extensivo aos estatutários, por não integrarem o salário de contribuição. Enfileiramonos com a segunda posição. A norma de isenção da PLR é extensiva aos diretores (contribuintes individuais), já que a norma específica que trata do tema – Lei nº 10.101/2000 – não estabelece a limitação” Não obstante o todo o exposto, outro ponto, ao meu ver irrefutável, deve ser analisado. Disse, há pouco, que não quis o Constituinte distinguir os trabalhadores, ao reverso, fez questão de aproximálos pois, quando entendeu necessário, expressamente se Fl. 697DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 686 23 referiu a um e a outro. Porém, outra consideração de cunho eminentemente jurídico deve ser apresentada. É cediço que a interpretação jurídica deve ser feita com estrito respeito aos princípios jurídicos que enfeixam o Direito. Mestre JJ Gomes Canotilho, no clássico Direito Constitucional e Teoria da Constituição (7ª edição, Almedina, pag. 1223), elucida que a Constituição deve ser interpretada segundo um catálogo dos princípios tópicos da interpretação constitucional, desenvolvido a partir de uma postura metódica hermeneuticoconcretizante, recortados pelo autores de forma diversa. Para ele, dois princípios são determinantes: "Princípio da unidade da constituição: O princípio da unidade da constituição ganha relevo autônomo com princípio interpretativo quando com ele se quer significar que a constituição deve ser interpretada de forma a evitar contradições (antinomias, antagonismos) entre suas normas. Como "ponto de orientação", "guia de discussão" e "factor hermenêutico de decisão", o princípio da unidade obriga o intérprete a considerar a constituição em sua globalidade e a procurar harmonizar os espaços de tensão entre as normas constitucionais a concretizar (...). Daí que o interprete deva sempre considerar as normas constitucionais não como normas isoladas e dispersas, mas sim como preceitos integrados num sistema interno unitário de normas e princípios. Princípio da máxima efetividade Este princípio, também designado por princípio da eficiência ou princípio da interpretação efectiva, pode ser formulado da seguinte maneira: a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe dê. (...)" (destaques não constam do original) Ainda mais enfática é a posição de Humberto Ávila (Teoria dos Princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 15ª ed. Malheiros. pag. 158/160). Após recordar que: "Princípios não são necessariamente meras razões ou simples argumentos afastáveis, mas também estruturas e condições inafastáveis" O doutrinador e professor titular da UFRGS, assevera com tintas fortes: "Quando a Constituição contém um dispositivo que privilegia o caráter descritivo da conduta, ou a definição de um âmbito de poder, há, nesse contexto e nesse aspecto, a instituição de uma regra que não pode ser simplesmente desprezada pelo legislador, ainda que haja internamente alguma margem de indeterminação para a definição de seu sentido" Nesse mesmo sentido, Tércio Sampaio Ferraz (Direito Constitucional, Manole, 2007, pg. 10 'in fine'), ensina: Fl. 698DF CARF MF 24 "Por exemplo, uma norma constitucional que impõe uma vedação (proibição de instituir tributo que não seja uniforme) valida normas legais que estatuam tributações, se respeitada a vedação, independentemente de se os fins (provimento de recursos adequados às necessidades) estão ou não sendo alcançados" A Carta da República, em seu artigo 150, que versa sobre as limitações do poder de tributar, peremptoriamente, assevera: "Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) II instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos" Refletindo sobre os princípios tributários, Paulo de Barros Carvalho (Direito Tributário: Linguagem e Método, 2ª ed. Noeses, 2008, pg. 267), esclarece: "Quando a estimativa "igualdade" é empregada em direito tributário, o critério é bem objetivo: dois sujeitos de direito que apresentarem sinais de riqueza expressos no mesmo padrão monetário haverão de sofrer a tributação em proporções absolutamente iguais" Voltemos às disposições da Lei nº 10.101/00: "Art.3oA participação de que trata o art. 2onão substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) § 5º A participação de que trata este artigo será tributada pelo imposto sobre a renda exclusivamente na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos, no ano do recebimento ou crédito, com base na tabela progressiva anual constante do Anexo e não integrará a base de cálculo do imposto devido pelo beneficiário na Declaração de Ajuste Anual." Ao recordarmos que a Lei nº 10.101/00 trata sobre o Imposto sobre a Renda da Pessoa Física incidente sobre os valores percebidos pelo trabalhador a título de Participação nos Lucros e Resultados e mais, o faz de forma favorecida, se torna patente que a interpretação que discrimina o diretor estatutário, vedando seu direito ao recebimento da Participação, ofende de morte a Constituição Federal posto que colide frontalmente com a regra (carater descritivo da conduta nos dizeres de Humberto Ávila), constante do inciso II do artigo 150 transcrito. Por óbvio que tal interpretação não pode ser aceita uma vez que contraria direito do contribuinte constitucionalmente esculpido, tratado pela Carta como vedação ao poder de tributar. Fl. 699DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 687 25 Ao afastarmos o direito a percepção da PLR nos termos da Lei nº 10.101/00, o contribuinte individual estaria submetido a tributação sobre o valor recebido com base na tabela vigente para a remuneração decorrente do trabalho. Já, para a mesma verba, recebida pelo diretor empregado ou seja, trabalhador na mesma ocupação profissional ou função este teria direito a uma menor tributação para a mesma renda obtida, vez que decorrente de PLR. Leandro Paulsen (Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da jurisprudência e da doutrina, 15ª ed. Livraria do Advogado Ed., 2013, pg. 185), é enfático em afirmar: " O art. 150, II, da CF é expresso em proibir qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos" Como nos recorda JJ Canotilho, a interpretação deve ser realizada evitando se antinomias constitucionais e mais, ampliandose o gozo de direitos constitucionalmente esculpidos Não há tal vício de inconstitucionalidade na Lei nº 10.101/00. Não será o interprete que irá criálo. Assim, acompanhados pela jurisprudência administrativa e pela moderna doutrina, e principalmente, por entender que a norma de isenção representada pela Lei nº 10.101/00, não limitou o benefício fiscal e trabalhista à determinada categoria de trabalhadores – até porque tal procedimento seria claramente discriminatório e inconstitucional – sou de opinião que a PLR, desde que devidamente implementada, com o programa de criação do plano – devidamente aprovado pelo sindicato dos empregados explicitamente não excluindo os contribuintes individuais, pode sim ser extensiva a todos os trabalhadores da empresa. Do exposto, forçoso reconhecer que o recurso voluntário deve ser provido nessa parte. AUXÍLIO EDUCAÇÃO Se a insurge a recorrente contra o lançamento no tocante à incidência das contribuições previdenciárias sobre as verbas pagas a título de auxílioeducação. Reproduzo seus argumentos (fls 638) "O fiscal autuante não negou que os cursos reembolsados pela Recorrente a seus empregados respeitem os limites do Acordo Coletivo de Trabalho Específico (cláusula quarta), aprovado expressamente pelo Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais DEST, por meio do Ofício n2 660/2008/MP/SE/DEST, e da Instrução Normativa ne 34/2004, que disciplina o benefício. Também não nega que os cursos são oferecidos a todos os seus empregados, muito menos que os cursos têm ligação com o objeto social da Recorrente. Entretanto, argumentou o fiscal autuante que a não incidência da contribuição previdenciária estaria limitada Fl. 700DF CARF MF 26 aos casos em que o auxílio voltase para a educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nQ 9.394/1996, ou a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa. Partindo do pressuposto de que os cursos reembolsados pela Recorrente aos seus empregados não se enquadrariam no conceito de educação básica ou capacitação e qualificação profissionais, argumenta que tais valores deveriam integrar o salário de contribuição para fim de incidência da contribuição previdenciária. 0 lançamento fiscal não procede, data vênia. Não há dúvida que tais cursos visam à capacitação e/ou qualificação dos empregados da Recorrente (o que não é negado no auto de infração, repitase] e, justamente por isso, não visam a retribuir o efetivo trabalho, pois são verbas de caráter indenizatório, pagas "para o trabalho", e não "pelo trabalho", nos termos do art. 458, § 2, inciso II, da Consolidação das Leis do Trabalho. Tratase, na verdade, de um investimento da empresa na qualificação de seu empregado." Cabe razão à Recorrente. Não há incidência sobre o auxílioeducação no período da autuação. Explico. Como bem apontado pela Autoridade Lançadora, a Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.711/98, explicita: "Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos doart. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (...)" (destaques não constam do texto da lei) Fl. 701DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 688 27 Como visto, tratase de expressa disposição de lei tributária sobre a incidência tributária. Nesse sentido, a redação da Lei nº 8.212/91, trazida pela lei de 1998, é clara em asseverar que: · i) a incidência tributária se dá sobre os valores da remuneração paga ao empregado, assim entendido toda verba de natureza contraprestacional, utilidades habituais, valores percebidos pelo tempo à disposição e também aqueles constantes do contrato de trabalho. · ii) não há incidência quando os valores pagos a título de auxílio educacional não seja substitutivos de parcela salarial e respeitem os limites impostos pelo legislador. Não obstante o exposto, em 2001, o legislador ordinário, com acerto em minha opinião, alterou a Consolidação das Leis do Trabalho, afastando peremptoriamente a natureza salarial de qualquer parcela paga sob esse título. Recordemos o texto da lei trabalhista: "Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (...) § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático;(Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) (destaquei) Cristalina a alteração da lei trabalhista. Não há natureza salarial nas verbas pagas a título de bolsa educacional, qualquer que seja a sua forma, qualquer que seja sua destinação no tocante à formação do trabalhador, ao seu desenvolvimento físico, intelectual, ou moral, consoante nos recorda o dicionário Houaiss quanto à definição do vocábulo educação. Importante ressaltar que a lei tributária, buscando seus limites na Carta Fundamental, escolhe a incidência dentro da competência que lhe foi outorgada. Nesse sentido, ao definir o salário de contribuição do segurado empregado, a lei de Custeio da Previdência optou pela remuneração. Fl. 702DF CARF MF 28 Tal conceito, embora constante da lei tributária, não pode, nos termos do CTN, transbordar os limites do ramo do direito que o instituiu. Outro não é comando emanado dos artigos 109 e 110: "Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias." Nesse sentido, não se pode admitir que, para o período de lançamento, se observe incidência tributária sobre verba de natureza remuneratória, que por expressa determinação legislativa, posterior à dicção da lei tributária, teve o caráter remuneratório explicitamente afastado. Não incidência tributária sobre os valores, pagos pelo empregador ao empregado, à título de auxílioeducação, no período do lançamento. Verbas inequivocamente destinadas à educação dos segurados empregados, por expressa determinação da CLT, não integram a remuneração. As contribuições previdenciárias incidem sobre o salário de contribuição e este, para os empregados, é composto pela remuneração auferida. Logo, não há incidência. Recurso voluntário provido nesta parte. DIFERENÇAS ENTRE FOLHA DE PAGAMENTO E GFIP Segundo o Recurso (fls 644): "No último tópico do auto de infração, afirmase que os pagamentos a contribuintes individuais lançados em 2009 na conta "21101300000002 fornecedores pessoa física" não teriam sido informados nas GFIPs daquele período A autuação também não procede neste ponto. A despeito do confronto entre os lançamentos feitos na referida conta e a GFIP de cada estabelecimento, o lançamento foi feito de forma conjunta na matriz, sem discriminar as diferenças devidas por cada estabelecimento no DC Discriminativo do Débito, no RL Relatório de Lançamentos, no Relatório de Documentos Apresentados RDA, no Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados RADA e no próprio DSE Discriminativo Sintético Analítico, sendo que esses três últimos sequer foram emitidos, o que contraria a legislação tributária. Fl. 703DF CARF MF Processo nº 10283.720831/201359 Acórdão n.º 2201003.370 S2C2T1 Fl. 689 29 Essa reunião dos lançamentos no estabelecimento matriz torna ilíquido e incerto o suposto débito previdenciário que se pretende cobrar, como já decidiu a DRJ de Belém quando do julgamento do processo nQ 10283.001067/200851, em sessão de 19/09/2008. Cumpre transcrever trecho do acórdão então proferido: (...)" Consta do relatório fiscal (fls 182): O fato Gerador referese aos serviços prestados por pessoas físicas, enquanto segurados obrigatórios da Previdência Social na condição de Contribuintes Individuais, conforme determina a Lei N° 8.212/91 (norma legal abaixo), combinados com os dispositivos legais elencados no relatório "Fundamentos Legais do Credito FLD" que compõe o Auto de Infração. Intimado a informar onde foram lançados na contabilidade os valores relacionados aos pagamentos efetuados aos prestadores de serviço pessoas físicas o sujeito passivo, através da CTAPR N° 091/2013, item 5, informou que "os pagamentos estão nos registros do bloco 1250, na conta 21101300000002" Nesse caso a prestação de serviço remunerado fica comprovada pelos créditos efetuados aos prestadores de serviço pessoa física, registrados na conta da contabilidade, hospedada no SPED, de código/titulo 21101300000002 Fornecedores Pessoa Física. O sujeito passivo, conforme a carta "CTAPR N° 091/2013", forneceu copia dos registros em meio digital." (destaquei) Não descurou a autoridade lançadora de explicitar a base de cálculo do lançamento efetuado. Consta do relatório fiscal, folhas 182: "No credito constituído a BC são as diferenças entre os valores creditados aos Contribuintes Individuais, conforme demonstrativo em anexo, sob o titulo "Razão 21101300000002 Pagamentos a Pessoas Físicas 2009" e os valores declarados na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP para os contribuintes individuais da categoria 13. No quadro a seguir, apresentamos demonstrativo com o resumo das diferenças de Base de Cálculo entre os valores creditados na contabilidade e os valores declarados na GFIP. Esse demonstrativo contempla somente os Contribuintes Individuais classificados na GFIP com o código '13 Contribuintes Individuais', isso porque isso porque os pagamentos aos Diretores não empregados não estão creditados na conta contábil de código 21101300000002 Fornecedores Pessoa Física." (negrito não consta do relatório fiscal) Não vejo o vício alegado pelo Contribuinte. Não há, pela reunião de lançamento na matriz, vício de discriminação das diferenças lançadas. A uma, porque observo Fl. 704DF CARF MF 30 no relatório fiscal tabela mensal que explicita a origem dos valores lançados. A duas, porque tais valores foram obtidos pela Autoridade junto ao contribuinte, constam da contabilidade apresentada e dos valores confessados em GFIP. Claríssimo o lançamento tributário. O Fisco soube comprovar a ocorrência do fato gerador (documentos fornecidos pelo próprio contribuinte), determinar a matéria tributável (consta do lançamento seu fundamento legal e este é o aplicável ao caso em apreço), calcular o montante devido (a base de cálculo se encontra perfeitamente delineada e discriminada e a alíquota aplicável é a determinada pela lei), e identificar o sujeito passivo (o empregador, em sentido amplo). Vejo o fato constitutivo do direito do fisco regularmente comprovado e esse direito devidamente constituído pelo lançamento; Em outro giro, não pode o recorrente comprovar fato impeditivo, extintivo ou modificativo do direito do Fisco. Recurso negado nessa parte. CONCLUSÃO Por todo o exposto e pelos fundamentos apresentados, voto por conhecer do recurso e darlhe provimento parcial, determinando a exclusão do lançamento dos valores pagos a título de: i) PLR; ii) PLR pago ao diretores estatutários e; iii) auxílioeducação. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Relator Fl. 705DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.725491/2011-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2007
MULTA QUALIFICADA. OCORRÊNCIA DE FRAUDE. DEMONSTRAÇÃO DE DOLO.
Demonstrado o elemento subjetivo na conduta do contribuinte, que buscou alcançar os resultados elencados no art. 71 e 72 da Lei 4.502/64, é devida a qualificação da multa decorrente do lançamento de ofício.
Numero da decisão: 2201-003.337
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Ana Cecília Lustosa da Cruz (Relatora), Carlos César Pierre, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado) e Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Realizou sustentação oral pelo contribuinte a Dra. Viviam Casanova de Carvalho Eskenazi, OAB/RJ 128.556.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
Assinado digitalmente.
CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO - Redator Designado.
EDITADO EM: 07/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE E ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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OCORRÊNCIA DE FRAUDE. DEMONSTRAÇÃO DE DOLO. Demonstrado o elemento subjetivo na conduta do contribuinte, que buscou alcançar os resultados elencados no art. 71 e 72 da Lei 4.502/64, é devida a qualificação da multa decorrente do lançamento de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Ana Cecília Lustosa da Cruz (Relatora), Carlos César Pierre, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado) e Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Realizou sustentação oral pelo contribuinte a Dra. Viviam Casanova de Carvalho Eskenazi, OAB/RJ 128.556. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. Assinado digitalmente. CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO Redator Designado. EDITADO EM: 07/10/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 72 54 91 /2 01 1- 51 Fl. 3080DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE E ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias do Imposto de Renda Retido na Fonte, a empresa, acima qualificada, foi autuada, mediante Auto de Infração, a recolher ou impugnar os créditos tributários no montante total de R$ 5.164.282,18, a título de Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, incluídos nesse total multa e juros de mora calculados até 29/04/2011 (fundamento legal: 674 do RIR/99, art.9º da Lei nº 10.426/2002, art.61, §3º da Lei nº 9.430/96 e art.61, §§ 2º e 3º da Lei nº 8.981/95). Conforme descrição no Termo de Verificação Fiscal, a Fiscalização, verificou, em análise da documentação trazida aos autos, relativamente ao período encerrado em 31 de dezembro de 2007, os seguintes fatos: • O lançamento fiscal baseouse no pagamento de remuneração variável efetuado através de crédito nas contas dos planos de previdência privada complementar dos participantes (indivíduos remunerados pela empresa instituidora do plano, contribuinte) junto à empresa ITAÚ VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, bem como remunerações disfarçadas de premiação pagos através de cartões de premiação, no período de 01/01/2007 a 31/12/2007, sem as respectivas retenções e recolhimento de IRRF; • Também houve a apuração de IRRF de beneficiários não identificados no valor de R$ 12.000,00 pagos à Incentive House para distribuição em cartão de premiação; A fiscalizada apresentou GFIP no período de 01/2007 a 12/2007 sem incluir nas remunerações dos seus empregados valores de bônus e de comissões em contas individualizadas de previdência privada, bem como não informar os bônus pagos via previdência privada dos diretores não empregados e de autônomos, como, também, não informou valores de remunerações de empregados, diretores não empregados e autônomos pagos via cartões de incetive house (na contabilidade como Cash /Card). Também não informou nas remunerações dos empregados os valores das Fl. 3081DF CARF MF Processo nº 10880.725491/201151 Acórdão n.º 2201003.337 S2C2T1 Fl. 3 3 seguintes rubricas das folhas de pagamento: gratificação (código 0094), gratificação (código 0341), gratificação de férias (código 0085), indenização por tempo de serviço (código 0417), as quais se referem a bônus pagos nas rescisões contratuais. Também não informou as remunerações dos diretores não empregados (exceto para as competências de fevereiro e setembro) e dos autônomos constantes nas folhas de pagamentos; • A contribuinte deixou de reter e recolher IR no pagamento de remuneração variável a seus empregados, diretores não empregado e autônomos. Tais pagamentos se davam por meio de depósitos em conta de previdência privada e em crédito em cartões de premiação via sistema de remuneração variável por cumprimento de metas a empregados, diretores não empregado e autônomos; • Referidas receitas devem sofrer a incidência do IRRF, mediante a aplicação de alíquotas progressivas, nos termos do art.620 do RIR/99. Nos termos dos arts. 717 e 722 do RIR/99 e do Parecer Normativo Cosit nº 01 de 24/09/2002, a pessoa jurídica (a fiscalizada) é responsável pela retenção do IRRF quando do pagamento ao beneficiário; • Assim, após o prazo legal da entrega da Declaração de Ajuste pelo beneficiário, o valor do IRRF, não pode ser exigido da fonte pagadora (fiscalizada). Apenas a multa e os juros isolados podem ser cobrados da fiscalizada (art.9º da Lei nº 10.426/2002c/c art.44 da Lei nº 9.430/96); • Aplicação da multa isolada qualificada de 150% em razão de a empresa ter agido dolosamente, pois impediu o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador do IRRF, ao fazer pagamento de remunerações via cartões de premiação e informando tais valores na contabilidade como despesas de marketing e propaganda e, também, ao agir dolosamente para modificar as características do fato gerador do IRRF ao depositar os valores de comissões e bônus em previdência privada, conforme os arts.71, inciso I e a72 da Lei nº 4.502/64; • Para o cálculo dos valores devidos foi verificada a data de vencimento do IRRF não retido (art.865, RIR/99); • A empresa não indicou os beneficiários do valor de R$ 12.00,00, mesmo sendo intimada, referente a nota fiscal nº 97533 (emitida em 16/03/2007) da Incentive House, devendo, portanto, incidir o IRRF na alíquota de 35% sobre a base reajustada (art.61 da Lei nº 8.981/95 e art.74 da Lei nº 8.383/91); • Aplicação da multa qualificada de 150% em razão de a empresa ter agido dolosamente, pois impediu o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador do IRRF, ao fazer pagamento de remunerações via cartões de premiação e informando tais valores na contabilidade como despesas de marketing e propaganda; Fl. 3082DF CARF MF 4 • A empresa incidiu em prática de crimes contra a ordem tributária (inciso I do art.2º da Lei nº 8.137/90), ao se utilizar de meios fraudulentos para não incidir o IRRF (e não recolhêlo) sobre as remunerações pagas, via depósito em fundo FGB de previdência privada e também as pagas via cartões de premiação. Cientificada do feito em 25/05/2011, apresenta em 24/06/2011, impugnação, argüindo, em síntese, o seguinte: • Em relação ao pagamento aos beneficiários não identificados, a contribuinte concorda com a autuação; • No que se refere à exigência do IRRF sobre pagamento de remuneração variável, por meio de depósitos em conta de previdência privada e de crédito em cartões de premiação, a Impugnante reconhece a sua procedência apenas em relação à exigência da multa isolada calculada no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e dos juros de mora isolados; • É contra a multa de 150% pelos seguintes motivos: 1) em momento algum, houve a concreta demonstração, por parte da fiscalização, do enquadramento das suas condutas como fraude a fim de justificar a majoração da multa isolada, sendo certo que a própria fiscalização, ao relatar os fatos ocorridos, reconhece que haveria, "em tese", a existência de fraude; e 2) necessidade de distinção entre a fraude contra a lei (fraude penal), ilícito praticado com violação direta à lei e que dá origem ao que na doutrina se conhece por evasão ou sonegação fiscal, e a fraude à lei (fraude civil), que resultaria na chamada elisão abusiva, sendo certo que esta última não ensejaria a aplicação da multa qualificada ora pretendida; • a Impugnante apresenta a demonstração dos valores autuados que entendeu corretos e por este motivo efetuou o respectivo pagamento, conforme DARFs anexos (doc. 03). • A fiscalização, ao relatar os fatos ocorridos no presente caso, reconhece que haveria, "em tese", a existência de fraude, sem, no entanto, reunir elementos necessários para comprovar tal fato.; Portanto, incabível a aplicação da multa qualificada de 150%; • Em se tratando de IRRF, a carga tributária é suportada pelo beneficiário do rendimento, de modo que a Impugnante não teria qualquer benefício em praticar a suposta fraude a ela imputada pela fiscalização; • Não restando demonstrada a fraude alegada pelas autoridades administrativas para fundamentar a aplicação de multa qualificada no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), é evidente que a majoração dessa multa deve ser afastada; • É importante analisarse as diferenças existentes entre à chamada "fraude à lei", que não se confunde, em absoluto, com a "fraude contra a lei", sendo apenas essa capaz de deflagrar a incidência da multa qualificada; Fl. 3083DF CARF MF Processo nº 10880.725491/201151 Acórdão n.º 2201003.337 S2C2T1 Fl. 4 5 • O fato de a Impugnante ter escolhido realizar pagamentos por meio depósito em contas de previdência privada e de cartões de premiação, que importaram na não retenção e recolhimento do IRRF, mas que não eximiram os beneficiários de oferecer tais rendimentos à tributação e recolher o correspondente IRPF, poderia, no máximo, se enquadrar na figura da fraude à lei. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2007 MULTA QUALIFICADA. A multa qualificada aplicase nas hipóteses de ter sido constatado pela fiscalização, além da falta de recolhimento do IRRF, a incidência das hipóteses previstas na Lei nº 4.502/64, sendo o montante da penalidade aplicada sobre o valor apurado dos tributos, nos termos do artigo 9º da Lei nº 10.426/2002. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustenta, em síntese: a) a inaplicabilidade da multa qualificada prevista no artigo 44, § 1º, da Lei n.º 9.430/96, em razão da inocorrência de fraude contra a lei; b) a impossibilidade de exigência de juros de mora sobre a multa de ofício qualificada, em razão do disposto no artigo 161 do Código Tributário Nacional, caso seja negado provimento ao recurso. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Conforme consta dos autos, o lançamento trata da ausência de retenção e recolhimento de IRF sobre pagamento de remuneração variável a seus empregados e Fl. 3084DF CARF MF 6 autônomos, por meio de depósitos em conta de previdência privada, bem como de remunerações disfarçadas de premiação; e da ausência de retenção e recolhimento de IRF sobre pagamentos a beneficiário não identificado (art.674, §1º do RIR/99). Com relação ao pagamento de remuneração variável, tendo a autuação ocorrido após ultrapassado o prazo de entrega da declaração, foram exigidos apenas multa e juros de mora isolados, sendo que a multa de ofício foi aplicada no percentual de 150%, uma vez que a fiscalização considerou a existência de fraude nas condutas da recorrente. No que se referem aos pagamentos a beneficiário não identificado, a fiscalização exigiu IRRF calculado à alíquota de 35% sobre a base reajustada, nos termos do artigo 61 da Lei 8.981/95 e 74 da Lei n.º 8.383/91, sendo acrescido ao valor principal a multa de ofício de 150% e juros de mora. Sobre à autuação referente a esta infração, a contribuinte manifestou concordância integral, de modo que a matéria não se encontra em litígio. Quanto à exigência de IRRF sobre o pagamento de remuneração variável por meio de depósitos em conta de previdência privada e crédito em cartões premiação, a recorrente reconheceu a procedência da autuação apenas em relação á exigência da multa isolada calculada no percentual de 75% e dos juros de mora isolados. Diante desse contexto, foi realizado o pagamento dos débitos relacionados à parcela do lançamento com a qual concorda, dentro do prazo de trinta dias contados da data da ciência da autuação, aproveitandose do benefício de redução da multa de ofício aplicada, nos termos do artigo 44, parágrafo 3º, da Lei n.º 9.430/96. Insurgese a recorrente sobre a qualificação da multa de 75% para 150%, pois aduz que, em momento algum, houve a concreta demonstração, por parte da fiscalização, do enquadramento das suas condutas como fraude, a fim de justificar a majoração da multa isolada, sendo certo que a própria fiscalização, ao relatar os fatos ocorridos, reconhece que haveria, em tese, a existência de fraude. Conforme se observa o relato fiscal, fl. 2.925, não houve a devida descrição da caracterização do dolo para a aplicação da multa qualificada, restando descrita a conduta como forma de suposição, nos termos colacionados abaixo: Assim, está sendo efetuado o lançamento de ofício da multa isolada de 150%, bem como dos juros devidos pela não retenção e não recolhimento do Imposto de Renda na Fonte, incidente sobre os valores referentes a rendimentos do trabalho pagos (remunerações variáveis), pela fiscalizada, mediante depósito em conta de previdência privada e disponibilização de crédito em cartões de premiação. Essa multa isolada qualificada (de 150%) se justifica pelo fato da empresa ter agido, em tese, dolosamente, tendente a impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador do IR retido na fonte, ao fazer pagamento de remunerações via cartões de premiação e informando tais valores na contabilidade como despesa com marketing e propaganda, e também, em tese, praticou fraude, ao agir dolosamente tendente a modificar as características do fato gerador do IR fonte ao depositar os valores de comissões e Fl. 3085DF CARF MF Processo nº 10880.725491/201151 Acórdão n.º 2201003.337 S2C2T1 Fl. 5 7 bônus em previdência privada, conforme os artigos 71, inciso I, e 72 da Lei n.º 4.502/1964. Acerca da aplicação da multa qualificada, a decisão de piso assim se pronunciou: Questiona a requerente ser indevida a multa qualificada. No entanto, tendo em vista que a contribuinte é obrigada a cumprir a obrigação tributária como qualquer pessoa jurídica quando se apurar tributo devido, o não cumprimento da legislação tributária enseja a aplicação da multa. (...) Ademais, a própria interessada concorda com a infração, tanto que efetuou os recolhimentos relativos à matérias, objeto de lançamento fiscal, inclusive a multa de ofício qualificada de 150%. Pelo exposto, a aplicação da multa isolada qualificada de 150% é correta, em razão de a empresa ter agido dolosamente, pois impediu o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador do IRRF, ao fazer pagamento de remunerações via cartões de premiação e informando tais valores na contabilidade como despesas de marketing e propaganda e, também, ao agir dolosamente para modificar as características do fato gerador do IRRF ao depositar os valores de comissões e bônus em previdência privada, conforme os arts.71, inciso I e a72 da Lei nº 4.502/64. Ao contrário do disposto na decisão de piso, não houve concordância, por parte da recorrente, com a aplicação da penalidade no percentual de 150% (multa qualificada), mas sim com a multa no percentual de 75%. Também equivocase a decisão de piso ao afirmar que o não cumprimento da legislação tributária enseja a aplicação da multa (qualificada), tendo em vista o caráter excepcional da penalidade. Cabe esclarecer que a constatação da fraude, sendo decorrente de ação ou omissão dolosa, exige que se prove, sem sombra de dúvidas, a presença do elemento subjetivo (dolo) na conduta do contribuinte; de forma a demonstrar que o contribuinte quis, de fato, alcançar os resultados capitulados pelo artigo 72 da Lei 4.502/64, que assim dispõe: Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Assim, o fato de a recorrente não causar qualquer embaraço à fiscalização, sendo que a lavratura do auto de infração em questão foi suportada pelos documentos e esclarecimentos prestados pela recorrente corrobora o seu argumento de inexistência de fraude. Fl. 3086DF CARF MF 8 Além disso, a autoridade fiscal, ao descrever a existência da fraude, não logrou êxito ao dispor sobre a presença de dolo na conduta da contribuinte, pois, de forma sintética asseverou que "em tese, haveria dolo". Para a aplicação da multa qualificada, há necessidade de caracterização inequívoca do intuito doloso do contribuinte em ludibriar o fisco, pois o dolo integra a figura típica da norma que enseja a penalidade (fraude é toda ação ou omissão dolosa...). Nesse mesmo sentido é a jurisprudência deste Conselho: (...) MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE. INOCORRÊNCIA DE FRAUDE. Nos lançamentos de ofício para constituição de diferenças de tributos devidos, não pagos e não declarados, via de regra, é aplicada a multa proporcional de 75%, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996. A qualificação da multa para o percentual de 150% depende não só da intenção do agente, como também da prova fiscal da ocorrência da fraude ou do evidente intuito desta, caracterizada pela prática de ação ou omissão dolosa com esse fim. Na situação versada nos autos não houve dolo por parte do contribuinte, logo incabível a aplicação da multa qualificada. (...) (CARF. Primeira Seção. Processo 16561.000222/200872. Sessão de 21/10/2011. Relator(a) Antonio José Praga de Souza, Acórdão 1402000.802) Cabe mencionar, por oportuno, devido a semelhança com o presente caso, trecho do voto da Conselheira Relatora Maria Helena Cotta Cardozo, no acórdão CSRF/04 00.236, abaixo transcrito: Como pode se observar, a autuação justifica a qualificação da multa de ofício pela evidência, em tese, de fraude contra a Fazenda Nacional. Não obstante, a qualificação da multa só pode ser aceita mediante a comprovação da multa só pode ser aceita mediante a comprovação da ocorrência da fraude in concreto, e não apenas em tese. Portanto, a descrição a ser realizada pela autoridade fiscal não deve se limitar à infração tributária ocorrida, mas deve especificar e demonstrar a conduta fraudulenta, mediante a presença de dolo, pois não é o fato de a empresa ter incorrido nas infrações descritas no auto de infração (remuneração indireta), que desembocará necessariamente na aplicação da penalidade de 150%. Se assim o fosse, a multa qualificada seria a regra e não uma exceção. Por estas razões, deve ser afastada a multa qualificada de 150%, reduzindoa ao patamar de 75%. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 3087DF CARF MF Processo nº 10880.725491/201151 Acórdão n.º 2201003.337 S2C2T1 Fl. 6 9 Voto Vencedor Em que pese o brilhantismo do voto e da pertinência dos argumentos da insigne Relatora, peço vênia para divergir quanto à suposta inexistência da demonstração da conduta fraudulenta e do dolo por parte da Autoridade Fiscal. Entendo ser irrelevante a utilização pelo AuditorFiscal da expressão "em tese" em um dos últimos parágrafos de seu extenso Termo de Verificação Fiscal, que montou 51 laudas. Tratase de mero jargão profissional, decorrente, em particular, da legislação que rege a comunicação ao Ministério Público Federal de fatos que configuram, "em tese", crimes contra a ordem tributária (assim está na Portaria RFB nº 2439/2010). Notase que o excerto destacado no voto condutor, o qual consta de fl. 2925, foi apenas um resumo do que foi tratado sobre o tema dolo, fraude e simulação no decorrer de seu Relatório. Assim, oportuno destacar outras conclusões da Autoridade lançadora: ... a AON faz contribuições ao plano (FGB) e os participantes, em sua grande maioria, resgatam os valores aportados no mesmo mês do depósito... ... não poderiam os participantes fazer resgates dos valores aportados pela empresa no fundo FGB, pois, pelo contrato, somente poderiam ser utilizados para se aumentar a reserva matemática para o cálculo do benefício de aposentadoria por idade. Também há uma incoerência, pois .... deveria existir uma taxa de administração de 0,7% sobre cada contribuição da empresa, no entanto, inexiste qualquer recolhimento de taxa administrativa nos recolhimentos para o fundo FGB... (fl. 2.891) ... No entanto, a empresa está se utilizando de uma reserva matemática de um plano FGB para simular, como previdência privada, os valores em que ela faz os pagamentos das comissões de venda, isto é, utilizou do fundo FGB da previdência privada para fazer pagamento das comissões de venda, e assim não fazer incidir a contribuição previdenciária sobre essas remunerações, tampouco o desconto do imposto de renda da pessoa física. O Código Civil (Lei nº 10.403/2002) estipula o seguinte: "art. 167 § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;". A empresa, ao realizar depósito das comissões em previdência privada realizou condição não verdadeira, pois ela deveria fazer o pagamento das comissões diretamente aos funcionários que fizeram jus... (fl. 2895) A empresa, em resposta ao TIF nº 09, esclarece que "as contribuições efetuadas pela Requerente no plano de previdência complementar em benefício de seus empregados e dirigentes, destinado a assegurar a complementação das respectivas aposentadorias, são isentas de imposto de renda da pessoa física... ". No entanto, as contribuições da empresa ao fundo FGB não foram para compor um fundo previdenciário, mas sim Fl. 3088DF CARF MF 10 para criar um meio de pagamento dos bônus e comissões e, portanto, deve ter a incidência do IR Fonte ... A empresa, ao depositar os valores dos bônus em conta de previdência privada fez afastar a incidência das contribuições previdenciárias e do imposto de renda de retenção na fonte para esses valores, criando, assim, uma simulação de conta corrente... Tal simulação é perceptível pela condição não verdadeira de previdência privada do fundo FGB, pois este fundo somente foi utilizado para se fazer pagamentos dos bônus... (fl. 2.899) A empresa possuía, em 2007, na contabilidade, como despesa, a conta CACH CARD (código 3119504), do subgrupo de despesas PUBLICIDADE E PROPAGANDA (código 31165). Em tal conta foram contabilizados os valores depositados às empresas de administração de cartões de premiação... (fl. 2901) A empresa ao disponibilizar essas "premiações" via empresas de administração de cartões afastou a incidência das contribuições previdenciárias e do imposto de renda retido na fonte das pessoas físicas sobre essas remunerações disfarçadas de premiações. Portanto, a empresa simulou premiações para o pagamento de remunerações. (fl. 2.902) Grifouse O § 1º do art. 44, da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, prevê que o percentual de multa de que trata o inciso I do caput, 75%, será duplicado nos casos previstos nos art. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. Por sua vez a Lei 4.502/64 prescreve: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. O AuditorFiscal fundamentou a qualificação da multa exatamente no inciso I do art. 71 e no art. 72. Naturalmente por conta de ter constatado que o elemento volitivo se fez presente em toda a operação, a qual, no meu sentir inequivocamente, objetivava impedir ou retardar o conhecimento da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador, além de reduzir o tributo devido. Fl. 3089DF CARF MF Processo nº 10880.725491/201151 Acórdão n.º 2201003.337 S2C2T1 Fl. 7 11 Eu iria, ainda, um pouco mais além, por considerar que a utilização desvirtuada de um plano de previdência privada, ao arrepio dos termos do próprio contrato de sua constituição, ao permitir saques mensais e ao não cobrar taxa de administração do único autor de aportes (AON), conduzirianos ao entendimento de que, entre a empresa e os seus funcionários e gerentes, ocorreu uma espécie de ajuste absolutamente consciente (conluio) com os mesmos fins citados nos art. 71 e 72 acima, configurando, igualmente, fundamento para qualificação da penalidade. Não obstante, não tendo sido analisado por esse prisma pelo autor do procedimento fiscal, entendo suficientemente fundamentada a qualificação da penalidade nos temos do inciso I do art. 71 e no art. 72 Lei 4.502/64. Ademais, o fato da empresa contabilizar premiações como despesas de publicidade e propaganda não encontra nenhuma explicação lógica. Como alguém poderia imaginar que o pagamento de uma comissão a um funcionário pudesse se confundir com despesas de publicidade e propaganda? Afinal, como regra, publicidade está relacionada a uma atividade de divulgação/valorização de marca, produto ou serviço junto ao público externo e não uma contrapartida ao publico interno relacionada ao atingimento de metas. Portanto, considero que a utilização da expressão "em tese" não afasta a clareza da conduta dolosa efetiva e claramente relatada no vasto Relatório Fiscal inserto nos autos a partir de fl. 2.884, razão pela qual voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. Assinado digitalmente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Redator Fl. 3090DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.720582/2011-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
INTEMPESTIVIDADE. PRAZO RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO DE RECURSO VOLUNTÁRIO.
O prazo para interposição de Recurso Voluntário é de trinta dias a contar da ciência da decisão recorrida.
Numero da decisão: 2201-003.308
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo.
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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PRAZO RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. O prazo para interposição de Recurso Voluntário é de trinta dias a contar da ciência da decisão recorrida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo. Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 72 05 82 /2 01 1- 95 Fl. 132DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/1 0/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES B EZERRA 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão de primeira instância, que julgou improcedente a impugnação do contribuinte ofertada em face da lavratura de Notificação de Lançamento de IRPF. Os aspectos principais do lançamento estão delineados no relatório da decisão de primeira instância, nos seguintes termos: Contra o contribuinte acima identificado foi lavrada a Notificação de Lançamento de fls. 4 a 9, na qual é cobrado, relativamente ao ano calendário de 2007, exercício 2008, o Imposto de Renda Pessoa Física Suplementar no valor de R$ 15.280,65, sujeito à multa de ofício, acrescido ainda de juros de mora (calculados até 30/12/2010), perfazendo um crédito tributário total de R$ 30.911,21. O contribuinte apurou em sua DIRPF/2008 um saldo de imposto a restituir no valor de R$ 794,62. A autoridade tributária expôs na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 6 e 7, os motivos que deram ensejo ao lançamento acima: Dedução Indevida de Despesas Médicas no valor de R$ 29.925,86, por falta de comprovação; Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial no valor de R$ 28.529,64, por falta de comprovação; Devidamente cientificado das autuações em 29/12/2010, fl. 49, o contribuinte apresentou em 14/01/2011, a impugnação de fl. 03. Em cumprimento à Instrução Normativa RFB nº 1.061, de 4 de agosto de 2010, o processo foi devolvido à unidade de origem para análise (fl. 51), a qual efetuou a revisão de lançamento para restabelecer parcialmente a dedução com despesas médicas e integralmente a dedução pleiteada a título de pensão alimentícia judicial. Consequentemente, foram emitidos o Parecer e o Despacho Decisório (fls. 56 a 62 e 64), reduzindo o IRPF Suplementar de R$ 15.280,65 para R$ 4.650,38, sujeito à multa de ofício de 75%. Após ciência do Despacho Decisório (fl. 69/70), não consta dos autos do processo qualquer manifestação do interessado, sendo o processo encaminhado à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em RecifePE, nos termos da Norma de Execução Conjunta Cofis/Codac nº 3, de 23 de dezembro de 2010. A DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte sob o argumento principal de que não houve a efetiva comprovação do pagamento. Segundo o entendimento esposado, se o contribuinte tem a intenção de utilizar suas despesas médicas como dedução da base de cálculo do imposto de renda, ele deve ter em mente que o pagamento a ela correspondente não envolve apenas ele e o profissional de saúde, mas também a Administração Tributária. Por essa razão, deve conservar, além dos recibos, outros meios probantes do desembolso e da realização do serviço. Cientificado do acórdão da DRJ em 21/12/2015, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário intempestivamente em 21/12/2016, onde são reiterados os argumentos lançados na peça impugnatória. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/1 0/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES B EZERRA Processo nº 10660.720582/201195 Acórdão n.º 2201003.308 S2C2T1 Fl. 129 3 Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade Como relatado, o Recurso Voluntário é intempestivo. Conforme Aviso de Recebimento AR que dormita à fl. 82, o sujeito passivo foi cientificado da decisão recorrida em 21/12/2015. Em 21/01/2016 protocolizou o Recurso Voluntário (fl. 84), portanto, fora do trintídio legal estabelecido para a sua interposição. Os artigos 5° e 33 do Decreto 70.235, de 1972 estabelecem as regras para contagem do prazo de interposição do recurso voluntário: Art. 5° Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia de início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Destarte, não paira dúvida acerca da intempestividade do recurso apresentado. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 134DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/1 0/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por DANIEL MELO MENDES B EZERRA
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