Busca Facetada
Turma- Primeira Turma Ordinária (2,467)
- Segunda Turma Ordinária d (2,136)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (2,029)
- Primeira Turma Ordinária (2,020)
- Segunda Turma Ordinária d (1,975)
- Primeira Turma Ordinária (1,897)
- Primeira Turma Ordinária (1,392)
- Segunda Turma Extraordiná (1,311)
- Segunda Turma Ordinária d (1,213)
- Primeira Turma Ordinária (1,059)
- Segunda Turma Ordinária d (1,050)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (1,026)
- Primeira Turma Ordinária (990)
- Terceira Turma Extraordin (983)
- Primeira Turma Ordinária (974)
- Quarta Câmara (8,552)
- Terceira Câmara (6,740)
- Segunda Câmara (5,118)
- 3ª SEÇÃO (2,029)
- 2ª SEÇÃO (1,026)
- 1ª SEÇÃO (665)
- Pleno (2)
- Terceira Seção De Julgame (12,313)
- Segunda Seção de Julgamen (7,770)
- Primeira Seção de Julgame (6,524)
- Câmara Superior de Recurs (3,722)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (1,542)
- ROSALDO TREVISAN (1,206)
- WALDIR NAVARRO BEZERRA (1,191)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (1,098)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (1,040)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (916)
- MIRIAM DENISE XAVIER (420)
- LUIZ TADEU MATOSINHO MACH (410)
- THIAGO DUCA AMONI (385)
- MONICA RENATA MELLO FERRE (326)
- FERNANDA MELO LEAL (307)
- VIRGILIO CANSINO GIL (303)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (297)
- LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GON (279)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (278)
- 2019 (25,839)
- 2018 (4,420)
- 2013 (51)
- 2017 (50)
- 2016 (44)
- 2014 (31)
- 2012 (17)
- 2015 (9)
- 2009 (2)
- 2011 (1)
- 2019 (30,464)
- os (30,448)
- presidente (30,429)
- e (30,427)
- do (30,425)
- de (30,421)
- membros (30,407)
- participaram (30,403)
- conselheiros (30,297)
- colegiado (30,288)
- por (30,191)
- julgamento (29,992)
- assinado (29,435)
- digitalmente (29,354)
- votos (28,843)
- recurso (27,392)
Numero do processo: 15983.720046/2016-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
AUTO DE INFRAÇÃO SEM CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LEGALIDADE.
Constatada infração à legislação tributária, mesmo que dela não resulte exigência de crédito tributário, deverão ser formalizados autos de infração, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito.
DESPESAS PRÉ-OPERACIONAIS. EMPRÉSTIMO. VARIAÇÃO CAMBIAL PASSIVA. RECONHECIMENTO.
A variação cambial negativa do principal de financiamento tomado para construção de ativo qualificável em fase pré-operacional deve ser reconhecida no próprio exercício em que foi gerada, nos termos do art. 18 do Decreto-Lei nº 1.598/1977.
DESPESAS PRÉ-OPERACIONAIS. ATIVAÇÃO. FACULTATIVIDADE.
Não procede a exigência tributária que torne obrigatória a ativação dos valores despendidos em despesas incorridas na fase anterior à exploração das atividades da pessoa jurídica, sendo-lhe facultado levar ao resultado do exercício os gastos dessa natureza.
Numero da decisão: 1301-003.615
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Ângelo Abrantes Nunes (suplente convocado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite, substituída pelo Conselheiro Ângelo Abrantes Nunes.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201812
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011 AUTO DE INFRAÇÃO SEM CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LEGALIDADE. Constatada infração à legislação tributária, mesmo que dela não resulte exigência de crédito tributário, deverão ser formalizados autos de infração, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. DESPESAS PRÉ-OPERACIONAIS. EMPRÉSTIMO. VARIAÇÃO CAMBIAL PASSIVA. RECONHECIMENTO. A variação cambial negativa do principal de financiamento tomado para construção de ativo qualificável em fase pré-operacional deve ser reconhecida no próprio exercício em que foi gerada, nos termos do art. 18 do Decreto-Lei nº 1.598/1977. DESPESAS PRÉ-OPERACIONAIS. ATIVAÇÃO. FACULTATIVIDADE. Não procede a exigência tributária que torne obrigatória a ativação dos valores despendidos em despesas incorridas na fase anterior à exploração das atividades da pessoa jurídica, sendo-lhe facultado levar ao resultado do exercício os gastos dessa natureza.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 15983.720046/2016-75
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5945133
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1301-003.615
nome_arquivo_s : Decisao_15983720046201675.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
nome_arquivo_pdf_s : 15983720046201675_5945133.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Ângelo Abrantes Nunes (suplente convocado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite, substituída pelo Conselheiro Ângelo Abrantes Nunes.
dt_sessao_tdt : Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
id : 7561386
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147583881216
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1821; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 2 1 1 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15983.720046/201675 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301003.615 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 11 de dezembro de 2018 Matéria IRPJ/CSLL Recorrente BRASIL TERMINAL PORTUARIO S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 AUTO DE INFRAÇÃO SEM CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LEGALIDADE. Constatada infração à legislação tributária, mesmo que dela não resulte exigência de crédito tributário, deverão ser formalizados autos de infração, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. DESPESAS PRÉOPERACIONAIS. EMPRÉSTIMO. VARIAÇÃO CAMBIAL PASSIVA. RECONHECIMENTO. A variação cambial negativa do principal de financiamento tomado para construção de ativo qualificável em fase préoperacional deve ser reconhecida no próprio exercício em que foi gerada, nos termos do art. 18 do DecretoLei nº 1.598/1977. DESPESAS PRÉOPERACIONAIS. ATIVAÇÃO. FACULTATIVIDADE. Não procede a exigência tributária que torne obrigatória a ativação dos valores despendidos em despesas incorridas na fase anterior à exploração das atividades da pessoa jurídica, sendolhe facultado levar ao resultado do exercício os gastos dessa natureza. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 72 00 46 /2 01 6- 75 Fl. 1729DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Ângelo Abrantes Nunes (suplente convocado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite, substituída pelo Conselheiro Ângelo Abrantes Nunes. Relatório Tratase de Auto de Infração (fls. 02/10) lavrado em decorrência de procedimento de revisão de DIPJ, relativa ao anocalendário de 2011, através do qual se reverteu o montante de R$ 115.290.462,96, referente a variações cambias passivas decorrentes de um empréstimo do Contribuinte, em fase préoperacional. Frisese que não há crédito tributário lançado, mas apenas a retificação, com impacto no saldo de prejuízos fiscais. Assevera o Auditor Fiscal que a empresa contabilizou um volume significativo de despesas financeiras no ano de 2011, quando encontravase em fase pré operacional, culminado em um resultado negativo de R$ 157.249.477,64 antes da provisão para o IR e CSLL (Ficha 7A), e um prejuízo de R$ 156.006.276,45 na demonstração do Lucro Real (Ficha 9A). Para o Fiscal, “o principal responsável pelo prejuízo fiscal decorre das Variações Cambiais que no período apresentaram um saldo devedor de R$ 115.290.462,96, ressaltando que este contribuinte optou no ano de 2011 a tributar as variações cambiais pelo regime de competência, passando no ano subsequente (2012) ao regime de caixa”. Fundamentou a autuação na Resolução CFC nº 1.282/2010 e no Pronunciamento CPC nº 20/2011 (Custos de Empréstimos), aduzindo: "O Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC n° 20, de 2011, afirma que os custos de empréstimos que são diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um ativo qualificável formam parte do custo de tal ativo. Define também que os custos dos empréstimos são juros e outros custos que a entidade incorre em conexão com os empréstimos de recursos, e que o Ativo qualificável é um ativo que, necessariamente, demanda um período de tempo substancial para ficar pronto para seu uso ou venda pretendidos.” Em razão disso, determinou que fosse reajustada a base de cálculo do IRPJ e CSLL, adicionando o excesso de variação cambial (passiva) no valor de R$ 115.290.462,96, cuja dedução foi considerada indevida. Notificado, o Contribuinte apresentou Impugnação de fls. 82 e ss., aduzindo: Alega que construiu um terminal onde opera, por meio de empréstimos com instituições financeiras, um deles obtido em março de 2011 no valor de R$ 977.292.000,00. Informa que, durante a fase préoperacional, registrou os juros incorridos com tal empréstimo, bem como as variações cambiais sobre os referidos juros, no Ativo Imobilizado, e as variações cambiais ativas e passivas Fl. 1730DF CARF MF Processo nº 15983.720046/201675 Acórdão n.º 1301003.615 S1C3T1 Fl. 3 3 decorrentes do valor principal do empréstimo foram registradas como receitas e despesas financeiras. Defende preliminarmente que o lançamento foi praticado com inobservância a dispositivos legais (art. 142 do CTN e art. 10 do PAF), já que “a acusação fiscal formulada (falta de capitalização da variação cambial passiva) não encontra a necessária identidade com o montante supostamente tributável apontado no Termo de Verificação Fiscal”. No mérito, afirma que não há fundamento para a acusação de inobservância ao regime de competência, e que as regras contábeis e tributárias em relação às variações cambiais passivas foram integramente atendidas. Para a Impugnante, o art. 273 do RIR permite o lançamento fiscal por inobservância ao regime de competência somente se houver imposto, diferença de imposto, atualização monetária ou multa a ser lançada. Só há que se falar em inobservância ao regime de competência se resultar a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao que seria devido ou a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração, ou seja, se houver prejuízo ao Fisco. Defende que o Pronunciamento Técnico CPC 20 não regulamenta o tratamento contábil das despesas, sendo o lançamento nulo por ter sido baseado nesta norma. Ainda, alega que a ativação das despesas com variações cambiais incorridas sob o montante do empréstimo não seria aplicável ao presente caso e que, mesmo que aplicável, não teria efeito fiscal para a pessoa optante pelo RTT. Acrescenta que os artigos 17 e 18 do Decreto nº 1.598/77 permitem que as variações monetárias passivas e as despesas financeiras sejam deduzidas como custo ou despesa operacional e que os juros de empréstimos contraídos para financiar a aquisição ou construção de bens do ativo permanente, incorridos durante as fases de construção e préoperacional, podem ser registrados no ativo diferido, não havendo qualquer previsão legal determinando o registro de despesas de variação cambial no ativo para posterior amortização. Por fim, defende o Impugnante o direito de realizar a amortização das despesas de variação cambial, amortização essa de modo mensal e proporcional ao valor ativado no período da concessão. A DRJ julgou improcedente a Impugnação apresentada, através do acórdão de fls. 1662 e ss., assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 AUTO DE INFRAÇÃO SEM CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LEGALIDADE. Constatada infração à legislação tributária, mesmo que dela não resulte exigência de crédito tributário, deverão ser formalizados autos de infração, distintos para cada Fl. 1731DF CARF MF 4 tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. DESPESAS PRÉOPERACIONAIS. MOMENTO DA ADIÇÃO AO RESULTADO. RTT. As despesas préoperacionais são aquelas necessárias à organização e implantação da empresa ou à ampliação de seus empreendimentos, durante o período que antecede suas atividades operacionais. Tais despesas deveriam ter sido contabilizadas no ativo diferido, acrescidas ao saldo de gastos a amortizar quando da efetiva entrada em operação da empresa. O RTT não alterou o momento de apuração do resultado no que tange às despesas pré operacionais. Irresignado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário de fls. 1683 e ss., reiterando as razões de sua Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. I) Preliminar O Recorrente alega, preliminarmente, a nulidade do lançamento por inobservância do art. 142 do CTN, bem como do art. 10 do Decreto 70.235/72, por não ter feito a reversão da despesa dedutível no valor integral de Variação Cambial Passiva (R$ 216.039.438,38), mas apenas no excesso, resultante da subtração da Variação Cambial Ativa (R$ 100.748.975,42). Em primeiro lugar, há que se reparar a afirmativa da Recorrente de que "as dd. autoridades fiscais indicaram um montante supostamente tributável manifestamente incorreto" não há crédito tributário lançado, mas somente a glosa da despesa considerada dedutível, em razão de entender necessária a adoção do regime de competência, diferindo o confronto dessas despesas para o momento em que o ativo construído passar a gerar receitas. O procedimento da fiscalização, na apuração da despesa a ser revertida, faz todo o sentido, visto que na própria Ficha 07A da DIPJ (fls. 1020) o contribuinte contrapôs o saldo das variações ativas e o saldo de variações passivas, na apuração de seu lucro operacional. Como a questão suscitada foi exatamente o momento de reconhecimento contábil dessas variações cambiais, visto que relacionadas a empréstimos tomados para a construção de um ativo, faz sentido que a reversão seja exclusivamente sobre o excesso apurado. Fl. 1732DF CARF MF Processo nº 15983.720046/201675 Acórdão n.º 1301003.615 S1C3T1 Fl. 4 5 Além disso, os precedentes invocados em nada se aproximam do caso concreto, por tratarem de erros na apuração de base de cálculo. Novamente: no presente cálculo a questão não é tributo cobrado, mas sim o momento de reconhecimento de uma despesa, diante das circunstâncias concretas. Não há que prosperar, portanto, a preliminar arguida. II) Da possibilidade de formalizar lançamento por inobservância do regime de competência. Aduz o Recorrente que não há base legal para o lançamento, visto que o art. 273 do RIR/99 exige que a inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de dedução tenha gerado postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ou redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. Com a devida vênia, divirjo da alegação do Recorrente. Em primeiro lugar, o próprio art. 9º, §4º do Decreto 70.235/72 determina expressamente que se realize o lançamento, mesmo quando não haja crédito tributário. Verbis: Art. 9º A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (...) § 4º O disposto no caput deste artigo aplicase também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário. O art. 273 do RIR/99, invocado pelo Recorrente, se refere aos lançamentos em que haja crédito tributário constituído (lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária ou multa), e não aos casos em que somente se refaz a apuração de lucro real, sem constituição do crédito. As razões para a realização do lançamento foram bem expostas na decisão a quo, que aduziu: O auto de infração foi lavrado com o intuito de exigir do contribuinte o ajuste da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, motivo pelo qual não se encontra nesse documento qualquer valor de crédito tributário a pagar, o que encontra respaldo na legislação acima citada. De se ressaltar que o documento consubstanciado no auto de infração é o que oportuniza ao contribuinte o já citado direito ao contraditório e à ampla defesa. Pensar de modo diferente (que o auto de infração só poderia ser lançado se houvesse tributo a pagar) seria desprivilegiar um dos princípios constitucionais que regem a Administração Pública: o da eficiência. Tomemos como exemplo o trabalho da fiscalização tributária que constate a declaração a maior de prejuízo fiscal em determinado anocalendário. Suponha que Fl. 1733DF CARF MF 6 foi efetuada glosa de determinados valores que resultem na diminuição desse prejuízo nesse ano, mas que ainda não resulte em lucro, de modo a ensejar cobrança de imposto e multa. Seria perda de tempo o ato da administração tributária que, simplesmente, nada fizesse a respeito. Isso porque, numa eventual fiscalização dali a alguns anos, todo o trabalho desse anocalendário deveria ser refeito, o que é extremamente contraproducente! Isso sem contar com a argumentação de parte da doutrina, que defende que o objeto de homologação qüinqüenal para que o Fisco examine o crédito tributário eventualmente devido pelo contribuinte se refere a todo o procedimento de apuração. Ou seja, tal linha de defesa sustenta que o objeto da homologação é a apuração do quantum devido realizado pelo contribuinte, e não o pagamento em si. Com isso, o Fisco teria prazo limitado (5 anos) para retroceder no tempo e revisar a apuração do crédito pleiteado pelo contribuinte. Após o decurso desse prazo, a Autoridade Fiscal não poderia mais verificar as bases de cálculo de IRPJ e CSLL apuradas pelo contribuinte. Somandose ao que requer o Impugnante, o Fisco, ao não efetuar o lançamento sem crédito tributário por meio de auto de infração, estaria efetuando uma verdadeira homologação do procedimento efetuado pelo mesmo! Da mesma forma que entendo, em favor do contribuinte, que a fiscalização não pode alterar declaração fiscais que já ultrapassaram o prazo decadencial, para desconsiderar prejuízos fiscais lá apurados, entendo também que, estando dentro do prazo de cinco anos, a fiscalização deve realizar esse ajuste. Desse modo, voto por afastar o argumento suscitado. III) Do tratamento fiscal e contábil das variações cambiais passivas. A fiscalização aduziu que, de acordo com o Pronunciamento CPC nº 20 e os arts. 273, 375, 836 e 926 do RIR/99, o excesso de variação cambial passiva deveria ser ativado, e reconhecida a sua amortização em observância ao regime de competência: É fora de dúvida, neste ponto, que variações cambiais podem ser receitas ou despesas financeiras, não se confundindo com aquelas de natureza operacional, residindo a querela especificamente na questão do seu reconhecimento contábilfiscal, em razão da empresas estar em fase préoperacional. Como é bem sabido de todos, as despesas efetuadas na fase préoperacional, realizadas em função de um investimento (como implantação de uma indústria ou de sistemas e métodos de atuação da empresa) que tem o condão de gerar um fluxo futuro de caixa. Para evitar uma assimetria temporal entre as despesas e as receitas, distorcendo os resultados da empresa, a contabilidade optou por criar uma conta contábil específica para esses gastos, com a finalidade de que eles possam ser amortizados contra as receitas futuras, em razão do regime de competência. Tal conta, denominada de "ativo diferido", estava prevista no art. 179, V da Lei nº 6.404/76 e conglobava: "as despesas préoperacionais e os gastos de reestruturação que contribuirão, efetivamente, para o aumento do resultado de mais de um exercício social e que Fl. 1734DF CARF MF Processo nº 15983.720046/201675 Acórdão n.º 1301003.615 S1C3T1 Fl. 5 7 não configurem tãosomente uma redução de custos ou acréscimo na eficiência operacional;", com possibilidade de sua amortização em prazo não superior a dez anos, a partir do início da operação normal, com a fluência de benefícios econômicos dessas despesas (art. 183, §3º da Lei das S/A). Essa conta contábil foi eliminada, entretanto, a partir da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, impossibilitando o reconhecimento contábil do grupo do Ativo Diferido em seus balanços. No presente caso, o Recorrente tomou um empréstimo vultoso, em moeda estrangeira, para a construção de um complexo portuário, onde realizaria suas atividades. De acordo com o Pronunciamento CPC nº 27, compõe o custo de um ativo imobilizado: (a) seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; (b) quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e condição necessárias para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração; (c) a estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração do local (sítio) no qual este está localizado. Tais custos representam a obrigação em que a entidade incorre quando o item é adquirido ou como consequência de usálo durante determinado período para finalidades diferentes da produção de estoque durante esse período. A lógica por trás da regra de contabilização é relativamente simples: todos os custos atribuíveis à construção do ativo qualificável (é um ativo que, necessariamente, demanda um período de tempo substancial para ficar pronto para seu uso ou venda pretendidos), deverão estar sujeitos à capitalização, para que possam ser amortizados no futuro, contra as receitas advindas desse ativo, como forma de garantir uma neutralidade na representação econômica da empresa, evitando a concentração de despesas em um momento, e de receitas em outro. Nesse sentido, o CPC 20 (Custo do Empréstimo) é literal ao determinar que custos de empréstimos que são diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de ativo qualificável devem ser capitalizados como parte do custo do ativo quando for provável que deles irão resultar em benefícios econômicos futuros para a entidade e que tais custos possam ser mensurados com confiabilidade, incluindo aí variações cambiais decorrentes de empréstimos em moeda estrangeira, na extensão em que elas sejam consideradas como ajuste, para mais ou para menos, do custo dos juros. No mesmo sentido, é a lição do prestigioso Manual de Contabilidade Societária da FIPECAFI, ao aduzir: 16.6 Variações monetárias e encargos financeiros na fase préoperacional 16.6.1 Aspectos gerais Fl. 1735DF CARF MF 8 As contrapartidas dos ajustes de variações monetárias e encargos financeiros (custos de empréstimos) decorrentes dos financiamentos para viabilizar os recursos aplicados na fase préoperacional da entidade, bem como os resultados de aplicações financeiras, devem ser lançados no resultado do período, EXCETO se esses custos de empréstimo forem diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de ativo qualificável, situação em que serão capitalizados segundo as determinações do Pronunciamento Técnico CPC 20 (R1) Custos de Empréstimos. Esses ativos qualificados são imobilizados e estoques que demandam certo tempo para serem construídos ou produzidos. (p. 304) A interação entre despesas e receitas financeiras do exercício foi bem sumarizada pelo Ilustre Conselheiro Roberto Silva, em voto no acórdão CARF nº 1301 002.204, ao pontuar: Segundo as regras contábeis vigentes ao tempo dos fatos colhidos no lançamento, os eventuais resultados auferidos, na fase préoperacional, eram utilizados para reduzir o ativo diferido, formado por aplicações de recursos em despesas que iriam contribuir para a formação do resultado de mais de um exercício social, conforme dispunha à época o inciso V, do art. 179, da Lei nº 6.404/1976, na redação anterior à Lei nº 11.638/2007. Depois de absorver o ativo diferido, se remanescesse algum saldo credor, este comporia o lucro do período. Nessa mesma linha, a RFB editou a Solução de Divergência Cosit nº 32/2008, determinando que no confronto entre despesas e receitas financeiras, na fase pré operacional, a verificação de saldo líquido negativo implica no registro de um ativo diferido, ao passo que, em sendo positivo o saldo, ele deve compor o lucro líquido do exercício. Pois bem, até aqui, é fora de dúvidas que a variação cambial negativa, atrelada aos juros que compõem o custo do empréstimo, deve ser também reconhecida como ativo diferido, nos casos em que se apure saldo líquido negativo no exercício. No caso concreto, entretanto, a situação é um pouco distinta: a despesa financeira reconhecida não era aquela decorrente da variação cambial sobre os juros, mas sim sobre o principal. Nesse caso, adiantamos entender que o tratamento a ser dado deverá ser diverso. Na contabilização de empréstimos de longo prazo, o passivo deve ser contabilizado quando os recursos forem efetivamente recebidos pela empresa o que neste caso, coincide com os prazos de desembolso estipulados no contrato acosta aos autos. Ou seja, não se deve reconhecer o passivo sem que a contrapartida tenha sido recebida e, além disso, o item 11 do Pronunciamento CPC nº 08 (R1) aponta que o reconhecimento deve se dar pelo valor justo. Nesse momento, há que se reconhecer um crédito X em conta de passivo não circulante, relativo ao empréstimo de longo prazo, e um débito X na conta de ativo circulante (usualmente em uma conta identificada com o nome da entidade financiadora), ambos avaliados a valor justo, no momento do recebimento. A partir daí, o registro contábil da utilização desse ativo no valor de X para a construção do ativo qualificável é registrada como a aquisição de qualquer outro ativo, com o Fl. 1736DF CARF MF Processo nº 15983.720046/201675 Acórdão n.º 1301003.615 S1C3T1 Fl. 6 9 crédito do montante correspondente X (considerando que o valor foi integralmente utilizado no anocalendário em questão), com débito na conta do ativo imobilizado, no mesmo valor. Ao final do exercício, o valor do ativo imobilizado será X (somado de eventuais gastos feitos em exercícios anteriores), ao passo que o passivo não circulante não será mais X, já que a obrigação foi contraída em moeda estrangeira seu valor será X + Y (correspondente ao valor do saldo de variação cambial do período). Esse valor Y, referente à variação cambial, não se comunica com o custo do ativo imobilizado, pois se refere exclusivamente à quantificação da obrigação da empresa com o ente que financiou o montante recebido ao valor justo da dívida existente. Essa situação é diferente dos custos deste empréstimo, que irão incluir não apenas os juros, mas também todas as despesas incrementais que se originaram da captação nos termos do CPC 08 (R1), "encargos financeiros são a soma das despesas financeiras, dos custos de transação, prêmios, descontos, ágios, deságios e assemelhados, a qual representa a diferença entre os valores recebidos e os valores pagos (ou a pagar) a terceiros". Nesse caso, há que se creditar o valor desses encargos no passivo financeiro, debitando esse valor no ativo diferido (atualmente, à luz das modificações contábeis, seria no ativo imobilizado), que goza da vantagem de ter a sua amortização diferida no tempo, para o momento da geração de receitas. Aí com razão o CPC nº 20, ao determinar que a variação cambial atrelada aos juros deve ser igualmente capitalizada, pois se trata, nesse caso, de reconhecimento do montante desse passivo financeiro decorrente da operação de financiamento, que por sua vez deve ser reconhecido como custo do ativo qualificável o valor dos juros está condicionado ao saldo de variação cambial do exercício em que ele será reconhecido no ativo diferido. Portanto, diferentemente dos encargos financeiros do empréstimos (juros e demais encargos, incluindo variação cambial), que serão reconhecidos ao final do exercício e capitalizados, de acordo com as regras legais e contábeis, o valor do financiamento (principal) recebido no exercício será incorporado ao valor do ativo imobilizado pelo montante em que ingressou (o "X", referido anteriormente), e não pelo montante ao final do exercício ("X+Y") acrescido/decrescido da variação cambial. Por essa razão, entendemos que o contribuinte tem razão nesse ponto, ao sustentar que a variação cambial do principal deve ser reconhecida no próprio exercício em que foi gerada, nos termos do art. 18 do DecretoLei nº 1.598/1977. Além disso, há que se pontuar a facultatividade na ativação dos juros e demais encargos relacionados ao empréstimo. O fundamento legal para a capitalização dos custos do empréstimo consta do DecretoLei 1.598/77, em seu art. 17, que dispõe: Art 17 Os juros, o desconto, a correção monetária prefixada, o lucro na operação de reporte e o prêmio de resgate de títulos ou debêntures, ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do exercício social, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem. Fl. 1737DF CARF MF 10 Parágrafo único Os juros pagos ou incorridos pelo contribuinte são dedutíveis como custo ou despesa operacional, observadas as seguintes normas: a) os juros pagos antecipadamente, os descontos de títulos de crédito, a correção monetária prefixada e o deságio concedido na colocação de debêntures ou títulos de crédito DEVERÃO ser apropriados, pro rata tempore , nos exercícios sociais a que competirem; b) os juros de empréstimos contraídos para financiar a aquisição ou construção de bens do ativo permanente, incorridos durante as fases de construção e préoperacional, PODEM ser registrados no ativo diferido, para serem amortizados. Como se verifica da literalidade do dispositivo, enquanto os juros pagos antecipados deverão ser apropriados pro rata tempore, ao tratar dos juros de empréstimo contraídos para a fase préoperacional poderão ser registrados no ativo diferido. A regra geral é dada pelo caput e parágrafo único do art. 17, que determinam o tratamento como despesa operacional, afetando a apuração do lucro no exercício em que ocorrerem, e as alíneas trazem exceções: a alínea "a" traz uma exceção explícita, enquanto a alínea "b" traz uma opção fiscal. É dizer, verificada despesa financeira de empréstimos relacionados à construção de ativos nas fases de construção e préoperacional, o contribuinte tem duas opções: reconhecer a despesa no mesmo exercício ou registrála no ativo diferido para amortização após o término da construção ou início das atividades da empresa. Nessa mesma linha, o art. 58, §3º, "a" da Lei nº 4.506/64 reiterava a facultatividade do procedimento: Art. 58. Poderá ser computada como custo ou encargo, em cada exercício, a importância correspondente à recuperação do capital aplicado na aquisição de direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada, ou de bens cuja utilização pelo contribuinte tenha o prazo legal ou contratualmente limitada, tais como: (...) § 3º PODERÃO ser também amortizados, no prazo mínimo de 5 (cinco) anos: (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) a) a partir do início das operações as despesas de organização préoperacionais ou préindustriais; (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) E, na mesma linha, a Portaria MF nº 475/78, regulamentando o art. 17 do DecretoLei nº 1.598/77, em seu item III: III Na empresa em operação que, devido a projeto em andamento de ampliação, reestruturação, reorganização ou modernização, deva manter no ativo diferido as despesas de que trata esta Portaria, observarseá o seguinte procedimento: a) acrescerão ao saldo da conta de gastos a amortizar a correção monetária da própria conta e todas as despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social; Fl. 1738DF CARF MF Processo nº 15983.720046/201675 Acórdão n.º 1301003.615 S1C3T1 Fl. 7 11 b) as variações monetárias ativas e passivas diretamente relacionadas com o projeto integrarão a conta de gastos a amortizar; a pessoa jurídica poderá, entretanto, optar por imputar ao resultado do exercício: c) o saldo das variações, quando credor; d) parte do saldo devedor, ou a totalidade dele, desde que o débito a resultado do exercício não exceda o saldo credor da conta de correção monetária de que trata o item II do art. 39. do Decretolei nº 1.598/77. A referida portaria é interessante por dois motivos distintos: i) deixa claro que o "podem" do dispositivo legal se refere, de fato, a uma faculdade, tanto que lhe estabelece (ainda que à margem da lei) requisitos; e ii) deixa claro também que o dispositivo se aplica a todos os encargos financeiros relacionados ao empréstimo, e não apenas aos juros. Quanto a esse segundo ponto, o mesmo é pacificamente acatado na jurisprudência, tanto que na nova redação, dada pela Lei nº 12.973/2014, a questão foi definitivamente esclarecida: "b) os juros e outros encargos, associados a empréstimos contraídos, especificamente ou não, para financiar a aquisição, construção ou produção de bens classificados como estoques de longa maturação, propriedade para investimentos, ativo imobilizado ou ativo intangível, podem ser registrados como custo do ativo, desde que incorridos até o momento em que os referidos bens estejam prontos para seu uso ou venda.". Aproveitando a menção à Lei nº 12.973/2014, a mesma reforça a facultatividade no tratamento fiscal da questão, na redação dada ao §3º do art.17 do Decreto Lei 1.598/77: § 3o Alternativamente, nas hipóteses a que se refere a alínea “b” do § 1o, os juros e outros encargos poderão ser excluídos na apuração do lucro real quando incorridos, devendo ser adicionados quando o respectivo ativo for realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa. A facultatividade dessa conduta faz todo sentido à luz da legislação da época em que foi criada, à qual previa uma limitação temporal para a utilização de prejuízos fiscais acumulados. A finalidade do legislador mens legis foi evitar a decadência do direito de utilizar a compensação de prejuízos nos casos em que as receitas só viriam anos depois da realização do gasto, oferecendo então essa opção, como forma de viabilizar o confronto fiscal entre as despesas e as receitas que delas adviriam. Desse modo, não vejo óbice jurídico ao reconhecimento do direito do contribuinte a reconhecer as despesas financeiras no próprio exercício, sem ativálas. Portanto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. V) Amortização das despesas de variação cambial Por fim, quanto ao direito à amortização das despesas de variação cambial mensal e proporcionalmente ao valor ativado no período da concessão, entendo que não é Fl. 1739DF CARF MF 12 objeto do auto de infração, motivo pelo qual há de ser indeferido o pedido também nesse quesito. O auto de infração limitouse a glosar da apuração dos tributos (IRPJ e CSLL) os valores indevidamente acrescidos a título de excesso de variação cambial passiva, consignando que tais rubricas deveriam ter sido acrescidas no ativo diferido à época (ou ativo realizável a longo prazo). Eventuais alterações no saldo do ativo diferido poderiam ocorrer até a efetiva entrada em operação da empresa (2013), que não foram analisadas pela Autoridade Fiscal (2012 e parte de 2013), impedindo que seja aqui decidido sobre eventual direito à amortização do valor apurado em 2011. Ademais, a eventual utilização do saldo de ativo diferido remanescente, quando da entrada em operação da empresa, ocorrerá em anocalendário que não é objeto da ação fiscal aqui julgada, de modo que também extrapola o alcance do presente julgamento. VI) Conclusão Ante o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Fl. 1740DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.952955/2016-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2011
EMPRESA EM FASE PRÉ-OPERACIONAL. APLICAÇÕES FINANCEIRAS. RETENÇÕES NA FONTE. IMPOSTO RETIDO INTEGRA SALDO NEGATIVO DE IRPJ.
Os registros da Contribuinte sinalizam a sua condição de empresa em fase pré-operacional, há menção à vários financiamentos para a sua (única) atividade - construção da usina -, na DIPJ não constam outras atividades que pudessem ser objeto de tributação, havendo documentos externos de outros órgãos que permitem aceitar esta sua condição, além de que a escrituração contábil mostra-se condizente com sua situação no ano de 2011, em fase pré-operacional, situação que a decisão recorrida não conseguiu descaracterizar.
Desta forma, de se acatar que os impostos retidos na fonte das aplicações financeiras integrem o saldo negativo de IRPJ.
Numero da decisão: 1401-003.028
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a importância de R$ 21.130.081,90, como saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2011, vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que negou provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Cláudio de Andrade Camerano - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado).
Nome do relator: CLAUDIO DE ANDRADE CAMERANO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2011 EMPRESA EM FASE PRÉ-OPERACIONAL. APLICAÇÕES FINANCEIRAS. RETENÇÕES NA FONTE. IMPOSTO RETIDO INTEGRA SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Os registros da Contribuinte sinalizam a sua condição de empresa em fase pré-operacional, há menção à vários financiamentos para a sua (única) atividade - construção da usina -, na DIPJ não constam outras atividades que pudessem ser objeto de tributação, havendo documentos externos de outros órgãos que permitem aceitar esta sua condição, além de que a escrituração contábil mostra-se condizente com sua situação no ano de 2011, em fase pré-operacional, situação que a decisão recorrida não conseguiu descaracterizar. Desta forma, de se acatar que os impostos retidos na fonte das aplicações financeiras integrem o saldo negativo de IRPJ.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10880.952955/2016-13
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944434
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1401-003.028
nome_arquivo_s : Decisao_10880952955201613.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CLAUDIO DE ANDRADE CAMERANO
nome_arquivo_pdf_s : 10880952955201613_5944434.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a importância de R$ 21.130.081,90, como saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2011, vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que negou provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7560093
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147613241344
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1763; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 820 1 819 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.952955/201613 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401003.028 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 22 de novembro de 2018 Matéria DCOMP/SALDO NEGATIVO DE IRPJ Recorrente SANTO ANTONIO ENERGIA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2011 EMPRESA EM FASE PRÉOPERACIONAL. APLICAÇÕES FINANCEIRAS. RETENÇÕES NA FONTE. IMPOSTO RETIDO INTEGRA SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Os registros da Contribuinte sinalizam a sua condição de empresa em fase préoperacional, há menção à vários financiamentos para a sua (única) atividade construção da usina , na DIPJ não constam outras atividades que pudessem ser objeto de tributação, havendo documentos externos de outros órgãos que permitem aceitar esta sua condição, além de que a escrituração contábil mostrase condizente com sua situação no ano de 2011, em fase pré operacional, situação que a decisão recorrida não conseguiu descaracterizar. Desta forma, de se acatar que os impostos retidos na fonte das aplicações financeiras integrem o saldo negativo de IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a importância de R$ 21.130.081,90, como saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2011, vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que negou provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 95 29 55 /2 01 6- 13 Fl. 820DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado). Relatório Trata o presente processo de Recurso Voluntário ao Acórdão nº 1465.810, proferido pela 6ª Turma da DRJ/RPO, em 26/04/2017, ocasião em que assim se decidiu: Vistos, relatados e discutidos os autos deste processo, ACORDAM os julgadores da 6ª Turma da DRJRPO, por unanimidade de votos, em JULGAR IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade apresentada, NÃO RECONHECER o direito creditório em litígio, INDEFERIR o Pedido de Restituição e NÃO HOMOLOGAR as compensações declaradas, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. A seguir, transcrevo, em parte, os termos e fundamentos da decisão recorrida: Tratase de Pedido de Restituição Eletrônico (PER nº33469.68706.291214.1.6.021148), seguido de Declarações de Compensação Eletrônicas, relativos a crédito com origem em saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2011, apurado na DIPJ no valor originário de R$ 21.130.081,90, utilizado para compensação de débitos próprios declarados. 2. Não houve o reconhecimento do direito creditório utilizado, nem foram homologadas as compensações declaradas, nos termos do Despacho Decisório nº de rastreamento 116095145, emitido em 04/07/2016: Fl. 821DF CARF MF Processo nº 10880.952955/201613 Acórdão n.º 1401003.028 S1C4T1 Fl. 821 3 3. Cientificada do Despacho Decisório em 11 de julho de 2016, fl. 72, a contribuinte apresentou sua manifestação de inconformidade com as alegações que se seguem. 3.1. Faz um breve resumo da lide, fls.3/5 3.2. Afirma ter por objetivo o desenvolvimento do projeto de implementação da Usina Hidrelétrica Santo Antônio (UHE Santo Antônio) e seu sistema de transmissão, em trecho do Rio Madeira, município de Porto Velho (RO), assim como a condução das atividades necessárias à construção, operação e exploração da referida usina hidrelétrica e seu sistema de transmissão. 3.3. Diz que referida construção prevê uma capacidade mínima instalada de 3.150,4 MW, conforme cláusula primeira do Contrato de Concessão nº 001/2008MMEUHE Santo Antônio, com a implantação de 44 turbinas, denominadas Unidades Geradoras de Enérgica, conforme previsão naquele contrato, tendo sido iniciada a obra no segundo semestre de 2008, de acordo o cronograma do Item XIV/SubCláusula Primeira/Cláusula Sétima: Fl. 822DF CARF MF 4 3.4. Esclarece que a descida do rotor da 1ª Unidade Geradora de Energia estava originalmente prevista para o dia 1º de janeiro de 2012. Dessa forma, durante o anocalendário de 2011 a empresa ainda não estava em operação, pois suas unidades geradoras de energia ainda não operavam. Ademais, a Sub cláusula Quinta da Cláusula Quinta do referido Contrato previa que a Requerente somente poderia dar início à exploração comercial da energia produzida depois de expressa autorização da ANEEL: 3.5. Diz ter sido autorizada a dar início ao uso comercial da energia em 29 de março de 2012, por meio do Despacho nº 1.064, de 29 de março de 2012, editado pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, que liberou as unidades geradoras UG1 e UG4 para operação comercial: [...] 3.6. Acrescenta que o próprio Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Financeiras de 31 de dezembro de 2011 (documento 09), elaborado pela PwC, afirma que no anocalendário de 2011 a interessada ainda se encontrava em fase préoperacional. Portanto, não auferiu quaisquer receitas decorrentes de atividade comercial. 3.7. No que se refere às retenções do imposto de renda, demonstradas no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito (33469.68706.291214.1.6.021148), afirma que elas resultaram na apuração de saldo negativo para o período, tendo em conta que, por estar em fase préoperacional, as correspondentes receitas integraram seu ativo imobilizado. E continua: Fl. 823DF CARF MF Processo nº 10880.952955/201613 Acórdão n.º 1401003.028 S1C4T1 Fl. 822 5 "3.2.6. Ao assim proceder, no entanto, a fiscalização laborou em equívoco, já que, como se passa a demonstrar, a Requerente reconheceu regularmente as referidas receitas financeiras, pelo que faz jus à integralidade dos créditos pleiteados. 3.2.7 – As receitas correspondentes a referidas retenções (doc. 11), havidas em decorrência de aplicações financeiras realizadas pela Requerente, foram devidamente contabilizadas a crédito em conta redutora do ativo imobilizado (doc. 12 – conta 1.3.2.01.1.9.19.98.99.501800 na escrituração contábil mantida pela Requerente para fins societários e para atendimento à ANEEL correspondente à conta 1.3.2.01.19..19.98.99.5106 na Escrituração Contábil Digital no SPED), conforme determinam o Pronunciamento Técnico nº 20 e a ANEEL. 3.2.8. De fato, conforme se observa no Livro Razão (doc. 12), a Requerente, durante sua fase préoperacional, reconhecia a valorização das aplicações financeiras que mantinha, por competência, realizando mês a mês lançamentos a débito em contas de ativo destinadas à evidenciação das aplicações financeiras (diversas contas, como por exemplo, 1.1.1.02.0.0.00.00.00.557695 e 1.1.1.02.0.0.00.00.00.541468, de acordo com o Banco e aplicação realizada, na escrituração contábil mantida pela Requerente para fins societários e para atendimento á ANEEL correspondentes à conta 1.1.1.02.0.0.00.00.00.5106 na Escrituração Contábil Digital no SPED) e a crédito em conta redutora do ativo imobilizado (doc. 12 – conta 1.3.2.01.1.9.19.98.99.501800 na escrituração contábil mantida pela Requerente para fins societários e para atendimento à ANEEL correspondente à conta 1.3.2.01.1.9.19.99.5106 na Escrituração Contábil Digital no SPED). 3.2.9. Quando dos resgates das referidas aplicações financeiras, a Requerente realizava lançamentos a débito em conta caixa (diversas contas, como por exemplo, 1.1.1.01.2.0.00.00.00.623769 e 1.1.1.01.2.0.00.00.00.519531, a depender do Banco utilizado, na escrituração contábil mantida pela Requerente para fins societários e para atendimento à ANEEL correspondentes à conta 1.1.1..01.0.00.00.00.5106 na Escrituração Contábil Digital no SPED) e em conta de ativo destinada à evidenciação do Imposto de Renda Retido na Fonte (doc. 12 – conta 1.2.1.41.2.0.00.00.00.507298 na escrituração contábil mantida pela Requerente para fins societários e para atendimento á ANEEL correspondente à conta 1.2.1.41.2.0.00.00.00.5106 na Escrituração Contábil Digital no SPED) e, em contrapartida, lançamentos a crédito nas contas destinadas à evidenciação das aplicações financeiras. 3.2.10. Como forma de exemplificar e fornecer uma melhor visualização do procedimento contábil adotado, a Requerente anexa à presente manifestação alguns exemplos de lançamentos contábeis referentes à parte das aplicações financeiras registradas em 2011 (doc. 13). Fl. 824DF CARF MF 6 3.2.11. Referido procedimento contábil está em linha com o que dispõe o artigo 374 do Decreto nº 3.000/1999 (...) e com o que determina a letra “d” do item 6.3.6 do Manual de Contabilidade do Setor Elétrico, editado pela ANEEL. Vejase: [...] 3.2.12. A contabilização das receitas e despesas financeiras obtidas pela Requerente durante a fase préoperacional, incluindo as receitas obtidas com as aplicações financeiras que geraram as retenções de imposto de renda durante o período de 2011 e, assim, o saldo negativo de IRPJ utilizado nas PER/DCOMPs analisadas neste processo, seguiu também o determinado nos itens 8, 9, 10, 13, 17, 22, 24 e 25 do Pronunciamento Técnico nº 20, editado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. [...] 3.2.14. O procedimento contábil adotado pela Requerente, com o correspondente reconhecimento das receitas financeiras reduzindo o saldo da conta ativo imobilizado, foi também objeto de análise e validação pela PriceWhaterhouseCoopers Auditores Independentes (“PwC”), conforme se observa pelo Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Financeiras de 31 de dezembro de 2011 (doc.09). [...] 3.2.17. Pelo exposto até aqui, não resta dúvida sobre o equívoco cometido pela fiscalização de não verificar que a Requerente reconheceu devidamente as receitas financeiras que deram origem às retenções de Imposto de Renda, as quais, por sua vez, deram ensejo à apuração de saldo negativo pela Requerente em 2011. 3.2.18. Além disso, evidenciase que o procedimento adotado pela Requerente, no que se refere ao reconhecimento contábil dessas receitas financeiras, seguiu exatamente o determinado pelas normas aplicáveis." 3.8. Aduz que procedimento de contabilização de receitas observado pela Requerente, que, frisase, se encontrava em fase préoperacional, além de encontrar amparo na legislação de regência, já foi também validado pela Receita Federal. Referese transcreve parcialmente, fls. 14/18: Solução de Consulta Disit 09 nº 289, de 2007; Solução de Consulta Disit 08, de 2008; Solução de Consulta Disit 07, de 2010, Acórdão nº 1249.071, da DRJ/RIO; Acórdão nº 1637.570, da DRJ/SPO; Acórdão 14502 00.161, do CARF; jurisprudência administrava. A Delegacia de Julgamento não acolheu a argumentação da Interessada, não tendo reconhecido, portanto, o alegado crédito a título de saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2011, então utilizado nas compensações mencionadas na decisão recorrida. Segundo o voto condutor da decisão recorrida: 19. A interessada alega, em síntese, que as receitas com origem em aplicações financeiras cuja tributação foi questionada foram regularmente computadas na DIPJ do anocalendário de 2011, e Fl. 825DF CARF MF Processo nº 10880.952955/201613 Acórdão n.º 1401003.028 S1C4T1 Fl. 823 7 foram sujeitas a adequado tratamento contábil e fiscal, ante o estágio préoperacional em que se encontrava naquele período de apuração, eis que a construção do seu parque de energia foi iniciada em agosto de 2008, entrando parcialmente em operação somente no início do ano de 2012 (1º de janeiro). 20. Diz que durante todo o anocalendário de 2011 se encontrava em fase préoperacional, não auferindo quaisquer receitas decorrentes de atividades comerciais. Acrescenta que as receitas financeiras referentes às retenções do imposto de renda foram devidamente escrituradas em conta redutora do Ativo Imobilizado, conforme determinam o Pronunciamento Técnico nº 20 e a ANEELAgência Nacional de Energia Elétrica. 21. De forma mais específica, afirma que reconhecia a valorização das aplicações financeiras que mantinha, por competência, realizando mês a mês lançamentos a débito em contas de ativo destinadas à evidenciação das aplicações financeiras (diversas contas, entre elas 1.1.1.02.0.0.00.00.00.557695 e 1.1.1.02.0.0.00.00.00.541468, na escrituração contábil, e conta 1.1.1.02.0.0.00.00.00.5106 no SPED) e a crédito em conta redutora do Ativo Imobilizado (conta 1.3.2.01.1.9.19.98.99.501800 na escrituração contábil e 1.3.2.01.1.9.19.98.99.5106 no SPED). 22. Alega a interessada, de forma expressa, que seu procedimento adotado está de acordo com a Solução de Consulta SRRF/8ª RF nº 44, de 2008, com a Solução de Consulta SRRF/9ª RF nº 289, de 2007, jurisprudência administrativa que colaciona (DRJs e CARF); com o Manual de Contabilidade do Setor Elétrico (MCSE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), segundo o qual é determinada a transferência para o Ativo Imobilizado em Curso dos encargos financeiros sobre capital de terceiros; bem como atende o Pronunciamento Técnico CPC 20 – Custo de Empréstimos. 23. Feito esse breve resumo, passase a apreciação do Imposto de Renda Retido na FonteIRRF, utilizado como dedução pela interessada, na apuração do saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2011. 24. As retenções constituem antecipação do imposto e/ou da contribuição, devidos na Declaração de Ajuste Anual, sendo passíveis de dedução, desde que oferecidos os rendimentos correspondentes à tributação a teor do art. 2º, § 4º, e art. 28, da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 25. Por expressa disposição legal, o valor retido somente poderá ser deduzido daquele devido no ajuste se a contribuinte possuir o “Comprovante de Rendimentos Pagos ou Creditados”, meio probatório adequado para comprovar a retenção do tributo, consoante art. 943, § 3º, do RIR/99. 26. No entanto, à falta do Comprovante de Rendimentos Pagos, admitese a comprovação do imposto quando confirmado pelas fontes pagadoras em DIRF, condição preenchida neste caso. Fl. 826DF CARF MF 8 Confirase também o resumo das DIRF apresentadas pelas fontes pagadoras: [...] 27. Dessa forma, a controvérsia cingese à demonstração da tributação dos rendimentos correspondentes ao IRRF comprovado, o que, de acordo com a defesa apresentada, leva a análise para a apuração do resultado da fase préoperacional da contribuinte. Em extenso arrazoado, cita e comenta o art.325, II do RIR/99, e obra de renomados autores acerca da contabilização de despesas préoperacionais, descreve excertos da Solução de Consulta DISIT SRRF/8ª RF nº 44, de 2008 e da Solução de Divergência nº45, da CoordenaçãoGeral de Tributação COSIT, 21/11/2008, discorre sobre a contabilização do ativo diferido sob a nova ótica contábil, traz excertos da Solução de Consulta DISIT SRRF/7ª RF nº 52, de 2009 a qual esclarece procedimentos do RTT, transcrevendo vários artigos das Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, além de vários itens do Pronunciamento Técnico CPC 20 Custo de Empréstimos. Na esteira do enunciado nos textos supracitados, o voto condutor da decisão recorrida arremata que: 72. Em outras palavras, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 20, aprovado em 08 de maio de 2009, no caso dos empréstimos não serem diretamente atribuídos aos ativos qualificáveis, os custos correspondentes não podem ser capitalizados como parte do custo do ativo, devendo ser apropriados como despesa e levados ao resultado do período. [...] 81. Para demonstrar sua fase préoperacional no anocalendário de 2011 e o início parcial de suas atividades somente no ano calendário de 2012 (duas turbinas), a interessada apresenta diversos documentos, entre eles matéria veiculada em jornal digital; Contrato de Concessão nº 001/2008MMEUHE Santo Antônio (doc. 07, fls. 80/103 dos autos), com destaque para sua Cláusula Quinta, SubCláusula Quinta e Cronograma Físico de fls. 87/90; Despacho nº 1.064, da ANEEL; Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Financeiras (documento 09). 82. A interessada junta ainda diversos outros documentos por meio de sua manifestação de inconformidade, entre eles cópias do Livro Razão (contas contábeis) além de exemplos de lançamentos de sua escrituração, visando comprovar que as receitas financeiras referidas às retenções do imposto, teriam sido contabilizadas em conta redutora do Ativo Imobilizado. [... 84. No entanto, em que pese não se duvidar da necessidade de captação de recursos de terceiros, por meio de empréstimos/financiamentos, para a realização de empreendimento de tamanha monta, além dos recursos próprios, a contribuinte não conseguiu demonstrar o necessário vínculo entre as aplicações financeiras que deram origem às receitas Fl. 827DF CARF MF Processo nº 10880.952955/201613 Acórdão n.º 1401003.028 S1C4T1 Fl. 824 9 objeto de questionamento, com os alegados empréstimos, nem que as receitas/encargos de referidas aplicações financeiras seriam vinculadas a recursos antes classificáveis no Ativo Diferido, atualmente no Ativo Imobilizado, de modo a fazer jus ao tratamento tributário pretendido no anocalendário de 2011, acerca do cômputo do resultado líquido das receitas/despesas financeiras, porque enquadradas como despesas pré operacionais. 85. Enfim, a interessada não conseguiu demonstrar de forma cabal e expressa que tais receitas financeiras, assim como as despesas com elas confrontáveis, seriam derivadas e relacionadas aos ativos utilizados ou mantidos para emprego no empreendimento em andamento, antes classificáveis no Ativo Diferido. 86. Destaquese que a Solução de Consulta DISIT SRRF/8ª RF nº 44, de 2008, em seu Item 15, é categórica ao afirmar que as receitas financeiras às quais se aplica o entendimento da Solução de Consulta, ou seja, que devem ser deduzidas dos gastos préoperacionais escriturados no ativo diferido, são aquelas obtidas a partir de ativos utilizados ou mantidos para emprego no empreendimento em andamento. 87. Ou seja, aquela Solução de Consulta declara como sendo tributáveis os resultados não vinculados à atividade pré operacional. [...] 92. No entanto, a condição da pessoa jurídica como estando em fase préoperacional e o registro de despesas e receitas correspondentes em Ativo Diferido (ou Ativo Imobilizado, como escriturou a interessada), não se mostra suficiente para a admissibilidade, no saldo negativo do IRRF incidente sobre as receitas financeiras. 93. Isso porque a contribuinte pode ter ativos não relacionados à atividade que está em fase préoperacional, e os resultados decorrentes destes ativos, por evidente, não podem ser registrados no Ativo Diferido, mas devem, obrigatoriamente, integrarem o lucro tributável no respectivo período de apuração. 94. Reiterese que a legislação tributária que rege as hipóteses de compensação de tributos ou contribuições federais atribui à peticionaria o ônus de comprovar a disponibilidade de seu crédito junto à Fazenda Pública, bem como o cumprimento dos requisitos estabelecidos para que seu direito creditório possa ser reconhecido pela Administração Tributária, depois de constatado que o crédito pleiteado se reveste das necessárias certeza e liquidez. 95. Por fim, tendo em conta a referência expressa, por parte da interessada,em sua manifestação de inconformidade, ao Pronunciamento Técnico CPC 20, aprovado em 08 de maio de 2009, cabe recordar a obrigatoriedade de comprovação, Fl. 828DF CARF MF 10 determinada por aquele documento, da efetiva utilização dos recursos nas Imobilizações em Curso, inclusive no que concerne às receitas, juros, variações monetárias e demais encargos financeiros de capital de terceiros, aplicados em obras em andamento. 93. Acrescentese que não foi possível constatar na cópia do Razão apresentada o registro mensal dos rendimentos das aplicações financeiras, nos valores presentes nos Informes de Rendimentos apresentados pela interessada. [...] 97. Enfim, diante da falta de demais elementos hábeis de prova acerca da tributação dos rendimentos de aplicações financeiras, mantémse a glosa do correspondente Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF deduzido na apuração do IRPJ, anocalendário de 2011. 98. Concluindo, diante da inexistência dos atributos de certeza e liquidez, previstos no artigo 170, do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), não se reconhece o direito pretendido, nem se homologam as compensações declaradas. Voto Conselheiro Cláudio de Andrade Camerano Preenchidos os requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário apresentado, dele conheço. Conforme relatoriado, a Recorrente informou como crédito no Perd/Dcomp um saldo negativo de IRPJ, apurado no ano de 2011, composto unicamente por retenções na fonte de imposto sobre aplicações financeiras, que totalizaram R$ 21.130.081,90, crédito este utilizado em vários PER/DCOMP's para fins de compensação de débitos, que resultaram não homologadas conforme constou no Despacho Decisório. Em seu recurso a Recorrente esclareceu que, como estava em fase pré operacional em 2011, as receitas financeiras auferidas foram contabilizadas em conta de ativo, conforme tratamento contábil/fiscal vigente, ratificado em atos (Soluções de Consulta) da própria Receita Federal, em julgado do CARF e no Pronunciamento Contábil CPC nº 20. A decisão de piso reconheceu a existência dos valores de imposto retidos na fonte sobre as aplicações financeiras em 2011, e também reconheceu que o procedimento contábil utilizado pela Recorrente era adequado, mas não aceitou sua inclusão no saldo negativo de IRPJ do ano de 2011. Fl. 829DF CARF MF Processo nº 10880.952955/201613 Acórdão n.º 1401003.028 S1C4T1 Fl. 825 11 De se reproduzir excertos do voto condutor da decisão recorrida: 27. Dessa forma, a controvérsia cingese à demonstração da tributação dos rendimentos correspondentes ao IRRF comprovado, o que, de acordo com a defesa apresentada, leva a análise para a apuração do resultado da fase préoperacional da contribuinte. [...] 37. Se a empresa aplica seus recursos financeiros ainda não utilizados e obtém receitas financeiras (ou de variações monetárias) deve considerar essas receitas como dedução das despesas financeiras lançadas no próprio Diferido; se suplantá las, deve deduzilas das outras despesas préoperacionais. De qualquer forma, tais receitas devem estar em conta específica à parte, classificada como redução das despesas préoperacionais. 38. Nesse contexto, o entendimento expresso na Solução de Consulta DISIT SRRF/8ª RF nº 44/2008, trazida na defesa, é no sentido de que, na fase de préoperação, o saldo líquido das receitas e despesas financeiras, quando derivadas de ativos utilizados ou mantidos para emprego no empreendimento em andamento, deve ser registrado no Ativo Diferido. 39. Esse valor, se credor, deverá ser diminuído do total das despesas préoperacionais incorridas no período de apuração e, eventual excesso de saldo credor deverá compor o lucro líquido do exercício. Somente nesta situação, eventual saldo negativo de IRPJ, decorrente da retenção na fonte desse tributo sobre as receitas financeiras absorvidas pelas despesas financeiras e pré operacionais, poderá ser objeto de restituição ou compensação. [...] 41. Aqui, é importante destacar o entendimento de que não são tratados como redução, ou acréscimos do Ativo, os resultados derivados de fatores não relacionados com a implantação das condições de funcionamento da empresa. Ainda, a decisão recorrida cita e transcreve Solução de Divergência nº45 da COSIT, de nov/2008, neste mesmo sentido, além de comentar e descrever os atos legais, o CPC nº 20 e as alterações promovidas na legislação que acabaram pela extinção do ativo diferido, mas que, ressaltese, em nada afeta o deslinde do presente litígio, pois a Recorrente observou esta nova situação em seus registros contábeis pertinentes ao assunto posto. Fl. 830DF CARF MF 12 O fato é que o voto condutor da decisão recorrida direcionou suas razões de decidir no seguinte sentido: 84. No entanto, em que pese não se duvidar da necessidade de captação de recursos de terceiros, por meio de empréstimos/financiamentos, para a realização de empreendimento de tamanha monta, além dos recursos próprios, a contribuinte não conseguiu demonstrar o necessário vínculo entre as aplicações financeiras que deram origem às receitas objeto de questionamento, com os alegados empréstimos, nem que as receitas/encargos de referidas aplicações financeiras seriam vinculadas a recursos antes classificáveis no Ativo Diferido, atualmente no Ativo Imobilizado, de modo a fazer jus ao tratamento tributário pretendido no anocalendário de 2011, acerca do cômputo do resultado líquido das receitas/despesas financeiras, porque enquadradas como despesas pré operacionais. 82. Enfim, a interessada não conseguiu demonstrar de forma cabal e expressa que tais receitas financeiras, assim como as despesas com elas confrontáveis, seriam derivadas e relacionadas aos ativos utilizados ou mantidos para emprego no empreendimento em andamento, antes classificáveis no Ativo Diferido. [...] 92. No entanto, a condição da pessoa jurídica como estando em fase préoperacional e o registro de despesas e receitas correspondentes em Ativo Diferido (ou Ativo Imobilizado, como escriturou a interessada), não se mostra suficiente para a admissibilidade, no saldo negativo do IRRF incidente sobre as receitas financeiras. 93. Isso porque a contribuinte pode ter ativos não relacionados à atividade que está em fase préoperacional, e os resultados decorrentes destes ativos, por evidente, não podem ser registrados no Ativo Diferido, mas devem, obrigatoriamente, integrarem o lucro tributável no respectivo período de apuração. No sentido de dar uma resposta a estas posições firmadas na decisão recorrida, a Recorrente traz em seu recurso os seus registros contábeis (já havia indicado na manifestação de inconformidade) relativos aos rendimentos financeiros, contas de imobilizado, balancetes, balanço e DIPJ do anocalendário de 2011. Pelo que consta nos autos que a Recorrente, constituída em agosto de 2008, permanecia em fase préoperacional no ano de 2011, e os financiamentos obtidos junto ao BNDES parcela direta e às instituições financeiras parcela indireta citadas no Recurso (extraídas de relatório de auditoria, documento anexo, Doc.09, em Docs. Comprobatórios Outros Doc. 02 a 13, fls.54 a 443), destinavamse à construção da Usina Santo Antônio, que seria, de fato, o único empreendimento tocado pela Recorrente. Fl. 831DF CARF MF Processo nº 10880.952955/201613 Acórdão n.º 1401003.028 S1C4T1 Fl. 826 13 Ainda, consta o DESPACHO Nº 1.064, de 29 de março de 2012, da ANNEL, onde ali consta a Decisão de "Liberar unidades geradoras para início de operação comercial a partir de 30 de março de 2012." (Doc.08, em Docs. Comprobatórios Outros Doc. 02 a 13, fls.54 a 443) A DIPJ do ano calendário de 2011, acostada aos autos, não contempla registro de atividade operacional, sem receitas neste sentido (Doc.10, em Docs. Comprobatórios Outros Doc. 02 a 13, fls.54 a 443). A Recorrente e a decisão recorrida transcrevem itens do Pronunciamento Técnico CPC nº 20 Custo de Empréstimo, de maio de 2009, sendo oportuno ressaltar o que consta em seu parágrafo 11: 11. Pode ser difícil identificar uma relação direta entre empréstimos específicos e um ativo qualificável e determinar os empréstimos que poderiam ter sido evitados. Tal dificuldade ocorre, por exemplo, quando a atividade de financiamento da entidade é coordenada de forma centralizada num conjunto de empresas sob controle comum. Dificuldades também surgem quando a entidade usa uma gama variada de instrumentos de dívida para obter recursos com taxas de juros variadas e empresta tais recursos, em diferentes bases, para outras entidades sob controle comum. Outras complicações surgem por meio do uso de empréstimos denominados ou relacionados a moedas estrangeiras, quando o conjunto opera em economias altamente inflacionárias e de flutuações nas taxas de câmbio. Como resultado, pode ser difícil a determinação do montante dos custos de empréstimos que são diretamente atribuíveis à aquisição, à construção ou à produção de ativo qualificável, sendo requerido o exercício de julgamento nessas circunstâncias. A dificuldade a que alude o texto supra não me parece que possamos encontrar na situação da Recorrente, afinal, tratase do exercício de uma única atividade, com os financiamentos voltados para esta finalidade, a sua atividade (construção da usina), não havendo outras empresas envolvidas e/ou empréstimos em moeda estrangeira. A decisão recorrida não apresentou um indício sequer de que as receitas financeiras apuradas seriam decorrentes de empréstimos não vinculados aos investimentos (ativos qualificáveis Imobilizado), que foram da ordem de mais de R$ 10 bilhões de reais. Ficou a decisão recorrida apenas na suposição, quando afirmou porque não acata, como prova de fase préoperacional, as demonstrações financeiras da Recorrente: 92. No entanto, a condição da pessoa jurídica como estando em fase préoperacional e o registro de despesas e receitas correspondentes em Ativo Diferido (ou Ativo Imobilizado, como escriturou a interessada), não se mostra suficiente para a Fl. 832DF CARF MF 14 admissibilidade, no saldo negativo do IRRF incidente sobre as receitas financeiras. 93. Isso porque a contribuinte pode ter ativos não relacionados à atividade que está em fase préoperacional, e os resultados decorrentes destes ativos, por evidente, não podem ser registrados no Ativo Diferido, mas devem, obrigatoriamente, integrarem o lucro tributável no respectivo período de apuração. A escrituração faz prova a favor da contribuinte, aliás, o que foi mencionado na própria decisão recorrida: 9. Digase também que a DIPJ constituise em demonstrativo da existência do direito creditório pleiteado, cumprindo à pessoa jurídica comprovar a veracidade das informações prestadas em tal documento, quando o pedido de restituição/compensação se origina de saldo negativo apurado em referida declaração. 10. E a prova requerida em favor da contribuinte consiste nos fatos registrados na escrituração e comprovados por documentos hábeis, conforme art. 923 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99): “Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º).” (destaques acrescidos) A Recorrente encontravase em fase preoperacional, há menção à vários financiamentos para a sua (única) atividade construção da usina e: (i) na DIPJ não constam outras atividades que pudessem ser objeto de tributação; (ii) a escrituração contábil não foi objeto de ressalvas; (iii), há documentos externos de outros órgãos que corroboram a situação préoperacional da Recorrente, enfim, se restasse alguma desconfiança nestes registros, deveria ser apontado, nos termos do que dispõe o art.924 do RIR/99: Art.924. Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 2º). Entendo que, em face do exposto e do que consta nos autos, a escrituração contábil e a DIPJ mostramse condizentes com a fase préoperacional da Recorrente. A decisão recorrida (no item 93, supra reproduzido) afirmou que a Recorrente "pode ter ativos não relacionados à atividade que está em fase préoperacional", sim, até pode, mas não há comprovação nenhuma de que tenha ativos desta natureza (operacional). Fl. 833DF CARF MF Processo nº 10880.952955/201613 Acórdão n.º 1401003.028 S1C4T1 Fl. 827 15 As retenções estão confirmadas e referemse ao anocalendário de 2011. Não há nos autos nenhuma intimação ou solicitação de eventual esclarecimento à Recorrente, o que comprova que a decisão recorrida apenas baseou sua conclusão no que consta na escrituração contábil e na DIPJ do ano de 2011. Reitero, a Recorrente, (i) encontravase em fase preoperacional, situação não descaracterizada na decisão recorrida, (ii) as retenções estão comprovadas e as fontes pagadoras fazem parte do rol de instituições financeiras que concederam financiamentos à Recorrente para a construção da usina sua única atividade , e (iii) na DIPJ não constam outras atividades que pudessem ser objeto de tributação, além de que, (iv) a escrituração contábil mostrase condizente com sua situação no ano de 2011, em fase préoperacional. Conclusão Ante o que foi exposto, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer as retenções efetivadas no montante de R$ 21.130.081,90, como Saldo Negativo de IRPJ do ano de 2011. (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Fl. 834DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.675281/2009-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Nov 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3401-001.567
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora: (i) confirme se os valores informados no DACON Retificador conferem com a realidade contábil da contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; (ii) após o confronto do item (i), identifique a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP e a suficiência para a promoção da compensação de débitos na forma requerida; (iii) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento à recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para que esta, querendo, manifeste-se, retornando, em seguida, os autos a este Conselho, para prosseguimento do julgamento.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes.
Relatório
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10880.675281/2009-91
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5945915
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3401-001.567
nome_arquivo_s : Decisao_10880675281200991.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : ROSALDO TREVISAN
nome_arquivo_pdf_s : 10880675281200991_5945915.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora: (i) confirme se os valores informados no DACON Retificador conferem com a realidade contábil da contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; (ii) após o confronto do item (i), identifique a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP e a suficiência para a promoção da compensação de débitos na forma requerida; (iii) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento à recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para que esta, querendo, manifeste-se, retornando, em seguida, os autos a este Conselho, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes. Relatório
dt_sessao_tdt : Mon Nov 26 00:00:00 UTC 2018
id : 7561831
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:31 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147690835968
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1753; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.675281/200991 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3401001.567 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 26 de novembro de 2018 Assunto PEDIDO DE RESTITUIÇÃO PIS/PASEP e COFINS Recorrente OPERADORA SAO PAULO RENAISSANCE LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora: (i) confirme se os valores informados no DACON Retificador conferem com a realidade contábil da contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; (ii) após o confronto do item (i), identifique a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP e a suficiência para a promoção da compensação de débitos na forma requerida; (iii) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento à recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para que esta, querendo, manifestese, retornando, em seguida, os autos a este Conselho, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .6 75 28 1/ 20 09 -9 1 Fl. 293DF CARF MF Processo nº 10880.675281/200991 Resolução nº 3401001.567 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratam os autos de Pedido de Ressarcimento de COFINS realizado através de PER/DCOMP, referente pagamento à maior que o devido A DERAT São Paulo proferiu Despacho Decisório (eletrônico), indeferindo o Pedido de Restituição por inexistência de crédito. Tomando por base o DARF discriminado no PER/DCOMP, constatou que fora integralmente utilizado para quitação de débito declarado para o mesmo período. Irresignada a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, sob os seguintes argumentos: (i) que cometeu equivoco no preenchimento do PER/DCOMP, que o crédito é oriundo de recolhimento indevido de PIS e COFINS, conforme demonstrado no DACON, repete que o crédito efetivamente existe e é suficiente para quitar os débitos compensados; (ii) que conforme planilha que anexa, verificase facilmente que o crédito a que a empresa teria direito é bastante superior ao valor das compensações realizadas; (iii) que a SRFB possui diversos documentos para comprovar se os créditos existem e caso considere insuficientes, pode ainda baixar o presente processo em diligência para que tal comprovação seja feita através de análise mais minuciosa; (iv) apela para o princípio da verdade material, por tratarse de atividade humana, tanto o preenchimento de declarações quanto o ato de lançamento estão sujeitos a erros e equívocos e que nesse contexto, é natural que se cogite uma revisão da glosa da compensação com o objetivo de afastar cobrança indevida; (v) requer que após realização de diligência seja declarada homologada a compensação realizada, cancelando se a cobrança do tributo, de juros e de multa; (vi) ao final, por economia processual, requer ainda, que sejam julgados conjuntamente diversos processos que relaciona. Em Primeiro Grau a DRJ/SP1 julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, nos termos do Acórdão nº 16034.074. O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário contra a decisão de primeiro grau, sustentando que o crédito teve origem em levantamento contábil das receitas auferidas e de nova apuração das contribuições devidas, considerando que suas receitas se submetem a tributação tanto no regime cumulativo quanto no não cumulativo; que por um mero equivoco na interpretação da legislação atinente a PIS/COFINS, a Recorrente entendia que todas as receitas por ela auferidas deveriam estar sujeitas à sistemática cumulativa, que assim foram declaradas em DCTF e quitadas via DARF.; que retificou o DACON; que a falta de DCTF retificadora não tem o condão de legitimar a cobrança de tributo, levandose em consideração toda a documentação disponibilizada ao Fisco, vindo ao encontro da jurisprudência do CARF sobre o assunto; apela novamente para o princípio da verdade material e a possibilidade de conversão do julgamento em diligência. É o relatório. Fl. 294DF CARF MF Processo nº 10880.675281/200991 Resolução nº 3401001.567 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3401001.559, de 26 de novembro de 2018, proferida no julgamento do processo 10880.675272/200908, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3401001.559 "O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A manifestação inicial da interessada envolve em suas razões de defesa todo o período do levantamento de crédito a ser ressarcido e passível de compensação, composto por uma série de processos, requerendo inclusive, o ajuntamento dos mesmos para que sejam julgados de forma unificada. Diante da negativa colocada pela DRJ/SP1 para julgamento único, por se tratar de créditos envolvendo períodos de apuração distintos, passa então, a Recorrente, em seu recurso, a tratar do crédito pleiteado para o período de apuração 05/2004, destacandose os seguintes pontos: que a atividade explorada pela Recorrente é diversificada, conforme se depreende da cópia do Contrato Social anexada aos autos e tem por atividade empresarial, precipuamente, o desenvolvimento e a exploração do ramo de hotelaria, restaurantes e bares, o desenvolvimento de empreendimentos turísticos em geral, incluída a área de convenções e a prestação de serviços relativos a área de alimentação, bebidas, incluindo banquetes e serviços correlatos, entre outras atividades; que as receitas auferidas com a prestação de serviços de hotelaria permanecem submetidas a apuração cumulativa do PIS, nos moldes da Lei nº 9.718/1998, sob a alíquota de 0,65% e todas as demais receitas estão submetidas ao regime não cumulativo com incidência do PIS sob a alíquota de 1,65%; que toda a segregação de valores das receitas auferidas no mês de maio de 2004, com identificação de sua natureza estão detalhadas no Livro Razão Analítico (anexo), além de ter sido alteradas no DACON retificador, também trazido aos autos; reconhece não ter observado o prazo de 5(cinco) anos para retificar informações declaradas em DCTF, mas todos os dados e informações pertinentes podem ser conferidos pela documentação trazida aos autos (Livro Razão Analítico, Balancete, DACON retificador e planilha de controle de impostos; Fl. 295DF CARF MF Processo nº 10880.675281/200991 Resolução nº 3401001.567 S3C4T1 Fl. 5 4 O que se depreende dos fatos aqui discutidos, são questões de procedimento de atribuição da contribuinte, quanto a correta apuração da Contribuição devida ao PIS/PASEP do período de apuração 05/2004. Inicialmente a Recorrente, conforme manifestação expressa, havia submetido a totalidade de seu faturamento do período mencionado (05/20054), a sistemática cumulativa (código 8109), quando parte desse faturamento estava sujeito a sistemática não cumulativa. O cálculo de incidência cumulativa deveria atingir somente a receita de serviços de hotelaria, conforme previsto na Lei 10.833/2003, art. 10, XXI e as demais receitas ficariam sujeitas a incidência não cumulativa, a teor do art.15, V,.da mesma lei. A princípio, as provas carreadas aos autos dão conta do que está sendo sustentado pela Recorrente, inclusive, com relação a ausência de DCTF retificadora. Eventuais erros de conduta formal do contribuinte não lhe retiram o direito ao princípio da busca pela verdade material no processo administrativo e da busca pela aproximação entre a realidade factual e sua representação formal. Casos semelhantes e recorrentes transitam pelo CARF, cujos julgados nos fornecem diretrizes de procedimento, como se colhe da decisão em destaque: Portanto, erro de preenchimento de DCTF não retira o direito ao crédito quando há outros elementos de prova que podem ser alcançadas em busca da verdade material no processo administrativo tributário. Ante o exposto, resolvem os membros do Colegiado em converter o julgamento em diligência para a repartição de origem de modo que seja informado e providenciado o seguinte: Confirmar se os valores informados no DACON Retificador do Período de Apuração Maio/2004, conferem com a realidade contábil da Contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; Fl. 296DF CARF MF Processo nº 10880.675281/200991 Resolução nº 3401001.567 S3C4T1 Fl. 6 5 Após o confronto do item 1, identificar a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP nº 23370.59930.200206.1.3.040283 e promover a compensação de débitos na forma requerida; Elaborar relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento a Recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, manifestarse, retornando, em seguida, os autos a este Conselho Administrativo para prosseguimento do julgamento." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que seja informado e providenciado o seguinte: · Confirmar se os valores informados no DACON Retificador do Período de Apuração em referência, conferem com a realidade contábil da Contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; · Após o confronto do item 1, identificar a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP em apreço e promover a compensação de débitos na forma requerida; · Elaborar relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento a Recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, manifestarse, retornando, em seguida, os autos a este Conselho Administrativo para prosseguimento do julgamento." (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 297DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.901853/2014-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.482
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência, nos termos do voto da relatora, vencidos os conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula e Pedro Sousa Bispo, que entenderam ser desnecessária a diligência proposta.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
Relatório
A Contribuinte formalizou perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil PERD/COMP objetivando a restituição dos créditos escriturais de PIS e COFINS que alega ter recolhido a maior, relativos às comissões pagas aos seus representantes comerciais.
O Despacho Decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal de Jundiaí, indeferiu o Pedido de Restituição por considerar inexistente o crédito, fundamentando pela aplicação do Art. 165 do Código Tributário Nacional.
Inconformada com esta decisão, a recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade, julgada improcedente pela DRJ Fortaleza, através do Acórdão nº 08-038.806.
Devidamente notificada desta decisão, a contribuinte interpôs o Recurso Voluntário ora em apreço, pugnando pela procedência da manifestação de inconformidade para que seja reconhecido o direito aos créditos requeridos a título de pagamento indevido ou a maior.
Em síntese, a Recorrente abordou as seguintes matérias em razões de defesa:
* Tem por objeto social a atividades no mercado interno e externo, sobretudo, fabricação de artefatos de cimento para uso na construção, depósitos de mercadorias para terceiros, exceto armazéns gerais e guarda-móveis, comércio atacadista especializado de materiais de construção não especificados anteriormente; fabricação de material sanitário de cerâmica; comércio varejista de ferragens e ferramentas; fabricação de válvulas, registros e dispositivos semelhantes, peças e acessórios.
* Houve pedido de restituição de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS/PIS no regime não cumulativo em razão de créditos decorrentes de pagamentos de comissões para pessoas jurídicas representantes comerciais, o qual foi indeferido pela DRJ.
* Fundamentou pela improcedência da glosa, demonstrando os aspectos legais e constitucionais do PIS-COFINS: artigos 149, 195, I -"b" e parágrafo 12º, 239, todos da Constituição Federal, bem como pelas seguintes legislações: Leis Complementares n. 7/70 e 70/91; Leis Ordinárias n. 9.715/95, 9.718/98, 10.637/2002, 10.833/2003.
* Apresentou a hipótese de incidência tributária da seguinte forma:
"O PIS/PASEP no regime cumulativo está estruturado da seguinte forma: (i) sujeito ativo: União; (ii) sujeito passivo: pessoa jurídica; (iii) critério material: faturamento de mercadorias e/ou serviços; (iv) critério quantitativo: base de cálculo (valor do faturamento) e alíquota (0,65%); (v) critério territorial: território nacional; (vi) critério temporal: faturamento mensal (critério da competência).
Do mesmo modo, a COFINS no regime cumulativo tem a seguinte regra-matriz de incidência: (i) sujeito ativo: União; (ii) sujeito passivo: pessoa jurídica; (iii) critério material: faturamento de mercadorias e/ou serviços; (iv) critério quantitativo: base de cálculo (valor do faturamento) e alíquota (3%); (v) critério territorial: território nacional; (vi) critério temporal: faturamento mensal (critério da competência)."
* Argumentou pelo regime da não-cumulatividade para o PIS/COFINS.
* Argumentou que, diante de gastos, custo, pagamento realizado pelo contribuinte de PIS e COFINS para uma pessoa jurídica que exerça atividade econômica capaz de contribuir, de forma direta ou indireta, para a obtenção de receita daquela, há de se considerar um insumo, nos moldes do art. 3º, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003, gerando crédito para abatimento das contribuições referidas. A única possibilidade de se vedar crédito no raciocínio descrito seria a existência de uma previsão legal expressa impedindo o exercício desse direito, embora, mesmo nesta hipótese, seja possível dependendo do caso questionar a constitucionalidade da lei.
* As comissões de representantes comerciais nada mais são do que a remuneração pelo resultado obtido pela venda de produtos ou mercadorias da pessoa jurídica que representa, tendo como base de cálculo o preço do negocio jurídico.
É o relatório.
Voto
Conselheiro Waldir Navarro Bezerra
O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido n Resolução 3402-001.475 de 25 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 13839.901466/2014-27, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402-001.475):
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13839.901853/2014-63
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5945950
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3402-001.482
nome_arquivo_s : Decisao_13839901853201463.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 13839901853201463_5945950.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
dt_sessao_tdt : Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
id : 7561866
ano_sessao_s : 2018
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência, nos termos do voto da relatora, vencidos os conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula e Pedro Sousa Bispo, que entenderam ser desnecessária a diligência proposta. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz. Relatório A Contribuinte formalizou perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil PERD/COMP objetivando a restituição dos créditos escriturais de PIS e COFINS que alega ter recolhido a maior, relativos às comissões pagas aos seus representantes comerciais. O Despacho Decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal de Jundiaí, indeferiu o Pedido de Restituição por considerar inexistente o crédito, fundamentando pela aplicação do Art. 165 do Código Tributário Nacional. Inconformada com esta decisão, a recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade, julgada improcedente pela DRJ Fortaleza, através do Acórdão nº 08-038.806. Devidamente notificada desta decisão, a contribuinte interpôs o Recurso Voluntário ora em apreço, pugnando pela procedência da manifestação de inconformidade para que seja reconhecido o direito aos créditos requeridos a título de pagamento indevido ou a maior. Em síntese, a Recorrente abordou as seguintes matérias em razões de defesa: * Tem por objeto social a atividades no mercado interno e externo, sobretudo, fabricação de artefatos de cimento para uso na construção, depósitos de mercadorias para terceiros, exceto armazéns gerais e guarda-móveis, comércio atacadista especializado de materiais de construção não especificados anteriormente; fabricação de material sanitário de cerâmica; comércio varejista de ferragens e ferramentas; fabricação de válvulas, registros e dispositivos semelhantes, peças e acessórios. * Houve pedido de restituição de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS/PIS no regime não cumulativo em razão de créditos decorrentes de pagamentos de comissões para pessoas jurídicas representantes comerciais, o qual foi indeferido pela DRJ. * Fundamentou pela improcedência da glosa, demonstrando os aspectos legais e constitucionais do PIS-COFINS: artigos 149, 195, I -"b" e parágrafo 12º, 239, todos da Constituição Federal, bem como pelas seguintes legislações: Leis Complementares n. 7/70 e 70/91; Leis Ordinárias n. 9.715/95, 9.718/98, 10.637/2002, 10.833/2003. * Apresentou a hipótese de incidência tributária da seguinte forma: "O PIS/PASEP no regime cumulativo está estruturado da seguinte forma: (i) sujeito ativo: União; (ii) sujeito passivo: pessoa jurídica; (iii) critério material: faturamento de mercadorias e/ou serviços; (iv) critério quantitativo: base de cálculo (valor do faturamento) e alíquota (0,65%); (v) critério territorial: território nacional; (vi) critério temporal: faturamento mensal (critério da competência). Do mesmo modo, a COFINS no regime cumulativo tem a seguinte regra-matriz de incidência: (i) sujeito ativo: União; (ii) sujeito passivo: pessoa jurídica; (iii) critério material: faturamento de mercadorias e/ou serviços; (iv) critério quantitativo: base de cálculo (valor do faturamento) e alíquota (3%); (v) critério territorial: território nacional; (vi) critério temporal: faturamento mensal (critério da competência)." * Argumentou pelo regime da não-cumulatividade para o PIS/COFINS. * Argumentou que, diante de gastos, custo, pagamento realizado pelo contribuinte de PIS e COFINS para uma pessoa jurídica que exerça atividade econômica capaz de contribuir, de forma direta ou indireta, para a obtenção de receita daquela, há de se considerar um insumo, nos moldes do art. 3º, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003, gerando crédito para abatimento das contribuições referidas. A única possibilidade de se vedar crédito no raciocínio descrito seria a existência de uma previsão legal expressa impedindo o exercício desse direito, embora, mesmo nesta hipótese, seja possível dependendo do caso questionar a constitucionalidade da lei. * As comissões de representantes comerciais nada mais são do que a remuneração pelo resultado obtido pela venda de produtos ou mercadorias da pessoa jurídica que representa, tendo como base de cálculo o preço do negocio jurídico. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido n Resolução 3402-001.475 de 25 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 13839.901466/2014-27, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402-001.475):
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147742216192
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1585; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13839.901853/201463 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402001.482 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 25 de outubro de 2018 Assunto CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Recorrente TEGULA SOLUÇÕES PARA TELHADOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência, nos termos do voto da relatora, vencidos os conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula e Pedro Sousa Bispo, que entenderam ser desnecessária a diligência proposta. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz. Relatório A Contribuinte formalizou perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil PERD/COMP objetivando a restituição dos créditos escriturais de PIS e COFINS que alega ter recolhido a maior, relativos às comissões pagas aos seus representantes comerciais. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 39 .9 01 85 3/ 20 14 -6 3 Fl. 123DF CARF MF Processo nº 13839.901853/201463 Resolução nº 3402001.482 S3C4T2 Fl. 3 2 O Despacho Decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal de Jundiaí, indeferiu o Pedido de Restituição por considerar inexistente o crédito, fundamentando pela aplicação do Art. 165 do Código Tributário Nacional. Inconformada com esta decisão, a recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade, julgada improcedente pela DRJ Fortaleza, através do Acórdão nº 08038.806. Devidamente notificada desta decisão, a contribuinte interpôs o Recurso Voluntário ora em apreço, pugnando pela procedência da manifestação de inconformidade para que seja reconhecido o direito aos créditos requeridos a título de pagamento indevido ou a maior. Em síntese, a Recorrente abordou as seguintes matérias em razões de defesa: * Tem por objeto social a atividades no mercado interno e externo, sobretudo, fabricação de artefatos de cimento para uso na construção, depósitos de mercadorias para terceiros, exceto armazéns gerais e guardamóveis, comércio atacadista especializado de materiais de construção não especificados anteriormente; fabricação de material sanitário de cerâmica; comércio varejista de ferragens e ferramentas; fabricação de válvulas, registros e dispositivos semelhantes, peças e acessórios. * Houve pedido de restituição de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS/PIS no regime não cumulativo em razão de créditos decorrentes de pagamentos de comissões para pessoas jurídicas representantes comerciais, o qual foi indeferido pela DRJ. * Fundamentou pela improcedência da glosa, demonstrando os aspectos legais e constitucionais do PISCOFINS: artigos 149, 195, I "b" e parágrafo 12º, 239, todos da Constituição Federal, bem como pelas seguintes legislações: Leis Complementares n. 7/70 e 70/91; Leis Ordinárias n. 9.715/95, 9.718/98, 10.637/2002, 10.833/2003. * Apresentou a hipótese de incidência tributária da seguinte forma: "O PIS/PASEP no regime cumulativo está estruturado da seguinte forma: (i) – sujeito ativo: União; (ii) – sujeito passivo: pessoa jurídica; (iii) – critério material: faturamento de mercadorias e/ou serviços; (iv) – critério quantitativo: base de cálculo (valor do faturamento) e alíquota (0,65%); (v) – critério territorial: território nacional; (vi) – critério temporal: faturamento mensal (critério da competência). Do mesmo modo, a COFINS no regime cumulativo tem a seguinte regramatriz de incidência: (i) – sujeito ativo: União; (ii) – sujeito passivo: pessoa jurídica; (iii) – critério material: faturamento de mercadorias e/ou serviços; (iv) – critério quantitativo: base de cálculo (valor do faturamento) e alíquota (3%); (v) – critério territorial: território nacional; (vi) – critério temporal: faturamento mensal (critério da competência)." * Argumentou pelo regime da nãocumulatividade para o PIS/COFINS. * Argumentou que, diante de gastos, custo, pagamento realizado pelo contribuinte de PIS e COFINS para uma pessoa jurídica que exerça atividade econômica capaz Fl. 124DF CARF MF Processo nº 13839.901853/201463 Resolução nº 3402001.482 S3C4T2 Fl. 4 3 de contribuir, de forma direta ou indireta, para a obtenção de receita daquela, há de se considerar um insumo, nos moldes do art. 3º, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003, gerando crédito para abatimento das contribuições referidas. A única possibilidade de se vedar crédito no raciocínio descrito seria a existência de uma previsão legal expressa impedindo o exercício desse direito, embora, mesmo nesta hipótese, seja possível – dependendo do caso – questionar a constitucionalidade da lei. * As comissões de representantes comerciais nada mais são do que a remuneração pelo resultado obtido pela venda de produtos ou mercadorias da pessoa jurídica que representa, tendo como base de cálculo o preço do negocio jurídico. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido n Resolução 3402001.475 de 25 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 13839.901466/201427, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402001.475): "Pressupostos legais de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, devendo ser conhecido. Da necessidade de diligência para julgamento do recurso Como observado pela 5ª Turma da DRJ/FOR em decisão recorrida, a análise da questão está relacionada à classificação das comissões pagas a representantes comerciais como insumos, que geram direito ao crédito das contribuições, ou como despesas necessárias à atividade da empresa, sem vinculação ao processo produtivo e incapazes de gerar crédito na sistemática nãocumulativa. Assim alega a Contribuinte: i) Que é pessoa jurídica de direito privado e, na consecução de suas atividades comerciais, procede à contratação de representantes comerciais para escoamento de sua produção própria, sendo que tal modalidade de venda representa aproximadamente 87% do faturamento. Fl. 125DF CARF MF Processo nº 13839.901853/201463 Resolução nº 3402001.482 S3C4T2 Fl. 5 4 ii) Que a função desempenhada por tais representantes é notadamente imprescindível para sua cadeia produtiva, na medida em que estes são responsáveis pela intermediação dos negócios, com a prospecção de clientes e desenvolvimento do mercado, assim como participam diretamente no processo negocial, lançando os pedidos aceitos no sistema e formatando as cargas. Além do mais, frequentemente efetua a contratação do transporte das mercadorias vendidas. iii) Em razão do critério da essencialidade, é incontestável que os valores desembolsados quanto à atividade realizada pelos representantes comerciais devem ser entendidos como insumo na cadeia de produção e vendas dos produtos que fabrica, conformando base de cálculo para a assunção de créditos escriturais relativos às contribuições destinadas ao Programa de Integração Social (PIS) e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), já que está sujeita à sistemática de apuração nãocumulativa das referidas contribuições. Outrossim, a Recorrente apresenta em razões de recurso, o seguinte comparativo entre empresas que não possuem representantes comerciais, em especial no tocante ao direito de crédito: (i) – as pessoas jurídicas sem representante comercial terão 100% da receita para si; (ii) – já aquelas que se utilizam dos representantes não terão 100% das receitas para si, uma vez que uma parte ficará com eles a título de comissão, sendo de total plausibilidade assim o crédito par a bater PIS e COFINS. Constatase que o fundamento pelo qual a DRJ/FOR julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade se atém ao critério estabelecido pelo artigos 2º e 3º, II da Lei nº 10.637/2002, bem como da INSRF nº 247/2002. Vejamos: No presente caso, as comissões pagas aos representantes comerciais não podem ser consideradas como aplicadas ou consumidas diretamente na fabricação de bens destinados à venda. Tampouco podem ser considerados serviços adquiridos de pessoas jurídicas para a consecução das atividades principais da empresa. Assim, as comissões pagas aos representantes comerciais são despesas que não se caracterizam como insumos, não sendo admissível, portanto, a apuração de créditos relativamente a esses dispêndios. Este também é o entendimento da Solução de Consulta nº 98, da SRRF07/Disit, transcrito abaixo: (...) 17. Dessa forma, os bens e serviços que forem necessários ou essenciais para o desempenho da atividade da empresa mas que não puderem ser considerados como aplicados ou consumidos diretamente na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços não se caracterizam como “insumos”, não sendo admissível, portanto, a apuração de créditos relativamente a esses dispêndios. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 13839.901853/201463 Resolução nº 3402001.482 S3C4T2 Fl. 6 5 18. Isso distingue os “insumos” das despesas dedutíveis para efeitos de apuração da base de cálculo do Imposto de Renda, que, de acordo com o art. 299 do Decreto nº. 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99), são todas aquelas despesas necessárias, usuais e normais para as operações da empresa. (...) Isso posto, julgo improcedente a manifestação de inconformidade. Inicialmente, consignase que o contribuinte do PIS e da COFINS nãocumulativos, segundo as Leis 10.637/02, 10.833/03 e 10.865/04, tem direito de tomar créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como “insumos” na fabricação de produtos destinados à venda. De fato havia divergências quanto ao conceito de insumos aplicável às contribuições sociais. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça concluiu através do julgamento do Recurso Especial nº 1.221.170 PR, processado em sede de recurso representativo de controvérsia, que o conceito de insumo, para efeito de tomada de crédito das contribuições na forma dos artigo 3º, inciso II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerando a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. Por este precedente, o STJ declarou a ilegalidade da Instrução Normativa SRF nº 247/2002, invocada para fundamentar a decisão recorrida, bem como declarou a ilegalidade da Instrução Normativa SRF nº 404/2004, as quais restringiam o direito de crédito aos insumos que fossem diretamente agregados ao produto final, ou que se desgastassem com o contato físico com o produto ou serviço final. Outrossim, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional publicou em data de 03/10/2018 a Nota Explicativa SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF, aceitando o conceito de insumos para crédito de PIS e Cofins fixado pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme Ementa abaixo transcrita: Documento público. Ausência de sigilo. Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia. Ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Aferição do conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Tese definida em sentido desfavorável à Fazenda Nacional. Autorização para dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016. Fl. 127DF CARF MF Processo nº 13839.901853/201463 Resolução nº 3402001.482 S3C4T2 Fl. 7 6 Nota Explicativa do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2014. Em síntese, "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei 10.833/2003, são "todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes". Os critérios em referência devem ser aplicados casuisticamente, utilizandose do chamado “teste de subtração” do insumo, de modo a verificar a imprescindibilidade e a importância de determinado item para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. Neste sentido, transcrevo os itens 14 a 17 da SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF: "14. Consoante se depreende do Acórdão publicado, os Ministros do STJ adotara m a interpretação intermediária, considerando que o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Dessa forma, tal aferição deve se dar considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item para o desenvolvimento da atividade produtiva, consistente na produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços. 15. Devese, pois, levar em conta as particularidades de cada processo produtivo, na medida em que determinado bem pode fazer parte de vários processos produtivos, porém, com diferentes níveis de importância, sendo certo que o raciocínio hipotético levado a efeito por meio do “teste de subtração” serviria como um dos mecanismos aptos a revelar a imprescindibilidade e a importância para o processo produtivo. 16. Nesse diapasão, poderseia caracterizar como insumo aquele i tem – bem ou serviço utilizado direta ou indiretamente cuja subtração implique a impossibilidade da realização da atividade empresarial ou, pelo menos, cause perda de qualidade substancial que torne o serviço ou produto inútil. 17. Observase que o ponto fulcral da decisão do STJ é a definição de insumos como sendo aqueles bens ou serviços que, uma vez retirados do processo produtivo, comprometem a consecução da atividadefim da empresa, estejam eles empregados direta ou indiretamente em tal processo. É o raciocínio que decorre do mencionado “teste d e subtração” a que se refere o voto do Ministro Mauro Campbell Marques." Fl. 128DF CARF MF Processo nº 13839.901853/201463 Resolução nº 3402001.482 S3C4T2 Fl. 8 7 Superada a discussão em referência, cabe a análise quanto à configuração da essencialidade ou relevância do representante comercial às atividades desenvolvidas pela empresa. Através do atos constitutivos, é possível verificar que a Recorrente tem por objeto social as seguintes atividades: Constatase, ainda, como atividade econômica principal a fabricação de artefatos de cimento para uso na construção (CNAE 23 30302) e, por atividade econômica secundária a seguinte descrição: CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS SECUNDÁRIAS 52.11799 Depósitos de mercadorias para terceiros, exceto armazéns gerais e guardamóveis 46.79604 Comércio atacadista especializado de materiais de construção não especificados anteriormente 23.49401 Fabricação de material sanitário de cerâmica 47.44001 Comércio varejista de ferragens e ferramentas 28.13500 Fabricação de válvulas, registros e dispositivos semelhantes, peças e acessórios Por sua vez, a Contribuinte argumenta desde a Manifestação de Inconformidade que mais de 80% (oitenta por cento) das vendas de produtos que comercializa ocorre por meio de representantes comerciais autônomos, que assumem papel imprescindível na consecução da atividade comercial da empresa, representando esta modalidade de venda em aproximadamente 87% (oitenta e sete por cento) do seu faturamento. Não obstante os fundamentos que embasam as razões recursais, o fato é que neste processo administrativo não há nenhuma prova que ateste a essencialidade da representação comercial na atividade da empresa Recorrente. Todavia, considerando a recente decisão proferida em sede de repercussão geral pelo Superior Tribunal de Justiça, resultando na incidência do artigo 62, § 2º do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e, em atenção à busca pela verdade material, fazse necessária a realização de diligência para uma melhor compreensão sobre as características da atividade desenvolvida pela empresa, possibilitando identificar se as despesas em análise configuram insumos que permitam o direito ao crédito em análise. Por tais motivos, nos termos previstos pelo artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972, proponho a conversão do julgamento em diligência para que a Autoridade Fiscal da Unidade de Origem intime a Fl. 129DF CARF MF Processo nº 13839.901853/201463 Resolução nº 3402001.482 S3C4T2 Fl. 9 8 Contribuinte para apresentar nos autos a comprovação de que os serviços prestados por representantes comerciais em sua atividade empresarial são essenciais e relevantes, em especial: Notas Fiscais, Balanço Analítico, Livros Diário e Razão, bem como demais documentos que se fizerem necessários para a elucidação sobre o objeto deste litígio. Com a apresentação dos documentos pela Contribuinte e elaboração de Relatório Fiscal com os esclarecimentos necessários pela Autoridade Fiscal, intimar a Recorrente e a Fazenda Nacional do resultado da diligência para, querendo, se manifestarem no prazo de 30 (trinta) dias. Após as providências acima, com ou sem manifestação, retorne os autos a este Colegiado para julgamento." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o presente processo em diligência para que a Autoridade Fiscal da Unidade de Origem intime a Contribuinte para apresentar nos autos a comprovação de que os serviços prestados por representantes comerciais em sua atividade empresarial são essenciais e relevantes, em especial: Notas Fiscais, Balanço Analítico, Livros Diário e Razão, bem como demais documentos que se fizerem necessários para a elucidação sobre o objeto deste litígio. Com a apresentação dos documentos pela Contribuinte e elaboração de Relatório Fiscal com os esclarecimentos necessários pela Autoridade Fiscal, intimar a Recorrente e a Fazenda Nacional do resultado da diligência para, querendo, se manifestarem no prazo de 30 (trinta) dias. Após as providências acima, com ou sem manifestação, retorne os autos a este Colegiado para julgamento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 130DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.909632/2013-59
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2010
ESTIMATIVAS COMPENSADAS.
As estimativas compensadas devem integrar o ajuste anual.
IRRF. COMPROVAÇÃO.
Comprovada a retenção na fonte e o respectivo oferecimento à tributação dos rendimentos, a parcela retida deve incluir o saldo negativo correspondente.
Numero da decisão: 1302-003.235
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Maria Lúcia Miceli e Luiz Tadeu Matosinho Machado que votaram pelo sobrestamento do julgamento até a decisão final dos processos que seriam prejudiciais ao reconhecimento do direito creditório pleiteado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Cesar Candal Moreira Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: CARLOS CESAR CANDAL MOREIRA FILHO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2010 ESTIMATIVAS COMPENSADAS. As estimativas compensadas devem integrar o ajuste anual. IRRF. COMPROVAÇÃO. Comprovada a retenção na fonte e o respectivo oferecimento à tributação dos rendimentos, a parcela retida deve incluir o saldo negativo correspondente.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10880.909632/2013-59
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5945163
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1302-003.235
nome_arquivo_s : Decisao_10880909632201359.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CARLOS CESAR CANDAL MOREIRA FILHO
nome_arquivo_pdf_s : 10880909632201359_5945163.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Maria Lúcia Miceli e Luiz Tadeu Matosinho Machado que votaram pelo sobrestamento do julgamento até a decisão final dos processos que seriam prejudiciais ao reconhecimento do direito creditório pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Cesar Candal Moreira Filho - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
dt_sessao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7561530
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051147988631552
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1609; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 193 1 192 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.909632/201359 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1302003.235 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 22 de novembro de 2018 Matéria DCOMP SALDO NEGATIVO IRPJ Recorrente ITAUSA INVESTIMENTOS ITAU S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2010 ESTIMATIVAS COMPENSADAS. As estimativas compensadas devem integrar o ajuste anual. IRRF. COMPROVAÇÃO. Comprovada a retenção na fonte e o respectivo oferecimento à tributação dos rendimentos, a parcela retida deve incluir o saldo negativo correspondente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Maria Lúcia Miceli e Luiz Tadeu Matosinho Machado que votaram pelo sobrestamento do julgamento até a decisão final dos processos que seriam prejudiciais ao reconhecimento do direito creditório pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Cesar Candal Moreira Filho Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 90 96 32 /2 01 3- 59 Fl. 193DF CARF MF 2 Relatório A Recorrente apresentou Declaração de Compensação em 22/02/2011, fls. 2/8, utilizandose do crédito relativo ao saldo negativo de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) no valor de R$93.724.044,25, do anocalendário de 2010, para extinguir sob condição resolutória vários débitos. Despacho Decisório eletrônico à folha 9 reconheceu a composição do crédito informada em DComp no valor de R$75.189.312,25, não sendo confirmadas as seguintes parcelas indicadas pela Recorrente: IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE ESTIMATIVAS COMPENSADAS Em Manifestação de inconformidade a Empresa alegou que indicou erroneamente o CNPJ da Fonte pagadora e que parte dos valores retidos e recolhidos teriam sido utilizados para compensar valores de IR sobre juros sobre capital próprio por ela pagos e que os valores não foram considerados na formação do saldo negativo do anocalendário de 2010. Quanto às estimativas compensadas, informa que estão sendo discutidas nos processos nº 10880.915177/201240 e 10880.930206/201201, restando extintas por compensação. Subsidiariamente requer o sobrestamento. A 13ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto, em acórdão de 26 de janeiro de 2017, reconheceu um saldo negativo remanescente de R$17.234.254,38, tendo considerado comprovado o equívoco em relação ao CNPJ e reconhecido o valor disponível de R$12.231.421,58; mantido a desconsideração das estimativas compensadas e quanto ao IRRF sobre rendimentos de renda fixa, não considera comprovada parcela do declarado, uma vez que não foi apresentado o comprovante de rendimentos. Em sede de Recurso Voluntário, a Empresa entende que no acórdão da DRJ foram indeferidos: o crédito das estimativas compensadas (R$130.759,64); e, o IRRF, no montante de R$1.194.738,30. Alega, quanto às estimativas, que as compensações estão sendo discutidas em processos específicos e que a compensação extingue o crédito sob condição resolutória, havendo a cobrança do respectivo valor no processo de compensação. A desconsideração dos valores na composição do saldo negativo implicará dupla cobrança, caso não haja a respectiva homologação. Nesse sentido cita decisão da 1ª Turma da CSRF. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10880.909632/201359 Acórdão n.º 1302003.235 S1C3T2 Fl. 194 3 Subsidiariamente, requer o sobrestamento deste processo até o julgamento daqueles. Quanto ao IRRF sobre aplicações financeiras, informa que o valor informado nos autos a título de retenção na fonte perfaz R$92.520.113,75, dos quais 92.042.905,90 foram efetivamente reconhecidos pelo acórdão da DRJ. A diferença, no valor de R$477.207,80, decorre do IR retido pelo Itaú Unibanco S/A (CNPJ 60.701.190.000104), sob o código de retenção 3426, que injustificadamente deixou de ser informada na composição do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2010, na DComp, mas consta da DIPJ. A comprovação está acostada à Manifestação de Inconformidade (doc. 5), mas não foi objeto de análise pela DRJ. Requer a reforma total do acórdão recorrido e o reconhecimento integral do direito creditório. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Cesar Candal Moreira Filho Relator O Contribuinte foi cientificado do acórdão em 5 de maio de 2017, sextafeira, (fl. 118), tendo apresentado o recurso em 5 de junho de 2017, portanto, tempestivamente. A representação é regular, conforme instrumento de folha 130. Conheço do recurso voluntário. Quero destacar inicialmente que consta deste processo apenas a DComp 19830.68273.220211.1.7.024086, na qual é solicitado um direito creditório de R$46.449.328,60, de um crédito total de R$93.724.044,25. Já o Despacho Decisório (DD) homologou a compensação desta DComp e a de nº 34281.90153.240111.1.3.023839, homologou parcialmente a DComp 11643.91097.180211.1.7.029776 e não homologou as DComp 12098.46561.25.03.11.1.3.02 3816 e 04409.19337.200411.1.3.026621, como se vê do documento de folhas 14, reconhecendo um direito creditório de R$74.808.651,52. O acórdão recorrido reconheceu um valor adicional de R$R$ 17.234.254,38, todo relativo ao IRRF, o que dá um saldo negativo total deferido de R$92.423.568,64. Portanto, dos R$93.724.044,25 de saldo negativo requerido inicialmente, R$1.300.475,61 resta não reconhecido, sendo que R$130.759,54 se referem a estimativas compensadas e R$1.169.716,07 a IRRF não comprovado. ESTIMATIVAS COMPENSADAS Meus pares já conhecem a minha posição em relação à utilização no ajuste anual das estimativas compensadas. Assim, resumo meu fundamento à manifestação já apresentado em outros votos: Fl. 195DF CARF MF 4 No mérito, estamos tratando de uma sistemática de compensação e cobrança que vinha sendo entabulada normalmente nos procedimentos da RFB: a compensação das estimativas mensais e seu aproveitamento na composição da base negativa independentemente do resultado da DComp, uma vez que a cobrança seria realizada no processo de compensação. Ocorre que a natureza jurídica das estimativas não é de tributo, mas de antecipação deste, o que motivou a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) a emitir Pareceres que impediam a inscrição em dívida ativa dos débitos dessa natureza. Assim, todo o sistema que estava acertado deixou de ser saudável, na medida em que quebrouse a possibilidade de cobrança dos valores compensados a título de estimativa. Prevalecendo este entendimento só seria aceitável a utilização das estimativas compensadas na composição da base negativa após a homologação da compensação. Registrese, contudo, que no anocalendário de 2010 a polêmica ainda não tinha sido estabelecida, pois foi com a edição do Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 que a inscrição em dívida ativa dos débitos declarados em DComp relativos às estimativas foi vedada. Naquele ano ainda vigorava o aproveitamento, na formação do saldo negativo de CSLL , das estimativas compensadas, cobráveis que eram no próprio processo de compensação. Em 2014 foi emitido o Parecer PGFN/CAT nº 88 que assim concluiu sobre a possibilidade de cobrança dos valores de estimativas compensadas: Em síntese, os questionamentos levantados na consulta oriunda da Secretaria da Receita Federal do Brasil devem ser respondidos nos seguintes termos: a) Entendese pela possibilidade de cobrança dos valores decorrentes de compensação não homologada, cuja origem foi para extinção de débitos relativos a estimativa, desde que já tenha se realizado o fato que enseja a incidência do imposto de renda e a estimativa extinta na compensação tenha sido computada no ajuste; b) Propõese que sejam ajustados os sistemas e procedimentos para que fique claro que a cobrança não se trata de estimativa, mas de tributo, cujo fato gerador ocorreu ao tempo adequado e em relação ao qual foram contabilizados valores da compensação não homologada, a fim de garantir maior segurança no processo de cobrança. Desta forma, a cobrança das estimativas compensadas foi viabilizada no Parecer, já que, nas circunstância nele descritas, os créditos tributário inadimplidos seriam inscritos em dívida ativa. A 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) já se manifestou a respeito em julgado posterior ao referido Parecer 18, Acórdão 9101002.493 de 23 de novembro de 2016, da relatoria do I. Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP.DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10880.909632/201359 Acórdão n.º 1302003.235 S1C3T2 Fl. 195 5 imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Importa salientar que das soluções possíveis, portanto, para as declarações de compensação cujos débitos de estimativa integram o saldo negativo, não há, em nenhuma delas, prejuízo para o Erário, pois: (i) se homologada a compensação o crédito relativo à estimativa é extinto; (ii) se não for homologada a compensação os valores serão cobrados no próprio processo de compensação. Por outro lado, na ótica do contribuinte, o mesmo não ocorre, haja vista que na eventual exclusão da estimativa compensada do saldo negativo ele poderá ser alvo de dupla cobrança: no processo de compensação da estimativa (não homologada) e no processo de compensação do saldo negativo que a incluía. Assim dou provimento ao recurso quanto às estimativas compensadas. IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE No que concerne ao IRRF, a Recorrente aduz "conforme apontado pela Recorrente na manifestação de inconformidade, o valor comprovado nos autos a título de retenção de IR, perfaz o montante de R$92.520.113,75, dos quais R$92.042.905,90 foram efetivamente reconhecidos no r. acórdão da DRJ". Informa que a diferença, de R$477.207,80 decorre de valor comprovado que deixou de constar na DComp, injustificadamente. E, ao final requer a reforma total do acórdão, requerendo o reconhecimento da integralidade do crédito pleiteado. À folha 45 dos autos se vê que no informe de rendimentos que há o valor referido pelo Recorrente e que este não está declarado na composição do saldo negativo da DComp (fl. 4). O investimento do qual decorreu o IRRF é compatível com o valor declarado em "Outras Receitas Financeiras" (linha 23 da ficha 06A da DIPJ), no valor de R$89.041.224,76, como constou do acórdão recorrido. Portanto, em relação ao valor apontado, de R$477.207,80, resta confirmado o equívoco de não informálo na DComp, pelo que, uma vez comprovado, deve ser reconhecido. Todavia, embora o solicitado em recurso voluntário tenha sido reconhecido (estimativas compensadas de R$130.759,64 e IRRF de R$477.207,80), isto não implica reconhecimento do direito creditório total como, de forma temerária, requereu o Recorrente. Partindo de uma premissa falaciosa, a de que teria comprovado determinado valor de fonte, ao invés de partir da premissa relativa ao total do IRRF requerido na composição da base de cálculo, concluiu a Requerente que faria juz a todo o direito creditório, e assim formulou seu pedido, o que até poderia ter sido deferido no caso de pequena desatenção do julgador. Assim, feitas essas considerações, dou provimento ao recurso voluntário, reconhecendo como válidos e integrantes da ajuste anual de IRPJ 2010 os montantes de R$130.759,64, relativo às estimativas compensadas, e R$477.207,80, relativo ao IRRF sobre investimento em Letras Financeiras do Tesouro, que deverão ser a adicionados valores já reconhecidos anteriormente. Fl. 197DF CARF MF 6 É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Cesar Candal Moreira Filho Relator Fl. 198DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.900617/2016-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2011
DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte.
ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil.
MULTA E JUROS DE MORA.
Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108.
Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.758
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2011 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 11020.900617/2016-81
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944183
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3402-005.758
nome_arquivo_s : Decisao_11020900617201681.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 11020900617201681_5944183.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
id : 7559507
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:00 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148062031872
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1835; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.900617/201681 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402005.758 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de outubro de 2018 Matéria DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COFINS Recorrente KEKO ACESSORIOS S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2011 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicandose o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 90 06 17 /2 01 6- 81 Fl. 168DF CARF MF Processo nº 11020.900617/201681 Acórdão n.º 3402005.758 S3C4T2 Fl. 0 2 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente, rejeitando as preliminares da defesa e não homologando as compensações apresentadas por não reconhecer o direito creditório postulado. O Despacho Decisório considerou que o crédito informado no PER/DCOMP foi parcialmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, restando saldo disponível inferior ao crédito pretendido, insuficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Em manifestação de inconformidade alegou preliminarmente a Contribuinte que é legítima detentora de créditos apresentados para compensação originados de pagamentos realizados de maneira indevida ou a maior e o despacho decisório, que não reconheceu o direito creditório e deixou de homologar a compensação deve ser declarado nulo em razão de: i)Ausência de fundamentação, resultando em desvio de finalidade na busca pela verdade material, uma vez que não foi diligenciado para aferição do crédito pleiteado e não intimou a Contribuinte a prestar informações; Fl. 169DF CARF MF Processo nº 11020.900617/201681 Acórdão n.º 3402005.758 S3C4T2 Fl. 0 3 ii) É dever da Autoridade fiscal, por aplicação do artigo 7º do Decreto nº 70.235/72, instruir o procedimento fiscal, como a solicitação de informações ao Contribuinte, apreensão de documentos fiscais, diligências até a sede da Empresa, entre outros expedientes; iii) Não foi respeitado o contraditório, o devido processo legal e a ampla defesa. No mérito, alegou a Contribuinte que: iv) Deve ser possibilitada posterior juntada de documentos que comprovem as alegações trazidas em manifestação de inconformidade, em respeito ao princípio administrativo da verdade material, possibilitando a comprovação do direito creditório; v) É ilegal e inconstitucional a multa aplicada sobre o montante do tributo devido, devendo ser aplicados os princípios constitucionais do não confisco, razoabilidade e proporcionalidade; vi) O percentual de multa aplicado para o caso de descumprimento de obrigação principal, mesmo que expressamente previsto na legislação pertinente, deveria sempre guardar proporção com o valor da prestação tributária exigida, bem como adequarse e/ou assemelharse aos novos critérios de aplicação de multas estabelecidos para as relações contratuais que envolvem questões de direito privado. O Acórdão nº 02073.148 manteve o despacho decisório. Regularmente cientificada desta decisão, a Recorrente interpôs tempestivamente o Recurso Voluntário ora em apreço, onde repisa os argumentos expostos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.753, de 24 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 11020.900612/201658, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402005.753): "Pressupostos legais de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, devendo ser conhecido. Fl. 170DF CARF MF Processo nº 11020.900617/201681 Acórdão n.º 3402005.758 S3C4T2 Fl. 0 4 Preliminar A Recorrente alega preliminarmente que o despacho decisório é nulo por não ser fundamentado e ferir os princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e devido processo legal, resultando em desvio de finalidade. Sem razão. Está correta a decisão recorrida ao concluir pela aplicação do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Com a detida análise dos autos é possível constatar que tanto o PERD/COMP, quanto a Manifestação de Inconformidade e o Recurso Voluntário, não estão instruídos com documentos passíveis de corroborar com as alegações da defesa. Ao invés de comprovar a certeza e liquidez ou, ainda, proceder à retificação da DCTF, demonstrando a suficiência do direito creditório para contrapor ao despacho decisório que não homologou a compensação, a Recorrente cingiuse em alegar a ausência das razões da não homologação, invocando os Princípios Constitucionais do Contraditório, Ampla Defesa e Devido Processo Legal, atribuindo o ônus da prova à Autoridade Fazendária. Ao contrário do que alega a Recorrente, aplicase o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito. Neste sentido, a 4ª Câmara da 1ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais proferiu o Acórdão nº 3401003.907, acatando por unanimidade o voto do Conselheiro Relator Augusto Fiel Jorge D'Oliveira ao negar provimento ao Recurso Voluntário interposto no Processo Administrativo Fiscal nº 13832.000095/9970, conforme Ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1991 a 30/06/1992 ÔNUS DA PROVA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ARTIGO 170 DO CTN. Em processos que decorrem do indeferimento de pedido de restituição/compensação, o ônus da prova recai sobre o contribuinte, que deverá apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito (artigo 170, do CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 171DF CARF MF Processo nº 11020.900617/201681 Acórdão n.º 3402005.758 S3C4T2 Fl. 0 5 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário interposto. Transcrevese abaixo parte do fundamento que embasou o respeitável voto do julgado acima citado: Em se tratando de pedido de restituição combinado com pedido de compensação, é ônus do contribuinte provar que possui o direito de crédito e no montante por ele alegado, o que implica a guarda da documentação necessária para tanto não pelo prazo de 5 (cinco) anos da realização dos pagamentos, como pretende ver reconhecido o Recorrente, mas até o encerramento da discussão administrativa ou judicial em que pretende ver aquele direito de crédito reconhecido. Nesse sentido, vejam os dispositivos legais a seguir: CTN: "Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram". (grifos nossos) Lei nº 10.406, de 2002 (Código Civil): "Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados" . (grifos nossos) Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99): "Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 4º). (...) Art.923.A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em Fl. 172DF CARF MF Processo nº 11020.900617/201681 Acórdão n.º 3402005.758 S3C4T2 Fl. 0 6 preceitos legais. (DecretoLei nº1.598, de 1977, art. 9º, §1º)". (grifos nossos) Neste caso, não se aplicam as hipóteses de nulidade previstas pelo artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972, uma vez que tanto o despacho decisório, quanto o acórdão recorrido estão motivados pela ausência de crédito suficiente para compensação com os débitos declarados. E não há que se falar em preterição do direito de defesa da Contribuinte. Portanto, afasto as preliminares invocadas no recurso em análise. Mérito Princípio da Verdade Material A Recorrente invoca o Princípio da Verdade Material para alegar que deveria o Agente Fiscal apurar os fatos independentemente de suposições ou indícios, possibilitando à manifestante a posterior juntada de documentos para comprovar o direito creditório. Com efeito, a busca pela verdade material deve prevalecer, possibilitando ao Contribuinte apresentar todos os meios de provas necessários para comprovação de seu direito. No entanto, é da Contribuinte o ônus da prova passível de contrapor a constatação de utilização dos créditos declarados para compensação, o que não ocorreu no presente caso, pois a Recorrente não apresentou qualquer documento passível de comprovar o direito alegado, tampouco procedeu à Retificação da DCTF no prazo concedido para manifestação de inconformidade. O Artigo 37 da Lei nº 9.430/1996 prevê que "Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios". Reiterase a aplicação do artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, bem como a incidência do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Neste sentido, citase o Acórdão nº 3302005.292, proferido pela 3ª Câmara da 2ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Tribuna Administrativo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 Fl. 173DF CARF MF Processo nº 11020.900617/201681 Acórdão n.º 3402005.758 S3C4T2 Fl. 0 7 DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO. O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios. COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA.. IMPRESCINDIBILIDADE DA NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E Fl. 174DF CARF MF Processo nº 11020.900617/201681 Acórdão n.º 3402005.758 S3C4T2 Fl. 0 8 ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omitese de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, inequivocamente, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDAE. Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Fl. 175DF CARF MF Processo nº 11020.900617/201681 Acórdão n.º 3402005.758 S3C4T2 Fl. 0 9 Recurso Voluntário Negado. Da alegação de Inaplicabilidade da multa em face do Princípio Constitucional do Não Confisco e dos Princípios Administrativos da Razoabilidade e da Proporcionalidade. A Recorrente questiona a multa aplicada, alegando tratarse de penalidade confiscatória, ilegal e inconstitucional. Alega que: O valor lançado a título de multa, flagrantemente ilegal como a seguir demonstrarseá, é manifestamente excessivo, ferindo, desta maneira o princípio constitucional do não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade. Neste contexto, é princípio básico que a pena, no caso a multa aplicada em face de infrações, não pode ultrapassar os estritos limites da lei – ou ainda, do direito como um todo valendo para o caso específico do direito tributário, a definição legal do tributo como insuscetível de servir como instrumento de penalização do contribuinte. (...) De outra banda, importa consignar que as obrigações acessórias, entre elas a multa, podem ter duas naturezas, sendo uma tributária e, neste caso, converterse em principal, e a outra de natureza punitiva, que, ipso jure, convertese também em principal. No primeiro caso, o que era princípio na legislação esparsa, convertese em mandamento constitucional e legal impeditivo da bitributação com a mesma base de cálculo, vedando o bis in idem a partir do mesmo fato gerador, expresso no art. 150, I da CF/88, antes focado. Ora ainda que tolerado durante a vigência da Constituição anterior e ainda que contrário ao princípio da tributação, o Código Tributário Nacional, como antes dito, mandava converter a obrigação acessória, qualquer que fosse sua natureza, administrativa ou punitiva, em obrigação principal. Contudo, a tolerância tinha origem na idéia de que a obrigação principal art. 113, 3º, do CTN surge com a ocorrência do fato gerador, e tinha por objeto não apenas o pagamento do tributo, mas também a penalidade pecuniária. (...) Assim, a multa em questão é totalmente inexigível, uma vez que fere explicitamente os princípios legais e constitucionais Fl. 176DF CARF MF Processo nº 11020.900617/201681 Acórdão n.º 3402005.758 S3C4T2 Fl. 0 10 acima referidos, devendo ser reformado o acórdão recorrido também neste ponto. Ocorre que o artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 é taxativo ao estabelecer a fixação de juros de mora e multa: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. A multa aplicada atende ao limite de 20% (vinte por cento) estabelecido pelo § 2º acima transcrito. Portanto, não há que se alegar caráter confiscatório, tampouco ausência de razoabilidade e proporcionalidade. Por outro lado, incide a Súmula CARF nº 2, uma vez que este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Taxa Selic A Recorrente questiona a aplicação da Taxa Selic na correção do crédito tributário, argumentando pela ilegalidade do cálculo de juros moratórios sobre débitos tributários. Não assiste razão à Recorrente, considerando a incidência da Súmula CARF 108, que assim dispõe: Súmula CARF nº 108 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Fl. 177DF CARF MF Processo nº 11020.900617/201681 Acórdão n.º 3402005.758 S3C4T2 Fl. 0 11 Portanto, deve ser mantida a decisão recorrida. Dispositivo Ante o exposto, conheço o Recurso Voluntário, rejeito as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGO PROVIMENTO para manter na íntegra o acórdão recorrido. " Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 178DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.000994/2004-84
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004
RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO.
Tendo o acórdão paradigma restringido a sua análise da matéria a quais bens ou serviços enquadram-se no conceito de insumos, segundo a legislação do IPI, para fins de creditamento do PIS/Pasep não-cumulativo, não se estabelece com a decisão recorrida a necessária divergência jurisprudencial, pois não se trava a discussão quanto à previsão expressa contida no inciso II do art. 3º, da Lei n.º 10.637/2002.
Numero da decisão: 9303-007.680
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. Tendo o acórdão paradigma restringido a sua análise da matéria a quais bens ou serviços enquadram-se no conceito de insumos, segundo a legislação do IPI, para fins de creditamento do PIS/Pasep não-cumulativo, não se estabelece com a decisão recorrida a necessária divergência jurisprudencial, pois não se trava a discussão quanto à previsão expressa contida no inciso II do art. 3º, da Lei n.º 10.637/2002.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 11020.000994/2004-84
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944361
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 9303-007.680
nome_arquivo_s : Decisao_11020000994200484.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : VANESSA MARINI CECCONELLO
nome_arquivo_pdf_s : 11020000994200484_5944361.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
dt_sessao_tdt : Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
id : 7559893
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148192055296
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1268; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 417 1 416 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11020.000994/200484 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303007.680 – 3ª Turma Sessão de 21 de novembro de 2018 Matéria PIS/Pasep Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MADARCO S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. Tendo o acórdão paradigma restringido a sua análise da matéria a quais bens ou serviços enquadramse no conceito de insumos, segundo a legislação do IPI, para fins de creditamento do PIS/Pasep nãocumulativo, não se estabelece com a decisão recorrida a necessária divergência jurisprudencial, pois não se trava a discussão quanto à previsão expressa contida no inciso II do art. 3º, da Lei n.º 10.637/2002. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 09 94 /2 00 4- 84 Fl. 417DF CARF MF Processo nº 11020.000994/200484 Acórdão n.º 9303007.680 CSRFT3 Fl. 418 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (efls. 319 a 369), com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, buscando a reforma do Acórdão nº 330200.179 (efls. 307 a 311) proferido pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 18 de setembro de 2009, no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. OUTRAS DESPESAS. Por falta de previsão legal, não geram direito ao crédito do PIS/Cofins as despesas realizadas ou incorridas que não se enquadrem no conceito de insumo, exceto as previstas na legislação. Também não geram direito a crédito as despesas que não forem comprovadas por meio de documentação hábil e idônea. COMBUSTÍVEL E LUBRIFICANTES USADO NA PRODUÇÃO. DIREITO AO CRÉDITO. As despesas com a aquisição de combustíveis, inclusive o GLP, e os lubrificantes usados no processo produtivo da adquirente dão direito ao crédito do PIS/Cofins nãocumulativos. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da SEGUNDA TURMA ORDINÁRIA da TERCEIRA CÂMARA da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO do CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito ao crédito nas aquisições de GLP. (grifouse) Fl. 418DF CARF MF Processo nº 11020.000994/200484 Acórdão n.º 9303007.680 CSRFT3 Fl. 419 3 Não resignada em parte com a decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial (efls. 319 a 369) alegando divergência jurisprudencial quanto ao conceito de insumos para fins de utilização de créditos das contribuições para o PIS e a COFINS na sistemática da nãocumulatividade, defendendo que apenas podem ser considerados insumos para fins de cálculo do crédito do PIS nãocumulativo aqueles elencados no art. 3º da Lei nº 10.637/2002 combinado com o art. 66 da IN SRF nº 464/2004, adotando a tese da definição de “insumos” prevista na legislação do IPI. Nessa linha, sustenta não ser possível o creditamento de PIS e COFINS com relação às aquisições de gás GLP para empilhadeiras e lubrificantes para máquinas industriais, pois não se incorporam ao produto final. Para comprovar a divergência, colacionou como paradigma o acórdão n.º 20312.448 que, diversamente da decisão recorrida, adota como conceito de “insumo” a tese trazida na legislação do IPI. A Recorrente aduz ainda, em apertadas linhas, com base no conceito de insumos da legislação do IPI, para se considerar combustíveis e lubrificantes como insumos, é necessário que estes sejam empregados diretamente na fabricação dos produtos destinados à venda, e desde que não contabilizados pelo contribuinte no seu ativo permanente, que sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, ou por ele diretamente sofrida, alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas. Por fim, pede o provimento do recurso especial com a reforma do acórdão recorrido no ponto atacado. Nos termos do despacho n.º 330000.075, de 12 de fevereiro de 2014 (efls. 410 a 413), foi dado seguimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, por ter sido entendida como comprovada a divergência jurisprudencial, com base no Acórdão paradigma n.º 20312.448, quanto ao conceito de insumo para utilização dos créditos na apuração do PIS e da COFINS na sistemática da nãocumulatividade, mais especificamente quanto ao direito ao crédito de PIS/Pasep nas aquisições de GLP e lubrificantes para máquinas industriais. Cientificada a Contribuinte (efl. 416), não foram apresentadas contrarrazões. O presente processo foi distribuído a essa Relatora, estando apto a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Fl. 419DF CARF MF Processo nº 11020.000994/200484 Acórdão n.º 9303007.680 CSRFT3 Fl. 420 4 Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando analisarse o atendimento aos demais requisitos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015 (anteriormente Portaria MF n.º 256/2009). No acórdão recorrido, a Turma a quo afastou a glosa relativa aos créditos de PIS/Pasep nãocumulativo decorrente das aquisições de combustíveis gás GLP para as empilhadeiras e lubrificantes para as máquinas industriais, com base no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002, que expressamente prevê a possibilidade de exclusão dos referidos itens da base de cálculo do PIS desde que utilizados na fabricação dos bens, restando superada a discussão quanto ao seu enquadramento no conceito de insumos. Para elucidar a assertiva, transcrevese trecho da decisão de parcial provimento do recurso voluntário, combatida no recurso especial da Fazenda Nacional, in verbis: [...] A recorrente defende que o gás usado em empilhadeira e o lubrificante usado na manutenção de máquinas são insumos, no que a decisão recorrida discorda. Sobre este tema, o inciso II, do art. 3º, da Lei n.º 10.637/2002, e alterações posteriores (Leis nº 10.684/03 e 10.865/04), assim dispõe: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (grifei). Da leitura atenta deste dispositivo legal há que se concluir que a condição para descontar o crédito sobre combustíveis e lubrificantes é que eles sejam usados na fabricação de bens ou Fl. 420DF CARF MF Processo nº 11020.000994/200484 Acórdão n.º 9303007.680 CSRFT3 Fl. 421 5 produtos, estando superada a discussão se os mesmos são ou não insumos. A Lei determina que os mesmos sejam assim tratados. No caso concreto, não vejo como negar o crédito sobre o gás (GLP) usado em empilhadeira e o lubrificante para máquinas porque estes equipamentos (máquinas e empilhadeira) são usados no processo de produção de artefatos de madeira. Poderseia questionar que a empilhadeira não é equipamento usado na fabricação de artefatos de madeira. No entanto, pelo que disse a recorrente, no que concordo, este equipamento é usado pára a movimentação de matériaprima dentro da empresa, indispensável e integrante do processo produtivo. 0 fato de também ser usada para movimentar produtos acabados, ao meu ver, não excluir o direito ao crédito. Por seu turno, o lubrificante usado na manutenção de máquinas deve ter o mesmo tratamento das peças de reposição que, inquestionavelmente, geram direito a crédito. [...] Portanto, os argumentos que embasaram a concessão do direito ao crédito passam ao largo da discussão quanto ao conceito de insumos, pois se restringem à disposição contida no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002 e na condição de que os combustíveis e lubrificantes sejam utilizados na fabricação dos bens, requisitos verificados no caso dos autos. A Fazenda Nacional, por meio do seu recurso especial, busca reverter o julgado com relação à concessão dos créditos decorrentes das aquisições de GLP e lubrificantes para máquinas, atacando, no entanto, argumento diverso daquele utilizado pelo acórdão recorrido. A divergência jurisprudencial suscitada e comprovada pela Procuradoria referese ao conceito de insumos, defendendo aplicarse aquele mais restrito decorrente da legislação do IPI. Nesse sentido é a argumentação desenvolvida em sua peça recursal, bem como o acórdão n.º 203 12.448, indicado como paradigma, cuja ementa segue abaixo transcrita, in verbis: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/07/2003 IPI. CRÉDITOS. Geram o direito ao crédito, bem como compõem a base cálculo do crédito presumido, além dos que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários, stricto sensu, e material de embalagem), e os artigos que se consumam durante o processo produtivo e que não faça parte do ativo permanente, mas que nesse consumo continue guardando uma relação intrínseca com o conceito stricto sensu de matériaprima ou produto intermediário: exercer na operação de industrialização um contato físico Fl. 421DF CARF MF Processo nº 11020.000994/200484 Acórdão n.º 9303007.680 CSRFT3 Fl. 422 6 tanto entre uma matériaprima e outra, quanto da matériaprima com o produto final que se forma. PIS/PASEP. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. GLOSA PARCIAL. O aproveitamento dos créditos do PIS no regime da não cumulatividade há que obedecer às condições especificas ditadas pelo artigo 3° da Lei n° 10.637, de 2002, c/c o artigo 66 da IN SRF n° 247, de 2002, com as alterações da IN SRF n° 358, de 2003. Incabíveis, pois, créditos originados de gastos com seguros (incêndio, vendaval etc), material de segurança (óculos, jalecos, protetores auriculares), materiais de uso geral (buchas para máquinas, cadeado, disjuntor, calço para prensa, catraca, correias, cotovelo, cruzetas, reator para lâmpada), peças de reposição de máquinas, amortização de despesas operacionais, conservação e limpeza, manutenção predial. Recurso negado. Portanto, tendo o acórdão paradigma restringido a sua análise da matéria a quais bens ou serviços enquadramse no conceito de insumos, segundo a legislação do IPI, para fins de creditamento do PIS/Pasep nãocumulativo, não se estabelece com a decisão recorrida a necessária divergência jurisprudencial, pois não se trava a discussão quanto à previsão expressa contida no inciso II do art. 3º, da Lei n.º 10.637/2002. Além disso, verificase dos itens tratados na decisão paradigmática não estarem dentre os mesmos combustíveis (gas GLP) e lubrificantes para máquinas, evidenciandose ainda mais a ausência de divergência jurisprudencial. Diante do exposto, não se conhece do recurso especial da Fazenda Nacional. É o voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 422DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000739/2008-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. MOMENTO DA VERIFICAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 103.
A Portaria MF nº 63/2017 elevou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades promovida pelas Delegacias Regionais de Julgamento para dar ensejo à interposição válida de Recurso de Ofício.
Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
Ainda que, quando da prolatação de Acórdão que cancela determinada exação, a monta exonerada enquadrava-se na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa.
Numero da decisão: 1402-003.528
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 15521.000284/2009-79, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2003 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. MOMENTO DA VERIFICAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº 63/2017 elevou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades promovida pelas Delegacias Regionais de Julgamento para dar ensejo à interposição válida de Recurso de Ofício. Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Ainda que, quando da prolatação de Acórdão que cancela determinada exação, a monta exonerada enquadrava-se na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 15586.000739/2008-11
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944332
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1402-003.528
nome_arquivo_s : Decisao_15586000739200811.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO MATEUS CICCONE
nome_arquivo_pdf_s : 15586000739200811_5944332.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 15521.000284/2009-79, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
id : 7559819
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148321030144
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1805; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 2 1 1 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15586.000739/200811 Recurso nº 1 De Ofício Acórdão nº 1402003.528 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 18 de outubro de 2018 Matéria CONHECIMENTO RECURSAL Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado OFFICE MASTER DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS DE INFORMATICA LTDA ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. MOMENTO DA VERIFICAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº 63/2017 elevou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades promovida pelas Delegacias Regionais de Julgamento para dar ensejo à interposição válida de Recurso de Ofício. Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Ainda que, quando da prolatação de Acórdão que cancela determinada exação, a monta exonerada enquadravase na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 15521.000284/200979, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente Substituto e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 07 39 /2 00 8- 11 Fl. 1121DF CARF MF Processo nº 15586.000739/200811 Acórdão n.º 1402003.528 S1C4T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio. Relatório Trata de Recurso de Ofício oposto em face do cancelamento de exações sofridas pela Contribuinte, promovido pela DRJ a quo, dando provimento às razões de Impugnação opostas contra o lançamento de ofício procedido. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.484, de 18/10/2018, proferido no julgamento do Processo nº 15521.000284/2009 79, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.484): "Inicialmente, analisando os requisitos de admissibilidade do Recurso de Ofício, constatase que tal apelo foi tirado de v. Acórdão que exonerou débito tributário (considerando, aqui, principal e multas) em monta inferior ao atual valor de alçada que propiciaria seu manejo e consequente conhecimento por este E. CARF. Posto isso, tal montante está abaixo do mínimo de R$ 2.500.000,00 fixados pela Portaria MF nº 63/2017, acarretando no seu não conhecimento, considerandose definitivamente exonerado tal crédito fiscal, nos precisos termos e limites da r. decisão da DRJ a quo. Fl. 1122DF CARF MF Processo nº 15586.000739/200811 Acórdão n.º 1402003.528 S1C4T2 Fl. 4 3 Tais circunstâncias e ocorrência também atraem a incidência da Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Como se extrai de tal entendimento sumular plenamente vigente deste E. Conselho, ainda que quando da prolatação do v. Acórdão recorrido a monta do débito cancelado enquadravase na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador de 2ª Instância administrativa. In casu, como mencionado, tal evento ocorre após a vigência Portaria MF nº 63/2017, não havendo mais justificativa e motivação para o conhecimento recursal. Diante de todo o exposto, voto por não conhecer do Recurso de Ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103, conforme voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 1123DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.724778/2013-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005
NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA.
Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou-se a extinção do crédito tributário pela decadência.
Numero da decisão: 2401-005.861
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005 NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou-se a extinção do crédito tributário pela decadência.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10680.724778/2013-82
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944157
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2401-005.861
nome_arquivo_s : Decisao_10680724778201382.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CLEBERSON ALEX FRIESS
nome_arquivo_pdf_s : 10680724778201382_5944157.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada).
dt_sessao_tdt : Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
id : 7559450
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:33:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148383944704
conteudo_txt : Metadados => date: 2018-12-12T19:45:36Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-12-12T19:45:36Z; Last-Modified: 2018-12-12T19:45:36Z; dcterms:modified: 2018-12-12T19:45:36Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2018-12-12T19:45:36Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-12-12T19:45:36Z; meta:save-date: 2018-12-12T19:45:36Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-12-12T19:45:36Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-12-12T19:45:36Z; created: 2018-12-12T19:45:36Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; Creation-Date: 2018-12-12T19:45:36Z; pdf:charsPerPage: 1488; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-12-12T19:45:36Z | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 693 1 692 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.724778/201382 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401005.861 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 7 de novembro de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS LANÇAMENTO SUBSTITUTIVO DECADÊNCIA Recorrente M.I. MONTREAL INFORMÁTICA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005 NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou se a extinção do crédito tributário pela decadência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 47 78 /2 01 3- 82 Fl. 693DF CARF MF Processo nº 10680.724778/201382 Acórdão n.º 2401005.861 S2C4T1 Fl. 694 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada). Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (DRJ/JFA), por meio do Acórdão nº 0963.972, de 14/07/2017, cujo dispositivo considerou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido (fls. 650/659): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 31/05/2005 VÍCIO FORMAL. AUTO DE INFRAÇÃO SUBSTITUTIVO. Vício formal se caracteriza nos elementos extrínsecos do ato administrativo. O novo auto de infração deve ser efetuado com os mesmos elementos do anterior, a menos do fato irregular efetuado e tem, por prazo de decadência, o previsto no art. 173, II do CTN. Impugnação Improcedente Extraise do Relatório Fiscal, às fls. 60/75, que o processo administrativo é composto do Auto de Infração (AI) nº 37.410.6061, relativo à contribuição previdenciária patronal (20%) incidente sobre valores pagos pela empresa a seus empregados a título de "despesas diversas", nas competências 07/2001 a 05/2005. Segundo o agente fazendário, o auto de infração teve por finalidade a substituição da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) nº 37.004.8601, controlada no Processo nº 35301.013534/200690, que foi tornada nula em razão da constatação de vício formal, conforme decidido no Acórdão nº 20500.872, de 05/08/2008, prolatado pela Quinta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. Os pagamentos de despesas diversas em benefício de segurados empregados foram constatados nas contas contábeis "Custos Recursos Humanos Custos Vinculados a Recursos Humanos Outros Custos" (4.7.5.91) e "Despesas administrativas Recursos Humanos Custos Vinculados a Recursos Humanos Outras Despesas" (5.7.5.91), para as quais a pessoa jurídica deixou de apresentar os respectivos documentos indispensáveis à análise da natureza dos dispêndios. Por tais motivos, e com base nos documentos constantes do Processo nº 35301.013534/200690, a fiscalização considerou os desembolsos efetuados pela empresa Fl. 694DF CARF MF Processo nº 10680.724778/201382 Acórdão n.º 2401005.861 S2C4T1 Fl. 695 3 como salário indireto pago a segurado empregado, integrante da base de cálculo das contribuições previdenciárias. A falta de apresentação de documentos justificou o levantamento do crédito tributário por arbitramento, mediante aferição indireta, a partir dos registros da contabilidade. A autuada tomou ciência do auto de infração, por via postal, em 16/12/2013, tendo impugnado a exigência fiscal (fls. 302 e 312/321). Intimada da decisão de primeira instância em 09/08/2017, data em que efetuou consulta no endereço eletrônico atribuído pela administração tributária, a empresa autuada protocolou recurso voluntário no dia 08/09/2017, em que aduz os seguintes argumentos de fato e de direito (fls. 660/663 e 664/677): (i) ao contrário do que afirmou a decisão de piso, o lançamento original não foi anulado por vício formal, mas em função do cerceamento do direito de defesa da recorrente; (ii) em diversos acórdãos, sobre os mesmos fatos, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais se pronunciou pela existência de vício material, ante a impossibilidade de apresentação de documentos e a prestação de esclarecimentos úteis à ação fiscalizatória; (iii) considerando que o lançamento fiscal em discussão diz respeito a obrigações tributárias do período de 07/2001 a 05/2005, há que se reconhecer a extinção do crédito tributário pela decadência; e (iv) alternativamente, mesmo que o lançamento substitutivo não estivesse fulminado pela decadência, houve nítido cerceamento do direito de defesa da recorrente ao constituir o crédito tributário por arbitramento, na medida em que o único documento exigido pela fiscalização para a lavratura do auto de infração foi a última alteração do contrato social da recorrente. É o relatório. Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Fl. 695DF CARF MF Processo nº 10680.724778/201382 Acórdão n.º 2401005.861 S2C4T1 Fl. 696 4 Decadência Como se observa da narrativa acima, tratase de lançamento substitutivo relativo às competências de 07/2001 a 05/2005, com ciência do auto de infração pelo sujeito passivo em 16/12/2013. Quanto ao lançamento original, que compõe o Processo nº 35301.013534/2006 90, apenso aos autos, em nenhum momento as decisões administrativas explicitaram a natureza do vício, se formal ou material, que levou à decretação da nulidade da NFLD nº 37.004.8601. Em contrapartida, se reconheceu o cerceamento do direito de defesa do contribuinte na realização de auditoria em endereço diverso do seu domicílio tributário. Com efeito, toda a celeuma instaurouse com a exigência de documentos pela fiscalização previdenciária em estabelecimento da empresa distinto daquele eleito como seu local centralizador, a partir de orientação dada pela ProcuradoriaGeral Federal, à época responsável pela área de assessoramento e consultoria em matéria jurídica no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desde o início do procedimento fiscal, nos anos de 2005/2006, a empresa questionou a determinação do agente fazendário para apresentação de documentos na sua filial da cidade do Rio do Janeiro, em razão de que o seu domicílio fiscal, conforme indicado no respectivo contrato social, localizavase no estabelecimento sede no município de Rio das Flores (RJ). Posteriormente ao término da ação fiscal, no processo autuado originalmente sob o nº 2003.51.01.0224300, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF/2ª Região) proferiu decisão, transitada em julgado, em que considerou procedente o pedido da empresa, ora recorrente, para declarar como domicílio tributário a sua sede, na Rua Capitão Jorge Soares nº 04, município de Rio da Flores (RJ). Além de vincular a Administração Tributária, a declaração de validade do domicílio eleito pelo sujeito passivo, conforme acórdão do TRF/2ª Região, acarretou a ilegalidade do atos praticados pela fiscalização que, desprovidos de justificação válida, desconsideraram o estabelecimento da empresa localizado no município de Rio das Flores (RJ) como aquele onde a pessoa jurídica deveria manter os elementos necessários aos procedimentos fiscais, com obrigação legal de disponibilizálos à fiscalização sempre que solicitados. A postura do agente fiscal em exigir a apresentação dos documentos em estabelecimento, ainda que da mesma empresa, localizado em município diverso do eleito pelo contribuinte como centralizador, no qual estava a documentação necessária e suficiente à fiscalização integral, configura, após a avaliação do caso concreto, evidente prejuízo ao autuado. Não foi outro o entendimento do Acórdão nº 20500.872, de 05/08/2008, da Quinta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, ao julgar o recurso voluntário no Processo nº 35301.013534/200690. Para melhor compreensão do decidido, reproduzo excertos do votocondutor do acórdão (fls. 76/88): (...) Fl. 696DF CARF MF Processo nº 10680.724778/201382 Acórdão n.º 2401005.861 S2C4T1 Fl. 697 5 11. No caso sob exame temos que o sujeito passivo, logo após a ciência dos MPF e TIAD, manifestouse através de requerimento sobre o domicílio tributário eleito, apontando alteração de seus atos constitutivos e informando que sua documentação se encontrava no estabelecimento centralizador eleito. 12. A resposta ao requerimento se limitou a negar o pleito do contribuinte, sem entretanto justificar devidamente a recusar nas hipóteses do §2°, do art. 127, do codex tributário, ou seja, qual hipótese legal, impossibilidade ou dificuldade para a realização da ação fiscal. (...) 14. No entanto, ao se sujeitar a fiscalização integralmente aos argumentos trazidos pela Procuradoria do INSS, sem mencionar a hipótese para a recusa do domicílio tributário eleito e, após, demonstrála, o órgão fiscalizador assumiu que prevaleceria o desfecho do processo judicial, isto é, quando a sentença transitasse em julgado. Entendo que, equivocadamente, aplicou se ao caso o disposto no artigo 126, §3° da Lei n° 8.213/91 combinado com o artigo 307 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99: (...) 15. E digo equivocadamente porque se desejasse fazer uso da prerrogativa de recusar o domicílio eleito pelo sujeito passivo, caberia ao fisco tão somente demonstrar a ocorrência de uma das hipóteses previstas no citado artigo 127, §2° do CTN, j á que não havia à época tutela judicial que o impedisse. Ao fazêla apenas sob o argumento de que havia discussão sobre a matéria em processo judicial, o órgão fiscalizador adotou, desnecessariamente, postura de verdadeira submissão ao seu desfecho. 16. Registrese, porque importante que deve ser reconhecido o cerceamento do direito de defesa, o que acabou se evidenciando através das autuações por falta de documentos e recusa em prestar esclarecimentos além dos inúmeros lançamentos por arbitramento, todos realizados com enorme gravame para o sujeito passivo. 17. Sem falar que ficou prejudicado o direito da empresa em acompanhar a ação fiscal e prestar os esclarecimentos necessários, o que denota clara afronta aos preceitos constitucionais garantidores da ampla defesa e do contraditório. 18. Por fim, diante de todo o exposto e uma vez transitada em julgado a sentença reconhecendo que o domicílio tributário e estabelecimento centralizador do recorrente está situado na Rua Capitão Soares, 04 Rio das Flores Volta Redonda/RJ, somente resta a este órgão administrativo julgador acatar a decisão judicial e, conseqüentemente, a preliminar ora examinada, restando prejudicado o exame de mérito. Fl. 697DF CARF MF Processo nº 10680.724778/201382 Acórdão n.º 2401005.861 S2C4T1 Fl. 698 6 CONCLUSÃO 19. Assim, voto pela anulação do lançamento. (...) Dessa decisão administrativa, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional interpôs recurso especial na forma regimental, que foi negado provimento, conforme Acórdão nº 920201.446, de 12/04/2011, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 90/95). Como assentado na doutrina e jurisprudência, o lançamento substitutivo decorrente de vício formal deve pautarse nos mesmos elementos de prova do procedimento anterior, mediante o saneamento do defeito do instrumento de constituição do crédito tributário, ficando vedada, por outro lado, qualquer inovação no próprio lançamento. No entanto, o lançamento anterior, consubstanciado na NFLD nº 37.004.8601, foi anulado em decorrência do cerceamento do direito de defesa do sujeito passivo, evidenciado pela exigência do crédito tributário com fundamento na falta de apresentação de documentação pela empresa para demonstrar a inexistência de natureza remuneratória das parcelas pagas. Em tal hipótese de invalidade, o lançamento substitutivo não é executável sem alteração do conteúdo do lançamento, porque, antes de mais nada, sob pena de acarretar um outro cerceamento de defesa, a autoridade fiscal deve oportunizar ao contribuinte, no seu domicílio tributário, a apresentação de todos os documentos e informações necessários à atividade fiscalizatória, para só depois, se for o caso, proceder ao novo lançamento. É de se notar, portanto, que no caso em apreço não se reconheceu a existência de vício formal, na medida em que o defeito do lançamento, segundo a decisão no Processo nº 35301.013534/200690, afetou a própria fundamentação em que se sustentou a imputação infracional. De fato, a conduta fiscal não implicou tão somente desrespeito às normas atinentes à realização de procedimento de auditoria, concentradas que são, via de regra, no estabelecimento centralizador da empresa. É inegável que o vício no procedimento fiscal tem relação direta com os fundamentos adotados para a autuação, haja vista que o lançamento de ofício estava escorado na existência de conduta omissiva da empresa na apresentação de documentação comprobatória, autorizando a lei ordinária a constituição do crédito previdenciário, com inversão do ônus probatório quanto à natureza não remuneratória das parcelas apuradas pelo agente fiscal (art. 33, § 3º, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991). Em razão disso, a falha do lançamento original está associada ao conteúdo do ato e, desse modo, a mácula atinge a própria motivação do ato administrativo, configurando um vício material. O lançamento fiscal controlado no Processo nº 35301.013534/200690 revelou vício intrínseco, na sua origem, que contaminou o fundamento do arbitramento por ausência de apresentação de documentação comprobatória da natureza das despesas diversas pagas em Fl. 698DF CARF MF Processo nº 10680.724778/201382 Acórdão n.º 2401005.861 S2C4T1 Fl. 699 7 benefício dos segurados empregados, de modo que a validade do lançamento fiscal somente era possível a partir da edição de um novo ato administrativo com alteração de conteúdo (motivação). Nesse cenário, o prazo decadencial para o novo lançamento não se submete à regra do inciso II do art. 173 do Código Tributário Nacional (CTN), veiculado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, como acatado pelo colegiado de primeira instância, que se posicionou pela existência de vício formal. Na hipótese de vício material, como ora se cuida, a contagem do prazo decadencial para o novo lançamento segue a disciplina do § 4º do art. 150 ou do inciso I do art. 173, ambos do CTN. Em qualquer das duas regras, levandose em consideração que o AI nº 37.410.6061, lavrado em substituição à NFLD nº 37.004.8601, diz respeito a fatos geradores do período de 07/2001 a 05/2005, com ciência do lançamento fiscal pelo sujeito passivo no dia 16/12/2013, é forçoso reconhecer a extinção do crédito tributário, em virtude da decadência quinquenal (art. 156, inciso V, do CTN). Não obstante o reconhecimento da decadência, acrescento que mesmo na hipótese de vício formal e, portanto, um lançamento substitutivo dentro do prazo de cinco anos da data em que se tornou definitiva a decisão que anulou o lançamento anteriormente efetuado, o que se cogita apenas para fins de raciocínio, também não prospera o presente lançamento fiscal. É que, de acordo com os termos de intimação carreados aos autos pela própria fiscalização, o único documento exigido do contribuinte para a lavratura do AI nº 37.410.6061 foi a última alteração do contrato social. Nada mais foi pedido pela autoridade fiscal, segundo consta, lastreando o lançamento tributário exclusivamente nos fatos verificados no procedimento anterior (fls. 35/43). Assim sendo, avultase, novamente, o cerceamento do direito de defesa, dado que a fiscalização justificou o lançamento com base na omissão do contribuinte na apresentação de documentos e/ou informações, sem oferecer a oportunidade para a sua exibição e/ou prestar esclarecimentos. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário e DOULHE PROVIMENTO, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 699DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001957/2006-24
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
MULTAS REGULATÓRIAS. INDEDUTIBILIDADE.
Descumprir as normas de natureza não tributárias, regulatórias de setor econômico específico, não pode ser considerado da essência da atividade empresarial, logo, não se pode acatar a idéia de que o pagamento destas sanções se insere no conceito de despesas necessárias à atividade da empresa só pelo fato de que o seu eventual não pagamento desautorizaria a continuidade da prestação do serviço. A dedução das multas administrativas das bases de cálculo dos tributos resultaria em verdadeiro benefício, eis que a empresa repassaria para a Administração Pública, e em maior extensão, para a sociedade brasileira, parte dos custos pela sua desídia, o que ofenderia o sistema jurídico vigente, na medida em que a pena não pode passar da pessoa do infrator.
Numero da decisão: 9101-003.875
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa e Luis Fabiano Alves Penteado, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Caio César Nader Quintella (suplente convocado) e Adriana Gomes Rego (Presidente).
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2001 MULTAS REGULATÓRIAS. INDEDUTIBILIDADE. Descumprir as normas de natureza não tributárias, regulatórias de setor econômico específico, não pode ser considerado da essência da atividade empresarial, logo, não se pode acatar a idéia de que o pagamento destas sanções se insere no conceito de despesas necessárias à atividade da empresa só pelo fato de que o seu eventual não pagamento desautorizaria a continuidade da prestação do serviço. A dedução das multas administrativas das bases de cálculo dos tributos resultaria em verdadeiro benefício, eis que a empresa repassaria para a Administração Pública, e em maior extensão, para a sociedade brasileira, parte dos custos pela sua desídia, o que ofenderia o sistema jurídico vigente, na medida em que a pena não pode passar da pessoa do infrator.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 16327.001957/2006-24
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944356
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 9101-003.875
nome_arquivo_s : Decisao_16327001957200624.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : ANDRE MENDES DE MOURA
nome_arquivo_pdf_s : 16327001957200624_5944356.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa e Luis Fabiano Alves Penteado, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Caio César Nader Quintella (suplente convocado) e Adriana Gomes Rego (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
id : 7559880
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148446859264
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1713; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 5.193 1 5.192 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 16327.001957/200624 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101003.875 – 1ª Turma Sessão de 6 de novembro de 2018 Matéria IRPJ DEDUTIBILIDADE DE DESPESAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado BANCO SANTANDER BRASIL S/A ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 MULTAS REGULATÓRIAS. INDEDUTIBILIDADE. Descumprir as normas de natureza não tributárias, regulatórias de setor econômico específico, não pode ser considerado da essência da atividade empresarial, logo, não se pode acatar a idéia de que o pagamento destas sanções se insere no conceito de despesas necessárias à atividade da empresa só pelo fato de que o seu eventual não pagamento desautorizaria a continuidade da prestação do serviço. A dedução das multas administrativas das bases de cálculo dos tributos resultaria em verdadeiro benefício, eis que a empresa repassaria para a Administração Pública, e em maior extensão, para a sociedade brasileira, parte dos custos pela sua desídia, o que ofenderia o sistema jurídico vigente, na medida em que a pena não pode passar da pessoa do infrator. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa e Luis Fabiano Alves Penteado, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 19 57 /2 00 6- 24 Fl. 5193DF CARF MF Processo nº 16327.001957/200624 Acórdão n.º 9101003.875 CSRFT1 Fl. 5.194 2 (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Caio César Nader Quintella (suplente convocado) e Adriana Gomes Rego (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial (efls. 4904/4916) interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ("PGFN") em face do Acórdão nº 1401001.793 (efls. 4850/4902), da sessão de 15 de fevereiro de 2017, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, que deu provimento parcial ao recurso voluntário. O Termo de Constatação elaborado pela autoridade autuante fiscal tipificou as infrações (1) perdas na realização de créditos, (2) despesas com participação em lucros ou resultados, (3) despesas com multas regulamentares e (4) glosas de despesas não comprovadas. Foram lavrados autos de infração de IRPJ e CSLL (efls. 519/531) com multa de ofício de 75%. Foi apresentada impugnação pela Contribuinte. A 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento São Paulo I (efls. 1564/1602), no Acórdão nº 1614.536, julgou os lançamentos fiscais procedentes. Foi interposto pela Contribuinte recurso voluntário. A 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento deu provimento parcial ao recurso, nos termos da ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. ADIÇÃO AO LUCRO LÍQUIDO. Não comprovada o observância dos requisitos legais de dedutibilidade, a perda registrada deverá ser adicionada ao lucro líquido para determinação do lucro real. Comprovado os requisitos em alguns caso, devese cancelar a autuação. GRATIFICAÇÃO A EMPREGADOS. A pessoa jurídica pode deduzir a gratificação aos empregados como custo ou despesa Fl. 5194DF CARF MF Processo nº 16327.001957/200624 Acórdão n.º 9101003.875 CSRFT1 Fl. 5.195 3 operacional, apenas no período de apuração em que se der o efetivo pagamento. DESPESAS NÃO COMPROVADAS. Devem ser adicionadas ao lucro real as despesas não comprovadas por documentação hábil e idônea, mormente quando o julgamento foi convertido em diligência por 3(três) vezes, sem que a Recorrente lograsse êxito na prova necessária para ilidir a autuação. PROVA. DESCONSTITUIÇÃO. Para um conjunto de documentos e alegações se caracterizarem como força para desconstituir uma prova dos autos não é bastante trazer informações de forma desarticuladas e incompletas, pois devem estar perfeitamente articuladas e conectadas com o auto de infração que se deseja infirmar. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula nº 4 do CARF). MULTAS APLICADAS PELO BACEN. DEDUTIBILIDADE. É da natureza da prática empresarial submeterse ao imponderável, inclusive no âmbito dos deveres jurídicos. Para o exercício de atividades econômicas, é absolutamente necessário atirarse num vasto campo do imprevisível e suportar as suas conseqüências, inclusive aquelas de índole punitiva. Na verdade, podemos dizer com a mais absoluta segurança que é praticamente impossível, em muitos setores econômicos, conseguir guiar um empreendimento sem arcar com multas impostas pela administração pública. O risco faz parte do negócio, e suas conseqüências também, inclusive aquelas de cunho pecuniário punitivo. Desse modo, das multas impostas pela Administração Pública correlatas ao exercício da atividade do empresário, apenas aquelas decorrentes do descumprimento de obrigações tributárias principais não são dedutíveis em razão de expressa previsão legal (§ 5º, art. 41, Lei nº 8.981/95). LANÇAMENTOS DECORRENTES. O decidido quanto à infração que, além de implicar o lançamento de IRPJ, implica o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) também se aplica a este outro lançamento naquilo em que for cabível. (...) Acordam os membros do Colegiado, em DAR provimento PARCIAL ao recurso, nos seguintes termos: I) Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL para cancelar da primeira infração o valor referente a todos os casos de créditos até R$ 5.000,00 (cinco mil reais) vencidos há mais de 6(seis), nos termos do voto do relator; II) Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso em relação as multas por infrações não Fl. 5195DF CARF MF Processo nº 16327.001957/200624 Acórdão n.º 9101003.875 CSRFT1 Fl. 5.196 4 tributárias. Vencidos Antonio Bezerra Neto (Relator), Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Abel Nunes de Oliveira Neto. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor; e III) Por unanimidade de votos, NEGAR provimento em relação às demais matérias relacionadas às despesas não comprovadas e glosa de despesas com Participação nos Lucros ou Resultados. A PGFN interpôs recurso especial, para devolver ao litígio apenas a matéria "despesas com multas regulamentares". Apresentou como paradigmas os acórdãos nº 1803 001.784 e 9101002.196. No mérito, aduz que seria inconcebível que despesas com multas fiscais ou não fiscais fossem consideradas operacionais e, consequentemente, dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, vez que não seriam necessárias ou usuais para as realizações e transações operacionais do contribuinte. Cita o Parecer Normativo CST nº 61/1979 e jurisprudência do CARF para lastrear os argumentos. Refuta fundamentação da decisão recorrida de que o insucesso no emprego de determinados gastos seria inerente ao risco negocial de qualquer atividade econômica e por isso não serviria para transformar tal despesa por ato antijurídico em despesa operacional, discorrendo que tal entendimento implicaria em perverter a lógico e o bom senso jurídico, vez que seria equiparar o comportamento ilícito, que origina uma multa, ao comportamento lícito, que gera riqueza e agrega valor, o que não seria admissível. Requer pelo provimento do recurso especial. Despacho de exame de admissibilidade (efls. 4920/4927) deu seguimento ao recurso especial. Foram opostos embargos de declaração (efls. 4958/4968) pela Contribuinte, aduzindo ocorrência de contradições e omissão na decisão recorrida. Posteriormente, foi apresentada petição de desistência (efls. 5091/5093), em razão de adesão ao Programa Especial de Regularização Tributária PERT (MP nº 783, de 2017). Consignou a Contribuinte por desistir de forma expressa e irrevogável dos Embargos de Declaração opostos em 21/07/2017, bem como da interposição de eventuais novos recursos e renunciar às alegações de direito sobre as quais se fundamentaram as discussões no presentes processo administrativo, em relação aos débitos remanescentes após a decisão proferida pelo E. CARF, conforme "Demonstrativo de Débito" e respectiva memória de cálculo, anexos à Intimação 569/2017 (...). Na conclusão, requereu pelo seguimento normal dos autos em relação ao recurso especial interposto pela PGFN. A Contribuinte também apresentou contrarrazões em face do recurso especial da PGFN (efls. 5044/5061). Em preliminar, protesta pelo não conhecimento do recurso, pela ausência de similitude fática entre a decisão recorrida e os paradigmas. Sobre o paradigma nº 1803001.784, aduz que se trata de uma decisão sucinta e genérica de quatro laudas que não apresenta nenhum detalhe sobre o caso concreto. Ainda, o redator ad hoc, designado para formalizar a decisão, desvinculouse completamente da análise da decisão. Assim, diante da impossibilidade de verificação da semelhança entre as decisões, o acórdão paradigma nº 1803 001.784 tornarseia inapto à demonstração da divergência. E, ainda que se apreciasse a decisão, nos autos do paradigma o contribuinte "não atribui caráter compensatório às multas que deram origem à autuação", enquanto que no presente caso, no recurso voluntário, a contribuinte atribuiu às multas precisamente tal natureza compensatória. A respeito do paradigma nº 9101002.196, a decisão centrouse sobre indedutibilidade de multas aplicadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica "ANEEL" contra a Light Serviços de Eletricidade S/A Light, enquanto que os presentes autos tratam de multas aplicadas pelo BACEN. Não Fl. 5196DF CARF MF Processo nº 16327.001957/200624 Acórdão n.º 9101003.875 CSRFT1 Fl. 5.197 5 obstante a ANEEL e o BACEN serem autarquias, a Light é uma concessionária de serviço público que é contratada pelo Poder Público para a prestação de serviços ligados à distribuição de energia elétrica à população, e a Contribuinte é uma instituição financeira de atividade econômica privada, tendo a decisão paradigma partido da premissa de que a Light era concessionária de serviço público para fundamentar o voto. Quanto ao mérito, mostrase inquestionável a possibilidade de se deduzir multas aplicadas pelo BACEN, tendo em vista a correta apreciação de dedutibilidade parte da verificação de cada caso concreto, em especial a essência da despesa comparada à atividade empresarial da pessoa jurídica. No caso concreto, todas as despesas objeto de multa são relacionadas às atividades de investimento e captação de recursos, tendo ocorrido em razão de equívocos cometidos no exercício da atividade empresarial, razão pela qual se amoldam aos requisitos previstos pelo art. 299 do RIR/99, tanto que estão registradas em conta contábil da COSIF que refletem a natureza operacional dos eventos. Ademais, os autos tratam de multas de natureza compensatória, independente de serem tributárias ou não, ao contrário do que restou decidido na DRJ e entende a PGFN no recurso especial. Requer pelo não conhecimento do recurso especial da PGFN, e, caso não seja esse o entendimento, pugna, a título argumentativo, no mérito, pelo não provimento do recurso especial. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. Em relação à admissibilidade, protesta a Contribuinte pelo não conhecimento do recurso especial da PGFN, por falta de similitude fática entre os dois paradigmas apresentados, nº 1803001.784 e 9101002.196. A respeito do paradigma nº 9101002.196, transcrevo a ementa: MULTAS ADMINISTRATIVAS. INDEDUTIBILIDADE. Descumprir as normas estabelecidas para o setor elétrico não pode ser considerado da essência da atividade empresarial, logo, não se pode acatar a idéia de que o pagamento destas sanções se insere no conceito de despesas necessárias à atividade da empresa só pelo fato de que o seu eventual não pagamento desautorizará a continuidade da prestação do serviço. A dedução das multas administrativas das bases de cálculo dos tributos resultaria em verdadeiro benefício, eis que a empresa repassaria para a Administração Pública, e maior extensão, para a sociedade brasileira, parte dos custos pela sua desídia, o que ofenderia o sistema jurídico vigente, na medida em que a pena não pode passar da pessoa do infrator. Não obstante ter o paradigma tratado de multa reguladora aplicada por órgão fiscalizador do setor elétrico, entendo que o racional da decisão se estende para todas as Fl. 5197DF CARF MF Processo nº 16327.001957/200624 Acórdão n.º 9101003.875 CSRFT1 Fl. 5.198 6 penalidades aplicadas em razão de descumprimento de normas regulamentares de determinado setor econômico, seja de telecomunicações, exploração de recursos naturais (por exemplo, mineração, petróleo, recursos hídricos), financeiro (como no caso dos autos), dentre outros. Independente da opção do Estado em participar de determinado setor econômico, de maneira direta ou indireta, é certo que exerce a função reguladora, nos termos dos arts. 174 e 175 da Constituição Federal de 1988. A depender do setor econômico, o exercício de regulação, que envolve, inclusive, atividades administrativas fiscalizatórias que impõem sanções a determinadas condutas, é efetuado por determinado órgão. Nesse contexto, o art. 192 da Lei Maior trata da regulação do sistema financeiro nacional, que tem como órgão normativos, dentre outros, o Conselho Monetário Nacional, sendo o Banco Central do Brasil BACEN entidade supervisora de operadores como as instituições financeiras, bancos de câmbio e outros intermediários financeiros e administradores de recursos. Observase, portanto, que o controle exercido para o setor financeiro parte das mesmas premissas reguladoras adotadas para os demais setores da economia. Assim, não obstante a decisão do paradigma tratar de multa reguladora imposta pela setor elétrico, seus fundamentos amoldamse aos fatos postos nos presentes autos. Os órgãos reguladores prezam pela adequada prestação de serviços à comunidade, estabelecendo pontos de controle, metas, visando assegurar a operação com qualidade e segurança, independe do setor econômico sob tutela. O acórdão paradigma ainda apresenta um outro fundamento para decisão, destacado pelo despacho de exame de admissibilidade: No caso do paradigma, Acórdão nº 9101002.196, chegouse a conclusão que a dedução das multas administrativas das bases de cálculo dos tributos resultaria em verdadeiro benefício, pois a empresa repassaria para a Administração Pública, e maior extensão, para a sociedade brasileira, parte dos custos pela sua desídia, o que ofenderia o sistema jurídico vigente, na medida em que a pena não pode passar da pessoa do infrator. O paradigma deixa claro sua indignação com a possibilidade de se beneficiar a empresa infratora na medida em que as multas fossem compartilhadas com a coletividade, permitindo que a penalidade não fosse respondida pelo infrator. Tal conclusão amoldase, como nitidez, a qualquer atividade econômica exercida. Voto, portanto, no sentido de conhecer do recurso especial em relação ao paradigma nº 9101002.196. Em relação ao outro paradigma nº 1803001.784, apesar de a decisão ter sido proferida de forma objetiva e sucinta, e formalizada por redator ad hoc, tais elementos não retiram a sua eficácia. A formalização por redator ad hoc é prevista no Regimento Interno do CARF (Anexo II, art. 17, inciso III)1, e ocorre em casos extraordinários, quando o relator original não 1 Art. 17. Aos presidentes de turmas julgadoras do CARF incumbe dirigir, supervisionar, oordenar e orientar as atividades do respectivo colegiado e ainda: (...) Fl. 5198DF CARF MF Processo nº 16327.001957/200624 Acórdão n.º 9101003.875 CSRFT1 Fl. 5.199 7 se encontra no órgão (CARF) no momento de formalização da decisão. No entanto, tal procedimento em nenhum momento retira a legitimidade do acórdão. O relatório da decisão delimita com clareza o litígio: No Termo de Verificação Fiscal (fls.26/34), parte integrante dos Autos de Infração, lêse que o interessado, na apuração do lucro real, e da base de cálculo da CSLL, deduziu despesas com multas aplicadas pelo Banco Central do Brasil Bacen, nos valores de R$ 44.827,73 (anocalendário de 2004) e R$ 29.026,56 (anocalendário de 2005), que são indedutíveis, por serem “multas punitivas e não compensatórias”. São multas regulatórias aplicadas pelo BACEN, assim como nos presentes autos, no qual se discute a dedutibilidade, pautandose a decisão sob a premissa de que são normas de natureza não tributária. A ementa traduz o entendimento do Colegiado sobre a questão: MULTAS PUNITIVAS DE NATUREZA NÃO TRIBUTÁRIA. INDEDUTIBILIDADE. São indedutíveis do cálculo do lucro real as multas por transgressões a normas de natureza não tributária. O que se observa é que, caso se aplicasse os fundamentos da decisão paradigma, a decisão recorrida seria reformada. Resta demonstrada, portanto, a divergência na interpretação da legislação tributária. Assim, também com base no paradigma nº 1803001.784, o recurso especial deve ser conhecido. Voto, portanto, no sentido de conhecer do recurso especial da PGFN. Passo ao exame do mérito. A matéria devolvida consiste em apreciar se multas regulamentares, de natureza não tributária, aplicada por órgãos reguladores, são dedutíveis ou não da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. No Termo de Constatação, parte integrante do auto de infração, estão relacionadas as despesas com multas regulatórias: b) Multas inadimplência com venda de ações, contas internas 630772, R$8.611,82. Tratamse de multas aplicadas pela Bolsa de Valores pelo descumprimento de uma obrigação. São aplicadas pela Bolsa de Valores quando há ocorrências com a liquidação de ações; c) Multas BACEN Administrativas conta interna 366559, R$ 212.417,27. Tratamse de multas aplicadas pelo Banco Central do Brasil Bacen, impostas na grande maioria dos casos pelo descumprimento de obrigação acessória; III designar redator ad hoc para formalizar decisões já proferidas, nas hipóteses em que o relator original esteja impossibilitado de fazêlo ou não mais componha o colegiado; Fl. 5199DF CARF MF Processo nº 16327.001957/200624 Acórdão n.º 9101003.875 CSRFT1 Fl. 5.200 8 d) Multas s/ dev. Cheques Agências, conta interna 241612, R$1.459.199,98. Tratamse de multas aplicadas pelo Banco Central do Brasil Bacen, pela devolução de cheques; e) Multas c/ Op. Bolsas Ações, conta interna 637454, R$ 1.070,51. Tratamse de multas aplicadas pela Bolsa de Valores pelo descumprimento de uma obrigação. São aplicadas pela Bolsa de Valores quando o Banco deixa de entregar os títulos ao comprador quando da venda. f) Multas Câmbio Importação, conta interna 653303, R$ 32.678,06. Tratamse de multas aplicadas pelo Banco Central do Brasil — Bacen, impostas na grande maioria dos casos pelo descumprimento de obrigação acessória. Discorre a autoridade autuante: Quanto à essas despesas, sua dedutibilidade é incompatível com o ordenamento jurídico, por serem desnecessárias. E nem poderia ser diferente, pois o ordenamento jurídico não pode admitir que a falta de zelo de cuidados que devem ser requeridos do homem comum , tenha como conseqüência a redução da base de cálculo tributária. Essas despesas dizem respeito a: a) falta de cuidado no cumprimento de obrigações diante do Órgão Regulador da atividade financeira (o Banco Central); b) falta de cuidado objetivo dos agentes das instituições financeiras em não examinar a correta data de vencimento de títulos; c) falta de cumprimento de uma obrigação assumida perante a Bolsa de Valores. Sobre a dedutibilidade de multas de natureza não tributária, transcrevo art. 41, da Lei nº 8.981, de 1995: Art. 41. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência. (...) § 5º Não são dedutíveis como custo ou despesas operacionais as multas por infrações fiscais, salvo as de natureza compensatória e as impostas por infrações de que não resultem falta ou insuficiência de pagamento de tributo. Vale dizer que a redação da norma é a mesma de dispositivos normativos anteriores que tratavam da apuração do lucro real, o § 4º do art. 16 do Decretolei nº 1.598, de 1977 e § 5º do art. 7º da Lei nº 8.541, de 1992. Como se pode observar, o dispositivo prescreve que são indedutíveis multas por infrações fiscais, com as seguintes exceções: aquelas penalidades de natureza compensatória e as impostas por infrações que não resultem falta ou insuficiência de pagamento de tributo. Ou seja, a norma autoriza a dedução apenas para as multas por infrações fiscais que sejam de natureza compensatória e para aquelas relativas a infrações que não resultem em falta ou insuficiência de pagamento de tributo. Ou seja, discussão sobre natureza compensatória, ou falta/insuficiência de pagamento de tributo, diz Fl. 5200DF CARF MF Processo nº 16327.001957/200624 Acórdão n.º 9101003.875 CSRFT1 Fl. 5.201 9 respeito apenas a multas por infrações fiscais, situação não tratada no caso concreto, de multas relativas a infrações não fiscais. O gráfico ilustra a hipótese em que a dedutibilidade é permitida, estritamente para a hipótese delineada no círculo em destaque (sublinhado): Não encontra previsão, na lei, a dedutibilidade de despesas relativas a infrações de natureza não fiscal. Não por acaso, em relação às multas relativas a natureza não tributária, a Receita Federal se manifestou pela sua não dedutibilidade. O Parecer Normativo CST nº 61, de 23 de outubro de 1979, da CoordenaçãoGeral do Sistema de Tributação manifestouse sobre a redação dada pelo § 4º do art. 16 do Decretolei nº 1.598, de 1977 (como já dito, mantido pelas leis posteriores nº 8.541, de 1992 e nº 8.981, de 1995: MULTAS POR INFRAÇÃO DE LEI NÃO TRIBUTÁRIA 6. Multas por infração de lei não tributária 6.1 O § 4º, do art. 16, do DecretoLei nº 1.598/77 diz respeito especificamente às multas impostas pela legislação tributária. A ele são estranhas as multas decorrentes de infração a normas de natureza não tributaria, tais como as leis administrativas (Trânsito, SUNAB, etc.), penais, trabalhistas, etc. 6.2 Por refugirem ao alcance da norma específica, essas multas caem nas malhas do preceito geral inscrito no art. 162 do Regulamento do Imposto de Renda/75, o qual condiciona a dedutibilidade das despesas a que elas sejam necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. Ora, é inadmissível entender que se revistam desses atributos despesas relativas a atos e omissões, proibidos e Fl. 5201DF CARF MF Processo nº 16327.001957/200624 Acórdão n.º 9101003.875 CSRFT1 Fl. 5.202 10 punidos por norma de ordem pública. Assim, as multas impostas por transgressões de leis de natureza não tributaria serão indedutíveis. O entendimento encontrase disposto na IN SRF nº 390, de 2004, sendo mantido nas instruções normativas posteriores, inclusivo pela vigente IN RFB nº 1.700, de 2017: DA DEDUÇÃO DE TRIBUTOS E MULTAS (...) Art. 132. Não são dedutíveis na apuração do lucro real e do resultado ajustado as multas por infrações fiscais, salvo as de natureza compensatória e as impostas por infrações de que não resultem falta ou insuficiência de pagamento de tributo. Art. 133. As multas impostas por transgressões de leis de natureza não tributária são indedutíveis como custo ou despesas operacionais. Assim, por não encontrarem amparo em requisito de dedutibilidade específico, as multas de natureza não tributária submetemse à regra geral prevista no art. artigo 47 da Lei 4.506, de 1964 (art. 299 RIR/99): Art. 47. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da emprêsa e a manutenção da respectiva fonte produtora. § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da emprêsa. § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da emprêsa. Não há como considerar de natureza operacional uma multa aplicada por órgão regulador que vem tutelar precisamente o atendimento de requisitos necessários para uma adequada execução das atividades da empresa. Ora, se a pessoa jurídica não atendeu a requisitos mínimos estabelecidos em legislação específica, cujo atendimento se reveste de essencialidade incontestável, tanto que o descumprimento é penalizado com imposição de multa, não há que se falar que se trata de um mero "descuido", "inerente" ao risco da atividade empresarial. Risco de atividade empresarial diz respeito à adequação ou não do produto ou serviços prestados no mercado, no sentido de que as despesas e custos possam resultar em receitas em montante superior ao valor investido. Risco referese à percepção de lucro ou prejuízo. Na realidade, o órgão regulador, ao dispor sobre atos regulamentares, vem buscar uma prestação de serviços adequada e estabelecer mecanismos de controle visando o regular funcionamento da atividade. Não há como se desqualificar exigência do órgão Fl. 5202DF CARF MF Processo nº 16327.001957/200624 Acórdão n.º 9101003.875 CSRFT1 Fl. 5.203 11 regulador, por mais "formal" que possa parecer. Não se fala em conduta dolosa ou culposa, mas sim em infração com caráter objetivo. Autorizar a dedutibilidade de despesas de tal natureza implicaria em compartilhar com a sociedade a penalidade imposta em razão do não atendimento de norma imposta pelo órgão regulador que visa precisamente preservar a mesma sociedade, no sentido de garantir um serviço ou produto com padrões mínimos de segurança e qualidade. Vale reproduzir novamente as constatações da autoridade tributária sobre as multas aplicadas: 1) falta de cuidado no cumprimento de obrigações diante do Órgão Regulador da atividade financeira (o Banco Central); 2) falta de cuidado objetivo dos agentes das instituições financeiras em não examinar a correta data de vencimento de títulos; 3) falta de cumprimento de uma obrigação assumida perante a Bolsa de Valores. Restaria consumado o paradoxo: a empresa não atende a requisitos mínimos regulatórios que existem justamente para permitir uma adequada entrega de produto e serviços para a sociedade, a empresa dá causa à penalidade, e a penalização pelo descumprimento é dividida por toda a sociedade, que não deu causa à conduta irregular da empresa. Haveria o compartilhamento da penalidade, entre o infrator que deu causa e o cidadão que não deu causa. A discussão já foi enfrentada no Acórdão nº 9101002.1962, no caso em relação ao setor elétrico, com a seguinte ementa: MULTAS ADMINISTRATIVAS. INDEDUTIBILIDADE. Descumprir as normas estabelecidas para o setor elétrico não pode ser considerado da essência da atividade empresarial, logo, não se pode acatar a idéia de que o pagamento destas sanções se insere no conceito de despesas necessárias à atividade da empresa só pelo fato de que o seu eventual não pagamento desautorizará a continuidade da prestação do serviço. A dedução das multas administrativas das bases de cálculo dos tributos resultaria em verdadeiro benefício, eis que a empresa repassaria para a Administração Pública, e maior extensão, para a sociedade brasileira, parte dos custos pela sua desídia, o que ofenderia o sistema jurídico vigente, na medida em que a pena não pode passar da pessoa do infrator. 2 Julgamento realizado pela 1ª Turma da CSRF, em 1º de fevereiro de 2016, com o seguinte resultado: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidas as Conselheiras Cristiane Silva Costa e Daniele Souto Rodrigues Amadio (Suplente Convocada). (...) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rego, Luís Flávio Neto, André Mendes De Moura, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal De Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Daniele Souto Rodrigues Amadio (Suplente Convocada). Ausente, justificadamente, a Conselheira Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente)." Fl. 5203DF CARF MF Processo nº 16327.001957/200624 Acórdão n.º 9101003.875 CSRFT1 Fl. 5.204 12 Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao recurso especial da PGFN. (assinatura digital) André Mendes de Moura Fl. 5204DF CARF MF
score : 1.0