Busca Facetada
Turma- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,669)
- 3ª SEÇÃO (15,669)
- Câmara Superior de Recurs (15,669)
- IPI- processos NT- créd.p (135)
- PIS - proc. que não vers (81)
- Cofins - ação fiscal (tod (76)
- IPI- processos NT - ressa (76)
- PIS - ação fiscal (todas) (59)
- II/IE/IPIV - ação fiscal (51)
- IPI- ação fiscal- insuf. (37)
- II/IE/IPIV - ação fiscal (29)
- IPI- ação fiscal - penali (26)
- Finsocial -proc. que não (24)
- DCTF_PIS - Auto eletroni (15)
- CPMF - ação fiscal- (insu (12)
- Pasep- proc. que não vers (12)
- II/IE/IPI- proc. que não (10)
- II/IE/IPIV - ação fiscal (10)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,073)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (838)
- VANESSA MARINI CECCONELLO (780)
- TATIANA MIDORI MIGIYAMA (753)
- ERIKA COSTA CAMARGOS AUTR (679)
- REGIS XAVIER HOLANDA (592)
- DEMES BRITO (502)
- ANDRADA MARCIO CANUTO NAT (487)
- LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA (475)
- JORGE OLMIRO LOCK FREIRE (460)
- CARLOS ALBERTO FREITAS BA (457)
- HENRIQUE PINHEIRO TORRES (320)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (279)
- ROSALDO TREVISAN (234)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (231)
- 2019 (2,074)
- 2024 (1,879)
- 2017 (1,635)
- 2018 (1,611)
- 2021 (1,324)
- 2016 (1,194)
- 2020 (973)
- 2011 (787)
- 2023 (705)
- 2013 (624)
- 2022 (596)
- 2010 (493)
- 2014 (483)
- 2012 (395)
- 2025 (366)
- 2019 (2,029)
- 2018 (1,743)
- 2017 (1,513)
- 2024 (1,236)
- 2022 (1,067)
- 2025 (1,061)
- 2016 (1,015)
- 2020 (979)
- 2023 (877)
- 2021 (774)
- 2014 (546)
- 2015 (323)
- 2011 (267)
- 2013 (210)
- 2010 (70)
- os (15,662)
- membros (15,653)
- do (15,609)
- de (15,601)
- acordam (15,299)
- por (15,179)
- recurso (15,098)
- em (14,938)
- colegiado (14,888)
- votos (14,707)
- e (14,318)
- julgamento (13,937)
- da (13,486)
- conselheiros (13,408)
- presidente (13,369)
Numero do processo: 11080.929143/2009-15
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005
CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO.
Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-004.520
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11080.929143/2009-15
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700457
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.520
nome_arquivo_s : Decisao_11080929143200915.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 11080929143200915_5700457.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
id : 6688716
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048945182113792
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1767; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11080.929143/200915 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.520 – 3ª Turma Sessão de 07 de dezembro de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES. PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO. IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CEEEGT ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 91 43 /2 00 9- 15 Fl. 698DF CARF MF Processo nº 11080.929143/200915 Acórdão n.º 9303004.520 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3803005.965, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte contra a não homologação de compensação declarada (PER/DCOMP). A compensação está lastreada em crédito oriundo de pagamento de contribuição supostamente efetuado a maior, em razão de apuração efetuada na sistemática nãocumulativa. O colegiado a quo entendeu, em síntese, que a correção dos preços pelo IGP M não descaracteriza a natureza de preço predeterminado para os efeitos da tributação pelas contribuições cumulativas, incidentes sobre contratos de longo prazo firmados antes de 31 de outubro de 2003, conforme previsão contida no inciso XI, b, do artigo 10 e inciso V do artigo 15 da Lei nº10.833/2003. Com esse entendimento, ficou caracterizado o pagamento a maior em razão da apuração da contribuição na sistemática não cumulativa. Para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional aponta decisões que enfrentaram exatamente a mesma situação mesmo setor econômico, mesmo índice em discussão e concluíram de modo antagônico. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.467, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 11080.909061/201179, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.467): O recurso cumpre os requisitos regimentais para que seja apreciado; dele conheço. Fl. 699DF CARF MF Processo nº 11080.929143/200915 Acórdão n.º 9303004.520 CSRFT3 Fl. 4 3 Começo com o registro de que concordo com quase todos os fundamentos da decisão recorrida, da lavra do douto e coerente ex membro desta casa, o dr. Belchior Melo de Souza. De fato, apenas discordo dele quando vislumbra diferença semântica relevante entre as locuções presentes na lei ("reajuste em função de ...") e no ato normativo que buscou regulamentar o assunto ("reajuste em percentual ... "). Para mim, nenhuma diferença há aí: reajuste "em função de" quer dizer exatamente "aplicando o percentual previsto no" índice. O que se tem de ver é se o índice cumpre os requisitos da lei, isto é, refletir "a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do §1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995". É que, como já reiteradamente transcrito, a norma que temos de aplicar autoriza a adoção de dois critérios alternativos e mutuamente excludentes para fixação do reajuste do preço: pode ele expressar a variação dos custos ou se basear em índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Por "variação dos custos", entendo eu, quer o ato legal se referir à variação efetivamente ocorrida e devidamente apurada pela empresa em sua escrita contábil. Já o índice que se empregue pode, em princípio, ser qualquer um objeto do acordo celebrado com o cliente, mas não pode superar a efetiva variação dos custos. A meu sentir, a norma sob análise decorre das especificidades do setor em discussão. Como é bem sabido, tratase de uma atividade essencialmente monopolizada, na qual prestador e tomador acordam condições que prevalecerão por períodos de tempo bastante longos. Nesses casos, inexistente um "mercado fixador", o preço é contratualmente definido, especificando o contrato também a forma de reajuste que o preserve dos efeitos inflacionários. Outra especificidade do setor diz com o elevado aporte de capital necessário a sua exploração, o que o fez, até há duas décadas, exclusivamente estatal. A privatização do setor, ocorrida nos idos dos anos 90 do século passado, exigia, por isso, que se garantisse (até onde possível) uma remuneração ao capital privado suficiente a estimular o seu ingresso. E na fixação desse percentual, obviamente, um fator essencial é a "margem de contribuição", no dizer dos contabilistas, ou o markup, na dos economistas: em ambos as acepções, a diferença entre o preço e o custo (unitário, na primeira; marginal, na segunda). E tal diferença, sabidamente, é influenciada pela tributação que incida sobre o setor. É por isso que o legislador, a meu ver acertadamente, previu que o reajuste do preço em percentual "compatível" com a variação efetiva dos custos, por si só, não afetaria a forma de tributação pelas contribuições PIS e COFINS que vigia quando os contratos foram assinados. A rigor, tal regra limitaria a correção dos preços à efetiva variação ocorrida nos custos, mas o legislador a ampliou ao deferir que fosse usado índice, desde que ele refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Fl. 700DF CARF MF Processo nº 11080.929143/200915 Acórdão n.º 9303004.520 CSRFT3 Fl. 5 4 É importante aqui considerar, como minudentemente feito no voto do dr. Belchior, a diferença entre reajuste, recomposição e repactuação. Citoo: Nesse passo, importa identificar três formas de fixação de preços nos contratos em andamento: a repactuação ou revisão, a recomposição e o reajuste. A autorizada doutrina de Marçal Justen Filho1 define o que vêm a ser recomposição e reajuste. “A recomposição é o procedimento destinado a avaliar a ocorrência de evento que afeta a equação econômico financeira do contrato e promove adequação das cláusulas contratuais aos parâmetros necessários para recompor o equilíbrio original. Já o reajuste é procedimento automático, em que a recomposição se produz sempre que ocorra a variação de certos índices, independentemente de averiguação efetiva do desequilíbrio” A recomposição, também chamada de revisão, decorre de fatos imprevisíveis: caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou álea econômica extraordinária. O reajuste objetiva reconstituir os preços praticados no contrato em razão de fatos previsíveis, é dizer, álea econômica ordinária, no momento da contratação, ante a realidade existente, como a variação inflacionária. Por decorrência, o reajuste deve retratar a alteração dos custos de produção a fim de manter as condições efetivas da proposta contratual, embora muitas vezes não alcance este desiderato relativamente a certo segmento ou agente econômico. A repactuação visa à adequação dos preços contratuais aos novos preços de mercado e, no âmbito da Administração Pública Federal, encontrase regulamentada no art. 5º do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 19972. A possibilidade de repactuação prevista neste decreto não se faz acompanhar de disciplina acerca dos seus efeitos tributários, valendo a citação apenas para destacar a definição do signo repactuação. Novamente, em nada posso divergir dessa conceituação, mas tampouco posso concordar com a conclusão que dela extrai meu celebrado colega: para mim, a possibilidade de o contrato estabelecer cláusula de alteração em consequência de mudança tributária que venha a afetar o preço, implementada posteriormente à assinatura do contrato, está exatamente a validar o meu entendimento. É que ela seria totalmente desnecessária (ao menos no tocante às contribuições em tela) se fosse possível mantêlo no regime cumulativo pela aplicação de qualquer índice contratual, pois, nesse caso, nunca haveria impacto tributário do reajuste. 1 Filho, Marçal Justen. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. São Paulo: Dialética, 10. ed., 2004, p. 389. 2 Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que previsto no edital, admitir repactuação visando à adequação aos novos preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada. Fl. 701DF CARF MF Processo nº 11080.929143/200915 Acórdão n.º 9303004.520 CSRFT3 Fl. 6 5 Penso que, ao contrário, ela pode se dar (caso a correção pelo índice leve à tributação não cumulativa) o que atrai o procedimento de recomposição. Divirjo, portanto, dos que entendem (como parece ser a conclusão da decisão recorrida) que a autorização legal esteja a permitir que a empresa adote um determinado índice e não mais precise averiguar se ele é inferior ou superior à efetiva variação dos seus custos. É óbvio que se for inferior, não estará autorizada a deixar de aplicar o índice contratualmente previsto para reajuste. Aplicamse, nesse caso, as disposições contratuais relativas à recomposição e/ou repactuação, conforme didaticamente exposto pelo dr. Belchior em seu voto. O que isso não implica, porém, é que, em qualquer caso, mantém se o regime cumulativo, pois não é isso o que diz o ato legal. Necessário, pois, provar. Quando se trata de lançamento de ofício, essa prova, a meu sentir, há de ser exigida e desconstituída fundamentadamente pela fiscalização para que possa ser mantido o lançamento. Já nos casos, como o presente, em que é a própria empresa quem postula administrativamente a sistemática cumulativa, ela deve ser a primeira peça a instruir o seu pleito. No presente caso, do relatório da decisão recorrida e da leitura da íntegra do processo, não encontro qualquer prova, no entanto, ainda que a empresa tenha afirmado em seu recurso voluntário que: "(...) em nenhum momento foram aferidos os custos de produção do contribuinte no período fiscalizado. Nesse caso, mesmo considerando que o IGPM desfigura o conceito normativo de preço predeterminado, não poderia ter sido ignorada outra prerrogativa legal, a qual estabelece um percentual não superior ao acréscimo do custo de produção". Como já repetidamente afirmado, tal prova competia a ela, postulante, e não à fiscalização. Fora isso, a defesa da empresa lastreiase essencialmente no ato da ANEEL, que efetivamente afirma que o IGPM cumpre o requisito legal relativo à tributação aqui discutida. Isso não obstante, rejeito o argumento, pois a competência da ANEEL não alcança matéria tributária. Com efeito, entre as atribuições daquela agência reguladora, exaustivamente elencadas na própria lei que a criou3, nada há acerca da tributação incidente sobre o setor. Assim, as Notas Técnicas e as Resoluções daquela agência reguladora aplicamse às questões inerentes à geração e à distribuição de energia elétrica e às atividades correlatas. Sua competência, pois, restringese à seara dos contratos, dos preços da energia e da remuneração das concessionárias e permissionárias desses serviços públicos. Por óbvio, entre tais atribuições está dizer que possa ser contratualmente previsto o IGPM. O que não pode é dizer que isso implica tal ou qual consequência tributária. 3 Lei 9.427/96, arts. 3º e 4º Fl. 702DF CARF MF Processo nº 11080.929143/200915 Acórdão n.º 9303004.520 CSRFT3 Fl. 7 6 No presente caso, como já afirmado, embora postule a compensação, nada trouxe a empresa que comprovasse a adequação do índice aos ditames legais. Voto, pois, por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, doulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 703DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.002154/2002-96
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE.
Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI - TIPI.
Recurso Especial do Contribuinte Negado
Numero da decisão: 9303-004.418
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Júlio César Alves Ramos. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE. Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI - TIPI. Recurso Especial do Contribuinte Negado
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10660.002154/2002-96
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5681942
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.418
nome_arquivo_s : Decisao_10660002154200296.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
nome_arquivo_pdf_s : 10660002154200296_5681942.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Júlio César Alves Ramos. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
id : 6653442
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048946933235712
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1798; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10660.002154/200296 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303004.418 – 3ª Turma Sessão de 6 de dezembro de 2016 Matéria Crédito Presumido de IPI Produto NT Recorrente COOPERATIVA DOS CAFEICULTORES DA ZONA DE TRÊS PONTAS LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE. Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI TIPI. Recurso Especial do Contribuinte Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Júlio César Alves Ramos. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 00 21 54 /2 00 2- 96 Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência apresentado pelo contribuinte com fundamento no art. 67 do anexo II da Portaria MF nº 256/2009, antigo Regimento do CARF, contra o Acórdão nº 20403.477, de 08/10/2008, proferido pela Quarta Câmara do então Segundo Conselho de Contribuintes, o qual possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 CRÉDITO PRESUMIDO. EXPORTAÇÃO DE PRODUTO NT. Não se considera produtor, para fins fiscais, os estabelecimentos que confeccionam mercadorias constantes da TIPI com a notação NT. A condição sine qua non para a fruição do crédito presumido de 1PI é ser, para efeitos legais, produtor de produtos industrializados destinados ao exterior. Recurso voluntário negado. A recorrente é cooperativa de produção que requereu crédito presumido de IPI decorrente da exportação de café assim especificado em seu pedido: "café cru não descaf. em grão arábica", classificação fiscal 09.01.11.10, produto "NT" na Tabela de IPI TIPI. Em 17/10/2007, antes de proferir o acórdão recorrido, a 4ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por meio da Resolução nº 20400.491, determinou a realização de diligência com o intuito de que fosse esclarecido o processo produtivo do contribuinte. Tal feito foi atendido por meio do esclarecimentos de fls. 98/115. Em seu recurso especial, fls. 165/186, o contribuinte combate os argumentos da decisão recorrida. Afirma em síntese que a Lei nº 9.363/96 não restringiu o aproveitamento do crédito presumido do IPI às pessoas jurídicas contribuintes deste tributo ou que produza produtos tributados pelo IPI. Bastaria para tanto que a pessoa jurídica fosse produtora e praticasse qualquer das ações previstas no art. 3º do RIPI, o qual conceitua o processo de industrialização. O recurso especial foi admitido, por meio do despacho de fls. 202/203. Devidamente cientificada, a Fazenda Nacional apresentou as contrarrazões de fls. 207/217. É o relatório. Fl. 230DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal Relator. O recurso especial do contribuinte é tempestivo e atende aos requisitos formais de admissibilidade. Em suas contrarrazões, a Fazenda Nacional defende o não conhecimento do recurso especial com base no art. 7º do RICARF que assim dispunha: §3º Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das Câmaras que aplique súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes ou da Camara Superior de Recursos Fiscais, ou que na apreciação de matéria preliminar decida pela anulação da decisão de primeira instância. Afirmou que o CARF sedimentou entendimento a esse assunto nos termos da Súmula CARF nº 20, in verbis: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Equivocase a Fazenda Nacional. Esta súmula não foi a razão de decidir do acórdão recorrido e ela não foi editada utilizando precedentes que tratam da matéria "crédito presumido de IPI". Esta súmula é específica para os créditos básicos de IPI. São matérias de conteúdos bem distintos. O Acórdão paradigma apresentado, fls. 188/198, representa bem a divergência de interpretação e, portanto, o recurso especial do contribuinte deve ser conhecido. Porém, quanto ao mérito, entendo que não cabe razão ao recurso especial, devendo ser mantida a decisão recorrida. Tratase de matéria antiga no âmbito do contencioso administrativo e a controvérsia resumese em saber se há a possibilidade de aproveitamento de crédito presumido de IPI, de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/96, na produção e exportação de produtos classificados na Tabela do IPI com notação "NT" (não tributados). Analisemos então o que consta da Lei nº 9.363/96 que instituiu o benefício do crédito presumido: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos Fl. 231DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 5 4 intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. (...) Art. 3º .... Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem. Nesse momento é importante destacar que a lei determinou o benefício para a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. Se quisesse abarcar todos os exportadores, não necessitaria de incluir a palavra produtora. Seria inócuo. E ao incluir a palavra produtora, determinou no parágrafo único do art. 3º que deve ser utilizado a legislação do IPI para a busca da definição do que se entende por produção. Como é sabido, a lei que trata de concessão de benefícios fiscais deve ter sua aplicação restritiva, com interpretação literal, para atingir somente os casos expressamente permitidos. É o que se extrai, por exemplo, do disposto da leitura do art. 111 do CTN. Sendo assim, a legislação do IPI não considera estabelecimento industrial, ou produtor, para fins do tributo, aqueles que produzem produtos que estão fora do seu campo de incidência. Veja como o Regulamento do IPI disciplina a matéria. Transcrevese abaixo artigos do RIPI/98 que era o vigente à época dos fatos, mas nada mudou a respeito deste assunto nos atuais regulamentos: Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e DecretoLei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º). Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (nãotributado) (Lei nº 9.493, de 10 de setembro de 1997, art. 13). (...) Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º). Do conjunto dessa leitura, concluise que os produtos "NT" (NÃO TRIBUTADOS) estão fora do conceito de produtos industrializados estabelecidos pela legislação do IPI. Assim, quem os produz, não são considerados estabelecimentos industriais para fins dessa legislação. Fl. 232DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 6 5 Assim vem entendendo este colegiado. Para um melhor entendimento transcrevo abaixo trecho de um voto do exConselheiro Henrique Pinheiro Torres proferido no Acórdão nº 20216.066: (...) A meu sentir, a posição mais consentânea com a norma legal é aquela pela exclusão dos valores correspondentes às exportações dos produtos não tributados (NT) pelo IPI, já que, nos termos do caput do art. 10 da Lei n° 9.363/1996, instituidora desse incentivo fiscal, o crédito é destinado, tãosomente, às empresas que satisfaçam, cumulativamente, dentre outras, a duas condições: a) ser produtora; b) ser exportadora. Isso porque os estabelecimentos processadores de produtos NT não são, para efeitos da legislação fiscal, considerados como produtor. Isso ocorre porque, as empresas que fazem produtos não sujeitos ao IPI, de acordo com a legislação fiscal, em relação a eles, não são consideradas como estabelecimentos produtores, pois, a teor do art. 3º da Lei nº 4.502/1964, considera se estabelecimento produtor todo aquele que industrializar produtos sujeitos ao imposto. Ora, como é de todos sabido, os produtos constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI com a notação NT (Não Tributados) estão fora do campo de incidência desse tributo federal. Por conseguinte, não estão sujeitos ao imposto. Ora, se nas operações relativas aos produtos não tributados a empresa não é considerada como produtora, não satisfaz, por conseguinte, a uma das condições a que está subordinado o beneficio em apreço, o de ser produtora. Por outro lado, não se pode perder de vista o escopo desse favor fiscal que é o de alavancar a exportação de produtos elaborados, e não a de produtos primários ou semielaborados. Para isso, o legislador concedeu o incentivo apenas aos produtores, aos industriais exportadores. Tanto é verdade, que, afora os produtoresexportadores, nenhum outro tipo de empresa foi agraciada com tal beneficio, nem mesmo as trading companies, reforçandose assim, o entendimento de que o favor fiscal em foco destinase, apenas, aos fabricantes de produtos tributados a serem exportados. Cabe ainda destacar que assim como ocorre com o crédito presumido, vários outros incentivos à exportação foram concedidos apenas a produtos tributados pelo IPI (ainda que sujeitos à aliquota zero ou isentos). Como exemplo podese citar o extinto créditoprêmio de IPI conferido ao industrial exportador, e o direito à manutenção e utilização do crédito referente a insumos empregados na fabricação de produtos exportados. Neste caso, a regra geral é que o beneficio alcança apenas a exportação de produtos tributados (sujeitos ao imposto); se se referir a NT, só haverá direito a crédito no caso de produtos relacionados pelo Ministro da Fazenda, como previsto no parágrafo único do art. 92 do RIPI/1982. Outro ponto a corroborar o posicionamento aqui defendido é a mudança trazida pela Medida Provisória nº 1.50816, consistente na inclusão de diversos produtos no campo de incidência do IPI, a exemplo dos frangos abatidos, cortados e embalados, que passaram de NT para alíquota zero. Essa mudança na tributação veio justamente para atender aos anseios dos exportadores, que puderam, então, usufruir do crédito presumido de IPI nas exportações desses produtos. Diante de todas essas razões, é de se reconhecer que os produtos exportados pela reclamante, por não estarem incluídos no campo de incidência do IPI, já que constam da tabela como NT (não tributado), não geram crédito presumido de IPI. Fl. 233DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 7 6 (...) Cumpre lembrar também recente decisão desta CSRF no Acórdão nº 9303 003.462, de 23/02/2016, relatoria do Presidente da 3ª Seção de Julgamento, Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, que ficou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1999 a 31/03/1999 IPI. CRÉDITOS. PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). A exportação de produtos NT não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI, Lei nº 9.369/96, por não estarem os produtos dentro do campo de incidência do imposto. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Diante de tudo exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator Fl. 234DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 8 7 Declaração de Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama No que tange ao mérito discutido no Colegiado, qual seja, se o sujeito passivo possui ou não direito ao crédito presumido de IPI decorrente da exportação de café – “café cru não descaf. em grão arábica” – classificação fiscal 09.01.11.10 –produto NT na Tabela de IPI – TIPI. A priori, importante trazer que o sujeito passivo é uma cooperativa de cafeicultores de produtores rurais. No caso em comento, o sujeito passivo havia formalizado requerimento de ressarcimento do crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, com base na Portaria MF 38/97. Depreendendose da análise dos autos do processo, é evidente se tratar de "estabelecimento industrial", pois, para a obtenção do produto final, o sujeito passivo observa os processos de industrialização e em seguida produz mercadorias que são destinadas ao mercado externo, aquecendo desta forma a economia nacional, é patente a configuração de atividade industrial. Dessa forma, importante analisar se a caracterização da pessoa jurídica requerente como estabelecimento industrial, à luz da legislação do IPI, poderia influir no direito ao incentivo fiscal. Para tanto, trago o art. 1º da Lei 9.363/96: “Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior.” Somente com a leitura desse dispositivo, é possível, a princípio, entender que a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, não circunscrevendo seu alcance aos produtos industrializados. Fl. 235DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 9 8 Não obstante, vêse que a Lei trouxe que, para a fruição do crédito presumido do IPI a dependência de as matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem sejam utilizadas no processo produtivo. Nesse ínterim, vêse que a Lei 9.363/96, ao criar o mecanismo do crédito presumido para reduzir o impacto econômico da incidência das contribuições para o PIS e a COFINS considerou o processo de produtivo ou seja, a industrialização desses materiais, para fins de se produzir determinado produto a ser exportado. Vêse que o crédito presumido do IPI tem o escopo de ressarcir o contribuinte, do montante pago a título de PIS e COFINS, em todas as operações em que este adquiriu insumos, com o intuito de empregálos na produção de mercadorias exportadas. O dispositivo em referência trouxe efetivamente um benefício às empresas que industrializam produtos e os vendem para o mercado externo. E, ademais, notase que não condiciona tal fruição para produtos tributados pelo IPI. Ou seja, o crédito trazido pela Lei não delimita o alcance do benefício aos contribuintes do IPI. O crédito presumido do IPI incide sobre as aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para utilização no processo produtivo. Devendo tal crédito ser utilizado para ressarcimento das contribuições ao PIS e à Cofins devidas pelas empresas produtoras e exportadoras. O que, por conseguinte, resta concluir que, para fins de definição se o sujeito passivo possui direito ao crédito presumido de IPI, devese verificar se preenche os seguintes requisitos: · Ser produtora; · Ser exportadora daquela mercadoria nacional por ela produzida; · Ser contribuinte do PIS e da Cofins; · Adquirir no mercado interno matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para a produção da mercadoria a ser exportada. No caso em comento, analisando os autos do processo, é de se verificar que o produto objeto da industrialização é o“café cru não descaf. em grão arábica” – classificação fiscal 09.01.11.10 – produto NT na Tabela de IPI – TIPI. Para a fabricação desse produto NT, resta claro que o sujeito passivo com a disposição de vários procedimentos obtém com a industrialização o produto a ser exportado. Para melhor elucidar as etapas do processo de industrialização, importante trazer os seguintes esclarecimentos constantes dos autos do processo do sujeito passivo: “[...] Descrição minuciosa da forma em que o café é adquirido e qual o processo produtivo que passa para fins de exportação, descrevendo pormenorizadamente as Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 10 9 etapas desse processo até resultar no produto final exportável, diferenciandoo daquele ao adentrar no estabelecimento produtivo, Inicialmente cumpre ressaltar que todo o café adquirido é essencialmente puro não sofrendo qualquer beneficiamento anterior 6 entrada nos armazéns da COCATREL, quando da saída do produtor_ Sendo, portanto, todo o café adquiridoem grãos. Para elucidar melhor o processo até resultar no produto final exportável, o diferenciado daquele que adentrou ao estabelecimento, segue abaixo o caminho percorrido pelo café adquirido pela COCATREL em três etapas. 2. Como e em que medida os insumos são utilizados no curso do processo produtivo; A partir da entrada do café adquirido dos produtores são efetuados os testes de qualidade do café, o armazenamento e o beneficiamento do mesmo no maquinário. Não são utilizados outros insumos para preparação do café. Os mesmos são apenas armazenados em sacas (sacarias) onde aguardarão o momento da saída(venda). 3. Quem são os fornecedores dos insumos listados nos autos,apontando aqueles fornecidos por cooperativas e pessoas físicas,juntando os documentos fiscais de suas aquisições. Os fornecedores dos insumos (café) são os produtores de café da região de Três Pontas (associados). À época do presente processo administrativo os fornecedores do café eram especificamente pessoas físicas. Torrefação/empacotamento: Uma pequena parte do café é torrado, moído e empacotado para comercialização. Tratase de aproximadamente 0,05% do total de vendas de café da cooperativa. A COCATREL após a classificação dos grãos seleciona uma parte para que seja comercializado. Esses grãos, além de corresponderem aos grãos de maior qualidade (bebida dura) são beneficiados, ou seja, os mesmos são processados no maquinário. V — Na etapa seguinte os grãos são depositados em funis para que seja feito o ensacamento. 0 processo de beneficiamento no maquinário ocorre em três situações: • Definição estratégica do poder diretivo da COCATREL — devido a uma expectativa de alta de pregos e manutenção de grãos em alta qualidade de consumo (café exportação), são efetuados beneficiamentos rotineiros. • Solicitação do Produtor — Como o maquinário beneficia os grãos reduzindo os defeitos e proporcionando um melhor retorno financeiro, alguns produtores solicitam o beneficiamento na busca de maiores pregos do seu grão. Para esse trabalho de beneficiamento, a cooperativa cobra uma taxa de utilização do maquinário. Fl. 237DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 11 10 • Solicitação do cliente — em alguns casos o cliente solicita um grão especifico de forma a apresentar um número limite de defeitos, um tamanho, cor, etc. Dessa forma, são feitos os beneficiamentos do café já em boa qualidade conforme a encomenda do cliente. No processo de beneficiamento existem umas saídas maquinário, as quais sugam o pó (resíduos) dos grãos. Esse pó é reutilizado como adubo nas plantações e são fornecidos aos produtores (fornecedores) pela COCATREL sem ônus. IV — Na finalização do processo de beneficiamento do café, os grãos são enviados das tulhas para a parte eletrônica, onde as máquinas selecionam os grãos por cor. III — A etapa seguinte é o peneirão onde é definido o tamanho do grão. Nessa etapa, por fundamentos estratégicos pode ser definido exatamente o tamanho do grão beneficiado através de regulagem do maquinário. Após essa separação no peneirão os grãos selecionados são levados as tulhas (compartimento onde se guardam grãos). Fase Intermediária Maquinário: A COCATREL possui um maquinário movido A energia elétrica que beneficia ocafé adquirido dos fornecedores (produtores). 0 maquinário possui cinco etapas onde o café a ser beneficiado será processado: I — É feito a estiva do café selecionado para o beneficiamento e alocado na moeda (nome dado ao condicionamento do café para a entrada no maquinário). Nessa fase são retiradas as impurezas (barbantes da sacaria e outros). II — Posteriormente o café passa por outro processo o são retiradas as palhas,pedras e também nesse momento são separados os os quebradiços e os resíduos. Posteriormente, os mesmos são ligados (misturados) resultando em um maior lotede café em grão de ótima qualidade pronto para a venda. [...] Terceira Etapa: Após a classificação do café pela amostra, são feitas ligas (misturasblend). Primeiramente, separamse os cafés de qualidade equivalente. Ou seja, aqueles que foram classificados em padrões próximos, referente à tipo de bebida, e quantidade de defeitos (impurezas, cor, aspecto). Posteriormente, misturase o café na xícara acabando com a borra para que seja feito o teste da bebida. Antes de fazer o teste da bebida, os provadores verificam o aroma em cada xícara para identificar possíveis impurezas ainda presentes que possam prejudicar o sabor da bebida. Com isso é identificado em qual padrão de bebida será classificado o café: Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 12 11 • Estritamente mole — gosto muito suave, sabor adocicado • Mole — gosto suave, adocicado • Dura — levemente ácido e adstringente, agradável • Riada — gosto ligeiramente químico, que lembra iodo • Rio — gosto mais acentuado que a bebida Riada • Rio zona — apresenta forte gosto químico das bebidas Riada e Rio Após a classificação inicial (numeração dos defeitos), as amostras são divididas em rodadas para o teste de bebida. No caso, as mesas de bebida comportam a base de 16 (dezesseis) testes a cada rodada.Nesse momento o café é torrado, moído — um pouco mais grosso que o normal para consumo, separado em xícaras com cerca de 10g (dez gramas) cada uma onde é colocada água fervendo da chaleira para que seja escaldado. Nos galpões da COCATREL existem áreas (quadras) especificas para o café certificado. Tratase de fazendas (produtores/fornecedores) que conquistaram a certificação da qualidade do café, em relação ao tratamento do plantio, colheita até a secagem dos grãos. Com isso, o café produzido nessas fazendas já sai com a qualidade de um bom café, com a tendência de bebida dura e consequentemente são mais valorizados no mercado. [...] São colhidas amostras de todas as sacas, independente da quantidade adquirida do produtor. Em um primeiro momento, essas amostras têm um intuito especifico de verificar se todo o café adquirido daquele produtor tem o mesmo padrão em todo o lote. Esse teste de padrão é feito imediatamente na entrada do café através do furo em todas as sacas. A partir da definição do padrão do café, se o mesmo deve ser dividido ou não, essas amostras são colhidas, colocadas em latinhas identificadas pelo lote, fornecedor e quantidade de sacas, lacradas e enviadas ao departamento de classificação de forma proporcional à quantidade de sacas daquele produtos, em relação ao padrão do café. [...]” Inegável, portanto, que para se obter o produto final – observase o processo de industrialização, devendose dar o direito ao crédito presumido do IPI, eis que observa todos os requisitos para a fruição desse benefício. Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 13 12 Em vista do exposto, dou provimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. É o meu voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 240DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16045.000004/2007-96
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/06/2001 a 31/07/2005
RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. CONCOMITÂNCIA. PROCESSO JUDICIAL.
Estando demonstrado que não há identidade entre os objetos da ação judicial e do processo administrativo não há que se cogitar da existência de concomitância entre os processos. Nesse sentido o recurso especial deve ser conhecido.
DECADÊNCIA PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA FAZENDA NACIONAL.TERMO INICIAL.
Nos termos do art. 62-A do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, e reproduzido em sua íntegra no art. 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, no que tange à contagem do prazo decadencial de tributos e contribuições deve ser observado o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça firmado no julgamento do recurso especial nº 973.733, pela sistemática dos recursos repetitivos.
Tratando-se de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, inexistindo as hipóteses de dolo, fraude ou simulação e havendo pagamento prévio do débito, mediante o encontro de contas entre créditos e débitos do IPI, nos termos do art. 183, parágrafo único, inciso II, do Decreto nº 7.212/2010, a contagem do prazo de decadência de 05 (cinco) anos para constituição do crédito tributário pela Fazenda Nacional tem como termo inicial a data do fato gerador, consoante o disposto no art. 150, §4º do Código Tributário Nacional.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Por consequência, sobre o crédito tributário assim constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 9303-004.422
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (relatora), que não conheceram do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em dar provimento parcial ao recurso, apenas para reconhecer a incidência dos juros de mora sobre multa de ofício, vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (relatora), que lhe negaram provimento e o Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, que lhe deu provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor, quanto ao conhecimento e aos juros de mora sobre multa de ofício, o Conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal. Solicitou apresentar declaração de voto o Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Julgamento iniciado em 11/2016 e concluído em 06/12/2016.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/06/2001 a 31/07/2005 RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. CONCOMITÂNCIA. PROCESSO JUDICIAL. Estando demonstrado que não há identidade entre os objetos da ação judicial e do processo administrativo não há que se cogitar da existência de concomitância entre os processos. Nesse sentido o recurso especial deve ser conhecido. DECADÊNCIA PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA FAZENDA NACIONAL.TERMO INICIAL. Nos termos do art. 62-A do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, e reproduzido em sua íntegra no art. 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, no que tange à contagem do prazo decadencial de tributos e contribuições deve ser observado o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça firmado no julgamento do recurso especial nº 973.733, pela sistemática dos recursos repetitivos. Tratando-se de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, inexistindo as hipóteses de dolo, fraude ou simulação e havendo pagamento prévio do débito, mediante o encontro de contas entre créditos e débitos do IPI, nos termos do art. 183, parágrafo único, inciso II, do Decreto nº 7.212/2010, a contagem do prazo de decadência de 05 (cinco) anos para constituição do crédito tributário pela Fazenda Nacional tem como termo inicial a data do fato gerador, consoante o disposto no art. 150, §4º do Código Tributário Nacional. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Por consequência, sobre o crédito tributário assim constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16045.000004/2007-96
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5713515
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.422
nome_arquivo_s : Decisao_16045000004200796.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : VANESSA MARINI CECCONELLO
nome_arquivo_pdf_s : 16045000004200796_5713515.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (relatora), que não conheceram do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em dar provimento parcial ao recurso, apenas para reconhecer a incidência dos juros de mora sobre multa de ofício, vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (relatora), que lhe negaram provimento e o Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, que lhe deu provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor, quanto ao conhecimento e aos juros de mora sobre multa de ofício, o Conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal. Solicitou apresentar declaração de voto o Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Julgamento iniciado em 11/2016 e concluído em 06/12/2016. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello - Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
dt_sessao_tdt : Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
id : 6725141
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:41 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048946982518784
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1977; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 4.997 1 4.996 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 16045.000004/200796 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.422 – 3ª Turma Sessão de 06 de dezembro de 2016 Matéria IPI Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado VOLKSWAGEN DO BRASIL INDÚSTRIA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES LTDA ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/06/2001 a 31/07/2005 RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. CONCOMITÂNCIA. PROCESSO JUDICIAL. Estando demonstrado que não há identidade entre os objetos da ação judicial e do processo administrativo não há que se cogitar da existência de concomitância entre os processos. Nesse sentido o recurso especial deve ser conhecido. DECADÊNCIA PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA FAZENDA NACIONAL.TERMO INICIAL. Nos termos do art. 62A do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, e reproduzido em sua íntegra no art. 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, no que tange à contagem do prazo decadencial de tributos e contribuições deve ser observado o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça firmado no julgamento do recurso especial nº 973.733, pela sistemática dos recursos repetitivos. Tratandose de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, inexistindo as hipóteses de dolo, fraude ou simulação e havendo pagamento prévio do débito, mediante o encontro de contas entre créditos e débitos do IPI, nos termos do art. 183, parágrafo único, inciso II, do Decreto nº 7.212/2010, a contagem do prazo de decadência de 05 (cinco) anos para constituição do crédito tributário pela Fazenda Nacional tem como termo inicial a data do fato gerador, consoante o disposto no art. 150, §4º do Código Tributário Nacional. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 04 5. 00 00 04 /2 00 7- 96 Fl. 4998DF CARF MF 2 A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Por consequência, sobre o crédito tributário assim constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (relatora), que não conheceram do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em dar provimento parcial ao recurso, apenas para reconhecer a incidência dos juros de mora sobre multa de ofício, vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (relatora), que lhe negaram provimento e o Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, que lhe deu provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor, quanto ao conhecimento e aos juros de mora sobre multa de ofício, o Conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal. Solicitou apresentar declaração de voto o Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Julgamento iniciado em 11/2016 e concluído em 06/12/2016. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Fl. 4999DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 4.998 3 Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional (fls. 4.566 a 4.608)1 com fulcro nos artigos 9º, 64, inc. II e 67 e seguintes, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, buscando a reforma do Acórdão nº 20219.122 (fls. 4.542 a 4.562) proferido pela Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, em 02 de julho de 2008, no sentido de prover parcialmente o recurso voluntário. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/06/2001 a 31/07/2005 IPI. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO, Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o direito de a Fazenda Pública lançar o crédito tributário decai em 5 (cinco) anos após verificada a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária (art. 150, §4º, do CTN), exceto nas hipóteses de dolo, fraude ou simulação, em que o prazo iniciase no primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido realizado (art. 173, I, do CTN). MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. Em razão do princípio da retroatividade benigna, constante do art. 106, II, "c", do CTN, a multa de oficio deve ser aplicada em seu percentual normal de 75%, excluída a majoração prevista no art. 461, §7º, do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados RIPI/98. SAÍDAS COM ISENÇÃO. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO. MULTA QUALIFICADA. A saída de veículos com isenção para taxistas, na ausência de autorização específica da Receita Federal, representa conduta dolosa de exclusão indevida de crédito tributário, ensejando a qualificação da multa de oficio aplicada. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Os juros de mora incidem somente sobre o valor do indébito, sendo que inexiste no ordenamento jurídico brasileiro previsão para incidência sobre a penalidade imposta. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS — IPI Período de apuração: 01/06/2001 a 31/07/2005 VEÍCULOS. SAÍDA DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL. ISENÇÃO DESTINADA A TAXISTAS. IRREGULARIDADE. A isenção de veículos destinada a taxistas é efetivada em cada caso e somente pode ser aplicada, na saída dos veículos do estabelecimento industrial, com a 1 Todas as referências às folhas do processo são à numeração atribuída eletronicamente. Fl. 5000DF CARF MF 4 autorização específica da Receita Federal em relação a cada operação de compra e venda. A responsabilidade pelo IPI não recolhido é do estabelecimento industrial contribuinte. MULTAS BÁSICAS. É cabível a aplicação de multas básicas previstas nos arts. 508 e 509 do RIPI/2002, pela inobservância de normas prescritas em atos administrativos de caráter normativo, para as quais não há previsão de multa especifica, cuja penalidade é desvinculada do imposto devido. Recurso provido em parte. O presente processo administrativo tem origem em auto de infração lavrado em 29/12/2006 (fls. 02 a 83), contra VOLKSWAGEN DO BRASIL LTDA para cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), juros, multa proporcional e multa regulamentar, referente aos períodos de apuração compreendidos entre 01/06/2001 e 31/07/2005, inclusive. Em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias, apontou a Fiscalização as seguintes infrações, conforme consta na "Descrição dos fatos e Enquadramento(s) Legal(is)" do auto de infração: 001 PRODUTO SAÍDO DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL OU EQUIPARADO A INDUSTRIAL COM EMISSÃO DE NOTA FISCAL UTILIZAÇÃO INDEVIDA DA ISENÇÃO PELO REMETENTE DO PRODUTO A Autuada desrespeitou as normas legais que regem o beneficio fiscal de isenção de IPITáxi. Em sendo assim torna imediatamente exigível o tributo indevidamente não destacado. As penalidades deverão ser exasperadas pelo não atendimento de solicitações da Fazenda Nacional e, também item 2 acrescido do "plus" que merece o cometimento de infração qualificada. Foram os seguintes os procedimentos ilícitos: 1.vendas beneficiadas em desrespeito a condição estabelecida nas normas que regem o favor fiscal; 2.vendas com isenção IPI/Táxi sem autorização fazendária competente para as mesmas; estas vendas deverão ter suas penalidades exasperadas em razão de constatação de terem se realizado mediante evidente intuito de se furtar a tributação devida; 3.vendas com exclusão da parcela de ICMS da base de cálculo do IPI; O Relatório Fiscal, anexo a este Auto, esclarece, minudentemente, os fatos a estas infrações relacionados. [...] 002 MULTAS DE VALOR FIXO MULTA REGULAMENTAR BÁSICA Persiste, a Empresa, no cometimento dos ilícitos abaixo elencados. Como tais infrações, quando cometidas anteriormente, já foram objeto de multas cobradas Fl. 5001DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 4.999 5 através do Auto de infração nº 16045.000312/200631, de 21 de setembro de 2006, fica afastada a hipótese jurídica de "infração continuada" prevista no art. 484, § 1º , aplicandose, assim, a hipótese indicada no § 2º do mesmo comando administrativo. As reiterações foram as que se seguem e estão mais detalhadamente esclarecidas no Relatório Fiscal anexo: 1. vedar o acesso aos sistemas e bancos de dados de VW/Taubaté; 2. centralização da escrita em local diverso da sede do estabelecimento; 3. guarda de documentos fiscais fora da sede do estabelecimento; 4. não encadernação de Notas fiscais de saída. [...] (grifouse) Devidamente cientificada da autuação, a Contribuinte apresentou a respectiva impugnação (fls. 351 a 363), julgada parcialmente procedente pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, por meio do Acórdão nº 14 15.758 (fls. 4.487 a 4.504), para reduzir os valores relativos ao imposto, multa de ofício e juros regulamentares, mantendose na íntegra a multa regulamentar. Os fundamentos da decisão foram sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/06/2001 a 31/07/2005 IPI. DECADÊNCIA. Quando não efetuado o lançamento de iniciativa do contribuinte, aplicase ao caso o prazo decadencial do lançamento de oficio previsto no artigo 116, inciso II, do RIPI/98, e a regra de decadência prevista no artigo 173, inciso I, do CTN. Caracterizada a conduta dolosa da contribuinte, aplicase a regra decadencial do artigo 173, inciso I, do CTN. ISENÇÃO. TÁXI. O estabelecimento fabricante fica obrigado ao recolhimento do imposto correspondente, quando der saída de veiculo com isenção do IPI, para taxista, em desacordo com as normas e requisitos aos quais estava condicionado o beneficio fiscal. MULTA DE OFICIO. AGRAVAMENTO. É licita a imposição de multa de oficio, com agravamento sobre a multa simples (112,5%), tendo em vista a falta de atendimento de intimações nos prazos estipulados. MULTA QUALIFICADA. Fl. 5002DF CARF MF 6 Caracterizado o evidente intuito de fraudar o Fisco, visando subtrairse ao pagamento de tributos, agravase a multa aplicada. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicála nos moldes da legislação que a instituiu. IPI. BASE DE CALCULO. A base de cálculo do IPI é o valor da operação. MULTA REGULAMENTAR. Infligemse as multas previstas nos artigos 508 e 509 do RIPI/2002, nas infrações para as quais não há previsão de multa especifica, bem como, na inobservância de normas prescritas em atos administrativos de caráter normativo. Lançamento Procedente em Parte Acordam os membros da 2ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar procedente em parte o auto de infração, com redução do imposto de R$7.466.229,47 para R$ 7.419.308,46, e da multa de oficio de R$ 13.310.485,05 para R$ 13.257.699,90, mais os juros regulamentares; e manutenção da multa regulamentar de R$ 9.745,50. [...] Não resignada em parte com a decisão, a Contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 4.523 a 4.539), julgado parcialmente procedente pela Segunda Câmara do outrora Segundo Conselho de Contribuintes, nos termos do Acórdão nº 20219.122 (fls. 4.542 a 4.562), ora recorrido, para: (a) na parte em que foi negado provimento: (a.1) reconhecer a existência de dolo nas operações cujas saídas ocorreram antes do despacho concessivo da isenção e, por conseguinte, afastar, para estas saídas, a contagem da decadência pela regra do art. 150, §4º, do CTN, deslocandose a contagem para o art. 173, inciso I, do CTN; e manter a multa de ofício qualificada sobre o IPI devido por estas operações; (a.2) negar o pedido quanto à exclusão do crédito tributário devido pelas operações nas quais houve carta de retificação; e (a.3) negar provimento quanto à exclusão da multa regulamentar. (b) na parte em que foi dado provimento: (b.1) desagravar a multa de ofício pela aplicação da retroatividade benigna; (b.2) cancelar a exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício; e (b.3) quanto aos fatos geradores onde não incidiu a multa qualificada, reconhecer a decadência do direito de o Fisco lançar o crédito tributário devido pelos fatos geradores ocorridos até o segundo decêndio de dezembro de 2001, pela aplicação da regra do art. 150, §4º do CTN. Fl. 5003DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.000 7 Cientificada da decisão, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial (fls. 4.566 a 4.608) suscitando divergência jurisprudencial quanto: (a) à contagem do prazo decadencial para o Fisco efetuar o lançamento do crédito tributário, se pela regra do art. 150, §4º ou do 173, inciso I, ambos do Código Tributário Nacional CTN; e (b) ao afastamento da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Ainda, alegou em preliminar ser a decisão recorrida ultrapetita, tendo em vista não ter sido aventada pela Contribuinte, no recurso voluntário, a matéria relativa à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, ocasionando a nulidade do julgado no ponto. Para comprovar o dissenso interpretativo, a Fazenda Nacional colacionou como paradigmas os acórdãos nºs CSRF/0203.232, 230100.158, 20501.308, 20501.257, 301 33.233, 20501.310 20402.061, 20402.663, CSRF/0103.167, relativamente à primeira divergência suscitada, e 10322.197 e 10196.177, relativamente à segunda. Em razão da disposição contida no §5º, art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 — RI/CARF, apenas os dois primeiros citados, relativamente a cada matéria (CSRF/0203.232, 230100.158, 10322.197 e 10196.177) foram considerados para fins de verificação da divergência suscitada. A Fazenda Nacional aduz, em suas razões recursais, que: (a) para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, para a aplicação do artigo 150, §4º, do CTN na contagem do prazo decadencial é pressuposto indispensável que tenha ocorrido o pagamento, mesmo que parcial, do tributo; não sendo constatado qualquer pagamento, para efeitos de se verificar a decadência, deve ser aplicada a regra inserta no art. 173, inciso I, do CTN, como no caso dos autos, em que não houve antecipação de pagamento pela Contribuinte; (b) ainda quanto à decadência, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o recurso especial nº 973.733/SC pela sistemática dos recursos repetitivos, sedimentou entendimento no sentido de em não se verificando recolhimento de exação e montante a homologar, ou havendo dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial para o lançamento dos tributos sujeitos a lançamento por homologação segue, respectivamente, a disciplina normativa do art. 173, inciso I e parágrafo único, do CTN; (c) pela contagem estabelecida no art. 173, inciso I, do CTN, os créditos tributários lançados não foram fulminados pela decadência, pois, considerandose o fato gerador mais antigo (06/2001), o prazo para cobrança pelo Fisco encerrarseia em 31/12/2006, posteriormente à data do lançamento de ofício e respectiva ciência da Contribuinte, em 29/12/2006; (d) com relação à incidência dos juros sobre a multa de ofício, defende estarem englobados o tributo e a multa no conceito de crédito tributário, devendo incidir juros sobre ambos, nos termos do art. 161, §1º do CTN. Discorre também sobre a aplicação dos juros pela taxa SELIC a Fl. 5004DF CARF MF 8 quaisquer débitos para com a União, consoante artigos 29 e 30 da Lei nº 10.522/2002. (e) ao final, requer seja provido o recurso especial nos termos da fundamentação. Nos termos do despacho nº 0562010, de 05 de abril de 2010 (fls. 4.644 a 4.649), foi admito o recurso especial da Fazenda Nacional por se entender como comprovada a divergência jurisprudencial quanto ao prazo decadencial do direito da Fazenda Nacional de constituir o crédito tributário e à incidência de juros de mora sobre o valor da multa de ofício. Intimada, a Contribuinte apresentou contrarrazões ao apelo especial da Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 4.704 a 4.716) alegando, preliminarmente, a sua inadmissibilidade e, no mérito, requerendo a negativa de provimento. Na sua resposta ao apelo especial, sustenta a Recorrida no mérito que: (a) para os períodos de apuração em que foi afastada a ocorrência de dolo, aplicável a regra do art. 150, §4º do CTN para a contagem do prazo decadencial, a qual se subsumem os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, como é o caso do IPI; (b) não houve recolhimento do IPI nos períodos de apuração objeto da autuação por se estar diante de hipótese de isenção, caracterizandose a dispensa legal de tal providência pela Contribuinte; em linha eventual, sustenta ter havido pagamento de IPI com relação à saída de todos os demais veículos por ela fabricados que não para uso como táxi, tendo assim procedido em todo o espaço de tempo objeto do auto de infração; (c) a matéria relativa à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício foi tratada em sede de impugnação, tendo sido completa a insurgência da Contribuinte em face do auto de infração. Embora não acolhida a tese pela DRJ, a mesma foi devolvida ao outrora Segundo Conselho de Contribuintes na análise do recurso voluntário que tratou das penalidades, não havendo de se falar em preclusão; (d) conforme art. 139 do CTN, o crédito tributário decorre apenas da obrigação principal, decorrente do pagamento do tributo que surge com a existência do fato gerador, diferente da obrigação acessória cuja gênese está na legislação tributária e tem por objeto o pagamento de prestações positivas ou negativas, como é o caso da multa, tudo de acordo com o art. 113 do CTN. Por fim, destaca que o art. 161 do CTN determina a incidência dos juros de mora somente sobre o tributo e não sobre a multa, tendo em vista tratarse de obrigação acessória. Na mesma oportunidade, a Contribuinte apresentou recurso especial (fls. 4.717 a 4.724) com espeque em divergência jurisprudencial quanto aos efetivos destinatários da isenção do "IPItáxi", defendendo ser o taxista o beneficiário pela isenção e responsável por preencher os requisitos necessários à concessão da benesse fiscal, e não a montadora. Apontou como paradigma o acórdão nº 20310.109. No entanto, o recurso especial da Contribuinte teve seguimento negado, pois, nos termos do despacho s/nº, de 01/06/2015 (fls. 4.756 a 4.759), as circunstâncias fáticas que Fl. 5005DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.001 9 embasam os acórdãos recorrido e paradigma são distintas, não restando preenchido o requisito da divergência jurisprudencial. Por esta razão, o recurso da Contribuinte não será objeto de análise. Nessa senda, a Contribuinte veio aos autos, em 02 de fevereiro de 2016, requerer a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (fls. 4.820 a 4.821), com base nos seguintes fatos: (a) o débito objeto do presente processo administrativo encontrase com a sua exigibilidade suspensa por força da decisão judicial proferida na Medida Cautelar nº 000265565.2015.4.03.6121, na qual há Apólice de SeguroGarantia, emitida em agosto de 2015, no valor de R$ 34.575.993,27 (trinta e quatro milhões, quinhentos e setenta e cinco mil, novecentos e noventa e três reais e vinte e sete centavos) (fls. 4.842 a 4.852); (b) informa, ainda, o ajuizamento da ação anulatória de débito fiscal nº 000312681.2015.403.6121, perante a 1ª Vara da Justiça Federal de Taubaté Seção Judiciária de São Paulo, para discussão do mérito da ação (fls. 4.870 a 4.898). Consoante termo de transferência de crédito tributário constante nos autos (fls. 4.923 a 4.930), houve o desmembramento desse processo, com o envio dos valores incontroversos para cobrança no processo administrativo nº 16041.720008/201615, permanecendo aqui tão somente os créditos de IPI relativos ao 2º semestre de 2001 (06/2001, 08/2001, 10/2001 e 12/2001) ainda em debate (fls. 4.932 a 4.952). No ensejo, após efetuado o desmembramento do débito, sobreveio despacho proferido pela Seção de Controle e Acompanhamento Tributário (SACAT), da Delegacia da Receita federal em Taubaté/SP (fls. 4.955 a 4.956), determinando o retorno dos autos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para apreciação do recurso especial da Fazenda Nacional, nos seguintes termos: [...] Assim, parte da decisão do CARF para a qual não houve recurso especial do Procurador da Fazenda Nacional tornouse definitiva e, por este motivo, o processo foi desmembrado, sendo que parte do débito foi transferida para o Processo nº 16041.720.008/201615, conforme termo de transferência de fls. 4.923/4.930 e parte permaneceu neste processo originário, que deverá retornar ao CARF para apreciação do recurso especial da União. A decisão do CARF proferida por meio do acórdão de fls. 4.542/4.562 e que deu provimento parcial ao recurso voluntário, foi no sentido, dentre outras, de cancelar a exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício, contra a qual houve o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, portanto, ainda não é definitiva. Fl. 5006DF CARF MF 10 Cabe esclarecer, no entanto, que não foi possível o desmembramento do débito quanto a esta parte da decisão, sendo que a aplicação desta se dará no momento do pagamento ou parcelamento do débito, uma vez que do demonstrativo do débito do termo de transferência constam os valores originários dos débitos com os percentuais de multa, já retificados em razão da decisão do CARF, porém sem os juros de mora que deverão ser calculados no momento do pagamento ou da consolidação de eventual parcelamento. Por fim, informamos, que tendo em vista que parte do débito tornouse definitiva para o contribuinte, estando pendente apenas o recurso especial da Fazenda Nacional, foi desapensada deste processo a Representação Fiscal para Fins Penais para envio ao Ministério Público Federal. [...] O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Fl. 5007DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.002 11 Voto Vencido Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional atende os pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, devendo, portanto, ser conhecido. A discussão posta nos autos restringese à decadência e à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Conforme informações prestadas pela Contribuinte, verificase ter havido o ajuizamento da Ação Anulatória de Débito Fiscal distribuída sob o nº 0003126 81.2015.403.6121, perante a 1ª Vara da Justiça Federal de Taubaté Seção Judiciária de São Paulo, para discussão do mérito da ação (fls. 4.870 a 4.898). Da cópia da petição inicial aos presentes autos, depreendese confundirse a discussão administrativa com o processo judicial, inclusive sendo o pedido final da ação a anulação do lançamento objeto do presente processo administrativo. Tendo sido verificada a concomitância entre a ação judicial e o processo administrativo, há de se aplicar a Súmula CARF nº 01, in verbis: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Diante do exposto, ante a renúncia da Contribuinte à discussão na esfera administrativa, dáse provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional pela aplicação da Súmula CARF nº 01, determinando o cumprimento da sentença a ser expedida no processo judicial. Mérito Fl. 5008DF CARF MF 12 Transposta a questão da admissibilidade do recurso especial, necessário adentrarse no mérito da demanda. A discussão posta nos autos restringese à decadência e à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. 1. Decadência Nos termos do art. 62A do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, e reproduzido em sua íntegra no art. 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, no que tange à contagem do prazo decadencial de tributos e contribuições deve ser observado o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça firmado no julgamento do recurso especial nº 973.733, pela sistemática dos recursos repetitivos, restando superada a tese da irrelevância de ter ocorrido ou não pagamento, in verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO.DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN.IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005) [...] Para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, como no caso da COFINS, na inteligência do acórdão do STJ cuja ementa transcreveuse acima: (i) a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, inciso I do CTN) em caso de dolo, fraude ou simulação; quando não houver pagamento antecipado ou inexistir declaração prévia do débito; ou (ii) a partir do fato gerador (art. 150, §4º do CTN) nas hipóteses de pagamento parcial ou integral do débito ou existência de declaração prévia do mesmo. Fl. 5009DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.003 13 Feitas estas considerações, passese ao exame do artigo de lei aplicável ao caso destes autos. O litígio decorre de lançamento de ofício para constituição do crédito tributário referente ao IPI dos períodos de apuração de 01/06/2001 a 31/07/2005. Nesse contexto, dispõe o art. 183 do Decreto nº 7.212/2010, que regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do IPI, in verbis: Art. 183. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação deles, nos termos do art. 268 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150, caput e § 1º, Lei no 9.430, de 1996, arts. 73 e 74, Lei no 10.637, de 2002, art. 49, Lei no 10.833, de 2003, art. 17, e Lei no 11.051, de 2004, art. 4o). Parágrafo único. Considerase pagamento: I o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir; ou III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. (grifouse) Em consonância com o entendimento do STJ consignado no recurso especial nº. 973.733, tendo em vista que o encontro de contas entre os débitos, no período de apuração do imposto, e dos créditos admitidos do IPI, no período fiscalizado, é considerado como pagamento pela legislação que regulamenta o IPI, a contagem do prazo decadencial deve se dar na forma do art. 150, §4º do CTN, observandose o prazo de 05 (cinco) anos contados a partir da data da ocorrência do fato gerador. Portanto, tendo ocorrido a ciência do auto de infração em 29 de dezembro de 2006, e pela contagem do prazo pelo art. 150, §4º, do CTN, encontramse fulminados pela decadência os débitos tributários anteriores a 01/12/2001, não merecendo guarida a pretensão da Fazenda Nacional nesse ponto. 2. Juros de mora sobre a multa de ofício No Direito Tributário, a referência aos juros remete à mora, constituindose em uma indenização pelo atraso no pagamento do débito tributário, ocasionando a privação da Fazenda Nacional de utilizar a importância não recebida na data programada, e que ficou em Fl. 5010DF CARF MF 14 poder do Contribuinte. Os juros moratórios visam remunerar o ente público pelo retardo no pagamento, sendo os mesmos aplicados na forma que a lei dispuser. A Lei nº 9.430/96 estabelece, em seu art. 61, a disciplina referente à multa de mora e aos juros de mora incidentes sobre o débito tributário. A multa de ofício, por sua vez, é tratada no art. 44 do mesmo diploma legal. Depreendese da leitura dos artigos de lei que a multa de ofício será aplicável nos casos de lançamento de ofício sobre o tributo ou contribuição, caracterizandose como uma penalidade mais gravosa que a multa de mora, pois o Contribuinte já perdera a oportunidade de realizar o recolhimento espontaneamente. Nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430/96, haverá a incidência de juros de mora sobre "os débitos a que se referem o artigo", compreendido neste conceito apenas o valor principal do tributo, não servindo de amparo legal à Administração Tributária para proceder à exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício ao cobrar o crédito tributário. Com relação ao art. 161 do Código Tributário Nacional, o mesmo também não é fundamento a autorizar a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Isso porque o termo "crédito" empregado na sua redação referese ao tributo, e nesse conceito não se enquadra a multa. Não por outra razão, o próprio artigo de lei faz uma ressalva em relação às penalidades, ao citar "sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta lei ou em lei tributária". Assim, a multa, que é uma sanção, não se confunde com o tributo, não sendo cabível a sua atualização monetária pela aplicação de juros moratórios. Assim, por inexistir previsão legal, incabível a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício no caso dos autos. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 5011DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.004 15 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Redator designado Fui designado para redigir o voto vencedor quanto ao conhecimento do recurso e quanto à matéria de mérito relativa à aplicação dos juros de mora sobre a multa de ofício. Conhecimento do Recurso Especial De acordo com a relatora teria havido concomitância do presente processo com o processo judicial nº 000312681.2015.403.6121, perante a 1ª Vara da Justiça Federal de Taubaté Seção Judiciária de São Paulo, que trata de Ação Anulatória de Débito Fiscal. Afirma que o teor do pedido que consta na Petição Inicial, fls. 4.870/4.898, confundese com o objeto do presente processo, razão pelo qual não seria possível o seu conhecimento. Com todo respeito ao voto da relatora, registro que não concordo com essa conclusão. Na petição do contribuinte, fl. 4.871, consta os seguintes termos: (...) 1.1 Processo Administrativo nº 16045.000004/200796 (...) Duas das parcelas excluídas pelo CARF no julgamento do recurso voluntário decadência parcial e juros sobre a multa, foram objeto de recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional à 3ª Turma da CSRF do Tribunal Administrativo (apelo já admitido, mas ainda não julgado). Na parte remanescente do crédito tributário, o recurso especial de divergência da Autora não foi conhecido. Como consequência, poderão ocorrer a qualquer momento a inscrição em Dívida Ativa e a posterior cobrança executiva da importância. Nessa medida, a demanda proposta abrange as parcelas do lançamento não afastadas no âmbito administrativo cuja cobrança é iminente. (...) Concluise de seu pedido que a discussão judicial referese somente ao crédito tributário no qual não teve sua demanda aceita no julgamento de seu recurso voluntário. O que se discute no presente processo são justamente as duas demandas em que obteve êxito em seu recurso voluntário que são a questão da decadência parcial e a incidência dos juros de Fl. 5012DF CARF MF 16 mora sobre a multa de ofício, justamente o objeto do recurso especial apresentado tempestivamente pela Fazenda Nacional. Em suas contrarrazões, o sujeito passivo afirma que o recurso especial da Fazenda Nacional é intempestivo e pede o seu não conhecimento. Transcrevese abaixo os §§ 7º a 9º do Decreto nº 70.235/72: Art. 23. Farseá a intimação: (...) § 7º Os Procuradores da Fazenda Nacional serão intimados pessoalmente das decisões do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda na sessão das respectivas câmaras subseqüente à formalização do acórdão. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) § 8º Se os Procuradores da Fazenda Nacional não tiverem sido intimados pessoalmente em até 40 (quarenta) dias contados da formalização do acórdão do Conselho de Contribuintes ou da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, os respectivos autos serão remetidos e entregues, mediante protocolo, à Procuradoria da Fazenda Nacional, para fins de intimação. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) § 9º Os Procuradores da Fazenda Nacional serão considerados intimados pessoalmente das decisões do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, com o término do prazo de 30 (trinta) dias contados da data em que os respectivos autos forem entregues à Procuradoria na forma do § 8º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) Da leitura do dispositivo legal concluise que se não houver a intimação pessoal prevista no § 7º, os Procuradores da Fazenda Nacional serão considerados intimados em 30 dias contados da data em que o processo foi entregue à Procuradoria da Fazenda Nacional. Conforme relação de movimentação de processo, efl. 4564, o presente processo foi entregue à Procuradoria da Fazenda Nacional no dia 01/10/2009. Sendo assim o Procurador da Fazenda Nacional é considerado intimado no prazo de 30 dias a partir do dia 01/10/2009. Portanto, como apresentou o recurso especial em 21/10/2009, não há que se falar em sua intempestividade. O recurso especial, conforme destacou a relatora no início de seu voto é tempestivo. Portanto voto pelo conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional. Juros de Mora sobre a Multa de Ofício O recurso especial da Fazenda Nacional defende a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, sendo que acórdão recorrido afastou a sua aplicação. O Fl. 5013DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.005 17 contribuinte apresentou contrarrazões que reforçam o entendimento do acórdão recorrido de que não existe previsão legal para a pretendida incidência. De acordo com o art. 161 do CTN, o crédito tributário não pago no vencimento deve ser acrescido de juros de mora, qualquer que seja o motivo da sua falta. Dispõe ainda em seu parágrafo primeiro que, se a lei não dispuser de modo diverso, os juros serão cobrados à taxa de 1% ao mês. De forma que o art 61 da Lei nº 9.430/96 determinou que, a partir de janeiro/97, os débitos vencidos com a União serão acrescidos de juros de mora calculados pela taxa Selic quando não pagos nos prazos previstos na legislação tributária, até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Entendo que os débitos a que se refere o art. 61 da Lei nº 9.430/96 correspondem ao crédito tributário de que dispõe o art. 161 do CTN. O art. 139 do CTN dispõe que o crédito tributário decorre da obrigação tributária e tem a mesma natureza desta. Já o art. 113, parágrafo primeiro, do mesmo diploma legal, define que a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Assim, se o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta, necessariamente deve abranger o tributo e a penalidade pecuniária. A multa de ofício aplicada ao presente lançamento está prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96 que prevê expressamente a sua exigência juntamente com o tributo devido. Ao constituir o crédito tributário pelo lançamento de ofício, ao tributo somase a multa de ofício, tendo ambos a natureza de obrigação tributária principal, devendo incidir os juros à taxa Selic sobre a sua totalidade. Tanto é assim, que a própria Lei 9.430/96, em seu art. 43, prevê a incidência de juros Selic quando a multa de ofício é lançada de maneira isolada. Não faria sentido a incidência dos juros somente sobre a multa de ofício exigida isoladamente, pois ambas tem a mesma natureza tributária. Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, no AgRg no Recurso Especial nº 1.335.688PR, relator Ministro Benedito Gonçalves, em decisão de 04/12/2012, assim ementada: "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. Fl. 5014DF CARF MF 18 Para confirmar este entendimento é relevante apresentar algumas recentes decisões da CSRF, abaixo transcritas: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A multa de ofício, penalidade pecuniária, compõe a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, integra o crédito tributário, que se encontra submetido à incidência de juros moratórios, após o seu vencimento, em consonância com os artigos 113, 139 e 161, do CTN, mediante aplicação da taxa SELIC conforme Súmula CARF nº 4. (Acórdão CSRF nº 9101002385, de 12/07/2016, Processo 10932.000633/200905, relator do voto vencedor do Conselheiro André Mendes de Moura). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional, e sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão CSRF nº 9202004250, de 23/06/2016, Processo 10980.723322/201582, relatoria da Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. (Acórdão CSRF nº 9303003480, de 25/02/2016, Processo 16682.721207/201191, relatoria do Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas). Diante do acima exposto, dou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional em relação a essa matéria. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 5015DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.006 19 Declaração de Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Discordamos da il. Relatora e dos demais integrantes do Colegiado apenas quanto à contagem do prazo decadencial. O entendimento esposado no voto condutor do acórdão fundamentouse no parágrafo único do art. 183 do Decreto nº 7212, de 2010 (RIPI/2010), o qual, para melhorar aclarar a controvérsia, reproduzimos: Art. 183. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação deles, nos termos do art. 268 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150, caput e § 1º, Lei no 9.430, de 1996, arts. 73 e 74, Lei no 10.637, de 2002, art. 49, Lei no 10.833, de 2003, art. 17, e Lei no 11.051, de 2004, art. 4o). Parágrafo único. Considerase pagamento: I o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir; ou III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. (g.n.) Diferentemente do que se dá, por exemplo, no ICMS, a legislação do IPI, como se vê, expressamente considera ocorrer o pagamento nos seguintes contextos em que o imposto é, ao final, exigido: a) quando há saldo devedor do imposto, apurado após a compensação de créditos e débitos dentro do mesmo período de apuração, o pagamento só se considera verificado quando do seu recolhimento ao Erário; b) quando há fatos geradores isolados, como na importação, em que o IPI devido não é levado a integrar a apuração por período, o pagamento, tal e qual o anterior, somente se verifica com o seu recolhimento; e, finalmente, c) quando o somatório do valores do imposto lançados nas notas fiscais de venda do estabelecimento industrial é igual ou menor que o somatório dos créditos existentes no mesmo período de apuração, o pagamento se considera ocorrido com a só dedução dos débitos, de modo a que nada reste a recolher. Esta última disposição, importa ressaltar, é o que viabiliza a cobrança de multa de ofício isolada quando o contribuinte deixa de lançar, nas notas fiscais respectivas, o IPI que Fl. 5016DF CARF MF 20 seria devido na operação, mas que, mesmo que lançado fosse, teria crédito suficiente, dentro do mesmo período, para cobrilo. O equívoco que, a nosso juízo, laborou a tese vencedora decorre do fato de ter considerado que o simples encontro de contas entre débitos e créditos do imposto, independentemente do que daí resultar – saldo devedor, saldo credor ou nenhum nem outro –, equivaleria a pagamento, de modo a ensejar a contagem do prazo decadencial pelo disposto no art. 150, § 4°, do CTN, quando o inciso III do parágrafo único acima referido é expresso ao prever a sua aplicação apenas para os casos em que, do encontro de contas entre débitos e créditos, nenhum saldo restar a recolher. Não sendo este o caso, vale dizer, não havendo saldo devedor do IPI, há que se aplicar tão só o disposto no inciso I do parágrafo único do art. 183 do RIPI/2010: pagamento é igual a recolhimento. Aliás, levado ao extremo o raciocínio que norteou a tese vencedora, praticamente nunca, nunca mesmo, seria possível a aplicação, na contagem do prazo decadencial do IPI, do disposto no art. 173, I, do CTN. Afinal, dificilmente se conceber um estabelecimento industrial que nenhum crédito tenha nos períodos de apuração do imposto, notadamente quando, hoje, já não se costuma ter, por razões econômicas óbvias, grandes estoque de insumos empregados na industrialização. Assim sendo, considerando que, no caso ora em julgamento, o pagamento só se dá com o recolhimento, bem como que, ao menos conforme se extrai dos autos, recolhimento não houve, entendemos, por tudo que antes expusemos, que pagamento também não houve, de modo que é de se aplicar, na contagem do prazo decadencial, o estabelecido no art. 173, I, do CTN. É o nosso entendimento. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 5017DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.901508/2012-23
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Apr 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008
PIS. CONCEITO DE INSUMO.
O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais.
No caso julgado, são exemplos de insumos ácido sulfúrico, óleo combustível BPF e serviços de remoção de rejeitos industriais.
FRETE. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS.
Os serviços de transporte suportados pelo adquirente de bens, quando estes se qualifiquem como insumos nos termos da legislação de regência, somente geram direito ao crédito de modo indireto, mediante incorporação ao custo do bem adquirido.
Recurso Especial do Procurador provido em parte
Numero da decisão: 9303-004.660
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para afastar o crédito sobre o frete pago na aquisição de ácido sulfúrico, nos termos do voto do relator, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Pôssas deram provimento parcial em maior extensão.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 PIS. CONCEITO DE INSUMO. O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, são exemplos de insumos ácido sulfúrico, óleo combustível BPF e serviços de remoção de rejeitos industriais. FRETE. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS. Os serviços de transporte suportados pelo adquirente de bens, quando estes se qualifiquem como insumos nos termos da legislação de regência, somente geram direito ao crédito de modo indireto, mediante incorporação ao custo do bem adquirido. Recurso Especial do Procurador provido em parte
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Apr 07 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10280.901508/2012-23
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5708445
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 07 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.660
nome_arquivo_s : Decisao_10280901508201223.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 10280901508201223_5708445.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para afastar o crédito sobre o frete pago na aquisição de ácido sulfúrico, nos termos do voto do relator, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Pôssas deram provimento parcial em maior extensão. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2017
id : 6707190
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048947690307584
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1952; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 488 1 487 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10280.901508/201223 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.660 – 3ª Turma Sessão de 15 de fevereiro de 2017 Matéria PIS. INSUMOS. CONCEITO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ALUNORTE ALUMINA DO NORTE DO BRASIL S.A. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 PIS. CONCEITO DE INSUMO. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, são exemplos de insumos ácido sulfúrico, óleo combustível BPF e serviços de remoção de rejeitos industriais. FRETE. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS. Os serviços de transporte suportados pelo adquirente de bens, quando estes se qualifiquem como insumos nos termos da legislação de regência, somente geram direito ao crédito de modo indireto, mediante incorporação ao custo do bem adquirido. Recurso Especial do Procurador provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para afastar o crédito sobre o frete pago na aquisição de ácido sulfúrico, nos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 15 08 /2 01 2- 23 Fl. 488DF CARF MF 2 termos do voto do relator, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Pôssas deram provimento parcial em maior extensão. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional – PFN contra o Acórdão nº 3403003.625, de 18/03/2015, proferido pela 3ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. Fl. 489DF CARF MF Processo nº 10280.901508/201223 Acórdão n.º 9303004.660 CSRFT3 Fl. 489 3 O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte). No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente insurgiuse contra a concessão de crédito oriundo das aquisições de ácido sulfúrico (assim como do frete relativo ao seu transporte) e de serviços de remoção de resíduos industriais, que, no seu entender, não geram direito a crédito. Alega divergência de interpretação em relação ao que decidido no Acórdão nº 20312.448. O exame de admissibilidade do Recurso Especial encontrase às fls. 347/349. A contribuinte apresentou as contrarrazões ao recurso especial (fls. 351/366). Também interpôs recurso especial, o qual, todavia, não foi admitido (fls. 471/473). É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos, tal como proposto no seu exame, que o recurso especial interposto pela PFN deve ser conhecido. Com efeito, enquanto o acórdão paradigma adotou a tese mais restritiva para o conceito de insumos, de forma a guardar correspondência com o obtido da legislação do IPI, o acórdão recorrido consubstanciou entendimento mais amplo, de sorte a incluir, no mesmo conceito, os produtos e serviços necessários ao processo produtivo da contribuinte. Conhecido, entendemos que, em parte, assiste razão à douta Procuradoria da Fazenda Nacional. Depois de longos debates, passamos a adotar o entendimento majoritário que, justo, encontrase encartado no acórdão recorrido. Como os motivos do nosso convencimento coincidem, na totalidade, com o que exposto no voto proferido pelo il. Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, nos autos do processo administrativo n.º 11065.101271/200647 (Acórdão 3ª Turma/CSRF nº 930301.035, sessão de 23/10/2010), passamos a adotálas, também aqui, como razão de decidir. Eilas: A questão que se apresenta a debate diz respeito à possibilidade ou não de se apropriar como crédito de PIS/Pasep dos valores relativos a custos com combustíveis, lubrificantes e com a remoção de resíduos industriais. O deslinde está em se definir o Fl. 490DF CARF MF 4 alcance do termo insumo, trazido no inciso II do art. 3º da Lei 10.637/2002. A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições. Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Júlio Cesar Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/2003 61, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de PIS/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como insumo combustíveis e lubrificantes, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a Fl. 491DF CARF MF Processo nº 10280.901508/201223 Acórdão n.º 9303004.660 CSRFT3 Fl. 490 5 considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Vejamos o dispositivo citado: [...]As condições para fruição dos créditos acima mencionados encontramse reguladas nos parágrafos desse artigo. Voltando ao caso dos autos, os gastos com aquisição de combustíveis e com lubrificantes, junto à pessoa jurídica domiciliada no pais, bem como as despesas havidas com a remoção de resíduos industriais, pagas a pessoa jurídica nacional prestadora de serviços, geram direito a créditos de PIS/Pasep, nos termos do art. 3º transcrito linhas acima. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso apresentado pela Fazenda Nacional. (grifamos) Passemos ao caso concreto. A Recorrente contesta a concessão de crédito oriundo das aquisições de ácido sulfúrico (assim como do frete relativo ao seu transporte) e de serviços de remoção de resíduos industriais. Antes de concluirmos o voto em relação a cada item e os motivos que sustentam o nosso convencimento, reputamos imprescindível fazer a seguinte observação: em julgamentos recentes envolvendo a mesma contribuinte e, grosso modo, os mesmos produtos e serviços, esta mesma CSRF chegou a conclusões divergentes das que aqui serão adotadas. Nestes julgamentos, acompanhamos o voto do relator, porque nos pareceu que os motivos por ele adotados, encontravamse plenamente compatíveis com a tese majoritária. Referimonos aos Acórdãos CSRF/3ª Turma nº 9303004.378, 9303004.379 e 9303004.380, todos de 09/11/2016. Aqui, contudo, na condição de relator, ao analisarmos com maior detença os itens cujo creditamento a Recorrente pretende afastar, formamos a convicção de que andou bem a Câmara baixa ao reconhecer os créditos (exceto, como se verá, quanto a um dos itens). Com relação ao ácido sulfúrico, replicando votos anteriores envolvendo a mesma empresa, consignou: “A fiscalização considerou o ácido sulfúrico como material de limpeza e consignou na planilha 10 que o inibidor de corrosão e o dispersante de sais são aplicados no tratamento de água potável e no resfriamento de água. (...) A descrição do processo produtivo revela que o ácido sulfúrico tem outras utilidades, além se servir como desincrustante. A limpeza de dutos e trocadores de calor, assim como a desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes são procedimentos necessários para assegurar a eficiência das instalações fabris e a proteção do meioambiente. Fl. 492DF CARF MF 6 A empresa incorre em custos ao adotar esses procedimentos. E é inequívoco que esses custos estão umbilicalmente correlacionados com o processo produtivo da alumina, enquadrandose na disposição do art. 290, I do RIR/99. Assim, devem ser afastadas as glosas relativas ao ácido sulfúrico e aos respectivos fretes, uma vez que são insumos que integram o custo de produção (art. 290, I, do RIR/99). Integrando o custo de produção, o valor desses insumos deve ser considerado no cálculo do crédito da contribuição, nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 10.833/03. (grifamos) Sendo claramente necessário ao processo produtivo, na linha do que vem sendo aqui mesmo decidido, reajustamos o nosso voto para acompanhar o entendimento adotado no acórdão recorrido, negando, no ponto, provimento ao recurso especial. O mesmo, contudo, não se dá com relação ao frete pago na aquisição do ácido sulfúrico: o custo do transporte, obviamente, não se qualifica como insumo necessário à produção de alumina. A única possibilidade de o frete pago na aquisição de um produto gerar direito ao crédito para o adquirente é pela via indireta. Noutras palavras, se o produto se enquadrar no conceito de insumo, sendo, de conseguinte, necessário à produção do contribuinte, o gasto com o seu transporte deverá ser incorporado ao custo do produtos transportados. Todavia, não sendo o produto adquirido necessário à produção, o frete assim pago, incorporado ao seu custo, não gera o direito ao crédito de PIS/Cofins (na mesma linha, ver, p. ex., Solução de Divergência Cosit nº 7, de 23/08/2016). Portanto, se o frete foi pago no transporte de produtos que sejam insumos e de produtos que não o sejam, nos termos do conceito aqui adotado, o valor assim dispendido deve ser incorporado ao custo dos produtos transportados, de modo que, é óbvio, somente a parcela incorporada aos, digamos assim, “produtosinsumos” é que será objeto de creditamento – pela via indireta, claro! Por fim, com relação à remoção dos resíduos industriais, diferentemente do que se deu noutros processos do mesmo contribuinte, o crédito sobre este serviço foi expressamente reconhecido pela Câmara baixa, com base nos seguintes fundamentos, replicados de outros acórdãos da mesma turma: “Deve ser reconhecido o direito de crédito em relação ao pagamento pela prestação de serviço de remoção de rejeitos industriais, visto que tal atividade deve ser considerada como inserida no contexto da produção, tal como sustenta o Recorrente (fl. 464/465). Entendo que assiste razão ao Recorrente, pois os serviços de transporte dos resíduos industriais configuram atos que viabilizam e integram a atividade produtiva. Não apenas o transporte de matériaprima destinada ao processo produtivo, mas também o transporte dos resíduos decorrentes da produção configura ato que viabiliza e integra o processo produtivo. Este tema foi enfrentado logo nos primeiros julgados deste Conselho a respeito do regime nãocumulativo, concluindose que “Quanto aos dispêndios realizados com o serviço de remoção de resíduos industriais, não há nenhuma dúvida de que Fl. 493DF CARF MF Processo nº 10280.901508/201223 Acórdão n.º 9303004.660 CSRFT3 Fl. 491 7 este serviço é parte do processo de industrialização dos bens exportados e está vinculado à receita de exportação. Pela natureza da atividade da recorrente, sem este serviço não há produção. Sendo um serviço diretamente vinculado ao processo produtivo, entendo que a recorrente tem direito ao crédito da Cofins incidente sobre a compra desse serviço e, como tal, tem direito ao ressarcimento desse crédito em face da exportação dos produtos (inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002)” (trecho do voto proferido no Acórdão 20181.139, Recurso 148.457, Processo 11065.101271/200647, Rel. Cons. Walber José da Silva, j. 02.06.2008). Entendo, pois, que deve ser reconhecido o direito de crédito em relação aos serviços de remoção de resíduos em questão. Nos autos do processo administrativo nº 10280.722274/200954 – que envolveu a mesma contribuinte e a mesma controvérsia –, o il. Conselheiro Antônio Carlos Atulim ainda teceu as seguintes considerações a respeito: Relativamente aos serviços de transporte de rejeitos industriais, a análise da descrição do processo produtivo revela que ele gera os detritos lama vermelha, areia e crosta, que depois de serem devidamente tratados, vão para os tanques de rejeitos industriais a fim de serem descartados. Estando esses rejeitos umbilicalmente ligados à produção da alumina, o serviço de transporte para a sua remoção é um custo de produção que se enquadra perfeitamente na disposição do art. 290, I do RIR/99. Deve, portanto, gerar créditos do regime não cumulativo, pois se enquadra na previsão do art. 3º, II, da Lei nº 10.833/04. Não há como se concordar com a alegação da Ilustre Procuradora da Fazenda Nacional, no sentido de que custos incorridos após a obtenção da alumina não podem ser considerados como insumo. O fato de o gasto ser posterior à obtenção do produto final não significa que seja um gasto incorrido na atividademeio. Observese que o rendimento da bauxita está na razão de 5:1. Isso significa, em um cálculo grosseiro, que para produzir uma tonelada de alumina, são necessárias cinco toneladas de minério. O minério não se encontra na natureza em estado puro. Ele se encontra disperso no solo e vem contaminado com impurezas. Após a retirada da tonelada de alumina, as quatro toneladas restantes são rejeitos industriais aos quais a empresa é obrigada a dar destino adequado, a fim de evitar problemas ambientais. Isso não é um gasto com atividademeio. Ainda que se considere que os gastos com esses rejeitos são posteriores ao processo produtivo, é fora de qualquer dúvida que eles decorrem do processo produtivo, pois os rejeitos somente deixariam de existir se a linha de produção parasse. Por isso o gasto com o serviço de retirada desses rejeitos é um custo de Fl. 494DF CARF MF 8 produção da alumina que se enquadra no art. 290, I do RIR/99. (g.n.) Considerando, pois, que a remoção dos resíduos industriais que resultam da produção da alumina revestese de particularidades que a afastam das verificadas nos processos que comumente chegam a este Colegiado, entendemos correto o acórdão recorrido, ao conferir ao contribuinte, quanto a este item, o direito ao crédito do PIS/Cofins. Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, doulhe parcial provimento, apenas para afastar o crédito sobre o frete pago na aquisição de ácido sulfúrico. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 495DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.000862/2004-52
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003
MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA DO ART. 18 DA LEI 10.833/2003.
Com a edição da MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, não cabe mais a imposição de multa, desde que não se trate das hipóteses descritas em seu art. 18.
No caso vertente, o instituto da compensação não foi utilizado de forma fraudulenta.
Tal dispositivo seria aplicável aos lançamentos ocorridos anteriormente à edição da MP 135/03 em face da retroatividade benigna (art. 106, II, "c" do CTN).
Numero da decisão: 9303-004.667
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA DO ART. 18 DA LEI 10.833/2003. Com a edição da MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, não cabe mais a imposição de multa, desde que não se trate das hipóteses descritas em seu art. 18. No caso vertente, o instituto da compensação não foi utilizado de forma fraudulenta. Tal dispositivo seria aplicável aos lançamentos ocorridos anteriormente à edição da MP 135/03 em face da retroatividade benigna (art. 106, II, "c" do CTN).
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 13 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11020.000862/2004-52
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700071
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.667
nome_arquivo_s : Decisao_11020000862200452.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : TATIANA MIDORI MIGIYAMA
nome_arquivo_pdf_s : 11020000862200452_5700071.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2017
id : 6688330
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:07 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048947753222144
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1283; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 787 1 786 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11020.000862/200452 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.667 – 3ª Turma Sessão de 15 de fevereiro de 2017 Matéria PIS/PASEP Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado TRANSPORTADORA TEGON VALENTI S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA DO ART. 18 DA LEI 10.833/2003. Com a edição da MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, não cabe mais a imposição de multa, desde que não se trate das hipóteses descritas em seu art. 18. No caso vertente, o instituto da compensação não foi utilizado de forma fraudulenta. Tal dispositivo seria aplicável aos lançamentos ocorridos anteriormente à edição da MP 135/03 em face da retroatividade benigna (art. 106, II, "c" do CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 08 62 /2 00 4- 52 Fl. 787DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 20179.492, da 1ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes que, por maioria de votos, deu provimento ao recurso voluntário, consignando acórdão com a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 PIS E COFINS. COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO DE NATUREZA NÃO TRIBUTARIA. LANÇAMENTO. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO RETROATIVA DE NORMA PREJUCIDIAL AO CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do art. 106 do CTN, não encontra guarida no universo jurídico pátrio a aplicação retroativa de norma posteriormente editada, tendente aplicação de penalidade, o que torna nula a lavratura do auto de infração em virtude da falta de requisito formal de validade, uma vez que lavrado com fundamento em norma não aplicável ao caso concreto, bem como ante a ausência de comprovação de indícios de fraude. Recurso voluntário provido. ” Insatisfeita, a Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração, apontando contradição ao alegar, em síntese, que: · Havendo o acórdão recorrido se manifestado apenas no sentido da anulação do auto de infração por vicio formal, não poderia sob pena de contradição com suas próprias proposições, ter concluído pelo Fl. 788DF CARF MF Processo nº 11020.000862/200452 Acórdão n.º 9303004.667 CSRFT3 Fl. 788 3 provimento total do recurso, que, além conter pedido de decretação de nulidade, trazia em seu bojo pleito de extinção do próprio crédito tributário; · Diante da extensão do pedido realizado pelo sujeito passivo e da premissa fixada pelo voto condutor, de existência de vicio formal no auto de infração, o resultado do julgamento deveria ter sido apenas o provimento parcial do recurso voluntário. Apreciados os Embargos, foi emitido “Informação” às fls. 731 a 732, conforme segue (Grifos meus): “[...] Trata o presente de auto de infração lavrado contra a embargante para exigir o pagamento de multa isolada prevista no art. 43, inciso II, da Lei n° 9.430/96, c/c art. 18 da Lei n° 10.833/2003. Impugnado o lançamento, o mesmo foi mantido pela DRJ de Porto Alegre — RS e a embargante, não se conformando, ingressou com recurso voluntário pleiteando a nulidade do auto de infração, julgado procedente, nos termos do Acórdão n° 20179.492, de 27/07/2006. Ciente do referido acórdão e tempestivamente, a Fazenda Nacional ingressou com embargos de declaração alegando a ocorrência de contradição entre os fundamentos do voto e o resultado do julgamento. Alega a embargante que o voto vencedor posicionouse pela anulação do auto de infração e o acórdão não poderia "ter concluído pelo provimento total do recurso, que, além confer pedido de decretação de nulidade, trazia em seu bojo pleito de extinção do próprio crédito tributário". Para melhor compreensão da matéria, transcrevo a integra do pedido final da empresa autuada: b) ao final, seja determinada a reforma da decisão prolatada, para que seja declarado nulo o auto de infração lavrado, de forma que seja extinto o crédito formalizado no presente procedimento administrativo. O pedido da empresa autuada, e toda a fundamentação de seu recurso, é para anular o lançamento. Foi o que a decisão embargada fez. Fl. 789DF CARF MF 4 Decretado a nulidade do lançamento pelo acórdão embargado, o crédito tributário correspondente será extinto com a definitividade dessa decisão administrativa, nos termos do disposto no inciso IX, do art. 156, do CTN. Não cabe, no caso dos autos, ao Colegiado decretar ou deixar de decretar a extinção do crédito tributário. Se assim o fizesse, a decisão seria absolutamente inócua. Portanto, os embargos de declaração não reúnem as condições de admissibilidade porque no acórdão embargado não há nenhuma contradição entre a decisão e os seus fundamentos, requisito exigido pelo art. 65 do Regimento Interno do CARF (Portaria MIF n° 256/2009), abaixo reproduzido: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. EX POSITIS, entendo improcedentes as alegações da embargante, não merecendo os Embargos de Declaração serem admitidos [...]” Ato contínuo, foi emitido Despacho à fl. 733 com a aprovação dos termos da Informação de fls. 224/225 pelo Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF – e, por conseguinte, pela rejeição dos presentes embargos declaratórios. Irresignada, então, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o Acórdão 20179.492, requerendo que o presente recurso seja admitido e que seja mantido o lançamento em sua integralidade. O apelo da Fazenda Nacional foi admitido em sua integralidade, nos termos do Despacho às fls. 749 a 750. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora. Fl. 790DF CARF MF Processo nº 11020.000862/200452 Acórdão n.º 9303004.667 CSRFT3 Fl. 789 5 Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que o recurso deva ser conhecido, o que concordo com os termos do Despacho de Análise de Admissibilidade as fls. 749 e 750. Eis que o recurso foi interposto contra acórdão proferido em sessão de julgamento ocorrido até 30/06/2009, o que deverá ser processado de acordo com o previsto no Regimento Interno da CSRF, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25/06/2007 (RICSRF). Sendo assim, cabe trazer que decisão proferida pelo Colegiado foi por maioria de votos e a sessão de julgamento é anterior a 30/06/2009. Ademais, a Fazenda Nacional trouxe elementos, que no seu entender, caracterizariam violação ao artigo 18 da Lei nº 10.833/2003 e art. 106 do CTN. Dessa forma, é de se considerar que o recurso observou os requisitos necessários para a sua admissibilidade. Ventiladas tais considerações, passo a analisar o cerne da lide – aplicação ou não da multa isolada no indeferimento da compensação apresentada pelo sujeito passivo. Para melhor elucidar o entendimento a ser desenvolvido, importante trazer breve histórico do ocorrido: · A empresa TRANSPORTADORA TEGON VALENTI S/A efetuou a compensação de débitos de PIS e de Cofins com crédito representado por obrigação ao portador emitida pela empresa Centrais Elétricas Brasileiras S/A e solicitou sua homologação junto a DRF em Caxias do Sul RS (Processo n' 13016.000551/200305), que indeferiu o pedido e lavrou auto de infração para exigir o pagamento da multa isolada prevista no art. 43, art. 44, inciso II, da Lei 9.430/96, c/c o art. 18 da Lei Fl. 791DF CARF MF 6 10.833/2003 (R$ 519.417,37 para o PIS e R$ 1.186.838,35 para a Cofins); · O sujeito passivo apresentou impugnação, trazendo, entre outros, que o auto de infração é nulo por ausência de fundamentação legal; não cometeu fraude e não se aplica o ADI SRF 17/02 e nem as alterações promovidas na Lei 9.430/96; · A DRJ de Porto Alegre julgou procedente o lançamento, entendendo ser cabível multa de ofício qualificada nos casos em que o crédito oferecido à compensação não se reveste de natureza tributária; · O sujeito passivo, assim, apresentou recurso voluntário sem arrolar bens em garantia de instância; · Por força de medida liminar, o recurso foi apreciado pelo 2º Conselho de Contribuintes, sendo decidido pelo Colegiado tornar nula a lavratura do auto de infração em virtude da falta de requisito formal de validade. Para melhor elucidar o desenrolar do entendimento, importante trazer o histórico das alterações legislativa. Em respeito ao art. 18 da MP n° 135/2003, que foi convertida na Lei 10.833/03, houve previsão, a priori, que o lançamento de ofício decorrente de diferenças apuradas em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de compensação, seria cabível na hipótese em que as diferenças apuradas forem decorrentes de compensação indevida quando o crédito ou o débito não for passível de compensação por expressa disposição legal; o crédito for de natureza nãotributária e às demais hipóteses em que ficar caracterizada a prática de sonegação, fraude ou conluio – infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/64. Tal como explicitou a exposição de motivos dessa MP: “15. O art. 18 limita a aplicação do lançamento de ofício, de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, à cobrança de multa isolada sobre o débito indevidamente compensado nas hipóteses em que as diferenças Fl. 792DF CARF MF Processo nº 11020.000862/200452 Acórdão n.º 9303004.667 CSRFT3 Fl. 790 7 apuradas forem decorrentes de compensação indevida quando o crédito ou o débito não for passível de compensação por expressa disposição legal; o crédito for de natureza nãotributária e às demais hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964.” Sendo assim, com o advento da MP 135/03, a não homologação da compensação decorrente de crédito ou débito não passível de compensação por expressa disposição legal, ou com crédito de natureza não tributária (compensação não declarada), estava sujeita à multa prevista no art. 18 da MP, independentemente de ser ou não decorrente de prática de fraude ou conluio do sujeito passivo. Posteriormente, com o advento da Lei 11.488/07, que alterou o art. 18 da Lei 10.833/03 de conversão da MP 135/03, vêse que tal dispositivo sofreu alteração em sua redação – passando a estabelecer: “Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitar seá à imposição de multa isolada em razão de nãohomologação da compensação quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.” Foi suprimida, conforme exposto, da redação original as hipóteses em que as diferenças apuradas forem decorrentes de compensação indevida quando o crédito ou o débito não for passível de compensação por expressa disposição legal e o crédito for de natureza nãotributária – para a imputação da multa no lançamento de ofício. Dessa forma, a hipótese de lançamento de ofício e de aplicação da respectiva multa para autuações decorrentes de compensações indevidas, passou a ter aplicação ainda mais restrita, qual seja, apenas para os casos em que se comprovasse a falsidade da declaração do sujeito passivo, além das hipóteses de compensações "não declaradas". Fl. 793DF CARF MF 8 A restrição das hipóteses para a aplicação da multa nos lançamentos de ofício não as conduziu automaticamente à aplicação da multa tratada no art. 44 da Lei 9.430/96 – eis que esse dispositivo traz a regra geral – que não seria aplicável aos casos de compensação – como nunca foi. Com o advento da Lei 11.488/07, que alterou o art. 18 da Lei 10.833/03, houve apenas a restrição da aplicação da multa no lançamento de ofício para aqueles casos de não homologação de compensação sem comprovação de falsidade da declaração. Continuando, importante lembrar que a MP 135/03 convertida na Lei 10.833/03, que trouxe novo regramento legal para as compensações, também, dispôs sobre a operacionalização a ser observada mediante entrega da "DComp", estabelecendo, inclusive em seu art. 17 – que, por sua vez, alterou o art. 74 da Lei 9.430/96 que tal declaração constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Dessa forma, vêse que com a constituição da DCOMP em confissão de dívida, perdeuse o sentido a aplicação da multa por descumprimento da obrigação tributária – por exemplo, entrega da DCTF com inexatidão quando identificada irregularidade na compensação sem comprovação de falsidade nas informações. O que afastaria a aplicação da multa prevista no art. 44, inciso II, da Lei 9.430/96. Com efeito, é de se clarificar que o art. 44, inciso II, da Lei 9.430/96 trata da multa isolada – como regra geral, não alcançando as hipóteses de compensação referendadas no caput do art. 18 da Lei 10.833/03 que faz referência aos lançamentos de ofício de que trata o art. 90 da MP 2.15835/01. Ora, o art. 90 da MP trata especificamente do lançamento de ofício das "diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal". Fl. 794DF CARF MF Processo nº 11020.000862/200452 Acórdão n.º 9303004.667 CSRFT3 Fl. 791 9 Em respeito ao princípio da especialidade – lex specialis derogat legi generali é de se aplicar o art. 18 da Lei 10.833/03. Eis que prevê processo administrativo próprio. Dessa forma, entendo ser plenamente aplicável o instituto da retroatividade benigna – tal como estabelece o art. 106 do Código Tributário Nacional: "Art. 106 . A lei aplica se a ato o u fato pretérito: 1 em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratando se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática ". Com a aplicação do instituto da retroatividade benigna, no caso vertente, há de ser afastada a aplicação da multa de ofício, para se adotar a multa de mora – considerando a redação do art. 18 da Lei 10.833/03 com a redação dada pela Lei 11.488/07. Assevera ainda a própria DRJ a aplicação desse entendimento. O que, para melhor elucidar, trago algumas ementas de outros acórdãos das delegacias de julgamento nesse sentido: “MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL 9 º TURMA ACÓRDÃO Nº 1653421 de 05 de Dezembro de 2013 Fl. 795DF CARF MF 10 ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep EMENTA: MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA DO ART. 18 DA LEI Nº 10.833, DE 2003. Com a edição da Medida Provisória n.º 135, de 2003, convertida na Lei n.º 10.833, de 2003, não cabe mais imposição de multa, excetuandose os casos mencionados em seu art. 18. Sendo tal norma aplicável aos lançamentos ocorridos anteriormente à edição da Medida Provisória n.º 135, de 2003, em face da retroatividade benigna (ex vi alínea “c”, inciso II do art. 106 do Código Tributário Nacional), impõese o cancelamento da multa de ofício lançada. Período de apuração: : 01/09/1997 a 30/09/1997” MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO EM SÃO PAULO 6 º TURMA ACÓRDÃO Nº 1615182 de 23 de Outubro de 2007 ASSUNTO: Normas Gerais de Direito Tributário EMENTA: MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em razão da aplicação retroativa (retroatividade benigna) do art. 18 da Lei 10.833/03, com a redação dada pelo art. 25 da Lei 11.051/04, deve ser excluída a multa de ofício imposta. Período de apuração: : 01/02/2002 a 31/05/2002, 01/08/2002 a 30/04/2003 “MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL 9 º TURMA ACÓRDÃO Nº 1644304 de 28 de Fevereiro de 2013 ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep EMENTA: MULTA DE OFÍCIO RETROATIVIDADE BENIGNA Fl. 796DF CARF MF Processo nº 11020.000862/200452 Acórdão n.º 9303004.667 CSRFT3 Fl. 792 11 DO ART. 18 DA LEI Nº 10.833/2003. Com a edição da MP nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003, não cabe mais imposição de multa excetuandose os casos mencionados em seu art. 18. Sendo tal norma aplicável aos lançamentos ocorridos anteriormente à edição da MP nº 135/2003 em face da retroatividade benigna (art. 106, II, “c” do CTN), impõese o cancelamento da multa de ofício lançada. Período de apuração: : 01/12/1998 a 31/12/1998” MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO EM FORTALEZA 4 º TURMA ACÓRDÃO Nº 0823210 de 10 de Abril de 2012 ASSUNTO: Normas de Administração Tributária EMENTA: MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tendo em conta a nova redação dada pelo art. 25 da Lei 11.051, de 2004, ao art. 18 da Lei 10.833, de 2003, em combinação com o art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, cancelase a multa de ofício aplicada. Anocalendário: : 01/01/1997 a 31/12/1997” Proveitoso também trazer no mesmo sentido parte da ementa da Solução de Consulta Cosit Interna nº 3, de 08 de janeiro de 2004: “Nos julgamentos dos processos pendentes, cujo crédito tributário tenha sido constituído com base no art. 90 da MP nº 2.15835, as multas de ofício exigidas juntamente com as diferenças lançadas devem ser exoneradas pela aplicação retroativa do caput do art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003, desde que essas penalidades não tenham sido fundamentadas nas hipóteses versadas no “caput” desse artigo”. Fl. 797DF CARF MF 12 Após breves considerações, importante trazer que, depreendendose da análise dos autos, não vejo indícios para se coadunar com a caracterização de conduta fraudulenta pela recorrente, tal como exposto pela Fazenda Nacional, pelo fato de o sujeito passivo ter utilizado direitos creditórios referentes a obrigações ao Portador da Eletrobrás – Centrais Elétricas Brasileiras S/A. Eis que o sujeito passivo, considerou, para tanto, os art. 30, 110 e 170 da Lei 5.172/66 Código Tributário Nacional (CTN) e nas leis permissivas de compensação. Alem de alegar a "existência de aval, dado pela União, aos referidos títulos", com base na Lei n°4.156, de 28/11/1962. Apresentou, no seu entender, ainda que inaquado perante a autoridade fazendária, fundamentação para se proceder com a compensação. Portanto, não há que se falar em conduta fraudulenta. Ressurgindome aos autos, importante trazer que, conforme Despacho Decisório às fls. 56 e 57, tal compensação foi indeferida. Tal destaque se torna importante, pois não está em discussão a multa por compensação não declarada – tal como traz a Fazenda Nacional – mas sim a conduta fraudulenta praticada ou não pelo sujeito passivo. O que, por conseguinte, em vista de todo o exposto, resta afastar a aplicação da multa qualificada, conforme art. 18 da Lei 10.833/03, considerando não se tratar de conduta dolosa à fraude praticada pelo sujeito passivo. O instituto da compensação não foi utilizado de forma fraudulenta. Em vista de todo o exposto, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. É como voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 798DF CARF MF Processo nº 11020.000862/200452 Acórdão n.º 9303004.667 CSRFT3 Fl. 793 13 Fl. 799DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.013568/2006-36
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2002
MULTA DE AGRAVADA DE 150% . AUSÊNCIA DE PROVA TENDENTE A IMPEDIR OU RETARDAR O CONHECIMENTO DA AUTORIDADE FISCAL DA OCORRÊNCIA DO FATO.GERADOR DO TRIBUTO. INAPLICABILIDADE.
A aplicação da multa qualificada exige-se prova e comprovação do evidente intuito de fraude na conduta da Contribuinte.
Não demonstrada a existência de dolo pela fiscalização, descabe a qualificação da multa, pelo que se reduz o seu percentual de 150% para 75%.
Numero da decisão: 9303-004.613
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2002 MULTA DE AGRAVADA DE 150% . AUSÊNCIA DE PROVA TENDENTE A IMPEDIR OU RETARDAR O CONHECIMENTO DA AUTORIDADE FISCAL DA OCORRÊNCIA DO FATO.GERADOR DO TRIBUTO. INAPLICABILIDADE. A aplicação da multa qualificada exige-se prova e comprovação do evidente intuito de fraude na conduta da Contribuinte. Não demonstrada a existência de dolo pela fiscalização, descabe a qualificação da multa, pelo que se reduz o seu percentual de 150% para 75%.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10680.013568/2006-36
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700572
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.613
nome_arquivo_s : Decisao_10680013568200636.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : DEMES BRITO
nome_arquivo_pdf_s : 10680013568200636_5700572.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6689107
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048947810893824
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1582; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 687 1 686 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10680.013568/200636 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.613 – 3ª Turma Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria IOF MULTA QUALIFICADA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CEMA CENTRAL MINEIRA ATACADISTA LTDA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2002 MULTA DE AGRAVADA DE 150% . AUSÊNCIA DE PROVA TENDENTE A IMPEDIR OU RETARDAR O CONHECIMENTO DA AUTORIDADE FISCAL DA OCORRÊNCIA DO FATO.GERADOR DO TRIBUTO. INAPLICABILIDADE. A aplicação da multa qualificada exigese prova e comprovação do evidente intuito de fraude na conduta da Contribuinte. Não demonstrada a existência de dolo pela fiscalização, descabe a qualificação da multa, pelo que se reduz o seu percentual de 150% para 75%. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 35 68 /2 00 6- 36 Fl. 687DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 688 2 Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional e Contribuinte, com fundamento no art. 7º, I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria n. o 147, de 25/06/2007, contra acórdão nº 20312.543, proferido pela 3º Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, que decidiu em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para reduzir a multa ao percentual básico de 75% (setenta e cinco por cento) e para excluir do pólo passivo os responsáveis tributários pessoas físicas Márcio Vilefort Martins, Márcia Vilefort Martins, Antônio Vilcfort Martins e Virgílio Vilefort Martins e pessoa jurídica VAM Empreendimentos e Participações Ltda., mantendo como único sujeito passivo a CEMA Central Mineira Atacadista LTDA. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: "Trata o presente processo do Auto de Infração de fls. 12/18, relativo ao I0F, fatos geradores de 30/03/2002 a 31/12/2002, no valor de R$ 18.395,17, incluindo juros de mora e multa qualificada e agravada no percentual de 225%. 'Durante os procedimentos de verificações obrigatórias foi constatado que o contribuinte não efetuou o recolhimento (fl. 141) e nem a declaração em DCTF (fl. 140) do IOF devido sobre empréstimos concedidos (mútuos) às pessoas jurídicas BM Comercial Ltda', CNPJ 02232.089/000119 e Wilimport Comercial Ltda', CNPJ 04.697.064/000144, conforme datas e valores detalhados nos demonstrativos às fls. 27 a 46, elaborados com base no Livro Razão, cujas cópias estão às fls. 47 a 56. (...) Esta conduta, também dolosa e reiterada, uma vez que já foi objeto de autuação nos mesmos moldes, quanto ao ano calendário de 2001, processo 10680.004102/200640, visava impedir ou retardar o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, da ocorrência dos fatos geradores das obrigações tributárias, enquadrandose no tipo criminal previsto no inciso Ido artigo 71 da Lei 4.502/64 Sonegação. (...) Aplicase, portanto, ao lançamento efetuado, a multa qualificada de 150%, com o agravamento previsto na legislação, que a eleva para 225%, em punição pela não apresentação dos arquivos magnéticos Mestre e Itens de Mercadorias solicitados nos Termos de Intimação de Nas 002, 004 e 006, conforme explanado no item Descrição dos Fatos. (...) Assevera que, segundo consta do TVF, os referidos Impugnantes firam trazidos à relação processual na qualidade de sócios da autuada, por terem Fl. 688DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 689 3 interesse comum nas situações que constituíram os fatos geradores, nos termos do art. 124,1, do CTN. Nessa parte da defesa, a empresa (lembrese aqui todos os signatários discriminados à It 278), fundamentalmente, não nega as operações de mútuo realizadas, mas discorda da forma de cálculo do IOF. 'A verdade é que toda a conduta fiscal baseouse na, data venia, equivocada idéia de que os empréstimos teriam sido realizados sem a determinação, no contrato, do valor do principal a ser utilizado pelo mutuário. Tanto é verdade que nos fundamentos legais do Auto de Infração é mencionado o art. 7°, inciso I, alínea 'a', 1, cio RIOF (Decreto n" 4.494/2002), que trata justamente dos empréstimos sem valor definido o que não traduz a realidade dos fatos. Conforme se comprova através das cópias de contratos em anexo, o valor do principal, dos encargos e a data de vencimento estão expressos, devendo os empréstimos em questão ser enquadrados no art. 7°, inciso 1, alínea 'h', do RIOF, ao contrário do que pretendeu a fiscalização. (...) os empréstimos com valores determinados em que não houve o pagamento no vencimento previsto em contrato, devem seguir a sistemática de cálculo prevista nos §§ 2' c 3", do art. 7", do RIOF, e não a forma de cálculo determinada pelo art. 7 0, inciso 1, alínea "a", I, desse mesmo regulamento, eis que essa última metodologia somente pode ser aplicada nos casos em que não estiver determinado o valor emprestado.' Da Multa Qualificada Inexistência de Dolo ou Qualquer outra Conduta Ilícita nos Fatos Envolvidos. Aduz, em relação ao enquadramento legal da multa qualificada, que a lei se refere a 'evidente fraude' como causa motivadora do tipo penal. Implica dizer que a evidência sugerida pela lei exige comprovações irrefutáveis pautadas em documentação idónea, afastando presunções, ficções ou qualquer outro meio de prava indireta. Argumenta, quanto à justificação da qualificação da multa feita pelo Fisco no TVF, que não deve prosperar com foro de juridicidade as alegações inferidas, especialmente quando em momento algum houve o intuito de sonegação. Por outro lado, o Acórdão recorrido, entendeu que não se aplica multa qualificada no presente caso. Vejamos: Para a qualificação da multa, carece seja demonstrado o dolo pela fiscalização, seja por meio de uma prova cabal, seja por meio de indícios veementes, cujo conjunto se constitua numa prova. E o contrário do que ocorre nas infrações objetivas, a exemplo do inadimplemento de tributo ou do descumprimento de obrigação acessória, em que cabe ao sujeito passivo provar não ter cometido o ato identificado pela Fiscalização Na autuação em tela a recorrente não efetuou o recolhimento do IOF nem o declarou em DCTF, alegando depois que o imposto não seria devido porque nos mútuos realizados inexiste participação de instituição Fl. 689DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 690 4 financeira. Como a incidência do tributo é induvidosa, a par da legislação aplicável aos fatos geradores do lançamento, a interpretação da empresa não se sustenta. Diante da justificativa apresentada (embora inconsistente à luz da legislação de regência, ressalto) e do atendimento às intimações da Fiscalização (a contribuinte forneceu todas as informações necessárias ao lançamento), tenho para mim que não restou caracterizado o dolo, a permitir a multa no percentual qualificado de 150%. Não me convence do contrário a reiteração da conduta (deixar de recolher o 1OF e de informá lo em DCTF durante dois anos seguidos: 2001 e 2002). A par das omissões encontradas nas DCTF e dos recolhimentos não efetuados, a multa a ser aplicada deve ser a de 75%. De acordo com as provas cantadas aos autos, nem se tem a conduta dolosa apenas vislumbrada pela Fiscalização, nem ocorreu simples elisão, já que o procedimento adotado pela contribuinte, de informar valores a menor ao Fisco e não recolhêlo, não encontra guarida na lei. A infração enquadra se na hipótese de evasão, consistente no recolhimento e na declaração ao Fisco federal de valores a menor que os devidos, de forma não permitida pela legislação tributária. Não demonstrada a existência de dolo pela Fiscalização, descabe a qualificação da multa, pelo que se reduz o seu percentual de 150% para 75%, levandose em conta que a DRJ já retirou o agravamento (de 150% para 225%). O Acórdão restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2002 Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS SÓCIOS. INCISO I DO ART. 124 DO CTN. 1NAPLICABILIDADE. ART. 135 DO CTN. NECESSIDADE DE DOLO. A solidariedade de fato, prevista no inciso I do art. 124 do CTN, não se aplica aos sócios de pessoa jurídica, que devem ser responsabilizados por débitos tributários desta com base nos mis. 134 e 135 do CTN, este último próprio das condutas dolosas. ENQUADRAMENTO LEGAL INCORRETO. DESCRIÇÃO COMPLETA DOS FATOS. COMPREENSÃO POR PARTE DO CONTRIBUINTE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O simples erro no enquadramento legal da infração, sem acarretar mudança na matéria tributável ou na apuração da base de cálculo, não caracteriza cerceamento do direito de defesa a acarretar a anulação do auto de infração se comprovado, pela descrição dos fatos nele contida e pela contestação Fl. 690DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 691 5 apresentada pelo contribuinte, que toda a matéria fática e o direito correlato foram compreendidos pelo autuado. MULTA QUALIFICADA. REDUÇÃO. VALORES NÃO DECLARADOS EM DCTF. LANÇAMENTO EFETUADO COM BASE EM INFORMAÇÕES PRESTADAS PELO CONTRIBUINTE. DOLO NÃO DEMONSTRADO. Tendo o contribuinte, por um lado, apresentado uma justificativa para não declarar os valores do tributo em DCTF, porque segundo ele o IOF não seria devido em mútuo realizado entre pessoas jurídicas sem a intervenção de instituição financeira, e, por outro, fornecidas à Fiscalização todas as informações necessárias ao lançamento, tal conduta configurase como evasão, e não sonegação. Não demonstrada a existência de dolo pela fiscalização, descabe a qualificação da multa, pelo que se reduz o seu percentual de 150% para 75%. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA N° 3. A teor do art. 13 da Lei :V 9.065/95 e conforme a Súmula n" 3, do Segundo Conselho de Contribuintes, inclusive, e legitimo o emprego da taxa Selie como juros moratórios. Recurso provido em parte. Não conformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpõe o presente Recurso, sustentando o restabelecimento da multa de ofício aplicada para modalidade qualificada no patamar 150% (cento e cinqüenta por cento) . O recurso foi admitido conforme consta no despacho de admissibilidade, fls. 610/611. especialmente quanto a matéria sobre a qualificação da multa, a questão quanto a sujeição passiva foi definitivamente decidida. Por outro lado, a Contribuinte também interpõe Recurso, fls. 624/635, alegando erro na capitulação do auto de infração referente a sistemática de cálculo. Para comprovar o dissenso jurisprudencial, foi apontado, como paradigma, o Acórdãos nº 10512.844, comprovado pela juntado do documento de fls.536. Na admissibilidade do Recurso, o Presidente da Câmara a época, Conselheiro Júlio César Alves Ramos, não admitiu o Recurso, com o seguinte fundamento: "contribuinte sustenta que o lançamento padeceria de vício insanável, pois adotou errôneas capitulação legal e fórmula de cálculo na lavratura do auto, com reflexos na quantificação do crédito tributário, no entanto aponta, como paradigma, um julgado que anulou lançamento complementar por ausência de requisitos básicos, como descrição da infração e capitulação legal, verbis: (...)“ A notificação de lançamento se encontra a fls. 37 e 38 e traz consigo apenas uma cópia da declaração de rendimentos do exercício de 1990, da Fl. 691DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 692 6 recorrente, sem conter qualquer demonstrativo de cálculos, sem descrever a infração e sem apontar sua capitulação legal. Traz apenas o enquadramento legal da multa, dos juros de mora e da atualização monetária (fls. 38). (grifado) Ora, definitivamente este não é o caso do presente processo, como demonstra o seguinte excerto do voto condutor: “ERRO NO ENQUADRAMENTO, SEM ALTERAÇÃO NA MATÉRIA TRIBUTÁRIA E NA APURAÇÃO DA DASE DE CÁLCULO E COM COMPREENSÃO PLENA DOS FATOS E DO DIREITO, POR PARTE DA CONTRIBUINTE: INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E MANUTENÇÃO DO LANÇAMENTO Com relação à alegação abaixo (resumir), nada há a acrescentar à decisão recorrida, que já destacou terem tido os autuados compreensão plena dos fatos e do direito em tela, enquanto a Fiscalização utilizou corretamente a base de cálculo e alíquota, obtendo os valores corretos de I0F a pagar. Apenas não foi utilizado o enquadramento mais adequado à espécie. Ou seja, o lançamento reclamado, segundo a decisão sob vergasta, conteria apenas equívoco na indicação da capitulação legal e não ausência, como tenta fazer crer o recorrente, o que o faz diferir por completo daqueloutra situação. Com estas considerações, NEGO SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL e, desde logo, tendo em conta o disposto no art. 71 do Regimento Interno do CARF, submeto esta decisão ao Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais". É o relatório. Fl. 692DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 693 7 Voto Conselheiro Demes Brito Relator O Recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, restando contudo investigar adequadamente o atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade, prerrogativa, em última análise, da composição plenária da Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a qual tem competência para não conhecer de recurso especiais nos quais não estejam presentes os pressupostos de admissibilidade respectivos. Primeiramente, se faz necessário relembrar e reiterar que a interposição de Recurso Especial junto à Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao contrário do Recurso Voluntário, é de cognição restrita, limitada à demonstração de divergência jurisprudencial, além da necessidade de atendimento a diversos outros pressupostos, estabelecidos no artigo 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Por isso mesmo, essa modalidade de apelo é chamada de Recurso Especial de Divergência e tem como objetivo a uniformização de eventual dissídio jurisprudencial, verificado entre as diversas Turmas do CARF. Neste passo, ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos. Após essa breve introdução, passemos, então, ao exame de admissibilidade do Recurso Especial. Quanto ao Recurso da Fazenda, conheço especialmente a matéria atinente aplicação da multa ser ou não qualificada no patamar de 150%. Referente a sujeição passiva, a matéria encontrase definitivamente julgada. Já o Recurso da Contribuinte, conforme exposto no exame de admissibilidade, o acórdão paradigma apresentado, não se presta a comprovar divergência jurisprudencial, portanto, não conheço do Recurso. Passo ao mérito. Com efeito, compulsando os autos, verifico que a Fiscalização, ao tratar da qualificação da multa, enquadrou a Contribuinte no art. 71 da Lei nº 4.502/64, por considerar ter havido sonegação. Afirma que a "contribuinte não efetuou o recolhimento e nem a declaração em DCTF do IOF devido sobre empréstimos concedidos", e que essa conduta é também dolosa e reiterada, uma vez que foi objeto de autuação nos mesmos moldes, quanto ao anocalendário de 2001, processo 10680.004102/200640' (Termo de Verificação Fiscal, fls. 23/24). Conforme dispõe o art. 44, II, da Lei nº 9.430/96, em combinado com os artigos 71, 72 e 73 da Lei n°4.502/64, que definem sonegação, fraude e conluio, Fl. 693DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 694 8 respectivamente, a multa qualificada é aplicada na hipótese de infrações subjetivas dolosas. Os respectivos artigos da Lei n° 4.502/64, versam sobre infrações subjetivas, em que o dolo, consiste na vontade do agente de praticar o ato dolo direto, ou de assumir os resultados da sua prática dolo indireto, a elementar do fato típico, descrito na hipótese de incidência da norma. Neste sentido, para qualificação da multa, o agente fiscal deve comprovar efetivamente dolo da Contribuinte, seja por meio de prova real ou por indícios que comprovem o não pagamento do imposto e o descumprimentos dos deveres instrumentais, em que pese,ao sujeito provar não ter cometido nenhum ato identificado pela Autoridade Fiscal. Como se observa, a Contribuinte não efetuou o pagamento do IOF, nem declarou em DCTF, entretanto, a Contribuinte entendeu de que não incidiria esse imposto nos mútuos realizados entre pessoas jurídicas sem a intervenção de instituições financeiras. Dessa forma, acreditouse, à época, que esse tributo não incidiria sobre as operações realizadas pelo sujeito passivo. Não vislumbro dolo nos procedimentos da Contribuinte, especialmente quanto ao intuito de sonegar, caso contrário, não teria escriturado as operações em sua contabilidade. Também não teria ao ser solicitada, prontamente ter apresentado à Fiscalização diversos documentos (contratos de mútuo, Contrato Social e alterações, Livros Diário, Livros Razão, Livros Registro de Entradas, Livros Registro de Saídas, etc). Portanto, no presente caso, entendo que não houve comprovação de quaisquer das circunstâncias qualificadoras, sendo que não houve nenhuma ação da Contribuinte tendente a impedir ou retardar o conhecimento da autoridade tributária da ocorrência do fato gerador, o que implicaria na sonegação. Neste sentido, esta E. Câmara Superior, por meio do Acórdão nº 9303004 563, entendeu que para aplicação da multa de ofício em 150%, exige a inequívoca comprovação do evidente intuito de fraude na conduta do sujeito passivo, ausente a prova inequívoca de intenção deliberada da contribuinte ocultar o fato gerador, não a que se falar em aplicação da multa qualificada de 150%. Vejamos: "Assunto: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 MULTA DE OFÍCIO. CIRCUNSTÂNCIAS QUALIFICATIVAS DA INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. INAPLICABILIDADE. A aplicação da multa de ofício em 150% (cento e cinqüenta por cento) exige a inequívoca comprovação do evidente intuito de fraude na conduta do sujeito passivo, definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Ausente a prova inequívoca de intenção deliberada da contribuinte de ocultar o fato gerador das contribuições da Autoridade Fiscal, não há de se falar na aplicação da multa qualificada de 150% (cento e cinquenta por cento). Fl. 694DF CARF MF Processo nº 10680.013568/200636 Acórdão n.º 9303004.613 CSRFT3 Fl. 695 9 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os Conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento". Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. É como voto é como penso. Demes Brito Fl. 695DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.900761/2009-36
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2005
PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL.
Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-004.442
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello. Solicitou apresentar declaração de voto a Conselheira Vanessa Marini Cecconello.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2005 PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Especial do Procurador Negado.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10380.900761/2009-36
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5682723
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.442
nome_arquivo_s : Decisao_10380900761200936.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 10380900761200936_5682723.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello. Solicitou apresentar declaração de voto a Conselheira Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
id : 6654571
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048948184186880
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1821; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10380.900761/200936 Recurso nº 1 Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.442 – 3ª Turma Sessão de 07 de dezembro de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES. PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO PELO IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CGTF CENTRAL GERADORA TERMELETRICA FORTALEZA S.A. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005 PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello. Solicitou apresentar declaração de voto a Conselheira Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 07 61 /2 00 9- 36 Fl. 604DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, de acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF n.º 527, de 2010, interposto pela Fazenda Nacional ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF n.º 256, de 22 de junho de 2009, em face do Acórdão n.º 3101001.721, que possui a seguinte ementa, transcrita na parte de interesse: PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Voluntário Provido em Parte A divergência foi suscitada pela Fazenda Nacional em razão do entendimento de que a previsão de cláusula de reajuste com base no IGPM não desnaturaria o requisito de “preço predeterminado” estatuído no art. 10, XI, “b” da Lei n.º 10.833/2003, condição necessária para manutenção da contribuinte no regime cumulativo do PIS/COFINS. Para comprovar o dissenso foram colacionados, como paradigmas, os Acórdãos nºs 210200.001 e 20219.497. O Contribuinte apresentou contrarrazões postulando, preliminarmente, o não conhecimento do Recurso Especial e, caso seja conhecido, seu nãoprovimento, mantendo a decisão recorrida nos termos em que proferida. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.432, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.900758/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303004.432): Da Admissibilidade "Entendemos que o recurso especial deve ser conhecido. Fl. 605DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 4 3 É que, como restou comprovado no exame de sua admissibilidade, enquanto, no acórdão recorrido, entendeuse que o índice aplicado no contrato celebrado pela contribuinte – o mesmo de que se tratou no primeiro acórdão paradigma – não o desqualificava como predeterminado, neste último chegouse a uma conclusão diversa, ou seja, a de que a aplicação do mesmo índice desnaturou tal condição. Assim sendo, e sem necessidade de maiores digressões, entendemos que o recurso especial interposto pela Procuradoria deve ser conhecido." Do Mérito "A questão posta nos autos cingese a esclarecer se a receita advinda do contrato firmado, por ser anterior a 31 de outubro de 2003, estaria alcançado pelo comando dos artigos 10 e 15 da Lei nº n.º 10.833/03, em razão da Instrução Normativa n.º 468/04, aplicandose, portanto, a sistemática da nãocumulatividade. Por unanimidade de votos, a decisão recorrida reconheceu o direito do Contribuinte de compensar com débitos próprios os créditos de que é titular, decorrentes de pagamentos efetuados a maior realizados a título de COFINS nãocumulativa, sobre as receitas de vendas de energia elétrica, quando esse tributo deveria ter sido calculado no regime cumulativo, de acordo com a a alínea "b" do inciso XI do artigo 10 e no artigo 15 da Lei n.° 10.833/03, do § 3 do artigo 3 da IN SRF n.° 658/06 e do item 3.1 da IN SRF n.° 21/79, por resultarem de contrato firmado antes de 31.10.2003 a preço predeterminado, com prazo de vigência superior a 1 (um) ano (CONTRATO), celebrado com a Companhia Energética do Ceará ("COELCE"). Para melhor elucidar a questão, transcrevo a seguir os dispositivos que serão tratados na presente decisão, iniciando com a art. 10, inciso XI, alínea “b”, da Lei n.º10.833/03, in verbis: "Lei 10.833/03 (...) Art. 10. Permanecem sujeitas às Normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: (...) XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...) b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços;" Fl. 606DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 5 4 E artigos 1º e 2º da IN SRF n.º 468/04, trazem a seguinte redação: "Art. 1º Permanecem tributadas no regime da cumulatividade, ainda que a pessoa jurídica esteja sujeita à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, as receitas por ela auferidas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...) II com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços “Art. 2º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Se estipulada no contrato cláusula de aplicação de reajuste, periódico ou não, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços verificada após a data mencionada no art. 1º. (...)." Verificase que a Instrução Normativa da Receita Federal determina a alteração do regime tributário com a existência de cláusula de reajuste, ou seja, altera a situação da pessoa jurídica do regime tributário da cumulatividade para o não cumulativo. Acredito, que referida instrução normativa ultrapassou o poder regulamentar. Isto porque, ao definir a cláusula de reajuste como marco temporal para modificação do caráter predeterminado do preço, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). Cumpre asseverar que o entendimento jurisprudencial só admite alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação ao princípio da legalidade tributária, senão vejamos: "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. FUSEX. NATUREZA TRIBUTÁRIA. FIXAÇÃO DA ALÍQUOTA POR PORTARIA. IMPOSSIBILIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 1. É entendimento sedimentado o de não haver omissão no acórdão que, com fundamentação suficiente, ainda que não exatamente a invocada pelas partes, decide de modo integral a controvérsia posta. 2. 'Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não Fl. 607DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 6 5 foi apreciada pelo tribunal a quo' (Súmula 211/STJ). 3. 'O Fundo de Saúde do Ministério do Exército (FUSEX) é custeado pelos próprios militares que gozam, juntamente com seus dependentes, de assistência médicohospitalar. A contribuição de custeio, tendo em vista seu caráter compulsório, tem natureza jurídica tributária, sujeitandose ao princípio da legalidade. Precedente: REsp 789260/PR, Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, DJ 19.06.2006' (REsp 761.421/PR, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 01.03.2007). 4. '(...) por se tratar de lançamento de ofício, o prazo prescricional a ser aplicado às ações de repetição de indébito de contribuições ao FUSEX é o qüinqüenal, nos termos do art. 168, I, do CTN' (REsp 1.068.895/RS, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJe de 20/10/2008) 5. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 857.464/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 17.2.2009, DJe 2.3.2009.) Diante, disto, o STJ e o TRF tem posicionado no sentido de declarar a ilegalidade do art. 2º, §2º, da Instrução Normativa SRF n.º 468/04 (redação repetida pelo art. 3º, §2º, da Instrução Normativa SRF n.º 658/06). "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. REGRA DE TRANSIÇÃO. ART. 10, XI, "B", DA LEI N. 10.833/03. REGULAMENTAÇÃO. SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL. ART. 92 DA LEI N. 10.833/03. CONCEITO DE "PREÇO PREDETERMINADO". ART. 2º, § 2º, DA IN/SRF N. 468/2004 E ART. 3º, §2º, DA IN/SRF N. 658/2006. ILEGALIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO (ART. 932, IV, CPC/2015 C/C ART. 255, § 4º, II, RISTJ). Processo REsp 1476922 Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Data da Publicação DJe 29/06/2016." "TRIBUTÁRIO. COFINS. REGIME DE CONTRIBUIÇÃO. LEI N. 10.833/03. INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 468/2004. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. Cuidase de recurso especial interposto pelo contribuinte, questionando o poder regulamentar da Secretaria da Receita Federal, na edição da Instrução Normativa n. 468/04, que regulamentou o art. 10 da Lei n. 10.833/03. 2. O art. 10, inciso XI, da Lei n. 10.833/03 determina que os contratos de prestação de serviço firmados a preço determinado antes de 31.10.2003, e com prazo superior a 1 (um) ano, permanecem sujeitos ao regime tributário da cumulatividade para a incidência da COFINS. (Grifo meu.) 3. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa n. 468/04, ao definir o que é "preço predeterminado", estabeleceu que "o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços " e, assim, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). 4. Somente é possível a alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação do princípio da legalidade tributária. 5. No mesmo sentido do voto que eu proferi, o Ministério Público Federal entendeu que houve ilegalidade na regulamentação da lei pela Secretaria da Receita Federal, pois "a Fl. 608DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 7 6 simples aplicação da cláusula de reajuste prevista em contrato firmado anteriormente a 31.10.2003 não configura, por si só, causa de indeterminação de preço, uma vez que não muda a natureza do valor inicialmente fixado, mas tão somente repõe, com fim na preservação do equilíbrio econômicofinanceiro entre as partes, a desvalorização da moeda frente à inflação ." (Fls. 335, grifo meu.) Mantenho o voto apresentado, no sentido de dar provimento ao recurso especial (REsp. n. 1.089.998 RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18.10.2011). " "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 557 DO CPC. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. COFINS. REGIME DE CONTRIBUIÇÃO. LEI N. 10.833/03. INSTRUÇÃO NORMATIVA 468/2004. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. A eventual nulidade da decisão monocrática calcada no art. 557 do CPC fica superada com a reapreciação do recurso pelo órgão colegiado, na via de agravo regimental, como bem analisado no REsp 824.406/RS de Relatoria do Min. Teori Albino Zavascki, em 18.5.2006. 2. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa 468/04, ao definir o que é "preço predeterminado", estabeleceu que "o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços" e, assim, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). 3. Somente é possível a alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação do princípio da legalidade tributária. Precedentes: REsp 1.089.998RJ, DJe 30/11/2011; REsp 1.109.034PR, DJe 6/5/2009; e REsp 872.169RS, DJe 13/5/2009. Agravo regimental improvido (AgRg no REsp. n. 1.310.284 PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 06.09.2012)." "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. INTIMAÇÃO PESSOAL DA FAZENDA. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. NATUREZA PREVENTIVA. SÚMULA 7/STJ. ART. 10, XI, "B' DA LEI 10.833/03. CONCEITO DE PREÇO PREDETERMINADO. IN SRF 468/04. ILEGALIDADE. PRECEDENTE. ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. MULTA. AFASTAMENTO. SÚMULA 98/STJ. 1. O provimento do recurso especial por contrariedade ao art. 535, II, do CPC pressupõe seja demonstrado, fundamentadamente, entre outros, os seguintes motivos: (a) a questão supostamente omitida foi tratada na apelação, no agravo ou nas contrarrazões a estes recursos, ou, ainda, que se cuida de matéria de ordem pública a ser examinada de ofício, a qualquer tempo, pelas instâncias ordinárias; (b) houve interposição de aclaratórios para indicar à Corte local a necessidade de sanear a omissão; (c) a tese omitida é fundamental à conclusão do julgado e, se examinada, poderia levar à sua anulação ou reforma; e (d) não há outro fundamento autônomo, suficiente para Fl. 609DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 8 7 manter o acórdão. Esses requisitos são cumulativos e devem ser abordados de maneira fundamentada na petição recursal, sob pena de não se conhecer da alegativa por deficiência de fundamentação, dada a generalidade dos argumentos apresentados. Incidência da Súmula 284/STF. 2. Não cabe recurso especial quanto à controvérsia em torno da intimação pessoal da Fazenda, sob pena de usurparse competência reservada ao Supremo, nos termos do art. 102 da CF/88, já que o aresto recorrido decidiu com base em fundamentos essencialmente constitucionais. 3. Inadmissível recurso especial que demanda dilação probatória incompatível, nos termos da Súmula 7/STJ. No caso, a Corte de origem afirmou, expressamente, tratarse de impetração preventiva, o que afasta o prazo decadencial de 120 dias para a impetração, premissa que não pode ser revista neste âmbito recursal. 4. O preço predeterminado em contrato, previsto no art. 10, XI, "b", da Lei 10.833/03, não perde sua natureza simplesmente por conter cláusula de reajuste decorrente da correção monetária. Ilegalidade da IN n.º 468/04. Precedente. 5. A multa fixada com base no art. 538, parágrafo único, do CPC, deve ser afastada quando notório o propósito de prequestionamento dos embargos de declaração. Incidência da Súmula 98/STJ. 6. Recurso especial conhecido em parte e provido também em parte. Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer em parte do recurso e, nessa parte, darlhe parcial provimento nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques e Cesar Asfor Rocha votaram com o Sr. Ministro Relator.” Egrégio Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1169088 MT 2009/02357184" Com efeito, inferese da leitura da legislação federal que não houve nenhuma previsão de alteração do regime de contribuição por aplicação de cláusula de reajuste nos contratos firmados, não podendo instrumento normativo hierarquicamente inferior determinar a alteração do regime tributário, em observância da princípio da legalidade. Ademais, as Instruções Normativas constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis. De conseqüência, à luz dos art. 97 e 99 do Código Tributário Nacional, Instruções Normativas não podem modificar Lei, inovar a ordem jurídica, mas apenas conferir executoriedade às leis, nos estritos limites estabelecidos por elas. Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 9 8 Não obstante à essa constatação, temse que, posteriormente à IN SRF n.º 468/04, especificamente em 22.11.05, foi publicada a Lei n.º 11.196/05 que trouxe o seguinte dispositivo (Grifos meus): “Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1o de novembro de 2003.” Pela leitura desse dispositivo, confirmase que não havia nenhuma previsão legal, até o advento da Lei n.º 11.196/05, de alteração do regime de contribuição por aplicação de cláusula de reajuste nos contratos firmados. Vale ainda esclarecer que a introdução de cláusula de reajuste é admitida para assegurar às partes a manutenção do equilíbrio econômico e financeiro da avença. Deve haver uma permanente equivalência entre os encargos suportados pelo particular e a remuneração a ele paga pela Administração. E o artigo 40 da Lei n.º 8.666 de 21 de junho de 1993, que rege as licitações, estabelece a observância obrigatória de determinadas regras, das quais a cláusula de reajuste de preço deve constar não apenas do instrumento contratual, mas também do próprio ato convocatório do processo de licitação. A mesma lei, dispõe que a aplicação de reajuste apenas representa o repasse da correção monetária durante a vigência do contrato, e não o estabelecimento de um novo contrato. O reajuste não provoca alteração contratual, motivo pelo qual é registrado mediante simples apostila. "Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, o dia e a hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: (...) XI – critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela; (...) Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: (...) Fl. 611DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 10 9 III o preço e as condições de pagamento, os critérios, database e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios da atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;" "Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: (...) § 8.º A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato , as atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo , podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento." (grifouse.) Dessa forma, o reajuste, resultante da simples aplicação do índice de correção monetária não tem o poder de alterar o preço predeterminado. Tanto é assim, que não implica em obrigatoriedade de aditamento do contrato, bastando a previsão de cláusula de reajuste com a estipulação de um índice oficial para a atualização monetária do preço. Quanto à IN SRF n.º 658/06, publicada posteriormente à Lei n.º 11.196/05 e que revogou a IN SRF n.º 468/04, que trouxe os arts. 3º e 4º, in verbis: "Art. 3º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Ressalvado o disposto no § 3º, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação, após a data mencionada no art. 2º, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação: I de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não; ou II de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico financeiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. § 3º O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. Art. 4º Na hipótese de pactuada, a qualquer título, a prorrogação do contrato, as receitas auferidas depois de vencido o prazo contratual vigente em 31 de outubro de 2003 sujeitarseão à incidência não cumulativa das contribuições.” (Grifos meus) Fl. 612DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 11 10 É de se considerar, em vista do exposto, que a IN SRF n.º 658/06, especificamente sem eu art. 3º, § 3º, está em consonância com o art. 109 da Lei n.º 11.196/05 ao dispor que o reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei n.º 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. No caso concreto dos autos a recorrente celebrou, em 31 de agosto de 2001, contrato de compra e venda de energia elétrica com a Companhia Energética do Ceará COELCE, por um prazo de 20 anos, contados a partir da data inicial de fornecimento, que foi devidamente aprovado pela ANEEL através do Oficio n° 243/2002 SFF/ANEEL, de 09/04/2002. E através dos laudos apresentados foi comprovado que o Índice previsto para reajuste do preço predeterminado, constante do contrato de fornecimento de energia elétrica para a Companhia Energética do Ceará COELCE, não restou descaracterizado quando do primeiro reajuste, porquanto tal índice refletira os acréscimos dos custos de produção de energia elétrica, nos exatos termos condicionados pela legislação aplicável, tendo como consequência a tributação de suas receitas pelo PIS e COFINS no sistema cumulativo. E foi demonstrado que a fórmula de reajuste de preços não foi derivada de Índice refletor da variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, Quanto a variação do custo de produção, os peritos ao analisar o Laudo apresentado pela recorrido, apresentaram a seguinte resposta: 'Nesse contexto de forte definição por parte do Estado, os reajustes aplicados desde o inicio do suprimento CGTFCOELCE não ultrapassaram os custos de produção ou a variação ponderada dos insumos pelas seguintes razões: 1As Regras de Reajuste Contratual foram estabelecidas na legislação setorial; 2O contrato foi analisado e aprovado pela ANEEL; 3As regras de reajuste contratual definidas pela legislação setorial visam a variação ponderada dos custos de produção ou dos insumos, em consonância estrita com o princípio da legalidade, observado com todo o natural zelo pelo Regulador, em especial obedecendo o que dispõe o art. 27 da Lei n° 9.069/1995 no que diz respeito às condições necessárias para a utilização de índice diferente do IPC; e 4A variação de preço de venda não foi superior à dos insumos.' Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 12 11 E posteriormente a recorrida apresentou, o complemento do Laudo Técnico, no qual consta a composição final do preço com base nos nesses insumos e também foi apresentada a evolução ponderada dos insumos e produto. Diante de todos esses elementos ficou comprovado que em todos os anos do período apresentado, a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, ficando demonstrado que a correção no preço da energia elétrica praticada no período em questão (2005) não foi superior ao que ocorreu com seus insumos. Dessa forma, o reajuste praticado não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado, sujeitandose a recorrente à alíquota cumulativa das contribuições, subsistindo indébito tributário passível de repetição e compensação. Ademais, a Recorrida apresentou Ofício nº 1431/2006 da ANEEL, onde foi confirmado que os índices por ela aprovados ou homologados, bem como nos contratos celebrados nos moldes dos examinados nesses processos 'visam exatamente refletir a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados'. Diante dos fatos apurados, nego provimento ao recurso especial da Fazenda, para manter a decisão recorrida." Deixase de transcrever a íntegra da declaração de voto apresentada pela Conselheira Vanessa Marini Cecconello por ter sido apresentada no Acórdão 9303004.432 (processo paradigma), e por não ser essencial à solução do presente litígio. Transcrevese, tão somente, o seguinte fragmento da declaração de voto, que resume o entendimento adotado por parte dos integrantes do Colegiado, que votaram pelas conclusões: "A previsão de cláusula de reajuste do contrato, baseada no IGPM ou outro índice ou fórmula de correção monetária, não descaracteriza a condição de preço predeterminado, prestandose à simples manutenção do valor da moeda no tempo. Portanto, a previsão de reajuste do preço do suprimento de energia elétrica da CGTF à COELCE busca evitar que o valor predeterminado pelas partes contratantes seja corroído pelos efeitos da inflação. Portanto, não havendo a descaracterização da condição de preço predeterminado por cláusula contratual prevendo o reajuste por índice de correção monetária, estáse diante de contrato que preenche integralmente os requisitos estabelecidos na exceção do inciso XI, do art. 10 da Lei nº 10.833/2003, sendo imperiosa a manutenção da tributação das receitas dele decorrentes pelo regime de tributação do PIS e da COFINS cumulativo, havendo o direito da Contribuinte à restituição dos valores indevidamente recolhidos a tal título pela sistemática da nãocumulatividade." Fl. 614DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 13 12 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, mas, no mérito, negolhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 615DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.934336/2009-98
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005
CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO.
Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-004.525
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11080.934336/2009-98
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700462
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.525
nome_arquivo_s : Decisao_11080934336200998.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 11080934336200998_5700462.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
id : 6688721
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:29 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048948332036096
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1734; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11080.934336/200998 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.525 – 3ª Turma Sessão de 07 de dezembro de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES. PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO. IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CEEEGT ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 93 43 36 /2 00 9- 98 Fl. 910DF CARF MF Processo nº 11080.934336/200998 Acórdão n.º 9303004.525 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3803005.970, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte contra a não homologação de compensação declarada (PER/DCOMP). A compensação está lastreada em crédito oriundo de pagamento de contribuição supostamente efetuado a maior, em razão de apuração efetuada na sistemática nãocumulativa. O colegiado a quo entendeu, em síntese, que a correção dos preços pelo IGP M não descaracteriza a natureza de preço predeterminado para os efeitos da tributação pelas contribuições cumulativas, incidentes sobre contratos de longo prazo firmados antes de 31 de outubro de 2003, conforme previsão contida no inciso XI, b, do artigo 10 e inciso V do artigo 15 da Lei nº10.833/2003. Com esse entendimento, ficou caracterizado o pagamento a maior em razão da apuração da contribuição na sistemática não cumulativa. Para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional aponta decisões que enfrentaram exatamente a mesma situação mesmo setor econômico, mesmo índice em discussão e concluíram de modo antagônico. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.467, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 11080.909061/201179, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.467): O recurso cumpre os requisitos regimentais para que seja apreciado; dele conheço. Começo com o registro de que concordo com quase todos os fundamentos da decisão recorrida, da lavra do douto e coerente ex Fl. 911DF CARF MF Processo nº 11080.934336/200998 Acórdão n.º 9303004.525 CSRFT3 Fl. 4 3 membro desta casa, o dr. Belchior Melo de Souza. De fato, apenas discordo dele quando vislumbra diferença semântica relevante entre as locuções presentes na lei ("reajuste em função de ...") e no ato normativo que buscou regulamentar o assunto ("reajuste em percentual ... "). Para mim, nenhuma diferença há aí: reajuste "em função de" quer dizer exatamente "aplicando o percentual previsto no" índice. O que se tem de ver é se o índice cumpre os requisitos da lei, isto é, refletir "a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do §1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995". É que, como já reiteradamente transcrito, a norma que temos de aplicar autoriza a adoção de dois critérios alternativos e mutuamente excludentes para fixação do reajuste do preço: pode ele expressar a variação dos custos ou se basear em índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Por "variação dos custos", entendo eu, quer o ato legal se referir à variação efetivamente ocorrida e devidamente apurada pela empresa em sua escrita contábil. Já o índice que se empregue pode, em princípio, ser qualquer um objeto do acordo celebrado com o cliente, mas não pode superar a efetiva variação dos custos. A meu sentir, a norma sob análise decorre das especificidades do setor em discussão. Como é bem sabido, tratase de uma atividade essencialmente monopolizada, na qual prestador e tomador acordam condições que prevalecerão por períodos de tempo bastante longos. Nesses casos, inexistente um "mercado fixador", o preço é contratualmente definido, especificando o contrato também a forma de reajuste que o preserve dos efeitos inflacionários. Outra especificidade do setor diz com o elevado aporte de capital necessário a sua exploração, o que o fez, até há duas décadas, exclusivamente estatal. A privatização do setor, ocorrida nos idos dos anos 90 do século passado, exigia, por isso, que se garantisse (até onde possível) uma remuneração ao capital privado suficiente a estimular o seu ingresso. E na fixação desse percentual, obviamente, um fator essencial é a "margem de contribuição", no dizer dos contabilistas, ou o markup, na dos economistas: em ambos as acepções, a diferença entre o preço e o custo (unitário, na primeira; marginal, na segunda). E tal diferença, sabidamente, é influenciada pela tributação que incida sobre o setor. É por isso que o legislador, a meu ver acertadamente, previu que o reajuste do preço em percentual "compatível" com a variação efetiva dos custos, por si só, não afetaria a forma de tributação pelas contribuições PIS e COFINS que vigia quando os contratos foram assinados. A rigor, tal regra limitaria a correção dos preços à efetiva variação ocorrida nos custos, mas o legislador a ampliou ao deferir que fosse usado índice, desde que ele refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. É importante aqui considerar, como minudentemente feito no voto do dr. Belchior, a diferença entre reajuste, recomposição e repactuação. Citoo: Fl. 912DF CARF MF Processo nº 11080.934336/200998 Acórdão n.º 9303004.525 CSRFT3 Fl. 5 4 Nesse passo, importa identificar três formas de fixação de preços nos contratos em andamento: a repactuação ou revisão, a recomposição e o reajuste. A autorizada doutrina de Marçal Justen Filho1 define o que vêm a ser recomposição e reajuste. “A recomposição é o procedimento destinado a avaliar a ocorrência de evento que afeta a equação econômico financeira do contrato e promove adequação das cláusulas contratuais aos parâmetros necessários para recompor o equilíbrio original. Já o reajuste é procedimento automático, em que a recomposição se produz sempre que ocorra a variação de certos índices, independentemente de averiguação efetiva do desequilíbrio” A recomposição, também chamada de revisão, decorre de fatos imprevisíveis: caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou álea econômica extraordinária. O reajuste objetiva reconstituir os preços praticados no contrato em razão de fatos previsíveis, é dizer, álea econômica ordinária, no momento da contratação, ante a realidade existente, como a variação inflacionária. Por decorrência, o reajuste deve retratar a alteração dos custos de produção a fim de manter as condições efetivas da proposta contratual, embora muitas vezes não alcance este desiderato relativamente a certo segmento ou agente econômico. A repactuação visa à adequação dos preços contratuais aos novos preços de mercado e, no âmbito da Administração Pública Federal, encontrase regulamentada no art. 5º do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 19972. A possibilidade de repactuação prevista neste decreto não se faz acompanhar de disciplina acerca dos seus efeitos tributários, valendo a citação apenas para destacar a definição do signo repactuação. Novamente, em nada posso divergir dessa conceituação, mas tampouco posso concordar com a conclusão que dela extrai meu celebrado colega: para mim, a possibilidade de o contrato estabelecer cláusula de alteração em consequência de mudança tributária que venha a afetar o preço, implementada posteriormente à assinatura do contrato, está exatamente a validar o meu entendimento. É que ela seria totalmente desnecessária (ao menos no tocante às contribuições em tela) se fosse possível mantêlo no regime cumulativo pela aplicação de qualquer índice contratual, pois, nesse caso, nunca haveria impacto tributário do reajuste. Penso que, ao contrário, ela pode se dar (caso a correção pelo índice leve à tributação não cumulativa) o que atrai o procedimento de recomposição. Divirjo, portanto, dos que entendem (como parece ser a conclusão da decisão recorrida) que a autorização legal esteja a permitir que a 1 Filho, Marçal Justen. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. São Paulo: Dialética, 10. ed., 2004, p. 389. 2 Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que previsto no edital, admitir repactuação visando à adequação aos novos preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada. Fl. 913DF CARF MF Processo nº 11080.934336/200998 Acórdão n.º 9303004.525 CSRFT3 Fl. 6 5 empresa adote um determinado índice e não mais precise averiguar se ele é inferior ou superior à efetiva variação dos seus custos. É óbvio que se for inferior, não estará autorizada a deixar de aplicar o índice contratualmente previsto para reajuste. Aplicamse, nesse caso, as disposições contratuais relativas à recomposição e/ou repactuação, conforme didaticamente exposto pelo dr. Belchior em seu voto. O que isso não implica, porém, é que, em qualquer caso, mantém se o regime cumulativo, pois não é isso o que diz o ato legal. Necessário, pois, provar. Quando se trata de lançamento de ofício, essa prova, a meu sentir, há de ser exigida e desconstituída fundamentadamente pela fiscalização para que possa ser mantido o lançamento. Já nos casos, como o presente, em que é a própria empresa quem postula administrativamente a sistemática cumulativa, ela deve ser a primeira peça a instruir o seu pleito. No presente caso, do relatório da decisão recorrida e da leitura da íntegra do processo, não encontro qualquer prova, no entanto, ainda que a empresa tenha afirmado em seu recurso voluntário que: "(...) em nenhum momento foram aferidos os custos de produção do contribuinte no período fiscalizado. Nesse caso, mesmo considerando que o IGPM desfigura o conceito normativo de preço predeterminado, não poderia ter sido ignorada outra prerrogativa legal, a qual estabelece um percentual não superior ao acréscimo do custo de produção". Como já repetidamente afirmado, tal prova competia a ela, postulante, e não à fiscalização. Fora isso, a defesa da empresa lastreiase essencialmente no ato da ANEEL, que efetivamente afirma que o IGPM cumpre o requisito legal relativo à tributação aqui discutida. Isso não obstante, rejeito o argumento, pois a competência da ANEEL não alcança matéria tributária. Com efeito, entre as atribuições daquela agência reguladora, exaustivamente elencadas na própria lei que a criou3, nada há acerca da tributação incidente sobre o setor. Assim, as Notas Técnicas e as Resoluções daquela agência reguladora aplicamse às questões inerentes à geração e à distribuição de energia elétrica e às atividades correlatas. Sua competência, pois, restringese à seara dos contratos, dos preços da energia e da remuneração das concessionárias e permissionárias desses serviços públicos. Por óbvio, entre tais atribuições está dizer que possa ser contratualmente previsto o IGPM. O que não pode é dizer que isso implica tal ou qual consequência tributária. No presente caso, como já afirmado, embora postule a compensação, nada trouxe a empresa que comprovasse a adequação do índice aos ditames legais. Voto, pois, por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. 3 Lei 9.427/96, arts. 3º e 4º Fl. 914DF CARF MF Processo nº 11080.934336/200998 Acórdão n.º 9303004.525 CSRFT3 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, doulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 915DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.900081/2010-01
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/10/2005
CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO.
Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-004.471
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2005 a 31/10/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11080.900081/2010-01
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700408
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.471
nome_arquivo_s : Decisao_11080900081201001.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 11080900081201001_5700408.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
id : 6688667
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048948335181824
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1734; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11080.900081/201001 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.471 – 3ª Turma Sessão de 07 de dezembro de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES. PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO. IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CEEEGT ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2005 a 31/10/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 00 81 /2 01 0- 01 Fl. 912DF CARF MF Processo nº 11080.900081/201001 Acórdão n.º 9303004.471 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3803005.914, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte contra a não homologação de compensação declarada (PER/DCOMP). A compensação está lastreada em crédito oriundo de pagamento de contribuição supostamente efetuado a maior, em razão de apuração efetuada na sistemática nãocumulativa. O colegiado a quo entendeu, em síntese, que a correção dos preços pelo IGP M não descaracteriza a natureza de preço predeterminado para os efeitos da tributação pelas contribuições cumulativas, incidentes sobre contratos de longo prazo firmados antes de 31 de outubro de 2003, conforme previsão contida no inciso XI, b, do artigo 10 e inciso V do artigo 15 da Lei nº10.833/2003. Com esse entendimento, ficou caracterizado o pagamento a maior em razão da apuração da contribuição na sistemática não cumulativa. Para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional aponta decisões que enfrentaram exatamente a mesma situação mesmo setor econômico, mesmo índice em discussão e concluíram de modo antagônico. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.467, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 11080.909061/201179, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.467): O recurso cumpre os requisitos regimentais para que seja apreciado; dele conheço. Começo com o registro de que concordo com quase todos os fundamentos da decisão recorrida, da lavra do douto e coerente ex Fl. 913DF CARF MF Processo nº 11080.900081/201001 Acórdão n.º 9303004.471 CSRFT3 Fl. 4 3 membro desta casa, o dr. Belchior Melo de Souza. De fato, apenas discordo dele quando vislumbra diferença semântica relevante entre as locuções presentes na lei ("reajuste em função de ...") e no ato normativo que buscou regulamentar o assunto ("reajuste em percentual ... "). Para mim, nenhuma diferença há aí: reajuste "em função de" quer dizer exatamente "aplicando o percentual previsto no" índice. O que se tem de ver é se o índice cumpre os requisitos da lei, isto é, refletir "a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do §1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995". É que, como já reiteradamente transcrito, a norma que temos de aplicar autoriza a adoção de dois critérios alternativos e mutuamente excludentes para fixação do reajuste do preço: pode ele expressar a variação dos custos ou se basear em índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Por "variação dos custos", entendo eu, quer o ato legal se referir à variação efetivamente ocorrida e devidamente apurada pela empresa em sua escrita contábil. Já o índice que se empregue pode, em princípio, ser qualquer um objeto do acordo celebrado com o cliente, mas não pode superar a efetiva variação dos custos. A meu sentir, a norma sob análise decorre das especificidades do setor em discussão. Como é bem sabido, tratase de uma atividade essencialmente monopolizada, na qual prestador e tomador acordam condições que prevalecerão por períodos de tempo bastante longos. Nesses casos, inexistente um "mercado fixador", o preço é contratualmente definido, especificando o contrato também a forma de reajuste que o preserve dos efeitos inflacionários. Outra especificidade do setor diz com o elevado aporte de capital necessário a sua exploração, o que o fez, até há duas décadas, exclusivamente estatal. A privatização do setor, ocorrida nos idos dos anos 90 do século passado, exigia, por isso, que se garantisse (até onde possível) uma remuneração ao capital privado suficiente a estimular o seu ingresso. E na fixação desse percentual, obviamente, um fator essencial é a "margem de contribuição", no dizer dos contabilistas, ou o markup, na dos economistas: em ambos as acepções, a diferença entre o preço e o custo (unitário, na primeira; marginal, na segunda). E tal diferença, sabidamente, é influenciada pela tributação que incida sobre o setor. É por isso que o legislador, a meu ver acertadamente, previu que o reajuste do preço em percentual "compatível" com a variação efetiva dos custos, por si só, não afetaria a forma de tributação pelas contribuições PIS e COFINS que vigia quando os contratos foram assinados. A rigor, tal regra limitaria a correção dos preços à efetiva variação ocorrida nos custos, mas o legislador a ampliou ao deferir que fosse usado índice, desde que ele refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. É importante aqui considerar, como minudentemente feito no voto do dr. Belchior, a diferença entre reajuste, recomposição e repactuação. Citoo: Fl. 914DF CARF MF Processo nº 11080.900081/201001 Acórdão n.º 9303004.471 CSRFT3 Fl. 5 4 Nesse passo, importa identificar três formas de fixação de preços nos contratos em andamento: a repactuação ou revisão, a recomposição e o reajuste. A autorizada doutrina de Marçal Justen Filho1 define o que vêm a ser recomposição e reajuste. “A recomposição é o procedimento destinado a avaliar a ocorrência de evento que afeta a equação econômico financeira do contrato e promove adequação das cláusulas contratuais aos parâmetros necessários para recompor o equilíbrio original. Já o reajuste é procedimento automático, em que a recomposição se produz sempre que ocorra a variação de certos índices, independentemente de averiguação efetiva do desequilíbrio” A recomposição, também chamada de revisão, decorre de fatos imprevisíveis: caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou álea econômica extraordinária. O reajuste objetiva reconstituir os preços praticados no contrato em razão de fatos previsíveis, é dizer, álea econômica ordinária, no momento da contratação, ante a realidade existente, como a variação inflacionária. Por decorrência, o reajuste deve retratar a alteração dos custos de produção a fim de manter as condições efetivas da proposta contratual, embora muitas vezes não alcance este desiderato relativamente a certo segmento ou agente econômico. A repactuação visa à adequação dos preços contratuais aos novos preços de mercado e, no âmbito da Administração Pública Federal, encontrase regulamentada no art. 5º do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 19972. A possibilidade de repactuação prevista neste decreto não se faz acompanhar de disciplina acerca dos seus efeitos tributários, valendo a citação apenas para destacar a definição do signo repactuação. Novamente, em nada posso divergir dessa conceituação, mas tampouco posso concordar com a conclusão que dela extrai meu celebrado colega: para mim, a possibilidade de o contrato estabelecer cláusula de alteração em consequência de mudança tributária que venha a afetar o preço, implementada posteriormente à assinatura do contrato, está exatamente a validar o meu entendimento. É que ela seria totalmente desnecessária (ao menos no tocante às contribuições em tela) se fosse possível mantêlo no regime cumulativo pela aplicação de qualquer índice contratual, pois, nesse caso, nunca haveria impacto tributário do reajuste. Penso que, ao contrário, ela pode se dar (caso a correção pelo índice leve à tributação não cumulativa) o que atrai o procedimento de recomposição. Divirjo, portanto, dos que entendem (como parece ser a conclusão da decisão recorrida) que a autorização legal esteja a permitir que a 1 Filho, Marçal Justen. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. São Paulo: Dialética, 10. ed., 2004, p. 389. 2 Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que previsto no edital, admitir repactuação visando à adequação aos novos preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada. Fl. 915DF CARF MF Processo nº 11080.900081/201001 Acórdão n.º 9303004.471 CSRFT3 Fl. 6 5 empresa adote um determinado índice e não mais precise averiguar se ele é inferior ou superior à efetiva variação dos seus custos. É óbvio que se for inferior, não estará autorizada a deixar de aplicar o índice contratualmente previsto para reajuste. Aplicamse, nesse caso, as disposições contratuais relativas à recomposição e/ou repactuação, conforme didaticamente exposto pelo dr. Belchior em seu voto. O que isso não implica, porém, é que, em qualquer caso, mantém se o regime cumulativo, pois não é isso o que diz o ato legal. Necessário, pois, provar. Quando se trata de lançamento de ofício, essa prova, a meu sentir, há de ser exigida e desconstituída fundamentadamente pela fiscalização para que possa ser mantido o lançamento. Já nos casos, como o presente, em que é a própria empresa quem postula administrativamente a sistemática cumulativa, ela deve ser a primeira peça a instruir o seu pleito. No presente caso, do relatório da decisão recorrida e da leitura da íntegra do processo, não encontro qualquer prova, no entanto, ainda que a empresa tenha afirmado em seu recurso voluntário que: "(...) em nenhum momento foram aferidos os custos de produção do contribuinte no período fiscalizado. Nesse caso, mesmo considerando que o IGPM desfigura o conceito normativo de preço predeterminado, não poderia ter sido ignorada outra prerrogativa legal, a qual estabelece um percentual não superior ao acréscimo do custo de produção". Como já repetidamente afirmado, tal prova competia a ela, postulante, e não à fiscalização. Fora isso, a defesa da empresa lastreiase essencialmente no ato da ANEEL, que efetivamente afirma que o IGPM cumpre o requisito legal relativo à tributação aqui discutida. Isso não obstante, rejeito o argumento, pois a competência da ANEEL não alcança matéria tributária. Com efeito, entre as atribuições daquela agência reguladora, exaustivamente elencadas na própria lei que a criou3, nada há acerca da tributação incidente sobre o setor. Assim, as Notas Técnicas e as Resoluções daquela agência reguladora aplicamse às questões inerentes à geração e à distribuição de energia elétrica e às atividades correlatas. Sua competência, pois, restringese à seara dos contratos, dos preços da energia e da remuneração das concessionárias e permissionárias desses serviços públicos. Por óbvio, entre tais atribuições está dizer que possa ser contratualmente previsto o IGPM. O que não pode é dizer que isso implica tal ou qual consequência tributária. No presente caso, como já afirmado, embora postule a compensação, nada trouxe a empresa que comprovasse a adequação do índice aos ditames legais. Voto, pois, por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. 3 Lei 9.427/96, arts. 3º e 4º Fl. 916DF CARF MF Processo nº 11080.900081/201001 Acórdão n.º 9303004.471 CSRFT3 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, doulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 917DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13890.000314/00-03
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Apr 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2000 a 30/06/2000
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA.
A industrialização efetuada por terceiros visando aperfeiçoar para o uso ao qual se destina a matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos finais a serem exportados pelo encomendante agrega-se ao seu custo de aquisição para efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e a COFINS previsto nos artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº 9.363/96.
Numero da decisão: 9303-004.698
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal (relator) e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado).
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Andrada Marcio Canuto Natal - Relator.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2000 a 30/06/2000 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. A industrialização efetuada por terceiros visando aperfeiçoar para o uso ao qual se destina a matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos finais a serem exportados pelo encomendante agrega-se ao seu custo de aquisição para efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e a COFINS previsto nos artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº 9.363/96.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Apr 07 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13890.000314/00-03
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5708450
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 07 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.698
nome_arquivo_s : Decisao_138900003140003.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
nome_arquivo_pdf_s : 138900003140003_5708450.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal (relator) e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado). (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Marcio Canuto Natal - Relator. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
dt_sessao_tdt : Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
id : 6707207
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048948430602240
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1720; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13890.000314/0003 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.698 – 3ª Turma Sessão de 21 de março de 2017 Matéria CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado TH BUSCHINELLI E CIA LTDA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2000 a 30/06/2000 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. A industrialização efetuada por terceiros visando aperfeiçoar para o uso ao qual se destina a matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos finais a serem exportados pelo encomendante agregase ao seu custo de aquisição para efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e a COFINS previsto nos artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº 9.363/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal (relator) e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado). (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Marcio Canuto Natal Relator. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Redator designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 0. 00 03 14 /0 0- 03 Fl. 610DF CARF MF Processo nº 13890.000314/0003 Acórdão n.º 9303004.698 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício). Fl. 611DF CARF MF Processo nº 13890.000314/0003 Acórdão n.º 9303004.698 CSRFT3 Fl. 4 3 Relatório Tratase de recurso especial de divergência apresentado pela Procuradoria da Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 20218.151, de 20/06/2007, o qual possui a seguinte ementa na parte que interessa ao presente exame: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Exercício 2000 INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. DIREITO A CRÉDITO. LEI N° 9.363/96. 0 beneficio deve ser calculado incluindose os valores referentes à operação de beneficiamento da argila in natura — industrialização por encomenda. (...) Cuida o presente processo de Pedido de Ressarcimento e Declaração de Compensação, no qual a interessada acima qualificada pleiteia ressarcimento de crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), previsto no art. 1º da Lei nº 9.363/96, apurado no 2º trimestre do ano de 2000. Antes do julgamento que resultou na ementa acima transcrita, importante destacar que a Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por meio da Resolução nº 20201.026, efls. 251/253, determinou a realização de diligência para que se respondesse os seguintes quesitos: quais os insumos remetidos a terceiros; qual produto é produzido com os mesmos; e o que é feito do produto industrializado após seu retorno ao encomendante, ou seja, se este realiza nova operação de industrialização com o mesmo, antes de remetêlo ao exterior. Foi efetuada a diligência, tendo a fiscalização, por meio do Termo de Informação Fiscal de efl. 257, constatado o seguinte: (...) No 1º e 2º trimestres de 2000 os produtos remetidos a terceiros foram basicamente argila in natura, a qual foi submetida a beneficiamento, voltando na forma de pó cerâmico com descrições do tipo "argila moída" ou "argila beneficiada", que é o insumo básico utilizado pela empresa em seu processo de produção de pisos e revestimentos cerâmicos. Tais insumos foram remetidos e retornaram com suspensão de IPI. (...) Fl. 612DF CARF MF Processo nº 13890.000314/0003 Acórdão n.º 9303004.698 CSRFT3 Fl. 5 4 A controvérsia suscitada se refere à possibilidade de inclusão dos serviços de industrialização por encomenda na base de cálculo do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996. Para comprovar a divergência, a recorrente apresentou o seguinte acórdão paradigma: nº 20179.866. A fiscalização glosou os valores apropriados relativos à industrialização por encomenda com o seguinte fundamento, transcrito do Relatório Fiscal de efl. 106: (...) Foi constatado no Livro de Registro de Apuração do IPI que o contribuinte utilizou na composição dos custos valores referentes ao código 1.13 industrialização por encomenda. Esta operação, com a remessa dos insumos e o retorno dos produtos corn suspensão do imposto, caracteriza apenas prestação de serviço, não podendo ser incluída no cômputo da base de cálculo, pois, a Lei n° 9.363, de 1996 diz respeito, tão somente, às aquisições de MP, PI e ME, conforme art. 1º, caput, não fazendo qualquer menção a serviços executados neste tipo de operação. A legislação somente passou a permitir tais gastos a partir da MP n° 2.202, de 2001, convertida na Lei nº 10.276, com vigência a partir de sua regulamentação pela IN SRF nº 69, de 6 de agosto de 2001. (...) Em apertada síntese, a Procuradoria da Fazenda Nacional afirma que não existe previsão legal para a inclusão dos valores gastos com industrialização por encomenda no cálculo do crédito presumido do IPI de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/96. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido por meio do Despacho de efls. 342/343. Cientificado, o contribuinte apresentou contrarrazões nas quais pede a manutenção do entendimento exarado no acórdão recorrido. O contribuinte também apresentou recurso especial de divergência em relação à glosa realizada decorrente de gastos com GLP, porém tal recurso não foi admitido, conforme despacho de efl. 529 e Despacho de Reexame de Admissibilidade de efls. 600/602. É o relatório. Fl. 613DF CARF MF Processo nº 13890.000314/0003 Acórdão n.º 9303004.698 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator. O recurso especial apresentada pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos requisitos legais para o seu conhecimento. Mérito Como visto, a controvérsia estabelecida referese à possibilidade de inclusão dos serviços de industrialização por encomenda na base de cálculo do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996. Esta matéria não é nova no CARF e eu me filio à corrente de que no regime da Lei nº 9.363/96 tal apropriação está desamparada de previsão legal. Inicialmente partilho do entendimento de que qualquer modalidade de incentivo ou benefício fiscal deve estar sujeito a regras de interpretação literal da legislação que o concede. Não creio que está correta a conclusão de que as formas de exclusão do crédito tributário sejam somente as previstas no art. 175 do CTN. Na minha opinião o art. 175 do CTN somente estabeleceu que a isenção e a anistia excluem o crédito tributário, mas por evidente, não são as únicas formas existentes de exclusão do crédito tributário. A concessão de crédito presumido de IPI é uma forma indireta de excluir o crédito tributário, na medida em que permite se apropriar de um crédito antes inexistente para ser compensado com tributos devidos. Fosse correta a conclusão de que as únicas formas de exclusão do crédito tributário são a isenção e a anistia, penso que a redação do art. 111 do CTN seria muito infeliz em prever no seu inciso II uma regra que já se encaixava no próprio inciso I, ou seja, seria desnecessário constar no inciso II que se interpreta literalmente as regras de outorga de isenção já que esta é uma forma de exclusão do crédito tributário já contemplado no inciso I. Veja como é a redação do art. 111 do CTN: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Portanto entendo que no presente caso deve se dar interpretação literal à norma tributária que concede o benefício fiscal nos exatos termos de que dispõe o art. 111 do CTN. Na verdade a concessão de isenção, anistia, incentivos e benefícios fiscais decorrem de normas que têm caráter de exceção. Fogem às regras do que seria o tratamento normal. Transcrevo abaixo trecho da doutrina do Professor Eduardo Sabbag: (...) Fl. 614DF CARF MF Processo nº 13890.000314/0003 Acórdão n.º 9303004.698 CSRFT3 Fl. 7 6 Retomando a análise do art. 111 do CTN, o que se nota é que tal dispositivo disciplina hipóteses de “exceção”, devendo sua interpretação ser literal. Na verdade, consagra um postulado que emana efeitos em qualquer ramo jurídico, isto é, “o que é regra se presume; o que é exceção deve estar expresso em lei”. Com efeito, a regra não é o descumprimento de obrigações acessórias, nem a isenção concedida e, por fim, nem a exclusão ou suspensão do crédito tributário, mas, respectivamente, o cumprimento de obrigações, o pagamento do tributo e a extinção do crédito, mediante pagamento ou outra modalidade extintiva. Assim, o direito excepcional deve ser interpretado literalmente, razão pela qual se impõe o artigo ora em estudo. Aliás, em absoluta consonância com o art. 111 está a regra do parágrafo único do art. 175, pela qual “a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente”. (...) (Trecho extraído da internet no seguinte endereço: https://eduardosabbag.jusbrasil.com.br/artigos/121933898/inter pretacaoeintegracaodalegislacaotributaria) Estabelecido esta premissa, vejamos então como o crédito presumido do IPI está disciplinado na Lei nº 9.363/96: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Art. 2º A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador. A interpretação literal que se extrai do comando normativo acima transcrito é que gera direito ao crédito presumido do IPI os valores decorrentes da aquisição no mercado interno de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para aplicação no processo produtivo das empresas produtoras e exportadoras. A industrialização por encomenda é um serviço prestado ao industrial e não se identifica definitivamente com qualquer dos itens Fl. 615DF CARF MF Processo nº 13890.000314/0003 Acórdão n.º 9303004.698 CSRFT3 Fl. 8 7 citados na norma, quais sejam matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem. Portanto mesmo que nessa prestação de serviço possa se agregar algum insumo ou mesmo que do serviço resulte uma matériaprima a ser utilizada no seu processo produtivo próprio, entendo que a lei não permitiu essa apropriação. Tanto é verdade, que posteriormente à edição do referido benefício fiscal, sobreveio por meio da Lei nº 10.276/2001, uma forma alternativa de apuração do crédito presumido, desta feita prevendo expressamente a possibilidade de se apropriar do valor correspondente aos serviços com industrialização por encomenda. Segue transcrição do dispositivo legal: Art. 1º Alternativamente ao disposto na Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, a pessoa jurídica produtora e exportadora de mercadorias nacionais para o exterior poderá determinar o valor do crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como ressarcimento relativo às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e para a Seguridade Social (COFINS), de conformidade com o disposto em regulamento. § 1º A base de cálculo do crédito presumido será o somatório dos seguintes custos, sobre os quais incidiram as contribuições referidas no caput: I de aquisição de insumos, correspondentes a matériasprimas, a produtos intermediários e a materiais de embalagem, bem assim de energia elétrica e combustíveis, adquiridos no mercado interno e utilizados no processo produtivo; II correspondentes ao valor da prestação de serviços decorrente de industrialização por encomenda, na hipótese em que o encomendante seja o contribuinte do IPI, na forma da legislação deste imposto. (...) § 5o Aplicamse ao crédito presumido determinado na forma deste artigo todas as demais normas estabelecidas na Lei no 9.363, de 1996. Ora, na minha opinião, evidente que se o contribuinte quiser se apropriar dos valores gastos com industrialização por encomenda é obrigatório que ele faça a opção pelo cálculo do crédito presumido do IPI na forma alternativa proposta pela Lei nº 10.276/2001. Ou seja, ao optar pela fórmula de cálculo da Lei nº 9.363/96 não há possibilidade desse aproveitamento por absoluta falta de previsão legal. Por todo o exposto voto por dar provimento ao recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Fl. 616DF CARF MF Processo nº 13890.000314/0003 Acórdão n.º 9303004.698 CSRFT3 Fl. 9 8 Voto Vencedor Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Redator. Discordamos do il. Relator. Imaginemse as seguintes situações: uma primeira, em que a matériaprima sai do estabelecimento vendedor já definitivamente acabado e pronto para aplicação no processo produtivo do adquirente, ou seja, quando nela já se encontra aplicado aquele serviço que, se assim não fosse, o adquirente teria de encomendar a um terceiro a sua realização para o posterior emprego no seu processo produtivo. Neste caso, não se questiona que todo o valor do custo de aquisição da matériaprima gera o direito ao crédito pleiteado. Agora, uma segunda situação, na qual a matériaprima é adquirida do estabelecimento vendedor sem que nele tenha sido aplicado o serviço que se afigura necessário à sua utilização no processo produtivo do adquirente, que, por isso mesmo, o encomenda a um terceiro. Embora o gasto assim dispendido seja incorporado ao custo da matériaprima, a tese vencida o exclui da determinação do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996. Todavia, a Lei nº 9.363, de 1996, autoriza o direito ao crédito sobre todas as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, utilizados no processo produtivo. Não havendo óbice legal, todos os gastos empregados na matériaprima a fim de permitir a sua utilização devem ser a ela incorporados, ainda que só empregados, por encomenda, por um terceiro, de modo que devem ser considerados na determinação do crédito presumido pelo encomedante. Adotando o nosso entendimento, confiramse os seguintes acórdãos desta mesma Turma e do Superior Tribunal de Justiça STJ: CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. A industrialização efetuada por terceiros visando aperfeiçoar para o uso ao qual se destina a matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos finais a serem exportados pelo encomendante agregase ao seu custo de aquisição para efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e a COFINS previsto nos artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº 9.363/96. (Acórdão nº 9303001.721, de 07/11/2011). Fl. 617DF CARF MF Processo nº 13890.000314/0003 Acórdão n.º 9303004.698 CSRFT3 Fl. 10 9 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. Provado que o bem submetido a industrialização adicional em outro estabelecimento é empregado pelo encomendante em seu processo produtivo na condição de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem, para obtenção do produto por ele exportado, o valor pago ao executor integra a base de cálculo do incentivo instituído pela Lei 9.363/96 deferido ao produtorexportador. (...) (Acórdão nº 930301.623, de 29/09/2011). TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. MATÉRIAPRIMA. BENEFICIAMENTO POR TERCEIROS. INCLUSÃO. CUSTOS RELATIVOS A ENERGIA ELÉTRICA E COMBUSTÍVEIS. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. DECRETO 20.910/32. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA Nº 1.129.971 BA. 1. Ao analisar o artigo 1º da Lei 9.363/96, esta Corte considerou que o benefício fiscal consistente no crédito presumido do IPI é calculado com base nos custos decorrentes da aquisição dos insumos utilizados no processo de produção da mercadoria final destinada à exportação, não havendo restrição à concessão do crédito pelo fato de o beneficiamento o insumo ter sido efetuado por terceira empresa, por meio de encomenda. Precedentes: REsp 752.888/RS, Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 25/09/2009; AgRg no REsp 1230702/RS, Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, DJe 24/03/2011; AgRg no REsp 1082770/RS, Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 13/11/2009. 2. A respeito do pleito de cômputo dos valores referentes à energia e ao combustível consumidos no processo de industrialização no cálculo do crédito presumido do IPI, o recurso especial não foi conhecido em face da ausência de prequestionamento. Nesta feita, a agravante limitouse a repetir as teses jurídicas apresentadas no recurso especial, deixando de impugnar o fundamento específico da decisão hostilizada quanto ao ponto. Incidência da Súmula n. 182/STJ. 3. Em se tratando de ações que visam o reconhecimento de créditos presumidos de IPI a título de benefício fiscal a ser utilizado na escrita fiscal ou mediante ressarcimento, a prescrição é qüinqüenal. Orientação fixada pela Primeira Seção, por ocasião do julgamento do recurso especial representativo da controvérsia: REsp. Nº 1.129.971 BA. Fl. 618DF CARF MF Processo nº 13890.000314/0003 Acórdão n.º 9303004.698 CSRFT3 Fl. 11 10 4. Agravo regimental da Fazenda Nacional não provido e agravo regimental da contribuinte conhecido em parte e, nessa parte, não provido. (AgRg no REsp 1267805/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 22/11/2011) Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 619DF CARF MF
score : 1.0