Busca Facetada
Turma- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- Primeira Turma Ordinária (15,138)
- Primeira Turma Ordinária (10,841)
- Primeira Turma Ordinária (8,467)
- Segunda Turma Ordinária d (8,140)
- Segunda Turma Ordinária d (3,369)
- Terceira Turma Especial (491)
- Terceira Câmara (63,037)
- Terceira Seção De Julgame (31,729)
- Primeira Seção de Julgame (16,607)
- Segunda Seção de Julgamen (14,210)
- Segundo Conselho de Contr (282)
- Terceiro Conselho de Cont (131)
- Primeiro Conselho de Cont (78)
- Outros imposto e contrib (604)
- Simples- proc. que não ve (159)
- Outras penalidades (ex.MU (156)
- PIS - proc. que não vers (145)
- Cofins- proc. que não ver (118)
- IPI- processos NT- créd.p (118)
- CPSS - Contribuições para (108)
- IPI- processos NT - ressa (108)
- IRPJ - AF - lucro real (e (96)
- Cofins - ação fiscal (tod (92)
- PIS - ação fiscal (todas) (78)
- IRPJ - restituição e comp (77)
- IRPJ - AF- omissão receit (44)
- IRPJ - AF - lucro arbitra (38)
- Outros proc. que não vers (33)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (3,989)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (2,399)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,321)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (1,669)
- LUIZ TADEU MATOSINHO MACH (1,534)
- RODRIGO LORENZON YUNAN GA (1,095)
- PAULO HENRIQUE SILVA FIGU (1,076)
- JOSE RENATO PEREIRA DE DE (1,014)
- WESLEY ROCHA (927)
- RAFAEL TARANTO MALHEIROS (926)
- FERNANDO BRASIL DE OLIVEI (908)
- SHEILA AIRES CARTAXO GOME (886)
- JOSE EDUARDO DORNELAS SOU (842)
- LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHA (818)
- WALKER ARAUJO (774)
- 2021 (8,694)
- 2020 (8,609)
- 2019 (6,944)
- 2018 (6,208)
- 2023 (4,374)
- 2017 (4,330)
- 2024 (4,145)
- 2012 (3,197)
- 2011 (3,088)
- 2014 (2,918)
- 2013 (2,679)
- 2016 (2,231)
- 2022 (2,170)
- 2015 (1,037)
- 2010 (814)
- 2021 (8,491)
- 2020 (8,072)
- 2019 (6,740)
- 2018 (5,409)
- 2023 (4,812)
- 2024 (4,159)
- 2017 (4,134)
- 2014 (3,061)
- 2022 (2,813)
- 2016 (2,308)
- 2013 (1,902)
- 2011 (1,897)
- 2015 (1,571)
- 2025 (1,212)
- 2012 (942)
- os (62,846)
- membros (62,671)
- do (62,485)
- de (62,368)
- por (61,855)
- votos (58,640)
- julgamento (57,739)
- colegiado (57,504)
- e (55,936)
- acordam (55,541)
- conselheiros (55,206)
- presidente (54,874)
- unanimidade (54,693)
- participaram (54,668)
- recurso (52,541)
Numero do processo: 19515.721902/2013-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
REGIME DE APURAÇÃO. NÃO-CUMULATIVIDADE. CONSTRUÇÃO CIVIL.
Estão excluídas da sistemática não-cumulativa de apuração somente as receitas comprovadas e preponderantemente decorrentes de administração por empreitada ou subempreitada de obras de construção civil.
PROVAS.
De acordo com a legislação, a impugnação mencionará, dentre outros, os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir o direito alegado ao sujeito passivo.
TAXA SELIC. AUTO DE INFRAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 04.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 3302-007.274
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente).
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 REGIME DE APURAÇÃO. NÃO-CUMULATIVIDADE. CONSTRUÇÃO CIVIL. Estão excluídas da sistemática não-cumulativa de apuração somente as receitas comprovadas e preponderantemente decorrentes de administração por empreitada ou subempreitada de obras de construção civil. PROVAS. De acordo com a legislação, a impugnação mencionará, dentre outros, os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir o direito alegado ao sujeito passivo. TAXA SELIC. AUTO DE INFRAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 04. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 19515.721902/2013-34
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6027940
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-007.274
nome_arquivo_s : Decisao_19515721902201334.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
nome_arquivo_pdf_s : 19515721902201334_6027940.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente).
dt_sessao_tdt : Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
id : 7812505
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:48:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052117313257472
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1736; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 143 1 142 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.721902/201334 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302007.274 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 19 de junho de 2019 Matéria Cofins Recorrente RECOMA CONSTRUÇÕES COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 REGIME DE APURAÇÃO. NÃOCUMULATIVIDADE. CONSTRUÇÃO CIVIL. Estão excluídas da sistemática nãocumulativa de apuração somente as receitas comprovadas e preponderantemente decorrentes de administração por empreitada ou subempreitada de obras de construção civil. PROVAS. De acordo com a legislação, a impugnação mencionará, dentre outros, os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir o direito alegado ao sujeito passivo. TAXA SELIC. AUTO DE INFRAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 04. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator e Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 19 02 /2 01 3- 34 Fl. 2009DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 144 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente). Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: A contribuinte acima identificada teve contra si lavrados os autos de infração relativos à Cofins e à contribuição para o PIS/Pasep (AIs e demonstrativos às fls. 1.172 a 1.191) dos períodos de apuração janeiro a dezembro de 2009. Em relação à Cofins, foi constituído o crédito tributário no valor de R$ 2.534.769,30, sendo R$ 852.045,58 de contribuição, R$ 404.655,31 de juros de mora e R$ 1.278.068,41 de multa de ofício qualificada (150%). Quanto à contribuição para o PIS/Pasep, o crédito tributário lançado foi no valor de R$ 575.808,06, sendo R$ 193.390,14 de contribuição, R$ 92.332,67 de juros de mora e R$ 290.085,25 de multa de ofício qualificada (150%). Os fundamentos legais encontramse nos próprios autos de infração. O total do crédito tributário lançado e controlado neste processo é de R$ 3.110.577,36 (fl. 1.172). Os juros foram calculados até agosto de 2013. Consta no Termo de Constatação Fiscal (fl. 1.159): Analisando os dados informados no DACON Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais, os dados da escrituração contábil e demais elementos apresentados, constatouse insuficiência de recolhimento do PIS e da Cofins decorrentes (I) da falta de comprovação das receitas submetidas à incidência cumulativa das contribuições; (II) falta de comprovação do diferimento e do efetivo recebimento das receitas (III) da apuração indevida de créditos das contribuições e da (IV) compensação em duplicidade de crédito de importação (set/2008). Nesse mesmo termo (fls. 1.159 a 1.171) estão demonstradas detalhadamente todas as infrações, dele constando, ainda, os demonstrativos relativos à apuração efetuada. A ciência quanto aos autos de infração ocorreu em 30 de agosto de 2013, conforme Aviso de Recebimento (AR) de fls. 1.192 e 1.193. Em 25 de setembro de 2013, foram protocoladas as impugnações de fls. 1.218 a 1.244 (Cofins) e 1.245 a 1.271 (PIS/Pasep), ambas com o mesmo teor, tendo sido alegado, em apertada síntese, que: Fl. 2010DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 145 3 a) de acordo com a Lei nº 10.833/03, art. 10, inciso XX, permanecem sujeitas à apuração cumulativa das contribuições PIS/Pasep e Cofins, até 31 de dezembro de 2015, “as receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”; b) o autuante desconsiderou que parte das receitas auferidas não seria decorrente de serviços de construção civil, tendo entendido que não houve a apresentação de documentação hábil e idônea que comprovasse que tais receitas estavam submetidas ao regime cumulativo; c) com a análise das notas fiscais anexas, pode ser verificado que essas receitas enquadramse na exceção do art. 10, inciso XX, da Lei nº 10.833/03; d) no caso presente, foram glosados os valores compensados a título de despesas necessárias ao custo de produção; e) os autos devem baixar em diligência para análise das notas fiscais apresentadas com a impugnação, em face do princípio da verdade material; f) conforme notas fiscais apresentadas, as receitas são relativas à construção civil, enquadrandose no art. 7º da Lei nº 9.718/98, podendo ser diferido o pagamento das contribuições em tela; g) de acordo com notas fiscais de aquisição de bens e serviços e documentos relativos a aluguel contratado, todos representam insumos utilizados na prestação de serviços, podendo haver o respectivo creditamento para fins da apuração não cumulativa das contribuições; h) não é cabível a aplicação da taxa de juros Selic aos débitos lançados; i) não pode prevalecer a multa qualificada uma vez não haver prova da conduta dolosa ou fraudulenta; j) a multa aplicada tem caráter confiscatório. Ao final, é requerido o cancelamento integral dos autos de infração. Requerse, ainda, a baixa dos autos em diligência para análise e revisão da documentação acostada à impugnação.: A Segunda Turma da DRJ em Campo Grande (MS) julgou a impugnação procedente em parte, nos termos do Acórdão nº 0435.539, de 20 de maio de 2014, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Fl. 2011DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 146 4 Considerase não impugnada a matéria não contestada expressamente. DILIGÊNCIA. IMPRESTABILIDADE. A diligência deve ser deferida nos casos em que se necessita a elucidação de questões de difícil deslinde ou se apontados erros ou interpretações divergentes das do autuante e que não possam ser clareadas pela simples análise das provas carreadas aos autos. CONSTRUÇÃO CIVIL. EMPREITADA. RECEITAS. APURAÇÃO CUMULATIVA E DIFERIMENTO DO PAGAMENTO. Havendo comprovação que as receitas auferidas enquadramse nas condições estabelecidas pela legislação, pode ser aplicada a apuração cumulativa da contribuição para o PIS/Pasep no caso de construção civil, assim como o diferimento do pagamento da contribuição pode ocorrer se os tomadores dos serviços ou adquirentes das mercadorias forem pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas e sociedades de economia mista. CRÉDITOS DE COFINS. APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. PRESCRIÇÕES LEGAIS. Os créditos relativos à Cofins não cumulativa só são reconhecidos no caso de as operações que lhe deram origem estarem balizadas nas estritas raias das prescrições legais. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. MULTA QUALIFICADA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO. NÃO CABIMENTO. É incabível a aplicação de multa qualificada, com percentual de 150%, quando não restar comprovada a conduta dolosa do sujeito passivo, observandose que a divergência entre as informações contidas nas declarações e as constantes dos livros fiscais e contábeis, por si só, não caracteriza dolo. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. EXAME NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. É defeso na esfera administrativa o exame de constitucionalidade de lei, bem como o da violação pelo ato normativo a princípios constitucionais, entre eles o da vedação ao confisco. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. SIMILITUDE DOS MOTIVOS DE AUTUAÇÃO E RAZÕES DE IMPUGNAÇÃO. Fl. 2012DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 147 5 Aplicamse à contribuição para o PIS/Pasep os mesmos argumentos expendidos para a Cofins, em face da similitude dos motivos de autuação e razões de impugnação. Impugnação Procedente em Parte Inconformado com a decisão da DRJ, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) A autoridade fiscal entendeu que todas as receitas auferidas pela recorrente estavam submetidas ao regime nãocumulativo das contribuições. Contudo, a apresentação das notas fiscais com a impugnação, bem como as que foram juntadas no recurso voluntário demonstram que totalidade de sua receita estava sujeita ao regime cumulativo. Inclusive que manteve todos os esforços para levantamento da documentação comprobatória do auferimento de receitas sujeitas ao regime cumulativo das contribuições, relacionadas à prestação de serviços de construção civil. Cita quatro notas fiscais para demonstrar que está sujeita ao regime cumulativo, no valor total de R$ 934.270,37; b) Com relação ao enquadramento no regime de apuração do diferimento, restou amplamente comprovado pelas notas fiscais anexadas à impugnação de fls 1.31/1.660 que as receitas auferidas são referentes aos serviços de construção civil, de forma que, a recorrente tem a faculdade de diferir o pagamento das contribuições até a data do recebimento do preço. Restou demonstrada as datas do efetivo pagamento dos valores pela recorrente, por meio da juntada de planilha demonstrativa, comprovando que o diferimento do pagamento se deu de forma correta e de acordo com o que preceitua a legislação aplicável à espécie; d) Foi devidamente comprovada a emissão de notas fiscais de serviços relacionados à construção civil para órgãos públicos, bem como seu recebimento posterior, balizando, assim, a não tributação das receitas advindas de tais serviços no mês em que geradas, a qual será realizada apenas no mês em que realizado o pagamento, em atendimento à regra do diferimento prevista no art. 7º da Lei nº 9.718/98; e) Quanto à glosa dos créditos das contribuições levado a efeito pela fiscalização, ressaltese que a glosa foi teve como objeto a totalidade dos créditos tomados pela recorrente em sua unidade denominada "bento de Andrade". Cabe à fiscalização provar que as despesas sofridas pela recorrente não poderiam gerar créditos, não sendo admissível, como ocorreu no presente caso, a glosa em bloco, isto é, do montante total dos créditos tomados pela recorrente. Assim, resta demonstrado que é totalmente indevida a glosa dos créditos dos custos e das despesas creditados, restando indevidos os valores da contribuição assim calculados, de forma que também nesta parte é totalmente improcedente o auto de infração; Termina petição recursal requerendo a improcedência do auto de infração, com o consequente cancelamento do crédito tributário. Alternativamente, que o julgamento seja convertido em diligência para que seja analisada individualmente cada uma das despesas que deram origem aos créditos tomados pela recorrente. É o breve relatório. Voto Fl. 2013DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 148 6 Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise. a) Diligência. Créditos de insumos Reclama a recorrente que a glosa dos insumos teve como objeto a totalidade dos créditos tomados pela recorrente em sua unidade denominada "bento de Andrade". Que caberia à fiscalização provar que as despesas sofridas pela recorrente não poderiam gerar créditos. A recorrente requer a conversão do julgamento em diligência para que seja apurados os créditos da nãocumulatividade a que tem direito. Como já foi relatado, o objeto do processo é um auto de infração que teve como um dos fundamentos glosas de créditos apurados no regime da não cumulatividade das contribuições, que, segundo a autoridade fiscal, não se subsumem ao conceito de insumo, previsto no art. 3º, inciso II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. A pergunta que surge é sobre o ônus da prova: A quem cabe provar que os créditos glosados pela fiscalização se subsumem ao conceito de insumo, ao sujeito passivo ou à Fiscalização. Endento que a prova nos casos de apuração de créditos a serem descontados das contribuições apuradas no regime da nãocumulatividade é do sujeito passivo, pois ele é quem alega ter o direito e o Fisco apenas se insurge contra sua alegação. Fazendo um comparativo com o processo civil, é como se o detentor do direito fosse o autor e o resistente a esse direito fosse o réu. Aplicando o art. 373 do CPC, cabe ao autor a prova de fato constitutivo de seu direito. Definida a regra que direciona o onus probandi no âmbito do processo administrativo fiscal, resta estabelecer o conceito de prova, sua finalidade e seu objeto. O conceito de prova retirado dos ensinamentos de Moacir Amaral Santos: No sentido objetivo, como os meios destinados a fornecer ao julgador o conhecimento da verdade dos fatos. Mas a prova no sentido subjetivo é aquela que se forma no espírito do julgador, seu principal destinatário, quanto à verdade desse fatos. A prova, então, consiste na convicção que as provas produzidas no processo geram no espírito do julgador quanto à existência ou inexistência dos fatos. Compreendida como um todo, reunindo seus dois caracteres, objetivo e subjetivo, que se completam e não podem ser tomados separadamente, apreciada como fato e como indução lógica, ou como meio com que se estabelece a existência positiva ou negativa do fato probando e com a própria certeza dessa existência. Para Carnelutti: Fl. 2014DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 149 7 As provas são fatos presentes sobre os quais se constrói a probabilidade da existência ou inexistência de um fato passado. A certeza resolvese, a rigor, em uma máxima probabilidade. Dinamarco define o objeto da prova: ....conjunto das alegações controvertidas das partes em relação a fatos relevantes para todos os julgamentos a serem feitos no processo. Fazem parte dela as alegações relativas a esses fatos e não os fatos em si mesmos. Sabido que o vocábulo prova vem do adjetivo latino probus, que significa bom, correto, verdadeiro, seguese que provar é demonstrar que uma alegação é boa, correta e portanto condizente com a verdade. O fato existe ou inexiste, aconteceu ou não aconteceu, sendo portanto insuscetível dessas adjetivações ou qualificações. Não há fatos bons, corretos e verdadeiros nem maus, incorretos mendazes. As legações, sim, é que podes ser verazes ou mentirosas e daí a pertinência de proválas, ou seja, demonstrar que são boas e verazes. Já a finalidade da prova é a formação da convicção do julgador quanto à existência dos fatos. Em outras linhas, um dos principais objetivos do direito é fazer prevalecer a justiça. Para que uma decisão seja justa, é relevante que os fatos estejam provados a fim de que o julgador possa estar convencido da sua ocorrência Em virtude dessas considerações, é importante relembrar alguns preceitos que norteiam a busca da verdade real por meio de provas materiais. Dinamarco afirma: Todo o direito opera em torno de certezas, probabilidades e riscos, sendo que as próprias certezas não passam de probabilidades muito qualificadas e jamais são absolutas porque o espírito humano não é capaz de captar com fidelidade e segurança todos os aspectos das realidades que o circulam. Para entender melhor o instituto “probabilidade” mencionado professor Dinamarco, aduzo importante distinção feita por Calamandrei entre verossimilhança e probabilidade: É verossimil algo que se assemelha a uma realidade já conhecida, que tem a aparência de ser verdadeiro. A verossimilhança indica o grau de capacidade representativa de uma descrição acerca da realidade. A verossimilhança não tem nenhuma relação com a veracidade da asserção, não surge como resultante do esforço probatório, mas sim com referência à ordem normal das coisas. A probabilidade está relacionada à existência de elementos que justifiquem a crença na veracidade da asserção. A definição do provável vinculase ao seu grau de fundamentação, de credibilidade e aceitabilidade, com base nos elementos de prova disponíveis em um contexto dado., resulta da consideração dos Fl. 2015DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 150 8 elementos postos à disposição do julgador para a formação de um juízo sobre a veracidade da asserção. Desse modo, a certeza vai se formando através dos elementos da ocorrência do fato que são colocados pelas partes interessadas na solução da lide. Mas não basta ter certeza, o julgador tem que estar convencido para que sua visão do fato esteja a mais próxima possível da verdade. Como o julgador sempre tem que decidir, ele deve ter bom senso na busca pela verdade, evitando a obsessão que pode prejudicar a justiça célere. Mas a impossibilidade de conhecer a verdade absoluta não significa que ela deixe de ser perseguida como um relevante objetivo da atividade probatória. Quanto ao exame da prova, defende Dinamarco: (...) o exame da prova é atividade intelectual consistente em buscar, nos elementos probatórios resultantes da instrução processual, pontos que permitam tirar conclusões sobre os fatos de interesse para o julgamento. Já Francesco Carnelutti compara a atividade de julgar com a atividade de um historiador: (...) o historiador indaga no passado para saber como as coisas ocorreram. O juízo que pronuncia é reflexo da realidade ou mais exatamente juízo de existência. Já o julgador encontrase ante uma hipótese e quando decide converte a hipótese em tese, adquirindo a certeza de que tenha ocorrido ou não o fato. Estar certo de um fato quer dizer conhecêlo como se houvesse visto. No mesmo sentido, o professor Moacir Amaral Santos afirma que a prova dos fatos fazse por meios adequados a fixálos em juízo. Por esses meios, ou instrumentos, os fatos deverão ser transportados para o processo, seja pela sua reconstrução histórica, ou sua representação. Assim sendo, a verdade encontrase ligada à prova, pois é por meio desta que se torna possível afirmar idéias verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou certificarse de sua exatidão jurídica. Ao direito somente é possível conhecer a verdade por meio das provas. Posto isto, concluímos que a finalidade imediata da prova é reconstruir os fatos relevantes para o processo e a mediata é formar a convicção do julgador. Os fatos não vêm simplesmente prontos, tendo que ser construídos no processo, pelas partes e pelo julgador. Após a montagem desse quebracabeça, a decisão se dará com base na valoração das provas que permitirá o convencimento da autoridade julgadora. Assim, a importância da prova para uma decisão justa vem do fato dela dar probabilidade às circunstâncias a ponto de formar a convicção do julgador. Regressando aos autos, conforme já relatado, a recorrente se restringiu a alegar que a fiscalização não provou que as despesas sofridas pela recorrente não poderiam gerar créditos. Acontece que a prova de legalidade dos créditos cabe ao sujeito passivo, devendo ser providenciada no momento processual adequado, no caso, na impugnação. Não foi o que ocorreu. Fl. 2016DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 151 9 A diligência não se presta para ajudar o recorrente a instruir o processo quando ele não o fez no momento previsto na legislação. Ainda mais quando ele teve todas as oportunidades para fazêlo, seja na fase instrutória, seja na interposição do recurso em primeiro grau. Diante dessa considerações, nego a diligência suscitada e mantenho as glosas efetuadas pela fiscalização. b) Apuração cumulativa das contribuições. Possibilidade. A questão de mérito está centrada na aplicação da exceção para o regime da nãocumulatividade prevista no inciso XX do art. 10 da Lei 10.833/03 ao caso concreto. Veja se o texto legal: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: (...) XX – as receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, até 31 de dezembro de 2015; Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) V nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1º e 2º do art. 10 desta Lei;” Importa assim saber se as receitas obtidas pela recorrente foram oriundas de construção civil e, para tanto, é imprescindível definir o alcance de “obra de construção civil”. A legislação tributária dispõe de algumas definições, cabendo aqui colecionar algumas delas, com ênfase nos tributos federais: DECRETO nº 3.048/1999: Art. 257. (...) § 13. Entendese como obra de construção civil a construção, demolição, reforma ou ampliação de edificação ou outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo. ATO DECLARATÓRIO NORMATIVO COSIT nº 30/1999: “O COORDENADORGERAL DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o art. 199, inciso IV, do Regimento Interno aprovado pela Portaria MF Nº 227, de 3 de setembro de 1998, e tendo em vista as disposições do inciso V do art. 9º da Lei Nº 9.317, de 5 de Fl. 2017DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 152 10 dezembro de 1996 , com as alterações promovidas pelo art. 4º da Lei Nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997. Declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados, que a vedação ao exercício da opção pelo SIMPLES, aplicável à atividade de construção de imóveis, abrange as obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil, tais como: 1. a construção, demolição, reforma e ampliação de edificações; 2. sondagens, fundações e escavações; 3. construção de estradas e logradouros públicos; 4. construção de pontes, viadutos e monumentos; 5. terraplenagem e pavimentação; 6. pintura, carpintaria, instalações elétricas e hidráulicas, aplicação de tacos e azulejos, colocação de vidros e esquadrias; e 7. quaisquer outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. LEI COMPLEMENTAR nº 116/2003 Anexo Único Lista de Serviços – Item 7.02: 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos; INSTRUÇÃO NORMATIVA nº 971/2009: Art. 322. Considerase: I obra de construção civil, a construção, a demolição, a reforma, a ampliação de edificação ou qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo, conforme discriminação no Anexo VII; ...... X serviço de construção civil, aquele prestado no ramo da construção civil, tais como os discriminados no Anexo VII; ...... XXVII contrato de construção civil ou contrato de empreitada (também conhecido como contrato de execução de obra, contrato de obra ou contrato de edificação), aquele celebrado entre o proprietário do imóvel, o incorporador, odono da obra ou o condômino e uma empresa, para a execução de obra ou serviço de construção civil, no todo ou em parte, podendo ser: Fl. 2018DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 153 11 a) total, quando celebrado exclusivamente com empresa construtora, definida no inciso XIX, que assume a responsabilidade direta pela execução de todos os serviços necessários à realização da obra, compreendidos em todos os projetos a ela inerentes, com ou sem fornecimento de material; b) parcial, quando celebrado com empresa construtora ou prestadora de serviços na área de construção civil, para execução de parte da obra, com ou sem fornecimento de material; Ainda, a CoordenaçãoGeral de Tributação, mesmo adotando a abordagem mais abrangente, correspondente ao entendimento consubstanciado no ADN 30/99, supracitado, assim ementou sobre a situação abaixo (SC Cosit 02/2010): Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Expressão "obras de construção civil". Significado na legislação referente à Cofins nãocumulativa. As atividades de locação de andaimes, de formas e escoramentos utilizados em obras de construção civil não se enquadram na expressão “obras de construção civil” para efeitos de gozo do benefício tributário previsto no inciso XX do art. 10 da Lei no 10.833, de 2003. Portanto, as receitas auferidas com a exploração dessas atividades sujeitamse à incidência da alíquota de 7,6% da Cofins. Obras de construção civil, no que se refere à incidência da Cofins nãocumulativa, alcançam as atividades da mesma natureza daquelas exemplificadas no Ato Declaratório Normativo Cosit no 30, de 14/10/1999. Dispositivos Legais: Inciso XX do art. 10 da Lei no 10.833, de 2003, com a redação atual dada pelo art. 17 da Lei nº 11.945, de 2009; e Ato Declaratório Normativo Cosit no 30, de 1999. Assim, mesmo atividades necessárias ou relacionadas à determinada obra ou empreendimento do qual faça parte construção civil, não necessariamente estão subsumidas à exclusão prevista no art. 10, XX, da Lei 10.833/03. Na Solução de Divergência Cosit nº 11/2014, é adotado também, para interpretação da construção civil prevista na Lei 10.833/03, o conceito do ADN 30/99, ou seja, aquele que inclui as atividades auxiliares e complementares de construção civil. A despeito disso, o próprio documento explica o seguinte em sua fundamentação: “43. Contudo, cumpre ressaltar que o citado dispositivo é expresso em estabelecer a aplicação do regime de apuração cumulativa das contribuições em estudo às receitas decorrentes da “execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”. Assim, tal preceptivo alcança apenas as receitas decorrentes das prestações dos serviços que menciona, e, como não estabelece ressalva, alcança também as receitas decorrentes de eventual fornecimento de bens na Fl. 2019DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 154 12 prestação de tais serviços. Diferentemente, o mencionado dispositivo não alcança a venda de bens, ainda que haja alguma prestação de serviços acessória, bem como a prestação de serviços diversos dos arrolados por ele. 44. Para ilustrar as diferenciações de tratamento tributário apresentadas no parágrafo anterior, analisamse algumas situações possíveis envolvendo o ramo de arescondicionados: a) contratação de uma pessoa jurídica para preparação da estrutura e instalação de arcondicionado central em um edifício. Nessa hipótese, o contrato é preponderantemente de prestação de serviço auxiliar em obra de construção, sendo o fornecimento de bens etapa necessária para a prestação. Destarte, aplicável às receitas auferidas com a prestação de tal serviço o regime de apuração cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, conforme inciso XX do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003; b) aquisição de arcondicionado a ser entregue instalado na parede do edifício. Nessa hipótese, o contrato é preponderantemente de compra e venda de bens, sendo o serviço de instalação apenas acessório. Assim, não são aplicáveis à espécie as disposições do mencionado dispositivo legal, sendo o regime de apuração das contribuições relativas à receita de venda estabelecido conforme as regras gerais. 45. Portanto, para a correta aplicação do inciso XX do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, nas hipóteses em que o contrato envolve fornecimento de bens, é necessário verificar a preponderância da relação econômica estabelecida. Caso se trate de prestação de serviço de “execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”, com acessório fornecimento de bens, mostrase aplicável o citado dispositivo. De outra banda, caso de trate de fornecimento de bens, com acessória prestação de serviço de construção civil, não se pode aplicar tal preceptivo. 46. Ademais, quase desnecessário asseverar que não se podem aplicar as disposições do dispositivo em lume às receitas decorrentes da prestação de serviços que não caracterizam “execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”, como os serviços de manutenção de máquinas, etc”. Assim, para plena inclusão no regime cumulativo, o essencial deve ser a caracterização dos serviços como execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, daí sim abarcando atividades auxiliares e complementares. Cravada a premissa, passase ao exame das provas que possam demonstrar que as receitas obtidas pela recorrente foram oriundas de serviços prestados de construção civil. Para comprovar a natureza jurídica do serviço prestado, é fundamental a análise dos contratos avençados pela recorrente. Já para identificar o valor da receita, Fl. 2020DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 155 13 necessário se faz cotejar as notas fiscais emitidas pela recorrente com os registros fiscais na contabilidade. Após análise aprofundada nos autos do processo, constatase que a recorrente não apresentou nenhuma cópia dos contratos que alega terem sido de construção civil. Não há sequer uma planilha com a discriminação dos contratos, dos valores pagos a cada um, da sociedade contratante, etc... Sem as cópias dos contratos de prestação de serviço, fica inviável a análise da natureza jurídica de cada serviço prestado pela recorrente. Sendo necessário o julgamento com os elementos constantes nos autos. Ressalto que não faltou oportunidade e informação para recorrente da imprescindibilidade de constarem nos autos as cópias dos contratos de serviços, pois a primeira instância alertou para esse fato, conforme se pode constatar pela transcrição de trecho do voto condutor: Em primeiro lugar, as notas fiscais emitidas são elementos robustos de prova, mas não absolutos. Principalmente no caso de prestações de serviços de construção civil, para corroborar o quanto contido nas notas fiscais, há a necessidade de apresentação dos contratos firmados com os tomadores dos serviços. Tais contratos não foram apresentados nem durante o procedimento fiscalizatório, após intimação, nem constam destes autos. Se for considerada, ainda, a alegação de que uma grande parte dos serviços foi prestada a órgãos públicos, autarquias e sociedades de economia mista, o contrato é imprescindível como elemento de prova. Também, a alegação perde substância em face do estado das notas fiscais apresentadas (fls. 1.316 a 1.660). É que a esmagadora maioria delas está ilegível e, das legíveis, boa parte encontrase cancelada. Pelas assertivas feitas, e tendo por premissa que cabe ao sujeito passivo a prova de que suas receitas eram oriundas de contratos de prestação de serviço de construção civil, e que não há elementos probantes que lastreiam suas alegações, voto no sentido de manter a decisão recorrida para manter o regime nãocumulativo para as receitas auferidas pela recorrente no período compreendido entre 01/01/2009 e 31/12/2009 c) Diferimento do pagamento das contribuições com base no art. 7º da Lei nº 9.718/98. Nos termos do art. 7º da Lei nº 9.718/98, o pagamento das contribuições para o Pis e para Cofins poderá ser diferido, pelo contratado, até a data do recebimento do preço, quando ficar comprovado que o serviço prestado foi de construção por empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços, contratados por pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias. A DRJ negou provimento a esse capítulo sob o fundamento de que faltou provas de que a recorrente só teria efetuado o diferimento de receitas advindas de contratos Fl. 2021DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 156 14 com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista e suas subsidiárias. A recorrente alega, em recurso voluntário, que foi devidamente comprovada a emissão de notas fiscais de serviços relacionados à construção civil para órgãos públicos, bem como seu recebimento posterior, com base na regra do diferimento prevista no art. 7º da Lei nº 9.718/98. Mais uma vez o direito da recorrente não foi devidamente provado. Após análise dos autos, não foram identificados provas fundamentais que subsidiariam as alegações da recorrente, tais como: escrita contábil, comprovação do recebimento e os contratos celebrados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista e suas subsidiárias. Constam no processo planilhas com a composição da base de cálculo das contribuições e planilhas com a menção de vários clientes. Contudo, como já dito, não há documentação contábil que comprove os dados constantes nas mencionadas planilhas. Diante da falta de elementos probantes, mantenho a decisão a quo sobre esse capítulo. d) Inaplicabilidade da Taxa Selic Reclama que a taxa Selic não serve como sanção por atraso no cumprimento de uma obrigação tributária. Essa matéria já foi pacificada com a aprovação do enunciado de Súmula CARF nº 04, publicada no DOU de 22/12/2009, in verbis: Súmula CARF nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Impende observar que as súmulas do Carf são de observância obrigatória, sob pena de perda de mandato. Conclusão Por todas as razões de direito e de fato expostas, nego provimento ao recurso voluntário do sujeito passivo. É como voto. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 2022DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 157 15 Fl. 2023DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16643.000387/2010-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
REEXAME NECESSÁRIO. CRÉDITO EXONERADO ACIMA DO LIMITE DE ALÇADA PELA DECISÃO A QUO. RECURSO DE OFÍCIO CONHECIDO..
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. (Súmula CARF nº 103)
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. AJUSTE DECORRENTE DO EXCESSO APURADO NA ALIENAÇÃO OU BAIXA DO ATIVO. PREÇO PARÂMETRO.
O art. 45, §2º da Lei nº 10.637/02 autoriza que a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido.
Nesses casos, eventual ajuste deve ser calculado considerando exclusivamente os dados relativos ao momento da importação do bem, ou seja, se o preço praticado no momento da importação estava de acordo com o preço parâmetro no momento da importação, não fazendo sentido a utilização de dados relativos ao momento da venda desse bem.
Apenas com a introdução com o art. 48 da Lei nº 12.715/2012, que introduziu o §15º ao art. 18 da Lei nº 9.430/96, que no caso de ser utilizado o método PRL, o preço parâmetro deverá ser apurado considerando-se os preços de venda no período em que os produtos forem baixados dos estoques para resultado, entretanto o presente caso é anterior a essa mudança legislativa.
ERRO DE CÁLCULO. CONHECIMENTO DE OFÍCIO.
Mero erro de cálculo é matéria cognoscível de ofício na esfera administrativa - sobretudo por ser passível de pedido de revisão de ofício na fase de cumprimento dessa decisão, conforme Parecer Normativo Cosit nº 02/2016.
LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL.
O lançamento decorrente (CSLL) segue a sorte do lançamento principal (IRPJ), em face dos mesmos fatos e elementos de prova, inexistindo razão jurídica para decidir diversamente.
Numero da decisão: 1301-003.870
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, de ofício, conhecer a alegação de erro de cálculo aduzida pelo contribuinte para reduzir a base de cálculo do lançamento mantida pela DRJ para R$ 3.536.256,83, nos termos do voto do redator designado. Vencido o Conselheiro Nelso Kichel (relator) que votou por dar provimento ao recurso de ofício. Designado o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Redator Designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild, substituída pelo Conselheiro José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: NELSO KICHEL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 REEXAME NECESSÁRIO. CRÉDITO EXONERADO ACIMA DO LIMITE DE ALÇADA PELA DECISÃO A QUO. RECURSO DE OFÍCIO CONHECIDO.. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. (Súmula CARF nº 103) PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. AJUSTE DECORRENTE DO EXCESSO APURADO NA ALIENAÇÃO OU BAIXA DO ATIVO. PREÇO PARÂMETRO. O art. 45, §2º da Lei nº 10.637/02 autoriza que a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido. Nesses casos, eventual ajuste deve ser calculado considerando exclusivamente os dados relativos ao momento da importação do bem, ou seja, se o preço praticado no momento da importação estava de acordo com o preço parâmetro no momento da importação, não fazendo sentido a utilização de dados relativos ao momento da venda desse bem. Apenas com a introdução com o art. 48 da Lei nº 12.715/2012, que introduziu o §15º ao art. 18 da Lei nº 9.430/96, que no caso de ser utilizado o método PRL, o preço parâmetro deverá ser apurado considerando-se os preços de venda no período em que os produtos forem baixados dos estoques para resultado, entretanto o presente caso é anterior a essa mudança legislativa. ERRO DE CÁLCULO. CONHECIMENTO DE OFÍCIO. Mero erro de cálculo é matéria cognoscível de ofício na esfera administrativa - sobretudo por ser passível de pedido de revisão de ofício na fase de cumprimento dessa decisão, conforme Parecer Normativo Cosit nº 02/2016. LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL. O lançamento decorrente (CSLL) segue a sorte do lançamento principal (IRPJ), em face dos mesmos fatos e elementos de prova, inexistindo razão jurídica para decidir diversamente.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 16643.000387/2010-59
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6022462
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1301-003.870
nome_arquivo_s : Decisao_16643000387201059.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : NELSO KICHEL
nome_arquivo_pdf_s : 16643000387201059_6022462.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, de ofício, conhecer a alegação de erro de cálculo aduzida pelo contribuinte para reduzir a base de cálculo do lançamento mantida pela DRJ para R$ 3.536.256,83, nos termos do voto do redator designado. Vencido o Conselheiro Nelso Kichel (relator) que votou por dar provimento ao recurso de ofício. Designado o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente. (assinado digitalmente) Nelso Kichel- Relator. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto - Redator Designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild, substituída pelo Conselheiro José Roberto Adelino da Silva.
dt_sessao_tdt : Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
id : 7792131
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:47:48 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052117506195456
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 49; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2003; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 2.822 1 2.821 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16643.000387/201059 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 1301003.870 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de maio de 2019 Matéria PREÇO DE TRANSFERÊNCIA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado SKF DO BRASIL LTDA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 REEXAME NECESSÁRIO. CRÉDITO EXONERADO ACIMA DO LIMITE DE ALÇADA PELA DECISÃO A QUO. RECURSO DE OFÍCIO CONHECIDO.. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. (Súmula CARF nº 103) PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. AJUSTE DECORRENTE DO EXCESSO APURADO NA ALIENAÇÃO OU BAIXA DO ATIVO. PREÇO PARÂMETRO. O art. 45, §2º da Lei nº 10.637/02 autoriza que a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido. Nesses casos, eventual ajuste deve ser calculado considerando exclusivamente os dados relativos ao momento da importação do bem, ou seja, se o preço praticado no momento da importação estava de acordo com o preço parâmetro no momento da importação, não fazendo sentido a utilização de dados relativos ao momento da venda desse bem. Apenas com a introdução com o art. 48 da Lei nº 12.715/2012, que introduziu o §15º ao art. 18 da Lei nº 9.430/96, que no caso de ser utilizado o método PRL, o preço parâmetro deverá ser apurado considerandose os preços de venda no período em que os produtos forem baixados dos estoques para resultado, entretanto o presente caso é anterior a essa mudança legislativa. ERRO DE CÁLCULO. CONHECIMENTO DE OFÍCIO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 64 3. 00 03 87 /2 01 0- 59 Fl. 2822DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.823 2 Mero erro de cálculo é matéria cognoscível de ofício na esfera administrativa sobretudo por ser passível de pedido de revisão de ofício na fase de cumprimento dessa decisão, conforme Parecer Normativo Cosit nº 02/2016. LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL. O lançamento decorrente (CSLL) segue a sorte do lançamento principal (IRPJ), em face dos mesmos fatos e elementos de prova, inexistindo razão jurídica para decidir diversamente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, de ofício, conhecer a alegação de erro de cálculo aduzida pelo contribuinte para reduzir a base de cálculo do lançamento mantida pela DRJ para R$ 3.536.256,83, nos termos do voto do redator designado. Vencido o Conselheiro Nelso Kichel (relator) que votou por dar provimento ao recurso de ofício. Designado o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Redator Designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild, substituída pelo Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. Fl. 2823DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.824 3 Relatório Os autos deste processo subiram a esta instância recursal ordinária do CARF por força do Recurso de Ofício, para reexame necessário da decisão da 5ª Turma da DRJ/São Paulo I (efls. 2755/2755) que, ao julgar Impugnação parcialmente procedente, exonerou crédito tributário acima do limite de alçada. Quanto aos fatos, consta dos autos: que, em 15/12/2010, a fiscalização da RFB, unidade local DEMAC/São Paulo lavrou Autos de Infração do IRPJ e reflexo (CSLL), regime do lucro real anual, ano calendário 2005 (efls. 1475/1489), ao imputar a seguinte infração, in verbis: (...) 001 ADIÇÕES PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA NÃO ADIÇÃO DE PARCELA DE CUSTOS, DESPESAS, ENCARGOS BENS, SERVIÇOS, DIREITOS ADQUIRIDOS NO EXTERIOR PESSOA VINCULADA Valor apurado conforme Termo e V e r i f i c a ç ã o Fiscal em Anexo que faz parte integrante deste Auto de Infração. Fato Gerador Valor Tributável Apurado (R$) Multa (%) 31/12/2005 15.945.845,57 75,00 ENQUADRAMENTO LEGAL: Art . 241 do RIR/99. (...) que integra o lançamento fiscal o Termo de Verificação Fiscal TVF (efl. 1433/1473) e do qual se extrai quanto aos fatos apurados pelo Fisco, in verbis: (...) 3. Do contribuinte (...), a SKF é uma empresa global de conhecimento em engenharia com 120 fábricas em 25 países, cuja proximidade com seus clientes é garantida por meio de uma rede de mais de 15.000 distribuidores autorizados em mais de 130 países. O grupo SKF é líder mundial no suprimento de produtos, soluções e serviços na área de Rolamentos e Unidades, Vedantes, Mecatrônica, Serviços e Sistemas de Lubrificação. A história da SKF começou em 1907 e no Brasil ela iniciou em meados da segunda década do século passado, em 1915. 4. Dos Fatos Fl. 2824DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.825 4 4.1 Da Cronologia das intimações realizadas no curso da ação fiscal O mandado de procedimento MPF 08.1.71.002009002280 (fl. 02), supracitado, determinou a verificação, em relação ao Contribuinte acima identificado, quanto à observação da legislação que. rege o Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas, Preços de Transferência1 , no que diz respeito às importações efetuadas pelo contribuinte durante o ano calendário de 2005. (...) Planilhas apresentadas pelo contribuinte em resposta ao Termo de Início de Fiscalização: (...) 4) Arquivo SKFPRL 20 MPF.xls 4a) Planilha "CÁLCULO PRL 20": Esta planilha em meio digital, corresponde à planilha de que foi também entregue impressa "Planilha de apuração dos Preços de Transferência na Importação" (fl. 70 a 129). Contém o resumo da apuração dos preços de transferência para cada item importado sujeito a este controle, informando detalhes tais como Preço Praticado, Preço Parâmetro, método adotado, quantidade consumida (quantidade vendida), ajuste total (campo Diferença Tributável), entre outros (...) Após análise dos documentos e arquivos digitais entregues em resposta ao Termo de Início, esta fiscalização constatou algumas inconsistências nos dados informados, (...). Na Demonstração do Lucro Real constante da DIPJ2006 AC 2005, ficha 09, linha "07.Ajustes Decorrentes de Métodos Preço de Transferência", o contribuinte adicionou R$ 5.615.526,54 ao Lucro Líquido. (...) O contribuinte então, em 28/10/2010, apresentou nova apuração de Transfer Price para o AnoCalendário 2005, através do relatório impresso "Base de Cálculo de TP2005 PRL20" (fl. 421 a 541). Esta planilha também foi entregue em meio digital, gravados em CD, acompanhado do respectivo recibo digital de fl. 420. Neste CD também está gravada a base de dados de importação com a devida correlação das linhas do arquivo do Siscomex, fornecido pelo fisco, com os correspondentes código dos produtos importados. O contribuinte apurou o valor de ajuste de R$ 8.262.514,62 (fl. 541verso). Após análise da apuração realizada e entregue em 28/10/2010, o fisco intimou o contribuinte, por meio do Termo de Intimação 03, fl. 543, a corrigir os seguintes erros: Fl. 2825DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.826 5 (...) O contribuinte então apresentou resposta ao Termo de Intimação 05, de fl. 703, acompanhada de CDRom e respectivo Recibo de Entrega de Arquivos Digitais (fl. 704), por meio da qual da qual informou ter efetuado as seguintes correções: (...) Todas as alterações relacionadas foram contempladas no arquivo apresentado "Cálculo de Transfer Price PRL 20 corrigido em 30112010", bem como na planilha impressa de página 01 a 119, fl. 705 a 764. O contribuinte apurou, nesta planilha, o ajuste total de R$ 9.199.115,50, com base nas quantidades importadas em 2005 e de R$ 21.561.372,11, com base nas quantidades vendidas em 2005, (fl. 768). (...) 4.2 Do procedimento adotado pelo contribuinte para apuração de Preço de Transferência nas operações de Importação e da apresentação de novos cálculos após intimação do fisco O contribuinte ofereceu espontaneamente à tributação, por meio da DIPJ AC 2005, ajuste total de R$ 5.615.526,54, decorrente das operações de importações para empresas vinculadas e/ou situadas em países de tributação favorecida, conforme se verifica da ficha 32 da DIPJ 2006 (fls. 5 verso). (...) O contribuinte adotou, para todos os produtos importados, o método Preço de Revenda menos Lucro com margem de 20%, tendo em vista que os produtos importados são revendidos da mesma forma como são importados. (...) A fiscalização então procedeu à verificação das bases de dados e dos cálculos efetuados pelo contribuinte a fim de investigar se a apuração de Transfer Price na importação realizada pelo contribuinte após intimação estava correta ou não. Assim sendo, por meio dos Termos de Intimação 01 a 05, conforme já relatado no item 4.1 deste Termo, o fisco apontou os erros detectados na apuração do contribuinte que foram sendo corrigidos pela empresa à medida que transcorria a fiscalização. Por fim, o contribuinte, após correção de todos os erros apontados pelo fisco, chegou ao valor final de ajuste de R$ 21.561.372,11 da planilha de fl. 76. Este valor tem como base de ajuste as quantidades vendidas assim como foi calculado o ajuste no ano anterior (AC 2004) e como prescreve a legislação no parágrafo primeiro do artigo 5º da IN SRF 243/2002, abaixo transcrito: .... Fl. 2826DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.827 6 Se observarmos a planilha final de apuração de ajustes (fl. 768), verificase que o ajuste calculado com base nas quantidades importadas (R$ 9.199.115,5) é bastante inferior ao ajuste calculado com base nas quantidades vendidas (R$ 21.561.372,11. O contribuinte havia alegado que sempre realizava ajuste do total da quantidade importada, independentemente se a mercadoria era ou não levada a custo no ano da importação. Esta fiscalização até se dispôs a averiguar tal alegação e solicitou ao contribuinte que apresentasse o levantamento dos ajustes realizados no ano calendário anterior, qual seja, 2004, a fim de constatar as alegações do contribuinte. No entanto, o arquivo apresentado pelo contribuinte demonstrou claramente que o contribuinte realizou os ajustes em 2004 com base na quantidade vendida dos produtos importados, conforme já foi relatado anteriormente. Para apurar o valor de ajuste total de Preços de Transferência nas operações de importação no valor de R$ 21.561.372,11, foram utilizados, basicamente os seguintes dados: 1. Dados de Importações: planilha final no arquivo "Relatório DI SKF DO BRASIL_consolidado.XLS" (gravado no CD em anexo). Esta planilha contém detalhes das operações de importação que constituem as compras do ano de 2005, que foram extraídos do sistema Siscomex. (...) 2. Dados de Inventário: planilha "ESTOQUES", contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). Esta planilha contém as quantidades do item importado em estoque inicial e final para o ano de 2005. O valor dos estoques iniciais é ponderado com os valores das importações para apuração do preço praticado, conforme se pode verificar na coluna "PREÇO PRATICADO C/ESTOQUE INICIAL" da planilha "CÁLCULO PRL 20", do arquivo "SKF TP2005PPvL20corrigido20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). 3. Vendas: : planilha do arquivo "saídas importado 20111130.xls" (gravado no CD em anexo). Esta planilha contém detalhes das operações de vendas dos itens importados realizadas ano de 2005. A partir destes dados, o contribuinte realizou consolidação dos dados de vendas , e gerou as planilhas "RESUMO SAÍDAS COM VINCULADAS" (versão sem exclusão das vendas para vinculadas) e "RESUMO SAÍDAS SEM VINCULADAS" (versão com exclusão das vendas para vinculadas), contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). A partir dos valores contidos nesta planilha é realizado o cálculo do preço parâmetro pelo método PRL com margem de 20% Preço de Revenda menos Lucro com margem de 20% para a revenda. Esta planilha apresenta os seguintes campos: Valor total da venda, descontos e impostos incidentes sobre as vendas (ICMS, PIS e COFINS). A partir destes valores é realizado o Fl. 2827DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.828 7 cálculo do preço parâmetro, na planilha "CÁLCULO PRL20", do arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls". 4. Cálculo dos preços praticados, dos preços parâmetros e dos ajustes : Planilha "CÁLCULO PRL20", do arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls". Contém o resumo da apuração dos preços de transferência para cada item importado sujeito a este controle, informando detalhes da apuração do Preço Praticado, da apuração do Preço Parâmetro, Dados de estoque inicial, quantidade vendida, ajuste total, etc. Esta planilha foi juntada às folhas 705 a 764 e será descrita detalhadamente mais adiante. 4.3 Da Apuração dos Preços de Transferência: 4.3.1 Apuração do Preço Praticado: O preço praticado nas importações é determinado, basicamente, pela média do valor das importações realizadas no ano, ponderada com os estoques iniciais. As planilhas a seguir detalham como foram obtidos os dados e como os cálculos foram realizados. Importações : Esta planilha contém detalhes das operações de importação que constituem as compras do ano de 2005, as quais foram extraídos do sistema Siscomex e entregues ao contribuinte, por meio do Termo de Constatação e entrega de arquivo de fl. 417 (...) Dados consolidados das importações: estes dados são encontrados na planilha "RESUMO DE ENTRADAS", contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). Nesta planilha é realizada a consolidação dos dados contidos no arquivo de Importações, descrito no item anterior. Assim sendo, este arquivo contém a soma de todas as importações de cada produto no ano de 2005. Este dado serve como base para cálculo do custo médio de importação para cada item importado de empresas vinculadas. (...) Saldos de Inventário : estes dados são encontrados na planilha "ESTOQUES', contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). Esta planilha detalha, para cada item importado, os saldos iniciais e finais dos produtos em estoque. Isto é, a planilha relaciona a quantidade e o respectivo valor dos estoques inicias e finais do ano de 2005. O valor dos estoques iniciais será ponderado com os custos de importação para obtenção da média ponderada, conforme determinação do parágrafo 3º do artigo 12, da IN SRF 243/2002. (...) Fl. 2828DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.829 8 Apuração de Preços Praticados: Estes dados são encontrados na Planilha "CÁLCULO PRL20", do arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls". Esta planilha contém o resumo da apuração dos Preços de Transferência para cada item importado sujeito a este controle, informando detalhes da apuração do Preço Praticado, da apuração do Preço Parâmetro, dados de estoque inicial, quantidade vendida, ajuste total,etc. (...) Tabela 13 Lista dos campos da planilha "CÁLCULO PRL20", necessários ao cálculo do preço praticado na importação. Esta tabela está contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20comgido20101130.xls ". A seguir foi transcrito um exemplo de dados preenchidos: O preço praticado é obtido pela média ponderada entre o custo de importação e o estoque inicial. A sua fórmula de cálculo é: PREÇO PRATICADO C/ ESTOQUE INICIAL (linha AA) = CUSTO TOTAL IMP R$ (linha J > ESTOQUE SI 31/12/2004 VALOR (linha N) ESTOQUE SI 31/12/2004 QUANTIDADE(linha L)+ QUANTIDADE IMPORTADA (linha D) O "CUSTO TOTAL IMP R$", por seu turno, é dado pelo Valor FOB, acrescido do Frete Internacional, do Seguro Internacional e do Imposto de Importação, conforme fórmula a seguir: CUSTO TOTAL IMP R$ (linha J) = VALOR FOB R$ (linha E)+ FRETE (linha F)+ IMP. IM P0RTAÇÂ0(linha G)+ SEGURO(linha H) Os valores FOB, de Frete, Seguro e II são originados da planilha de "Dados Consolidados de Importações". Este procedimento permite determinar com precisão o preço praticado nas importações que no exemplo em tela foi de R$ 35,90304. 4.3.2 Apuração do Preço Parâmetro pelo método PRL; O Método Preço de Revenda menos Lucro (PRL) prevê a apuração do preço parâmetro com base no preço de revenda da Fl. 2829DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.830 9 mercadoria do qual são deduzidas algumas parcelas, incluindo a margem de lucro. Na prática, o método exige uma margem de lucro mínima na operação de revenda para que não ocorra ajuste de preços de transferência. Nos casos em que o item importado é revendido diretamente, a margem de lucro prevista na legislação é de 20%. Nestes casos, são relacionadas todas as vendas do produto no ano e, sobre o valor destas vendas são calculadas as deduções previstas na legislação e as médias do preço de venda por produto, apurando assim o preço parâmetro unitário. As planilhas a seguir demonstram a origem dos dados e os cálculos realizados para apuração do preço parâmetro. Vendas : estes dados são encontrados na planilha "SAÍDAS IMPORTADO", contida no arquivo "saídas importado20101130.xls" (gravado no CD em Anexo). Esta planilha detalha cada operação de vendas realizada no ano de 2005, confonne. Estes dados foram consolidados na planilha "RESUMO SAÍDAS SEM VINCULADAS" , (...). Resumo de Vendas : estes dados são encontrados nas planilhas "RESUMO SAÍDAS SEM VINCULADAS". Esta planilha está contida em dois arquivos: "saídas importado20101130.xls" e "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls". (...) Cálculo do Preço Parâmetro : Estes dados são encontrados na Planilha "CÁLCULO PRL20", do arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls". Esta planilha contém o resumo da apuração dos Preços de Transferência para cada item importado sujeito a este controle, informando detalhes da apuração do Preço Praticado, da apuração do Preço Parâmetro, dados de estoque inicial, quantidade vendida, ajuste total, etc. (...) Tabela 17 Lista dos campos da planilha "CÁLCULO PRL20", necessários ao cálculo do preço parâmetro PRL com margem de 20% . Esta tabela está contida no arquivo "SKF TP2005 PPL20corrigido2010ll30.xls ". A seguir foi transcrito um exemplo de dados preenchidos: Fl. 2830DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.831 10 Primeiramente foi calculado o "PLV Unitário" que é dado pela expressão a seguir. Destaquese que o contribuinte não opera com descontos incondicionais e por este motivo esta parcela não foi computada. PLV Unitário = (VALOR BRUTO VENDA ICMS PIS COFINS)/QTDE VENDA SEM VINC O preço Parâmetro PRL20 é então obtido pela dedução da margem de 20% do "PLV Unitário" . A margem de 20% unitária, por sua vez, é calculada sobre o valor bruto das vendas. PREÇO PARÂMETRO UNITÁRIO = PREÇO LÍQVENDA (PLV) MARGEM 20% UNIT 4.3.3 Apuração dos Ajustes: (...) Nesta Planilha, é finalmente apurado o ajuste individual de cada item importado de empresa vinculada que será oferecido à tributação. No caso do exemplo abaixo, o ajuste unitário apurado foi de R$ 26.085,35. Tabela 18 Lista de alguns campos da planilha "CÁLCULO PRL20". Esta tabela está contida no arquivo "SKF TP2005 PRL20corrigido20101130.xls ". A seguir foi transcrito um exemplo de dados preenchidos: Fl. 2831DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.832 11 A versão integral da planilha citada na tabela 17 foi entregue impressa e rubricada pelo contribuinte e foi juntada às fls. 705 a 764. (...) 5. Das verificações realizadas pelo Fisco (...) O contribuinte foi intimado a apresentar, por amostragem, cópia de Notas Fiscais escolhidas pelo fisco que deram suporte às planilhas de vendas, por meios do Termo de Intimação 01, conforme já relatado, que servem de base para apuração do preço parâmetro pelo método preço de revenda menos lucro (PRL). Os dados constantes destes documentos foram confrontados com aqueles constantes nas memórias de cálculos (Planilha de Vendas) e nenhuma divergência foi encontrada. Foram realizadas verificações do valores constantes da planilha de "ESTOQUES" em confronto com as cópias dos livros de registro de inventários de folhas 782 a 956 e nenhuma divergência foi encontrada. Assim sendo, verificamos que, ao final desta fiscalização, o contribuinte terminou por apurar corretamente o preço parâmetro de acordo com o método PRL, previstos na legislação pertinente (IN SRF 243/2002), obtendo um valor total de ajuste de R$ 21.561.372,11 da planilha de fl. 705 a 764. No entanto, na Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (DIPJ), anocalendário 2005, a fiscalizada adicionou valor de ajuste de R$ 5.615.526,54 (fl. 5verso). Este valor, no entanto, não pôde ser analisado pelo fisco, tendo em vista que o contribuinte, apesar de intimado e reintimado a apresentar o memória de cálculo de apuração do ajuste oferecido à tributação, não logrou êxito em fazêlo, conforme já relatado. Desta forma, esta fiscalização apurou diferença positiva entre o valor de ajuste correto e aquele oferecido à tributação. Portanto, a diferença apurada será adicionada ao lucro líquido, para determinação do lucro real, e exigida por meio de Auto de Infração. Fl. 2832DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.833 12 (...) 7. Base de Cálculo Diferenças apuradas Conforme já relatado acima, o valor do ajuste para cada produto foi obtido mediante a aplicação da seguinte fórmula: Ajuste Total item* = (Preço médio Praticado Unitário Preço médio Parâmetro Unitário) x Quantidade ajustada. (* somente foi realizado ajuste quando o "Preço Praticado" resultou maior que o "Preço Parâmetro ", acrescido de 5%) O valor do ajuste oferecido à tributação pelo contribuinte, informado na DIPJ, foi de: Ajuste total oferecido à tributação R$ 5.615.526,54 (DIPJ AC 2005 fl. 5verso). Ajuste total apurado após correção: R$ 21.561.372,11 (Planilha fl. 764) Tendo em vista que o contribuinte adicionou ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor de R$ 5.615.526,54, a título de ajustes de preços de transferência, conforme ficha de apuração do lucro real da DIPJ AC 2005, este valor será deduzido do montante do ajuste ora apurado, R$ 21.561.372,11, tendo em vista que aquele valor já foi oferecido à tributação. O valor de R$ 15.945.845,57será adicionado ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, e tributado no IRPJ e da CSLL. Os respectivos tributos serão constituídos por meio de autos de infração, passando o presente termo a fazer parte integrante inseparável destes. (...) que o crédito tributário lançado de ofício, na data de lavratura dos autos de infração do IRPJ e da CSLL, perfaz o montante de R$ 8.679.798,88, assim especificado: Fl. 2833DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.834 13 Auto de Infração Principal (R$) Juros de Mora Calculados até 30/11/2010 (R$) Multa de Ofício 75% Total (R%) IRPJ 2.790.522,96 1.498.789,88 2.092.892,22 5.382.205,06 CSLL 1.004.588,27 539.564,35 753.441,20 2.297.593,82 Total 8.679.798,88 Ciente do lançamento em 16/12/2010, pelo representante legal c/ assinatura aposta no auto de infração, o sujeito passivo apresentou Recurso Voluntário em 14/01/2011 (e fls. 1496/1528), cujas razões, em síntese, constam do relatório da decisão recorrida e que transcrevo, nessa parte, in verbis: (...) DO EQUÍVOCO QUANTO À TRIBUTAÇÃO DOS BENS IMPORTADOS NO ANOCALENDÁRIO DE 2004 (...) Não se deve aplicar para os bens importados em determinado ano o ajuste referente ao anocalendário subseqüente. Contudo, foi exatamente esse um dos equívocos cometidos pela fiscalização. A fiscalização constatou que o ajuste de preço de transferência relativo ao anocalendário de 2004 se restringiu às mercadorias vendidas, como, aliás, determina a legislação em vigor. Diante disso, em total afronta ao que determina a legislação, a fiscalização adicionou às mercadorias importadas em 2005 o estoque final das mercadorias adquiridas em 2004 e calculou o ajuste dos preços de transferência relativo a 2005 com base no total das vendas realizadas. Em outras palavras, a fiscalização, ao apurar o ajuste do preço de transferência com base na totalidade das mercadorias vendidas em 2005, incluiu os itens importados em 2004. (...) Em resumo, nos cálculos realizados pela fiscalização verificase que, independentemente do ano em que o bem teria sido importado – 2004 ou 2005, os ajustes dos preços de transferência com base no PRL20 foram indistintamente feitos com base na apuração para o anocalendário de 2005. Importante observar que o método adotado pela fiscalização acabou por reconhecer a necessidade de ajuste de preço de transferência sobre mercadorias que não tiveram ajuste no ano de 2004 e que, portanto, jamais poderiam compor o ajuste de 2005. Observemse alguns exemplos à fl. 1020. Fl. 2834DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.835 14 Frisese que a legislação é clara ao dizer que o custo dos bens importados deve ser ajustado de acordo com valores obtidos para o anocalendário em que foram importados. Por fim, cumpre ressaltar que esse não é o único equívoco encontrado nos cálculos da fiscalização. DO EQUÍVOCO QUANTO À QUANTIDADE DE MERCADORIAS REVENDIDAS Além do vício acima relatado, o cálculo apresentado pela fiscalização leva em consideração quantidades equivocadas de mercadorias vendidas e submetidas ao ajuste e preço de transferência. A simples análise da planilha utilizada como base para a autuação aponta que a quantidade de mercadorias vendidas é muito superior à quantidade importada somada à quantidade mantida em estoque quando da abertura do anocalendário. Tomando como exemplo a mercadoria classificada sob código “1204ETN9” (fl. 705verso), verificase que durante o ano calendário de 2005 a impugnante importou 230 unidades desse item, sendo que em 31/12/2004 constavam 444 unidades desse mesmo item em estoque. Somadas essas quantidades obtémse o total de 674 unidades, sendo que o ajuste de preço de transferência foi calculado sobre 2.205 unidades, valor esse que consta, como quantidade revendida, do campo “Estoque Venda c/ Vinculada” da planilha utilizada pela fiscalização. Ou seja, existe uma diferença de 1.531 unidades. Notese que a fiscalização não atentou para o fato de que não poderia a impugnante revender quantidade superior àquela importada somada com a que se encontrava em estoque, de forma que os cálculos foram efetuados sobre quantidade fictícia. Importante ressaltar que, de um total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência, foram identificados 7.372 erros quanto à quantidade revendida, o que, por si só, invalida qualquer cálculo efetuado pela fiscalização e o próprio Auto de Infração dele decorrente. Assim, resta mais do que evidente que não pode prosperar o Auto de Infração, eis que eivado de vícios insanáveis quanto à quantificação do quanto supostamente devido. DA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO MELHOR MÉTODO PARA O CONTRIBUINTE De acordo com o artigo 18 da Lei nº 9.430/96, são 3 os métodos estabelecidos para o controle dos preços de transferência nas importações: métodos PIC (Preços Independentes Comparados), PRL (Preço de Revenda menos Lucro) e CPL (Custo de Produção mais Lucro). Fl. 2835DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.836 15 E o § 4º desse artigo 18 prevê que, na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado. Portanto, quando do lançamento, a fiscalização deveria ter demonstrado que o cálculo utilizado (PRL) representa o menor ajuste entre aqueles possíveis (PRL, CPL e PIC). (...) DAS PREMISSAS EQUIVOCADAS NO CÁLCULO DO PRL ADOTADO PELA FISCALIZAÇÃO – UTILIZAÇÃO DO PREÇO CIF COMO PARÂMETRO Os demonstrativos da fiscalização partem para a aferição do preço parâmetro pelo método PRL contemplando no universo de amostras comparadas os custos de frete e seguro (preço CIF). No entanto, o controle dos preços de transferência, por sua lógica e fundamento, só pode ser bem realizado se considerado o preço FOB das mercadorias, sob pena de contaminação e exposição, no resultado, de um preço que não atende ao princípio “arm’s lenght”. Conforme se observa no caput do artigo 18 da Lei nº 9.430/96, o controle dos preços de transferência, via limitação da dedução de custos, é restrito às operações realizadas com pessoas vinculadas, pois é em relação a tais contratações que se poderia transferir lucros. Assim, qualquer outra contratação, ainda que atrelada à operação realizada com vinculada, não poderia se sujeitar às limitações da legislação de preços de transferência, haja vista que não estaria presente o nexo entre a redução indevida de lucros e o negócio entabulado. Em princípio, concluise que fretes e seguros contratados com pessoas independentes e, com muito maior razão, tributos incidentes na importação, não poderiam se sujeitar a nenhum limite de dedutibilidade. Quanto ao § 6º do artigo 18 da Lei nº 9.430/96, este não tem outro intuito senão o de repisar a necessária agregação de tais parcelas de despesas ao custo das mercadorias adquiridas. Assim, o preço a ser considerado na apuração do PRL deve ser necessariamente o preço FOB. Ocorre que a IN SRF nº 243/2002 prevê expressamente a utilização do preço CIF. No entanto, em que pese a literalidade de tal dispositivo, ele é ilegal, uma vez que submete ao controle dos preços de transferência valores transacionados por partes não vinculadas, o que afronta os princípios norteadores dessas regras. Fl. 2836DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.837 16 Assim impõemse, mais uma vez, a condenação dos cálculos realizados pela autoridade lançadora, cancelandose a cobrança veiculada no Auto de Infração. DAS CONCLUSÕES QUANTO À IMPROCEDÊNCIA DO AUTO Pelo que foi até aqui exposto, não há como o lançamento se manter, eis que, resumidamente: a) A autuação se baseia em cálculos realizados de forma equivocada, eis que não levam em consideração o fato de que parte das mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência ter sido importada no anocalendário de 2004 e, portanto, sujeitarse ao ajuste com base no preço parâmetro determinado para esse período; b) A quantidade de mercadorias revendidas utilizada como base para o cálculo do ajuste total devido é muito superior ao da soma das quantidades importadas e mantidas em estoque em 31/12/2004, de forma que o valor assim obtido está claramente viciado; e c) Em completa contrariedade das leis brasileiras de preços de transferência, o cálculo do preço parâmetro pelo método PRL20 foi realizado com base no preço CIF acrescido do imposto de importação, em detrimento do correto cálculo, com base no preço FOB. DO PEDIDO Ante o exposto, a impugnante requer o integral cancelamento do Auto de Infração. Outrossim, protesta pela oportuna juntada, ainda que por amostragem, de documentos comprobatórios de todas as alegações apresentadas, notadamente aqueles pertinentes à comprovação dos cálculos de ajustes de preços de transferência. (...) Em face das alegações do sujeito passivo, a DRJ São Paulo I devolveu os autos do processo à unidade de origem da RFB para manifestação da Fiscalização, conforme despacho (efls. 1877/1880), in verbis: (...) Na DIPJ/2006 da contribuinte consta, como o ajuste de preços de transferência na importação o montante de R$ 5.615.526,54, tendo sido utilizado o método PRL20 (Preço de Revenda menos Lucro de 20%). Após algumas intimações e correções de dados e procedimentos (sintetizadas às fls. 951/967), a contribuinte apresentou à fiscalização a planilha de fls. 705/764 (também utilizando o método PRL20), apurando o ajuste total de R$ 9.199.115,58, com base nas quantidades importadas em 2005, e de R$ Fl. 2837DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.838 17 21.561.372,11, com base nas quantidades vendidas em 2005 (fl. 764). A fiscalização adotou como correto ajuste calculado com base nas quantidades vendidas em 2005 (R$ 21.561.372,11). Em face do exposto, foi apurada a diferença tributável de R$ 15.945.845,57, conforme a seguir demonstrado (valores em reais): (...) Em sua defesa, a impugnante (...) fls. 1825/1871, apresentando, entre outras, as seguintes alegações: Do equívoco quanto à tributação dos bens importados no ano calendário de 2004 No anocalendário de 2004, a contribuinte, no cálculo do ajuste de preço de transferência, levou em consideração o total de mercadorias importadas; no entanto, somente o ajuste relativo às mercadorias vendidas foi levado a resultado. De acordo com o artigo 45 da Lei n° 10.637/2002 e o artigo 5º da IN SRF n° 243/2002,(...). Em suma, os bens importados em 2004, ainda que comercializados em 2005, devem ser ajustados de acordo com o cálculo do preço de transferência para o mesmo anocalendário de 2004, enquanto os bens adquiridos em 2005 devem ter seu custo retificado conforme o cálculo do preço de transferência para o anocalendário de 2005. Não se deve aplicar para os bens importados em determinado ano o ajuste referente ao anocalendário subseqüente. A fiscalização, contudo, ao apurar o ajuste do preço de transferência com base na totalidade das mercadorias vendidas em 2005, incluiu indevidamente os itens importados em 2004. Importante observar que o método adotado pela fiscalização acabou por reconhecer a necessidade de ajuste de preço de transferência sobre mercadorias que não tiveram ajuste no ano de 2004 e que, portanto, jamais poderiam compor o ajuste de 2005. Observemse alguns exemplos à fl. 1020. Frisese que a legislação é clara ao dizer que o custo dos bens importados deve ser ajustado de acordo com valores obtidos para o anocalendário em que foram importados. Do equívoco quanto à quantidade de mercadorias revendidas Fl. 2838DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.839 18 Além do vício acima relatado, o cálculo apresentado pela fiscalização leva em consideração quantidades equivocadas de mercadorias vendidas e submetidas ao ajuste e preço de transferência. A simples análise da planilha utilizada como base para a autuação aponta que a quantidade de mercadorias vendidas é muito superior à quantidade importada somada à quantidade mantida em estoque quando da abertura do anocalendário. Tomando como exemplo a mercadoria classificada sob código "1204ETN9" (fl. 705verso), verificase que durante o ano calendário de 2005 a impugnante importou 230 unidades desse item, sendo que em 31/12/2004 constavam 444 unidades desse mesmo item em estoque. Somadas essas quantidades obtémse o total de 674 unidades, sendo que o ajuste de preço de transferência foi calculado sobre 2.205 unidades, valor esse que consta, como quantidade revendida, do campo "Estoque Venda c/ Vinculada" da planilha utilizada pela fiscalização. Ou seja, existe uma diferença de 1.531 unidades. Notese que a fiscalização não atentou para o fato de que não poderia a impugnante revender quantidade superior àquela importada somada com a que se encontrava em estoque, de forma que os cálculos foram efetuados sobre quantidade fictícia. Importante ressaltar que, de um total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência, foram identificados 7.372 erros quanto à quantidade revendida, o que, por si só, invalida qualquer cálculo efetuado pela fiscalização e o próprio Auto de Infração dele decorrente. DAS CONSTATAÇÕES E DA PROPOSTA A contribuinte apresentou à fiscalização a planilha de fls. 705/764, apurando o ajuste total de R$ 9.199.115,58, com base nas quantidades importadas em 2005, e de R$ 21.561.372,11, com base nas quantidades vendidas em 2005 (fl. 764). Como o ajuste com base apenas nas quantidades importadas em 2005 não contemplava as importações realizadas em 2004 (estoque inicial de 2005), a fiscalização adotou como correto o ajuste calculado com base nas quantidades vendidas em 2005 (R$ 21.561.372,11). Apesar de a planilha que deu origem à autuação haver sido fornecida pela própria contribuinte, ela contesta os valores das quantidades vendidas utilizadas pela fiscalização, por serem superiores à soma das quantidades em estoque no início de 2005 com as quantidades importadas nesse mesmo ano. A contribuinte alega que, de um total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência, foram identificados 7.372 erros quanto à quantidade revendida. Fl. 2839DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.840 19 Em que pese o fato de que não nos foi possível comprovar essa alegação, o exemplo citado, relativo à mercadoria classificada sob código "1204ETN9" (fl. 705verso), demonstra que essa inconsistência, pelo menos em alguns casos, de fato existe. Nesse exemplo, verificase que, de fato, a quantidade vendida (2.205) é inexplicavelmente superior à soma do estoque inicial (444) com as quantidades importadas (230). Essa inconsistência poderia ser explicada, por exemplo, se parte da quantidade vendida fosse originada de compras no mercado interno (não sujeitas a ajustes de preços de transferência); mas não há nos autos nada acerca dessa informação. A contribuinte também contesta a apuração do ajuste relativo aos produtos que se encontravam no estoque inicial (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano), para os quais a fiscalização adotou o mesmo ajuste unitário calculado para os produtos importados e vendidos em 2005. Alega, interpretando o disposto no artigo 45 da Lei n° 10.637/2002 e no artigo 5º da IN SRF n° 243/2002, que os bens importados em 2004, ainda que comercializados em 2005, devem ser ajustados de acordo com o cálculo do preço de transferência para o mesmo anocalendário de 2004. Assim, por todo o exposto, proponho o encaminhamento do presente processo à DEMAC/SÃO PAULO, para a Auditora Fiscal autuante: • Manifestarse acerca das alegações da contribuinte; • Verificar quais as quantidades efetivamente sujeitas a ajuste, segregando o estoque inicial (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano) das importações realizadas em 2005; e Refazer o cálculo dos ajustes e da matéria tributável, considerando as quantidades corretas e, com relação ao estoque inicial, os ajustes individuais apurados em 2004 (observar os exemplos à fl. 1020). (...) O Termo de Conclusão de Diligência foi juntado aos autos, com resultado (e fls. 2704/2714). Intimada do Relatório de Diligência, o sujeito passivo apresentou suas razões (efls. 2722/2731). Na sessão de 06/06/2013, a 5ª Turma da DRJ/São Paulo I julgou a Impugnação parcialmente procedente, ao exonerar parte do crédito tributário pela redução do valor tributável da infração imputada, conforme Acórdão (efls. 2755/2755), cuja ementa, parte dispositiva e conclusão do voto condutor, transcrevo, in verbis: (...) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Fl. 2840DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.841 20 Anocalendário: 2005 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO MAIS FAVORÁVEL. A escolha do método mais favorável ao contribuinte é uma prerrogativa do contribuinte, mas não uma imposição à fiscalização. MÉTODO PRL. PREÇOS PRATICADOS. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS. Na apuração dos preços praticados segundo o método PRL (Preço de Revenda menos Lucro), devese incluir o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, e os tributos incidentes na importação. ILEGALIDADE DA INSTRUÇÃO NORMATIVA. Não compete à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. BENS IMPORTADOS EM ANOS ANTERIORES. AJUSTE. Considerando que os bens importados em determinado ano, ainda que comercializados em anos posteriores, devem ser ajustados de acordo com o ajuste apurado no ano da importação, exonerase parcialmente a exigência. QUANTIDADES SUJEITAS A AJUSTE. EQUÍVOCO NA AUTUAÇÃO. Considerando que a quantidade sujeita a ajuste não pode ser superior ao estoque inicial somado às importações de vinculadas no anocalendário, exonerase parcialmente a exigência. CSLL. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica se à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte (...) ACORDAM os membros da 5ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar PROCEDENTE EM PARTE A IMPUGNAÇÃO, nos termos do voto do relator. (...) Voto (...) Fl. 2841DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.842 21 DA TRIBUTAÇÃO DOS BENS IMPORTADOS NO ANO CALENDÁRIO DE 2004 E DAS QUANTIDADES SUJEITAS A AJUSTE Analisando as alegações da impugnante relatadas nos itens “DO EQUÍVOCO QUANTO À TRIBUTAÇÃO DOS BENS IMPORTADOS NO ANOCALENDÁRIO DE 2004” e “DO EQUÍVOCO QUANTO À QUANTIDADE DE MERCADORIAS REVENDIDAS”, em conjunto com as peças juntadas aos autos, verificouse, com relação à autuação, que: 1) na apuração do ajuste relativo aos produtos que se encontravam no estoque inicial de 2005 (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano), a fiscalização adotou o mesmo ajuste unitário calculado para os produtos importados e vendidos em 2005, ao invés de utilizar os ajustes individuais apurados em 2004; e 2) em diversos casos a quantidade ajustada do produto é superior ao estoque inicial somado às importações de vinculadas no anocalendário. Com relação à primeira constatação, há uma divergência de entendimento entre a fiscalização (que adotou, como mencionado, o mesmo ajuste unitário tanto para as mercadorias importadas em 2004, quanto para as importadas em 2005) e a contribuinte (que defende a tese de que os bens importados em 2004, ainda que comercializados em 2005, devem ser ajustados de acordo com o cálculo do preço de transferência para o mesmo anocalendário de 2004). Neste ponto, compartilho do entendimento da contribuinte, em face da legislação vigente (em especial o artigo 45 da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 5º da IN SRF nº 243/2002) e dos princípios que regem os preços de transferência. (...) Como bem sintetizou a impugnante, de acordo com essas normas, após a apuração dos preços de transferência em determinado anocalendário, o contribuinte pode (i) contabilizar o excesso de custo na conta em que os bens importados tenham sido registrados, de forma que seu valor corresponda exatamente àquele aceitável para fins da legislação de controle de operações internacionais ou (ii) adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido. Para que essas 2 opções do contribuinte sejam equivalentes, há que se utilizar, para bens importados em determinado ano e vendidos nos anos seguintes, o ajuste unitário apurado no ano da importação (que deve ser multiplicado pela quantidade vendida em cada ano). Notese que o fato de se utilizar o ajuste unitário apurado no ano da importação implica a utilização do preço praticado e do preçoparâmetro também desse ano da importação. Fl. 2842DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.843 22 Quanto à análise considerando os princípios que regem os preços de transferência (na importação), há que se destacar que a finalidade é se verificar se a importação está sendo realizada em conformidade com os preços de mercado. Dessa forma, eventual ajuste deve ser calculado tomando exclusivamente os dados relativos ao momento da importação do bem, ou seja, se o preço praticado no momento da importação estava de acordo com o preçoparâmetro no momento da importação, não fazendo sentido a utilização de dados relativos ao momento da venda desse bem. Com relação à segunda constatação, não há qualquer controvérsia, posto que a quantidade sujeita a ajuste não pode ser superior ao estoque inicial somado às importações de vinculadas no anocalendário, mesmo que a quantidade vendida seja superior (essa aparente inconsistência poderia ser explicada, por exemplo, se parte da quantidade vendida fosse originada de compras no mercado interno ou de empresas não vinculadas, não sujeitas a ajustes de preços de transferência; mas essa informação não consta dos autos). Diante dessas constatações, o presente processo foi encaminhado por esta Delegacia de Julgamento à DEMAC/SÃO PAULO, para a Auditora Fiscal autuante: • Verificar quais as quantidades efetivamente sujeitas a ajuste, segregando o estoque inicial (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano) das importações realizadas em 2005; e • Refazer o cálculo dos ajustes e da matéria tributável, considerando as quantidades corretas e, com relação ao estoque inicial, os ajustes individuais apurados em 2004. Apesar de discordar da segregação do estoque inicial das importações realizadas em 2005, a Auditora Fiscal refez os cálculos, apurando o ajuste total de R$ 9.151.783,37 (R$ 1.160.627,38 referente ao ajuste dos estoques iniciais e R$ 7.991.155,99 referente ao ajuste das quantidades importadas em 2005). A impugnante, em sua manifestação, concorda com segregação, mas não concorda com a adoção do preço CIF acrescido do imposto de importação e reitera a necessidade de se comprovar a aplicação do principio do melhor método para o contribuinte, argumentos estes já analisados e rejeitados nesta decisão (itens “DA INCLUSÃO DO FRETE, DO SEGURO E DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO NO PREÇO PRATICADO NO MÉTODO PRL” e “DA UTILIZAÇÃO DO MELHOR MÉTODO PARA O CONTRIBUINTE”). Diante do exposto, há que se validar os cálculos efetuados pela fiscalização e alterar o ajuste total objeto da autuação, de R$ 15.945.845,57, para R$ 9.151.783,37. Fl. 2843DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.844 23 DO CÁLCULO DOS TRIBUTOS MANTIDOS Considerando que a matéria tributável foi alterada para R$ 9.151.783,37, há que se recalcular os tributos devidos correspondentes e se alterar, com base nos formulários FAPLI e FACS (em anexo), o sistema SAPLI da RFB (que controla as compensações de resultados negativos), conforme a seguir demonstrado (valores em reais): (...) DA CONCLUSÃO Diante do exposto, voto no sentido de se considerar PROCEDENTE EM PARTE A IMPUGNAÇÃO. Crédito tributário parcialmente mantido, conforme a seguir demonstrado (valores em reais): (...) Fl. 2844DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.845 24 É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Nelso Kichel Relator. Tratase do Recurso de Ofício, reexame necessário, da decisão da 5ª Turma da DRJ/São Paulo I que, ao julgar a Impugnação parcialmente procedente, exonerou crédito tributário acima do limite de alçada. O Limite de alçada da DRJ, instância a quo, de R$ 2.500.000,00 (Dois milhões e quinhentos mil reais) está definido na Portaria MF nº 63, de 09/02/2017. O valor exonerado do crédito tributário (principal + multa de ofício) foi superior ao citado limite de alçada e consta discriminado no demonstrativo já transcrito, anteriormente, no relatório. Portanto, conheço do recurso de ofício. IMPUTAÇÃO DO FISCO Como já relatado, o Fisco imputou a infração do IRPJ e reflexo (CSLL) ADIÇÕES PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL E DA BASE DE CÁLCULO DA CSLL, quanto ao anocalendário 2005: Fato Gerador Valor Tributável Apurado (R$) Multa (%) 31/12/2005 15.945.845,57 75,00 Obs: Consta do Termo de Verificação Fiscal TVF (efls. 1433/1473): (...) Com a globalização, houve crescimento das empresas multinacionais e, respectivamente, da quantidade de suas subsidiárias ao redor do mundo. As operações entre empresas e suas subsidiárias, às quais a legislação atribui o nome de pessoas vinculadas, facilitou o livre fluxo de capitais. Este processo deu início a um grande problema: as transferências de lucros e capitais disfarçadas pelas operações Intercompany (entre empresas). Objetivando controlar estas remessas, cada país passou a adotar normas e leis para regulamentar as operações de importação, exportação e empréstimos entre companhias e como tributar o Preço de Transferência dos bens, produtos e serviços para acabar com a evasão de divisas disfarçadas por estas operações. No Brasil, a Lei 9.4360/96 inaugurou um novo regime para dedutibilidade de custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos Fl. 2845DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.846 25 documentos de importação ou aquisição nas operações efetuadas com pessoas vinculadas. Nas operações de importação, a empresa deve comprovar que o custo incorrido na operação, também chamado de preço praticado, foi equivalente ao preço de mercado. Custo ou preço praticado pela empresa é a média aritmética ponderada dos preços pelos quais a empresa efetivamente comprou ou vendeu um determinado produto, durante o anocalendário. Deve ser calculado, obrigatoriamente, produto a produto. Custo ou preço médio calculado, ou preço parâmetro, é a média aritmética ponderada de preços praticados em operações entre empresas independentes coletados e ajustados, conforme método definido em lei, escolhido pelo contribuinte. Também deve ser calculado, produto a produto. Assim sendo, nas operações de importação sujeitas ao controle de Preços de Transferência, caso o custo seja maior que o preço parâmetro, haverá ajuste (adição ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL) no Lucro Real, alterando o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro líquido. Quando o custo for menor que o preço parâmetro, não haverá ajuste. (...) ARGUMENTOS DA DEFESA DO SUJEITO PASSIVO Na instância a quo, a contribuinte impugnou a exigência fiscal, argumentando: a) que a Fiscalização laborou em equívoco quanto à tributação dos bens importados: a Fiscalização, ao apurar o ajuste do preço de transferência com base na totalidade das mercadorias vendidas em 2005, incluiu os itens importados em 2004; em resumo, nos cálculos realizados pela fiscalização, verificase que, independentemente do ano em que o bem teria sido importado – 2004 ou 2005, os ajustes dos preços de transferência com base no PRL20 foram indistintamente feitos com base na apuração para o anocalendário de 2005; importante observar que o método adotado pela Fiscalização acabou por reconhecer a necessidade de ajuste de preço de transferência sobre mercadorias que não tiveram ajuste no ano de 2004 e que, portanto, jamais poderiam compor o ajuste de 2005. Observemse alguns exemplos à efl. 1020; frisese que a legislação de regência é clara ao dizer que o custo dos bens importados deve ser ajustado de acordo com valores obtidos para o anocalendário em que foram importados. b) que a Fiscalização cometeu equívoco quanto à quantidade de mercadorias revendidas: Fl. 2846DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.847 26 que o cálculo apresentado pela Fiscalização leva em consideração quantidades equivocadas de mercadorias vendidas e submetidas ao ajuste e preço de transferência; que a simples análise da planilha utilizada como base para a autuação aponta que a quantidade de mercadorias vendidas é muito superior à quantidade importada somada à quantidade mantida em estoque quando da abertura do anocalendário; que, tomando como exemplo a mercadoria classificada sob código “1204ETN9” (fl. 705verso), verificase durante o anocalendário de 2005 que a Contribuinte importou 230 unidades desse item, sendo que em 31/12/2004 constavam 444 unidades desse mesmo item em estoque. Somadas essas quantidades obtémse o total de 674 unidades, sendo que o ajuste de preço de transferência foi calculado sobre 2.205 unidades, valor esse que consta, como quantidade revendida, do campo “Estoque Venda c/ Vinculada” da planilha utilizada pela fiscalização. Ou seja, existe uma diferença de 1.531 unidades; que se note Fiscalização não atentou para o fato de que não poderia a Contribuinte revender quantidade superior àquela importada somada com a que se encontrava em estoque, de forma que os cálculos foram efetuados sobre quantidade fictícia; que, importante ressaltar, de um total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência, foram identificados 7.372 erros quanto à quantidade revendida, o que, por si só, invalida qualquer cálculo efetuado pela fiscalização e o próprio Auto de Infração dele decorrente. DILIGÊNCIA FISCAL Em face da irresignação da contribuinte, a DRJ/São Paulo I, antes do julgamento, devolveu os autos à Fiscalização da unidade de origem da RFB, no caso DEMAC/São Paulo, para diligência e manifestação da Fiscalização. Efetuada a diligência fiscal, com manifestação da Fiscalização e da Contribuinte, os autos retornaram à DRJ/São Paulo I para julgamento. Pois bem. A Fiscalização, sem suma, consignou no Relatório de Diligência a inexistência de erro ou equívoco no lançamento fiscal e reiterou os fundamentos da autuação. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A 5ª Turma da DRJ/São Paulo I, em sentido contrário ao entendimento da Fiscalização (AJUSTE UNITÁRIO) e acatando a argumentação da contribuinte, segregou o AJUSTE (adotou ajuste individual: um, para 2004 e, outro, para 2005), reduzindo o valor tributável da infração imputada, conforme voto condutor cuja fundamentação, nessa parte, transcrevo: Fl. 2847DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.848 27 (...) DA TRIBUTAÇÃO DOS BENS IMPORTADOS NO ANO CALENDÁRIO DE 2004 E DAS QUANTIDADES SUJEITAS A AJUSTE Analisando as alegações da impugnante relatadas nos itens “DO EQUÍVOCO QUANTO À TRIBUTAÇÃO DOS BENS IMPORTADOS NO ANOCALENDÁRIO DE 2004” e “DO EQUÍVOCO QUANTO À QUANTIDADE DE MERCADORIAS REVENDIDAS”, em conjunto com as peças juntadas aos autos, verificouse, com relação à autuação, que: 1) na apuração do ajuste relativo aos produtos que se encontravam no estoque inicial de 2005 (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano), a fiscalização adotou o mesmo ajuste unitário calculado para os produtos importados e vendidos em 2005, ao invés de utilizar os ajustes individuais apurados em 2004; e 2) em diversos casos a quantidade ajustada do produto é superior ao estoque inicial somado às importações de vinculadas no anocalendário. Com relação à primeira constatação, há uma divergência de entendimento entre a fiscalização (que adotou, como mencionado, o mesmo ajuste unitário tanto para as mercadorias importadas em 2004, quanto para as importadas em 2005) e a contribuinte (que defende a tese de que os bens importados em 2004, ainda que comercializados em 2005, devem ser ajustados de acordo com o cálculo do preço de transferência para o mesmo anocalendário de 2004). Neste ponto, compartilho do entendimento da contribuinte, em face da legislação vigente (em especial o artigo 45 da Lei nº 10.637/2002 e o artigo 5º da IN SRF nº 243/2002) e dos princípios que regem os preços de transferência. (...) (Lei nº 10.637/2002) “Art. 45. Nos casos de apuração de excesso de custo de aquisição de bens, direitos e serviços, importados de empresas vinculadas e que sejam considerados indedutíveis na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, apurados na forma do art. 18 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a pessoa jurídica deverá ajustar o excesso de custo, determinado por um dos métodos previstos na legislação, no encerramento do período de apuração, contabilmente, por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados e a crédito de: Fl. 2848DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.849 28 I – conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; ou II – conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no caso de esses ativos já terem sido baixados da conta de ativo que tenha registrado a sua aquisição. § 1º No caso de bens classificáveis no ativo permanente e que tenham gerado quotas de depreciação, amortização ou exaustão, no anocalendário da importação, o valor do excesso de preço de aquisição de importação deverá ser creditado na conta de ativo em cujas quotas tenham sido debitadas, em contrapartida à conta de resultados acumulados a que se refere o caput. § 2º Caso a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido, o valor total do excesso apurado no período de aquisição deverá ser excluído do patrimônio líquido, para fins de determinação da base de cálculo dos juros sobre o capital próprio, de que trata o art. 9º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, alterada pela Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 3º Na hipótese do § 2º, a pessoa jurídica deverá registrar o valor total do excesso de preço de aquisição em subconta própria que registre o valor do bem, serviço ou direito adquirida no exterior”. (IN SRF nº 243/2002) “Art. 5º Após apurados por um dos métodos de importação, os preços a serem utilizados como parâmetro, nos casos de importação de empresas vinculadas, serão comparados com os constantes dos documentos de aquisição. § 1º Se o preço praticado na aquisição, pela empresa vinculada domiciliada no Brasil, for superior àquele utilizado como parâmetro, decorrente da diferença entre os preços comparados, o valor resultante do excesso de custo, despesas ou encargos, considerado indedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, será ajustado contabilmente por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados do patrimônio líquido e a crédito de: I conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; ou II conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no caso de já terem sido baixados da conta de ativo que tenha registrado a sua aquisição. Fl. 2849DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.850 29 § 2º No caso de bens classificáveis no ativo permanente e que tenham gerado quotas de depreciação, amortização ou exaustão, no ano calendário da importação, o valor do excesso de preço de aquisição na importação deverá ser contabilizado conforme o disposto no inciso II do § 1º. Na hipótese de valores ainda não baixados, o excesso de preço de aquisição na importação será creditado diretamente na conta de ativo, em contrapartida à conta de resultados acumulados a que se refere o § 1º. § 3º Caso a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido, o valor total do excesso apurado no período de aquisição deverá ser excluído do patrimônio líquido, para fins de determinação da base de cálculo dos juros sobre o capital próprio, de que trata o art. 9º da Lei nº 9.249, de 23 de dezembro de 1995. § 4º Na hipótese do § 3º, a pessoa jurídica deverá registrar o valor total do excesso de preço de aquisição em subconta própria da que registre o valor do bem, serviço ou direito adquirido no exterior. § 5º Se o preço praticado na aquisição pela empresa vinculada, domiciliada no Brasil, for inferior àquele utilizado como parâmetro, nenhum ajuste com efeito tributário poderá ser efetuado”. Como bem sintetizou a impugnante, de acordo com essas normas, após a apuração dos preços de transferência em determinado anocalendário, o contribuinte pode (i) contabilizar o excesso de custo na conta em que os bens importados tenham sido registrados, de forma que seu valor corresponda exatamente àquele aceitável para fins da legislação de controle de operações internacionais ou (ii) adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido. Para que essas 2 opções do contribuinte sejam equivalentes, há que se utilizar, para bens importados em determinado ano e vendidos nos anos seguintes, o ajuste unitário apurado no ano da importação (que deve ser multiplicado pela quantidade vendida em cada ano). Notese que o fato de se utilizar o ajuste unitário apurado no ano da importação implica a utilização do preço praticado e do preçoparâmetro também desse ano da importação. Quanto à análise considerando os princípios que regem os preços de transferência (na importação), há que se destacar que a finalidade é se verificar se a importação está sendo realizada em conformidade com os preços de mercado. Dessa forma, eventual ajuste deve ser calculado tomando exclusivamente os dados relativos ao momento da importação Fl. 2850DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.851 30 do bem, ou seja, se o preço praticado no momento da importação estava de acordo com o preçoparâmetro no momento da importação, não fazendo sentido a utilização de dados relativos ao momento da venda desse bem. Com relação à segunda constatação, não há qualquer controvérsia, posto que a quantidade sujeita a ajuste não pode ser superior ao estoque inicial somado às importações de vinculadas no anocalendário, mesmo que a quantidade vendida seja superior (essa aparente inconsistência poderia ser explicada, por exemplo, se parte da quantidade vendida fosse originada de compras no mercado interno ou de empresas não vinculadas, não sujeitas a ajustes de preços de transferência; mas essa informação não consta dos autos). Diante dessas constatações, o presente processo foi encaminhado por esta Delegacia de Julgamento à DEMAC/SÃO PAULO, para a Auditora Fiscal autuante: • Verificar quais as quantidades efetivamente sujeitas a ajuste, segregando o estoque inicial (produtos importados em 2004 e não vendidos nesse mesmo ano) das importações realizadas em 2005; e • Refazer o cálculo dos ajustes e da matéria tributável, considerando as quantidades corretas e, com relação ao estoque inicial, os ajustes individuais apurados em 2004. Apesar de discordar da segregação do estoque inicial das importações realizadas em 2005, a Auditora Fiscal refez os cálculos, apurando o ajuste total de R$ 9.151.783,37(R$ 1.160.627,38 referente ao ajuste dos estoques iniciais e R$ 7.991.155,99 referente ao ajuste das quantidades importadas em 2005). A impugnante, em sua manifestação, concorda com segregação, mas não concorda com a adoção do preço CIF acrescido do imposto de importação e reitera a necessidade de se comprovar a aplicação do principio do melhor método para o contribuinte, argumentos estes já analisados e rejeitados nesta decisão (itens “DA INCLUSÃO DO FRETE, DO SEGURO E DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO NO PREÇO PRATICADO NO MÉTODO PRL” e “DA UTILIZAÇÃO DO MELHOR MÉTODO PARA O CONTRIBUINTE”). Diante do exposto, há que se validar os cálculos efetuados pela fiscalização e alterar o ajuste total objeto da autuação, de R$ 15.945.845,57, para R$ 9.151.783,37. (...) Portanto, a decisão a quo acatou a segregação do Ajuste defendida pela Impugnante: um, para anocalendário 2004 e, outro, para anocalendário 2005. Fl. 2851DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.852 31 Passo a analisar o Recurso de OFício, quanto ao mérito. NECESSIDADE DE REFORMA DA DECISÃO A QUO. INCABÍVEL A SEGREGAÇÃO DO AJUSTE. É verdade, sim, que o art. 48 da Lei nº 12.715/2012, que introduziu o §15º ao art. 18 da Lei nº 9.430/96, acabou com a opção de que tratava o art. 45 da Lei nº 10.637/2002 e art. 5º da IN SRF nº 243/2002, então vigente. Veja. A opção de que tratava o art. 45 da Lei nº 10.637/2002 (e regulamentada pelo art. 5º da IN SRF nº 243/2002), em resumo, consistia no seguinte: a) o ajuste do excesso de preço de transferência importação de empresa ligada poderia ser efetuado no próprio ano da importação sobre a totalidade da importação do ano do produto, independentemente de totalidade, ou não, de vendas desse produto importado do ano (ajuste unitário: preço praticado e preço parâmetro, do próprio ano da importação); ou, b) o ajuste do excesso de preço de transferência importação de empresa ligada poderia ser efetuado, no caso de estoque remanescente (produto importado e não vendido no próprio ano da importação), no período de apuração da alienação ou baixa do ativo. Mas, neste caso, o preço parâmetro de venda seria do ano da alienação ou baixa do ativo e não do ano da importação (IN SRF nº 243, 2002, art. 12, §3º). Entretanto, a recorrente, interpretando a legislação de regência ao seu talante (art. 45 da Lei 10.637/20070 e art. 5º da IN SRF nº 243/2002): a) não fez o Ajuste quanto ao estoque de 2004 no anocalendário 2004 (ajuste unitário do excesso de preço de transferência do ano da importação, não ofereceu à tributação o excesso de preço de transferência do produto importado não revendido nesse ano de importação); e, b) também não fez o Ajuste em 2005, ano da alienação ou baixa do ativo (estoque final de 2004). Não ofereceu à tributação o excesso de preço de transferência do estoque final de 2004. O fato exigiu, então, ação de Fiscalização externa da RFB (atividade repressiva de fiscalização) que implicou aplicação de auto de infração para exigência do crédito tributário. Assim, diversamente do entendimento sufragado pela decisão recorrida, entendo na mesma linha da Fiscalização que não existem os alegados erros ou equívocos na apuração do AJUSTE do preço de transferência (AJUSTE ÚNICO 2005 para o estoque final de 2004 comercializado em 2005 e das importações de 2005), conforme muito bem restou consignado pela Fiscalização no Relatório de Diligência que, nessa parte, adoto e transcrevo, in verbis: Fl. 2852DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.853 32 (...) Após análise dos dados e dos documentos apresentados pelo contribuinte, passo à resposta dos quesitos formulados pela DRJ/ SPOI na folha 1394 do processo convencional (vide doc. eprocesso "Volume V 7") • "Manifestarse acerca das alegações do contribuinte". Cabem aqui diversas considerações sobre as alegações do contribuinte: 1) Do "equívoco quanto à tributação dos bens importados no anocalendário de 2004". Conforme foi verificado pela fiscalização no curso da ação fiscal, o contribuinte não realizou quaisquer ajustes contábeis ou fiscais referentes ao estoque de mercadorias, sujeitas ao controle de preços de transferência, remanescente do anocalendário 2004 para o ano subseqüente O próprio contribuinte, em sua impugnação, ratificou a falta de adoção de quaisquer ajustes referentes ao estoque, conforme se verifica das folhas de numeração original 1019 e 1020 (doc. e processo VOLUME 6 V6 1 a parte): "Ato contínuo, a fiscalização constatou que o ajuste de preço de transferência relativo ao ano calendário de 2004 se restringiu as mercadorias vendidas, como, aliás, determina a legislação em vigor." ... "De fato, no ano calendário de 2004, a Impugnante só levou a resultado o ajuste de preço de transferência das mercadorias vendidas, como dispõe a legislação de regência." Verificase, pois, que o contribuinte realizou, em 2004, o ajuste das quantidades vendidas naquele ano. Isto é, foi realizado o ajuste de custo do total das quantidades levadas a resultado. Este procedimento está de acordo com os princípios contábeis. Da mesma forma, o mesmo procedimento foi adotado pelo fisco para o ano calendário de 2005. A legislação prevê a possibilidade de ajuste contábil do estoque remanescente no fim do período. No entanto, este procedimento não foi adotado pelo contribuinte. Assim sendo, o ajuste de custo decorrente de preços de transferência deve ser realizado quando os custos correspondentes forem levados a resultado. Fl. 2853DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.854 33 Não faz sentido segregar o estoque inicial da quantidade vendida, pois este estoque faz parte integrante do custo que foi levado a resultado. O preço parâmetro é calculado no período em que os bens são levados a resultado. Esta é a essência do método adotado pelo contribuinte, qual seja o PRL. O Preço de Revenda menos Lucro é o parâmetro obtido no momento da revenda. Como pode ser calculado o preço parâmetro de bem que ainda não foi vendido utilizando o método PRL? A legislação não determina, em momento algum, que sejam realizados, num mesmo exercício, ajustes diferentes para os bens vendidos caso sejam originários do estoque ou importados no período. Estabelece, ao contrário, na IN SRF 243/2002, artigo 12, parágrafo 3o, que os estoque iniciais sejam computados na média ponderada dos preços. Desta forma, esta fiscalização ratifica os ajustes realizados de acordo com os princípios contábeis e a legislação em vigor. (...). Portanto, como demonstrado, incabível a segregação do Ajuste do Excesso de Preço de Transferência Ajuste Único 2005 (estoque final de 2004 e importações de 2005). QUANTIDADE DE MERCADORIAS VENDIDAS EM 2005. INEXISTÊNCIA DE ERRO OU ERROS. O sujeito passivo, nas razões da Impugnação na instância a quo, alegou: que a simples análise da planilha utilizada como base para a autuação aponta que a quantidade de mercadorias vendidas é muito superior à quantidade importada somada à quantidade mantida em estoque quando da abertura do anocalendário; que, tomando como exemplo a mercadoria classificada sob código “1204ETN9” (fl. 705verso), verificase durante o anocalendário de 2005 que a contribuinte importou 230 unidades desse item, sendo que em 31/12/2004 constavam 444 unidades desse mesmo item em estoque. Somadas essas quantidades obtémse o total de 674 unidades, sendo que o ajuste de preço de transferência foi calculado sobre 2.205 unidades, valor esse que consta, como quantidade revendida, do campo “Estoque Venda c/ Vinculada” da planilha utilizada pela fiscalização. Ou seja, existe uma diferença de 1.531 unidades Fl. 2854DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.855 34 que, importante ressaltar, de um total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência, foram identificados 7.372 erros quanto à quantidade revendida, o que, por si só, invalida qualquer cálculo efetuado pela fiscalização e o próprio Auto de Infração dele decorrente. Não procede a irresignação da recorrente. Diversamente do entendimento da decisão recorrida, aqui também adoto o resultado da Diligência Fiscal e que transcrevo, in verbis: (...) 2) Do "equívoco quanto à quantidade de mercadorias revendidas". O contribuinte alega que a fiscalização teria realizado cálculos de ajustes sobre quantidade fictícia de bens vendidos tendo em vista que ocorreram diversos casos em que a quantidade vendida do produto é superior ao valor constante do Estoque Inicial somadas às importações do ano calendário, conforme texto a seguir extraído da folha de numeração convencional 1393 (doc. eprocesso "Volume V6): ... Sem maiores elucubrações, teóricas, a simples análise da planilha utilizada como base para a autuarão pela fiscalização aponta que a quantidade de mercadorias vendidas é muito superior à quantidade importada somada à quantidade mantida em estoque quando da abertura do anocalendário. Ou seja, o valor.do ajuste calculado pela fiscalização para cada bem/mercadoria importada fora aplicado sobre quantidade muito superior àquela efetivamente revendida, o que implicou exigência tributária igualmente superior. Tomemos, como exemplo, a mercadoria classificada sob código "1204 ETN9". Durante o anocalendário 2005 a impugnante importou 230 unidades desse item, sendo que em 31/12/2004 constavam 444 unidades do mesmo item em seu estoque. Somadas essas quantidades, quais seja, de mercadorias importadas e a dos itens em estoque, temos o total de 674 unidades. Entretanto, consta do campo :" Estoque Venda c/ Vinculada" da planilha utilizada pelo Fisco o total de 2205 unidades revendidas, sendo que o valor do ajuste de preço de transferência devido para essa mercadoria foi indevidamente calculado sobre esse mesmo número. Ou seja, existe diferença de 1531 unidades entre o total revendido, e a soma das quantidades importadas e mantidas em estoque em 31.12.2004. Notase que a fiscalização não se atentou ao fato de que.não poderia a Impugnante revender quantidade superior àquela importada e mantida em estoque, de forma que os cálculos foram efetuados sobre quantidade fictícia Fl. 2855DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.856 35 ... Primeiramente cabe considerar que os dados sobre quantidades vendidas foram fornecidos pelo próprio contribuinte, através da planilha de vendas, detalhando inclusive as Notas Fiscais que acobertaram cada uma das vendas realizadas. A fiscalização, à época, realizou cruzamento, por amostragem, de documentos com os arquivos magnéticos apresentados e considerou os dados de vendas consistentes com os documentos solicitados. Aproveitando o exemplo citado pelo contribuinte em sua defesa, qual seja, o das vendas do produto "1204 ETN9", a fiscalização intimou, nesta diligência (doc. eprocesso "Termo de Intimação da diligência"), o contribuinte a apresentar todas as 192 notas fiscais que acobertaram a saída das 2.205 unidades. Os documentos apresentados pelo contribuinte foram verificados um a um pela fiscalização e constatouse que de fato, a quantidade vendida foi de 2.205, conforme tabela abaixo, onde todas as colunas, com exceção da última, foram extraídas do arquivo de vendas fornecido pelo contribuinte. Na última coluna, que foi preenchida pelo fisco, consta o nome do arquivo pdf, apresentado pelo contribuinte, onde foi encontrado o documento citado, bem como a folha do respectivo documento. Estes documentos, entregues pelo contribuinte, foram anexados pelo fisco ao eprocesso (doc. "Cópias de Notas Fiscais"). Os arquivos originalmente apresentados com nome de "parte 8" a "Parte 18" foram consolidados em apenas 1 (um) documento pdf, tendo em vista o pequeno tamanho final. Fl. 2856DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.857 36 Fl. 2857DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.858 37 Fl. 2858DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.859 38 Fl. 2859DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.860 39 Assim sendo, verificase que a alegação de que o contribuinte não poderia ter revendido a quantidade de 2.205 unidades do produto 1204 ETN9 não é verdadeira. Para corroborar tal afirmação verificouse que a quantidade vendida já havia sido informada pelo próprio contribuinte em seus dados fornecidos ao fisco no curso da fiscalização foi ratificada documentalmente através das Notas Fiscais apresentadas pelo contribuinte e analisadas pelo fisco no curso desta diligência, de acordo com a tabela demonstrativa das páginas anteriores. Fl. 2860DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.861 40 (...) Como demonstrado, não houve o alegado erro ou "equívoco quanto à quantidade de mercadorias revendidas. Na verdade, houve, sim, venda, revenda, de 2.205 unidades do produto "1204 ETN9" em 2005. Nesse sentido, em face da diligência fiscal, a Fiscalização intimou, no procedimento de diligência, a contribuinte a apresentar todas as 192 notas fiscais que acobertaram a saída das 2.205 unidades. Os documentos foram apresentados pela contribuinte e verificados um a um pela Fiscalização e constatouse que, de fato, a quantidade vendida produto "1204 ETN9", em 2005, foi sim de 2.205 unidades, conforme demonstrativo já transcrito anteriormente. Ainda nas razões apresentadas após ciência do resultado Relatório de Diligência (efls. 2723/2731), a própria contribuinte constando suas alegações infundadas tratou de esclarecer, in verbis: (...) 20. Cumpre esclarecer que não se pretendeu alegar que a Recorrente teria vendido volume de mercadorias inferior ao contido no Auto de Infração. Em verdade, a Recorrente demonstrou, ao apontar que a quantidade de mercadorias revendidas seria superior àquela importada em 2005 somada ao estoque inicial (...), que a diferença na quantidade das mercadorias decorria de inconsistência no estoque considerado. 21.Tal inconsistência aponta que parte das mercadorias cujo custo foi submetido ao ajuste de preços de transferência referentes ao anocalendário de 2005 foram importados em períodos anteriores e que, assim, seria necessário, em respeito ao princípio da verdade material, realizar novos procedimentos tendentes a apurar o efetivo ajuste devido. (...) No mesmo diapasão, quanto à alegação da contribuinte que do total de 11.353 mercadorias submetidas ao controle de preços de transferência de que teria identificado 7.372 erros quanto à quantidade revendida, também não merece respaldo tal alegação, pois a contribuinte não comprovou suas alegações de que teria falhas no estoque. A propósito consta do TVF a inexistência de erros ou falhas no estoque, in verbis: (...) 5. Das verificações realizadas pelo Fisco Fl. 2861DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.862 41 (...) O contribuinte foi intimado a apresentar, por amostragem, cópia de Notas Fiscais escolhidas pelo fisco que deram suporte às planilhas de vendas, por meios do Termo de Intimação 01, conforme já relatado, que servem de base para apuração do preço parâmetro pelo método preço de revenda menos lucro (PRL). Os dados constantes destes documentos foram confrontados com aqueles constantes nas memórias de cálculos (Planilha de Vendas) e nenhuma divergência foi encontrada. Foram realizadas verificações do valores constantes da planilha de "ESTOQUES" em confronto com as cópias dos livros de registro de inventários de folhas 782 a 956 e nenhuma divergência foi encontrada. Assim sendo, verificamos que, ao final desta fiscalização, o contribuinte terminou por apurar corretamente o preço parâmetro de acordo com o método PRL, previstos na legislação pertinente (IN SRF 243/2002), obtendo um valor total de ajuste de R$ 21.561.372,11 da planilha de fl. 705 a 764. No entanto, na Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (DIPJ), anocalendário 2005, a fiscalizada adicionou valor de ajuste de R$ 5.615.526,54 (fl. 5verso). Este valor, no entanto, não pôde ser analisado pelo fisco, tendo em vista que o contribuinte, apesar de intimado e reintimado a apresentar o memória de cálculo de apuração do ajuste oferecido à tributação, não logrou êxito em fazêlo, conforme já relatado. Desta forma, esta fiscalização apurou diferença positiva entre o valor de ajuste correto e aquele oferecido à tributação. Portanto, a diferença apurada será adicionada ao lucro líquido, para determinação do lucro real, e exigida por meio de Auto de Infração. (...) Como dito, diversamente do alegado, a Fiscalização, durante o procedimento de investigação, não encontrou erros no registro do estoque. Por sua vez, a contribuinte não demonstrou os supostos erros que alegara, de forma genérica, na Impugnação. Pelo contrário a diligência fiscal desmentiu a versão da contribuinte. Ora, alegar e não comprovar, é o mesmo que não alegar. Ora, é ônus do sujeito passivo a comprovação da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito constitutivo do Fisco (CPC, Lei nº 13.105, de 2015, ar. 373, II). Ademais, foi a própria contribuinte que apresentou à Fiscalização a planilha de ajuste, durante o procedimento de investigação (efls. 705/764), apurando o ajuste total de R$ 21.561.372,11, com base nas quantidades vendidas em 2005. Fl. 2862DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.863 42 Ajuste total apurado pela própria contribuinte, após correção solicitada pelo Fisco no procedimento de Fiscalização (antes da lavratura do lançamento fiscal): R$ 21.561.372,11 (Planilha fl. 764) Tendo em vista que a contribuinte adicionou ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, apenas, o valor de R$ 5.615.526,54, a título de ajustes de preços de transferência, conforme ficha de apuração do lucro real da DIPJ AC 2005, foi lançado de ofício a diferença: Portanto, correto o valor de R$ 15.945.845,57 que foi adicionado, de ofício, ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL do ano calendário 2005 A Contribuinte ainda alegou outras matérias em suas manifestações nos autos: utilização do melhor método ao contribuinte; inclusão do frete, seguro e imposto de importação no preço praticado Método PRL. Quanto a esses pontos suscitados, adoto a própria fundamentação da decisão recorrida que os enfrentou adequadamente, rechaçando, de plano, a pretensão da contribuinte, in verbis: (...) DA UTILIZAÇÃO DO MELHOR MÉTODO PARA O CONTRIBUINTE Inicialmente, cumpre observar que a fiscalização manteve em seus cálculos o método adotado pela contribuinte em sua DIPJ/2006 para o cálculo dos ajustes de preços de transferência na importação (método PRL20). De fato, pode a contribuinte, ao apurar os ajustes em sua DIPJ, optar pelo método que lhe for mais benéfico, nos termos do artigo 18, § 4º, da Lei nº 9.430/96, (...). Há que se observar, no entanto, que a supracitada norma não impõe à fiscalização a apuração dos preços de transferência por mais de um método e a escolha do mais favorável ao Fl. 2863DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.864 43 contribuinte. Essa é uma prerrogativa do contribuinte, mas não uma imposição à fiscalização, que pode aplicar apenas um método, face ao disposto no § único do artigo 40 da IN SRF nº 243/2002, (...). Não procede, portanto, a alegação da impugnante de que a fiscalização deveria ter demonstrado que o cálculo utilizado (PRL) representa o menor ajuste entre aqueles possíveis (PRL, CPL e PIC). DA INCLUSÃO DO FRETE, DO SEGURO E DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO NO PREÇO PRATICADO NO MÉTODO PRL Sobre a inclusão dos custos de frete, seguro e imposto de importação no cálculo dos preços praticados segundo o método PRL, há que se considerar o disposto no artigo 18, § 6º, da Lei nº 9.430/96, e no artigo 4º, § 4º, da IN SRF nº 243/2002 (...). (...) O supra transcrito artigo 18, § 6º, da Lei nº 9.430/96, é claro ao determinar que o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação integram o custo. Tal procedimento, na apuração do preço de transferência pelo método PRL, é obvio. Esse método parte do preço de revenda praticado pelo contribuinte (média aritmética), e, daí, são excluídos alguns valores (descontos incondicionais concedidos, impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, comissões e corretagens pagas, e margem de lucro, nos termos do artigo 18, item II, da Lei nº 9.430/96, supra transcrita, e do artigo 12 da IN SRF nº 243/2002), para se chegar ao preçoparâmetro, que será comparado ao preço considerado pela contribuinte como custo. Como, evidentemente, a contribuinte considerou, na formação do preço de revenda, todos os seus custos, inclusive os de frete e seguro, por ela assumidos, e os tributos incidentes na importação, o preçoparâmetro, formado a partir do preço de revenda, também tem nele embutido os citados custos, ou seja, tratase de preço CIF, e não FOB, como quer fazer crer a impugnante. Assim, para que não ocorram distorções na comparação do preçoparâmetro com o preço praticado pela contribuinte, também o preço praticado deverá ter, em sua composição, tais custos. Comparar nada mais é do que subtrair um do outro, de modo que o efeito de tais custos na apuração de eventual ajuste a ser feito no Lucro Real e na base de cálculo da CSLL será nulo. É justamente dessa forma que se elimina a influência das parcelas do custo de aquisição que não têm qualquer relação de Fl. 2864DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.865 44 vinculação entre as empresas importadora e exportadora, e se analisa apenas o valor da mercadoria importada. Nesse mesmo sentido, a IN SRF nº 243/2002, vigente à época dos fatos, ao dispor, em seu artigo 4º, § 4º, que “serão integrados ao preço praticado na importação os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e os de tributos não recuperáveis, devidos na importação”, nada mais faz do que regulamentar os aspectos relativos a preço de transferência expostos na Lei nº 9.430/96. Por oportuno, destaquese que (...) não cabe apreciar questões acerca da eventual ilegalidade das instruções normativas editadas pela Secretaria da Receita Federal – SRF (atual Secretaria da Receita Federal de Brasil – RFB), pois, por força de sua vinculação ao texto da norma legal e ao entendimento que a ele dá o Poder Executivo (através da edição de regras administrativas, como a referida instrução normativa), deve limitarse a aplicar as disposições ali contidas, sem emitir qualquer juízo de valor acerca da sua legalidade, constitucionalidade ou outros aspectos de sua validade. Improcede, assim, a alegação da impugnante contrária à inclusão dos valores relativos ao frete, ao seguro e ao imposto de importação no cálculo do preço praticado. (...) Por tudo que foi exposto, voto para conhecer e dar provimento ao Recurso de Ofício. É como voto. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 2865DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.866 45 Voto Vencedor Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Redator Designado. Peço vênia ao Ilustre Conselheiro Nelso Kichel para apresentar as razões de minha divergência quanto ao seu minucioso voto. De forma bastante sintética, verificase nos autos que o Recorrente realizou os ajustes decorrentes das regras de preços de transferências no ano de 2005, mas a fiscalização apurou que o ajuste calculado com base nas quantidades importadas (R$ 9.199.115,5) é bastante inferior ao ajuste calculado com base nas quantidades vendidas (R$ 21.561.372,11). O Recorrente apresentou arquivo demonstrando que no ano de 2004 realizou ajustes apenas levando em conta a quantidade vendida de produtos importados, de modo que uma parcela desses produtos não foi baixado no mesmo ano de sua importação, sendo vendido apenas no ano seguinte (2005). A fiscalização, ao analisar a situação, adicionou às mercadorias importadas em 2005 o estoque final das mercadorias adquiridas em 2004 e calculou o ajuste dos preços de transferência relativo a 2005 com base no total das vendas realizadas. Apurando o preço parâmetro para as importações realizadas no ano de 2005, pelo método PRL20, obteve um valor total de ajuste de R$ 21.561.372,11 (fl. 705764), ao passo que o contribuinte adicionou o valor de ajuste de R$ 5.615.526,54 na sua DIPJ/2006, restando como base de cálculo a diferença entre esses valores. O contribuinte aduziu o erro da fiscalização ao aplicar o ajuste com base no preço parâmetro relativo às importações de 2005 aos bens que apenas foram vendidos neste ano, mas importados em ano anterior (2004). Nesse ponto, entendo ter razão o contribuinte, especialmente à luz do que dispõe o art. 45 da Lei nº 10.637/02, verbis: Art. 45. Nos casos de apuração de excesso de custo de aquisição de bens, direitos e serviços, importados de empresas vinculadas e que sejam considerados indedutíveis na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, apurados na forma do art. 18 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a pessoa jurídica deverá ajustar o excesso de custo, determinado por um dos métodos previstos na legislação, no encerramento do período de apuração, contabilmente, por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados e a crédito de: I conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; ou II conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no Fl. 2866DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.867 46 caso de esses ativos já terem sido baixados da conta de ativo que tenha registrado a sua aquisição. § 2º Caso a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido, o valor total do excesso apurado no período de aquisição deverá ser excluído do patrimônio líquido, para fins de determinação da base de cálculo dos juros sobre o capital próprio, de que trata o art. 9o da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, alterada pela Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Como se vê da simples leitura do dispositivo, o legislador estabeleceu duas opções para que o contribuinte realize os ajustes de preço de transferência, ficando tal escolha ao seu critério. Assim, o contribuinte pode: a) realizar o ajuste decorrente do excesso de custo na conta em que o ativo tenha sido registrado, no final do período de apuração, seja reduzindo o próprio valor do ativo, seja lançando um custo ou despesa no caso da baixa do ativo para venda, de modo que o valor contábil desse ativo seja correspondente àquele calculado de acordo com os procedimentos de apuração do preço parâmetro (inciso I e II); ou b) adicionar, na determinação do lucro real e na base de cálculo da CSLL, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa do ativo (parágrafo 2º). Nesse ponto, surge a dúvida posta no presente Recurso de Ofício: no caso de adição feita somente na alienação ou baixa do ativo, o valor do excesso deverá ser apurado com base do preço parâmetro calculado no período de apuração da importação ou no período de apuração da alienação ou baixa do ativo? Não temos dúvida em afirmar que se deve levar em conta o preço parâmetro do período de apuração em que ocorreu a importação. Ora, as regras de preços de transferência tem uma finalidade muito clara: evitar que o contribuinte aloque territorialmente lucros e custos da forma como preferir, através de operações entre empresas vinculadas situadas em jurisdições tributárias diferentes, por meio da prática de preços incompatíveis com aqueles praticados no mercado. Desse modo, os métodos de cálculo do preço parâmetro tem como finalidade, ao fim e ao cabo, identificar um paradigma de acordo com o mercado, que será usado como base para a verificação de eventuais excessos de custo na aquisição de algum ativo, neutralizando os efeitos fiscais desse sobrevalor. Nesse sentido, se se busca identificar eventual excesso de custo na operação de aquisição do ativo de parte vinculada (via importação), não há como se utilizar outro preço parâmetro senão aquele do período de apuração em que ocorrera a importação – será o que reflete de forma fiel o excesso que deverá ser neutralizado fiscalmente. Nesse sentido, a decisão recorrida é irreparável ao aduzir: “Dessa forma, eventual ajuste deve ser calculado tomando exclusivamente os dados relativos ao momento da importação do bem, ou seja, se o preço praticado no momento da importação estava de acordo com o preço parâmetro no momento da importação, não fazendo sentido a utilização de dados relativos ao momento da venda desse bem.”. Fl. 2867DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.868 47 Novamente, é de se ressaltar que a redação do art. 45, §2º da Lei nº 10.637/02 é enfática ao ressaltar que será adicionado “o valor do excesso apurado em cada período de apuração”, por ocasião da baixa ou alienação do ativo – há claramente dois momentos temporais distintos: o período de apuração relativo à importação, onde surgirá o excesso de custo, e o momento da baixa ou alienação do ativo, em que deverá esse valor ser adicionado na apuração dos tributos sobre a renda. Reforça ainda mais essa conclusão a alteração introduzida pelo art. 48 da Lei nº 12.715/2012, que introduziu o §15º ao art. 18 da Lei nº 9.430/96, para determinar que na utilização do PRL, o preço parâmetro utilizado deve ser aquele com base na média ponderada aritmética do ano em que a mercadoria for vendida, verbis: “§ 15. No caso de ser utilizado o método PRL, o preço parâmetro deverá ser apurado considerandose os preços de venda no período em que os produtos forem baixados dos estoques para resultado”. Apenas com a introdução do referido dispositivo é que o legislador estabeleceu que se considere o preço parâmetro do exercício da baixa ou alienação do ativo, alterando a sistemática praticada anteriormente, exposta acima. Tendo em visto que os fatos em questão são anteriores a essa alteração legislativa, entendo ter razão a decisão recorrida nesse ponto. Quanto ao erro de cálculo apontado pelo contribuinte, entendo que lhe assiste razão. Compulsemos, inicialmente, a planilha de fls. 2703: Fl. 2868DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.869 48 Como se pode ver, houve uma redução dos ajustes totais de R$ 21.561.372 para um ajuste de R$ 1.160.627 em 2004 e outro de R$ 7.991.155 em 2005. O problema é que a própria fiscalização já tinha reconhecido um valor oferecido à tributação na DIPJ/2006, de R$ 5.615.526, que reduziu a base de cálculo apurada, como evidenciado em planilha no relatório do voto do relator: Portanto, em vez de reconhecer que a fiscalização reduziu a base tributável de R$ 21.561.372,11 para R$ 9.151.783,37, de modo que a diferença não tributada pela Recorrida cairia de R$ 15.945.845,57 para R$ 3.536.256,83, a decisão da DRJ aduziu equivocadamente que o total não tributado teria sido reduzido de R$ 15.945.845,57 para R$ 9.515.783,37. A seguinte planilha deixa evidente o erro de cálculo praticado pela fiscalização e pela DRJ: Fl. 2869DF CARF MF Processo nº 16643.000387/201059 Acórdão n.º 1301003.870 S1C3T1 Fl. 2.870 49 Por se tratar de erro de cálculo, entendo que a matéria é cognoscível de ofício na esfera administrativa – sobretudo por ser passível de pedido de revisão de ofício na fase de cumprimento dessa decisão, conforme Parecer Normativo Cosit n 02/2016. Conclusão Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício e, de ofício, conhecer a alegação de erro de cálculo aduzida pelo contribuinte, para darlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Fl. 2870DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13609.720191/2015-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano-calendário: 2010
OMISSÃO. PEDIDO DE PERÍCIA. NÃO APRECIAÇÃO. ACOLHIMENTO DEVIDO
Verificado que houve pedido de perícia na impugnação e reapresentado no recurso voluntário, cumpre ao Carf a análise específica a respeito. Não contemplando o acórdão tal apreciação, cumpre acolher os embargos de declaração para afastar tal omissão.
CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO DE PERÍCIA. REALIZAÇÃO INVIÁVEL. CONTABILIDADE INEXISTENTE
A falta de registros contábeis referentes aos recursos informados como pertencentes a terceiros, inviabiliza a perícia, pois não poderá alterar a situação fática encontrada, tampouco modificar o entendimento da autoridade julgadora, no que tange à não comprovação da origem dos valores creditados em contas bancárias pertencentes à titularidade da reclamante.
Numero da decisão: 1302-003.620
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhê-los, sem efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Rogério Aparecido Gil - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2010 OMISSÃO. PEDIDO DE PERÍCIA. NÃO APRECIAÇÃO. ACOLHIMENTO DEVIDO Verificado que houve pedido de perícia na impugnação e reapresentado no recurso voluntário, cumpre ao Carf a análise específica a respeito. Não contemplando o acórdão tal apreciação, cumpre acolher os embargos de declaração para afastar tal omissão. CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO DE PERÍCIA. REALIZAÇÃO INVIÁVEL. CONTABILIDADE INEXISTENTE A falta de registros contábeis referentes aos recursos informados como pertencentes a terceiros, inviabiliza a perícia, pois não poderá alterar a situação fática encontrada, tampouco modificar o entendimento da autoridade julgadora, no que tange à não comprovação da origem dos valores creditados em contas bancárias pertencentes à titularidade da reclamante.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13609.720191/2015-17
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6026112
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1302-003.620
nome_arquivo_s : Decisao_13609720191201517.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : ROGERIO APARECIDO GIL
nome_arquivo_pdf_s : 13609720191201517_6026112.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhê-los, sem efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Jun 11 00:00:00 UTC 2019
id : 7808481
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:48:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052117698084864
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-07-03T22:30:28Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-07-03T22:30:28Z; Last-Modified: 2019-07-03T22:30:28Z; dcterms:modified: 2019-07-03T22:30:28Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-07-03T22:30:28Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-07-03T22:30:28Z; meta:save-date: 2019-07-03T22:30:28Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-07-03T22:30:28Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-07-03T22:30:28Z; created: 2019-07-03T22:30:28Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2019-07-03T22:30:28Z; pdf:charsPerPage: 1863; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-07-03T22:30:28Z | Conteúdo => S1-C 3T2 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 13609.720191/2015-17 Recurso Embargos Acórdão nº 1302-003.620 – 1ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de junho de 2019 Embargante POSTO LUBRIMAX LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2010 OMISSÃO. PEDIDO DE PERÍCIA. NÃO APRECIAÇÃO. ACOLHIMENTO DEVIDO Verificado que houve pedido de perícia na impugnação e reapresentado no recurso voluntário, cumpre ao Carf a análise específica a respeito. Não contemplando o acórdão tal apreciação, cumpre acolher os embargos de declaração para afastar tal omissão. CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO DE PERÍCIA. REALIZAÇÃO INVIÁVEL. CONTABILIDADE INEXISTENTE A falta de registros contábeis referentes aos recursos informados como pertencentes a terceiros, inviabiliza a perícia, pois não poderá alterar a situação fática encontrada, tampouco modificar o entendimento da autoridade julgadora, no que tange à não comprovação da origem dos valores creditados em contas bancárias pertencentes à titularidade da reclamante. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhê-los, sem efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 72 01 91 /2 01 5- 17 Fl. 3653DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1302-003.620 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720191/2015-17 Relatório Trata-se de embargos de declaração oposto pela contribuinte, face ao acórdão nº 1302-002.765, de 12/04/2018, em que alega contradição e omissão. O acórdão embargado manteve as conclusões da DRJ, considerando-se como receitas os valores referentes a cheques de terceiros depositados em contas bancárias de titularidade da embargante (extratos, fls. 11/226). Sustentou-se que os cheques eram recebidos de caminhoneiros para pagamento de combustíveis e que a embargante devolvia "troco" aos portadores. Nesse sentido, os valores depositados em contas bancárias não eram totalmente receitas da embargante. Prestou-se informações e juntou-se documentos, julgados insuficientes para demonstrar de forma inequívoca as suas argumentações a respeito. Em embargos de declaração, a contribuinte sustenta que no acórdão haveria contradição e omissão. Contradição pelo fato de o voto analisar as informações e documentos nos autos e chegar à mesma conclusão da DRJ. E omissão, pelo fato de o voto não registrar, precisamente, conclusão sobre o pedido de perícia da embargante. Nos termos do despacho de admissibilidade (fls. 3646/3651), rejeitou-se a alegação de contradição. Assim, admitiram-se os embargos de declaração somente em relação à alegação de que estaria caracterizada omissão no acórdão, no que diz respeito à apreciação do pedido de perícia, com o objetivo de apurar quais os valores deveriam ser considerados como receita e não o total dos cheques depositados em contas bancárias da embargante. Sobre esse ponto, o acórdão embargado registrou que para apreciar o pedido de perícia era necessário analisar matérias e documentos que se entrelaçavam com as questões de mérito. Todavia, ao final do voto, ao serem mantidas as conclusões da DRJ, faltou consignar o indeferimento do pedido de perícia e as razões para tal negativa. É o relatório. Voto Conselheiro Rogério Aparecido Gil - Relator Os embargos de declaração são tempestivos e foram parcialmente admitidos, conforme despacho de fls. 3646/3651. Portanto, conheço dos embargos. Na forma relatada, as alegações relativas à contradição foram rejeitadas em definitivo. Quanto à alegada omissão relativa ao pedido de perícia, apresentamos o quanto segue. Fl. 3654DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1302-003.620 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720191/2015-17 Por ocasião do recurso voluntário, a embargante, no bojo de sua preliminar de cerceamento de defesa, requereu a realização de perícia. Sustentou que o cerceamento de defesa estaria caracterizado pela falta de aprofundamento do agente fiscal, na análise dos documentos e informações apresentados durante os procedimentos de fiscalização. Assim, a perícia seria necessária para assegurar à embargante o seu direito à ampla defesa. Sobre esse ponto específico, o acórdão embargado assim registrou: Mérito A questão, portanto, reside em verificar se deve ou não permanecer o entendimento de que, os valores depositados nas contas bancárias da recorrente, totalizados por mês, no ano calendário 2010, conforme quadro abaixo, constituem receitas da recorrente; se está ou não comprovado que tais valores, abatendo-se as quantias relativas à aquisição dos produtos comercializados pela recorrentes (combustíveis etc.), foram efetivamente devolvidos aos portadores dos respectivos cheques emitidos por empresas siderúrgicas. Nessa linha de raciocínio, vejamos quais foram as conclusões a que chegou a fiscalização e a DRJ, no que diz respeito às informações e documentos apresentados pela recorrente: ...os documentos juntados com a finalidade de demonstrar o recebimento do "troco" não reúne força para tanto, porque, embora contenham dados da instituição financeira, o valor, a data e a assinatura de um funcionário da Recorrente, não ostenta a assinatura do recebedor do numerário. ...quanto ao esclarecimento de que cada lançamento a crédito encontrado nos extratos bancários engloba diversos cheques creditados, necessário seria, para fazer valer esta colocação, a apresentação de demonstrativo individualizando os lançamentos, os beneficiários, os valores do abastecimento, os respectivos cupons fiscais e os valores do "troco". Tudo isso de forma contextualizada, sistemática, racional e de fácil leitura. Verifica-se, portanto, que a fiscalização concluiu que: (i) não há prova inequívoca de que o alegado "troco" teria sido realmente entregue ao portador do cheque (nominal ou não) emitido por empresas siderúrgicas; (ii) não há prova de que o portador tenha realmente abastecido ou adquirido algum produto comercializado no posto de combustíveis (recorrente); (iii) não há prova de que realmente o portador do cheque tenha mantido qualquer relação comercial com a empresa emitente do cheque, em virtude da qual fizesse jus ao recebimento do valor representado por cheques; (iv) não foi Fl. 3655DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1302-003.620 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720191/2015-17 demonstrado qual, efetivamente, era a relação jurídica existente entre a recorrente e as empresas emitentes dos cheques, a ponto de aceitar "vales" para serem restituídos em dinheiro, posteriormente, ou mesmo receber cheques em valores representativos, sem qualquer garantia de que seriam honrados. Em sequência, o acórdão embargado registra os fundamentos que adota como razões de decidir e conclui por negar provimento ao recurso voluntário sem, contudo, manifestar- se especificamente sobre o pedido de perícia em questão. Sendo assim, cumpre suprir a omissão. Come segue. À vista de tais constatações da fiscalização, entendo que não há nos autos documentos e informações que possam ser considerados como hábeis e idôneos para embasar perícia, capaz de demonstrar fatos e valores não condizentes com os apurados pela fiscalização. Nessa linha, adoto as seguintes razões da DRJ: Requereu a interessada que, na hipótese de a presente impugnação ser reputada insuficiente para comprovar a origem dos depósitos relacionados pela autoridade fiscal, este órgão julgador defira a produção de prova pericial com a finalidade específica de atestar que os valores depositados nas instituições financeiras originaram-se da Conta Caixa da empresa. Ocorre que, como suficientemente esclarecido neste ato administrativo, o sujeito passivo deixou de efetuar registros contábeis distintos para a parcela dos cheques que são referentes à sua atividade operacional, a venda de combustíveis, e para a parcela relacionada com o "troco" dos cheques, cujo valor é devolvido aos caminhoneiros, na versão que foi apresentada pela interessada, de forma que a perícia ou diligência proposta não tem como alterar a decisão ora adotada, qual seja, a incontestável ausência de contabilização da operação de "troco às avessas" que foi aventada pela impugnante, o que subsume a situação ao determinado pelo art. 18 do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), fundamento com base no qual indefiro o pedido de perícia propugnado, em face de sua prescindibilidade. Pelo exposto, voto por acolher os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para suprir a omissão alegada, conforme acima. (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Fl. 3656DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1302-003.620 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13609.720191/2015-17 Fl. 3657DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.920326/2012-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Data do fato gerador: 13/08/2004
INCLUSÃO DO ICMS E DO ISS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE.
O ICMS e o ISS não compõem a base de cálculo do PIS/COFINS, conforme pacificado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, aplicável analogamente ao presente caso.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO
O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72.
Numero da decisão: 3302-007.125
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Data do fato gerador: 13/08/2004 INCLUSÃO DO ICMS E DO ISS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. O ICMS e o ISS não compõem a base de cálculo do PIS/COFINS, conforme pacificado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, aplicável analogamente ao presente caso. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10980.920326/2012-64
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6025951
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-007.125
nome_arquivo_s : Decisao_10980920326201264.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10980920326201264_6025951.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green.
dt_sessao_tdt : Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
id : 7808320
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:48:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052117731639296
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-07-03T15:04:06Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-07-03T15:04:06Z; Last-Modified: 2019-07-03T15:04:06Z; dcterms:modified: 2019-07-03T15:04:06Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-07-03T15:04:06Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-07-03T15:04:06Z; meta:save-date: 2019-07-03T15:04:06Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-07-03T15:04:06Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-07-03T15:04:06Z; created: 2019-07-03T15:04:06Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2019-07-03T15:04:06Z; pdf:charsPerPage: 1853; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-07-03T15:04:06Z | Conteúdo => S3-C 3T2 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 10980.920326/2012-64 Recurso Voluntário Acórdão nº 3302-007.125 – 3ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 22 de maio de 2019 Recorrente GRAFICA E EDITORA POSIGRAF LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Data do fato gerador: 13/08/2004 INCLUSÃO DO ICMS E DO ISS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. O ICMS e o ISS não compõem a base de cálculo do PIS/COFINS, conforme pacificado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, aplicável analogamente ao presente caso. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72. Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green. Relatório Trata o presente processo de manifestação de inconformidade apresentada em face do despacho decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba, que indeferiu a restituição solicitada por meio de Pedido de Restituição Eletrônico - PER. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 92 03 26 /2 01 2- 64 Fl. 76DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.125 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920326/2012-64 Dito pedido foi indeferido, após análise eletrônica pelo sistema de processamento da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Em despacho decisório assinado pelo titular da unidade, apontou-se, como causa do indeferimento do pedido de restituição, o fato de que, embora localizado o pagamento indicado no PER como origem do crédito, o valor correspondente teria sido totalmente utilizado em outra declaração de compensação ou na extinção de outro débito. Devidamente cientificada, a contribuinte interpôs Manifestação de Inconformidade, em que relata que o pedido de restituição refere-se a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS e/ou Cofins em razão da inclusão do ISS na base de cálculo dessas contribuições. Ao defender a legalidade do crédito pleiteado, argumenta que, de acordo com as Leis instituidoras da contribuição para o PIS e da Cofins, bem como o art. 195 da Constituição Federal vigente, caberia à Receita Federal “reconhecer como base de cálculo para o PIS e a COFINS a receita ou o faturamento, não possuindo autorização para incluir em sua base o valor pago a título de ISS, visto que tal valor constitui ônus fiscal e não-faturamento. O valor do ISS está embutido no preço dos serviços prestados. Portanto, tal valor constitui ônus fiscal e não-faturamento.” Aduz que a base de cálculo não pode extravasar, sob o ângulo do faturamento, o valor do negócio, ou seja, a parcela recebida com a operação mercantil ou similar. Invoca o art. 110 do Código Tributário Nacional, alegando que “há que se atentar, também, para o princípio da razoabilidade, pressupondo-se que o texto constitucional se mostre fiel, no emprego dos institutos, de expressões e vocábulos, ao sentido próprio que eles possuem, não merecendo outras interpretações. Argumenta que os contribuintes do PIS e da Cofins não faturam ISS, porque tal imposto não é receita da empresa, mas um desembolso que beneficia o Município, o qual detém a competência para cobrá-lo. Por seu turno, a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, por entender que: (i) o ISS compõe a base de cálculo do PIS/Cofins, inexistindo previsão legal para sua exclusão; e (ii) inexistiriam nos autos prova da origem do crédito apurado pela recorrente. Regularmente cientificada da decisão, a recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese que o ISS não compõe a base de cálculo do PIS/Cofins, conforme já decidido no RE 574.706 que trata do ICMS, aplicável ao caso sob análise. Juntou documentos para respaldar suas pretensões. É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302- 007.101, de 22 de maio de 2019, proferido no julgamento do processo 10980.920300/2012-16, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 77DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.125 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920326/2012-64 Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3302-007.101): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Conforme exposto anteriormente, a Recorrente apresentou o PER/DCOMP nº 24161.20960.061108.1.2.04-0381 para compensar seu débito com crédito de COFINS. O crédito apurada pela Recorrente foi indeferido e sua declaração de compensação foi considerada "não homologado", considerando que o crédito já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Irresignada com a decisão, Recorrente apresentou manifestação de inconformidade, alegando que o crédito tem origem no recolhimento indevido da COFINS incidente sobre o ISS. Não juntou documentos na manifestação de inconformidade para comprovar seu direito. A decisão recorrida, por sua vez, afastou as pretensões da Recorrente, por entender (i) que o ISS compõe a base de cálculo da COFINS e (ii) inexistir nos autos prova da origem do crédito apurado pela Recorrente. Já em sede recursal, a Recorrente traz argumentos mais robustos sobre o direito ao crédito, bem como sobre o erro na base de cálculo da contribuição apurada, acompanhado de documentos para embasar suas pretensões. Pois bem. A controvérsia está em determinar se é devida a inclusão do ISS na base de cálculo do PIS e da COFINS. A matéria já foi pacificada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, o qual, por maioria e nos termos do voto da Relatora, ao apreciar o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: “O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins”. A questão, portanto, encontra-se pacificada, de modo que não cabe mais discussão a esse respeito. Tal entendimento, baseado no fato de o ICMS não compor o faturamento, base de cálculo das contribuições, também pode ser aplicado ao ISS, eis que este também não a integra, o que garante a segurança jurídica em relação ao tema. A aplicação da decisão proferida do RE nº 574.706 ao presente caso, foi alvo de decisão proferida no RE 592.616, onde restou decidido por sobrestar o feito até julgamento daquele RE. Neste eito, entendo que razão assiste à Recorrente. Contudo, entendo que os documentos carreados autos pela Recorrente, ainda que se prestem à comprovar seu pretenso direito, não devem ser considerados para julgamento do presente processo, considerando a preclusão prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72, que assim preceitua: Art. 16. A impugnação mencionará: I - a autoridade julgadora a quem é dirigida; II - a qualificação do impugnante; III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 78DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-007.125 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920326/2012-64 V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerar-se-á não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Com efeito, os documentos carreados no recurso deveriam ter sido trazidos em sede de manifestação de inconformidade, admitindo, no caso de negativa por parte da DRJ, a juntada complementar de documentos para contrapor as razões da decisão recorrida. No presente caso, a Recorrente não trouxe nenhum documento em sua manifestação para comprovar seu direito, sendo, totalmente, inadmissível o fazer nessa faze processual, em razão da preclusão prevista no §4º daquele dispositivo. Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator Fl. 79DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm#art113 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii
score : 1.0
Numero do processo: 16636.001405/2009-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004
PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
O inconformismo diante de decisão contrária às pretensões firmadas em recurso não permite concluir pelo cerceamento de defesa, mormente quando resta assegurado à contribuinte o prosseguimento da lide, ocasião em que pode reafirmar seu pleito e, se for o caso, obter decisão que lhe é satisfatória, e também quando a referida decisão é fundamentada, pauta-se na análise do caso de acordo com a legislação e provas dos autos.
PRELIMINAR. PERÍCIA. DESNECESSIDADE.
Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia.
PIS/COFINS. SERVIÇOS PRESTADOS A PESSOA JURÍDICA NO EXTERIOR. NÃO INCIDÊNCIA. REQUISITOS. CUMPRIMENTO.
Os documentos carreados aos autos confirmam a efetiva prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, consequentente, o ingresso de divisas. O fato de haver um terceiro mandatário intermediando o pagamento não desconfigura o ingresso de divisas necessário para que tal pagamento chegue ao prestador brasileiro, eis que o ingresso divisas é decorrência lógica da natureza deste tipo de operação, não sendo ônus da Recorrente a apresentação de contrato cambial para a sua comprovação.
Numero da decisão: 3301-006.243
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. O inconformismo diante de decisão contrária às pretensões firmadas em recurso não permite concluir pelo cerceamento de defesa, mormente quando resta assegurado à contribuinte o prosseguimento da lide, ocasião em que pode reafirmar seu pleito e, se for o caso, obter decisão que lhe é satisfatória, e também quando a referida decisão é fundamentada, pauta-se na análise do caso de acordo com a legislação e provas dos autos. PRELIMINAR. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. PIS/COFINS. SERVIÇOS PRESTADOS A PESSOA JURÍDICA NO EXTERIOR. NÃO INCIDÊNCIA. REQUISITOS. CUMPRIMENTO. Os documentos carreados aos autos confirmam a efetiva prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, consequentente, o ingresso de divisas. O fato de haver um terceiro mandatário intermediando o pagamento não desconfigura o ingresso de divisas necessário para que tal pagamento chegue ao prestador brasileiro, eis que o ingresso divisas é decorrência lógica da natureza deste tipo de operação, não sendo ônus da Recorrente a apresentação de contrato cambial para a sua comprovação.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jul 15 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 16636.001405/2009-75
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6032683
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jul 15 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3301-006.243
nome_arquivo_s : Decisao_16636001405200975.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 16636001405200975_6032683.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
dt_sessao_tdt : Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
id : 7820909
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:49:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052117860614144
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-07-03T19:09:58Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-07-03T19:09:58Z; Last-Modified: 2019-07-03T19:09:58Z; dcterms:modified: 2019-07-03T19:09:58Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-07-03T19:09:58Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-07-03T19:09:58Z; meta:save-date: 2019-07-03T19:09:58Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-07-03T19:09:58Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-07-03T19:09:58Z; created: 2019-07-03T19:09:58Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; Creation-Date: 2019-07-03T19:09:58Z; pdf:charsPerPage: 2015; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-07-03T19:09:58Z | Conteúdo => S3-C 3T1 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 16636.001405/2009-75 Recurso Voluntário Acórdão nº 3301-006.243 – 3ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de maio de 2019 Recorrente TECON RIO GRANDE S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. O inconformismo diante de decisão contrária às pretensões firmadas em recurso não permite concluir pelo cerceamento de defesa, mormente quando resta assegurado à contribuinte o prosseguimento da lide, ocasião em que pode reafirmar seu pleito e, se for o caso, obter decisão que lhe é satisfatória, e também quando a referida decisão é fundamentada, pauta-se na análise do caso de acordo com a legislação e provas dos autos. PRELIMINAR. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. PIS/COFINS. SERVIÇOS PRESTADOS A PESSOA JURÍDICA NO EXTERIOR. NÃO INCIDÊNCIA. REQUISITOS. CUMPRIMENTO. Os documentos carreados aos autos confirmam a efetiva prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, consequentente, o ingresso de divisas. O fato de haver um terceiro mandatário intermediando o pagamento não desconfigura o ingresso de divisas necessário para que tal pagamento chegue ao prestador brasileiro, eis que o ingresso divisas é decorrência lógica da natureza deste tipo de operação, não sendo ônus da Recorrente a apresentação de contrato cambial para a sua comprovação. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Relator e Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 63 6. 00 14 05 /2 00 9- 75 Fl. 4772DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Cuida-se de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão que manteve o Despacho Decisório que negou a compensação declarada em PER/DCOMP carreada aos autos. Verifica-se inicialmente que a contribuinte supracitada solicitou restituição de Cofins para fins de compensação com débitos. O suposto direito creditório da contribuinte se fundamenta na alegação de que a prestação de serviços portuários não sofre a incidência do PIS e da Cofins sobre as receitas decorrentes destes, quando efetuados para pessoa física ou jurídica, residentes ou domiciliadas no exterior, cujo pagamento represente o ingresso de divisas, sendo que a intermediação do agente ou representante, no Brasil, de empresa estrangeira, tomadora de serviços portuários, não descaracteriza a exportação deste serviços. Tal argumentação é fundamentada no art.6º, inciso II da Lei 10.833/2003, com redação dada pela Lei 10.865/2004, e na Circular BACEN nº 3.280/2005, bem como na Solução de Consulta nº 58, de 07/04/2006, da 10ª SRRF, na qual a contribuinte é solicitante. Após análise pela DRF de origem, o pleito de restituição foi negado e, por conseguinte, as compensações realizadas pela contribuinte não foram homologadas. Foi consignado que, intimado o contribuinte para comprovação dos fatos, não restou caracterizada a prestação de serviços para pessoa situada no exterior, em relação aos fatos geradores ocorridos no período litigado, nem tampouco que os pagamentos recebidos pela interessada representam ingresso de divisas no país. Irresignada, a contribuinte apresenta manifestação de inconformidade, manejando, inicialmente, os argumentos a seguir sintetizados: __ presta serviços portuários às empresas transportadoras sediadas e domiciliadas no exterior, cujas embarcações atracam em seu porto para as operações, dentre outras, de embarque e desembarque de mercadorias, sendo que as empresas transportadoras estrangeiras a contratam, através de seus agentes, representantes no Brasil, para execução de serviços portuários; __ as transferências dos recursos do exterior e para o exterior, são disciplinadas pelo Banco Central do Brasil - BACEN, através da Circular n° 3.280, de 09 de março de 2005, sendo obrigatória a intervenção de uma agência marítima como representante da empresa de navegação estrangeira, nos termos do § 2o, art. 4o, da IN RFB N° 800, de 27 de dezembro de 2007; __ há duas hipóteses de transferência de valores entre o transportador estrangeiro e o agente marítimo no País, regulados pela Circular n° 3.280, de 09 de março de 2005: o envio de divisas do exterior para o País, abordando a questão das despesas portuárias, e o envio do País para o exterior, envolvendo o pagamento do transporte internacional e dedução das despesas portuárias. Nas duas hipóteses citadas, ao final das operações cambiais, o saldo no balanço de Fl. 4773DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 pagamentos na conta de transações correntes é o mesmo e existem contratos de câmbio, celebrados entre o transportador estrangeiro e a agência de navegação, que evidenciam as operações de prestação de serviços, considerando que a manifestante não é responsável pelo fechamento do câmbio, já que o contrato de câmbio é celebrado entre o transportador estrangeiro e a agência marítima, seu representante no Brasil; __ descreve o relacionamento do transportador estrangeiro, do agente do transportador estrangeiro, e do prestador do serviço (manifestante/contribuinte), informando que 70% (setenta por cento) de sua receita tem origem na prestação de serviços a transportadores estrangeiros, fato que pode ser confirmado através de perícia técnica a ser realizada em seu estabelecimento. No mérito, salienta que origem do crédito decorre de receitas auferidas na prestação de serviços para pessoa jurídica domiciliada no exterior, sendo isenta das contribuições de PIS e Cofins, nos termos do II, do art. 6º, da Lei nº 10.833/2003 e inciso II do art. 5º, da Lei nº 10.637/2002, na redação dada pelo art. 21 da Lei nº 10.865/2004 e ainda pela IN SRF n° 247, de 21 de novembro de 2002, devendo o valor pago indevidamente sobre as receitas mencionadas ser objeto de restituição. Para comprovar nexo causal do ingresso de divisas, faz nova juntada de alguns contratos celebrados com os transportadores estrangeiros e de amostragem das notas fiscais emitidas contra estes, aos cuidados de sua agência marítima ou de seu representante no Brasil. Afirma que a existência das agências de navegação, que seria uma terceira pessoa na relação contratual com os transportadores, não desfigura o efetivo ingresso de divisas, pois estas representam os transportadores e fazem os pagamentos e recebimentos por estes. Ainda ressalta que os contratos de câmbio celebrados entre os transportadores estrangeiros e as agências marítimas são de propriedade destas, não podendo ser exigidos da manifestante, sendo que apresenta alguns contratos de empresa do seu grupo empresarial para comprovar as relações entre a instituição financeira, o agente de navegação e o transportador estrangeiro. Sustenta que o ingresso de divisas também ficaria comprovado nos contratos formais firmados entre esta e os transportares estrangeiros, trazendo aos autos alguns exemplos. Nesta relação de atividade, seria frequente o contrato informal (solicitações por e-mail ou por telefone), que não desfiguraria a relação jurídica, sendo que poderia comprovar o relacionamento jurídico por outros instrumentos, como nota fiscal emitida contra o transportador estrangeiro ou contra seu agente/representante no Brasil, registros contábeis, ou, ainda, através de perícia técnica. Traz cópias de contratos traduzidos para o português para alicerçar sua defesa. Também afirma que os serviços administrativos e operacionais do terminal, quando executados para atender navios estrangeiros, compõem toda a atividade portuária, não podendo de forma nenhuma serem segregados uns dos outros, já que todos integram a atividade da empresa, pois sem a prestação destes serviços o atendimento ao transportador estrangeiro não ocorreria. Para reforçar sua alegação apresenta solução de consultas concluindo pela não incidência/isenção de PIS/Pasep e da Cofins sobre as receitas decorrentes de prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas ou com sede no exterior, mesmo mediante a intermediação do agente/representante do transportador estrangeiro no Brasil, haja vista a efetividade do ingresso de divisas. Por conseguinte, argumenta que estariam provados seus os crédito decorrentes da não incidência/isenção do PIS e da Cofins sobre a receita oriunda da prestação de serviços de Fl. 4774DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 operação portuária ao transportador estrangeiro, pessoa jurídica domiciliada ou com sede no exterior, cujo pagamento configura o ingresso de divisas no País, ainda que realizado mediante intermediação de agente/representante do transportador estrangeiro no Brasil. Como também estaria comprovado o crédito da contribuição relativo às despesas da manifestante com bens e serviços utilizados como insumos, aluguel de prédio locado de PJ, aluguel de máquina e equipamentos, contraprestação de arrendamento mercantil, encargos de amortização de edificações e benfeitorias e quanto ao crédito a descontar pela aquisição de bens do ativo imobilizado. Por fim, requer a conversão do julgamento em diligência a ser realizada por servidor estranho aos autos, a fim de que fique comprovado o pagamento a maior da contribuição em face dos serviços prestados aos transportadores estrangeiros, bem como seja confirmado o crédito a descontar relativo a bens do ativo imobilizado adquiridos pela contribuinte/manifestante. Por seu turno, a DRJ, por maioria de votos, rejeitou o pedido de diligência/perícia e desconheceu da Manifestação de Inconformidade no que tange a matérias que não tenham sido indeferidas no Despacho Decisório (que não constituem parte litigiosa), julgando improcedente a Manifestação de Inconformidade quanto às demais alegações. Concluiu a instância a quo que a isenção para a receita de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior é condicionada à comprovação documental das operações e do ingresso de divisas no país. Nesse sentido, é obrigação do contribuinte comprovar o alegado, nos termos do art.333, inciso II do CPC. Irresignada com a decisão, a contribuinte apresenta Recurso Voluntário em que reafirma os argumentos apresentados em sua Manifestação de Inconformidade. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3301- 006.232, de 25 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 16636.001408/2009-17, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301-006.232): O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido e apreciado. Preliminares Cerceamento de Defesa e Pedido de Perícia Segundo a Recorrente, o v. acórdão 10-48.968, proferido pela 2ª Turma da DRJ/POA aponta, mormente no voto divergente, que a análise dos documentos juntados pela Recorrente à Impugnação passou ao largo da unidade de origem, que sequer questionou Fl. 4775DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 os demonstrativos juntados ao processo, assim como a documentação carreada aos autos, afirmando categoricamente que, se caso persistissem dúvidas quanto à documentação, seria de se cogitar, inclusive, a hipótese de remessa dos autos em perícia para que a unidade de origem verificasse de maneira mais acurada a documentação pertinente às operações embasadoras do direito creditório. Portanto, o CARF, na sua função imparcial de "juízo" dos litígios tributários em segunda instância administrativa, não pode negar à análise da documentação acostada aos autos, bem como toda aquela que se encontra no estabelecimento da Recorrente, que comprova a realidade inerente às operações realizadas pela Recorrente, objetivando o reconhecimento da não incidência do PIS/Cofins na prestação de serviços portuários efetuada a armadores estrangeiros domiciliados no exterior. Consequentemente, a realização de diligência já requerida quando do oferecimento da Manifestação de Inconformidade, deve agora ser deferida para a realização de perícia técnica, e por servidor estranho aos autos, a fim de que fique comprovado o pagamento indevido do PIS e da Cofins, sob pena de cerceamento de defesa. Passo à correspondente análise. De fato, é robusta a documentação acostada aos autos pela Recorrente. Vejo que a Recorrente se esforçou para reunir a gama de documentos aqui juntados, diversos carreados, inclusive, após a apresentação de sua Manifestação de Inconformidade. No entanto, o indeferimento de pedido de conversão do julgamento em diligência/perícia, quando fundamentado, como o foi pelo órgão julgador a quo, não tem o condão de representar cerceamento de defesa, mormente quando resta assegurado à contribuinte o prosseguimento da lide, ocasião em que pode reafirmar seu pleito e, se for o caso, obter decisão que lhe é satisfatória. O inconformismo diante de uma decisão contrária às pretensões firmadas em recurso não permite concluir pelo cerceamento de defesa, e também quando a referida decisão é fundamentada, pauta-se na análise do caso de acordo com a legislação e provas dos autos. Ademais, a despeito da apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente a sua convicção, conforme determina o Decreto nº 70.235, de 1.972, ao dispor na Seção VI acerca do julgamento de primeira instância. Logo, não há que se falar em cerceamento de defesa quando o julgador a quo proferiu decisão devidamente motivada, explicitando as razões pertinentes à formação de sua livre convicção. Neste ponto, ressalto haver limites estipulados no Decreto n° 70.235, de 1972, e que devem ser observados, sobretudo para fins de apresentação a destempo de novos documentos aos autos, cabendo ao contribuinte o ônus de demonstrar as razões que ensejariam a admissibilidade da prova documental apresentada a posteriori. Contudo, a autoridade julgadora de segunda instância pode apreciar a prova acostada aos autos, sob o prisma da verdade material, e por ser destinatária dela (prova), o que, inclusive, será feito por este julgador, lembrando que, na apreciação da prova, este julgador formará livremente sua convicção. Assim, a insatisfação do contribuinte, sobre este ponto, não tem o condão de anular a decisão de primeira instância, sendo matéria atinente à interposição de recurso voluntário, a ser objeto de deliberação pelo colegiado de segunda instância. Quanto à reafirmação do pedido de perícia, entendo por sua desnecessidade, porquanto a realização de perícia se justificaria na hipótese de necessidade de apreciações técnicas, por especialistas com conhecimento específico em determinadas matérias, com o intuito de esclarecer aspectos controvertidos que não ficaram suficiente mente demonstrados pelas provas aportadas ao processo. Fl. 4776DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 Entretanto, essa não é a hipótese presente nos autos, visto que não se faz necessária a apreciação técnica de especialista para subsidiar o julgamento da lide. Portanto, estas preliminares hão de ser rechaçadas. Mérito Os autos tratam da análise do PER/DCOMP nº 07634.97230.301008.1.3.04-5435, por meio do qual a Recorrente informa crédito de pagamento indevido ou a maior cuja gênese seria o recolhimento, em 15/02/2005, para a Cofins, código de receita 5856 (Cofins não cumulativa), período de apuração 01/2005, no valor de R$ 841.704,65, do qual o valor creditória seria R$ 560.998,25. Por intermédio do Despacho Decisório nº 168, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Pelotas/RS não homologou a Declaração de Compensação, em razão da inexistência de crédito. No bojo do referido despacho, a unidade de origem salientou que a DCOMP 07634.97230.301008.1.3.04-5435 foi lastreada em crédito referente a pagamento a maior de Cofins em decorrência de retificações na DACON feitas com base no entendimento de que a contribuinte faz jus a não incidência da Cofins sobre receitas oriundas de prestação de serviços para pessoas domiciliadas ou residentes no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. Em sua análise, porém, a unidade de origem concluiu que "não foi comprovada a prestação de serviços para pessoa situada no exterior, como também não foi comprovado que os pagamentos recebidos pelo interessado representam ingresso de divisas. Em conseqüência da falta de comprovação das condições necessárias para que o interessado faça jus a não incidência da Cofins, previstas no inciso II do art. 6º da Lei nº 10.833/2003, com redação dada pela Lei 10.865/2004, não existe base legal que ampare as retificações na DACON. Sendo assim, não foi apurado pagamento a maior de Cofins para o período". A partir de então, com a abertura de prazo para apresentação de Manifestação de Inconformidade, instaurou-se o litígio administrativo tendo como tema central a possibilidade, ou não, de a Recorrente valer-se da não incidência da Cofins sobre as receitas decorrentes de operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. Inicialmente, faz-se necessário transcrever a norma que disciplina o assunto em debate, em sua redação original: Lei 10.833/2003 Art. 6 o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...] II - prestação de serviços para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior, com pagamento em moeda conversível; Posteriormente, essa norma foi alterada pelo art. 21 da Lei 10.865/2004, que passou a produzir seus efeitos a partir de 01/05/2004, consoante art. 53 do mesmo diploma legal, com nova redação a seguir: Lei 10.833/2003 Art. 6 o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...] II - prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)” Da leitura da norma, extraímos a necessidade do preenchimento de dois requisitos cumulativos para a configuração da não incidência da Cofins quanto ao caso, a saber: Fl. 4777DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.865.htm#art21art6ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.865.htm#art21art6ii Fl. 7 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 a) prestação de serviços para a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior; e b) cujo pagamento represente ingresso de divisas. Na analise do presente caso, entendo que os referidos requisitos foram satisfeitos pela Recorrente. Vejamos. A Recorrente tem como objeto principal a exploração do terminal de contêineres do Porto de Rio Grande/RS, na qualidade de operador portuário. E, nessa condição, presta serviços portuários (carga, descarga etc.) a empresas transportadoras sediadas e domiciliadas no exterior, mediante contratos. Para a consecução de suas atividades e, em razão natureza inerente a essas atividades, as empresas transportadoras estrangeiras - pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, que operam linhas de transporte marítimo internacional de carga relativas a importações e exportações brasileiras - contratam a Recorrente, através de seus agentes, representantes no Brasil, para execução de serviços portuários, sendo estes os responsáveis pelo pagamento dos serviços prestados pela Recorrente mediante prestação de contas junto ao transportador estrangeiro. Essa relação de intermediação e seus conceitos são expostos pela Recorrente em seu recurso. Vale transcrevê-la: a) Transportador Estrangeiro São as empresas transportadoras estrangeiras, pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, que operam linhas de transporte marítimo internacional de cargas relativas a importações e exportações brasileiras e que contratam a Recorrente, através de seus agentes/representantes no Brasil, para a execução de serviços portuários. b) Agente do Transportador Estrangeiro (agência marítima) É o representante obrigatório no Brasil dos interesses do transportador estrangeiro, administrando os contratos de prestação de serviços em nome do seu principal. Ele recebe do exterior (câmbio tipo 03) ou utiliza receitas auferidas pelo transportador estrangeiro, transferíveis ao exterior, para fazer face aos pagamentos dos serviços contratados pelo transportador estrangeiro. Assim, a agência de navegação efetua a contratação do câmbio, conforme Carta Circular nº 3.280, de 09/05/2005, emitida pelo Banco Central do Brasil e paga aos fornecedores e efetua a prestação de contas junto ao transportador estrangeiro. c) Prestador de Serviços Ele executa as operações de embarque, descarga, movimentação e armazenagem de mercadorias destinadas ou oriundas do ou ao exterior, cumprindo o contrato firmado com o transportador estrangeiro. Também fatura tais serviços ao transportador estrangeiro aos cuidados do seu agente no Brasil e recebe os valores em reais do agente no Brasil, através dos recursos provenientes do exterior, conforme as normas emitidas pelo Banco Central do Brasil. A presença de intermediário, agente do transportador estrangeiro, na operação não descaracteriza a situação de não incidência da Cofins. Nesse sentido foi a conclusão da Solução de Consulta SRRF/08 nº 58, de 07/04/2006, exarada no Processo Administrativo nº 11050.003099/2005-45, em resposta à demanda da própria Recorrente, levando em conta sua situação particular: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ementa: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EXPORTAÇÃO. NÃO-INCIDÊNCIA. A Cofins não incide sobre as receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo Fl. 4778DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 pagamento represente ingresso de divisas. A intermediação de agente ou representante, no Brasil, de empresa estrangeira tomadora de serviços portuários, por si só, não é suficiente para descaracterizar a situação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.833, de 2003, art. 6º, II com a redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004; Circular Bacen nº 3.280, de 2005. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ementa: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EXPORTAÇÃO. NÃO-INCIDÊNCIA. A Contribuição para o PIS/Pasep não incide sobre as receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. A intermediação de agente ou representante, no Brasil, de empresa estrangeira tomadora de serviços portuários, por si só, não é suficiente para descaracterizar a situação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.637, de 2002, art. 5º, II com a redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004; Circular Bacen nº 3.280, de 2005. Nos termos acima, tem-se, ainda, já com a alteração das redações das contribuições não cumulativas do PIS e da Cofins pela Lei nº 10.865/2004, a Solução de Consulta SRRF/07 nº 23, 22/03/2011, no Processo Administrativo nº 10768.007322/2010-41, cuja ementa é a seguinte: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins NÃO INCIDÊNCIA OU ISENÇÃO. Para fins de não incidência ou isenção da Cofins sobre a receita decorrente da prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, o pagamento deve necessariamente representar ingresso de divisas no País. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM FAVOR DE ARMADOR ESTRANGEIRO. REPRESENTANTE DO ARMADOR ATUANDO NO PAÍS COMO MERO MANDATÁRIO. Na hipótese de prestação de serviços, efetuada por empresa domiciliada no País, para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, a existência de terceira pessoa agindo na condição de mero mandatário da pessoa no exterior não descaracteriza a relação jurídica a que aludem o art. 6º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, e o art. 14, III, da Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, para fins de reconhecimento da não incidência ou isenção da Cofins. [...] Ainda, tem-se a Solução de Consulta Cosit nº 346, de 26 de junho de 2017, com a seguinte ementa (trecho): [...] Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins NÃO-INCIDÊNCIA. ISENÇÃO. RECEITAS DECORRENTES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA RESIDENTE OU DOMICILIADA NO EXTERIOR. POSSIBILIDADE DE MERA INTERMEDIAÇÃO ENTRE A PRESTADORA DOS SERVIÇOS E A PESSOA RESIDENTE OU DOMICILIADA NO EXTERIOR. EFETIVIDADE DO INGRESSO DE DIVISAS. A existência de terceira pessoa, desde que agindo como mera mandatária, ou seja, cuja atuação não seja em nome próprio, mas em nome e por conta do mandante estrangeiro, entre a pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou com sede no exterior e a prestadora de serviços nacional, não afeta a relação jurídica negocial exigida para enquadramento nos arts. 6°, inciso II, Fl. 4779DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 da Lei n° 10.833, de 2003, e 14, inciso III, da MP 2.158-35, de 2001, para o fim de reconhecimento da não-incidência/isenção da Cofins. [...] Enfim, a Administração Tributária reconhece que a existência de terceira pessoa agindo na condição de mero mandatário da pessoa no exterior não descaracteriza a relação jurídica a que alude o art. 6º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, para fins de reconhecimento da não incidência ou isenção da Cofins. Portanto, neste ponto não há controvérsia. A controvérsia pauta-se na comprovação da efetiva prestação de serviços ao transportador estrangeiro e, consequentemente, no ingresso de divisas. A farta documentação carreada aos autos pela Recorrente, abrangendo notas fiscais de serviço, contratos com armadores estrangeiros, bem como declarações firmadas por estes, e respectivas tabelas de preços praticados, demonstram a efetividade dos serviços prestados e, por decorrência, o ingresso de divisas. Verifica-se nos documentos acostados aos autos que a Recorrente, em virtude de contrato de prestação de serviços com armadores no exterior, às fls. 798-1.277 (Manifestação de Inconformidade) e 1.904-2.157 (Recurso Voluntário), presta serviços portuários a estes e emite nota fiscal de serviços, às fls. 1.300-1.344 (Manifestação de Inconformidade) e 1.829-1.903 (Recurso Voluntário), em nome dos tomadores estrangeiros, mas aos cuidados de seus representantes/agentes marítimos, os quais atuam como intermediários nessa operação. Considero, portanto, ser incontroversa a comprovação dos serviços prestados diante de arcabouço documental que traz os detalhes da operação de prestação de serviços. No que diz respeito ao ingresso de divisas, embora a fiscalização e a DRJ tenham concluído competir à Recorrente a apresentação dos contratos cambiais para sua comprovação, entendo não ser ônus da dela a apresentação de tais documentos. Conforme mencionado anteriormente, a própria Fazenda Pública entende não descaracterizada a situação de não incidência da Cofins quando, na operação de prestação de serviço para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior, haja representante do armador estrangeiro atuando no país como mero mandatário. Nessa situação, havendo o intermediário na operação, este é quem legalmente detém os referidos contratos, em razão da sistemática deste tipo de operação. Logo, não pode a Recorrente ser compelida a apresentar documento da qual não é proprietária e da qual sequer tem posse. Por sua vez, a norma isentiva da Cofins, Lei 10.833, de 2003, não estipulou que competiria ao prestador de serviço a comprovação do ingresso de divisas, em especial nessa situação em que há operação de intermediação. Dessa forma, sendo permitida a intermediação de mandatário do armador estrangeiro na prestação de serviço sem descaracterizar a não incidência da Cofins, a exigência dos contratos cambiais - como único instrumento de comprovação dos ingressos de divisas - a quem não os detenha acaba por impossibilitar, na prática, o uso deste benefício fiscal (não incidência legal), o que, certamente, não é a finalidade da norma isentiva. Dessa forma, compreendo que o ingresso divisas é decorrência lógica da natureza deste tipo de operação, não sendo ônus da Recorrente a apresentação de contrato cambial para a sua comprovação. A corroborar as conclusões acima, valho-me da pertinente análise do mesmo assunto e mesmo contribuinte efetuada pelo Conselheiro Walker Araújo no bojo do Processo Administrativo nº 17437.720221/2015-65, Resolução nº 3302-000.772, de 21/06/2018: O fato da Recorrente não ter apresentado cópia dos contratos de câmbio - diga- se, documentos que não pertencem è ela, logo não poderia haver exigência nesse sentido -, não pode servir único fundamento/justificativa para fiscalização Fl. 4780DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 afastar o direito do contribuinte e, desconsiderar os demais documentos hábeis à comprovar a origem dos registros contábeis. Com efeito, restou comprovado nos autos que a Recorrente firmou contratos com diversos transportadores estrangeiros (fls.1.007-1.615) para prestar serviços de embarque, descarga, movimentação e armazenagem de mercadorias em embarcações utilizadas para navegações de longo curso. Referidos transportadores estrangeiros nomeiam agentes marítimos para intermediar os negócios objeto dos contratos firmados entre as partes e, realizar os pagamentos à Recorrente pela prestação dos serviços anteriormente citados, na condição de mandatários dos transportadores estrangeiros. A Recorrente, por sua vez, emite nota fiscal de serviços (fls.1.616-2.604) em nome dos transportadores estrangeiros, mas aos cuidados de seus agentes marítimos. Tais fatos operacionais estão totalmente de acordo com o artigo 4º, da Instrução Normativa 800/2007 que, obriga aos transportes estrangeiros utilizarem agentes marítimos, senão vejamos: Art. 4o A empresa de navegação é representada no País por agência de navegação, também denominada agência marítima. § 1o Entende-se por agência de navegação a pessoa jurídica nacional que represente a empresa de navegação em um ou mais portos no País. § 2o A representação é obrigatória para o transportador estrangeiro. § 3o Um transportador poderá ser representado por mais de uma agência de navegação, a qual poderá representar mais de um transportador. Nestes termos, o argumento utilizado pela RFB no sentido de que a Recorrente não teria comprovado o ingresso de divisa no país por meio de contratos câmbio, deve ser totalmente rechaçado, posto que os documentos colacionados aos autos comprovam que as receitas registradas em sua contabilidade decorrem de operações de prestação de serviços à pessoas jurídicas domiciliadas no exterior. Portanto, entendo que não deve haver a incidência das contribuições ao PIS e COFINS, porque (i) os documentos carreados autos confirmam a efetiva prestação de serviços à pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, consequentente o ingresso de divisa; e (ii) o fato de haver um terceiro mandatário intermediando o pagamento não desconfigura o ingresso de divisas necessário para que tal pagamento chegue ao prestador brasileiro. Reforça o direito da Recorrente, a Solução de Consulta nº 58, de 07/04/2006, da 10ª SRRF, contida no processo administrativo 11050.003099/200545, de solicitação da própria contribuinte, no sentido de que o pagamento por Agente Marítimo em nome de Transportador Estrangeiro denota ingresso de divisas, conforme se verifica na ementa abaixo: [...] IV. Conclusão Diante do exposto, afasto as preliminares de nulidade e, no mérito, dou provimento ao recurso voluntário. É como voto. Em razão de todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário, afastar as preliminares nele suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Fl. 4781DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 3301-006.243 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001405/2009-75 Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Relator Fl. 4782DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.904040/2014-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2010
COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADA APÓS DESPACHO DECISÓRIO. LUCRO PRESUMIDO. REVISÃO DE BASES TRIBUTÁRIAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA
Ainda que a DCTF tenha sido retificada após despacho decisório eletrônico, havendo comprovação de que houve pagamento indevido ou a maior, em virtude de equívoco na formação da base para a apuração da CSLL, no lucro presumido, cumpre homologar as compensações declaradas até o montante do direito creditório reconhecido.
Numero da decisão: 1302-003.532
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 11080.904043/2014-43, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2010 COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADA APÓS DESPACHO DECISÓRIO. LUCRO PRESUMIDO. REVISÃO DE BASES TRIBUTÁRIAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA Ainda que a DCTF tenha sido retificada após despacho decisório eletrônico, havendo comprovação de que houve pagamento indevido ou a maior, em virtude de equívoco na formação da base para a apuração da CSLL, no lucro presumido, cumpre homologar as compensações declaradas até o montante do direito creditório reconhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 11080.904040/2014-18
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6020892
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1302-003.532
nome_arquivo_s : Decisao_11080904040201418.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
nome_arquivo_pdf_s : 11080904040201418_6020892.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 11080.904043/2014-43, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
dt_sessao_tdt : Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
id : 7785819
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:47:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052118000074752
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1804; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 2 1 1 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.904040/201418 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 1302003.532 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de abril de 2019 Matéria COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA DE CSLL. Recorrente CLV EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010 COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADA APÓS DESPACHO DECISÓRIO. LUCRO PRESUMIDO. REVISÃO DE BASES TRIBUTÁRIAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA Ainda que a DCTF tenha sido retificada após despacho decisório eletrônico, havendo comprovação de que houve pagamento indevido ou a maior, em virtude de equívoco na formação da base para a apuração da CSLL, no lucro presumido, cumpre homologar as compensações declaradas até o montante do direito creditório reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 11080.904043/201443, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 40 40 /2 01 4- 18 Fl. 449DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto face ao Acórdão nº 1293.654, da 4ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro (RJ) que, por unanimidade, julgou improcedente a manifestação de conformidade, registrandose a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010 INEXISTÊNCIA DE EMENTA. O acórdão resultante do julgamento de processo administrativo fiscal decorrente de despacho decisório emitido por processamento eletrônico não conterá ementa, de acordo com a Portaria RFB nº 2724, de 27 de setembro de 2017. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A recorrente é sociedade de propósito específico regularmente constituída na forma de sociedade limitada, tendo por objeto social promover, mediante incorporação, desenvolvimento, implantação e venda, o empreendimento imobiliário constituído de um condomínio horizontal composto por unidades autônomas, desenvolvido no local denominado "Cruz das Almas", Sito na Rodovia Estadual RS040, em Viamão (RS), bem como, complementarmente, a comercialização de bens e direitos que vierem a ser recebidos em permuta ou dação em pagamento nas transações inerentes ao seu objeto. A recorrente teria revisado suas bases tributárias, referentes a exercícios anteriores e teria identificado equívocos na apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Alega que houve equívoco na composição da base de cálculo dos tributos apurados pelo lucro presumido, ao desconsiderar que as receitas financeiras provenientes da comercialização de imóveis, e apuradas por meio de índices ou coeficientes previstos em contratos, deviam ser consideradas receita bruta para fins de cálculo do lucro presumido. Tais receitas, foram, equivocadamente, consideradas como acréscimos à base de cálculo apurada mediante percentuais sobre a receita bruta, sendo adicionadas em sua integralidade à base apurada. Assim, apurou diferenças nos valores finais devidos. Apresentou quadros demonstrativos da retificação dos valores devidos de IRPJ e CSLL e indicou os períodos e os fatos geradores. Destacou que as DCOMPs não foram homologadas, com base na conclusão de que os valores pagos (DARF) teria sido integralmente utilizado. Fl. 450DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 4 3 A recorrente identificou que a não homologação das DCOMPs deveuse à falta de indicação dos valores corretos nas respectivas DCTFs, retificandoas após o despacho decisório. Após as retificadoras, apresentou manifestações de inconformidade e documentos, por meio dos quais teria comprovado a existência e validade do crédito. Ressalta que houve intimações específicas sobre as DCTFs retificadoras, devidamente atendidas, mediante prestação de esclarecimentos necessários e juntada de documentação relacionada. Fundamenta o pedido de homologação das DCOMPs, com base nas disposições do Parecer COSIT n° 2, de 28 de agosto de 2015, e no entendimento do CARF de que, o fato de a retificação da DCTF ter ocorrido após a transmissão da DCOMP, não impede a homologação da compensação realizada. A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, sob o entendimento de que a documentação apresentada não seria suficiente para comprovar a existência do crédito objeto da DCOMP. A recorrente foi devidamente intimada do acórdão recorrido e interpôs recurso voluntário, tempestivamente. Sustentou, resumidamente, que o acórdão merece ser reformado pelas seguintes razões: a) a decisão recorrida alega que não está comprovado o crédito utilizado na compensação por falta de documentos, mas sequer aponta quais seriam os documentos que não teriam sido apresentados e não analisa os que foram; b) quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, já estava comprovada a existência e validade do crédito utilizado para as compensações formalizadas; e, mesmo que não o fossem, a documentação acostada à impugnação comprova a existência e validade do crédito em questão. É o relatório. Fl. 451DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.530, de 17/04/2019, proferido no julgamento do Processo nº 11080.904043/2014 43, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.530): À vista da interposição tempestiva do recurso voluntário e do atendimento aos demais requisitos de admissibilidade, cumpre conhecer do recurso. Em conformidade com o despacho decisório eletrônico, localizaramse um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para a quitação de débitos da recorrente, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na PER/DCOMP em questão. Diante da conclusão quanto à inexistência de crédito, não foi homologada a compensação declarada. A recorrente sustenta que a referida decisão, quanto à não homologação da compensação, relacionada a crédito de CSLL pago a maior, referente ao 2° trimestre de 2010, não se fundamentou na falta de comprovação do crédito por ausência de apresentação de documentos. Defende que, o despacho decisório só identificou que o referido DARF já havia sido utilizado, pelo fato de que ainda não havia sido retificada a DCTF, quando da análise da DCOMP. Ressalta que, ainda que já iniciados os procedimentos de fiscalização, a retificação foi efetuada, antes do prazo para a manifestação de inconformidade. Com essa retificação teria ficado evidenciada a existência de crédito suficiente à compensação em questão. Com esse entendimento, a recorrente alega que, o acórdão recorrido deveria ter se limitado ao que já havia sido levantado no processo administrativo, ou seja, que foi realizada a retificação da DCTF, conforme comprovou, por meio dos seguintes documentos, anexos à impugnação, em relação aos quais salienta que seriam suficientes para comprovar a validade da compensação realizada: a) despacho decisório que originou a Manifestação de Inconformidade; b) DCOMP analisada; c) DCTF original, DCTF retificadora; e Fl. 452DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 6 5 d) DIPJ Exercício 2011, anocalendário 2010; Ressaltou, ainda, que não teriam sido analisados pela DRJ os argumentos trazidos pela recorrente, nem os documentos acostados ao processo administrativo, sendo apresentados apenas argumentos genéricos para justificar a manutenção da decisão de não homologação da compensação. O acórdão recorrido concluiu que embora o Parecer COSIT n° 2, de 28 de agosto de 2015, admita a retificação da DCTF depois da transmissão do DCOMP não impede a homologação da compensação realizada, determina, também, que o crédito seja comprovado através de documentos, nos seguintes termos: "Portanto, como ressaltado no Parecer n° 2, a transmissão de DCTF retificadora, por si só, não seria suficiente para a comprovação do pagamento indevido ou a maior, sendo necessário, em face da legislação vigente, que os valores informados na mencionada DCTF estivessem coerentes com outras declarações enviadas à RFB, tendo ainda como suporte documentos contábeis e/ou fiscais." A recorrente rebate, frisando que, utilizandose de uma interpretação equivocada do que foi efetivamente dito no Parecer COSIT, o acórdão recorrido concluiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, face à ausência de comprovação da existência do crédito, porém sequer teria analisado os documentos apresentados e tampouco teriam sido apontados quais seriam os documentos faltantes essenciais para comprovação do crédito em questão. Conforme ressaltado pela recorrente, esta Turma, ao analisar situação semelhante ao presente caso, concluiu pela validade da argumentação apresentada, analisou a DCTF retificadora e concluiu que assistia razão à recorrente (acórdão nr. 1302002.082). A conclusão do referido acórdão foi no sentido de que, ainda que a DCTF tenha sido retificada após despacho decisório eletrônico, verificase, no caso, há indicativos de que houve pagamento indevido ou a maior, tendo em vista, a evidenciação pela recorrente, quanto ao referido equívoco na formação da base para a apuração da CSLL sobre lucro presumido. Destacamse, nesse mesmo sentido, as seguintes razões da recorrente: (...) o equívoco em questão ocorreu, em função de terse ignorado, por ocasião da apuração original dos referidos tributos e respectivo preenchimento e transmissão da DCTF, a circunstância de que, com base nas disposições do art. 30 da Lei n° 8.981/95, combinadas com o contido nos §§ 4° do art. 15 e 2° do art. 20, ambos da Lei n° 9.249/95, as receitas financeiras provenientes da comercialização de imóveis e apuradas por meio de índices ou coeficientes previstos em contratos, devem ser consideradas receita bruta para fins de cálculo do lucro presumido. O art. 30 da Lei n° 8.981/95 determina que deve ser considerado como receita bruta o montante efetivamente recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas, pelas pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas à incorporação imobiliária e venda de imóveis construídos: Fl. 453DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 7 6 "Art. 30. As pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativa a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, deverão considerar como receita bruta o montante efetivamente recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas." Ao mesmo tempo, desde o advento da Lei n° 11.196/05, os §§ 4° do art. 15 e 2° do art. 20, ambos da Lei n° 9.249/95, estabelecem que, para efeitos de cálculo do lucro presumido, para fins de incidência do IRPJ e CSLL, devem ser integrados os valores recebidos a título de receita financeira da pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda, quando decorrente da comercialização de imóveis e for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato: "Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995. (...) § 4° O percentual de que trata este artigo também será aplicado sobre a receita financeira da pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda, quando decorrente da comercialização de imóveis e for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato. (... ) Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do anocalendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1° do art. 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. (... ) § 2° O percentual de que trata o caput deste artigo também será aplicado sobre a receita financeira de que trata o § 4° do art. 15 desta Lei." Entendo que assiste razão à recorrente, quanto ao entendimento de que, para fins de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL na sistemática do lucro presumido, na hipótese de atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, o percentual de presunção também será aplicado sobre a receita financeira quando decorrente da comercialização de imóveis e apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato. Fl. 454DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 8 7 A recorrente demonstrou que são corretas e que devem ser acolhidas, as retificações efetuadas e que devem produzir os efeitos esperados, para corrigir a base de cálculo utilizada para apurar o valor devido de CSLL, para o 2° trimestre de 2010, e evidenciar o crédito utilizado nas DCOMPs em questão. Exame da Disponibilidade do Crédito Utilizado em DCOMPs Assim, resta verificar se é possível concluir quanto à disponibilidade do crédito utilizado pela recorrente nas DCOMPs em questão. A recorrente sustenta que é devida a integral homologação das DCOMPs em questão. Sustenta que, após a verificação do referido equívoco, revisou as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, apurandose diferenças nos valores finais devidos. Vejamse, mais uma vez, as seguintes razões; Em relação ao 2° trimestre de 2010 período gerador do crédito objeto da DCOMP analisada no despacho decisório que originou o presente processo administrativo (fls. 35) cabe demonstrar a diferença apurada e informada em DCTF, conforme demonstrativo abaixo: CSLL Competência DARF 2372 (1) DCTF antiga (2) Nova Apuração (3) Diferença (1) (3) 2° TRI 2010 201.519,88 201.519,88 65.986,03 135.533,85 Com base nesse contexto, apuraramse indébitos tributários no montante de R$ 135.533,85, a título de CSLL, em valores originais, os quais foram objeto de formalização por meio da correspondente retificação da DCTF (fls. 44/81). Para utilizar o crédito apurado nessa diferença recolhida a maior, a recorrente optou por realizar compensações, da seguinte forma (DCOMP analisada fls. 37/42): N° Per/Dcomp DARF Pago a Maior Valor Original do Crédito Inicial Crédito Original na Data da Transmissã o Saldo do Crédito Original Impostos Compensados 41787.99026.300414.1.3.041818 PA: 30/06/2010 Cód.Receita: 2372 Vencimento: 30/07/2010 Valor: R$ 165.639,09 135.533,85 82.747,30 IRPJ e CSLL Competência 1° trimestre/2014 33379.72656.230514.1.3.040196 Idem acima Idem acima 82.747,30 60.416,60 PIS Abril/2014 R$ 5.394,39 COFINS Abril/2014 R$ 24.897,20 32215.35378.200614.1.3.040460 Idem acima Idem acima 60.416,60 49.203,17 IRRF Competência Maio/2014: 1708: R$ 264,53 3208: R$ 15.044,05 (Vera Barcellos) 33319.37063.250614.1.3.048608 Idem acima Idem acima 49.203,17 38.134,07 PIS Maio/2014 R$ 2.691,10 COFINS Maio/2014 R$ 12.420,44 18539.89944.250714.1.3.048052 Idem acima Idem acima 38.134,07 25.838,21 COFINS Junho/2014 R$ 16.887,13 01072.15868.310714.1.3.047599 Idem acima Idem acima 25.838,21 2.468,50 CSLL 2° trimestre/2014 R$ 32.095,96 04581.54684.310714.1.3.041095 Idem acima Idem acima 2.648,50 IRPJ 2° trimestre/2014 Parcial 2/3 R$ 3.637,45 Fl. 455DF CARF MF Processo nº 11080.904040/201418 Acórdão n.º 1302003.532 S1C3T2 Fl. 9 8 Ocorre, porém, que, ao examinar as primeiras DCOMP (41787.99026.300414.1.3.041818, 33379.72656.230514.1.3.040196, 32215.35378.200614.1.3.040460 e 33319.37063.250614.1.3.048608), o Agente Fiscal não homologou a compensação declarada por entender que o DARF discriminado nas DCOMP havia sido utilizado para pagar a CSLL do período. Ao receber a notificação da decisão de não homologação das DCOMP, a recorrente verificou que não havia promovido a correta retificação da DCTF anterior e, em 19/08/2014, promoveu as correções necessárias (declaração n° 100.2010.2014.1881746666 fls. 65/81). Cabe ainda frisar que, em conformidade com o dossiê específico, apresentado juntamente com o recurso voluntário, a fiscalização examinou a DCTF retificadora e concluiu pela existência do referido crédito de pagamento a maior. Observase, portanto, que a recorrente demonstrou a existência e a disponibilidade do crédito de R$135.533,85, utilizado nas DCOMPs indicadas no quadro acima reproduzido. Por todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário para homologar as compensações até o limite do crédito reconhecido. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento ao recurso voluntário para homologar as compensações até o limite do crédito reconhecido. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 456DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.902015/2013-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jul 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Ano-calendário: 2010
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo.
Numero da decisão: 3301-006.297
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Ano-calendário: 2010 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jul 30 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13888.902015/2013-41
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6039946
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jul 30 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3301-006.297
nome_arquivo_s : Decisao_13888902015201341.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 13888902015201341_6039946.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
dt_sessao_tdt : Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
id : 7838373
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:49:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052118623977472
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-07-26T14:58:07Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-07-26T14:58:07Z; Last-Modified: 2019-07-26T14:58:07Z; dcterms:modified: 2019-07-26T14:58:07Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-07-26T14:58:07Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-07-26T14:58:07Z; meta:save-date: 2019-07-26T14:58:07Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-07-26T14:58:07Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-07-26T14:58:07Z; created: 2019-07-26T14:58:07Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2019-07-26T14:58:07Z; pdf:charsPerPage: 1719; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-07-26T14:58:07Z | Conteúdo => S3-C 3T1 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 13888.902015/2013-41 Recurso Voluntário Acórdão nº 3301-006.297 – 3ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de junho de 2019 Recorrente FISCHER INDUSTRIA MECANICA LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Ano-calendário: 2010 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). Relatório O presente processo trata de pedido de compensação transmitido eletronicamente com o objetivo de compensar o(s) débito(s) nele discriminado(s) com crédito de COFINS. Após análise eletrônica, foi emitido Despacho Decisório, onde consta que a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP correspondente, foram localizados um ou mais pagamentos, integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 20 15 /2 01 3- 41 Fl. 71DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3301-006.297 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13888.902015/2013-41 Como enquadramento legal citou-se: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional - CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Devidamente cientificado, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade onde argumenta, essencialmente, o que se segue: - que a alegação de que não restou crédito disponível não pode ser entendida como fundamento para o despacho decisório; - que a autoridade administrativa quedou-se inerte na análise de qualquer situação que legitima o crédito postulado; - que o processo administrativo no âmbito federal tem regulamentação própria e deve ser observada pela autoridade julgadora; - que a Lei 9784, de 1999, no art. 2, inciso VIII, dispõe, entre outros, sobre os princípios da legalidade, motivação e observância das formalidades; - que a autoridade não se deu nem sequer ao trabalho de motivar seu despacho; - que se torna evidente que a não homologação desta compensação ocorreu por uma questão de sistema de informática, porque o crédito propriamente dito nem sequer foi apreciado; - que a autoridade administrativa limitou-se a verificar se o pagamento realizado estava disponível em seus sistemas; - que a única conclusão que se chega é a de que se trata do encontro de contas realizado pelo sistema da Receita Federal entregue o débito recolhido por DARF e o crédito declarado em DCTF; - que diversas situações que acarretariam na restituição do valor recolhido, seja pela inclusão indevida de valores na base de cálculo, seja por erro de fato na apuração do imposto, seja por situações que autorizam o contribuinte a reduzir valores da base de cálculo, hipóteses que são regulamentadas pela IN 1.300/2012; - que a autoridade administrativa furtou-se em analisar qualquer das possibilidades que ensejaria a restituição postulada; - que simplesmente não homologar a compensação sem explicar os motivos da suposta indisponibilidade do crédito, torna a decisão totalmente nula, por não oferecer os elementos necessários para que a empresa possa promover sua defesa e a prova da existência deste crédito; - que houve cerceamento de direito de defesa, porque a autoridade não analisou o mérito da compensação efetuada e nem sequer intimou a empresa a prestar os esclarecimentos necessários; - em observância ao princípio constitucional da eficiência, a administração está obrigada a intimar o interessado a fazer os esclarecimentos necessários e comprovar o alegado, sempre que lhe restar dúvidas; - que o crédito é legítimo, porque o valor efetivamente pago é maior do que o valor correto do débito apurado pela empresa; Fl. 72DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3301-006.297 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13888.902015/2013-41 - o contribuinte, ao calcular o débito, incluiu na base de cálculo não só a receita decorrente do seu faturamento, mas também receitas que não a deveriam compor; - não providenciou a devida retificação da DCTF, para que ela apresentasse os valores efetivamente devidos; - que ficou impossibilitada a oportuna apresentação de prova do direito alegado, já que nem a autoridade administrativa sabe o motivo do indeferimento, tampouco a impugnante; - há de ser aplicada a regra autorizadora da produção posterior de provas, para o momento em que a lide esteja delineada em seus termos. Ao final, pede-se que seja determinada a suspensão da exigibilidade do crédito tributário e que seja acatada a preliminar de nulidade. Por seu turno, a DRJ julgou a manifestação de inconformidade improcedente, concluindo que não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, em que argumenta que o Despacho Decisório não foi motivado, pois não esclareceu o motivo da não homologação. Assim, é nulo, pois violou o princípio da motivação. Além disto, a nulidade do Despacho Decisório decorre também do fato de a ausência de motivação impedir o exercício do direito de defesa. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3301-293. 325, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do processo 13888.901749/2014-93, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301-006. 293): O recurso voluntário preenche os requisitos legais e deve ser conhecido. No recurso voluntário, a recorrente alega apenas que o Despacho Decisório não foi motivado, pois não teria informado o motivo pelo qual a compensação não foi homologada. E, uma vez que não foi motivado, seria nulo (art. 50 da Lei nº 9.784/99). Não trouxe aos autos documentos para comprovar a higidez do direito creditório. O Despacho Decisório (fl. 81) informa que o valor do suposto crédito está integralmente vinculado a um débito, pelo que não pode ser utilizado para compensação. Não obstante seu laconismo, entendo que o ato não é nulo. Foi devidamente motivado (art. 50 da Lei nº 9.784/99), pois indica os elementos fático (vinculação do valor a outro débito) e jurídico (artigos 165 e 170 do CTN e 74 da Lei nº 9.430/96) em que se baseou. Fl. 73DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3301-006.297 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13888.902015/2013-41 A recorrente, todavia, não cumpriu sua parte, isto é, fazer prova do direito que alega deter (inciso I do art. 373 do Código de Processo Civil). Não apresentou documento ou mesmo informação acerca da origem do crédito. Desta forma, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 74DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.902759/2013-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jul 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Ano-calendário: 2011
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo.
Numero da decisão: 3301-006.308
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Ano-calendário: 2011 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jul 30 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13888.902759/2013-65
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6039957
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jul 30 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3301-006.308
nome_arquivo_s : Decisao_13888902759201365.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 13888902759201365_6039957.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
dt_sessao_tdt : Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
id : 7838395
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:49:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052118630268928
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-07-26T15:15:00Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-07-26T15:15:00Z; Last-Modified: 2019-07-26T15:15:00Z; dcterms:modified: 2019-07-26T15:15:00Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-07-26T15:15:00Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-07-26T15:15:00Z; meta:save-date: 2019-07-26T15:15:00Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-07-26T15:15:00Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-07-26T15:15:00Z; created: 2019-07-26T15:15:00Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2019-07-26T15:15:00Z; pdf:charsPerPage: 1719; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-07-26T15:15:00Z | Conteúdo => S3-C 3T1 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 13888.902759/2013-65 Recurso Voluntário Acórdão nº 3301-006.308 – 3ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de junho de 2019 Recorrente FISCHER INDUSTRIA MECANICA LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Ano-calendário: 2011 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). Relatório O presente processo trata de pedido de compensação transmitido eletronicamente com o objetivo de compensar o(s) débito(s) nele discriminado(s) com crédito de COFINS. Após análise eletrônica, foi emitido Despacho Decisório, onde consta que a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP correspondente, foram localizados um ou mais pagamentos, integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 27 59 /2 01 3- 65 Fl. 84DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3301-006.308 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13888.902759/2013-65 Como enquadramento legal citou-se: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional - CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Devidamente cientificado, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade onde argumenta, essencialmente, o que se segue: - que a alegação de que não restou crédito disponível não pode ser entendida como fundamento para o despacho decisório; - que a autoridade administrativa quedou-se inerte na análise de qualquer situação que legitima o crédito postulado; - que o processo administrativo no âmbito federal tem regulamentação própria e deve ser observada pela autoridade julgadora; - que a Lei 9784, de 1999, no art. 2, inciso VIII, dispõe, entre outros, sobre os princípios da legalidade, motivação e observância das formalidades; - que a autoridade não se deu nem sequer ao trabalho de motivar seu despacho; - que se torna evidente que a não homologação desta compensação ocorreu por uma questão de sistema de informática, porque o crédito propriamente dito nem sequer foi apreciado; - que a autoridade administrativa limitou-se a verificar se o pagamento realizado estava disponível em seus sistemas; - que a única conclusão que se chega é a de que se trata do encontro de contas realizado pelo sistema da Receita Federal entregue o débito recolhido por DARF e o crédito declarado em DCTF; - que diversas situações que acarretariam na restituição do valor recolhido, seja pela inclusão indevida de valores na base de cálculo, seja por erro de fato na apuração do imposto, seja por situações que autorizam o contribuinte a reduzir valores da base de cálculo, hipóteses que são regulamentadas pela IN 1.300/2012; - que a autoridade administrativa furtou-se em analisar qualquer das possibilidades que ensejaria a restituição postulada; - que simplesmente não homologar a compensação sem explicar os motivos da suposta indisponibilidade do crédito, torna a decisão totalmente nula, por não oferecer os elementos necessários para que a empresa possa promover sua defesa e a prova da existência deste crédito; - que houve cerceamento de direito de defesa, porque a autoridade não analisou o mérito da compensação efetuada e nem sequer intimou a empresa a prestar os esclarecimentos necessários; - em observância ao princípio constitucional da eficiência, a administração está obrigada a intimar o interessado a fazer os esclarecimentos necessários e comprovar o alegado, sempre que lhe restar dúvidas; - que o crédito é legítimo, porque o valor efetivamente pago é maior do que o valor correto do débito apurado pela empresa; Fl. 85DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3301-006.308 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13888.902759/2013-65 - o contribuinte, ao calcular o débito, incluiu na base de cálculo não só a receita decorrente do seu faturamento, mas também receitas que não a deveriam compor; - não providenciou a devida retificação da DCTF, para que ela apresentasse os valores efetivamente devidos; - que ficou impossibilitada a oportuna apresentação de prova do direito alegado, já que nem a autoridade administrativa sabe o motivo do indeferimento, tampouco a impugnante; - há de ser aplicada a regra autorizadora da produção posterior de provas, para o momento em que a lide esteja delineada em seus termos. Ao final, pede-se que seja determinada a suspensão da exigibilidade do crédito tributário e que seja acatada a preliminar de nulidade. Por seu turno, a DRJ julgou a manifestação de inconformidade improcedente, concluindo que não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, em que argumenta que o Despacho Decisório não foi motivado, pois não esclareceu o motivo da não homologação. Assim, é nulo, pois violou o princípio da motivação. Além disto, a nulidade do Despacho Decisório decorre também do fato de a ausência de motivação impedir o exercício do direito de defesa. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3301-293. 325, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do processo 13888.901749/2014-93, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301-006. 293): O recurso voluntário preenche os requisitos legais e deve ser conhecido. No recurso voluntário, a recorrente alega apenas que o Despacho Decisório não foi motivado, pois não teria informado o motivo pelo qual a compensação não foi homologada. E, uma vez que não foi motivado, seria nulo (art. 50 da Lei nº 9.784/99). Não trouxe aos autos documentos para comprovar a higidez do direito creditório. O Despacho Decisório (fl. 81) informa que o valor do suposto crédito está integralmente vinculado a um débito, pelo que não pode ser utilizado para compensação. Não obstante seu laconismo, entendo que o ato não é nulo. Foi devidamente motivado (art. 50 da Lei nº 9.784/99), pois indica os elementos fático (vinculação do valor a outro débito) e jurídico (artigos 165 e 170 do CTN e 74 da Lei nº 9.430/96) em que se baseou. Fl. 86DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3301-006.308 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13888.902759/2013-65 A recorrente, todavia, não cumpriu sua parte, isto é, fazer prova do direito que alega deter (inciso I do art. 373 do Código de Processo Civil). Não apresentou documento ou mesmo informação acerca da origem do crédito. Desta forma, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 87DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.904384/2012-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jul 30 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3301-001.111
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, requerendo à unidade de origem que: a) com base nos correspondentes dados contidos nos arquivos da RFB, confirme que as cópias das notas fiscais de venda anexadas ao recurso voluntário (fls. 87 a 640) correspondem às efetivamente emitidas no mês de junho de 2007 e as concilie com o demonstrativo de notas fiscais de venda (fls. 641 a 650); b) concilie os somatórios das notas fiscais de venda e valores devidos da COFINS indicados no demonstrativo de notas fiscais de vendas com os DACON e DCTF originais e retificadores e guia de recolhimento; c) a partir das descrições dos produtos contidas nas notas fiscais de venda e das autorizações do Ministério da Agricultura, confirme que os produtos vendidos poderiam ser enquadrados no rol de bebidas lácteas e então gozar do benefício da alíquota zero previsto no inciso XI do art. 1° da Lei n° 10.925/04; d) prepare demonstrativo, contendo as vendas de produtos lácteos realizadas entre os dias 15/06/07 e 30/06/07, e aplique a alíquota da COFINS sobre o somatório, para que então seja conhecido o valor pago a maior, passível de compensação; e e) emita relatório conclusivo, dê ciência ao contribuinte e abra prazo de 30 dias para manifestação.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Relator e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jul 30 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10280.904384/2012-38
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6039931
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jul 30 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3301-001.111
nome_arquivo_s : Decisao_10280904384201238.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10280904384201238_6039931.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, requerendo à unidade de origem que: a) com base nos correspondentes dados contidos nos arquivos da RFB, confirme que as cópias das notas fiscais de venda anexadas ao recurso voluntário (fls. 87 a 640) correspondem às efetivamente emitidas no mês de junho de 2007 e as concilie com o demonstrativo de notas fiscais de venda (fls. 641 a 650); b) concilie os somatórios das notas fiscais de venda e valores devidos da COFINS indicados no demonstrativo de notas fiscais de vendas com os DACON e DCTF originais e retificadores e guia de recolhimento; c) a partir das descrições dos produtos contidas nas notas fiscais de venda e das autorizações do Ministério da Agricultura, confirme que os produtos vendidos poderiam ser enquadrados no rol de bebidas lácteas e então gozar do benefício da alíquota zero previsto no inciso XI do art. 1° da Lei n° 10.925/04; d) prepare demonstrativo, contendo as vendas de produtos lácteos realizadas entre os dias 15/06/07 e 30/06/07, e aplique a alíquota da COFINS sobre o somatório, para que então seja conhecido o valor pago a maior, passível de compensação; e e) emita relatório conclusivo, dê ciência ao contribuinte e abra prazo de 30 dias para manifestação. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
dt_sessao_tdt : Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
id : 7838327
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:49:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052118939598848
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-07-24T13:59:50Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-07-24T13:59:50Z; Last-Modified: 2019-07-24T13:59:50Z; dcterms:modified: 2019-07-24T13:59:50Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-07-24T13:59:50Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-07-24T13:59:50Z; meta:save-date: 2019-07-24T13:59:50Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-07-24T13:59:50Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-07-24T13:59:50Z; created: 2019-07-24T13:59:50Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2019-07-24T13:59:50Z; pdf:charsPerPage: 2364; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-07-24T13:59:50Z | Conteúdo => 0 S3-C 3T1 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 10280.904384/2012-38 Recurso Voluntário Resolução nº 3301-001.111 – 3ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 22 de maio de 2019 Assunto DILIGÊNCIA Recorrente I C MELO & CIA LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, requerendo à unidade de origem que: a) com base nos correspondentes dados contidos nos arquivos da RFB, confirme que as cópias das notas fiscais de venda anexadas ao recurso voluntário (fls. 87 a 640) correspondem às efetivamente emitidas no mês de junho de 2007 e as concilie com o demonstrativo de notas fiscais de venda (fls. 641 a 650); b) concilie os somatórios das notas fiscais de venda e valores devidos da COFINS indicados no demonstrativo de notas fiscais de vendas com os DACON e DCTF originais e retificadores e guia de recolhimento; c) a partir das descrições dos produtos contidas nas notas fiscais de venda e das autorizações do Ministério da Agricultura, confirme que os produtos vendidos poderiam ser enquadrados no rol de bebidas lácteas e então gozar do benefício da alíquota zero previsto no inciso XI do art. 1° da Lei n° 10.925/04; d) prepare demonstrativo, contendo as vendas de produtos lácteos realizadas entre os dias 15/06/07 e 30/06/07, e aplique a alíquota da COFINS sobre o somatório, para que então seja conhecido o valor pago a maior, passível de compensação; e e) emita relatório conclusivo, dê ciência ao contribuinte e abra prazo de 30 dias para manifestação. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). Relatório Trata o presente processo de contestação contra Despacho Decisório, por meio do qual a DRJ não homologou compensação declarada por meio da Dcomp, devido à inexistência do direito creditório pretendido, vez que o DARF apontado pela contribuinte estaria integralmente utilizado para quitação de outro débito. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 80 .9 04 38 4/ 20 12 -3 8 Fl. 839DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 3301-001.111 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10280.904384/2012-38 Regularmente cientificada do referido Despacho Decisório, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, onde expõe que apurou e recolheu mensalmente valores indevidos de PIS/Pasep e de Cofins, utilizando esses pagamentos para compensação com débitos próprios. Mas, com o despacho de não homologação da compensação, se deu conta que não havia sido retificada a DCTF, estando o débito da contribuição confessado, ainda que indevido, bem como o valor informado no Dacon. Constatada essa irregularidade, diz que retificou a DCTF e o Dacon. Em relação a seu direito, aduz que o art. 32 da Lei nº 11.488, de 15/06/2007, alterando os arts. 1º e 8º da Lei nº 10.925, de 2004, inseriu os produtos “leite fermentado, bebidas e compostos lácteos e fórmulas infantis, assim definidas conforme previsão legal específica, destinados ao consumo humano ou utilizados na industrialização de produtos...”, que são por ela produzidos, no rol dos produtos com alíquota zero da contribuição ao PIS e à Cofins incidentes sobre a receita bruta de venda no mercado interno. Acredita, assim, que a não homologação por parte da autoridade fiscal se deu apenas em virtude de inconsistências formais, mas, uma vez sendo sanadas mediante a retificação da DCTF, não haveria mais impedimento para fruição do direito ao crédito compensado. Por seu turno, a DRJ em Curitiba (PR) julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, firmando o entendimento de que o Despacho Decisório que estaria correto, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Sustentou que a retificação de declaração já apresentada à RFB somente é válida quando acompanhada dos elementos de prova que demonstrem a ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração original. Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, em que repete os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade e traz novos documentos, dos quais destaco: notas fiscais de venda; demonstrativo de vendas e correspondentes valores devidos de PIS/COFINS, cujos totais de receita e de PIS/COFINS devidos estão conciliados com DCTF e DACON originais e retificadores; e PER/DCOMP. É o relatório. VOTO Conselheiro Winderley Morais Pereira - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3301-001.101, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 10280.903573/2012-93, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcreve-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301-001.101). Fl. 840DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 3301-001.111 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10280.904384/2012-38 O recuso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. A discussão gira em torno da comprovação da legitimidade do direito creditório (pagamento a maior da COFINS de junho de 2007) que instruiu o Pedido de Compensação (PER/DCOMP) não homologado pela RFB (Despacho Decisório, fl. 7). A recorrente teria recolhido a COFINS de junho de 2007 por valor maior do que o devido, por não ter observado que a alíquota da contribuição incidente sobre as bebidas lácteas que comercializava havia sido reduzida a zero pelo art. 32 da Lei n° 11.488/07, que alterou a redação do inciso XI art. 1° da Lei n° 10.925/04, a saber: "Art. 1o Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS incidentes na importação e sobre a receita bruta de venda no mercado interno de: (. . .) XI - leite fluido pasteurizado ou industrializado, na forma de ultrapasteurizado, leite em pó, integral, semidesnatado ou desnatado, leite fermentado, bebidas e compostos lácteos e fórmulas infantis, assim definidas conforme previsão legal específica, destinados ao consumo humano ou utilizados na industrialização de produtos que se destinam ao consumo humano; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (. . .)" Na manifestação de inconformidade, a recorrente trouxe os seguintes documentos (fls. 15 e 16): i) Despacho Decisório/Processo de Cobrança; ii) Recibo de Entrega e DACON Retificador do 1° semestre de 2007; iii) DCOMP; e iv) Recibo de entrega e DCTF Retificadora do 1° semestre 2007. O conteúdo foi considerado insuficiente pela DRJ, que ratificou o Despacho Decisório. No recurso voluntário, complementou o conjunto probatório com o seguinte: i) notas fiscais de venda do mês de junho de 2007; ii) demonstrativo das notas fiscais que compõem a base de cálculo da COFINS; iii) DACON; iv) DARF; e v) autorizações do Ministério da Agricultura para a Produção/Fabricação apenas de bebidas lácteas. Passo ao exame da contenda. Inicio, consignando que, em homenagem ao "Princípio da Verdade Material", fundado no "Princípio Constitucional da Legalidade", supero a preclusão do direito de carrear provas documentais aos autos (§ 4° do art. 16 do Decreto n° 70.235/72) e conheço dos documentos anexados ao recurso voluntário. De uma forma geral, verifica-se que as alegações da recorrente encontram respaldo na documentação acostada nos autos e na legislação aplicável, exceto quanto ao seguinte aspecto: a redução a zero da alíquota entrou em vigor em 15/06/07, de acordo com o art. 41 da Lei n° 11.488/07. Desta forma, os eventuais recolhimentos a maior apenas se verificaram nas vendas realizadas a partir de então. Sobre a documentação juntada pela recorrente, verifiquei que o somatório das vendas e dos valores devidos da COFINS conferem com os indicados nos DACON e DCTF originais e retificadores. E conciliei algumas notas fiscais com o demonstrativo de notas fiscais de venda e não encontrei divergências. Com efeito, o relator da decisão de piso reconheceu que havia evidências acerca da existência do direito, não o acatando, todavia, em razão de não ter sido comprovado que todas as vendas de junho de 2007 eram de bebidas lácteas, o que a recorrente procurou sanar, por meio da juntada das notas fiscais de venda e das que alegou serem as únicas autorizações para fabricação de produtos. Abaixo, trecho do voto condutor da decisão da DRJ (fls. 74 e 75): "(. . .) Fl. 841DF CARF MF Fl. 4 da Resolução n.º 3301-001.111 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10280.904384/2012-38 No presente caso, como alegado pela contribuinte, é fato que o art. 32 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, incluiu nova redação ao art. 1º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, nos seguintes termos: (. . .) Mas também é fato que, de acordo com a Consolidação de Contrato Social apresentada, em sua Cláusula 3ª, a empresa tem como objetivo social: “FABRICAÇÃO DE LATICÍNIOS; FABRICAÇÃO DE SUCOS DE FRUTAS (REFRESCOS DE FRUTAS); COMÉRCIO ATACADISTA DE LATICÍNIOS (IOGURTE); E FABRICAÇÃO DE SORVETES E OUTROS GELADOS COMESTÍVEIS”. Assim, apesar dos indícios trazidos pela interessada em relação ao pagamento a maior da contribuição, particularmente em relação à alteração legislativa, não restou demonstrado que toda ou qual parte de sua receita decorreria da venda de produtos sujeitos à alíquota zero. Isso porque, além dos produtos relacionados aos itens XI a XIII, acima transcritos, a empresa também desenvolve em sua atividade a fabricação e o comércio de outros produtos, que não os derivados lácteos. É preciso, portanto, para acatar a liquidez do crédito pretendido, a comprovação inequívoca do erro cometido quando da declaração do débito na DCTF originalmente apresentada, mediante a apresentação da escrituração contábil-fiscal, bem como de documentos que demonstrem que, de fato, o pagamento realizado foi indevido. (. . .)" Assim, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que a unidade de origem realize o seguinte: a) com base nos correspondentes dados contidos nos arquivos da RFB, confirme que as cópias das notas fiscais de venda anexadas ao recurso voluntário (fls. 87 a 640) correspondem às efetivamente emitidas no mês de junho de 2007 e as concilie com o demonstrativo de notas fiscais de venda (fls. 641 a 650); b) concilie os somatórios das notas fiscais de venda e valores devidos da COFINS indicados no demonstrativo de notas fiscais de vendas com os DACON e DCTF originais e retificadores e guia de recolhimento; c) a partir das descrições dos produtos contidas nas notas fiscais de venda e das autorizações do Ministério da Agricultura, confirme que os produtos vendidos poderiam ser enquadrados no rol de bebidas lácteas e então gozar do benefício da alíquota zero previsto no inciso XI do art. 1° da Lei n° 10.925/04; d) prepare demonstrativo, contendo as vendas de produtos lácteos realizadas entre os dias 15/06/07 e 30/06/07, e aplique a alíquota da COFINS sobre o somatório, para que então seja conhecido o valor pago a maior, passível de compensação; e e) emita relatório conclusivo, dê ciência ao contribuinte e abra prazo de 30 dias para manifestação. Cumpridas as etapas, os autos devem retornar conclusos ao CARF para julgamento. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que a unidade de origem realize o seguinte: a) com base nos correspondentes dados contidos nos arquivos da RFB, confirme que as cópias das notas fiscais de venda anexadas ao recurso voluntário correspondem às Fl. 842DF CARF MF Fl. 5 da Resolução n.º 3301-001.111 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10280.904384/2012-38 efetivamente emitidas no período informado e as concilie com o demonstrativo de notas fiscais de venda; b) concilie os somatórios das notas fiscais de venda e valores devidos do PIS/COFINS indicados no demonstrativo de notas fiscais de vendas com os DACON e DCTF originais e retificadores e guia de recolhimento; c) a partir das descrições dos produtos contidas nas notas fiscais de venda e das autorizações do Ministério da Agricultura, confirme que os produtos vendidos poderiam ser enquadrados no rol de bebidas lácteas e então gozar do benefício da alíquota zero previsto no inciso XI do art. 1° da Lei n° 10.925/04; d) prepare demonstrativo, contendo as vendas de produtos lácteos realizadas entre no período informado, e aplique a alíquota da COFINS sobre o somatório, para que então seja conhecido o valor pago a maior, passível de compensação; e e) emita relatório conclusivo, dê ciência ao contribuinte e abra prazo de 30 dias para manifestação. Cumpridas as etapas, os autos devem retornar conclusos ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Relator Fl. 843DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13051.720173/2011-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jul 05 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-001.047
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do redator designado, vencidos os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (relator), Corintho Oliveira Machado e Jorge Lima Abud, que lhe negavam provimento.
(documento assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Gilson Macedo Rosemburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado)
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jul 05 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13051.720173/2011-55
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6026872
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat Jul 06 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-001.047
nome_arquivo_s : Decisao_13051720173201155.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 13051720173201155_6026872.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do redator designado, vencidos os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (relator), Corintho Oliveira Machado e Jorge Lima Abud, que lhe negavam provimento. (documento assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Gilson Macedo Rosemburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado)
dt_sessao_tdt : Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
id : 7812027
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:48:31 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052119101079552
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-07-04T12:04:25Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-07-04T12:04:25Z; Last-Modified: 2019-07-04T12:04:25Z; dcterms:modified: 2019-07-04T12:04:25Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-07-04T12:04:25Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-07-04T12:04:25Z; meta:save-date: 2019-07-04T12:04:25Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-07-04T12:04:25Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-07-04T12:04:25Z; created: 2019-07-04T12:04:25Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; Creation-Date: 2019-07-04T12:04:25Z; pdf:charsPerPage: 2084; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-07-04T12:04:25Z | Conteúdo => 0 S3-C 3T2 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 13051.720173/2011-55 Recurso Voluntário Resolução nº 3302-001.047 – 3ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de abril de 2019 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente COOPERATIVA DOS SUINOCULTORES DE ENCANTADO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do redator designado, vencidos os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (relator), Corintho Oliveira Machado e Jorge Lima Abud, que lhe negavam provimento. (documento assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Gilson Macedo Rosemburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) Relatório Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento (PER) de créditos de Cofins Não-Cumulativa – Exportação, de que trata o art. 6º, § 2º da Lei nº 10.833, de 2004, pleiteado pela empresa em epígrafe por meio do PER (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso). Não há informação de compensações declaradas com referência no crédito. A DRF de origem indeferiu o pedido, emitindo Despacho Decisório no qual foi consignado que se trata de pedido em duplicidade. No referido despacho, aponta-se o número de outro PER/DCOMP referente ao mesmo crédito. Como fundamento para a decisão é indicada a seguinte base legal: parágrafo 7º do art. 21 e Parágrafo 2º do art. 28 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 2008. Devidamente cientificada, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, onde, preliminarmente, pugna pela nulidade do Despacho Decisório, que estaria eivado de vício formal insanável. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 30 51 .7 20 17 3/ 20 11 -5 5 Fl. 286DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 3302-001.047 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13051.720173/2011-55 Aponta que dito Despacho Decisório não veio acompanhado da devida fundamentação motivacional, mas apenas apontaria as supostas infrações cometidas pela Manifestante. Faltariam a exposição dos elementos de convicção, dos elementos fáticos e do motivo da inexistência de crédito. Concluiu que teria ocorrido cerceamento de defesa e colaciona doutrina, que entende corroborar seu raciocínio. Nesse trilhar, aponta ainda nulidade do procedimento por erro na capitulação legal. Faz um arrazoado sobre a validade do ato processual administrativo tributário, defendendo que o Despacho Decisório, para ser válido e eficaz, deve conter os requisitos fundamentais: agente capaz, forma prescrita ou não defesa em lei e objeto lícito. Aponta equívoco referente à tipificação do "enquadramento legal", ao indicar o parágrafo 7o do Art. 21 da Instrução Normativa RFB n° 900, de 2008, o qual trata sobre créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, que não guardaria relação com a suposta exigência descumprida. Aduz que, pelo erro cometido pela autoridade tributária (omissão da legislação que substanciaria a suposta irregularidade cometida no PER com a indicação de dispositivos imprecisos), haveria carência de elementos capazes e suficientes para precisar a real motivação da suposta duplicidade do pedido de ressarcimento em questão, dificultando o exercício de seu direito de defesa, importando em vício que acarreta a nulidade do Despacho Decisório. Argumenta que a capitulação legal é elemento essencial para a validade do Despacho Decisório, sob pena de cercear o direito de defesa do contribuinte. Traz julgados do Egrégio Conselho de Contribuintes que coadunam com suas alegações. No mérito, destaca, inicialmente, a correção do Pedido de Ressarcimento complementar de créditos. Argumenta que, apesar de serem referentes ao mesmo período, tratar-se-ia de pedidos diferentes. Acrescenta que no procedimento administrativo inexiste a figura da coisa julgada. Por fim, observa que enquanto não transcorrido o prazo prescricional para requerer créditos decorrentes da atividade da empresa, não estaria ela ofuscada pela decisão administrativa do pedido anterior. Relata que a apuração dos créditos no pedido original foi feita com a utilização do método "Base na Proporção da Receita Bruta Auferida", com base nos artigos 3º, § 7º e § 8º das Leis n.° 10.833/03 e 10.637/02, conforme se depreende do DACON. No entanto, narra que efetuou um trabalho de revisão fiscal com recálculo dos créditos de Cofins Não-Cumulativa – Mercado Interno no período, referente ao rateio proporcional da receita bruta auferida pela Manifestante, alterando os percentuais dos créditos passíveis de ressarcimento, mas que não foram alvos do outro pedido. Alega que havia inserido "receitas" das vendas, oriundas da comercialização de bens e mercadorias referente a atos cooperados, no primeiro pedido de ressarcimento de Cofins Não-Cumulativa. Então, ao recalcular a totalidade das receitas, desconsiderando as vendas referentes aos atos cooperados, conforme previsto em lei, chegou-se a um novo percentual de receitas para o mercado interno e exportação. Demonstra o recálculo por meio de um exemplo prático. Argumenta que, constatado o erro no percentual outrora empregado, verificou-se, por conseguinte, que a empresa havia requerido valor a menor, razão pela qual, dentro do prazo prescricional, fez pedido referente apenas à parcela que ficou de fora do outro pedido, por ser a Fl. 287DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 3302-001.047 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13051.720173/2011-55 única forma de haver ressarcido os valores decorrentes de tais créditos apurados após o trabalho de revisão fiscal, já que entende que as operações com cooperados não configuram receitas. Traz acórdãos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Assevera que a IN RFB 900/08, em seu art. 77, não permite que o contribuinte efetue a retificação do pedido de ressarcimento após a decisão administrativa. Então, como possui valores passíveis de ressarcimento que foram levantados no recálculo, apresentou novo pedido, já que não havia outra forma de pleitear a diferença. Por fim, destaca que referido pedido "complementar" não se trata de aumento de crédito, mas de realocação do rateio proporcional dos créditos passíveis de ressarcimento e que acarretaram no pedido "complementar". Da correção monetária ao pedido de ressarcimento Defende que a demora no reconhecimento do crédito implica que se proceda à devida correção pela Selic desde a data do protocolo do pedido a fim de reparar a mora e o poder aquisitivo do crédito. Pugna pela devida correção dos créditos pela taxa SELIC, desde a data dos seus protocolos, em conformidade com o art. 39, § 4.° da Lei n° 9.250/95 e com a Súmula n° 411 do STJ. Do Pedido Requer, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório face às irregularidades apontadas e, no caso de não acolhimento do pedido anterior, no mérito, a reforma do Despacho Decisório uma vez que o PER analisado trata-se de pedido complementar de crédito, o qual deve ser acrescido da devida correção monetária pela taxa Selic, desde a data do protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento/compensação. Por seu turno, a DRJ julgou a impugnação improcedente. Irresignado, o recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, repisando os argumentos apresentados anteriormente na manifestação de inconformidade. É o breve relatório. VOTO Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302-001.041, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 13051.720140/2011-13, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 288DF CARF MF Fl. 4 da Resolução n.º 3302-001.047 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13051.720173/2011-55 Ressalte-se que a decisão do paradigma foi contrária ao meu entendimento pessoal. Todavia, como fui vencido na votação, ao presente processo deve ser aplicada a posição vencedora, conforme consta da ata da sessão do julgamento. Transcreve-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302-001.041). Com as vênias de praxe, dissinto do entendimento do eminente Relator no sentido de negar provimento ao recurso voluntário." Entende o relator que o PER 40274.87969.270409.1.1.09-4700 objeto dos autos deve ser caracterizado como um pedido de retificação do pedido original nº 31498.58811.160508.1.5.09-2039, que trata do mesmo trimestre do tributo, sendo que a norma que regulamenta o pedido de ressarcimento só permite sua retificação antes de qualquer decisão administrativa, nos termos do art. 77 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008, vigente na época dos fatos. Entende, ainda, que como já havia decisão administrativa sobre o pedido de ressarcimento original, quando do protocolo do pedido de retificação, que a retificação do PER original por força do impeditivo normativo não deve surtir efeitos. Entretanto, respeitosamente não concordo com as assertivas explicitadas pela i. relator, na medida em que inexiste no ordenamento jurídico pátrio qualquer restrição ao direito contribuinte de efetuar novo pedido de ressarcimento que tenha por objeto o mesmo trimestre de tributo já pedido anteriormente, desde que não haja similitude de créditos e que seja respeito o prazo prescricional para o exercício do direito de ressarcimento. Ora, entendo ser totalmente aceitável que ao contribuinte seja concedido o direito de rever seus lançamentos e, ultrapassado o prazo de retificar o pedido original previsto na IN 900/2008, realize novo de pedido de ressarcimento. No caso dos autos, a Recorrente afirmou tratar-se de pedidos de ressarcimento diferentes, decorrente de recálculo dos créditos de PIS/COFINS não cumulativo que modificou o percentual de rateio do mercado interno não-tributado e mercado de exportação. Ou seja, o primeiro pedido foi realizado em valor ao menor do que aquele efetivamente devido, fato este que motivou a apresentação de pedido complementar. Ao que parece estamos diante de dois pedidos distintos, o original e o complementar, que tem em comum o fato de se referirem ao mesmo trimestre do tributo. E, em se tratando de pedidos distintos, o limite para o exercício do direito ao pedido complementar é o prazo prescricional para o exercício do direito ao ressarcimento e, não do prazo de retificação previsto na IN 900/2008. Contudo, não obstante a Recorrente tenha carreado documentos para comprovar suas alegações, faz necessário que a fiscalização apure se há similitude dos créditos apresentados nos PER nº s 40274.87969.270409.1.1.09-4700 e 31498.58811.160508.1.5.09-2039, intimando, para tanto, à Recorrente para apresentar documentos que entender necessário à conclusão da diligência. O fundamento para o indeferimento foi por duplicidade de pedido, aparentemente, calcado na identidade do trimestre, do tributo e do tipo de crédito "Cofins Não- Cumulativa" - Mercado Interno. A base legal foram os artigos 21, §7º e 28, §2º da IN RFB nº 900/2008, a saber: Art. 21. Os créditos do IPI, escriturados na forma da legislação específica, serão utilizados pelo estabelecimento que os escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados. [...]§ 7º Cada pedido de ressarcimento deverá: Fl. 289DF CARF MF Fl. 5 da Resolução n.º 3302-001.047 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13051.720173/2011-55 I - referir-se a um único trimestre-calendário; e II - ser efetuado pelo saldo credor passível de ressarcimento remanescente no trimestre calendário, após efetuadas as deduções na escrituração fiscal. Art. 28. O pedido de ressarcimento a que se refere o art. 27 será efetuado pela pessoa jurídica vendedora mediante a utilização do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante petição/declaração em meio papel acompanhada de documentação comprobatória do direito creditório. [...]§ 2º Cada pedido de ressarcimento deverá: I - referir-se a um único trimestre-calendário; e II - ser efetuado pelo saldo credor remanescente no trimestre-calendário, líquido das utilizações por desconto ou compensação De início, entendo que o requisito de que cada pedido corresponda a um trimestre não implica a consequência contrária, ou seja, que cada trimestre corresponda a um único pedido. Esta possibilidade, inclusive está expressa no artigo 22 da referida instrução normativa, ao permitir a existência de pedido de ressarcimento residual relativo a créditos objeto de pedidos anteriores. Art. 22. O saldo credor passível de ressarcimento relativo a períodos encerrados até 31 de dezembro de 2006, remanescente de utilizações em pedido de ressarcimento ou Declaração de Compensação apresentados à RFB até 31 de março de 2007, bem como os relativos a trimestres encerrados após 31 de dezembro de 2006, remanescente de utilizações em pedidos de ressarcimento ou Declaração de Compensação formalizados mediante a apresentação de petição/ declaração em meio papel entregues à RFB a partir de 1º de abril de 2007, somente poderá ser ressarcido ou utilizado para compensação após apresentação de pedido de ressarcimento do valor residual. Assim, admito não haver incompatibilidade inerente entre a possibilidade de apresentar um pedido de ressarcimento relativo a um mesmo período e da mesma natureza já pedidos. Porém, é necessário entender que a instituição de sistemas eletrônicos e travas operacionais são plausíveis, de modo a possibilitar análises céleres e identificação de possíveis situações caracterizadoras de pedidos de ressarcimentos indevidos. Inclusive a regra de impossibilidade de retificação de PER após o despacho decisório é plausível, pois não faria sentido retroagir processualmente para inovar um pedido para o qual já houvesse decisão administrativa, com litígio eventual já delimitado. Todavia, ao interpretar que a instrução normativa, concluindo pela impossibilidade de PER complementar, estar-se-ia implementando um novo prazo prescricional, qual seja, a emissão de despacho decisório. Sabe-se que tal prescrição está contida no Decreto 20.910/32, cujo artigo 1º dispõe: Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. Contudo, ao admitir que cada trimestre seja realizado por apenas um pedido, sem possibilidade de complementação, acaba por resultar em estabelecimento de novo prazo prescricional para que o contribuinte exerça o direito ao ressarcimento de créditos. Assim, ainda que o contribuinte dispusesse de anos para pedir o ressarcimento, após a emissão do despacho decisório, qualquer valor ainda não pedido, seja por qualquer motivo, tornar-se-ia prescrito, já que impossível qualquer retificação ou apresentação de PER complementar. Como ficaria o direito do contribuinte se eventuais créditos somente fossem reconhecidos em ato normativo emitido pela própria RFB posterior a pedidos já decididos, mas antes de escoado o prazo do Decreto nº 20.910/32, tal qual o Parecer Normativo Cosit nº 5/2018, que estabeleceu novo conceito de insumos para efeito da não-cumulatividade das contribuições? Fl. 290DF CARF MF Fl. 6 da Resolução n.º 3302-001.047 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13051.720173/2011-55 Entendo que a IN não pretendeu a alteração deste prazo. Conforme já exposto, a retificação de PER é vedada após a emissão de despacho decisório e nesta vedação residem motivos de ordem processual e mesmo de eficiência da análise eletrônica de PER/DCOMPS. Todavia, o contribuinte não apresentou uma retificadora, mas um novo PER do mesmo período, tributo e tipo de crédito, que o sistema presumiu como duplicidade dos pedidos. Porém, tal presunção de indeferimento não se verifica, pois o pedido, em princípio, não está em duplicidade, em vista das alegações e documentos apresentados. A presunção de duplicidade ocorreu em função apenas do período, tributo e da natureza do crédito, mas não dos valores pleiteados, o revela um critério da Administração para o tratamento eletrônico, mas que pode não corresponder à verdade material dos pedidos, nem pode servir para a configuração de novo prazo prescricional. Assim, voto no sentido de afastar a presunção de duplicidade reconhecida eletronicamente, para que tal duplicidade seja aferida pela análise dos valores efetivamente pleiteados pela unidade de origem. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência para que órgão de origem avalie a duplicidade de pedidos de ressarcimento e compensação reconhecida eletronicamente, mediante análise dos valores efetivamente pleiteados na unidade de origem. Após sanadas essas dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 291DF CARF MF
score : 1.0