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Numero do processo: 10880.908397/2006-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 22 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2402-000.755
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil realize as verificações e procedimentos discriminados no voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada à contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias.
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
Renata Toratti Cassini - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil realize as verificações e procedimentos discriminados no voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada à contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. Denny Medeiros da Silveira Presidente Renata Toratti Cassini Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. Relatório Por bem descrever os fatos até a decisão de primeira instância, adoto relatório da decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Tratase da Manifestação de Inconformidade, de fls. 8/16, apresentada contra o Despacho Decisório Eletrônico de fls. 6, da DERAT/SPO, que não homologou a compensação declarada no PER/DCOMP 04482.00280.050603.1.3.040961, para extinguir o débito de IRRF, código 57061, apurado na la semana de maio de 2003, no montante de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 08 39 7/ 20 06 -7 9 Fl. 1078DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.079 2 R$ 1.326.629,23, com crédito decorrente do pagamento indevido no valor de R$ 1.109.129,03, realizado por meio de DARF pago em 30/04/2002, que teria sido recolhido indevidamente. O motivo da não homologação, conforme despacho de fls. 06, é que teriam sido localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação da totalidade dos débitos informados no PER/DCOMP. A conclusão do despacho decisório foi assim apresentada: Diante as inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. Valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente compensados, para pagamento até 31/01/2008. Cientificado, em 08/02/2008, por via postal, conforme doc. de fls. 07, o contribuinte apresentou, em 10/03/2008, a Manifestação de Inconformidade de fls. 08/16, acompanhada dos documentos de fls. 17/152, com as seguintes alegações: teria recolhido o DARF, código de receita 5706 (IRRF — Juros Sobre o Capital Próprio), cujo principal foi R$ 4.599.938,78 e multa de R$ 303.595,95, totalizando R$ 4.903.534,73, e o reconhecimento contábil do recolhimento do tributo, teria sido realizado pelo regime de competência, em 31/03/2002 (Anexo 03). findos os prazos indicados para que os acionistas comprovassem sua eventual condição de isenção/imunidade, tal como o 'Aviso aos Acionistas" teria feito previsão em seu item II, teria apurado o valor efetivo, a titulo de IRRF devido, seria de R$ 3.167.385,42, conforme relatório pormenorizado de acionistas que acompanha a presente (Anexo 04). teriam ocorrido erros materiais no preenchimento do DARF (Anexo 06), no período de apuração que em vez de 06/04/2002, seria 31/03/2002. A evidência do erro pode ser constatada cotejandose o citado documento com a escrituração contábil da recorrente, vez que, conforme já anunciamos, tal lançamento foi atribuído à 31 de março de 2002 (, nexo;03). Este erro não causou qualquer prejuízo para a arrecadação. teriam ocorrido duas impropriedades em relação a DCTF do período: o crédito foi declarado na DCTF do 2° trimestre e o correto seria no 1° trimestre de 2002, esta falha teve vincula ção inequívoca Fl. 1079DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.080 3 com o erro cometido no preenchimento do campo "Período de Apuração" do DARF. e a outra falha formal seria a ausência da retificação da DCTF, para indicar o correto débito de IRRF sobre os JSCP do período que teria passado do valor de R$ 4.599.938,78 para 3.167.385,42. o recolhimento teria sido no montante de R$ 4.599.938,78 (principal), devendo ser o saldo remanescente em seu favor de R$ 1.432.553,36, referente ao tributo e de R$ 94.548,52 de multa a devolver proporcionalmente, perfazendo um crédito a ser restituído/compensado de R$ 1.527.101,88 ern valores históricos. apresentou o Per/Dcomp sob análise para guitar o débito no montante de R$ 1.326.629,23, código de receita 5706, com período de apuração l a sem/maio/2003, com vencimento em 07/05/2003, aproveitando o equivalente a R$ 1.109.129,03 de seu indébito. na página 2 do Per/Dcomp (Anexo 5) verificase que foi indicado no campo "Valor Original do Crédito Inicial", o valor de R$ 1.109.129,03, e o valor correto que deveria ter sido indicado seria R$ 1.527.101,88. ainda tratandose da Per/Dcomp, em especial a folha 3, vez que o Período de Apuração contido no DARF utilizado para recolhimento do IRRF sobre os JSCP demonstrouse errôneo, merece reparo a linha "Período de Apuração", para fazer constar, corretamente, a data de 31/03/2002. as irregularidades formais não poderiam se sobrepor à realidade fática, corroborada por documentos idôneos e capazes de demonstrar inequivocamente o direito creditório da Recorrente. A DRJ julgou a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo recorrente improcedente e manteve a não homologação da compensação, em decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTARIA Ano calendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO. COMPENSAÇÃO. Não comprovada a ocorrência de PAGAMENTO INDEVIDO, indeferese o pedido de restituição, com a conseqüente não homologação da compensação vinculada ao crédito indeferido. O crédito usado em compensação há que ser revestido de liquidez e certeza na data da transmissão da PERDCOMP. Solicitação Indeferida Intimado dessa decisão aos 01/09/09 (fls. 165), o recorrente apresentou recurso voluntário aos 01/10/09 (fls. 204/217), alegando, em síntese: a homologação das compensações é ato vinculado que cabe à autoridade administrativa que se depara com a satisfação de todas as exigências impostas pela lei para que o crédito seja considerado extinto, dentre as quais está a existência e suficiência do crédito invocado pelo contribuinte; é dever de ofício da autoridade fiscal aferir se há correspondência entre aquilo que está demonstrado documentalmente por meio das informações constantes dos deveres Fl. 1080DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.081 4 instrumentais e as demais provas juntadas aos autos em obdiência ao princípio da verdade material que rege o processo administrativo fiscal, sob pena de exigência de tributo consubstanciado em fato gerador inexistente. Cita julgados deste Tribunal no sentido da necessidade de valoração dos fatos em detrimento da forma; a autoridade julgadora de primeira instância sequer considerou que as informações contidas no DARF, DCTF e na própria PER/DCOMP refletiam ou poderiam refletir a verdade fática da situação, julgando improcedente o pedido do recorrente ao argumento de que "... uma vez analisada a DCOMP, não é mais admitida qualquer alteração do seu conteúdo", escusandose da análise das provas carreadas aos autos do processo administrativo, o que torna nulo o acórdão recorrido; ofereceu ao julgador a quo prova documental que permitia facilmente a identificação nominal de cada um dos seus acionistas beneficiários do JCP, detalhando o tratamento tributário dispensado a cada um deles (imune, isento ou tributado), os respectivos valores bruto e líquido, montante do imposto retido, bem como os números de inscrição no cadastro do MF (CNPJ e CPF), sendo que os valores indicados estão amparados pelos lançamentos contábeis do imposto pago e do valor a ser recuperado constantes do Livro Diário do recorrente, também anexado aos autos; a ausência de retenção do imposto relativamente aos beneficiários caracterizados como "fundo de investimento em ações" decorre de disposição expressa de lei, qual seja o art. 28, § 10, "b" da Lei nº 9532/97; não obstante os fatos narrados, procede à juntada aos autos de extratos de consultas dos CNPJ's dos seus acionistas obtidas no sítio da Receita Federal do Brasil na rede mundial de computadores, que demonstram que todos os acionistas tratados como isentos ou imunes apresentam "Código e Descrição da Atividade Econômica Principal" compatível com esse tratamento que lhes foi dispensado (fls. 256/1080); e, por fim, ausência de responsabilidade da fonte pagadora após consumado o período de apuração do imposto de renda e da entrega das respectivas declarações pelos beneficiários uma vez que a responsabilidade da fonte pagadora se exaure no exato momento em que o beneficiário do pagamento deve apresentar sua declaração de rendimentos. A partir de então, eventual responsabilidade acerca do imposto devido passa a ser do beneficiário do rendimento. Não houve contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheira Renata Toratti Cassini Relatora O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. O recorrente apresentou PER/DComp visando ao aproveitamento de excesso de recolhimentos de IRRF sobre o pagamento de Juros Sobre o Capital Próprio relativamente ao Fl. 1081DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.082 5 primeiro trimestre de 2002 (1T02) para quitação de débito de tributo da mesma espécie (IRRF Juros Sobre Capital Próprio) da competência da 1ª semana de maio de 2003. O despacho decisório, fundado nas informações da DCTF e do PER/Dcomp, entendeu que os valores recolhidos a título de IRRF sobre JCP relativamente ao 1T02 teriam sido integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos pretendidos, acarretando a não homologação da compensação declarada. Em sua manifestação de inconformidade, o recorrente defendeu a necessidade do despacho decisório ser reformado em razão de terem sido apurados vícios formais no preenchimento do documento de arrecadação (DARF), na DCTF e na própria PER/Dcomp. O acórdão recorrido, por sua vez, mesmo à vista das informações quanto aos erros de fato cometidos pelo recorrente no preenchimento da DCOMP, houve por bem manter a decisão que não homologou a compensação ao argumento de que "pesa sobre o contribuinte a exatidão dos valores informados, visto que, uma vez analisada a DCOMP, não é mais admitida qualquer alteração do seu conteúdo", pelo que "o alegado erro de preenchimento da DCOMP não pode ser admitido, eis que, a retificação do crédito tem a mesma natureza de uma Declaração de Compensação de débitos não homologados o que não é permitido pela legislação". Ademais, acrescentou que: "no tocante ao mérito do indébito, em razão do que alguns acionistas seriam isentos e imunes ao IR, tais como o Governo do Estado de São Paulo, à época detinha quase 70% do capital da Recorrente, e que as Prefeituras Municipais e Entidades de Previdência Complementar também integravam seu quadro acionário e que não eram passíveis de tributação pelo IRRF. Corrobora sua alegação com a apresentação do relatório pormenorizado de acionistas (anexo 04) onde constaria o total de IRRF devido. Ocorre, entretanto, que na referida lista constam vários acionistas, entre eles, por exemplo, em fls. 130, a empresa" LW FUNDO DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES", para o qual não foi colacionado aos autos a razão de o contribuinte considerálo imune ou isento ao IRRF sobre os JSCP". Prossegue argumentando que não foram juntados aos autos documentos que comprovassem a efetiva condição de isentos ou imunes dos acionistas assim qualificados pela recorrente. De fato, conforme reconhece o próprio recorrente, por ocasião dos lavantamentos promovidos em face da não homologação da compensação, constatouse a ocorrência de erros materiais no preenchimento do DARF que deram origem ao recolhimento a maior, da DCTF e, também, da DCOMP. A decisão recorrida, como dito, entendeu que o alegado erro de preenchimento da DCOMP não pode ser admitido, uma vez que a retificação do crédito tem a mesma natureza de uma Declaração de Compensação de débitos não homologados, o que não é permitido pela legislação. Ademais, embora reconheça que o recorrente apresentou relatório pormenorizado Fl. 1082DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.083 6 de acionistas no qual constaria o total de IRRF devido e, de fato, haja previsão legal expressa no art. 28, § 10, "b", da Lei nº 9.532/971 da não incidência de IRRF sobre JCP recebidos por fudos de investimentos, entendeu que tais dados não eram suficientes para comprovar a condição de isenção/imunidade dos acionistas do recorrente, e que não foram colacionados aos autos os referidos documentos, que comprovassem a efetiva condição de isentos e imunes daqueles acionistas". Dispõe o art. 56 da IN/RFB nº 460/04 que após a emissão do Despacho Decisório, não é mais possível que o contribuinte proceda à retificação da DCOMP. Todavia, no que diz respeito à possibilidade de erro ou retificação da DCOMP, adoto o posicionamento da Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto (1ª Seção, 3ª Câmara, 1ª Turma Ordinária) proferido recentemente nos autos do processo nº 13005.901308/200912, segundo o qual "o erro de preenchimento de Dcomp não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que o contribuinte não pode apresentar uma nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal, além de permitir um indevido enriquecimento ilícito por parte do Estado, ao auferir receita não prevista em lei"2 (Destacamos). Essa decisão serviu de paradigma para o julgamento de diversos outros recursos neste Tribunal na sistemática dos recursos repetitivos, prevista no art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015, dentre os quais cito o Acórdão de nº 1301003.441, do qual transcrevo os seguintes trechos, para que integrem o presente voto como razões de decidir: (...) Segundo o Despacho Decisório, todo o DARF relacionado estava alocado para um débito, de tal forma que não restou nenhum crédito disponível a ser compensado, não homologando a compensação pleiteada. De igual forma entendeu o acórdão recorrido, que na data da transmissão da Perdcomp, o crédito não se encontrava líquido e certo, bem como faltou ao recorrente trazer a prova do indébito tributário. (...) O ponto aqui é que a PerdComp apresentada pelo contribuinte contém erro material, e tal fato, por si só não pode embasar a negação ao seu direito de crédito, bem como leva ao enriquecimento ilícito do Estado. Dessa forma, este Colegiado tem tido o entendimento de se reconhecer parte do requerido pelo recorrente, no sentido de não lhe suprimir instâncias de julgamento, e oportunizar que documentos sejam 1 Art. 28 (...) § 10. Ficam isentos do imposto de renda: (...) b) os juros de que trata o art. 9º da Lei nº 9.249, de 1995, recebidos pelos fundos de investimento. 2 Acórdão nº 1301003.432 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Fl. 1083DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.084 7 analisados a fim de analisar o efetivo erro e consequentemente seu direito de crédito. Assim, tendo em vista o princípio da busca da verdade material, já que juntou documentos, ainda que em sede recursal, daquilo que faria jus ao seu direito, voto no sentido de se afastar o óbice de retificação da PerdComp apresentada. E dessa forma, a unidade de origem poderá verificar o mérito do pedido, acerca da existência do crédito e da respectiva compensação, bem como analisar a liquidez e certeza do referido crédito, nos termos do art. 170, do CTN. Posteriormente, podese seguir o rito processual habitual. (Destacamos) Contudo, para fins de homologação da DCOMP, necessária a apreciação do direito creditório do recorrente. Neste ponto, entendo não ser possível homologar, neste momento, a compensação declarada pelo recorrente, uma vez que isso implicaria supressão da competência da Unidade de Origem para análise do direito creditório. Desse modo, considerando a possibilidade de apreciação e correção do erro material no preenchimento do PER/DComp e os demais documentos relacionados (DARF e DCTF) por parte do recorrente, entendo que os presentes autos devem retornar à Unidade de Origem para que analise o mérito do pedido do recorrente e emita despacho decisório complementar, seguindose, a partir de então, o rito processual de praxe. É como voto. (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Fl. 1084DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10825.901479/2009-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
CRÉDITO DE IPI. EMISSÃO DE DOCUMENTO FISCAL COM OS DADOS DA EMPRESA INCORPORADA APÓS A INCORPORAÇÃO.
A emissão de documentos fiscais por empresa incorporada, após a data de incorporação, possui aptidão para conferir direitos creditórios, atendidos os requisitos que amparam a idoneidade dos respectivos documentos, nos termos do artigo 322, do RIPI/2002.
Numero da decisão: 3401-006.136
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, acolhendo o resultado da diligência.
(assinado digitalmente)
ROSALDO TREVISAN - Presidente.
(assinado digitalmente)
TIAGO GUERRA MACHADO - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: TIAGO GUERRA MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 CRÉDITO DE IPI. EMISSÃO DE DOCUMENTO FISCAL COM OS DADOS DA EMPRESA INCORPORADA APÓS A INCORPORAÇÃO. A emissão de documentos fiscais por empresa incorporada, após a data de incorporação, possui aptidão para conferir direitos creditórios, atendidos os requisitos que amparam a idoneidade dos respectivos documentos, nos termos do artigo 322, do RIPI/2002.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, acolhendo o resultado da diligência. (assinado digitalmente) ROSALDO TREVISAN - Presidente. (assinado digitalmente) TIAGO GUERRA MACHADO - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 CRÉDITO DE IPI. EMISSÃO DE DOCUMENTO FISCAL COM OS DADOS DA EMPRESA INCORPORADA APÓS A INCORPORAÇÃO. A emissão de documentos fiscais por empresa incorporada, após a data de incorporação, possui aptidão para conferir direitos creditórios, atendidos os requisitos que amparam a idoneidade dos respectivos documentos, nos termos do artigo 322, do RIPI/2002. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, acolhendo o resultado da diligência. (assinado digitalmente) ROSALDO TREVISAN Presidente. (assinado digitalmente) TIAGO GUERRA MACHADO Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Rodolfo Tsuboi (Suplente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 5. 90 14 79 /2 00 9- 08 Fl. 331DF CARF MF 2 convocado), Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório Cuidase de Recurso Voluntário contra decisão da 12ª Turma da DRJ/RPO, que considerou improcedente as razões da Recorrente sobre a nulidade de Despacho Decisório (fls. 96 e seguintes), exarado pela DRF Bauru, em 09.03.2010, que deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento do saldo credor do IPI, do 1º trimestre/2004, em razão da ocorrência de glosas de créditos considerados indevidos. Do Despacho Decisório Naquela ocasião, a D. Fiscalização glosou um total de R$71.090,08 (setenta e um mil, noventa reais e oito centavos), conforme conclusão do Termo de Constatação Fiscal (fls. 110 e seguintes), abaixo destacado: Da Manifestação de Inconformidade A Contribuinte tomou ciência do Despacho Decisório (fls.101 e seguintes) e interpôs Manifestação de Inconformidade (fls. 103 e seguintes ), alegando, em síntese: o que ocorreu no presente caso é que através de uma operação normal com um fornecedor, empresa SATIPEL MINAS INDUSTRIAL LTDA, CNPJ nº 25.338.492/001807, o contribuinte se valeu de seu direito de se creditar do valor do IPI pago na operação e agora quer se valer do direito de ter restituído o mencionado montante; todas as operações realizadas com a empresa citada foram devidamente documentadas, através de documentos idôneos, quais sejam, as notas fiscais, bem como as duplicatas devidamente pagas, conforme se observa através dos comprovantes de pagamentos, estando todos os mencionados documentos anexos ao presente pedido; Fl. 332DF CARF MF Processo nº 10825.901479/200908 Acórdão n.º 3401006.136 S3C4T1 Fl. 294 3 não há de se admitir que a empresa Zanzini seja impedida de se creditar do montante de IPI pago, mesmo porque, caso a empresa SATIPEL MINAS INDUSTRIAL LTDA não tenha recolhido o IPI referente às notas fiscais de tais operações, a empresa incorporadora é diretamente responsável pelas obrigações tributárias da empresa incorporada, não havendo, dessa forma, motivo para obstar a restituição dos valores do IPI à Zanzini & Cia Ltda. Por fim, requer o reconhecimento do direito creditório de R$ 70.939,91.(fl. 214) Da Decisão de 1ª Instância Sobreveio Acordão 1459.362 (fls 213 e seguintes), exarado pela 12ª Turma da DRJ/RPO, em 15.08.2015 , do qual a Contribuinte tomou conhecimento em 20.08.2015 (fl. 225), através do qual foi mantido integralmente o crédito tributário lançado nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA É incontroversa a matéria não especificamente contestada em manifestação de inconformidade. CRÉDITO DE IPI. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. A emissão de documentos fiscais por empresa incorporada, após a data de incorporação, não possui aptidão para conferir direitos creditórios. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Dessa decisão, importante destacar os seguintes excertos: (...) GLOSAS DE CRÉDITO – FORNECEDOR NA SITUAÇÃO DE CANCELADO NO CNPJ Em relação às glosas de crédito decorrente de aquisições de fornecedor na situação de cancelado no cadastro CNPJ, a manifestante alega que a empresa foi incorporada, mas que de fato ocorreram as operações. O instituto da incorporação acarreta a extinção da empresa incorporada, conforme dispõe a Lei n° 6.404/64, nos seguintes termos: (...) Fl. 333DF CARF MF 4 Os documentos juntados noticiam a continuidade das operações da empresa incorporada, SATIPEL MINAS INDUSTRIAL LTDA, contudo, referida atividade deve ser exercida em nome da empresa incorporadora que é quem mantém personalidade jurídica. Ademais, com a incorporação, as operações desenvolvidas por estabelecimento remanescente devem ser lançadas e tributadas na empresa incorporadora. Ressalto, que a legislação do Imposto de Renda e Proventos de qualquer Natureza definem regras para apuração do imposto devido e apresentação de obrigação acessória incompatível com a prática narrada pela interessada, como o artigo abaixo transcrito. (...) Vêse, portanto, que a empresa incorporada não tem existência jurídica após a incorporação, de modo que, os documentos fiscais emitidos não possuem aptidão para gerar efeitos jurídicos, inclusive, direitos creditórios. Quanto à comprovação de que as operações efetivamente ocorreram, quando as notas fiscais não se prestam ao feito, como é o presente caso, a empresa deve comprovar o efetivo pagamento e a entrada das mercadorias no estabelecimento industrial. A manifestante juntou, às fls. 65/210, somente documentos relativos aos pagamentos, não fazendo prova do internamento da mercadoria no estabelecimento, de modo que fico impedido de reconhecer tais créditos. Ante o exposto, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade. Irresignado, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, que veio a repetir os argumentos apresentados na impugnação e apresentar, ainda, os seguintes: Fl. 334DF CARF MF Processo nº 10825.901479/200908 Acórdão n.º 3401006.136 S3C4T1 Fl. 295 5 Fl. 335DF CARF MF 6 O processo foi distribuído a mim e, em sessão de 30.08.2018, foi convertido em diligência para que se verificasse a idoneidade e regularidade da escrituração das notas fiscais que originaram o crédito pleiteado pela Recorrente, nos seguintes termos: Fl. 336DF CARF MF Processo nº 10825.901479/200908 Acórdão n.º 3401006.136 S3C4T1 Fl. 296 7 Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora da RFB verifique, conclusivamente: (a) se as notas fiscais que dão origem à controvérsia foram regularmente escrituradas no CNPJ correto (empresa incorporadora), e em declarações prestadas ao fisco; e (b) qual a data de ciência de cancelamento do CNPJ da empresa incorporada. Em cumprimento à Resolução, os autos foram encaminhados à unidade preparadora, que, em 05.11.2018, exarou Termo de Diligência, elencando as seguintes conclusões: (...) 8. Portanto, quanto ao item (a) as notas fiscais que dão origem à controvérsia foram regularmente escrituradas no CNPJ da empresa incorporada (Satipel Minas Industrial Ltda), e não incorporadora (Duratex S.A.). A escrituração das notas fiscais foi feita no Livro Registro de Saída de Mercadoria da Satipel Minas Industrial Ltda (incorporada), contendo Termo de Encerramento de 31/07/2005 (fl.288), com a informação do último lançamento efetuado em 31/07/2005. (...) 10. Quanto ao item (b) a incorporada, Satipel Minas Industrial Ltda, tem as seguintes informações no banco de dados da Receita Federal – CNPJ 25.338.492/000150: Data de processamento do evento: 03/08/2007; situação “suspensa em 04/07/2007”; motivo: “baixa iniciada ainda não deferida”. Data de processamento do evento: 03/05/2012; situação “baixada em 31/12/2004”; motivo “incorporação”. 11. Somente em 03/05/2012 ocorreu o processamento no cadastro do CNPJ na situação “baixada em 31/12/2004”, motivo “incorporação”, e também, a IN SRF 200/2012 foi revogada pela IN RFB 568/2005, revogada pela IN RFB 748/2007, revogada pela IN RFB 1.005/2010 e revogada pela IN RFB 1183/2011, em vigor na data do processamento do evento. É o relatório. Voto Conselheiro TIAGO GUERRA MACHADO Da Admissibilidade O Recurso é tempestivo, uma vez que a ciência do Acordão ocorreu em 20.08.2015 (fl. 225) e o Recurso Voluntário foi protocolado em 17.09.2015 (fls. 290), e reúne Fl. 337DF CARF MF 8 os demais requisitos de admissibilidade constantes na legislação; de modo que admito seu conhecimento. Do Mérito A questão repousa tãosomente na análise se, em evento de incorporação societária, a conseguinte extinção do CNPJ da sociedade incorporada por si só impede a utilização dos blocos de documentos fiscais sob pena de restar caracterizada como inidônea. E que diante dessa inidoneidade, a Recorrente estaria impedida de registrar créditos fiscais referentes a esses documentos. Todavia, não há de se falar em inidoneidade do documento fiscal em vista da extinção por incorporação da fornecedora de insumos da Recorrente. Em verdade, não há “extinção” do estabelecimento emissor do documento fiscal, mas a mera absorção pelo empresa incorporadora. E não poderia ser diferente, uma vez que a própria legislação societária expressamente aponta a absorção e conseqüente sucessão patrimonial, no artigo 227, caput, da Lei das Sociedades Anônimas. Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. O que há, na hipótese, é tãosomente a extinção do CNPJ da empresa incorporada, de modo que, para todos os efeitos, os documentos emitidos pelo estabelecido vertido à titularidade da empresa incorporadora são regulares enquanto a legislação que rege sua emissão assim os permitir. De outra banda, a Instrução Normativa SRF 200/2002, vigente à época dos fatos, e que regia o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, previa o seguinte: Art. 24. O pedido de cancelamento de inscrição no CNPJ, por extinção da pessoa jurídica ou de qualquer de seus estabelecimentos, será único e simultâneo para todos os órgãos convenentes a que estiver sujeito. (...) § 17. O cancelamento da inscrição no CNPJ de matriz ou de filial deverá ser solicitado até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente à ocorrência dos seguintes eventos (...) II incorporação; (...) Ou seja, em caso de incorporação ocorrida em 31.12.2004, o fornecedor teria até o 5º dia útil de fevereiro para apresentar o pedido de cancelamento perante a antiga SRF, ou seja, até 09.02.2005. Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10825.901479/200908 Acórdão n.º 3401006.136 S3C4T1 Fl. 297 9 Após a apresentação do pedido, a SRF irá avaliálo e irá notificar o contribuinte, dando efeitos desde a data do evento de incorporação. Vejamos: § 19. Concedido o cancelamento da inscrição, será emitido e entregue ao representante da pessoa jurídica, pela unidade cadastradora, a Certidão de Cancelamento no CNPJ. § 20. O cancelamento da inscrição no CNPJ produzirá efeitos a partir da data da extinção da pessoa jurídica. (...) § 22. Considerase data de extinção, a data: I de deliberação entre seus membros, nos casos de incorporação, fusão e cisão total; (...) Desse modo, após o pedido de cancelamento em 09.02.2005, a RFB, ainda SRF, teria prazo não previsto para analisálo e somente depois notificar o contribuinte (fornecedor da Recorrente). Considerando que estamos analisando créditos glosados do período de janeiro a março de 2005, pelo "mecanismo" acima descrito, seria descabido que a própria RFB considerasse inidôneas as notas fiscais emitidas porque o CNPJ estava extinto enquanto a legislação previa que o pedido de cancelamento ainda nem era obrigatório durante a maior parte do período em litígio. Assim, se houvesse alguma irregularidade no caso, seria a partir da dada de ciência da contribuinte (no caso, do fornecedor da Recorrente), para se considerar inidônea a notas fiscais. Todavia, no Despacho Decisório, etapa em que se iniciou esse "fato novo", nada consta quanto à data de ciência do cancelamento do CNPJ do emissor dos documentos fiscais. Inexistindo inidoneidade aparente, porque não constatada nos autos, restaria analisar se há outras hipóteses prevista na legislação. Nesse ínterim, nem mesmo o Convênio S/N de 1970 ato normativo a qual esse Colegiado deve se submeter previu a hipótese de emissão de documento fiscal com CNPJ de empresa incorporada após o evento societário dentre aquelas em que se considera a nota fiscal como inidônea Art. 7º Os documentos fiscais referidos nos incisos I a V do artigo anterior deverão ser extraídos por decalque a carbono ou em papel carbonado, devendo ser preenchidos a máquina ou manuscritos a tinta ou a lápistinta, devendo ainda os seus dizeres e indicações estar bem legíveis, em todas as vias. § 1º É considerado inidôneo para todos os efeitos fiscais, fazendo prova apenas em favor do Fisco, o documento que: Fl. 339DF CARF MF 10 1. omitir indicações; 2. não seja o legalmente exigido para a respectiva operação; 3. não guarde as exigências ou requisitos previstos neste Convênio; 4. contenha declarações inexatas, esteja preenchido de forma ilegível ou apresente emendas ou rasuras que lhe prejudiquem a clareza. Não é surpresa que esse dispositivo foi reprisado no RIPI/2002, em seu artigo 322. Art. 322. É considerado inidôneo, para os efeitos fiscais, fazendo prova apenas em favor do Fisco, sem prejuízo do disposto no art. 353, o documento que: I não seja o legalmente previsto para a operação; II omita indicações exigidas ou contenha declarações inexatas; III esteja preenchido de forma ilegível ou apresente emendas ou rasuras que lhe prejudiquem a clareza; ou IV não observe outros requisitos previstos neste Regulamento. Em diversas passagens daquele Regulamento, há menções ao registro e informação do número de registro perante o CNPJ do emissor, o que foi cumprido pelo fornecedor da Recorrente, diante da superada a questão da inidoneidade por conta do CNPJ extinto a posteriori da emissão das notas fiscais com efeitos pretéritos. Diante disso, restaria avaliar a regularidade da escrituração dos documentos fiscais pela empresa incorporadora, que foi atestada no Termo de Diligência, em seu parágrafo 8, transcrito no relatório, de maneira que não dúvidas de que tais notas fiscais que deram ensejo ao crédito pela Recorrente, de fato, são idôneas. Tampouco resta dúvidas quanto a sua idoneidade com relação à empresa emissora, uma vez que, à época de sua emissão, o respectivo CNPJ ainda estava ativo, como se aduz do relatório da diligência (parágrafos 10 e 11), onde se encontra a informação de que sua baixa só se efetivara (com efeitos retroativos) em 2012 (!), mais de oito anos da emissão daqueles documentos fiscais. Portanto, acolhendo as conclusões da diligência, não há como reputar inidôneos os documentos fiscais questionados pela RFB e que deslindaram na glosa dos créditos do IPI, de maneira que deve ser reformada a decisão recorrida integralmente no tange a parcela objeto do Recurso. Pelo exposto, conheço do Recurso Voluntário, e doulhe provimento, acolhendo o resultado da diligência. (assinado digitalmente) TIAGO GUERRA MACHADO Relator Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10825.901479/200908 Acórdão n.º 3401006.136 S3C4T1 Fl. 298 11 Fl. 341DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13855.001469/2008-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados.
DILIGÊNCIA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO
Deve ser indeferido o pedido de diligência, ou de perícia, quando for prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador.
ÔNUS DA PROVA. ALEGAÇÕES DESPROVIDAS DE PROVAS
Não são acolhidas as alegações de defesa desacompanhadas de elementos de prova que as corroborem.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
DIREITO CREDITÓRIO COMPROVAÇÃO.
O reconhecimento de direito creditório relacionado a tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil está condicionado à comprovação de certeza e liquidez dos alegados indébitos suplementares, sob pena de negativa do pleito.
Numero da decisão: 3201-005.278
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente Substituto).
(assinado digitalmente)
Leonardo Correia Lima Macedo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisário, Laércio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente Substituto). Ausente, justificadamente, o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: LEONARDO CORREIA LIMA MACEDO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. DILIGÊNCIA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO Deve ser indeferido o pedido de diligência, ou de perícia, quando for prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. ÔNUS DA PROVA. ALEGAÇÕES DESPROVIDAS DE PROVAS Não são acolhidas as alegações de defesa desacompanhadas de elementos de prova que as corroborem. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2003 DIREITO CREDITÓRIO COMPROVAÇÃO. O reconhecimento de direito creditório relacionado a tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil está condicionado à comprovação de certeza e liquidez dos alegados indébitos suplementares, sob pena de negativa do pleito.
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. DILIGÊNCIA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO Deve ser indeferido o pedido de diligência, ou de perícia, quando for prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. ÔNUS DA PROVA. ALEGAÇÕES DESPROVIDAS DE PROVAS Não são acolhidas as alegações de defesa desacompanhadas de elementos de prova que as corroborem. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 DIREITO CREDITÓRIO COMPROVAÇÃO. O reconhecimento de direito creditório relacionado a tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil está condicionado à comprovação de certeza e liquidez dos alegados indébitos suplementares, sob pena de negativa do pleito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 00 14 69 /2 00 8- 12 Fl. 301DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente Substituto). (assinado digitalmente) Leonardo Correia Lima Macedo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisário, Laércio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente Substituto). Ausente, justificadamente, o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Relatório Tratase de Recurso Voluntário, efls. 267/285, contra decisão de primeira instância administrativa, Acórdão n.º 1455.891 4ª Turma da DRJ/RPO, efls. 258/261, que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, não reconhecendo o direito creditório. O relatório da decisão de primeira instância descreve os fatos dos autos. Nesse sentido, transcrevese a seguir o referido relatório: Trata o presente de Declarações de Compensação (fls. 3/73) de pagamentos a maior da Contribuição para o PIS/Pasep, dos meses de janeiro a dezembro de 2003, com débito da mesma contribuição do período de fevereiro de 2007. Pelo despacho decisório de fls. 119/123, a DRF em Franca não admitiu as Dcomps retificadoras e não homologou as compensações declaradas. A não admissão de duas Dcomps retificadoras se deu em função da vedação, pela Instrução Normativa SRF nº 600/2005, art. 59, de sua apresentação para aumento do valor do débito compensado, o que teria ocorrido no caso. Quanto às demais, a não homologação baseouse na falta de apresentação de esclarecimentos para análise do direito creditório, mesmo tendo sido requeridos pela fiscalização por meio de intimação. Cientificada, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 141/156, na qual alegou que ainda se encontrava sob a égide dos procedimentos de um Mandado de Procedimento Fiscal, inclusive aguardando o deferimento do pedido de prorrogação de prazo que solicitou ao órgão fiscal, e este, por sua vez, não respondeu o seu pedido, mas simplesmente julgou antecipadamente o pedido, usurpandolhe, sem qualquer justificativa, seu direito de comprovação do crédito. Fl. 302DF CARF MF Processo nº 13855.001469/200812 Acórdão n.º 3201005.278 S3C2T1 Fl. 302 3 Discorreu longamente sobre garantias fundamentais previstas na Constituição Federal, defendendo ter ocorrido cerceamento do direito de defesa, privação do seu direito de se manifestar antes da decisão, inexistência da sentença penal (aqui representada pela decisão no processo administrativo fiscal), presunção da Receita Federal, baseada em meros indícios, da prática de subfaturamento, ausência de motivação do auto de infração impugnado. Transcreveu julgados. No mérito, tratou da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, que teria dado origem a seus recolhimentos a maior. Ao final, requereu: [...] que os autos originais, assim como a Manifestação de Inconformidade, que deverá tramitar na Delegacia Regional de Julgamento de Ribeirão Preto, retornem A Delegacia de origem, convertendose o julgamento em diligência, a fim de que a mesma possa aferir a documentação comprobatória de seu crédito, e consequentemente julgue procedente e válido, para a utilização pelos fins previstos em lei. Dadas as alegações da manifestante sobre a inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo, a DRF intimoua (fl. 162) a esclarecer se ela possuía ação judicial relativa à matéria. A contribuinte apresentou a resposta de fl. 199, na qual confirmou que em relação à impugnação apresentada [...] existe ação judicial referente à matéria impugnada, acompanhada da documentação de fls. 200/228, cópia da inicial de Mandado de Segurança no qual requereu (fls. 255/226): [...] c) conceder em definitivo a segurança pleiteada, assegurando o direito líquido e certo da Impetrante de utilizar as regras definidas na Lei n° 9.715/98 (Base de Cálculo: Faturamento e Alíquota: 0,65%), no que diz respeito ao recolhimento da contribuição para o PIS, declarandose "incidenter tantum" a ilegalidade e a inconstitucionalidade do artigo 3o. e parágrafo primeiro da Lei n° 9.718/98; d) uma vez concedida a segurança pleiteada, que seja ASSEGURADO o direito líquido e certo da Impetrante de recuperar via compensação, nos termos da legislação aplicável, os valores pagos indevidamente a título de PIS sob a égide do indigitado artigo 3a, parágrafo primeiro da Lei 9.718/98, em relação aos fatos geradores de fevereiro de 1999 a março de 2003, acrescidos da taxa SELIC, declarandose "incidenter tantum" a ilegalidade e a inconstitucionalidade dos artigos 68, II da Lei n° 10.637/02 e 3a e 4o da Lei Complementar n° 118/05; Em seguida, a DRF proferiu a decisão de fls. 246/252, declarando a definitividade do despacho decisório em relação às Fl. 303DF CARF MF 4 Declarações de Compensação de pagamentos relativos aos meses de janeiro a março de 2003, em razão da opção da contribuinte pela via judicial, nos termos do Ato Declaratório Normativo Cosit nº 3/1996. É o relatório O Acórdão n.º 1455.891 4ª Turma da DRJ/RPO está assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. Inconformada, a ora Recorrente apresentou, no prazo legal, Recurso Voluntário, por meio do qual, requer que a decisão da DRJ seja reformada, alegando, em síntese: I. Caso em Análise A Recorrente discorre sobre o caso que advém de pedidos de compensação de débitos de Contribuição ao PIS devidos na competência 02/2007 com créditos originados de indébitos da mesma Contribuição recolhidos indevidamente no período compreendido entre os meses 01 a 12/2003. A DRF em Franca/SP proferiu Despacho Decisório por meio do qual não homologou as compensações transmitidas em PER/DCOMP. A DRJ/RPO julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, não reconhecendo o direito creditório. II. Preliminarmente – Do Cerceamento de Defesa A Recorrente alega que houve cerceamento de defesa no curso do Mandado de Procedimento Fiscal instaurado pela DRF em Franca/SP. Pugna pela exiguidade do prazo para apresentação de documentos e pela ausência de resposta a pedido de dilação de prazo, substituída esta pelo aludido Despacho Decisório que não homologou as PER/DCOMPs transmitidas. Ademais alega que o fisco fez exigência inapropriada de retificação de DCTF e DIPJ. A seu favor elenca princípios constitucionais, a exemplo do princípio do contraditório. Cita vasta doutrina e menciona o nítido desrespeito aos direitos e às garantias fundamentais. III. O Mérito da Origem do Crédito Compensado Fl. 304DF CARF MF Processo nº 13855.001469/200812 Acórdão n.º 3201005.278 S3C2T1 Fl. 303 5 No mérito a Recorrente alega a praxe adotada e aceita pelos Tribunais administrativos e judiciais, qual seja, a de reconhecer como indébito tributário o recolhimento das referidas contribuições sobre receitas aquém daquelas advindas da atividade fim do contribuinte. Repisese aqui, como já pontuado em sede de Manifestação de Inconformidade, que os créditos aproveitados pela Recorrente decorrem do recolhimento a maior de Contribuições ao PIS durante o período compreendido entre os meses 01 a 12/2003, haja vista terem sido inclusas na correspondente base de cálculo desse tributo receitas outras de natureza distinta do faturamento da Recorrente, este sim base tributável. (efl. 278) Nesse sentido, a Recorrente discorre sobre a Lei nº 9.718/1998 e combatido alargamento da base de cálculo para a cobrança do PIS/COFINS. Neste diapasão, o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do RE nº 150.75593 por afrontar de forma clara as disposições constantes da Constituição Federal, das quais destacamos: (i) a ofensa ao princípio da isonomia; (ii) a criação de nova hipótese de incidência das Contribuições ao PIS e COFINS, violando o disposto no artigo 246 da CF/88; (iii) a incompatibilidade da Medida Provisória nº 1.724/98 e da Lei nº 9.718/98. (efl. 279) Alega que o crédito seria equivalente aos recolhimentos indevidos de PIS sobre as receitas financeiras e outras receitas. Discorre a seu favor sobre o princípio da verdade material e cita doutrina. IV. Do Pedido Ao final pede: (a) Que seja declarada a nulidade do despacho decisório que não homologou as compensações; (b) Que seja decretado a legitimidade do crédito; (c) Que seja realizada diligência para comprovar a existência do indébito tributário discutido, em adoração ao princípio da verdade material, norteador do processo administrativo tributário. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Leonardo Correia Lima Macedo, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A seguir passo a análise do Recurso Voluntário. Fl. 305DF CARF MF 6 O cerne da questão consiste na discussão acerca da certeza e liquidez dos valores recolhidos para fins de compensação. Da Preliminar de Cerceamento de Defesa A Recorrente alega que houve cerceamento de defesa no curso do Mandado de Procedimento Fiscal instaurado pela DRF em Franca/SP. Sem razão a Recorrente. Carece de fundamento a alegação de cerceamento do direito de defesa, na medida em que, tanto na fase fiscalizatória (procedimental), regida pelo princípio inquisitório, quanto na fase impugnatória (processual), ocasião em que foi inaugurada a fase do contraditório, o contribuinte teve ampla oportunidade de exercer o seu direito de defesa. CERCEAMENTO. DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há cerceamento ao direito de defesa, sendo a manifestação de inconformidade, o momento oportuno para apresentação da produção probatória. (CARF, Acórdão nº 1201002.543, de 21/09/2018) Tendo em vista que a Recorrente teve garantido seu direito ao contraditório, nego provimento ao argumento de cerceamento de defesa. Do Mérito O tema da certeza e liquidez do crédito é recorrente no CARF Sobre o assunto entendo que não cabe razão a recorrente, pois a mesma deixa de apresentar ao longo do processo documentos que possam respaldar sua escrituração de forma a provar seu direito. Mesmo após prorrogações de prazo, a Recorrente deixa de comprovar seu direito. Na apuração da liquidez e certeza dos créditos/indébitos, devese apreciar as provas trazidas pelo contribuinte e solicitar outras sempre que necessário. RESTITUIÇÃO — COMPENSAÇÃO — CERTEZA E LIQUIDEZ A restituição/compensação de tributos e contribuições administrados pela Receita Federal está condicionada à comprovação de certeza e liquidez dos alegados indébitos; a prova do indébito compete ao sujeito passivo. (CARF, Acórdão nº 10709.618, de 05/02/2009) DIREITO CREDITÓRIO COMPROVAÇÃO. O reconhecimento de direito creditório relacionado a tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil está condicionado à comprovação de certeza e liquidez dos alegados indébitos suplementares, sob pena de negativa do pleito. (CARF, Acórdão nº 1803000.856, de 24/02/2011) A Recorrente não junta documentação necessária para respaldar os indébitos alegados. Ocorre que no caso de compensação, fazse necessário auditar os números declarados com os respectivos documentos. Fl. 306DF CARF MF Processo nº 13855.001469/200812 Acórdão n.º 3201005.278 S3C2T1 Fl. 304 7 Assim, a alegação precisaria estar acompanhada de documentos idôneos a exemplo de notas fiscais, contratos, recibos para que fosse possível dar provimento ao Recurso Voluntário. Nesse sentido cabe citar o preceituado no artigo 170 da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional CTN). Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) Cabe recordar que o ônus da prova compete a quem alega o fato que pretende amparar o direito postulado, nos termos do artigo 373 do Código de Processo Civil. Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Tendo em vista que a Recorrente teve ampla oportunidade de juntar documentação aos autos, indeferese o pedido de diligência por ser a mesma prescindível e desnecessária a solução da lide. No tocante aos argumentos de cunho constitucional relativos a ampliação da base de cálculo da contribuição pela Lei nº 9.718/1998 cabe aplicar a Súmula CARF nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária A teor do art. 72 do Regimento Interno do CARF: as decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Finalmente com relação ao períodos de abril a dezembro de 2003, concordo com a decisão de primeira instância. E quanto aos demais períodos, abril a dezembro de 2003, a legislação que já regia a contribuição devida pela interessada era a Lei nº 10.637/2002, cuja base de cálculo estabelecida não foi objeto de contestação na manifestação de inconformidade, e para a qual os argumentos de inconstitucionalidade não se aplicam. (efl. 261) CONCLUSÃO Por todo o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Leonardo Correia Lima Macedo Relator. Fl. 307DF CARF MF 8 Fl. 308DF CARF MF
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Numero do processo: 13981.000094/2005-85
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
ETIQUETAS. INSUMOS. DIREITO AO CRÉDITO.
A operação de etiquetagem é uma das fases do processo de industrialização, tal como acontece com a rotulagem e a marcação por estampagem, que são análogas, havendo, assim, na aquisição de etiquetas, direito ao crédito (entendimento expressamente consignado no Parecer Normativo Cosit nº 4/2014).
EMBALAGENS PARA TRANSPORTE, NÃO RETORNÁVEIS, ESSENCIAIS À GARANTIA DA INTEGRIDADE DO PRODUTO. INSUMOS. DIREITO AO CRÉDITO.
As embalagens, ainda para transporte (desde que não retornáveis), essenciais à garantia da integridade de seu conteúdo - como as que acondicionam portas de madeira, algumas inclusive partes de móveis - vertem sua utilidade diretamente sobre os bens em produção, os quais, sem elas, não se encontram ainda prontos para venda, gerando, assim, a sua aquisição, direito a crédito.
ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DO SISTEMA DE VENTILAÇÃO E REMOÇÃO DE PARTÍCULAS. DIREITO AO CRÉDITO.
A remoção de resíduos de madeira no processo de fabricação de portas, feita por meio de ventiladores, filtros, e ciclones, armazenando-os em silos, faz parte do processo produtivo - ainda que indiretamente, e sem ela, inviável é a atividade, pelo que o industrial tem direito ao crédito sobre os encargos de depreciação destes bens do ativo permanente.
Numero da decisão: 9303-008.313
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe deram provimento parcial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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INSUMOS. DIREITO AO CRÉDITO. A operação de etiquetagem é uma das fases do processo de industrialização, tal como acontece com a rotulagem e a marcação por estampagem, que são análogas, havendo, assim, na aquisição de etiquetas, direito ao crédito (entendimento expressamente consignado no Parecer Normativo Cosit nº 4/2014). EMBALAGENS PARA TRANSPORTE, NÃO RETORNÁVEIS, ESSENCIAIS À GARANTIA DA INTEGRIDADE DO PRODUTO. INSUMOS. DIREITO AO CRÉDITO. As embalagens, ainda para transporte (desde que não retornáveis), essenciais à garantia da integridade de seu conteúdo como as que acondicionam portas de madeira, algumas inclusive partes de móveis vertem sua utilidade diretamente sobre os bens em produção, os quais, sem elas, não se encontram ainda prontos para venda, gerando, assim, a sua aquisição, direito a crédito. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DO SISTEMA DE VENTILAÇÃO E REMOÇÃO DE PARTÍCULAS. DIREITO AO CRÉDITO. A remoção de resíduos de madeira no processo de fabricação de portas, feita por meio de ventiladores, filtros, e ciclones, armazenandoos em silos, faz parte do processo produtivo ainda que indiretamente, e sem ela, inviável é a atividade, pelo que o industrial tem direito ao crédito sobre os encargos de depreciação destes bens do ativo permanente. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe deram provimento parcial. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 1. 00 00 94 /2 00 5- 85 Fl. 666DF CARF MF Processo nº 13981.000094/200585 Acórdão n.º 9303008.313 CSRFT3 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, contra o Acórdão 3301002.332. Em seu Recurso Especial, ao qual foi dado seguimento, a PGFN defende a aplicação, para fins de creditamento, do mesmo conceito de insumo da legislação do IPI, ou seja, “para considerar embalagens e depreciação de máquinas ou equipamentos do ativo imobilizado como insumos, fazse necessário o emprego destes diretamente na fabricação de produtos destinados à venda ... que sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, ou por ele diretamente sofrida, alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas”, concluídose que “1) a legislação não autoriza que os materiais utilizados no transporte sejam considerados insumos 2) somente considera os encargos de depreciação como insumos quando as máquinas são utilizadas diretamente no processo produtivo”. O contribuinte apresentou Contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 9303008.305, de 20 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 13981.000156/200559, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 9303008.305): "Considerando que a PGFN apresenta um Acórdão paradigma que versa tanto sobre embalagens de transporte de produtos acabados, como de depreciação de itens do ativo imobilizado, e, ainda, foram preenchidos os demais requisitos e respeitadas as formalidades regimentais, conheço do Recurso Especial. Fl. 667DF CARF MF Processo nº 13981.000094/200585 Acórdão n.º 9303008.313 CSRFT3 Fl. 4 3 No mérito, como há tempo já o tem feito, de forma majoritária, o CARF, aqui não se adota o conceito do IPI, tampouco o do IRPJ, mas sim, um intermediário, hoje consagrado e melhor delineado – ainda que não seja possível, à vista da legislação posta, se chegar a um grau de determinação “cartesiano” – nas mais recentes decisões do STJ (mais especificamente, no REsp nº 1.221.170/PR), que levaram inclusive a que a PGFN e a RFB editassem normas interpretativas, para elas vinculantes, quais sejam, a Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF e o Parecer Normativo Cosit/RFB nº 05/2018, sendo que transcrevo a ementa deste: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO ESTABELECIDA NO RESP 1.221.170/PR. ANÁLISE E APLICAÇÕES. Conforme estabelecido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica. Consoante a tese acordada na decisão judicial em comento: a) o "critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço": a.1) "constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço"; a.2) "ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência"; b) já o critério da relevância "é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja": b.1) "pelas singularidades de cada cadeia produtiva"; b.2) "por imposição legal". Dispositivos Legais. Lei n° 10.637, de 2002, art. 3°, inciso II; Lei n° 10.833, de 2003, art. 3°, inciso II. Em relação às etiquetas e às embalagens para transporte (estas, em casos específicos) há Acórdãos desta Turma relativamente recentes (antes mesmo dos posicionamentos contundentes do STJ e da edição do citado Parecer Normativo), de minha relatoria, reconhecendo o direito ao creditamento. Fl. 668DF CARF MF Processo nº 13981.000094/200585 Acórdão n.º 9303008.313 CSRFT3 Fl. 5 4 Tratemos primeiro das etiquetas (Acórdão nº 9303 006.090, de 12/12/2017): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP AnoCalendário 2005 ETIQUETAS. CREDITAMENTO. POSSIBILIDADE. A operação de etiquetagem é uma das fases do processo de industrialização, tal como acontece com a rotulagem e a marcação por estampagem, que são análogas, havendo, assim, na aquisição de etiquetas, direito ao crédito (Inteligência do Parecer Normativo Cosit nº 4/2014). Como trazido na Ementa, desde 2014 há Parecer Normativo da Cosit em que a RFB reconhece, sem deixar margem a dúvidas, o direito ao crédito: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. ETIQUETAS APLICADAS EM PRODUTOS TRIBUTADOS. CREDITAMENTO. POSSIBILIDADE. Ementa: O estabelecimento industrial poderá creditarse do imposto relativo a etiquetas compostas de qualquer matéria, adquiridas para serem aplicadas em produtos tributados. (...) 5. A etiqueta não tem a função de acondicionamento do material de embalagem e também não entra na composição do produto final em si, fugindo portanto ao conceito estrito de matériaprima, mas a ele se integra – seja diretamente, seja pela aposição na sua embalagem – podendo, assim, mais propriamente, ser tida como produto intermediário, para os efeitos em estudo. 6. E se mostra induvidoso que a operação de etiquetagem é uma das fases do processo de industrialização, tal como acontece com a rotulagem e a marcação por estampagem, que são análogas. Passando à análise se são enquadráveis ou não no conceito de insumo os materiais (chapas de papelão ondulado, cantoneiras, filme stretch e fita de aço) utilizados na embalagem para transporte, neste caso, em que o industrial fabrica portas, com relevos decorativos ou “vazadas”, algumas delas partes de móveis, entendo que se aplica o mesmo entendimento consignado no Acórdão nº 9303005.934, de 28/11/2017, em um Processo de um fabricante de móveis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Fl. 669DF CARF MF Processo nº 13981.000094/200585 Acórdão n.º 9303008.313 CSRFT3 Fl. 6 5 COFINS NÃOCUMULATIVA. EMBALAGENS PARA TRANSPORTE, NÃO RETORNÁVEIS, ESSENCIAIS À GARANTIA DA INTEGRIDADE DO PRODUTO. DIREITO A CRÉDITO. As embalagens, ainda para transporte (desde que não retornáveis), essenciais à garantia da integridade de seu conteúdo – como as que acondicionam partes de móveis –, vertem sua utilidade diretamente sobre os bens em produção (requisito trazido no Subitem 14, “a.3”, da Solução de Divergência Cosit nº 7/2016, para que se enquadre no conceito de insumo), os quais, sem elas, não se encontram ainda prontos para venda, gerando, assim, a sua aquisição pelo industrial, direito a crédito na sistemática de apuração da contribuição, conforme inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/2003. Novamente, tínhamos uma norma da RFB – neste caso não expressamente aplicável, mas que interpretei como tal – que trazia o entendimento sobre o conceito de insumo antes da edição do Parecer Normativo Cosit/RFB nº 05/2018, e, no dispositivo citado, convergia com ele, dizendo o seguinte: 14. Analisandose detalhadamente as regras constantes dos atos transcritos acima e das decisões da RFB acerca da matéria, podese asseverar, em termos mais explícitos, que somente geram direito à apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a aquisição de insumos utilizados ou consumidos na produção de bens que sejam destinados à venda e de serviços prestados a terceiros, e que, para este fim, somente podem ser considerados insumo: a) bens que: (...) a.3) que vertam sua utilidade diretamente sobre o bem em produção ou sobre o bem ou pessoa beneficiados pela prestação de serviço (tais como produto intermediário, material de embalagem, material de limpeza, material de pintura, etc); ou ... Minhas razões de decidir já estão aí embasadas, mas se mostram mais claras transcrevendo partes dos Votos Condutores dos Acórdãos citados (no caso do primeiro, tratase de uma “introdução”, já que, naquele caso, não foi reconhecido o direito ao crédito para as embalagens, pois se tratava de uma indústria de cortes de frango congelados, já prontos, em sua embalagem de apresentação, para venda ao consumidor final): Acórdão nº 9303006.090: Fl. 670DF CARF MF Processo nº 13981.000094/200585 Acórdão n.º 9303008.313 CSRFT3 Fl. 7 6 No que tange às embalagens para transporte, podemos dizer que há dois “tipos”: (1) aquelas que simplesmente servem para o transporte de produtos já prontos e acabados para venda a varejo nas embalagens para apresentação e (2) aquelas que são absolutamente essenciais para a garantia da integridade do produto transportado, tanto é que estes são vendidos a varejo nelas acondicionados. Como exemplos das primeiras, temos as caixas de papelão, sacos plásticos e semelhantes que acondicionam, por exemplo, a grande maioria dos produtos expostos nas prateleiras dos varejistas, e que são adquiridos da forma em que estão, em suas embalagens de apresentação. Já as segundas seriam, por exemplo, as caixas que acondicionam partes de móveis, os isopores, fitas metálicas e plásticos que protegem fogões e outros eletrodomésticos que, desta forma embalados, são entregues ao adquirente. A jurisprudência é tendente a admitir o crédito em relação às segundas, pois fazem parte do processo produtivo (o produto não está pronto e acabado sem elas). Quanto às primeiras, já ocorre o contrário, pois não se integram ao produto final, ou seja, não vertem sua utilidade diretamente sobre o bem em produção. Acórdão nº 9303005.934: “Não é de se imaginar, por exemplo, que um tampo de mesa – ou o que quer que seja da espécie – seja simplesmente colocado no caminhão sem uma embalagem que o proteja. Apenas na área de exposição das lojas é que se encontram os móveis montados e, obviamente, fora de qualquer embalagem. Não estamos aqui diante de um saquinho de batatas fritas, de maçãs, ou de uma lata de leite condensado. No caso concreto, qual é o produto destinado à venda a que se refere o inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002 ?? Os móveis ou (em regra) suas partes, devidamente embalados – sem que necessariamente este acondicionamento “objetive valorizar o produto em razão da qualidade do material nele empregado, da perfeição do seu acabamento ou da sua utilidade adicional” (conceito, a contrario sensu, da embalagem para apresentação, trazido no art. 6º, § 1º, I, do RIPI/2002, vigente à época dos fatos geradores). Assim, nesta vasta gama de produtos aqui citados – ou cujas características se amoldam à categoria a qual aqui se Fl. 671DF CARF MF Processo nº 13981.000094/200585 Acórdão n.º 9303008.313 CSRFT3 Fl. 8 7 pretendeu caracterizar –, com a necessária redundância, o produto efetivamente só está acabado quando acondicionado nas embalagens em que vai ser transportado, pelo que elas fazem, sim, parte do processo produtivo, havendo portanto o direito ao creditamento na sua aquisição. Ressalvese, no entanto, que embalagens retornáveis, como pallets, as quais servem unicamente ao transporte de qualquer produto que seja, não se enquadram no conceito de bens utilizados como insumos, pois, sobre elas ou em seu interior, já estão perfeitamente acabados os produtos destinados à venda”. Por fim, no que concerne encargos de depreciação do sistema de ventilação e remoção de partículas, o que o contribuinte diz em suas Contrarrazões (fls. 590 e 591) é bastante esclarecedor: “ esse sistema é composto pelos seguintes equipamentos: 26 unidades de exaustão, compostos por ventiladores e filtros de mangas; 4 ventiladores de transporte; 4 filtros de manga; e 4 ciclones instalados sobre dois silos para armazenagem de partículas de madeira. As unidades de exaustão têm como finalidade sugar as partículas geradas nas operações de usinagem dos materiais usados na produção de componentes, para portas de madeira. Essas partículas são transportadas pelo fluxo de ar gerado pelos ventiladores através de tubos que ligam os equipamentos de usinagem até o filtro de mangas. Nos filtros, o ar é devidamente filtrado e liberado para o ambiente enquanto as partículas são descarregadas por uma válvula rotativa na tubulação de transporte. Frisase que todo o material aspirado e transportado corresponde a partículas de madeira e compostos de madeira como MDF, compensados e aglomerado. De pontuar, ainda, que a massa de partículas gerada na produção de portas de madeira, com utilização da capacidade de 70%, em 16 horas diárias de trabalho, é estimada em 85.455 kg. A densidade dessas partículas não comprimidas é de 70 kg/m3, portanto o volume diário de partículas gerado é de 1.220,80 m3. Portanto, esse sistema está estritamente vinculado ao processo produtivo da Contribuinte. Sem a aspiração desse considerável volume de partículas, a produção de portas tornase praticamente inviável, sendo, esse sistema, imprescindível para o processo produtivo da Recorrida”. O Acórdão Recorrido admite o creditamento dos encargos depreciação destes bens do ativo permanente pelo critério da “pertinência”, conforme já se depreende da Ementa e está claramente consignado no Voto Condutor (fls. 506 e 507): Fl. 672DF CARF MF Processo nº 13981.000094/200585 Acórdão n.º 9303008.313 CSRFT3 Fl. 9 8 “É notório, os materiais pulverulentos (reduzidos a pó) que se produzem nas mais diversas atividades industriais, em função de suas características físico químicas, podem apresentar externalidades de ordem legal e ocupacional. Nesse aspecto, a pertinência requerida pelo conceito de insumo aqui defendido situase numa área gris. No entanto, não é necessário adentrála para que se conclua pela pertinência do equipamento com o processo produtivo. Basta que se perceba que as indústrias que processam produtos que em alguma de suas fases se apresentem na forma de pó são indústrias de alto potencial de risco quanto a incêndios e explosões, e devem tomar as precauções cabíveis para a proteção humana e patrimonial e também para a eficiente persecução de seus objetivos sociais. Nesse sentido, entendo que um sistema de aspiração e transporte de partículas, numa indústria de artefatos de madeira, é absolutamente pertinente”. “Essencial” ou relevante”? Bem o diz o relator do Acórdão Recorrido quando fala em “área gris”, ou seja, em uma “zona cinzenta”, já que esta remoção de resíduos faz parte do processo produtivo, mas não diretamente, e configurase essencial, pois sem ela efetivamente inviável é a atividade industrial, havendo, assim, uma combinação dos critérios hoje decisivos, pelo que, entendo, há que se reconhecer o direito ao crédito também neste caso. À vista de todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 673DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10740.720031/2016-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL
Ano-calendário: 2014
EXTINÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TÍTULOS DA DÍVIDA EXTERNA. IMPOSSIBILIDADE.
Na espécie, está demonstrada a impossibilidade de utilização de títulos da dívida externa para a extinção de créditos tributários.
DECLARAÇÃO DE IMUNIDADE. FALSIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
Sujeitam-se ao lançamento de ofício os créditos tributários sonegados por meio de declaração falsa de imunidade.
SIMPLES NACIONAL. FRAUDE. EXCLUSÃO.
Comprovada a conduta fraudulenta com finalidade de sonegação, correta a exclusão do Simples Nacional.
Numero da decisão: 1401-003.552
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos André Soares Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (suplente convocada) Carlos André Soares Nogueira (relator), Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (presidente). Ausente a conselheira Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, substituída pela conselheira Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça.
Nome do relator: CARLOS ANDRE SOARES NOGUEIRA
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TÍTULOS DA DÍVIDA EXTERNA. IMPOSSIBILIDADE. Na espécie, está demonstrada a impossibilidade de utilização de títulos da dívida externa para a extinção de créditos tributários. DECLARAÇÃO DE IMUNIDADE. FALSIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Sujeitam-se ao lançamento de ofício os créditos tributários sonegados por meio de declaração falsa de imunidade. SIMPLES NACIONAL. FRAUDE. EXCLUSÃO. Comprovada a conduta fraudulenta com finalidade de sonegação, correta a exclusão do Simples Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos André Soares Nogueira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (suplente convocada) Carlos André Soares Nogueira (relator), Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (presidente). Ausente a conselheira Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, substituída pela conselheira Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 74 0. 72 00 31 /2 01 6- 46 Fl. 566DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 Relatório Inicialmente, adoto o relatório elaborado pela autoridade julgadora de primeira instância no Acórdão nº 14-64.195 da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto: Relatório A contribuinte em epígrafe foi excluída do Simples Nacional por meio do Ato Declaratório Executivo DRF/VIT nº 45, de 15 de junho de 2016, à fl. 30, em virtude da prática reiterada de infração à disposição da Lei Complementar (LC) nº 123, de 14 de dezembro de 2006, conforme previsto no inciso V do caput c/c incisos I e II do § 9o, todos do art. 29, apurada no processo fiscal nº 10783.720495/2016-56. Os efeitos da exclusão de ofício se deram a partir de 01/03/2014, impedindo nova opção pelo Simples Nacional pelos próximos 10 (dez) anos seguintes, conforme disposto nos §§ 1o e 2o do art. 29 da LC nº 123, de 2006. Notificada do ato declaratório em 22/06/2016, conforme termo de ciência de fls. 501/502, a interessada, por seu procurador, ingressou, em 22/07/2016, com a impugnação de fls. 508/525, na qual alegou, em suma: · a exclusão de ofício do Simples Nacional pelas alegações dos auditores não deve permanecer, isto porque, o deixar de recolher o tributo mensal devido deve ser precedido de notificação, antes de formalizar a exclusão, o que não ocorreu no presente caso, tornando ilegal, arbitraria e nula a exclusão; bem como a informação em PGDAS- D retificadora não foi homologada pela RFB, devendo ser notificada a Empresa Impugnante para recolhimento dos valores informados na PGDAS original, sem a formalização de Auto de Infração e, consequentemente, da presente exclusão de ofício do Simples Nacional. · não foram realizadas compensações indevida na PGDAS, apenas havendo informações no campo de imunidade nesta Declaração, além do que foi com base nessas declarações que o auditor-fiscal apurou a base de cálculo a ser tributada, ou seja, na PGDAS original, não sendo necessário fiscalização para realizar lançamentos de ofício, apenas não homologou a PGDAS retificadora; · os valores devidos do Simples Nacional, devidamente lançados na PGDAS, foram quitados através de processo de resgate de Título da Dívida Pública Externa, junto a STN, através de processos administrativos; nos quais é requerido o resgate dos créditos alocados na conta denominada Operações Especiais, Unidade Orçamentária 71.101, Número Obrigação SIAFI 001418, Operação Especial 0409, IDOC 2754, Lei Orçamentária 2012, com quitação conforme tabela mencionada nos COMPROTs anexos aos autos; · o procedimento da extinção da obrigação tributária dos débitos mencionados acima estão vinculados em processo administrativo junto a STN, COMPROT sob o nº 011.79446.008830.2013.000.000, cuja origem é a Dívida Pública Externa Brasileira vencida e não paga, razão pela qual o artigo 1º e parágrafo único da Portaria SRF nº 913, de 25 de julho de 2002, prevê a extinção da obrigação tributária; · a Impugnante, por ser detentora de crédito financeiro, objeto de resgate com poder liberatório de pagamento, busca a extinção/pagamento de seus débitos tributários com os créditos com base na sistematização da Portaria 913/2002, com arimo nos pleitos junto a STN; · com objetivo de simplificar os procedimentos, reduzindo custos operacionais da administração federal e gerando ganhos financeiros ao Tesouro Nacional, a União, foi Fl. 567DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 firmado termo de cooperação técnica entre a RFB e a STN, em que se remete à Conta Única do Tesouro Nacional parte dos recursos por ela (STN) devidos – (créditos da dívida pública brasileira), com a finalidade de, dentre outra, através do Sistema Integrado de Administração financeira do Governo Federal – SIAFI –órgão diretamente ligado a STN, efetuar-se o recolhimento de tributos federais devidos por pessoas jurídicas, proporcionando enormes benefícios ao ente público, pelo fato de a renda apurada com o saldo financeiro quando da permanência dos recursos junto a conta única, ser totalmente revertida ao Erário, gerando benefícios ao ente público federal; · com isso, compete ao SIAFI administrar duas transações: a)- pagamento, pelos órgãos da administração pública direta, autarquias e fundações de faturas relativas à prestação de serviços, e, b)- recolhimento, por empresas, de tributos federais e contribuições previdenciárias, via Documento de Arrecadação de Receitas Federais – Darf e Guia de Previdência Social – GPS, eletrônicos; · no COMPROT há compensação de possível perda de arrecadação, pelos ganhos de remuneração dos valores das empresas mantidos na conta única e revertidos ao Tesouro Nacional, sendo que os procedimentos do sistema SIAFI ocorrem à luz dos dispositivos da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal n.º 162, de 4 de novembro de 1988, que foi revogada pela Instrução Normativa SRF n.º 181, de 25 de julho de 2002; · após os informes / informação de pagamentos dos tributos na STN, com a abertura do Processo Administrativo / COMPROT nº 011.79446.008830.2013.000.000/ a Impugnante protocolou referidos documentos na Receita Federal do Brasil, no Processo Administrativo nº 13811.726457/2012-97, confessando seus débitos e informando o imediato pagamento, na qual a RFB tem ato vinculado pela decisão da STN frente aos tributos indicados; · requer a nulidade absoluta do lançamento fiscal, haja vista que a RFB não detém de competência acerca da liberação dos Recursos / crédito com poder liberatório de pagamentos de tributos, nos moldes da sistematização pela Portaria 913/2002, visto que a STN é quem detém da competência para decidir acerca da liberação dos recursos e por consequência da extinção da obrigação tributária; · a formalização do auto de infração junto a impugnante é forma de lançamento tributário nos moldes do artigo 142 do CTN., motivo pelo qual apresenta sua Impugnação nos moldes do artigo 151, III do CTN, haja vista que foi alterado o quadro fiscal do autolançamento das referidas PGDAS, pela qual não houve aceitação da modalidade de pagamento na forma perseguida pela Impugnante, tudo isso se fazendo presentes os princípios dos direitos constitucionais, dentre eles do devido processo administrativo e da ampla defesa e contraditório; · instaurado o auto de infração frente a Impugnante, resta configurado o direito à ampla defesa e o contraditório administrativo, nos moldes do Decreto nº 70.235/1972 c/c Lei n° 9784/99, e ainda, com alterações pelas Leis nº 11.457/2007 e nº 11.941/2009; com a consequente suspensão da exigibilidade do crédito tributário, enquanto pendente de julgamento a presente Impugnação nos termos do artigo 151, III do CTN; · clara está a necessidade de, caso a RFB não concorde com a modalidade de confissão e pagamento, através do campo da imunidade com os créditos mencionados, que inicie a abertura de um processo administrativo fiscal, amparado na Lei do Processo Administrativo – Lei nº 9.784/99 e Lei nº 123/2006 e Decreto n° 70.235/72, e nos direitos constitucionais da ampla defesa e contraditório, com a imediata suspensão da exigibilidade do crédito tributário, para averiguar as informações da confissão e as questões do pagamento através da compensação; · os princípios constitucionais são encontrados na Legislação infra constitucional, que estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta (Lei nº 9.784, de 1999, arts. 2o, 5o e 6o); Fl. 568DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 · a Empresa Impugnante tem direito, garantido constitucionalmente e infraconstitucional, de ter o devido processo administrativo fiscal, bem como o direito ao duplo grau de jurisdição administrativa. · por não existir campo específico na PGDAS para efetivar a descrição e ocorrência da modalidade de pagamento pela sistematização da Portaria 913/2002 / dos tributos que se busca a extinção junto a STN, todo o procedimento foi informado através dos Informes protocolados na STN e na RFB, cujos valores e tributos inclusive foram declarados nos Livros obrigatórios, de acordo com os registros e controles das operações e prestações por ela realizadas, em que consta a real escrituração pela Impugnante, tudo conforme determina a Legislação em vigor; · não há dúvidas em que a utilização da sistematização do SIAFI por pessoas jurídicas não integrantes da administração pública, decorrente de termo de cooperação técnica, se regula com a edição da Portaria SRF nº 913, de 25 de junho de 2002; · por ser detentora de crédito financeiro, foi perseguido o pagamento de seus débitos tributários com os supracitados créditos, através de pleitos protocolados junto a STN, objetos dos COMPROTs anexos, na qual a Impugnante aguarda a tramitação final para que ocorra a extinção da obrigação tributária; · o procedimento adotado pela Empresa Contribuinte difere dos padrões comumente observados na relação contribuinte/Receita Federal: A uma, porque utilizou-se de um crédito financeiro para efetuar a extinção do débito tributário; a duas, porque, ainda que esteja obrigado a declarar a extinção ocorrida, a ferramenta digital disponibilizada pela RFB não contempla nenhuma forma possível de que esta informação seja prestada de forma correta, razão pela qual o contribuinte é obrigado a utilizar outros meios para formalizar referidas informações, sob o cuidado de não sofrer a cobrança indevida do débito, uma vez que a RFB não detém elementos para confirmar a efetivada extinção da obrigação tributária; · houve a confissão do crédito tributário nos livros contábeis obrigatórios, bem como informação na PGDAS original dos reais valores, que, caso não fosse deferida a retificação da PGDAS pela RFB, esta notificaria e efetuaria a cobrança dos débitos, com o posterior pagamento na modalidade descrita, motivo pelo qual ilegal o arbitramento da multa de 150% [cento e cinquenta por cento], com base no artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/96, nos termos do artigo 21, § 8º da LC 123/2006, visto que houve o lançamento do débito, além do que não houve informação no campo de Compensação, não sendo cabível o auto de infração e consequentemente a multa; · é abusiva a autuação do contribuinte tão somente para o pretexto de constituir crédito tributário, que já está constituído pelo procedimento descrito, devidamente informado à RFB. Além do fato de que não houve informação no campo da compensação, para caracterizar como indevida e atribuir falsidade de declaração para aplicada da multa isolada em dobro, como preceitua o artigo da Lei Complementar 123/2006 descrito acima; não houve qualquer mentira ou ardil nos dados apresentados ao Fisco que concretizasse o intuito fraudulento para aplicação da multa isolada no patamar de 150% [cento e cinquenta por cento] e a responsabilização solidária dos sócios. Houve, isto sim, a realização de uma informação em PGDAS, no campo da Imunidade – por não haver campo específico – para informar o pagamento. jamais fraudulenta. Assim, a intenção manifesta de utilizar os créditos não admitidos pela Fazenda é incompatível com a ação ardilosa alegada pela fiscalização de informação falsa em PGDAS e/ou conduta dolosa. · ainda que passível a aplicação de multa, esta não pode ser a multa de ofício aplicada no auto de infração, mas tão somente, a multa por prestar informações com incorreções ou omissões, devendo ter sido intimado a fazê-lo, no caso de não apresentação, ou a Fl. 569DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela autoridade fiscal, nos termos do artigo 38-A da Lei Complementar 123/2006; · não poderia o Fisco iniciar Mandado de Procedimento Fiscal, com posterior formalização de Auto de Infração, sobre PGDAS declaração com informações com incorreções, conforme mencionado pela RFB, devendo não homologar a PGDAS retificadora, tornando com efeito da PGDAS principal, com envio de Carta de Cobrança; · não houve informação no campo da compensação na PGDAS para o Fisco caracterizar como compensação indevida e aplicar a multa isolada em dobra, nos termos do artigo 21, § 8º da LC 123/2006; mas sim informação no campo da Imunidade [por não haver específico], através de PGDAS retificadora, informando o pagamento com crédito financeiro e, nunca a informação de compensação. Assim, caso não concordasse com as informações prestadas em PGDAS retificadora, não efetivasse a homologação, enviando Carta de Cobrança dos débitos declarados na PGDAS original. · quem tipifica a infração que dá ensejo a aplicação da multa é o próprio art. 38-A da Lei Complementar n.º 123/2006, que descreve de forma suficiente a conduta necessária a aplicação da penalidade. · a multa pecuniária para informações incorretas ou omissas em PGDAS está prevista em Lei stricto sensu, ou seja, no art. 38-A da Lei Complementar n.º 123/2006; · O dispositivo legal citado é norma específica para imposição de multa pecuniária por descumprimento de obrigação acessória autônoma relativo à informações incorretas ou omissas em PGDAS; · não há configuração de fraude quando apresentada PGDAS retificadora, se existe a PGDAS original com valores reais, bem como a devida escrituração nos livros contábeis obrigatórios, informando o valor efetivamente devido, sendo coerente com a realidade da movimentação financeira. Assim, como no presente caso não houve o intuito de fraudar, não há que se falar em aplicação da multa de 150% [cento e cinquenta por cento] e, consequentemente, em crime contra a ordem tributária, até porque, em caso de não aceitar a informação prestada em PGDAS retificadora era só o Fisco não homologar, retornando a PGDAS original. · não se vislumbra, na apresentação de PGDAS retificadora com informação no campo imunidade de pagamento com crédito financeiro ou falta de pagamento, o evidente intuito de fraude definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Tratando-se de lançamento com base na receita da atividade declarada pelo contribuinte e não tendo a fiscalização trazido aos autos, outros elementos que pudessem indicar o evidente intuito de fraude, a multa de ofício deve ser desqualificada, aplicando, se for o caso, a multa pecuniária prevista no art. 38-A da Lei Complementar nº 123/2006; · na exclusão do Simples Nacional o que o legislador infraconstitucional fez foi violar os princípios inseridos em nossa Constituição Federal de 1988 destinados às micros e pequenas empresas, e segundo a doutrina de Celso Antonio Bandeira de Mello, em sua obra Elementos de Direito Administrativo, que conceitua e destaca a importância dos princípios para o direito, a violação poderá trazer graves consequência · a violação a um princípio, como bem comentado na doutrina de Celso Antônio Bandeira de Mello, é fazer com que todo o sistema jurídico possa ser desmantelado, face a agressão sofrida em suas estruturas mestras, em sua espinha dorsal. Analogicamente podemos concluir que seria como se atingíssemos a estrutura de um edifício, o que o levaria fatalmente a ruir ou o deixaria com profundas sequelas podendo ser inutilizado para o seu uso. Fl. 570DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 · caso a Empresa Contribuinte não tenha o referido benefício, deixarão de existir, ou migrarão para a informalidade, pois, não conseguirão competir (ainda de forma desigual) com as médias e grandes empresas. · a exclusão das micro e pequenas empresas da sistemática do Simples Nacional, impondo-lhe a obrigatoriedade de optar por outra sistemática de tributação, viola outro princípio constitucional, o da capacidade contributiva, pois, estas sistemáticas são muito mais onerosas que o Simples Nacional. · este é o verdadeiro tratamento favorecido, diferenciado e simplificado que o legislador estabeleceu para as microempresas e empresas de pequeno porte em nosso país, ou seja, quem não tem condições de pagar seus tributos em dia dever ser onerado com uma carga tributária mais elevada, ou seja, tributada pelo Lucro Presumido ou Real, o que poderá levá-las ao estado falimentar ou para a informalidade, o que não é o objetivo declarado em nossa Constituição Federal. · prevendo as possíveis dificuldades que às micros e pequenas empresas pudessem passar, a Constituição Federal do Brasil de 1988 estabeleceu princípios que devem ser seguidos pelos legisladores de todos os níveis da federação, especialmente quanto ao tratamento favorecido, diferenciado e simplificado destinado às microempresas e empresas de pequeno porte, conforme podemos extrair dos artigos 170, inciso IX, e 179, in verbis: · o legislador constituinte quis proteger as empresas de pequeno porte para que pudessem se desenvolver e competir com as empresas normais (médio e grande porte) em igualdade de condições, sendo que para alcançar está igualdade o legislador estabeleceu vários campos de atuação, em especial o administrativo, tributário, previdenciário e creditício. · não há como conceber outro tratamento para aquelas empresas, no caso a Empresa Contribuinte, pois, se não possuam os benefícios constitucionalmente garantidos, não sobreviveriam ao mercado, em que os maiores competidores acabam aniquilando os pequenos em face das vantagens competitivas que aqueles empreendimentos possuem, seja na obtenção de créditos, quase sempre subsidiados pelo governo via BNDS, BRDE, BADESC, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, entre outras tantas instituições financeiras que fomentam a produção, além das vantagens produtivas com os ganhos de escala, onde as médias e grandes empresas conseguem produzir mais por um custo menor, pois, toda a cadeia produtiva ao seu redor acaba sendo influenciada pelas suas políticas de compras, vendas, qualidade, entre outras, benefícios estes que uma empresa de pequeno porte não possui, sendo imprescindível a aplicação dos princípios constitucionais de tratamento favorecido, diferenciado e simplificado para que as pequenas empresas possam permanecer vivas e cumprindo com o seu papel social. Trata-se de questão de equidade, que também é um princípio constitucionalmente garantido. · o legislador tem obrigação de proteger as empresas de pequeno porte, pois é princípio constitucional conceder tratamento favorecido, diferenciado e simplificado para elas. · tais dados empíricos adquirem real importância a defesa aqui apresentada na medida em que, do ponto de vista econômico, uma microempresa ou empresa de pequeno porte que, estando apta a optar pelo regime tributário simplificado, não estiver nele enquadrada ou dele for excluída terá enorme dificuldade de sobreviver no mercado. · a Empresa Contribuinte não pode ser excluída de ofício do Simples Nacional, não podendo se falar em imediata exclusão, em virtude dos princípios constitucionais estampados na Lei Complementar n.º 123/2006, conforme transcrito acima. Fl. 571DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 Requereu o imediato cancelamento da exclusão de ofício do Simples Nacional, formalizada de maneira arbitrária, ilegal e nula; a extinção da exclusão de ofício do Simples Nacional, levando-se em consideração os princípios constitucionais que a Lei Complementar 123/2006 garante às micro e pequenas empresas, pelo fato de que a Empresa sempre agiu com boa-fé e calcado na legislação vigente; a nulidade da responsabilização solidária dos sócios, tendo em vista que em momento algum ficou provado o intuito de dolo e fraude cometido por eles. A DRJ julgou improcedente a impugnação da contribuinte. O acórdão de piso recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Data do Fato Gerador: 01/03/2014 EXCLUSÃO. PRÁTICA REITERADA DE INFRAÇÃO. A prática reiterada de infração à legislação do Simples Nacional tem como consequência a exclusão da empresa dessa sistemática. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do Fato Gerador: 01/03/2014 INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. A autoridade administrativa é incompetente para apreciar argüição de inconstitucionalidade de lei. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio Em sede de recurso voluntário, a contribuinte limitou-se a reeditar as alegações da impugnação. Em essência, era o que havia a relatar. Voto Conselheiro Carlos André Soares Nogueira, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos legais. Dele, tomo conhecimento. Preambularmente, é necessário delimitar o escopo da matéria sob exame neste processo. Trata-se exclusivamente da exclusão do Simples Nacional com efeitos a partir de março de 2014, conforme Ato Declaratório Executivo nº 45 do delegado da Receita Federal do Brasil em Vitória/ES (fls. 504). Não se trata neste feito de lançamento de crédito tributário, de imposição de multas de ofício ou de atribuição de responsabilidade tributária. Destarte, não conheço das alegações da defesa que tratam dessas matérias, que são estranhas aos autos. A exclusão do Simples Nacional deveu-se à constatação de utilização reiterada de informação falsa nos PGDAS de que a contribuinte gozaria de imunidade tributária e foi fundamentada no artigo 29, V, e § 9º, I e II, da Lei Complementar nº 123/2006, que instituiu o Simples Nacional. O recurso à declaração de imunidade é parte de um esquema fraudulento mais amplo, conforme se pode observar no Termo de Exclusão do Simples Nacional (fls. 02 a 29), que instruiu o processo para o ADE de exclusão do sistema simplificado: Fl. 572DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 A tentativa de utilização de créditos decorrentes de Títulos da Dívida Pública, dos mais diversos tipos possíveis, para quitação de tributos federais, tem sido recorrente no âmbito da Secretaria da Receita Federal. A história sempre se repete. A empresa “detentora” de tais títulos comercializa com outras pessoas jurídicas, devedoras de tributos junto à União, um suposto “direito de crédito”, com deságio em relação ao valor “reajustado” do título. Ocorre que esta história de crédito decorrente de títulos não é suficiente, por si só, para extinguir a obrigação tributária da pessoa jurídica adquirente do crédito. Sempre, a segunda parte da operação depende da outorga por parte da adquirente do crédito, de procuração eletrônica (ou a entrega de certificado eletrônico) à cessionária do crédito, para que esta possa “representá-la junto à Receita Federal”. De posse de tal mandado, normalmente o que a pessoa jurídica “vendedora do crédito” faz é providenciar a retificação de declarações originalmente apresentadas à Receita Federal, para alterar-lhes informações, visando reduzir ou excluir os tributos devidos de forma fraudulenta. Foi exatamente o que ocorreu no caso presente: a história-cobertura de “créditos financeiros” passíveis de compensação dos tributos devidos no SIMPLES NACIONAL, na prática se converteu em retificação dos PGDAS-D para, sob o falso manto da IMUNIDADE TRIBUTÁRIA suprimir/reduzir os tributos devidos. Pelos fatos narrados e documentos analisados restou provado o artifício fraudulento perpetrado pelo contribuinte, em conluio com a pessoa jurídica indicada como cedente dos hipotéticos créditos, com o fito de suprimir ou reduzir o pagamento de tributo. Acerca da matéria controvertida, é oportuno destacar que a fraude de que trata o presente feito traz grave prejuízo à Fazenda Nacional, retirando ilicitamente recursos do Estado, e está disseminada de tal forma no território nacional que foi objeto de uma cartilha elaborada em conjunto pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, Secretaria do Tesouro Nacional, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e Ministério Público da União denominada Prevenção à Fraude Tributária com Títulos Públicos Antigos (disponível em http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/Arquivos/manual/Cartilha_Prevencao_Fra ude_Tibutaria.pdf). Dessa cartilha, vale trazer à colação os seguintes trechos: Nos últimos anos, tornou-se recorrente uma nova tentativa de fraude contra a Fazenda Nacional, que consiste na suspensão indevida de débitos tributários federais declarados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), na Declaração Anual do Simples Nacional (DASN) e na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP). A tentativa de fraude tem por base ações judiciais de execução de títulos da dívida pública, movidas contra a União, que visam à cobrança de valores relativos ao resgate de supostos créditos oriundos de títulos da dívida pública brasileira, interna e externa, inclusive títulos emitidos no início do século passado. [...] O Tesouro Nacional tem recebido frequentes consultas a respeito de validade, possibilidade de resgate, troca, conversão (em NTN-A ou em outros títulos), bem como de pagamento ou compensação de dívidas tributárias ou outros tipos de operações diversas envolvendo apólices antigas, emitidas sob a forma “cartular” (impressas em papel), inclusive títulos da dívida externa referentes, em sua maioria, àqueles regulados Fl. 573DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 pelo Decreto-lei nº 6.019, de 1943, que perderam seu valor e que vêm sendo utilizados de forma fraudulenta. Títulos antigos emitidos em papel e em moeda estrangeira não podem ser convertidos nos títulos referidos no art. 2º da Lei nº 10.179, de 2001 (LTN, LFT ou NTN), portanto não se prestam para pagamento ou compensação de tributos federais. [...] As fraudes tributárias objetivam afastar de forma indevida o débito tributário. Para tanto, seus agentes utilizam todo e qualquer mecanismo disponível para forjar formas de suspensão ou extinção do débito tributário, ou mesmo para afastar seu lançamento, alegando, por vezes, tratar-se de simples planejamento tributário. Eles são criativos e estão sempre em busca de novas oportunidades para ludibriar contribuintes desavisados, ansiosos pela solução imediata de suas situações fiscais, o que muitas vezes lhes retira a cautela desejável na defesa de seu patrimônio. É aí que entram em cena as chamadas fraudes tributárias. [...] 3.1 – Consequências Fiscais Uma vez verificada a fraude tributária no âmbito de Receita Federal do Brasil, o contribuinte responsável por sua execução dolosa ou culposa estará sujeito às seguintes consequências, sem prejuízo de outras sanções e encargos estabelecidos na legislação vigente: 1. imposição de multas, que poderá chegar a 225% do valor do débito; 2. restrição para obtenção de certidão negativa de débitos, o que impede que o contribuinte possa, por exemplo, participar de processos licitatórios; 3. inscrição no Cadastro de Inadimplentes (Cadin), o que impede que o contribuinte possa receber empréstimos ou obter financiamentos junto a bancos públicos; 4. cobrança imediata da dívida, com início da execução fiscal e penhora dos bens; 5. representação fiscal para fins penais; 6. suspensão ou cassação de benefícios fiscais; 7. ao final da ação judicial, além do pagamento dos acréscimos legais do tributo discutido, terá também pagamento das custas e dos honorários judiciais cabíveis e eventual litigância de má-fé; 8. possibilidade de os sócios ou dirigentes responderem solidariamente pelas dívidas da pessoa jurídica, sendo executados em seu patrimônio pessoal. Essa responsabilidade solidária também poderá ser aplicada contra o representante de qualquer empresa que for responsável por fraude tributária, hipótese em que o passivo tributário será cobrado de todos pelo valor integral, até sua extinção. As alegações da contribuinte não infirmam as conclusões da autoridade lançadora, especialmente no que diz respeito: (i) à utilização de ardil para fazer "sumir" os créditos tributários devidos pela contribuinte por meio de retificação do PGDAS e a introdução de informação falsa de imunidade; e (ii) à inexistência de extinção dos créditos tributários. Quanto à primeira matéria, é incontroverso que a contribuinte não goza de imunidade. E o argumento de que teria um direito a crédito financeiro com o qual poderia Fl. 574DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 extinguir os créditos tributário jamais poderia dar azo à declaração de informação falsa no PGDAS. Afinal, está-se tratando, neste ponto, da constituição do crédito tributário e não de sua extinção, pois a declaração de imunidade implicaria a incompetência do ente federado para tributar a renda e as receitas da recorrente. No tocante à segunda matéria, ponto em que a fraude fica evidente, é de se lembrar que: (i) a APPEX foi informada pela Secretaria do Tesouro Nacional, por meio do ofício nº 719/2012/CODIV/SUDIP/STN/MF-DF, acerca da impossibilidade de acolhimento do pedido de resgate de títulos e liberação de recursos para quitação de débitos tributários, por falta de amparo legal; (ii) no curso do julgamento do processo de Execução por Título Extrajudicial, nos autos do processo nº 36761-30.2012.4.01.3400, o poder judiciário exarou sentença em que restou afastada a possibilidade da utilização dos supostos créditos cedidos pela APPEX a diversas pessoas jurídicas, para quitação de tributos federais. Portanto, não há dúvidas acerca da inexistência de extinção dos créditos tributários devidos pela recorrente. Ademais, é de se ressaltar o fato de a RFB ter enviado à contribuinte em 23/04/2015 mensagem por meio do Domicílio Tributário Eletrônico sob o título Indício de Fraude: quitação de tributos com créditos fictos provenientes de operações no SIAFI. Esta comunicação foi anterior ao início do procedimento fiscal, que ocorreu em 30/03/2016 com a ciência por via postal do Termo de Início de Fiscalização. Diante do contexto descrito acima, a autoridade administrativa efetuou o lançamento de ofício do Simples Nacional dos meses de janeiro e fevereiro de 2014. Os autos de infração constam do processo nº 10783.720495/2016-56 e estão vinculados ao presente feito por força do artigo 6º, § 1º, do RICARF. Ao proceder dessa forma, configurou-se a hipótese de exclusão de ofício do Simples Nacional contida no artigo 29, V, e § 9º, II, da Lei Complementar nº 123/2006, verbis: Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional dar-se-á quando: [...] V - tiver sido constatada prática reiterada de infração ao disposto nesta Lei Complementar; [...] § 9º Considera-se prática reiterada, para fins do disposto nos incisos V, XI e XII do caput: I- a ocorrência, em 2 (dois) ou mais períodos de apuração, consecutivos ou alternados, de idênticas infrações, inclusive de natureza acessória, verificada em relação aos últimos 5 (cinco) anos-calendário, formalizadas por intermédio de auto de infração ou notificação de lançamento; ou II- a segunda ocorrência de idênticas infrações, caso seja constatada a utilização de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalização em erro, com o fim de suprimir ou reduzir o pagamento de tributo. (grifei) Fl. 575DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 Também é correta a ampliação do prazo de exclusão do Simples Nacional para 10 (dez) anos, pois a utilização de informação falsa de imunidade para acobertar o esquema fraudulento descrito amolda-se à hipótese do artigo 29, § 2º, da Lei Complementar 123/2006. Assim, tenho que deve ser mantida a exclusão do Simples Nacional, conforme ADE acima mencionado. Considerando que a recorrente limitou-se, em sede recursal, a reiterar as alegações da impugnação e que a autoridade julgadora de primeira instância as enfrentou de forma adequada e profunda, uso da faculdade prevista no artigo 57, § 3º, do RICARF para esposar as razões da decisão de piso e propor a sua adoção e confirmação: Trata-se de analisar ato declaratório de exclusão do Simples Nacional, em razão da prática reiterada de infração à disposição da LC nº 123, de 2006, apurada no processo fiscal nº 10783.720495/2016-56. Naquele processo, a impugnação da contribuinte foi considerada improcedente, conforme voto que transcrevo abaixo: Trata-se de analisar lançamento relativo ao Simples Nacional, em razão de insuficiência de recolhimento por segregação incorreta de receitas, tendo em vista que a empresa apresentou declaração retificadora, informando que suas receitas estariam acobertadas por imunidade tributária, e não logrou comprovar essa imunidade. Alega a impugnante que os débitos exigidos pelo auto de infração teriam sido “pagos/quitados através de processo de resgate de Título da Dívida Pública Externa junto a Secretaria do Tesouro Nacional através de processos administrativos”, mas como não havia campo na PGDAS para informar essa ocorrência, optou por adotar o procedimento de declarar como imunidade. Aduz ainda que referido procedimento de quitação dos débitos “está amparado no artigo 1º e parágrafo único da Portaria da Secretaria da Receita Federal do Brasil nº 913, de 25 de julho de 2002”. Pois bem, a Portaria SRF nº 913, de 2002, dispõe, em seu, art. 1º, parágrafo único, que a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) está apta a prestar serviços de arrecadação de que trata a Portaria SRF nº 2.609, de 20 de setembro de 2001, nos casos de pagamento de receitas federais com: I – recursos integrantes da Conta Única do Tesouro Nacional por meio do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal(Siafi); II – transferência de recursos para a Conta Única do Tesouro Nacional por meio do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Contudo, o art. 2º da Portaria SRF nº 913, de 2002, ressalva que a utilização do Siafi para o pagamento de receitas federais destina-se aos órgãos ou entidades da Administração Pública Federal integrantes da Conta Única do Tesouro Nacional e às pessoas jurídicas de direito privado que façam uso do Siafi nos termos de convênio firmado com a STN. E, pelo que consta dos autos, a impugnante, que é pessoa jurídica de direito privado, não firmou nenhum convênio com a STN, não sendo possível, pois, que tenha utilizado o Siafi para pagamento de receitas federais. A impugnante também não trouxe aos autos nenhum comprovante de pagamento do imposto por meio do SPB, documento previsto no art. 6º da Portaria SRF nº 913, de 2002: Fl. 576DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 Art. 6º O comprovante de pagamento do imposto por meio do SPB estará disponível para impressão no endereço da STN na Internet, http://www.tesouro.fazenda.gov.br, a partir do dia seguinte ao da sua realização. Com efeito, foram apresentados meros requerimentos dirigidos à STN, nos quais um terceiro, para fins de quitação dos débitos da impugnante, autoriza o resgate de supostos créditos por ela adquiridos. Tais requerimentos também foram anexados ao processo administrativo nº13811.726457/2012-97, cuja peça inicial, diga-se de passagem, é um “pedido de abertura de procedimento administrativo” formalizado pela Appex Consultoria Tributária Ltda e do qual se reproduz o seguinte trecho: Quanto à Lei nº 10.179, de 2001, citada nos requerimentos supra, cumpre observar que, em seu art. 6º, ela prevê que os títulos referidos no seu art. 2º (LTN, LFT e NTN) poderão ser utilizados para pagamento de tributos federais, desde que vencidos. Ocorre que todos os títulos emitidos na forma dessa lei foram resgatados nos respectivos vencimentos, não havendo nenhum na condição de vencido. Ademais, os títulos emitidos na forma da Lei nº 10.179, de 2001, são todos escriturais (com registro eletrônico, e não em cártula) e são todos emitidos no Brasil. Portanto, na prática, não há nenhuma hipótese de pagamento ou compensação de tributos com títulos públicos. A exceção se dá exclusivamente em relação ao pagamento de 50% do Imposto Territorial Rural com Títulos da Dívida Agrária, hipótese esta expressamente prevista no art.105 da Lei nº 4.504, de 1964. Note-se, ainda, que títulos antigos emitidos em papel e em moeda estrangeira não podem ser convertidos nos títulos referidos no art. 2º da Lei nº 10.179, de 2001 (LTN, LFT ou NTN), portanto não se prestam para pagamento ou compensação de tributos federais. Títulos impressos em moeda estrangeira são negociados fora do Brasil; só podem ser resgatados no exterior, por meio do agente pagador credenciado e na moeda da emissão. Tais informações sobre títulos públicos, diga-se a propósito, constam da cartilha “Prevenção à Fraude Tributária com Títulos Públicos Antigos”, disponível no endereço da STN na Internet. Corroborando o entendimento de que, atualmente, inexiste possibilidade de utilização dos títulos da dívida pública para pagamento de tributos federais nos termos do art. 6º Lei nº 10.179, de 2001, cumpre citar a Solução de Consulta nº 393, de 3 de novembro de 2009, assim ementada: EMENTA: UTILIZAÇÃO DE TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA PARA PAGAMENTO DE TRIBUTOS FEDERAIS NOS TERMOS DO ART. 6º DA LEI Nº 10.179, DE 2001. O art. 6º da Lei nº 10.179, de 2001, depende de regulamentação, mediante a qual se deverá estabelecer como se dará a liberação prevista naquele dispositivo, bem assim como será efetivado o acerto entre os débitos fiscais do contribuinte e o valor do título vencido, utilizado para pagá-lo. Enquanto não editada semelhante regulamentação, inexiste possibilidade de utilização dos títulos da dívida pública emitidos em conformidade com os arts. 1º a 3º da Lei nº 10.179, de 2001, a partir da data de seu vencimento, para pagamento de tributos federais. Atualmente, a compensação de tributos de contribuições federais administrados pela RFB, a qual compete a este órgão recepcionar, normatizar e apreciar é praticada apenas conforme o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, só podendo ser nela utilizados créditos decorrentes de tributos ou contribuições federais, pagos a maior ou indevidamente, passíveis de restituição ou ressarcimento. Inadmissível a utilização de créditos referentes a títulos públicos nessa compensação. Uma vez que, por expressa restrição legal, não se Fl. 577DF CARF MF Fl. 13 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 compatibiliza com créditos referentes a títulos públicos, incabível cogitar da compensação de que trata o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, de plano, como possível meio para operacionalizar o art. 6º da Lei nº 10.179, de 2001. Segundo comunicado divulgado pela Secretaria do Tesouro Nacional as LTN emitidas no início da década de 1970 apresentavam prazos de, no máximo, 365 dias. Não houve qualquer exceção a essa regra, nem houve qualquer repactuação dos prazos de vencimento. Tampouco existe escrituração de títulos cartulares. O Tesouro Nacional emite LTN na forma escritural, de duas maneiras: por meio do “Tesouro Direto” e, por meio de seus leilões semanais. Não existem, pois, tais títulos, emitidos na referida época, com prazo superior a 365 dias, cujos vencimentos teriam sido supostamente repactuados para datas atuais. Alegações de que tais títulos são ainda válidos, inclusive já escriturados, são falsas. Sem qualquer fundamento, portanto, pretender-se enquadrar essas pretensas LTN na prerrogativa do art. 6º da Lei nº 10.179, de 2001. Cite-se, ainda, a Solução de Consulta nº 166, de 18 de junho de 2012, assim ementada: EMENTA: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA EXTERNA. Inexiste previsão legal para a quitação de título da dívida pública externa com tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Como se vê, os citados requerimentos à STN, além de, por óbvio, não possuírem o valor probante pretendido pela interessada, também não podem ser tidos, por falta de previsão legal, como documentos que constituem confissão de dívida ou como instrumentos hábeis e suficientes para a exigência do crédito tributário, razão pela qual não há como acolher o argumento de que não haveria necessidade de lavratura de auto de infração. Sobre a alegação de que os débitos não precisavam ser lançados novamente, isto porque já havia o lançamento na PGDAS original, podendo, caso não concordasse com as informações prestadas em PGDAS retificadora, não homologá-la, retornando a condição de exigíveis dos débitos lançados e apurados na PGDAS original, além dos livros contábeis e fiscais, engana-se a impugnante, pois não há previsão para tal procedimento; por outro lado, a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, nos termos do CTN, art. 142. Portanto, tendo o autuante identificado a falta de confissão de débitos, tendo em vista que a declaração original foi retificada, inclusive com a ocorrência de fraude, correto o lançamento para constituir o respectivo crédito tributário. Quanto à afirmação de que, “caso a RFB discordasse da modalidade de lançamento e pagamento”, o correto não seria lavrar auto de infração, mas sim “iniciar um processo administrativo fiscal para determinar a suspensão da exigibilidade do crédito tributário até ulterior liberação dos recursos”, cabe objetar que também não há previsão legal para o inusitado procedimento. O presente processo segue à risca os termos do Decreto nº 70.235, de 1972, que rege o processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União. Por fim, ao contrário do que sugere a impugnante, não houve violação de direito algum com a lavratura do auto de infração. Com efeito, o contraditório e a ampla defesa se concretizam com a instauração da fase litigiosa do procedimento pela apresentação da manifestação de inconformidade, momento oportuno para o contribuinte apresentar suas razões de defesa e as provas que possuir. Impõe-se, pois, rejeitar a alegação em questão. No que se refere à multa aplicada, a impugnante alegou, em suma, que houve a confissão do crédito tributário nos livros contábeis obrigatórios e na PGDAS original; não houve qualquer mentira ou ardil nos dados apresentados ao Fisco que concretizasse o intuito fraudulento para aplicação da multa isolada no patamar de 150% e, ainda que passível a aplicação de multa, esta não pode ser a multa de ofício aplicada no auto de infração, mas tão-somente a multa por prestar informações com incorreções ou omissões, nos termos do artigo 38-A da Lei Complementar 123/2006 De início, Fl. 578DF CARF MF Fl. 14 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 esclareça-se que a referida multa está fundamentada na Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, I e § 1o, e na Lei nº 4.502, de 1964, arts. 71, 72 e 73, a seguir transcritos: Lei nº 9.430, de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) I - de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Lei nº 4.502, de 1964. Art 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I – da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II – das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação principal ou o crédito tributário correspondente. (...) Art.73 – Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos no art. 71 e 72. (Grifei) A contribuinte apresentou declarações retificadoras com informação falsa sobre a natureza de suas receitas (imunidade tributária), com o fim claro de que seus débitos não fossem exigidos, conforme resposta dela mesma de que adotou esse procedimento porque não havia campo para informar a suposta “quitação dos débitos”. As declarações retificadoras foram apresentadas em 29/04/2014, quando, ainda em 2012, a STN já havia encaminhado ofício à Appex acerca da impossibilidade de acolhimento do pedido de resgate de títulos e liberação de recursos para quitação de débitos tributários, por falta de amparo legal. Ademais, em 23/04/2015, a RFB enviou a ela, por meio de seu domicílio tributário eletrônico, mensagem sob o título “Indício de Fraude: Quitação de Tributos com créditos fictos provenientes de operações no Siafi”, com orientações sobre seu procedimento, esclarecendo-a de que poderia se sujeitar às penalidades da lei tributária e penal. Essa mensagem foi lida por ela em 24/04/2015. Por outro lado, o termo de início de fiscalização (fls. 214/218) foi lavrado somente em 14/03/2016, com ciência da empresa em 30/03/2016. Assim, ela teve ciência de que estava irregular e oportunidade de corrigir seu procedimento, mas não o fez. Assim resta claro o dolo, na medida em que é evidente que a impugnante quis o resultado (eximir-se dos tributos devidos) e utilizou-se de meios fraudulentos para consegui-lo (declaração falsa sobre a natureza de suas receitas). Fl. 579DF CARF MF Fl. 15 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 O conluio também ficou caracterizado, no ajuste doloso evidente entre a fiscalizada e a Appex. Também não assiste razão à impugnante quando defende a aplicação apenas da multa por prestar informações com incorreções ou omissões. Como visto, não se trata de meras incorreções ou omissões nas informações prestadas. Restando comprovada a ocorrência de sonegação e conluio, é de ser aplicada a multa qualificada no percentual de 150%. Dessa forma voto por julgar IMPROCEDENTE A IMPUGNAÇÃO, mantendo o crédito tributário exigido. Assim, restou configurada a prática reiterada de infração ao disposto na LC nº 123, de 2006, nos termos do art. 29, V, e § 9º, I e II, tendo em vista a entrega de declarações com falsidade em dois meses consecutivos (janeiro e fevereiro/2014), estando correta a exclusão de ofício da empresa do Simples Nacional, não havendo que se falar em arbitrariedade ou ilegalidade. Quanto à alegação de que, na exclusão do Simples Nacional “o que o legislador infraconstitucional fez foi violar os princípios inseridos em nossa Constituição Federal de 1988 destinados às micros e pequenas empresas”, como visto a exclusão se deu com base na legislação posta no ordenamento jurídico. Em que pese o esforço de argumentação despendido pela impugnante, seus protestos não se prestam para pautar a decisão deste colegiado, que tem sua atividade completamente vinculada à legislação vigente, que rege a matéria objeto do procedimento fiscal impugnado. Isto porque não compete à autoridade julgadora afastar o direito positivado sob pretexto de alegados vícios de ilegalidade e inconstitucionalidade na sua gênese Esta questão, ademais, encontra-se agora expressamente disciplinada em lei ordinária, conforme prescrito no art. 25 da Lei nº 11.941, de 2009, que inseriu o art. 26-A no Decreto nº 70.235, de 1972, nos seguintes termos: Art. 25. O Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, passa a vigorar com as seguintes alterações: (...) "Art 26-A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I - que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II - que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da Advocacia-Geral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do Advogado-Geral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993.” Fl. 580DF CARF MF Fl. 16 do Acórdão n.º 1401-003.552 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10740.720031/2016-46 Não se enquadrando a matéria impugnada em qualquer das exceções prescritas no § 6º, recém-transcrito, não há como afastar a exigência combatida a pretexto de alegada inconstitucionalidade da norma em que ela se fundamentou. Assim sendo, resta à impugnante levar suas considerações ao Poder Judiciário, que detém o “monopólio” da análise de alegadas ilegalidades e/ou inconstitucionalidades do direito positivado. Enfim, os óbices por ela apontados, neste ponto, são impertinentes à seara administrativa. Dessa forma voto por julgar IMPROCEDENTE A IMPUGNAÇÃO, mantendo a exclusão do Simples Nacional. Conclusão. Voto por negar provimento ao recurso voluntário, nos termos da fundamentação. (assinado digitalmente) Carlos André Soares Nogueira - Relator Fl. 581DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.912396/2016-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 2012
ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF DESACOMPANHADA DE PROVAS CONTÁBEIS E DOCUMENTAIS QUE SUSTENTEM A ALTERAÇÃO. MOMENTO PROCESSUAL.
No processo administrativo fiscal o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzidas nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido. O momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito da Recorrente, especialmente notas fiscais ou documentos contábeis, é o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam a sua apresentação extemporânea, notadamente quando por qualquer razão era impossível que ela fosse produzida no momento adequado.
Numero da decisão: 3302-006.976
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares arguidas, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. O Conselheiro Walker Araújo votou pelas conclusões na questão de produção de prova apresentada na fase recursal.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente Substituto
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2012 ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF DESACOMPANHADA DE PROVAS CONTÁBEIS E DOCUMENTAIS QUE SUSTENTEM A ALTERAÇÃO. MOMENTO PROCESSUAL. No processo administrativo fiscal o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzidas nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido. O momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito da Recorrente, especialmente notas fiscais ou documentos contábeis, é o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam a sua apresentação extemporânea, notadamente quando por qualquer razão era impossível que ela fosse produzida no momento adequado.
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PRECLUSÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF DESACOMPANHADA DE PROVAS CONTÁBEIS E DOCUMENTAIS QUE SUSTENTEM A ALTERAÇÃO. MOMENTO PROCESSUAL. No processo administrativo fiscal o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzidas nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido. O momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito da Recorrente, especialmente notas fiscais ou documentos contábeis, é o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam a sua apresentação extemporânea, notadamente quando por qualquer razão era impossível que ela fosse produzida no momento adequado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares arguidas, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. O Conselheiro Walker Araújo votou pelas conclusões na questão de produção de prova apresentada na fase recursal. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente Substituto Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 91 23 96 /2 01 6- 93 Fl. 145DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-006.976 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11020.912396/2016-93 Relatório O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório, emitido eletronicamente que não homologou a compensação de crédito de PIS/Cofins declarado em PER/DCOMP. Tal decisão estaria fundamentada no fato de que a partir das características do DARF descrito na declaração, foram localizados um ou mais pagamentos, integralmente utilizados para quitação de outros débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados. Como enquadramento legal citou-se: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional - CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Devidamente cientificado, o interessado apresentou manifestação de inconformidade alegando, pleiteando, preliminarmente, a nulidade do despacho decisório. No particular alega ausência de fundamentação, ausência de motivação e inocorrência de intimação para prestar esclarecimentos, os quais permitiriam ao Fisco conhecer a origem do crédito pretendido. Cita o art. 37 da CF, e observa que o ato administrativo deve respeitar o principio da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Por outro lado, defende que houve desvio de finalidade do ato administrativo. Sustenta que o despacho teria a função de exprimir o parecer da fiscalização e que, ao decidir pela não homologação da declaração de compensação, permitiria a instauração do contraditório administrativo. Entretanto, o despacho em comento teria extrapolado sua função precípua, tornando-se meio oblíquo para interrupção do prazo de homologação previsto no § 5º do art. 74 da Lei n. 9.430, de 1996. No seu entendimento, o desvio de finalidade teria se materializado porque a interrupção do prazo de decadência é consequência do ato, jamais podendo ser seu objetivo. Argumenta, ainda, que houve prejuízo ao contraditório, ampla defesa e devido processo legal, pois a contribuinte não disporia das razões da não homologação da compensação declarada. No mérito, defende a reforma da decisão, aduzindo, incialmente que o Princípio da Verdade Material deve possibilitar à contribuinte a posterior juntada de documentos que comprovem as alegações trazidas na presente manifestação. Requer a inaplicabilidade da multa em face do princípio do não confisco, da razoabilidade e da proporcionalidade. Sustenta que a multa aplicada sobre o montante do tributo devido é inconstitucional e ilegal, sendo seu valor excessivo. Defende que multa aplicada em razão de infrações não pode ultrapassar os limites da lei e que o tributo deve ser regulado pelo princípio da capacidade contributiva. Argumenta que o Ministro Celso de Mello reconheceu como confiscatória a multa do art. 3º, § único, da Lei n.º 8.846, de 1994. Acrescenta que há impedimento constitucional e legal à bitributação e ao bis in idem. Sustenta que, em que pesem a previsibilidade legal dos dispositivos que fixam os parâmetros da multa, no caso de imposto informado e recolhido em atraso, existem princípios que se irradiam sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo como critérios para sua exata compreensão, razão pela qual as leis não podem distanciar-se dos princípios fundamentais que regem o ordenamento jurídico. Fl. 146DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-006.976 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11020.912396/2016-93 Por seu turno, a DRJ indeferiu a Manifestação de Inconformidade, firmando o entendimento de que não havia sido juntada aos autos documentação que comprovasse o crédito alegado. Irresignado, o contribuinte apresentou recurso voluntário onde defende a possibilidade de posterior juntada de documentos, especialmente em razão de fato superveniente, e aborda novamente os pontos tratados na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302- 006.958, de 22 de maio de 2019, proferido no julgamento do processo 11020.912379/2016-56, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3302-006.958): O Recurso Voluntário foi apresentado de forma tempestiva e reveste-se dos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Sinteticamente, entende-se que em relação a requerimentos de compensação de créditos tributários compete a quem requer o reconhecimento do direito aos créditos produzir as provas que demonstrem a liquidez e certeza dos mesmos. No caso concreto, tendo sido o Despacho Decisório prolatado eletronicamente, a oportunidade de se provar a liquidez e certeza dos créditos é quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, o que não ocorreu. A Recorrente não juntou à Manifestação de Inconformidade qualquer documento que pudesse demonstrar o seu direito aos créditos pleiteados. Posteriormente, apenas quando da interposição do Recurso Voluntário foram juntadas planilhas, todavia desacompanhadas de qualquer livro contábil ou nota fiscal. Entende-se que o momento final para produção de provas do crédito pleiteado é, no máximo, quando da apresentação da manifestação de inconformidade e a produção de provas no Recurso Voluntário somente tem lugar na hipótese da decisão da DRJ haver as considerado insuficientes, situação na qual elas poderão ser complementadas quando da apresentação do Recurso Voluntário. No caso concreto a Manifestação de Inconformidade veio desacompanhada de quaisquer documentos, na qual a Recorrente não trouxe aos autos qualquer alegação de mérito ou qualquer documento que pudesse corroborar o seu alegado direito ao crédito, atacando tão somente as razões de direito. Passo à análise dos argumentos recursais. 1. ANÁLISE DAS PRELIMINARES (i) Preliminar - possibilidade de juntada de documentos em sede recursal, especialmente em razão de fato superveniente. (B.1 do Recurso Voluntário) Como já salientado, o momento para a produção das provas acerca do direito creditório pleiteado é quando da apresentação da manifestação de inconformidade. Fl. 147DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-006.976 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11020.912396/2016-93 Não há dúvidas que a busca da verdade material é um princípio norteador do Processo Administrativo fiscal. Contudo, ao lado dele, também de matiz constitucional está o princípio da legalidade, que obriga a todos, especialmente à Administração pública, da qual este Colegiado integra, a obediência as normas legais vigentes, merecendo destaque o Decreto 70.235 estabeleceu o momento da prática dos atos, sob pena ainda de se atentar ainda contra outro princípio constitucional, qual seja o da duração razoável do processo. O referido Decreto especifica objetivamente o momento da produção das provas no seu artigo 16. "Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir;" O próprio Decreto 70.235, no mesmo artigo 16 especifica as hipóteses em que é possível a produção posterior de provas, o que faz de forma taxativa. "§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refira-se a fato ou a direito superveniente; c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância". É certo que este colegiado admite a juntada de provas em sede recursal, contudo apenas nos casos em que o Recorrente tenha demonstrado, na Impugnação, ou Manifestação de Inconformidade, como é o caso, a impossibilidade de se trazer aquela prova no momento oportuno (Impugnação ou Manifestação de Inconformidade), o que definitivamente não ocorreu no caso concreto. Admitir-se deliberadamente a produção probatória na fase recursal subverteria todo o rito processual e geraria duas consequências indesejáveis (i) caso fosse determinado que o feito retornasse à instância original, implicaria uma perpetuação do processo e, (ii) caso as provas fossem apreciadas pelo CARF sem que tivessem sido analisadas pela DRJ, geraria indesejável supressão de instância e, em ambos os casos, representaria afronta direta ao texto legal que rege o processo administrativo fiscal. Por esta razão afasto as preliminares arguidas. (ii) Preliminar de nulidade do despacho decisório eletrônico. (B.2. do Recurso Voluntário) (iii) Preliminar de nulidade do despacho decisório por ausência de fundamentação. (B.2.1 do Recurso Voluntário) (iv) Preliminar de nulidade do despacho decisório por desvio de finalidade. (B.2.2. do Recurso Voluntário) e (v) Preliminar de prejuízo do contraditório, ampla defesa e devido processo legal (B.2.3 do Recurso Voluntário). Inicialmente, pela análise do Despacho Decisório é possível aferir que, respeitosamente, ao contrário do que afirma a Recorrente, foi redigido de forma a permitir o exercício do devido processo legal, inclusive com expressa menção à legislação atinente e ao motivo do deferimento parcial. Entende-se que a Manifestação de Inconformidade é a ocasião na qual o Contribuinte possui a oportunidade de trazer aos autos os elementos probatórios que estiverem ao seu Fl. 148DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3302-006.976 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11020.912396/2016-93 alcance produzir, como notas fiscais e livros contábeis. É por meio da apresentação de tais provas, ou apenas indícios, se for o caso, que é possível, por exemplo, determinar a produção de outras mais robustas ou que se mostrem mais adequadas. O que não se pode admitir é que a Recorrente apresente alegações genéricas, sob o argumento de que não compreendeu o perfeito sentido e alcance do Despacho Decisório. Em relação à interpretação do artigo 16 do Dec. 70.235, vale destacar que ele permite a ulterior apresentação de provas em caso de força maior, o que não restou demonstrado no caso concreto, não podendo ser a citada decisão proferida pelo STF considerada como tal, eis que em nada altera a situação concreta. Quanto aos elementos essenciais ao ato administrativo, tem-se que encontram-se presentes todos eles, quais sejam a autoridade competente, motivo, finalidade, objeto e forma. O ato também foi fundamentado na legislação nele apresentada. Especificamente no que diz respeito à motivação, a própria Recorrente reconhece que o ato foi motivado pela verificação da inexistência de crédito disponível a ser aproveitado, apresentando cálculos, cabendo a ela, interessada na compensação do crédito, demonstrar a existência do referido crédito, com documentação idônea. No caso concreto a Recorrente não trouxe aos autos qualquer alegação ou qualquer indício de crédito. A Recorrente afirma que o despacho decisório foi praticado em desvio de finalidade. Desvio de Finalidade, segundo o Professor Alessandro Dantas Coutinho, é "... quando o agente, apesar de competente para a prática do ato, o faz buscando alcançar outro interesse que não é o público." (COUTINHO, Alessandro Dantas e RODOR, Ronald Kruger Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro, Forense, 2015 p. 406), o que não ocorreu no caso concreto, eis que não foi proferido como meio de interromper o prazo quinquenal para homologação do crédito, como afirma a Recorrente, mas é um procedimento oficial adotado pela Receita Federal do Brasil e plenamente reconhecido pelo CARF e pelo Poder Judiciário. Finalmente, também ao contrário do que afirma a Recorrente, o despacho eletrônico não violou o contraditório, a ampla defesa, nem o devido processo legal, inclusive possibilitando que ela apresentasse as provas do seu crédito. A Recorrente não apontou de que maneira a suposta ilegalidade teria limitado o seu direito, prevalecendo a regra segundo a qual não há nulidade sem que seja demonstrado o prejuízo eventualmente advindo do alegado vício. Por estas razões, afasto a preliminar suscitada. 2. ANÁLISE DO MÉRITO. Mérito - Princípio da Verdade Material que norteia o processo administrativo. (C.1 do Recurso Voluntário) e materialidade e suficiência dos créditos compensados. recolhimento de contribuições sobre base de cálculo indevida. decisão definitiva proferida pelo STF durante o curso do processo administrativo fiscal (C.2 do Recurso Voluntário) O mérito da presente controvérsia deveria ser o direito da Recorrente aos créditos que alega possuir. Contudo, diante do fato de que não produziu provas da existência dos alegados créditos, a discussão no Recurso Voluntário foi deslocada para o momento da produção das provas. Em relação ao referido direito à produção de provas, a Recorrente defende que este direito não deve encontrar qualquer limite temporal, verbis: "... devendo ser assegurado ao contribuinte o direito de apresentação de prova sem qualquer limitação...". A ponderação entre a verdade material invocada pela Recorrente e os demais princípios que norteiam o processo administrativo fiscal já foi anteriormente realizada e embora Fl. 149DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3302-006.976 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11020.912396/2016-93 efetivamente constitua um relevante princípio constitucional, não existem princípios constitucionais absolutos, e ele deve coexistir com os demais, especialmente o da legalidade e o da duração razoável do processo. Em relação à referida decisão judicial, tratada pela Recorrente como fato novo, efetivamente não tem o condão de reabrir a fase probatória. Merece destaque que o termo "fato ou a direito superveniente" deve dizer respeito a algo novo que não existia à época em que o ato deveria ser realizado. No caso concreto este "fato superveniente" em nada influiu na possibilidade ou não da Recorrente ter juntado, à época própria, os documentos comprobatórios do seu crédito. Mérito - inaplicabilidade da multa em face do princípio constitucional do não confisco e dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. (C.3 do Recurso Voluntário) A Recorrente insurge-se contra a alegada falta de razoabilidade e de proporcionalidade da multa aplicada, todavia esta análise é vedada ao CARF por força da Súmula CARF 2, com efeitos vinculantes, que veda a este colegiado manifestar-se acerca da constitucionalidade de norma jurídica em vigor. Conclusivamente, é de se afastar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu afastar as preliminares e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator Fl. 150DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.724498/2009-10
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE CARGA. COMPROVAÇÃO.
Mantém-se a omissão em litígio quando não restar comprovado nos autos que os rendimentos recebidos pelo recorrente decorrem da prestação de serviços de transporte de carga em veículo próprio ou locado.
Numero da decisão: 2002-001.112
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Mônica Renata Mello Fereira Stoll - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: MONICA RENATA MELLO FERREIRA STOLL
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PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE CARGA. COMPROVAÇÃO. Mantémse a omissão em litígio quando não restar comprovado nos autos que os rendimentos recebidos pelo recorrente decorrem da prestação de serviços de transporte de carga em veículo próprio ou locado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 44 98 /2 00 9- 10 Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10530.724498/200910 Acórdão n.º 2002001.112 S2C0T2 Fl. 62 2 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento (efls. 06/10) lavrada em nome do sujeito passivo acima identificado, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2009 (efls. 18/24), onde se apurou a Omissão de Rendimentos no valor de R$ 55.704,36 referente à fonte pagadora Martinho Transportes Ltda. O contribuinte apresentou Impugnação (efls. 02/03), cujas alegações foram resumidas no relatório do acórdão recorrido (efls. 39): O contribuinte apresentou impugnação ao lançamento anexada às fls. 02/03 dos autos. Segundo referiu, a empresa Martinho Transportes Ltda., apresentou DIRF retificadora em 18/11/2009. Disse que o valor bruto recebido relativo ao transporte rodoviário de cargas (fretes) totalizou em R$ 112.840,60, sem a dedução do valor correspondente a 60% conforme determinação da Lei 7.713/88. Após a dedução do valor correspondente ao percentual citado, o valor líquido sujeito a tributação é de R$ 45.136,24, somado ao valor da retirada de prólabore de R$ 12.000,00, sendo estes os valores informados na declaração de ajuste apresentada. Ao concluir suas razões, solicitou o cancelamento do débito fiscal. Fez anexar aos autos cópia do comprovante de rendimentos e da DIRF ano 2008. Os autos foram encaminhados à fiscalização e o lançamento foi revisto através de Termo Circunstanciado e Despacho Decisório, restando mantida a infração apurada (efls. 28/30). O interessado não apresentou manifestação dentro do prazo concedido (efls. 35). A Impugnação foi julgada improcedente pela 8ª Turma da DRJ/POA em decisão assim ementada (efls. 38/41): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS AUFERIDOS DE PESSOA JURÍDICA Deve compor a base de cálculo do imposto de renda os rendimentos tributáveis declarados em DIRF pela fonte pagadora. PROVA. A impugnação formalizada deverá estar instruída com os documentos em que se fundamentar. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10530.724498/200910 Acórdão n.º 2002001.112 S2C0T2 Fl. 63 3 Cientificado do acórdão de primeira instância em 15/08/2014 (efls. 45), o interessado ingressou com Recurso Voluntário em 29/08/2014 (efls. 47/48) transcrevendo o art. 47, caput e inciso I, do RIR/99 e indicando a juntada de elementos de prova a fim de demonstrar o desempenho da atividade de transporte de carga. Voto Conselheira Mônica Renata Mello Fereira Stoll O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Sobre a tributação dos rendimentos recebidos em decorrência da prestação de serviços de transporte de carga, aplicase o disposto no art. 47, I, do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, aprovado pelo Decreto 3.000/99, vigente à época: Art. 47. São tributáveis os rendimentos provenientes de prestação de serviços de transporte, em veículo próprio ou locado, inclusive mediante arrendamento mercantil, ou adquirido com reserva de domínio ou alienação fiduciária, nos seguintes percentuais (Lei nº 7.713, de 1988, art. 9º): I quarenta por cento do rendimento total, decorrente do transporte de carga; Extraise da Notificação de Lançamento que a autoridade fiscal constatou a omissão de rendimentos recebidos da fonte pagadora Martinho Transportes Ltda com base nos valores informados em DIRF pelo estabelecimento (efls. 08). Impõese observar nesse ponto que, de acordo com consulta realizada junto ao sítio da Receita Federal do Brasil na internet, o sujeito passivo é sócio administrador da referida empresa. Em sua Impugnação o contribuinte apresentou Comprovante de Rendimentos e DIRF Retificadora com o intuito de confirmar os valores consignados na Declaração de Ajuste Anual em exame (efls. 4/5, 19, 25). Vale mencionar que tais documentos foram emitidos pela Martinho Transportes Ltda em data posterior ao presente lançamento. Na Revisão de Ofício o auditor manteve a infração apurada devido à ausência de documentos hábeis a comprovar a prestação de serviços de transporte de carga (efls. 28/29). Cientificado, o interessado não se manifestou sobre a decisão (efls. 35). O julgamento de primeira instância corroborou o entendimento da autoridade revisora conforme excertos a seguir reproduzidos (efls. 40): O contribuinte afirmou na defesa, que os rendimentos recebidos, apontados pela fiscalização como omitidos, são isentos de tributação do imposto de renda por tratarse de valor correspondente a 60% dos fretes recebidos com transporte de Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10530.724498/200910 Acórdão n.º 2002001.112 S2C0T2 Fl. 64 4 carga. Segundo destacou, o valor foi informado no campo de rendimentos isentos e não tributáveis. Tratando da matéria em questão, o art. 47 do RIR 99, define no inciso I que: [...] Diante da hipótese legal, caberia ao contribuinte demonstrar por meio de documentos o desempenho da atividade de transporte de carga. Conforme descrito no Termo Circunstanciado anexo do Despacho Decisório anteriormente citado, o contribuinte não apresentou “habilitação, documento do veículo utilizado na prestação do serviço, recibos da prestação de serviço de carga, que permitiriam formar convicção acerca do serviço autônomo de transporte de carga”, para ser tributado da forma indicada no texto legal. Convém referir que os elementos apresentados, anexados autos de fls. 04 e 05, quais sejam: comprovantes de rendimentos e DIRF, não são suficientes para comprovar os argumentos apresentados. Em seu Recurso Voluntário, o sujeito passivo juntou aos autos Recibos de Pagamento a Autônomo RPA fornecidos pela Martinho Transportes Ltda, Carteira Nacional de Habilitação e Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo para contrapor as razões trazidas pela DRJ (efls. 49/56). Ocorre, contudo, que tais documentos não são hábeis a demonstrar, de maneira inequívoca, que os rendimentos recebidos da empresa em 2008 foram, de fato, decorrentes da prestação de serviço de transporte de carga como alega em sua defesa. Notese que os RPA acostados referemse a ano calendário diverso do que aqui se aprecia e foram assinados apenas pelo próprio interessado. Já o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo indica que o automóvel estava alugado para o recorrente em 2014, não sendo possível concluir que se encontrava nessa mesma situação em 2008. Além disso, não há qualquer documento nos autos capaz de estabelecer um vínculo entre os serviços prestados e o veículo utilizado, o que seria fundamental para o enquadramento do caso no art. 47, I, do RIR/99: rendimentos provenientes da exploração individual do serviço de transporte de carga em veículo próprio ou locado. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10530.724498/200910 Acórdão n.º 2002001.112 S2C0T2 Fl. 65 5 Fl. 65DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13054.001685/2008-93
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jul 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
PIS. GASTOS COM INSUMOS. ÓLEO DIESEL. DIREITO AO CRÉDITO.
O direito ao crédito de PIS sobre insumos e outros gastos deve estar vinculado à necessidade do gasto para a produção do bem ou serviço vendido.
No caso concreto, deve ser afastada a glosa do crédito sobre gastos com óleo diesel consumido em caminhão da frota da empresa empregado no transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens, tratadas na decisão recorrida como componentes dos insumos, entre seus estabelecimentos.
Numero da decisão: 9303-008.727
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 PIS. GASTOS COM INSUMOS. ÓLEO DIESEL. DIREITO AO CRÉDITO. O direito ao crédito de PIS sobre insumos e outros gastos deve estar vinculado à necessidade do gasto para a produção do bem ou serviço vendido. No caso concreto, deve ser afastada a glosa do crédito sobre gastos com óleo diesel consumido em caminhão da frota da empresa empregado no transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens, tratadas na decisão recorrida como componentes dos insumos, entre seus estabelecimentos.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
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GASTOS COM INSUMOS. ÓLEO DIESEL. DIREITO AO CRÉDITO. O direito ao crédito de PIS sobre insumos e outros gastos deve estar vinculado à necessidade do gasto para a produção do bem ou serviço vendido. No caso concreto, deve ser afastada a glosa do crédito sobre gastos com óleo diesel consumido em caminhão da frota da empresa empregado no transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens, tratadas na decisão recorrida como componentes dos insumos, entre seus estabelecimentos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 05 4. 00 16 85 /2 00 8- 93 Fl. 309DF CARF MF Processo nº 13054.001685/200893 Acórdão n.º 9303008.727 CSRFT3 Fl. 0 2 Tratase de pedido de ressarcimento de contribuição não cumulativa que não foi integralmente reconhecido, nos termos do Despacho Decisório carreado aos autos. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual argumentou que a transferência de créditos de ICMS não caracteriza receita e que o combustível é utilizado nas atividades da empresa, portanto caracteriza crédito. Além disso, apesar de admitir parte das glosas pela aquisição de pessoas físicas, aponta a existência de erro na sua apuração. A DRJ de jurisdição manteve parcialmente as glosas havidas. Irresignada, a contribuinte, interpôs recurso voluntário, no qual, em resumo: a) rechaçou a aplicação subsidiária do conceito de insumo do IPI, para o cálculo do crédito da contribuição; b) reiterou os argumentos da impugnação, relativos: i. à transferência de créditos de ICMS; e ii. ao combustível utilizado nas atividades da empresa. O recurso voluntário foi apreciado pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, resultando no acórdão nº 3403002.914, que reconheceu (a) a não incidência da contribuição em relação a créditos de ICMS transferidos a terceiros (reproduzindo decisão definitiva do STF no RE nº 606.107/RSRG) e (b) os créditos da contribuição em relação ao óleo diesel utilizado para abastecer caminhão da frota da empresa, empregado no transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos. Recurso especial de Fazenda Intimada para ciência do acórdão, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial de divergência em face do reconhecimento, pela decisão recorrida, do créditos relativos ao óleo diesel utilizado em veículos sem ligação direta ao processo produtivo, o que não foi admitido no acórdão paradigma. O então Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, apreciou o recurso especial de divergência do Procurador, dandolhe seguimento. Contrarrazões da contribuinte Cientificada do recurso especial de divergência da Fazenda e de seu despacho de admissibilidade, a contribuinte apresentou suas contrarrazões. Naquele arrazoado, traz diversas decisões administrativas e judiciais para retomar seu posicionamento quanto à possibilidade do aproveitamento de créditos em face do consumo de combustível. É o relatório. Voto Fl. 310DF CARF MF Processo nº 13054.001685/200893 Acórdão n.º 9303008.727 CSRFT3 Fl. 0 3 Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303008.725, de 12 de junho de 2019, proferido no julgamento do processo 13054.01682/200850, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 9303008.725): "O recurso especial de divergência da Fazenda é tempestivo, cumpre os requisitos regimentais e dele conheço. Antes de entrar no mérito do recurso, esclareço que, para elaboração do presente voto, adoto o entendimento esposado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil no Parecer Normativo COSIT/RFB n° 05, de 17 de dezembro de 2018. Ressalvo não comungar de todas as argumentações nele postas, entretanto, concordo com suas conclusões. Daí, cabe explicitar que o citado parecer defende que os combustíveis podem se enquadrar no conceito de insumo, para fins de creditamento, se manifestando no seguinte sentido: 10. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES 138. Conforme se explanou acima, o conceito de insumos (inciso II do caput do art. 3º Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003) estabelecido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, se de um lado é amplo em sua definição, de outro restringese aos bens e serviços utilizados no processo de produção de bens destinados à venda e de prestação de serviços, não alcançando as demais áreas de atividade organizadas pela pessoa jurídica. 139. Daí, considerando que combustíveis e lubrificantes são consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos de qualquer espécie, e, em regra, não se agregam ao bem ou serviço em processamento, concluise que somente podem ser considerados insumos do processo produtivo quando consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos utilizados pela pessoa jurídica no processo de produção de bens ou de prestação de serviços. ... 141. Todavia, com base no conceito de insumos definido na decisão judicial em voga, devese reconhecer que são considerados insumos geradores de créditos das contribuições os combustíveis e lubrificantes consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos responsáveis por qualquer etapa do processo de produção de bens ou de prestação de serviços, inclusive pela produção de Fl. 311DF CARF MF Processo nº 13054.001685/200893 Acórdão n.º 9303008.727 CSRFT3 Fl. 0 4 insumos do insumo efetivamente utilizado na produção do bem ou serviço finais disponibilizados pela pessoa jurídica (insumo do insumo). 142. Sem embargo, permanece válida a vedação à apuração de crédito em relação a combustíveis consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos utilizados nas demais áreas de atividade da pessoa jurídica (administrativa, contábil, jurídica, etc.), bem como utilizados posteriormente à finalização da produção do bem destinado à venda ou à prestação de serviço. Destaquese que o aproveitamento de créditos sobre óleo diesel utilizados para abastecer caminhão da frota da empresa é empregado no transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos. Há que se salientar, ainda, que, na decisão recorrida, as embalagens foram tratadas como elementos componentes dos insumos utilizados na produção dos bens vendidos e não foi apresentada divergência quanto a esse entendimento. Portanto, o combustível em análise está utilizado em etapas da produção e, assim, pode gerar créditos da contribuição. Dessarte, as razões acima me levam afastar as glosas relativas a esses créditos. CONCLUSÃO Em face do exposto, voto por conhecer do recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional, para negarlhe provimento." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer do Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 312DF CARF MF Processo nº 13054.001685/200893 Acórdão n.º 9303008.727 CSRFT3 Fl. 0 5 Fl. 313DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13893.000975/2003-23
Turma: Primeira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Jun 04 00:00:00 UTC 2009
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI
Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2002
CRÉDITOS RELATIVOS A INSUMOS ISENTOS, NÃO TRIBUTADOS
OU DE ALlQUOTA ZERO.
O princípio da não-cumulatividade do IPI é implementado pelo sistema de compensação do débito ocorrido na saída de produtos do estabelecimento do contribuinte com o crédito relativo ao imposto que fora cobrado na operação anterior referente à entrada de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Não havendo exação de IPI nas aquisições desses
insumos, em razão dos mesmos serem isentos, não tributados ou de alíquota zero, não há valor algum a ser creditado.
CRÉDITOS BÁSICOS. RESSARCIMENTO.
No regime jurídico dos créditos de IPI inexiste direito ao ressarcimento dos créditos básicos gerados até 31/12/1998, antes ou após a edição da Lei nº 9.779, de 19/01/1999.
JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA.
A autoridade administrativa não é competente para decidir sobre a
constitucionalidade e a legalidade dos atos baixados pelos Poderes Legislativo e Executivo e, conseqüentemente, afastar a sua aplicação.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2102-000.181
Decisão: ACORDAM os Membros da SEGUNDA TURMA ORDINÁRIA da
PRIMEIRA CÂMARA da SEGUNDA SEÇÃO do CONSELHO ADMINISTRATIVO DE
RECURSOS FISCAIS, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido(a)s o(a)s Conselheiro(a)s Fabíola Cassiano Keramidas, Fernando Luiz da Gama Lobo D'Eça e Alexandre Gomes que davam provimento parcial quando ao crédito dos insumos isentos
Matéria: IPI- processos NT - ressarc/restituição/bnf_fiscal(ex.:taxi)
Nome do relator: WALBER JOSÉ DA SILVA
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2002 CRÉDITOS RELATIVOS A INSUMOS ISENTOS, NÃO TRIBUTADOS OU DE ALlQUOTA ZERO. O princípio da não-cumulatividade do IPI é implementado pelo sistema de compensação do débito ocorrido na saída de produtos do estabelecimento do contribuinte com o crédito relativo ao imposto que fora cobrado na operação anterior referente à entrada de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Não havendo exação de IPI nas aquisições desses insumos, em razão dos mesmos serem isentos, não tributados ou de alíquota zero, não há valor algum a ser creditado. CRÉDITOS BÁSICOS. RESSARCIMENTO. No regime jurídico dos créditos de IPI inexiste direito ao ressarcimento dos créditos básicos gerados até 31/12/1998, antes ou após a edição da Lei nº 9.779, de 19/01/1999. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. A autoridade administrativa não é competente para decidir sobre a constitucionalidade e a legalidade dos atos baixados pelos Poderes Legislativo e Executivo e, conseqüentemente, afastar a sua aplicação. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Câmara
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secao_s : Segundo Conselho de Contribuintes
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decisao_txt : ACORDAM os Membros da SEGUNDA TURMA ORDINÁRIA da PRIMEIRA CÂMARA da SEGUNDA SEÇÃO do CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido(a)s o(a)s Conselheiro(a)s Fabíola Cassiano Keramidas, Fernando Luiz da Gama Lobo D'Eça e Alexandre Gomes que davam provimento parcial quando ao crédito dos insumos isentos
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CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS = , •• V"' - SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO- Processo n° 13893.000975/2003-23 Recurso n° 158.131 Voluntário Acórdão n° 2102-00.181 — 1' Câmara / 2 Turma Ordinária Sessão de 04 de junho de 2009 Matéria Ressarcimento de Crédito Básico do IPI Recorrente VALTRA DO BRASIL LTDA Recorrida DRJ em Ribeirão Preto - SP ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2002 CRÉDITOS RELATIVOS A INSUMOS ISENTOS, NÃO TRIBUTADOS OU DE ALlQUOTA ZERO. O princípio da não-cumulatividade do IPI é implementado pelo sistema de compensação do débito ocorrido na saída de produtos do estabelecimento do contribuinte com o crédito relativo ao imposto que fora cobrado na operação anterior referente à entrada de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Não havendo exação de IPI nas aquisições desses insumos, em razão dos mesmos serem isentos, não tributados ou de alíquota zero, não há valor algum a ser creditado. CRÉDITOS BÁSICOS. RESSARCIMENTO. No regime jurídico dos créditos de IPI inexiste direito ao ressarcimento dos créditos básicos gerados até 31/12/1998, antes ou após a edição da Lei n' 9.779, de 19/01/1999. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. A autoridade administrativa não é competente para decidir sobre a constitucionalidade e a legalidade dos atos baixados pelos Poderes Legislativo e Executivo e, conseqüentemente, afastar a sua aplicação. Recurso Voluntário Negado. Vistos relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da SEGUNDA TURMA ORDINÁRIA da PRIMEIRA CÂMARA da SEGUNDA SEÇÃO do CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido(a)s 90 etl, , ; - .,tcurwo r'r , .SCt . T : !.n Processo n° 13893.000975/2003-23 • • - Oat 82-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.181 ' _09 . • Fl. 95 o(a)s Conselheiro(a)s Fabiola Cassiano Keramidas, Fernando Luiz da Gama Lobo D'Eça e Alexandre Gomes que davam provimento parcial quando ao crédito dos insumos isentos 4.. n eiketxis_c-L autbixot i • SE \ MARIA COELHO MARQUES Presidente /.1 WALB R JOSE DA VA Relator( I 1 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Maurício Taveira e Silva, José Antonio Francisco e Gileno Gurjão Barreto. Relatório No dia 10/06/2003 a empresa VALTRA DO BRASIL LTDA, já qualificada nos autos, ingressou com pedido de ressarcimento de créditos básicos de EPI, previsto no art. 11 da Lei nç' 9.779/99, relativo ao período de janeiro de 1998 a dezembro de 2002, escriturado no terceiro decêndio de março de 2003 (fl. 01/02 e 19). Por falta de previsão legal, a DRF em Guarulhos — SP indeferiu o pleito da recorrente. A empresa interessada tomou ciência desta decisão (AR de fl. 34) e, não se conformando, ingressou com manifestação de conformidade (fls. 35/49), cujos argumentos de defesa estão sintetizados no relatório do acórdão recorrido, que leio em sessão. A 2 Turma de Julgamento da DRJ em Ribeirão Preto - SP indeferiu o pleito da recorrente, nos termos do Acórdão n' 14-18.762, de 05/03/2008, cuja menta apresenta o seguinte teor: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados — IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 DIREITO AO CRÉDITO. INSUMOS NÃO ONERADOS PELO IPL É inadmissível, por total ausência de previsão legal, a apropriação, na escrita fiscal do sujeito passivo, de créditos do imposto alusivos a insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero, uma vez que inexiste montante do imposto cobrado na operação anterior. 2 1 M-F CE •t..!A;GINA.i.. — Processo n° 13893.000975/2003-23 /na_ S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.181 Fl. 96 RESSARCIMENTO DE IN. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. Inexiste previsão legal para abonar atualização monetária ou acréscimo de juros equivalentes à taxa SELIC a valores objeto de ressarcimento de crédito de IPI. INCONSTITUCIONALIDADE. A autoridade administrativa é incompetente para declarar a inconstitucionalidade da lei e dos atos infralegais. A empresa interessada tomou ciência da decisão de primeira instância em 13/05/2008, AR de fl. 74, e interpôs recurso voluntário em 09/06/2008, no qual repisa os argumentos da manifestação de inconformidade sobre o direito ao crédito dos insumos de alíquota zero e não tributados, empregados em produtos tributados pelo IPI; o direito ao ressarcimento, inclusive com a incidência de juros Selic; e a possibilidade da administração afastar a aplicação de norma que a recorrente entende inconstitucional. - Na forma regimental, o recurso voluntário foi a mim distribuído, conforme despacho exarado na última folha dos autos - fl. 93. É o relatório. Voto Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA, Relator O recurso voluntário é tempestivo, atende os demais preceitos legais de regência e merece ser conhecido. A recorrente está pleiteando o ressarcimento de crédito básico do IPI, relativo ao período de janeiro de 1998 a dezembro de 2002, escriturado em março de 2003. Os créditos pleiteados foram calculados pela recorrente e referem-se a insumos não tributados pelo IPI ou com alíquota zero, empregados em produtos tributados pelo IPI. - A solução da presente lide cinge-se, basicamente, em determinar se os estabelecimentos contribuintes de lPI têm direito de creditar-se desse tributo referente à matéria-prima, produtos intermediários e material de embalagem tributados com alíquota zero, isento ou não-tributado pelo TPI. A controvérsia tem como "pano de fundo" a interpretação do princípio constitucional da não-cumulatividade do imposto. A não-cumulatividade do IPI nada mais é do que o direito de os contribuintes abaterem do imposto devido nas saídas dos produtos do estabelecimento industrial o valor do IPI que incidira na operação anterior, isto é, o direito de compensar o imposto que lhe foi cobrado na aquisição dos insumos (matéria-prima, produto intermediário e material de 10--"F - SEGUN50 DE CONTRr . " --'T'e S- . 1 fr:'Jf i _CA C CRIGiNk Processo n° 13893.000975/2003-23 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.181 Fl. 97 b?' embalagem) com o tributo referente aos fatos geradores decorrentes cb—.."--;;---Uklas e produtos tributados de seu estabelecimento. A Constituição Federal de 1988, reproduzindo o texto da Carta Magna anterior, assegurou aos contribuintes do IPI o direito a creditarem-se do imposto cobrado nas operações antecedentes para abater nas seguintes. Tal princípio está insculpido no art. 153, § 3°, inciso II, verbis: "Art. 153. Compete à União instituir imposto sobre: (.) IV - produtos industrializados; (-) § 3 0 0 imposto previsto no inciso IV: 1- Omissis - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores," (grifo não constante do original) Para atender à Constituição, o CTN estabelece, no artigo 49 e parágrafo único, as diretrizes desse princípio, e remete à lei a forma dessa implementação. "Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados. Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte, transfere-se para o período ou períodos seguintes." O legislador ordinário, consoante essas diretrizes, criou o sistema de créditos que, regra geral, confere ao contribuinte o direito a creditar-se do imposto cobrado nas operações anteriores (o IPI acrescido ao preço do insumo e destacado na Nota Fiscal de aquisição dos produtos entrados em seu estabelecimento) para ser compensado com o que for devido nas operações de saída dos produtos tributados do estabelecimento contribuinte, em um mesmo período de apuração, sendo que, se em determinado período os créditos excederem aos débitos, o excesso será transferido para o período seguinte. A lógica da não-cumulatividade do IPI, prevista no art. 146 do RIPI198 (Decreto n° 2.637/1998) e, posteriormente, no art. 163 do RIPI/02 (Decreto n° 4.544/2002), é, pois, compensar do imposto a ser pago na operação de saída do produto tributado do estabelecimento industrial, ou equiparado, o valor do IPI que fora cobrado relativamente aos produtos nele entrados (na operação anterior). Todavia, até o advento da Lei n° 9.779/99, se os produtos fabricados saíssem não tributados (Produto NT), tributados à alíquota zero, ou gozando de isenção do imposto, como não haveria débito nas saídas, conseqüentemente, não se poderia utilizar os créditos básicos referentes aos insumos, vez não existir imposto a ser • n • 4 Çidk 4 • - SEGUNDO CO:U:11:10 CE Cf:/NITRIR:141'ES CONFW:U !O CR:G!t4A' Processo n° 13893.000975/2003-23 B:P.Si21. i 0 01 I 01 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.181 Fl. 98 4)1.41?›.' compensado. O principio da não-cumulatividade só se justifica nos casos em que haja débitos e créditos a serem compensados mutuamente. Essa é a regra trazida pelo artigo 25 da Lei n 4.502/64, reproduzida pelo art. 164, inciso I, do RIPI12002, a seguir transcrito: "Art. 164. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditar-se (Lei n2 4.502, de 1964, art. 25): 1- do imposto relativo a MP, PI e ME, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindo-se, entre as matérias-primas e produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente;" (grifo não constante do original) De outro lado, a mesma sistemática vale para os casos em que as entradas foram desoneradas desse imposto, isto é, as aquisições das matérias-primas, dos produtos intermediários ou do material de embalagem que não foram onerados pelo IPI, pois não há o que compensar, porquanto o sujeito passivo não arcou com ônus algum. A premissa básica da não-cumulatividade do IPI reside justamente em se compensar o tributo lançado (na Nota Fiscal de aquisição de insumo) na operação anterior com o devido na operação seguinte. O texto constitucional é taxativo em garantir a compensação do imposto devido em cada operação com o montante cobrado na anterior. Ora, se no caso em análise não houve a cobrança (nem lançamento em nota fiscal houve) do tributo na operação de entrada de insumo, não há falar-se em direito a crédito, tampouco em não- cumulativi dade. O crédito pleiteado pela recorrente é um crédito ficto, presumido, posto que ele não existe de fato. O mesmo não foi lançado nas notas fiscais de aquisição. Tanto é que a recorrente teve de "inventar" uma aliquota para calcular o total do crédito pleiteado, mesmo não tendo demonstrado como o fez. Comprovadamente não há lei especifica que autorize a recorrente a utilizar os créditos pleiteados e a Constituição Federal veda expressamente a concessão de crédito presumido, ficto ou estimado, sem lei que autorize, conforme comando contido no § 6 do art. 150, que reproduzo: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) 6. 0 Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei especifica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto Wtk Qg 5 RAF - 2FC;IfMC-n f:-Ir):5E CONTRIBIENTPS LÁ:4J ;:: •JAL Processo n° 13893.000975/2003-23 __25• S2-C1T2 • Acórdão n.° 2102-00.181 1 Fl. 99 no art. 155, § 2.°, XII, g. (Redação dada pele:: Emenda Constitucional n°3, de 1993) (grifei). O indeferimento do pedido da recorrente pela 1DRF, mantido pela decisão recorrida, está em perfeita harmonia com a decisão do Pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) que, na sessão do dia 15/02/2007 negou provimento, por maioria, aos Recursos Extraordinários (REs) n 370682 e 353657, decidindo pela impossibilidade de compensação de créditos de lPI relativos à aquisição de matéria-prima isenta, não tributada ou sujeita à alíquota zero. Além das razões acima, a recorrente está pleiteando o ressarcimento de créditos básicos do IPI decorrentes da aquisição de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem, entrados no estabelecimento industrial até dezembro de 1998 (art. 11 da Lei ng 9.779, de 1999). Sobre este tema, o Pleno do Segundo Conselho de Contribuinte, sucedido pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pacificou o entendimento, nos termos da Súmula n 8, abaixo transcrita, de que o direito ao aproveitamento/ressarcimento alcança, exclusivamente, os créditos relativos aos insumos recebidos pelo estabelecimento contribuinte a partir de 1 Q de janeiro de 1999. "SÚMULA AP 8 - O direito ao aproveitamento dos créditos de IPI decorrentes da aquisição de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na _fabricação de produtos cuja saída seja com isenção ou aliquotcz zero, nos termos do art. 11 da Lei n 9.779, de 1999» alcança, exclusivamente, os insumos recebidos pelo estabelecimento contribuinte a partir de 1' de janeiro de 1999." Quanto aos argumentos de que a administração deve afastar a aplicação de norma que a recorrente entende inconstitucional, o Pleno do Segundo Conselho de Contribuintes, sucedido pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em sessão realizada no dia 18/09/2007, decidiu que a instancia administrativa não possui competência legal para se manifestar sobre questões em que se presume a colisão da legislação de regência com a Constituição Federal, atribuição reservada, no direito pátrio, ao Poder Judiciário (Constituição Federal, art. 102, I, "a" e III, "b " , art. 103, § 2'; Emenda Constitucional n' 3/1993; Código de Processo Civil - CPC, arts. 480 a 482; RIST -J, a.rts. 199 e 200 e Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela Portaria MF ri' 147/2007, art. 49). Tal decisão resultou na Súmula ns' 2, (DOU de 26/09/2007, Seção 1, pág. 28), abaixo reproduzida: "SÚMULA 1172 2 - O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstituciorzalidade de legislação tributária." Quanto à jurisprudência trazida à colação pela defendente, esta não dá respaldo à autoridade administrativa divorciar-se da vinculação legal e negar vigência a texto literal de lei, até porque não têm efeito vinculante. Diante da inexistência do direito material ao ressarcimento do principal, desnecessário abordar e discutir aqui a questão relativa a aplicação da taxa Selic, incluída pela recorrente, em razão de que o acessório segue o principal em sua natureza e destino. 1)‘) ej 6 . MF - SEGUNDO CO. N. 3,E,tt1.0D:Er.,OLO, \t,4p,T 1:3UNTES COF Processo n° 13893.000975/2003-23 1 G ,3::1:ia. a._2 ! coel____1_09 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.181 1 i j Fl. 100 I. L-k1L----- ----- Por todo o exposto, e por tudo o mais que do processo consta, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 04 de junho de 2009 \Átiji, WALBEIt J OSÉ DA4LVA . . 4 ,. (Á) I V - 7
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Numero do processo: 10880.679794/2009-71
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/04/2006
PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. ÔNUS DA PROVA.
Cabe ao interessado a prova dos fatos constitutivos de seu direito em pedido de repetição de indébito/ressarcimento, cumulado ou não com declaração de compensação. A mera apresentação de DCTF retificadora, desacompanhada de provas quanto ao valor retificado, não tem o condão de reverter o ônus da prova.
Numero da decisão: 9303-008.678
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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ÔNUS DA PROVA. Cabe ao interessado a prova dos fatos constitutivos de seu direito em pedido de repetição de indébito/ressarcimento, cumulado ou não com declaração de compensação. A mera apresentação de DCTF retificadora, desacompanhada de provas quanto ao valor retificado, não tem o condão de reverter o ônus da prova. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 97 94 /2 00 9- 71 Fl. 220DF CARF MF Processo nº 10880.679794/200971 Acórdão n.º 9303008.678 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de pedido de restituição de valores recolhidos da CIDE, cujo pagamento deuse em 15/03/2006. De acordo com o contribuinte o valor recolhido não seria devido em decorrência de erro na apuração da contribuição devida sobre remessas efetuadas ao exterior a título de royalties, pela cessão de direitos de uso de programas de computador, bem como pela contraprestação de serviços técnicos e administrativos. Seu pedido de restituição veio acompanhado de declaração de compensação com valores devidos de outros tributos. Seu pedido foi indeferido por meio de despacho decisório eletrônico, no qual se acusou em síntese a inexistência de crédito a favor do contribuinte. Em sua manifestação de inconformidade ele informa que os créditos não foram localizados em decorrência da falta de retificação de sua DCTF, na qual havia confessado os débitos correspondentes à CIDE. Para suprir esta deficiência, o contribuinte efetuou a retificação de sua DCTF apresentando sua cópia no presente processo. Ao julgar sua manifestação de inconformidade, a 5ª turma da DRJ/SP1, proferiu o acórdão nº 1627.094, de 20/10/2010, efl. 43 e seg., por meio do qual a turma julgadora por unanimidade de votos, indeferiu o pleito do contribuinte. O principal fundamento foi que a simples retificação da DCTF, por si só, não faz prova do indébito tributário. Decidiu ainda que é ônus do contribuinte fazer prova de seu suposto direito de restituição. Apresentado recurso voluntário, com a mesma argumentação posta em sua manifestação de inconformidade, resolveu a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, também por unanimidade de votos, negarlhe provimento. Acórdão nº 3402 004850, de 30/01/2018, cuja ementa abaixo transcrevese: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Data do fato gerador: 15/04/2006 NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. FALTA DE MOTIVAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. Não ocorre a nulidade do feito fiscal quando a autoridade demonstra de forma suficiente os motivos pelos quais Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10880.679794/200971 Acórdão n.º 9303008.678 CSRFT3 Fl. 4 3 o lavrou, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao contribuinte e sem que seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito. DCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITO. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. PROVA. RETIFICAÇÃO DE DCTF. REDUÇÃO DE DÉBITO. APÓS CIÊNCIA DE DECISÃO ADMINISTRATIVA. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Compete ao contribuinte o ônus da prova de erro de preenchimento em DCTF, consubstanciada nos documentos contábeis que o demonstre. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. JUNTADA DE PROVAS. Deve ser indeferido o pedido de diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. Recurso Voluntário Negado. Inconformado, o contribuinte apresentou então recurso especial de divergência com o objetivo de que fosse reapreciada a seguinte matéria: "ônus da prova dos fatos consignados em DCTF retificadora". Foi indicado como paradigma da divergência o acórdão nº 330201406. O presidente da 4ª Câmara negou seguimento ao recurso especial, em razão de que o recorrente não teria demonstrado a legislação que estaria sendo interpretada de forma divergente. O contribuinte apresentou agravo, o qual foi acatado pela presidente da 3ª CSRF, dando seguimento ao recurso especial. Em contrarrazões a Fazenda Nacional pede o improvimento do recurso especial. É o relatório. Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10880.679794/200971 Acórdão n.º 9303008.678 CSRFT3 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal Relator O recurso especial do contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos formais e materiais ao seu conhecimento. Em questões fáticas semelhantes, o acórdão paradigma, que é do próprio contribuinte, acatou a tese de que, com a apresentação da DCTF retificadora, o ônus de provar a inexistência do indébito é transferido para a administração tributária. Veja como o acórdão paradigma decidiu a questão: (...) O acórdão de primeira instância considerou não demonstrado o direito de crédito, no que tem razão, mas, com a retificadora, o ônus de prova não era mais do sujeito passivo. Dessa forma, tal indébito tem que ser devidamente apurado pela autoridade fiscal, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que eventualmente poderá ser denegada a compensação. Assim, os autos devem retornar à delegacia de origem, para que o fisco apure os indébitos, mediante procedimento de diligência, para, então, o parecer ser submetido ao exame da seção competente da delegacia de origem, que deve novamente apreciar a compensação. (...) Não concordo com a decisão paradigmática. Como relatado, estamos diante de um pedido de restituição. O contribuinte apurou o tributo devido, no caso a CIDE Remessas, confessou em DCTF ser a mesma devida, efetuou o seu pagamento. Passado um tempo, sem que tenha apresentado qualquer elemento comprobatório de que a contribuição não era devida, pede restituição e simutaneamente quita outros tributos devidos. Alertado pelo despacho decisório da inexistência do crédito, sua atitude resumese a efetuar a retificação da DCTF. Alertado novamente, desta vez com veemência, pela decisão da DRJ/SP1, outra vez repete a informação que para comprovar o seu crédito, basta a apresentação da declaração retificadora, ou seja, basta a sua palavra, não precisa de elementos probantes de que a CIDE não era devida. Efetivamente não consigo compreender a razão pela qual o contribuinte tenta obter o reconhecimento de um direito creditório contra a Fazenda Nacional sem a apresentação Fl. 223DF CARF MF Processo nº 10880.679794/200971 Acórdão n.º 9303008.678 CSRFT3 Fl. 6 5 de provas mínimas do seu direito. As provas decorrem de documentos que deveriam estar na posse do contribuinte. Porquê não apresentálos? Com o devido respeito, até o momento o único elemento apresentado são as declarações que são de sua própria autoria, ou seja, ele quer forçar uma restituição, uma devolução de dinheiro ingressado aos cofres públicos, oferecendo como elemento de prova a sua própria palavra. Por economia processual, adoto ainda como razões de decidir o acórdão nº 9303008146, da lavra do ilustre relator Jorge Olmiro Lock Freire, decidido por unanimidade nesta turma, em sessão de 21/02/2019, no qual a discussão travada era exatamente a mesma em recurso do mesmo contribuinte do presente processo. Transcrevo abaixo o voto: (...) A questão é exclusivamente de direito, e, mais especificamente, em quem recai o ônus da prova em processos de repetição de indébito/compensação. O pleito do contribuinte é absolutamente ilíquido. Vejase o que alegou em sua manifestação de inconformidade, quando restou delimitada a lide: Com efeito, a partir de meados de 2006, a Impugnante constatou ter efetuado o recolhimento a maior de inúmeros impostos e contribuições incidentes sobre operações de remessa ao exterior de royalties pela cessão de direitos de uso de programas de computados, bem como pela contraprestação de serviços técnicos e administrativos, recolhimentos estes realizados desde o anocalendário de 2004. Assim é que, por possuir elevada quantia creditícia perante a RFB a título de IRRF, CIDE, PISimportação, COFINS importação, a Impugnante optou por quitar débitos de COFINS (código de receita 2172), referentes ao período de apuração do anocalendário de 2006 e 2007, mediante procedimento de compensação com os créditos mencionados. ... Assim, como base nessas alegações absolutamente genéricas quanto aos fatos supostamente ensejadores dos indébitos, o contribuinte, consoante informado em sua peça contestatória vestibular, teria procedido a outros 147 pedidos de repetição/compensação. Ou seja, uma empresa do porte da recorrente alega ter créditos absolutamente ilíquidos, retifica sua DCTF e avisa, Fisco trate de provar o que eu estou declarando. Com a devida vênia, chega a ser risível a postura da recorrente, para dizer o mínimo. Esta Turma tem firme jurisprudência em casos de repetição/ressarcimento, cumulado ou não com declaração de compensação, que o ônus da prova é do Fl. 224DF CARF MF Processo nº 10880.679794/200971 Acórdão n.º 9303008.678 CSRFT3 Fl. 7 6 contribuinte. E isso tem como fundamento jurídico o art. 373 do vigente CPC, que dispõe: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; E o contribuinte alega ainda vício no despacho decisório que denegou o pedido justamente pela sua total iliquidez ante a absoluta ausência de comprovação do crédito alegado. Portanto, absolutamente descabido o argumento de que ao retificar a DCTF, desacompanha de qualquer elemento probatório do alegado direito, o ônus probatório fica revertido, tendo o Fisco que provar que o direito alegado é bom. Como já decidimos em variados julgados, nada obsta à retificação das DCTF, mesmo que efetuada após o despacho decisório, mas, porém, ela por si só não tem o condão de comprovar o alegado indébito. Vejase, a propósito, decisão unânime em que a ora recorrente era parte no Acórdão 9303006.937, de 13/08/2018, de relatoria da Dra. Érika Costa Camargo Autran: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. A apresentação de DCTF retificadora anteriormente à prolação do Despacho Decisório não é condição para a homologação das compensações. Contudo, a referida declaração não tem o condão de, por si só, comproválo. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais. O decidido no Acórdão 9303007.458, de 20/09/2018, de minha relatoria, perfilhou mesmo entendimento. Vejase sua ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDA O PLEITO. Cabe ao interessado a prova dos fatos constitutivos de seu direito em pedido de ressarcimento, cumulado ou não com declaração de compensação. Recurso Especial do Procurador parcialmente provido. Portanto, escorreita a r. decisão, a qual deve ser mantida. (...) Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10880.679794/200971 Acórdão n.º 9303008.678 CSRFT3 Fl. 8 7 CONCLUSÃO Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 226DF CARF MF
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