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Numero do processo: 10865.901199/2016-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/08/2011 a 31/08/2011
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA.
Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, não sendo nulo, por ausência de fundamentação, o despacho decisório que deixar de homologar a compensação por não haver investigado a origem do crédito pleiteado.
Numero da decisão: 3401-006.267
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/08/2011 a 31/08/2011 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, não sendo nulo, por ausência de fundamentação, o despacho decisório que deixar de homologar a compensação por não haver investigado a origem do crédito pleiteado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1506; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10865.901199/201644 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3401006.267 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de junho de 2019 Matéria PIS/COFINS Recorrente LIMERCART INDUSTRIA E COM DE EMBALAGENS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/08/2011 a 31/08/2011 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, não sendo nulo, por ausência de fundamentação, o despacho decisório que deixar de homologar a compensação por não haver investigado a origem do crédito pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 11 99 /2 01 6- 44 Fl. 73DF CARF MF 2 Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento em Curitiba que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, conforme ementa abaixo transcrita: (...) PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. Diferentemente da hipótese de lançamento de ofício, em que o Fisco deve comprovar a infração cometida, no caso de pedido de restituição ou ressarcimento cabe à parte interessada, que pleiteia o crédito, provar que possui o direito invocado. DÉBITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. ERRO. ÔNUS DA PROVA. O crédito tributário também resulta constituído nas hipóteses de confissão de dívida previstas pela legislação tributária, como é o caso da DCTF. Tratandose de suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado, o contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado. Cientificada do acórdão de piso, a empresa interpôs Recurso Voluntário requerendo a reforma de decisão de primeira instância para que seja declarada a nulidade do despacho decisório por haver sido proferido com ausência de fundamentação e homologada a compensação. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevsan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401006.261, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 10865.901009/201427. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401006.261): "A Recorrente acusa o despacho decisório que não homologou a compensação declarada no PER/DCOMP, por ausência de fundamentação, uma vez que este não teria indicado as razões da inexistência de crédito disponível. Ora, verificase que a referida decisão deixou de homologar a compensação pelo fato de o valor do DARF ter sido integralmente alocado à quitação de outro débito. Este fundamento era suficiente para a negativa, sobretudo porque, como a própria Recorrente veio a informar na Manifestação de Inconformidade, a DCTF só fora retificada Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10865.901199/201644 Acórdão n.º 3401006.267 S3C4T1 Fl. 3 3 posteriormente e o DACON também, de sorte que os sistemas da Receita Federal não dispunham de outra informação que não aquela constante do DCTF original. Assim, não merece prosperar a alegação de nulidade do despacho decisório por carência de fundamentação, visto que analisou acertadamente o direito creditório à luz da circunstância fática vigente à época, que incluía a confissão do débito em DCTF no seu valor original.. Ademais, a posterior retificação da DCTF com o fito de reduzir o valor do débito não tem, per si, o condão de comprovar o direito creditório da Recorrente se desacompanhada de documentos hábeis e idôneos que suportem as alterações realizadas. Em se tratando de pedidos de compensação/ressarcimento, o ônus probatório incumbe ao postulante, conforme reiterada jurisprudência deste Conselho: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) "“CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos relativos a ressarcimento tributário, incumbe ao postulante ao crédito o dever de comprovar efetivamente seu direito.” (Acórdãos 3401004.450 a 452, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes, sessão de 22.mar.2018) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a Fl. 75DF CARF MF 4 respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado”. (Acórdão 3401004.923 – paradigma, Rel. Cons. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, unânime, sessão de 21.mai.2018) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.” (Acórdão 3401005.460 – paradigma, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 26.nov.2018) Em sua Manifestação de Inconformidade, a Recorrente veiculou genericamente a alegação de ter se valido de uma base de cálculo ampliada para o PIS/COFINS, com a inclusão de receitas que não comporiam o faturamento, o que ensejara a retificação da DCTF, sem carrear aos autos qualquer documentação que comprove o alegado, desejando transferir à fiscalização o ônus de perscrutar a origem do crédito pleiteado. No presente Recurso Voluntário, limitase à alegação de nulidade do despacho decisório, mesmo ciente de que o mesmo foi proferido antes da retificação que promovera na DCTF, o que já se refutou, silenciando quanto à origem e quantificação do crédito. Ante o exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao mesmo." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao mesmo. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevsan Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10865.901199/201644 Acórdão n.º 3401006.267 S3C4T1 Fl. 4 5 Fl. 77DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.919900/2017-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jul 23 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Exercício: 2017
"DIREITO CREDITÓRIO NÃO RECONHECIDO. RECEITA NO MODELO DE TELECOMUNICAÇÕES QUE SE UTILIZA DO COMPARTILHAMENTO DE REDES.
O modelo de telecomunicações utiliza-se do compartilhamento de redes. A Empresa de telecomunicação escolhida pelo usuário registra, como receita, o total a ele faturado e repassa às demais a parcela a que cada uma corresponde o faturamento é realizado.
No caso, empresa Recorrente é responsável pela prestação de serviços aos seus clientes, que são cobrados na fatura por ela emitida. Se, para prestar o serviço ao seu cliente, necessita utilizar-se de rede de terceiros (rede de outras empresas do ramo), a Interessada deve arcar com os correspondentes custos.
Não há previsão legal de exclusão desse tipo de receita da base de cálculo das referidas contribuições, ela foi corretamente submetida à tributação pela fiscalização
Numero da decisão: 3302-007.148
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente Substituto
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2017 "DIREITO CREDITÓRIO NÃO RECONHECIDO. RECEITA NO MODELO DE TELECOMUNICAÇÕES QUE SE UTILIZA DO COMPARTILHAMENTO DE REDES. O modelo de telecomunicações utiliza-se do compartilhamento de redes. A Empresa de telecomunicação escolhida pelo usuário registra, como receita, o total a ele faturado e repassa às demais a parcela a que cada uma corresponde o faturamento é realizado. No caso, empresa Recorrente é responsável pela prestação de serviços aos seus clientes, que são cobrados na fatura por ela emitida. Se, para prestar o serviço ao seu cliente, necessita utilizar-se de rede de terceiros (rede de outras empresas do ramo), a Interessada deve arcar com os correspondentes custos. Não há previsão legal de exclusão desse tipo de receita da base de cálculo das referidas contribuições, ela foi corretamente submetida à tributação pela fiscalização
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente Substituto Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2017 "DIREITO CREDITÓRIO NÃO RECONHECIDO. RECEITA NO MODELO DE TELECOMUNICAÇÕES QUE SE UTILIZA DO COMPARTILHAMENTO DE REDES. O modelo de telecomunicações utiliza-se do compartilhamento de redes. A Empresa de telecomunicação escolhida pelo usuário registra, como receita, o total a ele faturado e repassa às demais a parcela a que cada uma corresponde o faturamento é realizado. No caso, empresa Recorrente é responsável pela prestação de serviços aos seus clientes, que são cobrados na fatura por ela emitida. Se, para prestar o serviço ao seu cliente, necessita utilizar-se de rede de terceiros (rede de outras empresas do ramo), a Interessada deve arcar com os correspondentes custos. Não há previsão legal de exclusão desse tipo de receita da base de cálculo das referidas contribuições, ela foi corretamente submetida à tributação pela fiscalização Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente Substituto Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 99 00 /2 01 7- 74 Fl. 155DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 Relatório Trata-se de processo administrativo no qual discute-se a tributação dos valores recebidos pela recorrente e repassados a terceiros a título de interconexão de redes. O reconhecimento do direito creditório foi requerido por meio de Pedido de Restituição Eletrônico – PER/DCOMP, no qual é alegado pagamento indevido e/ou a maior de contribuições, apontando-se o DARF correspondente. Conforme Despacho Decisório Eletrônico, o direito creditório não foi reconhecido com o fundamento de que o pagamento apontado foi integralmente utilizado, seja em alocação a débito confessado em declaração entregue pela contribuinte, seja em DCOMP transmitida pela contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Devidamente cientificada, a recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade, onde observa que tomou ciência de um total de 48 despachos decisórios de não homologação de indébitos de PIS e Cofins com a mesma fundamentação. Pede o reconhecimento da conexão e interdependência dos processos administrativos correspondentes e julgamento conjunto, de forma a evitar decisões conflitantes. Argumenta que os créditos de PIS/COFINS foram aproveitados de forma extemporânea pela requerente e decorrem do pagamento a maior de PIS/COFINS, em virtude da indevida inclusão na base de cálculo de tais contribuições de valores referentes a receitas de outras operadoras, relacionadas à interconexão de redes, o que motivou o pedido de restituição/compensação. Esclarece que, para a prestação dos serviços de telecomunicação a seus clientes, as prestadoras de serviços de telecomunicação, invariavelmente, têm que se valer da rede de outras prestadoras de telecomunicação, na forma denominada “interconexão de rede”, prevista nos dispositivos que menciona integrantes da legislação que rege os serviços de telecomunicações no âmbito da Anatel. Registra que a disponibilização da rede de telecomunicação para a Requerente é compulsória, por imposição legal e regulatória. Cita previsão legal de que as redes sejam interconectadas e de que haverá preço justo e adequado para esse uso da rede alheia. Nos casos em que a prestação do serviço de telecomunicação por parte da requerente envolve a cessão de meio de redes de um terceiro (doravante denominada genericamente de “interconexão de redes”), uma parte dos valores recebidos pela requerente dos seus clientes será necessariamente transferida a esse terceiro, como forma de remuneração por esse uso da rede. Portanto os valores recebidos pela requerente dos usuários a título de interconexão de rede não podem integrar a base de cálculo das contribuições, uma vez que esses valores não configuram receita da requerente, mas sim das outras operadoras que cederam as suas redes. Todavia, no entender da fiscalização, os valores pagos pela “interconexão de redes”, nada mais são do que uma despesa das concessionárias que prestam serviços para o usuário final, havendo duas relações jurídicas distintas no caso, uma entre a requerente e os usuários e outra entre a requerente e as operadoras. Ou seja, os usuários não teriam relação jurídica com as operadoras cedentes, mas apenas com a requerente. Assim, os valores recebidos pela requerente dos usuários a título de interconexão de rede, ainda que repassados às operadoras cedentes, configurariam receita da requerente. Fl. 156DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 Na sequência, procura fazer a distinção entre receitas e meros ingressos patrimoniais, para concluir que valores como aqueles recebidos e repassados a título de interconexão de redes, que não incrementam o patrimônio da empresa, que simplesmente é obrigada, por lei ou por acordo, a arrecadar e a transferir tais valores para outra empresa, havendo um mero trânsito de numerário pelo caixa da empresa que arrecada. Tais valores, portanto, não podem ser considerados como receitas próprias, para fins de incidência das contribuições. Discorre também acerca de seu entendimento de que as receitas de interconexão configuram repasse a terceiros, sobre os quais não incidem tributos, não havendo necessidade de previsão legal para exclusão da base de cálculo. Cita decisões do CARF e decisão judicial do TRF da 4ª Região, bem como invoca, como discussão análoga, decisão acerca da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, no RE 574.706, com repercussão geral. Também defende a ocorrência de dupla tributação de uma única prestação de serviço o que entende caracterizar bis in idem, invocando a sujeição das receitas decorrentes de prestação de serviço de comunicação à sistemática cumulativa (art. 8º, VIII, da Lei 10.637, de 2002, e art. 10 da Lei 10.833, de 2003). Em suas palavras há tributação pelo PIS/Cofins da receita total auferida pela requerente pela prestação do serviço de telecomunicação, incluindo a parcela que será repassada a terceiros pela interconexão de redes. E, além dessa tributação, nos termos da pretensão fiscal, haveria uma nova incidência do PIS/Cofins pelo terceiro que realiza a interconexão, no momento em que ele apropriar a receita que lhe é repassada. Finaliza reprisando seus argumentos e pedindo a integral procedência do pedido de restituição. Após a análise do processo a DRJ não reconheceu o crédito pleiteado e julgou improcedente a manifestação de inconformidade, consignando que receitas auferidas por empresas de telecomunicação (ainda que utilizem redes interligadas de outras operadoras) não têm sua exclusão prevista na determinação da base de cálculo estabelecida pela Lei nº 9.718, de 1998. Observou ainda que a interessada não trouxe aos autos qualquer documento que comprove a existência do crédito que pretende ver reconhecido. Registra que o chamado ônus da prova é da contribuinte no que tange à existência e regularidade do crédito que pretende ser restituído. Conforme consignado no acórdão, ao declarar à Autoridade Tributária que dispunha de crédito passível de restituição, o contribuinte assume a incumbência de demonstrar sua liquidez e certeza quando do exame administrativo. Como visto, a disponibilidade do crédito não existia na fase em que aconteceu a conferência eletrônica do Pedido de Restituição e sua liquidez e certeza não foi demonstrada nessa fase de contestação do despacho resultante. Irresignada, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, reiterando os argumentos de que se trata de um mero ingresso patrimonial e não uma receita, bem como que, ao contrário do entendimento esposado pela DRJ, não há necessidade de previsão legal para a exclusão da base de cálculo. Fl. 157DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302- 007.140, de 22 de maio de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.919888/2017-06, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3302-007.140): O Recurso Voluntário é tempestivo e a matéria é de competência deste Colegiado, razão pela qual dele conheço. A discussão em torno da qual gravita o presente processo é sobre a composição da base de cálculo das contribuições, especificamente se os valores recebidos a título de interconexão telefônica a integram, ou não. Em ocasiões anteriores, a última dela em 31 de janeiro de 2018 Acórdão 3302-006.530 exarado no processo 10880.919894/2017-55, de Relatoria do Conselheiro Jorge Lima Abud, tive a oportunidade de votar no sentido de que os referidos valores não integram a referida base de cálculo, em harmonia com o entendimento de outras Turmas deste Colegiado. Contudo, atualmente este entendimento é isolado, como se infere do julgamento do processo 10768.906953/200669, acórdão 3301005.669 proferido por unanimidade pela Primeira Turma desta mesma Câmara também no dia 31 de janeiro de 2019, Por esta razão, em homenagem à colegiabilidade, adoto e transcrevo o voto do Conselheiro Jorge Lima Abud, no qual restei vencido em 31 de janeiro de 2019, nesta Turma, ainda que com composição diversa, para admitir a inclusão da "Receita de Interconexão de Rede" na base de cálculo do PIS e da COFINS. "Para o adequado deslinde da questão é necessária uma abordagem a respeito da forma como as redes são organizadas como vias integradas de livre circulação. O modelo de telecomunicações utiliza-se do compartilhamento de redes. A Empresa de telecomunicação escolhida pelo usuário registra, como receita, o total a ele faturado e repassa às demais a parcela a que cada uma corresponde o faturamento é realizado. No caso, empresa TIM CELULAR S.A. é responsável pela prestação de serviços aos seus clientes, que são cobrados na fatura por ela emitida. Se, para prestar o serviço ao seu cliente, necessita utilizar-se de rede de terceiros (rede de outras empresas do ramo), a Interessada deve arcar com os correspondentes custos. A organização dos serviços de telecomunicações está regulada pelo art. 146 da Lei n o 9.472, de 16 de julho de 1997, que assim estabelece: Art. 146. As redes serão organizadas como vias integradas de livre circulação, nos termos seguintes: - é obrigatória a interconexão entre as redes, na forma da regulamentação; - deverá ser assegurada a operação integrada das redes, em âmbito nacional e internacional; - o direito de propriedade sobre as redes é condicionado pelo dever de cumprimento de sua função social. Parágrafo único. Interconexão é a ligação entre redes de telecomunicações funcionalmente compatíveis, de modo que os usuários de serviços de uma das redes possam comunicar-se com usuários de serviços de outra ou acessar serviços nela disponíveis. Fl. 158DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 As pessoas jurídicas de direito privado estão obrigadas a efetuarem os recolhimentos da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados com base no faturamento (receita bruta) mensal, depois de efetuadas as exclusões e deduções legalmente admitidas. Essa regra decorre das disposições contidas nos arts. 2 o e 3 o da Lei n~ 9.718, de 27 de novembro de 1998, alterada pela Medida Provisória n° 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, editadas, portanto, após a publicação da Lei n° 9.472, de 1997, que assim dispõe: Art. 2° As contribuições para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art. 3° O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1° Entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. § 2° Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2°, excluem-se da receita bruta: (Grifou-se) I - as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; II - as reversões de provisões operacionais e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita;- revogado pela alínea “b” do inciso IV do art. 47 da Medida Provisória n° 1.991-18, de 09 de junho de 2000, atual Medida Provisória n° 2.158-35, de 2001; III - a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. § 4° Nas operações de câmbio, realizadas por instituição autorizada pelo Banco Central do Brasil, considera-se receita bruta a diferença positiva entre o preço de venda e o preço de compra da moeda estrangeira. § 5° Na hipótese das pessoas jurídicas referidas no § 1° do art. 22 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, serão admitidas, para os efeitos da COFINS, as mesmas exclusões e deduções facultadas para fins de determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP. § 6° Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1o do art. 22 da Lei n° 8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5°, poderão excluir ou deduzir: I - no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito: despesas incorridas nas operações de intermediação financeira; despesas de obrigações por empréstimos, para repasse, de recursos de instituições de direito privado; deságio na colocação de títulos; perdas com títulos de renda fixa e variável, exceto com ações; Fl. 159DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge; II - no caso de empresas de seguros privados, o valor referente às indenizações correspondentes aos sinistros ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de cosseguro e resseguro, salvados e outros ressarcimentos. III - no caso de entidades de previdência privada, abertas e fechadas, os rendimentos auferidos nas aplicações financeiras destinadas ao pagamento de benefícios de aposentadoria, pensão, pecúlio e de resgates; IV - no caso de empresas de capitalização, os rendimentos auferidos nas aplicações financeiras destinadas ao pagamento de resgate de títulos. § 7° As exclusões previstas nos incisos III e IV do § 6° restringem-se aos rendimentos de aplicações financeiras proporcionados pelos ativos garantidores das provisões técnicas, limitados esses ativos ao montante das referidas provisões. § 8° Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, poderão ser deduzidas as despesas de captação de recursos incorridas pelas pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos: I - imobiliários, nos termos da Lei n° 9.514, de 20 de novembro de 1997; II - financeiros, observada regulamentação editada pelo Conselho Monetário Nacional. § 9° Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: I - co-responsabilidades cedidas; II - a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas; III - o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. (NR) Não está relacionado entre as hipóteses admitidas de exclusões e deduções da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep o pagamento efetuado pelas concessionárias de serviços de telecomunicações a outras congêneres a título de “co-prestação de serviços”. Nesse sentido, as Leis n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, que tratam da incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins, respectivamente, em seus art. 8°, inciso VIII e art. 10, inciso VIII, assim dispõem: - Lei n° 10.637, de 2002. Art. 8° Permanecem sujeitas às normas da legislação da contribuição para o PIS/Pasep, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1° a 6°: (...) VIII as receitas decorrentes de prestação de serviços de telecomunicações; (...) - Lei n ° 10.833, de 2003. Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1° a 8°: (...) VIII as receitas decorrentes de prestação de serviços de telecomunicações; Fl. 160DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 (...) Transcreve-se os itens 13 a 16 da Solução de Consulta da COSIT de nº 06, de 31/03/2004: Assim sendo, deve ser ressaltado que, em matéria de exclusão e dedução de base de cálculo, a interpretação deve ser estrita, afastando-se a possibilidade de uma interpretação que permita, por via de uma abordagem mais restritiva do conceito de receita bruta, excluir valores da base de cálculo não expressamente autorizados por lei. Logo, analisada a legislação transcrita que trata da matéria sob exame, chega- se ao entendimento de que não há qualquer dispositivo legal que autorize as concessionárias prestadoras de serviços ao usuário demandante a excluir ou deduzir de seu faturamento (receita bruta) mensal, base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, os valores pagos ou repassados a outras operadoras pela “co-prestação dos serviços”. Desta forma, conclui-se que o legislador entendeu que os valores pagos pela “co-prestação de serviços”, nada mais é que uma despesa das concessionárias que prestam serviços para o usuário final, uma vez que se não fossem utilizados os serviços de outras concessionárias para a conclusão do serviço solicitado, a empresa operadora teria que possuir instalações próprias, equipamentos, empregados etc., nas diversas localidades para executar o serviço requerido pelo usuário do sistema, o que implicaria, sem dúvida alguma, para a operadora que atendeu o seu cliente, incorrer em novos custos e despesas próprios para a obtenção daquela mesma receita. Cabe registrar ainda, por ser oportuno, que as notas fiscais/faturas emitidas, recentemente pelas concessionárias de serviços de telecomunicações aos usuários finais de seus serviços, deixam claro e evidente, e sem qualquer equívoco, que sobre os valores totais das contas/telefônicas faturadas aos usuários, incluem-se os custos das mencionadas contribuições. Ademais, cabe esclarecer que outros setores da economia nacional devido à natureza de suas atividades também se sujeitam a disciplinamentos e regulamentos baixados pelo Poder Público, tais como: o de produção, transmissão e comercialização de energia elétrica, o de seguros, o de saúde, o de exploração de petróleo (onde existe o pagamento obrigatório de royalties), o de combustíveis líquidos gasosos, o de transportes coletivos (que se obriga ao pagamento de taxas de embarques). Sendo certo que os valores do PIS/Pasep e da Cofins são recolhidos sobre os 100% da receita bruta arrecadada. E, por fim, a conclusão: Conclusão 17. Diante do exposto, ... os valores pagos pelas concessionárias de serviços de telecomunicações a outras congêneres, a título de “co-prestação de serviços”, por serem considerados despesas das operadoras, não podem ser excluídos do faturamento (receita bruta) mensal, base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. No mesmo sentido, a Solução de Consulta DISIT / SRRF da 7 a Região, de n° 329, de 22 julho de 2004, está assim ementada: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins RECEITA. CONCEITO. SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÃO. CUSTOS COM USO DE REDE ALHEIA PARA COMPLEMENTAÇÃO DE LIGAÇÃO TELEFÔNICA. roaming .Receita, que não se confunde com o lucro, significa o preço recebido pela prestação de serviço contratado de modo bilateral com o cliente, sem qualquer consideração a respeito dos custos e despesas necessários à prestação. Se o ajuste de vontade dá-se única e exclusivamente entre a operadora de telefonia e seu cliente, que não conhece e nem se relaciona com Fl. 161DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 eventuais empresas cujas redes são necessárias para o complemento da ligação, o valor pago pelo segundo é receita exclusiva da primeira. Não é lícito às prestadoras de serviços de telecomunicações excluir da base de cálculo da contribuição os custos conhecidos como roaming . (destaques incluídos) - A HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS E AS RECEITAS DE INTERCONEXÃO DE REDES - A DISTINÇÃO ENTRE RECEITA E MEROS INGRESSOS PATRIMONIAIS. É alegado nos itens 19 e 20 do Recurso Voluntário: 19. Os valores recebidos pela Recorrente e repassados a outras operadoras a título de interconexão de redes não se configuram como receita tributável pelo PIS e COFINS, pois não são "receitas" da Recorrente, quer do ponto de vista jurídico, quer mesmo do ponto de vista contábil. 20. Do ponto de vista jurídico, para que possa ser qualificada como "receita", a entrada de recursos no patrimônio da pessoa jurídica não deve ser meramente transitória, mas sim em caráter definitivo, como que se integrando e aumentando o patrimônio da entidade. E prossegue nos itens 24 a 27 do Recurso Voluntário: No caso dos valores recebidos pela Recorrente e repassados a terceiros a título de interconexão de redes, o que se verifica é um mero e transitório ingresso de recursos que devem ser repassados ao terceiro que cedeu seus meios de rede à Recorrente. Não há, portanto, qualquer efetivo acréscimo patrimonial da Recorrente, porque já há um imediato e compulsório destino para aquele valor recebido, que é repassado para as outras operadoras de telecomunicação. Em suma, os valores de interconexão são cobrados ou arrecadados por conta e ordem dos terceiros titulares efetivos desses ingressos, pois foram esses terceiros que viabilizaram uma parte do serviço de telecomunicação e deverão auferir e tributar a receita correspondente a essa parcela que executaram. Não se trata de equiparar receita a lucro, mas saber distinguir entre receitas verdadeiras e meros ingressos patrimoniais transitórios. Como dito no tópico anterior, não está relacionado entre as hipóteses admitidas de exclusões e deduções da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep o pagamento efetuado pelas concessionárias de serviços de telecomunicações a outras congêneres a título de “co-prestação de serviços”. Nesta matéria, a NBC T 19.30, norma brasileira de contabilidade aprovada pelo Conselho Federa de Contabilidade, dispõe que Receita é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período proveniente das atividades ordinárias da entidade que resultam no aumento do seu patrimônio líquido, exceto as contribuições dos proprietários. O Pronunciamento Técnico CPC 30 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis assim define receita: Objetivo A receita é definida no Pronunciamento Conceitual Básico Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis como aumento nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos que resultam em aumentos do patrimônio líquido da entidade e que não sejam provenientes de aporte de recursos dos proprietários da entidade. As receitas englobam tanto as receitas propriamente ditas como os ganhos. A receita surge Fl. 162DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 no curso das atividades ordinárias da entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos e royalties. O objetivo deste Pronunciamento é estabelecer o tratamento contábil de receitas provenientes de certos tipos de transações e eventos. A questão primordial na contabilização da receita é determinar quando reconhecê-la. A receita é reconhecida quando for provável que benefícios econômicos futuros fluam para a entidade e esses benefícios possam ser confiavelmente mensurados. Este Pronunciamento identifica as circunstâncias em que esses critérios são satisfeitos e, por isso, a receita deve ser reconhecida. Ele também fornece orientação prática sobre a aplicação desses critérios. Conceitualmente, receita é o ingresso econômico representado por um aumento de ativo ou diminuição de passivo que resultam em aumentos de patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte de recursos dos proprietários da entidade. Previamente, cabe esclarecer que, na legislação tributária, não se encontra a definição do conceito de receita. Por se tratar de um conceito eminentemente contábil, utilizado pela legislação tributária, a definição que melhor representa o conceito de receita, inequivocamente, é que aquele veiculado pelas normas contábeis editadas pelo CFC, de obediência obrigatória por todo o profissional que atua na área contábil. E no âmbito das referidas normasn contábeis, a definição de receita encontra-se estabelecida no item 7 da Resolução CFC 1.412/2012 1 , que deu nova redação à “NBC TG 30 – Receitas”, com os seguintes dizeres: Receita é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período observado no curso das atividades ordinárias da entidade que resultam no aumento do seu patrimônio líquido, exceto os aumentos de patrimônio líquido relacionados às contribuições dos proprietários. No “Apêndice A - Definição de termos” da Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TG 47 2 , de 25 de novembro de 2016, vigente a partir de 1/1/2018, a definição de receita passou ter a seguinte redação: Aumento nos benefícios econômicos durante o período contábil, originado no curso das atividades usuais da entidade, na forma de fluxos de entrada ou aumentos nos ativos ou redução nos passivos que resultam em aumento no patrimônio líquido, e que não sejam provenientes de aportes dos participantes do patrimônio. Com mais detalhes, a referida definição também encontra-se estabelecida na Norma Brasileiro da Contabilidade, que dispõe sobre a Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro (NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL), aprovada pela Resolução CFC 1.374/2011 3 , a seguir reproduzido: 70. Receitas e despesas são definidas como segue: (a) Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultem em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade; e (b) Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incremento em passivos, que resultem em decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade. 1 Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1412.pdf> Acesso em: 21 mar. 2017. 2 Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG47.pdf> Acesso em: 21 mar. 2017. 3 Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1374.pdf> Acesso em 21 mar. 2017. Fl. 163DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 71. As definições de receitas e despesas identificam os seus aspectos essenciais, mas não especificam os critérios que precisam ser satisfeitos para que sejam reconhecidas na demonstração do resultado. Os critérios para o reconhecimento das receitas e despesas são comentados nos itens 82 a 98. 72. As receitas e despesas podem ser apresentadas na demonstração do resultado de diferentes maneiras, de modo que prestem informações relevantes para a tomada de decisões. Por exemplo, é prática comum distinguir entre receitas e despesas que surgem no curso das atividades usuais da entidade e as demais. Essa distinção é feita porque a fonte de uma receita é relevante na avaliação da capacidade que a entidade tenha de gerar caixa ou equivalentes de caixa no futuro; por exemplo, receitas oriundas de atividades eventuais como a venda de um investimento de longo prazo normalmente não se repetem numa base regular. Nessa distinção, deve-se levar em conta a natureza da entidade e suas operações. Itens que resultam das atividades ordinárias de uma entidade podem ser incomuns em outras entidades. 73. A distinção entre itens de receitas e de despesas e a sua combinação de diferentes maneiras também permitem demonstrar várias formas de medir o desempenho da entidade, com maior ou menor abrangência de itens. Por exemplo, a demonstração do resultado pode apresentar a margem bruta, o lucro ou prejuízo das atividades ordinárias antes dos tributos sobre o resultado, o lucro ou o prejuízo das atividades ordinárias depois desses tributos e o lucro ou prejuízo líquido. Receitas 74. A definição de receita abrange tanto receitas propriamente ditas como ganhos. A receita surge no curso das atividades ordinárias de uma entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos, royalties e aluguéis. 75. Ganhos representam outros itens que se enquadram na definição de receita e podem ou não surgir no curso das atividades ordinárias da entidade, representando aumentos nos benefícios econômicos e, como tal, não diferem, em natureza, das receitas. Conseqüentemente, não são considerados como um elemento separado nesta Estrutura Conceitual. 76. Ganhos incluem, por exemplo, aqueles que resultam da venda de ativos não- correntes. A definição de receita também inclui ganhos não realizados; por exemplo, os que resultam da reavaliação de títulos negociáveis e os que resultam de aumentos no valor de ativos a longo prazo. Quando esses ganhos são reconhecidos na demonstração do resultado, eles são usualmente apresentados separadamente, porque sua divulgação é útil para fins de tomada de decisões econômicas. Esses ganhos são, na maioria das vezes, mostrados líquidos das respectivas despesas. 77. Vários tipos de ativos podem ser recebidos ou aumentados por meio da receita; exemplos incluem caixa, contas a receber, mercadorias e serviços recebidos em troca de mercadorias e serviços fornecidos. A receita também pode resultar da liquidação de passivos. Por exemplo, a entidade pode fornecer mercadorias e serviços a um credor em liquidação da obrigação de pagar um empréstimo. [...] (grifos não originais) Com base nos textos transcritos, pode-se afirmar que as receitas se caracterizam pelos aumentos nos benefícios econômicos, que podem ser representados pela (i) aumento de ativos com a entrada de recursos, ou (ii) diminuição de passivos sem a saída de recursos, que resultem, nas duas hipóteses, em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de recursos aportados pelos proprietários da entidade. O conceito amplo (lato sensu) de receita compreende o conceito estrito (stricto sensu) de receita ou receita propriamente dita e os Fl. 164DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 ganhos. As receitas propriamente ditas incluem os benefícios econômicos provenientes da atividade ordinária, enquanto que os ganhos compreendem os benefícios econômicos provenientes da atividade ordinária ou não. No mesmo sentido a abalizada doutrina de Solon Sehn, para quem: [...] O dispositivo [art. 1º, § 1º, da Lei 10.833/2003]deve ser interpretado conforme a Constituição, de modo que por receita se entendam apenas os ingressos de soma em dinheiro ou qualquer outro bem ou direito susceptível de apreciação pecuniária decorrente de ato, fato ou negócio jurídico apto a gerar alteração positiva do patrimônio líquido da pessoa jurídica que a aufere, sem reservas, condicionamentos ou correspondências no passivo. Daí resulta que não podem ser incluídos na base de cálculo da Cofins, os ingressos que não se enquadram no conceito de receita, como as simples entradas de caixa, os reembolsos, as cauções, depósitos, os empréstimos contraídos ou amortizações dos concedidos, enfim, todas as demais somas escrituradas sob reserva de serem restituídas ou pagas a terceiro por qualquer razão de direito e as indenizações (por dano emergente) 4 . (os últimos destaque não constam dos originais). Com base nesse entendimento, chega-se à conclusão de que o pagamento efetuado pelas concessionárias de serviços de telecomunicações a outras congêneres a título de “co-prestação de serviços” representam ingressos de valores no ativo sem correspondência no passivo, o que implica aumento do patrimônio líquido. Dessa forma, se o referido valor representa ganho não decorrente da atividade principal, ele representa receita da atividade não ordinária, sob a forma de incremento do ativo e do patrimônio líquido, portanto, receita integrante da base de cálculo das contribuições. E como não há previsão legal de exclusão desse tipo de receita da base de cálculo das referidas contribuições, ela foi corretamente submetida à tributação pela fiscalização. - AS RECEITAS DE INTERCONEXÃO E O REPASSE A TERCEIROS - A NÃO INCIDÊNCIA DO TRIBUTO E A DESNECESSIDADE DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. É alegado nos itens 34 a 37 do Recurso Voluntário: Cabe destacar que não há, no caso da interconexão de redes, uma duplicidade de relações jurídicas: uma primeira, entre a Recorrente e o seu cliente, e uma segunda, entre a Recorrente e outras operadoras de telecomunicação. O que existe é uma única relação jurídica incindível relativa à prestação do serviço de telecomunicação, que, para ser executada, depende da intervenção de um terceiro - outra operadora - que deve necessariamente ceder os meios de rede para que a prestação de telecomunicação se aperfeiçoe. Não há propriamente uma prestação do serviço de telecomunicação entre a Recorrente e a outra operadora. Na verdade, a outra operadora tem que compartilhar a sua rede para que a Recorrente possa prestar o serviço de telecomunicação. E será devidamente remunerada por esse uso. Considerar a interconexão de redes uma prestação de um serviço é, data venia, admitir que, quando a rede de mais de uma prestadora é acionada na prestação de um serviço de telecomunicação, tem-se não a prestação de um único serviço de telecomunicação, mas tantas prestações de serviços quantas forem as redes utilizadas. Esse raciocínio não faz qualquer sentido, tendo em vista que a prestação do serviço de telecomunicação se estabelece para que uma pessoa 4 SEHN, Solon. PIS-COFINS: Não Cumulatividade e Regime de Incidência. São Paulo: Quartier Latin, 2011, p. 230. Fl. 165DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 consiga transmitir uma mensagem a outra, por meio de um terceiro, que é o prestador do serviço. (Grifo e negrito próprios do original) Repisa-se: O modelo de telecomunicações utiliza-se do compartilhamento de redes. A Empresa de telecomunicação escolhida pelo usuário registra, como receita, o total a ele faturado e repassa às demais a parcela a que cada uma corresponde o faturamento é realizado. No caso, empresa TIM CELULAR S.A. é responsável pela prestação de serviços aos seus clientes, que são cobrados na fatura por ela emitida. Se, para prestar o serviço ao seu cliente, necessita utilizar-se de rede de terceiros (rede de outras empresas do ramo), a Interessada deve arcar com os correspondentes custos. As pessoas jurídicas de direito privado estão obrigadas a efetuarem os recolhimentos da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados com base no faturamento (receita bruta) mensal, depois de efetuadas as exclusões e deduções legalmente admitidas. (...) - A DUPLA TRIBUTAÇÃO DE UMA ÚNICA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - O BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO. É alegado no item 63 do Recurso Voluntário: Na prática, a tributação pelo PIS/COFINS das receitas de interconexão de rede implica um bin in idem tributário, isto é, a dupla imposição dessas contribuições sobre um único fato gerador consubstanciado na receita oriunda da prestação do serviço de telecomunicação. E prossegue nos itens 68 e 69 do Recurso Voluntário: Isso significa, portanto, que a receita da prestação do serviço de telecomunicação é tributada sem que haja a possibilidade de desconto de créditos decorrentes do tributo incidente sobre prestações de serviço necessárias àquela prestação do serviço de telecomunicação. Não há, pois, qualquer desconto de crédito sobre eventuais valores repassados a outras operadoras a título de interconexão de redes. Daí porque se verifica que a tributação nos moldes pretendidos pelo Fisco implica uma dupla incidência tributária de PIS/COFINS sobre uma mesma prestação de serviço. A argumentação de bis in idem não procede. Isso porque a empresa TIM CELULAR S.A. assume com outras operadoras uma dívida por utilização de redes interconectadas e esse fato não guarda qualquer relação com o pagamento da conta individual pelo cliente. Os dois fatos se revelam independentes. Mesmo que o cliente não pague ou atrase o pagamento de sua conta, a empresa TIM CELULAR S.A. permanece devedora da outra operadora cuja rede foi utilizada por seu cliente. Diante de tudo que foi exposto, conheço do RECURSO VOLUNTÁRIO e voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso do Contribuinte. Entendimento análogo foi adotado pela Primeira Turma da Terceira Câmara dessa Terceira Sessão, que também nega a pretensão da Recorrente de retirar as receitas de interconexão da base de cálculo das contribuições sociais, acórdão 3301005.669 proferido nos autos do processo 10768.906953/200669, verbis. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003 SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES. DESPESAS DE INTERCONEXÃO Fl. 166DF CARF MF Fl. 13 do Acórdão n.º 3302-007.148 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10880.919900/2017-74 TELEFÔNICA - INDEDUTIBILIDADE. A base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e Cofins é o total do valor cobrado pela prestação de serviços de telecomunicação. A remuneração recebida dos usuários é preço do serviço de comunicação e as despesas incorridas pelas operadoras de telefonia para interconexão telefônica, utilizando-se de infraestrutura de telecomunicações de outra concessionária de serviço para a adequada prestação de seu serviço é despesa operacional da prestação de serviços, não podendo ser excluídos da base de cálculo das contribuições. Do preço do serviço cobrado dos consumidores, a parcela repassada para outras empresas de telefonia compõem a receita bruta, não se tratando de mero ingresso financeiro. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Marcelo Costa Marques D´Oliveira, Ari Vendramini, Marco Antônio Marinho Nunes e Valcir Gassen, votaram pelas conclusões, para negar provimento em razão da aplicação do art. 62 do Regimento Interno do CARF que determina a reprodução nos julgados das decisões do STJ em repetitivo. Julgou-se suspeita a Conselheira Semírames de Oliveira Duro e não participou do julgamento. Desta feita, concordando com tais argumentos, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator Fl. 167DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10820.003730/2008-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006
DECADÊNCIA.
Caracterizada conduta dolosa por parte do contribuinte, a contagem do prazo decadencial aplicável é a prevista no art. 173, I, do CTN, ou seja, a partir do primeiro dia do ano seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado.
DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO.
O direito à dedução de despesas médicas está condicionado à comprovação tanto da efetividade dos serviços prestados como dos correspondentes pagamentos.
DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO.
O direito de dedução de despesas com pensão alimentícia está condicionado à efetiva prova de seu pagamento.
DO PEDIDO DE JUNTADA DE PROVAS.
A prova documental deve ser juntada quando da interposição da impugnação, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, salvo a impossibilidade de sua anterior apresentação.
Numero da decisão: 2402-007.285
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Gabriel Tinoco Palatnic, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento parcial ao recurso, reconhecendo a ocorrência da decadência do direito de o Fisco realizar o lançamento em relação à dedução com pensão alimentícia e com dependente, no ano-calendário de 2002.
(documento assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira- Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Paulo Sergio da Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Maurício Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, Renata Toratti Cassini e Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado).
Nome do relator: PAULO SERGIO DA SILVA
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Caracterizada conduta dolosa por parte do contribuinte, a contagem do prazo decadencial aplicável é a prevista no art. 173, I, do CTN, ou seja, a partir do primeiro dia do ano seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. O direito à dedução de despesas médicas está condicionado à comprovação tanto da efetividade dos serviços prestados como dos correspondentes pagamentos. DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO. O direito de dedução de despesas com pensão alimentícia está condicionado à efetiva prova de seu pagamento. DO PEDIDO DE JUNTADA DE PROVAS. A prova documental deve ser juntada quando da interposição da impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, salvo a impossibilidade de sua anterior apresentação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Gabriel Tinoco Palatnic, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento parcial ao recurso, reconhecendo a ocorrência da decadência do direito de o Fisco realizar o lançamento em relação à dedução com pensão alimentícia e com dependente, no anocalendário de 2002. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 00 37 30 /2 00 8- 28 Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 161 2 (documento assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente. (documento assinado digitalmente) Paulo Sergio da Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Maurício Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, Renata Toratti Cassini e Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado). Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 146) pelo qual o recorrente se indispõe contra decisão em que a autoridade de piso considerou improcedente impugnação apresentada contra lançamento de IRPF, no valor de R$ 20.955,97 (acrescidos de juros e multa), incidentes sobre rendimento omitidos de trabalho com vínculo empregatício, glosa de dedução indevida de dependentes, glosa de dedução indevida de pensão judicial, glosa de dedução indevida de despesas médicas, declaradas nas DIRPF dos exercícios de 2003 a 2007. Consta da decisão recorrida (131) o seguinte resumo dos fatos verificados até aquele momento processual: Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 162 3 Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 163 4 Ao analisar o caso, em 12.11.2008, entendendo a autoridade de piso que: i) o próprio contribuinte reconheceu a procedência da glosa da despesa declarada em relação à Olga Punhali Masserotto e da glosa da despesa com plano de saúde UNIMED com seu pai; ii) o crédito lançado não foi atingido pela decadência; iii) foi correta a glosa da despesa com pensão judicial; e iv) foi correta a glosa de dedução das despesas médicas; decidiu pela improcedente da impugnação apresentada. Irresignado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, reforçando os argumentos da impugnação, para pedir o cancelamento do auto de infração. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Sergio da Silva, Relator. Da admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos legais para sua admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Sobre as alegações do contribuinte Tratase de recurso meramente procrastinatório, onde o contribuinte apenas reitera as alegações da impugnação, sem trazer qualquer comprovante ou justificativa para afastar os fatos apontados pela auditoria. Da decadência Especificamente sobre a alegação de decadência do direito de o fisco lançar os fatos ocorridos no ano de 2002, devese observar que um dos critérios para a determinação da regra contagem do prazo decadencial aplicável é a existência ou não de dolo de fraude ou simulação na conduta do contribuinte. Caso existente esse dolo, deve ser aplicada a contagem decadencial prevista no art. 173, I, do CTN, conforme entendimento do STJ, em sede de recursos repetitivos: Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 164 5 No caso concreto, consta dos autos que o contribuinte atuou com dolo de fraude (tanto é que a multa de ofício, nesse período, foi com a qualificadora), dessa forma, a contagem do prazo decadencial aplicável ao caso é a prevista no art. 173,I, do Código Tributário Nacional, isto é, a partir do primeiro dia do ano seguinte ao que o lançamento poderia ter sido realizado. Assim, considerando que o fato gerador do IRPF é complexivo, somente se completando ao fim de cada anocalendário, e considerando, ainda, que eventual lançamento de obrigação devida pelo contribuinte somente poderia ser realizada após esgotado o prazo de apresentação da declaração de ajuste anual (em 30 de abril do ano seguinte), temse que a contagem decadencial referente a esse fato gerador (ocorrido em 31.12.2002) teve início apenas em 01.01.2004 e terminaria em 31.12.20018, não fosse a constituição do crédito, referente a esse período, ter ocorrido em 25.07.2008, afastando a possibilidade de decadência do direito creditório. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 165 6 Assim, entendese que nenhuma parte do crédito discutido foi atingido pela decadência. Quanto à glosa do pagamento de pensão alimentícia Aduz o contribuinte, também, que pagou fora da folha de pagamento pensão alimentícia referente ao período de 02.2003 a 06.2003 e que, por isso, deve ser excluída a glosa referente a tais valores, pois foram efetivamente pagos. No entanto, o contribuinte não apresenta qualquer prova que demonstre tal pagamento, devendo, em razão disso, ser rejeitada tal alegação. Quanto à glosa das despesas médicas Quanto à glosa das médicas, por entender que deve ser adotado no presente voto o mesmo juízo aplicado pela autoridade de piso, nos termos do art. 57, § 3º, Anexo II, do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9/6/15, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 4/6/17, colacionase excerto daquela decisão, tratando da matéria: Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 166 7 Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 167 8 Especificamente em relação ao comprovante que o contribuinte diz possuir e estar aguardando "solicitação" do fisco para juntálo aos autos, analisada a impugnação, verificase que o recorrente informou que já detinha tal documento à época da apresentação daquela defesa, portanto, com fulcro no art. 16, §4º, do decreto 70235/72, entendese que precluiu o direito de o recorrente fazer tal demonstração. Conclusão Posto isso, voto por CONHECER do recurso voluntário e NEGARLHE PROVIMENTO, mantendo o crédito discutido. Assinado digitalmente Paulo Sergio da Silva – Relator Fl. 167DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.921018/2012-19
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri May 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
INTIMAÇÃO PESSOAL DE PATRONOS DO CONTRIBUINTE. DESCABIMENTO.
A norma que regula o Processo Administrativo Fiscal Federal não traz previsão da possibilidade da intimação dar-se na pessoa dos advogados do recorrente, tampouco o Regulamento do CARF apresenta regramento nesse sentido.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO.
Somente é cabível o pedido de diligência quando esta for imprescindível ou praticável ao desenvolvimento da lide, devendo ser afastados os pedidos que não apresentam este desígnio.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ.
Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2006
MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS. INDUSTRIALIZAÇÃO.
A manipulação de produtos classificados com o código da TIPI 30.03 e 30.04 para a venda a clínicas ou hospitais, estando os produtos de tal atividade incluídos no escopo do art. 1º da Lei nº 10.147, de 2000, com alterações, é considerada industrialização, sendo submetidos à tributação da Cofins nas alíquotas ali descritas, e, conseqüentemente, é inaplicável a redução a zero das alíquotas incidentes sobre a receita bruta de venda prevista no art. 2º daquela lei.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3003-000.291
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o conselheiro Muller Nonato Cavalcanti Silva, que votou por converter o julgamento em diligência.
Márcio Robson Costa - Relator.
Marcos Antonio Borges Presidente.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges, Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Muller Nonato Cavalcanti Silva.
Nome do relator: MARCIO ROBSON COSTA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2008 INTIMAÇÃO PESSOAL DE PATRONOS DO CONTRIBUINTE. DESCABIMENTO. A norma que regula o Processo Administrativo Fiscal Federal não traz previsão da possibilidade da intimação dar-se na pessoa dos advogados do recorrente, tampouco o Regulamento do CARF apresenta regramento nesse sentido. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Somente é cabível o pedido de diligência quando esta for imprescindível ou praticável ao desenvolvimento da lide, devendo ser afastados os pedidos que não apresentam este desígnio. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2006 MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS. INDUSTRIALIZAÇÃO. A manipulação de produtos classificados com o código da TIPI 30.03 e 30.04 para a venda a clínicas ou hospitais, estando os produtos de tal atividade incluídos no escopo do art. 1º da Lei nº 10.147, de 2000, com alterações, é considerada industrialização, sendo submetidos à tributação da Cofins nas alíquotas ali descritas, e, conseqüentemente, é inaplicável a redução a zero das alíquotas incidentes sobre a receita bruta de venda prevista no art. 2º daquela lei. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o conselheiro Muller Nonato Cavalcanti Silva, que votou por converter o julgamento em diligência. Márcio Robson Costa - Relator. Marcos Antonio Borges Presidente. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges, Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Muller Nonato Cavalcanti Silva.
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DESCABIMENTO. A norma que regula o Processo Administrativo Fiscal Federal não traz previsão da possibilidade da intimação darse na pessoa dos advogados do recorrente, tampouco o Regulamento do CARF apresenta regramento nesse sentido. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Somente é cabível o pedido de diligência quando esta for imprescindível ou praticável ao desenvolvimento da lide, devendo ser afastados os pedidos que não apresentam este desígnio. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2006 MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS. INDUSTRIALIZAÇÃO. A manipulação de produtos classificados com o código da TIPI 30.03 e 30.04 para a venda a clínicas ou hospitais, estando os produtos de tal atividade incluídos no escopo do art. 1º da Lei nº 10.147, de 2000, com alterações, é considerada industrialização, sendo submetidos à tributação da Cofins nas alíquotas ali descritas, e, conseqüentemente, é inaplicável a redução a zero AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 92 10 18 /2 01 2- 19 Fl. 467DF CARF MF Processo nº 12448.921018/201219 Acórdão n.º 3003000.291 S3C0T3 Fl. 3 2 das alíquotas incidentes sobre a receita bruta de venda prevista no art. 2º daquela lei. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o conselheiro Muller Nonato Cavalcanti Silva, que votou por converter o julgamento em diligência. Márcio Robson Costa Relator. Marcos Antonio Borges – Presidente. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges, Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Muller Nonato Cavalcanti Silva. Relatório Reproduzo o relatório da DRJ por traduzir bem os fatos e alegações da recorrente. O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório nº rastreamento 40153747 emitido eletronicamente em 05/11/2012, referente ao PER/DCOMP nº 14815.63292.150711.1.3.041425. O PerDcomp foi transmitido com o objetivo de compensar o(s) débito(s) nele discriminado(s) com crédito de COFINS, Código de Receita 5856, no valor de R$ 41.591,87, decorrente de recolhimento com Darf efetuado em 20/03/2008. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PerDcomp acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresenta manifestação de inconformidade alegando que, em fevereiro de Fl. 468DF CARF MF Processo nº 12448.921018/201219 Acórdão n.º 3003000.291 S3C0T3 Fl. 4 3 2011, tomou conhecimento de que estava tributando a Cofins de forma incorreta, ou seja, com alíquota superior a zero dos seus produtos classificados com o código da TIPI 30.03 e 30.04, contrariando a Lei 10.147/2000, por se tratar de produtos manipulados; que imediatamente apurou o montante do crédito que teria direito e começou a compensar este crédito com os débitos de IRPJ apurados no meses subsequentes, através do DACON; que entretanto se equivocou em não efetuar também a retificação da DCTF do mesmo período de apuração, ocasionado o não reconhecimento do crédito. Solicita o direito de retificar a DCTF para que possa compensar o recolhimento efetuado indevidamente. A2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (MG), no acórdão n° 0250.440, julgou improcedente a manifestação de inconformidade com base na seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Ano calendário:2008 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite compensação com crédito que não se comprova existente. Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho, através de Recurso Voluntário apresentado, no qual repisa as razões apresentadas por ocasião da manifestação de inconformidade quanto a origem do direito creditório e a relativização da confissão de dívida dos débitos declarados em DCTF, apresentando documentação que entende hábil a comprovar o seu direito e pleiteando ainda a conversão do julgamento em diligência. É o Relatório. Voto Conselheiro Márcio Robson Costa Relator. Fl. 469DF CARF MF Processo nº 12448.921018/201219 Acórdão n.º 3003000.291 S3C0T3 Fl. 5 4 O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias, portanto dele tomase conhecimento. A recorrente sustenta que o seu direito creditório decorre de recolhimento a maior de COFINS, período de apuração de 29/02/2008, no valor histórico de R$ 41.591,87, decorrente da tributação equivocada dos seus produtos classificados com o código da TIPI 30.03 e 30.04, os quais estariam sujeitos ao benefício fiscal previsto no art. 2º da Lei 10.147/2000, e, portanto, deveriam sofrer aplicação da alíquota zero, não obstante a ausência de retificação em DCTF. Sem embargo, antes de tratarse dos temas aos quais o litígio se restringe, importa registrar que é demandada a ciência dos patronos do contribuinte. Todavia, para fins de esclarecimento, os incisos I a III do artigo 23 do Decreto 70.235 de 06.03.1972 estabelece que as intimações no decorrer do contencioso administrativotributário federal serão realizadas pessoalmente ao sujeito passivo, não ao seu advogado, inexistindo tampouco permissivo para tanto no Regimento Interno do CARF RICARF, aprovado pela Portaria MF 343 de 09.06.2015. O direito creditório não existiria, segundo o despacho decisório inicial, porque os pagamentos constantes do pedido estariam integralmente vinculados a débitos já declarados. Diante da inexistência do crédito, a compensação declarada não foi homologada. Por certo, a análise automática do crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior pleiteado em restituição ou utilizado em declaração de compensação é realizada considerando o saldo disponível do pagamento nos sistemas de cobrança, não se verificando efetivamente o mérito da questão, o que será viável somente a partir da manifestação de inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperase, seja descrita a origem do direito creditório pleiteado e sua fundamentação legal. Quanto a ausência de retificação da respectiva DCTF, o entendimento predominante deste Colegiado é no sentido da prevalência da verdade material, que ademais é um dos princípios que regem o processo administrativo, não havendo norma procedimental condicionando a apresentação de PER/DCOMP à prévia retificação de DCTF, embora seja este um procedimento lógico, devendo ser consideradas as declarações apresentadas como indício de prova dos créditos sem no entanto conferir a liquidez e certeza necessários ao reconhecimento do direito creditório advindo do pagamento a maior e a homologação das compensações. Quanto ao mérito, a Recorrente informa que exerce as atividades de "manipulação, dispensação e comercialização de fórmulas farmacêuticas e produtos nutricionais e a exportação e importação de produtos farmacêuticos, correlatos, alimentos e suplementos alimentares...". alegando que, por realizar as atividades de comercialização varejista de medicamentos não importados e a manipulação de medicamentos para a venda direta a consumidores finais, não estaria enquadrada no conceito de industrialização pela legislação pátria, fazendo jus ao benefício fiscal concedido pelo artigo 2o da Lei n° 10.147/2000, que reduziu a zero as alíquotas do PIS e da COFINS sobre a venda dos produtos classificados nos códigos especificados. Os arts. 1º e 2º da Lei nº 10.147, de 2000, com alterações, assim dispõe: Fl. 470DF CARF MF Processo nº 12448.921018/201219 Acórdão n.º 3003000.291 S3C0T3 Fl. 6 5 Art. 1º A Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS devidas pelas pessoas jurídicas que procedam à industrialização ou à importação dos produtos classificados nas posições 30.01; 30.03, exceto no código 3003.90.56; 30.04, exceto no código 3004.90.46; e 3303.00 a 33.07, exceto na posição 33.06; nos itens 3002.10.1; 3002.10.2; 3002.10.3; 3002.20.1; 3002.20.2; 3006.30.1 e 3006.30.2; e nos códigos 3002.90.20; 3002.90.92; 3002.90.99; 3005.10.10; 3006.60.00; 3401.11.90, exceto 3401.11.90 Ex 01; 3401.20.10; e 9603.21.00; todos da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto no 7.660, de 23 de dezembro de 2011, serão calculadas, respectivamente, com base nas seguintes alíquotas: (Redação dada pela Lei nº 12.839, de 2013) I – incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) produtos farmacêuticos classificados nas posições 30.01, 30.03, exceto no código 3003.90.56, 30.04, exceto no código 3004.90.46, nos itens 3002.10.1, 3002.10.2, 3002.10.3, 3002.20.1, 3002.20.2, 3006.30.1 e 3006.30.2 e nos códigos 3002.90.20, 3002.90.92, 3002.90.99, 3005.10.10, 3006.60.00: 2,1% (dois inteiros e um décimo por cento) e 9,9% (nove inteiros e nove décimos por cento); (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] § 1º Para os fins desta Lei, aplicase o conceito de industrialização estabelecido na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI. [...] Art. 2º São reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art. 1º, pelas pessoas jurídicas não enquadradas na condição de industrial ou de importador. [...] (grifouse) Para verificar o enquadramento no conceito de industrialização, no caso, devemos nos socorrer do disposto no inciso VI do art. 5º do Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010: Art. 5º Não se considera industrialização: [...]VI a manipulação em farmácia, para venda direta a consumidor, de medicamentos oficinais e magistrais, mediante receita médica (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, inciso III, e DecretoLei nº 1.199, de 27 de dezembro de 1971, art. 5º, alteração 2ª); Fl. 471DF CARF MF Processo nº 12448.921018/201219 Acórdão n.º 3003000.291 S3C0T3 Fl. 7 6 [...] (grifouse) A Recorrente trouxe aos autos como documentação comprobatória para embasar o seu direito amostras de Notas Fiscais em que verificase a venda de medicamentos por ela manipulados basicamente para clínicas e hospitais. Nos termos do inciso VI do art. 5º do Decreto nº 7.212, para não ser industrialização, a manipulação deve ser para venda direta ao consumidor com receita médica. Nesse caso, entendo “consumidor” como o consumidor final da medicação, o cliente em tratamento que fará uso da(s) substância(s) contida(s) no produto manipulado. Logo, em sentido contrário, se a venda não se dá para o consumidor final, mas para clínicas ou hospitais, como no caso, está caracterizada a industrialização. Assim, a atividade do contribuinte na venda de produtos classificados com o código da TIPI 30.03 e 30.04 é considerada industrial na aludida situação e enquadrase no art. 1º da Lei nº 10.147, de 2000, com alterações, sendo tributado pela Cofins com alíquotas positivas e não com alíquota zero prevista no art. 2º do referido dispositivo legal. Nesse sentido, segue ementa da Solução de Consulta nº 48 Cosit: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS. INDUSTRIALIZAÇÃO. TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA. CRÉDITO PRESUMIDO. A manipulação de medicamentos oficinais e magistrais para a venda a clínicas, hospitais e médicos é considerada industrialização, estando os produtos de tal atividade incluídos no escopo do art. 1º da Lei nº 10.147, de 2000, com alterações, que apenas alcança os produtos nele citados, estão submetidos ao regime concentrado de tributação da Cofins e, consequentemente, é inaplicável a redução a zero das alíquotas incidentes sobre a receita bruta de venda prevista no art. 2º daquela lei. Desde que atendidas as condições previstas no art. 3º, I e II, e §§ 1º e 2º, da Lei nº 10.147, de 2000, com alterações, a manipulação de medicamentos oficinais e magistrais para a venda a clínicas, hospitais e médicos gera direito ao crédito presumido ali previsto. Dispositivos Legais: Lei nº 10.147, de 2000, com alterações, arts. 1º, 2º e 3º; Decreto nº 7.212, de 2010, art. 5º, VI. No mais, a Recorrente não trouxe aos autos elementos suficientes para comprovar a origem do seu crédito. Não apresentou a prova do seu direito creditório, em especial, a escrituração fiscal e contábil do período de apuração em que se pleiteou o crédito. Se limitou, tãosomente, a apresentar o DACON retificador e amostras de Notas Fiscais, porém sem nenhum documento hábil, idôneo e suficiente que os embasassem. Fl. 472DF CARF MF Processo nº 12448.921018/201219 Acórdão n.º 3003000.291 S3C0T3 Fl. 8 7 As declarações retificadas, bem como, provas apresentadas por amostragem desacompanhadas dos livros e documentos exigidos pela legislação são insuficientes para comprovar os fatos relatados e para conferir certeza e liquidez ao crédito pleiteado. Quanto ao pedido de diligência da requerente, os artigos 18 e 29 do Decreto 70.235 de 1972 revelam que a realização de diligências deve ser determinada pela autoridade julgadora apenas quando esta entender necessárias e imprescindíveis à formação da sua convicção, verbis: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Apesar da prevalência do princípio da Verdade Material no âmbito do processo administrativo, o pedido de diligência da requerente deveria estar acompanhado dos elementos que pudéssemos considerar como indícios de prova dos créditos alegados e necessários para que o julgador possa aferir a pertinência dos argumentos apresentados, o que não se verifica no caso em tela. A mera inércia da requerente não pode ser suprida por diligência. Portanto, a diligência não pode ser utilizada como um meio para suprir a deficiência das provas carreadas pelo sujeito passivo aos autos. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar extraída do Código de Processo Civil, artigo 333, inciso I, reproduzido no art. 373 do Novo CPC (Lei nº 13.105/2015): Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; (...) Assim, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, falta ao crédito indicado pelo contribuinte certeza e liquidez, que são indispensáveis para a compensação pleiteada. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo a não homologação das compensações. É o meu entendimento. Márcio Robson Costa Relator Fl. 473DF CARF MF Processo nº 12448.921018/201219 Acórdão n.º 3003000.291 S3C0T3 Fl. 9 8 Fl. 474DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.910665/2016-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/07/2011
COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. INTEMPESTIVIDADE.
A manifestação de inconformidade intempestiva não instaura a fase litigiosa do procedimento, não comportando julgamento de primeira instância.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO.
É preclusa a apreciação de matéria no Recurso Voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade
Numero da decisão: 3402-006.641
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer em parte do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/07/2011 COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. INTEMPESTIVIDADE. A manifestação de inconformidade intempestiva não instaura a fase litigiosa do procedimento, não comportando julgamento de primeira instância. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO. É preclusa a apreciação de matéria no Recurso Voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer em parte do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
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MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. INTEMPESTIVIDADE. A manifestação de inconformidade intempestiva não instaura a fase litigiosa do procedimento, não comportando julgamento de primeira instância. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO. É preclusa a apreciação de matéria no Recurso Voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer em parte do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 06 65 /2 01 6- 72 Fl. 83DF CARF MF Processo nº 11080.910665/201672 Acórdão n.º 3402006.641 S3C4T2 Fl. 3 2 Trata de Recurso Voluntário contra decisão da DRJ, que, por unanimidade de votos, não conheceu da Manifestação de Inconformidade, por intempestiva. O referido acórdão recebeu a seguinte ementa: (...) Ementa: MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. INTEMPESTIVIDADE. A manifestação de inconformidade intempestiva não instaura a fase litigiosa do procedimento, não comportando julgamento de primeira instância. Manifestação de Inconformidade Não Conhecida Outros Valores Controlados Regularmente cientificado, o contribuinte apresentou seu Recurso Voluntário, repisando os argumentos trazidos em sua Manifestação de Inconformidade, e refutando a intempestividade reconhecida pela DRJ. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3402006.618, de 22 de maio de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 11080.910642/201668. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3402006.618): "Conforme relatado, a Manifestação de Inconformidade não foi conhecida pela DRJ por ser intempestiva: ciência do Despacho Decisório em 16/06/2016; apresentação da Manifestação de Inconformidade em 25/07/2016. A Recorrente repisa os argumentos trazidos na Manifestação de Inconformidade quanto à tempestividade. Por não ter apresentado nenhum fato novo em seu recurso e por concordar com seus fundamentos, quanto à tempestividade da manifestação de inconformidade, com fundamento no art. 50, § 1o da lei n. 9.784/99, adoto como meu os fundamentos desenvolvidos na decisão recorrida, o que faço nos segunite termos: Preliminar de Tempestividade da Manifestação de Inconformidade Fl. 84DF CARF MF Processo nº 11080.910665/201672 Acórdão n.º 3402006.641 S3C4T2 Fl. 4 3 Como relatado acima, o manifestante protocolou requerimento à DRJ em Porto Alegre/RS (fls. 19/21), em 25/07/16, com pedido de tempestividade para a sua Manifestação de Inconformidade. No requerimento, alega que teria tentado protocolar a sua Manifestação de Inconformidade por duas ocasiões [15/07/16 (fl. 18) e 18/07/16 (fl. 17)], transmitindo os seus arquivos de forma eletrônica, através do Programa de Solicitação de Juntada de Documentos (PGS), utilizandose, para tanto, do certificado digital do DiretorPresidente e representante legal perante a Receita Federal do Brasil, Sr. ALÉCIO LANGARO UGHINI. Porém, nas duas tentativas de envio de sua documentação, a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) não teria reconhecido o referido protocolo, sob alegação de que “o usuário não possui permissão para realizar solicitação de juntada de documentos para esse processo/ciência”, conforme os termos das correspondências (emails) recebidos pelo representante legal. Com isso, o manifestante somente veio a protocolar a sua Manifestação de Inconformidade em 25/07/16 (fl. 38), quando deveria têlo feito até a data limite para essa entrega determinada pela legislação tributária, em 18/07/16, ou seja, até 30 dias após a ciência do Despacho Decisório que ocorreu em 16/06/16. Aduz que considera ilegal essa restrição, pois ALÉCIO LANGARO UGHINI é o diretorpresidente da empresa eleito pelo Conselho de Administração; que não há normativos expedidos pela RFB com qualquer restrição do representante legal não poder transmitir tais arquivos digitais; que o Programa de Solicitação de Juntada de Documentos (PGS), meio competente para a realização de protocolo em processos digitais, teria confirmado a realização do protocolo da Manifestação de Inconformidade do processo; que o programa não teria emitido qualquer recibo na ocasião do protocolo, mas o email que o representante legal recebeu constata que o mesmo foi realizado; que é inaceitável a negativa do protocolo informado pelo correio de mensagens do eCAC se, no momento da juntada do documento por meio do Programa competente para tanto, da própria Receita Federal, este programa admitiu e confirmou o protocolo da defesa em nome do representante legal da empresa; que as inconsistências nos sistemas utilizados pela RFB não podem impedir o direito constitucional do contribuinte de defenderse na esfera administrativa; e, assim, requer o reconhecimento e a análise de sua Manifestação de Inconformidade, que alega ter sido protocolada tempestivamente. As alegações do manifestante não merecem prosperar. O art. 2º do Decreto Nº 70.235, de 06 de março de 1972 (DOU de 07 de março de 1972) (Processo Administrativo Fiscal – PAF) determina: Fl. 85DF CARF MF Processo nº 11080.910665/201672 Acórdão n.º 3402006.641 S3C4T2 Fl. 5 4 CAPÍTULO I Do Processo Fiscal SEÇÃO I Dos Atos e Termos Processuais Art. 2º Os atos e termos processuais, quando a lei não prescrever forma determinada, conterão somente o indispensável à sua finalidade, sem espaço em branco, e sem entrelinhas, rasuras ou emendas não ressalvadas. Parágrafo único. Os atos e termos processuais poderão ser formalizados, tramitados, comunicados e transmitidos em formato digital, conforme disciplinado em ato da administração tributária. (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) (Grifei e sublinhei.) Portanto, cabe a administração tributária, por expressa delegação legal, disciplinar a transmissão de atos e termos processuais em formato digital. Os arts. 1º, 2º e 3º da Portaria SRF Nº 259, de 13 de março de 2006, dispõe sobre a prática de atos e termos processuais, de forma eletrônica, no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, da seguinte forma: Art. 1º O encaminhamento, de forma eletrônica, de atos e termos processuais pelo sujeito passivo ou pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) será realizado conforme o disposto nesta Portaria. (Redação dada pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) § 1º Os atos e termos processuais praticados de forma eletrônica, bem como os documentos apresentados em papel, digitalizados pela RFB, comporão processo eletrônico (e processo). (Redação dada pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) § 2º Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos digitais com garantia da origem e de seu signatário serão considerados originais para todos os efeitos legais. (Redação dada pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) § 3º Para efeito do disposto no caput, a RFB informará ao sujeito passivo o processo no qual será permitida a prática de atos de forma eletrônica. (Incluído(a) pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) Art. 2º A impugnação, o recurso e os demais atos e termos processuais produzidos eletronicamente deverão ser assinados mediante utilização de certificado digital emitido no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICPBrasil) e serão enviados à RFB por meio do Centro Virtual de Fl. 86DF CARF MF Processo nº 11080.910665/201672 Acórdão n.º 3402006.641 S3C4T2 Fl. 6 5 Atendimento ao Contribuinte (eCAC), disponível na Internet, no endereço http://www.receita.fazenda.gov. br. (Redação dada pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) § 1º A comprovação do envio dos documentos darseá de forma eletrônica, mediante recibo. (Redação dada pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) § 2º O teor e a integridade dos arquivos enviados, bem assim a observância dos prazos, é de inteira responsabilidade do sujeito passivo. § 3º A utilização de meio eletrônico desobrigará o sujeito passivo de protocolar os documentos em papel na RFB (Redação dada pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) § 4º Os meios de prova que não puderem ser apresentados em forma eletrônica serão protocolados em unidade da RFB. (Redação dada pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) § 5º Os comprovantes originais de deduções, os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Art. 3º A impugnação, o recurso e os documentos que os instruem serão protocolados de forma eletrônica, considerando se como data de protocolo a data e hora de recebimento dos dados pelo eCAC. § 1º O recebimento pelo eCAC será efetuado das 8 às 20 horas, horário de Brasília. § 2º Para efeito do disposto no caput e no § 1º, o horário estará sincronizado em conformidade com o disposto na Resolução nº 16, de 10 de junho de 2002, do Comitê Gestor da ICPBrasil. § 3º A tempestividade da impugnação ou do recurso será aferida pela data e hora referida no caput. Art. 4º A intimação por meio eletrônico, com prova de recebimento, será efetuada pela RFB mediante: (Redação dada pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) I envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou II registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. § 1º Para efeito do disposto no inciso I, considerase domicílio tributário do sujeito passivo a Caixa Postal a ele atribuída pela administração tributária e disponibilizada no eCAC, desde que o sujeito passivo expressamente o autorize. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 11080.910665/201672 Acórdão n.º 3402006.641 S3C4T2 Fl. 7 6 § 2º A autorização a que se refere o § 1º darseá mediante envio pelo sujeito passivo à RFB de Termo de Opção, por meio do e CAC, sendolhe informadas as normas e condições de utilização e manutenção de seu endereço eletrônico. (Redação dada pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) § 3º A intimação mediante registro em meio magnético ou equivalente será efetuada nos casos de aplicação de penalidade pela entrega de declaração após o prazo estabelecido na legislação. (Grifei e sublinhei.) Como se constata da leitura do dispositivo legal acima, existem regras específicas e rígidas para a transmissão de atos e termos processuais em forma eletrônica, que devem ser de conhecimento e respeito obrigatórios pelo sujeito passivo que dela queira se utilizar, a fim de que haja a garantia que apenas ele (o sujeito passivo), ou seu representante legal nomeado, possam encaminhar documentos ao processo na forma eletrônica, a fim de manter a integridade, a autenticidade, a interoperabilidade e a confidencialidade dos mesmos. Por sua vez, o teor e a integridade dos arquivos enviados, bem assim a observância dos prazos, é de inteira responsabilidade do sujeito passivo (determinação expressa contida no § 2º do art. 2º da Portaria SRF Nº 259/06 acima transcrito). O contribuinte tem, ainda, a possibilidade de comparecer pessoalmente a uma unidade da RFB e entregar os documentos de prova no caso da impossibilidade de fazêlo por meio eletrônico (§4º do art. 2º da mesma Portaria), desde que o faça dentro dos prazos legais de entrega dos documentos, o que é de sua inteira responsabilidade como já mencionado acima. Essas determinações estão também previstas, no âmbito do Ministério da Fazenda, através da Portaria MF Nº 527, de 09 de novembro de 2010 (DOU de 10 de novembro de 2010), especialmente no que se refere a responsabilidade dos interessados pelo teor e a integridade dos arquivos entregues, assim como na observância dos prazos (§ 5º do seu art. 2º). Isso significa que se o sujeito passivo pretende transmitir uma impugnação ou recurso, ele deve conhecer perfeitamente todas as regras que envolvem esse tipo de serviço, sob pena de perder os prazos estipulados na legislação tributária para a entrega desses documentos, como aconteceu no presente caso. O fato de o sistema eletrônico ter aceito os arquivos enviados por ALÉCIO LANGARO UGHINI, nas datas constantes dos e mails enviados pelo CAC, garante apenas que o direito constitucional de petição do contribuinte foi respeitado pela RFB, mas não implica na garantia da integridade e o do teor dos arquivos transmitidos, e muito menos que a pessoa que os transmitiu (física ou jurídica) tem autorização para juntar os Fl. 88DF CARF MF Processo nº 11080.910665/201672 Acórdão n.º 3402006.641 S3C4T2 Fl. 8 7 documentos nele contidos em um determinado processo digital, o que é analisado pela fiscalização após receber essa documentação. O art. 3º do CAPÍTULO I (DA SOLICITAÇÃO DE JUNTADA DE DOCUMENTOS POR MEIO DO PGS) da Instrução Normativa RFB Nº 1.412, de 22 de novembro de 2013 (DOU de 25 de novembro de 2013, que dispõe sobre a transmissão e a entrega de documentos digitais, determina ainda que: Art. 3° A solicitação de juntada de documentos digitais, nos termos previstos no caput do art. 2º, ocorrerá mediante transmissão de arquivo digital por meio do PGS disponível no sítio da RFB na Internet, no endereço http://idg.receita.fazenda.gov.br, com assinatura digital válida. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1608, de 18 de janeiro de 2016) § 1º A solicitação de juntada de documentos na forma do caput, a processo digital, ocorrerá somente na hipótese de o interessado estar com a opção de domicílio tributário eletrônico (DTE) ativa, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 664, de 21 de julho de 2006. (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1608, de 18 de janeiro de 2016) § 2º A solicitação de juntada de documentos na forma do caput, a dossiê digital de atendimento, poderá ser feita somente com o uso de assinatura digital válida. (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1608, de 18 de janeiro de 2016) Parágrafo único. Somente o interessado, em nome de quem houver sido formado o processo digital ou o dossiê digital de atendimento, ou o seu procurador habilitado mediante “Procuração para o Portal eCAC”, com opção “processos digitais”, poderá solicitar a juntada de documentos por meio do PGS. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1608, de 18 de janeiro de 2016) Resta claro, pela leitura do dispositivo legal acima, que somente o interessado [aquele que está descrito no item “1” do Despacho Decisório (fl. 29)], ou seja, no presente caso, somente a pessoa jurídica denominada UGHINI S. A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO (CNPJ 97.577.209/000154), em nome de quem foi formado o presente processo digital (e não a pessoa física de ALÉCIO LANGARO UGHINI – CPF 004.705.97020), ou o seu procurador habilitado mediante “Procuração para o Portal e CAC”, com opção “processos digitais”, poderiam solicitar a juntada de documentos por meio do PGS (Programa Gerador de Solicitação de Juntada de Documentos) (a pessoa jurídica pode transmitir diretamente documentos com a utilização do eCNPJ). Por oportuno, verifiquei nas informações do presente processo, constantes nos Sistemas Informatizados da RFB (Sistema e Processo), que foi outorgada à CAMILO DE OLIVEIRA LEIPNITZ (CPF 945.551.33072) a representação da pessoa jurídica UGHINI para o presente processo, com vigência de Fl. 89DF CARF MF Processo nº 11080.910665/201672 Acórdão n.º 3402006.641 S3C4T2 Fl. 9 8 07/04/16 a 07/04/18 e, portanto, esse procurador também poderia solicitar a juntada de documentos por meio do PGS. Portanto, como o presente processo digital não foi formado em nome da pessoa física de ALÉCIO LANGARO UGHINI (CPF 004.705.97020), mas sim da pessoa jurídica UGHINI S. A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO (CNPJ 97.577.209/000154), que é o interessado no processo, nem àquele consta como procurador com opção de “processos digitais” para incluir documentos eletronicamente no presente processo (mas sim CAMILO DE OLIVEIRA LEIPNITZ), correto o procedimento da fiscalização que negou a pretensão de juntada de documentos na pessoa física de ALÉCIO UGHINI [este deveria ter utilizado o e CNPJ da empresa UGHINI S. A. (interessado) para inclusão de documentos no presente processo, na forma eletrônica]. Com isso, o impugnante, que teria até o dia 18/07/16 para juntar sua Manifestação de Inconformidade no processo, somente veio a fazêlo em 25/07/16, restando, portanto, intempestiva a sua impugnação. Ao contrário do que argumenta o impugnante, não há nenhuma inconsistência, portanto, nos sistemas utilizados pela RFB na movimentação de processos digitais, mas sim regras específicas que devem ser rigorosamente observadas pelo contribuinte que pretende solicitar a juntada de documentos de forma eletrônica, utilizando a rede mundial de computadores (INTERNET). Como determinado pela legislação tributária, é do contribuinte a responsabilidade pelo teor e conteúdo dos arquivos transmitidos, e também do cumprimento dos prazos legais de apresentação de tais arquivos. Por fim, cabe ressaltar que a análise da tempestividade é fundamental para a garantia do princípio da isonomia (em relação aos contribuintes que envidam seus esforços para o cumprimento de suas obrigações nos prazos legalmente estabelecidos) e da segurança jurídica (princípio constitucional republicano basilar em um Estado Democrático de Direito). Quanto aos demais argumentos trazidos no Recurso Voluntário, deixo de apreciálos por ter ocorrido a preclusão do direito do contribuinte, devido ao não conhecimento da Manifestação de Inconformidade pela DRJ. Ante o exposto, conheço parcialmente do recurso e, na parte conhecida, negolhe provimento. É como voto." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Fl. 90DF CARF MF Processo nº 11080.910665/201672 Acórdão n.º 3402006.641 S3C4T2 Fl. 10 9 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer parcialmente do recurso e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 91DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.907478/2008-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano-calendário: 2003
COMPENSAÇÃO - CRÉDITO INEXISTENTE.
Não se admite a compensação de débito com crédito que se comprova inexistente
Numero da decisão: 1401-003.478
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade por cerceamento de defesa e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Eduardo Morgado Rodrigues - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Carlos André Soares Nogueira, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Eduardo Morgado Rodrigues, Letícia Domingues Costa Braga, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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Não se admite a compensação de débito com crédito que se comprova inexistente Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade por cerceamento de defesa e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (documento assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Carlos André Soares Nogueira, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Eduardo Morgado Rodrigues, Letícia Domingues Costa Braga, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). Relatório Trata-se de Recurso Voluntário (fls. 112 a 134) interposto contra o Acórdão nº 02- 28.620, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG (fls. 99 a 104), que, por unanimidade, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 74 78 /2 00 8- 70 Fl. 332DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1401-003.478 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10680.907478/2008-70 Exercício: 2003 COMPENSAÇÃO - CRÉDITO INEXISTENTE. Não se admite a compensação de débito com crédito que se comprova inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: "Contra o interessado acima identificado foi emitido o despacho decisório de fl. 04, por meio do qual não foram homologadas as compensações efetuadas no PERJDCOMP nº 28580.14525.220906.1.7.02-6741. O crédito foi demonstrado no PER/DCOMP nº 16920.66080.220906.1.7.02-8610. A não homologação foi motivada pela insuficiência do crédito utilizado para compensar os débitos informados. Tal crédito decorreria da apuração de saldo negativo de IRPJ referente ao exercício de 2003, ano-calendário de 2002. Conforme PER/DCOMP, o valor desse saldo negativo seria igual a R$ 193.991,03. Na DIPJ, concorreu para apuração desse saldo negativo dedução de IRRF, no valor de R$ 193.991,03. No Despacho Decisório, s6 foi confirmada parte da dedução de IRRF, no valor de R$ 159.192,65. Tendo em vista que o IRPJ anual devido tern valor igual a R$ 0,00, foi confirmada a existência de crédito no valor de R$ 159.192,63. Os débitos indevidamente compensados somam R$ 38.695,25 (principal). Como enquadramento legal são citados os seguintes dispositivos: art. 168 da Lei n.° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional — CTN), § 1° do art. 6° e art. 74 da Lei n.° 9.430, 27 de dezembro de 1996; art. 5° da IN SRF n.° 600, de 2005. A ciência do despacho se deu em 30/07/2008 (fl. 42). Em 29/08/2008 (fl. 41), foi postada a manifestação de inconformidade de fls. 01 a 03. Nela constam os seguintes argumentos: • houve cerceamento do direito de defesa, porque a RFB não demonstrou quais as retenções que não foram confirmadas e quais as que foram confirmadas; • a requerente necessita da relação detalhada das retenções confirmadas para comparar com as informações constantes no PER/DCOMP, a fim de apurar as eventuais diferenças e comprovar, com notas fiscais e comprovantes de retenções, o seu crédito; • sem a reclamada relação, fica IMPOSSÍVEL a defesa; • todas as retenções estão cabalmente demonstradas nos PER/DCOMP, por cliente; • cópias de páginas do Razão em anexo comprovam que as retenções estão contabiliz as; Fl. 333DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1401-003.478 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10680.907478/2008-70 • pede-se: a homologação das compensações e o cancelamento das exigências contidas na peça fiscal; a demonstração cabal e pormenorizada, inclusive corn a juntada de memória de cálculos, das importâncias apontadas e a reabertura de prazo para manifestação de inconformidade; e a produção de prova pericial, documental e testemunhal." O acórdão de primeira instância rechaçou a arguição de cerceamento de defesa e indeferiu o pedido de homologação da compensação sob argumento de que apenas a apresentação de balancetes não perfazem prova suficiente das retenções na fonte, sem que haja outros documentos que a escorem. Inconformada com a decisão de primeiro grau que indeferiu a sua Manifestação de Inconformidade, a ora Recorrente apresentou o recurso sob análise juntando uma série de novos documentos tais como páginas de Livros Razão e Notas Fiscais de clientes, e reiterando a arguição de cerceamento de defesa e comprovada realização de todas as retenções na fonte apontadas. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues, Relator. O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. O presente processo versa sobre a parcela não homologada das DCOMPs apresentadas às fls. 32 a 51, totalizando o valor de R$ 38.695,25 discutidos nesta fase processual. Preliminarmente, há que se tratar da arguição de cerceamento de defesa trazido no bojo do Recurso Voluntário. A Recorrente torna a fundamentar tal pretensão no mesmo sentido que o fez na instância a quo, aduzindo que o Despacho Decisório não fora claro em seus fundamentos e não teria indicado corretamente quais as retenções careceriam de comprovação, o que supostamente impediria a sua regular Impugnação. Ademais, ainda questiona que deveria a Autoridade Fiscal ter procedido a maiores diligências na busca pela "verdade material". Fl. 334DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1401-003.478 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10680.907478/2008-70 Quanto a este último questionamento, saliento que a atividade fiscal que analisa os pedidos de compensação se traduzem em um PROCEDIMENTO administrativo que não se confunde com o PROCESSO Administrativo Fiscal. Enquanto o Procedimento é ato regular da atividade fiscal, o Processo é o meio pelo qual as partes solucionam seus conflitos. Quer isto dizer que o Processo só se origina com a insurgência do Contribuinte contra o ato lavrado pela Fiscalização, in casu, no momento da apresentação de Manifestação de Inconformidade. Neste sentido tem-se a doutrina de JAMES MARINS: No direito tributário, como já visto em capítulos anteriores, deve-se enfrentar o dualismo procedimento/processo em três diferentes regimes jurídicos: 1º procedimento enquanto caminho para consecução do ato de lançamento (inclusive fiscalização tributária e imposição de penalidades); 2º processo como meio de solução administrativa dos conflitos fiscais; e 3º processo como meio de solução judicial dos conflitos fiscais. Neste esteio, o imperativo direito a ampla defesa e contraditório se expressa como princípio fundamental do PROCESSO. Porém, o PROCEDIMENTO realizado prévio a este, ainda que regido por princípios como a legalidade e busca da verdade material, não detém esta obrigação em relação ao Interessado. Em fato, a Administração Fazendária é livre para realizar os atos investigatórios ao seu alcance que entenderem razoáveis e suficientes para a regular fundamentação de seus atos. Quanto a isto, a falta de posterior intimação do contribuinte para esclarecimentos ou apresentação de maiores comprovações é opcional, vinculada ao juízo de necessidade e conveniência da autoridade fiscal, e não causa qualquer formal ao Contribuinte, vez que no âmbito de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade (e ao longo de todo Processo Fiscal que daí se desenvolverá) este disporá de todos os meios necessários para defender o seu direito, sob as garantias do contraditório e da ampla defesa. Complemento, ainda, que é obrigação do Interessado apresentar todos os documentos necessários para a correta comprovação da liquidez e certeza dos créditos que pretende utilizar em suas compensações. Assim não procedendo, não cabe alegar que está busca seria de obrigação do Fisco. Quanto as supostas imprecisões alegadas no Despacho Decisório e a falta de indicação clara das retenções não reconhecidas, tais argumentos não se reputam verdadeiros, conforme a decisão de piso demonstrou cabalmente, conforme transcrevo: "(...) Também não se confirma a alegação de cerceamento do direito de defesa. Fl. 335DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1401-003.478 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10680.907478/2008-70 A reclamada relação pormenorizada das retenções que não foram confirmadas e das que foram confirmadas foi posta à disposição do declarante, conforme informação constante do despacho decisório contestado. No despacho decisório, fl. 04, consta o alerta abaixo reproduzido: "Para informações complementares da análise de crédito, detalhamento da compensação efetuada, verificação de valores devedores e emissão de DARF, consultar o endereço viww.receitalazenda.gov.br , na opção Serviços, ou através de certificação digital na opção e-CAC, assunto PER/DCOMP." No endereço eletrônico mencionado no despacho decisório encontram-se informações intituladas "PER/DCOMP Despacho Decisório — Análise de Crédito", cuja cópia foi juntada nas fls. 44 a 46, de onde se extraem os quadros abaixo reproduzidos: (...) Fl. 336DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 1401-003.478 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10680.907478/2008-70 Ainda que referidas planilhas não estivessem disponíveis, a defesa não seria impossível. Ela se faria pela simples juntada dos comprovantes de retenção que confirmassem os valores defendidos pelo manifestante (listados nas fls. 05 e 06). Assim sendo, não há falar em reabertura de prazo para nova manifestação de inconformidade." Desta forma adoto os fundamentos supracitados e, somando-os aos meus já expostos, REJEITO a preliminar de NULIDADE pro Cerceamento de Defesa defendida pela Recorrente. Superada esta questão, volto-me a analisar o mérito do litígio. Fl. 337DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 1401-003.478 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10680.907478/2008-70 Conforme narrado a Decisão de piso refutou as comprovações intentadas pela Recorrente, decidindo pela manutenção in totum da parcial homologação das compensações realizadas. Nesta fase recursal, além dás cópias do Livro Razão trazidas anteriormente, a Recorrente acrescenta diversas notas fiscais emitidas para seus clientes, visando corroborar as Retenções de IR na Fonte realizadas (fls. 144 a 324). Neste ponto, frisa-se que não há óbice algum quanto a apresentação destas provas já nesta fase processual, especialmente considerando a sua dialeticidade para com os fundamentos trazidos na decisão de piso. De forma diversa a entendida pela DRJ de origem, a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – DIRF, embora seja o documento mais próprio para tal comprovação, não é a única forma de se demonstrar a efetiva realização das retenções na fonte. Contudo, na ausência da DIRF, é necessário que o conjunto probatório apresentado seja robusto o suficiente para estabelecer, além de qualquer dúvida, a existência de dois elementos essenciais para o aproveitamento dos valores retidos: (i) efetiva retenção dos valores devidos; e (ii) o oferecimento à tributação do montante total da receita a qual a retenção se refere. Em que pese os esforços da Recorrente em trazer aos autos elementos que ajudem melhor elucidar o litígio, os documentos apresentados não são suficientes para se determinar dos requisitos necessários ao provimento de seu direito. Ainda que haja a indicação do valor correspondente ao IRRF devido em cada uma das diversas notas manuais apresentadas, não há prova de que tais valores foram devidamente destinados aos cofres públicos. Igualmente a mera apresentação do Livro Razão não permite a visualização cabal desta circunstância. Outrossim, dos documentos apresentados, também não se pode apurar a inclusão dos valores cujas retenções se pretende aproveitar no montante total tributado no período. Desta forma, em que pese a tentativa da Recorrente, ainda não consta dos autos elementos comprobatórios suficientes para se atestar, indubitavelmente, o direito ao crédito ora pleiteado. Pelo exposto, VOTO por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. É como voto. (documento assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Fl. 338DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 1401-003.478 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10680.907478/2008-70 Fl. 339DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.905621/2010-75
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. RETENÇÕES NA FONTE REFERENTES A PERÍODO DE APURAÇÃO DISTINTO.
O reconhecimento de direito creditório de saldo negativo de IRPJ exige, no período correspondente à apuração daquele saldo, a efetividade das retenções na fonte pagadora e a oferta à tributação das receitas que as ensejaram.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005
COMPENSAÇÃO. INOVAÇÃO NO PEDIDO. IMPOSSIBILIDADE.
A pretensão de reconhecimento de crédito contra a Fazenda Pública, que não foi objeto de pedido inicial, caracteriza novo pedido, demandando trâmites próprios.
Numero da decisão: 1001-001.268
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Sérgio Abelson Presidente
(assinado digitalmente)
Andréa Machado Millan - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Andréa Machado Millan, Jose Roberto Adelino da Silva e André Severo Chaves.
Nome do relator: ANDREA MACHADO MILLAN
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SALDO NEGATIVO. RETENÇÕES NA FONTE REFERENTES A PERÍODO DE APURAÇÃO DISTINTO. O reconhecimento de direito creditório de saldo negativo de IRPJ exige, no período correspondente à apuração daquele saldo, a efetividade das retenções na fonte pagadora e a oferta à tributação das receitas que as ensejaram. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO. INOVAÇÃO NO PEDIDO. IMPOSSIBILIDADE. A pretensão de reconhecimento de crédito contra a Fazenda Pública, que não foi objeto de pedido inicial, caracteriza novo pedido, demandando trâmites próprios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Sérgio Abelson – Presidente (assinado digitalmente) Andréa Machado Millan Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 56 21 /2 01 0- 75 Fl. 203DF CARF MF Processo nº 13888.905621/201075 Acórdão n.º 1001001.268 S1C0T1 Fl. 204 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Andréa Machado Millan, Jose Roberto Adelino da Silva e André Severo Chaves. Relatório O presente processo trata de declaração de compensação que têm por objeto o saldo negativo de IRPJ apurados pela empresa no anocalendário de 2005. Transcrevo, abaixo, o relatório da decisão de primeira instância (fls. 78 a 84), Acórdão 1439.169, proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ) em Ribeirão Preto SP, em sessão de 29/10/2012, que bem resume o pleito: Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta em face do Despacho Decisório em que foi apreciada Declaração de Compensação (PER/DCOMP) de nº 21125.19069.140306.1.2.022573, por intermédio da qual o contribuinte pretende compensar débito de Cofins (código de receita: 5856) e PIS (código de receita: 6912) com crédito decorrente de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2005. Por intermédio do despacho decisório de fl. 67, foi reconhecido direito creditório a favor da contribuinte, no montante de R$ 710.978,50, e, por conseguinte, homologadas as compensações declaradas até o limite do crédito reconhecido, não tendo sido este suficiente para compensar integralmente o débito informado pelo sujeito passivo no PER/DCOMP nº 39076.22571.090506.1.3.02 0419, razão pela qual homologou parcialmente a declaração de compensação supra citada. Irresignada, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade de fls. 02/04, na qual alega, em síntese, que: a) o referido documento demonstra que no Exercício 2006, anocalendário 2005, não foram confirmadas retenções na fonte, objeto de nosso pedido de restituição nº 21125.19069.140306.1.2.022573, no valor de R$ 20.889.95, num total de R$ 731.868,45; b) tal valor decorreu da retenção do IRRF sobre rendimentos de operações de contrato de mútuo entre as empresas Atta Kill Ind. e Com. Defensivos Agrícolas Ltda., e Agroceres Nutrição Animal Ltda., conforme DARF's em anexo (docs. 01 a 05), código 3426, devidamente recolhidos pela Atta Kill Ind. e Com. Defensivos Agrícolas Ltda: 1) PA 01/01/2005 — Vencto: 05/01/2005 — Cod. Receita 3426 — RS 2.489,45; 2) PA 05/02/2005 — Vencto: 09/02/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 1.462,99; 3) PA 05/03/2005 — Vencto: 09/03/2005 — Cód. Receita 3426— R$ 616,85; 4) PA 02/04/2005 — Vencto: 06/04/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 4,29 (parte do valor total do DARF de R$ 549,78); c) o mesmo ocorreu entre as empresas Agroceres Agro Industrial Ltda. (Nova denominação de Agroceres Ross M. Genético de Aves S/A), e Agroceres Nutrição Animal Ltda., conforme DARF's em anexo (docs. 06 a 18), código 3426, também devidamente recolhidos pela Agroceres Agro Industrial Ltda: 1) PA 01/01/2005 — Vencto: 05/01/2005 — Cód. Receita 3426 — RS 24.922,81; 2) PA 05/02/2005 — Vencto: 09/02/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 22.549,61; 3) PA 05/03/2005 — Vencto: 09/03/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 18.896,16; 4) PA 02/04/2005 — Vencto: 06/04/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 22.660,92; 5) PA 30/04/2005 — Vencto: 04/05/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 21.902,39; 6) PA 04/06/2005 — Vencto: 08/06/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 24.988,55; 7) PA 02/07/2005 — Vencto: 06/07/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 24.579,17; 8) PA Fl. 204DF CARF MF Processo nº 13888.905621/201075 Acórdão n.º 1001001.268 S1C0T1 Fl. 205 3 06/08/2005 — Vencto: 10/08/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 22.774,31; 9) PA 03/09/2005 — Vencto: 08/09/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 23.947,39; 10) PA 01/10/2005 — Vencto: 05/10/2005 — Cód. Receita 3426— R$ 20.631,76; 11) PA 05/11/2005 — Vencto: 09/11/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 6.236,86; 12) PA 03/12/2005 — Vencto: 07/12/2005 — Cód. Receita 3426 — R$ 7.344,25; d) conforme pode ser verificado na DIRF da empresa Atta Kill Ind. e Com. Defensivos Agrícolas Ltda, anocalendário 2005 (doc. 19), consta no mês de dezembro de 2004 o valor de R$ 2.489,45, referente ao DARF com PA 01/01/2005, utilizado na composição do valor de R$ 4.573,58, apresentado na DIPJ 2006 anocalendário 2005 (docs. 20 a 22) e no pedido de restituição 21125.19069.140306.1.2.022573; e) o mesmo não ocorre na DIRF da empresa Agroceres Agro Industrial Ltda de forma tão clara, mas, observando a composição de valores da DIRF anocalendário 2005 (doc. 23), observase que o valor do mês de dezembro é de R$ 24.922,81, e o valor glosado de R$ 18.400,50. Porém, a soma dos valores e DARF's comprovam o valor de direito à restituir no montante de R$ 241.434,18, conforme apresentado na DIPJ 2006, anocalendário 2005 (docs. 20 a 22), e no pedido de restituição 21125.19069.140306.1.2.022573; f) os referidos valores de R$ 2.489,45 e R$ 24.922,81, não foram utilizados na DIPJ/2005, anocalendário 2004, de acordo com a cópia em anexo (docs. 24 e 25). Notase facilmente na página 122 da declaração, que os valores que compuseram o saldo negativo foram de R$ 17.039,02 e R$ 294.044,53, sendo os mesmos também, objeto de pedidos de restituição naquele período. A composição dos valores de R$ 17.039,02 e R$ 294.044,53, estão apresentados nas planilhas em Excel, e DARF's anexados (docs. 26 a 48); g) não havendo qualquer impedimento ou prejuízo ao fisco, os IRRF, PA 01/01/2005, no valor de R$ 2.489,45 e R$ 24.922,81, que foram informados no mês de Dezembro na DIRF de 2005, anocalendário 2004, tiveram sua utilização no ano de 2005. Ao final, requer a homologação integral do crédito pleiteado na DCOMP nº 21125.19069.140306.1.2.022573, no valor de R$ 731.868,45, como suas compensações. É o relatório. O Acórdão da DRJ não reconheceu o direito creditório, julgando a manifestação de inconformidade improcedente. Abaixo, sua ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 IRPJ. SALDO NEGATIVO. PROVA DO INDÉBITO. O reconhecimento de direito creditório a título de saldo negativo de IRPJ, em determinado anocalendário, reclama efetividade no pagamento ou compensação das antecipações calculadas por estimativa ou das retenções na fonte pagadora no período correspondente, a oferta à tributação das receitas que ensejaram as retenções e a comprovação contábil e fiscal do valor do tributo apurado no anocalendário. DIREITO CREDITÓRIO. RENDIMENTOS FINANCEIROS. TRIBUTAÇÃO. OFERECIMENTO. NÃO COMPROVAÇÃO. A restituição do saldo negativo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica, apurado na declaração de ajuste de pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real, em razão de compensação de IRRF sobre rendimentos de aplicações financeiras, condicionase à demonstração da existência e da liquidez do direito, o que inclui a comprovação de que as receitas financeiras correspondentes foram oferecidas à tributação. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 13888.905621/201075 Acórdão n.º 1001001.268 S1C0T1 Fl. 206 4 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE DIREITO CREDITÓRIO PERANTE A AUTORIDADE JULGADORA. A pretensão de reconhecimento de crédito contra a Fazenda Pública, que não foi objeto de pedido inicial, caracteriza novo pedido, demandando trâmites próprios. No voto, ponderou que as razões de defesa centravamse na possibilidade de utilização do imposto de renda na fonte condizente a rendimentos percebidos no anocalendário de 2004, não aproveitado na apuração do saldo negativo do anocalendário de 2004, mas no anocalendário de 2005. Argumentou que isso não é possível, em face do regime de competência contábil, de observância obrigatória. Que, por isso, competia à contribuinte escriturar no ano calendário de 2004 as retenções, e as receitas que lhe deram origem, para daí, exsurgido saldo negativo de imposto de renda, levar a cabo as compensações pretendidas. Concluiu que não havia reparos a promover no despacho decisório, já que o pleito do contribuinte era de obter reconhecimento com fundamento diverso do inicialmente postulado (saldo negativo do anocalendário de 2005), o que constituía inovação ao pedido inicial. Alegou que novo pedido não poderia ser apreciado na instância julgadora, porque não fora dirigido à autoridade fiscal, e porque é competência do Delegado da Receita Federal do Brasil manifestarse quanto ao valor do direito creditório em discussão. Que não se trata apenas de examinar do direito em tese, mas também de se verificar se o tributo reclamado originou efetivamente aquele crédito. Citou artigos do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil que determinavam as competências da unidade de origem e da DRJ. Argumentou, ainda, que o direito ao crédito do imposto subordinase à efetiva comprovação da apropriação dos ganhos que originaram as retenções na fonte na composição do lucro real, conforme art. 37, § 3º, inciso c, da Lei nº 8.981/1995 e o art. 2º, § 4º, inciso III, da Lei nº 9.430/1996. Por último, que seriam necessários os registros contábeis, no ativo, do imposto a recuperar; a expressão deste direito em balanços ou balancetes; a demonstração do resultado do exercício; a contabilização das receitas que ensejaram as retenções; os lançamentos de eventuais compensações, etc, além dos registros do livro LALUR. Cientificado da decisão de primeira instância em 12/12/2012 (Aviso de Recebimento à fl. 90), o contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 07/01/2013 (fls. 92 a 199, Termo de Análise de Solicitação de Juntada à fl. 200). Nele, além reafirmar o já alegado na Manifestação de Inconformidade, descrito no relatório da DRJ, registra que entendeu, da decisão de primeira instância, que o Fl. 206DF CARF MF Processo nº 13888.905621/201075 Acórdão n.º 1001001.268 S1C0T1 Fl. 207 5 crédito não foi reconhecido por falta de liquidez e certeza, pela ausência de registros contábeis. Por isso, anexa cópia de folhas do Livro Razão que demonstram os valores contabilizados: (i) de receitas de juros, que deram origem à retenção do IR na fonte; (ii) de imposto de renda retido na fonte. Anexa, ainda, os balanços dos anos de 2004 e 2005, com as respectivas Demonstrações de Resultado do Exercício. Ao fim, pede que, comprovados os valores retidos na fonte, informados nas DIPJ dos anoscalendário 2004 e 2005, seja integralmente homologado o crédito. É o Relatório. Voto Conselheira Andréa Machado Millan, Relatora O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. A DRJ negou provimento à manifestação de inconformidade pelas seguintes razões, distintas e individualmente suficientes para a conclusão alcançada na decisão: (i) o reconhecimento de direito creditório de saldo negativo de IRPJ exige, no período correspondente à apuração daquele saldo, a efetividade das retenções na fonte pagadora e a oferta à tributação das receitas que as ensejaram; (ii) o pleito do contribuinte constitui inovação ao pedido inicial, porque é no sentido de obter reconhecimento de direito creditório referente ao anocalendário de 2004, quando o inicialmente postulado era o saldo negativo do anocalendáro de 2005; (iii) para liquidez e certeza do crédito, faltava a comprovação, através de registros contábeis, dos valores envolvidos. O contribuinte, em seu Recurso Voluntário, procurou sanar o terceiro item acima – a falta de comprovação dos valores, apresentando registros contábeis. Assim, comprovou o que já havia alegado: que o crédito não reconhecido no despacho decisório e na decisão de primeira instância referese ao anocalendário de 2004 e não ao de 2005. Tratase de receitas recebidas e corretamente contabilizadas em dezembro de 2004, com as devidas retenções na fonte. Portanto permanecem válidas as duas primeiras razões para o indeferimento do pleito acima enumeradas: (i) receitas e IRRF referemse a período de apuração distinto daquele do saldo negativo inicialmente informado; (ii) o pleito do contribuinte, de crédito referente a outro anocalendário, constitui inovação ao pedido inicial. Sobre essas matérias, a DRJ se pronunciou com perfeição, razão pela qual, com fundamento no art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/199, repito aqui suas razões de decidir, no que diz respeito à matéria: Fl. 207DF CARF MF Processo nº 13888.905621/201075 Acórdão n.º 1001001.268 S1C0T1 Fl. 208 6 Pela legislação relativa à apuração do imposto de renda da pessoa jurídica optante pelo regime do lucro real anual, temse que os pagamentos efetuados no decorrer dos meses do ano civil, as chamadas estimativas, como também as retenções do imposto por fontes pagadoras, configuram meras antecipações do tributo devido no final do anocalendário de referência. Assim, porquanto a contribuinte fez a opção prevista no artigo 2º da Lei nº 9.430/96, afastandose da regra do lucro real trimestral, fica obrigada aos recolhimentos mensais com base na receita bruta, devendo, ao final do período de apuração anual, proceder ao confronto entre a somatória dos valores recolhidos por estimativa e as retenções na fonte com o valor do IRPJ apurado com base no balanço patrimonial levantado em 31 de dezembro. Caso verifique que as antecipações implicam valor maior que o devido a interessada pode compensar, mediante a apresentação de declaração de compensação, o aflorado saldo negativo de imposto de renda com o imposto mensal a ser pago nos meses do anocalendário subseqüente ou com dívidas relativas a outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, assegurada, ainda, a alternativa de restituição do valor pago a maior. Enfim, compete realçar que o crédito pretendido, qualquer que seja a hipótese de liquidação, possui natureza de saldo negativo de IRPJ. Nesse contexto, verifico falecer sustentáculo na pretensão de se utilizar o imposto de renda na fonte (IRRF) do anocalendário de 2004 como elemento de composição do resultado do IRPJ do anocalendário de 2005, seja para mitigar o tributo eventualmente apurado, quer para aflorar saldo negativo do gravame, tudo em face do regime de competência contábil, de observância obrigatória (Lei nº 6.404, de 1976, artigo 177, c/c artigos 1º e 6º do Decretolei nº 1.598, de 1977). Assim, competia à contribuinte escriturar no anocalendário de 2004 as retenções, bem assim as receitas que lhe deram origem, para daí, exsurgido saldo negativo de imposto de renda, levar a cabo a restituição e, conseqüentemente, as compensações pretendidas. Nesse contexto, considero que não há reparos a promover no despacho decisório, pois o pleito da contribuinte, manifesto na defesa, não é outro senão o de obter o reconhecimento de direito creditório com fundamento diverso do inicialmente postulado (saldo negativo do anocalendário de 2005), o que à evidência constitui inovação ao pedido inicial. Assim, como novo pedido, não há de ser apreciado nesta instância julgadora, seja porque tal pedido não fora dirigido à autoridade fiscal, seja porque é competência precípua do Delegado da Receita Federal do Brasil manifestarse quanto ao mérito da questão, ou seja, quanto ao valor do direito creditório em discussão. Se assim o fizesse, esta autoridade julgadora estaria avocando para si uma competência que não lhe é cabida, pois não se trata apenas de examinar a presença do direito em tese, mas também de se verificar se o tributo reclamado originou efetivamente aquele crédito, e se, até mesmo, já não decaiu o direito de a contribuinte pleitear a restituição do tributo em questão. Nesse sentido, observese o recorte de competência delimitado pelo Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria do Ministro de Estado da Fazenda de nº 203, de 14 de maio de 2012: “Art. 224. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil DRF, Alfândegas da Receita Federal do Brasil ALF e Inspetorias da Receita Federal do Brasil – IRF de Classes "Especial A", "Especial B" e "Especial C", quanto aos tributos Fl. 208DF CARF MF Processo nº 13888.905621/201075 Acórdão n.º 1001001.268 S1C0T1 Fl. 209 7 administrados pela RFB, inclusive os destinados a outras entidades e fundos, compete, no âmbito da respectiva jurisdição, no que couber, desenvolver as atividades de arrecadação, controle e recuperação do crédito tributário, de análise dos dados de arrecadação e acompanhamento dos maiores contribuintes, de atendimento e interação com o cidadão, de comunicação social, de fiscalização, de controle aduaneiro, de tecnologia e segurança da informação, de programação e logística, de gestão de pessoas, de planejamento, avaliação, organização, modernização, e, especificamente: (....) X executar as atividades relacionadas à restituição, compensação, reembolso, ressarcimento, redução e reconhecimento de imunidade e isenção tributária, inclusive as relativas a outras entidades e fundos; (....) Art. 233. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, com jurisdição nacional, compete conhecer e julgar em primeira instância, após instaurado o litígio, especificamente, impugnações e manifestações de inconformidade em processos administrativos fiscais: (....) IV contra apreciações das autoridades competentes em processos relativos a restituição, compensação, ressarcimento, reembolso, imunidade, suspensão, isenção e redução de alíquotas de tributos, Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (PERC), indeferimento de opção pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) e pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), e exclusão do Simples e do Simples Nacional. (....) §2º O julgamento de manifestação de inconformidade contra o indeferimento de pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso, ou a nãohomologação de compensação, será realizado pela DRJ competente para o julgamento de litígios que envolvam o tributo ao qual o crédito se refere. (....)”. Cumpre observar, ainda, que a autoridade administrativa, incluído aí o julgador de primeira instância, devese ater ao pedido formulado pela contribuinte não podendo decidir além daquilo que foi solicitado pela interessada, ainda mais quando decorrido o prazo de cinco anos para pleitear a restituição. Logo, é defeso à autoridade administrativa assegurar uma pretensão que não foi deduzida pelo contribuinte em seu pedido inicial. Cabe observar que o Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil acima citado, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, foi substituído por outro, aprovado pela Portaria MF nº 430, de 09 de outubro de 2017. O antigo art. 244, que descrevia as competências das Delegacias da Receita Federal do Brasil, foi substituído pelo art Fl. 209DF CARF MF Processo nº 13888.905621/201075 Acórdão n.º 1001001.268 S1C0T1 Fl. 210 8 270 da nova portaria. Já as competências das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento, descritas no art. 233 da antiga portaria, são reguladas no art. 277 da nova. No que diz respeito à restituição, art. 277, inciso IV e § 3º. Apesar de pequenas alterações na redação, foram mantidas as competências. Conclusão Concluise que o reconhecimento de direito creditório de saldo negativo de IRPJ exige, no período correspondente à apuração daquele saldo, a efetividade das retenções na fonte pagadora e a oferta à tributação das receitas que as ensejaram. Concluise, também, que a pretensão de reconhecimento de crédito contra a Fazenda Pública, que não foi objeto de pedido inicial, caracteriza novo pedido, demandando trâmites próprios. Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Andréa Machado Millan Fl. 210DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.903385/2012-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jul 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/09/2010
COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.
Numero da decisão: 3401-006.343
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan. Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento em Curitiba que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, conforme ementa abaixo transcrita: (...) MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 90 33 85 /2 01 2- 31 Fl. 58DF CARF MF 2 A matéria não especificamente contestada na manifestação de inconformidade é reputada como incontroversa, com a aceitação tácita da interessada, e é insuscetível de ser trazida à baila em momento processual subsequente. Ciente do acórdão de piso, a empresa protocolou Recurso Voluntário repisando os exatos argumentos constantes da Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevsan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401006.326, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 13851.903368/201202. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401006.326): "Tratase de recurso contra acórdão que manteve a decisão que deixou de homologar a compensação declarada pela Recorrente, pois reconheceu inexistir matéria impugnada na manifestação de inconformidade, posto que a impugnante trouxe alegações completamente estranhas ao teor do processo, como se depreende do excerto do voto condutor abaixo transcrito: As alegações da interessada não dizem respeito ao despacho decisório, pois, ao contrário do que argumentou, não existem nos autos: exigência de “multa e juros de mora de 40%”; discussão sobre omissão de receitas; discussão relativa a créditos sobre aquisição de embalagens; auto de infração a ser modificado; multa e juros a serem afastados. Em síntese, na ausência da apresentação de argumentos contrários ao despacho decisório, reputamse incontroversos os motivos pelos quais a DRF não homologou a compensação, razão pela qual VOTO pela improcedência da manifestação de inconformidade. De fato, em se tratando de Despacho Decisório que deixou de homologar a compensação sob o argumento de que o crédito a ser aproveitado já teria sido integralmente utilizado, há que se Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13851.903385/201231 Acórdão n.º 3401006.343 S3C4T1 Fl. 3 3 reconhecer a impertinência das alegações trazidas pela então impugnante e ora reproduzidas no Recurso Voluntário. Ademais, não procede a alegação genérica de ausência de fundamentação do despacho decisório, posto que o mesmo trouxe em seu o teor a razão específica para que a compensação não fosse homologada, a ausência de crédito disponível, e indicou especificamente o pagamento ao qual fora alocado o crédito que a Recorrente pretendia levar à compensação, matéria sobre a qual silenciou a Recorrente, de modo que tenho por incontroversos os fatos apontados pela fiscalização. Ante o exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao mesmo. Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao mesmo. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevsan Fl. 60DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10840.900267/2009-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
Ano-calendário: 2004
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA.
Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se reconhece o crédito nem tampouco se homologam as compensações requeridas.
Numero da decisão: 1401-003.529
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as arguições de nulidade e no mérito negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (suplente convocada), Carlos André Soares Nogueira, Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Ausente a Conselheira Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, substituída pela Conselheira Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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ementa_s : ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano-calendário: 2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se reconhece o crédito nem tampouco se homologam as compensações requeridas.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as arguições de nulidade e no mérito negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (suplente convocada), Carlos André Soares Nogueira, Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Ausente a Conselheira Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, substituída pela Conselheira Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça.
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CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se reconhece o crédito nem tampouco se homologam as compensações requeridas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as arguições de nulidade e no mérito negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (suplente convocada), Carlos André Soares Nogueira, Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Ausente a Conselheira Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, substituída pela Conselheira Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça. Relatório Trata-se de julgamento de recurso voluntário (v. e-fls. 79/89) interposto em face do acórdão nº 14-38.787 - 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Ribeirão Preto - DRJ/RPO (v. e-fls. 64/69), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da Recorrente (v. e-fls. 11/15). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 90 02 67 /2 00 9- 15 Fl. 144DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1401-003.529 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10840.900267/2009-15 A Interessada apresentou pedido de restituição/declaração de compensação (PER/DCOMP, v. e-fls. 02/06), na qual indicou crédito resultante de pagamento indevido ou a maior de CSLL. Ao analisar o pleito, a Delegacia da Receita Federal de Belo Horizonte editou o despacho decisório de e-fls. 07/09, através do qual negou o direito creditório da Recorrente, não homologando a compensação requerida, ao argumento de que inexistiria o pretenso crédito declarado na PER/DCOMP. Inconformada com a referida decisão, a Contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade à DRJ/RPO, alegando, em apertada síntese, o seguinte: A origem do crédito, considerado inexistente por parte da Fiscalização, seria decorrente de erro na DCTF relativa ao período de apuração de setembro/2004; Que tal erro poderia ter sido facilmente verificado através das informações constantes da DIPJ/2005; Ressalta que a Impugnante teria sido fiscalizada relativamente aos anos calendários de 2001 a 2005; Conclui possuir direito ao crédito de R$123.376,63 referente ao pagamento a maior de CSLL no período de apuração de set/2004, alegando ter demonstrado sua existência. A DRJ/RPO considerou improcedente a impugnação da Recorrente, substancialmente, por ausência de provas nos autos de que teria efetivamente havido o propalado erro no preenchimento da DCTF. O acórdão nº 14-38.787 - 6ª Turma recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Data do fato gerador: 29/10/2004 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Em seu recurso voluntário, a recorrente aborda os seguintes pontos: 1) O acórdão recorrido teria deixado de examinar “relevantes pontos trazidos pela recorrente em sua manifestação de inconformidade, dentre eles, em especial, o fato de que a DIPJ/2005, cujo teor apurou o equívoco contido na DCTF do 3º trimestre de 2004”, fora objeto de fiscalização por parte da Receita Federal (submetida que foi a procedimento fiscal tendo por objeto os Fl. 145DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1401-003.529 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10840.900267/2009-15 anos calendários de 2001 a 2004); por força dessa omissão, o acórdão recorrido deveria ser tornado nulo; 2) “Resulta indiscutível, no caso ora em tela, que a recorrente promoveu apuração equivocada em sua DCTF do 3º trimestre de 2004, cinscunstância que a levou a promover recolhimento a maior no que se refere à CSLL”; 3) O erro cometido na apuração da CSLL do mês de setembro de 2004 seria decorrente da falta de dedução das estimativas já pagas em meses anteriores, no valor de R$499.615,20, conforme balancete de suspensão ou redução; 4) Que tal erro foi corrigido na DIPJ/2005, “correção da qual resultou o crédito tributário utilizado na PER/DCOMP nº 34586.42750.290405.1.3.04-0028”; 5) Que tal correção fora “expressamente EXAMINADA E CHANCELADA pela SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, através da fiscalização levada a efeito nos anos calendários de 2001 a 2004”; Assim, segundo a Recorrente, seria forçoso reconhecer a impropriedade do acórdão recorrido ao exigir a juntada de provas, a exemplo dos registros contábeis, balanços e balancetes etc, pois tais documentos já haviam sido examinados e validados pela própria Receita Federal; Evoca o princípio da verdade material para contestar a negativa por parte do julgador de 1ª instância em baixar o processo em diligência, no intuito de aferir suas alegações através da juntada da documentação necessária à comprovar o seu direito; não tendo aceito o pedido de juntada de novas provas, via diligência, requer a decretação da nulidade do acórdão recorrido por manifesto cerceamento de defesa. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e sua matéria se enquadra na competência deste Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. Como vimos no Relatório, o crédito que foi submetido pela contribuinte à análise de liquidez e certeza por parte da autoridade administrativa da Delegacia da Receita Federal do Brasil derivava de pagamento a maior/indevido de CSLL do período de apuração de setembro/2004, no importe de R$123.376,63. A DRF/Belo Horizonte indeferiu o direito creditório sob o argumento de que tal crédito seria inexistente. Fl. 146DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1401-003.529 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10840.900267/2009-15 Em sua defesa, a Recorrente argumentou, ainda na manifestação de inconformidade, que o crédito seria resultante de erro na apuração da CSLL do mês de setembro de 2004 e que tal erro teria sido materializado na DCTF, relativa ao respectivo período de apuração, entregue à Receita Federal. Ainda, que tal erro teria sido devidamente corrigido com a entrega de sua DIPJ/2005. Também argui em sua manifestação de inconformidade que as informações contidas em sua DIPJ/2005 teriam sido validadas pela Receita Federal quando de procedimento de fiscalização a que foi submetida, tendo por objeto os anos calendários de 2001 a 2004. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Ribeirão Preto indeferiu a manifestação de inconformidade, haja vista a ausência de juntada de provas efetivas do erro cometido na apuração do indébito. O recurso voluntário foca de maneira intensa o fato de que a DIPJ/2005 deveria ser suficiente para provar suas alegações, haja vista que a Contribuinte teria sido objeto de um procedimento fiscal que abrangeu, justamente, o período de apuração de 2004. Tal fato não teria sido abordado pelo acórdão recorrido, razão pela qual argui a nulidade do decisum. O mesmo fato também seria causa de outra nulidade, agora por conta de cerceamento de defesa, haja visto que a autoridade julgadora teria indeferido o seu pedido de diligência/perícia, através do qual poderia provar o alegado. Em relação ao mérito da questão, ou seja, da existência do crédito, não trouxe nada de novo em relação à sua manifestação de inconformidade, insistindo na tese de que efetivamente teria ocorrido o indébito a partir de erro na apuração da CSLL do período de setembro de 2004, erro esse devidamente declarado na DCTF, mas corrigido pela entrega da DIPJ/2005. Creio não assistir razão à Recorrente. Primeiramente, não merecem guarida as aventadas nulidades. O fato de o acórdão recorrido não ter se pronunciado a respeito da alegação de que a Contribuinte fora objeto de fiscalização do período de apuração de 2004, não é capaz de macular a sua validade. Primeiramente, porque a Autoridade Julgadora não tem a obrigação de discorrer sobre todas as alegações da parte quando adota fundamentos que julgue suficientes à compreensão de suas razões de decidir. Assim, não resta caracterizada a nulidade se a decisão de primeira instância deu a conhecer ao contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua manifestação de inconformidade. Tal entendimento está nitidamente solidificado no âmbito não só deste Tribunal, mas de todos os tribunais pátrios. Além do mais, soa no mínimo curioso que a Recorrente queira agora, em sede de recurso voluntário, dar tanto peso à alegação de que o acórdão recorrido teria se omitido a respeito da auditoria a que foi submetida, pois em sua manifestação de inconformidade discorreu sobre referido fato de forma muito en passant, em singelas três linhas, que reproduzo abaixo: “Contudo, ressalte-se ainda, que a Impugnante fora fiscalizada nos anos-calendários de 2001 a 2004, exercícios 2002 a 2005, conforme consta do Termo de Constatação Fiscal n° 01 – MPF 0810700/2005/00084-2, encerrada em 06/07/2005.” Fl. 147DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1401-003.529 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10840.900267/2009-15 Foram as únicas palavras a respeito da referida auditoria, não informando a que tributos se referia, qual operação era objeto de análise, sem fazer qualquer tipo de vínculo entre o seu objeto e os elementos de prova que julga existir para comprovar a existência do crédito pretendido. Aliás, nem o resultado da referida auditoria foi informado ao julgador. Ora, todos sabemos que o fato de a pessoa jurídica ser objeto de auditoria fiscal não garante, de forma alguma, que as informações contidas em sua declaração, em toda a sua extensão, sejam objeto de verificação e/ou validação. Por isso, é dezarrazoado supor que o simples fato de ter sido fiscalizada implicaria em se considerar como absolutamente verdadeiras as informações contidas em sua DIPJ. Mesmo porque a DIPJ tem natureza meramente informativa. No caso, havendo algum erro no preenchimento da DCTF, caberia à Contribuinte a entrega de declaração retificadora, esta fundada nos registros e documentos contábeis/fiscais pertinentes. Novamente, fico curioso em saber o porque de a retificação do suposto erro ter sido objeto de correção tão somente na DIPJ e não na DCTF, que seria o meio hábil de fazê-lo. Por todo o exposto, refuto as argüições de nulidade da decisão recorrida fundadas na suposta omissão na análise da alegação de que a DIPJ/2006 teria sido auditada pela Receita Federal, o que validaria as informações nela contidas. Da mesma forma, também não procedem as alegações de nulidade da decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa a partir da negativa da Autoridade Julgadora de 1ª instância de baixar o processo em diligência, no intuito de aferir as alegações constantes da manifestação de inconformidade, através da juntada da documentação que seria necessária para comprovar o direito pretendido. Como bem colocado na decisão recorrida, não havia, à época da apresentação da manifestação de inconformidade, qualquer impedimento à apresentação dos documentos necessários à comprovação do direito alegado. Portanto, carecendo à manifestação de inconformidade dos elementos de prova necessários à confirmação das alegações postas no recurso, decidiu a DRJ/POR aplicar, de forma escorreita, o artigo 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72, abaixo reproduzido: “Art. 16. A impugnação mencionará (....) § 4º. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (Parágrafo e alíneas acrescentados pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refira-se a fato ou a direito superveniente; c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º - A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior”. Portanto, não há que se falar em cerceamento de defesa. Isso porque, não se constata qualquer prejuízo ao pleno exercício do contraditório e da ampla defesa por parte da Fl. 148DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 1401-003.529 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10840.900267/2009-15 Recorrente, aliás, prejuízo esse primordial à caracterização de nulidade, conforme apregoa o art. 60 do Decreto nº 70.235/72: “As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo”. Em relação ao mérito, é patente que a Recorrente não se desincumbiu de comprovar a liquidez e certeza do crédito alegado. Apesar de a manifestação de inconformidade já ter dado de forma clara o caminho que deveria ter sido trilhado pela Contribuinte para demonstrar o seu direito, optou a Recorrente por limitar-se à retórica, sem apresentar nenhum início ou indício de prova que pudesse ao menos colocar na cabeça deste julgador a dúvida a respeito da veracidade de suas alegações. Bastaria que a Recorrente juntasse aos autos o balancete de suspensão relativo ao mês de setembro de 2004, evidenciando a apuração da CSLL devida naquele período de apuração, para que esse julgador viesse a propor a baixa dos autos em diligência. Aqui vale uma ressalva a respeito do princípio da verdade material: não considero que a aplicação de tal princípio seja absoluta; na realidade, apesar de ser bastante favorável à sua adoção, reputo que deva estar sujeito a determinadas limitações. No caso, a partir do decidido pelo acórdão recorrido, caberia à Recorrente rebater os fundamentos por ele utilizados com a apresentação de, ao menos, uma parcela das provas consideradas imprescindíveis para a constatação da existência do crédito. Infelizmente, não foi essa a estratégia adotada pela Recorrente em seu recurso. Preferiu gastar tinta com arguições de nulidade da decisão recorrida ao invés de focar naquilo que era necessário ao mérito da questão, qual seja, comprovar de forma efetiva o seu direito. Eu me pergunto qual seria a dificuldade de juntar aos autos as provas exigidas pela DRJ/RPO em sua decisão, relembremos: os registros contábeis de conta no ativo da CSLL a recuperar, a expressão deste direito em balanços ou balancetes, os Livros Diário e Razão etc. Todos esses documentos seriam facílimos de acostar aos autos, não carecem de nenhuma produção, eis que deveriam, já à época da transmissão da PER/DCOMP, estar disponíveis, palpáveis a quem delas necessitasse. Portanto, não vejo outra alternativa senão manter o decidido no acórdão nº 14- 38.787 - 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Ribeirão Preto - DRJ/RPO, que reproduzo abaixo apenas para ilustrar tudo o que foi acima explanado: Malgrado o intento da contribuinte, é importante ressaltar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontando-as com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática em todos os seus limites, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e compará-lo ao pagamento efetuado. Nesse sentido, cumpre observar que a DIPJ, desde o ano-calendário de 1999, tem caráter meramente informativo, isto é, as informações nela prestadas não configuram confissão de dívida - a Instrução Normativa nº 127, de 30 de outubro de 1998, que extinguiu, em seu art. 6o, inciso I, a DIRPJ – Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica e instituiu, em seu art. 1o, a DIPJ – Declaração de Informações Econômico- Fl. 149DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 1401-003.529 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10840.900267/2009-15 Fiscais da Pessoa Jurídica, deixou de fazer referência à confissão de tributos ou contribuições a pagar. Por sua vez, a DCTF – Declaração de Contribuições e Tributos Federais, instituída pela Instrução Normativa SRF nº 129/1986, sempre foi destinada a tal fim, ou seja, é confissão de dívida, tem o condão de constituir o crédito tributário, materializando-o, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco. Assim, de posse das informações evidenciadas pelo próprio manifestante em sua DCTF – 3º trimestre de 2004, a decisão administrativa certificou razões que ensejaram não homologar a compensação declarada, defronte a caracterização da inexistência de disponibilidade em relação ao pagamento consignado na DCOMP, porquanto restar configurado sua vinculação integral em débito confessado na DCTF, não sendo suficiente para desnaturá-la a simples alegação em contrário, pois este documento goza do efeito de confissão legal de dívida (Decreto-lei nº 2.124, de 1984, artigo 5º, § 1º). Se há contradição e desejando a recorrente fazer valer montante diverso daquele regularmente declarado incumbia-lhe apresentar provas que permitissem albergar sua tese de pagamento indevido ou a maior. Por tais razões, quando a contribuinte apresenta uma Declaração de Compensação, deve, necessariamente, demonstrar um crédito tributário a seu favor, para extinguir um débito tributário constituído em seu nome, de forma que o reconhecimento do indébito tributário seja o fundamento fático e jurídico de qualquer declaração de compensação. A propósito do tema, cumpre destacar o informativo de jurisprudência do STJ de nº 320, de 14 a 18 de maio de 2007, que trouxe o seguinte julgado: RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PROVA. RECOLHIMENTOS. A recorrente aduz que a eventual restituição, se cabível, haveria de ser respaldada em prova documental, acostada na inicial, dos valores efetivamente pagos com as devidas comprovações de recolhimento, e ante tal incerteza não pode ser a União condenada à restituição dos valores postulados (pela via da compensação), sob pena de infração ao princípio do enriquecimento sem causa. Isso posto, a Turma deu provimento ao recurso ao argumento de que o pressuposto fático do direito de compensar é a existência do indébito. Sem prova desse pressuposto, a sentença teria caráter apenas normativo, condicionada à futura comprovação de um fato. REsp 924.550-SC, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 15/5/2007. (gn) Assim, não basta à interessada alegar o pagamento a maior ou indevido do tributo, mas também deve trazer, por ocasião do presente contencioso, justificativas lastreadas em lançamentos contábeis que identifiquem, inequivocamente, a base de cálculo da CSLL do mês de setembro de 2004. Ainda mais, quando a contribuinte é pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real que, nos termos do artigo 7º do Decreto-lei nº 1.598, de 1977, deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais. Dentre essas provas, destacam-se: os registros contábeis de conta no ativo da CSLL a recuperar, a expressão deste direito em balanços ou balancetes, os Livros Diário e Razão, etc., tudo de forma a ratificar o indébito pleiteado. No presente caso, a recorrente, em sua peça impugnatória, não apresentou qualquer documentação com esta intenção, limitando-se a tão-somente apresentar Declaração Fl. 150DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 1401-003.529 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10840.900267/2009-15 de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ/2005), objetivando retificação dos valores confessados em sua Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) do 3º trimestre de 2004. Por regra, a escrituração contábil e fiscal mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, conforme dispõe o artigo 923 do RIR/1999: “Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º)”. Por todo o exposto, nego provimento in totum ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 151DF CARF MF
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Numero do processo: 13227.901494/2012-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Data do fato gerador: 31/07/2005
ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS CONTÁBEIS QUE COMPROVEM O CRÉDITO ALEGADO.
No processo administrativo fiscal, o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzidas nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido. O momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito da Recorrente, especialmente notas fiscais ou documentos contábeis, deve ser o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam sua apresentação extemporânea, notadamente quando, por qualquer razão, seria impossível que ela fosse produzida no momento adequado.
Numero da decisão: 3302-006.951
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Data do fato gerador: 31/07/2005 ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS CONTÁBEIS QUE COMPROVEM O CRÉDITO ALEGADO. No processo administrativo fiscal, o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzidas nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido. O momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito da Recorrente, especialmente notas fiscais ou documentos contábeis, deve ser o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam sua apresentação extemporânea, notadamente quando, por qualquer razão, seria impossível que ela fosse produzida no momento adequado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2019-07-12T15:06:52Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-07-12T15:06:52Z; Last-Modified: 2019-07-12T15:06:52Z; dcterms:modified: 2019-07-12T15:06:52Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-07-12T15:06:52Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-07-12T15:06:52Z; meta:save-date: 2019-07-12T15:06:52Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-07-12T15:06:52Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-07-12T15:06:52Z; created: 2019-07-12T15:06:52Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2019-07-12T15:06:52Z; pdf:charsPerPage: 1786; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-07-12T15:06:52Z | Conteúdo => S3-C 3T2 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 13227.901494/2012-81 Recurso Voluntário Acórdão nº 3302-006.951 – 3ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 22 de maio de 2019 Recorrente LATICINIOS CEREJEIRAS MULTIBOM LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) Data do fato gerador: 31/07/2005 ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS CONTÁBEIS QUE COMPROVEM O CRÉDITO ALEGADO. No processo administrativo fiscal, o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzidas nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido. O momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito da Recorrente, especialmente notas fiscais ou documentos contábeis, deve ser o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam sua apresentação extemporânea, notadamente quando, por qualquer razão, seria impossível que ela fosse produzida no momento adequado. Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 22 7. 90 14 94 /2 01 2- 81 Fl. 65DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-006.951 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13227.901494/2012-81 Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição de crédito de Contribuição para o PIS/Pasep, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior, transmitido por meio de PER/Dcomp. A DRF de origem indeferiu o pedido, por meio do despacho decisório eletrônico, no qual aponta-se que pagamento indicado no PER/Dcomp teria sido integralmente utilizado para quitar outro débito do contribuinte. Devidamente cientificado, o recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade para alegar que teria refeito a apuração do PIS e a Cofins, tendo percebido que teria deixado de apropriar créditos autorizados em lei: Alega que a empresa, adquiriu insumos para revenda com incidência de PIS e Cofins, e promoveu a saída do produtos sujeitos à alíquota zero para incidência de PIS e Cofins, mas, equivocadamente, deixou de constituir os demais créditos das mesmas contribuições que lhe são autorizados conforme determinação do artigo 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente para PIS e Cofins, de forma que o registro destes créditos em DACON retifícadora resultou em pagamento indevido ou a maior de PIS e Cofins. Teria retificado o Dacon, mas não a DCTF, com o intuito de evidenciar o valor do pagamento efetuado, quando houvesse o cruzamento dos valores das duas declarações. Concluiu, para requerer a reforma do despacho decisório, com reconhecimento integral do direito creditório. A unidade de origem suscitou a intempestividade da manifestação de inconformidade. Contudo, como o dia 24/12/2012 não seria dia de expediente normal, para a contagem do prazo, a data da ciência deveria constar como 26/12/2012. Deste modo, a manifestação foi considerada tempestiva. Por seu turno, a DRJ negou provimento à Manifestação de Inconformidade pelo fato de não haver identificado qualquer documentação contábil que provasse o alegado. Irresignada, a recorrente apresentou Recurso Voluntário alegando o direito ao crédito, contudo deixou de juntar qualquer documento que pudesse comprovar o alegado. Fl. 66DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-006.951 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13227.901494/2012-81 Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302- 006.936, de 22 de maio de 2019, proferido no julgamento do processo 13227.901478/2012-98, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3302-006.936): Trata-se de pedido de compensação de créditos tributários desacompanhado de documentos contábeis que sirvam de prova para as alegações. A Recorrente não juntou à Manifestação de Inconformidade qualquer documento contábil ou nota fiscal que pudesse provar ou ao menos trouxesse indícios da veracidade dos argumentos nela trazidos. O Recurso Voluntário também veio desacompanhado de qualquer documento. Entende-se que o momento final para produção de provas do crédito pleiteado é, no máximo, quando da apresentação da manifestação de inconformidade e a produção de provas no Recurso Voluntário somente tem lugar na hipótese da decisão da DRJ haver as considerado insuficientes, situação na qual elas poderão ser complementadas quando da apresentação do Recurso Voluntário. No caso concreto a Manifestação de Inconformidade veio desacompanhada de quaisquer documentos, na qual a Recorrente não trouxe aos autos qualquer alegação de mérito ou qualquer documento que pudesse corroborar o seu alegado direito ao crédito, atacando tão somente as razões de direito. O Recurso Voluntário limitou-se a afirmar que o recolhimento a maior teria decorrido de um "equívoco contábil", elaborando uma planilha das diferenças sem, todavia, provar as alegações. Assim, pelo fato da Recorrente não haver se desincumbido do ônus de produzir em momento oportuno as provas do direito creditório alegado, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. Isto porque no processo administrativo fiscal o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido, sendo que o momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito da Recorrente, especialmente notas fiscais ou documentos contábeis, é o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam a sua apresentação extemporânea, notadamente quando por qualquer razão era impossível que ela fosse produzida no momento adequado. Por este motivo, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Fl. 67DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-006.951 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13227.901494/2012-81 Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator Fl. 68DF CARF MF
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