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Numero do processo: 13603.904312/2011-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
COMPENSAÇÃO - SALDO NEGATIVO DE IRPJ.
Não se admite a compensação de débito com crédito que se comprova inexistente. O contribuinte deve munir a contabilidade de documentos e elementos que comprovem a efetiva realização dos fatos nela registrados. No caso, o contribuinte não traz os documentos que a lei define como hábeis para provar as retenções que teria contabilizado, insistindo em aduzir que os possui e estão à disposição.
Numero da decisão: 1401-002.477
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia de Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 COMPENSAÇÃO - SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Não se admite a compensação de débito com crédito que se comprova inexistente. O contribuinte deve munir a contabilidade de documentos e elementos que comprovem a efetiva realização dos fatos nela registrados. No caso, o contribuinte não traz os documentos que a lei define como hábeis para provar as retenções que teria contabilizado, insistindo em aduzir que os possui e estão à disposição.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 COMPENSAÇÃO SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Não se admite a compensação de débito com crédito que se comprova inexistente. O contribuinte deve munir a contabilidade de documentos e elementos que comprovem a efetiva realização dos fatos nela registrados. No caso, o contribuinte não traz os documentos que a lei define como hábeis para provar as retenções que teria contabilizado, insistindo em aduzir que os possui e estão à disposição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia de Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 90 43 12 /2 01 1- 16 Fl. 489DF CARF MF Processo nº 13603.904312/201116 Acórdão n.º 1401002.477 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório 1. Tratase de Recurso Voluntário interposto em face do acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal em Belo Horizonte (MG) que manteve o crédito tributário decorrente da não homologação de pedido de compensação apresentado pelo contribuinte. 2. Foi emitido despacho decisório, por meio do qual foi parcialmente homologada a compensação declarada no PER/DCOMP objeto do presente lançamento. 3. O crédito transmitido pela via da compensação foi reconhecido como insuficiente para compensar integralmente os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual se homologou o débito parcialmente. 4. O interessado apresentou MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE, na qual alegou: · Que "houve um equívoco, por parte da RFB, na apuração dos valores relativos aos créditos compensados, já que foi considerado indevidamente como valor original utilizado na Declaração de Compensação"; · Diz que, “com as devidas correções, o valor do crédito utilizado na data da transmissão da Declaração de Compensação, ora parcialmente homologada, se faz perfeitamente justificável e suficiente, conforme atestam as tabelas anexas. As tabelas que seguem anexas trazem a discriminação de todas as notas fiscais e respectivas retenções efetuadas O total de retenções é superior aos valores compensados. O valor do crédito informado se fazia suficiente para compensação dos débitos relacionados na declaração parcialmente homologada”; · Requereu o acolhimento da presente Manifestação de Inconformidade para homologar a compensação declarada no PER/DCOMP, com o reconhecimento da extinção do crédito tributário objeto da compensação. Protestando, pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, destacando que não juntou cópia de cada nota fiscal em virtude do volume de documentos. 5. O Acórdão ora Recorrido recebeu a seguinte ementa: COMPENSAÇÃO SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Não se admite a compensação de débito com crédito que se comprova inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Crédito Tributário Mantido. 5. Isto porque, segundo entendimento da Turma, no Despacho Decisório considerouse confirmado o IRRF em valor inferior ao declarado, não tendo sido considerada a Fl. 490DF CARF MF Processo nº 13603.904312/201116 Acórdão n.º 1401002.477 S1C4T1 Fl. 4 3 totalidade das retenções informadas no PER/DCOMP em virtude da não confirmação em DIRF. 6. Por isso, “na falta da confirmação por DIRF, o documento hábil para comprovar a retenção, a ser apresentado pelo beneficiário dos pagamentos é o previsto no art. 86 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, disciplinado pela Instrução Normativa SRF nº 119, de 28 de dezembro de 2000, e alterações posteriores. É requisito para dedução do imposto retido a sua comprovação mediante comprovante de rendimento regularmente emitido pela fonte pagadora, consoante expressa disposição legal contida nos seguintes dispositivos: art. 55 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985; art. 815 do RIR de 1999; art. 4º da Instrução Normativa SRF nº. 119, de 2000”. 7. Considerou, que “não há crédito de saldo negativo de IRPJ do trimestre objeto de compensação, além do já reconhecido no despacho decisório”. 8. Ciente da decisão do Acórdão que julgou improcedente a manifestação apresentada, o contribuinte interpõe Recurso Voluntário, alegando as seguintes razões: · DO INDEFERIMENTO DE PROVAS: alega que “destacou em sua Manifestação de Inconformidade que não juntou cópia de cada nota fiscal objeto do pedido de compensação, pois o volume de documentos inviabilizaria o manuseio da mesma”. Mas, os livros de Notas Fiscais estariam à disposição; · NO MÉRITO, destaca que houve equívoco por parte da RFB na apuração dos valores relativos aos créditos compensados; · Argumenta que “o valor do crédito utilizado na data da transmissão da Declaração de Compensação se faz perfeitamente justificável e suficiente, conforme as tabelas anexadas”, destacando, que o total de retenções é superior aos valores compensados pela Recorrente. · Afirma que conforme os documentos e tabelas anexas ao presente recurso voluntário, demonstra a insubsistência e improcedência da homologação parcial da compensação declarada, com isso, requereu a extinção do crédito tributário com a consequente homologação da compensação declarada no PER/DCOMP em sua integralidade. 9. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.331, de 16.03.2018, proferido no julgamento do Processo nº 13603.904309/201194, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Fl. 491DF CARF MF Processo nº 13603.904312/201116 Acórdão n.º 1401002.477 S1C4T1 Fl. 5 4 Nos presentes autos o contribuinte solicita a compensação de débito com crédito oriundo de saldo negativo de IRPJ apurado no período de 01/07/2006 a 30/09/2006, concorrendo para a formação do saldo negativo parcela referente à dedução de imposto de renda retido na fonte. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.331): "Sendo tempestivo, passo a analisar o Recurso Voluntário. No que se refere à preliminar de nulidade em razão do indeferimento da produção de provas entendo que a mesma não merece ser acolhida. Em regra geral, o momento oportuno para a juntada de provas em que se fundamentam as alegações é quando da apresentação da impugnação (art. 15 do Dec. n.º 70.235, de 1972). A impugnação, deve ser formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, constituindose ônus do contribuinte apresentar as provas de suas alegações. No caso concreto, até o presente momento, o contribuinte não traz aos autos, nem exemplificativamente ou por amostragem, parte das provas que amparam seu direito, simplesmente aduz que em razão do grande volume as mesmas encontramse à disposição. Tratamse de documentos que deveriam estar em posse do contribuinte e, mesmo tendo a sua manifestação de inconformidade indeferida, permanece sem fazer prova do que alega. Daí que não se admite que o pedido de realização de diligência seja usado como instrumento de coleta de provas que cabiam à parte interessada produzir, e muito menos transferir esse ônus à autoridade administrativa. Outrossim, o deferimento de diligência cabe à análise do julgador, de acordo com as razões e fundamentos apresentados nos autos. No caso concreto, diante da inexistência de contexto probatório hábil a dar suporte às razões do contribuinte, o julgador optou por indeferir a diligência, decisão com a qual me coaduno. Assim, não há o que se falar em desrespeito ao princípio da verdade material quando a parte interessada não demonstra, nem de forma exemplificativa, que há alguma verdade, diferente da dos autos, que deva ser alcançada. Face o exposto, deixo de acolher a preliminar de nulidade. Como visto, o crédito utilizado na compensação é de saldo negativo de IRPJ, concorrendo para a formação do saldo negativo parcela referente à dedução de imposto de renda retido na fonte. Fl. 492DF CARF MF Processo nº 13603.904312/201116 Acórdão n.º 1401002.477 S1C4T1 Fl. 6 5 Portanto, o crédito utilizado nas compensações analisadas tem origem na dedução efetuada, de cuja confirmação depende a homologação pretendida. Na falta da confirmação por DIRF, o documento hábil para comprovar a retenção, a ser apresentado pelo beneficiário dos pagamentos é o previsto no art. 86 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, disciplinado pela Instrução Normativa SRF nº 119, de 28 de dezembro de 2000, e alterações posteriores. É requisito para dedução do imposto retido a sua comprovação mediante comprovante de rendimento regularmente emitido pela fonte pagadora, consoante expressa disposição legal contida nos seguintes dispositivos: art. 55 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985; art. 815 do RIR de 1999; art. 4º da Instrução Normativa SRF nº 119, de 2000. O contribuinte deve munir a contabilidade de documentos e elementos que comprovem a efetiva realização dos fatos nela registrados. No caso, o contribuinte não traz os documentos que a lei define como hábeis para provar as retenções que teria contabilizado, insistindo em aduzir que os possui e estão à disposição. Assim, diante da inexistência de comprovação do saldo negativo, não dou provimento ao Recurso Voluntário do contribuinte. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 493DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.721189/2012-72
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2012
SIMPLES NACIONAL. INDEFERIMENTO DA OPÇÃO. NÃO REGULARIZAÇÃO DE PENDÊNCIAS.
Comprovado que os débitos com a Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB, não foram pagos ou parcelados, dentro do prazo de opção pelo Simples Nacional, ou seja, até 31 de janeiro no ano-calendário de 2012, é correto o indeferimento do pedido de inclusão do contribuinte nesse regime.
Numero da decisão: 1001-000.425
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a proposta de diligência suscitada pelo conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues (relator). No mérito, por voto de qualidade, acordam em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Eduardo Morgado Rodrigues e José Roberto Adelino da Silva, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa.
(assinado digitalmentel)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente.
(assinado digitalmentel)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
(assinado digitalmente)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA- Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2012 SIMPLES NACIONAL. INDEFERIMENTO DA OPÇÃO. NÃO REGULARIZAÇÃO DE PENDÊNCIAS. Comprovado que os débitos com a Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB, não foram pagos ou parcelados, dentro do prazo de opção pelo Simples Nacional, ou seja, até 31 de janeiro no ano-calendário de 2012, é correto o indeferimento do pedido de inclusão do contribuinte nesse regime.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a proposta de diligência suscitada pelo conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues (relator). No mérito, por voto de qualidade, acordam em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Eduardo Morgado Rodrigues e José Roberto Adelino da Silva, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa. (assinado digitalmentel) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente. (assinado digitalmentel) EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA- Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
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INDEFERIMENTO DA OPÇÃO. NÃO REGULARIZAÇÃO DE PENDÊNCIAS. Comprovado que os débitos com a Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, não foram pagos ou parcelados, dentro do prazo de opção pelo Simples Nacional, ou seja, até 31 de janeiro no anocalendário de 2012, é correto o indeferimento do pedido de inclusão do contribuinte nesse regime. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a proposta de diligência suscitada pelo conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues (relator). No mérito, por voto de qualidade, acordam em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Eduardo Morgado Rodrigues e José Roberto Adelino da Silva, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa. (assinado digitalmentel) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmentel) EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Redator designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 11 89 /2 01 2- 72 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10183.721189/201272 Acórdão n.º 1001000.425 S1C0T1 Fl. 81 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 43 a 77) interposto contra o Acórdão nº 0130.596, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém/PA (fls. 35 a 38), que, por unanimidade, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: " ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL ANOCALENDÁRIO: 2012 Ementa: SIMPLES NACIONAL. INDEFERIMENTO DA OPÇÃO. NÃO REGULARIZAÇÃO DE PENDÊNCIAS. Comprovado que os débitos com a Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, não foram pagos ou parcelados, dentro do prazo de opção pelo Simples Nacional, ou seja, até 31 de janeiro no anocalendário de 2012, é correto o indeferimento do pedido de inclusão do contribuinte nesse regime Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: "1. Tratase de manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte cima identificado contra o TERMO DE INDEFERIMENTO, fl.12, que impediu sua adesão ao Simples Nacional 2012, com data de registro em 15/02/2012. 2. O motivo do indeferimento foi a existência de: Débito com a Secretaria da Receita Federal do Brasil de natureza previdenciária, cuja exigibilidade não está suspensa. Fundamentação Legal: Lei Complementar n" 123, de 14/12/2006, art. 17, inciso V. 3. Em sua Manifestação de Inconformidade em 19/03/2012, fl.02/03, o contribuinte alega que: Ocorre que o referido débito já se encontra quitado desde 29/11/2011, conforme demonstra cópia autenticada da GPS (anexa), ou seja, o contribuinte encontrase em situação regular com relação ao suposto débito. Assim, mediante a apresentação da GPS que comprova a regularização do débito, desde já requer seja considerada sanada a referida pendência de modo a possibilitar a inclusão no Simples Nacional. Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10183.721189/201272 Acórdão n.º 1001000.425 S1C0T1 Fl. 82 3 4. Requer sua inclusão no SIMPLES NACIONAL 2012." Inconformada com a decisão de primeiro grau, que julgou improcedente a sua manifestação de inconformidade, a ora Recorrente apresentou Recurso Voluntário reconhecendo o recolhimento em valor inferior referente ao débito da competência 13/2010, no entanto, esclarece que isto ocorreu em razão do pagamento a maior que teria realizado por ocasião do recolhimento de competência 11/2010, sendo portanto credora e não devedora no tocante à previdência. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Da análise dos documentos constantes dos autos e demais esclarecimentos e considerações feitas pelo tanto pelo próprio interessado quanto pela fiscalização, extraise que a pendência que obstou a opção da Recorrente pelo SIMPLES era uma parcela previdenciária no importe de R$ 133,40 referente a competência de 13/2010, que foi adimplida apenas até a soma de R$ 89,00, restando um débito em aberto no valor de R$ 44,40. Outrossim, em seu Recurso Voluntário, a parte esclarece que na competência 11/2010 do mesmo tributo recolheu o valor de R$ 324,04, de acordo com a GPS de fl. 58 apresentada, no entanto, o valor realmente devido seria de apenas R$ 211,84, de acordo com a GFIP apresentada às fl. 71, logo está jamais esteve em débito para com a Fazenda Pública, pelo contrário, era credora no importe de R$ 112,20. Assim, conforme entendeu ter demonstrado, fazia jus a crédito suficiente para justificar o pagamento a menor realizado na competência de 13/2010, que foi a causa do indeferimento de sua opção pelo SIMPLES. Ora, neste ponto, entendo imprescindível para o bom deslinde do presente caso apurar a veracidade e correição das alegações, isto é, se estão corretas as suas premissas e conclusões, em especial, se o valor creditório alegado já não teria sido restituído ou utilizado de outra forma. Contudo, por ocasião da presente sessão de julgamento, meu entendimento pela razoabilidade da diligência não foi acompanhado pela maioria desta Turma Extraordinária. Nesta senda, não sendo possível proceder a conferencia mais cuidadosa dos documentos apresentados pela Recorrente, entendo que pelo princípio da boafé e lealdade processual cabe acolher a documentação colacionada pelo contribuinte. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10183.721189/201272 Acórdão n.º 1001000.425 S1C0T1 Fl. 83 4 Desta forma, por todo o exposto, VOTO por DAR PROVIMENTO ao presente Recurso Voluntário, reformando a decisão de primeiro grau para determinar que a Opção realizada pelo contribuinte no anocalendário 2012 seja considerada deferida. É como voto. (assinado digitalmentel) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Voto Vencedor Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Redator do voto vencedor. O contribuinte não diligenciou de forma a regularizar as pendências no prazo legal. Prescreve o § 2º do art. 6º da Resolução CGSN nº 94/2011 que, enquanto não vencido o prazo para solicitação da opção o contribuinte poderá regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, sujeitandose ao indeferimento da opção caso não as regularize até o término desse prazo. Segundo a INFORMAÇÃO FISCAL SEORT DRFCUIABÁ Nº 108/14 (efl. 25) o débito que impediu a adesão ao Simples Nacional (competência 13/2010) não foi quitado ou parcelado no prazo legal. Desta forma, há nos autos elementos suficientes para resolver a lide, sem necessidade de diligência. Adicionese que não cabe ao contribuinte efetuar, nestes autos em que se discute o Indeferimento ao Simples Nacional, auto compensação de tributos sem atender as formalidades regulamentares (art. 74 da Lei 9.430/96). Desta forma, voto por rejeitar a proposta de diligência e negar provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 83DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.002121/2004-90
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/2004 a 31/03/2004
COFINS. NÃO-CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. TRANSFERÊNCIA DE ICMS A TERCEIROS. NÃO INCLUSÃO.
Não devem ser incluídas as receitas decorrentes da cessão onerosa de créditos de ICMS a terceiros, acumulados em razão das operações de exportação, na base de cálculo do PIS/Pasep não-cumulativo.
COFINS. NÃO-CUMULATIVO. RECEITAS DE VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA. IMUNIDADE.
As receitas das variações cambiais ativas integram as receitas decorrentes de exportação, atraindo, assim, a regra da imunidade do art. 149, §2º, inciso I, da Constituição Federal para afastar a incidência do PIS/Pasep não-cumulativo.
TRIBUNAIS SUPERIORES. REPERCUSSÃO GERAL. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF.
Nos termos do art. 62, §1º, inciso II, alínea "b" e §2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os membros do Conselho devem observar as decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 - Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária.
NÃO CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PIS. AQUISIÇÃO DE INSUMOS. DESPESAS COM MANUTENÇÃO PREDIAL. DIREITO AO CREDITAMENTO.
A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas - PIS/COFINS - informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre a aquisição de itens e serviços que não sejam utilizados diretamente no processo de produção do produto destinado a venda. Não é possível a concessão de créditos sobre despesas com manutenção predial, pois nem são insumos de produção e nem são encargos de depreciação.
COFINS NÃO-CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. VEDAÇÃO.
É expressamente vedado por lei a atualização monetária do ressarcimento do saldo credor trimestral dos créditos da Cofins não cumulativa, pela taxa Selic.
Numero da decisão: 9303-006.597
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para restabelecer a glosa dos créditos com manutenção predial e excluir a aplicação da taxa Selic no ressarcimento de PIS e COFINS, vencidas as conselheiras Vanessa Marini Cecconello (relatora), Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/2004 a 31/03/2004 COFINS. NÃOCUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. TRANSFERÊNCIA DE ICMS A TERCEIROS. NÃO INCLUSÃO. Não devem ser incluídas as receitas decorrentes da cessão onerosa de créditos de ICMS a terceiros, acumulados em razão das operações de exportação, na base de cálculo do PIS/Pasep nãocumulativo. COFINS. NÃOCUMULATIVO. RECEITAS DE VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA. IMUNIDADE. As receitas das variações cambiais ativas integram as receitas decorrentes de exportação, atraindo, assim, a regra da imunidade do art. 149, §2º, inciso I, da Constituição Federal para afastar a incidência do PIS/Pasep nãocumulativo. TRIBUNAIS SUPERIORES. REPERCUSSÃO GERAL. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF. Nos termos do art. 62, §1º, inciso II, alínea "b" e §2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os membros do Conselho devem observar as decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária. NÃO CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PIS. AQUISIÇÃO DE INSUMOS. DESPESAS COM MANUTENÇÃO PREDIAL. DIREITO AO CREDITAMENTO. A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas PIS/COFINS informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 21 21 /2 00 4- 90 Fl. 377DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 3 2 créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre a aquisição de itens e serviços que não sejam utilizados diretamente no processo de produção do produto destinado a venda. Não é possível a concessão de créditos sobre despesas com manutenção predial, pois nem são insumos de produção e nem são encargos de depreciação. COFINS NÃOCUMULATIVA. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. VEDAÇÃO. É expressamente vedado por lei a atualização monetária do ressarcimento do saldo credor trimestral dos créditos da Cofins não cumulativa, pela taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, para restabelecer a glosa dos créditos com manutenção predial e excluir a aplicação da taxa Selic no ressarcimento de PIS e COFINS, vencidas as conselheiras Vanessa Marini Cecconello (relatora), Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (fls. 243 a 323) com fulcro no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, buscando a reforma do Acórdão nº 3201000.903 (fls. 231 a 242) proferido pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 28/02/2012, no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário, com ementa nos seguintes termos: Fl. 378DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 4 3 Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/2004 a 31/03/2004 TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. PIS. BASE DE CÁLCULO. TRANSFERÊNCIA DE ICMS. IMPOSSIBILIDADE DE TRIBUTAÇÃO. Os valores correspondentes às transferências de ICMS não são base de cálculo do PIS, pois não constituem receita. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. PIS. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO MONETÁRIA ATIVA. A incidência de PIS sobre as receitas decorrentes de variações cambiais positivas deve ser afastada em face da regra de imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal, estimuladora da atividade de exportação, e da expressa isenção prevista nas normas instituidora daquela contribuição. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. PIS. CRÉDITO. UNIFORME DE FUNCIONÁRIOS. Não é possível o creditamento de PIS sobre gastos com uniformes de funcionários de lojas, já que não guardam relação direta com a produção. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. PIS. CRÉDITO. COMBUSTÍVEIS. Não é possível o creditamento sobre despesas com combustíveis quando não comprovado pelo recorrente em quais veículos eram utilizados os mesmos. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. PIS. CRÉDITO. GASTOS COM PUBLICIDADE. Não é possível o creditamento de PIS sobre gastos com publicidade, já que não guardam relação direta com a produção. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. PIS. CRÉDITO. GASTOS COM MÉDICOS E DENTISTAS. Os gastos com médicos e dentistas não dão direito ao crédito de PIS, pois não guardam relação direta com a produção. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. PIS. CRÉDITO. GASTOS COM MANUTENÇÃO DE PAVILHÕES INDUSTRIAIS. Os gastos com manutenção de pavilhões industriais dão direito ao crédito de PIS, conforme expressa previsão legal. TAXA SELIC – CORREÇÃO MOENTÁRIA – CABIMENTO. É cabível a correção monetária dos créditos objeto de discussão, da data da negativa do crédito até seu pagamento, forte no entendimento do STJ, submetido ao rito dos recursos repetitivos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 5 4 ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo, vencido o Conselheiro Marcelo Ribeiro Nogueira. No mérito, por unanimidade, foi dado provimento ao recurso voluntário para afastar a tributação das transferências de ICMS, por maioria de votos, foi dado parcial provimento quanto à variação cambial ativa, vencido o conselheiro Sérgio Celani, foi negado provimento unânime quanto ao direito de crédito das despesas com uniformes, combustíveis, médicos e dentistas, foi dado provimento por maioria de votos quanto ao creditamento das despesas com manutenção de prédios, vencidos os conselheiros Sérgio Celani e Marcos Aurélio Pereira Valadão, negado provimento por maioria de votos quanto ao creditamento das despesas com publicidade, vencidos os conselheiros Marcelo Ribeiro Nogueira e Adriana Oliveira e dado provimento por maioria de votos quanto à taxa SELIC, vencida a conselheira Mércia Helena Trajano D’Amorim. No julgamento do recurso voluntário, portanto, decidiu o Colegiado a quo por rejeitar o pedido preliminar de sobrestamento do processo e, no mérito, dar provimento ao recurso afastando a tributação sobre as transferências de créditos de ICMS a terceiros e sobre a variação cambial ativa. Com relação aos créditos, foi negado o pedido de aproveitamento com relação aos créditos de despesas com uniformes, combustíveis, médicos e dentistas e despesas com publicidade, e dar provimento em relação ao creditamento das despesas com manutenção de prédios. Por fim, foi reconhecido o direito à atualização dos créditos pela taxa Selic. Os embargos de declaração interpostos pela Fazenda Nacional foram conhecidos e negados. Nessa oportunidade, a Recorrente alega divergência com relação (a) à ilegalidade da incidência da COFINS sobre as receitas referentes às transferências de créditos de ICMS a terceiros; (b) à tributação pela COFINS das variações cambiais ativas decorrentes de exportação, devido à imunidade do art. 149, §2º, inciso I da CF/88; (c) ao reconhecimento como insumos aptos a gerar créditos de COFINS dos gastos com manutenção predial; e (d) e ao reconhecimento do direito à atualização dos créditos pela taxa Selic. Para comprovar o dissenso interpretativo, colacionou como paradigmas os acórdãos 10322.937 e 330100.230 (divergência "a"); 330200.642 e 310200.862 (divergência "b"); 20312.448 (divergência "c") e 330100.809 (divergência "d"). Foi dado seguimento ao recurso especial, nos termos do despacho S/Nº, de 22/06/2015 (fls. 326 a 332), proferido pelo Ilustre Presidente da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF em exercício à época, por ter entendido como comprovada a divergência jurisprudencial. A Contribuinte apresentou contrarrazões requerendo a negativa de provimento ao recurso especial (fl. 335 a 374). O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Fl. 380DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ter prosseguimento. Mérito No mérito, cingese a controvérsia à possibilidade de incidência da COFINS nãocumulativa sobre: (a) as receitas referentes às transferências de créditos de ICMS a terceiros; (b) as variações cambiais ativas decorrentes de exportação, devido à imunidade do art. 149, §2º, inciso I da CF/88. Além disso, discutese o direito ao reconhecimento como insumos aptos a gerar créditos de COFINS dos gastos com manutenção predial e a possibilidade de atualização dos referidos créditos pela taxa Selic. Na sessão de julgamento, o presente voto foi vencido quanto ao restabelecimento das glosas dos gastos com manutenção predial e a possibilidade de correção do crédito de COFINS pela taxa Selic, por ter a maioria do Colegiado entendido pela impossibilidade da tomada do referido crédito e, além disso, ser indevida a correção dos créditos de PIS e COFINS pela Selic. (a) à ilegalidade da incidência da COFINS sobre as receitas referentes às transferências de créditos de ICMS a terceiros; Com relação à não inclusão das receitas decorrentes da cessão onerosa de créditos de ICMS a terceiros, acumulados em razão das operações de exportação, na base de cálculo do PIS/Pasep e COFINS nãocumulativos, a matéria restou decidida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, pela sistemática da repercussão geral, consoante art. 543B da Lei nº 5.869/1973 Código de Processo Civil vigente à época do julgado, declarando a inconstitucionalidade da inclusão, na base de cálculo das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos, dos valores de créditos de ICMS oriundos de exportação cedidos onerosamente a terceiros. O acórdão de relatoria da Ministra Rosa Weber recebeu a seguinte ementa: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão Fl. 381DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 7 6 da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X, “a”, da CF). Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não Fl. 382DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 8 7 provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. (RE 606107, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe231 DIVULG 22112013 PUBLIC 25112013) (grifouse) Nos termos do art. 62, §2º do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria nº 343, de 09/06/2015, as decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral devem ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento dos recurso no âmbito do CARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, Fl. 383DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 9 8 na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (grifouse) Portanto, há de ser mantido o afastamento da incidência da COFINS não cumulativa sobre os valores das transferências de ICMS a terceiros decorrentes das operações de exportação. (b) à tributação pela COFINS das variações cambiais ativas decorrentes de exportação, devido à imunidade do art. 149, §2º, inciso I da CF/88; e A Fazenda Nacional pretende, ainda, ver reformado o acórdão recorrido no que tange ao afastamento da incidência da COFINS nãocumulativa sobre as variações cambiais ativas decorrentes das operações de exportação. Também neste ponto não assiste razão à Recorrente. Ocorre que as variações cambiais ativas são oriundas e inerentes aos contratos de exportações de bens, decorrendo diretamente do negócio jurídico realizado pela empresa. Assim, não podem as operações cambiais ser dissociadas da exportação das mercadorias, por resultarem de exigência de outros países para os quais a Contribuinte efetua as exportações. Portanto, a imunidade do PIS e da COFINS (cumulativas e nãocumulativas) prevista no art. 149, §2º, inciso I da Constituição Federal para as receitas decorrentes de exportação, abrange as variações cambiais ativas. A regra da imunidade visa impedir a incidência das contribuições sobre todas as receitas decorrentes da venda de mercadorias e serviços para o exterior, originadas do mesmo fato gerador, qual seja, a operação de exportação. Não é possível segregar as receitas da venda de mercadorias das variações cambiais ativas, por se constituírem em exigência das relações de comércio internacional. O Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, reconheceu que as receitas das variações cambiais ativas integram as receitas decorrentes de exportação, atraindo, assim, a regra da imunidade para afastar a incidência do PIS e da COFINS. A decisão foi proferida nos autos do recurso extraordinário nº 627.815/PR, de relatoria da Ministra Rosa Weber, cujos fundamentos foram sintetizados na seguintes ementa, in verbis: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. OPERAÇÃO DE EXPORTAÇÃO. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da Fl. 384DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 10 9 hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II O contrato de câmbio constitui negócio inerente à exportação, diretamente associado aos negócios realizados em moeda estrangeira. Consubstancia etapa inafastável do processo de exportação de bens e serviços, pois todas as transações com residentes no exterior pressupõem a efetivação de uma operação cambial, consistente na troca de moedas. III – O legislador constituinte ao contemplar na redação do art. 149, § 2º, I, da Lei Maior as “receitas decorrentes de exportação” conferiu maior amplitude à desoneração constitucional, suprimindo do alcance da competência impositiva federal todas as receitas que resultem da exportação, que nela encontrem a sua causa, representando consequências financeiras do negócio jurídico de compra e venda internacional. A intenção plasmada na Carta Política é a de desonerar as exportações por completo, a fim de que as empresas brasileiras não sejam coagidas a exportarem os tributos que, de outra forma, onerariam as operações de exportação, quer de modo direto, quer indireto. IV Consideramse receitas decorrentes de exportação as receitas das variações cambiais ativas, a atrair a aplicação da regra de imunidade e afastar a incidência da contribuição ao PIS e da COFINS. V Assenta esta Suprema Corte, ao exame do leading case, a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS sobre a receita decorrente da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação de produtos. VI Ausência de afronta aos arts. 149, § 2º, I, e 150, § 6º, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. (RE 627815, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 23/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe192 DIVULG 30092013 PUBLIC 01102013) No mesmo sentido, manifestouse o Superior Tribunal de Justiça ao julgar o AgRg no AREsp 23033/RS, de relatoria do Ministro Arnaldo Esteves Lima, e cujos fundamentos do acórdão foram sintetizados na seguinte ementa: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PIS E COFINS. VARIAÇÃO CAMBIAL. NÃO INCIDÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A incidência de PIS e Cofins sobre as receitas decorrentes de variações cambiais positivas deve ser afastada em face da regra de imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal, estimuladora da atividade de exportação (AgRg no REsp 1.143.779/SC, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, Primeira Turma). 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 23.033/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/12/2011, DJe 12/12/2011) Fl. 385DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 11 10 Colacionase outras duas ementas de julgados proferidos pelo Superior Tribunal de Justiça no mesmo sentido de afastar a tributação pelo PIS e COFINS das variações cambiais ativas, in verbis: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PIS. COFINS. MANDADO DE SEGURANÇA. RECEITAS DECORRENTES DE EXPORTAÇÃO. VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. NORMAS DE ISENÇÃO E IMUNIDADE. PRECEDENTES. 1. Tratase de agravo regimental interposto pela Fazenda Nacional contra decisão que, ao negar seguimento ao recurso especial fazendário, entendeu que não incide tributação de PIS e COFINS sobre variações cambiais positivas decorrentes das receitas de exportação de mercadorias. 2. "A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, em um caso análogo, decidiu que: "Ainda que se possa conferir interpretação restritiva à regra de isenção prevista no art. 14 da Lei nº 10.637/2002, deve ser afastada a incidência de PIS e Cofins sobre as receitas decorrentes de variações cambiais positivas em face da regra de imunidade do art. 149, § 2º, I, da CF/88, estimuladora da atividade de exportação, norma que deve ser interpretada extensivamente." (REsp 1.059.041/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 4.9.2008). 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1143779/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/11/2010, DJe 25/11/2010) TRIBUTÁRIO PROCESSO CIVIL COFINS PIS VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA NÃOINCIDÊNCIA MANDADO DE SEGURANÇA DECLARAÇÃO DE COMPENSABILIDADE DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS SÚMULA 213/STJ TAXA SELIC INCIDÊNCIA A PARTIR DOS PAGAMENTOS INDEVIDOS SUFICIÊNCIA DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do CPC, se o Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da lide. 2. O mandado de segurança é instrumento adequado para a declaração de compensabilidade do crédito tributário, que será efetuada, respeitado o prazo prescricional, junto à Administração tributária. Precedentes. 3. Incide a Taxa Selic, como correção monetária e juros de mora, desde o pagamento indevido. Precedentes. 4. Segundo a jurisprudência desta Corte, a receita decorrente da variação cambial positiva relativa às operações de exportação não se sujeitam à tributação pelo PIS e pela COFINS. 5. Recurso especial da Fazenda Nacional não provido. Fl. 386DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 12 11 6. Recurso especial do contribuinte provido. (REsp 982.870/PE, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/09/2010, DJe 20/09/2010) Pelos argumentos expostos, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional também neste ponto. (c) ao reconhecimento como insumos aptos a gerar créditos de COFINS dos gastos com manutenção predial Com relação a esse tópico, a discussão referese ao conceito de insumos para determinação do que pode ser utilizado pela Contribuinte como crédito de COFINS não cumulativa, em especial em relação aos gastos com manutenção predial. De início, explicitase o conceito de insumos adotado no presente voto, para posteriormente adentrarse à análise dos itens individualmente. A sistemática da nãocumulatividade para as contribuições do PIS e da COFINS foi instituída, respectivamente, pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002 (PIS) e pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003 (COFINS). Em ambos os diplomas legais, o art. 3º, inciso II, autorizase a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda.1 O princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais foi também estabelecido no §12º, do art. 195 da Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 42/2003, consignandose a definição por lei dos setores de atividade econômica para os quais as contribuições sociais dos incisos I, b; e IV do caput, dentre elas o PIS e a COFINS. 2 1 Lei nº 10.637/2002 (PIS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; [...]. Lei nº 10.8332003 (COFINS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...]II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] 2 Constituição Federal de 1988. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: [...] b) a receita ou o faturamento; [...] IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. [...]§ 12. A lei definirá os setores Fl. 387DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 13 12 A disposição constitucional deixou a cargo do legislador ordinário a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Por meio das Instruções Normativas nºs 247/02 (com redação da Instrução Normativa nº 358/2003) (art. 66) e 404/04 (art. 8º), a Secretaria da Receita Federal trouxe a sua interpretação dos insumos passíveis de creditamento pelo PIS e pela COFINS. A definição de insumos adotada pelos mencionados atos normativos é excessivamente restritiva, assemelhandose ao conceito de insumos utilizado para utilização dos créditos do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, estabelecido no art. 226 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI). As Instruções Normativas nºs 247/2002 e 404/2004, ao admitirem o creditamento apenas quando o insumo for efetivamente incorporado ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, aproximandose da legislação do IPI que traz critério demasiadamente restritivo, extrapolaram as disposições da legislação hierarquicamente superior no ordenamento jurídico, a saber, as Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, e contrariaram frontalmente a finalidade da sistemática da nãocumulatividade das contribuições do PIS e da COFINS. Patente, portanto, a ilegalidade dos referidos atos normativos. Nessa senda, entendese igualmente impróprio para conceituar insumos adotar se o parâmetro estabelecido na legislação do IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, pois demasiadamente amplo. Pelo raciocínio estabelecido a partir da leitura dos artigos 290 e 299 do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99), poderseia enquadrar como insumo todo e qualquer custo da pessoa jurídica com o consumo de bens ou serviços integrantes do processo de fabricação ou da prestação de serviços como um todo. Em Declaração de Voto apresentada nos autos do processo administrativo nº 13053.000211/200672, em sede de julgamento de recurso especial pelo Colegiado da 3ª Turma da CSRF, o ilustre Conselheiro Gileno Gurjão Barreto assim se manifestou: [...] permaneço não compartilhando do entendimento pela possibilidade de utilização isolada da legislação do IR para alcançar a definição de "insumos" pretendida. Reconheço, no entanto, que o raciocínio é auxiliar, é instrumento que pode ser utilizado para dirimir controvérsias mais estritas. Isso porque a utilização da legislação do IRPJ alargaria sobremaneira o conceito de "insumos" ao equiparálo ao conceito contábil de "custos e despesas operacionais" que abarca todos os custos e despesas que contribuem para a atividade de uma empresa (não apenas a sua produção), o que distorceria a interpretação da legislação ao ponto de tornála inócua e de resultar em indesejável esvaziamento da função social dos tributos, passando a desonerar não o produto, mas sim o produtor, subjetivamente. As Despesas Operacionais são aquelas necessárias não apenas para produzir os bens, mas também para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. (grifouse) Fl. 388DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 14 13 despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa. Não que elas não possam ser passíveis de creditamento, mas tem que atender ao critério da essencialidade. [...] Estabelece o Código Tributário Nacional que a segunda forma de integração da lei prevista no art. 108, II, do CTN são os Princípios Gerais de Direito Tributário. Na exposição de motivos da Medida Provisória n. 66/2002, in verbis, afirmase que “O modelo ora proposto traduz demanda pela modernização do sistema tributário brasileiro sem, entretanto, pôr em risco o equilíbrio das contas públicas, na estrita observância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com efeito, constitui premissa básica do modelo a manutenção da carga tributária correspondente ao que hoje se arrecada em virtude da cobrança do PIS/Pasep.” Assim sendo, o conceito de "insumos", portanto, muito embora não possa ser o mesmo utilizado pela legislação do IPI, pelas razões já exploradas, também não pode atingir o alargamento proposto pela utilização de conceitos diversos contidos na legislação do IR. Ultrapassados os argumentos para a não adoção dos critérios da legislação do IPI nem do IRPJ, necessário estabelecerse o critério a ser utilizado para a conceituação de insumos. Diante do entendimento consolidado deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, inclusive no âmbito desta Câmara Superior de Recursos Fiscais, o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária" construída pelo CARF, na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Conceito mais elaborado de insumo, construído a partir da jurisprudência do próprio CARF e norteador dos julgamentos dos processo no referido órgão, foi consignado no Acórdão nº 9303003.069, resultante de julgamento da CSRF em 13 de agosto de 2014: [...] Portanto, "insumo" para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Lei no. 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. Fl. 389DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 15 14 Nessa linha relacional, para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento do PIS e da COFINS, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido). Portanto, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo gerador de crédito de PIS e COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente, bem como haja a respectiva prova. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. O entendimento está refletido no voto do Ministro Relator Mauro Campbell Marques ao julgar o recurso especial nº 1.246.317MG, sintetizado na ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na Fl. 390DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 16 15 legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) (grifou se) Portanto, são insumos, para efeitos do art. 3º, II da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003, todos os bens e serviços pertinentes ao processo produtivo e à prestação de serviços, ou ao menos que os viabilizem, podendo ser empregados direta ou indiretamente, e cuja subtração implica a impossibilidade de realização do processo produtivo e da prestação do serviço, objetando ou comprometendo a qualidade da própria atividade da pessoa jurídica. Ainda no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o tema foi recentemente julgado pela sistemática dos recursos repetitivos nos autos do recurso especial nº 1.221.170 PR, no sentido de reconhecer a ilegalidade das Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004 e aplicação de critério da essencialidade ou relevância para o processo produtivo na conceituação de insumo para os créditos de PIS e COFINS no regime não cumulativo. Até a presente data não houve a publicação do acórdão do julgamento do recurso especial nº 1.221.170PR pela sistemática dos recursos repetitivos. No entanto, conforme previsão contida no art. 62, §2º do RICARF aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os conselheiros são obrigados a reproduzir as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos. De posse do critério a ser adotado para definição dos insumos aptos a gerar créditos de PIS e COFINS não cumulativos, adentrarseá a análise do caso concreto. Fl. 391DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 17 16 No caso específico, a Fazenda Nacional insurgese com relação ao reconhecimento da possibilidade de creditamento de PIS e COFINS nãocumulativos dos gastos incorridos com a manutenção predial do estabelecimento do Contribuinte. Ocorre que a própria legislação contempla hipótese de exclusão da base de cálculo das contribuições em tela dos gastos com manutenção predial, consoante disposto no art. 3º, inciso VII da Lei nº 10.833/2003, aplicável também ao PIS por força do art. 15, inciso II da referida lei, in verbis: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: [...] II nos incisos VI, VII e IX do caput e nos §§ 1º e 10 a 20 do art. 3º desta Lei; [...] Os dispêndios com a conservação dos imóveis e suas instalações, utilizados na atividade industrial da Recorrida, enquadramse no conceito de benfeitorias estabelecido no art. 96 do Código Civil, mostrandose necessárias para conservação do bem evitando que o mesmo se deteriore, além de aumentar ou facilitar o uso das instalações para a produção das mercadorias. Portanto, além de apresentarem relevância para o processo produtivo, uma vez que as instalações são utilizadas pela empresa para o seu processo produtivo, os dispêndios em exame constituemse em benfeitorias, amoldandose à legislação do PIS e da COFINS não cumulativas que permite a apropriação de créditos. (d) da atualização dos créditos de COFINS pela SELIC Com relação a este tópico, adotase como razões de decidir aquelas trazidas no julgado ora recorrido: [...] Fl. 392DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 18 17 É certo que a legislação que trata sobre os créditos de PIS e COFINS não permitem a correção monetária dos valores. Entretanto, o presente caso é diferente, pois discutese o direito à correção monetária entre o pedido e o recebimento em face da resistência do fisco, matéria já decidida pelo STJ pelo rito dos recursos repetitivos: TRIBUTÁRIO. CRÉDITO DE IPI. OPOSIÇÃO DO FISCO. CORREÇÃO MONETÁRIA DEVIDA. MATÉRIA DECIDIDA SOB O REGIME DOS RECURSOS REPETITIVOS. RESP 1.035.847/RS. SÚMULA 411/STJ. 1. A Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.035.847/RS, relatoria do Min. Luiz Fux, submetido ao regime dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), reiterou entendimento no sentido de que não incide correção monetária nos créditos escriturais de IPI, por ausência de previsão legal. 2. Contudo, no mesmo julgado, ficou ressalvado que o ressarcimento efetuado com demora por parte da Fazenda Pública justifica a incidência da correção monetária, visto que caracterizada a chamada "resistência ilegítima". 3. Aplicase ao caso a multa do art. 557, § 2º, do CPC no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, por questionamento de matéria já decidida em recurso repetitivo. Agravo regimental improvido. (STJ – 2ª Turma AgRg no REsp 1265457/RS – Rel. Min. Humberto Martins – Dje 14/10/2011) Assim, neste caso, é de ser deferida a correção monetária dos créditos pretendidos. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 393DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 19 18 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Redator designado Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, mas discordo do seu posicionamento quanto ao conceito de insumos refletidos em seu voto, mais especificamente quanto à possibilidade de se deferir créditos, da não cumulatividade de PIS e Cofins, sobre despesas incorridas com manutenção predial. Também fui designado redator quanto a matéria referente à possibilidade de incidência da taxa Selic nos processos de ressarcimento de PIS e Cofins. Passemos então à análise das citadas matérias. Possibilidade de reconhecimento de créditos da Cofins sobre gastos com manutenção predial A discussão gira em torno do conceito de insumos para fins do creditamento do PIS e da Cofins no regime da nãocumulatividade previsto nas Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003. Como visto, a relatora aplicou o entendimento, bastante comum no âmbito do CARF, de que para dar direito ao crédito basta que o bem ou o serviço adquirido seja essencial para o exercício da atividade produtiva por parte do contribuinte. É uma interpretação bastante tentadora do ponto de vista lógico, porém, na minha opinião não tem respaldo na legislação que trata do assunto. Confesso que já compartilhei em parte deste entendimento, adotando uma posição intermediária quanto ao conceito de insumos. Porém, refleti melhor, e hoje entendo que a legislação do PIS/Cofins traz uma espécie de numerus clausus em relação aos bens e serviços considerados como insumos para fins de creditamento, ou seja, fora daqueles itens expressamente admitidos pela lei, não há possibilidade de aceitálos dentro do conceito de insumo. O objeto de discussão no recurso da Fazenda Nacional referese à possibilidade de crédito nas despesas incorridas com manutenção predial. A relatora entende pela manutenção do crédito adotando um conceito ampliado do termo insumos, além de ter manifestado o entendimento pela aplicação do disposto no inc. VII do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 combinado com o inc. II do art. 15 da mesma Lei. Transcrevo abaixo o art. 3º da Lei nº 10.833/2003, aplicável à Cofins nãocumulativa, cuja redação é semelhante à Lei 10.637/2002, aplicável ao PIS nãocumulativo. Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, Fl. 394DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 20 19 exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (...). § 1º Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; II dos itens mencionados nos incisos III a V e IX do caput, incorridos no mês; Fl. 395DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 21 20 III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI, VII e XI do caput, incorridos no mês; (...) 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3o O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. (...). Ora, segundo estes dispositivos legais, somente geram créditos das contribuições os custos com bens e serviços utilizados como insumos na fabricação dos bens destinados a venda. Note que os dispositivos legais descrevem de forma exaustiva todas as possibilidades de creditamento. Fosse para atingir todos os gastos essenciais à obtenção da receita, não necessitariam ter sido elaborados desta forma, bastava um único artigo ou inciso. Não haveria necessidade de ter descido a tantos detalhes. Os créditos na aquisição de insumos estão previstos no inc. II do art. 3º, acima transcrito e destacado. Tratamse dos insumos utilizados no processo produtivo do produto destinado a venda. Portanto, não há leitura, por mais alargada que seja, que possa tratar as despesas incorridas com manutenção predial dentro do conceito de insumos tratados no citado inc. II. Porém a relatora, além de destacar que se trata de um insumo em seu conceito mais abrangente, afirma que o crédito estaria previsto no inc. VII do art. 3º, também transcrito e destacado mais acima. Ocorre que aqui, a legislação permite o crédito em benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa, mas vejam que esse crédito não são com as despesas incorridas nas benfeitorias ou manutenção predial. Mais adiante, no inc. III do § 1º, também transcrito e destacado acima, a lei informa que o crédito previsto no inc. VII do art. 3º são somente sobre os encargos de depreciação. Fl. 396DF CARF MF Processo nº 11065.002121/200490 Acórdão n.º 9303006.597 CSRFT3 Fl. 22 21 Portanto, indubitavelmente, não existe previsão legal para a concessão de créditos sobre as despesas incorridas com manutenção predial, pois não são insumos do processo produtivo e nem são encargos de depreciação. Diante do exposto, voto em dar provimento nesta parte ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Possibilidade de aplicação da Taxa Selic nos ressarcimentos de PIS e Cofins A atualização monetária do ressarcimento de saldo credor da Cofins não cumulativa, calculados à taxa Selic, é expressamente vedado pela própria Lei nº 10.833, de 2003, que instituiu o regime nãocumulativo, assim dispondo: “Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores.” Contra disposição expressa da lei não é cabível aplicar analogias com decisões judiciais não aplicáveis ao caso concreto, como pretende a relatora e o acórdão recorrido. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional em relação a essa matéria. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 397DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.916321/2011-53
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2002
BASE DE CÁLCULO. REGIME CUMULATIVO.
A declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, resultou no entendimento de que o conceito de faturamento, para fins de incidência dessas contribuições sociais, corresponde às receitas vinculadas à atividade mercantil típica da pessoa jurídica.
Numero da decisão: 9303-006.446
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2002 BASE DE CÁLCULO. REGIME CUMULATIVO. A declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, resultou no entendimento de que o conceito de faturamento, para fins de incidência dessas contribuições sociais, corresponde às receitas vinculadas à atividade mercantil típica da pessoa jurídica.
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ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FEY PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2002 BASE DE CÁLCULO. REGIME CUMULATIVO. A declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, resultou no entendimento de que o conceito de faturamento, para fins de incidência dessas contribuições sociais, corresponde às receitas vinculadas à atividade mercantil típica da pessoa jurídica. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 91 63 21 /2 01 1- 53 Fl. 149DF CARF MF Processo nº 13971.916321/201153 Acórdão n.º 9303006.446 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN contra o Acórdão nº 3402003.944, de 28/03/2017, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2002 COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido. Intimada da decisão, a PFN apresentou embargos de declaração, os quais, todavia, foram rejeitados mediante despacho do Presidente da 4ª Câmara. Também interpôs recurso especial, por meio do qual suscita divergência quanto ao conceito de faturamento, especialmente com relação à incidência do PIS/Cofins sobre receitas de aluguéis recebidas por empresa que se dedica à atividade de locação, face à declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718, de 1998. Alega divergência com relação ao que decidido nos Acórdãos nº 3401002.726 e nº 330200.289. O recurso foi admitido por intermédio do Despacho de Admissibilidade do Presidente da 4ª Câmara. Intimada, a contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso. É o Relatório. Fl. 150DF CARF MF Processo nº 13971.916321/201153 Acórdão n.º 9303006.446 CSRFT3 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.426, de 13/03/2018, proferido no julgamento do processo 13971.916300/201138, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.426): "Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela PFN deve ser conhecido. Cumpre observar, inicialmente, que o objeto social principal da contribuinte é a exploração das atividades de locação, loteamento e arrendamento de bens próprios, construídos ou a construir, bem como a comercialização de bens móveis e imóveis, abrangendo a compra e venda, permuta, exceto a intermediação, assessoria e orientação técnica em negociações imobiliárias (vide fl. 25). Pois bem. O acórdão recorrido, aplicando decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal STF, deu provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito à restituição dos valores de PIS calculados sobre receitas não operacionais auferidas pela contribuinte com fulcro em dispositivo inconstitucional da Lei nº 9.718/98. As receitas que expressamente reconheceu não tributáveis foram as receitas financeiras ("JUROS RECEBIDOS", "VARIAÇÃO CAMBIAL") e os valores de "ALUGUÉIS RECEBIDOS". O primeiro paradigma, contudo, em flagrante dissenso interpretativo, concluiu o contrário, conforme facilmente comprova a simples leitura de sua ementa: Acórdão nº 3401002.726: LOCAÇÃO DE BENS IMÓVEIS. FATURAMENTO. PIS/PASEP E COFINS. INCIDÊNCIA. Na esteira da jurisprudência dos tribunais superiores, mormente o Superior Tribunal de Justiça, as receitas provenientes da locação de bens imóveis, quando objeto das atividades mercantis da pessoa jurídica, sujeitamse à incidência das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, tanto sob a regência da Lei Complementar nº 70/91, quanto pela Lei nº 9.718/98, não prejudicando tal entendimento a declaração de inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo promovida pelo art. 3º, § 1º deste último diploma legal (g.n.) No mérito, entendemos assistir razão à Recorrente. Como já é do conhecimento geral e referido no acórdão recorrido, o STF considerou incompatível com o então Texto Constitucional a ampliação da base de cálculo do PIS/Cofins (§ 1º do art. 3º da Lei n.º 9.718, de 1998), pacificando o entendimento de que o faturamento corresponde apenas à receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços (Rel. p/ Acórdão Min. Marco Aurélio Mello, RE 346.084, DJ de 1/09/2006). Contudo, alguns votos dos ministros que participaram do julgamento indicaram – e não como obiter dictum – o verdadeiro sentido que a esta expressão deve ser conferido. Fl. 151DF CARF MF Processo nº 13971.916321/201153 Acórdão n.º 9303006.446 CSRFT3 Fl. 5 4 Segundo o Min. Cezar Peluso, que foi acompanhado pelo Min. Sepúlveda Pertence: Faturamento nesse sentido, isto é, entendido como resultado econômico das operações empresariais típicas, constitui a base de cálculo da contribuição, enquanto representação quantitativa do fato econômico tributado. Noutras palavras, o fato gerador constitucional da COFINS são as operações econômicas que se exteriorizam no faturamento (sua base de cálculo), porque não poderia nunca corresponder ao ato de emitir faturas, coisa que, como alternativa semântica possível, seria de todo absurda, pois bastaria à empresa não emitir faturas para se furtar à tributação. (g.n.). E, concluindo, asseverou: Por todo o exposto, julgo inconstitucional o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, por ampliar o conceito de receita bruta para “toda e qualquer receita”, cujo sentido afronta a noção de faturamento pressuposta no art. 195, I, da Constituição da República, e, ainda, o art. 195, § 4º, se considerado para efeito de nova fonte de custeio da seguridade social. Quanto ao caput do art. 3º, julgoo constitucional, para lhe da r interpretação conforme à Constituição, nos termos do julgamento proferido no RE nº 150.755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de “receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços”, adotado pela legislação anterior, e que, a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. (g.n.). Ainda mais preciso, o Min. Ayres Britto, a partir da redação original do art. 195 da Constituição Federal (anterior à promulgação da Emenda Constitucional – EC n.º 20, de 1998), claramente identificou o conceito de faturamento com equivalente à receita operacional: A Constituição de 88, pelo seu art.195, I, redação originária, usou do substantivo “faturamento”, sem a conjunção disjuntiva “ou” receita”. Em que sentido separou as coisas? No sentido de que faturamento é receita operacional, e não receita total da empresa. Receita operacional consiste naquilo que já estava definido pelo Decretolei 2397, de 1987, art.22, § 1º, “a”, assim redigido – parece que o Ministro Velloso acabou de fazer também essa remissão à lei: Art.22 [...] § 1º [...] a) a receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços, de qualquer natureza, das empresas públicas ou privadas definidas como pessoa jurídica ou a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda;” Por isso, estou insistindo na sinonímia “faturamento” e “receita operacional”, exclusivamente, correspondente àqueles ingressos que decorrem da razão social da empresa, da sua finalidade institucional, do seu ramo de negócio, enfim. Logo, receita operacional é receita bruta de tais vendas ou negócios, mas não incorpora outras modalidades de ingresso financeiro: royalties, aluguéis, rendimentos de aplicações financeiras, indenizações etc. (g.n.). E isso porque o inciso I do art. 195 da CF, na redação anterior à EC n.º 20, de receita não falava, mas apenas de faturamento e lucro, como que a abraçar todas as dimensões de riqueza geradas pela pessoa jurídica a partir da realização de seu objeto social. No caso ora em exame, a locação de bens integra, conforme demonstrado, a receita decorrente da realização das atividades típicas da contribuinte, de sorte que constitui, parte Fl. 152DF CARF MF Processo nº 13971.916321/201153 Acórdão n.º 9303006.446 CSRFT3 Fl. 6 5 integrante do seu faturamento – base de cálculo da contribuição. Não, porém, as receitas financeiras. Ante o exposto, com essas considerações, conheço do recurso especial e, no mérito, doulhe provimento, para que, na base de cálculo do PIS, incluamse as receitas com locação de bens." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial da Fazenda Nacional foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento, para que, na base de cálculo das contribuições, incluamse as receitas com locação de bens. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 153DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.720146/2008-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
PROCESSUAL - ERRO IN JUDICANDO - OMISSÃO NÃO CARACTERIZADA
O error in judicando, mormente quanto a valoração de provas, não desafia embargos de declaração por omissão.
Numero da decisão: 1302-002.768
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos embargos, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Guimarães da Fonseca - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Rogério Aparecido Gil, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente Convocado), Carlos César Candal Moreira Filho, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
Nome do relator: GUSTAVO GUIMARAES DA FONSECA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 PROCESSUAL - ERRO IN JUDICANDO - OMISSÃO NÃO CARACTERIZADA O error in judicando, mormente quanto a valoração de provas, não desafia embargos de declaração por omissão.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos embargos, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Rogério Aparecido Gil, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente Convocado), Carlos César Candal Moreira Filho, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos embargos, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Rogério Aparecido Gil, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente Convocado), Carlos César Candal Moreira Filho, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 72 01 46 /2 00 8- 14 Fl. 502DF CARF MF 2 Cuida o feito de embargos de declaração opostos pelo contribuinte em face do Acórdão de nº 1302001.562 proferido em sessão de julgamento realizada em 22 de outubro de 2014 e assim ementado: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. HOMOLOGAÇÃO. PRAZO. O prazo para homologação da compensação requerida pelo sujeito passivo é de cinco anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Em havendo retificação, o termo inicial para a contagem do prazo é o dia da entrega da declaração retificadora. COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. IRRF. CÔMPUTO DAS RECEITAS FINANCEIRAS NO LUCRO REAL. PROVA. O aproveitamento do imposto de renda retido na fonte, no momento da apuração do ajuste anual, é condicionado à prova de que as receitas a eles correspondentes foram incluídas na apuração do lucro real. Num breve resumo, o embargante havia, originariamente, transmitido uma DEPCOMP para aproveitamento de créditos oriundos de saldo negativo de IRPJ, considerandose os valores retidos por instituições financeiras, relativo ao anocalendário de 2000. Posteriormente, especificamente em 16/09/2006, transmitiu uma DECOMP retificadora, aumentando o valor do saldo negativo e alterando o valor de débitos a serem compensados. No ano de 2009, fez nova retificação, desta sorte, apenas para reduzir o valor do crédito utilizável na DECOMP. A Unidade de origem houve por bem indeferir o pleito do contribuinte, deixando de homologar as compensações pretendidas, cientificadoo do respectivo despacho decisório, conforme consta do relatório do acórdão embargado, em 06/12/2011 (AR de fl. 190). O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade sustentando ter ocorrido decadência (homologação tácita) das compensações e, no mérito, a existência do crédito postulado. A DRJ julgou improcedente a citada manifestação, decisão contra a qual foi interposto recurso voluntário que, como citado alhures, também deixou de acolher as razões de insurgência do embargante. Particularmente quanto a alegação de ocorrência de homologação tácita, invocando os preceitos do art. 74, o acórdão embargado sustentou inocorrer a decadência tendo em vista que o predito prazo seria contado a partir da data da transmissão da declaração retificadora, e não da data da ocorrência do fato que teria dado origem ao crédito postulado. Mais que isso, afirmou, expressamente, o que se segue: Entende a recorrente que o Fisco não poderia ter deixado de reconhecer o seu crédito, tacitamente homologado, em razão do decurso do prazo de mais de cinco anos entre o encerramento do anocalendário cujo crédito a fiscalização pretendeu rever (2000) e a ciência do Despacho Decisório, que se deu durante o anocalendário2010. Fl. 503DF CARF MF Processo nº 10882.720146/200814 Acórdão n.º 1302002.768 S1C3T2 Fl. 503 3 Não assiste razão o Recorrente neste ponto. No presente processo o cerne do litígio não é a forma de lançamento e por isto não se aplica a regra do artigo 173 do CTN, nem o artigo 150, § 4º. A compensação em matéria tributária é regida por disposições legais específicas e no que toca à matéria discutida, aplicase o parágrafo 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996. Intimado do acórdão supra, o recorrente opôs embargos de declaração afirmando ter o aresto embargo incorrido: a) em omissão ou contradição ao considerar que a ciência do despacho decisório teria ocorrido "durante o anocalendário de 2010", desconsiderando, neste passo, a informação aposta em seu próprio relatório de que tal ciência teria se dado, em verdade, em 06/12/2011; b) em nova omissão, ao não se pronunciar sobre o fato da DECOMP retificadora transmitida em 2009 não ter modificado o valor do débito a compensar, mas, apenas o montante de crédito disponível (que, por meio desta declaração, teria sido, inclusive, reduzido). A então presidente desta 2ª Turma Ordinária, Edeli Pereira Bessa, houve por bem admitir parcialmente os declaratórios opostos apenas em relação ao primeiro item, afirmando, mais, que não se trataria de contradição, mas, tão só, de omissão, por ter se considerado elemento fático equivocado. Quanto a segunda omissão, deixou de conhecer dos embargos por entender que este argumento não influenciou nas conclusões exaradas pelo relator do Acórdão embargado. Este, o relatório. Voto Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca Relator De antemão, e com o respeito máximo devido, me permito discordar do despacho de admissão e, por conseguinte, da então Presidente deste Colegiado. Não entendo, em absoluto que o caso, tal qual relatado, desafie embargos de declaração por omissão, especialmente, quando tal omissão seria, pelo que exposto na decisão de admissibilidade, erro material por falta de análise de documento constante destes autos. E existem, aqui, dois motivos para tanto... primeiramente, vale lembrar que o Juiz é livre para apreciar a prova, a teor do art. 371 do CPC2015 (aplicável ao processo administrativo subsidiariamente) e a desconsideração de determinado elemento probatório ou a sua valoração equivocada revela error in judicando e não error in procedendo que, não obstante impugnável por meios próprios, não desafia embargos, entendimento já, há muito, sedimentado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: Fl. 504DF CARF MF 4 (...) a contradição que enseja os embargos de declaração é apenas a interna, aquela que se verifica entre as proposições e conclusões do próprio julgado, não sendo este o instrumento processual adequado para a correção de eventual error in judicando (...)" (EDcl no AgRg nos EREsp 1.191.316/SP, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Corte Especial, DJe 10/5/2013)" (STJ, EDcl no AgRg no REsp 1.533.638/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 13/9/2016). Lado outro, a omissão a que alude o art. 1.022, II, do citado digesto processual civil é, apenas, aquela verificada quando observado, também, a violação aos preceitos dos artigos 489, III e 490 do mesmo diploma legal; ou seja, a omissão que desafia os declaratórios revelase na falta de analise, pelo Juiz, das questões propostas pelas partes (pedidos e causas de pedir). O RICARF, digase, até admite a oposição de embargos para corrigir erros materiais; o caso, entretanto, não é de erro material (não houve erro de digitação, confusão quanto a data efetivamente inserida no documento tratado aqui ou qualquer outro tipo de "atropelo acidental") e, demais a mais, os embargos usados para o fim ora tratado, são inominados, não se conformando às hipóteses do já invocado art. 1.022 do CPC ou, mesmo, do art. 65 do RICARF. Dito isto, venia concessa, os declaratórios, no caso, não eram, de fato, cabíveis, por não ser, na hipótese, o remédio apropriado. Pelo exposto, voto por não conhecer dos embargos declaratórios opostos. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Fl. 505DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18050.003948/2008-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 31/01/1999 a 30/09/2000
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO.
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância (Súmula CARF 103). Não se conhece de recurso de ofício abaixo do limite de alçada.
ARBITRAMENTO. AFERIÇÃO INDIRETA. PAGAMENTO ESPONTÂNEO.
O arbitramento é hipótese legal de apuração do tributo devido. É lícita a aplicação da aferição indireta para o cálculo de contribuições previdenciárias quando há omissão de registros contábeis. O pagamento espontâneo não elide a possibilidade de aplicação da aferição indireta, se presentes os requisitos legais e normativos.
NORMA INSTRUMENTAL. PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA FISCAL. INOVAÇÃO NORMATIVA. RETROATIVIDADE.
Aplica-se a norma instrumental vigente no momento do lançamento. O advento de norma que modificou procedimentos e critérios de fiscalização não afetam o lançamento constituído.
CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO. AFERIÇÃO INDIRETA. CONSTRUÇÃO CIVIL. CONSTRUÇÃO DE LINHAS E REDES DE TELECOMUNICAÇÕES. INSTRUÇÃO NORMATIVA DC/INSS Nº 18, DE 2000.
Aplicam-se os critérios de aferição previstos na Instrução Normativa DC/INSS nº 18, de 11 de maio de 2000, quando a pessoa jurídica realiza obras de construção civil. A instalação de redes de telecomunicações é atividade de construção civil prevista na norma de regência, para efeito de aplicação de critérios de aferição indireta.
Numero da decisão: 2301-005.235
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício e, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha e Juliana Marteli Fais Feriato, que davam provimento ao recurso. Manifestou a intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Alexandre Evaristo Pinto.
João Bellini Júnior - Presidente.
João Maurício Vital - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo, Antônio Sávio Nastureles, João Maurício Vital, Juliana Marteli Fais Feriato, Marcelo Freitas de Souza Costa e Wesley Rocha.
Nome do relator: JOAO MAURICIO VITAL
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 31/01/1999 a 30/09/2000 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância (Súmula CARF 103). Não se conhece de recurso de ofício abaixo do limite de alçada. ARBITRAMENTO. AFERIÇÃO INDIRETA. PAGAMENTO ESPONTÂNEO. O arbitramento é hipótese legal de apuração do tributo devido. É lícita a aplicação da aferição indireta para o cálculo de contribuições previdenciárias quando há omissão de registros contábeis. O pagamento espontâneo não elide a possibilidade de aplicação da aferição indireta, se presentes os requisitos legais e normativos. NORMA INSTRUMENTAL. PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA FISCAL. INOVAÇÃO NORMATIVA. RETROATIVIDADE. Aplica-se a norma instrumental vigente no momento do lançamento. O advento de norma que modificou procedimentos e critérios de fiscalização não afetam o lançamento constituído. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO. AFERIÇÃO INDIRETA. CONSTRUÇÃO CIVIL. CONSTRUÇÃO DE LINHAS E REDES DE TELECOMUNICAÇÕES. INSTRUÇÃO NORMATIVA DC/INSS Nº 18, DE 2000. Aplicam-se os critérios de aferição previstos na Instrução Normativa DC/INSS nº 18, de 11 de maio de 2000, quando a pessoa jurídica realiza obras de construção civil. A instalação de redes de telecomunicações é atividade de construção civil prevista na norma de regência, para efeito de aplicação de critérios de aferição indireta.
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LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância (Súmula CARF 103). Não se conhece de recurso de ofício abaixo do limite de alçada. ARBITRAMENTO. AFERIÇÃO INDIRETA. PAGAMENTO ESPONTÂNEO. O arbitramento é hipótese legal de apuração do tributo devido. É lícita a aplicação da aferição indireta para o cálculo de contribuições previdenciárias quando há omissão de registros contábeis. O pagamento espontâneo não elide a possibilidade de aplicação da aferição indireta, se presentes os requisitos legais e normativos. NORMA INSTRUMENTAL. PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA FISCAL. INOVAÇÃO NORMATIVA. RETROATIVIDADE. Aplicase a norma instrumental vigente no momento do lançamento. O advento de norma que modificou procedimentos e critérios de fiscalização não afetam o lançamento constituído. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO. AFERIÇÃO INDIRETA. CONSTRUÇÃO CIVIL. CONSTRUÇÃO DE LINHAS E REDES DE TELECOMUNICAÇÕES. INSTRUÇÃO NORMATIVA DC/INSS Nº 18, DE 2000. Aplicamse os critérios de aferição previstos na Instrução Normativa DC/INSS nº 18, de 11 de maio de 2000, quando a pessoa jurídica realiza obras de construção civil. A instalação de redes de telecomunicações é atividade de construção civil prevista na norma de regência, para efeito de aplicação de critérios de aferição indireta. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 05 0. 00 39 48 /2 00 8- 52 Fl. 589DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício e, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha e Juliana Marteli Fais Feriato, que davam provimento ao recurso. Manifestou a intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Alexandre Evaristo Pinto. João Bellini Júnior Presidente. João Maurício Vital Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo, Antônio Sávio Nastureles, João Maurício Vital, Juliana Marteli Fais Feriato, Marcelo Freitas de Souza Costa e Wesley Rocha. Relatório Tratase de lançamento de ofício, Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) nº 35.159.1028, para a exigência das contribuições previdenciárias (segurados, empresa, SAT e terceiros) do período de 01/1999 a 09/2000, incidentes sobre as remunerações pagas aos segurados empregados, calculadas por aferição indireta, relativas ao estabelecimento matriz da empresa. A ação fiscal resultou de representação do Ministério Público do Trabalho que, em inspeção direta na filial de Curitiba, em conjunto com a Fiscalização do Ministério do Trabalho, motivada por denúncia, constataram a realização de pagamentos de horas extras de modo irregular. O Relatório de Inspeção (efls. 193 a 196) do Sr. Benedito Xavier da Silva, Procurador do Trabalho, bem ilustra o modus operandi da empresa para pagamento de verbas à margem dos registros contábeis, trabalhistas e fiscais. É oportuno reproduzirse alguns trechos do documento para bem compreender as razões e fundamentos do lançamento sob análise: Em data de 24 de janeiro de 2000, em razão da denúncia de fls. 03 a 05, bem como em virtude da notícia de pagamento de "salário por fora" previsto para esta data (24.01.00), a partir, aproximadamente, das 15:00 horas, compareci na filial da requerida, juntamente com o Fiscal do Trabalho Sr. Sérgio Rech, com o Advogado Dr. André Passos e com os servidores desta Procuradoria Rosa Helena Thomé (lotada na CODIN) e Valmir Maiochi (motorista), buscando esclarecimentos quanto aos fatos denuciados. A requerida tem sua matriz no Estado da Bahia Salvador (...) [e] filial no Estado do Paraná Curitiba (...). Ao chegarmos na Filial da requerida em Curitiba, encontramos vários trabalhadores recebendo verbas salariais. (...) Tivemos a oportunidade de conversar rapidamente com alguns trabalhadores, dentre eles o Sr. José de Oliveira (...) [que narrou várias irregularidades trabalhistas que a empresa cometia contra si]. Fl. 590DF CARF MF Processo nº 18050.003948/200852 Acórdão n.º 2301005.235 S2C3T1 Fl. 590 3 Em seguida dirigimos à sala na qual o pagamento estava sendo efetuado, cujo pagamento foi suspenso de imediato, com o fim de se ludibriar a fiscalização. Após, dirigimos até a sala do Sr. CELSO ANTONIO MAJCHROVICZ CEA 14662DREG. 30342, o qual esclareceu que a empresa TELENGE tem sua matriz sediada na cidade de Salvador/Bahia. Afirmou ser apenas Eng. Co responsável pela filial do Paraná, cabendolhe a função de repassar as ordens oriundas da matriz. ......................................................................................................... Constatamos dos (sic) recibos paralelo do pagamento de horas extras, apresentados pela Sª Edicléia, a não incidência dos encargos sociais e trabalhistas (INSS e FGTS). ......................................................................................................... Enquanto prosseguia a fiscalização, tomamos conhecimento de que o pagamento "por fora" prosseguia em outra localidade para a qual me dirige com o servidor Valmir. (...) No local se encontravam vários trabalhadores uniformizados (e vários veículos com a identificação da empresa). Ao chegarmos a prota foi encostada. Adentramos à casa e falamos com o Sr. MESSIAS SÃO PAULO, responsável pelo pagamento, tendo informado ser o Coordenador do Setor de Faturamento, o qual mais uma vez suspendeu o pagamento (...). Ao pedirmos esclarecimentos disse que deveríamos falar com o Sr. CELSO. Recusou a prestar maiores informações. Retornamos à sede da filial da Empresa, demonstrando a nossa indignação com a conduta do Sr. CELSO (responsável pela Filial), por dificultar os esclarecimentos e valer4se de artifício para ocultar o pagamento de salários "pore fora". A hipótese era de prisão em flagrante por sonegação fiscal e por inviabilizar a atuação do Ministério Público e da Fiscalização do Ministério do Trabalho. Aliás, durante todo o tempo, o Sr. Celso mostrouse evasivo, dandose por desentendido. Mesmo assim, explicou que a Empresa deposita as gratificações (pagamento por fora) nas contas bancárias dos Coordenadores, sendo que estes pagam as gratificações aos empregados (espécie de produção). Esclareceu que a empresa não tem qualquer responsabilidade pelo pagamento da referida gratificação, cuja responsabilidade ser4ia dos Coordenadores (Aládio Henrique e Diane Moura Farias São Paulo, mulher do Sr. Messias). Informou que as gratificações são calculadas sobre o faturamento e que apenas a matriz poderá fornecer maiores detalhes. Disse que os Coordenadores são de extrema confiança da Empresa e que não sabe se os mesmos prestam contas a esta; porém, informou que a Empresa exige resultados. Na fiscalização previdenciária que se seguiu à representação do Ministério Público do Trabalho, constatouse que, de fato, a empresa efetuara pagamentos "por fora" de Fl. 591DF CARF MF 4 remuneração a seus empregados, motivando a apuração por aferição indireta, como se constata no seguinte trecho do relatório fiscal (efl. 177): Durante a ação dos Auditores Fiscais da Previdência Social na empresa ficou constatado que as horas extras pagas aos empregados da Telenge, através de recibos paralelos, como foi mencionado acima, não foram lançadas em títulos próprios de sua contabilidade, não registrando o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, infringindo, portanto, o artigo 32, II da Lei 8.212/91 e o artigo 225, II, parágrafo 13, I e II do RPS aprovado pelo Decreto 3048/99. Em razão do exposto, aplicamos o que reza o artigo 33 parágrafo 6 da Lei 8.212/91 e o artigo 235 do RPS, item VII, 51 da Ordem de Serviço INSS/DAF 209 de 20.05.99 e também o art. 49 da Instrução Normativa 18 de 11.05.2000. Com base nas normas infralegais, arbitrouse as bases de cálculo das contribuições previdenciárias e consectários em 40% sobre o valor das notas fiscais de serviços e em 20% sobre o valor das notas fiscais de serviços e materiais. Impugnado o lançamento (efls. 269 a 295), o apelo foi considerado tempestivo (efl. 325). Os autos foram devolvidos ao Serviço de Fiscalização para pronunciamento quanto aos termos da impugnação (efls. 326 e 327), que se manifestou (efls. 382 a 387) no sentido de manter inalterado o lançamento. O processo seguiu para julgamento em primeira instância, que proferiu a DecisãoNotificação nº 04401.4/823/2002 (efls. 397 a 408), na qual foi mantido parcialmente o lançamento. Em decorrência da desoneração parcial, foi interposto recurso de ofício. Tempestivamente (efl. 413), a Recorrente apresentou recurso voluntário (e fls. 447 a 461). O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apresentou contrarazões (efls. 466 e 465) nas quais solicitou a manutenção da decisão recorrida. Foi, então, proferido o Acórdão nº 391/2005, do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) (efls. 479 a 482) em que se constatou cerceamento do direito de defesa por não ter sido devolvido o prazo de impugnação após manifestação do Setor de Fiscalização, anulandose a decisão recorrida. Intimada (efls. 486 e 488) para tomar conhecimento da manifestação fiscal e da decisão do CRPS e reaberto o prazo impugnatório, a Recorrente manifestouse (efls. 492 a 505), tempestivamente, questionando a legalidade do arbitramento e asseverando que não haveria débito nenhum, pois, antes da ação fiscal, teriam recolhido as contribuições previdenciárias incidentes sobre as horasextras pagas "por fora". Nova decisão de primeira instância foi, então, proferida, DecisãoNotificação nº 04.401.4/0068/2006 (efls. 508 a 519), mantendose parcialmente o lançamento. Em decorrência da desoneração parcial, foi interposto recurso de ofício. A Recorrente apresentou, então, em 19/05/2006 (efl. 559), recurso voluntário (efls. 526 a 546). No apelo, repisando o que contestara em suas impugnações, a Recorrente alegou, em síntese: a) que o arbitramento seria ilegal e contrariaria precedentes administrativos e judiciais; Fl. 592DF CARF MF Processo nº 18050.003948/200852 Acórdão n.º 2301005.235 S2C3T1 Fl. 591 5 b) que as contribuições devidas sobre as horasextras pagas "por fora" foram espontaneamente recolhidas após a fiscalização do trabalho, mas antes da fiscalização previdenciária, nada restando a pagar; c) que, no caso de aferição indireta, deveria ser aplicada a Instrução Normativa nº 70/2002, limitandose o procedimento ao tempo e lugar em que foram constatadas as irregularidades, e d) que a Instrução Normativa nº 18/2000 seria inaplicável ao caso, porquanto afeta exclusivamente a obras de construção civil, hipótese em que não se enquadraria a Recorrente. A então Secretaria da Receita Previdenciária de Salvador apresentou Contrarrazões (efl. 562 a 574), pugnando pela manutenção do lançamento. Foi, assim, proferido, pelo Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), o Decisório nº 110 (efls. 576 a 579) que converteu o julgamento em diligência por haver identificado questão prejudicial a impedir o deslinde do feito. Em virtude do disposto no inc. I da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, os autos foram transferidos para a Secretaria da Receita Federal do Brasil (efl. 583). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Salvador encaminhou, então, o processo para o 2º Conselho de Contribuintes. É o relatório. Voto Conselheiro João Maurício Vital. Do Recurso de Ofício A decisão recorrida, DecisãoNotificação nº 04.401.4/0068/2006 (efls. 508 a 519), manteve parcialmente o lançamento, desonerando o contribuinte de parte do crédito tributário, razão pela qual interpôs recurso de ofício nos seguintes termos (efl. 519): e) Recorrer de oficio desta decisão A Delegada da Receita Previdenciária em Salvador/BA, na forma do inciso I, do art. 366, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n°. 3.048, de 06 de maio de 1999. O valor originário do tributo devido foi retificado de R$ 551.195,81 (efl. 17) para R$ 535.767,22 (efl. 395), resultando na desoneração de R$ 15.426,59 que, acrescido da multa de ofício de 75%1, resulta em R$ 27.000,03, abaixo, pois, do limite disposto na Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de 1 Maior percentual aplicável ao se considerar as inovações legislativas que modificaram os critérios de cálculo da multa. Fl. 593DF CARF MF 6 ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União. Art. 3º Fica revogada a Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008. Portanto, em razão da Súmula Carf nº 103, não conheço do recurso de ofício: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Do Recurso Voluntário Inicialmente, destaquese que o CRPS, mediante o Decisório nº 110 (efls. 576 a 579), identificou questão prejudicial a impedir o julgamento do feito, assim: Não consta dos autos,.informação em relação a: (i) qual medida judicial alberga a dispensa o (sic) recolhimento do depósito e o seu andamento atualizado; (ii) balanço atualizado da Recorrente; (iii) registro de ônus pela SRP dos bens ali constantes. (Grifos do original.) O processo retornou para apreciação do recurso voluntário sem a juntada do resultado da diligência requerida. Entretanto, não vislumbro, nesse fato, prejuízo à Recorrente ou à Fazenda Nacional, porquanto o depósito recursal deixou de ser exigido em razão do Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 21, de 24 de janeiro de 20082, conforme atesta despacho nos autos (efl. 584), e o arrolamento havia sido efetuado antes mesmo da determinação da diligência, como demonstra o Termo de Arrolamento de Bens e Direitos (efls. 436 a 440). Ademais, apesar de não constar dos autos o termo a quo para verificação da tempestividade do recurso voluntário, conheço do apelo e o tomo por tempestivo, em benefício da Recorrente, porque a matéria está pronta a ser julgada. 1 Da legalidade da utilização de aferição indireta A Recorrente contestou o modo de lançamento, realizado com base em aferição indireta, que se deu em razão de inconsistências contábeis constatadas quando de fiscalização do trabalho e comunicadas à fiscalização tributária. Consta do relatório fiscal (efl. 177): 2 Artigo único. A não exigência do depósito para seguimento do recurso voluntário das contribuições previdenciárias aplicase aos processos cujo exame de admissibilidade se encontrava pendente em 3 de janeiro de 2008. Fl. 594DF CARF MF Processo nº 18050.003948/200852 Acórdão n.º 2301005.235 S2C3T1 Fl. 592 7 Durante a ação dos Auditores .Fiscais da Previdência Social na empresa ficou constatado que as horas extras pagas aos empregados da Telenge, através de recibos paralelos, como foi mencionado acima, não foram lançadas em títulos próprios de sua contabilidade, não registrando o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, infringindo, portanto, o artigo 32, II da Lei 8212/91 e o artigo 225, II, parágrafo 13, I e II do RPS aprovado pelo Derreto 3048/99. Em razão do exposto, aplicamos o que reza o artigo 33 parágrafo 6 da Lei 8212/91 e o artigo 235 do RPS, item VII, 51 da Ordem de serviço INSS/DAF 209 de 20.05.99 e também o art. 49 da Instrução Normativa 18 de 11.05.2000. Ao tempo do lançamento, vigoravam as seguintes normas que davam supedâneo à aferição indireta da contribuição previdenciária: Lei nº 8.212, de 1991: Art. 32. A empresa é também obrigada a: I preparar folhasdepagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; Art. 33....................................................................................... § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999: Art. 235. Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, da receita ou do faturamento e do lucro, esta será desconsiderada, sendo apuradas e lançadas de ofício as contribuições devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Ordem de Serviço DAF nº 209, de 20 de maio de 1999: 51. Quando a fiscalização verificar, no exame da escrituração contábil e de outros elementos, que a contratada não registra o movimento real da mãodeobra utilizada ou do faturamento, a remuneração dos segurados será apurada utilizandose como base o percentual mínimo de 40% sobre o valor bruto do serviço Fl. 595DF CARF MF 8 da nota fiscal, fatura ou recibo, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. 51.1. Adotarseá, também, o procedimento deste item quando a contratada não apresentar a escrituração contábil ou estiver dispensada dessa obrigação. 51.2. Quando a remuneração for apurada na forma deste item, a diferença da contribuição relativa aos segurados empregados decorrente do arbitramento será calculada mediante a aplicação da alíquota mínima. 52. Será verificado se o valor dos serviços contidos na nota fiscal, fatura ou recibo está compatível com os limites mínimos estabelecidos neste ato, nas situações que couber. 53. A Administração Pública Federal, Estadual, Distrital e Municipal, direta, autárquica e fundacional e a entidade beneficente de assistência social em gozo de isenção da contribuição patronal estão sujeitas às disposições contidas neste ato. 54. Ainda que a atividade principal da contratada não seja, especificamente, de execução de serviços mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, a sua contratação nessa forma estará sujeita às disposições deste ato. 55. Serão verificados os pressupostos de existência de relação de emprego dos trabalhadores executantes dos serviços com a contratante, quando a cessão de mãodeobra ou empreitada tiver sido contratada com autônomo ou equiparado. Instrução Normativa nº 18, de 11 de maio de 2000: Art. 1º Os procedimentos a seguir estabelecidos são aplicáveis à obra de construção civil de responsabilidade de pessoa jurídica, utilizandose, subsidiariamente, as disposições da Ordem de Serviço OS/INSS/DAF nº 161/97 com as alterações da OS/INSS/DAF nº 172/97, que dispõe sobre a regularização de obra de responsabilidade de pessoa física, quando couber e não for incompatível com os critérios e rotinas fixadas nesta Instrução Normativa IN. Art. 4º Para os efeitos deste ato, considerase: I obra de construção civil: a construção, a demolição, a reforma ou a ampliação de edificação, de instalação ou de qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo, observado o disposto no § 1º. Art. 48. A obra de construção civil de responsabilidade de pessoa jurídica deverá ser fiscalizada com base na escrituração contábil e na documentação relativa às obras ou aos serviços. Parágrafo único. Considerase empresa com escrita contábil aquela que apresenta o livro Diário devidamente escriturado e formalizado. Art. 49. Se não houver escrituração contábil, mesmo quando a empresa estiver desobrigada da apresentação, ou quando a Fl. 596DF CARF MF Processo nº 18050.003948/200852 Acórdão n.º 2301005.235 S2C3T1 Fl. 593 9 contabilidade não espelhar a realidade econômicofinanceira da empresa por omissão de qualquer lançamento contábil ou por não registrar o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, a remuneração dos segurados utilizados para a execução da obra ou para a prestação dos serviços será obtida: I pelo cálculo do valor da mãodeobra empregada, proporcional à área construída e ao padrão em relação à obra de sua responsabilidade, somente em relação às edificações prediais; II mediante a aplicação dos percentuais previstos na Seção VIII deste Capítulo sobre o valor da nota fiscal de serviço, fatura ou recibo de empreitada ou de subempreitada; e III por outra forma julgada apropriada com base em contratos, informações prestadas aos contratantes em licitação, publicações especializadas ou outros elementos. Parágrafo único. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação ou apresentação deficiente aplicarse á o disposto neste artigo, lavrandose ainda o Auto de Infração AI. Apesar do inconformismo da Recorrente, a utilização da aferição indireta como critério de lançamento estava amparada pelas normas vigentes. A contabilidade, se constituída com base nas técnicas adequadas e com observância da legislação e dos princípios contábeis de aceitação geral, é um sistema que evidencia fielmente o patrimônio e as variações patrimoniais de uma entidade. É por essa razão que ela se constitui em meio de prova eficaz dos fatos empresariais. Uma contabilidade desprovida do rigor que as normas contábeis determinam, ainda que se preste a fornecer alguma informação não terá valor comparativo, não poderá ser oposta a terceiros e não servirá de instrumento probante. Como em qualquer sistema, a contabilidade se sustenta no equilíbrio entre os elementos patrimoniais (bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido, neste contidos os elementos modificativos como as receitas e despesas). Se um desses elementos é afetado por algum fenômeno, outro elemento sofrerá o efeito contrário, de forma a manter o sistema sempre em equilíbrio. No caso em questão, constatouse a omissão no registro de despesas de horas extras na escrituração contábil. Esses pagamentos teriam sido feitos pelos coordenadores da filial de Curitiba a partir de recursos depositados pela matriz em suas contas. Ora, para que pagamentos assim ocorressem à margem dos registros contábeis, como se constatou, existem apenas duas possibilidades a manter o sistema em equilíbrio: 1) ou foi efetuado um registro contábil de um fato falso, dedutível do Patrimônio Líquido, para ocultar a despesa real (equivalente aos pagamentos efetuados), ou 2) os pagamentos reais ocorreram com base em "caixa dois", constituído por receita recebidas também à margem dos registros contábeis. Fl. 597DF CARF MF 10 Em outras palavras, para justificar a saída do numerário, ou a Recorrente efetuou o pagamento com recursos não contabilizados, evidenciando a existência de "caixa dois", ou "esquentou" a saída de recursos contabilizados usando o artifício de registrar um fato modificativo inexistente. Sem qualquer das duas soluções, a contabilidade não "fecharia", ficaria inconsistente, e os relatórios contábeis denunciariam facilmente o desequilíbrio. É por essa razão que a falta de registro de fatos contábeis não é tratada pela norma como um mero erro inconsequente, como pretende colocar a Recorrente. É, na verdade, o sinal de que o sistema de contabilidade é inconsistente, desequilibrado e, portanto, não pode ser levado em conta para efeitos tributários. Nesses casos, a norma estabelece padrões arbitrários para a mensuração da base de cálculo, em substituição aos registros contábeis. Esse arbitramento, por meio do qual, por vias indiretas, se chega ao valor tributável, não corresponde à verdade absoluta, cabendo prova em contrário. A Recorrente, inclusive, apresentou, na impugnação, provas de que o arbitramento não estaria correto, tanto o é que os erros materiais foram revistos. Percebo, pois, que, ao contrário do que sobejamente alega a Recorrente em sua peça recursal, a não contabilização de gratificações, horas extras ou pagamentos a qualquer título aos empregados configura motivo mais do que justificável para a utilização da aferição indireta, porquanto a situação se amolda com perfeição à legislação que ampara esse instituto. Ademais, não vejo ofensa ao art. 1483 do CTN, uma vez que as informações contábeis, como exposto, não eram dignas de fé. Ao contrário, vejo que o citado artigo dá sustentação ao procedimento adotado. Portanto, nada houve de irregular, excessivo, desproporcional ou ilegal na adoção, no caso, do procedimento de aferição indireta. Houve apenas a aplicação da lei e das normas regulamentares, dentro dos seus estreitos limites. 2 Do pagamento espontâneo de contribuições devidas sobre as horasextras A Recorrente alega que, após a fiscalização do Ministério do Trabalho, tratou de retificar as Gfip e efetuar os recolhimentos das contribuições incidentes sobre as horas extras que, naquela ação fiscal, foram identificadas como pagamentos não incluídos nas bases de cálculo. Isso teria se dado antes da fiscalização previdenciária; portanto, estaria sob o manto da espontaneidade. A empresa, somente após ter seu modus operandi desvelado pela fiscalização trabalhista na filial de Curitiba, rapidamente tratou de recolher as contribuições previdenciárias incidentes sobre as horas extras que eram pagas à margem da contabilidade. Alega, com isso, que estaria suprimida a razão do arbitramento, pois a contribuição sonegada teria sido somente aquela equivalente aos valores não contabilizados. Essa atitude pode ser comparada à de uma pessoa que, por exemplo, tenha desviado milhões de reais de uma empresa, que descobriu apenas um pequeno desvio de alguns milhares de reais; obviamente, o desviante prontamente devolveria os valores descobertos alegando boa fé. No presente caso, o arbitramento, com base na lei, é um instrumento criado pelo legislador para extrapolar os efeitos da irregularidade constatada, de modo a tornar desnecessário que o poder público identifique cada uma das irregularidades para só então tributar, o que seria extremamente oneroso. Presente a hipótese de 3 Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Fl. 598DF CARF MF Processo nº 18050.003948/200852 Acórdão n.º 2301005.235 S2C3T1 Fl. 594 11 arbitramento prevista na lei, o ônus da prova se inverte para que contribuinte prove a total regularidade de suas obrigações fiscais. O arbitramento não é um método necessariamente mais gravoso de apuração de obrigações previdenciárias, é apenas um modo diferente. A sua aplicação pode resultar em uma contribuição maior ou menor do que a que seria devida utilizandose o método direto. Entretanto, os critérios previstos na norma tendem a se aproximar do que seria a contribuição real, aferida a partir dos fatos geradores. Assim, se o contribuinte houvesse recolhido corretamente suas contribuições previdenciárias, a utilização da aferição indireta resultaria, eventualmente, em nenhuma ou em reduzida diferença a pagar . Ora, no caso, o valor da remuneração dos empregados considerado como base de cálculo das contribuições previdenciárias foi de 40% do total das notas fiscais exclusivamente de serviços e 20% do total das notas fiscais de serviços e materiais. É um critério razoável e muito próximo do que normalmente se concebe para a proporção da mãode obra no total do faturamento. Se as irregularidades, como afirma a Recorrente, houvessem sido apenas aquelas que a fiscalização do trabalho identificou, correspondente aos valores de horas extras da filial de Curitiba, o resultado da utilização da aferição indireta não discreparia do que a empresa teria recolhido com base em sua contabilidade e nas folhas de pagamento. Mas não foi o que ocorreu, os valores recolhidos foram muito diferentes dos apurados, o que apenas confirma a provável extensão das irregularidades muito além do que se constatou. É justamente para situações tais que a lei instituiu a possibilidade de arbitramento. Registrese que no cálculo da contribuição devida, apurada com base nos valores arbitrados, deduziramse os pagamentos de contribuições previdenciárias efetivamente realizados pela Recorrente, de modo que o valor lançado foi o resultante da diferença entre o que se apurou por aferição indireta e o que foi pago pela empresa. Entendo, pois, que o recolhimento das contribuições previdenciárias sobre as parcelas pagas "por fora" não é suficiente para excluir a hipótese de aplicação do arbitramento, quando presentes as condições estabelecidas pelas normas regentes. Ademais, tais pagamentos foram considerados no valor lançado. 3 Da aplicação da Instrução Normativa INSS/DC nº 70/2002 A Recorrente alegou que o teor do § 2º do art. 58 da Instrução Normativa INSS/DC nº 70, de 10 de maio de 2002, deveria ser aplicada ao caso. Tal dispositivo estatui: Art. 58. O procedimento de aferição indireta será utilizado, quando, comprovadamente: I – no exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, da receita ou do faturamento e do lucro; ......................................................................................................... § 2º Somente será aferida indiretamente a base de cálculo de contribuição referente ao período no qual ocorreu qualquer das hipóteses previstas nos incisos I a II e IV. Fl. 599DF CARF MF 12 Tratase de norma procedimental, que estabeleceu critérios e limites para a aplicação da aferição indireta. A inteligência do § 1º do art. 144 do CTN não deixa dúvidas quanto à aplicação da norma instrumental, ou seja, aquela que defina procedimentos, concede novos instrumentos e tecnologias ou amplia poderes para que a Autoridade Fiscal faça o lançamento. Nesses casos, a norma aplicável é a vigente no momento da constituição do crédito tributário. Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. A Instrução Normativa INSS/DC nº 70, de 2002, foi publicada em 15 de maio de 2002, com vigência determinada para a partir do dia 1º de setembro de 2002. O lançamento ocorreu em 23 de fevereiro de 2001; portanto, muito antes da existência da referida norma. Obviamente, uma norma inovadora que tenha definido, modificado, limitado ou ampliado os procedimentos Autoridade Lançadora não poderia afetar um lançamento pretérito porque sequer existia. É exatamente o que pretende a Recorrente. Ao contrário do que a Apelante afirma, a Instrução Normativa INSS/DC nº 70, de 2002, não é uma norma interpretativa, mas uma norma estritamente instrumental que estabelece procedimentos fiscais e dispõe sobre o planejamento das atividades de arrecadação relativas às contribuições previdenciárias. Na verdade, ela é praticamente um manual de fiscalização. Portanto, não é o caso de aplicação da hipótese de retroação normativa prevista no inc. I do art. 106 do CTN4. Sobre a matéria, assim se pronunciou a decisão recorrida: Ainda com relação à aplicação das normas infralegais referidas Ordem de Serviço INSS/DAF n°. 209, de 20.05.99 e Instrução Normativa INSS/DAF n°. 18, de 11.05.2000, convém ressalvar que os agentes fiscais bem procederam ao aplicar, no momento da ação fiscal desenvolvida, os parâmetros procedimentais em vigência (na data da lavratura da NFLD), realizando, assim, a devida “atualização” normativa" restrita aos aspectos procedimentais da apuração e lançamento do crédito. De fato, todo o procedimento fiscal configurouse de acordo com o previsto no Código Tributário Nacional, em seus arts. 96 a 123. 4 Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; Fl. 600DF CARF MF Processo nº 18050.003948/200852 Acórdão n.º 2301005.235 S2C3T1 Fl. 595 13 As normas instrumentais utilizadas para efetuar o lançamento sob litígio foram a Ordem de Serviço DAF nº 209, de 20 de maio de 1999, e a Instrução Normativa nº 18, de 11 de maio de 2000, ambas em vigor no momento do lançamento. Pelo já exposto, não vislumbro possibilidade de retroagir a Instrução Normativa INSS/DC nº 70, de 2002, para limitar a extensão, no tempo e no espaço, do procedimento de aferição indireta adotado pela Autoridade Lançadora. 4 Da aplicação da Instrução Normativa nº 18/2000 A Recorrente alegou não realizar obras de construção civil e, portanto, não estaria sujeita aos critérios de aferição previstos na Instrução Normativa DC/INSS nº 18, de 11 de maio de 2000, que dispõe sobre procedimentos aplicáveis à obra de construção civil de responsabilidade de pessoa jurídica. Juntou, inclusive, na primeira impugnação, laudo de perito em segurança e saúde ocupacional (efls. 312 a 316) que foi apresentado à Justiça do Trabalho, para efeito de comprovar risco laboral em determinada reclamação trabalhista. Lendo e relendo o laudo, nada encontrei que afirme que a Recorrente não realiza obras de construção civil. Sobre a matéria, vale citar o seguinte trecho da decisão a quo (efl. 517): 33. Quanto à argumentação de que não se aplica a Instrução Normativa INSS/DAF n°. 18/2000, pois a atividade da empresa não é de construção civil, a análise do contrato social (fls. 112 a 115), bem como o pronunciamento fiscal às fls. 192 a 195, elucidam inteiramente a questão, afastando a tese da defesa. Além de constar do próprio contrato social (cláusula 2°, letra c) como objetivo da sociedade a execução de obras de construção civil em geral, a empresa é inscrita no CREA Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, conforme pesquisa no site desta entidade, às fls. 181. Ademais, a empresa presta serviços de construção, instalação e manutenção de redes telefônicas, incluídos no Anexo III da IN 18, de 11.05.00 (relação de atividades compreendidas como obras de construção civil prevista no Anexo V do RPS). O item 45.330 do citado Anexo III enquadra o serviço de construção de linhas e redes de telecomunicações como obra de construção civil, sendo lícito concluir que procede o enquadramento da notificada nas disposições do Inciso VI, art. 4°, Capítulo I da IN 18/00. Com relação ao enquadramento da Recorrente na Instrução Normativa DC/INSS nº 18, de 2000, não há reparos a fazer no lançamento ou na decisão recorrida, eis que consta dos objetivos sociais da Recorrente (efl. 255): A elaboração de projetos, a execução de instalações e montagens, a manutenção e prestação de serviços em geral para telecomunicações, eletricidade e eletrônica. A elaboração de projetos, especificações e execução de obras de construção civil em geral. Como se não fosse suficiente, o próprio laudo apresentado pela Recorrente deixa claro que, dentre suas atividades, está a de instalações de sistemas de telecomunicações: Fl. 601DF CARF MF 14 A reclamada é uma empresa privada, fornecedora dos serviços de implantação, instalação, montagem e reparos no sistema de telecomunicações. Presta serviços, em Salvador, a diversas empresas, entre elas a Telebahia S.A., realizando os serviços de ampliação e implantação de sistema telefônico na cidade de Salvador. De fato, observandose o teor do Anexo III da Instrução Normativa DC/INSS nº 18, de 2000, não há como deixar de enquadrar a Recorrente no item 45.330, que estabelece: 45.330 Construção de estações e redes de telefonia e comunicação Esta classe compreende: Construção de linhas e redes de telecomunicações Construção de estações telefônicas Portanto, está correta a aplicação dos critérios da Instrução Normativa DC/INSS nº 18, de 2000, para arbitramento da base de cálculo das contribuições previdenciárias, porquanto tratase de empresa cuja atividade se enquadra na hipótese normativa. Conclusões Por todo o exposto, voto no sentido de: não conhecer do recurso de ofício e, quanto ao recurso voluntário, NEGARLHE PROVIMENTO. João Maurício Vital Relator Declaração de Voto Declaração de Voto Conselheiro Alexandre Evaristo Pinto Com o devido respeito, divirjo do voto do ilustre relator, uma vez que entendo que não havia outros meios para que a Recorrente afastasse a aferição indireta realizada pelas autoridades fiscais. O artigo 32, II, da Lei n.º 8.212/91 estabelece que a empresa deve registrar em sua contabilidade os fatos geradores de todas as contribuições, sendo que o §6º do artigo 33 da Lei n.º 8.212/91 autoriza a apuração das contribuições por aferição indireta quando a fiscalização constata que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, conforme abaixo: Lei nº 8.212, de 1991: Fl. 602DF CARF MF Processo nº 18050.003948/200852 Acórdão n.º 2301005.235 S2C3T1 Fl. 596 15 Art. 32. A empresa é também obrigada a: I preparar folhasdepagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; Art. 33....................................................................................... § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. No tocante aos fatos geradores objeto do presente processo administrativo, a apuração das contribuições por aferição indireta era regulamentada pelo Decreto n.º 3.048/99, pela Ordem de Serviço DAF n.º 209/99, e pela Instrução Normativa n.º 18/00, conforme abaixo: Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999: Art. 235. Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, da receita ou do faturamento e do lucro, esta será desconsiderada, sendo apuradas e lançadas de ofício as contribuições devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Ordem de Serviço DAF nº 209, de 20 de maio de 1999: 51. Quando a fiscalização verificar, no exame da escrituração contábil e de outros elementos, que a contratada não registra o movimento real da mãodeobra utilizada ou do faturamento, a remuneração dos segurados será apurada utilizandose como base o percentual mínimo de 40% sobre o valor bruto do serviço da nota fiscal, fatura ou recibo, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. 51.1. Adotarseá, também, o procedimento deste item quando a contratada não apresentar a escrituração contábil ou estiver dispensada dessa obrigação. 51.2. Quando a remuneração for apurada na forma deste item, a diferença da contribuição relativa aos segurados empregados decorrente do arbitramento será calculada mediante a aplicação da alíquota mínima. Fl. 603DF CARF MF 16 52. Será verificado se o valor dos serviços contidos na nota fiscal, fatura ou recibo está compatível com os limites mínimos estabelecidos neste ato, nas situações que couber. 53. A Administração Pública Federal, Estadual, Distrital e Municipal, direta, autárquica e fundacional e a entidade beneficente de assistência social em gozo de isenção da contribuição patronal estão sujeitas às disposições contidas neste ato. 54. Ainda que a atividade principal da contratada não seja, especificamente, de execução de serviços mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, a sua contratação nessa forma estará sujeita às disposições deste ato. 55. Serão verificados os pressupostos de existência de relação de emprego dos trabalhadores executantes dos serviços com a contratante, quando a cessão de mãodeobra ou empreitada tiver sido contratada com autônomo ou equiparado. Instrução Normativa nº 18, de 11 de maio de 2000: Art. 1º Os procedimentos a seguir estabelecidos são aplicáveis à obra de construção civil de responsabilidade de pessoa jurídica, utilizandose, subsidiariamente, as disposições da Ordem de Serviço OS/INSS/DAF nº 161/97 com as alterações da OS/INSS/DAF nº 172/97, que dispõe sobre a regularização de obra de responsabilidade de pessoa física, quando couber e não for incompatível com os critérios e rotinas fixadas nesta Instrução Normativa IN. Art. 4º Para os efeitos deste ato, considerase: I obra de construção civil: a construção, a demolição, a reforma ou a ampliação de edificação, de instalação ou de qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo, observado o disposto no § 1º. Art. 48. A obra de construção civil de responsabilidade de pessoa jurídica deverá ser fiscalizada com base na escrituração contábil e na documentação relativa às obras ou aos serviços. Parágrafo único. Considerase empresa com escrita contábil aquela que apresenta o livro Diário devidamente escriturado e formalizado. Art. 49. Se não houver escrituração contábil, mesmo quando a empresa estiver desobrigada da apresentação, ou quando a contabilidade não espelhar a realidade econômicofinanceira da empresa por omissão de qualquer lançamento contábil ou por não registrar o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, a remuneração dos segurados utilizados para a execução da obra ou para a prestação dos serviços será obtida: I pelo cálculo do valor da mãodeobra empregada, proporcional à área construída e ao padrão em relação à obra de sua responsabilidade, somente em relação às edificações prediais; Fl. 604DF CARF MF Processo nº 18050.003948/200852 Acórdão n.º 2301005.235 S2C3T1 Fl. 597 17 II mediante a aplicação dos percentuais previstos na Seção VIII deste Capítulo sobre o valor da nota fiscal de serviço, fatura ou recibo de empreitada ou de subempreitada; e III por outra forma julgada apropriada com base em contratos, informações prestadas aos contratantes em licitação, publicações especializadas ou outros elementos. Parágrafo único. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação ou apresentação deficiente aplicarse á o disposto neste artigo, lavrandose ainda o Auto de Infração AI. Como se vê, a aferição indireta pode ser utilizada quando a contabilidade não espelhar a realidade econômicofinanceira da empresa por omissão de qualquer lançamento contábil ou por não registrar o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro. Tal qual muito bem exposto no voto do ilustre Conselheiro Relator, foi realizada fiscalização do trabalho em uma das filiais da Recorrente, na qual constatouse falta de registro na contabilidade de horas extras pagas aos empregados daquela filial. Como decorrência da fiscalização do trabalho, deuse início à fiscalização tributária, de modo que tal situação consta expressamente no relatório fiscal (efl. 177): Durante a ação dos Auditores .Fiscais da Previdência Social na empresa ficou constatado que as horas extras pagas aos empregados da Telenge, através de recibos paralelos, como foi mencionado acima, não foram lançadas em títulos próprios de sua contabilidade, não registrando o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, infringindo, portanto, o artigo 32, II da Lei 8212/91 e o artigo 225, II, parágrafo 13, I e II do RPS aprovado pelo Derreto 3048/99. Em razão do exposto, aplicamos o que reza o artigo 33 parágrafo 6 da Lei 8212/91 e o artigo 235 do RPS, item VII, 51 da Ordem de serviço INSS/DAF 209 de 20.05.99 e também o art. 49 da Instrução Normativa 18 de 11.05.2000. Não se nega aqui a clara prática irregular praticada pela filial da Recorrente no caso exemplarmente examinado pela fiscalização do trabalho. O que se discute aqui diz respeito à extensão dos efeitos decorrentes da fiscalização do trabalho para todas as transações econômicas envolvendo a Recorrente e seus empregados ou trabalhadores avulsos de todas as filiais. Todavia, o fato de que a contabilidade da filial analisada pela fiscalização do trabalho estava descasada da realidade e, portanto, poderia ser desconsiderada para fins de apuração de contribuição previdenciária por aferição indireta não torna imprestável a contabilidade de todas as filiais da Recorrente. Se fosse assim, chegaríamos ao exemplo esdrúxulo da constatação de um pagamento não registrado na contabilidade em uma filial em Macapá de uma grande empresa, como um banco ou um supermercado, ter o condão de descaracterização da contabilidade de todas as filiais daquele banco ou supermercado no Brasil inteiro. Fl. 605DF CARF MF 18 Além da falta de limitação espacial dessa presunção com base apenas na constatação da falta de registro contábil, também haveria uma falta de limitação temporal, isto é, o fato de ter sido constatado essa falta de registro em 2001 teria o condão também de permitir a aferição indireta nos anos subsequentes. Assim, ainda que a não contabilização das gratificações, horas extras ou pagamentos a qualquer título aos empregados seja motivo suficiente para o uso da aferição indireta, não há como usarmos uma constatação de um período e de uma filial específica para descaracterizar a contabilidade e autorizar o uso da aferição indireta para todas as filiais e todos os períodos. Nesse sentido, ainda que o § 2º do art. 58 da Instrução Normativa INSS/DC nº 70/02 seja posterior aos períodos de apuração das contribuições previdenciárias objeto do presente processo administrativo, há que destacar que tal dispositivo normativo somente exterioriza uma questão de bom senso, isto é, a aferição indireta somente poderá ser utilizada nos períodos em que ocorreu algum fato que autorize a sua utilização. Em outras palavras, tal norma explicita uma limitação temporal para o uso da aferição indireta, uma vez que esta somente pode ser utilizada no período em que foi constatada que a contabilidade do contribuinte não refletia a realidade. Ademais, considerando que se trata de presunção de que a contabilidade não reflete a realidade, cabe pensar qual seria a documentação a ser apresentada pela Recorrente que poderia afastar a presunção. Com o devido respeito ao voto vencedor do ilustre relator, não vejo outra documentação a sustentar as afirmações da Recorrente no tocante às demais filiais (que não sofreram fiscalização trabalhista) do que a própria contabilidade da Recorrente. Por fim, com relação ao critério utilizado para aferição indireta, isto é, o cálculo da contribuição previdenciária com base no percentual de 40% do valor bruto do serviço da nota fiscal, previsto na Ordem de Serviço DAF n.º 209/09, não há dúvida de que este deve ser o critério aplicado no caso de aferição indireta. Em que pese tal cálculo de aferição indireta esteja adequado de acordo com os critérios legais, cumpre mencionar que a atribuição de 40% da receita bruta como custo da mão de obra é bastante alto, tendo em vista se tratar de serviço em que não são exigido tantos anos de treinamento e especialização. Dessa forma, tal critério poderia ser discutido no âmbito judicial à luz do princípio da razoabilidade. Voto, portanto, pela aplicação da Instrução Normativa nº 70/2002 ao presente caso, limitandose o uso da aferição indireta ao tempo e lugar em que foram constatadas as irregularidades. (assinado digitalmente) Alexandre Evaristo Pinto Fl. 606DF CARF MF
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Numero do processo: 13770.000087/2007-21
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO CERTO. CONDICIONANTES. LEI ORDINÁRIA E NORMAS ADMINISTRATIVAS ÀS QUAIS ELA REMETER.
A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170, do CTN). Estabelecendo expressamente a Lei nº 9.430/96 (art. 74, § 14) que a Receita Federal disciplinará o assunto, tem esta o poder discricionário para regulamentar - e inclusive alterar - os critérios da compensação, conforme já pacificado no STJ.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
APRESENTAÇÃO DE PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO EM FORMULÁRIO (PAPEL). VEDAÇÃO, EM REGRA, POR NORMA INFRALEGAL. LEGITIMIDADE.
As Instruções Normativas da Receita Federal, como o fez a de nº 600/2005, podem condicionar a tramitação dos Pedidos de Restituição/Ressarcimento e Declarações de Compensação à sua transmissão por meio eletrônico (via Programa PER/DCOMP), não acatando, salvo em situações muito específicas, a apresentação em formulário (papel), sob pena de considerar o pedido não formulado ou a compensação não declarada (após a vigência da Lei nº 11.051/2004).
Numero da decisão: 9303-006.244
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO CERTO. CONDICIONANTES. LEI ORDINÁRIA E NORMAS ADMINISTRATIVAS ÀS QUAIS ELA REMETER. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170, do CTN). Estabelecendo expressamente a Lei nº 9.430/96 (art. 74, § 14) que a Receita Federal disciplinará o assunto, tem esta o poder discricionário para regulamentar - e inclusive alterar - os critérios da compensação, conforme já pacificado no STJ. Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 APRESENTAÇÃO DE PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO EM FORMULÁRIO (PAPEL). VEDAÇÃO, EM REGRA, POR NORMA INFRALEGAL. LEGITIMIDADE. As Instruções Normativas da Receita Federal, como o fez a de nº 600/2005, podem condicionar a tramitação dos Pedidos de Restituição/Ressarcimento e Declarações de Compensação à sua transmissão por meio eletrônico (via Programa PER/DCOMP), não acatando, salvo em situações muito específicas, a apresentação em formulário (papel), sob pena de considerar o pedido não formulado ou a compensação não declarada (após a vigência da Lei nº 11.051/2004).
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DIREITO LÍQUIDO CERTO. CONDICIONANTES. LEI ORDINÁRIA E NORMAS ADMINISTRATIVAS ÀS QUAIS ELA REMETER. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170, do CTN). Estabelecendo expressamente a Lei nº 9.430/96 (art. 74, § 14) que a Receita Federal disciplinará o assunto, tem esta o poder discricionário para regulamentar e inclusive alterar os critérios da compensação, conforme já pacificado no STJ. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 APRESENTAÇÃO DE PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO EM FORMULÁRIO (PAPEL). VEDAÇÃO, EM REGRA, POR NORMA INFRALEGAL. LEGITIMIDADE. As Instruções Normativas da Receita Federal, como o fez a de nº 600/2005, podem condicionar a tramitação dos Pedidos de Restituição/Ressarcimento e Declarações de Compensação à sua transmissão por meio eletrônico (via Programa PER/DCOMP), não acatando, salvo em situações muito específicas, a apresentação em formulário (papel), sob pena de considerar o pedido não formulado ou a compensação não declarada (após a vigência da Lei nº 11.051/2004). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 77 0. 00 00 87 /2 00 7- 21 Fl. 1962DF CARF MF Processo nº 13770.000087/200721 Acórdão n.º 9303006.244 CSRFT3 Fl. 1.963 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência, interposto pelo contribuinte (fls. 1.780 a 1.831), contra o Acórdão 3402002.970, proferido pela 2ª Turma Ordinária de 4ª Câmara da 3ª Sejul do CARF (fls. 1.735 a 1.748), sob a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 USO DE INTERPOSTA PESSOA. INEXISTÊNCIA DE FINALIDADE COMERCIAL. DANO AO ERÁRIO. COMPROVADO. Negócios efetuados com pessoas jurídicas, artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária no contexto da nãocumulatividade da COFINS, além de simular negócios inexistentes para dissimular negócios de fato existentes, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública. Recurso Voluntário negado. Mister se faz aqui transcrever parte do voto do referido acórdão (fl. 1.745), pois será, no meu entender, um dos aspectos fundamentais a serem tratados no julgamento do presente Recurso, e nada consta na ementa a respeito: No que diz respeito a decisão da DRJ de não conhecer da manifestação de inconformidade quanto às compensações consideradas não declaradas por não terem sido enviada por meio do sistema PER/DCOMP, conforme relatei, tenhoa por correta. A IN SRF 600, vigente à época, é explícita quanto à essa exigência, prescrevendo em seu art. 31, que: Art. 31. A autoridade competente da SRF considerará não formulado o pedido de restituição ou de ressarcimento e não declarada a compensação quando o sujeito passivo, em inobservância ao disposto nos §§ 2 ° a 4 ° do art. 77, não tenha Fl. 1963DF CARF MF Processo nº 13770.000087/200721 Acórdão n.º 9303006.244 CSRFT3 Fl. 1.964 3 utilizado o Programa PER/DCOMP para formular pedido de restituição ou de ressarcimento ou para declarar compensação. De sua feita, o art. 48 da mesma IN SRF só abre a via da manifestação de inconformidade "contra o não reconhecimento do direito creditório ou a nãohomologação da compensação ". Portanto, tratandose de hipótese de compensação considerada não declarada, descabe a lide no rito do Decreto 70.235/72. Isso porque bastaria, como no caso dos autos, o contribuinte enviar o documento de acordo com o sistema eletrônico PER/DCOMP. Antes, o contribuinte havia apresentado Embargos de Declaração (fls. 1.754 a 1.766), os quais foram rejeitados (fls. 1.770 a 1.774). No Exame de Admissibilidade do Recurso Especial (fls. 1.893 a 1.903), que negou seguimento, na íntegra, ao mesmo, é feito um resumo das divergências suscitadas e respectivas indicações de paradigmas: Contra esta decisão o contribuinte apresentou Agravo (fls. 1.909 a 1.937), o qual foi acolhido (fls. 1.941 a 1.943) para dar seguimento somente no que tange à “apresentação de pedido de restituição e compensação em formulário papel”. A PGFN apresentou Contrarrazões (fls. 1.945 a 1.954), nas quais, inicialmente, pede o não conhecimento do Recurso Especial, mesmo na parte admitida, argumentando o seguinte: “Como se vê, a decisão recorrida, a par de sua particular interpretação da norma do art. 31 da INSRF nº 600, de 2005, invocou um fundamento adicional para negar provimento ao recurso: o fato de o recorrente não ter comprovado o ingresso do café em seus estabelecimentos, nem os pagamentos sobre os quais pretende tomar os créditos das contribuições sociais não cumulativas. Todavia, a peça do recurso especial nada referiu a respeito desse segundo fundamento jurídico. De tal modo, remanesceu no aresto recorrido fundamento inatacado, suficiente, por si só, para determinar o desprovimento do pedido, evidência que atrai, mutatis mutandis, a regra inscrita na Súmula nº 283 do Supremo Tribunal Federal, deste teor: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles." Destarte, é inadmissível o recurso especial que não impugna fundamento do acórdão recorrido apto, por si só, a manter a Fl. 1964DF CARF MF Processo nº 13770.000087/200721 Acórdão n.º 9303006.244 CSRFT3 Fl. 1.965 4 conclusão a que chegou o colegiado de origem, o que ocorreu no presente caso. Neste mesmo sentido precedente do STJ ...” Em caráter secundário, alega que o Recurso Especial, se admitido, não merece provimento, pois, o art. 170 do CTN, ao dispor sobre a compensação tributária, diz que “A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.”, ou seja, até mesmo normas administrativas (como a IN/SRF nº 600/2005), poderiam estabelecer condições para a compensação tributária, como, por exemplo, a sua entrega pela via eletrônica (Programa PER/DCOMP). É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Quanto ao conhecimento do Recurso Especial (cuja discussão, no entender de quem deu seguimento ao mesmo, restringese à possibilidade ou não de apresentação dos Pedidos de Restituição e das Declarações de Compensação em formulário – papel), efetivamente o contribuinte não atacou o argumento de que nas supostas operações de aquisição de café foram utilizadas “empresas de fachada”. Mas, isto, por si só, não “resolve a questão”, pois, do que se depreende dos autos (e isto está claro no Parecer SEORT nº 3.519/2008, da DRF/Vitória – fls. 109 a 120), não foram desconsideradas todas as aquisições efetuadas pela empresa (a glosa foi parcial) e nem todos os Pedidos de Restituição e Declarações de Compensação foram entregues em papel (eles foram “apartados” dos demais e, tanto pela DRF, como pela DRJ, simplesmente não foram analisados no presente Processo, pois considerados como não formulados/declaradas). Assim conheço do Recurso Especial, mas apenas no que tange aos Pedidos de Restituição e Declarações de Compensação entregues em papel (e não em meio eletrônico, via Programa PER/DCOMP, forma já exigida, em regra, à época). Conforme bem aventado pela PGFN em suas Contrarrazões, a compensação tributária é regulada pelo art. 170 do Código Tributário Nacional, que assim dispõe: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Vejase então que o CTN remete à lei ordinária e, nos casos em que ela atribuir à autoridade administrativa, a função de estabelecer condições para que as compensações possam a vir a ser realizadas. Fl. 1965DF CARF MF Processo nº 13770.000087/200721 Acórdão n.º 9303006.244 CSRFT3 Fl. 1.966 5 Assim, neste caso em particular, não há que se falar em “Instrução Normativa extrapolando ou limites da lei”, como se costuma dizer em inúmeros outros casos. Senão, vejamos: Esta atribuição está claríssima na Lei nº 9.430/96, que, à época da apresentação dos pedidos/compensações, dispunha o seguinte: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) § 14. A Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Com o permissivo do § 14 do art. 74 acima transcrito, foi editada a Instrução Normativa SRF/nº 600/2005: Art. 31. A autoridade competente da SRF considerará não formulado o pedido de restituição ou de ressarcimento e não declarada a compensação quando o sujeito passivo, em inobservância ao disposto nos §§ 2º a 4º do art. 76, não tenha utilizado o Programa PER/DCOMP para formular pedido de restituição ou de ressarcimento ou para declarar compensação. (...) Art. 76. Ficam aprovados os formulários Pedido de Restituição ... Declaração de Compensação ... (...) § 2º Os formulários a que se refere o caput somente poderão ser utilizados pelo sujeito passivo nas hipóteses em que a restituição, o ressarcimento ou a compensação de seu crédito para com a Fazenda Nacional não possa ser requerida ou declarada eletronicamente à SRF mediante utilização do Programa PER/DCOMP. § 3º A SRF caracterizará como impossibilidade de utilização do Programa PER/DCOMP, para fins do disposto no § 2º, no § 1º do art. 3º, no § 3º do art. 16, no § 1º do art. 22 e no § 1º do art. Fl. 1966DF CARF MF Processo nº 13770.000087/200721 Acórdão n.º 9303006.244 CSRFT3 Fl. 1.967 6 26, a ausência de previsão da hipótese de restituição, de ressarcimento ou de compensação no aludido Programa, bem como a existência de falha no Programa que impeça a geração do Pedido Eletrônico de Restituição, do Pedido Eletrônico de Ressarcimento ou da Declaração de Compensação. § 4º A falha a que se refere o § 3º deverá ser demonstrada pelo sujeito passivo à SRF no momento da entrega do formulário, sob pena do enquadramento do documento por ele apresentado no disposto no art. 31. A exigência de que seja utilizado o meio eletrônico (Programa PER/DCOMP), como também bem trazido pela PGFN em suas Contrarrazões, não é mero “capricho” da Administração, como, à primeira vista, possa parecer. A Lei nº 9.430/96, em sua redação original, passou a permitir a compensação com tributos espécies diferentes (ampliando, e muito, o permitido pela Lei 8.313/91 e, de início, até com terceiros), mas mediante requerimento do sujeito passivo, que não tinha prazo para ser apreciado. Isto gerou um acúmulo inadministrável de pedidos de Restituição, Ressarcimento e, principalmente, de Compensação (à época, todos em papel), gerando uma problemática que não só atingia a Administração, mas também os contribuintes. Sobreveio então a MP nº 66/2002 (posteriormente convertida na Lei nº 10.637/2002), que mudou radicalmente esta sistemática, com a Declaração de Compensação, que extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, correndo contra a Administração o prazo “fatal” de cinco anos, sob pena de homologação tácita. Para que a Administração tivesse condições de fazer esta apreciação em prazo razoável, alguns meses depois da alteração legislativa citada, as Declarações de Compensação e os Pedidos de Restituição/Ressarcimento passaram a ser eletrônicos, com o desenvolvimento do Programa PER/DCOMP (e, paralelamente, uma espécie de “malha”, o Sistema de Créditos e Compensações – SCC, que, baseado em determinados parâmetros, “baixava” o Processo para verificação fiscal manual ou, de forma exclusivamente eletrônica, já procedia à sua análise e decisão a respeito). Se cada contribuinte fizesse os Pedidos e Declarações da forma que bem entendesse, toda esta sistemática “cairia” por terra, daí o rigor na aceitação, somente em casos excepcionais, da apresentação em formulário (papel). Retomando o aspecto jurídico da discussão, o caso mais emblemático que conheço da regulação de compensações por Instrução Normativa certamente é o da de nº 41/2000, que vedou a compensação com terceiros, enquanto a Lei nº 9.430/96 ainda o permitia (a alteração, no caput do art. 74 – “débitos próprios” – só viria com a MP nº 66/2002, posteriormente convertida na Lei nº 10.637/2002). Tanto a redação original da Lei nº 9.430/96, como a norma regulamentadora da época (IN/SRF nº 21/97) o permitiam, o que resultou em uma verdadeira “enxurrada” de pedidos desta natureza – em especial os relacionados com o chamado CréditoPrêmio do IPI e Fl. 1967DF CARF MF Processo nº 13770.000087/200721 Acórdão n.º 9303006.244 CSRFT3 Fl. 1.968 7 os créditos “fictos” do mesmo imposto na aquisição de insumos nãotributados, isentos e tributados à alíquota zero. Em razão dos valores envolvidos, também houve uma “enxurrada” de ações judiciais pugnando pela invalidade da referida Instrução Normativa. Mas o Judiciário foi taxativo a respeito da sua aplicação. A título de exemplo, vejamos a Ementa do Acórdão do STJ no Resp nº 1.362.591, em decisão publicada em 29/05/2015 (que vai ainda mais além, falando inclusive em compensação não declarada, figura que surgiu somente com a edição da Lei nº 11.051/2004): TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. TRANSFERÊNCIA A TERCEIROS. VEDAÇÃO. IN/SRF 41/2000. LEGALIDADE. PRECEDENTES. (...) 2. A Lei n. 9.430/96 permitiu que a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, autorizasse a utilização de créditos a serem restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. 3. O art. 15 da IN/SRF 21/97 permitiu a transferência de créditos do contribuinte que excedessem o total de seus débitos a terceiros, o que foi posteriormente proibido com o advento da IN/SRF 41/2000 e passou a constar expressamente do art. 74, § 12, II, "a", da Lei n. 9.430/96, com a redação dada pela Lei n. 1.051/2004. Vedação legítima, dado o poder discricionário da Secretaria da Receita Federal para alterar os critérios da compensação. 4. No caso dos autos, não se trata de créditos já transferidos a terceiros e compensados sob a égide da IN/SRF 21/97, mas de ação mandamental em que o impetrante pretende manterse no direito da transferência dos créditos presumidos de IPI, inviável diante da revogação da legislação que lhe permitia tal sistemática compensatória, sendo irrelevante que os créditos tenham surgido em data anterior à alteração legislativa, pois "o regime jurídico aplicável à compensação é o vigente à data em que é promovido o encontro entre débito e crédito, vale dizer, à data em que a operação de compensação é efetivada " (Resp 742.768/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/02/2006, DJ 20/02/2006, p. 228). 5. Como a compensação seria engendrada em momento posterior à vigência da IN/SRF 41/2000, eventuais créditos de IPI somente poderiam ser compensados com débitos do próprio contribuinte. Recurso especial provido. A parte negritada não deixa absolutamente qualquer margem de dúvida em relação ao “poder” que têm as normas administrativas de disciplinar a compensação tributária. Fl. 1968DF CARF MF Processo nº 13770.000087/200721 Acórdão n.º 9303006.244 CSRFT3 Fl. 1.969 8 E esta decisão ainda deixa claro que a legislação aplicável é aquela vigente na data da apresentação do Pedido de Restituição/Ressarcimento ou da Declaração de Compensação. À vista do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte, na parte conhecida. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 1969DF CARF MF
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Numero do processo: 37342.000543/2005-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2001 a 31/01/2003
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF.
A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento.
Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
Numero da decisão: 2201-004.246
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2001 a 31/01/2003 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
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NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 37 34 2. 00 05 43 /2 00 5- 89 Fl. 183DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 19515.002149/201031, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Tratase de recurso de ofício apresentado em face da decisão de primeiro grau, pela qual se deu integral provimento à impugnação do sujeito passivo ao auto de infração que constituiu crédito tributário relativo à contribuição a cargo da empresa e à contribuição para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (SAT) apuradas com base nas remunerações paga aos segurados empregados de empresa prestadora de serviços. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário visando restabelecer a exigência realizada anteriormente através de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, referente a contribuições apuradas com base no instituto da solidariedade, que foi anulada por vício formal. A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual se reconheceu a decadência do direito de lançar do fisco, uma vez que entre a data que declarou a nulidade por vício formal do lançamento anterior e aquela em que o novo crédito foi constituído transcorreuse prazo superior a cinco anos. Segundo a decisão recorrida, o valor total do crédito constituído na ação fiscal superou o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 3, de 2008, de RS 1.000.000,00. Considerando esse somatório, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta conselheira. É o que havia para ser relatado." Fl. 184DF CARF MF Processo nº 37342.000543/200589 Acórdão n.º 2201004.246 S2C2T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018, proferido no julgamento do processo n° 19515.002149/201031, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018: Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Conforme se extrai do relatório, este processo compõe um conjunto de processos decorrentes da mesma ação fiscal e julgados na mesma sessão, com um total de crédito tributário afastado superior a R$ 1.000.000,00, limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, o que justificou que a autoridade julgadora de primeira instância administrativa recorresse de ofício. Ocorre, porém, que a análise da admissibilidade do recurso de ofício deve ser realizada em vista do limite de alçada vigente na data em que ele é apreciado. É o que preceitua, sem embargo, o enunciado nº 103 da Súmula de jurisprudência deste CARF: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Os fundamentos das decisões que serviram de paradigma para este enunciado são bem explicitados pelo trecho que abaixo se transcreve do Acórdão nº 9202003.027, relator o Conselheiro Marcelo Oliveira: Em síntese, o cerne da questão versa sobre o conhecimento, ou não, de recurso de ofício quando há elevação do valor de alçada, entre o julgamento em primeira instância e o julgamento pelo CARF. Como é cediço, as normas processuais têm aplicação imediata, conforme determinação o Código de Processo Civil (CPC): CPC: “Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes.” Fl. 185DF CARF MF 4 Para a recorrente, entretanto, a norma posterior não pode prejudicar seu direito ao recurso, pois, em síntese, cercearia seu direito à defesa. Com todo respeito, não concordamos com a recorrente. Há uma diferença, relevante, que não pode ser deixada de lado nesta análise: uma das partes (União) foi quem emitiu a norma posterior que fundamentou o não conhecimento do recurso de ofício. No processo civil as norma processuais não são de iniciativa das partes. Ao contrário, a eventual norma processual atinge ambas as partes, beneficiandoas ou as prejudicando, a depender da fase em que se encontre o processo, daí a necessidade de garantia de direitos. Já no processo administrativo fiscal a norma é conseqüência do poder que goza a Administração Pública, o que permite que esta enquanto sujeito processual representado pela Fazenda Nacional, possa criar normas abrindo mão de seus próprios direitos. Esse é o raciocínio presente em acórdãos já proferidos por este Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão: 9202002.652 – CSRF. Relator: Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). ... ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. Fl. 186DF CARF MF Processo nº 37342.000543/200589 Acórdão n.º 2201004.246 S2C2T1 Fl. 4 5 A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. Processo Anulado. (Acórdão: 9303002.165 – CSRF. Relator: Henrique Pinheiro Torres). ... REEXAME NECESSÁRIO — LIMITE DE ALÇADA — AMPLIAÇÃO — CASOS PENDENTES Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF n° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). (Acórdão: CSRF/0400.965. Relatora: Maria Helena Cotta Cardozo) A criação e elevação do limite de alçada para recursos de ofício tem como um de seus objetivos dar celeridade à solução do processo no âmbito administrativo fiscal, pela diminuição de julgamentos pela segunda instância em processos em que a própria parte (União) demonstra ausência de interesse na continuidade do litígio. Atualmente, o limite de alçada se encontra fixado pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Pelos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, o recurso de ofício será cabível sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor este que deverá ser verificado por processo. Fl. 187DF CARF MF 6 O crédito tributário exonerado no processo em análise não atende a esses pressupostos, de forma que o recurso de ofício não preenche os requisitos necessários para que seja conhecido. Conclusão Com base no exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. Dione Jesabel Wasilewski – Relatora.” Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Fl. 188DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000299/2008-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
Ementa:
LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA
"É valido o lançamento formalizado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo." (Súmula CARF nº 27)
Numero da decisão: 2202-004.345
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos de Declaração para, sanando a omissão apontada no Acórdão nº 2403-002.382, de 21/01/2014, manter a decisão original, sem efeitos infringentes.
(assinado digitalmente)
WALTIR DE CARVALHO - Presidente.
(assinado digitalmente)
DILSON JATAHY FONSECA NETO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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NULIDADE. INOCORRÊNCIA "É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo." (Súmula CARF nº 27) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos de Declaração para, sanando a omissão apontada no Acórdão nº 2403002.382, de 21/01/2014, manter a decisão original, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) WALTIR DE CARVALHO Presidente. (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 02 99 /2 00 8- 00 Fl. 320DF CARF MF Processo nº 15586.000299/200800 Acórdão n.º 2202004.345 S2C2T2 Fl. 321 2 Relatório Tratase, em breves linhas, de Embargos de Declaração opostos pela Contribuinte visando sanear omissão na decisão proferida no Acórdão CARF nº 2403002.382, de 21/01/2014 (fls. 216/221). O recurso foi admitido pelo presidente da 2ª SEJUL (fl. 317/319), que determinou a redistribuição dos autos no âmbito da Seção ante à extinção desse colegiado e do fim do mandato do Cons. Relator original. Feito o breve resumo da lide, passo ao relatório pormenorizado dos autos. Tratase de lançamento de ofício do AI DEBCAD nº 37.157.0077 (fls. 2/6) referente à CFL 68. O relatório fiscal consta às fls. 12/13 e docs. anexos fls. 14/17). Intimada do lançamento, a Contribuinte apresentou impugnação (fls. 44/55). A DRJ proferiu então o acórdão nº 1224.811, de 29/06/2009 (fls. 149/168), no qual manteve o lançamento. Intimada e ainda inconformada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 172/183) no qual argumentou, em síntese: · Que o lançamento é nulo ante a incompetência da autoridade lançadora; · Que o lançamento se refere a multa pelo descumprimento de obrigação acessória e que, portanto, está vinculada aos processos administrativos nº 15586.000298/200857 e 15586.000296/200868; · Que o PLR não é fato gerador da Contribuição Previdenciária e, portanto, derrubando o auto de infração principal, deve ser afastada a multa acessória; · Que não pode ser considerada base de cálculo o valor integral dos planos de saúde já que a empresa arcava apenas com parte deles e, derrubando o crédito principal, deve ser afastada a multa acessória; e · Que deve ser aplicada a norma do art. 32A da Lei nº 8.212/1991, em conformidade com a retroatividade da norma mais benigna. Chegando a este e.CARF, foi então proferido o acórdão nº 2403002.382, de 21/01/2014 (fls. 216/221), que não conheceu do recurso e restou assim ementado e acordado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 PREVIDENCIÁRIO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. OMISSÃO DE FATOS GERADORES. PRINCÍPIO DAS RETROATIVIDADE BENIGNA. MULTA MAIS BENÉFICA. A apresentação de GFIP sem o registro de todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias constitui infração à Legislação Previdenciária. Fl. 321DF CARF MF Processo nº 15586.000299/200800 Acórdão n.º 2202004.345 S2C2T2 Fl. 322 3 O artigo 106, “c” , do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna O contribuinte autuado na forma da infração à Lei n.° 8.212, de 24 de julho de 1991, artigo 32, inciso IV, parágrafo 5°, combinado com o Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999, artigo 225, inciso IV e parágrafo 4°, não tendo sido constatada ocorrência de circunstâncias agravantes previstas no mesmo Regulamento, artigo 290, se mais benéfico, cabe o recálculo da multa de acordo com a redação do artigo 32A da Lei 8.212/91, dada pela Lei 11.941/2009. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, determinando o recalculo do valor da multa, se mais benéfico ao contribuinte, de acordo com o disciplinado no art. 32A da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009. Intimada a PFN, esta apresentou REsp (fls. 223/240). A Contribuinte foi então intimada em 22/04/2016 (fl. 251) da decisão do CARF e do REsp interposto pela PFN. Protocolou, por sua vez, Embargos de Declaração em 27/04/2016 (fls. 253/256), apontando omissão no acórdão recorrido quanto à alegação de incompetência da DRF de Vitória para fiscalizar e constituir crédito tributário contra ela. Protocolou também Contrarrazões ao REsp. (fls. 303/307) Os embargos foram admitidos pela presidência da 2ª SEJUL em 24/08/2017 (fls. 317/319) nos seguintes termos: De fato, assiste razão ao embargante. O acórdão embargado não apreciou a questão suscitada pelo sujeito passivo em seu recurso voluntário relativa à incompetência da DRF de Vitória ES para praticar quaisquer atos de fiscalização do Contribuinte. Assim, faz se necessário suprir a referida omissão, mediante a prolação de novo Acórdão. Diante do exposto, devese acolher os Embargos de Declaração e, consequentemente, submeter os autos novamente à apreciação do Colegiado, com vistas a sanar a omissão em tela. Considerando que o colegiado que proferiu a decisão embargada foi extinto e que o conselheiro relator não mais pertence a colegiados na 2a Seção do CARF, encaminhese o processo para novo sorteio, no âmbito dos colegiados da 2a Seção do CARF, para relatoria e futura inclusão em pauta de julgamento. Fl. 322DF CARF MF Processo nº 15586.000299/200800 Acórdão n.º 2202004.345 S2C2T2 Fl. 323 4 É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Os embargos são tempestivos e preenchem os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Conforme o despacho de admissibilidade, a lide se limita à análise da omissão tocante à suscitada nulidade no lançamento por incompetência da autoridade lançadora. Segundo esclarece a Contribuinte, ao tempo do lançamento a DRF de Vitória não detinha competência para fiscalizála e muito menos para lançar o tributo. Tal argumento não pode prevalecer. A verdade é que a distribuição de competências dentro da receita federal tem o objetivo tão somente de dar maior eficiência aos trabalhos de fiscalização, aumentando a produtividade dos servidores públicos. Contudo, a atribuição por Portaria a uma determinada Delegacia não tem o condão de retirar a competência legalmente atribuída aos auditores fiscais para autuar os Contribuintes sempre que forem identificadas infrações à legislação tributária. Efetivamente, é o art. 142 do CTN que atribui à autoridade administrativa a competência para constituir o crédito tributário, acrescentando, em seu parágrafo único, tratar se de atividade vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Acrescentase que o art. 6º da Lei nº 10.593/2002, com alterações posteriores, atribui ao auditor fiscal a competência para constituir o crédito tributário. Ainda, que o art. 9º, § 2º, do Decreto nº 70235/1972 ratifica a validade dos lançamentos mesmo quando formalizados por servidores de jurisdição diversa daquela do domicílio do sujeito passivo. Nesse contexto, o CARF já consolidou inclusive a Súmula sobre a matéria: Súmula CARF nº 27: É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. Portanto, não assiste razão à Contribuinte nesse ponto. Dispositivo Diante de tudo quanto exposto, voto por acolher os Embargos de Declaração para, sanando a omissão apontada no Acórdão nº 2403002.382, de 21/01/2014, manter a decisão original, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 323DF CARF MF Processo nº 15586.000299/200800 Acórdão n.º 2202004.345 S2C2T2 Fl. 324 5 Fl. 324DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.904386/2011-80
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005
COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPRESCINDIBILIDADE.
Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme o art. 170 do Código Tributário Nacional.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005
COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE.
É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação.
Numero da decisão: 3002-000.186
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votaram pelas conclusões os conselheiros Alan Tavora Nem e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Carlos Alberto da Silva Esteves, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Alan Tavora Nem.
Nome do relator: LARISSA NUNES GIRARD
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPRESCINDIBILIDADE. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme o art. 170 do Código Tributário Nacional. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPRESCINDIBILIDADE. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme o art. 170 do Código Tributário Nacional. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votaram pelas conclusões os conselheiros Alan Tavora Nem e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Carlos Alberto da Silva Esteves, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Alan Tavora Nem. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 90 43 86 /2 01 1- 80 Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10805.904386/201180 Acórdão n.º 3002000.186 S3C0T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o processo de declaração de compensação na qual o contribuinte informa o pagamento indevido ou a maior de Cofins e requer a compensação de R$ 7.870,61, relativos ao período de apuração setembro/2005, com débito também de Cofins (fls. 2 a 6). Por meio de despacho decisório à fl. 24, a Delegacia da Receita Federal em Santo André decidiu pela não homologação por concluir que o crédito relativo ao Darf discriminado havia sido utilizado integralmente na quitação de outros débitos do contribuinte, não restando crédito para a realização de compensação. A recorrente apresentou manifestação de inconformidade, na qual alegou a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições sociais e requereu o reconhecimento do direito ao crédito decorrente de sua exclusão (fls. 28 a 34). Instruiu sua manifestação de inconformidade com cópia do despacho decisório, procuração, peças de identificação dos procuradores e contrato social (fls. 35 a 52). A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba proferiu o Acórdão nº 0643.555 (fls. 58 a 62), por meio do qual decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, tendo em vista que o julgamento pelo STF não atende aos requisitos legais para tornarse vinculante (o acórdão é de 2013, ao passo que o julgamento do mérito pelo STF deuse apenas em 2017), que há previsão legal para inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições e que o contribuinte não logrou demonstrar por meio de documentos fiscais ou contábeis a certeza e liquidez do crédito pleiteado, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INEXISTENTE. DCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Comprovado nos autos que o crédito informado como suporte para a compensação foi integralmente utilizado pela contribuinte na extinção de outros débitos, não se homologam as compensações requeridas. Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10805.904386/201180 Acórdão n.º 3002000.186 S3C0T2 Fl. 4 3 EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo do PIS ou da Cofins, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando referido imposto é cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário, o que não consta ser o caso da interessada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte tomou ciência do Acórdão proferido pela DRJ em 17/04/2014, conforme Aviso de Recebimento constante à fl. 65, e protocolizou seu recurso voluntário em 06/05/2014, conforme carimbo aposto ao envelope e à página inicial do recurso (fls. 66 e 68). O recurso voluntário é uma cópia da manifestação de inconformidade. Assim, apenas repete a alegação de inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo de PIS/Cofins. É o relatório. Voto Conselheira Larissa Nunes Girard Relatora O recurso voluntário é tempestivo, preenche os requisitos formais de admissibilidade, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias e, portanto, dele tomo conhecimento. É de amplo conhecimento que o tema da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições sociais encontrase sob o crivo dos Tribunais Superiores e que este Colegiado é vinculado às decisões definitivas de mérito que tenham sido proferidas em julgamentos afetados pela sistemática dos recursos repetitivos, conforme definido pelo § 2º do art. 62 do Regimento Interno do Carf (Ricarf), in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (grifado) Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10805.904386/201180 Acórdão n.º 3002000.186 S3C0T2 Fl. 5 4 O Supremo Tribunal Federal decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo no julgamento do RE 574.706/PR, afetado pela repercussão geral, cujo acórdão foi publicado em 02/10/2017 e está assim ementado: EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. DEFINIÇÃO DE FATURAMENTO. APURAÇÃO ESCRITURAL DO ICMS E REGIME DE NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. Inviável a apuração do ICMS tomandose cada mercadoria ou serviço e a correspondente cadeia, adotase o sistema de apuração contábil. O montante de ICMS a recolher é apurado mês a mês, considerandose o total de créditos decorrentes de aquisições e o total de débitos gerados nas saídas de mercadorias ou serviços: análise contábil ou escritural do ICMS. 2. A análise jurídica do princípio da não cumulatividade aplicado ao ICMS há de atentar ao disposto no art. 155, § 2º, inc. I, da Constituição da República, cumprindose o princípio da não cumulatividade a cada operação. 3. O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se tenha a escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de cálculo para incidência do PIS e da COFINS. 3. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n. 9.718/1998 excluiu da base de cálculo daquelas contribuições sociais o ICMS transferido integralmente para os Estados, deve ser enfatizado que não há como se excluir a transferência parcial decorrente do regime de não cumulatividade em determinado momento da dinâmica das operações. 4. Recurso provido para excluir o ICMS da base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. Entretanto, até a data desta sessão de julgamento, essa decisão ainda não transitou em julgado. Foram interpostos embargos de declaração pela Procuradoria da Fazenda Nacional, visando à modulação de seus efeitos. Importa frisar que se trata de questão relevante, tendo em vista a segurança jurídica e a definitividade das decisões administrativas contrárias à Fazenda Nacional. Nesse contexto, partilho do entendimento prevalecente em diversos julgamentos realizados neste ano, no sentido de que tal situação não se enquadra na hipótese da decisão definitiva de mérito de que trata o § 2º do art. 62 do Ricarf vide Acórdãos nº 3301 004.397 do conselheiro Antônio Carlos, nº 3402004.699 da conselheira Maria Aparecida, nº 3201003.375 do conselheiro Paulo Moreira (voto vencedor) e nº 3201003.254 do conselheiro Marcelo Giovani, entre outros. A ausência de definitividade da decisão, na fase em que se encontra, se expressa até mesmo pelo Código de Processo Civil, haja vista: Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10805.904386/201180 Acórdão n.º 3002000.186 S3C0T2 Fl. 6 5 Art. 502. Denominase coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. (...) Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterála: I para corrigirlhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo; II por meio de embargos de declaração. (...) CAPÍTULO V DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: I falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II ilegitimidade de parte; III inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; (...) § 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considerase também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. § 6o No caso do § 5o, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica. (grifado) Certamente estáse diante de tema complexo e polêmico, que gera posicionamentos especialmente divergentes, mas entendo como certo que a fase atual do processo ainda permite alteração que pode afetar a temporalidade de sua aplicação. Nesse sentido, não é ainda definitiva. Todavia, a despeito da posição externada, as razões de decidir deste julgamento vão repousar sobre outro aspecto, qual seja, a ausência da demonstração do direito, uma vez que a recorrente nunca juntou ao processo qualquer documento para demonstrar se, de fato, o ICMS afetou o cálculo do Cofins por ele pago e em que extensão. Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10805.904386/201180 Acórdão n.º 3002000.186 S3C0T2 Fl. 7 6 Toda a defesa está centrada em questões de direito, sem abordar, em único momento, questões de fato. Não se sabe se incide ICMS sobre uma parte ou a totalidade das operações do contribuinte, não se sabe como contribuinte chegou ao montante que pretende compensar, não foi trazida uma memória de cálculo, não foram juntadas notas fiscais do período, enfim, não há nada a demonstrar a certeza ou a liquidez do crédito. A recorrente pede que este Colegiado lhe reconheça o direito de compensar um valor específico exclusivamente com base em uma decisão em tese do STF. Porém, a demonstração da liquidez e certeza é essencial para a autorização de uma compensação, condição essa firmada pelo CTN em seu art. 170: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (grifado) A essa condição se some que, o ônus probatório do direito alegado pertence ao requerente, nos casos de solicitação de restituição, compensação e ressarcimento de crédito contra a Fazenda Nacional. Define o Código de Processo Civil (CPC) em seu artigo 373 que, quanto ao fato constitutivo de seu direito, o ônus da prova incumbe ao autor. E, ainda sobre as provas, dispõe da seguinte maneira o Decreto nº 7.574, de 2011, que regulamenta o processo de determinação e de exigência de créditos tributários da União: Art.28. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e sem prejuízo do disposto no art. 29 (Lei nº 9.784, de 1999, art. 36). (grifado) Dessa forma, entendo que, ainda que se adotasse a decisão proferida pelo STF, em acordo com a recorrente, como ao longo do processo nunca foram apresentados documentos fiscais ou contábeis visando conferir certeza e liquidez ao crédito pleiteado, resta sem comprovação o seu direito creditório. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Fl. 96DF CARF MF
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