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Numero do processo: 10830.727410/2016-58
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2002-000.015
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que o contribuinte junte ao processo os termos do parcelamento do qual sua empresa aderiu bem como discrimine todos os valores e a relação com os tributos que estão sendo ou foram quitados.
(Assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(Assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgilio Cansino Gil.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que o contribuinte junte ao processo os termos do parcelamento do qual sua empresa aderiu bem como discrimine todos os valores e a relação com os tributos que estão sendo ou foram quitados. (Assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (Assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgilio Cansino Gil.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que o contribuinte junte ao processo os termos do parcelamento do qual sua empresa aderiu bem como discrimine todos os valores e a relação com os tributos que estão sendo ou foram quitados. (Assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (Assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgilio Cansino Gil. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .7 27 41 0/ 20 16 -5 8 Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10830.727410/201658 Resolução nº 2002000.015 S2C0T2 Fl. 111 2 RELATÓRIO Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 45 a 48), relativa a compensação indevida de imposto de renda retido na fonte. Tal omissão gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 12.645,09, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação às efls. 02 a 44 dos autos, no qual o contribuinte alega: · que uma vez comprovada a retenção do imposto de renda na fonte, é direito do contribuinte compensálo quando da entrega da DAA, independentemente do fato de ter havido recolhimento pela fonte pagadora; · alega ainda que a empresa do qual é sócio entrou com pedido de parcelamento de todos os tributos federais. Recurso voluntário Intimado da decisão da DRJ em 22/02/17, às efls. 68 e ainda inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, em 13/03/2017 às efls. 72 a 107, no qual alega, em resumo, que: · é pacífica a jurisprudência deste CARF quanto a possibilidade de compensação ed IRRF pelo contribuinte quando da apresentação da DAA, mesmo que a fonte pagadora não tenha repassado os valores para os cofres públicos; · reitera que a empresa, do qual é sócio e funcionário, entrou em programa de parcelamento de tributos federais, devendo ser feito encontro de contas sobre o que foi pago e se há algum tributo que ainda seja devido. É o relatório. VOTO Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator O contribuinte foi autuado por compensação indevida de imposto de renda retido na fonte quando da apresentação da sua Declaração de Ajuste Anual. A fonte pagadora, sociedade empresária denominada Construtora Bitencourt da Rocha juntou DIRF às efls. 59 em que consta o rendimento anual pago ao contribuinte no Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10830.727410/201658 Resolução nº 2002000.015 S2C0T2 Fl. 112 3 valor de R$ 66.750,00, bem como a retenção efetuada, no montante de R$12.645,09, sob código 0561. Conforme artigo 717 do RIR/99, compete a fonte pagadora reter o imposto, cabendo a sociedade empresária assim proceder, de forma que a DIRF com nome do funcionário pessoa física é suficiente para que esta efetue a compensação do imposto retido quando da apresentação da DAA. Contudo, tal regra é excepcionada pelo artigo 723 do mesmo regulamento, dispõe que são solidariamente responsáveis com o sujeito passivo os acionistas controladores, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, pelos créditos decorrentes do não recolhimento do imposto descontado na fonte. Logo, no presente caso, não é suficiente que o contribuinte apresente apenas a DIRF em seu nome, devendo apresentar também a comprovação de que o pagamento foi efetuado pela empresa do qual é sócio, vide sua responsabilidade solidária. Ainda, informou que a pessoa jurídica do qual é sócio entrou em programa de parcelamento de tributos federais, colacionando, em sede de recurso voluntário, o pagamento de diversos DARF, sem qualquer especificação dos tributos que foram parcelados e quitados. Ante o exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que o contribuinte junte ao processo os termos do parcelamento do qual sua empresa aderiu bem como discrimine todos os valores e a relação com os tributos que estão sendo ou foram quitados. (Assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 112DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.901122/2014-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2014
DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA INEQUÍVOCA. ERRO ALEGADO NÃO COMPROVADO. DENEGAÇÃO DO CRÉDITO PRETENDIDO.
Não se reconhece o crédito pretendido, referente a pagamento indevido ou a maior, fundamentado exclusivamente em DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório, quando o contribuinte deixa de apresentar elementos de prova materiais, capazes de, cabalmente, comprovar erro supostamente cometido no preenchimento da declaração original.
Numero da decisão: 1402-003.107
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2014 DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA INEQUÍVOCA. ERRO ALEGADO NÃO COMPROVADO. DENEGAÇÃO DO CRÉDITO PRETENDIDO. Não se reconhece o crédito pretendido, referente a pagamento indevido ou a maior, fundamentado exclusivamente em DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório, quando o contribuinte deixa de apresentar elementos de prova materiais, capazes de, cabalmente, comprovar erro supostamente cometido no preenchimento da declaração original.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone.
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA INEQUÍVOCA. ERRO ALEGADO NÃO COMPROVADO. DENEGAÇÃO DO CRÉDITO PRETENDIDO. Não se reconhece o crédito pretendido, referente a pagamento indevido ou a maior, fundamentado exclusivamente em DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório, quando o contribuinte deixa de apresentar elementos de prova materiais, capazes de, cabalmente, comprovar erro supostamente cometido no preenchimento da declaração original. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 90 11 22 /2 01 4- 79 Fl. 130DF CARF MF Processo nº 11040.901122/201479 Acórdão n.º 1402003.107 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra v. Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento a quo, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte, mantendo o r. Despacho Decisório que deixou de homologar a compensação pretendida, denegando a existência do crédito declarado em DCOMP, por não ter sido constatada qualquer monta de recolhimento a maior ou indevido. Em sua Manifestação de Inconformidade, em suma, alegou a ora Recorrente que teria havido recolhimento a maior de IRPJ e CSLL, fato este que teria sido percebido apenas após auditoria contábil externa. Assim, procedeu a Contribuinte a inúmeras compensações, valendose de tal valor. A Recorrente também esclarece que não foi reconhecida a existência do crédito pela Unidade Local pois apenas veio a retificar sua DCTF após a prolatação r. decisório de piso, corrigindo, então, suposto erro na declaração originalmente transmitida. Ao seu turno, a DRJ a quo proferiu o v. Acórdão, ora recorrido, negando provimento à defesa, por não ter a Contribuinte logrado êxito na comprovação da sua pretensão creditória, estando ausente nos autos qualquer demonstração ou prova de erro que justificaria a retificação procedida na DCTF. Diante de tal revés, a Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário, agora sob análise, em suma, repetindo as suas alegações da Manifestação de Inconformidade, apontando expressamente para os motivos de reforma do v. Acórdão recorrido, afirmando ter constituído prova eficaz do seu direito. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 131DF CARF MF Processo nº 11040.901122/201479 Acórdão n.º 1402003.107 S1C4T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.112, de 11/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 11040.901104/2014 97, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.112): "O Recurso Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse N. Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. Ausentes alegações preliminares, passase ao mérito da demanda. Como relatado, a Recorrente alega ter recolhido valores de IRPJ e CSLL maiores do que aquilo efetivamente devido no período. Uma vez constatado tal excesso no adimplemento fiscal, prontamente procedeu a compensações via DCOMP. Contudo, apenas veio a retificar a DCTF correspondente posteriormente à prolatação do r. Despacho Decisório, motivo pelo qual a Autoridade Fiscal não teria reconhecido a existência de tal crédito naquela oportunidade. Restou firmado no v. Acórdão da DRJ que, ainda que retificada a DCTF, validando o cálculo da monta da pretensão creditícia da Contribuinte, não houve a comprovação da existência de erro na primeira declaração ou a prova de qualquer outro motivo que justificasse tal alteração. Em Recurso Voluntário a Recorrente afirma que possui a plena prerrogativa de proceder à retificação da sua DCTF e o fez regularmente, em momento adequado, dentro do prazo concedido pelas normas que regem a matéria em tela. Alega que denegar o crédito implicaria em enriquecimento ilícito da Fazenda Nacional. Ora, é certo que a Contribuinte tem a prerrogativa de retificar suas declarações, inclusive a DCTF. Todavia, os efeitos de tal correção não são automáticos e absolutos, para todos os fim tributários, quando envolvida a percepção de crédito em favor do contribuinte após tal manobra. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 11040.901122/201479 Acórdão n.º 1402003.107 S1C4T2 Fl. 5 4 Nesse sentido, a Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010, aplicável ao presente caso, é clara ao regular o tema em seu artigo 9º: Art. 9º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir os débitos relativos a impostos e contribuições: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU;ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. II alterar os débitos de impostos e contribuições em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU ou de débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração e enquanto não extinto o crédito tributário. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.177, de 25 de julho de 2011) § 4º Na hipótese do inciso II do § 2º, havendo recolhimento anterior ao início do procedimento fiscal, em valor superior ao declarado, a pessoa jurídica poderá apresentar declaração retificadora, em atendimento a intimação fiscal e nos termos desta, para sanar erro de Fl. 133DF CARF MF Processo nº 11040.901122/201479 Acórdão n.º 1402003.107 S1C4T2 Fl. 6 5 fato, sem prejuízo das penalidades calculadas na forma do art. 7º. § 5º O direito de o contribuinte pleitear a retificação da DCTF extinguese em 5 (cinco) anos contados a partir do 1º (primeiro) dia do exercício seguinte ao qual se refere a declaração. § 6º A pessoa jurídica que apresentar DCTF retificadora, alterando valores que tenham sido informados: I na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), deverá apresentar, também, DIPJ retificadora; ehttp://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutro s.action?idArquivoBinario=0 II no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon), deverá apresentar, também, Dacon retificador. (destacamos) Extraise de tal dispositivo que, promovida a alteração após a prolatação de r. Despacho Decisório, deveria a Contribuinte ter trazidos prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração original, demonstrando que os valores originalmente inseridos na declaração primeiramente transmitida não refletiam os fatos e eventos efetivamente apurados na mensuração das obrigações lá constituídas. Sobre isso, a Recorrente alegou que teria trazido aos autos sua DIPJ, dando o necessário respaldo probante ao seu direito. Ocorre que apenas foram juntadas Fichas isoladas da DIPJ do período. Nenhum elemento de prova material, relacionado à contabilidade ou mesmo às atividades da Contribuinte, foi acostado ao processo. Frisese que a DIPJ, ainda que integralmente considerada, regularmente preenchida e transmitida, tem caráter informativo, sendo confeccionada unilateralmente pelo contribuinte, sem a necessidade de instrução direta com documentos. Assim, mesmo que as informações inseridas na linhas das Fichas da Declaração acostada guardassem identicidade com aquilo trazido na DCTF retificadora, tal encontro de dados guarda valor probante extremamente relativo, não se revestindo de prova inequívoca. Nos casos referente a restituição e compensação, regulados pelo art. 74 da Lei nº 9.430/96, o ônus probatório do crédito alegado recai sobre contribuinte. Por fim, o entendimento acima professado possui pleno respaldo na jurisprudência atual desse E. CARF. Ilustrando, confirase o Acórdão nº 1301002.103, proferido pela C. 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara dessa mesma 1ª Seção, de relatoria do I. Fl. 134DF CARF MF Processo nº 11040.901122/201479 Acórdão n.º 1402003.107 S1C4T2 Fl. 7 6 Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, publicado em 23/08/2016: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS A CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EXISTÊNCIA DE OUTROS IMPEDIMENTOS. IMPOSSIBILIDADE Não há impedimento para que a DCTF seja retificada após o despacho decisório, desde que sejam respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010, e alterações posteriores. Necessidade de análise das restrições através do exame de documentação juntada ao processo, o que foi impossível, ante a não juntada de documentos pela interessada, sendo seu dever o ônus de provas. INDÉBITO.COMPROVAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ. A comprovação da certeza e liquidez dos créditos deve ocorrer pelo exame de documentação hábil e apta, cujo ônus de juntar a documentação pertinente pertence a parte que requer o reconhecimento do direito creditório. Ainda, na mesma esteira decidiuse no Acórdão nº 3402 004.849, prolatado pela C. 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção dessa C. Corte Administrativa, de relatoria do I. Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, publicado em 02/02/2018: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Data do fato gerador: 29/07/2005 NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. FALTA DE MOTIVAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA Não ocorre a nulidade do feito fiscal quando a autoridade demonstra de forma suficiente os motivos pelos quais o lavrou, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao contribuinte e sem que seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito. DCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITO. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Fl. 135DF CARF MF Processo nº 11040.901122/201479 Acórdão n.º 1402003.107 S1C4T2 Fl. 8 7 PROVA. RETIFICAÇÃO DE DCTF. REDUÇÃO DE DÉBITO. APÓS CIÊNCIA DE DECISÃO ADMINISTRATIVA. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Compete ao contribuinte o ônus da prova de erro de preenchimento em DCTF, consubstanciada nos documentos contábeis que o demonstre. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. JUNTADA DE PROVAS. Deve ser indeferido o pedido de diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. Recurso Voluntário Negado. Diante de todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendose o v. Acórdão recorrido." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 136DF CARF MF
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Numero do processo: 11829.720034/2014-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.294
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Declarou-se impedido o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliviera Lima, tendo sido substituído pelo conselheiro suplente Renato Vieira de Avila.
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Winderley Morais Pereira - Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Renato Vieira de Avila, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Cassio Shappo e Marcelo Giovani Vieira.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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R. MULTIMIDIA COMERCIAL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Declarouse impedido o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliviera Lima, tendo sido substituído pelo conselheiro suplente Renato Vieira de Avila. Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Winderley Morais Pereira Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Renato Vieira de Avila, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Cassio Shappo e Marcelo Giovani Vieira. Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 18 29 .7 20 03 4/ 20 14 -1 9 Fl. 2677DF CARF MF Processo nº 11829.720034/201419 Resolução nº 3201001.294 S3C2T1 Fl. 3 2 Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. Trata o presente processo de auto de infração lavrado para exigência de crédito tributário no valor de R$ 1.393.176,22 referente à referente a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, em substituição à pena de perdimento, prevista no § 3º do artigo 23 do Decretolei nº 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei nº 10.637/2002. A multa foi aplicada em desfavor, solidariamente aos sujeitos passivos 1) L. R. MULTIMIDIA COMERCIAL LTDA, CNPJ nº 02.958.174/000197; 2) EGISTO FRANCISCO RIGOLI, CPF nº 038.782.61810; 3) MAEG COMÉRCIO DE PROD DE ÁUDIO E VÍDEO E INFORMATICA LTDA, CNPJ nº 08.697.059/000192; 4) HELIO MARTINEZ, CPF nº 419.283.34849. Constatouse ocorrência de responsabilidade solidária, nos termos do artigo 95 do DecretoLei 37/1966 e no artigo 135 do CTN. Por motivo de simplificação, as pessoas e empresas envolvidas serão tratadas somente pelo primeiro nome. Os sócios da empresa MAEG são o Sr. HELIO com participação societária de 60%, e o Sr. EGISTO. O Sr. EGISTO consta nos bancos de dados da Receita Federal como sócio administrador da empresa L.R. MULTIMIDIA, possuindo participação societária de 50% da mesma. Depreendese da descrição dos fatos no Termo de Verificação Fiscal (fls. 10 a 66) que a Alfândega da Receita Federal do Brasil do Aeroporto Internacional de Viracopos submeteu a empresa MAEG ao rito previsto na Instrução Normativa SRF n° 228/02. O procedimento foi motivado pelo fato de haver indícios de estar a empresa acima identificada sendo usada para a realização de operações de terceiros. A fiscalização teve como objetivo a caracterização dos ilícitos de ocultação do sujeito passivo e interposição fraudulenta de pessoas. Após levantamento de informações sobre os negócios da MAEG, identificaramse outras duas sociedades empresárias que adquiriam os mesmos produtos importados pela MAEG. Uma delas era a L.R. MULTIMIDIA, e a outra sociedade empresária também foi submetida a ação fiscal. Nas diversas declarações de importação (DI), a MAEG figurou como “adquirente da mercadoria”, condição esta que, ao final da ação fiscal, restou descaracterizada. Mediante contratação de serviços da COLUMBIA TRADING S/A – CNPJ 46.548.574/000523, sociedade empresarial especializada em comércio exterior, que figurou como “importador”, a MAEG ocultou os reais adquirentes das mercadorias. Finalizado o procedimento especial, a análise das informações coletadas levou a fiscalização a concluir que a MAEG ocultou a L.R. MULTIMIDIA e a outra sociedade empresária nas operações de comércio exterior, tendo simulado importações em seu nome. As importações declaradas como sendo por conta própria da MAEG eram, em verdade, importações realizadas com recursos de terceiros, Fl. 2678DF CARF MF Processo nº 11829.720034/201419 Resolução nº 3201001.294 S3C2T1 Fl. 4 3 Cometeram, com isso, a infração prevista no artigo 23, V, do Decreto Lei nº 1.455/1976, com redação dada pela Lei nº 10.637/2002. A fiscalização salientou que o caso vertente não se refere à interposição presumida por não comprovação de origem de recursos, mas à simulação tendente a ocultar o real provedor dos recursos, portanto real adquirente das mercadorias importadas. Em síntese, a análise dos documentos e operações de importação da MAEG levou às seguintes constatações: Tendo por base as notas fiscais eletrônicas de saída entre 29/04/2010 a 13/12/2011, verificase que a MAEG revendeu seus produtos para apenas 05 (cinco) empresas, sendo que 94,1% do peso líquido importado pelas cinqüenta e uma declarações de importação registradas entre junho de 2008 e novembro de 2011 correspondem a CDs e DVDs. Verificouse ainda que no mesmo período, cerca de 93% das importações da MAEG foram revendidas para apenas dois clientes, sendo um deles a L.R. MULTIMÍDIA. As mercadorias amparadas por uma declaração de importação (DI) eram divididas, nas vendas, aos adquirentes ocultos e seus clientes, isto é, a importação de cem mil unidades de CDs e DVDs por uma única DI, por exemplo, resultava em emissão de notas fiscais de venda pela MAEG para destinatários diferentes. As importações realizadas em nome da MAEG tinham destinatários certos e conhecidos. Embora a COLUMBIA TRADING tenha registrado diversas declarações de importação para a MAEG, quem verdadeiramente ocultou os reais adquirentes das mercadorias importadas foi a MAEG. Esta é a razão de a COLUMBIA TRADING não constar do pólo passivo neste auto de infração. a L.R. MULTIMIDIA usou de artifício para não figurar como contribuinte “equiparado a industrial” e evitar a incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados nas operações subseqüentes. em 29/03/2012, ou seja, menos de três meses antes de solicitar a “baixa”, houve registro na JUCESP de aumento do capital para R$ 600.000,00, situação incompatível com a de empresa que está prestes a encerrar as atividades. extrato bancário com os respectivos depósitos comprovantes da integralização do capital social não permite confirmar a informação de que havia recursos provenientes do Sr. HELIO. No documento emitido pelo banco, consta apenas “depósito em dinheiro”, o que é, no mínimo, curioso, em se tratando do montante depositado. Acerca do capital social, há de se destacar que aparentemente o Sr. HELIO não possuía “lastro” na DIRPF 2008, ano calendário 2007, para suportar o ônus da integralização do Capital Social. Com relação à logística, tendo em vista que a empresa MAEG contava apenas com um “auxiliar de serviços gerais” e um “supervisor”, fica claro que não havia uma estrutura adequada às necessidades de uma empresa condizente com os montantes envolvidos nas operações de comércio exterior A ausência de local na MAEG adequado para armazenamento de mercadorias corrobora a conclusão de que o foco da empresa, na verdade, era ocultar as importações dos verdadeiros intervenientes. Foram informados pela COLUMBIA TRADING e pela transportadora ITALOG locais diversos para entrega das mesmas mercadorias. Fl. 2679DF CARF MF Processo nº 11829.720034/201419 Resolução nº 3201001.294 S3C2T1 Fl. 5 4 Em alguns casos, as mercadorias seguiam diretamente do recinto alfandegado para o estabelecimento do cliente, não havendo passagem física por armazém ou depósito da MAEG. A COLUMBIA TRADING informou que, regra geral, era a MAEG que trocava emails com o fornecedor no exterior, mas que, excepcionalmente, a pedido da MAEG, a COLUMBIA TRADING é que iniciava a comunicação. Porém, em um email constante em documentação apresentada pela COLUMBIA TRADING, um exportador afirma poder explicar de que forma sua empresa trabalha e é estruturada para servir e dar suporte a COLUMBIA TRADING e seus distribuidores, e nomeia a L.R. MULTIMÍDIA. A MAEG não é sequer citada na negociação. Como se não bastasse a L.R. MULTIMIDIA e outras ocultadas depositarem quase que exatamente o valor que a MAEG deve pagar ao COLUMBIA, elas o fazem “coincidentemente” no mesmo dia em que a MAEG pagaria ao COLUMBIA. Este modus operandi se repete durante todo o período abrangido pela fiscalização, o que comprova que a MAEG ocultou a empresa L.R. MULTIMIDIA em operações de importação. Outra evidência muito forte do exposto é a comparação entre a estrutura de funcionamento da empresa MAEG e a estrutura de funcionamento das empresas ocultadas. Ao contrario da MAEG, a L.R. MULTIMIDIA é uma empresa que tem porte de distribuidora. quando das importações nas quais a MAEG figurava como encomendante, e posterior repasse de mercadorias para a L.R. MULTIMIDIA, esta ainda não operava no comércio exterior, pois somente se habilitou em 15/05/2013. A individualização da pena foi obtida considerando o montante de recursos financeiros repassados por cada um dos adquirentes ocultos. (fls. 48 a 52). para se calcular a parte do valor da multa a ser atribuída a cada um dos reais interessados, encontrase o valor aduaneiro das mercadorias repassadas para cada um deles. Sempre há como associar os CDs e DVDs de uma nota fiscal com os CDs e DVDs de uma declaração de importação. Na maioria das DIs, a totalidade das mercadorias importadas por uma única Declaração de Importação é repassada à L.R. MULTIMIDIA ou à outra empresa ocultada. No entanto, em 08 (oito) DIs, as mercadorias importadas por uma única DI foram divididas entre mais de uma sociedade relacionada. O valor a ser aplicado de multa na L.R. MULTIMIDIA MULTIMIDIA será proporcional apenas ao que foi repassado a ela. O lapso temporal entre as notas fiscais de “venda” da importadora por encomenda para a MAEG e desta para as empresas que adquiriram as mercadorias é bastante reduzido: das 36 transações ali demonstradas, em 30 delas a “revenda” ocorreu em até cinco dias, o que indica que na realidade estas mercadorias, quando importadas, já tinham destinatários próprios, sobretudo se considerarmos que as revendas foram realizadas quase que integralmente para empresas controladas pelos próprios administradores da MAEG. Não obstante as vendas ocorrerem tão brevemente após as mercadorias darem “entrada” na MAEG, verificase que estas vendas Fl. 2680DF CARF MF Processo nº 11829.720034/201419 Resolução nº 3201001.294 S3C2T1 Fl. 6 5 zeram o estoque da respectiva importação que acabara de ocorrer. Mesmo quando a revenda de uma importação ocorria para mais de uma empresa, todas as notas fiscais de venda eram emitidas no mesmo dia, correspondendo à soma dos itens revendidos pela MAEG exatamente ao montante importado, o que claramente reforça a tese de que as importações da MAEG não passavam de uma fachada”, sendo as mercadorias destinadas às outras empresas dos sócios, inclusive a L.R. MULTIMIDIA. Observase que a estimativa da margem de lucro bruto é muito baixa, atingindo em muitos casos percentuais que podem ser considerados irrisórios. Em extratos em papel entregues pela MAEG, verificamse inúmeros depósitos das empresas ocultadas ocorrendo no mesmo dia em que a MAEG deveria efetuar pagamentos a COLUMBIA, sempre com valores muito parecidos. Além da solidariedade entre importador e adquirente ou encomendante da mercadoria, há a solidariedade dos sócios da própria MAEG e das ocultadas. As declarações de importação correspondentes às operações de importação analisadas não retratam a realidade dos fatos portanto, são, em tese, ideologicamente falsas. A fiscalização informa ainda que foi formalizada a Representação Fiscal para Fins Penais. Depois de devidamente cientificados do lançamento efetuado (folhas 1966 a 1983), os sujeitos passivos apresentaram impugnações. A MAEG foi intimada nas pessoas dos seus sócios. O sujeito passivo L. R. MULTIMIDIA apresentou a impugnação de folhas 2029 a 2042, alegando que: não foi fiscalizada e não foi instada a manifestar sobre os fatos imputados à MAEG. Indaga se é juridicamente possível aplicar a multa substitutiva da pena de perdimento sem oportunizar manifestação alguma à pessoa punida. a COLUMBIA TRADING S/A não foi arrolada entre as pessoas jurídicas punidas. A sua participação não ficou restrita a simples admissão da indicação da MAEG como encomendante, pois emitiu todas as notas fiscais de venda em nome da encomendante e prestou serviços de armazenagem. não houve formação de prova contra a ora Impugnante, tendo sido utilizada a prova emprestada ilegitimamente, formada no procedimento fiscal e no correspondente auto de infração lavrado contra a MAEG. os indícios apontados pela fiscalização não têm força suficiente para atestar a simulação apontada. as provas formadas contra a MAEG e emprestadas para o presente processo são nulas porque tanto os atos emitidos durante o procedimento fiscal, como o auto de infração, alcançaram uma sociedade já extinta muito antes do início do procedimento fiscal que lhe foi direcionado. é decisivo avaliar os elementos de defesa apresentados pela MAEG no processo de Cessão de nome, cuja cópia da impugnação foi juntada ao presente processo, para ser recebida como razões de defesa da ora impugnante. Alguns pontos principais serão destacados nesta impugnação. Fl. 2681DF CARF MF Processo nº 11829.720034/201419 Resolução nº 3201001.294 S3C2T1 Fl. 7 6 o distrato contratual da MAEG foi arquivado na Junta Comercial do Estado de São Paulo em 15/06/2012, com a correspondente baixa do CNPJ, enquanto a fiscalização foi iniciada em 17/05/2013. há vício insanável pois o questionado auto de infração não tem os atributos da certeza e da liquidez, uma vez a multa não atingiu o valor da mercadoria importada, pois não quantificou adequadamente a pena imposta. há nulidade absoluta do lançamento uma vez que ao pretender o Fisco reabrir o controle no âmbito da revisão aduaneira, encontra o óbice intransponível da mudança do fundamento jurídico do lançamento já homologado e cita o artigo 146 do CTN. Cita entendimento do STJ que diz que a mudança de critério jurídico não autoriza a revisão de lançamento. foi adquirente de boa fé de mercadoria no mercado interno. Todas as operações foram regularmente escrituradas e contabilizadas. Em momento algum a validade dessa escrituração foi questionada pelo Fisco. a MAEG tinha como sócios os sócios das sociedades acusadas da alegada ocultação. Ora, a participação societária conjunta tipifica essas sociedades na rubrica de empresas ligadas, significando que o pretenso ocultamento revelase uma conduta impossível. não há vedação legal para o fato de que as duas empresas citadas pela fiscalização, entre elas a ora impugnante, adquirirem cerca de 90% das mercadorias vendidas pela MAEG. Esse juízo representa genuína avaliação econômica, que a doutrina reputa como inadmissível ao Fisco. Ademais, essas operações, além de legítimas, decorreram das tratativas mantidas com a Philips. outra avaliação econômica indevida é levantar margem de lucros das empresas com o manifesto propósito de opor o carimbo de "empresa de fachada" numa sociedade regularmente registrada e que fez negócios com uma importadora conhecida e respeitável. a MAEG foi criada para atender uma demanda da Philips, que buscava no Brasil um Distribuidor Master na linha de acessórios e periféricos para áudio, vídeo e informática, basicamente, fones de ouvido, microfones, carregadores de pilhas, webcam, limpadores, mídias ópticas (CD e DVD), etc, a exemplo do que a Philips tinha à época no mundo inteiro. as operações em comento não causaram dano ao Erário. A Fiscalização cometeu um erro na alegação de que o endereço da MAEG não reunia condições para operar. Foram trazidos aos autos comprovantes de contrato de aluguel, comprovante pagamento de IPTU, notas fiscais de aquisição de móveis, instalação de internet, habitese, contrato com empresa de segurança, apólice de seguro do imóvel, e foto do estabelecimento. Contrariamente ao entendimento da Fiscalização, a MAEG tinha efetivo propósito negocial, tendo sido criada para atender aos demais agentes que operaram no mercado e também das empresas ligadas. Ora, a desconsideração de negócios plenamente fundamentados não pode resultar de meras avaliações econômicas, frágeis indícios. Exige prova cabal da ilicitude dos negócios, que não consta dos autos. Por cautela, contratou um Perito para preparar um laudo atestando a regularidade das operações. O laudo foi apresentado posteriormente (fls 2170 a 2234) em 06/10/2014 e, em síntese, ratificou como corretos Fl. 2682DF CARF MF Processo nº 11829.720034/201419 Resolução nº 3201001.294 S3C2T1 Fl. 8 7 os procedimentos adotados pela Empresa MAEG COM. DE PROD. DE ÁUDIO E VÍDEO E INFORMAT. LTDA. Requer que a defesa seja recebida e regularmente processada, a fim de garantir o afastamento do questionado auto de infração. Os sujeitos passivos Sr. HELIO e Sr. EGISTO apresentaram a impugnação de folhas 1993 a 2001 e 2011 a 2019, respectivamente, alegando que: para evitar repetições desnecessárias, pedese que as razões de defesa da autuada L. R. MULTIMIDIA. sejam integralmente consideradas no julgamento dessa defesa, uma vez que aqui será tratada exclusivamente a questão da indevida atribuição de responsabilidade ao seu sócio, ora Impugnante. não foi intimado para prestar esclarecimentos ou sequer participar do procedimento fiscal. A conduta capaz de dar ensejo à responsabilização do impugnante pela pena aplicada não foi devidamente apurada, o que determina sua nulidade. não houve a alegada simulação das operações de importação. O negócio teria sido realizado por pessoas jurídicas; dessa forma, a responsabilidade não pode ser atribuída ao seu sócio sem que haja a devida comprovação do ato ilícito por ele praticado ou do benefício que lhe teria sido transferido. há ausência de tipicidade pois não houve demonstração de nenhuma conduta que fosse capaz de subsumirse ao artigo 135 do CTN, invocado pela Fiscalização. Ademais, não há nos autos a indicação de uma conduta sequer que aponte para prática de qualquer ato de ingerência. não restou configurada a ocultação alegada pelo Fisco. E mesmo que houvesse, a aludida multa decorrente da conversão da pena de perdimento não poderia, em nenhuma hipótese, serlhe aplicada, pois isso ultrapassaria a figura do agente, que necessariamente deve ser o pretenso importador. É totalmente inadmissível que se utilize o instituto da responsabilidade solidária para travestir a transferência da sanção a terceiros. a pena aplicada foi a de substituição da pena de perdimento por multa, mas a mercadoria objeto do pretendido perdimento era de propriedade exclusiva da Empresa autuada. Não pode ser o Impugnante responsabilizado pela pena de perdimento de mercadoria que sequer era de sua propriedade. O Sr. HELIO alega ainda que não era sequer sócio da L.R. MULTIMIDIA. Requerem o recebimento e integral procedência da defesa. A MAEG foi intimada nas pessoas dos seus sócios e estes apresentaram a impugnação de folhas 2138 a 2146, alegando que: para evitar repetições desnecessárias, pedese que as razões de defesa da autuada L. R. MULTIMIDIA sejam integralmente consideradas no julgamento dessa defesa. Isso se impõe porque a Impugnação da autuada deixa evidente o caráter indevido da autuação em si, ao passo que aqui será tratada exclusivamente a questão da indevida atribuição de responsabilidade. Fl. 2683DF CARF MF Processo nº 11829.720034/201419 Resolução nº 3201001.294 S3C2T1 Fl. 9 8 a sua responsabilização atribuída é nula, pois foi definitivamente extinta em antes do início do procedimento fiscal. O arquivamento do distrato social com extinção consensual foi providenciado quase um ano antes do início dos trabalhos de auditoria (17/05/2013). A baixa do CNPJ havia sido ultimada na mesma data do arquivamento do distrato social, em 15/06/2012. A empresa MAEG não existe, não tem responsabilidade jurídica. a mesma conduta foi indevidamente punida com duas sanções distintas, evidente bis in idem. A impugnante foi autuada por suposta cessão de nome, no processo nº 11829.720032/201411, com multa de 10% do valor aduaneiro da mercadoria importada, e, também pela suposta cessão de nome, foi responsabilizada pela multa de 100% do valor da mercadoria. a pena deveria ser dosada à medida da culpabilidade da impugnante, conforme preceitua o artigo 29 do Código Penal. A autuada (L.R. MULTIMIDIA), na visão fiscal, importou, transportou, recebeu, comercializou, escriturou, pagou, armazenou etc, e foi punida com a multa de 100% do valor da mercadoria. Em contrapartida, a impugnante, única e exclusivamente, teria cedido o nome e foi responsabilizada na exata mesma pena de 100% do valor da mercadoria. não pode a impugnante ser responsabilizada pela pena de perdimento de mercadoria pois era de propriedade exclusiva da empresa autuada. Requer o recebimento e integral procedência da defesa. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento acolheu parcialmente as alegações das impugnações, excluindo do polo passivo do lançamento o devedor principal MAEG COM. DE PROD. DE ÁUDIO E VÍDEO E INFORMAT. LTDA. A decisão foi assim ementada. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 13/09/2009, 06/10/2009, 13/11/2009, 26/01/2010, 20/04/2010, 01/06/2010, 09/07/2010, 10/08/2010, 24/08/2010, 29/09/2010, 14/10/2010, 21/10/2010, 26/11/2010, 17/12/2010, 17/02/2011, 04/04/2011, 12/05/2011, 06/07/2011, 29/07/2011 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA CONSUMIDA, NÃO LOCALIZADA OU REVENDIDA. MULTA IGUAL AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA. Considerase dano ao Erário a ocultação do real sujeito passivo na operação de importação, mediante fraude ou simulação, infração punível com a pena de perdimento, que é substituída por multa igual ao valor aduaneiro da mercadoria importada caso tenha sido entregue a consumo, não seja localizada ou tenha sido revendida. INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, respondendo pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. Fl. 2684DF CARF MF Processo nº 11829.720034/201419 Resolução nº 3201001.294 S3C2T1 Fl. 10 9 PESSOA JURÍDICA EXTINTA. PÓLO PASSIVO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS SÓCIOS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUSÊNCIA. Os exsócios respondem pelo cumprimento da obrigação tributária que não é mais possível de ser exigida da pessoa jurídica extinta, que deve ser afastada do pólo passivo da autuação. Mera irregularidade na identificação do sujeito passivo que não prejudique o exercício do contraditório não gera nulidade do ato administrativo. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido Cientificados da decisão os responsáveis solidários interpuseram recursos voluntários, repisando as alegações já apresentadas em sede de impugnação. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Trata o presente processo de auto de infração para aplicação de multa sobre o valor aduaneiro de mercadoria importada por meio de interposição fraudulenta. A teor do relatado o valor da multa aplicada foi calculada proporcionalmente ao valor comercializado pela MAEG com a LR MULTIMÍDIA. O Relatório fiscal ao detalhar o valor do lançamento apresenta tabelas contendo os valores lançados e o cálculo proporcional e traz como subsídio para o cálculo diversos planilhas contendo os lançamentos fiscais da MAEG e as transações comerciais realizadas com a LR. O Recurso Voluntário apresenta a alegação que os valores relacionados não correspondem aos valores efetivamente comercializados. Entendo que para solucionar este ponto da discussão é necessário converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem apresente relatório detalhado indicando os números de notas fiscais e as Declarações de importações associadas com os valores comercializados entre a MAEG e a LR MULTIMIDIA. O resultado da diligência deverá ser informado à Recorrente, com prazo para se manifestar de 30 (trinta) dias, prorrogável uma única vez por igual período. Concluída a diligência os autos deverão retornar ao Carf para prosseguimento do julgamento. Fl. 2685DF CARF MF Processo nº 11829.720034/201419 Resolução nº 3201001.294 S3C2T1 Fl. 11 10 Winderley Morais Pereira Fl. 2686DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10855.720023/2008-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. LAUDO DE AVALIAÇÃO.
Acolhem-se os embargos declaratórios para sanar a omissão existente no acórdão recorrido, mediante o complemento das razões pelas quais foi aceito o laudo de avaliação apresentado pelo contribuinte para fins de definição do valor da terra nua.
Numero da decisão: 2401-005.420
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhê-los, sem efeitos modificativos, para sanar a omissão apontada relativa ao VTN.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Andréa Viana Arrais Egypto.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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OMISSÃO. LAUDO DE AVALIAÇÃO. Acolhemse os embargos declaratórios para sanar a omissão existente no acórdão recorrido, mediante o complemento das razões pelas quais foi aceito o laudo de avaliação apresentado pelo contribuinte para fins de definição do valor da terra nua. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 72 00 23 /2 00 8- 01 Fl. 385DF CARF MF Processo nº 10855.720023/200801 Acórdão n.º 2401005.420 S2C4T1 Fl. 386 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhêlos, sem efeitos modificativos, para sanar a omissão apontada relativa ao VTN. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 386DF CARF MF Processo nº 10855.720023/200801 Acórdão n.º 2401005.420 S2C4T1 Fl. 387 3 Relatório Cuidase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional, às fls. 311/312, contra o Acórdão nº 2102001.866, de 13/03/2012, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o qual está juntado às fls. 298/309. 2. O acórdão embargado deu provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer o Valor da Terra Nua (VTN) declarado pelo contribuinte, afastando a utilização do VTN atribuído pelo agente lançador com base nos dados do Sistema de Preços de Terras (SIPT). 3. Alega a embargante a existência de omissão no acórdão recorrido, na medida em que deixou de manifestarse a respeito dos motivos que levaram à aceitação do laudo de avaliação da terra apresentado pelo contribuinte, em detrimento do VTN do lançamento, haja vista as deficiências apontadas pelo agente fazendário, em especial a falta de demonstração das características particulares desvantajosas do imóvel, por meio de comparação qualitativa com as demais terras rurais circunvizinhas. 4. Os autos digitais foram enviados à Procuradoria da Fazenda Nacional em 12/12/2004, que interpôs os embargos de declaração em 17/12/2004 (fls. 310 e 313). 5. Tendo em conta que os embargos foram opostos contra decisão de Turma extinta, assim como a redator originário não mais integra o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a sua admissibilidade foi analisada pelo Presidente da 2ª Seção, a qual o referido colegiado estava subordinado. 6. Recebidos os aclaratórios, determinouse a sua inclusão em pauta de julgamento, após novo sorteio de relatoria, com vistas à devida apreciação para saneamento do vício apontado pela Fazenda Nacional (fls. 326/327). É o relatório Fl. 387DF CARF MF Processo nº 10855.720023/200801 Acórdão n.º 2401005.420 S2C4T1 Fl. 388 4 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator 7. Uma vez preenchidos os requisitos de admissibilidade dos embargos de declaração, passo à avaliação de mérito (art. 65, § 1º, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015). 1 8. Pois bem. Como dito, a Turma deu provimento para restabelecer o VTN declarado pelo contribuinte. Transcrevo na sequência a parte da ementa e do votocondutor sobre a matéria (fls. 298/299 e 307): Ementa (...) O VTN ATRIBUÍDO PELA FISCALIZAÇÃO COM BASE NO SIPT CONSTITUI PRESUNÇÃO RELATIVA, PODENDO SER AFASTADA PELO CONTRIBUINTE, NOTADAMENTE, QUANDO O VALOR POR ELE DECLARADO CONSTITUI SIGNIFICATIVO PERCENTUAL FACE AO APURADO PELA FISCALIZAÇÃO. O VTN atribuído pela fiscalização com base na SIPT constitui presunção relativa, podendo ser afastada pelos contribuintes com documentos que evidenciem circunstancias ou apresentem fatos que justifiquem a declaração da sua improcedência. No presente caso, foi apresentado laudo de avaliação com referencias ao mercado imobiliário, merecendo menção ainda, ao fato do valor declarado constituir um percentual aproximado de 61% do valor apurado pela fiscalização. (...) Voto (Conselheiro Relator Atílio Pitarelli) (...) Quanto ao VTN, não obstante o fato do laudo apresentado pela Recorrente apenas fazer referencias a publicações e consultas a profissionais do ramo imobiliário que atuam na região, entendo que o valor atribuído à área deva ser restabelecido, uma vez que a ela foi atribuído o valor de R$ 21.006,600,00, e apurado pelo autuante, R$ 34.400.128,07 (fl. 169), ou seja, aproximadamente, 61% do valor do SIPT, portanto, longe dos percentuais insignificantes que costumeiramente são atribuídos pelos contribuintes. (...) 1 Tempestividade, conforme §§ 3º, 5º e 6º do art. 7º da Portaria MF nº 527, de 9 de novembro de 2010. Fl. 388DF CARF MF Processo nº 10855.720023/200801 Acórdão n.º 2401005.420 S2C4T1 Fl. 389 5 9. Observo ainda que o relatório do acórdão embargado reproduziu integralmente a descrição dos fatos e as infrações constatadas pela fiscalização, conforme fls. 175/177, permitindo aos julgadores compreender e avaliar os motivos do arbitramento do VTN, a partir de uma exposição detalhada do agente lançador que considerou o preço da terra declarado pelo contribuinte subavaliado (fls. 300/303). 10. É de verse, portanto, que o colegiado, por maioria, não concluiu pela imprestabilidade do laudo de avaliação apresentado pelo contribuinte, a despeito da ressalva de apenas fazer referências a publicações e consultas a profissionais do ramo imobiliário que atuavam na região. De modo implícito, estava dizendo que a falta de comparação qualitativa com as demais terras circunvizinhas, no caso concreto, não tinha a relevância pretendida para o deslinde da questão controvertida. 11. Como elemento de convicção do preço de mercado da terra na data do fato gerador do imposto (01/01/2004), prevaleceu o entendimento de que o laudo de avaliação, em que pese as objeções da fiscalização quanto ao atendimento das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), representava um VTN mais próximo da realidade do preço da terra para aquele imóvel rural, até porque, como destacou o relator, o montante atribuído, longe dos percentuais insignificantes que costumeiramente são pleiteados pelos contribuintes, era equivalente a 61% do valor do SIPT. 12. Qualquer discussão sobre a correção da decisão recorrida quanto à matéria de fundo, que pretenda a Fazenda Nacional, deve ser encaminhada pela via recursal própria, e não mediante os embargos de declaração. 13. Diante disso, cabe acolher os aclaratórios, sem efeitos infringentes, para o fim de complementar as razões que levaram a Turma a acatar o VTN constante do laudo de avaliação apresentado pelo contribuinte. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO e ACOLHO os embargos declaratórios, sem efeitos modificativos, para o fim de sanar a omissão no Acórdão nº 2102001.866, nos termos do voto. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 389DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10240.000562/2004-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 1999
ITR. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DITR. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA.
A entrega intempestiva da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural DITR, antes de iniciado o procedimento fiscal, enseja o lançamento da multa por atraso aplicada sobre o valor do imposto devido informado na declaração, sendo indevida a exigência da referida multa sobre o imposto apurado de ofício que serviu de base para a multa do lançamento de ofício.
Numero da decisão: 2402-006.191
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso, para que o valor lançado seja ajustado de modo que a multa aplicada tome por base o valor declarado pelo contribuinte em sua DITR/DIAC.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 1999 ITR. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DITR. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. A entrega intempestiva da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural DITR, antes de iniciado o procedimento fiscal, enseja o lançamento da multa por atraso aplicada sobre o valor do imposto devido informado na declaração, sendo indevida a exigência da referida multa sobre o imposto apurado de ofício que serviu de base para a multa do lançamento de ofício.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso, para que o valor lançado seja ajustado de modo que a multa aplicada tome por base o valor declarado pelo contribuinte em sua DITR/DIAC. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
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MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DITR. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. A entrega intempestiva da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural DITR, antes de iniciado o procedimento fiscal, enseja o lançamento da multa por atraso aplicada sobre o valor do imposto devido informado na declaração, sendo indevida a exigência da referida multa sobre o imposto apurado de ofício que serviu de base para a multa do lançamento de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso, para que o valor lançado seja ajustado de modo que a multa aplicada tome por base o valor declarado pelo contribuinte em sua DITR/DIAC. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 24 0. 00 05 62 /2 00 4- 16 Fl. 75DF CARF MF 2 Relatório Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, que considerou improcedente a Impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Contra a contribuinte foi lavrado Auto de Infração para o lançamento de multa por atraso na apresentação da DITR/99, no valor principal de R$ 24.300,00, que corresponde a 18% (1% por mês em atraso) do ITR apurado para aquele exercício, na monta de R$ 135.000,00, relativo ao NIRF nº 0.333.6794. Regulamente intimado do lançamento, apresentou Impugnação, que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ. Em seu Recurso Voluntário de fls. 33/44, aduz, em resumo: 1 Que a multa por atraso deveria tomar como base de cálculo o valor declarado pelo próprio contribuinte em sua DITR/99, uma vez que o valor lançado de ofício, sobre o qual teria incidida a multa, ainda estaria com sua exigibilidade suspensa em função de recurso interposto tempestivamente. Assim, eventual lançamento deveria aguardar a definitividade daquele lançamento. Que deve ser aplicado o princípio do indubio pro contribuinte em função da não definitividade do lançamento, fazendo com que a multa deva ser calculada sobre o valor declarado pelo contribuinte, com fulcro no artigo 112 do CTN. 2 Que o lançamento não observou o princípio da legalidade, na medida em que constituiu o imposto sobre áreas de reserva legal, de interesse ecológico e ocupadas com benfeitorias. Discorre ainda sobre demais aspectos do lançamento do principal (ITR), levado a efeito nos autos do processo 10240.000911/200319. Iniciado o julgamento do Recurso Voluntário em 25.03.2009, por meio da Resolução nº 3201.00.006 os autos retornaram à unidade de origem para que se aguardasse a conclusão do processo 10240.000911/200319, que se reporta ao ITR/99, constituído de ofício. Às fls. 142 daqueles autos, consta Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator O contribuinte tomou ciência do acórdão recorrido em 15.10.2007 e apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário em 01.11.2007. Observados os demais requisitos de admissibilidade, dele passo a, parcialmente, conhecer. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10240.000562/200416 Acórdão n.º 2402006.191 S2C4T2 Fl. 3 3 Inicialmente, cumpre destacar que este voto não abordará questões atinentes ao mérito do lançamento consubstanciado naquele PAF 10240.000911/200319, mas tão somente aquelas relativas, especificamente, à multa lançada e aqui discutida. Retornado os autos a este colegiado, pôdese notar concluído o julgamento do recurso voluntário interposto naquele ouro processo, como se extrai da ementa a segui colacionada. Confirase: Fl. 77DF CARF MF 4 Contudo, vale registrar que há, naqueles autos, Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional. Não obstante, o que se discuti aqui é a base de cálculo da multa. Se o valor declarado pelo contribuinte na DITR apresentada em atraso; se o valor lançado pela fiscalização. O artigo 7º da Lei 9.393/96, ao tratar da entrega do DIAC fora do prazo, estabelece que será cobrada multa de 1% (um por cento) ao mês ou fração sobre o imposto devido não inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais), sem prejuízo da multa e dos juros de mora pela falta ou insuficiência de recolhimento do imposto ou quota. Ou seja, a redação, ao tratar da entrega extemporânea daquela declaração, conduz à percepção de que a base de cálculo para a incidência da multa é o valor devido lá declarado e não aquele que por ventura vier a ser apurado por meio de lançamento de oficio. Registrese que para este último (valor lançado), há a previsão da multa de oficio a que alude o artigo 44 da Lei 9.430/96, a teor do § 2º do artigo 14 do diploma encimado 1. Nesse mesmo sentido, o acórdão 920205.163, da 2ª Turma da CSRF, a seguir ementado, por meio do qual, por unanimidade, decidiuse por negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. No caso em exame, noto que a multa foi aplicada tomando por base o valor lançado nos autos do processo 10240.000911/200319. 1 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. § 2º As multas cobradas em virtude do disposto neste artigo serão aquelas aplicáveis aos demais tributos federais. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10240.000562/200416 Acórdão n.º 2402006.191 S2C4T2 Fl. 4 5 Frente ao exposto, voto por CONHECER do recurso e, no mérito, DARLHE provimento parcial, para determinar o ajuste no valor lançado, tomando por base o valor declarado pelo contribuinte em sua DITR/DIAC. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 79DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.903551/2008-11
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. PAGAMENTO DEVIDO.
Não há pagamento indevido quando efetivado nos termos da legislação vigente editada em momento posterior ao trânsito em julgado de decisão judicial.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
IMUNIDADE RECONHECIDA POR DECISÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA. CESSAÇÃO DOS EFEITOS DA COISA JULGADA MATERIAL.
Em se tratando de relação jurídica continuada, alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, cessam automaticamente os efeitos vinculantes da coisa julgada. Aplicação da cláusula rebus sic stantibus, subjacente às decisões de mérito em geral.
Numero da decisão: 9101-003.527
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente) e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado para os impedimentos de conselheiros).
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. PAGAMENTO DEVIDO. Não há pagamento indevido quando efetivado nos termos da legislação vigente editada em momento posterior ao trânsito em julgado de decisão judicial. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 IMUNIDADE RECONHECIDA POR DECISÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA. CESSAÇÃO DOS EFEITOS DA COISA JULGADA MATERIAL. Em se tratando de relação jurídica continuada, alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, cessam automaticamente os efeitos vinculantes da coisa julgada. Aplicação da cláusula rebus sic stantibus, subjacente às decisões de mérito em geral. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente e Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 35 51 /2 00 8- 11 Fl. 454DF CARF MF Processo nº 15374.903551/200811 Acórdão n.º 9101003.527 CSRFT1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente) e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado para os impedimentos de conselheiros). Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte, em face de acórdão onde se analisou pedido de restituição/compensação de IRPJ pago, porém sob os efeitos de decisão judicial transitada em julgado que reconhecia o direito à imunidade dos impostos ao Contribuinte. Decidiu a Turma a quo que "o óbice encontrado pela decisão recorrida consiste no fato de o Supremo Tribunal Federal, em caso alheio ao processo da ora recorrente, ter decidido que as entidades de previdência privada não gozavam da imunidade de impostos de que trata a alínea "c" do inciso VI do art. 150 da CF (sendo este o fundamento da imunidade da recorrente), e que a lei inovadora não encontra limites na sua eficácia em razão de decisão judicial anterior, evitando eternizarse os efeitos da coisa julgada". Desse modo, por entender assistir razão à decisão recorrida, negou provimento ao recurso voluntário. Na origem, tratase de PER/DECOMP apresentado pelo contribuinte, para compensação de tributos com crédito oriundo de IRPJ pago. Para o Contribuinte, o imposto pago o foi por equívoco, na medida em que possuía decisão judicial transitada em julgado reconhecendo sua imunidade da cobrança de todos os impostos, de forma ampla e irrestrita, independente de mudança da legislação infraconstitucional, já que a decisão transitada em julgado no MS n° 90.100712 se fundava em regras constitucionais. No decorrer do processo administrativo, sua pretensão não foi acolhida. Na decisão proferida pelos componentes da Turma a quo, os argumentos da recorrente foram rejeitados sob os seguintes fundamentos: (i) a recorrente gozou da imunidade reconhecida pelo Poder Judiciário, todavia, com a alteração legislativa do art. 1º da Medida Provisória nº 2.222/01, convertida na Lei nº 11.053/04, ficou obrigada ao pagamento do imposto recolhido; (ii) a coisa julgada não obsta que lei nova possa reger a matéria em termos diversos. Irresignado, tempestivamente o Contribuinte apresentou recurso especial de divergência, demonstrando que em casos similares, mais especificamente, casos em que contribuintes que possuíam decisão judicial reconhecendolhes o direito de não recolher a CSLL, por tratarse de tributo cobrado com base em leis inconstitucionais, mesmo havendo decisão do STF e alteração da legislação do tributo posteriores ao trânsito em julgado da respectiva ação, este Tribunal reconheceu eficácia às decisões judiciais. Fl. 455DF CARF MF Processo nº 15374.903551/200811 Acórdão n.º 9101003.527 CSRFT1 Fl. 4 3 No mérito, contribuinte traz ao julgamento entendimento sobre ser aplicável ao caso o RESP 1.118.893, proferido com base no regime do artigo 543C do antigo CPC, onde restou decidido que: (i) o fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade ao próprio controle difuso de constitucionalidade; e (ii) declarada a inexistência de relação jurídicotributária entre o contribuinte e o fisco, mediante declaração de inconstitucionalidade da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, afastase a possibilidade de sua cobrança com base nesse diploma legal, ainda não revogado ou modificado em sua essência. O recurso do Contribuinte foi admitido pelo Presidente da câmara. A Fazenda apresenta contrarrazões, pugnando pela manutenção da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo, Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 9101003.521, de 04/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 15374.901199/2008 80, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Sobre a admissibilidade do Recurso, entendo não haver reparos a serem feitos no despacho de admissibilidade, portanto, dele conheço. Nos presentes autos o contribuinte solicita a restituição do pagamento a maior de IRPJ efetuado em 30/04/2003, relativo ao período de apuração de 31/03/2003. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento, contido no voto vencedor, que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 9101 003.521): "A contribuinte defende que possui imunidade tributária ampla e irrestrita a todo e qualquer imposto, em razão do MS 90.00100712 e dos AG n.1999.02.01.0320250 e n. 2002.02.01.0425528, que por conseqüência, o pagamento de Fl. 456DF CARF MF Processo nº 15374.903551/200811 Acórdão n.º 9101003.527 CSRFT1 Fl. 5 4 IRPJ realizado em 31/01/2002 foi indevido, resultando no crédito a compensar. Inicialmente, cabe um breve resumo acerca da ação judicial citada. O mandado de segurança nº 90.00100712 foi impetrado contra ato do Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, no sentido de não sofrer a incidência do IOF, instituído pela Lei nº 8.033/90. Alegou a impetrante ser imune ao referido imposto em razão de decisão judicial proferida ainda na vigência da Emenda Constitucional nº1, de 17 de outubro de 1969. A segurança foi concedida em 1ª instância, já sob a égide da Constituição Federal de 1988, em sentença proferida em 31 de agosto de 1990, e ratificada no Tribunal Regional Federal da 2ª Região. A União agravou da decisão (AG 1999.02.01.0320250) e o Tribunal negou provimento ao agravo de instrumento e julgou prejudicado o agravo regimental. Transcrevo ementa do voto: EMENTA: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANÇA IMUNIDADE TRIBUTARIA COISA JULGADA. 1. Reconhecida a imunidade tributária da recorrida por sentença transitada em julgada, proferida em mandado de segurança, com base em dispositivo constitucional, não pode a Fazenda Nacional exigir o recolhimento de IOF com base em legislação infraconstitucional superveniente. 2. Inalterada a finalidade para a qual foi constituida e que conduziu ao reconhecimento de sua imunidade tributária, permanece a recorrente ao abrigo da coisa julgada. 3. Agravo de instrumento desprovido e agravo regimental prejudicado. (grifo nosso) Houve ainda outro agravo de instrumento, de nº 2002.02.01.0425528, por parte da Fundação de Seguridade e embargos de declaração no agravo. A União ainda apelou contra essa decisão, porém em 15 de maio de 1991, o tribunal negou provimento ao recurso de apelação. Assim, de fato, não há como se negar que durante um determinado período a recorrente gozou de imunidade tributária reconhecida por força de decisão judicial transitada em julgado. É que há situações que fazem cessar os efeitos da coisa julgada material, como a superveniência de legislação ou as decisões do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso, com eficácia erga omnes. É nesse sentido que se manifesta o Parecer PGFN/CRJ/n. 492/2011 que trata de decisão transitada em julgado relativa à Fl. 457DF CARF MF Processo nº 15374.903551/200811 Acórdão n.º 9101003.527 CSRFT1 Fl. 6 5 relação jurídica tributária continuativa, conforme se pode depreender: 1. A alteração das circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes ao tempo da prolação de decisão judicial voltada à disciplina de uma dada relação jurídica tributária de trato sucessivo faz surgir uma relação jurídica tributária nova, que, por isso, não é alcançada pelos limites objetivos que balizam a eficácia vinculante da referida decisão judicial. Daí por que se diz que, alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, esta naturalmente deixa de produzir efeitos vinculantes, dali para frente, dada a sua natural inaptidão de alcançar a nova relação jurídica tributária. (...) 10. Ocorre que a imutabilidade e a eficácia vinculante da decisão transitada em julgado apenas recairá sobre os desdobramentos futuros da declaração, nela contida, de existência ou inexistência da relação jurídica de direito material sucessiva deduzida em juízo, se e enquanto permanecerem inalterados os suportes fático e jurídico existentes ao tempo da sua prolação, ou seja, se e enquanto continuarem ocorrendo aqueles mesmos fatos e continuar a incidir (ou a não incidir) aquela mesma norma sob os quais o juízo de certeza se formou. Alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, o que se faz possível em face da natureza conhecidamente dinâmica dos fatos e do direito, essa decisão naturalmente deixa de produzir efeitos vinculantes, dali para frente; tratase da cláusula rebus sic stantibus subjacente às sentenças em geral, com especial destaque àquelas que se voltam à disciplina de relações jurídicas de trato continuado.(Grifei) Aplicase, portanto, a cláusula rebus sic stantibus, onde se conserva o instituto da coisa julgada com seu caráter de imutabilidade até que sobrevenham mudanças fáticas e jurídicas, que tornam imperativo o devido ajuste às relações tributárias de trato sucessivo. Ademais, é preciso ter em conta o aspecto de a imunidade ser matéria constitucional e sendo o STF o “Guardião da Constituição”, seu pronunciamento em caráter definitivo afasta qualquer dúvida sobre a constitucionalidade/inconstitucionalidade de uma norma. Como bem observado no citado Parecer PGFN/CRJ nº 492/2011, após 3 de maio de 2007 (data da alteração regimental do STF, introduzindo as disposições da Lei nº 11.418, de 2006), possuem essa característica de alterar o sistema jurídico pátrio declarando a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma norma, os precedentes do STF formados: Fl. 458DF CARF MF Processo nº 15374.903551/200811 Acórdão n.º 9101003.527 CSRFT1 Fl. 7 6 iii) quando anteriores a 3 de maio de 2007, aqueles formados em sede de controle difuso de constitucionalidade, seguidos, ou não, de Resolução Senatorial, desde que, nesse último caso, tenham sido oriundos do Plenário do STF e sejam confirmados em julgamentos posteriores da Suprema Corte. Ainda, de acordo com as conclusões do Parecer, após vasto estudo pautado na doutrina e regimento interno do STF: (iii) o advento de precedente objetivo e definitivo do STF configura circunstância jurídica nova apta a fazer cessar a eficácia vinculante das anteriores decisões tributárias transitadas em julgado que lhe forem contrárias; De acordo com o vasto estudo reproduzido nesse Parecer, antes de março de 2007, as decisões proferidas pelo STF em controle difuso sobre uma determinada questão constitucional, mesmo que não submetidas a Resolução Senatorial, se proferidas pelo Plenário, e cujo entendimento tenha sido reafirmado em diversos julgados posteriores, também têm esse efeito. No caso em apreço, como bem reconheceu tanto a decisão de 1ª instância, quanto a de 2ª instância, a despeito das decisões judiciais que haviam a favor da contribuinte, em sessão de 08/11/2001, portanto após essas decisões judiciais citadas, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu (RE 202700/DF) que as entidades que as entidades de previdência privada não gozavam da imunidade de impostos de que trata a alínea “c” do inciso VI do art. 150 da CF, que foi a mesma base legal citada pelas decisões judiciais transitadas em julgado. Por oportuno, reproduzo ementa do acórdão: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. INEXISTÊNCIA. 1. Entidade fechada de previdência privada. Concessão de benefícios aos filiados mediante recolhimento das contribuições pactuadas. Imunidade tributária. Inexistência, dada a ausência das características de universalidade e generalidade da prestação, próprias dos órgãos de assistência social. 2. As instituições de assistência social, que trazem ínsito em suas finalidades a observância ao princípio da universalidade, da generalidade e concede benefícios a toda coletividade, independentemente de contraprestação, não se confundem e não podem ser comparadas com as entidades fechadas de previdência privada que, em decorrência da relação contratual firmada, apenas contempla uma categoria específica, ficando o gozo dos benefícios previstos em seu estatuto social dependente do recolhimento das contribuições avençadas, conditio sine qua non para a respectiva integração no sistema. Recurso extraordinário conhecido e provido. (Grifei) Fl. 459DF CARF MF Processo nº 15374.903551/200811 Acórdão n.º 9101003.527 CSRFT1 Fl. 8 7 Acerca dos julgados posteriores que corroboram esse entendimento, nada mais flagrante do que a Sumula STF n. 730, que assim dispõe: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. No caso em comento, a própria recorrente declara ser mantida pelas contribuições da sua patrocinadora e dos seus participantes (conforme se pode depreender do item 2 do seu recurso especial), sendo assim não atenderia aos requisitos para imunidade. Aliás, o próprio Tribunal Regional Federal da 2ª Região, quando negou provimento ao recurso de apelação no Mandado de Segurança em apreço, proferiu decisão que, após a manifestação do STF, é flagrantemente contrária a essa. Por oportuno, transcrevo a ementa: ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADAS As entidades fechadas de previdência privada, embora cobrando das seus associados contribuições mensais, a título de remuneração pelos serviços prestadas, gozam de imunidade tributária. Basta que atendam aos requisitos do artigo 14 do Código Tributário Nacional, nao se restringindo o benefício à entidades beneficentes. (Negritei) Logo, somente essa decisão do Plenário do STF e a jurisprudência reiterada já seriam suficientes para alterar os efeitos da coisa julgada material relativa às decisões transitadas em julgado a favor da contribuinte. A recorrente argumenta, a partir da decisão nos autos do REsp nº 1.118.893MG, de 23/3/2011, que a mudança de entendimento do STF nada poderia alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada. Contudo, é preciso esclarecer que esse entendimento do Ministro Arnaldo Esteves Lima é no sentido de que o pronunciamento do STF não pode retroagir. Não tratou o STJ, naquele caso, dos efeitos prospectivos da decisão do STF. É flagrante no voto do Ministro que o valor perquirido foi a segurança jurídica daqueles que se comportaram segundo uma decisão transitada em julgado em controle difuso, consoante trecho que ora transcrevo: “Outrossim, o fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena Fl. 460DF CARF MF Processo nº 15374.903551/200811 Acórdão n.º 9101003.527 CSRFT1 Fl. 9 8 de negar validade à própria existência do controle difuso de constitucionalidade, fragilizando, sobremodo, a res judicata, com imensurável repercussão negativa no seio social.” Da mesma forma, analisandose o RE 730.462/SP, julgado sob o rito da Repercussão Geral, podese verificar que o bem tutelado foi a segurança jurídica e que na dicção do Relator, Min. Teori Zavascki, em relação aos fatos geradores ocorridos após a publicação de pronunciamento do STF em sede de controle concentrado, não há que se falar em eficácia da sentença judicial contrária a esse pronunciamento. Ou seja, para fatos geradores anteriores, seria necessária uma ação rescisória para fazer cessar os efeitos da coisa julgada material; contudo, para o futuro, tal ação é prescindível. Por oportuno, transcrevo trechos do voto para demonstrar essa conclusão, fazendo grifos das partes que considero importantes: 4. É importante distinguir essas duas espécies de eficácia (a normativa e a executiva), pelas consequências que operam em face das situações concretas. A eficácia normativa (= declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade) se opera ex tunc, porque o juízo de validade ou nulidade, por sua natureza, dirigese ao próprio nascimento da norma questionada. Todavia, quando se trata da eficácia executiva, não é correto afirmar que ele tem eficácia desde a origem da norma. É que o efeito vinculante, que lhe dá suporte, não decorre da validade ou invalidade da norma examinada, mas, sim, da sentença que a examina. Derivando, a eficácia executiva, da sentença (e não da vigência da norma examinada), seu termo inicial é a data da publicação do acórdão do Supremo no Diário Oficial (art. 28 da Lei 9.868/1999). É, consequentemente, eficácia que atinge atos administrativos e decisões judiciais supervenientes a essa publicação, não atos pretéritos. Os atos anteriores, mesmo quando formados com base em norma inconstitucional, somente poderão ser desfeitos ou rescindidos, se for o caso, em processo próprio. Justamente por não estarem submetidos ao efeito vinculante da sentença, não podem ser atacados por simples via de reclamação. É firme nesse sentido a jurisprudência do Tribunal: “Inexiste ofensa à autoridade de pronunciamento do Supremo Tribunal Federal se o ato de que se reclama é anterior à decisão emanada da Corte Suprema. A ausência de qualquer parâmetro decisório, previamente fixado pelo Supremo Tribunal Federal, torna inviável a instauração de processo de reclamação, notadamente porque inexiste o requisito necessário do interesse de agir” (Rcl 1723 AgRQO, Min. Celso de Mello, Pleno, DJ de 6.4.2001). No mesmo sentido: Rcl 5388 AgR, Min. Roberto Barroso, 1ª Turma, DJe de 23.10.14; Rcl. 12741 AgR, 2ª Turma, Min. Ricardo Fl. 461DF CARF MF Processo nº 15374.903551/200811 Acórdão n.º 9101003.527 CSRFT1 Fl. 10 9 Lewandowski, DJe de 18.9.201; Rcl 4962, Min. Cármen Lúcia, 2ª Turma, DJe 25.6.2014). 5. Isso se aplica também às sentenças judiciais anteriores. Sobrevindo decisão em ação de controle concentrado declarando a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo, nem por isso se opera a automática reforma ou rescisão das sentenças anteriores que tenham adotado entendimento diferente. Conforme asseverado, o efeito executivo da declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade deriva da decisão do STF, não atingindo, consequentemente, atos ou sentenças anteriores, ainda que inconstitucionais. Para desfazer as sentenças anteriores será indispensável ou a interposição de recurso próprio (se cabível), ou, tendo ocorrido o trânsito em julgado, a propositura da ação rescisória, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo prazo decadencial (CPC, art. 495). Ressalva se desse entendimento, quanto à indispensabilidade da ação rescisória, a questão relacionada à execução de efeitos futuros da sentença proferida em caso concreto, notadamente quando decide sobre relações jurídicas de trato continuado, tema de que aqui não se cogita. Interessante notar que o novo Código de Processo Civil (Lei 13.105, de 16.3.2015), com vigência a partir de um ano de sua publicação, traz disposição explícita afirmando que, em hipóteses como a aqui focada, “caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal” (art. 525, § 12 e art. 535, § 8º). No regime atual, não há, para essa rescisória, termo inicial especial, o qual, portanto, se dá com o trânsito em julgado da decisão a ser rescindida (CPC, art. 495). No caso dos autos, a decisão Plenária do STF é de 2001 e a contribuinte passou a recolher em 2002! Daí porque descabe falar em ofensa ao princípio da segurança jurídica. É importante registrar, portanto, que sequer se pode cogitar em ofensa ao art. 62 do RICARF, como quer entender a recorrente, porque aquela decisão do STJ decidiu outra lide (CSLL), em outro contexto (analisou apenas os dispositivos então vigentes naquele processo) e ainda assim, não emana entendimento divergente do que estou adotando, porque tutela a conduta do contribuinte relativa a fatos anteriores à mudança de entendimento do STF. Mas além disso, é importante destacar que a ação judicial era de natureza mandamental, ou seja, não propriamente uma ação de conhecimento, e que por meio desta foi concedida a segurança para garantir a imunidade da contribuinte em relação ao IOF. Ou seja, o pedido inicial nos autos do MS n.90. 00100712 foi no sentido de não ser impelida ao pagamento do IOF pelo Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, logo não caberia a Fl. 462DF CARF MF Processo nº 15374.903551/200811 Acórdão n.º 9101003.527 CSRFT1 Fl. 11 10 ampliação dos efeitos da coisa julgada para além do que foi demandado. A recorrente argumenta que obteve decisões de agravo e trechos de ofício, os quais conferem imunidade a todo e qualquer imposto. No entanto, no que diz respeito ao conteúdo dos ofícios, convém registrar que sequer são decisões judiciais. Quanto às decisões proferidas em sede dos recursos de agravo de instrumento e agravo regimental, tratamse de decisões interlocutórias no processo. E, a respeito da coisa julgada, que é tratada na seção V, do capítulo XIII do livro I da parte especial no Novo Código de Processo Civil – NCPC, cumpre observar: Seção V Da Coisa Julgada Art. 502. Denominase coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. (Destaquei) Portanto, a coisa julgada se dá nas decisões de mérito proferidas no processo e não nas decisões interlocutórias. Por conseguinte, não há que se falar em efeitos da coisa julgada em relação a decisões interlocutórias, muito menos em relação ao conteúdo dos ofícios emitidos pelas autoridades judiciais. Ainda em relação à coisa julgada, merecem destaque os arts. 503 e 505, do NCPC: Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. (...) Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo: I se, tratandose de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II nos demais casos prescritos em lei. Ou seja, conforme o citado art. 503, a decisão judicial de mérito tem força de lei, jamais de norma constitucional. Por conseguinte, a lei nova ou uma medida provisória podem fazer cessar os efeitos da coisa julgada, ainda que o objeto da demanda judicial tenha interpretado matéria constitucional. E, à luz do art. 505, sobrevindo modificação de direito, descabe falar de eficácia da coisa julgada. Fl. 463DF CARF MF Processo nº 15374.903551/200811 Acórdão n.º 9101003.527 CSRFT1 Fl. 12 11 Na esteira, então da legislação superveniente, temse a MP nº 2.222/01, convertida posteriormente na Lei nº 11.053/2004, que inovou o estado de direito e fez cessar quaisquer efeitos da coisa julgada porventura existentes em relação ao IRPJ. Nesse sentido, transcrevo o art. 1º da referida MP: Art. 1º A partir de 1º de janeiro de 2002, os rendimentos e ganhos auferidos nas aplicações de recursos das provisões, reservas técnicas e fundos de entidades abertas de previdência complementar e de sociedades seguradoras que operam planos de benefícios de caráter previdenciário, ficam sujeitos à incidência do imposto de renda de acordo com as normas de tributação aplicáveis às pessoas físicas e às pessoas jurídicas não financeiras. Parágrafo único. O imposto correspondente à parcela do rendimento ou ganho apropriada ao participante ou assistido pelo plano não pode ser compensado com qualquer imposto ou contribuição devido pelas pessoas jurídicas referidas neste artigo ou pela pessoa física participante ou assistida. Logo, ainda que se entendesse que a decisão transitada em julgado nos autos do MS n. 90. 00100712 abrangeria outros impostos, como o imposto de renda, a coisa julgada encontra outros limites para o IRPJ, dada a edição da MP nº 2.222/01, como bem compreendera a contribuinte, quando passou a recolher o tributo que depois entendeu ser indevido e que é objeto da presente lide. Relativamente à afirmação do acórdão recorrido de que, nos termos da LC nº 73/93, o CARF estaria vinculado ao entendimento exarado no Parecer PGFN/CRJ/nº 492/2011, alega a recorrente que, de acordo como art. 18, inciso XXII do Regimento Interno do CARF (Portaria nº 256/2009), somente há obrigatoriedade de observância a parecer quando este for emitido pela Advocacia Geral da União e aprovado pela Presidência da República, nos termos do art. 40, combinado com o art. 41 da referida LC nº 73/93. De fato, entendo que o CARF não está vinculado a referido parecer; entretanto, por concordar com as conclusões nele exaradas quanto à cessação dos efeitos da coisa julgada material nas relações jurídicas tributárias continuativas é que o utilizo na fundamentação do presente acórdão. Quanto ao fato de a contribuinte ter se declarado isenta e não imune, penso que esse argumento utilizado pelas decisões anteriores é irrelevante ao deslinde da matéria. Pelo exposto, entendo que o pagamento do IRPJ era devido nos termos do art.1º da MP n.2222/01, posto que editada posteriormente ao trânsito em julgado do mandamus, e que, portanto, não há pagamento indevido a justificar o pedido de compensação objeto do presente processo. Conclusão Fl. 464DF CARF MF Processo nº 15374.903551/200811 Acórdão n.º 9101003.527 CSRFT1 Fl. 13 12 Em face do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de compensação objeto da presente lide. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de compensação objeto da presente lide. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 465DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10840.904929/2011-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010
RESSARCIMENTO. PENDÊNCIA JUDICIAL.
É vedado o ressarcimento à pessoa jurídica com processo judicial em que a decisão definitiva a ser proferida pelo Poder Judiciário possa alterar o valor do ressarcimento solicitado.
RESSARCIMENTO. SALDO CREDOR.
Tendo o saldo credor de IPI do trimestre sido reduzido em decorrência de procedimento fiscal, é este (novo) saldo que deve ser usado para a compensação dos débitos apresentados em Dcomp.
Numero da decisão: 3301-004.481
Decisão: Recurso Voluntário Negado
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, por concomitância entre as esferas administrativa e judicial, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
José Henrique Mauri - Presidente Substituto.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Liziane Angelotti Meira- Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques DOliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semiramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Valcir Gassen e José Henrique Mauri (Presidente Substituto).
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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decisao_txt : Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, por concomitância entre as esferas administrativa e judicial, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) José Henrique Mauri - Presidente Substituto. (ASSINADO DIGITALMENTE) Liziane Angelotti Meira- Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques DOliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semiramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Valcir Gassen e José Henrique Mauri (Presidente Substituto).
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PENDÊNCIA JUDICIAL. É vedado o ressarcimento à pessoa jurídica com processo judicial em que a decisão definitiva a ser proferida pelo Poder Judiciário possa alterar o valor do ressarcimento solicitado. RESSARCIMENTO. SALDO CREDOR. Tendo o saldo credor de IPI do trimestre sido reduzido em decorrência de procedimento fiscal, é este (novo) saldo que deve ser usado para a compensação dos débitos apresentados em Dcomp. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, por concomitância entre as esferas administrativa e judicial, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) José Henrique Mauri Presidente Substituto. (ASSINADO DIGITALMENTE) Liziane Angelotti Meira Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 90 49 29 /2 01 1- 32 Fl. 292DF CARF MF Processo nº 10840.904929/201132 Acórdão n.º 3301004.481 S3C3T1 Fl. 293 2 Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D’Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semiramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Valcir Gassen e José Henrique Mauri (Presidente Substituto). Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório elaborado pela decisão recorrida (fls. 185/201), abaixo transcrito: Tratase de manifestação de inconformidade, apresentada pela requerente, ante Despacho Decisório Eletrônico de autoridade da Delegacia da Receita Federal do Brasil que não homologou a compensação declarada, no valor de R$ 26.974,29, por ser inexistente o crédito utilizado nesta compensação, em decorrência de glosa de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. O Fisco esclareceu que a ação fiscal, que deu origem ao auto de infração (processo administrativo nº 13603.724419/201174), teve por objeto a verificação de créditos e compensações referentes a diversos pedidos de ressarcimento de créditos de lPI apresentados pelo contribuinte. Relatou que a empresa em comento ingressou com Ação de Rito Ordinário com pedido de Antecipação de Tutela em face da União (Fazenda Nacional) distribuída perante a 6a vara da Justiça Federal de São Paulo em 16/10/2003, sob n° 2003.61.00.0295233, visando o não recolhimento do IPI incidente sobre os produtos destinados à alimentação de cães e gatos fabricados por ela e acondicionados em embalagens com capacidade superior a 10Kg, alegando flagrante ilegalidade e inconstitucionalidade do Decreto n° 4.542/02 e posteriores, que viessem em dissonância ao Decreto Lei n° 400/68. Obtida a tutela antecipada e sentença favorável, o Fisco decidiu proceder ao lançamento para evitar o transcurso do prazo decadencial, já que a empresa não fez o destaque nem escriturou o IPI devido nas saídas em comento. Os valores de IPI não destacados em cada período foram utilizados no procedimento de reconstituição da escrita fiscal do contribuinte, de modo a apurar os verdadeiros saldos devedores e/ou credores que deveriam estar escriturados nos Livros de Registro de Apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados (LAIPI) no período fiscalizado.Os valores de IPI não destacados em cada período foram utilizados no procedimento de reconstituição da escrita fiscal do contribuinte, de modo a apurar os verdadeiros saldos devedores e/ou credores que deveriam estar escriturados nos Livros de Registro de Apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados (LAIPI) no período fiscalizado. Em decorrência do auto de infração, verificouse alterações nos saldos da escrita fiscal, resultando no aparecimento de saldos devedores até então inexistentes ou na redução de saldos credores apurados pelo contribuinte, o que teve influência nos valores de ressarcimento pleiteados. Fl. 293DF CARF MF Processo nº 10840.904929/201132 Acórdão n.º 3301004.481 S3C3T1 Fl. 294 3 Regularmente cientificada da nãohomologação da compensação, a empresa apresentou manifestação de inconformidade, encaminhada pelo órgão de origem como tempestiva, na qual, em síntese, fez as seguintes considerações: 1. No que tange a saída de produtos destinados à alimentação de cães e gatos acondicionados em embalagens com capacidade superior a 10Kg, a requerente, a partir do 3o decêndio de outubro/03, buscou autorização judicial para não incidência do IPI sobre esses produtos, face a flagrante ilegalidade e inconstitucionalidade da legislação que o instituiu, qual seja, Decreto n° 4.542/02. Em razão disso, a requerente acumulou saldo credor de IPI, o que lhe permite, a cada trimestre calendário, utilizálo em compensações com débitos de outros tributos federais administrados pela Receita Federal do Brasil. Portanto é legítima a compensação, nos termos autorizados pelo artigo 170 do Código Tributário Nacional, combinado com o artigo 74 da Lei n° 9.430/96, com redação conferida pela Lei n° 10.637/02 e artigo n°. 26 e seguintes da Instrução Normativa SRF n° 600/2005, vigente à época das compensações. Deveria ser, portanto, declarada homologada a compensação dos créditos de IPI que a requerente efetuou com seu débito de COFINS de junho de 2006, vez que possuía saldo credor suficiente. 2. A Delegacia da Receita Federal, em 09/12/2011, lavrou o Auto de Infração e Imposição de Multa Processo Administrativo MPF n° 0611000/00639/11, visando prevenir a decadência do crédito tributário de IPI sobre produtos destinados à alimentação de cães e gatos fabricados pela requerente, acondicionados em embalagens com capacidade superiora 10Kg, sendo assim, imperioso que o julgamento da presente Manifestação de Inconformidade aguarde o julgamento da referida Impugnação Administrativa, pois, certamente a mesma será julgada totalmente procedente, com o conseqüente cancelamento do Auto de Infração e o restabelecimento da Escrita Fiscal, o que ensejará a homologação da presente compensação em sua integralidade. 3. A Ação Ordinária n° 2003.61.00.0295233 em nada poderá alterar os valor pleiteado na presente compensação, vez que, conforme bem demonstrado anteriormente, o saldo credor utilizado pela requerente foi derivado de aquisição de matérias primas, produtos industrializados e materiais de embalagem, nos termos do artigo 11 da Lei n° 9.779/99, não tendo nenhuma pertinência com a referida Ação. É certo que se ao final a Ação Ordinária n° 2003.61.00.0295233 for julgada improcedente, a DRF terá o direito de exigir os valores de IPI não destacados nas Notas Fiscais de saída, motivo pelo qual a legislação prevê a possibilidade de se lavrar o Auto de Infração com a exigibilidade suspensa, com a finalidade de prevenir a decadência. 4. Evidente que a requerente, mediante autorização judicial a qual foi concedida em sede de antecipação de tutela, não deveria proceder ao destaque do IPI em suas Notas Fiscais de saída e por conseqüência, deveria seguir com sua Escrita Fiscal, sob pena de perder o objeto a referida Ação. Totalmente descabida a Fl. 294DF CARF MF Processo nº 10840.904929/201132 Acórdão n.º 3301004.481 S3C3T1 Fl. 295 4 pretensão da DRF no sentido de que a Requerente não poderia utilizar os saldos credores apresentados ao final dos trimestres calendários, pois se assim fosse, estaria desconsiderando a decisão judicial que lhe foi concedida. 5. Da mesma forma, resta cristalino que a DRF está descumprindo determinação judicial contida na Ação Ordinária n° 2003.61.00.0295233, qual seja, absterse de exigir da Requerente o IPI sobre alimentação de cães e gatos acondicionados em embalagens acima de dez quilos. 6. Verificase que a compensação procedida pela Requerente está em consonância com a legislação pertinente sobre a matéria, haja vista ser o crédito legítimo. Por fim, solicitou seja recebida e acolhida a Manifestação de Inconformidade apresentada a fim de reformar integralmente o Despacho Decisório proferido nos autos, uma vez que amplamente comprovado que a Requerente possuía crédito de IPI passível de ser compensado e protestou pela produção de todas as demais provas admitidas em direito, inclusive, a oral. Analisada a manifestação de inconformidade, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP), julgou improcedente, conforme Acórdão nº 1448.980 8ª Turma da DRJ/RPO, com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2010 a 31/03/2010 RESSARCIMENTO. PENDÊNCIA JUDICIAL. É vedado o ressarcimento à pessoa jurídica com processo judicial em que a decisão definitiva a ser proferida pelo Poder Judiciário possa alterar o valor do ressarcimento solicitado. RESSARCIMENTO. SALDO CREDOR. Tendo o saldo credor de IPI do trimestre sido reduzido em decorrência de procedimento fiscal, é este (novo) saldo que deve ser usado para a compensação dos débitos apresentados em Dcomp. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Foi apresentado Recurso Voluntário, no qual se alegou, em síntese: · que a Recorrente estava amparada por decisão judicial que autorizava a não incidência do IPI sobre produtos destinados à alimentação de cães e gatos acondicionados em embalagens com capacidade superior a 10 kg; · indevida reconstituição da escrita fiscal em razão da não incidência do IPI sobre produtos destinados à alimentação de cães e gatos acondicionados em embalagens com capacidade superior a 10 kg; · impossível a glosa dos créditos de IPI em razão da mencionada decisão judicial; e Fl. 295DF CARF MF Processo nº 10840.904929/201132 Acórdão n.º 3301004.481 S3C3T1 Fl. 296 5 · não incidência de IPI sobre produtos enquadrados na posição 2309.10.00 da TIPI; · inaplicabilidade do art. 20 da IN RFB no 600/2005; · necessidade de julgamento simultâneo ao processo no 0611000/639/11 Posteriormente, a Recorrente junta aos autos a informação de que, após a interposição do Recurso Voluntário, a Ação Anulatória no 0029523662003.4.03.6100 transitou em julgado de forma favorável às suas pretensões. É o relatório. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. Quanto ao pedido de de julgamento simultâneo do processo no 0611000/639/11 (na verdade, este é o número do Mandado de Procedimento Fiscal), cumpre anotar que os processos conexos estão sendo julgamos neste mesma sessão, a saber: 13603.724419/201174 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904913/201120 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904915/201119 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904916/201163 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904917/201116 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904918/201152 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904919/201105 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904920/201121 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904921/201176 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904922/201111 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904923/201165 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904924/201118 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904925/201154 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904926/201107 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904927/201143 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904928/201198 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904929/201132 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA 10840.904930/201167 EVIALIS DO BRASIL NUTRICAO ANIMAL LTDA A Recorrente alegou que o fato de possuir tutela antecipada na Ação Ordinária n° 2003.61.00.0295233 lhe garante o não destaque do IPI nas notas fiscais, a não escrituração destes valores no livro de apuração de IPI e o conseqüente saldo credor nele Fl. 296DF CARF MF Processo nº 10840.904929/201132 Acórdão n.º 3301004.481 S3C3T1 Fl. 297 6 apurado para ressarcimento, ou seja, que tem o direito líquido e certo ao ressarcimento em discussão. Defende, nesse sentido, inaplicabilidade do art. 20 da IN RFB no 600/2005, e o seu direito de destacar o IPI em suas notas fiscais de saída, em decorrência da ação judicial. Cabe, contudo, colacionar o art. 20 da IN mencionada (que regulava a matéria na época): Art. 20. É vedado o ressarcimento a estabelecimento pertencente a pessoa jurídica com processo judicial ou com processo administrativo fiscal de determinação e exigência de crédito do IPI cuja decisão definitiva, judicial ou administrativa, possa alterar o valor a ser ressarcido. Parágrafo único. Ao requerer o ressarcimento, o representante legal da pessoa jurídica deverá prestar declaração, sob as penas da lei, de que a pessoa jurídica não se encontra na situação mencionada no caput. Importante também transcrever o artigo que exige, mesmo para o caso de decisão judicial definitiva, a habilitação do crédito: Art. 51. Na hipótese de crédito reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, a Declaração de Compensação, o Pedido Eletrônico de Restituição e o Pedido Eletrônico de Ressarcimento, gerados a partir do Programa PER/DCOMP, somente serão recepcionados pela SRF após prévia habilitação do crédito pela Delegacia da Receita Federal (DRF), Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária (Derat) ou Delegacia Especial de Instituições Financeiras (Deinf) com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo. § 1º A habilitação de que trata o caput será obtida mediante pedido do sujeito passivo, formalizado em processo administrativo instruído com: I o formulário Pedido de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado, constante do Anexo V desta Instrução Normativa, devidamente preenchido; II a certidão de inteiro teor do processo expedida pela Justiça Federal; III a cópia do contrato social ou do estatuto da pessoa jurídica acompanhada, conforme o caso, da última alteração contratual em que houve mudança da administração ou da ata da assembléia que elegeu a diretoria; IV cópia dos atos correspondentes aos eventos de cisão, incorporação ou fusão, se for o caso; V a cópia do documento comprobatório da representação legal e do documento de identidade do representante, na hipótese de pedido de habilitação do crédito formulado por representante legal do sujeito passivo; e Fl. 297DF CARF MF Processo nº 10840.904929/201132 Acórdão n.º 3301004.481 S3C3T1 Fl. 298 7 VI a procuração conferida por instrumento público ou particular e cópia do documento de identidade do outorgado, na hipótese de pedido de habilitação formulado por mandatário do sujeito passivo. § 2º O pedido de habilitação do crédito será deferido pelo titular da DRF, Derat ou Deinf, mediante a confirmação de que: I o sujeito passivo figura no pólo ativo da ação; II a ação tem por objeto o reconhecimento de crédito relativo a tributo ou contribuição administrados pela SRF; III houve reconhecimento do crédito por decisão judicial transitada em julgado; IV foi formalizado no prazo de 5 anos da data do trânsito em julgado da decisão; e V na hipótese de ação de repetição de indébito, houve a homologação pelo Poder Judiciário da desistência da execução do título judicial ou a comprovação da renúncia à sua execução, bem assim a assunção de todas as custas e os honorários advocatícios referentes ao processo de execução. § 3º Constatada irregularidade ou insuficiência de informações nos documentos a que se referem os incisos I a V do § 1º, o requerente será intimado a regularizar as pendências no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de ciência da intimação. § 4º No prazo de 30 (trinta) dias, contado da data da protocolização do pedido ou da regularização de pendências de que trata o § 3º, será proferido despacho decisório sobre o pedido de habilitação do crédito. § 5º Será indeferido o pedido de habilitação do crédito nas seguintes hipóteses: I não forem atendidos os requisitos constantes nos incisos I a V do § 2º; ou II as pendências a que se refere o § 3º não forem regularizadas no prazo nele previsto. § 6º O deferimento do pedido de habilitação do crédito não implica homologação da compensação ou o deferimento do pedido de restituição ou de ressarcimento. Seguimos o entendimento da decisão recorrida de não há qualquer direito ao ressarcimento deferido pela sentença judicial não definitiva. De acordo com o art. 170A do CTN, é defeso efetuar compensações de débitos mediante aproveitamento de tributo objeto de contestação judicial em trâmite, ou seja, ainda não julgado definitivamente. Ou seja, só há crédito oponível à Fazenda Pública com o desfecho em definitivo favorável ao particular da demanda judicial. Fl. 298DF CARF MF Processo nº 10840.904929/201132 Acórdão n.º 3301004.481 S3C3T1 Fl. 299 8 Conforme se destacou na decisão recorrida, o direito pretendido com a ação judicial somente será liquido e certo quando a sentença, se favorável ao contribuinte, transitar em julgado e operar seus efeitos. No entanto, este direito, não respaldava o ressarcimento, que era expressamente vedado pelo art. 20 da IN SRF nº 600, de 2005 (disposição idêntica encontrase vigente no art. 42 da IN RFB nº 1717, de 2017). Dessa forma, adotase o entendimento da decisão recorrida de que somente é permitido o ressarcimento do imposto após a utilização dos créditos de IPI escriturados pelo contribuinte na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados, além de ser vedado o ressarcimento a estabelecimento pertencente a pessoa jurídica com processo judicial ou com processo administrativo fiscal de determinação e exigência de crédito do IPI cuja decisão definitiva, judicial ou administrativa, possa alterar o valor a ser ressarcido. Portanto, a matéria discutida na ação judicial altera o valor do saldo de IPI apurado nos trimestres em referência e, consequentemente, correto o procedimento do Fisco que refez a escrita fiscal, incluindo os débitos discutidos judicialmente, para calcular o real saldo (devedor/credor) dos trimestres analisados. Por outro lado, mesmo que se concordasse com a Recorrente, contrariamente a determinação expressa da legislação, que ela poderia utilizar créditos com fulcro em decisão judicial não transitada em julgado, ela estaria sujeita à habilitação do seu crédito, o que não efetuou. O cumprimento dessa obrigação acessória é imprescindível para que o Fisco tenha conhecimento e controle deste crédito e é condição para o exercício do direito de creditamento. Portanto, ainda que se adotasse este entendimento, defendido pela Recorrente o qual não adotamos deveria ser mantida a glosa por falta de habilitação do crédito. Dessarte, mantémse, por seus próprios fundamentos, o entendimento constante da decisão recorrida. Quanto à informação juntada pela Recorrente de que houve trânsito em julgado em seu favor na Ação Anulatória no 0029523662003.4.03.6100, não há efeito direto sobre o presente processo administrativo. Não se pode tratar aqui do mérito levado ao Judiciário, pois, conforme a Súmula nº 1 do CARF, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Diante do exposto, proponho manter integralmente a decisão recorrida e voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Liziane Angelotti Meira Relatora Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10840.904929/201132 Acórdão n.º 3301004.481 S3C3T1 Fl. 300 9 Fl. 300DF CARF MF
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Numero do processo: 13893.000574/2002-92
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/1996 a 28/02/1997
PIS. TERMO A QUO DO PEDIDO ADMINISTRATIVO DECADÊNCIA/PRESCRIÇÃO. UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. TRIBUNAIS SUPERIORES. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF (ART. 62, § 2º, Anexo II, DO RICARF). IRRETROATIVIDADE DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. PEDIDO FORMULADO ANTES DE 09/06/2005. SÚMULA CARF 91.
Em conformidade com a jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e corroborada pelo Supremo Tribunal Federal, a propósito da inconstitucionalidade da parte final do art. 4° da LC 118/2005, que prevê a aplicação retroativa dos preceitos de referido Diploma Legal, tratando-se de pedido de restituição de tributos, in casu, formulado anteriormente à vigência de aludida Lei Complementar, o prazo a ser observado é de 10 anos (tese dos 5 + 5), contando-se a partir do fato gerador, pois o pedido foi formulado anteriormente a 9.6.05.
Numero da decisão: 9303-006.753
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de Origem.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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RESTITUIÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. Recorrente PÃES E DOCES VILA JOIA LTDA ME Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/1996 a 28/02/1997 PIS. TERMO A QUO DO PEDIDO ADMINISTRATIVO DECADÊNCIA/PRESCRIÇÃO. UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. TRIBUNAIS SUPERIORES. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF (ART. 62, § 2º, Anexo II, DO RICARF). IRRETROATIVIDADE DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. PEDIDO FORMULADO ANTES DE 09/06/2005. SÚMULA CARF 91. Em conformidade com a jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e corroborada pelo Supremo Tribunal Federal, a propósito da inconstitucionalidade da parte final do art. 4° da LC 118/2005, que prevê a aplicação retroativa dos preceitos de referido Diploma Legal, tratandose de pedido de restituição de tributos, in casu, formulado anteriormente à vigência de aludida Lei Complementar, o prazo a ser observado é de 10 anos (tese dos 5 + 5), contandose a partir do fato gerador, pois o pedido foi formulado anteriormente a 9.6.05. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de Origem. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 3. 00 05 74 /2 00 2- 92 Fl. 769DF CARF MF Processo nº 13893.000574/200292 Acórdão n.º 9303006.753 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo contra Acórdão nº 29100.145, que negou provimento ao recurso voluntário. O colegiado a quo julgou prescrito o direito do contribuinte à restituição pleiteada, considerando o prazo quinquenal contado a partir da data do pagamento indevido. No caso, o pedido de restituição foi apresentado pelo contribuinte em 13/06/2002, amparado em pagamentos relativos a fatos geradores ocorridos entre 31/03/1996 e 28/02/1997. Insatisfeito, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão argumentando, em síntese, que no presente caso o processo teve início antes da vigência da LC 118/05 – e que, por conseguinte, aplicável o prazo prescricional de 5 anos, contados do fato gerador, acrescido de mais 5 anos, conforme precedentes do STJ. Mediante despacho de admissibilidade do Presidente da Câmara competente do CARF foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. Contrarrazões ao recurso não foram apresentadas pela Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.745, de 16/05/2018, proferido no julgamento do processo 10166014258/200143, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.745): "Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlo, em respeito ao art. 67, do RICARF/2015 – Portaria MF343/2015 com alterações posteriores. No que tange à discussão acerca do termo inicial a ser considerado para a contagem do prazo prescricional/decadencial, importante trazer que, com a alteração promovida pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010, que introduziu o art. 62A ao Regimento Interno do CARF, determinando que as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Fl. 770DF CARF MF Processo nº 13893.000574/200292 Acórdão n.º 9303006.753 CSRFT3 Fl. 4 3 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF (dispositivo atual – art. 62, § 2º, Anexo I, do RICARF/15 – Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015)), essa questão não mais comportaria debates. Vêse que tal matéria havia sido objeto de decisão do STJ em sede de recursos repetitivos, na apreciação do REsp nº 1110578/SP, de relatoria do Ministro Luiz Fux (data do julgamento 12/05/2010). O que peço licença para transcrever a ementa (Grifos meus): “Ementa: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO DE OFÍCIO 1. O prazo de prescrição quinquenal para pleitear a repetição tributária, nos tributos sujeitos ao lançamento de ofício, é contado da data em que se considera extinto o crédito tributário, qual seja, a data do efetivo pagamento do tributo, a teor do disposto no artigo 168, inciso I, c.c artigo 156, inciso I, do CTN. (Precedentes: REsp 947.233/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/06/2009, DJe 10/08/2009 AgRg no REsp 759.776/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 20/04/2009; REsp 857.464/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe 02/03/2009; AgRg no REsp 1072339/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/02/2009, DJe 17/02/2009; AgRg no REsp. 404.073/SP, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJU 31.05.07; AgRg no REsp. 732.726/RJ, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, Primeira Turma, DJU 21.11.05) 2. A declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo em controle concentrado, pelo STF, ou a Resolução do Senado (declaração de inconstitucionalidade em controle difuso) é despicienda para fins de contagem do prazo prescricional tanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento de ofício. (Precedentes: EREsp 435835/SC, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, Rel. p/ Acórdão Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2004, DJ 04/06/2007; AgRg no Ag 803.662/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/02/2007, DJ 19/12/2007) 3. In casu, os autores, ora recorrentes, ajuizaram ação em 04/04/2000, pleiteando a repetição de tributo indevidamente recolhido referente aos exercícios de 1990 a 1994, ressoando inequívoca a ocorrência da prescrição, porquanto transcorrido o lapso temporal quinquenal entre a data do efetivo pagamento do tributo e a da propositura da ação. 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008". (Resp nº 1110578/SP, Rel. Min. Luiz Fux, data do julgamento 12052010, DJe de 21/05/2010; RT vol. 900 p. 204) (Negritos acrescentados)” Não obstante ao termo inicial, vêse que há outra questão sob lide, qual seja, o prazo para se pleitear a repetição de indébito da LC 118 – que, por sua vez, também tratou da definição do termo a quo para a aplicação do prazo decadencial – na discussão acerca do prazo de 5 anos ou 10 anos. Nesse ponto, a matéria também foi decidida pelo STJ, inclusive definindo de forma clara o termo inicial a ser considerado, sob procedimento de recursos repetitivos, no julgamento do Recurso Especial n°1.002.932 SP, ao apreciar o texto trazido pela Lei Complementar n° 118/05. Após apreciação da matéria, o STJ firmou o entendimento de que, relativamente aos pagamentos indevidos efetuados anteriormente à Lei Complementar n° 118/05, o prazo prescricional para a restituição do indébito permaneceria regido pela tese dos “cinco mais Fl. 771DF CARF MF Processo nº 13893.000574/200292 Acórdão n.º 9303006.753 CSRFT3 Fl. 5 4 cinco”, isto é, pelo prazo de dez anos, limitado, porém, a cinco anos contados a partir da vigência daquela lei. O Supremo Tribunal Federal, por conseguinte, enfrentando o tema, decidiu, no âmbito do Recurso Extraordinário 566.621RS (04/08/2011), ser aplicável o novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Eis o decidido: “RE 566621 / RS RIO GRANDE DO SUL RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Julgamento: 04/08/2011 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe195 DIVULG 10102011 PUBLIC 11102011 EMENT VOL0260502 PP00273 DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Ou seja, para os pedidos de repetição de indébito apresentados anteriormente a 9 de junho de 2005, poderseia considerar o prazo prescricional/decadencial de 10 anos contado do fato gerador. Fl. 772DF CARF MF Processo nº 13893.000574/200292 Acórdão n.º 9303006.753 CSRFT3 Fl. 6 5 Para melhor compreensão, transcrevo a ementa do referido acórdão: “PLENÁRIO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 566.621 Rio GRANDE DO Sul. RELATORA : MIN. ELLEN GRACIE DIREITO TRIBUTÁRIO LEI INTERPRETATIVA APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 DESCABIMENTO VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. O que resta reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Eis a Súmula 91: “Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.” Em vista de todo o exposto, temse que, no caso vertente, o pedido de restituição foi protocolado em 8.11.01 (Despacho decisório – fl. 262) envolvendo créditos de pagamento indevido de PIS nos meses de novembro de 1995 a março de 1996. Considerando que o pedido foi anterior a 9.6.05, aplicase o prazo prescricional de 10 anos – o que resta afastada a prescrição no caso vertente. Em vista de todo o exposto, dou provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, com retorno à DRF unidade de origem para apreciação do mérito do pedido." No presente processo o pedido de restituição foi protocolado em 13/06/2002, amparado em créditos oriundos de recolhimentos a maior relativo a fatos geradores ocorridos entre 31/03/1996 e 28/02/1997. Portanto, da mesma forma que no caso do paradigma, sendo o pedido anterior a 09/06/2005, aplicável o prazo prescricional de 10 anos contados a partir do fato gerador, do que se conclui não ter ocorrido a prescrição no caso vertente. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento, para afastar a prescrição determinando o retorno dos autos à unidade de origem para apreciação do mérito do pedido. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 773DF CARF MF
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Numero do processo: 10925.003052/2009-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
PIS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO.
Para fins de apuração de crédito do PIS/Pasep e da Cofins não-cumulativos, há de se observar o rol de deduções previstos no art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente, adotando-se, no que tange ao seu inciso II, a interpretação intermediária construída no CARF quanto ao conceito de insumo, tornando-se imperativa para o reconhecimento do direito ao crédito a análise acerca da sua essencialidade.
No caso concreto analisado, há de ser reconhecido o direito ao crédito relativo às despesas com embalagens, fretes das embalagens, e gás combustível para empilhadeira e mantida a glosa no que tange à despesa com condomínio.
Recurso Voluntário parcialmente provido.
Numero da decisão: 3301-004.520
Decisão: Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: por unanimidade de votos, em dar provimento para admitir o creditamento de embalagens e fretes das embalagens e, por maioria de votos, em negar provimento para manter a glosa relativa à despesa com condomínio, vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada) e Semíramis de Oliveira Duro.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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Recorrente POMAGRI FRUTAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 PIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. Para fins de apuração de crédito do PIS/Pasep e da Cofins nãocumulativos, há de se observar o rol de deduções previstos no art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente, adotandose, no que tange ao seu inciso II, a interpretação intermediária construída no CARF quanto ao conceito de insumo, tornandose imperativa para o reconhecimento do direito ao crédito a análise acerca da sua essencialidade. No caso concreto analisado, há de ser reconhecido o direito ao crédito relativo às despesas com embalagens, fretes das embalagens, e gás combustível para empilhadeira e mantida a glosa no que tange à despesa com condomínio. Recurso Voluntário parcialmente provido. Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: por unanimidade de votos, em dar provimento para admitir o creditamento de embalagens e fretes das embalagens e, por maioria de votos, em negar provimento para manter a glosa relativa à despesa com condomínio, vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada) e Semíramis de Oliveira Duro. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 30 52 /2 00 9- 14 Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 4 3 Relatório Tratase o presente processo de pedido de ressarcimento, cumulado com declarações de compensação, relativo a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep Não Cumulativa, vinculado a receitas de vendas submetidas à alíquota zero (produção e comercialização de maçãs), deferido parcialmente por Despacho Decisório exarado pela unidade de origem. Dessa forma, apenas parte das compensações declaradas foi homologada. Conforme Termo de Verificação e Encerramento da Análise Fiscal constante nos autos, o reconhecimento parcial do crédito decorreu de glosas efetuadas em itens diversos de custo e despesa que compunham o crédito demonstrado pelo contribuinte no Dacon. Cientificado do decisório, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual pede o reconhecimento integral do crédito de ressarcimento, com base nas seguintes razões: (i) Os materiais de embalagens (cantoneiras, bandejas, fitas adesivas, pallets, papelseda, plástico bolha, tampas, fundos, caixas de papelão etc) são indispensáveis ao acondicionamento do produto, não exclusivamente com o fim de transporte, porquanto utilizados para assegurar a integridade da fruta até o seu destino; (ii) O papelseda, fita, cantoneira e outros são insumos na produção da maçã, conforme item acima, de modo que gera creditamento a despesa com o serviço de transporte para adquirilos; (iii) A despesa com condomínio deve ser creditada da mesma forma que a despesa com aluguel, pois o acessório segue o principal; (iv) O GLP relacionado à glosa foi empregado nas empilhadeiras destinadas à movimentação das maçãs, de modo que o combustível está diretamente ligado ao processo produtivo; (v) Não existe lei formal determinando a aplicação do conceito de insumo do IPI à apuração das contribuições nãocumulativas; (vi) O critério de insumo utilizado na decisão recorrida não está em conformidade com Soluções de Consulta emanadas das Superintendências da Receita Federal do Brasil (Processo de Consulta nº 99/09 da SRRF6ªRF), com decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Recurso Voluntário nº 146.778) e com a jurisprudência judicial (Acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de 26 de março de 2009; Agravo Regimental no REsp nº 1.125.253/SC, de 15 de abril de 2010). Ao analisar o caso, a DRJ entendeu por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte, nos termos do Acórdão nº 08033.960. O contribuinte foi intimado acerca desta decisão e, insatisfeito com o seu teor, interpôs Recurso Voluntário, através do qual requereu: (i) recebimento do recurso voluntário; ii) procedência do recurso para reformar o acórdão recorrido, com o reconhecimento do direito ao crédito de PIS requerido no pedido de ressarcimento. É o breve relatório. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.509, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10925.003017/200997, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.509): "Voto Vencido O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. 1) Do direito ao creditamento de COFINS linhas gerais Consoante acima indicado, a presente demanda versa sobre o direito ao creditamento de COFINS em razão da análise do conceito de insumos disposto na legislação de regência. A DRJ seguiu a legislação do IPI, entendendo que, para que fosse concedido o crédito, seria essencial o desgaste físico no produto no processo produtivo da empresa. Esse entendimento, contudo, encontrase superado por este Conselho, que construiu uma corrente intermediária própria, fugindo tanto às normas atinentes ao IPI quanto às normas atinentes ao IRPJ. E é com base nesta corrente intermediária, com a qual me alinho, que serão analisados a seguir os itens que foram objeto de glosa por parte da fiscalização. Importante destacar que o embasamento da glosa realizada pela fiscalização foi a ausência de previsão legal para autorização do creditamento realizado, e não a falta de comprovação da sua origem. Logo, a questão deve ser apreciada sobre o aspecto de direito. Sobre o creditamento, o art. 3º da Lei nº 10.833/2003 assim dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 6 5 em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. No que tange à alínea II acima, embora ciente que alguns julgadores deste Conselho adotam interpretação restritiva do conceito de insumos para fins de admissão do crédito, inclusive acolhendo em alguns casos o conceito de insumos inserto na legislação do IPI, tem prevalecido nas decisões proferidas por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais uma posição menos engessada, por meio da análise dos créditos aplicáveis em cada caso concreto, em razão da atividade desempenhada pela empresa. A análise do presente caso, portanto, em determinadas situações, perpassa pela definição do conceito de insumos para o PIS e a COFINS. Nos termos dos recentes julgados proferidos por este Conselho, o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 7 6 essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária" construída pelo CARF, na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Logo, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo gerador de crédito de PIS e COFINS, imprescindível a sua essencialidade à atividade desempenhada pela empresa, direta ou indiretamente. Esta, inclusive, também é a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. O entendimento daquela Corte pode ser visualizado no voto do Ministro Relator Mauro Campbell Marques, proferido nos autos do Recurso Especial nº 1.246.317MG: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 8 7 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) (grifouse) Quanto ao tema, filiome à corrente intermediária acima indicada, pelo que entendo merecer reforma a decisão recorrida quanto aos seus fundamentos, uma vez que, para a compreensão do direito à apuração de créditos de PIS e COFINS no sistema da nãocumulatividade, não deve ser adotado o conceito estrito de insumos constante da decisão recorrida. 2) Dos itens em que o direito ao creditamento restou afastado pela DRJ A empresa em questão planta, produz e comercializa frutas. O recorrente se insurge contra o entendimento da DRJ, argumentando que as despesas com aquisições de embalagens, frete das embalagens, gás combustível para empilhadeiras e condomínio devem gerar crédito de COFINS por serem todas diretamente necessárias à comercialização do produto. Afirma que tais despesas se relacionam diretamente com a preservação da integridade do produto, transporte de insumos e armazenamento. Com relação ao condomínio, afirma que este é acessório que deve seguir a sorte do principal, que é o aluguel, devendo todas essas despesas gerar créditos de COFINS. A decisão da primeira instância analisou a legislação que trata do conceito de insumo para fins de creditamento da COFINS, e concluiu que o caso dos presentes autos não se enquadra no conceito legal, visto que as embalagens utilizadas pelo contribuinte têm a finalidade única de servir ao transporte das frutas, não havendo comprovação de que acompanham o Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 9 8 produto em sua apresentação final ao consumidor, de modo a agregarlhe valor. Manteve a glosa do crédito referente ao frete das embalagens por terem sido desconsideradas como insumo. Quanto aos gastos com condomínio, rejeitou o argumento de que o acessório segue o principal em razão de não haver a alegada relação de acessoriedade, visto que o pagamento do condomínio independe da existência de relação locatícia, e que o acolhimento de um brocardo para alargar a hipótese de creditamento iria de encontro ao princípio da legalidade. Além disso, a utilidade decorrente do condomínio é deslocada espaçotemporalmente do processo produtivo da maçã. Por fim, manteve as glosas dos créditos sobre as despesas com gás combustível para as empilhadeiras, por não ter havido a desconstituição pelo contribuinte da constatação de que as empilhadeiras possuem uso geral para transporte de objetos, não estando sua utilidade adstrita à produção das maçãs. Entendo que assiste razão ao contribuinte em seus argumentos, consoante restará devidamente demonstrado nos tópicos a seguir. 2.1. Das embalagens As embalagens aqui analisadas são as seguintes: bandejas (utilizadas nas caixas de papelão para separar e acondicionar as maçãs), cantoneiras (utilizadas nas caixas de papelão, para proteger o produto, durante o transporte até o cliente, evitando o amassamento da caixa e das maçãs), fitas adesivas (para lacrar o fundo das caixas), pallets e seus acessórios (tais como pregos e etiquetas, utilizados no armazenamento e transporte das caixas de maçãs), papelseda (utilizado para embrulhar a maçã), plástico bolha (empregado para envolver a maçãs, evitando o atrito entre elas), caixa e fundos (usados no acondicionamento das frutas), tampas (utilizadas para proteger a fruta do contato com o ambiente externo), cola (utilizada para colar os rótulos nas caixas de madeira), filme PVC (usado para segurar as caixas nos pallets), termógrafo (usado para controlar a temperatura das caixas quando transportadas). Quanto às embalagens, entendo que a legislação admite o direito ao crédito no caso concreto ora analisado, ainda que as embalagens utilizadas. Isso porque, em razão da especificidade dos produtos produzidos pela Recorrente, é inconteste que as embalagens servem não apenas para o mero transporte, mas também para o seu acondicionamento, apresentandose essenciais à conservação da integridade e qualidade do produto. Conforme fundamentos constantes do tópico anterior, entendo desnecessário que as embalagens sejam incorporadas ao produto durante o processo de industrialização para que seja reconhecido o seu direito ao crédito. É imprescindível, na verdade, identificar se o insumo em questão é essencial à atividade produtiva desempenhada pela empresa, direta ou indiretamente, tendo concluído no caso dos presentes autos que sim. Até porque, ainda que se entendesse que as embalagens em questão seriam destinadas apenas ao transporte, o que não é o caso, a legislação Fl. 171DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 10 9 atinente à COFINS não acoberta a restrição realizada pela fiscalização para fins de tomada de crédito, a qual levou em consideração a legislação do IPI, cuja aplicável há de ser afastada. Estes custos com embalagens para acondicionamento e transporte, em razão da especificidade dos produtos que a Recorrente comercializa, são essenciais a que o produto produzido pela empresa seja colocado à venda, pelo que se insere no conceito de insumo que adoto, nos termos acima analisados. Entendo, ainda, que este item específico também se insere no inciso IX, que expressamente autoriza o creditamento relativo à armazenagem de mercadoria e frete na importação de vendas, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Isso porque, verificase que a adoção da embalagem em questão é necessária tanto para a armazenagem quanto para o transporte dos produtos que a recorrente industrializa e comercializa, em razão das suas especificidades. Há de se destacar, inclusive, que a Câmara Superior de Recursos Fiscais, em caso análogo, já se manifestou pelo direito ao crédito em tal caso. É o que se infere da decisão a seguir transcrita: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 PIS/PASEP. REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CREDITAMENTO. Para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento do PIS/PASEP, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido) TAMBORES UTILIZADOS COMO EMBALAGEM PARA TRANSPORTE. GÁS EMPREGADO EM EMPILHADEIRAS. É legítima a apropriação do crédito da contribuição ao PIS/PASEP nãocumulativo em relação às aquisições de tambores empregados como embalagem de transporte e sobre o gás empregado em empilhadeiras, tendo em vista a relação de pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CREDITAMENTO. Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 11 10 Para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento da COFINS, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido) TAMBORES UTILIZADOS COMO EMBALAGEM PARA TRANSPORTE. GÁS EMPREGADO EM EMPILHADEIRAS. É legítima a apropriação do crédito da contribuição à COFINS nãocumulativa em relação às aquisições de tambores empregados como embalagem de transporte e sobre o gás empregado em empilhadeiras, tendo em vista a relação de pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo. (Acórdão n. 9303004.192, de 04/08/2016). Logo, entendo que a decisão recorrida também deverá ser reformada neste ponto, para fins de admitir o direito ao crédito também no que concerne aos tambores utilizados para acondicionamento e transporte. Sendo assim, entendo que deverá ser reconhecido o direito ao crédito no que concerne às embalagens. 2.2. Dos fretes das embalagens A segunda glosa objeto da presente demanda incidiu sobre o serviço de transporte de material não considerado insumo na produção da maçã, tais como papelseda, fitas, filmes, cantoneira, cola, termógrafo etc. O contribuinte defende que, uma vez considerado insumo o material de embalagem utilizado, a despesa com frete na sua aquisição é capaz de gerar creditamento. No que tange aos fretes das embalagens, uma vez admitido o crédito no que concerne às embalagens, entendo que há de ser admitido o direito ao crédito também no que tange aos fretes das referidas embalagens. Até porque, penso que o gasto com frete pago ou creditado pelo comprador à pessoa jurídica domiciliada no País incorporase ao custo de aquisição do insumo, além de encontrar previsão de desconto de crédito no artigo 3º, inciso IV da Lei nº 10.833/2003, cumulado com o inciso II deste mesmo dispositivo legal. (...) 2.3. Do gás combustível para empilhadeira Por fim, no que tange ao gás combustível para empilhadeira, concordo com os fundamentos do Recorrente neste ponto. Isso porque, não resta dúvidas que este item é essencial ao próprio processo produtivo da recorrente, integrando o custo de produção dos produtos em tela. Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 12 11 Nesse mesmo sentido, inclusive, já se manifestou este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ao julgar processo análogo ao presente (Proc. nº 18088.720677/201252, Acórdão n. 3403002.648): Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2008 REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. No regime não cumulativo das contribuições o conteúdo semântico de insumo” é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços” que integram o custo de produção. EMBALAGEM PARA TRANSPORTE. GÁS EMPREGADO EM EMPILHADEIRAS. É legítima a apropriação do crédito das contribuições em relação às aquisições de tambores empregados como embalagem de transporte e sobre o gás empregado em empilhadeiras, por integrarem o custo de produção dos produtos. Afasto, portanto, a glosa realizada pela fiscalização quanto ao combustível para empilhadeiras. 3. Da conclusão Diante do acima exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte no presente caso, para fins de reconhecer o direito ao crédito no que tange aos seguintes itens: (a) embalagens; (b) fretes das embalagens; (c) gás combustível para empilhadeiras e (d) condomínio. É como voto. (...) Voto Vencedor (...) Quanto às despesas com condomínio, é de se concluir que não assiste razão ao contribuinte em seu pleito, em razão da ausência de respaldo legal para o creditamento de tal despesa. Por concordar com os fundamentos constantes da decisão recorrida no que concerne a tal despesa, transcrevoo a seguir: 42. Em contraparte, o manifestante sustenta a possibilidade de creditamento com base nas despesas de condomínio, à semelhança do que sucede em relação às despesas de aluguel, invocado o velho brocardo de que o acessório segue o principal (accessorium seguitur principale). Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 13 12 43. De fato, o inciso IV do art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, prevê a possibilidade de as despesas incorridas com aluguel gerarem crédito na apuração nãocumulativa das contribuições. Entretanto, a máxima não se aplica à espécie, por dois motivos básicos. 44. Em primeiro lugar, não há acessoriedade entre aluguel e encargo de condomínio, uma vez ausente vínculo de causalidade entre eles. Com efeito, pagase condomínio não porque o imóvel é alugado, mas porque se usufrui de utilidades compartilhadas pelos proprietários ou usuários de prédios. 45. Pelo contrato de locação, uma das partes se obriga a ceder o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição. As despesas de condomínio, por sua vez, são destinadas a gastos relativos ao imóvel respectivo como, por exemplo, salários de empregados, materiais de consumo, equipamentos, serviços prestados ao condomínio, podendo, até mesmo, haver sobra em um mês determinado. Dessa forma, percebese que despesas de condomínio não se relacionam com aluguel. 46. Em segundo lugar, a aplicação de um brocardo não pode resultar na ampliação, por analogia, de hipóteses de creditamento que interferem na determinação da base de cálculo da contribuição, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade tributária. 47. Resta verificar se os gastos com condomínio podem ser considerados insumo. 48. Dado que deles resultam utilidades imateriais para o contribuinte, seriam insumos se assim caracterizados sob o aspecto funcional. Entretanto, os serviços de condomínio são completamente deslocados espaçotemporalmente do processo produtivo da maçã. 49. Por essa razão, correta está a glosa das despesas de condomínio. Nesse mesmo sentido, já se manifestou este Conselho, consoante se extrai do Acórdão nº 3302.001.491, a seguir colacionado: (...). COFINS NÃO CUMULATIVA. DIREITO DE CRÉDITO. INSUMO. CONCEITO. Os bens e serviços que geram direito a crédito da contribuição são aqueles conceituados como insumos, assim entendidos os que sejam diretamente utilizados ou consumidos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Despesa de condomínio incorrida por indústria de beneficiamento de carnes não enquadra neste conceito. Nego, portanto, o direito creditório quanto a tal item." Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10925.003052/200914 Acórdão n.º 3301004.520 S3C3T1 Fl. 14 13 Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado tanto à COFINS quanto à Contribuição para o PIS/Pasep. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu dar provimento parcial ao recurso voluntário, para admitir o creditamento de embalagens, fretes das embalagens e gás combustível para empilhadeira, e para manter a glosa relativa à despesa com condomínio. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 176DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16004.720092/2015-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1301-000.600
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, para que esta, querendo, manifeste-se, a título de contrarrazões, sobre a alegação do patrono do contribuinte, em tribuna, de discussão que não estava nos autos quanto à aplicação do art. 24 da LINDB, com a redação dada pela Lei nº 13.655/2018; e, em seguida, por sobrestar o julgamento dos recursos destes autos até que sejam proferidas decisões administrativas definitivas nos processos nº 16561.720195/2012-34 e nº 16561.720059/2013-25, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Relatório
Na sessão de 18 de maio de 2017, ainda por ocasião de quando eu compunha outro colegiado, exarou-se a Resolução nº 1402-000.437, sobrestando-se o julgamento dos recursos até que fossem apreciados no CARF os processos 16561.720195/2012-34 e 16561.720059/2013-25. Reproduzo a seguir o relatório dessa resolução, complementando-o ao final.
COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO recorre a este Conselho,com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 0132.922 da 1ª Turma da Delegacia de Julgamento em Belém que julgou parcialmente procedentea impugnação apresentada.
O Presidente do colegiado a quo recorre de ofício a este Conselho, com fulcro no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, c/c , art. 1º da Portaria MF nº 63, 03 de janeiro de 2008, haja vista o acórdão de origem ter exonerado o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00.
Por bem refletir o litígio até aquela fase, adoto o relatório da decisão recorrida, complementando-o ao final:
Trata o presente processo de Autos de Infração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) referentes aos anos-calendário de 2012 e 2013.
A Fiscalização apurou as seguintes infrações:
IRPJ
a) Compensação Indevida de Prejuízo não Operacional;
b) Falta de Recolhimento do IRPJ sobre a Base de Cálculo Estimada;
CSLL
c) Resultados não Declarados;
d) Falta de Recolhimento da Contribuição Social sobre a Base Estimada.
Reproduzo, a seguir, excertos do Termo de Descrição dos Fatos (fls. 1.194/1.204):
3.1 FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL
Conforme relatado, intimada a respeito do não recolhimento da CSLL, a CBD informou que tal tributo não seria devido em virtude do trânsito em julgado da ação favorável à CBD (Processo nº 90.0004932-6), no qual, segundo a fiscalizada, foi declarada a inexistência da relação jurídico-tributária entre ela e a União Federal, no que tange à existência de pagar a contribuição social, instituída pela Lei nº 7.689/88.
[...]
Com efeito, a coisa julgada só alberga as normas que foram afastadas e não projeta para o futuro seus efeitos, mormente quando a superveniência legislativa atingiu o âmago do argumento, no caso, a ausência de lei complementar a tratar da exação.
[...]
Considerando que a decisão da ADIn nº 15, foi proferida pelo STF em 14/06/2007, publicada em 31/08/2007 e com trânsito em julgado em 12/09/2007, restou afastada a coisa julgada alegada pela CBD, que tinha sob fundamento a constitucionalidade da Lei nº 7.689/88, para os anos-calendário posteriores (aí incluídos os anos-calendário 2012 e 2013, objetos da presente fiscalização).
[...]
De acordo com o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011, havendo decisão definitiva do Plenário do STF pela constitucionalidade da Lei nº 7.689/88, há de se afastar a proteção da coisa julgada, para se considerar legítima a exigência do tributo.
[...]
3.2 COMPENSAÇÃO INDEVIDA DO PREJUÍZO FISCAL
Conforme relatado, a CBD foi autuada pela RFB, em razão de glosas de encargos de amortização de ágios, indevidamente aproveitados pela CBD, originados em transações entre o grupo supermercadista francês Casino Guichard Perrachon S/A e o grupo supermercadista brasileiro Pão de Açúcar.
Os lançamentos foram efetuados nos seguintes Processos Administrativos, que se encontram pendentes de julgamento no CARF Conseho Administrativo de Recursos Fiscais:
?16561-720.195/2012-34 relativo aos anos-calendário de 2007 a 2009;
?16561-720.059/2013-25 relativo aos anos-calendário de 2010 e 2011.
Em razão destas autuações foram aproveitados, de ofício, o prejuízo fiscal escriturado pela CBD em seu LALUR, bem como revertidos os prejuízos fiscais apurados pela CBD em alguns anos-calendário (apurando-se lucro), zerando o prejuízo fiscal em 31/12/2011.
[...]
Destarte, será lançado de ofício, o IRPJ recolhido a menor, resultante dos prejuízos fiscais indevidamente compensados:
[...]
O contribuinte, inconformado com a autuação da qual tomou ciência em 05/05/2015 (fls. 1.229), apresentou impugnação em 01/06/2015 (fls. 1232/1.499), alegando:
a) Que seria impossível a exigência dos débitos de IRPJ consubstanciados no presente processo antes do término dos processos administrativos nº 16561.720195/2012-34 e nº 16561.720059/2013-25;
b) Que seriam improcedentes as glosas de amortização de ágio objeto dos processosadministrativosnº16561.720195/2012-34enº 16561.720059/2013-25;
b.1) Que os lançamentos que determinaram a glosa das amortizações de ágio seriam nulos, pois teria sido utilizado, indevidamente, o art. 299 do RIR como fundamento da autuação;
b.2) Que teria decaído o direito da Receita Federal de questionar a geração e o registro contábil do ágio, e, por conseqüência, de glosar as amortizações;
b.3) Que o art. 8º, alínea b, da Lei nº 9.532/97 (art. 386, §6º, II, do RIR/99) autorizaria a dedutibilidade fiscal do ágio fundamentado em rentabilidade futura quando a empresa incorporada detém a propriedade da participação societária adquirida com ágio (autorização expressa para a incorporação invertida), tal qual teria ocorrido no caso em questão, e que constituiria prática bastante comum em reestruturações societárias;
b.4) Que o conjunto de operações societárias implementado deveria ser analisado como um todo, inclusive considerando seu aspecto econômico e negocial;
b.5) Que as operações societárias realizadas tiveram como escopo: (i) em um primeiro momento, de um lado, viabilizar a aquisição de participação, pelo Grupo Casino, no capital social da Impugnante, e, assim, a sua entrada no mercado brasileiro, que possuía alto valor estratégico para o Grupo Casino, e, de outro, contribuir para a consolidação da Impugnante como líder do setor de supermercados no País, superando seu então maior rival, o Carrefour, e, (ii) em um segundo momento, de um lado, decorrido um prazo suficiente para que o Grupo Casino pudesse conhecer os negócios da Impugnante e avaliar o retorno do investimento e perspectiva de crescimento da Impugnante e do próprio País, possibilitar a aquisição do controle compartilhado da Impugnante pelos Grupos AD e Casino, de outro, reduzir ainda mais o endividamento e possibilitar a continuidade da expansão da Impugnante;
b.6) Que as partes envolvidas nas operações societárias teriam agido de acordo com as formalidade e solenidades exigidas pela legislação, e que teria havido efetivo fundamento econômico para a operação realizada por partes totalmente independentes e não relacionadas, mediante efetivo desembolso de recursos financeiros, em valor até mesmo superior ao de mercado, sempre mediante total transparência, de forma que nenhuma ilegalidade pudesse ser imputada aos envolvidos sob a pecha de se tratar de operações artificiais;
b.7) Que não poderia ter sido rotulada como artificial uma reestruturação societária cuja implementação teria decorrido de uma opção genuína de negócios (utilização de holding);
b.8) Que a desconsideração das holdings seria uma ofensa ao princípio da isonomia;
b.9) Que a jurisprudência administrativa do CARF seria favorável a amortizações de ágio resultantes de operações de reestruturações societárias complexas decorrentes de aquisições reais, mesmo que com a utilização de empresas-veículo;
c) Que a CBD teria obtido decisão judicial definitiva, transitada em julgado em 20/02/1992, declarando a inexistência de relação jurídica com a União Federal relativamente à exigência da CSLL;
d) Que, após várias manifestações, a 1ª Seção do STJ teria consolidado entendimento no sentido de que a norma específica anterior (decisão da CBD em 1992) prevaleceria à norma geral posterior (declaração de constitucionalidade pelo STF em 2007);
e) Que a matéria em debate estaria consolidada em recurso julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos;
f) Que a Delegacia da Receita Federal de Julgamento deveria, por economia processual, aplicar o art. 62-A do Regimento Interno do CARF;
g) Que o Acórdão nº 9101-002.087, proferido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais em 20/01/2015, externaria o entendimento de que não seria possível afastar os efeitos da coisa julgada que reconhece a inconstitucionalidade da exigência da CSLL;
h) Que a própria impugnante teria precedente favorável tratando da mesma matéria (Acórdão nº 1301-001.083);
i)Que a Fiscalização teria agido em clara afronta à coisa julgada;
j)Que, considerando a decisão judicial proferida a favor da Impugnante, transitada em julgado, não seria aplicada a Súmula 239 do STF;
k) Que não haveria que se falar, neste caso concreto, em relação jurídica continuativa;
l)Que a sentença que transitou em julgado favoravelmente à Impugnante teria paralisado a incidência da Lei nº 7.689/88 na sua totalidade, não especificando qualquer limitação temporal à sua validade;
m) Que não seria aplicável o art. 471, I, do Código de Processo Civil, por não se tratar de relação jurídica continuativa;
n) Que, após 1992, e até o momento da lavratura do auto de infração, todas as alterações legislativas que sobrevieram não teriam alterado a regra-matriz de incidência da CSLL;
o) Que o Parecer PGFN/CDA/CRJ 396/2013 deveria ser aplicado neste caso concreto;
p) Que o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011 não seria aplicável neste caso concreto;
q) Que não haveria previsão legal para a equiparação dos ajustes (adições e exclusões) devidos na apuração do Lucro Real aos devidos na apuração da base de cálculo da CSLL;
r) Que alguns ajustes (adições) efetuados no âmbito do Lucro Real não seriam aplicáveis à CSLL, como a remuneração paga em decorrência de prorrogação da licença maternidade, as multas e as doações ou patrocínios a projetos culturais;
s) Que haveria Base de Cálculo Negativa da CSLL já homologada pela Receita Federal, e que seria obrigatória a sua utilização por parte da Fiscalização;
t)Que deveria ser cancelada a multa aplicada, pois a Impugnante teria agido em conformidade com a orientação jurisprudencial firmada anteriormente, razão pela qual não poderia sofrer qualquer punição;
u) Que não poderiam ser concomitantemente exigidas a multa isolada sobre as antecipações do imposto apurada em decorrência das mesmas infrações que originaram o lançamento principal e a multa de ofício;
v) Que a multa isolada, mesmo que pudesse ser aplicada de forma concomitante com a multa de ofício, jamais poderia ser aplicada após o encerramento do exercício e em valor superior ao quantum apurado no encerramento do período;
w) Que não haveria previsão legal para a aplicação da multa isolada sobre os contribuintes que apuram as antecipações mensais com base em balancetes de suspensão e redução;
x) Que a multa isolada não poderia ser aplicada em relação aos períodos de dezembro;
y) Que não seria possível a cobrança de juros moratórios sobre a multa de ofício.
Por fim, requereu:
a) Que fosse sobrestado o presente feito até o julgamento definitivo, pelo CARF, dos processos administrativos nº 16561.720195/2012-34 e nº 16561.720059/2013-25;
b) Que, caso não fosse atendido o pleito do item a, que fosse conhecida e provida a impugnação com o conseqüente cancelamento da exigência fiscal em sua totalidade.
Analisando a impugnação apresentada o colegiado a quo julgou-a parcialmente procedente reduzindo a base de cálculo da CSLL em razão da existência de base de cálculo negativa de períodos anteriores não considerada pela autoridade fiscal na lavratura do respectivo auto de infração.
O contribuinte foi intimado da decisão em 10 de junho de 2016 (fl. 1818),apresentando recurso voluntário de fls. 18402032 tempestivamente em 08 de julho de 2017 (fl.1839), reafirmando, em resumo, os termos de sua impugnação, que podem ser assimsintetizados:
- que o julgamento do presente feito deve ser sobrestado até que haja decisãoadministrativa definitiva nos processos prejudiciais;
- preliminar de nulidade e de decadência nos lançamentos referentes aosprocessos prejudiciais;
- discorre sobre o mérito da exigência referente aos processos prejudiciais(amortização de ágio);
- nulidade da decisão da DRJ em razão de ausência de adequada fundamentação em relação à exigência de CSLL;
- impossibilidade de exigência de CSLL por ofensa à coisa julgada, inclusivecom entendimento firmado pelo STJ em julgamento de recurso repetitivo representativo decontrovérsia;
- inexistência de relação jurídico-tributária entre a Recorrente e a União emdecorrência da Lei nº 7.689/88; em relação ao tema traz inúmeros argumentos sobre aimpossibilidade de cobrança de CSLL, quer por suposta inocorrência de relação jurídicacontinuativa, quer em razão da legislação superveniente ou em decorrência de alteração decritérios formados da regra-matriz da CSLL; cita ainda o Parecer PGFN/CDA/CRJ 396/2013 eda inaplicabilidade do Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011;
- ad argumentandum, requer o sobrestamento do julgamento até o julgamentodos recursos extraordinários 955.277/BA e 949.297/CE que reconheceram a repercussão geralem relação ao tema;
- os erros na apuração da base de cálculo da CSLL implicariam nulidade porerro material;
- falta de previsão legal para equiparação dos ajustes (adições) devidos naapuração do lucro real, aos devidos na apuração da base de cálculo da CSLL;
- questiona tanto a multa de ofício aplicada quanto à multa porfalta/insuficiência de recolhimento de estimativas;
- argumenta que seria inaplicável a multa isolada por falta de recolhimento deestimativas referente ao mês de dezembro;
- questiona a aplicação de juros moratórios sobre a multa de ofício.
Pois bem, por meio da Resolução 1402-000.437, assim decidiu a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta 1ª Seção de Julgamento:
O recurso voluntário apresentado é tempestivo e assinado por procurador devidamente habilitado. Preenchidos os demais pressupostos admissibilidade, dele, portanto, tomo conhecimento.
Em razão do montante de tributos e juros exonerados, o Presidente do colegiado a quo recorre de ofício a este Conselho, com fulcro no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, c/c , art. 1º da Portaria MF nº 63, 03 de janeiro de 2008, haja vista o acórdão de origem ter exonerado o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor totalsuperior a R$ 1.000.000,00.
Mesmo considerando-se que a Portaria MF nº 63, de 09 de janeiro de 2017, fixou novo patamar de exoneração de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00 para fins de interposição de recurso de ofício, os valores envolvidos no cancelamento parcial da exigência continuam a impor sua reanálise por esta Corte Administrativa. Por essas razões, conheço também do recurso de ofício.
Compulsando os autos, entendo que o mesmo não esteja em condições de julgamento.
Um dos pedidos da Recorrente é o sobrestamento do presente julgamento até que os processos nº 16561.720195/201234 e nº 16561.720059/201325 tivessem decisão administrativa definitiva. Isso porque o lançamento ora em exame tem como infração principala insuficiência de prejuízos fiscais e bases negativas decorrente de autuações anteriores controladas naqueles processos (glosas de amortização de ágio).
Entendo lhe assistir razão em parte. Não há necessidade de se aguardar a decisão definitiva nos processos prejudiciais para que o julgamento destes autos seja realizado. O que deve ser respeitado é que o julgamento dos processos principais (prejudiciais), em cada umadas instâncias administrativas, tem que ser feito antes do julgamento do processo decorrente (no caso, o presente) nessas mesmas instâncias. Assim, após terem sido julgados os recursosvoluntários dos processos prejudiciais, o presente julgamento poderá seguir sem qualquer percalço.
Salienta-se que a respeito do julgamento de processos principais e decorrentes, o próprio Regimento Interno do CARF condiciona o julgamento do recurso voluntário do processo decorrente ao julgamento do recurso voluntário do processo principal (prejudicial),exigindo-se que para análise do processo decorrente o processo prejudicial esteja ao menos na mesma fase processual, sob pena de sobrestamento do julgamento do recurso do processo decorrente:
Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observando-se a seguinte disciplina:
§ 1º Os processos podem ser vinculados por:
[...]
II - decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e [...]
§ 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão.
[...]
§ 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiveremlocalizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter ojulgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e osobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. [grifos nossos]
Pois bem, em consulta ao sítio do CARF, constatei que ambos os processos prejudiciais foram distribuídos para relato ao Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa em 12 de maio 2016 (1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção), estando ambos pautadospara a sessão de 17 de maio de 2017 (um dia antes da data da sessão para a qual o presente processo foi pautado).
Assim, sendo, por ora, entendo não ser possível prosseguir no julgamento dos recursos deste processo.
CONCLUSÃO
Em face do exposto, voto por sobrestar o julgamento dos recursos destes autos até que seja julgado o mérito dos recursos voluntários dos processos nº 16561.720195/201234 e nº 16561.720059/201325.
Após o julgamento dos recursos voluntários em questão, os autos retornaram ao CARF para prosseguimento do julgamento.
É o relatório.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, para que esta, querendo, manifeste-se, a título de contrarrazões, sobre a alegação do patrono do contribuinte, em tribuna, de discussão que não estava nos autos quanto à aplicação do art. 24 da LINDB, com a redação dada pela Lei nº 13.655/2018; e, em seguida, por sobrestar o julgamento dos recursos destes autos até que sejam proferidas decisões administrativas definitivas nos processos nº 16561.720195/2012-34 e nº 16561.720059/2013-25, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Relatório Na sessão de 18 de maio de 2017, ainda por ocasião de quando eu compunha outro colegiado, exarou-se a Resolução nº 1402-000.437, sobrestando-se o julgamento dos recursos até que fossem apreciados no CARF os processos 16561.720195/2012-34 e 16561.720059/2013-25. Reproduzo a seguir o relatório dessa resolução, complementando-o ao final. COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO recorre a este Conselho,com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 0132.922 da 1ª Turma da Delegacia de Julgamento em Belém que julgou parcialmente procedentea impugnação apresentada. O Presidente do colegiado a quo recorre de ofício a este Conselho, com fulcro no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, c/c , art. 1º da Portaria MF nº 63, 03 de janeiro de 2008, haja vista o acórdão de origem ter exonerado o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00. Por bem refletir o litígio até aquela fase, adoto o relatório da decisão recorrida, complementando-o ao final: Trata o presente processo de Autos de Infração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) referentes aos anos-calendário de 2012 e 2013. A Fiscalização apurou as seguintes infrações: IRPJ a) Compensação Indevida de Prejuízo não Operacional; b) Falta de Recolhimento do IRPJ sobre a Base de Cálculo Estimada; CSLL c) Resultados não Declarados; d) Falta de Recolhimento da Contribuição Social sobre a Base Estimada. Reproduzo, a seguir, excertos do Termo de Descrição dos Fatos (fls. 1.194/1.204): 3.1 FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL Conforme relatado, intimada a respeito do não recolhimento da CSLL, a CBD informou que tal tributo não seria devido em virtude do trânsito em julgado da ação favorável à CBD (Processo nº 90.0004932-6), no qual, segundo a fiscalizada, foi declarada a inexistência da relação jurídico-tributária entre ela e a União Federal, no que tange à existência de pagar a contribuição social, instituída pela Lei nº 7.689/88. [...] Com efeito, a coisa julgada só alberga as normas que foram afastadas e não projeta para o futuro seus efeitos, mormente quando a superveniência legislativa atingiu o âmago do argumento, no caso, a ausência de lei complementar a tratar da exação. [...] Considerando que a decisão da ADIn nº 15, foi proferida pelo STF em 14/06/2007, publicada em 31/08/2007 e com trânsito em julgado em 12/09/2007, restou afastada a coisa julgada alegada pela CBD, que tinha sob fundamento a constitucionalidade da Lei nº 7.689/88, para os anos-calendário posteriores (aí incluídos os anos-calendário 2012 e 2013, objetos da presente fiscalização). [...] De acordo com o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011, havendo decisão definitiva do Plenário do STF pela constitucionalidade da Lei nº 7.689/88, há de se afastar a proteção da coisa julgada, para se considerar legítima a exigência do tributo. [...] 3.2 COMPENSAÇÃO INDEVIDA DO PREJUÍZO FISCAL Conforme relatado, a CBD foi autuada pela RFB, em razão de glosas de encargos de amortização de ágios, indevidamente aproveitados pela CBD, originados em transações entre o grupo supermercadista francês Casino Guichard Perrachon S/A e o grupo supermercadista brasileiro Pão de Açúcar. Os lançamentos foram efetuados nos seguintes Processos Administrativos, que se encontram pendentes de julgamento no CARF Conseho Administrativo de Recursos Fiscais: ?16561-720.195/2012-34 relativo aos anos-calendário de 2007 a 2009; ?16561-720.059/2013-25 relativo aos anos-calendário de 2010 e 2011. Em razão destas autuações foram aproveitados, de ofício, o prejuízo fiscal escriturado pela CBD em seu LALUR, bem como revertidos os prejuízos fiscais apurados pela CBD em alguns anos-calendário (apurando-se lucro), zerando o prejuízo fiscal em 31/12/2011. [...] Destarte, será lançado de ofício, o IRPJ recolhido a menor, resultante dos prejuízos fiscais indevidamente compensados: [...] O contribuinte, inconformado com a autuação da qual tomou ciência em 05/05/2015 (fls. 1.229), apresentou impugnação em 01/06/2015 (fls. 1232/1.499), alegando: a) Que seria impossível a exigência dos débitos de IRPJ consubstanciados no presente processo antes do término dos processos administrativos nº 16561.720195/2012-34 e nº 16561.720059/2013-25; b) Que seriam improcedentes as glosas de amortização de ágio objeto dos processosadministrativosnº16561.720195/2012-34enº 16561.720059/2013-25; b.1) Que os lançamentos que determinaram a glosa das amortizações de ágio seriam nulos, pois teria sido utilizado, indevidamente, o art. 299 do RIR como fundamento da autuação; b.2) Que teria decaído o direito da Receita Federal de questionar a geração e o registro contábil do ágio, e, por conseqüência, de glosar as amortizações; b.3) Que o art. 8º, alínea b, da Lei nº 9.532/97 (art. 386, §6º, II, do RIR/99) autorizaria a dedutibilidade fiscal do ágio fundamentado em rentabilidade futura quando a empresa incorporada detém a propriedade da participação societária adquirida com ágio (autorização expressa para a incorporação invertida), tal qual teria ocorrido no caso em questão, e que constituiria prática bastante comum em reestruturações societárias; b.4) Que o conjunto de operações societárias implementado deveria ser analisado como um todo, inclusive considerando seu aspecto econômico e negocial; b.5) Que as operações societárias realizadas tiveram como escopo: (i) em um primeiro momento, de um lado, viabilizar a aquisição de participação, pelo Grupo Casino, no capital social da Impugnante, e, assim, a sua entrada no mercado brasileiro, que possuía alto valor estratégico para o Grupo Casino, e, de outro, contribuir para a consolidação da Impugnante como líder do setor de supermercados no País, superando seu então maior rival, o Carrefour, e, (ii) em um segundo momento, de um lado, decorrido um prazo suficiente para que o Grupo Casino pudesse conhecer os negócios da Impugnante e avaliar o retorno do investimento e perspectiva de crescimento da Impugnante e do próprio País, possibilitar a aquisição do controle compartilhado da Impugnante pelos Grupos AD e Casino, de outro, reduzir ainda mais o endividamento e possibilitar a continuidade da expansão da Impugnante; b.6) Que as partes envolvidas nas operações societárias teriam agido de acordo com as formalidade e solenidades exigidas pela legislação, e que teria havido efetivo fundamento econômico para a operação realizada por partes totalmente independentes e não relacionadas, mediante efetivo desembolso de recursos financeiros, em valor até mesmo superior ao de mercado, sempre mediante total transparência, de forma que nenhuma ilegalidade pudesse ser imputada aos envolvidos sob a pecha de se tratar de operações artificiais; b.7) Que não poderia ter sido rotulada como artificial uma reestruturação societária cuja implementação teria decorrido de uma opção genuína de negócios (utilização de holding); b.8) Que a desconsideração das holdings seria uma ofensa ao princípio da isonomia; b.9) Que a jurisprudência administrativa do CARF seria favorável a amortizações de ágio resultantes de operações de reestruturações societárias complexas decorrentes de aquisições reais, mesmo que com a utilização de empresas-veículo; c) Que a CBD teria obtido decisão judicial definitiva, transitada em julgado em 20/02/1992, declarando a inexistência de relação jurídica com a União Federal relativamente à exigência da CSLL; d) Que, após várias manifestações, a 1ª Seção do STJ teria consolidado entendimento no sentido de que a norma específica anterior (decisão da CBD em 1992) prevaleceria à norma geral posterior (declaração de constitucionalidade pelo STF em 2007); e) Que a matéria em debate estaria consolidada em recurso julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos; f) Que a Delegacia da Receita Federal de Julgamento deveria, por economia processual, aplicar o art. 62-A do Regimento Interno do CARF; g) Que o Acórdão nº 9101-002.087, proferido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais em 20/01/2015, externaria o entendimento de que não seria possível afastar os efeitos da coisa julgada que reconhece a inconstitucionalidade da exigência da CSLL; h) Que a própria impugnante teria precedente favorável tratando da mesma matéria (Acórdão nº 1301-001.083); i)Que a Fiscalização teria agido em clara afronta à coisa julgada; j)Que, considerando a decisão judicial proferida a favor da Impugnante, transitada em julgado, não seria aplicada a Súmula 239 do STF; k) Que não haveria que se falar, neste caso concreto, em relação jurídica continuativa; l)Que a sentença que transitou em julgado favoravelmente à Impugnante teria paralisado a incidência da Lei nº 7.689/88 na sua totalidade, não especificando qualquer limitação temporal à sua validade; m) Que não seria aplicável o art. 471, I, do Código de Processo Civil, por não se tratar de relação jurídica continuativa; n) Que, após 1992, e até o momento da lavratura do auto de infração, todas as alterações legislativas que sobrevieram não teriam alterado a regra-matriz de incidência da CSLL; o) Que o Parecer PGFN/CDA/CRJ 396/2013 deveria ser aplicado neste caso concreto; p) Que o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011 não seria aplicável neste caso concreto; q) Que não haveria previsão legal para a equiparação dos ajustes (adições e exclusões) devidos na apuração do Lucro Real aos devidos na apuração da base de cálculo da CSLL; r) Que alguns ajustes (adições) efetuados no âmbito do Lucro Real não seriam aplicáveis à CSLL, como a remuneração paga em decorrência de prorrogação da licença maternidade, as multas e as doações ou patrocínios a projetos culturais; s) Que haveria Base de Cálculo Negativa da CSLL já homologada pela Receita Federal, e que seria obrigatória a sua utilização por parte da Fiscalização; t)Que deveria ser cancelada a multa aplicada, pois a Impugnante teria agido em conformidade com a orientação jurisprudencial firmada anteriormente, razão pela qual não poderia sofrer qualquer punição; u) Que não poderiam ser concomitantemente exigidas a multa isolada sobre as antecipações do imposto apurada em decorrência das mesmas infrações que originaram o lançamento principal e a multa de ofício; v) Que a multa isolada, mesmo que pudesse ser aplicada de forma concomitante com a multa de ofício, jamais poderia ser aplicada após o encerramento do exercício e em valor superior ao quantum apurado no encerramento do período; w) Que não haveria previsão legal para a aplicação da multa isolada sobre os contribuintes que apuram as antecipações mensais com base em balancetes de suspensão e redução; x) Que a multa isolada não poderia ser aplicada em relação aos períodos de dezembro; y) Que não seria possível a cobrança de juros moratórios sobre a multa de ofício. Por fim, requereu: a) Que fosse sobrestado o presente feito até o julgamento definitivo, pelo CARF, dos processos administrativos nº 16561.720195/2012-34 e nº 16561.720059/2013-25; b) Que, caso não fosse atendido o pleito do item a, que fosse conhecida e provida a impugnação com o conseqüente cancelamento da exigência fiscal em sua totalidade. Analisando a impugnação apresentada o colegiado a quo julgou-a parcialmente procedente reduzindo a base de cálculo da CSLL em razão da existência de base de cálculo negativa de períodos anteriores não considerada pela autoridade fiscal na lavratura do respectivo auto de infração. O contribuinte foi intimado da decisão em 10 de junho de 2016 (fl. 1818),apresentando recurso voluntário de fls. 18402032 tempestivamente em 08 de julho de 2017 (fl.1839), reafirmando, em resumo, os termos de sua impugnação, que podem ser assimsintetizados: - que o julgamento do presente feito deve ser sobrestado até que haja decisãoadministrativa definitiva nos processos prejudiciais; - preliminar de nulidade e de decadência nos lançamentos referentes aosprocessos prejudiciais; - discorre sobre o mérito da exigência referente aos processos prejudiciais(amortização de ágio); - nulidade da decisão da DRJ em razão de ausência de adequada fundamentação em relação à exigência de CSLL; - impossibilidade de exigência de CSLL por ofensa à coisa julgada, inclusivecom entendimento firmado pelo STJ em julgamento de recurso repetitivo representativo decontrovérsia; - inexistência de relação jurídico-tributária entre a Recorrente e a União emdecorrência da Lei nº 7.689/88; em relação ao tema traz inúmeros argumentos sobre aimpossibilidade de cobrança de CSLL, quer por suposta inocorrência de relação jurídicacontinuativa, quer em razão da legislação superveniente ou em decorrência de alteração decritérios formados da regra-matriz da CSLL; cita ainda o Parecer PGFN/CDA/CRJ 396/2013 eda inaplicabilidade do Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011; - ad argumentandum, requer o sobrestamento do julgamento até o julgamentodos recursos extraordinários 955.277/BA e 949.297/CE que reconheceram a repercussão geralem relação ao tema; - os erros na apuração da base de cálculo da CSLL implicariam nulidade porerro material; - falta de previsão legal para equiparação dos ajustes (adições) devidos naapuração do lucro real, aos devidos na apuração da base de cálculo da CSLL; - questiona tanto a multa de ofício aplicada quanto à multa porfalta/insuficiência de recolhimento de estimativas; - argumenta que seria inaplicável a multa isolada por falta de recolhimento deestimativas referente ao mês de dezembro; - questiona a aplicação de juros moratórios sobre a multa de ofício. Pois bem, por meio da Resolução 1402-000.437, assim decidiu a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta 1ª Seção de Julgamento: O recurso voluntário apresentado é tempestivo e assinado por procurador devidamente habilitado. Preenchidos os demais pressupostos admissibilidade, dele, portanto, tomo conhecimento. Em razão do montante de tributos e juros exonerados, o Presidente do colegiado a quo recorre de ofício a este Conselho, com fulcro no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, c/c , art. 1º da Portaria MF nº 63, 03 de janeiro de 2008, haja vista o acórdão de origem ter exonerado o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor totalsuperior a R$ 1.000.000,00. Mesmo considerando-se que a Portaria MF nº 63, de 09 de janeiro de 2017, fixou novo patamar de exoneração de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00 para fins de interposição de recurso de ofício, os valores envolvidos no cancelamento parcial da exigência continuam a impor sua reanálise por esta Corte Administrativa. Por essas razões, conheço também do recurso de ofício. Compulsando os autos, entendo que o mesmo não esteja em condições de julgamento. Um dos pedidos da Recorrente é o sobrestamento do presente julgamento até que os processos nº 16561.720195/201234 e nº 16561.720059/201325 tivessem decisão administrativa definitiva. Isso porque o lançamento ora em exame tem como infração principala insuficiência de prejuízos fiscais e bases negativas decorrente de autuações anteriores controladas naqueles processos (glosas de amortização de ágio). Entendo lhe assistir razão em parte. Não há necessidade de se aguardar a decisão definitiva nos processos prejudiciais para que o julgamento destes autos seja realizado. O que deve ser respeitado é que o julgamento dos processos principais (prejudiciais), em cada umadas instâncias administrativas, tem que ser feito antes do julgamento do processo decorrente (no caso, o presente) nessas mesmas instâncias. Assim, após terem sido julgados os recursosvoluntários dos processos prejudiciais, o presente julgamento poderá seguir sem qualquer percalço. Salienta-se que a respeito do julgamento de processos principais e decorrentes, o próprio Regimento Interno do CARF condiciona o julgamento do recurso voluntário do processo decorrente ao julgamento do recurso voluntário do processo principal (prejudicial),exigindo-se que para análise do processo decorrente o processo prejudicial esteja ao menos na mesma fase processual, sob pena de sobrestamento do julgamento do recurso do processo decorrente: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observando-se a seguinte disciplina: § 1º Os processos podem ser vinculados por: [...] II - decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e [...] § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. [...] § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiveremlocalizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter ojulgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e osobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. [grifos nossos] Pois bem, em consulta ao sítio do CARF, constatei que ambos os processos prejudiciais foram distribuídos para relato ao Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa em 12 de maio 2016 (1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção), estando ambos pautadospara a sessão de 17 de maio de 2017 (um dia antes da data da sessão para a qual o presente processo foi pautado). Assim, sendo, por ora, entendo não ser possível prosseguir no julgamento dos recursos deste processo. CONCLUSÃO Em face do exposto, voto por sobrestar o julgamento dos recursos destes autos até que seja julgado o mérito dos recursos voluntários dos processos nº 16561.720195/201234 e nº 16561.720059/201325. Após o julgamento dos recursos voluntários em questão, os autos retornaram ao CARF para prosseguimento do julgamento. É o relatório.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1507; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 2.208 1 2.207 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16004.720092/201532 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1301000.600 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 12 de junho de 2018 Assunto DILIGÊNCIA E SOBRESTAMENTO Recorrente COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, para que esta, querendo, manifestese, a título de contrarrazões, sobre a alegação do patrono do contribuinte, em tribuna, de discussão que não estava nos autos quanto à aplicação do art. 24 da LINDB, com a redação dada pela Lei nº 13.655/2018; e, em seguida, por sobrestar o julgamento dos recursos destes autos até que sejam proferidas decisões administrativas definitivas nos processos nº 16561.720195/201234 e nº 16561.720059/201325, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 60 04 .7 20 09 2/ 20 15 -3 2 Fl. 2208DF CARF MF Processo nº 16004.720092/201532 Resolução nº 1301000.600 S1C3T1 Fl. 2.209 2 Relatório Na sessão de 18 de maio de 2017, ainda por ocasião de quando eu compunha outro colegiado, exarouse a Resolução nº 1402000.437, sobrestandose o julgamento dos recursos até que fossem apreciados no CARF os processos 16561.720195/201234 e 16561.720059/201325. Reproduzo a seguir o relatório dessa resolução, complementandoo ao final. COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO recorre a este Conselho, com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 01 32.922 da 1ª Turma da Delegacia de Julgamento em Belém que julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada. O Presidente do colegiado a quo recorre de ofício a este Conselho, com fulcro no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, c/c , art. 1º da Portaria MF nº 63, 03 de janeiro de 2008, haja vista o acórdão de origem ter exonerado o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00. Por bem refletir o litígio até aquela fase, adoto o relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: Trata o presente processo de Autos de Infração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) referentes aos anoscalendário de 2012 e 2013. A Fiscalização apurou as seguintes infrações: IRPJ a) Compensação Indevida de Prejuízo não Operacional; b) Falta de Recolhimento do IRPJ sobre a Base de Cálculo Estimada; CSLL c) Resultados não Declarados; d) Falta de Recolhimento da Contribuição Social sobre a Base Estimada. Reproduzo, a seguir, excertos do Termo de Descrição dos Fatos (fls. 1.194/1.204): 3.1 – FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL Conforme relatado, intimada a respeito do não recolhimento da CSLL, a CBD informou que tal tributo não seria devido em virtude do trânsito em julgado da ação favorável à CBD (Processo nº 90.00049326), no qual, segundo a fiscalizada, foi declarada a inexistência da relação jurídicotributária entre ela e a União Federal, no que tange à existência de pagar a contribuição social, instituída pela Lei nº 7.689/88. [...] Com efeito, a coisa julgada só alberga as normas que foram Fl. 2209DF CARF MF Processo nº 16004.720092/201532 Resolução nº 1301000.600 S1C3T1 Fl. 2.210 3 afastadas e não projeta para o futuro seus efeitos, mormente quando a superveniência legislativa atingiu o âmago do argumento, no caso, a ausência de lei complementar a tratar da exação. [...] Considerando que a decisão da ADIn nº 15, foi proferida pelo STF em 14/06/2007, publicada em 31/08/2007 e com trânsito em julgado em 12/09/2007, restou afastada a coisa julgada alegada pela CBD, que tinha sob fundamento a constitucionalidade da Lei nº 7.689/88, para os anoscalendário posteriores (aí incluídos os anoscalendário 2012 e 2013, objetos da presente fiscalização). [...] De acordo com o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011, havendo decisão definitiva do Plenário do STF pela constitucionalidade da Lei nº 7.689/88, há de se afastar a proteção da coisa julgada, para se considerar legítima a exigência do tributo. [...] 3.2 – COMPENSAÇÃO INDEVIDA DO PREJUÍZO FISCAL Conforme relatado, a CBD foi autuada pela RFB, em razão de glosas de encargos de amortização de ágios, indevidamente aproveitados pela CBD, originados em transações entre o grupo supermercadista francês Casino Guichard Perrachon S/A e o grupo supermercadista brasileiro Pão de Açúcar. Os lançamentos foram efetuados nos seguintes Processos Administrativos, que se encontram pendentes de julgamento no CARF – Conseho Administrativo de Recursos Fiscais: · 16561720.195/201234 – relativo aos anoscalendário de 2007 a 2009; · 16561720.059/201325 – relativo aos anoscalendário de 2010 e 2011. Em razão destas autuações foram aproveitados, de ofício, o prejuízo fiscal escriturado pela CBD em seu LALUR, bem como revertidos os prejuízos fiscais apurados pela CBD em alguns anoscalendário (apurandose lucro), zerando o prejuízo fiscal em 31/12/2011. [...] Destarte, será lançado de ofício, o IRPJ recolhido a menor, resultante dos prejuízos fiscais indevidamente compensados: Fl. 2210DF CARF MF Processo nº 16004.720092/201532 Resolução nº 1301000.600 S1C3T1 Fl. 2.211 4 [...] O contribuinte, inconformado com a autuação da qual tomou ciência em 05/05/2015 (fls. 1.229), apresentou impugnação em 01/06/2015 (fls. 1232/1.499), alegando: a) Que seria impossível a exigência dos débitos de IRPJ consubstanciados no presente processo antes do término dos processos administrativos nº 16561.720195/201234 e nº 16561.720059/201325; b) Que seriam improcedentes as glosas de amortização de ágio objeto dos processos administrativos nº b.1) Que os lançamentos que determinaram a glosa das amortizações de ágio seriam nulos, pois teria sido utilizado, indevidamente, o art. 299 do RIR como fundamento da autuação; b.2) Que teria decaído o direito da Receita Federal de questionar a geração e o registro contábil do ágio, e, por conseqüência, de glosar as amortizações; b.3) Que o art. 8º, alínea “b”, da Lei nº 9.532/97 (art. 386, §6º, II, do RIR/99) autorizaria a dedutibilidade fiscal do ágio fundamentado em rentabilidade futura quando a empresa incorporada detém a propriedade da participação societária adquirida com ágio (autorização expressa para a “incorporação invertida”), tal qual teria ocorrido no caso em questão, e que constituiria prática bastante comum em reestruturações societárias; b.4) Que o conjunto de operações societárias implementado deveria ser analisado como um todo, inclusive considerando seu aspecto econômico e negocial; b.5) Que as operações societárias realizadas tiveram como escopo: (i) em um primeiro momento, de um lado, viabilizar a aquisição de participação, pelo Grupo Casino, no capital social da Impugnante, e, assim, a sua entrada no mercado brasileiro, que possuía alto valor estratégico para o Grupo Casino, e, de outro, contribuir para a consolidação da Impugnante como líder do setor de supermercados no País, superando seu então maior rival, o Carrefour, e, (ii) em um segundo momento, de um lado, decorrido um prazo suficiente para que o Grupo Casino pudesse conhecer os negócios da Impugnante e avaliar o retorno do investimento e perspectiva de crescimento da Impugnante e do próprio País, possibilitar a aquisição do controle compartilhado da Impugnante pelos Grupos AD e Fl. 2211DF CARF MF Processo nº 16004.720092/201532 Resolução nº 1301000.600 S1C3T1 Fl. 2.212 5 Casino, de outro, reduzir ainda mais o endividamento e possibilitar a continuidade da expansão da Impugnante; b.6) Que as partes envolvidas nas operações societárias teriam agido de acordo com as formalidade e solenidades exigidas pela legislação, e que teria havido efetivo fundamento econômico para a operação realizada por partes totalmente independentes e não relacionadas, mediante efetivo desembolso de recursos financeiros, em valor até mesmo superior ao de mercado, sempre mediante total transparência, de forma que nenhuma ilegalidade pudesse ser imputada aos envolvidos sob a pecha de se tratar de operações artificiais; b.7) Que não poderia ter sido rotulada como “artificial” uma reestruturação societária cuja implementação teria decorrido de uma opção genuína de negócios (utilização de holding); b.8) Que a desconsideração das holdings seria uma ofensa ao princípio da isonomia; b.9) Que a jurisprudência administrativa do CARF seria favorável a amortizações de ágio resultantes de operações de reestruturações societárias complexas decorrentes de aquisições reais, mesmo que com a utilização de “empresasveículo”; c) Que a CBD teria obtido decisão judicial definitiva, transitada em julgado em 20/02/1992, declarando a inexistência de relação jurídica com a União Federal relativamente à exigência da CSLL; d) Que, após várias manifestações, a 1ª Seção do STJ teria consolidado entendimento no sentido de que a norma específica anterior (decisão da CBD em 1992) prevaleceria à norma geral posterior (declaração de constitucionalidade pelo STF em 2007); e) Que a matéria em debate estaria consolidada em recurso julgado sob a sistemática dos “recursos repetitivos”; f) Que a Delegacia da Receita Federal de Julgamento deveria, por economia processual, aplicar o art. 62A do Regimento Interno do CARF; g) Que o Acórdão nº 9101002.087, proferido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais em 20/01/2015, externaria o entendimento de que não seria possível afastar os efeitos da coisa julgada que reconhece a inconstitucionalidade da exigência da CSLL; h) Que a própria impugnante teria precedente favorável tratando da mesma matéria (Acórdão nº 1301001.083); i) Que a Fiscalização teria agido em clara afronta à coisa julgada; j) Que, considerando a decisão judicial proferida a favor da Impugnante, transitada em julgado, não seria aplicada a Súmula Fl. 2212DF CARF MF Processo nº 16004.720092/201532 Resolução nº 1301000.600 S1C3T1 Fl. 2.213 6 239 do STF; k) Que não haveria que se falar, neste caso concreto, em relação jurídica continuativa; l) Que a sentença que transitou em julgado favoravelmente à Impugnante teria paralisado a incidência da Lei nº 7.689/88 na sua totalidade, não especificando qualquer limitação temporal à sua validade; m) Que não seria aplicável o art. 471, I, do Código de Processo Civil, por não se tratar de relação jurídica continuativa; n) Que, após 1992, e até o momento da lavratura do auto de infração, todas as alterações legislativas que sobrevieram não teriam alterado a regramatriz de incidência da CSLL; o) Que o Parecer PGFN/CDA/CRJ 396/2013 deveria ser aplicado neste caso concreto; p) Que o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011 não seria aplicável neste caso concreto; q) Que não haveria previsão legal para a equiparação dos ajustes (adições e exclusões) devidos na apuração do Lucro Real aos devidos na apuração da base de cálculo da CSLL; r) Que alguns ajustes (adições) efetuados no âmbito do Lucro Real não seriam aplicáveis à CSLL, como a remuneração paga em decorrência de prorrogação da licença maternidade, as multas e as doações ou patrocínios a projetos culturais; s) Que haveria Base de Cálculo Negativa da CSLL já homologada pela Receita Federal, e que seria obrigatória a sua utilização por parte da Fiscalização; t) Que deveria ser cancelada a multa aplicada, pois a Impugnante teria agido em conformidade com a orientação jurisprudencial firmada anteriormente, razão pela qual não poderia sofrer qualquer punição; u) Que não poderiam ser concomitantemente exigidas a multa isolada sobre as antecipações do imposto apurada em decorrência das mesmas infrações que originaram o lançamento principal e a multa de ofício; v) Que a multa isolada, mesmo que pudesse ser aplicada de forma concomitante com a multa de ofício, jamais poderia ser aplicada após o encerramento do exercício e em valor superior ao quantum apurado no encerramento do período; w) Que não haveria previsão legal para a aplicação da multa isolada sobre os contribuintes que apuram as antecipações mensais com base em balancetes de suspensão e redução; x) Que a multa isolada não poderia ser aplicada em relação aos períodos de dezembro; y) Que não seria possível a cobrança de juros moratórios sobre a multa de ofício. Fl. 2213DF CARF MF Processo nº 16004.720092/201532 Resolução nº 1301000.600 S1C3T1 Fl. 2.214 7 Por fim, requereu: a) Que fosse sobrestado o presente feito até o julgamento definitivo, pelo CARF, dos processos administrativos nº 16561.720195/2012 34 e nº 16561.720059/201325; b) Que, caso não fosse atendido o pleito do item “a”, que fosse conhecida e provida a impugnação com o conseqüente cancelamento da exigência fiscal em sua totalidade. Analisando a impugnação apresentada o colegiado a quo julgoua parcialmente procedente reduzindo a base de cálculo da CSLL em razão da existência de base de cálculo negativa de períodos anteriores não considerada pela autoridade fiscal na lavratura do respectivo auto de infração. O contribuinte foi intimado da decisão em 10 de junho de 2016 (fl. 1818), apresentando recurso voluntário de fls. 18402032 tempestivamente em 08 de julho de 2017 (fl. 1839), reafirmando, em resumo, os termos de sua impugnação, que podem ser assim sintetizados: que o julgamento do presente feito deve ser sobrestado até que haja decisão administrativa definitiva nos processos prejudiciais; preliminar de nulidade e de decadência nos lançamentos referentes aos processos prejudiciais; discorre sobre o mérito da exigência referente aos processos prejudiciais (amortização de ágio); nulidade da decisão da DRJ em razão de ausência de adequada fundamentação em relação à exigência de CSLL; impossibilidade de exigência de CSLL por ofensa à coisa julgada, inclusive com entendimento firmado pelo STJ em julgamento de recurso repetitivo representativo de controvérsia; inexistência de relação jurídicotributária entre a Recorrente e a União em decorrência da Lei nº 7.689/88; em relação ao tema traz inúmeros argumentos sobre a impossibilidade de cobrança de CSLL, quer por suposta inocorrência de relação jurídica “continuativa”, quer em razão da legislação superveniente ou em decorrência de alteração de critérios formados da regramatriz da CSLL; cita ainda o Parecer PGFN/CDA/CRJ 396/2013 e da inaplicabilidade do Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011; ad argumentandum, requer o sobrestamento do julgamento até o julgamento dos recursos extraordinários 955.277/BA e 949.297/CE que reconheceram a repercussão geral em relação ao tema; os erros na apuração da base de cálculo da CSLL implicariam nulidade por erro material; falta de previsão legal para equiparação dos ajustes (adições) devidos na apuração do lucro real, aos devidos na apuração da base de cálculo da CSLL; Fl. 2214DF CARF MF Processo nº 16004.720092/201532 Resolução nº 1301000.600 S1C3T1 Fl. 2.215 8 questiona tanto a multa de ofício aplicada quanto à multa por falta/insuficiência de recolhimento de estimativas; argumenta que seria inaplicável a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas referente ao mês de dezembro; questiona a aplicação de juros moratórios sobre a multa de ofício. Pois bem, por meio da Resolução 1402000.437, assim decidiu a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta 1ª Seção de Julgamento: O recurso voluntário apresentado é tempestivo e assinado por procurador devidamente habilitado. Preenchidos os demais pressupostos admissibilidade, dele, portanto, tomo conhecimento. Em razão do montante de tributos e juros exonerados, o Presidente do colegiado a quo recorre de ofício a este Conselho, com fulcro no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, c/c , art. 1º da Portaria MF nº 63, 03 de janeiro de 2008, haja vista o acórdão de origem ter exonerado o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00. Mesmo considerandose que a Portaria MF nº 63, de 09 de janeiro de 2017, fixou novo patamar de exoneração de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00 para fins de interposição de recurso de ofício, os valores envolvidos no cancelamento parcial da exigência continuam a impor sua reanálise por esta Corte Administrativa. Por essas razões, conheço também do recurso de ofício. Compulsando os autos, entendo que o mesmo não esteja em condições de julgamento. Um dos pedidos da Recorrente é o sobrestamento do presente julgamento até que os processos nº 16561.720195/201234 e nº 16561.720059/201325 tivessem decisão administrativa definitiva. Isso porque o lançamento ora em exame tem como infração principal a insuficiência de prejuízos fiscais e bases negativas decorrente de autuações anteriores controladas naqueles processos (glosas de amortização de ágio). Entendo lhe assistir razão em parte. Não há necessidade de se aguardar a decisão definitiva nos processos prejudiciais para que o julgamento destes autos seja realizado. O que deve ser respeitado é que o julgamento dos processos principais (prejudiciais), em cada uma das instâncias administrativas, tem que ser feito antes do julgamento do processo decorrente (no caso, o presente) nessas mesmas instâncias. Assim, após terem sido julgados os recursos voluntários dos processos prejudiciais, o presente julgamento poderá seguir sem qualquer percalço. Fl. 2215DF CARF MF Processo nº 16004.720092/201532 Resolução nº 1301000.600 S1C3T1 Fl. 2.216 9 Salientase que a respeito do julgamento de processos principais e decorrentes, o próprio Regimento Interno do CARF condiciona o julgamento do recurso voluntário do processo decorrente ao julgamento do recurso voluntário do processo principal (prejudicial), exigindose que para análise do processo decorrente o processo prejudicial esteja ao menos na mesma fase processual, sob pena de sobrestamento do julgamento do recurso do processo decorrente: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: § 1º Os processos podem ser vinculados por: [...] II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e [...] § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. [...] § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. [grifos nossos] Pois bem, em consulta ao sítio do CARF, constatei que ambos os processos prejudiciais foram distribuídos para relato ao Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa em 12 de maio 2016 (1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção), estando ambos pautados para a sessão de 17 de maio de 2017 (um dia antes da data da sessão para a qual o presente processo foi pautado). Assim, sendo, por ora, entendo não ser possível prosseguir no julgamento dos recursos deste processo. CONCLUSÃO Em face do exposto, voto por sobrestar o julgamento dos recursos destes autos até que seja julgado o mérito dos recursos voluntários dos processos nº 16561.720195/201234 e nº 16561.720059/201325. Após o julgamento dos recursos voluntários em questão, os autos retornaram ao CARF para prosseguimento do julgamento. É o relatório. Fl. 2216DF CARF MF Processo nº 16004.720092/201532 Resolução nº 1301000.600 S1C3T1 Fl. 2.217 10 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE Ambos recursos foram conhecidos na Resolução 1402000.437. 2 PEDIDO DE SOBRESTAMENTO ATÉ DECISÃO DEFINITIVA NOS PROCESSOS PREJUDICIAIS O primeiro pedido da Recorrente é o sobrestamento do presente julgamento até que os processos nº 16561.720195/201234 e nº 16561.720059/201325 tenham decisões administrativas definitivas. Isso porque o lançamento ora em exame tem como infração principal a insuficiência de prejuízos fiscais e bases negativas decorrente de autuações anteriores controladas naqueles processos (glosas de amortização de ágio). Na sessão de julgamento em que foi proferida a Resolução 1402000.437, o colegiado entendeu por bem sobrestar o presente julgamento até que houvesse decisões nos julgamentos dos recursos voluntários, e não até que fossem exaradas decisões definitivas. Pois bem, em relação ao processo nº 16561.720195/201234 foi proferido o acórdão 1401001.900 (sessão de 20 de junho de 2017) por meio do qual, nas questões de mérito, em negar negouse provimento ao recurso voluntário em relação à glosa de amortização de ágio e à compensação de prejuízos fiscais. Foram opostos embargos de declaração pelo contribuinte, sendo prolatado o acórdão 1401002.342 (sessão de 09 de abril de 2018) acolhendoos para suprir omissão no acórdão embargado, sem, contudo, atribuirlhes efeitos infringentes. Os autos foram encaminhados à PGFN em 30/05/2018, não havendo qualquer nova manifestação nos autos até o presente momento. Saliento que o contribuinte ainda não foi intimado do acórdão em embargos. Já o processo nº 16561.720059/201325 teve seu recurso analisado também na sessão de 20 de junho de 2017, tendo sido proferido o acórdão 1401001.903 também negando provimento ao recurso no que diz respeito à amortização do ágio e à compensação de prejuízos fiscais. A PGFN apresentou recurso especial em relação à redução da multa de ofício para 75%, tendo sido prolatado despacho admitindoo. O contribuinte opôs embargos de declaração que foi rejeitado. Na sequência, interpôs recurso especial, cujo seguimento foi negado. Intimado do despacho, apresentou agravo ainda pendente de análise. Pois bem, seguindo o decidido na Resolução 1402000.437, o presente processo pode ter seu julgamento reiniciado. Contudo, conforme vem decidindo este colegiado, seria mais adequado aguardarse decisão administrativa definitiva nos processos prejudiciais, uma vez que eventual reforma, na Câmara Superior, em relação aos acórdãos proferidos pelas turmas ordinárias poderia alterar o resultado do presente julgado. Fl. 2217DF CARF MF Processo nº 16004.720092/201532 Resolução nº 1301000.600 S1C3T1 Fl. 2.218 11 Por essas razões, voto no sentido de sobrestar o julgamento dos recursos destes autos até que sejam proferidas decisões administrativas definitivas nos processos nº 16561.720195/201234 e nº 16561.720059/201325. Há de se analisar, ainda, a alegação do patrono do contribuinte, em tribuna, de discussão que não estava nos autos quanto à aplicação do art. 24 da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro LINDB, com a redação dada pela Lei nº 13.655/2018. Pois bem, assim dispõe a nova redação do art. 24 da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro – LINDB: Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Parágrafo único. Consideramse orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Segundo o patrono do contribuinte, tal dispositivo legal seria aplicável aos processos administrativos fiscais e, segundo seu entendimento, à época dos fatos geradores a que se refere a presente exigência, a jurisprudência majoritária do CARF seria amplamente favorável à tese da impossibilidade de superação dos efeitos da coisa julgada, pleiteando a adoção de tal entendimento no presente julgado ante ao disposto na novel redação do art. 24 da LINDB. Pois bem, considerandose disposto no art. 493 do Código de Processo Civil CPC, e seu parágrafo único1, no sentido de que juiz ouvirá as partes antes de decidir sobre algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito que possa influir no julgamento do mérito, e tendo em vista a aplicação supletiva e subsidiária do novo CPC ao processo administrativo, entendo que antes do sobrestamento do julgamento do presente recurso, os autos devem ser encaminhados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, para que esta, querendo, manifestese, no prazo de 30 (trinta) dias, a título de contrarrazões, sobre a alegação do patrono quanto à aplicação da nova redação do art. 24 da LINDB ao caso concreto. Saliento que o patrono do contribuinte, até o presente momento, não anexou aos autos sua manifestação sobre o tema, em especial no que diz respeito às decisões do CARF proferidas à época dos fatos geradores a que se referem o lançamento que, a seu ver, comprovariam a existência de jurisprudência majoritária que, a seu ver, dariam ensejo à aplicação no presente julgamento do dispositivo legal em questão, o que não impede a manifestação da PGFN sobre o tema. 1 Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomálo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão. Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir. Fl. 2218DF CARF MF Processo nº 16004.720092/201532 Resolução nº 1301000.600 S1C3T1 Fl. 2.219 12 Por fim, é importante salientar que o colegiado, por unanimidade de votos, acolheu minha proposta de voto, sem, contudo, decidir se o art. 24 da LINDB seria, ou não, aplicável aos processos administrativos fiscais. 3 CONCLUSÃO Em face do exposto, voto por converter o julgamento do recurso em diligência à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, para que esta, querendo, manifestese, a título de contrarrazões, sobre a alegação do patrono do contribuinte, em tribuna, de discussão que não estava nos autos quanto à aplicação do art. 24 da LINDB, com a redação dada pela Lei nº 13.655/2018. No retorno dos autos ao CARF, devese sobrestar o julgamento dos recursos até que sejam proferidas decisões administrativas definitivas nos processos nº 16561.720195/2012 34 e nº 16561.720059/201325. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 2219DF CARF MF
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