Sistemas: Acordãos
Busca:
mostrar execução da query
7559920 #
Numero do processo: 12898.000273/2010-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 VALE-TRANSPORTE. PAGAMENTO EM DINHEIRO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. SÚMULA CARF 89. A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale-transporte, mesmo que em dinheiro. Súmula CARF 89. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PAGAMENTO EM DINHEIRO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. POSIÇÃO UNÍSSONA DE TODAS AS TURMAS DE JULGAMENTO DO CARF. Conforme o entendimento de todas as turmas de julgamento do CARF, a alimentação fornecida em dinheiro sem a devida inscrição no PAT sofre a incidência de contribuição previdenciária. SALÁRIO-MATERNIDADE. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. DECISÃO DO STJ EM RECURSO REPETITIVO. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA PELO CARF. DISPOSIÇÃO REGIMENTAL EXPRESSA. O STJ, em recurso repetitivo, decidiu que o salário-maternidade tem natureza salarial e a transferência do encargo à Previdência Social não tem o condão de mudar sua natureza. Tal precedente é de observância obrigatória pela CARF, conforme preleciona o art. 62, § 1º, inc. II, alínea "b", do seu Regimento Interno. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. DIRF. RETIFICAÇÃO. EFEITOS. Em regra, a retificação da DIRF não deve surtir efeitos tributários para o lançamento já realizado, sem que haja prova documental dos motivos que ensejaram a respectiva retificação. MULTA. INCONSTITUCIONALIDADE. CARÁTER CONFISCATÓRIO. INCOMPETÊNCIA DO CARF. Súmula CARF nº 2: o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 2402-006.810
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento os valores referentes ao vale transporte. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201812

camara_s : Quarta Câmara

ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 VALE-TRANSPORTE. PAGAMENTO EM DINHEIRO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. SÚMULA CARF 89. A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale-transporte, mesmo que em dinheiro. Súmula CARF 89. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PAGAMENTO EM DINHEIRO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. POSIÇÃO UNÍSSONA DE TODAS AS TURMAS DE JULGAMENTO DO CARF. Conforme o entendimento de todas as turmas de julgamento do CARF, a alimentação fornecida em dinheiro sem a devida inscrição no PAT sofre a incidência de contribuição previdenciária. SALÁRIO-MATERNIDADE. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. DECISÃO DO STJ EM RECURSO REPETITIVO. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA PELO CARF. DISPOSIÇÃO REGIMENTAL EXPRESSA. O STJ, em recurso repetitivo, decidiu que o salário-maternidade tem natureza salarial e a transferência do encargo à Previdência Social não tem o condão de mudar sua natureza. Tal precedente é de observância obrigatória pela CARF, conforme preleciona o art. 62, § 1º, inc. II, alínea "b", do seu Regimento Interno. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. DIRF. RETIFICAÇÃO. EFEITOS. Em regra, a retificação da DIRF não deve surtir efeitos tributários para o lançamento já realizado, sem que haja prova documental dos motivos que ensejaram a respectiva retificação. MULTA. INCONSTITUCIONALIDADE. CARÁTER CONFISCATÓRIO. INCOMPETÊNCIA DO CARF. Súmula CARF nº 2: o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.

turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção

dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019

numero_processo_s : 12898.000273/2010-66

anomes_publicacao_s : 201901

conteudo_id_s : 5944373

dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019

numero_decisao_s : 2402-006.810

nome_arquivo_s : Decisao_12898000273201066.PDF

ano_publicacao_s : 2019

nome_relator_s : JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI

nome_arquivo_pdf_s : 12898000273201066_5944373.pdf

secao_s : Segunda Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento os valores referentes ao vale transporte. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.

dt_sessao_tdt : Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018

id : 7559920

ano_sessao_s : 2018

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:06 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713051150209515520

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1998; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C4T2  Fl. 213          1 212  S2­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  12898.000273/2010­66  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2402­006.810  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  05 de dezembro de 2018  Matéria  CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. AUXÍLIO  ALIMENTAÇÃO, VALE TRANSPORTE E SALÁRIO MATERNIDADE  Recorrente  ARAUJO ABREU ENGENHARIA SA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005  VALE­TRANSPORTE.  PAGAMENTO  EM  DINHEIRO.  NÃO  INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. SÚMULA CARF 89.   A contribuição social previdenciária não  incide  sobre valores pagos a  título  de vale­transporte, mesmo que em dinheiro. Súmula CARF 89.  AUXÍLIO­ALIMENTAÇÃO.  PAGAMENTO  EM  DINHEIRO.  INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. POSIÇÃO UNÍSSONA DE TODAS  AS TURMAS DE JULGAMENTO DO CARF.   Conforme  o  entendimento  de  todas  as  turmas  de  julgamento  do  CARF,  a  alimentação  fornecida  em  dinheiro  sem  a  devida  inscrição  no  PAT  sofre  a  incidência de contribuição previdenciária.  SALÁRIO­MATERNIDADE.  INCIDÊNCIA  DE  CONTRIBUIÇÕES.  DECISÃO  DO  STJ  EM  RECURSO  REPETITIVO.  OBSERVÂNCIA  OBRIGATÓRIA PELO CARF. DISPOSIÇÃO REGIMENTAL EXPRESSA.  O STJ, em recurso repetitivo, decidiu que o salário­maternidade tem natureza  salarial e a transferência do encargo à Previdência Social não tem o condão  de  mudar  sua  natureza.  Tal  precedente  é  de  observância  obrigatória  pela  CARF,  conforme  preleciona  o  art.  62,  §  1º,  inc.  II,  alínea  "b",  do  seu  Regimento Interno.  CONTRIBUIÇÕES  DEVIDAS  À  SEGURIDADE  SOCIAL.  CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. DIRF. RETIFICAÇÃO. EFEITOS.   Em  regra,  a  retificação  da  DIRF  não  deve  surtir  efeitos  tributários  para  o  lançamento  já  realizado,  sem  que  haja  prova  documental  dos  motivos  que  ensejaram a respectiva retificação.   MULTA.  INCONSTITUCIONALIDADE.  CARÁTER  CONFISCATÓRIO.  INCOMPETÊNCIA DO CARF.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 8. 00 02 73 /2 01 0- 66 Fl. 213DF CARF MF Processo nº 12898.000273/2010­66  Acórdão n.º 2402­006.810  S2­C4T2  Fl. 214          2 Súmula CARF nº 2:  o CARF não é  competente para  se pronunciar  sobre  a  inconstitucionalidade de lei tributária.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.   Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  dar  provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do  lançamento os valores  referentes ao  vale transporte.     (assinado digitalmente)  Denny Medeiros da Silveira  ­ Presidente em Exercício    (assinado digitalmente)  João Victor Ribeiro Aldinucci ­ Relator    Participaram  do  presente  julgamento  os  conselheiros:  Denny  Medeiros  da  Silveira, Mauricio Nogueira Righetti,  João Victor Ribeiro Aldinucci,  Paulo  Sergio  da  Silva,  Jamed  Abdul  Nasser  Feitoza,  Luis  Henrique  Dias  Lima,  Renata  Toratti  Cassini  e  Gregorio  Rechmann Junior.   Relatório  Trata­se  de  recurso  voluntário  interposto  em  face  de  acórdão  da DRJ,  que,  embora reconhecendo a decadência parcial, julgou improcedente a impugnação apresentada em  face  de  lançamento  de  ofício  das  contribuições  previdenciárias  patronais  incidentes  sobre  as  remunerações pagas a empregados e contribuinte individuais.   O montante exonerado não implicou a interposição de recurso de ofício.   Cientificada  da  decisão  em  04/11/2010  (fl.  174),  o  sujeito  passivo  interpôs  seu recurso voluntário em 22/11/2010, no qual alegou basicamente o seguinte:  a) o vale­transporte e o vale­refeição, ainda que pagos em dinheiro, não têm  cunho salarial;  b) não incidem contribuições sobre o salário­maternidade;  c) em relação aos contribuintes individuais SAMI THOME BASSIC JIBRIN  e BENEDITO ALVES DE OLIVEIRA,  teria havido erro de  indicação  do código da receita na DIRF;  Fl. 214DF CARF MF Processo nº 12898.000273/2010­66  Acórdão n.º 2402­006.810  S2­C4T2  Fl. 215          3 d) a multa de ofício seria confiscatória.   Sem contrarrazões ou manifestação pela Procuradoria.   É o relatório.   Voto             Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci ­ Relator  1  Conhecimento  O recurso voluntário é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo legal  de trinta dias, e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser  conhecido.  2  Do vale­transporte em dinheiro  A  pretensão  da  recorrente  está  amparada  na  Súmula CARF  89,  segundo  a  qual  não  incide  contribuição  previdenciária  sobre  o  vale­transporte,  mesmo  que  pago  em  dinheiro. Veja­se:   Súmula CARF nº 89: A contribuição social previdenciária não  incide  sobre  valores  pagos  a  título  de  vale­transporte,  mesmo  que em pecúnia.  Tal  verbete  está  em  consonância  com  o  entendimento  do  STF,  abaixo  reproduzido, segundo o qual "a cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago,  em  dinheiro,  a  título  de  vales­transporte,  pelo  recorrente  aos  seus  empregados  afronta  a  Constituição, sim, em sua totalidade normativa".  EMENTA:  RECURSO  EXTRAORDINÁRIO.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  INCIDÊNCIA.  VALE­TRANSPORTE.  MOEDA.  CURSO  LEGAL  E  CURSO  FORÇADO.  CARÁTER  NÃO  SALARIAL  DO  BENEFÍCIO.  ARTIGO  150,  I,  DA  CONSTITUIÇÃO  DO  BRASIL.  CONSTITUIÇÃO  COMO  TOTALIDADE  NORMATIVA.  1.  Pago  o  benefício  de  que  se  cuida  neste  recurso  extraordinário  em  vale­transporte  ou  em  moeda,  isso não afeta o caráter não salarial do benefício. 2. A  admitirmos não possa esse benefício  ser pago em dinheiro  sem  que  seu  caráter  seja  afetado,  estaríamos  a  relativizar  o  curso  legal  da  moeda  nacional.  3.  A  funcionalidade  do  conceito  de  moeda  revela­se  em  sua  utilização  no  plano  das  relações  jurídicas.  O  instrumento  monetário  válido  é  padrão  de  valor,  enquanto  instrumento  de  pagamento  sendo  dotado  de  poder  liberatório:  sua  entrega  ao  credor  libera  o  devedor.  Poder  liberatório  é  qualidade,  da  moeda  enquanto  instrumento  de  pagamento, que se manifesta exclusivamente no plano  jurídico:  somente  ela  permite  essa  liberação  indiscriminada,  a  todo  sujeito de direito, no que tange a débitos de caráter patrimonial.  4.  A  aptidão  da  moeda  para  o  cumprimento  dessas  funções  Fl. 215DF CARF MF Processo nº 12898.000273/2010­66  Acórdão n.º 2402­006.810  S2­C4T2  Fl. 216          4 decorre  da  circunstância  de  ser  ela  tocada  pelos  atributos  do  curso legal e do curso forçado. 5. A exclusividade de circulação  da  moeda  está  relacionada  ao  curso  legal,  que  respeita  ao  instrumento monetário enquanto em circulação; não decorre do  curso  forçado,  dado  que  este  atinge  o  instrumento  monetário  enquanto  valor  e  a  sua  instituição  [do  curso  forçado]  importa  apenas  em  que  não  possa  ser  exigida  do  poder  emissor  sua  conversão  em  outro  valor.  6.  A  cobrança  de  contribuição  previdenciária  sobre  o  valor  pago,  em  dinheiro,  a  título  de  vales­transporte, pelo recorrente aos seus empregados afronta a  Constituição,  sim,  em  sua  totalidade  normativa.  Recurso  Extraordinário a que se dá provimento.(RE 478410, Relator(a):  Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 10/03/2010, DJe­ 086  DIVULG  13­05­2010  PUBLIC  14­05­2010  EMENT  VOL­ 02401­04 PP­00822 RDECTRAB v. 17, n. 192, 2010, p. 145­166)  Logo, o recurso voluntário deve ser provido neste particular.   3  Do auxílio­alimentação em dinheiro  Muito  embora  o  entendimento  deste  relator  esteja  em  consonância  com  o  voto vencido do então conselheiro do CARF, Fábio Piovesan Bozza, acórdão 2301­004.764, de  12  de  julho  de  2016,  segundo  o  qual  o  auxílio­alimentação  em  dinheiro  não  teria  natureza  remuneratória, em homenagem ao princípio da colegialidade, que privilegia a estabilidade das  relações  e o princípio maior da  segurança  jurídica,  vou me  conformar  à  posição de  todas  as  Turmas  Ordinárias  desta  Seção  de  Julgamento  e  à  própria  posição  da  Câmara  Superior  de  Recursos Fiscais, as quais preconizam que o auxílio­alimentação pago em pecúnia integraria o  salário­de­contribuição.   Com  isso,  ressalvo  o  meu  entendimento  pessoal  a  respeito  da  matéria,  resguardando, até certo ponto, a minha independência pessoal, mas submeto­o a um princípio  maior,  inclusive  para  evitar  a  redação  de  votos  vencedores  pelos  meus  pares,  em  matéria  reiteradamente decidida neste Conselho e nesta Turma de Julgamento.   Nesse  contexto,  e  de  acordo  com  os  precedentes  abaixo,  deve  ser  negado  provimento ao recurso neste ponto. Veja­se:  Ementa(s)  [...]  AUXÍLIO­ALIMENTAÇÃO PAGO EM PECÚNIA. INCIDÊNCIA  PREVIDENCIÁRIA.Integram  o  salário­de­contribuição  os  pagamentos efetuados em pecúnia a  título de vale alimentação,  inclusive  é  entendimento  pacificado  do  STJ  que  o  auxilio  alimentação  pago  em  dinheiro  ou  em  depósito  em  conta,  corresponde  a  verba  de  caráter  remuneratório,  o  que  gera  a  incidência de contribuições previdenciárias. Recurso Negado.  (Número  do  Processo  11516.722893/2014­68,  RECURSO  VOLUNTÁRIO,  Data  da  Sessão  12/07/2016,  Relator(a)  ABIO  PIOVESAN BOZZA, Acórdão 2301­004.764)  ....  Fl. 216DF CARF MF Processo nº 12898.000273/2010­66  Acórdão n.º 2402­006.810  S2­C4T2  Fl. 217          5 Ementa(s)  [...]  ALIMENTAÇÃO. PAGAMENTO EM PECÚNIA.  A  não  incidência  da  contribuição  previdenciária  sobre  alimentação  restringe­se  ao  seu  fornecimento  in  natura  ou  à  hipótese  de  inscrição  no  PAT.  A  alimentação  fornecida  em  pecúnia  sem  a  devida  inscrição  no  PAT  sofre  a  incidência  da  contribuição  previdenciária.  Inteligência  do  Parecer  PGFN/CRJ/Nº 2.117/2011. [...]. Recurso Voluntário Provido em  Parte.  (Número  do  Processo  16832.000607/2009­83,  RECURSO  VOLUNTÁRIO, Data da Sessão 16/02/2016, Relator(a) ANDRE  LUIS MARSICO LOMBARDI, Acórdão 2401­004.097)  ...  Ementa(s)  [...]  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  SALÁRIO  DE  CONTRIBUIÇÃO.  AUXÍLIO  ALIMENTAÇÃO  PAGO  EM  PECÚNIA.  INCIDÊNCIA.O  auxílio  alimentação  pago  em  pecúnia integra o salário de contribuição, independentemente de  empresa estar ou não  inscrita no Programa de Alimentação ao  Trabalhador PAT. [...].Recurso Voluntário Negado.  (Número  do  Processo  18088.000628/2009­02,  RECURSO  VOLUNTÁRIO,  Data  da  Sessão  10/05/2017,  Relator(a)  MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Acórdão 2202­003.851)  Da CSRF, e no ponto que interessa:  Ementa(s)  [...]  AUXÍLIO ­ ALIMENTAÇÃO. PAGAMENTO EM PECÚNIA.  Integram o salário­de­contribuição os pagamentos efetuados em  pecúnia a título de auxílio­alimentação [...].  (Número  do  Processo  10166.722657/2010­72,  RECURSO  ESPECIAL  DO  PROCURADOR,  Data  da  Sessão  30/11/2017,  Relator(a)  MARIA  HELENA  COTTA  CARDOZO,  Nº  Acórdão  9202­006.283)   4  Do salário­maternidade  O  Superior  Tribunal  de  Justiça  já  julgou  a  tese  de  inexigibilidade  das  contribuições sobre o salário­maternidade em recurso especial representativo de controvérsia.  Fl. 217DF CARF MF Processo nº 12898.000273/2010­66  Acórdão n.º 2402­006.810  S2­C4T2  Fl. 218          6 Convém transcrever, nesse contexto, a ementa abaixo, de observância obrigatória pelo CARF,  conforme preleciona o art. 62, § 1º, inc. II, alínea "b", do seu Regimento Interno:  PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS.  TRIBUTÁRIO.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA  A  CARGO  DA  EMPRESA.  REGIME  GERAL  DA  PREVIDÊNCIA  SOCIAL.  DISCUSSÃO A RESPEITO DA INCIDÊNCIA OU NÃO SOBRE  AS  SEGUINTES  VERBAS:  TERÇO  CONSTITUCIONAL  DE  FÉRIAS;  SALÁRIO  MATERNIDADE;  SALÁRIO  PATERNIDADE;  AVISO  PRÉVIO  INDENIZADO;  IMPORTÂNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM  O AUXÍLIO­DOENÇA.  [...]  1.3 Salário maternidade.  O salário maternidade  tem natureza salarial e a  transferência  do encargo à Previdência Social (pela Lei 6.136/74) não tem o  condão  de mudar  sua  natureza.  Nos  termos  do  art.  3º  da  Lei  8.212/91, "a Previdência Social  tem por fim assegurar aos seus  beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de  incapacidade,  idade  avançada,  tempo  de  serviço,  desemprego  involuntário, encargos de família e  reclusão ou morte daqueles  de  quem  dependiam  economicamente".  O  fato  de  não  haver  prestação  de  trabalho  durante  o  período  de  afastamento  da  segurada  empregada,  associado  à  circunstância  de  a  maternidade ser amparada por um benefício previdenciário, não  autoriza  conclusão  no  sentido  de  que  o  valor  recebido  tenha  natureza  indenizatória  ou  compensatória,  ou  seja,  em  razão  de  uma contingência (maternidade), paga­se à segurada empregada  benefício  previdenciário  correspondente  ao  seu  salário,  possuindo  a  verba  evidente  natureza  salarial.  Não  é  por  outra  razão  que,  atualmente,  o  art.  28,  §  2º,  da  Lei  8.212/91  dispõe  expressamente que o salário maternidade é considerado salário  de  contribuição.  Nesse  contexto,  a  incidência  de  contribuição  previdenciária sobre o salário maternidade, no Regime Geral da  Previdência  Social,  decorre  de  expressa  previsão  legal.  Sem  embargo  das  posições  em  sentido  contrário,  não  há  indício  de  incompatibilidade  entre  a  incidência  da  contribuição  previdenciária  sobre  o  salário  maternidade  e  a  Constituição  Federal.  A  Constituição  Federal,  em  seus  termos,  assegura  a  igualdade  entre  homens  e  mulheres  em  direitos  e  obrigações  (art.  5º,  I).  O  art.  7º,  XX,  da  CF/88  assegura  proteção  do  mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos,  nos termos da lei. No que se refere ao salário maternidade, por  opção do legislador infraconstitucional, a transferência do ônus  referente  ao  pagamento  dos  salários,  durante  o  período  de  afastamento,  constitui  incentivo  suficiente  para  assegurar  a  proteção  ao  mercado  de  trabalho  da  mulher.  Não  é  dado  ao  Poder  Judiciário,  a  título  de  interpretação,  atuar  como  legislador  positivo,  a  fim  estabelecer  política  protetiva  mais  ampla  e,  desse  modo,  desincumbir  o  empregador  do  ônus  referente à contribuição previdenciária incidente sobre o salário  maternidade, quando não foi esta a política legislativa.  Fl. 218DF CARF MF Processo nº 12898.000273/2010­66  Acórdão n.º 2402­006.810  S2­C4T2  Fl. 219          7 A  incidência  de  contribuição  previdenciária  sobre  salário  maternidade  encontra  sólido  amparo  na  jurisprudência  deste  Tribunal,  sendo  oportuna  a  citação  dos  seguintes  precedentes:  REsp  572.626/BA,  1ª  Turma,  Rel.  Min.  José  Delgado,  DJ  de  20.9.2004; REsp 641.227/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ  de  29.11.2004;  REsp  803.708/CE,  2ª  Turma,  Rel.  Min.  Eliana  Calmon, DJ de 2.10.2007; REsp 886.954/RS, 1ª Turma, Rel. Min.  Denise Arruda, DJ de 29.6.2007; AgRg no REsp 901.398/SC, 2ª  Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe  de  19.12.2008; REsp  891.602/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de  21.8.2008;  AgRg  no  REsp  1.115.172/RS,  2ª  Turma,  Rel.  Min.  Humberto  Martins,  DJe  de  25.9.2009;  AgRg  no  Ag  1.424.039/DF,  2ª  Turma,  Rel.  Min.  Castro  Meira,  DJe  de  21.10.2011;  AgRg  nos  EDcl  no  REsp  1.040.653/SC,  1ª  Turma,  Rel.  Min.  Arnaldo  Esteves  Lima,  DJe  de  15.9.2011;  AgRg  no  REsp  1.107.898/PR,  1ª  Turma,  Rel.  Min.  Benedito  Gonçalves,  DJe de 17.3.2010.  [...]  Acórdão sujeito ao regime previsto no art. 543­C do CPC, c/c a  Resolução 8/2008 ­ Presidência/STJ.  (REsp  1230957/RS,  Rel.  Ministro  MAURO  CAMPBELL  MARQUES,  PRIMEIRA  SEÇÃO,  julgado  em  26/02/2014,  DJe  18/03/2014)  Como  se  vê,  o  recurso  voluntário  deve  ser  desprovido,  porque  o  salário­ maternidade  tem  cunho  salarial  e  a  transferência do  encargo  à Previdência Social  não  tem o  condão de mudar sua natureza.   5  Dos contribuintes individuais  A  recorrente  alega  que  em  relação  aos  contribuintes  individuais  SAMI  THOME  BASSIC  JIBRIN  e  BENEDITO  ALVES  DE  OLIVEIRA,  teria  havido  erro  de  indicação  do  código  da  receita  na DIRF,  o  que  teria  ensejado  a divergência  constatada pelo  agente fiscal.   No entanto, e por concordar com as seguintes razões da DRJ, adoto­as como  razões decidir, fazendo­o inclusive de conformidade com o § 3º do art. 57 do RICARF:  12.1. O interessado anexa à impugnação DIRF retificadora (fls.  136/138), para o ano calendário 2005, entregue pela internet no  dia  13.04.2010,  retificando  o  código  de  receita  (código  de  retenção) para os pagamentos efetuados às pessoas fisicas SAMI  THOMÉ BASSIC JIBRIN e BENEDITO ALVES DE OLIVEIRA,  de  0588  (rendimentos  do  trabalho  sem  vínculo  empregatício)  para 3208 (Aluguel), informando expressamente na impugnação  (fls.  112) que havia  informado erroneamente o  código 0588 na  DIRF original.  [...]  Fl. 219DF CARF MF Processo nº 12898.000273/2010­66  Acórdão n.º 2402­006.810  S2­C4T2  Fl. 220          8 12.3. [...], ao afirmar  fato impeditivo, relativa à retificação dos  códigos de receita (código de retenção), o interessado traz para  si o ônus da prova [...], do qual não se desincumbiu, uma vez que  não trouxe aos autos quaisquer documentos que comprovem que  os  valores  informados  na DIRF,  de  fato,  referem­se  a  aluguéis  pagos a pessoas físicas.  12.4.  Desta  forma,  a  retificação  da  DIRF  de  2005  não  deve  surtir efeitos tributários para o lançamento já lavrado com base  nas  informações contidas naquele documento original,  sem que  haja prova documental dos motivos que ensejaram a respectiva  retificação.   Em sendo assim, deve ser negado provimento ao recurso neste tópico.   6  Da multa confiscatória  A cláusula de não confisco  está prevista na Constituição Federal  e,  para  se  concluir  pela  existência  de  sanção  confiscatória,  seria  necessário  declarar  a  inconstitucionalidade  da  Lei  8212/91  e  da  Lei  9430/96.  Como  sabido,  este  Conselho  não  é  competente  para  se  pronunciar  sobre  a  inconstitucionalidade  de  lei  tributária. Veja­se,  nesse  sentido, a Súmula CARF 2:  Súmula  CARF  nº  2:  O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.  Isto  é,  a  verificação  de  que  a  norma  implicaria  infringência  ao  desenho  constitucional  da  exação  tributária  exacerba  a  competência  originária  desta  Corte  administrativa,  que  é  a  de  órgão  revisor  dos  atos  praticados  pela Administração,  bem  como  invade  competência  atribuída  especificamente  ao  Judiciário  pela  Constituição  Federal,  negando­se provimento ao recurso neste particular.  7  Conclusão  Diante do exposto, vota­se no sentido de conhecer e dar parcial provimento  ao recurso voluntário, para excluir da base de cálculo do lançamento os valores pagos a título  de vale­transporte em dinheiro.   (assinado digitalmente)  João Victor Ribeiro Aldinucci                             Fl. 220DF CARF MF

score : 1.0
7560311 #
Numero do processo: 15936.000081/2007-49
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1998 a 31/12/1998 VÍCIO FORMAL. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. PRECLUSÃO. Decisão administrativa que declarou a nulidade do lançamento por vício formal, que de tornou definitiva, ante a ausência de recurso, não pode ser alterada em julgamento posterior para fins de definição do termo inicial de contagem do prazo decadencial.
Numero da decisão: 9202-007.406
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201811

camara_s : 2ª SEÇÃO

ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1998 a 31/12/1998 VÍCIO FORMAL. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. PRECLUSÃO. Decisão administrativa que declarou a nulidade do lançamento por vício formal, que de tornou definitiva, ante a ausência de recurso, não pode ser alterada em julgamento posterior para fins de definição do termo inicial de contagem do prazo decadencial.

turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS

dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019

numero_processo_s : 15936.000081/2007-49

anomes_publicacao_s : 201901

conteudo_id_s : 5944473

dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019

numero_decisao_s : 9202-007.406

nome_arquivo_s : Decisao_15936000081200749.PDF

ano_publicacao_s : 2019

nome_relator_s : PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA

nome_arquivo_pdf_s : 15936000081200749_5944473.pdf

secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).

dt_sessao_tdt : Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018

id : 7560311

ano_sessao_s : 2018

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:12 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713051150213709824

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1670; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF­T2  Fl. 2          1 1  CSRF­T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS    Processo nº  15936.000081/2007­49  Recurso nº               Especial do Procurador  Acórdão nº  9202­007.406  –  2ª Turma   Sessão de  29 de novembro de 2018  Matéria  PAF ­ Preclusão  Recorrente  FAZENDA NACIONAL  Interessado  CAIUÁ AGRO­INDUSTRIAL LTDA    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/05/1998 a 31/12/1998  VÍCIO FORMAL. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. PRECLUSÃO.  Decisão  administrativa  que  declarou  a  nulidade  do  lançamento  por  vício  formal,  que  de  tornou  definitiva,  ante  a  ausência  de  recurso,  não  pode  ser  alterada  em  julgamento  posterior para  fins de definição do  termo  inicial  de  contagem do prazo decadencial.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do  colegiado, por  unanimidade  de  votos,  em conhecer  do Recurso Especial e, no mérito, em dar­lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de  origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário. Votaram pelas conclusões as  conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes.    Assinado digitalmente  Maria Helena Cotta Cardozo ­ Presidente em exercício.     Assinado digitalmente  Pedro Paulo Pereira Barbosa ­ Relator.    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Elaine  Cristina  Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes,  Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri,  Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).       AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 93 6. 00 00 81 /2 00 7- 49 Fl. 560DF CARF MF     2 Relatório  Cuida­se  de  recurso  especial  interposto  pela  Fazenda Nacional  em  face  do  Acórdão nº 2301­003.217, proferido na Sessão de 21 de novembro de 2012, assim ementado:  ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/05/1998 a 31/12/1998  DECADÊNCIA.  STF.  INCONSTITUCIONALIDADE  DE  DISPOSITIVOS.  LEI  8.212/91.  RESPONSABILIDADE  SOLIDÁRIA. CONSTRUÇÃO CIVIL.  O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n°  08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212,  de  24/07/91,  devendo,  portanto,  ser  aplicadas  as  regras  do  Código Tributário Nacional.  No  presente  caso,  todo  o  lançamento  fiscal  foi  alcançado  pela  decadência  quinquenal,  tanto  pela  regra  estabelecida  no  art.  150, §4º do CTN, quanto pela disposição do art. 173, inciso I, do  mesmo Codex.  A decisão foi assim registrada:  Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos: I) Por  unanimidade  de  votos,  em  dar  provimento  ao  recurso,  nos  termos do voto do(a) Relator(a).  O  recurso  visa  rediscutir  a  seguinte  matéria:  limites  da  coisa  julgada  administrativa quanto à natureza do vício.  Em  despacho  preliminar  de  admissibilidade,  o  Presidente  da  Terceira  Câmara, da Segunda Seção do CARF deu seguimento ao apelo, nos termos do Despacho de e­ fls. 548 a 553.  Em suas razões recursais, a Fazenda Nacional aduz, em síntese, que, apesar  de  na  decisão  definitiva  constar  expressamente  que  o  vício  que  atingia  o  lançamento  era  formal, o Colegiado a quo concluiu que a NFLD substituída estava eivada de vício material;  que a discussão sobre a natureza do vício havia precluído; que o processo administrativo deve  caminhar  sempre  para  frente,  não  podendo  reabrir  discussão  de  matéria  julgada;  que  o  Despacho  Decisório  que  declarou  a  nulidade  foi  proferido  por  autoridade  competente,  em  processo  regular,  restando  nele  consignado  expressamente  a  natureza  do  vício,  tornando­se  inviável o reexame da questão pelo Colegiado a quo; que o art. 63, § 2º, da Lei nº 9.784, de  1.999  veda  o  reexame  de matéria  preclusão  pro  judicato,  que  impede  o  julgador  de  decidir  novamente a matéria já julgada, nos termos do art. 471, do CC.  Cientificada  do Acórdão Recorrido,  do Recurso Especial  da Procuradoria  e  do  Despacho  que  lhe  deu  seguimento  em  30/05/2016  (AR,  e­fls.  558),  o  Contribuinte  não  apresentou contrarrazões.  É o relatório.    Fl. 561DF CARF MF Processo nº 15936.000081/2007­49  Acórdão n.º 9202­007.406  CSRF­T2  Fl. 3          3 Voto             Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa ­ Relator  O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade.  Dele conheço.  Quanto ao mérito, a matéria diz respeito à natureza do vício que determinou a  nulidade  do  lançamento  e  posterior  emissão  de  novo  lançamento,  se  formal  ou  material.  Entendeu a Turma a quo que se tratava de vício material, não se aplicando a regra de contagem  do prazo decadencial do art. 173,  II do CTN, o que levou sua conclusão pela decadência em  relação à segunda notificação. Eis as considerações do Recorrido sobre a natureza do vício:  7.  Ao  responder  a  diligência  determinada  pela  Resolução  n.º  230100.036  (fls.  400/404),  a  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil em Presidente Prudente – SP alegou que:  “1. O motivo da anulação do débito lançado sob o Debcad n.º  32.465.6483,  foi  pelo  fato  de  trata­se  de  débito  das  contribuições patronais e ter sido cadastrado incorretamente  com o ‘Tipo de Débito 71’, considerando vício insanável, por  não ser possível a exclusão do referido código”. (fl. 469)  8. Dessa forma, resta demonstrado que o vício, ocorrido à época  do  início  da  ação  fiscal  em  1999,  trata­se  de  vício  material,  porque não determinou corretamente a matéria tributável.  Antes de apreciar o mérito da questão, faço breve relato dos fatos relevantes  para o desfecho da lide:  a) Em 30/06/1999 foi lavrada a Notificação DEBCAD nº 32.465.648­3 (Ver  Relatório Fiscal, e­fls. 238);  b)  Em  28/07/2005  foi  declarada,  de  ofício,  a  nulidade  do  lançamento,  por  vício formal, com a determinação de emissão de nova notificação de lançamento, nos termos  do Despacho Decisório  nº  21.021.0/0019/2005,  com  recurso  de  ofício  à  autoridade  superior,  que homologou a decisão (e­fls. 471 a 473);  c)  Em  18/10/2005  foi  expedida  a  Notificação  de  Lançamento  –  NFLD  nº  35.755.796­4 (e­fls. 215 a 232), em substituição à notificação anterior;  d)  Cientificado  da  NFLD  nº  35.755.796­4  em  17/10/1995,  o  Contribuinte  impugnou tempestivamente a exigência (e­fls. 261 a 267);  e) A delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto  – DRF­Ribeirão Preto julgou procedente o lançamento (e­fls. 132 a 139);  f) O Contribuinte interpôs recurso voluntário em 08/11/207 (e­fls. 145 a 155);   g)  Em  21/11/2012  a  Primeira  Turma  Ordinária,  da  Terceira  Câmara  da  Segunda  Seção  de  Julgamento,  por  meio  do  Acórdão  nº  2301­003.217,  deu  provimento  ao  Fl. 562DF CARF MF     4 recurso voluntário em razão da decadência. Para  tanto, considerou que o vício que ensejou a  nulidade da Notificação DEBCAD nº 32.465.648­3 era material, não se aplicando, portanto, a  regra do art. 173, II do CTN.  Pois  bem,  considerada  a  sucessão  de  fato  acima  resumidos,  é  forçoso  dar  razão à Fazenda Nacional.  No  presente  caso,  a  autoridade  administrativa,  no  exercício  de  sua  competência, declarou a nulidade do lançamento, por vício formal, e determinou a realização  de nova notificação. Confira­se o teor do Despacho Decisório:  4.  O  crédito  previdenciário  incluído  na  Notificação  Fiscal  de  Lançamento  de  Débito  NFLD  em  questão  é  especificamente  relativo às contribuições da empresa, parte patronal.  5.  Ocorre  que  o  lançamento  foi  cadastrado  no  sistema  informatizado  do  INSS,  indevidamente  com  o  "Tipo  de  classificação  de  Apropriação  Indébita"  e  os  sistemas  SICAD/SICOB, não permite alteração de códigos.  6.  A  informação  relativa  ao  "Tipo  de  Débito"  consiste  em  nortear  os  procedimentos  administrativos  de  cobrança  do  crédito lançado, sendo de suma importância a sua exatidão para  o cadastramento no sistema de cobrança.  7. Não há como sanar a irregularidade apontada.  [...]  9.  No  caso  em  questão,  considerando  a  inviabilidade  do  saneamento,  torna­se  necessário  a  nulidade  do  presente  lançamento,  com  a  determinação  de  emissão  de  NFLD  substitutivo.  E a sua conclusão:  CONSIDERANDO tudo o mais que dos autos consta;  DECIDO:  a)  Anular  o  lançamento  NFLD  DEBCAD:  32.465.648­3  de  30/06/1999;  b) Determinar o arquivamento do processo;  c) Determinar a emissão de NFLD substitutiva;  d)  Recorrer  de  Oficio  desta  decisão  ao  Delegado  da  Receita  Previdenciária.  Sobre  a natureza do vício que ensejou  a nulidade do  lançamento,  é patente  que  se  trata  de  vício  formal,  embora  o  Despacho  decisório  assim  não  o  designe.  A  caracterização  do  vício  e  a  determinação  de  realização  de  lançamento  substituto  torna  essa  conclusão  incontroversa. O fato de a decisão referir­se a vício  insanável – aspecto destacado  pelo Recorrido – não determina a natureza material do vício. Tanto o vício material quanto o  vício formal são insanáveis, razão pela qual é necessário a realização de novo lançamento, caso  se pretenda restabelecer a exigência.  Fl. 563DF CARF MF Processo nº 15936.000081/2007­49  Acórdão n.º 9202­007.406  CSRF­T2  Fl. 4          5 E  a  decisão  que  declarou  a  nulidade  do  lançamento  por  vício  formal  não  poderia  ser  alterada  ou  questionada  pela  Primeira  Turma  Ordinária,  da  Terceira  Câmara  da  Segunda Seção de Julgamento. Trata­se de decisão definitiva, operando­se, em relação a ela, os  efeitos da chamada coisa julgada administrativa.  Assim,  ao  apreciar  o  recurso  voluntário  interposto  pelo  contribuinte,  era  defeso, à Turma a quo, em razão da preclusão processual, discutir a natureza do vício.  Restabelecida  a  natureza  do  vício  como  formal,  não  poderia  o  acórdão  recorrido concluir pela decadência com base nas regras dos artigos 150, § 4º e 173, I, ambos do  CTN.  Ante  o  exposto,  conheço  do  recurso  e  dou­lhe  provimento,  determinando o  retorno dos autos à Turma a quo para reexame do Recurso Voluntário, considerando formal o  vício que ensejou a nulidade do lançamento substituído.    Assinado digitalmente  Pedro Paulo Pereira Barbosa ­ Relator                               Fl. 564DF CARF MF

score : 1.0
7560423 #
Numero do processo: 15540.720652/2013-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2008 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. MOMENTO DA VERIFICAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº 63/2017 elevou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades promovida pelas Delegacias Regionais de Julgamento para dar ensejo à interposição válida de Recurso de Ofício. Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Ainda que, quando da prolatação de Acórdão que cancela determinada exação, a monta exonerada enquadrava-se na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa.
Numero da decisão: 1402-003.525
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 15521.000284/2009-79, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201810

camara_s : Quarta Câmara

ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2008 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. MOMENTO DA VERIFICAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº 63/2017 elevou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades promovida pelas Delegacias Regionais de Julgamento para dar ensejo à interposição válida de Recurso de Ofício. Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Ainda que, quando da prolatação de Acórdão que cancela determinada exação, a monta exonerada enquadrava-se na hipótese de Recurso de Ofício, o derradeiro momento da verificação do limite do valor de alçada é na apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa.

turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção

dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019

numero_processo_s : 15540.720652/2013-57

anomes_publicacao_s : 201901

conteudo_id_s : 5944488

dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019

numero_decisao_s : 1402-003.525

nome_arquivo_s : Decisao_15540720652201357.PDF

ano_publicacao_s : 2019

nome_relator_s : PAULO MATEUS CICCONE

nome_arquivo_pdf_s : 15540720652201357_5944488.pdf

secao_s : Primeira Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 15521.000284/2009-79, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.

dt_sessao_tdt : Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018

id : 7560423

ano_sessao_s : 2018

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:13 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713051150217904128

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1806; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1­C4T2  Fl. 2          1 1  S1­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  15540.720652/2013­57  Recurso nº  1   De Ofício  Acórdão nº  1402­003.525  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  18 de outubro de 2018  Matéria  CONHECIMENTO RECURSAL  Recorrente  FAZENDA NACIONAL  Interessado  NOVO MAR & SOL COMERCIO DE GENEROS ALIMENTICIOS LTDA. ­  EPP    ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL  Ano­calendário: 2008  RECURSO  DE  OFÍCIO.  LIMITE  DO  VALOR  DE  ALÇADA.  NÃO  CONHECIMENTO.  MOMENTO  DA  VERIFICAÇÃO.  SÚMULA  CARF  Nº 103.  A  Portaria  MF  nº  63/2017  elevou  para  R$  2.500.000,00  (dois  milhões  e  quinhentos mil reais) o valor mínimo da exoneração do crédito e penalidades  promovida  pelas  Delegacias  Regionais  de  Julgamento  para  dar  ensejo  à  interposição válida de Recurso de Ofício.  Súmula  CARF  nº  103:  Para  fins  de  conhecimento  de  recurso  de  ofício,  aplica­se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda  instância.  Ainda  que,  quando  da  prolatação  de  Acórdão  que  cancela  determinada  exação, a monta exonerada enquadrava­se na hipótese de Recurso de Ofício,  o  derradeiro  momento  da  verificação  do  limite  do  valor  de  alçada  é  na  apreciação do feito pelo Julgador da 2ª Instância administrativa.       Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do  recurso  de  ofício,  nos  termos  da  Súmula  CARF  nº  103.  Portanto,  aplica­se  o  decidido  no  julgamento  do  processo  15521.000284/2009­79,  paradigma  ao  qual  o  presente  processo  foi  vinculado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.   (assinado digitalmente)  Paulo Mateus Ciccone ­ Presidente Substituto e Relator.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 72 06 52 /2 01 3- 57 Fl. 1907DF CARF MF Processo nº 15540.720652/2013­57  Acórdão n.º 1402­003.525  S1­C4T2  Fl. 3          2 Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Marco  Rogerio  Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves,  Evandro  Correa  Dias,  Lucas  Bevilacqua  Cabianca  Vieira,  Eduardo  Morgado  Rodrigues  (Suplente  Convocado)  e  Paulo  Mateus  Ciccone  (Presidente  Substituto).  Ausente  justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.     Relatório    Trata  de  Recurso  de  Ofício  oposto  em  face  do  cancelamento  de  exações  sofridas  pela  Contribuinte,  promovido  pela  DRJ  a  quo,  dando  provimento  às  razões  de  Impugnação opostas contra o lançamento de ofício procedido.  Na sequência, os  autos  foram encaminhados para este Conselheiro  relatar e  votar.  É o relatório.    Voto             Conselheiro Paulo Mateus Ciccone ­ Relator   O  julgamento  deste  processo  segue  a  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF  343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica­se o decidido no Acórdão nº  1402­003.484,  de  18/10/2018,  proferido  no  julgamento  do Processo nº  15521.000284/2009­ 79, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado.  Transcreve­se,  como  solução  deste  litígio,  nos  termos  regimentais,  o  entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402­003.484):  "Inicialmente,  analisando  os  requisitos  de  admissibilidade do Recurso de Ofício, constata­se que  tal apelo  foi  tirado  de  v.  Acórdão  que  exonerou  débito  tributário  (considerando,  aqui,  principal  e  multas)  em  monta  inferior  ao  atual valor de alçada que propiciaria seu manejo e consequente  conhecimento por este E. CARF.  Posto isso, tal montante está abaixo do mínimo de R$  2.500.000,00 fixados pela Portaria MF nº 63/2017, acarretando  no  seu  não  conhecimento,  considerando­se  definitivamente  exonerado  tal crédito  fiscal, nos precisos  termos e  limites da r.  decisão da DRJ a quo.  Fl. 1908DF CARF MF Processo nº 15540.720652/2013­57  Acórdão n.º 1402­003.525  S1­C4T2  Fl. 4          3 Tais  circunstâncias  e  ocorrência  também  atraem  a  incidência da Súmula CARF nº 103:  Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica­ se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação  em segunda instância.  Como  se  extrai  de  tal  entendimento  sumular  plenamente  vigente  deste  E.  Conselho,  ainda  que  quando  da  prolatação do v. Acórdão recorrido a monta do débito cancelado  enquadrava­se  na  hipótese  de  Recurso  de Ofício,  o  derradeiro  momento  da  verificação  do  limite  do  valor  de  alçada  é  na  apreciação do feito pelo Julgador de 2ª Instância administrativa.   In  casu,  como  mencionado,  tal  evento  ocorre  após  a  vigência Portaria MF nº 63/2017, não havendo mais justificativa  e motivação para o conhecimento recursal.  Diante  de  todo  o  exposto,  voto  por  não  conhecer  do  Recurso de Ofício, nos termos da Súmula CARF nº 103."  Aplicando­se  a  decisão  do  paradigma  ao  presente  processo,  em  razão  da  sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de  não conhecer do recurso de ofício, nos  termos da Súmula CARF nº 103, conforme voto acima  transcrito.  (assinado digitalmente)  Paulo Mateus Ciccone                             Fl. 1909DF CARF MF

score : 1.0
7560569 #
Numero do processo: 10569.000585/2010-76
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006 MULTA. FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVAS. LANÇAMENTO POSTERIOR AO ENCERRAMENTO DO ANO-CALENDÁRIO. APURAÇÃO DE PREJUÍZO. POSSIBILIDADE. Nos casos de falta de recolhimento de diferenças de estimativas mensais de IRPJ relativas a períodos de apuração anteriores à Lei nº 11.488/2007, é cabível a cobrança da multa isolada após o término do ano-calendário, desde que tais diferenças não decorram de infração que tenha dado causa à redução do IRPJ apurado no balanço de encerramento do mesmo ano-calendário. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2006 MULTA. FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. LANÇAMENTO POSTERIOR AO ENCERRAMENTO DO ANO-CALENDÁRIO. APURAÇÃO DE PREJUÍZO. POSSIBILIDADE. Nos casos de falta de recolhimento de diferenças de estimativas mensais de CSLL relativas a períodos de apuração anteriores à Lei nº 11.488/2007, é cabível a cobrança da multa isolada após o término do ano-calendário, desde que tais diferenças não decorram de infração que tenha dado causa à redução do CSLL apurado no balanço de encerramento do mesmo ano-calendário.
Numero da decisão: 9101-003.802
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencido o conselheiro Luis Flávio Neto, que não conheceu do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa (relatora) e Luis Flávio Neto, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em retornar os autos ao colegiado de origem. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Flávio Franco Corrêa. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego -Presidente (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa - Relatora (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa - Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado) e Adriana Gomes Rego (Presidente).
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201810

camara_s : 1ª SEÇÃO

ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006 MULTA. FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVAS. LANÇAMENTO POSTERIOR AO ENCERRAMENTO DO ANO-CALENDÁRIO. APURAÇÃO DE PREJUÍZO. POSSIBILIDADE. Nos casos de falta de recolhimento de diferenças de estimativas mensais de IRPJ relativas a períodos de apuração anteriores à Lei nº 11.488/2007, é cabível a cobrança da multa isolada após o término do ano-calendário, desde que tais diferenças não decorram de infração que tenha dado causa à redução do IRPJ apurado no balanço de encerramento do mesmo ano-calendário. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2006 MULTA. FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. LANÇAMENTO POSTERIOR AO ENCERRAMENTO DO ANO-CALENDÁRIO. APURAÇÃO DE PREJUÍZO. POSSIBILIDADE. Nos casos de falta de recolhimento de diferenças de estimativas mensais de CSLL relativas a períodos de apuração anteriores à Lei nº 11.488/2007, é cabível a cobrança da multa isolada após o término do ano-calendário, desde que tais diferenças não decorram de infração que tenha dado causa à redução do CSLL apurado no balanço de encerramento do mesmo ano-calendário.

turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS

dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019

numero_processo_s : 10569.000585/2010-76

anomes_publicacao_s : 201901

conteudo_id_s : 5944497

dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019

numero_decisao_s : 9101-003.802

nome_arquivo_s : Decisao_10569000585201076.PDF

ano_publicacao_s : 2019

nome_relator_s : CRISTIANE SILVA COSTA

nome_arquivo_pdf_s : 10569000585201076_5944497.pdf

secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencido o conselheiro Luis Flávio Neto, que não conheceu do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa (relatora) e Luis Flávio Neto, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em retornar os autos ao colegiado de origem. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Flávio Franco Corrêa. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego -Presidente (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa - Relatora (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa - Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado) e Adriana Gomes Rego (Presidente).

dt_sessao_tdt : Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018

id : 7560569

ano_sessao_s : 2018

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:13 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713051150222098432

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2012; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF­T1  Fl. 512          1 511  CSRF­T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS    Processo nº  10569.000585/2010­76  Recurso nº               Especial do Procurador  Acórdão nº  9101­003.802  –  1ª Turma   Sessão de  02 de outubro de 2018  Matéria  IRPJ  Recorrente  FAZENDA NACIONAL  Interessado  BHG IMOBILIÁRIA HOTELARIA E TURISMO S/A    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­ IRPJ  Ano­calendário: 2006  MULTA.  FALTA  DE  RECOLHIMENTO  POR  ESTIMATIVAS.  LANÇAMENTO  POSTERIOR  AO  ENCERRAMENTO  DO  ANO­ CALENDÁRIO. APURAÇÃO DE PREJUÍZO. POSSIBILIDADE.  Nos casos de falta de recolhimento de diferenças de estimativas mensais de  IRPJ  relativas  a  períodos  de  apuração  anteriores  à  Lei  nº  11.488/2007,  é  cabível a cobrança da multa isolada após o término do ano­calendário, desde  que tais diferenças não decorram de infração que tenha dado causa à redução  do IRPJ apurado no balanço de encerramento do mesmo ano­calendário.  ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO ­ CSLL  Ano­calendário: 2006  MULTA.  FALTA  DE  RECOLHIMENTO  POR  ESTIMATIVA.  LANÇAMENTO  POSTERIOR  AO  ENCERRAMENTO  DO  ANO­ CALENDÁRIO. APURAÇÃO DE PREJUÍZO. POSSIBILIDADE.  Nos casos de falta de recolhimento de diferenças de estimativas mensais de  CSLL  relativas  a  períodos  de  apuração  anteriores  à  Lei  nº  11.488/2007,  é  cabível a cobrança da multa isolada após o término do ano­calendário, desde  que tais diferenças não decorram de infração que tenha dado causa à redução  do CSLL apurado no balanço de encerramento do mesmo ano­calendário.       Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros  do  colegiado,  por maioria  de  votos,  em  conhecer do  Recurso Especial, vencido o conselheiro Luis Flávio Neto, que não conheceu do recurso. No  mérito,  por  maioria  de  votos,  acordam  em  dar­lhe  provimento,  vencidos  os  conselheiros  Cristiane  Silva Costa  (relatora)  e  Luis  Flávio Neto,  que  lhe  negaram  provimento. Acordam,     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 56 9. 00 05 85 /2 01 0- 76 Fl. 512DF CARF MF     2 ainda, por unanimidade de votos, em retornar os autos ao colegiado de origem. Designado para  redigir o voto vencedor o conselheiro Flávio Franco Corrêa.    (assinado digitalmente)  Adriana Gomes Rego ­Presidente     (assinado digitalmente)  Cristiane Silva Costa ­ Relatora    (assinado digitalmente)  Flávio Franco Corrêa ­ Redator Designado    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  André  Mendes  de  Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner,  Gerson  Macedo  Guerra,  Rafael  Vidal  de  Araújo,  Demetrius  Nichele  Macei,  José  Eduardo  Dornelas Souza (suplente convocado) e Adriana Gomes Rego (Presidente).  Relatório  Trata­se de processo originado por autos de infração para exigência de multa  calculada sobre estimativas mensais de IRPJ e CSLL quanto aos meses de janeiro, fevereiro de  abril de 2006 (fls. 146). Consta do Termo de Verificação Fiscal (fls. 2):  2.  No  procedimento  de  revisão  da Declaração  de  Informações  Econômico­fiscais da Pessoa Jurídica — DIPJ,  relativa  ao  período  de  apuração  supra,  foram  apontadas  as  seguintes ocorrências, que ensejaram a presente ação fiscal:  2.1 ­ Os valores informados em DIPJ, referentes ao Imposto de  Renda da Pessoa Jurídica ­ IRPJ a Pagar por  estimativa,  estão  superiores  aos  informados  em Declaração  de  Débitos e Créditos Tributários ­ DCTF.  2.2  ­  Os  valores  informados  em  DIPJ,  referentes  A  e  à  Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido ­ CSLL a  Pagar  por  estimativa,  estão  superiores  aos  informados  em  DCTF. (...)  11. Foram ratificadas as ocorrências que ensejaram a presente  auditoria, conforme parágrafos 2° e 3° acima, ou  Fl. 513DF CARF MF Processo nº 10569.000585/2010­76  Acórdão n.º 9101­003.802  CSRF­T1  Fl. 513          3 seja: os valores de IRPJ e CSLL a Pagar por estimativa constam  efetivamente declarados na DIPJ analisada (Ficha 11/Linhas 12  ­  Imposto  de  Renda  a  Pagar  e  Ficha  16/Linhas  11  ­  CSLL  a  Pagar),  restando  demonstrado  que  a  empresa  apurou  IRPJ  e  CSLL a pagar nos meses de 01, 02 e 04/2006. (...)  21.  Da  leitura  do  caput  e  do  §2°  do  artigo  230,  acima  transcritos,  resta  clara  a  necessidade  de  o  contribuinte  demonstrar,  através  de  balanços  ou  balancetes  mensais  transcritos  no  livro  diário,  a  existência  de  prejuízos  riscais  apurados  a  partir  do  mês  de  janeiro  para  que  possa  lograr  a  dispensa do pagamento mensal.  22. Cabe observar que a suspensão ou redução do pagamento é  aplicável, inclusive, sobre o imposto devido  relativamente  ao  mês  de  janeiro.  Assim  sendo,  não  haveria  imposto a ser recolhido, relativo ao mês de janeiro,  apenas no caso de a empresa apresentar prejuízo fiscal naquele  mês.  23. Conforme  exposto  anteriormente,  verificou­se  que  o  sujeito  passivo  ­  tanto  nas  planilhas  mencionadas  no  parágrafo  8°  acima quanto na DIPJ entregue ­ apurou IRPJ e CSLL a pagar  nas competências 01, 02 e 04/2006, sem que houvesse promovido  os respectivos recolhimentos.  24.  A  alegação  de  prejuízo  fiscal  ­  apurado  nos  ajustes  do  período,  conforme  DIPJ  entregue  ­  visando  justificar  o  não  recolhimento  do  IRPJ  e  da  CSLL  devidos  nas  mencionadas  competências, não encontra abrigo na legislação em vigor, cuja  sistemática exigia o recolhimento, à época, dos valores apurados  mensalmente  por  estimativa  feita  através  dos  balanços  ou  balancetes  de  suspensão  ou  redução  (ressalvadas  as  competências em que houve prejuízo fiscal).  25.  Dada  a  situação  descrita,  procedeu­se  ao  lançamento  de  oficio  da multa  isolada  sobre  os  valores  lido  recolhidos,  ainda  que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base negativa da CSLL  ao  final  do  ano­calendário  em  questão,  conforme  determina  o  artigo  44  da  Lei  N°  9.430/96  (com  a  redação  da  Medida  Provisória n° 303, de 29 de junho de 2006, cujo teor foi mantido  na  redação  dada  pela  Medida  Provisória  n°  351,  de  22  de  janeiro de 2007):  O  contribuinte  apresentou  impugnação  administrativa  (fls.  198,  volume  1,  pdf.  197),  que  a  Delegacia  da  Receita  Federal  de  Julgamento  no  Rio  de  Janeiro  julgou  improcedente (fls. 253):  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA ­ IRPJ   Data do fato gerador: 31/01/2006, 28/02/2006, 30/04/2006   Fl. 514DF CARF MF     4 MULTA  ISOLADA.  FALTA  DE  RECOLHIMENTO  DE  ESTIMATIVAS.   A  falta  de  recolhimento  das  estimativas  de  IRPJ,  na  forma  prevista  no  art.  2º  da  Lei  9.430/1996,  sujeita  o  contribuinte  à  multa  isolada  de  50%  (cinqüenta  por  cento)  sobre  o  valor  dos  pagamentos mensais não efetuados (art. 44 da Lei nº 9.430/1996,  com redação dada pela Lei nº 11.488/2007).   ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  SOBRE  O  LUCRO  LÍQUIDO ­ CSLL   Data do fato gerador: 31/01/2006, 28/02/2006, 30/04/2006   MULTA  ISOLADA.  FALTA  DE  RECOLHIMENTO  DE  ESTIMATIVAS.   A  falta  de  recolhimento  das  estimativas  de  CSLL,  na  forma  prevista  nos  arts.  2º  e  30  da  Lei  9.430/1996,  sujeita  o  contribuinte à multa isolada de 50% (cinqüenta por cento) sobre  o valor dos pagamentos mensais não efetuados (art. 44 da Lei nº  9.430/1996, com redação dada pela Lei nº 11.488/2007).   Impugnação Improcedente   Crédito Tributário Mantido  Sendo apresentado recurso voluntário pelo contribuinte, a 1ª Turma Ordinária  da 3ª Câmara deu provimento ao recurso voluntário, em acórdão cuja ementa se transcreve a  seguir (fls. 445):  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA ­ IRPJ   Data do fato gerador: 31/01/2006, 28/02/2006, 30/04/2006   MULTA  ISOLADA.  FALTA  DE  RECOLHIMENTO  DE  ESTIMATIVA.   O artigo 44 da Lei n° 9.430/96 preceitua que a multa de oficio  deve  ser  calculada  sobre  a  totalidade  ou  diferença  de  tributo,  materialidade que não se confunde com o valor calculado sobre  base  estimada  ao  longo  do  ano.  A  jurisprudência  da  CSRF  consolidou­se no sentido de que não cabe a aplicação da multa  isolada após o encerramento do período.   Os  autos  foram  remetidos  à  Procuradoria  em  30/10/2014  (fls.  483),  que  interpôs  recurso  especial  em  19/11/2014  (fls.  484/491),  sustentando  divergência  na  interpretação  da  lei  tributária  com  relação  à  exigência  de multa  isolada  sobre  estimativas  mensais, indicando como paradigmas os acórdãos nº 108­06.571 e 1401­00.429.  O recurso especial foi admitido, conforme razões a seguir reproduzidas pela  então Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção (fls. 500):  Para  melhor  compreensão  da  matéria,  transcrevo  abaixo  as  ementas dos acórdãos apresentados como paradigmas, na parte  que interessa ao presente exame:   Acórdão nº 108­06.571 ­ 8ªC/1º CC ­ 25/06/2001 (...)  Fl. 515DF CARF MF Processo nº 10569.000585/2010­76  Acórdão n.º 9101­003.802  CSRF­T1  Fl. 514          5 Acórdão  nº  1401­00.429  ­  1ª  TO/4ªC/1ª  SJ/CARF  ­  26/01/2011  (...)  Os acórdãos paradigmas trazem o entendimento de que a multa  isolada  por  falta  de  recolhimento  por  estimativas  é  devida,  mesmo após o encerramento do período de apuração e ainda que  o contribuinte apure prejuízo fiscal.   De  outra  parte,  o  acórdão  recorrido  diverge  da  interpretação  dos acórdãos trazidos como paradigmas, ao entender que após o  encerramento do período de apuração não cabe a aplicação da  multa  isolada,  mormente  quanto  o  contribuinte  apura  prejuízo  fiscal.  Portanto,  as  conclusões  sobre  a  matéria  ora  recorrida  nos  acórdãos  examinados  revelam­se  divergentes,  restando  plenamente configurada a divergência jurisprudencial apontada  pela recorrente. (...)  Em  cumprimento  ao  disposto  no  art.  18,  III,  do  Anexo  II  do  RICARF,  e  com  base  nas  razões  retro  expostas,  que  aprovo  e  adoto como  fundamentos deste despacho, DOU SEGUIMENTO  ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional.  O  contribuinte  foi  intimado  em  23/11/2015  (fls.  504),  sem  que  tenha  apresentado contrarrazões ao recurso especial. A despeito disso, o contribuinte juntou aos autos  novo instrumento de mandato (fls. 509).  É o relatório.  Voto Vencido  Conselheira Cristiane Silva Costa, Relatora  Adoto  as  razões  do  Presidente  de  Câmara  para  conhecimento  do  recurso  especial, na forma autorizada pelo artigo 59, §1º, da Lei nº 9.784/1999.  Passo a enfrentar o mérito.  O caso dos autos é de exigência de multa quanto às estimativas mensais,  quando o contribuinte apurou prejuízo e bases negativas ao final do ano­calendário.  A impossibilidade de  cobrança da multa  sobre estimativas mensais  tem por  principal  fundamento  a  lógica empregada na  sistemática de  antecipação por estimativas.  Isto  porque  as  estimativas  mensais  não  configuram  obrigação  tributária  autônoma,  mas  mera  técnica de arrecadação.  A esse respeito, destaque­se artigo 231, do RIR/1999 (Decreto 3.000/1999),  que estabelece a compensação dos valores antecipados a título de estimativa mensal ao final do  ano:   Fl. 516DF CARF MF     6 Art. 231.  Para  efeito  de  determinação  do  saldo  de  imposto  a  pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do  imposto devido o valor (Lei nº 9.430, de 1996, art. 2º, § 4º): (...)  IV ­ do imposto pago na forma dos arts. 222 a 230. (grifamos)  De acordo com o dispositivo do Regulamento do Imposto de Renda, a pessoa  jurídica que tenha recolhido estimativas poderá, ao final do ano­calendário, deduzi­las do saldo  a pagar do IRPJ. Tal mecanismo demonstra a relação inafastável entre as estimativas mensais e  a apuração ao final do período, confirmando que não se tratam de relações jurídicas tributárias  autônomas, mas apenas uma técnica de arrecadação.  Considerando  a  natureza  de mera  antecipação  da  estimativa,  este Conselho  Administrativo  de Recursos Fiscais  consolidou  entendimento  sobre  a  impossibilidade  de  sua  cobrança após o encerramento do ano calendário, conforme Enunciado n. 82 de sua Súmula:  Súmula CARF 82:  Após o encerramento do ano­calendário, é incabível lançamento  de  ofício  de  IRPJ  ou  CSLL  para  exigir  estimativas  não  recolhidas.  O E. Superior Tribunal de Justiça também decidiu que as estimativas mensais  são meras antecipações do fato gerador, que ocorre ao final do período de apuração, verbis:  É  firme  o  entendimento  deste  Tribunal  no  sentido  de  que  o  regime de antecipação mensal é opção do contribuinte, que pode  apurar  o  lucro  real,  base  de  calculo  do  IRPJ  e  da  CSLL,  por  estimativa,  e  antecipar  o  pagamento  dos  tributos,  segundo  a  faculdade  prevista  no  art.  2º  da  Lei  nº  9.430/96.  (Superior  Tribunal de Justiça, AgRg no Resp 694.278, Rel. Min. Humberto  Martins, DJ de 03/08/2006)  Nesse contexto, seria legítima a cobrança de multa isolada sobre estimativas  mensais se efetuado o lançamento antes do encerramento do ano­calendário, o que não ocorreu  no caso do presente processo administrativo.  São  precisas  as  considerações  de  Paulo  de  Barros  Carvalho  tratando  da  relação indissociável entre o tributo pago ao final do ano e a estimativa mensal:  Prescreve  o  art.  2º  da  Lei  n.  9.430/969  que  a  pessoa  jurídica  sujeita  à  tributação  com  base  no  lucro  real  poderá  optar  pelo  pagamento dos tributos, em cada mês, determinados sobre base  de  cálculo  estimada.  Feita  essa  opção,  tem­se  recolhimento  do  IRPJ  e  da  CSLL  por  estimativa,  em  que  os  valores  devidos  a  título de imposto e de contribuição são determinados mediante a  aplicação,  sobre  a  receita  bruta  auferida  mensalmente,  dos  percentuais previstos em lei.  Essa opção não exclui, contudo, a obrigação de calcular a renda  e  o  lucro  líquido  no  final  do  ano­calendário,  e  de  efetuar  o  pagamento dos tributos sobre ele incidentes. O §3º do dispositivo  acima transcrito não deixa dúvidas a respeito do assunto (...). E  o  §4º  segue  a  mesma  linha  de  raciocínio,  ao  estipular  que  o  tributo pago no regime de estimativa deve ser deduzido para fins  de determinação do saldo de tributo a pagar.  Fl. 517DF CARF MF Processo nº 10569.000585/2010­76  Acórdão n.º 9101­003.802  CSRF­T1  Fl. 515          7 Em sentido semelhante, também, é a disposição do art. 6º da Lei  n.  9.430/96,  a  qual  permite  entrever  a  indissociabilidade  do  tributo pago no regime de estimativa e aquele devido ao final do  ano­calendário. (...)  Os referidos preceitos legais nos levam a concluir que o regime  de estimativa não veicula  tributos distintos do  IRPJ e da CSLL  anuais.  Trata­se  de  técnica  de  tributação  que  implica  antecipação do recolhimento de valores presumidamente devidos  em  31  de  dezembro  de  cada  ano.  Por  isso,  na  apuração  dos  tributoos no último dia do ano­calendário (critério temporal do  IRPJ  e  da  CSLL)  devem  ser  consideradas  as  quantias  antecipadas e, ainda, se estas forem superiores ao débito efetivo,  cabe sua restituição   (Derivação  e  Positivação  no  Direito  Tributário,  Volume  1,  2ª  edição, São Paulo, Noeses, 2014, fl. 289/290)  Curiosamente, a despeito do processo tratar de multa isolada quanto a meses  de janeiro, fevereiro e abril do ano de 2006, o Termo de Verificação Fiscal fundamenta­se na  redação do artigo 44,  II, b, da Lei nº 9.430/1996, conferida por  legislação posterior  (Medida  Provisória nº 303, de 29/06/2006), que, ainda, perdeu a eficácia.  Destaca­se trecho do Termo de Verificação Fiscal a esse respeito:  25.  Dada  a  situação  descrita,  procedeu­se  ao  lançamento  de  oficio  da multa  isolada  sobre  os  valores  lido  recolhidos,  ainda  que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base negativa da CSLL  ao  final  do  ano­calendário  em  questão,  conforme  determina  o  artigo  44  da  Lei  N°  9.430/96  (com  a  redação  da  Medida  Provisória n° 303, de 29 de junho de 2006, cujo teor foi mantido  na  redação  dada  pela  Medida  Provisória  n°  351,  de  22  de  janeiro de 2007):  "Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas  as seguintes multas:  II ­ cinqüenta por cento, exigida isoladamente, sobre o valor  do pagamento mensal:  a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de  1988,  que  deixar  de  ser  efetuado,  ainda  que  não  tenha  sido  apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de  pessoa física;  b) na  forma do art.  lº  desta Lei,  que deixar de  ser  efetuado,  ainda  que  tenha  sido  apurado  prejuízo  fiscal  ou  base  de  cálculo  negativa  para  a  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido, no ano­calendário correspondente, no caso de pessoa  jurídica." (grifamos)  Com efeito, o artigo 44,  IV, §1º,  IV, da Lei nº 9.430/1996  tinha a seguinte  redação anteriormente à Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007, convertida na Lei  nº 11.488/2007:  Fl. 518DF CARF MF     8 Art. 44. Nos  casos de  lançamento de ofício,  serão aplicadas as  seguintes multas, calculadas sobre a  totalidade ou diferença de  tributo ou contribuição:   IV  ­  isoladamente,  no  caso  de  pessoa  jurídica  sujeita  ao  pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o  lucro  líquido, na  forma do art.  2º,  que deixar de  fazê­lo,  ainda  que  tenha  apurado  prejuízo  fiscal  ou  base  de  cálculo  negativa  para  a  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido,  no  ano­ calendário correspondente;  § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas:   IV  ­  isoladamente,  no  caso  de  pessoa  jurídica  sujeita  ao  pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o  lucro  líquido, na  forma do art.  2º,  que deixar de  fazê­lo,  ainda  que  tenha  apurado  prejuízo  fiscal  ou  base  de  cálculo  negativa  para  a  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido,  no  ano­ calendário correspondente;  Antes  disso,  a  Medida  Provisória  nº  303/206,  de  29/06/2006,  perdeu  a  eficácia, mas também teve previsão de modificação do citado artigo 44.  De  toda  forma, o  caput  do  artigo 44  explicitava que  apenas  seria  exigida  a  multa isolada no caso de "diferença de tributo ou contribuição". O §1º, inciso IV autorizava a  cobrança  isolada  destas  multa,  ainda  que  apurado  prejuízo  fiscal,  mas  a  interpretação  do  parágrafo deve se conformar ao caput e, assim, só poderia ser aplicada a citada multa isolada  caso houvesse lançamento antes do final do ano­calendário. Do contrário, indevida a cobrança  de multa isolada sobre estimativas mensais.  A 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara deu provimento  ao  recurso voluntário,  conforme voto vencedor do qual se extrai:  Conforme  consta  dos  termos  do  relatório  apresentado,  em  relação  ao  exercício  de  2006,  a  contribuinte  apurou  prejuízo  fiscal  (e  também  bases  negativas),  não  restando,  portanto,  ao  final  do  ano­calendário,  qualquer  montante  a  ser  recolhido  a  título de IRPJ e/ou CSLL.   A  matéria,  portanto,  cinge­se  à  análise  própria  dos  contornos  normativos  aplicáveis  ao  chamado  recolhimento  de  estimativas  mensais,  que,  como  se  verifica,  pelas  sistemáticas  próprias  daqueles referidos  tributos (IRPJ e CSLL, apurados pelo Lucro  Real),  representam­se,  de  fato,  como  meras  antecipações  do  montante devido ao final do exercício. (...)  Da leitura desse relevante precedente, verifica­se que, tomando­ se em conta a aplicação das disposições do mencionado Art. 44  da  Lei  9.430/96,  pacificou­se  naquela  Câmara  Superior  o  entendimento de que a base de cálculo indicada pela legislação  de  regência para a apuração da  referida multa  isolada  seria o  montante  ou  a  diferença  do  tributo  devido,  o  que,  no  caso  de  apuração de prejuízos fiscais e/ou bases negativas, efetivamente  impõe  a  conclusão  de  que  o montante  da  penalidade,  no  caso,  seria igual a zero.  A partir dessas considerações, entendo, na linha apontado, que o  lançamento  da  referida  multa  isolada,  no  caso  do  não­ Fl. 519DF CARF MF Processo nº 10569.000585/2010­76  Acórdão n.º 9101­003.802  CSRF­T1  Fl. 516          9 recolhimento de  estimativas,  somente  tem cabimento no mesmo  ano­calendário  de  sua  apuração,  sendo  certo  que,  com  o  encerramento do exercício, a obrigação de recolhimento dessas  antecipações dá lugar à apuração e recolhimento do Lucro Real  Anual, restando, pois, completamente indevido o lançamento da  referida multa isolada quando verificado que, naquele exercício,  a contribuinte apurou prejuízo, não restando valor algum a ser  recolhido aos cofres fazendários.  Com essas considerações, pedindo as mais respeitosas vênias ao  ilustre  Sr.  Relator,  entendo  que  o  recurso  interposto  merece  provimento,  especificamente  porque,  sendo  constatada  a  existência de prejuízo fiscal (e bases negativas), inexigível, após  o  encerramento  do  ano­calendário  a  exigência  das  estimativas  não  recolhidas  (Súmula  CARF  no  82),  e,  pela  verificação  da  inexistência de lucro tributável no exercício, indevida também a  cobrança  da  referida  multa  isolada,  sendo,  portanto,  completamente infundado o lançamento realizado.  O acórdão recorrido não merece reparos. Assim, voto por negar provimento  ao  recurso  especial  da  Procuradoria  para  afastar  a  exigência  de  multa  isolada  calculada  sobre estimativas mensais.    Conclusões  Por tais razões, voto por conhecer e negar provimento ao recurso especial  da Procuradoria.    (assinado digitalmente)  Cristiane Silva Costa  Voto Vencedor  Conselheiro Flávio Franco Corrêa, Redator designado  Com as devidas vênias, ouso divergir.  De início, é preciso destacar que não se trata de concomitância entre a multa  isolada e a multa de ofício proporcional. Portanto, não é o caso de aplicação do entendimento  consolidado na Súmula CARF nº 105. Em seguida, agora localizando os fatos no tempo, cabe  assinalar que o pagamento do imposto por estimativa, instituído pela Lei nº 9.430/1996, é uma  alternativa  à  apuração  trimestral,  prevista na mesma  lei.  Feita  a opção  pelo  recolhimento  do  IRPJ por estimativa, o Estado aguarda a entrada desses recursos. Por isso, o contribuinte pode  ser  autuado  com  a  imposição  de  uma multa  isolada,  caso  não  observe  o  dever  de  efetuar  o  recolhimento  das  estimativa  sem  o  amparo  de  balanço  de  suspensão  ou  redução  previsto  no  artigo 35 da Lei nº 8.981/1995, a  teor do disposto na redação original do  inciso  IV, § 1º, do  artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, verbis:  Fl. 520DF CARF MF     10 "Art.44. Nos casos de  lançamento de ofício,  serão aplicadas as  seguintes multas, calculadas sobre a  totalidade ou diferença de  tributo ou contribuição:  I ­ de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento  ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento  do  prazo,  sem  o  acréscimo  de  multa  moratória,  de  falta  de  declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do  inciso seguinte;   [...]  § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas:  [...]  IV  ­  isoladamente,  no  caso  de  pessoa  jurídica  sujeita  ao  pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o  lucro  líquido, na  forma do art.  2º,  que deixar de  fazê­lo,  ainda  que  tenha  apurado  prejuízo  fiscal  ou  base  de  cálculo  negativa  para  a  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido,  no  ano­ calendário correspondente; "  Perceba­se que o inciso IV, § 1º, do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, vigente à  época,  estabelecia,  em  sua  redação  original,  que  a  multa  isolada  decorrente  da  falta  ou  insuficiência do recolhimento de estimativas também deveria ser aplicada, ainda que a pessoa  jurídica viesse a apurar prejuízo fiscal ou base negativa de CSLL. Isso, por si só, já denotava  que  a multa  isolada  em  lume poderia  ser  aplicada mesmo depois  de  levantado  o  balanço  de  encerramento do ano­calendário, pois sua incidência não dependia do resultado fiscal apurado  nesse mesmo balanço.  A  opção  pela  apuração  anual  já  implicava  submissão  às  normas  determinantes do recolhimento por estimativa. Nesses termos, não se admite a alegação de que  o  contribuinte,  sem  o  amparo  de  balanço  de  suspensão  ou  redução,  não  se  sujeita  à  multa  isolada após o encerramento do ano­calendário, tendo em conta que dessa proposição resultaria  inegável desestímulo à  realização de  recolhimentos mensais apurados  sobre bases de cálculo  estimadas, colocando em risco o fluxo de caixa da União, que é dependente tanto da efetivação  da antecipação de tributos como da efetivação de recolhimentos definitivos de tributos federais.   Todavia, impende considerar o advento da Lei nº 11.488/2007, que reduziu a  multa em questão ao percentual de 50%, verbis:  “Art. 14. O art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996,  passa  a  vigorar  com  a  seguinte  redação,  transformando­se  as  alíneas a, b e c do § 2ºo nos incisos I, II e III:  “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as  seguintes multas:  I  ­  de  75%  (setenta  e  cinco  por  cento)  sobre  a  totalidade  ou  diferença  de  imposto  ou  contribuição  nos  casos  de  falta  de  pagamento  ou  recolhimento,  de  falta  de  declaração  e  nos  de  declaração inexata;   II ­ de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o  valor do pagamento mensal: [...]  Fl. 521DF CARF MF Processo nº 10569.000585/2010­76  Acórdão n.º 9101­003.802  CSRF­T1  Fl. 517          11 b)  na  forma  do  art.  2o  desta  Lei,  que  deixar  de  ser  efetuado,  ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo  negativa  para  a  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido,  no  ano­calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica.”  Nesses  termos,  observando  a  infração  no  tempo  e  não  se  verificando,  nos  autos,  justificativa  fundada  em  balanços/balancetes  de  suspensão  ou  redução,  mostra­se  procedente  a  aplicação  da multa  isolada  por  falta  de  recolhimento  de  estimativas  de  IRPJ  e  CSLL, consoante o artigo 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430/1996, já com a redução para 50%  prevista na Lei nº 11.488/2007, em decorrência do preceito insculpido no artigo 106, inciso II,  alínea “c”, do CTN.  Conclusão:  em  face  do  exposto,  deve­se  conhecer  do  Recurso  Especial  da  Fazenda Nacional para, no mérito, dar­lhe provimento.  É como voto.    (assinado digitalmente)  Flávio Franco Corrêa                    Fl. 522DF CARF MF

score : 1.0
7499902 #
Numero do processo: 10855.903142/2014-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3401-001.502
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora da RFB: (i) informe, em "relatório conclusivo" o desfecho administrativo definitivo do processo de ressarcimento/compensação, n. 10855.720833/2014-05, juntando a íntegra das peças processuais, o que inclui a decisão que ateste o indeferimento definitivo do direito de crédito; e (ii) intime a contribuinte para que se manifeste sobre o "relatório conclusivo" e demais documentos produzidos em diligência, querendo, em prazo não inferior a 30 (trinta) dias, trintídio após o qual, com ou sem manifestação, sejam os autos remetidos a este Conselho para reinclusão em pauta para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente (assinado digitalmente) André Henrique Lemos - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Cássio Schappo e Lázaro Antonio Souza Soares.
Nome do relator: ANDRE HENRIQUE LEMOS

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201809

camara_s : Quarta Câmara

turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção

dt_publicacao_tdt : Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018

numero_processo_s : 10855.903142/2014-37

anomes_publicacao_s : 201811

conteudo_id_s : 5923935

dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018

numero_decisao_s : 3401-001.502

nome_arquivo_s : Decisao_10855903142201437.PDF

ano_publicacao_s : 2018

nome_relator_s : ANDRE HENRIQUE LEMOS

nome_arquivo_pdf_s : 10855903142201437_5923935.pdf

secao_s : Terceira Seção De Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora da RFB: (i) informe, em "relatório conclusivo" o desfecho administrativo definitivo do processo de ressarcimento/compensação, n. 10855.720833/2014-05, juntando a íntegra das peças processuais, o que inclui a decisão que ateste o indeferimento definitivo do direito de crédito; e (ii) intime a contribuinte para que se manifeste sobre o "relatório conclusivo" e demais documentos produzidos em diligência, querendo, em prazo não inferior a 30 (trinta) dias, trintídio após o qual, com ou sem manifestação, sejam os autos remetidos a este Conselho para reinclusão em pauta para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente (assinado digitalmente) André Henrique Lemos - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Cássio Schappo e Lázaro Antonio Souza Soares.

dt_sessao_tdt : Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018

id : 7499902

ano_sessao_s : 2018

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:30:45 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713051150226292736

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1756; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C4T1  Fl. 1.445          1 1.444  S3­C4T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10855.903142/2014­37  Recurso nº            Voluntário  Resolução nº  3401­001.502  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária  Data  26 de setembro de 2018  Assunto  COFINS  Recorrente  HUAWEI SERVIÇOS DO BRASIL LTDA.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o  julgamento em diligência, para que a unidade preparadora da RFB: (i) informe, em "relatório  conclusivo" o desfecho administrativo definitivo do processo de  ressarcimento/compensação,  n. 10855.720833/2014­05, juntando a íntegra das peças processuais, o que inclui a decisão que  ateste o indeferimento definitivo do direito de crédito; e (ii) intime a contribuinte para que se  manifeste  sobre  o  "relatório  conclusivo"  e  demais  documentos  produzidos  em  diligência,  querendo,  em  prazo  não  inferior  a  30  (trinta)  dias,  trintídio  após  o  qual,  com  ou  sem  manifestação,  sejam  os  autos  remetidos  a  este  Conselho  para  reinclusão  em  pauta  para  prosseguimento do julgamento.  (assinado digitalmente)  Rosaldo Trevisan ­ Presidente  (assinado digitalmente)  André Henrique Lemos ­ Relator  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Rosaldo  Trevisan,  Leonardo  Ogassawara  de  Araújo  Branco,  Marcos  Roberto  da  Silva  (suplente  convocado),  André Henrique  Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Cássio Schappo  e  Lázaro Antonio Souza Soares.    Adota­se o relatório do acórdão da DRJ (efls. 146 e seguintes) por bem retratar a  situação dos autos:  Trata­se  de  Despacho  Decisório  que  não  homologou  Declaração  de  Compensação eletrônica.     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 55 .9 03 14 2/ 20 14 -3 7 Fl. 1458DF CARF MF Processo nº 10855.903142/2014­37  Resolução nº  3401­001.502  S3­C4T1  Fl. 1.446          2 Na fundamentação do ato, consta:   A  partir  das  características  do DARF discriminado no PER/DCOMP  acima  identificado,  foram  localizados  um  ou  mais  pagamentos  sem  saldo  reconhecido  para  compensação  dos  débitos  informados  no  PER/DCOMP.  ...  Diante do exposto, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada.  Integra  ainda  o  Despacho  Decisório,  no  capítulo  Informações  Complementares da Análise de Crédito, o seguinte:  Para informações adicionais, vide processo nº 10855.720833/2014­05.   Cientificada,  a  interessada  apresentou  Manifestação  de  Inconformidade alegando, em síntese, que:  o não reconhecimento do crédito decorre de erro do sistema eletrônico  da RFB,  cf.  se  verifica  das  ‘Informações Complementares  da Análise  de  Crédito’,  integrante  do  despacho  decisório,  que  reconhece  a  existência do pagamento a maior e  expressamente  informa que  existe  saldo  disponível  para  realização  da  compensação,  como  melhor  explicitados e comprovado a seguir.  ...  Preliminarmente, importa ressaltar que o Despacho Decisório não traz  qualquer  documentação,  informação,  descrição  ou  motivo  para  a  compensação não  ser  homologada,  limitando­se  a  afirmar  que  a  não  homologação da compensação realizada pela Impugnante ocorreu pela  suposta inexistência de crédito disponível, mencionando, apenas e tão  somente,  no  anexo  ‘Informações  Complementares  da  Análise  de  Crédito’,  a  seguinte  observação:  Para  informações  adicionais,  vide  processo nº 10855.720833/2014­05.  ...  Saliente­se que a Impugnante não teve acesso ao mencionado Processo  Administrativo,  uma  vez  que  está  arquivo  (sic)  (doc.  anexo).  Além  disso, a Impugnante tentou solicitar cópia dos autos à Receita Federal  do  Brasil  –  RFB,  serviço  este  disponível  somente  através  do  prévio  agendamento de senhas via internet.  Não obstante a dificuldade em conseguir informações, após diligenciar  algumas vezes à RFB (...) a primeira senha disponível seria apenas em  18/11/2014,  a  qual  foi  reservada,  de  qualquer  modo,  para  a  Impugnante, conforme agendamento anexo (doc. n. 11).  Ora,  uma  vez  que  a  análise  de  crédito  relativa  à  compensação  pleiteada  pela  Impugnante  possui  embasamento  não  apenas  nas  informações  constantes  do  Despacho  Decisório,  mas  também  em  documentação  diversa,  referente  a  outro  Processo  Administrativos,  deveria a Fiscalização disponibilizar o acesso a referidas informações,  a fim de preservar a ampla defesa e o contraditório, princípio este que  permeia as estruturas das relações processuais.  Fl. 1459DF CARF MF Processo nº 10855.903142/2014­37  Resolução nº  3401­001.502  S3­C4T1  Fl. 1.447          3 Conforme  descrito,  a  Impugnante  utilizou  crédito  advindo  de  pagamento a maior de COFINS (...) no valor de R$ 1.853.400,47 (...),  para compensação de débitos de IRRF (...), no valor de R$ 98.090,30  (...),  nos  termos  da  DCOMP  (...)  e  demais  documentos  anexos  ao  despacho decisório.  Contudo, o crédito não foi reconhecido por erro do sistema eletrônico  da RFB,  cf.  se  verifica  da  própria  documentação anexa  ao  despacho  decisório  (...)  que  reconhece  a  existência  do  pagamento  a  maior  de  COFINS  e  expressamente  informe  reconhece  que  existe  crédito  disponível para ser utilizado na compensação (doc. nº 06), uma vez que  somente uma parte do crédito foi utilizado (...).  Dessa  forma,  o  próprio  despacho  decisório,  nas  ‘Informações  Complementares da Análise de Crédito’ reconhece o crédito no valor  de R$ 1.853.400,47 e informa que, deste crédito, a Impugnante utilizou  o  valor  de  R$  1.611.530,47,  remanescendo  um  crédito  disponível  no  valor de R$ 241.870,00.  No caso em discussão, a Impugnante utilizou apenas o valor original  de R$ 69.969,54 do crédito para a  compensação,  sendo, portanto,  de  rigor  o  reconhecimento  da  existência  de  crédito  disponível,  líquido  e  certo, para acompensação efetuada e, ato contínuo, sua homologação.  ...  Importante  ressaltar  que  as  retificações  das  declarações  (DACON  e  DCTF)  foram realizadas  de  forma prévia  à  apresentação da  referida  DCOMP,  isto  é,  as  retificações  foram  realizadas  ANTES  de  ser  efetuada  a  compensação  e  ANTES  de  qualquer  intimação  ou  procedimento de auditoria interna ou fiscalizatório da RFB (...).  ...  Dessa maneira, entende a Impugnante que o lançamento e cobrança do  suposto  crédito  tributário  complementar  apontado  no  despacho  decisório,  no  valor  total  de  R$  127.674,33,  deve  ser  cancelado,  uma  vez  comprovado  o  pagamento  a  maior  realizado  e  a  existência  de  crédito suficiente com a homologação da compensação efetuada, uma  vez que a Impugnante está provendo as autoridades fiscais de todas as  informações  necessárias  para  que  estas  apurem  a  real  verdade  dos  fatos,  em  observância,  entre  outros,  ao  princípio  da  legalidade  e  ao  princípio da verdade material.  A DRJ  julgou a manifestação de  inconformidade  Improcedente,  cujo  substrato  resume­se na ementa baixo transcrita (efl. 146):  DIREITO CREDITÓRIO. PROVA.  O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua  existência e montante,  sem o que não pode ser restituído ou utilizado  em compensação. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos  pela  interessada  elemento que  permita  a  verificação da  existência  de  pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito  creditório não pode ser admitido.  Fl. 1460DF CARF MF Processo nº 10855.903142/2014­37  Resolução nº  3401­001.502  S3­C4T1  Fl. 1.448          4 Intimado  da  decisão  (efl.  154);  inconformado,  interpôs  o  presente  recurso  voluntário  (efls.  158  a  170),  tendo  como  matéria  de  recurso  os  mesmos  fundamentos  já  deduzidos na Manifestação de  Inconformidade, apresentando  também, em julho 2018, cópias  de notas fiscais, referente ao crédito de abril de 2009 e planilha desta apuração.  É o relatório.  Conselheiro André Henrique Lemos, Relator  O  recurso  voluntário  é  tempestivo,  vez  que  a  Recorrente  tomou  ciência  da  decisão recorrida de forma eletrônica em 25/05/2016 (efl. 154), interpondo seu voluntário em  24/06/2016 (efls. 158 a 170), logo, dele tomo conhecimento.  O ponto nodal diz  respeito ao  reconhecimento de créditos  fiscais de Cofins  que foram objeto da compensação realizada na PER/DCOMP nº 27766.22665.111013.1.3.04­ 3769 em 11/10/2013, para compensar com débito de IRRF, em 11.10.2013.     Ao que se viu, constatado o recolhimento a maior da COFINS, a Recorrente  retificou suas declarações (DACON e DCTF), vindo a apresentar DCOMP; retificações feitas  antes da apresentação da DCOMP.    Os  valores  compensados  foram  no  valor  de  R$  98.090,30,  porém,  não  homologados, por não haver crédito reconhecido para fins de compensação.     O  despacho  decisório  (efl.  138)  faz  constar  que  inexiste  valor  a  ser  compensado e na efl. 139 traz informações complementares no qual aponta como zero crédito  original  reconhecido e  remete a um outro processo administrativo de nº 10855.720833/2014­ 05: “ para maiores informações adicionais, vide processo de nº 10855.720833/2014­05”.  A DRJ ao  julgar a manifestação de  inconformidade  fundamenta a manutenção  da não homologação da compensação na inexistência do crédito. Traz o decidido no processo  Administrativo Fiscal nº 10855.720833/2014­05, por meio do qual o ora Recorrente requereu a  homologação do crédito que diz existir a título de Cofins no valor de R$ 1.853.400,47.  Este crédito não foi homologado por se tratar de crédito extemporâneo de Cofins  cuja idoneidade não foi demonstrada. O Recorrente apura a Cofins de forma não­cumulativa e  deixou de se creditar de valores de notas fiscais de fornecedores na época oportuna, conforme  por ele alegado, corroborado por meio de juntada de notas fiscais e planilha.   Todavia,  no  presente  processo  não  foi  trazido  cópia  do  processo  10855.720833/2014­05, nem pela DRJ, tampouco pelo Recorrente.   Tem­se  que  o  conteúdo  do  aludido  processo,  ao  se  vê  é  base  para  a  não  homologação  do  crédito  no  despacho  decisório  e  também  da  DRJ  ao  negar  provimento  a  manifestação de inconformidade.  Assim,  torna­se  imprescindível para que haja a  apreciação do presente  recurso  que este Colegiado tenha conhecimento do integral conteúdo do processo 10855.720833/2014­ 05,  razão  pela  qual,  voto  pela  conversão  do  julgamento  em  diligência,  para  que  a  unidade  preparadora  da  RFB:  (i)  informe,  em  "relatório  conclusivo"  o  desfecho  administrativo  definitivo  do  processo  de  ressarcimento/compensação,  n.  10855.720833/2014­05,  juntando  a  íntegra das peças processuais, o que inclui a decisão que ateste o indeferimento definitivo do  Fl. 1461DF CARF MF Processo nº 10855.903142/2014­37  Resolução nº  3401­001.502  S3­C4T1  Fl. 1.449          5 direito  de  crédito;  e  (ii)  intime  a  contribuinte  para  que  se  manifeste  sobre  o  "relatório  conclusivo" e demais documentos produzidos em diligência, querendo, em prazo não inferior a  30  (trinta) dias,  trintídio  após o qual,  com ou  sem manifestação,  sejam os  autos  remetidos  a  este Conselho para reinclusão em pauta para prosseguimento do julgamento.  (assinado digitalmente)  André Henrique Lemos    Fl. 1462DF CARF MF

score : 1.0
7514455 #
Numero do processo: 13837.720454/2012-51
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO. IMPUGNAÇÃO. TEMPESTIVIDADE. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Uma vez reconhecida, em sede de recurso voluntário, a tempestividade da impugnação, deve o processo ser devolvido à primeira instância de julgamento, para que esta proceda à análise do mérito, com o fim de se evitar supressão de instância.
Numero da decisão: 2001-000.787
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Voluntário e, vencida a questão preliminar da tempestividade, encaminhar à DRJ de origem para se manifestar sobre o mérito. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE RICARDO MOREIRA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201809

ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO. IMPUGNAÇÃO. TEMPESTIVIDADE. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Uma vez reconhecida, em sede de recurso voluntário, a tempestividade da impugnação, deve o processo ser devolvido à primeira instância de julgamento, para que esta proceda à análise do mérito, com o fim de se evitar supressão de instância.

turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção

dt_publicacao_tdt : Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018

numero_processo_s : 13837.720454/2012-51

anomes_publicacao_s : 201811

conteudo_id_s : 5927896

dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018

numero_decisao_s : 2001-000.787

nome_arquivo_s : Decisao_13837720454201251.PDF

ano_publicacao_s : 2018

nome_relator_s : JOSE RICARDO MOREIRA

nome_arquivo_pdf_s : 13837720454201251_5927896.pdf

secao_s : Segunda Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Voluntário e, vencida a questão preliminar da tempestividade, encaminhar à DRJ de origem para se manifestar sobre o mérito. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira.

dt_sessao_tdt : Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018

id : 7514455

ano_sessao_s : 2018

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:31:39 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713051150240972800

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1407; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C0T1  Fl. 2          1 1  S2­C0T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  13837.720454/2012­51  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2001­000.787  –  Turma Extraordinária / 1ª Turma   Sessão de  27 de setembro de 2018  Matéria  Imposto de Renda Pessoa Física  Recorrente  RICARDO VIEIRA DE SOUZA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Exercício: 2009  PROCESSO  ADMINISTRATIVO.  IMPUGNAÇÃO.  TEMPESTIVIDADE.  SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE.  Uma  vez  reconhecida,  em  sede  de  recurso  voluntário,  a  tempestividade  da  impugnação,  deve  o  processo  ser  devolvido  à  primeira  instância  de  julgamento, para que esta proceda à análise do mérito, com o fim de se evitar  supressão de instância.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do  Recurso Voluntário e, vencida a questão preliminar da tempestividade, encaminhar à DRJ de  origem para se manifestar sobre o mérito.  (assinado digitalmente)  Jorge Henrique Backes ­ Presidente.   (assinado digitalmente)  José Ricardo Moreira ­ Relator.    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Jorge  Henrique  Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira. Relatório     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 7. 72 04 54 /2 01 2- 51 Fl. 97DF CARF MF     2 Trata­se de Notificação de Lançamento, relativa ao Imposto de Renda Pessoa  Física (IRPF), por meio da qual se exige crédito tributário do exercício de 2009, ano­calendário  de 2008, em que foram glosadas deduções de despesas médicas no valor de R$ 17.500,00.  O contribuinte apresentou impugnação, não conhecida, por intempestividade,  mediante Acórdão da DRJ Brasília de f. 64/68.  Cientificado, o interessado apresentou recurso voluntário de f. 74/85. Invoca  preliminar  de  tempestividade  da  impugnação,  ao  argumento  de  que  a  notificação  de  lançamento foi recebida por terceiro, enquanto o recorrente encontrava­se em viagem. Sustenta  que  o  fato  de  estar  ausente  do  país  é  suficiente  para  mitigar  o  entendimento  sobre  a  tempestividade,  haja  vista  que  se  encontrava  impossibilitado  de  exercer  ampla  defesa  no  processo. No mérito, em síntese, alega que atendeu ao que foi solicitado pela autoridade fiscal,  apresentando os respectivos recibos relativos às despesas médicas. Aduz que os recibos, por si  só,  fazem prova dos pagamentos realizados a este  título. Argumenta que não está obrigado a  apresentar  seus  exames  médicos  e  laboratoriais.  Sustenta  ainda  que  não  é  razoável  exigir  a  apresentação de extratos ou outros meios de prova dos pagamentos, seja porque a pessoa física  não  é  obrigada  a  ter  escrita  fiscal,  seja  porque  a  reunião  destes  documentos  é  difícil  para  o  contribuinte.. Pugna pela procedência do recurso e pelo cancelamento do crédito tributário.  É o relatório.    Voto             Conselheiro José Ricardo Moreira ­ Relator  O  regramento  do  processo  administrativo  fiscal  estipula  que  somente  se  instaura  a  fase  litigiosa  a  impugnação  tempestiva  (apresentada  dentro  do  prazo  de  30  dias,  contados da ciência do lançamento).  No  julgamento  do  presente  processo,  este  Relator  apresentou  seu  voto  no  sentido  de  não  conhecer  do  recurso  voluntário,  reiterando  os  argumentos  da  decisão  de  primeira instância sobre a intempestividade da impugnação.   Na sessão de julgamento, a Conselheira Fernanda Melo Leal acompanhou o  relator  e  os  Conselheiros  Jorge  Henrique  Backes  (Presidente)  e  José  Alfredo  Duarte  Filho  divergiram. Desta forma, o relator restou vencido, tendo prevalecido, por voto de qualidade, o  entendimento  de  que  a  impugnação  deveria  ser  conhecida  como  tempestiva,  em  face  dos  argumentos apresentados pelo recorrente.  Conforme  Regimento  deste  Conselho,  ao  ser  vencido  na  preliminar,  deve  haver a votação em relação ao mérito do processo.  Ocorre que referida solução não pode ser aplicada no caso vertente, haja vista  que  a DRJ  não  apreciou  o mérito  do  litígio,  de  forma que  a  apreciação  do mesmo  por  este  Conselho acarretaria supressão de instância, o que é vedado.    CONCLUSÃO:  Fl. 98DF CARF MF Processo nº 13837.720454/2012­51  Acórdão n.º 2001­000.787  S2­C0T1  Fl. 3          3 Diante de todo o exposto, uma vez conhecido do recurso e vencida a questão  preliminar de tempestividade da impugnação, há que se enviar o presente processo à DRJ de  origem, para proceder à análise do mérito.   (assinado digitalmente)  José Ricardo Moreira                                Fl. 99DF CARF MF

score : 1.0
7535400 #
Numero do processo: 10830.726440/2015-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010, 2011 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO DO VALOR VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103. RECURSO CONHECIDO. A verificação do limite de alçada, para fins de recurso de ofício, dá-se em dois momentos: primeiro, quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento -DRJ, para fins de interposição de recurso de ofício, observando-se a legislação da época e, por último, quando da apreciação do recurso pelo CARF, em preliminar de admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando-se o limite de alçada então vigente. Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância". O devedor solidário foi excluído da lide pela decisão a quo cujo tributário suplanta o limite de alçada. In casu, cabível o conhecimento do Recurso de Ofício, pois o valor do crédito tributário, da lide objeto do autos, é superior ao limite de alçada de R$ 2.500.000,00 da Portaria MF n° 63, de 2007, ato normativo infralegal vigente na data da decisão a quo, e que persiste vigente na data desta decisão de segunda instância. NULIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. PRELIMINAR REJEITADA. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e não havendo prova de violação das disposições contidas no artigo 142 do CTN e artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade do lançamento em questão. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa e do contraditório, com a devida ciência do auto de infração, que apresenta adequada motivação jurídica e fática, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de nulidade do auto de infração e do procedimento Fiscal. Descabe a declaração de nulidade, por cerceamento do direito de defesa, quando auto de infração, o relatório fiscal e seus anexos contêm a descrição pormenorizada dos fatos imputados ao sujeito passivo, os quais indicam ainda os dispositivos legais que amparam o lançamento fiscal. Rejeita-se a preliminar de nulidade do auto de infração que foi lavrado legitimamente em conformidade com o art. 142 do CTN e com o art.10 do Decreto nº 70.235/72 e sem que tenha ocorrido qualquer situação especificada no art. 59 desse Decreto. Durante o procedimento fiscal, em regra, não há que se falar em direito à ampla defesa e ao contraditório. O litígio instaura-se com a apresentação de impugnação, momento a partir do qual deve ser observado o amplo direito à defesa e ao contraditório. Ausente prejuízo ao contribuinte, não há que se falar em nulidade do lançamento. DECISÃO RECORRIDA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE. NULIDADE. INAPLICABILIDADE. No caso de o enfrentamento das questões suscitadas na peça de defesa com perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento e estando a decisão motivada de forma explícita, clara e congruente, não há que se falar em nulidade dos atos em litígio. O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorrida. Assim, não há que se falar em nulidade de decisão que não se pronunciou sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. A mera discordância dos fundamentos da decisão recorrida pelo contribuinte não é causa de nulidade, que apenas ocorre se demonstrada qualquer das hipóteses do artigo 59 do Decreto-lei n° 70.235/72, que não é o caso. COOPERATIVA DE CONSUMIDORES OU USUÁRIOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE GESTORA OU OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE PRÓPRIO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE POR TERCEIROS (REDE CREDENCIADA OU CONVENIADA). RECEITAS AUFERIDAS PELA COMERCIALIZAÇÃO DOS PLANOS DE SAÚDE DA PRÓPRIA COOPERATIVA. AUSÊNCIA DE AFFECTIO SOCIETATIS DOS ADQUIRENTES/ADERENTES. REMUNERAÇÃO INDIRETA DOS DIRIGENTES. INCIDÊNCIA NORMAL DOS IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS ACERCA DAS RECEITAS DE VENDAS DE PLANOS DE SAÚDE. As sociedades cooperativas de consumo, que tenham por objeto a compra e o fornecimento de bens aos consumidores, sujeitam-se às mesmas normas de incidência dos impostos e contribuições de competência da União, aplicáveis às demais pessoas jurídicas (Lei nº 9.532/97, art. 69). A cooperativa de consumidores ou usuários de serviços de saúde, que comercializa plano de saúde próprio, em nome próprio, cujos serviços de saúde são prestados por terceiros contratados (rede credenciada ou conveniada), explora atividade econômica com fins lucrativos e os adquirentes ou aderentes do plano de saúde comercializado pela cooperativa são meramente consumidores (clientes), não configurando a condição de sócios cooperados pela inocorrência de affectio societatis, ferindo a legislação de regência do Cooperativismo e não fazendo jus a benefício fiscal, conforme demonstrado e comprovado pelo fisco. A remuneração indireta dos dirigentes de cooperativa de usuários de serviços de saúde, a falta de alternância de poder na administração da cooperativa de usuários ou consumidores de serviços de saúde (dirigentes, sempre os mesmos, que se perpetuam indefinidamente na administração, são os verdadeiros donos), são distorções decorrentes da falta de controle e de participação dos adquirentes de planos de saúde na administração efetiva da cooperativa de usuários de serviços de saúde (falta de affectio societatis), conforme demonstrado e comprovado pelo fisco, implicam inarredável violação do art. 182 do RIR/99 e a cooperativa fica sujeita às mesmas normas de incidência dos impostos e contribuições de competência da União, aplicáveis às demais pessoas jurídicas. LUCRO ARBITRADO DE OFÍCIO. EXISTÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL SUFICIENTE PARA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. IMPRESTABILIDADE DA ESCRITA CONTÁBIL NÃO COMPROVADA. INSUBSISTÊNCIA DO LANÇAMENTO FISCAL. O arbitramento do lucro é uma medida extrema, excepcional, só aplicável quando não há possibilidade de apurar o imposto por outro regime de tributação. Não procede o arbitramento do lucro quando as razões indicadas pela fiscalização não são determinantes para fundamentar e comprovar a imprestabilidade da escrituração contábil para apuração do lucro real. Sendo inaplicável a forma ou sistema de apuração do lucro utilizada pela autoridade autuante, não é possível manter o lançamento de ofício. LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL, PIS E CONFINS. Os lançamentos decorrentes seguem a sorte do lançamento principal.
Numero da decisão: 1301-003.468
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e rejeitar as preliminares de nulidade, e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário do contribuinte para cancelar integralmente a exigência e, como consequência, considerar prejudicados os recursos dos coobrigados, vencida a Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite que votou por dar provimento parcial ao recurso voluntário para calcular os tributos devidos com base no lucro real. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto- Presidente. (assinado digitalmente) Nelso Kichel- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Carlos Augusto Daniel Neto, Roberto Silva Junior e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: NELSO KICHEL

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201810

camara_s : Terceira Câmara

turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção

dt_publicacao_tdt : Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2018

numero_processo_s : 10830.726440/2015-66

anomes_publicacao_s : 201812

conteudo_id_s : 5932221

dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2018

numero_decisao_s : 1301-003.468

nome_arquivo_s : Decisao_10830726440201566.PDF

ano_publicacao_s : 2018

nome_relator_s : NELSO KICHEL

nome_arquivo_pdf_s : 10830726440201566_5932221.pdf

secao_s : Primeira Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e rejeitar as preliminares de nulidade, e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário do contribuinte para cancelar integralmente a exigência e, como consequência, considerar prejudicados os recursos dos coobrigados, vencida a Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite que votou por dar provimento parcial ao recurso voluntário para calcular os tributos devidos com base no lucro real. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto- Presidente. (assinado digitalmente) Nelso Kichel- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Carlos Augusto Daniel Neto, Roberto Silva Junior e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.

dt_sessao_tdt : Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018

id : 7535400

ano_sessao_s : 2018

ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010, 2011 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO DO VALOR VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103. RECURSO CONHECIDO. A verificação do limite de alçada, para fins de recurso de ofício, dá-se em dois momentos: primeiro, quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento -DRJ, para fins de interposição de recurso de ofício, observando-se a legislação da época e, por último, quando da apreciação do recurso pelo CARF, em preliminar de admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando-se o limite de alçada então vigente. Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância". O devedor solidário foi excluído da lide pela decisão a quo cujo tributário suplanta o limite de alçada. In casu, cabível o conhecimento do Recurso de Ofício, pois o valor do crédito tributário, da lide objeto do autos, é superior ao limite de alçada de R$ 2.500.000,00 da Portaria MF n° 63, de 2007, ato normativo infralegal vigente na data da decisão a quo, e que persiste vigente na data desta decisão de segunda instância. NULIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. PRELIMINAR REJEITADA. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e não havendo prova de violação das disposições contidas no artigo 142 do CTN e artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade do lançamento em questão. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa e do contraditório, com a devida ciência do auto de infração, que apresenta adequada motivação jurídica e fática, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de nulidade do auto de infração e do procedimento Fiscal. Descabe a declaração de nulidade, por cerceamento do direito de defesa, quando auto de infração, o relatório fiscal e seus anexos contêm a descrição pormenorizada dos fatos imputados ao sujeito passivo, os quais indicam ainda os dispositivos legais que amparam o lançamento fiscal. Rejeita-se a preliminar de nulidade do auto de infração que foi lavrado legitimamente em conformidade com o art. 142 do CTN e com o art.10 do Decreto nº 70.235/72 e sem que tenha ocorrido qualquer situação especificada no art. 59 desse Decreto. Durante o procedimento fiscal, em regra, não há que se falar em direito à ampla defesa e ao contraditório. O litígio instaura-se com a apresentação de impugnação, momento a partir do qual deve ser observado o amplo direito à defesa e ao contraditório. Ausente prejuízo ao contribuinte, não há que se falar em nulidade do lançamento. DECISÃO RECORRIDA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE. NULIDADE. INAPLICABILIDADE. No caso de o enfrentamento das questões suscitadas na peça de defesa com perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento e estando a decisão motivada de forma explícita, clara e congruente, não há que se falar em nulidade dos atos em litígio. O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorrida. Assim, não há que se falar em nulidade de decisão que não se pronunciou sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. A mera discordância dos fundamentos da decisão recorrida pelo contribuinte não é causa de nulidade, que apenas ocorre se demonstrada qualquer das hipóteses do artigo 59 do Decreto-lei n° 70.235/72, que não é o caso. COOPERATIVA DE CONSUMIDORES OU USUÁRIOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE GESTORA OU OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE PRÓPRIO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE POR TERCEIROS (REDE CREDENCIADA OU CONVENIADA). RECEITAS AUFERIDAS PELA COMERCIALIZAÇÃO DOS PLANOS DE SAÚDE DA PRÓPRIA COOPERATIVA. AUSÊNCIA DE AFFECTIO SOCIETATIS DOS ADQUIRENTES/ADERENTES. REMUNERAÇÃO INDIRETA DOS DIRIGENTES. INCIDÊNCIA NORMAL DOS IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS ACERCA DAS RECEITAS DE VENDAS DE PLANOS DE SAÚDE. As sociedades cooperativas de consumo, que tenham por objeto a compra e o fornecimento de bens aos consumidores, sujeitam-se às mesmas normas de incidência dos impostos e contribuições de competência da União, aplicáveis às demais pessoas jurídicas (Lei nº 9.532/97, art. 69). A cooperativa de consumidores ou usuários de serviços de saúde, que comercializa plano de saúde próprio, em nome próprio, cujos serviços de saúde são prestados por terceiros contratados (rede credenciada ou conveniada), explora atividade econômica com fins lucrativos e os adquirentes ou aderentes do plano de saúde comercializado pela cooperativa são meramente consumidores (clientes), não configurando a condição de sócios cooperados pela inocorrência de affectio societatis, ferindo a legislação de regência do Cooperativismo e não fazendo jus a benefício fiscal, conforme demonstrado e comprovado pelo fisco. A remuneração indireta dos dirigentes de cooperativa de usuários de serviços de saúde, a falta de alternância de poder na administração da cooperativa de usuários ou consumidores de serviços de saúde (dirigentes, sempre os mesmos, que se perpetuam indefinidamente na administração, são os verdadeiros donos), são distorções decorrentes da falta de controle e de participação dos adquirentes de planos de saúde na administração efetiva da cooperativa de usuários de serviços de saúde (falta de affectio societatis), conforme demonstrado e comprovado pelo fisco, implicam inarredável violação do art. 182 do RIR/99 e a cooperativa fica sujeita às mesmas normas de incidência dos impostos e contribuições de competência da União, aplicáveis às demais pessoas jurídicas. LUCRO ARBITRADO DE OFÍCIO. EXISTÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL SUFICIENTE PARA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. IMPRESTABILIDADE DA ESCRITA CONTÁBIL NÃO COMPROVADA. INSUBSISTÊNCIA DO LANÇAMENTO FISCAL. O arbitramento do lucro é uma medida extrema, excepcional, só aplicável quando não há possibilidade de apurar o imposto por outro regime de tributação. Não procede o arbitramento do lucro quando as razões indicadas pela fiscalização não são determinantes para fundamentar e comprovar a imprestabilidade da escrituração contábil para apuração do lucro real. Sendo inaplicável a forma ou sistema de apuração do lucro utilizada pela autoridade autuante, não é possível manter o lançamento de ofício. LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL, PIS E CONFINS. Os lançamentos decorrentes seguem a sorte do lançamento principal.

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:32:51 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713051150277672960

conteudo_txt : Metadados => date: 2018-12-04T15:06:12Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; Last-Modified: 2018-12-04T15:06:12Z; dcterms:modified: 2018-12-04T15:06:12Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; Last-Save-Date: 2018-12-04T15:06:12Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-12-04T15:06:12Z; meta:save-date: 2018-12-04T15:06:12Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-12-04T15:06:12Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 116; pdf:charsPerPage: 2093; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf | Conteúdo => S1­C3T1  Fl. 46.250          1 46.249  S1­C3T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10830.726440/2015­66  Recurso nº               De Ofício e Voluntário  Acórdão nº  1301­003.468  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  16 de outubro de 2018  Matéria  LUCRO ARBITRADO  Recorrentes  COOPERATIVA DE USUÁRIOS DO SISTEMA DE SAÚDE DE  CAMPINAS              FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­ IRPJ  Ano­calendário: 2010, 2011  RECURSO  DE  OFÍCIO.  LIMITE  DE  ALÇADA.  VERIFICAÇÃO  DO  VALOR  VIGENTE  NA  DATA  DO  JULGAMENTO  EM  SEGUNDA  INSTÂNCIA. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103. RECURSO  CONHECIDO.  A verificação  do  limite  de  alçada,  para  fins  de  recurso  de  ofício,  dá­se  em  dois  momentos:  primeiro,  quando  da  prolação  de  decisão  favorável  ao  contribuinte  pela  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  ­ DRJ,  para  fins  de  interposição  de  recurso  de  ofício,  observando­se  a  legislação  da  época  e,  por  último,  quando  da  apreciação  do  recurso  pelo  CARF,  em  preliminar  de  admissibilidade,  para  fins  de  seu  conhecimento,  aplicando­se o limite de alçada então vigente.  Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103:  "Para fins de  conhecimento  de  recurso  de  ofício,  aplica­se  o  limite  de  alçada  vigente  na  data de sua apreciação em segunda instância".  O  devedor  solidário  foi  excluído  da  lide  pela  decisão  a  quo  cujo  tributário  suplanta o limite de alçada.  In casu, cabível o conhecimento do Recurso de Ofício, pois o valor do crédito  tributário,  da  lide  objeto  do  autos,  é  superior  ao  limite  de  alçada  de  R$  2.500.000,00 da Portaria MF n° 63, de 2007, ato normativo infralegal vigente  na  data  da  decisão  a  quo,  e  que  persiste  vigente  na  data  desta  decisão  de  segunda instância.  NULIDADE  DO  LANÇAMENTO  FISCAL.  CERCEAMENTO  DO  DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. PRELIMINAR REJEITADA.  Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e  não  havendo  prova  de  violação  das  disposições  contidas  no  artigo  142  do     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 64 40 /2 01 5- 66 Fl. 46250DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.251          2 CTN e artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se falar em  nulidade do lançamento em questão.   Tendo  sido  regularmente  oferecida  a  ampla  oportunidade  de  defesa  e  do  contraditório,  com  a  devida  ciência  do  auto  de  infração,  que  apresenta  adequada motivação jurídica e fática, e não provada violação das disposições  previstas  na  legislação  de  regência,  restam  insubsistentes  as  alegações  de  nulidade do auto de infração e do procedimento Fiscal.   Descabe  a  declaração  de  nulidade,  por  cerceamento  do  direito  de  defesa,  quando auto de infração, o relatório fiscal e seus anexos contêm a descrição  pormenorizada  dos  fatos  imputados  ao  sujeito  passivo,  os  quais  indicam  ainda os dispositivos legais que amparam o lançamento fiscal.  Rejeita­se  a  preliminar  de  nulidade  do  auto  de  infração  que  foi  lavrado  legitimamente em conformidade com o art. 142 do CTN e com o art.10 do  Decreto  nº  70.235/72  e  sem  que  tenha  ocorrido  qualquer  situação  especificada no art. 59 desse Decreto.   Durante  o  procedimento  fiscal,  em  regra,  não  há  que  se  falar  em  direito  à  ampla defesa e ao contraditório. O litígio instaura­se com a apresentação de  impugnação, momento a partir do qual deve ser observado o amplo direito à  defesa  e  ao  contraditório.  Ausente  prejuízo  ao  contribuinte,  não  há  que  se  falar em nulidade do lançamento.   DECISÃO  RECORRIDA.  MOTIVAÇÃO  SUFICIENTE.  NULIDADE.  INAPLICABILIDADE.  No caso de o enfrentamento das questões suscitadas na peça de defesa com  perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento e  estando a decisão motivada de forma explícita, clara e congruente, não há que  se falar em nulidade dos atos em litígio.  O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas  partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão.  O  julgador  possui  o  dever  de  enfrentar  apenas  as  questões  capazes  de  infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorrida. Assim, não  há  que  se  falar  em  nulidade  de  decisão  que  não  se  pronunciou  sobre  determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada.   A mera discordância dos fundamentos da decisão recorrida pelo contribuinte  não  é  causa  de  nulidade,  que  apenas  ocorre  se  demonstrada  qualquer  das  hipóteses do artigo 59 do Decreto­lei n° 70.235/72, que não é o caso.  COOPERATIVA DE CONSUMIDORES OU USUÁRIOS DE SERVIÇOS  DE  SAÚDE  GESTORA  OU  OPERADORA  DE  PLANO  DE  SAÚDE  PRÓPRIO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE POR TERCEIROS  (REDE CREDENCIADA OU CONVENIADA).  RECEITAS AUFERIDAS  PELA COMERCIALIZAÇÃO DOS  PLANOS DE  SAÚDE DA PRÓPRIA  COOPERATIVA.  AUSÊNCIA  DE  AFFECTIO  SOCIETATIS  DOS  ADQUIRENTES/ADERENTES.  REMUNERAÇÃO  INDIRETA  DOS  DIRIGENTES.  INCIDÊNCIA  NORMAL  DOS  IMPOSTOS  E  CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS ACERCA DAS RECEITAS DE VENDAS  DE PLANOS DE SAÚDE.  Fl. 46251DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.252          3 As sociedades cooperativas de consumo, que tenham por objeto a compra e o  fornecimento  de  bens  aos  consumidores,  sujeitam­se  às mesmas  normas  de  incidência dos impostos e contribuições de competência da União, aplicáveis  às demais pessoas jurídicas (Lei nº 9.532/97, art. 69).  A  cooperativa  de  consumidores  ou  usuários  de  serviços  de  saúde,  que  comercializa  plano  de  saúde  próprio,  em  nome  próprio,  cujos  serviços  de  saúde  são  prestados  por  terceiros  contratados  (rede  credenciada  ou  conveniada),  explora  atividade  econômica  com  fins  lucrativos  e  os  adquirentes ou aderentes do plano de saúde comercializado pela cooperativa  são  meramente  consumidores  (clientes),  não  configurando  a  condição  de  sócios  cooperados  pela  inocorrência  de  affectio  societatis,  ferindo  a  legislação  de  regência  do  Cooperativismo  e  não  fazendo  jus  a  benefício  fiscal, conforme demonstrado e comprovado pelo fisco.   A remuneração indireta dos dirigentes de cooperativa de usuários de serviços  de saúde, a falta de alternância de poder na administração da cooperativa de  usuários  ou  consumidores  de  serviços  de  saúde  (dirigentes,  sempre  os  mesmos,  que  se  perpetuam  indefinidamente  na  administração,  são  os  verdadeiros  donos),  são  distorções  decorrentes  da  falta  de  controle  e  de  participação dos adquirentes de planos de saúde na administração efetiva da  cooperativa  de  usuários  de  serviços  de  saúde  (falta  de  affectio  societatis),  conforme  demonstrado  e  comprovado  pelo  fisco,  implicam  inarredável  violação do art. 182 do RIR/99 e a cooperativa fica sujeita às mesmas normas  de  incidência  dos  impostos  e  contribuições  de  competência  da  União,  aplicáveis às demais pessoas jurídicas.  LUCRO ARBITRADO DE OFÍCIO. EXISTÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO  CONTÁBIL  SUFICIENTE  PARA  APURAÇÃO  DO  LUCRO  REAL.  IMPRESTABILIDADE DA ESCRITA CONTÁBIL NÃO COMPROVADA.  INSUBSISTÊNCIA DO LANÇAMENTO FISCAL.   O  arbitramento  do  lucro  é  uma medida  extrema,  excepcional,  só  aplicável  quando  não  há  possibilidade  de  apurar  o  imposto  por  outro  regime  de  tributação. Não procede o arbitramento do lucro quando as razões indicadas  pela  fiscalização  não  são  determinantes  para  fundamentar  e  comprovar  a  imprestabilidade da escrituração contábil para apuração do lucro real.  Sendo  inaplicável  a  forma  ou  sistema  de  apuração  do  lucro  utilizada  pela  autoridade autuante, não é possível manter o lançamento de ofício.   LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL, PIS E CONFINS.   Os lançamentos decorrentes seguem a sorte do lançamento principal.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  Colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso de ofício e rejeitar as preliminares de nulidade, e, no mérito, por maioria  de votos, dar provimento ao recurso voluntário do contribuinte para cancelar  integralmente a  exigência e, como consequência, considerar prejudicados os recursos dos coobrigados, vencida  a Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite que votou por dar provimento parcial ao recurso  voluntário para calcular os tributos devidos com base no lucro real.  Fl. 46252DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.253          4     (assinado digitalmente)  Fernando Brasil de Oliveira Pinto­ Presidente.     (assinado digitalmente)  Nelso Kichel­ Relator.    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  Conselheiros:  Fernando Brasil  de  Oliveira  Pinto  (Presidente),  Giovana  Pereira  de  Paiva  Leite,  Amélia  Wakako  Morishita  Yamamoto, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Carlos Augusto Daniel Neto, Roberto  Silva Junior e Leonam Rocha de Medeiros  (suplente convocado). Ausente  justificadamente a  Conselheira Bianca Felícia Rothschild.                                  Fl. 46253DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.254          5 Relatório    A 4ª Turma da DRJ/Fortaleza, sessão de 14/03/2017, conforme Acórdão (e­ fls. 45411/45453):  I ­ julgou:  a)  impugnação  improcedente  do  sujeito  passivo  COOPERATIVA  DE  USUÁRIOS  DO  SISTEMA  DE  SAÚDE  DE  CAMPINAS  (COOPUS),  mantendo  o  lançamento fiscal, anos­calendário 2010 e 2011;  b) impugnações improcedentes dos devedores solidários:  ­ ARLEI ANTONIO;  ­ VANDERLEI APARECIDO PEREIRA;  ­ CARLOS ALBERTO MOINHA GAGLIARDI;  ­ ELIZABETH CRISTÓVÃO HARDMAN;  ­ GUSTAVO POLLI ANTONIO;  ­ SAMANTA POLLI ANTONIO;  ­ SIMONE CRISTINA DE ASSIS BUENO;  ­ CONEMP – CONSULTORIA EMPRESARIAL E ADMINISTRAÇÃO DE  SERVIÇOS LTDA;  ­ BEAR CAPTAÇÕES S/C LTDA;  ­ FAMIL PARTICIPAÇÕES LTDA;  ­ AGS PARTICIPAÇÕES LTDA; e   ­ HARDMAN PARTICIPAÇÕES LTDA,   c) impugnação procedente, afastando a sujeição passiva solidária:  ­ PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA .  II ­ Recorreu de ofício:  ­  submeteu  a  reexame  necessário,  em  face  da  exclusão  da  sujeição  passiva  solidária de PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA.  Nesta instância recursal, apresentaram Recursos Voluntários:  Fl. 46254DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.255          6 a)  COOPERATIVA  DE  USUÁRIOS  DO  SISTEMA  DE  SAÚDE  DE  CAMPINAS ­ COOPUS (e­fls. 45573/45639);  b)  BEAR  CAPTAÇÕES  S/C  LTDA,  em  (e­fls.  45643/45674  e  46185/46218);  c)  CONEMP  –  CONSULTORIA  EMPRESARIAL  E  ADMINISTRAÇÃO  DE SERVIÇOS LTDA (e­fls. 45685/45716 e 46140/46173);  d) SAMANTA POLLI ANTONIO (e­fls. 45728/45750);  e) GUSTAVO POLLI ANTONIO (e­fls. 45756/45778);  f) SIMONE CRISTINA DE ASSIS GALVÃO (e­fls. 45784/45806);  g) ELIZABETH CHRISTOVAM HARDMAN (e­fls. 45812/45834);   h) FAMIL PARTICIPAÇÕES LTDA (e­fls. 45840/45862 e 46105/46129);  i)  HARDMAN  PARTICIPAÇÕES  LTDA  (e­fls.  45875/45897  e  46066/46090);  j) AGS PARTICIPAÇÕES LTDA (e­fls. 45913 e 46024/46048);  k) ARLEI ANTONIO (e­fls. 45931/45971);  l) VANDERLEI APARECIDO PEREIRA (e­fls. 45976/45996);  m) CARLOS ALBERTO MOINHA GAGLIARDI (e­fls. 46001/46021);  Quanto aos fatos, consta dos autos:  ­  que,  em  11/11/2015,  a  Fiscalização  da  DRF/Campinas  lavrou  Autos  de  Infração do  IRPJ  e  reflexos  (CSLL, PIS e Cofins),  anos­calendário 2010 e 2011,  regime do  Lucro  Arbitrado  de  ofício  (e­fls.  43923/44012),  com  imputação  da  seguinte  infração,  in  verbis:  (...)  Razão  do  arbitramento  no(s)  período(s):  03/2010,  06/2010,  09/2010, 12/2010, 03/2011, 06/2011, 09/2011 e 12/2011   Arbitramento  do  lucro  que  se  faz  tendo  em  vista  que  o  contribuinte,  sujeito a  tributação com base no Lucro Real,  não  possui escrituração na forma das leis comerciais e fiscais.  Enquadramento Legal:  Fatos geradores ocorridos a partir de 01/04/1999:  Art. 530, inciso I e VIII do RIR/99.)  (...)  Fl. 46255DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.256          7 RECEITAS DA ATIVIDADE  INFRAÇÃO:  RECEITA  BRUTA  NA  PRESTAÇÃO  DE  SERVIÇOS EM GERAL  Arbitramento  do  lucro  realizado  com  base  receita  bruta  de  prestação  de  serviços  em  geral,  conforme  relatório  fiscal  em  anexo.  (...)  ­ que o valor tributável corresponde à receita bruta apurada mensalmente:  Fato Gerador Valor Apurado (R$) Multa (%)  30/01/2010.................... 2.374.606,13 ..........................150,00   28/02/2010 ....................1.724.365,58 ..........................150,00   30/03/2010.................... 1.735.687,38 ..........................150,00   30/04/2010 ....................1.785.357,38.......................... 150,00   30/05/2010 ....................1.849.300,93.......................... 150,00   30/06/2010.................... 1.776.101,32.......................... 150,00   30/07/2010 ....................2.043.386,80.......................... 150,00   30/08/2010 ................... 1.922.377,56 ..........................150,00   30/09/2010.................... 1.864.295,76 ..........................150,00   30/10/2010 ....................1.601.715,69 ..........................150,00   30/11/2010 ....................1.684.861,67 ..........................150,00   30/12/2010 ....................1.650.266,07 ..........................150,00   30/01/2011.................... 1.616.487,60 ..........................150,00   28/02/2011.................... 1.664.806,79 ..........................150,00   30/03/2011.................... 1.648.612,37.......................... 150,00   30/04/2011 ....................1.835.418,44 ..........................150,00   30/05/2011 ....................1.678.416,59 ..........................150,00   30/06/2011 ....................1.693.855,45.......................... 150,00   30/07/2011 ....................1.337.675,07 .........................150,00   30/08/2011 ....................1.697.561,45 ..........................150,00   30/09/2011 ....................1.693.428,57...........................150,00   30/10/2011 ....................1.681.757,29 ..........................150,00   30/11/2011 .....................1.688.446,87......................... 150,00   Fl. 46256DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.257          8 30/12/2011......................1.710.298,25 .........................150,00  Enquadramento Legal:  Fatos  geradores  ocorridos  entre  01/01/2010  e  31/12/2011:  art. 3º da Lei nº 9.249/95. Arts. 532 do RIR/99  ­ que o crédito tributário lançado de ofício, na data de lavratura dos autos de  infração, perfaz o montante de R$ 19.957.436,71, assim discriminado por exação fiscal:    Auto de  Infração  Principal (R$)  Juros de Mora  (Calculados até  11/2015) (R$)  Multa de Ofício  de 150%  Total (R$)  IRPJ  3.980.072,35  1.862.296,45  5.970.108,56  11.812.477,36  CSLL  1.208.421,70   565.378,11  1.812.632,58   3.586.432,39  PIS   272.734,06   129.957,31   409.101,14   811.792,51  COFINS  1.258.772,60   599.802,89  1.888.158,96   3.746.734,45  Total        19.957.436,71  ­  que  integra  o  lançamento  fiscal  o  Relatório  de  Ação  Fiscal  (e­fls.  44015/44178).  ­  que  os  Termos  de  Sujeição  Passiva  Solidária  das  pessoas  mencionadas  anteriormente constam dos autos (e­fls. 44179/44322).  Ainda,  por  resumir  adequadamente  os  fatos  apurados,  narrados,  pela  Fiscalização da DRF/Campinas e os principais aspectos da lide até então, transcrevo o relatório  da decisão recorrida (e­fls.45411/45453), in verbis:  (...)  A  ação  fiscal  foi  realizada  com  o  intuito  de  verificar  a  validade/efetividade  da  isenção  dos  tributos  federais  pela  entidade, decorrente do exercício do cooperativismo.   O Relatório de Ação Fiscal (RAF) de fls. 44014/44170 detalha o  procedimento  de  auditoria,  bem  como  apresenta  a  fundamentação para os lançamentos realizados.   Apresenta­se  em  seguida  um  resumo  do  RAF  contemplando  as  alegações produzidas pelo agente tributário.  · A  fiscalizada  se  declara  uma  cooperativa,  tendo  se  declarado  indevidamente  como  imune  do  IRPJ  e  não  declarou valores a pagar de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins;  · O Superintendente  da COOPUS,  o  Sr. Arlei Antonio,  a  Sra. Elizabeth C. Hardman  (cooperada),  o  Sr. Gustavo  Polli  Antonio  (cooperado)  e  o  Sr.  Vanderlei  Aparecido  Pereira  (Diretor  Presidente  da  COOPUS)  receberam  rendimentos  provenientes  da  COOPUS  indiretamente,  através  de  empresas  que  prestavam  serviços  para  a  Fl. 46257DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.258          9 mesma  e,  com  exceção  do  Sr.  Vanderlei,  todos  tinham  participação societária nas prestadoras de serviço;   · O Sr. Arlei, na qualidade de Diretor Superintendente  da  COOPUS  vitalício  (e  membro  do  Conselho  de  Administração)  com  amplos  poderes,  agiu  (ram)  dolosamente ao  impedir  ou  retardar  o  conhecimento  por  parte  do  Fisco  do  recebimento  indireto  de  recursos  através  de  empresas  que  eram  sócias  de  empresas  que  prestavam  serviços  para  a  COOPUS,  nas  quais  o  mesmo  figurava  como  sócio/administrador,  situação  expressamente  vedada  pela legislação tributária das cooperativas;   · O  Sr.  Arlei  e  a  Sra.  Elizabeth  participaram  da  contratação  das  empresas  CONEMP  Consultoria  Empresarial  Administração  de  Serviços  Ltda.  (CONEMP)  e  a  BEAR  Captações  Ltda  (BEAR),  empresas  nas  quais  eram  sócios,  para  prestarem  serviços COM EXCLUSIVIDADE para a COOPUS,  tendo  aquele  assinado  o  contrato  da  CONEMP  na  qualidade de contratado e a Sra. Elizabeth assinou o  contrato da BEAR na qualidade de contratada. Essas  empresas  auferiram  vultosos  rendimentos  em  2010  e  2011, provenientes da COOPUS;   · Apenas nos anos­calendário 2010 e 2011, as empresas  do  Sr.  Arlei  receberam  quase  R$  7.000.000,00  (sete  milhões  de  reais)  de  recursos  provenientes  da  COOPUS;   · As empresas em que o Sr. Arlei, Sra. Elizabeth e o Sr.  Gustavo  eram  sócios  e  que  receberam  recursos  proveniente  da  COOPUS,  possuíam  acumulado  em  2011, um saldo de lucros a distribuir em cerca de R$  9.000.000,00  (nove  milhões  de  reais),  mas  se  declararam INATIVAS neste período;   · As empresas que são sócias da CONEMP e da BEAR,  quais  sejam,  a  AGS  Participações  Ltda.,  a  Famil  Participações Ltda. e a Hardman Participações Ltda.  transferiram indiretamente os lucros provenientes da  CONEMP  e  da  BEAR  para  o  Sr.  Arlei,  a  Sra.  Elizabeth,  o  Sr.  Gustavo  Polli  Antonio  e  o  Sr.  Vanderlei Aparecido Pereira;   · Todo  conglomerado  era  inter­relacionado,  fazendo  com  que  o  “proprietário”  da  Cooperativa  escoasse  seu lucro através de empresas terceirizadas para esse  fim [abaixo  transcreve­se o relato do autuante  sobre  esse tema];   Fl. 46258DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.259          10         Fl. 46259DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.260          11         Fl. 46260DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.261          12   · Essa  conduta  de  transferir  recursos  indiretos  da  COOPUS  para  empresas  das  quais  eram  sócios  e  auferirem  vantagens  –  lucro  –  lesou  os  20.000  cooperados,  eis  que  o  objetivo  principal  da  cooperativa  era  a  “conquista  de melhores  condições  (menores  preços)  para  se  obter  assistência  médica,  odontológica,  serviços  de  laboratório,  hospitalares  e  correlatos”;  · O  Sr.  Vanderlei  Aparecido  Pereira  (Diretor  Presidente da COOPUS), auferiu alguns rendimentos  indiretos provenientes da CONEMP e da BEAR, mas  não  era  sócio  dessas  empresas,  sendo  por  oportuno  esclarecer que o mesmo é sócio da empresa SODON –  Serviços  Odontológicos  Ltda.,  CNPJ  02.212.834/0001­96, juntamente com o Sr. Arlei;   · Constatamos  pela  incompatibilidade  da  atividade  de  comercialização  de  planos  de  saúde  efetuada  pela  COOPUS  em  contraposição  ao  exercício  do  cooperativismo;   Fl. 46261DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.262          13 · Ainda  que  fosse  possível  o  exercício  do  cooperativismo,  constatamos  que  os  atos  praticados  pela COOPUS com  terceiros  (aquisição dos  serviços  médicos)  não  podiam  ser  considerados  “atos  cooperativos”,  e  deveriam  ter  sido  tributados  normalmente;   ·  No  curso  da  fiscalização,  o  contribuinte  esclareceu  que  não  atua  como  cooperativa  médica,  mas  como  operacionalizadora  de  saúde  de  autogestão  para  os  seus  cooperados  que  são  usuários  dos  serviços  de  saúde,  intermediando  o  pagamento  dos  serviços  prestados  pelos  profissionais  da  área  de  saúde  diretamente aos seus empregados.   · O contribuinte foi intimado a apresentar os seguintes  livros:  Livro  de  Atas  das  Assembléias  Gerais,  Ordinárias  e  Extraordinárias,  Livro  de  Atas  de  Órgãos  Administrativos,  Livro  de  Atas  do  Conselho  Fiscal,  Livro  de  Presença  dos  Cooperados  nas  Assembléias  Gerais,  Ordinárias  e  Extraordinárias;  entretanto  não  apresentou  os  Livros,  limitando  a  apresentar  cópias  de  Assembléias  de  2010  e  2011,  assim  como  reuniões  do  Conselho  Fiscal  e  Lista  de  Presença de 2010 e 2011;   · Os Livros  retromencionados  são OBRIGATÓRIOS  e,  também,  são  pré­requisitos  ao  exercício  do  cooperativismo  e,  por  conseguinte,  ao  benefício  da  isenção dos tributos;   · Praticamente  toda  a  administração  da  COOPUS  havia  sido  transferida  para  a  CONEMP,  conforme  contrato pactuado entre as partes;   · A  COOPUS  praticamente  não  tem  funcionários  próprios e a CONEMP apenas prestou serviços para a  COOPUS;   ·  O  objetivo  do  contrato  com  a  BEAR  foi  o  oferecimento  de  serviço  especializado  em  pré­venda,  venda,  pós­venda  e  retenção  dos  cooperados,  completa  assistência  pós­ingresso,  acompanhando  e  orientando  quanto  aos  direitos,  em  suma,  a  BEAR  seria  responsável  pelo  relacionamento  comercial  entre a CONTRATANTE (COOPUS) e os associados;   · Conforme  disposição  contratual,  a  COOPUS  reembolsaria  todas  as  despesas  com  a mão  de  obra,  todos os encargos decorrentes,  inclusive os gastos de  ISS  incidente  sobre a Nota Fiscal de Serviços,  e não  houve qualquer limitação de valores no contrato;   Fl. 46262DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.263          14 ·  O  Diretor  Superintendente,  Sr.  Arlei  recebeu  rendimentos  da  empresa  AGS  Participações  Ltda,  sócia  da  CONEMP  e  da  BEAR  Captações  Ltda.,  empresas que prestaram serviço para a COOPUS;   · O  contribuinte  não  contabilizava  a  subscrição  das  quotas­parte quando do ingresso dos cooperados, nem  tampouco realizava registros em relação à baixa das  quotas­parte  quando  da  saída  dos  membros  da  cooperativa;   · O  contribuinte  segue  o  plano  de  contas  da  ANS,  adequado  apenas  para  as  operadoras  de  planos  de  saúde, apesar de se considerar uma cooperativa;   · Verifica­se  através  do  Livro  de  Cooperados  que  a  maioria absoluta dos planos de saúde são coletivos ou  empresariais (e todos por contrato de adesão);   · Os  contratos  coletivos  ferem  os  princípios  do  cooperativismo eis que  só  se  estabelece  uma  relação  jurídica  entre a  empresa  contratante  e a COOPUS e  não  há  nenhuma  participação  dos  beneficiários  (cooperados)  na  assinatura  do  contrato.  Os  beneficiários (os “cooperados”) sequer participam da  negociação  entre  as  partes  e  o  contratante  é  o  responsável pelo pagamento das mensalidades, não o  “cooperado”.  As  cláusulas  são  dirigidas  para  a  empresa  contratante:  é  um  típico  contrato  de  comercialização  de  planos  de  saúde  na  modalidade  coletiva;   · Da análise do Contrato Individual/Familiar, verifica­ se que não há qualquer cláusula ou mesmo qualquer  explicação  do  funcionamento,  dos  direitos  e  das  obrigações  do  cooperado.  Também,  na  Carta  de  Orientação  ao  Beneficiário,  não  há  qualquer  explicação  do  funcionamento,  dos  direitos  e  das  obrigações do cooperado. Em verdade é um contrato  típico  de  venda  de  plano  de  saúde,  tanto  é  verdade,  por exemplo, é que o  item “29.3.1” pactua um prazo  mínimo  de  12  meses,  incompatível  com  a  legislação  do  cooperativismo,  eis  que  o  cooperado  (a  pedido)  pode sair a qualquer momento da cooperativa..  · O  autuante  descreve  às  fls.  44093/44110  as  inter­ relações (societárias, financeiras e comerciais) entre as  empresas que prestam serviço à COOPUS, seus sócios e  os administradores da Cooperativa, concluindo que “se  trata  de  um  verdadeiro  círculo  de  empresas  terceirizadas  e  administradas  pelo  Sr.  Arlei  com  um  mesmo  objetivo:  auferir  os  lucros  provenientes  da  COOPUS” ;   Fl. 46263DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.264          15 · Conforme  o  disposto  no  artigo  182,  §3°  do  RIR/99,  é  vedado  qualquer  espécie  de  benefício  ou  vantagem  em  favor  de  quaisquer  associados  direta  ou  indiretamente,  violação  que  impede  que  uma  cooperativa  possa  se  beneficiar  da  isenção  tributária,  ficando  submetida  às  mesmas normas de  incidência do  imposto aplicáveis às  demais pessoas jurídicas;   · Na  escrituração  da CONEMP  e  da  BEAR  (2010/2011)  encontramos diversos lançamentos em nome do Sr. Arlei  e da Sra. Elizabeth e vários lançamentos em nome do Sr.  Vanderlei e alguns do Sr. Gustavo, especificamente nas  contas contábeis 1.1.2.02.007 – Retirada – Arlei Antonio  e 1.1.2.02.015 Retirada Elizabeth Hardman (CONEMP);   · A  totalidade  dos  lançamentos  que  comprovam  as  transferências  de  recursos  para  o  Sr.  Arlei  Antonio,  a  Sra. Elizabeth C. Hardman, o Sr. Gustavo P. Antonio e o  Sr. Vanderlei  Aparecido Pereira,  se  encontram apostas  nos  Razões  Contábeis  de  2010  e  2011  da  CONEMP,  BEAR, FAMIL, AGS e HARDMAN. Também, devido aos  recursos que  foram transferidos a  título de distribuição  de  lucros  ao  longo  dos  anos,  a  AGS,  a  FAMIL  e  a  HARDMAN  possuem  cerca  de  28  imóveis  e  cerca  de  cinco automóveis;   · Os  Contratos  Coletivos  Empresariais,  Contratos  Empresariais e os Coletivos por Adesão são contratos  de  adesão  tipicamente  mercantis,  na  modalidade  específica de comercialização de planos de planos de  saúde.  A  não  ser  a  menção  da  qualificação  da  “operadora”,  de  se  tratar  de  Sociedade  de  Cooperativa, todas as demais cláusulas são típicas de  vendas de planos de saúde, corroborada pelo próprio  registro na ANS. Não há  sequer  a menção das  cotas  do  capital  social,  das Assembléias  ou  informação de  que o “cooperado”  se  tornaria  sócio da COOPUS e  seria  responsável  pela  alocação  de  recursos  (ingresso)  e  eventuais  prejuízos  em  nenhum  dos  contratos encaminhados;  · A  própria  cláusula  quarta  dos  Contratos  –  Da  Natureza  do  Contrato  é  bastante  elucidativa:  “A  COOPUS,  na  condição  de  operadora  de  planos  de  saúde privados de assistência à saúde, de acordo com o  inciso  I,  do  parágrafo  1,  do  art.  1,  da  Lei  9.656/98,  firma  o  presente  contrato  coletivo  empresarial  para  o  cumprimento  de  seu  objeto,  segundo  as  cláusulas  contratuais  estabelecidas,  obedecendo  os  princípios  gerais  do  direito,  amparado  na  legislação  civil  em  vigor,  especialmente  pela  Lei  9.656/98,  cujo  teor  foi  aprovado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar  – ANS, órgão que regulamenta e fiscaliza o setor.”   Fl. 46264DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.265          16 · A COOPUS  apenas  afirma  que  é  uma  operadora  de  planos  de  saúde  e  sequer  menciona  o  exercício  do  cooperativismo;   · Uma  cooperativa  verdadeira  não  vende  planos  de  saúde, e sim, reúne os recursos dos cooperados para  fazer  face às despesas  (com saúde) que  são  rateadas  proporcionalmente por eles;   ·  A tomada de decisões é centralizada em um pequeno  grupo  de  pessoas  (incluindo  os  Diretores  e  Conselheiros) nas Assembleias de 2011 (21 pessoas) e  2012  (20  pessoas)  que  representam  apenas  0,1%  do  número  total  de  cooperados  (20.000)  era  algo  incompatível.  [apresenta  quadro  demonstrativo  do  comparecimento as fls. 44127/44128];   · Quase  a  totalidade  das  pessoas  que  compareceram  nas  Assembleias  eram,  na  verdade,  funcionários  da  CONEMP;   · Portanto, do quorum de 20/21 pessoas, quatorze eram  funcionários  da  CONEMP,  dois  funcionários  de  empresas  em que o  Sr Arlei  é  sócio,  somados  com o  próprio,  a  Sra.  Elizabeth  e  o  Sr.  Gustavo  Polli  Antonio,  a  Sra.  Tânia Mara Machado Antonio,  o Sr.  Vanderlei  Aparecido  Pereira  (sócio  do  Sr.  Arlei  na  SODON)  e  o  Sr. Carlos Alberto M. Gagliardi  (sócio  do Sr. Arlei na AMAC),  teríamos um quorum de 95%  dos  presentes  para  a  APROVAÇÃO  DAS  CONTAS  DOS  EXERCÍCIOS  sem  nenhum  questionamento.  Neste  ponto  é  mister  esclarecer  que  o  Conselheiro  Paulo  José  de  Oliveira  foi  sócio  da  COOPUS  de  Itapira;   · Portanto,  dos  100%  dos  votantes  ­  toda  Diretoria  Executiva  e  quase  todo  o Conselho Fiscal  – mais de  95% são pessoas ligadas diretamente ao Sr. Arlei. Os  “cooperados”  que  foram  eleitos  para  o  Conselho  Fiscal, que têm atribuições precípuas de FISCALIZAR  as  atividades  da  COOPUS,  eram  todos  funcionários  da CONEMP;   ·  O Sr. Arlei tem o controle absoluto da administração da  COOPUS:  é  Diretor  Superintendente  vitalício  desde  a  fundação  da  COOPUS,  os  membros  da  Diretoria  Executiva são sócios do Sr. Arlei em outras empresas, o  Conselho  Fiscal  é  formado  exclusivamente  por  seus  funcionários da CONEMP e  somente pessoas  ligadas a  ele  (Sr. Arlei) votaram nas Assembléias de 2010, 2011,  2012  e  2013,  aprovando  todos  os  tópicos  sempre  por  unanimidade;   Fl. 46265DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.266          17 · A CONEMP que tem a responsabilidade de administrar  a  COOPUS  é  a mesma  entidade  responsável  pela  sua  própria fiscalização;   · É  toda  uma  obra  de  engenharia  societária  através  da  utilização de empresas de participação que se declaram  inativas, visando utilizar­se indevidamente da isenção de  tributos no exercício irregular do cooperativismo e a sua  posterior ocultação dos  lucros originados da prestação  de serviços para a COOPUS;   · Visando  a  correta  apuração  dos  valores  devidos  de  IRPJ/CSLL/PIS/COFINS,  a  fiscalizada  foi  intimada  várias  vezes  a  refazer  sua  escrita  para  o  Lucro  Real  Trimestral,  apresentando  os  Livros  Diário  e  Razão  devidamente  assinados,  os  balanços  trimestrais  devidamente  assinados,  o  LALUR,  o  DACON  acompanhado  de  demonstrativos  detalhados  de  apuração do PIS/COFINS não cumulativos, etc;   · O  contribuinte  não  apresentou  os  livros  e  documentos  solicitados pela sistemática do Lucro Real, se limitando  a  dizer  que  entende  ser  isento  desses  tributos  por  ser  uma  cooperativa  e  que  por  isso  não  irá  refazer  sua  escrita.  Neste  ponto  é  mister  esclarecer  que  a  escrituração  apresentada  é  bastante  simplificada  (feita  para  uma  cooperativa)  e  o  contribuinte  disponibilizou  apenas os balancetes mensais e não trimestrais. Ademais  há  várias  rubricas  extra  contábeis  de  adições,  exclusões e valores com efeitos em exercícios futuros,  a serem computados ao lucro líquido;   · Há três requisitos imprescindíveis para a apuração pela  sistemática  do  Lucro  Real:  i.  existência  de  regular  escrituração  contábil,  em  livros  revestidos  de  formalidades  legais  que  permitam  a  verificação  pela  autoridade  tributária;  ii.  a  elaboração  de  demonstrações  financeiras  (balanços  ou  balancetes)  com  a  apuração  dos  resultados  contábeis  em  período  coincidente com o período de apuração adotado para a  apuração do IRPJ; iii. a demonstração do Lucro Real,  mediante  escrituração  de  todos  os  ajustes  extra  contábeis no  livro próprio denominado LALUR (Livro  de Apuração do Lucro Real).  · Quanto  ao  item  “i.”,  os  livros  Diários  (2010/2011)  apresentados  a  esta  fiscalização  não  foram  registrados  na  Junta  Comercial  e  não  houve  a  transcrição  do  balanço  trimestral  nos  mesmos,  nem  tampouco, apresentou a Escrituração Contábil Digital  através do SPED. Quanto ao item “ii. ”, não houve a  apresentação dos balanços  trimestrais de 2010/2011.  Quanto ao item “iii. ”, não houve a apresentação do  LALUR  de  2010  e  2011,  que  deveria  conter  a  Fl. 46266DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.267          18 demonstração  do  lucro  real  e  os  ajustes  extra  contábeis   · Portanto,  esses  vícios  insanáveis,  quais  sejam,  a  escrituração  apresentada  sem  as  devidas  formalidades  legais,  a  falta  de  apresentação  de  balanços  trimestrais  e  ausência  de  seu  respectivo  registro no Diário ou no LALUR, bem como, a falta de  apresentação  do  LALUR,  impedem  a  apuração  do  Lucro  Real  Trimestral  como  exige  a  legislação  tributária;   · Não  sendo  possível  a  apuração  do  Lucro  Real  Trimestral  em  vista  dos  vícios  insanáveis,  torna­se  imperativo  o  arbitramento  do  lucro,  com  a  consequente  apuração  do  PIS/COFINS  no  sistema  cumulativo tendo em vista art. 10,  inciso II da Lei nº  10.833/2003 (Lucro Arbitrado);   · Portanto, ao apresentar o Livro Diário  sem o devido  registro na  Junta Comercial  (e  sem a  transcrição do  balanço), a falta de apresentação do LALUR, e a falta  de  apresentação  das  demonstrações  financeiras  –  balanço  trimestral  –  se  amoldam  perfeitamente  nos  incisos I e VIII do artigo 530 do RIR/99 [arbitramento  do lucro];   · O  agravamento  da  penalidade  foi  motivado  pelo  intuito doloso, caracterizado pela prática reiterada de  prestar  falsas  informações  ao  Fisco,  declarando­se  IMUNE, quando operava verdadeiramente como uma  empresa  com  finalidade  lucrativa,  mediante  a  utilização fraudulenta de empresas  terceirizadas e de  participação  para  a  ocultação  dos  lucros  obtidos  do  exercício ilegal do cooperativismo, culminando com a  não  declaração  do  IRPJ/CSLL/PIS/COFINS  devidos  na COOPUS;   · A  operação  arquitetada  de  declarar­se  IMUNE,  utilizar­se  de  empresas  de  participação  para  ocultar  os  verdadeiros  beneficiários  dos  lucros,  assim  como,  camuflar  e  blindar  os  bens  adquiridos  nas  empresas  que  se  declaravam  reiteradamente  como  INATIVAS,  demonstra o evidente intuito de fraudar o Fisco;   · De acordo com a previsão legal contida no inciso I do  art.  124  da  Lei  nº  5.172/66  (Código  Tributário  Nacional), constata­se a SOLIDARIEDADE PASSIVA  de  todas  as  pessoas  jurídicas  e  físicas  abaixo  elencadas:   i.  CONEMP  –  Consultoria  Empresarial  e  Administração  de  Serviços Ltda., CNPJ 67.992.933/0001­83;   Fl. 46267DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.268          19 ii. BEAR CAPTAÇÕES S/C LTDA, CNPJ 04.754.716/0001­35;   iii. FAMIL PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ 07.662.393/0001­48;   iv. AGS PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ 07.136.346/0001­60;   v.  HARDMAN  PARTICIPAÇÕES  LTDA,  CNPJ  07.162.519/0001­15;   vi. ARLEI ANTONIO, CPF 504.654.308­72;   vii. ELIZABETH C. HARDMAN, CPF 096.775.978­17;   viii. GUSTAVO POLLI ANTONIO – CPF 264.121.558­64;   ix. SAMANTA POLLI ANTONIO – CPF 205.514.218­60;   x. SIMONE CRISTINA DE ASSIS BUENO – CPF 105.290.748­ 26.    · É  cabível  a  sujeição  passiva  solidária  em  face  das  pessoas  físicas  e  jurídicas  arroladas  por  estar  caracterizado  o  interesse  comum  na  situação  que  constitui o fato gerador da obrigação tributária pelos  seguintes fatos:     Fl. 46268DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.269          20     De acordo com a previsão legal contida no inciso III do art.  135  da  Lei  nº  5.172/66  (Código  Tributário  Nacional),  constata­se  a  SOLIDARIEDADE  PASSIVA  de  todas  as  pessoas  físicas abaixo elencadas por  todos os débitos  fiscais  constituídos ou a constituir  em nome da COOPUS por  estar  caracterizado  a  prática  de  atos  com  excesso  de  poderes  ou  infração  a  lei  e/ou  Estatuto  tendo  em  vista  fatos  que  serão  arrolados em seguida:   ­ ARLEI ANTONIO, CPF 504.654.308­72;   ­ VANDERLEI APARECIDO PEREIRA, CPF 602.958.488­04;   ­  CARLOS  ALBERTO  MOINHA  GAGLIARDI,  CPF  059.248.778­41;   ­ PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA, CPF 036.170.978­12.   · Verificou­se  que  o  Sr.  Arlei  Antonio,  o  Sr.  Vanderlei  Aparecido  Pereira,  o  Sr.  Carlos  Alberto  Moinha  Gagliardi  e  o  Sr.  Paulo  José  de Oliveira  participaram  ativamente  da  administração  da  COOPUS,  tendo  Fl. 46269DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.270          21 assinado  as  atas  das  24  reuniões  do  Conselho  de  Administração  no  período  compreendido  entre  janeiro  de 2010 a dezembro de 2011;   ·  O Sr. Arlei, na qualidade de Diretor Superintendente, o  Sr. Vanderlei, na qualidade de Diretor Presidente e o Sr.  Carlos Alberto, na qualidade de Vice­Presidente e o Sr.  Paulo,  também membro do Conselho de Administração,  agiram  com  excesso  de  poderes  ou  infração  à  lei,  bem  como infração ao Estatuto da Cooperativa;   · Com  amplos  poderes,  declararam  a  COOPUS  como  IMUNE, sonegaram impostos, ocultaram a transferência  de  recursos  (lucros)  da  COOPUS  para  empresas  de  participação e  infringiram várias  cláusulas do Estatuto  da COOPUS;     Cientificado do  auto  de  infração  em  17/11/2015  (fl.  44320),  o  contribuinte  apresentou  em  16/12/2015  a  impugnação  de  fls.  44331/44370, por meio da qual combate as exigências fiscais a  ele imputadas, com os argumentos a seguir resumidos:  1. FUNDAMENTOS CONTRADITÓRIOS DA AUTUAÇÃO   ·  Esforçou­se  o  Auditor­Fiscal  para  lavrar  autos  de  infração a qualquer custo, ainda que sem a adequada  fundamentação,  ou mesmo  fazendo  uso  de  ilações  e  conclusões inverídicas e contraditórias;   ·  Teria  a  fiscalização  desqualificado  a  personalidade  jurídica da sociedade cooperativa, ao arrepio do art.  50  do  Código  Civil?  A  fiscalizada  teria  sido  desclassificada  como  sociedade  cooperativa  (sociedade simples), para ser tratada como sociedade  empresária?  Ou,  diferentemente,  estaria  o  Fisco  qualificando as diferentes pessoas jurídicas acusadas  como integrantes de Grupo Econômico?  ·  Essas  perguntas  não  encontram  respostas  claras  no  longo,  repetitivo  e  contraditório  "Relatório  de  Ação  Fiscal",  assim  como  essas  conjecturas  e  ilações,  jogadas unicamente como juízo  subjetivo do Agente do  Fisco,  não  guardam  qualquer  relação  com  as  consequências  indevidamente  impostas  nos  Autos  de  Infração  ora  impugnados,  pois  não  estão  em  consonância com o conteúdo da pretensão ali exigida..   · A  acusação  de  suposto  "recebimento  indireto  de  recursos" por parte do Superintendente da Coopus (Sr.  Arlei  Antonio),  do  seu  Presidente  (Sr.  Vanderlei  Aparecido  Pereira)  e  de  dois  cooperados  (Elizabeth  Hardman e Gustavo Polli), teria sido tomado pelo Fisco  como o verdadeiro fundamento para afastar o regime de  Fl. 46270DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.271          22 não  incidência  tributária  da  sociedade  cooperativa  (sociedade  simples  sem  fins  lucrativos),  desqualificando­a  para  sociedade  empresária  sujeita  à  tributação do resultado quando positivo (lucro);   · A  fiscalização  tinha  pleno  conhecimento  do  regime  de  não  incidência do  IRPJ  (ou  "isenção  tributária", como  registrou  o  Auditor  no  item  267),  sobre  as  atividades  econômicas  da  cooperativa.  No  entanto,  sob  a  fantasiosa  acusação  de  que  houve  atribuição  de  "rendimentos  indiretos",  o  procedimento  do  Fisco  se  mostrou  mais  uma  vez  abusivo  e  equivocado  ao  contrariar  §  2°  do  art.  182,  do RIR/99  transcrito  pela  própria  fiscalização,  que  na  hipótese  invocada  manda  tributar  os  "resultados"  apurados  na  cooperativa.  Marchando contra a lei, o Agente do Fisco abandonou  os  resultados  apurados  na  escrituração  contábil  da  cooperativa;   · O procedimento arbitrário e contraditório do Fisco está  evidenciado  mais  uma  vez  na  "Descrição  dos  Fatos  e  Enquadramento  Legal"  que  aparece  em  cada  Auto  de  Infração  (IRPJ  e  CSLL),  nos  quais  a  acusação  está  colocada com diferentes fundamentos;   · Pergunta  prévia:  como  pode  a  acusação  inicial  de  "inexistência  de  escrituração"  ser  tomada  como  razão  para  o  arbitramento  dos  resultados  quando,  simultaneamente,  declara  o  Fisco  que  os  "montantes  tributáveis"  foram  extraídos  dos  "saldos  mensais  dos  balancetes  apresentados  pelo  contribuinte"?  Contradição evidente e confessada!   2. DESQUALIFICAÇÃO DA COOPERATIVA AO ARREPIO DA  LEI   o  A pessoa jurídica Autuada é uma sociedade cooperativa  organizada há mais de 20 anos (05/02/93), por pessoas  físicas  que  tinham  interesse  comum,  qual  seja,  credenciar  e  contratar  pessoas  e  entidades  prestadoras  de  serviços  na  área  da  saúde  para  atendimento  das  necessidades  do  grupo  de  cooperados  associados,  em  melhores  condições  e  pelo  menor  custo  possível.  Portanto,  a  COOPUS  é  cooperativa  de  usuários  de  serviços  de  saúde  e  não  se  confunde  com  as  outras  cooperativas  do  modelo  UNIMED,  nas  quais  os  cooperados são os médicos prestadores de serviços;   o  A cooperativa  foi organizada contando com a expertise  em  gestão  de  planos  de  saúde  da  empresa  CONEMP  (que  era  pré­existente)  e  de  seus  sócios  à  época  (Arlei  Antonio  e  Elizabeth  Hardman).  Demonstrando  transparência  nessa  atribuição  terceirizada  da  gestão,  já no estatuto de constituição da COOPUS (art. 20) foi  prevista que  essa  função estaria a  cargo da CONEMP,  Fl. 46271DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.272          23 de  forma  a  dar  segurança  para  as  pessoas  físicas  que  procuravam  integrar  o  quadro  de  associados  da  cooperativa  na  busca  de  garantias  de  atendimento  médico­hospitalar  por  meio  de  plano  de  saúde.  Assim,  não  houve  e  não  há  vício  na  organização  e  gestão  da  cooperativa, tampouco qualquer abuso da personalidade  jurídica como tenta fazer crer a fiscalização;  o   O  procedimento  adotado  pela  fiscalização  resultou  na  desqualificação  da  personalidade  jurídica  da  sociedade  cooperativa,  de  forma  abusiva  e  precipitada,  ao  arrepio  das  normas  previstas  no  Código  Civil,  cujo  artigo  50  é  taxativo  ao  reservar  essa atribuição exclusivamente ao Poder Judiciário;   o  Ignorou  o  Agente  do  Fisco  que  uma  das  particularidades das cooperativas é a "variabilidade,  ou até a dispensa do capital social". O critério  legal  para  validação  das  deliberações  da  cooperativa,  estipulando que  o  "quorum,  para  a  assembléia  geral  funcionar  e  deliberar,  fundado  no  número  de  sócios  presentes  à  reunião,  e  não  no  capital  social  representado".  Essa  diretriz  da  lei  também  foi  ignorada, tornando sem sentido a pretensão do Agente  do  Fisco  que  insiste  em  não  aceitar  as  soberanas  deliberações  tomadas  com  o  número  de  sócios  presentes na reunião, sob a infundada alegação de ser  diminuto em relação ao quadro de associados;   o  É  também  insubsistente  o  obstinado  relato  do  Fisco  apontando  que  o  Diretor  Superintendente  tem  esse  cargo como "vitalício”. Os Estatutos da Cooperativa  que preveem eleições periódicas, assim como as atas  de todas as assembléias que confirmam a reeleição do  Sr. Arlei para o mesmo cargo. Pode o Auditor Fiscal  contestar a vontade dos eleitores?   o  Ou o Fisco faz efetiva prova da existência de vício ou  fraude nas deliberações, ou nas atas das Assembléias  da  Cooperativa,  e  remete  para  a  autoridade  competente  para  desqualificá­la,  ou  então,  deve  restringir­se  ao  seu  específico  papel  de  fiscalizar  o  cumprimento  das  obrigações  tributárias,  respeitando  a natureza jurídica da entidade submetida à auditoria  fiscal;   o  Salta  aos  olhos  a  insistente  tentativa  do  Fisco  de  se  imiscuir na organização  interna da cooperativa, com  ingerências  na  qualidade  do  controle  de  seus  associados cooperados, e até mesmo na avaliação das  condições  econômicas  fixadas  em  seus  contratos  coletivos,  contratos  esses  sempre  firmados  pela  cooperativa seguindo as normas padronizadas da ANS  Fl. 46272DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.273          24 —  Agência  Nacional  de  Saúde  à  qual  se  submete  sempre  com  o  objetivo  de  assegurar  a  cobertura  de  planos  de  saúde  a  trabalhadores  que  mantinham  vínculo  com  outras  empresas,  que  ingressavam  no  quadro  de  cooperados,  perseguindo  a  diretriz  do  menor custo ao associado;   o  A  sociedade  cooperativa  não  tem  "lucro"  para  ser  tributado pelo IRPJ, nem pela CSLL;   o  O  juízo  do  Auditor  está  equivocado  ao  pretender  tributar  os  custos  com  a  mencionada  "aquisição  de  serviços médicos".  No  entanto,  se  considerado  como  merecedor  de  fé  o  relato  da  fiscalização,  a  sua  inequívoca  conclusão  de  que  constatou  "atos  praticados  pela  COOPUS  com  terceiros  [...]  que  deveriam  ter  sido  tributados  normalmente"  e,  assim  não zelou o Agente do Fisco para nessa forma tributá­ los,  traduz confissão de conduta qualificada como no  Código Penal como prevaricação!   o  Assim,  as  razões  até  aqui  expostas  são  mais  que  suficientes  para  que  seja  determinado  o  cancelamento  dos  abusivos  lançamentos  tributários,  uma  vez  que  estão  sobejamente  demonstrados  os  vícios  do  procedimento  fiscal  na  tentativa  de  desqualificar  a  personalidade jurídica da cooperativa, assim como estão  confessadas  as  contradições  e  a  abusiva  discricionariedade  na  forma  adotada  para  a  lavratura  dos indevidos Autos de Infração aqui impugnados.   3.  ACUSAÇÃO  DE  UNIDADE  EMPRESARIAL  (GRUPO  ECONÔMICO)  PARA  DESQUALIFICAÇÃO  –  ERRO  NA  METODOLOGIA ADOTADA NA TRIBUTAÇÃO   o  Se  fosse  verdade  que  "essas  empresas  estão  intimamente  relacionadas  e dependentes e  funcionam  como uma verdadeira "simbiose", pois uma não pode  existir  sem  a  outra"  (pág.  12  do  Relatório),  não  restaria ao Fisco outra alternativa que não considerar  o  conjunto  de  todas  as  operações  como  sendo  praticadas  unicamente  pela  COOPUS,  consolidando  as  apurações  mediante  a  integração  dos  custos  suportados  diretamente  pelas  demais  pessoas  jurídicas,  como  se  fossem  custos  próprios  da  COOPUS,  seguida  da  eliminação  dos  valores  registrados como custos de "serviços prestados" pelas  referidas  pessoas  jurídicas  desqualificadas.  Sendo  uma coisa só (unidade empresarial), é imperativo que  sejam  aproveitados  todos  os  tributos  já  recolhidos  pelas  pessoas  jurídicas  consolidadas,  que  incidiram  sobre  as  operações  objeto  da  desqualificação  que  estão consolidadas.   Fl. 46273DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.274          25 4.  RITO  NÃO  OBSERVADO  PARA  AFASTAR  A  NÃO  INCIDÊNCIA  TRIBUTÁRIA  (IMUNIDADE  OU  ISENÇÃO  DA COOPERATIVA)   o  Na  remota  hipótese  de  não  serem  acatadas  as  objeções  colocadas  nos  tópicos  precedentes,  que  são  por  demais  suficientes  para  o  deslinde  da  controvérsia,  quer  a  Impugnante  protestar  contra  a  não  observância  de  rito  estabelecido  em Lei,  para  o  afastamento  de  norma  legal  que  assegura  a  não  incidência  tributária,  seja  ela  reconhecida  como  "imunidade" ou como "isenção", conforme disposto no  art. 32 da Lei nº 9.430/96.   5.  PAGAMENTO  PELOS  EFETIVOS  SERVIÇOS  PRESTADOS  PELA  CONEMP  E  BEAR  NÃO  CARACTERIZAM “RENDIMENTOS INDIRETOS”   o  Os pagamentos efetuados pela cooperativa autuada à  CONEMP —  e  também para  a BEAR — não  podem  ser tomados como "benefícios indiretos a cooperados  ou  terceiros",  pois  correspondem  a  efetivos  serviços  prestados à Cooperativa,  pelas mencionadas  pessoas  jurídicas;   o  A  CONEMP  é  pessoa  jurídica  pré­existente,  já  indicada  no  Estatuto  de  constituição  da Cooperativa  como encarregada da gestão das operações de planos  de  saúde. Portanto,  não há qualquer  disfarce,  forma  indireta,  e  sim  transparência  na  atribuição  de  específica  atividade  à  pessoa  jurídica  reconhecidamente qualificada para tanto;   o  Não  há  como  exercer  a  gestão  dessas  relevantes  atividades  sem  estrutura  e  corpo  técnico  condizentes  com  esse  encargo.  Nesse  ponto,  o  próprio  Fisco  atestou o contexto da estrutura, tanto da Fiscalizada  (COOPUS),  quanto  da  pessoa  jurídica  que  lhe  prestou  os  serviços  (CONEMP),  ao  apontar  que  a  COOPUS  só  tinha  3  (três)  funcionários,  enquanto  que  a  encarregada  da  gestão  utilizou  77  (setenta  e  sete)  funcionários  no  ano  de  2010  e  75  (setenta  e  cinco) no ano de 2011 (item 49 do Relatório de Ação  Fiscal — pág. 44.037 dos autos);   o  A BEAR CAPTAÇÕES não era empresa só de papel  e  não  foi  constituída  para  "escoar  lucros",  pois  sempre  teve  estrutura  funcional  para  exercer  suas  específicas  atividades  de  captação  de  novos  cooperados,  ampliando  o  universo  de  associados  da  cooperativa;   o  Se os rendimentos atribuídos ao Sr. Arlei (lucros) são  provenientes de receitas obtidas por outras "empresas  Fl. 46274DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.275          26 que prestam serviços para a COOPUS", não há que se  falar  em  indevidos  "rendimentos  indiretos",  tese  que  seria sustentável se inexistente a prestação de serviços  de uma empresa para a outra.   6.  ARBITRAMENTO  COMO  MEDIDA  EXTREMA:  CONTABILIDADE  DA  COOPERATIVA  PERMITE  APURAÇÃO DO LUCRO REAL  o   "Arbitramento"  é  técnica  a  ser  utilizada  como  medida  extrema,  quando  demonstrado  à  saciedade  que  não  foi  possível  ao  Fisco  chegar  à  base  de  cálculo do tributo pelos meios normais adequados;   o  Ainda  que  fosse  possível  admitir  a  tributação  dos  resultados  da  Fiscalizada  pelo  IRPJ  e  pela  CSLL  (hipótese  negada  diante  da  demonstrada  não  incidência  do  IRPJ  e  isenção  da  CSLL,  mas  aqui  registrada  a  hipótese  somente  para  efeito  de  levar  adiante  o  raciocínio  argumentativo),  é  indubitável  que  tinha  a  fiscalização  em  mãos  todo  o  aparato  necessário  para  levar  adiante  essa  pretensão dentro  do rito legal ordinário pertinente;   o  Não poderia  a  fiscalização desprezar  o  conteúdo da  escrituração contábil  sem  trazer prova cabal da sua  imprestabilidade;   o  Ao  contrário  do  que  consta  na  inverídica  fundamentação  adotada  nos  Autos  de  Infração,  a  escrituração  contábil  existe  e  os  documentos  comprobatórios  foram  entregues  pela  fiscalizada  e  recebidos  pelo  Fisco,  examinados  e  acostados  aos  autos sem qualquer ressalva;   o  Os  documentos  indicados  são  suficientes  para  demonstrar:  (i)  a  existência  de  consistente  escrituração  contábil;  (ii)  existência  de  balancetes  com apuração de resultados mensais; e (iii) a ampla  possibilidade  de  apurar  o  "Lucro  Real",  até  mesmo  tomando o resultado contábil positivo sem ajustes, se  entendia  o  Fisco  pela  tributação  dos  resultados  da  Cooperativa; e  (iv) a  inverdade relatada pelo Fisco,  contrariando  o  conteúdo  da  prova  produzida  nos  autos.   7. DÚVIDAS E TITUBEIOS DA FISCALIZAÇÃO SOBRE O  REGIME  DE  TRIBUTAÇÃO  –  LUCRO  REAL  DEMONSTRADO NÃO PODE SER IGNORADO   o   Se  o  objetivo  do  Fisco  era  apurar  o  denominado  "Lucro  Real",  tanto  que  intimou  a  pessoa  jurídica  para  essa  apuração,  não  poderia  sumariamente  ignorar  a  demonstração  feita  pela  Fiscalizada  que  Fl. 46275DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.276          27 está  juntada aos autos. Com efeito,  na página 2.212  há  quadro  demonstrativo  com  detalhamento  da  apuração da base de cálculo do IRPJ (lucro real) em  todos os meses do ano calendário de 2010,  tanto na  forma  mensal,  como  acumulada  em  31.12.2010  (anual), contendo:     a) O resultado contábil de cada período;   b) As adições exigidas pela legislação tributária;   c) As exclusões autorizadas pela legislação;   d) O LUCRO REAL (base de cálculo do IRPJ);   e) O Imposto devido (IRPJ) devido pela alíquota de 15%   f) O adicional calculado pelo percentual de 10%   g) O valor do IRPJ A RECOLHER em cada mês (estimativas) e  no final do período base (31/12/2010).    o  Não  contente  a  Fiscalização  com  todas  essas  apurações fiscais, realizadas pela Autuada sob a mira  de  intimidatórias  Intimações,  avançou  o  Fisco  para  também  exigir  as  apurações  de  COFINS  e  PIS  do  mesmo período, alertando que "é  facultado  (poderá)  ao contribuinte deduzir custos da apuração do PIS e  da COFINS" (pelo regime não cumulativo), "mas se o  contribuinte  não  quiser  exercer  o  seu  direito  de  deduzir  esses  valores  na  apuração  do  PIS  e  da  COFINS, que é facultativo, não há problema algum"  (Item 179 do Relatório de Ação Fiscal — Pág. 2.249  dos autos);   o  Não  parece  crível  que  depois  de  todos  esses  desacertos  e  titubeios  por  parte  da  Fiscalização,  viesse  o  Agente  do  Fisco  a  enveredar  por  outro  caminho,  tendo  a  ousadia  de  intimar  a  fiscalizada  para que  fosse  refeita a  sua escrituração contábil  e,  agora,  para  que  fosse  apresentada  a  apuração  na  forma de "Lucro Real Trimestral";   o  Portanto,  tendo  a  fiscalização  ignorado  a  demonstração  de  Lucro  Real  apresentada  sob  intimação,  sem qualquer  justificativa  ou apreciação,  é  discricionário  e  arbitrário  o  precipitado  arbitramento  do  lucro,  impondo­se  o  pronto  cancelamento dos questionados Autos de Infração.   Fl. 46276DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.277          28 8.  IMPOSSÍVEL  ELEIÇÃO  DISCRICIONÁRIA  DE  FORMA  DE TRIBUTAÇÃO MAIS GRAVOSA PELO FISCO   o  Como  se  viu  das  transcrições  das  intimações  em  tópicos precedentes, utilizou­se o Fisco da técnica do  arbitramento  de  forma  precipitada,  indevida,  arbitrária e discricionária;   o  Se não bastassem todas as razões de contrariedade já  oferecidas, é preciso insistir que não é admissível que  venha  o  Fisco  escolher  a  medida  extrema  do  arbitramento  como  forma  de  tributação,  principalmente quando não descartada a escrituração  contábil  e,  ainda  que  a  contragosto,  foi  apresentada  pela  Fiscalizada  a  demonstração  do  Lucro  Real,  de  forma mensal e anual. Diante desse quadro, a opção  pelo  Fisco  de  forma  de  tributação  mais  gravosa  é  vício incontornável que condena todo o procedimento  fiscal.   9.  CONCORDÂNCIA  COM  O  ACÓRDÃO  DO  CARF  TRANSCRITO  COMO  FUNDAMENTO:  SITUAÇÃO  ANALISADA É OPOSTA À DOS AUTOS   o  A  fiscalização  traz  aos  autos  jurisprudência  que,  longe  de  amparar  o  abusivo  trabalho  do  Fisco,  vem  dar  sustentação ao  pedido da  Impugnante  formulado  em tópicos precedentes, exatamente no ponto em que  condena  qualquer  discricionariedade  ao  agente  do  Fisco  para  escolher  a  forma  de  tributação  (no  caso  dos  autos  ­  lucro  arbitrado),  abandonando  a  escrituração fiscal da Impugnante sem o apontamento  de qualquer vício que pudesse desqualificá­la.   10.  INCONSISTÊNCIA  DE  DIPJ  DE  HOLDING  CONTROLADORA NÃO SERVE PARA DESQUALIFICAR AS  OPERAÇÕES  DA  CONTROLADA  PRESTADORA  DE  SERVIÇOS   o  Quer  a  Impugnante  contestar  a  simplória  desqualificação das empresas prestadoras de serviços  (CONEMP  e  BEAR),  pela  constatação  de  que  as  empresas AGS, FAMIL E HARDMANN que  são  suas  sócias e controladoras (Holdings), terem apresentado  declaração à Receita Federal como INATIVAS no ano  de 2011;   o  Se  há  infração  pelo  não  cumprimento  de  forma  adequada,  de  obrigação  acessória  por  parte  dessas  pessoas  jurídicas,  deveria  o  Fisco  investigar  as  consequências  e  aplicar  as  medidas  previstas  na  legislação tributária contra as infratoras e não contra  a tomadora dos serviços;   Fl. 46277DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.278          29 o  Não  há  dolo,  fraude, ou  tentativa  de  sonegação  com  apresentação  desse  modelo  de  declaração,  pois  o  próprio  Agente  do  Fisco  conhece  a  legislação  que  trata os LUCROS RECEBIDOS como  isentos  (Lei n°  9.249/95, art. 10).   11. MULTA DE 150% INDEVIDAMENTE APLICADA   o  Protesta a Impugnante para que seja afastada a multa  qualificada de 150%, pela total inadequação aos fatos  relatados pelo Fisco.   12.  DECADÊNCIA  PARA  OS  TRÊS  PRIMEIROS  TRIMESTRES DE 2010   o  Estão  alcançados  pela  decadência  o  IRPJ  e  a  CSLL  dos  três  trimestres  do  ano  calendário  de  2010,  pela  aplicação da regra contida no art. 150, § 4, do CTN.   13. LANÇAMENTOS REFLEXOS   o  Depois  de  insistir  em  evidente  erro  ao  longo  da  fiscalização  para  que  a  Cooperativa  promovesse  a  apuração da COFINS e do PIS pela sistemática NÃO  CUMULATIVA,  intimando  para  que  indicasse  os  valores "de créditos, se quisesse", reincidiu o Fisco na  prática de erro ao lavrar os Autos de Infração dessas  contribuições  pelo  mencionado  REGIME  CUMULATIVO PADRÃO;   o  Há evidente erro ao ignorar dispositivo de Lei vigente  que  não  foi  indicado  nos  Autos  de  Infração.  Isto  porque,  se  devidas  fossem  essas  contribuições,  deveriam  ser  calculadas  com  a  utilização  de  bases  reduzidas,  com  a  exclusão  de  parcelas  indicadas  no  art. 3°, § 9° da Lei n° 9.718/98;   o   Devem ser afastadas as exigências das contribuições  de PIS  e  Cofins  sobre  todos  os  valores  relacionados  pela fiscalização que estão compreendidos no período  de  01/01/2010  a  16/11/2010,  por  força  da  aplicação  da  regra  prevista  no  art.  150,  §4°,  do  Código  Tributário Nacional.   14. SELIC NÃO INCIDE SOBRE MULTA DE OFÍCIO   o  Protesta  a  empresa  Impugnante  pela  impossibilidade  de incidência da SELIC sobre a multa de ofício, pela  impropriedade dessa imposição, assim como ausência  de fundamento legal.   IMPUGNAÇÕES  APRESENTADAS  PELOS  RESPONSÁVEIS  SOLIDÁRIOS:   Fl. 46278DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.279          30 As  pessoas  físicas  e  jurídicas  solidariamente  responsabilizadas  no  bojo  da  autuação  fiscal  apresentaram  impugnações  (anexadas  às  fls.  44331  e  seguintes)  as  quais  contemplam,  em  síntese, as seguintes alegações:  ­ ARLEI ANTONIO:   o  IMPOSSIBILIDADE DE APLICAR O ART.  124,  I, DO  CTN, AO CASO CONCRETO: inexiste interesse jurídico  comum;   o  IMPOSSIBILIDADE  DE  CONSIDERAR  PESSOAS  FÍSICAS  COMO  INTEGRANTES  DE  GRUPO  ECONÔMICO;   o  AUSÊNCIA  DOS  REQUISITOS  PARA  DESCONSIDERAÇÃO  DA  PERSONALIDADE  JURÍDICA: não estão presentes os requisitos do art. 50  do CC;   o  AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA APLICAR O ART.  135 DO CTN: O IMPUGNANTE NÃO AGIU COM DE  EXCESSO  DE  PODERES,  INFRAÇÃO  À  LEI  OU  AO  ESTATUTO;   o  IMPOSSIBILIDADE  DE  IMPUTAR  RESPONSABILIDADE  TRIBUTARIA  COM  BASE  EM  ESTIPULAÇÕES DO ESTATUTO SOCIAL;   o  AUSÊNCIA  DE  PROVA  DO  ATO  ILÍCITO:  A  MERA  SUPOSIÇÃO  OU  INDÍCIO  NÃO  AUTORIZA  A  IMPUTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA;   o  MULTA INDEVIDAMENTE QUALIFICADA   ­ VANDERLEI APARECIDO PEREIRA e CARLOS ALBERTO MOINHA  GAGLIARDI  o  AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA APLICAR O ART.  135 DO CTN: O IMPUGNANTE NÃO AGIU COM DE  EXCESSO  DE  PODERES,  INFRAÇÃO  À  LEI  OU  AO  ESTATUTO;   o  IMPOSSIBILIDADE  DE  IMPUTAR  RESPONSABILIDADE  TRIBUTARIA  COM  BASE  EM  ESTIPULAÇÕES DO ESTATUTO SOCIAL;   o  AUSÊNCIA  DE  PROVA  DO  ATO  ILÍCITO:  A  MERA  SUPOSIÇÃO  OU  INDÍCIO  NÃO  AUTORIZA  A  IMPUTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA;  MULTA INDEVIDAMENTE QUALIFICADA.   ­ PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA  o  AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA APLICAR O ART.  135 DO CTN: O IMPUGNANTE NÃO AGIU COM DE  Fl. 46279DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.280          31 EXCESSO  DE  PODERES,  INFRAÇÃO  À  LEI  OU  AO  ESTATUTO;   o  O  IMPUGNANTE  NÃO  É  E  NUNCA  FOI  ADMINISTRADOR DA COOPUS;   o  O  IMPUGNANTE  NÃO  AGIU  COM  EXCESSO  DE  PODERES,  INFRAÇÃO  À  LEI  OU  AO  ESTATUTO  SOCIAL;   o  IMPOSSIBILIDADE  DE  IMPUTAR  RESPONSABILIDADE  TRIBUTÁRIA  COM  BASE  EM  ESTIPULAÇÕES DO ESTATUTO SOCIAL;   o  AUSÊNCIA  DE  PROVA  DO  ATO  ILÍCITO:  A  MERA  SUPOSIÇÃO  OU  INDÍCIO  NÃO  AUTORIZA  A  IMPUTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA;   o  MULTA INDEVIDAMENTE QUALIFICADA.   ELIZABETH CHRISTOVAM HARDMAN, GUSTAVO POLLI  ANTONIO,  SAMANTA  POLLI  ANTONIO  e  SIMONE  CRISTINA DE ASSIS BUENO   o  AUSÊNCIA DE INTERESSE JURÍDICO NA SITUAÇÃO  QUE  CONSTITUA  O  FATO  GERADOR  DA  OBRIGAÇÃO  PRINCIPAL  ­  SOLIDARIEDADE  NÃO  CARACTERIZADA;   o  IMPOSSIBILIDADE  DE  CONSIDERAR  PESSOAS  FÍSICAS  COMO  INTEGRANTES  DO  IMAGINADO  "GRUPO ECONÔMICO";   o  MULTA INDEVIDAMENTE QUALIFICADA.   FAMIL  PARTICIPAÇÕES  LTDA,  AGS  PARTICIPAÇÕES  LTDA e HARDMAN PARTICIPAÇÕES LTDA   o  AUSÊNCIA DE INTERESSE JURÍDICO NA SITUAÇÃO  QUE  CONSTITUA  O  FATO  GERADOR  DA  OBRIGAÇÃO  PRINCIPAL  ­  SOLIDARIEDADE  NÃO  CARACTERIZADA;   o  IMPOSSIBILIDADE  DE  CONFIGURAÇÃO  DE  "GRUPO ECONÔMICO" ­AUTUADA E IMPUGNANTE  SÃO  PESSOAS  JURÍDICAS  AUTÔNOMAS  E  INDEPENDENTES  E  EXERCEM  ATIVIDADES  ESPECÍFICAS E DE NATUREZAS DISTINTAS.     CONEMP  –  CONSULTORIA  EMPRESARIAL  E  ADMINISTRAÇÃO  DE  SERVIÇOS  LTDA  e  BEAR  CAPTAÇÕES S/C LTDA   o  INEXISTÊNCIA  DE  SIMULAÇÃO  NO  CASO  CONCRETO:  OS  PAGAMENTOS  PELOS  EFETIVOS  Fl. 46280DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.281          32 SERVIÇOS  PRESTADOS  PELA  IMPUGNANTE  NÃO  CARACTERIZAM  RENDIMENTOS  INDIRETOS    IMPOSSIBILIDADE DE APLICAR O ART.  124,  I, DO  CTN,  AO  CASO  CONCRETO:  INEXISTE  INTERESSE  JURÍDICO COMUM;   o  INEXISTÊNCIA  DE  GRUPO  ECONÔMICO  ENTRE  A  IMPUGNANTE E A COOPUS;   o  A  EXISTÊNCIA  DE  GRUPO  ECONÔMICO  NÃO  IMPLICA,  POR  SI  SÓ  RESPONSABILIDADE  ENTRE  SEUS INTEGRANTES;   o  AUSÊNCIA  DOS  REQUISITOS  PARA  DESCONSIDERAÇÃO  DA  PERSONALIDADE  JURÍDICA:  NÃO  ESTÃO  PRESENTES  OS  REQUISITOS DO ART. 50 DO CC;   o  AUSÊNCIA  DE  PROVA  DO  ATO  ILÍCITO:  A  MERA  SUPOSIÇÃO  OU  INDÍCIO  NÃO  AUTORIZA  A  IMPUTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.  (...)  Na sessão de 14/03/2017, a 4ª Turma da DRJ/Fortaleza julgou o lançamento  procedente,  mantendo  o  crédito  tributário,  afastando  apenas  a  responsabilidade  solidária  do  Sr.PAULO  JOSÉ  DE  OLIVEIRA,  recorrendo  de  ofício  (submetendo  a  decisão  nessa  parte  a  reexame  necessário),  conforme  Acórdão  (e­fls.45411/45453),  cuja  ementa  e  parte  dispositiva  transcrevo a ser seguir, in verbis:  (...)  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA ­ IRPJ   Ano­calendário: 2010, 2011   SOCIEDADES  COOPERATIVAS.  DISTRIBUIÇÃO  DE  BENEFÍCIOS. IMPOSTO. INCIDÊNCIA.   A sociedade que, a despeito de formalmente constituir­se como  cooperativa, distribui benefícios financeiros aos cooperados, se  sujeita à incidência do IRPJ sobre seus resultados.   LUCRO  ARBITRADO.  CABIMENTO.  ESCRITURAÇÃO  CONTÁBIL. NÃO APRESENTAÇÃO.   É cabível o arbitramento do  lucro do sujeito passivo que deixa  de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da  escrituração comercial e fiscal.   ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES   Ano­calendário: 2010, 2011  CSLL. APLICAÇÃO DO IRPJ.   Fl. 46281DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.282          33 Aplicam­se à CSLL, no que couber, as disposições da legislação  do imposto de renda referente ao lançamento.   PIS E COFINS. COOPERATIVAS. FORMA DE APURAÇÃO.   As sociedades cooperativas são sujeitas ao regime cumulativo de  apuração das contribuições para o PIS e a Cofins.   ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Ano­calendário: 2010, 2011   DECADÊNCIA DO DIREITO DE LANÇAR   Extingue­se  em  cinco  anos,  contados  do  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  ao  que  o  lançamento  poderia  ter  sido  efetuado, e não do fato gerador, o direito de constituir o crédito  tributário,  principalmente,  no  caso  em  que  não  há  pagamento  e/ou quando a infração houver sido praticada com dolo, fraude  ou simulação.  MULTA QUALIFICADA.   Nos  casos  de  lançamento  de  ofício  deve  ser  aplicada  a  multa  qualificada  sobre  a  totalidade  ou  diferença  do  tributo  devido,  quando comprovado o evidente intuito de fraude.   SELIC SOBRE MULTA DE OFÍCIO   Não  se  conhece  de  pedido  em que  não  existe  fato  concreto  em  litígio, apenas potencial, no sentido de aplicação da taxa SELIC  sobre Multa de Ofício.   RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. ATOS PRATICADOS COM  EXCESSO DE PODERES.   É cabível a atribuição de responsabilidade solidária pelo crédito  tributário  quando  configurado  que  administradores  praticaram  atos com excesso de poderes ou  infração à  lei  e/ou estatuto da  entidade.   RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA.  INTERESSE  COMUM.  As  pessoas  que  tenham  interesse  comum  na  situação  que  constitua  o  fato  gerador  da  obrigação  principal  possuem  responsabilidade solidária, nos termos do inciso I do art. 124 do  CTN, em relação ao crédito tributário lançado de ofício.   Impugnação Improcedente   Crédito Tributário Mantido    Acórdão  Acordam  os  membros  da  4ª  Turma  de  Julgamento,  por  unanimidade de votos:   Fl. 46282DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.283          34 1.  Julgar  improcedente  a  impugnação  apresentada  por  COOPERATIVA DE USUÁRIOS DO SISTEMA DE SAÚDE DE  CAMPINAS, mantendo o crédito tributário exigido;   2.  Julgar  improcedente  as  impugnações  apresentadas  por:  ARLEI  ANTONIO,  VANDERLEI  APARECIDO  PEREIRA,  CARLOS  ALBERTO  MOINHA  GAGLIARDI,  ELIZABETH  CRISTÓVÃO  HARDMAN,  GUSTAVO  POLLI  ANTONIO,  SAMANTA  POLLI  ANTONIO,  SIMONE  CRISTINA  DE  ASSIS  BUENO,  CONEMP  –  CONSULTORIA  EMPRESARIAL  E  ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS LTDA, BEAR CAPTAÇÕES  S/C  LTDA,  FAMIL  PARTICIPAÇÕES  LTDA,  AGS  PARTICIPAÇÕES  LTDA,  e  HARDMAN  PARTICIPAÇÕES  LTDA;   3.  Julgar  procedente  a  impugnação  apresentada  por  PAULO  JOSÉ DE OLIVEIRA.   (...)  Submeta­se  à  apreciação  do  Conselho  Administrativo  de  Recursos Fiscais, de acordo com o art. 34 do Decreto nº 70.235,  de  6  de  março  de  1972,  e  alterações  introduzidas  pela  Lei  nº  9.532, de 10 de dezembro de 1997, e Portaria MF nº 63, de 9 de  fevereiro de 2017, por força de recurso necessário decorrente da  exclusão da sujeição passiva solidária decidida neste voto.  (...)  O  sujeito  passivo  COOPERATIVA  DE  USUÁRIOS  DO  SISTEMA  DE  SAÚDE DE CAMPINAS  ­  COOPUS  tomou  ciência  dessa  decisão  no Domicílio  Tributário  Eletrônico  ­  DTE  em  06/04/2017  (e­fls.  4416/4417),  e  apresentou  Recurso  Voluntário  em  26/04/2017 (e­fls.45572/ 45640).  A AGS PARTICIPAÇÕES LTDA  tomou  ciência da  decisão a quo  por  via  postal  ­ AR em 12/04/2017  (e­flS.  45545/45546)  e apresentou  recurso  em 09/05/2017  (e­fls.  45912/45913),  porém  sem as  razões. Apresentou  as  razões  em 12/05/2017 pelos Correios  ­ protocolo (e­fls. 46023/46046) e (e­fls. 46244).  ARLEI ANTÔNIO tomou ciência da decisão a quo por via postal ­ AR em  12/04/2017 (e­fls. 45547/45548) e apresentou recurso em 11/05/2017 (e­fls. 45930/45971).  CARLOS ALBERTO MOINHA GAGLIARDI  tomou  ciência  da  decisão  a  quo  por  via  postal  ­  AR  em  12/04/2017  (e­fls.  45549/45550)  e  apresentou  recurso  em  11/05/2017 (e­fls. 46000/46022).  BEAR PATICIPAÇÕES S/C LTDA tomou ciência da decisão a quo por via  postal  ­  AR  em  12/04/2017  (e­fls.  45551/45552)  e  apresentou  Recurso  Voluntário  em  08/05/2017 (e­fls. 45642/45674).  CONEMP  tomou  ciência  da  decisão  a  quo  por  via  postal  ­  AR  em  12/04/2017  (e­fls.  45553/45554)  e  apresentou  Recurso  Voluntário  em  08/05/2017  (e­fls.  45684/45716).  Fl. 46283DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.284          35 ELIZABETH C. HARDMAN tomou ciência da decisão a quo por via postal  ­  AR  em  12/04/2017  (e­fls.  45.555/4556)  e  apresentou  recurso  em  08/05/2018  (e­fls.  45811/45834).  FAMIL PARTICIPAÇÕES LTDA tomou ciência da decisão a quo por via postal ­  AR em 12/04/2017 (e­fls. 45557/45558) e apresentou recurso em 09/05/2017 (e­fls. 45839/45862).  GUSTAVO POLLI ANTÔNIO tomou ciência da decisão a quo por via postal ­ AR  em 12/04/2017 (e­fls. 45559/45560) e apresentou recurso em 08/05/2017 (e­fls. 45755/45778).  HARDMAN  PARTICIPAÇÕES  LTDA  tomou  ciência  da  decisão  a  quo  por  via  postal  ­  AR  em  12/04/2017  (e­fls.  45561/45562)  e  apresentou  recurso  em  09/05/2017  (e­fls.  45874/45897).  SAMANTA POLLI ANTONIO tomou ciência da decisão a quo por via postal em  12/04/2017 (e­fls. 45563/45664) e apresentou recurso em 08/05/2017 (e­fls.45727/45750).  SIMONE CRISTINA DE ASSIS GALVÃO tomou ciência da decisão a quo por via  postal  ­  AR  em  12/04/2017  (e­fls.  45565/45566)  e  apresentou  recurso  em  08/05/2017  (e­fls.  45783/45806).  VANDERLEI  APARECIDO  PEREIRA  tomou  ciência  da  decisão  a  quo  por  via  postal  ­  AR  em  11/04/2017  (e­fls.45567/45568)  e  apresentou  recurso  em  11/05/2017  (e­fls.  45975/45996).  PAULO JOSE DE OLIVEIRA tomou ciência da decisão a quo por via postal ­ AR  em 09/05/2017 (e­fls 45569/45570). Sujeição passiva solidária afastada.  As  razões  do  Recurso  Voluntário  do  sujeito  passivo  COOPERATIVA  DE  USUÁRIOS DO SISTEMA DE SAÚDE DE CAMPINAS ­ COOPUS, pugnando pela reforma  da decisão recorrida, transcrevo, no que pertinente (e­fls. 45573/ ):   (...)  2.  FUNDAMENTOS  APRESENTADOS  NA  IMPUGNAÇÃO:  PRECÁRIA  AVALIAÇÃO  PELA  DRJ­FORTALEZA  SEM  EXAME DE PROVA  (...)  A  decisão  recorrida marcha  contra  a  robusta  prova  produzida  nos autos, já acostada na fase de fiscalização e repisada com a  Impugnação  e  sem  qualquer  exame  PELO  JULGADOR,  começando pela falsa e contraditória afirmação de procedência  do  arbitramento  pela  alegada  “NÃO  APRESENTAÇÃO  DA  ESCRITURAÇÃO  CONTÁBIL”.  Essa  conclusão  é  inverídica,  falsa,  leviana,  não  condizente  com  a  seriedade  que  deve  ser  sempre  exigida  das  pessoas  alocadas  para  exercer  as  nobres  funções de julgamento, de quem se espera que pautem seus atos  pelo  exame  dos  fatos  frente  ao  ordenamento  jurídico  com  a  necessária imparcialidade e neutralidade, como recomendam os  princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório, da  moralidade, da certeza do direito e da segurança jurídica, para  que possam prevalecer os almejados ideais de Justiça!  Fl. 46284DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.285          36 (...)  3.  FUNDAMENTOS  CONTRADITÓRIOS  DA  AUTUAÇÃO,  ARGUIDOS  NA  IMPUGNAÇÃO,  NÃO  FORAM  AVALIADOS.  MÉRITO FAVORÁVEL PERMITE SUPERAR NULIDADES  Para rechaçar a contraditória autuação  lavrada pelo Fisco,  foi  demonstrado  na  peça  Impugnatória  que,  na  longa  fiscalização  que durou mais de dois anos (iniciada em 05/08/2013), houve o  atendimento  de  todas  as  intimações  relacionadas  com  o  cumprimento das obrigações tributárias a cargo da Cooperativa.  Lamentável a cômoda postura adotada pela Decisão Recorrida,  ora distorcendo os fatos, ou mesmo ignorando os argumentos e  provas  que  estão  nos  autos,  outras  vezes  inovando  com  novas  acusações nunca questionadas e que não constam dos autos.  Há  uma  sucessão  de  nulidades  que  poderiam  ser  de  pronto  suscitadas.  No  entanto,  fazendo  uso  da  sabedoria  da  regra  prevista no § 3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/72, que admite a  superação de nulidades quando o mérito é  favorável ao  sujeito  passivo, caminha a Recorrente logo para o exame das questões  de mérito com o objetivo de evitar o desgaste com a repetição de  atos  desnecessários,  tendo  em  vista  que  ficará  demonstrada  a  impossibilidade  de  manutenção  das  abusivas  exigências  na  forma em que constam dos Autos de Infração contestados.  (...)  3.1.  ESCRITURAÇÃO  CONTÁBIL  EXISTENTE  E  JUNTADA  AOS AUTOS  Ao contrário do que apontou de forma equivocada o Fisco e, de  forma simplória, cômoda e leviana convalidou a DRJ­Fortaleza,  houve  a  entrega  tempestiva  de  todos  os  livros  contábeis  obrigatórios  (Livro Diário  e Razão),  que  foram  recebidos pelo  agente do Fisco sem qualquer ressalva.  (...)  Além  do  mencionado  “arquivo  digital”,  repita­se  que  toda  a  escrituração  contábil  (Livro  Diário  e  Razão)  foi  também  entregue em papel, ainda na fase de fiscalização, e está anexada  aos autos de forma repetida (fls.39/501; 2.361/2.532 e mais uma  vez nas fls. 4.264 até fls. 4.997), como será repisado no tópico  que se questiona o indevido arbitramento do lucro.  Ainda  que  essa  descabida  alegação  de  “INEXISTÊNCIA  DA  ESCRITURAÇÃO”  fosse  verdadeira  (é  falsa,  como  demonstrado),  é  preciso  registrar  que  o  Agente  Fiscal  não  colocou  quaisquer  dessas  ressalvas  formais  na  escrituração  apresentada  em  mídia  digital  e  também  em  papel,  até  mesmo  porque na era digital esses requisitos extrínsecos (“a assinatura  do  contabilista”  e  o  “registro  na  Junta  Comercial”)  não  são  suficientes  para  que  o  Fisco  –  e  nem  a  DRJ  –pudessem  desqualificar  sumariamente  a  escrituração  e  adotar  a  medida  extrema  do  arbitramento,  consoante  pacífico  entendimento  da  Fl. 46285DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.286          37 doutrina  e  da  maciça  jurisprudência,  merecendo  destaque  o  seguinte julgado:   (...)  ARBITRAMENTO.  VÍCIO  FORMAL  EM  ARQUIVOS  MAGNÉTICOS.  REGISTROS  CONTÁBEIS  QUE  MATERIALMENTE PERMITIAM DETERMINAR O LUCRO  REAL. IMPOSSIBILIDADE DE ARBITRAR O LUCRO.  1.  É  incabível  o  arbitramento  do  lucro  quando  a  autoridade  fiscal dispõe dos elementos necessários para determinar o lucro  real. A  existência  de  vício  formal  na  escrita  contábil,  seja  no  Livro  Diário  ou  Razão  ou  em  arquivo  magnético,  não  se  constitui  em  causa  para  desconsiderar  a  escrita  e  tampouco  arbitrar o lucro nos casos em que o contribuinte demonstra os  meios  pelos  quais  apurou  o  lucro  real.  (Precedentes  acórdão  1402­001.291,  j.  05/12/2012;  acórdão  105­  5.030/1990,  1º  Conselho de Contribuintes, publicado no D.O.U em 22.02.1991,  acórdão  59  103­10.805,  Sessão  de  12  de  novembro  de  1990;  acórdão n° 108­07.265, Sessão de 29 de janeiro de 2003).  2.  Nos  casos  em  que  o  contribuinte  apresenta  livros  fiscais  e  arquivos digitais, não pode a autoridade  fiscal aproveitar  esta  contabilidade  para  efeitos  de  apuração  da  receita  tributável  e  desconsiderar  os  custos  e  despesas  presentes  nestes  mesmos  documentos.  3. Entendendo a autoridade fiscal que determinados custos não  estão devidamente comprovados, nestes casos, o procedimento é  a glosa destes e não o arbitramento do lucro.  Recurso  Voluntário  Provido.  (Acórdão  nº  1402­001.879  ­  2ª.  Turma Ordinária ­ 4ª. Câmara, sessão de 26/11/2014).  O  pronunciamento  do  CARF  acima  transcrito  é  inteiramente  aplicável  à  situação  retratada  nestes  autos,  visto  que  não  é  admissível  que  o  Fisco  teime  em  afirmar  que  INEXISTE  CONTABILIDADE  e,  em  evidente  contradição,  retire  da  escrituração  contábil  todas  as  bases  para  o  precipitado  arbitramento  (...)  Pergunta colocada na Impugnação que ficou sem resposta: como  pode  a  acusação  inicial  de “inexistência de  escrituração”  ser  tomada como razão para o arbitramento dos resultados quando,  simultaneamente,  declara  o  Fisco  que  os  “montantes  tributáveis”  foram  extraídos  dos  “saldos  mensais  dos  balancetes  apresentados  pelo  contribuinte”?  Contradição  evidente  que  está  confessada  e  não  respondida  pela  DRJ­ Fortaleza!.  3.2.  ARBITRAMENTO  DO  LUCRO  É  MEDIDA  EXTREMA:  CONTABILIDADE DA COOPERATIVA PERMITE APURAÇÃO  DO LUCRO REAL  Fl. 46286DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.287          38 (...),  ainda  que  fosse  possível  falar  em  tributação de  sociedade  cooperativa,  hipótese  só  aqui  admitida  para  levar  adiante  a  argumentação, é preciso rechaçar o equívoco da fundamentação  adotada pelo Fisco para o precipitado e indevido arbitramento,  assim  como  o  abuso  na  utilização  da  técnica  do  arbitramento  com  intuito  deliberadamente  punitivo,  medidas  abusivas  e  imperfeitas que contaminam todos lançamentos assim realizados  e que são aqui combatidos.  (...)  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA IRPJ Ano­calendário: 2007, 2008, 2009   [...]  ARBITRAMENTO DO LUCRO. MEDIDA EXCEPCIONAL E  EXTREMA. AUSÊNCIA  DE  CAUTELA.  INOBSERVÂNCIA  DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE.  É dominante a jurisprudência deste Conselho no sentido de que  o  arbitramento  do  lucro  é  medida  extrema  que  deve  ser  precedida  de  trabalho  efetivo  da  fiscalização  na  busca  de  informações  que  levem  à  identificação  da  base  tributável  do  contribuinte.  O  arbitramento  do  lucro  originado  na  falta  de  resposta  às  intimações  reiteradamente  enviadas  pelo  correio  para  endereço  que  já  era  de  ciência  da  fiscalização  ser  desatualizado, mostra ausência de cautela da fiscalização.  Nesta  hipótese,  lançamento  fiscal  que  soma  centenas  de  milhões  de  Reais,  revela­se  desproporcional  à  conduta  do  contribuinte  em  clara  desobediência  do  Princípio  da  Proporcionalidade, devendo ser cancelado.  CSLL. REFLEXO.  Aplicam­se  à  CSLL  os  mesmos  fundamentos  utilizados  na  análise  do  Imposto  sobre  a  Renda  de  Pessoa  Jurídica  IRPJ.  (negritos  acrescidos)  (Acórdão  1201­001.184  ­  2ª  Câmara  /  1ª  Turma Ordinária, sessão 25/03/2015).  (...)  Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica ­ IRPJ Ano­ calendário:  2007 APURAÇÃO  PELO  LUCRO  ARBITRADO.  IMPRESTABILIDADE  DA  ESCRITA  CONTÁBIL.  NÃO  COMPROVAÇÃO   O  arbitramento  do  lucro  é  uma medida  extrema,  só  aplicável  quando  não  há  possibilidade  de  apurar  o  imposto  por  outro  regime  de  tributação,  não  podendo  ser  aplicado  como  penalidade.  Improcede  o  arbitramento  do  lucro,  quando  as  razões elencadas pela fiscalização não são determinantes para  fundamentar  e  comprovar  a  imprestabilidade  da  escrituração  contábil.  Fl. 46287DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.288          39 ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  SOBRE  O  LUCRO  LÍQUIDO CSLL CSLL. DECORRÊNCIA.  Insubsistindo as matérias fáticas que ensejaram o lançamento  matriz (IRPJ), igual sorte colhe o auto de infração lavrado por  mera decorrência, tendo em vista o nexo causal existente entre  eles.  ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES  PIS/COFINS. APURAÇÃO PELO REGIME CUMULATIVO.  DESCABIMENTO.  Em  razão  da  improcedência  do  arbitramento  do  lucro,  a  apuração  do  Pis  e  da  Cofins  pelo  regime  cumulativo  foi  indevida,  já  que  a  regra  apuração  pelo  lucro  real  enseja  o  cálculo  do  Pis  e  da  Cofins  pelo  regime  não  cumulativo,  conforme legislação vigente.  Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos,  em  negar  provimento  ao  Recurso  de  Ofício.  (Acórdão  1201­ 001.535 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão 24/01/2017)  (...)  Também foi objeto de contrariedade colocada na Impugnação o  fato de, no longo e repetitivo “Relatório de Ação Fiscal”, não se  encontrar  qualquer  demonstração  da  imprestabilidade  da  escrituração  contábil  da  pessoa  jurídica  submetida  à  fiscalização,  para  que  fosse  possível  enveredar  pela  medida  extrema do “arbitramento”.  (...)  A  propósito,  se  voltados  os  olhos  para  os  mencionados  documentos juntados aos autos, vai se dar conta de que, mesmo  registrando  que  não  concordava  (petição  de  fls.  2.205/2.206)  com a extravagante pretensão para apuração dos tributos que o  Fisco  entendia  devidos,  curvou­se  a  Cooperativa  e  apresentou  “APURAÇÕES MENSAIS”  completas  para  o  IRPJ  e  para  a  CSLL,  para  os  anos  de  2010  e  2011,  na  forma  exigida  pela  fiscalização.  Os  muitos  demonstrativos  apresentados  pela  fiscalizada (fls. 2.212/2.224) não podem ser ignorados e tratados  simploriamente como “planilhas”, como fez a DRJ­Fortaleza.  Pelo  contrário,  estão  ali  os  DEMONSTRATIVOS  DE  APURAÇÃO  DO  LUCRO  REAL  –  LALUR,  assim  como  da  APURAÇÃO  DA  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  –CSLL,  com  apurações mensais na  forma exigida pela  legislação  tributária,  com a  indicação até mesmo de “ADIÇÕES” e “EXCLUSÕES”  previstas  na  legislação  tributária  pertinentes,  se  pudesse  ser  reconhecido  como  tributável  o  resultado  das  atividades  da  Cooperativa.  Da  apuração  “mensal”  para  “trimestral”  é  só  aritmética!  Fl. 46288DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.289          40 Portanto, não pode ser admitida a cômoda postura adotada pela  DRJFortaleza,  pois  além  de  falsear  a  verdade  dos  autos,  de  forma evasiva menospreza o conteúdo de relevantes documentos  que estão nos autos e não foram examinados,(...).  (...)  Com  efeito,  é  sintomático  verificar  logo  primeiro  exame  que  é  totalmente  falsa  a  afirmação  de  que  “o  contribuinte  não  apresentou o Livro Razão e o LALUR”, pois  essa  conclusão  vem  logo  desmentida  pelos  documentos  que  estão  copiados  e  repetidos  em pelo menos  três oportunidades,  com mais de uma  juntada nos autos (LIVRO RAZÃO – cópia às fls. 164/501; nova  juntada  de DIÁRIO  E  RAZÃO  com  a  petição  de  resposta  de  Intimação de fls. 2.361/2.532; e outra juntada posterior de Livro  Diário,  Livro  Razão  e  Balancetes  dos  anos  de  2010  e  2011,  cujas  cópias  compõem  os  documentos  de  fls.  4.264  até  fls.  4.997).  Veja­se  que,  além  da  contestada mídia  digital,  em  resposta  à  época fornecida à fiscalização foram apresentadas cópias físicas  (papel)  de  DIÁRIO  E  RAZÃO,  assim  como  Balanços  e  Balancetes,  compondo  a  última  apresentação  mais  de  700  páginas  em  papel  (fls.  4.264/4.997)  que  foram  sumariamente  ignoradas pela DRJFortaleza.   Confirmando  o  abuso,  reproduz­se  o  texto  da  petição  à  época  apresentada para a fiscalização, que serve para demonstrar que  sempre  houve  a  pronta  colaboração  da  fiscalizada,  além  de  servir para novamente desmentir a falsa e tendenciosa afirmação  da  DRJ.  Assim  respondeu  a  Recorrente,  então  fiscalizada  (fls.  2.362): (...).  Por  sua  vez,  também  foram  prontamente  preparados  pela  fiscalizada  e  estão  acostados  aos  autos  os  documentos  de  fls.  2.212/2.224,  que  são  DEMONSTRATIVOS  de  apuração  do  LUCRO REAL­LALUR, documentos que também desmentem a  leviana afirmação da DRJ de serem “INEXISTENTES”!  (...)  E tem mais! É igualmente falsa e inverídica a afirmação da DRJ­ Fortaleza  de  que  o  arbitramento  deve  ser  mantido  porque  a  fiscalizada “não entregou o Livro Diário com as formalidades  necessárias”.  Basta  examinar  os  autos  e  tem­se  imediato  desmentido pela constatação de existência de cópias em papel do  “Livro Diário” que,  repita­se,  estão  acostadas  nas  fls. 39/163;  mais  cópias  do  RAZÃO  nas  fls.  2.365/2.531;  outra  anexação  repetida, Livro Diário,  Livro Razão  e Balancetes  dos  anos  de  2010  e  2011,  foram  novamente  apresentados  e  juntados  aos  autos nas fls. 4.264 até pág. 4.997, com as devidas formalidades  extrínsecas  (termos  de  abertura,  de  encerramento,  com  as  assinaturas  do  presidente  e  do  contador  que  também  já  constavam das fls. 2.365/2.369).  (...)  Fl. 46289DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.290          41 Portanto, diante da robusta demonstração em sentido contrário,  é  imperativo  que  seja  reformada  a  abusiva Decisão  Recorrida  que  insiste  na manutenção  do  equivocado  arbitramento,  pois  a  prova dos autos desmente o único fundamento INOVADOR que  está  ali  indicado  que  é  o  inciso  III  do  art.  530  do  RIR/99:  "deixar  de  apresentar  à  autoridade  tributária  os  livros  e  documentos  da  escrituração  comercial  e  fiscal..”­  fls.  45.443/45.444).  (...)  3.3.  TRIBUTAÇÃO PELO LUCRO REAL É  A  REGRA E NÃO  EXCEÇÃO.  ESCRITURAÇÃO REGULAR CERTIFICADA POR  AUDITORIA INDEPENDENTE  (...)  Com efeito, sendo certo que a regra geral para a tributação do  lucro  pelo  IRPJ  e  CSLL,  aberta  a  qualquer  pessoa  jurídica  independente  do  seu  porte  econômico  ou  atividade,  é  a  sistemática  conhecida  como Lucro Real que  tem  sua  apuração  partindo do resultado apurado na contabilidade, não poderia a  fiscalização desprezar o conteúdo da escrituração contábil sem  trazer prova cabal da sua imprestabilidade.  (...)  Para  que  não  se  tenha  dúvida,  reiterando  o  pedido  da  fiscalização  esses  mesmos  documentos  (Livro  Diário,  Livro  Razão e Balancetes dos anos de 2010 e 2011) foram novamente  apresentados e  juntados aos autos  (fls. 4.264 até  fls.  4.997) de  forma  repetida,  contendo  a  regular  escrituração  contábil  da  Cooperativa.  Pronto,  não  há  dúvida  sobre  a  existência  da  escrituração contábil.  No entanto, a despeito dessa farta documentação já presente nos  autos,  com  a  peça  Impugnatória  (fls.  44.331/44.370)  foram  anexados  os  mencionados  DOCs.  04  e  05  que  contém  o  ‘RELATÓRIO  DOS  AUDITORES  INDEPENDENTES  SOBRE  AS  DEMONSTRAÇÕES  FINANCEIRAS”  da  fiscalizada  autuada,  de  2010  e  2011  (fls.  44.423/44.464),  documentos  esses  que  foram  elaborados  pela  empresa  responsável pela Auditoria Externa Independente, registrada e  credenciada pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM, por  exigência do órgão regulador da atividade da fiscalizada que é a  Agência Nacional  de  Saúde  –  ANS,  a  quem  são  encaminhadas  periodicamente essas demonstrações financeiras.  (...)  Não  poderia  silenciar  a  DRJ­Fortaleza  diante  de  mais  essa  prova,  incontestável  e  convergente,  que  foi  juntada  com  a  Impugnação. Não parece crível  que a escrituração contábil da  Recorrente  tenha  sido  submetida  a  criterioso  exame  por  Auditoria  Independente,  com balanços auditados  juntados aos  autos  e  também  publicados  no  Jornal  Diário  do  Comércio  e  Fl. 46290DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.291          42 Indústria  –  DCI  (fls.  44.470/44.477),  e  o  Julgador  passe  por  cima dessa  incontestável  prova  sem dispensar  uma única  linha  para esses relevantes documentos, para comodamente continuar  insistindo  no  discurso  teórico  de  “escrituração  contábil  inexistente”.  Com  essa  postura,  o  cerceamento  de  defesa  está  mais  que  configurado.  Nulidade  que  se  revela  evidente,  mas  que  já  protestou a Recorrente pela possibilidade de que seja superada,  diante  do  necessário  acatamento  das  razões  de  mérito  que  acenam  pela  decretação  da  imprestabilidade  dos  questionados  lançamentos tributários.  3.4.  APURAÇÕES  DE  RESULTADOS  IGNORADAS  PELA  FISCALIZAÇÃO E PELA DRJ­FORTALEZA  (...)  No  entanto,  insiste  a Recorrente  para  destacar  novas  omissões  praticadas  pela  DRJ­Fortaleza,  ao  ignorar  outras  relevantes  ponderações e provas também apresentadas na Impugnação.  Com  efeito,  foi  destacado  na  Impugnação  o  atendimento  de  Intimação do Fisco em que foram apresentados os “Balancetes  Mensais”  e  as  “Demonstrações  de Resultado  do Exercício”,  documentos  que  haviam  sido  solicitados  pelo  Agente  do  Fisco  “visando  confirmar  as  informações  prestadas”  que  estavam  registradas  no Livro Diário  e Livro Razão que  já  haviam sido  apresentados. Esses Demonstrativos Analíticos (Demonstrações  de  Resultados  e  Balanços)  compõem  arquivo  de  quase  200  páginas  e  estão  acostados  pelo  Fisco  nas  fls.  650/842  e,  mais  uma vez, sumariamente ignorados pelo omisso julgador.  (...)  Portanto,  diante  de  mais  essa  demonstração  de  existência  de  resultados  contábeis  que  não  foram  questionados  pelo  Fisco,  tampouco  referidos  pela  DRJFortaleza,  não  se  pode  admitir  a  continuidade  da  inverídica  acusação  de  que  a  pessoa  jurídica  fiscalizada  “não  possui  escrituração  na  forma  das  leis  comerciais  e  fiscais”,  como  indevidamente  aparece  no  fundamento para o Auto de  Infração do IRPJ. A escrituração e  apurações existiam, tanto que foram oportunamente certificadas  por Auditoria Independente.  (...)  3.5.  TRIBUTAÇÃO  PARTINDO  DO  RESULTADO  CONTÁBIL  ERA  FACTÍVEL.  DESPESAS  QUESTIONADAS  ERAM  PASSÍVEIS DE GLOSAS –NUNCA O ARBITRAMENTO  (...)  Sim,  se  entendia  o  Fisco  que  essas  mencionadas  pessoas  jurídicas  (CONEMP  e  BEAR)  eram  utilizadas  para  retirar  recursos  financeiros  sem  a  correspondente  prestação  de  serviços, deveria o Fisco recompor o resultado de cada período  Fl. 46291DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.292          43 mediante  glosa  dos  valores  que  apareciam  registrados  na  contabilidade, e não concluir pelo precipitado arbitramento.  Na  Impugnação  também  foi  apontada  outra  contradição,  destacando­se  que  os  subsequentes  relatos  da  fiscalização  já  acenavam para a possibilidade de apuração do Lucro Real, com  aplicação de glosas para gastos questionados pelo Fisco, como  se vê do tópico 193 do “Relatório de Ação Fiscal”,(...).  (...)  Lamentável  que  também  essas  ponderações  tenham  ficado  à  margem  da  avaliação  da DRJ­Fortaleza,  pela  cômoda  postura  de  ignorar  o  conteúdo  das  provas  e  das  relevantes  objeções  colocadas na Impugnação, para manter as exigências por meio  de  contraditória,  tendenciosa  e  desqualificada  decisão  que  precisa  ser  reformada,  para  que  sejam  restaurados  os  comezinhos  princípios  que  regulam  o  processo  administrativo  tributário.  (...)  4.  DÚVIDAS  E  TITUBEIOS  DO  FISCO,  APONTADOS  NO  ITEM 7 DA IMPUGNAÇÃO, NÃO PODIAM SER IGNORADOS  PELA DRJ­FORTALEZA  (...)  Apontou  também  a  Recorrente,  na  Impugnação,  a  contradição  que  aparece  na  mesma  Intimação  Fiscal,  ao  exigir  da  Fiscalizada  que  fossem  apresentados  os  “demonstrativos  detalhados  de  apuração  do  IRPJ,  CSLL,  PIS  e  COFINS,  referentes  aos  anos  calendário  2010  e  2011,  através  da  sistemática do LUCRO REAL”. (grifos constam do original –  fl. 2.201)  (...)  Naquela  oportunidade,  embora  a  Fiscalizada  não  pudesse  concordar com a exigência abusiva que estava sendo solicitada  na  Intimação,  foi  demonstrado  na  defesa  que,  sob  protestos,  a  Recorrente  apresentou  sua  resposta  anexando  novamente  os  “balancetes dos anos­calendário de 2010 e 2011”, assim como  preparou  e  apresentou  à  fiscalização  a  solicitada  “DIPJ  dos  anos­calendário  de  2010  e  2011”  (DEMONSTRAÇÃO  DO  LUCRO  REAL),  conforme  se  vê  da  petição  e  documentos  juntados nas fls. 2.206/2.224. Esses documentos foram recebidos  pelo Agente do Fisco, conforme consta do expresso registro no  item 175 do “Relatório de Ação Fiscal”, nos seguintes  termos:  (...).  No entanto, a autuada manifestou na Impugnação o seu repúdio  pelo  fato  de  ter  cumprido  a  intimação  contra  a  sua  vontade,  apresentando  “as  planilhas  de  apuração  do  IRPJ/CSLL,  balancetes dos anos de 2010 e 2011 e DIPJ AC 2010 e 2011”,  sem  que  esses  documentos  tivessem  sido  avaliados  pela  Fl. 46292DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.293          44 fiscalização,  pois  se  o  objetivo  do  Fisco  era  apurar  o  denominado “Lucro Real” (tanto que intimou a pessoa jurídica  para  essa  apuração),  não  poderia  sumariamente  ignorar  a  demonstração feita pela Fiscalizada que está juntada aos autos.  Outra  vez,  nenhum  pronunciamento  da  DRJ­Fortaleza  sobre  essas relevantes demonstrações.  Mais ainda, foi apontada na Impugnação a existência de quadro  demonstrativo  (fls.  2.212  e  seguintes)  com  detalhamento  da  apuração da base de cálculo do IRPJ (lucro real) em todos os  meses do ano calendário de 2010, tanto na forma mensal, como  acumulada em 31.12.2010 (anual), contendo:  a) O resultado contábil de cada período;  b) As adições exigidas pela legislação tributária;  c) As exclusões autorizadas pela legislação;  d) O LUCRO REAL (base de cálculo do IRPJ);  e) O Imposto devido (IRPJ) devido pela alíquota de 15%   f) O adicional calculado pelo percentual de 10%   g) O valor do IRPJ A RECOLHER em cada mês (estimativas)  e no final do período base (31/12/2010)  Essas mesmas informações estão detalhadas na página seguinte  (pág.  2.213)  no  tocante  à  apuração  da  CSLL  do  mesmo  ano  calendário  (2010),  assim  como  nas  páginas  2.218  em  diante  estão anexadas as apurações da base de cálculo do IRPJ (Lucro  Real) e da CSLL, relacionadas com o ano calendário de 2011.  (...)  Mesmo não concordando com as indevidas exigências colocadas  na  Intimação,  apressou­se  a  Fiscalizada  também  para  apresentar as apurações mensais da COFINS e do PIS dos anos  de  2010  e  2011,  com  a  indicação  de  créditos  da  não­ cumulatividade na forma equivocada que aparecia na Intimação,  documentos  que  estão  anexados  nas  fls.  2.285  até  2.299,  acompanhados  de  novas  cópias  de  contas  do  Livro  Razão  (fls.2.300/2.326),  e que  também  foram sumariamente  ignorados  Fisco e pela DRJ­Fortaleza, sem qualquer justificativa.  Ora,  não  parece  crível  que  depois  de  todos  esses  desacertos  e  titubeios por parte da Fiscalização, viesse o Agente do Fisco a  enveredar  por  outro  caminho,  tendo  a  ousadia  de  intimar  a  fiscalizada para que  fosse  refeita a  sua escrituração contábil  e  apresentada a apuração na forma de “Lucro Real Trimestral”.  (...)  Mais repugnante é a simplória alegação para a desconsideração  sumária da escrituração contábil, cuja acusação, registrada em  diferentes passagens, merece ser novamente transcrita na espera  Fl. 46293DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.294          45 de  formação  de  adequado  juízo  e  pronunciamento  pelos  I.  Julgadores da Turma:  “Entretanto,  a  escrituração  apresentada  não  é  hábil  para  a  apuração  do  Lucro  Real  Trimestral  e  não  é  hábil  para  apuração do PIS e da COFINS não cumulativos”. (fl. 2.657)  Pergunta que ainda não encontrou resposta: quais seriam essas  razões  de  imprestabilidade  que  até  agora  não  puderam  ser  reveladas?  (...)  Portanto,  se  alguma  precariedade  pode  ser  extraída  do  exame  dos autos, essa precariedade está direcionada seguramente para  a  qualidade  do  trabalho  fiscal,  não  para  a  escrituração  do  contribuinte. (...).  Confirmando que o arbitramento não pode ser adotado como ato  discricionário,  transcreve­se  ementa  de  julgado  do CARF  que,  com acerto, assim pontuou:  ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Data  do  fato  gerador:  28/02/2006  LUCRO  ARBITRADO.  APLICABILIDADE   O  imposto  devido  será determinado  com base nos  critérios do  lucro  arbitrado  quando  o  contribuinte  deixar  de  apresentar  à  autoridade  tributária  os  livros  e  documentos  da  escrituração  comercial  e  fiscal  ou  a  escrituração  a  que  estiver  obrigado  revelar evidentes erros ou deficiências que a tomem imprestável  para a determinação do lucro real.  IRPJ.  LUCRO  ARBITRADO.  INEXISTÊNCIA  DE  DISCRICIONARIEDADE NA ATUAÇÃO DA AUTORIDADE  FISCAL   O  recurso  ao  arbitramento,  nos  casos  previstos  na  lei,  não  é  uma faculdade que o Fisco possa, a seu  livre critério, exercer  ou não. Constatada a ocorrência das hipóteses previstas em lei,  a  adoção  do  lucro  arbitrado  não  se  sujeita  ao  juízo  discricionário da autoridade fiscal. (Acórdão nº 1802­002.442 –  2ª Turma Especial, sessão 03/02/2015).  Portanto,  tendo  a  fiscalização  ignorado  a  demonstração  de  Lucro  Real  apresentada  sob  intimação,  sem  qualquer  justificativa  para  a  recusa  ou  apreciação,  é  discricionário,  abusivo  e  arbitrário  o  precipitado  arbitramento  do  lucro,  impondo­se  a  reforma  da  decisão  da  DRJ­Fortaleza  para  imediato cancelamento dos questionados Autos de Infração  5. IMPOSSÍVEL ELEIÇÃO DISCRICIONÁRIA DE FORMA DE  TRIBUTAÇÃO MAIS GRAVOSA IMPOSTA PELO FISCO  (...)  Tributos e formas de  2010 R$  2011 R$  TOTAL R$  Fl. 46294DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.295          46 Tributação  IRPJ ­ Lucro Real (mensal, anual  ou trimestral)  370.837,03  (pág. 2.212)  0,00  (pág. 2.218)   370.837,03  IRPJ ­ Arbitramento (Auto de  Infração)  2.089.182,94  1.890.189,41   3.980.072,35    (...)  6. O ACÓRDÃO DO CARF TRANSCRITO PELO FISCO COMO  FUNDAMENTO  NA  AUTUAÇÃO:  SITUAÇÃO  ANALISADA  É  OPOSTA À DOS AUTOS  Como  fundamento  para  lavratura  dos  questionados  Autos  de  Infração,  invocou  o  Agente  do  Fisco  no  seu  longo  relatório  o  Acórdão 1102­001.191, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 1ª  Câmara do CARF, na sessão de 17 de agosto de 2014.  (...)  Assim,  reitera a Recorrente para que se dê ouvidos não só aos  fundamentos  que  constam  no  mencionado  Acórdão  1102­ 001.191, mas também às suas escorreitas conclusões que militam  para  determinar  o  cancelamento  dos  questionados  e  abusivos  Autos de Infração.  7.  RITO  NÃO  OBSERVADO  PARA  AFASTAR  A  NÃO  INCIDÊNCIA  TRIBUTÁRIA  (IMUNIDADE OU  ISENÇÃO) DA  COOPERATIVA  (...), o art. 32 da Lei n 9.430/96 estipula rito formal para que o  Agente  do  Fisco  possa  afastar  regra  jurídica  que  contemple  “imunidade”  ou  “isenção”,  de  forma  a  assegurar  o  prévio  contraditório para garantia constitucional (art. 5º, inciso LV) de  ampla defesa ao sujeito passivo.  (...)  Não  é  demais  repetir  que  a  Impugnação  fazia  expressa  referência,  tanto  à  “imunidade”  como  também  ao  instituto  da  “isenção”, mediante transcrição do § 10 do mesmo art. 32 que é  taxativo:  §  10. Os  procedimentos  estabelecidos  neste  artigo  aplicam­se,  também, às hipóteses de suspensão de isenções condicionadas,  quando  a  entidade  beneficiária  estiver  descumprindo  as  condições ou requisitos impostos pela legislação de regência.  (...)  Portanto, sendo esse Ato Declaratório condição imprescindível e  indispensável  para  a  formalização  dos  Autos  de  Infração,  é  imperativo  que  seja  declarada  a  imprestabilidade  dos  precipitados  lançamentos  que  descumpriram  rito  formal  obrigatório previsto em Lei.  Fl. 46295DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.296          47 8. COOPERATIVA É SOCIEDADE SEM FINS LUCRATIVOS –  ESTÁ FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IRPJ  (...)  Por  sua  vez,  em  perfeita  sintonia  com  a  previsão  da  Lei  do  Cooperativismo,  o  novo  Código  Civil  aprovado  pela  Lei  nº  10.406/02 classificou a sociedade cooperativa como “sociedade  simples”,  em  oposição  à  “sociedade  empresária”  que  se  caracteriza pela finalidade lucrativa, como se vê do mandamento  inserido no seu art. 982, a seguir transcrito: (...).  Em razão dessa peculiaridade de ser “sociedade simples” e não  “sociedade  empresária”,  cumulada  com  a  natureza  de  pessoa  jurídica  “sem  objetivo  de  lucro”,  é  que  o  Regulamento  do  Imposto  de  Renda  (Decreto  nº  3.000/99  –  RIR/99)  abre  específica  seção  para,  de  forma  adequada,  reconhecer  expressamente a “Não Incidência” do imposto de renda para as  “Sociedades  Cooperativas”  (Seção  V,  art.  182),  prevendo  unicamente  a  “Incidência”  do  IRPJ  para  “resultados  positivos  de operações e atividades estranhas à sua finalidade” (art. 183).  (...)  9.  INDEVIDA  DESQUALIFICAÇÃO  DA  PERSONALIDADE  JURÍDICA E DAS ATIVIDADES DA COOPERATIVA  (...)  Com efeito, tendo em conta o confuso e abusivo trabalho fiscal,  foi colocada a dúvida na Impugnação se teria o Fisco avançado  para  desqualificar  a  personalidade  jurídica  da  sociedade  cooperativa, ao arrepio do art. 50 do Código Civil? Teria sido  desclassificada como sociedade cooperativa (sociedade simples),  para  ser  tratada  como  sociedade  empresária?  Ou,  diferentemente,  estaria  o  Fisco  qualificando  as  diferentes  pessoas  jurídicas  acusadas  como  integrantes  de  Grupo  Econômico?  Os  questionamentos  eram  pertinentes,  tendo  em  conta  as  conjecturas e ilações registradas no “Relatório de Ação Fiscal”,  ao mencionar que se deparou com “fatos que  levam a  crer que  todo o conglomerado era inter­relacionado, fazendo com que  o “proprietário” da cooperativa escoasse seu lucro através de  empresas  terceirizadas  para  esse  fim”  (item  18  do  Relatório  com os grifos conforme o original).  (...)  Essas  perguntas  que  não  tinham  respostas  claras  no  longo,  repetitivo  e  contraditório  “Relatório  de  Ação  Fiscal”,  encontraram  novas  evasivas  calcadas  em  discurso  teórico  da  DRJ­Fortaleza, ao concluir que “apesar de apresentar requisitos  formais  inerentes  às  cooperativas,  efetivamente  não  atua  como  tal” (fls. 45.434).  Fl. 46296DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.297          48 Mesmo sem a adequada munição, atira a esmo a DRJ­Fortaleza  contra a contratação da pessoa  jurídica BEAR para “captação  de novos cooperados”, sob o equivocado entendimento de que “o  procedimento de captação de novos cooperados se constituía em  uma atividade empresarial, terceirizada de forma disfarçada, que  se destinava a angariar  (no mercado) potenciais clientes para os  planos de saúde oferecidos” (fls. 45.434).  (...)  Dentro  dessa  dimensão  legal,  deveria  ser  a  COOPUS  exatamente igual à outra cooperativa já existente? Evidente que  não, pois é a lei que assegura que a cooperativa tenha por objeto  “qualquer gênero de serviço, operação ou atividade”.  (...)  Contraditoriamente,  aponta  a  Decisão  Recorrida  que  “não  houve  a  desconsideração  da  personalidade  jurídica  da  entidade  pelo autuante” (fls. 45.438), justificando em seguida que os Autos  de  Infração  foram  lavrados  “não  por  esse  fundamento,  e  sim  pelo fato de a cooperativa ter distribuído resultados aos seus  membros”.  (...)  Sim,  ao  contrário  da  negativa  da DRJ,  foi  demonstrado  que  o  abusivo  ato  consumado  pela  fiscalização  afronta  o  dispositivo  transcrito.  Primeiramente,  na  pretensiosa  e  indevida  desqualificação da sociedade cooperativa  (“sociedade simples”  [cooperativa] que não tem finalidade de lucro), transformando­a  indevidamente em sociedade empresária na tentativa de tributar  seus resultados (lucro, quantificado pelo indevido arbitramento).  (...)  Sim,  ignorou  o  Agente  do  Fisco  que  uma  das  particularidades  das  cooperativas  é  a  “variabilidade,  ou  até  a  dispensa  do  capital  social”  (inciso  I),  pelo  que  se  revela  despropositada  e  sem sentido a acusação de grande “rotatividade” do quadro de  cooperados,  (...)  Portanto, ou o Fisco faz efetiva prova da existência de vício ou  fraude  nas  deliberações,  ou  nas  atas  das  Assembleias  da  Cooperativa,  e  remete  para  a  autoridade  competente  para  desqualificá­la,  ou  então,  deve  restringir­se  ao  seu  específico  papel  de  fiscalizar  o  cumprimento  das  obrigações  tributárias,  respeitando  a  natureza  jurídica  da  entidade  submetida  à  auditoria fiscal.  O abuso na  tentativa de desqualificar a Cooperativa  também é  visível  por  outra  perspectiva.  Basta  compulsar  o  volume  de  documentos  que  compõem  o  conteúdo  dos  autos  do  processo  administrativo e salta aos olhos a insistente tentativa do Fisco de  se  imiscuir  na  organização  interna  da  cooperativa,  com  Fl. 46297DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.298          49 ingerências  na  qualidade  do  controle  de  seus  associados  cooperados,  e  até  mesmo  na  avaliação  das  condições  econômicas fixadas em seus contratos coletivos, contratos esses  sempre  firmados  pela  cooperativa  seguindo  as  normas  padronizadas  da  ANS  –  Agência  Nacional  de  Saúde  à  qual  se  submete,  sempre  com  o  objetivo  de  assegurar  a  cobertura  de  planos  de  saúde  a  trabalhadores  que  mantinham  vínculo  com  outras  empresas,  que  ingressavam  no  quadro  de  cooperados,  perseguindo a diretriz do menor custo ao associado.  (...)  (...),  para mostrar  a  fragilidade  da  acusação  fiscal,  a  título  de  exemplo  a  Recorrente  repete  item  relacionado  com  outras  elucubrações  vazias  contidas  no  destemperado  discurso  do  Fisco,  transcritas do “Relatório de Ação Fiscal” (páginas 14 e  15)  21. Também,  constatamos pela  incompatibilidade da atividade  de comercialização de planos de saúde efetuada pela COOPUS  em  contraposição  ao  exercício  do  cooperativismo.  (grifos  acrescidos  Na  Impugnação  foi  demonstrado  que  era grosseiro  o  equívoco  do  Fisco,  no  afã  deliberado  de  desqualificar  a  Cooperativa  a  qualquer custo, mesmo sem provas efetivas de suas acusações.  Tão grosseiro o erro que, com a vergonha de ter que o admitir,  preferiu  a  DRJ­Fortaleza  mais  uma  vez  silenciar,  o  que  caracteriza a sua concordância e aquiescência.  (...)  (...), as regras contidas na Lei nº 9.656/98 que dispõem sobre os  planos  privados  de  assistência  à  saúde,  cujo  artigo  1º  já  desmente  a  vaga  acusação  do  Fisco  ao  ali  incluir  a  figura  da  “cooperativa” no rol das entidades destacadas na definição que  aparece assim aparece no inciso II:  “II  ­  Operadora  de  Plano  de  Assistência  à  Saúde:  pessoa  jurídica  constituída  sob  a  modalidade  de  sociedade  civil  ou  comercial,  cooperativa,  ou  entidade  de  autogestão,  que  opere  produto,  serviço  ou  contrato  de  que  trata  o  inciso  I  deste  artigo;”  Para que não  fique dúvida, o § 2º da mesma Lei nº 9.656/98 é  expresso  para  determinar  que:  “§  2º  Incluem­se  na  abrangência  desta  Lei  as  cooperativas  que  operem  os  produtos de que tratam o inciso I e o § 1º deste artigo”, o que  serve para confirmar que as acusações do Fisco são desconexas,  vazias,  e o que é mais grave,  conjecturadas à margem das  leis  vigentes que foram sumariamente ignoradas  (...)  Chamou a atenção a então Impugnante, ora Recorrente, para o  registro (por escrito) do Auditor­Fiscal afirmando que constatou  Fl. 46298DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.299          50 a existência de “atos praticados pela COOPUS com terceiros que  não  podiam  ser  considerados  atos  cooperativos  e  que  deveriam  ter  sido  tributados  normalmente”,  porque  essa  confissão  do  Agente  do  Fisco  é  grave,  além  de  também  ser  suficiente para comprovar:  a) que a escrituração contábil da fiscalizada não só existe, como  está  registrado  que  a  escrituração  contábil  foi  examinada  e  ponderada  pelo  Fisco,  tanto  que  encontrou  ali  operações  com  supostos  “atos  não  cooperativos  que  deveriam  ter  sido  tributados”,  o  que  confirma  a  desnecessidade  do  abusivo  arbitramento;  b) que o objetivo do Fisco era mesmo desqualificar a qualquer  custo a Cooperativa, não se contentando em tributar matéria que  identificou como tributável;  c)  a  desídia,  discricionariedade  e  abusividade  confessada  pelo  servidor,  ao não  zelar para que  fosse  formalizada a  exigência  de tributo que, a seu juízo, incide sobre matéria relatada como  tributável,  substituindo­a  discricionariamente  pela  medida  extrema do abusivo arbitramento.  Foi apontado na  Impugnação que estava equivocado o Auditor  ao pretender tributar os custos com a mencionada “aquisição de  serviços médicos”.  (...)  Portanto,  as  razões  até  aqui  expostas  são mais  que  suficientes  para  que  seja  determinado  o  cancelamento  dos  abusivos  lançamentos  tributários,  uma  vez  que  estão  sobejamente  demonstrados  não  só  os  vícios  do  procedimento  fiscal  na  tentativa  de  desqualificar  a  personalidade  jurídica  da  cooperativa, como também estão confessadas as contradições e  a  abusiva  discricionariedade  na  forma  adotada  para  desconsideração de contabilidade existente, seguida de Autos de  Infração  que  extraem  as  bases  da  tributação  da  mesma  contabilidade,  cancelamento  necessário  como  medida  de  aplicação do Direito na busca da pretendida segurança jurídica.  10.  RELAÇÃO  DA  COOPUS  COM  OUTRAS  PESSOAS  JURÍDICAS  (...), como nada tem a esconder e dando ênfase ao princípio da  eventualidade,  registra  que  a  pessoa  jurídica  Autuada  é  uma  sociedade  cooperativa  organizada  há  mais  de  20  anos  (05/02/93), por pessoas físicas que tinham interesse comum, qual  seja, credenciar e contratar pessoas e entidades prestadoras de  serviços na área da saúde para atendimento das necessidades do  grupo de cooperados associados, em melhores condições e pelo  menor custo possível.  Portanto, a COOPUS é cooperativa de usuários de  serviços de  saúde e não se confunde com as outras cooperativas do modelo  Fl. 46299DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.300          51 UNIMED, nas quais os cooperados são os médicos prestadores  de serviços.  De forma transparente, às claras (e não como artimanha, como  indevidamente  acusou  a  fiscalização),  a  cooperativa  foi  organizada  contando  com a  expertise  do  Sr.  ARLEI ANTONIO  em  gestão  de  planos  de  saúde  que,  em  momento  anterior,  juntamente  com  a  Sra.  Elizabeth  Cristóvão  Hardman,  haviam  constituído  a  empresa  CONEMP  (pré­existente  à  COOPUS)  para o exercício dessa específica atividade empresarial que é a  gestão de planos de saúde.  Demonstrando  transparência  nessa  atribuição  terceirizada  da  gestão,  já no  estatuto de  constituição da COOPUS  (art.  2º)  foi  prevista que essa função estaria a cargo da CONEMP, de forma  a  dar  segurança  para  as  pessoas  físicas  que  procuravam  integrar  o  quadro  de  associados  da  cooperativa  na  busca  garantias  de  atendimento médico­hospitalar  por meio  de  plano  saúde. Assim, não houve e não há vício na organização e gestão  da  cooperativa,  tampouco  qualquer  abuso  da  personalidade  jurídica  como  tentou  fazer  crer  a  fiscalização  e acompanhou a  DRJFortaleza.  Portanto,  não  procede  a  leviana  acusação  do  Fisco  sobre  “esquema de sonegação fiscal”,  tampouco a conclusão da DRJ­ Fortaleza ao anotar que os fatos apontam para “a existência de  uma  grande  simulação”.  Mais  uma  vez,  as  acusações  são  teóricas, frutos da imaginação criativa baseada em constatações  que  se  apresentavam  até  como  indícios,  sem  qualquer  prova  efetiva, de alguma anormalidade. No entanto, evoluindo para o  exame detalhado das operações, constatou o próprio Fisco que  todas  as  operações  eram  efetivas,  correspondiam  a  negócios  jurídicos  efetivamente  existentes  e  realizados,  sem  qualquer  disfarce ou simulação.  Constatou o próprio Fisco que é complexa a atividade de gestão  de planos de saúde em que estão em risco mais de 50.000 vidas,  tarefa  que  exigiu  o  desenvolvimento  de  específico  sistema  (software) para esse controle, cujos direitos eram de titularidade  da CONEMP (gestora) e da COOPUS (administrada). Também  foi atestada a efetividade dessa gestão por terceiro, ao constatar  a  fiscalização  que  a  COOPUS  sempre  manteve  2  ou  3  funcionários  administrativos,  enquanto  que  o  quadro  de  funcionários  da  CONEMP  sempre  foi  superior  a  70  funcionários.  Prestando serviços a CONEMP somente para a COOPUS, como  relata o Fisco, é incontroverso que aquele quadro de mais de 70  funcionários  sempre  esteve  voltado  para  manter  em  funcionamento  a  operadora  de  planos  de  saúde  que  era  assim  administrada. Sem aquela estrutura da gestora (CONEMP), não  poderia funcionar a operadora (COOPUS) unicamente com seus  3 funcionários.  Assim,  ao  contrário  do  que  consta  das  acusações,  a CONEMP  era  efetiva  prestadora  dos  serviços  de  gestão,  seja  pela  Fl. 46300DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.301          52 utilização  de  especializado  sistema  (software)  de  sua  titularidade, como também pela disponibilização de mão de obra  para  a  realização  dessas  atividades,  sem  as  quais  não  teria  a  COOPUS  a  possibilidade  de manter  o  rigoroso  controle  que  é  exigido para as atividades desempenhadas pelas operadoras de  planos de saúde que, como é de conhecimento notório – MENOS  DO FISCO !!! – são submetidas à rígida fiscalização por órgão  do Poder Público, como é a Agência Nacional de Saúde ­ ANS.  Além do mais, os indícios de “simulação” aventados pelo Fisco  e  que  aparecem  reproduzidos  na  Decisão  Recorrida  não  têm  qualquer relação com a consequência imputada (arbitramento).  Ou  seja,  não  há  base  legal  de  correspondência  entre os  “fatos  apontados”  e  a  consequência  atribuída,  pois  não  há  qualquer  dispositivo na lei que imponha o “arbitramento” dos resultados  diante de pretensos “atos simulados” (aqui não provados).  Existência de mais de uma pessoa jurídica no mesmo endereço,  com  atividades  conexas  ou  dependentes,  não  configura  fraude,  tampouco  simulação,  como  levianamente  aponta  a  Decisão  Recorrida.  Se  tomada  essa  premissa  de  que  duas  pessoas  jurídicas  no  mesmo  endereço  caracteriza  “simulação”,  a  conclusão  inevitável  é  que  estarão  contaminadas  todas  as  operadoras  do  sistema  financeiro,  pois  no mesmo  endereço  da  agência bancária funciona a empresa ligada que faz captação e  administração  de  investimentos,  a  seguradora,  a  empresa  de  arrendamento mercantil e tantas outras.  Evidente  que  há  uma  sucessão  de  equívocos  do  Fisco,  com  procedimentos  ao  arrepio  da  legislação  tributária.  Se,  por  absurdo  que  possa  parecer,  entendia  a  fiscalização  que  os  serviços  prestados  pela  CONEMP  e  BEAR  eram  artificiais  ou  desnecessários,  mediante  glosa  fundamentada  no  art.  299  do  RIR/99  (despesas  desnecessárias)  deveria  adicionar  esses  valores  (todos  conhecidos  e  documentados)  na  apuração  do  resultado da Cooperativa que entendia tributável.  O  destaque  dado  ao  fato  de  que  as  pessoas  jurídicas  que  aparecem como controladoras da CONEMP, terem apresentado  declarações  ao  Fisco  como  “inativas”,  é  constatação  que  está  fora  do  controle  da  COOPUS  e  que  não  interfere  nas  suas  atividades,  nem  possibilita  que  o  Fisco  possa  desqualificá­las  com  essa  alegação.  Pelo  contrário,  essa  constatação  exigia  pronta  verificação  do  Fisco  para  investigar  eventuais  irregularidades  na  estrutura  daquelas  pessoas  jurídicas,  com  apuração  dos  fatos  e  imputação  das  pertinentes  consequências  previstas na legislação tributária.  11. ACUSAÇÃO DE UNIDADE EMPRESARIAL – “SIMBIOSE”  (GRUPO  ECONÔMICO)  –  ERRO  NA  METODOLOGIA  ADOTADA NA TRIBUTAÇÃO  (...)  Sim,  estando a acusação concentrada na constatação de “fatos  que  levam  a  crer  que  todo  o  conglomerado  era  inter­ Fl. 46301DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.302          53 relacionado,  fazendo  com  que  o  “proprietário”  da  cooperativa  escoasse  seu  lucro  através  de  empresas  terceirizadas para esse fim”,  conforme aparece no  item 18 do  Relatório  com  os  grifos  do  original  e  também  ventilado  pela  DRJ­Fortaleza  na  fls.  45.440,  não  poderia  o “arbitramento  do  lucro”  ser  adotado  como  consequência  para  essa  constatação,  pois  mais  uma  vez  não  há  nexo  entre  a  descrição  do  fato  apurado e a consequência que foi imposta.  (...)  Portanto,  além  do  Auditor  Fiscal  não  ter  observado  as  limitações  para  a  desconsideração  da  personalidade  jurídica  previstas  no  artigo  50  do  Código  Civil,  pecou  também  na  equivocada  metodologia  utilizada  para  a  formalização  dos  lançamentos  tributários,  pois  a  acusação  de  “unidade  empresarial”  exige  a  consolidação  dos  resultados  das  pessoas  jurídicas  desqualificadas  em  única  e  concentrada  apuração,  jamais o precipitado e  equivocado “arbitramento do  lucro” na  forma abusiva e contraditória materializada pela fiscalização.  (...)  12.  PAGAMENTOS  PELOS  EFETIVOS  SERVIÇOS  PRESTADOS PELA CONEMP E BEAR NÃO CARACTERIZAM  “RENDIMENTOS INDIRETOS”  (...)  Todavia,  não  pode  a  Recorrente  silenciar  sobre  mais  um  destempero da pretensão fiscal. Diferentemente do que consta na  acusação  fiscal,  os  pagamentos  efetuados  pela  cooperativa  autuada à CONEMP – e também para a BEAR – não podem ser  tomados como “benefícios  indiretos a cooperados ou  terceiros”,  pois correspondem a efetivos serviços prestados à Cooperativa,  pelas mencionadas pessoas jurídicas.  Seguindo  a  tônica  que  norteou  todo  o  trabalho  fiscal,  sempre  calcado  em  ilações,  essa  acusação  também  é  fruto  de  conjecturas contraditórias da fiscalização, pois não corresponde  aos fatos relatados pelo próprio Agente do Fisco.  Com efeito, o relato fiscal é farto e repetitivo em apontar que a  CONEMP  é  pessoa  jurídica  pré­existente,  já  indicada  no  Estatuto  de  constituição  da Cooperativa  como  encarregada  da  “gestão  das  operações”  de  planos  de  saúde.  Portanto,  não  há  qualquer  disfarce,  forma  indireta,  e  sim  transparência  na  atribuição  de  específica  atividade  à  pessoa  jurídica  reconhecidamente qualificada para tanto.  Não há como exercer a gestão dessas relevantes atividades sem  estrutura  e  corpo  técnico  condizentes  com esse  encargo. Nesse  ponto,  o  próprio Fisco  atestou  o  contexto  das  estruturas,  tanto  da  Fiscalizada  (COOPUS),  quanto  da  pessoa  jurídica  que  lhe  prestou os serviços (CONEMP), ao apontar que a COOPUS só  tinha  3  (três)  funcionários,  enquanto  que  a  encarregada  da  Fl. 46302DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.303          54 gestão utilizou 77 (setenta e sete) funcionários no ano de 2010 e  75  (setenta  e  cinco)  no  ano  de  2011  (item  49  do  Relatório  de  Ação Fiscal – fls. 44.041 dos autos).  Mais  ainda,  ao  confirmar  que  a CONEMP  prestava  serviços  exclusivamente  para  a  COOPUS  (conforme  item  51  do  Relatório  de  Ação  Fiscal),  esses  números  indicados  pela  fiscalização são suficientes para demonstrar, mais uma vez, que  é contraditória a acusação fiscal, visto que:  a) Todos os  funcionários  e  estrutura  operacional  da CONEMP  sempre  foram  utilizados  para  a  prestação  de  serviços  necessários ao funcionamento da contratante COOPUS;  b)  Sendo  a CONEMP prestadora  de  serviços  exclusivamente  para a COOPUS,  como atesta o Fisco, é natural que  todos os  seus  custos  sejam  suportados unicamente pela  contratante,  não  havendo a alegada “condição vantajosa” em reembolsar gastos  dessa mão de obra cedida mediante honorários de “consultoria  e administração”  fixados no percentual de 10%  (que é prática  usual do mercado);  c)  Consequentemente,  não  há  pagamentos  de  “benefícios  indiretos”  a  cooperados  ou  terceiros,  como  equivocadamente  acusa a fiscalização sem qualquer prova, pois está comprovado  que o Sr. Arlei Antonio só recebeu lucros da empresa em que era  sócio,  controladora  da  CONEMP,  e  não  da  fiscalizada  COOPUS.  Embora  tenha  silenciado  a  DRJ  sobre  essa  relevante  demonstração contida na Impugnação, reitera a Recorrente que  o  próprio  Fisco  relata  que  de  “20.000  cooperados  em  2011,  a  COOPUS passou para cerca de 35.000 cooperados  em  julho de  2014”  (item  24  do  “Relatório  de  Ação  Fiscal”),  o  que  é  suficiente  para  atestar  que  foi  alcançado  o  objetivo  de  incrementar  o  quadro  de  associados  da Cooperativa,  condição  só  alcançada  graças  ao  efetivo  exercício  das  atividades  de  muitas  pessoas  jurídicas  contratadas  para  essa  prospecção,  dentre  elas  a mencionada empresa BEAR CAPTAÇÕES que  só  foi  remunerada  pelos  efetivos  serviços  de  intermediação  (captação)  prestados  à  COOPUS,  e  nas  mesmas  condições  financeiras  praticadas,  no  mesmo  período,  com  outras  prestadoras dos mesmos serviços (corretoras).  Contrariamente ao juízo equivocado do Auditor Fiscal, a BEAR  CAPTAÇÕES não era empresa só de papel e não foi constituída  para “escoar  lucros”, pois sempre  teve estrutura funcional para  exercer  suas  específicas  atividades  de  captação  de  novos  cooperados, ampliando o universo de associados da cooperativa,  como reconheceu o próprio Agente do Fisco.  Com  efeito,  foi  também  demonstrado  na  Impugnação  que,  na  Diligência  promovida  pela  fiscalização,  foi  constada  não  só  a  existência  real  da  BEAR  CAPTAÇÕES,  como  também  sua  estrutura  funcional,  assim  como  anexou  o  próprio  Fisco  os  Balanços, Balancetes, Livro Diário e Razão e DIPJ apresentadas  Fl. 46303DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.304          55 pela referida empresa na sistemática do Lucro Presumido (pág.  2.802/3.132),  documentos  que  falam  por  si,  pois  relatam  o  efetivo  exercício  de  prestação  de  serviços  na  atividade  de  intermediação,  mediante  corpo  funcional  próprio  e  compatível  com o volume de negócios realizados.  Para corroborar essa prova já produzida pelo próprio Fisco, na  Impugnação  a  ora  Recorrente  fez  a  juntada  de  exemplares  de  Relatório  extraído  do  sistema  FGTS,  em  nome  da  BEAR  CAPTAÇÕES,  relativos  aos  meses  de  “COMPETÊNCIA  01/2010”  e  COMPETÊNCIA  06/2010”,  nos  quais  aparece  a  quantidade  de  trabalhadores  (07  e  06,  respectivamente)  e  montante  das  remunerações  pagas  pela  mencionada  empresa,  nos  valores  de  R$  7.312,45  e  R$  12.663,28,  respectivamente,  documentos que foram acostados aos autos (fls. 44.418/44.420)  e  sumariamente  ignorados  pela DRJ­Fortaleza,  o  que  significa  mais uma concordância com a demonstração.  Dessa forma, sendo incontroverso que a BEAR prestava serviços  exclusivamente  para  a  COOPUS,  evidente  que  teria  que  se  remunerar  desses  custos  com  a  sua  estrutura  funcional,  custos  que  só  poderiam  ser  suportados  pela  beneficiária  e  tomadora  desses serviços (COOPUS).  Também  foi  demonstrado  na  Impugnação  que  o  próprio  Fisco  investigou e comprovou que todos os “serviços” necessários ao  funcionamento  da  COOPUS  são  terceirizados.  Isso  está  registrado no Termo de Intimação recebido em 04/04/2014, pelo  qual o Agente do Fisco intimou para:  II – Apresentar cópia dos contratos de Prestação de Serviços da  rubrica  DESPESAS  COM  SERVIÇOS  DE  TERCEIROS  –  Classificação 462, das seguintes contas:  · 46211.9100 Honorários Advocatícios   · 46211.9300 Honorários de Consultoria   · 46211.9400 Honorários de Serviços Técnicos   Registrou a autuada na Impugnação que o conteúdo dessa  Intimação  era  mais  um  indicativo  da  existência  da  Contabilidade  da  Cooperativa,  assim  como  mais  uma  prova  de  que  foi  apresentada  e  manuseada  pelo  Fisco.  Além  disso,  foram  apresentados  todos  os  contratos  solicitados,  atestando  que  estão  terceirizados  não  só  os  serviços  de  gerenciamento  dos  planos  de  saúde,  mas  também os  serviços  jurídicos,  os  serviços  de manutenção,  de consultoria, de marketing e publicidade e muitos outros.  Essas  robustas  evidências  também  passaram  ao  largo,  sem  qualquer  manifestação  da  DRJ­Fortaleza,  o  que  caracteriza  outra  aceitação  tácita  das  demonstrações  dos  equívocos  e  contradições do Fisco.  Fl. 46304DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.305          56 Portanto, mesmo diante do sintomático silêncio do Julgador de  primeira  instância,  por  qualquer  ângulo  que  se  pretenda  analisar,  é descabida e  infundada a acusação de “rendimentos  indiretos”  atribuídos  por  meio  de  pessoas  jurídicas  que  são  efetivamente  prestadoras  de  serviços  à  COOPUS,  em  valores  comprovadamente  inferiores  aos  praticados  no  mercado,  demonstração  que  desqualifica  a  acusação  fiscal  e  exige  o  cancelamento dos questionados Autos de Infração.  13. IRREGULARIDADES NAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS DE  TERCEIROS  –  NÃO  SERVEM  PARA  DESQUALIFICAR  AS  OPERAÇÕES  (...),  na  remota  hipótese  de  não  serem  acatadas  as  razões  precedentes  que  bastam  para  determinar  o  cancelamento  dos  questionados  Autos  de  Infração,  quer  a Recorrente  contestar  a  simplória  tentativa  de  desqualificar  a  existência  de  serviços  prestados pelas empresas CONEMP e BEAR, sob a alegação de  que  suas  controladoras  (AGS,  FAMIL  E  HARDMANN)  terem  apresentado  declaração  à  Receita  Federal  como  INATIVAS  no  ano de 2011.  (...)  14. MULTA QUALIFICADA DE 150% É INDEVIDA  (...)  Ora, o procedimento revela­se contraditório, pois a escrituração  contábil  e a DIPJ que  foram descartadas pela  fiscalização não  podem, agora, servir para fundamentar a multa qualificada.  (...)  Pela  reiterada  jurisprudência  nesse  sentido,  a  matéria  está  consolidada  na  Súmula  CARF  nº  96  que  está  vigente  com  o  seguinte enunciado:  Súmula  CARF  nº  96:  A  falta  de  apresentação  de  livros  e  documentos  da  escrituração  não  justifica,  por  si  só,  o  agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou  o arbitramento dos lucros.  (...)  Parece  evidente  que  não  se  poderia  falar  em  dolo,  intenção  deliberada  de  sonegar  tributos,  em  operações  praticadas  por  legítima sociedade cooperativa que, por definição legal não tem  fins  lucrativos  e,  portanto,  está  à  margem  da  incidência  de  tributos.  A  precária  acusação  fiscal  restou  demonstrada  em  todos os pontos examinados, pois não conseguiu o Fisco  trazer  qualquer  prova  (só  discurso  teórico,  ilações)  de  qualquer  conduta  em  que  estivesse  presente  o  intuito  de  dolo,  fraude  ou  sonegação,  ou  evidência  de  qualquer  conduta  tipificada  como  crime contra a ordem tributária.  (...)  Fl. 46305DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.306          57 Ponderou  também  que,  ainda  que  se  pudesse  reconhecer  o  equívoco  no  formulário  utilizado  pela  Cooperativa,  é  preciso  ressaltar que essa conduta de  indicar na  linha do  formulário a  opção  “imune  do  IRPJ”  não  pode,  jamais,  ser  traduzida  como  prestação  de  “informações  falsas”.  Isto  porque,  sendo  a  cooperativa  sociedade  “sem  fins  lucrativos”,  por  expressa  previsão da Lei nº 5.764/71, não há possibilidade de incidência  do  IRPJ,  porque  não  há  “lucro”  a  ser  tomado  como  materialidade, o que é confirmado pelo próprio Regulamento do  Imposto de Renda (RIR/99) que abre seção específica a partir do  art.  182  para  indicar o  regime de NÃO  INCIDÊNCIA do  IRPJ  (“SEÇÃO  V  –  SOCIEDADES  COOPERATIVAS  ­  NÃO  INCIDÊNCIA”).  Portanto, essa qualificação de “não  incidência”  tem os mesmos  efeitos  da  “imunidade”,  tanto  que  a  esmagadora  doutrina  qualifica “imunidade” como “não incidência constitucionalmente  qualificada”.2  Dessa  forma,  sem  razão  utilizar  esse  indicativo  nos  repetitivos  ataques  do  Fisco  com  a  pretendida  relevância  para  desqualificar  a  Cooperativa,  ainda mais  quando  o  faz  de  forma  abusiva,  acusando  que  a  DIPJ  teria  sido  utilizada  dolosamente como veículo para prestar “informações falsas” ao  Fisco.  É  condenável  que  a  DRJ­Fortaleza  também  não  tenha  dado  ouvidos para essas relevantes razões colocadas na Impugnação,  limitando­se  a  transcrever  dispositivos  da  Lei  nº  8.137/90  que  tratam  de  “declaração  falsa”  para,  de  forma  simplória  e  descompromissada  com  as  provas  e  com  as  ponderações  da  Impugnação, assim concluir (fls. 45.448):  Ora,  como  fartamente  comprovado  a  cooperativa  agiu  dolosamente ao prestar informações falsas quando se declarou  imune quanto ao pagamento de tributos, apesar de atuar como  entidade que apurava lucros mediante a utilização de empresas  terceirizadas  administradas  pelos  próprios  gestores  da  cooperativa.  O  esquema  implementado,  com  a  utilização  de  empresas  supostamente  prestadoras de  serviço  resultou na  ocultação  de  valores  que  deveriam  ter  sido  oferecidos  à  tributação.  Assim,  deve  ser,mantida  a multa  de  150%  aplicada  sobre  os  tributos  apurados.(grifos acrescidos)  É  sintomática  a  inexistência  de  qualquer  suporte  que  pudesse  sustentar  essa  pretensiosa  acusação.  São  de  iniciativa  da  Recorrente os grifos colocados na transcrição, com o objetivo de  chamar  a  atenção  para  a  pobreza  da  precária  acusação  que,  além  de  teórica,  é  só  repeteco  do  relato  do  Fisco.  E  a  Impugnação, mais uma vez não será analisada?  (...)  Nem  mesmo  a  comprovação  de  existência  de  rendimentos  omitidos  (que  não  é  a  hipótese  dos  autos),  daria  suporte  à  Fl. 46306DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.307          58 imposição  da  penalidade  qualificada,  consoante  se  vê  do  enunciado de outra Súmula do CARF:  Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita  ou  de  rendimentos,  por  si  só,  não  autoriza  a  qualificação  da  multa  de  ofício,  sendo  necessária  a  comprovação  do  evidente  intuito de fraude do sujeito passivo.  Também  foram  rechaçadas  todas  as  ilações  de  “serviços  supostamente  prestados”!  Foi  comprovada,  mediante  prova  documental que está nos autos, a estrutura e quadro funcional  com  mais  de  70  funcionários  da  prestadora  de  serviços  CONEMP,  assim  como  da  BEAR,  provas  essas  que  não  poderiam  ser  ignoradas  sob  o  cômodo  chavão  de  “esquema  ...  com empresas supostamente prestadoras de serviços”.  (...)  15. DECADÊNCIA PARA OS TRÊS PRIMEIROS TRIMESTRES  DE 2010   Afastada a multa qualificada e, ainda que em tom repetitivo, na  remota  hipótese  de  ser  mantida  qualquer  exigência  tributária  contida  nos  indigitados  lançamentos,  é  preciso  reconhecer  que  estão  alcançados  pela  decadência  o  IRPJ  e  a  CSLL  dos  três  trimestres do ano calendário de 2010, pela aplicação da  regra  contida no art. 150, § 4º do CTN.  (...)  16. LANÇAMENTOS REFLEXOS   Na Impugnação já houve pedido para que as razões opostas aos  lançamentos do IRPJ e da CSLL, tidos como exigência principal,  sejam  igualmente  consideradas  como  impugnação  aos  lançamentos reflexos, pela estreita relação de causa e efeito.  Demonstrou, também, que há específica regra de isenção para a  CSLL  para  as  sociedades  cooperativas  (art.  39  da  Lei  nº  10.865/2004).  (...)  16.1.  IMPRÓPRIA  APURAÇÃO  DO  PIS  E  COFINS  PELO  MENCIONADO REGIME CUMULATIVO PADRÃO.  Confirmou  a  DRJ­Fortaleza  o  atabalhoado  trabalho  do  Fisco,  ao  consignar  na  Decisão  Recorrida  que  “errou  o  autuante  ao  aventar, no curso da ação fiscal, a possibilidade de apuração das  contribuições pela sistemática não cumulativa”.  Em que pese reconhecer o “erro”, concluiu o Julgador que “esse  fato  não  desqualifica  o  lançamento”,  sob  a  alegação  de  que  observou as demais normas do PIS e da COFINS.  No entanto, provou a autuada na Impugnação que houve outro  erro  do  Fisco  ao  lavrar  os  Autos  de  Infração  dessas  Fl. 46307DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.308          59 contribuições  pelo  mencionado  “REGIME  CUMULATIVO  PADRÃO” que ali consta expressamente.  Está  o  Fisco  ignorando  dispositivo  de  Lei  vigente  que  não  foi  indicado nos Autos de Infração.  Isto porque,  se devidas  fossem  essas contribuições, deveriam ser calculadas com a utilização de  bases reduzidas, com a exclusão de parcelas indicadas no art. 3º,  § 9º da Lei nº 9.718/98 que tem o seguinte comando: (...).  Se devidas fossem essas contribuições, seguindo esse regime de  apuração  DIFERENCIADO  –  E  NÃO  PADRÃO  como  consta  dos Autos –, especialmente previsto em Lei para as operadoras  de  planos  de  saúde,  as  contribuições  de COFINS  e PIS  seriam  nos cálculos da Impugnante no valor total de R$ 285.955,80 no  ano  de  2010,  e  de R$  162.630,28  no  ano  de  2011,  jamais  os  abusivos  valores  lançados  pelo  Fisco  sobre  a  totalidade  das  receitas da Cooperativa, como constou na Impugnação.  (...)  16.2. DECADÊNCIA PARA LANÇAMENTO DE PIS E COFINS   Ainda  que  se  pudesse  falar  em  exigência  das  contribuições  do  PIS e da COFINS na forma em que quantificadas nos Autos de  Infração,  hipótese  mais  uma  vez  só  para  argumentar,  está  precluso  o  direito  do  Fisco  de  examinar  os  fatos  geradores  ocorridos  após  cinco  anos  da  notificação  dos  lançamentos  de  ofício,  ou  seja,  devem  ser  afastadas  as  exigências  das  contribuições  sobre  todos  os  valores  relacionados  pela  fiscalização que estão compreendidos no período de 01/01/2010  a 16/11/2010, por  força da aplicação da  regra prevista no art.  150, §4º, do Código Tributário Nacional.  (...)  17. SELIC NÃO INCIDE SOBRE MULTA DE OFÍCIO  Na remota hipótese de remanescer exigências tributárias após a  decisão, protesta a empresa Impugnante pela impossibilidade de  incidência da SELIC sobre a multa de ofício, pela impropriedade  dessa imposição, assim como ausência de fundamento legal.  (...)  18. PEDIDO FINAL   Confia  a  Recorrente  que  as  Autoridades  Julgadoras  que  compõem a Turma de Julgamento, no exercício de suas magnas  funções,  reconhecerão  a  improcedência  dos  questionados  lançamentos de ofício, quer pela inadequação da forma adotada  para apuração da matéria tributada, quer pela precariedade de  todo o trabalho fiscal já demonstrada ao longo da contrariedade  oferecida, pelo que  requer  seja decretada a  improcedência das  equivocadas exigências fiscais, pelos motivos de fato e de direito  registrados no presente Recurso.  (...)  Fl. 46308DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.309          60 Em  relação  aos  responsáveis  tributários,  as  razões  apresentadas  no  recurso,  em suma, reiteram as razões já apresentadas na instância a quo.  É o relatório.                                                  Fl. 46309DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.310          61   Voto             Conselheiro Nelso Kichel, Relator.    I  ­  RECURSO  DE  OFÍCIO.  PRESSUPOSTOS  DE  ADMISSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO  O artigo 34, I, do Decreto no 70.235/72, com a redação dada pelo artigo 67,  da Lei nº 9.532/97, estabelece que a autoridade julgadora em primeira instância deve recorrer  de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos  no valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado pelo Ministro da Fazenda.  Nesse sentido, o artigo 1º, §2º, da Portaria MF nº 63/2017 (09/02/2017),:  Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  (DRJ)  recorrerá  de  ofício  sempre  que  a  decisão  exonerar  sujeito  passivo  do  pagamento  de  tributo  e  encargos  de  multa,  em  valor  total  superior  a  R$  2.500.000,00  (dois  milhões  e  quinhentos  mil  reais).  § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo.  §  2º  Aplica­se  o  disposto  no  caput  quando  a  decisão  excluir  sujeito  passivo  da  lide,  ainda  que  mantida  a  totalidade  da  exigência do crédito tributário.  A  decisão  a  quo  ,  ­  Acórdão  da  4ª  Turma  da  DRJ/Salvador,  sessão  de  14/03/2017 (e­fls.45411/45453) ­  , excluiu da  lide, do pólo passivo, o Sr. PAULO JOSÉ DE  OLIVEIRA, cujo crédito tributário perfaz o montante de R$ 19.957.436,71 e o Presidente da  citada Turma de Julgamento, então, recorreu de ofício dessa decisão, submetendo a reexame  necessário), por  ter suplantado o limite de alçada da Portaria MF 63/2007 cujo dispositivo já  restou transcrito acima.  A verificação do limite de alçada, para fins de Recurso de Ofício, ocorre em  dois  momentos:  primeiro,  quando  da  prolação  de  decisão  favorável  ao  contribuinte  pela  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  ­  DRJ,  para  fins  de  interposição  de  Recurso  de  Ofício,  observando­se  a  legislação da época  e, segundo, quando da  aprecia­ ção do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissibilidade, para fins de seu conhecimento,  aplicando­se o limite de alçada vigente na data do julgamento do recurso.   Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de  conhecimento de recurso de ofício, aplica­se o limite de alçada  vigente na data de sua  apre­ ciação em segunda instância".  In casu, cabível o conhecimento do Recurso de Ofício, pois o valor do crédito  tributário, da lide objeto do autos, é superior ao limite de alçada de R$ 2.500.000,00 instituído  Fl. 46310DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.311          62 pela Portaria MF n° 63, de 2007, ato normativo infralegal vigente na data da decisão a quo, e  que persiste vigente na data desta decisão recursal.  Como  demonstrado,  o  citado  devedor  solidário  foi  excluído  da  lide  cujo  crédito tributário suplanta o limite de alçada.  Portanto, conheço do recurso de ofício.    II  ­  RECURSOS  VOLUNTÁRIOS.  PRESSUPOSTOS  DE  ADMISSIBILIDADE. RECURSOS CONHECIDOS  Os  Recursos  Voluntários  apresentados  individualmente,  respectivamente,  pelo  sujeito  passivo  COOPERATIVA  DE  USUÁRIOS  DO  SISTEMA  DE  SAÚDE  DE  CAMPINAS  ­  COOPUS  (e­fls.  45573/45639)  e  pelos  responsáveis  solidários,  abaixo  identificados, são  tempestivos e preenchem os demais pressupostos de admissibilidade; deles  conheço, portanto.  Sujeição passiva solidária (responsáveis):  a) BEAR CAPTAÇÕES S/C LTDA, em (e­fls. 45643/45674 e 46185/46218);  b)  CONEMP  –  CONSULTORIA  EMPRESARIAL  E  ADMINISTRAÇÃO  DE SERVIÇOS LTDA (e­fls. 45685/45716 e 46140/46173);  c) SAMANTA POLLI ANTONIO (e­fls. 45728/45750);  d) GUSTAVO POLLI ANTONIO (e­fls. 45756/45778);  e) SIMONE CRISTINA DE ASSIS GALVÃO (e­fls. 45784/45806);  f) ELIZABETH CHRISTOVAM HARDMAN (e­fls. 45812/45834);   g) FAMIL PARTICIPAÇÕES LTDA (e­fls. 45840/45862 e 46105/46129);  h)  HARDMAN  PARTICIPAÇÕES  LTDA  (e­fls.  45875/45897  e  46066/46090);  i) AGS PARTICIPAÇÕES LTDA (e­fls. 45913 e 46024/46048);  j) ARLEI ANTONIO (e­fls. 45931/45971);  k) VANDERLEI APARECIDO PEREIRA (e­fls. 45976/45996);  l) CARLOS ALBERTO MOINHA GAGLIARDI (e­fls. 46001/46021);  A  lide  ­  objeto  dos  autos  ­  trata  dos Autos  de  Infração  do  IRPJ  e  reflexos  (CSLL, PIS e Cofins), anos­calendário 2010 e 2011.  Passo a analisar as razões do Recurso Voluntário do Sujeito Passivo:  Fl. 46311DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.312          63 III  ­ NULIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL. VÍCIOS ALEGADOS  INEXISTENTES. PRELIMINAR REJEITADA  Nas  razões  do  recurso,  o  sujeito  passivo  suscitou  vícios  formais  no  lançamento  fiscal  que  implicariam  cerceamento  do  direito  de  defesa  e,  por  conseguinte,  nulidade:  (...)  7.  RITO  NÃO  OBSERVADO  PARA  AFASTAR  A  NÃO  INCIDÊNCIA  TRIBUTÁRIA  (IMUNIDADE OU  ISENÇÃO) DA  COOPERATIVA  (...), o art. 32 da Lei n 9.430/96 estipula rito formal para que o  Agente  do  Fisco  possa  afastar  regra  jurídica  que  contemple  “imunidade”  ou  “isenção”,  de  forma  a  assegurar  o  prévio  contraditório para garantia constitucional (art. 5º, inciso LV) de  ampla defesa ao sujeito passivo.  (...)  Não  é  demais  repetir  que  a  Impugnação  fazia  expressa  referência,  tanto  à  “imunidade”  como  também  ao  instituto  da  “isenção”, mediante transcrição do § 10 do mesmo art. 32 que é  taxativo:  §  10. Os  procedimentos  estabelecidos  neste  artigo  aplicam­se,  também, às hipóteses de suspensão de isenções condicionadas,  quando  a  entidade  beneficiária  estiver  descumprindo  as  condições ou requisitos impostos pela legislação de regência.  (...)  Portanto, sendo esse Ato Declaratório condição imprescindível e  indispensável  para  a  formalização  dos  Autos  de  Infração,  é  imperativo  que  seja  declarada  a  imprestabilidade  dos  precipitados  lançamentos  que  descumpriram  rito  formal  obrigatório previsto em Lei.  8. COOPERATIVA É SOCIEDADE SEM FINS LUCRATIVOS –  ESTÁ FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IRPJ  (...)  Por  sua  vez,  em  perfeita  sintonia  com  a  previsão  da  Lei  do  Cooperativismo,  o  novo  Código  Civil  aprovado  pela  Lei  nº  10.406/02 classificou a sociedade cooperativa como “sociedade  simples”,  em  oposição  à  “sociedade  empresária”  que  se  caracteriza pela finalidade lucrativa, como se vê do mandamento  inserido no seu art. 982, a seguir transcrito: (...).  Em razão dessa peculiaridade de ser “sociedade simples” e não  “sociedade  empresária”,  cumulada  com  a  natureza  de  pessoa  jurídica  “sem  objetivo  de  lucro”,  é  que  o  Regulamento  do  Imposto  de  Renda  (Decreto  nº  3.000/99  –  RIR/99)  abre  específica  seção  para,  de  forma  adequada,  reconhecer  Fl. 46312DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.313          64 expressamente a “Não Incidência” do imposto de renda para as  “Sociedades  Cooperativas”  (Seção  V,  art.  182),  prevendo  unicamente  a  “Incidência”  do  IRPJ  para  “resultados  positivos  de operações e atividades estranhas à sua finalidade” (art. 183).  (...)  9.  INDEVIDA  DESQUALIFICAÇÃO  DA  PERSONALIDADE  JURÍDICA E DAS ATIVIDADES DA COOPERATIVA  (...)  Com efeito, tendo em conta o confuso e abusivo trabalho fiscal,  foi colocada a dúvida na Impugnação se teria o Fisco avançado  para  desqualificar  a  personalidade  jurídica  da  sociedade  cooperativa, ao arrepio do art. 50 do Código Civil? Teria sido  desclassificada como sociedade cooperativa (sociedade simples),  para  ser  tratada  como  sociedade  empresária?  Ou,  diferentemente,  estaria  o  Fisco  qualificando  as  diferentes  pessoas  jurídicas  acusadas  como  integrantes  de  Grupo  Econômico?  Os  questionamentos  eram  pertinentes,  tendo  em  conta  as  conjecturas e ilações registradas no “Relatório de Ação Fiscal”,  ao mencionar que se deparou com “fatos que  levam a  crer que  todo o conglomerado era inter­relacionado, fazendo com que  o “proprietário” da cooperativa escoasse seu lucro através de  empresas  terceirizadas  para  esse  fim”  (item  18  do  Relatório  com os grifos conforme o original).  (...)  Contraditoriamente,  aponta  a  Decisão  Recorrida  que  “não  houve a desconsideração da personalidade jurídica da entidade  pelo  autuante”  (fls.  45.438),  justificando  em  seguida  que  os  Autos de Infração  foram lavrados “não por esse fundamento, e  sim  pelo  fato  de  a  cooperativa  ter  distribuído  resultados  aos  seus membros”.  (...)  Diversamente  do  alegado  pela  recorrente,  não  há  os  alegados  vícios  no  lançamento fiscal que pudessem inquinar de nulidade o lançamento por cerceamento do direito  de defesa.  Os  fatos  imputados  estão  narrados,  descritos,  de  forma  objetiva,  cristalina,  clareza  meridiana,  nos  Autos  de  Infração  e  no  Termo  de  Ação  Fiscal,  com  fundamentação  legal,  base  de  cálculo,  demonstrativo  de  cálculo  e  alíquotas,  conforme  CTN  (art.  142)  e  Decreto nº 70.235/72 (art. 10).  Quanto aos três pontos suscitados (controvertidos):  a) rito do art. 32 da Lei nº 9.430/96;  b) Cooperativa fora do campo de incidência do imposto (RIR/99, art. 182);  Fl. 46313DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.314          65 c) indevida desqualificação da personalidade jurídica da COOPUS (CC, art.  50).  Passo a enfrentar esses pontos suscitados.  1­ Rito do art. 32 da Lei 9.430/96:  O  artigo  182  do  RIR/99  trata  de  não  incidência  do  IRPJ  às  receitas  decorrentes de ato cooperativo, desde que a Cooperativa  cumpra  rigorosamente os  requisitos  ou pressupostos ou condições para gozar do citado benefício fiscal.   O  afastamento  ou  inaplicabilidade  do  art.  182  do  RIR/99  (afastamento  da  não  incidência  do  imposto),  por  descumprimento  dos  pressupostos  ou  condições,  não  se  submete ao rito do art. 32 da Lei 9.430/96  O art. 32 da Lei nº 9.430/96 veicula  rito específico para a verificação, pela  autoridade  administrativa,  acerca  do  cumprimento  dos  requisitos  da  imunidade  condicionada  do art. 150, VI, "c", da CF/88. O dispositivo exige a expedição de ato declaratório executivo  para suspensão da imunidade.  Portanto,  o  rito  previsto  no  art.  32  da  Lei  9.430/96  não  se  aplica  para  o  afastamento  pelo  fisco  da não  incidência  do  imposto  de que  trata  o  art.  182  do RIR/99,  por  descumprimento  dos  requisitos  pelo  sujeito  passivo  para  gozo  desse  benefício  fiscal  condicionado.  2  ­ Cooperativa  fora  do  campo  de  incidência  do  imposto  (RIR/99,  art.  182):  2­1­ Remuneração indireta de dirigentes da COOPUS:  Consta  da  acusação  fiscal  que  os  dirigentes  da  COOPUS  receberam  remuneração  indireta  da  Cooperativa,  por  intermédio  de  pessoas  jurídicas  contratadas,  terceirizadas (prestadoras de serviços, que são empresas de titularidade dos próprios dirigentes  da Cooperativa) e isso implicou violação do art. 182 e §§ do RIR/99, ficando, por conseguinte,  todas as receitas auferidas pela COOPUS sujeitas à tributação normal pelo IRPJ, CSLL, PIS e  Cofins, quanto aos anos­calendário 2010 e 2011, períodos de apuração objeto do  lançamento  fiscal.  Nesse  ponto,  quanto  aos  fatos  imputados  pela  Fiscalização,  transcrevo  a  narrativa,  a  descrição,  constante  do  Termo  de  Ação  Fiscal,  parte  integrante  dos  Autos  de  Infração (e­fls. 44016/44170), in verbis:  (...)  II – DA SÍNTESE DA AÇÃO FISCAL   9. Como será demonstrado neste Relatório, o Superintendente da  COOPUS,  o  Sr.  Arlei  Antonio,  a  Sra.  Elizabeth  C.  Hardman  (cooperada),  o  Sr.  Gustavo  Polli  Antonio  (cooperado)  e  o  Sr.  Vanderlei Aparecido Pereira  (Diretor Presidente da COOPUS)  receberam  rendimentos  provenientes  da  COOPUS  indiretamente, através de empresas que prestavam serviços para  Fl. 46314DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.315          66 a  mesma  e,  com  exceção  do  Sr.  Vanderlei,  todos  tinham  participação societária.  10.  O  Sr.  Arlei,  na  qualidade  de  Diretor  Superintende  da  COOPUS  vitalício  (e  membro  do  Conselho  de  Administração)  com  amplos  poderes,  agiu  (ram)  dolosamente  ao  impedir  ou  retardar  o  conhecimento  por  parte  do  Fisco  do  recebimento  indireto  de  recursos  através  empresas  que  eram  sócias  de  empresas que prestavam serviços para a COOPUS, nas quais o  mesmo  figurava  como  sócio/administrador,  situação  expressamente  vedada  pela  legislação  tributária  das  cooperativas.  11. O Sr. Arlei e a Sra. Elizabeth participaram da contratação  das empresas CONEMP Consultoria Empresarial Administração  de  Serviços  Ltda.  (CONEMP)  e  a  BEAR  Captações  Ltda.  (BEAR),  empresas  nas  quais  eram  sócios,  para  prestarem  serviços  COM  EXCLUSIVIDADE  para  a  COOPUS,  tendo  assinado o contrato da CONEMP na qualidade de contratado e  a  Sra.  Elizabeth  assinou  o  contrato  da  BEAR  na  qualidade  de  contratada.  12. Essas empresas que, conforme as escriturações apresentadas  a  esta  fiscalização,  bem  como  das  DIRFs,  auferiram  vultosos  rendimentos em 2010 e 2011, provenientes da COOPUS.  13. A CONEMP e a BEAR receberam R$ 3.904.444,28 em 2010  de um total de receitas auferidas pela COOPUS provenientes do  cooperados  no  montante  de  R$  21.662.272,98,  ou  seja,  cerca  20%  de  todas  as  receitas  dos  cooperados  foram  transferidas  para as empresas em que o Sr. Arlei era sócio administrador.  14.  Já  em  2011,  a  CONEMP  e  a  BEAR  receberam  R$  2.951.399,40  de  um  total  de  receitas  auferidas  pela  COOPUS  provenientes dos cooperados no montante de R$ 19.946.764,74,  ou  seja,  cerca  de  15%  de  todas  as  receitas  dos  cooperados  foram  transferidas  para  as  empresas  em  que  o  Sr.  Arlei  era  sócio administrador.  15.  Portanto,  apenas  nos  anos­calendário  2010  e  2011,  as  empresas  do  Sr.  Arlei  receberam  quase  R$  7.000.000,00  (sete  milhões de reais) de recursos provenientes da COOPUS.  16. Também,  como  será demonstrado a  frente, as empresas  em  que o Sr. Arlei, Sra. Elizabeth e o Sr. Gustavo eram sócios e que  receberam  recursos  proveniente  da  COOPUS,  possuíam  acumulado em 2011, um saldo de lucros a distribuir em cerca de  R$  9.000.000,00  (nove  milhões  de  reais),  mas  se  declararam  INATIVAS neste período.  17. As empresas que são sócias da CONEMP e da BEAR, quais  sejam, a AGS Participações Ltda., a Famil Participações Ltda. e  a  Hardman  Participações  Ltda.  transferiram  indiretamente  os  lucros provenientes da CONEMP e da BEAR para o Sr. Arlei, a  Sra.  Elizabeth,  o  Sr.  Gustavo  Polli  Antonio  e  o  Sr.  Vanderlei  Fl. 46315DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.316          67 Aparecido Pereira, incidindo em infração à legislação tributária  e fulminando o direito à isenção dos tributos federais.  18. Também, como relatado a seguir, são os seguintes fatos que  levam  a  crer  que  todo  conglomerado  era  inter­relacionado,  fazendo com que o “proprietário” da Cooperativa escoasse seu  lucro através de empresas terceirizadas para esse fim:  • A COOPUS  foi  instituída  pelo Sr. Arlei  em  05/02/1993  e  os  cooperados  não  são  nem  nunca  foram  responsáveis  por  sua  gestão;  • A COOPUS se declarava IMUNE para o Fisco.  •  Devido  ao  controle  dos  quóruns  da  Assembléias,  nunca  foi  permitido  o  poder  de  comando  aos  cooperados,  o  que  revela  que, em verdade, não são cooperados, mas meros clientes;  •  A  empresa  CONEMP  foi  criada  pelo  Sr.  Arlei  e  a  Sra.  Elizabeth praticamente na mesma época ­ 07/12/1992 – em que  a COOPUS foi instituída, e esse indício aponta ser uma conduta  encadeada direcionada a criar um negócio lucrativo e um ato  contínuo de estabelecer uma maneira de absorver os benefícios  desse empreendimento;  •  A  COOPUS  desde  a  sua  criação  “delegou”  100%  de  sua  gestão para a CONEMP e praticamente nunca teve funcionários  próprios (COOPUS);  • O Sr. Arlei mantinha o  controle absoluto das Assembléias da  COOPUS,  pois  100%  dos  votantes  eram  formados  exclusivamente  pelos  funcionários  da  CONEMP  e  de  pessoas  ligadas diretamente a ele;  •  O  Sr.  Arlei  é  o  Diretor  Superintendente  VITALÍCIO  da  COOPUS desde a sua fundação em 1993, é o responsável legal  (e sócio) da CONEMP, da BEAR, da FAMIL, da AGS e, a Sra.  Elizabeth, da HARDMAN e, portanto, possuíam o controle total  sobre todas as empresas envolvidas;  • A FAMIL, AGS e HARDMAN, mesmo tendo recebido milhões  de reais em Lucros  (e adquirido vários bens móveis e  imóveis)  da  CONEMP  e  da  BEAR  (provenientes  da  COOPUS)  se  declaram  INATIVAS para a Secretaria da Receita Federal do  Brasil,  que  denota  a  intenção  de  ocultar  a  transferência  dos  lucros auferidos e dos bens adquiridos;  •  A  CONEMP  e  a  BEAR  têm  todo  o  seu  faturamento  proveniente  EXCLUSIVAMENTE  da  COOPUS,  e  transferem  todo o seu lucro para a FAMIL, AGS e HARDMAN.  • Essas empresas estão intimamente relacionadas e dependentes  e  funcionam  como uma  verdadeira  “simbiose”,  pois uma não  pode existir sem a outra;  Fl. 46316DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.317          68 •  Ou  seja,  essas  empresas  são  solidárias,  pois  têm  interesse  comum no fato gerador da obrigação principal, que ocorre em  última instância devido a comercialização de Planos de Saúde;  • Assim como os sócios dessas empresas também são solidários,  pois também têm interesse comum no fato gerador da obrigação  principal, eis que o Sr. Arlei, a Sra. Elizabeth, o Sr. Gustavo, a  Sra. Samanta  e a Sra. Simone  são os  verdadeiros beneficiários  dos  milhões  de  reais  auferidos  da  COOPUS,  como  pode  ser  verificado no diagrama a seguir: (...) Obs: Diagrama já transcrito  no relatório, conforme relatado.  19. E essa conduta de transferir recursos indiretos da COOPUS  para empresas das quais eram sócios e auferirem vantagens – lucro – lesou os 20.000 cooperados, eis que o objetivo principal  da  cooperativa  era  a  “conquista  de  melhores  condições  (menores  preços)  para  se  obter  assistência  médica,  odontológica,  serviços  de  laboratório,  hospitalares  e  correlatos”.  20.  Já  Sr.  Vanderlei  Aparecido Pereira  (Diretor  Presidente  da  COOPUS), auferiu alguns rendimentos indiretos provenientes da  CONEMP e da BEAR, mas não era sócio dessas empresas, sendo  por  oportuno  esclarecer  que  o  mesmo  é  sócio  da  empresa  SODON  –  Serviços  Odontológicos  Ltda.,  CNPJ  02.212.834/0001­96, juntamente com o Sr. Arlei.  21. Também,  constatamos pela  incompatibilidade da atividade  de comercialização de planos de saúde efetuada pela COOPUS  em contraposição ao exercício do cooperativismo.  22.  Também,  ainda  que  fosse  possível  o  exercício  do  cooperativismo,  constatamos  que  os  atos  praticados  pela  COOPUS  com  terceiros  (aquisição  dos  serviços médicos)  não  podiam  ser  considerados  “atos  cooperativos”,  e  deveriam  ter  sidos tributados normalmente.  23. Ademais, há possibilidade que devido ao exercício indevido  da imunidade (isenção) dos tributos federais, a COOPUS, com  a  possibilidade  de  ter  custos  até  26,7%  inferiores  ao mercado  (devido  à  sonegação  desses  impostos),  pode  ter  incidido,  em  tese,  na  prática  de  concorrência  desleal  com  o  mercado  de  planos de saúde na região aonde atua. Obs: O art. 182 do RIR/99  trata de não incidência tributária para as receitas do ato cooperativo.  24.  Em  verdade,  verificamos  que,  de  cerca  de  20.000  “cooperados”  em  2011,  a  COOPUS  passou  para  cerca  de  35.000 “cooperados” em julho de 2014, conforme pesquisa no  sítio da ANS – Agência Nacional de Saúde.  (...)  V  –  DA  INFRAÇÃO  À  LEGISLAÇÃO  TRIBUTÁRIA  COOPERATIVA  ­  TRANSFERÊNCIA  INDIRETA  DE  LUCROS   Fl. 46317DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.318          69 266. Conforme  já  explanado anteriormente, no  curso da ação  fiscal levada a efeito na COOPUS, constatou­se que o Sr. Arlei  Antonio  (Diretor  Superintendente),  a  Sra.  Elizabeth  C.  Hardman  (“cooperada”),  o  Sr.  Gustavo  P.  Antonio  (“cooperado”)  e  o  Sr.  Vanderlei  Aparecido  Pereira  (Diretor  Presidente)  auferiram  rendimentos  indiretos  ­  Lucros  e  Dividendos provenientes das empresas AGS PARTICIPAÇÕES  LTDA,  FAMIL  PARTICIPAÇÕES  LTDA  e  HARDMAN  PARTICIPAÇÕES nos anos­calendário 2010 e 2011, inclusive  a aquisição de vários bens móveis e imóveis.  267. Conforme o disposto artigo 182, § 3° do RIR/99 , é vedado  qualquer  espécie  de  benefício  ou  vantagem  em  favor  de  quaisquer  associados  direta  ou  indiretamente,  violação  que  impede  que  uma  cooperativa  possa  se  beneficiar  da  isenção  tributária, ficando submetida às mesmas normas de incidência  do imposto aplicáveis às demais pessoas jurídicas.  268. Vejamos o que dispõe a artigo 182:  “Art.  182.  As  sociedades  cooperativas  que  obedecerem  ao  disposto  na  legislação  específica  não  terão  incidência  do  imposto sobre suas atividades econômicas, de proveito comum,  sem objetivo de lucro (Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971,  art. 3º, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 69).  § 1º É vedado às cooperativas distribuírem qualquer espécie de  benefício  às  quotas­partes  do  capital  ou  estabelecer  outras  vantagens  ou  privilégios,  financeiros  ou  não,  em  favor  de  quaisquer  associados  ou  terceiros,  excetuados  os  juros  até  o  máximo  de  doze  por  cento  ao  ano  atribuídos  ao  capital  integralizado (Lei nº 5.764, de 1971, art. 24, § 3º).  §  2º  A  inobservância  do  disposto  no  parágrafo  anterior  importará  tributação  dos  resultados,  na  forma  prevista  neste  Decreto.” (Nosso Grifo)  269.  Conforme  já  mencionado,  as  vantagens  indevidas  foram  auferidas  indiretamente  através  de  um  complexo  sistema  societário com a utilização de empresas (meio) de participação  para  camuflarem  os  lucros  auferidos  que  foram  provenientes  da COOPUS  270. Da análise das Declarações de Ajuste Anual do Imposto de  Renda da Pessoa Física do Sr. Arlei Antonio, CPF 504.654.308­ 72 e da Sra. Elizabeth Cristovam Hardman, CPF 096.775.978­ 17  dos  anos­calendário  2010/2011,  verificamos  que  ambos  declaram  ter  auferido  rendimentos  isentos  e  não  tributáveis  provenientes da AGS e da HARDMAN, respectivamente.  271.  O  Sr.  Arlei  declarou  como  rendimentos  isentos  e  não  tributáveis provenientes da AGS:  • DIRPF exercício 2011, ano 2010: R$ 160.000,00;  • DIRPF exercício 2012, ano 2011: R$ 399.821,87.  Fl. 46318DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.319          70 272. A Sra. Elizabeth declarou como rendimentos isentos e não  tributáveis provenientes da HARDMAN:  • DIRPF exercício 2011, ano 2010: R$ 80.000,00;  • DIRPF exercício 2012, ano 2011: R$ 199.910,94.  273.  Portanto,  além  dos  cerca  de  R$  840.000,00  distribuídos  para  o  Sr.  Arlei  e  a  Sra.  Elizabeth,  ainda  haviam  quase  R$  9.000.000,00, para serem distribuídos em 2011.  274.  Já o Sr. Gustavo Polli Antonio, CPF 264.121.558­64, não  declarou  em  suas  DIRPF  (AC  2010/2011)  ter  auferido  rendimentos da AGS, FAMIL ou HARDMAN, apesar de  termos  encontrados alguns lançamentos em seu nome nas escriturações  dessas empresas.  275. Já o Sr. Vanderlei Aparecido Pereira, CPF 602.958.488­04,  era  sócio  apenas  da  SODON  como  explanado  anteriormente,  mas  recebeu  alguns  recursos  em  rubricas  em  nome  dos  sócios  Sr. Arlei e da Sra. Elizabeth.  276.  Na  escrituração  da  CONEMP  e  da  BEAR  (2010/2011)  encontramos diversos de lançamentos em nome do Sr. Arlei e da  Sra. Elizabeth e vários lançamentos em nome do Sr. Vanderlei e  alguns  do  Sr.  Gustavo,  especificamente  nas  contas  contábeis  1.1.2.02.007  –  Retirada  –  Arlei  Antonio  e  1.1.2.02.015  Retirada Elizabeth Hardman (CONEMP).  277. Exemplos de lançamentos em 2010 (CONEMP) em nome do  Sr. Vanderlei e do Sr. Gustavo na conta contábil 1.1.2.02.007 –  Retirada – Arlei Antonio: (...)  278. Exemplos de lançamentos em 2010 (CONEMP) em nome do  Sr. Vanderlei e do Sr. Gustavo na conta contábil 1.1.2.02.015 ­  Retirada Elizabeth Hardman: (...)  279. Exemplos de  lançamentos  em 2011 da BEAR em nome do  Sr.  Gustavo  na  conta  contábil  1.1.2.02.006  –  AGS  Participações: (...).  280. Da análise da escrituração da FAMIL, AGS e a HARDMAN  de  2010  e  2011,  encontramos  vários  lançamentos  referente  distribuição de lucros, principalmente para o Sr. Arlei e também  para o Sr. Gustavo.  281.  No  Razão  de  2010  da  FAMIL,  especificamente  na  conta  contábil  1.1.1.02.205  Banco  Bradesco  S/A,  encontramos  os  seguintes lançamentos:(...)  282.  No  Razão  de  2011  da  FAMIL,  especificamente  na  conta  contábil  1.1.2.02.004  –  Arlei  Antonio,  encontramos  os  seguintes lançamentos: (...).  283. Também no Razão de 2011 da FAMIL, especificamente na  conta  contábil  1.1.2.02.005  –  Gustavo  Polli  Antonio,  encontramos o seguinte lançamento: (...).  Fl. 46319DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.320          71 284.  Também  no  Razão  de  2010  da AGS,  especificamente  na  conta  contábil  1.1.2.06.001  –  Dividendos  ­  Conemp,  encontramos os seguintes lançamentos: (...)  285.  A  totalidade  dos  lançamentos  que  comprovam  as  transferências  de  recursos  para  o  Sr.  Arlei  Antonio,  a  Sra.  Elizabeth  C.  Hardman,  o  Sr.  Gustavo  P.  Antonio  e  o  Sr.  Vanderlei Aparecido Pereira,  se encontram apostas nos Razões  Contábeis de 2010 e 2011 da CONEMP, BEAR, FAMIL, AGS e  HARDMAN.  286.  Também,  devido  aos  recursos  que  foram  transferidos  a  título  de  distribuição  de  lucros  ao  longo  dos  anos,  a  AGS,  a  FAMIL e a HARDMAN possuem cerca de 28 imóveis e cerca de  cinco automóveis.  (...)  Como  visto,  as  empresas  terceirizadas,  contratadas  pela  COOPUS,  são  pessoas  jurídicas  pertencentes  aos  próprios  dirigentes  da  Cooperativa.  A  CONEMP  (responsável  pela  gestão  dos  Planos  de  Saúde)  e  a  BEAR  (responsável  pela  captação  de  clientes aderentes ou adquirentes dos Planos de Saúde da COOPUS) são empresas terceirizadas  e  custam/consomem,  em  média,  20%  (vinte  por  cento)  do  faturamento  ou  das  receitas  auferidas, anualmente, pela COOPUS.   O Diagrama,  ­  representação  gráfica  do  fluxo  que  os  recursos  originados  a  partir  da COOPUS percorreram  ­  rede  intrincada de  empresas pertencentes  aos dirigentes da  COOPUS  ­  até  chegar ou  configurar  a distribuição/remuneração  indireta  ­,  está  transcrito no  relatório, conforme já relatado.  A  violação  do  art.  182  do  RIR/99  (remuneração  indireta  dos  dirigentes  da  COOPUS), implica, inexoravelmente, a tributação total das receitas da Cooperativa pelo IRPJ,  CSLL, PIS e Cofins, quanto aos anos­calendário 2010 e 2011.  No caso, como visto, os fatos restaram apurados, narrados adequadamente no  TVF e demonstrados pelo fisco nos autos, não configurando vício algum que pudesse macular  o lançamento fiscal de nulidade por cerceamento do direito de defesa.  Portanto, para efeito tributário não há que se objetar receitas auferidas de ato  cooperativo,  em  face  da  caracterização,  sobejamente  demonstrada  pela  Fiscalização,  de  violação  do  art.  182  do  RIR/99  pela  distribuição  indireta  de  recursos  da  COOPUS  aos  dirigentes,  mediante  terceirização  de  serviços,  com  utilizando  empresas  de  titularidade  dos  próprios dirigentes da Cooperativa.  2­2  ­  COOPUS.  Desvirtuamento  da  legislação  do  cooperativismo,  ausência  de  affectio  societatis  dos  adquirentes/aderentes  do  Plano  de  Saúde  da  Cooperativa  e modus  operandi  da Cooperativa  que  implicou  remuneração  indireta  doa  seus dirigentes:  Primeiro,  convém  distinguir  Cooperativa  de  Trabalho  (serviços médicos)  e  Cooperativa de Consumidores/Usuários de serviços de saúde.  Fl. 46320DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.321          72 Quanto  à  cooperativa  de  trabalho  (serviços médicos),  cabe distinguir  o  objeto social:  a) cooperativa de trabalho (serviços médicos) com comercialização de planos  de saúde, em nome próprio, para terceiros (não cooperados);  b) cooperativa de trabalho (sem comercialização de plano de saúde).  A jurisprudência dos tribunais superiores e do CARF, como se verá a seguir,  são  concordes  de  que  a  cooperativa  de  trabalho  (serviços  médicos)  que  comercializa,  em  nome  próprio,  Planos  de  Saúde  (planos  privados  de  seguro  social)  a  terceiros,  configura  atividade mercantil, lucrativa, cujas receitas auferidas são tributadas normalmente (receitas de  ato não cooperativo)..  Então, o que seria ato cooperativo na Cooperativa de Serviços Médicos?  Na  essência,  quando  a  cooperativa  de  trabalho  (serviços médicos)  utiliza  sua  estrutura  para  captação  de  clientela para  os médicos  cooperados,  isso  é  ato  cooperativo,  nesse tipo de cooperativa.  Ou  seja,  o  serviço  de  captação  de  clientela,  seguida  de  direcionamento  dos  usuários  do  serviço  de  assistência  à  saúde  aos  médicos  cooperados,  é  ato  cooperativo;  é  insuscetível  de  tributação  o  ato  cooperativo,  pois  se  desenvolve  entre  a  cooperativa  e  seus  cooperados.  Porém,  o  valor  recebido  pelo  médico,  pela  prestação  do  serviço  ao  paciente,  é  rendimento do médico, sendo tributável (ato não cooperativo).  A  captação  de  clientela  pela  cooperativa  é  ato  cooperativo,  porém  a  execução,  prestação  do  serviço médico  pelo  profissional  cooperado  aos  pacientes  não  é  ato  cooperativo,  pois  o  serviço  é  prestado  a  terceiros,  pacientes  não  cooperados  (não  sócios  da  cooperativa).  Assim,  as  cooperativas  de  trabalho  quando  se  limitam  a  prestar  aos  cooperados  os  serviços  de  intermediação  de  clientes  celebrando  convênios  com  órgãos,  empresas ou hospitais praticam ato cooperativo. Porém quando comercializam planos de saúde  próprio, em nome próprio, para terceiros praticam ato não cooperativo.  A jurisprudência dos tribunais superiores e do CARF estão em consonância,  ou seja, no mesmo sentido quanto à tributação das receitas de venda de planos de saúde pelas  Cooperativas  de Trabalho  ­  Serviços Médicos­  para  terceiros  (não  cooperados)  bem  como  a  contratação de terceiros para prestação de serviços a terceiros adquirentes dos Planos de Saúde,  in verbis:  a) STJ:  (...)  RECURSO  ESPECIAL  Nº  237.348  SC  (1999/01003660)  RELATOR: MINISTRO CASTRO MEIRA   RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL   Fl. 46321DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.322          73 PROCURADOR:  RICARDO  PY  GOMES  DA  SILVEIRA  E  OUTROS   RECORRIDO:  UNIMED  DE  FLORIANÓPOLIS  COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO LTDA   ADVOGADO : LECYAN MENDES SLOVINSKI E OUTROS   EMENTA:  TRIBUTÁRIO.  IMPOSTO  DE  RENDA.  COOPERATIVA MÉDICA. ATOS NÃO­COOPERATIVOS.  1.  A  UNIMED  presta  serviços  privados  de  saúde,  ficando  evidenciada, assim sua natureza mercantil na relação com seus  associados,  ou  seja,  vende,  por  meio  da  intermediação  de  terceiros, serviços de assistência médica aos seus associados.  2.  O  fornecimento  de  serviços  a  terceiros  e  de  terceiros  não­ associados,  caracteriza­se  como  atos  não­cooperativos,  sujeitando­se, portanto, à incidência do Imposto de Renda.  3. Recurso especial provido.  (...)  b) CARF:  (...)  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA ­ IRPJ   Ano­calendário:2008   COOPERATIVA  DE  SERVIÇOS  MÉDICOS.  RECEITA  DA  VENDA DE PLANOS DE SAÚDE. ATO NÃO COOPERATIVO.  Não são considerados atos cooperados aqueles praticados pela  cooperativa  de  serviços médicos  que,  atuando  como operadora  de plano de saúde, aufere precipuamente receitas decorrentes de  operações com terceiros voltadas à comercialização de produtos  e  serviços.  (...).  (Acórdão  nº  1301­002.819  ­  3ª  Câmara/1ª  Turma Ordinária, sessão de 12/03/2018, Relator e Presidente  Cons. Fernando Brasil de Oliveira Pinto).  (...)  Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica ­IRPJ.  Exercício: 2007, 2008 IRPJ.  CSLL.  SOCIEDADE  COOPERATIVA  DE  SERVIÇOS  MÉDICOS.  RECEITA  PROVENIENTE  DA  VENDA  DE  PLANOS DE SAÚDE A TERCEIROS (PACIENTES). ATO NÃO  COOPERATIVO.   Os  resultados  de  atos  não­cooperativos,  caracterizados  pelo  fornecimento de serviços a terceiros não cooperados, não estão  abrigados  pela  não­incidência  do  imposto  de  renda  e  da  Fl. 46322DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.323          74 contribuição  social  sobre  o  lucro.  Precedentes  do  E.  Superior  Tribunal de Justiça, inclusive sob a sistemática do art. 543­C do  CPC.(Acórdão 1102­000.936).  COOPERATIVA  DE  TRABALHO  MÉDICO.  COMERCIALIZAÇÃO, EM NOME PRÓPRIO, DE PLANOS DE  SAÚDE  (SEGURO  SAÚDE)  PARA  TERCEIROS  NÃO  COOPERADOS. ATOS PRATICADOS COM TERCEIROS QUE  GERAM  RECEITA  E  LUCRO.  NATUREZA  MERCANTIL.  NECESSIDADE DE SEGREGAÇÃO DAS RECEITAS, CUSTOS,  DESPESAS E RESULTADOS DO ATO COOPERATIVO E DO  ATO NÃO COOPERADO.  [...] No caso, a Unimed, que comercializa planos de saúde, que  tem traços de  seguro  saúde, presta  serviços privados de saúde,  caracterizando­se assim sua natureza mercantil na relação entre  seus  associados,  ou  seja,  vende, por meio  da  intermediação de  terceiros,  serviços  de  assistência  médica  aos  seus  associados.(Acórdão 1802­001.354).  (...)  No  concerne  à  cooperativa  de  consumidores  ou  usuários  de  serviços  de  saúde, também, tem­se duas situações:  i)  com  comercialização  de  planos  de  saúde  próprios,  em  nome  próprio,  exclusivamente  para  seus  sócios  (os  adquirentes,  segundo  a  COOPUS,  a  partir  da  adesão,  aquisição do Plano de Saúde da COOPUS passam a ser denominados sócios cooperados);  ii) sem comercialização de plano de saúde da cooperativa.  Inicialmente,  cabe  abordar  as  cooperativas  de  usuários,  consumidores,  de  serviços  de  saúde  que  não  operam  plano  de  saúde  próprio.  Elas  atuam  como  contratantes de serviços médicos hospitalares e laboratoriais no mercado, ou seja, serviços de  terceiros.  As  cooperativas  de  usuários  atuam,  assim,  no  mercado  como  intermediárias,  barganhando  preços  mais  em  conta  para  os  sócios,  tidos  como  cooperados  que  pagam  os  serviços contactados pela Cooperativa.  O  discurso  é  o  seguinte:  "nas  cooperativas  de  usuários  (consumidores),  o  usuário não é um cliente, é um cooperado". A entidade contrata serviços de terceiros de acordo  com as necessidades de seus associados (a cooperativa de consumo atua como intermediária no  mercado,  no  sentido  de  reduzir  o  custo  do  serviço  de  saúde  a  ser  prestado  ao  seu  sócio  por  terceiros).  O  cooperado  paga,  em  última  análise,  o  serviço  contratado  (a  cooperativa  de  consumo foi mera intermediária da operação de contratação do prestador de serviços de saúde).  O  ato  cooperativo  está  em  encontrar,  disponibilizar,  o  melhor  fornecedor  do  serviço  ao  cooperado para ele tenha o menor custo possível na utilização do serviço de saúde.  As cooperativas de consumidores (usuários) que operam, comercializam,  planos  de  saúde  próprio,  em  nome  próprio.  Nesse  caso,  os  aderentes  (adquirentes  do  Plano de Saúde), segundo o ato constitutivo das cooperativas, seriam "sócios cooperados"  pelo fato da aquisição, adesão ao plano de saúde da Cooperativa.  Fl. 46323DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.324          75 Entretanto, os  aderentes/adquirentes do Plano de Saúde da Cooperativa não  são sócios cooperados pela falta de affectio societatis; são meramente consumidores (clientes).   Em  outras  palavras,  a  situação  é  diversa,  muda  de  figura,  quando  a  sociedade cooperativa de consumidores de serviços de saúde é operadora do seu próprio  Plano de Saúde.   Ela vende, comercializa, explora, em nome próprio, Planos de Saúde (seguro  saúde) no mercado e, ao captar ou capturar o cliente (sistema agressivo, arrojado de captação  de clientes),  transforma, de forma "forçada", o adquirente ou aderente ao Plano de saúde em  "sócio cooperado". Há vício de vontade. O adquirente visa tão somente a adquirir o plano de  saúde, e não se tornar sócio cooperado da sociedade cooperativa.   Nessa situação de cooperativa de consumidores de serviços de saúde, que  faz  a  gestão  do  seu  próprio  Plano  de  Saúde  (opera  e  comercializa),  onde  estaria  o  ato  cooperativo?  Quando  a Cooperativa  de Consumidores  comercializa  seu  próprio  plano  de  saúde, em nome próprio, denominando os  adquirentes ou  aderentes do plano de  saúde como  "sócios cooperados", surge a distorção já mencionada antes, ou seja, falta a affectio societatis  do adquirente ou aderente ao plano de saúde para ser cooperado ou sócio cooperado. Há abuso  desse  tipo  de  sociedade  cooperativa  para  efeito  tributário,  pois  a  rigor  não  existe  ato  cooperativo, justamente, pela falta de affectio societatis do aderente ao plano de saúde para ser,  de fato e de direito, sócio cooperado. No caso, o adquirente do plano de saúde da Cooperativa  de Usuários ou Consumidores é mero consumidor (cliente).  Por  isso,  em  face  desse  abuso  a  cooperativa  de  consumo  perdeu  a  não­ incidência do IRPJ, não tem benefício fiscal (Lei 9.532/97, art. 69).   A propósito, cabe citar o comentário de Hiromi Higuchi in Imposto de Renda  das Empresas. Interpretação e Prática. Edição 2017, in verbis.  (...)  COOPERATIVAS DE CONSUMO   As sociedades cooperativas de consumo, que tenham por objeto  a compra e fornecimento de bens aos consumidores, sujeitam­se  às mesmas normas de incidência dos impostos e contribuições de  competência  da  União,  aplicáveis  às  demais  pessoas  jurídicas  (art.  69  da  Lei  no  9.532/97).  Com  isso,  as  cooperativas  de  consumo  perderam  toda  isenção  tributária.  O  termo  “consumidores”, referido no art. 69 da Lei no 9.532/97, abrange  tanto  os  não  associados  como  também  os  associados  das  sociedades cooperativa de consumo (ADN nº 4 de 25­02­99). O  ato normativo  esclarece ainda que não  se aplica às  sociedades  cooperativas  mistas  o  disposto  naquele  artigo.  A  isenção  tributária das cooperativas de consumo não tinha sentido mas o  problema agravou­se pelos abusos praticados por algumas delas  que chegaram a fazer propaganda na televisão. As cooperativas  que  abriram  as  portas  de  suas  lojas  para  todos  os  transeuntes  das  ruas  desvirtuaram  a  finalidade  delas.  Assim,  quando  uma  pessoa entra na  loja ainda não é cooperada, mas ao passar no  Fl. 46324DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.325          76 Caixa assina a ficha de cooperada, ainda que essa pessoa nunca  mais volte à loja.   (...)  Como visto nas cooperativas de consumo não há o affectio societatis entre a  cooperativa e o adquirente/consumidor.  No  caso  da COOPUS,  sociedade  cooperativa  autuada,  a Fiscalização  narra,  descreve  e  comprova  nos  autos,  sobejamente,  que  a  autuada  não  cumpre  a  legislação  do  cooperativismo; que sob o manto do cooperatismo a autuada esconde­se do fisco, ou seja, burla  o fisco. Não há affectio societatis entre o adquirente do Plano de Saúde e Cooperativa.  A COOPUS não pratica atos cooperativos, pois opera em nome próprio Plano  de Saúde, onde todo aderente/adquirente do citado seguro saúde (Plano de Saúde) é guindado,  elevado, à condição de sócio ("cooperado") e ainda contrata terceiros para fornecer os serviços  de saúde.   Essa  situação,  esse modus  operandi  ajusta­se  às  denominadas Cooperativas  de Consumo, as quais não têm benefício fiscal quanto aos tributos federais, a partir da edição  da Lei 9.532/97, art. 69), pela falta de affectio societatis dos denominados "sócios cooperados".  Mas, não é só isso.  A administração da COOPUS é realizada por duas empresas terceirizadas, as  quais pertencem aos próprios dirigentes da Cooperativa:   ­  CONEMP  (Administração,  gestão,  dos  Planos  de  Saúde)  e  BEAR  (divulgação, ou seja, angaria clientes para a Cooperativa, responsável pela captação de clientes,  comercialização dos Planos de Saúde)  Essa  situação da COOPUS vem desde sua  instituição, há pelos menos duas  décadas.  A  Fiscalização  encontrou  desvirtuamento  das  atividades  da  autuada  que,  mesmo que fosse, em tese, fosse Cooperativa, ainda assim não faria jus a benefício tributário  algum, em relação aos tributos federais. Primeiro, a questão do Estatuto Social.  A propósito, convém transcrever o objeto da COOPUS, consoante Estatuto  Social  ,  de  28/03/2007  ­  a  versão  mais  atualizada  disponibilizada  à  Fiscalização  pela  fiscalizada  e  constante  dos  autos  (e­fls.  554/594,  607/629,  1360/1382  e  44385/44405),  in  verbis:  (...)  CAPÍTULO II   DOS OBJETIVOS SOCIAIS   ART.20. A COOPERATIVA tem por objetivo, exercer, nos termos  da Lei n.° 9.656/98 e suas Resoluções, ou legislação que venha a  substituir,  a  função  exclusiva  de  Operadora  de  Planos  de  Fl. 46325DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.326          77 Assistência  à  Saúde  através  da  modalidade  de  Medicina  de  Grupo.  ART.30. A COOPERATIVA condicionará a prestação de serviços  aos Cooperados,  à  capacidade  física  e  financeira de  sua  infra­ estrutura.  CAPÍTULO III   DOS COOPERADOS   ART.40.  Podem  integrar  o  quadro  da  COOPERATIVA,  pessoa  física capaz e na livre administração de sua pessoa e bens, bem  como  pessoas  jurídicas  sem  fins  lucrativos  e  que  não  exerçam  atividades contrárias ao objeto social da COOPERATIVA:.  I­  Para  se  associar,  o  Cooperado  apresentará  proposta  de  admissão  acompanhada  de  todos  os  documentos  relacionados  no  Regimento  Interno, a qual será assinada, por ele e por dois outros Cooperados em  situação regular junto à COOPERATIVA.  II­  Aprovado  o  pedido  de  ingresso,  a  admissão  do  Cooperado  se  complementará  com  a  subscrição  e  correspondente  integralização  de  quotas­partes do  capital  social da COOPERATIVA e a assinatura no  Livro  de Matrícula,  após  o  que,  o  Cooperado  adquire  os  direitos  e  assume os deveres impostos pela.Lei e pelo presente Estatuto.  Par.  1o.  O  Conselho  de  Administração  poderá  prescindir  da  exigência  constante  do  inciso  I  do  presente  artigo,  quando  tal  decisão  visar  a  segurança  dos  objetivos  sociais  da  COOPERATIVA (...)  ART.50. O Cooperado tem direito a:  I­ utilizar todos os serviços prestados pela COOPERATIVA, em  seu  próprio  estabelecimento  ou  fora  dele,  de  acordo  com  os  termos do Contrato de Assistência optado pelo mesmo segundo  as normas estabelecidas na Legislação em vigor, Estatuto Social  e Regimento Interno;  II­  participar  de  todas  as  atividades  que  constituem,  objeto  da  COOPERATIVA,  com  ela operando,  de  acordo  com as  normas  baixadas pelo Conselho de Administração e que constituírem o  Regimento Interno;  III­ votar e ser votado para os cargos sociais;  IV­ solicitar, por escrito, esclarecimentos sobre as atividades da  COOPERATIVA, podendo ainda, dentro do mês que anteceder a  Assembléia­Geral  Ordinária,  consultar  na  sede  social,  o  Balanço Geral e Livros Contábeis;  VI­ recorrer para a Assembléia Geral da decisão que determinar  sua eliminação;  Fl. 46326DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.327          78 VII­  participar  das  sobras  líquidas  colocadas  à  disposição  da  Assembléia  Geralna  proporção  de  suas  operações  realizadas  com a COOPERATIVA  ART.60. São obrigações do Cooperado:  I ­ subscrever e integralizar quotas­partes de Capital Social nos  termos  deste/  Estatuto  e  contribuir  com  as  taxas  de  serviços  e  encargos operacionais que lhe(y forem estabelecidos.  II ­ acatar os reajustamentos do capital subscrito, submetendo­se  aos descontos e retenções das quantias correspondentes;  (...)  ART.70. A responsabilidade do Cooperado pelos compromissos  da COOPERATIVA será sempre subsidiária e limitada ao valor  Capital Social.  ART.80. A demissão do Cooperado, que não poderá ser negada,  dar­se­á, unicamente, a seu pedido e será requerida ao Diretor­ Presidente  da  COOPERATIVA,  sendo  por  ele  levada  ao  conhecimento  do  Conselho  de  Administração,  em  sua  primeira  reunião  e  averbada  no  Livro  de  Matrículas  mediante  termo  assinado pelo Diretor­Presidente.  (...)  CAPÍTULO IV CAPITAL SOCIAL   ART.12. O  Capital  Social  da  COOPERATIVA,  constituído  de  quotas­partes  no  valor  de  R$  1,00  (Hum  real)  cada  uma,  ilimitado  quanto  ao máximo,  é  variável  conforme  o  número  de  Cooperados  e de quotas  subscritas,  não podendo ser  inferior a  R$ 500,00 (Quinhentos reais).  Par.  1o.  ­  Quando  de  sua  admissão,  o  Cooperado  deverá  subscrever,  o  mínimo  de  25  (vinte  e  cinco)  quotas­partes,  devendo  integralizá­las  em  até  5  (cinco)  parcelas  mensais  consecutivas.  Par.  2o:  A  quota­parte  é  indivisível,  intransferível  a  não  Cooperado  e  não  poderá  ser  negociada  de  nenhum modo  nem  dada em garantia e  todo seu movimento,subscrição, realização,  transferência  e  restituição  será  escriturado  no  Livro  de  Matrículas.  Par. 3o. ­ As quotas­partes, depois de integralizadas, poderão ser  transferidas  entre  associados,  mediante  autorização  da  Assembleia  Geral  e  o  pagamento  da  taxa  de  5%  (cinco  por  certo) sobre o seu valor, respeitando o limite máximo de 1/3 (um  terço) do valor do capital subscrito, para cada Cooperado.  Par.  4o.  ­  O  valor  correspondente  à  atualização  monetária  do  Capital  Social,  efetuada  em  observância  à  legislação  vigente,  será mantido em Reserva de Equalização, tornando­se indivisível  Fl. 46327DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.328          79 para  fins  de  distribuição,  não  podendo  servir  para  integralização de quotas subscritas.  ART.13. Anualmente, será feita a atualização do valor da quota  parte,  mediante  proposta  do  Conselho  de  Administração,  submetida à Assembléia Geral, a qual estabelecerá o percentual  a ser adotado para tal cálculo.  ART.14. A  restituição  do  Capital  Realizado  e  de  proventos  de  quaisquer  natureza,  nos  casos  de  demissão,  eliminação  ou  exclusão, dar­se­á depois da aprovação das contas do exercício  pela Assembléia Geral.  (...)  CAPÍTULO V DA ADMINISTRAÇÃO E FISCALIZAÇÃO   (...)  II ­ DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ART.  19.  A  COOPERATIVA  é  administrada  por  um  Conselho  de  Administração  composto  de  05  (cinco)  membros,  todos  Cooperados, eleitos em Assembléia Geral por maioria de votos  dos  presentes,  para  um  mandato  de  quatro  (4)  anos,  sendo  obrigatório ao final de cada mandato, a renovação de no mínimo  um terço (1/3) de seus membros.  (...)  ART.20.  Os  integrantes  do  Conselho  de  Administração  e  Diretoria  Executiva  não  são,  pessoalmente,  responsáveis  pelos  compromissos que assumirem em nome da COOPERATIVA, mas  responderão solidariamente, pelos prejuízos  resultantes de seus  atos, se procederem com culpa ou dolo.  (...)  IV ­ DO CONSELHO FISCAL   ART.29. O Conselho Fiscal é constituído por três (03) membros  efetivos  e  três  (03)membros  supletivos,  quaisquer  destes  para  substituir  quaisquer  daqueles  nas  reuniões,  especialmente  convocados,  todos  Cooperados,  eleitos  pela  Assembléia  Geral,  para mandato  de  um  ano,  sendo  permitido  a  reeleição,  para  o  período  imediato,  de  apenas  um membro  efetivo  e  um membro  suplente.  (...)  Obs: Consta dos autos, ainda, a versão do Estatuto Social da Cooperativa de 05/02/1993 (e­ fls. 1220/1235, 1240/1251 e 1384/1395) e versão de 17/11/1998 (e­fls. 1397/1420), nessas épocas não fazia parte  do objeto social a comercialização de planos de saúde.  Ora, como já dito antes, a Fiscalização da RFB encontrou desvirtuamento das  atividades da autuada que não se enquadram como Cooperativa para efeito tributário pela falta  de affectio societatis dos aderentes (clientes compradores de plano de saúde) e da distribuição  Fl. 46328DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.329          80 indireta  de  recursos  da  COOPUS  aos  seus  dirigentes,  mediante  contratação  de  empresas  terceirizadas, as quais pertencem aos dirigentes da própria COOPUS.  Nesse  sentido,  cabe  transcrever  a  constatação  da  Fiscalização,  ou  seja,  o  descumprimento frontal da legislação do cooperativismo e tributária, conforme Termo de Ação  Fiscal que, nessa parte, transcrevo (e­fls. 44094/44178), in verbis:  (...)  IV.I – DA COOPUS – COOPERATIVA DOS USUÁRIOS DO  SISTEMA DE SAÚDE DE CAMPINAS E REGIÃO.   205.  Conforme  documentos  encaminhados,  a  COOPUS  foi  fundada  em  05/02/1993  através  de  pessoas  físicas  “contratantes”  dos  serviços  da  CONEMP  –  Consultoria  Empresarial e Administração de Serviços Ltda.  206.  Dentre  as  25  pessoas  fundadoras  estavam  o  Sr.  Arlei  Antonio,  que  secretariou  os  trabalhos  e  a  Sra.  Elizabeth  Cristovam  Hardman,  sócios  proprietários  da  CONEMP  desde  1992.  207. Conforme o Estatuto da fundação (1993), a sede social da  COOPUS  ficou  estabelecida  na  Rua  Rafael  Sampaio,  198,  Guanabara,  Campinas,  SP,  que  era  o  mesmo  endereço  da  CONEMP (naquela época) e é o mesmo endereço atual da sede  social  das  empresas  AGS  Participações  Ltda.,  FAMIL  Participações  Ltda.  e HARDMAN Participações  Ltda.,  que  são  sócias da CONEMP e da BEAR.  208.  Além  do  endereço  ser  o  mesmo  (entre  a  COOPUS  e  a  CONEMP),  várias  cláusulas  em  sua  fundação  foram  direcionadas para a CONEMP.  209.  O  artigo  2°  (Objetivo)  especificava  que  “ A  cooperativa  coordenará,  em  nome  de  seus  associados...,  através  de  contratos,  credenciamentos,  empreendimentos  e  controles  específicos,  que  serão  administrados  pela  CONEMP  –  Consultoria  Empresarial  e  Administração  de  Serviços  Ltda.”  (Nosso Grifo)  210.  Já  o  artigo  3°  disciplinava  que  “Poderão  associar­se  a  Cooperativa  todas  as  pessoas  físicas  e  seus  dependentes,  bem  como  as  pessoas  jurídicas  sem  fins  lucrativos,  enquanto  forem  contratantes  dos  serviços  da  CONEMP  –  Consultoria  Empresarial  e  Administração  de  Serviços  Ltda.,  e  que  concordem  com  o  presente  Estatuto,  sem  restrições”.  (Nosso  Grifo)  211. Já o parágrafo 4° do artigo 17, determinou:  “OPERACIONALIZAÇÃO  –  A  cargo  da  empresa  CONEMP  –  Consultoria  Empresarial  e  Administração  de  Serviços  Ltda.,  contratada pelos cooperados fundadores, e que na qualidade de  Superintendente,  terá  funções, exclusivamente executivas, sendo  responsável,  em  nome  do  Conselho  de  Administração,  pela  Fl. 46329DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.330          81 aplicação das normas administrativas, da Lei, deste Estatuto, do  Regimento  Interno  e  das  deliberações  das  Assembléias Gerais,  bem  como  pelo  fornecimento  de  toda  a mão  de  obra  direta  ou  indireta, necessárias ao pleno desenvolvimento da cooperativa.”  (Nosso Grifo)  212.  Como  pode­se  inferir,  já  em  sua  fundação,  100%  da  administração da COOPUS foi delegada para a CONEMP.  213. Nos demais Estatutos aprovados e, inclusive o de 2007 que  está em vigor, não houve mais qualquer menção à CONEMP.  214.  Na  primeira  Assembléia  Geral  Extraordinária  001  de  21/06/1993,  foi  feita  alteração  do  Estatuto  e  a  contratação  formal da CONEMP através de votação e empossada no cargo  de  Superintendente  da  COOPUS,  através  de  seu  Diretor  Sr.  Arlei.  215.  Em  algumas  das  demais  Assembléias  somente  houve  a  ratificação  ou  menção  do  Sr.  Arlei  como  Diretor  Superintendente da COOPUS.  216. Neste ponto é mister esclarecer que o Sr. Arlei é o Diretor  Superintendente da COOPUS vitalício desde a sua fundação em  1993 até hoje.  217.  Entretanto,  conforme  o  artigo  47  da  Lei  5.764/71  (Lei  do  Cooperativismo),  os membros  da Diretoria  ou  do Conselho  de  Administração, não poderiam ter mandato superior a 04 anos:  “Art. 47. A sociedade será administrada por uma Diretoria ou  Conselho  de  Administração,  composto  exclusivamente  de  associados eleitos pela Assembléia Geral, com mandato nunca  superior a 4  (quatro) anos,  sendo obrigatória a  renovação de,  no  mínimo,  1/3  (um  terço)  do  Conselho  de  Administração.”  (Nosso Grifo)  218.  Também,  infringindo  o  mesmo  dispositivo  legal,  o  Sr.  Vanderlei  Aparecido  Pereira  já  aparecia  como  Diretor  Presidente  da  COOPUS  na  Assembléia  Extraordinária  de  02/1998 até a presente data (Assembléia de 2013).  219.  Neste  ponto  é  mister  esclarecer,  novamente,  que  o  Sr.  Vanderlei e o Sr. Arlei são sócios da empresa SODON – Serviços  Odontológicos Ltda., CNPJ 02.212.834/000­96.  220.  E,  conforme  informações  das  DIRFs  (AC  2010/2011),  a  empresa  SODON  –  Serviços  Odontológicos  Ltda.  recebeu  de  rendimentos provenientes da COOPUS (por serviços prestados)  a quantia de R$ 251.677,88 em 2010 e R$ 177.325,35 em 2011.  221. Conforme escrituração da COOPUS, foram constatadas as  seguintes transferências para a CONEMP e a BEAR, apenas nos  anos­calendário 2010 e 2011:  • CONEMP 2010: R$ 2.255.445,08 (conta 46211.9400.02) + R$  1.408.422,55 (conta 46211.9400.08) = R$ 3.663.867,63;  Fl. 46330DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.331          82 • CONEMP 2011: R$ 1.958.070,98 (conta 46211.9400.02) + R$  811.459,24 (conta 46211.9400.08) = R$ 2.769.530,22;  • BEAR 2010: R$ 240.574,65 (conta 46211.9400.09);  • BEAR 2011: R$ 181.609,72 (conta 46211.9400.09);  IV.II  –  DA  CONEMP  CONSULTORIA  EMPRESARIAL  E  ADIMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS LTDA   222.  Visando  coletar  informações,  em  16/05/2014  a CONEMP  foi  cientificada  do  Termo  de  Diligência  Fiscal  00310/14/01,  tendo  sido  solicitado  a  apresentação  do  Contrato  Social  Consolidado, Livros Diário/Razão/Caixa 2010/2011, Balancetes  mensais 2010/2011 e DRE 2010/2011.  223.  Em  13/06/2014,  o  contribuinte  apresentou  os  documentos  solicitados.  224. Inicialmente, cumpre destacar que a CONEMP foi fundada  pelos  sócios  Arlei  e  Elizabeth  em  1992  e,  posteriormente,  os  mesmos  transferiram as cotas do  capital  social para a FAMIL,  AGS  e  HARDMAN,  mas  jamais  deixaram  de  gerenciar  a  CONEMP, bem como, essas empresas.  225.  Conforme  Contrato  Social  de  01/01/2011,  a  CONEMP  possui por sócios a empresa FAMIL Participações Ltda., CNPJ  07.662.393/0001­48  (sócio administrador Sr. Arlei Antonio),  a  empresa  AGS  Participações  Ltda.,  CNPJ  07.136.346/0001­60  (sócio  administrador  Sr.  Arlei  Antonio)  e  HARDMAN  Participações  Ltda.,  CNPJ  07.162.519/0001­15  (sócia  administradora Sra. Elizabeth C. Hardman).  226. Conforme cláusula 7ª e 8ª do Contrato Social, o Sr. Arlei é  o  Diretor  Geral  e  o  responsável  pela  administração  da  CONEMP e a Sra. Elizabeth é a Diretora de Marketing.  227.  Conforme  análise  das  DIRFs  dos  anos­calendário  2010/2011  e  anteriores,  bem  como  a  sua  escrituração  de  2010/2011,  a  CONEMP  apenas  prestou  serviços  para  a  COOPUS  e,  portanto,  todo  o  lucro  obtido  neste  período  foi  proveniente deste contrato (com a COOPUS).  228.  Ao  analisarmos  o  Livro  Razão  e  os  Balancetes  dos  anoscalendário  2010  e  2011  da  CONEMP,  constatamos  os  seguintes fatos:  •  A CONEMP  possuía  em  31/12/2010,  um  saldo  de  aplicação  financeira no valor de R$ 4.258.820,36 no Banco Bradesco S/A,  conforme  conta  contábil  1.1.1.05.505  –  Aplicação  Bco.  Bradesco;  •  Em  2010,  a  FAMIL  recebeu  de  distribuição  de  Lucros  da  CONEMP a quantia de R$ 893.849,62;  •  Em  2010,  a  AGS  recebeu  de  distribuição  de  Lucros  da  CONEMP a quantia de R$ 67.288,15;  Fl. 46331DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.332          83 •  O  saldo  de  Lucros  a  distribuir  em  2010  era  de  R$  7.379.032,68;  •  A CONEMP  possuía  em  31/12/2011,  um  saldo  de  aplicação  financeira no valor de R$ 3.139.237,39 no Banco Bradesco S/A,  conforme conta contábil 1.1.1.05.505 – Aplicação Bco. Bradesco  •  Em  2011,  a  FAMIL  recebeu  de  distribuição  de  Lucros  da  CONEMP a quantia de R$ 3.545.887,41;  •  Em  2011,  a  AGS  recebeu  de  distribuição  de  Lucros  da  CONEMP a quantia de R$ 93.623,92;  • Em 2011, a HARDMAN recebeu de distribuição de Lucros da  CONEMP a quantia de R$ 36.968,22;  •  O  saldo  de  Lucros  a  distribuir  em  2011  era  de  R$  3.742.940,76;  229. Mesmo  a  FAMIL  tendo  recebido  cerca  de  três  milhões  e  meio de reais de distribuição de lucros do saldo de sete milhões  e quatrocentos mil reais ainda havia disponível para distribuição  a quantia de três milhões e setecentos mil reais em 2011, e todo  esse lucro era proveniente da COOPUS.  IV.III – DA BEAR CAPTAÇÕES LTDA  230.  Visando  coletar  informações,  em  16/05/2014  a  BEAR  foi  cientificada  do  Termo  de Diligência  Fiscal  00309/14/01,  tendo  sido solicitado a apresentação do Contrato Social Consolidado,  Livros  Diário/Razão/Caixa  2010/2011,  Balancetes  mensais  2010/2011 e DRE 2010/2011.  231.  Em  13/06/2014,  o  contribuinte  apresentou  os  documentos  solicitados.  232.  Inicialmente,  cumpre  destacar  que  a  BEAR  foi  fundada  pelos  sócios  Arlei  e  Elizabeth  em  2001  e,  posteriormente,  os  mesmos  transferiram as cotas do  capital  social para a FAMIL,  AGS e HARDMAN, mas jamais deixaram de gerenciar a BEAR e  as demais empresas.  233. Conforme Contrato Social de 16/12/2009, a BEAR possui  por  sócios  a  empresa  FAMIL  Participações  Ltda.,  CNPJ  07.662.393/0001­48  (sócio administrador Sr. Arlei Antonio),  a  empresa  AGS  Participações  Ltda.,  CNPJ  07.136.346/0001­60  (sócio  administrador  Sr.  Arlei  Antonio)  e  HARDMAN  Participações  Ltda.,  CNPJ  07.162.519/0001­15  (sócia  administradora Sra. Elizabeth C. Hardman).  234. As cotas de capital social foram transferidas (naquela data)  do  Sr.  Arlei  e  a  Sra.  Elizabeth  para  as  empresas  retromencionadas.  235. Conforme cláusula 7ª e 8ª do Contrato Social, o Sr. Arlei é  o Diretor Geral e o responsável pela administração da BEAR e  a Sra. Elizabeth é a Diretora de Marketing.  Fl. 46332DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.333          84 236.  Conforme  análise  das  DIRFs  dos  anos­calendário  2010/2011  e  anteriores,  bem  como  a  sua  escrituração  de  2010/2011, a BEAR apenas prestou serviços para a COOPUS e,  portanto, todo o lucro obtido neste período foi proveniente deste  contrato.  237.  Ao  analisarmos  o  Livro  Razão  e  os  Balancetes  dos  anoscalendário 2010 e 2011 da BEAR, constatamos os seguintes  fatos:  •  A  BEAR  possuía  em  31/12/2010,  um  saldo  de  aplicação  financeira  no  valor  de R$  730.534,06 no Banco Bradesco  S/A,  conforme  conta  contábil  1.1.1.05.505  –  Aplicação  Bco.  Bradesco;  •  Em  2010,  a  FAMIL  recebeu  de  distribuição  antecipada  de  Lucros da BEAR a quantia de R$ 165.734,77;  • Em 2010, a AGS recebeu de distribuição antecipada de Lucros  da BEAR a quantia de R$ 3.417,22;  • Em 2010, a HARDMAN recebeu de distribuição de Lucros da  BEAR a quantia de R$ 1.708,60;  • O saldo de Lucros a distribuir em 2010 era de R$ 758.877,99;  •  A  BEAR  possuía  em  31/12/2011,  um  saldo  de  aplicação  financeira  no  valor  de R$  622.460,70  no Banco Bradesco  S/A,  conforme  conta  contábil  1.1.1.05.505  –  Aplicação  Bco.  Bradesco;  • Em 2011, a FAMIL recebeu de distribuição de Lucros da BEAR  a quantia de R$ 522.221,64;  • Em 2011, a AGS recebeu de distribuição de Lucros da BEAR a  quantia de R$ 10.676,95;  • Em 2011, a HARDMAN recebeu de distribuição de Lucros da  BEAR a quantia de R$ 5.388,47;  • O saldo de Lucros a distribuir em 2011 era de R$ 700.899,83.  IV.IV – DA FAMIL PARTICIPAÇÕES LTDA   238.  Desde  2008  se  declara  INATIVA  apesar  de  possuir  um  saldo  de  Lucros  a  distribuir  em  2011  de  R$  4.262.136,09,  possuir aplicações  financeiras de cerca de R$ 2,5 milhões e de  ter adquirido bens neste período: (...).  241. Conforme Contrato Social de 10/05/2005, a FAMIL possui  por  sócios  a  empresa  AGS  Participações  Ltda.,  CNPJ  07.136.346/0001­60 (sócio administrador Sr. Arlei Antonio) e a  empresa  HARDMAN  Participações  Ltda.,  CNPJ  07.162.519/0001­15  (sócia  administradora  Sra.  Elizabeth  C.  Hardman).  Fl. 46333DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.334          85 242. Conforme cláusula 6ª e 7ª do Contrato Social, o Sr. Arlei é  o  Diretor  Presidente  e  o  responsável  pela  administração  da  FAMIL.  (...)  244.  É  um  verdadeiro  círculo  de  empresas  terceirizadas  e  administradas pelo Sr. Arlei com um mesmo objetivo: auferir os  lucros provenientes da COOPUS.  (...).  IV.V – DA AGS PARTICIPAÇÕES LTDA  246.  Desde  2005  se  declara  INATIVA  apesar  de  possuir  um  saldo  de  Lucros  a  distribuir  em  2011  de R$  145.101,65  e  ter  adquirido diversos bens neste período: (...).  249. Conforme Contrato Social de 05/02/2011, a AGS possui por  sócios o Sr. Arlei Antonio, CPF 504.654.308­72, o Sr. Gustavo  Polli  Antonio,  CPF  264.121.558­64  e  a  Sra.  Samanta  Polli  Antonio, CPF 205.514.558­64.  250. Conforme  cláusula  7ª  do Contrato  Social, o  Sr. Arlei  é  o  sócio administrador responsável pela administração da AGS.  (...)  IV.VI – DA HARDMAN PARTICIPAÇÕES LTDA 253.   Desde 2005 se declara INATIVA apesar de possuir um saldo de  Lucros a distribuir em 2011 de R$ 98.225,80 e ter adquirido bem  neste período: (...).  256.  Conforme  Contrato  Social  de  16/11/2004,  a HARDMAN  possui  por  sócios  a  Sra.  Elizabeth  Christovam Hardman,  CPF  096.775.978­17,  a  Sra.  Simone  Cristina  de  Assis  Bueno,  CPF  105.290.748­26  e  o  Sr.  Gustavo  Polli  Antonio,  CPF  264.121.558­64.  257. Conforme cláusula 7ª do Contrato Social, a Sra. Elizabeth  Christovam  Hardman  é  a  sócia  administradora  responsável  pela administração da Hardman.  (...)  263. Portanto, o Sr. Arlei na qualidade de sócio administrador  de  quase  todas  essas  pessoas  jurídicas  possuía  a  quantia  de  cerca  de R$ 9.000.000,00  (NOVE MILHOES DE REAIS)  em  2011  para  serem  distribuídos  (lucros  isentos)  entre  ele  e  os  demais sócios.  (...)  VI – DA INCOMPATIBILIDADE ENTRE O EXERCÍCIO DO  COOPERATIVISMO  E  A  COMERCIALIZAÇÃO  DE  PLANOS DE SAÚDE   Fl. 46334DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.335          86 287.  Conforme  já  explanado  anteriormente,  verificamos  que  o  contribuinte não apresentou a documentação hábil e idônea dos  cooperados como, por  exemplo, a  comprovação da aquisição e  da  alienação das  quotas  parte  do  capital  quando da  entrada  e  saída do cooperado,  livro de matrículas devidamente assinado,  etc   288.  Além  da  não  comprovação  do  regular  exercício  do  cooperativismo,  constatamos  pela  incompatibilidade  entre  a  comercialização de planos de saúde efetuada pelo contribuinte e  a atividade cooperativista.  289. Por exemplo, com relação aos Contratos dos usuários que  foram  apresentados,  verificamos  várias  contradições  incompatíveis com o cooperativismo.  290.  Os  Contratos  Coletivos  Empresariais,  Contratos  Empresariais e os Coletivos por Adesão são contratos de adesão  tipicamente  mercantis,  na  modalidade  específica  de  comercialização de planos de planos de saúde.  291. A não ser a menção da qualificação da “operadora”, de se  tratar  de  Sociedade  de Cooperativa,  todas  as  demais  cláusulas  são  típicas  de  vendas  de  planos  de  saúde,  corroborada  pelo  próprio registro na ANS.  292. Não há sequer a menção das cotas do capital  social, das  Assembléias  ou  informação de que o “cooperado”  se  tornaria  sócio  da  COOPUS  e  seria  responsável  pela  alocação  de  recursos  (ingresso)  e  eventuais  prejuízos  em  nenhum  dos  contratos encaminhados.  293. A própria cláusula quarta dos Contratos – Da Natureza do  Contrato é bastante elucidativa:  “A  COOPUS,  na  condição  de  operadora  de  planos  de  saúde  privados  de  assistência  à  saúde,  de  acordo com o  inciso  I,  do  parágrafo  1,  do  art.  1,  da  Lei  9.656/98,  firma  o  presente  contrato  coletivo  empresarial  para  o  cumprimento  de  seu  objeto,  segundo  as  cláusulas  contratuais  estabelecidas,  obedecendo  os  princípios  gerais  do  direito,  amparado  na  legislação civil em vigor, especialmente pela Lei 9.656/98, cujo  teor foi aprovado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar  –  ANS,  órgão  que  regulamenta  e  fiscaliza  o  setor.”  (Nosso  Grifo)  294. A COOPUS apenas afirma que é uma operadora de planos  de saúde e sequer menciona o exercício do cooperativismo.  295.  Com  efeito,  se  ela  fosse  uma  cooperativa  típica  não  precisaria ser cadastrada e  fiscalizada pela ANS, obrigada por  esta  a  aumentar  o  capital  social,  etc.,  a  COOPUS  é,  em  tese,  uma comercializadora de planos de saúde.  296. Uma cooperativa verdadeira não vende planos de saúde, e  sim,  reúne  os  recursos  dos  cooperados  para  fazer  face  às  Fl. 46335DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.336          87 despesas  (com saúde) que  são  rateadas  proporcionalmente  por  eles.  (...)  299. Como  se  vê,  a  fixação de  valores por  tabelas  controladas  totalmente  pela  ANS  –  Agência  de  Saúde  Suplementar  é  incompatível  com  o  exercício  do  cooperativismo,  eis  que  os  valores mensais que os cooperados iriam contribuir (rateio) não  seriam  sempre  iguais  e  dependeriam  de  eventos  futuros  e  incertos, inclusive poderiam até diminuir se houvesse a redução  das despesas da sociedade cooperativa.  (...)  301.  Já  numa operadora  de  plano  de  saúde  como  é  o  caso  da  COOPUS os valores mensais são fixos e seguem todas as regras  da ANS, com reajustes anuais, reajustes por faixa de idade, etc.  (...)  303. Em verdade os contratos coletivos são incompatíveis com o  exercício  do  cooperativismo,  eis  que  os  beneficiários  (os  “cooperados”) sequer participam da negociação entre as partes  e  o  contratante  é  o  responsável  pelo  pagamento  das  mensalidades, não o “cooperado”.  304.  As  cláusulas  são  dirigidas  para  a  empresa  contratante:  é  um  típico  contrato  de  comercialização  de  planos  de  saúde  na  modalidade coletiva.  (...)  307.  A  legislação  é  bem  clara,  o  contrato  de  uma  sociedade  cooperativa é celebrado por pessoas e a adesão é voluntária. No  caso da COOPUS os contratos eram celebrados principalmente  entre  pessoas  jurídicas  sem  a  participação  do  “cooperado”  (beneficiário), sem a característica de adesão voluntária.  (...)  310. Consoante a jurisprudência do STJ – Superior Tribunal de  Justiça  os  atos  praticados  pela  cooperativa  com  terceiros  são  considerados atos não cooperados, (...).  (...)  VII – DAS ASSEMBLÉIAS DA COOPUS   312.  Conforme  já  explanado  anteriormente,  o  contribuinte  informou  que  no  que  tange  a  comunicação  das  datas  das  Assembléias, conforme dispõe o artigo 16, parágrafo único, item  4,  do  Estatuto  da  Contribuinte,  as  datas  das  Assembléias  correriam por meio de publicação do Edital de Convocação em  jornal  de  grande  circulação,  bem  como  afixação  nas  dependências da Cooperativa.  Fl. 46336DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.337          88 313. E que a participação dos Cooperados não era obrigatória e  que  (sic)  “Talvez  alguns  cooperados  deixem  de  comparecer  a  todas  as  Assembléias  em  razão  da  gestão  bem  avaliada  e  sem  litígios  não  havendo  grandes  assuntos  que  mobilizem  a  participação dos Cooperados”.  314.  Bem,  após  análise minuciosa  das  últimas  Assembléias  e  dos demais documentos e elementos é que pudemos entender o  real  motivo  do  baixíssimo  quórum:  quase  a  totalidade  dos  votantes eram pessoas diretamente  ligadas ao Sr. Arlei, o que  permitia ao mesmo  ter o controle absoluto das Assembléias e,  por conseguinte, da administração da COOPUS.  (...)  319. Também,  além do número  irrisório  de  “cooperados” nas  Assembléias,  verificamos  que  são  praticamente  as  mesmas  pessoas que compareciam nas Assembléias desde 2010.  (...)  317. Qual seria o motivo de se manter apenas a publicação em  jornais  se  sabidamente  ela  não  conseguia  trazer  mais  cooperados para as Assembléias? Só compareciam em média 20  pessoas por Assembléia apesar de serem 20.000 cooperados.  318.  Já  havíamos  verificado  inicialmente  que  a  tomada  de  decisões  centralizada  em  um  pequeno  grupo  de  pessoas  (incluindo os Diretores e Conselheiros) nas Assembléias de 2011  (21 pessoas) e 2012 (20 pessoas) que representam apenas 0,1%  do número total de cooperados (20.000) era algo incompatível.  319.  Também,  além  do  número  irrisório  de  “cooperados”  nas  Assembléias,  verificamos  que  são  praticamente  as  mesmas  pessoas que compareciam nas Assembléias desde 2010.  320. Para uma melhor visualização elaboramos o demonstrativo  a seguir:  Quadro Completo de Comparecimento das Assembléias  Nome  2010  2011  2012  2013  Andréa Holanda Ferreira  X  X  X  X  Arlei Antonio  X  X  X  X  Antonio Saroa Neto  X  X  X  X  Carlos Alberto Moinha Gagliardi  X  X  X  X  Cícero Luiz da Silva  X  X  X  X  Cristiane de Nóbile Cristóvão  X  X  X  X  Elizabeth C. Hardman  X  X  X  X  Geraldo Marcos dos Santos  X  X  X  X  Gizele de Cássia Porto  X  X  X  X  Guerino Antonio  X  N/C  N/C  N/C  Gustavo Normanha Biagi Camargo  X  X N/C  N/C  Gustavo Polli Antonio  X  X  X  X  Lucineide M. da Silva de Moraes  X  X  X  X  Maria de Lourdes Belozo  X  X  X  X  Fl. 46337DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.338          89 Maria do Carmo dos Santos  X  X  X  N/C  Nirma Salvussi Barbieri  X  X  X  X    Paulo José de Oliveira      X    X    X    X    Rosely Aparecida Moreira    X  X  X  X    Tânia Mara Machado Antonio  X  X  X  N/C  Vanderlei Aparecido Pereira  X  X  X  X    Vânia Aparecida Mira dos Santos  X  X  X  X  Viviane Cristina de Camargo  X  X  X  X  Gisele Fernanda Cunha  N/C  N/C  N/C  X    321.  Não  é  demais  dizer  que,  dentro  desse  grupo,  estavam  presentes  em  todas  as Assembléias  o Sr. Arlei Antonio,  a Sra.  Elizabeth e o Sr. Gustavo Polli Antonio, pessoas cujas empresas  em que são sócios receberam recursos da CONEMP e da BEAR  que foram provenientes da COOPUS.  322.  Também  compareceu  nas  Assembléias  de  2010,  2011  e  2012 como “cooperada” e votante a Sra. Tânia Mara Machado  Antonio advogada e  representante  legal da CONEMP, BEAR,  HARDMAN, AGS e FAMIL, todas as empresas que receberam  recursos proveniente da COOPUS.  323. E também comparecia o Sr. Vanderlei, que auferiu alguns  recursos  dessas  empresas  e  era  sócio  da  SODON  juntamente  com o Sr. Arlei.  324. Quando  fomos  verificar  quem  eram  os  “cooperados”  que  compareciam  nas  Assembléias  de  2010,  2011,  2012  e  2013  aí  começamos  a  compreender  o  real  motivo  do  baixo  quórum  o  porquê  da  administração  da  COOPUS  jamais  se  esforçar  em  aumentar o número de “cooperados” das Assembléias.  325. A intenção sim era o controle absoluto do quórum.  326.  Quase  a  totalidade  das  pessoas  que  compareceram  nas  Assembléias  eram  na  verdade  funcionários  de  uma  única  empresa: CONEMP.  327.  Para  uma  melhor  visualização  também  elaboramos  o  quadro  a  seguir  baseado  nas  informações  prestadas  à  RFB  através das DIRF:  Quadro Completo dos Participantes das Assembléias  NOME  CARGO/EMPRESA  Andréa Holanda Ferreira  CONEMP  Arlei Antonio  DIRETOR SUPERINTENDENTE COOPUS  Antonio Saroa Neto  CONEMP  Carlos Alberto Moinha Gagliardi  CONSELHEIRO Sócio da Empresa AMAC CORRETORA  DE PLANOS DE SAÚDE LTDA Empresa em que o Sr.  Arlei também é sócio  Cícero Luiz da Silva  CONEMP  Cristiane de Nóbile Cristóvão  CONEMP  Fl. 46338DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.339          90 Elizabeth C. Hardman  Sócia das empresas sócias da BEAR e da CONEMP  Geraldo Marcos dos Santos  CONEMP  Gizele de Cássia Porto  Funcionária da CMI ­ CENTRO MEDICO  INDEPENDENTE Empresa em que o Sr. Arlei também é  sócio  Guerino Antonio  CONEMP  istavo Normanha Biagi Camargo  CONEMP  Gustavo Polli Antonio  Sócio das empresas sócias da BEAR edaCONEMP  ucineide M. da Silva de Moraes  Funcionária da CMI ­ CENTRO MEDICO  INDEPENDENTE Empresa em que o Sr. Arlei também é  sócio  Maria de Lourdes Belozo  CONEMP  Maria do Carmo dos Santos  CONEMP  Nirma Salvussi Barbieri  CONEMP  Paulo José de Oliveira  Foi sócio da COOPUS de Itapira  Rosely Aparecida Moreira  CONEMP  Tânia Mara Machado Antonio  Procuradora da CONEMP, BEAR, AGS, HARDMAN e  FAMIL  Vanderlei Aparecido Pereira  DIRETOR PRESIDENTE Sócio da SODON SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS SOC.SIMPLES LTDA ­Empresa em  que o Sr. Arlei também é sócio  ânia Aparecida Mira dos Santos  CONEMP  Viviane Cristina de Camargo  CONEMP  Gisele Fernanda Cunha  CONEMP    328.  Portanto,  do  quórum  de  20/21  pessoas,  quatorze  eram  funcionários da CONEMP, dois  funcionários de empresas em  que o Sr Arlei é sócio, somados com o próprio, a Sra. Elizabeth  e  o  Sr.  Gustavo  Polli  Antonio,  a  Sra.  Tânia  Mara  Machado  Antonio, o Sr. Vanderlei Aparecido Pereira (sócio do Sr. Arlei  na  SODON) e  o  Sr. Carlos Alberto M. Gagliardi  (sócio  do Sr.  Arlei  na  AMAC),  teríamos  um  quórum  de  95%  dos  presentes  para  a  APROVAÇÃO  DAS  CONTAS  DOS  EXERCÍCIOS  sem  nenhum questionamento.  329.  Neste  ponto  é  mister  esclarecer  que  o  Conselheiro  Paulo  José de Oliveira foi sócio da COOPUS de Itapira.  330. Portanto, dos 100% dos votantes ­ toda Diretoria Executiva  e  quase  todo  o  Conselho  Fiscal  –  mais  de  95%  são  pessoas  ligadas diretamente ao Sr. Arlei.  331.  Em  verdade  verificamos  que  os  “cooperados”  que  foram  eleitos para o Conselho Fiscal, que tem atribuições precípua de  FISCALIZAR  as  atividades  da  COOPUS,  eram  todos  funcionários da CONEMP.  332.  Sem  sombra  de  dúvida  verifica­se  que  o  Sr. Arlei  tem  o  controle  absoluto  da  administração  da  COOPUS:  é  Diretor  Superintendente  vitalício  desde  a  fundação  da  COOPUS,  os  membros  da  Diretoria  Executiva  são  sócios  do  Sr.  Arlei  em  outras empresas, o Conselho Fiscal é formado exclusivamente  por seus funcionários da CONEMP e somente pessoas ligadas  a ele (Sr. Arlei) votaram nas Assembléias de 2010, 2011, 2012 e  2013, aprovando todos os tópicos sempre por unanimidade.  Fl. 46339DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.340          91 333. A CONEMP (do Sr. Arlei e outros) gerencia a COOPUS na  qual o mesmo é Diretor Superintendente, a Diretoria Executiva é  composta  pelo  Sr.  Arlei  e  seus  sócios  em  outras  empresas  e  a  aprovação  das  contas  é  efetuada  exclusivamente  por  pessoas  diretamente ligadas ao Sr. Arlei.  334. A CONEMP que tem a responsabilidade de administrar a  COOPUS  é  a  mesma  entidade  responsável  pela  sua  própria  fiscalização.  335.  E  qual  seria  motivo  de  se  querer  ter  sempre  o  quórum  absoluto  das  Assembléias  para  a  aprovação  das  contas  sem  questionamentos,  senão  a  ocultação  dos  valores  transferidos  para a CONEMP e a BEAR e posteriormente para as demais  empresas e depois para as pessoas físicas.  336.  É  toda  uma  obra  de  engenharia  societária  através  da  utilização  de  empresas  de  participação  que  se  declaram  inativas,  visando  utilizar­se  indevidamente  da  isenção  de  tributos no exercício irregular cooperativismo e a sua posterior  ocultação dos Lucros originados da prestação de serviços para  a COOPUS.  (...)  Por  fim,  a  questão  do  desvirtuamento  da  atividade  da  Cooperativa  já  foi  enfrentada  ­  muito  bem  ­  pela  decisão  recorrida,  cuja  fundamentação  do  voto  condutor  transcrevo, no que pertinente, in verbis:  (...)  Do desvirtuamento das atividades da cooperativa.   A  questão  inicial  a  ser  decidida  neste  voto  diz  respeito  à  acusação, feita pelo agente fiscal, no sentido de que a COOPUS  não  atendia  a  pré­requisitos  para  o  pleno  exercício  do  cooperativismo.  De  sua  parte,  o  impugnante  rechaça  tal  argumento  afirmando  que  exerce  suas  atividades  de  forma  regular,  conforme  os  preceitos que regulam as sociedades cooperativas.   (...)  O  contribuinte  se  qualifica  como  “cooperativa  de  usuários  de  serviço de saúde”, tendo como atividade “o credenciamento e a  contratação de pessoas e entidades prestadoras de  serviços na  área da saúde para atendimento das necessidades do grupo de  cooperados  associados,  em  melhores  condições  e  pelo  menor  custo possível”.  Entretanto  o  que  se  verifica  é  que  a  entidade,  apesar  de  apresentar  requisitos  formais  inerentes  às  cooperativas,  efetivamente não atua como tal. Explica­se.   Fl. 46340DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.341          92 Em  primeiro  lugar,  em  função  da  natureza  dos  serviços  prestados  aos  beneficiários  associados,  qual  seja  de  oferta  de  plano  de  saúde,  serviços  esses  oferecidos  nos  mesmos  moldes  das  demais  operadoras  desses  planos,  fato  que  demonstra  a  característica meramente comercial desenvolvida.  O  agente  fiscal  comprova,  com  elementos  coletados  durante  a  fiscalização,  que  a  imensa maioria  dos  contratos  de  planos  de  saúde  firmados  com  os  ditos  cooperados,  são  dos  tipos  “coletivo”  ou  “empresarial”,  por  adesão,  ou  seja,  ofertados  para  grupo  de  funcionários  de  pessoas  jurídicas  (as  cláusulas  dos  contratos  são  dirigidas  para  a  empresa  contratante).  Tal  fato,  por  si  só  já  indica  que  a COOPUS  atua  como  uma mera  empresa operadora de planos de saúde, igualmente a outras que  existem no mercado.  Reforça  essa  constatação  a  necessidade  da  existência  de  um  serviço  de  “captação  de  novos  cooperados”,  praticado  pela  empresa BEAR CAPTAÇÕES.  A atividade de “captação de novos cooperados“, que na prática  visa angariar mais adeptos para os planos de saúde, se mostra  incompatível  com  a  essência  do  cooperativismo,  a  qual  contempla  que  a  agregação  de  pessoas  deve  ser  de  forma  voluntária  e  deliberada  visando  o  atendimento  dos  objetivos  comuns a todos os membros da cooperativa.  Conforme apurado no curso da auditoria fiscal, o procedimento  de  “captação  de  novos  cooperados”  se  constituía  em  uma  atividade empresarial,  terceirizada de  forma disfarçada, que se  destinava  a  angariar  (no mercado)  potenciais  clientes  para  os  planos de saúde oferecidos.  Ademais,  mostra­se  incompatível  com  o  exercício  do  cooperativismo  a  não  subscrição  das  quotas­parte  quando  do  ingresso  dos  cooperados  (beneficiários  dos  planos  de  saúde),  nem  tampouco  a  sua  baixa  quando  da  sua  saída,  fato  que  demonstra  que  não  havia  o  mínimo  controle  sobre  o  quadro  social da entidade.  Outra  constatação  que  vai  de  encontro  à  legislação  das  cooperativas  é  o  fato  de  que  os  contratos  firmados,  apesar  de  citarem que a entidade contratada se constitui em uma sociedade  cooperativa,  não  esclarecem  ao  pretendente  ao  benefício,  que  este estaria  ingressando como “sócio” da entidade, sujeitando­ se  aos  direitos  e  deveres  decorrentes  do  exercício  do  cooperativismo.  Da  mesma  forma,  os  contratos  pactuados  contemplam  prazo  mínimo para a participação do beneficiário no plano de saúde,  dispositivo  incompatível  com  a  legislação  do  cooperativismo,  visto que é garantido ao cooperado sair a qualquer momento da  cooperativa, se assim desejar (art. 32, da Lei nº 5.764/1971).  Outro  desrespeito  à  Lei  5.764/1971  é  o  fato  de  os  planos  de  saúde pactuados não exigirem que as despesas com os serviços  Fl. 46341DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.342          93 sejam  rateadas  proporcionalmente  à  fruição  dos  serviços  prestados,  conforme disposto no art.  80 daquele diploma  legal.  Pelo  contrário,  os  planos de  saúde  ofertados  registram apenas  que  o  beneficiário  (cooperado)  contribua  com  a  prestação  mensal  fixada  no  contrato,  independentemente  do  valor  de  serviço que venha a demandar.  (...)  O  agente  fiscal  atesta  que  vários  livros  obrigatórios  para  a  existência  das  sociedades  cooperativas,  conforme  dispõe  o  art.  22  da  Lei  nº  5.764/1971,  não  foram  apresentados  pelo  contribuinte,  situação  que  também  indica  que  a  sociedade  não  atendia a requisitos mínimos de controle de suas atividades.  É  difícil  de  acatar  a  justificativa  defendida  na  impugnação  no  sentido de que a COOPUS se constituiria em uma “cooperativa  de pessoas”; se aceita como válida a tese esboçada, não haveria  sentido  a  existência  de  empresas  comerciais  prestadoras  de  serviços  ofertados  de  maneira  coletiva  (como  empresas  telefônicas,  academias  de  ginástica,  provedores  de  acesso  à  INTERNET, dentre outras). Nesse passo, bastaria para tanto que  fossem  criadas  “cooperativas”  visando  “reunir”  os  clientes  (interessados),  desvirtuando­se  assim  a  característica  essencialmente empresarial desempenhada por tais companhias,  que  atuam  em  atividades  essencialmente  voltadas  para  o  mercado, sempre visando o lucro.  Pelo que foi apurado durante a fiscalização, a COOPUS, apesar  de indiscutivelmente deter a personalidade jurídica de sociedade  cooperativa, não cumpre os requisitos necessários para o pleno  exercício do cooperativismo.  Reunindo todas as evidências aqui coletadas, é possível concluir  que  o  agente  fiscal  agiu  corretamente  ao  asseverar  que  o  contribuinte  não  atuava  como  “sociedade  cooperativa”,  visto  que,  apesar  da  COOPUS  ser  constituída  sob  a  forma  de  cooperativa  e  atender  a  certas  formalidades  próprias  dessas  entidades,  na  prática,  exerce  atividade  equivalente  à  de  uma  empresa prestadora de  serviços,  na qualidade de operadora de  planos de saúde.  (...)  Da  relação  da  COOPUS  com  as  demais  empresas  a  ela  vinculadas  O agente fiscal assevera em seu relatório que existe um esquema  de  sonegação  fiscal,  montado  com  a  utilização  de  várias  empresas agregadas à COOPUS visando desta escoar lucros de  forma indevida.   Já o impugnante combate tal argumento alegando a total lisura  nas operações realizadas entre as empresas.   Fl. 46342DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.343          94 A  solução  desta  questão  passa  pela  análise  da  estrutura  societária, bem como as inter­relações entre as empresas citadas  no procedimento fiscal, o que é feito a seguir.  Compulsando­se o relatório  fiscal em suas  fls. 44091/44110, as  quais contemplam os elementos  colhidos durante o  trabalho de  auditoria,  percebe­se  a  existência  de  um  complexo  sistema  de  encadeamento societário (resumido no diagrama da fl. 44091 –  já  reproduzido  nesta  decisão),  envolvendo  diretamente  as  empresas  CONEMP  e  BEAR  que  prestam  serviço  para  a  COOPUS,  bem  como  as  demais  empresas  que  compõem  seus  quadros societários (FAMIL, AGS E HARDMAN).  Daquele  relato  é possível  sintetizar alguns  fatos  relevantes que  apontam claramente para a existência de uma grande simulação  visando encobrir a verdadeira natureza dos negócios praticados  pela COOPUS. Senão vejamos:  A COOPUS foi criada em 05/02/1993 e desde este momento  já  contratou  a  empresa CONEMP  (fundada  em  07/12/1992)  para  realizar  a  gestão  administrativa  de  seus  negócios,  ou  seja,  a  COOPUS  já  teria  “nascido”  sob  o  controle  gerencial  da  CONEMP,  uma  empresa  recém  fundada  e  sem  experiência  no  mercado. Cabe registrar que a COOPUS foi criada tendo como  sede o mesmo endereço onde já funcionava a CONEMP.  As  empresas CONEMP e BEAR  (que  atualmente  funcionam no  mesmo  endereço)  prestam  serviço  exclusivamente  para  a  COOPUS,  sendo  que  essas  empresas  têm  como  sócios  outras  pessoas  jurídicas  que  atualmente  são  estabelecidas  no  mesmo  endereço  onde  antes  havia  sido  instalada  a  COOPUS  (rua  Rafael  Sampaio,  198,  Guanabara,  Campinas  ­SP),  e  onde  atualmente  funcionam  a  FAMIL,  a  AGS  e  a  HARDMAN  (fls  44.014/44015).  A coincidência quanto ao domicílio das empresas envolvidas no  esquema  descoberto  no  procedimento  de  auditoria  fiscal  apresenta  indiscutível  indício  da  existência  da  combinação  de  negócios relatada pelo agente tributário.  Já  o  elemento  que  confirma  a  tese  da  simulação  perpetrada  envolvendo a participação das diversas empresas, reside no fato  de  que  todas  as  sociedades  interligadas  à  COOPUS  são  administradas  pelo  Sr  Arlei  Antonio  ou  pela  Sra.  Elizabeth  Cristóvão  Hardman,  que  são  membros  da  COOPUS,  cabendo  ressaltar aqui que o Sr Arlei Antonio é o diretor superintendente  da  cooperativa  desde  a  sua  fundação,  e  que  a  CONEMP  foi  originalmente  fundada  pelo  Sr  Arlei  Antonio  e  pela  Sra.  Elizabeth Cristovão Hardman.  Não  há  como  justificar  a  existência  de  independência  entre  as  pessoas  jurídicas  envolvidas  no  esquema  revelado  pela  autoridade fiscal. Os fatos por si só revelam­se suficientes para  caracterizar  que  as  empresas  foram  criadas  de  forma  a  dar  a  aparência  de  validade  para  os  negócios  da  cooperativa,  bem  Fl. 46343DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.344          95 como  para  evitar  o  oferecimento  à  tributação  das  receitas  obtidas com a venda dos planos de saúde.   Cabe  registrar  que  as  empresas  FAMIL,  AGS  e  HARDMAN  (proprietárias  das  empresas  que  recebem  os  recursos  da  COOPUS) declaram­se inativas para a Receita Federal, apesar  de  terem  recebido  quantias  vultosa  a  título  de  dividendos  nos  períodos fiscalizados.   Outro fato que merece atenção diz respeito ao “monopólio” com  relação aos membros presentes às assembléias promovidas pela  COOPUS,  relatado  na  informação  fiscal.  Registra  o  autuante  que,  em  média,  apenas  vinte  pessoas  participavam  das  assembleias da COOPUS, apesar da entidade contar com cerca  de  vinte mil  cooperados,  e mais,  que  eram  as mesmas  pessoas  que sempre se faziam presentes (fls. 44127/44128).  A  ocorrência,  em  princípio,  não  teria  tanta  relevância  para  a  questão  aqui  abordada,  entretanto  não  há  como  deixar  de  destacar  que  todas  as  pessoas  (cooperados)  regularmente  presentes às assembleias são ligadas direta ou indiretamente ao  Sr.  Arlei  Antonio.  O  quadro  de  fls.  44129/44130,  aqui  reproduzido, demonstra essa coincidência.  Como se vê, não há dúvidas de que sempre as mesmas pessoas  participavam  das  decisões  de  interesse  da  COOPUS,  fato  que  atesta  o  monopólio  dos  negócios  da  entidade  por  um  número  reduzido de seus membros, ferindo a essência do cooperativismo  o qual prima pela participação democrática dos cooperados nas  decisões  da  sociedade.  O  fato  também  confirma  que  os  cooperados  adquirentes  dos  planos  de  saúde,  na  verdade  não  tinham conhecimento de que seriam sócios da COOPUS.  Por  tudo  o  que  foi  dito,  fica  caracterizada  a  existência  de  um  engenhoso  esquema  envolvendo  a  participação  de  empresas,  entre  si  interligadas,  e  geridas  pelos  administradores  da  COOPUS, o qual tinha por objetivo final evitar o pagamento de  tributos.  (...)  Como visto, além de tudo, no caso, houve violação do disposto no art. 182 do  RIR/99.   Vantagens  indevidas  foram  auferidas  indiretamente  pelos  dirigentes  da  COOPUS  através  de  um  complexo  sistema  societário  com  a  utilização  de  empresas  terceirizadas pertencentes aos próprios dirigentes da Cooperativa.  Portanto, a COOPUS, à luz da legislação tributária, não tem benefício fiscal;  não  faz  jus  a  tratamento  tributário  favorecido;  está  sujeita  à  tributação normal:  IRPJ, CSLL,  PIS e Cofins, assim como qualquer outra pessoa jurídica de direito privado.  Por  tudo  que  foi  exposto,  rejeito  a  preliminar  de  nulidade  suscitada,  pela  inexistência vício no lançamento fiscal que pudesse gerar cerceamento do direito de defesa e  macular de nulidade os autos de infração.  Fl. 46344DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.345          96 3 ­ Desconsideração de personalidade jurídica e grupo econômico:  Diversamente  do  alegado  pela  recorrente,  não  houve  desconsideração  da  pessoa jurídica (CC, art. 50) e também não houve imputação de Grupo Econômico.  Conforme já dito alhures, os fatos imputados estão narrados, de forma clara,  objetiva  e  suficiente,  bem como a  capitulação  legal,  o que permitiu  ao  sujeito passivo  e  aos  responsáveis solidários o pleno entendimento e compreensão da acusação fiscal, não restando  comprovado o alegado prejuízo à defesa.  Nesse sentido, também precedentes do CARF, in verbis:  NULIDADE.  IMPROCEDÊNCIA.  Tendo  sido  o  lançamento  efetuado com observância dos pressupostos legais e não havendo  prova  de  violação  das  disposições  contidas  no  artigo  142  do  CTN e artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que  se  falar  em  nulidade  do  lançamento  em  questão.  (Acórdão  nº  1402­002.522  ­  4ª  Câmara/2ª  Turma  Ordinária,  sessão  de  17/05/2017, Paulo Mateus Ciccone ­ Relator).  ASSUNTO:  NORMAS  DE  ADMINISTRAÇÃO  TRIBUTÁRIA  Ano­calendário:2006  NULIDADE  DO  AUTO  DE  INFRAÇÃO.  REQUISITOS ESSENCIAIS. Tendo sido regularmente oferecida  a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto  de infração, e não provada violação das disposições previstas na  legislação  de  regência,  restam  insubsistentes  as  alegações  de  nulidade  do  auto  de  infração  e  do  procedimento  Fiscal.  (Acórdão  nº  1401­001.884  ­  4ª  Câmara/1ª  Turma  Ordinária,  sessão  de  18/05/2017,  Antonio  Bezerra  Neto–Presidente  e  Relator).  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÕES  SOCIAIS  PREVIDENCIÁRIAS  Período  de  apuração:  01/01/2009  a  30/09/2012  AUTO  DE  INFRAÇÃO.  FORMALIDADES  LEGAIS.  NULIDADE.  INOCORRÊNCIA. Auto  de  Infração  lavrado  de  acordo  com  os  dispositivos  legais  e  normativos  que  disciplinam  o  assunto,  apresentando  adequada  motivação  jurídica  e  fática,  goza  dos  pressupostos  de  liquidez  e  certeza,  podendo  ser  exigido  nos  termos  da  lei.  (Acórdão  nº  2202­004.663–2ª  Câmara/2ª  Turma  Ordinária,  sessão  de  07/08/2018,  Rosy  Adriane  da  Silva Dias­ Relatora).  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÕES  SOCIAIS  PREVIDENCIÁRIAS  Período  de  apuração:  01/01/2009  a  31/12/2012  NULIDADE.CERCEAMENTO  DE  DEFESA.  FALTA  DE  MOTIVAÇÃO.  INEXISTÊNCIA.  Descabe  a  declaração  de  nulidade,  por  cerceamento  do  direito  de  defesa,  quando  o  relatório fiscal e seus anexos contêm a descrição pormenorizada  dos  fatos  imputados  ao  sujeito  passivo,  indicam os  dispositivos  legais que ampararam o lançamento e expõem de forma clara e  objetiva os elementos que levaram a fiscalização a concluir pela  efetiva ocorrência dos fatos jurídicos desencadeadores do liame  obrigacional.(Acórdão  nº  2401­005.668–4ª  Câmara/1ª  Turma  Ordinária,  sessão  de  07/08/2018,  Cleberson  Alex  Friess  ­  ­ Relator).  Fl. 46345DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.346          97 ASSUNTO:IMPOSTO  SOBRE  PRODUTOS  INDUSTRIALIZADOS  ­  IPI  Período  de  apuração:01/01/2007a30/09/2008  AUTO  DE  INFRAÇÃO.  NULIDADE.  INOCORRÊNCIA.  Rejeita­se  a  preliminar  de  nulidade do auto de  infração que  foi  lavrado  legitimamente em  conformidade com o art.142 do CTN e com o art.10 do Decreto  nº  70.235/72  e  sem  que  tenha  ocorrido  qualquer  situação  especificada  no  art.  59  desse  Decreto.  ACÓRDÃO  RECORRIDO.  NULIDADE  .INEXISTÊNCIA.  Descabida  a  alegação  de  nulidade  de  acórdão  constituído  por  relatório  resumido  do  processo,  dispositivo  e  fundamentação,  com  o  debate  de  todos  os  argumentos  relevantes  apresentados,  sem  qualquer  cerceamento  do  direito  de  defesa  da  contribuinte.  (Acórdão  nº  3402005.560–4ª  Câmara/2ª  Turma  Ordinária,  sessão  de  30/08/2018,  Maria  Aparecida  Martins  de  Paula­ Relatora).  ASSUNTO:  PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  Ano­ calendário:2011  FASE  PROCEDIMENTAL.  AUSÊNCIA  DE  CONTRADITÓRIO  E  AMPLA  DEFESA.  NULIDADE.  INOCORRÊNCIA.  IMPUGNAÇÃO.  INÍCIO  DE  FASE  LITIGIOSA.  Durante  o  procedimento  fiscal,  em  regra,  não  há  que  se  falar  em  direito  à  ampla  defesa  e  ao  contraditório.O  litígio instaura­se com a apresentação de impugnação, momento  a partir do qual deve ser observado o amplo direito à defesa e ao  contraditório.  Ausente  prejuízo  ao  contribuinte,  não  há  que  se  falar em nulidade do lançamento. (Acórdão nº 1301­003.292–3ª  Câmara/1ª  Turma  Ordinária,  sessão  de  15/08/2018,  Fernando  Brasil de Oliveira Pinto ­ Presidente e Relator).  Na  verdade,  houve  por  parte  do  sujeito  passivo,  conforme  descrição  e  narrativa dos fatos na acusação fiscal, violação do art. 182 do RIR/99 (remuneração indireta de  dirigentes da cooperativa) e violação da legislação do cooperativismo (Lei 5764/71, arts. 4º, 22  e 79) pela comercialização de plano de saúde em nome próprio com prestação de serviços de  saúde  por  terceiros  e  para  terceiros  (clientes  adquirentes  do  Plano  de  Saúde  são  meros  consumidores,  ou  seja,  não  são  sócios  cooperados).  Inexistência  de  affectio  societatis  dos  adquirentes/aderentes  do  Plano  de  Saúde  da  Cooperativa,  existência  de  vício  de  vontade  na  adesão com exigência de prazo mínimo de um ano de permanência. A adesão à Cooperativa  deve ser por vontade própria, livre, soberana e sem limite de tempo, que não é o caso.  Vale  dizer,  o  modus  operandi  do  sujeito  passivo,  seus  dirigentes  (grupo  fechado em torno de 20 pessoas e quase uma dezena de empresas de titularidade dos dirigentes  da  sociedade  cooperativa  criadas  para  escoar  os  lucros  da  cooperativa),  nas  duas  últimas  décadas  e  sempre  as  mesmas  pessoas  (sem  alternância  de  poder  na  administração  da  cooperativa ­ nos postos chaves, são os verdadeiros donos), foi burlar o fisco federal, utilizando  indevidamente  o  manto  do  cooperativismo  para  esconder­se  do  fisco,  utilizando  de  prerrogativas da legislação do cooperativismo (benefícios fiscais) que nunca fez jus.  Por tudo que foi exposto, rejeito a preliminar de nulidade pela inexistência de  vício que pudesse macular o lançamento fiscal de nulidade.  IV­  DECISÃO  RECORRIDA.  NULIDADE.  PRELIMINAR  REJEITADA  Fl. 46346DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.347          98 A recorrente argumentou nas razões de defesa, em diversas passagens, que a  decisão  a  quo  não  teria  enfrentado,  em  todos  os  pormenores,  as  questões  suscitadas  na  Impugnação  à  luz  da  legislação  de  regência  e  das  provas  constantes  dos  autos,  implicando  prejuízo à defesa e que, portanto, deveria ser declarada sua nulidade.  Não procede a alegação do sujeito passivo.  A  decisão  recorrida  enfrentou,  de  forma  fundamentada,  as  razões  fundamentais de defesa suscitadas e analisou as provas, sendo suficiente a fundamentação, pois  enfrentou todos os pontos capitais (Acórdão e­fls. 45411/45453).  O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas  partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui  o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada  na decisão recorrida. Assim, não há que se falar em nulidade de decisão que não se pronunciou  sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. Inteligência da  1ª Seção do STJ no julgamento dos EDCL no MS 21.315DF.  Nesse sentido, também precedentes do CARF:  ASSUNTO:IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA­ IRPF  Ano­calendário:2000,2001,2002,2003,2004  DECISÃO  RECORRIDA. NULIDADE. INAPLICABILIDADE. No caso de o  enfrentamento das questões na peça de defesa de notar perfeita  compreensão  da  descrição  dos  fatos  que  ensejaram  o  procedimento e  estando a decisão motivada de  forma explícita,  clara e congruente, não há que se falar em nulidade dos atos em  litígio.(Acórdão  nº  2402­006.599–4ª  Câmara/2ª  Turma  Ordinária,  sessão  de  13/09/2018, Mauricio  Nogueira  Righetti­ Redator).  ASSUNTO:PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL  Ano­ calendário:2011,  2012,  2013  NULIDADE  DA  DECISÃO  DE  PRIMEIRA INSTÂNCIA. NÃO ENFRENTAMENTO DE TODAS  AS  TESES  DE  DEFESA.  MOTIVAÇÃO  SUFICIENTE.INOCORRÊNCIA. O julgador não está obrigado a  responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já  tenha  encontrado  motivo  suficiente  para  proferir  a  decisão.  O  julgador possui o dever de enfrentar apenas as questões capazes  de  infirmar  (enfraquecer)  a  conclusão  adotada  na  decisão  recorrida. Mesmo após a vigência do CPC/2015, não há que se  falar  em  nulidade  de  decisão  que  não  se  pronunciou  sobre  determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão  adotada.  Inteligência  da  1ª  Seção  do  STJ  no  julgamento  dos  EDCL  no  MS  21.315­DF.(Acórdão  nº  1301­003.360–3ª  Câmara/1ª  Turma  Ordinária,  sessão  de  19/09/2018,  Fernando  Brasilde Oliveira Pinto­ Presidente e Relator).  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA  ­  IRPJ  Ano­calendário:  2001,  2002,  2003,  2004,  2005  NULIDADE.  A  mera  discordância  dos  fundamentos  da  decisão recorrida pelo contribuinte não é causa de nulidade, que  apenas ocorre se demonstrada qualquer das hipóteses do artigo  59 do Decreto­lei  n° 70.235/72.  (Acórdão nº 1202­00.076 — 2ª  Fl. 46347DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.348          99 Câmara  ir  Turma  Ordinária,  sessão  de  17/06/2009,  Karem  Jureidini Dias, Relatora).   Por tudo que foi exposto, rejeito a preliminar de nulidade suscitada.  MÉRITO:  A recorrente rebela­se, nas razões de defesa, contra o arbitramento do lucro,  argumentando que:  a) que seria sociedade cooperativa que gozaria de não­incidência tributária;  b) que a Fiscalização aplicou o  regime de apuração do Lucro Arbitrado, de  forma  totalmente  equivocada, pois deveria  ter  aplicado para apuração do  IRPJ  e da CSLL o  lucro real anual e em relação à Contribuição para o PIS e à Cofins o regime cumulativo.  Passo a enfrentar esses pontos controvertidos.  Em  relação  à  incidência  dos  tributos  federais  (IRPJ,  CSLL,  PIS  e  Cofins),  anos­calendário  2010  e  2011,  períodos  objeto  do  lançamento  fiscal,  a  matéria  já  foi  sobejamente enfrentada em sede das preliminares suscitadas.   Ou seja:  As sociedades cooperativas de consumo, que tenham por objeto a compra e o  fornecimento  de  bens  aos  consumidores,  sujeitam­se  às  mesmas  normas  de  incidência  dos  impostos e contribuições de competência da União, aplicáveis às demais pessoas jurídicas (Lei  nº 9.532/97, art. 69).  A  cooperativa  de  consumidores  ou  usuários  de  serviços  de  saúde,  que  comercializa plano de saúde próprio, em nome próprio, cujos serviços de saúde são prestados  por terceiros contratados (rede credenciada ou conveniada), explora atividade econômica com  fins  lucrativos  e  os  adquirentes  ou  aderentes  do  plano  de  saúde  comercializado  pela  cooperativa  são meramente  consumidores  (clientes),  não  configurando  a  condição  de  sócios  cooperados  pela  inocorrência  de  affectio  societatis,  ferindo  a  legislação  de  regência  do  Cooperativismo  e  não  fazendo  jus  a  benefício  fiscal,  conforme  demonstrado  e  comprovado  pelo fisco.   A remuneração indireta dos dirigentes de cooperativa de usuários de serviços  de  saúde,  a  falta  de  alternância  de  poder  na  administração  da  cooperativa  de  usuários  ou  consumidores  de  serviços  de  saúde  (dirigentes,  sempre  os  mesmos,  que  se  perpetuam  indefinidamente  na  administração,  são  os  verdadeiros  donos),  são  distorções  decorrentes  da  falta de controle e de participação dos adquirentes de planos de saúde na administração efetiva  da  cooperativa  de  usuários  de  serviços  de  saúde  (falta  de  affectio  societatis),  conforme  demonstrado e comprovado pelo fisco, implicam inarredável violação do art. 182 do RIR/99 e  a  cooperativa  fica  sujeita  às mesmas  normas  de  incidência  dos  impostos  e  contribuições  de  competência da União, aplicáveis às demais pessoas jurídicas.  Portanto, a COOPUS, à luz da legislação tributária, não tem benefício fiscal;  não  faz  jus  a  tratamento  tributário  favorecido;  está  sujeita  à  tributação normal:  IRPJ, CSLL,  PIS e Cofins, assim como qualquer outra pessoa jurídica de direito privado.  Fl. 46348DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.349          100 Resta,  portanto,  quanto  ao  mérito,  apenas  a  apreciação  do  regime  de  tributação que a Fiscalização aplicou.  LUCRO  ARBITRADO  INCABÍVEL.  ELEMENTOS  DE  PROVA  FORNECIDOS À  FISCALIZAÇÃO  SUFICIENTES  PARA APURAÇÃO DO LUCRO  REAL TRIMESTRAL. IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO FISCAL.  Quanto ao arbitramento do lucro, os reclamos do sujeito passivo, nas razões  do recurso, procedem.  Intimada a contribuinte apresentou:  a)  Livros  Diário  e  Razão  dos  anos­calendário  2010  e  2011  (e­fls.  39/501,  2300/2326, 2365/2593, 4264/4325, 4369/4436 e 4482/4998);  b)  Balancetes  contábeis  mensais  (e­fls.  650/1052,  2594/2633,  4326/4365  e  4437/4476);  c)  Balancetes  de  Suspensão/Redução  mensais  de  apuração  do  IRPJ  e  da  CSLL, anos­calendário 2010 e 2011. Informou adições e exclusões, DRE e ainda, apresentou o  Balancetes Anuais (e­fls. 2212/2224 e 2252/2264);  d) Balancetes Mensais de apuração da Cofins e PIS mensais, anos­calendário  2010 e 2011 (e­fls. 2285/2299 e 2336/2347);   e) Fluxo de Caixa reapresentado (e­fls. 44431/44454/44457).  f)  Balanço  Patrimonial  2010,  2011  e  2012  (e­fls  1821/1826,  2634/2637,  4366/4368 e 4477/4480);  g) Relação de receitas 2010 e 2011 (e­fl. 44421 e 44553).  Entretanto,  a  Fiscalização  da  RFB,  por  fim,  intimou  a  contribuinte  a  apresentar  os  Balancetes  de  apuração  do  IRPJ  e  CSLL,  Lucro  Real  (trimestral),  bem  como  fazer a transcrição deles no Livro Lalur.  A  contribuinte,  em  resposta,  argumentou  que  a  Fiscalização  já  estava  de  posse de todos os dados para fazer apuração trimestral do Lucro Real, e não fez os Balancetes  Trimestrais e, por conseguinte, não transcreveu para o Lalur.  Então,  a  Fiscalização  ­argumentando  que  não  tinha  condições  de  fazer  os  Balancetes  (trimestrais),  imputou  o Arbitramento  do  Lucro,  de  ofício,  para  os  citados  anos­ calendário.  Nesse  sentido, consta do Termo de Ação Fiscal quanto ao Arbitramento do  Lucro de Ofício (e­fls. 3211/), in verbis:  (...)  IX – DO ARBITRAMENTO DO LUCRO   Fl. 46349DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.350          101 338.  Conforme  já  explanado  anteriormente,  o  Superintendente  da COOPUS,  o  Sr Arlei  Antonio,  a  Sra Elizabeth C. Hardman  (cooperada),  o  Sr.  Gustavo  Polli  Antonio  (cooperado)  e  o  Sr.  Vanderlei Aparecido Pereira  (Diretor Presidente da COOPUS)  auferiram  rendimentos  provenientes  da  COOPUS  indiretamente,  através  de  empresas  que  prestavam  serviços  para  a  mesma  em  que  todos  tinham  participação  societária,  exceto o Sr. Vanderlei.  339. Conforme o disposto artigo 182, § 3° do RIR/99 , é vedado  qualquer  espécie  de  benefício  ou  vantagem  em  favor  de  quaisquer associados, violação que impede que uma cooperativa  possa  se beneficiar da  isenção  tributária,  ficando  submetida às  mesmas  normas  de  incidência  do  imposto  aplicáveis  às  demais  pessoas jurídicas.  340.  E  o  regime  geral  de  apuração  é  o  Lucro Real Trimestral  conforme a legislação de regência.  341.  Visando  a  correta  apuração  dos  valores  devidos  de  IRPJ/CSLL/PIS/COFINS, a fiscalizada foi intimada várias vezes  a refazer sua escrita para o Lucro Real Trimestral, apresentando  os  Livros  Diário  e  Razão  devidamente  assinados,  os  balanços  trimestrais  devidamente  assinados,  o  LALUR,  o  DACON  acompanhado  de  demonstrativos  detalhados  de  apuração  do  PIS/COFINS não cumulativos, etc.  342. Até a presente data, não apresentou os livros e documentos  solicitados pela sistemática do Lucro Real, se limitando a dizer  que entende ser isento desses tributos por ser uma cooperativa e  que por isso não irá refazer sua escrita.  343.  Neste  ponto  é  mister  esclarecer  que  a  escrituração  apresentada  é  bastante  simplificada  (feita  para  uma  cooperativa) e contribuinte disponibilizou apenas os balancetes  mensais e não trimestrais.  344. Ademais,  é mister esclarecer que há várias  rubricas extra  contábeis  de  adições,  exclusões  e  valores  com  efeitos  em  exercícios futuros, a serem computados ao lucro líquido.  345.  Com  efeito,  existem  valores  que  devido  a  sua  natureza  fiscal não devem constar da escrituração contábil, ou estão em  valores  diferentes  dessa  escrituração  e  devem  ser  apurados  exclusivamente  em  Livros  ou  registros  contábeis  auxiliares,  mas deverão constar obrigatoriamente no LALUR.  346. Mas mesmo que fosse possível utilizar essa escrituração há  vários requisitos previstos na legislação tributária para que uma  pessoa  jurídica  possa  efetuar  a  sua  tributação pela  sistemática  do Lucro Real.  347.  Para  que  possamos  fazer  um  estudo  técnico  bastante  elucidativo,  trazemos  à  presente,  partes  do  brilhante  voto  do  Conselheiro Francisco Alexandre dos Santos Linhares, proferido  no Acórdão  1102­001.191,  no Processo  10830.720848/2012­81  Fl. 46350DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.351          102 do  CARF  –  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais  do  Ministério da Fazenda.  348. Assim, a seguir  transcrevemos partes do brilhante voto do  Conselheiro  e  grifamos  algumas  explanações  bastante  elucidativas: (...).  349.  Conforme  é  cediço,  mesmo  após  várias  intimações,  o  contribuinte  não  refez  a  sua  escrita,  ou  seja,  não  apresentou  o  Livro  Diário  e  o  Livro  Razão  pela  sistemática  do  Lucro  Real  trimestral,  também não apresentou  balanços  trimestrais  e  nem,  tampouco,  apresentou  o  LALUR  dos  anos­calendário  2010  e  2011.  350.  Portanto,  conforme  muito  bem  explanado  pelo  ilustre  Conselheiro do CARF, há três requisitos imprescindíveis para a  apuração pela sistemática do Lucro Real :  i.  existência  de  regular  escrituração  contábil,  em  livros  revestidos de formalidades legais que permitam a verificação  pela autoridade tributária;  ii.  a  elaboração  de  demonstrações  financeiras  (balanços  ou  balancetes)  com  a  apuração  dos  resultados  contábeis  em  período coincidente com o período de apuração adotado para  a apuração do IRPJ;  iii. a demonstração do Lucro Real, mediante escrituração de  todos os ajustes extra contábeis no livro próprio denominado  LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real).  351.  Quanto  ao  item  “i.”,  os  livros  Diários  (2010/2011)  apresentados a esta fiscalização não foram registrados na Junta  Comercial e não houve a transcrição do balanço trimestral nos  mesmos,  nem  tampouco,  apresentou  a  Escrituração  Contábil  Digital através do SPED.  352.  Quanto  ao  item  “ii.  ”,  não  houve  a  apresentação  dos  balanços trimestrais de 2010/2011.  353.  Quanto  ao  item  “iii.  ”,  não  houve  a  apresentação  do  LALUR de 2010 e 2011, que deveria conter a demonstração do  lucro real e os ajustes extra contábeis.  354.  Portanto,  esses  vícios  insanáveis,  quais  sejam,  a  escrituração apresentada sem as devidas formalidades legais, a  falta de apresentação de balanços trimestrais e ausência de seu  respectivo registro no Diário ou no LALUR, bem como, a  falta  de apresentação do LALUR, impedem a apuração do Lucro Real  Trimestral como exige a legislação tributária.  355. Assim,  portanto,  não  sendo possível  a  apuração do Lucro  Real  Trimestral  em  vista  dos  vícios  insanáveis,  torna­se  imperativo  o  arbitramento  do  lucro,  com  a  consequente  apuração do PIS/COFINS no sistema cumulativo tendo em vista  art. 10, inciso II da Lei nº 10.833/2003 (Lucro Arbitrado).  Fl. 46351DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.352          103 356.  Para  um  melhor  esclarecimento,  transcrevemos  abaixo  o  artigo 530 do RIR/99:(...).  357.  Portanto,  ao  apresentar  o  Livro  Diário  sem  o  devido  registro na Junta Comercial (e sem a transcrição do balanço), a  falta de apresentação do LALUR, e a falta de apresentação das  demonstrações  financeiras  –  balanço  trimestral  –  se  amoldam  perfeitamente  nos  incisos  I  e  VIII  (LALUR)  do  artigo  530  do  RIR/99.  358.  O  lançamento  far­se­á  de  acordo  com  o  artigo  532  do  RIR/99, sendo o lucro arbitrado tomando­se por base os valores  apostos no demonstrativo do item “46­“: (...)  359. Conforme o disposto no artigo 518 e 519 do RIR/99 (art. 15  e  16  da  Lei  9.249/95),  o  percentual  a  ser  aplicada  sobre  a  receita  bruta  conhecida  para  a  apuração  do  Lucro  Arbitrado  será de 38,4% (32% acrescidos de 20%),  tendo em vista tratar­ se de atividade de prestação de serviços em geral.  X – DOS MONTANTES TRIBUTÁVEIS   360.  Para  o  cálculo  dos  valores  devidos,  serão  utilizados  os  saldos mensais dos balancetes apresentados pelo contribuinte no  curso  desta  fiscalização,  sintetizados  nos  balancetes  de  2010  e  2011:  •  Classificação  3  –  Descrição  ­  RECEITAS  – CONTRAPRESTAÇÕES  EFETIVAS  DE  PLANOS  ­  contas  contábeis de níveis 31111, 31211, 32111, 33114, 34118 e 34211.  361. Os valores do presente lançamento serão apurados através  da  sistemática  pelo  Lucro  Arbitrado,  de  acordo  com  os  demonstrativos  de  apuração  do  IRPJ/CSLL/PIS/COFINS,  a  seguir discriminados:  R$  Receita Bruta  ­Balancetes  Mensais (R$)  IRPJ  ­ Coeficiente  arbitramento  38,4%  ­ Alíquota 15%  +  10%  adicional  (R$)  CSLL  ­ Coeficiente  arbitramento  32%  ­ Alíquota 9%  (R$)  COFINS  cumulativo  alíquota 3%  (R$)  PIS  cumulativo  alíquota  0,65%  (R$)  jan/10  2.374.606,13   71.238,18   15.434,94  fev/10  1.724.365,58  51.730,97   11.208,38  mar/10  1.735.687,38  554.127,27   168.038,18  52.070,62  11.281,97  abr/10  1.785.357,38  53.560,72  11.604,82  mai/10  1.849.300,93  55.479,03  12.020,46  jun/10  1.776.101,32  513.432,92   155.829,88  53.283,04  11.544,66  Fl. 46352DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.353          104 jul/10  2.043.386,80  61.301,60  13.282,01  ago/10  1.922.377,56  57.671,33  12.495,45  set/10  1.864.295,76  53.685,77  167.905,73  55.928,87  12.117,92  out/10  1.601.715,69  48.051,47  10.411,15  nov/10  1.684.861,67  50.545,85  10.951,60  dez/10  1.650.266,07  467.936,97  142.181,09  49.507,98  10.726,73      22.012.322,27    R$ 2.089.182,94    R$ 633.954,88    R$ 660.369,67    R$ 143.080,09          R$  Receita Bruta  ­Balancetes  Mensais (R$)  IRPJ  ­ Coeficiente  arbitramento  38,4%  ­ Alíquota 15%  +  10%adicional  (R$)  CSLL  ­ Coeficiente  arbitrament o  32%  ­ Alíquota 9%  (R$)  COFINS  cumulativo  alíquota 3%  (R$)  PIS  cumulativo  alíquota  0,65% (R$)  jan/11  1.616.487,60  $ 48.494,63  10.507,17  fev/11  1.664.806,79  $ 49.944,20  10.821,24  mar/11  1.648.612,37   467.271,05   141.981,31  $ 49.458,37  10.715,98  abr/11  1.835.418,44  55.062,55  11.930,22  mai/11  1.678.416,59  50.352,50  10.909,71  jun/11  1.693.855,45  493.938,29  149.981,49  50.815,66  11.010,06  jul/11  1.337.675,07  40.130,25  8.694,89  ago/11  1.697.561,45  50.926,84   11.034,15  set/11  1.693.428,57  447.951,85  136.185,55  50.802,86  11.007,29  out/11  1.681.757,29  50.452,72  10.931,42  nov/11  1.688.446,87  50.653,41   10.974,90  dez/11  1.710.298,25  481.728,23  146.318,47  51.308,95  11.116,94      19.946.764,74     1.890.889,42     574.466,82     598.402,94    129.653,97  Fl. 46353DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.354          105 Obs: Nesses valores, em ambos os anos­calendário, não estão computados a multa de ofício  de 150% e os juros de mora.  (...)  Data  venia,  as  razões  da  Fiscalização  para  o  Arbitramento  do  Lucro  não  merecem prosperar.  No caso, conforme Balancetes Mensais a  fiscalizada ­ cumprindo  intimação  fiscal (e­fls. 2282/2284) ­ apurou IRPJ, CSLL, PIS (regime não cumulativo) e Cofins (regime  não cumulativo), entregando os Balancetes à Fiscalização (e­fls. 2285/2299).  A  Fiscalização  tinha,  possuía,  condições  plenas,  elementos  suficientes,  de  apurar o lucro real trimestral com base nos livros e documentos apresentados pela contribuinte  durante o procedimento de fiscalização.  Houve precipitação da Fiscalização na adoção do Lucro Arbitrado.  Ora, se a escrituração contábil, os Balancetes Mensais de Suspensão/redução,  lucro  real anual,  serviram para o Fisco extrair a Receita Bruta Tributável, pelo não qual não  serviram para apuração do Lucro Real Trimestral? Nos Balancetes Mensais constam os valores  das despesas, das adições e das exclusões.  Quando  o  Fisco  aproveita  a  receita  bruta  a  partir  da  escrituração  contábil,  balancetes mensais e anual,  também deveria aproveitar as despesas, desde que demonstradas,  comprovadas  pelo  sujeito  passivo;  deveria  ter  intimado,  especificamente,  para  comprovação  das despesas que poderia ter dúvida. Mas não! Simplesmente procedeu a mudança do regime  de tributação, aplicando o regime de apuração, de ofício, mais gravoso.  O sujeito passivo, de forma veemente, levanta­se contra o Lucro Arbitrado e  com razão.  A propósito, transcrevo as razões da defesa do sujeito passivo, que resumem,  de  forma  veemente,  a  irresignação,  pugnando  pela  inaplicabilidade,  no  caso,  do  Lucro  Arbitrado, in verbis:  (...)  6. ARBITRAMENTO COMO MEDIDA EXTREMA: CONTABILIDADE  DA COOPERATIVA PERMITE APURAÇÃO DO LUCRO REAL  (...)  Com efeito, sendo certo que a regra geral para a tributação do  lucro  pelo  IRPJ  e  CSLL,  aberta  a  qualquer  pessoa  jurídica  independente  de  porte  econômico  ou  atividade,  é  a  sistemática  conhecida como Lucro Real que  tem sua apuração partindo do  resultado apurado na contabilidade, não poderia a  fiscalização  desprezar o conteúdo da escrituração contábil sem trazer prova  cabal da sua imprestabilidade. Lamentavelmente, não  foi o que  fez o Fisco!  Compulsando  as  primeiras  mil  páginas  do  processo  disponibilizado  em  arquivos  digitais  (as  40.000  seguintes  são  Fl. 46354DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.355          106 desprezíveis), encontra­se cópia do Livro Diário da Impugnante  dos anos de 2010 e 2011 (pág. 39/163). Nas páginas seguintes,  foram  acostados  pelo  próprio  Agente  do  Fisco  as  cópias  do  Livro  Razão  (pág.  164/501)  contendo  o  registro  de  todas  as  operações de todo o período fiscalizado.  Para  que  não  se  tenha  dúvida,  reiterando  o  pedido  da  fiscalização  esses  mesmos  documentos  (Livro  Diário,  Livro  Razão e Balancetes dos anos de 2010 e 2011) foram novamente  apresentados e juntados aos autos (pag. 4.260 até pág. 4.993) de  forma  repetida,  contendo  a  regular  escrituração  contábil  da  Cooperativa  que,  como  é  do  conhecimento  geral,  além  de  ser  submetida  à Auditoria Externa  Independente  (DOCs.  04  e  05),  essas  demonstrações  financeiras  são  encaminhadas  regularmente  para  a  Agência  Reguladora  (ANS)  (DOC.  06).  Como se isso não bastasse, as demonstrações financeiras depois  de  auditadas  são  publicadas  em  jornal  de  circulação  nacional  (DOC. 07).  Portanto,  ao  contrário  do  que  consta  na  (...)  fundamentação  adotada nos Autos de Infração, a escrituração contábil existe e  os documentos comprobatórios foram entregues pela fiscalizada  e  recebidos  pelo Fisco,  examinados  e  acostados  aos  autos  sem  qualquer ressalva.  Além desses documentos, veja­se a expressa intimação do Fisco  (pág. 639):  "II ­ Visando confirmar as informações prestadas, apresentar,  no  prazo  de  30  dias,  relativos  aos  anos­calendário  de  2010  e  2011:   · Balancetes  mensais  ou  equivalentes  (analíticos  e  sintéticos);   · Cópia  das  Demonstrações  de  Resultado  do  Exercício  anuais  ou  equivalentes  (analíticas  e  sintéticas):  (grifos  conforme o original).  Sublinhou  e  negritou  o  próprio  agente  do  Fisco  o  conteúdo  relevante  da  sua  Intimação,  qual  seja,  a  apresentação  dos  "Balancetes  Mensais"  e  das  "Demonstrações  de  Resultado  do  Exercício  anuais  ou  equivalentes",  tudo  isso  "visando  confirmar as informações prestadas" que estavam registradas no  Livro Diário e Livro Razão que já haviam sido apresentados.  Essa intimação foi prontamente atendida pela Fiscalizada, tanto  que  os  Balancetes  Mensais  foram  inicialmente  acostados  nas  págs.  650/1.052  (e  novamente  incluídos  em  duplicidade  na  escrituração  acostada  nas  págs.  4.260/4.993)  dos  quais  é  possível  destacar  o  resultado  contábil  apurado  em  cada  mês,  aqui  indicados a  título de exemplo os  resultados apontados  em  cada mês do primeiro trimestre de 2010:  JANEIRO/2010 ­ resultado positivo... R$ 547.598,50 ­ pág. 663  Fl. 46355DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.356          107 FEVEREIRO/2010 ­ resultado positivo....R$ 442.620,77 ­ pág. 670/677  MARÇO/2010 ­ resultado positivo..... R$ 212.553,94 ­ pág. 684/692  Seria enfadonha a transcrição de todos os resultados mensais do  período fiscalizado, mas os documentos indicados são suficientes  para  demonstrar:  (i)  a  existência  de  consistente  escrituração  contábil;  (ii)  existência  de  balancetes  com  apuração  de  resultados  mensais;  e  (iii)  a  ampla  possibilidade  de  apurar  o  "Lucro Real", até mesmo tomando o resultado contábil positivo  sem ajustes,  se entendia o Fisco pela  tributação dos  resultados  da Cooperativa; e (iv) (...).  Essas  apurações  de  resultados  MENSAIS  aparecem  consolidadas  em  demonstrativos  que  indicam  também  os  resultados  anuais, como  se  vê  na  pág.  842  (R$ 1.697.912,50  ­  resultado  positivo  do  ano  de  2010.  Na  pág.  4.452  aparecem  todos os resultados mensais de 2011 e resultado anual negativo  de (R$ 51.304,74), resultado que se confirma no balanço anual  completo  e  assinado  que  está  acostado  nas  págs.  4.473/4.475  (balanço anual de 2011), apontando resultado negativo no valor  arredondado de (R$ 51.305).  Como  já  anotado,  a  (...)  acusação  do  Fisco  pode  ser  contrastada,  também,  pelo  fato  das  demonstrações  financeiras  da Impugnante serem submetidas à auditoria externa, por meio  de Auditoria Independente registrada na CVM por exigência da  Agência Nacional de Saúde. Desde o ano 2.001, os Pareceres da  Auditoria  externa  atestam  a  regularidade  da  escrituração  contábil  da  cooperativa,  como  também  aconteceu  com  a  escrituração e balanços dos anos de 2010 e 2011, como atestam  os Pareceres ora juntados (DOCs. 04 e 05).  Portanto,  é  inverídica  a  acusação  de  que  a  pessoa  jurídica  fiscalizada "não possui escrituração na forma das leis comerciais  e  fiscais",  como  indevidamente  aparece  no  fundamento  para  o  Auto  do  IRPJ,  assim  como  é  condenável  a  indicação  do  Fisco  que  consta  no Auto  da CSLL,  com a  falsa  acusação de  que  "o  contribuinte,  notificado  a  apresentar  os  livros  e  documentos  da  sua escrituração, conforme Termo de Início de Fiscalização e  termo  (s)  de  intimação  em  anexo,  deixou  de  apresentá­los"  (grifos  acrescidos).  Os  documentos  referidos  neste  tópico  são  suficientes para comprovar o FALSO RELATO DO FISCO!  Ainda mais, se o objetivo era lavrar Auto de Infração a qualquer  custo,  ao  desconsiderar  a  escrituração  da  pessoa  jurídica  e  insistir  na  tributação  dos  seus  resultados,  o  contraditório  procedimento fiscal deveria avançar para a apuração do "Lucro  Real" (e também a base de cálculo da CSLL) em cada período de  apuração,  mediante  ajustes  extracontábeis  específicos  que  entendesse  pertinentes  (por  exemplo,  glosa  de  pagamentos  de  serviços à CONEMP e BEAR),  e não partir para o precipitado  arbitramento escorado em falso fundamento. É o que determina  o art. 249 do RIR/99:  Fl. 46356DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.357          108 Art. 249. Na determinação do lucro real, serão adicionados ao  lucro líquido do período de apuração:   [...]  II  ­  os  resultados,  rendimentos,  receitas  e  quaisquer  outros  valores  não  incluídos  na  apuração  do  lucro  líquido  que,  de  acordo  com  este  Decreto,  devam  ser  computados  na  determinação do lucro real.  Assim, o indevido e precipitado arbitramento dos lucros, aliado  à  falsa  acusação  de  inexistência  de  escrituração  contábil  sobejamente demonstrada, assim como à contraditória acusação  de  inexistência  de  balancetes  que,  ao  contrário  da  acusação,  estão  juntados  pelo  próprio  Fisco  e  foram  confessadamente  utilizados para extração dos "montantes tributáveis", são vícios  que  exigem  o  pronto  cancelamento  dos  questionados  Autos  de  Infração pelas Autoridades Julgadoras.  7.  DÚVIDAS  E  TITUBEIOS  DA  FISCALIZAÇÃO  SOBRE  O  REGIME DE TRIBUTAÇÃO ­ LUCRO REAL DEMONSTRADO  NÃO PODE SER IGNORADO  Pelo  Termo  de  Intimação  Fiscal  n°  00504/13/11,  lavrado  em  18/11/2014 (item174 do Relatório de Ação Fiscal), o Agente do  Fisco  deixou  registrada  a  sua  própria  incerteza  quanto  à  possibilidade  de  exigir  o  IRPJ  e  a  CSLL  da  pessoa  jurídica  fiscalizada,  cuja  contabilidade  era  objeto  de  exaustivo  exame.  No referido documento de Intimação, escreveu o Agente do Fisco  (pág. 2.201):  Nesse  ponto,  preliminarmente  é  mister  esclarecer  que  ainda  não se sabe se haverá valores a serem lançados de IRPJ, CSLL,  PIS  e  COFINS  sob  a  sistemática  do  Lucro  Real.  (grifos  acrescidos)  De fato, somente o contribuinte possui todas as informações em  sua contabilidade que poderiam sanear essas dúvidas e estaria  exercendo  seu  direito  à  AMPLA  DEFESA,  (grifos  são  do  original).  O  relato  da  fiscalização,  além  de  confirmar  as  dúvidas  e  titubeios  no  encadeamento  da  investigação  das  operações  de  sociedade  cooperativa,  é  mais  uma  prova  inequívoca  da  pré­ disposição do Agente do Fisco em insistir na acusação com falsa  premissa.   (...)  No  entanto,  quer  a  Impugnante  destacar  que,  embora  não  pudesse  concordar  com  a  exigência  abusiva  que  estava  sendo  solicitada  na  Intimação,  sob  protestos  apresentou  sua  resposta  anexando novamente os "balancetes dos anos­calendário de 2010  e  2011",  assim  como  preparou  e  apresentou  à  fiscalização  a  solicitada "DIPJ dos anos­calendário de 2010 e 2011", conforme  se vê da petição anexada na pág. 2.206. Esses documentos foram  Fl. 46357DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.358          109 recebidos  pelo  Agente  do  Fisco,  conforme  consta  do  expresso  registro  no  item  175  do  "Relatório  de  Ação  Fiscal",  nos  seguintes termos:  175.  Em  petição  protocolada  em  17/12/2014,  a  fiscalizada  prestou  esclarecimentos  e  apresentou  o  Balancete  dos  anos  calendário  de  2010  e  2011,  bem  como  as  DIPJ  dos  mesmos  anos­ calendário. (grifos acrescidos)  Conforta verificar que, nesse ponto, zelou o Auditor Fiscal para  que  esses  documentos,  tempestivamente  apresentados  pela  Fiscalizada,  viessem  todos  para  os  autos,  estando  anexados  a  partir da pág. 2.212.  No  entanto,  merece  repúdio  constatar  que  mesmo  tendo  cumprido  a  intimação  contra  a  sua  vontade,  apresentando  "as  planilhas  de  apuração  do  IRPJ/CSLL,  balancetes  dos  anos  de  2010 e 2011 e DIPJ AC 2010 e 2011", como está confirmado no  item 179 do "Relatório de Ação Fiscal", esses documentos foram  sumariamente  ignorados  pela  fiscalização,  sem  qualquer  justificativa ou outra consideração.  Se o objetivo do Fisco era apurar o denominado "Lucro Real",  tanto  que  intimou  a  pessoa  jurídica  para  essa  apuração,  não  poderia  sumariamente  ignorar  a  demonstração  feita  pela  Fiscalizada  que  está  juntada  aos  autos. Com  efeito,  na página  2.212 há quadro demonstrativo com detalhamento da apuração  da base de cálculo do IRPJ (lucro real) em  todos os meses do  ano  calendário  de  2010,  tanto  na  forma  mensal,  como  acumulada em 31.12.2010 (anual), contendo  a) O resultado contábil de cada período;  b) As adições exigidas pela legislação tributária;  c) As exclusões autorizadas pela legislação;  d) O LUCRO REAL (base de cálculo do IRPJ);  e) O Imposto devido (IRPJ) devido pela alíquota de 15%   f) O adicional calculado pelo percentual de 10%   g) O valor do IRPJ A RECOLHER em cada mês (estimativas) e  no final do período base (31/12/2010)  Essas mesmas informações estão detalhadas na página seguinte  (pág.  2.213)  no  tocante  à  apuração  da  CSLL  do  mesmo  ano  calendário  (2010),  assim  como  nas  páginas  2.218  em  diante  estão anexadas as apurações da base de cálculo do IRPJ (Lucro  Real) e da CSLL, relacionadas com o ano calendário de 2011.  Não contente a Fiscalização com todas essas apurações fiscais,  realizadas  pela  Autuada  (..),  avançou  o  Fisco  para  também  exigir  as  apurações  de  COFINS  e  PIS  do  mesmo  período,  alertando  que "é  facultado  (poderá)  ao  contribuinte  deduzir  custos da  apuração do PIS  e da COFINS"  (pelo  regime não  Fl. 46358DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.359          110 cumulativo), "mas se o contribuinte não quiser exercer o seu  direito  de  deduzir  esses  valores  na  apuração  do  PIS  e  da  COFINS,  que  é  facultativo,  não  há  problema  algum"  (Item  179 do Relatório de Ação Fiscal  ­ Pág. 2.249 dos autos). Pela  Intimação  Fiscal  n°  00504/13/14,  reiterou  a  fiscalização  o  pedido para que fossem apresentados (pág. 2.349):  "Demonstrativos detalhados de apuração do PIS  e da COFINS  anos  ­calendário  2010  e  2011.  na  sistemática  de  apuração  da  não ­cumulatividade. com alíquota de 7,6%."  Parece  até  enfadonho  repetir,  mas  o  equívoco  e  o  titubeio  da  fiscalização são estonteantes e por demais evidentes! No entanto,  a  despeito  de  não  concordar  com  a  indevida  exigência,  apressou­se  a  Fiscalizada  mais  uma  vez  em  apresentar  as  apurações  mensais  da COFINS  e  do PIS  dos  anos  de  2010  e  2011,  com  a  indicação  de  créditos  da  não­cumulatividade  na  forma  indicada  na  Intimação,  documentos  que  estão  anexados  nas  págs.  2.285  até  2.299,  acompanhados  de  novas  cópias  de  contas do Livro Razão (pag. 2.300/2.326), e que também foram  sumariamente ignorados, sem qualquer justificativa.  Ora,  não  parece  crível  que  depois  de  todos  esses  desacertos  e  titubeios por parte da Fiscalização, viesse o Agente do Fisco a  enveredar  por  outro  caminho,  tendo  a  ousadia  de  intimar  a  fiscalizada para que fosse refeita a sua escrituração contábil e,  agora,  para  que  fosse  apresentada  a  apuração  na  forma  de  "Lucro Real Trimestral". Mais repugnante, ainda, a justificativa  relatada no item 189 do mencionado "Relatório de Ação Fiscal",  grifado e sublinhado nos seguintes termos:  189. Ora,  o  que  se  intencionava,  até  aquele momento,  era  não  onerar  desnecessariamente  o  contribuinte  com a  solicitação  de  Livros/documentos que sabidamente não seriam usados" (grifos  conforme o original)  Não é necessário maior esforço para reconhecer que o relato do  Fisco  atenta  contra  os  princípios  da moralidade  e  da  lealdade  que  devem nortear  a  administração  tributária,  além de  revelar  juízo  de  incerteza  do  próprio  Fisco  ao  demonstrar  que  não  estava  se  pautando  pela  aplicação  de  qualquer  lei,  mas  por  procedimento  cuja  intenção  declarada  "era  não  onerar  desnecessariamente o contribuinte". No entanto, o procedimento  adotado  foi  exatamente  outro,  onerando  demasiadamente  a  pessoa jurídica com sucessivas idas e vindas, com solicitação de  documentos  comprovadamente  não  utilizados  e  inúteis,  culminando  com  o  abusivo  e  indevido  arbitramento  na  forma  onerosa em que foi consumado!  Sim,  abusivo  e  indevido  o  arbitramento,  na  medida  em  que  a  Fiscalizada,  atendendo  o  Termo  de  Início  de  Fiscalização,  já  havia  apresentado  a  regular  escrituração  do  Livro Diário  dos  anos de 2010 e 2011, "em arquivo digital (PDF) compactados em  um  CD",  conforme  consta  da  petição  levada  ao  protocolo  da  DRF­Campinas  dois  anos  antes,  ou  seja,  em  28/08/2013  (pág.  Fl. 46359DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.360          111 2.644), assim como novamente reproduzidos e digitalizados para  serem duplicados nos autos (pág. 4.260/4.993).  Mais repugnante é a simplória alegação para a desconsideração  sumária da escrituração contábil, cuja acusação, registrada em  diferentes  passagens,  merece  ser  aqui  transcrita  para  correta  formação do juízo dos julgadores:  "Entretanto,  a  escrituração  apresentada  não  é  hábil  para  a  apuração  do  Lucro  Real  Trimestral  e  não  é  hábil  para  apuração do PIS e da COFINS não cumulativos", (pág. 2.657).  Quais  seriam  essas  razões  de  imprestabilidade,  aqui  não  reveladas? Continua a acusação:  "Assim,  visando  o  atendimento  da  AMPLA  DEFESA  e  para  que  o  contribuinte  não  seja  eventualmente  PREJUDICADO  COM  A  APURAÇÃO  INCORRETA  DE  IRPJ/CSLL/PIS/COFINS, em vista da sua escrituração não ser  adequada para apuração do Lucro Real por seguir o padrão da  ANS,  é  necessário  que  a  sua  escrituração,  referente  ao  anos­ calendário  2010/2011,  sejam  refeitas",  (grifos  conforme  o  original)  (...)  Ora, bastaria aplicar a legislação tributária (RIR/99, art.335) e  adicioná­las  para  apuração  do  Lucro  Real,  como  fez  a  Fiscalizada  nos  demonstrativos  apresentados  de  apuração  do  IRPJ (Lucro Real) e da CSLL, em atendimento de Intimações da  própria Fiscalização, conforme se vê dos documentos anexados  nas págs. 2.212 a 2.223 que foram sumariamente ignorados, sem  qualquer análise do Fisco.  Os subsequentes relatos da fiscalização acenam exatamente para  essa  possibilidade,  como  se  vê  do  tópico  193  do  "Relatório  de  Ação Fiscal", aqui reproduzido:  193.Na  verdade,  existem  valores  (rubricas)  que  devido  a  sua  natureza fiscal não devem constar da escrituração contábil, ou  estão  em  valores  diferentes  dessa  escrituração  e  devem  ser  apurados  exclusivamente  em  Livros  ou  registros  contábeis  auxiliares,  mas  deverão  constar  obrigatoriamente  no  LALUR.(grifos conforme o original)  Ora,  se  a  fiscalização  insiste  na  tributação  dos  resultados  da  Cooperativa  e  atesta  que  identificou  "valores  (rubricas)  que  devido  a  sua  natureza  fiscal  não  devem constar  da  escrituração  contábil",  caberia  discriminá­los  e,  ato  contínuo,  promover  o  ajuste  ao  resultado  contábil  mediante  simples  adição,  para  apuração  do  Lucro  Real  nos  termos  do  art.  249  do  RIR/99  já  mencionado.  Mas,  não  basta  escrever  que  "existem  valores  (rubricas)" e sublinhar e negritar o  texto, pois a acusação não  pode  ser  vaga!  Quais  seriam  essas  "rubricas"  e  quais  seriam  esses "valores"? Quem acusa tem o ônus de indicar e comprovar  Fl. 46360DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.361          112 Portanto,  se  alguma  precariedade  pode  ser  extraída  do  exame  dos autos, essa precariedade está direcionada seguramente para  a  qualidade  do  trabalho  fiscal,  não  para  a  escrituração  do  contribuinte.   (...)  Portanto,  tendo  a  fiscalização  ignorado  a  demonstração  de  Lucro  Real  apresentada  sob  intimação,  sem  qualquer  justificativa  ou  apreciação,  é  discricionário  e  arbitrário  o  precipitado  arbitramento  do  lucro,  impondo­se  o  pronto  cancelamento dos questionados Autos de Infração.  8. IMPOSSÍVEL ELEIÇÃO DISCRICIONÁRIA DE FORMA DE  TRIBUTAÇÃO MAIS GRAVOSA IMPOSTA PELO FISCO   Como  se  viu  das  transcrições  das  intimações  em  tópicos  precedentes,  utilizou­se  o  Fisco  da  técnica  do  arbitramento  de  forma precipitada, indevida, arbitrária e discricionária.  Se não bastassem todas as razões de contrariedade já oferecidas,  é  preciso  insistir  que  não  é  admissível  que  venha  o  Fisco  escolher  a  medida  extrema  do  arbitramento  como  forma  de  tributação,  principalmente  quando  não  descartada  a  escrituração contábil e, ainda que a contragosto, foi apresentada  pela  Fiscalizada  a  demonstração  do  Lucro  Real,  de  forma  mensal  e  anual.  Diante  desse  quadro,  a  opção  pelo  Fisco  de  forma  de  tributação  mais  gravosa  é  vício  incontornável  que  condena todo o procedimento fiscal.  Tomando­se somente o IRPJ como exemplo, não é preciso maior  esforço para essa demonstração, como se extrai do quadro que  segue    Tributos e formas de Tributação  2010 R$  2011 R$  TOTAL R$    IRPJ  ­  Lucro  Real  (mensal,  anual  ou  trimestral)  370.837,03    (pág. 2.212)  0,00    (pág. 2.218)  370.837,03  IRPJ ­ Arbitramento (Auto de Infração)    2.089.182,94    1.890.189,41    3.980.072,35     (...)  Sem dúvida, inaplicável no caso o Arbitramento do Lucro.  Durante  o  curso  da  fiscalização  sempre  restou  patente  à  fiscalizada  que  o  regime de apuração do IRPJ e da CSLL seria com base no lucro real.  Em momento algum no procedimento de fiscalização e antes do  término da  ação fiscal, o sujeito passivo foi intimado (alertado) que poderia sofrer Arbitramento do Lucro  se não apresentasse os balancetes de suspensão/redução trimestrais (lucro real trimestral) e que  o PIS e Cofins seriam apurados no regime cumulativo.  Fl. 46361DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.362          113 O sujeito passivo, no caso, é operadora de Planos de Saúde, cujos custos são  altos e demonstrados.  Inaplicável  o  arbitramento  do  lucro,  pois  implicou,  obliquamente,  glosa  substancial dos custos/despesas, sem que a escrituração contábil fosse imprestável.  O  regime de apuração do  lucro por  excelência  é o  lucro  real,  inclusive nos  termos da lei é o  lucro real  trimestral,  se não houver opção formalizada do contribuinte pelo  lucro real anual.   Existe  discrepância  grande,  gritante,  de  apuração  com  base  no  lucro  real  trimestral e no lucro arbitrado, ficando patente que o Fisco optou pelo resultado mais gravoso,  pois  tinha  condições  técnicas  plenas  de  fazer  o  lançamento  fiscal  no  regime  do  lucro  real  trimestral.  Ora,  o  arbitramento do  lucro não é opcional nem para o Fisco, nem para o  contribuinte (autoarbitramento).   O arbitramento do lucro é excepcional, e cabível apenas nas hipóteses do art.  47  da  Lei  8981/95  (base  legal  dos  arts.  530  e  531  do  RIR/99),  devendo  ser  demonstrada  a  imprestabilidade da escrituração contábil, que não é o caso.  Assim,  deve­se  afastar  o  Arbitramento  do  Lucro,  pois  a  Fiscalização  tinha  condições plenas,  elementos da  escrituração,  suficientes,  para  apurar o Lucro Real  trimestral  com  base  na  escrituração  contábil  e  fiscal  do  sujeito  passivo,  livros  contábeis,  Balancetes  e  documentos  fornecidos  pela  contribuinte  durante  o  procedimento  de  fiscalização.  Aliás  a  própria  contribuinte  apurou  os  tributos  mensalmente,  conforme  balancetes  de  suspensão/redução apresentados à fiscalização, após intimação fiscal.  Nesse  sentido  também  são  os  precedentes  da  jurisprudência  do  CARF,  ou  seja,  pela  inaplicabilidade  do  arbitramento  do  lucro  e  que  transcrevo,  a  título  ilustrativo,  as  seguintes ementas:  ASSUNTO:IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA  ­  IRPJ  Ano­calendário:2011  ARBITRAMENTO.  INVESTIGAÇÃO  PARCIAL  DOS  CUSTOS/DESPESAS.  Restringindo­se a  investigação  fiscal a  somente alguns  itens de  custos e despesas e que representam pouco mais de um sexto dos  dispêndios  informados  em  DIPJ  e  dos  quais  uma  parte  restou  comprovada,  descabe  o  arbitramento  procedido  Pelo  Fisco,  posto que não demonstrada a  imprestabilidade da  escrituração  que pudesse levar à medida extrema. Tendo a Autoridade Fiscal  se  limitado  a  aferir,  apenas  parcialmente,  os  custos/despesas  escriturados  pela  contribuinte  e  em  relação  aos  quais  não  encontrou  documentação  que  lhes  desse  suporte,  deveria  ter  mantido  o  regime  de  tributação  adotado  pela  recorrente,  no  caso,  o  Lucro  Real,  e  procedido  à  glosa  de  tais  dispêndios  (Acórdão  nº  1402­003.424  –  4ª  Câmara / 2ª  Turma Ordinária,  sessão  de  19/09/2018,  Paulo  Mateus  Ciccone  –  Presidente  e  Relator).    Fl. 46362DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.363          114 ASSUNTO:IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA­  IRPJ  Ano­calendário:2012  ARBITRAMENTO  DO  LUCRO. NÃO CABIMENTO. Incabível o arbitramento do lucro  quando a  fiscalização possuir meios hábeis de apuração direta  do  Lucro Real.(Acórdão  nº  1201­002.262–2ª Câmara/1ª  Turma  Ordinária, sessão de 14/06/2018, Luis Henrique Marotti Toselli­ Relator).  ASSUNTO:IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA  ­  IRPJ  Ano­calendário:2008  LUCRO ARBITRADO.  Incabível o lançamento do IRPJ mediante arbitramento do lucro  quando  a  autoridade  tributária  não  demonstrar  que  os  vícios,  erros ou deficiências contidos na escrituração contábil do sujeito  passivo  a  torna  imprestável  para  identificar  a  movimentação  financeira da empresa ou para determinar o lucro real (Acórdão  nº  1201­001.227–2ª  Câmara/1ª  Turma  Ordinária,  sessão  de  09/12/2015, Marcelo Cuba Netto ­ Presidente e Relator).  ASSUNTO:PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  Ano­ calendário:2008  ARBITRAMENTO.  VÍCIO  FORMAL  EM  ARQUIVOS  MAGNÉTICOS.  REGISTROS  CONTÁBEIS  QUE  MATERIALMENTE  PERMITIAM  DETERMINAR  O  LUCRO  REAL.IMPOSSIBILIDADE  DE  ARBITRAR  O  LUCRO.  1.É  incabível  o  arbitramento  do  lucro  quando  a  autoridade  fiscal  dispõe dos elementos necessários para determinar o  lucro real.  A  existência  de  vício  formal  na  escrita  contábil,  seja  no  Livro  Diário  ou  Razão  ou  em  arquivo  magnético,  não  se  constituem  causa para desconsiderar a escrita e tampouco arbitrar o lucro  nos casos em que o contribuinte demonstra os meios pelos quais  apurou  o  lucro  real.Precedentes  acórdão  1402­ 001.291,j.05/12/2012;  acórdão  1055.030/1990,  1º  Conselho  de  Contribuintes, publicado no D.O.U em 22.02.1991, acórdão 103­ 10.805,  Sessão  de  12  de  novembro  de  1990;  acórdão  n°  108­ 07.265, Sessão de 29 de janeiro de 2003). 2. Nos casos em que o  contribuinte  apresenta  livros  fiscais  e  arquivos  digitais,  não  pode  a  autoridade  fiscal  aproveitar  esta  contabilidade  para  efeitos  de  apuração  da  receita  tributável  e  desconsiderar  os  custos  e  despesas  presentes  nestes  mesmos  documentos.  3.  Entendendo  a  autoridade  fiscal  que  determinados  custos  não  estão devidamente comprovados, nestes casos, o procedimento é  a  glosa  destes  e  não  o  arbitramento  do  lucro.  Recurso  Voluntário  Provido.  (Acórdão  nº  1402­001.879–4ª  Câmara/2ª  Turma  Ordinária,  sessão  de  26/11/2014,  Moises  Giacomelli  Nunes da Silva ­ Relator).  ASSUNTO:  NORMAS  GERAIS  DE  DIREITO  TRIBUTÁRIO  Exercício:2009  ARBITRAMENTO  DE  LUCRO  Incabível  o  arbitramento  do  lucro  quando  não  comprovados  os  requisitos  taxativos  do  art.  530,  inciso  II,  do  RIR/99,  ou  seja,  a  falta  de  escrituração  pelo  contribuinte  na  forma  da  legislação  e/ou  a  demonstração  pela  autoridade  fiscal  de  evidentes  indícios  de  fraudes,  vícios,  erros  ou  deficiências  suficientes  a  torná­la  imprestável.  (Acórdão  nº  1302­001.449–3ª  Câmara/2ª  Turma  Ordinária, sessão de 29/07/2014, MARCIO RODRIGO FRIZZO  ­ Relator).  Fl. 46363DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.364          115 ASSUNTO:PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  Ano­ calendário:2006  ARBITRAMENTO.  VÍCIOS  NA  ESCRITA.  REGISTROS  CONTÁBEIS  QUE  MATERIALMENTE  PERMITIAM  DETERMINAR  O  LUCRO  REAL.  IMPOSSIBILIDADE  DE  ARBITRAR  O  LUCRO.  É  incabível  o  arbitramento  do  lucro  quando  a  autoridade  fiscal  dispõe  de  todos os elementos necessários para determinar o  lucro real. A  existência  de  vício  formal  na  escrita  contábil,  seja  no  Livro  Diário  ou  Razão,  não  se  constitui,  por  si  só,  em  causa  para  desconsiderar  a  escrita  e  tampouco  arbitrar  o  lucro  nos  casos  em que o contribuinte demonstra os meios pelos quais apurou o  lucro  real.  Caso  a  autoridade  fiscal  entenda  que  deve  ser  glosadas  determinados  custos  ou  incluir  receita  na  base  de  cálculo,  nada  impede  que  assim  proceda.  Recurso  de  Ofício  Negado.  (Acórdão  nº  1402­001.291–4ª  Câmara/2ª  Turma  Ordinária,  sessão  de  05/12/2012, Moisés Giacomelli  Nunes  da  Silva ­ Relator).  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA  ­  IRPJ  Ano­calendário:2005  ARBITRAMENTO DO  LUCRO.  FORMA  DE  APURAÇÃO  DO  RESULTADO.DESCABIMENTO. O arbitramento do lucro não é  penalidade, sendo apenas mais uma forma de apuração da base  de  cálculo do  imposto devido.Não configurada a hipótese  legal  de  falta  de  apresentação  de  livros  e  documentos,  incabível  a  figura  do  arbitramento.  (Acórdão  nº  1803­01.391–3ª  Turma  Especial,  sessão  de  04/07/2012,  Selene  Ferreira  de  Moraes  – Presidente e Relatora).  LUCRO ARBITRADO — O arbitramento é medida extrema que  só se justifica no caso de absoluta falta de condição de apurar o  imposto devido no período base. Quando não há deficiências na  escrituração, sendo a escrituração suficiente para determinar o  lucro real, incabível o arbitramento do lucro. Recurso voluntário  negado.  (Acórdão  nº  1401­00.248  —  4°  Câmara  /  1ª  Turma  Ordinária,  sessão  21/05/2010,  Alexandre  Antonio  Alkmim  Teixeira — Relator).  A não  apresentação  de  balancetes  trimestrais  de  suspensão/redução  e  a  não  transcrição no  livro Lalur, por si  só, não são razões suficientes para o arbitramento do  lucro.  Inclusive, a Súmula CARF nº 93 dispensa a  transcrição dos balancetes de suspensão/redução  no Lalur.  Portanto, é improcedente o arbitramento do lucro, no caso.  Prejudicados  os  lançamentos  reflexos  (CSLL,  PIS  e  Cofins)  bem  como  as  sujeições passivas solidárias imputadas.   Prejudicado, também, o recurso de ofício.  Por tudo que foi exposto, voto para:  Fl. 46364DF CARF MF Processo nº 10830.726440/2015­66  Acórdão n.º 1301­003.468  S1­C3T1  Fl. 46.365          116 a)  rejeitar  as  preliminares  de  nulidade  suscitadas  e,  no  mérito,  DAR  provimento  ao  recurso  voluntário  do  sujeito  passivo  para  cancelar  integralmente  o  crédito  tributário e, como consequência, considerar prejudicados os recursos dos coobrigados;  b) negar provimento ao recurso de ofício.  É como voto.    (assinado digitalmente)  Nelso Kichel                            Fl. 46365DF CARF MF

score : 1.0
7532549 #
Numero do processo: 10783.720470/2010-67
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 CUMULATIVIDADE DA MULTA DO ART. 33 DA LEI Nº 11.488/07 E DO PERDIMENTO DA MERCADORIA. RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI Nº 11.488/2007. IMPOSSIBILIDADE A multa do art. 33 da Lei n.º 11.488/07 veio para substituir a pena de inaptidão do CNPJ da pessoa jurídica, quando houver cessão de nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, e não prejudica a incidência da hipótese de dano ao erário, por ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, prevista no art. 23, V, do DL n.º 1.455/76, apenada com perdimento da mercadoria. Desta maneira, descartada hipótese de aplicação da retroação benigna prevista no artigo 106, II, “c”, do Código Tributário Nacional por tratarem-se de penalidades distintas
Numero da decisão: 9303-007.560
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201810

camara_s : 3ª SEÇÃO

ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 CUMULATIVIDADE DA MULTA DO ART. 33 DA LEI Nº 11.488/07 E DO PERDIMENTO DA MERCADORIA. RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI Nº 11.488/2007. IMPOSSIBILIDADE A multa do art. 33 da Lei n.º 11.488/07 veio para substituir a pena de inaptidão do CNPJ da pessoa jurídica, quando houver cessão de nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, e não prejudica a incidência da hipótese de dano ao erário, por ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, prevista no art. 23, V, do DL n.º 1.455/76, apenada com perdimento da mercadoria. Desta maneira, descartada hipótese de aplicação da retroação benigna prevista no artigo 106, II, “c”, do Código Tributário Nacional por tratarem-se de penalidades distintas

turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS

dt_publicacao_tdt : Mon Dec 03 00:00:00 UTC 2018

numero_processo_s : 10783.720470/2010-67

anomes_publicacao_s : 201812

conteudo_id_s : 5930642

dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018

numero_decisao_s : 9303-007.560

nome_arquivo_s : Decisao_10783720470201067.PDF

ano_publicacao_s : 2018

nome_relator_s : ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN

nome_arquivo_pdf_s : 10783720470201067_5930642.pdf

secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas.

dt_sessao_tdt : Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018

id : 7532549

ano_sessao_s : 2018

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:32:38 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713051150326956032

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1580; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF­T3  Fl. 5.160          1 5.159  CSRF­T3  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS    Processo nº  10783.720470/2010­67  Recurso nº               Especial do Contribuinte  Acórdão nº  9303­007.560  –  3ª Turma   Sessão de  18 de outubro de 2018  Matéria  IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO  Recorrente  UM INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS LTDA  Interessado   FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO ­ II  Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005  CUMULATIVIDADE DA MULTA DO ART. 33 DA LEI Nº 11.488/07 E  DO PERDIMENTO DA MERCADORIA. RETROATIVIDADE BENIGNA  DA LEI Nº 11.488/2007. IMPOSSIBILIDADE  A  multa  do  art.  33  da  Lei  n.º  11.488/07  veio  para  substituir  a  pena  de  inaptidão do CNPJ da pessoa jurídica, quando houver cessão de nome para a  realização  de  operações  de  comércio  exterior  de  terceiros  com  vistas  no  acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, e não prejudica a  incidência da hipótese de dano ao erário, por ocultação do sujeito passivo, do  real  vendedor,  comprador ou de  responsável pela operação, prevista no  art.  23, V, do DL n.º 1.455/76, apenada com perdimento da mercadoria.  Desta  maneira,  descartada  hipótese  de  aplicação  da  retroação  benigna  prevista no artigo 106, II, “c”, do Código Tributário Nacional por tratarem­se  de penalidades distintas        Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.    Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer  do Recurso Especial e, no mérito, em negar­lhe provimento.     AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 72 04 70 /2 01 0- 67 Fl. 5160DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.161          2   (assinado digitalmente)  Rodrigo da Costa Pôssas ­ Presidente em Exercício     (assinado digitalmente)  Érika Costa Camargos Autran ­ Relatora         Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana  Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire,  Érika  Costa  Camargos  Autran,  Vanessa  Marini  Cecconello,  Rodrigo  da  Costa  Pôssas. Relatório    Trata­se de Recurso Especial de Divergência  interposto pelo Contribuinte  contra o acórdão n.º 3302­002.759, de 11 de novembro de 2014 (fls.4900 a 4951 do processo  eletrônico),  proferido Segunda Turma Ordinária  da Terceira Câmara da Terceira Seção  de  Julgamento deste CARF, decisão que por maioria de votos, negou provimentos aos recursos  de ofício e voluntário.    A discussão dos presentes autos tem origem no auto de infração lavrado em  face do Contribuinte para a exigência da multa prevista no art. 23, § 3º do Decreto­ Lei nº  1455/76, com redação dada pela Lei nº 10.637/2002, no valor de RS 4.229.515,50.    O Contribuinte  foi  incluído em procedimento especial de  fiscalização nos  termos da IN SRF n.º 228/2002, em que foi constatada a prática das infrações identificadas  como  interposição  fraudulenta  e  utilização  de  documentos  ideologicamente  falsos  nas  importações realizadas através das DI’s relacionadas nos autos,  todas registradas no ano de  2005.    O Contribuinte apresentou impugnação, alegando, em síntese:    1­  Questões preliminares:  a­  da decadência;  Fl. 5161DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.162          3 b­  do cerceamento do direito de defesa;  c­  ausência  de  descrição  específica  das  irregularidades  supostamente  praticadas nos processos de importação.    2­  Mérito  a­  prova  emprestada  e  a  impossibilidade de  se  estender  conclusões  a  todas as importações do contribuinte;  b­  ofensa ao princípio da verdade material e a capacidade financeira da  autuada e a boa­fé do impugnante;  c­  a ausência de ocultação dos reais exportadores;  d­  ausência de ocultação dos importadores;  e­  ausência de utilização de documentos material ou ideologicamente  falsos;  f­  a  Lei  n.º  11.488/2007  e  a  multa  de  10%:  ainda  que  na  remota  hipótese  de  não  serem  acatados  os  argumentos  do  impugnante,  o  lançamento  seria  improcedente,  haja  vista  o  descumprimento  do  disposto na Lei n.º 11.488/2007, pois o que a fiscalização pretende  sancionar é uma suposta cessão de nome;    Ao  final  requer  o  reconhecimento  da  decadência  e  alternativamente  a  improcedência dos lançamentos.    A 1ª Turma da DRJ em Florianópolis/SC julgou parcialmente procedente a  impugnação  apresentada  pelo  Contribuinte,  cancelando o crédito tributário exigido no  valor de 3.797.008,27.     Irresignados  com  a  decisão  contrária  ao  seus  pleitos,  a  DRJ  de  Florianópolis e o Contribuinte apresentaram recursos de ofício e voluntário, o Colegiado por  maioria  de  votos,  negou  provimento  aos  recursos,  conforme  acórdão  assim  ementado  in  verbis:    ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS   Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005   Fl. 5162DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.163          4   DECADÊNCIA.  OCORRÊNCIA  DA  INFRAÇÃO  NA  IMPORTAÇÃO.  DATA REGISTRO DA DI.   O direito de impor penalidade se extingue no prazo de 05 anos a contar da  infração. A infração de dano ao erário em face de interposição fraudulenta  de terceiro, na operação de importação, ocorre na data de registro da DI,  ocasião em que o importador fornece as informações pertinentes.     NULIDADE.  INDEFERIMENTO  PERÍCIAS  E  DILIGÊNCIAS  DESCABIMENTO   É descabida a decretação de nulidade de decisão que denegou o pedido de  diligência,  posto  que  tal  indeferimento  ou  deferimento  do  pedido  de  realização  de  perícia  ou  diligência  depende  do  livre  convencimento  da  autoridade  julgadora,  nos  termos  da  processualística  fiscal,  sobretudo  quando os autos estão a demonstrar a sua prescindibilidade.     DANO  AO  ERÁRIO.  INTERPOSIÇÃO  FRAUDULENTA  PRESUMIDA.  PENA DE PERDIMENTO CONVERTIDA EM MULTA.   Considera­se  dano  ao Erário  a  interposição  fraudulenta  na  operação  de  importação,  quando  a  escrita  contábil  não  serve  para  comprovação  da  origem  dos  recursos,  infração  punível  com  a  pena  de  perdimento,  que  é  convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias  não sejam localizadas ou tenham sido consumidas     DANO  AO  ERÁRIO.  INTERPOSIÇÃO  FRAUDULENTA  REAL.  AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.   A ausência de comprovação da conduta dolosa impede a caracterização da  interposição  fraudulenta.  Necessidade  de  comprovação  dos  fatos  imputados  à  cada  DI  específica  que  se  pretende  considerar  a  fraude.  Impossibilidade de utilização de provas relacionadas a outras DI’s.     APLICAÇÃO  DAS  MULTAS  DE  CONVERSÃO  DA  PENA  DE  PERDIMENTO  E  POR  CEDER  O  NOME  COM  VISTAS  AO  Fl. 5163DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.164          5 ACOBERTAMENTO  DE  SEUS  REAIS  INTERVENIENTES  OU  BENEFICIÁRIOS. CABIMENTO DA CUMULATIVIDADE.   A  Lei  n.º  11.488/2007,  art.  33,  atribuiu  penalidade  pecuniária  dirigida  diretamente àquele que  cedeu o  seu nome para  acobertar a operação de  comércio exterior de terceiros, não se tratando, pois, de abrandamento de  uma  penalidade  para  determinada  infração,  mas  a  introdução  da  aplicação  de  uma  penalidade  pecuniária  diretamente  sobre  o  agente  da  ação,  independentemente  da  aplicação  da  pena  de  perdimento  da  mercadoria  (ou  multa  caso  a  mesma  não  seja  localizada  ou  tenha  sido  consumida), não se falando, portanto, de retroação benigna de lei.   RO Negado e RV Negado    A  Fazenda  Nacional  opôs  embargos  de  declaração  às  fls.  4954  e  4955,  sendo que estes foram rejeitados, conforme despacho às fls. 5123 a 5125.    O Contribuinte interpôs Recurso Especial de Divergência (fls. 4960 a 5002)  em face do acordão recorrido que negou provimento ao recurso voluntário, as divergências  suscitadas  pelo  Contribuinte  dizem  respeito  às  seguintes matérias:  a)  a  não  apreciação  de  provas ou conversão do feito em diligência pela autoridade julgadora de primeira instância,  sob  o  argumento  de  que  os  documentos  deveriam  ter  sido  apresentados  durante  a  fiscalização, viola o princípio da  ampla defesa; b) a não  apreciação de provas  trazidas aos  autos  depois  da  impugnação,  na  fase  recursal  mas  antes  da  decisão  final  administrativa,  mormente  para  se  contrapor  às  razões  da  decisão  de  1  a  instância,  fere  o  princípio  da  instrumentalidade processual prevista no CPC e a busca da verdade material, que norteia o  contencioso  administrativo  tributário;  c)  a  penalidade  aplicável  para  a  importadora  que  supostamente "cedeu seu nome" é a multa de 10% prevista no art. 33 da lei nº 11.488/2007 e  não a prevista no art. 23, V, §§ 1 o e 3°, do Decreto­Lei n° 1.455, de 1976.    Para comprovar as divergências jurisprudenciais suscitadas, o Contribuinte  apresentou  os  seguintes  acórdãos  paradigmas:  1  ­  Referente  à  primeira  matéria  ­  Não  apreciação de provas pela 1ª instância ­ foram colacionados como paradigmas os acórdãos nº  3403­003.295  e  nº  3803­003.054;  2­  Referente  à  segunda  matéria  ­  Preclusão.  Provas  apresentadas na segunda instância ­ foram colacionados como paradigmas os acórdãos nº 03­ Fl. 5164DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.165          6 04.371 e nº 1102­000.940;  e 3­ Referente  à  terceira matéria  ­ Cessão de nome. Penalidade  aplicável  ­  foram  colacionados  como  paradigmas  os  acórdãos  nº  3401­002.191  e  nº  3402­ 002.362. A comprovação dos  julgados firmou­se pela  juntada de cópias de inteiro  teor dos  acórdãos paradigmas, documentos de fls. 5005 a 5120.    O  Recurso  Especial  do  Contribuinte  foi  parcialmente  admitido  conforme  despacho de fls. 5135 a 5146, sob o argumento que somente restou configurada a divergência  jurisprudencial  em  relação  à  matéria  analisada  no  item  3,  referente  à  multa  aplicável  na  hipótese  de  cessão  de  nome  em  operações  do  comércio  exterior  envolvendo  mercadorias  sujeitas  à  pena  de  perdimento  que  não  mais  se  encontram  disponíveis,  se  a  penalidade  instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/2007, a penalidade prevista no art. 23, V, §§ 1 o e 3°,  do Decreto­Lei n° 1.455, de 1976, ou ambas.    A  Fazenda  Nacional  apresentou  contrarrazões  às  fls.  5154  a  5158,  manifestando pelo não provimento do Recurso Especial do Contribuinte.     É o relatório em síntese.   Voto             Conselheira Érika Costa Camargos Autran ­ Relatora     Da Admissibilidade    Depreendendo­se  da  análise  do  Recurso  Especial  interposto  pelo  Contribuinte, entendo que atende aos pressupostos de admissibilidade, pois foi comprovada a  divergência suscitada.      Do Mérito    Alega  o  Contribuinte  que  nas  hipóteses  de  cessão  de  nome  pela  empresa  importadora,  a multa  aplicável  é a de 10% prevista no art. 33 da  lei nº 11.488/2007 e não a  Fl. 5165DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.166          7 prevista  no  art.  23,  V,  §§  1o  e  3°,  do  Decreto­Lei  n°  1.455,  de  1976.  Conforme  acima,  a  matéria aqui tratada refere­ se à substituição da multa no percentual de 100%, prevista no § 3°  do art. 23 do DL 1.455, de 1976, pela multa prevista no art. 33 da Lei 11.488, de 2007 (10%).    A  questão  controversa  nos  autos  refere­se  à  discursão  sobre  a aplicação principio da retroatividade  benéfica  da  multa  prevista  no  art.  33  da  Lei  n.º  11.488/07.     O  artigo  33  da  Lei  n.º  11.488/07,  foi  incluído  no  ordenamento  jurídico  visando a penalizar com multa de 10% sobre o valor da operação acobertada, não inferior a R$  5.000,00 (cinco mil reais), a conduta de cessão do nome pelo importador ostensivo visando a  ocultar os reais intervenientes da operação de importação. Vejamos:    Art.  33.  A  pessoa  jurídica  que  ceder  seu  nome,  inclusive  mediante  a  disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de  comércio  exterior  de  terceiros  com  vistas  no  acobertamento  de  seus  reais  intervenientes ou beneficiários  fica  sujeita a multa de 10% (dez por cento)  do  valor da operação acobertada, não podendo  ser  inferior a R$ 5.000,00  (cinco mil reais).  Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o  disposto no art. 81 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996.    E o art. 23 do Decreto­Lei n.º 1.455/76, que teve a redação alterada pela Lei  n.º 10.637/02, prevê a aplicação da pena de perdimento das mercadorias ou sua conversão em  multa  equivalente  ao  valor  aduaneiro,  pela  ocorrência  de  dano  ao  erário,  relativo  às  mercadorias  importadas  na  hipótese  de  ocultação  do  sujeito  passivo,  do  real  vendedor,  comprador ou responsável pela operação, senão vejamos:    “Art  23.  Consideram­se  dano  ao  Erário  as  infrações  relativas  às  mercadorias:  (...)  V ­ estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese  de  ocultação  do  sujeito  passivo,  do  real  vendedor,  comprador  ou  de  Fl. 5166DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.167          8 responsável  pela  operação,  mediante  fraude  ou  simulação, inclusive  a  interposição  fraudulenta  de  terceiros.(Incluído  pela  Lei  nº  10.637,  de  30.12.2002)  VI ­ (Vide Medida Provisória nº 320, 2006)  §  1º  O  dano  ao  erário  decorrente  das  infrações  previstas  no  caput  deste  artigo  será  punido  com  a  pena  de  perdimento  das  mercadorias.  (Incluído  pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002)  § 2º Presume­se interposição fraudulenta na operação de comércio exterior  a não­comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos  empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002)  §  3º  A  pena  prevista  no  §  1º  converte­se  em  multa  equivalente  ao  valor  aduaneiro  da  mercadoria  que  não  seja  localizada  ou  que  tenha  sido  consumida.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002)  § 4º O disposto no § 3º não  impede a apreensão da mercadoria nos  casos  previstos  no  inciso  I  ou  quando  for  proibida  sua  importação,  consumo  ou  circulação  no  território  nacional.(Incluído  pela  Lei  nº  10.637,  de  30.12.2002)”    Analisando  o  dispostos  acima  verifica­se  que  há  dois  tipos  de  interposição  fraudulenta:     a­  interposição  fraudulenta  propriamente  dita  ou  comprovada,  ou  seja,  quando  resta  caracterizada  a  fraude  (artigo  23,  V, Decreto­lei  n.º  1.455/76,  caput e artigo 13 da Instrução Normativa n.º 228/02);   b­  a interposição fraudulenta presumida, que tem sua definição no §2º do  art. 23 do Decreto­lei n.º 1.455/76.    As  referidas  condutas  ainda  culminavam  em  inaptidão  do  CNPJ  do  importador, a teor do disposto no art. 81, §º 1, da Lei 9430/96 e parágrafo único do artigo 11 da  Instrução Normativa n.º 228/02, cumulativamente.     “Art.  81.  Poderá,  ainda,  ser  declarada  inapta,  nos  termos  e  condições  definidos em ato do Ministro da Fazenda, a inscrição da pessoa jurídica que  Fl. 5167DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.168          9 deixar de apresentar a declaração anual de imposto de renda em um ou mais  exercícios  e  não  for  localizada  no  endereço  informado  à  Secretaria  da  Receita Federal, bem como daquela que não exista de fato.  “§ 1o Será também declarada inapta a inscrição da pessoa jurídica que não  comprove a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso,  dos recursos empregados em operações de comércio exterior.(Incluído pela  Lei nº 10.637, de 2002)”    “Art.  11.  Concluído  o  procedimento  especial,  aplicar­se­á  a  pena  de  perdimento  das  mercadorias  objeto  das  operações  correspondentes,  nos  termos  do  art.  23,  V  do  Decreto­lei  nº 1.455,  de  7  de  abril  de  1976,  na  hipótese de:    Parágrafo  único.  Nas  hipóteses  previstas  nos  incisos  I  e  II  do  caput,  será  ainda  instaurado  procedimento  para  declaração  de  inaptidão  da  inscrição  da empresa no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).”    Tal  imputação gerava transtornos para as empresas que tinham patrimônio e  não eram somente criadas para realizar a operação fraudulenta.    Assim,  foi  publicada  a Lei n.º  11.488/07, que no parágrafo único do  artigo  33, tentou corrigir tal distorção legislativa a fim de adequar a cominação de inaptidão de CNPJ  àquela  empresa  criada  somente  para  efetuar  importações  irregulares  sem  existir  de  fato,  ou  seja, dita “de  fachada”. Porém, para a  empresa que existisse de  fato haveria a cominação de  uma multa de 10% sobre o valor da operação, limitada a R$5.000,00.    Para  reforçar  esse  entendimento,  pela  leitura  do  parecer  que  encaminha  o  Projeto de Lei de Conversão da Medida Provisória n.° 351/07 (PLV 13/2007), do qual resultou  a  Lei  n.º  11.488/07,  seu  relator,  que  também  responde  pela  autoria  do  dispositivo,  faz  a  seguinte  observação  à  proposta  de  redação  do  art.  35,  posteriormente  renumerado  para  33,  quando da conversão definitiva:    Fl. 5168DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.169          10 "Já no art. 35, juntamente com a modificação da redação do art. 81 da Lei nº  9.430,  de  1996,  contida  no  art.  15  do  PLV,  sugerimos  a  adequação  dos  critérios  legais  para  se  declarar  a  inaptidão  de  inscrição  das  pessoas  jurídicas e da multa aplicável no caso de cessão de nome da empresa para  realização de operações de comércio exterior de terceiros. "(grifo nosso)    Essa  interpretação fica clara pela análise do disposto no parágrafo único do  artigo 33 da Lei nº 11.488/07, o qual  faz  referência expressa à  inaptidão de CNPJ da pessoa  jurídica que não comprove a origem, disponibilidade e transferências dos recursos (artigo 81 “§  1º da Lei n.º 9439/96), e essa é a definição de interposição fraudulenta presumida (art.23, V, “§  2°, do Decreto­lei n.º 1.455/76).    É  de  se  ressaltar,  ainda,  que  não  houve  revogação  do  comando  normativo  inserto no artigo 23, V, do Decreto­lei n.º 1.455/76.     Conforme  a  Lei  de  Introdução  ao  Código  Civil  Brasileiro  (Decreto­lei  n.º  4.657/42), a revogação legislativa assim dispõe sobre a revogação:    “Art. 2o Não  se destinando à  vigência  temporária,  a  lei  terá  vigor até que  outra a modifique ou revogue.  §  1o  A  lei  posterior  revoga  a  anterior  quando  expressamente  o  declare,  quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria  de que tratava a lei anterior.”    Deste  modo,  uma  lei  só  será  revogada  com  o  advento  de  outra  com  ela  incompatível.    Analisando os dois dispositivos,  embora o  artigo 23, V, do Decreto­Lei  n.º  1.455/76,  traga  como  penalidade  a  perda  da  mercadoria  e  isto  afetaria  diretamente  o  real  adquirente,  quem  comete  a  infração,  ou  seja,  o  sujeito  ativo  da  interposição  fraudulenta  comprovada  é  tanto  o  importador  ostensivo,  quanto  o  real  importador  e  adquirente,  em  co­ autoria, em razão de previsão da “solidariedade” entre as condutas, com base nos artigos 124, I,  do Código Tributário Nacional e 95 do Decreto­Lei n.º 37/66.  Fl. 5169DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.170          11   E o artigo 33 da Lei n.º 11.488/07 nada previu sobre o assunto, mas somente  a  cominação de uma nova penalidade para  a  conduta de  interposição  fraudulenta presumida,  sem,  portanto,  a  comprovação  da  fraude  e  simulação  propriamente  dita,  mas  decorrente  de  presunção  legal.  A  pena  seria  de  10%,  mais  branda,  e  se  aplicaria  somente  ao  importador  ostensivo.    Dessa forma, depreende­se que não houve revogação tácita e inaplicáveis as  disposições  do  artigo  2º,  §1º  da  LICC,  em  razão  da  inexistência  de  incompatibilidade  e  inexistência de inteira regulação da matéria.    Cita­se a ementa de acórdão da 2ª turma do TRF4 (AMS 2005.72.08.005166­ 6/SC,  publicado  em  1/8/2007,  relator Otávio Roberto  Pamplona),  o  qual  vai  ao  encontro  do  presente  artigo  no  sentido  de  que  não  houve  revogação  do  artigo  23,  V,  do  Decreto­lei  1.455/76:    “TRIBUTÁRIO. MANDADO DE  SEGURANÇA. DILAÇÃO PROBATÓRIA.  INTERPOSIÇÃO  FRAUDULENTA.  OCULTAÇÃO  DO  VERDADEIRO  IMPORTADOR.  PENA  DE  PERDIMENTO  DAS  MERCADORIAS.  LEGALIDADE.  ARTIGO  33  DA  LEI  Nº  11.488,  DE  15  DE  JUNHO  DE  2007.  NÃO  REVOGAÇÃO  DA  PENA  DE  PERDIMENTO  PREVISTA  NO  ARTIGO  23  DO  DECRETO­LEI  Nº  1.455,  DE  1976.  AUSÊNCIA  DE  DIREITO LÍQUIDO E CERTO.  (...)  5. O artigo 33 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, não tem o condão  de afastar a pena de perdimento, porquanto não implicou em revogação do  artigo 23 do DL nº 1.455/76, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002.  Isso porque, a pena de perdimento atinge, em verdade, o real adquirente da  mercadoria, sujeito oculto da operação de  importação. A pena de multa de  10% sobre a operação, prevista no referido dispositivo legal, revela­se como  pena pessoal da empresa que, cedendo seu nome, faz a importação, em nome  próprio, para  terceiros. O parágrafo único do aludido artigo, por  sua vez,  estatui  que  "à  hipótese  prevista  no  caput  deste  artigo  não  se  aplica  o  Fl. 5170DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.171          12 disposto  no  art.  81  da  Lei  nº  9.430,  de  27  de  dezembro  de  1996".  Essa  complementação  legal,  constante  do  parágrafo  único,  abona  o  entendimento de que não houve a revogação da pena de perdimento para a  hipótese  retratada  nos  autos.  Antes  o  confirma,  porquanto  exclui,  expressamente, apenas a possibilidade da aplicação da sanção de inaptidão  do  CNPJ.  Quanto  às  demais  penas,  permanecem  incólumes,  havendo  a  previsão,  agora  também,  da  pena  pecuniária,  nos  termos  do  caput  do  aludido preceptivo legal.” (g.n.)    De tudo que foi esclarecido acima, entendo que a pena instituída no art. 33 da  Lei n.º 11.488, de 2007 surgiu, efetivamente, como alternativa à declaração de inaptidão, nas  hipóteses anteriormente previstas nas instruções normativas da Secretaria da Receita Federal do  Brasil que disciplinavam a inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). E prevê  multa de 10% sobre o valor da operação, limitada a R$ 5.000,00, para o importador ostensivo  que praticar interposição fraudulenta presumida, conforme disposição expressa da infração no §  2º do artigo 23 do Decreto­lei n.º 1.455/76.    E o art. 23, V, do Decreto­Lei n.º 1.455/76 pune, com multa de 100% sobre o  valor  da  operação,  tanto  o  importador  ostensivo,  quanto  o  real  adquirente,  em  conjunto  ou  isoladamente, quando praticarem a interposição fraudulenta propriamente dita ou comprovada.    Desta feita, as normas têm situações fáticas de aplicação diferenciadas, sendo  que o diferencial  reside na comprovação da fraude, simulação e conluio para o artigo 23, V,  Decreto­Lei n.º 1.455/76, bem como o sujeito passivo, que pode ser o importador ostensivo e o  real adquirente; ao passo que o artigo 33 da Lei n.º 11.488 traz penalidade mais branda para a  infração de interposição fraudulenta presumida, sem prova de fraude, e tem por sujeito passivo  somente o importador ostensivo que possui existência fática não só jurídica.    Por fim, cito as decisões do Poder Judiciário que reforçam o entendimento de  que a multa do art. 33 da Lei n.º 11.488/07 veio para substituir a pena de inaptidão do CNPJ da  pessoa jurídica, quando houver cessão de nome, e não prejudica a hipótese de dano ao erário:    Fl. 5171DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.172          13 “AÇÃO  ORDINÁRIA.  ADUANEIRO.  DECLARAÇÃO  DE  IMPORTAÇÃO.  INTERPOSTA  PESSOA.  CESSÃO  DE  NOME.  INAPTIDÃO  DO  CNPJ.  SUPERVENIÊNCIA  DE  LEI  MAIS  BENÉFICA.  ART.  106,  II,  c,  CTN.  MULTA.   1. Compulsando­se os autos, verifica­se ter a Secretaria da Receita Federal,  por meio do Serviço de Fiscalização Aduaneira, concluiu ter havido a cessão  do nome da empresa apelada para a realização de operações de terceiros,  motivo pelo qual foi proposta a representação para fins de inaptidão do seu  CNPJ desde 24/09/04 (fls. 120/122), situação que se amolda perfeitamente à  situação descrita no artigo acima transcrito.   2. Assim, a análise da legislação que rege a matéria leva à conclusão de que  a  interposição  fraudulenta,  ainda  que  continue  configurando  hipótese  de  dano  ao  erário,  não mais  enseja  a  pena  de  inaptidão  do CNPJ  da  pessoa  jurídica,  por  expressa  vedação  do  parágrafo  único  do  art.  33  da  Lei  nº  11.488/07.   3.  Há  que  se  dizer,  ainda,  que  a  referida  Lei  nº  11.488/07  tem  aplicação  retroativa, na forma do que estabelece o art. 106, II, "c" do CTN.   4. Apelação a que se nega provimento.  APELREEX 00187660820064036100 DES. CECILIA MARCONDES e­DJF3  Judicial 1 DATA:18/10/2010 PÁG: 279    "DECLARAÇÃO DE  INAPTIDÃO DO CNPJ DE EMPRESA ENVOLVIDA  EM  INTERPOSIÇÃO  FRAUDULENTA  DE  TERCEIRO  EM  ATIVIDADE  DE COMÉRCIO EXTERIOR. PREVISÃO EXPRESSA DA LEI Nº 11.488/04  SUBSTITUINDO A PENA DE  INAPTIDÃO DO CNPJ  POR MULTA. Nos  termos do art. 33 da Lei nº 11.488/07, a interposição fraudulenta de pessoa  jurídica em operação de comércio exterior, embora continue sendo hipótese  de  dano  ao  erário  e  conseqüente  perdimento  das  mercadorias  transacionadas,  já  não  enseja  a  inaptidão  do  CNPJ  da  pessoa  jurídica  envolvida, mas a pena de multa" (TRF4, 2ª Turma, AC 2006.72.05.006036­0,  relatora  Desembargadora  Federal  Luciane  Amaral  Corrêa  Münch,  j.  13/05/09).    Fl. 5172DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.173          14 "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL ­ INAPTIDÃO DA SOCIEDADE NO  CADASTRO  NACIONAL  DE  PESSOAS  JURÍDICAS­CNPJ  ­  LEI  Nº  9.430/96,  ART.  81,  §  1º  ­  LEI  Nº  11.488/2007,  ART.  33,  PARÁGRAFO  ÚNICO ­ LEI POSTERIOR ­ PENALIDADE MENOS SEVERA ­ MULTA ­  APLICABILIDADE ­ CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL, ART. 106, II, "C"  ­  ANTECIPAÇÃO  DE  TUTELA  CONTRA  A  FAZENDA  PÚBLICA  ­  POSSIBILIDADE  ­  VEROSSIMILHANÇA  E  FUNDADO  RECEIO  DE  DANO IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO COMPROVADOS. 1  ­  A  situação  da  pessoa  jurídica  que  cede  seu  nome  para  que  terceiros  realizem operações de  comércio  exterior  foi  equiparada à de  empresa que  não  comprova  capacidade  financeira  para  amparar  suas  operações  de  importação,  sujeitando­se  à  penalidade  de MULTA  por  ser  menos  severa,  não mais à de INAPTIDÃO do seu registro no Cadastro Nacional de Pessoas  Jurídicas­CNPJ.  2  ­  Merece  reparo  a  decisão  que  indeferira  pedido  de  antecipação  dos  efeitos  da  tutela  ao  fundamento  de  ausência  de  verossimilhança  do  direito  invocado  porque,  após  o  advento  da  Lei  nº  11.488/2007,  a  infração  atribuída  à  Agravante  é  passível  de  penalidade  menos severa, MULTA, não mais INAPTIDÃO da sua inscrição no Cadastro  Nacional de Pessoas Jurídicas­CNPJ. (Lei nº 9.430/96, art. 81, § 1º; Lei nº  11.488/2007, art 33, parágrafo único; Código Tributário Nacional, art. 106,  II, "c".) 3 ­ Agravo de Instrumento provido.4 ­ Decisão reformada" (TRF 1,  7ª Turma, AG 2008.01.00.000059­3, relator Desembargador Federal Catão  Alves, j. 02/09/08).    ADMINISTRATIVO  E  TRIBUTÁRIO.  IMPORTAÇÃO.  AUTO DE RETENÇÃO.  PRESUNÇÃO DE VERACIDADE,  LEGITIMIDADE  E  LEGALIDADE.  PROCEDIMENTO  ESPECIAL DE CONTROLE  ADUANEIRO.INTERPOSIÇÃO  FRAUDULENTA DE TERCEIRO. PENA DE PERDIMENTO. CABIMENTO.  APLICAÇÃO  EXCLUSIVA  DA  MULTA  DO  ART.  33  DA  LEI  N.º  11.488/2007.  IMPOSSIBILIDADE.  1. Afastada  a  alegação de nulidade  da  sentença por não ter abordado todas as questões apresentadas na exordial,  eis que restaram claras as razões do r. Juízo a quo para julgar improcedente  Fl. 5173DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.174          15 o  pedido  da  parte  autora.  2. O  Juiz,  na  avaliação  da  prova  material,  submete­se  ao  princípio  do  livre  convencimento  motivado,  podendo,  a  fim de formar  sua  convicção,  entender  pela  necessidade  ou  não  da  realização  da  prova  testemunhal  (arts.  130  e  131,  do  CPC),  não  prosperando  a  alegação de cerceamento de defesa.  3. Os  atos  administrativos,  dentre  os  quais  se  incluem  os  termos de retenção  de que  tratam  estes  autos,  gozam de presunção  juris  tantum de veracidade,  legitimidade  e  legalidade,  cumprindo  ao  administrado  provar  os  fatos  constitutivos de seu  direito,  i.e.,  a  inexistência  dos  fatos  narrados  como  verdadeiros nos autos de retenção. 4. A Secretaria da Receita Federal, com  base no art. 237 da Magna Carta e no art. 68, caput e parágrafo único da  Medida  Provisória  n.º  2.158­35, de 24/08/2001,  editou  a  IN  SRF  nº  228/2002,  dispondo  sobre  procedimento  especial de verificação  da  origem  dos  recursos  aplicados em  operações  de  comércio  exterior e  combate  à interposição fraudulenta de pessoas. 5. Há previsão legal expressa para a  aplicação  da  pena de perdimento  nos  casos em que  a  infração  cometida,  quando da importação, configura dano ao Erário, no termos dos arts. 95, IV  e  96,  II,  do  Decreto­Lei  n.º  37/66.  6. Pretende  a  apelante  importar  mercadorias  objeto  das  declarações de importação  n.º  05/1314805­6  e  n.º  05/1270799­0, as quais foram selecionadas para conferência no canal cinza  do  Siscomex,  momento em que  foram  retidas  com  base  na  IN  SRF  n.º  206/2002.  7. A  ação de fiscalização  visava  ao  exame  da  regularidade  na  constituição  da  importadora,  inclusive  quanto  à  verificação de recursos  aplicados em  operações  de  comércio  exterior e  combate  à interposição  fraudulenta,tendo  o  procedimento  especial  ao  qual  a  empresa  estava  submetida  sido  encerrado  com  proposta de inaptidão  do  CNPJ.  8. Restou  patente  haver  indícios  objetivos  e  fundados de fraude  ou  simulação  passíveis de ensejar  a  aplicação de pena de perdimento  das  mercadorias  importadas  pela  apelante,  não  se  mostra  despropositado,  ademais,  promover­se  a  apreensão  destas.  9. Não  prospera  a  alegação de que  a  aplicação da multa prevista no art.  33 da Lei n.º  11.488/2007  impediria a  decretação de perdimento  das  mercadorias,  nos  termos  do  art.  23,  §1º  do  Decreto­Lei n.º 1.455/1976, uma vez que o primeiro dispositivo  refere­se a  Fl. 5174DF CARF MF Processo nº 10783.720470/2010­67  Acórdão n.º 9303­007.560  CSRF­T3  Fl. 5.175          16 uma  sanção  administrativa  direcionada  à pessoa física  ou jurídica que  se  apresenta  como  compradora,  cedendo  seu  nome  e  documentos  a  terceiros em operações de comércio exterior, enquanto o segundo dispositivo  é  dirigido  ao  importador  oculto,  não  havendo  que  se  falar,  portanto, em aplicação  exclusiva  do  art.  33  da  Lei  n.º  11.488/2007  à  apelante.  10. Apelação  improvida.  AC  00078985620064036104  AC ­ APELAÇÃO CÍVEL ­ 1282730    Em vista de todo o exposto, voto por conhecer o Recurso Especial interposto  pela Contribuinte, negando­lhe provimento.    É como voto.     (assinado digitalmente)  Érika Costa Camargos Autran                                            Fl. 5175DF CARF MF

score : 1.0
7551111 #
Numero do processo: 13839.900459/2008-60
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRAZO LEGAL. RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência o prazo para apresentação de Recurso Voluntário. Não podendo se conhecer de recurso apresentado fora do prazo legalmente estipulado, sem justificativa válida. Recurso Não Conhecido.
Numero da decisão: 1001-000.929
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente)
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201811

ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRAZO LEGAL. RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência o prazo para apresentação de Recurso Voluntário. Não podendo se conhecer de recurso apresentado fora do prazo legalmente estipulado, sem justificativa válida. Recurso Não Conhecido.

turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção

dt_publicacao_tdt : Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018

numero_processo_s : 13839.900459/2008-60

anomes_publicacao_s : 201812

conteudo_id_s : 5940290

dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018

numero_decisao_s : 1001-000.929

nome_arquivo_s : Decisao_13839900459200860.PDF

ano_publicacao_s : 2018

nome_relator_s : EDUARDO MORGADO RODRIGUES

nome_arquivo_pdf_s : 13839900459200860_5940290.pdf

secao_s : Primeira Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente)

dt_sessao_tdt : Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018

id : 7551111

ano_sessao_s : 2018

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:33:34 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713051150331150336

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1226; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1­C0T1  Fl. 2          1 1  S1­C0T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  13839.900459/2008­60  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  1001­000.929  –  Turma Extraordinária / 1ª Turma   Sessão de  07 de novembro de 2018  Matéria  Compensação  Recorrente  ANTONIO CARLOS TERRA ME  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Ano­calendário: 2004  PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  PRAZO  LEGAL.  RECURSO  VOLUNTÁRIO  INTEMPESTIVO.  AUSÊNCIA  DE  JUSTIFICATIVA.  NÃO CONHECIMENTO.  Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência o  prazo para apresentação de Recurso Voluntário. Não podendo se conhecer de  recurso  apresentado  fora  do  prazo  legalmente  estipulado,  sem  justificativa  válida. Recurso Não Conhecido.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  não  conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.    (assinado digitalmente)  LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA ­ Presidente.   (assinado digitalmente)  EDUARDO MORGADO RODRIGUES ­ Relator.         AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 04 59 /2 00 8- 60 Fl. 137DF CARF MF Processo nº 13839.900459/2008­60  Acórdão n.º 1001­000.929  S1­C0T1  Fl. 3          2 Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Edgar  Bragança  Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de  Sousa (Presidente)    Relatório  Trata­se de Recurso Voluntário (fls. 82 a 133) interposto contra o Acórdão nº  05­39.028, proferido pela 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento  em  Campinas/SP  (fls.  64  a  69),  que,  por  unanimidade,  julgou  improcedente  a  impugnação  apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa:  "ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA  Ano­calendário: 2004    DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO  INTEGRALMENTE  ALOCADO.  Não  cabe  a  homologação  de  compensação  declarada  pelo  contribuinte  por  inexistência  de  direito  creditório,  quando  o  recolhimento  indicado  pelo  sujeito  passivo  como  origem  do  seu  crédito encontra­se  integralmente alocado para a quitação de débito  confessado.  COMPENSAÇÃO.  DIREITO  CREDITÓRIO.  RETIFICAÇÃO  DA  DECLARAÇÃO  DE  COMPENSAÇÃO.  MANIFESTAÇÃO  DE  INCONFORMIDADE. INADMISSIBILIDADE.  A manifestação de inconformidade é meio instrumental inadmissível à  retificação da declaração de compensação.    Manifestação de Inconformidade Improcedente  Direito Creditório Não Reconhecido"    Por  sua  precisão  na  descrição  dos  fatos  que  desembocaram  no  presente  processo, peço  licença para adotar e  reproduzir os  termos do  relatório da decisão da DRJ de  origem:  "Trata­se  de  Declaração  de  Compensação  formulada  pelo  sujeito  passivo,  conforme documento eletrônico PER/DCOMP nº 27169.58773.120204.1.3.047601 (fls. 50/55),  postulando a homologação de  compensação de débito  relativo a contribuição para o Simples  relativa ao período de apuração de janeiro de 2004, conforme código de receita 61060, no valor  de R$ 497,14.  Segundo  o  referido  PER/DCOMP,  o  crédito  do  contribuinte  está  consubstanciado  em  recolhimento  levado  a  efeito  pelo  sujeito  passivo  sob  a  sistemática  do  Fl. 138DF CARF MF Processo nº 13839.900459/2008­60  Acórdão n.º 1001­000.929  S1­C0T1  Fl. 4          3 Simples,  em  relação  ao  período  de  apuração  de  31/12/2003,  conforme  código  de  receita  nº  6106.  Em 24/04/2008 houve a emissão do Despacho Decisório Eletrônico – DDE,  cadastrado  sob  nº  de  rastreamento  757838997  (fl.  03).  Segundo  referido  ato,  não  houve  a  homologação  da  compensação  informada  pelo  sujeito  passivo  em  sua  Declaração  de  Compensação,  pelo  fato  do  recolhimento  informado  como  ensejador  do  direito  de  crédito  já  estar devidamente alocado em face de débito  confessado em relação ao período de apuração  01/12/2003, conforme pagamento nº 42521473581.  Cientificado o contribuinte, o mesmo comparece aos autos apresentando seu  instrumento  de  manifestação  de  inconformidade  de  fl.  02,  alegando,  em  síntese,  que  em  13/01/2004  houve  o  recolhimento  em  duplicidade  de  contribuições  ao  Simples;  que,  em  12/02/2004 efetuou a compensação do imposto pago em duplicidade com o imposto devido no  mês de janeiro de 2004, com vencimento em 10/02/2004, conforme PER/DCOMP transmitida  em 12/02/2004; que em 31/05/2005 foi transmitida a DIPJ 2005, relativa ao ano­calendário de  2004,  não  contando  com a  informação  da  compensação,  informação  esta  retificada  em DIPJ  transmitida em 16/05/2008."  O Contribuinte  foi  cientificado  da  decisão  de  primeira  instância  na data  de  27/05/2013, conforme declarou no AR de fls. 80.  Somente em data de 05/07/2013 (conforme carimbo de protocolo) protocolou  o presente Recurso Voluntário.  É o relatório.        Voto             Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues  Conforme  se  abstrai  do  relatório,  a  ora  Recorrente  apresentou  o  presente  Recurso Voluntário 09 dia após o termo final do prazo de 30 dias legalmente estabelecido pelo  art. 33 do Decreto 70.235/72.   Desta  forma,  não  tendo  a  Recorrente  apresentado  qualquer  argumento  que  justifique  este  atraso,  não  resta  outra  possibilidade  que  não  reconhecimento  da  intempestividade do recurso.  Diante disto, VOTO pelo NÃO CONHECIMENTO do Recurso Voluntário.    (assinado digitalmente)  Fl. 139DF CARF MF Processo nº 13839.900459/2008­60  Acórdão n.º 1001­000.929  S1­C0T1  Fl. 5          4 Eduardo Morgado Rodrigues ­ Relator                                Fl. 140DF CARF MF

score : 1.0
7508930 #
Numero do processo: 11050.001665/2009-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 02/10/2004 a 31/10/2004 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 2. EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 DO ANEXO II DO RICARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas no artigo 62 do Anexo II do RICARF. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE NA EXPORTAÇÃO. MULTA DO ART. 107, IV, “E” DO DL 37/1966 (IN SRF 28, de 1994, IN SRF 510, de 2005 e IN SRF nº 1.096, de 2.010). VIGÊNCIA E APLICABILIDADE. NOTÍCIA SISCOMEX. A expressão “imediatamente após”, constante da vigência original do art. 37 da IN SRF nº 28, de 1994, traduz subjetividade e não possui delimitação jurídica objetiva a determinar o cumprimento da obrigação de registro dos dados de embarque. Para os efeitos dessa obrigação, a multa que lhe corresponde, instituída no art. 107, inciso IV, alínea “e” do Decreto-lei nº 37, de 1966, na redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003, somente começou a ser passível de aplicação a partir de fatos ocorridos a partir de 15/2/2005, data em que a IN SRF nº 510, de 2005 entrou em vigor e fixou prazo certo para o registro desses dados no Siscomex.
Numero da decisão: 3302-006.097
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201810

camara_s : Terceira Câmara

ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 02/10/2004 a 31/10/2004 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 2. EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 DO ANEXO II DO RICARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas no artigo 62 do Anexo II do RICARF. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE NA EXPORTAÇÃO. MULTA DO ART. 107, IV, “E” DO DL 37/1966 (IN SRF 28, de 1994, IN SRF 510, de 2005 e IN SRF nº 1.096, de 2.010). VIGÊNCIA E APLICABILIDADE. NOTÍCIA SISCOMEX. A expressão “imediatamente após”, constante da vigência original do art. 37 da IN SRF nº 28, de 1994, traduz subjetividade e não possui delimitação jurídica objetiva a determinar o cumprimento da obrigação de registro dos dados de embarque. Para os efeitos dessa obrigação, a multa que lhe corresponde, instituída no art. 107, inciso IV, alínea “e” do Decreto-lei nº 37, de 1966, na redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003, somente começou a ser passível de aplicação a partir de fatos ocorridos a partir de 15/2/2005, data em que a IN SRF nº 510, de 2005 entrou em vigor e fixou prazo certo para o registro desses dados no Siscomex.

turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção

dt_publicacao_tdt : Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018

numero_processo_s : 11050.001665/2009-16

anomes_publicacao_s : 201811

conteudo_id_s : 5926068

dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018

numero_decisao_s : 3302-006.097

nome_arquivo_s : Decisao_11050001665200916.PDF

ano_publicacao_s : 2018

nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE

nome_arquivo_pdf_s : 11050001665200916_5926068.pdf

secao_s : Terceira Seção De Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.

dt_sessao_tdt : Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018

id : 7508930

ano_sessao_s : 2018

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:31:13 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713051150333247488

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1993; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C3T2  Fl. 188          1 187  S3­C3T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  11050.001665/2009­16  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3302­006.097  –  3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  25 de outubro de 2018  Matéria  Multa Aduaneira  Recorrente  CTIL LOGISTICA LTDA.   Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS  Período de apuração: 02/10/2004 a 31/10/2004  INCONSTITUCIONALIDADE  DE  LEI.  SÚMULA  CARF  Nº  2.  EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 DO ANEXO II DO RICARF.  O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade  de  lei  tributária.  Fica  vedado  aos  membros  das  turmas  de  julgamento  do  CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional,  lei  ou  decreto,  sob  fundamento  de  inconstitucionalidade,  ressalvadas  as  hipóteses previstas no artigo 62 do Anexo II do RICARF.  REGISTRO  EXTEMPORÂNEO  DOS  DADOS  DE  EMBARQUE  NA  EXPORTAÇÃO. MULTA DO ART. 107, IV, “E” DO DL 37/1966 (IN SRF  28, de 1994, IN SRF 510, de 2005 e IN SRF nº 1.096, de 2.010). VIGÊNCIA  E APLICABILIDADE. NOTÍCIA SISCOMEX.  A expressão “imediatamente após”, constante da vigência original do art. 37  da  IN  SRF  nº  28,  de  1994,  traduz  subjetividade  e  não  possui  delimitação  jurídica  objetiva  a  determinar  o  cumprimento  da  obrigação  de  registro  dos  dados  de  embarque.  Para  os  efeitos  dessa  obrigação,  a  multa  que  lhe  corresponde, instituída no art. 107, inciso IV, alínea “e” do Decreto­lei nº 37,  de  1966,  na  redação  dada  pelo  art.  77  da Lei  nº  10.833,  de  2003,  somente  começou  a  ser  passível  de  aplicação  a  partir  de  fatos  ocorridos  a  partir  de  15/2/2005, data em que a  IN SRF nº 510, de 2005 entrou em vigor e  fixou  prazo certo para o registro desses dados no Siscomex.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  dar  provimento ao recurso voluntário.       AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 0. 00 16 65 /2 00 9- 16 Fl. 188DF CARF MF Processo nº 11050.001665/2009­16  Acórdão n.º 3302­006.097  S3­C3T2  Fl. 189          2 (assinado digitalmente)  Paulo Guilherme Déroulède ­ Presidente e Relator  Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros:  Paulo  Guilherme  Déroulède  (Presidente),  Gilson Macedo  Rosenburg  Filho, Walker  Araujo,  Corintho Oliveira  Machado,  Jose  Renato  Pereira  de  Deus,  Jorge  Lima  Abud,  Diego  Weis  Junior,  Raphael  Madeira Abad.  Relatório  Trata­se de Auto  de  Infração  lavrado  para  a  cobrança  da multa prevista  no  artigo  107,  IV,  "e"  do  Decreto­lei  nº  37  de  18/11/1966,  pela  informação  de  embarque  de  mercadorias objeto de despacho de exportação, fora do prazo estabelecido pela RFB.  Em impugnação, a recorrente deduziu:  1. Antes de o agente marítimo informar os dados de embarque, a autoridade  fiscal  aduaneira  já  possui  conhecimento  dos  referidos  dados  e  que  o  atraso  no  registro  não  implica em qualquer prejuízo ao controle de carga;  2. Ausência de responsabilidade direta da recorrente, em razão de não possuir  dentro do prazo de sete dias, as informações necessárias ao registro no SISCOMEX;  3. A impossibilidade de aplicação da multa cominada por falta de tipificação  legal e ilegitimidade passiva da recorrente;  4. A nulidade do Auto de Infração por aplicação de norma inexistente à data  de ocorrência dos fatos (IN SRF nº 510/2005), com ofensa ao artigo 144 do CTN;  5.  A  impossibilidade  de  aplicação  da  multa  por  ofensa  às  limitações  constitucionais ao poder de tributar e ao princípio da proporcionalidade e da razoabilidade;  6. A inexistência de prejuízo ao erário e a aplicação do artigo 112 do CTN;  7.  A  possibilidade  de  análise  de  inconstitucionalidade  no  âmbito  administrativo.  A Quarta Turma da DRJ no Rio de Janeiro proferiu o Acórdão nº 12­86.578,  julgando a impugnação improcedente, nos termos da ementa abaixo:  Assunto: Normas de Administração Tributária   Ano­calendário: 2009   INFRAÇÕES  DE  NATUREZA  TRIBUTÁRIA.  RESPONSABILIDADE OBJETIVA.   A  responsabilidade  por  infrações  da  legislação  tributária  independe da intenção do agente.   Fl. 189DF CARF MF Processo nº 11050.001665/2009­16  Acórdão n.º 3302­006.097  S3­C3T2  Fl. 190          3 ARGÜIÇÃO  DE  ILEGALIDADE  E  INCONSTITUCIONALIDADE.  INCOMPETÊNCIA  DAS  INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO.   Não compete às autoridades administrativas proceder à análise  da constitucionalidade ou legalidade das normas tributárias que  regem  a  matéria  sob  apreço,  posto  que  essa  atividade  é  de  competência exclusiva do Poder Judiciário; logo resta incabível  afastar sua aplicação, sob pena de responsabilidade funcional.   PRESTAÇÃO  EXTEMPORÂNEA  DOS  DADOS  DE  EMBARQUE.   A partir da vigência da Medida Provisória 135/03, a prestação  extemporânea da informação dos dados de embarque por parte  do transportador ou de seu agente é infração tipificada no artigo  107,  inciso  IV,  alínea  “e”  do  Decreto­Lei  37/66,  com  a  nova  redação  dada  pelo  artigo  61  da  MP  citada,  que  foi  posteriormente convertida na Lei 10.833/03.   DADOS  DE  EMBARQUE.  INFORMAÇÃO  INTEMPESTIVA.  PENALIDADE  APLICADA  POR  VIAGEM  EM  VEÍCULO  TRANSPORTADOR.   A  penalidade  que  comina  a  prestação  intempestiva  de  informação  referente  aos  dados  de  embarque  de  mercadorias  destinadas  à  exportação  é  aplicada  por  viagem  do  veículo  transportador.   AGENTE  DE  CARGA.  INOBSERVÂNCIA  DO  PRAZO  PARA  PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE.   O agente de carga submete­se às regras da IN RFB nº 800/2007,  pois é expressamente incluído entre as espécies de transportador  ali definidas, devendo o  significado do  termo  transportador ser  compreendido  levando  em  consideração  o  contexto  em  que  ele  foi empregado.   Assunto: Obrigações Acessórias   Ano­calendário: 2009   INFORMAÇÕES SOBRE VEÍCULO, OPERAÇÃO OU CARGA.  PRAZO PARA APRESENTAÇÃO.   Até  a  entrada  em  vigor  dos  prazos  estabelecidos  no art.  22  da  Instrução Normativa RFB nº 800/2007, as informações exigidas  pela  Aduana  referentes  ao  transporte  internacional  de  mercadorias,  inclusive  as  de  responsabilidade  do  agente  de  carga,  deveriam  ser  prestadas  antes  da  atracação  ou  desatracação da embarcação em porto no País.   PRESTAÇÃO  INTEMPESTIVA  DE  INFORMAÇÃO  SOBRE  CARGA  TRANSPORTADA.  MULTA.  DELIMITAÇÃO  DA  INCIDÊNCIA.   Fl. 190DF CARF MF Processo nº 11050.001665/2009­16  Acórdão n.º 3302­006.097  S3­C3T2  Fl. 191          4 Em conformidade com o disposto no Ato Declaratório Executivo  Corep  nº  3,  de  28/3/2008  (DOU  1/4/2008),  a  prestação  intempestiva  de  dados  sobre  veículo,  operação  ou  carga  transportada  é  punida  com  multa  específica  que,  em  regra,  é  aplicável em relação a cada escala, manifesto, conhecimento ou  item  incluído  ou  retificado  após  o  prazo  para  prestar  a  devida  informação, independente da quantidade de campos alterados.   NORMA EM PLENO VIGOR.  INOBSERVÂNCIA POR CONTA  DE  SUPOSTO  VÍCIO  NAS  OBRIGAÇÕES  INSTITUÍDAS.  VEDAÇÃO.   A  IN RFB nº 800/2007 está  em pleno vigor,  logo não pode  ser  afastada  pelo  julgador  administrativo,  cuja  atuação  é  pautada  pelo  princípio  da  legalidade,  nem  descumprida  pelos  seus  destinatários  por  conta  de  suposto  vício  nas  obrigações  estabelecidas.   Impugnação Improcedente  Crédito Tributário Mantido  Inconformada,  a  recorrente  interpôs  recurso  voluntário,  reiterando  as  alegações deduzidas na impugnação, resumidas abaixo:  1. A impossibilidade de aplicação de multa cominada por falta de tipificação  legal e ilegitimidade passiva;  2. A  imprecisão contida no Auto de  Infração sobre como a mesma agiu,  se  como transportador ou agente ou outra hipótese, ou seja, a comprovação da sujeição passiva;  3.  O  princípio  da  razoabilidade  e  as multas  fiscais  e  sua  violação  no  caso  concreto ­ limitações constitucionais ao poder de tributar;  4. A  inexistência de prejuízo ao erário e aplicação do artigo 122 do CTN e  ausência de dolo ou má­fé;  5.  A  possibilidade  de  análise  de  inconstitucionalidade  no  âmbito  administrativo.  Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator.  É o relatório.  .  Voto             Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator.  O  recurso  voluntário  atende  aos  pressupostos  processuais  e  dele  tomo  conhecimento.  Fl. 191DF CARF MF Processo nº 11050.001665/2009­16  Acórdão n.º 3302­006.097  S3­C3T2  Fl. 192          5 Inicialmente,  cabe  ressalvar  que  as  alegações  de  inconstitucionalidade  não  podem ser conhecidas por este colegiado, em razão da Súmula CARF nº 02:  O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar  sobre  a  inconstitucionalidade de lei tributária  Assim,  as  alegações  concernentes  à  ilegalidade  de  dispositivos  legais  por  ofensa  ao  princípio  da  razoabilidade,  princípio  de  vedação  ao  confisco,  à  reserva  de  lei  complementar, às  limitações constitucionais ao poder de tributar e, por óbvio, concernentes à  possibilidade  de  análise  de  inconstitucionalidade  no  âmbito  administrativo  não  serão  conhecidas. De forma complementar, adoto as razões da decisão recorrida quanto às alegações  de violações de princípios efetuadas pela recorrente, conforme disposto no §1º do artigo 50 da  Lei nº 9.784/1999.  A autoridade fiscal fundamentou a autuação no art. 37 da IN SRF nº 28, de  1994, na  IN SRF nº 510/2005 e no artigo 107,  inciso  IV, alínea “e” do Decreto­lei nº 37, de  1966 e nos artigos 15, 17, 24, 27, 30 a 32, 36 a 43, 52 a 55, 59, 60 do Decreto nº 4.543, de  2002.  Dentre  as  alegações  da  recorrente,  está  a  falta  de  tipificação  legal  para  a  cominação  da  penalidade.  No  caso,  os  fatos  geradores  reportam  a  2004,  período  anterior  à  vigência  da  IN  SRF  nº  510/2005,  que  foi  a  primeira  instrução  a  estabelecer  um  prazo  determinado de dois ou sete dias para  a prestação das  informações,  substituindo a expressão  "imediatamente" que constava na redação original do artigo 37 da IN SRF nº 28/1994.   A  respeito  da  interpretação  da  expressão  "imediatamente",  este  relator  já  proferiu voto no Acórdão nº 3302­002.721, de 18/09/2014, no processo 10689.000010/2009­ 53, cujas ementa e razões reitero abaixo:  Ementa:  ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS  Período  de  apuração:  01/02/2004  a  24/12/2004,  12/09/2008  a  21/09/2008  REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE  NA  EXPORTAÇÃO.  MULTA  DO  ART.  107,  IV,  “E”  DO  DL  37/1966 (IN SRF 28, de 1994, IN SRF 510, de 2005 e IN SRF nº  1.096,  de  2.010).  VIGÊNCIA  E  APLICABILIDADE.  NOTÍCIA  SISCOMEX.  A  expressão  “imediatamente  após”,  constante  da  vigência  original  do  art.  37  da  IN  SRF  nº  28,  de  1994,  traduz  subjetividade  e  não  possui  delimitação  jurídica  objetiva  a  determinar  o  cumprimento  da  obrigação de  registro dos  dados  de embarque. Para os efeitos dessa obrigação, a multa que  lhe  corresponde,  instituída  no  art.  107,  inciso  IV,  alínea  “e”  do  Decreto­lei nº 37, de 1966, na redação dada pelo art. 77 da Lei  nº 10.833, de 2003, somente começou a ser passível de aplicação  a partir de fatos ocorridos a partir de 15/2/2005, data em que a  IN SRF nº 510, de 2005 entrou em vigor e fixou prazo certo para  o registro desses dados no Siscomex.  Fl. 192DF CARF MF Processo nº 11050.001665/2009­16  Acórdão n.º 3302­006.097  S3­C3T2  Fl. 193          6 Razões:  DA IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO RETROATIVA DA IN  SRF nº 510, de 2005 E DA IN RFB Nº 1.096, DE 2010  A  autoridade  fiscal  fundamentou  a  autuação  no  art.  37  da  IN  SRF nº 28, de 1994, na IN SRF nº 510, de 2005 e no artigo 107,  inciso IV, alínea “e” do Decreto­lei nº 37, de 1966 e nos artigos  15, 17, 24, 27, 30 a 32, 36 a 43, 52 a 55, 59, 60 do Decreto nº  4.543, de 2002.  Durante o  trâmite processual  sobreveio a  IN RFB nº 1.096, de  2010, alterando o artigo 37 da IN SRF 28, de 1994, aumentando  o prazo de dois para sete dias, após o embarque, para registro  das informações.   A  recorrente  alega  que  a  aplicação  retroativa  das  referidas  instruções normativas não a beneficia, em razão de que o termo  “imediatamente”  da  redação  original  do  artigo  37  não  corresponde a prazo específico para cumprimento da obrigação  e,  portanto,  seria  inaplicável. Afirma que a  interpretação deste  termo  como  sendo  vinte  e  quatro  horas,  dada  pela  Notícia  SISCOMEX nº 105, de 1994, não é normativa, pois que tal nota  não se insere no conceito de legislação interpretativa.  O caput do artigo 37 da IN SRF nº 28, de 1994, teve sua redação  alterada ao longo do tempo conforme abaixo:  Art.  37.  Imediatamente  após  realizado  o  embarque  da  mercadoria, o transportador registrará os dados pertinentes, no  SISCOMEX,  com  base  nos  documentos  por  ele  emitidos.   Parágrafo  único.  Na  hipótese  de  embarque  de  mercadoria  em  viagem  internacional,  por  via  rodoviária,  fluvial  ou  lacustre,  o  registro  de  dados  do  embarque,  no  SISCOMEX,  será  de  responsabilidade  do  exportador  ou  do  transportador,  e  deverá  ser  realizado  antes  da  apresentação  da  mercadoria  e  dos  documentos à unidade da SRF de despacho.   Art. 37. O transportador deverá registrar, no Siscomex, os dados  pertinentes  ao  embarque  da  mercadoria,  com  base  nos  documentos por ele emitidos, no prazo de dois dias, contado da  data da realização do embarque. (Redação dada pela IN 510, de  2005)   §  1º  Na  hipótese  de  embarque  de  mercadoria  em  viagem  internacional, por via rodoviária,  fluvial ou  lacustre, o registro  de  dados  do  embarque,  no  Siscomex,  será  de  responsabilidade  do exportador ou do transportador, e deverá ser realizado antes  da apresentação da mercadoria e dos documentos na unidade da  SRF de despacho.   § 2º Na hipótese de embarque marítimo, o transportador terá o  prazo  de  sete  dias  para  o  registro  no  sistema  dos  dados  mencionados no caput deste artigo.   Fl. 193DF CARF MF Processo nº 11050.001665/2009­16  Acórdão n.º 3302­006.097  S3­C3T2  Fl. 194          7 Art.  37  .  O  transportador  deverá  registrar,  no  Siscomex,  os  dados  pertinentes  ao  embarque  da  mercadoria,  com  base  nos  documentos por ele emitidos, no prazo de 7 (sete) dias, contados  da  data  da  realização  do  embarque.  (Redação  dada  pela  Instrução Normativa RFB nº 1.096, de 13 de dezembro de 2010)   §  1º  Na  hipótese  de  embarque  de  mercadoria  em  viagem  internacional, por via rodoviária, ferroviária, fluvial ou lacustre,  o  registro  de  dados  do  embarque,  no  Siscomex,  será  de  responsabilidade  do  exportador  ou  do  transportador,  e  deverá  ser  realizado  antes  da  apresentação  da  mercadoria  e  dos  documentos  na  unidade  da  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  (RFB)  de  despacho.  (Redação  dada  pela  Instrução  Normativa RFB nº 1.096, de 13 de dezembro de 2010 )   §  1º  Na  hipótese  de  embarque  de  mercadoria  em  viagem  internacional, por via rodoviária, ferroviária, fluvial ou lacustre,  o  registro  de  dados  do  embarque,  no  SISCOMEX,  será  de  responsabilidade  do  exportador  ou  do  transportador,  e  deverá  ser  realizado antes da apresentação da mercadoria e do Envio  de Declaração  para Despacho Aduaneiro.  (Redação  dada  pela  Instrução Normativa RFB nº 1.407, de 4 de novembro de 2013)  §  2º  Na  hipótese  de  o  registro  da  declaração  para  despacho  aduaneiro  de  exportação  ser  efetuado  depois  do  embarque  da  mercadoria ou de sua saída do território nacional, nos termos do  art. 52, o prazo a que se refere o caput será contado da data do  registro  da  declaração.  (Redação  dada  pela  Instrução  Normativa RFB nº 1.096, de 13 de dezembro de 2010)   §  3º  Os  dados  de  embarque  da  mercadoria  poderão  ser  informados  pela  fiscalização  aduaneira  nas  hipóteses  estabelecidas  em  ato  da Coordenação­Geral  de  Administração  Aduaneira  (Coana).(Incluído  pela  Instrução Normativa RFB  nº  1.096, de 13 de dezembro de 2010 )   Inicialmente, o artigo não trazia um prazo máximo determinado  a  partir  do  embarque  para  a  prestação  das  informações  pertinentes  ao  embarque,  mas  se  referia  à  expressão  “imediatamente  após”.  O  entendimento  sobre  o  termo  “imediatamente” foi trazido pela Notícia SISCOMEX nº 105, de  1994, como informado no voto do acórdão recorrido:  “E,  o  sentido  do  vocábulo  “imediatamente”  do  artigo  37  foi  esclarecido no item 2 da Notícia Siscomex no 105, de 27 de julho  de 1994, conforme segue:   “2)  Por  oportuno,  esclarecemos  que  o  termo  imediatamente,  contido no art. 37 da IN 28/94, deve ser interpretado como “em  até  24  horas  da  data  do  efetivo  embarque  da  mercadoria,  o  transportador registrará os dados pertinentes no Siscomex, com  base nos documentos por ele emitidos”. Salientamos o disposto  no art. 44 da referida IN, ou seja, a revisão legal para autuação  do  transportador  no  caso  de  descumprimento  do  previsto  no  artigo acima referenciado.”  Fl. 194DF CARF MF Processo nº 11050.001665/2009­16  Acórdão n.º 3302­006.097  S3­C3T2  Fl. 195          8 Verifica­se,  de  plano,  a  inadequação  do  meio  utilizado  para  interpretar  a  palavra  “imediatamente”.  A  legislação  tributária  compreende,  consoante  o  art.  96  do  CTN,  as  leis,  tratados  e  convenções  internacionais,  decretos  e  as  normas  complementares  especificadas  no  art.  100  do  mesmo  diploma,  dentre  elas,  os  atos  normativos  expedidos  pelas  autoridades  administrativas.  A  Portaria  SRF  nº  001,  de  2001  (revogada  pela  Portaria  nº  1.098,  de  2013)  relacionava  os  atos  tributários  e  aduaneiros,  não comportando a Nota SISCOMEX. Deflui­se que estas notas  são  orientações  e  entendimentos  internos,  sem  eficácia  normativa,  e,  portanto,  não  poderiam  fundamentar  o  cumprimento  de  obrigação  acessória,  conforme  disposto  no  artigo 94 do Decreto­lei nº 37, de 1966:  Art.94 ­ Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou  involuntária,  que  importe  inobservância,  por  parte  da  pessoa  natural ou jurídica, de norma estabelecida neste Decreto­Lei, no  seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo  destinado a completá­los.  § 1º ­ O regulamento e demais atos administrativos não poderão  estabelecer  ou  disciplinar  obrigação,  nem  definir  infração  ou  cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei.  Destarte,  infere­se  que  o  termo  “imediatamente”  possui  uma  indefinição  quanto  ao  prazo  que  a  prestação  da  informação  deveria  ser  prestada.  Seria  de  vinte  e  quatro  horas?  Ou  dois  dias?  Ou  sete  dias?  Assim,  é  incabível  a  aplicação  da  penalidade,  posto  que  a  norma  que  a  instituiu  não  trouxe  delimitação  jurídica  objetiva  a  determinar  o  cumprimento  da  obrigação.   Nesta matéria, cita­se precedente do CARF no Acórdão nº 3102­ 002.075, cuja parte da ementa transcreve­se abaixo:  REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE  NA  EXPORTAÇÃO.  MULTA  DO  ART.  107,  IV,  “E”  DO  DL  37/1966  (INS  SRF  28/1994  E  510/2005).  VIGÊNCIA  E  APLICABILIDADE.  A  expressão  “imediatamente  após”,  constante  da  vigência  original do art. 37 da IN SRF no 28/1994, traduz subjetividade e  não se constitui em prazo certo e induvidoso para o cumprimento  da  obrigação  de  registro  do  prazo  de  registro  dos  dados  de  embarque  na  exportação.  Para  os  efeitos  dessa  obrigação,  a  multa  que  lhe  corresponde,  instituída  no  art.  107,  IV,  “e”  do  Decreto­lei no 37/1966, na redação dada pelo art. 77 da Lei no  10.833/2003,  somente  começou  a  ser  passível  de  aplicação  a  partir de fatos ocorridos a partir de 15/2/2005, data em que a IN  SRF  no  510/2005  entrou  em  vigor  e  fixou  prazo  certo  para  o  registro desses dados no Siscomex.   O  voto  proferido  pelo  Conselheiro  Luis  Marcelo  Guerra  de  Castro adotou as razões expostas no Acórdão nº 3202­000.241,  Fl. 195DF CARF MF Processo nº 11050.001665/2009­16  Acórdão n.º 3302­006.097  S3­C3T2  Fl. 196          9 em voto condutor do Conselheiro  José Luiz Novo Rossari,  que,  com a devida vênia, transcreve­se:  “[...]  Feitas essas transcrições, impõe­se ressaltar que na vigência da  IN SRF no  28/1994 a  inobservância  da  obrigação estabelecida  no seu art. 37 era entendida pela SRF como caracterizadora de  embaraço  à  atividade  de  fiscalização  aduaneira,  conforme  disposto em seu art. 44. No entanto, a partir da superveniência  da  Medida  Provisória  no  135/2003,  convertida  na  Lei  no  10.833/2003, foi estabelecida para o transportador a obrigação  de  “prestar  à  Secretaria  da  Receita  Federal,  na  forma  e  no  prazo  por  ela  estabelecidos,  as  informações  sobre  as  cargas  transportadas”,  como  se  verifica  da  redação  retrotranscrita,  emprestada ao art. 37 do Decreto­lei no 37/1966 pelo art. 77 da  Lei no 10.833/2003.   Destarte,  com  a  entrada  em  vigor  dessa  nova  norma  legal,  o  descumprimento da obrigação de prestar à SRF, na forma e no  prazo  por  ela  estabelecidos,  as  informações  sobre  as  cargas  transportadas,  passou  a  ser  cominada  com  a  multa  de  R$  5.000,00 prevista no  inciso  IV, “e”, do art.  107 do Decreto­lei  no 37/1966, e não mais aquela prevista por embaraço, que veio  a ser tipificada no inciso IV, “c”.   Para a caracterização de  ilícito sujeito à aplicação da referida  multa,  há  que  ser  apurado  o  descumprimento  da  obrigação,  o  que implica, no caso, a inobservância de prazo fixado pela SRF  para a apresentação dos dados relativos ao embarque.   Verifica­se que, por ocasião dos fatos que geraram a aplicação  das multas,  vigia  a  redação  original  do  art.  37  da  IN  SRF  no  28/1994,  que  estabelecia  que  a  obrigação  devia  ser  satisfeita  “imediatamente  após  realizado  o  embarque  da  mercadoria”.  Ora, têm­se por evidente que, por não conter regramento certo e  inequívoco que permita seu cumprimento sem a permanência de  dúvidas,  a  imposição  normativa  constante  desse  ato  administrativo é destituída de força cogente para a finalidade a  que se propõe, de  imposição de penalidade. Com efeito, não se  encontra,  em quaisquer dos  códigos pátrios,  norma  semelhante  que tenha fixado prazo não revestido de certeza e não expresso  em quantidade de dias, meses ou anos.  A matéria deve ser tratada com rigor ainda mais acentuado em  se  tratando  de  norma  tributária­penal,  que  deve  obedecer  ao  princípio  insculpido  no  art.  97,  inciso  V  do  CTN,  devendo  o  elaborador  usar,  em  sua  redação  legislativa,  dos  cuidados  básicos pertinentes à matéria, de forma a evitar o surgimento de  dúvidas e questionamentos elementares que venham a permitir a  aplicação  das  regras  mais  benéficas  ao  autuado,  previstas  no  art.  112  desse mesmo Código. O  caso  em exame é  exemplo da  falta  desse  cuidado,  ao  apontar  prazo  incerto  para  o  cumprimento  de  norma,  visto  que  “imediatamente  após”  não  pode ser considerado como um prazo regulamentar.  Fl. 196DF CARF MF Processo nº 11050.001665/2009­16  Acórdão n.º 3302­006.097  S3­C3T2  Fl. 197          10 Daí que, na vigência original da IN SRF no 28/1994, não havia  norma  que  impusesse  prazo  para  que  as  empresas  aéreas  procedessem  ao  registro  no  Siscomex,  visto  que  a  expressão  “imediatamente  após”  não  se  traduz  em  prazo  certo  para  o  cumprimento de obrigação.   Resta  acrescentar,  por  oportuno,  que  a  interpretação  dada  a  essa expressão pela Notícia Siscomex no 105/1994, no sentido de  que deve ser entendida como “em até 24 horas da data do efetivo  embarque da mercadoria” não tem base legal para os efeitos da  lide,  visto não estar  compreendida entre os atos normativos de  que  trata  o  art.  100  do CTN.  Trata­se,  no  caso,  de  veiculação  destinada  à  orientação  do  Fisco  e  dos  usuários  do  Siscomex,  mas  sem  que  possua  as  características  essenciais  de  ato  normativo, razão pela qual sequer foi referida na autuação.   De outra parte, também cumpre acrescentar que o art. 37 da IN  SRF  no  28/1994  foi  objeto  de  nova  alteração  pela  IN  RFB  no  1.096,  de  13/12/2010,  que  aumentou  o  prazo  para  a  apresentação  de  dados  pertinentes  ao  embarque  para  7  (sete)  dias. Ressalte­se que esse ato normativo continua fazendo em seu  art. 44 remissão ao art. 37, de forma a tratar a infração como de  embaraço, o que bem demonstra a falta de atenção à legislação  vigente,  que  desde  a  Medida  Provisória  no  135/2003  tem  tipificação legal distinta.  Retornando à lide, resta que, em não havendo regra fixadora de  prazo  para  que  se  implementasse  a  eficácia  do  art.  37  do  Decreto­lei  no  37/1966,  na  redação  que  lhe  deu  a  Lei  no  10.833/2003, por ocasião de sua publicação, há que se concluir  que  o  primeiro  ato  administrativo  que  veio  a  disciplinar  esse  artigo foi a  IN SRF no 510, de 14/2/2005, antes transcrita, que  em  seu  art.  1o  alterou  a  redação  do  art.  37  da  IN  SRF  no  28/1994, de forma a fixar o prazo de 2 (dois) dias para o registro  dos dados pertinentes ao embarque.   Desse  modo,  há  que  se  concluir  que  a  multa  objeto  de  lide  somente  tem  aplicação  nos  casos  em  que  a  inobservância  da  prestação de informações refira­se a fatos ocorridos a partir de  15/2/2005, data em que a IN SRF no 510/2005 entrou em vigor e  produziu efeitos.   Como os fatos que originaram este processo ocorreram entre 4/6  e 27/6/2004, quando ainda não existia essa Instrução Normativa,  são  descabidas  a  sua  argüição  e  a  sua  trazida  ao  mundo  jurídico, de forma a alicerçar a caracterização de infrações e a  legitimar a cominação de penalidades que lhe correspondam.   Em  face  dos  elementos  constantes  dos  autos  e  da  legislação  aplicável à espécie, entendo que não se vislumbram os elementos  básicos  tendentes  à  caracterização  de  infração  e  julgo  prejudicadas  as  diversas  outras  alegações  da  recorrente,  por  não influírem na solução da lide.”  Portanto,  conclui­se  que  a  aplicação  da multa  prevista  no  art.  107, IV, “e” do Decreto­lei nº 37, de 1966, deveria ser aplicada  Fl. 197DF CARF MF Processo nº 11050.001665/2009­16  Acórdão n.º 3302­006.097  S3­C3T2  Fl. 198          11 na inobservância da obrigação contida no art. 37 da IN SRF nº  28,  de  1994,  a  partir  de  15/02/2005,  data  em  que  produziu  efeitos a IN SRF 510, de 2005, sendo, portanto, improcedentes os  lançamentos  relativos  aos  fatos  geradores  de  1º/02/2004  a  24/12/2004.  Destarte,  antes  da  vigência  dos  efeitos  da  IN  SRF  nº  510/2005,  em  15/02/2005,  não  há  elementos  objetivos  legais  para  a  caracterização  da  infração,  devendo  o  lançamento ser exonerado.  Diante do exposto, voto para dar provimento ao recurso voluntário.  (assinado digitalmente)  Paulo Guilherme Déroulède                                Fl. 198DF CARF MF

score : 1.0