Busca Facetada
Turma- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Primeira Turma Ordinária (11,657)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Primeira Turma Ordinária (8,000)
- Segunda Turma Ordinária d (2,459)
- Segunda Turma Ordinária d (1,314)
- Segunda Turma Especial (370)
- Segunda Câmara (50,365)
- Segunda Seção de Julgamen (23,281)
- Terceira Seção De Julgame (17,400)
- Primeira Seção de Julgame (9,314)
- Primeiro Conselho de Cont (227)
- Segundo Conselho de Contr (80)
- Terceiro Conselho de Cont (63)
- IRPF- auto de infração el (570)
- ITR - ação fiscal - outro (135)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (132)
- Simples- proc. que não ve (122)
- ITR - notific./auto de in (111)
- IRPF- ação fiscal - outro (88)
- IRPF- ação fiscal - omis. (76)
- IRPJ - restituição e comp (74)
- IRPJ - AF - lucro real (e (70)
- PIS - ação fiscal (todas) (65)
- ITR - notific./auto de in (55)
- ITR - ação fiscal (AF) - (53)
- II/IE/IPIV - ação fiscal (51)
- IRPJ - AF- omissão receit (50)
- IRF- que ñ versem s/ exig (48)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (2,927)
- CARLOS ALBERTO DO AMARAL (2,039)
- PAULO ROBERTO DUARTE MORE (1,968)
- HELCIO LAFETA REIS (1,921)
- RONNIE SOARES ANDERSON (1,475)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (1,349)
- NEUDSON CAVALCANTE ALBUQU (1,172)
- MARTIN DA SILVA GESTO (1,095)
- DOUGLAS KAKAZU KUSHIYAMA (976)
- RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO (934)
- PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA (823)
- LEONAM ROCHA DE MEDEIROS (686)
- ANTONIO LOPO MARTINEZ (677)
- DEBORA FOFANO DOS SANTOS (629)
- MARCO AURELIO DE OLIVEIRA (610)
- 2020 (6,910)
- 2021 (6,364)
- 2019 (5,496)
- 2018 (4,290)
- 2024 (4,047)
- 2023 (3,914)
- 2017 (3,135)
- 2016 (2,192)
- 2012 (2,097)
- 2013 (2,018)
- 2014 (2,015)
- 2022 (1,747)
- 2011 (1,684)
- 2015 (874)
- 2010 (846)
- 2021 (6,767)
- 2020 (6,729)
- 2019 (5,118)
- 2023 (4,405)
- 2024 (3,780)
- 2018 (3,658)
- 2017 (3,072)
- 2016 (2,343)
- 2014 (2,088)
- 2022 (1,737)
- 2025 (1,395)
- 2013 (1,291)
- 2015 (1,204)
- 2011 (798)
- 2001 (579)
- de (49,923)
- por (49,747)
- os (49,581)
- do (49,444)
- membros (49,381)
- colegiado (47,540)
- votos (46,721)
- e (44,999)
- julgamento (44,956)
- unanimidade (44,579)
- acordam (44,091)
- recurso (44,036)
- presidente (43,744)
- participaram (43,682)
- conselheiros (43,325)
Numero do processo: 10860.006340/2002-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1997, 1998
IRPJ E REFLEXOS (CSLL, PIS e COFINS). OMISSÃO DE RECEITAS. CONEXÃO. AUTO DE INFRAÇÃO DE IPI.
Em razão da relação de causa e efeito, aplica-se aos lançamentos decorrentes a mesma decisão proferida no lançamento matriz.
Numero da decisão: 1201-001.869
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Relator.
EDITADO EM: 28/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1997, 1998 IRPJ E REFLEXOS (CSLL, PIS e COFINS). OMISSÃO DE RECEITAS. CONEXÃO. AUTO DE INFRAÇÃO DE IPI. Em razão da relação de causa e efeito, aplica-se aos lançamentos decorrentes a mesma decisão proferida no lançamento matriz.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Sep 08 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10860.006340/2002-48
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5766616
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1201-001.869
nome_arquivo_s : Decisao_10860006340200248.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
nome_arquivo_pdf_s : 10860006340200248_5766616.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida - Presidente. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli - Relator. EDITADO EM: 28/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
id : 6922570
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049463369498624
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1339; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10860.006340/200248 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1201001.869 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de agosto de 2017 Matéria IRPJ e Reflexos Recorrente VALPLAST INDUSTRIA E COMERCIO DE PLASTICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1997, 1998 IRPJ E REFLEXOS (CSLL, PIS e COFINS). OMISSÃO DE RECEITAS. CONEXÃO. AUTO DE INFRAÇÃO DE IPI. Em razão da relação de causa e efeito, aplicase aos lançamentos decorrentes a mesma decisão proferida no lançamento matriz. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Relator. EDITADO EM: 28/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 00 63 40 /2 00 2- 48 Fl. 927DF CARF MF 2 O presente processo administrativo é decorrente de Autos de Infração de IRPJ e Reflexos (CSLL, PIS e COFINS), referentes aos anos bases de 2007 e 2008, emitidos em face da constatação de omissão de receitas caracterizadas em ação fiscal relativa ao IPI (objeto do processo nº 10860.003889/200281). A fiscalização concluiu que teria restado comprovado que algumas baixas efetuadas pela contribuinte em seu estoque de produtos controlados sob determinados códigos foram indevidas, bem como que houve saídas de película de polietileno e de sacolas de plásticas de seu estabelecimento desacobertadas por notas fiscais de saída. De acordo com o auditor fiscal responsável pelos lançamentos (fls. 09/17): "Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte supracitado, doravante VALPLAST, atendendo à determinação de que trata o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) FISCALIZAÇÃO 0 n. 08.1.90.002002030100, e tendo em vista principalmente os fatos levantados e relatados na descrição dos fatos do Auto de Infração IPI, lavrado em 21/06/2002 e protocolizado sob no. 10860003889/200281. [...] Lançamento decorrente da fiscalização do IPI, conforme Auto de Infração formalizado no processo mencionado acima {...} Para fazer parte deste Auto de Infração, a descrição dos fatos do Auto de Infração IPI está sendo reproduzida a partir do item I Introdução até o item X Fraude e Multa de ofício, a seguir: I Introdução Verificamos que nos meses de dezembro/97 e abril/98 a agosto/98 a Valplast, estabelecimento que fabrica sacolas e películas plásticas a partir de polietileno virgem, emitiu Notas Fiscais referentes a venda de SUCATA de película de polietileno destinadas à empresa Plastquímica Comércio e Indústria Ltda. (CNPJ 36.553.469/000103), tendo efetuado baixa no estoque de película de polietileno e no de polietileno virgem, o que chamou nossa atenção, [...] IX Caracterização da Infração Os fatos apresentados acima mostram que a operação de venda envolvendo a Plastquímica e a Valplast nunca existiu, cabendo destacar que: 1 Notas fiscais paralelas da Plastquímica foram encontradas na empresa Valfilm, cujo sóciogerente é irmão do sóciogerente da Valplast; 2 O sóciogerente da Plastquímica declarou não ter realizado qualquer transação comercial com a Valplast; 3 O valor de todas as compras declaradas pela Plastquímica nos anos de 97 e 98 é bem inferior ao valor total dos produtos que a Valplast teria 'vendido' àquela empresa; Em muitas Notas Fiscais emitidas pela Valplast consta que o meio de transporte utilizado para 'transportar' dezenas de Fl. 928DF CARF MF Processo nº 10860.006340/200248 Acórdão n.º 1201001.869 S1C2T1 Fl. 3 3 toneladas de sucata plástica e de sacolas foi o automóvel de passageiros marca/modelo Volkswagen/Gol CL, de placa ACA 8209, conforme registro do Sistema Renavam; A contabilização de valores 'recebidos' da Plastquímica não guarda correspondência com os créditos recebidos pela Valplast em sua conta corrente do Banco Itaú, tendo sido contabilizado recebimento de empresas distintas referentes a um mesmo crédito, e Não há correspondência entre os produtos indicados nas Notas Fiscais emitidas pela Valplast e as baixas efetuadas em seu estoque. Pelos fatos expostos ficou comprovado que as baixas efetuadas pela Valplast em seu estoque foram indevidas, e que houve saídas de película de polietileno e de sacolas plásticas de seu estabelecimento desacobertadas por notas fiscais de saída. X Fraude e Multa de Ofício Tratandose de fraude, a multa de ofício a ser aplicada sobre o valor do imposto apurado restará igual a 150%, nos termos do art. 80, inciso II, da Lei n° 4.502/64, com redação dada pelo art. 45, da Lei n° 9.430/96." Inconformado com a exigência fiscal, o contribuinte apresentou defesa (fls. 448/484). Alega, em síntese, que: (i) considerando que os Autos de Infração em questão são uma decorrência da autuação do IPI, a improcedência daquele, já fartamente comprovada, redunda em igual tratamento aos presentes; (ii) é manifesta a nulidade do lançamento fiscal, em face da ilegalidade relatada na preliminar, qual seja, a quebra do sigilo bancário da autuada; (iii) As acusações de irregularidades na empresa Plastquímica não dizem respeito à Impugnante e são insuficientes para condenar a fiscalizada, uma vez que sua documentação fiscal, os respectivos registros fiscais e contábeis e o recebimento do preço da mercadoria vendida são provas incontestáveis a seu favor; (iv) Quanto à baixa de sucata de película na própria conta de película, embora se possa até dizer que erroneamente não se transferiu a sucata produzida para uma conta própria, para dali promover a saída, a sua baixa diretamente na conta de origem não provocou prejuízo algum, pois a sucata efetivamente existiu, e assim foi comercializada. (v) A respeito das baixas de sucata na conta de polietileno, a explicação é a mesma do item anterior. A sucata realmente existiu e só não estava estocada em conta específica. Quando de sua venda, devidamente documentada e comprovada, a sua baixa ocorreu na conta de polietileno, pois, indiscutivelmente, a sua origem é do polietileno, não de outra matériaprima. Ademais a fiscalização em nenhum instante contestou a efetiva produção de sucata decorrente do processo industrial; Fl. 929DF CARF MF 4 (vi) O fisco não apresentou prova alguma de que a fiscalizada não efetuou a venda de sacolas ponta de estoque, ou que esse tipo de produto não surja naturalmente dentro do processo de industrialização e comercialização, posto que todas as vendas de sacolas, de todos os tipos e qualidade, passam exclusivamente pela conta 900090003; (vii) Se, por argumentação, houvesse venda sem emissão de nota fiscal, o valor tributável não poderia ser determinado com base no preço de custo. Segundo o Regulamento do IPI (art. 118, II, do RIPI/98), constitui valor tributável o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial; (viii) Diante de um lançamento sustentado em exclusiva presunção, a multa de 150% é de todo inaplicável, vez que os Srs. Auditores Fiscais não lograram comprovar o alegado artifício fraudulento, que não poderia ser de outra forma, visto que não houve, sequer, a alegada omissão de receita; e (ix) É ilegal a aplicação da taxa SELIC de juros a débitos tributários. Tramitado o feito, foi proferida decisão de primeira instância que julgou a defesa improcedente, por acatar a decisão proferida no processo principal (de IPI). Vejase, a propósito, a seguinte passagem do voto condutor da decisão de piso: "[...] 8. Nestes autos, o contribuinte apresentou as mesmas razões preliminares e de mérito, tecidas contra a exigência relativa ao IPI formalizada nos autos do processo administrativo 10860.003889/200281, e todas elas foram clara e precisamente apreciadas pelo I. Relator Julgador Sérgio Eduardo Barreto Mayr, cujo voto foi acolhido por unanimidade, resultando no Acórdão n° 2.905 da 2a. Turma da Delegacia de Julgamento de Ribeirão Preto, pelo que serão aqui adotadas. [...] 9. Mantida a apuração de vendas sem emissão de notas fiscais nos autos daexigência principal, em virtude do registro fraudulento de saídas a título de sucatas, e por teremsido as receitas omitidas submetidas à tributação na forma preconizada no art. 24 da Lei n°9.249/95, aplicandose fundamentadamente a penalidade prevista no art. 44, inciso II da Lei n°9.430/96, regulares são as exigências reflexas aqui veiculadas. 10. Acrescentese, apenas, no que tange ao Mandado de Procedimento Fiscal, ter sido a presente exigência autorizada pelo MPF n° 08.1.9.002002030100 (fl. 01), regularmente prorrogado, conforme fl. 02, até a conclusão dos trabalhos fiscais. 11. Diante do exposto, o presente voto é no sentido de RECEBER a impugnação de fls. 267/303, por tempestiva, REJEITAR as preliminares arguidas e JULGAR PROCEDENTES as exigências relativas ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ" Irresignado com o teor da decisão, o contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 773/819), por meio do qual reitera suas alegações de defesa. Ato contínuo, por meio de petições de fls. 833 e 838, a Recorrente apresentou desistência parcial do recurso voluntário, em razão da inclusão, no Parcelamento Especial de Fl. 930DF CARF MF Processo nº 10860.006340/200248 Acórdão n.º 1201001.869 S1C2T1 Fl. 4 5 que trata a Lei 10.684/2003, dos débitos de IRPJ e Reflexos correspondentes aos meses de 12/97 a 08/98. O pedido de desistência parcial foi deferido (fls. 906), tendo sido os débitos correspondentes transferidos para o processo nº 12448.722594/201102. Posteriormente, a Recorrente requereu a juntada do Acórdão n. 20179.082, proferido pelo Segundo Conselho de Contribuintes, o qual julgou o recurso voluntário interposto por ela nos autos do referido processo de IPI (10860.003889/200281) procedente, cancelando a parte da exigência que não foi objeto de desistência. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli Conforme visto, a presente exigência é decorrente dos fatos apurados no âmbito de fiscalização de IPI, os quais ensejaram a emissão de Auto de Infração objeto do processo administrativo nº 10860.003889/200281. Naquele processo, a parcela remanescente discutida foi cancelada em face do Acórdão de n. 20179.082, cuja ementa foi assim transcrita: IPI. VENDA DE PONTAS DE ESTOQUE. SUBFATURAMENTO. PROVA. Não logrando a Fiscalização provar que o produto não era de ponta de estoque e que o preço por tal razão praticado era vil ao ponto de sugerir subfaturamento, inocorre a infração, quanto mais para amparar acusação de fraude para exigir multa qualificada, não se prestando como indício ou prova a baixa no estoque, pelo preço pleno da mercadoria, vez que se trata de mera operação contábil. Abaixo transcrevo também trecho do voto condutor proferido naquela ocasião: "Conforme depreendi do exame dos autos feito pela ínclita Conselheira Adriana Gomes Rêgo Galvão, a controvérsia limitouse às preliminares argüidas com a existência ou não de subfaturamento no ponto que restou a ser discutido. Quanto à preliminar de nulidade do auto em vista de irregularidades nus MITs citados, ainda que a contribuinte demonstre hiato na primeira prorrogação do inundado inicial, penso que a circunstância não sustenta o objetivo por ela almejado. A verdade é que us mandados foram prorrogados, sem que isto criasse qualquer constrangimento ou agredi:;se a sua ampla defesa, o que, aliás, foi citado na decisão ora recorrida. Fl. 931DF CARF MF 6 Quanto à ilegalidade da obtenção dos dados bancários, estou de acordo com a decisão recorrida, pela inocorrência do fenômeno quando o próprio contribuinte os oferta. Por tal, repilo as preliminares levantadas. Quanto ao mérito, a diligência proposta teve por escopo, no entender da própria Conselheira, a verificação de potencial utilização de dois controles de baixa de estoques, um para pontas de estoque e outro para produtos em volumes normais c comercializáveis dentro da rotina da recorrente. Entendo que esta providência pretendeu, cm havendo controle separado ficasse comprovado, sem qualquer dúvida, de que tipo de venda se tratava. Nos termos da resposta dada, de que não havia controle separado, a primeira impressão é a de que houve subfaturamento, pela impossibilidade de definir qual a natureza, pela via da contabilidade, dos produtos saídos. Ainda mais, e isto bem apanhou a Conselheira Adriana Gomes Rêgo Galvão, havendo, na espécie, preços diferenciados quando vendido para a empresa Plastquímica e vendas para, no dizer da então Relatora, "a grandes empresas". No entanto, e transcrevendo as palavras da própria Relatora, com as quais concordo inteiramente, "independente de tratarse de um negócio simulado, se houve a venda, e se o controle do estoque das sacolas se dava sob um único código, não se pode tributar pela baixa indevida, com a conseqüente conclusão de que houve saída sem nota fiscal, mas sim por um provável subfaturamento ". Então, reitero, a questão é definir se houve ou não subfaturamento. Neste modo, o indício que existe é apontado pela própria Conselheira Adriana Gomes Rêgo Galvão, em sua percuciente análise do processo, quando aponta para diferenças de preço entre as vendas da espécie para a empresa Plastiquímica, empresa com quem tem relações indiretas com a ora autuada. Tais relações, através de empresa parceira da Plastiquímica e que pertence a parente (irmão) da recorrente. Data vênia, tais constatações preços diferenciados e parentesco com dirigente de empresa que igualmente se relaciona comercialmente com a compradora da ponta de estoque são muito precárias para sustentar ter ocorrido subfaturamento. Basta ver que as pontas de estoque se referem a sacolas que, quando vendidas a consumidores (supermercados c congêneres), certamente tem valor comercial maior do que aquelas que não são absorvidas por tais e que, em face de defeitos maiores, são vendidas como verdadeira sucata, ainda que não sejam imprestáveis para o uso a que se destinam. Reconheço que tal assertiva é presunção, como presunção é de que tenha havido subfaturamento. Ora, em se tratando de presunção relativa, cabia ao Fisco laborar no sentido de provar que houve o subfaturamento cm vista dos indícios apontados. Fl. 932DF CARF MF Processo nº 10860.006340/200248 Acórdão n.º 1201001.869 S1C2T1 Fl. 5 7 Não vejo, com fundamento em tais tênues indícios, sustentarse a acusação, vez. que os fatos apontam efetivamente para a venda de pontas de estoque por preços ofertados cm razão da natureza do adquirente e de seu interesse comercial específico, Não vejo, igualmente, condições de aplicar a inversão do ônus da prova. Nem mesmo as acusações e constatações apontadas relativamente às outras infrações cm relação as quais ocorreu a desistência do recurso são suficientes para, por transferência, servir de supedâneo à pretensão do Fisco neste caso remanescente. Por tais argumentos, não há como desqualificar as operações feitas pela contribuinte. Em vista disto, fica prejudicada a análise da aplicação da multa qualificada, vez que sequer houve infração à legislação tributária. Em frente ao exposto, voto pelo provimento do recurso. Como se percebe, o lançamento de IPI que serviu de fundamento para a emissão dos Autos de Infração objeto deste processo foi julgado improcedente pelo CARF. E como não houve interposição de recurso pela Fazenda, tal decisão é definitiva. Tendo isso em vista, e em prol da segurança jurídica, entendo que, por se tratarem as presentes cobranças de exigências reflexas realizadas com base nos mesmos fatos, a decisão de mérito prolatada no lançamento matriz (de IPI, no caso), a qual possui fundamento convincente, deve prevalecer também nessa demanda. Vale dizer, o decidido quanto ao IPI, nesse caso concreto, deve ser aplicado à tributação decorrente (IRPJ e reflexos), pois são decorrentes dos mesmos elementos de fato e de direito. Dessa forma, conheço do recurso para DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Fl. 933DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.727455/2009-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005, 2006, 2007
EMBARGOS. OMISSÃO.
Constatada a omissão apontada pelos embargos, deve-se promover sua imediata correção.
RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. JUROS COMPENSATÓRIOS.
São tributáveis os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis
Numero da decisão: 2201-003.754
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e não acolher os embargos de declaração.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 18/07/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005, 2006, 2007 EMBARGOS. OMISSÃO. Constatada a omissão apontada pelos embargos, deve-se promover sua imediata correção. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. JUROS COMPENSATÓRIOS. São tributáveis os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10580.727455/2009-92
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5753927
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2201-003.754
nome_arquivo_s : Decisao_10580727455200992.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
nome_arquivo_pdf_s : 10580727455200992_5753927.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e não acolher os embargos de declaração. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 18/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
id : 6880079
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049463726014464
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1465; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 307 1 306 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.727455/200992 Recurso nº Embargos Acórdão nº 2201003.754 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de julho de 2017 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA FÍCISA Embargante SIVILENE SAO PEDRO FIGUEIREDO LUCENA BICALHO Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005, 2006, 2007 EMBARGOS. OMISSÃO. Constatada a omissão apontada pelos embargos, devese promover sua imediata correção. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. JUROS COMPENSATÓRIOS. São tributáveis os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e não acolher os embargos de declaração. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 18/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Marcelo Milton AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 74 55 /2 00 9- 92 Fl. 307DF CARF MF 2 da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Trata o presente de Auto de Infração pelo qual a Autoridade Fiscal constituiu crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, IRPF, por ter apurado infrações à legislação tributária nos anos calendários de 2004 a 2006, exercícios de 2005 a 2007. Em síntese, lançamento decorre da constatação de que o sujeito passivo classificou indevidamente como Rendimentos Isentos e Não Tributáveis os rendimentos auferidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de "Valores Indenizatórios de URV", a partir de informações a ele fornecidas pela fonte pagadora. Tais rendimentos decorrem de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para a Unidade Real de Valor URV em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. Com a apresentação de Recurso Voluntário em razão do inconformismo com a Decisão de 1ª Instância, que manteve integralmente a exigência, o mérito do lançamento foi objeto do Acórdão 2101002.443, da 1ª Câmara/1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento deste Conselho, de 20 de março de 2014, fl. 239/244. Ciente da Decisão do Colegiado em 13 de junho de 2014, fl. 282, o contribuinte apresentou, tempestivamente, os Embargos de fl. 255. Sustenta a embargante a omissão do Acórdão de 2ª Instância, que, supostamente, não teria tratado dos seguintes temas: Falta de legitimidade da União para cobrar imposto de renda que pertence, por determinação constitucional, ao Estado; Quebra do Princípio Constitucional da Isonomia; Não incidência do Imposto de Renda sobre juros de mora. No Despacho de fl. 293 a 295, houve análise da admissibilidade dos Embargos interpostos, os quais foram admitidos, exclusivamente por conta da conclusão de que o Acórdão Recorrido não tratou da não incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora recebidos incidentes sobre os valores recebidos acumuladamente e que integraram o montante considerado omitido. E o relatório necessário Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 308DF CARF MF Processo nº 10580.727455/200992 Acórdão n.º 2201003.754 S2C2T1 Fl. 308 3 Inicialmente, expresso minha concordância com os pressupostos de admissibilidade contidos no despacho de fls. 293/295, razão pela qual limito a presente análise à omissão reconhecida. No Recurso Voluntário apresentado, fl. 143/230, o tema que teria sido omitido pelo Acórdão embargado consta de fl. 224, cujas razões passo a analisar: DOS JUROS DE MORA E DA CORREÇÃO NO CÁLCULO DA DIFERENÇA DE URV. Neste tópico, embora a peça recursal apresente alguma impropriedade por misturar seus argumentos com os do tema tratado anteriormente (EXCLUSÃO DA MULTA DE MULTA DE OFÍCIO E DOS JUROS DE MORA CONSTANTES DO AUTO DE INFRAÇÃO), fica evidente que a insurgência do contribuinte decorre do seu entendimento de que os valores recebidos que correspondam a juros e a atualização monetária sobre as diferenças da conversão da URV não deveriam sofrer tributação, em razão de sua natureza indenizatória, não constituindo acréscimo patrimonial. Embora não seja propriamente objeto dos Embargos ora sob análise, temos que a multa de ofício já foi afastada sob amparo da Súmula CARF nº 73, para a qual o erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Já em relação ao juros de mora incidente sobre o crédito lançado, tratase de exigência de natureza meramente compensatória, prevista no art. 63 da Lei 9.430/66. Com a ressalva de que tal acréscimo legal incide tanto para corrigir os débitos de contribuintes quanto os eventuais indébitos destes, exatamente com os mesmos índices (Selic acumulada até o mês anterior ao pagamento mais 1% no mês do pagamento). Embora oficial, o comprovante de rendimentos fornecido pela fonte pagadora não configura norma complementar de que trata o art. 100 da lei 5.172/66 (CTN). Da mesma forma, não tem tal natureza a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2006, tampouco precisaria ser declarada sua inconstitucionalidade, seja por se tratar de ato originário de ente incompetente pra legislar sobre Imposto sobre a Renda, seja por não ter, efetivamente, classificado o rendimento como isento, mas apenas fixando sua denominação de indenização, o que se mostra irrelevante, já que, nos termos do §1º do art. 43 da mesma Lei 5.172/66, a incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento. Desta forma não há que se falar em aplicação do § único do art. 100 do CTN. No que se refere à tributação dos juros e correção monetária que incidiram sobre as diferenças da conversão da URV e os argumentos recursais de que não deveriam sofrer tributação, em razão de sua natureza indenizatória, não constituindo acréscimo patrimonial, estes sim objeto da omissão a ser tratada pela presente análise, não assiste razão ao recorrente. Nos termos do art. 144 do CTN, o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. A decisão de 1ª Instância assim se pronunciou, fl. 136: Fl. 309DF CARF MF 4 O art. 55, inciso XIV, do RIR/99 dispõe claramente que tanto os juros moratórios, quanto quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, estão sujeitos à tributação, a menos que correspondam a rendimentos isentos ou não tributáveis, conforme abaixo transcrito: Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, §4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, §2º, inciso IV, e 70, §3º, inciso I): ... XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; Portanto, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária. Afinal como visto acima, os juros compensatórios ou moratórios seguem a sorte dos rendimentos que lhe deram causa. De modo que sendo estes tributáveis, aqueles terão a mesma natureza, tudo nos termos do inciso XIV do art. 55 do RIR/99. Conclusão: Desta forma, considerando as razões e fundamentos legais acima expostos, voto por conhecer e não acolher os embargos interpostos pelo contribuinte. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 310DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10952.000217/2009-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
ALIENAÇÃO. IMÓVEL RURAL. GANHO DE CAPITAL. APURAÇÃO. DIAT. INAPLICABILIDADE.
Na apuração do ganho de capital decorrente da alienação de imóvel rural, caso o alienante não tenha apresentado o Diat relativamente ao ano de alienação, considera-se como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação.
Numero da decisão: 2201-003.817
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 31/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004 ALIENAÇÃO. IMÓVEL RURAL. GANHO DE CAPITAL. APURAÇÃO. DIAT. INAPLICABILIDADE. Na apuração do ganho de capital decorrente da alienação de imóvel rural, caso o alienante não tenha apresentado o Diat relativamente ao ano de alienação, considera-se como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 05 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10952.000217/2009-61
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5765264
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 05 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2201-003.817
nome_arquivo_s : Decisao_10952000217200961.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : DIONE JESABEL WASILEWSKI
nome_arquivo_pdf_s : 10952000217200961_5765264.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski - Relatora. EDITADO EM: 31/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
id : 6918509
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049464488329216
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1535; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 134 1 133 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10952.000217/200961 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.817 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 09 de agosto de 2017 Matéria IRPF Ganho de Capital Recorrente ADEILTON NERI SALES LOPES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004 ALIENAÇÃO. IMÓVEL RURAL. GANHO DE CAPITAL. APURAÇÃO. DIAT. INAPLICABILIDADE. Na apuração do ganho de capital decorrente da alienação de imóvel rural, caso o alienante não tenha apresentado o Diat relativamente ao ano de alienação, considerase como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. EDITADO EM: 31/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 2. 00 02 17 /2 00 9- 61 Fl. 134DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 118/120) apresentado em face do Acórdão nº 1532.030, da 5º Turma da DRJ/SDR (fls. 105/114), que negou provimento à impugnação apresentada pelo sujeito passivo (fls. 87/92) ao auto de infração (fls. 2/8) pelo qual se exige dele crédito tributário consolidado de R$ 84.276,49, relativo a Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF incidente sobre ganho de capital obtido na alienação de imóvel rural. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 9/16), através de dados extraídos da Escritura Pública de Compra e Venda lavrada no Tabelionato de Notas e Protestos da Comarca de ItapeviBA sob o número de Ordem 3.088, Livro 065, fls. 38/40, terseia apurado a alienação, pelo contribuinte, de três imóveis contíguos que, a partir dessa escritura, passariam a ser identificados como Fazenda Barracão. De acordo com esse registro, a alienação foi realizada pelo valor de R$ 240.232,80. Em sua declaração de imposto de renda (DAA2005), o contribuinte teria informado o lucro apurado na alienação desse bem, R$ 226.232,80, como rendimento isento, por considerálo de pequeno valor ou único imóvel. Por outro lado, na declaração de bens e direitos da mesma DAA, teria informado o bem pelo valor de R$ 150.000,00. A fiscalização informa que os imóveis alienados foram identificados pelo contribuinte como Fazenda Esperança e Fazenda Boa Sorte. A primeira seria composta por duas áreas, uma titulada de 20 ha e outra não titulada de 86,07 ha, e teriam sido adquiridas pelo valor de R$ 1.500,00. A autoridade fiscal não teria tido acesso aos documentos de aquisição da segunda (Fazenda Boa Sorte), mas teria utilizado os dados consignados na escritura de alienação. O somatório da área das duas fazendas seria de 130,07 ha e a área alienada seria de 103,35 ha, de forma que teria remanescido em propriedade do contribuinte fiscalizado a área de 26,70 ha da primeira fazenda. O autuante transcreve artigos da Lei nº 6.015, de 1973, para justificar sua interpretação de que a cada imóvel corresponde uma matrícula no registro geral de imóveis. No caso tratado neste processo, pelas escrituras de aquisição e alienação, haveria três áreas de terra compondo dois imóveis distintos, registrados em matrículas autônomas. Pela pluralidade de imóveis, não haveria que se falar em alienação do único imóvel. Essa conclusão seria também reforçada pela existência de área remanescente, situação que se enquadraria no caso enfrentado pela pergunta nº 612, do Manual Perguntas e Respostas do Anocalendário 2008. A data de aquisição seria 14/08/2003 e a de alienação 08/07/2004. Para a apuração do custo de aquisição e de alienação, a autoridade fiscal adotou os valores constantes das respectivas escrituras de compra e venda, o que foi justificado Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 135 3 no fato de o contribuinte ter apresentado a DIAT do ano de aquisição (fls. 58/61), mas não a do ano de alienação (fls. 62/65), que foi entregue pela empresa que adquiriu os imóveis. Para a Fazenda Esperança, o custo de aquisição de R$ 1.500,00 foi distribuído entre a área total, segregandose a parcela que permaneceu em propriedade do contribuinte. Para a Fazenda Boa Sorte foi adotado o valor total do custo de aquisição de R$ 2.500,00. Para o valor de alienação, foi estabelecida a proporção entre os imóveis que compuseram a venda, de acordo com a área de cada um. Com isso, foi apurado um ganho de capital total de R$ 236.610,49, ao qual foi aplicada a alíquota de 15% para apuração do valor devido, mais multa de 75% e juros de mora. A impugnação ao lançamento (fls. 87/92) foi julgada improcedente pelo Acórdão nº 1532.030, da 5ª Turma da DRJ/SDR (fls. 105/114). Ciente dessa decisão em 14/09/2015 (fls. 116/117), o sujeito passivo apresentou tempestivamente seu recurso voluntário em 13/10 do mesmo ano (fls. 118/120). Em suas razões de recorrer, alega, em síntese, que: A autuação não deveria existir porque a situação se enquadra na isenção de imóvel de valor inferior a R$ 440.000,00; Não houve outra alienação nos cinco anos anteriores à alienação que deu origem ao lançamento; O recorrente é pessoa humilde que trabalha com agricultura familiar; Houve a unificação das duas áreas rurais em uma só matrícula denominada Fazenda Barracão; O auto é insubsistente porque menciona no item 4.2 a Fazenda Boa Vista, que não tem qualquer pertinência com o negócio realizado; O recorrente, pessoa "da roça", que sobrevive da cria de animais bovinos e da agricultura de subsistência, procedeu à alienação de apenas duas partes de suas pequenas áreas rurais, que são equivalentes a sítios rurais; Os fatos narrados estariam abarcados pelo espírito das normas isentivas; A decisão de piso não especificou qual o uso ou finalidade conferidos ao imóvel que justificaria afastar o direito à isenção; O imóvel alienado consistia em um condomínio de fato, pois se tratava de áreas contíguas que o recorrente tratou de unificar na matrícula; Fl. 136DF CARF MF 4 O ITR demonstra a limitação da propriedade, o que a enquadra na natureza de agricultura familiar, que seria isenta do tributo aqui cobrado; A área que remanesceu com o contribuinte é inferior aos 30 ha previstos na Lei nº 9.393, de 1996, art. 2º. Com base nesses argumentos, entende ter demonstrado a existência de preliminar que tornaria insubsistente o lançamento e, no mérito, a sua total improcedência, razões pelas quais ele deve ser cancelado. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. Preliminar nulidade Entre os argumentos de defesa, identifico uma preliminar de nulidade ao se afirmar que o auto é insubsistente por mencionar no item 4.2 a Fazenda Boa Vista, que não tem qualquer pertinência com o negócio realizado. O regime das nulidades no âmbito do processo administrativo fiscal federal está disciplinado pelos artigos que são a seguir transcrito, retirados do Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 136 5 Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. Daí se extrai que será nulo o ato praticado por autoridade incompetente ou aquele proferido com preterição do direito de defesa. Neste caso, não se tratando de questão atinente à competência da autoridade fiscal, caberia ao recorrente demonstrar o prejuízo causado ao seu amplo direito de defesa. Não me parece que tenha logrado êxito neste sentido, sendo o vício apontado mais adequadamente classificado como uma incorreção que não teve aptidão para causar qualquer prejuízo ao fiscalizado. Nego provimento quanto à preliminar de nulidade. Mérito Segundo afirma o recorrente, a autuação não deveria existir porque a situação se enquadra na isenção de imóvel de valor inferior a R$ 440.000,00 e não houve outra alienação nos cinco anos anteriores à operação que deu origem ao lançamento. Com esses argumentos, busca que a situação descrita seja enquadrada no seguinte dispositivo do Regulamento do Imposto de Renda RIR1999 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999): Art. 122. Está isento do imposto o ganho de capital auferido na alienação: (...) II do único imóvel que o titular possua, cujo valor de alienação seja de até quatrocentos e quarenta mil reais, desde que não tenha sido realizada qualquer outra alienação nos últimos cinco anos. (...) § 4º O limite a que se refere o inciso II será considerado em relação: I à parte de cada condômino, no caso de bens em condomínio; II ao imóvel havido em comunhão, no caso de sociedade conjugal. É intuitivo afirmar que, ao alienar o único imóvel que possua, seu titular resta sem a propriedade de qualquer imóvel. Ou seja, a alienação do único imóvel deve conduzir à situação em que o patrimônio de seu titular passe a não contar com qualquer imóvel. Por outro lado, compulsandose a Lei nº 6.015, de 1973, que dispõe sobre os registros públicos, podese destacar os seguintes dispositivos: Art. 176 O Livro nº 2 Registro Geral será destinado, à matrícula dos imóveis e ao registro ou averbação dos atos relacionados no art. 167 e não atribuídos ao Livro nº 3. Fl. 138DF CARF MF 6 § 1º A escrituração do Livro nº 2 obedecerá às seguintes normas: I cada imóvel terá matrícula própria, que será aberta por ocasião do primeiro registro a ser feito na vigência desta Lei; (...) § 3o Nos casos de desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, a identificação prevista na alínea a do item 3 do inciso II do § 1o será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georeferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais. (...) Art. 227 Todo imóvel objeto de título a ser registrado deve estar matriculado no Livro nº 2 Registro Geral obedecido o disposto no art. 176. Art. 228 A matrícula será efetuada por ocasião do primeiro registro a ser lançado na vigência desta Lei, mediante os elementos constantes do título apresentado e do registro anterior nele mencionado. (...) Art. 233 A matrícula será cancelada: I por decisão judicial; II quando em virtude de alienação parciais, o imóvel for inteiramente transferido a outros proprietários; III pela fusão, nos termos do artigo seguinte. Art. 234 Quando dois ou mais imóveis contíguos pertencentes ao mesmo proprietário, constarem de matrículas autônomas, pode ele requerer a fusão destas em uma só, de novo número, encerrandose as primitivas. Pela literalidade dos dispositivos transcritos, é possível afirmar que cada matrícula identifica um imóvel (art. 176, § 1º, I). Logo, se há mais de uma matrícula, há mais de um imóvel. Isso não impede que um imóvel seja desmembrado e dê origem a mais de uma matrícula, quando passaria a existir mais de um imóvel. No sentido inverso, os imóveis podem ser remembrados ou fusionados dando origem a um único imóvel, ao qual corresponderá uma única matrícula. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 137 7 As seguintes perguntas extraídas do manual de perguntas e respostas publicado anualmente pela Secretaria da Receita Federal do Brasil na rede mundial de computadores orientamse pela racionalidade estabelecida nesses artigos: UNIFICAÇÃO DE TERRENOS CONTÍGUOS 638 — Contribuinte possuía dois terrenos contíguos, promoveu a unificação e sobre eles construiu uma residência, passando a ser proprietário desse único imóvel. Po de usufruir da exclusão do ganho de capital na alienação do único imóvel? Sim. O art. 23 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, faz referência à alienação do único imóvel que o titular possua (no mês da alienação). Conforme o disposto no art. 111, inciso I, do Código Tributário Nacional (CTN), e caso não tenha ocorrido alienação a qualquer título nos últimos 5 anos de outro imóvel, e considerando que a unificação de imóveis não caracteriza alienação, é cabível a exclusão do ganho de capital no caso de alienação, como um único imóvel e em um único instrumento, de imóvel resultante de unificação anterior de outros que o titular possuía, devidamente averbada em cartório de registro de imóveis (art. 234 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 Lei dos Registros Públicos). Este entendimento também é válido para a terra nua de imóveis rurais. ALIENAÇÃO DE PARTE DO IMÓVEL 639 — Contribuinte, proprietário de um único imóvel, que não alienou nenhum imóvel nos últimos 5 anos, aliena uma parte desse imóvel, permanecendo na propriedade da área remanescente. Tal contribuinte tem direito nessa operação à isenção de alienação de único imóvel? Não. Nesse caso, o contribuinte não alienou todo o imóvel, mas parte, permanecendo, na data, como proprietário de imóvel. Não faz jus, portanto, à isenção. (http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/cidadao/irpf/2017/per guntao/pirpf2017perguntaserespostasversao11 03032017.pdf) Na hipótese em questão, o contribuinte adquiriu três áreas de terras que estavam registradas em duas matrículas diversas. Possuía, portanto, mais de um imóvel. Ainda que tenha havido a unificação das duas áreas rurais em uma só matrícula denominada Fazenda Barracão, fato é que essa unificação não compreendeu a totalidade dos imóveis existentes. Tanto é assim que, após a alienação realizada, restou em propriedade do alienante parte do imóvel original e isso só seria possível pela realização de desmembramento. Por outro lado, o recorrente alega que se tratava de "condomínio de fato", caracterização que, por si mesma, não afetaria as conclusões aqui evidenciadas. Em que pese isso, não parece que seja esse o caso, já que o condomínio se caracteriza pela existências de "domínios" concorrentes sobre o mesmo bem, ou seja, mais de uma pessoa com propriedade Fl. 140DF CARF MF 8 sobre um mesmo bem, e a situação refletida nesse processo é de mais de um bem na propriedade de um único indivíduo. Em sendo assim, não é possível afirmar que o contribuinte alienou o único imóvel que possuía, de forma que é inaplicável a ele a isenção regulamentada pelo art. 122, II, do RIR/1999. O fato de o recorrente ser pessoa humilde e de que suas propriedades sejam classificadas como pequenos sítios são argumentos que podem inspirar simpatia no julgador, mas não lhe conferem amparo para dar ao texto legal, em especial ao de natureza isentiva, uma aplicação que fuja dos limites impostos pela investigação sintática. É isso o que determina o art. 111, II, do Código Tributário Nacional, comando que impede o intérprete e aplicador do direito de invocar critérios como "o espírito da norma" para dar ao texto legal um sentido mais amplo do que aquele que decorre de sua literalidade. Também não aproveitam ao contribuinte alegações que invoquem a aplicação da imunidade e isenção regulados pelos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.393, de 1996, uma vez que o âmbito de aplicação destes benefícios está restrito ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR. Assim, as exceções à tributação estabelecidas nesses dispositivos dizem respeito apenas a esse tributo, não gerando qualquer reflexo sobre o imposto de renda. Com efeito, nesta lei, o imposto de renda sofre influência apenas do que determina o seguinte artigo: Valores para Apuração de Ganho de Capital Art. 19. A partir do dia 1º de janeiro de 1997, para fins de apuração de ganho de capital, nos termos da legislação do imposto de renda, considerase custo de aquisição e valor da venda do imóvel rural o VTN declarado, na forma do art. 8º, observado o disposto no art. 14, respectivamente, nos anos da ocorrência de sua aquisição e de sua alienação. Parágrafo único. Na apuração de ganho de capital correspondente a imóvel rural adquirido anteriormente à data a que se refere este artigo, será considerado custo de aquisição o valor constante da escritura pública, observado o disposto no art. 17 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Esta regra foi assim regulamentada pela Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001: Imóvel rural Art. 9o Na apuração do ganho de capital de imóvel rural é considerado custo de aquisição o valor relativo à terra nua. § 1o Considerase valor da terra nua (VTN) o valor do imóvel rural, nele incluído o da respectiva mata nativa, não computados os custos das benfeitorias (construções, instalações e melhoramentos), das culturas permanentes e temporárias, das árvores e florestas plantadas e das pastagens cultivadas ou melhoradas. Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 138 9 § 2o Os custos a que se refere o § 1o, quando não tiverem sido deduzidos como despesa de custeio, na apuração do resultado da atividade rural, podem ser computados para efeito de apuração de ganho de capital. Art. 10. Tratandose de imóvel rural adquirido a partir de 1997, considerase custo de aquisição o valor da terra nua declarado pelo alienante, no Documento de Informação e Apuração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (Diat) do ano da aquisição, observado o disposto nos arts. 8o e 14 da Lei No 9.393, de 1996. § 1o No caso de o contribuinte adquirir: I e vender o imóvel rural antes da entrega do Diat, o ganho de capital é igual à diferença entre o valor de alienação e o custo de aquisição; II o imóvel rural antes da entrega do Diat e alienálo, no mesmo ano, após sua entrega, não ocorre ganho de capital, por se tratar de VTN de aquisição e de alienação de mesmo valor. § 2o Caso não tenha sido apresentado o Diat relativamente ao ano de aquisição ou de alienação, ou a ambos, considerase como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação. § 3o O disposto no § 2o aplicase também no caso de contribuinte sujeito à apresentação apenas do Documento de Informação e Atualização Cadastral (Diac). O caso concreto tratado neste processo se enquadra na descrição do § 2º acima transcrito, já que o contribuinte alienou o bem antes da entrega da DIAT do ano de alienação, situação em que a apuração do ganho de capital deve ser feita com base nos documentos de aquisição e de alienação. É de se registrar que esses documentos foram elaborados a partir de informações levadas a registro pelas partes do negócio e merecem fé pública. A despeito disso, não houve qualquer esforço do contribuinte em demonstrar que os valores ali declarados não correspondem à realidade do negócio entabulado. Questiona também o sujeito passivo o fato de a decisão de piso não ter especificado qual o uso ou finalidade conferidos ao imóvel justificariam afastar o direito à isenção. Com esse argumento, parece contestar o seguinte trecho da decisão recorrida: Além disso, o uso ou a finalidade conferidos ao imóvel pelo impugnante, antes da alienação, não afastam a incidência da norma que tributa o ganho de capital decorrente, não estando tal circunstância elencada entre as hipóteses de não incidência ou exclusão estabelecidas na lei tributária federal (Lei nº 7.713, de 1988, art. 22, parágrafo único, Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, arts. 120 a 122). Fl. 142DF CARF MF 10 Não identifico qualquer impropriedade nesse excerto, já que ele apenas evidencia que invocar a natureza da atividade desenvolvida na propriedade não traz benefício ao contribuinte, já que a isenção pleiteada não tem qualquer relação com esse critério. Por tudo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário apresentado. Conclusão Com base no exposto, voto por conhecer do recurso voluntário apresentado para, rejeitando a preliminar de nulidade, no mérito, negarlhe provimento. Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 143DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.908046/2011-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.940
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10183.908046/2011-92
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5756547
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-000.940
nome_arquivo_s : Decisao_10183908046201192.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10183908046201192_5756547.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
id : 6884720
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049464618352640
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1933; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10183.908046/201192 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201000.940 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 29 de junho de 2017 Assunto COMPENSAÇÃO Recorrente RODOBENS MÁQUINAS AGRÍCOLAS S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão da DRJ Florianópolis/SC que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se requerer a reforma do despacho decisório exarado pela repartição de origem. De acordo com o despacho decisório, o crédito informado na Declaração de Compensação já se encontrava integralmente alocado a outro débito do sujeito passivo, decorrendo daí a não homologação da compensação declarada. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do direito à restituição da contribuição recolhida sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, em face da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento submetido à sistemática da repercussão geral, cujo teor deve ser reproduzido pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 83 .9 08 04 6/ 20 11 -9 2 Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 3 2 A decisão da DRJ Florianópolis/SC, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito, dada a ausência de retificação tempestiva da DCTF. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando a existência do crédito tributário postulado e requerendo a integral homologação da compensação declarada, tendose em conta o princípio da verdade material que exige o aprofundamento da investigação dos fatos por parte da Fiscalização, em face do conjunto probatório por ele produzido. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201000.905, de 29/06/2017, proferido no julgamento do processo 10530.904837/201156, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201000.905): A questão em apreço se resolveria pela aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral, conforme ementa a seguir transcrita: "RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98." (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27 112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP00871 ) Temse, então, que o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como sabido, a aplicação do decidido pela Corte Suprema em sede de repercussão geral é de aplicação obrigatória por parte deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme se depreende da redação do art. do RICARF: "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 4 3 (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal o u do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)" A jurisprudência deste colegiado administrativo é pacífica em relação ao tema. Vejamos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2001 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62 do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal." (Processo 11516.002621/200719; Acórdão 3401003.239; Conselheiro LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO, Sessão de 26/09/2016) Ocorre que, no caso em debate tanto o despacho decisório, quanto a decisão proferida em sede de manifestação de inconformidade informam não estar comprovada a certeza e a liquidez do direito creditório. A decisão, portanto, foi no sentido de que inexiste crédito apto a lastrear o pedido da recorrente. No entanto, entendo como razoável as alegações produzidas pela recorrente aliado aos documentos apresentados nos autos, o que atesta que procurou se desincumbir do seu ônus probatório em atestar a existência dos créditos alegados. A recorrente além das DCTF's apresentou planilha de cálculo, balancete e comprovante de arrecadação referente ao período em apreço e, por fim, juntamente com o seu recurso anexa o LivroRazão. Neste contexto, a teor do que preconiza o art. 373 do diploma processual civil, teve a manifesta intenção de provar o seu direito creditório, sendo que tal procedimento, também está pautado pela boafé. Saliento o fato de assistir razão à recorrente quando alega que a falta de retificação de declaração não tem o condão de tornar devido o que é indevido, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e da verdade material. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 5 4 Neste sentido já decidiu o CARF: "Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2002 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2002 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585235 QORG." (Processo 10280.905801/2011 89; Acórdão 3302003.619; Conselheira SARAH MARIA LINHARES DE ARAÚJO PAES DE SOUZA; Sessão de 21/02/2017) (nosso destaque) Recentemente, em questão similar, em processo relatado pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (10830.917695/201111 Resolução 3201000.848), esta Turma por unanimidade de votos, decidiu em converter o julgamento em diligência, conforme a seguir transcrito: "Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora." Do voto da relatora destaco: "Na hipótese dos autos, observase que não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal." Ademais, em casos análogos envolvendo a recorrente, este conselho administrativo nos processos 10530.902899/201123 e Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 6 5 10530.902898/201189 decidiu por converter o julgamento em diligência através das Resoluções 3801000.816 e 3801000.815. Assim, entendo que há dúvida razoável no presente processo acerca da liquidez, certeza e exigibilidade do direito creditório, o que justifica a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da recorrente, sem que as questões aventadas sejam dirimidas. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que possa ser apurado e informado, de modo pormenorizado, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos, bem como a existência do crédito postulado a partir de toda a documentação apresentada pelo contribuinte e outras diligências que possam ser realizadas a critério da autoridade competente, com a elaboração do devido relatório. Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela recorrente e se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Isto posto, deve ser oportunizada à recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, para que se manifeste nos autos e apresente documentos adicionais, caso entenda necessário, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pelo contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, também foram juntados em cópias nestes autos (planilha, balancete e/ou razão). Dessa forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, decido por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora certifique a efetiva existência do crédito postulado, a partir dos documentos apresentados pelo contribuinte e por meio de outras diligências que se mostrarem necessárias, apurando os valores do débito e do crédito existentes na data de transmissão do PER/DCOMP, consignandoos em relatório pormenorizado. Após a realização da diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 107DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15983.720335/2011-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008
PRELIMINAR. PROVA PERICIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO.
O indeferimento do pedido de realização de perícia, provas documentais e testemunhais não caracterizam cerceamento do direito de defesa quando demonstrada a desnecessidade de produção de novas provas para formar a convicção do aplicador.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SIMPLES NACIONAL. EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS EMPREGADOS E A CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA.
Empresa optante do Simples Nacional, que presta serviços contábeis, está obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e a contribuintes individuais, na forma e no prazo estabelecidos na lei vigente à época dos fatos geradores.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
O dispositivo que tratava da contribuição previdenciária sobre valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho foi julgado inconstitucional pelo Plenário do supremo Tribunal Federal, com repercussão geral reconhecida.
PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Tratando-se de ato não definitivamente julgado, deve-se atribuir efeitos retroativos à legislação tributária que comine penalidade menos severa.
Numero da decisão: 2201-003.716
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
EDITADO EM: 20/07/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008 PRELIMINAR. PROVA PERICIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO. O indeferimento do pedido de realização de perícia, provas documentais e testemunhais não caracterizam cerceamento do direito de defesa quando demonstrada a desnecessidade de produção de novas provas para formar a convicção do aplicador. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SIMPLES NACIONAL. EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS EMPREGADOS E A CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA. Empresa optante do Simples Nacional, que presta serviços contábeis, está obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e a contribuintes individuais, na forma e no prazo estabelecidos na lei vigente à época dos fatos geradores. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O dispositivo que tratava da contribuição previdenciária sobre valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho foi julgado inconstitucional pelo Plenário do supremo Tribunal Federal, com repercussão geral reconhecida. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratando-se de ato não definitivamente julgado, deve-se atribuir efeitos retroativos à legislação tributária que comine penalidade menos severa.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 15983.720335/2011-60
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5750983
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2201-003.716
nome_arquivo_s : Decisao_15983720335201160.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
nome_arquivo_pdf_s : 15983720335201160_5750983.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora. EDITADO EM: 20/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
dt_sessao_tdt : Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
id : 6877679
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:08 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049464854282240
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1953; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15983.720335/201160 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.716 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 4 de julho de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente J.A. SERVICOS EMPRESARIAIS LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008 PRELIMINAR. PROVA PERICIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO. O indeferimento do pedido de realização de perícia, provas documentais e testemunhais não caracterizam cerceamento do direito de defesa quando demonstrada a desnecessidade de produção de novas provas para formar a convicção do aplicador. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SIMPLES NACIONAL. EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS EMPREGADOS E A CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA. Empresa optante do Simples Nacional, que presta serviços contábeis, está obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e a contribuintes individuais, na forma e no prazo estabelecidos na lei vigente à época dos fatos geradores. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O dispositivo que tratava da contribuição previdenciária sobre valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho foi julgado inconstitucional pelo Plenário do supremo Tribunal Federal, com repercussão geral reconhecida. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratandose de ato não definitivamente julgado, devese atribuir efeitos retroativos à legislação tributária que comine penalidade menos severa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 72 03 35 /2 01 1- 60 Fl. 555DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. EDITADO EM: 20/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome trechos do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Consoante Relatório Fiscal de fls. 27 a 38, o presente processo contempla créditos relativos às contribuições previdenciárias/sociais e ao descumprimento de obrigação acessória, apurados no período de 07/2007 a 12/2008. Acrescenta esse relatório que: i) serviram de base para o lançamento as remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais e valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho (UNIMED); ii) foram lavrados os seguintes Autos de Infração: • nº 37.331.9029 Em face das contribuições empresarial (20 % incidente sobre as remunerações dos empregados e contribuintes individuais e 15 % sobre o valor dos serviços da cooperativa UNIMED) e das destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência da incapacidade laborativa decorrente dos Fl. 556DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 3 3 riscos ambientais do trabalho SAT/ RAT (1 % incidente sobre as remunerações dos empregados); Valor, consolidado em 26/09/2011, importa em R$ 195.987,15 (cento e noventa e cinco mil, novecentos e oitenta e sete reais e quinze centavos); já incluídos aí os juros e as multas de mora e de ofício incidentes sobre o débito originário. • nº 37.331.9002 Pelo descumprimento de obrigação acessória, prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, nas competências de 09/2008 a 11/2008; Aplicada a multa no valor de R$ 9.146,58 (nove mil, cento e quarenta e eis reais e cinquenta e oito centavos), em conformidade com o § 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991. • nº 37.331.9010 Pelo descumprimento de obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, nas competências de 09/2008 a 11/2008; Aplicada a multa no valor de R$ 457,32 (quatrocentos e cinquenta e sete reais e trinta e dois centavos), em conformidade com o § 6º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991, por inexistir agravante. iii) a situação verificada constitui, em tese, crime de Sonegação de Contribuição Previdenciária, de acordo com o art. 337A, inciso I, do Código Penal, na redação dada pela Lei nº 9.983/2000, razão pela qual será emitida Representação Fiscal para Fins Penais. iv) em razão do advento da Medida Provisória – MP nº 449, de 04/12/2008, que alterou o valor da multa, efetuouse a comparação desta com a vigente à época da ocorrência dos fatos tributários, o que culminou na aplicação da multa vigente à época em face das competências de 09/2008 a 11/2008, e, inclusive, no que se refere ao descumprimento da obrigação acessória, e aplicouse a multa de ofício (MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009) para as competências de 07/2007 a 08/2008, em cumprimento do art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN (princípio da retroatividade mais benigna). Consta, ainda, do relatório fiscal que: 6.2. (...), conforme Primeira Alteração Contratual, ... em 31/05/2007 (Anexo IV), o objeto social passou a ser a exploração do ramo de atividade de prestação de serviços de reparação e manutenção de equipamentos de informática. A Segunda alteração Contratual, de 30/05/2007 (sic), ... tem como objeto social prestação de serviços de reparação e manutenção de serviços de informática e serviços na gestão empresarial, escrituração e digitação. Na Terceira alteração Contratual, de Fl. 557DF CARF MF 4 11/02/2009, ... o objeto social volta a ser a prestação de serviços complementares na gestão empresarial, escrituração e digitação e preparação de documentos e serviços de apoio administrativo. De acordo com Notas Fiscais de Serviços 139 a 157 (Anexo VII), (...), a empresa só prestou serviço à empresa Adição Contábil e Auditores Independentes S/S Ltda., ... Conforme GFIP ... de 07/2007 a 13/2008 a Adição Contábil operou com apenas três funcionários (Anexo VIII), ... Enquanto que a J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME, empresa optante do Simples Nacional que não precisava recolher a parte patronal (Anexo I), funcionava com os empregados que vieram a ser da Adição Contábil, o que se verifica na GFIP 05/2009 da J. A. Serviços Empresariais Ltda. (Anexo IX), em que os funcionários foram transferidos para sua única cliente a Adição Contábil, conforme GFIP 06/2009, ... A partir de 06/2009, a empresa J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME encontrase praticamente sem funcionários (Anexo XI), ou seja, prestou serviços com empregados do ramo de Contabilidade, em período que os escritórios de contabilidade recolhiam também a quota patronal sobre a folha de pagamento de salários. Embora o seu objeto social permitisse, a J. A. Serviços Empresariais Ltda. não empregou nenhum profissional na área da informática, ... 8. Cumpre esclarecer, que intimada a J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME, ... a apresentar o Contrato ... celebrado entre a J. A. e a Adição Contábil, a mesma esclareceu através de declaração, ..., que o contrato foi verbal e tinha por objeto a manutenção de equipamentos de informática sem fornecimentos de peças, preparação de documentos para remessa aos clientes, preparação e organização dos documentos para arquivamento, arquivamento em pastas suspensas, digitação, preenchimento de formulário e apoio administrativo. Para fins de reunir elementos de prova foi expedido o Mandado de Procedimento Fiscal de Diligência ..., na empresa Adição Contábil & Auditores Independentes SS Ltda. Intimada ... a mesma apresentou os Livros Caixa, anos calendários de 2007 e 2008... Intimada a empresa a apresentar os recibos de serviços executados por Rodrigo Braga e os documentos relativos às aquisições de peças, ..., a empresa não apresentou os recibos ... e alegou que os recibos de aquisições de peças de informática foram extraviados, ... Assim sendo, a empresa não comprovou através de contabilidade, registrada á época dos fatos, nem documentalmente a inequívoca convicção da efetiva prestação de serviços de manutenção de equipamentos de informática, pela J. A. Serviços Empresariais Ltda. ME, para a Adição Contábil & Auditores Independentes SS Ltda. Ou seja, só atuou no ramo de contabilidade. (...) 11. Diante do exposto ... a empresa J. A. Serviços Empresariais Ltda. ME, apesar de optante do Simples Nacional, tem que recolher a parte patronal, uma vez que prestou serviços de atividades de contabilidade, ... 12. Esclarecemos que em todo o período fiscalizado o valor integral da remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais (Levantamentos FP, CI e CT) foi Fl. 558DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 4 5 considerado como não declarado, pois, ... a autuada informou indevidamente ... que se tratava de empresa optante do Simples... A informação indevida implica alteração dos valores das contribuições devidas, tendo em vista que as empresas optantes pelo Simples devem proceder tão somente ao recolhimento da contribuição descontada dos segurados, pois tem as contribuições patronais substituídas. (...) 14. A origem das contribuições devidas é proveniente de importâncias constantes das Folhas de Pagamentos e . (...) 20. As guias de recolhimentos apresentadas à fiscalização ... foram consideradas após consulta. Notificado destes Autos no dia 30092011 (fls. 4), o sujeito passivo impugnouos em 31102011, na forma do expediente juntado às fls. 404 a 416, por meio do qual alega, em síntese, que: não poderia ter sido autuada com fundamento nos parágrafos 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991(...). É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) julgou improcedente a impugnação, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008 INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DA LEI VIGENTE. REVOGAÇÃO. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. SIMPLES NACIONAL. EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. PAGAMENTO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RECOLHIMENTO. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA. Empresa optante do Simples Nacional, que presta serviços contábeis, está obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregado e contribuinte individual, e incidentes sobre o valor dos serviços prestados por cooperativa, na forma e no prazo estabelecidos em lei. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. NÃO RECOLHIMENTO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. Fl. 559DF CARF MF 6 Sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas incidem juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC e multa de mora e/ou de ofício. MULTA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A lei nova aplicase a fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. INCORREÇÕES. AUTO DE INFRAÇÃO. A GFIP entregue, na rede bancária, com informações incorretas ou omissas está sujeita ao auto de infração. PERÍCIA. PRESCINDÍVEL. AUTORIDADE JULGADORA. INDEFERIMENTO. A autoridade julgadora de primeira instância indeferirá a perícia que considerar prescindível. DOCUMENTOS. APRESENTAÇÃO. Os documentos devem ser apresentados na impugnação, sob pena de preclusão. SUSTENTAÇÃO ORAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO. INDEFERIMENTO. No existe, no âmbito administrativo de primeira instância, a previsão de defesa oral. Pedido nesse sentido é indeferido. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posteriormente, foi interposto recurso voluntário, no qual o contribuinte reiterou os argumentos aduzidos em sede de impugnação e dispôs os seguintes argumentos: a) houve cerceamento do direito de defesa, tendo em vista o indeferimento do pedido de produção de prova testemunhal e pericial; b) no que se referem aos DEBCADs 37.331.9002 e 37.331.901 0, a decisão não foi acertada quanto à aplicação da multa de 100% e não de 75%; c) houve retroatividade na lei no tempo com a aplicação da sanção com base no parágrafo IV do artigo 32 da Lei 8.212/91, pois o mencionado inciso foi acrescido pela Lei 11.941/2009 e os fatos ocorreram nos anos de 2007/2008; d) foi aplicada sanção com base nos parágrafos 5º e 6º do artigo 32 e artigo 34 da Lei 8.212/91 que foram revogados pela medida provisória n.º 449/2008 convertida na Lei 11.941/2009; e) a decisão de primeira instância conformou, equivocadamente, sem nenhuma prova, que a recorrente exerceu atividade de contabilidade e não àquela constante do contrato social e a Fl. 560DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 5 7 efetivamente exercida, confirmando o auto de infração que considera as remunerações dos segurados contribuintes individuais, empregados e faturas da UNIMED não declarados na GFIP, aplicando multa; f) a auditora fiscal foi contraditórias nas informações do relatório, pois autuou a recorrente por não ter declarado as remunerações dos empregados e contribuintes individuais, porém, ao mesmo tempo, afirma que os erros contidos na GFIP não interferem no fato gerador da contribuição previdenciária; g) afirma que as GFIPs foram entregues corretamente e tempestivamente com todas as informações necessárias; h) a recorrente ingressou com recurso administrativo, sob o n.º 10845.002097/200791, obtendo êxito, conforme acórdão de n.º 0532.364, 1ª Turma da DRJ/CPS, em que foi reconhecido o direito de optar pelo SIMPLES; i) no período fiscalizado, a recorrente tinha como objeto social manutenção de equipamentos de informática sem fornecimento de peças. Preparação de documentos para remessa aos clientes; preparação e organização dos documentos para arquivamento; arquivamento dos documentos em pastas suspensas; digitação, preenchimento de formulários e apoio administrativo; j) os sócios, à época, não eram contadores, mas apenas empresários; k) inaplicabilidade da multa de ofício, considerando que, por estar enquadrada no simples, entregou GFIP de acordo com o estabelecido em Lei e recolheu as contribuições retidas; l) não houve dolo ou máfé da recorrente; m) pleiteia provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas, especialmente testemunhal, pericial, documental e juntada de novos documentos. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, pois se encontra tempestivo e com condições de admissibilidade. 1. Da preliminar de cerceamento do direito de defesa A recorrente alega que houve cerceamento do direito de defesa, tendo em vista o indeferimento do pedido de produção de prova testemunhal e pericial. Fl. 561DF CARF MF 8 Apesar dos argumentos colacionados pela defesa, não se vislumbra a existência de cerceamento do direito de defesa, pois foi devidamente instaurado o contraditório e a ampla defesa, de modo que a fiscalizada teve a possibilidade de se defender e apresentar as provas aptas a demonstrar fatos extintivos ou modificativos do direito da Fazenda Nacional quanto ao tributo em questão. Ao julgador cabe avaliar a necessidade de conversão em diligência para a produção de provas que se fizerem necessárias ao seu convencimento. O art. 18 do Decreto 70.235/72 dispõe que a realização de diligências ou perícias é uma prerrogativa da autoridade julgadora, conforme abaixo transcrito: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. Portanto, o julgador é livre na apreciação e na solicitação de provas, de modo que não assiste razão a recorrente sob esse aspecto, pois as provas constantes dos autos são suficientes para a análise da controvérsia. 2. Do mérito 2.1. Da obrigatoriedade de recolhimento das contribuições previdenciárias de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212/1991 Conforme narrado, os presentes autos são consequência do desenquadramento do Código de Descrição da Atividade Econômica Principal (CNAE) da atividade de preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificado anteriormente (CNAE da atividade econômica principal 82.19999) para a atividade de contabilidade (CNAE 69.20601). Assim a empresa recorrente, apesar de ser optante pelo Simples Nacional, tem a obrigação de recolher a parte patronal, considerando a prestação de serviços de contabilidade, conforme itens 6 a 10 do Relatório Fiscal de fls. 27 e seguintes (fls. 3 e seguintes do arquivo digital denominado Documentos Comprobatórios 25 a 109), no período autuado (07/2007 a 12/2008). Durante a ação fiscal, constatou a fiscalização que a J.A prestou serviços somente à Adição Contábil; não houve comprovação da prestação de serviços de reparação e de manutenção de equipamentos de informática e a J.A. não contratou empregado para essa área; em diligência à tomadora de serviços, não se apurou que a autuada tenha prestado outro serviço, conforme item 8 do relato fiscal abaixo transcrito: 8. Cumpre esclarecer, que intimada a J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME, (...) a apresentar o Contrato (...) celebrado entre a J. A. e a Adição Contábil, a mesma esclareceu através de declaração, (...), que o contrato foi verbal e tinha por objeto a manutenção de equipamentos de informática sem fornecimentos de peças, preparação de documentos para remessa aos clientes, preparação e organização dos documentos para arquivamento, arquivamento em pastas suspensas, digitação, preenchimento de formulário e apoio administrativo. Para fins de reunir elementos de prova foi expedido o Mandado Fl. 562DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 6 9 de Procedimento Fiscal de Diligência (...), na empresa Adição Contábil & Auditores Independentes SS Ltda. ... Intimada a empresa a apresentar os recibos de serviços executados por Rodrigo Braga e os documentos relativos às aquisições de peças, (...), a empresa não apresentou os recibos (...) e alegou que os recibos de aquisições de peças de informática foram extraviados, (...) As contribuições exigidas, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212/1991, incidentes sobre remunerações pagas a segurados e sobre valores pagos a cooperativa por escritório de serviços contábeis não foram contempladas pelo Simples Nacional, conforme dispõe o inciso V, do § 5º, do art. 18 (na redação vigente à época) da Lei Complementar nº 123/2006, como segue: Art. 18. (...) § 5º (...) V as atividades de prestação de serviços previstas nos incisos XIX a XXVIII do § 1º do art. 17 desta Lei Complementar serão tributadas na forma do Anexo V desta Lei Complementar, hipótese em que não estará incluída no Simples Nacional a contribuição prevista no inciso VI do caput do art. 13 desta Lei Complementar, devendo ela ser recolhida segundo a legislação prevista para os demais contribuintes ou responsáveis; (Redação dada pela Lei Complementar nº 127, de 2007) Desse modo, escritório de serviço contábil, ainda que optante do Simples Nacional está obrigado ao recolhimento das contribuições previdenciárias de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212/1991. Como bem destacou a decisão recorrida, o relatório fiscal e seus anexos, correspondentes aos Autos de Infração em questão, foram suficientemente claros e precisos quantos aos fatos tributários que os representam – que constituem nas remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais e valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho, informados/declarados nas GFIP –, e quanto às contribuições, aos valores e períodos a que se referem. Portanto, a decisão vergastada não merece reparo, nesse ponto. 2.2. Da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a cooperativas de trabalho Compulsandose os autos, observase que serviram de base para o lançamento as remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais e valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho (UNIMED). Acerca do tema, o art. 22, inciso IV, da Lei 8.212/91, com redação conferida pela Lei 9.876/99, assim tratava: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: 6 IV quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são Fl. 563DF CARF MF 10 prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999).(Execução suspensa pela Resolução nº 10, de 2016). Entretanto, tal dispositivo foi julgado inconstitucional, por unanimidade de votos pelo Plenário do supremo Tribunal Federal, nos autos do Recurso Extraordinário n.º 595.838/SP, com repercussão geral reconhecida. Consoante o artigo 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF n.º 343/2015, de 09/06/2015, as decisões definitivas de mérito do STF e do STJ, na sistemática dos artigos 543B e 543C do CPC devem ser reproduzidas pelos Conselheiros do CARF, no julgamento dos recursos. Assim, deve ser excluído do lançamento o levantamento relativo às cooperativas, inclusive sua repercussão nas obrigações acessórias. 2.3. Das obrigações acessórias No que concerne às obrigações acessórias, foi lavrado o DEBCAD 37.331.9002 CFL 68 (apresentar a empresa o documento que se refere o art. 32, inciso IV, da Lei n.º 8.212/91, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias) e o DEBCAD 37.331.9010 CFL 69 (apresentar a empresa o documento a que se refere o art. 32, inciso IV, da Lei 8.212/91, com informações inexatas, incompletas ou omissas, em relação aos dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias). Aduz a recorrente que os parágrafos 5º e 6º do artigo 32 e o artigo 34, ambos da Lei 8212/91 forma revogados pela medida provisória 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Acerca da matéria, cumpre esclarecer que os artigos da Lei 8.212/91, com as alterações da Lei 9.528/97, que tratavam das penalidades por descumprimento de obrigações principais e acessórias tinham a seguinte redação: Art. 32. A empresa é também obrigada a: IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). 4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (Revogado Fl. 564DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 7 11 pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 6º A apresentação do documento com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa de cinco por cento do valor mínimo previsto no art. 92, por campo com informações inexatas, incompletas ou omissas, limitadas aos valores previstos no § 4º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) Art. 35. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de abril de 1997, sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c) vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; O presente caso referese ao descumprimento das duas obrigações: principal e acessória. Fl. 565DF CARF MF 12 O entendimento adotado por esse Conselho é no sentido de que, embora a antiga redação dos artigos 32 e 35 da Lei 8212/91 não contivessem a expressão lançamento de ofício, as penalidades aplicadas tinham natureza de multas de ofício. Fazse, portanto, relevante a aplicação da legislação mais benéfica ao contribuinte, consoante o disposto no art. 106, inciso II, do CTN. Para tanto, porém, é necessário que se estabeleça a exata correlação entre as multas anteriormente previstas e aquelas estabelecidas pela Lei 11.941/2009, a fim de se aplicar a retroatividade benigna. A legislação atual traz os seguintes contornos: Art. 32. A empresa é também obrigada a: IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (Vide Lei nº 13.097, de 2015) Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). (Vide Lei nº 13.097, de 2015) (Vide Lei nº 13.097, de 2015) I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em Fl. 566DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 8 13 legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Observase que, com o advento da Lei n.º 11.941/2009, o lançamento de ofício envolvendo a exigência de contribuições previdenciárias, bem como a verificação de falta de declaração do respectivo fato gerador em GFIP sujeita o contribuinte a uma única multa no percentual de 75% sobre a totalidade ou diferença da contribuição, previsão contida no art. 44, inciso I, da Lei 9.430/96. A interpretação sistemática da legislação tributária não admite a instituição, em um mesmo ordenamento jurídico, de duas penalidades para a mesma conduta, o que autoriza a interpretação no sentido de que as penalidades previstas no art. 32A não são aplicáveis às situações em que se verifica a falta de declaração/declaração inexata, combinada com a falta de recolhimento da contribuição previdenciária, eis que tal conduta está claramente tipificada no art. 44, inciso I, da Lei n.º 9.430/96. Diante desse contexto, as exigências em questão devem pautarse no comando contido no art. 106, inciso II, alínea "c", do Código Tributário Nacional, o órgão responsável pelo cumprimento deverá recalcular o valor da penalidade a fim de verificar qual critério seria mais benéfico ao contribuinte, a saber a soma das multas vigentes à época do fato gerador ou a multa de 75% prevista no inciso I do art. 44, da Lei 9.430/96. Assim, determino o recálculo da multa aplicada, consoante o art. 476A da Instrução Normativa RFB n.º 971, de 13 de novembro de 2009. 2.4. Dos pedidos de produção de provas Quanto aos pedidos finais da recorrente sobre apresentação de novas provas (periciais, testemunhais e documentais), aplico o mesmo entendimento exposto no item 1 desse voto, no qual restou consignado o posicionamento no sentido da discricionariedade do julgador para a apreciação e solicitação de provas. Dessa forma, tendo em vista que os presentes autos estão suficientemente instruídos para seu deslinde, considero prescindível a apresentação de novas provas. Fl. 567DF CARF MF 14 Diante do exposto, voto por conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe parcial provimento para: a) determinar o recálculo da multa aplicada, conforme o disposto no art. 476A da Instrução Normativa RFB n.º 971, de 13 de novembro de 2009; b) excluir do lançamento o levantamento relativo às cooperativas, inclusive sua repercussão nas obrigações acessórias. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 568DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.006995/2008-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
CPMF. IMUNIDADE. ENTIDADE BENEFICENTE E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. LEGITIMIDADE DE EXIGÊNCIA DO CEBAS.
Conforme decisão do STF na ADI 2028, é legítima a exigência do CEBAS para fins de aplicação da imunidade quanto à CPMF.
DECADÊNCIA. SÚMULA STJ Nº 555.
Ausente declaração do débito, o prazo decadencial computa-se nos termos do art. 173 do CTN, conforme Súmula STJ nº 555.
Numero da decisão: 3201-002.869
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Avila.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Ano-calendário: 2003, 2004, 2005 CPMF. IMUNIDADE. ENTIDADE BENEFICENTE E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. LEGITIMIDADE DE EXIGÊNCIA DO CEBAS. Conforme decisão do STF na ADI 2028, é legítima a exigência do CEBAS para fins de aplicação da imunidade quanto à CPMF. DECADÊNCIA. SÚMULA STJ Nº 555. Ausente declaração do débito, o prazo decadencial computa-se nos termos do art. 173 do CTN, conforme Súmula STJ nº 555.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10380.006995/2008-12
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5761917
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-002.869
nome_arquivo_s : Decisao_10380006995200812.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
nome_arquivo_pdf_s : 10380006995200812_5761917.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Avila.
dt_sessao_tdt : Mon Jun 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6903605
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049465175146496
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1455; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 609 1 608 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.006995/200812 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201002.869 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de junho de 2017 Matéria CPMF Recorrente ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BANCO DO BRASIL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Anocalendário: 2003, 2004, 2005 CPMF. IMUNIDADE. ENTIDADE BENEFICENTE E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. LEGITIMIDADE DE EXIGÊNCIA DO CEBAS. Conforme decisão do STF na ADI 2028, é legítima a exigência do CEBAS para fins de aplicação da imunidade quanto à CPMF. DECADÊNCIA. SÚMULA STJ Nº 555. Ausente declaração do débito, o prazo decadencial computase nos termos do art. 173 do CTN, conforme Súmula STJ nº 555. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Avila. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 69 95 /2 00 8- 12 Fl. 609DF CARF MF 2 Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 0354.939, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF), que assim relatou o feito: Tratase de auto de infração lavrado contra a pessoa jurídica ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BANCO DO BRASIL, para exigir Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão Financeira CPMF, referente aos anoscalendário de 2003 a 2005, no valor total de R$ 188.067,69. No referido lançamento, a autoridade fiscal imputou à contribuinte a prática de falta de recolhimento da CPMF, referentes aos fatos geradores relativos aos anoscalendário de 2003 a 2005. Por ser o presente feito originário de processo ainda elaborado em meio físico (papel), adotarei, para fins de localização de documentos citados, a numeração originária, inserida no processo físico digitalizado, situação que não se aplicará ao presente Acórdão, o qual adotará a numeração sequencial do Eprocesso (digital). I. DO PROCEDIMENTO FISCAL Segundo a agente fiscal, a contribuinte é constituída na forma de uma sociedade civil de fins assistenciais e não lucrativos, com características de uma agremiação desportiva, social, cultural e recreativa, reconhecida como de utilidade pública pela lei estadual n° 9.998, de 05 de dezembro de 1975, e se beneficiava da isenção relativa às Contribuições da Seguridade Social, com a alegação de tratarse de uma entidade beneficente de assistência social. Destacou a autoridade fiscal que para a contribuinte usufruir do benefício constitucional estabelecido no artigo 195, § 7°, da Constituição Federal, que trata das Contribuições para a Seguridade Social, exigências devem ser cumpridas, pois a isenção em questão está condicionada a que os beneficiários atendam às exigências estabelecidas em lei. No tocante à CPMF, instituída pela Lei n° 9.311, de 24 de outubro de 1996, o seu artigo 3º, inciso V, estabelece a não incidência da CPMF sobre a movimentação financeira ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira das entidades beneficentes de assistência social, nos termos do parágrafo 7º, do artigo 195, da Constituição Federal. Por tratarse de uma isenção condicional, a Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa SRF n° 44, de 2 de maio de 2001, estabeleceu a obrigatoriedade de apresentação da Declaração de Não Incidência da CPMF à instituição financeira responsável pela retenção dessa contribuição, no sentido de atender o dispositivo contido no inciso V, do artigo 3º, da Lei n° 9.311/96. A exigência acima foi ainda mais acentuada por ocasião da edição da Instrução Normativa SRF n°531, de 30 de março de 2005, pois o seu artigo 1°, parágrafo 2°, dispôs que, para efeito Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 610 3 do disposto no inciso V, do artigo 3°, da Lei nº 9.311/96, a instituição responsável pela retenção da CPMF deveria exigir da entidade interessada cópia autenticada do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social — CEBAS, nos termos do Decreto n° 2.536, de 6 de abril de 1998, válido para o período objeto da não incidência da contribuição, documento que deveria ser arquivado juntamente com a Declaração de Não Incidência da CPMF. Assim, no curso do procedimento fiscal, foi identificado que a contribuinte não teve os valores devidos de CPMF sobre as suas movimentações financeiras retidas pelo Banco do Brasil, uma vez que a Associação Atlética Banco do Brasil se apresentou perante a instituição financeira na condição de entidade beneficente de assistência social, portanto não sujeita às retenções da CPMF. Por essa razão, os extratos bancários da contribuinte foram solicitados e disponibilizados em papel, restando caracterizada a abertura ao Fisco dos dados da movimentação financeira da fiscalizada, nos períodos sob fiscalização. Considerada a elevada quantidade de dados referentes à movimentação financeira da contribuinte, a fiscalização achou por bem intimar a autuada a apresentar os extratos bancários em meio magnético, no sentido de facilitar o trabalho de levantamento das bases de cálculos da CPMF, tendo sido informado pelo Banco do Brasil sobre a impossibilidade da gerência local disponibilizar os dados na forma requerida pela agente fiscal. Por essa motivação, foi emitida Requisição de Movimentação Financeira RMF, visando a obtenção dos dados de movimentação financeira relativa ao período sob exame, tendo o Banco Brasil atendido essa exigência, apresentando tanto em papel como em meio magnético os dados demandados. Com base nos extratos bancários disponibilizados pela Instituição Financeira, a agente fiscal elaborou Demonstrativo do Levantamento das Bases de Cálculo da CPMF para o período compreendido entre 01/01/2003 a 31/12/2005, contendo as seguintes informações: data do fato gerador, instituição bancária, agência, conta, histórico do lançamento, número do documento e valor. A planilha contendo o Demonstrativo em questão foi disponibilizada à autuada através de CDROM, conforme evidenciado no Termo de Intimação Nº 06, lavrado em 04 de março de 2008, doc. de fls. 251 e 252. Destacase que no ato acima mencionado, a contribuinte foi intimada a apresentar o Certificado Beneficente de Assistência Social – CEBAS, considerando a ausência de retenções de CPMF nas contas mantidas no Banco do Brasil. Fl. 611DF CARF MF 4 No tocante aos valores apurados nos Demonstrativos elaborados pela autoridade fiscal, a autuada foi intimada a se manifestar sobre a composição das bases de cálculo da CPMF apuradas no procedimento de ofício, cujo prazo inicial de atendimento foi prorrogado a pedido da contribuinte. Vencido o prazo adicional concedido à contribuinte, verificase nos autos que não houve por parte da fiscalizada qualquer questionamento sobre os valores apurados e detalhados no Demonstrativo elaborado pela agente fiscal, bem como não foi apresentado pela contribuinte o Certificado Beneficente de Assistência Social – CEBAS. Dessa forma, não existindo qualquer questionamento da autuada sobre os valores apurados de CPMF com base nos extratos bancários disponibilizados pelo Banco do Brasil, e considerando, ainda, que os valores de CPMF não foram declarados em quaisquer Declarações de Débitos e Créditos Federais – DCTF apresentadas à Receita Federal do Brasil, foi procedida a lavratura do Auto de Infração ora impugnado. II. DA IMPUGNAÇÃO Cientificada do lançamento a pessoa jurídica autuada apresentou impugnação de fls. 293 a 306, atacando o procedimento fiscal com os argumentos a seguir expostos. 1. Da preliminar de nulidade do Auto de Infração Sobre essa preliminar sustenta a impugnante que o Auto de Infração não contém os requisitos específicos do art. 10 do Decreto n° 70.235/1972, não tendo sido expostos os fatos que originaram a autuação de forma ininteligível, dificultando, inclusive, o rebate dos fundamentos adotados no lançamento. Afirma que o auto de infração lavrado, ao elencar a descrição do fato e a disposição legal infringida, simplesmente remete o autuado a "folhas de continuação anexas", documentos estes que não contém a descrição especifica do fato, e muito menos o dispositivo legal infringido, posto que se limita a citar leis e decisões de tribunais, tratando da temática da regulamentação do art. 195, §7°, da Constituição Republicana. Entende que não existe, no auto de infração, a indicação do dispositivo legal ferido pela autuada, mas tão somente a menção de que, por não ter impugnado os valores apresentados pelo fisco, foi efetuado o lançamento de oficio das contribuições relativas aos anos de 2003, 2004 e 2005. Apresenta para reforçar sua preliminar de nulidade jurisprudência do Conselho de Recursos Fiscais do Estado da Paraíba. Conclui sobre esse ponto requerendo seja anulado o auto de infração lavrado, por descumprimento manifesto dos preceitos legais, notadamente o disposto no art. 10, III e IV, do Decreto nº 70.235/72. 2. Da imunidade da AABB quanto às contribuições sociais Fl. 612DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 611 5 Sobre esse tema a recorrente afirma ser a AABB uma entidade assistencial, reconhecida como de utilidade pública, pela Lei Estadual 9.998/75, que goza de imunidade quanto às contribuições para a seguridade social, consoante prescreve o art. 195, § 7º, da Constituição Federal. Entende a defendente que o dispositivo inserido no § 7º do citado diploma legal é claramente uma norma constitucional de eficácia limitada, eis que determina que a Lei estabeleça as exigências para que uma entidade seja beneficiada com a imunidade das contribuições para seguridade social. Admitindo a eficácia limitada da norma, alega, ainda, a impugnante que o Termo de Verificação afirma que o Supremo Tribunal Federal, no Mandado de Injunção de n° 232RJ, testificou a falta de regulamentação da parte final do dispositivo supra citado, trazendo aos autos a sua Ementa, da lavra do Rel. Min. Moreira Alves, por meio da qual evidenciase que o STF, reconhecendo a mora legislativa, determinou que o Congresso Nacional editasse a norma regulamentadora do artigo 195, § 7º, da Constituição Federal. Nesse ponto, afirma a recorrente que o Termo de Verificação dá como certo o preenchimento da lacuna legislativa pela Edição da Medida Provisória nº 215835/ 2001, por seu art.17, c/c a Emenda Constitucional nº 32/2001, em seu art. 2º, que na verdade trata das contribuições para o PIS/PASEP e Cofins, não sendo no seu entender aplicável ao caso da CPMF. Com relação ao disposto no artigo 55 da Lei nº 8.212/91, o ponto central da discussão apresentada pela impugnante vinculase a respeito do Certificado Beneficente de Assistência Social – CEBAS, introduzido em referido preceito pela Medida Provisória nº 218713/ 2001. Afirma a recorrente que a AABB foi fundada nos anos 40, como uma sociedade civil de fins assistenciais e não lucrativos. Assim, era imune à cobrança das contribuições sociais, nos termos do art. 10 da Lei 3.577/1959, que somente foi revogada em 1977, através do Decreto 1.572, quando a AABB já havia sido reconhecida como de utilidade pública (Lei Estadual 9998/75), sendo que referido decreto ressalvou o direito adquirido (art. 1°) à imunidade concedida pela Lei então revogada. Continua a defendente afirmando que ao tempo da promulgação da Constituição Federal de 1988, a AABB já era imune das contribuições previdenciárias, tendo o CEBAS passado a ser exigido em 1998, através da edição do Decreto 2.536, entendendo, por consequência, que referida norma não tem o condão de prejudicar o direito adquirido, a teor do art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição de 1988. Seguindo mesma linha de defesa, a suplicante afirma que a AABB já era imune à cobrança da contribuição para a seguridade social ao tempo da instituição da CPMF pela Lei nº Fl. 613DF CARF MF 6 9.311/96. Não obstante, ao tempo da edição do art. 195, § 7º, da Carta Magna, a AABB já era beneficiária da imunidade, ante a produção do direito adquirido. 3. Da irretroatividade da Instrução Normativa RFB nº 531/2005 No tocante à exigência da fiscalização em relação ao CEBAS, alega a impugnante que a instrução Normativa n° 531/2005 somente foi editada em 30.03.2005, não podendo ser utilizada com efeito retroativo, ante a aplicação da lei no tempo, disposta no art. 144 do CTN, que no seu caput determina que o “lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.” 4. Da distinção de hipótese de imunidade ou de isenção aplicada ao caso em questão e da limitação do poder de tributar por meio de lei complementar No tocante a esses temas, a recorrente discorre na impugnação seu posicionamento de discordância ao entendimento da Receita Federal de que o preceito contido no artigo 195, § 7º, da Constituição Federal referese a simples isenção, pois assevera a suplicante que tal dispositivo tratase de hipótese de imunidade tributária, implicando em verdadeira limitação ao poder de tributar. Nesse sentido, junta à sua peça manifestações do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, a partir de ementas de votos proferidos no RMS 22.192, da lavra do Relator Ministro Celso de Mello, relativo a julgamento realizado 28.11.95, e no AgRg no MS 11.409/DF, do Ministro Relator Castro Meira, relativo a julgamento realizado em 23.04.2008 A recorrente continua a sua argumentação em relação a esse aspecto apresentando pensamento doutrinário de Tomáz de Aquino Resende, no artigo titulado imunidades tributárias e isenções de impostos, o qual, em síntese, assevera que a hipótese contemplada no art. 195, § 7º, da Constituição Federal referese a imunidade, significando vedação de cobrança mediante edição de leis complementares ou ordinárias. Retomando ao tema, a recorrente afirma que, configurada a hipótese de imunidade, verdadeira limitação ao poder de tributar, qualquer disposição somente pode ser disposta em lei complementar, a teor do artigo 146, II, da Constituição Federal, e não por lei Ordinária, como pretende o fisco. Nesse ponto concluí que, ao tempo da edição do art. 195, §7°, da Constituição Federal, a AABB já era imune à cobrança das contribuições sociais. Por outro lado, a exigência contida no art. 55 da Lei 8.212/91 não se aplica às imunidades tributárias, eis que, de acordo com o texto constitucional, somente por Lei Complementar poderia ser regulamentada a imunidade, já que se constituiu em verdadeira limitação ao poder de tributação. Fl. 614DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 612 7 5. Da aplicação da multa de ofício de 75% A recorrente não concorda com aplicação da multa de ofício de 75% sobre todos os valores entendidos pelo fisco como devidos, por entender que a Lei nº 9.311/96, que instituiu a CPMF, bem como a Lei nº 8.891/85, que dispôs sobre os juros de mora, nada falam desse percentual absurdo de multa que praticamente dobra o valor do suposto crédito. Para tanto, reproduz em sua defesa os artigos 13 da Lei nº 9.311/96, e o artigo 84, inciso II, da Lei nº 8.891/85. 6. Da decadência quanto aos créditos não constituídos no prazo quinquenal Em relação a cobrança pela fiscalização de supostos débitos de CPMF, relativos ao período de 01.01.2003 a 31.12.2005, a suplicante apresenta decisão do Supremo Tribunal Federal, que afastou por completo o prazo de 10 (dez) anos para a apuração dos créditos destinados à seguridade social, declarando a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, fazendo prevalecer o prazo de 5 (cinco) anos estipulado no Código Tributário Nacional. Para tanto, reproduz Ementa do voto do Ministro Gilmar Mendes, relator do RE QO 556664/RS. Manifesta, ainda, entendimento de que a CPMF é um tributo sujeito ao lançamento por homologação, assim, todo e qualquer pseudo débito não apurado até a constituição definitiva do crédito tributário não poderá ser cobrado, ante a decadência, causa de extinção do crédito tributário a teor do art. 156, V, do CTN. Para substanciar seu entendimento, apresenta doutrina especializada sobre o tema da lavra de Mary Elbe Queiroz, que aponta a CPMF como tributo sujeito ao lançamento por homologação. Nesse tema a impugnante não indica expressamente quais fatos geradores estariam alcançados pela decadência, apenas expressa na parte final de sua peça que o reconhecimento deve ser operado no tocante aos créditos não apurados no prazo de 5 (cinco) anos até a data da constituição definitiva do débito. 7. Do pedido de diligência Na formulação do seus quesitos para justificar pedido de diligência, entende a recorrente, que o Banco do Brasil, por ter a condição de substituto tributário, nos termos do art. 5º da Lei 9.311/96, deveria ter exigido da AABB qualquer documento que não a mera declaração de imunidade a cobrança da CPMF. Nesse sentido, requer a recorrente diligência para que referida instituição financeira esclareça porque nunca exigiu o CEBAS da AABB, e que acoste aos autos do processo administrativo a declaração de imunidade à CPMF apresentada pela AABB. É o Relatório. Fl. 615DF CARF MF 8 Após exame da Impugnação apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2003, 2004,2005 DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO OU CONFISSÃO DE DÉBITOS ESPONTÂNEA. Tratandose de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, não havendo pagamento ou confissão espontânea de débitos, conforme orientação do Parecer PGFN/CAT nº. 1.617, de 2008, aplicase a regra do art. 173, I, do CTN. NULIDADE Não há que se falar de nulidade quando a exigência fiscal sustentase em processo instruído com todas as peças indispensáveis e não se vislumbra nos autos que o sujeito passivo tenha sido tolhido no direito que a lei lhe confere para se defender. MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado no percentual de 75% determinado expressamente no art. 44 da Lei nº 9.430/96. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Ano calendário: 2003, 2004, 2005. INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS. IMUNIDADE Para o reconhecimento da imunidade tributária das instituições beneficentes de assistência social sem fins lucrativos, na forma do art. 195, § 7º, da Constituição Federal, exigese a apresentação do CEBAS, conforme art. 55, II, da Lei nº 8.212/91. CPMF. FALTA DE RETENÇÃO. RESPONSABILIDADE SUPLETIVA Não tendo a instituição financeira efetuado a retenção da CPMF devida pelo titular da contacorrente, pode o Fisco exigir do contribuinte o tributo não retido e não recolhido, com os devidos acréscimos legais. INCONSTITUCIONALIDADE.ILEGALIDADE. APRECIAÇÃO. VEDAÇÃO. Fl. 616DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 613 9 Não compete à autoridade administrativa manifestarse quanto à inconstitucionalidade ou ilegalidade das leis, por ser essa prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Sendo os documentos acostados aos autos claros, permitindo um adequado julgamento, tornase prescindível a realização de perícia ou diligência para a solução da controvérsia. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados. Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário O Recurso Voluntário é próprio e tempestivo, portanto, dele tomo conhecimento. PRELIMINAR NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Em sede de preliminar, a Recorrente aduz a nulidade do Auto de Infração por suposta ausência de indicação da infração incorrida, bem como dos dispositivos legais tidos por infringidos. Todavia, verificase pelo Relatório Fiscal que o lançamento está revestido de todas as exigências legais, bem como, pela defesa e Recurso Apresentados, que o Contribuinte pôde exercer plenamente seu direito à ampla defesa. Desse modo, afasto a preliminar suscitada. PRELIMINAR DECADÊNCIA A Recorrente postula pelo reconhecimento da decadência, nos termos do art. 150, §4º do CTN. O acórdão recorrido, contudo, aplicou o prazo decadencial na forma do art. 173 do CTN, uma vez que não houve qualquer recolhimento da CPMF. Fl. 617DF CARF MF 10 Com efeito, uma vez que a Recorrente declarouse imune quanto à incidência da CPMF, não houve qualquer recolhimento da referida contribuição, tampouco houve qualquer declaração em sede de DCTF. Desse modo, ausente declaração e recolhimento da CPMF notadamente pelo fato de a Recorrente ter informado indevidamente a condição de imune (ausência de comprovação documental), entendo ser aplicável o art. 173 do CTN, nos termos da Súmula STJ nº 555: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário contase exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. (Súmula 555, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2015, DJe 15/12/2015) Afasto, assim, afastada a preliminar de decadência. MÉRITO IMUNIDADE Conforme se verifica do relato dos fatos, tratase de lançamento de crédito tributário de CPMF em face de entidade de assistência social, cuja cobrança se fundamenta essencialmente no fato de a Recorrente não ter apresentado Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social CEBAS para fins de comprovação do direito ao gozo da imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da CF. Os fundamentos legais utilizados pela Fiscalização são: Arts. 2°, 4°, 5 0 , 60 e 7 0 da Lei n° 9.311/96 e art. 1° da Lei n°9.539/97 c/c art. 1 0 da Emenda Constitucional n ° 21/99. Art. 84 das Disposições Constitucionais Transitórias, acrescentado pelo art.3°da Emenda Constitucional n°37/2002; Art. 3° da Emenda Constitucional n ° 42/03; Art. 55 da Lei 8.212/91; Decreto n° 2.536, de 06 de abril de 1998; IN SRF n ° 44, de 02 de maio de 2001; IN SRF n ° 531, de 30 de março de 2005, art. 1 ° parágrafo 2 ° . Especialmente no que se refere ao art. 55 da Lei nº 8.212/91, utilizado como fundamento do lançamento, cumpre salientar que recentemente o Supremo Tribunal Federal declarou sua parcial inconstitucionalidade em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade: EMENTA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONVERSÃO EM ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. CONHECIMENTO. IMUNIDADE. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. ARTS. 146, II, e 195, § 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REGULAMENTAÇÃO. LEI 8.212/91 (ART. 55). DECRETO Fl. 618DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 614 11 2.536/98 (ARTS. 2º, IV, 3º, VI, §§ 1º e 4º e PARÁGRAFO ÚNICO). DECRETO 752/93 (ARTS. 1º, IV, 2º, IV e §§ 1º e 3º, e 7º, § 4º). ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. DISTINÇÃO. MODO DE ATUAÇÃO DAS ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. TRATAMENTO POR LEI COMPLEMENTAR. ASPECTOS MERAMENTE PROCEDIMENTAIS. REGRAMENTO POR LEI ORDINÁRIA. Nos exatos termos do voto proferido pelo eminente e saudoso Ministro Teori Zavascki, ao inaugurar a divergência: 1. “[...] fica evidenciado que (a) entidade beneficente de assistência social (art. 195, § 7º) não é conceito equiparável a entidade de assistência social sem fins lucrativos (art. 150, VI); (b) a Constituição Federal não reúne elementos discursivos para dar concretização segura ao que se possa entender por modo beneficente de prestar assistência social; (c) a definição desta condição modal é indispensável para garantir que a imunidade do art. 195, § 7º, da CF cumpra a finalidade que lhe é designada pelo texto constitucional; e (d) esta tarefa foi outorgada ao legislador infraconstitucional, que tem autoridade para definila, desde que respeitados os demais termos do texto constitucional.”. 2. “Aspectos meramente procedimentais referentes à certificação, fiscalização e controle administrativo continuam passíveis de definição em lei ordinária. A lei complementar é forma somente exigível para a definição do modo beneficente de atuação das entidades de assistência social contempladas pelo art. 195, § 7º, da CF, especialmente no que se refere à instituição de contrapartidas a serem observadas por elas.”. 3. Procedência da ação “nos limites postos no voto do Ministro Relator”. Arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente da conversão da ação direta de inconstitucionalidade, integralmente procedente.(ADI 2028, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 02/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe095 DIVULG 05052017 PUBLIC 08052017) O acórdão, em sua parte dispositiva, está assim redigido: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, por maioria, em conhecer da ação direta como arguição de descumprimento de preceito fundamental, vencidos os Ministros Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Marco Aurélio. No mérito, por unanimidade e nos termos do voto do Ministro Teori Zavascki, o Tribunal julgou procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 9.732/1998, na parte em que alterou a redação do art. 55, inciso III, da Lei nº 8.212/1991 e acrescentoulhe os §§ 3º, 4º e 5º, bem como dos arts. 4º, 5º e 7º da Lei nº 9.732/1998. Aditou seu voto o Ministro Marco Aurélio para, vencido na preliminar de conversão da ação direta em arguição de descumprimento de preceito fundamental, assentar a inconstitucionalidade formal do art. 55, inciso III, da Lei nº 8.212/1991, na redação conferida pelo art. 1º da Lei nº 9.732/1998. Fl. 619DF CARF MF 12 Vejase que o STJ declarou a inconstitucionalidade apenas do inciso III e §§ 3º, 4º e 5º do art. 55 da Lei nº 8.212/91, mantendo válidos os demais dispositivos, notadamente o caput do artigo, que se refere à necessidade de observância cumulativa dos requisitos e o inciso II, que exige, exatamente, o CEBAS: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência;(Redação dada pela Lei nº 9.732, de 1998). § 3oPara os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar.(Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). § 4oO Instituto Nacional do Seguro SocialINSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo.(Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). § 5oConsiderasetambémde assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento.(Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). Com efeito, como consta da ementa transcrita acima, “Aspectos meramente procedimentais referentes à certificação, fiscalização e controle administrativo continuam passíveis de definição em lei ordinária", legitimando, assim, a exigência do CEBAS para conprovação do direito à imuidade das entidades assistenciais às contribuições, inclusive a CPMF. Desse modo, sem mais delongas, tendo em vista a reconhecida constitucionalidade da exigência do CEBAS para aplicação da imunidade constitucional entendo que não merece reparo o lançamento fiscal. MÉRITO ENCARGOS MORATÓRIOS No que tange à multa exigida, a Recorrente aduz ser devida apenas a multa de mora prevista no art. 84, II, da Lei nº 8.981/95. Todavia, não assiste razão à Recorrente, uma vez que, por se tratar de lançamento de ofício, a multa foi aplicada corretamente, nos termos do art. 44 da Lei nº 9.430/96. Assim, nesse ponto, não merece acolhida o pleito da Recorrente. Fl. 620DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 615 13 Desse modo tendo em vista a reconhecida constitucionalidade da exigência do CEBAS para aplicação da imunidade constitucional relativamente à CPMF, voto por NEGAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 621DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13116.901593/2012-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/08/2006
PROUNI. ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE.
A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni - Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário.
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA.
O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.942
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/08/2006 PROUNI. ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE. A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni - Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13116.901593/2012-10
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5757598
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-002.942
nome_arquivo_s : Decisao_13116901593201210.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 13116901593201210_5757598.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
id : 6890617
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049465504399360
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1798; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13116.901593/201210 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201002.942 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de junho de 2017 Matéria RESTITUIÇÃO Recorrente UNIÃO BRASILIENSE DE EDUCAÇÃO E CULTURA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/08/2006 PROUNI. ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE. A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 90 15 93 /2 01 2- 10 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório UNIÃO BRASILIENSE DE EDUCAÇÃO E CULTURA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição para o PIS. A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico indeferindo o Pedido de Restituição, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição pleiteada. Em Manifestação de Inconformidade, o declarante informou que o direito creditório tinha por fundamento a isenção da contribuição para o PIS decorrente da adesão ao Programa Universidade para Todos ProUni, nos termos da Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009, em que se reafirmou o direito à isenção durante o período de vigência do Termo de Adesão (art. 5º da Medida Provisória nº 213/2004). Nos termos do Acórdão nº 14053.574, a Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, tendo a DRJ fundamentado sua decisão no fato de inexistir comprovação, por meio de documentação contábil e fiscal, do direito creditório pleiteado e por não ter havido a comprovação da adesão da instituição ao ProUni, nos termos do art. 8º da Lei nº 11.096/2005. Em seu recurso voluntário, a Recorrente repisa suas razões de defesa, destacando a existência a seu favor de solução de consulta da Receita Federal assegurando o direito à isenção, o que, segundo ela, tornava "legalmente desnecessária" a exigência de comprovação de sua adesão ao programa. Argumenta, ainda, que, nos casos da espécie, é "faticamente impossível" a apresentação de documentos, por se tratar o pedido de restituição de procedimento eletrônico. Na sequência, sustenta a absoluta desnecessidade dos elementos de prova exigidos pela Delegacia de Julgamento, quais sejam, folhas de salário e contabilidade, por se tratar de questão aperfeiçoada e superada ante a homologação da base de cálculo da contribuição por parte da Fiscalização, tendo em vista que constou do despacho decisório que o valor declarado encontravase exato e perfeito. Supletivamente, pugna, caso o CARF entenda necessário, pela realização de diligência junto à repartição de origem, para que a autoridade administrativa oficie o Ministério da Educação com vistas a elucidar os termos no quais se manteve a sua adesão ao ProUni no período sob comento. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator Fl. 81DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.885, de 28/06/2017, proferido no julgamento do processo nº 13116.900001/201412, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.885): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O dispositivo legal que trata da isenção de impostos e contribuições às instituições de ensino que aderirem ao Prouni é o art. 8º da Lei nº 11.096/2005, reproduzido no que se aplica ao caso (grifei): Art. 8o A instituição que aderir ao ProUni ficará isenta dos seguintes impostos e contribuições no período de vigência do termo de adesão: (Vide Lei nº 11.128, de 2005) (...) III Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991; e IV Contribuição para o Programa de Integração Social, instituída pela Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970. § 1° A isenção de que trata o caput deste artigo recairá sobre o lucro nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, e sobre a receita auferida, nas hipóteses dos incisos III e IV do caput deste artigo, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2° A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda disciplinará o disposto neste artigo no prazo de 30 (trinta) dias. § 3° A isenção de que trata este artigo será calculada na proporção da ocupação efetiva das bolsas devidas. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). A Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 5.493, de 18/07/2005, com os dispositivos que se aplicam ao caso transcritos (grifei): Art. 1o O Programa Universidade para Todos PROUNI, de que trata a Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005, destinase à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de cinqüenta por cento ou de vinte e cinco por cento, para estudantes de cursos de graduação ou seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos, que tenham aderido ao PROUNI nos termos da legislação aplicável e do disposto neste Decreto. Parágrafo único. O termo de adesão não poderá abranger, para fins de gozo de benefícios fiscais, cursos que exijam formação prévia em nível superior como requisito para a matrícula. Art. 2o O PROUNI será implementado por intermédio da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 5 4 § 1o A instituição de ensino superior interessada em aderir ao PROUNI firmará, em ato de sua mantenedora, termo de adesão junto ao Ministério da Educação. (...) Art. 12. Havendo indícios de descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão, será instaurado procedimento administrativo para aferir a responsabilidade da instituição de ensino superior envolvida, aplicandose, se for o caso, as penalidades previstas. (...) A Secretaria da Receita Federal em cumprimento ao disposto no § 2º do art. 8º acima, editou a Instrução Normativa SRF nº 456/2004, posteriormente revogada pela IN RFB nº 1.394/2013, que dispunha, no que se aplica ao caso (grifei): Art. 1º A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (ProUni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, das seguintes contribuições e imposto: I Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); II Contribuição para o PIS/Pasep; (...) § 1º A isenção de que trata o caput recairá sobre o lucro na hipótese dos incisos III e IV, e sobre o valor da receita auferida na hipótese dos incisos I e II, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2º Para fins do disposto nos incisos III e IV do caput a instituição de ensino deverá apurar o lucro da exploração referente às atividades sobre as quais recaia a isenção, observado o disposto no art. 2º e na legislação do imposto de renda. (...) Art. 3º Para usufruir da isenção, a instituição de ensino deverá demonstrar em sua contabilidade, com clareza e exatidão, os elementos que compõem as receitas, custos, despesas e resultados do período de apuração, referentes às atividades sobre as quais recaia a isenção segregados das demais atividades. (...) O termo de adesão foi previsto no art. 5º da Lei nº 11.096/2005, in verbis (grifei): Art. 5o A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, poderá aderir ao Prouni mediante assinatura de termo de adesão, cumprindolhe (...) § 1o O termo de adesão terá prazo de vigência de 10 (dez) anos, contado da data de sua assinatura, renovável por iguais períodos e observado o disposto nesta Lei. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 6 5 (...) Art. 7o As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstas no termo de adesão ao Prouni, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias: (...) Art. 9o O descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão sujeita a instituição às seguintes penalidades: (...) Art. 16. O processo de deferimento do termo de adesão pelo Ministério da Educação, nos termos do art. 5o desta Lei, será instruído com a estimativa da renúncia fiscal, no exercício de deferimento e nos 2 (dois) subseqüentes, a serusufruída pela respectiva instituição, na forma do art. 9o desta Lei, bem como o demonstrativo da compensação da referida renúncia, do crescimento da arrecadação de impostos e contribuições federais no mesmo segmento econômico ou da prévia redução de despesas de caráter continuado A recorrente alega a desnecessidade de apresentação de qualquer documento que comprove sua regular adesão ao Prouni sob o fundamento de que o documento é totalmente eletrônico e a própria Lei nº 11.096/2005 em seu art. 11, § 1º, remete a competência para tais verificações e exigências ao Ministério da Educação. Não é o que se extrai da leitura dos dispositivos acima. O termo de adesão é documento a ser firmado no qual se inserem requisitos de participação no referido Programa. Os diversos dispositivos transcritos (Lei, Decreto e Instrução Normativa) apontam para vários elementos a serem inseridos no Termo que permitiram não somente a adesão da instituição de ensino, mas o controle de sua permanência, enquanto regular e vigente, a aplicação de penalidade, e, principalmente ao que interessa ao presente litígio, a isenção de contribuições. Dessa forma, a exibição do documento "Termo de Adesão" é essencial ao gozo do benefício fiscal de isenção das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins Ao contrário do que alega a recorrente, o termo de Adesão, ainda que eletrônico, prevê o ato de sua assinatura, para que se dê a devida validade e autenticidade. Realmente é emitido no âmbito do Ministério da Educação, o que demonstra não estar nos sistemas internos (informatizados) da Secretaria da Receita Federal; e, se de fato materializado apenas em formato eletrônico em razão de sua essencialidade, é de se presumir a possibilidade de sua impressão, típica das emitidas por órgãos públicos, com chave de segurança para confirmação da autenticidade. Ademais, documento oficial, que confere benefícios tributários de outra ordem, e firmado entre partes Ministério da Educação e instituição de ensino privada há de ser mantido pela parte interessada para o gozo dos benefícios previstos no Termo. Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 7 6 Nada obstante, o que a recorrente argumenta para a não apresentação do Termo de adesão ao Prouni outros recorrentes em situação idêntica não se escusaram do cumprimento de singelo mister. Vejase exemplo de julgado proferidos neste Conselho em que se demonstrou a possibilidade fática de apresentar e comprovar a adesão e mantença no Programa (grifei): Autoridade Julgadora de 1ª Instância bem observou ainda que o contribuinte em questão comprovou nos autos (fls. 3.325) a adesão ao Programa Universidade para Todos, trecho que merece ser reproduzido por ser de extrema valia: "60. Para comprovar a adesão ao PROUNI o contribuinte anexou aos autos cópia do correio eletrônico do MEC (fls. 3.118) e cópia do Termo de Adesão (fls. 3.119 a 3.273). (Acórdão nº 3402001.704, processo nº 19515.000260/200879, relatoria do cons. João Carlos Cassuli Junior, sessão de 22/03/2012) Não se pode concluir de outra forma, senão a que a recorrente não se dignou a comprovar a existência e aposição de assinatura no Termo de Adesão e a regular fruição do Programa que aderiu. Tenho que este fundamento é suficiente para negar provimento ao recurso voluntário; contudo, há de se tecer ainda argumentos pertinentes ao ônus probatório a cargo a de quem pleiteia direito seu. Antes, porém, analisase as demais teses suscitadas no recurso voluntário que visam seu provimento Sustenta ainda a desnecessidade de apresentação das folhas de salário e respectivamente contabilidade pois entende que no despacho decisório há o reconhecimento expresso de que a base de cálculo encontrase "exata e perfeita", além de "devidamente homologada". Quanto à exigência de apresentação de documentos fiscais e contábeis, assentou o voto condutor do acórdão recorrido que deveria também ter juntado a folha de salários, a fim de demonstrar a base de cálculo do PIS, e os livros fiscais que demonstrassem os lançamentos relativos a ela. Ora, em que pese a ressaltava da DRJ, com a qual concordo, que a isenção do PIS prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 não alcança a parcela que incide sobre a folha de salários, a Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009 proferiu entendimento cuja interpretação errônea da contribuinte adiante será enfrentado lhe é favorável quanto à isenção do PISfolha de salários. Ad argumentandum tantum, justamente firmada no entendimento favorável que extraiu do ato expedido pela autoridade, a recorrente pleiteia a restituição do PISfolha de salários, código de receita "8301". Se há o entendimento de que faz jus à esta isenção deveras tem o ônus de fazer prova documental de seu pretenso direito, qual seja, a apresentação dos documentos e livros atinentes à rubrica "salários" para que se comprove qual sua dimensão (quantificação) na base de cálculo. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 8 7 Por fim, assevera que a controvérsia quanto ao direito à isenção está superado pela conclusão da indigitada Solução de Consulta, que entende terlhe assegurado a isenção do PIS sobre folha de salários. Mais uma vez, sem razão a contribuinte. A Solução de Consulta expressamente consignou que a isenção alcança a Contribuição para o PIS, nada dispondo acerca do PIS folha de salários. Digase que na elaboração da peça a consulente, ora recorrente, apenas informou ter realizada a adesão ao Prouni, sem qualquer comprovação naquele autos de consulta, e apresenta seu entendimento de que a isenção alcançaria o PIS folha de salários, para ao final requerer a manifestação do Órgão quanto ao seu entendimento. Eis a cartaconsulta: Entendo que ao fundamentar a solução da consulta, a autoridade que a proferiu fez constar em seus fundamentos a legislação que trata da incidência do PIS sobre a folha de salários, à alíquota de 1%, deixando assente a tributação sobre esta rubrica, com a transcrição do art. 13 e incisos III e IV, da Medida Provisória nº 2.15835/2001. Colacionou os dispositivos que tratam da isenção do PIS sobre a receita auferida pela instituição de educação que aderir e assim se mantém no Prouni. Transcreveu os arts. 8º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º da Lei nº 11.096/2005; arts. 1º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º, e 3º caput e parágrafo único da IN SRF nº 456/2004, para em seguida enunciar no mesmo tópico "fundamentos" que: " 5. Ante os dispositivos acima expostos, verificase que a instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória n° 213, de 2004, Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 9 8 ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS." Conclui a solução da consulta com o enunciado: Conclusão 6. Em face do exposto, concluise que a instituição privada de ensino superior com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao programa Universidade para Todos (prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Completase os fatos com a apresentação da ementa da Solução de Consulta SRRF/1ªRF/Disit nº 86, de 2 de junho de 2009: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ementa: PIS. PROUNI. INCIDÊNCIA. A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5o da Medida Provisória nº 213. de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Dispositivos Legais: art.13 da Medida Provisória n° 2.15835/2001; art.8° da Lei n° 11.096/2005; arts. 1º e 3o da Instrução Normativa nü 456/2004. Não vislumbro imprecisão no Ato que poderia dar a interpretação de que toda e qualquer incidência do PIS a que se sujeitam as entidades aderentes ao Prouni estaria isenta. A uma, os dispositivos legais da ementa da solução de consulta informam a legislação aplicada, primeiro, a que dispõe acerca do Pis folha de salários tributado à alíquota de 1% e após, a que trata do PIS alcançado pela isenção; a duas, porque nos fundamentos, a autoridade trouxe a legislação que faz distinção entre PISfolha de salário tributada à alíquota de 1%, e o PIS sobre receitas isentos nos termos e requisitos das legislação; a três, a omissão do termo "PIS sobre folha de salários" não tem o condão de fazêlo incluir na isenção pelo motivo a seguir; a quatro, nos termos do art. 111 caput e inciso II do CTN, "interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção"; a cinco, não caberia a autoridade fiscal ou administrativa contrariar preceito legal. Por fim, sacramentando o entendimento do não alcance da isenção ao PIS sobre folha de salários, o Órgão Central da Secretaria da Receita Federal editou a Solução de Divergência Cosit nº 1, de 2015, publicada no D.O.U de 24/12/2015, com a ementa: SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 1, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2015. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP EMENTA: INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR. PROUNI. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP INCIDENTE SOBRE A FOLHA Fl. 87DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 10 9 DE SALÁRIOS. A isenção de que trata o art. 8º da Lei nº 11.096, de 2005, não se aplica à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de pagamentos da pessoa jurídica que adere ao Prouni. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.532, de 1997, art. 12; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 9º e 46; Lei nº 11.096, de 2005, art. 8º; DecretoLei nº 5.172 (CTN), de 1966, art. 111,II; Instrução Normativa RFB nº 1.394, de 2013 e Medida Provisória (MP) nº 2.15835, de 2001. O último argumento da recorrente referese à eventual realização de diligência, oficiandose ao Ministério da Educação acerca da sua manutenção no Prouni, acaso não seja superada os fundamentos ante aduzidos que entende suficiente ao direito à restituição pleiteada decorrente do pagamento indevido da Contribuição. Primeiramente, desnecessária a providência pois como assentado neste voto os fundamentos antecedentes são suficientes para negar provimento ao recurso. Não há dúvidas intransponíveis nos autos que necessitam de serem completadas para decidir o litígio. Nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de restituição e compensação, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante. É seu dever carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, em especial quando necessário à fruição de benefício tributário de isenção. Caso essa comprovação houvesse sido feita, e ainda restasse dúvida ao julgador quanto a permanência regular e temporal no Programa, cabível seria a diligência. Assim, incabível a solicitação de diligência dirigida ao Ministério da Educação para apresentação do Termo de Adesão, documento primário e essencial ao compromisso assumido e firmado pela instituição educacional que requer o gozo dos benefícios do Prouni e que não se dignou a apresentar aos autos. Até esse ponto, restou assente que a recorrente não apresentou o Termo de Adesão ao Prouni, folhas de salário e escrituração contábil; e não permaneceu silente quanto às exigências. Em todas as peças recursais impugnação e recurso voluntário sustentou a desnecessidade desse dever, pois entendeu que o despacho decisório e a solução de consulta reconheceram expressamente seu direito à isenção do PIS relativo ao Programa, sem colacionar qualquer documento seu aos autos. A ausência de elementos probantes viola a regra jurídica adotada pelo direito pátrio de que a prova compete à pessoa que alega o fato, conforme se depreende do abaixo transcrito artigo 16, caput, III, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, do Código de Processo Civil,verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Lei nº 13.105/2015 CPC Fl. 88DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 11 10 "Art. 373. 0 ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. As Declarações (DCTF, DCOMP e DACON, PER/DCOMP), os documentos fiscais e contábeis e aqueles pertinentes a benefícios tributários, celebrados com órgãos públicos, são produzidos e celebrados pelo próprio contribuinte ou com sua participação, de sorte que, havendo inconsistências ou omissões, impõe a obrigação da recorrente em comprovar os fatos mediante a escrituração contábil e fiscal, sustentada em documentos, tendo em vista que, apenas os créditos líquidos e certos comprovados inequivocamente pelo contribuinte são passíveis de compensação tributária, conforme preceituado no artigo 170 da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional/CTN). Conclusão Por todo o exposto a recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o alegado direito líquido e certo, decorrente de suposto pagamento a maior ou indevido de PIS. Assim, não encontro razão para modificar a decisão a quo e VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO e NÃO RECONHECER O DIREITO CREDITÓRIO. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 89DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001598/2003-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1997,1998, 2001
DECADÊNCIA. IRPF. AJUSTE ANUAL.
"O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário". (Súmula CARF nº 38)
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
"A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (Súmula CARF nº 26)
Numero da decisão: 2202-004.089
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa- Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio Henrique Sales Parada, Rosy Adriane da Silva Dias, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1997,1998, 2001 DECADÊNCIA. IRPF. AJUSTE ANUAL. "O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário". (Súmula CARF nº 38) OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. "A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (Súmula CARF nº 26)
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Sep 06 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 19515.001598/2003-33
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5765832
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Sep 06 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-004.089
nome_arquivo_s : Decisao_19515001598200333.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
nome_arquivo_pdf_s : 19515001598200333_5765832.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa- Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio Henrique Sales Parada, Rosy Adriane da Silva Dias, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
id : 6920315
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049465533759488
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1516; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 246 1 245 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.001598/200333 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202004.089 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de agosto de 2017 Matéria Imposto de Renda Pessoa Física IRPF Recorrente EMÍDIO CIPRIANI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1997,1998, 2001 DECADÊNCIA. IRPF. AJUSTE ANUAL. "O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário". (Súmula CARF nº 38) OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. "A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (Súmula CARF nº 26) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 15 98 /2 00 3- 33 Fl. 246DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio Henrique Sales Parada, Rosy Adriane da Silva Dias, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto. Relatório Tratase de lançamento efetuado em razão de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários em relação aos quais o contribuinte, intimado, não comprovou por documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nas movimentações financeiras ocorridas nos anoscalendário 1997, 1998 e 2001, nos montantes de R$ 131.968,51, R$ 104.954,07 e R$ 101.211,04, respectivamente. O fundamento legal utilizado foi a presunção instituída pelo art. 42 da Lei nº 9.430/1996. O contribuinte apresentou Impugnação de fls. 168/181 (eprocesso) na qual alegou, resumidamente, o seguinte: a) Decadência dos lançamentos anteriores a 25/04/1998, uma vez que, por se tratar o imposto de renda de tributo sujeito ao lançamento por homologação deveria ser contada a partir de data do fato gerador nos termos do artigo 150, §4º do CTN; b) Nulidade do Auto de Infração, uma vez que os depósitos não foram analisados individualmente e nem observado o seu somatório dentro do anocalendário; c) No demonstrativo de apuração do auto os valores dos créditos bancários foram equivocadamente somados com os valores da Declaração de Renda de Ajuste Anual, quando deveriam ser reduzidos. d) O auto de Infração contém acusações lacônicas, sem narração detalhada dos fatos, sem carrear provas documentais e perícias contábeis que corroborem as informações feitas. e) Não é possível a tributação dos depósitos bancários como se fossem renda sem que o fisco faça a prova dos valores depositados com aplicação ou renda consumida; f) Ainda que tivesse ocorrido a omissão de receita, foi lavrado auto de infração sem conceder ao contribuinte o direito de provar a improcedência da presunção, caracterizando cerceamento do direito de defesa. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campo Grande (MS) deu parcial provimento a impugnação em decisão cuja ementa é a seguinte (fls. 193/203 e processo): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 1997,1998,2001 LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. O prazo de decadência do tributo lançado de ofício é de cinco anos a contar do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. CERCEAMENTO DE DEFESA. Fl. 247DF CARF MF Processo nº 19515.001598/200333 Acórdão n.º 2202004.089 S2C2T2 Fl. 247 3 Não é nulo auto de infração que descreve suficientemente a infração de molde a possibilitar a defesa do autuado. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. É defeso em sede administrativa discutir a constitucionalidade e ou legalidade das leis em vigor.. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Sujeitase ao imposto a omissão de rendimentos caracterizada pelos valores creditados em contas de depósito, não tendo o contribuinte comprovado a origem dos recursos utilizados nessas operações. A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. A decisão recorrida excluiu da base de cálculo os depósito cujos valores individuais eram iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 e cujo somatório, dentro do ano calendário, não ultrapassasse o valor de R$ 80.000,00, conforme se verifica pelo trecho abaixo transcrito: Quanto ao anocalendário 1997, o montante de créditos é de R$ 131.968,51; no entanto, só dois depósitos estão acima de doze mil reais: R$ 20.000,00 + R$ 35.000,00 (fls. 107), no total de R$ 55.000,00. Os demais somam R$ 76.968,51 e estão abaixo do limite anual de R$ 80.000,00. Assim, é de se reduzir o valor tributável de R$ 131.968,51 para R$ 55.000,00. No anocalendário 1998 não houve nenhum depósito acima de doze mil reais e o somatório de todos os créditos resultou no montante tributável de R$ 104.954,07 (fls. 108/110), que é mantido sem nenhuma alteração. No anocalendário 2001, só um depósito de R$ 35.000,00 (fls. 112) é acima do limite individual. O total dos valores inferiores a doze mil reais é de R$ 66.211,04. Logo, o valor tributável passa de R$ 101.211,04 para R$ 35.000,00. Intimado da referida decisão (AR fls. 206) apresentou o Recurso Voluntário de fls. 208/231, no qual reitera as alegações suscitadas quando da Impugnação. É relatório. Voto Fl. 248DF CARF MF 4 Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço 1) PRELIMINAR DECADÊNCIA De acordo com o Recorrente, o imposto de renda pessoa física é tributo sujeito ao lançamento por homologação previsto no art. 150 do CTN. Assim, no caso específico da omissão de receitas, apuradas com fundamento no artigo 42, combinado com o disposto no art. 150. §4º do CTN, a contagem inicial do prazo decadencial de cinco anos para o lançamento do crédito deverá ser contado a partir do mês que se considerar recebidos os rendimentos omitidos. Incorretas as alegações do Recorrente quanto à decadência dos valores relativos ao anocalendário de 1997 até 04/1998, uma vez que a ciência do Auto de Infração ocorreu em 25/04/2003 (fls. 162 do eprocesso) . É entendimento pacífico no âmbito do CARF que "O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário"(Súmula CARF nº 38) . Sendo assim, não há que se falar em decadência dos lançamentos relativos ao anocalendário de 1998. 2) MÉRITO 2.1) AUSÊNCIA DE ACRÉSCIMO PATRIMONIAL ART. 43 DO CTN. COMPROVAÇÃO DO CONSUMO DA RENDA. Alega do Recorrente que a fiscalização não se comprovou a ocorrência do fato gerador do imposto de renda o que só seria possível mediante a demonstração de sinais exteriores de riqueza ou do efetivo acréscimo patrimonial. É correta a afirmação do Recorrente no sentido de que o simples depósito em conta corrente não significa renda. No entanto, é pacífico que uso de presunções em matéria tributária é admitido, desde que tais presunções sejam relativas, como é o caso da presunção estabelecida no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, o qual dispõe: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. Fl. 249DF CARF MF Processo nº 19515.001598/200333 Acórdão n.º 2202004.089 S2C2T2 Fl. 248 5 § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil Reais). §4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. A exigência fiscal em exame decorre de expressa previsão legal, pela qual existe uma presunção em favor do Fisco, que fica dispensado de provar o fato que originou a omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte elidir a imputação, comprovando a origem dos recursos. Conforme previsão do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é necessário comprovar, individualizadamente, a origem dos recursos, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis. Tratase,portanto, de ônus exclusivo do contribuinte, a quem cabe comprovar, de maneira inequívoca, a origem dos valores que transitaram por sua conta bancária, não sendo bastante alegações e indícios de prova. Ademais, a legitimidade da inversão do ônus da prova e a desnecessidade de comprovação do consumo da renda é matéria que já se encontra sumulada pela jurisprudência do CARF, conforme se constata pela Súmula nº 26 abaixo transcrita: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada Em face do exposto, improcedentes as alegações suscitadas. 3) CONCLUSÃO Em face do exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, nego provimento ao Recurso Voluntário. Fl. 250DF CARF MF 6 (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 251DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.725355/2011-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. ART. 62, §2º DO ANEXO II AO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 - B e 543 - C do CPC/1973. Art. 62, §2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento.
Numero da decisão: 2202-004.028
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Relator), Rosy Adriane da Silva Dias e Denny Medeiros da Silveira, que deram provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e alíquotas do imposto de renda vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Foi designado o Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. ART. 62, §2º DO ANEXO II AO REGIMENTO INTERNO DO CARF. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 - B e 543 - C do CPC/1973. Art. 62, §2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 12448.725355/2011-04
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5749482
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-004.028
nome_arquivo_s : Decisao_12448725355201104.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
nome_arquivo_pdf_s : 12448725355201104_5749482.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Relator), Rosy Adriane da Silva Dias e Denny Medeiros da Silveira, que deram provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e alíquotas do imposto de renda vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Foi designado o Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto - Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
dt_sessao_tdt : Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
id : 6876381
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049465672171520
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1999; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 58 1 57 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12448.725355/201104 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202004.028 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 4 de julho de 2017 Matéria IRPF Rendimentos Recebidos Acumuladamente Recorrente CONSUELO MAGALHÃES COUTINHO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. ART. 62, §2º DO ANEXO II AO REGIMENTO INTERNO DO CARF. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitandose, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 B e 543 C do CPC/1973. Art. 62, §2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Relator), Rosy Adriane da Silva Dias e Denny Medeiros da Silveira, que deram provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e alíquotas do imposto de renda vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Foi designado o Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Redator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 53 55 /2 01 1- 04 Fl. 58DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Reproduzo o relatório do acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) – DRJ/RJ1, que descreveu os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. Em procedimento de revisão interna de declaração de rendimentos correspondente ao anocalendário de 2008, foi lavrada a notificação de lançamento de fls. 6 a 10, em que foi apurada a infração de omissão de rendimentos proveniente de ação na justiça federal no valor de R$ 1.447.857,05, tendo sido compensado o imposto de renda retido na fonte (IRRF) de R$ 379.042,49 (fl. 8). Em virtude dessa infração, foi apurado o imposto de renda suplementar de R$ 12.532,26, acrescido de multa de ofício e juros de mora regulamentares, perfazendo o crédito total de R$ 24.168,45 (fl. 6). A descrição dos fatos e o devido enquadramento legal constam da notificação em pauta. Inconformado, o procurador da Inventariante do espólio da Interessada apresentou a impugnação de fls. 2 e 3, argumentando que os rendimentos recebidos referemse a precatório alimentar demandado ao Estado do Rio de Janeiro e assim sendo a omissão é decorrente de ação na Justiça Estadual. Alega a iniciativa do recolhimento do imposto de renda retido na fonte por parte do próprio espólio e junta à peça impugnatória os recibos do recolhimento do imposto, Inclui os honorários do escritório Gouveia Associados – GAA – CNPJ nº 39.419.767/000195 de R$ 600.000,00 (contrato de honorários). Por fim, pede o cancelamento do débito fiscal reclamado. A 18ª Turma de Julgamento da DRJ/RJ1 julgou improcedente a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AÇÃO JUDICIAL TRABALHISTA. Os rendimentos do trabalho recebidos acumuladamente por meio de precatório estão sujeitos à incidência do imposto de renda no mês do recebimento e na declaração de ajuste.. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 12448.725355/201104 Acórdão n.º 2202004.028 S2C2T2 Fl. 59 3 Cientificado da decisão em 11/11/2014 (fl. 38), o Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls. 47/53 em 12/12/2014, no qual afirma que foi pago no exercício de 2007 pelo estado do Rio de Janeiro a quantia de R$ 374.271,29 ao espólio e como honorários advocatícios o valor de R$ 260.483,59 à firma GAA GOUVEA ADVOGADOS ASSOCIADOS, conforme DIRPF 2008 Ano Base 2007. Requer, assim, a restituição do imposto de renda no valor de R$ 69.957,19. Anexa ao recurso a DIRPF do exercício 2008, anocalendário 2007 (fls. 49/52) e uma declaração do escritório de advocacia reconhecendo o recebimento de R$ 263.779,99 no ano de 2007, referente a honorários advocatícios (fl. 53). É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e, portanto, deve ser conhecido. O Contribuinte informa que os rendimentos questionados são decorrentes de um precatório judicial do Estado do Rio de Janeiro, de natureza alimentar. Afirma, ainda, ter pago ao escritório GAA GOUVEA ADVOGADOS ASSOCIADOS o valor de R$ 260.483,59, de honorários advocatícios. As provas apresentadas pelo Contribuinte às fls. 49/53 referemse, na realidade, ao anocalendário 2007, quando o lançamento em análise diz respeito ao ano calendário 2008, conforme Notificação de Lançamento de fls. 6/10. Assim, não há como acolher as suas argumentações quanto ao pagamento dos honorários advocatícios por falta de provas. É regra geral no Direito que o ônus da prova é uma conseqüência do ônus de afirmar e, portanto, cabe a quem alega. Nesse caso, o Recorrente apenas alegou e nada provou e, segundo brocardo jurídico por demais conhecido, "alegar e não provar é o mesmo que não alegar". O artigo 373 do Novo Código de Processo Civil (NCPC) art. 333 do antigo CPC estabelece as regras gerais relativas ao ônus da prova, partindo da premissa básica de que cabe a quem alega provar a veracidade do fato. Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. [...] Fl. 60DF CARF MF 4 No que se refere à natureza dos rendimentos recebidos acumuladamente, observase pelas provas apresentadas e pela Notificação de Lançamento (fl. 8) que se trata de verbas atrasadas recebidas de decisão da Justiça do Trabalho (código de receita 5936). Embora esse argumento não tenha sido suscitado pelo Recorrente em seu Recurso Voluntário, ele foi discutido no Acórdão da DRJ. Ademais, o comando imperativo assentado no § 2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, impõe aos Conselheiros, no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, a reprodução das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista nos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869/73 (antigo Código de Processo Civil), ou dos artigos 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105/2015 (Novo Código de Processo Civil). A Fiscalização realizou o lançamento utilizando o regime de caixa, conforme regra estabelecida no art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988. Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em recurso repetitivo representativo da controvérsia, submetido ao regime do art. 543C do CPC, no REsp n° 1.118.429SP, decidiu: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008 (STJ, 1ª Seção, REsp 1.118.429/SP,rel. Min. Herman Benjamin, j., em 24.03.2010). (destaquei) Recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu sobre a matéria, no âmbito do RE 614.406/RS, com repercussão geral reconhecida, na sistemática do art. 543B, do CPC, quando acordou por manter a decisão do STJ sobre a inconstitucionalidade do art. 12 da Lei nº 7.713/88, afastando o regime de caixa, mas adotando o regime de competência, ou seja, concordando com a incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor. Em nenhum momento se cogitou de eventual cancelamento integral de lançamentos efetuados em obediência ao art. 12 da Lei nº 7.713/88, o qual estava plenamente vigente à época do lançamento. Transcrevo a seguir excerto do voto vencedor do Ilustre Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, no Acórdão nº 9202003.695, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais acerca desse tema. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 12448.725355/201104 Acórdão n.º 2202004.028 S2C2T2 Fl. 60 5 Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. O artigo 62, § 2º, do RICARF, determina que os Conselheiros deverão reproduzir as decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), na sistemática prevista pelo artigo 543C do Código de Processo Civil (CPC). Art. 62 [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Dessa forma, deve ser aplicado o entendimento do STJ no sentido de que o Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido Fl. 62DF CARF MF 6 adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte, não sendo legítima a cobrança com base no montante global pago extemporaneamente. Seguem alguns julgados recentes da Câmara Superior nesse sentido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado considerando o regime de competência. Recurso especial conhecido e provido. (Acórdão nº 9202 004.518, de 26/10/2016 2ª Turma. Relator: Luiz Eduardo de Oliveira Santos). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 [...] IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência). (Acórdão nº 9202003.695 2ª Turma de 27/01/2016. Relator originário: José Cheffe Rahal. Redator designado: Heitor de Souza Lima Junior). Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2009 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com o regime de Fl. 63DF CARF MF Processo nº 12448.725355/201104 Acórdão n.º 2202004.028 S2C2T2 Fl. 61 7 competência. (Acórdão nº 9202004.182, de 21/06/2016 2ª Turma. Relator: Luiz Eduardo de Oliveira Santos). IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. O imposto de renda incidente sobre os rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente deve ser calculado com base tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, conforme dispõe o Recurso Especial nº 1.118.429/SP, julgado na forma do art. 543C do CPC (art. 62A do RICARF). (Acórdão nº 2202002.785, de 09/09/2014. Rel. Antonio Lopo Martinez). Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e alíquotas do imposto de renda vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Voto Vencedor Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Redator designado. A despeito dos muito bem fundamentos argumentos apresentados no voto do i.Relator, peço vênia para divergir em relação às conclusões pelos motivos que a seguir passo a explanar. Em seu voto, o i.Relator anotou e concluiu que: "Recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu sobre a matéria, no âmbito do RE 614.406/RS, com repercussão geral reconhecida, na sistemática do art. 543B, do CPC, quando acordou por manter a decisão do STJ sobre a inconstitucionalidade do art. 12 da Lei nº 7.713/88, afastando o regime de caixa, mas adotando o regime de competência, ou seja, concordando com a incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor. Em nenhum momento se cogitou de eventual cancelamento integral de lançamentos efetuados em obediência ao art. 12 da Lei nº 7.713/88, o qual estava plenamente vigente à época do lançamento. (...) "Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso, aplicando aos rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e Fl. 64DF CARF MF 8 alíquotas do imposto de renda vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos." Efetivamente, não há dúvidas quanto à premissa: o STF reconheceu a inconstitucionalidade da aplicação do art. 12 da Lei nº 7.713/1988 para apurar o tributo pelo regime de caixa, entendendo que o correto é a apuração do Imposto de Renda, nos casos de Rendimentos Recebidos Acumuladamente, pelo regime de competência, entendimento esse que deve ser repetido nos termos do art. 62, §2º, do Anexo II ao RICARF, vez que foi proferido o acórdão em sede de repercussão geral. Acontece que, identificando erro na forma de apurar o tributo, entendo que há vício material no lançamento, vício esse que não pode ser convalidado sem sede de julgamento perante este e.CARF. A correta aplicação das normas de apuração do tributo é tão relevante quanto qualquer outro elemento material da imposição, tal como, por exemplo, a correta identificação do sujeito passivo. Não seria possível, nesse momento processual, constatando que o tributo foi lançado contra pessoa errada, simplesmente determinar a substituição do sujeito passivo para o verdadeiro contribuinte, mantendo o auto de infração. No mesmo sentido, não é possível manter um lançamento que identificou incorretamente a forma de apurar o tributo. Não se confunde o presente caso com aqueles nos quais há mera redução da base de cálculo. Por exemplo, quando o Contribuinte é capaz de comprovar durante o processo administrativo fiscal a origem de determinados depósitos bancários, o lançamento foi absolutamente correto; o Contribuinte é quem foi capaz de demonstrar que parte da base de cálculo já havia sido declarada ou que não era rendimentos. Ali, é possível reduzir a base de cálculo sem afetar a integralidade do lançamento, vez que todos os elementos essenciais do auto de infração são os mesmos: há constatação de depósitos bancários com origem não comprovada, há correta aplicação da Lei, há adequada identificação do sujeito passivo etc. Pelo contrário, constatandose que o lançamento se baseou em aplicação inconstitucional da Lei, atacase a própria essência do lançamento: houve incorreta subsunção do fato à norma. Este e.CARF tem diversos precedentes nesse caminho, pela impossibilidade de recalculo do lançamento: "INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA REFAZER O LANÇAMENTO. RENDIMENTOS PERCEBIDOS ACUMULADAMENTE. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. O lançamento adotou critério jurídico equivocado e dissonante da jurisprudência do STF e do STJ, impactando a identificação da base de cálculo, das alíquotas vigentes e, consequentemente, o cálculo do tributo devido, o que caracteriza vício material. Não compete ao CARF refazer o lançamento com outros critérios jurídicos. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso." (Acórdão CARF nº 2402005.316, de 14/06/2016) ... Fl. 65DF CARF MF Processo nº 12448.725355/201104 Acórdão n.º 2202004.028 S2C2T2 Fl. 62 9 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. EQUÍVOCO NA APLICAÇÃO DA LEI QUE AFETOU SUBSTANCIALMENTE O LANÇAMENTO. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR PARA REFAZER O LANÇAMENTO. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Ao adotar outra interpretação do dispositivo legal, o lançamento empregou critério jurídico equivocado, o que o afetou substancialmente, pois prejudicou a quantificação da base de cálculo, a identificação das alíquotas aplicáveis e o valor do tributo devido, caracterizandose um vício material a invalidá lo. Não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas tão somente afastar a exigência indevida. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. Os Conselheiros JACI DE ASSIS JÚNIOR e MARA EUGÊNIA BUONANNO CARAMICO acompanharam o Relator pelas conclusões. (Acórdão CARF nº 2802003.359, de 11/03/2015) Enfim, identificado o erro material no lançamento, deve este ser cancelado. Cabe ao Fisco, se ainda estiver no seu prazo decadencial, providenciar um novo lançamento, dessa vez apurando o tributo da forma adequada, tal qual se imporia um novo lançamento se se tratasse de erro material quanto à identificação do sujeito passivo nulidade não maior, mas sim igual à ora constatada. Dispositivo Diante de tudo quanto exposto, voto por dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal. (assinado digitalmente) Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Redator designado. Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.720648/2013-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 30/09/2011
CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1.
Estabelece a Súmula CARF nº 1 que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
Inexiste cerceamento de defesa por ter deixado a decisão de primeira instância de deferir pedido de perícia.
PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO.
A perícia se reserva à elucidação de pontos duvidosos que requeiram conhecimentos especializados para o deslinde de questão controversa, não se justificando a sua realização quando o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. COMPENSAÇÃO REALIZADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA RESPECTIVA DECISÃO JUDICIAL. 170-A DO CTN.
Nos termos do art. 170-A do Código Tributário Nacional, é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.
MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO.
Estabelece o inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, que nos casos de lançamento de ofício, será aplicada multa de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
Nos termos da Súmula CARF nº 2, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 28.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-004.120
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Jose Ricardo Moreira.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 30/09/2011 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1. Estabelece a Súmula CARF nº 1 que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa por ter deixado a decisão de primeira instância de deferir pedido de perícia. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. A perícia se reserva à elucidação de pontos duvidosos que requeiram conhecimentos especializados para o deslinde de questão controversa, não se justificando a sua realização quando o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. COMPENSAÇÃO REALIZADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA RESPECTIVA DECISÃO JUDICIAL. 170-A DO CTN. Nos termos do art. 170-A do Código Tributário Nacional, é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. Estabelece o inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, que nos casos de lançamento de ofício, será aplicada multa de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Nos termos da Súmula CARF nº 2, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 28. O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Sep 06 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10380.720648/2013-55
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5765829
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Sep 06 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-004.120
nome_arquivo_s : Decisao_10380720648201355.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARTIN DA SILVA GESTO
nome_arquivo_pdf_s : 10380720648201355_5765829.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Jose Ricardo Moreira.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
id : 6920291
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049465713065984
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2040; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 4.100 1 4.099 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.720648/201355 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202004.120 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de agosto de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FORTAL EMPREENDIMENTOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 30/09/2011 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1. Estabelece a Súmula CARF nº 1 que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa por ter deixado a decisão de primeira instância de deferir pedido de perícia. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. A perícia se reserva à elucidação de pontos duvidosos que requeiram conhecimentos especializados para o deslinde de questão controversa, não se justificando a sua realização quando o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. COMPENSAÇÃO REALIZADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA RESPECTIVA DECISÃO JUDICIAL. 170A DO CTN. Nos termos do art. 170A do Código Tributário Nacional, é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. Estabelece o inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, que nos casos de lançamento de ofício, será AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 06 48 /2 01 3- 55 Fl. 4100DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.101 2 aplicada multa de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Nos termos da Súmula CARF nº 2, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 28. O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Jose Ricardo Moreira. Relatório Tratase de Recursos Voluntários interpostos nos autos do processo nº 10320.722153/201375, em face do acórdão nº 0830.493, julgado pela 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (DRJ/CGE), na sessão de julgamento de 26 de setembro de 2013, no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: LANÇAMENTO Fl. 4101DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.102 3 Os presentes autos versam sobre lançamentos de contribuições previdenciárias feitos pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil MARCIUS CRUZ DA PONTE SOUZA, por meio dos autos de infração a seguir descritos. · DEBCAD 51.037.3810 (CFL 38) – Multa prevista nos arts. 92 e 102 da Lei nº 8.212, de 1991, art. 283, inciso II, alínea “j” e art. 373 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, no valor de R$ 17.165,50, em razão de infração ao art. 33, §§ 2º e 3º da Lei nº 8.212, de 1991 (fl.240); · DEBCAD 51.021.8229 (CFL 38) – Multa prevista nos arts. 92 e 102 da Lei nº 8.212, de 1991, art. 283, inciso II, alínea “a” e art. 373 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, no valor de R$ 17.165,50, por infração ao art. 32, inciso II da Lei nº 8.212, de 1991 (fl.172); · DEBCAD 51.021.8237 (CFL 78) – Multa prevista no art. 32A, caput, inciso II e §§ 2º e 3º da Lei nº 8.212, de 1991, incluídos pela MP nº 449, de 2008, no valor de R$ 3.500,00, por infração ao art. 32, inciso IV da Lei nº 8.212, de 1991, conforme redação da MP nº 449, de 2008 (fl.171); · DEBCAD 51.037.3801 Contribuições previdenciárias patronais não declaradas em GFIP incidentes sobre remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais, verificadas em face da divergência de valores de folha de pagamento, RAIS e DIRF em confronto com a GFIP, abrangendo as competências de 01/2009 a 13/2010, com valor total de R$ 745.140,70, consolidado em 23/01/2013 (fls.220 a 239); · DEBCAD 51.037.3771 Contribuições previdenciárias devidas pelos segurados empregados e contribuintes individuais, incidentes sobre remunerações pagas pela empresa, verificadas em face da divergência de valores de folha de pagamento, RAIS e DIRF em confronto com a GFIP. Tratase de valores não declarados em GFIP, referentes às competências 01/2009 a 13/2010, no valor de R$ 146.255,09, consolidado em 23/01/2013 (fls.173 a 190); · ∙DEBCAD N°. 51.037.3780 Contribuições sociais destinadas a outras entidades e fundos incidentes sobre remunerações pagas aos segurados empregados e não declaradas em GFIP, abrangendo as competências de 01/2009 a 13/2010, com valor total de R$ 263.568,56, consolidado em 23/01/2013 (fls.191 a 210); · DEBCAD N°. 51.037.3798 Autos de Infração por descumprimento de obrigação principal lavrados em decorrência de glosa de compensação efetuada antes do trânsito em julgado em desobediência de decisões judiciais exaradas nos autos dos Processos Judiciais nº 0004308 Fl. 4102DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.103 4 67.2011.4.05.8100, 0005342 48.2009.4.05.8100, 0006434 27.2010.4.05.8100 e 0012558 26.2010.4.05.8100, todos em trâmite no Tribunal Regional da 5ª Região e do disposto no art. 170A do Código Tributário Nacional. Durante ação fiscal, com valor total de R$ 2.552.147,60 consolidado em 23/01/2013. (fls.211 a 220). A autoridade lançadora narra os fatos constatados durante a fiscalização no relatório fiscal de fls.100 a 155. O sujeito passivo foi intimado pessoalmente dos autos de infração em 28/01/2013 (fls.171, 172, 173, 191, 220, 211, 240). INFORMAÇÃO DE PAGAMENTO DAS MULTAS REFERENTES AO DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS O sujeito passivo, por meio das petições de fls.3426, 3432 e 3438, informa que efetuou o pagamento das multas referentes aos DEBCAD 51.021.8229, 51.021.8237 e 51.037.3810 com redução de 50%, estando tais débitos extintos conforme extrato de processo de fl.3.923, não sendo eles, portanto, objeto das impugnações apresentadas. IMPUGNAÇÃO O sujeito passivo, em 15/02/2013, impugnou os lançamentos, aduzindo, em breve síntese, que: DEBCAD 51.037.3801, 51.037.3780 e 51.037.3771 (fls.3.444 a 3.453, 3.687 a 3.698 e 3.719 a 3.886 · A multa de ofício de 75% é injusta, indevida, excessiva, padecendo de vício de inconstitucionalidade, pois ofende os princípios da razoabilidade, proporcionalidade, vedação ao confisco, capacidade contributiva e segurança jurídica · Devese considerar o postulado constitucional da proporcionalidade, não para declarar inconstitucional o art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, o que não se pede em respeito ao entendimento jurisprudencial segundo o qual o órgão de julgamento administrativo não teria competência para isso, mas para interpretar o referido dispositivo legal conforme a · Constituição, para se afastar a cobrança da multa isolada; · O correto seria aplicar a multa de mora de 20%; · Não praticou nenhuma ação fraudulenta, conforme informa o relatório fiscal, motivo pelo qual ela deve ser afastada; · Por tais razões formula pedido pela nulidade da multa de 75% aplicada nos autos de infração DEBCAD 51.037.3771, DEBCAD 51.037.3780, DEBCAD 51.037.3801. · DEBCAD 51.037.3798 (fls.3719 a 3766) Fl. 4103DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.104 5 · Ajuizou ações pleiteando a inexigibilidade da contribuição previdenciária incidente sobre os valores pagos a título de férias e seu adicional, auxílio doença e acidente, salário maternidade, horasextras, adicionais noturno, de insalubridade, de periculosidade e de transferência, aviso prévio indenizado, 13º salário, valetransporte em dinheiro, planos de saúde a empregados e trabalhadores avulsos; · Por ter recolhido indevidamente as contribuições previdenciárias incidentes sobre as várias rubricas discutidas judicialmente, faz jus à compensação desses valores, independentemente de autorização administrativa ou judicial, com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme o art. 66 da Lei nº 8.383, de 1991, combinado com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, direito este reconhecido pelo Poder Judiciário; · Houve claro equívoco na autuação, uma vez que foram proferidas decisões liminares, sentenças e acórdão que lhe foram favoráveis nos vários processos judiciais, o que por si só suspende a exigibilidade do crédito indevidamente exigido por meio do auto de infração, nos termos do art. 151 do CTN; · Assim, é infundada a decisão que não homologou qualquer suspensão ou compensação declarada pelo impugnante; · Em razão da jurisprudência dominante nos tribunais pátrios, não pode ser compelida ao pagamento de contribuição previdenciária patronal incidente sobre valores pagos a título de saláriomaternidade, férias gozadas, adicional de 1/3 de férias, horasextras, adicional noturno, de periculosidade, de insalubridade e de transferência, aviso prévio indenizado, 13º salário, vale transporte em dinheiro, plano de saúde; · Os procedimentos realizados e devidamente declarados ao Fisco foram lastreados em decisões dos Tribunais Superiores, cuja permissão legal à compensação dos valores recolhidos indevidamente continuam em vigor, não havendo razão para a não homologação das compensações feitas; · Por tais razões formula pedido pela total improcedência do auto de infração do DEBCAD 51.037.3798 A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (DRJ/CGE) entendeu por manter o crédito previdenciário lançado, determinando que a unidade preparadora adotasse todas as providências necessárias para cobrança imediata do crédito tributário não impugnado. Fl. 4104DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.105 6 Inconformado, o contribuinte apresentou quatro recursos voluntários às fls. 3959/4067, de modo que cada um referiuse a DEBCAD distinto. Os Recursos Voluntários de fls. 3959/3978 (DEBCAD N° 51.037.3771), o de fls. 3979/3998 (DEBCAD n° 51.037.3801) e o de fls.3999/4018 (DEBCAD n° 51.037.378 0) requerem que seja decretada a nulidade da Multa de 75% aplicada no Auto de Infração. O Recurso Voluntário de fl.4019/4067 (DEBCAD n° 51.037.3798) alega que em razão de terem sidas proferidas decisões liminares nos autos dos processos judiciais, não haveria exigibilidade do crédito do auto de infração. Dessa forma, requer que seja julgada improcedente a ação fiscal do DEBCAD n° 51.037.3798). É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Matéria Não Impugnada Por oportuno, importa transcrever que a lide se encontra delimitada desde a primeira instância. A DRJ assim havia delimitado a matéria: "O sujeito passivo insurgese somente contra a aplicação da multa de ofício de 75% aos débitos tratados nos DEBCAD 51.037.3801, 51.037.3780 e 51.037.3771. Dessa forma, o valor principal e juros dos créditos previdenciários referentes aos DEBCAD 51.037.3801, 51.037.3780 e 51.037.3771 correspondem à matéria impugnada, conforme prevê o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. Isso leva à consolidação administrativa do crédito tributário lançado pertinente a essa matéria, porque não fica instaurado o litígio, tornando precluso o recurso voluntário quanto à matéria não impugnada. A unidade preparadora deverá adotar as providências que se fizerem necessárias para a cobrança imediata do crédito tributário não impugnado." Representação fiscal para fins penais. Alegação de inexistência de fraude. Alega o sujeito passivo que não praticou nenhuma ação fraudulenta, conforme informa o relatório fiscal, motivo pelo qual ela deve ser afastada. A autoridade Fl. 4105DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.106 7 lançadora relatou que a conduta do sujeito passivo poderia configurar ilícito penal, motivo pelo qual foi lavrada representação fiscal para fins penais. O procedimento denominado “representação fiscal para fins penais” pelo art. 83 da Lei nº 9.430/1996 nada mais é do que a comunicação ao Ministério Público da prática de ato que, em tese, caracteriza ilícito penal, acompanhada de elementos de prova que dêem respaldo a esse juízo preliminar. Não compete, todavia, a este Conselho manifestarse quanto às constatações da autoridade lançadora que implicaram a lavratura da representação fiscal para fins penais. Isso, inclusive, é o que dispõe a Súmula 28 deste Conselho, vejamos: Súmula CARF nº 28: O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Desse modo, não conheço da matéria alegada. Preliminar de cerceamento de defesa. Pedido de perícia. Alega a contribuinte preliminar de cerceamento de defesa, alegando que a é nula a decisão recorrida, que teria indeferido a realização de prova pericial, o qual entende a contribuinte ser necessária ao correto deslinde do feito, sem ter apresentado motivação para tanto. No que concerne à produção de prova pericial é oportuno ressaltar que o art. 18 do Decreto n.° 70.235, de 1972, com a redação dada pelo art. 1° da Lei n° 8.748, de 1993, permite a autoridade julgadora indeferir a perícia eventualmente solicitada, quando entendêla prescindível, sem que se configure tal fato cerceamento do direito de defesa. Assim, não verifico que tenha ocorrido cerceamento de defesa da contribuinte, por ter deixado a DRJ de deferir o pedido da contribuinte. A perícia revestese das características de atividade de apoio ao julgamento e serve à elucidação de pontos duvidosos que requeiram conhecimentos especializados para o deslinde de questão controversa. Reservase a perícia à elucidação de pontos duvidosos que requeiram conhecimentos especializados para o deslinde de questão controversa, não se justificando a sua realização quando o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. Desse modo, descabe o pedido de realização de prova pericial, uma vez que não há necessidade de conhecimentos específicos e os documentos contábeis necessários para demonstrar as alegações da defesa devem ser apresentados pela contribuinte Ademais, cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Logo, deveria o contribuinte, se assim entendesse, apresentar aos autos laudo pericial para análise, o que não o fez. Diante do exposto, rejeito a preliminar suscitada de cerceamento de defesa, bem como entendo pelo indeferimento da perícia. Multa de ofício. Fl. 4106DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.107 8 Os Recursos Voluntários de fls. 3959/3978 (DEBCAD N° 51.037.3771), o de fls. 3979/3998 (DEBCAD n° 51.037.3801) e o de fls.3999/4018 (DEBCAD n° 51.037.378 0) requerem que seja decretada a nulidade da multa de 75% aplicada no Auto de Infração. Em relação aos lançamentos dos referidos DEBCAD a contribuinte argumenta que: i) A multa de ofício de 75% é injusta, indevida, excessiva, padecendo de vício de inconstitucionalidade, pois ofende os princípios da razoabilidade, proporcionalidade, vedação ao confisco, capacidade contributiva e segurança jurídica; ii) Devese considerar o postulado constitucional da proporcionalidade, não para declarar inconstitucional o art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, o que não se pede em respeito ao entendimento jurisprudencial segundo o qual o órgão de julgamento administrativo não teria competência para isso, mas para interpretar o referido dispositivo legal conforme a Constituição, para se afastar a cobrança da multa isolada; iii) O correto seria aplicar a multa de mora de 20%. No caso concreto, a autoridade lançadora informou quais são os preceitos legais determinantes da multa lançada, quais sejam, o art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, combinado com o inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, ambos com a redação dada pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Transcrevese a seguir esses dispositivos legais: Lei nº 8.212, de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Lei nº 9.430, de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) A redação desses dispositivos é bastante clara, podendose concluir que nos casos de lançamento de ofício das contribuições previdenciárias que não foram declaradas e pagas, devese aplicar a multa de ofício de 75%. È justamente o que ocorreu no caso em tela, em que se lançaram créditos tributários que não haviam sido declarados em GFIP e nem pagos pelo sujeito passivo. Tratamse de dispositivos legais cujo exercício de interpretação não vai além do que está expresso em seus próprios textos, motivo pelo qual não procede a alegação do sujeito passivo de que este órgão julgador deveria interpretar a lei conforme a Constituição. Por tais razões, não há como se afastar a incidência da multa de ofício de 75% nesta instância administrativa de julgamento. Ação Judicial. Renúncia à via administrativa. Fl. 4107DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.108 9 O sujeito passivo discorreu abundantemente acerca de seu alegado direito de não recolher contribuição previdenciária incidente sobre várias rubricas pagas a segurados, direito esse que deverá ser declarado pelo Poder Judiciário em razão das várias ações ajuizadas. Conforme se verifica dos autos, a contribuinte está discutindo judicialmente a incidência de contribuição previdenciária sobre algumas rubricas, dentre elas os valores pagos nos primeiros 15 dias de afastamento dos empregados doentes ou acidentados e, também, aqueles pagos a título de terço constitucional de férias. No entanto, a Súmula nº 01 deste Conselho assim dispõe: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Portanto, não conheço das alegações quanto a não incidência de contribuição previdenciária sobre as rubricas em questão, diante da renúncia à instância administrativa. Glosa por compensação indevida. Trata o Auto de Infração DEBCAD 51.037.3798 da glosa de compensação de contribuição previdenciária declarada em GFIP e escudadas em ações judiciais, processos nº 0004308 67.2011.4.05.8100, 0005342 48.2009.4.05.8100, 000643427.2010.4.05.8100 e 0012558 26.2010.4.05.8100, todos com trâmite no Tribunal Regional da 5ª Região. Ocorre que a contribuinte procedeu à compensação antes do trânsito em julgado das decisões judiciais, prática vedada pelo art. 170A do Código Tributário Nacional. Assim, o direito da contribuinte escudado pelas ações judiciais ainda não foi definitivamente julgado pela Justiça, sendo, portanto, indevida a compensação declarada em GFIP nas competências referidas. A compensação de valores discutidos judicialmente deve obedecer o que determina o CTN, no artigo 170A: Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (grifouse) Observase que na época da realização das compensações o referido processo ainda não havia sido definitivamente julgado. Dessa feita, em que pese o fato de haver discussão judicial acerca da incidência de contribuições previdenciárias sobre algumas verbas pagas a empregados, temse que não há nos autos nenhuma decisão judicial que, contrariando a legislação tributária de regência, autorizasse o contribuinte a compensar valores decorrentes de discussão judicial ainda não transitada em julgado com contribuições apuradas, conforme realizou. Fl. 4108DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.109 10 Portanto, em conformidade com o dispositivo citado, e em respeito à decisão judicial referida pela recorrente, as compensações, objeto de glosa por meio da autuação tratada no presente processo, foram efetuadas sem que, na oportunidade de sua realização, existissem créditos que lhes amparassem, devendo tais glosas serem mantidas. Alegações de inconstitucionalidade. Em relação a alegação de caráter confiscatório da multa aplicada, deixo de apreciála, por força do disposto na Súmula CARF nº 2, que assim dispõe: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.". Conclusão. Ante o exposto, voto por rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 4109DF CARF MF
score : 1.0