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Numero do processo: 36624.004576/2007-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/1997 a 31/01/1999
Ementa: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ELISÃO DA RESPONSABILIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. – NÃO HAVENDO GUARDA DA DOCUMENTAÇÃO A RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PASSA A NÃO COMPORTAR O BENEFÍCIO DE
ORDEM.
A tomadora de serviços é solidária com a prestadora de serviços até a entrada em vigor da Lei n° 9.711/1998. A elisão é possível, mas se não realizada na época oportuna persiste a responsabilidade.
Não há benefício de ordem na aplicação do instituto da responsabilidade solidária na construção civil.
Numero da decisão: 2302-001.897
Decisão: ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade foi conhecido parcialmente do recurso e, na parte conhecida, foi negado provimento, nos termos do relatório e voto que integram o julgado.
Nome do relator: MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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Recorrente RÁDIO E TELEVISÃO BANDEIRANTES LTDA Recorrida SRP SECRETARIA DA RECEITA PREVIDENCIÁRIA Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/1997 a 31/01/1999 Ementa: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ELISÃO DA RESPONSABILIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. – NÃO HAVENDO GUARDA DA DOCUMENTAÇÃO A RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PASSA A NÃO COMPORTAR O BENEFÍCIO DE ORDEM. A tomadora de serviços é solidária com a prestadora de serviços até a entrada em vigor da Lei n ° 9.711/1998. A elisão é possível, mas se não realizada na época oportuna persiste a responsabilidade. Não há benefício de ordem na aplicação do instituto da responsabilidade solidária na construção civil. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade foi conhecido parcialmente do recurso e, na parte conhecida, foi negado provimento, nos termos do relatório e voto que integram o julgado. Marco André Ramos Vieira Presidente e Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Marco André Ramos Vieira (Presidente), Liege Lacroix Thomasi, Arlindo da Costa e Silva, Adriana Sato, Jhonatas Ribeiro da Silva e Manoel Coelho Arruda Júnior. Fl. 393DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Relatório A presente NFLD tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social em virtude do instituto da responsabilidade solidária, previsto no art. 30, VI da Lei n ° 8.212/1991. O período compreende as competências março de 1997 a janeiro de 1999. A base de cálculo dos segurados utilizados na prestação de serviços pela BASEPLAN foram obtidas em função da não apresentação de documentos, após solicitação pela Auditoria Fiscal, fls. 162 a 165. O lançamento substitui o anteriormente realizado, que foi anulado por vício formal. Não conformada com a notificação, foi apresentada defesa, fls. 106 a 129. Foi comandado o aditamento do relatório fiscal, conforme fls. 158; tendo a fiscalização o elaborado na forma das fls. 162 a 165. Cientificado do relatório aditivo, o autuado apresentou impugnação aditiva, fls. 187 a 237. A DecisãoNotificação analisou os argumentos de defesa e confirmou a procedência do lançamento, fls. 268 a 285. Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso, conforme fls. 303 a 341. Em síntese, a recorrente alegou o seguinte: a) o serviço não se enquadrava como cessão de mãodeobra; b) o agente fiscal não cumprira com seu ônus probatório; c) não houvera verificação junto à prestadora de serviços; d) houvera vícios no procedimento fiscalizatório; e) o lançamento já fora atingido pela decadência; f) a solidariedade somente ocorria no caso de inadimplemento; g) era nula a NFLD; h) não poderia ter sido complementado o relatório fiscal; i) devia ser realizada perícia; j) houvera quebra de sigilo fiscal da recorrente; k) não poderia ter sido utilizada a aferição indireta; l) o caso não poderia ter sido julgado por meio de despacho; m) a multa aplicada era confiscatória; n) podia ter havido crime de prevaricação ou de excesso de exação; Fl. 394DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36624.004576/200731 Acórdão n.º 230201.897 S2C3T2 Fl. 394 3 o) o lançamento já fora atingido pela decadência. Não foram apresentadas contrarrazões pelo órgão fazendário. Houve desistência parcial relativa à competência janeiro de 1999, fls. 348 e 349. É o relato suficiente. Fl. 395DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Voto Conselheiro Marco André Ramos Vieira, Relator O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 347. Pressuposto superado, passo ao exame das questões preliminares ao mérito. Um dos argumentos recursais está lastreado na eventual fluência do prazo decadencial. O lançamento anterior foi anulado por vício formal, conforme expressamente consignado no relatório fiscal, pela falta de intimação do prestador de serviços, fls.162 a 165. Reconhecendo que o lançamento anterior foi anulado por vício formal, o termo a quo para contagem passa a ser a data que se tornar definitiva a decisão que houver anulado por vício formal o crédito anteriormente constituído, na forma do art. 173, inciso II do CTN. A presente NFLD englobou os fatos geradores ocorridos entre março de 1997 a janeiro de 1999. A NFLD originária foi lavrada em março de 2002, conforme informação às fls. 162 a 165, portanto em período não abrangido pela decadência. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado, Súmula Vinculante de n º 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212 de 1991, nestas palavras: Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Conforme previsto no art. 103A da Constituição Federal a Súmula de n º 8 vincula toda a Administração Pública, devendo este Colegiado aplicála. Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Uma vez não sendo mais possível a aplicação do art. 45 da Lei n º 8.212, há que serem observadas as regras previstas no CTN. As contribuições previdenciárias são tributos lançados por homologação, assim devem, em regra, observar o disposto no art. 150, parágrafo 4o do CTN. Havendo, então o pagamento antecipado, observarseá a extinção prevista no art. 156, inciso VII do CTN. Entretanto, se não houver o pagamento antecipado, não se aplica o disposto no art. 156, inciso VII do CTN, devendo assim ser observado o disposto no art. 173, inciso I do CTN. Haverá, desse modo, a necessidade de lançamento de ofício substitutivo, conforme previsto no art. 149, inciso V do CTN. Nessa hipótese, caso não haja o lançamento, o crédito tributário será extinto Fl. 396DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36624.004576/200731 Acórdão n.º 230201.897 S2C3T2 Fl. 395 5 em função do previsto no art. 156, inciso V do CTN. Caso tenha ocorrido dolo, fraude ou simulação não será observado o disposto no art. 150, parágrafo 4o do CTN, sendo aplicado necessariamente o disposto no art. 173, inciso I, independentemente de ter havido o pagamento antecipado. No presente caso o lançamento originário foi efetuado em março de 2002, fl. 162; como não houve pagamento antecipado sobre os valores lançados, conforme relatório fiscal; aplicase a regra prevista no art. 173, inciso I do CTN. O lançamento substitutivo foi constituído no prazo de cinco anos após anulação do lançamento anterior, conforme previsto no art. 173, inciso II do CTN. In casu, ao contrário do que afirma a recorrente, o que ensejou a aferição indireta foi a não apresentação de contratos, folhas de pagamentos específicas e guias de recolhimento em relação ao pessoal cedido pela prestadora de serviços na área de construção civil. Diante da omissão do sujeito passivo, a fiscalização tem o direitodever de arbitrar os valores devidos. Justamente por não ter apresentado a documentação, a autuada não pode exigir que a fiscalização demonstre em detalhes a cessão de mãodeobra, mesmo porquê no caso de construção civil no período objeto do lançamento independentemente de haver ou não cessão de mãodeobra há solidariedade. A notificada poderia se elidir, afastar a solidariedade nos termos do art. 42 do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 612/1991 ou art. 42 do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 2.173/1997, ou art. 220, § 3º do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999, conforme a época de ocorrência do fato gerador, nestas palavras: Art.220. O proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4.591, de 1964, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária cuja contratação da construção, reforma ou acréscimo não envolva cessão de mãodeobra, são solidários com o construtor, e este e aqueles com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a seguridade social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. (...) § 3º A responsabilidade solidária de que trata o caput será elidida: I pela comprovação, na forma do parágrafo anterior, do recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados, incluída em nota fiscal ou fatura correspondente aos serviços executados, quando corroborada por escrituração contábil; e II pela comprovação do recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados, aferidas indiretamente nos termos, forma e percentuais previstos pelo Instituto Nacional do Seguro Social. Fl. 397DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 III pela comprovação do recolhimento da retenção permitida no caput deste artigo, efetivada nos termos do art. 219. (Inciso acrescentado pelo Decreto nº 4.032, de 26/11/2001) Como acima demonstrado, não é exigido da notificada o pleno conhecimento dos fatos ocorridos na empresa construtora, bastando a guarda da documentação, folhas de pagamento e guias de recolhimento do pessoal utilizado na obra, para que a recorrente pudesse afastar a solidariedade. A elisão é uma faculdade conferida ao devedor solidário, uma vez que não houve a utilização dessa prerrogativa pela notificada, a solidariedade persiste, no presente caso. A recorrente não fez prova do recolhimento de todas as contribuições previdenciárias devidas pela contratada em relação aos segurados que lhe prestaram serviços. Ao não realizar tal prova, consequentemente não pode mais invocar o benefício de ordem. Uma vez o recorrente não detendo a referida documentação, o órgão previdenciário passa a ter a prerrogativa de lançar a importância que reputar devida, cabendo ao contribuinte o ônus da prova em contrário, por força do artigo 33, §§ 3º da Lei n.º 8.212/1991. Assim a legislação previdenciária oferece à Fiscalização Federal mecanismos para lavrar a Notificação, nesse caso utilizando como base de aferição o valor da nota fiscal, pois embutido nesse valor há a parcela referente à mãodeobra utilizada. Frisase que no presente caso, ao contrário do afirmado pela recorrente não se tratou de aferição por desconsideração da contabilidade, mas sim pela não apresentação de documentos: contratos, folhas de pagamento e guias de recolhimento. Portanto, era dever do contribuinte a guarda da referida documentação e apresentação à fiscalização quando solicitado, conforme previsto no art. 32 caput combinado com o § 11 da Lei n ° 8.212/1991. Uma vez não apresentando a documentação, a fiscalização não pode deixar de lavrar o débito, partindo nesse caso para aferição dos valores. A responsabilidade solidária pela obrigação está prevista na Lei n ° 8.212/1991 em seu artigo 30, inciso VI, nestas palavras: Art. 30 A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação alterada pela Lei nº 8.620, de 05/01/93) (...) VI o proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor, e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem; (Redação alterada pela MP nº 1.5239, de 27/06/97, reeditada até a conversão na Lei nº 9.528, de 10/12/97. Ver art. 29 da Lei nº 4.591/64) A redação original desse inciso era a seguinte: Fl. 398DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36624.004576/200731 Acórdão n.º 230201.897 S2C3T2 Fl. 396 7 VI o proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações; Assim, o contribuinte e o responsável tributário, no caso o recorrente, são solidários em relação à obrigação tributária, não cabendo, nos termos do parágrafo único do artigo 124 do CTN, benefício de ordem. Compete à Receita Previdenciária cobrar de todos os sujeitos passivos a satisfação da obrigação. Sendo a responsabilidade solidária uma garantia do crédito tributário, não pode ser dispensada pela autoridade fiscal, conforme previsto no art. 141 do CTN, nestas palavras: Art. 141 O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. Quanto ao argumento de que a responsabilidade só poderia surgir após o lançamento do crédito na prestadora de serviços e não antes do surgimento desse crédito, também não procede tal argumento. A responsabilidade é pelo cumprimento da obrigação previdenciária, prova disto é que a obrigação tributária persiste independentemente do crédito tributário, que pode ser anulado, administrativamente ou judicialmente, mas sem fazer desaparecer a obrigação tributária, conforme dispõe o art. 140 do CTN, nestas palavras: Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem. Nesse mesmo sentido segue ementa do Parecer CJ/MPAS n.º 2.376/2.000, que não possui mais efeito vinculante ao Conselho de Contribuintes, mas retrata a jurisprudência administrativa acerca do assunto, nestas palavras: “DIREITO TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO. SOLIDARIEDADE PASSIVA NOS CASOS DE CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. DUPLICIDADE DE LANÇAMENTOS. NÃO OCORRÊNCIA. A obrigação tributária é uma só e o fisco pode cobrar o seu crédito tanto do contribuinte, quanto do responsável tributário. Não há ocorrência de duplicidade de lançamento, nem de bis in idem e nem de crime de excesso de exação.” Assim, não procede o argumento da notificada de que a fiscalização deveria ter verificado o inadimplemento do contribuinte de direito, para se evitar o bis in idem. Uma vez que a não há como afastar a solidariedade, a recorrente deve provar que a prestadora já recolhera toda a contribuição devida em relação aos serviços prestados. Não Fl. 399DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 havendo a guarda da documentação, mas restando configurada a prestação de serviços, a utilização de mãodeobra, a Receita Federal conseguiu demonstrar a existência do fato constitutivo do seu direito. E como princípio basilar do direito processual, cabe à outra parte, no caso o notificado, demonstrar fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito do Fisco, o que não foi realizado. Ao contrário do entendimento, não deve a fiscalização previdenciária diligenciar para examinar a contabilidade da construtora, pois se assim o fosse não haveria o benefício de ordem, não existiria motivo para se efetuar o lançamento na tomadora de serviços, se em qualquer caso a Receita Previdenciária devesse diligenciar para examinar a contabilidade da construtora. Havendo inversão é imprescindível a colação aos autos da prova contábil pelos interessados. Nessa mesma linha de fundamentação, não é outro o entendimento firmado pelo STJ, conforme ementa do acórdão no Recurso Especial n ° 780.703 / SC, cujo relator foi o Ministro Castro Meira, publicado no DJ em 16/06/2006: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO DE ORDEM. ARTIGO 31, § 3º DA LEI Nº 8.212/91. ELISÃO. NECESSIDADE. COMPROVAÇÃO. RECOLHIMENTO. 1. A responsabilidade solidária na contratação de quaisquer serviços por cessão de mãodeobra foi instituída pela Lei nº 8.212/91, notadamente, em seu artigo 31, ou seja, há solidariedade entre o contratante dos serviços executados mediante cessão de mãodeobra e o executor desses serviços. A responsabilidade solidária do contratante está definida, em linhas gerais, nos artigos 124 e 128 do Código Tributário Nacional. O § 1º do artigo 124 do Código Tributário Nacional prevê expressamente que a solidariedade nele descrita não comporta benefício de ordem. 2. A solidariedade somente poderia ser elidida, caso obedecido o preceito do § 3º do artigo 31 da Lei nº 8.212/91 o executor deveria comprovar o recolhimento prévio das contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados incluída na nota fiscal ou fatura correspondente aos serviços executados, quando da respectiva quitação. Precedentes. 3. Recurso especial provido. Desse modo, o próprio guardião judicial da lei federal, o Superior Tribunal de Justiça, ratifica o procedimento fiscal no caso dos lançamentos por solidariedade das contribuições previdenciárias. Ao contrário do afirmado pela recorrente é possível a complementação do relatório fiscal. Diante da irregularidade constatada, há que ser aplicado o Decreto n° 70.235/1972, conforme previsto no 18, § 3º, nestas palavras: Art. 18 (...) § 3º Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias, realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será lavrado auto de infração ou emitida notificação de lançamento complementar, devolvendose, ao Fl. 400DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36624.004576/200731 Acórdão n.º 230201.897 S2C3T2 Fl. 397 9 sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à matéria modificada. (Redação dada pelo art. 1º da Lei nº 8.748/93) Tal complementação tem que ser comandada pelo órgão de primeira instância, mesmo que de ofício, pois o caput do art. 18 é determinante para a autoridade julgadora de primeira instância. É como é sabido os parágrafos e incisos devem ser interpretados em conformidade com o caput do dispositivo, que determina a regra geral. É possível a complementação do relatório fiscal por decisão de primeira instância, entretanto não cabe tal complementação pela segunda instância, pois enquanto a primeira instância aprecia a impugnação quanto ao lançamento, a segunda aprecia o recurso quanto à decisão a quo. A recorrente não tem que protestar pelas provas documentais no processo administrativo, mas sim tem que produzilas. Como as demonstrações das alegações são provas documentais, as mesmas tem que ser colacionadas na peça de defesa, no processo judicial tal procedimento não é distinto, pois cabe ao autor juntar na exordial as provas, assim como ao réu colacionálas na contestação, sob pena de preclusão. Quanto à prova pericial a mesma tem que ser requerida na peça inaugural da defesa, conforme disposição expressa no regulamento do Processo Administrativo. De acordo com o disposto no art. 9º, IV da Portaria MPAS n ° 520/2004, são requisitos da perícia, nestas palavras: Art. 9º A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito. § 1º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 2º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se Fl. 401DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 10 demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 3º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pelo Conselho de Recursos da Previdência Social. § 4º A matéria de fato, se impertinente, será apreciada pela autoridade competente por meio de Despacho ou nas contra razões, se houver recurso. § 5º A decisão deverá ser reformada quando a matéria de fato for pertinente. § 6º Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada. § 7º As provas documentais, quando em cópias, deverão ser autenticadas, por servidor da Previdência Social, mediante conferência com os originais ou em cartório. § 8º Em caso de discussão judicial que tenha relação com os fatos geradores incluídos em Notificação Fiscal de Lançamento de Débito ou Auto de Infração, o contribuinte deverá juntar cópia da petição inicial, do agravo, da liminar, da tutela antecipada, da sentença e do acórdão proferidos. Pode a autoridade julgadora indeferir o pleito da recorrente, sem ferir o princípio da ampla defesa. Nesse sentido, segue o teor do art. 11º da Portaria MPAS n ° 520/2004: Art. 11 A autoridade julgadora determinará de ofício ou a requerimento do interessado, a realização de diligência ou perícia, quando as entender necessárias, indeferindo, mediante despacho fundamentado ou na respectiva DecisãoNotificação, aquelas que considerar prescindíveis, protelatórias ou impraticáveis. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 9º. § 2º O interessado será cientificado da determinação para realização da perícia por meio de Despacho, que indicará o procedimento a ser observado. No mesmo sentido dispõe o Decreto n ° 70.235/1972 sobre o processo administrativo fiscal, sendo aplicado subsidiariamente no processo administrativo no âmbito do INSS, nestas palavras: Art. 17. A autoridade preparadora determinará, de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, a realização de diligência, inclusive perícias quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Parágrafo único. O sujeito passivo apresentará os pontos de discordância e as razões e provas que tiver e indicará, no caso de perícia, o nome e o endereço do seu perito. Fl. 402DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36624.004576/200731 Acórdão n.º 230201.897 S2C3T2 Fl. 398 11 Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligência ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pelo art. 1º da Lei nº 8.748/93) (...) A Portaria MPAS n ° 520/2004 é a que regulamentava o processo administrativo fiscal no âmbito do INSS, conforme autorização expressa no art. 304 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999 e alterações, nestas palavras: Art.304. Compete ao Ministro da Previdência e Assistência Social aprovar o Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social, bem como estabelecer as normas de procedimento do contencioso administrativo, aplicandose, no que couber, o disposto no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e suas alterações. Como se percebe, a Portaria n ° 520 surgiu em virtude da previsão expressa no Regulamento da Previdência Social, que transferiu a competência para o Ministério da Previdência Social regulamentar a matéria. Dessa forma, está perfeitamente compatível com o ordenamento jurídico. E como demonstrado, o assunto acerca de perícias e diligencias está tratado da mesma maneira no Decreto n ° 70.235/1972. A notificada teve oportunidade de demonstrar que os valores apurados pela fiscalização não condizem com a realidade na fase de impugnação e agora na fase recursal, mas não o fez. Alegar sem provar é o mesmo que não alegar. No presente caso, a perícia é despicienda; pois toda a matéria probatória já consta nos autos. E como já afirmado, caberia à parte adversa, no caso o contribuinte, a contra prova. Ter havido ou não quebra de sigilo fiscal da recorrente, não desnatura o lançamento realizado. Ao contrário do afirmado pela recorrente, o caso não foi julgado por meio de despacho. O despacho recebeu o relatório aditivo e providenciou a ciência aos autuados. A regularidade do procedimento, bem como os argumentos aditivos foram apreciados pela primeira instância por meio da decisão de fls. 268 a 285. Quanto à alegação de não observação dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; da proibição de efeito confiscatório e da capacidade contributiva, teço os seguintes comentários. Não há dúvida da importância dos princípios para o ordenamento jurídico, pois os mesmos são vetores para elaboração dos atos normativos, devendo ser observados pelo Poder Legislativo na elaboração das leis. Portanto são direcionados ao legislador, sendo critérios prélegais, e caso não sejam observados, e seja publicada uma lei com ofensa a princípios constitucionais, cabe análise e censura pelo Poder Judiciário. Entretanto, uma vez sendo publicada a lei, há presunção de constitucionalidade da mesma, e cabe ao Poder Executivo, cumprir e executar as determinações legais, sem que se faça juízo de Fl. 403DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 12 valoração do ato, sob pena de fragilidade do ordenamento constitucional, e invasão de atribuições entre os Poderes. O Poder Executivo somente utilizará os princípios na hipótese de falta de disposição expressa legal, conforme previsto no art. 108 do CTN; logo se há dispositivo legal, não cabe aplicação direta dos princípios em detrimento do ato legal, sob pena de ofensa ao art. 108 do Codex Tributário. A recorrente alega que poderia ter havido crime de prevaricação ou de excesso de exação. Não cabe a esse colegiado apreciar a ocorrência de crime. Além do mais, as alegações recursais foram somente em tese, por meio da utilização do termos condicionais: “se” e “caso”, conforme recurso voluntário. A cobrança de juros estava prevista em lei específica da Previdência Social, art. 34 da Lei n ° 8.212/1991, abaixo transcrito, desse modo foi correta a aplicação do índice pela fiscalização federal: Art.34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaSELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. (Artigo restabelecido, com nova redação dada e parágrafo único acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Parágrafo único. O percentual dos juros moratórios relativos aos meses de vencimentos ou pagamentos das contribuições corresponderá a um por cento. Nesse sentido já se posicionou o STJ no Recurso Especial n ° 475904, publicado no DJ em 12/05/2003, cujo relator foi o Min. José Delgado: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CDA. VALIDADE. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 07/STJ. COBRANÇA DE JUROS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. A averiguação do cumprimento dos requisitos essenciais de validade da CDA importa o revolvimento de matéria probatória, situação inadmissível em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 07/STJ. No caso de execução de dívida fiscal, os juros possuem a função de compensar o Estado pelo tributo não recebido tempestivamente. Os juros incidentes pela Taxa SELIC estão previstos em lei. São aplicáveis legalmente, portanto. Não há confronto com o art. 161, § 1º, do CTN. A aplicação de tal Taxa já está consagrada por esta Corte, e é devida a partir da sua instituição, isto é, 1º/01/1996. (REsp 439256/MG). Recurso especial parcialmente conhecido, e na parte conhecida, desprovido. Para lançamentos realizados após a entrada em vigor da Medida Provisória nº 449, convertida na Lei n º 11.941, aplicamse os juros moratórios na forma do art. 35 da Lei n º 8.212 com a nova redação. Quanto à inconstitucionalidade apontada pela recorrente, não cabe tal análise na esfera administrativa. Não é de competência da autoridade administrativa a recusa ao cumprimento de norma supostamente inconstitucional. Fl. 404DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36624.004576/200731 Acórdão n.º 230201.897 S2C3T2 Fl. 399 13 Toda lei presumese constitucional e, até que seja declarada sua inconstitucionalidade pelo órgão competente do Poder Judiciário para tal declaração ou exame da matéria, deve o agente público, como executor da lei, respeitála. A alegação de inconstitucionalidade formal de lei não pode ser objeto de conhecimento por parte do administrador público. Enquanto não for declarada inconstitucional pelo STF, ou examinado seu mérito no controle difuso (efeito entre as partes) ou revogada por outra lei federal, a referida lei estará em vigor e cabe à Administração Pública acatar suas disposições. De acordo com a Súmula n ° 2 aprovada pelo Conselho Pleno do 2º Conselho de Contribuintes não pode ser declarada a inconstitucionalidade de norma pela Administração. Súmula N ° 2 O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. No sentido da aplicabilidade da taxa Selic, o Plenário do 2º Conselho de Contribuintes aprovou a Súmula de n 3, nestas palavras: Súmula N º 3 É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic para títulos federais CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO PARCIAL do recurso para na parte conhecida NEGARLHE PROVIMENTO. Não se conhece da competência janeiro de 1999 em virtude da desistência parcial. É como voto. Marco André Ramos Vieira Fl. 405DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10314.008328/2005-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Apr 18 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 02/04/1997
REGIME AUTOMOTIVO. LIMITES, PROPORÇÕES E ÍNDICES. INOBSERVÂNCIA. DECADÊNCIA. ANUALIDADE.
O direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário em decorrência da inobservância dos limites, proporções e índices especificados no âmbito do Regime Automotivo decaí depois de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o adimplemento ou não do compromisso já poderia ter sido fiscalizado.
DECADÊNCIA. TRIBUTOS. REVISÃO ADUANEIRA.
O direito de a Fazenda constituir o crédito tributário correspondente a diferença de tributos recolhidos na importação, quando não constatada a ocorrência de dolo, a fraude ou a simulação, é de cinco anos, contados do fato gerador.
DECADÊNCIA. IMPOSIÇÃO DE PENALIDADE.
O direito de impor penalidade extingue-se em cinco anos, contados da data da ocorrência da infração.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3102-001.705
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Relator.
EDITADO EM: 19/03/2013
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro, Nanci Gama, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Winderley Morais Pereira e Helder Massaaki Kanamaru.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 02/04/1997 REGIME AUTOMOTIVO. LIMITES, PROPORÇÕES E ÍNDICES. INOBSERVÂNCIA. DECADÊNCIA. ANUALIDADE. O direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário em decorrência da inobservância dos limites, proporções e índices especificados no âmbito do Regime Automotivo decaí depois de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o adimplemento ou não do compromisso já poderia ter sido fiscalizado. DECADÊNCIA. TRIBUTOS. REVISÃO ADUANEIRA. O direito de a Fazenda constituir o crédito tributário correspondente a diferença de tributos recolhidos na importação, quando não constatada a ocorrência de dolo, a fraude ou a simulação, é de cinco anos, contados do fato gerador. DECADÊNCIA. IMPOSIÇÃO DE PENALIDADE. O direito de impor penalidade extingue-se em cinco anos, contados da data da ocorrência da infração. Recurso Voluntário Provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Relator. EDITADO EM: 19/03/2013 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro, Nanci Gama, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Winderley Morais Pereira e Helder Massaaki Kanamaru.
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LIMITES, PROPORÇÕES E ÍNDICES. INOBSERVÂNCIA. DECADÊNCIA. ANUALIDADE. O direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário em decorrência da inobservância dos limites, proporções e índices especificados no âmbito do Regime Automotivo decaí depois de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o adimplemento ou não do compromisso já poderia ter sido fiscalizado. DECADÊNCIA. TRIBUTOS. REVISÃO ADUANEIRA. O direito de a Fazenda constituir o crédito tributário correspondente a diferença de tributos recolhidos na importação, quando não constatada a ocorrência de dolo, a fraude ou a simulação, é de cinco anos, contados do fato gerador. DECADÊNCIA. IMPOSIÇÃO DE PENALIDADE. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, contados da data da ocorrência da infração. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 83 28 /2 00 5- 15 Fl. 1792DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA 2 Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Relator. EDITADO EM: 19/03/2013 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro, Nanci Gama, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Winderley Morais Pereira e Helder Massaaki Kanamaru. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em 31/08/2005, em face do contribuinte em epígrafe, formalizando a exigência de Imposto de Importação e Imposto sobre Produtos Industrializados mais a incidência de juros de Lmora, multa proporcional, e multa regulamentar, perfazendo um total de R$ 2.137.570,87, em face dos fatos a seguir descritos. Através do MPF 08155002005003911, iniciouse a auditoria do Programa do Regime Automotivo, concedido através do Termo de Aprovação e Certificado de Habilitação n° 114/1996, com suas respectivas alterações através dos Termos e Certificados Aditivos, tendo como beneficiária a empresa BEHR BRASIL S.A, CNPJ 56.167.091/000109. A empresa foi intimada a apresentar cópia das Declarações de Importação amparadas pelo Regime Automotivo e cópia das notas fiscais de compra no mercado nacional de bens de capital novos e de fabricação nacional, a fim de comprovar o atendimento da proporção de bens de capital, estabelecida no art. 6° do Decreto 1.863/96, substituído pelo art 6°do Decreto 2.072/96. De posse das Declarações de Importação, a fiscalização analisou as importações com o objetivo de classificalas em bens de capital, autopeças e matériasprimas. Nesta ocasião, apurouse que a empresa, que é fabricante de radiadores, efetuou importações de radiadores prontos, beneficiandose indevidamente das reduções previstas no Regime Automotivo. Pelo Decreto 1.863/96, revogado e substituído pelo Decreto 2.072/96, o conceito legal de insumos é: "Insumos: matériasprimas, partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semiacabados, e pneumáticos, destinados aos produtos relacionados no inciso IV;" (O inciso IV lista veículos, tratores, carroçarias, reboques, e veículos equivalentes). Para uma empresa que é fabricante de radiadores, insumos serão todos os elementos que participarão da confecção de um radiador; quer seja sendo consumido no processo de fabricação, quer seja sendo empregado na forma como se apresenta. Sendo assim, procedeuse com a exclusão das importações de radiadores prontos do programa do Regime Automotivo, lançando neste Auto de Infração os tributos que deixaram de ser recolhidos na ocasião da importação, acrescidos de multa de oficio e juros. Fl. 1793DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10314.008328/200515 Acórdão n.º 3102001.705 S3C1T2 Fl. 3 3 A tabela com as importações de produtos acabados excluídos do Regime Automotivo é parte integrante do Relatório Fiscal. Selecionadas as importações de matériasprimas, agruparamse estas importações por tipos de matériasprimas e a empresa a foi intimada a comprovar, através de cópia das notas fiscais, a compra do mesmo tipo de matériaprima no mercado nacional, no sentido de atender a proporção estabelecida no artigo 7° do Decreto 1.863/96, substituído pelo Decreto 2.072/96. Tendo decorrido o prazo concedido para entrega das notas fiscais de compra no mercado nacional de matériasprimas e bens de capital, e, tendo sido entregue pela empresa o conjunto de notas fiscais que dispunha, foi feita a análise de cada nota fiscal. Em relação aos bens de capital, seguisse o seu conceito Legal que consta no art 2°, inciso I do Decreto 1.863/96, substituído pelo mesmo artigo e inciso do Decreto 2.072/96: "IBens de Capital : Máquinas, equipamentos, inclusive de testes, ferramental, moldes e modelos para moldes, instrumentos e aparelhos industriais e de controle de qualidade, novos bem como os respectivos acessórios, sobressalentes e peças de reposição, incorporados ao ativo permanente;" (grifo nosso) A proporção estabelecida no artigo 6° do mesmo texto Legal, impõe que seja de um para um em 1996 e 1997, e de um para um e meio em 1998 e 1999, as aquisições de bens de capital produzidos no Pais. A legislação aceita também, alem da aquisição de bens de capital, a incorporação no ativo permanente, de bens de capital de fabricação própria. Neste sentido foram excluídas as seguintes notas fiscais: • De serviços de terceiros; • De produtos que não se enquadram no conceito Legal de bens de capital; • De aquisições no mercado nacional de bens de capital importados; • De aquisições no mercado nacional de bens de capital de fabricação nacional, porem usados • (ativo fixo ou imobilizado de outra empresa); • De aquisições fora do ano em análise. Para os anos de 1996, 1997 e 1999, a proporção de bens de capital foi atingida. Para o ano de 1998, a proporção não foi atingida. Somandose os valores das notas fiscais aceitas, convertidos para o Dólar, totalizase o montante de U$ 2.996.503,07, para o ano de 1998. Como a proporção estabelecida na legislação é de um para um e meio neste ano, devemos dividir o montante apurado acima por 1,5, chegandose a um "montante corrigido" de U$ 1.997.668,71. Este valor é inferior ao FOB importado no ano, que foi U$ 3.250.906,20. A diferença entre o FOB importado e o "montante corrigido", que é U$ 1.253.237,49 é o valor equivalente à inadimplência, base para cobrança dos impostos não recolhidos na ocasião da importação com seus acréscimos legais e da Fl. 1794DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA 4 multa regulamentar do Regime Automotivo, prevista no artigo 14, Inciso do Decreto 1.863/96, substituído pelo Decreto 2.072/96. São relacionadas as Declarações de Importação cujos valores FOB, em dólar, somam valor igual aquele apurado como equivalente a inadimplência. Para estas DI's, cobrase neste Auto de Infração, os tributos não recolhidos, acrescidos dos juros e multa de oficio. Além disso, cobrase sobre este valor de inadimplência, a multa regulamentar acima informada. A última DI da tabela, de n° 98/00954023, adição 006, escrita em letras itálicas, está sendo cobrada parcialmente, de modo a obter o total de U$ 1.253.237,49 ao se somar seu valor FOB proporcional, com o valor FOB das demais DI's. Quanto as matériasprimas nacionais, analisouse as notas de compra no mercado nacional apresentadas e, não foram consideradas aquelas que não correspondem a mesma matériaprima, ou aquelas que apesar de adquiridas no mercado interno, não são de fabricação nacional. Para algumas matériasprimas a proporção foi atingida; para outras, não houve compra no mercado nacional da mesma matériaprima, sendo cobrado integralmente todas as importações daquela matériaprima, conforme tabela com as matériasprimas importadas, discriminando se a proporção em questão foi atingida. Para a análise das matériasprimas considerouse como sendo a mesma matériaprima, aquela em que pelo menos o CAPÍTULO e SUBCAPÍTULO, ou seja, os 4 primeiros números da NCM constantes da nota fiscal apresentada são iguais aos das matériasprimas importadas. Analisando isoladamente cada matériaprima, os seguintes critérios foram considerados: 1. As notas fiscais de compra no mercado nacional apresentadas para compensar o fluxo de solda, são de outro tipo de solda, mas não fluxo. Ou seja uma não pode substituir a outra. Tratase de um outro processo de soldagem. 2. Para bobinas de aço inox, foram apresentadas notas de compra no mercado nacional de bobinas de aço, mas não inoxidável, o que é totalmente diferente, do ponto de vista técnico, econômico e funcional. 3. Para o lubrificante, existem tipos diferentes, como lubrificantes a base de água e lubrificante a base de álcool. O importado e o comprado no mercado nacional apresentam esta incompatibilidade entre si. 4. Para o inibidor tensoativo e o desoxidante, não foram apresentadas notas de compra no mercado nacional. Para as matériasprimas para as quais não foi atingida a proporção estabelecida na legislação, cobrase impostos que deixaram de ser recolhidos na ocasião da importação, acrescidos dos juros e multa de oficio; além de se exigir a multa regulamentar do Regime Automotivo, prevista no art. 14, inciso III do Decreto 1.863/96, substituído pelo Decreto 2.072/96. Cientificado do auto de infração pessoalmente, em 01/09/2005 (fls. 1), o contribuinte, protocolizou impugnação, tempestivamente, na forma do artigo 15 do Decreto 70.235/72, em 30/09/2005, de fls. 1533 à 1560, instaurando assim a fase litigiosa do procedimento. Na forma do artigo 16 do Decreto 70.235/72 a impugnante alegou resumidamente que: Fl. 1795DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10314.008328/200515 Acórdão n.º 3102001.705 S3C1T2 Fl. 4 5 Para atender as suas finalidades, a Impugnante aderiu aos benefícios veiculados pela Medida Provisória n.° 1.48316, de 5 setembro de 1996, convertida após ulteriores reedições na Lei n.° 9.449, de 14 de março de 1997, firmando para tanto o Termo de Aprovação n.° 114, de16 de setembro de 1996. Com efeito, na mesma data foi expedido o Certificado de Habilitação ao Regime Automotivo MICT/SPI/N.° 114/96, com vigência até 31 de dezembro de 1999. Em 16 de janeiro de 1998, a impugnante firmou o Termo Aditivo n.° 114/1/98, para submeter o sobredito beneficio às inovações do Decreto n.° 2.072, de 14 de novembro de 1996. Com isso, a redução do Imposto de Importação incidente sobre matériasprimas, partes, peças, conjuntos e subconjuntos, acabados e semiacabados, fixouse no patamar de 40% (quarenta por cento). Para fruição do incentivo, a impugnante apresentou trimestralmente e anualmente relatórios parciais e consolidados. O presente lançamento foi confeccionado, exclusivamente, com base na presunção de não cumprimento das condições para fruição do Regime Automotivo, não se podendo negar os vícios que o maculam. Percorrido o prazo de cinco anos, ocorreu a extinção dos respectivos créditos tributários, nos termos do art. 156, inciso V. do CTN. Pois se cronologicamente a última DI glosada foi a registrada sob o n.° 99/00224400/009 em 11/01/1999, até para esta operação, a decadência já havia se consumado quando da confecção do presente Auto de Infração. Em 12/01/2004 já não era mais possível exigir eventual imposto, evidente a consumação do prazo decadencial para a totalidade do crédito tributário ora impugnado, impondose, por conseguinte seu completo cancelamento. Não obstante, é perfeitamente imaginável que uma empresa poderá descumprir o regime no ano de 1997 e adimplilo nos anos de 1998 e 1999. Nesse caso, tendo em vista a obrigatoriedade de entregar relatórios trimestrais parciais e anuais consolidados, bem como as demais informações a que a fiscalização tem acesso, poderia o fisco, já em 1998, cobrar as diferenças entendidas devidas no exercício de 1997. Logo, em 1° de janeiro de 1999 já seria possível aferir que em 1998 a proporção não teria sido atingida. A regulamentação do Regime Automotivo impõe o adimplemento das condições por ano calendário, conforme os artigos 6º e 7º do Decreto n.° 2.072/96. A Lei n.° 9.440 de 14 de março de 1997 não é aplicável à impugnante, pois as disposições legais utilizadas para justificar o lançamento só têm cabimento para empresas estabelecidas nas Regiões Norte, Nordeste e CentroOeste. A impugnante é empresa estabelecida na Região Sudeste. Mesmo que tenha ocorrido mero "equivoco" por parte do Sr. Agente Fiscal, o que é totalmente inescusável, tal fato não pode descaracterizar os requisitos essenciais para a validade do Auto de Infração. No presente caso, a ação fiscal possui dimensões extraordinárias, eis que foi levada a efeito por quase 1 (um) ano, para análise de milhares de documentos e informações e resultou em 6 (seis) volumes de processo. Assim, não há razoabilidade nem proporcionalidade na medida em que impõe à lmpugnante o Fl. 1796DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA 6 exíguo prazo de 30 (trinta) dias para defesa, no grau de detalhe que o assunto demanda, em face de um trabalho fiscal com a aludida envergadura. A opção por concentrar a persecução dos créditos tributários em único ato, além de desarrazoada e desproporcional à estreita via de defesa, encerrou em nítido cerceamento ao amplo direito de defesa, contrariando a Constituição e a Legislação Federal. Em relação aos juros exigidos por meio do lançamento ora questionado, ressalta a impugnante a impossibilidade de prosperar a sua cobrança mediante a utilização da Taxa Selic. O argumento usado na ação fiscal de que um radiador pronto não pode ser considerado insumo para fabricação de radiadores não foi objeto de demonstração pela fiscalização. Para sustentar o lançamento proposto, seria necessário que restasse demonstrado que houve a simples revenda dos radiadores importados, ou que os mesmos não foram objeto de processos produtivos no estabelecimento da impugnante, o que definitivamente não ocorreu. A Lei n.° 9.449/97, não proíbe a importação de "partes, peças, conjuntos e subconjuntos, acabados e semiacabados". Por haver a importação de um radiador, não pode a fiscalização presumir que tal bem não sofrerá qualquer processo produtivo antes de ser destinado aos clientes da impugnante. Na hipótese da presunção não corresponder à verdade, o contribuinte estará à mercê de ato indiscutivelmente arbitrário por parte do Poder Público. A Impugnante fabrica sistemas de refrigeração de motores e sistemas de ar condicionado, dos quais os radiadores fazem parte. Um exemplo é Módulo de Arrefecimentos, cuja fabricação passa pela aplicação dos radiadores importados. O produto vendido só estará acabado após o processo produtivo e mediante aplicação de outras partes e peças. Quanto aos serviços: Pode ser facilmente verificado na amostragem das Notas Fiscais arroladas na ação fiscal que os serviços adquiridos referemse àqueles necessários para a instalação e funcionamento de determinados bens de capital, sem os quais, estes não poderiam atender ao fim a que se destinam. A exclusão não poderia ocorrer tendo em vista o entendimento maciço e pacificado no sentido de que "considerase custo de aquisição todos os gastos relacionados com a aquisição do elemento do ativo imobilizado e os necessários para colocalo em local e condições de uso no processo operacional da companhia”. Quanto aos produtos que supostamente não se enquadram no conceito legal: A fiscalização também excluiu do cômputo dos bens de capital adquiridos algumas notas fiscais, amostragem anexa (doc. 06), por entender que os bens nela relacionados não se enquadrariam no conceito legal de bens de capital. Todavia, os bens adquiridos adequamse perfeitamente ao conceito de bens do ativo permanente estabelecido pela legislação do Imposto de Renda (conforme artigo 301 do Decreto n° 3.000/1999 — RIR 4) e pela Lei das Sociedades por Ações (lei n° 6.40411976), haja vista que o custo unitário dos bens adquiridos é superior a R$ 326,61 (trezentos e vinte e seis reais e sessenta e um centavos) ou possuem vida útil que ultrapassa um ano, sendo destinados à consecução e manutenção das atividades da impugnante. Erro quanto aos bens de capital considerados importados: As Notas Fiscais, além de serem desconsideradas na apuração do total de bens de capital adquiridos pela impugnante, também foram consideradas como representativas das operações de aquisição no mercado nacional de bens de capital importados. Fl. 1797DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10314.008328/200515 Acórdão n.º 3102001.705 S3C1T2 Fl. 5 7 Tal conclusão está baseada em constatações equivocadas. Conforme se verifica dessas notas fiscais, no campo reservado à "Situação Tributária" consta o número "02", com a respectiva correlação nas tabelas A e B dos "Códigos de Situação Tributária". Ocorre que, ao analisar tal documentação, o Sr. Agente Fiscal tomou como base a Tabela de Códigos de Situação Tributária Tabela A, enquanto que o correto seria considerar o segundo digito ("2") na " Tabela B". As operações documentadas por meio de aludidas notas fiscais ocorrem com redução de base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercarias e prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações — ICMS, sendo que o n° 02 que consta no campo reservado à "Situação Tributária" da operação representa exatamente esta situação: mercadoria nacional com redução de base de cálculo. Devese atentar também para o fato de que nas aludidas notas fiscais consta como Código Fiscal de Operações e Prestações — CFOP os códigos 5.11 e 5.13 que representam, respectivamente, "venda de produção do estabelecimento" e "industrialização efetuada para outra empresa", conforme tabela II do Anexo VIII do Decreto n° 33.118/1991. Ou seja, nenhum dos CFOPs representam venda de bens adquiridos do exterior. Equivocada a conclusão a que chegou a fiscalização, uma vez que é evidente que os aludidos bens de capital adquiridos no mercado nacional não possuem origem estrangeira. Erro quanto ao critério para definição do momento de aquisição: Ao analisar a proporção estabelecida em lei para o ano de 1998, o Sr. Agente Fiscal desconsiderou determinadas notas fiscais, amostragem anexa (doc. 08), sob a alegação de que estas se referem a "aquisições fora do ano em análise". No entanto, em que pese a emissão dessas Notas Fiscais pelas empresas vendedoras terem ocorrido no final do ano de 1997 (dezembro de 1997), a entrega de referidos bens, e a respectiva entrada destes no estabelecimento da Impugnante, com a sua integralização no ativo imobilizado (da impugnante) ocorreu em 1998 (ano em análise). Exigência quanto aos insumos: A impugnante também não concorda com a posição encampada pela fiscalização, especialmente em relação a desqualificação motivada por suposta diferença entre as mercadorias importadas e as nacionais. As justificativas apresentadas para diferenciar os insumos apontadas no relatório da ação fiscal, exclusivamente, do juízo idealizado pelo Sr. Auditor, ignorando o fato de existir entre elas similitude suficiente para o atendimento das finalidades da Lei n.° 9.449/97. Impossibilidade de aplicação de multa com caráter confiscatório: É nítido o efeito confiscatório das multas, na forma como imposta pela fiscalização considerando que chegam a atingir valores exorbitantes. Pelo exposto, a impugnante requer a improcedência do Auto de Infração lavrado, seja pelas preliminares declinadas, seja porque no mérito os tributos lançados não são devidos, cancelando se, assim, o lançamento tributário nele veiculado. Através da Resolução nº 912 de 17/12/2009, a 1ª turma da Delegacia Regional de Julgamento – DRJ/SPOII resolveu converter o julgamento em diligência, propondo a realização de perícia na empresa impugnante, por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, para a resposta de quesitos elaborados. Fl. 1798DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA 8 Regularmente intimada, a empresa autuada prestou os esclarecimentos que julgou necessários. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 02/04/1997 Regime Automotivo. Insumos serão todos os elementos que participarão da confecção de um radiador. Portanto, um radiador pronto não pode ser considerado insumo para fabricação de radiadores. Exclusão de valores de insumos que desobedeceram o procedimento estabelecido na legislação aplicável, Decreto n.° 2.072/96. Só é possível a Receita Federal do Brasil RFB empreender sua análise após o encerramento formal do programa. O termo “a quo” para a contagem do prazo decadencial seria o primeiro dia do exercício seguinte, conforme artigo 173, I do Código Tributário Nacional. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a empresa apresenta Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Considera ter ocorrido a extinção do direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário lançado no Auto de Infração. Argumenta que quanto “registrou as Declarações de Importação (“DI”) glosadas, informando ao Fisco todos os dados necessários para a constituição do crédito tributário, inclusive PROMOVENDO O PAGAMENTO DOS IMPOSTOS FEDERAIS NOS MONTANTES DEVIDOS e o consecutivo desembaraço aduaneiro dos insumos e bens de capital importados, fez deflagrar, inexoravelmente, o prazo decadencial para constituição de eventual crédito tributário que se entendesse devido”. Assim, como a última Declaração de Importação foi registrada em 30 de janeiro de 1998, está decaído o direito de constituir a integralidade do crédito relacionado às importações objeto da autuação. Cita jurisprudência deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e do Superior Tribunal de Justiça corroborando seu entendimento. Apresenta decisão tomada em Recurso Repetitivo. Acrescenta que o Regime Automotivo é incentivo de trato sucessivo, renovandose a cada ano. Assim, considera que o cumprimento do Regime se dá por ano calendário. Reitera que o Auto de Infração deve ser declarado nulo por lhe faltar requisito essencial, na medida em que baseouse em disposições legais – Lei 9.440/97 – aplicáveis apenas às empresas estabelecidas na Região Norte, Nordeste e CentroOeste. No mérito, inicia pela sustentação de que não estava mais obrigada a guardar os documentos requeridos pela Fiscalização Federal, na medida em que a decadência já se havia operado. Nestes termos, entende não haver “como se aceitar as alegações de suposta não demonstração do cumprimento do Regime Automotivo [...].” Também considera improcedente a exigência quanto aos radiadores importados, pela impossibilidade de que o lançamento seja efetuado com base em presunção. Assim entende por que “para sustentar o lançamento proposto, seria necessário que restasse demonstrada a simples revenda dos radiadores importados, ou que os mesmos não foram Fl. 1799DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10314.008328/200515 Acórdão n.º 3102001.705 S3C1T2 Fl. 6 9 objetos de processos produtivos no estabelecimento da Recorrente, o que definitivamente não ocorreu”. A esse respeito, acrescenta que a afirmação, de lavra da Fiscalização Federal, de que as atividades da Recorrente se limitam à fabricação de radiadores está equivocada. Segundo informa, fabrica sistemas de ar condicionado e refrigeração de motores de veículos automotivos e os radiadores importados são utilizados no processo produtivo desses bens. Defende ter cumprido a proporção estabelecida no Regime entre bens de capital importados e adquiridos no mercado interno. Argumenta que o conceito de bens de capital é abrangente, ao contrário de como entendeu a decisão recorrida. Quanto a isso, defende que não podem ser excluídos do cálculo os valores das Notas Fiscais de serviços de terceiros, como fez a Fiscalização. Argumenta que “considerase custo de aquisição todos os gastos relacionados com a aquisição do elemento do ativo imobilizado e os necessários para colocálo em local e condições de uso no processo operacional da companhia. Assim, o custo de aquisição dos elementos do ativo imobilizado deve incluir além do valor do elemento em si, os fretes, seguros, impostos, comissões, desembaraço alfandegário, custos com escritura e outros serviços legais, bem como os custos de instalação e armazenagem”. Acrescenta que, ao contrário de como entendeu a Delegacia da Receita Federal de Julgamento, fez prova de que os serviços eram necessários para instalação e funcionamento dos bens de capital. Cita e transcreve jurisprudência. Também entende que as ferramentas adquiridas não podem ser excluídas do cálculo, por trataremse, conforme disposição do artigo 2º do Decreto 2.072/96, Pronunciamento Técnico 27 e Decreto nº. 3.000/99, de materiais incluídos no conceito de bens de capital. Quanto à glosa de Notas Fiscais consideradas pelo Fisco como referindose a mercadoria de origem estrangeira, assevera que todas as Notas com código CST iniciado pelo número zero devem ser incluídas, pois referemse a mercadorias de origem nacional, conforme nota explicativa do Anexo ao Convênio s/nº de 15 de dezembro de 1970. Outrossim, que todos os fornecedores correspondentes estão estabelecidos em território nacional. Ainda a esse respeito, que, por força do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, mesmo que se tratassem de bens de origem estrangeira, adquiridos no mercado nacional, não poderiam ser desconsiderados do cálculo. Que houve erro em relação ao critério para definição do momento de aquisição no cálculo da proporção estabelecida em lei para o ano de 1998, pois embora as notas fiscais tenham sido emitidos no final do ano de 1997, os bens somente foram entregues e deram entrada no estabelecimento no ano de 1998. Cita disposição legal contida nos Decretos nº 1.863/96 e 2.072/96. Também insurgese quanto à decisão de que não exista correlação ou compatibilidade entre parte dos insumos importados e os insumos nacionais. Fl. 1800DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA 10 Cita Parecer PGFN/CAT nº 540/04, da Procuradoria da Fazenda Nacional, no qual esclarece que o a legislação do Regime Automotivo deve ser aplicada considerandose sua finalidade políticoeconômica – interpretação teleológica. Com base nisso, defende que “considerando que um dos objetivos do Regime Automotivo foi de substituir os insumos e bens de capital importados por substitutos nacionais, deve a interpretação da similaridade entre insumos nacionais e importados se restringir ao papel desempenhado por cada insumo no processo produtivo”. E acrescenta, Não obstante a similitude entre os insumos nacionais e os importados, fato é que tais compras no mercado interno, fomentaram a indústria nacional, ou seja, atenderam ao objetivo do legislador quando estipulou a obrigatoriedade de uma proporção entre as aquisições no mercado interno e externo. Descabimento da exigência de impostos e multa por falta de pagamento. Argumenta que, no caso de descumprimento das proporções, a legislação prevê especificamente a aplicação de multa nos percentuais de 70% e 60% sobre o valor FOB das mercadorias, sem fazer qualquer menção à cobrança de impostos e aplicação de multa de 75%. Cita Parecer Cosit nº 13/04 e Parecer PGFN/CAT nº 540/04 a confirmar seu entendimento, assim como jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e de Delegacias da Receita Federal de Julgamento. Por fim, protesta contra a incidência dos juros de mora sobre o valor da multa lançada. Considera, também, que a multa aplicada tem caráter confiscatório. Outrossim, ter havido bis in idem pela aplicação de duas multas a um mesmo fato. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do Recurso. A Recorrente argui preliminar de decadência do direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário lançado no Auto de Infração. Considera que ao registrar as Declarações de Importação, inclusive pagando os tributos federais nos montantes devidos, fez deflagrar o prazo decadencial. Assim, como a última Declaração de Importação foi registrada em 30 de janeiro de 1998, estaria decaído o direito de constituir a integralidade do crédito relacionado às importações objeto da autuação. Não comungo da opinião da Recorrente. Embora nos casos de lançamento por homologação o início do prazo de decadência se inicie na data do fato gerador correspondente, entendo que esse critério é somente aplicável à revisão do lançamento em si, e não quando a ação fiscal destinase a verificar o adimplemento de um compromisso com termo final ocorrido anos depois das importações realizadas. Fl. 1801DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10314.008328/200515 Acórdão n.º 3102001.705 S3C1T2 Fl. 7 11 O adimplemento de boa parte dos compromissos assumidos pelas empresas beneficiadas pelo Regime Automotivo somente pode ser verificado quando encerrado o Programa, anos depois da efetivação das operações de importação. Assim, a meu ver, não há por que se falar em início do prazo de decadência do direito da Fazenda Pública constituir o crédito enquanto não for possível determinar se os tributos são ou não devidos. Noutro giro, é fato que alguns dos compromissos assumidos pelas empresas que aderem ao Programa são anuais e, por conseguinte, seu adimplemento pode ser atestado ao final de cada ano do Programa. Nestes casos, embora a decadência não obedeça ao critério próprio do lançamento por homologação (cinco anos contados da data de ocorrência do fato gerador), também não se inicia somente no ano seguinte ao da conclusão do Programa como um todo, mas no ano seguinte àquele em que o adimplemento do compromisso já poderia ter sido verificado e o crédito tributário correspondente, se devido, lançado. Esse é o caso das duas proporções que a Fiscalização Federal considerou não terem sido atingidas. Depreendese do Auto de Infração que a proporção de bens de capital foi atingida nos anos de 1996, 1997 e1999, e não foi atingida no ano de 1998. Em relação à proporção definida para materiaisprimas, a teor da transcrição abaixo, extraído da Descrição dos Fatos do Auto de Infração, foram investigados os anos de 1997 e 1998. Por fim, em relação à análise da proporção de matéria prima, primeiramente transcreveremos o artigo 7° do Decreto 2.072/96, que substitui o mesmo artigo do Decreto 1.863/96: "Art. 7º A proporção entre as aquisições de cada matériaprima produzida no pais e as importações da mesma matériaprima com redução do imposto de importação deverá ser, no mínimo, por ano calendário, de um por um." As importações analisadas aqui são as de 1997 e 1998. A seguir apresentamos as importações de matériaprima, já agrupadas por tipo, com seus totais. Em ambos os casos, as importações mais recentes foram realizadas no ano de 1998. Tratandose de proporção que deve ser atingida anualmente, o lançamento do crédito tributário já poderia ter sido realizado no ano de 1999, quando já era possível conferir se o resultado fora atingido. Portanto, o prazo decadencial iniciase em janeiro do ano 2000 (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito já poderia ter sido constituído) e se encerra no dia 31 de dezembro de 2004. Tendo sido dada ciência ao contribuinte no dia 1º de setembro do ano de 2005, não vejo outra possibilidade, se não reconhecer que o direito de constituir o crédito tributário decorrente da inobservância das proporções já havia decaído na data da lavratura do Auto de Infração. Há ainda uma parcela do crédito tributário constituída pela importação indevida de radiadores como se insumo fossem. Vejase como descreve a Fiscalização Federal. De posse das Declarações de Importação, analisamos as importações com o objetivo de classificálas em bens de capital, autopeças e matériasprimas. Nesta ocasião, apuramos que a empresa, que é fabricante de radiadores, efetuou Fl. 1802DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA 12 importações de radiadores prontos, beneficiandose indevidamente das reduções previstas no Regime Automotivo. Ao amparo do Decreto 1.863/96, revogado e substituído pelo Decreto 2.072/96, verificamos que o conceito legal de insumos 6: "Insumos: matériaprimas, partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semiacabados, e pneumáticos, destinados aos produtos relacionados no inciso IV;"(O inciso IV lista veículos, tratores, carroçarias, reboques, e veículos equivalentes). Para uma empresa que é fabricante de radiadores, insumos serão todos os elementos que participarão da confecção de um radiador; quer seja sendo consumido no processo de fabricação, quer seja sendo empregado na forma como se apresenta. Portanto, um radiador pronto não pode ser considerado insumo para fabricação de radiadores. Sendo assim, procedemos a exclusão das importações de radiadores prontos do programa do Regime Automotivo, lançando neste Auto de Infração os tributos que deixaram de ser recolhidos na ocasião da importação, acrescidos de multa de oficio e juros. Também neste caso, a verificação da regularidade da operação encontrase complemente dissociada do compromisso assumido pela empresa ao aderir ao Regime Automotivo. Com efeito, a verificação da natureza das mercadorias adquiridas pela empresa, com vistas a atestar sua compatibilidade com as prescrições próprias do Regime, é matéria que pode ser investigada desde o momento da importação correspondente. Segundo consta nos autos, a última importação de radiadores aconteceu em 11 de janeiro de 1999. A extinção do direito à constituição do crédito tributário correspondente neste caso, ocorreu em 11 de janeiro de 2004. De se acrescentar que ainda que assim não fosse, o Auto de Infração não teria melhor sorte. Conforme dispõe a legislação do Regime Automotivo, entendimento corroborado pela Procuradoria da Fazenda Nacional por meio do Parecer PGFN/CAT nº 540/04, no caso de inobservância dos limites, proporções e índices definidos na Lei 9.449/97, aplicase a multa prevista no artigo 13 da Lei, não devendo ser exigidos os tributos que deixaram de ser pagos. Disso decorre que também o prazo definido no Decretolei 37/66 deve ser observado. A seguir, transcrição obtida do Decreto 4.543/02 – Regulamento Aduaneiro. Art. 669. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, a contar da data da infração (Decretolei nº 37, de 1966, art. 139). A esse respeito, é preciso registrar que não há motivos para objetar o entendimento encontrado na doutrina e na jurisprudência de que a decadência é assunto reservado à lei complementar, conforme faz menção expressa o artigo 146 da Constituição Federal. Contudo, o que merece ser considerado é o fato de o Decretolei 37/66 ter sido promulgado em data anterior à Constituição Federal, dando margem à interpretação de que o mesmo foi por ela recepcionado e, assim, promovido, ainda que apenas neste particular, ao status de Lei Complementar. A despeito de qualificada jurisprudência orientando em sentido contrário, a meu ver, a mais robusta indicação do efeito das disposições contidas na Constituição Federal sobre a legislação sub examine encontrase precisamente na legislação editada pelo Poder Executivo. O Decreto 4.543/02 (Regulamento Aduaneiro), editado com o objetivo de compilar a legislação que regula as ações praticadas em operações de comércio exterior, Fl. 1803DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10314.008328/200515 Acórdão n.º 3102001.705 S3C1T2 Fl. 8 13 empreendimento que não se realiza sem a integração de todo o arcabouço legislativo que alcança os fatos jurídicos tutelados, fixou claro entendimento de que o prazo estipulado no Decretolei 37/66 para a constituição do crédito tributário decorrente de infrações está em pleno vigor, devendo ser observados pelos operadores do direito. Ante tais circunstâncias, mais do que indevida, a inobservância dessas disposições pareceme ir de encontro à proibição contida no Regimento Interno deste Colegiado, vedando ao Conselheiro a decisão de deixar de aplicar a lei ou decreto sob fundamento de inconstitucionalidade. Por todo o exposto, considero integralmente decaído o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário do presente Auto de Infração. VOTO POR DAR INTEGRAL provimento ao Recurso Voluntário. Sala de Sessões, 29 de janeiro de 2013. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Relator. Fl. 1804DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 21/03/2013 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 10384.720720/2011-42
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2006
DA REVISÃO DO LANÇAMENTO - ERRO DE FATO. O lançamento deverá ser revisto, de ofício, quando caracterizada a ocorrência de erro de fato na área total do imóvel, informada na declaração anual do ITR Recurso provido.
Numero da decisão: 2202-001.915
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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O lançamento deverá ser revisto, de ofício, quando caracterizada a ocorrência de erro de fato na área total do imóvel, informada na declaração anual do ITR Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Julianna Bandeira Toscano, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Junior, Odmir Fernandes e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Relatório Em desfavor do contribuinte, ÂNGELA MARIA DE CARVALHO MELO CAVALCANTI SILVA, foi lavrada Notificação de Lançamento de fls. 01/06, mediante a qual se exige a diferença de Imposto Territorial Rural — ITR, no montante de R$10.153.015,80, referente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), exercício de 2006, acrescido de multa lançada (75%) e juros de mora, tendo como objeto o imóvel denominado “Santa Rita Data Santa Isabel” cadastrado na RFB sob o nº 5.309.5669, com área declarada de 24.884,8 ha, localizado no Município de Teresina/PI. Por não ter sido apresentado qualquer documento de prova, e procedendose a análise e verificação dos dados constantes da DITR/2006, a fiscalização resolveu alterar o VTN declarado de R$0,00, em face da ausência de avaliação, arbitrando o valor de R$22.513.278,56 (R$904,70/ha), com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), instituído pela Receita Federal, com consequente aumento do VTN tributável, e disto resultando imposto suplementar de R$4.502.645,71, conforme demonstrado às fls. 07. Cientificada do lançamento, em 01.11.2011, às fls. 12, ingressou a contribuinte com sua impugnação de fls. 13/26, instruída com os documentos de fls. 27/46, alegando e solicitando o seguinte, em síntese: afirma que o imóvel, na época da autuação, não tem qualquer benfeitoria, e que foi vendido em 20.02.1999, ao Srº Pedro Rocha Portela, CPF 227.578.80349, conforme contrato anexo, em processo de transferência; afirma, também, que não recebeu notificação da Receita dando ciência da necessidade de apresentar comprovação do VTN declarado, presumindo eventual extravio no serviço de correios, pois não recebeu a correspondência indicada pela autoridade fiscal em seu endereço; esclarece que a intimação para comprovar o VTN também não consta da caixa de mensagens constante no sítio da Receita Federal, conforme documento em anexo; salienta que, independentemente da expedição da intimação ou mesmo do seu efetivo recebimento, resta absolutamente injusto e exorbitante o arbitramento realizado, por se apresentar fora da realidade do preço normal de mercado e em manifesta ofensa ao princípio da capacidade contributiva e se mantido o lançamento, resta absolutamente impossível de ser adimplido; informa que houve lançamento em três exercícios (2006, 2007 e 2008) e que somados teria uma dívida com o fisco da ordem de mais de R$30.000.000,00 em relação a um imóvel que não vale R$100.000,00 e que essa circunstância fática, vinculada a verdade real, impõe revisão do lançamento; registra lição de doutrinador de que a faculdade de arbitramento outorgada pela lei “não se confunde com a pura e simples arbitrariedade, incompatível com os critérios que presidem a atuação dos órgãos da Administração fazendária”, sendo certo que o sujeito passivo poderá contestar o arbitramento e realizar avaliação contraditória tanto no âmbito administrativo quanto no âmbito judicial; Fl. 125DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10384.720720/201142 Acórdão n.º 220201.915 S2C2T2 Fl. 2 3 discorre sobre o devido processo legal, registrando que o art. 148 do CTN deixa expresso que a autoridade lançadora realizará o arbitramento em um processo regular, que compreende um procedimento disciplinado em lei, com as garantias inerentes ao contraditório: direito de defesa, com a possibilidade de ser feita prova do alegado; considera que o arbitramento, sob pena de nulidade, precisa respeitar todos os princípios constitucionais que asseguram a tributação de acordo com a capacidade econômica do contribuinte, não podendo ser realizado sob o prisma da conveniência e oportunidade da autoridade administrativa, inviabilizando o regular adimplemento da obrigação do contribuinte; cita doutrinadores e conclui que existe uma discricionariedade muito reduzida nas escolhas das bases de cálculo, uma vez que tais escolhas estarão necessariamente vinculadas ao princípio da capacidade contributiva e ao valor real do fato gerador, no caso o VTN; salienta que em atenção ao fato vinculado de que o arbitramento não é absoluto e permite, em respeito ao “processo regular” a comprovação do valor real do bem, apresenta 03 (três) Laudos de Avaliação do Imóvel, comprovando o valor real de mercado nos dias de hoje, que apresenta perfeita consonância com o valor declarado, o que impõe a reformulação do arbitramento realizado, para manter o valor declarado; menciona que, em caráter ilustrativo e exemplificativo, a Lei Ordinária nº 5.966, de 13 de janeiro de 2010, do Estado do Piauí, conforme cópia em anexo, que dispo sobre a regularização fundiária do Cerrado Piauiense, a área rural de maior valor econômico das terras no Estado, em seu art. 9º, fixa o preço da terra nua no valor de R$250,00/ha, e atribui 80% de desconto para pagamento à vista; considera que o fato de existir omissão do contribuinte, nem sempre justifica a realização do lançamento por arbitramento, que deve apenas ocorrer quando, dento do “processo regular”, não existirem elementos capazes de quantificar o valor exato do crédito, e cita e transcreve ementa de Decisão Judicial para referendar seus argumentos; considera, ainda, que o processo administrativo tributário é regido pelo princípio da verdade real, devendo a autoridade fiscal buscar todas as provas e circunstâncias para, sem apego a formalidades excessivas, estabelecer a verdade material e o interesse públic definido em lei e, no caso, atendendo o valor real do bem ora comprovado e em respeito à capacidade contributiva, citando doutrina e jurisprudência sobre o tema; entende que a DRF/Teresina possuía condições materiais de proceder à aferição do crédito ora em apreço, fazendo o por meio das informações prestadas em demonstrativo da impugnante, das declarações fiscais já transmitidas (ITR) ou dos Laudos de Avaliações ora apresentados, os quais demonstram o valor real do bem, em dias atuais; pelo exposto e argumentado suplica para que seja conhecida e provida a impugnação, reformando se o arbitramento atacado,para, com supedâneo no princípio da verdade real e da capacidade contributiva, manter o valor da terra nua declarado, ou, em pedido sucessivo, proceda com arbitramento em valor não superior a 50% da média das avaliações apresentadas, considerando sua contemporaneidade e eventual valorização do período que vai do exercício declarado e data da avaliação. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 A DRJ Brasilia ao apreciar as razões do contribuinte, julgou a impugnação improcedente, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2006 DO PROCEDIMENTO FISCAL Contendo a Notificação de Lançamento todos os requisitos obrigatórios previstos no Processo Administrativo Fiscal (PAF) e tendo sido o procedimento fiscal instaurado em conformidade com as normas e os princípios constitucionais vigentes, possibilitando a contribuinte exercer plenamente o seu direito de defesa, não há que se falar em qualquer irregularidade que macule o lançamento (Nulidade). DO VALOR DA TERRA NUA (VTN) SUBAVALIAÇÃO Deve ser mantido o VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, por falta de documentação hábil (Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, em consonância com as normas da ABNT NB 14.6533), demonstrando, de maneira convincente, o valor fundiário do imóvel, a preço de mercado, à época do fato gerador do imposto, e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do VTN em questão. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a interessada interpõe recurso voluntário, onde indica que teria ocorrido um erro de fato que deu causa no que se refere ao valores lançados. O referido erro consubstanciouse na área tributária do imóvel, no lugar de 24.884,8 hectares, o correto seria 24.88.48 hectares (vinte e quatro hectares, oitenta e oito ares e quarenta e oito containers). É o relatório. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10384.720720/201142 Acórdão n.º 220201.915 S2C2T2 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Em seu recurso a contribuinte aponta que teria cometido um erro no preenchimento da DITR. Em face dos elementos presentes nos autos não resta dúvida que o erro está demonstrado. O contribuinte alega que a área total correta da propriedade de 24.88.48 hectares (vinte e quatro hectares, oitenta e oito ares e quarenta e oito containers) foi informada erroneamente na DITR como 24.884,8 hectares, por erro de digitação. Em princípio, a aceitação da pretendida área total de 24.88.48 ha estaria prejudicada pela modalidade de lançamento do ITR, autolançamento, e por ter sido apresentada somente após o início do procedimento de ofício. Entretanto, quando argüida pelo contribuinte na fase de recurso, a hipótese de erro de fato deve ser analisada, observando se aspectos de ordem legal. Caso fosse negada essa oportunidade ao contribuinte, estaria sendo ignorado um dos princípios fundamentais do Sistema Tributário Nacional, qual seja, o da estrita legalidade e, como decorrência, o da verdade material. Porém, na hipótese levantada, o lançamento regularmente impugnado somente poderá ser alterado, nos termos do art. 145, inciso I, do CTN, em caso de evidente erro de fato, devidamente comprovado através de provas documentais hábeis e idôneas, previstas na Norma de Execução Cofis nº 003/2006. No presente caso, o contribuinte também anexou aos autos cópia da escritura, declaração de adquirente e contrato de venda Diante dos elementos de prova apresentado, firmase neste julgador a convicção que efetivamente ocorreu um erro do preenchimento da declaração, cabendo reconhecer as sua alteração. Com a mudança da área total de 24.884,8 há para 24.88.48 ha (vinte e quatro hectares, oitenta e oito ares e quarenta e oito containers), o lançamento é prejudicado, afastando qualquer imputação a recorrente. Ante ao exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 128DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Fl. 129DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 15586.001034/2008-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Data do fato gerador: 07/08/2008
AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ART. 32, IV DA LEI Nº 8212/91.
Constitui infração às disposições inscritas no inciso IV do art. 32 da Lei n° 8212/91 a entrega de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol,
produção rural), sujeitando o infrator à multa prevista na legislação previdenciária.
ALIMENTAÇÃO. PARCELA FORNECIDA IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
De acordo com o disposto no Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011, a reiterada jurisprudência do STJ é no sentido de se reconhecer a não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação in natura fornecida aos segurados. Tendo sido o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011 objeto de Ato Declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional, urge serem observadas as disposições inscritas no art. 26A, §6º, II, “a” do Decreto nº 70.235/72, inserido pela Lei nº 11.941/2009.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ASSISTÊNCIA PRESTADA POR SERVIÇO MÉDICO OU ODONTOLÓGICO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.
O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico hospitalares e outras similares, somente será excluído da base de incidência das contribuições previdenciárias, se e somente se a cobertura abranger a
totalidade dos empregados e dirigentes da empresa.
AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8212/91.
RETROATIVIDADE BENIGNA.
As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91.
Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada.
Recurso Voluntário Provido em parte.
Numero da decisão: 2302-001.688
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em conceder provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória nº 449/2008, mais precisamente o art. 32A,
inciso II da Lei nº 8.212/91, que na conversão pela Lei nº 11.941/2009, foi renumerado para o art. 32A, inciso I da Lei nº 8.212/91. Também deve ser excluída a parcela referente à cesta básica.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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ementa_s : OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 07/08/2008 AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ART. 32, IV DA LEI Nº 8212/91. Constitui infração às disposições inscritas no inciso IV do art. 32 da Lei n° 8212/91 a entrega de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural), sujeitando o infrator à multa prevista na legislação previdenciária. ALIMENTAÇÃO. PARCELA FORNECIDA IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. De acordo com o disposto no Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011, a reiterada jurisprudência do STJ é no sentido de se reconhecer a não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação in natura fornecida aos segurados. Tendo sido o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011 objeto de Ato Declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional, urge serem observadas as disposições inscritas no art. 26A, §6º, II, “a” do Decreto nº 70.235/72, inserido pela Lei nº 11.941/2009. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ASSISTÊNCIA PRESTADA POR SERVIÇO MÉDICO OU ODONTOLÓGICO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico hospitalares e outras similares, somente será excluído da base de incidência das contribuições previdenciárias, se e somente se a cobertura abranger a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. Recurso Voluntário Provido em parte.
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CFL 68. ART. 32, IV DA LEI Nº 8212/91. Constitui infração às disposições inscritas no inciso IV do art. 32 da Lei n° 8212/91 a entrega de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural), sujeitando o infrator à multa prevista na legislação previdenciária. ALIMENTAÇÃO. PARCELA FORNECIDA IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. De acordo com o disposto no Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011, a reiterada jurisprudência do STJ é no sentido de se reconhecer a não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação in natura fornecida aos segurados. Tendo sido o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011 objeto de Ato Declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, urge serem observadas as disposições inscritas no art. 26A, §6º, II, “a” do Decreto nº 70.235/72, inserido pela Lei nº 11.941/2009. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ASSISTÊNCIA PRESTADA POR SERVIÇO MÉDICO OU ODONTOLÓGICO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico hospitalares e outras similares, somente será excluído da base de incidência das contribuições previdenciárias, se e somente se a cobertura abranger a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. Recurso Voluntário Provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em conceder provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória nº 449/2008, mais precisamente o art. 32A, inciso II da Lei nº 8.212/91, que na conversão pela Lei n º 11.941/2009, foi renumerado para o art. 32A, inciso I da Lei nº 8.212/91. Também deve ser excluída a parcela referente à cesta básica. Marco André Ramos Vieira Presidente. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco André Ramos Vieira (Presidente de Turma), Manoel Coelho Arruda Junior (Vicepresidente de turma), Liége Lacroix Thomasi, Adriana Sato, Eduardo Augusto Marcondes de Freitas e Arlindo da Costa e Silva. Ausência momentânea: Eduardo Augusto Marcondes de Freitas Relatório Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004. Data da lavratura do AIOA: 07/08/2008. Data da Ciência do AIOA: 07/08/2008. Tratase de auto de infração decorrente do descumprimento de obrigações acessórias previstas no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, lavrado em desfavor do Recorrente em virtude de esta, por se declarar optante do SIMPLES, ter deixado de informar em GFIP, no período de janeiro a dezembro de 2004, as contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações pagas a título de alimentação in natura e assistência médica a segurados empregados em desacordo com a legislação de regência, e de horas extras, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 17/20. CFL 68 Fl. 2DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001034/200811 Acórdão n.º 230201.688 S2C3T2 Fl. 138 3 Apresentar a empresa GFIP/GRFP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural) – Art. 284, II na redação do Dec.4.729, de 09/06/2003. A multa aplicada corresponde a 100% do valor das contribuições previdenciárias devidas e não declaradas em GFIP, relativas aos fatos geradores descritos no parágrafo precedente, apurados pela fiscalização, consoante critério pormenorizado no Relatório Fiscal de Aplicação da Multa a fls. 16 e anexo VI a fl. 47. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 53/56. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I/RJ lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão fls. 115/120, julgando procedente a autuação levada a efeito pela autoridade fiscal e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 30/12/2008, conforme Aviso de Recebimento a fl. 123. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 126/134, respaldando sua inconformidade em argumentação desenvolvida nos seguintes elementos: • Que não integram a GFIP os valores correspondentes ao auxílio alimentação porque tais parcelas não tem natureza salarial e, portanto, sobre elas não incide a contribuição previdenciária exigida pelo Fisco. • Que o valor da alíquota aplicada é excessivo e flagrantemente inconstitucional. Ao fim, requer a declaração de insubsistência do lançamento. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Voto Fl. 3DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 30/12/2008. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 29/01/2009, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. Ante a inexistência de questões preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 2. DO MÉRITO Cumpre, de plano, assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente contestadas pelo Recorrente, as quais se presumirão verdadeiras. 2.1. DA CONDUTA INFRACIONAL Louvouse a autuação fiscal sub examine na infração perpetrada pelo Recorrente às obrigações acessórias assentadas no art. 32, IV da Lei nº 8.212/91, as quais fincam os deveres instrumentais do sujeito passivo de arrecadar, mediante desconto das respectivas remunerações, a contribuição previdenciária a que se refere o art. 20 do mesmo diploma legal, cargo dos segurados empregados, e de recolhêlas no prazo legal. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528/97) (...) §4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: (Parágrafo e tabela acrescentados pela Lei nº 9.528/97). 0 a 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo Fl. 4DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001034/200811 Acórdão n.º 230201.688 S2C3T2 Fl. 139 5 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo §5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). No mesmo sentido, assim dispõem os artigos 225, IV e 284, II do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. Regulamento da Previdência Social. Art. 225. A empresa é também obrigada a: (...) IVinformar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto; Art. 284. A infração ao disposto no inciso IV do caput do art. 225 sujeitará o responsável às seguintes penalidades administrativas: (...) II cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no inciso I, pela apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores, seja em relação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção ou substituição, quando se tratar de infração cometida por pessoa jurídica de direito privado beneficente de assistência social em gozo de isenção das contribuições previdenciárias ou por empresa cujas contribuições incidentes sobre os respectivos fatos geradores tenham sido substituídas por outras; e (Redação dada pelo Decreto nº 4.729/2003) Diante dos aludidos dispositivos, exsurge, como decorrência lógica que, tanto a obrigação acessória ora infringida quanto a penalidade pecuniária associada ao seu descumprimento objetivo, encontramse, de fato, prevista na Lei de Custeio da Seguridade Fl. 5DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 Social, cumprindo assim as formalidades exigidas pelo Código Tributário Nacional, no âmbito de competência que lhe foi outorgado pela Carta Magna Brasileira, sendo, por conseguinte, de observância obrigatória pelo sujeito passivo. Nessa vertente, no curso dos procedimentos de fiscalização, contatou a autoridade fiscal que o contribuinte ora recorrente não houvera declarado em GFIP as parcelas de remuneração auferidas por segurados empregados a título de alimentação e assistência médica pagas em desacordo com a legislação que rege a matéria. Dessarte, fruto de tais considerações, restou detalhadamente demonstrado que a imputação in comentum resultou de procedimentos administrativos conduzidos em perfeita sintonia com os comandos constitucionais e legais vigentes no Ordenamento Jurídico, impondose salientar não haver sido detectado qualquer vício, de jaez formal ou material, que possa macular o lançamento operado pela fiscalização. 2.2. DA ABRANGÊNCIA DO CONCEITO LEGAL DE SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Alega o Recorrente que não integram a GFIP os valores correspondentes ao auxílioalimentação porque tais parcelas não tem natureza salarial e, portanto, sobre elas não incide a contribuição previdenciária exigida pelo Fisco. Cumpre, de plano, destacar que o presente processo referese a Auto de Infração lavrado em desfavor do Recorrente em razão de este ter deixado de informar em GFIP as parcelas de remuneração auferidas por segurados empregados a título de alimentação e assistência médica, pagas em desacordo com a legislação de regência. Grassa no seio dos que operam no mètier do Direito do Trabalho a serôdia ideia de que a remuneração do empregado é constituída, tão somente, por verbas representativas de contraprestação de serviços efetivamente prestados pelos empregados. A retidão de tal concepção poderia até ter sua primazia aferida ao tempo da promulgação do DecretoLei nº 5.452 (nos idos de 1943), que aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO CLT Art. 457 Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) §1º Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) §2º Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinquenta por cento) do salário percebido pelo empregado. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) §3º Considerase gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" Fl. 6DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001034/200811 Acórdão n.º 230201.688 S2C3T2 Fl. 140 7 que a empresa, por forca do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) § 1º Os valores atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do saláriomínimo (arts. 81 e 82). (Incluído pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante segurosaúde; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) V – seguros de vida e de acidentes pessoais; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) VI – previdência privada; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) VII – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) § 3º A habitação e a alimentação fornecidas como salárioutilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do saláriocontratual. (Incluído pela Lei nº 8.860, de 24.3.1994) §4º Tratandose de habitação coletiva, o valor do salárioutilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de cohabitantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família. (Incluído pela Lei nº 8.860/94) Todavia, como bem professava Heráclito de Ephesus, há 500 anos antes de Cristo, Nada existe de permanente a não ser a eterna propensão à mudança. O mundo evolui, as relações jurídicas se transformam, acompanhando..., os conceitos evolvemse... Nesse compasso, a exegese das normas jurídicas não é, de modo algum, refratária a transformações. Ao contrário, tais são exigíveis. A sucessiva evolução na interpretação das normas já positivadas ajustaas à nova realidade mundial, resgatandolhes o alcance visado pelo legislador, mantendo dessarte o ordenamento jurídico sempre espelhado às feições do mundo real. Hodiernamente, o conceito de remuneração não se encontra mais circunscrito às verbas recebidas pelo trabalhador em razão direta e unívoca do trabalho por ele prestado ao empregador. Se assim o fosse, o décimo terceiro salário, as férias, o final de semana remunerado, as faltas justificadas e outras tantas rubricas frequentemente encontradas nos contracheques não teriam natureza remuneratória, já que não representam contraprestação por serviços executados pelo obreiro. Paralelamente, as relações de trabalho hoje estabelecidas tornaramse por demais complexas e diversificadas, assistimos à introdução de novas exigências de Fl. 7DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 exclusividade e de imagem, novas rubricas salariais foram criadas para contemplar outras prestações extraídas do trabalhador que não o suor e o vigor dos músculos. Esses ilustrativos, dentre tantos outros exemplos, tornaram o ancião conceito jurídico de remuneração totalmente démodé. Antenada a tantas transformações, a doutrina mais balizada passou a interpretar remuneração não como a contraprestação pelos serviços efetivamente prestados pelo empregado, mas sim, as verbas recebidas pelo obreiro decorrentes do contrato de trabalho. Com efeito, o liame jurídico estabelecido entre empregador e empregado segue os contornos delineados no contrato de trabalho no qual as partes, observado o minimum minimorum legal, podem pactuar livremente. No panorama atual, a pessoa física pode oferecer ao contratante, além do seu labor, também a sua imagem, o seu não labor nas empresas concorrentes, a sua disponibilidade, sua credibilidade no mercado, ceteris paribus. Já o contratante, por seu turno, em contrapartida, pode oferecer não só o salário stricto sensu como também uma série de vantagens diretas, indiretas, em utilidades, in natura, e assim adiante... Mas ninguém se iluda: Mesmo as parcelas oferecidas sob o rótulo de mera liberalidade, todas elas ostentam, em sua essência, uma nota contraprestativa. Todas elas colimam, inequivocamente, oferecer um atrativo financeiro/econômico para que o obreiro estabeleça e mantenha vínculo jurídico com o empregador. Por esse novo prisma, todas aquelas rubricas citadas no parágrafo precedente figuram abraçadas pelo conceito amplo de remuneração, eis que se consubstanciam acréscimos patrimoniais auferidos pelo empregado e fornecidas pelo empregador em razão do contrato de trabalho e da lei, muito embora não representem contrapartida direta pelo trabalho realizado. Nesse sentido, o magistério de Amauri Mascaro Nascimento: “Fatores diversos multiplicaram as formas de pagamento no contrato de trabalho, a ponto de ser incontroverso que além do saláriobase há modos diversificados de remuneração do empregado, cuja variedade de denominações não desnatura a sua natureza salarial ... (...) Salário é o conjunto de percepções econômicas devidas pelo empregador ao empregado não só como contraprestação pelo trabalho, mas, também, pelos períodos em que estiver à disposição daquele aguardando ordens, pelos descansos remunerados, pelas interrupções do contrato de trabalho ou por força de lei” Nascimento, Amauri M. , Iniciação ao Direito do Trabalho, LTR, São Paulo, 31ª ed., 2005. Registrese, por relevante, que o entendimento a respeito do alcance do termo “remuneração” esposado pelos diplomas jurídicos mais atuais se divorciou de forma substancial daquele conceito antiquado presente na CLT. O baluarte desse novo entendimento tem sua pedra fundamental fincada na própria Constituição Federal, cujo art. 195, I, alínea “a”, estabelece: Constituição Federal de 1988 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Fl. 8DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001034/200811 Acórdão n.º 230201.688 S2C3T2 Fl. 141 9 Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (grifos nossos) Do marco primitivo constitucional deflui que a base de incidência das contribuições em realce não é mais o salário, mas, sim, “folha de salários”, propositadamente no plural, a qual é composta, segundo a mais autorizada doutrina, pelos lançamentos efetuados em favor do trabalhador e todas as parcelas a este devidas em decorrência do contrato de trabalho, de molde que, toda e qualquer espécie de contraprestação paga pela empresa, a qualquer título, aos segurados obrigatórios do RGPS, encontramse abraçadas, em gênero, pelo conceito de Salário de Contribuição. Em reforço a tal abrangência, de modo a espancar qualquer dúvida ainda renitente a cerca da real amplitude da base de incidência da contribuição social em destaque, o legislador constituinte fez questão de consignar no texto constitucional, de forma até pleonástica, que as contribuições previdenciárias incidiriam não somente sobre a folha de salários como também sobre os “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”. Tal compreensão caminha em harmonia com as disposições expressas no §11 do artigo 201 da Constituição Federal, que estendeu a abrangência da base de incidência das contribuições previdenciárias aos ganhos habituais do empregado, recebidos a qualquer título. Constituição Federal de 1988 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) §11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Imerso nessa ordem constitucional, iluminese a definição legal de Salário de contribuição aviado no art. 28 da Lei nº 8.212/91, in verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: Fl. 9DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 10 I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos) II para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da remuneração; III para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5o; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). IV para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observado o limite máximo a que se refere o § 5o. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). Notese que o conceito jurídico de Salário de contribuição, base de incidência das contribuições previdenciárias, foi estruturado de molde a abraçar toda e qualquer verba recebida pelo obreiro, a qualquer título, em decorrência não somente dos serviços efetivamente prestados, mas também, no interstício em que o trabalhador estiver à disposição do empregador, nos termos do contrato de trabalho. Advirtase que o termo “remunerações” encontrase empregado no caput do transcrito art. 28 em seu sentido amplo, abarcando todos os componentes atomizados que integram a contraprestação da empresa aos segurados obrigatórios que lhe prestam serviços. Tais conclusões decorrem de esforços hermenêuticos que não ultrapassam a literalidade dos enunciados normativos supratranscritos, eis que o texto legal revelase cristalino ao estabelecer, como base de incidência, o “total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título”. Nesses termos, compreendemse no conceito legal de remuneração os três componentes do gênero, assim especificados pela doutrina: 1 Remuneração Básica – Também denominada “Verbas de natureza Salarial”. Referese à remuneração em dinheiro recebida pelo trabalhador pela venda de sua força de trabalho. Diz respeito ao pagamento fixo que o obreiro aufere de maneira regular, na forma de salário mensal ou na forma de salário por hora. 2 Incentivos Salariais São programas desenhados para recompensar funcionários com bom desempenho. Os incentivos são concedidos sob diversas formas, como bônus, gratificações, prêmios, participação nos resultados a título de recompensa por resultados alcançados, dentre outros. Fl. 10DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001034/200811 Acórdão n.º 230201.688 S2C3T2 Fl. 142 11 3 Benefícios Quase sempre denominados como “remuneração indireta”. Muitas empresas, além de ter uma política de tabela de salários, oferecem uma série de benefícios ora em pecúnia, ora na forma de utilidades ou “in natura”, que culminam por representar um ganho patrimonial para o trabalhador, seja pelo valor da utilidade recebida, seja pela despesa que o profissional deixa de desembolsar diretamente. Impende destacar que o Direito Legislado na Consolidação das Leis do Trabalho não ostenta concepção diversa das ilações ora produzidas, senão vejamos: Consolidação das Leis do Trabalho Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (grifos nossos) Nesse novel cenário, a regra primária importa na tributação de toda e qualquer verba paga, creditada ou juridicamente devida ao empregado, ressalvadas aquelas que a própria lei excluir do campo de incidência. No caso específico das contribuições previdenciárias, a regra de excepcionalidade encontrase estatuída no parágrafo 9º do citado art. 28 da Lei nº 8.212/91, o qual, dada a sua relevância, transcrevemos adiante, no excerto de interesse: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) §9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos) (...) c) A parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; (grifos nossos) (...) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528/97) (grifos nossos) Fl. 11DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 12 Cumpre observar que, nos termos do art. 111, II do CTN, devese emprestar interpretação restritiva às normas que concedam outorga de isenção. Nesse diapasão, em sintonia com a norma tributária há pouco citada, para se excluir da regra de incidência é necessária a fiel observância dos termos da norma de exceção, tanto assim que as parcelas integrantes do supraaludido § 9º, quando pagas ou creditadas em desacordo com a legislação pertinente, passam a integrar a base de cálculo da contribuição para todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis. Código Tributário Nacional CTN Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; Conjuguese ainda, nesse mister, que o preceito encartado no art. 176 do CTN exige previsão legal para a concessão de isenção, não podendo tal requisito ser suprido por acordo coletivo de trabalho, os quais produzem efeitos, unicamente, entre as partes que os celebram, sendo imprestáveis para vincular o Estado aos termos pactuados em suas cláusulas. Código Tributário Nacional Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, o prazo de sua duração. (grifos nossos) 2.2.1. DO FORNECIMENTO DE ALIMENTAÇÃO IN NATURA. Contextualizado nesses termos o quadro jurídiconormativo aplicável ao casoespécie, visualizando com os olhos de ver a questão controvertida ora em debate, sob o foco de tudo o quanto até o momento foi apreciado, verificamos que a alínea ‘c’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 estatui, de forma expressa, que não integra o Salário de contribuição a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976. No caso ora em foco, a disciplina da matéria em relevo, no plano infraconstitucional, restou a cargo da Lei nº 6.321/76, a qual dispõe sobre os Programas de Alimentação do Trabalhador. Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976: Art. 3º Não se inclui como salário de contribuição a parcela paga in natura, pela empresa, nos programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho. " (grifos nossos) Ressaltese que os preceptivos aqui enunciados não conflitam com as linhas traçadas pelo art. 5º do Decreto nº 5/1991, que aponta para o mesmo norte. Decreto nº 5, de 14 de janeiro de 1991 Fl. 12DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001034/200811 Acórdão n.º 230201.688 S2C3T2 Fl. 143 13 Regulamenta a Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976, que Trata do Programa de Alimentação do Trabalhador. Art. 3º Os Programas de Alimentação do Trabalhador deverão propiciar condições de avaliação do teor nutritivo da alimentação. Art. 4º Para a execução dos programas de alimentação do trabalhador, a pessoa jurídica beneficiária pode manter serviço próprio de refeições, distribuir alimentos e firmar convênio com entidades fornecedoras de alimentação coletiva, sociedades civis, sociedades comerciais e sociedades cooperativas. (redação dada pelo Dec. 2.101/96) Parágrafo único. A pessoa jurídica beneficiária será responsável por quaisquer irregularidades resultantes dos programas executados na forma deste artigo. Art. 5º A pessoa jurídica que custear em comum as despesas definidas no Art. 4, poderá beneficiarse da dedução prevista na Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976, pelo critério de rateio do custo total da alimentação. Art. 6º Nos Programas de Alimentação do Trabalhador PAT, previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, a parcela paga "in natura" pela empresa não tem natureza salarial, não se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos, não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e nem se configura como rendimento tributável do trabalhador. (grifos nossos) Conforme já enaltecido alhures, tratandose de hipótese de renúncia fiscal, urge emprestarse exegese restritiva à fórmula isentiva acima abordada. Inferese, portanto, dos preceptivos suso selecionados que a adesão ao PAT constituise condição sine qua non para a fruição dos benefícios fiscais tributários e previdenciário, conforme expressamente previsto na alínea ‘c’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, verbatim: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) §9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos) (...) c) A parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; (grifos nossos) Fl. 13DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 14 De fato, a inscrição no PAT não se constitui mera formalidade. É através do conhecimento da existência do programa em determinada empresa que o Ministério do Trabalho e Emprego, através de seu órgão de fiscalização, verificará o cumprimento do disposto no artigo 3° acima transcrito. Ao incentivo fiscal há uma contraprestação por parte da empresa: fornecimento de alimentação com teor nutritivo adequado em ambiente que atenda as condições aceitáveis de higiene. Com efeito, a Portaria nº 03/2002 estabeleceu as instruções para a perfeita execução do Programa de Alimentação do Trabalhador, estabelecendo de forma taxativa que a execução inadequada do Programa de Alimentação do Trabalhador acarretará o cancelamento da inscrição ou registro no Ministério do Trabalho e Emprego, com a consequente perda do incentivo fiscal, sem prejuízo da aplicação das penalidades cabíveis. No caso em exame, a legislação que rege a isenção em foco exige que o fornecimento de cestas básicas, mesmo in natura, para ser alcançado pela hipótese de exclusão tributária sob comento, seja realizado nos estritos limites traçados pela legislação própria, o que de fato, conforme detalhadamente demonstrado, não ocorreu no cotidiano da empresa. Tal digressão revelouse necessária para demonstrar que a Autoridade Lançadora, no exercício do seu dever de ofício, procedeu ao lançamento em palco em atenção à natureza plenamente vinculada das atribuições atávicas ao seu cargo, e nos estritos ditames da lei. Ocorre, todavia, malgrado à expressa disposição legal, que a Corte Superior de Justiça pacificou o entendimento de que a alimentação in natura oferecida ao trabalhador não se subsume à hipótese de incidência de contribuições previdenciárias, mesma que a empresa não esteja inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador, como assim se depreende dos seguintes julgados a seguir ementados: AgRg no Ag 1392454 Relator: Ministro Arnaldo Esteves Lima DJe 25/11/2011 Ementa: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR. SALÁRIO IN NATURA. DESNECESSIDADE DE INSCRIÇÃO NO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR PAT. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o pagamento efetuado in natura do salário alimentação aos empregados não sofre a incidência da contribuição previdenciária, sendo irrelevante estar a empresa inscrita ou não no Programa de Alimentação ao Trabalhador PAT. 2. Agravo regimental não provido. AgRg no AREsp 5810 Relator Ministro Benedito Gonçalves DJe 10/06/2011 Fl. 14DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001034/200811 Acórdão n.º 230201.688 S2C3T2 Fl. 144 15 Ementa: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR. PAGAMENTO IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DA TRIBUTAÇÃO. INSCRIÇÃO NO PAT. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. 1. Caso em que se discute a incidência da contribuição previdenciária sobre as verbas recebidas a título de auxílio alimentação in natura, quando a empresa não está inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. 2. A jurisprudência desta Corte pacificouse no sentido de que o auxílioalimentação in natura não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. Precedentes: EREsp 603.509/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, DJ 8/11/2004; REsp 1.196.748/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/9/2010; AgRg no REsp 1.119.787/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 29/6/2010. 3. Agravo regimental não provido. Em razão da sedimentação da jurisprudência em torno da matéria no Superior Tribunal de Justiça, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, reconhecendo que todos os argumentos que poderiam ser levantados em defesa dos interesses da União haviam sido rechaçados pelo STJ, exarou o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011,curvandose ao entendimento adotado pelo Tribunal Superior em tela. PARECER PGFN/CRJ/Nº 2117 /2011 Tributário. Contribuição previdenciária. Auxílioalimentação in natura. Não incidência. Jurisprudência pacífica do Egrégio Superior Tribunal de Justiça. Aplicação da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997. ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recursos e a desistir dos já interpostos. Nesse contexto, considerandose que o aludido Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011 foi objeto de Ato Declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, há que se observar o disposto no art. 26A, parágrafo 6º, inciso II, alínea “a” do Decreto nº 70.235/72, inserido pela Lei nº 11.941/2009, in verbis: Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) (...) Fl. 15DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 16 §6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Não deve persistir, portanto, a obrigação tributária acessória de informar em GFIP, exclusivamente, as parcelas de remuneração auferidas pelos segurados empregados da Recorrente a título de alimentação fornecida in natura. 2.2.2. DA ASSISTÊNCIA MÉDICA Colhemos da norma tributária inscrita na alínea ‘q’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 que não integra o Salário de contribuição, o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico hospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. Registrese, por fundamental, que a exclusão de tais parcelas da base de incidência das contribuições previdenciárias não é incondicionada. Constituise condição sine qua non para a exclusão da base de incidência em tela que a cobertura do plano de assistência médica abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. Dessai do item 1.5 do Relatório Fiscal a fl. 18 e de seu anexo IV a fls. 43/45 que o benefício em tela foi a oferecido a menos de 10% dos empregados da empresa, mais especificamente aos segurados abaixo elencados: • Honor Vieira Froes Junior Encarregado de Britadeira • Lucio Bastos de Assis Gerente Concretagem • Augustinho Gualandi Gerente Financeiro • Carlos Eduardo Colnago Vendedor • Luciani Dutra Assistente Administrativa • Marcos Aurélio S. dos Santos – Mecânico • Roberto Ferrari – Encarregado rocha Fl. 16DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001034/200811 Acórdão n.º 230201.688 S2C3T2 Fl. 145 17 Diante das diretivas legais ora anunciadas, avulta, por decorrência lógica, que para a exclusão da assistência médica da base de cálculo das contribuições previdenciárias mostrase indispensável que a cobertura do benefício abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. Louvouse tal condicionamento no objetivo governamental de fomentar a função social da empresa e garantir a isonomia entre dirigentes e empregados, privilegiando se dessarte aquelas que primarem pela não segregação entre as diversas estratificações na linha vertical de comando. A fruição do benefício em realce por parcela privilegiada dos segurados, em detrimento dos demais empregados da empresa, conduz à exclusão das verbas em estudo da hipótese de não incidência tributária prevista na alínea ‘q’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, o que implica a sujeição dos valores pagos sob o rótulo de assistência médica ao conceito legal de salário de contribuição estatuído no inciso I do caput do mesmo dispositivo legal acima citado. Além disso, mostrase de extrema relevância trazer a colação que a obrigação principal correspondente aos fatos geradores abordados neste Auto de Infração foram objeto de lançamentos tributários levados a efeito mediante os Autos de Infração de obrigação Principal – AIOP nº 37.153.0903, 37.153.0911 e 37.153.0920. Compulsando, todavia, os autos dos Processos Administrativos Fiscais correspondentes, contatamos que a empresa autuada não ofereceu, em nenhum dos casos, nem em sede de impugnação administrativa, tampouco na instância recursal, qualquer contestação em face do lançamento referente aos valores pagos sob o rótulo de assistência médica e da rubrica 28 – Dif. H. Extra 100%, circunstância que implica o reconhecimento, por parte do Recorrente, da procedência do lançamento correspondente às rubricas em realce, em atenção às disposições inscritas no art. 17 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Nesse contexto, figuram como abraçadas pelo conceito legal de Salário de Contribuição as importâncias auferidas pelos segurados empregados a título de assistência médica e da rubrica 28 – Dif. H. Extra 100%, circunstância que deságua na obrigação do sujeito passivo em foco de declarálas nas respectivas GFIP, na forma estabelecida pela legislação previdenciária. 2.3. DA RETROATIVIDADE BENIGNA. Urge ser destacado que no Direito Tributário vigora o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Fl. 17DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 18 §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente, como assim demonstra acreditar o Recorrente. O princípio jurídico suso invocado, no entanto, não é absoluto, sendo excepcionado pela superveniência de lei nova, nas estritas hipóteses em que o ato jurídico tributário, ainda não definitivamente julgado, deixar de ser definido como infração ou deixar de ser considerado como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Ocorre, no entanto, que as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades decorrentes da não entrega de GFIP ou de sua entrega contendo incorreções foram alteradas pela Lei nº 11.941/2009, produto da conversão da Medida Provisória nº 449/2008. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Lei federal revogou os §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, fazendo introduzir no bojo desse mesmo Diploma Legal o art. 32A, ad litteris et verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no §3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos) §1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia Fl. 18DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001034/200811 Acórdão n.º 230201.688 S2C3T2 Fl. 146 19 seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §2º Observado o disposto no §3º deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.(Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §3 A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Originariamente, a conduta infracional consistente em apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores era punível com pena pecuniária correspondente a cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/91. A Medida Provisória nº 449/2009, convertida na Lei nº 11.941/2009, alterou a memória de cálculo da penalidade em tela, passando a impor a multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omissas, mantendo inalterada a tipificação legal da conduta punível. A multa acima delineada será aplicada ao infrator independentemente de este ter promovido ou não o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, a teor do inciso I do art. 32A acima transcrito, fato que demonstra tratarse a ora discutida imputação, de penalidade administrativa motivada, unicamente, pelo descumprimento de obrigação instrumental acessória. Assim, a sua mera inobservância consubstanciase infração e implica a imposição de penalidade pecuniária, em atenção às disposições estampadas no art. 113, §3º do CTN. A Secretaria da Receita Federal do Brasil editou a IN RFB nº 1.027/2010, que assim dispôs em seu art. 4º: Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22 de abril de 2010 Art. 4º A Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, passa a vigorar acrescida do art. 476A: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja Fl. 19DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 20 análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. §2º A comparação de que trata este artigo não será feita no caso de entrega de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não havia antes penalidade prevista. Mostrase flagrante que a citada IN RFN nº 1.027/2010 extrapolou os limites da lei, inovando o ordenamento jurídico. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, não vislumbramos existir motivo para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação principal e com aquelas decorrentes da inobservância de obrigações acessória, para, em seguida, se confrontar tal somatório com o valor da multa calculada segundo a metodologia descrita no art. 35A da Lei nº 8.212/1991, para, só então, se apurar qual a pena administrativa se revela mais benéfica ao infrator. Entendo que o exame da retroatividade benigna deve se adstringir ao confronto entre a penalidade imposta pelo descumprimento de obrigação acessória, calculada segundo a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores e a penalidade pecuniária prevista na novel legislação pelo descumprimento da mesma obrigação acessória, não havendo que se imiscuir com a multa decorrente de lançamento de ofício de obrigação tributária principal. Lé com lé, cré com cré. A análise da lei mais benéfica não pode superar tais condições de contorno pois, como já afirmado alhures, tratase de obrigação acessória que é absolutamente independente de qualquer obrigação principal. Notese que o princípio tempus regit actum somente será afastado quando a lei nova cominar ao FATO PRETÉRITO, in casu, o descumprimento de determinada obrigação acessória, penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Dessarte, nos termos do CTN, para fins de retroatividade de lei nova, é incabível a comparação entre (a) o somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 e das multas aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos Fl. 20DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001034/200811 Acórdão n.º 230201.688 S2C3T2 Fl. 147 21 moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32, ambos da Lei nº 8.212/991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/91, acrescido pela Lei nº 11.941/2009, inexistindo regra de hermenêutica que nos autorize a extrair dos documentos normativos acima revisitados interpretação jurídica que admita a comparação entre a multa derivada do somatório previsto na alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da IN RFB nº 971/2009 e o valor da penalidade prevista na alínea ‘b’ do inciso I do mesmo dispositivo legislativo suso aludido, para fins de retroatividade de lei tributária mais benéfica. De outro eito, mas trigo de outra safra, o art. 97 do CTN estatui que somente a lei formal pode dispor sobre a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos e tratar de hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do §3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Mostrase flagrante que a alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, acrescentado pela IN RFB nº 1.027/2010, é tendente a excluir, sem previsão de lei formal, penalidade pecuniária imposta pelo descumprimento de obrigação acessória nos casos em que a multa de ofício, aplicada pelo descumprimento de obrigação principal, for mais benéfica ao infrator. Tal hipótese não se enquadra, de forma alguma, na situação de retroatividade benigna prevista pelo art. 106, II, ‘c’ do CTN, pois emprega como Fl. 21DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 22 parâmetros de comparação penalidades de natureza jurídica diversa, uma pelo descumprimento de obrigação principal e a outra, pelo de obrigação acessória. Há que se reconhecer que as penalidades acima apontadas são autônomas e independentes entre si, pois que a aplicação de uma não afasta a incidência da outra e vice versa. Nesse contexto, não se trata de retroatividade da lei mais benéfica, mas, sim, de dispensa de penalidade pecuniária estabelecida mediante Instrução Normativa, favor tributário que somente poderia emergir da lei formal, a teor do inciso VI, in fine, do art. 97 do CTN. É mister ainda destacar que o art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela Medida Provisória nº 449/2008, apenas se refere ao lançamento de ofício das contribuições previdenciárias previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 dessa mesma Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a outras entidades e fundos, não produzindo qualquer menção às penalidades administrativas decorrentes do descumprimento de obrigação acessória, assim como não o faz o remetido art. 44 da Lei nº 9.430/96. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) (...) §2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o §1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 22DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 15586.001034/200811 Acórdão n.º 230201.688 S2C3T2 Fl. 148 23 I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Assim, em virtude da total independência e autonomia entre as obrigações tributárias principal e acessória, o preceito inscrito no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, não projeta qualquer efeito sobre os Autos de Infração lavrados em razão exclusiva de descumprimento de obrigação acessória associada às Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. Uma vez que a penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória encontrase prevista em lei, somente o Poder Legislativo dispõe de competência para dela dispor. A legislação complementar, na forma de Instrução Normativa emanada do Poder Executivo, é pai pequeno no terreiro, não podendo dispor autonomamente de forma contrária a diplomas normativos de mais graduada estatura na hierarquia do ordenamento jurídico, in casu, a lei formal, e assim extrapolar os limites de sua competência concedendo anistia para exclusão de crédito tributário, em violação às disposições insculpidas no §6º do art. 150 da CF/88, o qual exige lei em sentido estrito. Vislumbrase inaplicável, portanto, a referida IN RFB nº 1.027/2010, por ser flagrantemente ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa isolada em GFIP, mesmo que o sujeito passivo haja promovido, tempestivamente, o exato recolhimento do tributo correspondente, conforme assentado no art. 32A da Lei nº 8.212/91. Nesse contexto, afastada por ilegalidade a norma estatuída pela IN RFB nº 1.027/2010, por representar a novel legislação encartada no art. 32A da Lei nº 8.212/91 um benefício ao contribuinte, verificase a incidência do preceito encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN, devendo ser observada a retroatividade benigna, sempre que a multa decorrente da sistemática de cálculo realizada na forma prevista no art. 32A da Lei nº 8.212/91 cominar ao Sujeito Passivo uma penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência da infração. Assim, tratandose o presente caso de hipótese de entrega de GFIP contendo informações incorretas ou com omissão de informações, deverá ser aplicada a penalidade prevista no inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, se esta se mostrar mais benéfica ao Recorrente. Fl. 23DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 24 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo ser excluído do Auto de Infração as obrigações tributárias relativas às parcelas de remuneração auferidas pelos segurados empregados da Recorrente a título de alimentação fornecida in natura. Outrossim, deve a penalidade ser recalculada tomandose em consideração as disposições inscritas no art. 32A, I da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN. É como voto. Arlindo da Costa e Silva Fl. 24DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 19/03/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 04/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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Numero do processo: 10120.000151/98-60
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 15/10/1989 a 15/03/1992
PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS CINCO MAIS CINCO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos cinco mais cinco (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009).
DIREITO TRIBUTÁRIO. LEI INTERPRETATIVA. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACATIO LEGIS. APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL PELO STF.
O Supremo Tribunal Federal, ao seu turno, declarou a inconstitucionalidade do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118/2005, considerando válida a aplicação do novo prazo de 5 anos para restituição tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. (RE 566621, Rel. Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/2011, DJe-195 DIVULG 10/10/2011).
Recurso Extraordinário Negado.
Numero da decisão: 9900-000.644
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso extraordinário.
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
Rodrigo Cardozo Miranda - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Mércia Helena Trajano DAmorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Matéria: Finsocial -proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso extraordinário. Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente Rodrigo Cardozo Miranda - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Mércia Helena Trajano DAmorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão.
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PRESCRIÇÃO. TESE DOS “CINCO MAIS CINCO”. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos “cinco mais cinco” (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009). DIREITO TRIBUTÁRIO. LEI INTERPRETATIVA. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACATIO LEGIS. APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL PELO STF. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 01 51 /9 8- 60 Fl. 234DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 O Supremo Tribunal Federal, ao seu turno, declarou a inconstitucionalidade do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118/2005, considerando válida a aplicação do novo prazo de 5 anos para restituição tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. (RE 566621, Rel. Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/2011, DJe195 DIVULG 10/10/2011). Recurso Extraordinário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso extraordinário. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Rodrigo Cardozo Miranda Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Mércia Helena Trajano D’Amorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Cuidase de recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional, ora Recorrente (fls. 208 a 220), contra o v. acórdão proferido pela Colenda Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 166 a 204) que, pelo voto de qualidade, negou provimento ao recurso especial, entendendo que não ocorreu a prescrição do direito do contribuinte, pois o termo a quo para o pedido de restituição começaria a contar da data da publicação da MP nº 1.110 em 31/08/1995, posto que foi o primeiro ato emanado do Poder Executivo a reconhecer o caráter indevido do recolhimento do FINSOCIAL à alíquota superior a 0,5%. Verificase que os pagamentos objeto do pedido de compensação ocorreram entre outubro de 1989 e março de 1992 (fls.6 a 15). Fl. 235DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10120.000151/9860 Acórdão n.º 9900000.644 CSRFPL Fl. 233 3 Por bem resumir a controvérsia, adoto o relatório do acórdão a quo, cujo teor, no que interessa às questões ora trazidas ao extraordinário, é o seguinte, verbis: “Trata o presente processo de solicitação de restituição/compensação de créditos do Finsocial recolhidos no período de outubro de 1989 e março de 1992, protocolado em 16 de janeiro de 1998 O pedido de restituição foi indeferido pela Decisão de primeira instância. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade argumentando, em suma, que o prazo para repetir só começaria a contar depois da homologação dos pagamentos, ou seja, 5 anos mais 5 anos (10 anos). A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília indeferiu a solicitação através do Acórdão n° 7.594 de 18 de setembro de 2003, assim ementado: ‘Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Anocalendário: 1989, 1990, 1991, 1992 Ementa: Repetição de Indébito – Prazo Decadencial O direito de pleitear restituição/compensação de tributo ou contribuição paga indevidamente ou em valor maior que o devido extinguese com o decurso do prazo de cinco anos contados da data da extinção do crédito tributário. Observância aos princípios da estrita legalidade tributária e da segurança jurídica.’ Irresignada com a decisão a interessada interpôs Recurso Voluntário reiterando os argumentos apresentados à autoridade a quo. A Colenda Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, rejeitou a argüição de decadência do direito de a contribuinte pleitear a restituição da Contribuição para o Finsocial paga a maior, como observado na ementa do Acórdão n° 303332.122, de 16 de junho de 2005: "F I N S O C I A L – PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO EFETIVADO EM 16/01/1998 – MATÉRIA COMPREENDIDA NA COMPETÊNCIA DESTE CONSELHO – INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – PRESCRIÇÃO DO DIREITO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO – INÍCIO DA CONTAGEM DE PRAZO — MEDIDA PROVISÓRIA N° 1.110/95, PUBLICADA EM 31/08/1995, AFASTADA A ARGÜIÇÃO DE DECADÊNCIA DEVOLVESE O PROCESSO À REPARTIÇÃO DE ORIGEM PARA JULGAR AS DEMAIS QUESTÕES DE MÉRITO. RECURSO PROVIDO" A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, Recurso Especial de Divergência (o representante da Fazenda Nacional tomou ciência do acórdão em 09/08/2005 apresentando em 10/08/2005 Recurso Especial), requerendo a cassação do acórdão recorrido, restaurandose o inteiro teor da decisão da 1ª instância. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 O apelo da Fazenda Nacional apóiase na divergência jurisprudencial apresentada no seguinte paradigma, oriundo da Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes: ‘FINSOCIAL RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO A inconstitucionalidade reconhecida em sede de Recurso Extraordinário não gera efeitos erga omnes, sem que haja Resolução do Senado Federal suspendendo a aplicação do ato legal inquinado (art. 52, inciso X, da Constituição Federal). Tampouco a Medida Provisória n° 1.110/95 (atual Lei n° 10.522/2002) autoriza a interpretação de que cabe a revisão de créditos tributários definitivamente constituídos e extintos pelo pagamento. DECADÊNCIA O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data de extinção do crédito tributário (art. 168, inciso I, do Código Tributário Nacional). NEGADO PROVIMENTO POR MAIORIA. (Acórdão 302 35.782, relatora Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, sessão de 15 de outubro de 2003).’ A Fazenda Nacional fundamentase, em síntese, nos seguintes argumentos para prestigiar o posicionamento do paradigma: pela análise dos artigos 165, inciso I e 168, inciso I, do Código Tributário Nacional, constatase que o direito do sujeito passivo pleitear a restituição total ou parcial de tributo pago indevidamente ou maior que o devido, extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário; as decisões administrativas devem respeitar o disposto no AD SRF n° 96, de 1999, como norma integrante da legislação tributária; não há nada que justifique ser considerada a data da publicação) da Medida Provisória n° 1.110/95 o termo inicial da contagem do prazo para se pleitear a restituição do FINSOCIAL; se existe norma legal dispondo sobre a matéria, não tem cabimento este Conselho de Contribuintes negarlhe vigência para, assumindo a função legislativa, usurpar de sua competência e criar um termo inicial para a contagem do prazo decadencial; no momento que foi recolhido indevidamente o tributo, no outro dia, o contribuinte já poderia ter buscado a guarida do Judiciário para pleitear a restituição dos valores, não tendo que aguardar decisão da Colenda Suprema Corte. Devidamente cientificada da decisão do Conselho de Contribuintes e do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, em 03/03/2006, tendo lhe sido facultada a apresentação de contrarazões recursais, as quais não foram apresentadas. Na sessão realizada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais em 21/08/2006, os autos foram distribuídos, por sorteio, a esta Conselheira, em conformidade com o art. 16 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Fl. 237DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10120.000151/9860 Acórdão n.º 9900000.644 CSRFPL Fl. 234 5 É o relatório.” A ementa do julgado ora recorrido, que bem resume os seus fundamentos, é a seguinte: “Pedido de Restituição/Compensação Possibilidade de Exame Inconstitucionalidade reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal – Prescrição do direito de Restituição/Compensação – Inadmissibilidade dies a quo – edição de Ato Normativo que dispensa a constituição de crédito tributário Duplo Grau de Jurisdição. Recurso especial negado.” Irresignada, insurgese a Recorrente contra o acórdão a quo por meio do presente recurso extraordinário. Junta a Recorrente julgados deste Colegiado, satisfazendo, assim, os requisitos para viabilizar seu apelo. Aponta, em síntese, que ao presente caso deve ser aplicado o disposto nos artigos 165, incisos I e II e 168, inciso I, do CTN, e entendimento do Superior Tribunal de Justiça, os quais determinam que o prazo decadencial para a repetição de indébito, no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação, é de apenas 5 (cinco) anos, contandose o referido prazo a partir da data do pagamento indevido. O contribuinte não apresentou contrarrazões, conforme informação presente às fls. 231. Verificase, assim, que a matéria trazida ao debate diz respeito apenas ao termo inicial do prazo decadencial para a repetição de indébito tributário. O recurso foi admitido através do r. despacho de fls. 226/227. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, Relator Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. No tocante ao prazo para restituição de indébito, é de se destacar, inicialmente, que o Egrégio Superior Tribunal de Justiça já se posicionou quanto à matéria na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, ou seja, através da análise dos chamados “recursos repetitivos”. O precedente proferido tem a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 ART. 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO CONDUÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 4º, DA LC 118/2005. DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO RETROATIVA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO. CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENÁRIO. 1. O princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC 118, de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, posto norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação correspectiva. 2. O advento da LC 118/05 e suas conseqüências sobre a prescrição, do ponto de vista prático, implica dever a mesma ser contada da seguinte forma: relativamente aos pagamentos efetuados a partir da sua vigência (que ocorreu em 09.06.05), o prazo para a repetição do indébito é de cinco a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior, limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova. 3. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade da expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional", constante do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007). 4. Deveras, a norma inserta no artigo 3º, da lei complementar em tela, indubitavelmente, cria direito novo, não configurando lei meramente interpretativa, cuja retroação é permitida, consoante apregoa doutrina abalizada: "Denominamse leis interpretativas as que têm por objeto determinar, em caso de dúvida, o sentido das leis existentes, sem introduzir disposições novas. {nota: A questão da caracterização da lei interpretativa tem sido objeto de não pequenas divergências, na doutrina. Há a corrente que exige uma declaração expressa do próprio legislador (ou do órgão de que emana a norma interpretativa), afirmando ter a lei (ou a norma jurídica, que não se apresente como lei) caráter interpretativo. Tal é o entendimento da AFFOLTER (Das intertemporale Recht, vol. 22, System des deutschen bürgerlichen Uebergangsrechts, 1903, pág. 185), julgando necessária uma Auslegungsklausel, ao qual GABBA, que cita, nesse sentido, decisão de tribunal de Parma, (...) Compreensão também de VESCOVI (Intorno alla misura dello stipendio dovuto alle maestre insegnanti nelle scuole elementari maschili, in Giurisprudenza italiana, 1904, I, I, cols. 1191, 1204) e a que adere DUGUIT, para quem nunca se deve presumir ter a lei caráter interpretativo "os tribunais não podem reconhecer esse caráter a uma disposição legal, senão nos casos em que o legislador lho atribua expressamente" (Traité de droit Fl. 239DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10120.000151/9860 Acórdão n.º 9900000.644 CSRFPL Fl. 235 7 constitutionnel, 3a ed., vol. 2o, 1928, pág. 280). Com o mesmo ponto de vista, o jurista pátrio PAULO DE LACERDA concede, entretanto, que seria exagero exigir que a declaração seja inserida no corpo da própria lei não vendo motivo para desprezála se lançada no preâmbulo, ou feita noutra lei. Encarada a questão, do ponto de vista da lei interpretativa por determinação legal, outra indagação, que se apresenta, é saber se, manifestada a explícita declaração do legislador, dando caráter interpretativo, à lei, esta se deve reputar, por isso, interpretativa, sem possibilidade de análise, por ver se reúne requisitos intrínsecos, autorizando uma tal consideração. (...) ... SAVIGNY coloca a questão nos seus precisos termos, ensinando: "tratase unicamente de saber se o legislador fez, ou quis fazer uma lei interpretativa, e, não, se na opinião do juiz essa interpretação está conforme com a verdade" (System des heutigen romischen Rechts, vol. 8o, 1849, pág. 513). Mas, não é possível dar coerência a coisas, que são de si incoerentes, não se consegue conciliar o que é inconciliável. E, desde que a chamada interpretação autêntica é realmente incompatível com o conceito, com os requisitos da verdadeira interpretação (v., supra, a nota 55 ao n° 67), não admira que se procurem torcer as conseqüências inevitáveis, fatais de tese forçada, evitandose lhes os perigos. Compreendese, pois, que muitos autores não aceitem o rigor dos efeitos da imprópria interpretação. Há quem, como GABBA (Teoria delta retroattività delle leggi, 3a ed., vol. 1o, 1891, pág. 29), que invoca MAILHER DE CHASSAT (Traité de la rétroactivité des lois, vol. 1o, 1845, págs. 131 e 154), sendo seguido por LANDUCCI (Trattato storicoteorico pratico di diritto civile francese ed italiano, versione ampliata del Corso di diritto civile francese, secondo il metodo dello Zachariæ, di Aubry e Rau, vol. 1o e único, 1900, pág. 675) e DEGNI (L'interpretazione della legge, 2a ed., 1909, pág. 101), entenda que é de distinguir quando uma lei é declarada interpretativa, mas encerra, ao lado de artigos que apenas esclarecem, outros introduzido novidade, ou modificando dispositivos da lei interpretada. PAULO DE LACERDA (loc. cit.) reconhece ao juiz competência para verificar se a lei é, na verdade, interpretativa, mas somente quando ela própria afirme que o é. LANDUCCI (nota 7 à pág. 674 do vol. cit.) é de prudência manifesta: "Se o legislador declarou interpretativa uma lei, devese, certo, negar tal caráter somente em casos extremos, quando seja absurdo ligála com a lei interpretada, quando nem mesmo se possa considerar a mais errada interpretação imaginável. A lei interpretativa, pois, permanece tal, ainda que errônea, mas, se de modo insuperável, que suplante a mais aguda conciliação, contrastar com a lei interpretada, desmente a própria declaração legislativa." Ademais, a doutrina do tema é pacífica no sentido de que: "Pouco importa que o legislador, para cobrir o atentado ao direito, que comete, dê à sua lei o caráter interpretativo. É um ato de hipocrisia, que não pode cobrir uma violação flagrante do direito" (Traité de droit constitutionnel, 3ª ed., vol. 2º, 1928, págs. 274275)." (Eduardo Espínola e Eduardo Espínola Filho, Fl. 240DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 8 in A Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, Vol. I, 3a ed., págs. 294 a 296). 5. Consectariamente, em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data da vigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que se coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o qual: "Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada."). 6. Desta sorte, ocorrido o pagamento antecipado do tributo após a vigência da aludida norma jurídica, o dies a quo do prazo prescricional para a repetição/compensação é a data do recolhimento indevido. 7. In casu, insurgese o recorrente contra a prescrição qüinqüenal determinada pelo Tribunal a quo, pleiteando a reforma da decisão para que seja determinada a prescrição decenal, sendo certo que não houve menção, nas instância ordinárias, acerca da data em que se efetivaram os recolhimentos indevidos, mercê de a propositura da ação ter ocorrido em 27.11.2002, razão pela qual forçoso concluir que os recolhimentos indevidos ocorreram antes do advento da LC 118/2005, por isso que a tese aplicável é a que considera os 5 anos de decadência da homologação para a constituição do crédito tributário acrescidos de mais 5 anos referentes à prescrição da ação. 8. Impende salientar que, conquanto as instâncias ordinárias não tenham mencionado expressamente as datas em que ocorreram os pagamentos indevidos, é certo que os mesmos foram efetuados sob a égide da LC 70/91, uma vez que a Lei 9.430/96, vigente a partir de 31/03/1997, revogou a isenção concedida pelo art. 6º, II, da referida lei complementar às sociedades civis de prestação de serviços, tornando legítimo o pagamento da COFINS. 9. Recurso especial provido, nos termos da fundamentação expendida. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009) Com isso, restou consolidado no âmbito do Egrégio Superior Tribunal de Justiça a chamada tese dos “cinco mais cinco”. Importante destacar, por outro lado, quanto a eventual alegação de aplicação retroativa da Lei Complementar nº 118/2005, que o Excelso Supremo Tribunal Federal Fl. 241DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10120.000151/9860 Acórdão n.º 9900000.644 CSRFPL Fl. 236 9 entendeu recentemente que referida norma é aplicável apenas a partir de 09 de junho de 2005, conforme decidido em sede recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida. Referido julgado tem a seguinte ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.(RE 566621, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em Fl. 242DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 10 04/08/2011, DJe195 DIVULG 10102011 PUBLIC 11102011 EMENT VOL0260502 PP00273) (grifos e destaques nossos) O Regimento Interno do CARF, por sua vez, na redação dada recentemente pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, tem os seguintes comandos nos seus artigos 62 e 62 A: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B.} § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. (grifos e destaques nossos) Verificase, assim, que referidas decisões proferidas respectivamente pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça e pelo Excelso Supremo Tribunal Federal deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Conforme relatado acima, a presente hipótese trata de pedido de restituição/compensação formulado em 16/01/1998 (fls. 1/56), referente a pagamentos de FINSOCIAL a maior entre outubro de 1989 e março de 1992. Aplicandose a tese dos “cinco mais cinco”, depreendese que o termo final para a formulação do direito de restituição/compensação seria em 1999 e 2002, respectivamente. Fl. 243DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10120.000151/9860 Acórdão n.º 9900000.644 CSRFPL Fl. 237 11 Como o pedido de homologação ora em apreço foi apresentado em 16/01/1998, considerando a tese dos “cinco mais cinco”, ele afigurase tempestivo. Por conseguinte, em face de todo o exposto e com arrimo no artigo 62A do RICARF, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional para considerar o pedido de restituição/compensação tempestivo. Rodrigo Cardozo Miranda Fl. 244DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
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Numero do processo: 11060.002137/2009-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
BOLSAS DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO. DOAÇÃO. FUNDAÇÃO DE APOIO ÀS UNIVERSIDADES. AUSÊNCIA DE BENEFÍCIO EM PROL DO DOADOR. AUSÊNCIA DE CONTRAPRESTAÇÃO DO DONATÁRIO. ISENÇÃO.
As bolsas de ensino, pesquisa e extensão a que se refere o art. 4º, § 1º, da Lei 8.958/1994, constituem-se em doação civil a servidores das instituições apoiadas para a realização de estudos e pesquisas e sua disseminação à sociedade, cujos resultados não revertam economicamente para o doador ou pessoa interposta, nem importem contraprestação de serviços. Tais bolsas são isentas do imposto de renda.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2102-002.101
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso.
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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DOAÇÃO. FUNDAÇÃO DE APOIO ÀS UNIVERSIDADES. AUSÊNCIA DE BENEFÍCIO EM PROL DO DOADOR. AUSÊNCIA DE CONTRAPRESTAÇÃO DO DONATÁRIO. ISENÇÃO. As bolsas de ensino, pesquisa e extensão a que se refere o art. 4º, § 1º, da Lei 8.958/1994, constituemse em doação civil a servidores das instituições apoiadas para a realização de estudos e pesquisas e sua disseminação à sociedade, cujos resultados não revertam economicamente para o doador ou pessoa interposta, nem importem contraprestação de serviços. Tais bolsas são isentas do imposto de renda. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Relator e Presidente. EDITADO EM: 03/07/2012 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho. Fl. 525DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 2 Relatório Em face do contribuinte JOÃO HELVIO RIGHI DE OLIVEIRA, CPF/MF nº 243.684.15000, já qualificado neste processo, foi lavrado, em 26/08/2009, auto de infração (fls. 88 e seguintes), imputandolhe uma reclassificação de rendimentos, de isentos para tributáveis, nos importes de R$ 29.700,00, R$ 28.800,00 e R$ 25.600,00, nos anoscalendário 2004, 2005 e 2006, respectivamente, conduta essa apenada com multa de ofício de 75% sobre o imposto lançado. Abaixo, discriminase o crédito tributário constituído pelo auto de infração, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento do crédito: IMPOSTO R$ 23.127,50 MULTA DE OFÍCIO R$ 17.345,62 Os rendimentos acima haviam sido declarados como isentos, na compreensão de que se referiam a bolsas de estudos pagas ao contribuinte pela Fundação de Apoio à Tecnologia e a Pesquisa – FATEC, entidade jurídica de direito privado, de apoio às atividades de ensino, pesquisa e extensão da Universidade Federal de Santa Maria. Entretanto, entendeu a autoridade fiscal que as bolsas não cumpriam os requisitos do art. 26 da Lei nº 9.250/95, devendo ser, assim, submetidas, seus valores, à tributação. Para concluir que os pagamentos a título de bolsa recebidos pelo autuado não se enquadravam nos permissivos isentivos do art. 26 da Lei nº 9.250/95, a autoridade fiscal analisou os seguintes projetos: 96502 Redes de Cooperação (fls. 40 a 45 – rendimentos de R$ 24.300,00, R$ 28.800,00 e R$ 28.800,00, para os AC 2004, 2005 e 2006, respectivamente), 81523 Mestrado Profissional em Engenharia da (Produção (fls. 46 a 66 – rendimentos de R$ 2.700,00 no AC2004) e 81525 Sistemas de Gestão Aplicados à Construção Civil (fls. 34 a 37 – rendimentos de R$ 2.700,00 no AC2004). Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento. A 4ª Turma de Julgamento da DRJPOA (RS), por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 1029.405, de 25 de janeiro 2011. No mérito, a decisão acima rejeitou a pretensão do impugnante com a seguinte motivação (fl. 416): (...) Conforme consta do Relatório da Fiscalização contido no auto de infração às fls. 92 a 100, os rendimentos recebidos a título de bolsa de estudo e pesquisa da Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência – FATEC, nos anoscalendário 2004, 2005 e 2006, considerados pelo contribuinte como isentos e não tributáveis, foram objetos de lançamento, por entender que tais bolsas não satisfazem os critérios previstos para usufruir o benefício de isenção previsto em lei. Diante da minuciosa descrição dos fatos feita pela fiscalização e da farta documentação constante dos autos, constatase que os Fl. 526DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 11060.002137/200957 Acórdão n.º 210202.101 S2C1T2 Fl. 2 3 valores percebidos pelo impugnante foram em virtude de prestação de serviços à Fundação. No caso, verificase que há prestação de serviço da FATEC para a UFSM, sendo que a fundação contrata servidores pertencentes aos quadros da própria universidade para comporem a equipe técnica que atuará na execução do projeto, mediante o pagamento de bolsas. Assim, a FATEC efetua os pagamentos aos servidores participantes como remuneração pelos serviços prestados nos diversos projetos. Destarte, as atividades desenvolvidas pelos bolsistas representam uma vantagem para o doador ou contraprestação de serviços, ainda que de forma indireta, descaracterizando a isenção nos termos do inciso VII do art. 39 do RIR/99, pretendida pelo impugnante. Quanto ao fato da fonte pagadora incluir em DIRF como rendimentos isentos os valores pagos ao contribuinte a título de bolsa de estudo, registrese que as informações prestadas, em declaração de ajuste anual, pelo contribuinte, é de sua inteira responsabilidade, posto que a ele, como contribuinte direto, conforme definição de contribuinte e responsável dada pelo artigo 121 do CTN, cumpre tributar na declaração anual o total dos rendimentos recebidos, independentemente de informação da fonte pagadora. À fonte pagadora cabe efetuar a retenção e recolhimento do imposto de renda na fonte e enviar ao beneficiário o comprovante de rendimentos pagos e imposto de renda retido, podendo ser penalizada por informação incorreta prestada nesse comprovante, mas isso não elide a responsabilidade do contribuinte pelas informações prestadas em sua declaração de IRPF. (...) O contribuinte foi intimado da decisão a quo em 14/03/2011 (fl. 419). Irresignado, interpôs recurso voluntário em 05/04/2011 (fl. 420). No voluntário, o recorrente alega, em síntese, que: I. “Os membros julgadores da Delegacia da Receita Federal de Julgamento decidiram todas as Impugnações opostas por bolsistas da FATEC juntas como se uma só fossem, sem avaliar casuisticamente nenhuma delas, sem atentar para a gigantesca diversidade de projetos que estas pessoas estão envolvidas (pesquisa, extensão, ensino, convênios, contratos, termos de parceria, etc.). Perguntase: esta é a noção de contraditório e ampla defesa que possuem as Delegacias de Julgamento da Receita Federal? Esperase que não, sinceramente” (fl. 421 – destaques do recurso voluntário); II. “O contribuinte, ora recorrente, atuou em projetos de pesquisa. EM NENHUM DOS PROJETOS, NENHUM, A FATEC FICOU COM O MONOPÓLIO DOS RESULTADOS DA SUA PESQUISA, NUNCA. Tais também não foram privilégio da UFSM ou de qualquer outra Fl. 527DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 4 empresa ou entidade. Os resultados das pesquisas FORAM PUBLICADOS EM CENTENAS DE ARTIGOS E PERIÓDICOS de âmbito nacional e internacional. Ou seja, o conhecimento desenvolvido pelo autor se tornou PÚBLICO! Ninguém obteve lucro com essa pesquisa (a não ser a humanidade como um todo, haja vista o conhecimento obtido), muito menos a FATEC que doou bolsas para incentivo da mesma e N Ã O G A N H O U ABSOLUTAMENTE NADA COM ISSO! E importante lembrar que o sistema de relacionamento Universidade Fundação Docente foi idealizado de modo que os institutos comuns da legislação civil permitissem o efeito isenção. A intermediação da Fundação destinase exatamente a evitar que o Docente estabeleça relacionamento direto com o Mercado, bem como a vincular os fins de sua atividade aos pilares da educação superior Ensino, Pesquisa e Extensão” (destaques do original – fl. 424); III. indo mais além, não há vínculo obrigacional entre a Fatec, doadora, e o recorrente, donatário, tratandose de mera liberalidade da Fatec, sendo certo que tais valores sequer estão no campo de incidência do imposto de renda, mas na incidência do imposto estadual sobre doações; IV. “Ainda, é interessante recordar que quem patrocinou a implantação do Projeto Redes de Cooperação foi o Estado do Rio Grande do Sul. O Estado nada ganhou, diretamente, com a implantação desse Projeto, pois os grandes beneficiados foram os cidadãos do Rio Grande do Sul e os comerciantes da região (que nada pagaram pelos cursos e pelas formações das redes). Os comerciantes da nossa região foram beneficiados pois puderam melhorar a sua situação desigual diante das grandes corporações, através da união que as redes de cooperação proporcionaram. Ou seja, nem FATEC, nem UFSM nem o patrocinador do Projeto, o Estado do Rio Grande do Sul tiveram quaisquer ganhos econômicos com a execução do mesmo” (fl. 427); V. “Ademais, é preciso recordar que o Decreto 5.205/04 já citado, que aponta que a doadora das bolsas, no caso a FATEC, não pode ter ganho econômico com a doação. Fácil observar que para que as bolsas de pesquisa e extensão sejam consideradas doação civil, logo, isentas, que não revertam economicamente para o doador. No caso em tela, a FATEC nada ganhou economicamente com o projeto em que o autor atuou, até porque a FATEC é instituição sem fins econômicos. A UFSM, de outro lado, também não teve nenhum proveito econômico com a atuação do contribuinte, também porque se trata de instituição de ensino sem fins econômicos”(fl. 428); VI. dentre as autuações decorrentes do convênio FatecUFSM, o Poder Judiciário em quatro oportunidades já determinou o cancelamento do lançamento, sendo que em duas deles houve o trânsito em julgado, como se vê pelas decisões acostadas a este recurso voluntário. É o relatório. Fl. 528DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 11060.002137/200957 Acórdão n.º 210202.101 S2C1T2 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declarase a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 14/03/2011 (fl. 419), segundafeira, e interpôs o recurso voluntário em 05/04/2011 (fl. 420), dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 13/4/2011, quartafeira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Para aclarar a controvérsia, trazse a legislação de regência do caso: Art. 26 da Lei nº 9.250/95. Ficam isentas do imposto de renda as bolsas de estudo e de pesquisa caracterizadas como doação, quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e desde que os resultados dessas atividades não representem vantagem para o doador, nem importem contraprestação de serviços. (...) Art. 4º da Lei nº 8.958/94. As instituições federais contratantes poderão autorizar, de acordo com as normas aprovadas pelo órgão de direção superior competente, a participação de seus servidores nas atividades realizadas pelas fundações referidas no art. 1º desta lei, sem prejuízo de suas atribuições funcionais. § 1º A participação de servidores das instituições federais contratantes nas atividades previstas no art. 1º desta lei, autorizada nos termos deste artigo, não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, podendo as fundações contratadas, para sua execução, concederem bolsas de ensino, de pesquisa e de extensão. (redação vigente na época dos fatos geradores) (...) Art.4o do Decreto nº 5.205/2004. As fundações de apoio às instituições federais de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica são entidades de direito privado regidas pelo disposto no Código Civil Brasileiro e na Lei nº 8.958, de 20 de dezembro de 1994. §1oOs membros da diretoria e dos conselhos das fundações de apoio não poderão ser remunerados pelo exercício dessas atividades, sendo permitido aos servidores das instituições apoiadas, sem prejuízo de suas atribuições funcionais, ocuparem tais cargos desde que autorizados pela instituição apoiada. §2oPara os fins do § 1o, não se levará em conta o regime de trabalho a que está submetido o servidor da instituição apoiada. Art.5oA participação de servidores das instituições federais apoiadas nas atividades previstas neste Decreto é admitida como Fl. 529DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 6 colaboração esporádica em projetos de sua especialidade, desde que não implique prejuízo de suas atribuições funcionais. §1oA participação de servidor público federal nas atividades de que trata este artigo está sujeita a autorização prévia da instituição apoiada, de acordo com as normas aprovadas por seu órgão de direção superior. §2oA participação de servidor público federal nas atividades de que trata este artigo não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, podendo a fundação de apoio conceder bolsas nos termos do disposto neste Decreto. Art.6oAs bolsas de ensino, pesquisa e extensão a que se refere o art. 4o, § 1o, da Lei 8.958, de 1994, constituemse em doação civil a servidores das instituições apoiadas para a realização de estudos e pesquisas e sua disseminação à sociedade, cujos resultados não revertam economicamente para o doador ou pessoa interposta, nem importem contraprestação de serviços. §1oA bolsa de ensino constituise em instrumento de apoio e incentivo a projetos de formação e capacitação de recursos humanos. §2oA bolsa de pesquisa constituise em instrumento de apoio e incentivo à execução de projetos de pesquisa científica e tecnológica. §3oA bolsa de extensão constituise em instrumento de apoio à execução de projetos desenvolvidos em interação com os diversos setores da sociedade que visem ao intercâmbio e ao aprimoramento do conhecimento utilizado, bem como ao desenvolvimento institucional, científico e tecnológico da instituição federal de ensino superior ou de pesquisa científica e tecnológica apoiada. §4oSomente poderão ser caracterizadas como bolsas, nos termos deste Decreto, aquelas que estiverem expressamente previstas, identificados valores, periodicidade, duração e beneficiários, no teor dos projetos a que se refere este artigo. Art.7oAs bolsas concedidas nos termos deste Decreto são isentas do imposto de renda, conforme o disposto no art. 26 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e não integram a base de cálculo de incidência da contribuição previdenciária prevista no art. 28, incisos I a III, da Lei no8.212, de 24 de julho de 1991. (redação vigente na época dos fatos geradores – grifos não constantes dos originais) Pela leitura da legislação acima, para afastar a incidência do imposto de renda, mister que a bolsa de estudo implemente as seguintes condições: 1. ser caracterizada como doação; 2. recebidas exclusivamente para proceder a estudos e/ou pesquisa; Fl. 530DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 11060.002137/200957 Acórdão n.º 210202.101 S2C1T2 Fl. 4 7 3. os resultados destas atividades não podem representar vantagens para o doador e nem importar em contraprestação de serviços. Antes de tudo, comprovouse nestes autos que a Universidade Federal de Santa Maria – UFSM regulamentou em seu âmbito as parceiras a serem desenvolvidas com as fundações criadas com a finalidade de dar apoio a projetos, por prazo determinado, de pesquisa, ensino, extensão e de desenvolvimento institucional, científico dessa Universidade, como se vê pela documentação de fls. 161 a 166, como permitido pela Lei nº 8.958/94, sendo certo que a FATEC se apresenta como uma fundação criada para tal fim (vide fls. 40, 167 e 168), ou seja, desde que as bolsas de estudos sejam pagas respeitando os limites do Decreto nº 5.205/2004, antes transcrito, estarão isentas do imposto de renda. Agora se passa à análise casuística das bolsas que culminaram nas pretensas omissões de rendimentos. O primeiro dos projetos é 96502, que trata da implementação de Redes de Cooperação para integrar micro e pequenas empresas, no qual houve a omissão de rendimentos mais relevante (fls. 40 a 45 – rendimentos de R$ 24.300,00, R$ 28.800,00 e R$ 28.800,00, para os AC 2004, 2005 e 2006, respectivamente). Nesse projeto, vêse que houve um convênio entre a UFSM e a Fatec (fls. 40 a 45), para implementálo, com recursos repassados pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, este que, de sua parte, firmou também convênio com a Fatec (fls. 370 a 276). Para concretizar o projeto, a UFSM designou os servidores de seu quadro para tanto (fl. 282). Claramente se vê que o projeto acima se enquadra dentro das atividades de extensão da UFSM, visando potencializar a ação das empresas associadas no Estado do Rio Grande do Sul, a partir de recursos captados pela Fundação de apoio à UFSM, dentro da moldura da Lei nº 8.958/94. No quadro acima, os valores pagos pela Fatec ao recorrente devem ser encarados como doação com encargo, este em decorrência da execução do projeto a ser desenvolvido pelos servidores da UFSM, sendo que o doador Fatec (ou mesmo o Estado do Rio Grande Sul) não teve qualquer benefício com a execução do projeto, o qual beneficiou diretamente as empresas consorciadas. Os benefícios em prol dos intervenientes, no máximo, foram mediatos, a partir do fortalecimento da rede de empresas beneficiadas. Vejase que a bolsa concedida pela Fatec ao recorrente é voltada a um projeto específico, com prazo determinado, não havendo vínculo de subordinação entre o recorrente e a Fatec, até porque é a própria UFSM quem indicou os servidores vinculados ao projeto (fl. 282), ou seja, fica claro que o recorrente docente continua obrigado as suas atividades estatutárias junto à UFSM, sendo a verba recebida pela execução do projeto uma bolsa de incentivo, diversa do vínculo estatutário (ou mesmo trabalhista). Insistese que não houve qualquer vantagem para o doador imediato, Fatec, ou mesmo mediato, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, tendo o dispêndio do convênio beneficiado diretamente o tecido empresarial do Estado. Claramente a bolsa concedida deve ser encarada como doação, recebida exclusivamente para proceder estudos de extensão e cujos resultados não representam vantagens para o doador, nem importa em contraprestação de serviços, estando emoldurada no art. 26 da Lei nº 9.250/96, art. 4º da Lei nº 8.958/94, com a regulamentação do Decreto nº 5.205/94. Fl. 531DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 8 Inclusive, como asseverado em decisão judicial acostado aos autos (fl. 442v), em tudo aplicável ao caso presente, “Enfim, a natureza da relação estabelecida entre a autora, docente universitária, e a FATEC, para viabilizar a realização dos projetos de extensão de caráter pedagógico, sem vínculo empregatício, e a ausência de benefício pecuniário para a Fundação justificam o caráter de isenção das bolsas alcançadas”. Já em relação aos projetos 81523 Mestrado Profissional em Engenharia da (Produção (fls. 46 a 66 – rendimentos de R$ 2.700,00 no AC2004) e 81525 Sistemas de Gestão Aplicados à Construção Civil (fls. 34 a 37 – rendimentos de R$ 2.700,00 no AC2004), vêse também que houve pagamento de bolsas da Fatec para concretizar os fins institucionais da UFSM, sem qualquer benefício em prol da Fatec (doador), devendo também ser encarados como bolsa com encargos, à luz dos regimes do art. 26 da Lei nº 9.250/96 e Art. 4º da Lei nº 8.958/94. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 532DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 03/07/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
score : 1.0
Numero do processo: 10865.001652/2007-20
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Previdenciárias Período de Apuração: 07/2003 a 12/2005COMPENSAÇÃO. LIMITES. CRÉDITO DE IPI.
O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em
julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da
Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo
na compensação de débitos próprios relativos a tributos e contribuições
administrados por aquele órgão, vedada a compensação com débitos
referentes a contribuições arrecadadas, fiscalizadas, lançadas e normatizadas
pelo INSS/SRP.
COMPENSAÇÃO. LIMITES. TRIBUTOS, CONTRIBUIÇÕES E
RECEITAS DA MESMA ESPÉCIE.
A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas
da mesma espécie.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE
TRIBUTOS. Súmula do Segundo Conselho de Contribuintes diz que é
cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União
decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial
de Liquidação e Custódia Selic
para títulos federais.
MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA.
O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento
da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a
multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991.
Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei
11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista
com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais
benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN).
Não há que se falar na aplicação do art. 35A
da Lei nº 8.212/1991
combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a
multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP
449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma
natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e
da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991
Numero da decisão: 2301-002.664
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a).
Nome do relator: LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES
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RAMENZONI S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Contribuições Previdenciárias Período de Apuração: 07/2003 a 12/2005 COMPENSAÇÃO. LIMITES. CRÉDITO DE IPI. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a tributos e contribuições administrados por aquele órgão, vedada a compensação com débitos referentes a contribuições arrecadadas, fiscalizadas, lançadas e normatizadas pelo INSS/SRP. COMPENSAÇÃO. LIMITES. TRIBUTOS, CONTRIBUIÇÕES E RECEITAS DA MESMA ESPÉCIE. A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. Súmula do Segundo Conselho de Contribuintes diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº Fl. 1DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 2 2 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Marcelo Oliveira Presidente Leonardo Henrique Pires Lopes Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silverio, Bernadete de Oliveira Barros, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro Jose Silva e Leonardo Henrique Pires Lopes. Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, de nº 37.075.9788, lavrada em face de INDUSTRIAS DE PAPEL R. RAMENZONI S/A, do qual foi notificado em 20/03/2007, em virtude do não recolhimento das contribuições destinadas ao financiamento da Seguridade Social, devidas pela empresa, incidentes sobre a folha de pagamento dos empregados e compensadas indevidamente com supostos créditos de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, tendo o lançamento o período de 07/2003 a 12/2005. Afirma o Relatório Fiscal (fls. 70 e seguintes) que a NFLD em comento foi lavrada em substituição à NFLD DEBCAD n° 35.871.2092, a qual foi anulada pela Decisão Notificação 21.424.4/0920/2006, de 13/09/2006, devidamente homologado pelo Delegado da Receita Previdenciária / Delegacia de Campinas. Para fins de regularização, foi imputado à Recorrente o pagamento do valor de R$ 8.179.237,79 (oito milhões, cento e setenta e nove mil, duzentos e trinta e sete reais e setenta e nove centavos). Segundo o Relatório da Fiscalização, os fatos geradores relatados foram apurados com base na análise das folhas de pagamento mensais e nas GFIP’S apresentadas Fl. 2DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 3 3 pelo sujeito passivo. Além do mais, as contribuições patronais, a despeito de não recolhidas, foram devidamente declaradas nas referidas GFIP’S, razão pela qual o lançamento realizado foi contemplado com redução de multa. Aduz o Relato Fiscal que a empresa apresentou pedidos de compensação formulados junto à Secretaria da Receita Federal SRF, nos quais demonstra um suposto crédito de IPI relativamente às suas atividades industriais e postulou, junto à Secretaria da Receita Previdenciária SRP, o deferimento e homologação da compensação, mediante "casamento de contas tributárias". Fundamentou tal pretensão na Norma de Execução SRF/COSAR n. 02, de 16 de abril de 1999. Todavia, no entender da Fiscalização, apesar dos argumentos outrora formulados pela Recorrente, sua compensação não mereceu acolhida, o que levou esta a apresentar defesa (fls. 299 e seguintes), a qual foi julgada improcedente, tendo o lançamento sido integralmente mantido conforme se depreende da ementa abaixo transcrita: LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPETÊNCIA. São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal, em caráter privativo, executar auditoria e fiscalização, objetivando o cumprimento da legislação da Previdência Social relativa às contribuições administradas pelo INSS/SRP/RFB, lançar e constituir os correspondentes créditos apurados. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. As Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, órgãos com jurisdição nacional, compete, especificamente, julgar, em primeira instância, processos administrativos fiscais de determinação e exigência de créditos tributários, inclusive devidos a outras entidades e fundos, e de penalidades. COMPENSAÇÃO. LIMITES. CRÉDITO DE IPI. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a tributos e contribuições administrados por aquele órgão, vedada a compensação com débitos referentes a contribuições arrecadadas, fiscalizadas, lançadas e normatizadas pelo INSS/SRP. COMPENSAÇÃO. LIMITES. TRIBUTOS, CONTRIBUIÇÕES E RECEITAS DA MESMA ESPÉCIE. A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. A instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis. MULTA. CONFISCO. A multa aplicada encontra respaldo na legislação vigente, não caracterizando confisco. SELIC. A aplicação da SELIC para fixação dos acréscimos incidentes sobre o crédito previdenciário lançado pela fiscalização encontra respaldo na legislação vigente. Lançamento Procedente Insatisfeita com a decisão proferida, apresentou a Recorrente Recurso Voluntário (fls. 566 e seguintes) alegando em suma: a) Que seja reconhecida e declarada a nulidade do procedimento administrativo por quebra irregular dos preceitos legais e normativos, fartamente debatidos, reconhecendo o pagamento efetuado por via de compensação; Fl. 3DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 4 4 b) Que sejam preservados os direitos da RECORRENTE, nos moldes do artigo 156, II ou minimamente pelo artigo 151 do CTN, pela inexigibilidade, porquanto dure os efeitos da Compensação até sua efetivação e quitação definitiva do débito tributário; c) Que seja reconhecida e declarada a nulidade da NFLD 35.075.9770, ante a inexistência de legalidade e falta de Vinculação do Ato Administrativo praticado, eis que formalizado em correlato desacordo aos princípios legais ou declarada sua nulidade, vez que não constituída pela Autoridade Competente, forte nos preceitos normativos do art. 142 do CTN; d) Que seja fixada a multa (punitiva), se não acolhidas as razões de direito apresentadas, em 20% com a redução de 50%, a teor da Lei 9.430/96 c/c art. 106, II "c", do CTN; e) Que seja excluída a taxa SELIC, eleita como modalidade de atualização monetária, como amplamente reconhecido pelos Tribunais Pátrios, como determina o Decreto 2346/97, em seus Artigos 1.° e 2.°, enfocando obrigatoriedade pelo respeito às decisões das Cortes Superiores; f) Que sejam limitados os juros moratórios em 12% ao ano sobre o valor liquido devido, não cumulativo à aplicabilidade da taxa SELIC, nos moldes do art. 161 § 1º do CTN. Sem Contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes, Relator Dos Pressupostos de Admissibilidade Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do Recurso e passo ao seu exame. Da falta de amparo legal para o procedimento de compensação realizado pela Recorrente Pela análise dos autos, não há que se falar na possibilidade de compensação do suposto crédito de IPI que alega possuir a Recorrente. É inquestionável a natureza tributária do suposto crédito discutido pela impugnante nos autos da ação judicial 2002.61.00.0036510, aplicandose, portanto, ao caso o artigo 170A do CTN, o qual torna inviável a utilização do crédito de IPI antes da decisão judicial transitada em julgado. Ademais, o reconhecimento do crédito do IPI da empresa referese aos processos administrativos 10865.000636/200124, 10865.000632/200146, 10865.000634/200135, 10865.000633/200191 e 10865.000635/200160, enquanto o suposto crédito de IPI cuja compensação indevida resultou na lavratura da presente NFLD, decorre de Fl. 4DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 5 5 processos de Restituição/Ressarcimento diversos, quais sejam, 10865.001551/0057, 10865.000631/200100, além do processo 10865.000633/200191. Portanto, primeiro não se pode entender que a decisão judicial às fls. 430/434 deferiu a compensação pretendida pela Recorrente, conforme se depreende do trecho abaixo transcrito: “Ressalto, inicialmente, que, diante do que dispõe o art. 170A do Código Tributário Nacional, nos termos da redação dada pela Lei Complementar 104/2001, não se admite o deferimento de compensação de tributos por medida liminar e antes do transito em julgado da decisão, pelo que passo a analisar apenas a questão referente ao creditamento de IPI sobre os insumos e matérias primas" (fls. 431). Além do mais, exceção feita ao processo administrativo 10865.000633/2001 91, a lide judicial não tem como objeto os processos dos quais se originaram o suposto crédito da empresa. Destarte não merece acolhida a tese de que o procedimento realizado pela fiscalização resultou em ofensa à decisão judicial. Por tais razões, não se pode aceitar o argumento de que a discussão em torno do crédito do IPI acontece perante a SRF, restando à Secretaria da Receita Previdenciária — SRP apenas um crédito do sujeito passivo a ser compensado, já que o suposto crédito, conforme exposto, só pode ser aproveitado após o trânsito em julgado da decisão judicial que o reconheça. Também não procede a afirmação de que o fundamento legal utilizado pela autoridade lançadora encontrase superado por legislação superveniente. Ora, o artigo 89 da Lei 8.212/91, com a redação dada pela Lei 9.129/95 dispõe claramente que: Art. 89. Somente poderá ser restituída ou compensada contribuição para a Seguridade Social arrecadada pelo Instituto Nacional do Seguro SocialINSS na hipótese de pagamento ou recolhimento indevido. §1º Admitirseá apenas a restituição ou a compensação de contribuição a cargo da empresa, recolhida ao INSS, que, por sua natureza, não tenha sido transferida ao custo de bem ou serviço oferecido a sociedade. § 2° Somente poderá ser restituído ou compensado, nas contribuições arrecadadas pelo INSS, o valor decorrente das parcelas referidas nas alíneas "a", "h" e "c" do parágrafo único do art. 11 desta Lei. § 3° Em qualquer caso, a compensação não poderá ser superior a trinta por cento do valor a ser recolhido em cada competência. § 4° Na hipótese de recolhimento indevido, as contribuições serão restituídas ou compensadas atualizadas monetariamente. § 5° Observado o disposto no § 3°, o saldo remanescente em favor do contribuinte, que não comporte compensação de uma s6 vez, será atualizado monetariamente. § 6°A atualização monetária de que tratam os §§ 4° e 5° deste artigo observará os mesmos critérios utilizados na cobrança da própria contribuição. § 7° Não será permitida ao beneficiário a antecipação do pagamento de contribuições para efeito de recebimento de benefícios. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 6 6 Além do mais, de acordo com o artigo 74 da Lei 9.430/96, com a redação dada pela Lei 10.637/2002 temse que: Art. 74. 0 sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. Vislumbrase, portanto, claramente a ausência de qualquer incompatibilidade entre os dois dispositivos legais. Enquanto o artigo 89 da Lei 8.212/91 trata da compensação no âmbito do INSS, a Lei 9.430/96 ocupase da compensação na esfera da Secretaria da Receita Federal, consignando de maneira inequívoca que o crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela SRF poderão ser compensados com quaisquer tributos ou contribuições administrados também pela SRF. Quanto ao Decreto n° 2.637/98, de 25 de junho de 1998, que "Regulamenta a Cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados — IPI", o referido normativo infralegal prevê, em seu artigo 190, a compensação de créditos do sujeito passivo com o imposto (IPI) correspondente a períodos subsequentes, facultando a opção pelo pedido de restituição: Art. 190. Nos casos de pagamento indevido ou a maior do imposto, inclusive quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o valor correspondente poderá ser utilizado, mediante compensação, para pagamentos de débitos do imposto do próprio sujeito passivo, correspondentes a períodos subsequentes, desde que não apurados em procedimentos de oficio, independentemente de requerimento (Lei n° 5.172, de 1966, art. 165, Lei n°8.383, de 1991, art. 66, e Lei n°9.430, de 1996, art. 73). § 1° facultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição (Lei n° 8.383, de 1991, art. 66, § 2°). Já o artigo 191 do referido diploma legal trata da possibilidade de concessão de outras formas de compensação, inclusive com outros tributos ou contribuições federais, observadas as normas e condições estabelecidas pela Secretariada Receita Federal. No entanto, as contribuições em relação às quais pretende a impugnante compensar seus pretensos créditos do IPI, a teor do disposto no artigo 33 da Lei 8.212/91 não eram à época arrecadados, fiscalizados, lançados e normatizados pela SRF, sendo que por isso não poderiam ser aplicadas as disposições contidas no artigo 191 do Decreto 2.637/98, que dispõe: Poderão ser concedidas outras formas de compensação do imposto, inclusive com outros tributos ou contribuições federais, desde que mediante requerimento do sujeito passivo e observadas as normas e condições estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal (Lei n° 9.430, de 1996, artigos. 73 e 74). Nesse sentido, aos comandos normativos emanados da SRF, encontrase em consonância com todo o ordenamento jurídico aqui analisado a afirmação contida no Relatório Fiscal e questionada pela Recorrente às folhas 74. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 7 7 Nos termos da legislação anteriormente transcrita, outras formas de compensação do imposto (IPI) poderiam ser concedidas uma vez observadas as normas e condições estabelecidas pela SRF. Consequentemente, esta compensação só poderia abranger os tributos administrados pela SRF. Corroborando tudo até então exposto, oportuno trazer á baila os artigos 207 e 208 do Decreto 4.544, de 26 de dezembro de 2002, que "Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI" e encontrase redigido nos seguintes termos: Art. 207. Nos casos de pagamento indevido ou a maior do imposto, inclusive quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o valor correspondente poderá ser utilizado, mediante compensação, para pagamentos de débitos do imposto do próprio sujeito passivo, correspondentes a períodos subsequentes, independentemente de requerimento (Lei n 2 5.172, de 1966, art. 165, Lei n2 8.383, de 1991, art. 66, e Lei n2 9.430, de 1996, art. 73). §º 12 É facultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição (Lei n2 8.383, de 1991, art. 66, § 22). §º 22 Parte legitima para efetuar a compensação ou pleitear a restituição é o sujeito passivo que comprove haver efetuado o pagamento indevido, ou a maior. Art. 208. O sujeito passivo que apurar crédito do imposto, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a tributos e contribuições administrados pela SRF (Lei n ° 9.430, de 1996, art. 74, e Medida Provisória n2 66, de 2002, art. 49). §º12 A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (Lei n° 9.430, de 1996, art. 74, § 1 2, e Medida Provisória n2 66, de 2002, art. 49). §º22 A compensação declarada it SRF extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação (Lei n° 9.430, de 1996, art. 74, § 22, e Medida Provisória n2 66, de 2002, art. 49)". Observase da legislação transcrita, que os diplomas legais em comento não abrangem a possibilidade do sujeito credor do IPI compensar o respectivo crédito com as contribuições objeto do presente lançamento fiscal, vez que as mesmas não eram à época administradas pela SRF (artigo 208, caput). Além do mais, ainda que fosse possível a utilização dos créditos de IPI conforme pretendido pela Recorrente, a mesma deveria fazer prova da liquidez e certeza de tais créditos, conforme dispõe o artigo 170 do CTN. Tal pressuposto demanda o reconhecido dessa condição por meio de decisão Judicial, o que não o caso dos autos, quer seja através de decisão proferida no âmbito administrativo, sendo que neste particular oportuno frisar que o processo 10865.001551/0057 foi indeferido pela SRF, tendo sido confirmada tal decisão na instancia administrativa superior (Segundo Conselho de Contribuintes), conforme a ementa abaixo transcrita: "Processo no.: 10865.001551/0057 Recurso no.: 131.466 Acórdão no.: 20401.315 Recorrente: Indústrias de Papel R. Ramenzoni S/ARecorrida: DRJ em Ribeirão Fl. 7DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 8 8 Preto — SP NORMAS PROCESSUAIS. PRESCRIÇÃO. A prescrição relativa ao pedido de ressarcimento de eventuais créditos escriturais de IPI regese pelo Decreto no. 20.910/1932, postulando o direito de postulálo em cinco anos entre a data da entrada do insumo no estabelecimento fabril e a data do protocolo de sua requisição administrativa. Recurso negado". Também foi o processo 10865.000631/2001 00 indeferido pela SRF: "Ementa: CRÉDITOS. INSUMOS ISENTOS, NÃO TRIBUTADOS OU TRIBUTADOS A AL/QUOTA ZERO. inadmissível, por total ausência de previsão legal, a apropriação, na escrita fiscal do sujeito passivo, de créditos do imposto alusivos a insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero, uma vez que inexiste montante do imposto cobrado na operação anterior. INCONSTITUCIONALIDADE. A autoridade administrativa é incompetente para declarar a inconstitucionalidade da lei e dos atos infralegais. CRÉDITOS. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA PELA UFIR INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. É incabível, por ausência de base legal, a atualização monetária de créditos do imposto, objeto de pedido de ressarcimento cumulado com compensação, pela conversão em Ufir e a incidência da taxa Selic sobre os montantes pleiteados". (Acórdão 8196, de 27 de maio de 2005 — 2'. Turma de Julgamento DRJ Ribeirão Preto — Relator Marcelo de Camargo Fernandes). Assim, o artigo 208 do Decreto 4.544/2002, repitase, trata de compensação efetuada entre tributos administrados apenas pela SRF, não se aplicando à hipótese sob análise, por consequência, a disposição contida no parágrafo 2º do referido dispositivo normativo. Destarte, quer pelo fato de não haver previsão legal ou normativa para a compensação pretendida pela impugnante, quer pelo não reconhecimento de seus supostos créditos de IPI, não merece acolhida os argumentos aventados na impugnação apresentada. Da cobrança da Taxa SELIC Entendo ser possível e correta a aplicabilidade da Taxa SELIC nos casos de atraso no pagamento de importâncias devidas ao INSS, haja vista sua previsão legal estar devidamente fundamentada no art. 58, inc. II do Decreto nº 2.173/97, consoante se pode observar: Art. 58. Para o pagamento de valores das contribuições e demais importâncias devidas à seguridade social, arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e não recolhidas até a data de seu vencimento, inclusive dos débitos objeto de parcelamento, incidirão: [...] II juros de mora: a) um por cento no mês do vencimento; b) equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaSELIC nos meses intermediários; c) um por cento no mês do pagamento; Além do mais, ressalto que recentemente o Segundo Conselho aprovou a Súmula nº 03 que assim dispôs sobre a matéria: Fl. 8DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 9 9 “SÚMULA Nº 3 É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais.” Relembrese, mais uma vez, no que tange à alegada inconstitucionalidade da taxa, o entendimento de que a instância administrativa não possui competência legal para se manifestar sobre questões em que se presume a colisão da legislação de regência com a Constituição Federal, atribuição reservada, no direito pátrio, ao Poder Judiciário (Constituição Federal, art. 102, I, “a” e III, “b”, art. 103, § 2°; Emenda Constitucional n° 3/93; Código de Processo Civil , artigos. 480 a 482). Da multa aplicada A autuação em comento referese ao descumprimento pelo contribuinte da sua obrigação tributária principal, consistente no dever de recolher a contribuição previdenciária dentro do prazo previsto em lei. Além do pagamento do tributo não recolhido, a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores previa a imposição ao contribuinte da penalidade correspondente ao atraso no pagamento, conforme art. 35 da Lei nº 8.212/1991, que escalonava a multa (I) de 4% a 20%, quando o valor devido não tivesse sido incluído em notificação fiscal de lançamento, (II) de 12% a 50% para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal, e (III) de 30% a 100% nos casos em que o débito já tivesse sido inscrito em dívida ativa. Como se depreende do caput do art. 35 referido (sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos...) a penalidade decorria do atraso no pagamento, independentemente de o lançamento ter sido efetuado de ofício ou não. Em outras palavras, não existia na legislação anterior a multa de ofício, aplicada em decorrência do lançamento de ofício pela auditoria fiscal, mas apenas a multa de mora, oriunda do atraso no recolhimento da contribuição. A punição do art. 35 da referida lei dirigiase à demora no pagamento, sendo mais agravada/escalonada de acordo com o momento em que fosse recolhida. Ocorre que, com o advento da MP nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, o art. 35 da Lei nº 8.212/1991 foi revogado, tendo sido incluída nova redação àquele art. 35. A análise dessa nova disciplina sobre a matéria, introduzida em dezembro/2008, adquire importância em face da retroatividade benigna da legislação posterior que culmine penalidade mais benéfica ao contribuinte, nos termos do art. 106, II do CTN, in verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; Fl. 9DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 10 10 II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Cabe, portanto, analisar as disposições introduzidas com a referida MP nº 449/2008 e mantidas com a sua conversão na Lei nº 11.941/2009: Art. 35 da Lei nº 8.212/1991 Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 61 da Lei nº 9.430/1996 Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. À primeira vista, a indagação de qual seria a norma mais favorável ao contribuinte seria facilmente resolvida, com a aplicação retroativa da nova redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo esta última a utilizada nos casos em que a multa de mora excedesse o percentual de 20% previsto como limite máximo pela novel legislação. Contudo, o art. 35A, também introduzido pela mesma Lei nº 11.941/2009, passou a punir o contribuinte pelo lançamento de ofício, conduta esta não tipificada na legislação anterior, calculado da seguinte forma: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 10DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 11 11 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Pela nova sistemática aplicada às contribuições previdenciárias, o atraso no seu recolhimento será punido com multa de 0,33% por dia, limitado a 20% (art. 61 da Lei nº 9.430/1996). Sendo o caso de lançamento de ofício, a multa será de 75% (art. 44 da Lei nº 9.430/1996). Não existe qualquer dúvida quanto à aplicação da penalidade em relação aos fatos geradores ocorridos após o advento da MP nº 449/2008. Contudo, diante da inovação em se aplicar também a multa de ofício às contribuições previdenciárias, surge a dúvida de com que norma será cotejada a antiga redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 para se verificar a existência da penalidade mais benéfica nos moldes do art. 106, II, “c” do CTN. Isto porque, caso seja acolhido o entendimento de que a multa de mora aferida em ação fiscal está disciplinada pelo novo art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei 9.430/1996, terá que ser limitada ao percentual de 20%. Ocorre que alguns doutrinadores defendem que a multa de mora teria sido substituída pela multa de ofício, ou ainda que esta seria sim prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/1991, na sua redação anterior, na medida em que os incisos II e III previam a aplicação da penalidade nos casos em que o débito tivesse sido lançado ou em fase de dívida ativa, ou seja, quando tivesse decorrido de lançamento de ofício. Contudo, nenhum destes dois entendimentos pode prevalecer. Consoante já afirmado acima, a multa prevista na redação anterior do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 destinavase a punir a demora no pagamento do tributo, e não o pagamento em razão de ação fiscal. O escalonamento existente era feito de acordo com a fase do pagamento, isto é, quanto mais distante do vencimento do pagamento, maior o valor a ser pago, não sendo punido, portanto, a não espontaneidade do lançamento. Também não seria possível se falar em substituição de multa de mora por multa de ofício, pois as condutas tipificadas e punidas são diversas. Enquanto a primeira relacionase com o atraso no pagamento, independentemente se este decorreu ou não de autuação do Fisco, a outra vinculase à ação fiscal. Fl. 11DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 12 12 Por outro lado, não me parece correta a comparação da nova multa calculada conforme o art. 35A da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício prevista em 75% do valor da contribuição devida) com o somatório das multas previstas no art. 32, §4º e 5º e no revogado art. 35 ambos da Lei nº 8.212/1991. Em primeiro lugar, esse entendimento somente teria coerência, o que não significa legitimidade, caso se entendesse que a multa de ofício substituiu as penalidades tanto pelo descumprimento da obrigação principal quanto pelo da acessória, unificandoas. Nesses casos, concluindose pela aplicação da multa de ofício, por ser supostamente a mais benéfica, os autos de infração lavrados pela omissão de fatos geradores em GFIP teriam que ser anulados, já que a penalidade do art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício) estaria substituindo aquelas aplicadas em razão do descumprimento da obrigação acessória, o que não vem sendo determinado pelo Fisco. Em segundo lugar, não se podem comparar multas de naturezas distintas e aplicadas em razão de condutas diversas. Conforme determinação do próprio art. 106, II do CTN, a nova norma somente retroage quando deixar de definir o ato como infração ou quando cominarlhe penalidade menos severa. Tanto em um quanto no outro caso verificase a edição de duas normas em momentos temporais distintos prescrevendo a mesma conduta, porém com sanções diversas. Assim, somente caberia a aplicação do art. 44, I da Lei nº 8.212/1996 se a legislação anterior também previsse a multa de ofício, o que não ocorria até a edição da MP nº 449/2008. A anterior multa de mora somente pode ser comparada com penalidades que tenha a mesma ratio, qual seja, o atraso no pagamento das contribuições. Revogado o art. 35 da Lei nº 8.212/1991, cabe então a comparação da penalidade aplicada anteriormente com aquela da nova redação do mesmo art. 35, já transcrita acima, que remete ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Não só a natureza das penalidades leva a esta conclusão, como também a própria alteração sofrida pelo dispositivo. No lugar da redação anterior do art. 35, que dispunha sobre a multa de mora, foi introduzida nova redação que também disciplina a multa de mora, agora remetendo ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Estes dois dispositivos é que devem ser comparados. Diante de todo o exposto, não é correto comparar a multa de mora com a multa de ofício. Esta terá aplicação apenas aos fatos geradores ocorridos após o seu advento. Para fins de verificação de qual será a multa aplicada no caso em comento, deverão ser cotejadas as penalidades previstas na redação anterior do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 com a instituída pela sua nova redação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), aplicandolhe a que for mais benéfica. Da Conclusão Fl. 12DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10865.001652/200720 Acórdão n.º 2301002.664 S2C3T1 Fl. 13 13 Diante do exposto, conheço do Recurso para no mérito DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para determinar que sejam cotejadas as multas previstas no art. 35 em sua redação atual e anterior da Lei 8.212/91, aplicandose a que seja mais benéfica ao contribuinte. É como voto. Sala das Sessões, em 13 de março de 2012 Leonardo Henrique Pires Lopes Fl. 13DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A
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Numero do processo: 35189.001499/2004-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/2003
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CABIMENTO.
Dispõe o art. 65, do RICARF, aprovado pela Portaria MF n. 256/2009 que cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma.
Constato a omissão quanto ao pronunciamento em face da natureza do vício constatado, deve o Colegiado acolher os embargos de declaração tão somente para consignar o tratar-se de vício formal ou material.
VÍCIO FORMAL. NATUREZA DA INVALIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL.
O lançamento é forma, sendo o ato de aplicação material da norma de incidência. Apesar de ser forma, exteriorização, reflete o conteúdo da norma de incidência tributária, o fato gerador. A falha na exteriorização do lançamento é um vício formal, por seu turno, o erro quanto ao conteúdo irá traduzir um vício material.
Não se pode confundir falta de motivo com a falta de motivação. A falta de motivo do ato administrativo vinculado causa a sua nulidade. Motivação é a exposição de motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito, de que os pressupostos de fato realmente existiram. A motivação diz respeito às formalidades do ato. O motivo, por seu turno, antecede a prática do ato, correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que levam a Administração a praticar o ato. São os pressupostos de fato e de direito da prática do ato. Logo, se há falha na motivação, o vício é formal, se houver falha no pressuposto de fato ou de direito, o vício é material. Como exemplo nas contribuições previdenciárias: se houve lançamento enquadrando o segurado como empregado, mas com as provas contidas nos autos é possível afirmar que se trata de contribuinte individual, há falha no pressupostos de fato e de direito. Agora, se houve lançamento como empregado, mas o relatório fiscal falhou na caracterização; entendo que haveria falha na motivação; devendo o lançamento ser anulado por vício formal.
Numero da decisão: 2302-001.816
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade em conceder provimento aos embargos e rescindir o acórdão anterior. Em substituição àquele, por maioria de votos, em anular o auto de infração/lançamento por vício formal, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido(a) o(a) Conselheiro(a) Manoel Coelho Arruda Júnior e Arlindo da Costa e Silva. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marco André Ramos Vieira.
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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OMISSÃO. CABIMENTO. Dispõe o art. 65, do RICARF, aprovado pela Portaria MF n. 256/2009 que cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Constato a omissão quanto ao pronunciamento em face da natureza do vício constatado, deve o Colegiado acolher os embargos de declaração tão somente para consignar o tratarse de vício formal ou material. VÍCIO FORMAL. NATUREZA DA INVALIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL. O lançamento é forma, sendo o ato de aplicação material da norma de incidência. Apesar de ser forma, exteriorização, reflete o conteúdo da norma de incidência tributária, o fato gerador. A falha na exteriorização do lançamento é um vício formal, por seu turno, o erro quanto ao conteúdo irá traduzir um vício material. Não se pode confundir falta de motivo com a falta de motivação. A falta de motivo do ato administrativo vinculado causa a sua nulidade. Motivação é a exposição de motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito, de que os pressupostos de fato realmente existiram. A motivação diz respeito às formalidades do ato. O motivo, por seu turno, antecede a prática do ato, correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que levam a Administração a praticar o ato. São os pressupostos de fato e de direito da prática do ato. Logo, se há falha na motivação, o vício é formal, se houver falha no pressuposto de fato ou de direito, o vício é material. Como exemplo nas contribuições previdenciárias: se houve lançamento enquadrando o segurado como empregado, mas com as provas contidas nos autos é possível afirmar que se trata de contribuinte individual, há falha no pressupostos de fato e de Fl. 1DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 12/07/ 2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEI RA 2 direito. Agora, se houve lançamento como empregado, mas o relatório fiscal falhou na caracterização; entendo que haveria falha na motivação; devendo o lançamento ser anulado por vício formal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade em conceder provimento aos embargos e rescindir o acórdão anterior. Em substituição àquele, por maioria de votos, em anular o auto de infração/lançamento por vício formal, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencido(a) o(a) Conselheiro(a) Manoel Coelho Arruda Júnior e Arlindo da Costa e Silva. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marco André Ramos Vieira. MARCO ANDRÉ RAMOS VIEIRA Presidente. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco André Ramos Vieira, Manoel Coelho Arruda Júnior, Liege Lacroix Thomasi, Arlindo da Costa e Silva, Adriana Sato. Relatório Tratamse de embargos de declaração oposto pela r. PGFN em face do Acórdão n. 20501.412, proferido pela então 5ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, que, em análise do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, entendeu pela nulidade do processo: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/2003 Ementa: SEGURADO EMPREGADO. ENQUADRAMENTO NÃO CONFIGURADO. Deve a fiscalização de maneira individualizada apresentar as razões para o enquadramento como segurado empregado [art. 12, I, da Lei n. 8.212/91], demonstrando todos os pressupostos: subordinação, nãoeventualidade, onerosidade e pessoalidade. Suscita a Fazenda Nacional, em síntese, que julgamento incorreu em omissão, pois deixou de se manifestar em face da natureza do vício que “supostamente maculou o lançamento (se material ou formal)”. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 12/07/ 2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEI RA Processo nº35189.001499/200438 Acórdão n.º 2302 001.816 S2C3T2 Fl. 2 3 Por meio do Despacho n. 230273, de 18 de janeiro de 2012, o i. Presidente da 2ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara, da Segunda Seção acolheu recurso oposto, por entender existir omissão no julgado prolatado. É o relatório. VotoVencido Conselheiro MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Atendidos os pressupostos de admissibilidade, passo ao exame das questões de mérito. Como dito acima, por meio do Acórdão n. 20501.412 proferido pela então 5ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, aquele Órgão entendeu pela nulidade do processo: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/2003 Ementa: SEGURADO EMPREGADO. ENQUADRAMENTO NÃO CONFIGURADO. Deve a fiscalização de maneira individualizada apresentar as razões para o enquadramento como segurado empregado [art. 12, I, da Lei n. 8.212/91], demonstrando todos os pressupostos: subordinação, nãoeventualidade, onerosidade e pessoalidade. A conclusão ementada decorreu da ausência da informação quanto ao pressupostos para a caracterização como segurado empregado, verbis: Não há dúvida que houve a prestação de serviços, o que ainda não foi esclarecido, de forma adequada no relatório fiscal e seus anexos, é o enquadramento dos referidos segurados perante o RGPS. É bem verdade que o enquadramento no RGPS, em determinados casos, independe do efetuado para fins trabalhistas, como exemplo, os referentes às alíneas “i”, “j”, “l”, “m”, “p” do art. 9º do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999. Basta a configuração de uma dessas hipóteses para que o segurado seja enquadrado como empregado perante o RGPS, independente dos requisitos perante a legislação trabalhista (subordinação, nãoeventualidade, onerosidade, pessoalidade). Entretanto, o enquadramento realizado pelo INSS foi no art. 12, I, “a” da Lei n ° 8.212/1991. Uma vez que a autarquia os enquadrou como segurado empregado, nos termos dessa alínea, deveria ter esclarecido de maneira individualizada as razões para tal enquadramento, demonstrando todos os Fl. 3DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 12/07/ 2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEI RA 4 pressupostos: subordinação, nãoeventualidade, onerosidade e pessoalidade. Além do que, uma simples declaração não faz prova de vínculo empregatício perante a Previdência Social, pois o segurado pode se beneficiar da declaração sem o respectivo recolhimento das contribuições previdenciárias; onerando os cofres públicos. A presente NFLD caso não demonstre de forma efetiva a relação do segurado com o recorrente pode chancelar uma situação inexistente, gerando um benefício previdenciário indevido. Pode a fiscalização diligenciar para verificar outras provas juntadas pelo segurado no requerimento do benefício, que sustentem o vínculo com o recorrente. Caso não haja comprovação da veracidade da declaração prestada junto à Previdência Social, entendo que seria o caso de revisão de benefício e de representação fiscal para fins penais. No sentido da insubsistência da NFLD com base apenas na presença da nãoeventualidade, o Ministério da Previdência Social já se pronunciou por meio do Parecer CJ/MPAS n ° 1.747/1999, cujo trecho relevante para a presente questão transcrevo a seguir: (...)4. O único argumento encontrado no relatório fiscal é que as atividades desenvolvidas estão intrinsecamente ligadas ao objetivo social da empresa. Tal argumento, carece de amparo jurídico, haja vista, que o tipo de atividade desenvolvida por um trabalhador autônomo não é, e nunca foi, fundamento para enquadrar esse trabalhador como empregado. 5. Independentemente da atividade possuir vinculação ou não com a atividade fim da empresa, a caracterização do vínculo empregatício ocorre com a presença dos seguintes requisitos: a) prestação de serviço de natureza não eventual; b) subordinação; c) habitualidade; e d) onerosidade. (Conceito legal art. 3º da CLT) (...)O relatório fiscal foi feito de modo incompleto, grande parte dos fundamentos, que já deveriam constar do relatório, foram surgindo ao longo do procedimento administrativo (DecisãoNotificação). Assim, restou caracterizado o cerceamento de defesa, pois houve supressão de instância, ainda que indireta. No relatório fiscal consta que o único documento disponível à fiscalização foi a declaração, o que gerou a aferição de valores, contudo não consta nos autos prova de solicitação de documentos por meio de TIAD. Por esses fatos não há como manter o procedimento, devendo o mesmo ser anulado por vício, em virtude do descumprimento pela Fiscalização, pois não houve demonstração clara e precisa do fato gerador. Por todo o exposto, acato a preliminar ora examinada, restando prejudicado o exame de mérito. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 12/07/ 2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEI RA Processo nº35189.001499/200438 Acórdão n.º 2302 001.816 S2C3T2 Fl. 3 5 Intimada do decisum, a Fazenda Nacional opôs embargos de declaração que suscita, em síntese, que julgamento incorreu em omissão, pois deixou de se manifestar em face da natureza do vício que “supostamente maculou o lançamento (se material ou formal)”. Nesse sentido, acolho os embargos opostos e, por conseguinte, rescindo o acórdão anteriormente prolatado. Com efeito, a omissão pela qual incorreu o auditor notificante afronta diretamente os preceitos legais contidos no artigo 142 do Código Tributário Nacional, na medida em que o fisco não descreveu e nem comprovou a ocorrência do fato gerador. Nesse sentido, peço vênia para transcrever o dispositivo citado: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Perfilhando o mesmo raciocínio, a Lei 9.784/99 em seu artigo 50 estabelece que os atos administrativos devam ser motivados de forma clara, explícita e congruente sob pena de nulidade. E o Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, por sua vez, também tem firmado entendimento nesse sentido, o que podemos verificar no acórdão nº 180/2004 proferido pelo então Presidente da 4ª Câmara, in verbis: “EMENTA. CARACTERIZAÇÃO DE EMPREGADOS. NULIDADE. RELATÓRIO FISCAL INCOMPLETO. O relatório fiscal deve conter todos os elementos que permitem ao contribuinte defenderse de eventual caracterização de segurado empregado sob pena de nulidade. [...]” Por fim, a jurisprudência deste Egrégio Conselho de Contribuintes converge no sentido de que a ausência de discriminação dos fatos geradores motivados gera uma insuficiência na descrição dos fatos, o que por sua vez, impede o direito de defesa. Tratase, então, de vício material conforme ementa abaixo transcrita: “(...) A descrição defeituosa dos fatos impede a compreensão dos mesmos, e, por conseqüência, das infrações correspondentes, sendo, portanto, vício material, pois mitiga, indevidamente, a participação do contribuinte na instauração do litígio, mediante a apresentação da impugnação. No caso em análise, havia possibilidade de conhecimento dos fatos descritos e das infrações imputadas, posto que complexas.” (Recurso n. 131.449, Acórdão n. 10807556, 8ª Câmara, Relator Conselheiro Mário Junqueira Franco Júnior, sessão de julgamento de 15/10/2003). “PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO EX OFFICIO – É nulo o Ato Administrativo de Lançamento, formalizado com inegável insuficiência na descrição dos fatos, não permitindo que o sujeito passivo pudesse exercitar, como lhe Fl. 5DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 12/07/ 2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEI RA 6 outorga o ordenamento jurídico, o amplo direito de defesa, notadamente por desconhecer, com a necessária nitidez, o conteúdo do ilícito que lhe está sedo imputado. Tratase, no caso, de nulidade pro vício material, na medida em que falta conteúdo ao ato, o que implica inocorrência da hipótese de incidência.” (Recurso n. 132.213, Acórdão n. 10194049, 1ª Câmara, Relator Conselheiro Sebastião Rodrigues Cabral, sessão de julgamento de 06/12/2002). CONCLUSÃO: Portanto, voto para ACOLHO os embargos de declaração da Fazenda Nacional, rescindir o Acórdão n. 20501.412. Ato contínuo, VOTO PELO NULIDADE DO LANÇAMENTO, por vício material, pois o relatório fiscal não registrou todos os elementos que permitem ao contribuinte defenderse de eventual caracterização de segurado empregado. É como voto. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Relator Voto Vencedor O lançamento é forma, sendo o ato de aplicação material da norma de incidência. Apesar de ser forma, exteriorização, reflete o conteúdo da norma de incidência tributária, o fato gerador. A falha na exteriorização do lançamento é um vício formal, por seu turno, o erro quanto ao conteúdo irá traduzir um vício material. Como é cediço, são componentes do ato administrativo: a competência, a forma, a finalidade, o motivo e o objeto. Ao lavrar um ato administrativo, a autoridade pode falhar em algum desses elementos; dessa maneira, a distinção, entre os componentes do ato, é relevante para fins de determinação dos efeitos que o vício nos elementos geram. O vício do ato pode ser sanável ou insanável. O vício na competência e na forma são sanáveis; já os vícios na finalidade, no motivo e no objeto são insanáveis. Justamente por vício na forma ocasionar a possibilidade da convalidação do ato, é importante destacar o que se entende por forma. A invalidação e a convalidação são meios para a eliminação do vício. Caso a administração não convalide o ato, este se torna passível de invalidação pelo Poder Judiciário. Destacase que na Administração Tributária há uma nítida distinção entre o órgão fiscalizador, que pratica o ato de lançamento, e o órgão que julga os recursos. Não há como o órgão julgador convalidar o ato de lançamento, pois as competências são notoriamente distintas. Assim, diante do reconhecimento do vício na confecção do lançamento, não há como se efetuar pelo decisório a complementação do lançamento. Agora, os simples erros materiais, como base de cálculo equivocada, erros de digitação, guias não consideradas pelo fisco, podem promover a simples alteração do valor inicialmente lançado, sem ocasionar a nulidade do ato administrativo, a teor do disposto no art. 145 do CTN. Há, assim, que se distinguir os vícios que contaminam o ato administrativo das simples irregularidades. Os atos irregulares não contém vícios que comprometam a pertinência e a validade de modo decisivo. Não se classificam como inválidos, uma vez que os vícios Fl. 6DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 12/07/ 2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEI RA Processo nº35189.001499/200438 Acórdão n.º 2302 001.816 S2C3T2 Fl. 4 7 presentes nos atos irregulares restringemse a erros, os quais a lei não considera essencial para a validade do ato administrativo e, que não demande a convalidação para corrigilo. Pode haver a retirada de valores, agora a inclusão, alteração de fundamentos legais, falhas na identificação do sujeito passivo demandam a necessidade de novo lançamento. Em uma concepção a respeito da forma do ato administrativo é incluída não somente a exteriorização do ato, mas também as formalidades que devem ser observadas durante o processo de formação da vontade da Administração, e até os requisitos concernentes à publicidade do ato. Nesse sentido é a lição de Maria Sylvia di Pietro, na obra Manual de Direito Administrativo, 18ª edição, Ed. Atlas, página 200. Na lição expressa de Maria Sylvia di Pietro, na obra já citada, página 202, in verbis: “Integra o conceito de forma a motivação do ato administrativo, ou seja, a exposição dos fatos e dos direitos que serviram de fundamento para a prática do ato; a sua ausência impede a verificação da legitimidade do ato.” Não se pode confundir falta de motivo com a falta de motivação. A falta de motivo do ato administrativo vinculado causa a sua nulidade. Motivação é a exposição de motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito, de que os pressupostos de fato realmente existiram. A motivação diz respeito às formalidades do ato. O motivo, por seu turno, antecede a prática do ato, correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que levam a Administração a praticar o ato. São os pressupostos de fato e de direito da prática do ato. Na lição de Maria Sylvia di Pietro, pressuposto de direito é o dispositivo legal em que se baseia o ato; pressuposto de fato, corresponde ao conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam a Administração a praticar o ato. A ausência de motivo ou a indicação de motivo falso invalidam o ato administrativo. No lançamento fiscal o motivo é a ocorrência do fato gerador, esse inexistindo torna improcedente o lançamento, não havendo como ser sanado, pois sem fato gerador não há obrigação tributária. Agora, a motivação é a expressão dos motivos, é a tradução para o papel da realidade encontrada pela fiscalização. A falha na motivação pode ser corrigida, desde que o motivo tenha existido. Não é outra a lição do mais abalizado administrativista brasileiro, Celso Antônio Bandeira de Mello. De acordo com esse doutrinador, na obra Curso de Direito Administrativo, 22ª edição, Ed. Malheiros, pág. 385, verbis: “em se tratando de atos vinculados, o que mais importa é haver ocorrido o motivo perante o qual o comportamento era obrigatório, passando para segundo plano a questão da motivação. Assim, se o ato não houver sido motivado, mas for possível demonstrar ulteriormente, de maneira indisputavelmente objetiva e para além de qualquer dúvida ou entredúvida, que o motivo exigente do ato preexistia, deverseá considerar sanado o vício do ato.” Na mesma obra, página 451, o autor afirma que “a convalidação, ou seja, o refazimento de modo válido e com efeitos retroativos do que fora produzido de modo inválido, em nada se incompatibiliza com interesses públicos. Isto é: em nada ofende a índole do Direito Administrativo. Pelo contrário”. Na lição de Celso Antônio, página 453: “A Administração não pode convalidar um ato viciado se este já foi impugnado, administrativa ou judicialmente. Se pudesse fazêlo, seria inútil a arguição do vício, pois a extinção dos efeitos ilegítimos dependeria da vontade da Administração, e não do dever de obediência à ordem jurídica. Há entretanto, uma exceção. É o caso da “motivação” de ato vinculado expendida tardiamente, Fl. 7DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 12/07/ 2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEI RA 8 após a impugnação do ato. A demonstração, conquanto serôdia, de que os motivos preexistiam e a lei exigia que, perante eles, o ato fosse praticado com o exato conteúdo com que o foi é razão bastante para sua convalidação.” Logo, se há falha na motivação, o vício é formal, se houver falha no pressuposto de fato ou de direito, o vício é material. Como exemplo nas contribuições previdenciárias: se houve lançamento enquadrando o segurado como empregado, mas com as provas contidas nos autos é possível afirmar que se trata de contribuinte individual, há falha no pressupostos de fato e de direito. Entretanto, se houve lançamento como empregado, mas o relatório fiscal falhou na caracterização; entendo que haveria falha na motivação; devendo o lançamento ser anulado por vício formal. A autoridade julgadora deverá analisar a observância dos requisitos formais do lançamento, previstos no art. 37 da Lei n ° 8.212 e no art. 10 do Decreto n º 70.235 de 1972, nestas palavras: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Conforme expressamente previsto no Decreto n º 70.235, a descrição do fato é requisito formal. Não se pode confundir descrição do fato com o próprio fato. A primeira é forma, exteriorização; o segundo é conteúdo. Da análise dos requisitos formais estabelecidos no art. 10 do Decreto n º 70.235 pode ser concluído que o relatório fiscal preenche todos os requisitos formais, o que permite um regular desenvolvimento para ser julgado o mérito; ou pode ser concluído que há um vício sanável, ou o vício poderá ser insanável. No caso de o vício ser sanável, a autoridade julgadora determinará a correção da eiva pela autoridade lançadora, caso não seja corrigida deverá ser anulado o lançamento por vício formal. Caso o vício seja insanável, como por exemplo o fato indicado pelo Auditor Fiscal não consta em lei como hipótese de incidência, deverá ser dado provimento ao recurso interposto pelo contribuinte, pois se não há possibilidade de correção, não há motivo para que seja realizado novo lançamento sobre aquela argumentação. Desse modo, caso o fisco não consiga demonstrar o fato gerador, há um vício formal, pois não foi atendido o requisito da motivação (expressão ou descrição de motivos). Da mesma forma que em uma petição inicial a falha dos fatos e dos fundamentos jurídicos (art. 282 do CPC) é um vício de forma. Nessa hipótese deve ser oportunizada pelo órgão de primeira instância a correção do vício, na forma do art. 18, § 3º do Decreto n ° 70.235; caso a fiscalização não consiga realizar tal prova, o lançamento tem que ser anulado. Agora, se diante do lançamento o sujeito passivo faz prova da inexistência dos fatos alegados pelo Fisco, há um vício não na motivação, mas sim no motivo, não houve o fato gerador. Nesse caso, não há que se complementar relatório, pois não houve o pressuposto de fato e de direito para a realização do lançamento, logo o julgamento tem que ser de mérito, extinguindose o crédito tributário. Fl. 8DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 12/07/ 2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEI RA Processo nº35189.001499/200438 Acórdão n.º 2302 001.816 S2C3T2 Fl. 5 9 Vício extrínseco são aqueles que dizem respeito à forma, seja pela inobservância das formalidades legais ou dos critérios de competência. Por sua vez os vícios intrínsecos são os inerentes ao conteúdo, à essência do documento ou à substância do ato nele representado. O lançamento pode ser defeituoso, mas pode não ser falso, no sentido de não ter vício material, mas apenas o vício formal. Caso não haja oportunidade de saneamento da falta, a autoridade julgadora nunca poderá restar convicta da ausência ou inexistência do fato gerador. O vício material é aquele que não corresponde a verdade. Um lançamento sem fundamentação, não deixa de ser um lançamento. Na lição de Pontes de Miranda: “defeito não é falta. O que falta não foi feito. O que foi feito, mas tem defeito, existe. O que não foi feito não existe, e, pois, não pode ser desfeito”. O que não existe não se anula. Por todo o exposto entendo que o vício no lançamento é de natureza formal. É o voto. Marco André Ramos Vieira Fl. 9DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 12/07/ 2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEI RA
score : 1.0
Numero do processo: 16004.001061/2007-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 07 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003, 2004 Ementa: DEMONSTRAÇÃO DO SALDO DE PREJUÍZOS FISCAIS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES. COMPENSAÇÃO. Demonstrada a existência do saldo de prejuízos fiscais acumulados que foi utilizado pelo sujeito passivo em compensação regularmente informada na DIPJ, deve ser cancelado o lançamento de ofício. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2003, 2004 Ementa: DEMONSTRAÇÃO DO SALDO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSLL DE PERÍODOS ANTERIORES. COMPENSAÇÃO. Demonstrada a existência do saldo de base de cálculo negativa de CSLL de exercícios anteriores que foi utilizado pelo sujeito passivo em compensação regularmente informada na DIPJ, deve ser cancelado o lançamento de ofício
Numero da decisão: 1402-001.132
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatorio e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2003, 2004 Ementa: DEMONSTRAÇÃO DO SALDO DE PREJUÍZOS FISCAIS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES. COMPENSAÇÃO. Demonstrada a existência do saldo de prejuízos fiscais acumulados que foi utilizado pelo sujeito passivo em compensação regularmente informada na DIPJ, deve ser cancelado o lançamento de ofício. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2003, 2004 Ementa: DEMONSTRAÇÃO DO SALDO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSLL DE PERÍODOS ANTERIORES. COMPENSAÇÃO. Demonstrada a existência do saldo de base de cálculo negativa de CSLL de exercícios anteriores que foi utilizado pelo sujeito passivo em compensação regularmente informada na DIPJ, deve ser cancelado o lançamento de ofício Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatorio e voto que passam a integrar o presente julgado. LEONARDO DE ANDRADE COUTO – Presidente e Relator. Fl. 6451DF CARF MF Impresso em 29/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 23/08 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16004.001061/200779 Acórdão n.º 1402001.132 S1C4T2 Fl. 2 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio José Praga de Souza, Marcelo de Assis Guerra, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto Fl. 6452DF CARF MF Impresso em 29/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 23/08 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16004.001061/200779 Acórdão n.º 1402001.132 S1C4T2 Fl. 3 3 Relatório Por bem resumir a controvérsia, adoto o Relatório da decisão recorrida que abaixo transcrevo: Em procedimento de revisão das declarações do Imposto de Renda Pessoa Jurídica do contribuinte acima identificado, relativa aos anoscalendário de 2003 e 2004, correspondente ao Programa Malha PJ/ 2004 e 2005, constatouse a compensação indevida de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL, tendo em vista a insuficiência de saldo, conforme apontado no relatório de inconsistências do sistema Sapli (fls.3 e 4), no “Demonstrativo de Compensação de Prejuízos Fiscais” (fls. 21 e 32) e no “Demonstrativo da Base de Cálculo Negativa da CSLL” (fls. 35/37). Foram lavrados os seguintes autos de infração: 1 – Imposto sobre a renda de pessoa jurídica (IRPJ) – fls. 38 a 43: Imposto: R$ 2.910.944,80 Juros de mora: R$ 1.395.454,83 Multa Proporcional: R$ 2.183.208,59 Total: R$ 6.489.608,22 Enquadramento legal do imposto: Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, (Regulamento do Imposto de Renda – RIR, de 1999), arts. 247, 250, III, 251, parágrafo único, 509 e 510. 2 Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) – fls. 44 a 50: Contribuição: R$ 1.047.940,12 Juros de mora: R$ 502.363,73 Multa Proporcional: R$ 785.955,08 Total: R$ 2.336.258,93 Enquadramento legal da contribuição: Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, arts. 2° e §§; Lei nº 8.981, de 1995, art. 58; Lei nº 9.065, de 1995, art. 16; Lei nº 10.637, de 2002, art. 37. Sendo notificada da autuação, a interessada ingressou com impugnação de fls.54 a 58, subscrita pelo gerente geral Jairo César de Oliveira Arenázio (fls.59 a 78),alegando: . Ocorreram equívocos no preenchimento da DIRPJ do anocalendário (AC) de 2002, na qual não foram informados os verdadeiros valores do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL apurados nos livros Diário e Lalur; Fl. 6453DF CARF MF Impresso em 29/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 23/08 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16004.001061/200779 Acórdão n.º 1402001.132 S1C4T2 Fl. 4 4 . O saldo de prejuízos existentes no Sapli e considerado na demonstração de apuração dos autos de infração, no valor de R$ 20.006.642,07, corresponde aos valores lançados nas DIPJ dos AC de 2001 e 2002. Entretanto, a DIPJ do AC de 2002 foi preenchida incorretamente, na qual informouse valor de prejuízo que não corresponde aos montantes apurados no Lalur. O prejuízo fiscal correto foi R$ 25.309.651,95 que, somado com R$ 7.943.659,34 do AC de 2001, totaliza R$ 33.253.311,29. Constatase que a diferença informada a menor, nos dois AC, foi de R$ 13.246.669,22; . Junta cópia do Lalur do AC de 2002 (doc.3), com informação das folhas do livro Diário, que foi devidamente escriturado e registrado tempestivamente (docs. 4 a 6); . Alega que é empresa rural e suas aquisições para o ativo imobilizado são consideradas no resultado fiscal, e assim sendo a grande importância de investimentos efetuados nos AC de 2001 e 2002 levaram à geração de prejuízos fiscais. O anexo (doc.7), acompanhado do resumo final de cada Lalur, demonstra resumidamente a evolução dos resultados fiscais apurados de 2001 a 2004, resultando no total de ativo imobilizado declarado em cada exercício. Fica claro o equívoco técnico ocorrido; . Solicita que seja aceita e processada a DIPJ retificadora, do AC de 2002, entregue em 30/12/2007, com recibo nº 25.75.78.54.43 (doc.8), restabelecendo a realidade fiscal junto ao sistema Sapli, bem assim, as DIPJ retificadoras dos AC de 2003 e 2004 (doc. 9 e10); . Requer que sejam anulados os autos de infração, porque foram lavrados pela falta de informações fiscais corretas do AC anterior. O processo foi encaminhado em diligência, conforme despacho de fls. 1577/1579, para que fosse verificado qual o valor do prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL apurados no anocalendário de 2002 e se são procedentes as alterações constantes no demonstrativo de fl. 607, efetuadas nos resultados dos anoscalendário de 2003 e 2004. O processo retornou com a informação de fls.6418 a 6430 e os documentos de fls.1583 a 6414. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto prolatou o Acórdão 1435.372 considerando procedente a impugnação. Com base nas informações contidas no Termo de Diligência, acatou a argüição de que teria havido equívoco no preenchimento da DIPJ referente ao anocalendário de 2002, no que se refere ao prejuízo fiscal e à base de cálculo negativa da CSLL. A partir dos valores corretos, estariam demonstradas as compensações efetuadas nos anoscalendário de 2003 e 2004. Dessa decisão, o Órgão julgador recorreu de ofício a este Colegiado. É o Relatório. Fl. 6454DF CARF MF Impresso em 29/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 23/08 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16004.001061/200779 Acórdão n.º 1402001.132 S1C4T2 Fl. 5 5 Voto Conselheiro LEONARDO DE ANDRADE COUTO A presente autuação teve como base um procedimento de revisão nas Declarações de Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas referentes aos anoscalendário de 2003 e 2004, onde se analisou a procedência dos valores informados de saldo de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL utilizados em para compensação do IRPJ e da CSLL nos mencionados períodos. De acordo com as informações contidas em Declarações de exercícios anteriores apurouse inconsistência nos valores declarados, que foram então retificados pela autoridade fiscal, implicando na cobrança de imposto e contribuição indevidamente compensados. A defesa alegou equívoco no preenchimento da DIPJ referente ao ano calendário de 2002 onde teria informado valores a menor de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL. Em primeira apreciação, o processo foi convertido em diligência pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento para verificação das alegações. Retornaram os autos com um grande volume de documentos e Termo de Diligência, onde se constata a realização de minuciosa auditoria na escrituração da pessoa jurídica referente ao anocalendário de 2002, que culminou com a proposta da autoridade fiscal de que fossem acatadas as alegações do sujeito passivo. A autoridade julgadora de primeira instância prolatou decisão levando em consideração as informações fornecidas pela diligência, o que implicou em reconhecer o lapso cometido pela interessada e aceitar as correções indicadas. Considerando o nível de detalhamento a que chegou a autoridade responsável pela diligência, parecemme incontestáveis as conclusões emanadas no respectivo Termo, motivo pelo qual entendo que a decisão recorrida não poderia pronunciarse de outra forma que não adotálo integralmente nas razões de decidir. Do exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício. LEONARDO DE ANDRADE COUTO Relator Fl. 6455DF CARF MF Impresso em 29/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 23/08 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16004.001061/200779 Acórdão n.º 1402001.132 S1C4T2 Fl. 6 6 Fl. 6456DF CARF MF Impresso em 29/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 23/08 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 13804.000212/00-66
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/02/1990 a 31/03/1992
RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO.
Para os pedidos de restituição protocolizados antes da vigência da Lei Complementar nº 118/2005, o prazo prescricional é de 10 anos a partir do fato gerador, em conformidade com a tese cognominada de cinco mais cinco.
As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62-A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo.
Recurso Extraordinário do Procurador Negado
Numero da decisão: 9900-000.684
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Extraordinário
OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente.
RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/1990 a 31/03/1992 RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. Para os pedidos de restituição protocolizados antes da vigência da Lei Complementar nº 118/2005, o prazo prescricional é de 10 anos a partir do fato gerador, em conformidade com a tese cognominada de cinco mais cinco. As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo. Recurso Extraordinário do Procurador Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Extraordinário OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 02 12 /0 0- 66 Fl. 224DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 08/03/2 013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 11/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Tratase de Recurso Extraordinário interposto pela Fazenda Nacional contra o acórdão proferido pelo colegiado a quo, que deu provimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte. A PGFN interpôs Recurso Extraordinário a este Pleno alegando, em síntese, que o direito de ação relativo ao exercício de um direito subjetivo de crédito, decorrente de pagamento indevido, é atribuído ao sujeito passivo, e o termo inicial do prazo prescricional de 05 (cinco) anos (art. 168 do CTN) para exercêlo começa da data da extinção do crédito tributário, operandose este tão logo efetue o pagamento indevido. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e deve ser admitido. O pedido de restituição foi apresentado em 01/02/2000, relativo ao período de apuração de 01/02/1990 a 31/03/1992. Não assiste razão à recorrente, pois, com a edição da Lei Complementar 118/2005, o seu artigo 3º foi debatido no âmbito do STJ no Resp 327043/DF, que entendeu tratarse de usurpação de competência a edição desta norma interpretativa, cujo real objetivo era desfazer entendimento consolidado. Entendendo configurar legislação nova e não interpretativa, os Ministros do STJ decidiram que as ações propostas até a data de 09/06/2005, não se submeteriam ao consignado na nova lei. Com efeito, de acordo com a decisão prolatada pelo pleno do STF, no RE nº 566.621, em 04/08/2011, em julgamento de mérito de tema com repercussão geral, o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, relativamente a pedidos de restituição efetuados anteriormente à vigência da LC nº 118/05 (09/06/2005), é de cinco anos para a homologação do pagamento antecipado, acrescido de mais cinco para pleitear o indébito, em conformidade com a cognominada tese dos cinco mais cinco, sendo, portanto, de dez anos o prazo para pleitear a restituição do pagamento indevido. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 08/03/2 013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 11/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 13804.000212/0066 Acórdão n.º 9900000.684 CSRFPL Fl. 3 3 Assim, somente os pleitos referentes aos fatos geradores ocorridos anteriormente a 10 anos da data do protocolo estariam com o eventual direito de restituição extinto, tendo em vista terem sido alcançados pela prescrição. No presente caso, não houve a perda do direito a se pleitear a restituição em relação a todo o período objeto da solicitação. Portanto, em que pese a minha total discordância com tal entendimento, com fulcro no art. 62A do Anexo II à Portaria MF nº 256/09 (RICARF), deve ser reconhecida a aplicabilidade da tese dos cinco mais cinco. Ante o exposto, voto pelo não provimento do Recurso Extraordinário interposto pela PGFN, com a remessa dos autos à autoridade preparadora para a análise do mérito. Rodrigo da Costa Pôssas Relator Fl. 226DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 08/03/2 013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 11/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
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