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Numero do processo: 10120.727845/2013-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2010
FALTA DE INTIMAÇÃO - VÍCIO SANÁVEL POR COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO DO CONTRIBUINTE. NÃO DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA NÃO PREJUDICADOS.
Tendo sido intimado o contribuinte em endereço que não era o seu mas protocolizada e conhecida a manifestação de conformidade, não há qualquer nulidade pois não demonstrado qualquer prejuízo ao contribuinte.
Numero da decisão: 1401-002.698
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Letícia Domingues Costa Braga, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin , Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto e Cláudio de Andrade Camerano.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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NÃO DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA NÃO PREJUDICADOS. Tendo sido intimado o contribuinte em endereço que não era o seu mas protocolizada e conhecida a manifestação de conformidade, não há qualquer nulidade pois não demonstrado qualquer prejuízo ao contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Letícia Domingues Costa Braga, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin , Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto e Cláudio de Andrade Camerano. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 78 45 /2 01 3- 66 Fl. 257DF CARF MF Processo nº 10120.727845/201366 Acórdão n.º 1401002.698 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação de crédito de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ, referente a saldo negativo de IRPJ no 1º trimestre de 2009, no valor de R$ 450.711,76, transmitida através do PER/Dcomp nº 08082.41471.260510.1.3.020934. A DRF de Curitiba não homologou a compensação por não ter a recorrente tentado em momento algum justificar ou comprovar as parcelas de composição de crédito que declarou ou, ao menos, comprovar o efetivo recebimento do valor sobre o qual teriam recaído as retenções alegadas, ou seja, sem observar a exigência contida no art. 943,§ 2º, do Decreto nº 3.000/99. Alega a contribuinte em seu Recurso Voluntário, única e exclusivamente sobre a falta de contraditório e ampla defesa pois não pôde ser cientificado por via postal, pois o endereço constante da correspondência era diverso de seu endereço cadastral. Assim, tendo em vista a falta de intimação válida da contribuinte, foi arguido a nulidade de todo o procedimento fiscal. É o relatório. Fl. 258DF CARF MF Processo nº 10120.727845/201366 Acórdão n.º 1401002.698 S1C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.687, de 14/06/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10120.728985/2013 51, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.687): O recurso é tempestivo e dele conheço. Da preliminar Nulidade de julgamento intimação por edital Pois bem, cumpre ressaltar que a decisão de primeira instância apreciou o recurso da contribuinte tendo sido ementada da seguinte forma: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 SALDO NEGATIVO DE IRPJ. PARCELAS DE COMPOSIÇÃO NÃO CONFIRMADAS. Não comprovada a existência das parcelas de composição do direito creditório declarado pelo contribuinte, é impossível homologar as compensações declaradas. RETENÇÃO EM FONTE. COMPROVAÇÃO DE EXISTÊNCIA. O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado na declaração de pessoa física ou jurídica, se o contribuinte possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Ou seja, apesar da alegação da contribuinte de nulidade do feito, sua manifestação de inconformidade foi devidamente recebida e julgada. Fl. 259DF CARF MF Processo nº 10120.727845/201366 Acórdão n.º 1401002.698 S1C4T1 Fl. 5 4 Ocorre que a intimação da Contribuinte, realmente foi feita de forma equivocada. Contudo, apesar disso, foi apresentada manifestação de inconformidade dentro do prazo legal e devidamente apreciada pela DRJ competente. Se houvesse a contribuinte alegado qualquer prejuízo pela falta de intimação válida, ou, ainda se tivesse juntado aos autos, mesmo que extemporaneamente documentação comprobatória de seu direito, deveria o julgador, por força do contraditório e ampla defesa, aceitar tais documentos. Ou ainda, quem sabe se a contribuinte tivesse apresentado sua defesa fora do prazo, ou tivesse requerido dilação do prazo mediante comprovação de que o edital foi afixado em local de difícil acesso e que não teve ciência da intimação em tempo hábil. Porém, o que se verifica no presente auto é que a contribuinte apresentou sua regular manifestação de inconformidade, sem lograr êxito em apresentar a documentação comprobatória suficiente e, ainda, apresentou recurso voluntário alegando tãosomente a nulidade do processo pelo vício da não intimação. Cumpre observar que a nulidade pela falta de intimação não é absoluta e pode ser sanada pela apresentação espontânea do contribuinte. Se essa foi prejudicada por prazo a menor, deveria ter arguido tal fato em sua defesa, e não simplesmente argumentar que o processo é inválido se teve oportunidade de se defender, através da competente manifestação de inconformidade e, ainda, quando da interposição do Recurso. A ausência de intimação, a princípio, constitui vício que levaria ao retorno do processo à Unidade preparadora para a realização do ato. Contudo, tal procedimento somente encontraria fundamento na hipótese de que a contribuinte não houvesse apresentado sua competente defesa, ou que tivessem alegado qualquer prejuízo em decorrência do vício processual. É imperioso o reconhecimento, no caso, de que a ausência de intimação foi plenamente suprida pela apresentação espontânea da manifestação de inconformidade por parte da recorrente, na mesma linha de raciocínio que fundamenta o art. 239, §1º do Código de Processo Civil, de aplicação subsidiária ao PAF ("§1º O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução"). Ademais, tal apresentação, sem a alegação de qualquer prejuízo, conduz à preclusão do direito de os responsáveis, posteriormente, virem a suscitar o vício, até em respeito ao dever Fl. 260DF CARF MF Processo nº 10120.727845/201366 Acórdão n.º 1401002.698 S1C4T1 Fl. 6 5 de boafé que, nas palavras de Fredie Didier Jr (Curso de Direito Processual Civil, Salvador: Juspodium, 2016. vol. 1, p. 409), "impede que a parte guarde na 'algibeira' a alegação de nulidade, para momento futuro, tornando instável o processo". Como sabido, para o reconhecimento do vício processual, é imprescindível a existência de prejuízo à parte, o que, nem de longe, vislumbrase nos presentes autos. Na lição do mesmo autor (op. cit., p. 410): "A invalidade processual é sanção que somente pode ser aplicada se houver a conjugação do defeito do ato processual (pouco importa a gravidade do defeito) com a existência de prejuízo. Não há nulidade processual sem prejuízo (pas denullité sans grief). A invalidade processual é sanção que decorre da incidência de regra jurídica sobre um suporte fático composto: defeito + prejuízo. Sempre mesmo quando se trate de nulidade cominada em lei, ou as chamadas nulidades absolutas. Conclusão Pelo acima exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário para não reconhecer da nulidade arguida pela recorrente. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 261DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.721477/2012-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Oct 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
EMBARGOS. CONTRADIÇÃO.
Verificada contradição entre a fundamentação da decisão e a conclusão do voto condutor, bem como entre aquela primeira e o acórdão proferido pelo Colegiado, cabe a sua retificação via embargos, com os consequentes efeitos modificativos no resultado do julgado.
Numero da decisão: 2202-004.760
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para que se procedam as modificações no Acórdão nº 2302-003.650 propostas na conclusão do voto do relator, rerratificando-se o julgado quanto aos demais aspectos.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 EMBARGOS. CONTRADIÇÃO. Verificada contradição entre a fundamentação da decisão e a conclusão do voto condutor, bem como entre aquela primeira e o acórdão proferido pelo Colegiado, cabe a sua retificação via embargos, com os consequentes efeitos modificativos no resultado do julgado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para que se procedam as modificações no Acórdão nº 2302-003.650 propostas na conclusão do voto do relator, rerratificando-se o julgado quanto aos demais aspectos. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto.
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SIMPLES. Embargante OBJETO BRASIL CONFECÇÕES LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 EMBARGOS. CONTRADIÇÃO. Verificada contradição entre a fundamentação da decisão e a conclusão do voto condutor, bem como entre aquela primeira e o acórdão proferido pelo Colegiado, cabe a sua retificação via embargos, com os consequentes efeitos modificativos no resultado do julgado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para que se procedam as modificações no Acórdão nº 2302003.650 propostas na conclusão do voto do relator, rerratificandose o julgado quanto aos demais aspectos. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 14 77 /2 01 2- 39 Fl. 851DF CARF MF 2 Relatório Versa o presente processo sobre lançamentos de contribuições previdenciárias (fls. 6/65) incidentes sobre a folha de pagamentos e demais rendimentos pagos ou creditados à pessoa física que presta serviços a pessoa jurídica, havendo sido constituídos autos de infração relativos à cota patronal (AI DEBCAD nº 51.012.0636) e destinados a outras entidades (AI DEBCAD nº 51.012.0644). Conforme narrado pela fiscalização (fls. 29/65), o autuado manteve empregados alocados em empresa distinta (ARM Confecções Ltda.), constituída em separado para fins de ser optante pelo Simples, com o objetivo de afastar a incidência de contribuições patronais, dado que o contribuinte foi tributado pelo Lucro Real no anocalendário 2007 e pelo Lucro Presumido nos anoscalendário 2008 a 2010. Afirmou o Fisco que os empregados registrados formalmente na empresa ARM Confecções Ltda. executavam sua atividades com empregados do contribuinte, utilizando veículos, instalações, máquinas e equipamentos a ele pertencentes, caracterizando assim aquela pessoa jurídica como empresa de fachada, criada com o fito precípuo de que o faturamento se enquadrasse nos limites do regime simplificado. Impugnada a exigência (fls. 473/499), foi ela mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 524/539), sendo que depois da interposição do recurso voluntário (fls. 595/629), o sujeito passivo apresentou pedidos de desistência do litígio em razão de parcelamento e/ou pagamento (fls. 634/656), sendo tal desistência total no que concerne ao AI nº 51.012.0644 e parcial quanto ao DEBCAD nº 51.012.0636. A 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção exarou o Acórdão nº 2302 003.650 em 12/02/2015 (fls. 695/707), dando parcial provimento ao recurso voluntário, conforme ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 DESISTÊNCIA DO RECURSO. PARCELAMENTO. A desistência do recurso ocorreu por força da imposição normativa estabelecida na Portaria PGFN/RFB nº 13/2014 cujo art. 8º estabelece que a para pagamento à vista ou inclusão no parcelamento de débitos objeto de discussão administrativa o sujeito passivo deverá desistir de forma irrevogável de impugnação ou recurso administrativos e, cumulativamente, renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os processos administrativos. APROVEITAMENTO DOS VALORES PAGOS PELA EMPRESA CONTRATADA (ATO SIMULADO). SIMPLES NACIONAL. Reputo válido o pleito do contribuinte no sentido de possibilitar o aproveitamento da parcela recolhida na sistemática do SIMPLES pela contratada (ato simulado), correspondente à contribuição previdenciária patronal, para abatimento do valor do débito lançado (cota patronal). Fl. 852DF CARF MF Processo nº 13971.721477/201239 Acórdão n.º 2202004.760 S2C2T2 Fl. 852 3 O contribuinte interpôs embargos de declaração (fls. 791/792), os quais foram aceitos via Despacho de Admissibilidade (fls. 848/850) para fins de que fosse sanada contradição e erros materiais contidos no vergastado. Registrese, como fecho, que foi também interposto recurso especial da Fazenda Nacional (fls. 708/716), e oferecidas as correspondentes contrarrazões pelo contribuinte (fls. 796/802), o qual apresentou, ainda, petição (fls. 834/835) solicitando o julgamento dos embargos antes do prosseguimento do trâmite do recurso especial. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator Dado que o contribuinte foi cientificado do acórdão de recurso voluntário em 07/10/2015 (fl. 909), constatase a tempestividade dos embargos, nos termos do RICARF, Anexo II, art. 65, § 1º, haja vista terem sido apresentados em 13/10/2015 (fls. 911 e ss), e considerando o feriado existente no dia 12/10/2015. O embargante argui a existência de contradição/erros materiais nos seguintes termos (fls. 792/793): 1. Através do voto condutor de fls., este E. Conselho apontou corretamente que: (a) em relação ao AI n° 51.012.0644 houve quitação integral e desistência total da defesa apresentada; e (b) no tocante ao AI n° 51.012.0636 o recolhimento foi apenas parcial, com manutenção da discussão administrativa somente em relação aos pagamentos implementados por terceira empresa no âmbito do SIMPLES, aspecto em que o recurso foi provido. 2.No entanto, com o devido respeito e acatamento, percebese que na conclusão do voto e no acórdão constante da ementa há erros materiais e/ou contradições, impondo à contribuinte a oposição do presente incidente. 3.Realmente, do acórdão consta: "por maioria de votos em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e na parte conhecida, em relação ao Auto de Infração Principal n° AI 37.3606192, darlhe parcial provimento". 4.De outra parte, na conclusão do voto foram lançados os seguintes dizeres: "Não conheço do Recurso Voluntário relacionado ao Auto de Infração n° 51.012.0636 em decorrência do requerimento de desistência total. Conheço parcialmente do recurso voluntário apresentado em relação ao Auto de Infração n° 51.012.0644 e, na parte conhecida, dou provimento parcial". 5.Com o devido respeito, os pontos destacados nos §§ 3 e 4 supra merecem ser corrigidos, a fim de serem afinados à fundamentação do voto condutor, ou seja, Fl. 853DF CARF MF 4 para que: (a) do acórdão conste que o recurso conhecido e provido é aquele relacionado ao AI n° 51.012.0636: e (b) da conclusão do voto condutor conste que (b.l) o recurso não conhecido diz respeito ao AI n° 51.012.0644 e que (b.2) em relação ao AI n° 51.012.0636 o recurso é parcialmente conhecido e nesta parte provido. Com razão o contribuinte. No tocante ao acórdão, evidenciase que a referência ao AI nº 37.360.6192, este veiculado no processo em apenso de nº 13971.721476/201239, se trata de erro na formalização da decisão, em virtude de provável aproveitamento de texto anterior por parte do relator, elaborado para aquele outro processo. Assim sendo, deve ser substituída tal referência pela do auto de infração de obrigação principal de contribuições da cota patronal, AI nº 51.012.0636, objeto dos presentes autos. Já a conclusão do voto condutor contradiz os termos da fundamentação, trocando a correta alusão nessa realizada ao fato de o contribuinte ter desistido integralmente do recurso relativo ao AI nº 51.012.0644 (contribuições devidas a terceiros) e apenas parcialmente do recurso quanto ao AI nº 51.012.0636 (contribuições patronais), ao afirmar que se verificou justamente o contrário, ou seja, a desistência total do recurso quanto a este último auto, e parcial no que se refere ao primeiro. Conclusão: Portanto, voto no sentido de acolher os Embargos de Declaração para que se proceda as seguintes modificações no Acórdão nº 2302003.650, rerratificandose o julgado quanto aos demais aspectos: que o acórdão passe a ter a seguinte redação, em substituição à anterior: Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por maioria de votos em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e na parte conhecida, em relação ao Auto de Infração de Obrigação Principal nº AI 51.012.0636, darlhe parcial provimento, devendo a parcela recolhida na sistemática do SIMPLES NACIONAL pela empresa ARM Confecções Ltda EPP. correspondente à contribuição previdenciária patronal, ser aproveitada para abatimento do valor do débito lançado e não pago, no período de 11/2008, 12/2008 e 13/2008. Vencidos na votação os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Liège Lacroix Thomasi, por entenderem não ser possível a compensação das contribuições recolhidas na sistemática do SIMPLES por sujeito passivo distinto daquele que procedeu aos recolhimentos. que o segundo parágrafo da conclusão do voto condutor passe a ter a seguinte redação, em substituição a anterior: NÃO CONHEÇO do Recurso Voluntário relacionado ao Auto de Infração nºs 51.012.0644 em decorrência do requerimento de desistência total. CONHEÇO PARCIALMENTE do Recurso Voluntário apresentado em relação ao Auto de Infração nº AI 51.012.0636 e, na parte conhecida, DOU PROVIMENTO PARCIAL devendo a parcela recolhida na sistemática do SIMPLES NACIONAL pela empresa Fl. 854DF CARF MF Processo nº 13971.721477/201239 Acórdão n.º 2202004.760 S2C2T2 Fl. 853 5 ARM Confecções Ltda EPP. correspondente à contribuição previdenciária patronal, ser aproveitada para abatimento do valor do débito lançado e não pago pela autuada. É o voto (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 855DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.903529/2009-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2004
COMPENSAÇÃO. TRANSFORMAÇÃO DO PLEITO ORIGINAL BASEADO EM PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR EM OUTRO, COM FUNDAMENTO NO SALDO NEGATIVO DO PERÍODO. POSSIBILIDADE.
Reconhece-se a possibilidade de transformar o pleito do contribuinte, baseado em pagamento indevido ou a maior de estimativa, em outro, com fundamento no saldo negativo do período, mas sem homologar a compensação por ausência de análise da sua liquidez pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido em compensação.
Numero da decisão: 1301-003.319
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para reconhecer a possibilidade de transformar o seu pleito, baseado em pagamento indevido ou a maior de estimativa, em outro, com fundamento no saldo negativo do período, mas sem homologar a compensação por ausência de análise da sua liquidez pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido em compensação, oportunizando ao contribuinte a possibilidade de apresentação de documentos, esclarecimentos e retificações das declarações apresentadas.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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TRANSFORMAÇÃO DO PLEITO ORIGINAL BASEADO EM PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR EM OUTRO, COM FUNDAMENTO NO SALDO NEGATIVO DO PERÍODO. POSSIBILIDADE. Reconhecese a possibilidade de transformar o pleito do contribuinte, baseado em pagamento indevido ou a maior de estimativa, em outro, com fundamento no saldo negativo do período, mas sem homologar a compensação por ausência de análise da sua liquidez pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido em compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para reconhecer a possibilidade de transformar o seu pleito, baseado em pagamento indevido ou a maior de estimativa, em outro, com fundamento no saldo negativo do período, mas sem homologar a compensação por ausência de análise da sua liquidez pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido em compensação, oportunizando ao contribuinte a possibilidade de apresentação de documentos, esclarecimentos e retificações das declarações apresentadas. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Amélia Wakako AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 35 29 /2 00 9- 07 Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10882.903529/200907 Acórdão n.º 1301003.319 S1C3T1 Fl. 3 2 Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte acima identificado contra o acórdão proferido pela DRJ, que, ao apreciar a Manifestação de Inconformidade apresentada, entendeu, por unanimidade de votos, considerála improcedente, não reconhecendo o direito creditório e não homologando a compensação declarada. Tratase de Dcomp que visou a compensar crédito original decorrente de pagamento indevido/maior a título estimativa de IRPJ, no período especificado. Referida compensação não foi homologada, via Despacho Decisório eletrônico, à razão de que, dadas as características do Darf discriminado naquela Dcomp, localizouse pagamento integralmente utilizado para quitação de débitos, não restando crédito disponível para compensação do débito nela declarado. Na manifestação de inconformidade, é aduzido em síntese que recolheu DARF no valor total da estimativa e só utilizou parte deste, gerando assim saldo credor. Naquela oportunidade, a r.turma julgadora entendeu pela improcedência da Manifestação de Inconformidade apresentada. Ciente do acórdão recorrido, e com ele inconformado, a recorrente apresentou, tempestivamente, recurso voluntário, através de representante legal, pugnando pelo provimento, onde apresenta argumentos que serão a seguir analisados. É o relatório. Fl. 353DF CARF MF Processo nº 10882.903529/200907 Acórdão n.º 1301003.319 S1C3T1 Fl. 4 3 Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10882.903529/200907 Acórdão n.º 1301003.319 S1C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1301003.316, de 16/08/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10882.900305/2009 35, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301003.316): O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos regimentais de admissibilidade, portanto, dele conheço. Da Análise do Recurso Voluntário Tratase originalmente de pleito compensatório de direito creditório proveniente de suposto recolhimento indevido ou a maior, no período de apuração especificado, relativo à estimativa de IRPJ, apresentado via Dcomp. Nos termos da decisão recorrida, foi afastada a hipótese de pagamento indevido ou a maior, aduzindo que o valor do recolhimento realizado (via DARF) encontravase vinculado à estimativa devida, e que o procedimento de retificar DCTF, em data posterior ao despacho decisório, não teria suporte na legislação pertinente, considerando como correta a informação constante na DCTF original. Entendeuse ainda não ser possível, naquela fase processual, transformar o pleito do contribuinte, baseado em pagamento indevido ou a maior de estimativa, em outro, com fundamento no saldo negativo do período, e que não foram trazidos provas que desse guarida ao eventual erro cometido pelo contribuinte na apuração do crédito que afirma ser titular. Assim, com base nesses argumentos, julgouse improcedente a impugnação apresentada. Pois bem. Tenho adotado o entendimento de que no caso de divergência entre a DIPJ e DCOMP ou outra declaração da mesma espécie, deve a autoridade prolatora do despacho decisório, anteriormente a esta decisão, proceder a intimação do contribuinte para retificar uma das declarações, de modo que a exigência prevista no artigo 170 do CTN, no que se refere à exigência de certeza e liquidez do direito creditório apresentado, Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10882.903529/200907 Acórdão n.º 1301003.319 S1C3T1 Fl. 6 5 não seja desnaturado para impedir a apreciação material do pleito formulado pelo contribuinte. Entendo não ser legítimo afastarse uma declaração de compensação ao fundamento puramente formal de que não se teria correspondência entre os saldos negativos indicados em distintos documentos, cabendo à Fiscalização, na hipótese de divergência de informações provenientes de outras declarações, ao menos, questionar a divergência existente, e proceder a intimação do contribuinte para retificar uma ou mais das declarações apresentadas. Compulsando os autos, não encontro comprovação de que o contribuinte fora intimado para proceder a retificação de quaisquer das declarações, antes do despacho decisório. Ora, se de um lado, indeferese o pedido de restituição/compensação porque foram alocadas automaticamente a débitos que constaram da DCTF, sem facultar ao contribuinte oportunidade para esclarecer a sua conduta, por outro lado, impedese que o contribuinte possa cancelar a Perdcomp, ou mesmo adequála de forma devida, de forma fosse comprovado o efetivo crédito. Consciente desse problema, a Administração Tributária modificou os Despachos Decisórios emitidos eletronicamente e o seu procedimento, pois atualmente, ao verificar a inconsistência das Per/Dcomp com as informações registradas nos sistemas do fisco, antes de emitir o despacho denegatório, intima o contribuinte para esclarecimentos. Se o contribuinte não responder à intimação fiscal, o Despacho é emitido, porém faculta ao contribuinte, no prazo regulamentar, retificar as declarações entregues ao fisco para a compatibilização dos dados – DIPJ, DCTF e a própria Per/Dcomp. Por outro lado, de fato, o direito creditório apresentado não é oriundo de pagamento a maior das estimativas, e sim, em tese, proveniente de saldo negativo. Aliás, a própria decisão recorrida chegou a essa conclusão, deixando de proceder com as verificações necessárias, com o escopo de confirmar a liquidez e certeza do suposto direito creditório de fato reclamado, por entender que naquela fase processual, não seria mais possível a transformação da origem do crédito pleiteado. Vejase que o valor do crédito apresentado corresponde ao valor do saldo negativo declarado nas DIPJs apresentadas, seja na original ou na retificadora. Embora em situação anteriores, apreciando fatos semelhantes, tenha adotado o entendimento de converter o julgamento em diligência, para oportunizar ao contribuinte retificar as declarações apresentadas e apresentar provas da liquidez e certeza do direito creditório pleiteado, nas ricas e sempre oportunas discussões no colegiado, alterei meu entendimento para reconhecer parte do pedido, evitandose, com isso, eventuais alegações de supressão de instâncias. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10882.903529/200907 Acórdão n.º 1301003.319 S1C3T1 Fl. 7 6 Ante o exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso do contribuinte, para reconhecer a possibilidade de transformar o seu pleito, baseado em pagamento indevido ou a maior de estimativa, em outro, com fundamento no saldo negativo do período, mas sem homologar a compensação por ausência de análise da sua liquidez pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido em compensação, oportunizando ao contribuinte a possibilidade de apresentação de documentos, esclarecimentos e retificações das declarações apresentadas. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário para reconhecer a possibilidade de transformar o seu pleito, baseado em pagamento indevido ou a maior de estimativa, em outro, com fundamento no saldo negativo do período, mas sem homologar a compensação por ausência de análise da sua liquidez pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido em compensação, oportunizando ao contribuinte a possibilidade de apresentação de documentos, esclarecimentos e retificações das declarações apresentadas, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 357DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10840.000564/2004-46
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Aug 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2002
CONSTRUÇÃO CIVIL. ASSEMELHADOS. OPÇÃO.
Não poderá optar pelo Simples Federal a pessoa jurídica que se dedique à execução de obra de construção civil, própria ou de terceiros, como a construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo.
Numero da decisão: 1001-000.742
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(Assinado Digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2002 CONSTRUÇÃO CIVIL. ASSEMELHADOS. OPÇÃO. Não poderá optar pelo Simples Federal a pessoa jurídica que se dedique à execução de obra de construção civil, própria ou de terceiros, como a construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo.
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ASSEMELHADOS. OPÇÃO. Não poderá optar pelo Simples Federal a pessoa jurídica que se dedique à execução de obra de construção civil, própria ou de terceiros, como a construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 00 05 64 /2 00 4- 46 Fl. 101DF CARF MF 2 Tratase de Ato Declaratório DRF/RPO 68, de 26/10/2004, (efl. 47), através do qual o contribuinte referenciado foi excluído do SIMPLES FEDERAL em razão de constatação de situação incluída nas hipóteses de vedação à opção pela sistemática tributária em questão, ou seja, de que a contribuinte exerceria atividade de serviços profissionais ligados à construção civil (impermeabilização de reservatórios, de sacadas, de lajes, e de rampas de acesso), a qual encontra vedação no inciso V, art.9° da Lei n° 9.317/96. Abaixo a descrição do litígio, relatada na decisão recorrida (efl. 66): A exclusão foi motivada pela representação fiscal feita pelo Auditor Fiscal da Previdência Social (fls. 02/03) que informou à Receita Federal que a "empresa realiza a atividade de serviços ligados à construção civil ( impermeabilização de reservatórios, de sacadas, de lajes e de rampas de acesso) , conforme cópias de Notas Fiscais de prestação de serviços juntadas a Representação, e que tal atividade é de hipótese de vedação ou exclusão do Simples, de acordo com o art. 9°, V, §4°, e art. 14, . todos da lei 9.317/96 e alterações. Inconformada, ingressou a interessada, por intermédio de seu representante legal, com a manifestação de inconformidade de fls.52/56, alegando que: O pedido de exclusão não poderia ter sido levado a efeito pelo auditor do INSS. Faz ainda, uma série de referência todos elas ligadas restrições (entendida por ele) a respeito da competência do Auditor do INSS. Alega, também, que a atividade principal da empresa é fornecimento de matéria de construção, em especial produtos para impermeabilização de lajes. Destacou que a ultima vez que a empresa prestou serviços de mão de obra foi em 16/07/2003. Por fim, requer seja reconsiderada a decisão de exclusão da empresa do Simples e solicita decisão favorável ao seu pleito. A decisão de primeira instância (Ac n.1415.407 lª Turma da DRF/RPO, e fls. 65/68) negou deferimento à manifestação de inconformidade. Entendeu que: o Ato Declaratório de exclusão é de autoridade da Receita Federal; não importa o tempo decorrido na prestação de serviço de mão de obra utilizada para impermeabilização de reservatório, sacada, lajes, rampa de acesso etc.; o que pesa é que a legislação foi infringida; e que correta a data da exclusão. Cientificada da decisão de primeira instância em 15/05/2007 (efl. 71) a Interessada interpôs recurso voluntário, protocolado em 13/06/2007 (efl. 72), em que apresenta os seguintes argumentos, em resumo: A Recorrente é empresa que atua no comércio varejista de materiais de construção e tem esta como sua atividade principal. Ocorre, que no ano de 2002, emitiu uma Nota Fiscal de prestação de serviços de impermeabilização, que serviu de subsídio para sua exclusão do SIMPLES. Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10840.000564/200446 Acórdão n.º 1001000.742 S1C0T1 Fl. 102 3 0 fato é que a atividade praticada pelo Recorrente apresentada causa para sua exclusão do Simples, não guarda qualquer relação com a atividade descrita no artigo 9°, inciso V, da Lei n°9.317/96, e nem mesmo pode ser enquadrada na Instrução Normativa n°250/2002, como citado na decisão recorrida. É certo que o ato de impermeabilizar reservatórios, sacadas, lajes e rampas de acesso está, ainda que indiretamente, relacionado ao setor da construção civil, mas é importante ressaltar que qualquer pessoa pode realizar a impermeabilização, não sendo necessário profissional capacitado ou nos termos da norma legal, profissional com atividade legalmente regulamentada e tão pouco pode ser considerado como atividade acessória da construção civil. Vejamos a decisão abaixo destacada que por analogia pode e deve ser aplicada ao caso em tela. (...) Entender o ato de impermeabilizar como acessório da construção civil, seria o mesmo que considerar atividades como a manufatura de pias em granitos, janelas em madeira, como relacionadas 6 construção civil, e assim não o são, como se constata na decisão proferida pelo Conselho de Contribuintes, abaixo destacada. (...) Verificase, através da leitura da decisão acima destacada, que o Conselho, ao interpretar a legislação, considera como atos de construção civil ou atos acessórios, os que são indispensáveis à elaboração e execução da obra, não podendo neste sentido ser entendida a impermeabilização. Ademais, como resta demonstrado nos autos, o Recorrente não tem esta atividade como principal. Sua atividade preponderante é a comercialização de materiais para a construção civil e não sua realização. Neste sentido, manter a exclusão da empresa do Simples, constitui uma penalidade desproporcional e excessiva em face do ato praticado. É necessário esclarecer, que o Recorrente, com o recurso não pretende negar a prática do ato ou sua existência, ao revés, pretende demonstrar que não existe na Lei n° 9.317/96, na Instrução Normativa n°250/2002, ou até mesmo no Ato Declaratório Cosit n°30/99, qualquer menção ao serviço de impermeabilização como sendo relacionado a construção civil ou, ainda, atividade privativa de engenheiros, profissão regulamentada, e que possibilitasse a exclusão da empresa do Simples. Ainda que numa tentativa forçada, pudéssemos entender o ato de impermeabilizar como uma benfeitora que pudesse ser agregada ao solo ou subsolo, como poderia esta afirmativa ser reconhecida quando a impermeabilização ocorresse nas caixas d'água? Fl. 103DF CARF MF 4 Vêse, assim, que a manutenção da exclusão do Recorrente do SIMPLES federal pela prática da impermeabilização em telhados não encontra respaldo na legislação vigente, como citado anteriormente. Importa, ainda, ressaltar que a nova legislação que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequena Porte — Lei Complementar n°123, de 14 de dezembro de 2006 — que modificou a Lei n°9.317/96, prevê em seu artigo 17, §1°,XIII, a possibilidade de inclusão no Simples de empresas que tenham por atividade a "construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada". Ora, o próprio legislativo quando provocou a modificação da legislação até então vigente, reconhece a impossibilidade de manutenção da norma nos termos em que redigida em face da necessidade de inclusão do setor da construção civil e engenharia no sistema único de recolhimentos, bem como dos serviços agregados. Desta forma, destaca novamente o Recorrente que o ato que motivou a manifestação do sr. agente fiscalizador do INSS é único e que a atividade preponderante do Recorrente é o comércio varejista de materiais de construção e não a prestação de serviços de impermeabilização, mesmo não sendo esta atividade exclusiva de engenharia. Ademais, como se verifica dos documentos em anexo, a prestação de serviço não supera o limite de 30% (trinta por cento) do valor total da atividade principal, portanto não representando atividade preponderante, que, na realidade, é a comercial. Tanto assim que a empresa pratica suas atividades sem a exigência de inscrição no CREA ou mesmo que tenha um responsável técnico de engenharia. Por fim, resta ainda, caso seja mantida sua exclusão do sistema, o que não se crê em face da ausência de expressa manifestação legal, destacar que a decisão proferida pela Delegacia de Julgamento de Ribeirao Preto, ao manter a exclusão determinou que esta se operasse desde 01 de janeiro de 2002. Todavia, em conformidade com os artigos 15 e 16 da Lei n°9.317/96, destacados na decisão, a exclusão nas hipóteses do artigo II a XIV, devem ocorrer "a partir do mês subsequente ao que for incorrida a situação excludente". A situação excludente, conforme registrado na decisão é a Nota Fiscal de Prestação de Serviços n° 05/30, emitida em 14 de maio de 2002. Aplicandose os termos do artigo 15 da lei 9.317, a exclusão e obrigatoriedade dos recolhimentos de acordo com as normas aplicáveis ás demais pessoas jurídicas, deve ocorrer somente a partir do mês junho de 2002, e não de forma retroativa como pretende a administração fazendária. Diante de todo o exposto, requer seja recebido o presente recurso voluntário, anulando o respeitável decisório hostilizado, com base na irregular exclusão do Recorrente do SIMPLES, uma Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10840.000564/200446 Acórdão n.º 1001000.742 S1C0T1 Fl. 103 5 vez que, não existe na lei ou nos atos administrativos qualquer menção ao serviço de impermeabilização, bem como, caso mantida a exclusão, seja reformada a decisão da Delegacia de Julgamento quanto data a ser considerada como marco da exclusão. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator O recurso ao CARF é tempestivo. Dele conheço. O contribuinte foi excluído do Simples em razão de constatação de situação incluída nas hipóteses de vedação à opção pela sistemática tributária em questão por exercer atividade não permitida, ou seja, atividade de serviços profissionais ligados à construção civil (impermeabilização de reservatórios, de sacadas, de lajes, e de rampas de acesso), a qual encontra vedação no inciso V, art. 9° da Lei n° 9.317/96, que dispõe: Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: (...) V que se dedique à compra e à venda, ao loteamento, à incorporação ou à construção de imóveis. O § 4° do mesmo artigo descreve que estão também vedadas (segundo o mesmo inciso V) as atividades de execução de obra de construção civil, própria ou de terceiros, como a construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. § 4° Compreendese na atividade de construção de imóveis, de que trata o inciso V deste artigo, a execução de obra de construção civil, própria ou de terceiros, como a construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. Ou seja, uma vez que a atividade de impermeabilização constituise de uma benfeitoria agregada às construções dos clientes, concluo que se trata de atividade vedada. No mesmo sentido a decisão de piso: Ressaltese que o conceito "construção de imóveis" deve ser entendido de forma genérica, abrangendo as obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil. Aliás, sobre o assunto a CoordenaçãoGeral do Sistema de Tributação, da Secretaria da Receita Federal, por meio do Ato Declaratório (Normativo) Cosit n° 30, de 14/10/1999, orientou que a vedação ao exercício da opção pelo simples, aplicável à atividade de construção de imóveis, abrange as obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil, tais como: Fl. 105DF CARF MF 6 I — a construção, demolição, reforma e ampliação de edificações; II — sondagens, fundações e escavações; III — construção de estradas e logradouros públicos; IV — construção de pontes, viadutos e monumentos; V — terraplenagem e pavimentação; VI — pintura, carpintaria, instalações elétricas e hidráulicas, aplicação de tacos e azulejos, colocação de vidros e esquadrias; etc. VII — quaisquer outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. Concordamos também com a decisão de primeira instância quando assevera que o exercício de qualquer atividade vedada, mesmo em caráter excepcional ou minoritário impossibilita a opção, uma vez que não é possível a separação de regimes para cada atividade exercida. O mesmo se pode dizer do exercício sem autorização das autoridades fiscalizadoras. Já os efeitos da exclusão foram fixados a partir de 1° de janeiro de 2002 conforme o disposto no art. 15, II, da Lei 9.317/96: Art. 15. A exclusão do SIMPLES nas condições de que tratam os arts. 13 e 14 surtirá efeito: I a partir do anocalendário subseqüente, na hipótese de que trata o inciso I do art. 13; II a partir do mês subseqüente ao em que incorrida a situação excludente, nas hipóteses de que tratam os incisos III a XVIII do art. 9°; Mas, conforme o inciso II acima e o constatados nas notas fiscais de prestação de serviços (efls. 07/33), as prestações deramse a partir de junho de 2002, devendo a exclusão viger a partir de 01/06/2002. Ressaltese que alegações de excesso inconstitucional do legislador ordinário deve ser levado a apreciação do Poder Judiciário, a quem cabe a verificação da compatibilidade da norma jurídica com os preceitos constitucionais. Estes argumentos são inoponíveis na esfera administrativa. Nesse sentido o art. 26A do Decreto nº 70.235, de 1972. São também inoponíveis a esta Turma as decisões em que não tenha sido parte o Recorrente ou que não tenha efeito vinculante ou legislação que não se refere ao período em litígio. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10840.000564/200446 Acórdão n.º 1001000.742 S1C0T1 Fl. 104 7 VER parágrafo único do artigo 24 da IN SRF n° 355, de 29 de agosto de 2003. Pelo exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, fixando os efeitos da exclusão a partir de 01/06/2002. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 107DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.002192/2004-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Anocalendário:
2000, 2001, 2002, 2003, 2004
SIMPLES. EXCLUSÃO.
Conformando-se
o contribuinte com a exclusão do Simples, já não pode
suscitar a legalidade da mesma nos autos que tratam do lançamento
decorrente.
IRPJ. ESPONTANEIDADE.
Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionados com a infração.
Numero da decisão: 1302-000.631
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR
PROVIMENTO ao recurso.
Matéria: IRPJ - AF- lucro presumido(exceto omis.receitas pres.legal)
Nome do relator: IRINEU BIANCHI
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EXCLUSÃO. Conformandose o contribuinte com a exclusão do Simples, já não pode suscitar a legalidade da mesma nos autos que tratam do lançamento decorrente. IRPJ. ESPONTANEIDADE. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionados com a infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso. MARCOS RODRIGUES DE MELLO Presidente. “documento assinado digitalmente” IRINEU BIANCHI Relator. “documento assinado digitalmente” Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Rodrigues de Mello (presidente da turma), Daniel Salgueiro da Silva, Eduardo de Andrade, Lavinia Moraes de Almeida Nogueira Junqueira, Wilson Fernandes Guimarães e Irineu Bianchi. Fl. 654DF CARF MF Emitido em 20/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/07/2011 por IRINEU BIANCHI Assinado digitalmente em 19/07/2011 por IRINEU BIANCHI, 20/07/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 10925.002192/200452 Acórdão n.º 130200.631 S1C3T2 Fl. 847 2 Relatório JOLAR AGOSTINHO COLDEBELLA EPP, dividamente qualificada nos autos, inconformada com a decisão de primeira instância, que lhe foi desfavorável, recorre a este Colegiado visando à reforma da mesma. Versam os autos sobre a exigência de IRPJ e reflexos, apurado pelo regime de tributação com base no lucro presumido e diz respeito aos anoscalendário de 2000, 2001, 2002 e 2004. O procedimento fiscal decorre da exclusão da pessoa jurídica do Simples, a qual está finda na esfera administrativa (fls. 777 e 778). O lançamento se fundamenta na falta de declaração da receita de venda de mercadorias escrituradas no Livro de Registro de Saída, uma vez que a mesma entregou as DCTFs após o início da ação fiscal. Inconformada com as exigências fiscais, a interessada apresentou a impugnação de fls. 333, alegando em síntese que os débitos do 1º trimestre de 2004 já estão extintos por pagamento, conforme as cópias dos documentos de arrecadação correspondentes e que os demais débitos constam em PER/DCOMP. A Quarta Turma da DRJ em Belo Horizonte(MG) julgou a ação fiscal procedente, nos termos do acórdão nº 0220.197 (fls. 802/805), cujos fundamentos achamse consubstanciados na respectiva ementa, in verbis: IRPJ. ESPONTANEIDADE. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionados com a infração. Cientificada da decisão (fls. 813), interessada, tempestivamente, interpôs o recurso voluntário de fls. 815/818, dizendo em síntese estar inconformada com os motivos da exclusão do Simples, se reportando a supostos débitos de CSLL cujos fatos geradores ocorreram no ano de 1991 e apresentando os respectivos DARFs, afirmando nada dever. Diz que as correspondências de 23/11/2000, 26/05/2003 e 8/8/2003, juntamente com seus anexos, não foram devidamente analisadas pelos funcionários da Receita Federal e requereu o cancelamento dos autos de infração. É o Relatório. Voto Fl. 655DF CARF MF Emitido em 20/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/07/2011 por IRINEU BIANCHI Assinado digitalmente em 19/07/2011 por IRINEU BIANCHI, 20/07/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 10925.002192/200452 Acórdão n.º 130200.631 S1C3T2 Fl. 848 3 Conselheiro IRINEU BIANCHI O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Como anotado no relatório, a recorrente foi excluída do Simples e em conseqüência disto foram lavrados os autos de infração aqui discutidos. Os argumentos da impugnação não foram repetidos em sede recursal. Ao invés disto, a recorrente traz à baila argumentos tendentes a afastar a causa da exclusão do Simples. Às fls. 321/323 consta o Parecer Sacat nº 234/2003, extraído do Processo nº 13981.000113/200310, do qual se infere que a Solicitação de Revisão do Simples apresentada pela recorrente visando a sua reinclusão no sistema simplificado foi indeferida por intempestiva. Dos autos não consta qualquer indício de que a interessada tivesse interposto recurso ao CARF. Ao contrário, os documentos de fls. 777/778 dão conta que a exclusão da pessoa jurídica do Simples está finda na esfera administrativa. De outra parte, a manifestação da interessada acolhida como impugnação às exigências formalizadas através dos autos de infração aqui tratados, por pertinente, deve ser reproduzida: ...tendo recebido TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL, em 20 de outubro de 2004, por ter sido excluída do Simples a partir de novembro de 2000 e devendo recolher aos cofres públicos o total da notificação, utilizouse dos créditos já pagos conforme o Per/Dcomp apresentados. Tendo em vista o 1º trimestre de 2004 constar na referida notificação e os mesmos terem sido recolhidos, conforme xerox dos DARFs, em anexo, solicitamos a IMPUGNAÇÃO DOS MESMOS. Ou seja, a interessada aceitou os termos da ação fiscal e a decisão recorrida, ao mesmo tempo que não acatou os pagamentos realizados com os efeitos de denúncia espontânea, alocou o valor arrecadado a outros débitos. Os argumentos expendidos no recurso voluntário, com exceção àquele do 1º trimestre de 2004, são estranhos à lide e mesmo que justificassem a permanência da empresa no Simples, já não podem ser apreciados em grau de recurso, pena de ofensa à coisa julgada. Quanto ao alegado pagamento relativo ao 1º trimestre de 2004, bem andou a decisão recorrida em não acatálos, uma vez que à época dos pagamentos a interessada já havia perdido o benefício da espontaneidade, enquanto que o valor arrecadado foi alocado a débitos não discutidos nos presentes autos. Fl. 656DF CARF MF Emitido em 20/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/07/2011 por IRINEU BIANCHI Assinado digitalmente em 19/07/2011 por IRINEU BIANCHI, 20/07/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 10925.002192/200452 Acórdão n.º 130200.631 S1C3T2 Fl. 849 4 DIANTE DO EXPOSTO, conheço do recurso voluntário e voto no sentido de NEGARLHE PROVIMENTO. “documento assinado digitalmente” IRINEU BIANCHI Relator Fl. 657DF CARF MF Emitido em 20/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/07/2011 por IRINEU BIANCHI Assinado digitalmente em 19/07/2011 por IRINEU BIANCHI, 20/07/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO
score : 1.0
Numero do processo: 14112.000248/2006-11
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
Somente pode ser autorizada a compensação de créditos líquidos e certos do Sujeito Passivo contra a Fazenda Nacional, conforme art. 170 do Código Tributário Nacional.
CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA.
É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado.
COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MULTA MORATÓRIA. INCIDÊNCIA.
Incide multa de mora sobre os débitos, objeto de compensação não homologada, desde o dia do vencimento até o dia do efetivo pagamento, limitada a 20%, conforme art. 61 da Lei nº 9.430/96.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3002-000.356
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto da Silva Esteves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Alan Tavora Nem e Carlos Alberto da Silva Esteves.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DA SILVA ESTEVES
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. Somente pode ser autorizada a compensação de créditos líquidos e certos do Sujeito Passivo contra a Fazenda Nacional, conforme art. 170 do Código Tributário Nacional. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MULTA MORATÓRIA. INCIDÊNCIA. Incide multa de mora sobre os débitos, objeto de compensação não homologada, desde o dia do vencimento até o dia do efetivo pagamento, limitada a 20%, conforme art. 61 da Lei nº 9.430/96. Recurso Voluntário Negado.
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DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente RIMOLI E CIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. Somente pode ser autorizada a compensação de créditos líquidos e certos do Sujeito Passivo contra a Fazenda Nacional, conforme art. 170 do Código Tributário Nacional. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MULTA MORATÓRIA. INCIDÊNCIA. Incide multa de mora sobre os débitos, objeto de compensação não homologada, desde o dia do vencimento até o dia do efetivo pagamento, limitada a 20%, conforme art. 61 da Lei nº 9.430/96. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 11 2. 00 02 48 /2 00 6- 11 Fl. 571DF CARF MF Processo nº 14112.000248/200611 Acórdão n.º 3002000.356 S3C0T2 Fl. 572 2 (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Alan Tavora Nem e Carlos Alberto da Silva Esteves. Relatório Adoto o relatório do Acórdão recorrido por bem retratar as vicissitudes do presente processo: "Trata o presente processo do Pedido Eletrônico de Ressarcimento n° 42418.12l58.l20405.1.1.013863, no valor de R$ 129.845,54, relativo a saldo credor do IPI apurado no 1° trimestre de 2005 (fl. 03). Foram transmitidas as DCOMPS relacionadas às fls. 333, vinculadas ao PER tratado neste processo. A verificação da legitimidade dos créditos foi efetuada mediante procedimento fiscal. As constatações da auditora encontramse relatadas na Informação Fiscal de fls. 299/304, podendo ser assim resumidas: a) o estabelecimento fiscalizado industrializa formulários contínuos classificados nos códigos 4911.9900 (alíquota 0%) e 4820.4000 (alíquota 15%), segundo verificação, por amostragem, das notas fiscais de vendas; b) o papel em bobina e o papel autocopiativo são utilizadas na industrialização (matériaprima), mas também são revendidos em grandes quantidades (comercializados), enquanto as entradas desses papéis foram majoritariamente escrituradas como compras para industrialização, com crédito do IPI. Em virtude dessa inconsistência, a empresa foi intimada a comprovar, mediante apresentação do controle da produção e do estoque, as quantidades desses papéis (papel em bobinas e autocopiativo) aplicadas na industrialização. Nos livros de Registro de Controle da Produção e do Estoque apresentados Ê foram escriturados os produtos industrializados, nem os insumos utilizados em suas fabricações. Diante da impossibilidade de apurar corretamente as quantidades desses papéis que foram Fl. 572DF CARF MF Processo nº 14112.000248/200611 Acórdão n.º 3002000.356 S3C0T2 Fl. 573 3 aplicadas na industrialização, a fiscalização glosou os créditos oriundos de todas as entradas dessas mercadorias, segundo discriminado às fls. 302/303. Após reconstituição da escrita fiscal, com glosa dos créditos considerados indevidos, houve redução no valor do saldo credor originalmente apurado pela empresa (fls 297/298), além da apuração de débitos exigidos mediante lançamento de ofício (processo 14120.000132/200845). Em conseqüência, o direito creditório foi reconhecido apenas parcialmente (R$ 2.500,81), e as compensações declaradas foram parcialmente homologadas, nos termos do Parecer e Despacho Decisório de fls. 333/337. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade discordando do indeferimento de seu pleito (fls. 365/375). Argumentou que 0 indeferimento do pedido de ressarcimento foi equivocado, pois a fiscalização deixou de considerar a atividade da empresa como preponderantemente industrial (fabricação de bobinas de PDV, formulários contínuos, etiquetas autoadesivas, etc), sendo inequívoco o direito ao crédito do IPI oriundo dos insumos aplicados na industrialização. lnsurgiuse também contra a imposição de multa, atualização pela Selic e juros de mora sobre os débitos que resultaram das compensações não homologadas. Alegou o caráter confiscatório da penalidade, a impossibilidade de utilização da taxa Selic como indexador e o caráter abusivo da cobrança, concomitantemente, de multa e juros de mora. Quando da primeira análise dos autos verificouse que uma parcela dos créditos a que a contribuinte fazia jus não foram aproveitados pela auditora, pois, como afirmado pela própria fiscalização, parte das aquisições de papel em bobina e papel autocopiativo foram empregadas como matériaprima na industrialização efetuada pelo estabelecimento. Foram os autos, então, baixados em diligência por intermédio do despacho de fl. 480, pois entendeuse que, ainda que os controles da produção do estabelecimento não permitissem segregar as quantidades de papel em bobina e papel autocopiativo destinadas à industrialização e à revenda, seria possível estimá las por critério de rateio (proporcionalização), visando atender ao princípio da nãocumulatividade do imposto. Em atendimento à diligência solicitada, a fiscalização, por critério de rateio (fls. 487), segregou as aquisições de papel em bobina e papel autocopiativo aplicadas na industrialização e revendidas, glosando apenas os créditos relativos às revendas. Elaborou a Reconstituição do RAIPI de fls. 495, que atesta a ocorrência de saldo credor. A contribuinte foi cientificada dos resultados da diligência (fls. 501/503), apresentando as razões adicionais de defesa de fls. 504/505. Reafirmou o conteúdo da manifestação de inconformidade apresentada e, no que diz respeito aos créditos oriundos de aquisições de bobinas em papel e papel autocopiativo, solicitou que o quantum seja obtido “mediante Fl. 573DF CARF MF Processo nº 14112.000248/200611 Acórdão n.º 3002000.356 S3C0T2 Fl. 574 4 pormenorizado levantamento contábil, com a concessão de prazo razoável para dito levantamento”." Em seqüência, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juíz\ de Fora (DRJ/JFA) julgou a Manifestação de Inconformidade parcialmente procedente, por decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 CRÉDITO BÁSICO. APROVEITAMENTO. Em atendimento ao principio da nãocumulatividade do IPI o contribuinte faz jus aos créditos originários de aquisições de matériasprimas aplicadas na industrialização de produtos tributados, ainda que o montante desses créditos seja apurado por critério de proporcionalidade, em razão de as aquisições se destinarem tanto a operações que dão direito a crédito (industrialização) quanto a operações que não dão direito a crédito (revenda). COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS MORATÓRIOS. Para as Declarações de Compensação apresentadas à Receita Federal após 27 de maio de 2003 os débitos compensados sofrerão a incidência de acréscimos moratórios a partir da data de vencimento do tributo até a data da apresentação da DCOMP, acréscimos esses previstos em lei federal vigente (art. 61 da Lei 9.430, de 1996). Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Intimada dessa decisão, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fl. 561/563), no qual se insurgiu contra o Acórdão recorrido em relação a impossibilidade de concessão de prazo para que a ora recorrente pudesse proceder a um levantamento contábil pormenorizado e a aplicação da multa moratória. É o relatório, em síntese. Fl. 574DF CARF MF Processo nº 14112.000248/200611 Acórdão n.º 3002000.356 S3C0T2 Fl. 575 5 Voto Conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves Relator O direito creditório envolvido no presente processo encontrase dentro do limite de alçada das Turmas Extraordinárias, conforme disposto no art. 23B do RICARF. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Como relatado anteriormente, a recorrente ataca o indeferimento do seu pedido de mais prazo para realizar um levantamento contábil pormenorizado a fim de "se fazer um cálculo exato do montante dos créditos a que faz jus" e complementa alegando que "o aludido levantamento só não foi feito ate a presente data justamente em razão da falta de tempo hábil concedido para tanto" (fl. 562). A irresignação da recorrente não merece acolhida, primeiro, porque teve inúmeras oportunidades de realizar tal levantamento, inclusive, quando da baixa do processo em diligência, segundo, o mais fundamental, porque era do contribuinte, desde a início, o ônus de provar o seu direito contra a Fazenda Nacional. Relembrese, por oportuno, que somente podem ser autorizadas as compensações de créditos líquidos e certos do sujeito passivo, conforme art. 170 do Código Tributário Nacional: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Assim, não há reparo a ser feito nas razões de decidir do Acórdão recorrido, como se percebe do seguinte excerto do voto condutor: "(...) cumpre esclarecer A. contribuinte que estamos diante de pedido de ressarcimento, cabendo à solicitante a prova do direito creditório alegado. E, se desde a época da fiscalização até a presente data a contribuinte não trouxe aos autos elementos capazes de contradizer a apuração dos créditos efetuada pela fiscalização, não me parece razoável sua pretensão de obter mais prazo para proceder ao "pormenorizado levantamento contábil" dos créditos em comento." (grifo nosso) Ademais, o art. 373 do Código de Processo Civil (CPC) estabelece que o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito, e ao autor, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Ou seja, em regra, incumbe à parte fornecer os elementos de prova das alegações que fizer, visando prover o Fl. 575DF CARF MF Processo nº 14112.000248/200611 Acórdão n.º 3002000.356 S3C0T2 Fl. 576 6 julgador com os meios necessários para o seu convencimento, quanto à veracidade do fato deduzido como base da sua pretensão. Seguindo essa mesma linha, o art. 36 da Lei nº 9.784, de 1999, que regula os processos administrativos federais, dispõe que cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Quanto ao processo administrativo fiscal, o art. 16 do Decreto 70.235/72 assim estabelece: Art. 16. A impugnação mencionará: I omissis ......................................................................................................... III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Inciso com redação dada pela Lei nº 8.748, de 9/12/1993) ......................................................................................................... § 1° omissis ......................................................................................................... § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluíndo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refira se a fato ou a direito superveniente; c) destine se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.532, de 10/12/1997) ......................................................................................................... Como se percebe dos dispositivos citados, o dever de provar incumbe a quem alega. Assim, o ônus da prova atua de forma diversa em processos decorrentes de lançamento tributário e processos decorrentes de pedido de restituição, ressarcimento e compensação. Nestes, cabe ao contribuinte provar a liquidez e a certeza do seu crédito, naqueles, cabe ao fisco provar a ocorrência do fato gerador. Dessarte, forçoso é admitir que a recorrente além de não se desincumbir do ônus de provar o seu suposto direito creditório, também não conseguiu demonstrar cabalmente nenhum erro na forma de apuração dos créditos realizada pela fiscalização, nem mesmo trazendo novos argumentos sobre o assunto em seu Voluntário. Por outro lado, no tocante à aplicação da multa moratória, a recorrente alega que não há que se falar em pagamento fora do prazo, mas em discussão acerca do quantum de Fl. 576DF CARF MF Processo nº 14112.000248/200611 Acórdão n.º 3002000.356 S3C0T2 Fl. 577 7 crédito real a ser deferido, assim, após estabelecido tal valor, havendo débito, somente aí poderia ser exigida a multa de mora e, ainda assim, em parâmetro razoável de 2%. Melhor sorte não possui a recorrente nessa matéria, pois a multa e seu percentual decorrem de comando legal. Transcrevese o art. 61 da Lei nº 9.430/96: Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Nesse passo, percebese que incide multa de mora sobre os débitos, objeto de compensação não homologada, como no caso ora analisado, desde o dia do vencimento até o dia do efetivo pagamento, limitada a 20%, de acordo com o dispositivo anteriormente reproduzido. Por outro lado, ressaltese que, mesmo em compensações homologadas, caso o PER/DCOMP tenha sido transmitido após a data de vencimento de débito declarado em DCTF, incidem os acréscimos moratórios entre a data do vencimento e a data de transmissão da declaração. Assim sendo, por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário e não reconhecer o direito creditório. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Fl. 577DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.910725/2008-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 15/03/1999
DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. AUSÊNCIA DE PROVA.
O direito à restituição/ressarcimento/compensação deve ser comprovado pelo contribuinte, porque é seu o ônus. Na ausência da prova, em vista dos requisitos de certeza e liquidez, conforme art. 170 do CTN, o pedido deve ser negado.
DILIGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE
Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, em especial, quando o contribuinte não colaciona aos autos nenhuma prova ou indício do seu direito.
Numero da decisão: 3201-004.096
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 15/03/1999 DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. AUSÊNCIA DE PROVA. O direito à restituição/ressarcimento/compensação deve ser comprovado pelo contribuinte, porque é seu o ônus. Na ausência da prova, em vista dos requisitos de certeza e liquidez, conforme art. 170 do CTN, o pedido deve ser negado. DILIGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, em especial, quando o contribuinte não colaciona aos autos nenhuma prova ou indício do seu direito.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. AUSÊNCIA DE PROVA. O direito à restituição/ressarcimento/compensação deve ser comprovado pelo contribuinte, porque é seu o ônus. Na ausência da prova, em vista dos requisitos de certeza e liquidez, conforme art. 170 do CTN, o pedido deve ser negado. DILIGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, em especial, quando o contribuinte não colaciona aos autos nenhuma prova ou indício do seu direito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 07 25 /2 00 8- 69 Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10880.910725/200869 Acórdão n.º 3201004.096 S3C2T1 Fl. 78 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Por retratar com fidelidade os fatos, adoto, com os devidos acréscimos, o relatório produzido em primeira instância, o qual está consignado nos seguintes termos: "Trata o presente processo de Declaração de Compensação PER/DCOMp nº 17361.50903.230104.1.3.046610, fls. 09/13,na qual o contribuinte pretende compensar crédito no montante de R$ 2.994,10 (crédito original da data da transmissão), decorrente de pagamento indevido ou maior de COFINS, efetuado em 15/03/1999, com débitos do próprio COFINS. Em 12/08/2008, após análise da DCOMP de forma eletrônica pelo sistema de processamento da Receita Federal do Brasil RFB, foi emitido despacho decisório assinado pelo titular da unidade de jurisdição da Requerente que não homologou a compensação declarada, por inexistência do crédito, nos seguintes termos: "Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original de transmissão informado no PER/DCOMP: 2.994,10. Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, não foi confirmada a existência do crédito informado, pois o DARF a seguir, discriminado no PER/DCOMP, não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. Diante da inexistência do crédito, não homologo a compensação declarada." Inconformado, o contribuinte, por meio de seu representante legal, impugnou o despacho decisório manifestando a sua inconformidade às fls. 14 a 16, na qual deduz as alegações a seguir discriminadas: Dos fatos A Requerente na qualidade de contribuinte do PIS/COFINS recolheu aos cofres públicos tributos superiores aos efetivamente devidos, pois não considerou os termos do § 2º, do inciso III, do artigo 3º, da Lei 9.718/98 quando apurou a base de cálculo das contribuições. O crédito foi devidamente apurado e compensado na forma da legislação em vigor. Recentemente, a empresa recebeu o despacho decisório glosando uma das compensações efetuadas, por não ter sido confirmada a existência do crédito, pois o DARF não foi localizado. Todavia, em nenhum momento foi oportunizado à empresa demonstrar seu crédito, se limitando a Autoridade Administrativa a consultar os sistemas informatizados do próprio fisco, motivo pelo qual não Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10880.910725/200869 Acórdão n.º 3201004.096 S3C2T1 Fl. 79 3 pode a Requerente se conformar com tal decisão e interpõe o presente recurso administrativo. DOS FUNDAMENTOS DO RECURSO Ressalta que, conforme exposto acima, o único fundamento para a glosa das compensações efetuadas pela Recorrente é a não localização do DARF do crédito. O fisco concluiu pela inexistência do crédito sem ao menos solicitar ao contribuinte qualquer documento capaz de comprovar ou não a existência e suficiência do crédito compensado. Se o fisco tivesse cumprido com o seu dever de solicitar ao contribuinte a prova dos créditos, teria acesso às planilhas de apuração e poderia verificar a regularidade do encontro de contas efetuado. restaria demonstrado o recolhimento indevido e, portanto, fulminado o fundamento utilizado para denegar as compensações. Por tais razões deve ser conhecida e provida a presente manifestação de inconformidade, para que seja anulado o referido despacho decisório, determinando para a digna Autoridade a quo que efetue as diligências necessárias para comprovar a origem e a existência do crédito utilizado nas compensações efetuadas. Alternativamente, requer, a homologação da compensação efetuada. DO PEDIDO Diante do exposto, requer que seja conhecida e provida a presente manifestação de inconformidade para fins de anular o referido despacho decisório, determinando que sejam realizadas diligências necessárias para comprovar a origem e a existência do crédito utilizado nas compensações glosadas. Alternativamente, requer, a reforma do despacho decisório para que sejam homologadas as compensações efetuadas. A decisão recorrida julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e não reconheceu o direito creditório. Aludida decisão apresenta a seguinte ementa: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 15/03/1999 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CERTEZA E LIQUIDEZ. COMPROVAÇÃO. A restituição e/ou compensação de indébito fiscal com créditos tributários vencidos e/ou vincendos, está condicionada à comprovação da certeza e liquidez do respectivo indébito. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10880.910725/200869 Acórdão n.º 3201004.096 S3C2T1 Fl. 80 4 Somente podem ser objeto de compensação créditos líquidos e certos, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte, sob pena de não ter seu crédito reconhecido. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP).PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de elementos de prova, não é suficiente para reformar a decisão não homologatória de compensação e afastar a exigência do débito decorrente de compensação não homologada. COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. DILIGÊNCIA FISCAL. INDEFERIMENTO. Não se justifica a realização de diligência fiscal para verificação de documentos do contribuinte com o fim de verificar a procedência do direito por ele invocado quando apresentadas meras alegações sem exibição de qualquer documentos indicativo do direito alegado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" O Recurso Voluntário da recorrente foi interposto de forma hábil e tempestiva, contendo, em breve síntese, os seguintes argumentos: (i) a Autoridade Administrativa concluiu pela inexistência do crédito sem sequer solicitar ao contribuinte qualquer documento capaz de comprovar ou não a existência e suficiência do crédito utilizado na compensação; (ii) a Delegacia de Julgamento invocou a ausência da prova de liquidez e certeza dos créditos para rejeitar a manifestação de inconformidade; (iii) acaso tivesse ocorrido a intimação para o contribuinte demonstrar o seu crédito o Fisco teria acesso às planilhas de apuração e poderia verificar a regularidade do encontro de contas efetuado; (iv) enquanto não for realizada a efetiva mensuração dos créditos utilizados é precipitada qualquer consideração a respeito da existência ou não de créditos passíveis de compensação; (v) se a autoridade responsável pelo exame da declaração de compensação tivesse cumprido o dever de fiscalizar a existência do crédito declarado e não simplesmente glosado mecanicamente o encontro de contas teria verificado que a Requerente é legitima credora da União Federal; e (vi) não se permitiu a produção de provas necessárias e com base nesta decisão, julgouse pela improcedência por falta de provas; Requer, ao final, a Recorrente o provimento do seu recurso. É o relatório. Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10880.910725/200869 Acórdão n.º 3201004.096 S3C2T1 Fl. 81 5 Voto Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Relator No caso em apreço há a imperiosa necessidade de se comprovar a existência do direito creditório de modo inconteste, o que, pela análise dos elementos probatórios não ocorreu. Da decisão recorrida temse: "No caso em apreço, o Contribuinte declarou em débito de COFINS e apontou um documento de arrecadação como origem do crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte foi realizada também de forma eletrônica, tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que não foi localizado o pagamento indicado no PER/DCOMP como origem do crédito. De fato, tal constatação decorre da não localização do DARF indicado pelo Contribuinte no PER/DCOMP nos sistemas da Secretaria da Receita Federal. Observase que antes do Despacho Decisório, de 12/08/2008, o Contribuinte foi informado da não localização do DARF e intimado, em 15/12/2006 conforme A.R., às fls. 07, a verificar e conferir os dados da ficha DARF informados no PER/DCOMP com os dados do DARF original, bem como a sanar as irregularidades apontadas, tendolhe sido informado na mesma oportunidade que a consequência da falta de saneamento no prazo poderia acarretar o indeferimento/não homologação do PER/DCOMP em análise. Portanto, ao contrário do alega a Manifestante, foi lhe dado a oportunidade para comprovar ou não a existência e suficiência do crédito compensado. No entanto, antes da ciência do despacho decisório, o interessado conservouse silente e inerte no tocante à integralidade das informações declaradas perante a RFB, as quais acabaram servindo de parâmetro para a continuidade da análise da matéria e respaldando a referida decisão administrativa. Pelo exposto, resta devidamente demonstrado que não procede o argumento da requerente de que recolheu aos cofres públicos tributos superiores aos efetivamente devidos por não ter considerado os termos do § 2º, do inciso III, do artigo 3º, da lei 9.718/98, quando apurou a base de cálculo das contribuições do PIS/COFINS, para o período de apuração constante neste PER/DCOMP, pois o contribuinte não conseguiu comprovar a existência do alegado indébito neste período, ou seja, o DARF supra mencionado que poderia demonstrar que de fato teria Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10880.910725/200869 Acórdão n.º 3201004.096 S3C2T1 Fl. 82 6 ocorrido "o pagamento indevido ou a maior" gerandolhe crédito, não foi localizado, e a empresa quando intimada a sanar tal irregularidade não se manifestou, e consequentemente, a compensação declarada não foi homologada. Cabe observar ainda que, mesmo se o referido DARF tivesse sido localizado, o art. 170 do CTN fixa como pressuposto para que possa ser feito o encontro de contas com a Fazenda Nacional: que os créditos estejam revestidos de liquidez e certeza comprovada pela demonstração do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal do contribuinte, a comprovar a efetiva natureza da operação, a ocorrência do fato gerador do tributo, a base de cálculo e a alíquota aplicável, para o fim de se conferir a existência e o valor do indébito tributário. No entanto, a interessada não trouxe aos autos documentos que pudessem vir a comprovar a apuração incorreta nas bases de cálculo do COFINS, para o período em que alega o direito creditório, motivo pelo qual não se operaria, mesmo nesta hipótese, a liquidez e certeza desses pretensos créditos." Temse, então, que a decisão recorrida julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório em face de a recorrente, não ter comprovado a existência e liquidez do crédito apontado, mesmo tendo sido oportunizada a produção de prova. Não logrou êxito a recorrente em desconstituir o fundamento decisório através de prova apta para tanto. Mesmo em sede recursal não trouxe a recorrente qualquer elemento de prova válido a confirmar suas alegações. Devese levar em consideração que a necessidade de liquidez e certeza dos créditos é condição imperiosa, para que se proceda a compensação de valores. Não é devida a autorização de compensação quando os créditos estão pendentes de certeza e liquidez. Nos processos administrativos que tratam de restituição/compensação ou ressarcimento de créditos tributários, é atribuição do sujeito passivo a demonstração da efetiva existência do indébito. Nesses casos, quando a DRF nega o pedido de compensação/restituição/ressarcimento que aponta para a inexistência ou insuficiência de crédito, cabe ao manifestante, caso queira contestar a decisão a ele desfavorável, cumprir o ônus que a legislação lhe atribui, trazendo ao contraditório os elementos de prova que demonstrem a existência do crédito. Documentos comprobatórios são os que possibilitam aferir, de forma inequívoca, a origem e a quantificação do crédito, visto que, sem tal comprovação, o pedido de repetição fica prejudicado. Humberto Teodoro Júnior sobre a prova ensine que: "Não há um dever de provar, nem à parte contrária assiste o direito de exigir a prova do adversário. Há um simples ônus, de modo que o litigante assume o risco de perder a causa se não provar os fatos alegados dos quais depende a existência de um Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10880.910725/200869 Acórdão n.º 3201004.096 S3C2T1 Fl. 83 7 direito subjetivo que pretende resguardar através da tutela jurisdicional. Isto porque, segundo máxima antiga, fato alegado e não provado é o mesmo que fato inexistente.” (Humberto Teodoro Junior, in Curso de Direito Processual Civil, 41ª ed., v. I, p. 387) A própria recorrente confessa que não trouxe elementos probatórios aos autos para confirmar sua pretensão, tanto que, solicita a realização de diligências. Ocorre que, conforme já referido, sequer indícios do seu direito foram colacionados ao processo administrativo, razão pela qual não há como se converter o julgamento em diligência. Sobre a necessidade de se provar o direito creditório em pedidos de restituição ou compensação, é uníssona a jurisprudência deste Colegiado, conforme precedentes a seguir elencados: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do Fato Gerador: 20/06/2006 COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. COFINS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado." (Processo 10930.903684/201206; Acórdão 3402003.651; Relator Conselheiro Antônio Carlos Atulim; Sessão de 13/12/2016) "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 31/01/2008 CRÉDITO NÃO RECONHECIDO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. O pagamento indevido, assim como a certeza e liquidez do crédito, precisam ser comprovados pelo contribuinte nos casos de solicitações de restituições e/ou compensações. Fundamento: Art. 170 do Código Tributário Nacional e Art. 16 do Decreto Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10880.910725/200869 Acórdão n.º 3201004.096 S3C2T1 Fl. 84 8 70.235/72." (Processo 10865.905444/201269; Acórdão 3201 002.880; Relator Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima; sessão de 27/06/2017) "Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 30/06/2011 DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. O direito à restituição/ressarcimento/compensação deve ser comprovado pelo contribuinte, porque é seu o ônus. Na ausência da prova, em vista dos requisitos de certeza e liquidez, conforme art. 170 do CTN, o pedido deve ser negado.Recurvo Voluntário Negado." (Processo 10805.900727/201318; Acórdão 3201 003.103; Relator Conselheiro Marcelo Giovani Vieira; sessão de 30/08/2017) "Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2005 DIREITO CREDITÓRIO. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. O direito à restituição/ressarcimento/compensação deve ser comprovado pelo contribuinte, porque é seu o ônus. Na ausência da prova, em vista dos requisitos de certeza e liquidez, conforme art. 170 do CTN, o pedido deve ser negado. Correta decisão que julgou improcedente a manifestação de inconformidade por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integral e validamente alocado para a quitação de outro débito está integral e validamente alocado para a quitação de outro débito." (Processo nº 11080.930940/201160; Acórdão 3201 003.499; Relator Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade; Sessão de 01/03/2018) Ademais, a Recorrente, em casos análogos, teve seus recursos julgados improcedentes conforme decisões a seguir transcritas: Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10880.910725/200869 Acórdão n.º 3201004.096 S3C2T1 Fl. 85 9 "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 20/10/2005 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. COMPROVAÇÃO. Compete ao contribuinte à apresentação de livros de escrituração comercial e fiscal e de documentos hábeis e idôneos à comprovação do alegado sob pena de acatamento do ato administrativo realizado, em momento processual previsto em lei. DILIGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis." (Processo nº 10880.950624/200821; Acórdão 3803003.786; Relator Conselheiro João Alfredo Eduão Ferreira; sessão de 29/11/2012) "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 20/10/2005 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. COMPROVAÇÃO. Compete ao contribuinte à apresentação de livros de escrituração comercial e fiscal e de documentos hábeis e idôneos à comprovação do alegado sob pena de acatamento do ato administrativo realizado, em momento processual previsto em lei. DILIGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis." (Processo nº 10880.950622/200831; Acórdão 3803003.785; Relator Conselheiro João Alfredo Eduão Ferreira; sessão de 29/11/2012) Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário interposto. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Fl. 85DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10875.901522/2013-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Sep 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO
Ante a falta de comprovação da ocorrência de pagamento indevido ou a maior, não há de ser reconhecido o direito creditório.
Cabe ao contribuinte comprovar a existência de seu direito creditório relativo a pagamento indevido ou a maior. A manifestante é autora no presente processo, pois a declaração de compensação nada mais é do que uma petição inicial, ou seja, um pedido dirigido à autoridade administrativa que pode ou não ser deferido, após a verificação da certeza e liquidez do crédito pleiteado.
Numero da decisão: 1302-002.947
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2009 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO Ante a falta de comprovação da ocorrência de pagamento indevido ou a maior, não há de ser reconhecido o direito creditório. Cabe ao contribuinte comprovar a existência de seu direito creditório relativo a pagamento indevido ou a maior. A manifestante é autora no presente processo, pois a declaração de compensação nada mais é do que uma petição inicial, ou seja, um pedido dirigido à autoridade administrativa que pode ou não ser deferido, após a verificação da certeza e liquidez do crédito pleiteado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO Ante a falta de comprovação da ocorrência de pagamento indevido ou a maior, não há de ser reconhecido o direito creditório. Cabe ao contribuinte comprovar a existência de seu direito creditório relativo a pagamento indevido ou a maior. A manifestante é “autora” no presente processo, pois a declaração de compensação nada mais é do que uma “petição inicial”, ou seja, um pedido dirigido à autoridade administrativa que pode ou não ser deferido, após a verificação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 90 15 22 /2 01 3- 18 Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10875.901522/201318 Acórdão n.º 1302002.947 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Para a devida síntese do processo, transcrevo o relatório da DRJ/SPO, complementandoo ao final: “O interessado, supra qualificado, entregou por via eletrônica a Declaração de Compensação [...], na qual declara a compensação de pretenso crédito de pagamento indevido ou a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (cód. receita 2484 CSLL DEMAIS PJ QUE APURAM O IRPJ COM BASE EM LUCRO REAL ESTIMATIVA MENSAL) relativo ao período de apuração encerrado em 28/02/2009. O contribuinte foi cientificado, [...]do Despacho Decisório [...]: [...] Irresignado, o contribuinte apresentou [...] a Manifestação de Inconformidade [...], alegando que havia incorreção em sua DCTF, cuja correção foi providenciada mediante DCTF retificadora [...]. Solicita, assim, sejam consideradas as correções propostas, pois seu direito creditório estaria assegurado com os recolhimentos efetuados por Darf”. Após analisada a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo contribuinte, a Turma Julgadora a quo julgoua improcedente, sob o argumento de que pleiteado a simples alegação de erro na DCTF e sua retificação não faz prova do direito creditório pleiteado, mormente porque a retificação somente foi efetuada pelo interessado após a ciência do Despacho Decisório que não lhe reconheceu a existência do indébito tributário. Abaixo, segue a transcrição do Acórdão n.º 1665.756 DRJ/SPO: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Ante a falta de comprovação da ocorrência de pagamento indevido ou a maior, não há de ser reconhecido o direito creditório. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10875.901522/201318 Acórdão n.º 1302002.947 S1C3T2 Fl. 4 3 Inconformada a contribuinte interpôs Recurso Voluntário à apreciação deste Conselho. Em sua peça, a recorrente traz documentos que reputa serem suficientes à comprovação de seu direito creditório, aduzindo para tanto, o que segue: A estimativa referente a fevereiro 2009 foi quitada através do DARF em 31/03/2009. Ocorre que o valor recolhido no mencionado DARF corresponde ao valor de R$ 62.330,03 declarados na DCTF transmitida em 17/04/2009, que veio a ser retificada pela DCTF transmitida em 05/09/2013, para refletir o correto valor da CSLL apurada na competência fevereiro 2009, ou seja, R$ 45.329,29. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado – Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.946, de 26/07/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10875.901528/2013 95, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. O direito creditório analisado no processo paradigma tem como origem pagamento indevido ou a maior de estimativa de IRPJ referente ao mês de março 2009. No presente processo, o crédito pleiteado tem origem em pagamento indevido ou a maior de estimativa de CSLL, relativa ao mês de fevereiro 2009. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.946): "Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do presente recurso. Tratase de Recurso Voluntário em face de Acórdão de Manifestação de Inconformidade que não reconheceu o direito creditório pleiteado pelo contribuinte. Com relação ao direito creditório objeto deste processo, a Recorrente esclarece que efetuou o recolhimento de R$ 668.372,08 (cf. Comprovante de Arrecadação, Doc. 07 do recurso); porém, posteriormente, em decorrência de revisões internas, verificou que o valor devido a título de IRPJ por estimativa para o mês de março de 2009 era, na verdade, de R$ 472.200,79, tendo declarado este valor (e não aquele) na Ficha 11 da DIPJ 2010 (cf. Doc. 04 do recurso). Em razão disso, a contribuinte apresentou o PER/DCOMP 18535.63848.250211.1.3.048801 no valor de R$ 196.171,29 (cento e noventa e seis mil, cento e setenta e um reais Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10875.901522/201318 Acórdão n.º 1302002.947 S1C3T2 Fl. 5 4 e vinte e nove centavos) que corresponde à diferença entre os valores discriminados no parágrafo anterior; sendo esta a origem do direito creditório objeto deste processo. Pontua, inclusive, que a DCTF nº 17.66.37.5747 (Doc. 08), onde constava a declaração do débito de R$ 668.372,08, foi retificada pela DCTF nº 13.88.68.20.27 (Doc. 09) para consignar que a estimativa de IRPJ devida no mês de março de 2009 era, na verdade, R$ 472.200,79, uma vez que isto não havia sido procedido anteriormente. Pois bem. Cabe destacar a alegação da recorrente de que, apesar de ter declarado em DCTF o valor de R$ 668.372,08, declarou na DIPJ do exercício seguinte o valor de R$ 472.200,79 (cf. Doc. 04). No mesmo sentido, verificase que ainda que a retificação da DCTF tenha sido procedida após remetido o PER/DCOMP em tela, tal fato não pode ser entendido como prejudicial à análise de crédito do contribuinte. Ademais, de acordo com o Parecer Normativo COSIT n.2, de 28 de agosto de 2015, é possível a retificação da DCTF depois da transmissão do PER/DCOMP para fins de formalização do indébito objeto da compensação, desde que coerentes com as demais provas produzidas nos autos. Vejamos: Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Contudo, no caso em tela, a recorrente restringe a controvérsia à existência do crédito reportado na DCOMP, Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10875.901522/201318 Acórdão n.º 1302002.947 S1C3T2 Fl. 6 5 buscando comprovar suas alegações, por intermédio de sua DCTFretificadora, cópia do documento de arrecadação federal e DIPJ. O documento intitulado Declaração de Compensação (DCOMP) se presta, assim, a formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. Tomando por substrato os atributos essenciais pertinentes ao crédito para sua restituição/compensação (certeza e liquidez), o reconhecimento de um direito creditório e a consequente homologação (total ou parcial) ou não de uma compensação estão condicionados à perfeita identificação do crédito pela postulante (origem e valor), haja vista ser o instituto da compensação eletrônica procedimento efetuado por conta e risco tanto da Administração Federal quanto do contribuinte, correndo contra a primeira o prazo de homologação, que uma vez decorrido impede a recuperação de eventuais valores compensados indevidamente, e de outro lado, sobre o contribuinte, que tem o dever de evidenciar o crédito em todos os seus atributos, visto que, uma vez analisado o PER/DCOMP, não é mais admitida qualquer alteração do seu conteúdo por imposição legal. Assim, à luz dos elementos constantes no pedido (DCOMP), não poderia a autoridade a quo reconhecer crédito algum para a recorrente, haja vista a não identificação correta da origem do crédito pleiteado e que o crédito aludido pelo contribuinte, em primeira análise, foi totalmente alocado para quitação de outro débito, não havendo saldo disponível para pleitear o pagamento indevido ou a maior, o qual , aparentemente, surgiu após a retificação de sua DCTF. Correta a decisão recorrida quanto a análise do caso. Vejamos passagem do decisium: Entretanto, o contribuinte não juntou aos autos nenhum elemento comprobatório ou indiciário do alegado erro e nem tampouco explica as circunstâncias e os motivos que o levaram a efetuar, segundo alega, o pagamento indevido ou a maior. (...) Sendo assim, cabe ao contribuinte comprovar a existência de seu direito creditório relativo a pagamento indevido ou a maior. A manifestante é “autora” no presente processo, pois a declaração de compensação nada mais é do que uma “petição inicial”, ou seja, um pedido dirigido à autoridade administrativa que pode ou não ser deferido, após a verificação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. Fl. 202DF CARF MF Processo nº 10875.901522/201318 Acórdão n.º 1302002.947 S1C3T2 Fl. 7 6 No caso em tela, entendo que a simples alegação de erro na DCTF e sua retificação não faz prova do direito creditório pleiteado, mormente porque a retificação somente foi efetuada pelo interessado após a ciência do Despacho Decisório que não lhe reconheceu a existência do indébito tributário. Conclusão Diante do exposto, NEGO provimento ao recurso voluntário. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 203DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003862/2010-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, por falta de similitude fática entre os julgados em confronto, sendo que o paradigma sequer trata da norma tributária que orientou a decisão do acórdão recorrido.
Numero da decisão: 9202-007.214
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, por falta de similitude fática entre os julgados em confronto, sendo que o paradigma sequer trata da norma tributária que orientou a decisão do acórdão recorrido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 38 62 /2 01 0- 01 Fl. 1716DF CARF MF 2 Trata o presente processo, de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescido de multa de ofício e juros de mora, tendo em vista a omissão de rendimentos referente a ganho de capital obtido em aplicações financeiras em renda variável, verificado no ano de 2006. Cientificado do lançamento, o Contribuinte apresentou a Impugnação de fls. 1.338 a 1.375, contendo os argumentos assim resumidos no relatório da decisão de Primeira Instância, no que tange ao objeto do presente Recurso Especial: "8 a d. fiscalização informa que, "para efeito de cálculo dos ganhos/perdas nas operações de Renda Variável no período de 2006" será considerada a data da liquidação das operações, "onde se verifica o regime de caixa". Tal conclusão, no entanto, está incorreta; 9 o negócio jurídico de compra e/ou venda de ações em bolsa se efetiva na data do pregão, que é quando as partes acordam todos os termos da transação. Dessa forma, o fato gerador do imposto ocorre na data do pregão, e não na da liquidação. Essa foi, inclusive, a conclusão da Receita Federal do Brasil lançada no "Perguntas e Respostas" do IRPF de 2010; 10 conforme se verifica do demonstrativo elaborado para a Usina Costa Pinto S/A (Doc. 02), muito embora a d. fiscalização tenha indicado na coluna "Data do Evento" as datas indicadas nas notas de corretagem para a liquidação da operação, ela ordenou as operações em ordem cronológica de pregão; 11 se, segundo a d. fiscalização, o critério correto para a apuração dos resultados líquidos deve ter como base a data da liquidação, pois é nesse momento que "se verifica o efetivo desembolso e recebimento financeiro" (fls. 1.290), então as operações deveriam ter sido consideradas segundo em ordem crescente de liquidação, e não de pregão. Ou seja, a d. fiscalização mistura os dois critérios, não aplicando nenhum deles consistentemente; 12 essa confusão gera distorções imensuráveis no cálculo do resultado líquido, pois esse deve ser feito com base no custo médio das ações, o qual varia significativamente dependendo da ordem atribuída às operações de compra e venda de ações; 13 de acordo com o demonstrativo elaborado para ELETC38/ELETROBRAS (Doc. 03), em 09/03/2006 o Impugnante teria comprado 55.000.000 de ações da Eletrobrás pelo valor total de R$ 231.543,23. Em seguida, no dia 22/03/2006, o Impugnante teria vendido essas mesmas ações em 6 transações seguidas pelo mesmo valor total de R$ 231.543,23. Logo abaixo dessas operações, a d. fiscalização assinala que o Impugnante não teria exercido a opção de compra das ações ("OPÇÃO NÃO EXERCIDA NO VENCMTO ") e indica, consequentemente, uma perda de R$ 35.693,76; 14 tal raciocínio não está correto, pois se comprou e vendeu pelo mesmo valor, não há motivos para existir perdas. Na verdade, constatou o Impugnante que esse valor de R$ 35.693,76 aparentemente foi extraído da primeira operação realizada no Fl. 1717DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.717 3 dia 27/12/2006. Sem nenhuma explicação, atribuiuse esse mesmo valor para uma transação que ocorreu no dia 20/03/2006; 15 conforme se verifica da nota de corretagem n° 133, acostada às fls. 195 do processo, o Impugnante adquiriu o direito de compra de 55.000.000 de ações da Eletrobrás mediante o pagamento de prêmio no valor final de R$ 231.543,23. Segundo a coluna "Prazo" dessa mesma nota, tal opção deveria ser exercida ainda no mês de março de 2006. Por força de regulamentação, as opções sempre valem até o dia 20 de cada mês (no caso, o mês de março indicado pela letra "c"). Em 17/03/2006 (data do pregão), o Impugnante exerceu a opção de compra dessas ações, pagando por tais valores mobiliários o montante de R$ 2.092.826,55. Disso se conclui que o custo total dessas 55.000.000 de ações da Eletrobrás foi de R$ 2.324.369,78 equivalente à soma de prêmio e preço; 16 verificase, portanto, que o primeiro equívoco cometido foi concluir que o Impugnante não teria exercido a opção de compra dessas 55.000.000 de ações da Eletrobrás, quando, pela documentação que lhe foi disponibilizada, não restavam dúvidas que a referida opção foi tempestivamente exercida; 17 se é verdade que o Impugnante não teria exercido a sua opção de compra, tais ações jamais poderiam constar da sua carteira, afinal elas não teriam sido adquiridas. Porém, ao analisar o demonstrativo elaborado pela d. fiscalização para o ativo "ELET3/ELETROBRAS", o Impugnante constatou, no dia 22/03/2006 a indicação de operações de compra de 55.000.000 de ações no valor total de R$ 2.092.826,55. Ou seja, apesar de afirmar que o Impugnante não teria exercido a sua opção de compra das ações, a d. fiscalização, contradizendo a sua alegação anterior, simplesmente lança essas mesmas ações na carteira do Impugnante; 18 na compra dessas ações também não foi computado o valor de compra das ações, o valor pago pelo impugnante para adquirir a opção de compra, isto é, o prêmio, devidamente informado na nota de corretagem de fls. 195; 19 de acordo com a nota de corretagem n° 402, encartada às fls. 351, em 17/05/2006 (data de pregão), o Impugnante adquiriu opção de compra de 114.000.000 ações da Eletrobrás. Tais opções deveriam ser exercidas em agosto de 2006. Porém, no mesmo dia, o Impugnante vendeu opção de compra de 159.000.000 de ações dessa mesma empresa; 20 considerando que o Impugnante comprou no dia 17/05/2006 114.000.000 opções de compra de ações da Eletrobrás e vendeu, no mesmo dia, 159.000.000 opções de compra do mesmo ativo, concluise que a conjugação da compra e da venda de opções de compra de 114.000.000 de ações da Eletrobrás no dia 17/05/2006 deve ser classificada como uma operação de day trade, sujeita a uma sistemática diferenciada de apuração do imposto de renda; Fl. 1718DF CARF MF 4 21 contudo, a d. fiscalização, no demonstrativo referente a esse ativo (Doc. 04), considerou que apenas a opção de compra de 5.000.000 de ações teriam sido negociadas nesse dia (vale notar que a d. fiscalização usa indica no demonstrativo a data da liquidação da operação, que, segundo a nota de corretagem de fls. 351, foi em 18/05/2006) no mercado de day trade; 22 segundo a nota de corretagem n° 325, juntada às fls. 543, em 18/08/2006 (data de pregão), o Impugnante comprou a termo 670.000 ações da Usina Costa Pinto S/A pelo valor de R$ 4.432.083,50. Essa mesma nota indica, ainda, na coluna "Prazo" que tal compra se aperfeiçoará em 48 dias; 23 no demonstrativo referente à Usina Costa Pinto (Doc. 02), considerouse que tal operação foi liquidada no dia 23/08/2006, pois a respectiva nota de corretagem indica, na sua parte final, que o seu valor seria "Líquido para 23/08/2006”. Tal raciocínio está incorreto; 24 como indicado na nota de corretagem, o prazo para a ocorrência da compra das 670.000 ações da Usina Costa Pinto era de 48 dias, o qual, contado a partir de 18/08/2006 (data do pregão) implementarseia no dia 04/10/2006. E foi justamente isso o que aconteceu. O extrato de Conta Correntes emitido pela São Paulo Corretora de Valores Ltda. indica em sua folha 12 a liquidação, em 04/10/2006, de contrato a termo no valor de R$ 4.432.083,50. Tal paginado do referido extrato também está anexado no processo às fls. 877; 25 tal informação poderia ter sido extraída da própria nota de corretagem n° 325. Conforme se verifica do quadro "Resumo Financeiro", o valor liquido das operações negociadas por meio da referida nota foi de R$ 3.825.701,00. Esse montante corresponde à diferença entre os valores de R$ 4.355.000,00 e R$ 529.299,00, que tratam, respectivamente, de vendas e compras no mercado à vista, passíveis de liquidação no dia 23/08/2006. Daí porque na parte final da nota de corretagem consta a seguinte observação: "(1) As operações a termo não são computadas no líquido da fatura"; 26 nota de corretagem n° 77 (fls. 612): indica a compra a termo de 270.000 ações. O prazo para a liquidação dessa operação era de 95 dias, o qual se realizou em 08/01/2007. Porém, a d. fiscalização tomou como base a data de liquidação da nota de corretagem n° 77, a qual não contempla as operações realizadas no mercado a termo, mas tão somente aquelas efetuadas no mercado à vista. Por esse motivo, a d. fiscalização equivocadamente indicou no demonstrativo referente à Usina Costa Pinto (Doc. 02) a ocorrência de uma aquisição de 270.000 no dia 10/10/2006, em vez de alocála para a data correta, a saber, 08/01/2007; 27 nota de corretagem n° 77 (fls. 612): indica a compra a termo de 600.000 ações. O prazo para a liquidação dessa operação era de 96 dias, o qual se realizou em 09/01/2007. Porém, a d. fiscalização tomou como base a data de liquidação da nota de corretagem n° 77, a qual não contempla as operações realizadas no mercado a termo, mas tão somente aquelas efetuadas no Fl. 1719DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.718 5 mercado à vista. Por esse motivo, a d. fiscalização equivocadamente indicou no demonstrativo referente à Usina Costa Pinto (Doc. 02) a ocorrência de uma aquisição de 600.000 no dia 10/10/2006, em vez de alocála para a data correta, a saber, 09/01/2007; 28 nota de corretagem n° 99 (fls. 614): indica a compra a termo de 340.000 ações. O prazo para a liquidação dessa operação era de 95 dias, o qual se realizou em 09/01/2007. Porém, a d. fiscalização tomou como base a data de liquidação da nota de corretagem n° 99, a qual não contempla as operações realizadas no mercado a termo, mas tão somente aquelas efetuadas no mercado à vista. Por esse motivo, a fiscalização equivocadamente indicou no demonstrativo referente à Usina Costa Pinto (Doc 02) a ocorrência de uma aquisição de 340.000 no dia 11/10/2006, em vez de no dia 09/01/2007; 29 nota corretagem n° 115 (fls. 618): indica a compra a termo de 300.000 ações. O prazo para a liquidação dessa operação era de 93 dias, o qual se realizou em 10/01/2007. Porém, a d. fiscalização tomou como base a data de liquidação da nota de corretagem n° 115, a qual não contempla as operações realizadas no mercado a termo, .nas tão somente aquelas efetuadas no mercado à vista. Por esse motivo, a d. fiscalização equivocadamente indicou no demonstrativo referente à Usina Costa Pinto (Doc. 02) a ocorrência de uma aquisição de 300.000 no dia 13/10/2006, em vez de no dia 10/01/2007; 30 no mês de fevereiro da Usina Costa Pinto S/A (Doc. 02). Em 03/02/2006 o Impugnante recebeu 1.000.000 de ações do Sr. Jaime Michaan a título de empréstimo (a ser abordado no tópico III. 1). Segundo a d. fiscalização, o valor dessa operação seria equivalente a zero. Pois bem, em 06/02/2006 foi liquidada a nota de corretagem n° 18 (fls. 109), por intermédio da qual o Impugnante vendeu no mercado à vista 700.000 ações pelo valor líquido de R$ 1.957.348,95; 31 além desse procedimento não respeitar nenhuma metodologia, tampouco ele se reveste de qualquer lógica. Primeiro porque, o número de ações envolvidas nessas duas operações é completamente diferente; no mínimo, deveria a d. fiscalização ter proporcionalizado o montante. Segundo porque, não faz o menor sentido apurar o resultado líquido de uma operação a partir do valor pactuado em outra; 32 em determinados períodos, a d. fiscalização simplesmente abandona essa forma de cálculo e passa a utilizar a metodologia do custo médio. Segundo a nota de corretagem n° 490 (fls. 555), em 28/08/2006 (data do pregão), o Impugnante vendeu no mercado à vista 860.000 ações da Usina Costa Pinto S/A pelo valor bruto de R$5.590.000,00. A liquidação dessa operação ocorreu em 31/08/2006. No entanto, em 30/08/2006, o Impugnante recebeu 700.000 do Sr. Jaime Michaan a título de empréstimo. Diferentemente do efetuado nos meses anteriores, a d. fiscalização atribui valor zero à operação de empréstimo; Fl. 1720DF CARF MF 6 33 no ano de 2006, o Impugnante tomou emprestado do Sr. Jaime Michaan ações das empresas Usina Costa Pinto S/A e da Eletrobrás. As ações da Usina Costa Pinto foram utilizadas para realizar negociações diretas na bolsa de valores. Já as ações da Eletrobrás tinham a finalidade de garantia; 34 sob o argumento de que os empréstimos privados e gratuitos de ações não se submetem à sistemática regulada pela IN RFB n° 742/07, as ações recebidas a esse título do c. Jaime Michaan foram submetidas pela d. fiscalização a dois cálculos de apuração de resultado líquido em operações de renda variável: um por ocasião da venda das ações na bolsa de valores e outro no momento da devolução das ações; 35 os argumentos aduzidos no Termo de Verificação Fiscal para descaracterizar as operações realizadas entre o Impugnante e o Sr. Jaime Michaan são completamente descabidos. Isso porque, a d. fiscalização entende que empréstimos de ações pactuados entre particulares de forma gratuita não se caracterizam como empréstimo; 36 a fiscalização entendeu que porque o empréstimo foi contratado de forma gratuita, ele não se reveste das características dos empréstimos de ações realizados no âmbito da BM&F BOVESPA e retratados na IN RFB n° 742/07. Essa conclusão, porém, também está equivocada; 37 conforme amplamente demonstrado nos parágrafos anteriores, a onerosidade não é uma característica essencial dos contratos de empréstimos, sendo plenamente possível a contratação de empréstimos sem o estabelecimento de remuneração ao mutuante/comodante. Tanto é assim que a própria BM&FBOVESPA, em seu LINK "Perguntas Frequentes" sobre empréstimos de ações, esclarece que não existe remuneração fixa a ser cobrada pela pessoa que cede ações em empréstimos; 38 se, segundo a BM&F BOVESPA, as taxas de remuneração são livremente estipuladas entre o doador e o tomador, nada impede que as partes simplesmente não estabeleçam nenhuma remuneração pela cessão; 39 mesmo que os empréstimos pactuados entre o Impugnante e o Sr. Jaime Michaan não fossem realizados no âmbito da BM&F BOVESPA, ainda assim as regras estabelecidas pela IN RFB n° 742/07 seriam aplicáveis; 40 tal como demonstrado anteriormente, o negócio contratado entre o Impugnante e o Sr. Jaime Michaan corresponde a um efetivo empréstimo, e, para essas hipóteses específicas, o procedimento mais coerente para o cálculo do resultado líquido das transações ocorridas em bolsa de valores é justamente aquele regulado pela IN RFB n° 742/07; 41 partindo da premissa adotada pela d. fiscalização de que na etapa "1" o custo de aquisição das ações recebidas do Sr. Jaime Michaan seria equivalente a zero, eventual ganho seria apurado pelo Impugnante apenas por ocasião da venda das ações no mercado, pois somente nesse momento é que existiria um valor Fl. 1721DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.719 7 de venda a ser confrontado com o custo de aquisição. Ou seja, somente no momento da venda das ações é que o Impugnante estaria sujeito à apuração de resultado líquido tributável; 42 esse não foi, no entanto, o procedimento adotado pela d. fiscalização que, para alguns meses do período analisado, alocou o ganho decorrente da venda para a data em que o Impugnante recebeu as ações do Sr. Jaime Michaan, e não para a data da venda das ações; 43 exemplificativamente, o mês de janeiro. No dia 03/01/2006 o Impugnante recebeu 300 ações do Sr. Jaime Michaan. Tais ações já haviam sido vendidas na Bolsa de Valores no pregão do dia 02/01/2006, com liquidação agendada para o dia 05/01/2006. Apesar da venda ter sido contratada no dia 02 e liquidada no dia 05, a d. fiscalização alocou o ganho da operação para o dia 03, data em que o Impugnante recebeu as ações do Sr. Jaime Michaan;" Recebida a Impugnação pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ) em São Paulo/SP, esta baixou o processo em diligência à respectiva Defis/SP, nos seguintes termos: "A presente ação fiscal contra o contribuinte foi iniciada, em 04/05/2009, e resultou na lavratura do citado auto de infração, tendo em vista que foram apuradas as seguintes infrações à legislação tributária: 1 Ganhos Líquidos no Mercado de Renda Variável. Omissão de Ganhos em Operações Comuns. Enquadramento legal: art. 6º, da Lei 9.959/00. 2 Ganhos Líquidos no Mercado de Renda Variável. Omissão de ganhos em operações “Day Trade”. Enquadramento legal: art. 2º, I, da Lei 11.033/2004, arts. 743, 761, 764, 765, 766 e 770 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto 3.000, de 26 de março de 1999,/99. (...) Conforme Termo de Verificação retrocitado, para fins de apuração dos ganhos líquidos no mercado de renda variável, a autoridade fiscal considerou a data de liquidação das operações, uma vez regerse pelo regime de caixa a tributação do imposto de renda pessoa física. De fato, o entendimento dominante na Secretaria da Receita Federal era de que, na apuração dos ganhos no mercado de renda variável, deveria ser considerada a data de liquidação. Na publicação “Perguntas e Respostas” do Exercício 2010, a resposta da pergunta 684 trata do tema, nos seguintes termos: ENAÇÃO DE AÇÕES EM BOLSA – LIQUIDAÇÃO NO MÊS ALIENAÇÃO DE AÇÕES EM BOLSA – LIQUIDAÇÃO NO MÊS SUBSEQÜENTE. Fl. 1722DF CARF MF 8 684 No caso de alienação de ações em pregão ao final de determinado mês, que resulte em liquidação financeira da operação no mês subsequente, qual é o mês em que deve ser considerado? A pessoa física sujeitase à apuração de imposto sobre a renda pelo regime de caixa. Assim, no caso de Alienação de ações, o fato gerador do imposto ocorre na liquidação financeira da operação. Portanto, na hipótese descrita, o mês a ser considerado é o mês subsequente ao do pregão, em que foi efetuada a alienação das ações. Posteriormente, na edição do exercício 2012, desta publicação, a resposta da mesma pergunta (nº 691), em clara mudança de entendimento, esclarece que o fato gerador do imposto de renda ocorre na data do pregão e não na data da liquidação, sendo, entretanto, a tributação diferida para o momento da liquidação financeira. ALIENAÇÃO DE AÇÕES EM BOLSA – LIQUIDAÇÃO NO MÊS SUBSEQÜENTE. 691 No caso de alienação de ações em pregão ao final de determinado mês, que resulte em liquidação financeira da operação no mês subsequente, qual é o mês em que deve ser considerado? Sendo o ganho líquido sobre renda variável uma modalidade de ganho de capital, a sua tributação segue as mesmas normas de apuração e tributação do ganho de capital. Assim, no caso de alienação de ações na Bolsa de Valores, tendo em vista que a liquidação financeira não ocorre na mesma data da operação, o fato gerador do imposto ocorrerá na data do pregão, sendo a tributação diferida para o momento da liquidação financeira. Desse modo, para efeitos de apuração do limite de isenção, considerase a data do fato gerador (data do pregão). A data da liquidação servirá como parâmetro para a retenção do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (pela corretora) e para a contagem do prazo para recolhimento do imposto devido, ou seja, o imposto devido deverá ser recolhido até o último dia útil do mês subsequente ao da liquidação financeira. É necessário, portanto, que a Fiscalização faça novo cálculo dos ganhos líquidos no mercado de renda variável utilizando a data do pregão conforme entendimento apresentado acima. Dessa forma, em face de todo o exposto, os autos do processo devem ser encaminhados à DEFIS/SP, para que os ganhos líquidos das operações normais e Day Trade sejam apurados utilizando o fato gerador ocorrido na data do pregão e considerando a tributação diferida para o momento da liquidação financeira. As planilhas com os resultados das operações normais e Day Trade por ativo e os demonstrativos mensais do ganho de capital em operações em bolsa de valores devem ser juntados ao presente processo. Fl. 1723DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.720 9 Encerrada a diligência, o contribuinte deverá ser cientificado do resultado serlhe facultado o direito de apresentar manifestação no prazo de 30 dias, conforme previsão contida no art.35,§ único do Decreto 7.574 de 29 de setembro de 2011." Intimado do resultado da diligência em 25/10/2013 (AR Aviso de Recebimento de fls. 1.468), o Contribuinte apresentou, em 25/11/2013, a manifestação de fls. 1.472 a 1.492, assim resumida: "Resumindo tudo o que foi exposto nesta Manifestação, o Requerente pontua e requer o seguinte: i. que esta Colenda Turma de Julgamento julgue nulo o auto de infração em testilha, pois oerro de cálculo identificado no despacho de n° 6 demonstra puro desconhecimento da legislação e erro de direito que não pode ser objeto de revisão de ofício nos termos do art.149 do CTN, sob pena de inovação do lançamento; ii. ainda que superado o item acima (o que se admite apenas para fins de argumentação) que esta Colenda Turma de Julgamento decrete a nulidade do lançamento porque, ainda que se sustente que os erros nele identificados sejam passíveis de revisão, já se passaram mais de 5 anos desde a ocorrência do fato gerador. Ou seja, já se esgotou o prazo para a revisão do lançamento, nos termos do art. 149, § único, do CTN; iii. que esta Colenda Turma de Julgamento afaste o trabalho elaborado pela Autoridade fiscal, seja porque ele extrapolou os limites estabelecidos no despacho n° 06, levando à inovação do lançamento, seja porque ele contém nítidos erros de direito, além de desobedecer expressamente as determinações contidas no despacho n° 06. iv. que seja o auto de infração em comento julgado nulo, pois esse trabalho de diligênciaelaborado deixou mais do que claro que os cálculos da autuação estão equivocados, o quecertamente levará à formulação de uma cobrança incorreta em face do Requerente." Em 20/08/2013, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo/SP proferiu o Acórdão nº 1660.558, assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 Ementa: PRELIMINAR SIGILO BANCÁRIO. Havendo procedimento administrativo instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelos órgãos fiscais do Ministério da Fazenda não constitui quebra do sigilo bancário. Fl. 1724DF CARF MF 10 CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL DESCRIÇÃO DOS FATOS. O Auto de Infração acompanhado de todos os seus anexos, dentre os quais o Termo de Verificação, com o relato minucioso de todo o procedimento empreendido, a descrição e demonstração das infrações imputadas, permite ao contribuinte tomar pleno conhecimento da autuação e exercer seu amplo direito de defesa. Incabível, portanto, alegação de cerceamento de defesa quando presentes todos estes elementos no lançamento. RESULTADO APURADO EM DILIGÊNCIA. SUBSÍDIOS PARA O JULGAMENTO. POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO NA FASE IMPUGNATÓRIA. A autoridade julgadora pode determinar a realização de diligências de modo a subsidiar a apreciação das questões tratadas na impugnação. O resultado da diligência não se confunde com revisão de ofício e nem com lançamento complementar, já que após a apresentação da impugnação, o lançamento regularmente notificado somente pode ser alterado por força de decisão administrativa. EMPRÉSTIMO DE AÇÕES ENTRE PARTICULARES. APURAÇÃO DOS GANHOS LÍQUIDOS NAS OPERAÇÕES. CUSTO MÉDIO DAS AÇÕES EMPRESTADAS. COMPROVAÇÃO. Os empréstimos de ações realizados sem a intervenção da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) não são considerados operações de mercado de renda variável e não são reguladas pela CVM. Esses empréstimos não seguem as regras de tributação estabelecidas pela IN RFB nº 742/2007 e, para fins de apuração dos ganhos líquidos, há necessidade de comprovação do custo médio das ações recebidas. No caso de ativo cujo valor não possa ser determinado, o custo médio deve ser igual a zero. ALIENAÇÃO DE AÇÕES NA BOLSA DE VALORES. DATA DA APURAÇÃO DO GANHO LÍQUIDO. O ganho líquido sobre renda variável é uma modalidade de ganho de capital e a sua tributação segue as mesmas normas de apuração e tributação do ganho de capital. No caso de alienação de ações na Bolsa de Valores, tendo em vista que a liquidação financeira não ocorre na mesma data da operação, o fato gerador do imposto ocorrerá na data do pregão, sendo a tributação diferida para o momento da liquidação financeira. OPERAÇÕES NO MERCADO A TERMO. DATA DA ENTRADA DO ATIVO NA CARTEIRA. APURAÇÃO DO GANHO LÍQUIDO. No caso de operações realizadas no mercado a termo, a data da entrada do ativo na carteira, no caso de aquisição, e a da apuração do resultado, na alienação, ocorre na liquidação do contrato e não na negociação feita à vista. Fl. 1725DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.721 11 OPERAÇÕES BOX. TRIBUTAÇÃO DE APLICAÇÃO FINANCEIRA. São tributados como de aplicações financeiras de renda fixa os rendimentos auferidos nas operações conjugadas que permitam a obtenção de rendimentos predeterminados, tais como as realizadas nos mercados de opções de compra e de venda em bolsas de valores, de mercadorias e de futuros, denominadas operações Box. VENDAS A DESCOBERTO. APURAÇÃO DOS GANHOS LÍQUIDOS NO MOMENTO DA RECOMPRA. Nas vendas a descoberto em que o investidor vende um ativo sem possuílo em carteira, a apuração do ganho líquido é feita no momento da recompra. JUROS MORATÓRIOS. INCIDÊNCIA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. As multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos estão sujeitas à incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte" Esta decisão gerou Recurso de Ofício, tendo em vista a exoneração de parte do crédito tributário, assim fundamentada: "A diligência foi cumprida e encerrada com a lavratura do Termo de Constatação de fls. 1446/1465 e os cálculos requisitados encontramse anexados às folhas 1443/1445 do processo digital. Entretanto, a autoridade lançadora não considerou em seus cálculos a apuração do resultado de todas as operações na data do pregão como requerido, mas tãosomente aquelas que resultaram em perdas, conforme o relato constante no citado Termo de Constatação: As apurações dos ganhos líquidos das operações normais (ou comuns) e daytrade serão apuradas utilizando o fato gerador ocorrido na data do pregão e considerando a tributação diferida para o momento da liquidação financeira, conforme o encaminhamento da Delegacia de Julgamento, e para isto: nas operações normais (ou comuns) e daytrade, caso o resultado da operação seja negativa (isto é, operação com prejuízo em seu resultado) será considerado para efeito do calculo do Imposto de Renda no mesmo mês da data do pregão, e caso o resultado da operação seja positivo (isto é, operação com lucro em seu resultado) será considerado para efeito do calculo do Imposto de Renda no mesmo mês da data da liquidação; Portanto, nos cálculos apresentados pela diligência devem ser identificadas todas as operações de alienação cujos resultados Fl. 1726DF CARF MF 12 foram positivos para retirar da apuração do resultado mensal esses lucros indevidamente considerados em meses subseqüentes. As operações no mercado à vista que se encontram nessa situação são as relacionadas na tabela abaixo: (...) Com base no acima exposto, os cálculos apresentados pela autoridade fiscal no encerramento da diligência devem ser alterados para retirar do resultado mensal os lucros indevidamente considerados nos meses subseqüentes. (...) Os valores de Imposto de Renda devido, para cada operação, considerando os valores obtidos no resultado da diligência e as correções acima, são como segue: (...) Comparando esses valores com os lançados e considerando o menor valor entre os dois, já que o imposto mensal não pode ser majorado nessa fase processual, temse o seguinte: (...) Dessa forma, em face de todo o exposto, voto pela procedência em parte da impugnação, alterando o crédito tributário exigido, conforme demonstrativo abaixo: (...)" Contra a decisão de Primeira Instância foi interposto recurso pelo Contribuinte e, em sessão plenária de 04/04/2017, foram julgados os Recursos de Ofício e Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2202003.752 (efls. 1.633 a 1.655), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA VIGENTE. PORTARIA MF Nº 63, DE 2017. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017 majorou o limite de alçada para interposição de recurso de ofício, que deixou de ser o valor estabelecido na Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008 (R$ 1.000.000,00 um milhão de reais), para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Nos termos da Súmula CARF nº 103, para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. INOVAÇÃO NO JULGAMENTO DE PRIMEIRO GRAU. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. POSSIBILIDADE DE DECISÃO DE MÉRITO EM FAVOR DO RECORRENTE. APLICAÇÃO DO § 3º DO ART. 59 DO DECRETO 70.235/72. Fl. 1727DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.722 13 Decisão da DRJ que, admitindo a não permanência do fundamento que amparou o lançamento, baseiase em outros fatos e argumentos jurídicos para sua manutenção, inova na lide, acarretando cerceamento do direito de defesa do contribuinte.” A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para cancelar a exigência fiscal e não conhecer do recurso de ofício, em função do novo limite de alçada. Os Conselheiros Marcio Henrique Sales Parada, Cecília Dutra Pillar e Dilson Jatahy Fonseca Neto votaram pelas conclusões.” O processo foi encaminhado à PGFN em 23/05/2017 (Despacho de Encaminhamento de efls. 1.656) e, em 23/06/2017, foi interposto o Recurso Especial de efls. 1.657 a 1.677 (Despacho de Encaminhamento de efls. 1.678). O Recurso Especial está fundamentado no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visa rediscutir a declaração de nulidade no lançamento. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 14/08/2017 (fls. 1.680 a 1.687). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: o art. 145, I, do CTN afirma que o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de impugnação do sujeito passivo; recurso de ofício; ou iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149; afirma ainda o art. 60 do Decreto nº 70.235, de 1972, que “As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior [auto de infração lavrado por autoridade incompetente ou decisão administrativa proferida por autoridade incompetente ou com preterição ao direito de defesa] não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio”; por sua vez, o art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, estabelece as hipóteses de nulidade no âmbito do Processo Administrativo Fiscal; percebese que há que se interpretar o art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, à luz do princípio da instrumentalidade processual, plenamente aplicável ao processo administrativo tributário, que impede seja declarada a nulidade de atos processuais quando não exista prejuízo ao contribuinte; mais uma vez a legislação preferiu a revisão do lançamento à anulação/cancelamento e essa escolha está de acordo com o princípio da indisponibilidade do interesse público; Fl. 1728DF CARF MF 14 considerandose o equívoco na apuração do tributo devido pelo contribuinte e a patente necessidade de revisão, não havendo dúvida quanto à infração imputada ao contribuinte, o presente lançamento se torna necessário, com o intuito de se preservar o direito da Fazenda Pública na constituição do correto montante do crédito tributário; portanto, desnecessário e ilegal o cancelamento de todo o lançamento tributário, bastando sua revisão pela autoridade julgadora, excluindose apenas os valores indevidamente exigidos; caso não acolhida a tese acima, defendese que o lançamento deve ser anulado por vício formal; na hipótese em apreço, supostos equívocos na formalização dos fatos, vício apontado pelo colegiado como causa de cancelamento do lançamento, a toda vista, não pode ser considerado como de natureza material, pois se assim fosse estarseia afirmando que o motivo (fato jurídico) nunca existiu; a jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes e do CARF é farta em decisões que, ao determinarem o cancelamento do lançamento por falta de preenchimento de alguns dos requisitos formais estipulados nos arts. 10 e 11 do Decreto nº 70.235, de 1972, e/ou art. 142 do CTN, consideraram que se tratava de nulidade por vício de forma; revelase correto dizer que referido vício poder ser perfeitamente convalidável, inclusive com base no que preceitua o art. 55 da Lei nº 9.784, de 1999; os vícios apontados são passíveis de serem revistos e corrigidos e, inclusive, essa correção já ocorreu, nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, mediante a realização de diligências e complementação do relatório fiscal, tendo sido assegurada a ciência e oportunidade de defesa pelo contribuinte. Ao final, a Fazenda Nacional requer seja conhecido e provido o Recurso Especial. Cientificado do acórdão, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento em 24/08/2017 (AR Aviso de Recebimento de efls. 1.690), o Contribuinte, em 08/09/2017, ofereceu as Contrarrazões de efls. 1.693 a 1.705 (Termo de Solicitação de Juntada de efls. 1.691), contendo os seguintes argumentos: Da inadmissibilidade do Recurso Especial no caso em exame, o Recurso Especial da Fazenda Nacional não traz a demonstração precisa da divergência ou a menção às circunstâncias que assemelhem o acórdão recorrido e o único paradigma colacionado, limitandose a mencionar que em ambos os casos houve equívoco por parte da auditoria fiscal ao identificar o momento de ocorrência do fato gerador; o caso presente não guarda similitude fática com o paradigma: enquanto o presente processo administrativo trata de IRPF decorrente de suposta omissão de rendimentos apurados em operações de renda variável, o paradigma trata de IRPJ e reflexos, apurados mediante arbitramento, em razão do não fornecimento de documentação contábil; o lançamento analisado pelo paradigma encontravase eivado por um único erro pontual: a escolha do período de apuração como trimestral, em detrimento do mensal; Fl. 1729DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.723 15 o caso destes autos, por outro lado, apresenta uma série de equívocos em sua apuração muito mais complexos que a simples troca de periodicidade mensal por trimestral; na realidade, o acórdão recorrido acolheu a nulidade do auto de infração porque dele não é possível extrair com segurança quais teriam sido os critérios jurídicos e fáticos empregados na lavratura do auto de infração, de modo que, por mais que alguns equívocos pudessem ter sido identificados no decorrer do processo, seria impossível ter certeza de que estes seriam todos os equívocos cometidos; o ponto culminante da incompatibilidade entre o acórdão paradigma e o recorrido, é justamente este: no primeiro, havia certeza de que a correção do erro bastaria a assegurar a validade do auto de infração por isso a nulidade foi preterida; no segundo, ainda que se considerasse possível a correção dos erros apontados, a obscuridade do trabalho fiscal fazia prevalecer a probabilidade de ilegalidade do lançamento; no acórdão paradigma, a correção do erro se mostrava capaz de afastar a sombra da dúvida, recobrando a liquidez do crédito tributário e, no caso presente, o crédito tributário padecia de iliquidez congênita e incurável, daí porque a nulidade se impôs como inafastável. Impossibilidade de correção e revisão do lançamento em seu trabalho original, a Autoridade Fiscal utilizou a data da liquidação da operação para elaborar os cálculos do valor "tributável" lançado no Auto de Infração, estando errado este critério, como apontado pelo Contribuinte em sua Impugnação, pois a data utilizada para fins de apuração do ganho deve ser a do pregão; a DRJ acolheu este argumento do Contribuinte, mas não reconheceu a nulidade, e utilizou a diligência como subterfúgio para recálculo da autuação e verdadeira revisão do Auto de Infração; a Autoridade Fiscal realizou uma nova apuração do tributo, com correção da data de ocorrência do fato gerador, extrapolando o despacho de diligência da DRJ; por ter acolhido o resultado inovador da diligência, a DRJ acabou efetuando um lançamento complementar; não se pode aceitar que o lançamento complementar, já em sede de primeira instância administrativa, não signifique violação ao direito de defesa do Contribuinte; o Contribuinte iniciou o procedimento administrativo defendendose de um determinado lançamento, e no decorrer do processo viuse defendendose de um outro lançamento, importando supressão de instância esta alteração no objeto da defesa; fato é que, no caso presente, eventual alteração ampliativa no lançamento sujeitarseia, obrigatoriamente, à observância do prazo decadencial, mas o lançamento complementar realizado em sede de primeira instância não respeitou os requisitos do CTN e nem o prazo de decadência; Fl. 1730DF CARF MF 16 como bem decidiu o CARF, a diligência fiscal e a decisão da DRJ que a convalidou resultaram em inovação no lançamento, tornandoo nulo por vício na formação do crédito tributário; o presente lançamento, como bem constatado pelo CARF, foi realizado de forma precária, sem a devida cautela, e foi corrigido pela DRJ, por meio de lançamento complementar, como tentativa de salvar o trabalho fiscal, resultando esse lançamento na violação ao direito de defesa do Contribuinte, sendo manifesta a nulidade do Auto de Infração. Correta classificação do vício como material no presente caso, o vício encontrase na fundamentação do Auto de Infração, não havendo vício de forma, mas de conteúdo; em momento algum a fiscalização apontou qual seria a origem das diferenças entre a sua apuração e a do Contribuinte; muito embora tenha conseguido desvendar alguns cálculos e elaborar defesa, não se pode afirmar que não ocorreram outros erros, e o fato de o Contribuinte ter conseguido adivinhar alguns dos supostos critérios de cálculo da fiscalização não exime a autoridade fiscal do erro que cometeu ao não explicar e fundamentar a apuração que dá origem ao Auto de Infração; o princípio da conservação dos atos não pode prevalecer em casos em que importar cerceamento de defesa do Contribuinte, pois nestes casos há prejuízo à ampla defesa e ao contraditório; vale deixar claro que o motivo do erro incorrido pela autoridade lançadora neste caso foi exclusivamente o desconhecimento da norma da Receita Federal que trata do cálculo dos ganhos líquidos em mercado de renda variável; desconhecimento da legislação não é causa de revisão de lançamento, tampouco a mudança de raciocínio interpretativo do fisco. Ao final, o Contribuinte pede o não conhecimento do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, caso assim não se entenda, que lhe seja negado provimento. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir sobre o atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade. Trata o presente processo, de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescido de multa de ofício e juros de mora, tendo em vista a omissão de rendimentos referente a ganho de capital obtido em aplicações financeiras em renda variável, verificado no ano de 2006. No caso do acórdão recorrido, foi declarada a nulidade do lançamento por vício material. A Fazenda Nacional, por sua vez, pugna pelo restabelecimento do Fl. 1731DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.724 17 lançamento, alegando a inexistência de vício, uma vez que não teria havido prejuízo à defesa. Alternativamente, pede que seja considerado que o vício seria formal. Em sede de Contrarrazões, oferecidas tempestivamente, o Contribuinte pede o não conhecimento do recurso, alegando inexistência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma. Assim, tratandose de discussão acerca de vício em lançamento de tributo, é imprescindível que se verifique a motivação da declaração de nulidade em cada um dos julgados em confronto, a ver se haveria similitude entre elas. No caso do acórdão recorrido, com base na documentação fornecida pelo Contribuinte, foi lavrado Auto de Infração relativo a ganho de capital em renda variável, considerandose como o momento de ocorrência do fato gerador a data da liquidação das operações. O próprio Contribuinte, em sede de Impugnação, apontou a ocorrência de lapso, registrando que, conforme as orientações da Receita Federal, o fato gerador deveria ser considerado ocorrido na data do pregão. Seguiu apontando as distorções que dito lapso teria causado à apuração do crédito tributário. Nesse passo, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ), com base no art. 18, do Decreto nº 70.235, de 1972, baixou os autos em diligência à Delegacia da Receita Federal (DRF) autuante, para que esta refizesse os cálculos, considerando o fato gerador no momento do pregão. Confirase o relatório do acórdão recorrido, que reproduz o relatório do acórdão da DRJ: "A presente ação fiscal contra o contribuinte foi iniciada, em 04/05/2009, com a ciência do Termo de Início de Fiscalização de fls. 11/13, em que o contribuinte foi intimado a apresentar, em relação ao anocalendário 2006, documentação comprobatória referente a todas as transações de compra e venda de ações negociadas em Bolsa de Valores, demonstrativos de corretagem relativos à sua movimentação junto à corretora São Paulo Corretora de Valores Ltda e comprovantes de despesas e aquisições realizadas no período. De posse dos documentos colhidos no decorrer da ação fiscal, o auditor elabora os demonstrativos de fls. 1.310/1.311 e, conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal de fls. 1.288/1.309, encerra a ação fiscal com a lavratura do citado auto de infração, tendo em vista que foram apuradas as seguintes infrações à legislação tributária: 1 Ganhos Líquidos no Mercado de Renda Variável. Omissão de Ganhos em Operações Comuns. Enquadramento legal: art. 6º, da Lei 9.959/00. 2 Ganhos Líquidos no Mercado de Renda Variável. Omissão de ganhos em operações “Day Trade”. Enquadramento legal: art. 2º, I, da Lei 11.033/2004, arts. 743, 761, 764, 765, 766 e 770 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto 3.000, de 26 de março de 1999,/99. (...) Fl. 1732DF CARF MF 18 O contribuinte toma ciência do auto de infração em 27/11/2010, e, inconformado com o lançamento, apresenta impugnação, em 23/12/2010 de fls. 1.338/1.375, em que alega, em síntese, que: (...) 8. a d. fiscalização informa que, 'para efeito de cálculo dos ganhos/perdas nas operações de Renda Variável no período de 2006' será considerada a data da liquidação das operações, 'onde se verifica o regime de caixa'. Tal conclusão, no entanto, está incorreta; 9. o negócio jurídico de compra e/ou venda de ações em bolsa se efetiva na data do pregão, que é quando as partes acordam todos os termos da transação. Dessa forma, o fato gerador do imposto ocorre na data do pregão, e não na da liquidação. Essa foi, inclusive, a conclusão da Receita Federal do Brasil lançada no "Perguntas e Respostas" do IRPF de 2010; 10. conforme se verifica do demonstrativo elaborado para a Usina Costa Pinto S/A (Doc. 02), muito embora a d. fiscalização tenha indicado na coluna "Data do Evento" as datas indicadas nas notas de corretagem para a liquidação da operação, ela ordenou as operações em ordem cronológica de pregão; 11. se, segundo a d. fiscalização, o critério correto para a apuração dos resultados líquidos deve ter como base a data da liquidação, pois é nesse momento que 'se verifica o efetivo desembolso e recebimento financeiro' (fls. 1.290), então as operações deveriam ter sido consideradas segundo em ordem crescente de liquidação, e não de pregão. Ou seja, a d. fiscalização mistura os dois critérios, não aplicando nenhum deles consistentemente; 12. essa confusão gera distorções imensuráveis no cálculo do resultado líquido, pois esse deve ser feito com base no custo médio das ações, o qual varia significativamente dependendo da ordem atribuída às operações de compra e venda de ações;" (...) Em 7 de fevereiro de 2013, por meio do Despacho nº 6, desta 16ª Turma de Julgamento (fls. 1437/1438), o processo é baixado em diligência para que os ganhos líquidos das operações normais e Day Trade fossem apurados utilizando o fato gerador ocorrido na data do pregão e considerando a tributação diferida para o momento da liquidação financeira. A diligência foi encerrada com a lavratura do Termo de Constatação de fls.1446/1465. O contribuinte foi cientificado do Termo de Constatação em 25/10/2013 (fls. 1.468) e, em 25/11/2013, apresenta a manifestação de fls. 1.472/1.492 (...)" (grifei) Em face do Termo de Constatação elaborado por força da diligência, o Contribuinte apresentou argumentos no sentido de que a diligência teria servido para corrigir o lançamento, indo inclusive além do escopo traçado pela DRJ. Confirase o relatório do acórdão recorrido: Fl. 1733DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.725 19 "2. o que ocorreu neste caso não foi uma simples diligência, mas sim a revisão e a correção de erro do auto de infração. Os trabalhos de diligência, tal como preceituados pela legislação de regência (art. 18, § 3o , do Decreto n° 70.235, art. 41 do Decreto n° 7.574), têm a finalidade de investigar / confirmar a correção e/ou veracidade de fatos ou documentos constantes do processo, e não a de dar uma 'segunda chance' para a Autoridade lançadora, permitindo que ela corrija um erro cometido no lançamento; 3. o erro em questão recai exclusivamente sobre o próprio direito no qual se funda a autuação. O Requerente apresentou todos os fatos e documentos solicitados durante a autuação, tal como se depreende da cópia integral dos autos. A autoridade lançadora aplicou mal a legislação. E isso ocorreu não porque existiam diversas interpretações possíveis sobre a data correta para se apurar o resultado em renda variável, mas simplesmente porque a Autoridade lançadora errou na aplicação da norma; 4. o art. 149 do CTN permite que o lançamento seja revisto de ofício, nos termos do art. 145, inciso III, do CTN, apenas em hipóteses muito específicas, notadamente nos casos em que haja erro de fato. O caso em questão não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas pelo mencionado dispositivo do CTN como justificadoras de uma revisão de ofício; 5. ainda que se admitisse que o caso em questão se tratasse de erro de fato passível de revisão, nos termos do art. 149 do CTN, ainda assim tal revisão está sujeita ao prazo de decadência do tributo, conforme determinação expressa do parágrafo único do art. 149 do Código Tributário Nacional; 6. não há base legal que justifique a realização de uma diligência para corrigir um auto de infração lavrado incorretamente. As autoridades competentes devem, isso sim, julgálo nulo; 7. outro ponto de extrema relevância é que a Autoridade fiscal se 'aproveitou' da diligência solicitada por esta Colenda Turma de Julgamento para refazer outros pontos da autuação que estavam errados; 8. em sua Impugnação o Requerente chamou a atenção para o fato de que nas compras a termo, a Autoridade fiscal considerou o resultado da operação de aquisição na data da liquidação da nota de corretagem, e não na data da liquidação do termo. Naquela oportunidade, o Requerente esclareceu que o prazo para que a compra a termo se concretizasse não era aquele de liquidação da nota de corretagem; 9. em suas considerações gerais (item 3 do Termo de Constatação Diligência) a Autoridade fiscal indicou alterações feitas também no cálculo dos custos médios do Requerente nas operações no mercado a termo, o que não estava determinado no despacho n° 6. Mais especificamente, a Autoridade fiscal refez os cálculos para considerar as operações a termo como Fl. 1734DF CARF MF 20 liquidadas na data indicada pelo Requerente na sua Impugnação, e não na data originalmente considerada no auto de infração; 10. a Autoridade fiscal utilizou os argumentos de defesa do Requerente para refazer os cálculos da autuação. Conforme se verifica dos parágrafos 55 a 63 da Impugnação (fls. 1.351 a 1.353); 11. aplicação da metodologia correta de liquidação das operações de compra a termo fez a Autoridade fiscal perceber também que considerou na autuação original compras a termo liquidadas apenas no ano de 2007. Dandose conta desse erro, a d. fiscalização refez os cálculos e excluiu das suas contas as operações a termo listadas às fls. 1.451 e 1.452;" (grifei) Em face das alegações do Contribuinte a DRJ, embora tenha considerado regular o procedimento da Fiscalização, registrou que a diligência não fora cumprida conforme o determinado e efetuou novas correções no lançamento, considerando procedente em parte a Impugnação, conforme a seguir: "A diligência foi cumprida e encerrada com a lavratura do Termo de Constatação de fls. 1446/1465 e os cálculos requisitados encontramse anexados às folhas 1443/1445 do processo digital. Entretanto, a autoridade lançadora não considerou em seus cálculos a apuração do resultado de todas as operações na data do pregão como requerido, mas tão somente aquelas que resultaram em perdas, conforme o relato constante no citado Termo de Constatação: As apurações dos ganhos líquidos das operações normais (ou comuns) e daytrade serão apuradas utilizando o fato gerador ocorrido na data do pregão e considerando a tributação diferida para o momento da liquidação financeira, conforme o encaminhamento da Delegacia de Julgamento, e para isto: nas operações normais (ou comuns) e daytrade, caso o resultado da operação seja negativa (isto é, operação com prejuízo em seu resultado) será considerado para efeito do calculo do Imposto de Renda no mesmo mês da data do pregão, e caso o resultado da operação seja positivo (isto é, operação com lucro em seu resultado) será considerado para efeito do calculo do Imposto de Renda no mesmo mês da data da liquidação; Portanto, nos cálculos apresentados pela diligência devem ser identificadas todas as operações de alienação cujos resultados foram positivos para retirar da apuração do resultado mensal esses lucros indevidamente considerados em meses subseqüentes. As operações no mercado à vista que se encontram nessa situação são as relacionadas na tabela abaixo: (...) Com base no acima exposto, os cálculos apresentados pela autoridade fiscal no encerramento da diligência devem ser alterados para retirar do resultado mensal os lucros indevidamente considerados nos meses subseqüentes. Fl. 1735DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.726 21 (...) Os valores de Imposto de Renda devido, para cada operação, considerando os valores obtidos no resultado da diligência e as correções acima, são como segue: (...) Comparando esses valores com os lançados e considerando o menor valor entre os dois, já que o imposto mensal não pode ser majorado nessa fase processual, temse o seguinte: (...) Dessa forma, em face de todo o exposto, voto pela procedência em parte da impugnação, alterando o crédito tributário exigido, conforme demonstrativo abaixo: (...)" Destarte, a discussão que se travou por ocasião da prolação do acórdão recorrido girou em torno do art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, mais especificamente sobre os limites de uma diligência, ou seja, se o seu resultado seria ou não um Auto de Infração Complementar lavrado após o prazo decadencial. Confirase o acórdão recorrido: "Compreendo que a sistemática de apuração do crédito tributário constituído pelo lançamento, contra o qual o contribuinte se opôs por meio da impugnação, não poderia ter sido alterada pelo resultado obtido em sede de diligência. Ocorre que após a apresentação da impugnação, não cabe mais à autoridade lançadora empreender qualquer alteração no lançamento, pois iniciada a sua fase litigiosa. No entanto, a DRJ compreendeu que poderia alterar o lançamento modificando a apuração do crédito nos pontos em que entender necessário para adequálo à legislação tributária, vejamos como foi fundamentado tal trecho no acórdão: (...) Compartilho do entendimento que a DRJ pode determinar diligências para formar sua livre convicção, todavia, jamais poderia o resultado da diligência refazer o lançamento tributário. (...) Ainda que o resultado da diligência tenha exonerado os valores apurados a maior em cada mês, verificase que houve, na prática, um nova forma de apuração do tributo, em verdade, alterouse a data de apuração. Ou seja, tentaram corrigir a data de ocorrência do fato gerador. Além de ser vedado tal procedimento, temse que o resultado da diligência foi além do solicitado pela DRJ. Fl. 1736DF CARF MF 22 Ocorre que no auto de infração a fiscalização utilizou a data da liquidação da operação para elaborar os cálculos do valor 'tributável'. Assim, após o contribuinte ter questionado a data e a forma de apuração do fato gerador do tributo, entendeu o auditorfiscal responsável pela condução da diligência por retificar integralmente o auto de infração, o que por si só já demonstra a precariedade do referido lançamento. Além disso, a DRJ de origem ao acolher o resultado da diligência como se fosse um mero 'cálculo novo', acabou por aperfeiçoar e transformar o lançamento, fazendo um efetivo lançamento complementar, a qual veio a se efetivar com a publicação do acórdão. Assim, temos que o contribuinte iniciou o processo defendendo se de débito "X" e passou, no decorrer do processo administrativo fiscal, a se defender de débito "Y". Ora, houve clara inovação no lançamento, pois este alterou as datas de todos os fatos geradores. Nas operações a termo, a autuação foi realizada na data do pregão /liquidação da nota, enquanto que deveria ter sido na liquidação do termo, nos termos do inciso I do art. 29 da IN SRF nº 25/2001, vigente à época da autuação. (...) Assim, além de ser nulos os lançamentos por estarem em desconformidade com a legislação, também há nulidade do acórdão da DRJ, que fez inovação em seu julgado, pois acolheu o resultado da diligência que reformou, por inteiro, o auto de infração, sendo na prática um lançamento complementar." (negritos no original; sublinhei) Nesse contexto, o paradigma apto a demonstrar a alegada divergência teria de ser representado por julgado com resultado favorável à Fazenda Nacional em que, em face das alegações de defesa apresentadas pelo Contribuinte em sede de Impugnação, a DRJ baixasse os autos em diligência para que o autuante alterasse o momento de ocorrência do fato gerador, o que produziria reflexos na base de cálculo do tributo, tendo o autuante promovido outras alterações não determinadas no despacho de diligência. Entretanto, o paradigma indicado pela Fazenda Nacional Acórdão nº 1302 00.163 não se reveste dessas características, conforme será a seguir demonstrado. De plano, constatase que o dispositivo do Decreto nº 70.235, de 1972 art. 18 que foi o objeto da discussão no acórdão recorrido, sequer figurou no julgado paradigma, simplesmente porque neste não houve solicitação de diligência pela DRJ, portanto não se cogitou da necessidade de lavratura de Auto de Infração Complementar. No caso do paradigma, foi apurada omissão de receita pela constatação da existência de depósitos bancários sem identificação de origem, sendo que a base de cálculo trimestral foi determinada por arbitramento (total dos depósitos bancários sem identificação de origem), tendo em vista que o Contribuinte deixou de apresentar os livros e documentos da sua escrituração. Nesse contexto, ao apurar a tributação reflexa (mesma base de cálculo do IRPJ) relativa ao PIS/COFINS, o autuante o fez também por trimestre, ao invés de mensalmente, como seria o correto. Nesse contexto, o Colegiado não considerou nulo o lançamento, uma vez que o lapso foi relativo apenas à forma de apuração dessas Contribuições, uma vez que os fatos geradores Fl. 1737DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.727 23 ocorreram de fato mensalmente, sendo a base de cálculo facilmente apurável. Ademais, a decadência já havia abarcado até o mês de novembro, restando apenas a exigência referente ao mês de dezembro, o que acarretaria tãosomente a exclusão, da base de cálculo do último trimestre, das receitas referentes a outubro e novembro. Confirase o contexto do paradigma: Ementa "PIS, COFINS, MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. RETIFICAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. POSSIBILIDADE. O fato de a autoridade autuante ter considerado períodos de apuração trimestrais na determinação do montante devido a título de PIS e COFINS, não impede que, em sede de revisão, a autoridade administrativa julgadora retifique as bases de cálculo correspondentes a cada um dos meses de encerramento do referido período de apuração, vez que, concretizada a hipótese de incidência, ainda que disso decorram exações inferiores as que foram consignadas nas peças acusatórias, remanesce o dever do contribuinte de cumprir com a obrigação tributária principal correspondente." Relatório "A infração apurada pela fiscalização e relatada na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 229/231) e no Termo de Constatação Fiscal (fls. 213/223), diz respeito à omissão de receitas por depósitos bancários não contabilizados e/ou de origem não comprovada. A base tributável foi obtida mediante arbitramento do lucro, tendo em vista que o contribuinte, sujeito à tributação com base no Lucro Real, não possuía escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, fato este, comprovado pela não apresentação dos livros fiscais e documentos." Voto vencedor "Com efeito, predominou o entendimento de que o fato de a autoridade autuante ter considerado períodos de apuração trimestrais na determinação do montante devido a titulo de PIS e COFINS, não impede que, em sede de revisão, a autoridade administrativa julgadora retifique as bases de cálculo correspondentes a cada um dos meses de encerramento do referido período de apuração. Para o Colegiado, uma vez concretizada a hipótese de incidência em determinado período de apuração, emerge o dever do contribuinte de cumprir com a obrigação tributária principal correspondente, cabendo, se for o caso, a adequação da base de cálculo ao fato gerador ocorrido. Considerouse, na linha aqui esposada, que, não obstante a indicação incorreta dos períodos de apuração, cada um dos meses correspondentes ao momento em que a autoridade fiscal Fl. 1738DF CARF MF 24 considerou ocorrido o fato gerador, efetivamente era indicativo de tal ocorrência, porém, em montantes inferiores aos apontados nas peças acusatórias, eis que ali estavam incluídas receitas que correspondiam a meses distintos do indicado como sendo o correspondente à concretização da hipótese de incidência. No caso vertente, em que foi reconhecida, por unanimidade, a caducidade do direito de a Fazenda constituir créditos relativos aos fatos geradores ocorridos até o mês de novembro de 2001, remanescem, apenas, os créditos tributários relativos às contribuições para o PIS e para COFINS do mês de DEZEMBRO de 2001, devendose, contudo, excluirse das matérias tributáveis consignadas nos autos de infração as receitas correspondentes aos meses de outubro e novembro ali computadas. Assim, no caso do paradigma, tendo se operado a decadência até o mês de novembro de 2001, tratouse da exigência de PIS/COFINS relativa unicamente ao mês de dezembro de 2001, cuja base de cálculo carregava as receitas de depósitos bancários referentes a outubro, novembro e dezembro, uma vez que no Auto de Infração considerouse que o período de apuração seria trimestral e não mensal. Nesse passo, a conclusão foi no sentido de que a hipótese de incidência, mensal ou trimestral, ocorrera efetivamente em dezembro de 2001 e, assim, bastaria a exclusão, da base de cálculo de dezembro de 2001, das receitas referentes a outubro e novembro de 2001. Com efeito, tal situação em nada se compara ao ocorrido no acórdão recorrido, em que, em face das alegações oferecidas em sede de Impugnação, foram alterados pela Fiscalização, via diligência, os momentos de ocorrência dos fatos geradores e as respectivas bases de cálculo, conforme já restou descrito no presente voto. A complexidade das alterações verificadas fica evidente inclusive no argumento utilizado pela DRJ para a solicitação de diligência: "O propósito da diligência era que a autoridade fiscal, responsável pela constituição do crédito tributário, de posse das planilhas e demonstrativos com os dados obtidos junto às corretoras e utilizando software especificamente desenvolvido para esses cálculos, fizesse novas apurações dos ganhos considerando as datas especificadas. Logicamente não haveria nenhum vício processual ou tributário se a própria autoridade julgadora se propusesse a fazer todas as planilhas com a apuração dos ganhos e, com base nos resultados, proferisse o julgamento da questão, alterando ou não o lançamento e o crédito decorrente. Embora não vedado, não seria razoável que a autoridade julgadora se detivesse a montar planilhas já existentes, com a introdução de valores e elaboração de fórmulas de cálculo, sem possuir nenhum programa específico, quando há no próprio órgão autoridade competente que possui todos os dados e fórmulas já gravados em seu disco rígido." (grifei) Diante do exposto, tendo em vista que o paradigma indicado efetivamente não logra caracterizar a divergência alegada, não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 1739DF CARF MF Processo nº 19515.003862/201001 Acórdão n.º 9202007.214 CSRFT2 Fl. 1.728 25 Fl. 1740DF CARF MF
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Numero do processo: 12585.000260/2010-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 30 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.810
Decisão: Vistos relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente
(assinado digitalmente)
Ari Vendramini - Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro e Ari Vendramini (Relator)
Nome do relator: ARI VENDRAMINI
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Presidente (assinado digitalmente) Ari Vendramini Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro e Ari Vendramini (Relator) Relatório 1. Tratam os presentes autos de análise e acompanhamento de Pedido Eletrônico de Ressarcimento (PER) de créditos de COFINS NÃO CUMULATIVA, vinculados á receitas de exportação relativas ao 1º trimestre de 2008 (01/01/2008 a 31/03/2008), no valor total de R$ 5.821.172,69, e de Declarações de Compensação (DCOMPs) onde se pretendem compensar vários débitos com o crédito oriundo do ressarcimento. 2. Conforme Despacho Decisório de fls. 6.137/6.167 dos autos digitais, exarado pela DERAT/SP, estes autos tratam da análise dos seguintes documentos eletrônicos : RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 25 85 .0 00 26 0/ 20 10 -1 1 Fl. 6833DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.322 2 PER/DCOMP Nº TIPO DE DOCUMENTO ELETRÔNICO 31211.95461.110808.1.5.093807 Pedido de Ressarcimento 26608.12016.110808.1.7.093887 40482.45616.110808.1.7.093647 30309.76191.110808.1.7.092088 33503.44240.140808.1.3.096199 31579.78807.120410.1.3.092005 19221.28146.140410.1.3.099078 41698.28857.220410.1.3.097043 35653.14120.280410.1.3.093093 35425.08883.250510.1.3.099508 Declarações de Compensação 3. Após realizar as devidas análises e verificações, a DERAT/SP exarou Despacho Decisório indeferindo o pedido de ressarcimento e não homologando as compensações declaradas, vinculadas ao pretenso crédito. 4. Houve, por parte da contribuinte, apresentação de manifestação de inconformidade contra tal despacho decisório. 5. O relatório do Acórdão DRJ/PORTO ALEGRE nº 1050.011, da sua 2ª Turma, assim resumiu os argumentos de defesa da contribuinte : Desse Despacho Decisório a contribuinte tomou ciência em 25/05/2012 (Termo de fl. 6.174) e, não se conformando, apresentou, através de procuradores, longa manifestação de inconformidade onde, inicialmente, referiu à tempestividade e aos fatos,aduzindo a seguir (de forma sintética): 1) Índice de rateio proporcional relativamente às receitas de exportação e do mercado interno: a Fiscalização alterou o índice de rateio proporcional dos créditos da COFINS calculados sobre custos e despesas comuns à receita do mercado interno e de exportação. Seu entendimento era de que o momento do embarque da mercadoria é o paramento a ser considerado para a apuração dos valores exportados a cada mês, conforme o artigo 1° do Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 22, de 5 de novembro de 2002. Considerou como receita de exportação os valores constantes no SISCOMEX conforme a data de embarque das mercadorias, extraindo os dados do sistema DWAduaneiro. Contudo, resta totalmente equivocado o entendimento fiscal, quer em razão de que o ADI SRF n° 22/2002 não é aplicável na apuração de créditos de COFINS nãocumulativa, quer por este entendimento não possuir base legal, bem como violar as normas de apuração da contribuição. Ademais, a interpretação fiscal colidiria com o § 3º do art. 6º, c/c § 8º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, que dispõe que o rateio será proporcional ao auferimento de receitas, sem impor que tenha havido o embarque da mercadoria ao exterior para que as receitas auferidas fossem consideradas de exportação. 2) Momento de apuração de créditos decorrentes de bens e serviços utilizados como insumos: no DD foram glosados créditos de COFINS ao fundamento de que a empresa teria reconhecido o crédito fora do período de sua apuração. A Fiscalização sustenta que a data da emissão da Nota Fiscal é o parâmetro correto para a apuração mensal dos créditos (...) referentes a bens e serviços utilizados como insumo. No entanto, no momento da emissão de uma NF não há como sustentar que o bem foi adquirido pela empresa, pois esta aquisição somente se dará no momento da efetiva entrega material do bem, quando ocorre a tradição da coisa, sendo manifestamente ilegítimo considerar este Fl. 6834DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.323 3 momento como sendo a data em que se adquire o bem, notadamente para fins tributários. O procedimento da empresa está correto ao reconhecer o crédito da COFINS no regime da nãocumulatividade no momento da entrada em seu estabelecimento do insumo adquirido, quando efetivamente recebe a NF emitida pelo vendedor. É nesse momento que há a efetiva tradição da coisa, podendo ser considerado o bem adquirido. No que tange aos serviços,somente após a efetiva conclusão dos serviços é que o prestador passa a ter o direito à retribuição que é imanente a este tipo de contrato. Apenas com a prestação encerrada é que se pode considerar como adquiridos os serviços. No caso concreto, a empresa reconheceu o crédito de eventuais serviços no momento em que recebeu do prestador a NF demonstrando a conclusão do trabalho. É neste momento que o serviço é adquirido pelo contratante e surge para o prestador o direito de receber a retribuição. Antes do trabalho finalizado somente existe uma expectativa de direito sobre a prestação de serviços, até porque em caso de inadimplência o contratante não poderá exigir do contratado a obrigação de fazer, mas tão somente uma indenização. Desta forma, o procedimento da empresa atendeu de forma precisa a legislação em comento, razão pela qual deve ser acolhida sua manifestação de inconformidade. 3) Aproveitamento do crédito em meses subseqüentes. Desnecessidade de retificação de DACON e DCTF: o Fisco nega a possibilidade de aproveitamento do crédito em período subsequente, denominando aproveitamento de créditos extemporâneos. Depois diz ser possível esse aproveitamento, condicionandoo,entretanto, à retificação de DACON/DCTF pela empresa. Neste particular o equívoco da autuação é manifesto. As leis da nãocumulatividade em momento algum fixaram período para o contribuinte exercer o direito potestativo de descontar o crédito. Não há obrigação de realização do desconto/aproveitamento no mesmo mês de referência de determinação do crédito. A referência a determinado mês (§ 1º do art. 3º da Lei nº 10.833/2003) delimita apenas o valor do crédito apurado naquele mês, mas não limita o aproveitamento do crédito mediante o desconto com o débito àquele mês. A norma legal é expressa ao dizer que o aproveitamento do crédito pode se dar em determinado mês, sendo este o mês de aquisição dos bens/serviços utilizados como insumo – quando efetivamente surge o direito ao crédito – ou, se não utilizado naquele mês, poderá sêlo nos meses subsequentes. Não há nenhuma regra determinando a escrituração e, consequentemente, o aproveitamento do crédito em determinado mês. Simplesmente não existe norma jurídica neste sentido. Na não cumulatividade não se pode dizer que há aproveitamento extemporâneo de créditos, visto que inexiste um período definido para o aproveitamento, podendo este se dar no mês em que surgiu o direito ao crédito, no mês de aquisição dos bens/serviços utilizados como insumo, ou em meses subseqüentes, dependendo dos contribuintes. Além disso, o DACON, por ser de natureza declaratória e não constitutiva, não pode restringir o direito da empresa ao crédito, razão pela qual deve ser acolhida a manifestação da empresa. 4) Glosa de créditos sobre bens e serviços utilizados como insumos: a) inaplicabilidade das INs SRF nºs 247/2002 e 404/2004: por não considerar vários bens e serviços abarcados pelo conceito de insumo previsto nas INs SRF nºs 247/2002 e 404/2004, inclusive os dispêndios necessários à produção florestal, isto é, custos para a formação e manutenção de florestas destinadas à fabricação de celulose, deve ser acolhida a manifestação da empresa. Essas INs trazem em seu bojo equivocado conceito de insumo, pois adotam analogicamente o conceito de insumo relativo a não cumulatividade do IPI, restringindo, sem qualquer base legal, o direito creditório da empresa. Deve ser reformado o DD. Fl. 6835DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.324 4 b) créditos sobre bens/serviços insumos: considerando que a madeira é o principal insumo para a fabricação da pasta da celulose, todos os dispêndios com bens e serviços adquiridos para o plantio, corte, colheita, transporte das toras de madeira possuem classificação jurídica e contábil como custos de produção, razão pela qual o ato praticado pelo Fisco está ao arrepio da lei. O termo custo ou custo de produção abarca todos os gastos despendidos pela empresa, necessários e indispensáveis à produção de bens e serviços destinados à venda. Os custos de produção são todos os gastos com os insumos, com fatores de produção que agregam valor ao produto a ser vendido, diferente de despesas. Insumo e custo possuem o mesmo sentido e refletem a mesma realidade, razão pela qual, todos os itens que compõem o custo de produção ensejam o direito ao crédito de COFINS, a menos que sejam vedados expressamente pela Lei n° 10.833/2003, como é o caso, por exemplo, de custos incorridos com a aquisição de bens e serviços de pessoa física ou de pessoas jurídicas estrangeiras (§ 3º do art. 3º). Mesmo sendo custo de produção, os créditos sobre tais dispêndios são vedados, pois não implicariam na cumulatividade dos contribuintes. No caso dos autos, todos os créditos que foram glosados decorrem de bens e serviços adquiridos que representam efetivamente um custo de produção, pois são eles utilizados como insumo e indispensáveis à produção dos produtos destinados à venda pela empresa, sendo legítimo o crédito apropriado, razão pela qual deve ser dado provimento à presente manifestação. c) insumos glosados indevidamente: refere ao DD, reclamando do entendimento exposto acerca de glosas de diversos insumos, dentre outros: ferramentas de trabalho para manutenção, calços para alinhamento da altera de equipamentos rotativos, pistola de ar comprimido, serviços relacionados ao sistema de alarmes de emergências, serviços logísticos, serviços de movimentação de materiais e insumos, locação de guindastes, correias utilizadas para transporte de fardos de celulose, estrados de madeira, pallets (palete), caixas de papelão, despesas com equipamento de proteção individual, etiquetas adesivas de escritório, rolos de pintura, lonas de plástico para efetuar manutenções, insumos utilizados em análises químicas em laboratório, baterias, pilhas, rádios transceptores, projetores de apresentação, manutenção de PABX, manutenção de nobreaks,encadernação de NFs, copos para água mineral, almofada para carimbo, binóculos,borrachas para lápis, brindes e camisas promocionais, brinquedos para filhos de funcionários, café expresso em grãos, CDR graváveis, cestas de natal, coffebreak, serviços de cópias de chaves, coroas de flores, desjejum, custos de eventos festivos, lanches, livros de literatura, locação de máquinas de café, marmitex, medicamentos, palestras, óculos de segurança Bandido, tijolo comum, tinta para utilização em pisos em geral, placa de gail para piso, lâmpadas de iluminação em geral e pedra brita. Contudo, os bens e serviços glosados pelo Fisco são parte essencial no processo produtivo, tendo sido desconsiderados esses insumos sem qualquer critério legal, sem qualquer embasamento jurídico. Deve ser reformado o DD para deferir os pedidos de restituição e homologar as compensações pleiteadas, relativamente aos bens e serviços utilizados como insumo. Estes bens e serviços são utilizados no processo de produção e são, sem dúvida, o custo de produção do bem – celulose – bem como de outros que tenha a mesma natureza de custo de produção, descritos nas planilhas Auditoria DACON (ano) (trimestre) elaboradas pela Fiscalização. Requer, em razão do grande número de insumos e o exíguo prazo para a manifestação de inconformidade, a realização de diligência para a comprovação de que os bens e serviços adquiridos pela empresa são efetivamente custos ligados à sua produção ou fabricação. d) crédito sobre a formação de florestas – ativo imobilizado exaustão: o Fisco glosou créditos referentes a gastos com insumos florestais, isto é, valores dispendidos necessários à formação e desenvolvimento de florestas. Disse que todo bem ou serviço utilizado pela empresa antes do tratamento físicoquimico da madeira em si não podem ser classificados como insumo para fins de creditamento do PIS/PASEP e do COFINS não cumulativos. Ao invés disso, as reservas florestais devem ser tratadas como Fl. 6836DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.325 5 sendo um ativo Imobilizado da empresa. Mas o art. 1º da Lei n° 10.833/2003, preceitua que a COFINS na incidência nãocumulativa tem como fato gerador o faturamento mensal,assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. No caso das empresas de celulose, os custos de produção se iniciam com o desenvolvimento de mudas de eucalipto, se intensificam na formação das florestas e, se encerram após a transformação da madeira em celulose. Todos os dispêndios com bens e serviços adquiridos para o plantio, corte, colheita, transporte das toras de madeira possuem a natureza jurídica de insumo, visto que são indispensáveis à elaboração da pasta de celulose, que é o produto final da empresa destinado à venda, razão pela qual a glosa dos créditos se encontra ao arrepio da lei. Assim, todos os gastos listados nas planilhas elaboradas pela fiscalização (Auditoria DACON (ano) (trimestre) que tiverem ligação à formação de florestas ou silvicultura, por constituírem insumo na produção da celulose, devem gerar direito a crédito de PIS/COFINS. Portanto, o DD deve ser reformado de modo a restabelecer os créditos da empresa. e) crédito decorrente de produtos adquiridos de terceiros: a Fiscalização afirma que não dá direito a crédito itens tais como clonagem, pesquisa,tratamento do solo, adubação, irrigação, controle de pragas, combate a incêndio e colheita. Mas a empresa só apropria créditos decorrentes de bens/serviços adquiridos de terceiros,não se apropriando de créditos sob sua própria mão de obra. Todos os serviços citados só compuseram a base de cálculo dos créditos porque foram adquiridos de terceiros. As próprias planilhas elaboradas pela Fiscalização comprovam a assertiva, ao indicarem o prestador de serviço e número da respectiva NF cujos créditos foram glosados. Desta forma, resta patente a improcedência da glosa sob essa rubrica, devendo ser reformado o DD. f) crédito sobre fretes: disse o Fisco que quaisquer serviços de transporte não relacionados à entrega de mercadorias diretamente aos clientes não podem ser onsiderados como sendo insumo. Seguindo esta orientação dada pela COSIT acerca do termo, entre outros, não foram considerados como insumo: armazenagem/transporte de papel e logística. Tal argumento é improcedente. Neste item não há diferença entre o frete pago na aquisição de insumos, na transferência de produtos em elaboração ou para colocação do produto acabado no estabelecimento vendedor. Todos estes gastos são tidos como custo de produção (art. 187, II, da Lei n° 6.404/1976), constituindo insumos, cujo crédito é assegurado pelo inciso II do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. O inciso IX do art. 3º dessas leis assegura apenas o frete que constitui uma despesa de venda, que é o frete pago pelo vendedor para entregar o produto ao comprador. Os gastos de frete da empresa, portanto, até o momento em que o produto está colocado à venda, mesmo se este frete for despendido após o produto estar acabado, irão integrar o custo da mercadoria ou produto vendido (art. 187, II, da Lei nº 6.404/1976). Em todos os casos, o frete é tido como custo de produção ou fator de produção, enquadrandose no conceito de insumo. Deve ser reparado o DD de modo a restabelecer na integralidade os créditos da empresa que foram glosados referentes a fretes, sem qualquer exceção. 5) Créditos vinculados à receita de exportação: é inequívoco o direito ao crédito de COFINS em relação à parcela de insumos que se encontram vinculados à receita de exportação. O creditamento de COFINS sobre os custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação é assegurado de forma ampla pelo art. 6º, § 3° e art. 15,inciso II, da Lei n° 10.833/2003, que não impõem qualquer condição adicional para o gozo do direito. Tratase de empresa exportadora de pasta de celulose, sendo que todos os custos que estejam vinculados à receita de exportação, o que sem dúvida incluem os insumosflorestais e os fretes, conferem crédito de COFINS nos moldes dos dispositivos aludidos. 6) Conclusões: a) é inaplicável ao caso o ADI SRF nº 22/2002 para apuração do índice de rateio proporcional no que tange às receitas de exportação e mercado interno, haja vista que referida norma trata de norma isentiva; Fl. 6837DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.326 6 b) a empresa reconheceu créditos de bens e serviços utilizados como insumo no seu processo produtivo no momento oportuno, ou seja, no momento da entrada em seu estabelecimento, do insumo adquirido, pois operouse a tradição da coisa; c) ainda que assim não fosse, a legislação faculta ao contribuinte a possibilidade de aproveitar os créditos de bens e serviços em meses subsequentes (§ 4º do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003), o que foi desconsiderado pelo Fisco; d) é inaplicável ao caso as INs SRF nºs 247/2002 e 404/2004, pois trazem em seu bojo equivocado conceito de insumo, pois adotam analogicamente o conceito de insumo relativo a nãocumulatividade do IPI, restringindo, sem qualquer base legal, o direito creditório da empresa; e) a empresa tem direito a créditos de PIS/COFINS, seja em razão dos bens e serviços serem parte indispensável do processo produtivo (insumos), seja em razão das reservas florestais, mesmo estando classificadas contabilmente como ativo imobilizado, sujeitos à exaustão, pois quando da sua utilização, serão também insumos; f) também ensejam créditos aqueles bens ou serviços adquiridos de terceiros, inclusive no caso vertente; g) os fretes suportados durante todo o processo de produção ensejam direito ao crédito, inclusive aqueles destinados à aquisição de matériaprima, destinados à transporte dos produtos em fase de produção entre os estabelecimentos da própria empresa,bem como aqueles que foram realizados durante o processo de formação das reservas florestais que compõe o ativo imobilizado, pois esse constituemse custos de produção; h) todos os custos vinculados à receita de exportação, considerando que se trata de empresa exportadora de pasta de celulosa, conferem crédito de PIS/COFINS. 7) Pedidos: a) requer a realização de diligência e perícia, nos termos do inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972. Tal diligência/perícia é necessária para a comprovação da real natureza de cada bem/serviço adquiridos pela empresa, como eles são empregados no processo produtivo, que estes são efetivamente usados nos estabelecimentos produtores e industriais, que são custos de produção, que foram contabilizados como tal, dentre outras informações indispensáveis para assegurar o direito ao crédito, bem como buscar a verdade material. Indica peritos e formula quesitos; b) diante da robusta comprovação de que os gastos realizados pela empresa são efetivamente indispensáveis, necessários à produção de seus bens destinados à venda, requer, em preliminar, a nulidade do DD e, por conseguinte, o acolhimento de sua manifestação. Devem ser reconhecidos na integralidade os créditos que foram glosados, seja com fundamento no valor de aquisição dos bens/serviços utilizados como insumos para a produção da celulosa, seja baseado nos encargos de exaustão. 6. Assim restou ementado o Acórdão exarado pela DRJ/PORTO ALEGRE : ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. Não se justifica a realização de perícia/diligência quando presentes nos autos elementos suficientes para formar a convicção do julgador. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE. No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório pleiteado. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Restando consignado no Despacho Decisório, de forma clara e concisa, o motivo do não reconhecimento do direito creditório pleiteado, bem como Fl. 6838DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.327 7 da não homologação das compensações tencionadas, deve ser afastada a pretensão de declaração de nulidade do ato administrativo. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 ENTENDIMENTOS ADMINISTRATIVOS E MANIFESTAÇÕES DOUTRINÁRIAS. EFEITOS. NÃO VINCULAÇÃO. As referências a entendimentos de segunda instância administrativa ou a manifestações da doutrina especializada, não vinculam os julgamentos emanados pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. Para ser considerado insumo, o bem ou o serviço, desde que adquirido de pessoa jurídica, deve ter sido consumido, desgastado, ou ter perdidas as suas propriedades físicas ou químicas em razão de ação diretamente exercida sobre o produto em elaboração. REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO PROPORCIONAL. Na determinação dos créditos da nãocumulatividade passíveis de ressarcimento/compensação, há de se fazer o rateio proporcional entre as receitas obtidas com operações de exportação e de mercado interno (tributadas e NT). REGIME NÃOCUMULATIVO. EXPORTAÇÃO. FATO GERADOR. ASPECTO TEMPORAL. A receita de exportação deve ser reconhecida na data do embarque dos produtos vendidos para o exterior. REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS PARA FORMAÇÃO DE FLORESTAS. INCORPORAÇÃO AO ATIVO IMOBILIZADO. DESCONTO DE CRÉDITO COMO EXAUSTÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os custos de formação de floresta são incorporados ao valor desse bem registrado no ativo imobilizado, valor que, na medida da utilização da floresta, deve ser objeto de encargos de exaustão, que não dão direito a crédito por falta de previsão legal. REGIME NÃOCUMULATIVO. DESPESAS COM FRETES. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. Observada a legislação de regência, a regra geral é que em se tratando de despesas com serviços de frete, somente dará direito à apuração de crédito o frete contratado relacionado a operações de venda, onde ocorra a entrega de bens/mercadorias vendidas diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido 7. Inconformada com a decisão, a empresa, após ter ciência do Acórdão em 28/05/2015 conforme Termo de Ciência por Abertura de Mensagem, ás fls. 6482 dos autos Fl. 6839DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.328 8 digitais, apresentou Recurso Voluntário, tempestivamente, aos 30/06/2015, conforme Termo de Solicitação de Juntada, ás fls. 6484 dos autos digitais, onde reitera seus argumentos da manifestação de inconformidade, combatendo ponto a ponto a decisão de piso e especificando a essencialidade de cada insumo glosado. Juntou laudo técnico da Escola Superior de Agricultura da USP, que descreve todo o processo produtivo da operação florestal e da fase de indústria da celulose, tratando as duas como interdependentes. É o relatório. Voto Conselheiro Ari Vendramini, Relator O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Na origem, a controvérsia originouse da análise dos créditos pleiteados de PIS/COFINS nãocumulativos, vinculados à receita de exportação (art. 3º e 5º da Lei nº 10.637/2002 e art. 3º e 6º da Lei nº 10.833/2003). A fiscalização procedeu à auditoria das rubricas das receitas e despesas, em especial os bens para revenda, bens utilizados como insumos, serviços utilizados como insumos, fretes e combustíveis. Para tanto, informou a fiscalização que a empresa apresentou toda a documentação solicitada: Para tal, foram confrontadas: as apurações e declarações transmitidas pela empresa (DACON, DCTF, PER/DCOMP, DIPJ); os livros, documentos e arquivos eletrônicos fiscais e contábeis; e as notas fiscais eletrônicas e originais apresentadas em conformidade com a Instrução Normativa SRF nº 86, de 22 de Outubro de 2001, por meio da utilização do ContÁgil, aplicativo de auxílio ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil no exercício das atividades de fiscalização. Ademais, foram ainda solicitados ao longo da fiscalização: as notas fiscais de compras de insumos, prestação de serviços utilizados como insumos; o descritivo do processo produtivo da empresa e principais insumos utilizados na industrialização, com a respectiva classificação fiscal; os laudos de utilização dos diversos tipos de combustíveis, objeto do pedido de creditamento e documentos de constituição de participação em Consórcios. Conforme relatado, foram diversos os motivos das glosas dos créditos pleiteados pela Recorrente, que podem ser separadas em quatro grandes grupos: i. Método de Apropriação de Custos – Rateio proporcional ii. Momento de apuração dos insumos e serviços como créditos iii. Aproveitamento de créditos extemporâneos iv. Insumos da nãocumulatividade Como se vê, um dos pontos controvertidos nestes autos é o conceito de insumo para fins de creditamento no âmbito do regime de apuração nãocumulativa das contribuições do PIS e da COFINS. A Recorrente pleiteia todos créditos por entendêlos como essenciais para sua atividade. Fl. 6840DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.329 9 Entretanto, o conceito de insumo que norteou a análise fiscal na origem foi o restrito, veiculado pelas Instruções Normativas da RFB n° 247/2002 e 404/2004, segundo as quais o termo “insumo” não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles que, adquiridos de pessoa jurídica, efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço da atividade. O mesmo critério foi utilizado no julgamento da decisão de piso. Por outro lado, para a Recorrente, o conceito de insumo é amplo, implicando na assertiva de que insumo equivale a “custo de produção”. Esta 1ª Turma Ordinária de Julgamento adota a posição de que o conceito de insumo para fins de creditamento do PIS e da COFINS, no regime da nãocumulatividade, não guarda correspondência com o utilizado pela legislação do IPI, tampouco pela legislação do Imposto sobre a Renda. Dessa forma, o insumo deve ser necessário e essencial ao processo produtivo e, por conseguinte, à execução da atividade empresarial desenvolvida pela empresa. Em razão disso, deve haver a análise individual da natureza da atividade da pessoa jurídica que busca o creditamento segundo o regime da nãocumulatividade, para se aferir o que é insumo. As atividades desenvolvidas pela Recorrente são: a) a indústria e o comércio, no atacado e no varejo de celulose, papel, papelão e quaisquer outros produtos derivados desses materiais, próprios ou de terceiros; b) comércio, no atacado e no varejo, de produtos destinados ao uso gráfico em geral; c) a exploração de todas as atividades industriais e comerciais que se relacionarem direta ou indiretamente com seu objetivo social; d) a importação de bens e mercadorias relativos aos seus fins sociais; e) a exportação dos produtos de sua fabricação e de terceiros; f) a representação por conta própria ou de terceiros; g) a participação em outras sociedades, no país ou no exterior, qualquer que seja a sua forma e objeto, na qualidade de sócia, quotista ou acionista; h) a prestação de serviços de controle administrativo, organizacional e financeiro às sociedades ligadas ou a terceiros; i) a administração e implementação de projetos de florestamento e reflorestamento, por conta própria ou de terceiros, incluindo o gerenciamento de todas as atividades agrícolas que viabilizem a produção, fornecimento e abastecimento de matéria prima para indústria de celulose, papel, papelão e quaisquer outros produtos derivados desses materiais; e j) a prestação de serviços técnicos, mediante consultoria e assessoria às suas controladas ou a terceiros. Ressaltese que há fato novo nos autos: a juntada de laudo técnico produzido pela Escola Superior de Agricultura da USP, em sede de recurso voluntário. Tal documento teve a finalidade de descrever o processo produtivo da Recorrente, desde a operação florestal até a entrega da madeira para a indústria, bem como as etapas industriais da celulose e do papel: Fl. 6841DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.330 10 De antemão já se configura a necessidade de conversão do julgamento em diligência, em razão de o laudo ser um fato novo, o que demanda a manifestação da autoridade fiscal, em respeito ao princípio do contraditório. Todavia, há outros pontos que demandam esclarecimento. A seguir, analisa se uma a uma as glosas para delimitar o objeto da diligência proposta. MÉTODO DE APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS – RATEIO PROPORCIONAL (Lei nº 10.637/2002, art. 3º e art. 3°, 6º e 15 da Lei nº 10.833/2003) Ao longo de todo o período fiscalizado, a empresa utilizou o método do rateio proporcional para todos os custos. Ao final, a fiscalização: Através do levantamento dos valores referentes às Receitas do Mercado Interno e do Mercado Externo levantados anteriormente, chegouse a novos índices de rateio detalhados nos memoriais de cálculo desta auditoria. Para a autoridade fiscal, o momento do embarque da mercadoria é o parâmetro a ser considerado para a apuração dos valores exportados a cada mês, nos termos do art. 1º do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 22, de 5 de Novembro de 2002: Art. 1º Para fins de isenção da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, considerase exportado para o exterior o bem que tenha saído do território nacional. Diante disso, os valores constantes no SISCOMEX (data do embarque) foram utilizados para fins de apuração dos índices de rateio e retificação dos DACON. Os dados foram extraídos pelo sistema DWAduaneiro. Por conseguinte, parte do crédito pretendido pela empresa não foi integralmente admitido, por conta do referido ajuste no percentual de rateio das receitas oriundas de exportação/mercado interno. Por outro lado, para a Recorrente, o reconhecimento da receita deve ser na emissão da Nota Fiscal. Fl. 6842DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.331 11 Ademais, há ponto de extrema importância levantado pelo contribuinte em sua defesa: A lide e o que tem quer ser decidido nos presentes autos é: A receita decorrente de exportação indireta (venda no mercado interno para trading, com fim específico de exportação) deve ser contabilizada como receita de exportação para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos, ou apenas devem ser considerados os valores constantes do SISCOMEX? Todo o arcabouço legal que regula a exportação indireta vigente leva a única conclusão possível de que os valores relativos a tais operações compõem a receita de exportação e, portanto, o índice do rateio. As empresas comerciais têm por objeto social a comercialização de mercadorias, podendo comprar produtos fabricados por terceiros para revender no mercado interno ou destinálos à exportação, bem como importar mercadorias e efetuar sua comercialização no mercado doméstico, ou seja, exercem atividades típicas de uma empresa comercial. A expressão trading company não é utilizada na legislação brasileira e na doutrina há confusão entre as definições de “empresa comercial exportadora” e “trading company”. A distinção se faz entre as empresas comerciais exportadoras (ECE) que possuem o Certificado de Registro Especial e as que não o possuem. As empresas comerciais exportadoras são reconhecidas no Brasil pelo Decretolei nº 1.248/1972, que dispõe sobre o tratamento tributário das operações de compra de mercadorias no mercado interno, para o fim específico de exportação, essa norma assegura os benefícios fiscais concedidos por lei para incentivo à exportação, tanto ao produtor vendedor quanto à ECE. Pelo Decretolei nº 1.248/1972, apenas as empresas comerciais exportadoras que obtivessem o Certificado de Registro Especial seriam beneficiadas com os incentivos fiscais à exportação, entretanto, a legislação atual não faz essa distinção. De acordo com a legislação tributária atual, existem duas espécies de Empresas Comerciais Exportadoras (ECE): 1) as que possuem o Certificado de Registro Especial e 2) as que não o possuem. Entretanto, os benefícios fiscais quanto ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), às Contribuições Sociais (PIS/PASEP e COFINS) e ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aplicamse, atualmente, às duas espécies, sem distinção alguma. A própria Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) expressa esse entendimento, por meio da Solução de Consulta nº 40, de 4 de maio de 2012, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 7 de maio de 2012: A não incidência do PIS/Pasep e Cofins e a suspensão do IPI aplicam se a todas as empresas comerciais exportadoras que adquirirem produtos com o fim específico de exportação. Duas são as espécies de empresas comerciais exportadoras: a constituída nos termos do DecretoLei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e a simplesmente registrada na Secretaria de Comércio Exterior. Portanto, atualmente, há duas categorias de Empresas Comerciais Exportadoras (ECE), sem diferenciação com relação aos incentivos fiscais. Essencialmente, as comerciais exportadoras são classificadas em dois grandes grupos: 1) as que possuem o Certificado de Registro Especial, denominadas “trading companies”, regulamentadas pelo De cretolei nº 1.428/1972, recepcionado pela Constituição Federal de 1988 com status de lei Fl. 6843DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.332 12 ordinária; e 2) as comerciais exportadoras que não possuem o Certificado de Registro Especial e são constituídas de acordo com Código Civil Brasileiro. As ECE devem atender certos requisitos: de acordo com o art.5º, caput, do DecretoLei nº 1.248/1972, e o art. 231 do Decreto nº 6.759/2009 ( Regulamento Aduaneiro Brasileiro), os impostos que forem devidos, bem como os benefícios fiscais de qualquer natureza, auferidos pelo produtorvendedor, com os acréscimos legais cabíveis, passarão a ser de responsabilidade da empresa comercial exportadora no caso de: a) não se efetivar a exportação dentro do prazo de cento e oitenta dias, contados da data da emissão da nota fiscal pela vendedora, na hipótese de mercadoria submetida ao regime extraordinário de entreposto aduaneiro na exportação; b) revenda das mercadorias no mercado interno; ou c) destruição das mercadorias. para obter o Certificado de Registro Especial, a Empresa Comercial Exportadora (ECE) deve atender alguns requisitos, como ser constituída na forma de sociedade por ações (S.A.) e possuir capital social mínimo, já a ECE que não se enquadra nas exigências do DecretoLei nº 1.248/1972, pode ser constituída sob qualquer forma e não precisa ter capital mínimo. Regese, pois, pelo Código Civil Brasileiro. Porém, para ser caracterizada como ECE, dever ter o fim comercial em seu objeto social, realizar operações de comércio exterior, estar habilitada na Receita Federal (RFB) para operar no SISCOMEX (Instrução Normativa RFB nº 1.288/2012) e estar inscrita no Registro de Importadores e Exportadores da SECEX/MDIC (Portaria SECEX nº 23/2011, art. 8º). atualmente, as empresas que desejam atuar como empresas comerciais exportadoras devem estar habilitadas no registro especial na Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) e na Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), de acordo com as normas aprovadas pelos Ministros de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Fazenda (MF), respectivamente, além de outros requisitos. Tratase de exigência contida no art. 229 do Regulamento Aduaneiro Brasileiro (Decreto nº 6.759/2009), que reproduz exigência prevista no DecretoLei nº 1.248/1972, que possui status de lei ordinária. De acordo com os arts. 228 e 229 do Regulamento Aduaneiro as operações decorrentes de compra de mercadorias no mercado interno, quando realizadas por empresa comercial exportadora, para o fim específico de exportação, terão o seguinte tratamento : serão consideradas destinadas ao fim específico de exportação as mercadorias que forem diretamente remetidas do estabelecimento do produtor vendedor para embarque de exportação, por conta e ordem da empresa comercial exportadora ou para depósito sob o regime extraordinário de entreposto aduaneiro na exportação. Tal tratamento aplicase às empresas comerciais exportadoras que estiverem registradas no registro especial da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) e na Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRF), de acordo com as normas aprovadas pelos Ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Fazenda; estar constituída sob a forma de sociedade por ações, devendo ser nominativas as ações com direito a voto e possuir capital mínimo fixado pelo Conselho Monetário Nacional. O inciso VII do artigo 20 do Anexo I do Decreto nº 7.096/2010, dispõe sobre as prerrogativas de exame e análise de solicitações de inscrição, atualização e cancelamento de registro de “trading companies”. Registrada a sistemática da exportação indireta, é de se concluir que as alegações da Recorrente são pertinentes. Fl. 6844DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.333 13 Logo, quanto aos índices de rateio, é necessária a conversão do julgamento em diligência, para que a autoridade fiscal verifique se as receitas decorrentes de vendas a empresas comerciais exportadoras com o fim específico de exportação restaram caracterizadas ou se foram apenas realizadas no mercado interno. Dito de outra forma, a autoridade fiscal deve investigar o valor da receita de exportação, decorrente também de exportação indireta (via trading), para que sejam computadas no rateio. Ressaltese que toda a documentação foi disponibilizada à fiscalização, como já mencionado. E, em sede de manifestação de inconformidade, a empresa juntou suas demonstrações contábeis, acompanhadas de parecer de auditores independentes. MOMENTO DE APURAÇÃO DOS INSUMOS E SERVIÇOS COMO CRÉDITOS (art. 3°, II, §1, I das Leis de regência) Transcrevese o relato da fiscalização: 40. A metodologia de apuração das entradas de mercadorias e serviços feita pela empresa baseiase no momento de lançamento da Nota Fiscal, em afronta à legislação citada acima: “dos itens (...) adquiridos no mês”. 41. Foram levantados casos, como por exemplo, a Nota Fiscal 000651 000 com emissão em 02/01/2006 cujo lançamento e crédito se deu apenas em 10/2006 (documento 4300104789). 42. Em estrito cumprimento às leis citadas acima, as notas fiscais constantes nas memórias de cálculo das apurações do PIS e da COFINS cujas emissões se deram fora do período da sua apuração foram glosadas. 43. A data da emissão da Nota Fiscal é o parâmetro correto para a apuração mensal dos créditos (critério este idêntico ao adotado pelo sistema ContÁgil, aplicativo de auxílio ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil devidamente homologado pelos órgãos centrais da RFB para o auxílio do exercício das atividades de fiscalização). 44. Não cabe à Autoridade Fiscal flexibilizar o critério temporal de apropriação dos insumos, alargandoo em decorrência das tramitações das Notas Fiscais dentro da empresa. Desta forma, mesmo as notas fiscais emitidas ao final de um determinado mês devem ser apropriadas neste mesmo mês, e não no mês seguinte. O prazo para se apresentar o DACON é suficientemente dilatado para que a empresa efetue tais ajustes. 45. Vale ressaltar ainda que não cabe à Autoridade Fiscal realocar as notas fiscais nos meses corretos da sua emissão, e sim tão somente verificar a sua correta apropriação no DACON analisado, cabendo a sua simples glosa em caso contrário. Por sua vez, a Recorrente entende ser irrelevante a data (momento) de emissão da nota fiscal para fins de apuração dos créditos de PIS, por não ser aquele o momento Fl. 6845DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.334 14 da produção dos efeitos patrimoniais decorrentes da aquisição dos insumos (ou dos serviços). Entende que os efeitos somente se produzem no momento da entrega do bem/serviço, momento em que se dá a contabilização. Percebese falha na conduta da fiscalização ao glosar a integralidade das notas fiscais constantes nas memórias de cálculo das apurações do PIS e da COFINS emitidas fora do período de sua apuração. É lícito ao contribuinte ter seu direito creditório analisado, sob pena de enriquecimento ilícito do Estado. Aplicase aqui o CPC 30, que trata do preço justo para efeitos contábeis, hoje substituído pelo CPC 47. O CPC 30 era claro em seus itens 14 e seguintes, que diziam em síntese que a receita de venda de bens deve ser reconhecida quando forem satisfeitas as condições: a entidade tenha transferido para o comprador os riscos e benefícios inerentes à propriedade dos bens, a entidade não tenha envolvimento na gestão dos bens vendidos, o valor da receita possa ser mensurado com confiabilidade, for provável que os benefícios econômicos associados à transação fluirão para a entidade e as despesas incorridas referentes à transação possam ser mensuradas com confiabilidade. Na maioria dos casos, a transferência dos riscos e dos benefícios inerentes à propriedade coincide com a transferência da titularidade legal ou da transferência da posse do ativo para o comprador. Se a entidade retiver riscos significativos da propriedade, a transação não é uma venda e a receita não pode ser reconhecida. Já na prestação de serviços a receita associada à transação deve ser reconhecida tomando por base o estágio de execução (stage of completion) da transação ao término do período de reporte. O desfecho de uma transação pode ser estimado com confiabilidade quando o valor da receita puder ser mensurado com confiabilidade, for provável que os benefícios econômicos associados à transação fluirão para a entidade, o estágio de execução (stage of completion) da transação ao término do período de reporte puder ser mensurado com confiabilidade e as despesas incorridas com a transação puderem ser mensuradas com confiabilidade. O reconhecimento da receita com referência ao estágio de execução de uma transação é usualmente denominado como o método da percentagem completada. Por esse método, a receita é reconhecida nos períodos contábeis em que os serviços são prestados. Para fins práticos, quando os serviços prestados correspondam a um número indeterminado de etapas, durante um período específico de tempo, a receita deve ser reconhecida pelo método linear durante tal período, a menos que haja evidências de que outro método represente melhor o estágio de execução da transação. Quando determinada etapa for muito mais significativa de outras, o reconhecimento da receita deve ser adiado até que essa etapa seja executada. Inclusive, a Solução de Consulta COSIT nº 111, de 22/04/2014 reconheceu a aplicação do CPC 30: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. REGIME DE COMPETÊNCIA. CANCELAMENTO DE NOTAS FISCAIS. NÃO REALIZAÇÃO DE RECEITAS. NÃO AUFERIMENTO DE RECEITA. VENDAS CANCELADAS. O fato gerador da Cofins no regime de apuração não cumulativa é o auferimento de receitas pelas pessoas jurídicas, o que ocorre quando Fl. 6846DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.335 15 as receitas são consideradas realizadas. A receita é considerada realizada e, portanto, passível de registro pela Contabilidade, quando produtos ou serviços produzidos ou prestados pela entidade são transferidos para outra entidade ou pessoa física com a anuência destas e mediante pagamento ou compromisso de pagamento especificado perante a entidade produtora. No que diz respeito à prestação de serviços, no regime de competência, a receita é considerada realizada e, portanto, auferida quando um serviço é prestado com a anuência do tomador e com o compromisso contratual deste de pagar o preço acertado, sendo irrelevante, nesse caso, a ocorrência de sua efetiva quitação. Não integram a base de cálculo da Cofins, no regime de apuração não cumulativa, as receitas referentes a vendas canceladas. No que diz respeito à prestação de serviços, vendas canceladas correspondem à anulação de valores registrados como receita bruta de serviços, fato que ocorre quando o contratante não concorda com o valor cobrado (no todo ou em parte), seja porque os serviços não foram prestados de acordo com o contrato, seja porque os serviços prestados, sem a sua anuência, não foram contratados, ou seja porque o valor cobrado não tem previsão contratual. Nesse caso a contratada não é detentora do direito de receber pagamento (no todo ou em parte) pelos serviços prestados. Consequentemente, ainda que ela registre esses valores como receita, eles não passam a assumir tal condição, já que não se consideram como receitas realizadas e, por conseguinte, como receitas auferidas. No regime de competência, o cancelamento de notas fiscais, seja no mês da prestação de serviço ou em outro mês qualquer, por si só, não afeta a ocorrência do fato gerador ou a apuração da base de cálculo da Cofins. Todavia, se as causas que motivarem tal cancelamento, configurarem vendas canceladas, o correspondente valor, registrado como receita de serviços, é passível de exclusão da base de cálculo dessa Contribuição no mês da devolução. DISPOSITIVOS LEGAIS: Instrução Normativa SRF nº 404, de 2004, arts. 3º e 4º, caput, e § 1º; Lei nº 6.404, de 1976, art. 187, § 1º, “a” e “b”; Instrução Normativa SRF nº 51, de 1978, item 4.1; Norma Brasileira de Contabilidade TG 30 Receitas (com a redação dada pela Resolução CFC nº 1.412, de 2, de outubro de 2012), item 21. Diante do acima exposto, deve ser afastada a glosa integral das notas fiscais constantes nas memórias de cálculo das apurações do PIS e da COFINS, sob a justificativa de que as “emissões se deram fora do período da sua apuração”. Como os créditos não foram sequer objeto de devida análise, deve ser esclarecido em diligência fiscal a natureza desses créditos, para que se possa aferir se são insumos ou não, com a devida quantificação. APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS Fl. 6847DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.336 16 Observese a manifestação da fiscalização: 100. Identificado pelo contribuinte que um determinado crédito não foi utilizado no passado, existe a possibilidade do seu aproveitamento de forma extemporânea, ou seja, realizado fora de seu tempo normal. 101. Todavia, não há como acolher a pretensão de utilizar eventuais créditos apurados extemporaneamente sem retificar os Dacon e DCTF correspondentes, ou seja, retificar as declarações do mesmo período dos créditos, em face do disposto na Instrução Normativa SRF nº 590, de 22 de dezembro de 2005: “Art.11. Os pedidos de alteração nas informações prestadas no Dacon serão formalizados por meio de Dacon retificador, mediante a apresentação de novo demonstrativo elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. §1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos informados em demonstrativos anteriores. (...) §4º A pessoa jurídica que entregar o Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados em DCTF, deverá apresentar, também, DCTF retificadora.” (grifos nossos) 102. Em suma, caso o contribuinte identifique em dez/2006 um crédito não utilizado em jan/2005, deve proceder a retificação do DACON jan/2005. 103. Devese salientar que, no caso de ter havido recolhimento das aludidas contribuições pela Consulente, a retificação dos Dacon e DCTF correspondentes é o único procedimento que permite a restituição de eventuais valores recolhidos indevidamente ou a maior devidamente corrigidos pela Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para Títulos Federais, haja vista que os créditos extemporâneos não admitem a incidência de atualização monetária ou juros de mora, consoante dispõe o art. 13 c/c art. 3o, § 4o, da Lei nº 10.833, de 2003: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 4° O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes. (...) Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4° do art. 3, do art. 4° e dos §§ 1° e 2° do art. 6°, bem como do § 2° e inciso II do § 4° e § 5° do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores.” Fl. 6848DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.337 17 105. Finalmente, devese salientar que a apuração de créditos, bem como a retificação de declarações, relativos a períodos de apuração anteriores, deve respeitar o prazo decadencial de cinco anos. 106. Todavia, o critério temporal explicitado anteriormente (retificar as declarações do mesmo período dos créditos) não foi obedecido, de forma que as rubricas contendo créditos extemporâneos de períodos diferentes das da apuração de cada DACON foram glosadas. Como exemplo, podemos citar a auditoria realizada pela Ernst & Young em 03/2010 apropriando créditos de PIS e COFINS cuja base de cálculo foi de R$ 167.052.349,09 (referente aos períodos de apuração de 2005 e 2006), valor este devidamente glosado por esta fiscalização. 107. Acerca dos Créditos Extemporâneos VCP – Jacareí apropriados no 4º Trimestre de 2006, a empresa foi intimada a informar o período dos referidos créditos, todavia, não apresentou documentação comprobatória dos mesmos, nem de que período os mesmos foram apurados. Desta forma, os valores foram devidamente glosados. Assiste razão à Recorrente, quando afirma que a utilização de créditos extemporâneos não está vinculada à retificação de DCTF/DACON. Há claro equívoco na conclusão da fiscalização de que a apuração extemporânea de créditos somente poderia ser admitida mediante retificação das declarações e demonstrativos correspondentes, diante da ausência de previsão legal para tal exigência. A 3ª Turma da Câmara Superior, acórdão n° 9303006.248, já se manifestou quanto à utilização de créditos extemporâneos independentemente de retificação da DCTF e do DACON: CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Na forma do art. 3º, § 4°, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado nãocumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da apresentação de PER único para cada trimestre. As Linhas 06/30 e 06/31 do DACON, denominadas respectivamente de “Ajustes Positivos de Créditos” e de “Ajustes Negativos de Créditos”, contemplam a hipótese de o contribuinte lançar ou subtrair outros créditos, além daqueles contemporâneos à declaração. Também a EFDPIS/Cofins, constante do Anexo Único do Ato Declaratório Executivo COFIS nº 34/2010, prevê expressamente a possibilidade de lançar créditos extemporâneos, nos registros 1101/1102 (PIS) e 1501/1502 (Cofins). Com isso, é imperiosa a análise pela fiscalização da pertinência dos créditos apropriados extemporaneamente. Mais uma vez, é necessário apontar que a empresa apresentou o suporte documental à fiscalização, como já mencionado no início deste voto. Fl. 6849DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.338 18 Com isso, a unidade de origem deve analisar a origem, natureza, validade e pertinência dos créditos apropriados extemporaneamente, para quantificálos. INSUMOS DA NÃOCUMULATIVIDADE (Arts. 3º das Leis de regência) Segundo a fiscalização, para que um bem seja considerado insumo à fabricação, além de não estar incluído no ativo imobilizado, deve enquadrarse em uma das quatro situações: ser matériaprima, produto intermediário, material de embalagem ou qualquer outro bem que sofra alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Logo, entre outros, não foram considerados como insumos: ferramentas de trabalho para manutenção, calços para alinhamento da altura de equipamentos rotativos, pistola de ar comprimido, serviços relacionados ao sistema de alarmes de emergências, serviços logísticos, serviços de movimentação de materiais e insumos e locação de guindastes. Prosseguindo, para a fiscalização, as despesas com a constituição da floresta compõem o ativo imobilizado da empresa. Por isso, na análise dos insumos, foi aplicado o seguinte critério na auditoria: “Todo bem ou serviço utilizado pela empresa antes do tratamento físicoquímico da madeira em si não podem ser classificados como insumo para fins de creditamento do PIS/PASEP e do COFINS nãocumulativos. Ao invés disso, as reservas florestais devem ser tratadas como sendo ativo imobilizado da empresa.” Por isso, apontou: 58. Resta claro que os empreendimentos florestais destinados ao corte para comercialização, consumo ou industrialização devem ser classificados no ativo imobilizado. Em relação à floresta plantada, as despesas de qualquer natureza, incorridas para a constituição da floresta devem ser contabilizadas no ativo imobilizado. O bem (floresta) sofrerá então exaustão à medida que suas árvores forem sendo derrubadas. Evidentemente que o valor da terra nua não deve aparecer na mesma conta do ativo imobilizado em que estiverem os recursos florestais, uma vez que a terra nua não pode ser objeto de exaustão. 59. Com isso, é fácil concluir que as despesas com a constituição da floresta não podem ser utilizadas como base para cálculo de créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins, na qualidade de insumos de seu produto final, já que o custo de constituição da floresta não é considerado custo de insumo à produção, mas custo de bem a ser incorporado ao ativo imobilizado. 60. Entre outros, não foram considerados como insumos: corrente de corte (motosserra), picadores (desgastador de madeira), sabres (manejo florestal), insumos utilizados no corte de cavacos , serviços florestais de silvicultura/trato cultural das florestas próprias, serviços de inventário florestal, serviços de viveiros, serviço florestal de colheita, serviço de manutenção/construção de estrada e pontes, serviços topográficos, controle de qualidade de madeiras, Fl. 6850DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.339 19 monitoramento florestal, irrigação, terraplenagem, sensoriamento remoto e peças e reparos em maquinários relacionados com a área de silvicultura (marcas de tratores e outros veículos como a Komatsu, Volvo e John Deere). Em seguida, aduz a impossibilidade de desconto de créditos de exaustão, por não haver previsão legal para a apuração de créditos sobre encargos de exaustão incorridos sobre bens incorporados ao ativo imobilizado do contribuinte. Quanto à necessidade da aquisição dos insumos de terceiros, a fiscalização glosou as despesas relacionadas com a obtenção de madeira dos terrenos da empresa, a chamada Operação Florestal (clonagem, pesquisa, plantio, tratamento do solo, adubação, irrigação, controle de pragas, combate à incêndios e colheita). Na mesma esteira, uma vez entendido que todos os esforços despendidos na Operação Florestal compõem o ativo imobilizado, glosou os fretes pagos na aquisição dos bens que compõem o ativo imobilizado. Por outro lado, a Recorrente aduz que é devida a tomada de crédito sobre a formação de florestas: plantio, silvicultura, corte, colheita, logística e transporte de toras de madeira e etc. por indispensáveis à elaboração da celulose. Aponta as efls. 19, 78, 90, 131 e 132 do laudo técnico da USP. Acrescenta que os serviços glosados estão elencados no laudo como indispensáveis ao processo produtivo da celulose, conforme itens 4 e 5 do documento, também ligados à formação das florestas. E ainda, que os dispêndios com clonagem, pesquisa, plantio, tratamento do solo, adubação, irrigação, controle de pragas, combate a incêndios e colheita são prestados por terceiros, pessoas jurídicas. a) Embalagem de apresentação e de transporte A fiscalização aceitou como insumo a embalagem de apresentação, entendendo que sua colocação determina a fase final da produção. Por outro lado, não considerou a embalagem para transporte como insumo. Assim, entre outros, não foram considerados como insumos: correias utilizadas para transporte de fardos de celulose, estrados de madeira, pallet (palete) e caixas de papelão. O contribuinte defende o creditamento por entender que essas embalagens de transporte acondicionam as folhas de celulose produzidas, conforme descrição no laudo técnico. b) Insumos – Caracterização – SD 200815 Foram considerados como insumos: toras de madeira, produtos químicos utilizados no processo produtivo, tintas, feltros e telas (formação e desaguação da folha de papel) e telas de lavagem de polpa de celulose. E anda, foram considerados como insumos os “bens ou serviços adquiridos de pessoa jurídica, intrínsecos à atividade, aplicados ou consumidos na fabricação do produto ou no serviço prestado”, ocorrendo o contato direto com o produto final e/ou desgaste na sua utilização, como por exemplo: lâminas para remoção de resíduos em rolos da máquina de papel, esferas de vidro utilizadas no processo de pigmentação, pastilhas de frenagem de máquinas de papel, facas para corte de folha de celulose e de bobinas e correias de acionamento de equipamentos rotativos. Fl. 6851DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.340 20 Todavia, foram glosados os seguintes: despesas com equipamento de proteção individual, etiquetas adesivas de escritório, rolos de pintura, lonas de plástico para efetuar manutenções, insumos utilizados em análises químicas em laboratório, baterias, pilhas, rádios transceptores, projetores de apresentação, manutenção de PABX, manutenção de no breaks, encadernação de notas fiscais, copos para água mineral, almofada de carimbo, binóculos, borrachas para lápis, brindes e camisas promocionais, brinquedos para filhos de funcionários, café expresso em grãos, CDR graváveis, cestas de natal, coffebreak, serviços de cópias de chaves, coroas de flores, desjejum, custos de eventos festivos, lanches, livros de literatura, locação de máquinas de café, marmitex, medicamentos, palestras e óculos de segurança Bandido. A Recorrente, com suporte no laudo técnico, aduz que estão descritos no laudo como essenciais: os equipamentos de proteção individual (efls. 19/20, 35 do laudo); a utilização de rádios comunicadores (efls. 27 do laudo) e insumos utilizados para análises químicas em laboratório (efls. 128 e 131 do laudo). c) Insumos – Passagens, hospedagens e despesas de veículos – SD 200815 Não foram considerados insumos: serviço com pagamento de estadia e translado, locação de veículos e despesas de transporte de supervisores. Aponta a empresa que tais dispêndios são essenciais, por se referirem à locomoção, ida e volta, até a floresta. d) Insumos Partes e Peças de Reposição – SD 200835 Apontou a fiscalização que as partes e peças de reposição adquiridas de pessoa jurídica para manutenção de máquinas e equipamentos componentes do ativo imobilizado, utilizados diretamente na fabricação dos produtos destinados à venda (papel e celulose), são consideradas insumos para efeito de apuração de créditos relativos à contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins nãocumulativas, desde que referidas partes e peças sofram alterações decorrentes de ação diretamente exercida sobre o bem fabricado e, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. Foram considerados insumos: chapas de aço para reparos em caldeiras, cabos, barras e tubos metálicos utilizados em reparos de equipamentos, eletrodos de solda, bicos de chuveiro de lavagem de tela de máquina de secagem, peças hidráulicas de reposição (luvas, cotovelos e válvulas), graxas, óleos lubrificantes e óleos refrigerantes. Entretanto, foram glosados despesas com: as partes e peças de reposição, bem como o serviço aplicados na manutenção de máquinas e equipamentos utilizadas no corte, no tratamento e no transporte da madeira a qual será, em uma 2ª etapa, transformada em celulose, papel e papelão. Da mesma forma, as partes e peças de reposição, bem como o serviço aplicados na manutenção de máquinas e equipamentos utilizadas na área logística da empresa, seja antes ou depois da obtenção do produto final, foram glosados. Dentre outros, não foram considerados como insumos uma vez que não são relativos aos maquinários utilizados diretamente na obtenção do produto final: reparos em veículos de carga e peças de reposição de transpaleteiras. A Recorrente, com suporte no laudo técnico, aduz que estão descritos no laudo como essenciais as partes e reposição de peças (efls. 87 e 130 do laudo). Fl. 6852DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.341 21 e) Materiais de Construção Civil utilizados como insumos Não foram considerados como insumos, uma vez que seriam incorporados ao ativo imobilizado edificações: tijolo comum, tintas para utilização em pisos em geral, placa de gail para piso, lâmpadas de iluminação em geral, pedra brita, etc. Segundo a empresa, tratamse de reparos realizados na unidade fabril, essenciais. f) Fretes Hipóteses de Crédito – SD 200711 e g) Frete Transporte Intercompany Vedação de Crédito SD 200812 Neste tópico, entendeu a fiscalização que quaisquer serviços de transporte não relacionados à entrega de mercadoria diretamente aos clientes não podem ser considerados como insumo. Então, não foram considerados: armazenagem/transporte de papel e logística. Mas foi considerado como insumo os referentes às despesas de exportação. E não os fretes relacionados a transporte de produto acabado (ou em elaboração) entre estabelecimentos industriais; destes para os centros de distribuição ou de um centro de distribuição para outro. Já a Recorrente sustenta que todos os fretes de aquisição de matériaprima, os intercompany e o de aquisição de bens do ativo imobilizado integram o custo do produto, o que permite o creditamento. h) Combustíveis utilizados como Insumos SD 200837 A fiscalização acatou como insumo, o combustível utilizado no processo de fabricação do produto destinado à venda pela empresa; ou, em outras palavras, o empregado em máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção da celulose industrializada e vendida pela contribuinte. Descartou como insumo os combustíveis utilizados para o transporte e manejo dos insumos: GLP utilizado em empilhadeiras, gasolina utilizado no transporte de pessoal, Óleo diesel, Óleo biodiesel e GLP granel. Quanto aos combustíveis, a alegação da empresa é de que são fornecidos por ela e, são utilizados nas máquinas e em veículos de transporte aplicados ao processo produtivo da Operação Florestal (conforme itens 5.65 e 6.6 do laudo). Síntese do tópico “Insumos da nãocumulatividade” O laudo apresentado pela Recorrente em seu recurso voluntário teve o objetivo de demonstrar a essencialidade dos custos incorridos na formação, manutenção e exploração das florestas, afastando, por conseguinte, as glosas. Descreveu também as etapas industriais até o consumidor. Confirase a síntese do processo produtivo descrito no laudo técnico da USP: Fl. 6853DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.342 22 Fl. 6854DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.343 23 Fl. 6855DF CARF MF Processo nº 12585.000260/201011 Resolução nº 3301000.810 S3C3T1 Fl. 68.344 24 Na apuração de PIS/COFINS nãocumulativos, a prova da existência do direito de crédito indicado incumbe ao contribuinte. Consequentemente, confrontando o motivo das glosas, os elementos trazidos aos autos e o laudo técnico, vislumbrase como desnecessários novos esclarecimentos em sede de diligência fiscal, restando para julgamento a matéria referente à extensão do conceito de insumo e os reflexos da classificação das florestas como ativo imobilizado. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência, para que a unidade de origem: a) Por ser o laudo da Escola Superior da Agricultura da USP fato novo, manifestese a autoridade fiscal sobre ele; b) Verifique se as receitas decorrentes de vendas a empresas comerciais exportadoras com o fim específico de exportação restaram caracterizadas ou se foram apenas realizadas no mercado interno; c) Analise a origem dos créditos registrados fora da competência da emissão da nota fiscal, para que se possa aferir se são insumos ou não, com a devida quantificação; d) Analise a origem, natureza, validade e pertinência dos créditos extemporâneos apropriados, mesmo sem as DACON/DCTF retificadoras, para quantificálos; e) Elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados; f) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; Após, que retorne o processo ao CARF para julgamento (assinado digitalmente) Ari Vendramini Relator. Fl. 6856DF CARF MF
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