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Numero do processo: 10880.973357/2011-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.487
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinatura digital)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente).
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinatura digital) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente).
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PIS/COFINS. CRÉDITO ORIUNDO DE COMPENSAÇÃO INDEVIDA. Recorrente SADIVE S. A. DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinatura digital) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 73 35 7/ 20 11 -6 5 Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10880.973357/201165 Resolução nº 3201001.487 S3C2T1 Fl. 198 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário em face de decisão da DRJ em Curitiba que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada em face do Despacho Decisório proferido pela DERAT/São Paulo, que, por sua vez, indeferiu o pedido de restituição. Nos termos do despacho decisório, o indeferimento do pleito foi devido à inexistência do direito creditório alegado, uma vez que o pagamento apontado com origem do crédito, informado como a maior ou indevido, não foi localizado. Cientificada da decisão, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, argumentando que faz jus ao crédito informado, uma vez que comprova a existência do pagamento não localizado pelo sistema da RFB. Afirma que o crédito alegado referese a parcelas do PIS/Cofins que incidiram sobre valores que escapavam ao conceito de faturamento, na forma inconstitucionalmente posta pela Lei nº 9.718, de 1998. Por lapso, deixou de informar que o pagamento não foi realizado por meio de recolhimento com guia DARF, mas através de compensação em DCOMP anteriormente transmitida, objeto de discussão no PAF nº 13807.010069/200288, conforme informado em DCTF. Cita para a sua defesa o princípio da estrita legalidade, da tipicidade cerrada e da verdade material, além de ementas de acórdãos do CARF. A DRJ não acolheu as alegações do contribuinte e decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade. Essencialmente, o colegiado a quo decidiu que "não existindo a comprovação do pagamento informado como origem do crédito, indeferese o conseqüente pedido de restituição". No recurso voluntário apresentado foram repisados os argumentos apresentados na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10880.973357/201165 Resolução nº 3201001.487 S3C2T1 Fl. 199 3 Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3201001.480, de 24/10/2018, proferida no processo 10880.973356/201111, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3201001.480): "Conforme as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme portaria de condução e Regimento Interno deste Conselho, apresento e relato o seguinte Voto. Por conter matéria preventa desta 3.ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, o tempestivo Recurso Voluntário deve ser conhecido. O contribuinte sustenta que o crédito existe e aponta que a compensação equivocada foi que originou o pagamento indevido, que o pagamento indevido ocorreu em compensação que não deveria ter ocorrido sobre despesas não operacionais, conforme entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal na decisão de inconstitucionalidade do §1, do Art. 3.º, da Lei 9.718/98 (vide julgamentos dos RE 346.084, 357.950, 358.273 e 390.840 do STF), que tem aplicação obrigatória neste Conselho conforme Art 62 do regimento interno. Quanto ao erro de preenchimento na Dcomp, por apontar a origem do crédito de um pagamento indevido, que não se trata totalmente de um erro, este não pode se tornar um impedimento à obtenção do crédito existente e incontroverso. Ratificando tal entendimento, este Conselho já se pronunciou em diversas oportunidades. Destaco abaixo somente algumas mais recentes pronúncias, da Câmara Superior e da Primeira Seção de Julgamento: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2003 SALDO NEGATIVO DE IRPJ. COMPENSAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE DCOMP E DIPJ. ESCLARECIMENTO E SANEAMENTO DE ERRO NO CURSO DO PROCESSO. POSSIBILIDADE. 1 Um erro de preenchimento de DCOMP, que motivou uma primeira negativa por parte da administração tributária (DRF de origem), não pode gerar um impasse insuperável, uma situação em que a contribuinte não pode apresentar nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo. Tal interpretação estabelece uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal. Não há como acolher a idéia de preclusão total, sustentada no entendimento de que a contribuinte pretende realizar uma nova compensação por vias indiretas, dentro do processo, especialmente pelas circunstâncias do caso concreto, em que ela não pretende modificar a natureza do crédito (saldo negativo de IRPJ), nem seu período de apuração (anocalendário de 2003), e nem mesmo aumentar o seu valor. 2 A decisão de primeira instância administrativa decidiu não examinar as informações que pretendiam justificar as divergências entre DCOMP e DIPJ, sustentando seu entendimento na questão Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10880.973357/201165 Resolução nº 3201001.487 S3C2T1 Fl. 200 4 formal da impossibilidade de retificação de DCOMP após ter sido exarado o despacho decisório, óbice que nesse momento está sendo afastado. Afastado o óbice formal que fundamentou a decisão da Delegacia de Julgamento, o processo deve retornar àquela fase, para que se examine o mérito do direito creditório e das compensações pretendidas pela contribuinte. (Processo 10880.932547/200827, Data da Sessão 02/02/2016, Acórdão n. 9101 002.203). (...) Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2002 COMPENSAÇÃO ERRO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO E/OU PEDIDO Uma vez demonstrado o erro no preenchimento da declaração e/ou pedido, deve a verdade material prevalecer sobre a formal. REPETIÇÃO DE INDÉBITO E COMPENSAÇÃO ORIGEM DO CRÉDITO PLEITEADO. Restando claro que a dúvida acerca da origem do crédito pleiteado pelo contribuinte foi dissipada pelos elementos carreados aos autos, a autoridade julgadora deve, em homenagem aos princípios da verdade material e do informalismo, proceder a análise do pedido formulado. SALDO NEGATIVO DE CSLL APURADO NA DECLARAÇÃO. Constitui crédito a compensar ou restituir o saldo negativo de CSLL apurado em declaração de rendimentos, desde que ainda não tenha sido compensado ou restituído, até o limite apurado nos anos calendário objeto do pedido. (Processo 11610.005921/200358, Data da Sessão 21/01/2016, Acórdão 1301001.918). A mencionada compensação é objeto do processo 13807.010069/200288, que foi julgado neste Conselho e registrado no Acórdão de n.º 3403003.595, conforme a seguinte ementa: "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/1989 a 31/08/1991 UNIDADE DE JURISDIÇÃO. DECISÃO JUDICIAL DEFINITIVA. APLICAÇÃO. Conforme Súmula CARF no 1, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Com o trânsito em julgado do processo judicial, resta à fiscalização aplicar ao caso concreto o que foi decidido em definitivo pelo Poder Judiciário. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/1989 a 31/08/1991 Ementa: COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. ENCONTRO DE CONTAS. A lei que regula a compensação tributária é a vigente à data do encontro de contas entre os recíprocos débito e crédito da Fazenda e do contribuinte (REsp no 1.164.452/MG e art. 62A do RICARF). COMPENSAÇÃO. ART. 170A DO CTN. APLICAÇÃO NO TEMPO. Em se tratando de compensação de crédito objeto de controvérsia judicial, é vedada a sua realização “antes do trânsito em julgado da respectiva decisão Fl. 207DF CARF MF Processo nº 10880.973357/201165 Resolução nº 3201001.487 S3C2T1 Fl. 201 5 judicial”, conforme prevê o art. 170A do CTN, vedação que, todavia, não se aplica a ações judiciais propostas em data anterior à vigência desse dispositivo, introduzido pela Lei Complementar no 104/2001 (REsp no 1.164.452/MG e art. 62A do RICARF). HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. CONTAGEM DE PRAZO EM ANOS. Os prazos em meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência, conforme art. 132, § 3o do Código Civil brasileiro (Lei no 10.406/2002). Assim, uma DCOMP apresentada em 13/02/2003 só se considera homologada tacitamente em 14/02/2008." O recurso voluntário foi parcialmente provido neste mencionado processo conexo, conforme resultado do julgamento transcrito a seguir: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer a homologação tácita em relação ao pedido de compensação apresentado em 12/09/2002, e para, em função da unidade de jurisdição, devolver o processo à unidade preparadora, para que aplique ao caso concreto o que foi decidido em definitivo pelo Poder Judiciário, não cabendo a oposição do art. 170A do CTN, em função de a data de propositura da ação judicial ser anterior à Lei Complementar no 104/2001 (conforme REsp no 1.164.452/MG, julgado na sistemática dos recursos repetitivos), ressalvando que tal unidade da RFB, antes de implementar a decisão judicial, deve certificarse de que as quantias demandadas no presente processo não estejam sendo objeto de execução judicial, determinando à recorrente que apresente o respectivo pedido de desistência da execução, homologado pelo juízo. Esteve presente ao julgamento a Dra. Fabiana Carsoni A Fernandes da Silva, OAB/SP no 246.569, que desistiu do pedido de adiamento do julgamento para a sessão de março." Assim, se a compensação constante no processo conexo extinguiu débitos de Cofins sobre receitas não operacionais, o pagamento indevido poderia ser configurado e o contribuinte teria o direito à uma nova compensação. Os autos apontam indícios de que os débitos já foram pagos. Este entendimento já foi objeto desta Turma de julgamento e pode ser encontrado no precedente consubstanciado no Acórdão 3201002.824. Considerando que a não homologação do crédito foi fundamentada unicamente sobre a premissa de que não foi comprovado o crédito desta nova compensação pois não há DARF juntada aos autos que comprove o pagamento do tributo a ser compensado, justificase a busca da verdade material. Diante do exposto, votase pela conversão do presente processo em diligência, para que: 1 A DRF informe quais os débitos extintos na compensação do processo conexo, dentro dos créditos que o contribuinte pleiteia. Os documentos juntados em Manifestação de Inconformidade também devem ser apreciados de forma que fique claro se a compensação do processo conexo extinguiu débitos de Cofins sobre receitas não operacionais, com a devida análise sobre a natureza destas receitas. Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10880.973357/201165 Resolução nº 3201001.487 S3C2T1 Fl. 202 6 Após elaborado relatório fiscal, o contribuinte deve ser cientificado e deve ser oportunizada sua manifestação. Cumprida a diligência, retornem os autos a este Conselho para julgamento." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem: a) informe quais os débitos extintos na compensação do processo conexo, dentro dos créditos que o contribuinte pleiteia. Os documentos juntados em Manifestação de Inconformidade também devem ser apreciados de forma que fique claro se a compensação do processo conexo extinguiu débitos do PIS/Cofins sobre receitas não operacionais, com a devida análise sobre a natureza destas receitas; b) após elaborado relatório fiscal, o contribuinte deve ser cientificado e deve ser oportunizada sua manifestação; c) cumprida a diligência, os autos devem retornar a este Conselho para julgamento. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 209DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10909.720419/2017-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 11/02/2015
JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE
Quando da lavratura do auto de infração, os tributos incidentes na operação sob análise não estavam com a exigibilidade suspensa, cabível, portanto, a exigência de juros de mora e multa de ofício.
Numero da decisão: 3302-006.044
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 11/02/2015 JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE Quando da lavratura do auto de infração, os tributos incidentes na operação sob análise não estavam com a exigibilidade suspensa, cabível, portanto, a exigência de juros de mora e multa de ofício.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1317; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 115 1 114 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10909.720419/201768 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302006.044 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de outubro de 2018 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO ADUANA Recorrente LAURO ANTÔNIO LUZA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 11/02/2015 JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE Quando da lavratura do auto de infração, os tributos incidentes na operação sob análise não estavam com a exigibilidade suspensa, cabível, portanto, a exigência de juros de mora e multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 72 04 19 /2 01 7- 68 Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10909.720419/201768 Acórdão n.º 3302006.044 S3C3T2 Fl. 116 2 Por bem descrever a realidade dos fatos, adoto e transcrevo do relatório da decisão de piso de fls. 113119: Trata o presente processo de auto de infração lavrado para constituição de crédito tributário no valor de R$ 143.982,11, referentes a imposto sobre produtos industrializados incidente sobre a importação, multa de ofício e juros de mora (calculados até 31/01/2017). Depreendese da descrição dos fatos do auto de infração (fls. 05 a 07) que o autuado submeteu a despacho de importação, por meio da declaração de importação (DI) nº 15/02717443, registrada em 11/02/2017, um veículo automotor “FORD F 150 SVT RAPTOR 2014/2014”, deixando de recolher o imposto sobre produtos industrializados, em razão de estar amparado em decisão prolatada pelo Poder Judiciário no âmbito da ação ordinária contida no processo n° 0060212 16.2014.4.01.3400. Em 13/03/2015 o autuado obteve sentença favorável ao seu pleito, todavia em 21/10/2016 a 7ª Turma do TRF 1ª Região decidiu dar provimento à apelação da União (Fazenda Nacional) e à remessa oficial para reconhecer a legalidade do IPI na importação de veículo para uso próprio. Considerando que até o momento da lavratura da autuação não havia registro de que o tributo houvesse sido recolhido, a fiscalização autuou o interessado. Intimado, o interessado apresentou impugnação de folhas 63 a 73. Alegando em síntese: Que, a multa de ofício é indevida, não houve descumprimento pelo impugnante do ônus de declarar e pagar o imposto. Em realidade, ele obteve ordem judicial prévia ao desembaraço aduaneiro que lhe autorizou declarar o tributo e não efetuar o pagamento; Que, o STF entendeu necessário o tratamento isonômico entre consumidores finais, não importando se a aquisição do automóvel tenha sido feita no mercado externo ou interno. Entendeu portanto, que o IPI sempre deve ser suportado pelo consumidor final (importador ou adquirente no mercado interno), ignorando desta forma, a qualidade de contribuinte do IPI do importador consumidor final; Que, o Decreto n° 7.819/12 regulamenta 2 benefícios de IPI diversos, um deles instituído pela Lei n° 12.546/11 e outro pela Lei n° 12.715/12. O consumidor final, que adquire veículo no mercado interno, seja ele nacional ou importado, suportará alíquota de IPI 30% menor que aquela suportada pelo consumidor final que adquire o veículo no mercado externo, como é o caso do impugnante. Em 20 de julho de 2017, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 11/02/2015 REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. REQUISITOS. AUSÊNCIA. Para que se preserve o princípio da isonomia, a concessão do benefício de redução de alíquota do tributo deve ser realizada para contribuintes que demonstrem cumprir todos os requisitos para fruição do direito, isto é, que se Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10909.720419/201768 Acórdão n.º 3302006.044 S3C3T2 Fl. 117 3 encontram sob os mesmos pressupostos fáticos. O autuado não faz jus à redução de alíquota do tributo. MULTA DE OFÍCIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. AUSÊNCIA. Diante da ausência de recolhimento do tributo e da inocorrência de qualquer uma das causas de suspensão da exigibilidade previstas no artigo 63 da Lei n° 9.430/96, correta a imposição da penalidade. Intimada da decisão em 11.08.2017 (fls.99), a Recorrente interpôs recurso voluntário em 29.08.2017 (fls. 102110), reproduzindo as alegações suscitadas na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator O Recurso é tempestivo e atende os demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II.1 Multa de Ofício Alega a Recorrente que estando os tributos objeto do auto de infração com a exigibilidade suspensa, não está caracterizada qualquer mora do contribuinte, sendo inexigível a cobrança de juros de mora e multa de ofício. Pois bem. O artigo 63 da Lei n.º 9.430/1996 dispõe acerca da não imposição da multa de ofício nos casos que indica. Tal dispositivo, está assim redigido: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. (Vide Medida Provisória nº 75, de 2002) § 2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. Como se percebe, o dispositivo determina a não imposição da multa de ofício quando do lançamento de ofício, naqueles casos em que o contribuinte, por deter um provimento jurisdicional, mesmo que temporário ou ainda não definitivo (dentre aqueles indicados nos incisos IV e V do artigo 151 do CTN), adota uma conduta contrária ao entendimento da Administração Tributária. À evidência, por detrás do dispositivo está a idéia de que aquele contribuinte que age com base em provimento judicial (mesmo que temporário ou resultante de cognição sumária), não age à margem das normas jurídicas. Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10909.720419/201768 Acórdão n.º 3302006.044 S3C3T2 Fl. 118 4 Com base nisso, há que se ter como incluída dentro dos limites do dispositivo, não apenas as situações especificamente postas nos incisos IV e V do artigo 151 do CTN (a concessão de medida liminar em mandado de segurança e a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial), mas também a decisão em mandado de segurança (sentença) que reconhece o direito pleiteado pelo sujeito passivo. E diz se isso, como já antes se ressaltou, porque não se pode dizer que esteja agindo unilateralmente e em detrimento das normas jurídicas, aquele que pauta sua conduta em provimento judicial passível de adoção imediata (como é o caso, em regra, da sentença em mandado de segurança). Diante deste quadro, há que se concluir, portanto, que a contribuinte, ao tempo da autuação ocorrida 03.02.2017, já não detinha provimento judicial que determinava a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, posto que a decisão liminar proferida em 05.09.2014 foi cassada em 21.10.2016, por meio do acórdão da 7ª Turma do TRF 1ª Região, onde decidiu, por unanimidade, dar provimento à apelação da União (Fazenda Nacional) e à remessa oficial para reconhecer a legalidade do IPI na importação de veículo para uso próprio. Portanto, quando da lavratura do auto de infração, os tributos incidentes na operação sob análise não estavam com a exigibilidade suspensa, cabível, portanto, a exigência de multa de ofício. II.2 Alíquota Base de Cálculo Com relação à alegação de que a alíquota utilizada pela fiscalização foi equivocada, basta o impugnante consultar a legislação para constatar que o citado Decreto nº 7.660, de 23 de dezembro de 2011, foi alterado pelo Decreto nº 8.279, de 30 de junho de 2014, com vigência no período de 01 de julho de 2014 a 31 de dezembro de 2016, quando foi revogado pelo Decreto nº 8.950, de 29 de dezembro de 2016, que produziu efeitos a partir de 01 de janeiro de 2017, e no qual consta que a alíquota vigente na data do fato gerador do IPI em discussão era de 55%, como calculou a fiscalização. Nos mais, concordo com os argumentos utilizados na decisão para afastar as pretensões da Recorrente. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto (assinado digitalmente) Walker Araujo Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10909.720419/201768 Acórdão n.º 3302006.044 S3C3T2 Fl. 119 5 Fl. 119DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 17546.000484/2007-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 30/10/2005
TRIBUTO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA POR FORÇA DE DEPÓSITO DO SEU MONTANTE INTEGRAL. LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE
Embora desnecessário, admite-se a lavratura do auto de infração pela administração tributária, no exercício de seu poder potestativo, observando-se, todavia, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário até o limite do valor depositado.
DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL DO TRIBUTO. INEXIGIBILIDADE DE JUROS E MULTAS.
A expressão depósito do seu montante integral abrange o crédito como um todo, inclusive a eventual incidência de juros e multa a ele vinculados, de tal maneira que o depósito tempestivo e espontâneo suspende o crédito até o valor por ele coberto.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. GRUPO ECONÔMICO. INTERESSE COMUM NO FATO GERADOR. EX-LEGE
A existência de interesse comum na situação que constitua o fato gerador da exação dá-se, ex lege, nos casos de grupo econômico.
Numero da decisão: 2402-006.653
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir do lançamento os juros de mora e a multa de ofício. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior que votaram por cancelar a NFLD. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Mauricio Nogueira Righetti.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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CRÉDITO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA Recorrente COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMERICAS AMBEV E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 30/10/2005 TRIBUTO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA POR FORÇA DE DEPÓSITO DO SEU MONTANTE INTEGRAL. LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE Embora desnecessário, admitese a lavratura do auto de infração pela administração tributária, no exercício de seu poder potestativo, observando se, todavia, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário até o limite do valor depositado. DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL DO TRIBUTO. INEXIGIBILIDADE DE JUROS E MULTAS. A expressão depósito do seu montante integral abrange o crédito como um todo, inclusive a eventual incidência de juros e multa a ele vinculados, de tal maneira que o depósito tempestivo e espontâneo suspende o crédito até o valor por ele coberto. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. GRUPO ECONÔMICO. INTERESSE COMUM NO FATO GERADOR. EXLEGE A existência de interesse comum na situação que constitua o fato gerador da exação dáse, ex lege, nos casos de grupo econômico. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir do lançamento os juros de mora e a multa de ofício. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Renata Toratti AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 54 6. 00 04 84 /2 00 7- 15 Fl. 2374DF CARF MF 2 Cassini e Gregorio Rechmann Junior que votaram por cancelar a NFLD. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Mauricio Nogueira Righetti. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Relatório A DRJ fez um relato preciso do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até a prolatação do acórdão de impugnação, que passa a integrar, em parte, o presente relatório: Tratase de crédito tributário constituído contra a empresa em epígrafe, por intermédio da notificação de lançamento NFLD DEBCAD n° 35.847.7271, consolidado em 16/01/2006, no valor R$ 9.736.086,66 (nove milhões setecentos e trinta e seis mil oitenta e seis reais e sessenta e seis centavos), correspondente às contribuições de responsabilidade da empresa, relativas ao período de 01/2003 a 10/2005. Segundo o Relatório Fiscal, às fls. 218/222, constituem fatos geradores das contribuições lançadas as remunerações pagas aos segurados empregados, discriminadas nas folhas de pagamento, recibos de férias, termos de rescisão de contrato de trabalho, GFIP e Guias de Depósitos Judiciais. Informa que a empresa ajuizou processo onde discute a cobrança de contribuições previdenciárias incidentes sobre horas extras, adicional noturno, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade e saláriomaternidade, bem como os seus [...] 2002.61.00.0130318. Os eventos da folha de pagamento que compõem a basede cálculo das contribuições previdenciárias depositadas em juízo encontramse identificados no item 10 do Relatório Fiscal. Foram incluídas nesta Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD as contribuições previdenciárias depositadas judicialmente, cujas bases, contribuições e estabelecimentos a Fl. 2375DF CARF MF Processo nº 17546.000484/200715 Acórdão n.º 2402006.653 S2C4T2 Fl. 3 3 que pertencem estão discriminados no anexo "Relação de Guias de Depósitos Judiciais (HE)", no levantamento 005 — Dep Judicial Horas Extras, do anexo RL —Relatório de Lançamentos. Ainda segundo o mencionado Relatório, o crédito encontrase com sua exigibilidade suspensa até a decisão final dos processos judiciais. Da Impugnação A empresa [...] apresentou impugnação tempestiva. que a legislação citada não contempla a inclusão, na basede cálculo da contribuição previdenciária, de verbas de natureza indenizatória, previdenciária ou não; que, considerando a completa correlação entre os valores lançados pela fiscalização e os depósitos efetuados pela defendente, não cabe a incidência de multa sobre créditos tributários com exigibilidade suspensa, conforme determinação contida no artigo 63 parágrafo 1° da Lei n° 9.430/96 e o posicionamento do Conselho de Contribuintes; inaplicabilidade de juros sobre o crédito tributário depositado, uma vez que os depósitos judiciais já sofrem a aplicação de juros e correção monetária pela Taxa Selic, sendo essa nova inclusão de juros caracterizada "bis in idem", o que é vetado pela legislação; que a inclusão das pessoas físicas representantes legais da notificada como coresponsáveis pelo débito constitui medida "contra legem", por afrontar os ditames do artigo 50 do Código Civil e dos artigos 134, 135 e 137 do Código Tributário Nacional, diante da inexistência de prova ou fundamento válido para a desconsideração da personalidade jurídica da empresa e responsabilização de terceiros. Requer a improcedência do lançamento. Informação Fiscal As empresas abaixo relacionadas, por fazerem parte de grupo econômico, o que implica em solidariedade entre seus componentes, foram cientificadas, através das Informações Fiscais (fls. 341/357), das notificações fiscais de lançamento de débito NFLD e autos de infração AI lavrados durante a ação fiscal, tendo estas apresentado defesa, no prazo regulamentar, conforme Despacho exarado pelo então Serviço de Orientação e Gerenciamento de Recuperação de Créditos, à fl. 394. [...] Com exceção da empresa Indústria de Bebidas Antarctica Sudeste S/A, que alega que foi incorporada pela empresa Frateli Vita Bebidas Ltda e pleiteia sua exclusão do feito, as demais empresas arroladas, além de reiterarem as razões de defesa Fl. 2376DF CARF MF 4 apresentadas inicialmente pela AMBEV, acrescentam, em apertada síntese, as seguintes considerações contrárias ao lançamento: cerceamento de defesa, por não constar na Informação Fiscal a descrição dos motivos e provas que levaram a fiscalização a considerálas como integrantes de suposto grupo econômico; que, nos termos do inciso III do artigo 146 da CF/88, é o artigo 124 do Código Tributário Nacional CTN, recebido como Lei Complementar pela Constituição Federal de 1988, e não a lei ordinária Lei n° 8.212/91, o diploma legislativo competente para legislar sobre solidariedade; que é necessário, para a imputação da solidariedade, que o responsável solidário esteja vinculado diretamente ao fato gerador da obrigação tributária; que, no caso em tela, este requisito não é preenchido, uma vez que as empresas notificadas não possuem poder de gerência, administração ou controle sobre a AMBEV; que, mesmo que se entenda ser permitida a regulamentação da solidariedade por lei ordinária, de modo algum teria uma Instrução Normativa o poder de dispor sobre a definição de Grupo Econômico, impondo responsabilidade tributária solidária de forma destoante da legislação em vigor; que, da forma como estipulado no artigo 748 da IN SRP n° 03/2005, o conceito de grupo econômico atenta contra a personalidade jurídica das sociedades constituídas, com patrimônios próprios e registros individualizados, sem vinculação jurídica relacionada ao fatocausa da dívida fiscal; que a própria acepção do termo "grupo econômico' conduz à independência jurídica das empresas de um mesmo grupo, já que distintos tanto a personalidade jurídica como o patrimônio de cada uma, conforme prevê o artigo 266 da Lei n° 6.404/76; que o conceito de Grupo Econômico, contido na Instrução Normativa, deve ser interpretado de forma sistemática, sem extrapolar os limites dos dispositivos normativos legais aplicáveis; impossibilidade de se enquadrar a notificada nos casos de desconsideração de personalidade jurídica tratados pelo artigo 50 do Código Civil e artigos 134,135 e 137 do Código Tributário Nacional. Requerem, ao final, seja declarada a nulidade da NFLD, acatandose a preliminar exposta ou, em prol do princípio da eventualidade, seja julgado improcedente o lançamento. Da Diligência Fiscal Foi solicitada Diligência Fiscal, [...], para que a fiscalização se manifestasse sobre a alegação das empresas, de ausência de motivação na caracterização do grupo econômico, bem como sobre o pedido de exclusão do feito da empresa Indústria de Bebidas Antarctica Sudeste S/A. Fl. 2377DF CARF MF Processo nº 17546.000484/200715 Acórdão n.º 2402006.653 S2C4T2 Fl. 4 5 4 Em resposta, foi elaborada Informação Fiscal (fls.1165/1173), que veio acompanhada de documentos, [...] onde a fiscalização, após transcrever a legislação pertinente a Grupo Econômico, tece, em síntese, as seguintes considerações a respeito de sua conceituação e caracterização: [...] Os fiscais notificantes concluíram, com base nas informações apresentadas, e dispositivos legais citados, serem solidárias as empresas relacionadas, por comporem grupo econômico. Concluíram, também, pela exclusão da empresa Indústria de Bebidas Antarctica Sudeste S/A [...] do rol de empresas pertencentes ao Grupo Econômico AMBEV, [...]. Os autos foram encaminhados para a Delegacia de Julgamento do Distrito Federal, tendo sido encaminhados novamente em diligência, [...], para que as empresas solidárias fossem devidamente cientificadas da Informação Fiscal, concedendo lhes prazo para manifestação. Do Aditamento à Defesa [...], as empresas arroladas apresentaram, tempestivamente, aditamento à defesa (fls.1183 a 1394), reiterando as razões de fato e de direito empregadas na impugnação, acrescentando, em síntese, o que se segue: insurgemse contra a utilização de conceitos de Direito do Trabalho para fins de caracterização de grupo econômico, ressaltando que, em se tratando de Direito Tributário, resta consagrado, tanto no CTN quanto na Constituição Federal, o princípio da estrita legalidade tributária, de modo que o sujeito passivo da obrigação deve ser definido com base na lei (artigo 121 do CTN); que o CTN, no inciso II do artigo 124, utilizado pela fiscalização para fundamentar o seu entendimento, ao se reportar à lei como fonte de validade para a responsabilização por solidariedade, obviamente não o fez de forma a remeter ao Direito .do Trabalho, irias, sim, aos ditames específicos da legislação tributária, e que, no Direito Tributário, inexiste definição legal do que seja "grupo econômico", sendo que o inciso IX do artigo 30 da Lei n° 8.212/91 também não contempla tal definição, não podendo tal lacuna ser suprida pelo disposto no artigo 748 da Instrução Normativa SRP n" 03/2005; que a Consolidação das Leis do Trabalho — CLT, por regular as relações individuais e coletivas de trabalho (artigo 1" da CLT), não serve para fundamentar a suposta responsabilidade solidária das empresas, e que o próprio parágrafo 2º do artigo 2º da CLT esclarece que a responsabilidade solidária, quando caracterizada a existência de um grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, será aplicada para os Fl. 2378DF CARF MF 6 efeitos da relação de emprego, e não para cobrança de contribuições previdenciárias; impossibilidade da aplicação analógica das disposições previstas na legislação trabalhista, [...]; que a AMBEV nunca possuiu a intenção de se eximir de suas obrigações trabalhistas e previdenciárias, além de não haver dúvida de sua capacidade econômica para cumprir com as suas obrigações tributárias, não fazendo sentido imputar como solidárias empresas de menor porte; que, não havendo definição legal de grupo econômico para fins de responsabilização solidária por obrigações tributárias, a única hipótese para inclusão de outras empresas no pólo passivo da relação seria a do inciso I do artigo 124 do Código Tributário Nacional — CTN, e que, no entanto, as empresas entendidas como responsáveis solidárias, não possuem nenhum poder gerencial, de controle ou administração, não tendo contribuído de maneira alguma para a constituição do fato gerador da obrigação tributária, restando ausente o fundamento de validade para a imputação da solidariedade; que também não houve a comprovação da presença de fato irregular de controle societário pelos sócios/acionistas da pessoa jurídica contribuinte [...]; que, no mais, a responsabilização solidária pretendida atenta contra a individualidade e autonomia das pessoas jurídicas de sociedades constituídas com patrimônios próprios e registros individualizados, sem vinculação alguma com o fato gerador da dívida fiscal lançada. Requerem, ao final, seja reconhecida a ilegitimidade passiva por força de inexistência de responsabilidade solidária. A DRJ julgou as impugnações improcedentes, mas determinou a exclusão da Indústria de Bebidas Antarctica Sudeste S/A do rol de empresas pertencentes ao grupo econômico, conforme decisão assim ementada: CRÉDITO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. AÇÃO JUDICIAL EM CURSO A propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial, que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual trate o processo administrativo, importa em renúncia ao contencioso administrativo. Ocorrerá, todavia, a instauração do contencioso somente em relação à matéria distinta daquela discutida judicialmente. JUROS E MULTA Tratandose de lançamento destinado a resguardar o crédito dos efeitos da decadência, justificase acautelar tanto a importância principal quanto os seus consectários legais. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. CONFIGURAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Fl. 2379DF CARF MF Processo nº 17546.000484/200715 Acórdão n.º 2402006.653 S2C4T2 Fl. 5 7 Constatados os elementos necessários à caracterização de Grupo Econômico de fato, deverá a autoridade fiscal assim proceder, atribuindo a responsabilidade pelo crédito previdenciário a todas as empresas integrantes daquele Grupo. RELATÓRIO CORESPONSÁVEIS A relação de coresponsáveis tem como finalidade listar todas as pessoas físicas e jurídicas, representantes legais do sujeito passivo, que poderão ser responsabilizadas na esfera judicial, caso constatado ato praticado com infração de Lei. Os sujeitos passivos foram intimados da decisão da DRJ em 02/09/2009, através de cartas postais com avisos de recebimento (v. fl. 1561 e seguintes) e interpuseram seus recursos voluntários em 02/10/2009, nos quais basicamente reiteraram os fundamentos de suas impugnações. Às fls. 2327 e seguintes, as empresas pediram o desentranhamento dos recursos voluntários protocolados às fls. 1749 e seguintes, tendo em vista a duplicidade dos apelos. Sem contrarrazões ou manifestação pela PGFN. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recursos voluntários são tempestivos, visto que interpostos dentro do prazo legal de trinta dias, e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Do depósito judicial e seus efeitos Conforme se depreende dos autos, foram incluídas nesta NFLD as contribuições previdenciárias depositadas judicialmente, tendo em vista que a empresa ajuizou processo onde discute a cobrança de valores sobre horas extras, adicional noturno, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade e saláriomaternidade. A fiscalização foi expressa ao asseverar que o crédito encontrase com sua exigibilidade suspensa até a decisão final dos processos judiciais. Diante da existência dos depósitos judiciais, a recorrente COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMÉRICAS AMBEV, doravante denominada simplesmente de AMBEV, defende a inexigibilidade da multa e dos juros. Fl. 2380DF CARF MF 8 Neste particular, o acórdão de impugnação entendeu que "tratandose de lançamento destinado a resguardar o crédito dos efeitos da decadência, justificase acautelar tanto a importância principal quanto os seus consectários legai". Ocorre que a decisão recorrida está equivocada e o recurso voluntário deve ser provido. Em primeiro lugar, cabe assinalar a aplicabilidade, ao caso, do § 2º do art. 62 do RICARF, segundo o qual, no ponto que interessa, as decisões do STJ proferidas com base na sistemática dos recursos repetitivos "deverão ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito do CARF", o que implica conhecer e decidir, de ofício, pela improcedência total do presente lançamento, tendo em vista o depósito integral dos créditos tributários nele constituídos. Com efeito, o depósito integral do montante do crédito tributário suspende a sua exigibilidade (art. 151, inc. II, do CTN), e o eventual insucesso da ação judicial (ação ordinária ou mandamental) implicará a conversão do depósito em renda, com a consequente extinção do crédito (art. 156, inc. VI, do CTN). A suspensão da exigibilidade, como o próprio nome sugere, impede qualquer ato de cobrança pela fazenda pública, e a conversão do depósito em renda, em caso de insucesso, torna prescindível o lançamento. São dispensáveis maiores digressões a esse respeito, porque o STJ já decidiu a matéria sob a sistemática dos recursos repetitivos com destaques: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. AÇÃO ANTIEXACIONAL ANTERIOR À EXECUÇÃO FISCAL. DEPÓSITO INTEGRAL DO DÉBITO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 151, II, DO CTN). ÓBICE À PROPOSITURA DA EXECUÇÃO FISCAL, QUE, ACASO AJUIZADA, DEVERÁ SER EXTINTA. 1. O depósito do montante integral do débito, nos termos do artigo 151, inciso II, do CTN, suspende a exigibilidade do crédito tributário, impedindo o ajuizamento da execução fiscal por parte da Fazenda Pública. [...] 2. É que as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN) impedem a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, os quais têm início em momento posterior ao lançamento, com a lavratura do auto de infração. [...] 4. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídicotributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração, assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, a qual, acaso proposta, deverá ser extinta. 5. A improcedência da ação antiexacional (precedida do depósito do montante integral) acarreta a conversão do Fl. 2381DF CARF MF Processo nº 17546.000484/200715 Acórdão n.º 2402006.653 S2C4T2 Fl. 6 9 depósito em renda em favor da Fazenda Pública, extinguindo o crédito tributário, consoante o comando do art. 156, VI, do CTN, na esteira dos ensinamentos de abalizada doutrina, verbis: "Depois da constituição definitiva do crédito, o depósito, quer tenha sido prévio ou posterior, tem o mérito de impedir a propositura da ação de cobrança, vale dizer, da execução fiscal, porquanto fica suspensa a exigibilidade do crédito. [...] 6. In casu, o Tribunal a quo, ao conceder a liminar pleiteada no bojo do presente agravo de instrumento, consignou a integralidade do depósito efetuado, às fls. 77/78: [...] [...] 9. Destarte, ante a ocorrência do depósito do montante integral do débito exequendo, no bojo de ação antiexacional proposta em momento anterior ao ajuizamento da execução, a extinção do executivo fiscal é medida que se impõe, porquanto suspensa a exigibilidade do referido crédito tributário. 10. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1140956/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, DJe 03/12/2010) Deste colegiado, pode ser citado o seguinte precedente: TRIBUTO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA POR FORÇA DO DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL. IMPROCEDÊNCIA. São improcedentes os lançamentos de ofício em que o tributo exigido esteja com a exigibilidade suspensa, por força de depósito do seu montante integral. Decisão que se alinha ao entendimento firmado em decisão definitiva do Superior Tribunal de Justiça adotada sob o rito do art. 543C do CPC, conforme determina o art. 62A do RICARF. (Número do Processo 10580.724905/201118, Contribuinte SERVICO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL, Data da Sessão 26/01/2016, Relator(a) RONALDO DE LIMA MACEDO, Nº Acórdão 2402004.868) Como dito, não se pode perder de vista que o lançamento das contribuições já depositadas é totalmente prescindível, vez que a eventual sucumbência da recorrente na ação implicará a conversão dos depósitos em renda da União, com a consequente extinção dos créditos, até o montante dos valores havidos em conta judicial. Também não haveria que se cogitar em lançamento preventivo da decadência, pois o sujeito passivo já efetuou o auto lançamento dos valores controvertidos. Caso este relator seja vencido neste ponto, passase à análise das teses recursais. Fl. 2382DF CARF MF 10 3 Da inexigibilidade dos juros de mora e da multa de ofício Quanto aos juros de mora, cabe acrescentar, com apoio na doutrina uníssona, que "o depósito, mesmo antes da Lei 9.703/98, cumprindo a função de garantia do crédito ainda que insuficiente afasta os efeitos da mora relativamente ao montante depositado"1. A Lei de Execuções Fiscais, em seu art. 9º, § 4º, é expressa ao prever que o depósito em dinheiro faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora. Vejase: Art. 9º Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá: § 4º Somente o depósito em dinheiro, na forma do artigo 32, faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora. Confirase o seguinte precedente do CARF a respeito da matéria: DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL. ATÉ A DATA DO VENCIMENTO DO TRIBUTO. JUROS DE MORA. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 5. São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral (Súmula Carf nº 5). O valor depositado tempestivamente em juízo, até a data de vencimento do tributo, equivale ao montante integral do crédito tributário até a quantia por ele coberta. (Número do Processo 15983.720290/201476, Contribuinte OLAM AGRICOLA LTDA, Data da Sessão 03/04/2018, Relator(a) CLEBERSON ALEX FRIESS, Nº Acórdão 2401 005.396) A Súmula CARF nº 5, vinculante conforme Portaria MF 277/18, preleciona que não são devidos juros de mora sobre o crédito tributário depositado. Vejase com destaques: Súmula CARF nº 5. São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). É óbvio que a expressão depósito do seu montante integral abrange o crédito como um todo, inclusive a eventual incidência de juros e multa a ele vinculados, de tal maneira que o depósito tempestivo e espontâneo efetuado pela recorrente suspende o crédito até o valor por ele coberto. Com o depósito, ademais, os juros relativos ao crédito tributário serão remunerados pelos mesmos índices do depósito judicial. Por fim, a Lei 9703/98 preceitua, em seu art. 1º, § 3º, incs. I e II, que o valor do depósito, após o encerramento da lide ou do processo litigioso, ou será devolvido ao depositante, quando a decisão forlhe favorável, ou será transformado em pagamento definitivo, proporcionalmente à exigência do correspondente tributo ou contribuição, inclusive 1 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado; ESMAFE, 2008, p. 1021. Fl. 2383DF CARF MF Processo nº 17546.000484/200715 Acórdão n.º 2402006.653 S2C4T2 Fl. 7 11 seus acessórios, donde se destaca a expressão inclusive seus acessórios, a significar que o pagamento definitivo também extingue os juros e a multa. Ou seja, na dicção do encimado dispositivo, a eventual transformação do depósito em pagamento definitivo abrange todos os acessórios do crédito tributário, inclusive juros e multas. Na mesma toada, o retro mencionado art. 9º da LEF fala em juros, multa de mora e encargos. Por fim, a Súmula CARF 17 preleciona que não cabe a exigência de multa de ofício nos lançamentos efetuados para prevenir a decadência, quando a exigibilidade estiver suspensa na forma dos incs. IV ou V do art. 151 do CTN. Obviamente, e com maior razão, não caberia a exigência da multa de ofício quando a exigibilidade estiver suspensa por força de depósito do montante integral do crédito. 4 Da solidariedade As contribuintes solidárias basicamente pleiteiam a sua ilegitimidade passiva, sob o argumento de que o direito tributário não teria um conceito de grupo econômico e de que não teriam interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. Quanto à inexistência de um conceito de grupo econômico no direito tributário, vale lembrar, com apoio na doutrina de Luciano Amaro, "que não se pode falar em autonomia deste ou daquele ramo do direito querendo significar que ele tenha vida própria e independente dos demais setores da ciência jurídica"2 e "que não pode existir norma jurídica independente da totalidade do sistema jurídico"3. Nesse contexto, não há qualquer ilegalidade no fato de o direito tributário extrair a definição de grupo econômico do direito do trabalho. Acrescentese que a Constituição Federal outorgou à lei complementar a competência para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária; que o Código Tributário Nacional, recepcionado como lei complementar, instituiu normas gerais relativas à solidariedade e que estabeleceu serem solidariamente obrigadas as pessoas expressamente designadas por lei; que a lei previdenciária, Lei 8212/91, em seu art. 30, inc. IX, determinou que as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações para com a previdência social; e que o conceito legal de grupo econômico está estabelecido na CLT, mais precisamente em seu art. 2º. Isto é, há sim amparo legal no buscarse o conceito de grupo econômico na legislação trabalhista, bastandose que se faça uma interpretação sistemática de todos esses dispositivos legais. Todavia, o recurso voluntário das contribuintes solidárias deve ser provido por outros fundamentos. Com efeito, e no entender deste relator, não basta que a lei ordinária estenda a relação jurídicotributária a uma terceira pessoa, sendo necessário, sim, que tal pessoa tenha interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação. Noutro giro, a regra matriz de solidariedade tem pressupostos legais próprios, entre os quais se inclui a realização do fato gerador por mais de uma pessoa. 2 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 7/8. 3 AMARO, Luciano. Obra citada, p. 8. Fl. 2384DF CARF MF 12 A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que a existência de grupo econômico, por si só, não é suficiente para ensejar responsabilidade solidária, na forma prevista no art. 124 do Código Tributário Nacional. Colacionase, abaixo, a ementa de duas decisões recentes, para, em seguida, transcrever a numeração de sucessivas decisões no mesmo sentido: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. ISS. SUJEIÇÃO PASSIVA. ARRENDAMENTO MERCANTIL. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. VERIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. "'Na responsabilidade solidária de que cuida o art. 124, I, do CTN, não basta o fato de as empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, o que por si só, não tem o condão de provocar a solidariedade no pagamento de tributo devido por uma das empresas' (HARADA, Kiyoshi. 'Responsabilidade tributária solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador')" (AgRg no Ag 1.055.860/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 17.2.2009, DJe 26.3.2009). [...] (AgRg no AREsp 603.177/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 27/03/2015) ................................................................................................ PROCESSO CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTENTE. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. [...] 4. Correto o entendimento firmado no acórdão recorrido de que, nos termos do art. 124 do CTN, existe responsabilidade tributária solidária entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico na consecução de referida situação. [...] (AgRg no AREsp 429.923/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 16/12/2013) ......................................................................................................... (i) AgRg no Ag 1415293/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 21/09/2012; (ii) AgRg no REsp 1535048/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/09/2015, DJe 21/09/2015; (iii) AgRg no AREsp 21.073/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA Fl. 2385DF CARF MF Processo nº 17546.000484/200715 Acórdão n.º 2402006.653 S2C4T2 Fl. 8 13 TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 26/10/2011; (iv) AgRg no Ag 1392703/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/06/2011, DJe 14/06/2011 Logo, muito embora o art. 30, inc. IX, da Lei 8.212/1991, preveja a existência de solidariedade entre as empresas que integram o mesmo grupo econômico, interpretase tal dispositivo em conformidade com o art. 124, inc. I, do Código Tributário Nacional, que requer um plus para a efetiva existência de solidariedade, a saber: o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. A solidariedade (ou a responsabilidade, conforme o caso) pressupõe a regra matriz de incidência, bem como a regra matriz de solidariedade (ou responsabilidade), cada uma com seus pressupostos fáticos e seus sujeitos próprios (contribuintes e contribuintes solidários). O simples fato de as pessoas jurídicas integrarem o grupo econômico encabeçado pela AMBEV não significa que elas tenham realizado os fatos geradores. A contrario sensu, muito provavelmente elas estavam e estão totalmente alheias aos fatos jurídicos que ensejaram as contribuições lançadas na presente NFLD. Outrossim, a existência de grupo econômico também não permite inferir qualquer presunção de realização em comum do fato imponível, sendo imprescindível, pois, a demonstração, pela autoridade lançadora, da circunstância jurídica prevista no art. 124, inc. I, do Código. Não se pode ignorar o princípio da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas, que inspirou, exemplificativamente, os arts. 1024 e 1052 do Código Civil brasileiro. Em sendo assim, e na medida em que a notificação baseouse apenas no comando do art. 30, inc. IX, da Lei 8212/91, deve ser dado provimento aos recursos das contribuintes solidárias, para reconhecer a sua ilegitimidade passiva. 5 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de cancelar, de ofício, o lançamento. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Voto Vencedor Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti Redator Designado Em que pese as, como de costume, muito bem articuladas razões do Relator, delas ouso a dissentir. As divergências resumemse: 1 quanto ao cancelamento do lançamento em função da existência de prévio depósito judicial no montante integral; e Fl. 2386DF CARF MF 14 2 quanto ao entendimento do Relator de que não bastaria que a lei ordinária estendesse a relação jurídicotributária a uma terceira pessoa, sendo necessário, sim, que tal pessoa detivesse interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação. Noutro giro, a regramatriz de solidariedade teria pressupostos legais próprios, entre os quais se incluiria a realização do fato gerador por mais de uma pessoa. No que toca à primeira matéria, apreciada de ofício por este Colegiado, trás o Relator a ementa do REsp 1140956/SP, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos, em especial com destaque para seu item 4, adiante colacionado: 4. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídicotributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração, assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, a qual, acaso proposta, deverá ser extinta. Da literalidade do excerto acima, percebe que teria sido assentada a impossibilidade da lavratura do auto de infração na constância de depósito prévio e no montante integral. Todavia, a julgar pelos demais pontos da ementa, penso que o alcance do julgado referiuse, em especial, à cobrança do crédito relacionado ao depósito em seu montante integral e não propriamente ao exercício do direito potestativo do lançamento, preconizado no artigo 142 do CTN. Notese que é assentado que os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exeqüendo no bojo de ação anulatória, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração, assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, a qual, acaso proposta, deverá ser extinta. Assim, na forma do ementado, como mesmo na hipótese do depósito integral promovido no bojo de ação anulatória, quando já se tem o crédito constituído de ofício pela administração tributária, ainda assim fezse constar o impedimento a lavratura do correspondente auto de infração, sou levado a concluir que o intento do julgado foi, em verdade, assentar a vedação à cobrança, inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, caso referido depósito tenha se dado, evidentemente, antes do executivo fiscal, resultando em sua extinção (da execução). Somese a isso, trecho do voto do Ministro Luiz Fux, naquele julgado, que assim se inicia: "É que nas causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art 151 do CTN) impedem a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, os quais têm início em momento posterior ao lançamento, com a lavratura do auto de infração." Dessa premissa, percebo, de forma clara, que diante de uma das causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário, há um impedimento da prática de atos de cobrança, que têm início em momento posterior ao lançamento. Ou seja, os atos de cobrança não se confundem com o ato do lançamento. Fl. 2387DF CARF MF Processo nº 17546.000484/200715 Acórdão n.º 2402006.653 S2C4T2 Fl. 9 15 Nesse rumo, imagino que o depósito no montante integral tende a impedir a cobrança e, no máximo, quanto ao lançamento, dispensar a sua promoção, mas não impedila. Tomemos a lição de Leandro Paulsen4 sobre o assunto, quando diz: "Notese que, com o depósito, o próprio contribuinte formaliza a existência do crédito e, já tendo o contribuinte apurado o montante devido e o afetado ao resultado da demanda mediante o depósito, não há que se exigir lançamento, salvo para a constituição de eventual diferença por montante superior ao que foi depositado." Ou seja, "não se exige", o que não significa dizer que haja um impedimento jurídico. Nesse sentido, o acórdão 9101003.686 – 1ª Turma, de 07.08.2018: DEPÓSITO JUDICIAL DE MONTANTE INTEGRAL. CONSTITUIÇÃO DE OFÍCIO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. O entendimento pacificado no STJ em julgamento de recurso afetado como representativo de controvérsia é o de que o depósito do montante integral do crédito tributário suspende sua exigibilidade e veda a prática de atos de cobrança por parte da Administração Tributária, mas não impede ou invalida o lançamento de ofício desses valores, desde que feito com suspensão de exigibilidade e sem a incidência de multa de ofício. (destaquei). No presente caso, há de se registrar que a manutenção do lançamento não trará qualquer prejuízo ao recorrente, na medida em que o crédito, uma vez garantido mediante depósito, não poderá ser eventualmente cobrado, restando sobrestado até que sobrevenha decisão definitiva na demanda a que se refere. Se lograr êxito o contribuinte, haverá o levantamento do depósito em juízo e a conseqüente extinção do crédito por força do artigo 156, X, do CTN; caso contrário, haverá a imputação dos depósitos nestes autos, transformandoos em pagamento definitivo, ocasionando a extinção do crédito tributário por "conversão em renda". Prosseguindo, no que diz respeito à segunda matéria e como já dito, não comungo do entendimento do Relator. A divergência aqui não recai sobre a existência ou não de grupo econômico, mas sim, uma vez já admitida, se seria suficiente a imputarlhes a responsabilidade solidária pelo crédito. Consoante se denota do acórdão recorrido, a solidariedade imputada teria lastro nos artigos 124 do CTN, nos termos do inciso IX do artigo 30 da Lei 8.212/91. Enquanto o inciso I daquele artigo estabelece a obrigação solidária toda vez em que as pessoas tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, o inciso II é objetivo ao prescrever a solidariedade sempre que a lei expressamente assim o determinar. Vejase, o próprio legislador previu que em determinadas circunstancias, o interesse comum estaria tão evidente que fez questão de positivar a solidariedade, de forma a afastar do Fisco o ônus para sua comprovação. 4 PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário. 9º. ed. São Paulo: Saraiva, 2018,, p. 258. Fl. 2388DF CARF MF 16 Notese que para a caracterização da situação primeira acima, além de se exigir um esforço investigativo diferenciado, há discussões as mais variadas, acerca do que seria esse "interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal" Por sua vez, a segunda situação é, ou deveria ser, de pronta identificação pelo operador do direito, bastandose, a seu turno, identificar referida condição e sua subsunção ao positivado na lei. Ainda voltando ao caso, o inciso IX do artigo 30 da Lei 8.212/91, em observância àquele inciso II, preconizou que a solidariedade, com relação a exação em tela, estaria presente entre as empresas que integrassem "grupo econômico de qualquer natureza" Ato contínuo, no intuito de trazer certa segurança à relação Fisco x Contribuinte, o artigo 494 da Instrução Normativa RFB nº971/2009 estabeleceu, ainda que não de forma exclusiva, que "caracterizase grupo econômico quando 2 (duas) ou mais empresas estiverem sob a direção, o controle ou a administração de uma delas, compondo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica". Vale dizer, referida circunstância, ainda que não somente esta, caracterizaria grupo econômico na forma daquele inciso IX. Sobre o tema, o acórdão 9202006.216 da 2ª Turma da CSRF, de 28.11.2017, a seguir ementado: GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. As empresas integrantes de grupo econômico respondem solidariamente pelo cumprimento das obrigações tributárias para com a Seguridade Social. Em suma, existência de interesse comum na situação que constitui o fato gerador da exação dáse, ex lege, nos casos de grupo econômico. Assim sendo, VOTO por NEGAR provimento aos recursos apresentados. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 2389DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13906.000179/2005-66
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
PIS E COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. DIREITO AO CRÉDITO. DESPESAS INCORRIDAS COM COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES UTILIZADOS NO TRANSPORTE DE MATÉRIAS-PRIMAS DE PRODUTOS ACABADOS. POSSIBILIDADE.
De acordo com artigo 3º da Lei nº 10.833/03, que é o mesmo do inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02, que trata do PIS, pode ser interpretado de modo ampliativo, desde que o bem ou serviço seja essencial a atividade empresária, portanto, capaz de gerar créditos de PIS referente a despesas incorridas com combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matérias-primas de produtos acabados.
PIS E COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA.
No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do REsp nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0), pelo rito dos Recursos Repetitivos, decidiu que o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item - bem ou serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pela Contribuinte.
Nos termos do artigo 62, parágrafo 2º, do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 - Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
NOTA TÉCNICA Nº 63/2018. DISPENSA DE APRESENTAÇÃO DE RECURSOS.
A Procuradoria da Fazenda Nacional expediu a Nota Técnica nº 63/2018, autorizando a dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016, considerando o julgamento do Recurso Especial nº 1.221.170/PR- Recurso representativo de controvérsia, referente a ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN's SRF nºs 247/2002 e 404/2004, que traduz o conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância.
Numero da decisão: 9303-007.671
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencido o conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
Nome do relator: DEMES BRITO
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REGIME NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. DIREITO AO CRÉDITO. DESPESAS INCORRIDAS COM COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES UTILIZADOS NO TRANSPORTE DE MATÉRIASPRIMAS DE PRODUTOS ACABADOS. POSSIBILIDADE. De acordo com artigo 3º da Lei nº 10.833/03, que é o mesmo do inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02, que trata do PIS, pode ser interpretado de modo ampliativo, desde que o bem ou serviço seja essencial a atividade empresária, portanto, capaz de gerar créditos de PIS referente a despesas incorridas com combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matériasprimas de produtos acabados. PIS E COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do REsp nº 1.221.170 PR (2010/02091150), pelo rito dos Recursos Repetitivos, decidiu que o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pela Contribuinte. Nos termos do artigo 62, parágrafo 2º, do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) em matéria infraconstitucional, na AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 90 6. 00 01 79 /2 00 5- 66 Fl. 573DF CARF MF Processo nº 13906.000179/200566 Acórdão n.º 9303007.671 CSRFT3 Fl. 574 2 sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. NOTA TÉCNICA Nº 63/2018. DISPENSA DE APRESENTAÇÃO DE RECURSOS. A Procuradoria da Fazenda Nacional expediu a Nota Técnica nº 63/2018, autorizando a dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016, considerando o julgamento do Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia, referente a ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN's SRF nºs 247/2002 e 404/2004, que traduz o conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencido o conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência tempestivo interposto pela Contribuinte, ao amparo do art. 64, II e 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009, contra Acórdão nº 330201.583, proferido pela Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, cuja ementa ficou assim redigida: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Fl. 574DF CARF MF Processo nº 13906.000179/200566 Acórdão n.º 9303007.671 CSRFT3 Fl. 575 3 Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 CRÉDITO. RESSARCIMENTO. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de insumos, antes do início da produção, e no transporte de produtos acabados para venda ou exportação não geram direito a crédito da contribuição não cumulativa. Recurso Voluntário Negado. Não conformada com tal decisão, a Contribuinte, aduz divergência jurisprudencial referente ao direito de crédito das contribuições não cumulativas quanto as despesas com aquisição de combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matérias primas, produtos acabados e na prestação de serviço realizado pela empresa. Para comprovar o dissenso, aponta como paradigmas os acórdãos nºs 9303 01.035 e 320200.226. Em seguida o Presidente da 3ª Seção de Julgamento, deu seguimento parcial ao Recurso, especialmente em relação ao creditamento de PIS e Cofins relativos a gastos com combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matériasprimas e produtos acabados, conforme depreendese o despacho de admissibilidade, ás fls 551/533. Houve reexame de Admissibilidade, ás fls. 555/570, o Presidente do CARF manteve na integra o despacho do Presidente de Câmara. A Fazenda Nacional, apresentou contrarrazões, ás fls. 564/551, requer seja negado provimento ao recurso e mantida a decisão recorrida. No essencial é o Relatório. Voto Conselheiro Demes Brito Relator O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dele tomo conhecimento e passo a decidir. Primeiramente, se faz necessário relembrar e reiterar que a interposição de Recurso Especial junto à Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao contrário do Recurso Voluntário, é de cognição restrita, limitada à demonstração de divergência jurisprudencial, além da necessidade de atendimento a diversos outros pressupostos, estabelecidos no artigo 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Por isso mesmo, essa modalidade de apelo é chamada de Recurso Especial de Divergência e tem como objetivo a uniformização de eventual dissídio jurisprudencial, verificado entre as diversas Turmas do CARF. Neste passo, ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, Fl. 575DF CARF MF Processo nº 13906.000179/200566 Acórdão n.º 9303007.671 CSRFT3 Fl. 576 4 responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos. In caso, Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento de Créditos de PIS, apurados sob o regime não cumulativo, referente ao 2° trimestre de 2005, decorrentes de operações de exportação. Decido. A matéria devolvida para esta E. Câmara Superior, cingese a divergência com relação ao conceito de insumo para fins de ressarcimento das contribuições não cumulativas do PIS e da COFINS, especialmente sobre aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matériasprimas e produtos acabados Com efeito, a jurisprudência Administrativa e dos Tribunais Superiores vem admitindo o aproveitamento de crédito calculado com base nos gastos incorridos pela sociedade empresária e com produtos ou serviços aplicados na produção ou a ela diretamente vinculados, mesmo que, ao contrario de como alguns pretendem limitar por meio de Instruções Normativas. De fato, salvo melhor juízo, não se vê razão para que conceito de insumo seja determinado pelos mesmos critérios utilizados na apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, contudo, respeito posicionamentos contrários. A legislação que introduziu o Sistema NãoCumulativo de apuração das Contribuições define sua base de cálculo como sendo o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, compreendendo a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Feitas as exclusões expressamente relacionadas nas Leis, tudo o mais deve ser incluído na base imponível. Levandose em consideração a incumulatividade tributária traz em si a idéia de que a incidência não ocorra ao longo das diversas etapas de um determinado processo sem que o contribuinte possa reduzir de seu encargo aquilo do que foi onerado no momento anterior, ainda que considerássemos todas as particularidades e atipicidades do Sistema não cumulativo próprio das Contribuições, terminaríamos por concluir que, a um débito tributário calculado sobre o total das receitas, haveria de fazer frente um crédito calculado sobre o totaldas despesas. Contudo, ainda que a interpretação teleológica conduza nessa direção, o fato é que os critérios de apuração das Contribuições não foram dessa forma definidos em Lei. Tal como consta no texto legal, o direito ao crédito, em definição genérica, admite apenas que se considerem as despesas com bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, jamais referindose à integralidade dos gastos da pessoa jurídica. Prova disso é que os gastos que não se incluem nesse conceito e dão direito ao crédito são listados um a um nos itens seguintes, de forma exaustiva. Neste quadro, para corroborar com minha interpretação, invoco as lições do Prof. Lenio Streck (p.242) que bem esclarece os limites de uma correta interpretação jurídica: Fl. 576DF CARF MF Processo nº 13906.000179/200566 Acórdão n.º 9303007.671 CSRFT3 Fl. 577 5 “Então, ao contrário do que se diz na dogmática jurídica, não interpretamos para, só depois, compreender. Na verdade, compreendemos para interpretar, sendo a interpretação a explicitação de compreendido, para usar as palavras de Gadamer, em seu Wahrheit und Method. Essa explicitação (justificação do compreendido) necessita sempre de uma estruturação no plano 1argumentativo (é o que se pode denominar de o “como apofântico”). A explicitação da resposta de cada caso deverá estar sustentada em consistente justificação, contendo a reconstrução do direito, doutrinária e jurisprudencialmente, confrontando tradições, enfim, colocando a lume a fundamentação jurídica que, ao fim e ao cabo, legitimará a decisão no plano do que se entende por responsabilidade política do interprete no paradigma do Estado Democrático de Direito2”. Outrossim, se admitíssemos a tese de que insumo denota conceito amplo, abrangendo todos os gastos destinados à obtenção do resultado da pessoa jurídica, nos depararíamos com uma flagrante distorção promovida no amplo reconhecimento ao direito de crédito para o setor industrial ou prestador de serviços, em detrimento ao setor comercial, para o qual o direito teria ficado restrito apenas aos gastos com bens adquiridos para revenda. Insumos, tal como definido e para os fins a que se propõe o artigo 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, são apenas as mercadorias, bens e serviços que, assim como no comércio, estejam diretamente vinculados à operação na qual se realiza o negócio da empresa. Na atividade comercial, sendo o negócio a venda dos bens no mesmo estado em que foram comprados, o direito ao crédito restringese ao gasto na aquisição para revenda. Na indústria, uma vez que a transformação é intrínseca à atividade, o conceito abrange tudo aquilo que é diretamente essencial a produção do produto final, conceito igualmente válido para as empresas que atuam na prestação de serviços. Somente a partir desta lógica é que os créditos admitidos na indústria e na prestação de serviços observarão o mesmo nível de restrição determinado para os créditos admitidos no comércio. Em que pese esta E. Câmara Superior já ter definido o conceito de insumos, a matéria foi levada ao poder judiciário e, em recente decisão o Superior Tribunal de Justiça – STJ sob julgamento no rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), estabeleceu conceito de insumo tomando como diretrizes os critérios da essencialidade e/ou relevância. Senão vejamos: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA 1 2 STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica, Estado e Política: uma visão do papel da Constituição em países periféricos. In CADEMARTORI, Daniela Mesquita Leutchuk e GARCIA, Marcos Leite (org.). Reflexões sobre Política e Direito – Homenagem aos Professores Osvaldo Ferreira de Melo e Cesar Luiz Pasold. Florianópolis: Conceito Editorial, 2008; p. 242. Fl. 577DF CARF MF Processo nº 13906.000179/200566 Acórdão n.º 9303007.671 CSRFT3 Fl. 578 6 CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. (Resp n.º Nº 1.221.170 PR (2010/02091150), Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho). Como visto, a Relatora Ministra Regina Helena Costa, reiterou os conceitos do que já vínhamos decidindo, definiu como conceito a essencialidade e relevância. Vejamos: Essencialidade considerase o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência; Relevância considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, Fl. 578DF CARF MF Processo nº 13906.000179/200566 Acórdão n.º 9303007.671 CSRFT3 Fl. 579 7 caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço. Deste modo, inferese do voto da Ministra Regina Costa que o conceito de insumo deve: “ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância, considerandose a imprescindibilidade ou ainda a importância de determinado item, bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte”, ou seja, caracterizase insumos, para fins das contribuições do PIS e da COFINS, todos os bens e serviços, empregados direta ou indiretamente na prestação de serviços, na produção ou fabricação de bens ou produtos e que se caracterizem como essenciais e/ou relevantes à atividade econômica da empresa". Sem embargo, restou ainda decidido ilegais as IN´s nºs 247/2002 e 404/2004, que tratam de conceito de muito restritivo de insumo para as contribuições em pauta, uma vez que somente se enquadrariam os bens e serviços “aplicados ou consumidos” diretamente no processo produtivo. Destarte, o STJ adotou conceito intermediário de insumo para fins da apropriação de créditos de PIS e COFINS, o qual não é tão restrito como definido na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados, nem tão amplo como estabelecido no Regulamento do Imposto de Renda, mas que privilegia a essencialidade e/ou relevância de determinado bem ou serviço no contexto das especificidades da atividade empresarial de forma particularizada. Neste aspecto, observase que se trata de matéria essencialmente de prova de ônus do contribuinte. Centrandose a divergência dos autos, verifico que a Contribuinte tem como objeto social, a industrialização e exportação de couros, a utilização de combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matériasprimas e produtos acabados, são essenciais atividade empresária exercida pela Contribuinte. Analisando a quaestio, como dito em linhas acima, consignei meu entendimento intermediário sobre o conceito de insumos no Sistema de Apuração Não Cumulativo das Contribuições, de modo que o conceito adotado não pode ser restritivo quanto o determinado pela Fazenda, mas também não tão amplo como aquele freqüentemente defendido pelos Contribuintes. Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça STJ, no julgamento do REsp nº 1.221.170 PR (2010/02091150), pelo rito dos Recursos Repetitivos, decidiu que o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância , considerando se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pela Contribuinte. Vejamos fragmentos do Voto: "São "insumos", para efeitos do art. 3º., II, da Lei 10.637/2002, e art. 3º., II, da Lei 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Fl. 579DF CARF MF Processo nº 13906.000179/200566 Acórdão n.º 9303007.671 CSRFT3 Fl. 580 8 Observase, como bem delineado no voto proferido pelo eminente Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, que a conceituação de insumo prevista nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 está atrelada ao critério da essencialidade para a atividade econômica da empresa, de modo que devem ser considerados, no conceito de insumo, todos os bens e serviços que sejam pertinentes ao processo produtivo ou que viabilizem o processo produtivo , de forma que, se retirados, impossibilitariam ou, ao menos, diminuiriam o resultado final do produto; é fora de dúvida que não ocorre a ninguém afirmar que os produtos de limpeza são insumos diretos dos pães, das bolachas e dos biscoitos, mas não se poderá negar que as despesas com aqueles produtos de higienização do ambiente de trabalho oneram a produção das padarias. A essencialidade das coisas, como se sabe, opõese à sua acidentalidade e a sua compreensão (da essencialidade) é algo filosófica e metafísica; a maquiagem das mulheres, por exemplo, não é essencial à maioria dos homens, mas algumas mulheres realmente não a podem dispensar – e não a dispensam – ou seja, lhes é realmente essencial e isso não poderia ser negado; em outros contextos, dizse até que certa pessoa é essencial à existência de outra – não há você sem mim e eu não existo sem você, como disse o poeta VINÍCIUS DE MORAES (19131980) – mas isso, como todos sabemos, é claramente um exagero carioca e não serve para elucidar uma questão jurídica de PIS/COFINS e muito menos o problema que envolve a essencialidade das cosias e dos insumos: é apenas uma metáfora do amor demais. A adequada compreensão de insumo, para efeito do creditamento relativo às contribuições usualmente denominadas PIS/COFINS, deve compreender todas as despesas à totalidade dos insumos, não sendo possível, no nível da produção, separar o que é essencial (por ser físico, por exemplo), do que seria acidental, em termos de produto final". Nos termos do art. 62, parágrafo 2º do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Ademais, a Procuradoria da Fazenda Nacional expediu a Nota Técnica nº 63/2018, autorizando a dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016, considerando o julgamento do Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia, referente a ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN's SRF nºs 247/2002 e 404/2004, que traduz o conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. In verbis: "Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia. Ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Aferição do conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Fl. 580DF CARF MF Processo nº 13906.000179/200566 Acórdão n.º 9303007.671 CSRFT3 Fl. 581 9 Tese definida em sentido desfavorável à Fazenda Nacional. Autorização para dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016. Nota Explicativa do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2014". Deste modo, o termo "insumo" utilizado pelo legislador para fins de creditamento do Pis e da COFINS, apresenta um campo maior do que o MP, PI e ME, relacionados ao IPI. Considero que tal abrangência não é tão flexível como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e despesas necessárias à atividade da empresa. Por outro lado, para que se mantenha o equilíbrio impositivo, os insumos devem estar relacionados diretamente com a produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este produto não entre em contato direto com os bens produzidos. Neste sentido, o inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.833/03, permite a utilização do crédito de COFINS não cumulativa nas seguintes hipóteses: “I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e b) nos §§ 1º e 1ºA do art. 2o desta Lei; II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2 da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; Fl. 581DF CARF MF Processo nº 13906.000179/200566 Acórdão n.º 9303007.671 CSRFT3 Fl. 582 10 VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X vale transporte, vale refeição ou vale alimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção". Destarte, o conteúdo contido no artigo 3º da Lei nº 10.833/03, que é o mesmo do inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02, que trata do PIS, pode ser interpretado de modo ampliativo, desde que o bem ou serviço seja essencial a atividade empresária, portanto, capaz de gerar créditos de PIS, referente a despesas incorridas com combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matériasprimas e produtos acabados. Dispositivo Ex positis, dou provimento ao Recurso da Contribuinte. É como voto. (Assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 582DF CARF MF Processo nº 13906.000179/200566 Acórdão n.º 9303007.671 CSRFT3 Fl. 583 11 Fl. 583DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12893.000238/2007-91
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 01/08/1999
RECEITAS FINANCEIRAS. INCONSTITUCIONALIDADE BASE DE CÁLCULO. JURISPRUDÊNCIA DO STF E STJ. ART. 62A DO RICARF.
É inconstitucional a ampliação da base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS prevista no artigo 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998. Precedente: RE 585.235, Plenário, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe de 28/11/2008, Tema nº 110 da Repercussão Geral.
PRESCRIÇÃO. TESE DOS 5+5. DECADÊNCIA
O prazo prescricional de 5 (cinco) anos, para as ações de repetição de indébito ou de compensação dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, previsto na Lei Complementar nº 118/2005, é aplicável tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005
Numero da decisão: 3001-000.528
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
ORLANDO RUTIGLIANI BERRI - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco Martins Leite Cavalcante - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: FRANCISCO MARTINS LEITE CAVALCANTE
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INCONSTITUCIONALIDADE BASE DE CÁLCULO. JURISPRUDÊNCIA DO STF E STJ. ART. 62A DO RICARF. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS prevista no artigo 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998. Precedente: RE 585.235, Plenário, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe de 28/11/2008, Tema nº 110 da Repercussão Geral. PRESCRIÇÃO. TESE DOS 5+5. DECADÊNCIA O prazo prescricional de 5 (cinco) anos, para as ações de repetição de indébito ou de compensação dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, previsto na Lei Complementar nº 118/2005, é aplicável tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ORLANDO RUTIGLIANI BERRI Presidente. (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 3. 00 02 38 /2 00 7- 91 Fl. 109DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório Adoto, por transcrição, o bem elaborado relatório que subsidiou a r. decisão recorrida, proferida em 16 de junho de 2018 (fls. 75), verbis. Trata o presente processo de PEDIDO DE RESTITUIÇÃO de PIS, incidente sobre as receitas acrescidas à base de cálculo da contribuição, que alega sem suporte na Constituição Federal de 1988, quitado mediante compensações com crédito oriundo do processo administrativo 13851.000016/9993. Entendeu o fisco que "o pedido foi protocolado em 27/06/2005 e o recolhimento que alega indevido ocorreu em 19/09/1999, constatase que o direito de pleitear a restituição encontrase fulminado pela decadência, conforme dispõe os artigos 165, I e 186, I do Código Tributário Nacional". No mérito ficou assentado que descabe á autoridade administrativa apreciar a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS. A contribuinte apresenta manifestação de inconformidade onde alega, em resumo, que a extinção do crédito tributário ocorreu com a homologação tácita do lançamento. Somente após o transcurso desse prazo teria iniciado a contagem do prazo para requerer a restitução, sendo certo que o prazo decadencial teria se encerrado em 2009. No mérito afirma que o Supremo Tribunal Federal já decidiu pela inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da contribuição. A final requer o deferimento do seu pleito. Regularmente intimada (fls. 82/88), ingressou o contribuinte com Recurso voluntário insurgindose principalmente contra a decadência declarada (fls. 92/99) , citando julgado do STJ (fls. 98), verbis. EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3°, § 1°, da Lei nº 9. 718198. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rei. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1°.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rei. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15. 8. 2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3°, § 1°, da Lei nº Fl. 110DF CARF MF Processo nº 12893.000238/200791 Acórdão n.º 3001000.528 S3C0T1 Fl. 3 3 9. 718198. (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 1010912008, REPERCUSSAO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RT J VOL0020802 PP 00871) Finalizando seu apelo a este Conselho, assim se manifestou o contribuinte recorrente (fls. 98/99), verbis. Aliás, esse entendimento já está de tal forma aplicado no seio da jurisprudência que a Lei n. 11.941, de 27.05.2009, revogou o malsinado parágrafo 1°, do art. 3°, da lei 9718, o que demonstra que também o legislador entendeu pelo total desacordo deste dispositivo com as normas jurídicas vigentes, extirpandoo do ordenamento jurídico pátrio. Desta feita, devido ao disposto no parágrafo 2°, do art. 62 do atual RICARF, bem como do art. 26A, parágrafo 6°, 1 do Decreto 70.235/72, o referido julgado tem efeito vinculante sobre as decisões do CARF. Entendimento adotado, como não poderia deixar de ser, no CARF, conforme se retira dos acórdãos n. 9303003.443, de 23.2.2016, da 3ª Turma da CSRF, n. 9303003.393, de 25.1.2016, da 3ª Turma da CSRF, n. 3201002.167, de 17.5.2016, da 1ª Turma Ordinária, da 2ª Câmara, da 3ª Seção de Julgamento e n. 3302003.237, de 22.6.2016, da 2ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara, da 3ª Seção de Julgamento. Assim é que na base de cálculo do PIS somente deveriam ter sido incluídos pela recorrente os valores correspondentes ao seu faturamento, ou seja, os ingressos que correspondem às suas receitas das vendas de mercadorias e da prestação de serviços. No caso concreto destes autos, a recorrente faz jus à restituição do PIS, no valor de R$ 43.003,73 (quarenta e três mil e três reais e setenta e três centavos), relativa ao fato gerador ocorrido em agosto de 1999, que foi calculada sobre receitas que não compõe o seu faturamento e, por conseguinte, não são alcançadas pela hipótese de incidência da mencionada contribuição. Assim, para que não restem duvidas quanto esta questão, a recorrente já apresentou nestes autos o demonstrativo (Doe. 02 da manifestação de inconformidade), por ela elaborado, onde estão discriminados os valores que foram indevidamente computados à base de calculo da contribuição ao PIS, bem como as cópias dos correspondentes razões contábeis (Does. 03 a 08 da manifestação de inconformidade). Desta forma, conforme acima se demonstrou, o presente acordão merece ser reformado em sua integralidade, deferindo o pedido de restituição objeto do presente processo. Pelo exposto, requerse o conhecimento e provimento integral do referido recurso voluntário, a fim de que (i) seja afastada a alegação de decadência do pedido de restituição sub judice, Fl. 111DF CARF MF 4 apresentado em 7.6.2005 (e não em 27.6.2005 como sugere a decisão recorrida); e (ii) seja reconhecido o direito ao crédito da contribuição ao PIS ora requerido, ambos à luz dos motivos de fato e de direito anteriormente apresentados. Outrossim, em consonância com a jurisprudência que rege a matéria, a recorrente também postula pelo reconhecimento do crédito pleiteado acrescido da respectiva atualização mediante aplicação da taxa SELIC, desde a data do protocolo em 7.6.2005.. É o relatório. Voto Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante Relator O recorrente tomou ciência da decisão recorrida em 05 de setembro de 2016 (fls. 111) e ingressou com Recurso Voluntário em 04 de outubro de 2016 (fls. 91/99), através de advogado regularmente constituido, pelo que tomo conhecimento do apelo já que tempestivo e revestido das demais formalidades processuais. A questão foi delimitada pela própria decisão recorrida, como expresso no relatório já transcrito, ressaltando o fisco que "o pedido foi protocolado em 27/06/2005 e o recolhimento que alega indevido ocorreu em 19/09/1999, constatase que o direito de pleitear a restituição encontrase fulminado pela decadência, conforme dispõe os artigos 165, I e 186, I do Código Tributário Nacional". Salientese que a decisão recorrida sequer analisou o mérito da pretensão deduzida pelo sujeito passivo, ao fundamento de que o pleito encontravase fulminado pela decadência, como se verifica também da parte final do acórdão vesgatado (fls. 75/77), que assim finalizou (fls. 77), verbis. A possibilidade de utilização da orientação jurisprudencial anterior do STJ, que preconizava a regra dos dez anos (“5 + 5”), somente seria aplicável para as ações ajuizadas anteriormente à vigência da lei complementar. Dessa forma, no presente caso, com base no entendimento definitivo do STF sobre a matéria, o direito de pleitear a restituição pelo contribuinte já se encontrava extrapolado na data da formulação de seu pedido (27/06/2005), uma vez que o pagamento, segundo informa a própria manifestante (fl. 05), teria ocorrido em 19/09/1999. Segundo esse posicionamento do judiciário, como a contribuinte não entrou com ação de repetição de indébito antes de 09/06/2005, deve se submeter ao prazo estipulado no artigo 3º da LC 118/2005, qual seja: 5 anos da extinção do crédito tributário que ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 do CTN (arts 150, § 4º, 165, 168 do CTN e LC 118/2005). Portanto, o prazo para pleitear restituição de Fl. 112DF CARF MF Processo nº 12893.000238/200791 Acórdão n.º 3001000.528 S3C0T1 Fl. 4 5 pagamento realizado em 19/09/1999 se encontrava extrapolado quando da formulação de seu pleito (27/06/2005). Data venia do entendimento dos ilustres prolatores do acórdão recorrido, entendo que o melhor direito encontrase realmente com o Recorrente, consoante farta e iterativa jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça STJ e do próprio Supremo Tribunal Federal STF, entendimento este por diversas vezes já confirmado no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF e da própria Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, todos unânimes no entendimento de que já está sedimentada a conhecida tese dos "cinco mais cinco". . Na sessão de junho deste ano tive oportunidade de relatar o Processo nº 10920.002800/200479, tendo como recorrente o CENTRO INTEGRADO DE FISIOTERAPIA S/S LTDA CRV, ocasião em que foi prolatado o Acórdão nº .3001000.393, em que foi reiterada a tese dos "cinco mais cinco", em matéria semelhante àquela discutida nos presentes autos, pelo que reproduzo parte do voto então proferido, à unanimidade dos membros desta 1ª Turma Extraordinária/3ª Seção, verbis. Por espelhar exatamente a tese defendida nos autos, e por estar em conformidade com os argumentos sustentados pelo recorrente quanto a “prescrição decenal”, reproduzo, a seguir, trecho do brilhante voto proferido pelo Conselheiro RODRIGO CARDOZO MIRANDA, do qual resultou o Acórdão nº 9900 000.624, em decisão unânime do Pleno da E. Câmara Superior de Recursos Fiscais, em sessão de 29 de agosto de 2012, em que foi negado provimento ao Recurso Extraordinário manejado pela Procuradoria da Fazenda Nacional e consagrou, no âmbito do CARF e da CSRF, a tese dos “cinco mais cinco” para todas as demandas propostas antes do vacatio legis da Lei Complementar nº 118/2005, ou seja, antes de 9 de junho de 2005, in verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO CONDUÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 4º, DA LC 118/2005. DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO RETROATIVA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO. CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENÁRIO. 1. O princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC 118, de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, posto norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação correspectiva. 2. O advento da LC 118/05 e suas consequências sobre a prescrição, do ponto de vista prático, implica dever a mesma ser contada da seguinte forma: relativamente aos pagamentos Fl. 113DF CARF MF 6 efetuados a partir da sua vigência (que ocorreu em 09.06.05), o prazo para a repetição do indébito é de cinco a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior, limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova. 3. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade da expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional", constante do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007). 4. Deveras, a norma inserta no artigo 3º, da lei complementar em tela, indubitavelmente, cria direito novo, não configurando lei meramente interpretativa, cuja retroação é permitida, consoante apregoa doutrina abalizada: "Denominamse leis interpretativas as que têm por objeto determinar, em caso de dúvida, o sentido das leis existentes, sem introduzir disposições novas. {nota: A questão da caracterização da lei interpretativa tem sido objeto de não pequenas divergências, na doutrina. Há a corrente que exige uma declaração expressa do próprio legislador (ou do órgão de que emana a norma interpretativa), afirmando ter a lei (ou a norma jurídica, que não se apresente como lei) caráter interpretativo. Tal é o entendimento da AFFOLTER (Das intertemporale Recht, vol. 22, System des deutschen bürgerlichen Uebergangsrechts, 1903, pág. 185), julgando necessária uma Auslegungsklausel, ao qual GABBA, que cita, nesse sentido, decisão de tribunal de Parma, (...) Compreensão também de VESCOVI (Intorno alla misura dello stipendio dovuto alle maestre insegnanti nelle scuole elementari maschili, in Giurisprudenza italiana, 1904, I, I, cols. 1191, 1204) e a que adere DUGUIT, para quem nunca se deve presumir ter a lei caráter interpretativo "os tribunais não podem reconhecer esse caráter a uma disposição legal, senão nos casos em que o legislador lho atribua expressamente" (Traité de droit constitutionnel, 3a ed., vol. 2o, 1928, pág. 280). Com o mesmo ponto de vista, o jurista pátrio PAULO DE LACERDA concede, entretanto, que seria exagero exigir que a declaração seja inserida no corpo da própria lei não vendo motivo para desprezála se lançada no preâmbulo, ou feita noutra lei. 5. Consectariamente, em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data da vigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que se coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o qual: "Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada."). 6. Desta sorte, ocorrido o pagamento antecipado do tributo após a vigência da aludida norma jurídica, o dies a quo do prazo Fl. 114DF CARF MF Processo nº 12893.000238/200791 Acórdão n.º 3001000.528 S3C0T1 Fl. 5 7 prescricional para a repetição/compensação é a data do recolhimento indevido. 7. Recurso especial provido, nos termos da fundamentação expendida. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009) [grifamos] Uma vez que a COFINS, como bem argumentou e demonstrou o contribuinte, trata de lançamento à homologação, e considerando que a data do pedido de restituição é ANTERIOR ao vacatio legis da LC nº 118/2005, não há que se falar em prescrição quinquenal, mas, sim, na consagrada tese da prescrição “cinco + cinco” para o caso em comento. Embora o pedido do contribuinte ora em julgamento tenha sido protocolizado em 27 de junho de 2005, é extreme de dúvida que o recolhimento indevido ocorreu em 19 de setembro de 1999, ou seja, antes de 9 de junho de 2005, já considerando o vacatio legis da Lei Complementar nº 118/2005. Por conseguinte, em face de todo o exposto, acatando a tese da prescrição “cinco + cinco”, voto no sentido DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto pelo recorrente, para considerar devida a restituição dos valores pagos e comprovados em setembro de 1999 e, consequentemente, declarar válida a compensação processada pelo sujeito passivo e objeto do presente processo. (assinado digitalmente) Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante Relator Fl. 115DF CARF MF
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Numero do processo: 16682.721220/2012-21
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Sep 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 2008
NORMAS PROCESSUAIS. OBSERVÂNCIA DE SÚMULA.
Nos termos do art. 72 do Regimento Interno do CARF, é obrigatória a observância pelos Conselheiros membros deste Órgão das Súmulas aprovadas pelo seu Pleno bem como daquelas baixadas pelos antigos Conselhos de Contribuintes.
IPI. CREDITAMENTO. PRODUTOS NT. IMPOSSIBILIDADE, SÚMULAS 13 DO SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES E 20 DO CARF.
Nos termos da Súmula nº 13 do antigo Segundo Conselho de Contribuintes ratificada pelo Pleno do CARF como Súmula nº 20:
Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.
Numero da decisão: 9303-007.368
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Érika Costa Camargos Autran - Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal- Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
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PRODUTO NT. Recorrente COSAN LUBRIFICANTES E ESPECIALIDADES S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2008 NORMAS PROCESSUAIS. OBSERVÂNCIA DE SÚMULA. Nos termos do art. 72 do Regimento Interno do CARF, é obrigatória a observância pelos Conselheiros membros deste Órgão das Súmulas aprovadas pelo seu Pleno bem como daquelas baixadas pelos antigos Conselhos de Contribuintes. IPI. CREDITAMENTO. PRODUTOS NT. IMPOSSIBILIDADE, SÚMULAS 13 DO SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES E 20 DO CARF. Nos termos da Súmula nº 13 do antigo Segundo Conselho de Contribuintes ratificada pelo Pleno do CARF como Súmula nº 20: “Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT”. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 12 20 /2 01 2- 21 Fl. 1660DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte contra o acórdão nº 3402002.931, de 24 de fevereiro de 2016 (fls.1381 a 1392 do processo eletrônico), proferido Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara Câmara da Terceira Seção de Julgamento deste CARF, decisão que pelo voto de qualidade, negou provimento ao recurso voluntário. A discussão dos presentes autos tem origem no processo do lançamento de ofício de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, no valor de R$ 7.930.696,82 (incluído principal, multa de ofício 75% e juros de mora calculados até 12/2012), referente ao período de apuração de 01/01/2008 a 31/12/2008, decorrente da utilização de créditos básicos indevidos. O contribuinte apresentou impugnação, alegando, em síntese, que: a) Em virtude de industrializar produtos, derivados do petróleo, possui o direito ao aproveitamento dos efeitos inerentes a tal imunidade prevista no artigo 155, §3°, da Constituição Federal. A análise da legislação aplicável é suficiente para o aproveitamento dos créditos em questão, bastando para tanto que se comprove a imunidade dos bens produzidos. b) Os bens que produz e que interessam ao presente caso são os que se encontram classificados na TIPI sob as posições NCM 2710.1931 (óleo lubrificante sem aditivo) e 2710.1932 (óleo lubrificante com aditivo). O óleo lubrificante sem aditivo (posição NCM n° 2710.1931), a própria TIPI deixa claro que se trata de produto que contém constituintes básicos, 70% ou mais, em peso, de óleos de petróleo ou de minerais betuminosos. O óleo lubrificante com aditivo (posição NCM n° 2710.1932), contém mistura (em torno de Fl. 1661DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 4 3 10% ou 15%) aditivo, sem perder sua especificação de derivado de petróleo. Assim, o óleo lubrificante sem aditivo classificado na NCM sob o n° 2710.1931 é 100% derivado do petróleo, pois recebido das refinarias e posteriormente revendido aos seus consumidores, e o óleo com aditivo classificado na NCM sob o n° 2710.1932 apenas agrega entre 10% ou 15% àquele mesmo produto recebido das refinarias, ou seja, não há dúvida de que se tratam de produtos genuinamente derivados do petróleo. A Autoridade Fiscal, ao citar o RIPI/2002 e mesmo o art. 6º da Lei n° 9.478/97, que remetem à refinação do petróleo, não traz elemento suficiente para desqualificar os bens produzidos pela Impugnante. A ANP indica que tais produtos referemse a derivados de petróleo, havendo decidido em igual sentido em outro processo administrativo relativo ao mesmo tema. Junta Pareceres Técnicos que comprovariam suas alegações. c) Os produtos em questão encontramse classificados na TIPI sob a notação NT em razão da imunidade constitucional prevista no art. 155, §3°, da CF, se assim não o fosse, como explicar por exemplo a incidência do imposto sobre os óleos lubrificantes não derivados do petróleo? Inclusive, é essa a própria notação da lei, quer dizer, é a TIPI que chama o produto de derivado de petróleo. Em uma análise mais detida da TIPI, concluise que existem duas espécies de produtos classificados sob a rubrica NT: aqueles decorrentes da falta de hipótese de incidência (ex. ovo de galinha) e aqueles decorrentes de imunidade constitucional. Logo, o argumento de que a notação NT dos óleos produzidos pela impugnante não decorrem da sua imunidade, mas apenas de uma opção desonerativa do Estado, é atentar contra a análise constitucional e sistemática aplicável ao caso. Todavia, a despeito da própria origem da notação dos referidos produtos, fato é que a Constituição Federal não estabelece nenhuma restrição ao direito de crédito, não havendo embasamento na legislação ordinária que determina a anulação dos créditos de IP1 em diversas situações (R1PI/02, art, 193; e RIPI/10, art. 254), como no caso de industrialização de produtos não tributados NT. A lei não pode simplesmente chamar de NT, algo que, na realidade é imune. Faz referência às decisões judiciais, aduzindo que se tratando de desoneração tributária (com raiz constitucional), em razão de determinadas operações com produtos industrializados revelarem superiores interesses nacionais, não seria justificável desconsiderar o crédito porque, de modo oblíquo e indireto, acabaria prejudicando a própria imunidade. Fl. 1662DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 5 4 d) O ADI SRF nº 05/2006 é inconstitucional e ilegal, afrontando o art. 155, § 3º, da CF e o art. 11 da Lei nº 9.779/1999. Tal ato não teve por substância apenas pautarse por “mera interpretação”, mas na realidade extravasou de modo escancarado o âmbito das normas já referidas (inclusive a IN SRF nº 33/1999), procedendo à glosa da compensação dos créditos de insumos agregados a óleo lubrificante derivado de petróleo. Ainda, junta parecer que aponta a inconstitucionalidade do ADI nº 05/2006. A DRJ em Belém/PA julgou improcedente a impugnação apresentada pelo Contribuinte. Irresignado com a decisão contrária ao seu pleito, o Contribuinte apresentou recurso voluntário, o Colegiado pelo voto de qualidade, negou provimento ao recurso voluntário, conforme acórdão assim ementado in verbis: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2008 IPI. CRÉDITOS BÁSICOS. FALTA DE LEGITIMIDADE. AQUISIÇÃO DE INSUMOS PARA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS COM SAÍDA NÃO TRIBUTADA. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Recurso voluntário negado O Contribuinte interpôs Recurso Especial de Divergência (fls. 1402 a 1441) em face do acordão recorrido que negou provimento ao recurso voluntário, a divergência suscitada pelo Contribuinte diz respeito à nulidade decorrente da mudança de fundamentação do lançamento e ao direito ao creditamento de IPI na entrada de produtos NT, quando se tratar de imunidade conferida pelo § 3° do art. 155 da CF. Fl. 1663DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 6 5 Para comprovar a divergência jurisprudencial suscitada, o Contribuinte apresentou como paradigmas os acórdãos de números 9303002.047 e 340301.678. A comprovação dos julgados firmouse apenas pela juntada de cópia de inteiro teor do acórdão de nº 340301.678 documentos de fls. 1459 a 1468. O Recurso Especial do Contribuinte foi parcialmente admitido, conforme despacho de fls. 1497 a 149. No reexame de admissibilidade de fls. 1494 e 1495, a decisão em dar seguimento parcial ao Recurso Especial foi mantida na íntegra. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões às fls. 1575 a 1580, manifestando pelo não provimento do Recurso Especial do Contribuinte e que seja mantido o v. acórdão. O Contribuinte interpôs agravo às fls. 1588 a 1596, sendo que foi negado conhecimento da petição do Contribuinte como agravo e indeferido o pedido de retificação do despacho de reexame por não restar demonstrado lapso manifesto ou inexatidão material a ser saneado, conforme despacho de fls. 1631 a 1632. É o relatório em síntese. Voto Vencido Conselheira Érika Costa Camargos Autran Relatora Da Admissibilidade O Recurso Especial do Contribuinte é tempestivo e, depreendendose da análise de seu cabimento, entendo pela admissibilidade parcial do recurso conforme despacho de fls. 1497 a 1493. Fl. 1664DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 7 6 Pois, quanto ao direito ao creditamento de IPI na entrada de produtos NT, quando se tratar de imunidade conferida pelo § 3° do art. 155 da CF, o acórdão recorrido vinculouse inarredavelmente ao enunciado da Súmula CARF nº 20. Por sua vez, o acórdão paradigma entendeu inaplicável ao processo o teor da súmula CARF nº 20 por entender "...que a vedação a que alude a IN SRF 33/99, tocante aos produtos não tributados, se restringe àqueles que o são pela própria natureza, como os produtos em estado natural ou em bruto, isto é, aqueles que não se submetem a quaisquer das operações caracterizadoras da industrialização, cuja realização tem o condão de modificar a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoar para consumo, consistente na transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento, reacondicionamento, renovação ou recondicionamento." Portanto, diante da interpretação divergente, concluiuse que a divergência jurisprudencial foi comprovada. Do Mérito Com efeito, a discussão posta a esta E. Câmara Superior, diz respeito ao direito ou não de créditos de IPI, derivados de petróleo, nos termos do art. 11 da Lei n° 9.779/99, relativos à aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos imunes, classificados na TIPI como NT. Esse assunto não e novo nessa Câmara. Em sessão do dia 15 de março de 2018, foi analisado um caso semelhante no processo relatado pelo Ilustre Conselheiro Relator Demes Brito, no qual eu acompanhei em seu voto, Acórdão n.º 9303006.520, e que passam a integrar o presente voto como razões de decidir, in verbis: “In caso, no exame do pedido de ressarcimento de fl. 01, formalizado em 15/01/2003, relativo a créditos de IPI decorrentes de insumos utilizados na fabricação de produtos imunes, não tributados, isentos e alíquota zero, relativos ao 4° trimestre/2002, no valor de R$ 1.108.124,84, fundado no artigo 11 da Lei n° 9.779/99 e no artigo 4° da IN SRF n° 033/99, a DERAT RIO DE JANEIRO, por meio do Despacho Decisório de fls. 81/94 indeferiu o pleito da Contribuinte. Fl. 1665DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 8 7 Por sua vez, a decisão recorrida por unanimidade de votos, deu provimento ao Recurso Voluntário, nos seguintes termos: "Estamos diante da seguinte situação. Um produto imune, consoante dispõe a Constituição da República, mas que é caracterizado como não tributado pela legislação infraconstitucional; soluções de consulta e atos administrativos que prevêem a manutenção dos créditos de IPI gerados pela aquisição de insumos utilizados em sua industrialização, e ao mesmo tempo limitações nestes mesmos atos para a manutenção de créditos em produtos classificados como Não Tributados. Tenho pela impossibilidade de a disposição da IN SRF que limita a utilização dos créditos para os produtos NT se aplicar aos produtos imunes, tanto pela exceção do § 4 da própria IN, que ficaria vazia de conteúdo, caso não pudesse ser aplicada, bem corno pela interpretação da legislação de acordo com a Constituição, que prevê a imunidade antes mesmo da qualquer outra classificação dada pela legislação infraconstitucional. A legislação deve ser interpretada no sentido que melhor eficácia lhe dê, e as soluções de consulta assim o fazem, ao prever a manutenção dos créditos. Desta forma, dou provimento ao recurso para reconhecer o direito A manutenção e ao aproveitamento dos créditos, nos termos da Lei n 9.779/99, em montante que deve ser apurado pela autoridade competente". Compulsando aos autos, verifico que a Contribuinte se dedica á industrialização e comercialização de combustíveis e derivados de petróleo, como óleos lubrificantes, os quais são imunes de tributação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, por força do artigo 155, parágrafo 3º, da Constituição Federal do Brasil. Com efeito, no julgamento do Acórdão 9303004.581, sessão de 24 de janeiro de 2017, em matéria idêntica, apresentei uma declaração de voto, o qual utilizo como fundamento em minhas razões de decidir. Vejamos: Compulsando os autos, verifico que os produtos industrializados pela Contribuinte (óleos lubrificantes com aditivos e óleos lubrificantes sem aditivos) gozam da imunidade Constitucional, inserida no artigo 155, parágrafo 3º, da CF, por se tratarem de derivados de petróleo. Destarte, a decisão recorrida não reconheceu a imunidade destes produtos, negando o direito ao crédito de IPI em razão da aquisição dos insumos empregados no processo produtivo estar em sintonia com os dispositivos da Lei nº 9.779/99, considerando ainda que, no presente caso aplicase a Súmula nº 20 do CARF, a qual trata sobre a impossibilidade de creditamento de IPI quando os produtos com saídas do estabelecimento forem classificadas na TIPI como NT. Discordo diametralmente da decisão recorrida, a Contribuinte industrializa produtos alcançados pela imunidade tributária, prevista no artigo 155, parágrafo 3º da Constituição, não restando qualquer dúvida quanto sua Fl. 1666DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 9 8 aplicação legal. A própria Constituição Federal, dispõe no artigo 153, parágrafo, 3º, inciso II, bem como o artigo 49 do CTN e artigos 164 do RIPI/2002 e artigo 226 do RIPI/2010, permitem o creditamento do imposto relativo á MP, PI e ME, incluindose matérias primas e produtos intermediários que sejam consumidos no processo de industrialização, não estabelecendo qualquer restrição ao princípio da não cumulatividade. Portanto, entendo que não se aplica ao presente caso a Súmula nº 20 do CARF, considerando que ela não se refere a produtos imunes, como é o caso de óleos lubrificantes. Neste sentido, o Acórdão paradigma nº 3403001.678, da lavra do Ilustre Conselheiro Robson José Bayerl, julgado em 28 de junho de 2012, afastou a aplicação da Súmula nº 20 do CARF, reconhecendo o direito ao creditamento do IPI de que trata o artigo 11 da lei nº 9.779/99, o qual alcança igualmente os produtos acobertados pela imunidade, no caso os derivados de petróleo, indiferente de sua classificação na TIPI como NT. Vejamos: "Consoante art. 153, § 3º da CF/88 as balizas que dão o contorno principal do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI são as seguintes: “Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I importação de produtos estrangeiros; II exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III renda e proventos de qualquer natureza; IV produtos industrializados; V operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI propriedade territorial rural; VII grandes fortunas, nos termos de lei complementar. § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. § 3º O imposto previsto no inciso IV: I será seletivo, em função da essencialidade do produto; II será não cumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; III não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. Fl. 1667DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 10 9 IV terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)” (destaquei) Como se observa do preceptivo em destaque, a apuração não cumulativa do IPI, que ora interessa, se dá pelo abatimento do valor cobrado nas aquisições de insumos (MP, PI e ME) e o valor devido na saída do produto tributado, de modo que é pressuposto, a meu sentir, inarredável, que tenha havido cobrança do imposto em ambas as etapas da cadeia de produção. Neste sentido a redação do art. 49 do Código Tributário Nacional: “Art. 49. O imposto é não cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados. Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte transferese para o período ou períodos seguintes.” A própria norma legal impositiva do imposto em comento, Lei nº 4.502/64, por via oblíqua, sinaliza neste sentido, quando determina que seja estornado o crédito do imposto relativo aos insumos empregados na fabricação de produtos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero, nestes termos: “Art. 25. A importância a recolher será o montante do imposto relativo aos produtos saídos do estabelecimento, em cada mês, diminuído do montante do imposto relativo aos produtos nele entrados, no mesmo período, obedecidas as especificações e normas que o regulamento estabelecer. (Redação dada pelo DecretoLei nº 1.136, de 1970) § 1º O direito de dedução só é aplicável aos casos em que os produtos entrados se destinem à comercialização, industrialização ou acondicionamento e desde que os mesmos produtos ou os que resultarem do processo industrial sejam tributados na saída do estabelecimento. (Redação dada pelo DecretoLei nº 1.136,de 1970) § 2º (Revogado pelo Decreto Leinº 2.433, de 1988) § 3º. O Regulamento disporá sobre a anulação do crédito ou o restabelecimento do débito correspondente ao imposto deduzido, nos casos em que os produtos adquiridos saiam do estabelecimento com isenção do tributo ou os resultantes da industrialização estejam sujeitos à alíquota zero, não estejam tributados ou gozem de isenção, ainda que esta seja decorrente de uma operação no mercado interno equiparada a exportação, ressalvados os casos expressamente contemplados em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.798, de 1989)” Portanto, a regra era a impossibilidade de aproveitamento de créditos de IPI pela aquisição de matériaprima, material intermediário e de embalagem Fl. 1668DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 11 10 empregados na produção de mercadorias isentas, não tributadas e tributadas às alíquotas zero, lembrando que, no caso vertente, o produto final (emulsões asfálticas de petróleo, posição 2715.00.00) seria imune ao imposto, nada obstante possuir alíquota positiva na TIPI. Com o advento da Lei nº 9.779/99, através de seu art. 11, o tratamento deste tema ganhou nova roupagem, eis que mitigado o rigor da disposição adrede citada da Lei nº 4.502/64, ao se permitir a manutenção do crédito nos casos de produtos saídos com isenção e alíquota zero, nestes termos: “Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestre calendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda.” Normatizando o assunto foi editada a IN SRF 33/99, que esclarece a forma de aproveitamento do aludido direito creditório, estabelecendo, dentre outras coisas, o seguinte: “Art. 2º Os créditos do IPI relativos a matéria prima (MP), produto intermediário (PI) e material de embalagem (ME), adquiridos para emprego nos produtos industrializados, serão registrados na escrita fiscal, respeitado o prazo do art. 347 do RIPI: (...) § 3º Deverão ser estornados os créditos originários de aquisição de MP, PI e ME, quando destinados à fabricação de produtos não tributados (NT). Art. 4º O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei no 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI decorrente da aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1º de janeiro de 1999.” À primeira vista, o ato normativo parece contraditório, ao reconhecer que os produtos imunes gozam da vantagem conferida pela legislação que especifica e, ao mesmo tempo, esclarece que não estão alcançados pela hipótese de ressarcimento os produtos não tributados (NT), olvidandose que aqueles, em função da própria não incidência constitucional, estão anotados na TIPI como não tributados (NT), como, por exemplo, os livros e jornais da posição 49. Nos termos do ADI SRF 05/06, a interpretação mais consentânea com a mens legis seria aquela que afasta tal possibilidade aos produtos naturais ou em estado bruto e aqueles alcançados pela imunidade, exceção aos produtos destinados à exportação para o exterior. Fl. 1669DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 12 11 Como estampado alhures, a possibilidade de utilização do saldo credor, na forma do art. 11 da Lei nº 9.779/99, somente foi granjeada pela IN SRF 33/99, que, certo ou errado, inovou o ordenamento jurídico, porquanto o preceptivo em comento somente garantiu o direito ao saldo credor relativo às saídas de produtos isentos e/ou tributados à alíquota zero, pelo que, para os produtos não tributados, continuava em vigor as disposições do art. 25 da Lei nº 4.502/64, que determinava o estorno do crédito; entretanto, não parece fazer sentido afastar um ato administrativo que confere direito aos contribuintes, ainda que ao arrepio da lei, quando em hipóteses análogas, que albergam produtos exportados, também imunes ao imposto, a Administração Tributária reconhece sem maiores questionamento a fruição do beneplácito. A questão que se põe, em minha ótica, é estabelecer o alcance do direito à luz do confronto entre os produtos não tributados e os produtos imunes. De minha parte, tenho que a vedação a que alude a IN SRF 33/99, tocante aos produtos não tributados, se restringe àqueles que o são pela própria natureza, como os produtos em estado natural ou em bruto, isto é, aqueles que não se submetem a quaisquer das operações caracterizadoras da industrialização, cuja realização tem o condão de modificar a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoar para consumo, consistente na transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento, reacondicionamento, renovação ou recondicionamento (art. 3º do RIPI/98, aprovado pelo Decreto nº 2.637/98, então vigente). Os produtos imunes, por outro lado, geralmente se submetem a algumas destas operações, como é o caso do papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a energia elétrica, a gasolina, o óleo diesel e outros derivados de petróleo, que somente foram excluídos do campo de incidência do IPI por opção do legislador constitucional, que os recobriu com a imunidade, mas que, em sua gênese, são produtos que satisfazem àquele conceito de industrialização. A título ilustrativo, o art. 195, § 2º do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados – RIPI, aprovado pelo Decreto nº 4.544/02, prevê textualmente a manutenção do saldo credor, com base no art. 11 da Lei nº 9.779/99, inclusive nas saídas de produtos imunes, sem qualquer distinção ou ressalva quanto à aplicação exclusiva aos produtos exportados. É certo que referido diploma regulamentar não se aplica ao caso dos autos, por ser o período de apuração anterior à sua vigência, todavia, o raciocínio vetor da disposição serve ao propósito do convencimento. Notese que, no caso destes autos, o argumento para indeferir o ressarcimento se fundou apenas no fato de ser o produto imune, mas não porque não tenha sofrido alguma espécie de industrialização, mesmo porque, não me parece que emulsões asfálticas sejam produtos encontradiços na natureza em estado final, isto é, pronto para consumo sem qualquer espécie Fl. 1670DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 13 12 de tratamento para uso, tanto que as tabelas de incidência do IPI submetem o produto à tributação. Apenas para balizar, consoante disposto nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, os produtos classificados na posição 2715.00.00 da TIPI se caracterizam da seguinte forma: São também excluídos desta posição: f) As preparações lubrificantes da posição 34.03.” Tenho, então, que não cabe ao intérprete, sob o pálio de aclarar o sentido, condicionar o alcance de normas expressas em reconhecer direitos ao contribuinte, onde elas próprias não o fizeram, haja vista que se a IN SRF 33/99 e, principalmente, o art. 195 do RIPI/02, pretendessem limitar a vantagem do ressarcimento do saldo credor dos produtos imunes àqueles destinados ao exterior teriam feito expressamente e não de forma implícita, de modo que a ilação mais consentânea com o espírito da norma é que a referência genérica aos produtos imunes abarca não só os exportados, como todos os demais, a exemplo do papel, da energia elétrica (no caso de sua produção por transformação) e dos derivados de petróleo. Em razão destas colocações, inclusive, é que entendo inaplicável ao processo o teor da súmula CARF nº 20, segundo a qual não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto e reconhecer o direito ao ressarcimento previsto no art. 11 da Lei nº 9.779/99, garantido pela IN SRF 33/99". Portanto, entendo inaplicável ao presente processo o teor da Súmula CARF nº 20, do CARF, em razão dos produtos industrializados pela Contribuinte (óleos lubrificantes) serem imunes, conforme dispõe o artigo 155, parágrafo 3º da Constituição, ademais a própria Constituição Federal, dispõe no artigo 153, parágrafo, 3º, inciso II, bem como o artigo 49 do CTN e artigos 164 do RIPI/2002 e artigo 226 do RIPI/2010, o direito ao creditamento do imposto relativo á MP, PI e ME, incluindose matérias primas e produtos intermediários que sejam consumidos no processo de industrialização, não estabelecendo qualquer restrição ao princípio da não cumulatividade. Com essas considerações, dou provimento ao Recurso da Contribuinte. Como visto, no presente caso, a Contribuinte industrializa produtos alcançados pela imunidade tributária, prevista no artigo 155, parágrafo 3º da Constituição, bem como o artigo 49 do CTN e artigos 164 do RIPI/2002 e artigo 226 do RIPI/2010, os quais, permitem o creditamento do imposto, incluindose matérias primas e produtos intermediários que sejam Fl. 1671DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 14 13 consumidos no processo de industrialização, não estabelecendo qualquer restrição ao princípio da não cumulatividade. Afasto aplicação da Súmula CARF nº 20. Sem embargo, há de se considerar que a Contribuinte obteve resposta favorável da Delegacia da Receita Federal da 7º Região Fiscal Rio de Janeiro, por meio de Consulta Fiscal nº 13710.0001070/9970. Vejamos: Ementa: PRODUTO FINAL IMUME. CREDITAMENTO. POSSIBILIDADE. Segundo o entendimento administrativo dominante, o disposto no art. 11 da Lei n° 9779 defere genericamente ao industrial de produtos imunes o direito de créditos quanto aos insumos e o respectivo aproveitamento para, sucessivamente, compensar com IPI por ventura devido, compensar com outro tributo ou obter ressarcimento em espécie, obedecidas as formalidades pertinentes. Dispositivos legais: CF, art. 150, VI, "d", art. 153, § 3 0, II e III, art. 155, § 3°, Lei 9779/99, art. 11; IN 33/99; ADN COSIT 17/00." "CONCLUSÃO Isto posto, soluciono a consulta de forma favorável ao consulente para esclarecer que, segundo o entendimento administrativo dominante, o disposto no art. 11 da Lei 9.779/99 defere genericamente ao industrial de produtos imunes o direito de crédito quanto aos insumos e o respectivo aproveitamento para, sucessivamente, compensar com IPI porventura devido, compensar com outro tributo ou obter ressarcimento em espécie, obedecida as formalidades pertinentes. Em 22/02/2018 também, discutimos a matéria no acordão nº 9303006.354, de Relatoria da Ilustre Conselheira Tatiana Midori Migiyama, em que por voto de qualidade, deuse provimento ao Recurso Especial da Fazenda, em que restaram vencidos a Relatora e os conselheiros Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento: Ementa(s) Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 1672DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 15 14 Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI TIPI. Vale ressaltar a presente discussão não se restringe ao fato de os produtos da Contribuinte estarem classificados na TIPI como NT, mas sim, ao entendimento, expresso na acusação fiscal, de que os produtos da Recorrente não são derivados de petróleo (imunes) e que por isso adotase a notação NT. Desta maneira, entendo que os produtos que a Contribuinte industrializa se caracterizam como derivados do petróleo, imunes à incidência de impostos nos termos do artigo 155 da Constituição Federal. Assim, a possibilidade do acúmulo e utilização dos créditos de IPI calculados sobre os valores de entrada no estabelecimento dos insumos, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados em seus produtos restando a conclusão de que é lícito o acúmulo dos créditos ora pretendidos, não havendo, portanto, que se falar na sua glosa e tampouco em ausência de recolhimento do imposto. Por fim, em razão do exposto acima, entendo inaplicável ao processo o teor da súmula CARF n°20, segundo a qual não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso para reconhecer o direito ao crédito pleiteado pela contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Fl. 1673DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 16 15 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, mas discordo de suas conclusões, quanto ao aproveitamento de créditos básicos de IPI sobre as aquisições de insumos empregados na produção e venda de produtos classificados na TIPI como não tributados (NT). Tratase de matéria já julgada nesta instância superior, em várias oportunidades, a exemplo do acórdão nº 9303002.306 , julgado em junho de 2013, de relatoria do então eminente Conselheiro Júlio César Alves Ramos, cuja decisão unânime foi para dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional para indeferir o ressarcimento/compensação de créditos básicos de IPI apurados e aproveitados indevidamente sobre aquisições de insumos empregados na produção e venda de produtos NT, como no presente caso. Assim, levandose em conta que se trata da mesma matéria e, principalmente, que comungo do mesmo entendimento esposado naquela acórdão, tomo a liberdade de utilizar o seu voto para fundamentar o meu, reproduzindoo literalmente, a seguir: "Como indicado no Relatório a matéria não comporta maiores delongas porquanto já sumulada. Dispõe o Regimento Interno deste Conselho Administrativo: Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. § 1° Compete ao Pleno da CSRF a edição (apreciar proposta) de enunciado de súmula quando se tratar de matéria que, por sua natureza, for submetida a duas ou mais turmas da CSRF. § 2° As turmas da CSRF poderão aprovar enunciado de súmula que trate de matéria concernente à sua atribuição. § 3° As súmulas serão aprovadas por 2/3 (dois terços) da totalidade dos conselheiros do respectivo colegiado. § 4° As súmulas aprovadas pelos Primeiro, Segundo e Terceiro Conselhos de Contribuintes são de adoção obrigatória pelos membros do CARF. A Súmula nº 13 do antigo Segundo Conselho de Contribuintes, desde dezembro de 2007, dispunha: Súmula Nº 13 Fl. 1674DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 17 16 Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Em 29 de novembro de 2010, reuniuse o Pleno deste Conselho Administrativo para aprovar novas súmulas e consolidar as já existentes. Desse trabalho, foi ratificada a súmula acima do Segundo Conselho, que passou a ser a de nº 20 do CARF com o mesmo enunciado: Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Destarte, induvidoso que os produtos fabricados pela empresa postulante são classificados na TIPI como NT (assim ela mesmo o reconhece) não importa se tal circunstância decorre de imunidade: não há direito de crédito de IPI na aquisição de insumos aplicados nessa produção, consoante o teor da Súmula transcrita, que é, como já dito, de observância obrigatória pelos Conselheiros membros do CARF. Registro, por fim, que ambas as Súmulas foram aprovadas na vigência de todos os atos legais e normativos indicados no recurso voluntário da empresa e aqui repetidos em contrarrazões, em especial, o Decreto 4.544/2002, que aprovou o Regulamento do IPI vigente à época das aquisições aqui postuladas (primeiro trimestre de 2003). Com essas considerações, voto por dar integral provimento ao recurso da Fazenda Nacional a fim de negar o direito postulado e reconhecido na decisão objeto do presente recurso." Há de se esclarecer ainda que para fazer jus a créditos de IPI o interessado deve ser estabelecimento industrial para fins da legislação do referido imposto. Veja como o Regulamento do IPI (RIPI/2002) determina a condição de contribuinte do imposto: Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º). O contribuinte em questão não executa industrialização de produtos tributados pelo IPI e, nessa condição, não faz jus a apurar créditos do referido tributo. Esclareçase por oportuno que o voto da Conselheira Tatiana, proferido no Acórdão nº 9303006.354, citado no voto da relatora não comporta a mesma matéria do presente processo. Naquele a discussão era quanto à possibilidade de apuraçao de crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, sendo que no presente processo a discussão, como visto, referese ao aproveitamento de crédito básico de IPI decorrente da legislação do IPI. Fl. 1675DF CARF MF Processo nº 16682.721220/201221 Acórdão n.º 9303007.368 CSRFT3 Fl. 18 17 Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 1676DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10932.720105/2015-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010, 2011, 2012
FRAUDE. CONJUNTO FÁTICO PROBATÓRIO SUFICIENTE
Em se tratando de fraude, todo o conjunto fático probatório acostado aos autos é suficiente para o livre convencimento do julgador. Não demonstrado pela contribuinte qualquer prova em contrário, deve ser mantida a autuação.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DA FRAUDE. SÓCIOS DE FATO.
Devidamente caracterizada a fraude, cumpre a quem as praticou a responsabilidade pela infração, nos exatos termo do art. 135 do CTN. Possibilidade de responsabilização de sócios de fato.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DA HIPÓTESE DO ART. 12, I, DO CTN. POSSIBILIDADE.
Restando caracterizado o interesse comum dos apontados responsáveis solidários quanto aos efeitos das infrações sujeitas ao lançamentos, há de se manter a sua responsabilização também pela hipótese do art, 124, I, do CTN.
MULTA AGRAVADA. COMPROVAÇÃO DE FRAUDE. ALEGAÇÃO DE CONFISCO. INCOMPETÊNCIA DO CARF.
Tendo restado demonstrada a fraude praticada pelo contribuinte, correta a aplicação da multa agravada. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2).
Numero da decisão: 1401-002.882
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as arguições de nulidade e de decadência para, no mérito, negar provimento aos recursos voluntários interpostos pelos apontados como responsáveis solidários, os Srs. Paulo Cesar Verly da Cruz, João André Escobar Cerqueira, Rafael Escobar Cerqueira e Paulo Henrique Escobar Cerqueira. O Conselheiro Daniel Ribeiro Silva votou pelas conclusões. Por maioria de votos, dar provimento ao recurso de ofício para restabelecer a imputação da responsabilidade solidária com fundamento também no art. 124 do CTN. Vencidas as Conselheiras Letícia Domingues Costa Braga e Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Letícia Domingues Costa Braga- Relator.
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto- Redator desigando
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Abel de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Lívia De Carli Germano, Cláudio de Andrade Camerano e Ângelo Abrantes Nunes (suplente convocado).
Nome do relator: LETICIA DOMINGUES COSTA BRAGA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010, 2011, 2012 FRAUDE. CONJUNTO FÁTICO PROBATÓRIO SUFICIENTE Em se tratando de fraude, todo o conjunto fático probatório acostado aos autos é suficiente para o livre convencimento do julgador. Não demonstrado pela contribuinte qualquer prova em contrário, deve ser mantida a autuação. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DA FRAUDE. SÓCIOS DE FATO. Devidamente caracterizada a fraude, cumpre a quem as praticou a responsabilidade pela infração, nos exatos termo do art. 135 do CTN. Possibilidade de responsabilização de sócios de fato. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DA HIPÓTESE DO ART. 12, I, DO CTN. POSSIBILIDADE. Restando caracterizado o interesse comum dos apontados responsáveis solidários quanto aos efeitos das infrações sujeitas ao lançamentos, há de se manter a sua responsabilização também pela hipótese do art, 124, I, do CTN. MULTA AGRAVADA. COMPROVAÇÃO DE FRAUDE. ALEGAÇÃO DE CONFISCO. INCOMPETÊNCIA DO CARF. Tendo restado demonstrada a fraude praticada pelo contribuinte, correta a aplicação da multa agravada. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2).
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010, 2011, 2012 FRAUDE. CONJUNTO FÁTICO PROBATÓRIO SUFICIENTE Em se tratando de fraude, todo o conjunto fático probatório acostado aos autos é suficiente para o livre convencimento do julgador. Não demonstrado pela contribuinte qualquer prova em contrário, deve ser mantida a autuação. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DA FRAUDE. SÓCIOS DE FATO. Devidamente caracterizada a fraude, cumpre a quem as praticou a responsabilidade pela infração, nos exatos termo do art. 135 do CTN. Possibilidade de responsabilização de sócios de fato. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DA HIPÓTESE DO ART. 12, I, DO CTN. POSSIBILIDADE. Restando caracterizado o interesse comum dos apontados responsáveis solidários quanto aos efeitos das infrações sujeitas ao lançamentos, há de se manter a sua responsabilização também pela hipótese do art, 124, I, do CTN. MULTA AGRAVADA. COMPROVAÇÃO DE FRAUDE. ALEGAÇÃO DE CONFISCO. INCOMPETÊNCIA DO CARF. Tendo restado demonstrada a fraude praticada pelo contribuinte, correta a aplicação da multa agravada. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as arguições de nulidade e de decadência para, no mérito, negar provimento aos recursos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 2. 72 01 05 /2 01 5- 14 Fl. 9066DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.066 2 voluntários interpostos pelos apontados como responsáveis solidários, os Srs. Paulo Cesar Verly da Cruz, João André Escobar Cerqueira, Rafael Escobar Cerqueira e Paulo Henrique Escobar Cerqueira. O Conselheiro Daniel Ribeiro Silva votou pelas conclusões. Por maioria de votos, dar provimento ao recurso de ofício para restabelecer a imputação da responsabilidade solidária com fundamento também no art. 124 do CTN. Vencidas as Conselheiras Letícia Domingues Costa Braga e Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Letícia Domingues Costa Braga Relator. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Redator desigando Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Abel de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Lívia De Carli Germano, Cláudio de Andrade Camerano e Ângelo Abrantes Nunes (suplente convocado). Relatório Iniciemos com a transcrição do relatório da decisão da Delegacia: RELATÓRIO DO LANÇAMENTO EFETUADO. 1. Tratase de lançamento tributário relativo a fatos geradores referentes aos anoscalendários 2010 a 2012, efetuado sob a circunscrição da DRF/SÃO BERNARDO DO CAMPOSP, pelo qual constituíramse créditos tributários, acrescidos de multa proporcional qualificada, e juros de mora calculados até 11/2015, com ciência via postal, por parte do contribuinte e dos responsáveis solidários: Fl. 9067DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.067 3 RELATÓRIO GERAL DE AUDITORIAS – OPERAÇÃO CORROSÃO (fls. 08/122 ) 2. O procedimento fiscal em face da PERFIBRÁS decorreu de ações fiscais realizadas sobre diversas empresas, dentre elas, a “Transforme Indústria e Comércio de Metais Ltda”“Transforme” CNPJ 08.904.157/000153, nos quais se constatou esquema delituoso no qual empresas faziamse passar por fornecedoras da Transforme, transmitindo milhares de Nfe inidôneas, simulando transações comerciais inexistentes para acobertar saída de recursos com finalidade diversa. Uma dessas empresas era a PERFIBRÁS, conforme demonstrativo abaixo: 2.1 O grupo de empresas movimentou recursos, principalmente no Bradesco S/A, que ultrapassaram o montante de R$ 3,6 bilhões, conforme quadro demonstrativo abaixo, extraído da fl. 10 dos autos: Fl. 9068DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.068 4 2.2 Grande parte da movimentação era realizada numa só agência do Bradesco, em São Paulo, evidenciando indícios de facilitação por parte de funcionários da instituição, pois diversas numerações de contas correntes eram seqüenciais. 2.3 A empresa Transforme contabilizava as falsas compras das “fornecedoras”, emitindo cheques para simular pagamento de títulos falsos títulos, quando os cheques, na verdade, serviam a liquidar operações com terceiros, à margem de sua contabilidade, visando a que os beneficiários adquirissem bens de raiz, como imóveis, veículos, investimentos em novos negócios, de forma dissimulada e ao arrepio da contabilidade e das respectivas declarações do IRPJ e IRPF das reais beneficiárias – fl. 21. 2.4 Tais operações inseremse no conceito das chamadas empresas “noteiras”, algumas inexistentes de fato, as quais produziam notas fiscais e documentos falsos visando suprimir impostos e contribuições das empresas “produtoras de crédito”. 2.5 As empresas de fachada, nas quais se inclui a PERFIBRÁS, possuíam contabilidade e, dentro do grupo, tinham a função de gerar crédito, tendo sob sua titularidade interpostas pessoas, a fim de encobrir os reais detentores das riquezas. 2.6 Parte dos valores dos cheques retornava à conta corrente da Transforme, revelando obrigações inexistentes para com falsos fornecedores e gerando créditos de ICMS e IPI, com repercussão nos demais tributos (já que tal prática ocasiona também a supressão de IRPJ), além de ocultar a compra de ativos pelos beneficiários. 2.7 Esse retorno era efetuado através de operações comerciais simuladas (ou através das empresas inexistentes ou, pela criação de quitação de títulos falsos); operações criadas para acobertar o retorno dos recursos, que eram direcionados, principalmente, para a PERFIBRÁS (inexistente de fato) e, depois, redirecionados para a KOPRUM (empresa que Fl. 9069DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.069 5 servia como uma espécie de “caixa”, em Minas Gerais, juntamente com as sócias TELLUS e XPTO) – fl. 112. 2.8 A PERFIBRÁS (juntamente com a Alumibrás) emitiu diversos cheques simulando transações comerciais para viabilizar o retorno dos valores ao controle da organização, no montante de quase 27 milhões de reais (tabela de fls. 113/114). Além de cheques emitidos para a empresa CIMEELI, de propriedade dos Srs. JOÃO NATAL CERQUEIRA e Paulo César Verly da Cruz, no valor de 140 mil reais. 2.9 Também foram identificadas diversas outras transferências destinadas à empresa EMPÓRIO DE METAIS (a qual tinha os srs. JOÃO NATAL CERQUEIRA e Paulo César Verly da Cruz como sócios), e diretamente às pessoas físicas do sr. JOÃO NATAL CERQUEIRA, Paulo César Verly da Cruz, e os srs. Rafael Escobar Cerqueira e PAULO HENRIQUE ESCOBAR CERQUEIRA, através de contas mantidas na agência 1056 SP/Belo Horizonte – MG do Bradesco S.A. Os depósitos totalizaram cerca de 9 milhões de reais, mostrando que, após o abastecimento das empresas inidôneas com os respectivos créditos os valores retornavam às contas correntes dos reais beneficiários. 2.10 Os dados sobre esses retornos foram identificados na planilha de fl. 115/119 (totalizando R$ 9.031.750,58). 2.11 O ciclo de abastecimento financeiro das empresas era o seguinte: 2.12 O Sr. Paulo César Verly, juntamente com Joaquim Dias Fernandes, já haviam sido acusados de integrar a máfia da nota fria no negócio de alumínio, sendo acusados de planejar o assassinato de dois fiscais fazendários de MG – fl. 22/23. E a base de operações do grupo vinha sendo alvo de repercussão na mídia desde 2004, tendo como protagonistas os srs. JOÃO NATAL CERQUEIRA e PAULO CESAR VERLY DA CRUZ, que eram sócios em conjunto em diversas empresas e investimentos, através das quais abasteciam as contas correntes Fl. 9070DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.070 6 mantidas em nome das empresas inidôneas e “noteiras”, principalmente as contas da Agência 0559 do Bradesco. 2.13 Em razão do elevado número de transações que produziam créditos podres de ICMS e IPI, com reflexo nas demais exações, o grupo era assessorado por escritórios de contabilidade com a função de abrir e controlar empresas inidôneas e empresas de processamento de dados, com a função, também, de controle. 2.14 Diversos advogados atuavam, com a função de acompanhar eventuais fiscalizações dos fiscos nessas empresas; atuavam, também, interpostas pessoas (laranjas), a maioria aliciada e partícipe dos embustes, simulando serem empresários, sendo que alguns já tinham condenações penais em crimes contra a ordem tributária (Lei n. 8137/90), por movimentar empresas em nome de laranjas. 2.15 Dados e fatos atinentes às empresas integrantes do grupo encontramse nas folhas 25/108, sendo a PERFIBRÁS mencionada às fls. 44, sendo constituída em 16/09/2008, no Rio de Janeiro, pelo Sr. Cláudio Luiz Teodoro (DIPJfl.2945) e Marisa Paranhos Leite Teodoro. 2.16 A PERFIBRÁS, um dos elos do esquema fraudulento, movimentou ativos financeiros através da Ag. 0559SP Radial Leste – Bradesco, recebendo notas fiscais geradoras de créditos fiscais (ICMS, IPI, PIS e COFINS) e transferindo recursos financeiros à diversas empresas do fluxogramas de fls. 7826/7828, seja por transferências bancárias a outras PF e PJ cujos sócios são os reais beneficiários seja mediante aquisição de bens móveis e imóveis em nome dos reais beneficiários, de forma que as empresas citadas são partícipes do esquema delituoso (destaquemse na tabela abaixo as empresas Transforme, Ingaí, Alumibrás, Star Metal e Koproum, que direcionavam parte desses recursos aos reais beneficiários): 2.17 O Sr. Cláudio Luiz Teodoro (que na DIRPF 2009/2010 informou ter participação no capital social da Transforme – fl. 3213), era vinculado ao escritório de contabilidade, tendo se retirado da sociedade em 28/11/2011, cedendo sua participação ao sr. Nilton de Sousa Santos – fl. 8954 (vide tabela): Fl. 9071DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.071 7 2.18 As pessoas do quadro social da PERFIBRÁS, no entanto, não possuíam patrimônio representativo5, conforme consta de suas próprias DIRPFs (quadro de fl. 7854): 2.19 Os rendimentos declarados pelos sócios da PERFIBRÁS são claramente incompatíveis com as aquisições de mercadorias/bens/insumos declarados pela empresa, em sua DIPJ, do mesmo período, a saber: 2.21 Através de diligência no domicílio tributário da PERFIBRÁS, constatouse que o local se restringia a um barracão com pequenas salas, mas sem funcionários, maquinário industrial ou equipamentos necessários à execução da atividade econômica declarada, a saber: serviços de metalurgia – fl. 7853. 2.22 Em vista desses fatos, a fiscalizada foi considerada inexistente de fato, com base no art. 27, II da IN RFB 1.470/14, ante a ausência de patrimônio e capacidade operacional necessários à realização de seu objeto. 2.23 Após análise dos extratos bancários, obtidos via RMF6, constatouse que o livro razão analítico apresentado não possuía termos de abertura ou encerramento, e não reproduzia os lançamentos bancários das contas do banco ITAU (mas apenas do BRADESCO – fl. 7856); sobre tais lançamentos bancários, a fiscalização intimou e reintimou o contribuinte, ao longo do prazo de 130 (cento e trinta) dias, para comprovar a ORIGEM, sem ter havido o envio da documentação probatória. 2.24 Dessa forma, a fiscalização lavrou auto de infração relativamente à infração Depósito bancário de origem não comprovada, nos termos do art. 42 da Lei n. 9.430/96, e infrações reflexas atinentes à CSLL, PIS e COFINS, sendo que o demonstrativo de valores mensais encontrase à fl. 7857/7858, englobando o período de jan10 à dez12 2.25 Salientou a fiscalização que o instituto da decadência não abrangeria o ano de 2010 em razão do art. 150, §4º, c/c art. 73, I , todos do CTN – fl. 7859. DA MULTA QUALIFICADA 2.26 A multa proporcional de ofício foi duplicada, nos termos do art. 44, I, §1º, da Lei n. 9.430/96, em razão de simulação de operações comerciais pela emissão de cheques fazendo seus registros contábeis como se estivesse liquidando operações com fornecedores, quando os cheques, na verdade, eram emitidos sempre nominais à própria PERFIBRÁS, os quais eram sacados no Caixa (como dinheiro) e transferidos a contas correntes de terceiros e/ou retirados em espécie, nada se assemelhando aos registros contábeis apurados através do confronto entre os livros diário e razão analítico e as cópias dos cheques e as “fitas de caixa” do banco Bradesco que identificam as contas correntes destinatárias beneficiárias dos recursos sacados. Fl. 9072DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.072 8 2.27 A escrituração contábil que acobertou a fraude foi executada pelo escritório Contábil Alfa Ltda – CNPJ 66.846.908/000129, cujo sócio e responsável legal é o Sr. Antonio Claret Pudo – fl. 7860, incluído na representação fiscal para fins penais. 2.28 Foram registradas, às fls 7860/7862, cinco amostras das operações referentes ao período fiscalizado, em razão do considerável volume das situações detectadas, das quais destaco a primeira e a quinta, nesse relatório: 2.29 Para além da fraude descrita, houve a emissão de notas fiscais para/de pessoas jurídicas inexistentes de fato, visando transferir recursos e atribuir eventuais responsabilidades às interpostas pessoas, agindo, desta forma com evidente intuito de fraude, conforme previsão do art. 71 e 72 da Lei n. 4.502/64 e art. 1º da Lei n. 8.137/90 – fl. 7863. DO ARBITRAMENTO DO LUCRO 2.30 Pela não apresentação dos livros Razão, Registro de Saídas e os extratos bancários, e a apresentação, sem ser solicitado, do livro diário, a fiscalização concluiu que a escrituração acobertou fraude contábil, pois os registros contábeis não correspondiam aos fatos Fl. 9073DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.073 9 econômicos, tornando imprestável para os fins de apurar o lucro real, na forma da lei. Pelo quê, o lucro foi arbitrado na forma do art. 47 da Lei n. 8.981/95, art. 1º da Lei n. 9.430/96, e arts. 529 e 530 do RIR/99 – fl. 7864. DA REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS 2.31 Foi elaborada RFFP, através do processo administrativo 10932.000003/201490, em face das seguintes pessoas: DOS REAIS BENEFICIÁRIOS DO ESQUEMA E DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA 2.32 Conforme apurado, os Srs. JOÃO NATAL CERQUEIRA e Paulo César Verly atuavam em 2004 de forma semelhante e atual, constituindo empresas inidôneas sob responsabilidade de interpostas pessoas, gerando elevados créditos tributários de IPI e ICMS, através da simulação de vendas/compras de produtos entre diversas empresas inidôneas, favorecendo a movimentação, transferência e ocultação dos recursos financeiros e dos reais beneficiários. 2.33 Os srs. JOÃO NATAL CERQUEIRA e Paulo César beneficiaramse, em conjunto e indiretamente, pelos recursos recebidos da empresa ALUMIBRAS por meio da conta mantida no Bradesco (n. 137600302503), em nome da empresa “Empório de Metais”, na qual ambos eram sócios, porém, tal empresa, hoje, mantém em seu quadro social interposta pessoal. 2.34 Abaixo, foram selecionadas as transações nas quais as citadas pessoas foram beneficiárias: Fl. 9074DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.074 10 * o valor do cheque nem sempre coincidirá com o valor recebido pelo favorecido. O valor recebido será menor quando o valor do cheque for fracionado para mais de um destinatário/finalidade, ou , será maior quando o valor ao favorecido decorrer de outras origens adicionais (outros cheques, doc. Ted.). 2.35 O Sr. JOÃO NATAL CERQUEIRA beneficiouse isolada e diretamente pelos recursos recebidos da Alumibrás por meio da conta mantida no Bradesco, n. 1056 00000833, em seu nome, conforme o seguinte quadro: 2.36 O sr. PAULO HENRIQUE ESCOBAR CERQUEIRA beneficiouse indiretamente, pelos recursos recebidos da Alumibras, por meio das contas mantidas no Bradesco das empresas Lemnos Ind. De Metais – Ltda e Helur Indústria e Comércio Ltda (C/C 2887 00085588), em que figurou como sócio. Tais empresas, hoje, porém, mantêm em seus quadros sociais interpostas pessoas. E beneficiouse diretamente mediante depósitos efetuados em sua c/c de pessoa física (105600112542), conforme quadro contendo os dados dos depósitos efetuados, à fl. 7870/7871: Fl. 9075DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.075 11 2.37 A Empório de Metais Ltda, e seus sócios srs. JOÃO NATAL CERQUEIRA e Paulo César Verly, além das pessoas físicas srs RAFAEL ESCOBAR CERQUEIRA e Paulo HENRIQUE, como já mencionado no item 2.11, também foram beneficiados em suas contascorrentes7. Os depósitos rastreados totalizaram R$ 9.031.750,58, demonstrando o retorno dos valores que abasteciam as empresas inidôneas. Quadro demonstrativo dos depósitos encontrase às fls. 7871/7876 do relatório fiscal. 2.38 O sr JOÃO ANDRÉ ESCOBAR CERQUEIRA também se beneficiou de recursos enviados por empresas do esquema delituoso, sendo sócio ou exsócio das empresas ELECTRA, PRJ, SPTO, ALCICLA e KOPRUM – fl. 7876. 2.39 Em suma, as pessoas arroladas como responsáveis solidárias, nos termos do art. 124, c/c 135, III, e 137 do CTN, c/c art. 210, VI, e §§, do RIR/99, foram as seguintes: DAS IMPUGNAÇÕES 3. O Contribuinte PERFIBRÁS, apresentou em 29/01/2016 a Impugnação de fls. 8784/8918 e anexos de fls. 8920/8962 após ter tomado ciência do Auto de Infração em 01/12/2015, pela via postal. 3.1 As razões apresentadas na Impugnação da PERFIBRÁS não serão objeto de análise consoante o exposto no voto (em razão da intempestividade constatada). Das Preliminares – fls. 8022 e ss. Decadência 3.2 Alegou que, tratandose de tributos lançados por homologação, o prazo para constituir o crédito extinguese em cinco anos da ocorrência do fato gerador“FG” (art. 150, § 4º do CTN), e que foi notificado do lançamento apenas em dezembro/2015. Fl. 9076DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.076 12 3.3 A regra do art. 150, §4º, por referirse somente a tributos lançados por homologação, é especial, preferindo à regra geral do art. 173, I do CTN (apresenta julgado do STJ sobre o tema). Lançamentos baseados em prova ilícita, ilegal. Quebra do sigilo bancário sem autorização judicial. Afronta aos princípios da intimidade e privacidade. 3.4 A autoridade fiscal procedeu por conta própria, e sem autorização judicial, através de Requisição de Movimentação FinanceiraRMF, a quebra do sigilo bancário da PERFIBRÁS, afrontando o direito à intimidade, à privacidade e ao sigilo de dados do contribuinte, resguardados pelo art. 5º, X e XII, da CRFB/88; sendo o STF categórico ao se posicionar no sentido de que conflita com a Constituição Federal a norma legal que atribui à RFB o direito ao afastamento do sigilo de dados do contribuinte (menciona o RE 389.808/PR, de 10/05/2011) –, e julgado do STJ (RESP 1361174, quinta Turma, de 10/06/2014) – fls. 8025/8026. Apresenta também, julgado do TRF5 – APF:200483000140599, de 06/02/2014) – fl. 8027. 3.5 Requer a nulidade do auto de infração. Nulidade dos Lançamentos por ausência de intimação do Impugnante para comprovar a origem dos depósitos. Aplicação da súmula 29 do CARF. 3.6 Havendo pluralidade de responsáveis solidários incluídos no pólo passivo das autuações fiscais, dentre os quais figura o Impugnante, este não foi intimado para participar da fase não contenciosa da fiscalização, tendolhe sido negada a oportunidade de justificar os recursos que o fisco federal reputou omitidos, contrariando entendimento pacificado do CARF, através do verbete sumular n. 29, a saber: Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. 3.7 Assim, nos termos do art. 59, II do Decreto nº 70.235/72, os atos serão nulos, por terem sido praticados com cerceamento do direito de defesa. 3.8 Se as contas bancárias da autuada eram utilizadas como mecanismo para que terceiros movimentassem recursos à margem da contabilidade e escrituração fiscal, a fiscalização teria que ter se dirigido aos mencionados terceiros, para que estes prestassem esclarecimentos quanto à origem dos valores. 3.9 Requer a nulidade dos lançamentos por omissão de receita pela falta de intimação do Impugnante – fl. 8028. Necessidade de Individualização e delimitação da Base Tributável Imputada a cada sujeito passivo solidário Nulidade 3.10 Alega que, via regra, os casos de omissão caracterizada por presunção legal (depósitos bancários) a presunção é de que os valores pertencem ao titular da conta. Fl. 9077DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.077 13 3.11 Ad argumentandum, ainda que estivesse certa a fiscalização, em sua presunção de que os valores creditados nas contas bancárias da pessoa jurídica pertenceriam, na verdade, a terceiros, a imputação dos referidos valores ao terceiro deveria obedecer ao disposto no art. 42, §5º, da Lei n. 9.430/96, que determina ser imputado àquele terceiro exclusivamente os créditos que lhe pertencem, comprovadamente. 3.12 Como determinado pelo § 6º do art. 42, da Lei n. 9.430/96, no caso de interposição de pessoas, havendo mais de um terceiro, e não sendo possível segregar os valores de cada um, a tributação deve darse mediante a divisão da soma dos recursos pelo número de titulares. 3.13 Apresenta julgado do CARF sobre o tema (fl. 8030). 3.14 Alega que o rastreamento realizado pelo fisco possibilitaria identificar os recursos destinados a cada sujeito passivo solidário, o que não foi efetuado, mas sim, a cobrança do somatório dos valores dos créditos, indistintamente, a todos os sujeitos passivos solidários. 3.15 Requer o acatamento da preliminar de nulidade por erro procedimental, o que se admite por hipótese. Da Ilegitimidade Passiva do Impugnante Inaplicabilidade da responsabilidade prevista no art. 124, I do CTN – inexistência de interesse jurídico no fato gerador – fl. 8031 e ss. 3.16 Alega que o arrolamento como responsável solidário, com base no art. 124, I do CTN, pressupõe haver interesse comum na situação que constitui o FG, o que se caracteriza apenas quando, pessoalmente e em conjunto com os outros devedores, no mesmo pólo da relação obrigacional, participase conjuntamente da materialidade do FG. 3.17 A fiscalização, no entanto, entendeu que o Impugnante é responsável pelos débitos da PERFIBRÁS sem demonstrar de sua participação nos fatos geradores que ensejaram o lançamento. 3.18 Para a configuração da solidariedade prevista no art. 124, I do CTN é preciso um interesse focado na situação que constitua o FG da obrigação tributária e que o objeto desse interesse recaia sobre a realização do fato que tem a capacidade de gerar a tributação, ou seja, que o devedor solidário seja contribuinte na mesma relação tributária. Nessa hipótese, o sujeito passivo será contribuinte em relação ao seu quinhão na participação do FG e, ao mesmo tempo, responsável solidário pelo quinhão dos demais correalizadores do FG. 3.19 Exige a hipótese a prática conjunta do FG por duas ou mais pessoas que são contribuintes, sem qual característica, afasta qualquer possibilidade de imputação da referida responsabilidade. 3.20 Quando a empresa autuada adquiriu e fez circular, mesmo que ficticiamente, a mercadoria, ou quando auferiu renda, não se pode considerar que o Impugnante teria também, pessoalmente, realizado a materialidade tributária. Quem praticou os atos foi somente a pessoa jurídica e, ainda, que terceiros possam ter recebido benefícios econômicos advindos da realização daquele fato gerador, não o praticaram. Fl. 9078DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.078 14 3.21 Apresenta julgados administrativos e judiciais relativos à matéria – fl. 8032/8035. Ilegitimidade Passiva Inconsistência dos fatos indicados no Termo de verificação para fundamentar a sujeitação (sic) passiva solidária – arbitrariedade fiscal – fl. 8035 e ss 3.22 Alegou que a autoridade fiscal teria trazido aos autos de forma irresponsável notícia midiática mentirosa de que o Impugnante, juntamente com Paulo César Verly da Cruz, atuaram, em 2004, de forma semelhante a atual, constituindo empresas inidôneas sob responsabilidade de interpostas pessoas para gerar elevados créditos tributários pela simulação de vendas/compras, uma vez que nada de concreto foi apurado em desfavor do Impugnante relacionado à referida notícia, bem como que a responsabilidade tributária é objetiva, não comportando presunções. 3.23 Alegou também que o fisco não poderia sustentar que o Impugnante teria se beneficiado direta ou indiretamente (e economicamente) pela remessa de valores realizada pela Alumibrás, por ser empresa diversa da autuada (Perfibrás), de modo que se as remessas não foram originadas da empresa autuada, não poderiam ser utilizadas para indicar “proveito econômico” obtido pelo Impugnante decorrente das infrações supostamente praticadas pela autuada, pois as exigências tributárias têm como pressuposto objetivo a ocorrência dos fatos geradores, exigindo a participação da empresa autuada na operação que os originou. 3.24 Na imputação da sujeição passiva solidária o raciocínio é o mesmo, pois não há como ser coobrigado por fato gerador relacionado a outra e diversa empresa, que não a autuada. 3.25 Alega também o Impugnante não ter pertencido aos quadros societários da EMPÓRIO no período de 2009 a 2012, não possuindo vínculos com a referida empresa, tendo alegado o fisco, levianamente, que a referida empresa teria seu quadro social composto de interpostas pessoas, justificando a coobrigação do Impugnante, uma vez que a pessoa jurídica é ente autônomo e independente da pessoa e de seus membros. 3.26 Argumentou, também – fls. 8042 e ss , que os recursos supostamente recebidos pela devedora principal são valores proporcionalmente insignificantes que afastam a sua imaginária condição de real beneficiário do suposto esquema delituoso, e que no “quadro 4” identificarseiam apenas algumas remessas de valores da empresa autuada (Perfibrás), no montante de R$ 494.628,18, em todo o período fiscalizado (2009 – 2012), ou seja, proporcionalmente ínfimo em face ao montante do crédito tributário apurado e ao volume de operações da devedora principal, sendo imperiosa a aplicação do Princípio da Insignificância. 3.27 Aduziu, também, terem sido trazidas ao relatório geral de auditorias alegações frágeis e equívocos para fundamentar a sujeição passiva solidária do Impugnante, que são as seguintes: 1) seria sócio controlador da NATURE EMPREENDIMENTOS com 99,99% das quotas sociais, juntamente com PAULO CESAR VERLY DA CRUZ, com 0,01%. Alega que a fiscalização não comprovou o envolvimento da Nature com o suposto esquema delitivo Fl. 9079DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.079 15 2) que a NATURE EMPREENDIMENTOS seria sócia da CIMEELI COMÉRCIO; 3) que a CIMEELI COMÉRCIO seria “controlada” pelo Impugnante, juntamente com Paulo César Verly, e que teria recebido recursos financeiros de algumas das empresas investigadas na “Operação Corrosão”; alega que a CIMEELI era S.A., até 10/08/2010, e que a partir daí passou a ser uma LTDA; assim, o Impugnante não era sócio, mas acionista, e em tal condição, mais poderia ser responsabilizado com base no art. 124, I do CTN, já que não pertencia a diretoria da empresa; 4) que uma das “principais empresas da organização” (atuando como um “caixa”) seria a KOPRUM, que estaria sob o controle da família CERQUEIRA, cujo Impugnante seria o protagonista; Alega não ter tido participação societária na KOPRUM no período fiscalizado, nem ter sido seu administrador; 3.28 Os argumentos são equivocados e imprestáveis, demonstrando excesso fiscal na inclusão do Impugnante no rol dos coobrigados. 3.29 Alude também o Impugnante sobre a necessidade de aplicação do princípio in dubio pro contribuinte, previsto no art. 112 do CTN, fl. 8049 , pois a responsabilidade tributária não se presume, devendo ser provada (apresenta julgado administrativo sobre o tema – fls. 8049 . 3.30 A prova por indícios demanda cautela, por não ser direta, pois envolve uma maior possibilidade de erro. 3.31 Para que um indício seja passível de consideração, deve ter as seguintes características: a) propiciar um convencimento seguro, isto é, que não comporte dúvida razoável; b) não permitir que se extraia mais de uma conseqüência possível, isto é, impossibilidade de existir alternativa; e c) apontar diretamente para o fato conhecido de forma a não ser possível alcançar qualquer outro fato. 3.32 Quanto não há certeza e segurança da autoria e/ou materialidade do ilícito tributário não se pode aplicar a penalidade. (apresenta julgado administrativo ilustrativo sobre o tema – fl. 8051). Desconstituição do Lançamento – Inobservância dos critérios legais na determinação da Base de Cálculo do PIS e COFINS. Aplicação do Princípio da Verdade Material 3.33 O fisco ao adotar como base tributável, para apuração da COFINS e do PIS, todos os valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas pela autuada junto às instituições financeiras, agiu em desconformidade com os artigos 2º e 3º da Lei nº 9.718/98, que estabelecem como BC do PIS e COFINS o faturamento. 3.34 A existência de créditos em extratos bancários não se enquadram no conceito de receita bruta tributável, como, por exemplo, aqueles com origem em empréstimos, financiamentos, mútuos, dentre outros. Noutras palavras, eram contas transitórias de dinheiro – o que, todavia, não foi levado em consideração pela autoridade. Fl. 9080DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.080 16 3.35 Alega que o fisco transmutou a natureza dos valores para ampliar a sua competência arrecadatória, afrontando o art. 110 do CTN, em vista de ter havido ingresso de valores que não representou faturamento da empresa. 3.36 Apresenta julgado do TRF sobre o tema – fl. 8054. Do Erro Procedimental – Movimento Circular do Dinheiro – Depósitos e transferências entre contas de mesma titularidade não configuram receitas omitidas 3.37 Aduz, ainda, que o fisco afirmou o tempo todo que as empresas investigadas transacionavam entre si sem que estas movimentações financeiras estivessem lastreadas por efetivas operações mercantis de compra e venda de mercadorias ou insumos. 3.38 A fiscalização, então, reconhece ter havido apenas transferências monetárias de uma conta para outra, sem ingresso de nova receita. 3.39 Considerando, por hipótese, correta a tese do fisco, as operações realizadas por tais empresas não foram respaldadas pela compra/venda de mercadorias, ficando caracterizado o movimento circular do dinheiro, e mesmo assim o fisco considerou como BC a somatória de todos os depósitos e transferências mensais, indevidamente, pois não expurgou dos recursos que, sabidamente, foram movimentados em duplicidade, triplicidade [...], 3.40 Afirma que o legislador ordinário, inclusive, manda excluir da receita omitida os valores movimentados em decorrência de transferência entre contas de mesma titularidade e que o relatório do fisco reconhece essa mesma titularidade quando reconhece o retorno do recurso a mesma empresa. 3.41 No tocante ao Arbitramento, alegou o Impugnante que, mesmo havendo a possibilidade de a Administração arbitrar o valor do tributo a ser cobrado, baseandose em elementos idôneos de que dispuser, deve fazêlo de forma razoável. Não se pode confundir arbitramento com arbitrariedade. 3.42 A base tributável deve ser apurada de forma compatível com a realidade do contribuinte. Da Ausência de Individualização e qualificação do crédito tributário sob a suposta corresponsabilidade do Impugnante 3.43 O elenco das empresas inexistentes de fato que atuariam como fornecedoras da TRANSFORME giraram recursos no montante de R$ 3,6 bilhões, em valores nominais, conforme DIMOF. A autoridade fiscal, por sua vez, sustenta que foi realizado o rastreamento dos recursos supostamente envolvidos no esquema delituoso, rastreando depósitos e transferências bancárias (do quadro 4) e identificando os reais beneficiários da riqueza auferida. 3.44 Compulsando o referido “quadro 4”, verificase que o fisco apontou um valor proporcionalmente ínfimo que teria sido direcionado pela autuada diretamente ao Impugnante, indicando de possibilidade de imputação de responsabilidade tributária, pela desproporção entre o montante supostamente envolvido no suposto “esquema delituoso” e os valores depositados pela empresa na conta do Impugnante, indicando a inexpressividade da lesão Fl. 9081DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.081 17 3.45 Apresenta julgados às fls. 8061/8062. 3.46 Caberia ao fisco provar a evolução patrimonial dos titulares das riquezas 3.47 Prega que o fisco deveria comprovar a evolução patrimonial dos verdadeiros titulares das riquezas e que as alterações patrimoniais do Impugnante são plenamente compatíveis com a renda declarada e justificada, afirmando também que os autos de infração deveriam quantificar a parcela de cada coobrigado. Da Ilegitimidade da Multa Qualificada – Agravante Praticada pela Pessoa Jurídica que não se comunica com os responsáveis solidários – princípio da personalização da pena – inconstitucionalidade da multa em valor superior ao tributo exigido – Confisco. Efeito Vinculante das decisões do STF 3.48 Expõe, ainda, o Impugnante (fl. 8063), que nunca participou do quadro societário e da administração da PERFIBRÁS, não tendo qualquer comando no cumprimento das suas obrigações tributárias principais e acessórias, não podendo ser, jamais, responsabilizado pelo pagamento da multa qualificada. 3.49 Apresenta julgados administrativos – fl. 8063/8064. 3.50 O fato que ensejou a qualificação da multa foi uma situação personalíssima que não se comunica com os responsáveis solidários, que não devem ser responsabilizados pelo princípio da personalização da pena. 3.51 Apresentou julgados (fls. 8064/8065). 3.52 Alegou também que a multa de 150% padece de inconstitucionalidade, ao se apresentar superior ao próprio tributo exigido, ferindo a razoabilidade. DA PROVA PERICIAL 3.53 Alega que o pleno conhecimento da matéria ora tratada depende de realização de uma perícia técnica, cujos quesitos seguem em apartado (indica assistente técnico – fl. 8068). Quando do julgamento, a decisão restou assim ementada: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário:2010, 2011, 2012 INTEMPESTIVIDADE DA IMPUGNAÇÃO. REVELIA. EFEITOS Sendo intempestiva a Impugnação, declarase a revelia do contribuinte e a incontrovérsia dos fundamentos de sua autuação, cobrandose, em razão da não ocorrência da hipótese de suspensão da exigibilidade, o crédito tributário lançado. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO LANÇAMENTO. REQUISIÇÃO DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA RMF. Fl. 9082DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.082 18 Descabe ao órgão administrativo de julgamento analisar alegações de inconstitucionalidade, relativamente à obtenção de extratos bancários via Requisição de Movimentação Financeira, tarefa que cabe do Poder Judiciário, de forma exclusiva. De se manter o lançamento ante a verificação de que a autoridade tributárioadministrativa fazendária agiu de forma estritamente vinculada ao art. 33, inciso I, da Lei nº 9.430/96, e ao art. 3º, do Decreto nº 3.724/2001, por dever de ofício. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. FALTA DE INTIMAÇÃO DURANTE O PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. Descabe se falar em direito ao contraditório e ampla defesa antes da instauração do contencioso administrativo, uma vez que somente aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. A fase litigiosa só se inicia com a Impugnação, existindo, antes disso, apenas procedimento fiscalizatório informado pelo princípio da inquisitoriedade. NULIDADE PROCEDIMENTAL. NÃO INDIVIDUALIZAÇÃO DE VALORES COBRADOS A CADA RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO. SÚMULA CARF Nº 29. Descabe falar em nulidade procedimental por falta de intimação dos imputados responsáveis passivos tributários, se constatado que, durante o procedimento fiscal, não houve atribuição a esses, por parte do contribuinte autuado, da titularidade dos valores correspondentes aos créditos bancários, objeto de lançamento por presunção legal. Como dispõe o art. 42, §6º, da Lei n. 9.430/96, há que haver informação de “contas mantidas em conjunto”, hipótese que estaria em consonância com a súmula CARF nº 29, que expressa que “todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos”. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE NA ATIVIDADE DE JULGAMENTO ADMINISTRATIVO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL E NA ATIVIDADE DE FISCALIZAÇÃO. Às autoridades administrativas do fisco não é dado aplicar o princípio da insignificância em suas decisões, já que, no âmbito Administrativo Fazendário tal possibilidade encontrase adstrita, tão somente, à seara de execução fiscal, consoante expressa previsão do art. 20 da Lei n. 10.522/02, com as alterações da Lei n. 11.033/2004. Fl. 9083DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.083 19 AUTUAÇÃO BASEADA EM PRESUNÇÃO LEGAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INCERTEZA DA AUTORIA E MATERIALIDADE. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO CONTRIBUINTE. INAPLICABILIDADE. Nos lançamentos baseados em depósitos bancários de origem não identificadas o ônus da prova é invertido, passando à incumbência do contribuinte, que deverá trazer aos autos a prova (legalmente aceitável) que indique o equívoco na aplicação da autoria e da materialidade presumidas, tornando inaplicável o princípio in dubio pro contribuinte. JULGADOS ADMINISTRATIVOS E JUDICIAIS. FORÇA NORMATIVA. NATUREZA EXEMPLIFICATIVA. APLICABILIDADE NA ATIVIDADE DE JULGAMENTO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. HIPÓTESES. Inexistindo eficácia normativa, os efeitos dos julgados administrativos e judiciais estarão adstritos aos casos para os quais foram proferidos. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO IDENTIFICADA. ALEGAÇÃO DE TRANSMUTAÇÃO DA NATUREZA DOS VALORES DO PIS E DA COFINS. INAPLICABILIDADE. A utilização da base de cálculo do IRPJ, no caso de omissão de receita por presunção legal baseado em depósitos bancários de origem não identificada, para fins de lançamentos reflexos do PIS e COFINS, não representa transmutação da natureza dos valores percebidos pelo contribuinte, uma vez que as conclusões que levam à apuração da presunção valem tanto para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica quanto para as citadas apurações reflexas, em face da existência da estreita ligação de causa e efeito. ALEGAÇÃO DE NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EVOLUÇÃO PATRIMONIAL DOS IMPUTADOS RESPONSÁVEIS PASSIVOS TRIBUTÁRIOS. Descabe a alegação de que o fisco deveria comprovar a evolução patrimonial dos imputados responsáveis passivos tributários, acusados de serem os verdadeiros titulares das riquezas, e de que suas alterações patrimoniais seriam plenamente compatíveis com as respectivas DIRPF, vez que não há determinação legal para tal verificação, notadamente em razão de a hipótese normativa que enseja o nascimento da responsabilidade tributária no mundo jurídico não é fato lícito, de movimentação ou detenção de riqueza, mas o ilícito, relacionado à fraude, simulação e dolo. A mera alegação de compatibilidade entre alterações patrimoniais e a DIRPF não é meio hábil de prova em uma situação em que se demonstra o contrário, ou seja, que os imputados responsáveis tributários estariam mantendose na clandestinidade, apartandose oficialmente das situações que os Fl. 9084DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.084 20 ligariam (de forma direta) às riquezas que deveriam ser declaradas ao fisco. PEDIDO DE PERÍCIA. MOTIVAÇÃO. QUESITOS. APRESENTAÇÃO DE LAUDO SUPLEMENTAR. Rejeitase o pedido de perícia quando verificada a completa falta de exposição dos motivos. Verificado que os fatos expostos pela fiscalização nos relatórios produzidos, bem como das análises dos dados e verificações das diversas informações de confronto junto aos sistemas da RFB e dos órgãos pertinentes, são suficientes para embasar o lançamento tributário, o pedido de perícia deve ser considerado prescindível, nos termos da previsão do art. 18 do Decreto n. 70.235/72. Constatado que os motivos referentes ao pedido de perícia e os quesitos formulados mostramse referentes a questões já tratadas nos autos e no voto, não haverá motivo para seu deferimento. Indeferese pedido de complementação de impugnação, através de laudo complementar, se não comprovadas as seguintes hipóteses: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010, 2011, 2012 DECADÊNCIA. REGRA GERAL E REGRA ESPECIAL DO CÔMPUTO DO PRAZO. APLICAÇÃO. Em caso de constatação e prova da ocorrência de dolo, fraude e simulação, afastase a regra especial (que visa a homologação apenas das condutas corretas do contribuinte), aplicandose a regra geral do art. 173, I, do CTN. SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA. ART. 124, I DO CTN. HIPÓTESE CARACTERIZADORA. A hipótese do art. 124, I do CTN trata de solidariedade entre sujeitos passivos da obrigação principal, que, em matéria tributária, são de dois tipos: contribuinte e responsável (inexistindo uma terceira figura a considerar). No caso do citado inciso, a obrigação se dá somente entre contribuintes. Além disso, no caso de responsabilidades entre contribuintes e responsáveis as obrigações são, notadamente, autônomas, no que concerne ao seu nascimento e natureza (ainda que se possa aproveitar um só auto de infração para os lançamentos, por questão de economia processual). Fl. 9085DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.085 21 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 135, III DO CTN. LANÇAMENTO EM FACE DO CONTRIBUINTE E EM FACE DO RESPONSÁVEL PASSIVO TRIBUTÁRIO. POSSIBILIDADE. Para a caracterização da responsabilidade tributária prevista no art. 135, III, do CTN, é irrelevante a condição de sócio, devendo ser identificado apenas a condição de administrador que comete o ato ilícito. Nessa linha de tratamento, o caráter de subsidiariedade da obrigação do infrator é excluída. Explicase: se o elemento relevante para a caracterização da responsabilidade tributária do art. 135, III fosse a condição de sócio, faria sentido a tese de responsabilidade subsidiária, ou seja, o terceiro sócio poderia demandar o esgotamento do patrimônio da sociedade para, só depois, vir a ser chamado a pagar o crédito. Como não responde por ser sócio, mas por ser administrador, não faz sentido o seu esquivamento prévio da responsabilidade, e da exigência de que a sociedade respondesse primeiro, para só então, com a sua insolvabilidade, o administrador se submetesse à sanção. Com base nesse entendimento, no caso de responsabilidade do art. 135, III, do CTN, é perfeitamente aceitável o arrolamento do terceiro ao mesmo tempo em que se exige o crédito do autuado. INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO CAUSADA. PRINCÍPIOS DA MÍNIMA OFENSIVIDADE DA INFRAÇÃO, DO REDUZIDO GRAU DE REPROVABILIDADE DO COMPORTAMENTO. INAPLICABILIDADE AO DIREITO TRIBUTÁRIO, SALVO DISPOSIÇÃO EM CONTRÁRIO. As alegações de inexpressividade da lesão causada, da mínima ofensividade da infração e do reduzido grau de reprovabilidade do comportamento, notadamente, hipóteses de exclusão da ilicitude e culpabilidade, institutos próprios do Direito Penal (o qual não admite responsabilidade objetiva), são inaplicáveis ao Direito Tributário, salvo disposição em contrário, na forma do art. 136 do CTN. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. ALEGAÇÃO DE VEDAÇÃO AO CONFISCO, DESPROPORCIONALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. Cabível a imposição da multa qualificada de 150%, quando demonstrado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo se enquadra nas hipóteses definidas nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 1990. Na atividade fiscal de lançamento e de julgamento administrativo as autoridades administrativas não possuem discricionariedade para reduzir o percentual da multa legalmente prevista. Não cabe à autoridade administrativa julgadora apreciar alegação de inconstitucionalidade da multa de ofício aplicada em razão do caráter vinculado de sua atividade. Fl. 9086DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.086 22 Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido Cientificados os responsáveis da decisão da DRJ, foram apresentados os seguintes recursos e argumentações delineadas abaixo: 1) Paulo Cesar Verly da Cruz a) Nulidade do AI por erro de capitulação (arts. 135 X art. 124 do CTN) b) Descabimento da imputação ao recorrente da regra contida no art. 135 do CTN por inexistência de contato com a empresa autuada e com os recursos movimentados por ela; c) Aplicação necessária do art. 112 do CTN ao caso em análise por ausência quanto à natureza ou mesmo existência de participação do recorrente nos fatos apurados pelo fisco; d) Inexigibilidade da multa de ofício agravada e qualificada em relação ao recorrente: circunstâncias ligadas à empresa autuada que não se comunica com o responsável solidário; e) Com relação aos aspectos materiais do crédito tributário, argumenta o recorrente a ausência de interesse em discutilos por não se considerar responsável pela exação tributária; 2) João André Escobar Cerqueira; Paulo Henrique Escobar e Rafael Escobar (apresentação de praticamente os mesmos argumentos com algumas diferenças pessoais) a) Decadência, aplicação do art. 150 do CTN; b) Nulidade do lançamento, falta de intimação dos responsáveis Súmula 29 do CARF; c)Preliminar de nulidade dos autos de infração. Lançamento por omissão de receita. Pluralidade de Sujeitos Passivos. Necessidade de individualização e delimitação da base tributável imputada a cada um dos sujeitos passivos solidários; d) Preliminar de nulidade por cerceamento de defesa. Indeferimento da produção de prova pericial indispensável à defesa do recorrente. e) Ilegitimidade passivo do recorrente por inconsistências dos fatos indicados no trabalho fiscal para tentar fundamentar a sujeição passiva solidária do recorrente; f) Dúvida quanto à autoria da infração que deveria ser aplicado o art. 112 do CTN; g) Que o procedimento fiscal está eivado de nulidades tais como a impropriedade da base de cálculo adotada para os lançamentos de PIS/COFINS. Necessidade de aplicação do princípio da verdade material; Fl. 9087DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.087 23 h) Que inexistem recursos da devedora principal direcionados ao recorrente para embasar a sujeição passiva solidária. Alega arbitrariedade e desproprocionalidade e ofensa ao princípio da insignificância; i) Inexigibilidade da multa de ofício agravada e qualificada em relação ao recorrente: circunstâncias ligadas à empresa autuada que não se comunica com o responsável solidário; Ou seja, os recursos reproduzem as impugnações com a mesma argumentação de que não há prova suficiente para a responsabilidade dos solidários e, ainda, algumas alegações de direito. Voto Vencido Conselheira Letícia Domingues Costa Braga Relatora Dos Recursos Os recursos interpostos pelas Pessoa Físicas são tempestivos e deles conheço. Do Recurso de Ofício Inicialmente, importante ressaltar que apesar de a decisão da DRJ não ter diminuído o valor da autuação, ela retirou uma das fundamentações da responsabilidade tributária atribuída que era pelo art. 124, "I" do CTN. Assim, independentemente de não estar se tratando de valor para verificar a possibilidade ou não do cabimento de Recurso de Ofício, impende consignar que ao excluir essa fundamentação, poderia a DRJ excluir a responsabilidade tributária, conforme art. 1º, da Portaria MF n º 63/2017: "Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário." Portanto, ao excluir a fundamentação o valor que se está a discutir é a totalidade da dívida, devendo, pois ser recorrida de ofício a decisão. O recurso de ofício cuida tãosomente da exclusão da imputação da responsabilidade conforme previsto o art. 124, I do CTN. Fl. 9088DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.088 24 Importante destacar que o art. 124, I trata especificamente da questão da solidariedade, prevista na seção II, do título II do CTN que trata de obrigação tributária. Nessa seção está definida a solidariedade, conforme definido pelo Código Civil. A solidariedade não é, assim, forma de inclusão de um terceiro no pólo passivo da obrigação tributária, apenas maneira de graduar a responsabilidade daqueles sujeitos que já compõem o pólo passivo. Além disso, a responsabilidade atribuída corretamente pelo art. 135 do mesmo Código já atribuiu a todos os responsáveis a solidariedade necessária, além de pessoalmente responsáveis pela dívida. O ílicito, diferentemente do art. 124 não nasceu com o fato gerador da obrigação tributária e sim, anteriormente ou concomitantemente a essa. Por outro lado, vislumbro nesses autos, algo inusitado, sempre característico de operações que envolvam uma grande trama de fraude a legislação. É que no presente auto, foram interpostas várias pessoas jurídicas para darem corpo a uma grande operação fraudulenta. Não tenho duvidas que o art. 124, I, não trata desse tipo de responsabilidade. Isso porque o art. 124, ao meu ver e também de vasta doutrina não é a forma de eleição de responsável tributário, no seguinte sentido: A solidariedade não é espécie de sujeição passiva por responsabilidade indireta, como querem alguns. O Código Tributário Nacional, corretamente, disciplina a matéria em seção própria, estranha ao Capítulo V, referente à responsabilidade. É que a solidariedade é simples forma de garantia, a mais ampla das fidejussórias. Quando houver mais de um obrigado no polo passivo da obrigação tributária (mais de um contribuinte, ou contribuinte e responsável, ou apenas uma pluralidade de responsáveis), o legislador terá de definir as relações entre os coobrigados. Se são eles solidariamente obrigados, ou subsidiariamente, com benefício de ordem ou não etc. A solidariedade não é, assim, forma de inclusão de um terceiro no polo passivo da obrigação tributária, apenas maneira de graduar a responsabilidade daqueles sujeitos que já compõem o polo passivo. ( IN DIREITO TRIBUTÁRIO BRASILEIRO. Baleeiro, Aliomar., Atualizado por Misabel Abreu MAchado Derzi. 12ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013 pg. 1.119) Pelo acima exposto, concordo com a decisão da DRJ e nego provimento ao recurso de ofício. Dos recursos dos responsáveis pessoas físicas Os recursos dos responsáveis passivos tributários, PAULO CESAR VERLY DA CRUZ, JOÃO ANDRÉ ESCOBRAR CERQUEIRA, RAFAEL ESCOBAR CERQUEIRA e PAULO HENRIQUE ESCOBAR CERQUEIRA são tempestivos, atendendo aos demais requisitos de admissibilidade, portanto deles conheço e passo a analisálos. Fl. 9089DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.089 25 Salientese apenas que a empresa contribuinte teve seu recurso julgado intempestivo e que JOÃO NATAL CERQUEIRA, não apresentou recurso, restando definitivamente julgado esses autos em relação à Contribuinte e um dos responsáveis. Considerando que as alegações dos responsáveis que apresentaram recurso possuem conteúdo idêntico, sendo que as peças se diferenciam das demais apenas no que tange à participação individual, de cada um, a análise efetuada, servirá a cada responsável solidário levandose em conta, evidentemente, os fatos inerentes à atuação dos mesmos em relação à empresa ora autuada. Quanto ao responsável Paulo César Verly da Cruz, porém, serão tecidas algumas observações, em virtude de haver alegações diferentes em seu Recurso. Ademais, tendo em vista que as alegações dos recursos em sua maioria são idênticas as argumentações das impugnações, utilizarei parte da decisão recorrida para fundamentação. Conforme demonstrado no relatório, cuidam os autos de cobrança de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS referentes a 2010 a 2012, baseados em omissão de receitas. O que havia, em verdade, era um grande esquema de fraude de compra e venda de Notas, onde empresas inexistentes simulavam a compra e venda de mercadorias apenas para fraudar o fisco e se beneficiarem de créditos tributários. Todo conjunto fático probatório dos autos demonstram que o que existia era um esquema fraudulento em que empresas apenas emitiam notas para se valerem de créditos tributários. A prova da simulação, por sua própria natureza de vício oculto, é muito difícil de ser produzida. Os simulantes procuram esconder a verdade para fraudar a lei atingindo um fim diverso daquele exteriorizado pelo negócio jurídico. Ademais, a contribuinte tinha em seu contrato social pessoas físicas que não possuíam patrimônio compatível com o tipo de operação realizada, nem com os faturamentos apontados. A simulação é de difícil comprovação cabendo ao julgador com base em seu conhecimento e com as provas e fatos juntado aos autos, se convencer da efetiva operação ocorrida, não aquela simulada, mas sim, a verdadeira e real intenção dos partícipes. Nesse sentido, por todo o conjunto fático probatório acostado aos autos, não restam dúvidas que as empresas faziam parte de todo o esquema com o único objetivo de burlar a legislação tributária. A responsabilidade que está aqui demonstrada é que os efetivos "mandantes" de todo o esquema fraudulento eram os indicados como responsáveis. O que presenciamos nesses autos são vários "laranjas" que se prezaram a fazer as vezes de sócios das pessoas jurídicas informada nos autos. Na verdade, o que se pretendeu demonstrar, e está cabalmente comprovado pelo TVF e que não existiam pessoas jurídicas a comercializar mercadorias ou praticarem qualquer negócio. Existiam apenas várias pessoas físicas que tinham como único objetivo fraudar a legislação tributária e obter para si, vantagens ilícitas e ainda por cima, sem o pagamento de quaisquer tributos. Fl. 9090DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.090 26 Os responsáveis aqui indicados, não eram responsáveis e sim efetivamente os verdadeiros contribuintes, é portanto correta a capitulação no art. 135 do CTN. Pois eram esses os efetivos "sócios" da PERFIBRAS e todas as outras interpostas empresas. Isso porque não havia a existência de pessoa jurídica, não havia um fundo de comércio, não havia empresa, não havia negócio, somente fraude. Portanto, são os indicados como responsáveis, os administradores de fato da pessoa jurídica autuada. A suposta contribuinte, aqui identificada era apenas um galpão sem nenhum empregado. E, mesmo assim, teve receita bruta aproximada nos anos de 2009 de R$70MM, 2010, 160MM, 2011, 70MM e 2012, 64MM. Adicionalmente a tudo isso, tendo em vista que a fundamentação dos recursos coincidem com os alegados na impugnação, aplico o Regimento Interno desse Conselho, art. 57, § 3º, nos seguintes termos abaixo: Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: (...) § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Assim, adoto as razões decididas em primeira instância, conforme abaixo Decadência Quanto à arguição de decadência do direito de a Fazenda efetuar o lançamento, defende o Impugnante a aplicação do prazo antecipado, previsto no art. 150, § 4º do CTN. No entanto, não há qualquer contraposição, neste item, à hipótese apontada pelo fisco sobre a ocorrência de fraude, dolo e simulação (conforme consta do termo de constatação fiscal fl. 7859), mencionada para embasar a tese da aplicação da regra geral da postergação do início do cômputo do referido prazo, conforme art 173, I, a saber: Fl. 9091DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.091 27 Na hipótese de afastamento da regra especial (que visa a homologação apenas das condutas corretas do contribuinte), correto está o fisco ao aplicar a regra do art. 173, I, visto ser caso de constatação de dolo, fraude e simulação. Hipóteses que, como se verá, estão plenamente configuradas nos autos. Dessa forma, há que se rejeitar a preliminar de decadência. Nulidade dos Lançamentos por ausência de intimação do Impugnante para comprovar a origem dos depósitos. Aplicação da súmula 29 do CARF. Alegou o Impugnante a nulidade do lançamento por ter havido a preterição ao seu direito de defesa, por não ter sido intimado durante o procedimento fiscal para se manifestar sobre as origens dos créditos bancários. Contudo, entendo não lhe assistir razão nessa pretensão, pois não há que se falar em direito ao contraditório e ampla defesa antes da instauração do contencioso administrativo. Notese que o art. 5º, LV da CRFB/88 é claro ao expressar esse entendimento quando dispõe que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;.” É cediço que a fase litigiosa só se inicia com a Impugnação, existindo, antes disso, apenas um procedimento fiscalizatório informado pelo princípio da inquisitoriedade. Nesse sentido, nos orienta James Marins: Então, o procedimento fiscal é informado pelo princípio da inquisitoriedade no sentido de que os poderes legais investigatórios (princípio do dever de investigação) da autoridade administrativa devem ser suportados pelos particulares (princípio do dever de colaboração) que não atuam como parte, já que na etapa averiguatória sequer existe, tecnicamente, pretensão fiscal. [...] Na etapa fiscalizatória, não há, porém, processo, exceto quando já se chegou à etapa litigiosa, após o ato de lançamento ou de imposição de penalidades e a respectiva impugnação. Nesse caso, por já estar configurada a litigiosidade diante da pretensão estatal (tributária ou sancionatória) poderá haver fiscalização com o objetivo de carrear provas ao processo administrativo. A fiscalização levada a efeito como etapa preparatória do ato de lançamento tem caráter meramente procedimental. Disso decorre que as discussões que trazem à etapa anterior ao lançamento questões concernentes a elementos tipicamente processuais, em especial as garantias do due process of law, confundem momentos logicamente distintos. Primeiramente não há processo, há procedimento que atende interesses da Administração. O escopo de tal procedimento é Fl. 9092DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.092 28 justamente fundamentar um ato de lançamento e, em certos casos, instruir um eventual processo futuro. Porém, até haver efetivamente deduzido o ente arrecadador sua pretensão (e isso não ocorre com o genérico procedimento de fiscalização), não há se falar em processo administrativo, e sim em procedimento (vide Cap. 5 item 3). O procedimento administrativo fiscalizador interessa apenas ao Fisco e tem finalidade instrutória, estando fora da possibilidade, ao menos enquanto mera fiscalização, dos questionamentos processuais do contribuinte. É justamente a presença, ou não, de uma pretensão deduzida ante ao contribuinte, o que separa o procedimento, atinente exclusivamente ao interesse do Estado, do processo, que vincula além do Estado, o contribuinte. Só quando houver vinculação do contribuinte se fará lícito aludir a processo, antes não. Corroborando tal assertiva, basta se atinar para que nem todo procedimento fiscalizatório irá conduzir necessariamente a uma exação, havendo clara separação entre os dois momentos. (MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro: Administrativo e Judicial. São Paulo: Dialética, 2001, pp. 180 e 222/223). De forma direta, assim preceitua o art. 14 do Decreto nº 70.235/72: “a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento”. Isso significa que, a partir da irresignabilidade do sujeito passivo, instaurase a lide administrativa, e é quando o antagonismo dos interesses14 passa a ser do conhecimento dos julgadores administrativos; nesse momento, portanto, passa a vigorar, na órbita da administração tributária federal, o princípio constitucional mestre da garantia do devido processo legal, aí compreendidos o contraditório e a ampla defesa. Ilustrativamente, mencionamse os julgados abaixo, que versam sobre a desnecessidade das intimações reivindicadas, para efeitos de nulidade dos autos de infração, que se aplicam, por analogia, ao arrolado responsável solidário15: EMBARGOS OMISSÃO PRELIMINAR DE NULIDADE CERCEAMENTO DE DEFESA INEXISTÊNCIA A oportunidade para apresentação de elementos de defesa por parte do contribuinte surge, indispensável e tãosomente, quando instaurado o respectivo contencioso administrativo, ou seja, no presente caso depois de lavrado o Auto de Infração e oferecida a respectiva Impugnação. E justamente em sede da Impugnação (como também do Recurso Voluntário) é que o contribuinte terá absolutamente todas as oportunidades para elencar as questões de defesa que julgar cabíveis, fazendo acostar provas e demonstrando eventuais inconsistências do trabalho de fiscalização levado a efeito pela Autoridade Fiscal que viciem o lançamento. Uma vez satisfeito o artigo 7º do Decreto nº 70.235/72 e demais regras aplicáveis, não está o agente fiscal, antes de levar a efeito a autuação, obrigado a intimar o contribuinte para que preste esclarecimentos sobre eventual irregularidade ou omissão quanto ao cumprimento de Fl. 9093DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.093 29 obrigações tributárias acaso existentes. Tais diligências por parte da autoridade fiscal são sim indispensáveis caso entenda não reunidos os elementos que comprovem, de forma cabal, a não satisfação da obrigação tributária, na forma em que prevista em Lei. Neste sentido que não se pode dizer que no presente caso houve restrição ao direito de defesa, já que no decorrer deste processo administrativo foi facultado ao Contribuinte as oportunidades legalmente previstas para que comprovasse, com estribo na Legislação aplicável e nos fatos, os elementos que dariam ensejo à improcedência do lançamento. Não fosse assim, haveria contraditório em sede do processo de fiscalização, hipótese por completo afastada em sede do Ordenamento Legal pertinente. Embargos acolhidos. Por unanimidade de votos, ACOLHER os embargos para RERRATIFICAR o Acórdão nº 102 46.044, de 26/02/04, para: Por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de cerceamento do direito de defesa, e, no mérito, RATIFICAR a decisão prolatada. (1º CC Proc. 10120.002553/200183 Rec. 130.635 (Ac. 10246.303) 2ª C. Rel. Geraldo Mascarenhas Lopes Cançado Diniz DOU 08.10.2004 p. 27) PRELIMINAR DE NULIDADE Sendo o procedimento de lançamento privativo da autoridade lançadora, não há qualquer nulidade ou cerceamento do direito de defesa pelo fato da fiscalização lavrar o auto de infração após apurar o ilícito, mesmo sem consultar o sujeito passivo ou sem intimálo a se manifestar, já que esta oportunidade é prevista em lei para a fase do contencioso. (1º CC Ac. 10320.070 3ª C. Relª Lúcia Rosa Silva Santos DJU 17.12.1999 p. 7) À vista do exposto, entendo não deverem prosperar as alegações de nulidade no presente tópico, pelo quê, tenho por correto rejeitásla. Necessidade de Individualização e delimitação da Base Tributável Imputada a cada sujeito passivo solidário Nulidade No tocante à alegação de nulidade procedimental pela não individualização dos valores, e a cobrança, por responsável, limitadamente ao suposto valor de sua responsabilidade, consoante o art. 42, §6º da Lei n. 9.430/96, não assiste razão ao Interessado, visto que, em nenhum momento durante a fiscalização a PERFIBRÁS atribuiu a titularidade dos valores entendidos como receita omitida a terceiros, tampouco apresentou qualquer prova nesse sentido, para que, dessa forma, durante o procedimento, e após analisadas tais possíveis assertivas, pudessem tais terceiros serem intimados a comprovar a origem dos valores, durante a fiscalização. Dessa forma, correta a ação do fisco em atuar sobre a PERFIBRÁS, durante o procedimento fiscal sendo descabida é a alegação de necessidade de intimação dos interessados imputados responsáveis tributários. Fl. 9094DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.094 30 Além disso, como dispõe o mencionado art. 42, §6º, da Lei n. 9.430/96, há que haver informação de “contas mantidas em conjunto”, hipótese essa que estaria, inclusive, em consonância com a súmula CARF nº 29, que expressa que “todos os co titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos [...]”. Mas esse não foi o caso dos autos. Notese, inclusive, que o Interessado e o sr. Paulo César Verly da Cruz, para manterem se incógnitos, utilizandose de uma sociedade não personificada (Sociedade em Conta de Participação – fl. 108) cujas empresas da família Cerqueira eram “sócias ocultas”, pois não poderiam aparecer nos respectivos negócios utilizando empresas inidôneas. Assim, no caso concreto (nem se fosse o caso do amparo de hipótese legal), não seria possível atribuir a cada responsável valores individualizados relacionados à omissão de receita apurada. Assim, rejeito, nessa parte, a preliminar de nulidade de ilegitimidade passiva. Da responsabilidade das pessoas físicas Por outro lado, quanto à fundamentação esculpida no art. 135, III, do CTN, entendeu a autoridade administrativa, bem como esse relator, que os imputados responsáveis seriam os verdadeiros administradores de fato, e que, nessa condição, infringiram a lei dos crimes contra a ordem tributária, fato esse também possível de se extrair do citado termo, de modo que, não havendo o aludido erro de direito, tampouco hipótese de nulidade do lançamento, elencadas no art. 59, do Decreto n. 70235/72, de se rejeitar os argumentos do ora Impugnante (Paulo César Verly da Cruz). Alegou, também, o Impugnante Paulo César Verly da Cruz, que não houve apresentação de relatório analítico de composição das mencionadas bases de cálculo, e que o ora Impugnante deveria recompor os números através dos extratos bancários, utilizados pelo fisco, sendo que o Impugnante nunca teve acesso aos documentos. Quanto ao citado argumentos, de se rejeitálos, visto que, como claramente exposto no Termo de Verificação e Constatação Fiscal de fls. 7556/7583, em suas páginas 07/08, os valores (totais mensais) encontramse ali expostos, com o indicativo, inclusive, das contascorrentes dos quais foram extraídos, cujos créditos individualizados foram anexados ao termo de intimação de 03/06/2015, fls. 5121/5179, conforme tela abaixo colacionada: Fl. 9095DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.095 31 Portanto, aos referidos documentos, o ora impugnante tivera amplo acesso. Quanto aos extratos bancários, verificase que todos constam dos autos, conforme fls. 4750/5103, pelo quê, rejeitase o argumento, inclusive, de vício incorrigível, ora sustentado. Ilegitimidade Passiva Inconsistência dos fatos indicados no Termo de Verificação para fundamentar a sujeição passiva solidária – arbitrariedade fiscal No item seguinte, o Impugnante se insurge afirmando o caráter sensacionalista da notícia midiática trazida aos autos pela fiscalização, fato esse, contudo, que não está sendo abalizado nesse voto, uma por não fazer parte dos fatos geradores em questão, e, também, porque nada foi informado no relatório fiscal acerca de eventuais ações fiscais decorrentes das notícias mencionadas ou de eventual condenação judicial de crime decorrente da denúncia veiculada no ano de 2004. Quanto ao questionamento de que o fisco não poderia ter utilizado operações referentes a uma empresa diversa da autuada para afirmar que o Impugnante teria se beneficiado de remessas de valores recebidos, e de que deveria utilizar dados referentes à autuada PERFIBRÁS, verifiquei que as afirmativas do fisco as quais alude o Impugnante encontramse a partir da fl. 7868, quando discorrese sobre a responsabilidade solidária dos reais beneficiários do esquema delituoso. Nesse ponto do processo, o fisco mencionou e enumerou cheques sacados, afirmando terem sido emitidos pela empresa “ALUMIBRAS”, relacionando não só o Impugnante, sr. JOÃO NATAL CERQUEIRA, mas também os srs. PAULO CÉSAR VERLY DA CRUZ, PAULO HENRIQUE ESCOBAR CERQUEIRA, RAFAEL ESCOBAR CERQUEIRA e JOÃO ANDRÉ ESCOBAR (esse último, tendo sido beneficiado por integrar quadro societário de empresas que também receberam recursos no esquema delituoso, quais sejam: Electra Empreendimentos, empresa essa que detinha participação societária nas empresas PRJ Participações, XPTO Assessoria, Alcicla Assessoria e Koprum Indústria (relacionadas com os respectivos CNPJ, à fl. 7876). Contudo, compulsando o TERMO DE VERIFICAÇÃO E CONSTATAÇÃO FISCAL, produzido pela auditoria (fls. 7851/7878), constatei terem havido claras informações de que houve recebimentos (tanto diretos como indiretos) por parte do Sr. JOÃO NATAL CERQUEIRA (e dos demais responsáveis já Fl. 9096DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.096 32 relacionados), advindos de outras empresas, inclusive, da própria PERFIBRÁS. Vide, por exemplo as telas exemplificativas abaixo colacionadas, extraídas de partes do “quadro 4” de fl. 7872/7876 (ressaltese que muitos dos recebimentos se destinaram à empresa EMPÓRIO DE METAIS LTDA, cujo quadro societário era integrado pelo sr. JOÃO NATAL CERQUEIRA e o sr. Paulo Verly fl. 108, 114): Acrescentese, também, que o Sr JOÃO NATAL CERQUEIRA e o Sr. Paulo César Verly eram sócios indiretos da CIMEELI Fl. 9097DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.097 33 COMÉRIO (fl. 104), através da sócia dessa empresa, a PJ NATURE EMPREENDIMENTOS (fl. 104), tendo a citada CIMEELI também recebido valores da PERFIBRÁS, conforme quadro de fl. 114 (docto 184), a saber: Consta também dos autos que a empresa COM. DE METAIS JARDINÓPOLIS (antiga denominação da KOPRUM) recebeu diversos valores diretamente da PERFIBRÁS (conforme tela exemplificativa mais abaixo colacionada, extraída a fl. 113 docto 183); sendo que o sr. PAULO HENRIQUE ESCOBAR CERQUEIRA e o sr. RAFAEL ESCOBAR CERQUEIRA eram integrantes do quadro societário da KOPRUM (fl. 106), quadro também integrado pela empresa TELLUS ASSESSORIA, da qual o srs. RAFAEL ESCOBAR CERQUEIRA era sócio; o quadro social da KOPRUM também era integrado pelas empresas DAMP ASSESSORIA e ELECTA EMPREENDIMENTOS (na ELECTA, eram sócios os srs. PAULO HENRIQUE ESCOBAR CERQUEIRA, RAFAEL ESCOBAR CERQUEIRA e JOÃO ANDRÉ ESCOBAR; e na DAMP, eram sócios os familiares de Paulo César Verly, sendo que a DAMP possuía também diversas participações societárias em diversas outras empresas do grupo, como a XPTO (fl. 106), ACICLA (fl. 105) e TELLUS (FL. 106). Ou seja, conforme verificado, pela entranhada relação acima exemplificada, todos os responsáveis foram beneficiados pela autuada PERFIBRÁS, seja direta ou indiretamente. Dessa forma, ainda que a autoridade fiscal tenha expressamente mencionado, no item em que arrola os responsáveis solidários (exatamente no item 3, fls. 7868/7877), apenas o nome da empresa Alumibrás, é perfeitamente possível identificar nos autos a clara menção da existência do benefício direto e indireto dos responsáveis, mormente, do ora Impugnante, relacionados aos valores advindos da autuada PERFIBRÁS, de modo que a alegação de nulidade deve ser rejeitada. Fl. 9098DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.098 34 Inúmeros outros exemplos vão sendo expostos e comprovados, conforme descrição do “relatório geral de auditorias”, iniciado à fl. 08, de modo que é completamente injustificada a alegação do Impugnante de que o fisco não teria comprovado a interposição fraudulenta no autos, muito menos de que ele (bem como os demais responsáveis arrolados) não teriam ingerência nas referidas empresas, quando os fatos e os benefícios comprovadamente percebidos mostram o contrário, que o Impugnante (e os demais responsáveis), dominavam a estrutura delitiva do enredado arcabouço, o qual só pôde ser deslindado em virtude de laborioso trabalho da administração pública fazendária, que teve o fito de desvendar a estrutura ilícita, expondo com riqueza de detalhes as reais intenções daqueles que comandavam a organização. Em razão de ter havido diversas diligências e análises outras, engendradas pelo fisco, através dos quais, constatouse a existência de sócios “laranjas” sendo amplamente utilizados nos quadros sociais de empresas do esquema, bem como da utilização de diversas empresas inexistentes de fato no projeto delitivo, penso que nem poderia ser aplicado ao presente caso, validamente, a teoria da empresa, ou outro pensamento nessa diretriz, como aduziu, inclusive, os Impugnantes srs RAFAEL ESCOBAR CERQUEIRA e JOÃO ANDRÉ ESCOBAR (fls. 8509 e 8174). Desse modo, chega a parecer grotesco, no meio de tudo o que se verificou e das provas apresentadas pelo órgão público fazendário, o argumento do Impugnante de que não teria ingerência sobre a EMPÓRIO pelo fato de não integrar, formalmente, o quadro social da referida empresa no período fiscalizado, quando, ao que tudo aponta, detinha, de fato, poder de mando não só nesta, mas em todas as empresas envolvidas no esquema fraudulento. Sobre o argumento da necessidade de aplicação do princípio da insignificância, vez que os valores recebidos pelo Impugnante, oriundos da autuada PERFIBRÁS, seriam ínfimos se comparados com os valores das receitas omitidas, de se ressaltar que, às autoridades administrativas do fisco não é dado aplicar o referido princípio em suas decisões, já que, no âmbito Administrativo, encontrase adstrito tão somente à fase de execução fiscal, consoante expressa previsão do art. 20 da Lei n. 10522/0219, com as alterações da Lei n. 11.033/2004, razão pela qual, rechaçase qualquer intenção nesse sentido. Apenas de se mencionar que o benefício gerado aos responsáveis solidários foi não só direto como indireto, eis que advindo por parte de diversos outros CNPJ de empresas do esquema, ou seja, inúmeros outros recebimentos ocorreram por partes das pessoas jurídicas controladas pelo Impugnante e pelos demais responsáveis solidários, o que faz enfraquecer a tese de que os valores relacionados ao benefício seriam somente os mencionados na Impugnação. Fl. 9099DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.099 35 Quanto à alegação de que o fisco não teria comprovado o envolvimento da empresa NATURE EMPREENDIMENTOS (empresa do qual é sócio) no esquema delituoso, necessário se relembrar, quanto a esse primeiro item desse tópico, os seguintes fatos descritos e comprovados documentalmente nos autos: a empresa NATURE (assim com o Impugnante e o sr Paulo César VERLY) eram sócios da CIMEELI – fl. 104, empresa que recebeu cheques da MAXI DISTRIB. e da Autuada (Perfibrás) – fl. 114; o Impugnante, na condição de sócio oculto da SCP (NATURE), celebrou contrato de investimento com a empresa RENATA DE ABREU CENTRO DE MEDICINA ESTÉTICA – fl. 111 – aportando recursos (através de TED) advindos de outra empresa inidônea, a saber: CENTRAL DO AÇO, uma das empresas noteiras, no valor de R$ 250 mil, integrando um montante de R$ 2,8 milhões aportados na operação; a CIMEELI enviou recursos à PERFIBRÁS, na ordem de R$ 1.751.240,70 – fl. 7828; Demonstrado está, a meu ver, o envolvimento da NATURE no esquema delitivo. Quanto ao segundo e terceiro itens desse tópico, que trazem a alegação de que empresa CIMEELI era uma S/A e que o Impugnante não integrava a sua diretoria, não podendo ser responsabilizado solidariamente com fulcro no art. 124, I, e pelo art. 135, III, ambos do CTN, de se ressaltar que o primeiro fundamento já foi objeto de análise no presente voto, pelo quê, passase a tratar do fundamento do art. 135, III do CTN. Inicialmente, no tocante à hipótese do art. 135, III, de se notar que o Impugnante se refere apenas às empresas não autuadas nesse procedimento, sendo que, quanto à autuada (Perfibrás), manifestouse referindose tão somente ao art. 124, I, no entanto, levando em consideração o direito a ampla defesa, afeto às partes no processo administrativo, devese destacar nesse voto o seguinte: Foi amplamente relatado pela auditoria a ocorrência de inúmeras operações bancárias com respectiva contabilização fraudulenta, atribuindo a movimentação financeira à operações comerciais não correspondentes com a realidade dos fatos, tendo havido a expedição de inúmeras notas fiscais eletrônicas fraudulentas. Ao mesmo tempo, foi constatada a utilização empresas inexistentes de fato (“noteiras”), através de diligências empreendidas pelo fisco. Além disso, foram identificadas a utilização de pessoas humildes como sócios laranjas em diversas empresas do esquema fraudulento, quando os verdadeiros detentores do poder de mando encontravamse agindo de forma oculta e proposital. Fl. 9100DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.100 36 Tudo isso, representa, a meu ver, verdadeira afronta à ordem tributária, com inúmeras infrações à lei, pela ocorrência de simulação, fraude e sonegação (nos termos da Lei nº 8.137/90). Além disso, devese esclarecer que esse relator passou a se coadunar à Jurisprudência do STJ, pela qual, para a caracterização da responsabilidade tributária do art. 135, III, do CTN, é irrelevante a condição de sócio, devendo ser identificado apenas a condição de administrador que comete o ato ilícito (fatos que foram amplamente demonstrados no extenso relatório da auditoria, eis que o Impugnante e seus pares responsáveis eram os verdadeiros administradores da trama ilícita). Nessa linha jurisprudencial sobre a responsabilidade por ato ilícito, o caráter de subsidiariedade da obrigação do infrator é excluída. Explicase: se o elemento relevante para a caracterização da responsabilidade tributária do art. 135, III fosse a condição de sócio, faria sentido a tese de responsabilidade subsidiária, ou seja, o terceiro sócio poderia demandar o esgotamento do patrimônio da sociedade para, só depois, vir a ser chamado a pagar o crédito. Como não responde por ser sócio, mas por ser administrador, não faz sentido o seu esquivamento prévio da responsabilidade, e da exigência de que a sociedade respondesse primeiro, para só então, com a sua insolvabilidade, o administrador se submetesse à sanção. Com base nesse entendimento, é que, no caso de responsabilidade do art. 135, III, é perfeitamente aceitável o arrolamento do terceiro ao mesmo tempo em que se exige o crédito do autuado. Destaquese o precedente da E. Primeira Seção do STJ, nos Embargos de Divergência 702.232/RS (Rel. Min. Castro Meira, julgado em 14/09/2005 e publicado em 26/09/2005): “TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ART. 135 DO CTN. RESPONSABILIDADE DO SÓCIOGERENTE. EXECUÇÃO FUNDADA EM CDA QUE INDICA O NOME DO SÓCIO. REDIRECIONAMENTO. DISTINÇÃO. 1. Iniciada a execução contra a pessoa jurídica e, posteriormente, redirecionada contra o sóciogerente, que não constava da CDA, cabe ao Fisco demonstrar a presença de um dos requisitos do art. 135 do CTN. Se a Fazenda Pública, ao propor a ação, não visualizava qualquer fato capaz de estender a responsabilidade ao sóciogerente e, posteriormente, pretende voltarse também contra o seu patrimônio, deverá demonstrar infração à lei, ao contrato social ou aos estatutos ou, ainda, dissolução irregular da sociedade. 2. Se a execução foi proposta contra a pessoa jurídica e contra o sóciogerente, a este compete o ônus da prova, já que a CDA goza de presunção relativa de liquidez e certeza, nos termos do art. 204 do CTN c∕c o art. 3º da Lei n.º 6.830∕80. Fl. 9101DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.101 37 3. Caso a execução tenha sido proposta somente contra a pessoa jurídica e havendo indicação do nome do sóciogerente na CDA como coresponsável tributário, não se trata de típico redirecionamento. Neste caso, o ônus da prova compete igualmente ao sócio, tendo em vista a presunção relativa de liquidez e certeza que milita em favor da Certidão de Dívida Ativa. 4. Na hipótese, a execução foi proposta com base em CDA da qual constava o nome do sóciogerente como coresponsável tributário, do que se conclui caber a ele o ônus de provar a ausência dos requisitos do art. 135 do CTN. 5. Embargos de divergência providos” Dessa forma, quanto ao segundo e terceiros itens do presente tópico, mantemse o arrolamento do Impugnante (e dos demais imputados) como responsável tributário passivo, com base no art. 135, III do CTN. Por fim, quanto ao quarto e último item do tópico em análise, e a alegação de que o Impugnante não teria relação com a empresa KOPRUM, nem seria o protagonista do controle de tal empresa, penso que as palavras do fisco não foram perfeitamente reproduzidas na Impugnação, pois o protagonismo aludido pela auditoria fiscal foi mencionado no relatório em apenas um momento nos autos, quando, referindose ao Impugnante e também ao sr. Paulo César Verly, mencionou o fisco sobre o desmonte da base de operações da organização sediada em MG – fl. 111, apenas isso; agora, quando a fiscalização se referiu ao controle exercido pela família Cerqueira, referenciou somente três empresas do Grupo, a Koprum, Tellus e XPTO, não sendo mencionado expressamente o nome do Impugnante (mas apenas o de sua família), de modo que, o argumento, não deve ser mantido, por essa diretriz. Sobre a alegação da necessidade de aplicação do princípio in dubio pro contribuinte, previsto no art. 112 do CTN, aludiu o Impugnante que a autuação baseada em presunção legal torna incerta a verificação da autoria e da materialidade, de modo que a responsabilidade a ele atribuída não deveria prevalecer, por ter sido baseada em presunções e indícios. Passo a me manifestar: Acerca dos lançamentos baseados em presunção legal juris tantum, é cediço que o ônus da prova é invertido, passando à incumbência do contribuinte, que deverá trazer aos autos a prova (legalmente aceitável) que indique o equívoco na aplicação da autoria e da materialidade presumidas, o que não foi feito em grau de impugnação tampouco nas razões recursais. Por outro lado, há fartas provas documentais sobre as operações simuladas, a utilização de empresas inexistentes de Fl. 9102DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.102 38 fato, e, principalmente, as provas da atuação direta (e indireta) do Impugnante (e dos demais responsáveis), que indicam sua ligação direta com empresas do esquema de ilegalidade, e as operações fictícias e documentos fiscais fraudulentos, o que mostra, que, no tocante ao arrolamento da responsabilidade solidária, a prova é direta, de modo que não deve prevalecer o argumento da aplicação do princípio in dubio pro contribuinte, sob alegação de que o fisco não teria logrado comprovar a efetiva participação do Impugnante no esquema. E ainda, sobre os julgados administrativos de fls. 8051, verificase tratarem os mesmos apenas de hipótese de mero não pagamento de tributo e de não comprovação de omissão de pagamentos, não havendo informações que possam identificálos validamente às hipóteses de um caso que se refere a um entrelaçado esquema de transações e movimentações de valores criados de forma fraudulenta e dissimuladora. Outrossim, não possuindo tais julgados eficácia normativa, seus efeitos ficarão adstritos aos casos para os quais foram proferidas (vide PN/CST n.º 390/1971), devendo, dessa forma serem considerados parte de meras alegações. Dessa forma, rejeitamse os argumentos do presente tópico. Desconstituição do Lançamento – Inobservância dos critérios legais na determinação da Base de Cálculo do PIS e COFINS. Aplicação do Princípio da Verdade Material No que concerne às alegações de que o fisco não poderia utilizar os valores considerados receita omitida para apuração do PIS e da COFINS, e de que haveria contas transitórias de dinheiro, de modo que pelo caráter transitório desses valores tais não representariam receitas, há que se salientar os seguinte: Primeiramente, nada de concreto foi apresentado acerca das alegações de que haveria contas transitórias de dinheiro, e de que haveria entrada de valores que não representariam faturamento da empresa, ônus, reiterese, que cabe ao administrado provar. Atentese, também, que, se houve apenas transito de valores entre contas de mesma titularidade, o fisco, de ofício, já excluiria os valores respectivos, através do procedimento (de praxe) de conciliação bancária; além disso, se ainda houvesse valores nessa situação (objetos do lançamento) caberia ao administrado (no caso, do Impugnante) identificálos individualizadamente, o que não foi feito. E outra, que, no caso de haver o retorno dos valores, também deveria haver na Impugnação a prova do motivo real de tal retorno (ou remessa), o que também não foi feito. Fl. 9103DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.103 39 À vista disso, temse que a consideração da presunção legal deve permanecer, enquanto não haja prova hábil e idônea do contrário. Por fim, quanto ao argumento de que a utilização de tais receitas na apuração do PIS e COFINS representaria transmutação da natureza dos valores percebidos pelo contribuinte, deve o mesmo ser rechaçado, uma vez que as conclusões que levam à apuração da presunção valem tanto para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica, quanto para as apurações reflexas, em face da existência da estreita ligação de causa e efeito. De se mencionar, nesse diapasão, o disposto no § 2º do art. 24, da Lei n° 9.249/9, o qual prevê que o valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da CSLL, COFINS, PIS/Pasep e das contribuições previdenciárias incidentes sobre a receita, a saber: Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. (...) § 2º O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, da Contribuição para o PIS/Pasep e das contribuições previdenciárias incidentes sobre a receita. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Quanto ao julgado trazido à baila, além do possuir caráter meramente ilustrativo, não há menção a qualquer detalhe que possa vincular o fato ali analisado àqueles apurados no presente procedimento. A única semelhança seria a de que tratouse lá de hipótese em que se aplicou a verdade material, que, aliás, também prevalece no caso da presunção legal juris tantum, ocorre que, aqui, a prova da verdade material não foi apresentada por nenhuma parte processual, até esse ponto da análise. Destarte, de se rejeitar os argumentos até então apresentados, e manter o lançamento e o arrolamento do Impugnante como responsável passivo tributário. Do Erro Procedimental – Movimento Circular do Dinheiro – Depósitos e transferências entre contas de mesma titularidade não configuram receitas omitidas Aduziu, ainda, o Impugnante, ter havido erro de procedimento, vez que o fisco afirmou diversas vezes que as empresas investigadas transacionavam recursos entre si, e que teria reconhecido em seu relatório o movimento circular do dinheiro não respaldado pela compra e venda, e mesmo assim, adotou como BC a somatória de todos os depósitos e Fl. 9104DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.104 40 transferências mensais nessas contas, mesmo aqueles valores movimentados em duplicidade, triplicidade, e, também, os valores que retornaram às contas dos remetentes originais, consubstanciando o lançamento, dessa forma, em enriquecimento ilícito do ente público. Passo a me manifestar: De fato, o fisco reconheceu ter ocorrido a não vinculação dos valores às operações de compra e venda detectadas na contabilidade da PERFIBRÁS, porém, tal fato não significa, obviamente, ter de reconhecer que os créditos referiramse apenas a meras transferências, já que esse Ônus, como já dito, recai sobre o administrado no caso de depósitos bancários. Caso fossem identificadas transferências entre contas de mesma titularidade, essa titularidade seria somente em contas da PERFIBRÁS, de modo que não procede a afirmação de que o fisco deixou de expurgar tais transferências quando o exemplo referido na Impugnação se refere a retornos de valores para a empresa TRANSFORME, enquanto que a autuada é a PERFIBRÁS. Aliás, como já dito, é praxe do fisco proceder a conciliação bancária, expurgando os créditos identificados como meras transferências entre contas de mesma titularidade. Dessa forma, como o Impugnante não apresentou nenhuma referência a débito em conta corrente de titularidade da PERFIBRÁS, que se relacionasse a um crédito de igual valor em outra conta dessa PJ autuada, nada há que ser expurgado do lançamento, eis que não configurada a alegada ofensa ao que determina a legislação aplicável. Quanto às alegações referentes ao arbitramento do lucro, aduziu o Impugnante apenas que tal procedimento deveria se dar de forma razoável e compatível com a realidade da autuada, não tendo esse relator vislumbrado qualquer argumento específico quanto ao fundamento do arbitramento, o qual se deu em virtude da não apresentação dos livros Razão, Registro de Saídas, e a apresentação, sem ser solicitado; do livro diário, bem como a identificação de registros contábeis que não correspondiam à realidade dos fatos, tornandoo imprestável para os fins de apurar o lucro real. Não sendo afastados os fundamentos do arbitramento, deve o lançamento tributário ser mantido nessa modalidade. Da Ausência de Individualização e qualificação do crédito tributário sob a suposta corresponsabilidade do Impugnante Aduziu o Impugnante, também, ser ínfimo o valor que recebeu da autuada, se comparado com o montante envolvido no Fl. 9105DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.105 41 suposto esquema delituoso, o que indicaria ausência de possibilidade de imputação de responsabilidade tributária. Como se percebe, decerto, tal argumento retoma àquele, já apreciado, a respeito do princípio da bagatela, de modo que nada mais há que ser tratado, ante a conclusão de sua inaplicabilidade nessa seara administrativa. Sobre a alusão acerca da inexpressividade da lesão causada, da mínima ofensividade da infração, e do reduzido grau de reprovabilidade do comportamento, notadamente, hipóteses de exclusão da ilicitude e culpabilidade, institutos próprios do Direito Penal (o qual não admite responsabilidade objetiva), tais institutos não serão aplicáveis ao Direito Tributário, salvo disposição em contrário. Nesse sentido, de se mencionar o art. 136 do CTN: Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Descabido é também o argumento de que o fisco deveria comprovar a evolução patrimonial dos responsáveis solidários, acusados de serem os verdadeiros titulares das riquezas, e de que as suas alterações patrimoniais seriam plenamente compatíveis com suas DIRPF, isso porque que não há determinação legal para tal verificação, notadamente em razão de a hipótese normativa que enseja o nascimento da responsabilidade tributária no mundo jurídico não é fato lícito, de movimentação ou detenção de riqueza, mas o ilícito, amplamente exposto nos autos deste processo, além, obviamente, de declaração da autoridade administrativo tributária, o que foi efetuada através de termo próprio. Acrescentese, também, que no caso dos autos, a mera alegação de compatibilidade entre alterações patrimoniais e a DIRPF não se mostra meio hábil de prova em uma situação na qual se demonstra justamente o contrário, ou seja, que tais pessoas estariam mantendose na clandestinidade, apartando se oficialmente das situações que os ligariam (de forma direta) às riquezas que deveriam ser declaradas ao fisco. Por fim, quanto à afirmativa de que os autos de infração deveriam quantificar a parcela de cada coobrigado, o tema já foi tratado nesse voto, não cabendo sua dupla apreciação. Da Ilegitimidade da Multa Qualificada – Agravante Praticada pela Pessoa Jurídica que não se comunica com os responsáveis solidários – princípio da personalização da pena – inconstitucionalidade da multa em valor superior ao tributo exigido – Confisco. Efeito Vinculante das decisões do STF Fl. 9106DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.106 42 8.98 Acerca da multa qualificada, aduziu o Impugnante nunca ter participado do quadro societário ou da administração da PERFIBRÁS, e que deve ser excluído do polo passivo em razão do princípio da personalização da penal. Contudo, é cediço que tal princípio é inerente ao Direito Penal, pois, como já mencionado, a análise da responsabilidade naquele ramo do Direito é subjetiva, não se admitindo qualquer responsabilidade objetiva, ao contrário do Direito Tributário. Qanto à alegação da vedação ao confisco, desproporcionalidade e inconstitucionalidade da multa qualificada, devese instar nesse voto não caber à autoridade administrativa qualquer poder discricionário quanto à aplicação da multa de ofício, seja a que percentual legal for, em razão do caráter vinculado da atividade fiscal. Descabe, também, nessa seara, tratar da inconstitucionalidade da referida exação, assunto reservado ao Poder Judiciário, servindo os julgados apresentados às fls. 8065/8067 apenas para ilustrar os argumentos apresentados, não possuindo caráter normativo perante essa administração tributária. Segundo a empresa a multa de 150% não se coaduna com os princípios constitucionais de razoabilidade ou proporcionalidade e da proibição de confisco, este expressamente vedado pelo art. 150, IV da CF. Quanto às multas lançadas nos percentuais de 150% do imposto devido, estão previstas no art. art. 44, inciso I, da Lei n.º 9.430/1996 c/c art. 106, inciso II, alínea “c” da Lei n.º 5.172/1966 (CTN) e art. 44, inciso II, da Lei nº. 9.430, de 1996. No que se refere ao questionamento sobre a qualificação da penalidade, não se pode deixar de levar em conta que a fiscalização entendeu presente no caso concreto, o evidente intuito de fraude, definido em lei e necessário a qualificação. Este fato concreto, que não configura qualquer presunção, subsumese à hipótese prevista no art. 44, inciso II, da Lei nº. 9.430, de 1996, configurando evidente intuito de fraude. Tal multa constitui penalidade pecuniária, já que não visa arrecadar mais tributo ou contribuição, mas sim desestimular a prática da ilicitude fiscal que visa coibir e, portanto, não está enquadrada na garantia constitucional prevista no artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal, que diz respeito apenas a tributos. E tributos, na definição do próprio texto constitucional, são os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria (CF/1988, artigo 145, I, II e III). As multas, portanto, não são tributos, como, aliás, já define o Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966, artigo 3º), o qual dispõe, inclusive, que esses não constituam sanção de ato ilícito, distinguindoos das multas, que visam punir uma conduta ilegal. Somente incorre na multa quem infringe a legislação tributária e o contribuinte, ao deixar de cumprir a lei, assumiu o ônus de sua conduta inadequada. Quanto à carga tributária no país, cumpre esclarecer que, na esfera administrativa não é cabível a discussão a respeito da constitucionalidade de leis em vigor, formalmente promulgadas e publicadas. Fl. 9107DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.107 43 Às Delegacias de Julgamento, como órgãos integrantes da estrutura básica do Ministério da Fazenda, compete julgar, administrativamente, os processos de exigência de créditos tributários relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, obedecendo aos ditames da lei, sendolhe defeso apreciar arguições de inconstitucionalidade ou inaplicabilidade de textos legais. Como esclarece Luiz Henrique Barros de Arruda em sua obra “Processo Administrativo Fiscal” (Editora Resenha Tributária – 2ª Edição): “a função dos órgãos de jurisdição administrativa consiste em examinar a consentaneidade dos procedimentos fiscais ou decisões das autoridades “a quo” com as normas legais vigentes”. E conclui que “falecelhes, como falece aos órgãos do poder Executivo criados para desempenhar atribuições equivalentes, competência para pronunciarse a respeito da conformidade de lei, validamente editada segundo o processo legislativo constitucionalmente previsto, com os demais preceitos emanados da própria Constituição Federal, a ponto de declarar lhe a nulidade ou a inaplicabilidade ao caso expressamente nela previsto, matéria reservada, também por força de dispositivo constitucional, ao Poder Judiciário.” Ademais, quanto à alegada inconstitucionalidade das multas exigidas, cumpre ressaltar que a Súmula 02 desse Tribunal, veda expressamente qualquer manifestação sobre esse tema: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conclusão Por todo exposto, conduzo meu voto no sentido de julgar improcedente os recursos de ofício e os voluntários interpostos, mantendo in totum a autuação, bem como a responsabilidade pessoal dos sujeitos passivos PAULO CESAR VERLY DA CRUZ, JOÃO ANDRÉ ESCOBRAR CERQUEIRA, RAFAEL ESCOBAR CERQUEIRA e PAULO HENRIQUE ESCOBAR CERQUEIRA. (assinado digitalmente) Letícia Domingues Costa Braga Relator Voto Vencedor Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto Inicio a redação do voto vencedor pedindo maxima venia à Ilustre Conselheira relatora, responsável pelo brilhante voto objeto de nossa análise, para discordar do seu entendimento no que tange à análise do recurso de ofício. Fl. 9108DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.108 44 Assim, passemos a apresentar nosso entendimento acerca do referido recurso de ofício. Em primeiro lugar apresentaremos as alegações da decisão de Piso com relação à exclusão da responsabilização solidária pela aplicação do art. 124 do CTN. 8.24 No tocante aos argumentos do Impugnante, que se opõem ao seu arrolamento como responsável tributário solidário (à hipótese legal do art. 124, I do CTN), necessário, antes, verificar nos autos o que se apurou/mencionou sobre o referido Impugnante (e dos demais imputados): Os srs. JOÃO NATAL CERQUEIRA e Paulo César beneficiaramse, em conjunto e indiretamente, pelos recursos recebidos da empresa ALUMIBRAS por meio da conta mantida no Bradesco (n. 137600302503), em nome da empresa “Empório de Metais”, na qual ambos eram sócios, porém, tal empresa, hoje, mantém em seu quadro social interposta pessoal; O Sr. JOÃO NATAL CERQUEIRA beneficiouse isolada e diretamente pelos recursos recebidos da Alumibrás por meio da conta mantida no Bradesco, n. 105600000833 [...]; O sr. PAULO HENRIQUE ESCOBAR CERQUEIRA beneficiouse indiretamente, pelos recursos recebidos da Alumibras, por meio das contas mantidas no Bradesco das empresas Lemnos Ind. De Metais – Ltda e Helur Indústria e Comércio Ltda (C/C 288700085588), em que figurou como sócio [...] beneficiouse diretamente mediante depósitos efetuados em sua c/c de pessoa física (105600112542); A Empório de Metais Ltda, e seus sócios srs. JOÃO NATAL CERQUEIRA e Paulo César Verly, além das pessoas físicas srs RAFAEL ESCOBAR CERQUEIRA e Paulo HENRIQUE, como já mencionado no item 2.11, também foram beneficiados em suas contascorrentes16. Os depósitos rastreados totalizaram R$ 9.031.750,58, demonstrando o retorno dos valores que abasteciam as empresas inidôneas. Quadro demonstrativo dos depósitos encontrase às fls. 7871/7876 do relatório fiscal; O sr JOÃO ANDRÉ ESCOBAR Cerqueira também se beneficiou se recursos enviados por empresas do esquema delituoso, sendo sócio ou exsócio das empresas ELECTRA, PRJ, SPTO, ALCICLA e KOPRUM – fl. 7876; Em suma, as pessoas arroladas como responsáveis solidárias, nos termos do art. 124, c/c 135, III, e 137 do CTN, c/c art. 210, VI, e §§, do RIR/99 [...]; 8.25 Notese que a alegação do Impugnante é a de que a prática do fato gerador deve ser efetuada de forma conjunta e pessoal, requisito supostamente intransponível para a caracterização do interesse jurídico comum, e de que, em não havendo o interesse comum, não haveria a solidariedade com base no art. 124, I do CTN. O fisco, por sua vez, entendeu que a solidariedade se deu em razão do auferimento de benefícios diretos e indiretos relacionados às operações Fl. 9109DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.109 45 fictícias criadas, conforme as seguintes citações, extraídas dos autos e já insertas no relatório. 8.26 Passo a me manifestar: 8.27 Tão somente no que se refere ao art. 124, I, do CTN, é cediço que a jurisprudência (administrativa e judicial), assim como a doutrina tributária, apresentam posições diversas sobre o tema. 8.28 Numa primeira linha de argumentação, e no que tange ao conceito de interesse comum (previsto no inciso I) devese ter em mente, primeiramente, a amplitude de seu significado, pois a própria lei não expõe com exatidão a condição em que se colocam aqueles que participam da realização do fato gerador. No entanto, é incontroverso a meu pensar que a hipótese trata de solidariedade entre sujeitos passivos da obrigação principal, que, em matéria tributária, são de dois tipos: contribuinte e responsável (Não havendo uma terceira figura a considerar). E no caso do citado inciso, a obrigação se dá somente entre contribuintes. Além disso, no caso de responsabilidades entre contribuintes e responsáveis as obrigações são, notadamente, autônomas, no que concerne ao seu nascimento e natureza (ainda que se possa aproveitar um só auto de infração para os lançamentos, por questão de economia processual), mas, certamente esse não é o caso dos autos. 8.29 Nessa linha de pensamento, podemos citar: i) João Marcelo Rocha, em sua obra Direito Tributário. Editora Método, 9ª edição, 2013, pgs. 476/477; e, ii) Parecer PGFN/CRJ/CAT/nº 55/2009, parágrafo 100. 8.30 Ressaltese, nesse sentido, os seguintes dizeres, extraídos das citações, respectivamente: “Pessoas que têm interesse comum na situação que constitua o fato gerador. A nosso ver, esse primeiro inciso é um tanto nebuloso, dada a dificuldade de identificar, de pronto, o que significa o interesse comum. O entendimento deve ser encaminhado da seguinte maneira. Estamos tratando de solidariedade entre sujeitos passivos da obrigação principal. Em matéria tributária, podemos ter dois tipos de sujeitos passivo: o contribuinte e o responsável. Percebemos que o dispositivo legal (art. 124, I) faz menção a pessoas que possuem laço de interesse no fato gerador; pessoas, podemos concluir, com especial ligação com o fato jurídico tributário. Nesse sentido, forçosa é a conclusão de que a norma referese ao contribuinte. Podese dizer que o previsto neste inciso I é a solidariedade entre contribuintes. (grifos originais) Estamos diante de uma hipótese de solidariedade. Portanto, estamos diante de uma só obrigação, originada por um só fato gerador, havendo, no pólo passivo, mais de um devedor. (grifo nosso) Parecer PGFN/CRJ/CAT/nº 55/2009 [...] Como já ressaltamos no item 2 de nosso Parecer, não se pode confundir (a) solidariedade entre contribuintes e (b) solidariedade entre contribuinte e responsável. No primeiro caso, aplicase o art. 124 do CTN, havendo dois ou mais contribuintes e uma só obrigação tributária, devendo ser um só o auto de Fl. 9110DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.110 46 infração; no segundo caso, teremos várias obrigações, um só contribuinte e um ou mais responsáveis, não sendo a obrigação do contribuinte modificada pela obrigação do responsável. A obrigação do responsável depende da existência e validade da obrigação do contribuinte, mas a obrigação deste não é afetada pela obrigação daquele. Assim, pode haver vários autos de infração, um para o contribuinte e outro para cada responsável, assim como podem todas as responsabilidades ser apuradas no mesmo auto de infração em que é lançado o débito do contribuinte, por questão de economia procedimental. O importante é observar que não há qualquer preclusão ou nulidade em se deixar de apurar a responsabilidade de algum administrador no mesmo ato formal em que é apurada a obrigação da pessoa jurídica ou a responsabilidade doutro administrador. Sendo as obrigações em questão autônomas no que tange ao nascimento e à natureza, não se impõe dever legal à Administração Tributária que constitua o crédito tributário no mesmo ato em que é apurada a responsabilidade do administradorinfrator, e nem mesmo é obrigado o Fisco a apurar, no mesmo ato, a responsabilidade de todos os administradores infratores. Não há norma legal que o imponha e não se pode cominar nulidade sem expressa previsão legal.” (grifos nossos) 8.31 Esse, portanto, é o posicionamento com o qual me coaduno. 8.32 Vejase que CTN, inclusive, autoriza a criação de outras situações de solidariedade na obrigação de pagar o tributo (como entre contribuintes e responsáveis), mas remeteu o tema a lei ordinária (conforme o inciso II), de modo que o inciso I não abarca o caso do presente processo, a saber: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. (grifo nosso) 8.33 Portanto, não está vedado ao legislador criar situações de responsabilidade entre contribuintes e responsáveis, ou, ainda, entre dois ou mais responsáveis, porém, a hipótese do inciso I deve se dar somente entre contribuintes. 8.34 Pelo exposto, entendo por rejeitar a hipótese do art. 124, I, do CTN, utilizado como fundamento para a manutenção da responsabilidade solidária do Impugnante. Com estes dizeres a decisão de Piso entendeu por excluir a responsabilização solidária dos responsáveis apontados na forma do art. 124, I, do CTN. Apesar de bem embasado o entendimento, não adoto a mesma linha de entendimento. Vemos, no presente caso, a beleza do pensamento jurídico e de sua interpretação. A simples leitura de um dispositivo normativo, interpretada à luz de todo um regramento, pode produzir entendimento diversos sobre um mesmo caso. Fl. 9111DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.111 47 O entendimento adotado pela Decisão de Piso e compartilhado pela ilustre relatora pende no sentido de que a dicção do art. 124, I, do CTN implica que a solidariedade baseada no interesse comum diga respeito apenas àqueles sujeitos que estejam diretamente ligados ao fato gerador da obrigação. Assim, terceiros beneficiados pelos atos infracionais não poderiam ser responsabilizados, posto que a solidariedade entre os contribuintes e os responsáveis decorreria de lei ordinária a se lhe aplicar, não podendo utilizar a norma do art. 124, I para tanto. Data venia as ilustres interpretações neste sentido entendo que a responsabilização pela norma do art, 124, I do CTN não pode se limitar às pessoas que tenham ligação direta com o fato gerador. A leitura do art. 124, I, não indica que a responsabilidade decorrente do interesse comum se liga à ocorrência do fato gerador em si, mas sim à situação que o constitua. Vejase, quando o contribuinte, como ocorre no presente caso, realiza atos fraudulentos com vistas a evitar a imposição tributária seu objetivo principal não é apenas o de reduzir ou excluir o pagamento de tributos. Tal fato, diretamente ligado ao fato gerador da obrigação, implicaria apenas na formação de recursos que ficariam em poder da empresa sem destinação. Quando se realizam os atos como os descritos neste processo, o objetivo primário é o de eximir da imposição tributária, no entanto o objetivo principal e o que mais interessa aos responsáveis pelo planejamento dos atos, é o de verter os recursos para o seu próprio benefício. Se assim não fosse, qual o propósito da elaboração dos planejamentos tributários ilícitos? Por estas razões é que interpretarse no sentido de que a responsabilidade por interesse comum somente poderia recair em pessoas diretamente ligadas à operação que gerou o fato gerador dos tributos dificultaria, sobremaneira, a busca pelo retorno dos recursos aos cofres da Fazenda. Muito fácil seria a constituição de empresas em nome de laranjas para praticar os ilícitos e desviar os recursos para as contas destes interessados. Por isso é que o meu entendimento é que a leitura do art. 124, I, do CTN, implica em responsabilizar todo aquele cujo interesse esteja na situação que envolve a realização do fato gerador. A situação não é apenas à do fato gerador em si como, vender, prestar serviço, etc, mas sim, engloba a situação no seu sentido mais amplo que abrange os atos preparatórios e os atos decorrentes do ilícito, como o desvio dos valores sonegados. Devemos, neste ponto, relacionar a responsabilidade do art. 124, I, do CTN, com as normas de direito penal. Vejamos o exemplo de um matador de aluguel que é contratado, juntamente com um motorista para executar um inimigo do mandante. Tal contratação é realizada por um terceiro que é empregado do mandante. Realizado o assassinato (fato gerador da punição), após a realização da investigação e verificação que o beneficiário final era o mandante, todos os que participaram da "situação" são punidos pelo crime de homicídio. Ou seja, em matéria criminal a punição não abrange apenas o indivíduo que praticou o ato, mas sim todos os que dele participaram direta ou indiretamente. Fl. 9112DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.112 48 É nessa esteira de entendimento que me posiciono, o interesse na situação envolve todo o conjunto de atos necessários à preparação dos ilícitos, a sua realização e a destinação do seu resultado. Assim, a responsabilidade por interesse comum deve abranger todos aqueles que participaram da situação no seu mais amplo sentido e se beneficiaram dos resultados do ilícito. Para reforçar este entendimento, apresento os precedentes abaixo deste CARF que militam neste sentido mais amplo de responsabilização. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. INTERESSE COMUM. CONFUSÃO PATRIMONIAL.Caracteriza a confusão patrimonial de esferas patrimoniais típica do interesse comum previsto no artigo 124, I, do CTN, com a conseqüente responsabilização solidária, beneficiarse pela utilização da estrutura legal e dos resultados da empresa, apropriandose do patrimônio por ela gerado ilegalmente. No caso dos autos resta demonstrado o interesso jurídico e econômico, bem como o nexo entre as partes. Acórdão nº 1401002.881, de 18/09/2018. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Demonstrada a existência de um grupo econômico de fato, integrado por diversas pessoas jurídicas formalmente independentes, porém com administração única, estrutura e atuação operacional comum e confusão patrimonial, procedente a atribuição de responsabilidade solidária prevista no art. 124, I do CTN. Acórdão nº 1302002.812, de 12/06/2018. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 124, I, DO CTN. INTERESSE COMUM. CABIMENTO. Cabe a imposição de responsabilidade tributária em razão do interesse comum na situação que constitui fato gerador da obrigação principal, nos termos do art. 124, I, do CTN, quando demonstrado, mediante conjunto deelementos fáticos convergentes, que os responsabilizados não apenas ostentavam a condição de sócios de fato da autuada, como estabeleceram entre ela e outras empresas de sua titularidade atuação negocial conjunta. Acórdão nº 1301002.749, de 21/02/2018. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 124, I, DO CTN. INTERESSE COMUM. CABIMENTO. Cabe a imposição de responsabilidade tributária em razão do interesse comum na situação que constitui fato gerador da obrigação principal, nos termos do art. 124, I, do CTN, quando demonstrado, mediante conjunto deelementos fáticos convergentes, que os responsabilizados não apenas ostentavam a condição de sócios de fato da autuada, como estabeleceram entre ela e outras empresas de sua titularidade atuação negocial conjunta. Acórdão nº 1301002.748, de 21/02/2018. CONJUNTO DE INDÍCIOS CONCORDANTES PROVA INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO QUE CONSTITUA O FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. A demonstração de um conjunto de indícios robustos e concatenados entre si constitui prova suficiente para a imputação de responsabilidade solidária fundada no interesse comum na situação que constitua o fato gerador da Fl. 9113DF CARF MF Processo nº 10932.720105/201514 Acórdão n.º 1401002.882 S1C4T1 Fl. 9.113 49 obrigação principal, na forma do artigo 124, I, do CTN. Acórdão nº 1402 002.732, de 16/08/2017. Assim, diante dos fatos e provas apresentados neste processo, constatando que o interesse comum restou caracterizado em razão dos benefícios auferidos pelos responsáveis solidários indicados, entendo que deve ser revista a decisão de Piso na parte em que excluir a responsabilização solidária pela norma do art. 124, I, do CTN. Pelo exposto e acima demonstrado voto no sentido de dar provimento ao recurso de ofício, mantendo a responsabilização solidária também em razão do interesse comum estabelecido pela norma do art. 124, I, do CTN. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Redator Designado Fl. 9114DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11330.000088/2007-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/1999
MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS. NÃO CONHECIMENTO.
As matérias não contestadas na impugnação são insuscetíveis de conhecimento em grau recursal.
CESSÃO DE MÃO DE OBRA. CARACTERIZAÇÃO.
A colocação de trabalhadores à disposição do contratante, para a execução de serviços contínuos, em suas dependências, caracteriza cessão de mão de obra.
CESSÃO DE MÃO DE OBRA. SOLIDARIEDADE ENTRE O TOMADOR E O PRESTADOR. AUSÊNCIA DE BENEFÍCIO DE ORDEM.
Até janeiro de 1999, o contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra respondia solidariamente com o executor dos serviços pelas obrigações decorrentes da Lei de Custeio da Previdência Social, exceto em relação às contribuições provenientes do faturamento e do lucro, podendo os créditos serem cobrados tanto do prestador quanto do tomador, sem benefício de ordem.
Numero da decisão: 2402-006.260
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, por unanimidade de votos, afastar a decadência e, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (relator), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Votou pelas conclusões, em relação à coisa julgada administrativa e divergiu do relator quanto à hipótese de inexistência de cessão de mão-de-obra o Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza. Manifestou a intenção de apresentar declaração de voto a Conselheira Renata Toratti Cassini. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregorio Rechmann Junior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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NÃO CONHECIMENTO. As matérias não contestadas na impugnação são insuscetíveis de conhecimento em grau recursal. CESSÃO DE MÃO DE OBRA. CARACTERIZAÇÃO. A colocação de trabalhadores à disposição do contratante, para a execução de serviços contínuos, em suas dependências, caracteriza cessão de mão de obra. CESSÃO DE MÃO DE OBRA. SOLIDARIEDADE ENTRE O TOMADOR E O PRESTADOR. AUSÊNCIA DE BENEFÍCIO DE ORDEM. Até janeiro de 1999, o contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra respondia solidariamente com o executor dos serviços pelas obrigações decorrentes da Lei de Custeio da Previdência Social, exceto em relação às contribuições provenientes do faturamento e do lucro, podendo os créditos serem cobrados tanto do prestador quanto do tomador, sem benefício de ordem. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, por unanimidade de votos, afastar a decadência e, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (relator), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Votou pelas conclusões, em relação à coisa julgada administrativa e divergiu do relator quanto à hipótese de inexistência de cessão de mãodeobra o Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza. Manifestou a intenção de apresentar declaração de voto a Conselheira Renata Toratti Cassini. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 33 0. 00 00 88 /2 00 7- 29 Fl. 1922DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregorio Rechmann Junior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti e Renata Toratti Cassini. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Nessa prumada, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2402006.257 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 06 de junho de 2018, proferido no âmbito do processo n° 18471.001854/200898, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2402006.257 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária "A DRJ/RJ1 fez um relato preciso do lançamento e da impugnação, que passa a integrar, em parte, o presente relatório: LANÇAMENTO Tratase de crédito lançado pela fiscalização (NFLD DEBCAD 35.521.1157 consolidado em 01/09/2002), no valor de R$ 103.176,83, acrescidos de juros e multa, contra a empresa acima identificada que, de acordo com o Relatório Fiscal (fls. 29/32), referese às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à parte da empresa, dos segurados, e às destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, referentes à competência 01/1999. 2. As contribuições foram apuradas com base no instituto da responsabilidade solidária, decorrente de serviços prestados mediante cessão de mão de obra, de acordo com o artigo 31 da Lei no 8.212/1991 (anterior à Lei nº 9.711 de 20/11/1998), com redação vigente à época dos fatos geradores, pela empresa BELCONAV S/A CONSTRUÇÃO NAVAL CNPJ 04.146.809/000187, em cumprimento aos contratos nº 295.2.003.988 (Levantamento A42) e nº 295.2.004.980 (Levantamento A43). Fl. 1923DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 4 3 2.1. A descrição dos serviços prestados, de acordo com o objeto do contrato encontrase no item 5 do Relatório Fiscal. DA IMPUGNAÇÃO DA PETROBRAS 3. A PETROBRAS, notificada do lançamento em 25/09/2002 apresentou impugnação em 14/10//2002, através do instrumento de fls. 37/42, alegando em síntese a tempestividade; a inexistência de “cessão de mão de obra”; a necessidade da comprovação de existência da obrigação do devedor originário e a constituição de sua liquidez; assim como o alargamento da base de cálculo; invocando finalmente sua qualidade de ente integrante da administração pública indireta, para concluir que, na presente exação, o governo postula o recebimento de crédito do próprio governo. Do aditamento à impugnação 3.1. A PETROBRAS ainda apresentou aditamento à impugnação, fls. 53, com a juntada de documentos (fls. 54/83) para comprovar suas alegações. DA IMPUGNAÇÃO DA PRESTADORA DE SERVIÇOS 4. A BELCONAV, notificada do lançamento, por via postal, em 06/12/2002 (AR fls. 50) não apresentou impugnação. DA DILIGÊNCIA 5. Diante da documentação apresentada os autos foram encaminhados, em 30/04/2003, à Junta Notificante, para apreciação (fls. 85). 5.1. Em atendimento à diligência requerida pela autoridade julgadora, o fiscal notificante elaborou Informação Fiscal, em 04/07/2003, fls. 88, na qual concluiu pela retificação do débito, tendo sido emitido o FORCED de fls. 86/87. DO JULGAMENTO E DO RECURSO 6. O Lançamento foi julgado PROCEDENTE EM PARTE através da DecisãoNotificação nº 17.401.4/0759/2003, de 26/08/2003, fls. 90/95. Devidamente notificada a PETROBRAS, em 04/09/2003 (fls. 97) e a BELCONAV através de edital, publicado no Jornal Extra, em 04/02/2004 (fls.100). 6.1. Apenas a PETROBRAS apresentou recurso em 30/09/2003, fls. 103/107. DAS CONTRARAZÕES 7. Após a elaboração das ContraRazões, às fls. 113/115, o processo foi encaminhado ao CRPS. Fl. 1924DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 5 4 8. A 2ª Câmara de Julgamento do CRPS, através do Acórdão nº 0001851, de 22/07/2004 (fls. 117/130), decidiu anular a Decisão Notificação – DN, determinando que o INSS apresentasse elementos, com base na contabilidade do contribuinte, que justificasse o procedimento adotado, e ainda utilizasse outros meios para localizar o contribuinte (prestador de serviços) tais como diligência junto à Receita Federal, Junta Comercial, Secretaria da Fazenda Estadual, Cadastro do ISS, etc, inclusive utilizandose edital na praça de localização do mesmo, pois entendeu que o INSS não se esforçou para localizálo, já que publicou edital de citação em praça diversa do contribuinte. 9. Inconformada com a Decisão, considerando que não houve vício insanável que acarretasse a nulidade da DN, a Secretaria da Receita Previdenciária interpôs Pedido de Revisão do Acórdão (fls. 132/137). 10. As empresas interessadas foram devidamente comunicadas do Acórdão assim como do Pedido de Revisão, sendo concedido às mesmas, prazo para manifestação. Sendo que a PETROBRAS foi notificada em 19/01/2005 (fls. 138) e a BELCONAV através de edital, publicado no Jornal Extra, em 16/03/2005 (fls.151). 11. Apenas a PETROBRAS se manifestou em 18/02/2005 (fls. 144/148). 12. O Pedido de Revisão NÃO FOI CONHECIDO pela 2ª Câmara de Julgamento, conforme Acórdão nº 0000987, de 04/08/2005, sob a alegação de que divergência de entendimento não é causa para revisão de julgados deste conselho (fls. 155/159). DO REINÍCIO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO 13. Primeiramente cumpre esclarecer que, no interregno do julgamento do pedido de revisão ao reinício do Contencioso Administrativo, o entendimento exarado pelo CRPS, à época, quanto à necessidade de exame da contabilidade do prestador do serviço a fim de constatar a existência ou não do crédito tributário, foi alterado pelo Conselho Pleno do CRPS, o qual exarou o Enunciado nº 30, editado pela Resolução nº 1, de 31/01/2007, publicada no DOU de 05/02/2007, passando a dispensar tal exigência: "Em se tratando de responsabilidade solidária o fisco previdenciário tem a prerrogativa de constituir os créditos no tomador de serviços mesmo que não haja apuração prévia no prestador de serviços". 14. De acordo com a Resolução mencionada é necessária apenas a verificação acerca do prestador ter sido alvo de procedimento fiscal com exame da contabilidade no período de interesse. Caso positivo, incabível a lavratura do crédito, caso contrário, permanece a lavratura do mesmo. Fl. 1925DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 6 5 15. Em atendimento ao determinado no Decisório do CRPS, em 23/01/2008, fls. 191, o AuditorFiscal afirma que efetuou pesquisas nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Previdenciária, fls. 185/186, sendo analisadas as informações disponíveis relativas à empresa contratada e prestadora de serviços, constatandose que não houve ação fiscal com exame de contabilidade, englobando o período referente ao lançamento em pauta, e que a empresa não aderiu ao parcelamento especial da Lei nº 9964/2000 – REFIS (fls. 187), assim como não aderiu ao parcelamento da Lei nº 10684/2003 –PAES (fls. 188). 16. Assim sendo, a PETROBRAS foi notificada do Acórdão nº 000987 e do Resultado da Diligência de 23/01/2008, assim como da reabertura do prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, através da INTIMAÇÃO nº 1134/2010 (fls. 195) em 29/11/2010 (fls. 197) e a BELCONAV, através de edital, publicado no Diário Oficial da União em 10/08/2011 (fls. 206), entretanto não se manifestaram. A DRJ/RJ1 julgou a impugnação procedente em parte, conforme decisão assim ementada: CESSÃO DE MÃO DE OBRA. CARACTERIZAÇÃO. A previsão contratual de colocação, à disposição do contratante, de segurados que realizem serviços de necessidade permanente, ainda que de forma intermitente, é fator essencial à configuração da cessão de mão de obra. CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA CESSÃO DE MÃO DE OBRA O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mão de obra responde solidariamente com o executor pelas obrigações previdenciárias, em relação aos serviços a ele prestados. ELISÃO PARCIAL DA SOLIDARIEDADE. RETIFICAÇÃO Uma vez apresentados, ainda que parcialmente, documentos elisivos da responsabilidade solidária relativa à construção civil, abatese do lançamento os valores vinculados a tais documentos, nos termos da legislação de regência. O montante exonerado não resultou na interposição de recurso de ofício. Intimada da decisão em 08/10/2013, pela abertura dos arquivos correspondentes no link Processo Digital (fl. 264), a contribuinte interpôs seu recurso voluntário em 06/11/2003 (fls. 269 e seguintes), no qual deduziu as seguintes teses de defesa: · nulidade da NFLD por ausência de requisitos legais mínimos; Fl. 1926DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 7 6 · existência de coisa julgada administrativa; · decadência do crédito tributário; · impossibilidade de revisão do lançamento; · descumprimento da decisão do CRPS; · ilegalidade da aferição indireta em relação aos fatos geradores ocorridos anteriormente a fevereiro de 1999; · inexistência de cessão de mão de obra; · inexistência de solidariedade por falta de configuração prévia da obrigação; · erro na mensuração da base de cálculo; A BELCONAV foi intimada por edital, mas não interpôs recurso voluntário. Sem contrarrazões ou manifestação pela Procuradoria. É o relatório." Voto Mario Pereira de Pinho Filho Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2402006.257 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 06 de junho de 2018, proferido no julgamento do processo n° 18471.001854/200898, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, a seguir, nos termos regimentais, o inteiro teor dos votos vencido e vencedor proferidos, respectivamente, pelos Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci e Denny Medeiros da Silveira, dignos Relator e Redator designado da decisão paradigma suso citada, reprisese, Acórdão nº 2402006.257 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 06 de junho de 2018: Acórdão nº 2402006.257 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Voto Vencido " Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator. 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo, mas não deve ser totalmente conhecido. Fl. 1927DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 8 7 Comparandose a defesa administrativa com o recurso, conclui se que a contribuinte, sem a ocorrência de qualquer fato ou circunstância jurídica superveniente ao lançamento, inovou ao deduzir as seguintes teses recursais (vide relatório): a) nulidade da NFLD por ausência de requisitos legais mínimos; e f) ilegalidade da aferição indireta em relação aos fatos geradores ocorridos anteriormente a fevereiro de 1999. A impugnação da exigência, a qual deve ser formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, instaura a fase litigiosa do procedimento, considerandose não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo sujeito passivo. Somente a impugnação regular é capaz de atrair o poderdever do Estado de fazer a prestação jurisdicional, dirimindo a controvérsia iniciada com o lançamento fiscal mas efetivamente instaurada com a sua (da impugnação) apresentação. Vejase, nesse sentido, os seguintes dispositivos constantes do Decreto nº 70.235/1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. [...] Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...] Art. 16. A impugnação mencionará: [...] Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Justamente em função da falta de impugnação, a DRJ não julgou a matéria ora suscitada, de forma o seu conhecimento aviltaria o princípio constitucional do duplo grau de jurisdição. Destarte, não se conhece do recurso neste ponto. 2 Da coisa julgada administrativa Conforme já relatado, a 2ª Câmara de Julgamento do CRPS, através do Acórdão nº 0001851, de 22/07/2004, decidiu anular a Decisão Notificação – DN, determinando que o INSS apresentasse elementos, com base na contabilidade da contribuinte, que justificasse o procedimento adotado, e ainda utilizasse outros meios para localizar a prestadora de serviços, Fl. 1928DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 9 8 tais como diligência junto à Receita Federal, Junta Comercial, Secretaria da Fazenda Estadual, Cadastro do ISS, etc, inclusive utilizandose edital na praça de localização da mesma, pois entendeu que o INSS não teria se esforçado para localizála, já que publicou edital de citação em praça diversa da prestadora. Para ilustrar e demonstrar como a questão foi decidida pelo CRPS, vale transcrever o desfecho da fundamentação do voto condutor do acórdão e a sua conclusão: O resultado do acórdão foi exatamente no sentido de anular a decisão notificação, de acordo com o voto do relator e sua fundamentação. Vejase: Como se pode ver acima, o CRPS não anulou o lançamento e ainda fez claras determinações ao INSS ao utilizarse das seguintes expressões: "entendo que o INSS deve apresentar elementos com base na contabilidade do sujeito passivo"; "anular a DN, determinado que o INSS verifique a existência do crédito lançado na contabilidade do contribuinte prestador de serviços" (erro de conjugação do verbo no original); e "deverão ser adotados outros meios para localizar seu paradeiro". De outro modo, a decisão foi por anular a decisão notificação, e não por anular o lançamento. Ainda que se pudesse afirmar que a decisão não tenha tido a melhor técnica possível (e está se alegando isso apenas por argumentação, e não para reprovar o conteúdo decisório), o fato Fl. 1929DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 10 9 é que não houve nem fundamentação, nem conclusão e nem acórdão determinando a anulação da NFLD, mas sim a decisão notificação, tendo sido determinado, outrossim, que o INSS adotasse as duas providências relacionadas na fundamentação (i verificação da contabilidade do prestador; e ii localização do seu paradeiro). Produziuse coisa julgada material, portanto, nesse tocante, e não coisa julgada para anular o próprio lançamento. Em sendo assim, o recurso deve ser desprovido nesse particular. Contudo, e como dito, a decisão transitada em julgado foi no sentido de determinar que o INSS localizasse o endereço do prestador e verificasse a sua contabilidade. No entender do CRPS, a falta de verificação da contabilidade do prestador poderia ensejar o lançamento de contribuição em duplicidade, como deixa claro o seguinte parágrafo da fundamentação do voto condutor do acórdão: A despeito disso, o relatório de diligência fiscal de fl. 191 do pdf revela que "não houve ação fiscal com exame da contabilidade englobando o período referente ao lançamento em pauta, conforme cópias anexadas às fls. 172 a 173" (destaques do original). É importante observar que se determinou, expressa e literalmente, o exame da contabilidade da empresa prestadora, não bastando, pois, a análise do conta corrente junto aos sistemas da SRFB, do fisco previdenciário, etc. A decisão do Conselho transitou em julgado e essa questão não poderia ter sido redecidida pela DRJ/RJ1. É bem verdade, registrese, que esse entendimento do CRPS acabou sendo superado ao longo do tempo, mas não neste PAF, no qual ele transitou em julgado, como se depreende do exame dos autos e tendo em vista que não foi conhecido o Pedido de Revisão então apresentado pela Secretaria da Receita Previdenciária. Fl. 1930DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 11 10 Diante do exposto, é óbvio que houve erro relacionado à própria materialidade do fato gerador e à sua base de cálculo, devendo ser provido o recurso para cancelar o lançamento por vício material. Cabe ressaltar, nesse contexto, que o Poder Judiciário, quando da apreciação do mandado de segurança impetrado para propiciar a devolução dos depósitos recursais efetuados para viabilizar o prosseguimento daquele primeiro apelo, fez constar a seguinte afirmação, que corrobora a verdade do que foi exposto: Entendeuse, inclusive, e até com certo desacerto, que o sujeito passivo teria tido êxito em desconstituir o crédito tributário, o que serviu de fundamento para a devolução do depósito efetuado. Vejase: Em síntese, o lançamento permaneceu com o mesmo vício apontado pelo CRPS, vício este relacionado à própria materialidade do fato gerador e à sua base de cálculo, lembrando que vício formal é mácula inerente ao procedimento e ao documento que tenha formalizado a existência do crédito, ao passo que vício material é aquele relativo à validade e à incidência da lei. Vejase, nesse sentido, a doutrina de Leandro Paulsen1: Os vícios formais são aqueles atinentes aos procedimentos e ao documento que tenha formalizado a existência do crédito tributário. Vícios materiais são os relacionados à validade e incidência da lei. No caso in concreto, como houve vício relativo à materialidade do fato gerador e à sua base de cálculo, houve vício na incidência da lei, não se vislumbrando simples erro de forma (incompetência da autoridade lançadora, incorreção do documento que formalizou o lançamento, etc). Cumpre lembrar que lançamento é justamente o procedimento administrativo (ou ato administrativo) tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível, na dicção do art. 142 do CTN. 1 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, ESMAFE, 2008, p. 1164. Fl. 1931DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 12 11 A inobservância de tal norma implica, indubitavelmente, vício de natureza material, e não meramente formal. Deste Colegiado, vale transcrever o seguinte julgado: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO. VÍCIO FORMAL X MATERIAL. AUTUAÇÃO SUBSTITUTIVA. ALTERAÇÃO MATÉRIA TRIBUTÁVEL. NOVO LANÇAMENTO. NÃO APLICAÇÃO ARTIGO 173, II, CTN.Na hipótese vertente, declarada a insubsistência da execução fiscal, diante da ausência de liquidez e certeza da CDA, em razão da inclusão indevida de segurados ao Regime Geral da Previdência Social, não se cogita em vício formal, mas, sim, material, em razão da mácula na necessária descrição clara e precisa do fato gerador e matéria tributável das contribuições previdenciárias lançadas, o que afasta de plano a aplicação do artigo 173, inciso II, do CTN. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL.O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, constatouse a decadência sob qualquer fundamento legal que se pretenda aplicar (artigo 150, § 4º ou 173, do CTN). Recurso Voluntário Provido. (Acórdão nº 2402005.189, Rel. Lourenço Ferreira do Prado, sessão de 12 de abril de 2016) Passase a analisar as demais matérias suscitadas em grau recursal, caso este relator seja vencido neste ponto. 3 Da decadência A recorrente afirma que em 23/01/2008, a autoridade administrativa teria praticado ato de cobrança, relativo a tributos cujos fatos geradores ocorreram em 01/1999, o que configuraria decadência. Todavia, e como já esclarecido, não houve a constituição do crédito tributário em 23/01/2008, uma vez que o CRPS não anulou o lançamento efetuado em 25/09/2002, constituído mediante NFLD, mas apenas determinou que o INSS analisasse a contabilidade da prestadora e diligenciasse no seu endereço. Houve, então, mera diligência determinada em decisão transitada em julgado no Conselho e determinação para que o sujeito passivo se manifestasse no prazo de trinta dias. Em sendo assim, deve ser rejeitada a alegação de decadência. 4 Da impossibilidade de revisão do lançamento Fl. 1932DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 13 12 A recorrente assevera que seria impossível procederse à revisão do lançamento. Entretanto, e diferentemente do que alega a recorrente, não chegou a haver novo lançamento. É bem verdade que, no entender deste conselheiro, o órgão julgador não tem competência para alterar ou reformar os critérios jurídicos que embasaram o ato de constituição do crédito tributário pela autoridade administrativa. A competência do órgão de julgamento é apenas no sentido de confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrido, a exemplo do que determina o art. 64 da Lei 9784/99. Mas, no caso concreto, efetivamente não houve um novo lançamento e é descabida a menção ao art. 149 do CTN. O que houve, como já demonstrado, foi uma anulação de uma decisão pelo CRPS com determinação de diligência, decisão contra a qual a recorrente não chegou a se insurgir. Negase, pois, provimento ao recurso voluntário neste particular. 5 Da inexistência de cessão de mão de obra O sujeito passivo reafirma os fundamentos de sua defesa, sustentando a tese de que não teria havido cessão de mão de obra. Analisandose o singelo relatório fiscal, observase que a fiscalização não comprovou que os serviços contratados pela empresa tenham sido executados mediante cessão de mão de obra. Em janeiro de 1999, época dos fatos geradores, o art. 31 tinha a redação da Lei 9528/972, e assim dispunha: Art. 31. O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta Lei, em relação aos serviços prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem.(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 1º Fica ressalvado o direito regressivo do contratante contra o executor e admitida a retenção de importâncias a este devidas para garantia do cumprimento das obrigações desta Lei, na forma estabelecida em regulamento. § 2º Exclusivamente para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãodeobra a colocação à disposição do contratante, 2 A Lei 9711/98, que alterou a redação do art. 31, somente produziu efeitos a partir de 1º de fevereiro de 1999 (Art. 29. O art. 31 da Lei nº 8.212, de 1991, produzirá efeitos a partir de 1o de fevereiro de 1999, ficando mantida, até aquela data, a responsabilidade solidária na forma da legislação anterior) e foi posteriormente revogada. Fl. 1933DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 14 13 em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com atividades normais da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação.(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). A interpretação do § 2º encimado revela que somente ocorre cessão de mão de obra quando se coloca à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividade fim da empresa, independentemente da forma de contratação. Em tal situação, os segurados são cedidos à empresa contratante em caráter não eventual ("colocação à disposição do contratante") e de forma contínua ("segurados que realizem serviços contínuos"), de tal maneira que a cessionária passará a dirigirlhes as atividades, respeitados os limites do contrato de cessão. Por essa razão, e por motivos de técnica tributária arrecadatória, atualmente a empresa beneficiária da prestação dos serviços prestados pelos segurados da empresa cedente fica obrigada a proceder à retenção/antecipação de parte dos valores devidos, à alíquota de 11%; e à época dos fatos geradores a legislação estabelecia que o contratante respondia solidariamente com o executor. Ao fazer o lançamento das contribuições devidas a esse título, portanto, a autoridade fiscal deve demonstrar que os segurados foram efetivamente cedidos à empresa contratante de forma não eventual e contínua, a fim de prestarlhe os serviços, nas dependências da própria contratante ou nas de terceiros, e não nas dependências da própria empresa cedente. Com efeito, o art. 142 do Código Tributário Nacional impõe à autoridade administrativa a obrigação de verificar, isto é, de relatar e demonstrar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, devendo, ainda, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Quanto ao dever imposto ao Fisco de demonstrar a existência efetiva de cessão de mão de obra, confirase o seguinte precedente deste CARF: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS MEDIANTE CESSÃO DE MÃODEOBRA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO CONTRATANTE. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE QUE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS OCORREU MEDIANTE CESSÃO DE MÃODE OBRA Fl. 1934DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 15 14 É dever do Fisco, sob pena de ocorrência de vício material, a comprovação de que houve a prestação de serviço mediante cessão de mão de obra, para que haja responsabilidade solidária entre o contratante e o prestador de serviços pelas obrigações decorrentes da Lei de Custeio da Seguridade Social, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. Art. 31 da Lei n° 8.212/91, na redação dada pela Lei n° 9.032/95. (CARF, PAF 11330.000963/200772, Acórdão 2201003.412, Redator Carlos Henrique de Oliveira, julgado em 07/02/2017) ......................................................................................................... Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Anocalendário: 2009, 2010 [...] CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. CESSÃO DE MÃODEOBRA. AUSÊNCIA DE PROVAS. CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSPORTE COLETIVO DE PASSAGEIROS. RETENÇÃO. Nos contratos administrativos de concessão de serviço público de transporte coletivo de passageiros o particular executa em seu nome, por sua conta e risco, o serviço delegado. Assim, inexistindo provas de que a Administração Pública exercia qualquer interferência direta nos serviços desempenhados pelos trabalhadores contratados, descaracterizado está o conceito de cessão de mãodeobra para fins de aplicação da retenção prevista no art. 31 da Lei nº 8.212/91.Recurso Especial do Procurador Negado. (CSRF, PAF 19311.720414/201134, Acórdão 9202004.404, Relatora Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, julgado em 25/08/2016) Deste Colegiado, vale citar o seguinte precedente, julgado por unanimidade: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008 PREVIDENCIÁRIO. RETENÇÃO 11%. INEXISTÊNCIA COMPROVAÇÃO CESSÃO DE MÃODEOBRA. IMPROCEDÊNCIA LANÇAMENTO. Somente na hipótese em que restar devidamente comprovada pela autoridade lançadora à prestação dos serviços mediante cessão de mãodeobra, será devida pela empresa contratante a retenção de 11% de que trata o artigo 31 da Lei n° 8.212/91, devendo o fiscal autuante demonstrar de maneira pormenorizada/individualizada os serviços executados com o respectivo enquadramento nos casos previstos no rol constante do artigo 219, § 2º, do Decreto nº 3.048/99, sob pena da Fl. 1935DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 16 15 improcedência do lançamento, em face da ausência da perfeita descrição do fato gerador do tributo.Recurso Voluntário Provido. (CARF, PAF 10510.004019/200975, Acórdão 2402005.003, julgado em 16/02/2016, Relator Lourenço Ferreira do Prado) Neste caso concreto, contudo, a autoridade administrativa não se dignou de demonstrar o fato gerador das contribuições. O agente lançador apenas relacionou os contratos que, no seu entender, caracterizariam a cessão, sem ter tido o cuidado de efetivamente caracterizála. Vejase o contido no relatório fiscal, onde a administração fazendária enumera os contratos de serviços de correção de vazamentos em tubulações e acessórios e manutenção em purgadores e de serviços de manutenção em caldeiraria, tubulações, equipamentos, etc: Em nenhum momento, o agente fiscal sequer afirmou que os segurados das empresas contratadas foram cedidos à empresa contratante em caráter não eventual e de forma contínua. Diante da falta de demonstração da efetiva cessão dos trabalhadores, podese afirmar que os contratos acima são típicos contratos de prestação de serviços, os quais, de acordo com o Código Civil brasileiro, naturalmente implicam a realização de um trabalho lícito, material ou imaterial, mediante retribuição (art. 594). A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, na dicção do parágrafo único do art. 142 do Código, de forma que é dever inafastável da autoridade fiscal o empreendimento de todos os esforços na determinação do critério material do fato gerador da obrigação tributária (ou critério material da regra matriz de incidência). Fl. 1936DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 17 16 É nesse contexto que o art. 25 do Decreto 7574/2011 determina que os autos de infração ou as notificações de lançamento deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Destarte, e em função da descrição deficiente do fato gerador das contribuições, isto é, da insuficiente narração da materialidade do fato jurídico tributário, deve ser dado provimento ao recurso, para cancelar o lançamento. Se porventura este relator for vencido neste ponto, passase à análise das demais matérias recursais. 6 Da inexistência de solidariedade A própria contribuinte reconhece a existência de solidariedade legal no período lançado, mas afirma que não teria havido prévia configuração da obrigação junto ao contribuinte originário. Como já afirmado, essa questão foi previamente decidida pelo CRPS e se encontra sob o abrigo da coisa julgada. Realmente se decidiu que haveria necessidade de averiguação na contabilidade do prestador e de verificação no seu endereço. Todavia, caso o colegiado entenda que não houve produção de coisa julgada administrativa e que é necessária a (re)análise dessa matéria, e considerandose que este recurso voluntário constituise em paradigma, cabe afirmar o seguinte: Até a edição da Lei 9711/98, a legislação determinava que o contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, respondia solidariamente com o prestador pelas obrigações para com a seguridade social. Com a edição da citada lei, com vigência a partir de fevereiro de 1999, a empresa contratante passou a ser obrigada a reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida. Para ilustrar, transcrevese o art. 31 da Lei 8212/91, com a redação da Lei 9528/97, aplicável ao fato gerador lançado neste PAF (janeiro de 1999): Art. 31. O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta Lei, em relação aos serviços prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem.(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). É inquestionável, e a própria contribuinte reconhece, que a norma retro mencionada estabelecia a solidariedade entre o tomador e o prestador, de tal forma que o afastamento dessa modalidade de sujeição passiva tributária necessitaria de Fl. 1937DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 18 17 declaração de ilegalidade do art. 31, o que é defeso na esfera administrativa (e.g., Súmula CARF 2: o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária). A tese recursal, portanto, e isto está claramente definido, é que seria imprescindível a verificação da falta de recolhimento no prestador. Pois bem. O CTN, em seu art. 121, parágrafo único, prevê duas espécies de sujeitos passivos: (1) o contribuinte, que tem relação pessoal e direta com a situação que constitua o fato gerador da obrigação; e (2) o responsável, o qual está obrigado por expressa previsão legal. No tocante ao responsável, o art. 128 do Código preleciona que sua obrigação deve necessariamente decorrer de sua vinculação com o fato gerador. Solidariamente obrigado, portanto, é aquele que tem interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, ou aquele expressamente designado por lei, ex vi dos incs. I e II do art. 124. Muito embora costumeiramente se denomine o solidariamente obrigado como responsável solidário, fato é que o Código, até mesmo por sua tipologia e pela disposição de seus artigos, estabelece uma clara diferenciação entre tais institutos. A solidariedade é tratada nos arts. 124 e 125, enquanto a responsabilidade é regrada em capítulo próprio, e nos arts. 128 e seguintes. Conquanto a solidariedade tenha o efeito de responsabilizar/obrigar o sujeito ao pagamento do crédito tributário (sob o ponto de vista do direito das obrigações, o Código Civil, em seu art. 391, preceitua que pelo inadimplemento das obrigações "respondem" todos os bens do devedor), é iniludível que o CTN distinguiu as figuras (a) do contribuinte, (b) do responsável e (c) do solidariamente obrigado. É importante frisar, ainda, que enquanto a solidariedade pressupõe o interesse comum na obrigação principal (e veja que não se trata de mero interesse, mas sim de interesse comum na própria obrigação), ou a expressa indicação em lei (a exemplo do art. 31 da Lei 8212/91, com a redação da Lei 9528/97), a responsabilidade tributária pressupõe simples vinculação com o fato gerador da respectiva obrigação. A extensão da relação jurídicotributária a uma determinada pessoa requer a ocorrência de todos os elementos fáticos previstos em lei, ou seja, a concretização de todas as circunstâncias legais atinentes à solidariedade ou à responsabilidade. Dito de outra forma, a solidariedade ou a responsabilidade pressupõem a regra matriz de incidência e a regra matriz de solidariedade ou responsabilidade, cada uma Fl. 1938DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 19 18 com seus pressupostos fáticos e seus sujeitos próprios (contribuintes, solidários, responsáveis, etc). No caso vertente, e conforme já afirmado, a solidariedade do cessionário decorria de expressa disposição legal (art. 31 da Lei 8212/91, em sua redação anterior). Naturalmente, o contribuinte das exações seria o prestador dos serviços, na condição de empregador da mão de obra. Daí se segue que, para a caracterização da solidariedade, primeiramente seria necessária a constituição do crédito tributário ou a verificação da falta de recolhimento naquele que ostentava a posição natural de contribuinte o prestador. Lembrese, o cessionário não era o empregador da mão de obra e, consequentemente, não era o contribuinte das exações decorrentes do seu emprego, e a sua obrigação decorria de expressa disposição de lei, e não de sua vinculação direta com o fato gerador (essa expressa vinculação somente ocorre quando o chamado solidário realmente ostenta a posição de contribuinte, praticando igualmente o fato jurídico tributário, a exemplo de um condômino de um imóvel urbano em relação ao IPTU). Uma vez que a fiscalização não se dignou de verificar a falta de recolhimento no alegado cedente da mão de obra, deve ser provido o recurso, a fim cancelar o crédito tributário contra ela constituído. Essa interpretação está de acordo com o entendimento da Primeira e da Segunda Turma do STJ, conforme precedentes abaixo com destaques: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTROVÉRSIA ACERCA DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE PRESTADOR E TOMADOR DE SERVIÇOS DE CESSÃO DE MÃO DE OBRA. ART. 31 DA LEI 8.212/1991. AFERIÇÃO INDIRETA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI 9.711/1998. IMPOSSIBILIDADE. ART. 124 DO CTN. CONSTITUIÇÃO VÁLIDA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. NÃO OCORRÊNCIA.VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 83/STJ 1. Tratase de demanda referente à contribuições previdenciárias relativas ao período de 11/1996 a 07/1997, 01/1999 a 06/2001 e 01/1999 a 05/2000. Quanto aos Fatos Geradores ocorridos antes da Lei 9.711/1998, aplicase o art. 31 da 8.212/1991 na sua redação original. Após o dia 1º.02.1999, adotase a redação dada pela Lei 9.711/1998. 2. o acórdão recorrido não nega a existência de responsabilidade solidária pelo recolhimento das contribuições entre tomadora e prestadora dos serviços. O que sustenta o acórdão é que a responsabilidade solidária supõe a existência de regular constituição do crédito tributário, que não teria ocorrido. In casu, como bem fundamentou o acórdão recorrido, a constituição do crédito tributário, referente ao período anterior a 1º.02.1999, não poderia ser feita por meio da aferição Fl. 1939DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 20 19 indireta nas contas do tomador dos serviços. Precedentes: REsp 1.175.075/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 31.5.2011; AgRg no REsp 1.142.065/RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 10.6.2011; REsp 1.174.976/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 11.5.2010. 3. Dessumese que o acórdão recorrido está em sintonia com o atual entendimento deste Tribunal Superior, razão pela qual não merece prosperar a irresignação. Incide, in casu, o princípio estabelecido na Súmula 83/STJ. 4. Acrescentese que, nos contratos de cessão de mão de obra, a responsabilidade do tomador do serviço pelas contribuições previdenciárias é solidária, conforme consignado na redação original do art. 31 da Lei 8.212/91, não comportando benefício de ordem, nos termos do art. 124 do Código Tributário Nacional. Precedentes: AgRg no REsp 1.213.709/SC, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 18.12.2012, DJe 8.02.2013; REsp 1.281.134/MG, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 13.12.2011, DJe 19.12.2011; AgRg no REsp 1.142.065/RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 7.6.2011, DJe 10.6.2011. 5. Por fim, constatase que não se configura a ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez que o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como lhe foi apresentada. Não é o órgão julgador obrigado a rebater, um a um, todos os argumentos trazidos pelas partes em defesa da tese que apresentaram. Deve apenas enfrentar a demanda, observando as questões relevantes e imprescindíveis à sua resolução. Nesse sentido: REsp 927.216/RS, Segunda Turma, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJ de 13.8.2007; e REsp 855.073/SC, Primeira Turma, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 28.6.2007. 6. Recursos Especiais não providos. (REsp 1518887/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 30/06/2015) ......................................................................................................... PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTROVÉRSIA ACERCA DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO CONTRATANTE DE SERVIÇOS EXECUTADOS MEDIANTE CESSÃO DE MÃODEOBRA. ART. 31 DA LEI N. 8.212/91. 1. O Tribunal regional não afastou a responsabilidade solidária entre o prestador do serviço e o contratante, apenas reconheceu que cabe ao Fisco, em primeiro lugar, verificar a contabilidade da prestadora de serviços e se houve ou não recolhimento da contribuição previdenciária, para, então, constituir o crédito Fl. 1940DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 21 20 tributário. Efetivamente, o sujeito passivo da obrigação tributária é a prestadora de serviços, razão por que não há como afastar a obrigação do Fisco de primeiro verificar a sua contabilidade e se houve recolhimento ou não recolhimento da contribuição previdenciária. Tal fato, no entanto, não exclui a solidariedade entre a empresa contratante e a cedente de mão de obra. O óbice à cobrança intentada pela Fazenda Pública é tão somente a forma utilizada para apurar o crédito tributário. 2. Precedentes: REsp 1212832/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 19.11.2010; AgRg no REsp 1142065/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 10.6.2011; e REsp 939.189/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, DJe 23.11.2009. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 202.293/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/09/2012, DJe 25/09/2012) ................................................................................................. DIREITO TRIBUTÁRIO. FISCALIZAÇÃO DA CONTABILIDADE DA PRESTADORA DE SERVIÇOS COMO PRESSUPOSTO PARA O RECONHECIMENTO DE SOLIDARIEDADE NA FASE DE COBRANÇA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A CESSÃO DE MÃO DE OBRA. Na cobrança de contribuições previdenciárias realizada com base na redação original do art. 31 da Lei n. 8.212/1991, não é lícita a autuação da tomadora de serviços sem que antes tenha havido a fiscalização da contabilidade da prestadora de serviços executados mediante cessão de mão de obra. O art. 31 da Lei n. 8.212/1991, em sua redação original, reconhece a existência de responsabilidade solidária entre o tomador e o prestador de serviços pelas contribuições previdenciárias incidentes sobre a cessão de mão de obra. A referida solidariedade, entretanto, ocorrerá na fase de cobrança do tributo, pressupondo, desse modo, a regular constituição do crédito tributário, cuja ocorrência, antes da vigência da Lei n. 9.711/1998 que deu nova redação ao art. 31 da Lei n. 8.212/1991 , demandava a fiscalização da contabilidade da empresa prestadora dos serviços demão de obra,devedora principal da contribuição previdenciária. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.348.395 RJ, Segunda Turma, DJe 4/12/2012, e AgRg no REsp 1.174.800 RS, Segunda Turma, DJe 23/4/2012. (AgRg noREsp 1.194.485 ES, Rel. Min. Diva Malerbi, Desembargadora convocada do TRF 3ª Região, julgado em 26/2/2013) 7 Do erro na mensuração da base de cálculo A recorrente afirma que, nas notas fiscais, o valor relativo a materiais, insumos, máquinas, equipamentos, etc, seriam bem superiores ao valor referente à mão de obra e que somente a Fl. 1941DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 22 21 mão de obra poderia constituirse em base de cálculo do lançamento. Realmente, em função da alínea a do inc. I do art. 195 da CF, o lançamento em referência somente poderia ter como base de cálculo a folha de salários e demais rendimentos do trabalho; e o próprio art. 31 da Lei 8212/91 prevê a solidariedade do tomador pelas obrigações decorrentes do custeio previdenciário "em relação aos serviços executados". Desta forma, o lançamento não poderia mesmo incidir sobre materiais, insumos, equipamentos, etc. Contudo, a recorrente não demonstrou que o lançamento incidiu sobre tais bens e as notas fiscais de prestação de serviços apenas relacionam os serviços prestados. Inclusive, nelas se verifica que o ISS (imposto incidente sobre serviços) foi calculado sobre o valor total das notas. Em sendo assim, negase provimento ao recurso neste tópico. 8 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de conhecer parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, darlhe provimento, a fim de cancelar o lançamento. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci " Voto Vencedor "Conselheiro Denny Medeiros da Silveira Redator Designado. Acompanho o Relator nas demais questões, porém, com a maxima venia, divirjo quanto ao alegado vício material no lançamento, quanto à inexistência de cessão de mão de obra e quanto à inexistência da solidariedade. Do alegado trânsito em julgado Antes de considerações outras, gostaríamos de expor o nosso entendimento quanto ao trânsito em julgado da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) que, tantas vezes, o Relator mencionou em seu voto. Em nossa ótica, se há coisa julgada em relação à decisão do CRPS, esta é apenas de cunho formal e diz respeito, unicamente, à anulação da decisão de primeira instância para outra fosse produzida em seu lugar, após a realização de diligência. Também não identificamos, no presente processo, qualquer ato que tenha entrado em conflito com a decisão do CRPS, mas, pelo contrário, a anulação da decisão de primeira instância foi Fl. 1942DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 23 22 plenamente acatada e as providências solicitadas foram tomadas. Do alegado vício material Segundo o Relator, a anulação da decisão de primeira instância, pelo CRPS, e a determinação de realização de diligência para exame da contabilidade da empresa prestadora teriam apontado a ocorrência de erro relacionado à materialidade do fato gerador e à sua base de cálculo, razão pela qual decidiu por cancelar o lançamento por vício material. Porém, não comungamos desse entendimento. Compulsando o relatório fiscal, constatase que a fiscalização procedeu ao lançamento das contribuições com base nas notas fiscais emitidas pelo prestador, em estrita observância à legislação de regência e fundamentando o procedimento nos arts. 31 e 33 da Lei 8.212, de 24/7/91, no art. 124 do Código Tributário Nacional3 (CTN) e na Instrução Normativa INSS/DC nº 70, de 10/5/02. Ademais, segundo bem apontado pelo Relator do voto vencido, constante do acórdão proferido pelo CRPS, o procedimento fiscal também estaria amparado no Parecer/CJ nº 2.376, de 21/12/2000: Inicialmente cabe situar que o instituto da solidariedade quanto às contribuições previdenciárias estava previsto no art. 31 da Lei 8.212/91, com a redação anterior à edição da MP 1.663/98, convertida na Lei 9.711/99, vejamos: Art. 31. O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta lei, em relação aos serviços a ele prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23. (Grifo no original) Frente ao dispositivo legal retro, surgiram indagações acerca da necessidade do INSS lançar as contribuições previdenciárias em face de um dos solidários, de ambos ou se era uma faculdade do Instituto. Com vistas à solução da controvérsia, a então Diretoria de Arrecadação submeteu consulta à Consultoria Jurídica do MPS, sendo proferido o Parecer/CJ N° 2.376, o qual possui a seguinte Ementa: EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO. SOLIDARIEDADE PASSIVA NOS CASOS DE CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. DUPLICIDADE DE LANÇAMENTOS. NÃO OCORRÊNCIA. A obrigação tributária é uma só e o fisco pode cobrar o seu crédito tanto do contribuinte, quanto do responsável tributário. Não há ocorrência de duplicidade de lançamento, nem de bis in idem e nem de crime de excesso de exação. (Grifo no original) 3 Lei 5.172, de 25/10/66. Fl. 1943DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 24 23 A simples leitura dessa Ementa transmite a idéia de que ao INSS foi atribuído o poder de escolha sobre quem e quantos lançamentos efetivamente podem ser efetivados no caso da solidariedade. Como se vê, além do suporte na citada legislação, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) consultou a Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), tendo esta asseverado que o Fisco poderia cobrar o crédito tanto do contribuinte, quanto do responsável tributário, e que não haveria ocorrência de duplicidade de lançamento, nem de bis in idem e nem de crime de excesso de exação. Pois bem, vejamos, agora, o que restou consignado no voto condutor do acórdão proferido pelo CRPS: 2ª CaJ Segunda Câmara de Julgamento [...] A Circular Conjunta INSS/DIRAR/CGFISC/CGCOB/ CGARRREC n° 006/2000, de 02 DEZ 2002, em especial o item 5.17, estabelece que: 5.17 A apuração do crédito com base na documentação do contribuinte deve prevalecer à realizada por arbitramento no responsável solidário, quando for pleiteada por qualquer dos devedores em fase processual própria. Se analisarmos as mudanças nos procedimentos do INSS, que decorrem, inclusive, das recomendações contidas no Parecer CJ/MPAS 2.376/2000, que consta do preâmbulo do ato normativo mencionado, vemos uma preocupação em se evitar os lançamentos em duplicidade, ou ainda, a exigência de contribuições já recolhidas e é, dentro dessa ótica, que deve ser lido o mencionado no item 5.17. [...] Isso posto, entendo que o INSS deve apresentar elementos, com base na contabilidade do contribuinte, que justifique o procedimento adotado. Assim não vejo outro desfecho senão anular a DN, determinado que o INSS verifique a existência do crédito lançado na contabilidade do contribuinte prestador dos serviços. Conforme se observa, mesmo não tendo apontado qualquer mácula no lançamento, a Segunda Câmara de Julgamento do CRPS decidiu anular a decisão de primeira instância, tomando por base o item 5.17 da Circular Conjunta INSS/DIRAR/CGFISC/CGCOB/ CGARRREC n° 006/2000, de 2/12/02, segundo o qual a apuração, com base na documentação do contribuinte, deveria prevalecer à realizada por arbitramento no responsável solidário, quando fosse pleiteada por qualquer dos responsáveis, em fase processual. Lembrando que tal Circular Conjunta é posterior ao lançamento. Fl. 1944DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 25 24 Dessa forma, apesar do prestador ter sido notificado do lançamento, com abertura de prazo para defesa e não ter se manifestado, o CRPS entendeu que o INSS, mesmo assim, deveria ter buscado examinar a contabilidade do prestador, antes de proferir a decisão de primeira instância, concluindo, assim, pela sua anulação, para que fosse produzida nova decisão, após a realização de diligência no prestador. A preocupação manifestada pelo CRPS, segundo se observa no seguinte trecho do voto condutor do seu acórdão, era de que a fiscalização do INSS pudesse ter efetuado o lançamento em duplicidade, ou seja, tanto no tomador quanto no prestador: Ainda outro dia quando julgávamos NFLD's lavradas contra a própria Petrobrás, nos deparamos com a NFLD DEBCAD n° 35.396.3538, que constituiu de crédito previdenciário por solidariedade no valor de R$ 2.445.610,67, decorrente de serviço realizado entre 01 a 04 e 06.99 (cinco competências). Na oportunidade tivemos conhecimento que o consórcio prestador dos serviços havia sido fiscalizado por livro diário, no período de 02.98 a 05.2000 (vinte e oito competências), sendo constituído crédito previdenciário no valor de R$ 57.549,78 (duas NFLD's DEBCAD: n.°35.131.5241 e n° 35.172.8961). Infelizmente sou obrigado a admitir que a situação narrada não foi um caso isolado, posto que diversos outros casos semelhantes podem ser apontados. A mesma preocupação também é verificada nos itens 26 e 27 do já citado Parecer/CJ n° 2.376/2000: 26. Em relação à arrecadação fiscal, temos que o mesmo fato gerador da obrigação tributária deve sempre constar do mesmo débito, evitandose, assim, que a mesma obrigação seja cobrada duas vezes em duas NFLD distintas, uma em relação ao contribuinte e outra em relação ao responsável tributário. Portanto, em cada NFLD deve constar o nome não só do contribuinte como também de todos os responsáveis tributários. 27. A Arrecadação não deve lançar, sobre o mesmo fato gerador, duas NFLD, uma contra o contribuinte e outra contra o responsável. Pois bem, encaminhados os autos à Secretaria da Receita Federal do Brasil4 (RFB), esta realizou a diligência requerida, mediante pesquisa em seus sistemas informatizados, constatando que “não houve ação fiscal com exame da contabilidade [no prestador dos serviços] englobando o período referente ao lançamento em pauta”, o que demonstra a observância do presente lançamento ao item 27 do Parecer/CJ nº 2.376/2000. Na sequência, a RFB procedeu à intimação do solidário e do prestador, quanto ao resultado da diligência, porém, nenhum dos dois apresentou manifestação, sendo que no caso do 4 A Secretaria da Receita Federal do Brasil foi criada em 2/5/07, como resultado da fusão da Secretaria da Receita Federal com a Secretaria da Receita Previdenciária. Vide Lei 11.457, de 16/3/07. Fl. 1945DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 26 25 prestador, a intimação, que tinha sido enviada por via postal, voltou com a informação de que o destinatário havia mudado de endereço e, dessa forma, tendo em vista que o prestador se encontrava em lugar incerto e ignorado, procedeuse à sua intimação por edital. Portanto, diante do quadro que se apresenta, não restou evidenciado qualquer vício material no lançamento efetuado, em especial quanto à materialidade do fato gerador e à sua base de cálculo, motivo pelo qual concluímos pela sua manutenção. Da cessão de mão de obra O Recorrente alega que a fiscalização não teria especificado “onde estaria devidamente caracterizada essa hipotética cessão de mão de obra”, bem como que não teria ocorrido a prestação de serviço contínuo e nem a colocação de empregados à sua disposição. Em seu voto, o Relator acolheu essas alegações recursais, argumentando, ainda, que a fiscalização não teria demonstrado a “efetiva cessão de trabalhadores” e, desse modo, não haveria suficiente “narração da materialidade do fato jurídico tributário”, concluindo pelo provimento ao recurso voluntário e cancelamento do crédito lançado. Pois bem, em que pese a defesa e seu acolhimento pelo Relator, em nosso entendimento, a argumentação deduzida não merece guarida. O art. 31, § 2º, da Lei 8.212/91, trazia a seguinte definição para a cessão de mão de obra, em sua redação vigente ao tempo dos fatos (01/1999): Art. 31. O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta Lei, em relação aos serviços prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). [...] § 2º Exclusivamente para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãodeobra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com atividades normais da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). (Grifo nosso) O relatório fiscal, por sua vez, é muito claro ao informar que a “empresa contratou com a empresa prestadora [...] a execução de serviços mediante cessão de mãodeobra (sic)”, em Fl. 1946DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 27 26 cumprimento aos contratos 295.2.003.988 e 295.2.004.980, trazendo, ainda, as seguintes informações quanto ao objeto dos contratos e quanto ao prazo para a sua execução, além de apontar evidências que, em seu entendimento, caracterizariam a cessão de mão de obra: 5.1 Contrato: 295.2.003.988 Serviços de correção de vazamentos em tubulações e acessórios e manutenção em purgadores para a Refinaria Presidente Getúlio Vargas REPAR. Caracterizada a CMO em função das seguintes evidências: Prazo de realização do contrato 730 dias (cláusula 4) Prazo de 30 dias p/ substituição de empregado qualificado (anexo IV item 6.2.3.2) Definição de qualificação para os oficiais de caldeiraria (anexo IV item 6.2.3); 5.2 Contrato: 295.2.004.980 Serviços de manutenção da caldeiraria, tubulações, equipamentos, isolamento térmico no âmbito da Refinaria Presidente Getúlio Vargas REPAR e no Terminal Marítimo da Divisão de Movimentação (DMO V) em Paranaguá/PR. Caracterizada a CMO em função das seguintes evidências: Prazo de realização do contrato 730 dias (cláusula 4) Requisitos de Qualidade com definição de equipe mínima (anexo V item 3.3). Como se percebe, esses contratos se referem a prestação de serviços de manutenção em caldeiras, tubulações, equipamentos, purgadores e isolamento térmico na Refinaria Presidente Getúlio Vargas, executados por trabalhadores com qualificações específicas e com prazo de realização de 2 (dois) anos. Devemos observar, ainda, que o contrato 295.2.003.988 estabeleceu prazo de 30 (trinta) dias para que a empresa prestadora substituísse empregado qualificado, obviamente, empregado que, por algum motivo, deixasse de prestar o serviço. Portanto, além dos apontamentos feitos pela fiscalização, não vemos como seria possível os serviços contratados e pelo prazo contratado terem sido realizados sem que trabalhadores tivessem ficado à disposição da refinaria e de forma contínua. Sendo assim, nego provimento ao recurso quanto à alegada inexistência de cessão de mão de obra. Da solidariedade Quanto a esse ponto, alega o Recorrente que a solidariedade exige a configuração prévia da dívida ou obrigação e que inexistindo apuração do débito contra o devedor originário (a empresa prestadora), não pode o Fisco cobrar tal débito da empresa tomadora dos serviços. Acompanhando a defesa, o Relator argumenta que a fiscalização não teria se dignado a verificar a falta de recolhimento no Fl. 1947DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 28 27 cedente da mão de obra, e, dessa forma, deu provimento ao recurso, a fim cancelar o crédito tributário em análise. Pois bem, a responsabilidade solidária, objeto do presente lançamento, está prevista no art. 31, da lei 8.212/91, e não comporta benefício de ordem, segundo dispõe o art. 124, § único do CTN. Dessa forma, o valor apurado pela fiscalização pode ser cobrado tanto do tomador dos serviços, quanto do prestador, o que confere maior garantia ao crédito previdenciário. Assim dispunha o art. 31, da Lei 8.212/91, na competência de 01/1999: Art. 31. O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta Lei, em relação aos serviços prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 1º Fica ressalvado o direito regressivo do contratante contra o executor e admitida a retenção de importâncias a este devidas para garantia do cumprimento das obrigações desta Lei, na forma estabelecida em regulamento. § 2º Exclusivamente para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãodeobra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com atividades normais da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). § 3º A responsabilidade solidária de que trata este artigo somente será elidida se for comprovado pelo executor o recolhimento prévio das contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados incluída em nota fiscal ou fatura correspondente aos serviços executados, quando da quitação da referida nota fiscal ou fatura. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.032, de 28.4.1995). § 4º Para efeito do parágrafo anterior, o cedente da mãode obra deverá elaborar folhas de pagamento e guia de recolhimento distintas para cada empresa tomadora de serviço, devendo esta exigir do executor, quando da quitação da nota fiscal ou fatura, cópia autenticada da guia de recolhimento quitada e respectiva folha de pagamento. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.032, de 28.4.95). Como se vê nos dispositivos acima transcritos, o tomador de serviços, executados mediante cessão de mão de obra, devia exigir do prestador cópia autenticada da guia de recolhimento quitada e respectiva folha de pagamento, e tais documentos elidiriam a responsabilidade solidária, porém, no caso em tela, o Recorrente (tomador dos serviços) deixou de apresentar esses Fl. 1948DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 29 28 documentos à fiscalização, conforme se observa no seguinte excerto extraído do relatório fiscal: 10 Assim, não tendo a empresa contratante e tomadora, ora fiscalizada, apresentado os documentos suficientes de modo a elidir a solidariedade; sendo a empresa contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mãodeobra solidária com a empresa contratada e executara dos serviços contratados, pelo cumprimento das obrigações desta para com a Seguridade Social; e sabedores de que o instituto da solidariedade, em matéria tributária, não comporta benefício de ordem; o débito foi lançado através da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD DEBCAD n° 35.521.1157. Desse modo, com base no valor das notas fiscais emitidas pelo prestador dos serviços, a fiscalização procedeu à apuração das contribuições devidas, seguindo o critério de aferição previsto no art. 63 e seguintes da Instrução Normativa INSS/DC nº 70, de 10/5/02, donde se conclui que o crédito foi devidamente (e previamente) constituído e corresponde, sim, a um crédito devido pelo prestador dos serviços (devedor original), mas que foi lançado em nome do Recorrente, por solidariedade, estando, pois, em perfeita sintonia com a legislação. Ponderese que o lançamento, devidamente motivado, é ato administrativo que goza do atributo de presunção relativa de legalidade e veracidade e, portanto, cumpria aos responsáveis pelo crédito lançado o ônus de afastar, mediante prova robusta e inequívoca em contrário, essa presunção (vide art. 16, inciso III, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972), o que não aconteceu, pois, como visto, o tomador não apresentou os documentos que, por lei, deveria ter exigido do tomador, e este, por sua vez, ao ser intimado do lançamento e chamado para se manifestar, mantevese silente, sendo que na última tentativa de intimação, por via postal, sequer foi localizado, estando, pois, em lugar incerto e ignorado. Portanto, se a responsabilidade solidária visa conferir maior garantia ao crédito previdenciário, está cumprindo bem o seu papel, no caso em questão. Sendo assim, temse por afastada a alegação de inexistência de solidariedade. Conclusão Isso posto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Redator designado" Declaração de Voto "A Conselheira Renata Toratti Cassini declinou da intenção de apresentar Declaração de Voto." Fl. 1949DF CARF MF Processo nº 11330.000088/200729 Acórdão n.º 2402006.260 S2C4T2 Fl. 30 29 Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por CONHECER PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, na parte conhecida, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Conselheiro Mario Pereira de Pinho Filho Fl. 1950DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.720158/2010-88
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.632
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente
(assinado digitalmente)
Rafael Gasparello Lima - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Carmem Ferreira Saraiva (suplente convocada em substituição ao conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães), Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: RAFAEL GASPARELLO LIMA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente (assinado digitalmente) Rafael Gasparello Lima Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Carmem Ferreira Saraiva (suplente convocada em substituição ao conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães), Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães. Relatório O acórdão nº 1135.499, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife, julgou improcedente a impugnação administrativa, conforme se extrai da sua ementa: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2005 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .7 20 15 8/ 20 10 -8 8 Fl. 1299DF CARF MF Processo nº 10480.720158/201088 Resolução nº 1201000.632 S1C2T1 Fl. 1.300 2 ATIVIDADE DE REVENDA DE CARTÕES TELEFÔNICOS. BASE DE CÁLCULO DO SIMPLES. Nas operações de venda de cartões telefônicos, integra a receita tributável, para fins de apuração dos tributos devidos pelo Simples, a totalidade dos valores percebidos dos consumidores finais. SIMPLES. BASE DE CÁLCULO DOS TRIBUTOS DEVIDOS. RECEITA BRUTA. Os tributos recolhidos mensalmente com base no Simples constituem o resultado da aplicação de um determinado percentual sobre a receita bruta auferida no mês, não sobre o apontado ganho resultante das operações realizadas pelo optante do regime simplificado. OMISSÃO DE RECEITAS. REGIME DE APURAÇÃO ADOTADO PELA PESSOA JURÍDICA AUTUADA. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário 2005 INTIMAÇÃO VIA POSTAL. ENVIO AO ENDEREÇO DOS CAUSÍDICOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Nos termos do art. 23, II, do Decreto n.º 70.235, de 1972, a intimações por via postal devem ser encaminhadas ao domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo, não havendo, assim, previsão legal para o concomitante envio ao endereço, virtual ou não, de seus causídicos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Resumidamente, o acórdão recorrido narrou os fatos que proporcionaram a imposição fiscal: 1.Contra a contribuinte acima qualificada, lavraramse autos de infração formalizando a exigência do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins, do Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para a Seguridade Social INSS, através dos quais se constituiu crédito tributário, referente a períodos de apuração compreendidos no ano calendário de 2005, no valor total de R$ 2.035.330,39, incluídos multas proporcional e isolada e juros de mora. 2. No lançamento referente ao IRPJ SIMPLES (fls. 17/18), encontrase registrada a seguinte infração, ao final tipificada: “001 – OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS”. A aplicação da multa isolada se deu pela falta de comunicação obrigatória da exclusão da empresa do regime simplificado de pagamento de tributos federais, considerada a receita bruta auferida no anocalendário da autuação (fls. 52/54). Fl. 1300DF CARF MF Processo nº 10480.720158/201088 Resolução nº 1201000.632 S1C2T1 Fl. 1.301 3 3. No Relatório de Fiscalização de fls. 58/67, a autoridade autuante consignou, em síntese, dentre outras informações concernentes ao procedimento fiscal: 3.1. A receita bruta declarada na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica – DSPJ (R$ 496.050,00) e no Livro Caixa é bem inferior aos valores movimentados nas contascorrentes mantidas pela contribuinte no anocalendário de 2005 (os créditos em conta totalizaram R$ 24.157.012,60), obtidos através de Requisição de Movimentação Financeira – RMF endereçada aos bancos; 3.2. Intimada a comprovar a origem dos valores creditados em suas contas bancárias, a contribuinte informou que atua como distribuidora de uma operadora de telefonia móvel, daí que do total dos valores creditados em suas contas apenas 1% (um por cento) lhe pertenceria, pois o restante seria repassado à operadora; 3.3. A contribuinte entregou notas fiscais emitidas pela TELEMAR para a PAPERPLAY, bem como cópia do Contrato de Comercialização de cartões telefônicos com a TELEMAR S/A e a TNL S/A e comprovantes de depósitos. Analisada a documentação para identificar os valores repassados pela contribuinte às empresas citadas, constatouse não haver como identificar os valores das notas fiscais emitidas dentre os débitos registrados nos extratos bancários. Foi possível considerar apenas os valores dos pagamentos feitos em cheques para as empresas de telefonia como redutores dos valores relativos aos créditos bancários que compõem a receita bruta da contribuinte. Novamente intimada a comprovar os depósitos feitos às operadoras, a contribuinte entregou cópias de cheques referentes aos valores repassados (a autoridade autuante passa a reproduzir tabela na qual especificados, dentre outras informações, os valores considerados como redutores daqueles creditados nas contascorrentes da contribuinte, identificados na coluna “Dep. Identif.”); 3.4. Aplicouse multa de ofício isolada, que foi calculada no percentual de 10% (dez por cento) dos tributos devidos no mês anterior ao início dos efeitos da exclusão. 4. Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, impugnação ao lançamento (fls. 1046/1054), através da qual requer a sua improcedência, com base nos seguintes argumentos: 4.1. Prestou serviços às operadores de telefonia fixa e móvel para distribuir cartões de indutivos (prépagos), com valores e minutagem estabelecidos pelas próprias operadoras, pelo que serviu apenas de veículo para a entrega dos créditos e o recebimento do preço. Na condição de mero distribuidor dos cartões indutivos e prépagos, todo o montante resultante da prestação de serviços de distribuição e cobrança foi depositado nas contas bancárias da PAPERPLAY, sendo tais valores repassados às operadoras conforme constatou parcialmente a fiscalização; 4.2. Solicitou ao Banco do Brasil o fornecimento das cópias dos cheques e demais comprovantes de transferência de valores para as operadoras de telefonia. Ocorre que, após o prazo determinado pelo banco (sessenta dias), forneceramse cópias de cheques no montante de R$ 14.839.359,15, valor que foi excluído pela fiscalização, faltando, assim, a comprovação de pagamento ou transferência no valor de R$ 8.879.341,99. No entanto, Fl. 1301DF CARF MF Processo nº 10480.720158/201088 Resolução nº 1201000.632 S1C2T1 Fl. 1.302 4 depois do encerramento da fiscalização, o banco forneceu o restante dos documentos comprobatórios das referidas remessas (compensação de cheques e transferências de valores) para as contas das operadoras, fato que se comprova através da juntada de extratos mensais, declaração do banco e cópias dos cheques; 4.3. Há uma divergência na movimentação financeira do mês de agosto de 2005 no valor de R$ 474.963,00 (no relatório, R$ 2.806.035,50; o somatório dos depósitos alcança R$ 2.331.072,50), a qual se refere a crédito de estorno de aplicação da titularidade do mesmo correntista, de forma que os valores estornados de conta de aplicação foram computados duas vezes (na entrada e no estorno); 4.4. O somatório dos números analisados indica que 98,11% dos valores da movimentação financeira foram transferidos para as operadoras. O valor “movimentado pelo Contribuinte” monta apenas R$ 455.886,97, que deve ser tributado pelo Simples. 5. Por fim, requer que “as notificações objeto da vertente impugnação” sejam encaminhadas diretamente aos advogados que a subscreverem ou através de endereço eletrônico que fornece. A contribuinte interpôs o tempestivo recurso voluntário, reiterando os mesmos argumentos da impugnação administrativa e anexando documentos. É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Gasparello Lima, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, havendo os demais pressupostos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Inicialmente, o artigo 18 da Lei nº 9.317/1996 preceitua que "aplicamse à microempresa e à empresa de pequeno porte todas as presunções de omissão de receita existentes nas legislações de regência dos impostos e contribuições de que trata esta Lei, desde que apuráveis com base nos livros e documentos a que estiverem obrigadas aquelas pessoas jurídicas”. Logo, a presunção relativa de omissão de receita é extensível e impugnável pela Recorrente, porém, necessário documentos hábeis e idôneos que evidenciem o contrário, segundo o artigo 42 da Lei nº 9.430/1996: Art.42.Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou deinvestimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e Fl. 1302DF CARF MF Processo nº 10480.720158/201088 Resolução nº 1201000.632 S1C2T1 Fl. 1.303 5 contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. O artigo 923 do Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (RIR/1999), aprovado pelo Decreto nº 3.000/1999, reafirma que "a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais." A presunção juris tantum foi estabelecida em norma vigente, invertendo o ônus de prova quanto à omissão de receitas para o contribuinte. O atual Código de Processo Civil, subsidiariamente, aplicável ao processo administrativo tributário, prevê tal hipótese no seu artigo 374: "Art. 374. Não dependem de prova os fatos: (...) IV— em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade." O acórdão recorrido não identificou documentos hábeis e idôneos, que constituiriam prova contrária à presunção de omissão de receitas, interpretando que a movimentação financeira justificada era compreendida no seu faturamento: A impugnante foi submetida a procedimento fiscal porque os recursos financeiros movimentados em suas contascorrentes alcançavam valores superiores aos declarados no períodobase da autuação. 7. Intimada para justificar a divergência, promoveu a entrega de notas fiscais, bem como cópia de Contrato de Comercialização de cartões telefônicos com a TELEMAR S/A e a TNL S/A, além de comprovantes de depósitos realizados para tais empresas. Como a fiscalização não logrou identificar, dentre os valores debitados nos extratos bancários, aqueles a que se reportavam as notas fiscais apresentadas, a solução alvitrada foi considerar, como redutores da omissão, os pagamentos feitos em cheques para as mencionadas operadoras de telefonia. 8. Aos valores já desconsiderados, pela fiscalização, no cômputo da omissão, a impugnante tenta acrescer outros, com base nos documentos colacionados à peça de defesa. 9. Não lhe assiste razão, porém. 10. É que a base de cálculo dos tributos recolhidos mensalmente pelo regime de apuração adotado pela impugnante, o Simples, constitui o resultado da aplicação de um determinado percentual sobre a receita bruta auferida no mês. Não é, portanto, o lucro, bruto ou líquido, que constitui a base imponível a ser utilizada no regime simplificado, mas, repisese, a receita bruta mensal auferida. 11. No caso ora em debate, a impugnante firmou Contrato de Credenciamento para Comercialização de Cartões com a TELEMAR S/A e a TNL S/A, através do instrumento de fls. 327/344, cujo objeto, Fl. 1303DF CARF MF Processo nº 10480.720158/201088 Resolução nº 1201000.632 S1C2T1 Fl. 1.304 6 expressamente previsto no item 1.1 de sua Cláusula Primeira, constitui “a transação comercial, de compra pela CREDENCIADA (a própria impugnante), e venda, pelas CONTRATANTES (TELEMAR S/A e TNL S/A), dos Cartões Telefônicos na modalidade à vista”. No item 3.1.2 da Cláusula Terceira, a CREDENCIADA assume, dentre outras obrigações, a de “Comprar Cartões Telefônicos Indutivos somente das CONTRANTES, obrigandose a envidar todos os esforços para vender a todos os PDVs existentes no território de sua responsabilidade, conforme acordado entre as partes” (destaques do original). 12. Destarte, à vista do instrumento colacionado aos autos, a condição da impugnante de adquirente dos cartões indutivos está fora de qualquer dúvida comprovada no contrato celebrado com as operadoras de telefonia, de modo que os valores das vendas realizadas aos consumidores finais devem constituir parte integrante da receita bruta, para efeito de determinação dos tributos estimados com base no regime simplificado, não somente os valores calculados com base nos percentuais fixados no Anexo V do contrato (fls. 343/344). 13. Ao que tudo indica, a situação em que figura a impugnante, a par de lamentável, parece fruto do desconhecimento da lei ou da falta de orientação. Como se sabe, naquelas atividades empresariais em que a margem de lucro é bastante reduzida, constitui equívoco optar pelo regime simplificado. Infelizmente, embora pareça ser esta a hipótese, não cabia à fiscalização outra alternativa, que não a de cobrar os tributos devidos pela sistemática de apuração a que correspondia a opção realizada pela própria impugnante, embora caiba aqui uma consideração adicional: a meu juízo, não poderia ter excluído, da base de cálculo dos tributos devidos, os valores que foram pagos às operadoras de telefonia, porquanto sem dúvida integram, como se demonstrou, a receita bruta auferida pela impugnante. 14. Por adotar idêntico entendimento, cabe transcrever, por oportuno, os seguintes fragmentos da Solução de Consulta SRRF/2a RF/Disit n.º 36, de 05/04/2004, que, sublinhese, sustenta a mesma solução alvitrada na Decisão SRRF/7a RF/Disit n.º 35, de 09/02/2000, e na Decisão SRRF/4ª RF/Disit n.º 70, de 28/12/2000. Ad litteram: “RELATÓRIO A consulente acima qualificada afirma pretender constituir pessoa jurídica que irá atuar na revenda de cartões telefônicos, os quais são adquiridos de companhias de telecomunicações já com desconto percentual sobre o valor dos cartões, desconto esse que representará o ganho da futura empresa, tendo em vista o preço de venda dos produtos ser prefixado. Informa que com relação ao imposto estadual não terá problemas, “pois na Nota de compra já vem tributado até o consumidor final, assim não preciso emitir Notas de vendas”. (...) FUNDAMENTOS LEGAIS 4. Todo o problema se resume em verificar se os valores que serão recebidos pela consulente, a título de venda dos cartões, significam ou Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 10480.720158/201088 Resolução nº 1201000.632 S1C2T1 Fl. 1.305 7 não receita sua, já que a interessada entende que sua remuneração se restringe ao valor do desconto obtido na compra dos cartões. 5. Em primeiro lugar, devese ter em mente que, tanto do aspecto econômico como do aspecto jurídico, receita e lucro são realidades distintas. A primeira significa valores obtidos por alguém na consecução de certa atividade. Já o segundo, significa o resultado líquido, positivo, conseqüente desta mesma operação; é o resultado algébrico do confronto entre receitas e custos (e despesas também). 6. Se determinada pessoa adquire um bem e, por contingências quaisquer, o revende por valor inferior, não obterá lucro ; mas, ainda sim, terá receita . 7. Em raríssimas hipóteses, o valor da receita corresponde exatamente ao lucro da atividade. Isto é, dificilmente haverá uma atividade isenta de custos e despesas. No comércio de mercadorias, por exemplo, o custo da mercadoria vendida representa imensa proporção do preço cobrado do consumidor; na prestação de serviços, o custo deste (mão deobra, materiais usados, royalties pelo uso da marca ou tecnologia, etc.) corresponde, da mesma forma, a parcela considerável do preço cobrado do tomador. É lógico que certas atividades possuem margens de lucratividade maior ou menor que outras; no entanto, custos e despesas existirão para a consecução do empreendimento, o que faz com que lucro e receita sejam, repisese, elementos distintos. 8. No caso ora oferecido, muito embora a margem de lucro operacional seja um percentual preestabelecido, a receita da consulente é composta pela totalidade dos valores recebidos dos consumidores. A consulente, quanto à circulação dos cartões – fonte das receitas em estudo –, não é uma consignatária ou procuradora da concessionária. A interessada os adquire, tornandoos seus, e os revende por conta própria. Entre a consulente e a concessionária existe típico contrato de compra e venda dos cartões, o mesmo acontecendo entre a consulente e seus clientes.(g.n.) 9. Ao receber os valores de seus clientes, a consulente não o faz em nome ou por conta de outrem, mas sim em nome e por conta próprios. A receita é, na integridade, sua, muito embora o lucro da operação signifique apenas uma fração do valor recebido, o que, aliás, acontece com praticamente todas as atividades, sejam comerciais, sejam civis. 10. É obvio que, na situação apresentada, a prestadora dos serviços de telefonia é a concessionária, e não a consulente. No entanto, a esta cabe a comercialização dos títulos (cartões) que darão direito à referida prestação. 11. As contribuições sociais sobre o faturamento (PIS/Pasep e Cofins) incidem sobre os valores totais percebidos pela consulente, sem prejuízo da incidência também sobre as receitas da concessionária, conforme se pode inferir da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998: “ Art. 2º As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Fl. 1305DF CARF MF Processo nº 10480.720158/201088 Resolução nº 1201000.632 S1C2T1 Fl. 1.306 8 Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. (...)” (grifouse) 12. Já o imposto sobre a renda e a contribuição social sobre o lucro (CSLL) são tributos incidentes sobre o lucro das empresas, havendo, em regra, a possibilidade de os custos e as despesas serem abatidos na apuração de seus montantes devidos. Tal observação é válida, obviamente, na apuração feita com base no lucro real. Em se tratando de lucro presumido, tal sistemática, por natureza, não leva em conta os efetivos custos e despesas da empresa, mas apenas os presume, através de coeficientes elencados na lei, que, por sua vez, são aplicados sobre a receita bruta. 13. De qualquer forma, a totalidade dos valores recebidos pela consulente de seus clientes significa receita, para que haja a apuração do lucro, seja pela sistemática real, seja pela sistemática presumida. Vale dizer, tratandose de operação por conta própria, a receita envolve todo o montante recebido. É o que regula o art. 279 do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), de aplicação subsidiária em relação à CSLL: “Art. 279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (Lei n º 4.506, de 1964, art. 44, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12). (...)” (grifouse) CONCLUSÃO Posto isso e no uso da competência estabelecida no art. 48, § 1º, inciso II, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, solucionase a presente consulta, em instância única, esclarecendo que na revenda de cartões telefônicos constitui receita da revendedora a totalidade dos valores recebidos de seus clientes, e, por conseguinte, tal receita sofre a incidência das contribuições sociais sobre o faturamento – PIS/Pasep e Cofins –, bem como entra no cômputo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro” (grifos do original). 15. Como se vê, o mesmo serve para respaldar a inclusão, na base de cálculo do regime simplificado, dos valores relativos às vendas de cartões telefônicos realizadas pela impugnante, visto adotar, como se sabe, o mesmo conceito de receita bruta1. 16. Não havendo modificação dos valores dos tributos devidos em dezembro de 2005, mantémse, porque inalterada, a exigência quanto à multa isolada aplicada nos autos. 17. Por fim, cumpre observar que, nos termos do art. 23, II, do Decreto n.º 70.235, de 1972, a intimações por via postal devem ser encaminhadas ao domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo, não Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 10480.720158/201088 Resolução nº 1201000.632 S1C2T1 Fl. 1.307 9 havendo, assim, previsão legal para o concomitante envio ao endereço, virtual ou não, de seus causídicos. 18. Ante o exposto, voto por considerar IMPROCEDENTE a impugnação, para manter integralmente os tributos exigidos no lançamento. Todavia, a exposição acima diverge no procedimento mencionado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 63 a 65), posto que excluiu a movimentação financeira atribuída à TELEMAR S/A e TNL S/A, segundo esclarecido pela Recorrente: Fl. 1307DF CARF MF Processo nº 10480.720158/201088 Resolução nº 1201000.632 S1C2T1 Fl. 1.308 10 (...) Os esclarecimentos e documentos, anexados à impugnação administrativa e ao recurso voluntário, aparentemente, indicam a "origem dos recursos", evidenciando que sua titularidade não é atribuível à Recorrente. Considerando a narrativa do recurso voluntário (fls. 1.269 a 1.272), foi formulado o seguinte pedido, subsidiado nos documentos, enviados pelo Banco do Brasil após o encerramento do procedimento fiscal: Fl. 1308DF CARF MF Processo nº 10480.720158/201088 Resolução nº 1201000.632 S1C2T1 Fl. 1.309 11 Entendo que é indispensável a conversão do presente julgamento em diligência, com fundamento no artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972, vez que demanda uma análise das informações da Recorrente sobre a origem dos recursos e não caracterização de sua receita própria, conforme os documentos anexados à impugnação administrativa e ao recurso voluntário, após o encerramento do procedimento fiscal. Isto posto, voto pela conversão do julgamento em diligência, solicitando o retorno dos autos à unidade de origem, a fim de que emita um Relatório Conclusivo sobre as informações e os documentos anexados na impugnação administrativa e no recurso voluntário, especialmente, quanto ao valor residual de R$ 8.861.766,48, utilizando o mesmo critério do Termo de Verificação Fiscal, incluindo a análise comparativa da movimentação financeira (crédito e débito). Finalizada esta diligência, ressalvo a necessidade de promover a ciência da contribuinte sobre o Relatório Conclusivo, fixando o prazo de 30 (trinta) dias para sua manifestação, antes do retorno dos autos para novo julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). (assinado digitalmente) Rafael Gasparello Lima Relator Fl. 1309DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10783.720070/2007-56
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO DAS DITR. AUSÊNCIA DE APTIDÃO AGRÍCOLA.
Incabível a manutenção do arbitramento com base no SIPT, quando o VTN é apurado adotando-se o valor médio das DITR do Município, sem considerar a aptidão agrícola do imóvel.
Numero da decisão: 9202-007.332
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
Ausente momentaneamente a conselheira Ana Paula Fernandes.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ARBITRAMENTO. PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO DAS DITR. AUSÊNCIA DE APTIDÃO AGRÍCOLA. Incabível a manutenção do arbitramento com base no SIPT, quando o VTN é apurado adotandose o valor médio das DITR do Município, sem considerar a aptidão agrícola do imóvel. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. Ausente momentaneamente a conselheira Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 72 00 70 /2 00 7- 56 Fl. 245DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional contra o Acórdão n.º 2801003.748 proferido pela 1ª Turma Especial 2ª Seção de Julgamento do CARF, em 7 de outubro de 2014, no qual restou consignada a seguinte ementa, fls. 164: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. O lançamento de ofício deve considerar, por expressa previsão legal, as informações constantes do Sistema de Preços de Terra, SIPT, referentes a levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios, que considerem a localização do imóvel, a capacidade potencial da terra e a dimensão do imóvel. Na ausência de tais informações, a utilização do VTN médio apurado a partir do universo de DITR apresentadas para determinado município e exercício, por não observar o critério da capacidade potencial da terra, não pode prevalecer. Recurso Voluntário Provido. O Recurso Especial referido anteriormente, fls. 172 a 178, foi admitido, por meio do Despacho de fls. 187 a 190, para rediscutir a decisão recorrida no tocante ao arbitramento do VTN com base no SIPT Sistema de Preços de Terras, utilizandose o VTN médio das DITRs apresentadas. Aduz a Procuradoria da Fazenda, em síntese, que: a) não há ilegalidade no procedimento para o lançamento do ITR com base nos valores indicados no Sistema de Preços de Terras da SRF; b) as tabelas de valores indicados no SIPT servem como referencial para amparar o trabalho de malha das declarações de ITR e somente são utilizados pela fiscalização se o contribuinte não lograr comprovar que o valor declarado de seu imóvel corresponde ao valor efetivo na data do fato gerador; c) valor apurado pela fiscalização pode ser questionado, mediante Laudo Técnico de Avaliação, revestido de rigor científico suficiente a firmar a convicção da autoridade, devendo estar presentes os requisitos mínimos exigidos pela da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, mas o contribuinte não se desincumbiu desse mister; d) merece reforma o acórdão recorrido, tendo em vista estar em desacordo com o sistema normativo vigente, devendo prevalecer o valor da terra nua arbitrado pela fiscalização. Fl. 246DF CARF MF Processo nº 10783.720070/200756 Acórdão n.º 9202007.332 CSRFT2 Fl. 3 3 Intimado, o Contribuinte apresentou contrarrazões, fls. 218 a 226, alegando, em síntese que a aptidão agrícola do imóvel varia de imóvel para imóvel, o que torna indiscutivelmente impossível estabelecer uma média por hectare para um Município inteiro considerando apenas os valores declarados em DITRs dentro daquela região, assim, o Acórdão recorrido não merece reforma. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora 1. Do conhecimento Aduz o Recorrido que o aresto indicado como paradigma pela Recorrente não trata da matéria discutida nos presentes autos, restando prejudicada a possibilidade de conhecimento do Recurso Especial Fazendário. Compulsandose os autos, observase os seguintes trechos dos votos condutores do acórdão recorrido e paradigma: Acórdão nº 2801003.748, recorrido: Ocorre que, no caso, conforme atestado pela decisão de primeira instância, as informações disponíveis no SIPT, para o exercício em análise e o município de localização do imóvel, não decorrem de levantamentos efetuados pelas Secretarias de Agriculturas. Limitamse ao VTN médio apurado a partir do universo de DITR apresentadas (extrato fl. 83). Ora, o VTN médio das declarações de ITR apresentadas referentes ao município de localização do imóvel, não permitem a generalização no tocante ao critério da capacidade potencial da terra, não sendo apto a justificar o arbitramento. Portanto, neste tocante, não pode prevalecer o lançamento, devendo ser restabelecido o VTN declarado. Acórdão nº nº 210201.664, paradigma: Verificase na descrição dos fatos do auto de infração que o lançamento foi motivado pela glosa da área de reserva legal e valoração do VTN do imóvel rural denominado "Gleba Cedrobom/Parque Est. Ig. Juruena", com área total de 87.523ha, localizado no município de Cotriguaçu/MT. (...) Em função disso, a fiscalização não acatou o laudo e efetuou o arbitramento do valor da terra nua com base nas informações do Sistema de Preços de Terras (SIPT), correspondentes ao Fl. 247DF CARF MF 4 preço médio do hectare obtido nas DITRs apresentadas para os imóveis localizados no município de Cotriguaçu/MT, no exercício de 2002. Na mesma linha, entendo que o laudo técnico não serve para contestar o valor da terra nua, nem para comprovar as áreas de reserva legal. (...) Isto posto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. Notase que, em situações semelhantes, o julgado recorrido não admitiu o arbitramento com base no SIPT constituído pelos valores médios das DITR do mesmo Município, enquanto que o julgado comparado admitiu. Portanto, diante da constatação da divergência jurisprudencial entre os julgados, conheço do Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional. 2. Do mérito O processo administrativo fiscal sob análise tem como objeto exigência de ITR suplementar referente ao exercício de 2005, em decorrência da glosa pelo Fisco das Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (ARL) declaradas, bem como alteração do Valor da Terra Nua (VTN), que entendeu subavaliado. A Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial com o fito de rediscutir arbitramento do VTN com base no SIPT Sistema de Preços de Terras, utilizandose o VTN médio das DITRs de outros contribuintes. Compulsandose o Acórdão recorrido, observase que a razão de decidir do Colegiado se baseou, essencialmente, nos seguintes fundamentos: Ante a legislação acima transcrita, depreendese que, nos casos de subavaliação do VTN, o lançamento de ofício deve considerar as informações constantes do Sistema de Preços de Terra, SIPT, referentes a levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios, que considerem a localização do imóvel, a capacidade potencial da terra e a dimensão do imóvel. Ocorre que, no caso, conforme atestado pela decisão de primeira instância, as informações disponíveis no SIPT, para o exercício em análise e o município de localização do imóvel, não decorrem de levantamentos efetuados pelas Secretarias de Agriculturas. Limitamse ao VTN médio apurado a partir do universo de DITR apresentadas (extrato fl. 83). Ora, o VTN médio das declarações de ITR apresentadas referentes ao município de localização do imóvel, não permitem a generalização no tocante ao critério da capacidade potencial da terra, não sendo apto a justificar o arbitramento. Portanto, neste tocante, não pode prevalecer o lançamento, devendo ser restabelecido o VTN declarado. Fl. 248DF CARF MF Processo nº 10783.720070/200756 Acórdão n.º 9202007.332 CSRFT2 Fl. 4 5 Assim, foi dado provimento ao recurso voluntário considerando a realização do arbitramento do valor do VTN com base no SIPT, utilizandose o valor médio das DITRs, sem levar em conta a aptidão agrícola. Acerca do tema, o art. 14, § 1º, da Lei nº 9.396, de 1996, assim dispõe: Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios." (grifei) O referido art. 12, da Lei nº 8.629, de 1993, ao tempo da edição da Lei nº 9.393, de 1996, tinha a seguinte redação: "Art. 12. Considerase justa a indenização que permita ao desapropriado a reposição, em seu patrimônio, do valor do bem que perdeu por interesse social. § 1º A identificação do valor do bem a ser indenizado será feita, preferencialmente, com base nos seguintes referenciais técnicos e mercadológicos, entre outros usualmente empregados: I. valor das benfeitorias úteis e necessárias, descontada a depreciação conforme o estado de conservação; II. valor da terra nua, observados os seguintes aspectos: a) localização do imóvel; b) capacitação potencial da terra; c) dimensão do imóvel." (grifei) Posteriormente, com as alterações da Medida Provisória nº 2.18.356, de 2001, a redação do art. 12, da Lei nº 8.629, de 1993, passou a ser a seguinte: "Art.12.Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: I localização do imóvel II aptidão agrícola; Fl. 249DF CARF MF 6 III dimensão do imóvel; IV área ocupada e ancianidade das posses; V funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias." (grifei) Diante desse contexto, observase que não foi cumprida a exigência legal de modo a considerar a aptidão agrícola do imóvel, razão pela qual mantenho a decisão recorrida. Portanto, voto por conhecer do recurso especial e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz. Fl. 250DF CARF MF
score : 1.0