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Numero do processo: 16327.000246/2008-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/10/2015
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano calendário: 2008
PROTESTO JUDICIAL. PRESCRIÇÃO.
O protesto judicial visando à suspensão da prescrição do direito de se repetir/compensar indébitos tributários produz efeitos válidos em relação a esta.
DIREITO CREDITÓRIO FALTA DE COMPROVAÇÃO NÃO HOMOLOGAÇÃO.
A comprovação do crédito líquido e certo, requisito necessário para o reconhecimento do direito creditório, conforme o previsto no art. 170 da Lei Nº 5.172/66 do Código Tributário Nacional, acarreta no deferimento do pedido e a não homologação das compensações.
Numero da decisão: 1301-002.859
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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PRESCRIÇÃO. O protesto judicial visando à suspensão da prescrição do direito de se repetir/compensar indébitos tributários produz efeitos válidos em relação a esta. DIREITO CREDITÓRIO FALTA DE COMPROVAÇÃO NÃO HOMOLOGAÇÃO. A comprovação do crédito líquido e certo, requisito necessário para o reconhecimento do direito creditório, conforme o previsto no art. 170 da Lei Nº 5.172/66 do Código Tributário Nacional, acarreta no deferimento do pedido e a não homologação das compensações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 02 46 /2 00 8- 02 Fl. 370DF CARF MF Processo nº 16327.000246/200802 Acórdão n.º 1301002.859 S1C3T1 Fl. 371 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 371DF CARF MF Processo nº 16327.000246/200802 Acórdão n.º 1301002.859 S1C3T1 Fl. 372 3 Relatório Inicialmente, adotase o relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos ocorridos e os fundamentos adotados até então: Trata o presente processo de Pedido de Restituição de CSLL, relativo a suposto pagamento a maior no ano de 1999, cumulado com Declarações de Compensação. Por bem sintetizar os fatos retratados nos presentes autos, sirvome de fragmentos do relatório constante da decisão exarada em primeira instância. [...] A interessada esclareceu que propôs ação judicial para compensar créditos de FINSOCIAL com débitos vincendos de PIS e CSLL. Mas, em função do benefício concedido pelo artigo 17 da Lei n° 9.779/99, resolveu desistir da ação judicial de compensação e recolheu os débitos de CSLL em 30/07/1999. No entanto, a desistência da ação judicial não foi homologada por problemas de representação, que seguiu seu curso. Assim, propôs Medida Cautelar de Protesto n° 2004.61.00.0202466 com a finalidade exclusiva de interromper o curso prescricional do direito para pleitear a restituição do pagamento até o final da ação judicial que tratava a compensação. A interessada também apresentou as seguintes DCOMP para aproveitamento do crédito: Em 07/03/2013, a Delegacia Especial de Instituições Financeiras de São Paulo DEINF/SPO, emitiu Despacho Decisório de fls. 135/140, indeferindo o pedido de restituição, e não homologando as compensações. De acordo com a decisão, após pesquisas aos sistemas, constatouse que o pagamento não foi utilizado para extinção de débitos da CSLL. No entanto, a Medida Cautelar de Protesto n° 2004.61.00.0202466, impetrada em 30/07/2004, não tem o condão de interromper o prazo prescricional do direito de ação para repetição de indébitos tributários. Esclarece que a Medida Cautelar, nos termos do artigo 174 do CTN, só se presta para interromper a prescrição de ação para a Fazenda Nacional cobrar créditos tributários. Concluiuse, portanto, pela ausência da certeza e liquidez do crédito, requisito previsto no artigo 170 do CTN, o que levou ao indeferimento do pedido de restituição. A ciência da decisão ocorreu em 15/03/2013, conforme AR de fls. 150. (A) irresignada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade em 16/04/2013, fls. 159/166, com as seguintes razões: esclarece qual a origem do pagamento, recolhido nos termos do artigo 17 da Lei n° 9.779/99, com isenção de multa e juros de mora para o pagamento em atraso de débitos de CSLL relativos aos períodos de apuração de 03/1995 a 09/1995, em cobrança no processo administrativo n° 13805.004559/9746. Fl. 372DF CARF MF Processo nº 16327.000246/200802 Acórdão n.º 1301002.859 S1C3T1 Fl. 373 4 estes mesmos débitos de CSLL já eram objeto de compensação com crédito de FINSOCIAL, na ação ordinária n° 94.002367270, cujo pedido de desistência foi negado em razão de representação processual. em função das particularidades da compensação do crédito reconhecido judicialmente, a interessada se viu obrigada a propor, em 21/07/2004, medida cautelar de protesto, com o fim específico de interromper o prazo prescricional pertinente à restituição do pagamento indevido recolhido em 30/07/1999, até o julgamento definitivo da compensação dos débitos de CSLL do processo administrativo n° 13805.004559/9746. o limite de 5 anos previsto no artigo 168, I do CTN foi respeitado, já que o indébito foi pago em 30/07/99, a medida cautelar ajuizada em 21/07/2004, sendo a União Federal foi intimada em 30/07/2004; já o processo administrativo n° 13805.004559/9746 foi finalizado integralmente em 30/10/2007 e o pedido de restituição protocolado em 28/02/2008. afirma que a medida cautelar de protesto, com fundamento no artigo 867 e seguintes do Código de Processo Civil, foi apresentada antes de esgotado o prazo de 5 anos, e a União intimada em 30/07/2004. alega que está pacificado no STJ, e na legislação, que medida cautelar de protesto interrompe a prescrição do direito ao indébito, apresentando emendas (sic). também afirma que o STJ já decidiu que o artigo 174, § único, inciso II do CTN, se aplica também à ação de repetição de indébito. A 5a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, apreciando as razões trazidas pela contribuinte, decidiu, por meio do acórdão n° 1260.105, de 25 de setembro de 2013, pela improcedência da Manifestação de Inconformidade. O referido julgado restou assim ementado: PROTESTO JUDICIAL. PRESCRIÇÃO. O protesto judicial visando à suspensão da prescrição do direito de se repetir/compensar indébitos tributários interposto após a ocorrência da decadência não produz efeito em relação a esta. Além disto, tal instrumento se aplica somente à interrupção de prescrição de ação de cobrança de créditos tributários regularmente constituídos, por parte da Fazenda Nacional. DIREITO CREDITÓRIO FALTA DE COMPROVAÇÃO NÃO HOMOLOGAÇÃO. A falta de comprovação do crédito líquido e certo, requisito necessário para o reconhecimento do direito creditório, conforme o previsto no art. 170 da Lei N° 5.172/66 do Código Tributário Nacional, acarreta o indeferimento do pedido e a nãohomologação das compensações. Irresignada, a contribuinte interpôs o recurso voluntário de fls. 268/276, por meio do qual renova a argumentação expendida na defesa inaugural. Fl. 373DF CARF MF Processo nº 16327.000246/200802 Acórdão n.º 1301002.859 S1C3T1 Fl. 374 5 Em sessão de 25 de novembro de 2014, decidiu esta mesma turma converter o processo em diligencia, através da Resolução nº 1301000.240, para que a unidade administrativa de origem ateste de forma expressa que cabe a repetição pleiteada pelo contribuinte de pagamento realizado, alegamente, de forma indevida. Vale transcrever voto condutor da diligencia: Cuida o presente processo de Pedido de Restituição de CSLL (fls. 01), formalizado em 1° de fevereiro de 2008, relativo a suposto pagamento a maior no ano de 1999, cumulado com Declarações de Compensação. Às fls. 133/137, consta Despacho Decisório emitido pela Delegacia Especial de Instituições Financeiras em São Paulo em 17 de janeiro de 2013, do qual extraio as seguintes informações: i) o alegado pagamento a maior objeto de pedido de restituição por parte da contribuinte está representado por pagamento efetuado em 30 de julho de 1999 a título de CSLL, no montante de R$ 9.429.908,18 (DARF às fls. 02), pagamento esse efetuado com os benefícios previstos na Lei n° 9.779, de 1999; ii) o pagamento em questão não foi alocado a nenhum débito da contribuinte; iii) em 09 de maio de 2000, a contribuinte obteve autorização judicial para compensar pagamentos a maior de FINSOCIAL com débitos vencidos e vincendos de CSLL e PIS; iv) em 30 de julho de 2004, a União foi cientificada da propositura pela contribuinte de MEDIDA CAUTELAR DE PROTESTO objetivando a interrupção do prazo prescricional para a apresentação de pedido de restituição dos valores pagos com base nos benefícios previstos na Lei n° 9.779, de 1999. O Despacho Decisório em referência assinala que "o Protesto Judicial não tem o condão de interromper o prazo prescricional do direito de ação de se repetir/compensar indébitos tributários'', e, com fundamento na prescrição do direito de ação, indeferiu o pedido de restituição. Apreciando Manifestação de Inconformidade apresentada pela contribuinte, a 5a Turma da Delegacia da Receita Federal no Rio de Janeiro ratificou o pronunciamento da Delegacia Especial de Instituições Financeiras em São Paulo, assinalando que "o artigo 168,I, do CTN é muito claro ao determinar que o direito de pleitear a restituição deve ser exercido no decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário, que, no presente caso, é no dia do recolhimento.'" A decisão recorrida traz ainda as seguintes razões para não acolher o pedido formalizado pela contribuinte: Fl. 374DF CARF MF Processo nº 16327.000246/200802 Acórdão n.º 1301002.859 S1C3T1 Fl. 375 6 a) a prescrição de ordem tributária é matéria constitucional, cuja disciplina é reservada à Lei Complementar, de modo que a lei ordinária e a autoridade julgadora não podem dispor sobre ela; b) não existe no direito tributário previsão legal para a interrupção do prazo para a repetição do indébito; c) o disposto no art. 174 do CTN não pode ter sua aplicação estendida para o caso versado nos autos. Em sede de recurso, a contribuinte, renovando a argumentação expendida na Manifestação de Inconformidade, sustenta que resta comprovado nos autos que a medida cautelar de protesto foi ajuizada antes do esgotamento do prazo de cinco anos previsto no art. 168, I, do CTN, e o interrompeu. Observo, primeiramente, que a ementa da decisão de primeira instância assinala que "o protesto judicial visando à suspensão da prescrição do direito de se repetir/compensar indébitos tributários interposto após a ocorrência da decadência não produz efeito em relação a esta". Contudo, não identifico no voto condutor correspondente qualquer referência a tal assertiva, cabendo destacar que o pagamento tido como indevido foi efetuado em 30 de julho de 1999, enquanto que o protesto judicial foi impetrado em 21 de julho de 2004, dentro, portanto, dos cinco anos a que faz referência o inciso I do art. 168 do Código Tributário Nacional. Embora concorde com a afirmação esposada na decisão recorrida no sentido de que "não há, dentro do direito tributário, previsão legal para interrupção do prazo para repetição de indébito'", penso que não podem ser desconsiderados os reiterados pronunciamentos do Superior Tribunal de Justiça acerca da matéria. Nessa linha, temos: REsp 1042524 / RS RECURSO ESPECIAL 2008/00631870 5. O Código Tributário Nacional elege o protesto judicial como causa interruptiva do prazo prescricional, para que a Fazenda Pública proponha a ação de cobrança de credito tributário (art. 174, parágrafo único, inciso II). Face ao principio da igualdade das partes, no processo (isonomia processual), idêntico tratamento deve ser dispensado ao contribuinte nas ações em que postula a repetição do indébito." (REsp 82.553/DF, Rel. Min. Demócrito Reinaldo, Primeira Turma, julgado em 29.4.1996, DJ 3.6.1996, p. 19.214.) 6. Precedente idêntico: REsp 1329901/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/04/2013, Dje 29/04/2013. REsp 1329901 / RS RECURSO ESPECIAL 2012/01272829 1. O Código Tributário Nacional, se não prevê expressamente a ação cautelar de protesto para o contribuinte, parte do pressuposto de sua existência e possibilidade, ao Fl. 375DF CARF MF Processo nº 16327.000246/200802 Acórdão n.º 1301002.859 S1C3T1 Fl. 376 7 disciplinar no seu art. 165, caput, que tanto o pedido administrativo de repetição de indébito quanto a ação para a repetição de indébito independem de prévio protesto. 2. O fato de o art. 165, do CTN mencionar o protesto significa que ele é uma faculdade posta ao contribuinte, que a fazenda pública não pode exigir o protesto como condição da repetição. Em resgate histórico, observo que a inserção do dispositivo no CTN, inclusive, foi feita em razão de existir anteriormente a sua vigência interpretação fazendária no sentido de que o protesto judicial do contribuinte (na época feito na forma do art. 720, do CPC/39 DecretoLei n. 1.608/39) era obrigatório para ressalvar seus direitos quando do pagamento que entendeu indevido (cf. Aliomar Baleeiro in "Direito Tributário Brasileiro", 11a ed. Rio de Janeiro, Forense: 2000, p. 877). 3. Quanto à força interruptiva da prescrição pelo protesto feito pelo contribuinte, aplicase, por analogia permitida pelo art. 108, I, do CTN, o disposto no art. 174, parágrafo único, II, que admite o protesto judicial como forma de interromper a prescrição para a cobrança do crédito tributário. 4. Em se tratando o CTN de norma geral, o seu complemento se dá com a identificação precisa do marco interruptivo da prescrição que é feito por norma específica e conformadora dos direitos processuais, qual seja o art. 219, §1°, do CPC e os dispositivos pertinentes que regulam a ação cautelar de protesto (arts. 867 a 873, do CPC), como toda e qualquer ação judicial. Ainda que não se leve em conta a integração promovida pelas decisões advindas do Superior Tribunal de Justiça, penso que, no caso vertente, o pagamento indevido indicado para fins de compensação tributária, se efetivamente puder ser considerado como tal, só emergiu a partir da decisão administrativa definitiva exarada no processo administrativo n° 13805.004559/9746, o que se deu em 30 de outubro de 2007, conforme informação trazida pela Recorrente. Diante de tal circunstância, caso a contribuinte tivesse apresentado o pedido de restituição a partir do trânsito julgado da decisão judicial que lhe autorizou compensar a CSLL com pagamentos a maior de FINSOCIAL, isto é, 09 de maio de 2000, muito provavelmente o pedido lhe seria denegado com base no argumento de que o direito não gozava de liquidez e certeza, vez que, diante da existência de lançamento de ofício relacionado à contribuição não recolhida, somente após a extinção, ainda que por compensação com FINSOCIAL, poderseia falar em pagamento indevido. Em situações similares, salvo melhor juízo, esse tem sido o posicionamento predominante dos órgãos julgadores de primeira instância. No âmbito deste Colegiado, entretanto, as decisões têm sido no sentido de sobrestar a apreciação do pedido até o momento em que se possa efetivamente aferir a liquidez e certeza do crédito requerido pelo contribuinte. Destaco ainda que, embora a Recorrente não tenha formalmente apresentado pedido de restituição dentro do prazo estipulado pelo Código Tributário Nacional, não resta dúvida de que ela não se mostrou inerte ao seu direito, eis que protestou judicialmente pela interrupção do prazo prescricional até que fosse julgado de forma definitiva o processo administrativo n° 13805.004559/9746. Fl. 376DF CARF MF Processo nº 16327.000246/200802 Acórdão n.º 1301002.859 S1C3T1 Fl. 377 8 Não obstante tudo que até aqui foi exposto, constato que, relativamente ao presente processo, o Despacho Decisório de fls. 133/138 registra: 1. Trata o presente processo da análise de Pedido de Restituição, formalizado em papel em 28/02/2008, de alegado pagamento efetuado a maior em 30/07/1999, de débito da Contribuição Social sobre ò Lucro Líquido, código 2469, data de vencimento 30/07/1999, no valor total de R$ 9.429.908,18, conforme cópia do Darf às fls. 02; 2. O pagamento teria sido efetuado com base no benefício concedido pelo artigo 17 da Lei n° 9.779/1999, com isenção de multa e juros de mora para o pagamento em atraso de débitos da CSLL relativos aos períodos de apuração 03/1995 a 09/1995; Adiante, o referido Despacho, ao tratar do processo n° 13805.004559/9746, assinala: [...] 12. O processo 13805.004559/9746 às fls. 91/95 trata de lançamento de ofício de débitos da CSLL relativos aos períodos de apuração 05/1995 a 09/1995, conforme tabela seguinte; 14. Conforme conclusões do acórdão, DRJ/ SPO n° 00067, de 13/11/2001 às fls. 105/119, confirmado pelo acórdão número 10193.959 de 19/09/2002 do Primeiro Conselho de Contribuintes às fls. 121/131: a) os débitos da CSLL apurados em maio, junho, julho e agosto de 1995 foram EXTINTOS TOTALMENTE, através de COMPENSAÇÃO, com crédito relativo aos pagamentos feitos a maior do FINSOCIAL. A autorização judicial irreformável para efetuar a compensação foi obtida no processo judicial 94.00236727 às fls. 69/90 e na apelação 97.03.0350143 às fls. 72/90, com trânsito em julgado do acórdão em 09/05/2000, conforme exposto nos itens 7 a 11 deste Despacho Decisório; b) O débito da CSLL apurado em setembro de 1995 foi PARCIALMENTE EXTINTO, através de COMPENSAÇÃO, com crédito relativo aos pagamentos feitos a maior do FINSOCIAL; c) A parcela remanescente do débito da CSLL de R$ 999.926,75 relativa ao mês de setembro de 1995 foi EXTINTA, através de COMPENSAÇÃO com DARF recolhido em 15/03/2002 a título de Depósito Recursal, conforme constatado às fls. 35, no item 14 da cópia do Despacho Decisório exarado no processo 16327.000445/200217; Assim, embora o Despacho Decisório em referência consigne que o pagamento tido como indevido não foi alocado a nenhum débito, penso que, para que se possa aferir a liquidez e certeza do direito creditório reclamado pela Recorrente, seja necessário, antes, que a unidade administrativa de origem ateste de forma expressa que cabe a repetição haja vista que o pagamento de fls. 02 efetivamente foi efetuado de forma indevida. Diante do exposto, conduzo meu voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que a informação acima seja prestada pela unidade administrativa de origem. Em observância à Resolução CARF nº 1301000.240, foi apresentado Relatório Fiscal de Despacho de Diligencia (fl. 336 e segs) e, uma vez cientificado, o contribuinte se manifestou em relação ao referido relatório (fl. 347 e segs). É o relatório. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 16327.000246/200802 Acórdão n.º 1301002.859 S1C3T1 Fl. 378 9 Voto Conselheira Bianca Felícia Rothschild Relatora Admissibilidade O recurso voluntário é TEMPESTIVO e uma vez atendidos também às demais condições de admissibilidade, merece, portanto, ser CONHECIDO. Conforme relatado, decidiu esta mesma turma converter o processo em diligencia, através da Resolução nº 1301000.240, com vistas à confirmar a disponibilidade do crédito pleiteado. Neste sentido, segue trecho do Relatório de Diligencia emitido pela autoridade fiscalizadora após prestação de informações requeridas ao contribuinte (fl. 338): CONCLUSÃO 13. O Pedido de Restituição formalizado em papel, protocolado em 28/02/2008 e analisado no processo administrativo 16327.000246/200802 informa como crédito o pagamento de fls. 02 que foi efetuado em 30/07/1999; 14. O Pedido de Restituição foi indeferido e as compensações não foram homologadas, conforme Despacho Decisório de fls. 135139; 15. O acórdão n° 1260.105 às fls. 247251, proferido d ela Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro julgou, por unanimidade de votos, não dar provimento à Manifestação de Inconformidade, para não reconhecer o direito creditório e não homologar as compensações; 16. O pagamento de fls. 02 informado como crédito no Pedido de Restituição não está alocado a nenhum débito e encontrase disponível; 17. Encaminho relatório fiscal de diligência ao contribuinte para ciência de seu teor, dandolhe o prazo de trinta (30) dias para manifestação em caso de discordância. Após, o processo deverá ser enviado para o CARF para julgamento (Resolução CARF 1301000.240). Uma vez que o mérito da lide foi unanimemente aceito nos termos do voto do relator quando da sessão de julgamento da Resolução CARF 1301000.240, cujo teor coincide com meu entendimento acerca da matéria e, confirmada a disponibilidade do crédito pelo relatório de diligencia, voto pelo provimento do recurso voluntário. Fl. 378DF CARF MF Processo nº 16327.000246/200802 Acórdão n.º 1301002.859 S1C3T1 Fl. 379 10 Conclusão Diante de todo o acima exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild. Fl. 379DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.006453/2005-20
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 29/10/2004
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO COM JUROS DE MORA. INEXIGIBILIDADE DE MULTA MORATÓRIA.
De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça - STJ está consolidado, em modo repetitivo, o entendimento de que "a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte" (REsp 1.149.022/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, Primeira Seção, DJe 24/06/2010). Efetuado o pagamento do tributo pelo contribuinte, depois de vencido, mas antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização por parte do Fisco, acrescido dos juros de mora, a multa moratória deve ser excluída em razão da denúncia espontânea.
MULTA DE OFÍCIO. CONVOLAÇÃO EM MULTA DE MORA. IMPOSSIBILIDADE.
Cancelada a multa de ofício, e substituída pela multa de mora, esta não deve ser mantida, pois o julgador administrativo deve ficar adstrito ao embasamento legal descrito no auto de infração e não inová-lo.
Numero da decisão: 3201-003.745
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
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PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO COM JUROS DE MORA. INEXIGIBILIDADE DE MULTA MORATÓRIA. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça STJ está consolidado, em modo repetitivo, o entendimento de que "a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte" (REsp 1.149.022/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, Primeira Seção, DJe 24/06/2010). Efetuado o pagamento do tributo pelo contribuinte, depois de vencido, mas antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização por parte do Fisco, acrescido dos juros de mora, a multa moratória deve ser excluída em razão da denúncia espontânea. MULTA DE OFÍCIO. CONVOLAÇÃO EM MULTA DE MORA. IMPOSSIBILIDADE. Cancelada a multa de ofício, e substituída pela multa de mora, esta não deve ser mantida, pois o julgador administrativo deve ficar adstrito ao embasamento legal descrito no auto de infração e não inoválo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 64 53 /2 00 5- 20 Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 159 2 (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Por retratar com fidelidade os fatos, adoto, com os devidos acréscimos, o relatório produzido em primeira instância, o qual está consignado nos seguintes termos: "Contra a empresa qualificada em epígrafe foi lavrado auto de infração de fls. 27/28, que se prestou a constituir o crédito tributário relativo à aplicação de multa isolada sobre recolhimento de débito de IPI, vencido em 15/02/2004 e pago em 29/10/2004, sem o acréscimo da multa moratória. O lançamento foi efetuado com fundamento nos artigos 43, 44, inciso I e § 1°, inciso II, e art. 61, §§ 1° e 2°, da Lei n° 9.430/96, bem como art. 488, inciso I e § 7°, inciso II, do Decreto n° 4.544/02. O valor do crédito tributário atingiu o montante de R$ 264.502,26, equivalente a 75% do tributo pago em atraso. Conforme consignado no campo de descrição dos fatos do referido auto de infração, “o contribuinte foi notificado em 03/03/05 do indeferimento do pleito, isto é, de recolher o Imposto com atraso sem o acréscimo de multa moratória e intimado a apresentar DCTF retificadora, consignando o débito com atraso, bem como a vinculação do mencionado pagamento e ainda, providenciar o pagamento da multa de mora Oficio n° 52/DRF/CTA/SEORT de fls. 6 a 8”. Não tendo havido atendimento à referida intimação, procedeuse ao lançamento da multa de ofício. O sujeito passivo foi cientificado do lançamento por meio de correspondência encaminhada com Aviso de Recebimento recebida em 13/07/2005 (fi. 31). Em 11/08/2005, a autuada, devidamente representada por procurador regularmente estabelecido (fls. 60/78), protocolou a impugnação ao lançamento conforme peça de fls. 38/57, na qual alegou, em síntese, que: a) em razão de equívocos havidos no cálculo do montante de débito devido, vencido em 15/02/2004, procedeu o recolhimento do IPI faltante, acompanhado dos “juros legais (SELIC)”, em 29/10/2004, “conforme comprova a cópia do DARF anexo (Doc. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 160 3 5), e concomitantemente informou a Delegacia da Receita Federal em Curitiba do procedimento da DENÚNCIA ESPONTÂNEA (Doc. 6); b) entretanto, seu pedido pelo deferimento da referida denúncia e a homologação dos valores pagos, conf. art. 138 do CTN, não foi acatado, “a teor do Oficio n° 52/DRF/CTA/SEORT (Doc. 07)”, sequer em sede de pedido de reconsideração; c) procedeu à retificação da DCTF, em 16/03/2005, “declarando o débito apurado com atraso e pago espontaneamente, vinculando o mencionado pagamento”; d) o indeferimento de seu pedido, e o consequente lançamento da multa de oficio, “está em PATENTE confronto com o entendimento consolidado” na jurisprudência judicial e administrativa, como demonstram os arestos trazidos à colação;" e) é inquestionável a espontaneidade da denúncia efetuada pelo contribuinte, não havendo, assim, que ser aplicada multa de qualquer natureza, a teor do que dispõe o art. 138 do CTN; f) a multa de ofício é inexigível na espécie, porquanto não configuradas “as hipóteses elencadas no art. 44, inc. I, da Lei n° 9.430/96”. Isto porque referido comando legal, utilizado para fundamentar o lançamento, “prevê a possibilidade de aplicação de multa isolada nos casos de pagamento de tributos em atraso, sem o acréscimo da DEVIDA multa moratória”. Mas, como visto, a multa moratória não é devida quando configurada a denúncia espontânea, conforme já consolidado na recente jurisprudência do Conselho de Contribuintes e Câmara Superior de Recursos Fiscais; g) de qualquer sorte, a multa lançada é desproporcional ante a infração praticada e também é confiscatória, havendo, assim, que se reconhecer, inclusive em sede de julgamento administrativo, “que a exigência de multa de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do tributo pago em atraso fere o princípio do não confisco, sob pena de se estar cerceando o direito de defesa da Impugnante”; h) “impõese a anulação da multa isolada aplicada por sua patente inconstitucionalidade”, em razão da sua desproporcionalidade, abusividade e natureza confiscatória. Conclui a impugnante pedindo pelo julgamento da total improcedência do auto de infração impugnado. Se este não for o entendimento, que a multa aplicada seja reduzida a “patamares razoáveis e compatíveis, tendo em vista a vedação de sanção com efeitos confiscatórios”." O pleito foi julgado procedente em parte, no julgamento de primeira instância, nos termos do Acórdão DRJ/RPO 1427.347, de 28 de janeiro de 2010, decisão proferida pelos membros da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto, afastandose a multa de oficio aplicada, em razão da retroatividade benigna Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 161 4 promovida pela Lei 11488/2007, convolandoa em multa de mora, no valor de R$ 70.533,94 cuja ementa dispõe, verbis: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 29/10/2004 IPI. RECOLHIMENTO EM ATRASO. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em decorrência da retroatividade benigna da lei, exonerase a multa isolada lançada sobre o tributo recolhido intempestivamente sem o acréscimo de multa de mora. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA. INAPLICABILIDADE. O instituto da denúncia espontânea não exclui a multa de mora estipulada na legislação tributária, porquanto o seu pagamento é expressamente previsto para os casos em que o recolhimento do tributo ocorre espontaneamente após o vencimento da obrigação, sendo irrelevante à questão a distinção doutrinária entre caráter indenizatório ou punitivo da sua exigência. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido em Parte" O recurso voluntário foi interposto de forma hábil e tempestiva, em que a recorrente, em breve síntese, aduz: (i) impossibilidade de inovação do lançamento pela autoridade julgadora, convertendo a multa de ofício em multa de mora; (ii) a decisão afronta ao devido procedimento fiscal de que trata os arts. 9°, 10 e 12 do Decreto n° 70.235/1972; (iii) a atuação da DRJ no presente processo, cancelou totalmente a exigência consignada no Auto de Infração, mas de modo errôneo, lavrou nova exigência consubstanciada em multa de mora, em total descompasso com o lançamento inicial; (iv) que o suposto novo lançamento está decaído; (v) que é equivocado o entendimento da decisão recorrida que o instituto da denúncia espontânea só se aperfeiçoa com o recolhimento da multa de mora; (vi) que de acordo com o art. 138 do Código Tributário Nacional, os requisitos da denúncia espontânea são o pagamento acrescido de juros de mora e inexistência de anterior processo de fiscalização; (vii) o STJ estabeleceu um terceiro requisito, no caso dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a inexistência de débito tributário declarado em DCTF e não pago; Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 162 5 (vii) cita jurisprudência do CARF e do STJ que entende lhe são favoráveis; (viii) o pagamento do débito denunciado foi realizado de modo integral e à vista, acrescido dos juros de mora, antes de qualquer procedimento da fiscalização a ele relacionado; (ix) o débito só foi declarado pelo contribuinte em 16/03/2005, por meio de DCTF retificadora, posteriormente, ao recolhimento do tributo ocorrido em 29/10/2004; (x) o instituto da denúncia espontânea afasta a imposição de multa de qualquer natureza. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Inicialmente, conforme já consignado no relatório é de se esclarecer que o Auto de Infração em apreço foi lavrado única e exclusivamente para se exigir a multa de ofício e não multa de mora. Assiste razão à recorrente. O Superior Tribunal de Justiça STJ, em sede de recurso repetitivo decidiu que a denúncia espontânea é causa que afasta a incidência da multa moratória, conforme decisão a seguir transcrita: "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 163 6 tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Consequentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008." (REsp 1149022/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/06/2010, DJe 24/06/2010). No mesmo sentido: Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 164 7 "TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL DO CONTRIBUINTE PROVIDO. REVISÃO DO CONJUNTO PROBATÓRIO DOS AUTOS. NÃO OCORRÊNCIA. PAGAMENTO A DESTEMPO, MAS ANTES DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. CARACTERIZAÇÃO. 1. Rejeitase a alegação de incidência da Súmula 7/STJ, visto que o TRF da 2ª Região estabeleceu, como premissa fática, que "[...] os tributos foram declarados em DCTF, posteriormente ao recolhimento dos mesmos, porém, tal recolhimento foi efetuado fora do prazo". 2. Está caracterizada a denúncia espontânea quando os recolhimentos são efetuados antes da constituição do crédito tributário, mediante ação fiscalizatória ou por meio de declaração do contribuinte. 3. No caso, ainda que pagos a destempo, procede o reconhecimento do benefício previsto no art. 138 do CTN, porque os tributos e as contribuições federais foram quitados antes da constituição do crédito tributário, o que impõe a exclusão da multa moratória, bem como autoriza a compensação, nos termos da lei. 4. O entendimento referido na Súmula 360/STJ não afasta de modo absoluto a possibilidade de denúncia espontânea nos tributos sujeitos a lançamento por homologação. 5. Agravo interno a que se nega provimento." (AgInt no REsp 1229965/RJ, Rel. Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em 07/06/2016, DJe 14/06/2016) (nosso destaque) "RECURSO FUNDADO NO CPC/73. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO VERIFICADA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 284/STF. ICMS. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURADA. PAGAMENTO INTEGRAL DO DÉBITO ACRESCIDO DE JUROS E CORREÇÃO ANTES DE QUALQUER PROCEDIMENTO DO FISCO. AUSÊNCIA DE PRÉVIA DECLARAÇÃO DO DÉBITO. NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 360/STJ. MULTA MORATÓRIA AFASTADA. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. ART. 170 DO CTN. EXIGÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO LEGAL. RETORNO DOS AUTOS AO TRIBUNAL DE ORIGEM PARA APRECIAÇÃO DO PLEITO COMPENSATÓRIO. 1. De acordo com o estatuído no art. 535 do CPC, são cabíveis embargos de declaração nas hipóteses de obscuridade, contradição ou omissão do acórdão atacado. No caso, verifica se a existência da contradição apontada, porquanto os argumentos apresentados no apelo especial guardam pertinência Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 165 8 com os fundamentos do acórdão proferido pelo Tribunal de origem, o que afasta a incidência do óbice previsto na Súmula 284/STF. 2. A contribuinte efetuou o recolhimento do tributo devido, acrescido de juros de mora, antes de qualquer procedimento administrativo ou medida fiscalizatória relacionados com a infração, razão pela qual restou caracterizada a denúncia espontânea, nos moldes do art. 138 do CTN. 3. No caso concreto, a empresa não chegou a declarar previamente o ICMS devido, por isso não incidindo a vedação disposta na Súmula 360/STJ (O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo). Precedentes: EDcl no AgRg no REsp 1.375.380/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 11/09/2015 e AgRg no REsp 1.414.966/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, DJe 11/03/2015. 4. A jurisprudência do STJ consolidou, em modo repetitivo, o entendimento de que "a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte" (REsp 1.149.022/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, Primeira Seção, DJe 24/06/2010). No mesmo sentido: AgRg no AREsp 807.269, Rel.ª Ministra REGINA HELENA COSTA, Primeira Turma, DJe 11/05/2016. 5. No tocante à alegada ofensa ao art. 170 do CTN, tendo em conta que "A compensação tributária depende de previsão legal e deve ser processada dentro dos limites da norma autorizativa" (REsp 1.235.348/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 02/05/2011), necessário se faz o retorno dos autos ao Tribunal de origem para que decida sobre a compensação pleiteada, sob pena de supressão de instância. 6. Embargos de declaração acolhidos com efeitos infringentes, para se dar parcial provimento ao recurso especial da empresa impetrante, reconhecendose a configuração da denúncia espontânea e determinandose o oportuno retorno dos autos à Corte local, sob pena de supressão de instância, a fim de que decida acerca da pleiteada compensação. (EDcl no AgRg no REsp 1571332/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/06/2016, DJe 08/06/2016) (nosso destaque) A Câmara Superior de Recursos Fiscais, através do Acórdão nº 9303 002.770, da 3ª Turma, de 22 de janeiro de 2014 manifestouse sobre a matéria no seguinte sentido: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 166 9 Período de apuração:01/01/1998 a 31/12/1998 IOF. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA 360 DO STJ. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, acolheu a tese de que a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ). A contrario sensu, portanto, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça acolheu a tese da aplicação da denúncia espontânea na hipótese de pagamento a destempo sem que tenha sido realizada declaração prévia do contribuinte. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte." Ainda: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 20/05/2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO COM JUROS DE MORA. INEXIGIBILIDADE DE MULTA DE MORA. Quando o contribuinte efetua o pagamento do tributo, depois de vencido, mas antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização por parte do Fisco, acrescido dos juros de mora, a multa moratória deve ser excluída em razão da denúncia espontânea. Direito creditório reconhecido. Compensação homologada. Recurso Voluntário provido." (Processo 10980.939964/201178; Acórdão 3301003.445; Relatora Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões; Sessão de 27/04/2017) Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 167 10 Nos termos do art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF § 2º, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Não obstante os fundamentos até o momento adotados, temse que não é possível a conversão da multa de ofício em multa moratória. Em relação ao tema (convolação da multa de ofício em multa moratória), o CARF possui entendimento favorável ao contribuinte, possuindo inúmeros precedentes jurisprudenciais, os quais adoto como razão de decidir, conforme a seguir transcritos: "NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/05/1998, 30/06/1998, 31/07/1998 DCTF. DÉBITO DECLARADO. SALDO A PAGAR ZERO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO DE OFICIO. Havendo disposição específica no artigo 90 da Medida Provisória nº 2.158 35, de 24/08/2001, no sentido de que os débitos declarados em DCTF e cujas compensações não tenham sido homologadas pela autoridade fiscal deviam ser exigidos mediante o procedimento de lançamento de oficio, de se desprezar, por lhe conflitar e lhe ser hierarquicamente inferior, a disposição contida na IN SRF nº 126, de 1998, com a redação que lhe foi dada pela IN SRF nº 16, de 14/02/2000, que considerava aqueles débitos como confessados e permitia a sua exigência por meio de mera cobrança. Somente com a edição da Medida Provisória nº 135, de 30/10/2003, posteriormente regulamentada pela IN SRF nº 480, de 2004, é que não só os Saldos a Pagar, mas, também, quaisquer diferenças encontradas nos procedimentos de compensação informados em DCTF, passaram a ser considerados como confissão de dívida, de modo que a sua exigência não mais passou a depender de lançamento de oficio. No caso, o auto de infração foi lavrado ainda na vigência do artigo 90 da MP 2.15835, de 2001. MULTA DE OFICIO. CONVOLAÇÃO EM MULTA DE MORA. IMPOSSIBILIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. INAPLICABILIDADE. De se rejeitar a convolação de multa de oficio de 75% em multa de mora de 20% feita pela instância de julgamento de primeira instância, por lhe faltar competência para promover alterações nos dispositivos legais que sustentam o lançamento de oficio. No caso, ao transformar uma multa de oficio em multa de mora, a DRJ acabou por proceder a um novo lançamento, o que lhe é vedado. Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 168 11 Recurso Provido em Parte." (Processo 11020.001495/200323; Acórdão 3401001.746; Relator Conselheiro ODASSI GUERZONI FILHO; Sessão de 20/03/2012). Do voto condutor destaco: "A DRJ, suscitando a modificação superveniente havida naquela regra do artigo 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24/08/2001, o que se deu por meio do artigo 18 da MP nº 135, de 30/10/2003, acima reproduzido, admitiu que no ato do lançamento de ofício não mais haveria previsão para a exigência de multa de ofício e, invocando o princípio da retroatividade benigna previsto na alínea “c”, do inciso II do art. 106 do Código Tributário Nacional, convoloua numa multa de mora de 20%. À época do lançamento vigia o art. 90 da MP nº 2.15835, de 24/08/2001, com a seguinte redação: 'Art.90. Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal.' Embora, consoante explicitado acima, tenha se mostrado correta a constituição de oficio dos valores cuja compensação não fora homologada, ainda que informados na DCTF, há que se rever a questão da multa de ofício aplicada, a qual, após ter sido cancelada pela DRJ, fora “convolada” numa multa de mora de 20%. Então, o que restou para o presente julgamento é uma multa de mora de 20% “aplicada” pela DRJ, o que, com o devido acatamento, não pode prevalecer.. Ora, tem razão a recorrente quando argumenta que não poderia a DRJ “emendar”, o melhor seria “remendar”, “consertar” o auto de infração, convolando uma multa de ofício de 75% em uma multa de mora de 20%. Sim, pois se a multa de ofício não mais possui previsão para ser lançada, o correto é extirpála do lançamento, pura e simplesmente, não se podendo cogitar de sua convolação numa multa de mora, que, como se sabe, só é devida para os casos em os débitos fiscais não são adimplidos nos prazos legais fixados e é calculada, ou pelo próprio devedor, ou pela autoridade fazendária em cobrança amigável; não em procedimento de oficio. De se modificar, portanto, a decisão recorrida, quanto a este quesito, cancelando a exigência da multa de mora." Com o mesmo entendimento, foram as decisões proferidas nos processos 11020.001505/200321 (Acórdão 3401001.748) e 11020.001496/200378 (Acórdão 3401 001.747). Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 169 12 No mesmo sentido, sobre a impossibilidade da convolação da multa de ofício em multa de mora: "Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2005, 2006, 2007 (...) MULTAS DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A exigência da multa de ofício, no percentual de 75%, obedece estritamente aos preceitos legais, não cabendo sua convolação em multa moratória. (...)" (Processo 10510.001892/201040; Acórdão 1402001.198; Relator Conselheiro FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR; Sessão de 02/10/2012) Recentemente, em processo de relatoria da Conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim os membros da 1ª Turma da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, à unanimidade de votos, deram provimento ao recurso voluntário no processo 11610.006832/200167 (Acórdão 3201002.611) para afastar a multa de mora (20%) que substituiu a multa de ofício (75%), por ocasião do julgamento de primeira instância. Aludida decisão, possui a seguinte ementa: "Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/1997 a 30/06/1997 FALTA DE RECOLHIMENTO. IPI A falta ou insuficiência de recolhimento do IPI constitui infração que autoriza a lavratura do competente Auto de Infração, para a constituição do crédito tributário. (...) MULTA DE MORA Cancelada a multa de ofício, tendo em vista o princípio da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, II, do CTN e substituída pela multa de mora (20%); logo, esta não deve ser mantida, pois o julgador administrativo deve ficar adstrito ao embasamento legal descrito no auto de infração e não inoválo. Recurso a que se dá provimento parcial." O voto condutor está redigido nos seguintes moldes: "E por fim, no tocante à substituição da multa de mora, não há como se manter, pois, a decisão de primeira instância cancelou a multa de ofício imposta, tendo em vista o princípio da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, II (ato não definitivamente julgado), do CTN e a trocou pela mora (20%); pois, entendo que julgador administrativo deve ficar adstrito ao embasamento legal descrito no auto de infração. Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10980.006453/200520 Acórdão n.º 3201003.745 S3C2T1 Fl. 170 13 Não cabe ao aplicador da lei alterar a disposição legal infringida e a penalidade aplicável para substituir a multa de ofício pela multa de mora, pois a manutenção da mora seria o mesmo que "impor" nova penalidade, pois, uma situação é a da redução da multa de ofício quando lançada; o que é possível; outra é a de mudar a natureza de multa de ofício para a de mora, onde a disposição legal infringida e a penalidade aplicável são totalmente distintas. Dessa forma, entendo que deve ser excluída a multa de mora." Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto, de modo a afastar a incidência da multa moratória imposta pela decisão recorrida. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator Fl. 170DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.901956/2014-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.475
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimaraes, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado), Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Ester Marques Lins de Sousa. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado, Rafael Gasparello Lima e Luis Henrique Marotti Toselli.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimaraes, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado), Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Ester Marques Lins de Sousa. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado, Rafael Gasparello Lima e Luis Henrique Marotti Toselli. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição cujo crédito é decorrente de pagamento a maior que o devido. No despacho decisório o direito creditório não foi reconhecido porque o pagamento em questão fora integralmente utilizado na quitação de débito devidamente declarado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 75 .9 01 95 6/ 20 14 -5 5 Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10675.901956/201455 Resolução nº 1201000.475 S1C2T1 Fl. 3 2 Foi protocolada manifestação de inconformidade em que foi alegado tratarse de pagamento de tributo já retido pela fonte pagadora. A manifestação foi considerada improcedente uma vez que, pelos elementos de prova carreados aos autos, não se observa ter ocorrido pagamento em duplicidade de tributo sujeito à retenção na fonte. O pagamento referese a tributo devido pela sistemática do lucro presumido, regularmente apurado e declarado. No Recurso Voluntário foi alegado: a) que houve prestação de serviços da recorrente e a fonte pagadora efetuou a retenção do imposto; b) a recorrente também recolheu imposto do período, ocasionando o recolhimento em duplicidade; c) foram produzidas provas que comprovam o recolhimento em duplicidade. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201 000.457, de 17/05/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10675.901644/201441, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.457): "Admissibilidade. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, dele devendose conhecer. Mérito. Segundo o recorrente, houve pagamento em duplicidade, uma vez a retenção na fonte relativamente aos serviços por ele prestados e, posteriormente, pagamento do imposto desse mesmo período. Ocorre que o valor pago referese ao imposto apurado no período trimestral pela sistemática do Lucro Presumido e, conforme pode ser visto desde o Despacho Decisório, esse pagamento corresponde ao valor apurado e devidamente declarado. Esse o motivo do indeferimento do pleito. Contudo, não consta dos autos a DIPJ do período correspondente, pelo que não é possível verificar se houve ou não a dedução do IRRF na apuração do imposto e, ainda, o resultado dessa apuração. Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10675.901956/201455 Resolução nº 1201000.475 S1C2T1 Fl. 4 3 Fazse pois necessária a juntada aos autos da DIPJ do período e a demonstração do imposto a pagar apurado. Conclusão. Em face do exposto, voto por converter o presente julgamento em diligência para: a) juntadas das cópias da DIPJ e da DCTF (e eventuais retificadoras) do período correspondente; b) confirmação das retenções do IRRF; c) verificação quanto à dedução do imposto retido; d) que se apure eventual pagamento a maior (crédito passível de utilização). O contribuinte poderá ser intimado a prestar esclarecimentos, a juízo da autoridade diligenciante. A conclusão deverá constar de relatório circunstanciado do qual se dará ciência ao interessado para que, querendo, se manifeste no prazo de trinta dias. Com ou sem a manifestação do interessado, os autos deverão retornar a este colegiado para julgamento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47 do RICARF, voto por converter o julgamento do recurso em diligência. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 50DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.724721/2010-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
INDEFERIMENTO DE PERÍCIA E DE REQUERIMENTO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS FORA DO PRAZO ESTABELECIDO EM LEI. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Considera-se não formulado o requerimento de perícia apresentado em desacordo com as normas que regem o processo administrativo fiscal.
A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis.
A prova documental será exibida na impugnação, precluindo o direito de o sujeito passivo fazê-lo em outro momento processual, a menos que ocorra alguma das hipóteses previstas na legislação que possibilite sua apresentação em circunstância diversa.
DECISÃO ADMINISTRATIVA CLARA E FUNDAMENTADA. NULIDADE. NÃO VERIFICAÇÃO.
Estando a decisão de piso adequadamente fundamentada e as razões de decidir claramente expostas, possibilitando o adequado exercício à ampla defesa e ao contraditório, inexiste justificativa para sua anulação.
CLAREZA DA AUTUAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Não há que se falar em nulidade da autuação quando todos os requisitos previstos em lei para a lavratura do auto de infração tenham sido observados pela autoridade responsável pelo lançamento.
ALIMENTAÇÃO FORNECIDA MEDIANTE TICKET/CARTÃO MAGNÉTICO. FALTA DE ADESÃO AO PAT. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. INAPLICABILIDADE DO ATO DECLARATÓRIO PGFN N.º 03/2011.
Para o gozo da isenção prevista na legislação previdenciária, no caso do pagamento de auxílio alimentação em ticket/cartão magnético, a empresa deverá comprovar a sua regularidade perante o Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. Inaplicável o Ato Declaratório PGFN n.º 03/2011, considerando não se tratar de fornecimento de alimentação in natura.
PARCELA SALARIAL PAGA SOB A DENOMINAÇÃO DE AJUDA DE CUSTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. INCIDÊNCIA.
Incide contribuição previdenciária e destinada a terceiros sobre parcelas salariais pagas aos segurados da empresa, independentemente da denominação que lhe tenha sido dada.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. ALTERAÇÃO LEGAL. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO.
O cálculo da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser efetuado de conformidade com o art. 476-A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009 ou com a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO.
A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu.
Numero da decisão: 2402-006.084
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, indeferir os pedidos de realização de perícia, produção de novas provas e de ciência do resultado do julgamento no endereço dos representantes legais da recorrente, afastar as preliminares e, no mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro, Jamed Abdul Nasser Feitoza Aldinucci, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior que deram provimento parcial exclusivamente para afastar a incidência da contribuição em relação ao auxílio alimentação.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 INDEFERIMENTO DE PERÍCIA E DE REQUERIMENTO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS FORA DO PRAZO ESTABELECIDO EM LEI. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Considerase não formulado o requerimento de perícia apresentado em desacordo com as normas que regem o processo administrativo fiscal. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. A prova documental será exibida na impugnação, precluindo o direito de o sujeito passivo fazêlo em outro momento processual, a menos que ocorra alguma das hipóteses previstas na legislação que possibilite sua apresentação em circunstância diversa. DECISÃO ADMINISTRATIVA CLARA E FUNDAMENTADA. NULIDADE. NÃO VERIFICAÇÃO. Estando a decisão de piso adequadamente fundamentada e as razões de decidir claramente expostas, possibilitando o adequado exercício à ampla defesa e ao contraditório, inexiste justificativa para sua anulação. CLAREZA DA AUTUAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em nulidade da autuação quando todos os requisitos previstos em lei para a lavratura do auto de infração tenham sido observados pela autoridade responsável pelo lançamento. ALIMENTAÇÃO FORNECIDA MEDIANTE TICKET/CARTÃO MAGNÉTICO. FALTA DE ADESÃO AO PAT. INCIDÊNCIA DE AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 47 21 /2 01 0- 69 Fl. 621DF CARF MF 2 CONTRIBUIÇÕES. INAPLICABILIDADE DO ATO DECLARATÓRIO PGFN N.º 03/2011. Para o gozo da isenção prevista na legislação previdenciária, no caso do pagamento de auxílio alimentação em ticket/cartão magnético, a empresa deverá comprovar a sua regularidade perante o Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. Inaplicável o Ato Declaratório PGFN n.º 03/2011, considerando não se tratar de fornecimento de alimentação “in natura”. PARCELA SALARIAL PAGA SOB A DENOMINAÇÃO DE AJUDA DE CUSTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. INCIDÊNCIA. Incide contribuição previdenciária e destinada a terceiros sobre parcelas salariais pagas aos segurados da empresa, independentemente da denominação que lhe tenha sido dada. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. ALTERAÇÃO LEGAL. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. O cálculo da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser efetuado de conformidade com o art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009 ou com a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. Fl. 622DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 3 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, indeferir os pedidos de realização de perícia, produção de novas provas e de ciência do resultado do julgamento no endereço dos representantes legais da recorrente, afastar as preliminares e, no mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro, Jamed Abdul Nasser Feitoza Aldinucci, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior que deram provimento parcial exclusivamente para afastar a incidência da contribuição em relação ao auxílio alimentação. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, e Renata Toratti Cassini. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 0644.158, da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR (DRJ/CTA) que julgou improcedente impugnação apresentada em face de Auto de Infração lavrado sob o Debcad nº 37.249.1405 para a apuração de contribuições previdenciárias relativas à parte dos segurados, das competências 01/2007 a 12/2007. Por bem retratar as razões expostas no Relatório Fiscal e na impugnação, transcrevese a parte correspondente do acórdão recorrido (fls. 574/589): Relatório Fiscal 3. Segundo o Relatório Fiscal, os valores da base de cálculo foram extraídas das folhas de pagamento/resumos (fls. 65 a 461) e GFIPs (fls. 462 a 513), sendo observado que: nas competências 01 a 08/2007 a Autuada não efetuou o desconto e respectivo recolhimento da contribuição previdenciária devida, referente aos valores pagos a titulo de ajuda de custo ao Sr. Wanderley dos Santos (valores esses obtidos nas folhas de pagamento); no ano de 2007 a empresa não possuía inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, instituído pela Lei nº 6.321, de 1976, conforme consulta ao MTE. Assim, os valores pagos referentes à alimentação, por se constituírem em uma liberalidade, foram considerados base de cálculo de Fl. 623DF CARF MF 4 contribuições previdenciárias. Para o cálculo foram utilizados os valores pagos mensalmente a titulo de alimentação obtidos nas folhas de pagamento da empresa, nas competências 01 a 12/2007, referente ao escritório centralmatriz, tendo sido abatido o valor descontado dos segurados. Neste caso, a empresa não efetuou o desconto e respectivo recolhimento da contribuição relativa aos segurados; 3.1. As contribuições incluídas neste lançamento foram apuradas nos seguintes levantamentos: AL1 (valor Alimentação sem GFIP); AC1 (valor ajuda de custo sem GFIP); e FP1 (folha de pagamento não declarada GFIP). 4. Conforme informa a autoridade fiscal, foram emitidas Representações Fiscal para Fins Penais (RFFP), referentes à configuração, em tese, de sonegação de contribuições previdenciárias e crime contra a ordem tributária (fl. 63). Impugnação 5. Regularmente cientificada em 24/05/2010 (fl. 2), a Contribuinte apresentou impugnação em 22/06/2010, alegando, em síntese que: a) “a presente Defesa é plenamente tempestiva, atendendo a este pressuposto de admissibilidade a contento”; b) a presente cobrança é completamente descabida, não encontrando amparo legal que confira suporte aos seus fundamentos, dada a ilegalidade da multa, isto porque a diferença nesse recolhimento “se deu única e exclusivamente pela desconsideração do AFPS dos valores pagos a título de ajuda de custo e dos valores pagos a título de auxilio educação, bem assim, por entender não declarado em GFIP, valores declarados em Folha de Pagamento, no valor de R$ 45,14, o que não passa de equívoco”; c) a limitação ao direito de a Impugnante ter acesso aos motivos ou documentos em que se baseou o auditor para lavrar dois autos de obrigação principal e dois de obrigação acessória, “cujos fundamentos são os mesmos e geram confusão à defesa, justamente porque indevidamente seccionados, quando em verdade a motivação é única, dificultando ao defendente fazer a ampla defesa, porque repetitiva”. Desse modo, o agir do Fiscal não repercutiu apenas na ofensa ao contraditório em seu sentido estrito (formal), mas também no “desatendimento ao devido processo em sentido material, justamente porque resultou ausente a fundamentação objetiva das autuações”, tornando nulo o ato administrativo, sendo sua invalidação perfeitamente possível, “através do procedimento de revisão dos lançamentos, desencadeado com a presente defesa administrativa, o que desde já requer”; d) o AI impugnado não condiz com a realidade fática da situação fiscal da empresa, apresentando “divergências de valores em seus demonstrativos de débito, assim como deixa de observar com perfeição as bases de cálculo das exações previdenciárias lançadas”; e) quanto aos valores pagos a título de alimentação aos empregados, entende que o fato da empresa não ter apresentado sua inscrição no PAT ensejou indevido lançamento, tomando aqueles valores gastos a titulo de alimentação como base tributável para a contribuição previdenciária, não considerando o fiscal que a autuada desenvolve, e já desenvolvia à época, a proteção alimentar dos seus trabalhadores; f) “Ademais, existem previsões reiteradas nas convenções coletivas de trabalho dos Sindicatos da Indústria da Construção do Estado da Bahia, firmadas pelo sindicato ao qual a empresa é filiada e o sindicato dos trabalhadores da respectiva categoria, de que seria subsidiado o custo da refeição fornecida aos Fl. 624DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 4 5 funcionários”; portanto, já havia na empresa a prática de fornecer alimentação aos empregados; g) o art. 3º da Lei nº 6.321, de 1976, declara que “não se inclui no saláriode contribuição a parcela paga pela empresa a título de Programa de Alimentação do Trabalhador, justamente porque não é salário. Assim, a parcela in natura recebida pelo empregado que estiver de acordo com o PAT não terá incidência da contribuição previdenciária”; h) “A falta da inscrição formal no PAT somente pode gerar, na forma do art. 8º do Decreto 5, de 1991, a vedação da empresa para se valer do incentivo fiscal de dedução dos gastos no seu Imposto de Renda (perdendo o direito de créditos remanescentes, inclusive) e a aplicação de multa pelo descumprimento de obrigação tributária acessória ou instrumental (como é a mera e formal inscrição no PAT, que se processa perante os Correios e está automaticamente aprovada neste mesmo momento)”. Tal raciocínio encontra guarida no art. 113, § 2º do CTN, que trata das obrigações acessórias, e que se aplica ao caso concreto, afirmandose no § 3º do mesmo dispositivo que a sua inobservância acarretaria somente a aplicação de multa, se houvesse previsão legal, mas nunca a cobrança de tributo; i) os julgamentos proferidos pelo Conselho de Recursos da Previdência Social, pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal, abonam o direito da Defendente e reafirmam o direito à desconstituição do presente lançamento, uma vez que expressam o entendimento de que parcelas como a alimentação fornecida pela empresa não integram o salário de contribuição. Assim, não há que se falar em declarar tais valores atinentes ao PAT em GFIP e em infração ao art. 32 , IV e § 5o da Lei nº 8.212/91; j) na improvável hipótese de superação das razões expostas, protesta pela realização de perícia técnica, “visando apurar a real base de cálculo do suposto débito, cujos números foram obtidos através de amostragem”; k) traça um paralelo entre o pagamento de valores a título de ajuda de custo (mensalmente, a Wanderley dos Santos) e valores recebidos a título de licença prêmio não usufruída, auxílio transporte, auxíliocreche, auxíliobabá e outros, alegando que tais verbas não possuem natureza salarial, o que afasta a incidência da contribuição previdenciária, afirmando textualmente que “as verbas pagas ao empregado para auxiliar nas despesas de aluguel, ainda que tenham denominação de auxílio ou de ajuda de custo e mesmo que pagas com habitualidade, como no caso em concreto, têm nítida natureza indenizatória, posto que visam a ressarcir o empregado pelas despesas com moradia em localidade distante do seu domicilio”; l) “a autuação não é clara ao tentar desnaturar a ajuda de custo suportada pela empresa autuada, de forma tal que a sua exclusão prescinde de perícia técnica, a fim de identificar o seu caráter”; m) “temse o sintoma de que o presente processo administrativo pode vir a ser concluído, sem que tenham sido examinadas matérias constitucionais, situação em que os julgadores restringiriam sua atuação à aplicação de exclusivas normas de inferior escalão jurídico. O que não se pode admitir”, eis que ao solucionar uma questão tributária devem ser considerados os diversos princípios e normas plasmadas na Constituição, de natureza genérica (legalidade, tipicidade, anterioridade, irretroatividade, capacidade contributiva, isonomia, vedação de confisco, ampla defesa, contraditório, etc), e específica (nãocumulativa, seletividade, progressividade, generalidade, universalidade, competência, etc.); Fl. 625DF CARF MF 6 n) insurgese quanto a aplicação de juros capitalizados e da taxa Selic aos créditos previdenciários, alegando que “o STJ já tem posição consolidada de que a Taxa Selic não pode ser aplicada cumulativamente, com outros índices de reajustamento, motivo pelo qual, não devem prosseguir as formas de cálculo elaborados pelo agente autuante”; o) compulsando o DAD anexado à NFLD em apreço, verificase que foram aplicadas multas que atingiram o patamar de 75% do débito, sendo certo que o valor seria fixo, considerando que o contribuinte entregou GFIP em todos os meses, sendo que a multa em percentual sobre lançamentos indevidos possui inequívoco intuito confiscatório; p) em face da revogação do art. 32, §§ 4º e 5º, na forma da redação dada pela Lei nº 11.941 de 2009, é certo que a lei só retroage quando mais benéfica ao contribuinte, sendo, dessa forma, inaplicável a multa requerida e necessário que a autuação seja anulada; q) a conclusão necessária é que seja julgado improcedente o lançamento, “com o reconhecimento, no mérito, das matérias que, no seu conjunto, importam na anulação dos termos da cobrança levada a efeito nesta oportunidade”; r) protesta provar o alegado por todos os meios de prova, em especial, a realização de perícia, a juntada de documentos que se fizerem necessários e a produção de contra prova. Reitera que todos os documentos estão à disposição da Receita Federal e pleiteia “a comunicação quanto ao resultado desta defesa no endereço profissional dos patronos do contribuinte, sob pena de nulidade (art. 39, I, do CPC)”. Decisão de Primeira Instância Administrativa A DRJ/CTA julgou a impugnação improcedente, conforme pode se verificar da ementa da decisão recorrida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURADO EMPREGADO. É devida a contribuição previdenciária descontada do segurado empregado, a incidir sobre remuneração a ele paga ou creditada no decorrer do mês, a ser recolhida pela empresa. NULIDADE. DESCABIMENTO. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. ALIMENTAÇÃO. INSCRIÇÃO NO PAT. AUSÊNCIA. Integram o saláriodecontribuição as verbas pagas pela empresa, a título de alimentação, sem a inscrição da empresa no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. AJUDA DE CUSTO. A parcela recebida pelo segurado empregado a título de ajuda de custo integra o saláriodecontribuição, exceto quando paga Fl. 626DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 5 7 em decorrência de mudança de local de trabalho e em parcela única. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA. O exame da legalidade e da constitucionalidade de normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico nacional compete ao Poder Judiciário, restando inócua e incabível qualquer discussão, nesse sentido, na esfera administrativa. MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. MULTA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. O cálculo para a aplicação da multa mais benéfica ao contribuinte deve ser efetuado no momento do pagamento, parcelamento ou ajuizamento da execução fiscal, comparandose a legislação atual e a vigente à época dos fatos geradores. JUROS. TAXA SELIC. PREVISÃO LEGAL. Possui previsão legal a incidência de juros com base na taxa Selic para fatos geradores ocorridos a partir de janeiro de 1995, sendo de caráter irrelevável. PROVA PERICIAL. LIMITES. OBJETIVOS. A perícia se destina à formação da convicção do julgador, devendo limitarse ao aprofundamento de investigações sobre o conteúdo de provas já incluídas no processo, ou à confrontação de dois ou mais elementos de prova também já incluídos nos autos, devendo o julgador refutar aquelas que entender desnecessárias ou prescindíveis. PROVAS DOCUMENTAIS. MOMENTO PARA A PRODUÇÃO. O momento para produção de provas documentais é juntamente com a impugnação, precluindo o direito de o contribuinte fazêlo em outro momento processual, salvo se fundada nas hipóteses expressamente previstas na legislação pertinente. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Recurso Voluntário Em sede de recurso voluntário o sujeito passivo repisa questões trazidas na impugnação e alega adicionalmente o que segue: a necessidade de perícia de ofício pelo julgador de 1ª instância se mostra ainda mais flagrante quando se demonstra que houve majoração de bases de Fl. 627DF CARF MF 8 cálculo no confronto simples entre os balancetes e Livros Razão apresentados pela recorrente à fiscalização e os constantes dos Discriminativos Analíticos de Débito DAD emitidos pela autoridade autuante; a razão desta discrepância é que a fiscalização considerou como salário de contribuição o percentual de 20% sobre a folha de pagamentos da empresa, quando o correto seria considerar tal percentagem, mas incidindo sobre os valores pagos a título de alimentação com os trabalhadores, o que importa em base de cálculo diversa e menor do que a utilizada na forma do art. 28 da Lei 8212/91, que afirma a incidência sobre 20% da totalidade dos pagamentos feitos a título de alimentação; a produção de prova pericial não se realizou, não sendo nem mesmo fundamentada a sua negativa, culminando numa decisão equivocada que julgou procedente o lançamento tributário, apesar de reconhecer pela necessidade de adequar o percentual da multa aplicada para uma mais benéfica; a garantia da ampla defesa possui previsão constitucional, art. 5º, inciso LV da Carta Magna de 1988, sendo aplicada a todos os processos, judiciais e administrativos, além do que, na forma do art. 37 da Constituição Federal, os agentes estão sujeitos ao princípio da legalidade estrita, sob pena de nulidade de seus atos caso firam as garantias ou descumpram as normas jurídicas vinculantes ao seu agir; a produção de prova pericial seria o único meio para um convencimento do julgador para a improcedência da notificação ora recorrida, não seria prescindível ou impraticável; a ausência de produção da prova técnica, pericial, implicou em um prejuízo visível para a recorrente, que teve uma notificação a si imputada como procedente sem que lhe fosse garantido o direito de produzir as provas possíveis e necessárias para combater a notificação, provas estas que em sua grande maioria encontramse nos contratos ajustados, e nos lançamentos efetuados; a decisão ora recorrida, carece de fundamentação, contrariando o disposto no art. 93, inciso IX da Constituição Federal, o qual exige a apresentação dos fundamentos em que as autoridades administrativas se baseiam para realizar os atos de sua competência; a decisão recorrida limitouse a repetir os termos da autuação inicial, ou seja, adotou os termos da peça de notificação inicial e repisou sua fundamentação legal, negandose, terminantemente, a enfrentar o aspecto da constitucionalidade da norma; as razões de decidir não foram expostas pelo julgador de origem, ferindo o princípio constitucional da moralidade administrativa, que reside em analisar a norma na forma determinada pelo legislador, e não amoldála à necessidade do órgão autuante. Repisa pedidos apresentados por via impugnatória, requer que seja declarada a nulidade da decisão recorrida e a juntada de novas provas. É o relatório. Fl. 628DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 6 9 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. PRELIMINARES Nulidade da Decisão Recorrida e Pedido de Perícia e Apresentação de Novas Provas Com relação à nulidade da decisão recorrida, suscitada em razão do indeferimento de perícia requerida em sede de impugnação e à produção de novas provas, tem se que os arts. 16 e 18 do Decreto nº 70.235/1972 estabelecem: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito; § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; Fl. 629DF CARF MF 10 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. [...] Observase, a princípio, que o inciso IV do art. 16 acima reproduzido é bastante claro quanto à obrigatoriedade de o sujeito passivo em formular os quesitos referentes aos exames desejados e indicar o nome , endereço e qualificação profissional designado para a realização da perícia tida por necessária. Além disso, o § 1º do mesmo artigo preceitua que, em caso de inobservância ao disposto no inciso IV, o pleito pericial considerarseá não formulado. Examinandose o conteúdo da impugnação, constatase inexistir referência ao a quesitos ou exames desejados e ao perito que deveria ter sido indicado pela recorrente, fato que se mostra suficientemente apto a afastar a argumentação recursal quanto à nulidade da decisão recorrida, em vista de o requerimento trazido na impugnação ter sido apresentado em desacordo com a legislação que rege a matéria, ou seja, tratase de pleito pericial considerado como “não formulado” a teor das disposições normativas supracitadas. Além disso, a análise das normas jurídicas afetas à autuação e o exame das provas já trazidas aos autos mostramse suficientes para os deslinde de quaisquer dos questionamentos com base nos quais a recorrente busca fundamentar o pleito pericial, o qual revelase, consoante art. 18 do Decreto nº 70.235/1972, absolutamente prescindível como bem concluiu a decisão recorrida, conforme trechos que se faz mister reproduzir: Da prova pericial e documental 17. A Autuada protesta pela realização de perícia para apurar a real base de cálculo em relação aos valores pagos a título de alimentação, cujos números, segundo alega, teriam sido obtidos por amostragem. Também pretende demonstrar que os valores pagos a título de ajuda de custo, buscam restituir despesas inerentes a própria atuação e não complementação de salário. 17.1. O Relatório Fiscal é bastante claro ao informar que, “Para o cálculo do valor do salário de contribuição referente à alimentação foram utilizados os valores pagos mensalmente a titulo de alimentação obtidos nas folhas de pagamento da empresa, nas competências 01 a 12/2007, referente ao escritório centralmatriz, tendo sido abatido o valor descontado dos segurados” (subitem 3.3, fl. 53). Portanto, não se trata de “amostragem”. Fl. 630DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 7 11 17.2. Também os valores pagos a título de ajuda de custo a Wanderley dos Santos foram obtidos nas folhas de pagamento da empresa (subitem 3.2, fl. 53), as quais foram juntadas aos autos pela autoridade fiscal. 17.3. A matéria em julgamento, portanto, não demanda conhecimento técnico específico que não seja da competência da autoridade julgadora. Com efeito, como ensina Antônio da Silva Cabral, a perícia “supõe a pesquisa de fatos por pessoas de reconhecido saber, habilidade e experiência, que permitam o esclarecimento de certas dúvidas surgidas com o processo”. 1 E acrescenta que “antes de tudo, portanto, é necessário que o simples exame dos autos pelo julgador não seja suficiente, exigindose o pronunciamento por parte de técnico especializado no assunto”, não sendo este o caso, todavia. 17.4. Por outro lado, nos termos do art. 16, § 1°, do Decreto n° 70.235, de 1972, considerase não formulado o pedido de perícia que não atenda aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16 do Decreto n° 70.235, de 1972 (necessária a formulação de quesitos e indicação do nome, endereço e qualificação profissional do seu perito, o que não ocorreu no caso presente). 17.5. Há que esclarecer, ainda, que a prova pericial não é substitutiva do ônus que possui a Impugnante de provar suas alegações. Assim, ante a conduta da Contribuinte, que do seu ônus não se desincumbiu, por considerar prescindível a realização de perícia e por não atender aos requisitos legais, rejeitase o pedido, com base no art. 18, do Decreto nº 70.235, de 1972. O fato de o Colegiado a quo ter indeferido o pedido de realização de desnecessária perícia ou mesmo para a apresentação de provas fora do prazo estabelecido na legislação não implica preterição do direito de defesa como tenta fazer crê a recorrente. Trata se de decisão pautada nas disposições normativas que tratam do tema. Sobre os artigos da Portaria MPAS nº 357/2002, suscitados na peça recursal, embora não acudam a recorrente por fazerem referência à “faculdade” atribuída ao julgador administrativo para determinar, de ofício, a realização das perícias que entender necessárias, deveria saber o representante da apelante que, nos termos do art. 25 da Lei nº 11.457/2007, a norma aplicável ao Processo Administrativo Fiscal – PAF, inclusive no que diz respeito às contribuições previdenciárias e às destinadas a outras entidades ou fundos, os denominados “terceiros”, é, desde 1º/03/2008, o Decreto nº 70.235/1972. De igual modo, inaplicável ao presente caso a redação do art. 17 do citado Decreto nº 70.235/1972 reproduzida no recurso voluntário, cujo texto foi alterado ainda em 1997 e também do art. 19 de referida norma, que se encontra revogado desde 1993. Relativamente à assertiva aventada no apelo recursal de que a negativa de produção de prova pericial não teria sido fundamentada, “culminando numa decisão equivocada que julgou procedente o lançamento tributário, apesar de reconhecer pela necessidade de adequar o percentual da multa aplicada para uma mais benéfica”, o trecho da decisão fustigada que acima se reproduziu evidencia carecer de razão essas alegações, eis que demonstra claramente os fundamentos da decisão da DRJ/CTA. No que respeita a aplicação da multa mais benéfica ao caso ora analisado, essa constatação não tem nenhuma relação com situação que pudesse demandar a realização de perícia. Tratase tãosomente de esclarecimento sobre a aplicação de penalidade em relação a infrações tributárias a que legislação superveniente tenha atribuído sanção menos severa, de acordo com previsão contida no art. 106, II, “c” do Código Tributário Nacional – CTN, em Fl. 631DF CARF MF 12 razão das alterações promovidas na Lei nº 8.212/1991, pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Aliás, o cálculo da multa com a aplicação da denominada “retroatividade benigna” foi efetuado ainda por ocasião da autuação. Dessarte, tendo em vista o indeferimento de perícia e de apresentação de novas provas requeridas na impugnação encontrarse respaldado na legislação disciplinadora do PAF, não se verifica nenhuma ofensa a princípios constitucionais como o da ampla defesa, do contraditório ou da legalidade. Tampouco existem elementos que possam levar à decretação de nulidade do acórdão atacado. Ademais, pelas razão acima expostas, indefiro o pedido de perícia reiterado no recurso voluntário, assim como o requerimento para a produção de provas extemporâneas, tendo em conta que, a menos que reste demonstrada uma das situações previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, o que não é o caso, a prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o sujeito passivo fazêlo em outro momento processual. Nulidade da Decisão Recorrida por Falta de Fundamentação da Decisão Recorre o sujeito passivo ao inciso IX do art. 93 da Constituição com o intuito de demonstrar que o decisum de primeira instância administrativa carece de fundamentação. Consoante aduz, “a decisão recorrida limitouse a repetir os termos da autuação inicial, ou seja, adotou os termos da peça de notificação inicial e repisar (sic) sua fundamentação legal, negandose, terminantemente, a enfrentar o aspecto da constitucionalidade da norma”. Mais uma vez a contribuinte busca fundamentar sua discordância em relação ao julgamento de primeira instância administrativa a partir de normas inaplicáveis ao PAF. O art. 93 da Constituição encontrase inserido no seu Capítulo III, “Do Poder Judiciário”, ou seja, referido dispositivo está direcionado à atuação daquele Poder no julgamentos das lides judiciais. A respeito do art. 27 do ato denominado “Portaria nº 148/96” (reproduzido no apelo da contribuinte), vêse tratarse da Portaria Ministro de Estado do Trabalho MTB Nº 148, de 25 de janeiro de 1996 (publicada no DOU de 26/01/1996). Deveria o responsável pela defesa do sujeito passivo saber que esse ato normativo não tem aplicação no âmbito do Ministério da Fazenda, ainda mais em se tratando de PAF, que segue rito próprio, disciplinado em lei específica. Somente com o fim de melhor esclarecer toda essa situação, a necessidade de motivação das decisões administrativas decorre dos princípios do contraditório e da ampla defesa, insculpidos no inciso LV do art. 5º da Constituição/1988. Em termos legais, é o art. 31 do Decreto nº 70.235/1972 que estabelece a obrigatoriedade de que as decisões adotadas no âmbito do PAF sejam devidamente fundamentadas. Vejamos: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. Além do que, diferentemente do que afirma a recorrente, até mesmo em um exame perfunctório do acórdão vergastado é perceptível que a decisão nele contida encontrase perfeitamente fundamentada nas leis instituidoras das contribuições sociais abrangidas no lançamento. Ocorre que o intento da apelante é de que o julgador administrativo se ponha “a Fl. 632DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 8 13 enfrentar o aspecto da constitucionalidade da norma” tributária, afastando sua aplicação, o que, conforme se verá mais adiante é vedado pelo art. 26A do Decreto nº 70.235/1972, pelo art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 – RICARF e pela Súmula CARF nº 2, de aplicação obrigatória por este Colegiado. Desse modo, não restando verificada a aduzida ausência de fundamentação ou ainda falta clareza na decisão de piso, afastase a presente preliminar, posto que as razões de decidir expostas no acórdão da DRJ/CTA mostramse assaz inteligíveis, inexistindo qualquer tipo de prejuízo ao direito de defesa do sujeito passivo ou mesmo ofensa ao princípio constitucional da moralidade administrativa. Nulidade por Falta de Clareza na Autuação Neste ponto, convém inicialmente asseverar que não somente o lançamento e as decisões administrativas necessitam ser fundamentadas, mas, de acordo com o inciso III do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, também as razões trazidas na impugnação ou no recurso voluntário precisam evidenciar a motivação fática e os fundamentos jurídicos em que se acostam. Digo isso porque a reclamante discorre que o fato de se ter efetuado quatro lançamentos distintos em razão da mesma base de cálculo teria dificultado sobremaneira sua defesa, mas não aponta qualquer irregularidade no procedimento administrativo e nem ao menos os motivos que teriam acarretado o mencionado prejuízo ao contraditório ou à ampla defesa. Os lançamentos relacionados à obrigação principal (contribuições previdenciárias da empresa, contribuição para o financiamento da aposentadoria especial e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, e contribuição destinada a outras entidades ou fundos, os denominados “terceiro”) têm, de fato, a mesma base de cálculo, que é a remuneração paga aos segurados empregados, mas isso está definido em lei. Já o auto de infração por não informação de fatos geradores das contribuições sociais em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP, tratase de autuação por descumprimento de obrigação acessória, que em nada se confunde com as autuações pelo não recolhimento de tributo, estando, inclusive, fundamentada em disposição legal diversa. Não se pode olvidar ainda que todos os autos de infração estão apropriadamente fundamentados, carecendo de plausibilidade a tese de prejuízo à defesa, sendo natural e recorrente a adoção desse tipo de procedimento na esfera tributária. A sistemática adotada pela autoridade autuante não implica qualquer tipo de ilegalidade como sugerem as alegações recursais. Em outra esteira, o art. 10 do Decreto nº 70.235/1972 traz os requisitos para a lavratura de auto de infração: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: Fl. 633DF CARF MF 14 I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Analisandose o presente Auto de Infração, o Relatório Fiscal e seus demais anexos constatase que todos os requisitos previstos em lei para sua lavratura foram regiamente observados pela autoridade fiscal, verificandose completamente descabida a asserção recursal de que a autuação padeceria de vício de forma tendente a atrair a aplicação da Súmula nº 346 do STF, com a consequente anulação do lançamento. Além disso, não se vislumbra a alegada falta de clareza no Auto de Infração e em seus anexos, acrescentandose ainda que o crédito foi constituído por servidor competente, a autuação encontrase devidamente motivada e dela consta a qualificação do sujeito passivo, a discriminação dos fatos geradores das contribuições devidas e do período a que se refere, o valor do crédito tributário, o prazo para recolhimento ou impugnação, as disposições legais infringidas, a assinatura da autoridade autuante (com a indicação do seu cargo e do número de sua matrícula) e o local e a data de sua lavratura. Tudo em conformidade com a disciplina legal. Dito isso, rejeito preliminar de nulidade do lançamento. Ciência do Resultado do Julgamento no Endereço dos Representantes Legais da Recorrente Com relação à ciência do resultado do julgamento, cumpre esclarecer que essa é feita na forma do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972, onde não se inclui a notificação do representante legal do recorrente, razão pela qual indefiro o pedido. MÉRITO Impugnação dos Valores Lançados Diz a recorrente que o Auto de Infração “não condiz com a realidade fática da situação fiscal da empresa, pois lança créditos INDEVIDOS e, ainda que fossem devidos, apresenta divergências de valores em seus demonstrativos de débito, assim como deixa de observar com perfeição as bases de cálculos das exações previdenciárias lançadas”. Aduz ainda que: A empresa constatou resultado diverso daquele apresentado pelo Auditor Fiscal. Dessa forma, com o objetivo de verificar a realidade dos fatos apurados pelos respeitáveis auditores fiscais, requer a realização de todas as provas admitidas, em especial a revisão do Auto de Infração, em face dos valores lançados. Fl. 634DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 9 15 A despeito das alegações apresentadas, não foram exibidos, em época própria, nenhum resquício de prova que pudesse atestar as argumentações da recorrente. Ademais, restará demonstrado adiante que o cálculo dos tributos foi corretamente efetuado. Em razão disso, nego provimento ao recurso neste ponto. Base de Cálculo das Contribuições Previdenciárias A matriz constitucional das contribuições previdenciárias incidente sobre a remuneração dos trabalhadores em geral é a alínea “a” do inciso I do art. 195 da Constituição Federal que dispõe: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; Com base na previsão constitucional, o art. 28 da Lei nº 8.212/1991 instituiu a base de cálculo sobre a qual incide as contribuições previdenciárias de empregadores e empregados, definida na lei sob a denominação de “saláriodecontribuição”. Vejamos a abrangência legal do saláriodecontribuição em relação à remuneração de segurados empregados e trabalhadores avulsos: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; É certo que a Lei de Custeio Previdenciário, sendo norma de caráter tributário, não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado1, como, no meu entender, é o caso do Direito do Trabalho. Assim, ao inserir o termo “salário” na definição da base de cálculo das contribuições, a norma previdenciária buscou preservar o alcance da expressão tomada de empréstimo da legislação trabalhista, em toda a sua abragência. 1 CTN, art. 110. Fl. 635DF CARF MF 16 O conceito de salário trazido para a legislação pátria tomou por base o art. 1º da Convenção nº 95 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, que tem o Brasil entre seus signatários. De acordo com referido dispositivo: ARTIGO 1º Para os fins da presente convenção, o termo "salário" significa, qualquer que seja a denominação ou modo de cálculo, a remuneração ou os ganhos susceptíveis de serem avaliados em espécie ou fixados por acôrdo ou pela legislação nacional, que são devidos em virtude de um contrato de aluguel de serviços, escrito ou verbal, por um empregador a um trabalhador, seja por trabalho efetuado, ou pelo que deverá ser efetuado, seja por serviços prestados ou que devam ser prestados. Na mesma linha, o caput do art. 458 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT arrolou como parcelas integrantes dos salários do trabalhadores utilidades decorrentes do contrato laboral como alimentação, habitação, vestuário, dentre outras: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. Assim, a princípio, a base de cálculo das contribuições previdenciárias e de terceiros (saláriodecontribuição) abrange toda e qualquer forma de benefício habitual destinado a retribuir o trabalho, seja ele pago em pecúnia ou sob a forma de utilidades, aí incluídos alimentação, habitação, vestuário, além de outras prestações e in natura. Excluise da tributação somente aqueles benefícios abrangidos por alguma regra isentiva ou que tenham sido disponibilizados para a prestação de serviços, a exemplo de vestuário, equipamentos e outros acessórios destinados a esse fim. Dessarte, a definição sobre a incidência ou não das contribuições sociais em relação às rubricas objeto de lançamento deve levar em consideração sua natureza jurídica, a existência ou não de normas que lhes concedam isenção e o cumprimento dos requisitos necessários ao usufruto desse favor legal. Auxílio Alimentação O § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 relaciona, de forma exaustiva, as diversas verbas de natureza salarial que podem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição Previdenciária. Em se tratando de salário utilidade pago sob a forma de alimentação, dispõe a alínea “c” do citado § 9º: Art. 28. [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Fl. 636DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 10 17 Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; [...] Nos termos dos disposições legais encimadas, para que a parcela referente à alimentação in natura recebida pelo segurado empregado seja excluída do saláriode contribuição é necessário essa seja paga de acordo com o Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, instituído pelo Ministério do Trabalho e Emprego, de conformidade com a Lei nº 6.321/1976. A despeito do que dispõe a legislação trabalhista e previdenciária, o entendimento pacificado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça – STJ é de que, em se tratando de pagamento in natura, o auxílioalimentação não sofre incidência de contribuição previdenciária, independentemente de inscrição no PAT, visto que ausente a natureza salarial da verba. Nesse sentido é a decisão consubstanciada no AgRg no REsp nº 1.119.787/SP: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FGTS. ALIMENTAÇÃO IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. 1. O pagamento do auxílioalimentação in natura , ou seja, quando a alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, razão pela qual não integra as contribuições para o FGTS. Precedentes: REsp 827.832/RS, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/11/2007, DJ 10/12/2007 p. 298; AgRg no REsp 685.409/PR, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/06/2006, DJ 24/08/2006 p. 102; REsp 719.714/PR, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2006, DJ 24/04/2006 p. 367; REsp 659.859/MG, PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/03/2006, DJ 27/03/2006 p. 171. 2. Ad argumentandum tantum, esta Corte adota o posicionamento no sentido de que a referida contribuição, in casu, não incide, esteja, ou não, o empregador, inscrito no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. 3. Agravo Regimental desprovido. Em virtude do entendimento pacificado no STJ, foi editado Ato Declaratório n° 03/2011 da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), publicado no D.O.U. de 22/12/2011, com base em parecer aprovado pelo Ministro da Fazenda, o qual autoriza a dispensa de apresentação de contestação e de interposição de recursos, “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária”, independentemente de inscrição no PAT. Conforme alínea “c” do inciso II do § 1º do art. 62 RICARF, os membros das turmas de julgamento do CARF podem afastar a aplicação de lei com base em ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522/2002 (como é o caso do Ato Declaratório nº 3/2011). Resta, portanto, avaliar se a situação retratada nos autos se amolda ou não ao previsto em referido Ato Declaratório. Verificase das folhas de pagamento da empresa (fls. 68/464) a existência de rubrica com a denominação “alimentação” no período abrangido lançamento. O recurso voluntário esclarece que o pagamentos dessa utilidade foi feito por meio de “impressos, cartões Fl. 637DF CARF MF 18 eletrônicos, magnéticos ou outros oriundos de tecnologia adequada”, ou seja, de ticket/cartão magnético. Contudo, o Ato Declaratório nº 3/2011, bem assim os julgados do STJ que fomentaram sua edição, dentre os quais encontrase o AgRg no REsp nº 1.119.787 (ementa reproduzida acima), fazem referência a auxílioalimentação in natura, o que, nos termos da jurisprudência daquela Corte, quer dizer: “alimentação fornecida pela empresa”, o que não abrange ticket/cartão magnético que é a forma com que a recorrente disponibiliza essa espécie de salário utilidade a seus obreiros. Referida forma de pagamento, do mesmo modo, não atrai a aplicação do art. 3º da Lei nº 6.321/1976. Desse modo, para se beneficiar da isenção prevista na alínea “c” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 a empresa necessitaria cumprir rigorosamente os requisitos previstos nesse dispositivo, o que não se verifica na situação ora analisada. De se esclarecer que o fato de o benefício encontrarse previsto em convenções coletivas de trabalho firmada por sindicato do qual a recorrente se diz filiada não supre a necessidade de que seu pagamento ser feito de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Tampouco tem o sindicato competência para certificar a qualidade da alimentação fornecida com base no PAT como imagina a recorrente. O cumprimento dos requisitos do PAT pressupõe a regular inscrição da empresa no referido programa, em observância ao art. 2º da Portaria MTE nº 3/2002, in verbis: Art. 2º Para inscreverse no Programa e usufruir dos benefícios fiscais, a pessoa jurídica deverá requerer sua inscrição à Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), através do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em impresso próprio para esse fim a ser adquirido nos Correios ou por meio eletrônico utilizando o formulário constante da página do Ministério do Trabalho e Emprego na Internet (www.mte.gov.br). § 1º A cópia do formulário e o respectivo comprovante oficial de postagem ao DSST/SIT ou o comprovante da adesão via Internet deverá ser mantida nas dependências da empresa, matriz e filiais, à disposição da fiscalização federal do trabalho. § 2º A documentação relacionada aos gastos com o Programa e aos incentivos dele decorrentes será mantida à disposição da fiscalização federal do trabalho, de modo a possibilitar seu exame e confronto com os registros contábeis e fiscais exigidos pela legislação2 . § 3º A pessoa jurídica beneficiária ou a prestadora de serviços de alimentação coletiva registradas no Programa de Alimentação do Trabalhador devem atualizar os dados constantes de seu registro sempre que houver alteração de informações cadastrais, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar informações a este Ministério por meio da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Asseverese que, ao revés do que apregoa o sujeito passivo, a inscrição no PAT não é mera formalidade. Tratase de medida necessária que impõe à pessoa jurídica o cumprimento dos requisitos do programa e possibilita a fiscalização de sua regular execução. Digase de passagem que não é competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil Fl. 638DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 11 19 verificar o cumprimento do Programa de Alimentação do Trabalhador e sim do Ministério do Trabalho e Emprego e para isso, repisese, a empresa precisa estar regularmente inscrita nesse programa. Ao órgão de fiscalizador cabe somente o lançamento das contribuições devidas em relação a pessoa jurídica que, não fazendo parte PAT, tenta se valer indevidamente da isenção de contribuições sociais. Sobre a afirmação de que a falta de inscrição no PAT somente poderia ocasionar a vedação para que autuada pudesse se valer da dedução dos gastos com o auxílio alimentação no seu imposto de renda, na forma do art. 8º do Decreto nº 5/1991, de se dizer que a isenção aqui referida está regulada em norma específica e de obrigatória observância, e essa norma é Lei nº 8.212/1991. O descumprimento dos requisitos necessários ao gozo da isenção têm como consequência lógica a incidência da exação tributária, corretamente formalizada por meio do presente auto de infração. Cabe aqui esclarecer que, não obstante o que consta do apelo recursal, o art. 111 do CTN estabelece que as normas afetas a outorga de isenção devem ser interpretadas literalmente. Vale ressaltar que os pareceres e a jurisprudência suscitada pela recorrente, além não vincularem os julgadores administrativos, abordam circunstâncias diversas da retratada nos autos, não acudindo a recorrente. Quanto à realização de perícia técnica para apurar a real base cálculo do tributo (que teria sido apurado por amostragem), cabe aqui somente reproduzir trecho do acórdão recorrido a esse respeito, o qual é esclarecedor: 17.1. O Relatório Fiscal é bastante claro ao informar que, “Para o cálculo do valor do salário de contribuição referente à alimentação foram utilizados os valores pagos mensalmente a titulo de alimentação obtidos nas folhas de pagamento da empresa, nas competências 01 a 12/2007, referente ao escritório centralmatriz, tendo sido abatido o valor descontado dos segurados” (subitem 3.3, fl. 53). Portanto, não se trata de “amostragem”. Ademais a informação contidas da decisão de piso pode facilmente ser conferida a partir das folhas de pagamento (65/461) e do relatório denominado “DD – Discriminativo do Débito” (fls. 6/8). Há ainda no recurso voluntário afirmação que dá conta de hipotética discrepância no que a fiscalização considerou como saláriocontribuição. Vejamos: A razão desta discrepância é que a fiscalização considerou como salário de contribuição o percentual de 20% sobre a folha de pagamentos da empresa, quando o correto seria considerar tal percentagem, mas incidindo sobre os valores pagos a título de alimentação com os trabalhadores, o que importa em base de cálculo diversa e menor do que a utilizada na forma do art. 28 da Lei 8212/91, que afirma a incidência sobre 20% da totalidade dos pagamentos feitos a título de alimentação, na espécie! Essas afirmações feitas no apelo recursal não têm nenhum sentido. O salário decontribuição (base de cálculo das contribuições previdenciárias e de terceiros) em relação aos segurados empregados não é representado por 20% sobre a folha de salários, mas pela Fl. 639DF CARF MF 20 totalidade remuneração paga a esses trabalhadores, conforme inciso I do art. 28 da Lei de Custeio Previdenciário, conforme se demonstrou acima. Em virtude das questões aqui evidenciadas, nego provimento ao recurso quanto a esta matéria. Ajuda de Custo Inicialmente, é preciso ressalvar que a rubrica aqui analisada não guarda identidade com valores relacionados licença prêmio, auxílio transporte, auxíliocreche, auxílio babá, auxílio préescola, prêmio por produtividade, gratificação semestral ou de balanço, diárias para viagem ou participação nos lucros e resultados. Desse modo, a cantilena contida no apelo recursal a esse respeito não será objeto de análise, pois não têm nenhuma relação com a matéria em litígio e seu conteúdo não socorre o sujeito passivo em seu intento de ver afastada a atuação. As quantias em relação às quais foi efetuado o lançamento, esclarece a recorrente, foram pagas a um de seus empregados com habitualidade para auxiliar nas despesas de aluguel e, segundo entende, teriam natureza indenizatória. Como forma de dar sustentação a seus argumentos, a apelante recorre ao § 2º do art. 457 da CLT para afirmar que as ajudas de custos não se incluem no salário, devido à sua natureza indenizatória. Ocorre que referido dispositivo, na redação vigente quando da ocorrência do fato gerador, estabelece o seguinte: Art. 457. [...] [...] § 2º Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinqüenta por cento) do salário percebido pelo empregado. [...] Não se discorda que valores pagos pelas empresas a seus empregados, a título de ajuda de custo, como forma de ressarcir despesas comprovadamente havidas com o desempenho da atividade laboral ostentam natureza indenizatória e, dessa forma, não integram o salário ou a base de cálculo das contribuições previdenciárias e de terceiros. Ocorre que não se inclui na definição de ajuda de custo valores decorrentes da relação de trabalho destinados ao pagamento de despesas com aluguel, como na situação que aqui se apresenta. O conceito de salário e de saláriodecontribuição, reproduzidos alhures, abrange, dentre outros, os valores pagos pela empresa para o dispêndio com moradia pelos empregados. Não é concebível que se suponha que ao rotular parcelas dessa natureza de “ajuda de custo” sobre elas deixarão de incidir contribuições previdenciárias ou de terceiros. De outro eito, têmse na norma previdenciária (Lei nº 8.212/1991, art. 28, § 9º, alínea “g”) a possibilidade de se excluir da base de cálculo das contribuições em referência a ajuda de custo previstas no art. 470 da CLT, desde que recebida em parcela única. Confirase: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] Fl. 640DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 12 21 g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; [...] No caso concreto, é fácil constatar que as quantias pagas ao empregado Wanderley dos Santos, sob a denominação de “ajuda de custo” não têm natureza indenizatória e não está enquadrada na alínea “g” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, restando claro seu caráter remuneratório, sendo absolutamente desnecessária a realização de perícia para se chegar a essa constatação. Também nesse ponto, a jurisprudência suscitada não guarda identidade com o caso concreto, não acudindo a recorrente. Nego provimento ao recurso. Âmbito Constitucional das Decisões Administrativas O sujeito passivo dedica boa parte de seu apelo para defender que o julgador administrativo está obrigado a apreciar questões afetas as aspectos constitucionais das normas relacionadas ao processo administrativo fiscal. No seu entender: 76. Os decisórios de ambas instâncias administrativas (singulares e órgãos colegiados) têm que pautar suas decisões pela trilha da independência, com plena autonomia para decidir, partindo sempre dos princípios e diretrizes constitucionais, uma vez que a lei e a norma regulamentar devem retirar seus fundamentos de validade da Constituição. O julgamento decorre da interpretação das normas dentro de um sistemático contexto constitucional, não sendo admissível sustar o apego (exclusivo ou preponderante) às regras de inferior hierarquia (regulamentos, portarias, instruções, pareceres normativos, etc). 77. Aqui, temse o sintoma de que o presente processo administrativo pode vir a ser concluído, sem que tenham sido examinadas matérias constitucionais, situação em que os julgadores restringiriam sua atuação à aplicação de exclusivas normas de inferior escalão jurídico. O que não se pode admitir. Não obstante esses e outros argumentos trazidos no apelo recursal, a teor art. 26A do Decreto nº 70.235/1972, aos órgãos de julgamento administrativo é vedado afastar a aplicação de lei ou decreto sob fundamento de inconstitucionalidade, excetuando apenas os casos elencados no próprio Decreto, os quais não têm relação com o objeto da presente lide. Vejamos: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 641DF CARF MF 22 I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II – que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. No mesmo sentido é o art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, em relação à segunda instância administrativa: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser Fl. 642DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 13 23 reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Em vista das normas processuais reproduzidas acima, vêse que não é lícito a este Colegiado a análise da constitucionalidade de atos legais ou regulamentares, mediante afastamento de sua aplicação. Além disso, de conformidade com a Súmula CARF nº 2, de aplicação obrigatória no âmbito deste Conselho, é vedado a esta Corte Administrativa pronunciarse sobre constitucionalidade de lei. In verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Desta feita, temse como não sendo possível aos órgãos de julgamento administrativos afastarem lançamento de crédito tributário sob o fundamento de que as normas legais que lhe dão suporte ferem princípios consagrados na Carta da República, pois, admitir ao julgador administrativo tal análise equivaleria invadir competência exclusiva do Poder Judiciário. Sem razão a recorrente. Multa Aplicada A respeito das multas aplicadas, com o advento da Medida Provisória Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, houve profunda alteração no cálculo das multas decorrentes de descumprimento das obrigações principais e acessórias relacionadas às contribuições previdenciárias. Nesse passo, não obstante o auto de infração ter sido lavrado em face da legislação vigente à época do lançamento, verificase possível a retroação da novel legislação, em benefício do sujeito passivo, em razão do disposto no art. 106 do CTN. In verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (Grifos nossos) Na sistemática anterior, constatada a falta de recolhimento do tributo acompanhada da infração de omitir fatos geradores em GFIP, aplicavase a multa por inadimplemento da obrigação principal (inciso do II do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 – redação antiga), cumulada com a penalidade decorrente do descumprimento da obrigação acessória (§§ 4º e 5ºdo art. 32 da Lei n.º 8.212/1991 – dispositivos revogados). Fl. 643DF CARF MF 24 A multa aplicada sobre as contribuições lançadas (descumprimento da obrigação principal) variava de acordo com a fase processual do lançamento, ou seja, quanto mais cedo o contribuinte quitava o débito, menor era a multa imposta. |O descumprimento da obrigação acessória era punido com multa correspondente a 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, ficando a penalidade limita a um teto calculado em função do número de segurados da empresa. Com a edição da Medida Provisória 449/2008, inseriuse o art. 32A na Lei nº 8.212/1991, com a seguinte redação: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo. § 1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2º Observado o disposto no § 3º deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. Além disso, foi também alterado o art. 35 e incluído na Lei de Custeio Previdenciário o art. 35A. Referidos artigos dispõem: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, Fl. 644DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 14 25 nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 19962. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 19963. Do exame dos dispositivos acima descritos é possível concluir que: a) o art. 32A aplicase a situações em que se verifica, mediante procedimento de ofício, isoladamente, a não entrega de GFIP ou sua entrega com incorreções ou omissões; b) o art. 35 referese a multa de mora decorrente do pagamento em atraso, mas espontâneo, de contribuições previdenciárias (0,33% ao dia limitada a 20%); e c) o art. 35A trata da multa aplicada em procedimento de ofício no patamar ordinário de 75%, por descumprimento da obrigação principal e/ou acessória. Ressaltese que, no caso de procedimento de ofício, inaplicável é a nova redação do art. 35, visto que voltada ao recolhimento espontâneo do tributo. Pois bem, para sabermos qual à multa aplicável ao caso concreto, atendendo à retroatividade benigna estabelecida na alínea “c” do inciso II do art. 106 do CTN, será necessário analisar as peculiaridades envolvidas na ação fiscal que deu origem ao lançamento, posto ser necessário que as penalidades sopesadas apresentem natureza material semelhante, tendo em vista que as normas cotejadas devem estar voltadas para condutas de mesma espécie. Para tanto, necessário verificar se o procedimento fiscal redundou exclusivamente na aplicação de multa por descumprimento de obrigação acessória (não entrega ou entrega de GFIP ou sua entrega sem informação relativa a todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias) ou se, além disso, o sujeito passivo deixou de recolher os tributos não informados na guia. Assim, caso se esteja diante de infração exclusivamente pelo descumprimento das obrigações acessórias previstas nos revogados §§ 4º ou 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991, a penalidade mais benéfica deve ser aferida a partir da comparação entre tais dispositivos e aquelas referidas no art. 32A da mesma lei, inserido pela Medida Provisória 449/2008. No procedimento fiscal que deu ensejo à lavratura do presente Auto de Infração, foram apurados valores que a empresa autuada não considerou como base de cálculo de contribuições previdenciárias e, portanto, não computou no cálculo da contribuição 2 Art.61 .Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso.(Vide Decreto nº 7.212, de 2010) [...] §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. [...] 3 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...] Fl. 645DF CARF MF 26 previdenciária devida (obrigação principal), deixando, também, de declarar tais valores em GFIP, o que deu causa a autuação pelo descumprimento dessa obrigação acessória. Ressaltese que, a partir da inclusão do art. 35A da Lei n.º 8.212/1991, pela MP nº 449/2008, ocorrendo também o lançamento da obrigação principal, a penalidade decorrente de erro ou omissão em GFIP fica incluída na multa de ofício constante no crédito constituído, ou seja, incabível, com fulcro na norma atual, a aplicação simultânea de multas por descumprimento de obrigação principal e acessória. Nesse caso, a multa mais benéfica deve ser calculada a partir da comparação entre soma da multa aplicada nos lançamento pelo descumprimento da obrigação principal, nos termos do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 (redação vigente à época do lançamento) e da referente à obrigação acessória de que trata o § 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991 (redação vigente à época da ocorrência do fato gerador) com a multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Foi exatamente essa a sistemática adotada pela autoridade autuante, conforme os excertos do Relatório Fiscal transcritos a seguir: 20. Para as infrações com fato gerador anterior a 04/12/2008, data da entrada em vigor da MP n° 449/2008(convertida na Lei 11.941/09), a multa aplicada deve observar o princípio da retroatividade benigna (CTN, art. 106, inc. II, c), comparandose a multa imposta pela legislação vigente à época da ocorrência do fato gerador e a imposta pela legislação superveniente. 21. Como disciplina o art. 35A da 11.941/09, nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata." 22. Em atendimento ao disposto no art. 106, II, c, do CTN, a penalidade aplicada para a lavratura deste Auto de Infração foi à introduzida pela nova sistemática de cálculo, trazida pela Lei 11.941/09, vez que ficou demonstrada que esta é a mais benéfica que a anterior Convém ressaltar que o entendimento trazido neste voto e adotado por ocasião do lançamento está em consonância com o que dispõe o art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009 e a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009, que tratam tanto de lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Caráter Confiscatório da Multa Aplicada Sobre o propalado caráter confiscatório da multa aplicada, demonstrouse acima que a autoridade autuante pautouse nas disposições legais relativas à matéria para a determinação da multa aplicada. Do mesmo modo, já se esclareceu que o CARF não tem competência para afastar a aplicação de lei sob a alegação de inconstitucionalidade. Fl. 646DF CARF MF Processo nº 10580.724721/201069 Acórdão n.º 2402006.084 S2C4T2 Fl. 15 27 De mais a mais, a vedação ao confisco referida no texto constitucional é regra dirigida ao legislador, e que deve ser observada por ocasião da elaboração das leis. À autoridade administrativa, em vista do disposto no art. 3º do CTN, cabe aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. Assim, considerandose a multa aplicada levou em consideração as norma legais de regência, as quais encontramse em pleno vigor, carece de razão as asserções recursais quanto ao malferimento do princípio de vedação ao confisco. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso para, indeferir os pedidos de realização de perícia, produção de novas provas e de ciência do resultado do julgamento no endereço dos representantes legais da recorrente, afastar as preliminares e, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 647DF CARF MF
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Numero do processo: 13971.902473/2015-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.291
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator.
Assinado digitalmente
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, e Marcelo Giovani Vieira.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator. Assinado digitalmente Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, e Marcelo Giovani Vieira.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1307; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13971.902473/201501 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.291 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 22 de março de 2018 Assunto Solicitação de Diligência Recorrente BUNGE ALIMENTOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Winderley Morais Pereira Presidente substituto e Relator. Assinado digitalmente Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, e Marcelo Giovani Vieira. Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. Tratase do pedido de ressarcimento nº 11606.81001.060712.1.5.103894 (fls. 84/130), no montante de R$ 5.307.855,48, referente a créditos de PIS/Pasep NãoCumulativo – Mercado Interno relativos aos períodos de apuração abril/2010 e junho/2010. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 71 .9 02 47 3/ 20 15 -0 1 Fl. 273DF CARF MF Processo nº 13971.902473/201501 Resolução nº 3201001.291 S3C2T1 Fl. 3 2 O auditor fiscal Delegado da Receita Federal em Blumenau, por meio do despacho decisório de fl. 131, indeferiu o pedido de ressarcimento e não homologou as compensações declaradas a ele vinculadas, quais sejam: nº 38119.61594.230713.1.7.102116, nº 10615.46814.310513.1.3.106402 e nº 13884.01329.150513.1.3.100192. O fundamento do despacho decisório, tratando dos pedidos de ressarcimento referentes à Cofins e ao PIS/Pasep, encontrase na Informação Fiscal de fls. 133/139, nos seguintes termos: 1. O contribuinte em epígrafe transmitiu os PERDCOMP acima identificados, os quais encontramse anexados à presente informação fiscal. 2. Os créditos discriminados nos PERDCOMP (fls. 3 de ambos os pedidos) são do tipo "Mercado Interno (art. 17 da Lei nº 11.033/2004)" (...) (...) 3. O contribuinte foi fiscalizado, com base no Mandado de Procedimento Fiscal nº 09.2.04.002014 00228, em relação àquelas contribuições (PIS/Pasep e Cofins), com abrangência dos períodos de apuração outubro/2009 a junho/2010. 4. Durante a ação fiscal foram verificados os créditos das contribuições, sendo que para todos os meses fiscalizados houve a aplicação de glosas fiscais nos créditos, além da majoração da base de cálculo das contribuições. Em decorrência disso, a fiscalização remontou de ofício a apuração e utilização dos créditos, como consta dos relatórios fiscais integrantes dos autos de infração de números 13971.723730/201451 e 13971.720616/201550 (anexos à presente), os quais demonstram todas as glosas aplicadas nos créditos e as parcelas incluídas nas bases de cálculo, além de detalhar origens e utilizações dos créditos. 5. Por simplificação, colamos a seguir as planilhas (contidas nos citados relatórios fiscais) que demonstram o recálculo (feito pela fiscalização) da apuração e da utilização dos créditos para os meses de abril e junho/2010, tanto do PIS/Pasep quanto da Cofins, os quais foram objeto dos PERDCOMP em análise: (...) 6. Verificase que não restaram, para nenhum dos dois meses e para nenhuma das duas contribuições, créditos vinculados às vendas não tributadas no mercado interno (MINT), que foram objeto dos pedidos. 7. A existência de saldos de créditos passíveis de ressarcimento, porém de outra natureza (créditos presumidos ou créditos vinculados às receitas de exportação) não pode ser levada em consideração, uma vez que os pedidos versaram sobre créditos mercado interno não tributado. 8. Assim, esta fiscalização entende que devem ser indeferidos os PERDCOMP sob análise (novamente identificados abaixo), com o consequente lançamento da multa prevista no art. 36 da Instrução Normativa nº 1.300/2012, além de eventuais nãohomologações de compensações que tenham utilizado o crédito informado nesses mesmos PERDCOMP: Cientificada do despacho decisório em 14/08/2015 (fl. 217), a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 15/09/2015 (fls. 2/21), na qual alega que: apresentou o PER/Dcomp nº 11606.81001.060712.1.5.103894 para ressarcimento de Cofins referente a "Crédito Presumido – Mercado Interno" do 2º trimestre de 2010, não utilizado no desconto de débitos da respectiva contribuição no terceiro trimestre de 2010; não houve na fase de fiscalização oportunidade de manifestação pela contribuinte. Conforme previsto no § 1º, inciso II, do art. 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, é possível concluir que a nulidade do ato prejudica os posteriores que dele diretamente dependam. Com tal atitude por parte do auditor fiscal, houve cerceamento de defesa, por não terem sido respeitados os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa; Fl. 274DF CARF MF Processo nº 13971.902473/201501 Resolução nº 3201001.291 S3C2T1 Fl. 4 3 em decorrência do indeferimento do crédito e consequente não homologação das compensações, constou do quadro referente aos valores envolvidos a aplicação de multa, todavia, sem a devida indicação do dispositivo legal que a prevê. Assim, o auditor fiscal não observou o princípio da legalidade. Por isso, a multa aplicada deve ser declarada nula; não protocolou seu pedido de ressarcimento e as declarações de compensação nos Correios ou no INSS ou no Posto Fiscal da Fazenda Estadual, mas na Delegacia da Receita Federal à qual está jurisdicionada. Inadmissível a alegação e justificativa, inadequadamente fundamentada, de que o saldo de crédito identificado, reconhecido e fiscalizado não poder ser aqui considerado por conta da divergência do 'tipo' de crédito; pelos quadros constantes na Informação Fiscal, está evidenciado que a fiscalização cobriu todos os tipos de crédito com origem no mercado interno, inclusive os referentes ao 'crédito presumido' pleiteado; na época da transmissão do pedido de ressarcimento pelo programa PER/Dcomp, o único campo disponível para inserir esse tipo de crédito, na ótica da manifestante, para inclusão do "Crédito Presumido – Mercado Interno", era o denominado "Mercado Interno (art. 17 da Lei nº 11.033/2004)", pois em vigor a Instrução Normativa nº 900, de 2008, e não a Instrução Normativa nº 1.300, de 2012, que veio detalhar e especificar melhor essa matéria; o crédito efetivamente existe, foi fiscalizado, e o auditor fiscal é sabedor disso, tanto que reconheceu seu montante nas planilhas coladas e fez a seguinte afirmação no item 7 da Informação Fiscal: A existência de saldos de créditos passíveis de ressarcimento, porém de outra natureza (créditos presumidos ou créditos vinculados às receitas de exportação) não pode ser levada em consideração, uma vez que os pedidos versaram sobre créditos mercado interno não tributado. Ou seja, consta no Dacon a "Origem do Crédito: Aquisição no Mercado Interno" e o tipo de crédito "Presumido – Atividades Agroindustriais", tanto que a fiscalização tratou do 'mercado interno' e analisou igualmente os 'créditos presumidos', basta ver as planilhas copiadas no item 5; embora não esteja claro na conclusão do auditor fiscal – o que motivou a preliminar de cerceamento de defesa –, é possível presumir que seu entendimento seja o de que houve erro na qualificação do 'tipo' do crédito no preenchimento da PER/Dcomp, não obstante toda a evidência documental da existência de créditos. Tal entendimento não merece prosperar, pois eventual possibilidade de erro deve ser considerada como inexatidão material, totalmente sanável. Primeiro, porque o crédito existe, está devidamente registrado e, o que é mais importante, foi reconhecido e fiscalizado pelo auditor fiscal. Segundo, porque há que se prestigiar a verdade material, a despeito de um excesso de formalismo. Terceiro, porque há que se respeitar o direito da contribuinte quando ao ressarcimento previsto nos arts. 56A e 56B da Lei nº 12.350, de 2010, e no art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996; atualmente o sistema PER/Dcomp permite melhor detalhamento e especificidade do crédito, de modo que o 'Crédito Presumido' tem uma linha própria diferente do 'Crédito Mercado Interno', o que não era o caso à época do pedido. Apesar disso, o auditor fiscal identificou o crédito pleiteado, referenciou sua fiscalização, seu montante, suas glosas e a Fl. 275DF CARF MF Processo nº 13971.902473/201501 Resolução nº 3201001.291 S3C2T1 Fl. 5 4 relação com outros processos, não sendo adequada e correta sua conclusão de desconsiderálo pelo fato do 'tipo de crédito' ser diferente do destacado no pedido, ainda que mesma 'origem'. Ao final, a manifestante tece arrazoado sobre o princípio da verdade material no processo administrativo, citando doutrina e jurisprudência administrativa, referindose ainda ao art. 142 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, que trata da constituição do crédito tributário pela atividade administrativa, vinculada e obrigatória. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento negou provimento à impugnação. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2010 a 30/04/2010, 01/06/2010 a 30/06/2010 NÃO HOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO PRÉVIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. A inexistência de manifestação da contribuinte antes da edição do despacho decisório que indeferiu o pedido de ressarcimento e não homologou a compensação por ela efetuada não constitui cerceamento do direito de defesa. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. CRÉDITOS. INEXISTÊNCIA. INDEFERIMENTO. Constatado que não existem os créditos objeto do pedido de ressarcimento, correto seu indeferimento e a não homologação das compensações a ele vinculadas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada com a decisão da DRJ, foi interposto Recurso Voluntário repisando as alegações já apresentadas na manifestação de inconformidade. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Trata o presente processo de pedido de ressarcimento cumulado com pedidos de compensação de PIS e COFINS. Dentre as motivações listadas pela Fiscalização para não homologação das compensações, foi a recomposição de ofício da apuração e da utilização de créditos que foram detalhados nos relatórios fiscais dos autos de infração controlados nos Fl. 276DF CARF MF Processo nº 13971.902473/201501 Resolução nº 3201001.291 S3C2T1 Fl. 6 5 Processos Administrativos 13971.723730/201451 e 13971.720616/201550. O procedimento fiscal consta de informação fiscal conforme consta do relatório detalhado alhures. Consultando os sistemas informatizados do CARF é possível identificar que o Processo Administrativo 13971.724090/201587 está sob relatoria do Conselheiro Diego Diniz Ribeiro na Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara desta Terceira Seção. Ao apreciar o referido processo, a Segunda Turma Ordinária resolveu converter o julgamento em diligência para que fosse distribuído ao Relator o Processo Administrativo 13971.720616/201550 em razão da conexão processual, estando o processo sobrestado até que sejam adotadas as providências determinadas, conforme observado na conclusão da resolução. 9. Diante do quadro aqui delineado resolvo que a presente decisão seja submetida à apreciação do d. Presidente da 3ª. Seção de julgamento deste Tribunal Administrativo para que, homologando o que fora aqui decidido, determine a distribuição por dependência do processo administrativo n. 13971.720616/201550 para a minha pessoa. Até que referida providência seja tomada, determino o sobrestamento do feito em epígrafe, bem como do processo já afetado por conexão (10314.723792/201418) No caso em tela a necessidade do julgamento do presente processo em conjunto com o Processo 13971.724090/201587 foi ressaltado no Acórdão da primeira instância, conforme o trecho do voto vencido, transcrito abaixo. III desconsideração de saldos credores de períodos anteriores. Conforme demonstrado nos autos, mais especificamente no Relatório Fiscal (fls. 199/236), itens 69 a 71, na apuração das contribuições devidas e exigidas nos lançamentos em discussão, a Fiscalização não levou em conta os saldos credores apurados pelo interessado para períodos anteriores (04, 06 e 07 a 12/2010), por terem sido objeto de Per/Dcomps, listados às fls. 217, e pelo fato de a certeza e liquidez dos créditos descontados terem sido objeto do processo administrativo nº 13971.724090/201587. Os créditos pleiteados no referido processo (13971.724090/201587) não foram reconhecidos pela Fiscalização que glosou os valores descontados (aproveitados) pelo interessado e exigiu por meio de lançamentos de ofício. A impugnação apresentada contra os lançamentos, objetos daquele processo, foi analisada e julgada improcedente por esta DRJ, nos termos do acórdão nº 14 61.647, datado de 28 de junho de 2016. Assim, demonstrado e provado que a certeza e liquidez dos saldos credores apurados para os períodos anteriores foram objeto de processo próprio, inclusive, com decisão desfavorável ao interessado, correta a desconsideração destes saldos, ou seja, a redução a zero dos valores, na apuração das contribuições ora exigida. (grifo nosso) Fl. 277DF CARF MF Processo nº 13971.902473/201501 Resolução nº 3201001.291 S3C2T1 Fl. 7 6 Consultando os autos é possível identificar a conexão do presente processo ao processo 13971.720616/201550. A teor do relatado também é possível em consulta ao sistema eprocesso confirmar a determinação para que o processo seja distribuído para relatoria do Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. Também conforme consta do relatório fiscal, o procedimento fiscal envolve diversos processos da Recorrente que possuem conexão processual, visto que, a decisão adotada nos Processos Administrativos 13971.724090/201587 e 13971.720616/201550 tem influência para o julgamento do presente processo. Considerando que o Processo Administrativo 13971.724090/201587 está sob relatoria do Conselheiro Diego Diniz Ribeiro e o Processo Administrativo 13971.720616/201550 também será distribuído ao i. Relator, Entendo, que o presente processo deverá ser redistribuído ao Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, nos termos do art. 6º, § 2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Winderley Morais Pereira Fl. 278DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.000245/2007-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.109
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em sobrestar o presente recurso por força do art. 62-A do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministro da Fazenda nº 256 de 2009, bem como da Portaria Conselho Administrativo de Recursos Fiscais nº 01 de 2012.
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente.
Luciano Lopes de Almeida Moraes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Paulo Sérgio Celani, Daniel Mariz Gudiño, Fábia Regina Freitas.
Nome do relator: Não se aplica
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em sobrestar o presente recurso por força do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministro da Fazenda nº 256 de 2009, bem como da Portaria Conselho Administrativo de Recursos Fiscais nº 01 de 2012. Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente. Luciano Lopes de Almeida Moraes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Paulo Sérgio Celani, Daniel Mariz Gudiño, Fábia Regina Freitas. Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instancia: Tratase de impugnação a exigências fiscais relativas, nesta ordem, à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, formalizada no auto de infração de fls. 28/35, perfazendo R$ 264.160,00, e à Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, formalizada no auto de infração de fls. 129/136, totalizando R$ 57.214,68; referentes a fatos geradores ocorridos entre janeiro e dezembro de 2002. O montante constituído por intermédio de cada Auto de Infração é composto pelo valor principal acrescido de multa de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 82 .0 00 24 5/ 20 07 -9 7 Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10882.000245/200797 Resolução nº 3201001.109 S3C2T1 Fl. 217 2 ofício e juros de mora. O Auto de Infração referente ao PIS deu origem ao processo administrativo nº 10882.000246/200731, o qual, posteriormente à impugnação, foi juntado por anexação ao presente processo com a transferência dos créditos tributários cadastrados, fl.208. Conforme explicita a fiscalização em cada auto de infração, a autuação tem por fundamento o fato de os valores de contribuição apurados na DIPJ não terem sido recolhidos ou declarados na DCTF. A contribuinte foi notificada pessoalmente, fls. 28 e 129, de cada autuação em 28/02/2007, tendo apresentado, em 30/03/2007, as impugnações ao auto de infração relativo à COFINS, fls. 40/71, e ao PIS, fls. 141/172, fundamentalmente, de idêntico teor. São, em síntese, oferecidos os seguintes argumentos em cada peça de defesa: É indevida a inclusão do ISS e do ICMS na base de cálculo da contribuição. “O PIS e a Cofins possuem como regulamentação principal a Lei Complementar 70/91 e as Lei Ordinárias 9.718/98, 10.637/02, 10.833/03 e 10.865/04. Contudo, parte da mencionada legislação é inconstitucional, uma vez que em inúmeras situações faz incidir a contribuição social sobre valores indevidos, em especial sobre o ICMS/ISS, o que gera efetivamente uma bitributação, cobrandose “tributo sobre tributo”” (os grifos são do original); A autuada “possui créditos pela exclusão do ICMS/ISS na base de cálculo do PIS/COFINS os quais deverão ser motivo de levantamento para apurarse o valor do ressarcimento. (...) nomeia como perito o Sr. Roberto Celso Fondello que por parte desta empresa efetuará o levantamento desses créditos, cujo valor deverá ser reduzidio do AIIM”; A Cobrança da taxa de juros SELIC é ilegal e inconstitucional. Ademais, a capitalização dos juros constitui anatocismo, prática vedada pelo artigo 4º do Decreto nº 22.626, de 07 de abril de 1933 (Lei de Usura); Incabível a aplicação da multa de ofício, primeiro, porque houve a confissão espontânea dos débitos; segundo, pois, seu percentual caracteriza confisco, vedado constitucionalmente. Pedese a redução do percentual da multa para dez por cento; “A falta de recolhimento dos impostos é decorrente do não recebimento por parte da autuada de valores pendentes junto a COMPANHIA PAULISTA DE TRENS METROPOLITANOS – CPTM.” (os grifos são do original). Na decisão de primeira instância, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campinas/SP indeferiu o pedido da contribuinte, conforme Decisão DRJ/CPS n.º 26.696, de 04/09/2009, assim ementada: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 Inconstitucionalidade. Instâncias Administrativas. Competência. Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10882.000245/200797 Resolução nº 3201001.109 S3C2T1 Fl. 218 3 As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade, restringindose a instância administrativa ao exame da validade jurídica dos atos praticados pelos agentes do Fisco. COFINS. Base de Cálculo. ICMS/ISS. Inclusão. A base de cálculo da COFINS é a receita bruta de venda de mercadorias/serviços, admitidas apenas as exclusões expressamente previstas na lei. O ICMS/ISS está incluso no preço da mercadoria/serviço, que, por sua vez, compõe a receita bruta de vendas. Não havendo nenhuma autorização expressa da lei para excluir o valor do ICMS/ISS, esse valor deve compor a base de cálculo da contribuição. Pedido de Perícia. Prescindibilidade. Indeferimento. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Juros Moratórios. Taxa SELIC. Aplicabilidade. A aplicação da taxa do SELIC para fixação dos juros moratórios para recolhimento do crédito tributário em atraso decorre de lei, não podendo ser afastada em julgamento administrativo. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 Inconstitucionalidade. Instâncias Administrativas. Competência. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade, restringindose a instância administrativa ao exame da validade jurídica dos atos praticados pelos agentes do Fisco. PIS. Base de Cálculo. ICMS/ISS. Inclusão. A base de cálculo do PIS é a receita bruta de venda de mercadorias/serviços, admitidas apenas as exclusões expressamente previstas na lei. O ICMS/ISS está incluso no preço da mercadoria/serviço, que, por sua vez, compõe a receita bruta de vendas. Não havendo nenhuma autorização expressa da lei para excluir o valor do ICMS/ISS, esse valor deve compor a base de cálculo da contribuição. Pedido de Perícia. Prescindibilidade. Indeferimento. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Juros Moratórios. Taxa SELIC. Aplicabilidade. Fl. 218DF CARF MF Processo nº 10882.000245/200797 Resolução nº 3201001.109 S3C2T1 Fl. 219 4 A aplicação da taxa do SELIC para fixação dos juros moratórios para recolhimento do crédito tributário em atraso decorre de lei, não podendo ser afastada em julgamento administrativo. Impugnação Improcedente. Intimado o contribuinte da decisão, apresenta recurso voluntário. Após, é dado seguimento ao processo. È o relatório. Voto Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade. Como vemos do processo, o contribuinte busca, dentre outros, o direito ao ressarcimento de PIS em face da tributação do ICMS na sua base de cálculo. No entanto, tratase de matéria cuja repercussão geral foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 574.706 que assim dispõe: Ementa: Reconhecida a repercussão geral da questão constitucional relativa à inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS e da contribuição ao PIS. Pendência de julgamento no Plenário do Supremo Tribunal Federal do Recurso Extraordinário n. 240.785. (RE 574706 RG, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 24/04/2008, DJe088 DIVULG 15052008 PUBLIC 16052008 EMENT VOL0231910 PP02174 ) Considerando que o Supremo Tribunal Federal determinou expressamente o sobrestamento de todos os recursos sobre o tema, aplico o art. 62A, §1º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256 de 2009, e alterações posteriores, bem como o art. 2º, § 2º, I, da Portaria CARF nº 001 de 2012, para sobrestar o presente recurso voluntário até que esteja transitado em julgado o acórdão a ser proferido no recurso extraordinário acima mencionado. É como voto. Sala de sessões, 23 de outubro de 2012. Luciano Lopes de Almeida Moraes – Relator Fl. 219DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.903054/2013-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 25 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.348
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da voto da relatora. Vencida a conselheira Gisele Barra Bossa que dava provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da voto da relatora. Vencida a conselheira Gisele Barra Bossa que dava provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. Relatório Tratase de PER/DCOMP com demonstrativo de crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior, de IRPJ, referente ao período de apuração de abril de 2007. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório eletrônico de não homologação da compensação, fundamentando sua decisão na alocação integral do pagamento a outros débitos, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 20 .9 03 05 4/ 20 13 -4 9 Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10120.903054/201349 Resolução nº 1201000.348 S1C2T1 Fl. 3 2 Cientificada desse despacho, a interessada apresentou sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que diante da não homologação, foi verificado que a empresa cometeu erro material ao declarar na DCTF um débito fictício, solicitando que seja, assim, processada e homologada a PER/DCOMP inicialmente apresentada, uma vez que, a empresa não deve ser apenada por esse equívoco formal que não desnatura a compensação realizada. Dando prosseguimento ao processo este foi encaminhado para o julgamento em primeira instância e, por unanimidade de votos, a Manifestação de Inconformidade foi considerada improcedente face à ausência dos elementos de prova capazes de atestar a certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação. A DRJ/RPO não acatou os argumentos da Recorrente, em síntese, sob os seguintes fundamentos: A não homologação da compensação decorreu da inexistência do crédito utilizado, pois o valor recolhido correspondeu ao débito expresso na DCTF que se achava ativa na data em que o despacho decisório foi emitido. Estando o pagamento integralmente alocado, não havia saldo disponível para suportar a extinção do crédito tributário pretendida pelo contribuinte. A partir da ciência do contribuinte do despacho decisório que negou a compensação requerida, deixa de existir a espontaneidade e a retificação da DCTF somente será válida caso esteja acompanhada de elementos de prova suficientes para o convencimento da autoridade fiscal quanto ao erro praticado no documento retificado, conforme disposto no artigo 9º, §§ 1º e 2º, da Instrução Normativa RFB nº 974/2009. De acordo com o §4º do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72, caberia ao contribuinte não só a juntada das declarações retificadoras, mas também a apresentação de outros elementos, tais como cópias de livros contábeis e fiscais com os lançamentos dos valores apropriados na apuração, capazes de demonstrar o propalado erro cometido no preenchimento da declaração original. Ao invés disso, o contribuinte limitouse a indicar o erro cometido na DCTF com base no balancete, o que não é suficiente para a comprovação do alegado erro praticado pelo sujeito passivo. Cientificada da decisão de primeira instância, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário reiterando as razões já expostas em sede de Manifestação de Inconformidade e reforçando que: (i) houve recolhimento a maior de IRPJ referente ao mês de abril de 2007; (ii) o erro no preenchimento da DCTF acabou por refletirse no valor a maior constante do DARF; (iii) a partir da análise da DIPJ, LALUR e balancete de verificação é possível observar o valor do IRPJ apurado no mês de abril de 2007. É o relatório. Fl. 290DF CARF MF Processo nº 10120.903054/201349 Resolução nº 1201000.348 S1C2T1 Fl. 4 3 Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa Relatora. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201000.339, de 23.02.2018, proferida no julgamento do Processo nº 10120.903043/201369, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. No processo paradigma o contribuinte solicitou a compensação de débitos com crédito relativo a pagamento indevido ou a maior que o devido de IRPJ, do período de apuração de abril de 2007 e, nos presentes autos, o contribuinte solicita a compensação de débito com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior que o devido de IRPJ do período de apuração de abril de 2007. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.339), adequandoa ao caso concreto: "[...] Conforme visto, a recorrente trouxe aos autos documentação robusta no que tange à apuração do IRPJ devido no mês em referência. No entanto, [...], há que se proceder à verificação quanto à liquidez e certeza do crédito, no que se refere aos demais períodos não incluídos nos presentes autos, considerandose, mutatis mutandis, o contido nas conclusões do Parecer Normativo Cosit nº 2/2015: a) as informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no § 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário; b) não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010; c) retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo; Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10120.903054/201349 Resolução nº 1201000.348 S1C2T1 Fl. 5 4 Em face do exposto, voto pela conversão do presente julgamento em diligência, para que a unidade da Receita Federal da circunscrição da contribuinte: a) verifique as DCTFs retificadoras apresentadas, efetuando a apuração do crédito relativo a cada um dos meses, observandose, no que couber, as disposições da IN RFB nº 1.110/2010; b) faça o cotejamento desses créditos com as Dcomps relativas a pagamento a maior de estimativa de IRPJ do anocalendário em questão, procedendo à valoração para fins de verificação de suficiência destes, considerandose, inclusive, alguma Dcomp porventura já homologada. Para fins dessa verificação, a contribuinte poderá ser intimada a apresentar livros e documentos. Encerrada a diligência, a contribuinte deverá ser intimada para que, querendo, manifestese num prazo de trinta dias. Havendo ou não manifestação da contribuinte, após esgotado o prazo a ela concedido os autos devem retornar ao CARF para julgamento." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, converto o julgamento em diligência, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 292DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15956.000002/2009-23
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005
RECURSO ESPECIAL. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO.
A situação fática do acórdão paradigma não encontra similitude com o acórdão recorrido e, por conseqüência, não se vislumbra interpretação divergente da lei tributária, razão pela qual não deve ser conhecido o recurso interposto.
Numero da decisão: 9202-006.671
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado PEDRA AGROINDUSTRIAL S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005 RECURSO ESPECIAL. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO. A situação fática do acórdão paradigma não encontra similitude com o acórdão recorrido e, por conseqüência, não se vislumbra interpretação divergente da lei tributária, razão pela qual não deve ser conhecido o recurso interposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 00 00 02 /2 00 9- 23 Fl. 478DF CARF MF 2 Tratase de Recurso Especial interposto Procuradoria da Fazenda Nacional contra o Acórdão n.º 2401003.153 proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, em 14 de agosto de 2013, no qual restou consignada a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005 ENTREGA DE PRODUTO RURAL À COOPERATIVA. ATO COOPERATIVO NÃO ENVOLVE COMERCIALIZAÇÃO. Denominamse atos cooperativos os praticados entre as Cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Somente haverá comercialização por ocasião do faturamento das vendas no mercado pela cooperativa. PRODUTO RURAL. EXPORTAÇÃO POR MEIO DE COOPERATIVA. IMUNIDADE EM RELAÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Se a empresa entrega sua produção rural à cooperativa que providencia a exportação incide a norma imunizante do inciso I, §2º do art. 149 da CF. Recurso Voluntário Provido. Conforme consta do Relatório Fiscal, fls. 41 a 44, o crédito tributário fora constituído pelas seguintes razões: O contribuinte exporta açúcar e álcool via cooperativa (COPERSUCARCooperativa de Produtos de Cana de Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo). Em cada usina cooperada existe um estabelecimento (filial) da cooperativa e o procedimento é o seguinte: diariamente, a usina emite notas de entrega para venda em favor da COPERSUCAR que a partir daí fica investida da posse de produtos. A copersucar exporta os produtos diretamente ou ainda via “trading” e ao final de cada mês elabora planilha demonstrativa em que atribui a cada usina cooperada uma receita proporcional à quantidade de produtos entregues para exportação (Parecer NormativoPN/ CST nº 66/86). Em virtude do exposto acima, estão sendo lançadas no presente AI as contribuições previdenciárias incidentes sobre as receitas decorrentes da comercialização da produção rural realizada por agroindústria no MERCADO EXTERNO, efetuadas por intermédio da COPERSUCAR, que não foram recolhidos nos prazos legais. Assim, considerando que as contribuições sociais não incidiriam apenas nos casos em que a produção é comercializada diretamente com o exterior, a Fiscalização concluiu que os valores percebidos com as vendas realizadas para o mercado externo via COPERSUCAR deveriam ser incluídos na base de cálculo das contribuições, razão pela qual lavrou a referida Notificação Fiscal de Lançamento de Débito. Fl. 479DF CARF MF Processo nº 15956.000002/200923 Acórdão n.º 9202006.671 CSRFT2 Fl. 3 3 Irresignada, o ora Recorrente impugnou a autuação requerendo, em síntese: a nulidade da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito; a inexigibilidade da multa cobrada; que as exportações realizadas por intermédio da cooperativa devem ser tidas como realizadas pela Própria Recorrente, diretamente com adquirente domiciliado no exterior, sendo a exigência contida na autuação inconstitucional, tendo em vista a imunidade tributária a ela relativa. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento entendeu pela improcedência da impugnação, mantendo o crédito tributário tal como lançado. Contudo, em decorrência da análise do Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, foi reformada a decisão e dado provimento integral ao recurso. Posteriormente, foi interposto Recurso Especial da Procuradoria da Fazenda Nacional, fls. 386 a 400, com o fito de rediscutir a aplicação da imunidade tributária prevista no art. 149 da Constituição Federal sobre à receita bruta decorrente das exportações, quando realizadas por intermédio de cooperativa, no qual, acerca da divergência, a Recorrente Sustenta que o Acórdão vergastado adotou entendimento distinto do posicionamento adotado no Acórdão n.º 230201.039. Foi realizado exame de admissibilidade, fls. 402 a 405, sendo dado seguimento ao citado Recurso para a rediscussão da questão suscitada. No que se refere ao mérito, a Recorrente aduz, em síntese, que: a) relativamente à matriz constitucional do art. 149, §2º. I, da CF, é indiscutível que as receitas diretamente decorrentes de vendas para o mercado externo estão excluídas da esfera de tributação das contribuições sociais. Contudo, no caso em tela, a decisão recorrida vai além daquilo que foi expressamente previsto pelo poder constituinte derivado, uma vez que estende o alcance da norma imunizante às etapas que antecedem a venda direta ao comprador externo, ou seja, às operações intermediárias; b) tratase de mera VENDA INDIRETA, uma vez que entre a agroindústria e o comprador da produção no estrangeiro, se interpõe uma terceira pessoa jurídica, in casu, a COPERSUCAR. c) recordese que, para efeito da legislação previdenciária, segundo a redação do art. 15 parágrafo único da Lei n.º 8.212/91, as cooperativas são equiparadas às empresas. Não há base legal para dispensar tratamento mais favorecido a essas entidades associativas. d) entendese que deve incidir contribuição previdenciária sobre a receita bruta da comercialização da produção rural da agroindústria, ainda que se refere à venda indireta para o exterior, em razão do comando do art. 22A da Lei 8.212/91, com redação dada pela Lei 10.256/01, pois tais receitas não são alcançadas pela norma constitucional de imunidade, contida no art. 149, §2º, I, da CF; Fl. 480DF CARF MF 4 e) o fato gerador da contribuição está claramente configurado, pois quando a agroindústria entrega a sua produção para a cooperativa, está efetuando nada mais nada menos do que uma operação de consignação mercantil, que corresponde ao mecanismo pelo qual o consignante (agroindústria) fornece a mercadoria para consignatário (cooperativa), para que este a negocie com um terceiro; f) seja conhecido e provido o presente Recurso Especial, e, conseqüentemente, seja restabelecida a decisão de primeira instância. Foram, em seguida, apresentadas contrarrazões pela Recorrida, na qual sustentou: a) a ausência de divergência jurisprudencial, por inexistência de similitude fática entre o Acórdão recorrido e o paradigma; b) a inexistência de operação de mercado interno nas exportações da produção agrícola via Cooperativa (COPERSUCAR) da recorrida; c) os excessos da Instrução Normativa SRP n.º 03/2005; d) o improvimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Fl. 481DF CARF MF Processo nº 15956.000002/200923 Acórdão n.º 9202006.671 CSRFT2 Fl. 4 5 Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora 1. Do conhecimento. Em sede de contrarrazões, argumenta a Recorrida sobre a ausência de divergência jurisprudencial apta a ensejar o conhecimento do Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda. Assevera a Contribuinte que o Acórdão recorrido aborda a incidência das contribuições previdenciárias devidas pela agroindústria Lei n.º 8.212/91, artigo 22A, ao passo que o Acórdão paradigma trata exclusivamente da retenção legal, pela cooperativa, das contribuições previdenciárias devidas pelo empregador rural pessoa física/segurado especial Lei n.º 8.212/91, artigo 25 c/c artigo 30, inciso IV. Assim, entendi pelo acolhimento da questão suscitada, tendo em vista as ponderações da Recorrida, bem como todos os esclarecimentos trazidos aos autos pela Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, após pedido de vistas, conforme passo a expor. O Recurso não deve ser conhecido tendo em vista que não preenche os requisitos previstos no art. 67 do RICARF, tendo em vista que a situação tratada no recorrido não se assemelha a do paradigma. Vejamos as diferenças dos dois lançamentos que acabam por impossibilitar a demonostração de divergência: PARADIGMA FATOS GERADORES 3 — Constituiu o fato gerador destas contribuições a comercialização da produção rural realizada pelo produtor rural pessoa física ou pelo segurado especial com a empresa notificada, na condição de adquirente, consumidora, consignatária ou cooperativa. 4 — As contribuições a que se refere esta NFLD decorrem de operações de exportação de produtos rurais realizadas pela notificada, produtos estes que adquiriu de seus cooperados. A operação de exportação deuse sempre entre a pessoa jurídica COTRISA e o comprador no exterior. Portanto, o produtor rural pessoa física sempre vendia a produção para a cooperativa, onde a Nota Fiscal de Produtor era emitida contra a cooperativa, e esta emitia a respectiva contranota. 4.1 — As contribuições constantes nesta NFLD não foram recolhidas e nem foram depositadas em Juízo. 5 —Foi verificado que a empresa deixou de efetuar os descontos a título de contribuição previdenciária e passou a efetuar desconto a título de incentivo a exportação na taxa de 2%. Estes Fl. 482DF CARF MF 6 valores foram lançados na conta 020401030104 — Reserva de Incentivo à • Exportação. 6 — Importante destacar o que dispõe a Instrução Normativa (IN) SRP n. 03, de 14/07/2005, art. 245, §§ 1° e 2°, sobre a exportação de produtos rurais: "Art. 245. Não incidem as contribuições sociais de que trata este Capítulo sobre as receitas decorrentes de exportação de produtos, cuja comercialização ocorra a partir de 12 de dezembro de 2001, por força do disposto no inciso I do §2 0 do art. 149 da Constituição Federal, alterado pela Emenda Constitucional n o 33, de 11 de dezembro de 2001. §1° Aplicase o disposto neste artigo exclusivamente quando a produção é comercializada diretamente com adquirente domiciliado no exterior. §2° A receita decorrente de comercialização com empresa constituída e em funcionamento no País é considerada receita proveniente do comércio interno e não de exportação, independentemente da destinação que esta dará ao produto."(g rifo nosso). 7 — Assim sendo, no caso em tela, não são os produtores rurais que exportam sua produção, mas a empresa notificada, em seu próprio nome. Esta operação, portanto, não goza da imunidade prevista na Carta Magna. A operação de exportação, inclusive, não é concomitante com a aquisição dos produtos rurais. A Cooperativa faz a exportação e só depois adquire o produto dos agricultores ou em outros casos a operação é ao contrário. Desta forma, as operações de compra e exportação não se confundem, pois ocorrem entre pessoas distintas e normalmente em momentos distintos, sendo que a aquisição do produto é feita pela Cooperativa e portanto constitui receita proveniente do comércio interno, não abrangida pela imunidade. Conforme destacado acima, no caso apreciado no paradigma, existia venda dos cooperados para a cooperativa e esta é que comercializava para o exterior, ou seja, o produtor rural pessoa física sempre vendia a produção para a cooperativa, onde a Nota Fiscal de Produtor era emitida contra a cooperativa, e esta emitia a respectiva contranota. Já no caso do recorrido, desde o lançamento se demonstrou a inexistência de aquisição por parte do recorrente, senão vejamos trecho do recorrido: Este dispositivo legal explicita tal imunidade em seu parágrafo primeiro, ao dispor que só é aplicável quando a produção é comercializada diretamente com o adquirente domiciliado no exterior. No parágrafo segundo reforça que a receita decorrente de comercialização com empresa constituída e em funcionamento no pais é considerada receita proveniente do comércio interno e não da exportação, independente da destinagdo que se dará ao produto. No caso concreto, o contribuinte exporta álcool e açúcar via cooperativa (COPERSUCAR — Cooperativa de Produtores de Cana de Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo). Em cada usina cooperada existe um estabelecimento (filial) da cooperativa e o procedimento é o seguinte: diariamente, a usina emite notas de entrega para venda em favor da COPERSUCAR Fl. 483DF CARF MF Processo nº 15956.000002/200923 Acórdão n.º 9202006.671 CSRFT2 Fl. 5 7 que à partir dai fica investida da posse dos produtos. A Copersucar e porta os produtos diretamente ou ainda via "trading" e ao final de cada mês elabora planilha demonstrativa em que atribui a cada usina cooperada uma receita proporcional à quantidade de produtos entregues para exportação (Parecer Normativo — PN/CST n° 66/86). 0 contribuinte não comprovou a existência de receita referente a exportação direta de seus produtos agro industriais. Os lançamentos contábeis de vendas registram somente os repasses efetuados pela Copersucar, demonstrados através de planilhas. Em virtude do exposto acima, estão sendo lançadas na presente NFLD as contribuições • previdencidrias incidentes sobre as receitas decorrentes da comercialização da produção rural realizada por agroindústria no MERCADO EXTERNO que não foram recolhidas nos prazos legais. Ou seja, pela simples análise dos pontos destacados, no caso do recorrido não existe demonstração de venda, na medida que o contribuinte exporta álcool e açúcar via cooperativa (COPERSUCAR — Cooperativa de Produtores de Cana de Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo). Chama atenção a diferença de que não existe a operação de venda, pelo contrário em cada usina cooperada existe um estabelecimento (filial) da cooperativa sendo que a usina emite apenas notas de entrega para venda em favor da COPERSUCAR que à partir daí fica investida da posse dos produtos para exportálos. A diferença pode ser observada também nos fundamentos do acórdão paradigma que divergem do recorrido: A imunidade ora em debate possui previsão expressa no art. 149, parágrafo 2º, inciso I da Constituição Federal, nestas palavras: Art. 149. compete exclusivamente à união instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, iii, e 150, i e iii, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. (...) § 2º as contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: (incluído pela emenda constitucional n.º 33, de 2001) I não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (incluído pela emenda constitucional n.º 33, de 2001) Conforme expressa previsão constitucional somente estão amparadas pela imunidade as operações decorrentes de exportação. A operação entre os cooperados e a cooperativa é uma operação interna, que não se confunde com a exportação. A relação jurídica entre a cooperativa e o cooperado se esgota na venda da produção deste para aquela; e independentemente se a cooperativa irá ou não realizar operação com o exterior já é devido o valor ao cooperado. Desse modo, não procede o Fl. 484DF CARF MF 8 argumento recursal de que a exportação teria sido realizada pelos cooperados por intermédio da cooperativa. Conforme previsto no art. 79, parágrafo único da Lei n 5.764 de 1971; o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Assim, ao adquirir dos seus cooperados, a cooperativa tem necessariamente que reter a contribuição devida, conforme expressamente previsto nos artigos legais já transcritos. Logicamente, quando a cooperativa realizar a exportação, sobre a receita obtida não haverá incidência de contribuição em virtude do disposto no art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. Para a Secretaria da Receita Previdenciária, a imunidade somente alcança as exportações diretas, conforme previsto no art. 245 da Instrução Normativa nº 03/05. Art. 245. Não incidem as contribuições sociais de que trata este Capítulo sobre as receitas decorrentes de exportação de produtos, cuja comercialização ocorra a partir de 12 de dezembro de 2001, por força do disposto no inciso I do § 2º, do art. 149, da Constituição Federal, alterado pela Emenda Constitucional nº 33, de 11 de dezembro de 2001. § 1º Aplicase o disposto neste artigo exclusivamente quando a produção é comercializada diretamente com adquirente domiciliado no exterior. Conforme podemos extrair, não devemos confundir uma operação de venda consolidada entre os cooperados e a cooperativa (caso do paradigma), de operações que se assemelham com o ato cooperado, ou seja, sem a efetivação de venda como no caso do recorrido. Dessa forma, não há como preencher o pressuposto para o conhecimento do Resp, qual seja, na análise de situações semelhantes, colegiados distintos interpretaram de forma diversa um mesmo dispositivo legal. Diante do exposto, voto por não conhecer do recurso interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz . Fl. 485DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10410.006720/2009-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2003
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO DO VALOR VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PREJUDICIAL DE ADMISSIBILIDADE. PORTARIA MF N°63.DIREITO INTERTEMPORAL. SÚMULA CARF Nº 103.
A verificação do limite de alçada, para fins de Recurso de Ofício, ocorre em dois momentos: primeiro, quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento -DRJ, para fins de interposição de Recurso de Ofício, observando-se a legislação da época e, segundo, quando da apreciação do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando-se o limite de alçada então vigente.
Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103:
"Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância".
In casu, aplica-se o limite instituído pela Portaria MF n° 63 que alterou o valor para interposição de Recurso de Ofício para R$2.500.000,00.
Recurso de Ofício não conhecido pelo fato do valor do crédito tributário exonerado pela decisão a quo estar abaixo do limite de alçada.
PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. EXISTÊNCIA DE DOLO NA CONDUTA DE SONEGAÇÃO FISCAL E SUBTRAÇÃO TOTAL DE TRIBUTOS FEDERAIS. FIRMA INDIVIDUAL CONSTITUÍDA EM NOME DE "LARANJA". INTERPOSIÇÃO DE PESSOA. SUJEITO PASSIVO OMISSO DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. INCIDÊNCIA DO TERMO INICIAL DO ART. 173, I, DO CTN. PRELIMINAR REJEITADA.
A utilização de interposta pessoa, através da fraude na composição societária, criando a figura do sócio aparente ou formal, comumente denominado de "laranja" ou "testas de ferro", indivíduo com reduzida capacidade econômica, demonstra o caráter doloso da conduta de fraudar, sonegar e de suprimir tributos e contribuições federais.
Restou demonstrado que a autuada, empresa individual constituída pela utilização de interposta pessoa ("laranja"), foi administrada, gerida, por terceiros, titulares de fato, para ludibriar o fisco, para sonegação fiscal, subtração total dos tributos do Simples Federal.
A empresa, embora nos períodos de apuração objeto da autuação tivesse movimentado em suas contas correntes bancárias vultosas somas de recursos financeiros, nada foi declarado ao fisco acerca das receitas, rendimentos auferidos e dos recursos movimentados nas respectivas contas correntes bancárias (contribuinte omisso de declaração) e nada foi recolhido ou pago a título de tributos do Simples Federal nos períodos de apuração objeto da autuação, justificando-se, por conseguinte, a aplicação do termo inicial do prazo decadencial do art. 173, I, do CTN, pelo dolo na conduta de sonegação fiscal, de subtração total dos tributos do Simples Federal.
Além disso, a ausência de pagamento ou falta de antecipação de pagamento dos tributos do Simples Federal antes da ciência do termo de início de fiscalização, tributos esses sujeitos a lançamento por homologação, desloca o termo inicial do prazo decadencial do art. 150,§ 4ª, para o art. 173,I, ambos do CTN, conforme entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça - STJ proferido no REsp: 973.733- SC, Relator Ministro Luís Fux, no regime dos recursos repetitivos, Data de Julgamento: 12/08/2009, Primeira Seção, Data de Publicação: DJe 18/09/2009.
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. QUALIFICAÇÃO DA MULTA.
Matérias não recorridas, preclusas, pois não foram impugnadas na primeira instância de julgamento.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA
Ex vi do art. 124, I, do CTN, são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal.
O coobrigado efetivamente conduziu os negócios da empresa, acobertado pela interposição de terceiros sem capacidade econômica para garantir as obrigações da pessoa jurídica.
Demonstrado interesse comum na realização das operações comerciais que constituíram fato gerador dos tributos do Simples Federal, nos períodos de apuração objeto do lançamento fiscal, mantém-se a sujeição passiva solidária imputada pelo Termo de Sujeição Passiva Solidária.
Numero da decisão: 1301-002.971
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, rejeitar a arguição de decadência, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Em relação à responsabilidade tributária atribuída ao coobrigado, o Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza acompanhou o voto do relator por suas conclusões.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Angelo Abrantes Nunes (Suplente Convocado), Roberto Silva Junior, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado), Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Nelso Kichel, Jose Eduardo Dornelas Souza e Leonam Rocha de Medeiros (Suplente Convocado).
Nome do relator: NELSO KICHEL
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS Recorrentes C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2003 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO DO VALOR VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PREJUDICIAL DE ADMISSIBILIDADE. PORTARIA MF N°63.DIREITO INTERTEMPORAL. SÚMULA CARF Nº 103. A verificação do limite de alçada, para fins de Recurso de Ofício, ocorre em dois momentos: primeiro, quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, para fins de interposição de Recurso de Ofício, observandose a legislação da época e, segundo, quando da apreciação do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando se o limite de alçada então vigente. 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INCIDÊNCIA DO TERMO INICIAL DO ART. 173, I, DO CTN. PRELIMINAR REJEITADA. A utilização de interposta pessoa, através da fraude na composição societária, criando a figura do sócio aparente ou formal, comumente denominado de "laranja" ou "testas de ferro", indivíduo com reduzida capacidade econômica, demonstra o caráter doloso da conduta de fraudar, sonegar e de suprimir tributos e contribuições federais. Restou demonstrado que a autuada, empresa individual constituída pela utilização de interposta pessoa ("laranja"), foi administrada, gerida, por terceiros, titulares de fato, para ludibriar o fisco, para sonegação fiscal, subtração total dos tributos do Simples Federal. A empresa, embora nos períodos de apuração objeto da autuação tivesse movimentado em suas contas correntes bancárias vultosas somas de recursos financeiros, nada foi declarado ao fisco acerca das receitas, rendimentos auferidos e dos recursos movimentados nas respectivas contas correntes bancárias (contribuinte omisso de declaração) e nada foi recolhido ou pago a título de tributos do Simples Federal nos períodos de apuração objeto da autuação, justificandose, por conseguinte, a aplicação do termo inicial do prazo decadencial do art. 173, I, do CTN, pelo dolo na conduta de sonegação fiscal, de subtração total dos tributos do Simples Federal. Além disso, a ausência de pagamento ou falta de antecipação de pagamento dos tributos do Simples Federal antes da ciência do termo de início de fiscalização, tributos esses sujeitos a lançamento por homologação, desloca o termo inicial do prazo decadencial do art. 150,§ 4ª, para o art. 173,I, ambos do CTN, conforme entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça STJ proferido no REsp: 973.733 SC, Relator Ministro Luís Fux, no regime dos recursos repetitivos, Data de Julgamento: 12/08/2009, Primeira Seção, Data de Publicação: DJe 18/09/2009. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. Matérias não recorridas, preclusas, pois não foram impugnadas na primeira instância de julgamento. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA Ex vi do art. 124, I, do CTN, são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. O coobrigado efetivamente conduziu os negócios da empresa, acobertado pela interposição de terceiros sem capacidade econômica para garantir as obrigações da pessoa jurídica. Demonstrado interesse comum na realização das operações comerciais que constituíram fato gerador dos tributos do Simples Federal, nos períodos de apuração objeto do lançamento fiscal, mantémse a sujeição passiva solidária imputada pelo Termo de Sujeição Passiva Solidária. Fl. 2824DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.825 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, rejeitar a arguição de decadência, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Em relação à responsabilidade tributária atribuída ao coobrigado, o Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza acompanhou o voto do relator por suas conclusões. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Angelo Abrantes Nunes (Suplente Convocado), Roberto Silva Junior, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado), Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Nelso Kichel, Jose Eduardo Dornelas Souza e Leonam Rocha de Medeiros (Suplente Convocado). Fl. 2825DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.826 4 Relatório Tratase do Recurso de Ofício (reexame necessário) apresentado pela DRF/Recife e do Recurso Voluntário interposto pela empresa responsável solidária Termo de Sujeição Passiva Solidária J. GUSMÃO E CIA LTDA MAFRIPS contra a decisão a quo, na parte que restou vencida. Quanto aos fatos consta dos autos: que, em 08/12/2009, a fiscalização da RFB DRF/Maceió lavrou autos de infração no âmbito da legislação do Simples Federal (IRPJSimples, CSLLSimples, PIS Simples, Cofins Simples e Contrib. para Seguridade Social INSSSimples), anocalendário 2003, com imputação da seguinte infração com multa qualificada (efls. 1752/1800), in verbis: (...) 001 OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS Valor apurado conforme relato circunstanciado no Termo de Verificação e Constatação Fiscal e seu DEMONSTRATIVO I e demais documentos, em anexo, que farão parte integrante e inseparável do presente auto de infração. Fato Gerador Valor Tributável Multa % 31/01/2003 378.588,47 150,00 28/02/2003 660.454,09 150,00 31/03/2003 615.045,22 150,00 31/03/2003 40.957,44 150,00 30/04/2003 643.282,68 150,00 31/05/2003 536.636,61 150,00 30/06/2003 387.498,33 150,00 31/07/2003 593.091,58 150,00 31/08/2003 857.154,68 150,00 30/09/2003 1.405.449,95 150,00 31/10/2003 982.935,33 150,00 30/11/2003 524.033,24 150,00 31/12/2003 889.163,02 150,00 ENQUADRAMENTQ LEGAL: Art. 24 da Lei n° 9.249/95; arts. 2°, § 2°, 3°, § 1°, alínea "a", 5°, 7°, § 1°, 18, da Lei n° 9.317/96; art. 42 da Lei n° 9.430/96; Art. 3° da Lei n° 9.732/98; Arts. 186, 188 e 199, do RIR/99. Fl. 2826DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.827 5 Quanto à infração imputada e multa qualificada, consta do Termo de Verificação e Constatação Fiscal e Demonstrativo I, partes integrantes do lançamento fiscal, a seguinte narrativa dos fatos (efls. 1801/1886), in verbis: (...) 19 Ante o exposto e após cotejo entre os diversos elementos citados nos itens precedentes itens 1 a 17 e seus subitens , bem como a analise produzida no item 18 e seus subitens (...), inferese que: 19.1 o sujeito passivo C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, CNPJ 04.938.690/0001 85, apesar de apresentar movimentação bancaria, no anocalendário de 2003, exercício de 2004, conforme indicado no DEMONSTRATIVO I, (...), encontrase omissão na apresentação de sua DIPJ, relativa ao ano calendário de 2003. 19.3 devido a não comprovação efetiva dos créditos bancários relacionados nos Demonstrativos I e II, anexos aos termos citados no item 19.1, cujos valores mensais consolidados fazem parte do DEMONSTRATIVO I, (...), ficando, portanto, indelevelmente caracterizadas as infrações fiscais indicativas de OMISSÕES DE RECEITA proveniente de sua Movimentação Financeira, e que foram praticadas pelo autuado nos anos calendário de 2003, 2004 e 2005, cuja resultante final é a sua tributação, pelas normas aplicadas ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES), referentes ao ano calendário de 2003, cujo encerramento parcial, damos no presente momento, assim como em seus desdobramentos reflexos na Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), na Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e na Contribuição para a Seguridade Social (INSS), (...). Os demais anoscalendário de 2004 e 2005, serão encerrados posteriormente, pelas normas aplicadas ao LUCRO ARBITRADO, em razão da exclusão do contribuinte C. L. F. DA SILVA FRIGORÍFICO , do sistema SIMPLES, conforme Parecer Nº. 532/SACAT/DRFAL e Ato Declaratório Executivo, de 19/03/2009, emanado do Sr. Delegado da Receita Federal do Brasil, em Maceió AL. Diante do relatado e levandose em conta a contumácia do sujeito passivo em absterse total ou parcialmente do recolhimento dos tributos e contribuições (IRPJ, PIS, COFINS, CSLL e INSS) a que estava obrigado a recolher, como resultado de sua atividade operacional, referendado nos elementos citados nos itens 1 a 19 e seus subitens, a multa de oficio aplicada nas infrações fiscais objeto do presente lançamento de ofício, relativo ao anocalendário de 2003, será de 150% (cento e cinqüenta por cento), conforme determinado no inciso II do artigo 44 da Lei Nº 9.430/96. Cabenos também relatar que o contribuinte J. GUSMÃO & CIA LTDA MAFRIPS, CNPJ Fl. 2827DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.828 6 70.002.480/0001 05, quando do atendimento do Termo de Intimação Nº. 01/2008, cientificado em 13/11/2008, bem como ao Termo de Intimação Nº. 01/2009, cientificado em 18/11/2009, não ofereceu argumentos convincente sobre a comprovação dos créditos bancários objeto do presente lançamento. OBSERVAÇÃO: : 1 a empresa J. GUSMÁO & CIA LTDA MAFRIPS, CNPJ 70.002.480/0001 05, será considerada como responsável solidária do presente crédito tributário lançado, conforme determinado no artigo 135, combinado com o 124 da Lei Nº. 5.172, de 25/10/1966 (CTN), pelas razões expostas nos itens 1 a 17 e seus subitens, bem como nos itens 18 e 19 e seus subitens do presente Termo de Verificação e Constatação Fiscal, que a vinculam de forma inequívoca e insofismável, diretamente à empresa individual C. L. F. DA SILVA FRIGORÍFICO, conforme consta no Termo de Sujeição Passiva Solidária, lavrado em 07/12/2009 e que fará parte integrante e inseparável do presente auto de infração e seus desdobramentos reflexos no PIS, COFINS, CSLL e INSS. (...) Termo de sujeição passiva solidária: J. GUSMÃO & CIA LTDA MAFRIPS (efls. 1750/1751 e 1887/1888): (...) restou caracterizada a sujeição passiva solidária nos termos do art. 124, combinado com o art. 135 da Lei ng 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional), da empresa J. GUSMAO & CIA LTDA MAFRIPS, CNPJ 70.002.480/0001 05, junto a empresa individual C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, CNPJ 04.938.690/0001 85, (...). O crédito tributário lançado de ofício no âmbito do Simples Federal, ano calendário 2003, perfaz o montante de R$ 2.873.212,10, na data da lavratura dos autos de infração, assim resumido por exação fiscal: AC 2003 Auto Infração Simples Principal Juros de Mora calculados até 30/11/2009 Multa de ofício 150% Total IRPJ 64.515,30 54.581,14 95.772,91 215.569,35 PIS 64.515,30 54.581,14 96.772,91 215.969,35 CSLL 101.211,40 85.850,51 151.817,21 338.879,20 Cofins 202.422,98 171.701,08 303.634,45 677.758,51 Seg. Social INSS 425.861,90 360.180,98 638.792,81 1.424.835,69 Fl. 2828DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.829 7 Total 2.873.212,10 Cientes, em 09/12/2009, do lançamento fiscal o sujeito passivo C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO e a empresa responsável solidária J. GUSMÃO E CIA LTDA MAFRIPS, apenas a responsável solidária apresentou Manifestação de Inconformidade na primeira instância de julgamento, aduzindo as seguintes razões, em síntese, constantes do relatório da decisão a quo que transcrevo (fls. 2757/2769), in verbis: (...) Preliminarmente requer o cancelamento dos autos de infração do presente processo tendo em vista que os fatos geradores não poderiam mais ser objeto de lançamento, pois havia transcorrido o prazo de cinco anos, ou melhor, o prazo decadencial. Alega que utilizando as regras do §4° do art. 150 do Código Tributário Nacional, lançamento por homologação, os fatos geradores de janeiro a dezembro de 2003 já não poderiam ser objeto de verificação quando do lançamento realizado em 09/12/2009. Utilizando as regras do inciso 1 do art. 173 do Código Tributário Nacional, para os fatos geradores de 2003 a contagem do prazo decadencial iniciaria no dia 01/01/2004 e a fiscalização teria até o dia 01/01/2009 para efetuar os lançamentos, porém como já salientado a ciência dos autos de infração foi no dia 09/12/2009. Assim, requer o cancelamentos dos autos de infração do presente processo. No mérito passa a reclamar do Termo de Sujeição Passiva solidária em nome da empresa J. Gusmão & Cia Ltda MAFRIPS, CNPJ : 70.002.480/000105 afirmando que nenhum dos documentos apresentados pela fiscalização caracterizam a responsabilidade da empresa. Todas as indagações efetuadas durante o procedimento fiscal foram devidamente respondidas. Alega que na verdade a CLF é apenas sua cliente. Prossegue alegando que a única relação entre as empresas C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO e J GUSMÃO & CIA LTDA FR1GORÍFICO (MAFRIPS) é que o procurador da primeira tem relação de parentesco com os sócios da segunda, porém alega que tal fato não caracteriza a responsabilização da empresa impugnante sobre o crédito tributário apurada em outra empresa. Cita os artigos 124 a 135 do Código Tributário Nacional e expõe que não ficou claro qual legislação infrinngida. Acredita que foi enquadrada no inciso I do Art. 124 do Código Tributário Nacional, porém a impugnante não tem qualquer relação com a constituição do fato gerador da outra empresa. Complementa alegando os casos elencados na legislação são muito subjetivos o que impossibilita o enquadramento. Destaca opiniões de doutrinadores sobre esta subjetividade. Assim, é imprescindível que a fiscalização comprove de forma contundente que a Fl. 2829DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.830 8 empresa tem interesse na situação da constituição do fato gerador da outra empresa. Ressalta que não se enquadra em nenhuma das hipóteses do art. 135 do Código Tributário Nacional, da mesma forma diante, dos fatos narrados pela fiscalização, não há como enquadrar os fatos a situação do art. 134 do Código. Finaliza requerendo que seja acolhida a preliminar de decadência e caso seja ultrapassada, requer o cancelamento do Termo de Sujeição Passiva. (...) Na Sessão de 15/03/2010, a DRJ/Recife (4ª Turma), por unanimidade de votos, acolheu a decadência apenas para os fatos geradores dos períodos de apuração de 01/01/2003 a 30/11/2003 (tributos do Simples Federal) pela aplicação do art. 173, I, do CTN e manteve a sujeição passiva solidária, conforme Acórdão (fls. 2757/2769) cuja ementa e parte dispositiva transcrevo, a seguir: (...) ASSUNTQ: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2003 DECADÊNCIA DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Quando a autoridade lançadora demonstra que ocorreram veementes indícios de dolo, fraude ou simulação, a decadência regese conforme o disposto no art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional tendo em vista que o sujeito passivo utilizouse de artifícios para ocultar a ocorrência do fato gerador. Deve ser cancelado o lançamento efetuado após decair o prazo para que o Fisco Federal constituísse o crédito tributário. MATÉRIA NÃO CQNTESTADA OMISSÃO DE RECEITA MULTA DE OFÍCIO QUAL1FICADA. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pela impugnante. RESPONSABILIDADE PASSIVA SOLIDÁRIA. COMPROVAÇÃO DO INTERESSE DE TERCEIRO NOS FATOS QUE GERARAM A EXIGÊNCIA FISCAL. INTERPOSIÇÃO DE TERCEIROS. Segundo o art. 124, I, do CTN, são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Comprovado nos autos que os obrigados efetivamente conduziram os negócios da empresa, acobertados pela interposição de terceiros sem capacidade Fl. 2830DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.831 9 econômica para garantir as obrigações da pessoa jurídica, deve ser mantida a sujeição passiva solidária daqueles. Impugnação Precedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte (...) Acordam os membros da 4ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar procedente em PARTE os lançamentos, nos termos do relatório, voto e conclusão que passam a integrar o presente julgado. Intimese para pagamento do crédito mantido no prazo de 30 dias da ciência, salvo interposição de recurso voluntário ao Conselho de Contribuintes, em igual prazo, conforme facultado pelo art. 33 do Decreto n.° 70.235, de 6 de março de 1972, alterado pelo art. 19 da Lei n.° 8.748, de 09 de dezembro de 1993 e pelo art. 32 da Lei l0.522, de l9 de julho de 2002. Submetase à apreciação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de acordo com o art. 34 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de l997, e Portaria MF n° 3, de 3 de janeiro de 2008, por força de recurso necessário. A exoneração do crédito procedida por este acórdão só será definitiva após o julgamento em segunda instância. (...) Obs: O sujeito passivo C. L. F. DA SILVA FRIGORÍFICO não apresentou impugnação na primeira instância de julgamento (revel). Ciente dessa decisão a quo em 26/04/2010, por via postal AR (fl. 2794), a responsável solidária J.GUSMÃO & CIA LTDA MAFRIPS apresentou Recurso Voluntário em 18/05/2010 (fls. 2798/2813), cujas razões, em síntese, são as seguintes: que o julgamento de primeira instância foi no sentido de manter o crédito tributário do mês de dezembro de 2003 (não acolheu a decadência desse período de apuração), bem como foi manter a sujeição tributária solidária; que, em relação ao período de apuração dezembro/2003 (crédito tributário mantido), a decisão a quo deve ser reformada, pois os tributos do Simples estão sujeitos a lançamento por homologação, incidindo, destarte, o termo inicial do prazo decadencial do art. 150,§4º, do CTN, e não do art. 173, I, do CTN; que, nesse sentido, citou precedentes jurisprudenciais do antigo 1º Conselho de Contribuintes (Acórdão 10323.633 e 10249.412); que, como todos os fatos geradores do auto de infração ora analisado são do período de janeiro/2003 a dezembro/2003, todo o crédito tributário foi fulminado pela Fl. 2831DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.832 10 decadência tributária, posto que a recorrente somente foi notificada do auto de infração em 09/12/2009; que a discussão resumese ao dolo, fraude ou sonegação fiscal; que a prática de conduta do infrator de mero não recolhimento ou pagamento parcial dos tributos não configura crime tributário (art. 1º da Lei 8.137/90), isso porque apenas a prática de conduta dolosa subsumese na norma que caracteriza o crime e não a mera falta de recolhimento do tributo; que não houve, em momento algum por parte da recorrente, qualquer tipo de conduta que pudesse ser considerada dolosa, e se por algum acaso o Órgão da Administração encontrou qualquer indício de prática dolosa por parte da empresa autuada C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, a recorrente não tem responsabilidade alguma, de sorte que são empresas distintas sem outro tipo de ligação que não o meramente comercial; que solidariedade não se presume, resulta da lei ou da vontade das partes; que o não pagamento do tributo poderá decorrer de diversos fatores, os quais que não precisam ser consolidados sob a intenção de praticar ato que dê início a uma conduta decorrente de atos ilícitos; que não pode ainda a fisco alegar ou levar em conta a expressão utilizada por ele mesmo de contumácia com o intuito de caracterizar o dolo para suprimir a aplicação do art. 150 § 4°, do CTN, para afastar a decadência; que, em conclusão, o fisco não comprovou a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, em relação à recorrente que somente mantinha relação comercial com a empresa autuada; que a 4ª Turma da DR]/REC decidiu pela manutenção do Termo de Sujeição Passiva aplicado à recorrente pelo fisco; que a decisão a quo manteve a sujeição passiva solidária, ao utilizar como fundamento o argumento de que a recorrente era detentora do controle da administração da empresa autuada; que, porém, não se consegue encontrar em momento algum tal conclusão dos documentos acostados aos autos pelo fisco; que as empresas ora envolvidas não pertencem nem de perto ao mesmo grupo econômico, o que também por si só não corroboraria para o errôneo enquadramento da recorrente no pólo passivo na condição de responsável tributário solidário; que, portanto, não há como imputarse sujeição passiva solidária, com fulcro no art. 124 do CTN; que não cabe falar, no caso, na existência do interesse comum no fato gerador, uma vez que não há nenhum tipo de relação entre a recorrente e a empresa autuada que não seja a relação de mercado; Fl. 2832DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.833 11 que não se pode confundir “interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal" (art. 124, I, CTN) com relação comercial ou até pessoal, como ocorre no caso, posto que o sócio administrador da empresa autuada tinha parentesco com o sócio administrador da empresa recorrente, o que por si não determinaria a solidariedade passiva da recorrente; que, no caso dos autos, não há duvida alguma, não há a perseguida solidariedade passiva atribuída à recorrente, pois não praticou atos conjuntamente com a autuada, que configurassem o fato gerador da obrigação tributária; que a fiscalização e a decisão a quo entenderam pela ocorrência da sujeição passiva solidária porque a fiscalização, para justificar a responsabilidade solidária da recorrente, entendeu que houve um “intrínseco relacionamento" entre a empresa autuada e a empresa ora recorrente, tomando como base documentos encaminhados pelo Banco do Brasil S/A e Banco Sudameris Brasil S/A, além de diligências realizadas, conforme restou consignado no Termo de Verificação e Constatação Fiscal; que, entretanto, a fiscalização não comprovou nos autos o interesse comum na realização do fato gerador dos tributos, quanto ao período de apuração objeto dos autos; que não há provas nos autos de que a recorrente fazia a gestão dos negócios da autuada e que movimentava as contas bancárias; que a autuada seria "laranja"; que há de ser comprovada com robustez a condição de responsabilidade solidária imputada, sob pena de prejuízo ao princípio da legalidade. Por fim, com base nessas razões, a recorrente pediu a reforma da decisão recorrida; que seja acolhida a decadência do fato gerador do mês de dezembro de 2003, bem como seja decretado o afastamento da sujeição passiva tributária e, por conseguinte, seja cancelado o lançamento fiscal. É o relatório. Fl. 2833DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.834 12 Voto Conselheiro Nelso Kichel, Relator. Como visto no relatório, cuidase do Recurso de Ofício da DRJ/Recife e do Recurso Voluntário da responsável solidária J.GUSMÃO & CIA LTDA MAFRIPS contra a decisão da 4ª Turma da DRJ/Recife. RECURSO DE OFÍCIO Quanto ao recurso de ofício apresentado pela própria 4ª Turma da DRJ/Recife deixo de conhecêlo, pois o crédito tributário exonerado dos tributos do Simples Federal (principal e multa de ofício), pelo acolhimento da decadência parcial com fulcro no art. 173, I, do CTN (decadência apenas dos períodos de apuração de 01/01/2003 a 30/11/2003, não abarcando o período de apuração 01/12/2003 a 31/12/2003 que ficou a salvo da decadência), ficou abaixo o limite de alçada de R$ 2.500.000,00 (Dois milhões e quinhentos mil reais) de que trata a Portaria MF nº 63, de 09/02/2017, cujo art. 1º transcrevo, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. (...) O limite de alçada a ser observado é o vigente na data da Sessão de Julgamento do Recurso de Ofício na instância recursal ordinária do CARF, e não o vigente na data da decisão da DRJ, no caso de existência de direito intertemporal. A matéria é pacífica, inclusive é objeto da Súmula CARF nº 103 a qual está citada na seguinte ementa de decisão recente que transcrevo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PREJUDICIAL DE ADMISSIBILIDADE. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103. A verificação do limite de alçada, para Fl. 2834DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.835 13 fins de Recurso de Ofício, ocorre em dois momentos: primeiro quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para fins de interposição de Recurso de Ofício, observandose a legislação da época e segundo quando da apreciação do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissi bilidade, para fins de seu conhecimento, aplicandose o limite de alçada então vigente. Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância". In casu, aplicase o limite instituído pela Portaria MF n° 63 que alterou o valor para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00. (Acórdão nº 2401005.258–4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, Sessão de 05/02/2018, Conselheiro Relator Rayd Santana Ferreira). O crédito tributário exonerado (principal e multa de ofício) ficou abaixo do limite de alçada de que trata a Portaria MF nº 63, de 09/02/2017. Portanto, ante o exposto não conheço do Recurso de Ofício. RECURSO VOLUNTÁRIO O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade; portanto, dele conheço. O recurso foi apresentado pela J. GUSMÃO E CIA LTDA MAFRIPS, à qual a fisco imputou sujeição passiva solidária, conforme Termo de Sujeição passiva Solidária. Obs: O sujeito passivo C. L. F. DA SILVA FRIGORÍFICO é revel nestes autos, pois não apresentou impugnação na primeira instância de julgamento. Preliminar de decadência do crédito tributário: A recorrente, nas razões do recurso, suscitou preliminar de decadência, para que seja acolhida a decadência total dos períodos de apuração do anocalendário 2003 dos tributos do Simples Federal: que a decisão recorrida acolheu decadência parcial do crédito tributário do anocalendário 2003, ou seja, apenas para os fatos geradores dos PA 01/01/2003 a 30/11/2003, atinente aos autos de infração lavrados pelo fisco para exigência dos tributos no âmbito da legislação do Simples Federal (IRPJ, CSLL, PIS, Cofins e Contr. Seguridade Social INSS), mediante aplicação do termo inicial do prazo decadencial do art. 173,I, do CTN e não do art. 150,§ 4ª, do CTN; que também deve ser declarada a decadência do fato gerador do PA 01/12/2003 a 31/12/2003 pela aplicação do art. 150,§ 4º, do CTN, pois os tributos e contribuições do Simples Federal estão sujeitos a lançamento por homologação; Fl. 2835DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.836 14 que o fisco não teria comprovado a existência de dolo na conduta do sujeito passivo, para deslocar a contagem do prazo decadencial para o art. 173, I, do CTN. Não procede a irresignação da recorrente. A decisão recorrida fundamentou adequadamente a aplicação do termo inicial do prazo decadencial do art. 173, I, do CTN, que transcrevo, in verbis: (...) DECADÊNCIA. Preliminarmente a J. Gusmão & Cia Ltda MAFRIPS, CNPJ: 70.002.480/000105 alega a decadência do direito da Fazenda Pública constituir o crédito tributário dos fatos geradores de 2003, (...). A empresa autuada, constituída em 2002, optou pela tributação pelo Simples Federal (Lei n° 9.317/1996). Como a empresa no Simples seus fatos geradores são mensais. (...) Acontece que quando a empresa procede de forma dolosa não se aplica as normas do art. 150 e parágrafos do Código Tributário Nacional. Neste sentido, é o seguinte acórdão do Conselho de Contribuintes: “DECADÊNCIA DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO Quando a autoridade lançadora demonstra que ocorreram veementes indícios de dolo, fraude ou simulação, a decadência regese conforme o disposto no art. 173, inciso 1, do Código Tributário Nacional tendo em vista que o sujeito passivo utilizouse de artifícios para ocultar a ocorrência do fato gerador". (Ac. 101 93.724) Conforme narrativa do autuante no Termo de Verificação e Constatação Fiscal, à fl. 1494 a contribuinte procedeu de forma dolosa, vejamos a descrição: “Diante do relatado e levandose em conta a contumácia do sujeito passivo em absterse total ou parcialmente do recolhimento dos tributos e contribuições (IRPJ, PIS, COFINS, CSLL, INSS) a que estava obrigado a recolher, como resultado de sua atividade operacional, referendado nos elementos citados nos itens 1 a 19 e seus subitens, a multa de oƒício aplicada nas inƒrações ƒiscais objeto do presente lançamento de ofício, do ano calendário de 2003, será de 150%...". Todos estes fatos apurados durante o procedimento fiscal demonstram a intenção da contribuinte em suprimir do conhecimento da Fazenda Nacional a real receita da empresa. Assim, não se aplicam as normas do §4° do art. 150 do Código Tributário Nacional para efeito de extinção do crédito tributário, devendo ser aplicado o art. 173 inciso I, o qual tem como termo Fl. 2836DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.837 15 inicial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Assim, tratandose de lançamentos dos fatos geradores de janeiro a novembro de 2003, os lançamentos dos imposto/contribuições poderiam ser formalizados no próprio ano calendário de 2003. Por sua vez, o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado é a data de 01/01/2004 e o prazo final foi o dia 01/01/2009. Como o lançamento foi constituído no dia 09/12/2009, conforme ciência pessoal, cabe aqui reconhecer que os fatos geradores de janeiro a novembro de 2003 os lançamentos foram efetuados quando a Fazenda Federal já não detinha mais direito, tendo em vista o decurso do prazo decadencial. Desta forma, voto no sentido de cancelar os lançamentos do IRPJ/CSLL/COFINS/PIS/INSSSIMPLES referentes aos fatos geradores de janeiro a novembro de 2003. Com relação ao lançamento do fato gerador de dezembro de 2003 (31/12/2003) o lançamento só poderia ser efetuado a partir de 02/01/2004 e o prazo decadencial se iniciou no dia 01/01/2005 com o final no dia 01/01/2010, assim, como lançamento foi cientificado no dia 09/12/2009 não cabe alegação de que este período já estava decadente. (...) A conduta dolosa do sujeito passivo, no caso, é patente. A utilização de interposta pessoa, através da fraude na composição societária, criando a figura do sócio aparente ou formal, comumente denominado de "laranja" ou "testas de ferro", indivíduo com reduzida capacidade econômica, demonstra o caráter doloso da conduta de fraudar, sonegar e de suprimir tributos e contribuições federais. Restando demonstrado que a autuada, empresa individual constituída pela utilização de interposta pessoa ("laranja"), foi administrada, gerida, por terceiros, titulares de fato, para ludibriar o fisco, para sonegação fiscal, subtração total dos tributos do Simples Federal. Embora nos períodos de apuração objeto da autuação tivesse movimentado em suas contas correntes bancárias vultosas somas de recursos financeiros, nada foi declarado ao fisco acerca das receitas e rendimentos auferidos e desses recursos movimentados nas respectivas contas correntes bancárias (contribuinte omisso de declaração) e nada foi recolhido ou pago a título de tributos do Simples Federal nos períodos de apuração objeto da autuação, justificandose, por conseguinte, a aplicação do termo inicial do prazo decadencial do art. 173,I, do CTN, pelo dolo na conduta de sonegação fiscal, de subtração total dos tributos do Simples Federal. Além disso, a ausência de pagamento ou falta de antecipação de pagamento (princípio de pagamento) dos tributos do Simples Federal antes da ciência do termo de início de fiscalização, tributos esses sujeitos a lançamento por homologação, desloca o termo inicial do prazo decadencial do art. 150,§4ª, para o art. 173, I, ambos do CTN, conforme entendimento Fl. 2837DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.838 16 pacífico do Superior Tribunal de Justiça STJ proferido no REsp: 973.733 SC, Relator Ministro Luís Fux, no regime dos recursos repetitivos, Data de Julgamento: 12/08/2009, Primeira Seção, Data de Publicação: DJe 18/09/2009, que transcrevo, in verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Fl. 2838DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.839 17 Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (STJ REsp: 973733 SC 2007/01769940, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 12/08/2009, S1 PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: > DJe 18/09/2009) Portanto, rejeito a preliminar de decadência suscitada pela recorrente, pois o período de apuração de 01/12/2003 a 31/12/2003 está salvo da decadência pela incidência do termo inicial do art. 173, I, do CTN. Assim, deve ser mantida a decisão recorrida. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. MULTA QUALIFICADA. Matérias não recorridas, preclusas, pois não foram impugnadas na primeira instância de julgamento. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. A recorrente, também, pediu a reforma da decisão recorrida quanto à imputação da sujeição passiva solidária, argumentando: que a decisão a quo manteve a sujeição passiva solidária, ao utilizar como fundamento o argumento de que a recorrente era detentora do controle da administração da empresa autuada; que, porém, não se consegue encontrar em lugar algum tal conclusão dos documentos acostados aos autos pelo fisco; que as empresas ora envolvidas não pertencem nem de perto ao mesmo grupo econômico, o que também por si só não corroboraria para o errôneo enquadramento da recorrente no pólo passivo na condição de responsável tributário solidário; que, portanto, não há como imputarse sujeição passiva solidária, com fulcro no art. 124 do CTN; Fl. 2839DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.840 18 que não cabe falar, no caso, na existência do interesse comum no fato gerador, uma vez que não há nenhum tipo de relação entre a recorrente e a empresa autuada que não seja a relação de mercado; que não se pode confundir “interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal" (art. 124, I, CTN) com relação comercial ou até pessoal, como ocorre no caso, posto que o sócio administrador da empresa autuada tinha parentesco com o sócio administrador da empresa recorrente, o que por si não determinaria a solidariedade passiva da recorrente; que, no caso dos autos, não há duvida alguma, não há a perseguida solidariedade passiva atribuída à recorrente, pois não praticou atos conjuntamente com a autuada, que configurassem o fato gerador da obrigação tributária; que a fiscalização e a decisão a quo entenderam pela ocorrência da sujeição passiva solidária porque a fiscalização, para justificar a responsabilidade solidária da recorrente, entendeu que houve um “intrínseco relacionamento" entre a empresa autuada e a empresa ora recorrente, tomando como base documentos encaminhados pelo Banco do Brasil S/A e Banco Sudameris Brasil S/A, além de diligências realizadas, conforme restou consignado no Termo de Verificação e Constatação Fiscal; que, entretanto, a fiscalização não comprovou nos autos o interesse comum na realização do fato gerador dos tributos, quanto ao período de apuração objeto dos autos; que não há provas nos autos de que a recorrente fazia a gestão dos negócios da autuada e que movimentava as contas bancárias; que a autuada seria "laranja"; que há de ser comprovada com robustez a condição de responsabilidade solidária imputada, sob pena de prejuízo ao princípio da legalidade. que solidariedade não se presume. Aqui também a recorrente não tem melhor sorte. Restou demonstrado nos autos pela fiscalização da RFB que a recorrente teve, sim, interesse comum na realização das operações da C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO que configuraram fato gerador da obrigação tributária quanto ao período de apuração objeto do lançamento fiscal (CTN, art. 124, I). A firma individual C. L. F. DA SILVA FRIGORÍFICO foi constituída mediante utilização de interposta pessoa ("laranja") e foi administrada, gerida, por JOSÉ NILSON GUEDES DE MELO (procurador com amplos poderes), funcionando a empresa nas mesmas instalações, dependências da empresa J. GUSMÃO & CIA LTDA MAFRIPS. Pelos fatos detalhadamente descritos pelos autuantes, no Termo de Constatação e Verificação Fiscal, às fls. 1413 a 1495, a empresa J. Gusmão & Cia Ltda MAFRIPS, CNPJ: 70.002.480/000105 tinha o controle e administração da empresa autuada. Fl. 2840DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.841 19 As operações comerciais entre as duas empresa se confundem, não há uma nítida separação, estão ligadas, interligadas, imbricadas, havendo interesse comum. Na verdade, a empresa individual C. L. F. DA SILVA FRIGORÍFICO foi utilizada para ludibriar o fisco, para sonegação fiscal, subtração total dos tributos do Simples Federal, pois a empresa, embora nos períodos de apuração objeto da autuação tivesse movimentado em suas contas correntes bancárias vultosas somas de recursos financeiros, nada foi declarado ao fisco acerca dos rendimentos auferidos e desses recursos movimentados nas respectivas contas correntes bancárias (contribuinte omisso de declaração) e nada foi recolhido ou pago a título de tributos do Simples Federal nos períodos de apuração objeto da autuação. No caso, a própria pessoa física Sra. CLEIVA LANUZIA FERREIRA DA SILVA, portadora da Cédula de Identidade Nº. 1.212.974, SSP AL, emitida em 14/01/1991 e CPF 803.437.754 68, titular da empresa individual C. L. F. DA SILVA FRIGORÍFICO, CNPJ 04.938.690/0001 85, intimada pela fiscalização da RFB, compareceu na DRF/Maceió e prestou Termo de Declaração, em 16/04/2007, de que foi utilizada como "laranja" (fls. 09/10), in verbis: (...) No exercício das Funções do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil AFRFB, nesta data e hora, compareceu na Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Maceió AL, a Sra. CLEIVA LANUZIA FERREIRA DA SILVA, portadora da Cédula de Identidade Nº. 1.212.974, SSP AL, emitida em 14/01/1991 e CPF 803.437.754 68, titular da empresa individual C. L. F. DA SILVA FRIGORÍFICO, CNPJ 04.938.690/0001 85, para PRESTAR os ESCLARECIMENTOS ao Termo de Intimação Nº. 0I/2007, cuja ciência deuse em 15/04/2008, tendo a Sra. CLEIVA LANUZIA, DECLARADO TEXTUALMENTE: I que nunca transacionou com o Sr. JOSE RENAN VASCONCELOS CALHEIROS, bem como nunca recebeu e nem pagou a importância de R$ 71.I30,00 (setenta e um mil e cento e trinta reais) ao Sr. RENAN, informado no recibo anexo ao Termo de Intimação Nº. 01/2007 e que desconhece quem assinou o recibo com o valor de R$ 71.130,00. em nome da C. L. F. da Silva Frigorífico; 2 que a empresa C. L. F. da Silva Frigorífico foi aberta pela contadora CARMEN LUCIA FERREIRA DA SILVA, sua irmã, a pedido do Sr. JOSÉ NILSON GUEDES DE MELO, que trabalhava na empresa MAFRIPS e que na ocasião recebeu do Sr. NILSON o valor de R$ 800,00 (oitocentos reais) para dar seu nome a empresa e que posteriormente vem recebendo da MAFRIPS a importância mensal de R$ 200,00 (duzentos reais) e dois sacos de carnes diversas, incluindo miúdos, como pagamento; 3 que nunca administrou a C. L. F. da Silva Frigorífico, apesar de constar como sua TITULAR e que para a administração da empresa assinou diversos documentos, inclusive algumas PROCURAÇÕES, de plenos poderes inicialmente ao Sr. JOSÉ NILSON GUEDES DE MELO, CPF Fl. 2841DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.842 20 049.698.981 72, conforme cópia apresentada e entregue nessa ocasião, e posteriormente a outras pessoas que no momento não lembra o nome e que entre elas acredita que tenha sido para a pessoa que conhece pelo nome de JOEL, que seria diretor da MAFRIPS; acrescenta que todas essas procurações foram lavradas no cartório, que conhece como cartório da viúva, que é o 2° Oficio de Notas de Maceió AL; 4 que informa que a empresa nunca funcionou no endereço da Avenida Intendente Julio Calheiros, 1965, na Mata do Rolo, em Rio Largo AL e que a mesma SEMPRE FUNCIONOU dentro da MAFRIPS e que somente entrou na MAFRIPS umas 02 (duas) vezes, quando o Sr. NILSON trabalhava na MAFRIPS; 5 que a sua irmã CARMEN LUCIA lhe entregou 04 (quatro) caixas com documentos diversos, que disse pertencerem a empresa C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, caixas essas abertas que deixa na Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Maceió AL, para serem examinadas e posteriormente devolvidas; e, 6 finaliza a presente DECLARAÇÃO que acredita ter feito o papel de laranja na empresa C.L.F. DA SlLVA FRIGORÍFICO, para as pessoas citadas na presente declaração. E, para constar e surtir os efeitos legais, lavramos o presente termo em 02 (duas) vias de igual teor, as quais lidas e achadas conformes pelo declarante, vão por nós e pela mesma assinadas, sendolhe entregue uma das Vias. (...) Mais adiante, intimada pela fiscalização da RFB a firma individual C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO para apresentar livros contábeis, fiscais, documentos e extratos bancários das contas correntes movimentadas, a própria CLEIVA LANUZIA FERREIRA DA SILVA, em declaração de próprio punho sofrível (incompatível para quem seria titular de empresa), declarou em 02/06/2008 que todos os livros já havia entregue à fiscalização e desconhecia a existência de contas bancárias, mas autorizava a RFB a obter os extratos bancários juntos ao bancos (fls. 46/51). Ainda, intimada pela fiscalização da RFB a firma individual C. L. F. DA SILVA FRIGORÍFICO a comprovar a origem dos depósitos creditados nas suas contas correntes bancárias conforme demonstrativos, a própria CLEIVA LANUZIA FERREIRA DA SILVA, em declaração de próprio punho sofrível (incompatível para quem seria titular de empresa), declarou em 25/09/2008 que desconhecia a existência das contas bancárias e dos depósitos, pois não administrava a empresa (fls. 55/78). Como visto, a Sra. CLEIVA LANUZIA FERREIRA DA SILVA é interposta pessoa ( "laranja") e a empresa foi utilizada dolosamente por terceiros para sonegar tributos O contato da empresa perante a RFB era NILSON MAFRIPS, conforme cópia de tela extrato de cadastro de 24/09/2002 (fls. 79/80). Fl. 2842DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.843 21 Consta dos autos Procuração Pública (fls. 11/12), de 03/07/2002, que a FIRMA: C. L. F. DA SILVA FRIGORÍFICO, situado na Av. Int. Júlio Calheiros, 1965 Mata do Rolo Rio Largo AL, neste ato representada por sua titular: CLEIVA LANUSIA FERREIRA DA SILVA. constituiu seu bastante procurador: JOSÉ NILSON GUEDES DE MELO, brasileiro, casado. comerciante, portador da carteira de identidade nº 157.622SSP/AL e CIC n.°049.698.98l72, residente e domiciliado na Rua Pedro Beltrão, n.33 Bebedouro, nesta cidade, com poderes para representar a firma acima qualificada, junto a qualquer organização bancária com agência nesta cidade, podendo assinar e apresentar documentos, emitir, requisitar e endossar cheques, dar e receber quitação, passar recibos, receber ordem de pagamentos, fazer descontos e retiradas, receber cartão magnético, renovar senhas, títulos e valores, passar recibos, receber e dar quitação, movimentar e encerrar contas de qualquer espécie ou modalidade, receber cheques devolvidos, requisitar talões de cheques, assinar cheques, solicitar saldos e extratos, liquidar contas, abrir novas, aceitar, endossar, emitir e pagar duplicatas, assinar declarações, assinar papeis, cheques, notas promissórias, levar títulos a protestos, contratar advogados, prestar declarações e informações. Enfim, tudo praticar e assinar para o bom e fiel desempenho do presente mandato e substabelecer. Quanto ao cadastro no Banco Sudameris, a FIRMA: C. L. F. DA SILVA FRIGORÍFICO aparece com a observação: "empresa do grupo Marfrips" (J. GUSMÃO & CIA LTDA) (fls. 226/250) e Procurador : JOSÉ NILSON GUEDES DE MELO (fls.254/257)., GerenteProcurador (fls. 492/494) (fls. 516/518). Que a fiscalização da RFB constatando intrínseco relacionamento entre a empresa J. GUSMÃO & CIA LTDA FRIGORÍFICO MAFRIPS, CNPJ 70.002.480/0001 05 e a empresa individual C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, CNPJ 04.938.690/0001 85, como se depreende nos documentos encaminhados pelo Banco do Brasil S/A e Banco Sudameris Brasil S/A, quando da transferência dos dados e movimentação financeira bancária da C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, relativos aos anoscalendário de 2003 a 2005, a J.GUSMÃO & CIA LTDA foi intimada pela fiscalização da RFB a comprovar a origem dos depósitos a crédito nas contas correntes da C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO EM 25/09/2008, conforme demonstrativo (fls. 316/337). Em 10/08/2008, J. GUSMÃO & CIA LTDA, atendendo à intimação citada, prestou os seguintes esclarecimentos (fls. 635/638): (...) É uma empresa prestadora de serviço frigorífico (matadouro), portanto presta serviços a diversas empresas no abate de bovinos, inclusive à empresa individual C.L.F. da SILVA FRIGORÍFICO, cuja representação era exercida por procurador legalmente constituído; A atividade da C.L.F. da SILVA FRIGORÍFICO se efetivava da seguinte forma: a empresa comprava bois aos mais diversos produtores e os encaminhava ao abate na empresa Mafrips, cujo serviço era cobrado com uma taxa relativa ao abate de bois por ela encaminhados. Portanto, o benefício da relação jurídica com aquela empresa consistia apenas na cobrança da taxa de abate; Vale dizer que aquela empresa também negociava com couro e carne bovina, vísceras, etc., cujos produtos ficavam armazenados na câmara frigorífica existente na Mafrips, bem como os couros que lhe pertenciam também ficavam armazenados na salgadeira do matadouro. Desta forma, a Fl. 2843DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.844 22 empresa investigada realmente utilizava o estabelecimento do Mafrips para armazenamento de seus produtos, que após negociados eram encaminhados aos destinatários. Tais fatos também ocorriam com outros clientes, o que indica que o matadouro era referência para as empresa, pois era onde ficava armazenado o produto; (...) Em relação aos demonstrativos I e II relativos a movimentação financeira em contacorrente, em nada pode esclarecer, haja vista que tratase de informações que somente dizem respeito aquela empresa e seus representantes legais, portanto, tratase de informação pertinente aquela empresa. Haja vista que a C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO é uma empresa individual, possui independência administrativa e financeira, não possui nenhuma relação societária com a Mafrips, vez que não pertence a empresa J. Gusmão; Com referência aos indicativos cadastrais, tais como endereço para contato, telefone, referência a empresa Mafrips na proposta de abertura de contacorrente no Banco Sudameris e Banco do Brasil, denotase que tais informações não foram postas por nenhum representante legal da Mafrips. Portanto, compulsando tais documentos não se acha nenhuma chancela dos representantes legais. Logo, tais informações não procedem, pois certamente foram colocadas sem anuência dos sócios da Mafrips e sem seu conhecimento; De outro modo, podese justificar a referência aposta, haja vista que os produtos negociados pela empresa C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO permaneciam armazenados nas dependências da Mafrips até seu embarque ao destino negociado pela empresa C.L.F., todavia tal informação cadastral era desconhecida pela MAFRIPS; Quanto ao aval constante do contrato de cobertura de crédito em contacorrente para desconto de cheques, realmente aconteceu, atendendo solicitação daquela empresa investigada com o fim de viabilizar a troca de cheques dos produtos negociados por aquela empresa. Todavia, a chancela de avalista não visava obtenção de benefícios para a Mafrips, mas sim para atender um pedido do Procurador daquela empresa, que inclusive à época, cumpria corretamente com suas obrigações, gozando de créditos no mercado. Acrescentese ainda, que a empresa Mafrips mantém conta corrente com os referidos Bancos, bem como os produtos pertencentes a C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, ficavam armazenados em suas dependências, significando garantia para a Mafrips sobre o aval; e O relacionamento aparentemente intrínseco da empresa Mafrips com a C.L F. DA SILVA FRIGORÍFICO não passa de um relacionamento estritamente profissional, como acontece também com outras empresas para quem presta os serviços de Fl. 2844DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.845 23 abate de carne bovina. Logo, quaisquer suspeitas de que a empresa investigada seja parte da empresa Mafrips ( J. Gusmão & Cia Ltda) não são procedentes, vez que se assim fosse, a própria instituição bancária não exigiria a chancela de interveniente e sim de contratante. Vale salientar que a empresa J. Gusmão não se constitui de grupo empresarial. (...) Entretanto, as provas indiciárias colhidas pela fiscalização da RFB desmentem essa versão da empresa J. GUSMÃO & CIA LTDA FRIGORÍFICO MAFRIPS de que inexistiria relacionamento intrínsico entre as empresas, conforme Termo de Verificação e Constatação Fiscal, parte integrante dos autos de infração do Simples Federal do anocalendário 2003 que transcrevo, no que pertinente (efls. 1784/1866), in verbis: (...) 15 Nos documentos anexados às fls. 1181/1192, verificase o que se segue: 15.1 a assinatura do Sr. Joel Melo de Gusmão, diretor industrial do MAFRIPS e da Sra. Carmen Lúcia F da Silva, CPF 209.986.004 15 (irmã de Cleiva Lanuzia Ferreira da Silva, titular da C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO), atestando a veracidade do faturamento da empresa J. GUSMÃO & CIA LTDA, CNPJ 70.002.480/000105, referente ao ano de 2001 (documento, às fls. 1181); 15.2 no documento às fls. 1182, com logotipo da empresa individual C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, CNPJ 04.938.690/0001 85, assinado e conferido pelo Sr. Alexandre C de Almeida (Banco Sudameris Brasil S/A), cita além do domicílio cadastral da C.L.F., o endereço para entrega vinculado à C.L.F., o da “FAZENDA DOIS IRMÃOS, S/N, ZONA RURAL G. PAIVA RIO LARGO ALAGOAS CEP 57.100 000”, que é o endereço do MAFRIPS; e, 15.3 nos documentos às fls. 1182/1192, constam além da assinatura da Sra. Carmen Lúcia F da Silva, CPF 209.986.004 15 a do Sr. Alexandre C de Almeida (Banco Sudameris Brasil S/A), atestando a veracidade dos citados documentos, vinculados aos Balanços, Balancetes e Resultado do Exercício da empresa individual C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, para efeito de cadastro de contacorrente de titularidade da empresa. Outrossim, tais documentos complementam os dados cadastrais registrados no BANCO BAMERINDUS BRASIL LTDA, às fls. 328/357. (...) 18 Ante os fatos relatados nos itens e subitens precedentes itens 1 a 17 , e levandose em consideração TODOS os argumentos apresentados pela empresa individual C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, bem como pela empresa J. GUSMÃO & Fl. 2845DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.846 24 CIA LTDA MAFRIPS, no transcorrer do presente procedimento fiscal, INFERESE: (...) 18.1.1 a empresa C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, ao prestar esclarecimentos sobre o Termo de Intimação Nº. 01/2007 itens 1 e 2, retro , declara textualmente que (termo e documentos, as fls. 02/18): que a empresa C.L.F. da Silva Frigorífico foi aberta pela contadora CARMEN LUCIA FERREIRA DA SILVA, sua irmã, a pedido do Sr. JOSÉ NILSON GUEDES DE MELO, que trabalhava na empresa MAFRIPS e que na ocasião recebeu do Sr. NILSON o valor de R$ 800,00 (oitocentos reais) para dar seu nome a empresa e que posteriormente vem recebendo MAFRIPS, a importância mensal de R$ 200,00 (duzentos reais) e dois sacos de carnes diversas, incluindo miúdos, como pagamento; que nunca administrou a C.L.F. da Silva Frigorífico, apesar de constar como sua TITULAR e que para a administração da empresa assinou diversos documentos, inclusive algumas PROCURAÇÕES, de plenos poderes inicialmente ao Sr. JOSÉ NILSON GUEDES DE MELO, CPF 049.698.984 72, conforme cópia apresentada e entregue nessa ocasião, e posteriormente a outras pessoas que no momento não lembra o nome e que entre elas acredita que tenha sido para a pessoa que conhece pelo nome de JOEL, que seria diretor da MAFRIPS; acrescenta que todas essas procurações foram lavradas no cartório, que conhece como cartório da viúva, que é o 2° Oficio de Notas de Maceió AL; que informa que a empresa nunca funcionou no endereço da Avenida Intendente Julio Calheiros, 1965, na Mata do Rolo, em Rio Largo AL e que a mesma SEMPRE FUNCIONOU dentro da MAFRIPS e que somente entrou na MAFRIPS umas 02 (duas) vezes, quando o Sr. NILSON trabalhava na MAFRIPS; que a sua irmã CARMEN LUCIA, lhe entregou 04 (quatro) caixas com documentos diversos que disse pertencerem a empresa C L F DA SILVA FRIGORÍFICO, caixas essas abertas que deixa na Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Maceió AL, para serem examinadas e posteriormente devolvidas; e, finaliza a presente DECLARAÇÃO que acredita ter feito o papel de laranja na empresa C L F DA SILVA FRIGORÍFICO, para as pessoas citadas na presente declaração. Analisando a declaração reduzida a termo da titular da empresa individual C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, Sra. Cleiva Lanuzia Ferreira da Silva, vislumbrase o primeiro vinculo entre a C L F e a MAFRIPS, (...). (...) Fl. 2846DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.847 25 Portanto, tais declarações nos levam a suspeição ao envolvimento da MAFRIPS com a C.L.F., em virtude dos indicativos postos. (...) 18.1.4 com relação aos demais termos lavrados em desfavor da empresa C.L F. DA SILVA FRIGORÍFICO e citados no item 8, bem como o relativo ao Termo de Intimação Nº. 07/2008 item 14 , todos ficaram sem resposta. (..) 18.2 ANÁLISE DAS RESPOSTAS ÀS INTIMAÇÕES LAVRADAS EM. DESFAVOR DA EMPRESA J. GUSMÃO & CIA LTDA (MAFRIPS), CNPJ 70.002.480/0001 05. 18.2.l a empresa MAFRIPS, ao prestar esclarecimentos sobre o Termo de Intimação Nº. 01/2008 item 7, retro , argumentando em síntese, às fls. 417/435, a não existência de vinculo entre ela e a empresa individual C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, conforme abaixo transcrito (termo e documentos, às fls. 230/442): (...) Concordamos com a afirmativa do intimado de que realmente, a anotação isolada na ficha cadastral de abertura de conta corrente de depósito bancário (movimentação financeira) titulada por um correntista, no caso, uma pessoa jurídica (C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO), de nome e números de telefone de outra pessoa, no caso, outra pessoa jurídica (MAFRIPS) não é definidora da existência de vínculo entre ambas; mas, refutamos a sua afirmativa, quando a indicação do nome MAFRIPS, bem como, de outros indicativos vinculados à mesma, tais como, nome, endereço e número de telefone (82 3261.1572) da MAFRIPS, bem como a indicação de que a empresa C L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, FAZ parte do grupo MAFRIPS, tornamse REPETITIVOS nos CADASTROS de abertura das contascorrentes encaminhados pelo Banco do Brasil S/A e Banco Sudameris Brasil S/A, conforme relatado no TERMO DE INTIMAÇÃO Nº. 01/2008, lavrado em desfavor da MAFRIPS, às fls. 230/251 abaixo transcrito , fica caracterizando, como PROVÁVEL, a existência de VÍNCULO ENTRE os ENVOLVIDOS (ficha cadastral junto ao Banco do Brasil S/A, às fls. 252/254 e ficha cadastral junto ao SUDAMERIS, às fls. 328/357 e 1182/1192): (...) l8.2.2 a empresa MAFRIPS, ao prestar esclarecimentos sobre o Termo de Intimação Nº. 01/2009 item 13, retro , argumenta novamente às fls.. 849/890, a não existência de vinculo entre ela e a empresa individual C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, conforme abaixo transcrito (termo, documentos e resposta, às fls. 625/890): Fl. 2847DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.848 26 (...) Carecem novamente de fundamentação, senão vejamos: a) Nos itens 02 a 05 de sua resposta, às fls. 849/850, o contribuinte MAFRIPS relata que a empresa C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, realmente mantinha sua atividade operacional no âmbito do MAFRIPS; b) No item 06 e seus subitens, às fls. 850/851, o intimado MAFRIPS, relata pormenorizadamente a movimentação financeira da empresa C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, o que reforça de forma INSOFISMÁVEL o intrínseco relacionamento entre ambas. Chegando até a afirmar no subitem 6.1 que a relação operacional da C.L.F., exercida por intermédio de seu procurador, operacionalmente se confundia com o MAFRIPS e isso ocorria em face do grau de confiança existente entre ambas, assim, por conseqüência, era tanto possível, fazer como receber pagamentos de forma recíproca, o que a nosso ver reforça sobremodo o vinculo entre ambas; c) A existência do vinculo entre a C.L.F. e a MAFRIPS, tornase evidente também no subitem 6.2, quando a J. GUSMÁO & CIA LTDA, afirma que sua relação com a C.L.F. era realizada de forma regular, sem ocultação e transparente e que a formação dessa “parceria comercial”, tornase necessária para que seja viabilizado o mercado de abate e se permitir facilidades no crédito e seu ressarcimento posterior. Isso era o que acontecia; d) Com relação ao subitem 6.1, vinculado ao item 2 do Termo de Intimação Nº 01/2009 às fls. 625/638, abaixo transcrito, em que se solicita esclarecimentos sobre o resultado da diligência fiscal realizada na empresa LECHER S/A INDUSTRIAS ALIMENTÍCIAS, às fls. 467/472, fica constatado as fls. 474 e 476/478, que quem realmente recebia os pagamentos realizados pela LECHER S/A à C.L.F., era EFETIVAMENTE a empresa J. GUSMÃO & CIA LTDA, senão vejamos: (...). Diante dos fatos acima relatados e por total falta de provas que possam sustentar os argumentos apresentados pela MAFRIPS e descritos nos subitens 6.1 e 6.4 a 6.6, de sua resposta ao Termo de Intimação Nº. 01/2009, vinculados aos recibos às fls. 477/478 e às Notas Fiscais 000311 e 000076, emitidas em 07/10/2003 e 09/04/2003, respectivamente, às fls. 474 e 476, constatase novamente a existência de vinculo entre a MAFRIPS e a C.L.F. (...) A empresa intimada MAFRIPS em sua resposta às fls. 849/899 item 7 , apenas informa que as transações de débito e crédito entre a J. GUSMÁO e a C.L.F., realmente existiram, em função das dificuldades de liquidez daquela empresa, onde muitas vezes a J. GUSMÁO socorreu a C L.F., em função do parentesco com o procurador, bem como também por ser um cliente confiável. Fl. 2848DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.849 27 CONTUDO, não anexa QUAISQUER documento que possa comprovar seus argumentos. Diante dos fatos acima relatados e por total falta de provas que possam sustentar os argumentos apresentados pela MAFRIPS e descritos no item 7, de sua resposta ao Termo de Intimação Nº. 01/2009, vinculado a movimentação financeira entre ambas as empresas, constatase novamente a existência de vinculo entre a MAFRIPS e a C.L F. (...) Diante das afirmativas do MAFRIPS, extraídas de sua resposta ao item 4 e subitem 6.3 do TERMO DE INTIMAÇÃO Nº. 01/2009, lavrado em seu desfavor e após analisar individualmente cada uma delas subitens 7.1 a 7.4 , às fls. 851/852, chegase a conclusão de que o MAFRIPS, é parte integrante nas transações comerciais envolvendo a compra de animais para abate juntamente com a C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, senão vejamos: 1) As declarações firmadas pelos senhores Afrânio Lages Filho, Silvio Marcio Conde de Paiva, Térsio Wanderley Neto, Magda Badaró Carvalho, Elias de Medeiros Lima e Carlos Antonio Vieira Costa, às fls. 746/825 e 1074/1151, são unânimes em afirmar que a venda de gado deuse com o MAFRIPS e NÃO com a C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, inclusive que a desconhecem, bem como sua titular Sra. Cleiva Lanuzia Ferreira da Silva; 2) complementando a veracidade das informações prestadas, o Sr. Silvio Marcio Conde de Paiva, anexa como prova da venda de gado ao MAFRIPS, romaneios das operações realizadas, todos com o logotipo “MAFRIPS”, às, fls. 762/765, 768/769, 1090/1093 e 1096/1097, bem como um documento de comunicação interna, às fls. 766 e 1094, em que relata a venda dos seguintes animais de descarte para o “MAFRIPS” em “RIO LARGO AL”, pelo valor de R$11.005,00, cujo cheque de recebimento do pagamento da venda ao MAFRIPS, foi emitido pela C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO; 3) Por sua vez, o Sr. Térsio Wanderley Neto também anexa como prova da venda de gado ao MAFRIPS, os romaneios com o logotipo do MAFRIPS , às fls. 783/784, 786e788, 1111/1112 e l114 e 1l16; Diante de todos os elementos apresentados, desmoronam os argumentos apresentados pelo MAFRIPS de que as operações foram exclusivamente realizadas e pagas com cheques da empresa individual C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, ficando por conseqüência, caracterizado também o envolvimento do MAFRIPS nas referenciadas operações. (...) Fl. 2849DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.850 28 19 Ante o exposto e após cotejo entre os diversos elementos citados nos itens precedentes itens 1 a 17 e seus subitens , bem como a analise produzida no item 18 e seus subitens e levandose em conta a omissão na entrega das DIPJ, referente aos anoscalendário a partir de 2003, assim como as pesquisas realizadas nos sistemas ONLINE da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) cópias anexas e o não atendimento às intimações citadas nos itens 8 e 14, inferese que: 19.1 o sujeito passivo C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, CNPJ 04.938.690/0001 85, apesar de apresentar movimentação bancaria, no anocalendário de 2003, exercício de 2004, conforme indicado no DEMONSTRATIVO I, (...), encontrase omissão na apresentação de sua DIPJ, relativa ao anocalendário de 2003. 19.3 devido a não comprovação efetiva dos créditos bancários relacionados nos Demonstrativos I e II, anexos aos termos citados no item 19.1, cujos valores mensais consolidados fazem parte do DEMONSTRATIVO I, (...), ficando, portanto, indelevelmente caracterizadas as infrações fiscais indicativas de OMISSÕES DE RECEITA proveniente de sua Movimentação Financeira, e que foram praticadas pelo autuado nos anos calendário de 2003, 2004 e 2005, cuja resultante final é a sua tributação, pelas normas aplicadas ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES), referentes ao ano calendário de 2003, cujo encerramento parcial, damos no presente momento, assim como em seus desdobramentos reflexos na Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), na Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e na Contribuição para a Seguridade Social (INSS), (...). Os demais anoscalendário de 2004 e 2005, serão encerrados posteriormente, pelas normas aplicadas ao LUCRO ARBITRADO, em razão da exclusão do contribuinte C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO , do sistema SIMPLES, conforme Parecer Nº. 532/SACAT/DRFAL e Ato Declaratório Executivo, de 19/03/2009, emanado do Sr. Delegado da Receita Federal do Brasil, em Maceió AL. Diante do relatado e levandose em conta a contumácia do sujeito passivo em absterse total ou parcialmente do recolhimento dos tributos e contribuições (IRPJ, PIS, COFINS, CSLL e INSS) a que estava obrigado a recolher, como resultado de sua atividade operacional, referendado nos elementos citados nos itens 1 a 19 e seus subitens, a multa de oficio aplicada nas infrações fiscais objeto do presente lançamento de ofício, relativo ao anocalendário de 2003, será de 150% (cento e cinqüenta por cento), conforme determinado no inciso II do artigo 44 da Lei Nº 9.430/96. Cabenos também relatar que o contribuinte J. GUSMÁO & CIA LTDA MAFRIPS, CNPJ 70.002.480/0001 05, quando do atendimento do Termo de Intimação Nº. 01/2008, cientificado em 13/11/2008, bem como Fl. 2850DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.851 29 ao Termo de Intimação Nº. 01/2009, cientificado em 18/11/2009, não ofereceu argumentos convincente sobre a comprovação dos créditos bancários objeto do presente lançamento. OBSERVAÇÃO: : 1 a empresa J. GUSMÃO & CIA LTDA MAFRIPS, CNPJ 70.002.480/0001 05, será considerada como responsável solidária do presente crédito tributário lançado, conforme determinado no artigo 135, combinado com o 124 da Lei Nº. 5.172, de 25/10/1966 (CTN), pelas razões expostas nos itens 1 a 17 e seus subitens, bem como nos itens 18 e 19 e seus subitens do presente Termo de Verificação e Constatação Fiscal, que a vinculam de forma inequívoca e insofismável, diretamente à empresa individual C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO, conforme consta no Termo de Sujeição Passiva Solidária, lavrado em 07/12/2009 e que fará parte integrante e inseparável do presente auto de infração e seus desdobramentos reflexos no PIS, COFINS, CSLL e INSS. (...) Ex vi do art. 124, I, do CTN, são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, conforme decidido pela decisão a quo. Como visto, restou demonstrado, caracterizado, pela fiscalização da RFB, o interesse comum da empresa J. GUSMÃO & CIA LTDA MAFRIPS quanto às operações de comercialização realizadas objeto da C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO e que configuraram fato gerador dos tributos e contribuições do Simples Federal do anocalendário 2003. O coobrigado efetivamente conduziu os negócios da empresa, acobertados pela interposição de pessoa sem capacidade econômica para garantir as obrigações da pessoa jurídica,. Vale dizer, pelos fatos apurados durante o procedimento fiscal não resta dúvida que existe uma relação direta entre as empresas C.L.F. DA SILVA FRIGORÍFICO e J GUSMÃO & CIA LTDA FRIGORÍFICO (MAFRIPS) e que esta última tem relação direta com a formação dos fatos geradores da empresa autuada. As provas apresentadas pela fiscalização são suficientes para a caracterização da sujeição passiva solidária imputada pela Fiscalização da RFB. Ainda, como razão de decidir, transcrevo, a fundamentação da decisão a quo, in verbis: (...) No presente caso, pelos fatos detalhadamente descritos pelos autuantes, no Termo de Constatação e Verificação Fiscal, às fls. 1413 a 1495, a empresa J. Gusmão & Cia Ltda MAFRIPS, CNPJ: 70.002.480/000105 tinha o controle e administração da empresa autuada, vejamos: Fl. 2851DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.852 30 a) A Sra. Cleiva Lanuzia Ferreira da Silva, titular da empresa, afirmou que a empresa CLF DA SILVA FRIGORÍFICO foi aberta pela contadora Carmen Lúcia Ferreira da Silva, sua irmã, a pedido do Sr. José Nilson Guedes de Melo, que trabalhava na MAFRLPS. Afirmou também que recebeu R$ 800,00 do Sr. Nilson para dar o nome a empresa e ficou recebendo, por mês a importância de R$ 200,00 e dois sacos de carnes diversas, como pagamento. Também alegou que nunca administrou a CLF DA SILVA FRÍGORÍFICO e que assinou diversos documentos, inclusive procurações para o Sr. José Nilson. Afirmou que a firma funcionava no endereço da MAFRIPS. Que recebeu de sua irmã as caixas com os documentos da empresa para apresentar a fiscalização. b) Todas as informações cadastrais junto as instituições financeiras indicam o endereço da contribuinte autuada como sendo o mesmo da J. Gusmão & Cia Ltda MAFRIPS, CNPJ: 70.002.480/000105, além da informação de que a autuada faria parte do grupo da MAFRIPS e seu sócio, inclusive, assina garantindo as operações da autuada. c) Nas operações realizadas entre a empresa LECHER 1NDÚSTR1A ALIMENTÍCIAS e a CLF DA SILVA FRIGORÍFICO os recibos de pagamento/liquidação foram emitidos pela J. Gusmão & Cia Ltda MAFRIPS, CNPJ: 70.002.480/000105, além de que os cheques nominais para pagamento são em nome desta empresa. d) Diligências realizadas junto a contribuintes que teriam transacionado com a empresa autuada, descrições às fls. 1427 e 1428, todos afirmam desconhecer a empresa autuada e que na verdade sempre venderam para a J. Gusmão & Cia Ltda MAFRIPS, CNPJ: 70.002.480/000105. Afirmam ainda que apesar de terem recebidos cheques emitidos pela CLF DA SILVA FRIGORÍFICO estes sempre foram entregues por representantes da MAFRIPS. Assim, pelos fatos apurados durante o procedimento fiscal não resta dúvidas que existe uma relação direta entre as empresas CLF DA SILVA FRIGORÍFICO e J GUSMÃO & CIA LTDA FRIGORÍFICO (MAFRIPS) e que esta última tem relação direta com a formação dos fatos geradores da empresa autuada. As provas apresentadas pela fiscalização são suficientes para a caracterização da sujeição passiva solidária ora em debate. Cabe destacar que no presente caso não foi aplicado o art. 135 do Código Tributário Nacional que se refere à ação dolosa dos dirigentes e sócios da empresa. No art. 124 do código, conforme exposto, a responsabilidade solidária está determinada pela relação com a determinação do fato gerador. Portanto, voto no sentido de que seja mantido o Termo de Sujeição passiva Solidária em nome da J. Gusmão & Cia Ltda MAFRIPS, CNPJ: 70.002.480/000105, às fls. 1223 e 1224. (...) Fl. 2852DF CARF MF Processo nº 10410.006720/200957 Acórdão n.º 1301002.971 S1C3T1 Fl. 2.853 31 Ante a farta gama de provas colhidas pela fiscalização da RFB, restou demonstrada nos autos a sujeição passiva solidária da empresa J. GUSMÃO & CIA LTDA MAFRIPS. Deve ser mantida a decisão a quo. Por tudo que foi exposto, voto para: a) não conhecer do Recurso de Ofício, pois o crédito tributário exonerado pela DRF (principal e multa de ofício) ficou abaixo do limite de alçada; b) rejeitar a preliminar suscitada de decadência e, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 2853DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13161.720019/2010-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
NÃO APRESENTAÇÃO DE NOVAS RAZÕES DE DEFESA PERANTE A SEGUNDA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA.
Não tendo sido apresentadas novas razões de defesa perante a segunda instância administrativa, adota-se a decisão recorrida, mediante transcrição de seu inteiro teor. § 3º do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 - RICARF.
APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE
Não cabe a esta instância julgadora apreciar argumentos de inconstitucionalidade e ilegalidade de norma por ser matéria reservada ao Poder Judiciário.
APURAÇÃO COM BASE EM VALORES CREDITADOS EM CONTA JUNTO A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
Caracterizam-se como omissão de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil ou idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS
A presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.
Numero da decisão: 2201-004.521
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. Não tendo sido apresentadas novas razões de defesa perante a segunda instância administrativa, adotase a decisão recorrida, mediante transcrição de seu inteiro teor. § 3º do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 RICARF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE Não cabe a esta instância julgadora apreciar argumentos de inconstitucionalidade e ilegalidade de norma por ser matéria reservada ao Poder Judiciário. APURAÇÃO COM BASE EM VALORES CREDITADOS EM CONTA JUNTO A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA Caracterizamse como omissão de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil ou idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS A presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 72 00 19 /2 01 0- 55 Fl. 528DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado). Relatório 1 Adoto como relatório o da decisão da DRJ/CGE Campo Grande de fls. 449/466 por bem relatar os fatos ora questionados. Tratase de processo de impugnação de matéria tributária relativa a Imposto sobre a Renda de Pessoa Física ¬ IRPF, lavrado através de Auto de Infração (fl. 235) na data de 26/04/2010. LANÇAMENTO Foi procedida a Auditoria Fiscal e lançado o crédito fiscal relativo a 2904 ¬ Imposto de Renda Pessoa Física ¬ Suplementar., referente ao exercício 2006, ano calendário 2005, com valor principal de R$ 828.613,40 e valor total R$ 1.811.597,47. Segundo o relatório fiscal Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 237¬264) e demais relatórios e anexos complementares integrantes, o procedimento fiscal para apuração do fato gerador ocorreu da seguinte forma: 001 ¬ DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA Inicialmente, convém relatar que o contribuinte apresentou a DIRPF/2006, referente ao ano calendário de 2005 (fls. 03/08)), com rendimentos tributáveis, isentos e tributação exclusiva, totalizando R$ 87.900,81 sendo que, neste Fl. 529DF CARF MF Processo nº 13161.720019/201055 Acórdão n.º 2201004.521 S2C2T1 Fl. 529 3 mesmo ano calendário, foi constatado, pela SRFB, uma movimentação financeira de R$ 4.994.273,39, em suas contas bancárias. Durante o procedimento fiscal, o contribuinte foi, inicialmente, intimado (fls.09/12) a apresentar a documentação comprobatória de rendimentos, de dívidas, de despesas, etc; além dos extratos bancários referentes às movimentações financeiras do ano calendário de 2005. Em 02/02/2010, foi intimado (fls. 113/124) a comprovar através de documentação idônea, coincidente em datas e valores, os créditos depositados em suas contas correntes, conforme relação anexa ao Termo de Intimação, datado de 27/01/2010. Após análise, pela fiscalização, da documentação (fls. 13/110), (fls. 127/172) e Livro Caixa (fls. 173/230) apresentada em resposta ao termo de Intimação, foi constatada a não apresentação de comprovação, através de documentação idônea, coincidente em datas e valores, da totalidade dos créditos depositados nas contas correntes de sua titularidade. Sendo assim, excluídos os créditos considerados justificados pela fiscalização, além de todos os cheques devolvidos (fls. 274/288); foram tributados os créditos remanescentes, cuja comprovação documental de origem, coincidente em datas e valores, foi considerada insuficiente pela fiscalização e os créditos em que não foi apresentada nenhuma documentação pelo contribuinte acerca da origem dos mesmos. Houve aperfeiçoamento do lançamento mediante a cientificação do sujeito passivo, realizada postal ¬ via AR em 30/04/2010 (fl. 290). IMPUGNAÇÃO O sujeito passivo apresentou impugnação em 31/05/2010 (fl. 292¬305) cujos pontos relevantes da alegação para apreciação do litígio são os seguintes: 1) RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA ¬ PRINCÍPIO LEGALIDADE ¬ IMPOSTO SOBRE A RENDA OU PROVENTO DE QUALQUER NATUREZA ¬ FATO GERADOR ¬ CTN 43.44 ... por imperativo constitucional, a norma de regência especial deve prevalecer sobre a geral, no caso dos autos, o Código Tributário Nacional ¬ CTN ¬ Lei 5.172/66, elevada pela Carta Constitucional à categoria de LEI Fl. 530DF CARF MF 4 COMPLEMENTAR, deve prevalecer sobre as legislações de natureza geral e ou ordinária, consagrando¬se o que se define como Princípio da ordem legal. Por tal razão, entende¬se que no ordenamento jurídico tributário não vige apenas o princípio da legalidade, mas sim o da estrita legalidade, já que nada poderá ser instituído, majorado ou entendido sem que antes a Lei de regência, de forma expressa e nos moldes constitucionais, o determine. Em outros termos, se o ente público exige o imposto em desarmonia da norma legal especial ou por presunção extensiva, inexiste o dever pelo contribuinte de cumprir com o pagamento fiscal ou com a suposta responsabilidade tributária. É o caso dos autos, eis que o auditor federal busca impor interpretação sobre a renda de forma extensiva, já que admite que o cálculo do imposto cobrado e ora combatido (IRPF) foi efetivado com base apenas em DEPÓSITOS BANCÁRIOS, extraídos das contas bancárias do contribuinte em análise, o que contraria o princípio da estrita legalidade, já que o CTN não agasalha tal presunção. 2) O FATO GERADOR DO IMPOSTO SOBRE A RENDA ¬ CF. ART. 153, III C/C CTN, ART. 43,44 Como já explicitado anteriormente, somente mediante os exatos termos da previsão legal é que surgirá a obrigação tributária a ser suportada pelo contribuinte, que por obvio, desde que este contribuinte incida na ocorrência do fato previamente descrito na norma de regência, isto é, FATO GERADOR, que no dizer de Ávila de Oliva Brasil', "é o fato, ou situação de fato que o gera, cria ou produz o tributo ou obrigação acessória". Como se extrai dos termos preconizados pelo CTN, se restar comprovado que o contribuinte auferiu renda ou acréscimos patrimoniais, tem¬se o fato gerador do IMPOSTO DE RENDA. Como o auditor não apresenta em seus relatórios nenhuma constatação ou prova da existência de renda ou acréscimo patrimonial do contribuinte no período da exação fiscal, não há que se falar de omissão de receita ou responsabilização tributária no âmbito do imposto de renda com base apenas em DEPÓSITOS BANCÁRIOS, eis que, tal definição, não se enquadra na tipificação tributária. Por outro lado pode se afirmar, sem medo do erro, que movimentação financeira ou depósitos em contas bancarias, pelos termos da norma de regência tributária ¬ Fl. 531DF CARF MF Processo nº 13161.720019/201055 Acórdão n.º 2201004.521 S2C2T1 Fl. 530 5 CTN 43,44 ¬ escapam inteiramente à hipótese de incidência do imposto de renda. Mais ainda, a tal prova de omissão de receita é inconclusiva, já que a mera consideração de extratos bancários não serve a demonstrar a existência de renda tributável. Querer exigir IRPF com base apenas nos valores depositados em conta corrente do contribuinte é querer estender o raciocínio no poder de tributar até a onde a norma não vai. Tal entendimento já foi sumulado pelo extinto Tribunal Federal de Recursos, atualmente de competência do Superior Tribunal de Justiça ¬ STJ: Súmula n. 182 “É ilegítimo o lançamento do imposto de renda arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários." Assim sendo, pelos termos assegurados pelo Código Tributário Nacional ¬ CTN e pela jurisprudência pátria, é uníssono o entendimento de ser ilegítimo o lançamento do imposto de renda arbitrado ou calculado com base apenas em depósitos lançados em extratos bancários, e neste caso, não há como prosperar a exação fiscal ora combatida, devendo pois, o Auto de Infração n. 0140200/002224/08 ser anulado em obediência ao Princípio da estrita legalidade, pelo que se requer desde já. 3) AUTO DE INFRAÇÃO ¬ VALORES LANÇADOS ¬ VÍCIO NA CONSOLIDAÇÃO E APRECIAÇÃO PELO AUDITOR ¬ ORIGEM COMPROVADA, PORÉM NÃO OBSERVADA. Aduz o Auditor que a base de calculo do imposto exigido foi oriunda da somatória do total da movimentação financeira extraída dos extratos em conta corrente do contribuinte que, em tese, somariam R$ 4.994.273,39, excluídos os créditos considerados pela fiscalização, restando tributado os créditos remanescentes em razão da comprovação documental apresentada pelo contribuinte não coincidir em datas e valores entre os documentos apresentados com os depósitos lançados nos extratos bancários. Assim, o Auditor apresenta um demonstrativo de apuração, onde aponta, sem detalhar ou demonstrar a origem, a base da suposta infração em R$ 3.379.577,69, uma dedução de R$ 362.635,98 + R$19.547,45, que depurado pela tabela Fl. 532DF CARF MF 6 da época com alíquota de 27,50%, menos a parcela de dedução de R$ 5.584,20, resultou como imposto, em tese, devido no valor de R$829.450,31. Pois bem, é certo que se a fiscalização partir do confronto entre o valor e data dos depósitos efetuados em conta corrente do contribuinte, dificilmente conseguirá conciliar tais parâmetros. O contribuinte em questão é produtor rural, e toda a sua movimentação financeira é referente a tal atividade, eis que, na época, embora médico, já não mais exercia a medicina em sua plenitude de horários. Assim, é notório que o documento fiscal de venda ou compra de gado, não é emitido em data coincidente com os depósitos em conta corrente, assim como, os valores podem coincidir ou não, depende da forma do pagamento, eis que em regra os depósitos ou créditos são lançados pelo valor liquido, ou seja, já descontados as despesas bancarias da operação, é o que ocorreu no presente caso, razão pela qual o Auditor, sem razão, não considerou os documentos apresentados, eis que buscou conciliar o valor da nota fiscal com os exatos valores depositados ou creditados, além de exigir que as datas de igual modo coincidissem também. Neste contexto, segue nesta oportunidade um relatório pormenorizado do contribuinte que demonstra o liame entre os depósitos e ou créditos em conta corrente com os documentos fiscais. Assim, seguindo¬se o norte estabelecido pelo Auditor, a base de cálculo para a apuração do quanto, em tese, devido, se formataria da seguinte forma: Como se observa, mesmo que o lançamento com base apenas nos valores extraídos dos extratos bancários fossem legítimos, o que só se admite por hipótese, ainda assim, o valor declarado pelo Auditor mostra¬se viciado, já que em singela análise dos documentos e relatório que segue nesta oportunidade, revelam que a tal base de cálculo, seria, em tese, R$ 2.074.767,32 e não o valor apresentado nos autos Fl. 533DF CARF MF Processo nº 13161.720019/201055 Acórdão n.º 2201004.521 S2C2T1 Fl. 531 7 (R$3.379.577,69), o que fica desde já impugnado para todos os efeitos. 4) ATIVIDADE DO CONTRIBUINTE ¬ PRODUTOR RURAL ¬ DESCONSIDERAÇÃO ¬OFENSA A SISTEMATIZAÇÃO DA APURAÇÃO DO IMPOSTO ¬ COMPROVAÇÃO POR DOCUMENTOS ¬ INEXISTÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO DO LIVRO CAIXA ¬IMPOSIÇÃO POR ARBITRAMENTO ¬ RIR/99 ¬ ART. 60. § 2º Repita¬se mais uma vez, embora resta patenteado que não deve prosperar qualquer lançamento e ou cobrança de Imposto de Renda com base nos valores dos depósitos em conta corrente do contribuinte, por não se caracterizar, por si só, como renda ou acréscimos patrimoniais de qualquer natureza, é de se apontar que a forma de apuração adotada pelo Auditor Fiscal, de igual modo, desatende a sistematização jurídica na forma de apuração do imposto almejado. É certo que as movimentações alegadas pela SRFB não advêm de natureza laboral na atividade médica do contribuinte em análise, até porque, não é difícil concluir que, pelos valores em que os médicos do país são remunerados, jamais um profissional da medicina teria tal movimentação. De modo que, desde o início da exação fiscal, o contribuinte comprovou que é produtor rural desde 1997, apresentando inclusive a Inscrição Estadual sob o n.28.518.574¬8 (doc. Anexo), fato não considerado pelo Auditor, já que ao executar o cálculo do imposto, o fez como profissional liberal, autônomo. Soma¬se a isto, o fato de que toda a documentação apresentada revela que de fato a atividade do contribuinte, em tese, merecedora do alcance tributário, é como Produtor Rural. E neste caso, conforme os ditames legais (RIR/99, 60, § 2°), caso o contribuinte e não apresenta o resultado da exploração da atividade rural, a base de cálculo do imposto de renda deve ser apurada por arbitramento a razão de vinte por cento da receita bruta do ano calendário, jamais pela forma estabelecida pelo Auditor dos autos. Assim, de forma hipotética, já que depósitos em conta correntes não se aperfeiçoam como renda, caso houvesse a comprovação de riquezas ou aumento patrimonial do contribuinte em debate, o valor do Imposto seria o transcrito na tabela abaixo: Fl. 534DF CARF MF 8 Sendo assim, é de se dizer que o Auto de Infração combatido encontra¬se totalmente viciado e desatende as determinações jurídicas sobre o imposto almejado, o que afronta diretamente o Princípio da Estrita Legalidade, sendo pois, desta forma insubsistente, devendo assim ser declarado. PEDIDO 1) Improcedência do lançamento. 2 A decisão da DRJ julgou procedente em parte a Impugnação do contribuinte, conforme decisão ementada abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE Não cabe a esta instância julgadora apreciar argumentos de inconstitucionalidade e ilegalidade de norma por ser matéria reservada ao Poder Judiciário. APURAÇÃO COM BASE EM VALORES CREDITADOS EM CONTA JUNTO A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA Fl. 535DF CARF MF Processo nº 13161.720019/201055 Acórdão n.º 2201004.521 S2C2T1 Fl. 532 9 Caracterizamse como omissão de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil ou idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS A presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte 3 Cientificado da decisão de piso o contribuinte interpôs recurso voluntário às fls. (506/522) mantendo praticamente os mesmos argumentos da impugnação e ao final requer o provimento do recurso com o cancelamento do auto de infração. 4 – É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator 5 O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. 6 O contribuinte destacou diversas matérias para revisão por parte do CARF, contudo repete praticamente todas as mesmas disposições da impugnação de fls. 292/304 não trazendo nenhuma nova razão, sequer questionando os pontos abordados no V. Acórdão da decisão recorrida, e em vista do disposto no § 3º do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 – RICARF, não tendo sido apresentadas novas razões de defesa perante a segunda instância administrativa, adoto os fundamentos da decisão recorrida, mediante transcrição do inteiro teor de seu voto condutor: Fl. 536DF CARF MF 10 Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a con firmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Voto ADMISSIBILIDADE Do confronto da data de cientificação, 30/04/2010 com a da manifestação da defesa em 31/05/2010, concluise que é TEMPESTIVA; e por atender também aos demais requisitos de admissibilidade previstos na legislação que disciplina o processo administrativo fiscal, Decreto 70.235/1972; é CONHECIDA. MÉRITO RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PRINCÍPIO LEGALIDADE Não cabe a esta instância julgadora apreciar argumentos de inconstitucionalidade de lei por ser matéria reservada ao Poder Judiciário, corroborada pela presunção de constitucionalidade das leis, decorrente do processo legislativo pátrio, em que há o controle prévio desse aspecto, tanto pelo Poder Legislativo como pelo Chefe do Poder Executivo, que afasta a competência deste órgão julgador administrativo – integrante do Poder Executivo – para considerar inconstitucional ou ilegal norma que o Congresso Nacional aprovou e o Presidente da República promulgou. Por certo que tal presunção não é absoluta, podendo ser afastada pelo controle posterior de competência do Poder Judiciário, em cuja hipótese caberia à autoridade julgadora Fl. 537DF CARF MF Processo nº 13161.720019/201055 Acórdão n.º 2201004.521 S2C2T1 Fl. 533 11 afastar a aplicação, por inconstitucionalidade de tratado, acordo internacional, lei, decreto ou ato normativo em vigor; somente se tivesse sido declarada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em ação direta, após a publicação da decisão, ou pela via incidental, após a publicação da resolução do Senado Federal que suspender a sua execução; ou se houvesse decisão judicial, proferida em caso concreto, afastando a aplicação da norma, ou inconstitucionalidade, cuja extensão dos efeitos jurídicos tenha sido autorizada pelo Presidente da República ou, nos termos do art. 4º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, pelo Secretário da Receita Federal do Brasil ou pelo ProcuradorGeral da Fazenda Nacional. Portanto, deve a administração observar a lei vigente, visto que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, por força do parágrafo único do art. 142 do Código Tributário Nacional – CTN, e, na falta de declaração de inconstitucionalidade, nos termos retrocitados, o julgamento administrativo cingese a aplicar a lei disciplinadora da matéria. VALORES CREDITADOS EM CONTA DE DEPÓSITO OU DE INVESTIMENTO MANTIDA JUNTO A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, COMO FATO GERADOR DO IMPOSTO SOBRE A RENDA A exigência fiscal apurada no lançamento, conforme consta no Relatório Fiscal do Auto de Infração (fl. 263), está embasada na Lei nº 9.430, DOU de 30/12/1996 com as alterações introduzidas pela Lei nº 9.481 e Lei nº 10.637, e se fundamenta em dois pontos básicos, quais sejam, a não comprovação da origem dos recursos utilizados nas operações de crédito nas referidas contas pelo titular da conta, mediante documentação hábil e idônea, e a análise individualizada dos créditos, conforme disposição do diploma legal: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. O assunto foi complementado no Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999: Fl. 538DF CARF MF 12 Art. 849 ... § 2º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42, § 3º, incisos I e II, e Lei nº 9.481, de 1997, art. 4º): I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a doze mil reais, desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de oitenta mil reais. ... § 3º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42, § 4º). Extraise dos comandos normativos referidos que podem ser caracterizados como omissão de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, desde que atendidos os seguintes requisitos legais: (1) intimação para comprovação da origem dos recursos utilizados nessas operações, mediante documentação hábil e idônea; (2) a comprovação individualizada afasta a presunção de omissão de receita ou de rendimento; e (3) os valores com origem comprovada individualizada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. Este novo tratamento legal dados aos depósitos bancários veio apenas consagrar a moderna doutrina tributária, conforme leciona renomado tributarista: Se é um dever legal informar ao Fisco os seus rendimentos tributáveis sob pena de severas sanções, inclusive criminais, o contribuinte notificado para justificar a diferença encontrada em seus extratos bancários, passa a ter o ônus de provar a natureza do erro cometido, para não sofrer as conseqüências da falta de provas convincentes, como a de ser considerado verdadeiro, como rendimento tributável, o fato inicialmente presumido pela autoridade fiscal. (Aurélio Pitanga Seixas Filho em Princípios Fundamentais do Direito Administrativo Tributário A Função Fiscal, 1995). A jurisprudência do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda é mansa e pacífica quanto à novel forma de apuração da omissão de renda ou rendimentos: LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS Com a entrada em vigor da Lei nº 9.430, de 1996, que em seu artigo 42 autoriza uma presunção legal de omissão de Fl. 539DF CARF MF Processo nº 13161.720019/201055 Acórdão n.º 2201004.521 S2C2T1 Fl. 534 13 rendimentos sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento, tornou se despicienda a averiguação dos sinais exteriores de riqueza para dar suporte ao lançamento com base em depósitos bancários.” (Acórdão nº 10616.583, DOU de 19/03/2008) DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997, a Lei nº 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.” (Acórdão nº 10615.372, sessão de 23/02/2006). Inclusive afasta, expressamente, a aplicabilidade de súmula do extinto Tribunal Federal de Recursos, que havia sido editada com base em legislação então vigente mas que já não está em vigor há muito tempo: DEPÓSITOS BANCÁRIOS. SÚMULA 182 DO TFR E DECRETOLEI Nº 2.471, DE 1988. INAPLICABILIDADE – A Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos, bem como o Decretolei nº 2.471, de 1988, não se aplicam aos lançamentos efetuados com base na presunção legal de omissão de rendimentos prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. (Acórdão nº 10617.069, DOU de 18/12/2008) A alegação do contribuinte que “depósitos em conta correntes não se aperfeiçoam como renda, caso houvesse a comprovação de riquezas ou aumento patrimonial do contribuinte” não se coaduna com a sistemática de apuração do presente lançamento efetuado conforme o disposto na Lei nº 9.430, pois, conforme exposto, cada depósito bancário identificado e descrito de forma individual com origem não comprovada é que caracteriza omissão de rendimento e poderá ser objeto de lançamento. Essa nova hipótese legal de omissão de rendimento caracterizada pela presunção legal de depósitos bancários de origem não comprovada, obedecidos alguns requisitos para sua apuração e quantificação, impõe ao contribuinte o ônus de demonstrar a origem dos valores depositados em sua conta bancária. Somente diante da falta de comprovação na forma estabelecida é que surge a presunção legal de que tais depósitos originamse de rendimentos subtraídos à tributação e, portanto, permite ao fisco proceder ao lançamento dos rendimentos assim obtidos por meio de prova presuntiva, nos termos legais. Ressaltese ser perfeitamente possível essa forma de tributação baseada em presunção legal, como dispõe o artigo 44 do Código Tributário Nacional (CTN), citado pelo próprio contribuinte: Fl. 540DF CARF MF 14 Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. Por derradeiro, com a edição da Súmula nº 26 pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), a matéria foi pacificada na esfera administrativa: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Assim, restou comprovada a legalidade do procedimento fiscal de apuração consubstanciado no presente lançamento. ATIVIDADE DE PRODUTOR RURAL No caso em análise, o sujeito passivo contesta parte dos valores apurados, pelo princípio da eventualidade, mediante a alegação de que desenvolve atividade de produtor rural que justificaria o vultuoso movimento bancário não declarado. Destaquese que tal fato corresponde à admissão de equívoco na prestação da declaração DAA/IRPF no modelo SIMPLIFICADO (fl. 0409), cujos valores de receita da atividade rural são incompatíveis com os valores identificados e apurados no Lançamento. E mesmo a suposição que a omissão estaria englobada nos valores da atividade rural não é plausível, visto que o montante declarado (R$ 540.922,03) é incompatível com os valores apurados, cuja magnitude (R$ 3.379.577,69) não pode ser elidida por uma afirmação geral que a remuneração paga aos médicos no país jamais alcançaria tal movimentação, pois supor que a renda é exclusiva da atividade rural também carece de provas, pois poderia ser originada de outra atividade econômica da qual não se tenha notícia nos autos. É justamente sobre a diversidade da natureza das rendas, devido à liberdade do exercício de múltiplas atividades econômicas pelo contribuinte (como por exemplo atividade de venda de automóvel ou ligada ao hospital do qual alega que recebeu distribuição de lucros), que a norma vigente veio atuar e tributar os valores não justificados devidamente. Simples alegações não têm eficácia perante o Fisco, cuja falta de comprovação individualizada tem como conseqüência, neste caso, a autuação, não apenas por presunção legal ou conclusão, mas sim por prova do fato inicial, com base nos dados de movimentação bancária não comprovados pelo autuado, com documentação hábil e idônea, que não se desincumbiu do ônus da prova em contrário. As atividades econômicas que deram origem aos depósitos bancários constantes do Lançamento foram praticadas pelo sujeito passivo, em face das quais a legislação lhe atribui a comprovação sob o ônus da tributação dos rendimentos sem origem. Fl. 541DF CARF MF Processo nº 13161.720019/201055 Acórdão n.º 2201004.521 S2C2T1 Fl. 535 15 Não encontra guarida, na legislação referida, o raciocínio que rendimentos sem origem comprovada na forma da lei sejam considerados de origem decorrente da atividade econômica preponderante praticada pelo contribuinte, baseado apenas em alegações ou presunções sem amparo em robusta documentação comprobatória dessa interrelação. A comprovação da origem deve ser feita com a apresentação pelo contribuinte de documentação hábil e idônea que possa identificar a fonte do crédito, o valor, a data e, principalmente, que demonstre de forma inequívoca a que título os créditos foram efetuados na sua conta corrente. Assim, não tendo o impugnante trazido ao processo documentação suficiente que comprove suas alegações ou demonstre algum equívoco nas planilhas demonstrativas de movimentação bancária elaboradas pela autoridade fiscal, nada há para ser alterado no lançamento neste tópico. INEXISTÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO DO LIVRO CAIXA DO PRODUTOR RURAL. IMPOSIÇÃO POR ARBITRAMENTO RIR/ 99 ART. 60. § 2º A argumentação do sujeito passivo, “caso o contribuinte não apresenta o resultado da exploração da atividade rural, a base de cálculo do imposto de renda deve ser apurada por arbitramento”, não merece prosperar pelos seguintes motivos: O contribuinte fez a opção de tributação mediante a escrita fiscal conforme faculdade estabelecida no RIR/1999 e exercida mediante a DAA/IRPF e apresentação do Livro Caixa (fl. 98111), cujos valores constantes no Anexo da Atividade Rural produziram os efeitos favoráveis e não foram questionados pela Auditoria Fiscal: Art. 71. À opção do contribuinte, o resultado da atividade rural limitarseá a vinte por cento da receita bruta do anocalendário, observado o disposto no art. 66 (Lei nº 8.023, de 1990, art. 5º). § 1º Essa opção não dispensa o contribuinte da comprovação das receitas e despesas, qualquer que seja a forma de apuração do resultado. O dispositivo legal invocado pela defesa (RIR/99 ART. 60. § 2º) trata de determinação legal para a autoridade lançadora proceder a apuração mediante o arbitramento, no caso de apuração de rendimentos na atividade rural sem comprovação lastreada em escrituração regular do Livro Caixa, que frisese não foi identificada nem apurada no presente lançamento: Formas de Apuração ... Fl. 542DF CARF MF 16 Art. 60 ... § 2º A falta da escrituração prevista neste artigo implicará arbitramento da base de cálculo à razão de vinte por cento da receita bruta do anocalendário (Lei nº 9.250, de 1995, art. 18, § 2º). A exigência contida no fundamento legal anteriormente exposto (RIR/1999, Art. 849, §1º e seguintes), que somente os valores com origem comprovada individualizada submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos, determina que somente os valores comprovados de forma individual, como referentes a atividade rural, é que poderão ser tributados especificamente sob este regime. Assim, como o contribuinte optou espontaneamente na DAA/IRPF 2006 (fl. 08) por apurar o resultado tributável da atividade rural de acordo com o Resultado I (receitas menos despesas), que foi igual ao valor do Resultado após a compensação de prejuízo já que esse último valor foi zero, não pode a Auditoria Fiscal no lançamento alterar a opção feita, e nem ele pode fazer essa mudança na impugnação só porque resulta em rendimento tributável menor, pois a referida opção feita na DAA/IRPF deve ser mantida até o final. ANÁLISE INDIVIDUAL DOS VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA Conforme exposto em tópico anterior que trata da apuração a partir de depósitos bancários, a Auditoria Fiscal cumpriu o procedimento previsto e descrito a seguir para fins de confirmação dos aspectos quantitativos: 1) Intimação do contribuinte para apresentação da documentação relacionada à movimentação bancária mediante o Termo de Início da Ação da Fiscal (fl. 1012). 2) Após análise da documentação apresentada, houve a intimação (fl. 114) para apresentação de documentação comprobatória dos créditos depositados em conta correntes (fl. 115124) que precisavam ser justificados pelo sujeito passivo, mediante documentos hábeis e idôneos, cujo destaque da autoridade lançadora foi, pelo menos, a coincidência de datas e valores. 3) Apresentação de documentação comprobatória pelo sujeito passivo (fl. 128231). 4) Análise e confrontação da documentação comprobatória, com exclusão dos valores considerados comprovados pela autoridade fiscal, que resultou no Lançamento do Auto de Infração com os Fatos Geradores que não foram devidamente justificados, relacionados um a um no relatório (fl. 237263) . Ao contrário da alegação de que o lançamento contém um demonstrativo de apuração, sem detalhar ou demonstrar a origem dos valores da base de cálculo, verificase, conforme descrito anteriormente, que no procedimento fiscal houve a intimação com especificação detalhada dos depósitos bancários a serem comprovados, cuja apresentação da documentação Fl. 543DF CARF MF Processo nº 13161.720019/201055 Acórdão n.º 2201004.521 S2C2T1 Fl. 536 17 implicou em acatamento de comprovação de parcela dos depósitos bancários iniciais, inclusive com exclusão de R$ 362.635,98 correspondentes a cheques devolvidos (fl. 276289), com apuração final descrita no Relatório Fiscal e com indicação dos fatos geradores remanescentes individualizados um a um e lançados pela sua soma na data do mês de competência. Confirmase, portanto, que o procedimento fiscal foi escorreito e de acordo com a norma regente citada, cuja análise, neste momento, deve então se ater às justificativas e documentos específicos apresentados na impugnação, quanto à eficácia probatória e os aspectos quantitativos, visto que instado a comprovar a movimentação bancária, como autoriza a Lei, o contribuinte não deverá apenas indicar mas sim apresentar documentação hábil e idônea. É a conseqüência lógica e coerente com uma interpretação sistemática da legislação, que não limitou a forma de comprovar a um documento específico, quando bem poderia, mas adotou, ao contrário, o termo coletivo “documentação”, que abre amplas possibilidades de comprovação, sem que tenha sido fixado que apenas um documento seria a prova cabal e, muito menos, qual seria esse documento. Portanto, ao contrário do que afirma o contribuinte, se a documentação comprovar o negócio jurídico que lhe deu origem, de forma coerente e incontroversa, o crédito será considerado de origem comprovada mesmo quando individualmente algum documento que seja parte de um conjunto não for coincidente em data e valor com o referido crédito. O impugnante apresentou justificativas/demonstrativos relativos a dois (2) bancos (fl. 307/309 e 348/350), acompanhados de documentação comprobatória, cuja apreciação com base na legislação, critérios e princípios expostos, resultou nos seguintes grupos de alegações identificadas pela correspondente motivação seguida das tabelas demonstrativas: 1) VALORES RELACIONADOS À ATIVIDADE RURAL COM JUSTIFICATIVAS E COMPROVAÇÃO ACATADAS Motivação O negócio jurídico correspondente, em tese, guarda relação inequívoca com o alegado pagamento. Como destacado pela autoridade lançadora, houve pelo menos coincidência entre datas e valores dos créditos relacionados pelos documentos comprobatórios, ou pelas informações complementares do negócio jurídico, da quitação ou mesmo da movimentação financeira, que foram devidamente lançados no LivroCaixa e permitiram concluir que se trata do fato gerador apurado pelo crédito de valor na conta bancária. No caso desse grupo de documentos comprobatórios, foi realizada a comparação entre os documentos apontados no procedimento fiscal e a documentação trazida na impugnação e identificado a vinculação inequívoca entre os créditos e os Fl. 544DF CARF MF 18 seguintes Fatos Geradores, que serão excluídos da base de cálculo: 2) VALORES NÃO RELACIONADOS À ATIVIDADE RURAL COM JUSTIFICATIVAS E COMPROVAÇÃO ACATADAS Motivação O negócio jurídico correspondente, em tese, guarda relação inequívoca com o alegado pagamento. Como destacado pela autoridade lançadora, houve pelo menos coincidência entre datas e valores dos créditos relacionados pelos documentos comprobatórios, ou pelas informações complementares do negócio jurídico, da quitação ou mesmo da movimentação financeira, permitiram concluir que se trata do fato gerador apurado pelo crédito de valor na conta bancária. No caso desse grupo de documentos comprobatórios, foi realizada a comparação entre os documentos apontados no procedimento fiscal e a documentação trazida na impugnação e identificado a vinculação inequívoca entre os créditos e os seguintes Fatos Geradores, que serão excluídos da base de cálculo: Justificativa Mr Justif fl Justíf Obs_ Julga mento DATA HISTÓRICO Vk Lane BOM CHARQUE IND. E COM. LTDA ref. venda de gado bovino, conf. Nota fiscal n°. 068643, de 22.02.2005 Valor comercial da operação RS 21.262,64 () desconto TEDR$ 12:00 21.250,64 314 Consta no livro caixa (fl 188). Vencimento indicado na NF confere com o crédito 24/03/2005 CREDITO T.E.D. 21.250.64 BOM CHARQUE IND. E COM. LTDA ref. venda de gado bovino conforme nota fiscal n° 072700, de 27.05.2005 Valor comercial da operação RS 63.022,27 () TED R$ 12,00 63.010,27 331 Consta no livro caixa [fl 198). Vencimento indicado na NF confere com o crédito 22/06/2005 CREDITO T.E.D. 63.010,27 NANCY MELLO SOUZA ref. venda de gado bovino conforme Nota Fiscal de produtor n° 009407991 de 05.06.2005, emitida pela pauta fiscal. Valor comercial da operação RS 13.825.00 13.825.00 335 Consta no livro caixa (fll98). Os valores conferem apesar de no livrocaixa ter sido informado o valor de pauta. 04/07/2005 DEPOSITO BLOQ. 24 HS 13.825,00 NANCY MELLO SOUZA ref. venda de gado bovino, conf. NF produtor n°s. 940836&/9408369 e 9408370, de 22.08.2005, sendo 100 cabeças a R$. 365,00 Valor comercial RS 36.500,00 36.500,00 358360 Consta no livro caixa (A314). Os valores conferem apesar de no livrocaixa ter sido informado o valor de oauta. 19/09/2005 TRANSF ENTRE AG DLNH 36.500,00 DELFIM S/A ref. venda de gado bovino, conf. NF de produtor n°. 9540018, de 27.08.2005 Valor comercial RS 10.500.00 10.500,00 361362 Consta no livro caixa (A314). Os valores conferem apesar de no livrocaixa ter sido informado o valor de pauta. 26/09/2005 DEPÔS CC AUTOAT 10.500,00 Total 145.085,91 Fl. 545DF CARF MF Processo nº 13161.720019/201055 Acórdão n.º 2201004.521 S2C2T1 Fl. 537 19 3) VALORES RELACIONADOS À ATIVIDADE RURAL COM JUSTIFICATIVAS E COMPROVAÇÃO NÃO ACATADAS Motivação O negócio jurídico correspondente, em tese, foi quitado por meio de um crédito cuja justificativa e a documentação que o comprova não guarda relação inequívoca com o alegado valor creditado na conta bancária, visto que não coincide a data do valor creditado e a discrepância de data ou valor não restou comprovada. Como destacado pela autoridade lançadora, deveria haver pelo menos coincidência entre datas e valores dos créditos relacionados pelo documento que os agrega, ou provas complementares do negócio jurídico, da sua quitação ou mesmo da movimentação financeira. Assim, não serão acatados como eficazes para elidir fatos geradores, os seguintes documentos comprobatórios: Justificativa Vir Jus til fl Justií Obs_ Julga mento BOM CHARQUE IND. E COM LIDA ref. venda de gado bovino, conforme nota fiscal n° de 14.06.2005 .Valor comercial da operação RS 22.569,45 () Juros titulo descontado R$ 468,73 () Desconto TED RS 12:00 22.569,45 333 Vencimento indicado na NF não confere com o crédito e não identificado o débito referente a juros PEDRO FERNANDES NETO ref. venda de gado bovino, conforme NF produtor n°. 009407989, de 05.06.2005, emitida pela pauta fiscal. Valor comercial da operação R$ 12.950,00 12.950,00 336 Não consta no livro caixa da atividade rural desse mês EDUARDO GARCIA DE MORAES ref. venda de gado bovino, conf. NF produtor n° 9539572, de 04.06.2005. Cheque n° 000089 do Banco Bradesco S/A agência 3543 Valor comercial R$ 12.600,00 12.600,00 356 Consta da NF, o valor de R$ 12.000,00 . NELSON CICERO DA SILVA ref. venda de bovino, conf. NFs de produtor n°s. 009250497/009250498/009250499, de 07.01.2005. Valor comercial da operação: RS 40.703.00 (+) Reembolso despesas/frete^NF R$ 1.989.29 42 692,29 310313 Valor complementado por recibo de fechamento do total (fL 313) sem comprovação do negócio por parte do pagador Justifie;) tivíi Vir Justif 1 Justif íbs Julgamento DATA HISTÓRICO llr Lane BANCO BRADESCO S/AEsse idar não è um deposita bancário, mis sim um cheque compensado n°. DO0207 Valor do cheque Mmpensadc RS 1 .600,00 1.600,00 S2 :H 0000207. Dados lo cheque conferidos ÍVDVMH CH 1.600.00 BANCO BRADESCO S/AEsse valor não é deposito, Cheque n° DOO024Q, sacado em espécie, em 01 de junho de 2003, conf Estrato Valor do cheque 5.000,00 S5 lo cheque conferidos J1/DÉ/20M CH Justificativa Vir Justif n justif Obs Julgamento DATA HISTÓRICO Vir Lane BANCO BRADESCO S/A Esse valor não é um depósito bancário, nias sim um cheque compensado nD D002 65. Valor do cheque Rt 1.600,00 3.024,00 do cheque conferidos 04/07/2005 :H 3.024,00 Depósito em dinheiro valor sacado no banco Bradesco S/A, com Cheque n° 000349, em 19.09.2005 5.000,00 390 CH 0000349. Dados do cheque conferidos 19/09/2005 DEP.EM DJNH/ESPECŒ 5.000.00 CONSÓRCIO NACIONAL VOLKSWAGEN Carta de crédito recebida do consórcio Nacional Voliswagen, em 22.11.2005, sonforme estrato do Banco Bradesco S/A Valor recebido RJ 29.044,51 29044,51 393 _ da transferência :onferidos 23/11/2005 TEDTRANSF ELETR 29.044,51 TOTAL 43.665,51 Fl. 546DF CARF MF 20 FERNANDO AKRA ref Venda de gado bovino, conf. NF de produtor n°s 9490272.'9490273/ 9490274/9490275, de 31.05.2005, emitidas pela pauta fiscal. Valor comercial da operação R$ 57.330,00 57.330,00 316319 Data de emissão da NF é posterior ao crédito e valores da operação não comprovados, pois foram escritos após a emissão e com fonte diferente dos demais dados da NF FRANCISCO PRADO DIA ref venda de gado bovino conf. NF produtor n°. 9490419/9490420/ 9490421/9490422.'9490423 de 07.06.05, emitidas pela pauta fiscal Valor comercial da operação R$ 49.000,00 49.000,00 320325 Valor da soma das NF não conferem MAURÍCIO EMÍLIO TREIS ref. venda de ?ado bovino, conforme NF de produtor n°s. 9539859/ 9539861/9539862/9539863 de 20.07.2005, emitidas pela pela pauta fiscal. Valor comercial da operação RS. 39.123,00 39.845,62 337341 Valores da operação não comprovados, pois foram escritos após a emissão e com fonte diferente dos demais dados da NF SILVIO TORQUATO JUNQUEIRA ref. venda de gado bovino, conforme NF produtor n°. 9587872 e 9587873, de 08.07.2005, emitidas pela pauta fiscal Valor comercial da operação RS 25.90(100 25 9CC.00 342343 Valores da operação não comprovados, pois foram escritos após a emissão e com fonte diferente dos deniais dados da NF Justificativa Vir Justii fl Justif Obs Julgamento WALDIR VIEIRA DA SILVA ref venda de gado bovino, conforme NT produtor n° 9587924, de 15.07.2005, emitida pela pauta fiscal Valor comercial da operação R$ 38.610,00 + Reembolso das despesas daNFRS 36.09 38.646,09 344345 Valores da operação não comprovados, pois foram escritos após a emissão e com fonte diferente dos demais dados da NF GETÚLIO SANTANA ref. Venda de gado bovino, conforme NF produtor n°. 9540002, de 26.05.05 emitida pela pauta fiscal. Valor comercial da operação R$ 7.500,00 Reembolso das despesas da NF R$ 215.46 7.715,46 346347 Valor complementado por recibo de fechamento do total (fL 347) sem comprovação do negócio poi parte do pagador BENEDITO MACHADO ref. venda de gado bovino, conforme NF produtor n°s. 9250669/9250670/ 9250671/9250672, de 17.01.2005 Valor comercial da operação R$ 37.404,00 + Reembolso despesas emissão NF RS 224.00 5 S .CC COO 351355 Valor complementado por recibo de fechamento do total (fL 355) sem comprovação do negócio poi parte do pagador. GETÚLIO SANTANA referente a venda de gado bovino, conforme NF de produtor n°s. 9408483/ 9408492, de 30.09.2005 Valor comercial R$ 15.090.00 (+) Reembolso desp. de frete R$ 1.393.00 16.483,00 365367 As datas de créditos são mmto posteriores e discrepantes do negócio e valor complementado por recibo de fechamento do total (fl. 367) sem comprovação do negócio por parte do pagador. A título de exemplo, analisase o seguinte conjunto de justificativa e documento comprobatórios: Documento comprobatório apresentado: Observa se que realmente não é possível constatar de plano o relacionamento entre os créditos questionados referentes ao fato gerador e os comprovados, pois há, dentre outros pontos, o “fechamento” do valor total mediante “recibo de frete” pago a parte que não comprovou o respectivo pagamento. Ademais, seria possível a comprovação dos alegados partícipes, por exemplo, mediante contrato de prestação de serviços, instrumento de quitação ou depósito que conste o pagador, ou mesmo documento comprobatório da escrita fiscal do comprador. 4) VALORES RELACIONADOS A OUTRAS ATIVIDADES COM JUSTIFICATIVAS E COMPROVAÇÃO NÃO ACATADAS Motivação Fl. 547DF CARF MF Processo nº 13161.720019/201055 Acórdão n.º 2201004.521 S2C2T1 Fl. 538 21 O negócio jurídico correspondente, em tese, foi quitado por meio de vários créditos cuja justificativa e a documentação que o comprova não guarda relação inequívoca com cada um dos alegados créditos, inclusive pela falta de comprovação de cada valor creditado em conta bancária que representa cada parte em que a operação foi desmembrada pelo impugnante. Como destacado pela autoridade lançadora, deveria haver pelo menos coincidência entre datas e valores do crédito relacionado ao documento, ou provas complementares do negócio jurídico, da sua quitação ou mesmo da movimentação financeira. Assim, não serão acatados como eficazes a elidir fatos geradores, os seguintes documentos comprobatórios: Justificativa Vli Jusrif fl Justif LAUR FELEN MARCOLINO ref. venda do veiculo VW, tipo Kombi, ano de fabricação 2000,03.0(5.2005 Valor da venda RS 15.000,00. Reembolso despesa transferencia R$ 250,00. 15.250,00 327330 MARIO ÂÍLTOX RORIZ ref. Venda da camioneta, conforme recibo de venda em anexo, em data de 28.10.2005 Valor da venda Rí 38.000,00. 38.000,00 363364 5) VALORES RELACIONADOS À ATIVIDADE MÉDICA DO HOSPITAL COM JUSTIFICATIVAS E COMPROVAÇÃO NÃO ACATADAS Motivação O negócio jurídico correspondente, em tese, foi quitado por meio de crédito cuja justificativa e a documentação que o comprova não é suficiente para a comprovação visto que a atividade médica relacionada a distribuição de lucros do hospital deveria ser comprovada mediante documentos contábeis da fonte pagadora e também de sua contabilidade bancária de onde foi emitido o cheque para o crédito. Deveria ter sido trazido provas complementares do negócio jurídico, da sua quitação ou mesmo da movimentação financeira. Assim, não serão acatados como eficazes a elidir fatos geradores, os seguintes documentos comprobatórios: Justificativa Vlr Justif fl Justif HOSPITAL SANTA MARÍA LTDA referente lucros distribuidos pelo Hospital, conforme recibo de 02.12.2005 Valor recebido RS 10.000,00 . 10.000,00 370 HOSPITAL SANTA MARÍA LTDA referente lucros distribuidos pelo hospital, conforme recibo de2S12.2Q05 . 10.000,00 368369 6) VALORES RELACIONADOS A OUTRAS ATIVIDADES, COM JUSTIFICATIVAS E SEM COMPROVAÇÃO, QUE NÃO FORAM ACATADAS Motivação Fl. 548DF CARF MF 22 O negócio jurídico correspondente, em tese, foi quitado por meio de um crédito cuja simples justificativa sem apresentação de documentação que o comprova não é suficiente para elidir o fato. Deveria ter sido trazido provas complementares do negócio jurídico, da sua quitação ou mesmo da movimentação financeira. Assim, não serão acatados como eficazes a elidir fatos geradores, os seguintes documentos comprobatórios: Justificativa Vir Justif fl Justif Obs Julgamento GENOVEVA ANDRZEJEWSKI ref a venda de gado bovino, em 06.11.2005. A nota fiscal de produtor foi extraviada e foi pago conforme consta no extrato do Banco Bradesco, em 07.11 2005 13.800,00 377396 Consta o crédito no extrato (fl. 393) mas não permite vincular ao negócio subjacente. NANCY MELLO SOUZA ref Venda de gado bovino, em 20.11.2005. A nota fiscal de produtor foi extraviada e foi pago conforme consta no extrato do Banco Bradesco. O Valor correto do depósito é R$ 3 7.275,00 . 32.275,00 377396 não permite vincular ao negócio subjacente. 7) CRÉDITO ROTATIVO SICREDI A defesa traz o demonstrativo de apuração da base de cálculo (fl. 302) e faz referência a Crédito Rotativo no valor de R$ 1.519.184,50 (sem informar a composição das parcelas), porém não aponta as datas em que esse crédito ou parcelas dele teriam sido lançadas na conta corrente respectiva. Identificase apenas dois (02) valores sob o título “CRÉDITO ROTATIVO SICREDI”, cujos valores individuais, apontados pela Auditoria Fiscal na etapa de intimação para apresentação de justificativa/comprovação, já foram considerados como justificados e não foram objeto de lançamento, conforme a seguinte informação confirmada nos autos: 11/03/2005 – liberação de título – 36.000,00 (fl. 116) – justificativa aceita (fl. 135) 07/06/2005 – liberação de crédito – 39.000,00 (fl. 120) – justificativa aceita (fl. 140) . RESUMO Assim, restou acatada a comprovação PARCIAL dos depósitos bancários, correspondente à soma dos valores referentes ao “Tópico 1” (R$ 145.085,91 ) e “Tópico 2” (R$ 43.668,51), que resultaram na exclusão da base de cálculo do valor total de R$ 188.754,42. REVISÃO Assim, o presente processo de crédito foi lavrado com observância dos dispositivos normativos vigentes, mas foram apresentados motivos de fato que implicam na modificação do lançamento, com ajuste na dedução do desconto simplificado, conforme os seguintes demonstrativos: Base de cálculo (fl. 265) Mês Valor Lançamento Valor Acatado Julgamento Valor Resultante Julgamento Fl. 549DF CARF MF Processo nº 13161.720019/201055 Acórdão n.º 2201004.521 S2C2T1 Fl. 539 23 Jan 40.476,28 40.476,28 Fev 111.234,21 111.234,21 Mar 253.430,87 21 250.64 232.180,23 Abr 170.313,08 1.600.00 168.713,08 Mai 590.339,22 590.339,22 Jun 499.176,38 68.010.27 431.166,11 Jul 341.330,37 16.849,00 324.481,37 Ago 151.784,51 151 784,51 Set 249.872,82 52.000.00 197.872,82 Out 98.956,00 98.956,00 Nov 468.983,50 29.044,51 439.938,99 Dez 403.680,45 403.680,45 Total 3.379.577,69 188.754,42 3.190.823,27 CONCLUSÃO À luz dos autos e da razão demonstrada, VOTASE por julgar a IMPUGNAÇÃO PROCEDENTE EM PARTE e MANUTENÇÃO PARCIAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO no valor Principal de R$ 775.206,33 com os acréscimos legais cabíveis. Conclusão 07 Concordando com os termos da decisão de primeira instância administrativa, voto por conhecer e no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso Relator Fl. 550DF CARF MF 24 Fl. 551DF CARF MF
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