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Numero do processo: 10880.653306/2016-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2012 a 30/06/2012
NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO.
O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item - bem ou serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR).
NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. AGROINDÚSTRIA. PRODUÇÃO DE CANA, AÇÚCAR E DE ÁLCOOL.
A fase agrícola do processo produtivo de cana-de-açúcar que produz o açúcar e álcool (etanol) também pode ser levada em consideração para fins de apuração de créditos para a Contribuição em destaque. Precedentes deste CARF.
CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR. EMPRESA VENDEDORA QUE NÃO EXERCE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
O art. 8º da lei nº 10.925/04 prevê que a aquisição de mercadorias de origem vegetal destinados à alimentação humana dá direito a crédito presumido ao adquirente. O fato da empresa vendedora não desenvolver uma atividade agropecuária impede o respectivo creditamento.
SERVIÇO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS. PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR E ÁLCOOL.
O tratamento de resíduos é necessário para evitar danos ambientais decorrentes da colheita e da etapa industrial de produção de cana-de-açúcar e álcool.
NÃO CUMULATIVIDADE. MATERIAIS DE EMBALAGEM OU DE TRANSPORTE QUE NÃO SÃO ATIVÁVEIS. DIREITO AO CREDITAMENTO.
É considerado como insumo, para fins de creditamento das contribuições sociais, o material de embalagem ou de transporte desde que não sejam bens ativáveis, uma vez que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, já que garante que o produto final chegará ao seu destino com as características almejadas pelo comprador.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CAPATAZIA.
Os serviços de capatazia e estivas geram créditos de PIS, no regime não-cumulativo, como serviços de logística, respeitados os demais requisitos da Lei.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2012 a 30/06/2012
PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA.
Deve ser indeferido o pedido de perícia/diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo.
Numero da decisão: 3201-004.209
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade. A conselheira Tatiana Josefovicz Belisario acompanhou o relator, no ponto, pelas conclusões e ficou de apresentar declaração de voto. E, no mérito, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: I - Por unanimidade de votos: a) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (1) embalagens de transporte ("big-bag"); (2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; (5) itens diversos não identificados na EFD - Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; b) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, II - Por maioria de votos, reverter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. Vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (relator) e Leonardo Correia Lima Macedo que, no ponto, negavam provimento ao Recurso Voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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INSUMO Recorrente RAIZEN ENERGIA S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2012 a 30/06/2012 NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR). NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. AGROINDÚSTRIA. PRODUÇÃO DE CANA, AÇÚCAR E DE ÁLCOOL. A fase agrícola do processo produtivo de canadeaçúcar que produz o açúcar e álcool (etanol) também pode ser levada em consideração para fins de apuração de créditos para a Contribuição em destaque. Precedentes deste CARF. CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE CANADEAÇÚCAR. EMPRESA VENDEDORA QUE NÃO EXERCE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 8º da lei nº 10.925/04 prevê que a aquisição de mercadorias de origem vegetal destinados à alimentação humana dá direito a crédito presumido ao adquirente. O fato da empresa vendedora não desenvolver uma atividade agropecuária impede o respectivo creditamento. SERVIÇO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS. PRODUÇÃO DE CANA DEAÇÚCAR E ÁLCOOL. O tratamento de resíduos é necessário para evitar danos ambientais decorrentes da colheita e da etapa industrial de produção de canadeaçúcar e álcool. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 65 33 06 /2 01 6- 24 Fl. 606DF CARF MF 2 NÃO CUMULATIVIDADE. MATERIAIS DE EMBALAGEM OU DE TRANSPORTE QUE NÃO SÃO ATIVÁVEIS. DIREITO AO CREDITAMENTO. É considerado como insumo, para fins de creditamento das contribuições sociais, o material de embalagem ou de transporte desde que não sejam bens ativáveis, uma vez que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, já que garante que o produto final chegará ao seu destino com as características almejadas pelo comprador. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CAPATAZIA. Os serviços de capatazia e estivas geram créditos de PIS, no regime não cumulativo, como serviços de logística, respeitados os demais requisitos da Lei. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2012 a 30/06/2012 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. Deve ser indeferido o pedido de perícia/diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade. A conselheira Tatiana Josefovicz Belisario acompanhou o relator, no ponto, pelas conclusões e ficou de apresentar declaração de voto. E, no mérito, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: I Por unanimidade de votos: a) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (1) embalagens de transporte ("bigbag"); (2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; (5) itens diversos não identificados na EFD Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; b) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, II Por maioria de votos, reverter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. Vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (relator) e Leonardo Correia Lima Macedo que, no ponto, negavam provimento ao Recurso Voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. (assinado digitalmente) Fl. 607DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 3 3 Marcelo Giovani Vieira Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório A interessada apresentou pedido eletrônico de ressarcimento de créditos oriundos do PIS, apurado no 2º trimestre de 2012. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, passamos a transcrever o Relatório da decisão de primeira instância administrativa: Trata o presente Processo Administrativo Fiscal da análise do crédito demonstrado no PER/DCOMP com Demonstrativo de Crédito nº 33843.04825.221013.1.5.080622 referente a PIS/PASEP Não Cumulativo Exportação, 2º Trimestre de 2012, transmitido em 22/10/2013. Cabe observar que tal PER/DCOMP com Demonstrativo de Crédito possui Declarações de Compensação (DCOMP) a ele vinculadas. Anteriormente a essa ação em curso, foi realizada neste interessado a ação fiscal comandada pelo Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal TDPF n° 0816500.2015.01044, concluída em 04/11/2016 pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil Carlos Alberto de Toledo da DRF/Jundiaí, com emissão de Autos de Infração lançando contribuições devidas de PIS e COFINS não cumulativos, gerando o Processo Administrativo Fiscal nº 19311.720238/201645, impugnado pelo interessado e já julgado por esta 16ª Turma de Julgamento na qual foi proferido o Acórdão nº 1293.315 em 30 de outubro de 2017 por esta Turma de Julgamento. Naquele processo, em procedimento de fiscalização, a DRF/Jundiaí não aceitou, na apuração da empresa, a tomada de crédito sobre diversos gastos que entende não serem passíveis de creditamento. O entendimento da DRF/Jundiaí resultou em glosas nos créditos, que resultaram menores que os calculados e informados pela empresa em seus DACON e EFD Contribuições. Então, ainda naquele procedimento de fiscalização executado pela DRF/Jundiaí, os créditos reapurados de ofício após as glosas sofridas foram rateados conforme as suas formas passíveis de utilização. As parcelas desses créditos passíveis de serem utilizados somente para deduções das contribuições, ou seja, os “Créditos Vinculados à Receita Tributada no Mercado Interno” e os “Créditos Presumidos da Agroindústria” foram utilizados para a dedução do valor das Contribuições Apuradas pelo interessado, resultando, para maioria dos meses, em Fl. 608DF CARF MF 4 Contribuições a Pagar lançadas em Autos de Infração de PIS e COFINS com multa e juros. Já as parcelas desses mesmos créditos, reapurados de ofício pela DRF/Jundiaí, que são passíveis de ressarcimento/compensação, ou seja, os “Créditos Vinculados à Receita de Exportação” e os “Créditos Vinculados à Receita Não Tributada no Mercado Interno”, tiveram apenas os seus valores indicados para serem utilizados em procedimentos específicos de análise de PER/DCOMP por parte da DRF/Bauru. Está informado no item 10.1 do Termo de Verificação Fiscal dos Autos de Infração da DRF/Jundiaí, sob o TDPF n° 0816500.2015.01044 : "10.1 Os Pedidos de Ressarcimento do PIS e da Cofins e as Declarações de Compensação (PER/Dcomp) apresentados pelo contribuinte, relativos aos períodos fiscalizados, serão analisados em procedimento específico, a ser realizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Bauru SP. " Neste presente processo é tratado o procedimento específico de análise do pedido de ressarcimento/compensação de créditos de PIS/PASEP vinculados à Receita Não Tributada no Mercado Interno do 2º Trimestre de 2013. No procedimento deste presente processo, e nos demais procedimentos conexos, a DRF/Bauru subtraiu do pedido de ressarcimento/compensação do interessado, os valores de glosa determinados pela DRF/Jundiaí. Os valores de glosa determinados pela DRF/Jundiaí são os valores das “Glosas de Créditos Vinculados à Receita Não Tributada no Mercado Interno”, detalhadas mensalmente em linhas da planilha denominada “Demonstrativo Anexo ao Termo de Verifical Fiscal” às fls 906 a 925 do processo administrativo fiscal nº 19311.720238/201645, originado a partir da sua já citada ação fiscal comandada pelo TDPF n° 0816500.2015.01044. Assim, para esse período e tipo de crédito, do Valor de Crédito Pedido pelo interessado de R$ 894.706,30, a DRF/Bauru subtraiu o valor de glosa determinado pela DRF/Jundiaí no valor de R$ 587.456,11 e chegou ao Valor de Crédito Cofirmado no valor de R$ 307.250,19. O interessado se insurge através de Manifestação de Inconformidade, tempestiva, na qual pede o julgamento em conjunto desta Manifestação de Inconformidade com outras defesas apresentadas em Processos Administrativos conexos, oriundos do mesmo “TDPF” nº 0816500.2015.01044, manejado pela Fiscalização da DRF/Jundiaí, eis que conexos, uma vez que possuem idênticos: (i) quadro fático e discussão de direito (similitude de objetos creditórios / conceito de insumos para crédito de “PIS” e “COFINS” / depreciação de ativo imobilizado), e (ii) pedido e causa de pedir, apenas diferenciandose com relação aos trimestres dos anoscalendário de 2012 e 2013 e alternando as referidas Contribuições Sociais. Fl. 609DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 4 5 (omissis) Dessa forma, com base nos artigos 55, parágrafos 1º e 3º, 56 e 58, do Código de Processo Civil, e supedâneo no artigo 15, do mesmo Código e com o objetivo de evitar decisões conflitantes, bem como facilitar o trâmite processual e organização do julgamento desta “DRJ”, requer o processamento e julgamento da presente Manifestação de Inconformidade com as defesas dos demais Processos Administrativos acima indicados. O interessado, em sua Manifestação de Inconformidade, também apresenta síntese dos fatos. Reafirma que o presente processo que trata da negativa de reconhecimento integral do direito creditório que pleiteia decorre do resultado da já citada ação fiscal realizada pela DRF/Jundiaí. E que o próprio Termo de Verificação Fiscal – “TVF” do Despacho Decisório deste período, emitido pela DRF/Bauru, adota os termos e os montantes deferidos e indeferidos indicados no Termo de Verificação Fiscal da já citada ação fiscal realizada pela DRF/Jundiaí. Entretanto, o interessado, em sua Manifestação de Inconformidade, também alega que haveria diversas diferenças técnicas entre o procedimento de lançamento e constituição do crédito tributário por meio de Auto de Infração, como executado pela DRF/Jundiaí, e os procedimentos de cobrança de valores devidos decorrente das não homologações de Pedidos de Ressarcimento/Compensação, executados pela DRF/Bauru. E, mais adiante, em sua Manifestação de Inconformidade, o interessado repete as alegações de preliminar e de mérito que trouxe aos autos da já citada ação fiscal realizada pela DRF/Jundiaí, sob o processo administrativo fiscal nº 19311.720238/201645 e requer a homologação integral do direito creditório originalmente pleiteado. A 16ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade, proferindo o Acórdão DRJ/RJO n.º 1293.777, de 22/11//2017 (fls. 410 e ss.), assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2012 a 30/06/2012 JULGAMENTO EM CONJUNTO Devem ser julgados em conjunto processos conexos que possuem idênticos quadro fático e discussão de direito, e pedido e causa de pedir. APURAÇÃO DE CRÉDITO NÃO CUMULATIVO. GLOSAS. MATÉRIA JÁ APRECIADA EM PROCESSO ADMINISTRATIVO DIVERSO. Fl. 610DF CARF MF 6 Incabível nova apreciação de matéria já analisada em processo administrativo diverso, relativo aos mesmos fatos, ao mesmo período de apuração e ao mesmo tributo. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, recurso voluntário de fls. 489 e ss., por meio do qual repete, basicamente, os mesmos argumentos já delineados em sua manifestação de inconformidade. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A Recorrente apresentou vários pedidos de ressarcimento e, após analisálos, a unidade de origem promoveu lançamento do PIS/Cofins devidos nos períodos de apuração de 01/2012 a 12/2013 (processo administrativo nº 19311.720238/201645, ora também examinado), em face da escrituração de créditos indevidamente descontados na apuração. Deferido em parte o crédito e interposta manifestação de inconformidade, a DRJ julgoua parcialmente procedente, daí a interposição do recurso voluntário. Em síntese, a Recorrente, grosso modo, repete, no recurso voluntário, os mesmos argumentos já declinados na sua primeira peça de defesa. E pede o julgamento conjunto do presente processo com outros de seu interesse em que se debatem as mesmas matérias. É o que se fará nesta assentada. Preliminarmente, a Recorrente sustenta a nulidade do Despacho Decisório, ao argumento de carência de motivação e de que não haveria a necessária individualização das glosas de créditos. Não é o que se vê dos autos. No próprio Despacho Decisório, consta a orientação de que maiores informações sobre a análise dos créditos poderiam ser obtidas no sítio eletrônico da RFB: Para informações complementares da análise de crédito, detalhamento da compensação efetuada e identificação dos PER/DCOMP objeto da análise, verificação de valores devedores e emissão de DARF, consultar o endereço www.receita.fazenda.gov.br, menu "Onde Encontro", opção "PERDCOMP", item "PER/DCOMPDespacho Decisório". Base Legal: Lei nº 10.637, de 2002, Lei nº 10.865, de 2004, art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e o art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005. Art. 74 da Lei 9.430, de 1996. Art. 43 da IN RFB nº 1.300, de 2012. Fl. 611DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 5 7 Não fosse o bastante, como a própria Recorrente já indica, no bojo da mesma ação fiscal foram analisados vários outros processos de mesma natureza e efetuado um lançamento de PIS/Cofins integrado por Termo de Verificação Fiscal onde a mesma análise também foi depurada. Cabe ressaltar, ademais, que a eventual correção do Despacho Decisório (e também do lançamento) pelos órgãos que compõem o Contencioso Administrativa, mediante a reversão de créditos glosados pela fiscalização, não macula a decisão (ou mesmo o lançamento), senão que o conforma à legislação aplicável, considerada a jurisprudência administrativa e judicial. Rejeitada a preliminar de nulidade, passamos a reproduzir, pelos motivos já declinados, o nosso voto proferido no processo administrativo nº 19311.720238/201645, adotandoo, também aqui, como razão de decidir: Rejeitada a preliminar de nulidade, vemos que o litígio versa sobre o conceito de insumos para o efeito da apuração do PIS/Cofins não cumulativo, definição que, no entender do Superior Tribunal de Justiça STJ, em decisão proferida na sistemática dos recursos repetitivos (portanto, de observância aqui obrigatória, conforme art. 62 do RICARF/2015), deve atender aos critérios da essencialidade e da relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância do bem ou serviço na atividade econômica realizada pelo contribuinte (Recurso Especial nº 1.221.170/PR): TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de Fl. 612DF CARF MF 8 que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. No caso específico, a fiscalização aplicou o conceito mais restritivo ao conceito de insumos – aquele que se extrai dos atos normativos expedidos pela RFB. E aí glosou os seguintes créditos (consoante Termo de Verificação Fiscal): a) Desconto de créditos sobre embalagens de transporte (“big bag”); b) Desconto de créditos sobre serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); c) Desconto de créditos sobre materiais diversos aplicados na lavoura de cana; d) Desconto de créditos sobre serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; e) Desconto de créditos sobre serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária, cabendo neste caso ser ressaltado que a legislação prevê o creditamento das contribuições apenas somente sobre os dispêndios com armazenagem e fretes sobre vendas; f) Desconto de créditos sobre itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); g) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; h) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre o custo corrigido de máquinas, equipamentos, instalações, benfeitorias e edifícios, conforme registros contábeis nas contas 1030202002 – Máquinas e Equipamentos – Depreciação Acumulada, 1030214002 – Instalações – Depreciação Acumulada, 1030206002 – Benfeitorias – Depreciação Acumulada, 1030205002 – Edifícios – Depreciação Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 6 9 Acumulada, e 3040699007 – Depreciações – Custo Corrigido, o que contraria a vedação expressa contida no artigo 2º, § 1º da IN SRF nº 457, de 2004; i) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais, aeronaves e containeres utilizados em transporte de açúcar (tipo bigbag); j) Desconto de crédito presumido sobre aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica não agroindústria; k) Desconto de crédito presumido sobre o PIS e a Cofins apurados sobre a Receita de Vendas de Açucar não destinado à alimentação humana, mas sim à fabricação de bebidas e refrigerantes; l) Desconto de crédito presumido sobre valor superior ao PIS e à Cofins apurados sobre a Receita de Vendas de Açucar. Consideradas as razões que fundamentaram a impugnação, a DRJ baixou os autos em diligência, a fim de dirimir algumas dúvidas. Foram elas: I. Quanto ao item “H” – “NULIDADE PARCIAL– INEXISTÊNCIA DE REAVALIAÇÃO DOS ATIVOS” (fls. 981 a 988), considerando as alegações e documentos trazidos pela IMPUGNANTE, apresentar planilhas ou memórias de cálculo acompanhados de documentos que demonstrem que a IMPUGNANTE tenha reavaliado seus ativos e que tenha tomado crédito em relação a tais valores. Apresentar também a relação desses lançamentos com totalização, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa em relação a esse item “H”. II. Quanto ao item “I” – “DAS GLOSAS SOBRE ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO” (fls. 1041 a 1047), considerando as alegações e documentos trazidos pela IMPUGNANTE, apresentar planilhas ou memórias de cálculo, acompanhados de documentos que demonstrem que a IMPUGNANTE tenha se creditado sobre encargos de depreciação do ativo imobilizado sobre os bens citados no referido item “I”, em desacordo com a legislação de regência. Também apresentar a totalização dos valores desses lançamentos, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa em relação a esse item “I”. III. Por fim, dar ciência do resultado da diligência acima solicitada ao interessado, para que esse, se assim desejar, se manifeste sobre esta documentação no prazo de trinta dias, retornando, então, os autos a esta DRJ/RJO para julgamento. E no Relatório de Diligência Fiscal, a autoridade que a realizou prestou as seguintes informações: Quanto ao item I, esclarece a fiscalização que, muito embora os registros feitos pelo contribuinte de créditos do PIS e da Cofins sobre os valores escriturados na conta contábil 3040699007 com Fl. 614DF CARF MF 10 denominação “Depreciações Custo Corrigido”, as novas informações apresentadas na impugnação comprovam que, de fato, não ocorreu reavaliação do valor dos ativos. No entanto, essas mesmas informações mostram que parte dos bens que serviram de base de cálculo do PIS e da Cofins e que foram classificados como máquinas e equipamentos, na verdade tratamse de outros veículos ou seus componentes, tais como tratores, dollys, transbordos, carregadeiras, carrocerias, reboques e semireboques. Sendo assim, não podem compor a base de cálculo dos créditos sobre depreciação, por falta de previsão legal. Quanto ao item II, segue anexo demonstrativo com planilha do recálculo das diferenças do PIS e da Cofins devidas, consideradas as exclusões das glosas sobre a reavaliação de ativos e levando em conta a memória de cálculo da depreciação apresentada pelo contribuinte às fls. 1453/1481 destes autos. A DRJ, então, julgou parcialmente procedente a impugnação, nos termos seguintes: Manter integralmente as glosas relacionadas ao conceito de insumo nos itens “A” a “G” do Termo de Verificação Fiscal. Afastar a glosa relacionada à reavaliação de ativos no item “H” do Termo de Verificação Fiscal. Manter parcialmente a glosa relacionada aos encargos de depreciação do ativo imobilizado no item “I” do Termo de Verificação Fiscal, de acordo com os novos valores de glosa apresentados após a diligência (desconsiderados os valores inovados na diligência). Afastar integralmente todas as glosas efetuadas em relação aos créditos presumidos apurados pelo contribuinte nos itens “J” a “L” do Termo de Verificação Fiscal. Manter o critério adotado de não considerar o saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo. O recurso de ofício, esclareçamos melhor, teve por fundamentos as seguintes matérias, que totalizaram a exoneração de crédito em limite superior ao de alçada: a) a reversão de créditos do PIS/Cofins sobre os valores escriturados na conta contábil 3040699007 com denominação “Depreciações Custo Corrigido”, uma vez que as informações apresentadas na impugnação, e confirmadas na diligência, comprovam que não ocorreu a reavaliação do valor dos ativos; b) a manutenção parcial da glosa relacionada aos encargos de depreciação do ativo imobilizado no item “I” do Termo de Verificação Fiscal, de acordo com os novos valores de glosa apresentados após a diligência (foram desconsiderados os valores inovados na diligência, uma vez que a DRJ acertadamente entendeu que tal procedimento equivaleria a alterar o lançamento originário); Fl. 615DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 7 11 c) a reversão da glosa de créditos presumidos oriundos de aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica "não agroindustrial"; d) a reversão da glosa sobre crédito presumido oriundo de receita de vendas de açúcar não destinado à alimentação humana, mas à fabricação de bebidas e refrigerantes; e) a reversão sobre o desconto de crédito presumido superior ao PIS/Cofins apurados sobre a receita de vendas de açúcar. Os motivos da exoneração de parte do crédito foram muito bem enfrentados no acórdão recorrido, razão pela qual passamos a adotálos, também aqui, como fundamento desta decisão, mas a respeito dos quais faremos, ao final de sua transcrição, importante consideração, que, como se verá, nos levarão a adotar, no ponto a ser suscitado, entendimento dele divergente (todavia, transcreveremos na íntegra o voto, apenas quanto às matérias que levaram à exoneração de parte do crédito lançado, para que aos demais integrantes da Turma seja dado pleno conhecimento das controvérsias): DAS GLOSAS SOBRE REAVALIAÇÃO DOS ATIVOS Ítem “H” do Termo de Verificação Fiscal: Sobre essa glosa que a AUTORIDADE FISCAL chamou no Termo de Verificação Fiscal de “Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre o custo corrigido”, não haviam informações suficientes para afirmar que os valores glosados eram créditos apurados e descontados pela IMPUGNANTE sobre encargos de depreciação calculados sobre a reavaliação de seus ativos. A IMPUGNANTE contestou que não reavaliou seus ativos. Então, esta 16ª Turma de Julgamento converteu o julgamento em diligência a fim de que a unidade de origem apresentasse planilhas ou memórias de cálculo acompanhados de documentos que demonstrassem que a IMPUGNANTE tenha reavaliado seus ativos e que tenha tomado crédito em relação a tais valores e apresentar também a relação desses lançamentos com totalização, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa em relação a esse item “H”. A unidade de origem lavrou Termo de Intimação Fiscal (fls. 1371 a 1374), contra a IMPUGNANTE, que atendeu e apresentou os documentos solicitados. Então, a unidade de origem, a DRF/JundiaíSP, no Relatório de Diligência Fiscal (fls. 1482 a 1484), conclui e esclarece que, muito embora os registros feitos pelo contribuinte de créditos do PIS e da Cofins sobre os valores escriturados na conta contábil 3040699007 com denominação “Depreciações Custo Corrigido”, as novas informações apresentadas na impugnação comprovam que, de fato, não ocorreu reavaliação do valor dos ativos. Fl. 616DF CARF MF 12 Por esse motivo voto por afastar a glosa em relação a este item. (...) DAS GLOSAS SOBRE ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO Ítem “I” do Termo de Verificação Fiscal: Cabe analisar as glosas sobre encargos de depreciação do ativo imobilizado nos valores recalculados após a diligência. A unidade de origem, glosou créditos sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais, aeronaves e containeres utilizados em transporte de açúcar (tipo bigbag) por entender não que não estão listados nas hipóteses que a legislação permite o creditamento do PIS e da Cofins. A IMPUGNANTE contestou. Afirma que foram realizadas glosas sobre depreciação de ativos imobilizados que sequer se creditou. Como os documentos anexados aos autos não deixaram claro que essas glosas foram efetuadas apenas sobre os creditos de PIS e COFINS efetivamente apurados pela IMPUGNANTE sobre a depreciação dos seus ativos, foi determinado em resolução à unidade de origem, que essa apresentasse planilhas ou memórias de cálculo, acompanhados de documentos que demonstrem que a IMPUGNANTE tenha se creditado sobre encargos de depreciação do ativo imobilizado em desacordo com a legislação de regência e também apresentasse a totalização dos valores desses lançamentos, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa. De modo a atender o que lhe fora exigido por meio de Resolução desta 16ª Turma de Julgamento, a DRF/Jundiaí intimou a IMPUGNANTE a apresentar demonstrativo das bases de cálculo dos descontos de créditos do PIS e Cofins sobre o Imobilizado Então, tendo a IMPUGNANTE atendido a intimação, a AUTORIDADE FISCAL da unidade de origem substituiu a base de glosas anteriormente efetuadas pelo demonstrativo apresentado pela IMPUGNANTE na intimação fiscal. Nesse demonstrativo em forma de planilha (fl.1485), foram glosados os créditos de depreciação tomado em relação aos ítens listados como: veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e containers bigbag. A IMPUGNANTE afirma que em relação aos bens sobre os quais de fato tomou crédito relativos a sua depreciação, todos são essenciais ao desenvolvimento do seu processo produtivo diante da já demonstrada relevância da etapa agrícola no referido ciclo agroindustrial, e tendo em vista a disposição contida nos artigos 3º, parágrafo 1º, inciso III de ambas as Leis 10.637/02 e 10.833/03, imperativo o cancelamento dessas glosas . Art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002 e nº 10.833, de 2003: Fl. 617DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 8 13 Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: ... VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 21/11/2005) ... § 1º O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) ... III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; A discriminação dos bens para os quais foram apurados encargos de depreciação, constante do Auto de Infração – veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e containers bigbag, embora todos utilizados em algum processo da IMPUGNANTE, não são utilizados no processo industrial de fabricação de açúcar e álcool. Assim, por infringência ao dispositivo legal acima transcrito, corretas as glosas efetuadas. (...) DAS GLOSAS SOBRE CRÉDITOS PRESUMIDOS ORIUNDOS DE AQUISIÇÃO DE CANA DE AÇÚCAR DE PESSOA JURÍDICA ͞”NÃO AGROINDUSTRIAL” Item “J” do Termo de Verificação Fiscal. Conforme relatado, AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal, ítm “J” (fl.903) glosou o “Desconto de crédito presumido sobre aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica não agroindústria”, pois segundo seu entendimento, não poderiam ter sido apurados créditos de pessoas jurídicas não agroindustriais. Foram elaboradas pela AUTORIDADE FISCAL as planilhas, “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2012.xlsx” e “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2013.xlsx”, anexadas ao presente processo na forma de arquivos não pagináveis vinculados aos documentos nominados de “Termo de Anexação de Arquivo Não Paginável Plan de cálculo das glosas de créd. presumido 2012” e “Termo de Anexação de Arquivo Não Paginável Plan de cálculo das glosas créd. presumido 2013” (fls. 932 a 933). Nessas planilhas, a AUTORIDADE FISCAL apurou os totais mensais de PIS e Cofins apurados sobre os valores de compra de Fl. 618DF CARF MF 14 cana de açúcar da IMPUGNANTE, cujos fornecedores têm pelo menos um CNAE não relacionado à atividade agroindustrial. Esses totais mensais foram levados para os “Detalhamentos das diferenças de PIS e COFINS devidas apuradas pela fiscalização” no ‘Demonstrativo anexo ao Termo de Verificação Fiscal” (fls. 906 a 925), cujos valores servem de base para os lançamentos no Auto de Infração. Da forma como essa glosa foi sucintamente descrita no Termo de Verificação Fiscal e da forma como foi apurado o cálculo dessa glosa nas planilhas “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2012.xlsx” e “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2013.xlsx” bastou a presença de um CNAE não relacionado à atividade agroindustrial em um fornecedor de cana de açúcar para a AUTORIDADE FISCAL automaticamente considerar tal fornecedor “pessoa jurídica não agroindústria” e conseqüentemente glosar os créditos referentes às aquisições de cana de açúcar de fornecedores em tal situação. A IMPUGNANTE destaca que nada impede que as pessoas jurídicas que tenham as mais diversas atividades principais, exerçam, em caráter secundário, a atividade venda de canade açúcar caracterizandose como comercial agropecuária (ou agroindústria), permitindose tal creditamento. Conforme a Lei nº 10.925/2004, base legal citada pela AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e ..., destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos noinciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: ... III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) ... Cumpre ressaltar que em nenhum momento a AUTORIDADE FISCAL buscou afastar o direito ao crédito em razão de que tais operações não teriam sido relacionadas com a venda de canadeaçúcar, mas, sim, pelo simples fato de terem sido firmadas com pessoas jurídicas que não seriam agroindústrias. Fl. 619DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 9 15 Além de inexistente a restrição apontada pela AUTORIDADE FISCAL da DRF/Jundiaí, cabe verificar o método que adotou para tal glosa. Conforme amostragem realizada pela IMPUGNANTE as fls. 1054 e 1055 desse processo, as pessoas jurídicas, de cujas compras os créditos apurados foram glosados, são produtores de canadeaçúcar, conforme critério adotado AUTORIDADE FISCAL da DRF/Jundiaí: possuem pelo menos um CNAE em que consta tal atividade. Pesquisas feitas por amostragem nos sistemas internos da RFB a partir da relação das pessoas jurídicas, de cujas compras os créditos apurados foram glosados, também apontam possuir, além do CNAE relacionado pela AUTORIDADE FISCAL da DRF/Jundiaí, CNAE relacionado à atividade agroindustrial ou agropecuária. Além disso a informação que consta no CNAE não é por si só suficiente para caracterizar que a empresa não exerça atividade agropecuária. Errada, portanto, a acusação fiscal nessa questão, devendo ser cancelada essa glosa. (...) DA GLOSA SOBRE CRÉDITO PRESUMIDO ORIUNDO DE RECEITA DE VENDAS DE AÇÚCAR NÃO DESTINADO À ALIMENTAÇÃO HUMANA, MAS À FABRICAÇÃO DE BEBIDAS E REFRIGERANTES Item “K” do Termo de Verificação Fiscal. Conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal, pode ser descontado crédito presumido sobre as compras de cana de açúcar para a produção de açúcar destinado diretamente à alimentação humana e é glosado, conforme descrito no item “k)” desse termo, o desconto de crédito presumido sobre o PIS e a Cofins apurados sobre a Receita de Vendas de Açucar não destinado à alimentação humana, mas sim à fabricação de bebidas e refrigerantes. O crédito presumido condicionado a venda de açúcar é calculado sobre a aquisição dos insumos, como a cana de açúcar, destinados a sua produção. No Termo de Verificação Fiscal, é citada pela AUTORIDADE FISCAL, a Lei 10.925/2004, que em seu artigo 8º, passou a permitir apuração desse crédito em relação a aquisição de insumos de pessoa física, cooperado pessoa física e de pessoas jurídicas exercendo algumas condições. A possibilidade de desconto desses créditos está de forma mais clara no artigo 5º da IN 660/2006, também citado pela AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal: Fl. 620DF CARF MF 16 Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: (...) Nas “Plan de cálc glosas cred. Presumido 2012” e “Plan de cálc glosas cred. Presumido 2013” arquivos não pagináveis correspondentes aos seu respectivos Termos de Anexação de Arquivo Não Paginável, anexados às folhas 934 a 935 desse processo, são apresentadas as planilhas “Raizen vendas açucar para ind bebidas 2012.xlsx” e “Raizen vendas açucar para ind bebidas 2013.xlsx”. Nessas planilhas, a AUTORIDADE FISCAL, ao invés de calcular crédito presumido sobre o valor da cana de açúcar utilizada como insumos na fabricação de açúcar destinado à alimentação humana ou animal, calculou crédito sobre o valor de venda do açúcar a produtores de bebidas destinadas ao consumo humano. Mas não é sobre a venda de açúcar que esse crédito é calculado, na verdade, essa operação de venda apenas condiciona a tomada do crédito sobre a operação anterior de aquisição da cana. Também foram efetuadas glosas sobre os períodos entre agosto de 2013 e dezembro de 2013, hiato no qual a IMPUGNANTE sequer registrou créditos referentes a esse crédito presumido. Conforme os já mencionados artigo 8º da Lei 10.925/2004 e artigo 5º da IN 660/2006, esse crédito presumido é decorrente das compras de cana de açúcar para a produção de açúcar destinado à alimentação humana ou animal. Da forma como foi sucintamente descrita a glosa desse crédito no Termo de Verificação Fiscal, ainda que fosse calculada corretamente sobre as compras e não sobre as vendas, como de fato aconteceu, o açúcar vendido para as indústrias de bebidas e refrigerantes é destinado à alimentação humana. Errada, portanto, a acusação fiscal nessa questão, devendo ser cancelada essa glosa. (...) DO DESCONTO DE CRÉDITO PRESUMIDO SUPERIOR AO PIS E À COFINS APURADOS SOBRE A RECEITA DE VENDAS DE AÇÚCAR Ítem “L” do Termo de Verificação Fiscal: Conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal, o aproveitamento do crédito presumido sobre as compras de cana de açúcar para a produção de açúcar está limitado ao PIS e à Cofins apurados sobre as Receitas de Vendas de Açucar destinado à alimentação humana. Nesse item “L”, a AUTORIDADE FISCAL glosou a diferença entre o que ela entendeu ser os créditos presumidos apurados pela IMPUGNANTE na aquisição de cana de açúcar menos o que ele entendeu ser a contribuição (Pis ou Cofins) apurada pela Fl. 621DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 10 17 IMPUGNANTE sobre sua receita de venda de açúcar a partir das informações prestadas nos Dacon. O que a AUTORIDADE FISCAL entendeu ser a contribuição (Pis ou Cofins) apurada pela IMPUGNANTE sobre sua receita de venda de açúcar não foi especificamente contestada pela IMPUGNANTE. As somas mensais dessa contribuição sobre a receita de venda de açúcar com as somas mensais das contribuições sobre as demais receitas (como da receita de venda de álcool, de etanol, de melaço, etc.) estão de acordo com os totais mensais das contribuições apuradas conforme fichas 15B e 25B do Dacon. O que a AUTORIDADE FISCAL entendeu serem os créditos presumidos apurados pela IMPUGNANTE na aquisição de cana de açúcar foram os valores da linha 29 da Ficha 06A (Pis) e 16A (Cofins) do Dacon. Essa linha corresponde ao somatório dos créditos presumidos de atividades agroindustriais, incluídos os calculados sobre os insumos de origem animal, origem vegetal e os ajustes positivos e negativos de créditos. Pelas informações prestadas nos Dacons e pelos cálculos no Termo de Verificação Fiscal, a AUTORIDADE FISCAL entende como créditos presumidos apurados pela IMPUGNANTE na aquisição de cana de açúcar para a produção de açúcar os créditos presumidos calculados sobre os insumos de origem vegetal e os ajustes positivos de créditos. Entretanto, para a IMPUGNANTE os ajustes positivos de créditos correspondem aos créditos apurados sobre a venda de etanol no mercado interno, conforme expressa disposição contida no artigo 1º, da Lei n° 12.859/13, conversão da Medida Provisória n° 613/13. E, de fato, a IMPUGNANTE, coerentemente com sua impugnação, passou a apurar os créditos apurados sobre a venda de etanol e demonstrálos em seus Dacon somente a partir da publicação da referida medida provisória, em junho de 2013. No Termo de Verificação Fiscal, para fundamentar a glosa sobre o desconto de crédito presumido superior ao Pis e à Cofins apurados sobre a receita de vendas de açúcar, além de descrever os principais dispositivos legais em seu início, a AUTORIDADE FISCAL cita especificamente o trecho da ementa da Solução de Consulta nº 24, de 21 de janeiro de 2010, expedida pela Divisão de Tributação da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil da 9ª Região Fiscal, in verbis: (...) O crédito presumido antes mencionado somente pode ser utilizado para desconto dos valores devidos a título de Cofins resultantes da comercialização das mercadorias produzidas com os produtos in natura adquiridos, não podendo ser objeto de compensação com outros tributos ou de ressarcimento. A construção dessa Solução de Consulta nº 24/2010 da Disit da 9ª RF, foi feita a partir dos seguintes dispositivos legais: Lei nº 10.637/2002, art. 3o , Lei nº 10.833/2002, art. 3o; Lei nº 10.925/2004, art. 8o, caput, e §§ 1o e 4o; IN SRF nº 660/2006, Fl. 622DF CARF MF 18 art. 2o, I e IV, e § 1o; art. 3o, I, §§ 1o e 2o; art. 5o, I, “d”; e art. 6o, I. Quanto à utilização do crédito presumido pelas agroindústrias (item 16, fl.12, dessa SC), o caput do art. 8o da Lei nº 10.925, de 2004, citado tanto pela AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal, quanto pela citada Solução de Consulta referida acima, é claro em definir a utilização permitida para o crédito em questão: “deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração”. Tal imposição significa que do valor devido a título de PIS/Pasep e de Cofins, pela comercialização das mercadorias industrializadas com os produtos in natura adquiridos, a agroindústria poderá descontar o crédito presumido apurado. E a IN SRF nº 660, de 2004, citada no Termo de Verificação Fiscal, deixa o assunto bem evidenciado: Art.8º Até que sejam fixados os valores dos insumos de que trata o art. 7º, o crédito presumido da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins será apurado com base no seu custo de aquisição. [...]§3º O valor dos créditos apurados de acordo com este artigo: I não constitui receita bruta da pessoa jurídica agroindustrial, servindo somente para dedução do valor devido de cada contribuição; e II não poderá ser objeto de compensação com outros tributos ou de pedido de ressarcimento. §4º O crédito presumido deve ser apurado de forma segregada e seu saldo deve ser controlado durante todo o período de sua utilização. Assim, de acordo com a Lei nº 10.925/04 e com a IN 660/04, o crédito presumido da agroindústria não pode ser utilizado para compensação ou ressarcimento, pode apenas ser utilizado para dedução de cada contribuição. E caso não possa ser aproveitado para dedução de cada contribuição no período, seu saldo deve ser controlado segregadamente, até ser totalmente utilizado nos períodos seguintes. A AUTORIDADE FISCAL, diferentemente do disposto na Lei nº 10.925/04 na IN 660/04 e na Solução de Consulta nº 24/2010 da Disit da 9ª RF, para cada mês em que esse crédito presumido foi apurado em valor maior do que a contribuição apurada sobre a receita de venda de açúcar glosou a diferença a maior do valor do crédito. Esse crédito, apurado sobre a aquisição de cana de açúcar, não pode ser utilizado para compensação ou ressarcimento, mas pode ser utilizado para dedução da contribuição devida apurada em relação às mercadorias produzidas, não apenas sobre a contribuição devida sobre a receita de venda da mercadoria “açúcar”. E sobrando saldo, esse não deve ser glosado, esse saldo deve ser controlado e utilizado nos períodos seguintes. Errada, portanto, a acusação fiscal nessa questão, devendo ser cancelada essa glosa. Fl. 623DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 11 19 Discordamos, no entanto, quanto ao entendimento em relação aos créditos presumidos oriundos de aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica ͞"não agroindustrial". Não obstante admitidos no acórdão recorrido, ao fundamento de que o fato de a empresa vendedora não desenvolver atividade agropecuária não impediria o creditamento, uma vez não haver qualquer exigência legal no sentido de qualificar o vendedor dos bens que ensejariam o crédito presumido em tela, a verdade é que somente a aquisição da canadeaçúcar efetuada junto a pessoa jurídica ou cooperativa de produção que exerça atividade agropecuária dá direito à apuração e à dedução do crédito presumido de que trata o art. 8º da lei nº 10.925, de 2004. É o que se extrai da própria lei (inciso III do § 1º, supra), daí que, ao menos quanto a esta matéria, divergimos do voto acima reproduzido, para manter a glosa efetuada pela fiscalização, de sorte que ao recurso de ofício deve ser dado parcial provimento. Recentemente, nesta mesma Turma, assim também se decidiu: CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE CANADE AÇÚCAR. EMPRESA VENDEDORA QUE NÃO EXERCE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 8º da lei nº 10.925/04 prevê que a aquisição de mercadorias de origem vegetal destinados à alimentação humana dá direito a crédito presumido ao adquirente. O fato da empresa vendedora não desenvolver uma atividade agropecuária impede o respectivo creditamento. (Acórdão nº 3201004.161, de 28/08/2018) As matérias cuja apreciação remanesce no recurso voluntário são as seguintes: a) Desconto de créditos sobre embalagens de transporte (“big bag”); b) Desconto de créditos sobre serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); c) Desconto de créditos sobre materiais diversos aplicados na lavoura de cana; d) Desconto de créditos sobre serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; e) Desconto de créditos sobre serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária, cabendo neste caso ser ressaltado que a legislação prevê o creditamento das contribuições apenas somente sobre os dispêndios com armazenagem e fretes sobre vendas; f) Desconto de créditos sobre itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, Fl. 624DF CARF MF 20 parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); g) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; i) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais, aeronaves e containeres utilizados em transporte de açúcar (tipo bigbag). E, finalmente, como se demonstrará ao final, também discordamos das glosas de despesas com o tratamento de água, resíduos e análises laboratoriais. Conforme já expusemos noutros votos, os bens e serviços utilizados na fase agrícola, assim como a depreciação de tais bens, não ensejam, a nosso juízo, o creditamento de PIS/Cofins. É que, segundo o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, somente geram o direito ao crédito, no regime não cumulativo, os bens e serviços utilizados como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vejam: Art. 3oDo valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3odo art. 1odesta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1oe 1oA do art. 2odesta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata oart. 2oda Lei no10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 daTipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Fl. 625DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 12 21 Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços;(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção.(Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (g.n.) Notese que o dispositivo legal descreve de forma exaustiva todas as possibilidades de creditamento. Se se pretendesse abarcar todos as despesas realizadas para a obtenção da receita, não veríamos o elenco de hipóteses que vemos na norma. Ademais, consoante deixou cristalino o legislador na Exposição de Motivos da Medida Provisória – MP n.º 135, de 30/10/2003, posteriormente convertida na Lei n.º 10.833, de 2003, um dos principais motivos para o estabelecimento do regime não cumulativo na apuração do PIS e da Cofins foi combater a verticalização artificial das empresas, a fim de que as diversas etapas da fabricação de um produto ou da prestação de um serviço pudesse ser realizado por empresas diversas, de sorte a gerar condições para o crescimento da economia. 1 Admitir que, no cálculo dos créditos, se incluam os dispêndios na aquisição daqueles bens ou serviços só remotamente empregados na produção do produto final ou no serviço prestado – os chamados "insumos dos insumos" – é não apenas permitir o que o legislador pretendeu desestimular, mas é também legislar. 1 Exposição de Motivos da Medida Provisória – MP n.º 135, de 2003: 1.1. O principal objetivo das medidas ora propostas é o de estimular a eficiência econômica, gerando condições para um crescimento mais acelerado da economia brasileira nos próximos anos. Neste sentido, a instituição da Cofins nãocumulativa visa corrigir distorções relevantes decorrentes da cobrança cumulativa do tributo, como por exemplo a indução a uma verticalização artificial das empresas, em detrimento da distribuição da produção por um número maior de empresas mais eficientes – em particular empresas de pequeno e médio porte, que usualmente são mais intensivas em mão de obra. Fl. 626DF CARF MF 22 Afinal, os diplomas legais aqui referidos delimitaram os insumos àqueles bens e serviços utilizados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, é dizer, aqueles insumos efetivamente empregados no produto final do processo de industrialização ou no serviço prestado ao tomador, não aqueles bens ou serviços consumidos, pela próprio contribuinte, em etapas anteriores, aqueles, enfim, só remotamente empregados. No caso em tela, como já antecipamos, os créditos pretendidos pela Recorrente têm origem nos gastos realizados na produção da canadeaçúcar, ou seja, na fase agrícola, não na industrial (é só nesta fase que se pode permitir o creditamento com fundamento no inciso II do art. 3º). Considerando que tais despesas não foram utilizadas diretamente na fabricação dos produtos vendidos (v.g., nem por hipótese o defensivo agrícola por entrar na fabricação do açúcar, do álcool ou de subprodutos da indústria sucralcooleira), não se faz possível o creditamento. É como vem entendendo a 3ª Turma da CSRF. Exemplificativamente: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 29/02/2004 COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMOS. CRÉDITO. INSUMO DE INSUMO. IMPOSSIBILIDADE A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas PIS/COFINS informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre gastos com serviços de transporte de funcionários, combustíveis e lubrificantes para o maquinário agrícola e aquisições de adesivos, corretivos, cupinicidas, fertilizantes, herbicidas e inseticidas utilizados nas lavouras de canadeaçúcar. (Redator Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Acórdão nº 9303005.541, de 16/08/2017) Esse, contudo, não é, como todos sabemos, o entendimento dos demais integrantes desta Turma2, de modo que, somente por economia processual e apreço ao princípio da colegialidade, também passamos a adotar aqui aquele plasmado nos fundamentos que vimos de reproduzir. Assim, os gastos realizados na fase agrícola para o cultivo de canadeaçúcar a ser utilizado na produção do açúcar e do álcool também podem ser levados em consideração para fins de apuração de créditos para o PIS/Cofins. No caso aqui julgado, referemse aos seguintes itens (consoante alíneas acima): 2 PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO. Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de pertinência, emprego e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não cumulativas. (Rel. Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Acórdão nº 3201003.411, 02/02/2018) Fl. 627DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 13 23 b) Desconto de créditos sobre serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); c) Desconto de créditos sobre materiais diversos aplicados na lavoura de cana; d) Desconto de créditos sobre serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; f) Desconto de créditos sobre itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); g) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; i) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e containeres utilizados em transporte de açúcar (embora conste da alínea "i", na redação anteriormente transcrita, retiramos as aeronaves, porque, conforme ela própria assevera e consta de um dos demonstrativos que integram o acórdão recorrido, a Recorrente sobre elas nada se creditou). Há de se registrar, para melhor esclarecimento do que se trata, algumas observações a respeito dos itens relacionados na mesma alínea "i". Segundo a Recorrente, a) os veículos são aqueles utilizados na fase agrícola, como tratores e colheitadeiras, ônibus para transporte, dollys etc. (conta contábil 1030203002); b) os móveis e utensílios são materiais e equipamentos utilizados no processo produtivo da cana, bem como no seu acondicionamento, processamento e pesagens, tais como estufa, centrífuga, balança etc. (conta contábil 1030204002); c) as licenças e softwares são ativos tecnológicos aplicados no maquinário aplicados na lavoura (conta contábil 1030210002); d) as embarcações são utilizadas no transporte da cana entre a lavoura e a unidade produtora (conta contábil 1030212002). Tais informações, acompanhadas de registros fotográficos no recurso voluntário, em nenhum momento foram antes contraditadas pela fiscalização, quer por ocasião do lançamento, quer na diligência. Concordamos, todavia, com a glosa do crédito em relação aos serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária, pois, com efeito, a legislação não prevê o creditamento das contribuições sobre os serviços de capatazia (alínea "e", supra). Comunga do mesmo entendimento a 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF: PIS. SERVIÇOS DE CAPATAZIA E ESTIVAS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 628DF CARF MF 24 Os serviços de capatazia e estivas por não serem utilizados no processo produtivo, não geram créditos de PIS no regime não cumulativo, por absoluta falta de previsão legal. (Acórdão nº 9303004.383, de 08/11/2016) Prosseguindo, agora sobre os crédito tomados em relação às embalagens de transporte ("bigbag"), como é de todos conhecido, temos entendido — e recentemente também assim fizemos noutro processo envolvendo a mesma empresa — que se deve considerálas insumo, no regime não cumulativo de PIS/Cofins, pois destinadas à proteção ou ao acondicionamento do produto final no seu transporte. Conforme Acórdão nº 3201 004.164, de 28/08/2018: NÃO CUMULATIVIDADE. MATERIAIS DE EMBALAGEM OU DE TRANSPORTE QUE NÃO SÃO ATIVÁVEIS. DIREITO AO CREDITAMENTO. É considerado como insumo, para fins de creditamento das contribuições sociais, o material de embalagem ou de transporte desde que não sejam bens ativáveis, uma vez que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, já que garante que o produto final chegará ao seu destino com as características almejadas pelo comprador. Finalmente, cumpre registrar que os créditos tomados em relação aos gastos com o tratamento de água, de resíduos e com análises laboratoriais não foram expressamente citados no texto que encerra o Termo de Verificação Fiscal, mas consta das planilhas a ele e ao acórdão recorrido anexadas. Contudo, mesmo que os considerássemos não originalmente apreciados, se é entendimento dos demais conselheiros que compõem esta Turma que os gastos realizados na fase agrícola para o cultivo de canadeaçúcar podem ser considerados na apuração de créditos para o PIS/Cofins, não há razão para afastar a possibilidade de craditamento quanto os gastos com o tratamento de água (fase agrícola e industrial) e de resíduos (fase industrial) e análises laboratoriais (fase agrícola e industrial). Aliás, é cediço, constitui importante requisito para a produção de açúcar e álcool o tratamento de seus resíduos industriais e o seu constante monitoramento. E, por último, quanto ao não reconhecimento dos saldos de créditos de períodos anteriores, cumpre observar que, com efeito, conforme destacado na decisão recorrida, a consequência é o não aproveitamento dos mesmos saldos para a dedução de valores devidos em períodos subsequentes. Todavia, tais saldos ficam subordinados ao que aqui decidido, já que o entendimento será replicado nos processos a este conexos. O pedido de realização de nova diligência (ou de perícia) afigurase absolutamente desnecessário em face de tudo o que expusemos aqui e das informações já carreadas aos autos (art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972). Fl. 629DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 14 25 Ante o exposto, rejeito a preliminar de nulidade e NEGO PROVIMENTO ao Recurso de Ofício. E DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para: (i) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (i.1) embalagens de transporte (“bigbag”); (i.2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (i.3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (i.4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; (i.5) itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (i.6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (i.7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (i.8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; (ii) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, (iii) manter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para: (i) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (i.1) embalagens de transporte (“bigbag”); (i.2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (i.3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (i.4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; Fl. 630DF CARF MF 26 (i.5) itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (i.6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (i.7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (i.8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; (ii) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, (iii) manter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 631DF CARF MF Processo nº 10880.653306/201624 Acórdão n.º 3201004.209 S3C2T1 Fl. 15 27 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Redator Designado O presidente incumbiume de redigir o acórdão na parte pertinente aos gastos de capatazia e estiva. Os gastos com logística, na operação de aquisição de insumos, geram direito a crédito por comporem o conceito contábil de custo de aquisição de mercadoria3. Os gastos logísticos para movimentação de insumos, internamente ou entre estabelecimentos da mesma empresa, inseremse no contexto de produção do bem, porque inerentes e relevantes ao respectivo processo produtivo. Desse modo, devem gerar direito de crédito, na esteira do Resp 1.221.170/PR, que tramitou sob o regime dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), e que vincula o Carf (art. 62, §2º, do Anexo II do Regimento Interno). No caso dos gastos logísticos na venda, entendo que estão abrangidos pela expressão “armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda”, conforme consta no inciso IX do artigo 3º das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002. Entendo que são termos cuja semântica abrange a movimentação das cargas na operação de venda. Assim, tais dispêndios logísticos estão inseridos no direito de crédito, respeitados os demais requisitos da Lei, como, por exemplo, que o serviço seja feito por pessoas jurídicas tributadas pelo Pis e Cofins. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira, Redator Designado. 3 11. O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis perante o fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.273/10) Fl. 632DF CARF MF 28 Declaração de Voto Conselheiro Tatiana Josefovicz Belisário. A presente declaração de voto tem por objetivo externar o posicionamento pelo qual acompanhei o Relator "pelas conclusões" relativamente à preliminar de nulidade suscitada pelo contribuinte. Em seu Recurso Voluntário o contribuinte demonstra que a Fiscalização, ao efetuar a lavratura do Auto de Infração, deixou de individualizar as glosas realizadas, deixando, inclusive, de lavrar Termo de Verificação Fiscal próprio, fazendo simples remissão a TVFs de períodos de apuração diversos. Além disso, deixou de indicar a espécie dos créditos glosados (crédito de insumos ou créditos presumidos). Ao assim proceder, a Fiscalização imputou à Recorrente excessivo ônus de defesa que, ainda que cumprido adequadamente pelo contribuinte, não afasta o excesso fiscal, passível de reconhecimento de nulidade do procedimento. Não obstante ao exposto, há que se considerar que, na hipótese dos autos, o mérito da demanda foi resolvido de modo favorável ao contribuinte, incorrendose em hipótese típica de aplicação do §3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Desse modo, externo meu posicionamento não pela improcedência da preliminar de mérito, mas, sim, pela possibilidade de sua superação, no presente julgamento, nos exatos termos do §3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/72. (assinado digitalmente) Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 633DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.907341/2008-15
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1999
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO.
A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72.
Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazê-lo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 1001-000.891
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto. Votou pelas conclusões o conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues.
(Assinado Digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1999 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72. Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazê-lo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1999 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72. Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazêlo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto. Votou pelas conclusões o conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 73 41 /2 00 8- 15 Fl. 364DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Declaração de Compensação (PERDCOMP) 19777.43656.181104.1.7.040611 (efls. 12/15), de 24/09/2004, através da qual o contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com créditos decorrentes de pagamentos supostamente indevidos (IRPJ 2089, PA: 31/03/2000). O pedido foi indeferido, conforme Despacho Decisório 775490457 (efl. 11), que analisou as informações e averbou que o pagamento foi integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo disponível suficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, a qual foi analisada pela Delegacia de Julgamento (Acórdão 0225.958 4ª Turma da DRJ/BHE, efls. 27/32). Assim dispôs em relatório aquela decisão de primeira instância: Ciente em 30 de julho de 2008, conforme aviso de recebimento de fls. 15, a interessada apresentou, em 28 de agosto de 2008, a manifestação de inconformidade de fl. 1, alegando tão somente que “os débitos apresentados fiaram compensados com recolhimentos a maior calculados com base de cálculo de 32% sendo a correta 8%. Por um lapso somente no dia 04/08/2008 foram transmitidas as DCTF 's retificadoras.” Para instrução dos autos, foram juntados os seguintes documentos: Declaração de Compensação n° 19777.43656.181104.1.7.040611 (fls. 08/10) e cópia do recibo de entrega de Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTFS, correspondentes aos quatro trimestres de 1999, recepcionadas em 04/08/2008 (fls. 11/14). É o relatório. A mesma decisão de primeira instância julgou a manifestação de inconformidade improcedente, por entender que o contribuinte não trouxe aos autos as provas contábeis que comprovassem a disponibilidade integral do crédito. Adicionalmente a decisão recorrida dispôs que os valores pagos correspondem aos débitos (PA: 4° trimestre de 1999) confessados na DCTF válida entregue em 26/04/2004: (...) Embora tenha informado na DCTF n° 31985265 o débito de IRPJ no valor de R$ 3.754,59 para o primeiro trimestre de 2000, na DCTF n° 81816343, apresentada na mesma data da transmissão da DCOMP l9777.43656.181104.l.7.040611, a contribuinte declarou que o IRPJ apurado para o primeiro trimestre de 2000 seria pago em três cotas de R$ 5.350,10 (docs. fls. 17/19, ora juntados). Para esse período, de acordo com a tela do Sina106 (fls. 20), sob o código 2089, foram efetuados três pagamentos, em 28/04/2000, 31/05/2000 e 28/06/2000, sendo aquele efetuado em 28/04/2000 o pagamento relativamente ao qual a impugnante pleiteia o direito creditório. (...) Como visto, de acordo com o art. 16, III e § 4°, do Decreto 70.235, de 6 de março de 1972, cabe à impugnante o ônus da prova. Caso não o faça, como é a situação aqui tratada, não há Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10680.907341/200815 Acórdão n.º 1001000.891 S1C0T1 Fl. 365 3 como considerar indevido o pagamento no valor de R$ 6.752,09, efetuado em 30/09/1999. Por tudo que dos autos consta, não há provas de que a contribuinte faz jus ao direito creditório que pleiteia. Cientificada da decisão de primeira instância em 25/05/2010 (efl. 34) a Interessada interpôs recurso voluntário, protocolado em 24/06/2010 (efl. 38), em que repete o argumento de que os recolhimentos a maior teriam sido calculados considerando uma base de cálculo de 32% sendo a correta 8%. Adiciona que na decisão recorrida sustentase: “Para justificar o erro, a contribuinte sequer menciona as atividades que exerce, e em que proporção em relação ao total as receitas correspondentes a essas atividades teriam sido auferidas”, o que facultaria a juntada de novos documentos a fim de contrapor os fatos sustentados. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator O recurso ao CARF é tempestivo, e portanto dele conheço. Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo (art. 74 da lei 9.430/96), fazendose necessário verificar a exatidão das informações referentes ao crédito alegado e confrontar com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual o tributo devido no período de apuração e comparálo ao pagamento declarado e comprovado. Observo que a DIPJ tem caráter meramente informativo, constituindose apenas num demonstrativo da apuração da base de cálculo, do imposto devido, e dos saldos a pagar ou a restituir de imposto, passível de verificação. Como a DCTF retificadora entregue em 26/04/2004, a que faz alusão a contribuinte, declara como valor do IRPJ a pagar o mesmo contido no DARF referido na PERDCOMP em questão, não restou o crédito a ser compensado que embasa este recurso. Nesse sentido o pedido de restituição de crédito (considerando uma base de cálculo de 8% sendo incorreta a de 32%) não foi acompanhado dos atributos necessários de liquidez e certeza (e que contrariasse a DCTF referida acima), os quais são imprescindíveis para reconhecimento pela autoridade administrativa de crédito junto à Fazenda Pública, sob pena de haver reconhecimento de direito creditório incerto, contrário, portanto, ao disposto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Neste sentido, com base no artigo art. 170 do CTN e art. 74 da lei 9.430/96 o pedido de restituição/compensação cujo crédito não foi comprovado deve ser indeferido. No mesmo sentido, assim ficou consolidado no Parecer COSIT n. 2/2015: As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Fl. 366DF CARF MF 4 Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário.(Destaquei) Observo que no caso em apreciação nesta segunda instância o recorrente tenta sanar sua omissão quanto à apresentação de documentos contábeis que comprovariam, segundo alega, seu crédito. Mas conforme disposto nos artigos 16 e 17 do Decreto nº 70.235/1972, não se pode apreciar as provas que no processo administrativo o contribuinte se absteve de apresentar na impugnação/manifestação de inconformidade, pois operase o fenômeno da preclusão. O texto legal está assim redigido: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10680.907341/200815 Acórdão n.º 1001000.891 S1C0T1 Fl. 366 5 § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Assim, no caso em tela, o efeito legal da omissão do Sujeito Passivo, por não trazer na manifestação de inconformidade e/ou antes da decisão de primeiro grau todos os argumentos contra a não homologação do pedido de compensação e juntar os documentos contábeis hábeis a comprovar a liquidez e certeza do crédito pretendido compensar, é a preclusão, impossibilidade de o fazer em outro momento. Neste sentido, e em caso que se referia também à compensação de alegados créditos fiscais, assim decidiu a 3ª Turma da CSRF, no Acórdão nº 9303006.241: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º da Instrução Normativa da RFB nº 1.300/2012. Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazêlo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 368DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.923906/2010-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
DIREITO CREDITÓRIO. SALDO NEGATIVO DO IMPOSTO. DCOMP.
Restando comprovado, mediante diligência fiscal, que a fonte pagadora efetuou a retenção do imposto de renda na fonte acerca dos rendimentos de juros sobre o capital próprio pagos e que procedeu quitação do respectivo IRRF via compensação direta na escrituração contábil, conforme legislação de regência da época, e restando comprovado nos autos que a inexatidão quanto ao período-base de escrituração de receita - inobservância do regime de competência - não gerou postergação do pagamento do imposto para exercício posterior ou redução indevida do lucro real em qualquer período-base (regularização em período posterior, contabilmente, por ajuste de exercícios ou períodos anteriores), defere-se o crédito pleiteado - saldo negativo do imposto - utilizado nas DCOMP objeto dos autos.
Numero da decisão: 1301-003.454
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário e determinar que cópia do presente Acórdão seja juntada ao processo nº 13807.003567/2002-74.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto- Presidente.
(assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Carlos Augusto Daniel Neto, Roberto Silva Junior e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausente justificadamente a conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: NELSO KICHEL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2001 DIREITO CREDITÓRIO. SALDO NEGATIVO DO IMPOSTO. DCOMP. Restando comprovado, mediante diligência fiscal, que a fonte pagadora efetuou a retenção do imposto de renda na fonte acerca dos rendimentos de juros sobre o capital próprio pagos e que procedeu quitação do respectivo IRRF via compensação direta na escrituração contábil, conforme legislação de regência da época, e restando comprovado nos autos que a inexatidão quanto ao período-base de escrituração de receita - inobservância do regime de competência - não gerou postergação do pagamento do imposto para exercício posterior ou redução indevida do lucro real em qualquer período-base (regularização em período posterior, contabilmente, por ajuste de exercícios ou períodos anteriores), defere-se o crédito pleiteado - saldo negativo do imposto - utilizado nas DCOMP objeto dos autos.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 27; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1688; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 603 1 602 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.923906/201070 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301003.454 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de outubro de 2018 Matéria DCOMP Recorrente AES TRANSGAS E EMPREENDIMENTOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 DIREITO CREDITÓRIO. SALDO NEGATIVO DO IMPOSTO. DCOMP. Restando comprovado, mediante diligência fiscal, que a fonte pagadora efetuou a retenção do imposto de renda na fonte acerca dos rendimentos de juros sobre o capital próprio pagos e que procedeu quitação do respectivo IRRF via compensação direta na escrituração contábil, conforme legislação de regência da época, e restando comprovado nos autos que a inexatidão quanto ao períodobase de escrituração de receita inobservância do regime de competência não gerou postergação do pagamento do imposto para exercício posterior ou redução indevida do lucro real em qualquer período base (regularização em período posterior, contabilmente, por ajuste de exercícios ou períodos anteriores), deferese o crédito pleiteado saldo negativo do imposto utilizado nas DCOMP objeto dos autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário e determinar que cópia do presente Acórdão seja juntada ao processo nº 13807.003567/200274. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 39 06 /2 01 0- 70 Fl. 603DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 604 2 (assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Carlos Augusto Daniel Neto, Roberto Silva Junior e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausente justificadamente a conselheira Bianca Felícia Rothschild. Fl. 604DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 605 3 Relatório Tratase do Recurso Voluntário, de 03/05/2011 (efls. 166/177), em face do Acórdão da 3ª Turma da DRJ/São Paulo I, sessão de 28/02/2011 (efls. 150/163), que julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, ao não reconhecer o direito creditório pleiteado na DCOMP. Obs: Em 31/10/2006, a interessada TRANSGAS foi incorporada pela COMPANHIA BRASILIANA DE ENERGIA. Quantos aos fatos, consta dos autos: que a contribuinte, mediante programa gerador PER/DCOMP, transmitiu pela internet 09 (nove) DCOMP, informando compensação tributária sob condição resolutória de débitos com saldo negativo do IRPJ do anocalendário 2001, valor R$ 7.571.249,69, conforme demonstrativo abaixo: DCOMP DATA TRANSMISSÃO DÉBITOS CONFESSADOS (R$) CRÉDITO UTILIZADO R$ 7.571.249,69 Saldo Negativo IRPJ, AC 2001 (valor original) Localização no autos (fls.) 00516.10700.300106.1.3.02 7741 30/01/2006 a) IRPJEstim. Mensal, cod. receita 5993, R$ 75.306,53 (V.Original) PA 12/2005 Venc.31/01/2006 b) CSLLEstim. Mensal, cód. receita 2484, R$ 27.830,35 (v. original) PA 12/2005 Venc. 31/01/2006 R$ 59.782,56 02/04 30306.82264.060306.1.3.02 0565 06/03/2006 Contrib. Sociais, código de receita 5952, PA 2ª quinzena janeiro/2006 Venc. 15/02/2006 R$ 269,97 (251,68+ 15,78+2,51) R$ 154,19 05/06 17226.94182.210606.1.3.02 3939 21/06/2006 a) IRPJ Est. Mensal, Cód. receita 5993, PA maio/2006, venc. 30/06/2006 R$ 53.328,65 b) CSLL Est. Mensal, cód. receita 2484, PA maio/2006, venc. 30/06/2006 R$ 19.918,32 R$ 40.947,55 07/08 16206.14337.300506.1.3.02 0066 30/05/2006 a) IRPJ Est. Mensal, Cód. receita 5993, PA abril/2006, venc. 31/05/2006 R$ 43.558,11 R$ 33.607.56 09/10 Fl. 605DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 606 4 b) CSLL Est. Mensal, cód. receita 2484, PA abril/2006, venc. 31/05/2006 R$ 16.328,92 24745.94191.220206.1.3.02 6908 22/02/2006 a) IRPJ Est. Mensal, Cód. receita 5993, PA jan/2006, venc. 24/02/2006 R$ 51.992,78 b) CSLL Est. Mensal, cód. receita 2484, PA jan/2006, venc. 24/02/2006 R$ 19.437,40 R$ 41.063,63 11/12 16021.17279.280406.1.3.02 0131 28/04/2006 a) IRPJ Est. Mensal, Cód. receita 5993, PA março/2006, venc. 28/04/2006 R$ 42.036,98 b) CSLL Est. Mensal, cód. receita 2484, PA março/2006, venc. 28/04/2006 R$ 15.853,31 R$ 32.785,32 13/14 02386.56880.310106.1.3.02 4185 31/01/2006 a) Cofins, código receita 2172, PA Ago/2001, venc. 14/09/2001 R$ 588,53 (299,01+59,80+229,72) b) PIS, código receita 28109, PA Dez/2001, venc. 15/01/2002 R$ 51.457,12 (26,634,17+5.326,83+18.907,59) R$ 29.826,76 15/16 12273.49211.300306.1.3.02 7447 30/03/2006 a) IRPJ Est. Mensal, Cód. receita 5993, PA fev/2006, venc. 31/03/2006 R$ 46.477,49 b) CSLL Est. Mensal, cód. receita 2484, PA fev/2006, venc. 31/03/2006 R$ 17.595,90 R$ 36.823,00 17/18 14197.66723.240409.1.3.02 0696 24/04/2009 IRPJ Ajuste Anual, Código de receita 2430, PA AC 2005, vencimento 31/01/2006, R$ 15.575.237,31 (11.143.052,14 +0,00+ 4.422.185,17) Débito controlado processo nº 11610.012639/200670 R$ 7.326.075,87 19/20 TOTAL R$ 7.571.249,69 Obs: O saldo negativo do IRPJ do anocalendário 2001, valor R$ 7.571.249,69 (valor original) formado por aproveitamento de IRRF sobre Juros sobre Capital Próprio JSCP. Fonte Pagadora, CNPJ: 61.695.227/000193, código de receita 5706, valor do IRRF R$ 7.571.249,69. que, em 07/06/2010, a DERAT/São Paulo não reconheceu o crédito pleiteado e não homologou as compensações informadas, por inexistência do saldo negativo do IRPJ do anocalendário 2001 (retenção do imposto na fonte não comprovada), conforme Despacho Decisório (efls. 21/27) cuja fundamentação transcrevo: Fl. 606DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 607 5 (...) 3FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado e considerando que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação do imposto devido e a apuração do saldo negativo, verificouse: (...). Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$ 7.571.249,69 Valor na DIPJ: R$ 7.571.249,69 (...) Valor do saldo negativo disponível: R$ 0,00 Diante do exposto: NÃO HOMOLOGO a compensação declarada no(s) seguinte(s) PER/DCOMP: 00516.10700.300106.1.3.027741 02386.56880.310106.1.3.024185 24745.94191.220206.1.3.026908 30306.82264.060306.1.3.020565 12273.49211.300306.1.3.027447 16021.17279.280406.1.3.020131 16206.14337.300506.1.3.020066 17226.94182.210606.1.3.023939 14197.66723.240409.1.3.020696 INDEFIRO o pedido de restituição/ressarcimento apresentado no(s) PER/DCOMP: 18573.41725.140507.1.6.020104 (...) Enquadramento Legal: Art. 168 da Lei no 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). Inciso II do Parágrafo 1 0 do art. 60 da Lei 9.430, de1996. Art. 40 da IN RFB 900, de 2008. Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (...) Detalhamento do Crédito Análise das Parcelas de Crédito Fl. 607DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 608 6 Imposto de Renda Retido na Fonte Parcelas Confirmadas Parcialmente ou Não Confirmadas CNPJ da Fonte Pagadora Código de Receita Valor PER/DCOMP Valor Confirmado Valor Não Confirmado Justificativa 61.695.227/0001 93 5706 7.571.249,69 0,00 7.571.249,69 Retenção na fonte não comprovada Total 7.571.249,69 0,00 7.571.249,69 (...) Ciente desse despacho decisório em 11/06/2010 sextafeira (efl. 28), a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 13/07/2010 terçafeira (efls. 29/36), cujas razões, no que pertinente, transcrevo: (...) 2.2. Por ocasião do crédito do JCP, a ELETROPAULO reteve na fonte o valor do Imposto de Renda (IRF) incidente, a alíquota de 15% (quinze por cento), nos termos do art. 15, § 2º , da Lei no 9.249, de 26.12.1995: (...) 2.3. Em razão da sua participação acionária na ELETROPAULO, a AES TRANSGAS EMPREENDIMENTOS S/A. (TRANSGAS), empresa tributada com base no lucro real, auferiu rendimentos de JCP, relativos ao anocalendário de 2001, no valor liquido de R$ 42.903.748,26 (quarenta e dois milhões, novecentos e três mil, setecentos e quarenta e oito reais e vinte e seis centavos), isto é, o rendimento bruto de R$ 50.474.997,95 (cinquenta milhões, quatrocentos e setenta e quatro mil, novecentos e noventa e sete reais e noventa e cinco centavos), descontado o IRF, no valor de R$ 7.571.249,69 (sete milhões, quinhentos e setenta e um mil, duzentos e quarenta e nove reais e sessenta e nove centavos), conforme Ficha 43 da DIPJ 2002 (DOC. 03). 2.4. Ao apurar o lucro real e a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro (CSL) relativa ao anocalendário de 2001 (exercício de 2002), a TRANSGAS apurou prejuízo fiscal no valor de R$ 252.152.522,02 (duzentos e cinquenta e dois milhões, cento e cinquenta e dois mil, quinhentos e vinte e dois reais e dois centavos), conforme ficha 9A da DIPJ 2002 (DOC. 03). 2.5. Por ocasião da retenção do Imposto de Renda na fonte pela ELETROPAULO no crédito dos JCP, a TRANSGAS registrou saldo negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) no valor de R$ 7.571.249,69, conforme ficha 12A da DIPJ 2002 (DOC. 03). Fl. 608DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 609 7 2.6. Em 31/10/2006, a TRANSGAS foi incorporada pela INTERESSADA, que a sucedeu em todos os direitos e obrigações, inclusive em relação aos créditos de natureza tributária. 2.7. Nesse contexto, durante o anocalendário de 2006 e em 24.04.2009, a INTERESSADA apresentou à Receita Federal DCOMP para compensar débitos de tributos federais administrados pela Receita Federal com créditos de saldo negativo relativos ao anocalendário de 2001. 2.8. A Divisão de Orientação e Análise Tributária (DIORT) da Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Paulo (DRF/SP), por meio de Despacho Decisório em epígrafe, não homologou a referida DCOMP, (...). 2.9. Como visto, a única razão que levou a DRF/SP a não homologar a DCOMP foi o fato de o sistema da Receita Federal não ter identificado o valor do IRF retido pela Eletropaulo incidente sobre o crédito de JCP em favor da INTERESSADA. (...) 3.17. No entanto, como visto acima, em virtude de o imposto ter sido retido no crédito dos JCP, o Fisco não poderia desconsiderar que o respectivo montante (ou seja, correspondente ao IRF retido) configuraria, para a INTERESSADA, crédito para compensação futura, e, ainda, que, se tal compensação já tivesse sido realizada, nenhuma glosa poderia ser imposta à INTERESSADA. 3.18. Conforme demonstrado, a jurisprudência, bem como o próprio Fisco (por meio de sua COSIT), reconhecem expressamente que, havendo a fonte pagadora efetuado a retenção do IRF, é assegurado ao beneficiário dos rendimentos o direito à compensação do valor retido, quando da apuração de seu imposto de renda (devido em base anual ou trimestral, conforme o caso). (...) 4.1. Pelo exposto, a INTERESSADA pede que seja reformado o Despacho Decisório recorrido, para que seja reconhecida a extinção dos débitos objeto da DCOMP, em razão da comprovação da origem do crédito informado na DCOMP e do direito à sua utilização pela INTERESSADA. (...) Na sessão de 28/02/2011, a 3ª Turma da DRJ/São Paulo I julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, ao não reconhecer o crédito pleiteado e ao não homologar as compensações informadas ao Fisco, conforme Acórdão (efls. 150/163), cuja ementa, dispositivo e voto, no que pertinente, transcrevo, in verbis: (...) Fl. 609DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 610 8 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. IRRF. COMPROVAÇÃO. INFORME DE RENDIMENTOS. O Saldo Negativo, originado de Imposto de Renda Retido na Fonte sobre quaisquer rendimentos, somente poderá ser compensado quando devidamente declarado em DIRF, com a comprovação da sua retenção, cabendo ao interessado fazer prova do seu direito, com a apresentação do comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora das receitas, sendo a DIRF e outros elementos de prova necessários a corroborar sua autenticidade. SALDO NEGATIVO. IRRF. DEDUTIBILIDADE. OFERECIMENTO DAS RECEITAS. O oferecimento à tributação de receitas auferidas é requisito de dedutibilidade do IRRF na determinação do imposto a pagar. A não comprovação implica na impossibilidade de sua utilização na compensação desejada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Acórdão Acordam os membros da 3ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Contribuinte, nos termos do voto do Relator. (...) Voto (...) Inicialmente, devemos deixar assentado que o motivo da não homologação das DCOMPs e do indeferimento da restituição pleiteados pelo Contribuinte foi a "Retenção na fonte não comprovada". De fato, como a seguir veremos, não é possível homologar compensações ou restituir um tributo apenas com a declaração, pelo interessado, de que houve imposto retido na fonte. Uma vez que não foi verificada a retenção do valor retido e declarado pelo Contribuinte na DIPJ e na DCOMP, caberia a ele Contribuinte fazer a prova dessa retenção. (...) O valor de IRRF retido não foi verificado pelos sistemas da Receita Federal. Ao contrário do que alega a Interessada, constatada pela Autoridade Administrativa a não existência de Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 611 9 parte ou da totalidade do credito, é dever da parte interessada comprovar o direito alegado, negado no despacho decisório ora combatido. O art. 333 do Código de Processual Civil assim dispõe (atual 373, I, do novo CPC): "Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; (...)". (...) No tocante ao IRRF, é necessária a apresentação do informe de rendimentos pelo Contribuinte. Para isso, há norma especifica prevendo a necessidade da exigência dos comprovantes de retenção emitidos em nome do contribuinte pela fonte pagadora dos rendimentos, para fins de compensação na declaração de rendimentos da pessoa jurídica. O art. 55 da Lei nº 7.450/1985, assim determina: "Art. 55. O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado na declaração de pessoa física ou jurídica, se o contribuinte possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos." (destaquei) (...) No presente caso, não foi confirmada a retenção, a Interessada não apresentou o comprovante de rendimentos, assim, não é possível aceitar a defesa apresentada e a tese por ela defendida. No caso em questão, ainda que tivesse sido comprovada a retenção (reiterese que isso não foi feito), haveria outra questão impeditiva ao reconhecimento do crédito pleiteado. Conforme pode ser verificado à fl. 135 dos autos, na Ficha 06A, Linha 23 — RECEITAS DE JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO, da DIPJ 2002, AC 2001, a respectiva receita auferida pelo Contribuinte, cujo imposto de renda na fonte não está comprovado, não foi oferecida à tributação, conforme exige a lei. O oferecimento das receitas é requisito de dedutibilidade do IRRF na determinação do imposto a pagar, conforme apontou o próprio despacho decisório, assim dispondo o art. 231 do RIR/1999: Art. 231. Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor (Lei n° 9.430, de 1996, art. 2°, § 4°): (...) Fl. 611DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 612 10 III do imposto pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; (...) Conforme se verifica na DIPJ, há linha própria e especifica para ser declarada (e oferecida à tributação) a receita auferida relativa a Juros sobre Capital Próprio. Na declaração apresentada pela Interessada o valor declarado é zero. (...) Por todo o acima apresentado, há que se manter o despacho decisório proferido, seja pela não verificação do imposto retido, pela não apresentação das provas da retenção, seja pelo não oferecimento à tributação da respectiva receita. (...) Ciente dessa decisão em 04/04/2011 por via postal Aviso de Recebimento AR (efl. 165), a contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 03/05/2011 (efls.166/177), cujas razões, em síntese, são as seguintes: que a ELETROPAULO não efetuou o recolhimento do IRRF em DARF, pois, na época, anocalendário 2001, a compensação de débitos e créditos de tributos da mesma espécie foi efetuada diretamente na escrituração contábil/fiscal, conforme facultava a legislação de regência da época (Lei 8.383/91, art. 66, IN SRF 21/97, art. 14 e IN SRF 73/97); que, ainda, a recorrente, nessa parte, acrescentou nas razões do recurso, in verbis: (...) 3. DA IMPROCEDÊNCIA DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA a) RETENÇÃO NA FONTE NÃO COMPROVADA 3.1. Como visto, a decisão recorrida não reconheceu o Saldo Negativo de IRPJ informado pela RECORRENTE em sua DIPJ do anocalendário de 2001 por entender que o crédito não seria liquido e certo. (...) 3.12. No caso em exame, a compensação efetuada pela ELETROPAULO no anocalendário de 2001 foi inequivocamente levada ao conhecimento do Fisco, uma vez que devidamente informada em sua DIPJ e registrada em seus livros contábeis. 3.13. Ou seja, não existindo nenhuma previsão legal em contrario, não haveria razão para que o Fisco exigisse da RECORRENTE a apresentação de informe de rendimentos ou desconsiderasse as compensações efetuadas pela ELETROPAULO. Fl. 612DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 613 11 (...) 3.16. Resta, portanto, demonstrado que foi correto o procedimento de compensação realizado pela fonte pagadora dos rendimentos, já que as compensações não prescindiam de apresentação de DCOMP e inclusão em DCTF ou DIRF. (sic) 3.17. Nesse sentido, a compensação de tributos da mesma espécie deveria ser informada pelos contribuintes somente em sua DIPJ, o que já é suficiente para permitir à Receita Federal o exercício de seu controle fiscal sobre a operação. (...) que, na sequência, quanto ao nãooferecimento das receitas na DIPJ 2002 (anocalendário 2001), a recorrente assim argumentou nas razões de defesa, in verbis: (...) h) OFERECIMENTO DA RECEITA DE JCP À TRIBUTAÇÃO 3.18. De acordo com a DECISÃO, ainda que a RECORRENTE tivesse comprovado a retenção do imposto pela fonte pagadora dos rendimentos, não teria direito ao crédito do IRF, pois a respectiva receita não teria sido oferecida à tributação no ano calendário de 2001. 3.19. Essa conclusão é equivocada. Como visto, a RECORRENTE apurou Prejuízo Fiscal durante o ano calendário de 2001 no valor de R$ 252.152.552,02. Logo, ainda que a receita de JCP fosse oferecida à tributação, não haveria saldo de imposto a pagar naquele exercício. 3.20. Isso porque, a receita de JCP não oferecida à tributação pela RECORRENTE no anocalendário de 2001 no valor de R$50.474.997,95 apenas reduziria o montante de Prejuízo Fiscal apurada naquele exercício de R$ 252.152.552,02 para R$ 201.677.524,67, não gerando base tributável. 3.21. Noutras palavras, o IRF sobre receitas de JCP configura mera antecipação do IRPJ, o qual é. efetivamente apurado ao final do anocalendário. Nesse passo, tendo a RECORRENTE apurado prejuízo fiscal (e não lucro) ao final do anocalendário mesmo com a inclusão daquelas receitas, não há IRPJ devido, e, consequentemente, o IRF antecipado deve ser considerado pagamento indevido passível de restituição e/ou compensação. (...) 3.23. Adicionalmente, destaquese que a RECORRENTE não utilizou esse prejuízo fiscal registrado a maior na sua contabilidade para compensar tributos devidos em exercícios futuros. (...) Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 614 12 3.25. Registrese que, quando da incorporação da Transgas pela RECORRENTE, a empresa encerrou suas atividades com Prejuízo Fiscal no valor de R$ 380.111.163,71 e, frisese, o oferecimento das receitas de JCP à tributação no anocalendário de 2001 somente reduziriam esse prejuízo fiscal para R$ 329.636.165,76, sem qualquer reflexo fiscal. 3.26. As pessoas jurídicas sucessoras por incorporação não podem compensar os prejuízos fiscais da pessoa jurídica sucedida, nos termos do art. 33 do DecretoLei n° 2.341, de 29.07.1987. Nesse contexto, o estoque de Prejuízo Fiscal registrado pela Transgas extinguiuse com a sua incorporação pela RECORRENTE, que não pode se utilizar desses valores. 3.27. Portanto, resta demonstrado que a falta de oferecimento da receita de JCP à tributação no anocalendário de 2001 não afasta o direito da RECORRENTE ao crédito de saldo negativo de IRPJ pleiteado. Nesse sentido é o entendimento adotado pela 3ª Turma Especial da 1ª Seção do CARF, por meio do Acórdão n° 180300.558, em 06.08.2010. Transcrevase a ementa: "NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. EXERCÍCIO: 2002 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO, OMISSÃO DE INFORMAÇÃO DE PARTE DAS RECEITAS AUFERIDAS. PREJUÍZO FISCAL APURADO. Ainda que tenha havido omissão na informação de parte das receitas auferidas, sendo essa omissão insuficiente para reverter o prejuízo fiscal apurado, revelase indevida a retenção sofrida sobre essas receitas, devendo o imposto correspondente ser restituído/compensado a titulo de saldo negativo de imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ)." (...) 3.29. Pela simples leitura dos trechos do acórdão acima transcrito, é possível constatar que nele se discutiu matéria idêntica ao presente caso, tendo prevalecido o entendimento de que, sendo a omissão de receitas na DIPJ insuficiente para reverter o prejuízo fiscal apurado pelo contribuinte em determinado anocalendário, é indevida a retenção sofrida sobre essas receitas, devendo o IRF correspondente ser restituído ou compensado a titulo de saldo negativo de IRPJ. (...) Por fim, com base nessas razões, a recorrente pediu provimento ao recurso voluntário. Na sessão de 08/05/2014, a 2ª Câmara da 2ª Turma Ordinária da 1ª Seção de julgamento do CARF, por maioria de votos, vencido o Relator, converteu o julgamento em diligência, conforme Resolução nº 1202000.244 (efls.500/507), cuja fundamentação do voto vencedor transcrevo, no que pertinente, in verbis: (...) Fl. 614DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 615 13 Em que pese a clareza do posicionamento do Ilustre Relator, entendo que deve ser observada, inicialmente, a busca pela verdade material, princípio norteador do processo administrativo fiscal, como forma de buscar a realidade dos fatos, em especial a ocorrência da hipótese de incidência. (...) Outrossim, depreendese dos autos que os pedidos de restituição/compensação PER/DCOMPs (que têm por base o crédito decorrente do saldo negativo do IRPJ apurado ao final do anocalendário de 2001) foram indeferidos e as compensações não homologadas porque o valor do IRRF informado na DIPJ, no montante de R$ 7.571.249,69, não teria sido confirmado, muito embora tenha a Recorrente informado que o IRRF foi devidamente compensado pela fonte pagadora em sua escrita contábil/fiscal, como era permitido à época, ano de 2001, motivo da inexistência do comprovante de rendimentos reivindicado pelas autoridades fiscais. Sendo assim, e em respeito ao princípio da verdade material, norteador do processo administrativo fiscal, entendo necessário um maior aprofundamento da questão e verificação da escrita contábil/fiscal. Dessa forma, proponho a conversão do julgamento do recurso em DILIGENCIA, retornando o presente processo à unidade de origem para que referida unidade se manifeste acerca dos seguintes pontos: a) Esclarecer, após a análise da escrita contábil e fiscal apresentada (2001), constante dos autos, se houve o devido recolhimento do IRRF retido pela Eletropaulo no crédito dos Juros Sobre o Capital Próprio, passível de ser reconhecido com a origem do crédito pleiteado pela Recorrente; b) Cientificar a contribuinte e a Procuradoria da Fazenda Nacional acerca das conclusões dessa diligência e do apensamento dos autos, com intimação para, querendo, se manifestarem, no prazo de 30 dias; c) Após, retornem os autos a este E. Conselho para julgamento do Recurso Voluntário. (...) Realizada a Diligência Fiscal, conforme Relatório (efls. 520/524). Intimada do resultado da diligência no domicílio tributário Eletrônico Caixa Postal em 06/03/2018 (efls . 518/520), a contribuinte apresentou sua manifestação nos autos em 04/04/2018 (efls. 522/538), reiterando pedido pela reforma da decisão recorrida e, ainda, transcrevo o seguinte exceto de suas razões: (...) Fl. 615DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 616 14 (...) Ainda, juntou fragmento da DIPJ 2004, AC 2003 (parte Ficha 47 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, uma folha (efl. 577) e cópia Balanço Patrimonial (efls. 579/581). Intimada em 05/04/2018 do resultado da diligência (efl. 583), a PFN apresentou suas razões em 10/04/2018 (efls. 584/590, pugnando pela manutenção da decisão a quo. É o relatório. Fl. 616DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 617 15 Voto Conselheiro Nelso Kichel, Relator. A admissibilidade do Recurso Voluntário ocorreu na sessão de 08/05/2014, quando a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de julgamento do CARF, naquela oportunidade, por maioria de votos, vencido o Relator, converteu o julgamento em diligência, conforme Resolução nº 1202000.244 (efls.500/507), cuja fundamentação do voto vencedor transcrevo, no que pertinente, in verbis: (...) Outrossim, depreendese dos autos que os pedidos de restituição/compensação PER/DCOMPs (que têm por base o crédito decorrente do saldo negativo do IRPJ apurado ao final do anocalendário de 2001) foram indeferidos e as compensações não homologadas porque o valor do IRRF informado na DIPJ, no montante de R$ 7.571.249,69, não teria sido confirmado, muito embora tenha a Recorrente informado que o IRRF foi devidamente compensado pela fonte pagadora em sua escrita contábil/fiscal, como era permitido à época, ano de 2001, motivo da inexistência do comprovante de rendimentos reivindicado pelas autoridades fiscais. Sendo assim, e em respeito ao princípio da verdade material, norteador do processo administrativo fiscal, entendo necessário um maior aprofundamento da questão e verificação da escrita contábil/fiscal. Dessa forma, proponho a conversão do julgamento do recurso em DILIGENCIA, retornando o presente processo à unidade de origem para que referida unidade se manifeste acerca dos seguintes pontos: a) Esclarecer, após a análise da escrita contábil e fiscal apresentada (2001), constante dos autos, se houve o devido recolhimento do IRRF retido pela Eletropaulo no crédito dos Juros Sobre o Capital Próprio, passível de ser reconhecido com a origem do crédito pleiteado pela Recorrente; b) Cientificar a contribuinte e a Procuradoria da Fazenda Nacional acerca das conclusões dessa diligência e do apensamento dos autos, com intimação para, querendo, se manifestarem, no prazo de 30 dias; c) Após, retornem os autos a este E. Conselho para julgamento do Recurso Voluntário. Fl. 617DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 618 16 (...) Pois bem. Como visto, a lide objeto dos autos versa acerca do direito creditório pleiteado saldo negativo do IRPJ anocalendário 2001, no valor de R$ 7.571.249,69 (valor original) que a recorrente utilizou, integralmente, nos PER/DCOMP objeto dos autos (relação completa já discriminada no relatório), para compensação (quitação), sob condição resolutória, dos débitos confessados. Os PER/DCOMP foram transmitidos durante os anoscalendário 2006 e 2009 (relação completa discriminada no relatório). O referido saldo negativo do IRPJ do anocalendário 2001 teria sido formado, exclusivamente, pelo valor do IRRF de R$ 7.571.249,69 sobre rendimentos de juros sobre capital próprio (JSCP) pagos à interessada pela fonte pagadora ELETROPAULO, CNPJ: 61.695.227/0001 93. Vale dizer, a Eletropaulo distribuiu à recorrente rendimento bruto a título de JSCP no valor de R$ 50.474.997,95, IRRF R$ 7.571.249,69 código de receita 5706. Rendimento líquido R$ 42.903.748,26. As decisões anteriores, nos presentes autos, não reconheceram o crédito pleiteado pela recorrente. No caso, a DERAT/São Paulo, unidade de origem da RFB, não reconheceu o crédito, pela inexistência do saldo negativo do IRPJ do anocalendário 2001 (retenção do imposto na fonte não comprovada). Já a DRJ/São Paulo I, também, não reconheceu o crédito, pela inexistência de informe de rendimentos, inexistência de DIRF e, ainda, a contribuinte não oferecera à tributação os rendimentos auferidos a título de juros de sobre o capital próprio na DIPJ 2002, anocalendário 2001. Entretanto, nas razões do recurso, nesta instância ordinária de julgamento do CARF, a recorrente pediu a revisão da decisão a quo, argumentando: que a ELETROPAULO não efetuou o recolhimento do IRRF em DARF, pois no anocalendário 2001 a compensação de débitos e créditos de tributos da mesma espécie era permitida diretamente na escrituração contábil/fiscal, conforme a legislação de regência da época (Lei 8.383/91, art. 66, IN SRF 21/97, art. 14 e IN SRF 73/97); que, assim, teria demonstrado que foi correto o procedimento de compensação realizado pela fonte pagadora do IRRF acerca dos rendimentos pagos de JSCP, já que as compensações prescindiam de apresentação de DCOMP; que a decisão a quo estaria equivocada na sua fundamentação/conclusão, quando assim consignou: "ainda que a RECORRENTE tivesse comprovado a retenção do imposto pela fonte pagadora dos rendimentos, não teria direito ao crédito do IRRF, pois a respectiva receita não teria sido oferecida à tributação no anocalendário de 2001"; que essa questão está superada, pois apurou Prejuízo Fiscal durante o ano calendário de 2001 no valor de R$ 252.152.552,02 e ainda que a receita de JSCP tivesse sido oferecida à tributação, não haveria saldo de imposto a pagar naquele exercício. Ou seja: a Fl. 618DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 619 17 receita de JSCP não oferecida à tributação pela RECORRENTE no anocalendário de 2001 no valor de R$50.474.997,95 apenas reduziria o montante de Prejuízo Fiscal apurada naquele exercício de R$ 252.152.552,02 para R$ 201.677.524,67, não gerando base tributável; que nos anoscalendário subsequentes a recorrente também teve prejuízos, não configurando postergação de pagamento de imposto. Diante desses argumentos, na sessão de 08/05/2014, a 2ª Câmara da 2ª Turma Ordinária da 1ª Seção de julgamento do CARF, por maioria de votos, vencido o Relator, converteu o julgamento em diligência, conforme Resolução nº 1202000.244 (efls.500/507), cujo voto vencedor já foi transcrito alhures. Na verdade, a diligência foi solicitada, especificamente, para: "esclarecer, após a análise da escrita contábil e fiscal apresentada (2001), constante dos autos, se houve o devido recolhimento do IRRF retido pela Eletropaulo quanto ao crédito dos Juros Sobre o Capital Próprio, passível de ser reconhecido como a origem do crédito pleiteado pela Recorrente." Realizada a diligência fiscal, os autos do processo retornaram ao CARF, cujo resultado consta do Relatório (efls.520/524), o qual transcrevo, in verbis: (...) 2 – DOS PROCEDIMENTOS DA DILIGÊNCIA Em 25/09/2017 encaminhamos intimação para a empresa Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A solicitando o que segue: A empresa AES Transgas Empreendimentos SA informou que recebeu da Eletropaulo juros sobre capital próprio no valor bruto de R$ 50.474.997,95 e teve retido IRRF no valor de R$ 7.571.249,69 no anocalendário de 2001. Apresentar o comprovante de recolhimento da retenção do IRRF da operação acima mencionada no valor de R$ 7.571.249,69. Caso este valor tenha sido compensado na contabilidade, apresentar os respectivos registros contábeis dessa operação. A Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A respondeu a intimação em 06/11/2017. Segue abaixo a transcrição de parte da resposta: “Conforme o extrato do livro razão da conta nº 2113110026 (“Impostos – IRRF s/ TJLP”), anexo (Doc.05), a Eletropaulo contabilizou o valor de R$ 17.705.851,67 a título de IRRF sobre o pagamento do JCP no valor total de R$ 126.000.000,00 (O valor do IRRF não é exatamente 15% sobre R$ 126.000.000,00, pois está ajustado pelos acionistas imunes e/ou isentos do IRRF). O referido extrato também demonstra que a quitação do débito de IRRF sobre o valor total de JCP relativo ao ano calendário 2001, no montante de R$ 17.705.851,67, foi realizada por meio de compensação na escrita contábil da empresa, com créditos de IRPJ anocalendário de 2000, sem Fl. 619DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 620 18 apresentação de formulário à Secretaria da Receita Federal …......” …........................ O crédito é originário de IRPJ relativo ao IRPJ anocalendário 2000 – Saldo inicial: R$ 68.946.502,77 – vide arquivo com razão contábil anexo (Doc.04).” Em 06 de dezembro de 2017 foi encaminhado para a Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo SA o Termo de Intimação Fiscal SEORT/DRF/BRE Nº 226/2017 solicitando diversas informações. Transcrevemos abaixo parte das informações solicitadas: “Diante do acima exposto, esclarecer como foi possível efetuar a compensação do IRRF no valor de R$ 17.705.851,67, se todo o valor do saldo negativo apurado na DIPJ/2001 foi pleiteado no processo de restituição nº 13807.003567/200274.” Em 15 de janeiro de 2018 a Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo SA respondeu o Termo de Intimação Fiscal SEORT/DRF/BRE Nº 226/2017. Segue abaixo a transcrição de parte da resposta: “Ademais, com relação ao processo administrativo nº 13807.003567/200274, esclarecemos que o mesmo permanece em discussão administrativa e não há decisão definitiva a respeito.” Em 24 de janeiro de 2018 foi encaminhado para a Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo SA o Termo de Intimação Fiscal SEORT/DRF/BRE Nº 05/2018 solicitando a cópia dos lançamentos efetuados no livro razão. Toda documentação e esclarecimentos apresentados pela Eletropaulo podem ser consultados no dossiê n.º 10010.034397/091791. 3 – FATOS APURADOS A) Da comprovação da compensação na contabilidade do IRRF no valor de R$ 7.571.249,69. Utilizando as informações extraídas do livro razão apresentadas pela Eletropaulo elaboramos os quadros que seguem abaixo: Provisão do Rendimento Data D/C Contá Contábil Descrição Valor 31/12/2001 D 6350419007 Desp.Fin.A.Central Juros s/ Capital PróprioTJLP 126.000.000,00 Juros sobre Cap. PróprioTJLPAções Ordinárias Fl. 620DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 621 19 31/12/2001 C 2114900003 47.301.946,56 31/12/2001 C 2114900004 Juros sobre Cap. PróprioTJLPAções Preferenciais 70.737.064,61 31/12/2001 C 2114900005 Não Informada 7.960.988,83 As informações acima extraídas do livro razão confirmam o lançamento da despesa de Juros sobre Capital Próprio no valor de R$ 126.000.000,00. Provisão do IRRF Data D/C Conta Contábil Descrição Valor 31/12/2001 D 2114900003 Juros sobre Cap. PróprioTJLPAções Ordinárias 7.095.291,98 31/12/2001 D 2114900004 Juros sobre Cap. PróprioTJLPAções Preferenciais 11.804.708,02 31/12/2001 C 2113110026 Impostos IRRF s/ TJLP 17.705.851,67 31/12/2001 C 2113110034 Não Informada 1.194.148,33 As informações acima extraídas do livro razão confirmam o lançamento de IRRF no valor de R$ 17.705.851,67, correspondente a despesa de Juros sobre Capital Próprio no valor de R$ 126.000.000,00. Saldo Negativo (Saldo Inicial) Data D/C Conta Contábil Descrição Valor 16/01/2001 D 1124120005 Dev. Div Trib/C.Sociais IRPJ à Compensar 68.946.502,77 16/01/2001 D 1124120004 Dev. Div Trib/C.Sociais CSLL à Compensar 8.879.833,62 16/01/2001 C 1124120013 Dev. Div Trib/C.Sociais Antecipação IR 68.946.502,77 16/01/2001 C 1124120014 Dev. Div Trib/C.Sociais Antecipação CSLL 8.879.833,62 As informações acima extraídas do livro razão confirmam que a Eletropaulo apurou no exercício de 2001 saldo negativo de IRPJ no valor de R$ 68.946.502,77. Saldo Negativo (Compensação) Data D/C Conta Contábil Descrição Valor Fl. 621DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 622 20 1/01/02 D 2113110026 Impostos IRRF s/ TJLP 17.705.851,67 1/01/02 C 1124120005 Dev. Div Trib/C.Sociais IRPJ à Compensar 17.705.851,67 As informações acima extraídas do livro razão confirmam que a Eletropaulo compensou na sua escrita contábil o débito de IRRF sobre o valor total de JCP relativo ao anocalendário 2001, no montante de R$ 17.705.851,67. O crédito utilizado para compensação foi o saldo negativo de IRPJ que foi apurado no exercício de 2001. B) Da origem do crédito tributário utilizado para a compensação do IRRF no valor de R$ 7.571.249,69. A Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A informou que o crédito utilizado para a compensação é originário de saldo negativo de IRPJ do exercício de 2001. Na DIPJ/2001 consta o valor de – R$ 68.946.502,77 de Saldo Negativo de IRPJ. Ocorre que este valor de crédito tributário foi totalmente pleiteado no processo de restituição/compensação nº 13807.003567/200274, o qual se encontra atualmente em julgamento do Recurso Voluntário no CARF. Questionada sobre esta situação, a Eletropaulo se limitou a informar que “com relação ao processo administrativo nº 13807.003567/200274, esclarecemos que o mesmo permanece em discussão administrativa e não há decisão definitiva a respeito.” O processo nº 13807.003567/200274 foi protocolado em 17/04/2002. A compensação na contabilidade do IRRF referente ao JCP no valor de R$ 17.705.851,67 foi efetuada em 31/01/2002. Portanto, caso a compensação na contabilidade do IRRF do JCP efetuada pela Eletropaulo seja confirmada pelo CARF, o valor de R$ 17.705.851,67 deveria ser subtraído do valor do crédito tributário informado no processo nº 13807.003567/200274. Caso a providência acima não seja efetivada, a parcela do saldo negativo de IRPJ do exercício de 2001 no valor de R$ 17.705.851,67 será utilizada em duplicidade, ou seja, será utilizada na compensação de débitos efetuada diretamente na contabilidade, e também utilizada para compensar os débitos informados no processo nº 13807.003567/200274. C) Não oferecimento dos rendimentos de JCP à tributação. A empresa AES Transgás Empreendimentos SA informou que recebeu da Eletropaulo juros sobre capital próprio no valor bruto de R$ 50.474.997,95 e teve retido IRRF no valor de R$ 7.571.249,69 no anocalendário de 2001, porém a própria Fl. 622DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 623 21 empresa admitiu que não incluiu esses rendimentos em sua DIPJ. Por tal razão, mesmo que confirmada a quitação do IRRF mediante compensação, há que se prevalecer o que dispõe o art. 231, inciso III, do RIR/99: “Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor o imposto pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real.” 4 – CONCLUSÃO Por fim, encaminho a presente Diligência Fiscal para ciência do sujeito passivo, facultandolhe o prazo de 30 dias para manifestação acerca das conclusões dessa diligência. Posteriormente, o processo deverá ser encaminhado à Procuradoria da Fazenda Nacional, para que, querendo, se manifeste também no prazo de 30 dias. Transcorridos os prazos acima, com ou sem a manifestação das partes, este processo administrativo fiscal será encaminhado ao CARF, para prosseguimento do julgamento. (...) Como demonstrado, a Eletropaulo efetuou a retenção do imposto na fonte acerca do pagamento dos rendimentos JSCP à recorrente. E, ainda, a Eletropaulo efetuou a quitação do IRRF mediante compensação direta na escrituração contábil/fiscal. Ora, o fato da Eletropaulo, posteriormente a essa compensação direta na escrituração contábil/fiscal, ter efetuado a utilização integral do mesmo crédito saldo negativo do IRPJ do anocalendário 2000 para quitação de outros débitos dela, objeto de declaração de compensação de que tratam os autos do Processo nº 13807.003567/200274 não pode prejudicar o direito creditório da recorrente. É questão estranha à lide dos presentes autos a alegação da Fiscalização da RFB, na diligência fiscal, da existência de risco de utilização em duplicidade pela Eletropaulo do saldo negativo do IRPJ do anocalendário 2000. Portanto, a retenção do imposto na fonte (IRRF) sobre o JSCP pela Eletropaulo, no valor de R$ 7.571.249,69, restou demonstrado na escrituração contábil/fiscal, bem como a quitação mediante compensação direta na escrita contábil/fiscal. Entretanto, ainda é necessário enfrentar a questão da falta de oferecimento à tributação pela recorrente dos rendimentos a título de JSCP, no anocalendário 2001 (não consta da DIPJ 2002, anocalendário 2001 que a recorrente tivesse oferecido à tributação os rendimentos JSCP distribuídos ou pagos pela Eletropaulo). Acerca dessa questão, intimada do resultado da diligência, a contribuinte apresentou as seguintes razões nos autos (efls. 523/538), in verbis: (...) Fl. 623DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 624 22 14. Dessa forma, restou comprovado que o valor de IRRF incidente sobre o pagamento de JCP à AES Transgás foi retido e pago pela ELETROPAULO por meio de compensação em sua própria escrituração contábil. 15. Por outro lado, o Relatório de Diligência Fiscal alega que o saldo negativo de IRPJ da AES Transgás do anocalendário de 2001 não poderia ser reconhecido, "mesmo que confirmada a quitação do IRRF mediante compensação", em razão da suposta não tributação dos rendimentos de JCP pela AES Transgás:(...). (...) 19. De todo modo, não procede a alegação do Relatório de Diligência Fiscal no sentido de que o rendimento de JCP não teria sido oferecido à tributação pela PETICIONÁRIA, pois: (i) O rendimento de JCP compôs a base de cálculo do IRPJ no anocalendário de 2001 a partir de sua inclusão na DIPJ 2004 (referente ao anocalendário de 2003), como"Ajustes Credores de Períodos de Apuração Anteriores"; e (ii) A PETICIONÁRIA registrou prejuízo fiscal no ano calendário de 2001 em valor muito superior ao valor do rendimento de JCP distribuído por ELETROPAULO, apurando resultados negativos em todos os anoscalendário subsequentes, até a sua incorporação por COMPANHIA BRASILIANA DE ENERGIA, no anocalendário de 2006. 20. De fato, embora a ELETROPAULO tenha deliberado o pagamento de JCP referente ao anocalendário de 2001 por meio de sua AGO de 29.04.2002, os recursos somente foram transferidos à AES Transgás em 18.12.2003 e 30.01.2004, como demonstram os comprovantes de transferência juntados pela ELETROPAULO. Assim, com o recebimento dos recursos, a AES Transgás ajustou o seu prejuízo acumulado, reconhecendo retroativamente as receitas de JCP referentes ao anocalendário de 2001. Esse ajuste foi efetuado por meio da ficha 47, linha 02 ("Ajustes Credores de Períodos de Apuração Anteriores") da DIPJ 2004 (Doc. 02). (...) 23.O referido ajuste no saldo de prejuízos acumulados, no valor total de R$60.732.147,782, foi, inclusive, divulgado ao mercado por meio de nota explicativa às demonstrações financeiras da AES Transgás (Doc. 03). 24. Por outro lado, nos termos do art. 6o, § 5o, do Decretolei n° 1.598, de 26.12.1977, a inexatidão quanto ao períodobase de escrituração de receita somente pode gerar a exigência de tributos se dela decorrer (i) postergação de pagamento do imposto para exercício posterior; ou (ii) redução indevida do luro real em qualquer períodobase. Fl. 624DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 625 23 (...) 25. Como a AES Transgás apurou prejuízo fiscal até a sua extinção por incorporação pela PETICIONÁRIA, não se verificou nenhuma das hipóteses descritas no § 5o do art. 6o do Decretolei n° 1.598/77. Em outras palavras, o equívoco quanto ao período de escrituração da receita de JCP, devidamente corrigido em 2004, não gerou qualquer prejuízo ao Fisco, afetando apenas seu saldo de prejuízo fiscal, não havendo que se falar em falta de pagamento de IRPJ. 26. Por outro lado, a própria Receita Federal reconhece que o lançamento de ajuste de exercícios anteriores não afeta o resultado do exercício em que realizado o ajuste, repercutindo diretamente no saldo de prejuízos (lucros) acumulados. Portanto, no caso da PETICIONÁRIA, é indiferente que o ajuste tenha sido feito somente na DIPJ 2004, já que afetou diretamente o saldo de prejuízos acumulados. Nesse sentido é a orientação da Receita Federal no Perguntas e Respostas da DIPJ 2014: 050 Como o contribuinte poderá proceder para regularizar, na escrituração, falhas decorrentes da inobservância do regime de competência, quando não resultarem em diferença de imposto a pagar? Desde que não ocorra postergação do pagamento do imposto para período posterior ao em que seria devido, ou redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração, serão admitidas a retificação, a complementação ou a simples feitura de lançamento de deduções, cujo valor, se dedutível ou tributável, afetará a determinação do lucro real do período em que se justifique a regularização. Nesse caso, contabilmente, será dado tratamento de ajustes de exercícios (períodos) anteriores. (...) 052 Como a pessoa jurídica deverá proceder, no período em que foi efetuado o ajuste, com relação à dedutibilidade ou tributação das parcelas regularizadas decorrentes da inobservância do regime de competência, quando a legislação comercial determinar que a retificação seja considerada como ajustes de exercícios (períodos) anteriores? A regularização, como ajustes de exercícios (períodos) anteriores, não provoca qualquer reflexo no resultado do período em que for efetuada sua escrituração (não afeta o lucro líquido do período de apuração). Se. em decorrência da imputação a período de apuração anterior, resultar a apuração de saldo de imposto a pagar, ou inexistindo diferença de saldo de imposto a pagar, seus efeitos já terão sido considerados na apuração do lucro real daqueles períodos e, consequentemente, não poderão influenciar a Fl. 625DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 626 24 apuração no exercício em que forem efetuados os lançamentos contábeis de regularização. Entretanto, no caso em que não ocorra postergação de pagamento do imposto para período posterior ao em que seria devido, ou redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração, e o contribuinte optar por efetuar a sua regularização em período posterior, contabilmente deve ser dado tratamento de ajuste de exercícios (períodos) anteriores, No aspecto fiscal, caso se trate de parcela correspondente a despesa dedutível ou receita tributável, para produzir efeito na determinação do lucro real, ela pode ser excluída ou deve ser adicionada ao lucro líquido do período de apuração respectivo, ou seja, aquele a que efetivamente se refere a despesa ou a receita. 053 Por que a regularização, como ajustes de exercícios (períodos) anteriores, não provoca reflexo no resultado do período em que ocorre a sua escrituração? Porque não sendo de competência do período da escrituração em que ocorrer a regularização, a despesa ou a receita não deve afetar o lucro líquido desse período de apuração. Assim, o ajuste lançado contra uma conta patrimonial do ativo ou passivo, mesmo que indicando a fonte da despesa ou receita objeto da regularização, deverá ter como contrapartida a conta de lucros os ou prejuízos acumulados." 28. Esclareçase também que o saldo de prejuízo fiscal acumulado nunca foi utilizado pela AES Transgás ou, por força do disposto no art. 33 do Decretolei n° 2.341, de 29.07.1987, pela própria PETICIONÁRIA, incorporadora de AES Transgás. Nesse contexto, o estoque de prejuízo fiscal registrado pela AES Transgás extinguiuse com a sua incorporação pela PETICIONÁRIA. Para que não reste dúvida sobre a neutralidade fiscal do procedimento adotado pela PETICIONÁRIA, confirase a tabela abaixo, que contém o levantamento do resultado negativo apurado pela PETICIONÁRIA do anocalendário de 2001 até a sua extinção por incorporação. Movimentação do Prejuízo Fiscal (procedimento adotado pela PETICIONARIA) Fls. dos autos Ano calendário Ref. Prejuízo Fiscal do Ano (RS) Compensação Ajuste (RS) Prejuízo Fiscal Anos ant. - 83.360.742,43 83.360.742,43 209246 2001 D1PJ 2002 252.152.522,02 - 335.513.264,45 247295 2002 DIPJ 2003 67.733.201,29 (64.771.879,45) 338.474.586,29 296357 2003 DIPJ 2004 588.733.531,21 60.732.147,78* 866.475.969,72 358429 2004 DIPJ 2005 (1.491.767,15) 864.984.202,57 Fl. 626DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 627 25 432457 2005 DIPJ 2006 - (1.334.177,83) 863.650.024,74 458 487 2006 DIPJ 20064 - (544.271.008,81) 319.379.015,93 * O valor de R$ 50.474.997,95, receita bruta do JCP pago pela ELETROPAULO, compõe esse valor. 30.Ora, caso a receita de JCP tivesse sido oferecida à tributação na DIPJ 2002, o resultado negativo na extinção da AES Transgás seria rigorosamente o mesmo (R$ 319.379.015,93), como demonstra a tabela a seguir: Movimentação do Prejuízo Fiscal (oferecimento de JCP à tributação em 2001) Ano Calendário e Referência Prejuízo Fiscal do Ano (R$) Compensação Ajuste (R$) umuladPrejuízo Fiscal Acumulado (R$) Anos ant. 83.360.742,43 - 83.360.742,43 2001 DIPJ 2002 201.677.524,07 285.038.266,50 2002 DIPJ 2003 67.733.201,29 (64.771.879,45) 287.999.588,34 2003 DIPJ 2004 588.733.531,21 10.257.149,83 866.475.969,72 2004 DIPJ 2005 (1.491.767,15) 864.984.202,57 2005 DIPJ 2006 (1.334.177,83) 863.650.024,74 2006 DIPJ 2006 - (544.271.008,81) 319.379.015,93 31.Portanto, resta demonstrado que a falta de oferecimento da receita de JCP à tributação no anocalendário de 2001, equívoco corrigido de forma retroativa na DIPJ 2004, muito tempo antes da apresentação das DCOMPs objeto do presente processo, não afasta o direito da PETICIONÁRIA ao crédito de saldo negativo de IRPJ pleiteado. (...) 38. Assim, deve ser reconhecido o direito à compensação do saldo negativo do IRPJ de 2001 pela AES Transgás, seja porque (i) a retenção do IRRF foi demonstrada pela presente diligência; seja porque (ii) a receita de JCP integrou a base de cálculo do IRPJ, não gerando postergação de pagamento ou redução do lucro real até a sua extinção por incorporação pela PETICIONÁRIA. (...) Como demonstrado, e diversamente do entendimento da PGFN que apresentou razões ao resultado da diligência pugnando pela manutenção da decisão a quo (e fls. 591/598) , entendo que restou demonstrado e comprovado o direito creditório reclamado pela interessada a título de saldo negativo do imposto do anocalendário 2001, utilizado nas DCOMP objeto dos autos. Fl. 627DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 628 26 Entretanto, para evitar utilização em duplicidade de parte do saldo negativo do IRPJ do anocalendário 2000 pela Eletropaulo, propugno que uma cópia do presente Acórdão deverá ser juntada aos do autos do Processo nº 13807.003567/200274. A propósito, tal preocupação inclusive consta do resultado do Relatório de Diligência Fiscal, in verbis: (...) B) Da origem do crédito tributário utilizado para a compensação do IRRF no valor de R$ 7.571.249,69. A Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A informou que o crédito utilizado para a compensação é originário de saldo negativo de IRPJ do exercício de 2001. Na DIPJ/2001 consta o valor de – R$ 68.946.502,77 de Saldo Negativo de IRPJ. Ocorre que este valor de crédito tributário foi totalmente pleiteado no processo de restituição/compensação nº 13807.003567/2002 74, o qual se encontra atualmente em julgamento do Recurso Voluntário no CARF. Questionada sobre esta situação, a Eletropaulo se limitou a informar que “com relação ao processo administrativo nº 13807.003567/200274, esclarecemos que o mesmo permanece em discussão administrativa e não há decisão definitiva a respeito.” O processo nº 13807.003567/200274 foi protocolado em 17/04/2002. A compensação na contabilidade do IRRF referente ao JCP no valor de R$ 17.705.851,67 foi efetuada em 31/01/2002. Portanto, caso a compensação na contabilidade do IRRF do JCP efetuada pela Eletropaulo seja confirmada pelo CARF, o valor de R$ 17.705.851,67 deveria ser subtraído do valor do crédito tributário informado no processo nº 13807.003567/200274. Caso a providência acima não seja efetivada, a parcela do saldo negativo de IRPJ do exercício de 2001 no valor de R$ 17.705.851,67 será utilizada em duplicidade, ou seja, será utilizada na compensação de débitos efetuada diretamente na contabilidade, e também utilizada para compensar os débitos informados no processo nº 13807.003567/200274. (...) Obs: A lide objeto do Processo nº 13807.003567/200274, em consulta ao eprocesso, aguarda conclusão de diligência solicitada, naqueles autos, conforme Resolução nº 1103000.088 – 1ª Câmara / 3ª Turma Ordinária, sessão de 08/05/2013 e que, por sua vez, depende da execução administrativa da decisão final nos autos do Processo nº 13808.001185/200204. Por tudo que foi exposto, voto em dar provimento ao recurso voluntário e determinar que cópia do presente Acórdão seja juntada aos autos do processo nº 13807.003567/200274. Fl. 628DF CARF MF Processo nº 10880.923906/201070 Acórdão n.º 1301003.454 S1C3T1 Fl. 629 27 É como voto. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 629DF CARF MF
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Numero do processo: 15578.720031/2013-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2006
PROVA EMPRESTADA PROCESSUAL. VALIDADE.
É válido o emprego no processo administrativo tributário de prova carreada de outro processo administrativo, cujo valor probante dependerá de nova valoração, sendo assegurado novo contraditório e ampla defesa.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. DECADÊNCIA DO DIREITO DE REVISAR. INEXISTÊNCIA.
Com o transcurso do prazo decadencial apenas o poder/dever de constituir o crédito tributário estaria obstado. Não se submetem à decadência do direito de o fisco revisar seus assentamentos contábeis e fiscais os saldos negativos de IRPJ apurados direta ou indiretamente nas declarações apresentadas a serem regularmente comprovados quando objeto de pedido de restituição ou declaração de compensação.
RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. RECEITA TRIBUTÁVEL. EXCLUSÃO NO LUCRO REAL. IMPOSSIBILIDADE.
A receita proveniente da recuperação de créditos de tributos dedutíveis, que foram objeto de declaração de compensação, é tributável e somente está sujeita à exclusão no lucro real nas hipóteses de não homologação da compensação, de cancelamento da declaração de compensação ou de declaração considerada não declarada.
COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO.
Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).
Numero da decisão: 1302-003.311
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade, prejudicialidade e de decadência apontadas, votando pelas conclusões, quanto à preliminar de decadência, os conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Gustavo Guimarães Fonseca e Luiz Tadeu Matosinho Machado e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Edgar Bragança Bazzumi (suplente convocado), Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Ausente momentaneamente o conselheiro Carlos Cesar Candal Moreira Filho, substituído no colegiado pelo conselheiro Edgar Bragança Bazzumi.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade, prejudicialidade e de decadência apontadas, votando pelas conclusões, quanto à preliminar de decadência, os conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Gustavo Guimarães Fonseca e Luiz Tadeu Matosinho Machado e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Edgar Bragança Bazzumi (suplente convocado), Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Ausente momentaneamente o conselheiro Carlos Cesar Candal Moreira Filho, substituído no colegiado pelo conselheiro Edgar Bragança Bazzumi.
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VALIDADE. É válido o emprego no processo administrativo tributário de prova carreada de outro processo administrativo, cujo valor probante dependerá de nova valoração, sendo assegurado novo contraditório e ampla defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. DECADÊNCIA DO DIREITO DE REVISAR. INEXISTÊNCIA. Com o transcurso do prazo decadencial apenas o poder/dever de constituir o crédito tributário estaria obstado. Não se submetem à decadência do direito de o fisco revisar seus assentamentos contábeis e fiscais os saldos negativos de IRPJ apurados direta ou indiretamente nas declarações apresentadas a serem regularmente comprovados quando objeto de pedido de restituição ou declaração de compensação. RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. RECEITA TRIBUTÁVEL. EXCLUSÃO NO LUCRO REAL. IMPOSSIBILIDADE. A receita proveniente da recuperação de créditos de tributos dedutíveis, que foram objeto de declaração de compensação, é tributável e somente está sujeita à exclusão no lucro real nas hipóteses de não homologação da compensação, de cancelamento da declaração de compensação ou de declaração considerada “não declarada”. COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 57 8. 72 00 31 /2 01 3- 46 Fl. 4293DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.294 2 Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade, prejudicialidade e de decadência apontadas, votando pelas conclusões, quanto à preliminar de decadência, os conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Gustavo Guimarães Fonseca e Luiz Tadeu Matosinho Machado e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Edgar Bragança Bazzumi (suplente convocado), Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Ausente momentaneamente o conselheiro Carlos Cesar Candal Moreira Filho, substituído no colegiado pelo conselheiro Edgar Bragança Bazzumi. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 4.153 a 4.180) interposto contra o Acórdão nº 0131.690, proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém/PA (fls. 3.987 a 4.010), que, por unanimidade, julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: " ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2011 Ementa: CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. As garantias do contraditório e da ampla defesa somente se manifestam com a instauração da fase litigiosa, ressalvados os procedimentos fiscais para os quais lei assim exija. Comprovado que o sujeito passivo tomou conhecimento pormenorizado da fundamentação fática e legal do despacho decisório, e que lhe foi oferecido prazo para defesa, não há como prosperar a tese de nulidade por cerceamento do direito ao contraditório e da a ampla defesa. Fl. 4294DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.295 3 NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade processual, nem nulidade da decisão enquanto ato administrativo. DECADÊNCIA. APURAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. O prazo decadencial estampado no CTN impede o lançamento, mas não obsta a aferição do direito creditório do contribuinte. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2011 DESPESA NÃO COMPROVADA. PRESSUPOSTOS. A configuração da infração de despesa não comprovada pressupõe o oferecimento da oportunidade do sujeito passivo de se manifestar a respeito da existência da despesa, ressalvada a comprovação inequívoca de sua inexistência. RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. RECEITA TRIBUTÁVEL. EXCLUSÃO NO LUCRO REAL. A receita proveniente da recuperação de créditos de tributos dedutíveis, que foram objeto de declaração de compensação, é tributável e somente está sujeita à exclusão no lucro real nas hipóteses de não homologação da compensação, de cancelamento da declaração de compensação ou de declaração considerada “não declarada”. ESTIMATIVAS PARCELADAS. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. O saldo negativo de IRPJ apurado na declaração anual, oriundo de valores devidos mensalmente por estimativa, não recolhidos tempestivamente e inscritos em parcelamento, somente poderá ser utilizado pelo sujeito passivo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela RFB à medida que forem quitados, e desde que o montante já pago exceda o valor do imposto ou da contribuição e que a quitação ocorra até a data de entrega da declaração de compensação." O presente processo cuida da Declaração de Compensação (DComp) nº 09543.71901.291211.1.3.022134 (fls. 02 a 11), apresentada pela Recorrente, com base em suposto saldo negativo de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) apurado em relação ao ano calendário de 2006, no montante de R$ 3.793.925,24 (três milhões, setecentos e noventa e três mil, novecentos e vinte e cinco reais e vinte e quatro centavos), e composto do seguinte modo: DESCRIÇÃO VALOR (R$) Lucro líquido 17.222.805,61 Adições 2.777.436,82 Exclusões 16.709.184,68 Lucro Real 3.291.057,75 Compensações de prej. anteriores 987.317,32 Lucro Real após compensações 2.303.740,43 IRPJ apurado em 31/12/2006 551.935,10 () Retenções na fonte 307.408,18 Fl. 4295DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.296 4 () Estimativas mensais 4.038.452,16 Saldo negativo 3.793.925,24 Por meio do Parecer Seort nº 1.002/2014 e Despacho Decisório nele embasado (fls. 3.8113.823), o Delegado da Receita Federal do Brasil em Vitória/ES não homologou a compensação de que trata a referida DComp, com base na verificação do saldo negativo apurado pelo contribuinte em sua Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), e na desconsideração dos seguintes valores: a) R$ 6,79 (seis reais e setenta e nove centavos), referente a valores de retenções não confirmadas, a título de Imposto de Renda Retido na Fonte, e que compuseram o saldo negativo apurado conforme detalhamento acima; b) R$ 3.774.000,00 (três milhões, setecentos e setenta e quatro mil, reais), referentes a valores de estimativas mensais supostamente parceladas no âmbito do processo administrativo nº 13804.000114/201026, mas que se tratavam, em verdade, de valores extintos por meio de DComp posteriormente canceladas ou cuja compensação foi considerada não declarada, com os débitos tendo sido extintos por pagamento apenas no anocalendário de 2012; c) exclusão, na apuração do Lucro Real do anocalendário de 2006, do montante de R$ 1.808.721,27 (um milhão, oitocentos e oito mil, setecentos e vinte e um reais e vinte e sete centavos), relativo a compensações homologadas e que foram consideradas como receitas não efetivadas por conta da não homologação das compensações; d) R$ 4.084.754,94 (quatro milhões, oitenta e quatro mil, setecentos e cinqüenta e quatro reais e noventa e quatro centavos), referente a despesas consideradas indedutíveis, conforme apuração realizada em procedimento fiscal anterior, em relação aos anoscalendários de 2008, 2009 e 2010, e que resultaram em auto de infração que compõe o processo administrativo nº 15578.720163/201378. Após todos as desconsiderações acima descritas, o resultado do período do ano calendário de 2006, foi ajustado, de modo que não resultou qualquer saldo negativo de IRPJ, conforme detalhado a seguir: DESCRIÇÃO VALOR (R$) Lucro líquido antes do IRPJ 17.222.805,61 Adições 2.777.436,82 Exclusões 16.709.184,68 Compensações de prej. anteriores 987.317,32 Lucro Real após compensações apurado 2.303.740,43 Ajustes (+) Soma das despesas não dedutíveis 4.084.754,94 (+) Excesso de exclusão 1.808.721,27 Lucro Real ajustado 8.197.216,64 IRPJ apurado 2.025.304,16 () Retenções na fonte 307.408,18 () Estimativas mensais 264.452,15 IRPJ a pagar 1.453.443,83 O sujeito passivo apresentou, em 18/08/2014, Manifestação de Inconformidade, cujas alegações foram sintetizadas pelo Acórdão recorrido, do seguinte modo: "Da decadência 1. Houve a decadência do direito da fazenda pública promover a glosa das despesas ocorridas no anocalendário 2006; Fl. 4296DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.297 5 Da prejudicialidade da decisão 2. A decisão é nula em razão do Relatório de Fiscalização, utilizado para subsidiar a decisão, ter sido objeto de impugnação no processo nº 15578.720163/201378, carecendo portanto de definitividade; 3. Deve ser reconhecida a prejudicialidade da impugnação em relação a este processo, conforme art. 265, IV, “a” e “b”, do Código Processo Civil; 4. Apenas com o trânsito em julgado do processo administrativo que aprecia o lançamento é que a situação jurídica se constitui definitivamente, nos termos do art. 116, II, do CTN; 5. Devese aguardar o desfecho daquele processo, sob pena de ofender o art. 151, III, do CTN; 6. Requer a suspensão do processo e/ou a conversão do julgamento em diligência, até que seja proferida decisão final (com trânsito em julgado) nos autos do Processo Administrativo n° 15578.720163/201378; Do crédito de estimativas parceladas 7. O art. 177 da Lei nº 6.404/76, determina que os resultados devem observar o regime de competência. Assim, o imposto originado no exercício fiscal de 2006 deve ser considerado para fins do ajuste anual, independentemente da forma e o motivo de sua quitação posterior; Da exclusão dos créditos recuperados 8. A própria autoridade fiscal reconheceu que o valor de R$ 16.709.184,68, que englobaria o montante de R$ 1.808.721,27, teve sua compensação não homologada. O que justificaria a exclusão da receita; 9. A autoridade fiscal não comprovou qual as DCOMP que teriam sido homologadas e que seriam objeto da exclusão do valor apontado; 10. As compensações são processadas com efeito resolutivo, somente gerando direitos após a homologação. Assim, o fato de qualquer compensação vir a ser reconhecida posteriormente à composição das exclusões, não haverá de impactar na formação da apuração que fora calculada anteriormente a sua homologação; Da glosa das despesas 11. A glosa das despesas é ilegal, posto que baseada em uma ação fiscal que não abrangeu o período de competência das despesas; Fl. 4297DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.298 6 12. Houve cerceamento do direito de defesa, vez que não teve a oportunidade de comprovar os serviços prestados no ano de 2007; Das despesas com a Negócios Soluções Assessoria Empresarial Ltda 13. O enquadramento legal não condiz com a infração de “despesa não comprovada”; 14. A Negócios Soluções está sediada em sala sublocada por outra empresa, à Rua Libero Badaró, 377, conj. 1105, sala 02, Centro, São Paulo/SP, e regularmente cadastrada na prefeitura e no Ministério da Fazenda – MF; 15. É impossível uma empresa constituirse sem apresentar ao contador um local de funcionamento, mediante contrato de aluguel ou outra prova, que será levada aos órgãos de registro de cadastramento, para verificação da possibilidade de aprovação ou não da solicitação; 16. A empresa Negócios e Soluções foi localizada pela fiscalização, atendeu todas as intimações, está regularmente registrada em todos os órgãos administrativos, emitiu documentos fiscais dos serviços prestados e recolheu os impostos devidos; 17. Nada de objetivo e conclusivo foi apresentado pela fiscalização para embasar sua alegação de inexistência de fato da empresa, impondose, portanto, a decretação de insubsistência desta parte do lançamento; Das despesas com a Litwell Consultoria e Orientação Tributária Ltda 18. O sócio da Litwell, o advogado Antônio Carlos Gomes Munhões, recebeu, por mera formalidade, o titulo de diretor jurídico da KIA MOTORS, tratandose na verdade de preposto da Litwell para prestação de serviços específicos; 19. Pelo fato da empresa Litwell não ser uma sociedade de advogados, as prestações de serviços advocatícios do referido senhor foram faturadas como consultoria tributaria; 20. Os serviços prestados foram devidamente comprovados através de o acompanhamento de mais de 67 (sessenta e sete) processos judiciais; 21. A existência da empresa resta comprovada pelo atendimento das intimações; o serviço prestado, pelo pagamento e contabilização das notas fiscais emitidas; Das despesas com a Levs Consultoria Tributário Ltda 22. O fato de um dos sócios atuar como diretor da empresa Kia Motors do Brasil, coligada à impugnante Brazil Trading, não Fl. 4298DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.299 7 descaracteriza a efetiva prestação dos serviços pela empresa a qual é sócio (Levs); 23. Os valores livremente pactuados e pagos a empresas prestadoras de serviços especializados em regra são superiores aos valores dos salários pagos aos executivos e/ou diretores, notadamente ante a ausência de contribuições previdenciárias, FGTS, etc., bem como ante a temporariedade dos serviços a serem prestados; 24. Os serviços prestados pela empresa Levs restaram devidamente comprovados pelas cerca de 25 (vinte e cinco) apostilas sobre temas diferentes, bem como pela escrituração contábil e tributação de todos os lançamentos decorrentes dos serviços prestados; 25. Não há de se falar de inexistência de fato da empresa posto que esta foi localizada pela fiscalização, atendeu todas as intimações, apresentando farto material que comprova a prestação dos serviços, estava regularmente registrada em todos os órgãos, emitiu documentos fiscais de todos os serviços prestados e recolheu todos os impostos devidos; Das despesas com a MFB Empreendimentos e Participações Ltda 26. A mera divergência em relação ao cadastro existente num e noutro órgão não pode servir de base para presunções e conclusões de inexistência de prestação de serviços, notadamente quando houve recolhimento de todos os impostos inerentes aos mesmos; 27. Não se pode concluir pela inexistência da prestação do serviço baseada somente no funcionamento da empresa em endereço residencial e na simplicidade do serviço; 28. O enquadramento nas hipóteses previstas nos artigos 71 e 73 da Lei 4562/64, beira o excesso por parte da fiscalização, por estar calçada em ficções, indícios e presunções; 29. Não houve sequer a consideração de um valor justo para a execução dos serviços; 30. A declaração de inidoneidade das notas fiscais requereria a declaração de inaptidão da empresa, nos termos dos art. 216 e 217 do RIR/99; 31. O fato de a empresa ter respondido às intimações expedidas durante a fiscalização é suficiente para se afastar a aplicação de multa qualificada em 150%;" O processo administrativo nº 15578.720088/201426, que trata do lançamento da multa isolada aplicada sobre a compensação não homologada, foi juntado a este por apensação (fl. 3983). Fl. 4299DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.300 8 O Acórdão recorrido afastou as preliminares de nulidade do Despacho Decisório, de conexão e prejudicialidade do processo administrativo n° 15578.720163/201378 em relação aos presentes autos, e de cerceamento do direito ao contraditório e à ampla defesa. A par disso, rejeitou suposto erro no enquadramento legal do Despacho Decisório, quanto à exclusão de despesas. No mérito, não foram acatadas as teses de ilegalidade da glosa das despesas, por se basear em uma ação fiscal que não abrangeu o mesmo período de competência; e de decadência do direito da Fazenda Pública para promover as referidas glosas em relação ao ano calendário de 2006. De outra parte, por ausência de questionamento ao sujeito passivo a respeito da comprovação da efetiva prestação do serviço e por ausência de demonstração de excesso de valor pago pela Recorrente, as glosas das despesas com as pessoas jurídicas Negócios Soluções Assessoria Empresarial Ltda, Levs Consultoria Tributário Ltda, Litwell Consultoria e Orientação Tributária Ltda e MFB Empreendimentos e Participações Ltda foram consideradas improcedentes. No que tange à exclusão da receita das compensações não homologadas, houve a redução da glosa para o montante de R$ 1.722.763,81, correspondente à diferença entre a exclusão efetuada pela recorrente e as compensações comprovadamente não homologadas. Por fim, quanto à utilização dos débitos de estimativas mensais parcelados, na composição do saldo negativo do período, ainda que quitadas após a data de apuração, apesar de entender que o limite temporal de quitação para utilização do crédito deve ser o momento da compensação, mantevese o não reconhecimento dos valores, posto que quitados após a data de entrega da DComp. Nesse sentido, o resultado do período do anocalendário de 2006, foi ajustado ao decidido, remanescendo a inexistência de saldo negativo de IRPJ, de modo que foi mantida a não homologação da compensação declarada na DComp nº 09543.71901.291211.1.3.02 2134. O resultado do período, considerandose as conclusões do Acórdão recorrido, é detalhado a seguir: DESCRIÇÃO VALOR (R$) Lucro líquido antes do IRPJ 17.222.805,61 Adições 2.777.436,82 Exclusões 16.709.184,68 Compensações de prej. anteriores 987.317,32 Lucro Real após compensações apurado 2.303.740,43 Ajustes (+) Soma das despesas não dedutíveis (+) Excesso de exclusão 1.722.763,81 Lucro Real ajustado 4.026.504,24 IRPJ apurado 982.626,06 () Retenções na fonte 307.408,18 () Estimativas mensais 264.452,15 IRPJ a pagar 410.765,73 No Recurso Voluntário apresentado, a Recorrente: Fl. 4300DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.301 9 a.1) Suscita, mais uma vez, a preliminar de decadência do direito de a Fazenda Pública promover glosa de despesas em relação ao anocalendário de 2006, o que violaria o art. 156, inciso V, e 173, ambos do CTN, posto que ultrapassado o prazo de 05 (cinco) anos. a.2) Sustenta, ainda, que ao contrário do afirmado no Acórdão recorrido, o caso trata sim de lançamento de créditos tributários, posto que em decorrência do não reconhecimento do direito creditório, teria sido realizado tal lançamento; a.3) Invoca, em favor de sua alegação, o Acórdão nº 10708.306, proferido pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), bem como aponta que decisão proferida pelo julgador de primeira instância, no âmbito do processo administrativo nº 15578.720163/201378, já teria reformado parte da glosa que fundamentou aquelas procedidas no âmbito dos presentes autos; b.1) Igualmente, repete as alegações de nulidade do Parecer e Despacho Decisório que não homologaram a compensação declarada, bem como de prejudicialidade do Recurso Voluntário apresentado no processo administrativo nº 15578.720163/201378, já que, ao seu ver, os fatos produzidos na ação fiscal que resultou naquele processo foram ilegal e indevidamente utilizadas para embasar as glosas realizadas no caso sob análise; b.2) Afirma que, ao não se aguardar o trâmite do processo administrativo nº 15578.720163/201378, houve cerceamento do seu direito de defesa, no sentido de que foi impedida de se defender de fato consumado com base em situação pendente de julgamento e que após o resultado definitivo daquele processo poderá resultar em reflexos na apuração do saldo negativo de que tratam os presentes autos; b.3) Por força da alegada prejudicialidade, defende a suspensão do presente processo, ou conversão em diligência, até que decisão final seja proferida no processo administrativo nº 15578.720163/201378; c.1) No mérito, assevera que todos os valores de tributo referentes ao ano calendário de 2006 devem ser considerados, independentemente da forma e do motivo de sua quitação posterior; c.2) Insurgese, portanto, contra o critério adotado na decisão que não considerou os valores liquidados após o encerramento do exercício, tendo em vista que tal montante não poderia ser utilizado posteriormente; d.1) Alega que a autoridade fiscal não individualizou as DComp que teriam sido homologadas e, desse modo, teriam motivado a glosa da exclusão de receitas procedida pela Recorrente; d.2) A par disso, defende que "o fato de qualquer compensação vir a ser reconhecida posteriormente à composição das exclusões, não haverá de impactar na formação da apuração, que fora calculada anteriormente à sua homologação"; 3) Finaliza, tecendo comentários acerca do acerto do Acórdão guerreado na parte em que reconheceu a insubsistência da glosa referente às despesas com prestação de serviços, ratificando os fatos e fundamentos contidos em sua Manifestação de Inconformidade. Fl. 4301DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.302 10 O processo foi distribuído para a Conselheira Edeli Pereira Bessa (presidente desta Turma Ordinária, à época), que, por entender presente decorrência com o processo de nº 15578.720163/201378, promoveu a redistribuição à Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich, relatora naqueles autos (fls. 4.284/4.285). Tendo em vista o término do mandato desta última Conselheira (fl. 4.286), o processo me foi atribuído, em novo sorteio. Por meio do Despacho de fl. 4.287 e 4.288, o presente processo foi encaminhado à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória/ES, para que fosse procedida a juntada ao processo apenso nº 15578.720088/201426 do comprovante de ciência pelo sujeito passivo do Acórdão nº 0131.691, nele proferido. Após a manifestação da autoridade preparadora (fl. 4.290), os autos retornaram para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator 1 DO CONHECIMENTO DO RECURSO A Recorrente foi cientificada da decisão de primeira instância em 09 de abril de 2015 (fl. 4.016) e apresentou o Recurso Voluntário de fls. 4.153 a 4.180 em 07 de maio de 2015, dentro, portanto, do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. O Recurso é assinado por Procuradoras, devidamente constituídas às fls. 4.277 a 4.281. A matéria objeto do Recurso está contida na competência da 1ª Seção de Julgamento do CARF, conforme Art. 2º, inciso I, e Art. 7º do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RI/CARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. Isto posto, o Recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. 2 DA INEXISTÊNCIA DE DECORRÊNCIA COM O PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 15578.720163/201378 Antes de adentrar à análise do Recurso apresentado, é importante esclarecer a relação existente entre o presente processo e o de nº 15578.720163/201378, posto que tal fato perpassa boa parte das alegações suscitadas pela Recorrente e poderia, até mesmo, constituir óbice ao julgamento imediato do Recurso contido nestes autos. Conforme se pode constatar por meio da leitura do Relatório de Fiscalização de fls. 362 a 795 e do Acórdão nº 0130.261 1ª Turma da DRJ/BEL (fls. 4.181 a 4.264), o Fl. 4302DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.303 11 referido processo administrativo trata de procedimento fiscal e Autos de Infração relativos aos anoscalendários de 2008, 2009 e 2010. Os presentes autos, por outro lado, como já relatado, dizem respeito a Declaração de Compensação (DComp) apresentada com base em suposto saldo negativo de IRPJ apurado em relação ao anocalendário de 2006, e compensado com débito de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do período de apuração de dezembro de 2011 (fls. 2 a 11). Fica patente, portanto, a total dissociação de períodos. O único vínculo existente, como bem delimitado pelo Acórdão recorrido, diz respeito ao aproveitamento, no presente processo, de elementos de prova colhidos no âmbito do procedimento fiscal que originou o processo administrativo nº 15578.720163/201378 (fls. 362 a 3.804). Tratase, portanto, de prova emprestada (em sua acepção processual), definida, na lição de Ada Pellegrini Grinover (apud Fabiana Del Padre Tomé, A Prova no Direito Tributário, 3ª ed, São Paulo: Noeses, 2011, p. 137), como "aquela que é produzida num processo para nele gerar efeitos, sendo depois transportada documentalmente para outro, visando a gerar efeitos em processo distinto". O mero aproveitamento da prova produzida no processo administrativo nº 15578.720163/201378 não produz nenhuma relação de decorrência ou prejudicialidade destes autos em relação aqueles, posto que a valoração das referidas provas será realizada de modo independente em um e outro processo. É essa a precisa lição de Fabiana Del Padre Tomé (op. citado, p. 137): "No que diz respeito à valoração, cumpre ao julgador do processo, ao qual o documento transladado foi juntado, apreciá la no contexto da nova relação processual, servindo essa espécie de prova documental como um dos elementos de convicção. Sua força probatória não é, necessariamente, a mesma que lhe foi atribuída nos autos em que ocorreu sua produção originária, sendo o julgador livre para valorála." Isto posto, fica comprovado que o presente processo não está vinculado ao processo administrativo nº 15578.720163/201378 por decorrência (nos moldes do art. 6º, §1º, inciso II, do Anexo II do RI/CARF), ao contrário inclusive do que, à primeira vista, concluiu se no Despacho de fls. 4.284 e 4.285. Nesse sentido, não se aplica o sobrestamento previsto no §5º do mesmo dispositivo do RI/CARF, pelo que se passa à análise das razões recursais. 3. DAS PRELIMINARES 3.1 DA NULIDADE E DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Como dito, a Recorrente suscita a nulidade do Parecer e Despacho Decisório que não homologaram a compensação declarada por meio da Declaração de Compensação (DComp) nº 09543.71901.291211.1.3.022134, posto que os fatos produzidos no procedimento Fl. 4303DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.304 12 fiscal que resultou no processo administrativo nº 15578.720163/201378 teriam sido ilegal e indevidamente utilizados para embasar as glosas realizadas no presente processo. No seu entender, ao se utilizar das referidas provas, sem que se aguarde o trânsito em julgado administrativo do processo de origem, violouse o seu direito de defesa, de modo a ensejar a nulidade, por força do art. 59, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 1972. A matéria foi adequadamente abordada no Acórdão recorrido que concluiu não existir evidência de nulidade na decisão que não homologou a compensação realizada pela Recorrente, posto que "o Despacho Decisório foi lavrado por servidor competente e o autuado tomou conhecimento da decisão, tendo sido concedido ao mesmo o amplo direito de defesa, o que exerceu amplamente, conforme Manifestação de Inconformidade recebida e conhecida de fls. 3826 e 3828." Como já demonstrado no item precedente, não existe vinculação por decorrência entre o presente processo e o de nº 15578.720163/201378, sendo que, tão somente, provas produzidas neste último foram utilizadas pela Autoridade Fiscal para embasar a sua decisão na análise da DComp apresentada pela Recorrente. Decisão esta plenamente fundamentada consoante as razões expressas no Parecer Seort nº 1.002/2014. Ora, o uso de provas emprestadas no Processo Administrativo Fiscal (PAF), sejam aquelas oriundas de outros processos administrativos envolvendo as mesmas partes (provas emprestadas processuais), sejam aquelas produzidas por outras Fazendas Públicas (provas emprestadas tributárias) é plenamente admitido pela legislação, doutrina e jurisprudência. O Decreto nº 70.235, de 1972, é silente em relação a requisitos genéricos para a admissão da prova emprestada processual, tratando exclusivamente, em seu art. 30, §3º, do uso de laudos e pareceres técnicos sobre produtos. De resto, os limites que tem sido impostos pela jurisprudência, quando muito, temse limitado a que os processos sejam entre as mesmas partes, que seja assegurado o contraditório e a ampla defesa, e que o empréstimo seja apenas das provas e não das conclusões. Neste sentido, "PROVA EMPRESTADA. PROVAS INDICIÁRIAS. VALIDADE. É válido o emprego no processo administrativo tributário de prova emprestada, bem como de provas indiciárias, cujo valor probante dependerá da quantidade e da consistência dos indícios. (Acórdão CARF nº 1301002.205, 1ª Seção / 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Relator Roberto Silva Júnior, julgado em 14 de fevereiro de 2017)" "PROVA EMPRESTADA. ADMISSIBILIDADE. As provas obtidas em outro processo do Fisco Estadual, mesmo que este ainda não tenha "transitado em julgado", são admissíveis no processo administrativo fiscal, desde que não prejudique o direito de defesa do contribuinte. (Acórdão CARF nº 1401001.568, 1ª Seção / 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Relator Antônio Bezerra Neto, julgado em 02 de março de 2016)" Fl. 4304DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.305 13 "PROVA EMPRESTADA. ADMISSIBILIDADE. As provas obtidas do Fisco Estadual na fase de fiscalização são admissíveis no processo administrativo fiscal desde que submetidas a novo contraditório por justamente não prejudicarem o direito de defesa do contribuinte. (Acórdão CARF nº 1103000.823, 1ª Seção / 1ª Câmara / 3ª Turma Ordinária, Relator Sérgio Luiz Bezerra Presta, julgado em 06 de maço de 2013)" "PROVA EMPRESTADA. EXISTÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. POSSIBILIDADE. Cientificado da formalização da exigência fiscal, o sujeito passivo passa a ter direito na fase litigiosa ao contraditório e à ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, nos termos do processo administrativo tributário. Inexiste óbice à utilização de prova emprestada no processo administrativo fiscal, tampouco é necessária a identidade entre as partes no processo de origem e aquele a que se destina a prova emprestada. Não há que se falar em nulidade no uso de prova emprestada quando é oportunizado ao sujeito passivo manifestarse sobre todos os elementos trazidos aos autos pela autoridade lançadora. (Acórdão CARF nº 2401004.483, 2ª Seção / 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Relator Cleberson Alex Friess, julgado em 17 de agosto de 2016)" No caso em análise, as provas trazidas aos autos se originaram do processo administrativo nº 15578.720163/201378 (em que as partes são as mesmas deste processo), a autoridade fiscal realizou a sua valoração e sobre elas extraiu as suas conclusões para o período de apuração de 2006 (o Acórdão recorrido, inclusive, concluiu no sentido de que elas não foram suficientes para isoladamente comprovar a inexistência das despesas) e foi inteiramente assegurado ao sujeito passivo a apresentação dos recursos previstos, tanto que o caso foi submetido às instâncias do contencioso administrativo. Também não procede a alegação da Recorrente de que, ao não se aguardar o trâmite do processo administrativo nº 15578.720163/201378, houve cerceamento do seu direito de defesa, no sentido de que foi impedida de se defender de fato consumado com base em situação pendente de julgamento e que após o resultado definitivo daquele processo poderá resultar em reflexos na apuração do saldo negativo de que tratam os presentes autos Como já tratado no item 2, não há qualquer reflexo das decisões exaradas no processo administrativo nº 15578.720163/201378 em relação aos presentes autos, posto que se tratam de objetos e períodos de apuração completamente distintos e dissociados. Aquele, trata de constituição de crédito tributário em relação aos anoscalendários de 2008 a 2010; estes de compensação de saldo negativo relativo ao anocalendário de 2006, com débito referente a período de apuração contido no anocalendário de 2011. Neste sentido, rejeito as preliminares de nulidade e cerceamento do direito de defesa. 3.2 DA PREJUDICIALIDADE E DA SUSPENSÃO DO PROCESSO Fl. 4305DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.306 14 A Recorrente alega a prejudicialidade da decisão final do processo administrativo nº 15578.720163/201378 em relação àquela que venha a ser proferida nestes autos, pugnando pela suspensão do presente processo, ou conversão em diligência, até que decisão final seja proferida naquele processo administrativo. Esta matéria já foi suficientemente afastada nesta decisão, com a demonstração da inexistência de vinculação por decorrência entre os referidos processos, hipótese em que se aplicaria a suspensão determinada pelo art. 6º, §5º, do Anexo II do RI/CARF. Neste sentido, rejeito igualmente a alegação de prejudicialidade e a necessidade de suspensão do processo ou conversão em diligência. 3.3 DA REVISÃO DA BASE DE CÁLCULO DO DIREITO CREDITÓRIO A Recorrente invoca a decadência do direito de a Fazenda Pública promover glosa de despesas em relação ao anocalendário de 2006, uma vez que ultrapassado o prazo de 05 (cinco) anos, posto que isso violaria o art. 156, inciso V, e 173, ambos do CTN. Como bem esclarecido na decisão recorrida, o prazo de que trata o art. 173 do CTN trata da constituição do crédito tributário, não guardando qualquer relação com o objeto do presente processo que é a análise de suposto direito creditório invocado pela Recorrente na DComp apresentada. Como sabido, uma vez apresentada pelo sujeito passivo a Declaração de Compensação de que trata o art. 74, §1º, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, na redação conferida pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, a Fazenda Pública dispõe do prazo de 5 (cinco) anos para verificar a correção da compensação declarada, sob pena de homologação tácita desta. Por óbvio que esta verificação da correção da compensação declarada deve envolver a liquidez e a certeza do crédito que o sujeito passivo utilizou para embasar a sua declaração, posto que tais características são requisitos essenciais fixados pela lei para a realização da compensação, conforme art. 170 do CTN. Assim, na verificação realizada pela Autoridade Fiscal dentro do prazo de 5 (cinco) anos após a apresentação da DComp não há como se impor limites a que se analise inclusive a base de cálculo do suposto crédito invocado pelo sujeito passivo, ainda que se refira a fatos ocorridos a mais de 5 (cinco) anos, não para que realize lançamento tributário, mas para embasar a decisão acerca da restituição/compensação. Há diversos precedentes deste Colegiado neste sentido (Acórdão nº 1401 001.656, 1ª Seção / 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Relator Antônio Bezerra Neto, julgado em 09 de junho de 2016; Acórdão nº 1402002.306, 1ª Seção / 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, Relator Luiz Augusto de Sousa Gonçalves, julgado em 15 de setembro de 2016; Acórdão nº 1301001.300, 1ª Seção / 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Relator Paulo Jackson da Silva Lucas, julgado em 08 de outubro de 2013; Acórdão nº 3201002.449, 3ª Seção/ 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, Relatora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, julgado em 24 de janeiro de 2017). Fl. 4306DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.307 15 Na verdade, conclusão diversa tornaria letra morta o referido prazo para a homologação, posto que o sujeito passivo dispõe do prazo de 5 (cinco) anos contados a partir do fato gerador para retificar sua declaração (Parecer Cosit nº 48, de 1999; Solução de Consulta Interna Cosit nº 11, de 2006; Parecer Normativo Cosit nº 6, de 04 de agosto de 2014), bem como de igual prazo, contados desde a extinção do crédito tributário, para pleitear a restituição do tributo pago indevidamente ou a maior (art. 168, inciso I, do CTN). O caso sob apreço ilustra perfeitamente tal fato: A Recorrente, após haver apresentado DIPJ em relação ao anocalendário de 2006 (fls. 12 a 101), na qual apurou saldo de imposto a pagar igual a zero, apresentou em 29 de dezembro de 2011, DIPJ retificadora (fls. 102 a 192), na qual alterou o base de cálculo do IRPJ, em R$ 16.709.184,68, de modo que indicou saldo negativo no montante de R$ 3.793.925,24. Na mesma data, apresentou a DComp de que trata o presente processo, por meio da qual compensou o novel saldo apurado. Adotandose a linha de raciocínio invocada pelo sujeito passivo, a Administração Tributária, apesar de dispor até 29 de dezembro de 2016 para homologar ou não a compensação declarada pelo sujeito passivo, disporia de apenas 2 dias para verificar a liquidez e certeza do saldo negativo que a embasou. A interpretação de todas as normas deve ser realizada de modo sistêmico, para concluir que, embora disponha até 31 de dezembro de 2011 para constituir qualquer crédito tributário relativamente ao anocalendário de 2006 (é disso que trata o art. 173 do CTN), a Fazenda Pública disporá de todo o lustro, contado a partir da apresentação da DComp, para verificar a liquidez e certeza do crédito invocado, inclusive contestando a base de cálculo utilizada para apurálo. Mais uma vez, o caso em apreço é perfeito para ilustrar o tema: Após 31 de dezembro de 2011, a Autoridade Fiscal possuía competência para contestar a apuração do saldo negativo de IRPJ relativo ao anocalendário de 2006, com vistas ao não reconhecimento de direito creditório, e à não homologação compensação declarada com base nele. De outra parte, com base em tal apuração, jamais poderia constituir qualquer crédito tributário relativo ao referido período de apuração, uma vez que já terá transcorrido o prazo decadencial. Foi exatamente isso que ocorreu, in casu. Apesar de apurar que o sujeito passivo, em lugar de possuir saldo negativo de IRPJ no montante de R$ 3.793.925,24, devia haver recolhido o valor de R$ 1.453.443,83, a Autoridade Fiscal nada pôde fazer para constituir tal crédito tributário, limitandose a nãohomologar a compensação declarada. Não procede a afirmação da Recorrente de que, em decorrência do não reconhecimento do direito creditório, teria sido realizado tal lançamento. Também não aproveita à Recorrente a invocação do Acórdão nº 10708.306, posto que a decisão é válida apenas para a parte nele envolvida. Ademais, como citado acima, há vasta jurisprudência em sentido diverso. Fl. 4307DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.308 16 Por fim, igualmente não possui qualquer repercussão nos autos a alegação de que decisão proferida pelo julgador de primeira instância, no âmbito do processo administrativo nº 15578.720163/201378, teria reformado parte da glosa que fundamentou aquelas procedidas no âmbito dos presentes autos. Como sobejamente repetido, aquele processo administrativo não guarda relação de decorrência com o presente e a valoração das provas emprestadas daqueles autos deve ser realizada para o período de apuração aqui analisado. Por todo o exposto, voto no sentido de não reconhecer a decadência suscitada pela Recorrente. 3.4 DA DESCONSIDERAÇÃO DA EXCLUSÃO DE RECEITAS Em relação à desconsideração da exclusão de receitas realizada pela Recorrente, sua alegação é no sentido de que a autoridade fiscal não individualizou as DComp que teriam sido homologadas e que, portanto, deveriam ter sido mantidas como receitas. O argumento não procede, já que a autoridade fiscal discrimina, às fls. 3.805 a 3.809, o desfecho de todas as DComp apresentadas pela Recorrente no anocalendário de 2006, explicitando aquelas que teriam sido homologadas, no montante de R$ 1.808.721,27. A Recorrente defende, ainda, que "o fato de qualquer compensação vir a ser reconhecida posteriormente à composição das exclusões, não haverá de impactar na formação da apuração, que fora calculada anteriormente à sua homologação". Na verdade, a lógica invocada é a inversão da sistemática que deve ser aplicada. Neste ponto, pela precisão da abordagem, transcrevo trecho da decisão recorrida: "Nesse passo, importa registrar que a compensação efetuada pelo sujeito passivo, na forma do art. 74 da Lei nº 9.430/96, tem efeito imediato, sob condição resolutória de ulterior homologação da RFB (§2º). Ou seja, operase com a entrega de Declaração de Compensação, perdendo seus efeitos na hipótese de não homologação. Não a toa que a inércia da Administração resulta na homologação tácita da compensação declarada. Pensar do contrário, seria atribuir efeito suspensivo à declaração até a sua homologação. (...) Por conseguinte, havendo a inclusão da receita no resultado, por ocasião da entrega da declaração de compensação ou de deferimento do pedido de restituição, a exclusão dessa receita do lucro real somente ocorreria na hipótese de (i) não homologação da compensação, (ii) cancelamento da declaração de compensação ou (iii) declaração de considerada “não declarada”. Isto porque são definitivas as decisões administrativas que homologam a compensação ou reconhecem os pedido de restituição, assim como a homologação tácita da compensação. Logo, a exclusão da receita de créditos recuperáveis no lucro real deve estar devidamente fundamentada em documentos que Fl. 4308DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.309 17 comprovem uma das hipóteses aventadas no parágrafo anterior." Assim, desde a apresentação da DComp, deve o sujeito passivo reconhecer a receita do crédito compensado, de modo a anular os efeitos da dedutibilidade do pagamento ocorrida em momento anterior. Como dito, somente em caso de não confirmação da compensação, é que a receita poderia ser excluída na apuração do lucro real. No caso dos autos, do total de R$ 16.709.184,68 excluídos pela Recorrente em seu Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur), só ficou comprovada a não homologação do valor de R$ 14.986.420,87, de modo que perfeito o Acórdão na medida em que desconsiderou a exclusão de receitas em montante correspondente à diferença entre esses totais, ou seja, R$ 1.722.763,81. 3.5 DA GLOSA DE ESTIMATIVAS No tocante à desconsideração das estimativas recolhidas após a apresentação da DComp, a Recorrente manteve a alegação de que todos os valores de tributo referentes ao anocalendário de 2006 devem ser considerados, independentemente da forma e do motivo de sua quitação posterior, por força do regime de competência. Insurgese, assim, contra a não consideração dos valores liquidados após o encerramento do exercício, tendo em vista que tal montante não poderia ser utilizado posteriormente. Constatase, portanto, que o sujeito passivo não considerou em seu Recurso o abrandamento de critério promovido pelo Acórdão recorrido. É que, enquanto no Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada na DComp nº 09543.71901.291211.1.3.022134 foram desconsideradas todas as estimativas que não haviam sido quitadas até o encerramento do período de apuração (31/12/2006); o julgador de primeira instância, de outra parte, considerou todos os recolhimentos efetuados até a data de realização da compensação, ou seja, até a data de transmissão da DComp. A fundamentação utilizada no Acórdão recorrido pode ser assim sintetizada: "Antes de tudo, importa diferenciar o crédito tributário da Fazenda pública contra o sujeito passivo do crédito tributário do sujeito passivo contra a Fazenda pública. O primeiro decorre da ocorrência do fato gerador do tributo, momento que surge em contrapartida um débito tributário do sujeito passivo a favor da fazenda pública. O segundo tem origem em um pagamento à fazenda pública, passível de utilização na extinção do débito tributário do sujeito passivo para com a fazenda pública. Ao tratar da compensação, o art. 170 do CTN determina que os créditos tributários líquidos e certos do sujeito passivo contra a Fazenda pública podem ser objetos de compensação, na forma que a lei estipular. Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à Fl. 4309DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.310 18 autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) Como liquido e certo, entendese aquele crédito tributário cuja existência seja garantida e que valor seja mensurável. Ocorre que o débito parcelado não se enquadra no conceito de crédito tributário contra a fazenda pública. Primeiro porque se trata de uma obrigação (débito) do sujeito passivo para com Fazenda, e não de um direito (crédito) perante esta. Segundo, ainda que possa ser exigido pela fazenda pública, o débito parcelado somente pode ser transformado em crédito tributário a partir de sua extinção, momento em que sua liquidez e certeza tornamse passível de avaliação. O parcelamento suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas não o extingue. As formas de extinção do crédito tributário estão previstas no art. 156, do CTN, e dentre elas não se fala de parcelamento. O parcelamento foi inserido como uma das modalidades de suspensão do crédito tributário, nos termos do art. 151, inciso VI, do CTN. Do exposto, para que o sujeito passivo efetue a compensação de tributos, necessário se faz que seu direito seja líquido e certo, vale dizer, que o débito tributário que deu origem ao crédito esteja comprovadamente extinto. Não sendo o caso, não há como compensar o crédito apenas porque o débito do qual originário foi parcelado. Logo, o débito incluído em qualquer modalidade de parcelamento, não pode, só por este fato, ser restituído ou compensado. Somente com o pagamento do débito até o momento da transmissão da DCOMP é que o crédito dele resultante pode ser objeto de pedido de restituição e/ou compensação." Entendo não haver reparo ao raciocínio utilizado. Nos termos do art. 2º, §4º, da Lei nº 9.430, de 1996, o saldo negativo de IRPJ é apurado, em 31 de dezembro de cada ano, quando o valor do imposto devido é superado pela soma das seguintes parcelas: "I dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos fixados na legislação vigente, bem como o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; II dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração; III do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; IV do imposto de renda pago na forma deste artigo." (destacouse) Fl. 4310DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.311 19 Vêse, portanto, que apenas o valor pago poderá ser levado ao cálculo do saldo, para fins de apuração do montante passível de restituição e/ou compensação, na forma do art. 6º, inciso II, da mesma Norma. Os valores de estimativa que deixaram de ser recolhidos tempestivamente pelo sujeito passivo, até o encerramento do exercício, não poderão mais ser exigidos por meio de lançamento de ofício (Súmula CARF nº 82), não serão cobrados administrativamente e/ou por meio de execução fiscal (Nota Cosit nº 31/2013 e Parecer PGFN/CAT nº 88/2014) e não serão objeto de parcelamento (Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 e 193/2013), sendo aplicável apenas a multa isolada de que trata o art. 44, inciso II, alínea "b", da Lei nº 9.430, de 1996. A controvérsia que se põe, então, é saber o tratamento a ser conferido em relação aos valores pagos a título de estimativa após o encerramento do período de apuração e levados ao ajuste anual do IRPJ. A interpretação conjunta dos dispositivos citados da Lei nº 9.430, de 1996, com o art. 170 do CTN, que exige a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo, para autorizar a compensação, leva à conclusão a que chegou o Acórdão recorrido: apenas os valores pagos até a data da realização da compensação, ou seja, a data de transmissão da DComp, poderão ser aproveitados em tal compensação. Entender o contrário, seria autorizar ao sujeito passivo a compensação de valores ilíquidos e incertos, o que feriria o referido art. 170 do CTN. No caso dos autos, a Recorrente alegou que, do total de R$ 4.038.452,16 de estimativas consideradas na apuração do saldo negativo do anocalendário de 2006, R$ 3.774.000,00 haviam sido quitado por meio de parcelamentos. O exame atento do Parecer Seort nº 1.002/2014, porém, revela que a situação é completamente distinta. In verbis: "13. A contribuinte informou na Ficha Estimativas Parceladas, valores referentes a alguns meses do ano de 2006, totalizando R$ 3.774.000,00 (três milhões, setecentos e setenta e quatro mil reais), resumido no quadro seguinte. P A VALOR P A VALOR P A VALOR abr06 55.000,00 mai/06 244.999,99 jun/06 580.000,01 jul06 430.000,51 ago/06 560.000,00 set/06 700.000,00 out06 399.999,50 nov/06 234.000,00 dez/06 570.000,00 14. Informou na DCOMP que todos esses valores teriam sido parcelados no processo n° 13804.000114/201026, entretanto, tratase de um equívoco, visto que no referido processo não consta nenhum valor de IRPJ. 15. Em relação a esses valores, a contribuinte havia transmitido diversas DCOMPs, declarando compensações de IRPJ dos meses de abril a dezembro de 2006. Fl. 4311DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.312 20 16. As DCOMPs relativas aos débitos de IRPJ dos meses de julho e outubro foram canceladas, e as dos demais meses, não foram homologadas, ou seja, nenhum desses débitos foi compensando. (...) 19. Os débitos declarados nas DCOMPs válidas (aquelas não retificadas ou canceladas), foram controlados em processos de cobrança (última coluna do demonstrativo do item 17). 20. Os referidos débitos, em valores originais, total de R$ 2.944.000,00 (dois milhões, novecentos e quarenta e quatro mil reais), foram liquidados somente em 2012, ou seja, após o término do período de apuração do IRPJ, não sendo considerado na composição do resultado fiscal do exercício. (...) 22. Com relação ao IRPJ de julho e outubro, débitos declarados nas DCOMPs que foram canceladas, constam pagamentos realizados em 06/06/2012, bem posteriores ao encerramento do período de apuração, assim, não serão considerados para efeito de apuração do resultado fiscal de 31/12/2006." A partir do exposto, e com base no art. 170 do CTN, não há como se homologar a compensação realizada com saldo negativo de IRPJ apurado a partir da consideração de valores que, até a data de transmissão da DComp não estavam quitados, como é o caso daqueles relativos aos meses de julho e outubro, que totalizam R$ 830.000,01. Por outro lado, no que diz respeito aos valores referentes aos meses de abril a junho, agosto, setembro e dezembro, tratamse de quantias que, à data de transmissão da DComp nº 09543.71901.291211.1.3.022134 (na verdade, na data de encerramento do ano calendário de 2006), já estavam extintas, sob condição resolutória de sua posterior homologação, por meio de Declarações de Compensação. Isto posto, ainda que as referidas DComp não tenham sido homologadas, os valores nelas confessados devem ser considerados na apuração do saldo do período de apuração, como já decidiu esta Turma, em relação a este mesmo sujeito passivo (Acórdão nº 1302002.328, de 27 de julho de 2017, de relatoria deste Conselheiro). A esse entendimento chegou a 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), conforme Acórdão nº 9101002.493 (Relator Marco Aurélio Pereira Valadão, julgado em 23 de novembro de 2016): "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2006 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por Fl. 4312DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.313 21 conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ)." Tal entendimento é amparado pelo posicionamento da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) expresso no Parecer PGFN/CAT nº 88/2014: "Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei no 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança." Em que pese a CSRF ter voltado a se pronunciar, por voto da qualidade, em sentido contrário à tese, por meio do Acórdão nº 9101003.708, de 09 de agosto de 2018 (Relator Conselheiro Rafael Vidal de Araújo), a possibilidade de aproveitamento das estimativas compensadas tem sido acolhida por diversos julgados das Turmas Ordinárias do CARF, incluindo esta Turma, conforme ilustram as seguintes ementas: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 QUITAÇÃO DE ESTIMATIVAS POR MEIO DE COMPENSAÇÃO. Quando o contribuinte promove compensação para extinção de sua obrigação de pagar estimativas, o Fisco deve se limitar à confirmação de que foi promovida a regular declaração no montante e prazos devidos, bem como que se trata de créditos passíveis de compensação. Feitas tais verificações e confirmada a extinção do crédito tributário das estimativas via compensação (art. 156, II, do CTN), o valor quitado forma o saldo negativo do período, passível de ser compensado. Caso eventualmente a compensação das estimativas não seja homologada, o respectivo débito será objeto de cobrança imediata eis que confessado." (Acórdão nº 1401002915, de 20 de setembro de 2018, Relatora Conselheira Lívia De Carli Germano) "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2006 ESTIMATIVA COMPENSADA. SALDO NEGATIVO. APROPRIAÇÃO. CABIMENTO. A estimativa compensada pode ser levada ao ajuste anual, sendo descabida a glosa por falta de liquidez e certeza, uma vez que sua cobrança é feita no próprio processo de compensação." (Acórdão nº 1302003.022, de 15 de agosto de 2018, Relator Conselheiro Carlos Cesar Candal Moreira Filho) Fl. 4313DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.314 22 Por fim, o recentíssimo Parecer Normativo Cosit nº 2, de 3 de dezembro de 2018 (com status de norma complementar, na forma do art. 100 do CTN), concluiu: "e) no caso de Dcomp não homologada, se o despacho decisório for prolatado após 31 de dezembro do anocalendário, ou até esta data e for objeto de manifestação de inconformidade pendente de julgamento, então o crédito tributário continua extinto e está com a exigibilidade suspensa (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996), pois ocorrem três situações jurídicas concomitantes quando da ocorrência do fato jurídico tributário: (i) o valor confessado a título de estimativas deixa de ser mera antecipação e passa a ser crédito tributário constituído pela apuração em 31/12; (ii) a confissão em DCTF/Dcomp constitui o crédito tributário; (iii) o crédito tributário está extinto via compensação; não é necessário glosar o valor confessado, caso o tributo devido seja maior que os valores das estimativas, devendo ser as então estimativas cobradas como tributo devido; f) se o valor objeto de Dcomp não homologada integrar saldo negativo de IRPJ ou a base negativa da CSLL, o direito creditório destes decorrentes deve ser deferido, pois em 31 de dezembro o débito tributário referente à estimativa restou constituído pela confissão e será objeto de cobrança;" Neste sentido, voto no sentido de que o montante de R$ 2.943.999,99, extinto, a título de estimativas, por meio de Declarações de Compensação (DComp) apresentadas antes do encerramento do anocalendário de 2006, seja considerado na apuração do saldo de IRPJ ao final daquele período. 3.6 DA DESCONSIDERAÇÃO DE DESPESAS Quanto à desconsideração de despesas referentes a serviços prestados à Recorrente pelas pessoas jurídicas Negócios Soluções Assessoria Empresarial Ltda, Levs Consultoria Tributário Ltda, Litwell Consultoria e Orientação Tributária Ltda e MFB Empreendimentos e Participações Ltda, deixase de analisar as alegações veiculadas no Recurso Voluntário. É que o Acórdão recorrido já considerou improcedente tal desconsideração, por ausência de questionamento ao sujeito passivo a respeito da comprovação da efetiva prestação do serviço e por ausência de demonstração de excesso de valor pago pela Recorrente. Não há, portanto, qualquer matéria litigiosa quanto a este fato. 4. DO RESULTADO DO PERÍODO O saldo de IRPJ referente ao anocalendário de 2006 deve então ser ajustado, para levar em considerações o decidido no presente processo, restando evidenciado do seguinte modo: DESCRIÇÃO VALOR (R$) Lucro líquido antes do IRPJ 17.222.805,61 Adições 2.777.436,82 Exclusões 16.709.184,68 Compensações de prej. anteriores 987.317,32 Fl. 4314DF CARF MF Processo nº 15578.720031/201346 Acórdão n.º 1302003.311 S1C3T2 Fl. 4.315 23 Lucro Real após compensações apurado 2.303.740,43 Ajustes (+) Soma das despesas não dedutíveis (+) Excesso de exclusão 1.722.763,81 Lucro Real ajustado 4.026.504,24 IRPJ apurado 982.626,06 () Retenções na fonte 307.408,18 () Estimativas mensais 3.208.452,14 Saldo negativo de IRPJ 2.533.234,26 Por todo o exposto, voto, por rejeitar as preliminares de nulidade, prejudicialidade e decadência, e, no mérito, por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário e HOMOLOGAR PARCIALMENTE a compensação de que trata a Declaração de Compensação (DComp) nº 09543.71901.291211.1.3.022134 até o limite do crédito reconhecido. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 4315DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.903127/2009-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/09/2003
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA.
Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.389
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/09/2003 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 31 27 /2 00 9- 32 Fl. 52DF CARF MF Processo nº 13888.903127/200932 Acórdão n.º 3301005.389 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologação da compensação declarada, sob o fundamento de que o pagamento da contribuição (PIS/Cofins), informado como origem do crédito, já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do seu direito creditório, bem como a homologação da compensação, alegando que auferira receitas não sujeitas à incidência da contribuição (PIS/Cofins), dada a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1º, da Lei n° 9.718/1998, que fixou um novo conceito de faturamento, ampliando aleatoriamente a base de cálculo das contribuições para alcançar "a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas". De acordo com o então Manifestante, referido dispositivo violou flagrantemente os arts. 146 e 154 da Constituição Federal, além do art. 110 do Código Tributário Nacional (CTN), alterando o alcance a definição de institutos, conceitos e formas do direito privado, segundo o qual faturamento é uma espécie de receita, qualificada como ingresso patrimonial decorrente de operações mercantis de venda de mercadorias e serviços e nada mais. Concluiu que o Supremo Tribunal Federal (STF), por seu Pleno, reconhecera a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, ao julgar os REs 346.084/PR, 357.9501/RS e 390.840/MG, por entender que a ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins por lei ordinária violou a redação original do art. 195, I, da Constituição Federal, ainda vigente ao ser editada a mencionada norma legal. Dessa forma, pleiteou o reconhecimento da legalidade da compensação declarada, com a exclusão da base de cálculo de todas as receitas agrupadas sob a rubrica "outras receitas". A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 1427.879, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendo a decisão da repartição de origem. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, repisando os argumentos trazidos em sua Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 53DF CARF MF Processo nº 13888.903127/200932 Acórdão n.º 3301005.389 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.379, de 25/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 13888.903098/200917, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.379): O Recurso Voluntário interposto em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 1430.375 é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/11/2002 CONSTITUCIONATIDAI)E. DECISÃO DO SUPREMO—TRIBUNAL FEDERAL. A decisão do Supremo Tribunal Federal, prolatada em Recurso Extraordinário, não possui efeito erga omnes. PIS. BASE DE CALCULO. A partir de fevereiro de 1999, a base de cálculo do PIS passou a ser a totalidade das receitas auferidas pela empresa subtraida de algumas exclusões previstas em lei. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Aduz o Contribuinte em seu recurso que efetuou pagamento a maior da contribuição ao PIS e compensou com os valores devidos à contribuição. A Fl. 54DF CARF MF Processo nº 13888.903127/200932 Acórdão n.º 3301005.389 S3C3T1 Fl. 5 4 Administração Fiscal não homologou o pedido de compensação por entender que não há crédito a favor do Contribuinte, visto que o pagamento informado pelo Contribuinte como origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de débitos, não restando, assim, crédito disponível para compensação com os débitos relacionados no PER/DCOMP, sendo que o DARF foi alocado para o débito declarado em DCTF apresentado pelo Contribuinte. Assim esclarece os fatos o Contribuinte em seu recurso (fls. 80 e seguintes): A Fiscalização incluiu na base de cálculo da PIS o valor de "outras receitas", o que levou a empresa recorrente a recolher valor de contribuição superior ao realmente devido. Segundo apurouse, a recorrente recolheu a importância de R$ 217,35 indevidamente, a titulo de PIS. Este valor tem como correspondente base de cálculo o importe de R$ 33.438,73 qual não deveria integrar a base de calculo de referida contribuição, haja vista que corresponde a "outras receitas" apuradas naquele período. Sendo credora dessa importância, que atualizada gerou um crédito de R$ 330,40, a recorrente utilizouse desse valor para compensálo com o PIS devido no mês de novembro de 2005, conforme procedimento “PER/DCOMP” anexado aos autos do processo administrativo. A Secretaria da Receita Federal não homologou a compensação, conforme despacho decisório proferido em 25 de Margo de 2009. 0 Fisco não aceitou a existência de crédito da recorrente, consolidando o valor do débito, correspondente aos valores considerados indevidamente compensados. (...) A cobrança, no entanto, não pode prosperar, devendo ser cancelada, uma vez que a importância relativa a "outras receitas" não pode ser incluída na base de cálculo para apuração dos tributos PIS e COFINS, devendo, assim, exonerar a recorrente do pagamento dos débitos do período em referência. Percebese que a questão central é que o Fisco entendeu que “outras receitas” integram a base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS, enquanto que o Contribuinte discorda visto a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1°, da Lei n° 9.718/1998 e assim se pronuncia às fls. 84 e seguintes: (...) A base de cálculo ao PIS não abrange as "outras receitas", assim consideradas aquelas que não sejam provenientes da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. A contribuição relativa ao PIS incide sobre o faturamento da empresa e teve sua cobrança instituída pela Lei Complementar n° 70/71, encontrando suporte no artigo 195, da Constituição Federal de 1988. O faturamento constituise elemento primordial na construção da base de cálculo da COFINS e do PIS, a qual foi definida pela Carta Magna, não podendo, obviamente, ser alterada por simples lei ordinária. (...) A Lei n° 9.718/98, no entanto, ampliou aleatoriamente a base de cálculo do PIS e da COFINS, passando a considerar faturamento a "totalidade das Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13888.903127/200932 Acórdão n.º 3301005.389 S3C3T1 Fl. 6 5 receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas", conforme se depreende do seu artigo 3°, parágrafo primeiro. Tal dispositivo legal, ao ampliar o conceito de faturamento, violou o principio da supremacia da Constituição Federal. (...) Considerando que o Supremo Tribunal Federal já considerou inconstitucional o artigo 3°, parágrafo 1°, da Lei no 9.718/98, que ampliou o conceito de faturamento, há que se reconhecer a legalidade da compensação pretendida pela recorrente, uma vez que devem ser excluídas da base de cálculo todas as receitas que estão sob o conceito de "outras receitas". Com esses argumentos o Contribuinte requer a anulação do Despacho Decisório proferido em 4 de agosto de 2010 que não homologou o pedido de compensação. Na decisão ora recorrida assim se pronunciou o relator (fls. 73): (...) Realmente, no dia 9 de novembro de 2005, o STF, em sessão plenária em quatro recursos individuais, julgou inconstitucional o § 10 do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, que definiu como base de incidência das contribuições ao PIS e A Cofins a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica. 0 STF entendeu que referida norma, quando de sua edição, era incompatível com o texto constitucional então vigente, que previa a incidência das contribuições sociais apenas sobre o faturamento das pessoas jurídicas e não sobre a totalidade das suas receitas. Contudo, como tais decisões do STF não foram proferidas em Ação Direta de Inconstitucionalidade — ADIN, beneficiam, apenas e tão somente, as partes envolvidas nos recursos mencionados. (...) Neste aspecto entendo não assistir razão a administração fiscal, visto que em face a inconstitucionalidade do art. 3o § 1º, da Lei 9.718/98, deve se excluir da base de cálculo da contribuição as “outras receitas”. Ocorre que o Contribuinte não demonstrou na Manifestação de Inconformidade, bem como, no Recurso Voluntário, o que integra a rubrica “outras receitas”, pois cabe a quem alega o direito creditório demonstrar a sua liquidez e certeza. Cito trecho da decisão ora recorrida como razões para decidir (fls 74 e seguintes): Sob outro prisma, compete acentuar que após a ciência do despacho decisório transferese ao contribuinte o ônus probante objetivando sustentar suas alegações, incluindo eventuais retificações de valores informados em DCTF. Diante disto, é importante ressaltar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática em todos os seus limites, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13888.903127/200932 Acórdão n.º 3301005.389 S3C3T1 Fl. 7 6 A par disso, impende observar que, nos termos do artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil, ao autor incumbe o ônus da prova dos fatos constitutivos do seu direito. Logo, as declarações de compensação devem estar, necessariamente, instruídas com as devidas provas do indébito tributário no qual se fundamentam, sob pena de pronto indeferimento. No caso em tela, a prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido, pois há situações em que somente a contribuinte detém em seu poder os registros de prova necessários para a elucidação da verdade dos fatos. Com efeito, os registros contábeis e demais documentos fiscais, acerca da base de cálculo do PIS, são elementos indispensáveis para que se comprove a certeza e a liquidez do direito creditório aqui pleiteado. No presente caso, a recorrente, em sua peça impugnatória, não apresentou qualquer documentação fiscal demonstrando as receitas constituídas de valores classificados como "outras receitas" que, em sua tese apresentada na manifestação de inconformidade, não estariam sujeitas à incidência de PIS e Cofins. Consoante noção cediça, a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, conforme dispõe o artigo 923 do RIR/1999: "Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º )". Por tais razões, a contribuinte, quando apresenta uma Declaração de Compensação, deve, necessariamente, provar um crédito tributário a seu favor para extinguir um débito tributário constituído em seu nome, de forma que o reconhecimento do indébito tributário seja o fundamento fático e jurídico de qualquer declaração de compensação, ainda mais quando tal débito estava declarado em DCTF. Esse, por sinal, tem sido o entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, como atesta de forma ilustrativa a ementa do seguinte acórdão: "DCTF ALEGAÇÃO DE ERRO NO PREENCHIMENTO AUSÊNCIA DE PROVA Os dados informados em DCTF reputamse verdadeiros, até prova em contrário. Inadmissível a simples alegação de erro no seu preenchimento, desacompanhada de comprovação cabal do lapso." (Acórdão 10420.645, de 18/5/2005) Nesse sentido, na declaração de compensação apresentada o indébito não contém os atributos necessários de liquidez e certeza, os quais são imprescindíveis para reconhecimento pela autoridade administrativa de crédito junto à Fazenda Pública sob pena de haver reconhecimento de direito creditório incerto, contrário, portanto, ao disposto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Com essas razões, ausência de comprovação do direito ao crédito, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte. Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13888.903127/200932 Acórdão n.º 3301005.389 S3C3T1 Fl. 8 7 Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Contribuição para o PIS, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Cofins, importando registrar, também, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 58DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.721329/2014-79
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
ESTIMATIVAS. FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. CABIMENTO.
Com o advento da Medida Provisória nº 351, de 2007, convertida na Lei nº 11.488, de 2007, evidenciou-se o cabimento da incidência da multa isolada pela falta de pagamento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, ainda que cumulativamente haja imposição da multa de ofício proporcional ao imposto e à contribuição devidos ao final do respectivo ano-calendário.
Numero da decisão: 9101-003.822
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Demetrius Nichele Macei (relator), Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado), que lhe deram provimento. Designada para redigir voto vencedor a conselheira Viviane Vidal Wagner.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rego - Presidente
(assinado digitalmente)
Demetrius Nichele Macei - Relator
(assinado digitalmente)
Viviane Vidal Wagner - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado), e Adriana Gomes Rego (Presidente).
Nome do relator: DEMETRIUS NICHELE MACEI
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009, 2010, 2011 ESTIMATIVAS. FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. CABIMENTO. Com o advento da Medida Provisória nº 351, de 2007, convertida na Lei nº 11.488, de 2007, evidenciou-se o cabimento da incidência da multa isolada pela falta de pagamento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, ainda que cumulativamente haja imposição da multa de ofício proporcional ao imposto e à contribuição devidos ao final do respectivo ano-calendário.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Demetrius Nichele Macei (relator), Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado), que lhe deram provimento. Designada para redigir voto vencedor a conselheira Viviane Vidal Wagner. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego - Presidente (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei - Relator (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner - Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado), e Adriana Gomes Rego (Presidente).
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FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. CABIMENTO. Com o advento da Medida Provisória nº 351, de 2007, convertida na Lei nº 11.488, de 2007, evidenciouse o cabimento da incidência da multa isolada pela falta de pagamento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, ainda que cumulativamente haja imposição da multa de ofício proporcional ao imposto e à contribuição devidos ao final do respectivo anocalendário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Demetrius Nichele Macei (relator), Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado), que lhe deram provimento. Designada para redigir voto vencedor a conselheira Viviane Vidal Wagner. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego Presidente (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Redatora designada AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 13 29 /2 01 4- 79 Fl. 3616DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.616 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado), e Adriana Gomes Rego (Presidente). Fl. 3617DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.617 3 Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de autos de infração lavrados para a exigência do IRPJ e CSLL, relativos aos anosbase de 2009, 2010 e 2011, cumulados com juros de mora, multa de ofício e multa isolada, no valor de R$ 350.904.043,90, relativos às seguintes infrações: 1) Falta de adição ao lucro líquido na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL dos valores relativos à despesa de amortização de ágio; 2) Falta de recolhimento do IRPJ e CSLL devidos por estimativa – multa isolada; 3) Inobservância do limite de dedução dos royalties; 4) Compensação indevida de prejuízo operacional com resultado da atividade geral. Em face de tal lançamento, a Contribuinte apresentou Impugnação (efls. 1925 a 2037), que foi julgada procedente em parte, pela DRJ/SPO, Acórdão nº 1672.643 (e fls. 2417 a 2489), para exonerar parte da glosa das despesas com royalties. Vejase a ementa de tal decisão: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011 ÁGIO INDIRETO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. OFENSA AO PRINCIPIO DA ENTIDADE. Não é possível o registro de ágio, no ativo da investidora, sobre participações societárias que compõem o patrimônio de sua investida, por absoluta falta de previsão legal e ofensa ao princípio da entidade. GLOSA DE DESPESAS. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. DECADÊNCIA. DATA DA AMORTIZAÇÃO. O direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário pela glosa de despesas decorrente da amortização de ágio se extingue em 05 (cinco) anos contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que se deu a dedução indevida. Isto porque, o pagamento e a contabilização do ágio em si não constitui infração passível de lançamento. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. EMPRESAS VEÍCULOS. FALTA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. INOPONIBILIDADE AO FISCO. É inoponível ao Fisco o planejamento tributário com a utilização de empresas veículos, assim entendidas como aquelas criadas apenas para trânsito e separação de patrimônio e com falta de propósito negocial, ou seja, sem o desenvolvimento de qualquer atividade empresarial. Fl. 3618DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.618 4 USO DE MARCAS OU NOME COMERCIAL. DESPESAS COM ROYALTIES. DEDUTIBILIDADE. LIMITE. A legislação tributária, dentro de limites por ela estabelecidos, autoriza a dedução de despesas pelo pagamento de Royalties pelo uso de marcas ou nome comercial. A dedutibilidade está limitada por coeficientes percentuais a incidir sobre a receita líquida das vendas do produto fabricado ou vendido, estabelecidos conforme os tipos de produção ou atividade da pessoa jurídica, segundo o grau de essencialidade, e determinados pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 436, de 1958. No caso de royalties, pelo uso de marcas de indústria e comércio, ou nome comercial, em qualquer tipo de produção ou atividade, quando o uso da marca ou nome não seja decorrente da utilização de patente, processo ou fórmula de fabricação o limite é de 1% (um por cento). DESPESAS COM ROYALTIES. VALORES CONTABILIZADOS. Os elementos juntados aos autos relativos à fase de fiscalização são insuficientes para infirmar os valores lançados em conta de despesa com Royaltie sindicada pela fiscalizada, em detrimento de valores lançados em outra conta contábil. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS DE ESTIMATIVAS. MULTA ISOLADA. CABIMENTO. A QUALQUER TEMPO. Cabível a multa exigida isoladamente, quando a pessoa jurídica sujeita ao pagamento mensal do IRPJ, determinada sobre a base de cálculo estimada, deixar de efetuar o seu recolhimento dentro do prazo legal de vencimento, por expressa previsão legal. Permanece aplicável a referida multa quando a falta é detectada após o encerramento do exercício de apuração da base de cálculo destes tributos, por interpretação lógica do disposto no artigo 44, II, b da Lei 9.430/96. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. MULTA DE OFÍCIO PELA FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE TRIBUTO. MATERIALIDADES DISTINTAS. A partir do advento da MP 351/2007, convertida na Lei 11.488/2007 a multa isolada passa a incidir sobre o valor não recolhido da estimativa mensal independentemente do valor do tributo devido ao final do ano, cuja falta ou insuficiência, se apurada, estaria sujeita à incidência da multa de ofício. São duas materialidades distintas, uma referese ao ressarcimento ao Estado pela não entrada de recursos no tempo determinado e a outra pelo não oferecimento à tributação de valores que estariam sujeitos à mesma. MULTA DE OFÍCIO. INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR. O processo de incorporação não elide a responsabilidade tributária da sucessora em relação à multa de natureza fiscal decorrente de infração tributária cometida por empresa sucedida. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Fl. 3619DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.619 5 A multa de ofício, porquanto parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009, 2010, 2011 CSLL. EXTENSÃO LEGAL. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO INOPONÍVEL AO FISCO. DECORRÊNCIA LÓGICA. Cabível a extensão da glosa das despesas com amortização de ágio à base de cálculo da CSLL por conta do disposto no artigo 57 da Lei 8.981/95, que tem por intento evitar a repetição desnecessária de comandos legais para disciplinar a metodologia de determinação das bases imponíveis das duas exações, naquilo em que as sistemáticas têm de comum. Entretanto, independentemente de qualquer interpretação, uma vez considerado inoponível ao Fisco o planejamento tributário tendente a reduzir a base de cálculo do IRPJ, por decorrência lógica o mesmo não pode ser validado para fins de CSLL. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS DE ESTIMATIVAS. MULTA ISOLADA. CABIMENTO. A QUALQUER TEMPO. Cabível a multa exigida isoladamente, quando a pessoa jurídica sujeita ao pagamento mensal da CSLL, determinada sobre a base de cálculo estimada, deixar de efetuar o seu recolhimento dentro do prazo legal de vencimento, por expressa previsão legal. Permanece aplicável a referida multa quando a falta é detectada após o encerramento do exercício de apuração da base de cálculo destes tributos, por interpretação lógica do disposto no artigo 44, II, b da Lei 9.430/96. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. MULTA DE OFÍCIO PELA FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE TRIBUTO. MATERIALIDADES DISTINTAS. A partir do advento da MP 351/2007, convertida na Lei 11.488/2007 a multa isolada passa a incidir sobre o valor não recolhido da estimativa mensal independentemente do valor do tributo devido ao final do ano, cuja falta ou insuficiência, se apurada, estaria sujeita à incidência da multa de ofício. São duas materialidades distintas, uma referese ao ressarcimento ao Estado pela não entrada de recursos no tempo determinado e a outra pelo não oferecimento à tributação de valores que estariam sujeitos à mesma. MULTA DE OFÍCIO. INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR. O processo de incorporação não elide a responsabilidade tributária da sucessora em relação à multa de natureza fiscal decorrente de infração tributária cometida por empresa sucedida. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, porquanto parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. Fl. 3620DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.620 6 Mais uma vez inconformada, a ora recorrente apresentou Recurso Voluntário (efls. 2511 a 2663), requerendo seja negado provimento ao Recurso de Ofício, e a extinção integral dos créditos tributários de IRPJ e de CSLL exigidos. O Acórdão nº 1402002.455 (efls. 2417 a 2489) negou provimento ao recurso de ofício e ao voluntário, mantendo na íntegra o julgamento da impugnação. Assim, os valores exonerados pela DRJ foram definitivamente extintos. Tal decisão restou assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009, 2010, 2011 NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Não é inquinada de nulidade a decisão que adota, parcial ou integralmente, excertos de outras decisões ou o relatório da acusação fiscal, se, comprovadamente, foram apreciados pelos julgadores, todos os fatos, argumentos e provas trazidos aos autos. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ ÁGIO INDIRETO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. OFENSA AO PRINCIPIO DA ENTIDADE. Não é possível o registro de ágio, no ativo da investidora, sobre participações societárias que compõem o patrimônio de sua investida, por absoluta falta de previsão legal e ofensa ao princípio da entidade. INEXISTÊNCIA DE EXTINÇÃO DO INVESTIMENTO. REESTRUTURAÇÃO SOCIETÁRIA. ÁGIO TRANSFERIDO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO INDEVIDA. O direito à contabilização do ágio não se confunde com o direito à sua amortização. Em regra, o ágio efetivamente pago em operação entre pessoas jurídicas não ligadas e suportado em laudo que comprove a expectativa de rentabilidade futura deve compor o custo do investimento, sendo dedutível somente quando de sua alienação, na forma do artigo 426, do RIR/1999, posto que a exceção fincada no artigo 386, III, do mesmo diploma regulamentar pressupõe uma efetiva reestruturação societária na qual a investidora absorve parcela do patrimônio da investida, ou viceversa. Inexistindo extinção do investimento mediante reestruturação societária entre investida e investidora, não há que se falar em amortização inadmissível sua transferência para terceiros para que possam usufruir de tias despesas. DESPESAS COM ROYALTIES. DEDUTIBILIDADE. LIMITE. Na forma do disposto no artigo 355, do RIR/1999, é autorizada a dedução de despesas relativas ao pagamento de Royalties pelo uso de marcas ou nome comercial, desde que obedecidos os coeficientes percentuais que incidem sobre a receita líquida das vendas dos produtos fabricados ou vendidos, estabelecidos conforme os tipos de produção ou atividade da pessoa jurídica e segundo o grau de essencialidade parametrizado pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 436, de 1958, cujo suporte legal é o artigo 12, § 1º, da Lei nº 4.131, de 1962, em plena vigência. No caso de uso de marcas de indústria e comércio, ou nome comercial, em qualquer tipo de produção ou atividade, Fl. 3621DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.621 7 quando o uso da marca ou nome não seja decorrente da utilização de patente, processo ou fórmula de fabricação o limite é de 1% (um por cento). DESPESAS COM ROYALTIES. VALORES CONTABILIZADOS. AJUSTES. Não há que se falar em nulidade ou inovação no julgamento quando a decisão de 1º Piso ajusta, para menos, à vista de documentos presentes nos autos e sem alterar o enquadramento legal ou assumir outra forma de apuração, os lançamentos perpetrados pelo Fisco, traduzindo a verdade material, princípio fundamental do processo administrativotributário, ainda mais quando as informações provêem da própria autuada. PREJUÍZOS E BASE DE CÁLCULO NEGATIVA. COMPENSAÇÃO. Sendo mantida a decisão recorrida, as autuações quanto à compensação indevida de base de cálculo negativa da CSLL e de prejuízo fiscal, por saldo insuficiente, restam incólumes. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL CSLL. EXTENSÃO LEGAL. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO INOPONÍVEL AO FISCO. DECORRÊNCIA LÓGICA. Tendo em vista a íntima relação de causa e efeito envolvendo os lançamentos de IRPJ e de CSLL presentes nos autos, estendese a esta a glosa das despesas com amortização de ágio, posto que inoponível ao Fisco o planejamento tributário tendente a reduzir a base de cálculo das duas exações. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ÁGIO. DECADÊNCIA. CONTAGEM DO PRAZO No caso da amortização do ágio, independentemente do ano em que o mesmo tenha sido gerado, o Fisco somente pode verificar a regularidade da dedução a partir do momento em que o sujeito passivo passa a deduzilo de seus resultados, fluindo, a partir daí, o início do prazo de decadência, e não da data do registro do ágio. MULTA NA SUCESSÃO. RESPONSABILIDADE. A responsabilidade tributária não está limitada aos tributos devidos pelos sucedidos, mas abrange as multas, moratórias ou de outra espécie, que, por representarem penalidade pecuniária, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor. MULTA ISOLADA. FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. O não recolhimento ou o recolhimento a menor de estimativas mensais sujeita a pessoa jurídica optante pela sistemática do lucro real anual, à multa de ofício isolada estabelecida no artigo 44, inciso II, “b”, da Lei nº 9.430/1996, ainda que encerrado o anocalendário. Lançamentos mantidos. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Fl. 3622DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.622 8 A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Não conformado, o contribuinte apresentou Embargos de Declaração (efls. 2848 a 2863), que não foi admitido (efls. 2966). Ato contínuo, interpôs a contribuinte, Recurso Especial em 11/10/2017 (efls. 2982 a 30290), o qual foi examinado pelo despacho de admissibilidade de efls. 3591 a 3597, somente no tocante à multa isolada ("impossibilidade de exigência de multa isolada após encerramento do anobase", posto que em 30/10/17 o contribuinte apresentou petição de desistência parcial (efls. 3553), informando que ingressara no PERT, optando, então, por quitar somente os débitos remanescentes de IRRI e CSLL relativos: a) às glosas com despesas com o ágio; e b) à dedução indevida das despesas relativas aos royalties pagos pelo uso da marca "Diners International" (excetuandose a parte exonerada em definitivo pela DRJ), bem como a respectiva multa de ofício no percentual de 75%, permanecendo tão somente a questão relativa à multa isolada para ser julgada. O despacho de admissibilidade deu seguimento ao recurso especial, entendendo haver divergência jurisprudencial em relação aos seguintes tópicos: a) Impossibilidade de Exigência de Multa Isolada após Encerramento do AnoBase; Acórdãos paradigma indicados com relação a essa matéria: Acórdão nº1301001.492 (ementa reproduzida a seguir na parte de interesse): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2007, 2009 (...) IRPJ/CSLL. MULTA ISOLADA. INSUFICIÊNCIA DO RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA. LANÇAMENTO APÓS O ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. O artigo 44 da Lei n° 9.430/96 preceitua que a multa de oficio deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo, materialidade que não se confunde com o valor calculado sobre base estimada ao longo do ano. A jurisprudência da CSRF consolidouse no sentido de que não cabe a aplicação da multa isolada após o encerramento do período. Ante esse entendimento, não se sustenta a decisão que mantém a exigência da multa sobre o valor das estimativas não recolhidas. Acórdão nº 1402001.669(ementa reproduzida a seguir na parte de interesse): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Fl. 3623DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.623 9 Exercício:2007, 2008, 2009, 2010 (...) MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA. VERIFICAÇÃO APÓS O ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. O artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996, preceitua que a multa de ofício deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição, materialidade que não se confunde com o valor calculado sob base estimada ao longo do ano. O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido efetivamente devido pelo contribuinte surge com o lucro apurado em 31 de dezembro de cada anocalendário. É improcedente a aplicação de penalidade pelo não recolhimento de estimativa quando a fiscalização apura, após o encerramento do exercício, valor de estimativas superior ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou Contribuição Social sobre o Lucro Líquido apurado em sua escrita fiscal ao final do exercício. Em síntese, a Recorrente, ao demonstrar o dissídio jurisprudencial, assim argumenta: É importante que se observe que, assim como no presente caso, nos dois acórdãos paradigmas indicados acima, o período objeto da autuação envolve os anos seguintes à alteração legislativa promovida pela Medida Provisória nº 351/2007 (posteriormente convertida na Lei nº 11.488/2007) no artigo 44 da Lei nº 9.430/96, cuja vigência se iniciou em janeiro de 2007. Deste modo, comprovada a divergência quanto à impossibilidade de exigência da multa isolada após o encerramento do anobase, requerse a reforma parcial do acórdão recorrido, para que se adote o correto posicionamento estabelecido nos acórdãos paradigmas nº 1301001.492 e 1402001.669. Em relação ao segundo paradigma, a Recorrente anota, particularmente, que "o referido acórdão paradigma foi proferido em 06/05/2014, antes da instituição do atual RICARF aprovado pela Portaria MF nº 343 de 09/06/2015 e que o acórdão recorrido foi proferido posteriormente (11/04/2017), razão pela qual se considera que estas decisões foram proferidas por turmas distintas, nos termos do parágrafo 20 do artigo 67 do RICARF". b) Impossibilidade de Cumulação da Multa Isolada com a Multa de Ofício Acórdão nº 1202001.228(ementa reproduzida a seguir na parte de interesse): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2006, 2007 Fl. 3624DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.624 10 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO EM RELAÇÃO À ALTERAÇÃO DO ART. 44 DA LEI Nº 9.430/1996 PELA LEI Nº 11.488/2007. IMPOSSIBILIDADE DE PENALIDADE DE MULTA ISOLADA CONCOMITANTE COM MULTA DE OFÍCIO. EMBARGOS REJEITADOS. Embora as alterações do texto do art. 44 da Lei nº 9.430/1996 tenham de fato distinguido as bases de cálculo das penalidades de multa isolada e de ofício, não pretendeu cumulálas. Por essa razão, é inaplicável a penalidade quando há concomitância com a multa de oficio sobre o ajuste anual, ainda que após a vigência das alterações da Lei nº 11.488/2007. Não é possível opor Embargos para tentar reapreciar a matéria quando esta já foi devidamente examinada com base em fundamento distinto do quanto pretendido por alguma das partes, haja vista que o julgador pode formar livremente a sua convicção. Acórdão nº 1402001.825 (ementa reproduzida a seguir na parte de interesse): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA NA FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. É inaplicável a penalidade quando há concomitância com a multa de oficio sobre o ajuste anual, ainda que após a vigência das alterações da Lei 11.488/2007. Em síntese, a Recorrente, ao demonstrar o dissídio jurisprudencial, assim argumenta: Todavia, a interpretação do acórdão recorrido não merece prosperar, uma vez que, conforme bem assentado no acórdão paradigma nº 1202001.228 (Doc. 20), mesmo com a referida alteração legislativa, não há autorização para a exigência concomitante das duas multas, além de esta somente ter diferenciado as bases de cálculo das multas de ofício e isolada, porém, mantendo a sua aplicação sobre os mesmos fatos, resultando em bis in idem, vejase: (...) Ademais, a existência de posicionamento reiterados neste sentido culminou, inclusive, na aprovação, em sessão realizada no dia 08/12/2014, da Súmula CARF nº 105, abaixo reproduzida: Cientificada, a Procuradoria, apresentou Contrarrazões (efls. 3599 a 3611), alegando, em síntese, que sempre foi cabível a cobrança concomitante da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas com a multa de ofício e que após o advento da Medida Provisória 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, que alterou a redação do art. 44 da Lei Fl. 3625DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.625 11 nº 9.430/96, não há sequer espaço para discussão do assunto, em face da clareza do texto legal. Requereu por final, a manutenção do v. acórdão recorrido. É o Relatório. Fl. 3626DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.626 12 Voto Vencido Conselheiro Demetrius Nichele Macei Relator Conhecimento O recurso especial do contribuinte é tempestivo. No juízo de admissibilidade, o referido recurso especial foi admitido em relação aos seguintes pontos: 1) aplicação da multa isolada após o encerramento do exercício; e, 2) aplicação da multa isolada em concomitância com a multa de ofício sobre o tributo devido no ajuste anual. A separação, em dois tópicos, no juízo de admissibilidade deuse em razão dos paradigmas trazidos no recurso especial: 1301001.492, da 3ª Câmara da 1ª Turma Ordinária e 1402001.669 da 4ª Câmara da 2ª Turma Ordinária – que tratam da impossibilidade de aplicação de multa isolada após o encerramento do período; e, 1202 001.228, da 2ª Câmara da 2ª Turma Ordinária e 1402001.825 da 4ª Câmara da 2ª Turma Ordinária – que tratam do não cabimento da aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. Ressaltese que o recurso especial tinha outros temas propostos para julgamento pela CSRF, mas que não foram objeto do juízo de admissibilidade em razão de desistência expressa do contribuinte para inclusão de débitos no PERT. Há contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, mas que não questiona tempestividade ou pressupostos de admissibilidade do recurso especial do contribuinte. Desta forma, em virtude da ausência de controvérsia sobre o tema, concordo e adoto as razões do Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF para conhecimento do recurso especial do contribuinte, nos termos do permissivo do art. 50, § 1º, da Lei 9.784/99. Em síntese, a insurgência trazida pelo contribuinte, em seu recurso especial, para fins de análise deste Colegiado, é a aplicação da multa isolada, por falta de recolhimento de estimativas, após o encerramento do exercício e em concomitância com a multa de ofício. No v. acórdão recorrido ficou assentado o posicionamento de que “o não recolhimento ou o recolhimento a menor de estimativas mensais sujeita a pessoa jurídica optante pela sistemática do lucro real anual, à multa de ofício isolada estabelecida no artigo 44, inciso II, ‘b’, da Lei nº 9.430/1996, ainda que encerrado o anocalendário”. Nos paradigmas, ao contrário, consignouse em relação à aplicação da multa isolada após o encerramento do exercício que “o artigo 44 da Lei 9.430/96 preceitua que a multa de ofício deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo, materialidade que não se confunde com o valor calculado sobre base estimada ao longo do ano. A jurisprudência da CSRF consolidouse no sentido de que não cabe a aplicação da multa isolada após o encerramento do período” (1301001.492) e que “é Fl. 3627DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.627 13 improcedente a aplicação de penalidade pelo não recolhimento de estimativa quando a fiscalização apura, após o encerramento do exercício, valor de estimativas superior ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou Contribuição Social sobre o Lucro Líquido apurado em sua escrito fiscal ao final do exercício” (1402001.669). Em relação à concomitância entre a multa isolada e a multa de ofício, os paradigmas consignaram que “embora as alterações do texto do art. 44 da Lei nº 9.430/96 tenham de fato distinguido as bases de cálculo das penalidades de multa isolada e de ofício, não pretendeu cumulálas. Por essa razão, é inaplicável a penalidade quando há concomitância com a multa de ofício sobre o ajuste anual, ainda que após a vigência das alterações da Lei nº 11.488/2007” (1202001.228), bem como que “é inaplicável a penalidade quando há concomitância com a multa de ofício sobre o ajuste anual, ainda que após a vigência das alterações da lei 11.488/2007” (1402001.825). Com a devida vênia daqueles que pensam de forma diversa, não vejo qualquer razão para o afastamento da concomitância da aplicação da multa de ofício com a multa isolada no período anterior à entrada em vigor da MP 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/07, inclusive com a aprovação da Súmula CARF 105, e a manutenção da concomitância de ambas no o período posterior à edição da referida Medida Provisória. A simples mudança na forma de escrever o disposto no art. 44, da Lei 9.430/96, na redação dada pela Lei nº 11.488/2007, com a devida vênia, não muda a natureza da multa isolada em relação à multa de ofício, quando esta é aplicada no caso concreto. Vejase o disposto no v. acórdão 9101000.966 ao tratar da natureza secundária do bem jurídico tutelado pela penalidade da multa isolada: APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA NA ESTIMATIVA. Incabível a aplicação concomitante da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. Pelo critério da consunção, a primeira conduta é meio de execução da segunda. O bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do anocalendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Como se vê, a simples alteração na forma da redação do art. 44, pela Lei nº 11.488/07 não altera o raciocínio lógico jurídico disposto no v. acórdão acima transcrito. Ademais, o E. STJ, no v. acórdão de lavra no Exmo. Min. Humberto Martins no Recurso Especial nº 1.496.354/PR, segue a mesma linha de raciocínio jurídico, senão vejamos: EMENTA PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO. ART. 44 DA LEI N. 9.430/96 Fl. 3628DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.628 14 (REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.488/07). EXIGÊNCIA CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. 1. Recurso especial em que se discute a possibilidade de cumulação das multas dos incisos I e II do art. 44 da Lei n. 9.430/96 no caso de ausência do recolhimento do tributo. 2. Alegação genérica de violação ao art. 535 do CPC. Incidência da Súmula 284 do Supremo Tribunal Federal. 3. A multa de ofício do inciso I do art. 44 da Lei n. 9.430/96 aplicase nos casos de “totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata”. 4. A multa na forma do inciso II é cobrada isoladamente sobre o valor do pagamento mensal: “a) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007), e b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei n. 11.488, de 2007)”. 5. As multas isoladas limitamse aos casos em que não possam ser exigidas concomitantemente com o valor total do tributo devido. 6. No caso, a exigência isolada da multa (inciso II) é absorvida pela multa de ofício (inciso I). A infração mais grave absorve aquelas de menor gravidade. Princípio da consunção. Recurso especial improvido. (STJ, REsp 1.496.354, 2ª Turma, Relator Exmo. Min. Humberto Martins, Data Julgamento 17.03.2015, decisão unânime, DJe 24.03.2015). No voto do Exmo. Min. Humberto Martins, há esclarecimento adicional de que “sistematicamente, notase que a multa do inciso II do referido artigo (art. 44) somente poderá ser aplicada quando não possível a multa do inciso I”. E complementa: “Os recolhimentos mensais, ainda que configurem obrigações de pagar, não representam, no sentido técnico, o tributo em si. Este apenas será apurado ao final do anocalendário, quando ocorrer o fato gerador. As hipóteses do inciso II, ‘a’ e ‘b’, em regra, não trazem novas hipóteses de cabimento de multa. A melhor exegese revela que não são multas distintas, mas apenas formas distintas de aplicação da multa do art. 44, em consequência de, nos casos ali descritos, não haver nada a ser cobrado a título de obrigação tributária principal. As chamadas ‘multas isoladas’, portanto, apenas servem aos casos em que não possam ser as multas exigidas juntamente com o tributo devido (inciso I), na medida em que são elas apenas formas de exigência das multas descritas no caput. Esse entendimento é corolário da lógica do sistema normativotributário que pretende prevenir e sancionar o descumprimento de obrigações tributárias. De fato, a infração que se pretende repreender com a exigência isolada da Fl. 3629DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.629 15 multa (ausência de recolhimento mensal do IRPJ e CSLL por estimativa) é completamente abrangida por eventual infração que acarrete, ao final do ano calendário, o recolhimento a menor dos tributos, e que dê azo, assim, à cobrança da multa de forma conjunta. Em se tratando as multas tributárias de medidas sancionatórias, aplicase a lógica do princípio penal da consunção, em que a infração mais grave abrange aquela menor que lhe é preparatória ou subjacente. (...) Sob este enfoque, não pode ser exigida concomitantemente a multa isolada e a multa de ofício por falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício e também por falta de antecipação sob a forma estimada. Cobrase apenas a multa de ofício pela falta de recolhimento de tributo.” De se observar que os v. acórdãos paradigmas trazidos pelo contribuinte para demonstrar a divergência em relação ao v. acórdão recorrido coadunase com o posicionamento firmado pelo E. STJ, nos termos acima descritos. Ademais, em relação à aplicação da multa isolada após o encerramento do período, entendo que a matéria resta prejudicada, posto que, afastada a multa isolada pela concomitância, não há motivo para discutir o lançamento da mesma multa dentro ou fora do exercício fiscal. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso especial do contribuinte, reformando o v. acórdão recorrido neste específico item, de tal forma a afastar a incidência da multa isolada no caso concreto, devendo ser mantida, tão somente, a multa de ofício respectiva. É o voto (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Fl. 3630DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.630 16 Voto Vencedor Conselheira Viviane Vidal Wagner Redatora designada Sobre questão da concomitância entre multa isolada e multa de ofício, em que pese os bons argumentos do ilustre relator, a maioria da turma discordou de sua conclusão. Nessa matéria, este Colegiado tem decidido, a exemplo de outras turmas do CARF, no sentido de que a multa isolada, na anterior redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, deve ser afastada em observância ao princípio da consunção. Nesse sentido extraise a inteligência da Súmula CARF nº 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Contudo, o papel precípuo do julgador nessa seara é o de analisar o conjunto normativo vigente e aplicável ao tempo dos fatos objeto de autuação, tendo em mente que o lançamento tributário é atividade vinculada aos ditames legais e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142, parágrafo único, do CTN. Assim, na hipótese dos autos, destacase que houve alteração no comando original do art. 44 da Lei nº 9.430/96, oriunda da redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.488, 15 de junho de 2007, fruto da conversão da Medida Provisória nº 351, de 2007. Penso que a alteração buscou afastar a dubiedade e a imprecisão do comando anterior, circunstâncias que levaram à elaboração da Súmula CARF nº 105, que conferiu, à luz do art. 112, I, do CTN, interpretação jurídica mais favorável ao contribuinte. Ocorre que, sob a ótica da estrita legalidade, a partir da nova redação não se vislumbra mais qualquer impedimento jurídico para a aplicação concomitante das multas previstas nos incisos I e II, "b", do art. 44 da Lei nº 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: Fl. 3631DF CARF MF Processo nº 16327.721329/201479 Acórdão n.º 9101003.822 CSRFT1 Fl. 3.631 17 (...) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Como no caso dos autos as multas isoladas se referem à falta de pagamento de estimativas mensais posteriores à vigência da nova redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, entendo como jurídica e obrigatória a aplicação concomitante das infrações nele previstas, por considerar que tais multas são completamente distintas e autônomas. Ante o exposto, conheço do recurso especial apresentado pelo contribuinte e, no mérito, voto por negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Fl. 3632DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.903841/2008-34
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
Numero da decisão: 1003-000.289
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Bárbara Santos Guedes - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: BARBARA SANTOS GUEDES
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COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 38 41 /2 00 8- 34 Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10480.903841/200834 Acórdão n.º 1003000.289 S1C0T3 Fl. 3 2 Tratase de recurso voluntário contra acórdão de nº 1133.748, de 13 de maio de 2011, da 4ª Turma da DRJ/REC, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, não conhecendo do direito creditório. Aos 30/07/2008, a Recorrente apresentou manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório, nº de rastreamento 770240418, emitido em 16/06/2008, que não homologou a compensação declarada em razão de inexistência de crédito PER/DCOMP nº 30761.88486.291004.1.3.047618. Destacou que os créditos se originaram por falhas na apuração dos débitos do IRPJ e CSLL da DIPJ 2002, a qual foi retificada em 22/11/2006 e que a simples falha procedimental da empresa em não retificar as suas DCTF não pode ter o condão de invalidar a existência de créditos que estão demonstrados na defesa. A DRJ/REC julgou a manifestação de inconformidade improcedente e não reconheceu o direito creditório, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 PER/DCOMP. ERRO DE FATO. NÃO COMPROVAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não comprovado o erro de fato no preenchimento da DCTF, com base em documentos hábeis e idôneos, não há que se acatar a DIPJ para fins de comprovar a liquidez e certeza do crédito oferecido para a compensação com os débitos indicados na PER/DCOMP eletrônica. ESPONTANEIDADE O primeiro ato por escrito de servidor competente, cientificando o sujeito passivo da obrigação tributária, implica a perda da espontaneidade para retificar as declarações apresentadas. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. Acórdão Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada com a decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário que, em síntese, destacou: Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10480.903841/200834 Acórdão n.º 1003000.289 S1C0T3 Fl. 4 3 (i) que a DRJ ao analisar os argumentos da Recorrente, limitouse a informar que essa não apresentou provas, porém não declarou estar os dados apresentados pela empresa incorretos. Destaca que, na opinião da Recorrente, não há necessidade de apresentação de nenhum documento, visto que os valores da DIPJ são de prévio conhecimento da Receita Federal e, por isso, as provas são dispensáveis e que as autoridades administrativas devem se pautar no princípio da verdade material; (ii) que a Recorrente só identificou a falha em relação a não retificação da DCTF após o indeferimento da compensação;, fato que impediu sua retificação posterior, porém não foi notificada para explicar eventuais divergências entre DIPJ e DCTF, alegando que a Receita Federal pratica tal notificação com outros contribuintes, o que demonstra descumprimento em relação aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; (iii) ser desnecessária a apresentação de prova na manifestação de inconformidade, porque teria informado os motivos que geraram a formação dos créditos e a todas as informações que demonstravam esses valores estavam à disposição no banco de dados da Receita Federal, descumprindo o art. 37 da Lei nº 9.784/99; (iv) a existência de pagamentos a maior relacionadas no PER/DCOMP. Defendeu que o equívoco ocorreu devido a uma falha de procedimento da empresa em não retificar as DCTFs onde constavam as informações dos débitos cujas DIPJs foram retificadas. Tal erro de procedimento não anula a existência dos créditos, vez que estes decorrem da realização de pagamentos a maior de IRPJ e CSLL nos anos de 2000 e 2001, 2002 e 2003. As seguintes alterações na DIPJ foi realizada: (a) com relação ao IRPJ, as declarações originais apresentadas pela empresa não consideraram os valores relativos ao IRPJ retido na fonte quando dos recebimentos da empresa, (b) não haviam sido deduzidos, na apuração do lucro real, os valores relativos a prejuízos fiscais oriundos de exercícios anteriores para abater até 30% do lucro tributável, que foi incluído quando da retificação da DIPJ; (v) a demonstração dos valores dos créditos, colacionando à peça recursal planilha elaborada pela própria empresa apresentando os valores do IRPJ e da CSLL devidos em relação a cada DCOMP, a fim de demonstrar, em cada período de apuração os valores dos créditos relativos a pagamentos a major; (vi) que o princípio da verdade material não foi cumprido pela autoridade julgadora. Por fim, requereu a anulação da decisão proferida pela DRJ/Recife e que seja proferida decisão substitutiva, reconhecendo o direito de crédito da empresa e homologando as compensações por ela apresentadas. É o Relatório. Voto Conselheira Bárbara Santos Guedes, Relatora O recurso é tempestivo e cumpre com os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10480.903841/200834 Acórdão n.º 1003000.289 S1C0T3 Fl. 5 4 A Declaração de Compensação delimita a amplitude de exame do direito creditório alegado pela Recorrente quanto ao preenchimento dos requisitos de liquidez e de certeza necessários à extinção de débitos tributários. A Recorrente apresentou DECOMP em razão de pagamento a maior de IRPJ, código 0220, em 19.02.2001, no valor de R$ 983,00 de um Darf no valor de R$ 1.054,46. A compensação não foi homologada, e, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, tendo o valor recolhido sido integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos Informados no PER/DCOMP. A Recorrente declara que, após identificar erros na apuração do IRPJ informado na DCTF, efetuou a retificação da DIPJ 2002 em 22/11/2006. Ocorre, porém, que embora tenha realizado a retificação da DIPJ não retificou a respectiva DCTF. Declara ainda a Recorrente que os erros na apuração se deram especialmente em razão de não terem considerado o IRRF, bem como não haviam sido deduzidos, na apuração do lucro real, os valores relativos a prejuízos fiscais oriundos de exercícios anteriores, contudo apenas colacionou aos autos a DIPJ 2002. Pelas informações prestadas pela Recorrente, ela apresenta o mesmo recurso para diversos pedidos de compensação não homologados, em todos defende não ter apurado o IRRF (DIPJ 2002). Verificase, porém, que o IRRF no valor de R$ 4.729,57 foi totalmente utilizado no 4º Trimestre, os demais trimestres que são incluídos alguns pedidos de compensação não utilizaram IRRF. Ficha 43 Demonstrativo do Imposto de Renda Retido na Fonte, fl. 55 Receita IRRF 22.361,84 491,96 8.292,50 182,44 10.901,09 130,81 8.491,42 101,89 276.395,89 3.822,47 Totais 326.442,74 4.729,57 Observase ainda que, no 4º trimestre, a Recorrente ofereceu a tributação o lucro líquido de R$58.736,90, fl. 48. A Recorrente ainda acostou planilha que ela mesma elaborou justificando os créditos. Em que pese o entendimento da Recorrente de que não há necessidade de juntar nenhum documento comprobatório, porque a Receita Federal supostamente possuía essas informações, o mesmo não merece prosperar. Fazse necessário no mínimo do Livro Diário, que é registrado na junta comercial com a transcrição do Balanço do ano de 2002 e o Lalur com os valores coincidam com a DIPJ retificadora (parágrafo único do art. 147 do CTN e art. 18 do Decreto 70.235, de Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10480.903841/200834 Acórdão n.º 1003000.289 S1C0T3 Fl. 6 5 1972), sem essas informações é impossível verificar a exatidão das informações declaradas pela Recorrente. A determinação de apresentar os documentos comprobatórios da identificação de crédito anteriormente não declarado, longe de ser mero formalismo, é uma determinação legal, conforme determina o art. 147 da Lei nº 5.172/1966. Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. A comprovação, portanto, é condição para admissão da retificação realizada, quando essa, como no caso dos autos, reduz tributos. A DIPJ, embora seja um documento importante, não comprova as alegações do autor por se tratar de mera declaração sem efeitos de confissão de dívidas, tendo, pois, efeitos meramente informativos (Instrução Normativa SRF n° 014/2000). A Recorrente reconhece não ter realizado a retificação da DCTF e, embora declare nas razões de recurso, não foi por isso que a homologação da compensação não foi efetivada, mas sim pela ausência de comprovações através de documentos contábeis indispensáveis para análise dos erros apontados na apuração. Em razão disso, a alegação de que só identificou a falha em relação a não retificação da DCTF após o indeferimento da compensação, sem que houvesse qualquer tipo de notificação anterior por parte da Receita Federal para que a contribuinte explicasse as divergências não procede. Não houve descumprimento dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, porque a Recorrente teve todo o processo administrativo para juntar os documentos fiscais indispensáveis mas não o fez. Mesmo em grau de recurso voluntário a jurisprudência do CARF, na qual me filio, é permitida a juntada de documentos posteriormente à manifestação de inconformidade, desde que esclareça pontos fundamentais na ação. Contudo, a Recorrente não acostou nenhum documento, exceto a DIPJ 2002. A demonstração dos valores dos créditos planilha elaborada pela própria empresa não é documento suficiente para comprovar os créditos. Como já antecipado, a Recorrente deveria ter juntado os documentos fiscais idôneos para tal, mas apenas a DIPJ não é suficiente para demonstrar os erros na apuração. A declaração de que a Receita Federal já possuía as informações também não são verdadeiras, pois essa tem a posse apenas das informações prestadas pelo próprio contribuinte, sem que qualquer documento fosse apresentado até o momento. É exatamente em razão do princípio da verdade material que a Recorrente deveria ter colacionado aos autos os documentos já mencionados, pois a autoridade fiscal poderia ter efetuado a homologação de ofício, uma vez identificada a correição das retificações Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10480.903841/200834 Acórdão n.º 1003000.289 S1C0T3 Fl. 7 6 realizadas. O contrário homologar a compensação sem os documentos contábeis indispensáveis, considerando apenas as declarações da DIPJ , como alega a Recorrente, não é obedecer ao princípio da verdade material, mas agir de forma impudente, pois com base nas declarações e documentos constantes no processo não há como validar os créditos, e, por conseguinte, não pode ser identificada a liquidez e certeza dos créditos em discussão nestes autos (art. 170 CTN). Isto posto, voto em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão da DRJ/REC. (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Fl. 126DF CARF MF
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Numero do processo: 10825.900407/2006-92
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Oct 31 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1003-000.009
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para verificar a comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado a título de saldo negativo de IRPJ no valor de R$14.616,90 do ano-calendário de 1992 e se foi utilizado no prazo legal.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para verificar a comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado a título de saldo negativo de IRPJ no valor de R$14.616,90 do anocalendário de 1992 e se foi utilizado no prazo legal. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). Relatório A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) Retificador nº 11135.74976.131006.1.7.022701 em 13.10.2006, fls. 0711, utilizandose do saldo negativo de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) no valor de R$23.495,47, apurado pelo regime de tributação com base no lucro real anual do anocalendário de 1999 para compensação dos débitos ali confessados. Consta no Parecer DRF/Bauru/SP/Saort nº 1522, de 31.08.2009, fls. 156164, os seguintes fundamentos: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 25 .9 00 40 7/ 20 06 -9 2 Fl. 711DF CARF MF Processo nº 10825.900407/200692 Resolução nº 1003000.009 S1C0T3 Fl. 712 2 Para verificação do saldo negativo de IRPJ pleiteado foi necessário estender a análise dos dados até anocalendário de 1995. [...] AnoCalendário 1995 IRPJ a Pagar (R$30.765,22) AnoCalendário 1996 IRPJ a Pagar (R$0,00) AnoCalendário 1997 IRPJ a Pagar (R$7.659,02) AnoCalendário 1998 IRPJ a Pagar (R$5.161,36) AnoCalendário 1999 IRPJ a Pagar (R$18.083,08) [...] Entretanto o saldo negativo do anocalendário de 1999, após os ajustes efetuados, não foi suficiente para compensar integralmente as estimativas do ano base de 2000, restando um saldo de R$ 26.668,06 relativos as estimativas de fevereiro (parcial — R$ 2.796,08) a agosto que serão desconsideradas na dedução do imposto devido do ano calendário de 2000 (vide demonstrativo de cálculo de folhas 153 a 155). Assim, como o saldo negativo do anocalendário de 1999 foi integralmente utilizado na compensação de estimativas do anocalendário de 2000, não restou saldo negativo a ser restituído/compensado no presente processo, razão pela qual a compensação pleiteada não será homologada. Cientificada, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade. Está registrado na ementa do Acórdão da 7ª Turma/DRJ/RJOI/RJ nº 1232.208, de 14.07.2010, fls. 310317: COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. Incumbe ao contribuinte o ônus da prova quanto à certeza e liquidez de alegado crédito contra a Fazenda Pública. DIREITO CREDITÓRIO EM LITÍGIO. COMPENSAÇÃO. Não apresentados meios de prova suficientes e necessários a infirmar a apreciação efetuada pelo Despacho Decisório contestado, não há direito credit6rio a ser reconhecido. Em conseqüência, não se homologam as compensações declaradas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Notificada em 09.08.2010, fl. 321, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 02.09.2010, fls. 322325, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Relativamente aos fatos aduz que: Necessário encaminhar novamente para comprovação do nosso direito creditório, xérox das Declarações de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, relativamente aos Calendários de 1992 até 2000 (Docs. 30 a 290), Planilhas contendo as apurações e compensações realizadas nos Anos Calendários de 1992 até 2000 (Docs. 291 a 302), Fl. 712DF CARF MF Processo nº 10825.900407/200692 Resolução nº 1003000.009 S1C0T3 Fl. 713 3 Despacho Decisório / SACAT nº 35, de 17/01/2007, que homologou os procedimentos de compensações realizados até o AnoCalendário de 1997 (Docs. 303 a 307), cópias de comprovantes de recolhimentos de IRPJ desde o AnoCalendário de 1992 até 2000 (Docs. 308 a 350), de modo a comprovar que os débitos apurados não compensados em contabilidade ou em Declarações de Compensações foram devidamente pagos, excluindo totalmente a possibilidade de nossa empresa ter efetuado compensações em duplicidade. Com a apresentação dos documentos e planilhas explicativas, esperamos comprovar o saldo negativo de IRPJ remanescente do AnoCalendário de 1999, no valor original de R$= 2.277,77= cujo valor atualizado até 10/2006 somava a importância de R$=3.694,77= (Doc. 301), foi suficiente para compensar parte do saldo IRPJ Estimativa apurado no mês de 04/2003 no valor original de R$= 3.020,33= com os devidos acréscimos de Multa e Juros, tudo em conformidade com o que dispunha na época, as regras para compensações nos exatos termos da Instrução Normativa SRF n° 210, de 30 de setembro de 2002, que foi revogada pela IN SRF n° 460/2004, estando em vigor atualmente a IN SRF n° 900, de 30 de dezembro de 2008. Informamos ainda, que além do saldo a compensar de IRPJ do AnoCalendário de 1999, que foi utilizado na compensação de parte do débito de IRPJ Estimativa de 04/2003, nossa empresa ainda possuía em 31/12/2000, saldos atualizados de IRPJ a compensar relativo ao Ano Calendário de 1997 no valor de R$= 3.075,21= e também saldo a compensar do AnoCalendário de 1998 no valor de R$= 15.683,12=, totalizando R$= 18.758,33=. Fica mais uma vez provado, que nossa empresa em nenhum momento efetuou compensações indevidas, ou por insuficiência de valores, muito pelo contrário, deixou inclusive de compensar os saldos remanescentes dos AnosCalendário de 1997 e 1998 acima mencionado, valores estes, muito mais significativos do que aqueles que estão sendo discutidos neste processo. Concernente ao pedido expõe que: À vista de todo o exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer a recorrente, seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, homologandose a Declaração de Compensação e cancelandose assim, totalmente o débito fiscal reclamado. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento. A Recorrente suscita que o direito creditório deve ser reconhecido, uma vez que não foi utilizado o valor de R$14.616,90 decorrente do saldo negativo de IRPJ de 1992. Fl. 713DF CARF MF Processo nº 10825.900407/200692 Resolução nº 1003000.009 S1C0T3 Fl. 714 4 O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, bem como que o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. 1. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais2. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. O erro de fato é aquele que se situa no conhecimento e compreensão das características da situação fática tais como inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos. A Administração Tributária tem o poder/dever de revisar de ofício o procedimento quando se comprove erro de fato quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória. A este poder/dever corresponde o direito de a Recorrente retificar e ver retificada de ofício a informação fornecida com erro de fato, desde que devidamente comprovado (art. 32 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e incisos I e III do art. 145 e inciso IV do art. 149 do Código Tributário Nacional). Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados 1 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 2 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 714DF CARF MF Processo nº 10825.900407/200692 Resolução nº 1003000.009 S1C0T3 Fl. 715 5 em todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal3. Tendo em vista o início de prova produzido pela Recorrente e com observância do disposto no art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, voto em converter o julgamento na realização de diligência para que a autoridade preparadora da Unidade da Receita Federal do Brasil que jurisdicione a Recorrente juntar aos autos as DCTF relativas aos anoscalendário 1992 a 1999, originais e retificadoras referente ao IRPJ, inclusive com as informações referentes às "Compensações sem DARFR$". A autoridade designada para cumprir a diligência solicitada deverá elaborar o Relatório Fiscal circunstanciado e conclusivo sobre os fatos averiguados, em especial verificar a comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado a título de saldo negativo de IRPJ no valor de R$14.616,90 do anocalendário de 1992 e se este foi utilizado no prazo legal, tendo em vista as informações constantes no Despacho Decisório DRF/Baurú/Sacat nº 35, de 17.01.2007 fls. 208211. Ainda, este Relatório Fiscal deve ser juntado ao processo nº 10825.900408/200637 que trata do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2000 da mesma Recorrente. A Recorrente deve ser cientificada dos procedimentos referentes às diligências efetuadas e do Relatório Fiscal para que, desejando, se manifeste a respeito dessas questões com o objetivo de lhe assegurar o contraditório e a ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes4 . (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 3 Fundamentação legal: art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e art. 2º da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. 4 Fundamentação legal: inciso LV do art. 5º da Constituição da República. Fl. 715DF CARF MF
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Numero do processo: 10283.720354/2017-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2015
BENEFÍCIO DO §4º DO ART. 7º DO DECRETO-LEI 288/67. CONCEITO DE BENS DE INFORMÁTICA. PERMISSÃO PARA PERMANÊNCIA NO REGIME BENEFICIADO.
O §2º do artigo 2º do Decreto 6.008/2006 permitiu, às empresas produtoras dos bens de informática definidos nos incisos I a III do mesmo artigo, a permanência no regime beneficiado do §4º do artigo 7º do Decreto-lei 288/67, desde que tivessem os Processos Produtivos Básicos aprovados antes da publicação do Decreto 5.906/2006.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3201-004.248
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira (relator), que deu provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para excluir da autuação os juros de mora e a multa de ofício, por aplicação do inciso I e parágrafo único do art. 100, do CTN. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2015 BENEFÍCIO DO §4º DO ART. 7º DO DECRETO-LEI 288/67. CONCEITO DE BENS DE INFORMÁTICA. PERMISSÃO PARA PERMANÊNCIA NO REGIME BENEFICIADO. O §2º do artigo 2º do Decreto 6.008/2006 permitiu, às empresas produtoras dos bens de informática definidos nos incisos I a III do mesmo artigo, a permanência no regime beneficiado do §4º do artigo 7º do Decreto-lei 288/67, desde que tivessem os Processos Produtivos Básicos aprovados antes da publicação do Decreto 5.906/2006. Recurso Voluntário Provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira (relator), que deu provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para excluir da autuação os juros de mora e a multa de ofício, por aplicação do inciso I e parágrafo único do art. 100, do CTN. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira - Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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CONCEITO DE BENS DE INFORMÁTICA. PERMISSÃO PARA PERMANÊNCIA NO REGIME BENEFICIADO. O §2º do artigo 2º do Decreto 6.008/2006 permitiu, às empresas produtoras dos bens de informática definidos nos incisos I a III do mesmo artigo, a permanência no regime beneficiado do §4º do artigo 7º do Decretolei 288/67, desde que tivessem os Processos Produtivos Básicos aprovados antes da publicação do Decreto 5.906/2006. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira (relator), que deu provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para excluir da autuação os juros de mora e a multa de ofício, por aplicação do inciso I e parágrafo único do art. 100, do CTN. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 72 03 54 /2 01 7- 55 Fl. 654DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 655 2 Marcelo Giovani Vieira Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de Auto de Infração lavrado por "Falta de Recolhimento do Imposto de Importação (II), devido na internação de produtos industrializados na ZFM com insumos estrangeiros importados com benefícios fiscais do Decreto nº 288/67". A autoridade fiscal informa que o contribuinte, nos anos entre 2012 e 2015, "utilizou o coeficiente fixo de 88% na apuração de sua isenção parcial de Imposto de Importação na saída de seus produtos industrializados "BATERIA DE CELULAR" da Zona Franca de Manaus". Intimada, pela Fiscalização, a apresentar a motivação para a utilização do coeficiente fixo de 88% nos seus Demonstrativo de Redução de Coeficiente (DCR), a UNICOBA citou as resoluções SUFRAMA 075/2001 e 019/2006, para a produção de BATERIA PARA TELEFONE CELULAR. Entende o contribuinte, devido a estas resoluções, ter direito adquirido à isenção nos termos do Art. 178 do CTN. Citou ainda o § 2º do art. 2º do Decreto 6008/2006. A autoridade autuante assevera que a fiscalização dos Coeficientes de Redução é atribuição específica da Alfândega do Porto de Manaus, conforme o §3º, Art 7º, Decreto 61.244/1967. Afirma, ainda, que "Isenção só pode ser concedida por lei em sentido estrito.." e que a correta utilização do coeficiente de redução ora tratado é um assunto relacionado ao conceito de "isenção". Informa que a Lei 8.248/91, referente a "Capacitação e competitividade do setor de informática e automação..", em seu §4º, art. 4, menciona que "A relação de bens de que trata este artigo será definida pelo Poder Executivo...". Já a Portaria Interministerial MIR/MCT/MICT/MC 272/1993, com redação dada pela PI MIR/MCT/MICT/MC 138/1994, apresenta o telefone celular como bem de informática. Desde então, todos os atos administrativos emitidos pelo Poder Executivo mantém este entendimento. Adicionalmente, os Decretos 3801/2001, 4509/2002, 5906/2006 e 6405/2008 corroboram esta afirmação. Fl. 655DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 656 3 A autoridade fiscal assevera que o art. 7 do DL 288/67, em seu §4º, define que o coeficiente de redução fixo de 88% não se aplica aos "bens de informática". Nesse caso, devese utilizar o método do coeficiente variável. Lembra, ainda, que a legislação definiu "bateria para telefone celular" como "bem de informática". Afirma que os atos administrativos da SUFRAMA se sujeitam ao regrado no art. 179 do CTN que, em seu §2º, informa que as isenções concedidas com base nestes atos não geram direito adquirido. A irrevogabilidade das isenções, prevista no art. 178 do CTN, seria válida apenas para mudanças legais em sentido estrito. "O que ocorreu no caso em questão foi uma rapidíssima alteração de tecnologia, onde o celular (e suas partes, aí incluída expressamente a bateria) deixou de ser um simples aparelho analógico de telefonia, tornandose um bem de informática altamente sofisticado. A lei não mudou, o celular e por consequência suas partes é que mudaram, tornandose um aparelho digital, e o enquadramento tributário utilizado pela empresa não acompanhou esta mudança que ocorreu no produto. Repetindo, o produto mudou, a lei não". Quanto ao §2º do art. 2º do Decreto 6008/2006, a autoridade fiscal afirma que o assunto "coeficiente fixo de 88%" é tratado no art. 1º da Lei 8.387/1991, que não faz parte da ementa do Decreto 6008/2006. "E mesmo que fizesse parte da ementa, não poderia ir frontalmente contra ao conteúdo da lei, que exclui expressamente bens de informática do coeficiente fixo de 88%". Por fim, é apresentada a metodologia do cálculo do Auto de Infração Regularmente cientificada por via pessoal (fl 9), a interessada apresentou impugnação de folhas 151 a 190, que, de início, apresenta os seguintes argumentos: Que a SUFRAMA é a responsável pela administração dos benefícios fiscais concedidos no âmbito da Zona Franca de Manaus e que a sua competência em aprovar os projetos e estabelecer o coeficiente redutor para fins de incentivos fiscais na Zona Franca de Manaus é absoluta; Que o benefício de isenção referente ao Imposto de Importação é concedido, aos produtos industrializados na ZFM, sob condições e de acordo com os dois métodos dispostos: Redutor Fixo de 88% e Coeficiente Variável conforme estabelece o §1º do art. 7º do DL 288/67; Que, conforme as Resoluções SUFRAMA 075/2001 E 019/2006, a Impugnante está sujeita ao recolhimento do Imposto de Importação por meio do redutor fixo de 88%; Fl. 656DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 657 4 Que o Fisco, ao deixar de reconhecer os incentivos, assegurados à Impugnante, concedidos pela SUFRAMA, desrespeita o §§4º e 7º do DecretoLei 288/67. Afirma que os produtos enquadrados como bem de informática, via de regra, estão sujeitos ao cálculo do CRA Coeficiente de Redução de Imposto. Essa regra, entretanto, não se aplicaria aos produtos da Impugnante. "Ocorre que é manifestamente ilegal o entendimento exposto na autuação de que a Portaria Interministerial MIR/MCT/MICT/MC 272/1993, com a redação dada pela PI MIR/MCT/MICT/MC 138/1994, apresenta o produto telefone celular como bem de informática e que desde então, todos os demais atos administrativos emitidos pelo Poder Executivo têm mantido o mesmo entendimento". Alega, ainda, ser ineficaz e insubsistente a utilização, para a lavratura do Auto de Infração, dos Decretos 3801/2001, 4509/2002, 5906/2006, 6405/2009 e 7010/2009 posto que esses foram editados após as Resoluções SUFRAMA nºs 075/2001 (Implantação) e 019/2006 (Ampliação). Informa que aplicar a penalidade do cancelamento automático, não prevista em lei, de projeto industrial, beneficiário de incentivos fiscais concedidos por prazo certo e sob condições onerosas, desrespeita o contraditório e a ampla defesa. Entende que não pode a autoridade administrativa contestar a legalidade do §2º, art. 2º, do Decreto 6008/2006 posto que, conforme o CTN, os Decretos Presidenciais compõem a legislação tributária e esta é de observância obrigatória para a Administração Pública. "De outro modo, tanto os artigos 54 e 55 da Resolução Suframa no 203/2012, quanto a decisão concreta de cancelamento automático dos incentivos concedidos por prazo certo e sob condições onerosas, sem lei que o, autorize e sem o devido processo legal, carecem de motivação, elemento essencial para sua validade e eficácia". Assevera que a autuação fiscal viola o direito adquirido, da Impugnante, a fruição dos incentivos fiscais concedidos para a fabricação de "Bateria para Telefone Celular". Quando da aprovação dos projetos do contribuinte, o referido produto não era bem de informática. "Ademais, não existindo, quer na Lei no 8.387, de 31 de dezembro de 1991, aplicável à Zona Franca de Manaus, quer na Lei no 8.248, de 23 de agosto de 1991, aplicável às demais localidades do território nacional, nas redações originais, qualquer disposição legal, que defina terminais portáteis de telefonia celular e seus acessórios como bens do setor de informática, não é lícito excluir ditos produtos industrializados do regime único de incentivos fiscais regionais, previsto no que interessa pelo caput e pelo §4º do art. 7º do DecretoLei na 288, Fl. 657DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 658 5 de 28 de fevereiro de 1967, e mantido pelo art. 40 do ADCT da Constituição Federal de 1988". Informa que o enquadramento de "Bateria para Telefone Celular", como bem de informática, se deu com a Portaria Interministerial nº 211/2006, que substituiu a Portaria Interministerial nº 25/2006, que enquadrava o referido produto como bem comum. A inclusão do produto como bem de informática veio por meio do Decreto 5906/2006, posterior à publicação da Resolução nº 019/2006 da empresa Impugnante. "Todavia, o Decreto nº 6.008, de 29 de dezembro de 2006 que, dentre outros, regulamenta o art. 7º do DL 288/67, no §2º do art. 2º prevê expressamente que ficam mantidos os benefícios previstos para os bens de informática aprovados pelo Conselho de Administração da Suframa até a data da publicação do Decreto nº 5.906, de 26 de setembro de 2006". Afirma, ainda, que, independentemente do previsão legal expressa no parágrafo precedente, "a aceitação tácita do Fisco do recolhimento do Imposto de Importação pelo redutor fixo de 88% caracteriza a "prática reiterada", tendo assim força de complemento de lei". Alega que os Atos aprovados pela SUFRAMA reconhecendo benefícios fiscais de forma onerosa e por prazo certo são irrevogáveis conforme o art. 178 do CTN gerando, dessa forma, o direito adquirido. "E, de modo a confirmar de forma cabal e inquestionável o direito da Impugnante, apresentase a DECLARAÇÃO emitida pela Suframa em 22 de fevereiro de 2017 (Doc. 12), onde mais uma vez confirma que a empresa UNICOBA possui projetos aprovados para fabricação de Bateria para Telefone Celular, segundo as Resoluções 075/2001 (Implantação) e 019/2006 (Ampliação) e que este produto possui características técnicas que o enquadram no inciso II do art. 2º do Decreto 6.008/2006, estando assim habilitada à manutenção dos incentivos fiscais constantes dos documentos aprobatórios, uma vez que foram aprovados em data anterior a publicação do Decreto 5.906/2006, aplicandose o §2º do Decreto 6008/2006". Informa que não cabe ao Fisco Federal questionar a legalidade dos Atos Administrativos expedidos pela SUFRAMA e exigir do contribuinte o recolhimento do II ao qual ele não está sujeito bem como é ilegítimo o cancelamento automático do projeto industrial beneficiário de incentivos fiscais sem a observância do devido processo legal. "As inúmeras e reiteradas operações com o produto “Bateria para Telefone Celular” realizadas pela Impugnante, com a chancela do Fisco no tocante ao recolhimento com redução fixa de 88% do Imposto de Importação, ao longo de vários anos, caracterizam a prática reiterada, nos termos do artigo 100, inc. III, do CTN, o que milita em favor da verossimilhança das alegações". Fl. 658DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 659 6 Dessa forma, considerando os arts. 108, I e 146 do CTN, entende que a modificação do critério jurídico do lançamento somente pode ser efetivada quanto a fatos geradores futuros. Afirma, ainda, que a exigência de aplicação do CRA para apuração do Imposto de Importação devido sobre o produto "Bateria para Telefone Celular", com base em norma que não se aplica a Impugnante desrespeita o princípio da Legalidade. Após apresentar decisões judiciais que corroborariam o seu entendimento, a Impugnante pede, alternativamente, de forma subsidiária, que, acaso não seja acatado o seu pedido pela total improcedência do lançamento, seja determinado apenas o recolhimento do principal (diferenças de II) sem os acréscimos legais a título de juros e multa, conforme preleciona o parágrafo único do Art. 100 do CTN. É o que importa relatar. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife/PE por intermédio da 8ª Turma, no Acórdão nº 11056.529, sessão de 29/06/2017, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO BENEFÍCIO FISCAL. ZONA FRANCA DE MANAUS. DIVISÃO DE COMPETÊNCIAS ENTRE SUFRAMA E RECEITA FEDERAL DO BRASIL. A SUFRAMA é competente para fixar as condições e os requisitos a serem atendidos pelos estabelecimentos beneficiados. Competência esta que se materializa, notadamente, nos processos de aprovação de projetos de industrialização. Contudo, a fiscalização do adimplemento das condições legais para a fruição do benefício é atribuição da Receita Federal do Brasil. PRATICA REITERADA. NORMA COMPLEMENTAR. O entendimento de prática reiterada é possível quando a Administração, estando a par da situação ocorrida, convalidea de forma reiterada. Caso posteriormente a Administração venha a mudar seu entendimento ou modo de ação, não poderá penalizar os que antes agiram, por ela referendados, de modo diverso. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário reiterando as mesmas matérias versadas em impugnação para reforma da decisão recorrida e desconstituição da autuação fiscal. Fl. 659DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 660 7 Ao final de sua peça, pede para: "(i) Que o presente Recurso Voluntário seja recebido por terem sido atendidos os requisitos de admissibilidade. (ii) Preliminarmente, seja confirmada a competência da Suframa em aprovar os projetos e estabelecer o coeficiente redutor para fins de incentivos fiscais na Zona Franca de Manaus, não tendo o Fisco legitimidade para contestar as Resoluções expedidas pela Autarquia e que definiram o redutor fixo de 88% do II para o produto fabricado pela Recorrente. (iii) Ainda em sede de Preliminar, seja afastada a previsão contida no inciso II do art. 16 A da Lei 8248/1991, em razão do produto fabricado pela Recorrente estar sujeito ao DL 288/67, alterado pela Lei 8387/91, ratificando que o produto Bateria para Telefone Celular foi incluído como bem de informática através do Decreto 5.906/2006. (iv) No Mérito, seja dado INTEGRAL PROVIMENTO ao presente Recurso Voluntário, para o fim de julgar reformar todos os termos do Acórdão 11056.529 da 8ª. Turma da DRJ/REC, julgando assim improcedentes todos os termos do Auto de Infração, declarando se, por via de consequência, a também insubsistência do Processo Administrativo, finalizando com o consequente arquivamento do mesmo. (v) Alternativamente, caso seja mantida a autuação quanto a forma de cálculo do redutor do Imposto de Importação (CRA), por cautela, requer a aplicação do parágrafo único do art. 100 do CTN, de modo que seja mantido apenas o principal e excluídos os juros e multas". É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. As matérias a serem decidias nesta Turma cingese à (i) apreciação da competência da Suframa e da Receita Federal para fiscalizar a correta aplicação do coeficiente redutor do cálculo do imposto de importação; (ii) verificação quanto as disposições e a data em que o aparelho de telefone celular e seus partes/acessórios tornaramse bens de informática nos termos da Lei; (iii) análise dos dispositivos de Lei aplicados à situação dos autos; e (iv) constatação de existência de hipótese caracterizadora da exclusão de penalidades e juros de mora de que trata o parágrafo único do art. 100 do CTN. As matérias suscitadas como preliminares são, em verdade, de mérito e serão apreciadas no tópicos a seguir. Legislação aplicável e a definição de bens de informática Fl. 660DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 661 8 Cumpre inicialmente estabelecer qual a legislação a ser aplicável na definição de bens de informática, para então verificar se os bens a que se destinam os produtos industrializados pela Unicoba enquadramse em tal conceito (bens de informática). A recorrente afirma que os bens de informática fabricados na ZFM estão submetidos às regras estabelecidas na Lei nº 8.387/1991 que alterou o DL 288/67, e não na Lei nº 8.248/1991 aplicável somente aos fabricantes localizados fora da ZFM. Dessa forma, no entendimento da Unicoba há duas legislação que definem bens de informática: o art. 16A da Lei nº 8.248/1991 que se aplica exclusivamente a fabricantes fora da ZFM; e a Lei nº 8.387/1991 que se aplica somente aos fabricantes situados na ZFM. Vejamos os dispositivos da Lei nº 8.387/1991: Art. 2° Aos bens do setor de informática, industrializados na Zona Franca de Manaus, serão concedidos, até 29 de outubro de 1992, os incentivos fiscais e financeiros previstos na Lei n° 8.248, de 23 de outubro de 1991, atendidos os requisitos estabelecidos no § 7° do art. 7° do DecretoLei n° 288, de 28 de fevereiro de 1967, com a redação dada por esta lei. (Regulamento) (Regulamento) (Vide Lei nº 11.077, de 2004) (Regulamento). § 1° Após 29 de outubro de 1992, os bens referidos neste artigo, industrializados na Zona Franca de Manaus, quando internados em outras regiões do País, estarão sujeitos à exigibilidade do Imposto sobre Importação relativo a matériasprimas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, componentes e outros insumos, de origem estrangeira e nele empregados, conforme coeficiente de redução estabelecido no § 1° do art. 7° do DecretoLei n° 288, de 28 de fevereiro de 1967, com a redação dada pelo art. 1° desta lei. (Vide Lei nº 11.077, de 2004) [...] § 2oA Os bens de que trata este artigo serão os mesmos da relação prevista no § 1o do art. 4o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, respeitado o disposto no art. 16A dessa mesma Lei. (Incluído pela Lei nº 11.077, de 2004) Analisando o que prescreve a Lei nº 8.387/1991, concluise que não procede o entendimento da recorrente conforme as razões expostas. A uma, nos dispositivos da Lei nº 8.387/1991 não há ressalva ou determinação expressa de que os bens de informática são distintos daqueles mencionados na Lei nº 8.248/1991; a duas, o art. 2º prescreve que "aos bens do setor de informática, industrializados na Zona Franca de Manaus, serão concedidos (...) os incentivos fiscais e financeiros previstos na Lei n° 8.248, de 23 de outubro de 1991, (...)"; e a três, para espancar qualquer dúvida, o § 2A (incluído pela Lei nº 11.077/2004) determina expressamente que " os bens de que trata este artigo serão os mesmos da relação prevista no § 1o do art. 4o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, respeitado o disposto no art. 16A dessa mesma Lei". Fl. 661DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 662 9 Portanto, a legislação a ser aplicada para efeitos de definição e demais questões atinentes aos bens de informática é a que deriva da Lei nº 8.248/1991 e suas alterações. A divergência entre Fisco e contribuinte cingese doravante quanto à natureza do telefone celular no qual se incorpora a bateria produzida pela Unicoba, ou seja, tratase ou não de bem de informática e qual a data do enquadramento para efeito de cálculo do II na internação1 para o território nacional. A fiscalização sustenta que a Lei nº 8.248/1991 atribuiu competência ao Poder Executivo para definir a relação de bens de informática e em seu § 1º, art. 4º, menciona que "A relação de bens de que trata este artigo será definida pelo Poder Executivo...". Já a Portaria Interministerial MIR/MCT/MICT/MC 272/1993, com redação dada pela PI MIR/MCT/MICT/MC 138/1994, apresenta o telefone celular como bem de informática. Desde então, todos os atos administrativos emitidos pelo Poder Executivo mantém este entendimento. Adicionalmente, os Decretos 3.801/2001, 4.509/2002, 5.906/2006 e 6.405/2008 corroboram esta afirmação. A contribuinte afirma que seu produto foi incluído como bem de informática (parte de aparelho celular) somente com a edição do Decreto nº 5.906/2006 e, anteriormente, nas redações originais das Leis nºs 8.248/1991 e 8.387/199 não havia dispositivo legal que definia terminais portáteis de telefonia celular e seus acessórios como bens de informática, o que torna ilícito a Fiscalização excluir dos benefícios do caput e § 4º do art. 7º do DecretoLei nº 288/67. Novamente não assiste razão à contribuinte e para fundamentar transcrevo a legislação em que se firmam Fiscalização e Unicoba: Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de 2001 (D.O.U. 12/01/2001): Art. 5o A Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 16A: [...] Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação, exceto os arts. 2o, 3o e 4o, que entram em vigor noventa dias depois da referida publicação. Lei nº 8.248/1991: Art. 4o As empresas de desenvolvimento ou produção de bens e serviços de informática e automação que investirem em atividades de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação farão jus aos benefícios de que trata a Lei no 8.191, de 11 de junho de 1991. (Redação dada pela Lei nº 10.176, de 2001) (Regulamento) de 2017) 1 Decreto nº 6.759/2009 (RA/2009): Art. 508. Denominase internação, para os efeitos deste Capítulo, a entrada, em outros pontos do território aduaneiro, de mercadoria procedente da Zona Franca de Manaus, nos termos dos arts. 509 e 512. Fl. 662DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 663 10 § 1o O Poder Executivo definirá a relação dos bens de que trata o § 1º C, respeitado o disposto no art. 16A desta Lei, a ser apresentada no prazo de trinta dias, contado da publicação desta Lei, com base em proposta conjunta dos Ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Ciência e Tecnologia e da Integração Nacional. (Redação dada pela Lei nº 10.176, de 2001) [...] § 1oC. Os benefícios incidirão somente sobre os bens de informática e automação produzidos de acordo com processo produtivo básico definido pelo Poder Executivo, condicionados à apresentação de proposta de projeto ao Ministério da Ciência e Tecnologia. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.176, de 2001) [...] Art. 16A. Para os efeitos desta Lei, consideramse bens e serviços de informática e automação: (Artigo incluído pela Lei nº 10.176, de 2001) [...] II – máquinas, equipamentos e dispositivos baseados em técnica digital, com funções de coleta, tratamento, estruturação, armazenamento, comutação, transmissão, recuperação ou apresentação da informação, seus respectivos insumos eletrônicos, partes, peças e suporte físico para operação; (Inciso incluído pela Lei nº 10.176, de 2001) [...] § 1o O disposto nesta Lei não se aplica às mercadorias dos segmentos de áudio; áudio e vídeo; e lazer e entretenimento, ainda que incorporem tecnologia digital, incluindo os constantes da seguinte relação, que poderá ser ampliada em decorrência de inovações tecnológicas, elaborada conforme nomenclatura do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias SH: Decreto nº 3.801, de 20 de abril de 2001: Regulamenta o § 1º do art. 4º e o § 2º do art. 16A da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, com a redação dada pela Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001. [...] Art. 1o A relação de bens de que trata o § 1o do art. 4º da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, é a definida no Anexo deste Decreto. Parágrafo único. Os terminais portáteis de telefonia celular e os monitores de vídeo de que trata o § 2o do art. 16A da Lei no 8.248, de 1991, integram a relação mencionada no caput. Fl. 663DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 664 11 Decreto nº 5.906, de 26 de setembro de 2006 (D.O.U. de 27/09/2006): Regulamenta o art. 4o da Lei no 11.077, de 30 de dezembro de 2004, os arts. 4o, 9o, 11 e 16A da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, e os arts. 8o e 11 da Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001, que dispõem sobre a capacitação e competitividade do setor de tecnologias da informação. [...] Art. 2o Para fins do disposto neste Decreto, consideramse bens e serviços de informática e automação: [...] II máquinas, equipamentos e dispositivos baseados em técnica digital, com funções de coleta, tratamento, estruturação, armazenamento, comutação, transmissão, recuperação ou apresentação da informação, seus respectivos insumos eletrônicos, partes, peças e suporte físico para operação; [...] VI terminais portáteis de telefonia celular, código 8525.20.22 da NCM; e VI terminais portáteis de telefonia celular, Código 8517.12.31 da NCM; e (Redação dada pelo Decreto nº 6.405, de 2008). [...] Art. 53. Ficam revogados os Decretos nos 792, de 2 de abril de 1993, 3.800, de 20 de abril de 2001, 3.801, de 20 de abril de 2001, 4.509, de 11 de dezembro de 2002, e 4.944, de 30 de dezembro de 2003, e o art. 1o do Decreto no 5.343, de 14 de janeiro de 2005. Há concordância entre Fiscalização e contribuinte de que o texto legal que fez incluir aparelhos de telefonia celular, que alcança igualmente sua bateria, é o inciso II do art. 16A da Lei nº 8.248/1991, introduzido pelo art. 5º da Lei nº 10.176, de 11/01/2001, regulamentado no parágrafo único do art. 1º do Decreto nº 3.801, de 20/04/2001, e reproduzido no inciso II, do art. 2º do Decreto nº 5.906, de 26/09/2006. Como se vê, o equívoco da contribuinte é afirmar que o telefone celular/bateria passou a ser considerado bem de informática apenas após o Decreto nº 5.906/2006. Assim, contradizendo o entendimento da Unicoba, seu produto industrializado é parte de bem de informática desde 11 de janeiro de 2001, e não somente a partir de 26/09/2006 (publicação do Decreto nº 5.906/2006) e, por conseguinte, também anterior à data da edição da Resolução Suframa nº 075, de 30/01/2001. A aplicação do coeficiente redutor no cálculo do imposto na internação Fl. 664DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 665 12 É inconteste nos autos que a internação de produtos industrializados na ZFM implica o pagamento do imposto de importação II sobre as mercadorias estrangeiras neles empregados. A discussão restringese ao coeficiente de redução a ser utilizado no cálculo: a fiscalização aplicou o coeficiente variável previsto no § 1º do art. 7º do DL 288/67, por determinação do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.387/91; enquanto que a Unicoba afirma correto o coeficiente de 88% (art. 7º, § 4º, do DL 288/67), tendo por fundamento o que dispôs a Resolução Suframa nº 075/2001, por considerar que as baterias para telefones celulares não são bens de informática. Nos tópicos acima restaram afastados os equívocos quanto à definição de bens de informática e a data da aplicação do conceito aos produtos fabricados pela recorrente. A razão, mais uma vez, está com a fiscalização, pois a aplicação do coeficiente variável, calculado nos termos do § 1º do art. 7º decorre de disposições expressas das Leis nºs 8.248/1991, 8.387/1991, 10.176/2001, 10.664/2001 e 11.077/2004, 11.196/2005 e 11.148/2007 e o DL nº 288/1967 e que dão fundamento de validade ao Decreto regulamentador da legislação aduaneira nº 6.759/2009 (RA/2009) que prescreve em seu art. 512: Art. 512. Os produtos industrializados na Zona Franca de Manaus, quando dela saírem para qualquer ponto do território aduaneiro, estarão sujeitos ao pagamento do imposto de importação relativo a matériasprimas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, componentes e outros insumos de origem estrangeira neles empregados, calculado o tributo mediante coeficiente de redução de sua alíquota ad valorem, desde que atendam a nível de industrialização local compatível com processo produtivo básico para produtos compreendidos na mesma posição e subposição da Nomenclatura Comum do Mercosul (DecretoLei nº 288, de 1967, art. 7º, caput, com a redação dada pela Lei nº 8.387, de 1991, art. 1º). § 1o O coeficiente de redução do imposto de importação será obtido mediante a aplicação de fórmula que tenha (DecretoLei nº 288, de 1967, art. 7º, § 1º, com a redação dada pela Lei nº 8.387, de 1991, art. 1º): I no dividendo, a soma dos valores de matériasprimas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, componentes e outros insumos de produção nacional, e da mão deobra empregada no processo produtivo; e II no divisor, a soma dos valores de matériasprimas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, componentes e outros insumos de produção nacional e de origem estrangeira, e da mãodeobra empregada no processo produtivo. [...] § 4o Os bens do setor de informática, industrializados na Zona Franca de Manaus, quando internados em outras regiões do Fl. 665DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 666 13 País, estarão sujeitos ao pagamento do imposto de importação relativo a matériasprimas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, componentes e outros insumos, de origem estrangeira e nele empregados, conforme coeficiente de redução estabelecido no § 1o, observadas as disposições do art. 2º da Lei nº 8.387, de 1991 (Lei nº 8.387, de 1991, art. 2º, com a redação dada pela Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de 2001, art. 3º, pela Lei nº 10.664, de 22 de abril de 2003, art. 2º, pela Lei nº 11.077, de 30 de dezembro de 2004, art. 2º, pela Lei nº 11.196, de 2005, art. 128, e pela Lei no 11.482, de 2007, art. 10). Lei nº 8.387/1991: Art. 2° Aos bens do setor de informática, industrializados na Zona Franca de Manaus, serão concedidos, até 29 de outubro de 1992, os incentivos fiscais e financeiros previstos na Lei n° 8.248, de 23 de outubro de 1991, atendidos os requisitos estabelecidos no § 7° do art. 7° do DecretoLei n° 288, de 28 de fevereiro de 1967, com a redação dada por esta lei. § 1° Após 29 de outubro de 1992, os bens referidos neste artigo, industrializados na Zona Franca de Manaus, quando internados em outras regiões do País, estarão sujeitos à exigibilidade do Imposto sobre Importação relativo a matérias primas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, componentes e outros insumos, de origem estrangeira e nele empregados, conforme coeficiente de redução estabelecido no § 1° do art. 7° do Decreto Lei n° 288, de 28 de fevereiro de 1967, com a redação dada pelo art. 1° desta lei. (Vide Lei nº 11.077, de 2004) § 2° Os bens de que trata este artigo são isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), na forma do art. 9° do DecretoLei n° 288, de 28 de fevereiro de 1967, com a redação dada por esta lei. (Vide Lei nº 11.077, de 2004) § 2oA Os bens de que trata este artigo serão os mesmos da relação prevista no § 1o do art. 4o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, respeitado o disposto no art. 16A dessa mesma Lei. (Incluído pela Lei nº 11.077, de 2004) [...] Os textos ora reproduzidos deixam evidenciado que na internação de bens de informática da ZFM para o restante do território nacional o coeficiente de redução do imposto de importação será calculado segundo a metodologia prevista no § 1º, do art. 7º do DecretoLei nº 288/67 o coeficiente variável , não dispondo de qualquer outra forma de cálculo como a utilizada pela contribuinte o coeficiente fixo de 88%, previsto no § 4º do art. 7º do DL 288/67 , ainda que mencionada em Resolução da Suframa. A determinação do coeficiente do método redutor a ser aplicado não é atribuição do Fisco nem da Suframa, decorre da verificação das características do produto fabricados e internados se bem de informática ou não e sua subsunção a uma das duas possibilidades de metodologia de cálculo (variável ou fixo, de 88%) e não se trata de uma Fl. 666DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 667 14 autorização a ser outorgada em ato administrativo, tratase de uma determinação legal segundo a ocorrência da hipótese prescrita também na Lei. Limites da competência da Suframa para determinar a sistemática de cálculo de tributo devido na internação Aduz a recorrente que a Suframa detém competência absoluta para aprovar projeto produtivo básico, administrar benefício concedido, e estabelecer coeficiente redutor para fins de incentivos fiscais na ZFM. Em matéria de administração tributária, a Suframa, bem como demais órgãos da administração pública, tem competência limitada. Isto porque o art. 37, no inciso XVIII da Constituição Federal determina que "a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei" Reza ainda a CF/88 em seu art. 237 a exclusividade do Ministério da Fazenda na fiscalização e controle sobre o comércio exterior: Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda. O art. 12 do Decreto nº 61.244/67, que regulamenta a ZFM dispõe as competências da Suframa e do Ministério da Fazenda, atualmente representado pela Receita Federal na fiscalização de tributos: Art. 12 Toda entrada de mercadorias nacional ou estrangeira na Zona Franca de Manaus fica sujeita ao controle da SUFRAMA respeitada a competência legal atribuída à fiscalização aduaneira e de rendas do Ministério da Fazenda. No âmbito do art. 7º do DecretoLei nº 288/67 compreende dentre as atividades de fiscalização aduaneira da Receita Federal o exame das operações pertinentes aos despachos aduaneiros, inclusive de internação de mercadorias estrangeiras no restante do território nacional provenientes da ZFM, e bem assim, o exame do correto pagamento do Imposto de Importação com a redução de alíquota nos termos do § 1º do indigitado artigo. Destarte, decorre de interpretação dos textos constitucional (arts. 37, XVIII e 237) e expressa disposição do art. 7º do DL nº 288/67 que à Suframa não compete estabelecer e fiscalizar o coeficiente redutor do cálculo do II na internação de produtos de empresa beneficiária situada na ZFM. Por conseguinte, as Resoluções Suframa baseadas em Pareceres não vinculam a administração tributária federal, a qual se atribui a competência legal para a fiscalização aduaneira, mormente, a aplicação da Lei no cálculo de tributos aduaneiros quando da internação de produtos fabricados com insumos/partes procedentes do exterior, ou o descumprimento dos requisitos de isenção parcial Para finalizar a matéria (competência), podese afirmar que a Suframa é um órgão que tem competência para editar atos normativos que atestam a regularidade do PBB dos contribuintes situados na ZFM e que apresentem os seus projetos para a análise do órgão. Fl. 667DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 668 15 Porém cabe à autoridade tributária aferição desses atos, que pode ratificálos ou desconsiderá los totalmente, em caso de descumprimento da legislação tributária ou do PPB ou qualquer condição para se usufruir de qualquer benefício fiscal concedido. Alegação de desconsideração do PPB aprovado pela Suframa Entendo que o Fisco não é competente para fiscalizar o PPB no tocante aos requisitos de cunho econômico, contudo, o é para eventual descumprimento dos requisitos de ordem aduaneira e tributária. Ocorre, porém, que esta não é a situação dos autos. O Fisco em momento algum questionou o cumprimento do PPB, teceu considerações acerca da satisfação de seus requisitos, contestou a legalidade dos atos da Suframa, ou aplicou a penalidade de cancelamento automático dos incentivos concedidos por prazo certo e sob condições onerosas sem autorização legaL, como acusa a recorrente. Não há, portanto, que se falar em desconsideração do projeto aprovado pela Suframa em ato da Receita Federal na pessoa de seu AuditorFiscal na formalização de exigências em decorrência de inobservância do DecretoLei nº 288/67 e Leis que o modificaram. A questão é outra. A Fiscalização no desempenho de seu dever funcional, com fundamento no preceito da legalidade estatuído no inciso XVIII, do art. 37 e art. 237 da Constituição Federal, e inúmeros outros regramentos legais, verificou sim a (in)correção do pagamento do imposto de importação devido na internação do bem de informática fabricado pela Unicoba segundo o que dispõe o art. 7º do DL nº 288/67. Sintetizando, o Fisco examinou a obediência às normas que regem a matéria, notadamente o DL nº 288/67, com as alterações promovidas por Leis, de hierarquia superior aos Pareceres e as Resoluções nºs. 075/2001 e 019/2006 da Suframa, e que não somente estabelece a aprovação do PPB, bem como outros requisitos para fruição do benefício. Devese atentar que a definição do cálculo do coeficiente redutor do II está expresso em Lei art. 2º, § 1º da Lei nº 8.137/91 , não em qualquer outro ato infralegal atribuído a Órgão do Poder Executivo, mormente à Suframa, de forma que, uma vez constatada a natureza de bem de informática, impende à recorrente utilizarse do coeficiente redutor de que trata o § 1º do art. 7º do DL 288/67. De ressaltar, conforme mencionado, o texto constitucional impõe à administração pública o dever de obediência ao princípio da legalidade. Assim, a autoridade fiscal no desempenho do dever funcional, investida e exercida no âmbito da Zona Franca de Manaus com fundamento no art. 237 da CF/88, com estrita observância ao que prescreve o art. 142 do CTN, apenas cumpriu o seu dever legal de aferir e fiscalizar o cumprimento de normas que concedem isenção parcial ao imposto de importação na internação de produto fabricado pela Unicoba. No sentido de confirmar a competência do AuditorFiscal para a fiscalização de tributos na ZFM, inclusive para contrapor possíveis pareceres da Suframa, a CSRF já decidiu, por unanimidade de votos, no Acórdão nº 9303002.302, sessão de 19/06/2013, Relatoria do Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, com a ementa: Fl. 668DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 669 16 ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS. PROCESSO PRODUTIVO BÁSICO. A Fiscalização da RFB, na figura do Auditorfiscal da Receita Federal do Brasil é competente para a fiscalização de tributos federais na ZFM, inclusive para atestar a regularidade do PBB, mesmo contra possíveis pareceres da Suframa. Quanto ao prolatado desrespeito do Fisco aos atos da Suframa que gozam de presunção de legitimidade e legalidade, a decisão recorrida acentuou que não se tratou de desconsideração das Resoluções nºs. 075/2001 e 019/2006, mas, ao contrário, zelou a autoridade fiscal pelo fiel cumprimento do princípio da legalidade nos mencionados diplomas no auto de infração e repisado na decisão da DRJ e neste voto. Competência do Fisco para reconhecer a isenção e fiscalizar a utilização do método redutor Concernente à isenção (parcial) do II na internação dos produtos fabricados com insumos ou partes importadas, aduz a recorrente que tem o direito adquirido à isenção nos termos do art. 178 do CTN e art. 2§ 2º do Decreto 6008/2006; além do mais, afirma que os atos da Suframa que reconheceram o benefício são irrevogáveis conforme o art. 178 CTN. Quanto a irrevogabilidade dos atos da Suframa, os argumentos assentados neste voto são suficientes para sustentar que esta matéria não foi fundamento para a autuação e sequer da decisão recorrida. Em que pese o que se discorreu acerca do dever de obediência ao princípio da legalidade a toda a administração pública, o tema foi abordado no sentido de que o Fisco não ignorou a aplicação dos dispositivos legais do DL 288/67 e Leis que o modificaram para assegurar a aplicação do correto coeficiente de redução do II nas internações de produtos fabricados pela recorrente. Assim, o Fisco, os julgadores da DRJ e nem neste voto estáse revogando as Resoluções da Suframa. No tocante ao direito adquirido à isenção, com supedâneo nos arts. 178 e art. 2º, § 2º do Decreto nº 6008/2006, não há razão à Unicoba. Nas linhas acima deste voto fora enfrentada que a incontestável competência da Suframa para aprovar os processos produtivos básicos e administrar a outorga de benefícios no âmbito do DL nº 288/67, não exclui a competência do Fisco para exercer suas atribuições constitucionais, que envolve necessariamente a verificação das condições para isenção conforme previsto nos arts. 176 a 179 do CTN. De fato, a Suframa aprova o regime e dessa aprovação decorre o direito de isenção em termos abstratos e gerais, porém, a competência para verificar se, em cada caso, os requisitos da isenção são ou não cumpridos é do Fisco, conforme arts. 121 a 123, 132 a 135, 177 do Decreto nº 6.759/09, que regulamentou o DecretoLei nº 37/1966 e outras Leis, além dispositivos do CTN anteriormente citados. Apontase ainda que aprovação do projeto pela Suframa é condição para que incida o incentivo, o que não se confunde com o reconhecimento da isenção, nem implica a exclusividade da autarquia para a verificação do adimplemento das condições para a fruição dos benefícios. Fl. 669DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 670 17 Desse modo, ao contrário do alegado pela Unicoba, não há impedimento algum para que a fiscalização e os órgãos administrativos de julgamento, no âmbito do processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários, interpretem, diante dos elementos de prova apresentados, se há ou não cumprimento dos requisitos necessários à fruição de benefícios fiscais. Ou seja, a aprovação do projeto é apenas um dos requisitos necessários para usufruir da isenção e não o reconhecimento do direito subjetivo à isenção. Com relação ao §2º do art. 2º do Decreto 6.008/2006, que "prevê expressamente que ficam mantidos os benefícios previstos para os bens de informática aprovados pelo Conselho de Administração da Suframa até a data da publicação do Decreto nº 5.906, de 26 de setembro de 2006", observo que, tanto esta disposição, como a irrevogabilidade da isenção prevista no art. 178 do CTN apenas permitiriam, à Impugnante, utilizarse do coeficiente redutor de 88% acaso a Resolução Suframa 075/2001 fosse anterior ao enquadramento da bateria para telefone celular como bem de informática, o que, conforme já demonstrado, não se configurou. Conduta pautada em ato normativo e na prática reiterada A recorrente argui que pautou sua conduta conforme os preceitos normativos editados pela Suframa, situação prevista no inciso I do art. 100 do CTN, e suas operações prolongaramse no tempo sem que o Fisco manifestasse acerca de irregularidade quanto ao coeficiente de redução utilizado na internação, o que configura a prática reiterada de que trata o inciso III do art. 100 do CTN e que nos termos do parágrafo único desse artigo há de ser excluídas as penalidades, juros ou atualização do valor monetário de base de cálculo do tributo. Vejamos o dispositivo legal: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Sem razão a contribuinte quanto à prática reiterada, pois esta somente se configura mediante a mudança de entendimento da Administração diante de um mesmo comportamento do administrado. Fl. 670DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 671 18 Não há nos autos demonstração de que a Administração tenha observado reiteradamente prática de natureza tributária que tenha implicado mudança de entendimento. Há razão à recorrente quanto à observância aos atos administrativos expedido pela Suframa, especificamente as Resoluções nºs 075/2001 e 019/2006, conquanto contrárias aos dispositivos do DecretoLei nº 288/67. O inciso I do art. 100 do CTN não faz qualquer ressalva quanto à natureza e validade do ato normativo observado pelo contribuinte. Dessa forma, entendo pela aplicação dos efeitos prescritos no referido parágrafo único que, conforme o texto do dispositivo, " exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo". Conclusão Por todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário apenas para excluir da autuação juros de mora e a multa de ofício, por aplicação do inciso I e parágrafo único do art. 100, do CTN. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Redator designado Com a devida vênia, divergi do relator quanto ao mérito, atento à disposição do Decreto 6.008/2006, em seu artigo 2º, §2º: Art. 2o Para fins do disposto neste Decreto, consideramse bens de informática e automação: I componentes eletrônicos a semicondutor, optoeletrônicos, bem como os respectivos insumos de natureza eletrônica; II máquinas, equipamentos e dispositivos baseados em técnica digital, com funções de coleta, tratamento, estruturação, armazenamento, comutação, transmissão, recuperação ou apresentação da informação, seus respectivos insumos eletrônicos, partes, peças e suporte físico para operação; III programas para computadores, máquinas, equipamentos e dispositivos de tratamento da informação e respectiva documentação técnica associada (software); e IV os aparelhos telefônicos por fio, conjugados com aparelho telefônico sem fio, que incorporem controle por técnicas digitais (código 8517.11.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM); V terminais portáteis de telefonia celular (código 8525.20.22 da NCM); Fl. 671DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 672 19 VI unidades de saída por vídeo (monitores), classificados na subposição 8471.60 da NCM, próprias para operar com máquinas, equipamentos ou dispositivos baseados em técnica digital, com funções de coleta, tratamento, estruturação, armazenamento, comutação, transmissão, recuperação ou apresentação da informação. § 1o Os bens de que trata este artigo serão os mesmos da relação prevista no § 1o do art. 4o da Lei no 8.248, de 28 de outubro de 1991, respeitado o disposto no art. 16A dessa mesma Lei. § 2o Quanto aos bens referidos nos incisos I a III, quando constantes de projetos regularmente aprovados pelo Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus, até a data de publicação do Decreto no 5.906, de 26 de setembro de 2006, ficam mantidos os benefícios previstos no DecretoLei no 288, de 28 de fevereiro de 1967, nos termos dos atos aprobatórios. As baterias para celulares, de que aqui se trata, encontramse tipificadas, incontroversamente, no inciso II do artigo transcrito. À fl. 484 destes autos consta declaração da Suframa de que a recorrente tem PPB aprovado antes da publicação do Decreto 5.906/2006. A motivação do referido Decreto foi a controvérsia quanto à conceituação de bens de informática. A dúvida que havia é quanto à aplicação do conceito de bens de informática, no artigo 16A da Lei 8.248/91, com redação pela Lei 10.176/2001, aos bens de informática excetuados do benefício do §4º do art. 7º do DecretoLei nº 288/1967. Transcrevo o referido artigo, nas partes de interesse: Art. 16A. Para os efeitos desta Lei, consideramse bens e serviços de informática e automação: (Artigo incluído pela Lei nº 10.176, de 2001) I – componentes eletrônicos a semicondutor, optoeletrônicos, bem como os respectivos insumos de natureza eletrônica; (Inciso incluído pela Lei nº 10.176, de 2001) II – máquinas, equipamentos e dispositivos baseados em técnica digital, com funções de coleta, tratamento, estruturação, armazenamento, comutação, transmissão, recuperação ou apresentação da informação, seus respectivos insumos eletrônicos, partes, peças e suporte físico para operação (Inciso incluído pela Lei nº 10.176, de 2001) III – programas para computadores, máquinas, equipamentos e dispositivos de tratamento da informação e respectiva documentação técnica associada (software);(Inciso incluído pela Lei nº 10.176, de 2001) IV – serviços técnicos associados aos bens e serviços descritos nos incisos I, II e III. (Inciso incluído pela Lei nº 10.176, de 2001) (...) Fl. 672DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 673 20 § 3o O Poder Executivo adotará medidas para assegurar as condições previstas neste artigo, inclusive, se necessário, fixando cotas regionais para garantir o equilíbrio competitivo entre as diversas regiões do País, consubstanciadas na avaliação do impacto na produção de unidades de saída por vídeo (monitores), incentivados na forma desta Lei, da Lei no 8.387, de 30 de dezembro de 1991, e do DecretoLei no 288, de 28 de fevereiro de 1967, da subposição NCM 8471.60, tendo em vista a evolução da tecnologia de produto e a convergência no uso desses produtos, bem como os incentivos fiscais e financeiros de qualquer outra natureza, para este fim. (Incluído pela Lei nº 11.077, de 2004) (Vide Lei nº 11.077, de 2004) A controvérsia quanto à essa equivalência de conceitos terminou por ocasião da Lei 11.077/2004, que, entre outras disposições, incluiu o §2º no art. 2º da Lei 8.387/91: Art. 2° Aos bens do setor de informática, industrializados na Zona Franca de Manaus, serão concedidos, até 29 de outubro de 1992, os incentivos fiscais e financeiros previstos na Lei n° 8.248, de 23 de outubro de 1991, atendidos os requisitos estabelecidos no § 7° do art. 7° do DecretoLei n° 288, de 28 de fevereiro de 1967, com a redação dada por esta lei. (Regulamento) (Regulamento) (Vide Lei nº 11.077, de 2004) (Regulamento). § 1° Após 29 de outubro de 1992, os bens referidos neste artigo, industrializados na Zona Franca de Manaus, quando internados em outras regiões do País, estarão sujeitos à exigibilidade do Imposto sobre Importação relativo a matériasprimas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, componentes e outros insumos, de origem estrangeira e nele empregados, conforme coeficiente de redução estabelecido no § 1° do art. 7° do DecretoLei n° 288, de 28 de fevereiro de 1967, com a redação dada pelo art. 1° desta lei. (Vide Lei nº 11.077, de 2004) § 2oA Os bens de que trata este artigo serão os mesmos da relação prevista no § 1o do art. 4o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, respeitado o disposto no art. 16A dessa mesma Lei. (Incluído pela Lei nº 11.077, de 2004) O Decreto 5.906/2006 veio regulamentar tais disposições, conforme sua ementa: Regulamenta o art. 4o da Lei no 11.077, de 30 de dezembro de 2004, os arts. 4o, 9o, 11 e 16A da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, e os arts. 8o e 11 da Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001, que dispõem sobre a capacitação e competitividade do setor de tecnologias da informação. E na sua esteira, o Decreto 6.008/2006 permitiu a manutenção dos benefícios do DL 288/67 aos PPB´s que já estivessem aprovados antes da publicação do Decreto 5.906/2006. Fl. 673DF CARF MF Processo nº 10283.720354/201755 Acórdão n.º 3201004.248 S3C2T1 Fl. 674 21 Vislumbrase, portanto, que a querela quanto à definição de bens de informática aplicável ao §4º do art. 7º do DL 288/67 somente pacificouse com o Decreto 5.906/96, e o Poder Executivo, certamente por consideração de segurança jurídica e as consequências financeiras do caso, permitiu, às empresas que já estavam estabelecidas e utilizando o benefício, a sua permanência nele, conforme expressa o §2º do art. 2º do Decreto 6.008/2006. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira, Redator Designado Fl. 674DF CARF MF
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Numero do processo: 10875.723487/2014-71
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2010
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO DO JULGADO. CABIMENTO.
São cabíveis embargos de declaração para suprir omissão de acórdão. Os embargos são acolhidos para integrar os fundamentos eivados de omissão, não concedendo efeitos infringentes ao recurso quando as omissões constatadas não tiverem o condão alterar a decisão embargada.
SIMPLES NACIONAL
O contencioso administrativo relativo ao Simples Nacional será de competência do órgão julgador integrante da estrutura administrativa do ente federativo que efetuar o lançamento, o indeferimento da opção ou a exclusão de ofício.
Numero da decisão: 1001-000.938
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos sem efeitos infringentes para, sanando a omissão apontada, manter a decisão anterior de negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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OMISSÃO DO JULGADO. CABIMENTO. São cabíveis embargos de declaração para suprir omissão de acórdão. Os embargos são acolhidos para integrar os fundamentos eivados de omissão, não concedendo efeitos infringentes ao recurso quando as omissões constatadas não tiverem o condão alterar a decisão embargada. SIMPLES NACIONAL O contencioso administrativo relativo ao Simples Nacional será de competência do órgão julgador integrante da estrutura administrativa do ente federativo que efetuar o lançamento, o indeferimento da opção ou a exclusão de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos sem efeitos infringentes para, sanando a omissão apontada, manter a decisão anterior de negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 72 34 87 /2 01 4- 71 Fl. 466DF CARF MF 2 Relatório Trata o presente de Embargos de Declaração (efls. 455 a 457) opostos por MIRAGE SÃO PAULO METALÚRGICA EIRELI contra o Acórdão n.º 1001000.236, de 06/12/2017, desta 1.ª Turma Extraordinária da 1.ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (efls. 445 a 449), mediante o qual o colegiado, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário. O contribuinte apresentou embargos alegando omissão do acórdão embargado a respeito da afirmação do recorrente de que a Receita Federal do Brasil não teria analisado o conjunto probatório apresentado e a respeito do pedido de diligência aposto no recurso voluntário. Os embargos foram parcialmente acolhidos em Despacho (efl. 460/464) que confirmou apenas a falta de apreciação do pedido de diligência. Assim asseverouse no citado despacho: (...) A decisão embargada manifestou adesão aos termos do acórdão da 1.ª instância administrativa, o qual demonstra não só ter analisado as provas trazidas pela recorrente, como as entende em sentido oposto ao que pretende o embargante, ali recorrente. Assim, a Turma Julgadora desenvolveu os fundamentos para as conclusões acerca da inclusão retroativa no SIMPLES levando em consideração o material probante trazido aos autos pelo embargante. (...) se constata omissão relativamente à análise do pedido de diligência discriminado no recurso voluntário. Tratase de solicitação de enquadramento no Simples Nacional (fls. 02/12) com data retroativa a 01/01/2010. Por bem descrever o pleito reproduzo o relatório do acórdão recorrido (efls. 409/412): Em 07/11/2014 o interessado protocolou o documento de fls. 02/12 onde pede o deferimento de sua adesão ao Simples Nacional com data retroativa a 01/01/2010. O SEORT da DRF Guarulhos indeferiu o pleito por falta de amparo legal, conforme informação de fl. 367/369. Tomou ciência da decisão em 12/04/2015, fl.372. Inconformado o contribuinte apresentou em 11/05/2015 sua manifestação de inconformidade, fls. 375/383, afirmando que regularizou suas pendências e que, desta forma, deve ser deferida sua adesão ao sistema. Junta documentos visando fazer prova do que alega e solicita o enquadramento no Simples Nacional. Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10875.723487/201471 Acórdão n.º 1001000.938 S1C0T1 Fl. 467 3 Após tomar ciência do contido do Indeferimento a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade. A decisão de primeira instância (efls. 409/412) indeferiu a manifestação de inconformidade, por entender que a Resolução CGSN n° 94/2011 previu que a opção pelo Simples Nacional darseá por meio do Portal do Simples Nacional na internet, meio não utilizado pelo recorrente. Cientificada da decisão de primeira instância através de intimação em 30/12/2015 (efl. 414) a Interessada interpôs recurso voluntário, de 07/01/2016 (efl. 439), em que aduz, em resumo, que foi excluída do Simples devido a existência de débitos, mas que parcelou tais débitos e que efetivou regularmente a opção para ser reenquadrada na sistemática, mas que não obteve sucesso. Ao final requer a realização de diligencia para que a Receita Federal do Brasil se manifesta sobre as questões postas. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator A opção pelo Simples Nacional deve darse pela internet, no mês de janeiro, até seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do anocalendário da opção, conforme regulamentado pelo Art. 6º da Resolução CGSN n° 94/2011. Cabe verificar o que dispõe o artigo 17 da Lei nº 123/2006, inciso V e XI, e o art. 7o, § 1ºA, da Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007: “Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: (...) V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa”;(destaquei). Verifico que o contribuinte alega opção regular e parcelamento dos débitos que impediram sua adesão, mas tais fatos não foram confirmados. Por bem resumir esta constatação peço vênia para reproduzir o disposto no acórdão recorrido. "A Lei Complementar n° 123, de 2006, que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, dispõe que a opção pelo Simples Nacional darseá na forma a ser estabelecida pelo Comitê Gestor do Simples Nacional – CGSN. Lei Complementar n° 123/2006: Fl. 468DF CARF MF 4 “Art.16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte darseá na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para todo o anocalendário.” Por sua vez, a Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional n° 94, de 2011, regulamentou a opção ao Simples Nacional, cujos excertos abaixo transcritos aplicamse ao caso: Resolução CGSN n° 94/2011: “Art. 6º A opção pelo Simples Nacional darseá por meio do Portal do Simples Nacional na internet, sendo irretratável para todo o anocalendário. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, caput) § 1º A opção de que trata o caput deverá ser realizada no mês de janeiro, até seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do anocalendário da opção, ressalvado o disposto no § 5º. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, § 2º) (...) Cabe ressaltar que a Resolução CGSN nº 94/2011 não prevê exceção a essa regra, cabendo à autoridade julgadora de 1ª instância administrativa dar cumprimento às normas legais e regulamentares, conforme preceituado no art. 116 da Lei nº 8.112/90, e no art. 7º, inciso V, da Portaria do Ministro da Fazenda nº 341/2011, disciplinadora da constituição das turmas e do funcionamento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento, dispositivos reproduzidos a seguir: Lei nº 8.112/1990: “Art. 116. São deveres do servidor: (...) III – observar as normas legais e regulamentares;” Portaria MF nº 341/2011: “Art. 7º São deveres do julgador: (...) V observar o disposto no inciso III do art. 116 da Lei nº 8.112, de 1990, bem como o entendimento da RFB expresso em atos normativos.” Quanto ao argumento de que, após ter aderido ao parcelamento, teria, por diversas vezes, tentado aderir ao Simples Nacional mas não obteve sucesso, cabe esclarecer que as telas de fls. 327/328, mostram, claramente que isso não ocorreu. Os dois eventos registrados para esse CNPJ foram seu ingresso ao Simples Nacional, ocorrido em 30/07/2007, às 19:16:49 e, sua exclusão por Ato Administrativo ocorrido em 28/08/2008, com efeitos a partir de 01/01/2009. Constam também dois registros de tentativas de opção ao Simples Nacional, encaminhadas em 08/08/2014 e 05/06/2013, respectivamente, que o sistema não Fl. 469DF CARF MF Processo nº 10875.723487/201471 Acórdão n.º 1001000.938 S1C0T1 Fl. 468 5 analisou porque apresentadas fora do prazo para opção, conforme estabelecido na legislação acima transcrita. Assim, restam afastadas as alegações de ofensa a princípios. Ante o exposto, voto no sentido de julgar improcedente a manifestação de inconformidade. A respeito do requerimento de realização de diligencia para que a Receita Federal do Brasil se manifesta sobre as questões postas, importante repassar o dispositivo legal atinente a realização de diligência no âmbito do processo administrativo fiscal, o art. 18 do Decreto 70235/72: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Entendo que a manifestação requerida já se encontra nos autos através das decisões da Unidade de Origem e da decisão de primeira instância, conforme regulado pelo Decreto 70.235/72. Por isso, indefiro a realização de diligência, pois estáse diante de um litígio que pode ser dirimido mediante a apreciação das provas que já estão nos autos e que foram descritas e consideradas neste decisório. Desta forma, voto por acolher os embargos sem efeitos infringentes para, sanando a omissão apontada, manter a decisão anterior de negar provimento ao recurso. Lizandro Rodrigues de Sousa Relator Fl. 470DF CARF MF
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