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Numero do processo: 10980.937857/2011-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do Fato Gerador: 12/04/2001
BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. TRIBUTAÇÃO DA RECEITA FINANCEIRA. IMPOSSIBILIDADE.
Uma vez declarado inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, por decisão definitiva do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em regime de repercussão geral, o valor da receita financeira não integra a base de cálculo da contribuição, por não integrar o faturamento da pessoa jurídica não financeira.
PAGAMENTO INDEVIDO. NÃO COMPROVADO O RECEBIMENTO DE RECEITA FINANCEIRA. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de reconhecimento o direito creditório se não provado, com documento hábil e idôneo, o recebimento da receita financeira sobre a qual foi apurada a parcela do PIS e da Cofins alegada como indevida.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DO PROCEDIMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
Se não comprovadas a certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório mantém-se a não homologação da compensação declarada por ausência de crédito.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.488
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do Fato Gerador: 12/04/2001 BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. TRIBUTAÇÃO DA RECEITA FINANCEIRA. IMPOSSIBILIDADE. Uma vez declarado inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, por decisão definitiva do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em regime de repercussão geral, o valor da receita financeira não integra a base de cálculo da contribuição, por não integrar o faturamento da pessoa jurídica não financeira. PAGAMENTO INDEVIDO. NÃO COMPROVADO O RECEBIMENTO DE RECEITA FINANCEIRA. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de reconhecimento o direito creditório se não provado, com documento hábil e idôneo, o recebimento da receita financeira sobre a qual foi apurada a parcela do PIS e da Cofins alegada como indevida. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DO PROCEDIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Se não comprovadas a certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório mantém-se a não homologação da compensação declarada por ausência de crédito. Recurso Voluntário Negado.
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COFINS. COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. Recorrente P.G.SCHMIDT & CIA. LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do Fato Gerador: 12/04/2001 BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. TRIBUTAÇÃO DA RECEITA FINANCEIRA. IMPOSSIBILIDADE. Uma vez declarado inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, por decisão definitiva do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em regime de repercussão geral, o valor da receita financeira não integra a base de cálculo da contribuição, por não integrar o faturamento da pessoa jurídica não financeira. PAGAMENTO INDEVIDO. NÃO COMPROVADO O RECEBIMENTO DE RECEITA FINANCEIRA. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de reconhecimento o direito creditório se não provado, com documento hábil e idôneo, o recebimento da receita financeira sobre a qual foi apurada a parcela do PIS e da Cofins alegada como indevida. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DO PROCEDIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Se não comprovadas a certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório mantémse a não homologação da compensação declarada por ausência de crédito. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 78 57 /2 01 1- 13 Fl. 44DF CARF MF Processo nº 10980.937857/201113 Acórdão n.º 3302004.488 S3C3T2 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Tratase de compensação, formalizada por meio de Declaração de Compensação (DComp) em que a contribuinte informou a utilização de indébito de PIS cumulativo (código 8109), para adimplir débitos de tributos diversos. Foi emitido despacho decisório de não homologação da compensação, seja em razão de o Darf discriminado na DComp encontrarse totalmente utilizado para quitação de débito da contribuinte, não restando saldo de crédito disponível para a compensação dos débitos informados na citada DComp ou não ter sido localizado nos sistemas da Receita Federal. Em sede de manifestação de inconformidade, a recorrente alegou que o crédito utilizado era decorrente da ampliação da base cálculo, determinada pelo § 1º do art. 3º da Lei 9.718/1998, que fora declarada inconstitucional pelo STF no julgamento do RE 357.950; que aproveitou o referido crédito nos termos do art. 74 da Lei 9.430/1996; que apresentou demonstrativo da origem do crédito e afirmou que estava amparada pelo art. 170 do CTN; citou e transcreveu jurisprudência administrativa e judicial; ressaltou o contido no art. 165 do CTN; insistiu no direito à restituição; e, ao final, pediu a homologação da compensação. Sobreveio a decisão de primeira instância em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente e mantida a não homologação da compensação declarada, com base nos fundamentos expressos no Acórdão 06046.181. A contribuinte foi cientificada da referida decisão e apresentou, tempestivamente, o recurso voluntário constante nos autos, em que reafirmou as razões de defesa aduzidas na manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.481, de Fl. 45DF CARF MF Processo nº 10980.937857/201113 Acórdão n.º 3302004.488 S3C3T2 Fl. 4 3 25 de julho de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.924260/200986, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.481): "O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia gira em torno da não homologação da compensação declarada, por inexistência do direito creditório informado. De fato, noticia o Despacho Decisório de fls. 2/4, que, embora localizado nos sistema da RFB, o Darf informado pela recorrente na Declaração de Compensação (DComp) de fls. 5/8, o pagamento nele discriminado fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação em apreço. Por meio da manifestação de inconformidade de fls. 9/14, a recorrente alegou que a parcela do pagamento utilizado na compensação correspondia a parcela do pagamento da Cofins do mês de fevereiro de 2001, calculada sobre o valor das receitas financeiras recebidas no mês, incluído indevidamente na base de cálculo da contribuição, em razão da decisão do STF que declarara inconstitucional o art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/1998. A questão jurídica, atinente ao ilegal alargamento da base de cálculo, já se encontra superada no âmbito deste Conselho desde o trânsito em julgado da decisão plenária do STF, proferida no âmbito do julgamento da questão de ordem suscitada no RE nº 585.235/RG, realizado sob o regime de repercussão geral, estabelecido no art. 543B do CPC, cujo enunciado da ementa restou a assim redigido, in verbis: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, DJe227 28/11/2008) – Grifos não originais. Com o trânsito de julgado da referida decisão, em cumprimento ao disposto no art. 62, § 2º, da Portaria MF 343/2015, que aprovou Regimento Interno deste Conselho (RICARF/2015), os fundamentos do referido julgado são de adoção obrigatória por todos membros deste Conselho, logo, aqui adotase o teor da respectiva decisão, para afastar o alargamento da base de cálculo das referidas contribuições, previsto no art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/1998. Entretanto, embora reconhecido como indevido o alargamento da base de cálculo das referidas contribuições, o que, induvidosamente, inclui as receitas financeiras auferidas no período de apuração em referência, a Fl. 46DF CARF MF Processo nº 10980.937857/201113 Acórdão n.º 3302004.488 S3C3T2 Fl. 5 4 recorrente não dignou trazer aos autos prova de que de que auferira o valor da receita financeira alegado. De fato, na fase de manifestação de inconformidade, a recorrente não apresentou nenhum elemento probatório que confirmasse o recebimento das referidas receitas financeiras e tampouco que tenha incluído o correspondente valor na base de cálculo da contribuição recolhida no mês. Somente com a apresentação da peça recursal em apreço, a recorrente trouxe à colação dos autos o demonstrativo de fls. 44/45, em que discriminado os valores das receitas financeiras, auferidas nos meses de fevereiro de 2001 a dezembro de 2003, bem como os supostos valores originais e atualizados da Cofins indevida, apurados nos citados meses. E com vista à comprovação do valor da receita financeira auferida no mencionado mês, em vez de apresentar cópia das folhas do livro contábil obrigatório (o livro diário), devidamente autenticado no Registro Público de Empresas Mercantis, acompanhado das cópias dos extratos bancários das correspondentes operações financeiras, conforme exige os arts. 1.179 a 1811 da Lei 10.406/2002 (Código Civil de 2002), a recorrente limitouse a apresentar uma folha com os valores de suposta Demonstração de Resultado do mês de fevereiro. A copia do suposto documento não foi extraída do livro Diário e tampouco assinado por profissional da área contábil legalmente habilitado e pelo representante da recorrente, conforme exige o art. 1.184 do Código Civil de 2002, a seguir transcrito: Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. § 1º Admitese a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação. § 2º Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico 1 "Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1º Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. § 2º É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios." Fl. 47DF CARF MF Processo nº 10980.937857/201113 Acórdão n.º 3302004.488 S3C3T2 Fl. 6 5 em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. (grifos não originais) Assim, como se trata de documento sem autenticidade, sequer assinado por representante legal da recorrente e profissional habilitado, induvidosamente, ele não serve como meio de prova do recebimento dos valores das referidas receitas financeiras discriminados pela recorrente no citado demonstrativo. Além disso, o citado documento não foi apresentado com a manifestação de inconformidade, conforme exige o art. 15 do Decreto 70.235/1972. Assim, ainda que revestisse de meio de prova adequada, o que se admite apenas para argumentar, por força da preclusão determinada no art. 16, § 4º, do citado Decreto, o referido documento não poderia ser admitido como elemento de prova na atual fase processual. Enfim, cabe ainda consignar que, no processo de compensação, a parte autora é o contribuinte que realizou o procedimento compensatório, portanto, nos termos do art. 373, I, da Lei 13.105/2015 (Código Processo Civil), que, na ausência de norma específica, aplicase subsidiariamente ao processo administrativo fiscal (art. 152 do CPC), o ônus de provar a certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação em apreço era da incumbência da recorrente. No entanto, nas duas oportunidades em que compareceu aos autos, ela omitiu se de apresentar prova adequada que demonstrasse a existência do direito creditório informado. No mesmo sentido, o art. 36 da Lei 9.784/1999, que dispõe sobre o processo administrativo federal, atribui ao autor do feito ou do pedido o ônus da prova constitutiva do seu direito. Logo, uma vez demonstrado que o ônus da prova da existência do crédito compensado era da recorrente, porém, como ela não se incumbiu dessa função deve arcar com as consequências decorrentes da sua omissão. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra a decisão recorrida." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o recurso voluntário também foi apresentado tempestivamente e a Recorrente não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède 2 "Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente." Fl. 48DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.907617/2011-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
IRPJ. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. VALORES RETIDOS NA FONTE. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO.
Somente se reconhece o direito creditório pleiteado relativo a saldo negativo de IRPJ composto por valores retidos na fonte, quando suportado por provas consistentes, a receita pertinente tenha sido oferecida à tributação e haja os necessários informes de rendimentos emitidos pelas fontes pagadoras, não bastando meras alegações ou documentos produzidos pelo próprio contribuinte.
Numero da decisão: 1402-002.702
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 IRPJ. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. VALORES RETIDOS NA FONTE. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. Somente se reconhece o direito creditório pleiteado relativo a saldo negativo de IRPJ composto por valores retidos na fonte, quando suportado por provas consistentes, a receita pertinente tenha sido oferecida à tributação e haja os necessários informes de rendimentos emitidos pelas fontes pagadoras, não bastando meras alegações ou documentos produzidos pelo próprio contribuinte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
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SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. VALORES RETIDOS NA FONTE. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. Somente se reconhece o direito creditório pleiteado relativo a saldo negativo de IRPJ composto por valores retidos na fonte, quando suportado por provas consistentes, a receita pertinente tenha sido oferecida à tributação e haja os necessários informes de rendimentos emitidos pelas fontes pagadoras, não bastando meras alegações ou documentos produzidos pelo próprio contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 76 17 /2 01 1- 76 Fl. 249DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 250 2 Fl. 250DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 251 3 Relatório O litígio remonta ao Despacho Decisório (DD) da DEINF/SP, nº de Rastreamento 005612883, de 04/10/2011, que não reconheceu parte do direito creditório pleiteado pela contribuinte – R$ 1.028.702,11 , conforme reprodução abaixo (fls. 134): Irresignada, o sujeito passivo interpôs manifestação de inconformidade perante a Turma Julgadora de 1º Piso (fls. 2/4) requerendo o deferimento integral do direito creditório remanescente não reconhecido pelo DD (R$ 1.028.702,11). Em 06 de novembro de 2014, a 8ª Turma da DRJ/SPO prolatou decisão dando parcial provimento ao pleito, reconhecendo direito creditório de R$ 11.660,05, e mantendo, no mais, o decidido no DD (Acórdão fls. 176/182)1, restando em litígio,portanto, o montante de R$ 1.017.042,06, compondose inteiramente de retenções não comprovadas com documentação hábil ou não comprovação dos rendimentos à tributação, conforme quadro elaborado pela DRJ (fls. 181/182): 1 A numeração referida, quando não houver indicação em contrário, será sempre a digital. Fl. 251DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 252 4 O Acórdão guerreado encontrase assim ementado: Fl. 252DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 253 5 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 IRPJ. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. Comprovada nos autos a existência de parcela do imposto antecipado (IRRF sobre receita computada na determinação do lucro real) que não havia sido considerada no Despacho Decisório na apuração do saldo negativo de IRPJ no ano calendário de 2005, deve a compensação pretendida ser homologada até o montante do crédito tributário reconhecido. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Cientificada em 28/11/2014 (fls. 191) da decisão citada, a interessada interpôs recurso voluntário (fls. 193/221) basicamente reproduzindo as argumentações anteriores. É o relatório do essencial, em apertada síntese. Fl. 253DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 254 6 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O Recurso Voluntário é tempestivo (ciência em 28/11/2014 – fls. 191 – protocolização do RV em 15/12/2014 – fls. 193), a representação da empresa recorrente está corretamente formalizada (fls. 222/226) e os demais pressupostos para sua admissibilidade foram atendidos, pelo que o recebo e dele conheço. O indeferimento do direito creditório requerido pelo contribuinte soma R$ 1.017.042,06, compondose exclusivamente de IRRF cuja comprovação não foi feita com documentação exigida pela legislação ou cujos rendimentos não tiveram seu oferecimento à tributação igualmente comprovados. Antes da análise individual de cada item não reconhecido é preciso pontuar que a retenção na fonte do Imposto de Renda para fins de composição do chamado “saldo negativo” exige sua sustentação em documentação probante regular, o oferecimento à tributação dos rendimentos e que os valores pleiteados encontremse informados em comprovante específico emitido pela fonte pagadora, conforme expressa determinação do RIR/1999: Art. 942. As pessoas jurídicas de direito público ou privado que efetuarem pagamento ou crédito de rendimentos relativos a serviços prestados por outras pessoas jurídicas e sujeitos à retenção do imposto na fonte deverão fornecer, em duas vias, à pessoa jurídica beneficiária Comprovante Anual de Rendimentos Pagos ou Creditados e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte, em modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal (Lei n º 4.154, de 1962, art. 13, § 2 º , e Lei n º 6.623, de 23 de março de 1979, art. 1 º ). Parágrafo único. O comprovante de que trata este artigo deverá ser fornecido ao beneficiário até o dia 31 de janeiro do anocalendário subseqüente ao do pagamento (Lei n º 8.981, de 1995, art. 86). Art. 943. A Secretaria da Receita Federal poderá instituir formulário próprio para prestação das informações de que tratam os arts. 941 e 942 (DecretoLei n º 2.124, de 1984, art. 3 º , parágrafo único). § 1 º O beneficiário dos rendimentos de que trata este artigo é obrigado a instruir sua declaração com o mencionado documento (Lei n º 4.154, de 1962, art. 13, § 1 º ). Fl. 254DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 255 7 § 2 º O imposto retido na fonte sobre quaisquer rendimentos ou ganhos de capital somente poderá ser compensado na declaração de pessoa física ou jurídica, quando for o caso, se o contribuinte possuir comprovante da retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora, ressalvado o disposto nos §§ 1 º e 2 º do art. 7 º , e no § 1 º do art. 8 º(Lei n º 7.450, de 1985, art. 55). Complementarmente, prescrevia a IN (SRF) nº 119, de 28/12/2000 (vigente à época dos fatos), em seu art. 2º: Art. 2º A fonte pagadora deverá fornecer, à pessoa jurídica beneficiária, comprovante de retenção do imposto de renda que indique: I o nome empresarial e o número de inscrição completo (com 14 dígitos) no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da fonte pagadora e do beneficiário; II o mês da ocorrência do fato gerador e os valores em reais, inclusive centavos, do rendimento bruto e do imposto de renda retido; III o código utilizado no DARF (com 4 dígitos) e a descrição do rendimento. Neste contexto, ainda que outras provas, inclusive a escrituração regular da requerente possam ter cunho probante subsidiário, é inegável a existência de norma cogente (artigos 942/943, do RIR/1999, com seus respectivos fundamentos legais expressos no final de cada um deles) que vincula os julgadores e que dela não podem se afastar sob pena de prevaricar e invadir seara que não lhes compete, negando vigência a dispositivo plenamente válido. Deste modo, carece de fundamento a alegação da recorrente em seu recurso voluntário quando assenta que (fls.205), destacandose que esta reclamação se repete por diversas vezes no curso do RV: Equivocase a recorrente. O ônus de apresentar os “informes de rendimentos” que comprovariam a retenção, mais não fosse pela específica norma cogente antes reproduzida, é claramente da interessada autora nestes autos , a quem é impingido acostar as provas do que alega (artigo 373, I do atual CPC art. 333, I, do CPC de 1973). Dizendo de outro modo, não cabe à RFB exigir das fontes pagadoras a entrega de tais informes de rendimentos aos beneficiários para que estes apurem saldos negativos ou Fl. 255DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 256 8 pleiteiem restituições ou compensações em face do Erário (lembrando que existe penalização pelo seu descumprimento). Tal encargo é de beneficiário que venha demandar em busca de eventuais direitos creditórios, caso da autora, ora recorrente. Segundo, é certo que documentos internos da empresa – como alegado pela recorrente ao longo de seu RV (fls. 209 e muitas outras...) podem compor subsidiariamente o quadro probatório para fins de reconhecimento de direito creditório pleiteado para fins de compensação, porém não suprem nem substituem os documentos previstos na legislação. Também inteiramente despropositada a afirmação (recorrente ao longo do RV), de que (fls. 208 e tantas outras do recurso voluntário): Do mesmo modo, afirmações de que não seria “crível que a administração fazendária se poste inerte, com constrangimento de se locupletar ilicitamente de valores indébitos, com a indolência que macula os rígidos Princípios, existentes no quadrante do Direito Tributário, sobretudo da Eficácia e da Moralidade Administrativa” (fls.203) em nada aproveitam à recorrente (exceto mostram sua irresignação com o teor da decisão contestada), se não acompanhadas dos documentos probatórios que a legislação lhe impõe, mais ainda quando a decisão recorrida analisou, minuciosamente, todas as provas acostadas aos autos e sobre elas se manifestou individualizadamente. Na mesma linha (fls. 204), ilações no sentido de que a decisão a quo não teria se aprofundado na apreciação dos argumentos da recorrente, “preterindo expedientes de circularização/confirmação externa perante terceiros (fontes pagadoras), ou mesmo procedimentos de diligência fiscal, capaz de aferir a verdade material do caso concreto” soam mais como um desabafo da recorrente em face do decidido do que propriamente como argumentação jurídica, já que, sabese, as provas devem ser coligidas pela parte interessada. No mesmo sentir, desconexa a afirmação de que não teria havido pesquisa nos informes internos da RFB (DIRF), bastando para desconstruir esta argumentação, verse que, do montante original pleiteado no DD (R$ 90,3 milhões), mais de 89 milhões de reais foram confirmados! Tudo com base exatamente na “circularização/comprovação” reclamada pela recorrente. Por fim, diligências fiscais servem para elucidar fatos para os quais o julgador tenha dúvida no momento da decisão. Se inexistentes tais obscuridades – como certamente não existiram por ocasião do julgamento inicial – as diligências são dispensáveis. O voto condutor da decisão recorrida bem resume o quadro (fls. 180/181): Fl. 256DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 257 9 “A contribuinte trouxe juntamente com sua manifestação de inconformidade os documentos de fls. 24 a 107, os quais entende comprovariam parcela do IRRF glosado. A respeito de tais documentos cumpre observar que: a) doc. 04 fls. 25 a retenção sob o código 6188 (Fonte 00.394.460/005887), no valor de R$ 43.095,27, comprovaria R$ 14.670,73 atinente ao IR, uma vez que do total retido (alíquota de 7,05% conforme disposto no anexo I à IN SRF nº 480, de 15/12/2004, c/c IN SRF nº 539/2005, vigente à época dos fatos geradores), apenas 2,4% incidente, sobre o rendimento bruto é correspondente ao Imposto sobre a Renda. Entretanto, o Rendimento Bruto relativo à essa fonte pagadora declarado na DIPJ 2006/AC2005 foi de R$ 485.835,39 (fl. 170), o que equivale a uma retenção de R$ 11.660,05, que deve ser aceita e considerada no cômputo do saldo negativo; b) doc. 05 (fls. 26) – Correspondência do Banco Santander à Fundação Sistel de Seguridade Social, não faz a necessária prova da retenção, posto que expediente produzido pela própria interessada; c) doc. 06 – fls. 27 a 32 – os comprovantes de pagamento de DARF do CNPJ nº 00.529.628/000131, nos valores de R$ 15,07, R$ 18,36, R$ 18,80, R$ 17,42, R$ 19,70 e R$ 25,02, também não são suficientes para produzir a necessária prova de que parte dos valores recolhidos se refira a IRRF retido da interessada a título de prestação de serviços (não trazem os requisitos necessários do informe de rendimento – art. 2º da IN RF nº 119/2000); d) Doc. 07 – fls. 33 – o Informe de Rendimentos estaria a provar a retenção sob o código 1708 da fonte pagadora 00.558.456/000171, entretanto, em relação a essa fonte pagadora, nenhum rendimento fora oferecido à tributação daquele ano calendário (vide Ficha 50 da DIPJ 2006/AC 2005 – fls. 170 a 172), motivo pelo qual a retenção correspondente não pode ser levada à apuração do saldo negativo em apreço; e) Doc. 08 (fls. 34), correspondência que não contém os requisitos necessários impostos pelo art. 2º da IN SRF nº 119/2000; f) docs. 09 a 11, fls. 35 a 39, recibos da lavra da própria impugnante que não produzem a necessária prova; g) doc. 12, fl. 40, documento que não contém os requisitos impostos pelo art. 2º da IN SRF nº 119/2000; h) docs. 13, 14 (fls. 41 e 42) recibos da lavra da própria impugnante que não produzem a necessária prova; doc. 14 (fls. 43) documento ilegível; i) doc. 15 (fls. 44/45) planilha sem valor probatório da retenção; Fl. 257DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 258 10 j) docs. 16 a 21 (fls. 46 a 55), recibos da lavra da própria impugnante que não produzem a necessária prova; l) doc. 22 (fl. 57) DARF do CNPJ 31.609.555/000169, que não é suficiente para fazer prova do pagamento de rendimentos e retenção de imposto da impugnante; m) doc. 23 (fls. 58 a 65) DARF’s do CNPJ nº 32.316.000146 que não suficientes para fazer prova do pagamento de rendimentos e retenção de imposto da impugnante; n) docs. 24 a 26, 29, 34, 36, 41, 42 e 43 (fls. 66 a 68, 71, 80, 84, 103 a 107), planilhas do sistema de Liquidação e Custódia, desprovida das informações mínimas (art. 2º da IN SRF nº 119/2000); o) docs. 27, 28, 30, 32, 33, 35, 37, 39, (fls. 69, 70, 72/73, 75, 76/79, 81/83, 85, 100), recibos da lavra da própria impugnante que não produzem a necessária prova; p) doc. 31 (fls. 74) DARF do CNPJ 61.472.676/000172, que não é suficiente para fazer prova do pagamento de rendimentos e retenção de imposto da impugnante; q) doc. 38 (fls. 86 a 99) DARF’s do CNPJ nº 61.472.676/000172 que não suficientes para fazer prova do pagamento de rendimentos e retenção de imposto da impugnante; r) doc.40, (fls. 102 e 103) Comprovantes de Pagamento (Informe de Rendimentos) que se referem ao anocalendário de 2004. Feitas as observações acima, depreendese que o adicional de IRRF passível de reconhecimento no julgamento é de R$ 11.660,05”. No caso concreto, este Relator compulsou minudentemente os autos e perfila com a decisão recorrida, seja pelos argumentos ali esposados, seja pela falta de comprovação da retenção reclamada já nesta fase recursal, seja pelo incomprovado oferecimento dos rendimentos à tributação. Isto porque, na maior parte dos documentos juntados pela recorrente, inexistem os imprescindíveis “informes de rendimentos” que devem ser emitidos pelas fontes pagadoras para que possam compor o processo de restituição/compensação, de forma que, como já discorrido antes neste voto, registros, escrituração, planilhas e documentos de emissão ou gerados pela própria interessada podem subsidiar o rol probatório, mas não substituem nem suplantam a exigência prevista nos artigos 942 e 943 do RIR/1999 e, mais especificamente, no §2º deste último dispositivo2. 2 Art. 943. § 2 º O imposto retido na fonte sobre quaisquer rendimentos ou ganhos de capital somente poderá ser compensado na declaração de pessoa física ou jurídica, quando for o caso, se o contribuinte possuir comprovante da retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora, ressalvado o disposto nos §§ 1 º e 2 º do art. 7 º , e no § 1 º do art. 8 º(Lei n º 7.450, de 1985, art. 55). Fl. 258DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 259 11 De outro lado, ainda que em alguns casos tenha sido acostado o informe de rendimentos exigido (fls. 33), inexiste a comprovação – obrigatória de que os rendimentos correspondentes tenham sido oferecidos à tributação. Por exemplo, no seu RV (fls. 205), a recorrente diz ter anexado o que chamou de “badalado” (sic) documento, referindose ao informe de rendimentos. É vero, juntou mesmo. Porém, tal comprovação se esvai quando, ao tentar justificar que os rendimentos foram oferecidos à tributação, assenta que “ao contrário do acórdão recorrido, à Ficha 50 da DIPJ/2006, através de seu item 0016, relativamente ao CNPJ da fonte pagadora mencionada [00.558.456/000171], consta declarado, sim, o rendimento de R$ 363.640,00 veiculado no Informe de Rendimentos, correspondendo ao exato IRRF de R$ 5.454,60 sob código 1708 da competência de Jun/2005”. Ora, basta um singelo olhar nos autos para se ver que na DIPJ/2006 (ano calendário/2005 – fls. 142/174) INEXISTE o item 0016 na Ficha 50!!!, sendo o último item o de nº 0015. Vejase a reprodução da Ficha 50 (fls. 172 dos autos) e da subsequente (fls. 173) que mostra a Ficha 51: Fl. 259DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 260 12 Por relevante, atentese para a numeração sequencial das páginas (31 e 32, no alto das respectivas Fichas), mostrando não existir supressão ou descontinuidade na DIPJ juntada: Na verdade, talvez por algum desencontro interno, as tentativas de comprovações feitas pela recorrente de que os rendimentos foram oferecidos à tributação esbarram no óbice de que o respectivo item citado na Ficha 50 da DIPJ que mostraria tal comprovação simplesmente INEXISTE, mesmo nos casos em que existe a documentação exigida (informe de rendimentos). Exemplificativamente (fls. 209): Se inexiste o item 0016 da Ficha 50 (o último, como visto, é o item 0015), quanto mais os itens “0037 e 0040”. Na mesma toada (fls. 210), ressaltando mais uma vez inexistir item 0041 da Ficha 50: Mais (fls. 214). Neste caso, é feito referência ao item “0093” da Ficha 50, lembrando que o último item era 0015: Fl. 260DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 261 13 E, na sequência do RV, Ficha 50 itens 0101 (fls. 214), 0125 (fls. 215), 0142 (ibidem), 0145 (fls. 216) e outros, todos inexistentes. Diferentemente, mas não menos confusa e desencontrada, é a situação em que a recorrente informa item existente na Ficha 50, mas cuja fonte pagadora ou valor não correspondem ao informado (fls. 214): Confirase com os itens 0005 e 0006 da Ficha 50 (fls. 170/171): Por todo o exposto, flagrante a inconsistência probatória, que acaba por levar ao improvimento do pleito. Finalmente, cabe uma observação acerca dos rendimentos e retenção da fonte pagadora CPNJ nº 00.394.460/005887 – Secretaria da Receita Federal, com provimento parcial do pedido na MI. Segundo a decisão recorrida, só foi confirmado o oferecimento à tributação de R$ 485.835,39, equivalendo a uma retenção de R$11.660,05, aceita. A Recorrente faz contraponto alegando que os rendimentos teriam sido de R$ 707.813,04 e que a retenção (2,4%) atingiria R$ 16.987,52, conforme informe de rendimentos juntado (fls. 25), que comprovaria a retenção, e Ficha 50 – item 0002 da DIPJ/2005 (AC/2005), que mostraria a tributação dos rendimentos. Literalmente (fls. 203): Fl. 261DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 262 14 De fato, existe o informe de rendimentos no montante alegado (fls. 25). Porém, como se tornou comum nestes autos, a “comprovação” do oferecimento à tributação que se faria mediante a Ficha 50 da DIPJ milita contrariamente à argumentação da interessada e dá robustez à decisão recorrida, mostrando (como consta do Acórdão da DRJ), rendimentos de R$ 485.835,39 e retenção de R$11.660,05. Conferindo (fls. 170): Neste cenário, imperioso ratificar, in totum, a decisão recorrida, adotandose, subsidiariamente, como razões de decidir, o voto condutor da Turma a quo, já antes reproduzido. Por todo o exposto, encaminho meu voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. Brasília (DF), em 27 de julho de 2017. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 262DF CARF MF Processo nº 16327.907617/201176 Acórdão n.º 1402002.702 S1C4T2 Fl. 263 15 Fl. 263DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000983/2007-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003
IRPF. PRAZO DECADENCIAL E FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL DE CONTAGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF E DO STJ DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA PELO CARF.
A Fazenda Nacional dispõe do prazo de cinco anos para exercer seu direito potestativo de constituição do crédito tributário. O Superior Tribunal de Justiça fixou, por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº 973.733-SC, em 12/08/2009, afetado à sistemática dos recursos repetitivos, que o termo inicial da contagem do prazo decadencial seguirá o disposto no art. 150, §4º do CTN, se houver pagamento antecipado do tributo e não houver dolo, fraude ou simulação; caso contrário, observará o teor do art. 173, I do CTN.
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. FALECIMENTO DE UM DOS CO-TITULARES PREVIAMENTE AO INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL.
O falecimento de um dos supostos co-titulares da conta bancária, previamente ao início do procedimento fiscal, não impede a aplicação da presunção legal contida no art. 42 da Lei nº 9.430/96.
Na espécie, o recurso voluntário apenas foi provido porque a fiscalização não conseguiu imputar, satisfatoriamente, à Recorrente a titularidade da conta bancária.
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO (APD). INCLUSÃO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS E REPASSES BANCÁRIOS NO FLUXO FINANCEIRO.
A técnica da apuração do acréscimo patrimonial a descoberto (APD) deve confrontar o fluxo financeiro de todas as entradas com o fluxo financeiro de todas as saídas da Recorrente.
O trabalho fiscal, no entanto, restringiu-se a confrontar apenas o fluxo da conta bancária, desconsiderando todos os demais ativos, distorcendo a conclusão de omissão de rendimentos tributáveis. Além disso, a autuação vulnerou o teor da Súmula CARF nº 67, ao não comprovar a origem e a aplicação da movimentação bancária.
Numero da decisão: 2301-005.071
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: a) por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, rejeitando as preliminares de nulidade, e, b) por maioria de votos, reconhecer a preliminar de decadência das competências anteriores a 05/2002, inclusive, pela aplicação do art. 150, §4º, CTN, vencidos os conselheiros Jorge Henrique Backes e Andrea Brose Adolfo, que entenderam aplicável ao caso a regra do art. 173, I, CTN. No mérito, (c.1) por maioria de votos, dar provimento ao recurso, para reconhecer a improcedência da autuação em relação à omissão de rendimentos lastreada em depósitos bancários com base no art. 42, da Lei 9430/96. Votaram pelas conclusões os conselheiros Jorge Henrique Backes e Luis Rodolfo Fleury Curado Trovareli, que entenderam aplicável o art. 42 da Lei 9430/96, afastando-o apenas pela falta de comprovação da titularidade da conta à recorrente. Vencida, nesta parte, a conselheira Andrea Brose Adolfo, que entendeu aplicável ao caso a regra do art. 42 da Lei 9430/96. Assim, por voto de qualidade ficou firmado o entendimento da aplicabilidade do art. 42 da Lei 9430/96. Em razão do contigo no art. 63, § 8º do Ricarf a ementa e o voto deverão ser ajustados nos termos dos fundamentos adotados pela maioria da turma (voto de qualidade); e (c.2) por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, pela improcedência do lançamento de acréscimo patrimonial a descoberto, votou pelas conclusões a Conselheira Andrea Brose Adolfo.
(assinado digitalmente)
Andréa Brose Adolfo Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Fábio Piovesan Bozza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (suplente), Fábio Piovesan Bozza, Luis Rodolfo Fleury Curado Trovareli, Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha, Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício).
Nome do relator: FABIO PIOVESAN BOZZA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2001, 2002, 2003 IRPF. PRAZO DECADENCIAL E FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL DE CONTAGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF E DO STJ DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA PELO CARF. A Fazenda Nacional dispõe do prazo de cinco anos para exercer seu direito potestativo de constituição do crédito tributário. O Superior Tribunal de Justiça fixou, por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº 973.733-SC, em 12/08/2009, afetado à sistemática dos recursos repetitivos, que o termo inicial da contagem do prazo decadencial seguirá o disposto no art. 150, §4º do CTN, se houver pagamento antecipado do tributo e não houver dolo, fraude ou simulação; caso contrário, observará o teor do art. 173, I do CTN. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. FALECIMENTO DE UM DOS CO-TITULARES PREVIAMENTE AO INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. O falecimento de um dos supostos co-titulares da conta bancária, previamente ao início do procedimento fiscal, não impede a aplicação da presunção legal contida no art. 42 da Lei nº 9.430/96. Na espécie, o recurso voluntário apenas foi provido porque a fiscalização não conseguiu imputar, satisfatoriamente, à Recorrente a titularidade da conta bancária. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO (APD). INCLUSÃO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS E REPASSES BANCÁRIOS NO FLUXO FINANCEIRO. A técnica da apuração do acréscimo patrimonial a descoberto (APD) deve confrontar o fluxo financeiro de todas as entradas com o fluxo financeiro de todas as saídas da Recorrente. O trabalho fiscal, no entanto, restringiu-se a confrontar apenas o fluxo da conta bancária, desconsiderando todos os demais ativos, distorcendo a conclusão de omissão de rendimentos tributáveis. Além disso, a autuação vulnerou o teor da Súmula CARF nº 67, ao não comprovar a origem e a aplicação da movimentação bancária.
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PRAZO DECADENCIAL E FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL DE CONTAGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF E DO STJ DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA PELO CARF. A Fazenda Nacional dispõe do prazo de cinco anos para exercer seu direito potestativo de constituição do crédito tributário. O Superior Tribunal de Justiça fixou, por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº 973.733SC, em 12/08/2009, afetado à sistemática dos recursos repetitivos, que o termo inicial da contagem do prazo decadencial seguirá o disposto no art. 150, §4º do CTN, se houver pagamento antecipado do tributo e não houver dolo, fraude ou simulação; caso contrário, observará o teor do art. 173, I do CTN. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. FALECIMENTO DE UM DOS CO TITULARES PREVIAMENTE AO INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. O falecimento de um dos supostos cotitulares da conta bancária, previamente ao início do procedimento fiscal, não impede a aplicação da presunção legal contida no art. 42 da Lei nº 9.430/96. Na espécie, o recurso voluntário apenas foi provido porque a fiscalização não conseguiu imputar, satisfatoriamente, à Recorrente a titularidade da conta bancária. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO (APD). INCLUSÃO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS E REPASSES BANCÁRIOS NO FLUXO FINANCEIRO. A técnica da apuração do acréscimo patrimonial a descoberto (APD) deve confrontar o fluxo financeiro de todas as entradas com o fluxo financeiro de todas as saídas da Recorrente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 09 83 /2 00 7- 97 Fl. 1088DF CARF MF 2 O trabalho fiscal, no entanto, restringiuse a confrontar apenas o fluxo da conta bancária, desconsiderando todos os demais ativos, distorcendo a conclusão de omissão de rendimentos tributáveis. Além disso, a autuação vulnerou o teor da Súmula CARF nº 67, ao não comprovar a origem e a aplicação da movimentação bancária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: a) por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, rejeitando as preliminares de nulidade, e, b) por maioria de votos, reconhecer a preliminar de decadência das competências anteriores a 05/2002, inclusive, pela aplicação do art. 150, §4º, CTN, vencidos os conselheiros Jorge Henrique Backes e Andrea Brose Adolfo, que entenderam aplicável ao caso a regra do art. 173, I, CTN. No mérito, (c.1) por maioria de votos, dar provimento ao recurso, para reconhecer a improcedência da autuação em relação à omissão de rendimentos lastreada em depósitos bancários com base no art. 42, da Lei 9430/96. Votaram pelas conclusões os conselheiros Jorge Henrique Backes e Luis Rodolfo Fleury Curado Trovareli, que entenderam aplicável o art. 42 da Lei 9430/96, afastandoo apenas pela falta de comprovação da titularidade da conta à recorrente. Vencida, nesta parte, a conselheira Andrea Brose Adolfo, que entendeu aplicável ao caso a regra do art. 42 da Lei 9430/96. Assim, por voto de qualidade ficou firmado o entendimento da aplicabilidade do art. 42 da Lei 9430/96. Em razão do contigo no art. 63, § 8º do Ricarf a ementa e o voto deverão ser ajustados nos termos dos fundamentos adotados pela maioria da turma (voto de qualidade); e (c.2) por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, pela improcedência do lançamento de acréscimo patrimonial a descoberto, votou pelas conclusões a Conselheira Andrea Brose Adolfo. (assinado digitalmente) Andréa Brose Adolfo – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (suplente), Fábio Piovesan Bozza, Luis Rodolfo Fleury Curado Trovareli, Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha, Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício). Relatório Conselheiro Relator Fábio Piovesan Bozza Tratase de recurso voluntário interposto por Elvira Sanchez Pluchino contra o acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (DRJ/São Paulo), que negou provimento à impugnação e manteve o lançamento de ofício. Fl. 1089DF CARF MF Processo nº 19515.000983/200797 Acórdão n.º 2301005.071 S2C3T1 Fl. 1.089 3 A fiscalização lavrou auto de infração contra a ora Recorrente com o intuito de exigir o recolhimento de Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF e consectários legais sobre (i) acréscimo patrimonial a descoberto e (ii) depósitos bancários de origem não comprovada em conta de depósito ou de investimento, mantida em instituição financeira no exterior, relativos aos anoscalendário 2001, 2002 e 2003. Em decorrência dos trabalhos realizados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Congresso Nacional, com a finalidade de apurar as responsabilidades sobre a evasão de divisas do Brasil, por meio das chamadas contas CC5, diversos documentos foram encaminhados às autoridades policiais, judiciárias e fiscais. Dentre tais documentos, havia menção a diversas contas mantidas na instituição financeira MTBCBCHudson Bank, da cidade de Nova Iorque, em especial, uma conta corrente em nome da pessoa jurídica Raintree Ltd. na qual constavam como representantes e procuradores pessoas físicas domiciliadas no Brasil, a saber, Francisco Fernandez Bernardez (falecido em 21/03/2005), Elvira Sanchez Pluchino (ora Recorrente) e Enrique Javier Rivas Blanco. Após intimações e esclarecimentos, a fiscalização lavrou autos de infração distintos contra cada um dos representantes da Raintree Ltd. A ciência do auto de infração ocorreu em 01/06/2007. A impugnação apresentada foi julgada improcedente pela DRJ/São Paulo. A ementa do julgando encontrase redigida nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Anocalendário: 2001, 2002, 2003 PRELIMINAR. DECADÊNCIA. Tratandose de lançamento ex officio, a regra aplicável na contagem do prazo decadencial é a estatuída pelo art. 173, I, do Código Tributário Nacional, iniciandose o prazo decadência a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Embora a apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, bem assim da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, seja mensal, pelo faro destes rendimentos estarem sujeitos ao ajuste na declaração anual, a contagem do prazo decadencial não é mensal, contados do mês em que a omissão foi apurada. PRELIMINAR. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. Existindo nos autos elementos que identificam a contribuinte como titular de fato da conta bancária mantida no exterior, não há como prosperar a alegação de erro na identificação do sujeito passivo. Fl. 1090DF CARF MF 4 PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Tendo o auto de infração sido lavrado com estrita observância das normas reguladoras da atividade de lançamento e, existentes no instrumento todas as formalidades necessárias para que a contribuinte exerça o direito do contraditório e da ampla defesa, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa. DOCUMENTO EM IDIOMA ESTRANGEIRO. VALIDADE. Os documentos obtidos nos termos do Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal, devidamente autenticados pela autoridade competente norteamericana, têm o mesmo valor de documento original, e valem como prova no Brasil, conforme foi expressamente estabelecido no Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal firmando entre o Brasil e os Estados Unidos da América. Esse caráter de especialidade da norma emanada do Acordo em comento afasta as disposições legais gerais contidas nos arts. 156 e 157 do Código de Processo Civil, art. 224 do Código Civil e art. 129, §6º, da Lei nº 6.015/1973, citados pela impugnante. Os documentos em língua estrangeira acostados nos autos consistem em sua maioria de documentos padrão, portanto, de domínio público, de fácil compreensão, não resultando em prejuízo à contribuinte. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Sujeitase à tributação a variação patrimonial apurada, não justificada por rendimentos declarados/comprovados, por caracterizar omissão de rendimentos. Somente a apresentação de provas inequívocas é capaz de elidir uma presunção legal de omissão de rendimentos invocada pela autoridade lançadora. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de rendimentos, sujeitos ao lançamento de ofício, os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais a contribuinte, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Invocando uma presunção legal de omissão de rendimentos, fica a autoridade lançadora dispensada de provar no caso concreto a sua ocorrência, transferindo à contribuinte o ônus da prova. Somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. Lançamento Procedente Irresignada, a Recorrente apresentou recurso voluntário argumentando: Fl. 1091DF CARF MF Processo nº 19515.000983/200797 Acórdão n.º 2301005.071 S2C3T1 Fl. 1.090 5 (i) decadência, em razão do decurso do prazo para constituição do crédito tributário, nos termos do art. 150, §4º do CTN; (ii) ilegitimidade passiva, uma vez que as pessoas físicas foram autuadas, baseadas em suposição e sem a devida desconsideração da personalidade jurídica da Raintree Ltd.; (iii) lançamento baseado em documento estrangeiro sem tradução; (iv) lançamento baseado exclusivamente em prova emprestada, não submetida a contraditório e sem observância dos requisitos legais; (v) ausência de jurisdição da fiscalização para lavrar auto de infração, pois a efetiva titular da conta corrente era a Raintree Ltd., empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas; (vi) não pode a autoridade fiscal basear uma autuação apenas em depósitos bancários, pois o fato gerador é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda, ou seja, acréscimo patrimonial, e esse acréscimo deve ser provado; (vii) erro de enquadramento legal pelo auto de infração, porquanto a existência legal da empresa e a utilização por ela da conta corrente para o estrito exercício de suas atividades de câmbio e turismo, e não havendo entrada ou saída de numerário em nome do recorrente, o ilícito que poderia ter sido apurado pelo Fisco não seria omissão de rendimentos ou acréscimo patrimonial a descoberto, mas sim omissão na declaração de bens e direitos, isto é, o recorrente teria deixado de declarar apenas e tão somente a titularidade das ações que possuiria na referida sociedade A Recorrente solicitou a reunião do presente processo administrativos com os processos das demais pessoas físicas autuadas, Francisco Fernandez Bernardez (espólio) e Enrique Javier Rivas Blanco, mas o pleito foi indeferido pelo presidente da 2ª Seção (fls. 615). O auto de infração lavrado contra Francisco Fernandez Bernardez foi julgado insubsistente no acórdão nº 220200.385, de 03/02/2010 (grifos nossos): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004 RECURSO DE OFICIO OMISSÃO DE RENDIMENTOS PRATICADO PELO DE CUJUS – AUTO DE INFRAÇÃO LAVRADO EM NOME DO ESPÓLIO MULTA QUE CONSTITUA SANÇÃO POR ATO ILÍCITO INAPLICABILIDADE – A constituição de crédito tributário, através de auto de infração, em nome do espólio, por irregularidades fiscais praticado pelo de cujus, sujeita o espólio à multa de mora, de dez por cento sobre o imposto apurado, estabelecida artigo 49 do DecretoLei nº 5.844, de 1943, sendo Fl. 1092DF CARF MF 6 lhe inaplicável as multas de oficio estabelecidas nos incisos I e 11 do artigo 44 da Lei n° 9430, de 1996, por constituir sanção por ato ilícito, não transferível para o espólio, em virtude do principio constitucional de que nenhuma pena passará da pessoa do infrator. RECURSO VOLUNTÁRIO OMISSÃO DE RENDIMENTOS – DEPÓSITOS BANCÁRIOS – CONTA BANCÁRIA MOVIMENTADA PELO "DE CUJUS" – LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO REALIZADO CONTRA O ESPÓLIO – OBRIGAÇÃO PERSONALÍSSIMA – A responsabilidade pela comprovação da origem dos recursos, para efeito do disposto no artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, por ser uma obrigação personalíssima, deve ser imputada, exclusivamente, ao titular de direito c/ou de fato da conta corrente. Portanto, não há corno imputar ao espólio a obrigação de comprovar depósitos bancários feitos à época em que o contribuinte titular de fato da contacorrente era vivo, cabendo, se for o caso, a tributação segundo legislação especifica. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO – FLUXO FINANCEIRO INCLUSÃO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS E REPASSES BANCÁRIOS A inclusão, no fluxo financeiro para apuração de acréscimo patrimonial a descoberto, de depósitos bancários (como origens) e repasses bancários (como dispêndios) descaracteriza a metodologia de apuração de acréscimo patrimonial a descoberto (presunção de omissão de rendimentos), tendo em vista, que para os casos da existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos, existe a imposição de tributação especifica (art. 42 da Lei n° 9.430/96), e que deve prevalecer nestes casos. Recurso de oficio negado. Recurso voluntário provido. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial contra o referido acórdão, mas a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) houve por bem negar provimento, na parte que foi conhecida. Tratase do acórdão nº 9202004.511, de 25/10/2016 (grifos nossos): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2001, 2002, 2003 OMISSÃO DE RENDIMENTOS – DEPÓSITOS BANCÁRIOS – CONTA BANCÁRIA MOVIMENTADA PELO "DE CUJUS" – LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO REALIZADO CONTRA O ESPÓLIO – OBRIGAÇÃO PERSONALÍSSIMA – A responsabilidade pela comprovação da origem dos recursos, para efeito do disposto no artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, por ser urna obrigação personalíssima, deve ser imputada, exclusivamente, ao titular de direito e/ou de fato da conta corrente. Portanto, não há corno imputar ao espólio a obrigação de comprovar depósitos bancários feitos à época em que o contribuinte titular de fato da contacorrente era vivo, Fl. 1093DF CARF MF Processo nº 19515.000983/200797 Acórdão n.º 2301005.071 S2C3T1 Fl. 1.091 7 cabendo, se for o caso, a tributação segundo legislação especifica. Recurso Especial Negado. O auto de infração lavrado contra Enrique Javier Rivas Blanco também foi julgado insubsistente pelo acórdão nº 2202003.030, de 11/03/2015, não havendo interposição de recurso pela Fazenda Nacional, conforme fls. 1073 (grifos nossos): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004 CONEXÃO. DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA. FALTA DE REQUISITOS. INDEFERIMENTO. Não há como acolher a preliminar de dependência de julgamento, quando não estão presentes os requisitos legais, mormente se as partes envolvidas são diversas e integram relações jurídicas distintas. PRELIMINAR. ILEGITIMIDADE PASSIVA. Evidenciado que o contribuinte figura como titular de fato de conta bancária na qual foram movimentados recursos, não há como prosperar a alegação de erro na identificação do sujeito passivo. PEDIDO DE PERÍCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. O pedido de diligências e/ou perícias podem ser indeferidos pelo órgão julgador quando desnecessários para a solução da lide. SIGILO BANCÁRIO. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. Sigilo bancário não pode ser oposto quando há decisão judicial que autorizou a quebra. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTA CONJUNTA. INTIMAÇÃO. Todos os cotitulares da conta bancária devem ser regularmente intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede a lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO FLUXO FINANCEIRO INCLUSÃO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS E REPASSES BANCÁRIOS A inclusão, no fluxo financeiro para apuração de acréscimo patrimonial a descoberto, de depósitos bancários (como origens) e repasses bancários (como dispêndios) descaracteriza a metodologia de apuração de acréscimo patrimonial a descoberto (presunção de omissão de rendimentos), tendo em vista, que Fl. 1094DF CARF MF 8 para os casos da existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos, existe a imposição de tributação especifica (art. 42 da Lei n° 9.430/96), e que deve prevalecer nestes casos. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Fábio Piovesan Bozza A intimação do acórdão de primeira instância ocorreu em 25/02/2009 e o recurso voluntário foi interposto em 27/03/2009. Por ser tempestivo e por cumprir com as formalidades legais, dele tomo conhecimento. Nulidades As alegações de nulidade fundadas em documento estrangeiro sem tradução e em prova emprestada, não submetida a contraditório e sem observância dos requisitos legais devem ser afastadas, nos termos já propagados pelo acórdão recorrido: Também não é verdade que tais planilhas fogem à compreensão da impugnante. Consistindo em tabelas, cujos principais campos em inglês têm sua tradução transcrita no Termo de Verificação Fiscal (fl. 396), são de fácil compreensão, não resultando em prejuízo à contribuinte. Ademais, o Termo de Verificação Fiscal é bastante claro e suficientemente detalhado em seu relato, não assistindo nesse aspecto qualquer razão à impugnante. (...) Consoante se verifica do exame dos documentos nos autos (fls. 45, 46, 47/49, 50/51, 52/53, 54/58, 59/60, 61/62), a obtenção das mídias de movimentação financeira, em meio computacional, e toda a documentação referente à conta bancária em exame e à offshore Raintree Ltd aconteceu de forma lícita, mediante autorizações de quebra de sigilo deferidas pela Justiça Federal do Paraná e pela Justiça dos Estados Unidos da América e, no âmbito do Acordo de Assistência Judiciária em Matéria penal entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América (Mutual Legal Assistance Treaty – MLAT). Em decisão proferida no processo 2004.70000082670, em 29/04/2004 (fls. 54/58), o MM Juiz Federal da 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba decretou a quebra do sigilo bancário sobre as contas do MTBCBCHudson Bank e autorizou a utilização do material encaminhado pelas autoridades públicas norte americanas, referente às contas do MTBCBC_Hudson Bank, à Força Tarefa Policial CC5 e ao Ministério Público Federal, entre outros órgãos. Autorizou, ainda, o compartilhamento desse material com a Receita Federal, Bacen e Coaf, para instruir atividades específicas destas instituições. Fl. 1095DF CARF MF Processo nº 19515.000983/200797 Acórdão n.º 2301005.071 S2C3T1 Fl. 1.092 9 Rejeito, portanto, essas preliminares de nulidade. Decadência A Recorrente alega o transcurso do prazo decadencial, nos termos do art. 150, §4º do CTN, para que a fiscalização realize a constituição de ofício de crédito tributário. A DRJ/São Paulo entendeu que a contagem do referido prazo deveria obedecer ao disposto no art. 173, inc. I do CTN, não havendo lançamentos a serem cancelados. Entendo que assiste razão à Recorrente. Depois de longo debate jurisprudencial, o Superior Tribunal de Justiça consolidou seu entendimento no Recurso Especial nº 973.733, de 12/08/2009, julgado sob o regime dos recursos repetitivos. Assim, o prazo decadencial para o Fisco lançar o crédito tributário é de cinco anos, contados: (i) a partir da ocorrência do fato gerador, quando houver antecipação de pagamento e não houver dolo, fraude ou simulação (art. 150, §4º, CTN); ou (ii) a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, no caso de ausência de antecipação de pagamento ou quando houver dolo, fraude ou simulação (art. 173, I, CTN). Vale salientar que o referido entendimento jurisprudencial é de observância obrigatória por este tribunal administrativo (art. 62, §2º, Anexo II do Regulamento do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015). Na espécie, há comprovação da antecipação de pagamento do tributo, conforme atestado pela Declaração de Ajuste Anual do exercício de 2002/anocalendário 2001 (fls. 339). Além disso, a descrição dos fatos pela fiscalização e a imposição de multa de ofício de 75% não dá notícia de qualquer indício de dolo, fraude ou simulação. Nesse sentido, considero aplicável à espécie a regra de contagem do prazo decadencial prevista no art. 150, §4º do CTN. Como a ciência do lançamento ocorreu em 01/06/2007, considero decaídos os lançamentos cujas competências são anteriores a 05/2002 (inclusive). Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada Esse tema já foi tratado nos processos administrativos dos demais cotitulares da conta bancária, cujos lançamentos foram definitivamente cancelados na fase contenciosa administrativa: – a autuação lavrada contra Francisco Fernandez Bernardez foi julgada insubsistente pelo CARF, tanto pela câmara baixa (acórdão nº 220200.385, de 03/02/2010), quanto pela CSRF (acórdão nº 9202004.511, de 25/10/2016); – a autuação lavrada contra Enrique Javier Rivas Blanco também foi julgada insubsistente pelo CARF pela câmara baixa (acórdão nº 2202003.030, de 11/03/2015), havendo recusa expressa pela PFN na interposição de recurso especial. Fl. 1096DF CARF MF 10 A posição externada nesses julgados conjugou duas premissas. Primeiro, diante da presunção contida no art. 42 da Lei nº 9.430/96, a obrigação de comprovar a origem de depósitos bancários pertence exclusivamente ao titular da conta de depósito, configurando se uma obrigação personalíssima. Segundo, nos termos da Súmula CARF nº 29, “todos os co titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede a lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento”. Como o cotitular Francisco Fernandez Bernardez havia falecido em 21/03/2005, previamente ao início da fiscalização, ocorrida em 13/11/2006, não haveria como impor à Recorrente Elvira Sanchez Pluchino os efeitos da presunção prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/96. Entretanto, tal circunstância não impediria a fiscalização de prosseguir nas investigações, por outros meios. Tal conclusão pela insubsistência da autuação – a qual endosso, por reconhecer que a impossibilidade de intimação de um dos cotitulares gera relevante prejuízo à defesa dos demais, podendo tornar a presunção necessariamente relativa do art. 42 da Lei nº 9.430/96 em presunção absoluta – é ainda reforçada por outras constatações, igualmente relevantes, as quais passo a mencionar. A titularidade da conta nº 30172829 no MTBCBCHudson Bank era da empresa Raintree Ltd., e não dos sócios/beneficiário/procuradores Francisco, Elvira e Enrique. Em nenhum momento restou comprovado que a movimentação financeira dessa conta serviu para o cometimento de ilícitos (como lavagem de dinheiro, evasão de divisas, operação de câmbio não autorizado etc.). Sequer as autoridades fiscais alegaram simulação ou interposição fraudulenta apta a atribuir a titularidade da referida conta bancária às pessoas físicas. Tanto que a penalidade imposta no auto de infração aos supostos contribuintes foi a multa de ofício ordinária de 75%, e não a multa qualificada de 150% que seria cabível nos casos de fraude. De acordo com o relatório fiscal que acompanha a autuação, a conclusão derradeira de que os titulares da conta bancária seriam as pessoas físicas consta de documento intitulado Relatório de Identificação de Conta Mantida no MTBCBCHUDSON BANK. Chama a atenção o fato de o mencionado documento (i) ter sido produzido pelo próprio Fisco; (ii) mencionar como titulares apenas Elvira e Enrique, esquecendose de Francisco; e (iii) denominar “Raintree Ltd.” a conta bancária e não a pessoa jurídica constituída (fls. 71). Aliás, o Laudo de Exame EconômicoFinanceiro, este sim elaborado pelo Instituto Nacional de Criminalística do Departamento de Polícia Federal, não conseguiu determinar os responsáveis pela movimentação da conta nº 30172829 (grifos nossos – fls. 79): Quesito 1: Identificar os titulares, procuradores e responsáveis pela movimentação financeira e pastas operacionais de tais contas, informandose os valores totais e por período movimentado (ordens recebidas e emitidas) em tais contas e principais relacionamentos: Resposta: Conforme apontado no Item I – DO MATERIAL EXAMINADO, os peritos não puderam identificar os responsáveis (procuradores ou titulares) pela movimentação financeira da conta corrente nº 30172829, pois os dossiês desta conta não foram disponibilizados para perícia. Fl. 1097DF CARF MF Processo nº 19515.000983/200797 Acórdão n.º 2301005.071 S2C3T1 Fl. 1.093 11 Quanto aos valores totais e por período movimentado foi apresentada a Tabela 1 no item III – DOS EXAMES, “Movimentação Financeira”. A Recorrida alega ser senhora de idade, dona de casa, de nacionalidade espanhola, que mal domina a língua portuguesa, muito menos a língua inglesa, que não tomava parte nos negócios de turismo e câmbio do falecido marido, Francisco Fernandez Bernardez, muito embora tenha assinado, por temor reverencial, documentos relacionados com a empresa Raintree Ltd. e com a conta bancária nº 30172829. A documentação carreada aos autos não me permite desmentir tal alegação. Os investigados ou responsáveis pela condução dos negócios, conforme documentos acostados aos autos, sempre foram Francisco Fernandez Bernardez e Enrique Javier Rivas Blanco (fls. 49, 67, 137, 138, 140, 142, 143). Os representantes da instituição financeira apenas faziam referência e mantinham contato com essas duas pessoas (fls. 137, 138, 140, 142, 143). Todas essas considerações convergem, a meu ver, para afastar a responsabilidade tributária da Recorrente relativamente aos valores depositados conta bancária nº 30172829. Portanto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, nessa parte. Acréscimo Patrimonial a Descoberto Esse tema também já foi tratado nos processos administrativos dos demais titulares. Considerando a identidade de fatos e de entendimentos entre os casos, transcrevo as razões do eminente conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa constantes do acórdão nº 2202003.030, de 11/03/2015, relativo ao processo do cotitular Enrique Javier Rivas Blanco), as quais eu adoto como razão de decidir (grifos nossos): Nesse ponto, o contribuinte defende que o lançamento não cumpriu os requisitos necessários, seja no aspecto formal ou material, assim como cita trecho do voto vencedor do acórdão referente ao processo do espólio de Francisco Fernandez Bernardez, no qual foi afastada a infração relativa a acréscimo patrimonial a descoberto. Compulsando os autos, constatase que a autoridade fiscal cometeu um equívoco na apuração da variação patrimonial do autuado. A verificação baseouse em levantamentos mensais de origens e aplicações de recursos (fluxo financeiro de caixa), contudo lançou como origens os depósitos bancários efetuados na conta mantida no exterior e como dispêndios as ordens de pagamento a débito dessa conta, conforme se observa pelo Demonstrativo da Variação Patrimonial elaborado pelo Auditor Fiscal (fls. 392 a 394) e pela descrição contida no Termo de Verificação Fiscal (fls. 395 a 409). Peço vênia para transcrever trecho do voto condutor do Acórdão nº 220200.385, desta turma (Processo nº 19515.000984/200731), da lavra do ilustre Conselheiro Relator Nelson Mallmann. Tratase do processo relativo ao espólio e Francisco Fernandez Bernardez, um dos sócios da empresa Fl. 1098DF CARF MF 12 Raintree Ltd., no qual a tributação ocorreu da mesma forma do caso em análise. No presente caso, a tributação levada a efeito baseouse em levantamentos mensais de origem e aplicações de recursos (fluxo financeiro ou de caixa), onde, a principio, constatase que houve a disponibilidade econômica de renda maior do que a declarada pelo suplicante, caracterizando omissão de rendimentos passíveis de tributação. Por outro lado, é entendimento pacifico, nesta Câmara, que quando a fiscalização promove o fluxo financeiro ("fluxo de caixa") do contribuinte, através de demonstrativos de origens e aplicações de recursos devem ser considerados todos os ingressos (entradas) e todos os dispêndios (saídas), ou seja, devem ser considerados todos os rendimentos, retornos de investimentos e empréstimos, (já tributados, tributados de oficio, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte) declarados ou não, bem como todos os dispêndios/aplicações/investimentos/aquisições possíveis de se apurar, a exemplo de: despesas bancárias, aplicações financeiras, água, luz, telefone, empregada doméstica, cartões de crédito, juros pagos, pagamentos diversos, aquisições de bens e direitos (móveis e imóveis), etc., apurados mensalmente. Porém, no presente lançamento, não é isso que se constata. A autoridade lançadora simplesmente se baseou nas entradas e saídas registradas em conta bancária. A mistura de depósitos bancários na apuração de acréscimo patrimonial desvirtua totalmente o objetivo do "fluxo financeiro", que é para verificar se o contribuinte está aplicando ou consumindo mais do que tem de origem em recursos já tributados, não tributáveis ou isentos. Ora, notase, no levantamento de acréscimo patrimonial a descoberto, que a autoridade lançadora considerou, tão somente, como origens os depósitos bancários e como dispêndios os repasses bancários. Este procedimento é incorreto, já que para os depósitos bancários existe uma legislação especifica demonstrando a sua forma de tributar (art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996), não é razoável misturar depósitos bancários como sendo origem (entradas) no demonstrativo de acréscimo patrimonial e como dispêndios (saídas) os repasses bancários. [...] Ademais, a inclusão, no fluxo financeiro para apuração de acréscimo patrimonial a descoberto, tão somente, de depósitos bancários (como origens) e repasses bancários (como dispêndios) descaracteriza a metodologia de apuração de acréscimo patrimonial a descoberto (presunção de omissão de rendimentos), tendo em vista, que para os casos da existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove a origem dos Fl. 1099DF CARF MF Processo nº 19515.000983/200797 Acórdão n.º 2301005.071 S2C3T1 Fl. 1.094 13 recursos, existe a imposição de tributação especifica (art. 42 da Lei no 9.430/96), e que deve prevalecer nestes casos. Neste linha de pensamento, concluo que o lançamento, neste item, não foi realizado dentro dos parâmetros legais, portanto, da mesma forma, deve ser excluído da exigência tributária. Compartilho do entendimento acima exposto. Dessa forma, deve ser excluída do lançamento a infração de omissão de rendimentos caracterizada por variação patrimonial a descoberto. Em outras palavras, a técnica da apuração do acréscimo patrimonial a descoberto deveria confrontar o fluxo financeiro de todas as entradas com o fluxo financeiro de todas as saídas da Recorrente. O trabalho fiscal, no entanto, restringiuse a confrontar apenas o fluxo da conta bancária nº 30172829, desconsiderando todos os demais ativos, distorcendo a conclusão de omissão de rendimentos tributáveis. Além disso, a autuação vulnera o teor da Súmula CARF nº 67, ao não comprovar a origem e a aplicação da movimentação bancária: Súmula CARF nº 67: Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal. Portanto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, nessa parte. Conclusão Em face do exposto, voto por conhecer e dar provimento ao recurso voluntário, cancelandose a exigência contida no auto de infração. É como voto. (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza – Relator Em observância ao disposto no art. 63, §8º do RICARF, em função do resultado do julgamento (provimento do recurso voluntário), cumpre esposar as razões de decidir da maioria da turma que, por voto de qualidade e contrariamente ao entendimento do relator, entendeu aplicável a presunção legal contida no art. 42 da Lei nº 9.430/96, ainda que um dos cotitulares da contacorrente bancária já tivesse falecido previamente ao início do procedimento de fiscalização. Fl. 1100DF CARF MF 14 Não obstante tal posicionamento, o entendimento da maioria da turma foi no sentido de cancelar a exigência fiscal sobre depósito bancário de origem não comprovada, em razão de a fiscalização não ter conseguido imputar a titularidade da referida conta à Recorrente. Ementa do acórdão devidamente ajustada ao decidido pela turma. Fl. 1101DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.932720/2009-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/10/2004
INTEMPESTIVIDADE.
É intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração/despacho decisório, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3302-004.585
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário. Vencida a Conselheira Lenisa Prado, que declarava a nulidade da decisão recorrida.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2004 a 31/10/2004 INTEMPESTIVIDADE. É intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração/despacho decisório, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Não Conhecido. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário. Vencida a Conselheira Lenisa Prado, que declarava a nulidade da decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 27 20 /2 00 9- 40 Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10980.932720/200940 Acórdão n.º 3302004.585 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório A questão tem início em Declaração de Compensação em que se objetivava quitar débitos tributários utilizandose de créditos de COFINS. A justificativa apresentada pela autoridade fiscal para não homologar a compensação foi que: "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Em decorrência da não homologação, as autoridades competentes formalizaram a cobrança dos valores indicados na DCOMP, acrescidos ainda de multa e juros. Cientificada sobre o teor do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, oportunidade na qual alega que a decretação de inexistência do crédito se deu porque não foram apresentadas as retificadoras das DCTFs, DIPJs e DACONs, que se prestariam a notificar as autoridades sobre o recolhimento à maior realizado. Na manifestação de inconformidade a contribuinte informa que ao solicitar a Certidão Negativa de Débitos foi surpreendida com a informação sobre a existência de um novo processo administrativo fiscal, onde foi lavrada a exigência do exato valor que constava no despacho decisório, e que teria como documento de origem a mesma DCOMP motivadora do processo cuja cobrança acreditava que tivesse sido baixada. A contribuinte esclareceu, ainda, que apresentou manifestação de inconformidade naqueles autos, requerendo que os processos fossem unificados, posto que tratam sobre os mesmos fatos, e que fossem apreciadas as razões que fundamentam a existência de seu direito ao crédito, que é, essencialmente, a inconstitucionalidade da inclusão do valor do ICMS na base de cálculo da COFINS. Noticia, também, que procedeu à retificação dos DCTF, DACON e DIPJ relativamente ao período de apuração em debate, indicando o valor do ICMS que deveria ser destacado da base de cálculo da COFINS, o que geraria o saldo credor a seu favor a ser utilizado na compensação declarada. A instância de origem julgou improcedente a manifestação de inconformidade acima descrita, nos termos do Acórdão 06037.272. O fundamento adotado, em síntese, foi a intempestividade da impugnação/manifestação de inconformidade apresentada. Irresignada a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que motivou a subida dos autos a este Conselho. É o relatório. Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10980.932720/200940 Acórdão n.º 3302004.585 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.583, de 25 de julho de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.932718/200971, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.583) 1: "Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Com efeito, a decisão de piso deixou de apreciar os argumentos apresentados pela Recorrente em sede de manifestação de inconformidade por considerar: i) intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo, nos termos do artigo 15, do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 19722 c/c §2º, do artigo 56, da Lei nº. 7574/20113; e ii) que a decisão proferido no Mandado de Segurança n. 5005529 63.2010.404.7000, em trâmite perante a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, não superou a questão concernente a intempestividade da manifestação de inconformidade ofertada pela Recorrente, limitouse somente a determinar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários objeto das PER/DCOMP´s até a decisão final administrativa a ser proferida, seja na revisão de ofício, seja em ulterior recurso voluntário eventualmente interposto pela impetrante. Neste contexto, entendo inexistir omissão no julgamento de primeira instância e desrespeito aos princípios do contraditório e ampla da defesa, posto que diante da apresentação de defesa fora do prazo previsto nas normas 1 Deixo de transcrever o voto vencido, que pode ser facilmente consultado no Acórdão paradigma, mantendo apenas o entendimento predominante da Turma expresso no voto vencedor. 2 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. 3 Art. 56. A impugnação, formalizada por escrito, instruída com os documentos em que se fundamentar e apresentada em unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, bem como, remetida por via postal, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência da intimação da exigência, instaura a fase litigiosa do procedimento (Decreto no 70.235, de 1972, arts. 14 e 15). (...) § 2o Eventual petição, apresentada fora do prazo, não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário nem comporta julgamento de primeira instância, salvo se caracterizada ou suscitada a tempestividade, como preliminar. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10980.932720/200940 Acórdão n.º 3302004.585 S3C3T2 Fl. 5 4 anteriormente citada, não houve instauração de fase litigiosa, afastando, assim, o dever/obrigação da autoridade julgadora analisar os argumentos suscitados pelo contribuinte. Não bastasse isso, e ao contrário do que restou defendido neste processo, a decisão proferido no Mandado de Segurança n. 5005529 63.2010.404.7000, em trâmite perante a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, não superou a questão concernente a intempestividade da manifestação de inconformidade, limitouse somente a determinar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários objeto das PER/DCOMP´s até a decisão final administrativa a ser proferida. Portanto, entendo não ser o caso de nulidade do julgamento de primeira instância, considerando que o julgadores aplicaram ao presente caso as determinações contidas no Decreto 70.235/72 e na Lei nº 7.574/2011. Diante do exposto, considerando que não houve instauração da fase litigiosa do procedimento administrativo, por intempestividade da manifestação de inconformidade, voto por não conhecer do recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a decisão de piso deixou de apreciar os argumentos apresentados pela Recorrente, em sede de manifestação de inconformidade, em razão de sua intempestividade. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 119DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.722174/2015-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011, 2012, 2013
NULIDADE. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO SEM ORDEM JUDICIAL. POSSIBILIDADE. LEI COMPLEMENTAR 105/01
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 601.314/SP, submetido à sistemática da repercussão geral prevista no art. 543-B do CPC/73, concluiu pela constitucionalidade do artigo 6º da Lei Complementar nº 105/01.
GANHOS DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO.
É cabível à autoridade fiscal exigir os documentos comprobatórios do custo de aquisição e do valor de alienação, a fim de verificar a correta apuração dos ganhos de capital, enquanto não ultrapassado o prazo decadencial.
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCATÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF N° 02.
A argumentação sobre o caráter confiscatório da multa aplicada no lançamento tributário não escapa de uma necessária aferição de constitucionalidade da legislação tributária que estabeleceu o patamar das penalidades fiscais, o que é vedado ao CARF, conforme os dizeres de sua Súmula n. 2
Numero da decisão: 2401-005.123
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO SEM ORDEM JUDICIAL. POSSIBILIDADE. LEI COMPLEMENTAR 105/01 O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 601.314/SP, submetido à sistemática da repercussão geral prevista no art. 543B do CPC/73, concluiu pela constitucionalidade do artigo 6º da Lei Complementar nº 105/01. GANHOS DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. É cabível à autoridade fiscal exigir os documentos comprobatórios do custo de aquisição e do valor de alienação, a fim de verificar a correta apuração dos ganhos de capital, enquanto não ultrapassado o prazo decadencial. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCATÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF N° 02. A argumentação sobre o caráter confiscatório da multa aplicada no lançamento tributário não escapa de uma necessária aferição de constitucionalidade da legislação tributária que estabeleceu o patamar das penalidades fiscais, o que é vedado ao CARF, conforme os dizeres de sua Súmula n. 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 21 74 /2 01 5- 82 Fl. 2009DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar a preliminar e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 2010DF CARF MF Processo nº 10166.722174/201582 Acórdão n.º 2401005.123 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório EMERSON PONTES, contribuinte, pessoa física, já qualificado nos autos do processo administrativo em referência, teve contra si lavrado o Auto de Infração abaixo declinado, concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos, em relação aos exercícios 2011, 2012 e 2013, conforme Relatório Fiscal às efls. 1769/1782, e demais documentos que instruem o processo, consubstanciados no AI às efls. 1759/1768. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 24/03/2015, nos moldes da legislação de regência, contra o contribuinte acima identificado, constituindose crédito tributário no valor consignado na folha de rosto da autuação, decorrentes dos seguintes fatos geradores: a) GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS OMISSÃO/APURAÇÃO INCORRETA DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS ADQUIRIDOS EM REAIS. Omissão/apuração incorreta de ganhos de capital auferidos na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza adquiridos em reais, conforme relatório fiscal em anexo. O contribuinte foi intimado a esclarecer a diferença entre os valores do imóvel rural Fazenda Guarujá declarados na DIRPF anocalendário de 2010 (R$ 4 milhões) e no Demonstrativo de Apuração dos Ganhos de Capital (R$ 11,3 milhões), bem como a apresentar documentação comprobatória do real custo de aquisição do imóvel informado no Demonstrativo. O Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda data de 17/11/2010, sendo que a Escritura Pública é de 03/02/2011. O pagamento foi efetuado em 5 parcelas no valor de R$ 3.000.000,00 cada. Em sua resposta, apresentou notas fiscais de aquisição de bens e prestação de serviços relativos à Fazenda Guarujá dos anos de 2000 a 2010. Verificouse que a documentação apresentada referese às despesas de custeio/investimento da atividade rural e não de benfeitorias realizadas na fazenda. Os valores computáveis como custo de aquisição somente podem ser considerados quando discriminados na DIRPF e comprovados com documentação hábil e idônea. Mesmo não comprovado o custo informado na declaração do exercício de 2011 (R$ 4.000.000,00), a fiscalização considerou tal valor como sendo custo de aquisição por este ser o valor que vinha sendo informado nas declarações de ajuste anual. Dessa forma, foi lavrado auto de infração com as parcelas de imposto nas datas demonstradas na folha 1753 (TVF). Sendo a fazenda bem comum da sociedade conjugal, foi também lavrado auto de infração em nome do cônjuge Ariane Santini Henriques Pontes, na razão de 50% para cada um deles. Fl. 2011DF CARF MF 4 Regularmente intimado e inconformado com a Decisão recorrida, o autuado apresentou Recurso Voluntário, às efls. 1963/1996, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, repisa as alegações da impugnação, preliminarmente pugna pela nulidade do lançamento afirmando ser a quebra de sigilo bancário inconstitucional e somente pode ser efetuada após determinação pelo Poder Judiciário. Quanto ao mérito, afirma que a valorização do imóvel decorreu de vultosos investimentos bancados pela atividade rural e através de financiamentos bancários. A desconsideração dessa valorização e a diminuição do custo de aquisição é nefasta e confiscatória, pois o pagamento recebido significa nada mais que o ressarcimento pelos investimentos realizados ao longo dos anos. Esclarece que ao longo dos anos sempre consolidou as receitas e despesas de custeio e investimento da atividade rural nas declarações do imposto, não incorporando nenhum valor de benfeitorias ao custo de aquisição por desconhecimento da legislação. Relata acerca das benfeitorias realizadas durante os 27 anos, anexando fotos panorâmicas da fazenda, dizendo que é impossível a apresentação de toda essa documentação. Alega ter a fiscalização desconsiderado as benfeitorias demonstradas e lavrou o auto de infração com a mera presunção da omissão de pagamento do suposto ganho de capital. A DITR foi sequer citada ou consultada e espelha a verdade: 40% apenas referese à terra nua. Foram apresentadas notas fiscais de aquisição de insumos e de bens para composição das benfeitorias. Explícita extensamente acerca do conceito tributário de renda, suposta aplicação indevida da presunção e impossibilidade de inversão do ônus da prova, devendo ser reconhecido a nulidade do feito. O que o Fisco faz é simplesmente tributar um patrimônio adquirido ao longo de um determinado período sem considerar os dispêndios efetuados. Quanto a multa de ofício, aduz não poder o legislador impor uma penalidade pecuniária que provoca perda de quantia superior ao que poderia ter sido auferido. A imposição de multa no percentual aplicado fere o princípio da proporcionalidade, razoabilidade e do não confisco. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para preliminarmente decretar a nulidade do Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 2012DF CARF MF Processo nº 10166.722174/201582 Acórdão n.º 2401005.123 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR DE NULIDADE QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO A priori, o contribuinte pugna pela nulidade do lançamento afirmando ser a quebra de sigilo bancário inconstitucional e somente pode ser efetuada após determinação pelo Poder Judiciário. Pois bem, com relação à utilização das informações bancárias do Autuado para a constituição do crédito tributário, devese notar que, na espécie, não houve quebra do sigilo bancário, no momento em que as informações foram fornecidas pelo próprio sujeito passivo, voluntariamente, ainda que em atendimento à intimação fiscal, e estão cobertas pelo sigilo fiscal. Requerer, posteriormente, a nulidade de tal prova seria venire contra factum proprium, o que não se admite. Ademais, a Lei Complementar no 105/2001, que dispõe sobre o sigilo das operações de instituições financeiras, já previa, desde janeiro/2001, a possibilidade de a autoridade fiscal examinar as informações referentes a contas de depósito em instituições financeiras. Vejamos: Art. 6° As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Vale salientar ainda que, em recente assentada (24/02/2016), o Supremo Tribunal Federal julgou, com repercussão geral, constitucionais os dispositivos da LC n° 105/2001 que permitem à Receita Federal obter dados bancários de contribuintes, fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial1. Prevaleceu o entendimento de que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. Logo, em face do exposto, rejeito a preliminar suscitada. MÉRITO CUSTO DE AQUISIÇÃO/BENFEITORIAS/ÔNUS DA PROVA Fl. 2013DF CARF MF 6 Quanto ao mérito, afirma que a valorização do imóvel decorreu de vultosos investimentos bancados pela atividade rural e através de financiamentos bancários. A desconsideração dessa valorização e a diminuição do custo de aquisição é nefasta e confiscatória, pois o pagamento recebido significa nada mais que o ressarcimento pelos investimentos realizados ao longo dos anos. Esclarece que ao longo dos anos sempre consolidou as receitas e despesas de custeio e investimento da atividade rural nas declarações do imposto, não incorporando nenhum valor de benfeitorias ao custo de aquisição por desconhecimento da legislação. Relata acerca das benfeitorias realizadas durante os 27 anos, anexando fotos panorâmicas da fazenda, dizendo que é impossível a apresentação de toda essa documentação. Alega ter a fiscalização desconsiderado as benfeitorias demonstradas e lavrou o auto de infração com a mera presunção da omissão de pagamento do suposto ganho de capital. A DITR foi sequer citada ou consultada e espelha a verdade: 40% apenas referese à terra nua. Foram apresentadas notas fiscais de aquisição de insumos e de bens para composição das benfeitorias. Explícita extensamente acerca do conceito tributário de renda, suposta aplicação indevida da presunção e impossibilidade de inversão do ônus da prova, devendo ser reconhecido a nulidade do feito. O que o Fisco faz é simplesmente tributar um patrimônio adquirido ao longo de um determinado período sem considerar os dispêndios efetuados. Em que pesem os argumentos da recorrente, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de macular a exigência fiscal. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que o lançamento se apresenta incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude. Considerase ganho de capital a diferença positiva entre o valor de alienação de bens ou direitos e o respectivo custo de aquisição. Sobre o ganho de capital há incidência do imposto de renda, conforme dispunha a legislação à época dos fatos: Lei nº 7.713/88 Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. (...) § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. § 3º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. Fl. 2014DF CARF MF Processo nº 10166.722174/201582 Acórdão n.º 2401005.123 S2C4T1 Fl. 5 7 Com relação ao ganho de capital relativo à alienação de imóvel rural, a Instrução Normativa SRF nº 84 de outubro de 2001, dispõe que: Art. 9º Na apuração do ganho de capital de imóvel rural é considerado custo de aquisição o valor relativo à terra nua. § 1º Considerase valor da terra nua (VTN) o valor do imóvel rural, nele incluído o da respectiva mata nativa, não computados os custos das benfeitorias (construções, instalações e melhoramentos), das culturas permanentes e temporárias, das árvores e florestas plantadas e das pastagens cultivadas ou melhoradas. § 2º Os custos a que se refere o § 1º, quando não tiverem sido deduzidos como despesa de custeio, na apuração do resultado da atividade rural, podem ser computados para efeito de apuração de ganho de capital. (......) Art. 17. Podem integrar o custo de aquisição, quando comprovados com documentação hábil e idônea e discriminados na Declaração de Ajuste Anual, no caso de: I bens imóveis: a) os dispêndios com a construção, ampliação e reforma, desde que os projetos tenham sido aprovados pelos órgãos municipais competentes, e com pequenas obras, tais como pintura, reparos em azulejos, encanamentos, pisos, paredes; b) os dispêndios com a demolição de prédio construído no terreno, desde que seja condição para se efetivar a alienação; c) as despesas de corretagem referentes à aquisição do imóvel vendido, desde que tenha suportado o ônus; d) os dispêndios pagos pelo proprietário do imóvel com a realização de obras públicas, tais como colocação de meiofio, sarjetas, pavimentação de vias, instalação de redes de esgoto e de eletricidade que tenham beneficiado o imóvel; e) o valor do imposto de transmissão pago pelo alienante na aquisição do imóvel; f) o valor da contribuição de melhoria; g) os juros e demais acréscimos pagos para a aquisição do imóvel; h) o valor do laudêmio pago, etc.; (...) Art. 19. Considerase valor de alienação I o preço efetivo da operação de venda ou de cessão de direitos; II o valor de mercado, nas operações não expressas em dinheiro; III no caso de bens ou direitos vinculados a qualquer espécie de financiamento ou a consórcios, em que o saldo devedor é Fl. 2015DF CARF MF 8 transferido para o adquirente, o valor efetivamente recebido, desprezado o valor da dívida transferida; IV no caso de bens em condomínio, a parcela do preço que couber a cada condômino ou coproprietário; V no caso de permuta com recebimento de torna, o valor da torna; VI no caso de imóvel rural com benfeitorias, o valor correspondente: a) exclusivamente à terra nua, quando o valor das benfeitorias houver sido deduzido como custo ou despesa da atividade rural; b) a todo o imóvel alienado, quando as benfeitorias não houverem sido deduzidas como custo ou despesa da atividade rural. § 1º Tratandose de imóvel rural adquirido a partir de 1997, considerase valor de alienação da terra nua: I o valor declarado no Diat do ano da alienação, quando houverem sido entregues os Diat relativos aos anos de aquisição e alienação; II o valor efetivamente recebido, nos demais casos. § 2º Na alienação dos imóveis rurais, a parcela do preço correspondente às benfeitorias é computada: I como receita da atividade rural, quando o seu valor de aquisição houver sido deduzido como custo ou despesa da atividade rural; II como valor da alienação, nos demais casos. (grifo nosso) Nesta relação jurídicotributária, caso concreto, o ônus da prova incumbe a quem alega o direito. Assim, à autoridade fiscal compete investigar, diligenciar, demonstrar e provar a ocorrência do fato tributário. Ao sujeito passivo, por sua vez, cabe apresentar prova em contrário, por meio dos elementos que demonstrem a efetividade do direito alegado, bem como hábeis para afastar a imputação da irregularidade apontada. O ônus de provar o valor das benfeitorias realizadas no imóvel é do alienante. No plano tributário, as benfeitorias têm por efeito reduzir a base de cálculo do tributo. Daí a razão pela qual a comprovação documental de sua realização é condição indispensável para seu acolhimento. As notas fiscais apresentadas referemse a despesas de custeio/investimento da atividade rural e não a benfeitorias efetuadas na propriedade, não podendo compor o custo de aquisição do imóvel. Como dito no parágrafo retro, os documentos apresentados referemse a despesas de manutenção, custeio e investimentos do próprio contribuinte para exercício das atividades realizadas no imóvel em questão, conforme exemplos a seguir: e.fl 134 Nf Rolamento cubo dianteiro, retentor, mola Manutenção do trator. e.fl 135 Nf Óleo Diesel Combustível. e.fl 210 Nf Eixo do rotor, rolamento, porca vedação (...) Manutenção de máquinas. Fl. 2016DF CARF MF Processo nº 10166.722174/201582 Acórdão n.º 2401005.123 S2C4T1 Fl. 6 9 e.fl 217 Nf Estopa branca, óleo motor, filtro combustível Manutenção de veículos. Ademais, o desdobramento do custo de aquisição informado pelo contribuinte no Demonstrativo de Apuração dos Ganhos de Capital do exercício de 2011, mostrase incompatível até mesmo com os próprios documentos apresentados por ele próprio, conforme já relatado no TVF às fl. 1751/1752. Portanto, não há como acatar os documentos apresentados nem os financiamentos bancários que demonstram, como já frisado pela fiscalização, as despesas de custeio e investimento da atividade rural desde o ano de 2000. No que concerne à consulta do valor da terra nua pela DITR, ressaltese que o valor considerado pela fiscalização como custo do imóvel é superior àquele constante na declaração citada pelo recorrente (fls. 1903/1907) o que resultou em seu benefício já que, um custo maior refletiu em um ganho de capital menor e, conseqüentemente, um valor menor de imposto. Quanto à alegação de que seria impossível a apresentação dos documentos exigidos pela fiscalização para comprovação do custo de aquisição, cabe aqui ressaltar que o art. 3º do Decretolei nº 4.657/42 – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, é claro ao dispor que ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando seu desconhecimento. Isto significa que o contribuinte tinha a obrigação legal de se preparar para cumprir a lei, caso não quisesse assumir os riscos decorrentes de seu descumprimento. Assim, deveria ter adotado as medidas necessárias para atender os ditames da lei, mantendo em seu poder documentos que permitissem identificar perfeitamente as benfeitorias efetuadas no imóvel em questão bem como o valor de cada uma delas até que se operasse a decadência do direito de a Fazenda Pública de constituir os créditos tributários relativos a alienação efetuada. Dito isto, não merece acolhimento o pleito do contribuinte. DA MULTA DE OFÍCIO Quanto a multa de ofício, aduz não poder o legislador impor uma penalidade pecuniária que provoca perda de quantia superior ao que poderia ter sido auferido. A imposição de multa no percentual aplicado fere o princípio da proporcionalidade, razoabilidade e do não confisco. Na análise dessa razão, não se pode perder de vista que o lançamento da multa por descumprimento de obrigação de pagar o tributo é operação vinculada, que não comporta emissão de juízo de valor quanto à agressão da medida ao patrimônio do sujeito passivo, haja vista que uma vez definido o patamar da sua quantificação pelo legislador, fica vedado ao aplicador da lei ponderar quanto a sua justeza, restandolhe apenas aplicar a multa no quantum previsto pela legislação. Cumprindo essa determinação a autoridade fiscal, diante da ocorrência da falta de pagamento do tributo, fato incontestável, aplicou a multa no patamar fixado na legislação, conforme muito bem demonstrado no Discriminativo do Débito, em que são expressos os valores originários a multa e os juros aplicados no lançamento. Além do mais, salvo casos excepcionais, é vedado a órgão administrativo declarar inconstitucionalidade de norma vigente e eficaz. Nessa linha de entendimento, dispõe o enunciado de súmula, abaixo reproduzido, o qual foi divulgado pela Portaria CARF n.º 106, de 21/12/2009 (DOU 22/12/2009): Fl. 2017DF CARF MF 10 Súmula CARF Nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Essa súmula é de observância obrigatória, nos termos do “caput” do art. 72 do Regimento Interno do CARF, inserto no Anexo II da Portaria MF n.º 343, de 09/06/2015. Como se vê, este Colegiado falece de competência para se pronunciar sobre a alegação de inconstitucionalidade da multa aplicada, uma vez que o fisco tão somente utilizou os instrumentos legais de que dispunha para efetuar o lançamento. Por todo o exposto, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, para rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 2018DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.000736/2006-18
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2001 PROVISÕES. ADIÇÕES AO LUCRO REAL Somente são dedutíveis, na determinação do lucro real, as provisões expressamente autorizadas pela legislação.
Numero da decisão: 1801-000.681
Decisão: Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Maria de Lourdes Ramirez
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ADIÇÕES AO LUCRO REAL Somente são dedutíveis, na determinação do lucro real, as provisões expressamente autorizadas pela legislação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) ______________________________________ Ana de Barros Fernandes – Presidente (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira, Edgar Silva Vidal e Ana de Barros Fernandes. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Relatório Trata o presente processo de autos de infração à legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, e Contribuição Social sobre o Lucro Liquido – CSLL, que exigem da empresa acima qualificada o crédito tributário no montante total de R$ 738.499,82, aí incluídos o principal, a multa de ofício e os juros de mora calculados até a data da lavratura (fls. 95/107). De acordo com o relato constante do “Termo de Verificação de Irregularidades nº 1” de fls. 95/96, em procedimento de auditoria fiscal foram objeto de glosa, no anocalendário 2001, provisões não autorizadas pela legislação do IRPJ, relativas à constituição de fundo de reserva, cujo valor foi creditado na conta de passivo n° 2.1.5.1.01.021, em contrapartida ao débito registrado na conta de resultado 3.1.2.3.02.026. A exigência, no tocante ao IRPJ, foi fundamentada no artigo 13, inciso I, da Lei n° 9.249, de 1995, com as alterações do artigo 14, da Lei n° 9.430, de 1996, combinado com os artigos 249, inciso I, 251, e parágrafo único, 299 e 335, todos do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26/03/1999 (RIR/99). A CSLL foi lançada como reflexo. Cientificada em 20/04/2006, a contribuinte apresentou impugnações tempestivas, uma contra a exigência do IRPJ e outra contestando a CSLL (fls. 111 a 345). Nas razões de defesa, argúi, preliminarmente, a decadência relativamente aos fatos geradores ocorridos no primeiro trimestre de 2001 e, no mérito, contesta os lançamentos argumentando que estaria obrigada a constituir um fundo destinado a reposições e consertos dos bens dos proprietários dos imóveis por ela administrados (FFE), mantido em nome deles, em contas bancárias específicas, devendo entregarlhes eventuais saldos não utilizados. Inexistiria, assim, o aspecto material e o fato imponível da pretensa obrigação. Afirma não ser sujeito passivo de obrigação tributária na qualidade de contribuinte, nos termos da definição contida no CTN. A 4a. Turma da DRJ em Fortaleza/CE proferiu o Acórdão 0813.868 e julgou as exigências procedentes em parte (fls. 370/379). Em preliminar foi declarada a decadência do lançamento em relação aos fatos geradores ocorridos no 1o. trimestre de 2001. No mérito consignou que a natureza jurídica da empresa seria a de uma sociedade em conta de participação e, nessas condições, a administradora, impugnante, seria a sócia ostensiva enquanto que os proprietários das unidades seriam os sócios ocultos e que tal conclusão se coadunaria com os contratos apresentados. Fundamentou o voto no Ato Declaratório Interpretativo SRF n º 14/2004, para concluir que a autuada seria pessoa jurídica sujeita às regras de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas e, nesse sentido, a dedução na apuração do lucro líquido, do valor correspondente à constituição da provisão referente ao fundo FF&E, teria reduzido indevidamente o lucro. À fl. 391 encontrase o “Termo de Vista”, datado de 15/06/2009, assinado pela procuradora Viviane de Oliveira Barros, conforme substabelecimento de fl. 389. Às fls. 394 a 406 encontrase acostado o recurso voluntário protocolizado em 22/05/2009. Em sua defesa afirma a interessada que na consecução de suas atividades, firma contratos com os proprietários dos empreendimentos onde será desenvolvida a sua atividade hoteleira. Por força destes contratos, a recorrente teria como obrigação a constituição de um Fl. 2DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 19515.000736/200618 Acórdão n.º 180100.681 S1TE01 Fl. 436 3 "fundo" denominado Furniture, Fixture and Equipment FF&E (móveis, permanentes e equipamentos), através da "alocação" de um percentual do faturamento de cada empreendimento hoteleiro. Esclarece que este valor permanece em conta corrente bancária criada especificamente para este fundo e que só pode ser utilizado pela recorrente, por conta e ordem do proprietário do imóvel, na atividade hoteleira do empreendimento, ou seja, a recorrente figuraria como mera depositária do fundo. Ao final do contrato de administração, a recorrente disponibilizaria o numerário, entregando o fundo FF&E para os proprietários, incidindo a retenção do imposto sobre a renda. Explica que a auditoria fiscal teria erroneamente glosado a retenção do fundo FF&E, presumindo que este numerário faria parte da sua renda, provento ou lucro e a decisão de 1a. instância, para manter a exigência, teria qualificado a relação jurídica entre a recorrente e os proprietários como uma sociedade em conta de participação. Afirma que os Decretosleis n º s 2.303 e 2.308, de 1986 em momento algum determinam que as administradoras e os proprietários devam constituir SCP e o ADI nº 14/2004 feriria princípios constitucionais básicos, pois teria criado obrigação não prevista em lei e que teria interpretação diversa o ADI nº 02/07, que determinaria fosse aplicado o tratamento de aluguel aos rendimentos auferidos das áreas comuns do empreendimento. Sustenta a dedutibilidade do fundo FF&E na apuração de seus resultados ao argumento de que não tem disponibilidade sobre tais valores diante das determinações contratuais já mencionadas. E explica, com suas palavras: Explicamos: contratualmente, a Recorrente retêm do valor que seria pago a título de aluguel uma fração a título de FF&E. Se o aluguel fosse pago integralmente (sem desconto do FF&E), a retenção do IRRF ocorreria sobre o total, por outro lado, se o aluguel é pago descontado o FF&E, a retenção do IRRF ocorre sobre o aluguel líquido, mas a fração retida não deixou de ser parte do aluguel que recebeu o nome de FF&E e permaneceu com a Recorrente (depositária). Chegando ao final do contrato, a Recorrente é obrigada a entregar o FF&E ao pool de proprietários, efetivando nesse momento a retenção do IRRF pelo pagamento do aluguel retido anteriormente. Lembramos que a retenção de IRRF contra as pessoas físicas ocorre pelo regime de caixa, ou seja, no pagamento, enquanto que a retenção de IRRF contra as pessoas jurídicas não é prevista em lei. ... A constituição do FF&E nada mais é do que uma forma contratual adotada pelas diversas administradoras de hotéis, aparthotéis, flats e outros, para assegurar que parte dos rendimentos de aluguéis dos pools de proprietários seja reinvestido nos empreendimentos, sem a necessidade do desembolso pelas administradoras. ... São consideradas provisões indedutíveis aquelas contingências que podem ou não ocorrer, ou seja, que dependam de algum fato futuro e incerto condições. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 No caso, a constituição do FF&E não se configura em provisão (de contingência), pois a sua constituição independe de evento futuro e incerto para se revestir de dedutibilidade. ... A dedutibilidade poderia ser questionada caso a realização do FF&E fosse incerta, mas não é a hipótese, vez que ele tem destinação certa (proprietário) e prazo determinado (final do contrato) inexistindo a possibilidade de uso ou gozo do FF&E pela Impugnante. Ao final pugna pela improcedência das autuações. É o relatório. Voto Conselheira Maria de Lourdes Ramirez, Relatora Preliminarmente Não consta dos autos o AR de intimação da decisão de 1a. instância. Apenas o Termo de Vista datado de 15/06/2009 enquanto que o recurso voluntário tem data de protocolo em 22/05/2009. Para não haver prejuízos à defesa, tomo conhecimento do recurso voluntário interposto. Mérito Entendo que a discussão a respeito da natureza jurídica da sociedade empresária, ora recorrente, é irrelevante para o deslinde da questão. Seja qual for o tipo de sociedade constituída é certo que a empresa recorrente se submete às regras de tributação das pessoas jurídicas em geral. Especificamente no que diz respeito aos autos, em procedimento de auditoria fiscal constatouse que a recorrente, no anocalendário 2001, constituiu fundo de reserva, cujo valor foi creditado em conta de passivo (2.1.5.1.01.021), em contrapartida a débito registrado em conta de resultado (3.1.2.3.02.026), considerada como provisão não dedutível do lucro real apurado em cada período de apuração trimestral. Nesse contexto a legislação de regência veda a dedução de provisões, para efeito de apuração do lucro real. A respeito transcrevese o artigo 13 da Lei n º 9.249, de 26 de dezembro de 1995: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas Fl. 4DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 19515.000736/200618 Acórdão n.º 180100.681 S1TE01 Fl. 437 5 as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimo terceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável; Dessa forma, a legislação do imposto de renda somente admite a constituição, como custo ou despesa operacional, das seguintes provisões: 1) provisões constituídas para o pagamento de férias de empregados (RIR/1999, art. 337); 2) provisões para o pagamento de décimoterceiro salário (RIR/1999, art. 338); 3) provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida em lei especial a elas aplicável (RIR/1999, art. 336); Além daquelas expressamente previstas na legislação do imposto de renda (Lei no 9.249, de 1995, art. 13, I, e Lei no 9.430, de 1996, art. 14), a pessoa jurídica poderá continuar a constituir contabilmente as provisões que entenda serem necessárias à sua atividade ou aos seus interesses sociais. Todavia, na hipótese de a provisão constituída na contabilidade ser considerada indedutível para fins da legislação do imposto de renda, a pessoa jurídica deverá efetuar no Lalur parte A, a adição do respectivo valor ao lucro líquido do período, para a apuração do lucro real. No período em que a provisão for revertida contabilmente, ela poderá ser excluída do lucro líquido para fins de determinação do lucro real. Pouco importa, também, para efeito de aplicação das regras de dedutibilidade das provisões a denominação que a empresa recorrente dá ao fundo de reserva ou com qual objetivo especifico ele foi constituído. Como visto, as pessoas jurídicas não estão impedidas de constituir provisões na sua escrita contábil. Entretanto, uma vez constituídas provisões na contabilidade, a dedutibilidade dessas provisões, para efeito de apuração do lucro real, fica sujeita aos limites impostos pela legislação de regência. Nesse sentido já se encontra pacificada a jurisprudência deste Tribunal Administrativo: PROVISÕES. ADIÇÕES AO LUCRO REAL Somente são dedutíveis, na determinação do lucro real, as provisões expressamente autorizadas pela legislação. Provado que as provisões não permitidas expressamente pela legislação e impactantes no resultado do exercício, foram adicionadas à apuração do Lucro Real, não há que se falar em lançamento de ofício. Ac. 110200.043 – 2a. Turma Ordinária 1a. Câmara 1a. Seção – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 6 IRPJ CUSTOS/DESPESAS/DEDUTIBILIDADE FALTA DE ADIÇÃO AO LUCRO LÍQUIDO DE PROVISÕES INDEDUTÍVEIS Inexistindo o ajuste no lucro liquido na apuração do lucro real de resultados de períodos anteriores, referentes a taxas de depreciação realizadas extemporaneamente, correto o lançamento que recompôs o resultado tributável do período. Ac. 10808.781 –8a. Câmara 1o. Conselho de Contribuintes. PROVISÕES PARA CONTINGÊNCIAS CÍVEIS E TRABALHISTAS — INDEDUTIBILIDADE Provisões são valores futuros e incertos que não devem afetar a base do imposto sobre a renda, ressalvadas as provisões expressamente previstas em lei. Ac. 10194.596 – 1a. Câmara 1o. Conselho de Contribuintes. Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Fl. 6DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 15889.000140/2010-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Sep 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005, 2006, 2009
PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE. AUSÊNCIA.
Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/72, não há que se cogitar em nulidade.
GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA.
Incide o imposto de renda sobre o ganho de capital obtido na alienação de participação societária.
MULTA.
A multa exigida na constituição do crédito tributário por meio do lançamento fiscal de ofício decorre de expressa disposição legal.
Numero da decisão: 2401-005.070
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Relatora e Presidente.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2005, 2006, 2009 PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE. AUSÊNCIA. Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/72, não há que se cogitar em nulidade. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. Incide o imposto de renda sobre o ganho de capital obtido na alienação de participação societária. MULTA. A multa exigida na constituição do crédito tributário por meio do lançamento fiscal de ofício decorre de expressa disposição legal.
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GANHO DE CAPITAL. Recorrente WALTER LUIZ GARCIA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005, 2006, 2009 PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE. AUSÊNCIA. Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/72, não há que se cogitar em nulidade. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. Incide o imposto de renda sobre o ganho de capital obtido na alienação de participação societária. MULTA. A multa exigida na constituição do crédito tributário por meio do lançamento fiscal de ofício decorre de expressa disposição legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 88 9. 00 01 40 /2 01 0- 97 Fl. 559DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Relatora e Presidente. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 560DF CARF MF Processo nº 15889.000140/201097 Acórdão n.º 2401005.070 S2C4T1 Fl. 560 3 Relatório Tratase de Auto de Infração, fls. 79/88, que exige do contribuinte R$ 32.162,56 de imposto, acrescido de multa de ofício de 75% e juros moratórios, em razão da apuração de “GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS”, devido à omissão de ganho de capital auferido na alienação da participação societária na empresa Rio Novo Ltda ME. Conforme termo de verificação e conclusão fiscal de fls. 89/96, temse que: · O sujeito passivo foi detentor de 90% das quotas do capital da empresa Engenho Rio Novo Ltda ME. O restante das quotas pertencem ao seu cônjuge. · De acordo com o Contrato Particular de “Compromisso de Venda e Compra de Imóvel Rural, Empresa Instalada no local e Outras Avenças”, juntado às fls. 60/65, o sujeito passivo alienou as quotas da empresa Engenho Rio Novo Ltda ME e a propriedade rural denominada Sitio Renascer, a qual era utilizada como imóvel residencial. À fl. 76 encontrase anexada pesquisa ao sistema CPF através do qual constatase que até 14/6/06 o endereço do sujeito passivo era Sítio Estrada Municipal do Pinhal, Cx.Postal 275 (Sitio Renascer). · O preço ajustado pela alienação foi de R$ 650.000,00, sendo R$ 290.000,00 correspondente à propriedade rural e R$ 360.000,00 pela empresa e seus petrechos, conforme estipulado no item 4 do citado contrato. · No item 4 do citado contrato, ficou pactuado que os primeiros pagamentos seriam efetuados a titulo de pagamento da empresa e nos últimos pagamentos o valor do imóvel rural. Às fls. 58/59 encontrase planilha de recebimentos juntada pelo contribuinte, relacionando os valores recebidos, e à fl. 93 resumo de tais recebimentos. · Consoante esclarecimentos e documentos apresentados pelo sujeito passivo, ele possui um crédito a receber de R$ 280.000,00, composto de R$ 220.000,00 representados pelas unidades 21 e 22 do Edifício Turiassu Office Building (item “d” da cláusula 4 do contrato), mais seis parcelas de R$ 10.000,00 cada (item “c” da cláusula 4 do contrato). · O recebimento de tais valores estão sendo questionados judicialmente, em decorrência da inadimplência dos compradores, conforme processos 053.01.2007.0020363, 053.01.2007.01144814 e Fl. 561DF CARF MF 4 991.09.0493177. Às fls. 77/78 está anexada pesquisa efetuada junto ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. · Os valores recebidos, até a presente data, pelo sujeito passivo correspondem ao pagamento integral da empresa Engenho Rio Novo Ltda ME e petrechos, consoante cláusula estabelecida no Contrato Particular de Compromisso de Venda e Compra (R$ 360.000,00), faltando, desta forma, o recebimento das parcelas correspondentes à alienação do imóvel rural. · Do valor correspondente a venda da empresa Engenho Rio Novo LtdaME, R$ 360.000,00, devese excluir a parcela correspondente aos petrechos alienados, os quais encontramse relacionados no quadro “Declaração de Bens e Direitos” da DIRPF/2006, apresentada pelo sujeito passivo, cuja cópia encontrase às fls. 9/10, e totalizaram o montante de R$ 21.732,84. · Portanto, a alienação da empresa Engenho Rio Novo LtdaME deuse pelo valor de R$ 338.267,16 (R$ 360.000,00 R$ 21.732,84). · Considerouse o custo de aquisição no valor de R$ 90.000,00, pois o sujeito passivo detinha 90% das cotas e o capital social da empresa era de R$ 100.000,00. · Em razão da proporção do capital social pertencente ao sujeito passivo (90%), considerouse que o valor por ele recebido pela alienação da empresa foi de R$ 304.440,44, e o mesmo percentual deve ser considerado em relação aos recebimentos parcelados. · Na tabela de fl. 95 foi apurado o ganho de capital de R$ 214.440,44 e a tributação diferida, pois a alienação foi a prazo. · Não houve recolhimento pelo sujeito passivo dos valores correspondentes ao imposto de renda sobre o ganho de capital relativo à alienação de sua participação societária na empresa Engenho Rio Novo Ltda ME. Cientificado do Auto de Infração AI, o contribuinte apresentou impugnação, onde alega, em síntese, que: O valor total lançado nos Balanços da Empresa a titulo de “Obrigações com Sócios”, confirmados pelos valores lançados na sua Declaração de Bens e Direitos (Exercício 2006 e Ano Calendário 2005), a exemplo dos implementos entregues ao patrimônio da empresa e acatados pelo Auditor Fiscal, deve ser deduzido do valor da venda do Engenho Rio Novo Ltda, antes da apuração do seu Ganho de Capital. Então, além da exclusão da parcela correspondente aos petrechos alienados no valor de R$ 21.732,84, também deverá ser deduzido o valor dos recursos financeiros colocados a disposição da empresa no montante de R$ 84.989,88, totalizando R$ 106.722,72. Portanto, a alienação da empresa Engenho Rio Novo Ltda ME deuse pelo valor de R$ 253.277,28 e não por R$ 338.267,16, como lançado pelo Auditor Fiscal. Fl. 562DF CARF MF Processo nº 15889.000140/201097 Acórdão n.º 2401005.070 S2C4T1 Fl. 561 5 Aplicandose, a partir dai, a proporcionalidade da detenção de capital social, ou seja 90% para o sujeito passivo da ação fiscal, teriase uma base de cálculo para seu Ganho de Capital em R$ 227.949,55 resultando após o desconto do custo das quotas em R$137.949,55 valor sujeito à tributação ou Ganho de Capital do sujeito passivo. Argumenta estar isento do imposto na venda da propriedade rural/residencial, nos termos da Lei 11.196/2005. Diz ter apresentado consulta. Questiona a multa aplicada. Foi proferido o Acórdão 0264.287 9ª Turma da DRJ/BHE (fls. 199/213) com a seguinte ementa e resultado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005, 2006, 2009 GANHOS DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS. É considerado ganho de capital a diferença positiva entre o valor de alienação de bens ou direitos e o respectivo custo de aquisição. Considerase valor de alienação o preço efetivo da operação, sendo que o valor pago a titulo de corretagem e que foi suportado pelo alienante será diminuído do valor da alienação. O ganho de capital sujeitase a incidência do imposto de renda, sob a forma de tributação definitiva, à aliquota de 15%, sendo que o cálculo e o pagamento do imposto devido devem ser efetuados em separado dos demais rendimentos tributáveis recebidos no mês, quaisquer que sejam. PROCEDIMENTO FISCAL. LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Inexiste nulidade do procedimento fiscal quando todas as determinações legais de apuração, constituição do crédito tributário e de formalização do processo administrativo fiscal foram atendidas. MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES. No que tange a aplicação de multa de 75%, prescrita no art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996, é aplicável, sempre, nos lançamentos de ofício. Referida multa consiste em penalidade pecuniária aplicada em decorrência da infração cometida Nos termos do art. 136 do CTN, a responsabilidade pela prática de infrações tributárias é objetiva, independendo da intenção do agente ou responsável. Fl. 563DF CARF MF 6 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado do Acórdão em 19/3/15 (Aviso de Recebimento AR de fl. 218), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 16/4/15, fls. 220/237 (no qual repisa argumentos apresentados na impugnação e questiona o acórdão recorrido), que contém, em síntese: Preliminarmente, suscita nulidade do procedimento fiscal, pois formulou consulta versando sobre fato gerador objeto do auto de infração. Diz que efetuou a consulta por entender que o valor recebido até o momento da consulta era isento. Afirma que foi cientificado do resultado da consulta em meados de abril e, em 10 de maio, iniciouse a ação fiscal, antes do interregno de 30 dias, em ofensa ao art. 48 do Decreto 70.235/72. Alega que tinha a faculdade de apresentar recurso de divergência no prazo de 30 dias da ciência do resultado da consulta e que isso não foi possível, pois foi instaurado o procedimento fiscal. Assim, o auto de infração é nulo, nos termos do Decreto 70.235/72, art. 59, II. Explica porque previu contratualmente que os primeiros pagamentos seriam para compra da empresa e os últimos para a compra do imóvel rural e afirma que as disposições particulares não podem ser usadas pelo fisco para embasar lançamento fiscal, citando o art. 123 do CTN. Isso porque requer que o valor recebido seja considerado proporcionalmente relativamente à venda da empresa e do imóvel rural (o qual entende ter direito à isenção e afirma ser objeto da consulta). No mérito, afirma que a base de cálculo está errada. Explica que nos anos de 2001 a 2005 fez empréstimos para a empresa, conforme escrituração e balancetes contábeis, apresentados juntamente com o recurso, que demonstram as "obrigações com sócios", confirmados na sua declaração de ajuste anual do IRPF, devendo ser deduzido da base de cálculo do ganho de capital os valores repassados para a empresa, no montante de R$ 84.989,88. Diz que ao realizar a venda da empresa, resgataria o mútuo que havia efetuado para a empresa, sem acréscimos nos valores líquidos. Questiona o entendimento da DRJ que considerou que os lançamentos contábeis e as declarações de IRPF não são provas suficientes, necessitando de um contrato de mútuo celebrado entre a empresa mutuária, cujo sócioadministrador é Walter Luiz Garcia, e a pessoa física mutuante, Walter Luiz Garcia. Disserta sobre a teoria geral dos contratos e sobre o contrato de mútuo, afirmando que a lei não exige a forma escrita. Cita jurisprudência. Acrescenta que em vez de mútuo, poderia ter aumentado o capital social da empresa meses antes da alienação. O empréstimo foi feito anos antes da alienação, o que demonstra sua idoneidade. Fl. 564DF CARF MF Processo nº 15889.000140/201097 Acórdão n.º 2401005.070 S2C4T1 Fl. 562 7 Assim, além dos valores dos petrechos alienados, R$ 21.732,84, também deve ser deduzido da base de cálculo os recursos financeiros colocados à disposição da empresa, R$ 84.989,88, totalizando R$ 106.722,72, a serem deduzidos. Desta forma, a empresa foi vendida por R$ 253.277,28. Aplicandose a proporcionalidade de detenção do capital social, 90%, a base de cálculo do ganho de capital do contribuinte seria de R$ 137.949,55. Quanto ao imóvel rural, explica que morava nele desde 1996 e afirma que é isento do imposto na sua venda, nos termos da Lei 11.196/05. Diz que do contrato pactuado de R$ 650.000,00, R$ 290.000,00 correspondem à propriedade rural e R$ 360.000,00 à empresa e seus petrechos. Assim, do valor recebido, 55,38% se referem à empresa e 44,62% ao imóvel rural/residencial. Acrescenta que recebeu R$ 200.000,00 de pagamento inicial (dois imóveis residenciais no valor de R$ 190.000,00 e R$ 10.000,00 em dinheiro) e adquiriu para sua moradia um imóvel no valor de R$ 150.000,00, dentro do prazo de seis meses estabelecidos pela Lei 11.196/05. Assim, quer que sejam deduzidos os valores correspondentes a aquisição de outros imóveis residenciais da apuração do ganho de capital. Discorre sobre a proporcionalidade da apuração do imposto e apresenta planilha com os valores que entende devidos. Questiona a exigibilidade da multa de ofício, pois entende que a obrigação de recolher o tributo surgiu após o resultado da consulta. Requer o cancelamento do lançamento. É o relatório. Fl. 565DF CARF MF 8 Voto Conselheira Miriam Denise Xavier, Relatora. ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário foi oferecido no prazo legal, assim, deve ser conhecido. PRELIMINAR O recorrente alega que formulou consulta versando sobre fato gerador objeto do auto de infração e este fato acarretaria na nulidade da autuação. Inicialmente, cumpre observar que o objeto da consulta formulada pelo sujeito passivo em 2/10/09 foi a incidência de imposto de renda sobre juros e correção monetária decorrente de depósito judicial em ação de execução de título extrajudicial contra pessoa física e isenção referente à venda de imóvel rural e residencial (fls. 173/185). Consta da referida solução de consulta (ciência do sujeito passivo em 12/4/10, documento de fl. 189) que incide o imposto de renda sobre os juros e correção monetária recebidos (matéria objeto da consulta), e ainda que: Na "petição" apresentada, o consulente informa que tratase de venda de propriedade rural e de empresa instalada no local, portanto, com base nos atos citados, constatase que não faz jus a isenção de venda de único imóvel, e ainda, não demonstra qual foi o valor da venda. (grifo nosso) [...] A importância no valor de RS 50.000,00, referente ao principal do levantamento de depósito dos pagamentos não efetuados, foi recebida em 21.08.2009, posterior aos, 180 dias da data da venda, que ocorreu em 01.09.2005, e conforme o §2° do, art. 2° do referido ato normativo, a aplicação parcial do produto da venda implicara tributação do ganho proporcionalmente ao valor, da parcela, não aplicada, do que concluise que o valor recebido após 180 dias do Compromisso Particular de Venda e Compra é tributável, devendo apurar o ganho de capital, calcular o imposto devido e recolhêlo acrescido de: (i) juros de mora, calculados a partir do segundo mês subseqüente ao do recebimento do valor ou de parcela do valor do imóvel vendido; e multa de mora, calculada a partir do Primeiro dia Util do segundo mês seguinte ao do recebimento do valor ou de parcela do valor do imóvel vendido. (grifo nosso) Ademais, a incidência de ganho de capital sobre a parcela relativa a venda da propriedade rural, que, conforme esclarecido no Termo de Verificação Fiscal e no acórdão recorrido, não foi objeto da presente autuação, pois no item 4 do contrato, ficou pactuado que os primeiros pagamentos seriam efetuados a titulo de pagamento da empresa e os últimos pagamentos para a compra do imóvel rural. Fl. 566DF CARF MF Processo nº 15889.000140/201097 Acórdão n.º 2401005.070 S2C4T1 Fl. 563 9 Além disso, mesmo que não o fosse, conforme solução de consulta, o valor recebido é tributável, devendose apurar o ganho de capital. Afirma ainda o recorrente que as disposições particulares não podem ser usadas pelo fisco para embasar lançamento fiscal, citando o art. 123 do CTN. O art. 123 do CTN se refere à disposições particulares sobre a responsabilidade pelo pagamento do tributo. Portanto, não aplicável no presente caso, já que o sujeito passivo da obrigação tributária em análise, ganho de capital na alienação de bens, seja pela venda da empresa, seja pela venda da propriedade rural, é o próprio autuado. Diante do exposto, comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/72, não há que se cogitar em nulidade. MÉRITO BASE DE CÁLCULO O recorrente requer que seja deduzido da base de cálculo o valor de R$ 84.989,88, que alega ter colocado à disposição da empresa. Diz tratarse de mútuo e que os valores constam na contabilidade da empresa. Diz que ao realizar a venda da empresa, resgataria o mútuo que havia efetuado para a empresa. O recorrente apresenta cópia dos livros Razão Analítico e Diário, nos quais é possível identificar, nos anos de 2002, 2003 e 2004, na conta Realizável a Longo Prazo – Obrigações com Sócios, o nome de Walter Luiz Garcia com o saldo final de R$ 84.989,88 (em 2004). Entretanto, nos livros contábeis apresentados não foi possível identificar, no ano de 2005, referida conta Realizável a Longo Prazo – Obrigações com Sócios, não se verificando como foi "zerada" referida conta. Como informado pelo contribuinte, na sua DIRPF/2006, anocalendário 2005, fl. 11, item “Bens e Direitos”, há informação do empréstimo concedido à empresa Engenho Rio Novo Ltda, que foi transferido para Carlos Roberto Squilacci, em 1/9/05, por ocasião da venda da empresa para pagamento em 24 meses, sendo o valor total da dívida no início de 2005 de R$ 86.000,00 e ao final de 2005, de R$ 52.000,00. O valor de R$ 52.000,00 foi mantido na DIRPF/2007, anocalendário 2006 (fl. 19), na DIRPF/2008, anocalendário 2007 (fl. 29) e na DIRPF/2009, anocalendário 2008 (fl. 38). Logo, não se verifica identidade entre os valores lançados na contabilidade da empresa e os informados nas DIRPFs do contribuinte, nem mesmo a amortização da dívida, que, conforme declarado, seria paga em 24 meses. Conforme acórdão de impugnação, não há prova inequívoca da efetiva transferência (recebimento e pagamento) do numerário emprestado, não há contrato original de empréstimo registrado em cartório, identificação de mutuante e mutuário e demais elementos que pudessem servir de comprovação do mútuo ocorrido. Fl. 567DF CARF MF 10 Além disso, no contrato de compra e venda não há qualquer informação no sentido de que do valor pago, R$ 84.989,88, seriam utilizados para pagar os sócios e zerar a conta Realizável a Longo Prazo – Obrigações com Sócios, como alega o recorrente. Das informações supra, podese concluir que o contribuinte não faz juz à dedução do valor dos recursos financeiros que alega ter colocado à disposição da empresa. Não há nos autos como concluir que a importância de R$ 84.989,88, foi de fato objeto de empréstimo à empresa Engenho Rio Novo Ltda, e que este valor ficou ou não embutido no total de R$360.000,00, recebido pelo contribuinte pela venda da empresa citada. Ressaltese que não foram apresentados documentos que justificassem referidos registros contábeis, nem na impugnação, nem no recurso. O registro contábil precisa ser comprovado por documentos que o lastreiam, determinando a natureza dos valores registrados, a teor do disposto no artigo 923 do RIR/1999: Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. IMÓVEL RURAL Conforme explicado no Termo de Verificação Fiscal e no Acórdão recorrido, o valor da propriedade rural alienada não é objeto do lançamento em análise de omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos. No item 4 do contrato, ficou pactuado que os primeiros pagamentos seriam efetuados a titulo de pagamento da empresa e nos últimos pagamentos o valor do imóvel rural. Os valores recebidos, até a data da lavratura do Auto de Infração correspondem ao pagamento integral da empresa Engenho Rio Novo Ltda ME e petrechos, consoante cláusula estabelecida no Contrato Particular de Compromisso de Venda e Compra (R$360.000,00), faltando, desta forma, o recebimento das parcelas correspondentes à alienação do imóvel rural. Mesmo que assim não o fosse, conforme afirmado na solução de consulta, o sujeito passivo não faz jus à isenção de venda de único imóvel. Também, para fins de isenção prevista na Lei 11.196/05, art. 39, deveria primeiro ter alienado os imóveis residenciais recebidos com a venda da propriedade rural, para, no prazo de 180 dias, adquirir seu imóvel residencial, o que não ocorreu. Não fazendo jus à isenção pretendida, o ganho de capital relativo à venda da propriedade rural também seria tributado à alíquota de 15%, sendo a única diferença, para fins de apuração do imposto devido, a base de cálculo, pois o custo de aquisição seria outro, considerando o imóvel rural. Em algum momento o sujeito passivo teria que pagar o ganho de capital sobre a venda, tanto da empresa quanto da propriedade rural, independentemente de os valores serem considerados para alienações sequenciais ou simultâneas. Sendo assim, não há como se acatar os argumentos do recorrente no sentido de calcular o ganho de capital de forma proporcional, de que é isento do imposto relativo a venda da propriedade rural e que os valores relativos ao imóvel deveriam ser deduzidos do lançamento. MULTA O art. 142 do CTN impõe à autoridade tributária, sob responsabilidade administrativa, a cobrança do imposto correspondente e os respectivos acréscimos legais Fl. 568DF CARF MF Processo nº 15889.000140/201097 Acórdão n.º 2401005.070 S2C4T1 Fl. 564 11 fixados por lei, sendo vedado ao agente da Administração Pública interpretar a lei de forma diversa. Assim, aplicável a multa de ofício de 75%, prevista na Lei 9.430/96, art. 44, inciso I. Não há como se acatar o argumento do recorrente de que a obrigação de recolher o tributo surgiu após o resultado da consulta, pois essa afirmação é inverídica. CONCLUSÃO Sendo assim, correto o procedimento fiscal que apurou o IRPF ora lançado. Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 569DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10932.000491/2008-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Oct 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
DESPESAS OPERACIONAIS. DEDUTIBILIDADE
A despesa operacional devidamente comprovada por documentos hábeis e idôneos, que permitam concluir pela sua estrita pertinência e conexão com a atividade explorada e com a manutenção da respectiva fonte de receita, é dedutível para fins de apuração do IRPJ.
MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA.
Os juros moratórios incidem sobre a totalidade da obrigação tributária principal, nela compreendida, além do próprio tributo, a multa.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL.
Lavrado o Auto principal, devem também ser lavrados os Autos reflexos, nos termos do art. 142, parágrafo único do CTN, devendo estes seguir a mesma orientação decisória daquele do qual decorrem.
Numero da decisão: 1201-001.888
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, nos termos da diligência efetuada.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Cezar Fernandes de Aguiar - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa.
Nome do relator: PAULO CEZAR FERNANDES DE AGUIAR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 DESPESAS OPERACIONAIS. DEDUTIBILIDADE A despesa operacional devidamente comprovada por documentos hábeis e idôneos, que permitam concluir pela sua estrita pertinência e conexão com a atividade explorada e com a manutenção da respectiva fonte de receita, é dedutível para fins de apuração do IRPJ. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. Os juros moratórios incidem sobre a totalidade da obrigação tributária principal, nela compreendida, além do próprio tributo, a multa. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Lavrado o Auto principal, devem também ser lavrados os Autos reflexos, nos termos do art. 142, parágrafo único do CTN, devendo estes seguir a mesma orientação decisória daquele do qual decorrem.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 DESPESAS OPERACIONAIS. DEDUTIBILIDADE A despesa operacional devidamente comprovada por documentos hábeis e idôneos, que permitam concluir pela sua estrita pertinência e conexão com a atividade explorada e com a manutenção da respectiva fonte de receita, é dedutível para fins de apuração do IRPJ. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. Os juros moratórios incidem sobre a totalidade da obrigação tributária principal, nela compreendida, além do próprio tributo, a multa. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Lavrado o Auto principal, devem também ser lavrados os Autos reflexos, nos termos do art. 142, parágrafo único do CTN, devendo estes seguir a mesma orientação decisória daquele do qual decorrem. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, nos termos da diligência efetuada. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente (assinado digitalmente) Paulo Cezar Fernandes de Aguiar Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 2. 00 04 91 /2 00 8- 97 Fl. 1368DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa. Relatório Por bem descrever a matéria, adotase o relatório da Resolução nº 1102 000.140 da 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara desta Seção de Julgamento, com os complementos necessários: Tratase de recurso voluntário interposto por CAR RENTAL SYSTEMS DO BRASIL LOCAÇÃO DE VEÍCULOS LTDA, contra acórdão proferido pela 4ª Turma de Julgamento da DRJ/CampinasSP, que julgou improcedente a impugnação contra o lançamento de ofício efetuado. O Termo de Verificação e Constatação Fiscal de fls. 77/79 descreve as verificações levadas a efeito pela autoridade fiscal. Em síntese, a empresa foi intimada e reintimada a apresentar os documentos comprobatórios das despesas relativas à linha “Outras Despesas Operacionais” da sua Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ/2004, referente ao ano calendário 2003. De acordo com o relato fiscal, para atender ao solicitado, a empresa apresentou, em 02/07/2007, cópia da DIPJ/2004 “capeando cópia de folhas soltas de Razão Analítico e Balancetes Mensais, indicativas da composição da Linha 30 Outras Despesas Operacionais (Ficha 05 A), juntamente com os livros Diário e LALUR correspondentes do período”, mas não apresentou qualquer documento comprobatório das despesas, o que motivou o lançamento fiscal. Na impugnação apresentada (fls. 104105), a contribuinte afirma ser uma empresa cuja atividade é a locação de veículos, e que, por esse motivo, todos os valores lançados em Outras Despesas Operacionais, são custos necessários à atividade da empresa e à manutenção da frota, sua fonte produtora, e anexa uma relação das contas contábeis (código e descrição) e respectivos valores, que compõem o total apropriado em “Outras Despesas Operacionais” (fls. 106107). A DRJ, por meio do acórdão nº 0535.396 (fls. 132137), manteve integralmente o lançamento, tendo em vista que não foram apresentados quaisquer documentos relativos às despesas glosadas. O acórdão possui a seguinte ementa: “GLOSA DE DESPESAS OPERACIONAIS. A qualificação dos dispêndios da pessoa jurídica, como despesas dedutíveis na determinação do lucro real, está subordinada a normas específicas da legislação do imposto de renda, que fixam conceito próprio de despesas operacionais e estabelecem condições objetivas norteadoras da imputabilidade, ou não, das cifras correspondentes para aquele efeito. A legislação exige que a despesa operacional seja comprovada por documentos de idoneidade indiscutível, quer quanto à forma, quer quanto à origem, que permitam concluir pela sua estrita pertinência e conexão com a atividade explorada e com a Fl. 1369DF CARF MF Processo nº 10932.000491/200897 Acórdão n.º 1201001.888 S1C2T1 Fl. 3 3 manutenção da respectiva fonte de receita, além da efetividade e certeza dos dispêndios, amparando operações comerciais autênticas. Não apresentados os documentos que dão suporte às despesas declaradas, mantémse o crédito tributário, como formalizado. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Lavrado o Auto principal, devem também ser lavrados os Autos reflexos, nos termos do art. 142, parágrafo único do CTN, devendo estes seguir a mesma orientação decisória daquele do qual decorrem.” Cientificada desta decisão por via postal em 12/01/2012, e com ela inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 13/02/2012, e, posteriormente, em 23/04/2012, nova manifestação recursal para complementar a documentação e as razões apresentadas, as quais abaixo sintetizo. Preliminarmente, aponta a recorrente equívocos na constituição do crédito lançado: a uma, porque a fiscalização partiu de um montante de R$ 8.704.741,03 para calcular o valor a ser glosado a título de despesas não comprovadas, enquanto que o total das despesas registradas na linha 30 da DIPJ (“Outras Despesas Operacionais”) é de R$ 8.511.309,73, e, a duas, porque a fiscalização considerou apenas o prejuízo declarado pela recorrente relativo ao próprio ano calendário de 2003 para compensar com o montante da glosa efetuada, deixando de considerar o prejuízo fiscal acumulado de anos anteriores, da ordem de R$ 44.863.317,28, do qual tinha conhecimento. Por conta desses vícios, demanda a recorrente a nulidade dos autos de infração, ou senão, ao menos, o recálculo dos valores devidos por força da correção dos mesmos. No mérito, esclarece detalhes sobre os aspectos operacionais da sua atividade (locação de veículos automotores), na qual atua internacionalmente sob a bandeira “Hertz”, e anexa, em formato digital, as notas fiscais e demais documentos de suporte das despesas realizadas. Em respeito ao princípio da verdade material, bem como tendo em conta o fato de ter feito expressa observação, por ocasião da apresentação do recurso original, de que ainda não havia sido possível localizar, até aquele momento, a totalidade dos documentos necessários, pede que sejam aceitos e apreciados os documentos complementares apresentados por ocasião do aditivo recursal. Protesta ainda pela inaplicabilidade dos juros Selic sobre a multa de ofício, e finaliza pleiteando o cancelamento da autuação. Os discos magnéticos (CD ou DVD) anexos, cuja estrutura é detalhada pela recorrente em sua peça de defesa, possuem, de acordo com o despacho da autoridade administrativa de efls. 370371, 59 pastas contendo 1.955 arquivos (o primeiro, apresentado em 12/01/2012), e 151 pastas contendo 2.737 arquivos (o segundo, apresentado em 13/02/2012). De modo a possibilitar a anexação dos documentos comprobatórios apresentados pela recorrente ao eprocesso, informa a autoridade administrativa que o primeiro DVD foi particionado em 129 arquivos, tendo como PAI o SVA1, e o segundo DVD foi particionado em 192 arquivos, tendo como PAI o SVA2. Fl. 1370DF CARF MF 4 Por meio dessa resolução, os autos baixaram em diligência. A parte dispositiva do voto está assim redigida: "Pelo exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência, para que a autoridade fiscal na Unidade da Receita Federal do Brasil que jurisdiciona o contribuinte adote as seguintes providências: 1. Examine os documentos apresentados pela recorrente, em confronto com a sua contabilidade, e promova, se fosse o caso, o devido ajuste nos valores a serem considerados no lançamento, declinando as razões da aceitação ou não das comprovações intentadas pela recorrente; 2. Considere, no ajuste a ser eventualmente promovido, que o “valor de partida” deve ser aquele referido ao início do presente voto (R$ 8.511.309,73 menos R$ 98.924,63, ou seja, R$ 8.412.385,10); 3. Das verificações efetuadas, lavre Relatório de Diligência circunstanciado e dele dê ciência à recorrente para que sobre ele se manifeste, no prazo de 30 (trinta) dias." A diligência não foi realizada, pelo que se vê na Informação Fiscal de fls. 1.249 a 1.256. Na conclusão consta: "1. nada há que ser analisado quanto a documentos e provas a que o sujeito passivo foi intimado a apresentar por ocasião da fase processual investigativa, ou que poderia voluntariamente ter trazido tanto nessa quanto na fase litigiosa de primeira instância, pelas razões acima detalhadas; 2. o valor correto da glosa a partir da qual devem ser calculados os tributos lançados em consequência da não comprovação das despesas operacionais informadas na linha 30, ficha 05A, da DIPJ/2004 entregue pelo sujeito passivo, é o montante de R$ 8.412.385,10." Foi determinada nova diligência, de acordo com a Resolução nº 1201 000.173, desta turma, no mesmo sentido da anterior. No Relatório de Diligência Fiscal (fls. 1.358 e 1.350) concluiuse: II. Em cumprimento à Resolução prolatada, examinamos a documentação apresentada pela empresa, sendo aceitos todos aqueles que se revestem de formalidades legais, quais sejam; 1. a identificação do vendedor ou prestador de serviços com a indicação do CNPJ; 2. a identificação do comprador ou tomador dos serviços; 3. a descrição dos bens ou serviços objeto da operação, ainda que resumida ou por códigos e 4. a data e o valor da operação. Assim, foram considerados hábeis para validação, todos os documentos que permitem a perfeita identificação da despesa realizada. Os recibos rejeitados, são os que não se enquadram na regra legal de clara identificação, incluindo pagamentos à diversas pessoas físicas, cujos vínculos Fl. 1371DF CARF MF Processo nº 10932.000491/200897 Acórdão n.º 1201001.888 S1C2T1 Fl. 4 5 comerciais ou contratuais de prestadores de serviços ou empregados, por exemplo, não foram expostos nos autos. Excluímos, também, recibos de anos calendários diversos a 2003 (2002 e 2004), objeto do Auto de Infração impugnado, documentos ilegíveis, relatórios internos juntados como prova de pagamento e valores sem os respectivos comprovantes. III. Os recibos aceitos e os rejeitados estão, discriminados, um a um, conta por conta, nas planilhas constantes na mídia CD anexa com seu respectivo Recibo de Entrega de Arquivos Digitais, certificado pelo Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais, cujo Código de Identificação Geral do Arquivo é 7d5c5d24 43867cfcf25673ba9e7594ed. IV. Esclarecemos, ainda, que: 1 Foram considerados os valores contábeis informados no Complemento de Recurso Voluntário de fls 294 a 303 do processo, no valor de R$ 7.176.430,92; 2 O contribuinte apresentou, na totalidade dos recibos, os quais foram examinados, o valor de R$ 3.023.421,97; 3 Foram aceitos como válidos os recibos que equivalem, em sua totalidade, R$ 2.388.543,66: 4 Foram excluídos recibos no importe de R$ 634.878,31. Intimada da conclusão da diligência a recorrente aduz (fls. 1.351 a 1.354): a) "seria impraticável a apresentação dos comprovantes de cada uma das despesas que totalizam o valor de R$ 8.704.741,03, informado na linha 30, da ficha 05A, da Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) 2004, e, portanto, a acusação fiscal foi devidamente objetada, por meio de documentos hábeis e idôneos apresentados por amostragem"; b) "o CARF não poderia condicionar o cancelamento dos Autos de Infração ora discutidos à apresentação da totalidade dos comprovantes de despesas, pois tal medida, além de não ser razoável e proporcional, equivaleria a exigir aquilo que a doutrina processualista mais autorizada classifica como probatio diabolica, ou seja, uma prova de tal complexidade que, na prática, e impossível de ser produzida"; c) "exigir da Peticionaria a produção de uma prova impossível acarretaria cerceamento do direito de defesa, na medida em que é absolutamente impraticável carrear aos presentes autos prova documental da totalidade das despesas incorridas há mais de 10 anos e que totalizam mais de R$ 8.000.000,00"; d) "não obstante a apresentação de comprovantes de despesas mediante utilização do critério de amostragem, houve apresentação também dos documentos contábeis que dão suporte ao valor total de R$ 8.704.741 ,03, informado na linha 30, da ficha 05A, da DIPJ 2004"; e) "A escrituração contábil, a seu turno, é hábil para fazer prova do valor indicado pela Peticionária na linha 30, da Ficha 05A, da DIPJ 2004, sobretudo porque a Fl. 1372DF CARF MF 6 DEFIS/SP que teria o ônus de fazer prova da inveracidade dos registros contábeis jamais desqualificou tais documentos". É requerida a declaração de improcedência total dos autos de infração ou, subsidiariamente, a exclusão do valor de R$ 2.487.468,29 (R$ 98.924,63 já reconhecido pelo CARF na Resolução nº 110200140, mais R$ 2.388.543,66 devidamente comprovado em diligência fiscal realizada pela DEFIS/SP). É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Relator. Admissibilidade. O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, dele devendose conhecer. Nulidade. Em face de inconsistências quanto ao valor das despesas glosadas, a recorrente, em preliminar, requer seja declarada a nulidade dos lançamentos. Tais inconsistências foram identificadas da seguinte forma: a) "porque a fiscalização partiu de um montante de R$ 8.704.741,03 para calcular o valor a ser glosado a título de despesas não comprovadas, enquanto que o total das despesas registradas na linha 30 da DIPJ (“Outras Despesas Operacionais”) é de R$ 8.511.309,73"; b) "porque a fiscalização considerou apenas o prejuízo declarado pela recorrente relativo ao próprio ano calendário de 2003 para compensar com o montante da glosa efetuada, deixando de considerar o prejuízo fiscal acumulado de anos anteriores, da ordem de R$ 44.863.317,28". As hipóteses de nulidade estão previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Não se vislumbra, no caso, nenhuma dessas hipóteses. Constou da primeira resolução (nº 1102000.140): A alegação de nulidade dos autos de infração por força dos apontados equívocos na constituição do crédito lançado deve ser rejeitada. Nos termos do Fl. 1373DF CARF MF Processo nº 10932.000491/200897 Acórdão n.º 1201001.888 S1C2T1 Fl. 5 7 artigo 59 do Decreto nº 70.235/72 – PAF, que rege o processo administrativo fiscal, somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, situações essas inocorrentes no caso. Portanto, eventuais erros ou equívocos na apuração dos tributos devidos devem ser sempre enfrentados como matéria de mérito, o que se faz a seguir. Sob este prisma, verifico que, de fato, equivocouse a fiscalização na determinação dos valores a serem lançados, e tais equívocos devem ser corrigidos. Em primeiro lugar, equivocouse a autoridade fiscal porque partiu de um montante de R$ 8.704.741,03, do qual excluiu o valor referente às parcelas já consideradas não dedutíveis pela própria recorrente, de R$ 98.924,63, chegando ao valor de R$ 8.605.816,40, que considerou como despesa não comprovada. Entretanto, segundo o raciocínio desenvolvido pela própria autoridade fiscal, o “valor de partida” deveria ser aquele registrado na linha 30 da DIPJ — “Outras Despesas Operacionais”, que é de apenas R$ 8.511.309,73. Excluídas deste valor as parcelas consideradas não dedutíveis, chegase ao montante de R$ 8.412.385,10, que corresponde ao valor que deveria ter sido lançado. Em segundo, de fato a fiscalização desconsiderou os prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL existentes de períodos anteriores. De acordo com os documentos de fls. 95 e 98, o contribuinte possuía R$ 44.863.317,28 de prejuízos fiscais acumulados de períodos anteriores, e de R$ 46.311.857,79 de bases de cálculo negativas de CSLL de períodos anteriores, os quais, pleiteia a recorrente, deveriam ter sido utilizados, na autuação, para compensar com o valor do lucro líquido ajustado apurado pela fiscalização, até o limite de 30% deste. Como visto, a correção se faz necessária, mas os equívocos não são determinantes de nulidade. Mérito. Na referida resolução, constou ainda: No mérito, esclarece detalhes sobre os aspectos operacionais da sua atividade (locação de veículos automotores), na qual atua internacionalmente sob a bandeira “Hertz”, e anexa, em formato digital, as notas fiscais e demais documentos de suporte das despesas realizadas. Em respeito ao princípio da verdade material, bem como tendo em conta o fato de ter feito expressa observação, por ocasião da apresentação do recurso original, de que ainda não havia sido possível localizar, até aquele momento, a totalidade dos documentos necessários, pede que sejam aceitos e apreciados os documentos complementares apresentados por ocasião do aditivo recursal. Baixados os autos em diligência, verificados os documentos apresentados, restaram comprovadas as despesas dedutíveis no valor de R$ 2.388.543,66. Cientificada da diligência, a recorrente pugna pela aceitação de todas as despesas declaradas, ao argumento de que estão escrituradas e a escrituração não foi contestada pela fiscalização e que a apresentação da totalidade dos comprovantes de despesas não é razoável e proporcional, em especial porque incorridas a mais de dez anos, equivalendose a exigir o que a doutrina processualista mais autorizada classifica como probatio diabolica. Fl. 1374DF CARF MF 8 Ocorre que o valor das despesas declaradas é da ordem de R$ 8.000.000,00. Os documentos trazidos pela recorrente totalizaram uma cifra próxima de R$ 3.000.000,00, ou seja, menos da metade do valor das despesas. Dentre estes, boa parte não foi aceita em face de não conterem clara identificação, incluindose os pagamentos a diversas pessoas físicas, cujos vínculos comerciais ou contratuais de prestadores de serviços ou empregados não foram expostos nos autos. Também não foram aceitos recibos de anoscalendário diversos a 2003 (2002 e 2004), objeto do Auto de Infração impugnado, documentos ilegíveis, relatórios internos juntados como prova de pagamento e valores sem os respectivos comprovantes. Além disso, a escrituração contábil e fiscal faz prova em favor da contribuinte, desde que lastreada em documentação hábil e idônea. Não há como se acatar a alegação de que a escrituração de despesas de mais de R$ 8.000.000,00 seja considerada regular apresentados documentos que comprovam valor menor que R$ 3.000.000,00. E a conservação desses documentos é dever da contribuinte, enquanto não prescritas as ações que neles se baseiam, não se cogitando também de exigência de prova impossível. Nesse sentido, com grande precisão e clareza, indicou a decisão de piso a legislação pertinente: 22. Destaquese que a contribuinte que efetuou a apuração do IRPJ e da CSLL pelo lucro real, estava obrigada a manter escrituração regular, nos termos da legislação fiscal e comercial. Nesse sentido, assim dispõe o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99 — Decreto n.° 3.000, de 26 de março de 1999): CAPÍTULO II ESCRITURAÇÃO DO CONTRIBUINTE Seção I Dever de Escriturar Art. 251. A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 7º). Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei n°2.354, de 29 de novembro de 1954, art. 2°, e Lei n°9.249, de 1995, art. 25). (...) Seção II Livros Comerciais Art.257.A pessoa jurídica é obrigada a seguir ordem uniforme de escrituração, mecanizada ou não, utilizando os livros e papéis adequados, cujo número e espécie ficam a seu critério (Decreto Lei n2 486, de 3 de março de 1969, art. 12). Livro Diário Art.258. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, em que serão lançados, dia a dia, diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da atividade, ou que modquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial da pessoa jurídica (DecretoLei n 2 486, de 1969, art. 5 2). Fl. 1375DF CARF MF Processo nº 10932.000491/200897 Acórdão n.º 1201001.888 S1C2T1 Fl. 6 9 (...) Livro Razão Art. 259. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real deverá manter, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário, mantidas as demais exigências e condições previstas na legislação (Lei n 2 8.218, de 1991, art. 14, e Lei n 2 8.383, de 1991, art. 62). (...) §1º A escrituração deverá ser individualizada, obedecendo a ordem cronológica das operações. (..) Seção III Livros Fiscais Art, 260.A pessoa jurídica, além dos livros de contabilidade previstos em leis e regulamentos, deverá possuir os seguintes livros (Lei nº 154, de 1947, art. 22, e Lei nº 8.383, de 1991, art. 48, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, arts. 82 e 27): I para registro de inventário; II para registro de entradas (compras); III de Apuração do Lucro RealLALUR; IV para registro permanente de estoque, para as pessoas jurídicas que exercerem atividades de compra, venda, incorporação e construção de imóveis, loteamento ou desmembramento de terrenos para venda; V de Movimentação de Combustíveis, a ser escriturado diariamente pelo posto revendedor. (...) Livro de Apuração do Lucro Real Art.262.No LALUR, a pessoa jurídica deverá (DecretoLei n 2 1.598, de 1977, art. 8º, inciso 1): I lançar os ajustes do lucro liquido do período de apuração; II transcrever a demonstração do lucro real; III manter os registros de controle de prejuízos fiscais a compensar em períodos de apuração subseqüentes, do lucro inflacionário a realizar, da depreciação acelerada incentivada, da exaustão mineral, com base na receita bruta, bem como dos demais valores que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos de apuração futuros e não constem da escrituração comercial; Fl. 1376DF CARF MF 10 Seção IV Conservação de Livros e Comprovantes Art.264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 42). §3º Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios (Lei n 2 9.430, de 1996, art. 37). [...] 24. E a Resolução CFC no 563/83, que aprovou a NBC T 2.1 — Das Formalidades da Escrituração, assim estipula, quanto ao lançamento contábil: NBC T2 — DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NBC T 2.1 DAS FORMALIDADES DA ESCRITURAÇÃO CONTÁB1L 2.1.1 — A Entidade deve manter um sistema de escrituração uniforme dos seus atos e fatos administrativos, através de processo manual, mecanizado ou eletrônico. 2.1.2 — A escrituração será executada: a) em idioma e moeda corrente nacionais; b) em forma contábil; c) em ordem cronológica de dia, mês e ano; d) com ausência de espaços em branco, entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens; e) com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e a prática de atos administrativos. (grifos acrescidos) 25. Por outro lado, o Código Tributário Nacional — CTN, aprovado pela Lei n.° 5.172, de 25 de outubro de 1966, prescreveu a observância da guarda dos documentos que acobertam a escrituração, nos seguintes termos: Art. 195 — (omissis) Parágrafo único — os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. 26. Nesse mesmo diapasão são as disposições constantes do art. 40 do Decretolei n.° 486, de 3 de março de 1969, tomado como base legal do artigo 210 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n.° 1.041, de 11 de janeiro de 1994 (RIR/94): Fl. 1377DF CARF MF Processo nº 10932.000491/200897 Acórdão n.º 1201001.888 S1C2T1 Fl. 7 11 Art. 4°. O comerciante é ainda obrigado a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, a escrituração, correspondência e demais papéis relativos à atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial. 27. Tal determinação legal também se encontra no artigo 264, do RIR/1999 (Decreto n.° 3.000, de 26 de março de 1.999), a saber: Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei n.° 486, de 1969, art. 4°). 28. Conforme enfatizado pela autoridade fiscal, para que as despesas sejam dedutíveis, não basta escriturálas, indicando que elas foram contratadas, assumidas ou pagas. É necessário, principalmente, comprovar que correspondem a bens e serviços efetivamente recebidos e que tais bens e serviços eram necessários, normais e usuais na atividade da empresa, comprovação essa que o simples demonstrativo apresentado não dá qualquer suporte ou efetividade. Como visto, na primeira diligência já havia sido considerado como partida o valor de R$ 8.511.309,73 (despesas efetivamente declaradas em DIPJ) e considerado o valor de R$ 98.924,63 de despesas indedutíveis como reconhecido pela recorrente. Compensação de prejuízos fiscais. É aduzido, ainda, que a "fiscalização considerou apenas o prejuízo declarado pela recorrente relativo ao próprio ano calendário de 2003 para compensar com o montante da glosa efetuada, deixando de considerar o prejuízo fiscal acumulado de anos anteriores, da ordem de R$ 44.863.317,28, do qual tinha conhecimento". Compulsandose os autos, verificase às fls. 114 e 117 (extratos SAPLI) que havia, naquela ocasião, saldos de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativa da CSLL. Ocorre que o pedido só foi veiculado no Recurso Voluntário. Na impugnação (fl. 123) essa matéria não havia sido alegada. Dispõe o artigo 17 do Decreto nº 70.235/72: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532/97) Além disso, o artigo 16, inciso III, desse mesmo diploma, estipula que a impugnação deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a defesa, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Em plena sintonia com tal preceito normativo processual, o art. 17 dispõe de forma hialina que a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante será considerada como não impugnada. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Fl. 1378DF CARF MF 12 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) As disposições do art. 17 do Decreto nº 70.235/1972 espelham, no Processo Administrativo Fiscal, o princípio processual da impugnação específica retratado no art. 302 do Código de Processo Civil: Art. 302. Cabe também ao réu manifestarse precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumemse verdadeiros os fatos não impugnados, salvo: I se não for admissível, a seu respeito, a confissão; II se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato; III se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público. Da interpretação conjunta dos dispositivos do Decreto nº 70.235/1972 e do Código de Processo Civil, deflui que o impugnante carrega o ônus da impugnação específica, a ser levada a efeito no momento processual apropriado, no caso, no prazo de defesa assinalado na legislação. Dessa forma, relativamente à matéria específica não expressamente contida na impugnação, ocorre a preclusão processual, não podendo ser alegada originariamente em grau de Recurso Voluntário. O Recurso Voluntário prestase para expressar, no curso do processo, a inconformidade do sucumbente em face de decisão proferida pelo órgão julgador a quo que lhe tenha sido desfavorável, buscando sua reforma. O efeito devolutivo do recurso não implica a revisão integral do lançamento pela instância superior, mas, tãosomente, a devolução das matérias decididas pelo órgão a quo, as quais poderão ser revisadas pelo Colegiado ad quem. Todas as alegações de defesa devem ser concentradas na impugnação, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal. Demais disso, a compensação de prejuízos fiscais é faculdade do contribuinte, que pode exercer esse direito a qualquer tempo, nos termos do artigo 15 da Lei nº 9.065/1995, o que, inclusive, pode ter ocorrido, com o exaurimento de todo o saldo. Juros sobre multa. Protesta a recorrente pela inaplicabilidade dos juros Selic sobre a multa de ofício Fl. 1379DF CARF MF Processo nº 10932.000491/200897 Acórdão n.º 1201001.888 S1C2T1 Fl. 8 13 No que tange à matéria, esta 1ª Turma Ordinária, com base no artigo 43 da Lei nº 9.430/1996 e nos artigos 113 e 161, ambos do CTN, tem se inclinado pela validade dessa incidência, conforme Acórdão nº 1201001.579, cuja ementa, naquilo que diz respeito ao ponto aqui tratado, tem a seguinte redação: MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. A multa de ofício integra a obrigação tributária principal e, por conseguinte, o crédito tributário, sendo legítima a incidência de juros de mora. Constou do voto condutor da referida decisão: Do exposto podemos concluir que há disposição expressa para a cobrança de juros sobre multas, porque incluídas no conceito de crédito tributário, e que a taxa aplicável à espécie é a referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC. Portanto, com base nesses fundamentos, não pode ser acolhida a pretensão da recorrente. Tributação reflexa. CSLL. Aplicase à CSLL o mesmo entendimento esposado para o IRPJ, ante à similitude dos motivos para o lançamento e daqueles relativos ao IRPJ, assim como das razões do recurso voluntário. Conclusão. Em face do exposto, conheço do recurso para REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, DARLHE provimento parcial, nos termos das diligências efetuadas, reconhecendose como partida das glosas de despesas o valor de R$ 8.511.309,73 e a exclusão de R$ 98.924,63 de despesas não dedutíveis reconhecidas pela recorrente (primeira diligência) e, também, a exclusão de R$ 2.388.543,66 de despesas dedutíveis devidamente comprovadas (segunda diligência). (assinado digitalmente) Paulo Cezar Fernandes de Aguiar Fl. 1380DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000640/00-03
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 27 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Data do fato gerador: 30/09/1994
DECADÊNCIA. IRPJ. TRIBUTO DECLARADO. ART. 150, §4º, CTN.
Constatado nos autos que o contribuinte declarou o tributo devido, tratando-se de lançamento por homologação, aplicamse
as disposições do artigo 150, § 4º, do CTN (Lei nº 5.172/66) para a contagem do prazo decadencial.
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA.
A ausência de ciência de termo lavrado para retificar os valores da exação fiscal realizada de ofício, ainda que para valores menores, constitui vício que acarreta a nulidade do lançamento tributário.
Numero da decisão: 1801-000.587
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em preliminar, acolher a arguição de decadência suscitada pela recorrente, declarar nulo o lançamento tributário e dar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
Matéria: IRPJ - AF (ação fiscal) - Instituição Financeiras (Todas)
Nome do relator: Ana de Barros Fernandes
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 30/09/1994 DECADÊNCIA. IRPJ. TRIBUTO DECLARADO. ART. 150, §4º, CTN. Constatado nos autos que o contribuinte declarou o tributo devido, tratando se de lançamento por homologação, aplicamse as disposições do artigo 150, § 4º, do CTN (Lei nº 5.172/66) para a contagem do prazo decadencial. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. A ausência de ciência de termo lavrado para retificar os valores da exação fiscal realizada de ofício, ainda que para valores menores, constitui vício que acarreta a nulidade do lançamento tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em preliminar, acolher a arguição de decadência suscitada pela recorrente, declarar nulo o lançamento tributário e dar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, Magda Azario Kanaan Polanczyk, Edgar Silva Vidal e Ana de Barros Fernandes. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Relatório A empresa em epígrafe sofreu auditoria fiscal na qual foram constatados os fatos a seguir relatados, consoante Termo de Verificação de fls. 79 a 82, parte integrante do Auto de Infração para exigência de IRPJ relativa ao mês de setembro de 1994, no valor de R$ 165.029,69 e acréscimos legais fls. 83 a 91, aditado pelo Termo de Informação Fiscal de fls. 93: “No exercício da funções de Auditora Fiscal da Receita Federal procedi exclusivamente às verificações atinentes ao Mandado de Fiscalização emitido sob o número 000365 cujo objeto é a redução indevida do lucro com a utilização da parcela da correção monetária das demonstrações financeiras relativa ao período base de 1990,correspondente à diferença verificada no ano de 1990 entre a variação do índice de preços ao consumidor (IPC) e a variação do BTN FiscalBTNF nas condições a seguir relatadas. A instituição financeira, sem o resguardo de ação judicial (fl 48 ), utilizouse antecipadamente dos efeitos redutores do lucro instituídos pela Lei 8200/91 não se restringindo às porcentagens definidas na legislação superveniente,quais sejam , os 25% (vinte e cinco por cento) do saldo da reserva especial de correção especial da diferença de correção entre o IPC e o BTNF (RECM) em 1993 e 15 % (quinze por cento) nos anos seguintes, (art.38,inciso I do Dec.332/91 combinado com o art.3°.da Lei 8.200/91 e art.11 da Lei 8.682/93). DA RESERVA ESPECIAL DA CORREÇÃO MONETÁRIA (LEI 8200/91) Conforme já exposto os efeitos redutores do lucro que a RECM pode produzir devem atender à forma descrita em Lei,ou seja,25% do saldo poderia ter sido utilizado em 1993 e o saldo em parcelas de 15% nos períodos seguintes: [...] DA ANÁLISE DOS REGISTROS: No exercício de 1992 anobase 1991 o contribuinte registrou à fl.28 de seu LALUR, além do resultado negativo apurado no período, que somou Cr$70.723.272,47, também o saldo devedor da conta de correção monetária, registrado no valor de Cr$ 75.299.228,43. Por não terem sido controlados em separado os dois valores foram agregados e o resultado desse procedimento é que a soma de ambos apresentouse como indicativa do resultado negativo do exercício de 1992, que após ter sido corrigido monetariamente foi utilizado, em forma de compensação, para reduzir resultados positivos posteriores. O correto teria sido segregar os valores correspondentes ao prejuízo fiscal apurado no exercício de 1991 (Cr$70.723.272,47) do saldo devedor da conta de diferença IPC/BTNF (reserva especial de correção monetáriaCr$ 75.299.228,43) para serem utilizados de forma distinta : o prejuízo do período, após as atualizações permitidas em lei para compensar os resultados positivos posteriores e o saldo devedor da conta de reserva especial de correção monetária atendendo ao tratamento tributário estabelecido pela Lei 8200/91. [...] 2..2Setembro de 1994: Ainda que os efeitos redutores da RECM se dêem sob duas formas diferentes (exclusão para o saldo utilizado no decorrer do período para o qual ele se refira e compensação de saldo de período anterior que não tenha sido utilizado) Fl. 2DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 16327.000640/0003 Acórdão n.º 180100.587 S1TE01 Fl. 261 3 simplificaremos a demonstração do lucro tributável em favor da clareza da exposição : [tabela de cálculos] A diferença de imposto devido (R$ 171.022,00), tratada como postergação, sofrerá os ajustes relativos aos impostos apurados em períodos subsequentes devidamente recalculados em função da dedução da diferença de correção monetária especial conforme estabelecido em lei. A dedução dos efeitos da correção monetária especial, que representa uma redução na base de cálculo do tributo, foi permitida ,nas proporções definidas em lei, nos períodos transcorridos entre os anos de 1993 e 1998. Como o contribuinte efetuou a dedução do valor integral do RECM no ano de 1994, nos anos subsequentes em que apurou imposto a pagar não as considerou , razão pela qual efetuaremos o recálculo aproveitando a redução permitida em lei para reajustar a base de cálculo do tributo. I. No ano de 1995 (exercício de 1996) foi apurado resultado negativo portanto não haveria o que se reduzir da base de cálculo do tributo. II. No ano de 1996 (exercício de 1997) temos que: [...] Tratandose a infração tal qual postergação de imposto, considerase que o tributo devido no mês de setembro de 1994 e vencido em 30/10/94 , no valor de R$171.022,00, teria sido recolhido com atraso em abril de 1997 (item II).Utilizouse então,como crédito a seu favor, o resultado da imputação proporcional do imposto pago a maior pelo contribuinte naquele período (R$ 13.368,14). Conforme consta do "Demonstrativo de Imputação de Pagamentos" que integra o Auto de Infração, o imposto pago a maior no valor de R$ 13.368,14 teria amortizado o correspondente a R$ 5.992,31,que representa o valor originário de R$ 8.792,52 após sofrer as conversões devidas .A diferença entre o valor pago a maior ( R$ 13.368,14) e o valor originário amortizado (R$ 8.792,52) corresponde à multa (R$ 1.758,50) e aos juros de mora (R$2.817,12),acréscimos esses devidos face o período transcorrido entre o período transcorrido entre o vencimento do imposto ( setembro de 1994 ) e o pagamento do tributo correspondente ao exercício de 1997 (abril de 1997). III. No ano calendário de 1998 (exercício de 1999) na apuração anual o contribuinte não recolheu IRPJ portanto não houve postergação de pagamento nesse período. 3.CONCLUSÃO Os ajustes efetuados em concordância com as determinações legais produziram um efeito tributável correspondente no período de apuração relativo ao mês de setembro de 1994 ,conforme ficou demonstrado no item 2.2 acima ,que serviu como base para o lançamento do respectivo Imposto de Renda Pessoa Jurídica .Fica o contribuinte cientificado de que lhe é concedida a faculdade de utilizarse do saldo da conta de reserva especial de correção monetária que soma a 37.835,01 UFIR ,conforme demonstra a planilha 03 em anexo, para fins de redução da base tributável do IRPJ ,obedecendo a legislação pertinente .Nesse caso existe a necessidade de se promover aos ajustes no LALUR de acordo com as indicações deste Termo. (grifos não pertencem ao original) Fl. 3DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 Temse, por conseguinte, que a auditora fiscal recompôs todos os valores de prejuízo fiscal a compensar desde agosto de 1994. A Declaração de Imposto de Renda – Pessoa Jurídica – DIRPJ/95 relativa ao anocalendário de 1994, entregue em 28/04/95, foi acostada aos autos às fls. 02 a 12 e acusou IRPJ a pagar nos meses de setembro e dezembro de 1994, nos valores de 286.648,22 e 375.371,03 UFIR, respectivamente – fls. 02 e 03. A ciência do Auto de Infração ocorreu em 07 de abril de 2000. Não verifico nos autos ciência da contribuinte do Termo de Aditamento aos valores que compuseram o Auto de Infração de fls. 93. Às fls. 95 a 111, a empresa ofereceu impugnação ao feito fiscal nos valores que constaram indevidamente do Auto de Infração original atacando a impossibilidade de se utilizar pelos índices do IPC (no caso, BTNF) na correção monetária correspondente ao períodobase de 1990 e o diferimento na apropriação de despesas decorrentes da correção monetária especial instituída pela Lei nº 8.200/91. Cita diversos acórdãos administrativos e judiciais que corroboram a tese esposada. A empresa aditou à impugnação, fls. 147 a 150 para argüir a decadência do lançamento tributário, com fulcro no artigo 1º da Lei nº 8.541/92, que determinou a tributação mensal das pessoas jurídicas para efeitos dos recolhimentos de imposto de renda, a partir de janeiro de 1993, combinado com o artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional (CTN), concluindo que o termo a quo do prazo ocorreu no dia 1º de janeiro de 1995, enquanto a ciência do lançamento tributário ocorreu somente em 07 de abril de 2000, portanto, ultrapassado o prazo qüinqüenal. Junta várias ementas de julgados administrativos sobre os tributos sujeitos a lançamento por homologação e a sua decadência. A Décima Turma de Julgamento da DRJ em São Paulo/SP I exarou o Acórdão nº 8.059/05 mantendo o lançamento tributário, fls. 171 a 180. Assim restou ementado o aresto: Ementa: DECADÊNCIA. IMPOSTO DE RENDA. O prazo decadencial do imposto de renda contase a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao da entrega da declaração de ajuste anual, nos termos do art. 173 do CTN. I PC/BTNF. INCONSTITUCIONALIDADE À esfera administrativa não cabe apreciar questões acerca da inconstitucionalidade de leis, competência exclusiva do Poder Judiciário. Destaco que aquela turma julgadora decidiu por maioria de votos que o termo a quo, no presente caso, é o primeiro dia do exercício seguinte à data da entrega da declaração de rendimentos, no caso, em 1º de janeiro de 1996, com fulcro no artigo 4º da Lei nº 8.541/92 que trata da obrigatoriedade das pessoas jurídicas apresentarem a declaração anual de rendimentos, demonstrando os resultados mensais auferidos no anocalendário anterior, combinado com o inciso I do artigo 173 do CTN. Tempestivamente, a empresa interpôs as peças recursais de fls. 192 a 206 e 221 a 235 discorrendo amplamente sobre a decadência do presente lançamento tributário, quer pela aplicação do artigo 173, inciso I, quer pelo artigo 150, ambos do CTN. Reproduz diversas ementas de julgados administrativos. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 16327.000640/0003 Acórdão n.º 180100.587 S1TE01 Fl. 262 5 Noto que no recurso voluntário a recorrente ainda se insurge dos valores originalmente consignados no Auto de Infração, pressupondose que não tomou ciência do aditamento lavrado a posteriori e que modificou os valores, ainda que para menor daquele originalmente impingido. É o relatório. Passo a apreciar as razões recursais. Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes, Relatora. Conheço do recurso, por tempestivo. Cumpre apreciar, preliminarmente, a questão da decadência do lançamento tributário no presente litígio. O Superior Tribunal de Justiça manifestouse em decisório, observando recursos especiais repetitivos, a respeito de tão controvertida matéria. Assim declarou em recurso representativo de controvérsia, cujo entendimento estendese aos ministros da Primeira Seção, aos Tribunais Regionais Federais, bem como aos Tribunais de Justiça dos Estados: Recurso Especial nº 973.733/SC (2007./01769940) Relator: Min Luiz Fux PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, E 173, DO CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.055/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007 [...]) 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase reguladas por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, Fl. 5DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 6 “Decadência e Prescrição no Direito Tributário”, 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). [...] Assim é que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. (grifos pertencem ao original) No caso em concreto, a recorrente apresentou a DIRPJ/95 informando o tributo a pagar ao fisco, a despeito de somente ter efetuado o seu pagamento em momento posterior. Não há mais qualquer dúvida na seara administrativa que o IRPJ, com efeito, coadunase aos tributos lançados por homologação, devendo, em casos de pagamento ou declaração, aplicarse o artigo 150, § 4º, do CTN para a verificação da decadência. E, para a contagem do prazo decadencial, o que importa é a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária e não a data da entrega da declaração de rendimentos, ou ainda que fosse a de ajuste, pois a declaração é meramente informativa e espelha a contabilidade dos contribuintes, não constituindo, em si, a obrigação tributária principal, está sim nascida da ocorrência do fato gerador. Destarte, o termo a quo para a contagem do prazo decadencial foi outubro de 1994 e, aplicandose o artigo 150, § 4º do CTN, a administração tributária teria até outubro de 1999 para constituir qualquer crédito tributário, verificada a omissão/insuficiência no recolhimento do tributo. Mas, no presente caso, a ciência do lançamento ocorreu em 07 de abril de 2000, após o prazo hábil para a sua validade. Por derradeiro, mas não menos importante é o fato de não ter sido dada ciência à autuada de que os valores consignados no Auto de Infração de fls. 83 a 91 foram retificados pela autoridade fiscal, por lapso – Informação Fiscal de fls. 93. Ainda que tenham as correções implicado em exigência a menor do que aquele valor consubstanciado no Auto de Infração, considero vício insanável por constituir cerceamento de defesa a ausência de ciência dos valores corretos a serem exigidos da recorrente a título de IRPJ, e dos períodos certos também (no Auto consignouse exigência relativa ao anocalendário de 1993, equivocadamente). E verificase que tal nulidade não foi suprida, pois até a fase recursal a recorrente ainda se referiu aos valores que constaram originalmente do Auto de Infração, sem a retificação. Preceitua o artigo 59, inciso II, do Decreto nº 70.235/72 que disciplina o processo administrativo fiscal – PAF: Art. 59. São nulos: [...] II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (grifos não pertencem ao original) Fl. 6DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 16327.000640/0003 Acórdão n.º 180100.587 S1TE01 Fl. 263 7 Por todo o exposto, voto, em preliminar, para acolher a arguição de decadência do lançamento tributário, bem como declarálo nulo pelo cerceamento de defesa, e dar provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Relatora Fl. 7DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001479/2009-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
PRAZO DECADENCIAL. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.
Em se tratando de lançamento de ofício por descumprimento de obrigação acessória, o prazo decadencial, de cinco anos, é regido pelo art. 173, I, do CTN.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. PLR. REQUISITOS LEGAIS.A Participação nos Lucros ou Resultados não é meio para empresa obter economia fiscal, isto é, não é mecanismo para substituir eventual pagamento de abono, prêmio, gratificação, comissão, etc., de forma a ocultar a natureza salarial. O pagamento de PLR regular e legítimo, previsto no artigo 7º, inciso XI, da CF/88, é aquele que observa, cumulativamente, todas as regras estabelecidas na Lei nº 10.101/2000.
No caso, as verbas pagas a título de "PLR" ferem dispositivos legais e são, na realidade, outras verbas que complementam o salário dos empregados e, portanto, estão alcançadas pela contribuição exigida nos autos.
VALE TRANSPORTE EM PECÚNIA. SÚMULA CARF Nº 89.
A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale-transporte, mesmo que em pecúnia.
MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.Considerando que esteve em desconformidade com a lei o pagamento de PLR, como consectário legal mantém-se a multa por deixar de declarar na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - GFIP, contribuições devidas à Seguridade Social, relativas à contribuição da Empresa e dos segurados, incidentes sobre pagamento de participação nos lucros e resultados.
CÁLCULO DA MULTA. LEI NOVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. ARTIGO 106 DO CTN. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449/08. MULTA EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN), art. 106, II, "c", a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Em face da MP nº 449/08 (convertida na Lei nº 11.941/09), para o cálculo da multa mais favorável ao contribuinte, em relação às competências anteriores à 11/2008 (inclusive), deve-se somar a multa por falta de pagamento do tributo (aplicada com base na antiga redação do art. 35, da Lei nº 8.212/91) com as multas por falta/inexatidão de GFIP (estipuladas na redação anterior do art. 32, §§ 4º, 5º, 6º, da Lei nº 8.212/91), e o resultado deve ser comparado com a multa prevista no art. 35-A, da Lei nº 8.212/91, na redação atual, que conduz ao art. 44, da Lei nº 9.430/96 (75%). Precedentes desta Turma. Acórdãos 2202-003.554, 2202-003.555.
MULTA PUNITIVA. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. FATO GERADOR OCORRIDO ANTES DA INCORPORAÇÃO. TESE FIRMADA PELO STJ. REGIMENTO INTERNO DO CARF.
O STJ, no julgamento do REsp nº 923.012/MG, submetido ao regime do artigo 543-C, do revogado Código de Processo Civil, e já transitado em julgado em 04/06/2013, firmou a tese que a responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Tal tema gerou inclusive a Súmula 554/STJ, publicada em 15/12/2015, com o seguinte teor: na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão.
Numero da decisão: 2202-004.037
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de decadência. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, para manter a multa (CFL 68) apenas sobre a rubrica PLR (PL), aplicando a multa mais benéfica, conforme Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento parcial em maior extensão para aplicar a multa de acordo com o art. 32-A da Lei nº 8.212/91.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 PRAZO DECADENCIAL. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Em se tratando de lançamento de ofício por descumprimento de obrigação acessória, o prazo decadencial, de cinco anos, é regido pelo art. 173, I, do CTN. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. PLR. REQUISITOS LEGAIS.A Participação nos Lucros ou Resultados não é meio para empresa obter economia fiscal, isto é, não é mecanismo para substituir eventual pagamento de abono, prêmio, gratificação, comissão, etc., de forma a ocultar a natureza salarial. O pagamento de PLR regular e legítimo, previsto no artigo 7º, inciso XI, da CF/88, é aquele que observa, cumulativamente, todas as regras estabelecidas na Lei nº 10.101/2000. No caso, as verbas pagas a título de "PLR" ferem dispositivos legais e são, na realidade, outras verbas que complementam o salário dos empregados e, portanto, estão alcançadas pela contribuição exigida nos autos. VALE TRANSPORTE EM PECÚNIA. SÚMULA CARF Nº 89. A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de valetransporte, mesmo que em pecúnia. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.Considerando que esteve em desconformidade com a lei o pagamento de PLR, como consectário legal mantémse a multa por deixar de declarar na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, contribuições devidas à Seguridade Social, relativas à contribuição da Empresa e dos segurados, incidentes sobre pagamento de participação nos lucros e resultados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 14 79 /2 00 9- 03 Fl. 318DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 319 2 CÁLCULO DA MULTA. LEI NOVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. ARTIGO 106 DO CTN. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449/08. MULTA EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN), art. 106, II, "c", a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Em face da MP nº 449/08 (convertida na Lei nº 11.941/09), para o cálculo da multa mais favorável ao contribuinte, em relação às competências anteriores à 11/2008 (inclusive), devese somar a multa por falta de pagamento do tributo (aplicada com base na antiga redação do art. 35, da Lei nº 8.212/91) com as multas por falta/inexatidão de GFIP (estipuladas na redação anterior do art. 32, §§ 4º, 5º, 6º, da Lei nº 8.212/91), e o resultado deve ser comparado com a multa prevista no art. 35A, da Lei nº 8.212/91, na redação atual, que conduz ao art. 44, da Lei nº 9.430/96 (75%). Precedentes desta Turma. Acórdãos 2202003.554, 2202003.555. MULTA PUNITIVA. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. FATO GERADOR OCORRIDO ANTES DA INCORPORAÇÃO. TESE FIRMADA PELO STJ. REGIMENTO INTERNO DO CARF. O STJ, no julgamento do REsp nº 923.012/MG, submetido ao regime do artigo 543C, do revogado Código de Processo Civil, e já transitado em julgado em 04/06/2013, firmou a tese que a responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Tal tema gerou inclusive a Súmula 554/STJ, publicada em 15/12/2015, com o seguinte teor: na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de decadência. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, para manter a multa (CFL 68) apenas sobre a rubrica PLR (PL), aplicando a multa mais benéfica, conforme Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento parcial em maior extensão para aplicar a multa de acordo com o art. 32A da Lei nº 8.212/91. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. (assinado digitalmente) Fl. 319DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 320 3 Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Este processo já foi submetido à análise desta Turma de Julgamento, por ocasião da Resolução nº 2202000.649, de 16 de fevereiro de 2016, quando foi decidido converter o julgamento em diligência. Daquele relatório (fl. 261), colho o seguinte: Tratase de Recurso Voluntário, interposto pela Recorrente contra Acórdão nº 1625.904 11ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de São Paulo I SP que julgou procedente a autuação por descumprimento de obrigação acessória, Auto de Infração de Obrigação Acessória – AIOA nº. 37.265.8954 (CFL 68). Conforme o Relatório Fiscal da Infração, o Auto de Infração, Código de Fundamentação Legal – CFL 68, foi lavrado pela Fiscalização contra a Recorrente por ela ter apresentado as GFIP's (Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social), relativas ao ano de 2004, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, pois não foram informados os pagamentos a título de participação nos lucros e resultados — PLR, e vale transporte — VT, bem como as contribuições da parte da empresa e dos segurados empregados. (...) Houve também a comparação das multas, em função da Lei 11.941/2009 (conversão da MP 449/2008),, conforme informa o Relatório Fiscal da Infração (...) A Recorrida analisou a autuação e a impugnação, julgando procedente a autuação (...) (...) Inconformada com a decisão de 1ª instância, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, onde combate fundamentadamente a decisão de primeira instância e reitera as argumentações deduzidas em sede de Impugnação. (i) Da Decadência aplicação do critério do art. 150, § 4º, CTN Fl. 320DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 321 4 (ii) Do Mérito. Da Natureza Jurídica do Plano de Participação nos Lucros e Resultados e a Não Incidência de Contribuições Previdenciárias sobre Tais Valores (iii) Da Não Incidência de Contribuições Previdenciárias sobre Verbas Pagas de Vale Transporte em Dinheiro (iv) Da ilegalidade da aplicação das multas Impossibilidade de sucessão da responsabilidade por infrações. Em seu voto, esclareceu o Relator, ainda, que: O período objeto do auto de infração conforme o Relatório Fiscal da Infração é de 01/2004 a 12/2004. A Recorrente teve ciência do auto de infração em 31.12.2009, às fls. 01. A Recorrida analisou a autuação e a impugnação, julgando procedente a autuação, em virtude da retificação de ofício da multa aplicada, nos termos do Acórdão nº 1625.904 11ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de São Paulo I SP. Observase que a decisão de primeira instância adotou o critério decadencial do art. 173, I, CTN, de forma a que não houve o reconhecimento de decadência. Conforme o protocolo do CARF de 09.12.2015, às fls. 166 a 168, anotese que a Recorrente atravessou petição nos autos anexando cópias de Guias de Recolhimentos GPS de janeiro a dezembro de 2004, às fls. 179 a 246, requerendo a aplicação decadencial do art. 150, § 4º, CTN para as competências 01/2004 a 11/2004, bem como da Súmula CARF 99 e do entendimento do STJ no REsp 973.733. Ainda assim, o contribuinte na Petição atravessada nos autos, informando que para a competência 12/2004, permanecendo a discussão administrativa. reitera os argumentos já deduzidos em sede de Recurso Voluntário no sentido da plena satisfação dos requisitos da Lei 10.101/2000, bem como em relação às verbas de vale transporte: (...) Entendeuse, porém, pela necessidade de confirmação dos recolhimentos, nos seguintes termos: ... a unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição do contribuinte verifique e informe conclusivamente a este E. Conselho, observandose a abertura de prazo de 30 dias para Manifestação do contribuinte, com vistas ao contraditório e à ampla defesa: (i) se nos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil, como por exemplo o PLENUS/CCOR, em quais competências, entre 01/2004 a 12/2004, há o registro de recolhimentos Fl. 321DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 322 5 relativos à contribuição social previdenciária feitos pela Recorrente. (ii) se, no conexo processo principal nº 16327.001473/200928, em relação ao recolhimento feito na competência 12/2004, com cópia da GPS às fls. 559, este recolhimento é suficiente para afastar a tributação incidente na competência 12/2004. (iii) se há processo judicial na qual a Recorrente seja parte, por qualquer modalidade processual, com o mesmo objeto do presente processo administrativofiscal A diligência foi cumprida, anexandose nas fls. 269 e seguintes a Informação Fiscal DICAT/DEINF, de 13 de maio de 2016. Regularmente intimado, o contribuinte manifestouse nas fls. 281 e seguintes. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro é a existente no processo digital, após a transformação em arquivo magnético (eprocesso). Conforme destacado no relatório, tratamos aqui de lançamento de ofício de multa por apresentar a empresa o documento a que se refere a Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV e paragráfo 3º, acrescentados pela Lei n. 9.528, de 10.12.97, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme previsto na Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 32, IV e parágrafo 5º, uma vez que o Contribuinte não declarou na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, contribuições devidas à Seguridade Social, relativas à contribuição da Empresa e dos segurados, incidentes sobre pagamento de participação nos lucros e resultados PLR e do vale transporte VT em espécie. A DRJ, ao julgar a impugnação, entendeu por negarlhe provimento. Considerando que a ciência do Auto de Infração deuse em 31/12/2009 (fl.02), o contribuinte vem, desde a impugnação, requerendo que seja reconhecida a decadência do lançamento. DECADÊNCIA. Conforme disposto no relatório, o período em questão estendese de 01/2004 a 12/2004 e o Auto de Infração foi regularmente cientificado ao sujeito passivo em 31/12/2009, conforme fl. 02. Fl. 322DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 323 6 No voto no processo 16327.001473/200928, ao qual este está apensado, manifesteime pela aplicação do entendimento do seguinte Acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF): Acórdão 9202005.380, de 25 de abril de 2017. Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1995 a 31/12/2004 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. COMPROVAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 150, §4o., DO CTN. O § 2º do art. 62 do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 SC, decidido na sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil, o que faz com que a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173 nas demais situações. SÚMULA CARF nº 99. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. No presente caso, existe, nos autos, evidência de recolhimento antecipado para algumas das competências lançadas, devendose assim aplicar, para fins de reconhecimento de eventual decadência dessas competências, o disposto no citado art. 150, § 4°, do CTN, mantendose a regra geral, insculpida no art. 173, I, do CTN para as demais competências. (destaquei) Entretanto, aqui se trata de multa por lançamento de ofício, não havendo porque ser aplicado o artigo 150 do CTN, que fala em lançamento por homologação. Assim, repisese o que foi dito no Acórdão 2202003.683, de 08 de fevereiro de 2017: PRAZO DECADENCIAL OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Em se tratando de crédito por descumprimento de obrigação acessória, o prazo decadencial, de cinco anos, é regido pelo art. 173, I, do CTN. voto (...)Portanto, no caso aqui sob análise, em relação ao DEBCAD nº ... AIOA, onde foi aplicada a multa por descumprimento da obrigação acessória prevista no Art.32, inciso IV, e § 5º, da Lei Fl. 323DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 324 7 8.212/91 (omissão de contribuições nas GFIP), o prazo decadencial começa a fluir a partir do 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.... Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado é 01 de janeiro de 2005 e tendo em conta que a ciência do lançamento deuse em 31/12/2009, não há que se falar em decadência do lançamento. É de se verificar, entretanto, se de fato houve infração à legislação tributária, em relação ao não reconhecimento da PLR e do Vale Transporte, enquanto verbas integrantes do salário de contribuição, porquanto não foram declaradas na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP. MÉRITO I PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS (PLR) Este Conselho já vem tratando há tempos da questão da incidência das contribuições previdenciárias sobre pagamentos realizados pela empresa a seus empregados relativa à participação nos lucros e resultados (PLR). Observase que existe uma convergência de entendimentos no sentido de que o pagamento de PLR regular e legítimo é aquele que observa todas as regras estabelecidas na Lei nº 10.101/2000 (Acórdãos 2301003.531,2301 004.153, 2401004.216e 2402005.116, à guisa de exemplo, dentre muitos outros). Os requisitos devem coexistir. Necessário então estudar os contornos do instrumento legal: Lei nº 10.101/2000 Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: Fl. 324DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 325 8 I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. ............................................................................................... Art. 3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. § 1º ... § 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. § 3º Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. § 4º A periodicidade semestral mínima referida no § 2o poderá ser alterada pelo Poder Executivo, até 31 de dezembro de 2000, em função de eventuais impactos nas receitas tributárias. § 5º As participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, competindo à pessoa jurídica a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto”. O que foi verificado no pagamento de PLR pelo Recorrente: 1 As datas que as Convenções apresentadas foram assinadas são 29 de Dezembro de 2003, 10 de Janeiro e 29 de Dezembro de 2005, respectivamente, já desclassifica tais Convenções como subsidiária para o pagamento da PLR, ou seja, não cumpriu o previsto no inciso II, §1 1 do art. 2 1 da Lei 10.101/2000. Sendo a data de assinatura posterior ao período de referência (Janeiro a Dezembro de cada ano) as regras estabelecidas não eram de conhecimento dos empregados previamente. 2 O critério adotado pelas Convenções é de tempo de vínculo (trabalhando ou em licença independente do motivo) na empresa, tratase, portanto, não de uma participação nos lucros ou resultados, mas sim de pagamento de gratificação por tempo de serviço. 3 Havia o pagamento de duas parcelas de PLR, porém a primeira parcela não tem vínculo em nenhum parâmetro, seja de produtividade, seja de lucro, conforme previsto Fl. 325DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 326 9 na Cláusula Segunda: "Independentemente da apuração do balanço do exercício encerrado em 31122003 e 31122004". 4 Quando o empregado não atingia as metas estabelecidas no programa próprio (que não são claras e objetivas e também não foram comprovadas na fiscalização) o mesmo recebia o valor estipulado pela Convenção Coletiva de PLR, ou seja, o empregado não deixa de receber valor referente a PLR; o que a torna uma gratificação, bonificação. 5 O item 5.2 do Relatório Fiscal apresenta o resultado da análise dos acordos coletivos de trabalho, e de pagamento de participação nos lucros e resultados (PLR), tendo sido constatado que os valores estipulados para pagamento de PLR estão vinculados aos aumentos salariais concedidos. No recurso, alegase que não há exigência legal de que os empregados conheçam previamente as regras para que possam receber PLR. Sublinhase a expressão "podendo ser adotados", no texto legal. Diz ainda que o relevante é que a celebração do acordo ocorra antes do pagamento e não antes da apuração do lucro a ser partilhado. Discordo desse entendimento e destaco que esta Turma, assim como outras Turmas desta Seção e a CSRF, já decidiu várias vezes que é necessário haver regras claras e objetivas para que os empregados possam cumprir e saber previamente que espécie de esforço, de empenho, devem fazer para receber uma participação nos eventuais lucros e resultados positivos da empresa. Essa é a intenção da lei. Se não há regras, se elas não são claras e objetivas ou se são estabelecidas/tratadas após o período em que o empregado deveria cumpri las, ou mesmo se não lhes é dada ciência prévia, em acordo que envolva a participação da representação sindical, o pagamento da PLR não atende os objetivos constitucionais e a regulamentação legal. Citemse (sublinho/destaco): Acórdão 2402005.819, de 10/05/2017 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. PAGAMENTO DE PARCELA ADICIONAL NÃO PREVISTA NO ACORDO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. Incidem contribuições sociais sobre a parcela paga além do que ficou estabelecido no acordo firmado entre empregador e empregados para pagamento da PLR, uma vez que tal pagamento não foi efetuado com base em regras claras e objetivas pactuadas previamente. Acórdão 2201003.551, de 04/04/2017 PLR. NEGOCIAÇÃO PRÉVIA. CRITÉRIOS CLAROS E OBJETIVOS. INEXISTÊNCIA. CARÁTER REMUNERATÓRIO DO PAGAMENTO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Estão sujeitos à incidência das contribuições previdenciárias os pagamentos realizados a título de PLR quando efetuados em desacordo com as regras estabelecidas na Lei nº 10.101, de 2010. Não atendem as exigências dessa lei acordos firmados ao fim do anocalendário de referência e que não contenham Fl. 326DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 327 10 regras claras e objetivas quanto aos critérios a serem adotados para o pagamento da verba. Acórdão 9202005.370, de 26/04/2017 PLR PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. ACORDO FIRMADO AO FINAL DO EXERCÍCIO. Constitui requisito legal que as regras do acordo da PLR sejam estabelecidas previamente, de sorte que os acordos firmados ao final do exercício acarretam a inclusão dos respectivos pagamentos no saláriodecontribuição. Acórdão 9202005.254, de 28/03/2017 PLR PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NO LUCRO E NOS RESULTADOS. REQUISITOS. ACORDO PRÉVIO. Integra o saláriodecontribuição a parcela recebida pelo segurado empregado a título de participação no lucro ou nos resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com lei específica. Constitui requisito legal que as regras do acordo sejam estabelecidas previamente, portanto não há como acatarse instrumento firmado somente após o exercício a que se refere. Alegase ainda que haveria "regras claras e objetivas" estabelecidas nas CCT. Entretanto, do trecho transcrito no recurso, observo que têm razão a Autoridade Fiscal ao apontar que tais regras nada têm a ver com produtividade, que havia um "valor mínimo" a ser pago, ainda que não houvesse resultado positivo, e que mesmo empregados afastados com justificativa fariam jus aos pagamentos. Como relacionar regras assim à intenção da lei de que o empregado se empenhe, aumente sua produtividade e, dessa feita, "participe" de eventual sucesso da empresa? Onde está a integração entre capital e trabalho, na forma da lei? E o incentivo à produtividade? Lei nº 10.101/2000 Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Prosseguindo, o Recorrente diz ser ilegal a exigência de que as regras para pagamento da PLR sejam vinculadas ao cumprimento de metas. Mas reportamonos mais uma vez ao dispositivo acima transcrito, para discordar. Assim, deve haver metas, que sejam estabelecidas de forma clara ao empregado, relacionadas com sua produtividade, seu empenho e que sejam tratadas e fixadas previamente ao período de aferição do resultado, com participação do sindicato. Disse a Fiscalização: Fl. 327DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 328 11 Quando o empregado não atingia as metas estabelecidas no programa próprio (que não são claras e objetivas e também não foram comprovadas na fiscalização) o mesmo recebia o valor estipulado pela Convenção Coletiva de PLR, ou seja, o empregado não deixa de receber valor referente a PLR; o que a torna uma gratificação, bonificação. Vejamos a jurisprudência administrativa (sublinho): Acórdão 2201003.417, de 07/02/2017 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101/00. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. APLICABILIDADE. Os valores pagos a título de PLR não sofrem incidência tributária somente se cumpridos os requisitos estabelecidos na Lei nº 10.101/00. Tais requisitos são aplicáveis aos segurados contribuintes individuais, não sendo permitido, porém a fixação de metas e resultados a serem atingidos unilateralmente, ou seja, sem a comprovação da participação dos trabalhadores e do sindicato. Acórdão 2301002.860, de 19/06/2012 PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PLR. VALOR FIXO PAGO DESVINCULADO DO ATINGIMENTO DE METAS OU RESULTADOS. IRREGULARIDADE. INCLUSÃO NO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. O Programa de Participação nos Lucros e Resultados PLR tem como finalidade integrar os empregados nos resultados positivos da empresa e incentivá los a buscar o melhor desempenho, sendo a previsão de metas ou alcance de lucro ou resultados, individuais ou coletivos, requisitos necessários à regularidade do PLR. A previsão de pagamento de um valor fixo desvinculado do atingimento de qualquer meta ou resultado configura se como remuneração para efeito de incidência da contribuição previdenciária, por não se coadunar com o propósito constitucional do instituto. Acórdão 2401004.219, de 08/03/2016 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PACTUAÇÃO PRÉVIA. A Lei n° 10.101/00 exige que haja negociação entre empresa e trabalhadores, da qual deverão resultar regras claras e objetiva e os índices, as metas, os resultados e os prazos devem ser estabelecidos previamente, sendo que o instrumento será arquivado na entidade sindical. A negociação e o estabelecimento das regras dela resultantes (índices, metas, resultados e prazos) somente têm sentido se concluídos previamente ao fim do período a que se referem os lucros ou resultados. Em que pese a vagueza do texto normativo, tal imprecisão não pode significar a impossibilidade de atuação do intérprete na Fl. 328DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 329 12 complementação da norma, sob pena de se reconhecer que lacunas inviabilizam a decisão do caso concreto e que todas os textos incompletos ou ambíguos serão, potencialmente, ineficazes. Também não se trata de relativizar o princípio da legalidade, mas de identificar onde e quando o Direito atribui ao aplicador a tarefa de definir os critérios diante do caso concreto, como, no caso, a definição da anterioridade da negociação, da pactuação e do arquivamento do instrumento na entidade sindical. A negociação, a pactuação e o arquivamento do instrumento na entidade sindical devem ocorrer antes da conclusão das metas e/ou resultados estabelecidos e em data distante do término do período a que se referem os lucros ou resultados, sob pena de se inviabilizar o próprio sentido de incentivo à produtividade. A análise do caso concreto deve levar em consideração fatores como o tipo de meta ou resultado estabelecido, a comprovação da anterioridade das negociações, o ajuste de PLR, em anos anteriores, com características semelhantes (o que por si só gera expectativa no trabalhador, de sorte a já incentivar a produtividade e, portanto, não desnaturar o pagamento), dentre outras peculiaridades que mereçam ser sopesadas. Portanto, o pagamento de PLR efetuado com base tanto nas CCT quanto nos chamados “programas próprios”, está em discordância com os estritos comandos legais, que devem sim ser observados. Em relação à competência 12/2004, temos que o contribuinte desistiu parcialmente do recurso em relação à infração que diz respeito ao pagamento de PLR (fl. 283), nos seguintes termos, conforme registrado na Informação Fiscal citada no Relatório (fl. 275): Foram confirmados os recolhimentos efetuados no valor de R$ 2.790,16 ( AIOP nº 37.265.7133 – 16327.001473/200928), R$ 1.256,08 (AIOP nº 37.265.8938 – 16327.001474/200972) e R$ 320,57 ( AIOP nº 37.265.8946 – 16327.001475/200917) todos efetuados em 30/10/2015 para a competência DEZ/2004, mas somente para os lançamentos decorrentes da base de cálculo “Participação nos Lucros e Resultados – PLR” como informado pelo contribuinte, através das telas do sistema AGUIA de fls. 1348 a 1351 do processo 16327.001473/200928 ( AIOP nº 37.265.713 3 – 16327.001473/200928), fls. 1359 e 1360, do processo 16327.001473/200928 (AIOP nº 37.265.8938 – 16327.001474/200972) e fls. 1361 e 1362, do processo 16327.001473/200928 (AIOP nº 37.265.8946 – 16327.001475/200917). Mas destaco que isso não afeta a multa por descumprimento da obrigação acessória, que permanece, nos termos aqui tratados. II VALE TRANSPORTE Fl. 329DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 330 13 A questão da infração relativa ao pagamento de Vale Transporte em pecúnia, é objeto da Súmula CARF nº 89: Súmula CARF nº 89: A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de valetransporte, mesmo que em pecúnia. Portanto, neste aspecto, correto o entendimento contábil/fiscal do contribuinte e não haveria porque receber a sanção (multa) pela falta do registro na GFIP. III APLICAÇÃO DA MULTA Entretanto, apesar da indevida exigência no que tange ao pagamento do Vale Transporte, subsiste, nos termos aqui analisados, a infração relativa à questão do pagamento da PLR. Extraio do relatório fiscal que consta das folhas 34 e ss. que: AI N. ° 37.257.7125 CFL 68. a) Em decorrência dos elementos verificados pela Auditoria Fiscal, constatouse que os pagamentos de PLR e VT foram em desacordo com a legislação, conforme demonstrado no Relatório do AI DECBAD 37.265.7133. b) Os valores referentes aos pagamentos de remunerações dos mencionados trabalhadores encontramse discriminados em planilha anexa ao AI DEBCAD 37.265.7133. c) O valor da multa, conforme preceitua o Regulamento da Previdência Social RPS aprovado pelo Dec.3.048199 em seu art. 284, II, corresponde às contribuições devidas à Seguridade Social, relativas à contribuição da Empresa, parte de segurados e Seguro de Acidentes do Trabalho — SAT, incidentes sobre as remunerações de trabalhadores, em cargos de Gerentes Delegados, considerados como expatriados pela empresa, e não declaradas em GFIP. d) Em face da multa, os valores foram lançados como participação nos lucros — PLR e vale transporte — VT com os códigos de levantamento PL e VT, que representam o período no qual a aplicação da multa nos moldes determinados pela legislação anterior à Lei 11.941/2009 é mais benéfica ao Contribuinte. Conforme planilhas de cálculos em anexo, o valor da multa corresponde a R$ 93.042,60 (noventa e três mil quarenta e dois reais e sessenta centavos). Observo as rubricas PL e VT, na planilha da folha 45. Mantenho, nestes caso, a posição que acompanhou o Voto vencedor da Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto, no Acórdão 2202003.554, Sessão de 20 de setembro de 2016, desta Turma, que com clareza meridiana assim expôs a questão: As alterações trazidas à Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, pela Medida Provisória nº 449, de 03 de dezembro de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, provocaram mudanças significativas na forma de aplicação das multas no âmbito das contribuições previdenciárias. Fl. 330DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 331 14 No regime anterior, a multa pela falta de pagamento do tributo estava prevista no art. 35, da Lei nº 8.212/91, da seguinte forma: (...) Como se vê, a legislação anterior, diante da ausência de pagamento da contribuição, estipulava uma multa em percentuais progressivos que poderiam chegar até a cem por cento do valor devido, a depender do momento e das circunstâncias em que se encontravam os débitos (não incluídos em lançamento fiscal, incluídos em lançamento fiscal e inscritos em dívida ativa). Assim, essa multa não só abrangia a prática do atraso no pagamento, mas também a situação em que havia lançamento de ofício das obrigações devidas ("créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento"). Nesse sentido, entendese que, enquanto a multa de mora pressupõe o recolhimento espontâneo do tributo pelo contribuinte, a multa de lançamento de ofício tem como premissa básica a atuação estatal. Logo, apesar da denominação de "multa de mora" expressa na legislação anterior, concluise ser "de ofício" a natureza jurídica da multa aplicada sobre as contribuições inseridas em lançamento fiscal. Com o advento da MP 449/08, convertida na Lei nº 11.941/09, o referido art. 35 da Lei nº 8.212/91 foi alterado e também houve a inclusão do art. 35A, trazendo uma terminologia mais adequada ao segmentar da multa de mora a multa aplicada em lançamento de ofício, como se transcreve a seguir: (...) Assim, quanto aos débitos em atraso, que não foram objeto de lançamento fiscal, a nova redação do art. 35, da Lei nº 8.212/91, remete ao art. 61, da Lei nº 9.430/96, alterando a multa de mora para o percentual 0,33% ao dia, até o limite de 20% (art. 61), conforme abaixo: (...) Já para os débitos incluídos em lançamento fiscal e, portanto, sujeitos à multa de ofício, o art. 35A, na nova redação da Lei nº 8212/91, conduz ao art. 44 da Lei nº 9.430/96, determinando a incidência da multa na alíquota de 75%, nos seguintes termos:(...) Dessa forma, tendo ocorrido lançamento de ofício do tributo, entendese que a comparação da multa mais benéfica, para atendimento do art. 106, II, "c", do CTN, deve ser feita com o art. 35A, da Lei nº 8.212/91, que conduz ao art. 44, I, da Lei nº 9.430/96 (75%). Notase ainda que a multa decorrente do lançamento de ofício, prevista no art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, é única, no importe de 75% (se não duplicada), e visa apenar, de forma conjunta, tanto o não pagamento (parcial ou total) do tributo devido quanto a não apresentação da declaração ou a declaração inexata, sem Fl. 331DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 332 15 haver como mensurar o que foi aplicado para punir uma ou outra infração. Nesse aspecto, de se mencionar que as multas por descumprimento de obrigação acessória (que também são constituídas em lançamento de ofício) aplicadas na vigência da legislação anterior sobre as infrações relativas à falta/inexatidão de declarações (Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP) estavam previstas no art. 32, §§ 4º, 5º e 6º, da Lei nº 8.212/91. Assim, para o cálculo da penalidade mais favorável, em relação às competências incluídas em lançamento fiscal anteriores à 11/2008 (inclusive), a multa por falta de pagamento do tributo (aplicada com base na antiga redação do art. 35, da Lei nº 8.212/91) também deve ser somada às multas por falta/inexatidão de GFIP (estipuladas na redação anterior do art. 32, §§ 4º, 5º, 6º, da Lei nº 8.212/91), e o resultado deve ser comparado com a multa prevista no art. 35A, da Lei nº 8.212/91, na redação atual, que conduz ao art. 44, I, da Lei nº 9.430/96 (75%). Tal procedimento foi adotado pela autoridade fiscal, às fls. 77/78, e está previsto no art. 476A, da Instrução Normativa (IN) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) nº 971/09. Assim vem decidindo a 2ª Turma da CSRF deste CARF. Vejamos: Acórdão 9202004.498, de 29 de setembro de 2016: Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/2004 AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA OMISSÃO EM GFIP MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C//C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal e acessórias lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício.(destaquei) AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na superveniência de legislação que estabeleça novos critérios para a apuração da multa por descumprimento de obrigação acessória, fazse necessário verificar se a sistemática atual é mais favorável ao contribuinte que a anterior. No caso, se mais benéfico ao contribuinte, deverá ser adotada o disciplinado no art. 44, I da Lei no 9.430, de 1996, deduzidos os valores levantados a título de multa nas NFLD correlatas, exceto nas competências cuja obrigação principal foi atingida pela Fl. 332DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 333 16 decadência, para as quais a multa ficará reduzida ao valor previsto no art. 32A da Lei n° 8.212, de 1991. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento parcial para limitar o somatório das multas por descumprimento da obrigação principal e por descumprimento da obrigação acessória ao percentual de 75%, caso mais benéfico ao contribuinte .... Portanto, está correta a "comparação de multas" elaborada pelo Auditor Fiscal, conforme seu Relatório, deixando claro que a comparação dos efetivos valores de multa, para verificação da mais benéfica, será realizada quando do pagamento ou parcelamento dos créditos (Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009). Entretanto, considerando o provimento parcial em relação à questão do Vale Transporte (VT), a multa remanescente deve ser assim calculada somente sobre a parcela relativa à PLR (PL no código identificado pelo Auditor Fiscal). IV IMPOSSIBILIDADE DE SUCESSÃO DA RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES TRIBUTÁRIAS PELA RECORRENTE. Alega ainda a Recorrente que sendo sucessor por incorporação da UNIBANCO SEGUROS S/A, possui responsabilidade pelos tributos devidos até a data da aludida incorporação. No entanto, diz que a interpretação do artigo 132 do CTN, moldada no conceito de que a pena não deve passar da pessoa de seu infrator, leva a crer que a empresa incorporadora é responsável apenas pelos tributos/contribuições devidos pela empresa incorporada, uma vez que a norma não faz referência às multas por infração à legislação tributária. Na ATA Sumária da Assembléia Geral Extraordinária realizada no dia 28 de fevereiro de 2009, cuja cópia consta dos autos do processo 16327.001473/200928 (fl. 228), temos que: DELIBERAÇÕES TOMADAS POR UNANIMIDADE DOS PRESENTES: 1. Aprovado o Protocolo e Justificação de incorporação (" Protocolo e Justificação ), celebrado em 28 de fevereiro de 2009 pelos órgãos de administração da Sociedade e da UNIBANCO SEGUROS S.A., com sede em São Paulo (SP), na Avenida Eusébio Matoso n° 1.375, 8 4 andar, inscrita no CNPJ sob o n° 33.166.1581000195 (Anexo 1). O Protocolo e Justificação estabelece todos os termos e condições da incorporação da totalidade do patrimônio da UNIBANCO SEGUROS S.A. pela Sociedade ("incorporação"). Portanto, a incorporação só começou a ser tratada em 2009 e aqui falamos de fatos geradores ocorridos em 2004. Apliquese o entendimento proferido no Acórdão 2202003.437, de 14 de junho de 2016: Fl. 333DF CARF MF Processo nº 16327.001479/200903 Acórdão n.º 2202004.037 S2C2T2 Fl. 334 17 MULTA PUNITIVA. RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. FATO GERADOR OCORRIDO ANTES DA INCORPORAÇÃO. TESE FIRMADA PELO STJ. REGIMENTO INTERNO DO CARF. O STJ, no julgamento do REsp nº 923.012/MG, submetido ao regime do artigo 543C, do revogado Código de Processo Civil, e já transitado em julgado em 04/06/2013, firmou a tese que a responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Tal tema gerou inclusive a Súmula 554/STJ, publicada em 15/12/2015, com o seguinte teor: na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.(sublinhei) CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO por não reconhecer a decadência do lançamento e, no mérito, VOTO por dar provimento parcial ao recurso para manter a aplicação da multa (CFL 68) apenas sobre a rubrica PLR (PL), devendo a Unidade responsável elaborar a comparação dos efetivos valores de multa, dessa forma, para verificação da mais benéfica, quando do pagamento ou parcelamento dos créditos, conforme Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Fl. 334DF CARF MF
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