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Numero do processo: 19647.010391/2007-88
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2005
NÃO RECEPÇÃO PELO RECEITANET DE DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA (DSPJ) DE PESSOA JURÍDICA NÃO CADASTRADA NO SIMPLES. ENTREGA ANTES DO FINAL DO PRAZO COMPROVADA POR PETIÇÃO DIRIGIDA EM TEMPO HÁBIL Á UNIDADE DA RECEITA FEDERAL. REENQUADRAMENTO NO SIMPLES COM EFEITOS RETROATIVOS. MULTA POR ATRASO. NÃO CABIMENTO.
Em vista de sua exclusão do SIMPLES, a Contribuinte requereu sua reinclusão com efeitos retroativos. Antes do término do prazo para a entrega da declaração ingressou com petição no órgão para comprovar a entrega da DSPJ no prazo legal, encaminhando-a em mídia eletrônica, já que o sistema RECEITANET não permitia a transmissão da declaração. O reconhecimento do reenquadramento foi feito em data posterior a data da entrega da declaração, contudo retroagiu a 01/01/1997. Não deve prevalecer a multa por atraso na entrega da DSPJ, eis que a Contribuinte tinha o direito ao enquadramento e, ainda que por meio alternativo, entregou tempestivamente sua Declaração à Receita Federal do Brasil (RFB).
Numero da decisão: 1001-000.912
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado,por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Votou pelas conclusões o conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2005 NÃO RECEPÇÃO PELO RECEITANET DE DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA (DSPJ) DE PESSOA JURÍDICA NÃO CADASTRADA NO SIMPLES. ENTREGA ANTES DO FINAL DO PRAZO COMPROVADA POR PETIÇÃO DIRIGIDA EM TEMPO HÁBIL Á UNIDADE DA RECEITA FEDERAL. REENQUADRAMENTO NO SIMPLES COM EFEITOS RETROATIVOS. MULTA POR ATRASO. NÃO CABIMENTO. Em vista de sua exclusão do SIMPLES, a Contribuinte requereu sua reinclusão com efeitos retroativos. Antes do término do prazo para a entrega da declaração ingressou com petição no órgão para comprovar a entrega da DSPJ no prazo legal, encaminhando-a em mídia eletrônica, já que o sistema RECEITANET não permitia a transmissão da declaração. O reconhecimento do reenquadramento foi feito em data posterior a data da entrega da declaração, contudo retroagiu a 01/01/1997. Não deve prevalecer a multa por atraso na entrega da DSPJ, eis que a Contribuinte tinha o direito ao enquadramento e, ainda que por meio alternativo, entregou tempestivamente sua Declaração à Receita Federal do Brasil (RFB).
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Recorrente GP COMERCIO DE ARTIGOS EM COURO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2005 NÃO RECEPÇÃO PELO RECEITANET DE DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA (DSPJ) DE PESSOA JURÍDICA NÃO CADASTRADA NO SIMPLES. ENTREGA ANTES DO FINAL DO PRAZO COMPROVADA POR PETIÇÃO DIRIGIDA EM TEMPO HÁBIL Á UNIDADE DA RECEITA FEDERAL. REENQUADRAMENTO NO SIMPLES COM EFEITOS RETROATIVOS. MULTA POR ATRASO. NÃO CABIMENTO. Em vista de sua exclusão do SIMPLES, a Contribuinte requereu sua reinclusão com efeitos retroativos. Antes do término do prazo para a entrega da declaração ingressou com petição no órgão para comprovar a entrega da DSPJ no prazo legal, encaminhandoa em mídia eletrônica, já que o sistema RECEITANET não permitia a transmissão da declaração. O reconhecimento do reenquadramento foi feito em data posterior a data da entrega da declaração, contudo retroagiu a 01/01/1997. Não deve prevalecer a multa por atraso na entrega da DSPJ, eis que a Contribuinte tinha o direito ao enquadramento e, ainda que por meio alternativo, entregou tempestivamente sua Declaração à Receita Federal do Brasil (RFB). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado,por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Votou pelas conclusões o conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 03 91 /2 00 7- 88 Fl. 69DF CARF MF Processo nº 19647.010391/200788 Acórdão n.º 1001000.912 S1C0T1 Fl. 65 2 Edgar Bragança Bazhuni Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela Recorrente em face de decisão proferida pela 5ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento no Recife (PE), mediante o Acórdão nº 1126.619, de 12/06/2009 (efls. 23/24), objetivando a reforma do referido julgado. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento em primeira instância, a seguir transcrito: (grifos não constam do original) Contra a empresa acima identificada foi lavrado o auto de infração, fl. 14, no valor de R$ 200,00, ,11 para a cobrança da Multa por Atraso na Entrega da declaração anual simplificada exercício de 2006, anocalendário de 2005, que teria sido entregue em 16/06/2006, posteriormente ao encerramento do prazo legal de entrega, 31/05/2006. Inconformada com a autuação, tempestivamente, em 02/10/2007, a contribuinte apresentou a impugnação de fl. 01, na qual solicita o cancelamento da multa, uma vez que a declaração do ano calendário de 2006 foi entregue em tempo hábil, em 31/05/2006. Porém como estava com uma pendência quanto à inclusão no Simples apresentou esta declaração na própria repartição. Deve ter havido algum erro na Secretaria da Receita Federal do Brasil ao processar a declaração da empresa em data posterior a entrega. A DRJ considerou procedente o lançamento, cujos excertos do voto condutor do acórdão recorrido transcrevese a seguir, verbis: O auto de infração da fl. 07 segue as informações do sistema da Receita Federal acerca da recepção da declaração de rendimentos da pessoa jurídica. Acusa este auto que a contribuinte apresentou a Declaração de Informação da Pessoa Jurídica DIPJSimples, do exercício de 2006, anocalendário de 2005 no dia 16/06/2006 quando o prazo de entrega seria o dia 31/05/2006. A contribuinte contesta esta informação alegando que no dia 31/05/2006 apresentou sua declaração de rendimentos. No sistema da Secretaria da Receita Federal do Brasil, consta que a contribuinte apresentou a declaração do Ano Calendário 2005 no dia 16/06/2006, ou seja, após o prazo de entrega. Como a contribuinte alega que apresentou tempestivamente, mas não apresenta o recibo de apresentação com a data, não podemos considerar esta alegação, pois esta desacompanhada de elemento comprobatório. O acórdão foi assim ementado: Fl. 70DF CARF MF Processo nº 19647.010391/200788 Acórdão n.º 1001000.912 S1C0T1 Fl. 66 3 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2005 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS PROCEDÊNCIA. Não tendo o contribuinte apresentado o recibo de entrega da DIPJ/2006, com data de recepção dentro do prazo legal, cabe a aplicação da multa por atraso na entrega da declaração. Lançamento Procedente. Ciente da decisão em 13/08/2009, conforme Aviso de Recebimento à efl. 27, a Recorrente apresentou recurso voluntário em 31/08/2009 (efls. 29/30), conforme carimbo aposto à fl. 29. É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. No recurso interposto a recorrente reitera os argumentos apresentados em sede de primeira instância, em suma, que a declaração foi entregue em tempo hábil, em 31/05/2006, porém como estava com uma pendência quanto à inclusão no Simples, que a impedia de transmitir via programa ReceitaNet, apresentou esta declaração na própria repartição mediante a abertura de um processo, assim como em outros anos, enquanto aguardava a decisão de reinclusão no Simples. A recorrente anexa protocolo de abertura de processo de nº 19647.004810/200661, em 31/05/2006, à efl. 57, bem como o despacho decisório do Serviço de Controle e Acompanhamento Tributário/SECAT, referente ao processo 19647.004677/200481, datado de 28/09/2006, que deferiu a inclusão retroativa a partir de 1997. Primeiramente, resta comprovado pelo próprio auto de infração, já que a multa está embasada na declaração simplificada, que a declaração foi admitida como válida, porém, extemporânea. É de conhecimento de que se não constar do cadastro CNPJ o enquadramento no SIMPLES, o sistema automaticamente bloqueava o envio da declaração simplificada pelo RECEITANET. Fl. 71DF CARF MF Processo nº 19647.010391/200788 Acórdão n.º 1001000.912 S1C0T1 Fl. 67 4 Já o supracitado despacho decisório do SECAT atesta que a Contribuinte foi reincluída retroativamente no Simples em relação ao anocalendário de 1997, portanto, durante este período a empresa estava impedida de apresentar a declaração via sistema RECEITANET. Assim, o protocolo de abertura de processo de nº 19647.004810/200661, em 31/05/2006, de que a entrega da declaração se deu fisicamente (no balcão de atendimento da RFB), faz prova a favor da contribuinte. Dadas as circunstâncias do caso, entendo que a Contribuinte adotou todas as providências possíveis, eis que, em vista de sua exclusão, buscou a Receita Federal do Brasil (RFB) e conseguiu obter sua reinclusão com efeitos retroativos a 01/01/1997, e ainda apresentou petição à Receita Federal para comprovar a entrega da declaração no prazo legal (pelo menos em relação ao anocalendário de 2006) que é objeto deste processo, encaminhandoa em mídia eletrônica, já que o sistema RECEITANET não permitia a transmissão eletrônica da declaração. Diante da recusa eletrônica no recebimento de sua declaração, ela apenas se utilizou de um meio alternativo para a entrega do documento em tempo hábil, sem qualquer prejuízo para a Administração Tributária, pois esta acabou reconhecendo como correto o regime tributário adotado pela Contribuinte. Assim, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso, para cancelar a multa pelo atraso na entrega da DSPJ do exercício 2006, anocalendário de 2005. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 72DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.925702/2009-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3302-000.870
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator, vencidos os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e Diego Weis Jr, que negavam provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.693416/2009-08, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado), Vinícius Guimarães (suplente convocado), Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator, vencidos os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e Diego Weis Jr, que negavam provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10880.693416/200908, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado), Vinícius Guimarães (suplente convocado), Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 25 70 2/ 20 09 -3 0 Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10880.925702/200930 Resolução nº 3302000.870 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório por suposto pagamento indevido ou a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. De acordo com o Despacho Decisório constante nos autos, o alegado crédito já havia sido utilizado para a quitação de outro débito, não restando, portanto, valor disponível para a compensação do débito por ela indicado no Per/Dcomp. Dessa forma, não foi homologada a compensação declarada. Ciente dessa decisão, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que: a manifestante não sabe qual seria, na realidade, o motivo do indeferimento do direito creditório e, consequentemente, da não homologação da compensação declarada. apenas supõe que o direito creditório tenha sido negado em virtude de não ter sido localizada a DCTF retificadora que corrigiu o valor do débito devido. entretanto, não se pode aceitar que a contribuinte seja obrigada a se defender com base em suposições, sem ter segurança quanto ao motivo que determinou a glosa, pois o Decreto n° 70.235/1972 é claro ao determinar que os atos proferidos por autoridades administrativas que prejudicam ou impossibilitam o direito de defesa do contribuinte são eivados de nulidade. há de se observar que o Despacho Decisório ora combatido não contém uma descrição precisa e congruente dos fatos que ensejaram a sua emissão. Tal omissão e imprecisão impedem o pleno conhecimento das circunstâncias que levaram ao indeferimento do seu direito creditório, implicando grandes dificuldades e embaraços ao direito da ampla defesa e do contraditório. a própria fundamentação legal utilizada como embasamento para o indeferimento do direito creditório ora pleiteado foi indicada de modo apenas genérico, não permitindo a identificação de qual o equivoco teria sido pretensamente cometido. Em síntese, não constam, no Despacho Decisório, informações precisas acerca das supostas incorreções cometidas, evidenciando a nulidade do ato administrativo em apreço. o valor do pagamento ora discutido decorre, inequivocamente, da tributação de receitas que não se enquadram no conceito de faturamento. sobre a tributação das receitas que não se enquadram no conceito de faturamento (base de cálculo prevista pela Lei 9.718/1998), é assente que tal exigência não está de acordo com o direito. Isto porque, o Supremo Tribunal Federal já declarou a sua inconstitucionalidade. Ademais, no caso ora analisado, a manifestante obteve decisão judicial definitiva que a possibilita não observar a base de cálculo prevista na Lei 9.718/1998. independentemente da decisão judicial definitiva favorável à manifestante, o direito creditório deve ser reconhecido, pois, como já mencionado, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do alargamento das bases de cálculo do PIS e da COFINS. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10880.925702/200930 Resolução nº 3302000.870 S3C3T2 Fl. 4 3 o não reconhecimento da inconstitucionalidade da lei já declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal viola princípios consagrados pelo ordenamento jurídico brasileiro, dentre os quais se destacam o "Principio da Moralidade” e o "Principio da Eficiência". muito embora a manifestante acredite que o seu direito creditório será reconhecido com a conseqüente homologação da compensação efetuada, em função do Principio da Eventualidade, não há como se furtar em apresentar a sua discordância em relação à exigência de multa e juros, na hipótese dos julgadores entenderem que o indeferimento deva prevalecer. no caso em tela, não há que se falar em imposição de multa e juros por atraso no pagamento, já que a manifestante quitou tempestivamente, por meio da DCOMP não homologada, o débito compensado. não há que se alegar mora ao quitar o débito equivocadamente exigido, uma vez que esta apresentou DCOMP com objetivo de cumprir sua obrigação, sendo que, a não homologação da DCOMP apresentada não é, por si só, fato caracterizador de mora do contribuinte. a exoneração da multa e dos juros deverá ser reconhecida, pois a manifestante não incorreu em mora, tendo apresentado tempestivamente a DCOMP para quitação integral do débito tributário compensado. Diante dessas alegações, a interessada solicita: o cancelamento total do Despacho Decisório ora combatido, com a declaração de sua nulidade, pois, em preliminar, é comprovado o cerceamento do direito de defesa. na hipótese de se entenderem que não deve ser declarada a nulidade do Despacho Decisório, a manifestante pede e espera que, no mérito, o seu direito creditório seja deferido e, conseqüentemente, homologada a compensação declarada. caso o indeferimento do direito creditório seja mantido, o que se admite apenas a título de argumentação, deve ser afastada a exigência de multa e juros de mora pelos motivos já expostos. Por fim, a manifestante protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em Direito, sobretudo a diligência fiscal. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve integralmente o despacho decisório, julgando improcedente a manifestação de inconformidade. Intimada da decisão recorrida, a Recorrente interpôs recurso voluntário reproduzindo as matérias de mérito já apresentadas em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10880.925702/200930 Resolução nº 3302000.870 S3C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3302000.853, de 25 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.693416/200908, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3302000.853): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. A questão tratada nestes autos não é nova neste Conselho e, já foi analisado nos autos do Processo Administrativo nº 10880.693376/200996 (acórdão paradigma nº 3401001.361), instaurada contra a mesma empresa, de relatoria do i. Conselheiro Robson José Bayerl que, entendeu por bem converter o julgamento em diligência para verificar a origem do crédito pleiteado pela Recorrente com base nos documentos já carreados aos autos e outros que fizerem necessários. Neste caso, por concordar com os argumentos explicitados por aquela relator e, visando dar o mesmo tratando processual, adoto as razões do citado Conselheiro como causa de decidir o presente processo, a saber: Como questão preliminar, cabe examinar a exigência de retificação da DCTF correspondente, como condição para repetição do indébito, consoante acentuado pela decisão recorrida. A tese defendida pelo colegiado a quo é que o impedimento à alteração do valor declarado a título de Cofins, dezembro/1999, obstaria o direito à restituição do montante pago indevidamente, mesmo que não ocorrida a decadência desse direito, nos termos do art. 165, I do Código Tributário Nacional, por entender que o crédito tributário já se encontrava formalmente homologado e definitivamente extinto perante a Fazenda Nacional. Todavia, ainda que o art. 150, § 4º do CTN disponha que a fluência do prazo de 05 (cinco) anos corporifica homologação tácita e transmuta o lançamento e respectivo pagamento em causa de extinção do crédito tributário, não se pode olvidar que o mencionado art. 165, I do mesmo diploma legal também garante o direito, independente de prévio protesto, à restituição do tributo pago em quantia maior que a devida, desde que observada a temporalidade do requerimento próprio (art. 168), o que se verificou nesse processo. Nestes autos, o decurso do prazo veda a constituição de crédito tributário complementar àquele declarado pelo sujeito passivo (art. 150, § 4º), entretanto, não obstaculiza a devolução do indébito, ao passo que feito o pedido dentro do prazo de 05 (cinco) anos do recolhimento(arts. 165, I e 168), mormente na situação sub examine, Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10880.925702/200930 Resolução nº 3302000.870 S3C3T2 Fl. 6 5 onde a quantia indevida corresponde justamente ao pagamento feito a destempo, acrescido de multa e juros de mora. Demais disso, esquadrinhando a IN SRF 600/05, vigente por ocasião da transmissão da PERDCOMP, não se localiza qualquer imposição de retificação da DCTF como requisito para processamento do pedido de restituição aviado, salvo na hipótese de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI (Leis nº 9.363/96 e 10.276/01), segundo o art. 16, § 5º, II do ato normativo. Portanto, mostrase improcedente a questão vestibular erigida pela decisão recorrida como fundamento à denegação do recurso. Tocante ao mérito, observase que o motivo inicial à não homologação da compensação realizada se lastreou em uma suposta utilização do direito creditório para “quitação” de outros tributos, de forma tal que não haveria saldo disponível para a compensação realizada. Notase, também, que a Administração Tributária em momento algum contestou diretamente a existência do crédito vindicado, mas sim sua utilização em outra finalidade. Em outra linha argumentativa exposta na decisão de primeira instância, o acolhimento da manifestação de inconformidade, em situações como estas, exigiria a demonstração documental das razões arroladas pelo recorrente, o que não se verificou. Nesse passo, é certo que na primeira oportunidade processual o recorrente não produziu a prova necessária, limitandose a anexar cópias de declarações, que, por si só, assim como sua ausência não serve de causa ao indeferimento de restituição, também não é suficiente ao seu deferimento. Contudo, em recurso voluntário, o contribuinte trouxe demonstrativo de apuração e balancetes, o que, a meu sentir, consubstancia um início razoável de prova a justificar o retorno dos autos à DRF de jurisdição para exame das alegações do recorrente a respeito do direito invocado (pagamento indevido de Cofins ante à inconstitucionalidade do conceito de faturamento veiculado pela Lei nº 9.718/98, decidida em repercussão geral no RE 585.235QO, de 10/09/2008). Poderseia, em princípio, indagar acerca da preclusão temporal para coleção da prova documental, à luz do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, contudo,não se nega que o despacho decisório contestado é fruto de verificações automáticas de sistema, realizadas a partir de declarações prestadas pelo contribuinte, sem qualquer participação das autoridades administrativas, que sequer assinam o despacho decisório, eis que validado por meio de chancela eletrônica. Não se deseja, aqui, ser refratário à modernidade ou às inovações tecnológicas, porém, não se pode perder de vista os princípios norteadores do processo administrativo fiscal, valendo registrar que esta Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem orientado sua jurisprudência no sentido que em situações como a deste processo, onde há um início razoável de prova, composto por documentos outros que não apenas declarações ou Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10880.925702/200930 Resolução nº 3302000.870 S3C3T2 Fl. 7 6 mesmo debates eminentemente retóricos, deve o julgamento ser convertido em diligência para análise da procedência do direito invocado. Demais disso, ao fato constitutivo do direito ao crédito tributário posto pela Administração tributária – vinculação do direito de crédito a outro débito de titularidade do sujeito passivo –, contrapõe o recorrente um fato modificativo desse mesmo direito – a existência de pagamento a maior e o pedido tempestivo de sua restituição, acompanhado de início de prova –, o que milita em favor da verificação de procedência dessa alegação. Assim, considerando que o processo não se encontra em condições de julgamento, proponho sua conversão em diligência para que seja informado e providenciado o seguinte: Verificação da legitimidade ativa do requerente para pleitear a restituição de quantia recolhida por outra pessoa jurídica, alegadamente incorporada, com juntada da documentação relativa à alteração societária em comento; Aferição da procedência jurídica e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; Informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; Informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, ∙ Elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas. Em seguida, abrase vista ao recorrente pelo prazo de 30 (trinta) dias, para, querendo, manifestarse, findos os quais deverão os autos retornar a este Conselho Administrativo para prosseguimento. Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que seja informado e providenciado o seguinte: Verificação da legitimidade ativa do requerente para pleitear a restituição de quantia recolhida por outra pessoa jurídica, alegadamente incorporada, com juntada da documentação relativa à alteração societária em comento; Aferição da procedência jurídica e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; Informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; Informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10880.925702/200930 Resolução nº 3302000.870 S3C3T2 Fl. 8 7 Elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas. Em seguida, abrase vista ao recorrente pelo prazo de 30 (trinta) dias, para, querendo, manifestarse, findos os quais deverão os autos retornar a este Conselho Administrativo para prosseguimento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja informado e providenciado o seguinte: Verificação da legitimidade ativa do requerente para pleitear a restituição de quantia recolhida por outra pessoa jurídica, alegadamente incorporada, com juntada da documentação relativa à alteração societária em comento; Aferição da procedência jurídica e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; Informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; Informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, Elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas. Em seguida, abrase vista ao recorrente pelo prazo de 30 (trinta) dias, para, querendo, manifestarse, findos os quais deverão os autos retornar a este Conselho Administrativo para prosseguimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 169DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.907242/2009-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84.
O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo.
Numero da decisão: 1301-003.572
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomando-se, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10283.903399/2009-53, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(Assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10283.903399/200953, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 72 42 /2 00 9- 05 Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10283.907242/200905 Acórdão n.º 1301003.572 S1C3T1 Fl. 3 2 Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Compensação protocolado através de Declaração de Compensação DCOMP, no qual se pleiteia compensação de crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior de IRPJ Estimativa mensal (código 2362). O pedido de compensação foi indeferido através de Despacho Decisório Eletrônico, sob o argumento de que o crédito informado no PER/DCOMP, por tratarse de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, somente poderia ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. A empresa apresentou manifestação de inconformidade onde afirma que as compensações foram realizadas em completa harmonia com a legislação vigente. Isto porque calculou e recolheu um determinado valor de IRPJ, com código de arrecadação de estimativa mensal e, posteriormente ao recolhimento, verificou que o valor de IRPJ efetivamente devido montava um valor inferior àquele originalmente pago através de DARF. Acrescenta que o valor recalculado está de acordo com os valores declarados em DCTF e que, uma vez confessada uma dívida efetiva em valor inferior àquele recolhido, teria nascido um crédito tributário. O sujeito passivo alega que por equívoco procedeu ao recolhimento num valor superior àquele efetivamente devido. Argumenta também que não se trata de pagamento por estimativa mensal, uma vez que foi realizado com base em balanço de suspensão ou redução. A DRJ julgou improcedente a manifestação sob o fundamento de que os valores apurados a partir da receita bruta em função de balancete redução correspondem a estimativa mensal e que não havia previsão legal para utilização em DCOMP, de crédito referente a estimativa mensal de IRPJ. Inconformado com a decisão da DRJ, a empresa apresentou Recurso Voluntário, no qual reafirma a existência de pagamento indevido ou a maior de IRPJ, reitera os argumentos trazidos na manifestação de inconformidade, declara que a decisão da DRJ vai de encontro a jurisprudência do CARF e, ao final, requer o reconhecimento da homologação das compensações em litígio. É o relatório. Voto Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10283.907242/200905 Acórdão n.º 1301003.572 S1C3T1 Fl. 4 3 Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1301003.563, de 22/11/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10283.903399/2009 53, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301003.563): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme se depreende do relatório, o cerne da discussão no presente processo é a possibilidade ou não de se compensar pagamento indevido ou a maior recolhido a título de estimativa mensal para aquelas pessoas jurídicas sujeitas à apuração do IRPJ pelo lucro real. O pedido de compensação foi indeferido liminarmente, através de Despacho Decisório Eletrônico, a partir do momento em que o sistema constatou tratarse de recolhimento efetivado sob o código de arrecadação 2362 (IRPJ PJ OBRIGADAS AO LUCRO REAL ENTIDADES NÃO FINANCEIRAS ESTIMATIVA MENSAL). A Unidade de Origem não se adentrou no mérito do direito creditório, e por conseguinte, não deu oportunidade para o contribuinte produzir provas. O Despacho Eletrônico, bem como o acórdão da DRJ, fundamentaram o indeferimento do pedido de compensação no artigo 74 da Lei nº 9.430/96, em concomitância com o art. 10 da IN SRF nº 600/2005. O §14º do art.74 da citada lei atribuiu competência a Secretaria da Receita Federal para disciplinar a compensação e, o órgão emitiu instrução normativa que disciplinou a matéria. O art. 10 da IN SRF nº 600/2005, vigente à época, determinava: Art. 10. A pessoa jurídica tributada pelo lucro real, presumido ou arbitrado que sofrer retenção indevida ou a maior de imposto de renda ou de CSLL sobre rendimentos que integram a base de cálculo do imposto ou da contribuição, bem assim a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período. Contudo o art.74, §3º, da Lei nº 9.430/96 que tratou das vedações à compensação através de DCOMP, dispôs em seu Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10283.907242/200905 Acórdão n.º 1301003.572 S1C3T1 Fl. 5 4 inciso IX dos débitos relativos ao pagamento mensal por estimativa do IRPJ ou da CSLL, mas nada dispondo acerca de créditos oriundos de pagamento indevido de estimativa mensal, in verbis: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. ......... § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pela sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) ........ IX os débitos relativos ao recolhimento mensal por estimativa do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) apurados na forma do art. 2º desta Lei. (grifei) É de se observar que a Instrução Normativa fez uma interpretação restritiva de Lei nº 9.430/96, a qual não encontrou guarida na jurisprudência do CARF, que acerca da matéria proferiu a Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. (Súmula revisada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018). Transcrevese ainda a redação anterior da súmula: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Para melhor esclarecer a aplicação da súmula, trago à baila trecho do acórdão da CSRF nº 910100.406, de 02/10/2009, utilizado como precedente para elaboração da jurisprudência: Ementa: RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido a titulo de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10283.907242/200905 Acórdão n.º 1301003.572 S1C3T1 Fl. 6 5 social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição corno pagamento indevido de tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, (...) De acordo com o acórdão recorrido, não seria possível caracterizar como indevido o recolhimento da antecipação mensal por estimativa de CSLL efetuado a maior, apenas confrontando referido pagamento com as regras para apuração do valor devido a titulo de antecipação mensal. (...) É o relatório. (...) Nos termos da lei, a pessoa jurídica que opta pelo lucro real anual está obrigada a antecipar, mensalmente, o IRPJ calculado por estimativa. Referida obrigação de antecipar a cada mês uma parcela do IRPJ que será devido ao fim do ano calendário é apurada sobre a base de cálculo estimada, calculada conforme percentuais definidos em lei aplicados sobre a receita bruta do Contribuinte até o mês em que a antecipação é realizada. Ainda nos termos da lei, a obrigação de antecipar o imposto pode ser reduzida ou suspensa, conforme o Contribuinte comprove, mediante levantamento de balanços ou balancetes, que o IRPJ, se calculado sobre o lucro real verificado até o momento da apuração da antecipação, é menor do que o valor devido de acordo com o cálculo sobre a base estimada. Em apertada síntese, esse é o regime legal da obrigação de antecipar, mensalmente, o IRPJ, em caso de opção pela apuração do lucro real em base anual. Diferentemente do acórdão recorrido, entendo que o Contribuinte está obrigado ao recolhimento das antecipações mensais nos termos estabelecidos na legislação, seja sobre as bases estimadas, seja sobre a base de cálculo apurada em balanço ou balancete de suspensão ou redução. A meu ver, havendo recolhimento superior àquele imposto por lei, ainda que sob a alcunha de "estimativa", resta caracterizado o recolhimento a maior passível de restituição ou compensação. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10283.907242/200905 Acórdão n.º 1301003.572 S1C3T1 Fl. 7 6 Como bem observou o acórdão paradigma, a legislação não estabelece que recolhimentos a maior que os estabelecidos pelas regras da apuração da antecipação mensal por estimativa também devem ser considerados como antecipação do imposto. Em outros termos, o recolhimento que exceda o valor apurado de acordo com as regras para o cálculo das antecipações mensais por estimativa não tem natureza de antecipação do imposto, mas de pagamento indevido, restituível nos termos do art. 165 do CTN.(grifei) Nesse diapasão, em observância à Súmula CARF nº 84, reconhecese que é possível a caracterização de indébito a partir de recolhimento de estimativa. Todavia, para fins de homologação da DCOMP, fazse mister a apreciação do direito creditório, ou seja, a comprovação por parte do contribuinte da existência de pagamento indevido, ou seja, que o valor recolhido a título de estimativa mensal, ainda que através de balanço ou balancete suspensão/redução, foi calculado e efetivado em valores acima daqueles prescritos em lei. Logo, entendo não ser possível homologar, nesse momento, a compensação declarada pelo Contribuinte, uma vez que a única questão submetida ao contraditório nos autos foi a possibilidade (ou não) de compensação de pagamento da estimativa recolhida a maior. Além do que tal fato implicaria supressão da competência da Unidade de Origem para análise do direito creditório. Nesse sentido, considerando ser possível a restituição/compensação de recolhimento de estimativa mensal, desde que reste caracterizado o indébito, voto no sentido de retornar o processo à Unidade de Origem para examinar o mérito do pedido, nos termos do art. 170 do CTN e proferir Despacho Decisório complementar. Posteriormente, podese seguir o rito processual habitual. Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para reconhecer a possibilidade de compensar recolhimentos a título de estimativa mensal de IRPJ ou CSLL, desde que reste caracterizado o indébito, mas sem homologar a compensação, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para que a Unidade de Origem analise o mérito do pedido e emita despacho decisório complementar, prosseguindo se assim, o processo de praxe." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10283.907242/200905 Acórdão n.º 1301003.572 S1C3T1 Fl. 8 7 de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 109DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.003504/2010-40
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2009
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. ERRO NA BASE DE CÁLCULO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. PRELIMINAR AFASTADA.
Os casos de nulidade no PAF são elencados arroladas no art. 59 do Decreto 70.235, de 1972. Constatado erro na base de cálculo, mas sem alteração do critério jurídico adotado para a atuação, não há se falar em nulidade. Assim, a matéria deve ser analisada como mérito, uma vez que não houve elementos que possam dar causa à nulidade alegada.
QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO SEM PRÉVIA ORDEM JUDICIAL. IMPROCEDÊNCIA. DECISÃO STF.
O STF no julgamento do Recurso Extraordinário 601.314/SP, submetido à sistemática da repercussão geral, decidiu que: O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal e A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. EXCLUSÃO DE EMPRESAS DO SIMPLES. SIMULAÇÃO.
A autoridade fiscal constatando situação capaz de concluir que haveria uma simulação para evitar a tributação devida, tem o poder-dever de exclusão do SIMPLES, bem como os da verificação de elementos que configurariam uma organização de estrutura de uma empresa única, mas com vários empresas interpostas.
Assim, verifica da as circunstâncias definidas em lei como necessárias e suficientes a sua ocorrência, deve o fiscal proceder ao lançamento correspondente ao fato gerador identificado, cumprindo com o exigido em lei no que tange aos lançamentos efetuados.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
Configura infração à Lei, deixar o Contribuinte de preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos na legislação previdenciária
A contribuinte é obrigada a elaborar conforme a legislação previdenciária as folhas de pagamento conforme as normas estabelecidas, sendo que quando não é realizado deve haver a aplicação de multa cabível ao caso.
MULTA AGRAVADA. ÔNUS DA PROVA PELO INTERESSADO
A autoridade fiscal ao apontar a simulação ou fraude deve indicar com elementos concretos a que acusação se funda. Em ocorrendo os indícios apontados, se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a afastar as denúncias da fiscalização.
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF 02.
Este Tribunal administrativo não é competente para tratar sobre inconstitucionalidade de Lei tributária, nos termos da Súmula CARF 02.
ÔNUS DA PROVA PELO INTERESSADO
Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a provada origem dos recursos informados para acobertar seus dispêndios gerais e aquisições de bens e direitos.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2301-005.625
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer das alegações de inconstitucionalidade de lei, para, na parte conhecida, rejeitar as preliminares, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior Presidente
(assinado digitalmente)
Wesley Rocha Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, Reginaldo Paixão Emos e Wesley Rocha. Ausente justificadamente o conselheiro Antônio Sávio Nastureles.
Nome do relator: WESLEY ROCHA
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IMPROCEDÊNCIA. ERRO NA BASE DE CÁLCULO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. PRELIMINAR AFASTADA. Os casos de nulidade no PAF são elencados arroladas no art. 59 do Decreto 70.235, de 1972. Constatado erro na base de cálculo, mas sem alteração do critério jurídico adotado para a atuação, não há se falar em nulidade. Assim, a matéria deve ser analisada como mérito, uma vez que não houve elementos que possam dar causa à nulidade alegada. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO SEM PRÉVIA ORDEM JUDICIAL. IMPROCEDÊNCIA. DECISÃO STF. O STF no julgamento do Recurso Extraordinário 601.314/SP, submetido à sistemática da repercussão geral, decidiu que: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal” e “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. EXCLUSÃO DE EMPRESAS DO SIMPLES. SIMULAÇÃO. A autoridade fiscal constatando situação capaz de concluir que haveria uma simulação para evitar a tributação devida, tem o poderdever de exclusão do SIMPLES, bem como os da verificação de elementos que configurariam uma organização de estrutura de uma empresa única, mas com vários empresas interpostas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 35 04 /2 01 0- 40 Fl. 265DF CARF MF 2 Assim, verifica da as circunstâncias definidas em lei como necessárias e suficientes a sua ocorrência, deve o fiscal proceder ao lançamento correspondente ao fato gerador identificado, cumprindo com o exigido em lei no que tange aos lançamentos efetuados. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Configura infração à Lei, deixar o Contribuinte de preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos na legislação previdenciária A contribuinte é obrigada a elaborar conforme a legislação previdenciária as folhas de pagamento conforme as normas estabelecidas, sendo que quando não é realizado deve haver a aplicação de multa cabível ao caso. MULTA AGRAVADA. ÔNUS DA PROVA PELO INTERESSADO A autoridade fiscal ao apontar a simulação ou fraude deve indicar com elementos concretos a que acusação se funda. Em ocorrendo os indícios apontados, se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a afastar as denúncias da fiscalização. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF 02. Este Tribunal administrativo não é competente para tratar sobre inconstitucionalidade de Lei tributária, nos termos da Súmula CARF 02. ÔNUS DA PROVA PELO INTERESSADO Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a provada origem dos recursos informados para acobertar seus dispêndios gerais e aquisições de bens e direitos. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer das alegações de inconstitucionalidade de lei, para, na parte conhecida, rejeitar as preliminares, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior – Presidente (assinado digitalmente) Wesley Rocha – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, Reginaldo Paixão Emos e Wesley Rocha. Ausente justificadamente o conselheiro Antônio Sávio Nastureles. Relatório Fl. 266DF CARF MF Processo nº 11020.003504/201040 Acórdão n.º 2301005.625 S2C3T1 Fl. 3 3 Tratase de Recurso Voluntário interposto pela MÓVEIS E ARTESANATO MADREARTES LTDA E OUTROS, contra o Acórdão de Julgamento proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento Porto AlegreRS (6ª Turma da DRJ/POA), que julgou a impugnação improcedente. Conforme relatório fiscal, o Auto de Infração, Debcad nº 37.311.5512, referese à autuação por descumprimento da obrigação acessória prevista no artigo 17 da Lei nº 8.213/1991, combinado com o artigo 18, I e § 1º do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, em razão da empresa ter deixado de inscrever 116 segurados empregados a seu serviço mas que, por força de um planejamento tributário, foram registrados nas empresas Móveis Stancieli Ltda, Móveis San Remy Ltda, AllWar Móveis Ltda e Móveis Shellon Ltda. O Acórdão recorrido está descrito com o seguinte: "Para esta infração a multa corresponde a R$ 166.087,64 (cento e sessenta e seis mil e oitenta e sete reais e sessenta e quatro centavos), de acordo com os artigos 133 e 134 da Lei nº 8.213/1991, combinados com os artigos 283, caput e § 2º e 373 do RPS, e foi atualizada de acordo com a Portaria Interministerial MPS/MF nº 333, de 29/06/2010, publicada no DOU de 30/06/2010. Em razão da empresa ter agido com dolo, fraude ou máfé, a multa foi elevada em três vezes, nos termos do artigo 292, II do RPS, totalizando R$ 498.262,92 (quatrocentos e noventa e oito mil, duzentos e sessenta e dois reais e noventa e dois centavos). A autoridade lançadora relata pormenorizadamente no Relatório do Auto de Infração, às fls. 127 a 182 dos autos digitais, as razões que a levaram a concluir que as empresas optantes pelo Simples Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (até 06/2007) e pelo Simples Nacional Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (a partir de 07/2007) Móveis e Artesanato Madreartes Ltda, AllWar Móveis Ltda – CNPJ 05.360.328/000132, Móveis Shellon Ltda – CNPJ 09.097.785/000137, Móveis Stancieli Ltda – CNPJ 00.872.014/000103 e Móveis San Remy Ltda – CNPJ 03.995.384/000118 constituíam na realidade uma única empresa, que foi fracionada com o objetivo de reduzir sua carga tributária. Relata que evidenciou um planejamento para reduzir o recolhimento das contribuições previdenciárias devidas, com a alocação e divisão dos empregados em várias empresas, cada uma optante pelo regime simplificado de tributação, caso em que a alíquota previdenciária fica extremamente reduzida e ocasiona uma redução significativa no recolhimento das contribuições. Em apertada síntese do relato fiscal, extraise que a fiscalização identificou que as empresas Madreartes e Stancieli estão estabelecidas no mesmo local, separadas apenas por um Fl. 267DF CARF MF 4 estacionamento interno; que a Móveis Stancieli foi criada em 07/05/1995, mesmo ano da instituição do Simples, e que o endereço de sua filial é no mesmo local do antigo endereço da Madreartes; que o objetivo da criação da Móveis Stancieli foi a divisão do faturamento e do registro dos empregados; que as correspondências enviadas para a Madreartes são endereçadas para o mesmo endereço da Stancieli; que os documentos fiscais de fornecedores são emitidos com os dados da Madreartes, mas as mercadorias são entregues na Stancieli; que a All War, ao ser tributada pelo lucro presumido, transferiu em 31/12/2007 todo o seu estoque de matéria prima e de produtos em elaboração, bem como o imobilizado, para a Móveis Shellon, criada em 10/08/2007 no mesmo endereço da All War, com os mesmos funcionários e optante pelo Simples; que o objeto social das empresas é o mesmo; que todas possuem os mesmos números de telefone, o mesmo endereço eletrônico, o mesmo contador, os mesmos administradores, sócios em comum, atividades idênticas e cada uma com faturamento próximo ao limite de exclusão do Simples; que os gastos de todas as pseudoempresas são pagos pelas mesmas contas bancárias; que os veículos utilizados são os mesmos para todas; que a carteira de clientes é a mesma, e a codificação e especificação dos produtos faturados são os mesmos, conforme se comprova pelas notas fiscais de vendas; que é comum a emissão pelos fornecedores de documentos destinados a uma empresa com o endereço de outra; que as empresas utilizam os mesmos trabalhadores, forjando a demissão em uma e a contratação na outra seis meses após, mas que os cartõesponto comprovam que jamais ficaram desempregados; que existe transferência de empregados da filial da Stancieli para a Shellon e para a Madreartes sem quebra de continuidade, já que são desligados em uma e admitidos na outra no mesmo dia, com o mesmo salário e com a mesma função; que os veículos constantes do ativo imobilizado das empresas são utilizados diariamente por todas elas; que a administração, venda e demais setores indiretos são comuns, no mesmo endereço (Móveis Stancieli), enquanto que nos demais estabelecimentos existe somente parte da produção; que os elementos das reclamatórias trabalhistas corroboram o fato de que há somente uma empresa; que os advogados contratados para a defesa nestes processos são os mesmos; que o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) de 2003 traz como endereço da Móveis San Remy o endereço da AllWar e da Shellon, enquanto que o da Móveis Stancieli traz como endereço o da Madreartes; que os empréstimos contraídos pela Móveis Stancieli junto à San Remy e à Madreartes não sofreram qualquer pagamento ou atualização monetária no período de 2005 a 2009. Com relação à contabilidade, a fiscalização identificou a existência de “caixa 2” na empresa Móveis Stancieli; que em todas as empresas a contabilidade não possui conta cliente, apesar de têlos em centenas; que todo o pagamento de duplicata é contabilizado na conta caixa, não havendo passagem por qualquer conta bancária; que a Móveis Stancieli contabiliza somente extensos prejuízos contábeis, tendo seu passivo a descoberto sistematicamente, indicando a ausência de realidade dos números; que há omissão de movimentação bancária de conta do Banco Santander na contabilidade da Móveis Stancieli; e que as empresas efetuam transferências Fl. 268DF CARF MF Processo nº 11020.003504/201040 Acórdão n.º 2301005.625 S2C3T1 Fl. 4 5 bancárias entre elas, mas não as registram contabilmente, ou contabilizam simplesmente como “entrada” ou “saída de caixa”. Tendo em vista a constatação de que as empresas Móveis Stancieli Ltda, Móveis San Remy Ltda, AllWar Móveis Ltda e Móveis Shellon Ltda não passavam de meros setores de produção da primeira empresa constituída, a Móveis e Artesanato Madreartes Ltda, os empregados registrados naquelas empresas foram todos considerados, para fins de lançamento das contribuições previdenciárias e das destinadas a outras entidades e fundos no período de 01/2005 a 13/2009, como empregados da empresa Madreartes. As bases de cálculo foram obtidas por meio do resumo das folhas de pagamento destas empresas e das Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIPs por elas elaboradas e transmitidas. O Levantamento “15 – Salários Por Fora Patronal” abrange as competências 01/2005 a 11/2005 e, de acordo com a autoridade lançadora, foi originado por várias correspondências da Justiça do Trabalho e do Ministério Público Federal, dando conta de pagamento de salários sem a realização dos registros previstos na legislação, o que foi confirmado no procedimento de fiscalização. Foi aplicada a multa de ofício de 75% no período de 01/2005 a 11/2008, por se revelar a menos severa ao contribuinte, nos termos do artigo 106, II, “c” do CTN. A partir da competência 12/2008, o lançamento foi efetuado com aplicação da multa de ofício qualificada de 150%, nos termos do artigo 35A da Lei nº 8.212/1991, combinado com o artigo 44, I e § 1º da Lei nº 9.430/1996. O sujeito passivo foi excluído do Simples por meio do Ato Declaratório Executivo DRF/CXL nº 175, de 18/11/2010, com efeitos a partir de 01/01/2005, e do Simples Nacional por meio do Ato Declaratório Executivo DRF/CXL nº 176, de 18/11/2010, com efeitos a partir de 01/07/2007 (fls. 1.106 e 1.107 dos autos digitais). Conforme os Termos de Sujeição Passiva Solidária de fls. 1.108 a 1.111, foi atribuída responsabilidade solidária pelo crédito tributário às empresas Móveis Stancieli Ltda, Móveis San Remy Ltda, AllWar Móveis Ltda e Móveis Shellon Ltda nos termos do artigo 124 do CTN. O montante do crédito, consolidado em 25/11/2010, corresponde a R$ 3.544.478,22 (três milhões, quinhentos e quarenta e quatro mil, quatrocentos e setenta e oito reais e vinte e dois centavos). Cientificadas pessoalmente da autuação em 29/11/2010, as empresas Móveis e Artesanato Madreartes Ltda, Móveis Stancieli Ltda, Móveis San Remy Ltda, Móveis Shellon Ltda e Fl. 269DF CARF MF 6 AllWar Móveis Ltda apresentaram impugnação conjunta em 29/12/2010 por meio do instrumento de fls. 1.115 a 1.144". Após seus argumentos em sede de impugnação terem sidos rejeitados, a recorrente apresenta Recurso Voluntário nas fls. 231/252, e seguintes do eprocesso, produzindo as mesmas alegações de primeira instância, as quais reproduzo também do relatório da DRJ de origem, por serem exatamente iguais em seu recurso de segunda instância: Em preliminar a) Legitimidade para impugnar. Entendem que na qualidade de sujeitos passivos solidários, as empresas Móveis Stancieli Ltda, Móveis San Remy Ltda, Móveis Shellon Ltda e AllWar Móveis Ltda estão legitimadas para impugnar os Autos de Infração, uma vez que foram arroladas como coresponsáveis pelos lançamentos efetuados. b) Exclusão do Simples e do Simples Nacional. Sustentam que deve ser determinado o sobrestamento do presente feito até o julgamento definitivo das contestações da empresa Móveis e Artesanato Madreartes Ltda à sua exclusão do Simples e do Simples Nacional, ou, alternativamente, que os julgamentos sejam realizados de forma simultânea, sob pena de ocorrerem decisões contraditórias e de se caracterizar cerceamento ao direito do exercício da ampla defesa das impugnantes. c) Decadência. Afirmam que, de acordo com o § 4º do artigo 150 do CTN, os fatos geradores anteriores a 29/11/2005 estão fulminados pela decadência e não podem mais ser exigidos. Alegam que não há nos autos elementos legítimos e suficientes para configurar a ocorrência de fraude ou simulação. d) Nulidades. d1) Cerceamento de defesa. Insurgemse contra o prazo de trintadias para apresentarem suas impugnações, argumentando que é injusto, cerceia seu direito à defesa e caracteriza violação ao princípio da isonomia processual, já que a fiscalização pode prorrogar indefinidamente seu prazo de apuração. Sustentam que somente tiveram acesso aos autos originais do processo em 16/12/2010, data em que aportaram na Agência da RFB em Canela, unidade apontada como preparadora do processo e local para onde deveriam se dirigir para poder acessálo, conforme informação retirada do site da própria RFB. Afirmam que a cópia do processo recebido pela Madreartes estava incompleto, e que os documentos faltantes foram obtidos em 16/12/2010, conforme solicitação de cópias protocolada na Agência da RFB em Canela e anexadas ao feito. d2) Irregularidade na obtenção de provas. Fl. 270DF CARF MF Processo nº 11020.003504/201040 Acórdão n.º 2301005.625 S2C3T1 Fl. 5 7 Sustentam que a fiscalização agiu de forma abusiva ao produzir “Termos de Constatação” sem a presença das fiscalizadas, induzindo e coagindo seus funcionários a firmar termos dos quais não tiveram acesso. Rechaçam as conclusões baseadas nestas declarações, que não condizem com a verdade dos fatos e foi construída à revelia da fiscalizada. Requerem, caso se entenda que tais documentos possuem valor, a oitiva das pessoas supostamente entrevistadas, entre outras conhecedoras dos fatos, para que apresentem sua versão, conforme rol de testemunhas que apresentam. d3) Obtenção ilegal de dados sigilosos. Alegam que a fiscalização extrapolou os limites de sua competência ao obrigar as fiscalizadas a entregarlhes documentos relativos à sua movimentação bancária, eis que sujeitos ao sigilo de dados garantidos pela Constituição Federal e confirmado pelo pleno do Supremo Tribunal Federal, e que foram acessados dados bancários de terceiros que sequer estão envolvidos na fiscalização. Argumentam que em obediência à Lei Maior do país, bem como em respeito às decisões da Corte Suprema, devem ser anulados os Autos de Infração lavrados com base em informações obtidas de forma ilícita pela fiscalização. d4) Afronta ao princípio da legalidade. Afirmam que ao agir de forma abusiva e sem observância à legalidade exigida em seus atos, o agente fiscalizador desrespeitou o princípio da estrita legalidade inerente às atividades da Administração Pública. No mérito Exclusão do Simples e do Simples Nacional. Discorrem sobre os motivos pelos quais entendem que descabe a exclusão da Madreartes do Simples e do Simples Nacional, não devendo ser mantida diante da realidade fática apresentada, seja quanto ao faturamento compatível, falta de identidade de sócios e legal constituição de sua personalidade jurídica. Entendem que não se mostra criteriosa a imputação de toda a responsabilidade sobre os Autos de Infração à impugnante Madreartes por ter sido ela a pessoa jurídica constituída há mais tempo. Sustentam que a desconsideração da personalidade jurídica das demais impugnantes com fundamento no artigo 116, parágrafo único do CTN, não pode prosperar, pois além do dispositivo legal não ser autoaplicável, eis que ainda não foi regulamentado por lei ordinária, também é alvo de Ação Direta de Inconstitucionalidade que tramita perante o STF – ADIn nº 24469/600DF. Requerem que sejam desconstituídos os Atos que determinaram a exclusão da Madreartes do sistema Simples, devendo ser mantida a sua tributação por este sistema, uma vez que apresenta os requisitos exigidos para tanto, e que sejam consideradas as personalidades das demais pessoas jurídicas desconsideradas neste processo, incumbindo a cada uma delas individualmente a receita por elas auferida, bem como a Fl. 271DF CARF MF 8 tributação porventura incidente e a responsabilidade por seus empregados. Base de cálculo dos alegados pagamentos “por fora”. Afirmam que a fiscalização chegou à conclusão de que as empresas Móveis Stancieli Ltda e Móveis San Remy Ltda realizaram pagamentos de salário “por fora” em 2005 com base em documentos bancários sigilosos das empresas, aos quais obteve acesso de forma ilegal, uma vez que obrigou as fiscalizadas a lhe entregar tais documentos por meio de Mandado de Procedimento Fiscal, sem observar que havia prévia necessidade de obter ordem judicial para acessar estes documentos. Por este motivo, requerem que seja desconstituída a base de cálculo apresentada na planilha de fls. 482, devendo ser excluída dos Autos de Infração a tributação incidente sobre esta base. Multas qualificadas. Alegam que a multa no lançamento de ofício somente poderá ser agravada quando configurado o evidente intuito de fraude, com a clara comprovação da vontade livre do contribuinte de cometer o ilícito, ou seja, o dolo, o que não foi demonstrado pela fiscalização no Relatório Fiscal. Sustentam que se para a constituição dos créditos tributários a fiscalização tomou por base as próprias declarações das impugnantes – folhas de pagamento, GFIPs e guias do FGTS – não se mostra adequado nem equânime agravar sua tributação, sob a perspectiva de ter havido fraude. d) Da inviabilidade das penalidades aplicadas. d1) Do Auto de Infração Debcad nº 37.269.7755. A Madreartes alega que não registrou os empregados pois estes estavam regularmente registrados nas outras empresas. Afirmam que foi aplicada a multa genérica do artigo 92 por infração inexistente ao artigo 32, I, ambos da Lei nº 8.212/1991, pois a Madreartes não deixou de elaborar sua folha de pagamento na forma exigível, assim como as demais empresas. Entendem que não pode a fiscalização entender, com base em mera ficção, que o quadro funcional individual de cada empresa desconsiderada seja de responsabilidade apenas da Madreartes e com isso imputarlhe conduta que não praticou. Requerem a nulidade deste Auto de Infração. d2) Do Auto de Infração Debcad nº 37.269.7747. Afirmam que os alegados vícios na escrituração contábil, caso existissem, já são objeto do processo nº 11020.003510/20105, no qual as impugnantes tiveram o seu lucro arbitrado para efeitos de apuração do IRPJ e tributos decorrentes, justamente com fundamento na deficiência da contabilidade. Com base nisso, as multas arbitradas naquele processo em que se discutem outros tributos foram fixadas pelo Auditor Fiscal responsável em Fl. 272DF CARF MF Processo nº 11020.003504/201040 Acórdão n.º 2301005.625 S2C3T1 Fl. 6 9 seu patamar máximo, agravadas para o equivalente a 150%. Entendem que a fiscalização pretende punir as contribuintes duas vezes com base na mesma circunstância, o que caracteriza o “bis in idem” da exigência, que não pode persistir, nem mesmo sob a alegação de que se trata de tributos diferentes. Alegam que, ainda que a fiscalização não tenha ficado satisfeita com suas explicações sobre a linha telefônica, não pode concluir que houve negativa de apresentar o documento solicitado, e que o dispositivo apontado como infringido referese exclusivamente a documentos e livros relacionados com as contribuições previstas na lei, o que não é o caso do contrato de locação de telefone. Sustentam que tinham em seu benefício o direito constitucional de não se autoincriminar, ou não auxiliar na produção de prova contra si elaborada, prevista nos artigos 5º, LXIII da Constituição Federal, e 186 do Código do Processo Penal, ou seja, o exercício regular de direito como causa da exclusão da ilicitude. Persistindo a exigência, entendem que não podem sofrer o agravamento do artigo 292, II do RPS, já que não há comprovação de conduta dolosa das impugnantes para o cometimento de fraude, simulação ou conluio. d3) Do Auto de Infração Debcad nº 37.311.5512. Afirmam que os empregados que prestam serviços a cada uma das impugnantes foram devidamente registrados, em cada um dos estabelecimentos em que prestam efetivamente seus serviços, mediante o competente contrato de trabalho. Persistindo a exigência, entendem que não podem sofrer o agravamento da multa original em três vezes, já que não há comprovação da existência das condutas do artigo 292, II do RPS". Diante dos fatos narrados, é o relatório. Voto Conselheiro Wesley Rocha Relator O recurso voluntário apresentado está revestido do quesito formal da tempestividade e é de competência desse colegiado. Portanto, dele o conheço. I DAS PRELIMINARES DE NULIDADE 1. CERCEAMENTO DE DEFESA As causas de nulidades no processo administrativo fiscal se limitam as que estão elencadas no artigo 59, do Decreto 70.235, de 1972: "Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 273DF CARF MF 10 § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Parágrafo acrescentado pela Lei 8.748, de 1993.)". Grifei. Nesse quesito, as recorrentes alegam cerceamento de defesa em razão do prazo que não tiveram prazo hábil para realizar sua manifestação. Ocorre que os prazos são iguais para todos os contribuintes e não guarda relação subjetiva. Em havendo diversos responsáveis a serem intimadas, o prazo conta sempre do dia posterior daquele que restou intimada a pessoa jurídica ou física interessada, nos termos do PAF. Nesse sentido, não restou comprovado nos autos que as empresas tiveram prazos menores para realizar sua defesa. Assim, caso tivessem tido algum prazo a menor, era dever das recorrentes apresentarem suas provas, como por exemplo alguma declaração da Receita Federal de que só teve acesso ao processo administrativo fiscal com tempo menor do qeu o previsto em lei. Ainda, restou comprovado também que da capa do Auto de Infração que a contribuinte, na pessoa do seu representante, Sr. Lairton Wolff, declarou que recebeu segunda via do Auto de Infração e demais documentos relacionados. Ressaltase que, está pacificado em nossos Tribunais o princípio de nullité sans grief, ou seja: não há nulidade sem prejuízo. No presente caso, verificase que a recorrente teve ciência de todo os fatos que estavam sendo apontados, pois respondeu a todo questionamento da fiscalização, bem como indicou elementos solicitados para as conclusões do lançamento. Portanto, afasto a alegação de cerceamento de defesa. 2. DA QUEBRA DO SIGILO FISCAL SEM ORDEM JUDICIAL Quanto a essa matéria, sem reparos a decisão da DRJ de origem. Após amplo debate sobre o tema perante os Tribunais administrativo e judicial brasileiro, o Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento conjunto de cinco processos que questionavam dispositivos da Lei Complementar 105/2001, que permitem à Receita Federal receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial. A Suprema Corte lançou o entendimento no RE n.º 601.314/SP 1, decidido sob o rito da repercussão geral, de que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas 1 No julgamento do Recurso Extraordinário 601.314, submetido à sistemática da repercussão geral, decidiu o STF: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal” e “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do Fl. 274DF CARF MF Processo nº 11020.003504/201040 Acórdão n.º 2301005.625 S2C3T1 Fl. 7 11 sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados. Assim, não assiste razão o recorrente. 3. DAS DEMAIS PROVAS ALEGADAS COMO IRREGULARES Alega a recorrente que a fiscalização obteve dados e informações de seus funcionários de forma ilegal, deixando de apontar qual seria a forma ilegal. Porém, o PAF– processo administrativo fiscal se inicia pelo ato da fiscalização realizada pela autoridade administrativa, contemplada pelo artigo 196 do CTN, conforme transcrição abaixo: “Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas”. Por meio desse dispositivo é que a autoridade fazendária realiza a devida fiscalização. Com isso, a autoridade administrativa tem o direito e o dever de realizar diligências que entender devido para verificar o levantamento de todas as informações necessárias, desde que permitidas em lei, para a respectiva busca da verdade material sobre os fatos em relação a obrigação tributária a ser cumprida, podendo examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, movimentações financeiras, papéis e feitos comerciais ou fiscais dos contribuintes. Ainda, como bem ressaltado pela DRJ de origem, "essas atividades são desenvolvidas pelos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, os quais, nos termos do artigo 6º, inciso I da Lei n.º 10.593/2002, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 11.457/2007, no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo, possuem, dentre outras atribuições, as de executar procedimentos de fiscalização e de constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições". Verificase dos autos que os procedimentos administrativos foram devidamente realizados sem mácula ou nulidade, dentro do processo administrativo (rito processual). Assim, não há falar em nulidade. II. DO MÉRITO DA EXCLUSÃO DO SIMPLES Conforme consta do relatório fiscal, as empresas envolvidas no auto de infração, foram excluídas do simples: princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. Fl. 275DF CARF MF 12 "o sujeito passivo foi excluído do Simples por meio do Ato Declaratório Executivo DRF/CXL nº 175, de 18/11/2010, com efeitos a partir de 01/01/2005, e do Simples Nacional por meio do Ato Declaratório Executivo DRF/CXL nº 176, de 18/11/2010, com efeitos a partir de 01/07/2007 (fls. 1.106 e 1.107 dos autos digitais)".] As razões segundo o REFISC foram: A autoridade lançadora relata pormenorizadamente no Relatório do Auto de Infração, às fls. 127 a 182 dos autos digitais, as razões que a levaram a concluir que as empresas optantes pelo Simples Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (até 06/2007) e pelo Simples Nacional Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (a partir de 07/2007) Móveis e Artesanato Madreartes Ltda, AllWar Móveis Ltda – CNPJ 05.360.328/000132, Móveis Shellon Ltda – CNPJ 09.097.785/000137, Móveis Stancieli Ltda – CNPJ 00.872.014/000103 e Móveis San Remy Ltda – CNPJ 03.995.384/000118 constituíam na realidade uma única empresa, que foi fracionada com o objetivo de reduzir sua carga tributária. Relata que evidenciou um planejamento para reduzir o recolhimento das contribuições previdenciárias devidas, com a alocação e divisão dos empregados em várias empresas, cada uma optante pelo regime simplificado de tributação, caso em que a alíquota previdenciária fica extremamente reduzida e ocasiona uma redução significativa no recolhimento das contribuições. Em apertada síntese do relato fiscal, extraise que a fiscalização identificou que as empresas Madreartes e Stancieli estão estabelecidas no mesmo local, separadas apenas por um estacionamento interno; que a Móveis Stancieli foi criada em 07/05/1995, mesmo ano da instituição do Simples, e que o endereço de sua filial é no mesmo local do antigo endereço da Madreartes; que o objetivo da criação da Móveis Stancieli foi a divisão do faturamento e do registro dos empregados; que as correspondências enviadas para a Madreartes são endereçadas para o mesmo endereço da Stancieli; que os documentos fiscais de fornecedores são emitidos com os dados da Madreartes, mas as mercadorias são entregues na Stancieli; que a All War, ao ser tributada pelo lucro presumido, transferiu em 31/12/2007 todo o seu estoque de matéria prima e de produtos em elaboração, bem como o imobilizado, para a Móveis Shellon, criada em 10/08/2007 no mesmo endereço da All War, com os mesmos funcionários e optante pelo Simples; que o objeto social das empresas é o mesmo; que todas possuem os mesmos números de telefone, o mesmo endereço eletrônico, o mesmo contador, os mesmos administradores, sócios em comum, atividades idênticas e cada uma com faturamento próximo ao limite de exclusão do Simples; que os gastos de todas as pseudo empresas são pagos pelas mesmas contas bancárias; que os veículos utilizados são os mesmos para todas; que a carteira de clientes é a mesma, e a codificação e especificação dos produtos faturados são os mesmos, conforme se comprova pelas notas fiscais de vendas; que é comum a emissão pelos fornecedores de documentos destinados a uma empresa com o endereço de outra; Fl. 276DF CARF MF Processo nº 11020.003504/201040 Acórdão n.º 2301005.625 S2C3T1 Fl. 8 13 que as empresas utilizam os mesmos trabalhadores, forjando a demissão em uma e a contratação na outra seis meses após, mas que os cartõesponto comprovam que jamais ficaram desempregados; que existe transferência de empregados da filial da Stancieli para a Shellon e para a Madreartes sem quebra de continuidade, já que são desligados em uma e admitidos na outra no mesmo dia, com o mesmo salário e com a mesma função; que os veículos constantes do ativo imobilizado das empresas são utilizados diariamente por todas elas; que a administração, venda e demais setores indiretos são comuns, no mesmo endereço (Móveis Stancieli), enquanto que nos demais estabelecimentos existe somente parte da produção; que os elementos das reclamatórias trabalhistas corroboram o fato de que há somente uma empresa; que os advogados contratados para a defesa nestes processos são os mesmos; que o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) de 2003 traz como endereço da Móveis San Remy o endereço da AllWar e da Shellon, enquanto que o da Móveis Stancieli traz como endereço o da Madreartes; que os empréstimos contraídos pela Móveis Stancieli junto à San Remy e à Madreartes não sofreram qualquer pagamento ou atualização monetária no período de 2005 a 2009. Com relação à contabilidade, a fiscalização identificou a existência de “caixa 2” na empresa Móveis Stancieli; que em todas as empresas a contabilidade não possui conta cliente, apesar de têlos em centenas; que todo o pagamento de duplicata é contabilizado na conta caixa, não havendo passagem por qualquer conta bancária; que a Móveis Stancieli contabiliza somente extensos prejuízos contábeis, tendo seu passivo a descoberto sistematicamente, indicando a ausência de realidade dos números; que há omissão de movimentação bancária de conta do Banco Santander na contabilidade da Móveis Stancieli; e que as empresas efetuam transferências bancárias entre elas, mas não as registram contabilmente, ou contabilizam simplesmente como “entrada” ou “saída de caixa”. Tendo em vista a constatação de que as empresas Móveis Stancieli Ltda, Móveis San Remy Ltda, AllWar Móveis Ltda e Móveis Shellon Ltda não passavam de meros setores de produção da primeira empresa constituída, a Móveis e Artesanato Madreartes Ltda, os empregados registrados naquelas empresas foram todos considerados, para fins de lançamento das contribuições previdenciárias e das destinadas a outras entidades e fundos no período de 01/2005 a 13/2009, como empregados da empresa Madreartes. Conforme se observa acima, foram diversas as situações que levaram a concluir que haveria uma simulação capaz de levar a autoridade fiscal para a exclusão do SIMPLES, bem como os elementos (destacados ou não acima) configurariam uma organização de estrutura de uma empresa única, mas com vários. Nesse aspecto, as recorrentes trazem aos autos alguns argumentos contrários, mas deixaram de rebater praticamente quase todos os elementos trazidos pela fiscalização. Fl. 277DF CARF MF 14 As recorrentes alegam, por exemplo que, como os sócios entraram em conflito litigioso onde tiveram embate judicial com ação de dissolução de sociedade seria causa suficiente para afastar uma a caracterização de se tratar de uma espécie de conluiou. Entretanto, somente esse elemento não tem o condão de afastar a constatação da engenharia tributária montada para evitar o recolhimento devido das contribuições previdenciárias. No que diz respeito ao faturamento das empresas, alegado pelas recorrentes, boa parte deles não forma considerado para a exclusão do simples pela faixa limite imposta pela Lei Complementar 123/2006. Isso porque a simulação seria a causa mais relevante para a o procedimento fiscal entender a descaracterização regular dos atos jurídicos praticados entre as empresas envolvidos no evento danoso ao erário. Ainda, sobre os vícios de inconstitucionalidade apresentados pelas recorrentes quanto ao dispositivo do art. 116 do CTN, não pode ser apreciado por este colegiado, uma vez que a súmula CARF 02 não permite apreciar matéria inconstitucional. Em processo administrativo fiscal, tal qual no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado. Neste sentido, prevê a Lei n° 9.784/99 em seu art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Em igual sentido, temos o art. 373, inciso I, do CPC: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Assim, as recorrentes não obraram afastar as alegações da fiscalização. DA BASE DE CÁLCULO Sobre o preceito da primazia da realidade, o fisco analisou todas as movimentações e valores incidentes nas operações que culminam no fato gerador das contribuições previdenciárias. A questão dos documentos ditos como adquiridos de forma ilícita pela recorrente, são na verdade decorrentes da própria competência de fiscalizar do agente público da administração da estrutura Fazendária. Nesse sentido, cito a Súmula do STF n.º 439, in verbis: "Súmula 439. Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação". Ademais, os documentos que o fisco teve acesso foram exatamente aqueles fornecidos pela autuada. Assim, sem reparos o auto de infração quanto à base de cálculo identificado. Fl. 278DF CARF MF Processo nº 11020.003504/201040 Acórdão n.º 2301005.625 S2C3T1 Fl. 9 15 DA MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA O auto de infração decorre pelo descumprimento pela contribuinte de obrigação acessória da legislação previdenciária, conforme o artigo 17 da Lei nº 8.213/1991, combinado com o artigo 18, I e § 1º do RPS, in verbis: Lei nº 8.213/1991 Art. 17. O Regulamento disciplinará a forma de inscrição do segurado e dos dependentes. RPS Art. 18. Considerase inscrição de segurado para os efeitos da previdência social o ato pelo qual o segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social, mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis à sua caracterização, observado o disposto no art. 330 e seu parágrafo único, na seguinte forma: I – o empregado e trabalhador avulso – pelo preenchimento dos documentos que os habilitem ao exercício da atividade, formalizado pelo contrato de trabalho, no caso de empregado, observado o disposto no § 2º do art. 20, e pelo cadastramento e registro no sindicato ou órgão gestor de mãodeobra, no caso de trabalhador avulso; (...) § 1º A inscrição do segurado de que trata o inciso I será efetuada diretamente na empresa, sindicato ou órgão gestor de mãodeobra e a dos demais no Instituto Nacional do Seguro Social". No presente caso, a fiscalização constatou que a contribuinte deixou de inscrever 116 segurados empregados a seu serviço mas que, por força de um planejamento tributário, foram registrados nas empresas Móveis Stancieli Ltda, Móveis San Remy Ltda, All War Móveis Ltda e Móveis Shellon Ltda. Assim, tendo em vista que a obrigação principal restou mantida, a acessória, nesse caso, nesse segue o principal. DA MULTA QUALIFICADA E AGRAVADA Foi aplicada a multa qualificada de 150% aplicada nas competências 12/2008 a 13/2009 está definida na legislação tributária, com base no artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, em razão da caracterização dos elementos descritos nos artigos Os artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964. Também, a multa aplicada foi elevada em três vezes, de acordo com as disposições do artigo 292, II do RPS. Fl. 279DF CARF MF 16 No presente processo foram vastas as provas para qualificar e agravar a multa nos termos da autuação fiscal, provas essas que deveriam ter sido afastadas pelas recorrentes. DA DECADÊNCIA Cumpre destacar que, como visto acima, as questões preliminares não guardam relação com a matéria de decadência. Portanto, ela é considerada matéria de mérito. Assim passo a analisar. A recorrente alega que recebeu ciência do auto de infração em 29.10.2010. Diz que as contribuições que foram lançadas anteriores a 29.10.2005 estariam decaídas em razão da aplicação do art. 150, §4º, do CTN. Ocorre que, O Superior Tribunal de Justiça consolidou seu entendimento no Recurso Especial n.º 973.733, de 12/08/2009, julgado sob o regime dos recursos repetitivos, de aplicação obrigatória a este Tribunal. Nesse sentido, o prazo decadencial para o Fisco lançar o crédito tributário é de cinco anos, contados: i) a partir da ocorrência do fato gerador, quando houver antecipação de pagamento e não houver dolo, fraude ou simulação (art. 150, §4º, CTN); ou ii) a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, no caso de ausência de antecipação de pagamento (art. 173, I, CTN). Conforme se constatou dos autos, houve simulação praticada. Logo, afasta a incidência do disposto citado no art. 150, §4º,do CTN. Ademais a Súmula CARF n.º 72, assim prescreve: "Súmula CARF nº 72: Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN". Assim, sem razão a recorrente. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por conhecer parcialmente do recurso voluntário, para não apreciar matérias inconstitucionais, não acolher a preliminar e no mérito negar provimento, realizando a manutenção da decisão de primeira instância. É como voto. (assinado digitalmente) Wesley Rocha – Relator. Fl. 280DF CARF MF
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Numero do processo: 10835.721176/2014-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011
NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO.
O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item - bem ou serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR).
GASTOS COM FRETE. TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS ENTRE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS DO CONTRIBUINTE. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
Os fretes e dispêndios para transferência de insumos entre estabelecimentos industriais do próprio contribuinte são componentes do custo de produção e essenciais ao contexto produtivo. Portanto, geram direito de crédito de PIS e Cofins, no regime não cumulativo, conforme artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, e Resp 1.221.170/PR.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS A DESCONTAR. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. PRESERVAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO. DIREITO AO CRÉDITO.
As embalagens para transporte, incorporadas ao produto, destinadas a preservar as características do produto, devem ser consideradas como insumos para fins de constituição de crédito de PIS/Pasep pela sistemática não cumulativa.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. PRODUTOS DE LIMPEZA. PROCESSO PRODUTIVO. REQUISITOS.
Os materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo geram créditos na sistemática não cumulativa.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. ARRENDAMENTO MERCANTIL. BENS UTILIZADOS NAS ATIVIDADES DA EMPRESA.
As contraprestações de arrendamento mercantil contratado com instituição financeira não optante pelo Simples Nacional, domiciliada no País, admitem créditos da não cumulatividade da Cofins, desde que o bem objeto do arrendamento seja utilizado nas atividades da pessoa jurídica contratante.
Numero da decisão: 3201-004.324
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para reverter as glosas de créditos decorrentes dos gastos realizados sobre os seguintes itens: a) fretes para a transferência/transporte de produtos em elaboração (inacabados) entre os estabelecimentos da Recorrente; b) materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo; c) embalagens para transporte, incorporadas ao produto, destinadas a preservar as características dos produtos; d) arrendamento de bens e veículos utilizados nas atividades da empresa.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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RESSARCIMENTO Recorrente LÍDER ALIMENTOS DO BRASIL S/A EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR). GASTOS COM FRETE. TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS ENTRE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS DO CONTRIBUINTE. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Os fretes e dispêndios para transferência de insumos entre estabelecimentos industriais do próprio contribuinte são componentes do custo de produção e essenciais ao contexto produtivo. Portanto, geram direito de crédito de PIS e Cofins, no regime não cumulativo, conforme artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, e Resp 1.221.170/PR. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS A DESCONTAR. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. PRESERVAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO. DIREITO AO CRÉDITO. As embalagens para transporte, incorporadas ao produto, destinadas a preservar as características do produto, devem ser consideradas como insumos para fins de constituição de crédito de PIS/Pasep pela sistemática não cumulativa. REGIME NÃOCUMULATIVO. PRODUTOS DE LIMPEZA. PROCESSO PRODUTIVO. REQUISITOS. Os materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo geram créditos na sistemática não cumulativa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 72 11 76 /2 01 4- 43 Fl. 822DF CARF MF 2 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. ARRENDAMENTO MERCANTIL. BENS UTILIZADOS NAS ATIVIDADES DA EMPRESA. As contraprestações de arrendamento mercantil contratado com instituição financeira não optante pelo Simples Nacional, domiciliada no País, admitem créditos da não cumulatividade da Cofins, desde que o bem objeto do arrendamento seja utilizado nas atividades da pessoa jurídica contratante. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para reverter as glosas de créditos decorrentes dos gastos realizados sobre os seguintes itens: a) fretes para a transferência/transporte de produtos em elaboração (inacabados) entre os estabelecimentos da Recorrente; b) materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo; c) embalagens para transporte, incorporadas ao produto, destinadas a preservar as características dos produtos; d) arrendamento de bens e veículos utilizados nas atividades da empresa. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório A interessada apresentou pedido de ressarcimento da Cofins, com origem no 2º trimestre de 2011. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, passamos a transcrever o Relatório da decisão de primeira instância administrativa: Trata o presente processo de pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, no valor de R$4.888.282,82, do segundo trimestre de 2011, cumulado com Dcomp. A DRF em Presidente Prudente SP elaborou o Despacho Decisório de fl.310, no qual glosou o valor de R$ 1.230.601,42, homologando parcialmente a DComp apresentada, conforme o Termo de Verificação Fiscal de 27/06/2014 , juntado às fls. 291/306. A fiscalização da DRF elaborou o referido Termo, no qual explicou as glosas efetuadas e os cálculos indicando um crédito inferior ao pleiteado pela empresa. Em síntese, foram glosados os créditos relativos a despesas e gastos que não se enquadrariam no conceito legal de insumo, nem estariam relacionados na legislação de regência. Inicialmente, o Auditorfiscal assim entendeu: Fl. 823DF CARF MF Processo nº 10835.721176/201443 Acórdão n.º 3201004.324 S3C2T1 Fl. 823 3 Como sobredito, esse crédito deve referirse a bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Ou seja, é fundamental que o insumo seja utilizado na etapa laboral cujo resultado seja um produto objeto de comercialização pela empresa. Sob este entendimento, explicase as glosas: Portanto, foram glosados créditos calculados pela fiscalizada sobre elementos que, embora indispensáveis a sua logística produtiva, não sofreram desgaste ou perda de propriedades físicoquímicas em razão de contato direto com o produto em elaboração, tais como embalagens de transporte (pallets), vasilhame, dispêndios com empilhadeiras, materiais e serviços de limpeza e de laboratório. O mesmo raciocínio norteou as glosas incidentes sobre créditos calculados sobre o maquinário utilizado pela empresa, seja ele integrante de seu ativo imobilizado, objeto de aluguel ou de arrendamento mercantil, pois esta fiscalização entende que, muito embora a restrição "para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços" surja literalmente apenas no inciso VI do artigo 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, o intuito do legislador foi, claramente, restringir o aproveitamento de créditos apenas ao maquinário utilizado na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços, independentemente da roupagem econômica através da qual o contribuinte incorpore tais bens ao seu processo produtivo. O entendimento contrário levaria à inadequada situação em que bastaria ao contribuinte evitar a ativação de suas máquinas, optando pelo arrendamento mercantil ou pelo simples aluguel, para ampliar sobremaneira suas possibilidades de creditamento. Com base nessas premissas, foram glosados créditos calculados às linhas 02 (Bens Utilizados como Insumos), 03 (Serviços Utilizados como Insumos), 06 (Despesas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoa Jurídica), 07 (Despesas de Armazenagem e Frete na Operação de Venda), 08 (Despesas de Contraprestações de Arrendamento Mercantil), 10 (Sobre Bens do Ativo Imobilizado Com Base no Valor de Aquisição ou de Construção) e 12 (Devoluções de vendas sujeitas às alíquotas não cumulativas). Nesse último caso, as devoluções objeto de glosa referemse a retorno de mercadorias não oneradas nas antecedentes saídas, caso do leite resfriado ou prébeneficiado, objeto de suspensão tributária, como será explanado mais adiante. Ainda tratando dos créditos calculados sobre bens do ativo imobilizado, porém mais especificamente no que respeita aos dispêndios com edificações (aproveitados no prazo de 24 meses com base no custo de aquisição ou de construção), foi realizada a glosa integral dos créditos calculados pelo contribuinte, em Fl. 824DF CARF MF 4 razão da inobservância do disposto no artigo 6°, caput e parágrafos 5° e 6°, da Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007. Além disso, a autoridade fiscal também informou que outro procedimento considerado irregular por esta fiscalização reportase ao aproveitamento de crédito básico sobre a aquisição de leite resfriado e leite prébeneficiado. Explicou que a Lei n° 10.925, de 23 de julho de 2004, em seu artigo 8o admite a apuração de créditos presumidos sobre a aquisição de insumos destinados a produção de mercadorias para à alimentação humana ou animal: Em suma, a venda de leite por fornecedor que exerça as atividades de resfriamento, transporte e venda a granel de leite in natura é efetuada, obrigatoriamente, com suspensão da exigibilidade do PIS e da Cofins quando o comprador dessa mercadoria apurar o IRPJ com base no lucro real, exercer atividade agroindustrial e utilizar esse leite como insumo na produção de diversos alimentos, dentre eles o leite e seus derivados industrializados. Ademais, percebese que os três requisitos citados no parágrafo anterior são supridos pela fiscalizada, visto que: 1) seu imposto de Renda Pessoa Jurídica é apurado com base no lucro real; 2) sua atividade econômica é considerada agroindustrial, pois produz mercadorias arroladas nos incisos do caput do citado artigo 5o e não se encontra dentre as excludentes do artigo 2o da Lei 8.023, de 12 de abril de 1990;e 3) os insumos em comento são efetivamente aplicados na produção dessas mercadorias. Por fim, quanto aos créditos presumidos, assim se reportou: Portanto, não há que se falar em apuração de crédito básico (100% da alíquota) para tais aquisições, apenas sendo admitida a constituição de crédito presumido, à proporção de 60% das alíquotas não cumulativas dos dois tributos em apreço. Já os créditos calculados sobre o transporte do leite pré beneficiado e resfriado não foram reclassificados para o presumido. Tais créditos foram integralmente glosados, pois não há previsão legal para aproveitamento de créditos presumidos sobre o transporte dessas mercadorias. Cientificada do Despacho Decisório e inconformada, a contribuinte apresentou a Manifestação de Inconformidade, de fls. 693/717, alegando na preambular: Nos termos do Despacho Decisório ora impugnado, entendeu a D. Fiscalização que do montante referente ao crédito reconhecido (i) somente parte seria ressarcível e (ii) parte seria referente a créditos presumidos. Com relação aos "créditos presumidos", a D. Fiscalização entendeu por bem reclassificar os créditos "ressarcíveis" da Manifestante, oriundos de aquisições de leite, para créditos Fl. 825DF CARF MF Processo nº 10835.721176/201443 Acórdão n.º 3201004.324 S3C2T1 Fl. 824 5 presumidos, com base na Lei n° 10.925/2004 e Instrução Normativa SRF n° 660/2006. Quanto aos créditos glosados, a DRF afirma que a Manifestante teria se apropriado indevidamente do montante de créditos indicado na tabela supra "constatado que a mesma pleiteia créditos relacionados a bens e serviços não inclusos no conceito legal de insumos utilizados especificamente no processo produtivo da empresa". Nesse diapasão, analisando o Despacho Decisório em epígrafe, verificase que foram rejeitados os créditos correspondentes à aquisição dos produtos e serviços abaixo relacionados: a) Frete entre estabelecimentos (transporte de insumos); b) Materiais de uso e consumo (manutenção de frotas, cestas básicas, despesas de refeitório, materiais de limpeza, materiais de higiene, uniformes e equipamentos de proteção, materiais de manutenção, conserto e reparo, lubrificantes, óleo diesel de motor, álcool, gasolina e pneus); c) Serviços (manutenção, mãodeobra de frota, carga e descarga, análise e tratamento de afluentes, serviços de lavagem, combustíveis com óleo de motor, diesel, álcool, gasolina e lubrificantes, serviços de consultoria). d) Uso e consumo de mercadorias e serviços (álcool, gasolina, lubrificantes, óleo diesel, óleo de motor, manutenção de frota, lavagem e outros materiais e serviços). e) Materiais de Embalagem (embalagem para transporte de produtos) f) Locação de bens e serviços g) Arrendamento mercantil relativo a bens/veículos; h) Crédito presumido de lenha adquirido de pessoas físicas. Preliminarmente, a interessada externa sua inconformidade e entende que o Sr. Fiscal está equivocado quanto aos créditos presumidos: Entretanto, a aludida reclassificação de créditos ressarcíveis para presumidos é indevida e se consubstancia em grave afronta a direito da Manifestante reconhecido por decisão judicial. Cita a sentença proferida pelo Juiz da 3ª Vara Federal de Presidente Prudente, nos autos do processo n° 2006.61.12.0085437: TÓPICO FINAL SENTENÇA (...): Ante o exposto:1.) no tocante ao pleito de afastamento do Ato Declaratório Interpretativo n° 15/2005, JULGO EXTINTO o presente feito, sem resolução do mérito, com fulcro no artigo 267, inciso VI, do Código de Processo Civil, em razão da ausência de interesse de agir.2.) em relação ao pedido de afastamento da Instrução Normativa SRF n° 660/06, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O Fl. 826DF CARF MF 6 PEDIDO, concedendo em parte a segurança e resolvendo o mérito nos termos do no artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil, para reconhecer o direito líquido e certo da impetrante à utilização do saldo credor da contribuição para o PIS e Cofins, decorrente do crédito presumido instituído pela Lei n° 10.925/04, no pagamento de débitos próprios relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nos termos do artigo 16, inciso I, da Lei n° 11.116/05, salvo quanto às operações de venda (eventuais) de leite a granel realizadas na forma prevista no inciso II do 1.° do art. 8° da Lei 10.925/04, afastando qualquer ato restritivo da autoridade impetrada no sentido de impedir a aplicação do disposto no artigo 16, inciso I, da Lei 11.116/05, em especial a Instrução Normativa SRF n.° 660/06. Incabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, a teor da Súmula 105, do Superior Tribunal de Justiça, e da Súmula 512, do Supremo Tribunal Federal. Custas "ex lege". Decorrido o prazo para recursos voluntários, remetamse os autos ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 3a Região, para reexame necessário, nos termos do artigo 14, 1°, da Lei n° 12.016/2009. Publiquese. Registrese. Intimemse. (grifos nosso) E, diante da citada decisão, a interessada conclui: De acordo com a citada decisão, o juiz (i) reconheceu o direito da Manifestante de utilizarse do saldo credor de PIS e COFINS, decorrente do crédito presumido, no pagamento de débitos próprios relativos a tributos e contribuições administrados pela Receita Federal, bem como (ii) afastou qualquer ato restritivo por parte do Fisco no sentido de impedir esse aproveitamento. (...) Logo, a Manifestante encontrase amparada por decisão judicial que lhe garante o direito de utilizarse do saldo credor de PIS/COFINS decorrente de crédito presumido para o fim de compensar com débitos de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Patente, pois, que a reclassificação levada a cabo pelo Ilmo. Auditor Fiscal implica em grave afronta à referida decisão judicial, pois restringe o direito da Manifestante de aproveitar se do saldo credor decorrente de crédito presumido a que faz jus. Portanto, imprescindível que seja reformado o Despacho Decisório neste ponto, a fim de que seja determinado o direito da Manifestante ao imediato ressarcimento dos créditos oriundos de aquisições de leite, em respeito à aludida decisão judicial. Discorreu sobre a não cumulatividade das contribuições para o PIS e para a Cofins e entendeu que: Com base na aludida legislação é que a Manifestante aproveitouse dos créditos a título de PIS/COFINS consubstanciados no Pedido de Ressarcimento em epígrafe, os quais, frisase, existem e são legítimos em sua integralidade, revelandose indevidas as glosas levada a cabo pela fiscalização (...) Fl. 827DF CARF MF Processo nº 10835.721176/201443 Acórdão n.º 3201004.324 S3C2T1 Fl. 825 7 Defende que, conforme entendimento do CARF o conceito de insumos para o PIS e COFINS, verificase que as despesas de frete de produtos em elaboração são verdadeiros custos de produção e, como tais, se subsumem ao conceito de insumo para o PIS e COFINS, haja vista o caráter de essencialidade desta despesa ao processo produtivo. Quanto às demais glosas, cita entendimento do Carf e entende que as despesas são necessárias: Conforme a interpretação dada pela fiscalização, conceito de insumos, para efeito de crédito de PIS/COFINS, considerase como aqueles que "sofram alterações, tais como desgaste, dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação". Não é necessário fazer maiores esforços exegéticos para verificar que referida interpretação se encontra em total dissonância com o já pacificado entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Além disso, também entende que: Os serviços de manutenção da frota, empilhadeiras, carga e descarga bem como serviços de consultoria relacionados às melhorias no processo de produção, ainda que não intrinsecamente agregados ao bem produzido pela Manifestante, compõem seu processo de produção. A Manifestante, além de produzir, é responsável pela comercialização e distribuição, no atacado, dos seus produtos, ou seja, a atividade se inicia com a aquisição do leite cru e concluise com a tradição do bem produzido ao adquirente. Quanto às glosas relativas às embalagens, defende que são despesas necessárias, inclusive já decidido pelo Carf e SOLUÇÃO DE CONSULTA N° 215 de 26 de Outubro de 2011, que tratou de os produtos "film stretch" e "capa de cotton". Quanto à locação de bens e serviços, argumenta que as glosas predominantemente se referem à locação de empilhadeiras utilizadas no pátio fabril para acomodar os bens produzidos pela Manifestante nos locais específicos de acordo com a etapa do processo de produção, o que por si só demonstram que ela compõe parte essencial do seu processo de produção. Cita normas, transcreve instruções do Dacon e externa sua compreensão: Ou seja, no presente caso, as máquinas e equipamentos alugados pela Manifestante de pessoas jurídicas estão diretamente ligados à atividade da empresa, mais especificamente ao seu processo de produção propriamente, portanto, resta evidente o direito creditório da Manifestante, haja vista que a legislação não restringiu o aproveitamento do crédito, como fez a Fiscalização, mas é clara ao permitir o aproveitamento do crédito com relação Fl. 828DF CARF MF 8 às máquinas e equipamentos alugados UTILIZADOS NAS ATIVIDADES DA EMPRESA, inclusive atividades administrativas. Sobre o arrendamento mercantil, a interessada cita que a fiscalização houve por efetivar a glosa dos créditos tomados sobre arrendamento mercantil de bens e veículos ao argumento de que "não são utilizados especificamente no processo produtivo da empresa", discorda sob o seguinte argumento: In casu, os bens e veículos objeto de arrendamento mercantil formalizado pela Manifestante, integram e são essenciais à viabilidade da atividade da empresa como um todo, sem o qual, ainda que indiretamente, o processo de produção fica inviabilizado. Assim, onde a lei não restringe, não cabe ao interprete restringir, de modo que, sendo a única ressalva para aproveitamento do crédito sobre arrendamento mercantil a hipótese das empresas optante pelo SIMPLES, e não sendo este o enquadramento da Manifestante, devem tais créditos ser reconhecidos. Por fim, quanto ao crédito presumido de lenha de eucalipto adquirido de pessoas físicas, cita a norma de regência e, ainda: Por esta razão, em se tratando de insumo diretamente ligado e consumido no processo de produção da Manifestante, a teor dos atos normativos destacados, ainda que adquiridos de pessoas físicas, em conformidade com a Lei 10.935/04 e 660/06 é legitimo o direito creditório em tela, devendo o Despacho Decisório ser reformado também neste ponto. Finaliza solicitando a homologação das DComp apresentadas. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade, proferindo o Acórdão DRJ/RPO n.º 1457.034, de 26/02/2015 (fls. 725 e ss.), assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Para efeitos da apuração de créditos a serem descontados da contribuição pela sistemática da não cumulatividade, consideramse insumos as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações , tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Fl. 829DF CARF MF Processo nº 10835.721176/201443 Acórdão n.º 3201004.324 S3C2T1 Fl. 826 9 Direito Creditório Reconhecido em Parte Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, recurso voluntário de fls. 1676 e ss., por meio do qual alega, em apertada síntese, o seguinte: a) Créditos relativos a serviço de transporte (frete) entre estabelecimentos: transfere de uma unidade para outra sua matéria prima ou subproduto dele para devido tratamento e elaboração, sendo encaminhado para unidade industrial específica, onde, após devido tratamento o torna apto ao consumo e acondiciona para posterior revenda. O produto começa a ser elaborado em uma unidade e tem o seu processamento final em outra unidade; b) Créditos relativos a Materiais de Uso e Consumo e Serviços tomados: os gastos relativos à higienização na produção de alimentos podem ser considerados insumos para fins de creditamento de PIS/Cofins, pois pertinentes e viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, direta ou indiretamente empregados, cuja subtração importa na impossibilidade da mesma prestação de serviço ou produção, implicando substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes; c) Materiais de Embalagem: os materiais de embalagem glosados pela Fiscalização e mantidos pelo Acórdão recorrido são utilizados no acondicionamento e transporte do produto acabado. Todos os materiais utilizados para a embalagem acabam compondo o produto final da empresa, sendo de suma importância que o produto comercializado tenha sua integridade garantida até sua entrega definitiva. Convém esclarecer que todas as embalagens estão em contato direto com o produto e nenhuma delas retorna para a empresa. Assim, é evidente que a sua utilização é indispensável para o processo de geração de receitas, gerando custos a cada etapa, o que lhe assegura direito ao crédito pretendido; d) Arrendamento mercantil: a lei em momento algum especifica que os custos com contraprestações de arrendamento mercantil devem estar intrinsecamente ligados ao processo de produção, este considerado enquanto um bem que se integra ao produto final objeto da atividade da empresa. Os bens e veículos objeto de arrendamento mercantil formalizado pela Recorrente integram e são essenciais à viabilidade da atividade da empresa como um todo, sem o qual, ainda que indiretamente, o processo de produção fica inviabilizado; e) Crédito presumido de lenha de eucalipto adquirido de pessoas físicas: lenha é utilizada como combustível no processo de produção, compondoo de forma essencial e direta, portanto, não há dúvidas de que faz parte do processo em se tratando de insumo diretamente ligado e consumido no processo de produção da Recorrente, a teor dos atos normativos destacados, ainda que adquiridos de pessoas físicas, em conformidade com a Lei 10.935/04 e IN 660/06 é legitimo o direito creditório em tela. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. Fl. 830DF CARF MF 10 Cuidase de pedido eletrônico de ressarcimento da Cofins não cumulativa, com origem no 2º trimestre de 2011. Deferido em parte o pedido e apresentada manifestação de inconformidade, a DRJ julgoua procedente em parte, daí o recurso voluntário, ora apreciado. Dos Créditos relativos a serviço de transporte (frete) entre estabelecimentos A Recorrente sustenta que transfere de um dos seus estabelecimento para outro matériaprima ou subproduto dela para o devido tratamento e elaboração, sendo encaminhado para unidade industrial específica, onde, após o devido tratamento, tornaa apta ao consumo e a acondiciona para posterior revenda. O produto começa a ser elaborado em uma unidade e tem o seu processamento final em outra unidade Ora, a própria RFB consolidou o entendimento de que as despesas com frete no transporte de insumos incorporamse ao custo do produto adquirido, tal como prevê a Solução de Divergência nº 7 Cosit, de 23 de agosto de 2016: NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO DE CREDITAMENTO. INSUMOS. DIVERSOS ITENS. 1. Na sistemática de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, a possibilidade de creditamento, na modalidade aquisição de insumos, deve ser apurada tendo em conta o produto destinado à venda ou o serviço prestado ao público externo pela pessoa jurídica. 2. In casu, tratase de pessoa jurídica dedicada à produção e à comercialização de pasta mecânica, celulose, papel, papelão e produtos conexos, que desenvolve também as atividades preparatórias de florestamento e reflorestamento. 3. Nesse contexto, permitese, entre outros, creditamento em relação a dispêndios com: 3.a) partes, peças de reposição, serviços de manutenção, combustíveis e lubrificantes utilizados em veículos que, no interior de um mesmo estabelecimento da pessoa jurídica, suprem, com insumos ou produtos em elaboração, as máquinas que promovem a produção de bens ou a prestação de serviços, desde que tais dispêndios não devam ser capitalizados ao valor do bem em manutenção; 3.b) combustíveis e lubrificantes consumidos em máquinas, equipamentos e veículos diretamente utilizados na produção de bens; 3.c) bens de pequeno valor (para fins de imobilização), como modelos e utensílios, e ferramentas de consumo, tais como machos, bits, brocas, pontas montadas, rebolos, pastilhas, discos de corte e de desbaste, bicos de corte, eletrodos, arames de solda, oxigênio, acetileno, dióxido de carbono e materiais de solda empregados na manutenção ou funcionamento de máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção de bens para venda; 4. Diferentemente, não se permite, entre outros, creditamento em relação a dispêndios com: Fl. 831DF CARF MF Processo nº 10835.721176/201443 Acórdão n.º 3201004.324 S3C2T1 Fl. 827 11 4.a) partes, peças de reposição, serviços de manutenção, combustíveis e lubrificantes utilizados em máquinas, equipamentos e veículos utilizados em florestamento e reflorestamento destinado a produzir matériaprima para a produção de bens destinados à venda; 4.b) serviços de transporte suportados pelo adquirente de bens, pois a possibilidade de creditamento deve ser analisada em relação ao bem adquirido; 4.c) serviços de transporte, prestados por terceiros, de remessa e retorno de máquinas e equipamentos a empresas prestadoras de serviço de conserto e manutenção; 4.d) partes, peças de reposição, serviços de manutenção, combustíveis e lubrificantes utilizados em veículos utilizados no transporte de insumos no trajeto compreendido entre as instalações do fornecedor dos insumos e as instalações do adquirente; 4.e) combustíveis e lubrificantes consumidos em veículos utilizados no transporte de matéria prima entre estabelecimentos da pessoa jurídica (unidades de produção); 4.f) bens de pequeno valor (para fins de imobilização), como modelos e utensílios, e ferramentas de consumo, tais como machos, bits, brocas, pontas montadas, rebolos, pastilhas, discos de corte e de desbaste, bicos de corte, eletrodos, arames de solda, oxigênio, acetileno, dióxido de carbono e materiais de solda empregados na manutenção ou funcionamento de máquinas e equipamentos utilizados nas atividades de florestamento e reflorestamento destinadas a produzir matéria prima para a produção de bens destinados à venda; 4.g) serviços prestados por terceiros no corte e transporte de árvores e madeira das áreas de florestamentos e reflorestamentos destinadas a produzir matériaprima para a produção de bens destinados à venda; 4.h) óleo diesel consumido por geradores e por fontes de produção da energia elétrica consumida nas plantas industriais, bem como os gastos com a manutenção dessas máquinas e equipamentos. Dispositivos Legais: Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º, inciso II; Instrução Normativa SRF nº 247, de 2002, art. 66; Lei nº 4.506, de 1964, art. 48; Parecer Normativo CST nº 58, de 19 de agosto de 1976; DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13. Parcialmente vinculada à Solução de Consulta Cosit nº 76, de 23 de março de 2015, publicada no Diário Oficial da União de 30 de março de 2015. Fl. 832DF CARF MF 12 Parcialmente vinculada à Solução de Consulta Cosit nº 16, de 24 de outubro de 2013, publicada no Diário Oficial da União de 06 de novembro de 2013. Como deixa cristalino a Solução de Divergência e mesmo se extrai do art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, para que se permita a apropriação do créditos sobre o frete pago no transporte do insumo adquirido, há que se ter a aquisição do insumo, operação a que não corresponde a mera transferência de insumos entre estabelecimentos da mesma empresa. No caso, há a remessa de produtos em elaboração de um para outro estabelecimento da mesma empresa, no qual será submetido a um processo de industrialização – a um custo específico, que, portanto, incorporase ao produto final – , tornandoos aptos ao consumo e os acondicionando para posterior revenda. Nesse contexto, temos entendido possível o creditamento, em sintonia com o que decidido pela 3ª Turma da CSRF: DESPESAS. FRETES. TRANSFERÊNCIA/TRANSPORTE. PRODUTOS INACABADOS E INSUMOS. ESTABELECIMENTOS PRÓPRIOS, CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. As despesas com fretes para a transferência/transporte de produtos em elaboração (inacabados) e de insumos entre estabelecimentos do contribuinte integram o custo de produção dos produtos fabricados/vendidos e, consequentemente, geram créditos da contribuição, passíveis de desconto do valor apurado sobre o faturamento mensal. (Acórdão nº 9303007.285, de 15/08/2018) Dos Créditos relativos a Materiais de Uso e Consumo e Serviços tomados Aqui, a Recorrente contesta o acórdão recorrido, ao fundamento de que os gastos relativos à higienização na produção de alimentos – no seu caso, a fabricação de laticínios – podem ser considerados insumos para fins de creditamento de PIS/Cofins, pois, além de pertinentes, viabilizam o processo produtivo e cuja subtração implicando substancial perda de qualidade do produto. É evidente que, sendo a Recorrente fabricante de produtos laticínios, submetese a rigoroso controle de higienização e limpeza durante todo o seu processo produtivo. Assim, faz jus aos créditos sobre os produtos ou serviços que adquire para viabilizálo. A jurisprudência administrativa é remansosa a respeito do tema. Entre outras: REGIME NÃOCUMULATIVO. PRODUTOS DE LIMPEZA. PROCESSO PRODUTIVO. REQUISITOS. Somente materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo geram créditos da nãocumulatividade, ou seja, não são considerados insumos os produtos utilizados na simples limpeza do parque produtivo, os quais são considerados despesas operacionais. (Acórdão nº 3401004.896, de 21/05/2018) Fl. 833DF CARF MF Processo nº 10835.721176/201443 Acórdão n.º 3201004.324 S3C2T1 Fl. 828 13 PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS NA ASSEPSIA E HIGIENIZAÇÃO DOS TANQUES DE TRANSPORTE DE LEITE, SILOS EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS. Os produtos químicos utilizados na assepsia e higienização dos tanques de transportes do leite caminhões, silos e equipamentos industriais são considerados essenciais à atividade/produção do sujeito passivo, eis ser obrigatória a referida assepsia para evitar a contaminação da matériaprima e do produto acabado. O que, por conseguinte, há de se considerar a constituição de crédito das contribuições sobre os gastos com a aquisição dos referidos produtos químicos, em respeito à prevalência do critério da essencialidade para fins de conceituação de insumo para a geração do direito ao referido crédito. (Acórdão nº 9303005.652, de 19/09/2017) Dos Materiais de Embalagem Dizse que os materiais de embalagem glosados são utilizados no acondicionamento e transporte do produto acabado, compondo o produto final fabricado pela empresa, mantendo a sua integridade até sua entrega e a ela, posteriormente, não retornando. A glosa teve por fundamento o fato de que os gastos com embalagem somente poderiam ser considerados insumos quando incorporada ao produto em fabricação ou quando sofre alteração em suas propriedades, de modo que as embalagens destinadas a apenas proteger ou transportar o produto acabado não dão direito a crédito de PIS/Cofins. A propósito do tema, a 3ª Turma de CSRF já entendeu que as embalagens destinadas a viabilizar a preservação de suas características durante o seu transporte e cuja falta pode tornálo imprestável à comercialização devem ser consideradas como insumos utilizados na produção. É o que se decidiu no julgamento consubstanciado no Acórdão nº 9303004.174, de 05/07/2016, de relatoria da il. Conselheira Tatiana Midori Migiyama, assim ementado: NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS A DESCONTAR. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. DIREITO AO CRÉDITO. É de se considerar as embalagens para transporte como insumos para fins de constituição de crédito da Cofins pela sistemática não cumulativa. No voto condutor do acórdão, a relatora reproduziu, em apoio à sua tese, aresto proferido pelo Superior Tribunal de Justiça STJ, o qual abraçou idêntico entendimento: PROCESSUAL CIVIL – TRIBUTÁRIO – PIS/COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, Fl. 834DF CARF MF 14 QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos. Agravo regimental improvido. (g.n.) (STJ, Rel. Humberto Martins, AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.125.253 SC, julgado em 15/04/2010) Ressaltamos, também, o fato de que a própria RFB parece indicar uma alteração de entendimento (conceito próprio da legislação do IPI), uma vez que, na Solução de Divergência Cosit nº 7, de 23 de agosto de 2016, após a reprodução dos atos legais e infralegais que disciplinam o PIS/Cofins não cumulativo, concluiu que, no conceito de insumos, incluem se os bens ou serviços que "vertam sua utilidade" sobre o bem ou o serviço produzido. Confira se: 14. Analisandose detalhadamente as regras constantes dos atos transcritos acima e das decisões da RFB acerca da matéria, podese asseverar, em termos mais explícitos, que somente geram direito à apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a aquisição de insumos utilizados ou consumidos na produção de bens que sejam destinados à venda e de serviços prestados a terceiros, e que, para este fim, somente podem ser considerados insumo: a) bens que: a.1) sejam objeto de processos produtivos que culminam diretamente na produção do bem destinado à venda (matériaprima); a.2) sejam fornecidos na prestação de serviços pelo prestador ao tomador do serviço; a.3) que vertam sua utilidade diretamente sobre o bem em produção ou sobre o bem ou pessoa beneficiados pela prestação de serviço (tais como produto intermediário, material de embalagem, material de limpeza, material de pintura, etc); ou a.4) sejam consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos que promovem a produção de bem ou a prestação de serviço, desde que não estejam incluídos no ativo Fl. 835DF CARF MF Processo nº 10835.721176/201443 Acórdão n.º 3201004.324 S3C2T1 Fl. 829 15 imobilizado da pessoa jurídica (tais como combustíveis, moldes, peças de reposição, etc); b) serviços que vertem sua utilidade diretamente na produção de bens ou na prestação de serviços, o que geralmente ocorre: b.1) pela aplicação do serviço sobre o bem ou pessoa beneficiados pela prestação de serviço; b.2) pela prestação paralela de serviços que reunidos formam a prestação de serviço final disponibilizada ao público externo (como subcontratação de serviços, etc); c) serviços de manutenção de máquinas, equipamentos ou veículos utilizados diretamente na produção de bens ou na prestação de serviços. (g.n.) Ademais, e parecenos isso de fundamental importância, não obstante o conceito de insumos, para os fins da incidência do IPI, compreenda apenas as matériasprimas, os produtos intermediários e o material de embalagem, a legislação deste imposto faz uma expressa distinção entre o que é embalagem de apresentação e o que é embalagem para o transporte, de forma que a permitir o crédito apenas sobre a aquisição da primeira, mas não da segunda, consoante preconiza do art. 3º, parágrafo único, inciso II, da Lei nº 4.502, de 1964 (regramatriz do IPI): Art . 3º Considerase estabelecimento produtor todo aquêle que industrializar produtos sujeitos ao impôsto. Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo, considerase industrialização qualquer operação de que resulte alteração da natureza, funcionamento, utilização, acabamento ou apresentação do produto, salvo: I o consêrto de máquinas, aparelhos e objetos pertencentes a terceiros; II o acondicionamento destinado apenas ao transporte do produto; (g.n.) Norma semelhante, contudo, não existe nos diplomas legais que disciplinam o PIS/Cofins não cumulativo. Assim sendo, devem ser considerados insumos na sistemática não cumulativa do PIS/Cofins os materiais de embalagem utilizados no acondicionamento e transporte do produto acabado, compondo o produto final fabricado pela empresa, mantendo a sua integridade até sua entrega e a ela, posteriormente, não retornando. Do Arrendamento mercantil Sustenta, noutros termos, que a legislação de regência não determina que o bem objeto do arrendamento mercantil deve estar intrinsecamente ligado ao processo produtivo. Assim, os bens e veículos objeto de arrendamento mercantil formalizado pela Fl. 836DF CARF MF 16 Recorrente seriam, no seu entender, essenciais à viabilidade da atividade da empresa como um todo, sem o qual, ainda que indiretamente, o processo de produção fica inviabilizado. A matéria encontrase disciplinada no art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, na forma seguinte: Art. 3º. Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) § 3º. O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: (...) II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País. (g.n.) A fiscalização explicou a glosa na forma seguinte: Portanto, foram glosados créditos calculados pela fiscalizada sobre elementos que, embora indispensáveis a sua logística produtiva, não sofreram desgaste ou perda de propriedades físicoquímicas em razão de contato direto com o produto em elaboração, tais como embalagens de transporte (pallets), vasilhame, dispêndios com empilhadeiras, materiais e serviços de limpeza e de laboratório. O mesmo raciocínio norteou as glosas incidentes sobre créditos calculados sobre o maquinário utilizado pela empresa, seja ele integrante de seu ativo imobilizado, objeto de aluguel ou de arrendamento mercantil, pois esta fiscalização entende que, muito embora a restrição "para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços" surja literalmente apenas no inciso VI do artigo 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, o intuito do legislador foi, claramente, restringir o aproveitamento de créditos apenas ao maquinário utilizado na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços, independentemente da roupagem econômica através da qual o contribuinte incorpore tais bens ao seu processo produtivo. (g.n.) Contudo, o legislador não restringiu o tipo de bem objeto do arrendamento mercantil, mas apenas exigiu que seja utilizado nas atividades realizadas pela pessoa jurídica, não diretamente utilizadas na produção de bens ou na prestação de serviços. Assim, por exemplo, os gastos com o arrendamento de um caminhão utilizado na entrega dos produtos Fl. 837DF CARF MF Processo nº 10835.721176/201443 Acórdão n.º 3201004.324 S3C2T1 Fl. 830 17 fabricados por uma indústria, ainda que não diretamente utilizados na produção, podem ser considerados créditos na sistemática não cumulativa de PIS/Cofins. Vejam, a propósito, como dispôs, nos fundamentos, a Solução de Consulta nº 205 Cosit, de 24/04/2017: 6. O que tais diplomas legais estabelecem é a possibilidade de se descontar créditos relativos aos valores pagos a título de “contraprestações de operações de arrendamento mercantil”. Nenhuma imposição quanto ao objeto do arrendamento é fixada pela legislação. Portanto, nenhum óbice existe em relação a arrendamento mercantil de veículo, desde, naturalmente, que ele seja utilizado nas atividades da pessoa jurídica. 6.1 Evidentemente, devem ser observados todos os demais requisitos normativos e legais atinentes à espécie, entre outros, a exigência de que tais valores sejam pagos a pessoa jurídica domiciliada no País, e que tal pessoa jurídica não seja optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional). Assim, a nosso juízo, os gastos com o arrendamento de bens e veículos utilizados nas atividades da empresa geram o direito ao crédito do PIS/Cofins. Do Crédito presumido de lenha de eucalipto adquirido de pessoas físicas Sustenta a Recorrente, neste tópico do recurso, que a lenha é utilizada como combustível no processo de produção, compondoo de forma essencial e direta, de forma que, ainda que adquiridos de pessoas físicas, é legitimo o direito creditório, em conformidade com a Lei 10.925, de 2004, e Instrução Normativa RFB nº 660, de 2006. Bem, o que se vê do Termo de Verificação Fiscal, anexado às fls. 291 e ss., é que, quando a fiscalização tratou do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, fêlo apenas com relação à aquisição de leite, conforme comprovam alguns de seus parágrafos, onde o tema é tratado: (...) (...) Fl. 838DF CARF MF 18 No concernente ao tema, apenas a afirmação, no voto condutor do acórdão recorrido, de que a aquisição de produto desonerado não pode gerar o direito ao crédito básico de PIS/Cofins. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para reverter as glosas de créditos decorrentes dos gastos realizados sobre os seguintes itens: a) fretes para a transferência/transporte de produtos em elaboração (inacabados) entre os estabelecimentos da Recorrente; b) materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo; c) embalagens para transporte, incorporadas ao produto, destinadas a preservar as características dos produtos; d) arrendamento de bens e veículos utilizados nas atividades da empresa. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 839DF CARF MF Processo nº 10835.721176/201443 Acórdão n.º 3201004.324 S3C2T1 Fl. 831 19 Fl. 840DF CARF MF 20 Fl. 841DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14766.000197/2009-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004
COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL.
Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966, combinado com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996.
O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à repetição do indébito enquanto não tiver sido proferida decisão judicial definitiva favorável ao contribuinte.
Numero da decisão: 3301-005.335
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente
(assinado digitalmente)
Liziane Angelotti Meira - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira , Marcelo Costa Marques D´ Oliveira, Ari Vendramini , Salvador Candido Brandão Junior, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira.
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1565; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 119 1 118 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 14766.000197/200986 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301005.335 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de outubro de 2018 Matéria RESSARCIMENTO DE IPI Recorrente ENGARRAFADORA IGARASSU LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966, combinado com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à repetição do indébito enquanto não tiver sido proferida decisão judicial definitiva favorável ao contribuinte. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira , Marcelo Costa Marques D´ Oliveira, Ari Vendramini , Salvador Candido Brandão Junior, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 76 6. 00 01 97 /2 00 9- 86 Fl. 119DF CARF MF Processo nº 14766.000197/200986 Acórdão n.º 3301005.335 S3C3T1 Fl. 120 2 Adoto o relatório constante da decisão recorrida (fls. 75/78), abaixo transcrito: Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade interposta pela Engarrafadora Igarassu Ltda., CNPJ nº 02.560.074/000108, em contrariedade ao Despacho Decisório de fls. 14/15, que não homologou a compensação declarada nos PER/DCOMP de fls. 02/09, por utilizar crédito de ressarcimento de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, relativo ao 2º trimentre de 2004. A base legal do lançamento encontrase nos autos. Em 06/07/2009 (fl. 30), a interessada foi cientificada da glosa dos créditos de IPI e, em 03/08/2009, apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 31/54, na qual alega, em síntese, o quanto segue: que se dedica ao engarrafamento e padronização de vinho, refrigerante etc.; que formulou os PER/DCOMP de n°s. 24078.70516.150704.1.3.011824 e 32832.80277.240804.1.3.01 1425 com a finalidade de ver compensado saldo credor de IPI no montante de R$ 99.198,00 com débitos do próprio IPI ou de outros tributos e contribuições administrados pela Receita Federal; que, contudo, os pedidos de compensação não foram homologados, em razão de suposto vício formal, conforme razões expostas no despacho decisório de fls. 14/15; que, em razão da não homologação das PER/DCOMP, apresenta a presente manifestação de inconformidade para informar que impetrou o Mandado de Segurança (processo nº 2002.83.0044607/PE), a fim de ver reconhecido o direito ao crédito de IPI decorrente de aquisições de insumos desonerados; que seu pleito foi deferido em sede de apelação pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por decisão que se encontra em vigor até a presente data; que, a partir de então, passou a compensar seus créditos de IPI com débitos de tributos administrados pela Receita Federal, nos moldes previstos na legislação de regência e acobertada por parecer emitido pela Procuradora da Fazenda Nacional; que lhe é assegurado pela Lei nº 10.485, de 2002 e por medida judicial o direito ao creditamento do IPI e, portanto, o pedido de compensação se reveste de conteúdo material, tendo sido rejeitado unicamente em razão da forma; que a obrigatoriedade de transmissão do PER/DCOMP por meio eletrônico só surgiu após a edição da IN SRF nº 460 de 18/10/2004, data posterior à apresentação dos pedidos analisados no processo; Fl. 120DF CARF MF Processo nº 14766.000197/200986 Acórdão n.º 3301005.335 S3C3T1 Fl. 121 3 que tal obrigatoriedade corresponde a uma singela obrigação acessória; que, superada a questão relativa ao vício formal, o pedido de compensação apresenta conteúdo material suficiente e segue as exigências legais; que há uma desproporcionalidade entre o descumprimento de uma obrigação acessaria e a sanção imposta, qual seja, a não homologação dos pedidos de compensação apresentados pela interessada; que, demonstrada a materialidade do crédito presumido de IPI, decorrente da compra no mercado interno de insumos e produtos industrializados, encontrase caracterizado o direito à compensação e, por conseguinte, deve ser reformada a decisão recorrida para homologar as compensações declaradas. Analisada a manifestação de inconformidade, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou parcialmente procedente, com a seguinte ementa (fl. 75): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 CRÉDITOS DECORRENTES DE AÇÃO JUDICIAL NÃO TRANSITADA EM JULGADO. COMPENSAÇÃO. Somente poderão ser objeto de compensação os créditos do sujeito passivo reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado, salvo nos casos em que a referida decisão expressamente ordene a compensação antes do trânsito em julgado ou afaste a incidência do art. 170A da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Foi apresentado Recurso Voluntário (fls. 83/115), no qual a Recorrente assevera que não há concomitância nas esferas administrativa e judicial, defende seu direito à restituição/ressarcimento e também solicita que sejam analisadas suas declarações de compensação. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira Relatora. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. Defende a Recorrente seu direito de utilizar créditos relativos a decisão judicial ainda não transitada em julgado. Fl. 121DF CARF MF Processo nº 14766.000197/200986 Acórdão n.º 3301005.335 S3C3T1 Fl. 122 4 Observese, contudo, que a utilização de crédito ainda pendente de decisão judicial definitiva encontrase expressamente vedada no art. 170A do CTN, e no art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, os quais transcrevemos: Código Tributário Nacional Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Lei nº 9.430, de 1996 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (...) II em que o crédito: (...) d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado;ou (grifouse) Cabe consignar a informação de que o processo judicial em pauta teve trânsito em julgado com decisão desfavorável à Recorrente, com a seguinte ementa: AMS 82188/PE (2002.83.00.0044607) APTE : ENGARRAFADORA IGARASSU LTDA ADV/PROC : FÁBIO HENRIQUE DE ARAÚJO URBANO e outros APDO : FAZENDA NACIONAL ORIGEM : 7ª Vara Federal de Pernambuco (Especializada em Questões Agrárias) RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO (Ementa) Tributário. Retorno dos autos para, se for o caso, se proceder a adequação do acórdão, nos termos do art. 543B, § 3º, do Código de Processo Civil, por destoar do entendimento adotado em repercussão geral, RE 562.980, que tem como questão controvertida o creditamento de IPI em relação à aquisição de insumos ou de produtos intermediários aplicados na fabricação de produtos finais sujeitos à alíquota zero ou isentos. 1. O entendimento do Supremo Tribunal Federal é de apenas haver direito constitucional a créditos de IPI, com supedâneo no princípio da não cumulatividade, quando se verifica superposição impositiva, com a incidência tributária na operação antecedente e também na de saída dos produto, exceto diante de previsão de lei Fl. 122DF CARF MF Processo nº 14766.000197/200986 Acórdão n.º 3301005.335 S3C3T1 Fl. 123 5 específica, o que não é o caso dos autos, vez que se trata aqui de insumos sujeitos à alíquota zero, isentos ou não tributados e produto final tributado. 2. O acórdão recorrido destoa do entendimento do Supremo Tribunal Federal ao conferir à apelante o direito aos créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos isentos ou tributados à alíquota zero, diante de produto final tributado. 3. Adequação do julgado ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, passando se a negar provimento à apelação da Empresa. (Acórdão) Vistos, etc. Decide a Egrégia Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, adequar o acórdão recorrido, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos. Recife, 10 de março de 2015. (Data do julgamento) Ademais, adotase o entendimento constante da decisão de piso no sentido de que (fl. 77): Conforme consta dos autos, o mérito referente à existência, ou não, do direito creditório pleiteado constitui objeto de ação judicial proposta pela interessada em desfavor da Fazenda Nacional perante a Justiça Federal de Pernambuco (Mandado de Segurança – processo nº 2002.83.0044667). Houve decisão favorável à contribuinte proferida pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (Apelação em Mandado de Segurança – processo nº 82188), mas ainda não transitada em julgado. O processo, atualmente, aguarda o julgamento de Recurso Extraordinário apresentado pela União, no Supremo Tribunal Federal (RE 606703). Não cabe no presente processo reconhecer ou autorizar matéria submetida e decidida pelo Poder Judiciário. Portanto, não se toma conhecimento da parte do mérito que coincide com o objeto da ação judicial em curso, e quanto ao mérito remanescente, desbordante da lide judicial, propõese manter o indeferimento do pedido. Diante do exposto, voto por conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento. (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira Fl. 123DF CARF MF Processo nº 14766.000197/200986 Acórdão n.º 3301005.335 S3C3T1 Fl. 124 6 Fl. 124DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10783.900953/2012-13
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). IMPOSSIBILIDADE.
Não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996, a exportação de produtos que não sofreram operação de industrialização prevista na legislação do IPI e recebem a notação NT na Tabela do IPI por estarem fora do campo de incidência do imposto.
Súmula CARF 124.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. TAXA SELIC. PREJUDICIALIDADE.
Não havendo crédito a ser ressarcido, reconhecido no curso do processo administrativo, não existe objeto para a correção pela taxa Selic.
Numero da decisão: 9303-007.729
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
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EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). IMPOSSIBILIDADE. Não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996, a exportação de produtos que não sofreram operação de industrialização prevista na legislação do IPI e recebem a notação NT na Tabela do IPI por estarem fora do campo de incidência do imposto. Súmula CARF 124. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. TAXA SELIC. PREJUDICIALIDADE. Não havendo crédito a ser ressarcido, reconhecido no curso do processo administrativo, não existe objeto para a correção pela taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 09 53 /2 01 2- 13 Fl. 312DF CARF MF 2 Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, contra o acórdão 3002000.002 proferido pela 2ª Turma Extraordinária da 3ª Seção de Julgamento do CARF, cuja ementa e dispositivo encontramse a seguir reproduzidos: CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). IMPOSSIBILIDADE. Não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996, a exportação de produtos que não sofreram operação de industrialização prevista na legislação do IPI e recebem a notação NT na Tabela do IPI por estarem fora do campo de incidência do imposto. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. JULGAMENTO EM RECURSO REPETITIVO. ART. 62A DO RICARF. Não há previsão legal para aplicação dos juros Selic nos valores decorrentes de ressarcimento de crédito presumido do IPI. Nos termos do julgamento do REsp nº 1.035.847/RS pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos, a atualização monetária somente é possível sobre os valores indevidamente indeferidos pela autoridade administrativa, posteriormente revertidos pelas instâncias julgadoras. Não havendo crédito a ser ressarcido, reconhecido no curso do processo administrativo, não existe objeto para a correção pela taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Diego Weis Junior e Maria Eduarda Simões, que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Maria Eduarda Simões. Pedido de Ressarcimento e Despacho Decisório Trata o presente processso de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI referente ao 3º trimestre de 2006. A unidade de origem indeferiu o pedido. Manifestação de Inconformidade e Decisão de Primeira Instância O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, alegando o direito ao crédito presumido pleiteado, sob o argumento de que a Lei n° 9.363, de 1996, não restringe a concessão do crédito a produtos tributados, sendo que, no caso, tratase de exportação de produto de extração mineral (blocos de granito), classificados como não tributados pelo IPI NT. Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10783.900953/201213 Acórdão n.º 9303007.729 CSRFT3 Fl. 313 3 A decisão de primeira instância, consubstanciada no acórdão 0130.783, da DRJ em BelémPA julgou improcedente a manifestação de inconformidade, entendendo pela impossibilidade do crédito relativamente a produtos classificados como NT. Ainda, a título de obterdictum, no voto condutor da decisão, é colocado que em tese poderia haver possibilidade de aplicação dos juros Selic a valores decorrentes de ressarcimento de crédito presumido de IPI, a partir do 360° (tricentésimo sexagésimo) dia do pedido, quando houver valores indevidamente indeferidos pela autoridade administrativa e posteriormente revertidos pelas instâncias julgadoras. Recurso Voluntário e Decisão de Segunda Instância Cientificada da decisão, o contribuinte apresentou recurso voluntário reiterando suas alegações de impugnação. A 2ª Turma Extraordinária da 3ª Seção do CARF negou provimento ao Recurso especial, adotando o entendimento de que: a exportação de produtos classificados como NT não gera direito ao crédito presumido do IPI, de que trata a Lei n° 9.363, de 1996; e apesar de haver previsão legal para aplicação dos juros Selic a valores decorrentes de ressarcimento de crédito presumido de IPI, a partir do 360° (tricentésimo sexagésimo) dia do pedido, quando houver valores indevidamente indeferidos pela autoridade administrativa e posteriormente revertidos pelas instâncias julgadoras, como no caso, não há crédito a ser reconhecido, fica predujicada a discussão acerca dos juros. Recurso Especial do Contribuinte e Contrarrazões da Fazenda Nacional Cientificado da decisão de segunda instância, o contribuinte apresentou recurso especial, para discussão: (1) da matéria principal do processo, crédito em relação a produtos não tributados (NT), e (2) a atualização do crédito pela taxa Selic. Com relação à primeira matéria, apresentou como paradigmas os acórdãos nº 9303001.469 e 3402004.778, argumentando que a Lei n° 9.363, de 1996, que instituiu o crédito presumido em tela, não excluiu a possibilidade de creditamento em virtude de exportação de produtos com classificação NT. Com relação à segunda matéria, apresentou como paradigmas os acórdãso n° 9303001.469 e 3402004.778, argumentando que a atualização monetária do crédito pleiteado seria devida, sob pena de enriquecimento sem causa do fisco. O Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção deu seguimento ao Recurso Especial em relação a ambas as matérias. Em sede de contrarrazões, a Fazenda Nacional pugna pela negativa de provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, para manutenção do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 314DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator O recurso é tempestivo e cumpre os demais requisitos de admissibilidade, conforme expresso no despacho de análise de admissibilidade do Presidente da Câmara recorrida, portanto dele conheço. No mérito, por uma questão de prejudicialidade, analisarei inicialmente a matéria principal do processo, quanto à possibilidade de crédito em relação a produtos não tributados (NT). Em seguida, passarei à análise da questão subsidiária, da atualização do crédito pleiteado pela taxa Selic. Pois bem, quanto à matéria principal, acompanho o entendimento esposado tanto pela decisão de primeira instância, quanto pela decisão recorrida, de que não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996, a exportação de produtos que não sofreram operação de industrialização prevista na legislação do IPI e recebem a notação NT na Tabela do IPI por estarem fora do campo de incidência do imposto. Nesse sentido, reproduzo as razões de decidir do voto condutor da decisão recorrida, que aqui adoto: O ponto que se discute neste processo é se o crédito presumido de IPI instituído pela Lei nº 9.363, de 1996, pode ser concedido em relação a exportações de produto com notação nãotributado (NT) da tabela do IPI. A recorrente é uma empresa que se dedica à exploração de jazidas minerais, beneficiamento (corte em chapas e polimento) e comercialização no mercado interno e externo de pedras tais como mármore, granito e ardósia, segundo informações constantes em seu recurso voluntário e em seu contrato social. Exporta, especificamente, blocos de granito que se classificam no código NCM 2516.12.00, cujo texto diz: granito simplesmente cortado a serra ou por outro meio, em blocos ou placas de forma quadrada ou retangular. A Lei nº 9.363, de 1996, assim dispõe sobre o que interessa a esta discussão: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. (...) Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10783.900953/201213 Acórdão n.º 9303007.729 CSRFT3 Fl. 314 5 Art. 3o Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das contribuições referidas no art. 1o, tendo em vista o valor constante da respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor exportador. Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem. (grifado) Os artigos, considerados conjuntamente, determinam que o benefício aplicase às empresas e produtos que atendam aos conceitos de estabelecimento produtor, de produção, de matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI, ou seja, na Lei nº 4.502, de 1964, e no Decreto nº 4.544, de 2002 (RIPI/2002), vigente à época dos fatos. Da leitura dos dispositivos legais pertinentes, a seguir transcritos, inferese que, para fins de IPI, estabelecimento produtor equivale a estabelecimento industrial, definido como aquele que executa alguma operação de industrialização da qual resulte produto tributado pelo imposto, ainda que de alíquota zero ou isento. Lei nº 4.502, de 1964 Art. 3º Considerase estabelecimento produtor todo aquêle que industrializar produtos sujeitos ao impôsto. Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo, considera se industrialização qualquer operação de que resulte alteração da natureza, funcionamento, utilização, acabamento ou apresentação do produto, salvo: (...) RIPI/2002 Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como: (...) II a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); (...) Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento. (grifado) Fl. 316DF CARF MF 6 No presente caso, no que diz respeito a suas operações de exportação, a recorrente não se enquadra como estabelecimento industrial do RIPI e nem produz produto tributável pelo IPI. A exigência de a industrialização resultar em produto tributado pelo IPI não é fortuita, mas expressa o alcance do tributo, aponta para as suas hipóteses de incidência. Inicialmente, quando da publicação da Lei nº 4.502, de 1964, constava no Anexo à Lei uma relação que continha apenas os produtos sobre os quais incidia o IPI. Nessa relação não existe a notação NT e não existe a posição 2516, pois a atividade de extração mineral, com o mero corte da pedra, não foi considerado operação de industrialização para fins de tributação pelo IPI. A pedra que tenha sofrido algum trabalho, que pressuponha o aperfeiçoamento de que trata o RIPI, classificase no capítulo 68 ou posterior, esses sim tributados. Posteriormente, quando se decidiu por adotar a relação completa de bens sujeitos ao imposto de importação para fins de construção da TIPI, houve a necessidade de marcar quais bens estavam fora do campo de incidência do IPI, que passaram a ter a notação NT (nãotributados). Tal entendimento é confirmado pelo art. 2º do RIPI/2002, que assim dispõe: Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI. Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (nãotributado). (grifado) A notação NT inclui os produtos com imunidade pela Constituição Federal, como livro e jornal, mas o caso analisado, pedra simplesmente cortada, recebe a notação NT por não sofrer uma operação de industrialização. Assim, o que resta claro é que, uma vez que o art. 3º da Lei nº 9.363, de 1996, determina que se utilize os conceitos de produção/industrialização da legislação do IPI, o crédito presumido por ela instituído somente pode ser concedido quando houver exportação de produtos que estejam sob a incidência desse imposto. A Lei nº 9.363/96 adota a lógica do próprio tributo, inclusive aquela utilizada para a concessão dos créditos básicos e incentivados: a venda de mercadoria NT não gera saldo devedor. Se essa saída não gera saldo devedor para o contribuinte, também não pode gerar saldo credor. Essa limitação não alcança os produtos isentos ou com alíquota 0% porque esses estão dentro do campo de incidência do IPI. Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10783.900953/201213 Acórdão n.º 9303007.729 CSRFT3 Fl. 315 7 Os artigos do RIPI/2002 relativos à escrituração dos créditos básicos demonstram a coerência da interpretação adotada, a ver: Art. 190. Os créditos serão escriturados pelo beneficiário, em seus livros fiscais, à vista do documento que lhes confira legitimidade: (...) § 1º Não deverão ser escriturados créditos relativos a MP, PI e ME que, sabidamente, se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, ou saídos com suspensão cujo estorno seja determinado por disposição legal . (...) Art. 193. Será anulado, mediante estorno na escrita fiscal, o crédito do imposto: I relativo a MP, PI e ME , que tenham sido: a) empregados na industrialização, ainda que para acondicionamento, de produtos nãotributados; (grifado) Contraria qualquer lógica interpretativa defender que um tributo que não incide sobre determinado produto passe a incidir sobre esse mesmo produto somente quando for para gerar crédito. Pior ainda, não incide nem na geração de créditos básicos e incentivados, mas incide apenas quando se tratar do crédito presumido para ressarcimento das contribuições. A Lei nº 9.363, de 1996, em momento algum determinou que se desconsiderasse as hipóteses de incidência ou o fato gerador do IPI. Ao contrário, apontou em seu art. 3º que os conceitos fundamentais do imposto deveriam ser seguidos. Não vislumbro qualquer extrapolação ou restrição indevida na aplicação da lei na interpretação exposta, como alega a recorrente. Tratase apenas de interpretação sistemática, que traz coerência para a aplicação da legislação do IPI. Dessa forma, entendo não ser possível a concessão de Crédito Presumido de IPI no caso. Em face dessa impossibilidade, resta prejudicada a discussão da atualização do crédito pleiteado pela taxa Selic. Aplico a Súmula CARF 124. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, negarlhe provimento. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 318DF CARF MF 8 Fl. 319DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.913620/2009-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 30 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3302-000.838
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a recorrente seja intimada a apresentar a documentação relativa às operações com aquisição de debêntures de Serra da Mesa e operações da Conta de Resultados a Compensar CESP, nos termos do voto do relator, vencidos o Conselheiro José Renato Pereira de Deus que dava provimento ao recurso voluntário e os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e Diego Weis Jr que negavam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Deroulede - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a recorrente seja intimada a apresentar a documentação relativa às operações com aquisição de debêntures de Serra da Mesa e operações da Conta de Resultados a Compensar CESP, nos termos do voto do relator, vencidos o Conselheiro José Renato Pereira de Deus que dava provimento ao recurso voluntário e os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e Diego Weis Jr que negavam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .9 13 62 0/ 20 09 -3 8 Fl. 312DF CARF MF Processo nº 10830.913620/200938 Resolução nº 3302000.838 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologar a compensação declarada, relativa a suposto crédito da Contribuição (PIS/Cofins), em razão do fato de que o pagamento informado como origem do crédito já se encontrava utilizado para quitação de outros débitos da titularidade do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte trouxe aos autos cópias de documentos comprobatórios (peças judiciais de mandado de segurança por ele impetrado, partes da DIPJ, DCTF e da Demonstração do Resultado do Exercício) e requereu a reforma da decisão de origem, alegando que o crédito pleiteado era decorrente de receitas financeiras auferidas por empresa sucedida, tendo a incidência da contribuição (PIS/Cofins) se dado sob amparo do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, que promoveu o alargamento de sua base de cálculo, para além das receitas decorrentes das vendas de mercadorias e serviços, alargamento esse declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Delegacia de Julgamento (DRJ) julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por falta de demonstração da composição e da existência do crédito e de provas hábeis a comprovar sua liquidez e certeza. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, trouxe aos autos cópias de planilhas identificadas como Balancete, Balanço, Lalur e Razão e requereu o reconhecimento do seu direito, repisando os mesmos argumentos de defesa encetados na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10830.913620/200938 Resolução nº 3302000.838 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Paulo Guilherme Deroulede, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido na Resolução nº 3302000.833, de 25/09/2018, proferida no julgamento do processo nº 10830.913618/200969, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3302000.833 Voto vencedor): Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto ao fato de estar comprovada a certeza e liquidez do direito creditório alegado pela recorrente. Em seu voto, o i. relator entendeu que os documentos acostados aos autos demonstram a existência do crédito pleiteado pela recorrente, possibilitando a compensação requerida. Todavia, não constam, no processo, documentos necessários à demonstração da natureza de algumas receitas no caso, atinentes à participação em outras sociedades , as quais poderiam servir de base de incidência de PIS/COFINS e, assim, influenciar na apuração do crédito alegado pela recorrente. Nesse sentido, voto por converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da RFB tome as seguintes providências: 1. Intimar a recorrente para apresentar documentação suficiente e necessária das operações com aquisição de debêntures de Serra da Mesa e operações da Conta de Resultados a Compensar CESP, devendo ser demonstrado, de forma clara e objetiva, o enquadramento ou não de eventuais receitas ligadas àquelas operações ao provimento jurisdicional concedido à recorrente; 2. Analisar os documentos e a resposta apresentada pela recorrente, analisando sua consistência e procedência, elaborando, ao final, relatório com parecer conclusivo, manifestandose, em especial, sobre o enquadramento ou não das receitas ligadas às operações de participação societária acima aludidas ao escopo da decisão judicial em favor da recorrente; 3. Dar ciência à recorrente desta Resolução e, ao final, do resultado desta diligência (item 2), abrindolhe o prazo previsto no Parágrafo Único do art. 35 do Decreto nº. 7.574/11. Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Contribuição para o PIS, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Cofins. Fl. 314DF CARF MF Processo nº 10830.913620/200938 Resolução nº 3302000.838 S3C3T2 Fl. 5 4 Importa registrar, ainda, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da RFB tome as seguintes providências: 1. Intimar a recorrente para apresentar documentação suficiente e necessária das operações com aquisição de debêntures de Serra da Mesa e operações da Conta de Resultados a Compensar CESP, devendo ser demonstrado, de forma clara e objetiva, o enquadramento ou não de eventuais receitas ligadas àquelas operações ao provimento jurisdicional concedido à recorrente; 2. Analisar os documentos e a resposta apresentada pela recorrente, analisando sua consistência e procedência, elaborando, ao final, relatório com parecer conclusivo, manifestandose, em especial, sobre o enquadramento ou não das receitas ligadas às operações de participação societária acima aludidas ao escopo da decisão judicial em favor da recorrente; 3. Dar ciência à recorrente desta Resolução e, ao final, do resultado desta diligência (item 2), abrindolhe o prazo previsto no Parágrafo Único do art. 35 do Decreto nº. 7.574/11. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Fl. 315DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13338.000155/2006-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.454
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. Relatório Inicialmente é necessário esclarecer que o presente feito compreende um lote de 36 processos conexos, todos eles relativos Pedidos de Ressarcimento de créditos de PIS e COFINS apurados pelo regime da nãocumulatividade nos anos calendários de 2003 a 2008. Tratamse dos seguintes processos: PROCESSO ACÓRDÃO DRJ TRIBUTO PERÍODO 10320.720149/201020 0830.513 PIS 2ª Trim 2003 10320.720150/201054 0831.407 PIS 3ª Trim 2003 13338.000103/200441 0831.247 PIS 1ª Trim 2004 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 33 38 .0 00 15 5/ 20 06 -8 0 Fl. 1918DF CARF MF Processo nº 13338.000155/200680 Resolução nº 3201001.454 S3C2T1 Fl. 3 2 10320.720152/201043 0830.749 PIS 2ª Trim 2004 13338.000011/200542 0831.246 PIS 3ª Trim 2004 10320.720169/201009 0831.237 COFINS 4ª Trim 2004 10320.720047/201012 0830.748 COFINS 1ª Trim 2005 10320.720155/201087 0830.750 PIS 1º Trim 2005 19647.012516/200542 0825.611 COFINS Abril/2005 13338.000155/200680 0830.757 COFINS 2ª Trim 2005 10320.720156/201021 0830.751 PIS 2º Trim 2005 19647.007420/200562 0822.687 PIS 3ª Trim 2005 10320.720157/201076 0830.752 PIS 3º Trim 2005 10320.720170/201025 0830.755 COFINS 3º Trim 2005 10320.720158/201011 0830.753 PIS 4ª Trim 2005 10320.720171/201070 0830.931 COFINS 4º Trim 2005 10320.720159/201065 0830.936 PIS 1º Trim 2006 10320.720172/201014 0831.238 COFINS 1º Trim 2006 10320.720160/201090 0830.927 PIS 2º Trim 2006 10320.720161/201034 0830.928 PIS 3ª Trim 2006 10320.720174/201011 0830.933 COFINS 3º Trim 2006 10320.720162/201089 0830.929 PIS 4º Trim 2006 10320.720175/201058 0830.934 COFINS 4º Trim 2006 10320.720163/201023 0830.930 PIS 1º Trim 2007 10320.720164/201078 0830.937 PIS 2º Trim 2007 10320.720177/201047 0830.938 COFINS 2º Trim 2007 10320.720165/201012 0831.233 PIS 3º Trim 2007 10320.720178/201091 0831.239 COFINS 3º Trim 2007 10320.720166/201067 0831.234 PIS 4º Trim 2007 10320.720179/201036 0831.240 COFINS 4º Trim 2007 10320.720167/201010 0831.235 PIS 1º Trim 2008 10320.720180/201061 0831.241 COFINS 1º Trim 2008 10320.720168/201056 0831.236 PIS 2º Trim 2008 10320.720181/201013 0831.242 COFINS 2º Trim 2008 10320.720182/201050 0831.243 COFINS 3º Trim 2008 10320.720183/201002 0831.408 COFINS 4ª Trim 2008 Desse modo, a presente Resolução será replicada em todos os processos acima referidos, devendose, na execução do julgado, observarse aquilo que se aplica a cada um dos fatos geradores abrangidos. Como dito, tratamse de diversos Pedidos de Ressarcimento de créditos de PIS e COFINS oriundos da aquisição de bens e serviços utilizados na fabricação de bens exportados para o mercado externo, apurados trimestralmente, além de um Auto de Infração. Conforme Relatório Fiscal integrante do Despacho Decisório: (...) o não reconhecimento do crédito se deu em virtude de vários fatores, compreendendo cômputo de outras receitas registradas na escrituração contábil (livro razão) e fiscal (livros registro de entrada, registro de saída, apuração de IPI, inventário etc) não informadas pelo Fl. 1919DF CARF MF Processo nº 13338.000155/200680 Resolução nº 3201001.454 S3C2T1 Fl. 4 3 contribuinte no Dacon, bem como glosa de créditos informados no Dacon, mas não respaldados na contabilidade, incidentes sobre gastos ou despesas: Fl. 1920DF CARF MF Processo nº 13338.000155/200680 Resolução nº 3201001.454 S3C2T1 Fl. 5 4 A Recorrente apresentou Manifestações de Inconformidade e Impugnação solicitando o reconhecimento integral do crédito postulado. Após exame, a DRJ proferiu acórdão assim ementado (ajustandose, apenas, para cada processo, o tributo PIS ou COFINS e o período de apuração): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 PEDIDO DE PERÍCIA. CARÁTER TÉCNICO DA PROVA. A perícia é meio de prova destinado a exames que requeiram conhecimento técnico específico. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento Fl. 1921DF CARF MF Processo nº 13338.000155/200680 Resolução nº 3201001.454 S3C2T1 Fl. 6 5 processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas os autos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. A partir de dezembro de 2002, a base de cálculo da contribuição é o faturamento, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. RECEITA FINANCEIRA. ALÍQUOTA ZERO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A partir de agosto de 2004, estão sujeitas à alíquota zero as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas submetidas ao regime nãocumulativo. As receitas submetidas à alíquota zero não integram a base de cálculo da contribuição. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. CRÉDITOS NA AQUISIÇÃO. Quando adquiridos, os bens e serviços utilizados como insumo geram direito ao crédito na incidência nãocumulativa da contribuição. INSUMO. FORNECEDOR OPTANTE PELO SIMPLES. O fato de a pessoa jurídica fornecedora do bem enquadrado como insumo ser optante pelo Simples não obsta o direito de crédito do adquirente, relativamente ao valor pago. INSUMO. FORNECEDOR PESSOA FÍSICA. Não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. INSUMO. FORNECEDOR OU PRESTADOR. SITUAÇÃO FISCAL IRREGULAR. A situação fiscal irregular do fornecedor ou prestador não constitui obstáculo ao creditamento sobre o valor de bens e serviços. FALTA DE PROVA. UTILIZAÇÃO COMO INSUMO. Incumbe ao manifestante comprovar que determinado bem ou serviço, sobre o qual pleiteia creditamento, foi utilizado como insumo na fabricação de produtos destinados à venda. Fl. 1922DF CARF MF Processo nº 13338.000155/200680 Resolução nº 3201001.454 S3C2T1 Fl. 7 6 RESSARCIMENTO. INSUMO CORPÓREO. Para configurar insumos para os fins de creditamento na forma do disposto no art. 3º, II, da Lei nº 10.637, de 2002, e do art. 3º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, as matérias primas, os produtos intermediários e o material de embalagem, utilizados na fabricação de bens destinados à venda, devem sofrer alterações, tais como o desgaste, o dano, ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, e, ainda, não podem representar acréscimo de vida útil superior a um ano ao bem em que forem aplicadas. RESSARCIMENTO. SERVIÇO. INSUMO. Na apuração do PIS/Pasep e da Cofins, a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre gastos incorridos com serviços utilizados como insumo, desde que pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. RESSARCIMENTO. ENERGIA ELÉTRICA. Podem ser descontados créditos da Cofins e do PIS/Pasep Nãocumulativos sobre os gastos totais com a energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica. RESSARCIMENTO. COMBUSTÍVEIS. O gasto com combustíveis utilizados como insumos na fabricação de produtos gera crédito na apuração da Cofins e do PIS/Pasep Não Cumulativos, ainda que submetidos à tributação monofásica com base em alíquota diferenciada, sendo os créditos calculados, todavia, com base nas alíquotas padrões. FRETE NA COMPRA DE INSUMOS. Não há previsão legal para apurar créditos de frete nas operações de compra. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em ParteA O acórdão recorrido, portanto, afastou as seguintes glosas: (i) receitas financeiras (determinou a exclusão das receitas financeiras da base de cálculo das contribuições); (ii) bens adquiridos e não integralmente pagos aos fornecedores no mesmo trimestre de apuração (aplicação do regime de competência); (iii) bens adquiridos de pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES; Fl. 1923DF CARF MF Processo nº 13338.000155/200680 Resolução nº 3201001.454 S3C2T1 Fl. 8 7 (iv) créditos adquiridos de pessoas jurídicas com irregularidades, posto que não comprovado pela Fiscalização a inaptidão do respectivos CNPJs; As glosas mantidas foram as seguintes: (v) receitas de recuperação de despesas (manteve as receitas de recuperação de despesas na base de cálculo das contribuições) (vi) carvão adquirido de produtores rurais pessoas físicas, portanto, não sujeitos à incidência do PIS e da COFINS; (vii) serviços utilizados como insumos, em razão destes não estarem devidamente escriturados em DACON e, também, pela ausência de demonstração da sua inserção no "conceito funcional de insumo"; (viii) aquisição de energia elétrica em razão de divergências entre os livros fiscais e os balancetes de verificação; (ix) frete sobre operações de compra, por ausência de previsão legal; (x) "outros valores com direito a crédito", por ausência de comprovação da natureza de tais créditos Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados quanto ao crédito tributário mantido, requerendo: (a) o afastamento da declaração de preclusão do direito à apresentação de documentos probatórios; (b) o afastamento do critério físico na apuração do PIS e da COFINS não cumulativos, com a utilização dos conceitos de custos necessários à obtenção de receita, conforme legislação do Imposto de Renda; (c) a autorização para a apropriação de créditos sobre a aquisição de carvão de pessoas físicas, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004; (d) a autorização para apropriação de créditos decorrentes da aquisição de insumos, ainda que não escriturados corretamente em DACON (erro material), bem como pela negativa imposta de comprovação da sua essencialidade; (e) a autorização para apropriação de créditos em decorrência da aquisição de energia elétrica, consumida no processo produtivo, devendo ser afastadas eventuais inconsistências verificadas em DACON; (f) a legitimidade da apropriação de créditos sobre quisição de fretes, seja nas operações de venda, seja nas aquisições; (g) autorização para a apropriação de créditos diversos decorrentes da aquisição de insumos (bens ou serviços) essenciais ao seu processo produtivo; Fl. 1924DF CARF MF Processo nº 13338.000155/200680 Resolução nº 3201001.454 S3C2T1 Fl. 9 8 (h) requer a conversão do feito em diligência para a realização de perícia contábil para a verificação dos alegados erros de declaração e, também, da essencialidade dos insumos adquiridos; (i) por fim, requer seja determinada a aplicação da correção monetária sobre o crédito tributário a ser ressarcido. Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio ou por redistribuição em razão de conexão. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Conforme se verifica pelo relato dos fatos, o presente feito abrange tanto discussões exclusivamente de direito, como aspectos relacionados à materialidade do crédito tributário, quanto questões relativas aos cálculos de apuração do crédito tributário. Nesse aspecto, 2 (duas) questões sobressaltam e, a meu ver, demandam melhor análise dos fatos: (i) existência de divergências entre valores declarados em DACON e escriturados em documentos contábeis; (ii) essencialidade de itens ao processo produtivo da Recorrente. Quanto ao primeiro, tenho que deve se observar, na hipótese dos autos, o princípio da verdade material a ser perseguido no curso do procedimento administrativo de constituição do crédito tributário. Por óbvio, a aplicação de tal princípio deve estar calcada na necessária observância ao ônus da prova. Tratandose de apuração de créditos de PIS e COFINS, cabe ao contribuinte demonstrar a existência do seu direito. Verifico que a Recorrente, em sua defesa e em seu Recurso Voluntário, apresentou alegações e documentos pelos quais busca legitimar os valores dos créditos considerados em sua apuração, especialmente com relação aos seguintes pontos, conforme redação utilizada pelo Acórdão recorrido: "(...)despesas incorridas com serviços prestados por pessoa jurídica, declaradas pelo contribuinte no Dacon como utilizados como insumo, mas não verificadas na sua escrituração (...)". "(...) despesas com energia elétrica, declaradas pelo contribuinte no Dacon, mas não integralmente comprovadas na escrituração (...)" Fl. 1925DF CARF MF Processo nº 13338.000155/200680 Resolução nº 3201001.454 S3C2T1 Fl. 10 9 "(...) despesas com armazenagem e frete, declaradas pelo contribuinte no Dacon, mas em valores significativamente inferiores aos comprovados na escrituração (...)" "(...) crédito relativo a outras operações com direito a crédito, identificada na linha 13 da ficha 6 do Dacon (...)" Embora o acórdão proferido tenha se manifestado acerca das alegações de erros cometidos pela Recorrente, não adentrou acerca da análise específica dos documentos apresentados, limitandose a concluir que competia ao contribuinte, ao prestar suas informações, trazer maiores especificações e detalhamentos. Assim, ainda sem concluir pela prestabilidade ou não dos esclarecimentos e documentos apresentados pela Recorrente, entendo que tais demonstrações não restaram devidamente examinadas pelo acórdão recorrido, merecendo melhor análise. Quanto ao segundo aspecto, atinente aos insumos aplicados ao processo produtivo da Recorrente, sabese que, há muito, a jurisprudência deste CARF vinha se firmando no conceito da essencialidade como critério autorizador à tomada de créditos no regime não cumulativo do PIS e da COFINS. Tal entendimento foi recentemente chancelado pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso Representativo de controvérsia, portanto, de observância obrigatória por este órgão julgador: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e Fl. 1926DF CARF MF Processo nº 13338.000155/200680 Resolução nº 3201001.454 S3C2T1 Fl. 11 10 lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. (REsp 1221170/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2018, DJe 24/04/2018) Assim, para a análise acerca da legitimidade das glosas efetuadas pela Fiscalização, necessário perquirir acerca da natureza de tais insumos e a sua essencialidade ao processo produtivo, aspecto não adentrado, seja em sede de lançamento, seja pela decisão de primeiro grau. Pelo exposto, voto por converter o feito em diligência para que a Autoridade Lançadora intime o contribuinte para, no prazo de 60 (sessenta) dias, prorrogável por mais 30 (trinta) dias: (i) apresentar, de forma detalhada, quais os erros de declaração existentes em suas DACONs, indicando, com o devido lastro probatório, os corretos valores a serem observado, podendo a Autoridade lançadora solicitar especificamente os documentos que entenda necessários para tal comprovação; (ii) apresentar laudo descritivo da sua atividade operacional, indicando, para cada um dos itens (insumos) objeto de glosa, sua aplicação e essencialidade ao seu processo produtivo. Após, deverá a Autoridade Lançadora se manifestar acerca das informações e documentos apresentados pela Contribuinte, notadamente no que se refere aos alegados erros de preenchimento das DACONs e respectivos documentos probatórios, apresentando relatório conclusivo. Concluído, abrase novo prazo de (30) trinta dias para que a Recorrente se manifeste acerca do Relatório Fiscal. Ao final, retornemse os autos para julgamento. Esclareço que o prazo concedido é único e aplicase a todos os processos objeto da presente Resolução. Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 1927DF CARF MF
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Numero do processo: 16366.720034/2015-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI 10.925/2004. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ACÚMULO EM RAZÃO DE EXPORTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SALDO APURADO ATÉ 01/01/2012.
O crédito presumido da contribuição (PIS/Cofins) para a agroindústria apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº10.925/2004 só pode ser compensado com débitos próprios da contribuição. A Lei nº 12.995/2014, art. 7º-A, permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012.
O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pudesse ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Impossibilidade de ressarcir créditos apurados em outra data, na medida em que a lei escolheu uma data específica.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-005.441
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI 10.925/2004. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ACÚMULO EM RAZÃO DE EXPORTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SALDO APURADO ATÉ 01/01/2012. O crédito presumido da contribuição (PIS/Cofins) para a agroindústria apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº10.925/2004 só pode ser compensado com débitos próprios da contribuição. A Lei nº 12.995/2014, art. 7º-A, permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012. O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pudesse ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Impossibilidade de ressarcir créditos apurados em outra data, na medida em que a lei escolheu uma data específica. Recurso Voluntário Negado
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1938; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16366.720034/201508 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3301005.441 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de outubro de 2018 Matéria CRÉDITO PRESUMIDO RESSARCIMENTO Recorrente COMEXIM LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI 10.925/2004. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ACÚMULO EM RAZÃO DE EXPORTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SALDO APURADO ATÉ 01/01/2012. O crédito presumido da contribuição (PIS/Cofins) para a agroindústria apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº10.925/2004 só pode ser compensado com débitos próprios da contribuição. A Lei nº 12.995/2014, art. 7ºA, permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012. O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pudesse ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Impossibilidade de ressarcir créditos apurados em outra data, na medida em que a lei escolheu uma data específica. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 36 6. 72 00 34 /2 01 5- 08 Fl. 157DF CARF MF Processo nº 16366.720034/201508 Acórdão n.º 3301005.441 S3C3T1 Fl. 3 2 Angelotti Meira, Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de indeferimento do Pedido de Ressarcimento (PER) de Crédito Presumido da Contribuição (PIS/Cofins), em virtude do fato de que o art. 8º da Lei nº 10.925/2004 autorizava a utilização do crédito presumido somente para dedução das próprias contribuições não cumulativas. De acordo com a repartição de origem, a Lei 12.995/2014 passou a autorizar que empresas da agroindústria que possuíssem, em 01/01/2012, saldo de crédito presumido calculado e acumulado na forma da Lei 10.925/2004 pudessem utilizar esse saldo via compensação ou ressarcimento. Contudo, ainda de acordo com a autoridade administrativa de origem, no presente caso, mesmo preenchendo todos os requisitos legais para apuração e aproveitamento dos créditos em referência, o requerimento do ressarcimento fora protocolizado após o prazo prescricional de cinco anos. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte arguiu que a lei que concedera o direito ao ressarcimento do crédito presumido acumulado havia sido publicada em 18/06/2014, inexistindo, até então, direito ao ressarcimento, apenas sendo possível o aproveitamento com débitos das contribuições (PIS/Cofins), em razão do quê, somente se aplicaria a regra da prescrição a partir daquela data. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 14062.933, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, considerando que o prazo para se pedir ressarcimento de créditos da não cumulatividade, básicos ou presumidos, é de cinco anos contados da data de sua apuração. Em suas razões de voto, a DRJ trouxe os seguintes argumentos: a) no formulário do pedido, consta “CRÉDITO PRESUMIDO vinculado à receita de exportação com base na Lei nº 12.995/2014”; b) cita o Decreto nº 20.910/1932, em que se prevê, em seu art. 1º, que qualquer dívida da União, de qualquer natureza, prescreve em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem; c) a possibilidade de crédito prevista no art. 7ºA da Lei nº 12.599/2012 (acrescentado pela Lei nº 12.995/2014), e de seu ressarcimento, é um direito “novo” e não a implementação de uma condição suspensiva que impedia o referido aproveitamento; d) a norma que instituiu o aproveitamento dos referidos créditos presumidos, expressamente previu a aplicação da prescrição; Fl. 158DF CARF MF Processo nº 16366.720034/201508 Acórdão n.º 3301005.441 S3C3T1 Fl. 4 3 e) cita o art. 29D da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012, onde resta previsto que o ressarcimento do saldo de créditos presumidos de que trata o caput pode ser solicitado somente para créditos apurados até 5 (cinco) anos anteriores, contados da data do pedido. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e repisou os argumentos trazidos em sua Manifestação de Inconformidade, insistindo que a Lei nº 12.995/2014, ao acrescentar o art. 7A à Lei nº 12.599/2012, conferira o direito ao contribuinte de obter créditos que, até então, não podiam ser utilizados, não tendo ocorrido, portanto, a prescrição. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.430, de 25/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 10930.721698/201467, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.430): O recurso voluntário foi interposto no prazo e reúne os pressupostos legais de interposição, portanto, merece conhecimento. A partir do relato acima, constatase que a discussão dos autos não está na legitimidade ou não do montante de crédito, pois este foi conferido e admitido pelo Fisco. Centrase a discussão em saber se o pedido de ressarcimento formulado pela Recorrente está prescrito ou não. Assim, para fins de realizar uma análise do prazo prescricional, necessário traçar a linha do tempo. Até 18 de junho de 2014, a pessoa jurídica que desenvolvesse atividades agroindustriais, poderia apurar crédito presumido de PIS e COFINS, na forma como previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, para compensar, exclusivamente, com débitos destas mesmas contribuições (caput). No dia 18 de junho de 2014 entrou em vigor a Lei nº 12.995/2014 que acrescentou o art. 7ºA na Lei nº 12.599/2012, permitindo que o saldo de créditos presumidos apurados na forma do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 até 01/01/2012 pudessem ser compensados com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, vencidos ou vincendos, ou ainda requerer o ressarcimento em dinheiro, observandose a legislação aplicável sobre os prazos extintivos: Art. 7ºA. O saldo do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, apurado até 1o de janeiro de 2012 em relação Fl. 159DF CARF MF Processo nº 16366.720034/201508 Acórdão n.º 3301005.441 S3C3T1 Fl. 5 4 à aquisição de café in natura poderá ser utilizado pela pessoa jurídica para: (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos; ou (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos. (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) (grifei) Em 26/08/2014 a Recorrente protocolizou seu pedido de ressarcimento de créditos apurados na forma do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, conforme permissivo implementado pela novel Lei nº 12.995/2014. Resta, portanto, determinar quando surge o direito de ressarcimento de crédito, para fins de contagem da prescrição, se de sua apuração ou da publicação da lei que confere o direito, e qual é o prazo prescricional, bem como determinar o que se entende por "saldo de crédito presumido" apurado até 01/01/2012. I) Do prazo de prescrição e de seu marco inicial A prescrição é um instituto jurídico previsto no ordenamento jurídico com a finalidade de fornecer estabilidade às relações jurídicas, em homenagem à segurança jurídica, estabelecendo um prazo para o exercício de um direito. A premissa é que não se tem como desejável a permanência indefinida de um direito, estabelecendose, assim, um prazo para o exercício de sua pretensão. Caso o titular de um direito não exerça este direito no prazo, isto é, não exercite sua pretensão para ver satisfeito seu direito, considerase extinta esta pretensão, impossibilitandose que este direito seja, juridicamente, exercido. Com isso, para que o prazo prescricional tenha início, é preciso haver um direito, a possibilidade de exercêlo (pretensão) e a inércia do titular deste direito. Neste sentido, Caio Mário da Silva Pereira1: O sujeito não conserva indefinidamente a faculdade de intentar um procedimento judicial defensivo de seu direito. A lei, ao mesmo tempo em que o reconhece, estabelece que a pretensão deve ser exigida em determinado prazo, sob pena de perecer. Pela prescrição, extinguese a pretensão, nos prazos que a lei estabelece. (...) É, então, na segurança da ordem jurídica que se deve buscar o seu verdadeiro fundamento. O direito exige que o devedor cumpra o obrigado e permite ao sujeito ativo (credor) valerse da sanção contra quem quer que vulnere o seu direito. Mas se ele se mantém inerte, por longo tempo, deixando que se constitua uma situação contrária ao seu direito, permitir que mais tarde reviva o passado é deixar em perpétua incerteza a vida social. Há, pois, um interesse de ordem pública no afastamento das incertezas em torno da existência e eficácia dos direitos, e este interesse justifica o instituto da prescrição, em sentido genérico. Na seara tributária o instituto da prescrição se funda, também, na segurança jurídica, conforme ensinamentos de Luís Eduardo Schoueri, no 1 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Teoria Geral de Direito Civil. Volume 1. 26ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 16366.720034/201508 Acórdão n.º 3301005.441 S3C3T1 Fl. 6 5 sentido de que a prescrição surge "da necessidade de garantir a desejada estabilidade das relações jurídicas"2. No direito tributário, portanto, também há prazos extintivos por prescrição tanto para o crédito tributário, conforme art. 156, V do CTN, extinguese o próprio direito de crédito da Fazenda Pública, como há também prazo de prescrição extintivo do direito de requerer (pretensão) a restituição de um indébito, ou de cobrar créditos que o particular tenha contra a Fazenda Pública. Assim, a hipótese de incidência da prescrição é a existência de um direito sem que seja exercido por seu titular, tendo como consequente a extinção do respectivo direito. Discutiase se o prazo prescricional para ressarcimento de créditos acumulados seria aquele do art. 168, CTN, no qual tinha início com o pagamento indevido, ou se seria outro, como o do artigo 1º do Decreto nº 20.910/1932. Não me parece adequado que o prazo prescricional, bem como seu marco de início de contagem, sejam aqueles previstos no CTN para a repetição do indébito, na medida que o pedido de ressarcimento não se funda em pagamento indevido. Assim, o crédito presumido é, veramente, um direito de crédito que o particular possui contra a Fazenda Pública em razão de alguma determinação legal. Portanto, se é um direito de crédito contra a Fazenda Pública, não decorrente de pagamento indevido, mas por alguma disposição legal, creio ser mais adequada aplicação do prazo prescricional existente no Decreto nº 20.910/1932 para a cobrança das dívidas passivas das entidades públicas. Neste diapasão, de acordo com o Decreto nº 20.910/1932, as dívidas passivas da União Federal, bem como qualquer direito ou ação contra a Fazenda Nacional, seja qual for a sua natureza, prescrevem em 5 anos, contados da data do ato ou fato do qual se originaram, verbis: Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. (grifei) A Câmara Superior de Recursos Fiscais, para um caso de crédito presumido de IPI, em sessão de 15/03/2018, proferiu o Acórdão CSRF nº 9303006.519, de relatoria do ilustre Conselheiro Rodrigo da Costa Possas, onde restou consignado que o prazo prescricional para ressarcimento deste crédito presumido observa o Decreto nº 20.910/1932: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/04/1995 a 31/12/1995 RESSARCIMENTO. PEDIDO FEITO EM RAZÃO DE OUTRO ANTERIOR INDEFERIDO. SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO DURANTE A ANÁLISE DO PRIMEIRO. INOCORRÊNCIA. Conforme art. 1º do Decreto nº 20.910/32 , prescreve em cinco anos o direito à apresentação de Pedido de Ressarcimento de créditos contra a Fazenda Pública, contados da data do fato do qual se originarem. Tendo sido feito um pedido considerado pela Administração como em desacordo com a legislação 2 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 16366.720034/201508 Acórdão n.º 3301005.441 S3C3T1 Fl. 7 6 tributária, não fica suspensa a prescrição para a apresentação de um novo, relativo ao mesmo crédito, após o indeferimento do primeiro, não se aplicando o art. 4º do mesmo Decreto, pois quem deu causa foi o sujeito passivo, além do que a não é líquida a dívida passiva da União. Recurso Especial do Procurador Provido. No mesmo sentido, o Acórdão CSRF nº 9303006.519, proferido em sessão de 21/03/2017, de relatoria do Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/1997 a 31/03/1997 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. O direito de pleitear o ressarcimento do crédito presumido do IPI prescreve em cinco anos contados do último dia do trimestre em que se deu a entrada dos insumos no estabelecimento industrial. Aplicação do Decreto n° 20.910, de 1932, combinado com Portaria MF n° 38/97. Recurso Especial do Contribuinte negado Em síntese, para que seja possível se falar em prescrição, necessário, preliminarmente, a existência de um direito. Somente após verificada a existência de um direito é que passa a ser possível se falar em início de prazo prescricional, extinguindose este direito caso não exercido por seu titular. No caso dos autos, é preciso discernir, o direito que se pleiteia não é o crédito presumido em si, qual seja, o crédito presumido apurado da forma em que previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004 e passível de utilização desde 2004. Repitase, não é esse o direito que se pretende exercer. O direito que se discute nestes autos é o direito de utilizar este crédito para compensar com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal, bem como o direito de requerer o ressarcimento em dinheiro deste crédito. E este direito apenas surgiu no ordenamento jurídico quando da publicação Lei nº 12.995 em 18 de junho de 2014. Não se pode admitir o fluxo do lapso temporal para a prescrição extintiva de um direito se o direito não existia e não podia ser exercido. Não se trata de causa interruptiva ou suspensiva da prescrição, mas sim da própria impossibilidade de início do curso do prazo diante da inexistência do direito a ser exercido. Não há como falar de inércia do titular do direito se direito não havia. Como dito, para se falar em prescrição é preciso que o direito exista e que o titular deste direito fique inerte por certo período de tempo. Assim, o ato ou fato que origina este direito, para utilizar a dicção do Decreto nº 20.910/1932, é a Lei nº 12.995 que permite novas formas de utilização de um crédito, criando, portanto, um novo direito a ser exercido. Desta feita, se o direito de ressarcimento em dinheiro do crédito presumido apenas surgiu em 18 de junho de 2014, é a partir deste momento que o prazo de prescrição tem início. No entanto, não se quer dizer, com Fl. 162DF CARF MF Processo nº 16366.720034/201508 Acórdão n.º 3301005.441 S3C3T1 Fl. 8 7 isso, que o crédito presumido que se quer ver ressarcido é irrelevante, muito ao contrário, a meu ver, a lei estabeleceu um marco temporal para o crédito presumido para que o direito de ver este crédito ressarcido em dinheiro possa ser fruído a partir de 18 de junho de 2014. II) Do saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012 A apuração do PIS e da COFINS no regime não cumulativo se faz no confronto dos débitos decorrentes de receitas auferidas em face de créditos apurados em razão de custos e despesas permitidos na legislação. Incluem se nestes créditos, os créditos presumidos permitidos pela lei. Ao final do período de apuração, o saldo de débito é levado à DCTF e recolhido pelo contribuinte, mas o saldo de crédito, por sua vez, pode ser mantido e transferido para o próximo período de apuração, e assim indefinidamente por tantos quantos períodos de apuração sejam necessários até que o montante de débito supere o montante de crédito. No caso em análise, a Recorrente pretende ver ressarcido um montante de crédito presumido apurado no primeiro trimestre de 2009. A fiscalização afirma nestes autos, fls. 151156, que este crédito presumido foi apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Entretanto, salvo melhor juízo, não foi o crédito presumido apurado em seu respectivo período de apuração que a Lei nº 12.995/2014 permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento, mas sim o saldo de crédito presumido que permaneceu escriturado em 01/01/2012, vejamos: Art. 7ºA. O saldo do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, apurado até 1º de janeiro de 2012 em relação à aquisição de café in natura poderá ser utilizado pela pessoa jurídica para: (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) Ao que parece, o problema não é de prescrição. O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pode ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Desta feita, não se permitiu ressarcir o montante de crédito de cada período de apuração, individualmente, até 01/01/2012, mas sim o saldo ainda existente nesta data. Até porque, conforme salientado acima, a apuração do PIS e da COFINS se faz por confronto de créditos e débitos por período de apuração, podendose manter escriturado o saldo de crédito para abatimento das contribuições devidas nos próximos períodos de apuração. Desta feita, não há como identificar nestes autos se este crédito presumido apurado no primeiro trimestre de 2009 já não foi superado por algum montante de débito de algum período de apuração que o sucedeu até janeiro de 2012. Nem poderia ser assim, já que não me parece ter sido esta a escolha do legislador, já que foi definido um momento específico no tempo. Com isso, creio que o pedido de ressarcimento está equivocado, pois o que deve ser objeto de ressarcimento é o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 16366.720034/201508 Acórdão n.º 3301005.441 S3C3T1 Fl. 9 8 Isto posto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, negar provimento. Importa registrar que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 164DF CARF MF
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